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Enterobactérias em todas as amostras, e só em algumas amostras foram isolados além das
anteriores: Corynebacterium spp, Bacillus spp e Leveduras.
No Brasil, NASCIMENTO & LOPES (1997) desenvolveram um trabalho sobre
microrganismos normalmente encontrados na vagina de 28 gatas clinicamente sadias, com
idades e raças variadas. A análise dos resultados obtidos demonstrou uma maior freqüência de
Streptococcus β hemolítico (30,4%), seguido de Escherichia coli (12,1%), Escherichia coli
hemolítica (12,1%) e Staphylococcus aureus (12,1%), entre outros microrganismos em menor
proporção.
Em estudo sobre a microbiota vaginal de felinos silvestres, GUIDO et al. (2000)
realizaram o isolamento de 15 fêmeas mantidas em cativeiro, sem distúrbios reprodutivos,
entre elas: três fêmeas de onça pintada, seis de gato do mato pequeno, quatro de jaguatirica e
duas de gato maracajás. Os resultados obtidos com relação a microbiota vaginal foram: 33,3%
de Bacillus spp, 33,3% de Staphylococcus spp em onças pintadas; 50% de Staphylococcus
spp, 16,7% de Escherichia coli, 16,7% de Proteus vulgaris em gata do mato pequeno; 100%
de Escherichia coli em jaguatiricas e 100% de Proteus vulgaris em gatas maracajás.
Sobre a caracterização da população bacteriana em gatas domésticas adultas, HOLST
et al. (2003) utilizaram 66 animais, havendo o crescimento de bactérias aeróbias em 51
amostras, principalmente Escherichia coli hemolítica (32,0%), Escherichia coli (17,0%),
Streptococcus canis (15,0%) e Staphylococcus spp (9,0%). Quanto à caracterização dos
animais, não foi verificada diferença significativa para animais que haviam cruzado pelo
menos uma vez. O fator idade influenciou no número de isolamentos, uma vez que o número
de bactérias se mostrou maior em gatas jovens do que nos animais adultos utilizados neste
estudo sem, no entanto, apresentar diferença significativa.
A vaginite representa uma importante doença com influência na reprodução, e o
conhecimento relativo aos agentes microbianos que habitam contínua ou ocasionalmente o
ambiente vaginal dos animais, é relevante para melhor entender essa patologia (MORAES,
2004). De uma maneira geral, observam-se poucos dados a respeito do impacto da vaginite e
outras afecções do sistema genital de felinos domésticos (HOLST et al., 2003). Assim, devido
ao risco potencial que os fungos e bactérias representam como fontes endógenas de infecções,
entende-se ser necessária a identificação destes microrganismos na microbiota vaginal,
contribuindo para o conhecimento de seu papel na vaginite e conseqüentemente na
reprodução animal (MORAES, 2004).
Processos infecciosos do trato reprodutivo são comuns em gatas e cadelas, estas
patologias são responsáveis por mortes de neonatos, representando um risco no processo de
reprodução. A associação da microbiota vaginal patogênica com processos de infertilidades e
septicemia neonatal já foi observada em cadelas, porém poucos são os dados sobre gatas
domésticas (CLEMETSON & WARD, 1990).
O papel de bactérias e fungos no desenvolvimento de doenças reprodutivas não está
totalmente elucidado, como conseqüência disso, gatas com distúrbios reprodutivos são
tratadas com antibióticos e antifúngicos, especialmente quando estes microrganismos são
encontrados em amostras vaginais, eliminando desta forma os agentes naturalmente
encontrados neste ambiente e favorecendo a proliferação de bactérias e fungos patogênicos
(HOLST et al., 2003).
Poucos são os dados a respeito da microbiota potencialmente patogênica em gatas.
SCHOCKEN-ITURRINO et al. (1992a) realizaram o isolamento da microbiota vaginal de 10
gatas adultas durante oito semanas e entre as 223 culturas isoladas foram identificados vários