no caderno de caligrafia, que ele estava com dificuldade de realizar a tarefa, me pediu ajuda e
eu o tranqüilizei dizendo que o importante era ele tentar fazer do jeito que conseguisse, não
importava se ia sair bonito ou não. O Clauson diz que tem até hoje essa lembrança de mim,
que sem saber, o incentivei a continuar tentando. O pai desse mesmo rapaz lembra de mim
chorando, com cara de brava na fila da escola.O tempo passou um pouco e o choro deixou de
ser constante e tornou-se esporádico, apenas em momentos que me sentia ameaçada, ou
com medo de fracassar, sentimento que guardo até hoje. A segunda série não me traz
nenhuma lembrança, com exceção do nome da professora, chamada Tia Ana Cláudia. Acho
que talvez por isso, nos dias de hoje, não tenho interesse algum por lecionar nessa série.
Parece que ficou uma lacuna em minhas lembranças dessa época. Nesse período, brincava
com minhas irmãs, principalmente a mais velha, já que nossa diferença é de 5 anos. Tenho
uma foto que mostra como eram nossas brincadeiras. Tínhamos um quadro-negro, e minha
irmã, chamada Rafaela, era muito esperta, ficava com bem mais da metade do quadro,
deixando pra mim um espaço que mal dava para fazer meus desenhos. Minha irmã mais nova
se chama Fernanda, e sempre foi protegida por ser a caçula.Chego então terceira série, minha
professora era a Tia Janete. Uma pessoa maravilhosa, mas que sabia ser firme e enérgica nas
horas em que era necessário. A turma dessa época era muito alegre, agitada e companheira.
Guardo com carinho o nome de alguns colegas como a Aline, que permanece em minha vida
como uma das minhas melhores amigas, a Bruna Speroni, o Maurício, o Vinícius, a Andressa,
o Rodrigo, a Silvana, a Nádia, a Fernanda, a Janaína, a Anne e tantos outros, muitos dos
quais falo e tenho contato até hoje. Várias lembranças engraçadas tenho dessa época, como
a competição que era quando solicitado a procura de alguma palavra no dicionário. Eu por
muitas vezes era a primeira a encontrar, sendo isso um motivo de orgulho para mim.A partir
daí, no ano de 1994, minhas lembranças não são tão detalhadas, passam a ser momentos,
fatos isolados. Meus colegas mudaram, as professoras deixaram de ser uma por ano e
passaram a ser três, quatro, cinco e até sete ou oito, dependo das disciplinas. O que causava
uma falta de organização da minha parte, já que quando estava acostumando com uma aula,
mudava o período, o professor e lá ia tudo outra vez.Era uma fase muito diferente, tanta
descoberta, novas amizades, novos conflitos. Eu tinha conseguido finalmente me livrar do
rótulo de “B. Chorona”, assumindo outras características marcantes. Passei a construir
opiniões, pensamentos, idéias, refletir sobre assuntos que antes não me chamavam atenção.
Passei a ser mais questionadora, teimosa, defendendo muitas vezes com unhas e dentes uma
opinião. Posso avançar tranqüila nesse meu breve relato sobre a minha vida, pois esse
período foi tranqüilo. Marcado principalmente pela questão da minha primeira menstruação,
que ocorreu quando eu tinha apenas 9 anos de idade. Isso mexeu um pouco com a minha
vida, mudou alguns hábitos, algumas brincadeiras, mas superei com sucesso esse imprevisto.
Falo agora do meu ensino médio, que também ocorreu na mesmo instituição, o Colégio
Santa’Anna. Essa foi uma época maravilhosa, de amizades verdadeiras, de companheirismo,
de descobertas, de festas, de diversão e tantos outros acontecimentos marcantes. O primeiro
namorado, a primeira nota realmente baixa, o primeiro fracasso real. Mas tudo de uma
maneira tão natural que por muitas vezes o que parecia ser enorme, transformava-se em um
pequeno obstáculo que muita força de vontade seria superado.Nesse período, manifestou-se
em mim um gosto pela profissão do professor. Lembro-me bem, que no 3º ano do ensino
médio, tive uma professora de português, ela é uma pessoa adorável e tinha um ótimo
relacionamento com os alunos, muito prestativa e atenciosa. Em decorrência de um problema
na garganta que até hoje não lembro ao certo o que seria, uma ou duas vezes ela ficou sem
voz, o que a impediu aparentemente de dar aula. O que ela fez? Sabendo da facilidade que eu
tinha e tenho de me comunicar, ela me pediu para dar aula em seu lugar. Como o colégio
adotava polígrafos, o conteúdo da aula estava todo ali, precisa apenas de uma exposição oral.
Eu fui responsável por esta parte, me senti muito a vontade ministrando uma aula para os
meus próprios colegas, muito dos quais nem prestavam atenção no que eu falava. Mas isso
não me impedia de continuar. Quando a dúvida de alguém era maior que o meu conhecimento
sobre o assunto, eu recorria a ajuda da professora.Durante os três anos de ensino médio, eu
realizei as provas do PEIES, não obtendo muito sucesso na minha pontuação. Ao término do
ultimo ano, precisei fazer a opção de que curso eu iria fazer. As vésperas da data limite para a
inscrição, decidi fazer pedagogia no PEIES e Relações Públicas no vestibular. Acabei
entrando na pontuação para Pedagogia e optei pela redação do PEIES. Lembro do dia em
que saiu o listão com os aprovados, toda minha família estava reunida em volta do rádio,
esperando pela tão sonhada entrada na UFSM. Quando meu nome foi dito, meus pais não
cabiam em si de tanta alegria, pulavam, choravam, era uma felicidade só.Mas aquele simples