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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA - CCET
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO URBANA - PPGTU
REDE DE GOVERNANÇA AMBIENTAL NA CIDADE DE
CURITIBA E O PAPEL DAS TECNOLOGIAS DE
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
CURITIBA
2007
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ALTAIR ROSA
REDE DE GOVERNANÇA AMBIENTAL NA CIDADE DE
CURITIBA E O PAPEL DAS TECNOLOGIAS DE
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Gestão
Urbana PPGTU do Centro de Ciências
Exatas e de Tecnologia CCET da Pró-
Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da
Pontifícia Universidade Católica do Paraná –
PUCPR como requisito final à obtenção ao
título de mestre.
Orientador: Prof. Dr. Klaus Frey
Linha de pesquisa - Governança e Redes
Urbanas
CURITIBA
2007
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Rosa, Altair
R788r Rede de governança ambiental na cidade de Curitiba e o papel das
2007 tecnologias de informação e comunicação / Altair Rosa ; orientador, Klaus
Frey. – 2007.
xx, 174 f. : il. ; 30 cm
Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná,
Curitiba, 2007
Inclui bibliografia
1. Gestão ambiental. 2. Desenvolvimento sustentável – Curitiba. 3. Política
urbana. 4. Política ambiental. I. Frey, Klaus, 1964- . II. Pontifícia Universidade
Católica do Paraná. Programa de Pós-
Graduação em Gestão Urbana.
III. Título.
CDD 21. ed. – 658.4095
363.7
i
DEDICATÓRIA
Dedico,
Aos meus pais, Srs. Jorge de Lara Rosa e Maria Rega de Lara
Rosa, que a seu modo, em todos os momentos estiveram
presentes, apoiando meus projetos de vida, sendo sempre
meus recursos pessoais de sustentação.
ii
EPÍGRAFE
Um dos mais importantes ensinamentos da abordagem
sistêmica da vida é o reconhecimento de que as redes
constituem o padrão básico de organização de todos os
sistemas vivos. [...] onde existe vida existem redes. As redes
vivas estão sempre criando e recriando a si próprias. As redes
vivas das comunidades humanas são redes de comunicações.
Fritjof Capra - A Teia da Vida
iii
AGRADECIMENTOS
Profundo agradecimento ao Professor Doutor Klaus Frey, pela
orientação incansável, pela paciência nas discussões, pela amizade, pelo incentivo e
ajuda nos momentos mais difíceis que travamos nesta empreitada.
A todos os professores do Mestrado em Gestão Urbana PPGTU
da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, que carregam nos ombros a árdua
tarefa de ensinar, e crêem que transmitindo seus conhecimentos podem contribuir
para amanhã ainda melhor.
Aos Professores Doutores Fábio Duarte de Araújo Silva, Harry
Alberto Bollmann e Samira Kauchakje, pelas discussões e contribuições para a
realização deste trabalho e também pelas lições de vida e saber.
Aos meus irmãos, sobrinhos e familiares pelo incentivo.
Aos colegas de turma do Mestrado em Gestão Urbana PPGTU da
Pontifícia Universidade Católica Paraná que, cada um do seu jeito e ao seu tempo,
me ajudaram a superar muitas dificuldades, em especial Glauco Pereira Junior,
Mario Procopiuck e Ricardina Dias. Muito obrigado!
A Tahise Negro Marques, eficiente secretária do Mestrado em
Gestão Urbana PPGTU da Pontifícia Universidade Católica do Paraná pela
atenção e compreensão.
Agradeço a Pontifícia Universidade Católica do Paraná pela
estrutura oferecida e a CAPES, em decorrência da concessão de bolsa integral de
estudos, possibilitando-me a realização deste Mestrado.
Aos representantes das instituições nas quais foram realizadas a
pesquisa por sua receptividade e disponibilização de informações que foram
relevantes e essenciais para esta dissertação.
A todos que acreditaram que seria possível, cumprir esta jornada.
Enfim, a Deus, responsável pela nossa existência.
iv
RESUMO
A ampliação e a progressiva complexidade das agendas municipais tornam
imprescindível um processo de gestão e planejamento integrado em que, contando
com o envolvimento dos principais atores locais, as questões econômica, social e
ambiental sejam incorporadas aos planos e programas de governo e às políticas
públicas na busca de um desenvolvimento sustentável local. A governança pública
está direcionada à invenção de novas práticas compartilhadas de formulação e
implementação de políticas públicas, programas e projetos de desenvolvimento local
com foco em novos mecanismos de organização e articulação em rede de atores e
instituições, recorrendo neste processo crescentemente às novas tecnologias da
informação e comunicação (TIC’s), sobretudo à Internet. A presente pesquisa tem
como objetivo verificar a existência de uma rede de governança ambiental na cidade
de Curitiba e averiguar indícios de sua inserção num espaço global aberto pela
Internet como mecanismo de busca da sustentabilidade local. A dissertação
apresenta uma discussão teórico-conceitual sobre gestão e governança pública,
governança ambiental urbana, redes sócio-técnicas e desenvolvimento sustentável
local. No estudo de caso, recorrendo às metodologias da social network analysis e
hyperlink analysis, a pesquisa busca identificar, mapear e analisar a nova
configuração de atores atuantes na política ambiental em Curitiba, demonstrando
sua inserção numa rede ambiental global de atores através das TIC’s. Esta
abordagem metodológica é aplicada para a delimitação e o mapeamento das redes
organizacionais, de um lado, conforme são representadas na Internet e, de outro,
conforme são percebidos pelos principais atores atuando localmente, recorrendo
para este fim a resultados de entrevistas realizadas. Baseado nos grafos e medidas
estruturais das redes, gerados por meio do software UCINET e na discussão teórica,
a pesquisa demonstra que uma efetiva formação de redes sócio-técnicas de
governança ambiental direcionadas para estratégias de desenvolvimento sustentável
passa pelo uso mais consciente das TIC’s, sobretudo da Internet, e pelo
fortalecimento dos laços e práticas interativas entre os mais diversos agentes
envolvidos na política ambiental local, sejam eles oriundos do setor público, do setor
privado ou da sociedade civil organizada, das esferas locais ou supra-locais,
formando parcerias para viabilizar projetos e ações capazes de promover estratégias
de sustentabilidade local.
Palavras chave: Governança Ambiental Urbana; Sustentabilidade Local; Políticas
Públicas; Análise de Redes Sociais; Redes sócio-técnicas.
v
ABSTRACT
The extension and progressive complexity of the local agenda make essential a
process of integrated management and planning in which, counting on the
involvement of the principal local actors, economical, social and environmental
questions are incorporated into government’s plans, programs and public policies
seeking local sustainable development. Public governance is directed to the
invention of new shared practices of formulation and implementation of public
policies, programs and projects of local development. It’s focus is on new
mechanisms of network organization and articulation of actors and institutions, based
increasingly on the use of new information and communication technologies (ICT),
above all the Internet. The present research aims to verify the existence of a
environmental governance network in the city of Curitiba and to identify evidences of
its insertion in a global space opened by the Internet as a mechanism of seeking
local sustainability. The dissertation presents a theoretical-conceptual discussion
about public management and governance, urban environmental governance, socio-
technical networks and local sustainable development. In the case study, based on
the methodology of social network analysis and hyperlink analysis, the research tries
to identify, map and analyze the new configuration of actors involved in Curitiba’s
environmental policy, showing its insertion in a global environmental actor network,
sustained by the use of ICT. This methodological approach is applied to delimit and
map the organizational networks, on one side, according to their representation on
the Internet and, on the other side, as they are realized by the main local actors,
taking into account the results of interviews carried out with these actors. Based on
the graphics and structural network measures, generated by the UCINET software,
and the previous theoretical discussion, the research shows that the formation of
effective socio-technical networks of environmental governance able to promote
strategies of sustainable development depends on the conscious use of ICT, above
all the Internet. In addition, it revealed decisive to strengthen social bonds and
interactive practices among the different agents involved in local environmental
politics. Partnerships between state authorities, private enterprises and civil society
organizations, from local or supra-local spheres, turned out to be a basic condition to
put in practice projects and actions within strategies of local sustainability.
Key-words: Urban Environmental Governance; Local Sustainability; Public Policy;
Social Network Analysis; Socio-Technical Networks.
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura - 1: Características de Modelos de Administração Pública............................. 26
Figura - 2: Desenvolvimento Sustentável no Nível Local........................................... 60
Figura - 3: Localização Geográfica do Município de Curitiba..................................... 81
Figura - 4: Processo de Gestão........................................................................ Processo6
Figura - 2: LocalizaçãoG.
vii
LISTA DE TABELAS
Tabela - 1: População Total no Brasil ......................................................................... 42
Tabela - 2: Porcentagem da População Vivendo na região Urbana e Rural............. 42
Tabela - 3: Atributos Individuais dos Atores Nucleares Pesquisados........................ 76
Tabela - 4: Classificação dos Tipos de Relações Pesquisadas................................. 77
Tabela - 5: População de Curitiba, Região Metropolitana, Paraná e Brasil .............. 82
Tabela - 6: Centralidade dos Atores Participantes da Rede de Parceria em Ações e
Projetos na websphere .............................................................................................. 102
Tabela - 7: Relação de Ações e Projetos.................................................................. 105
Tabela - 8: Ações e Projetos: Medidas de Centralidade .......................................... 106
Tabela - 10: Centralidade links na Websphere Ambiental ....................................... 113
Tabela - 11: Centralidade dos Atores Participantes da Rede de Parceria em Ações e
Projetos com base nas Entrevistas ........................................................................... 118
Tabela - 12: Centralidade Parceiros Temáticos........................................................ 121
Tabela - 13: Centralidade Rede Total ....................................................................... 123
Tabela - 14: Centralidade de Ações e Projetos (Internet + Entrevistas).................. 126
Tabela -15: Centralidade de Parcerias Temáticas (Internet + Entrevistas)............. 129
Tabela - 16: Centralidade da cidades envolvidas na governança ambiental de
Curitiba ....................................................................................................................... 132
viii
ANDICES
Apêndice - 1: Telas do Banco de Dados Desenvolvido em Acces .......................... 161
Apêndice - 2: Modelo da Pesquisa Aplicada nas instituições .................................. 166
Apêndice - 3: Modelo da Carta Apresentado nas Instituições da Pesquisa de Campo
.................................................................................................................................... 172
Apêndice - 4: Relação dos 51 Atores Nucleares Divididos por Setor...................... 174
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABAE - Associação Bandeira Azul da Europa
ABAP - Assoc.Brasileira dos Arquitetos Paisagistas
ABAS - Associação Brasileira de Águas Subterrâneas
ABCMAC - Associação Brasileira de Captação e Manejo de Água de Chuva
ABDL - Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Lideranças
ABEMA - Associação Brasileira de Entidades de Meio Ambiente
ABEN - Associação Brasileira de Energia Nuclear
ABEPPOLAR - Associação Brasileira de Ecologia e de Prevenção à Poluição das
Águas e do Ar
ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
ABESCO - Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de
Energia
ABONG - Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais
ABRAGE - Associação Brasileira das Grandes Geradoras de Energia Elétrica
ABRAS - Associação Brasileira de Supermercados
ABRATE - Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de
Energia Elétrica
ABRAVAS - Assoc. Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
ABRH - Associação Brasileira de Recursos Hídricos
AEEP - Associação de Escalada Esportiva do Paraná
AESBE - Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais
AIPA - Associação Ituana de Proteção Ambiental
AMDA - Associação Mineira de Defesa Ambiental
ANAMMA - Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente
ANDI - Agência de Notícias dos Direitos da Infância
ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
APREC - Associação de Proteção a Ecossistemas Costeiros
APREMAVI - Associação de Preservação do Meio Ambiente do Alto Vale do Itajaí
APRH - Associação Portuguesa de Recursos Hídricos
APROMAC - Associação de Proteção ao Meio Ambiente de Cianorte
x
ARS – Análise de Redes Sociais
ASM - Associação Montanhistas de Cristo
ASPAN - Associação Pernambucana de Defesa da Natureza
BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento
BHS - British Hydrological Society
BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
BPFlo - Batalhão de Polícia Florestal
CABS - Center for Applied Biodiversity Science
CCM - Clube Catarinense de Montanhismo
CELEPAR - Companhia Paranaense de Informática
CEM - Centro de Estudos do Mar – UFPR
CEMPRE - Compromisso Empresarial para Reciclagem
CEP - Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros
CIC - Companhia de Desenvolvimento de Curitiba
CNRH - Conselho Nacional de Recursos Hídricos
COHAB - Companhia de Habitação Popular de Curitiba
CMMAD - Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento
CORIPA - Consórcio Intermunicipal para Conservação do Remanescente do Rio
Paraná e Áreas de Influências
CODEFF - Comité Nacional Pro Defensa de la Flora y Fauna del Chile
ConBio - Condomínio da Biodiversidade da Região Metropolitana de Curitiba
CONPET - Programa Nacional da Racionalização e o Uso dos Derivados do
Petróleo e do Gás Natural
COPEL - Companhia Paranaense de Energia
CRIA - Centro de Referência em Informação Ambiental
CWRA - Canadian Water Resources Association
DS – Desenvolvimento Sustentável
ESTIS - Environmentally Sound Technology Information System
ETEP Empresa Paraense de Transmissão de Energia S/A (Schahin Engenharia
Ltda)
FARN - Fundacion Ambiente y Recursos Naturales
FAS - Fundação de Ação Social
FBPN - Fundação O Boticário de Proteção à Natureza
FCC - Fundação Cultural de Curitiba
xi
FEMESP - Federação de Montanha do Estado de São Paulo
FEPAM - Federação Paranaense de Montanhismo
FFT - Fundação Floresta Tropical
FNMA - Fundo Nacional do Meio Ambiente
FUNBIO - Fundo Brasileiro para a Biodiversidade
FURB - Universidade regional de Blumenau
FURG - Fundação Universidade Federal do Rio Grande
FZB - Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul
GPR - Gestão Participativa em Rede
GWRC - Global Water Research Coalition
IAHS - International Association of Hydrological Sciences
IAP - Instituto Ambiental do Paraná
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBCCRIM - Instituto Brasileiro de Ciências Criminais
IBEAM - Instituto Brasileiro de Educação Ambiental
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICE - Information Center for the Environment
ICLEI - Local Governments for Sustainability
ICONE - Instituto Para a Conservação de Energia
IDEC - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
IDEMA - Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande
do Norte
IDSM - Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá
IEB - Instituto de Ecoturismo do Brasil
IEC - International Electrotechnical Comission
IFEN - Institut francais de l'environnement
IGC - Institute for Global Communications
IICA - Instituto Interamericano de Coopereração para a Agricultura
IIEC - International Institute for Energy Conservation
IISDnet - International Institute for Sustainaible Development
IMAP - Instituto Municipal de Administração Pública
IMO - Independent Electricity Market Operator
INESC - Instituto de Estudos Socioeconômicos
ING - Instituto Os Guardiões da Natureza
xii
INMET - Instituto Nacional de Meteorologia
INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPAERJ - Instituto de Pesquisa, Estudos e Projetos de Proteção Ambiental do
Estado do Rio de Janeiro
IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IPMC - Instituto de Previdência dos Servidores
IPPUC - Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba
IPROGA -Instituto de Promoción y Gestion del Água
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicaas
IRC - International Water and Sanitation Centre
IRCSA - International Rainwater Catchment Systems Association
ISA - Instituto Socioambiental
ISWA - International Solid Waste Association
ITB - Instituto Terra Brasil
IWLA - The Izaak Walton League of America
LACTEC - Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento
LAPNEQ - Laboratório de Produtos Naturais e Ecologia Química
LIF - Laboratório de Inventário Florestal
ONG – Organização não Governamental
ONU - Organização das Nações Unidas
MMA - Ministério do Meio Ambiente
MPPR - Ministério Público do Estado do Paraná
NMA - Núcleo de Monitoramento Ambiental e de Recursos Naturais por Satélite,
Campinas – SP
NPM - New Public Management
PUCPR – Pontifícia Universidade Católica do Paraná
PGM – Procuradoria Geral Municipal
PETROBRAS - Petróleo Brasileiro S.A.
PMC – Prefeitura Municipal de Curitiba
PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no Brasil
PROCEL - Programa Nacional de Conservação de Energia
xiii
RAEA - Rede Acreana de Educação Ambiental
REA - Paraná - Rede de Educação Ambiental do Paraná
REBEA - Rede Brasileira de Educação Ambiental
REARJ - Rede de Educação Ambiental do Rio de Janeiro
REASul - Rede Sul Brasileira de Educação Ambiental
RMC - Região Metropolitana de Curitiba
REMTEA - Rede Mato-Grossense de Educação Ambiental
RENCTAS - Rede Nacional contra o Tráfico de Animais Silvestres
REPEA - Rede Paulista de Educação Ambiental
RIOB - Rede Internacional de Organismos de Bacias
RITS - Rede de Informações do Terceiro Setor
RMEA - Rede Mineira de Educação Ambiental
RURECO - Fund. para o Des. Rural e Econômico da Região Centro Oeste do
Paraná
SANEPAR - Companhia Paranaense de Saneamento
SEAM - Secretaria Extraordinária de Assuntos Metropolitanos
SEMA - Secretaria Estadual do Meio Ambiente e de Recursos Hídricos
SEMATEC - Secretaria do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Distrito Federal
Senac - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SGM – Secretaria do Governo Municipal
SIVAM - Sistema de Vigilância da Amazônia
SMA - Secretaria Municipal do Abastecimento
SMDS - Secretaria Municipal da Defesa Social
SME - Secretaria Municipal da Educação
SMEL - Secretaria Municipal de Esporte e Lazer
SMMA - Secretaria Municipal do Meio Ambiente
SMOP - Secretaria Municipal de Obras Públicas
SMSC – Secretaria Municipal de Comunicação Social
SMS - Secretaria Municipal da Saúde
SMU - Secretaria Municipal de Urbanismo
SPVS - Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental
SUDHERSA - Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e
Saneamento
TIC’s - Tecnologias da Informação e Comunicação
xiv
TNC - The Nature Conservancy
UFPR – Universidade Federal do Paraná
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
UFSM - Universidade Federal de Santa Maria
UICN - União Internacional para a Conservação da Natureza
UNEP - United Nations Environment Programme CIEL - Center for International
Environmental Law
UNILIVRE - Universidade Livre do Meio Ambiente
URBS - Urbanização de Curitiba S/A
UnB - Universidade de Brasília
UNICENP - Centro Universitário Positivo
UNIVALI - Fundação Universidade do Vale do Itajaí
USP - Universidade de São Paulo
UTP - Universidade Tuiuti do Paraná
TNC - The Nature Conservancy
WRI - World Resources Institute
xv
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA...............................................................................................
i
EPÍGRAFE.....................................................................................................
ii
AGRADECIMENTOS.....................................................................................
iii
RESUMO........................................................................................................
iv
ABSTRACT....................................................................................................
v
LISTA DE FIGURAS......................................................................................
vi
LISTA DE TABELAS.....................................................................................
vii
ANDICES...................................................................................................
viii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS........................................................
ix
SUMÁRIO.......................................................................................................
xv
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................
1
1.1. Problematização e delimitação do tema............................................
1
1.2. Hipóteses...........................................................................................
8
1.3. Objetivos............................................................................................
8
1.4. Relevância do tema...........................................................................
9
1.5. Procedimentos metodológicos...........................................................
10
1.6. Estrutura do trabalho..........................................................................
11
2.0. GESTÃO PÚBLICA NAS CIDADES.......................................................
13
2.1. Reforma do Estado e da gestão pública............................................
15
2.2. Centralização versus descentralização e o poder local.....................
19
2.4. Modelos de gestão.............................................................................
25
2.4.1. Nova administração pública....................................................
26
2.4.2. Gestão democrático-participativa........................................... 29
2.4.3. Governança em rede..............................................................
33
2.5. Redes sócio-técnicas na governança urbana....................................
38
3.0. GOVERNANÇA AMBIENTAL URBANA E AS REDES SÓCIO-
TÉCNICAS.....................................................................................................
42
3.1. Desenvolvimento sustentável urbano: fundamentos teóricos e
conceituais........................................................................................
46
xvi
3.2. Cidades sustentáveis na sociedade contemporânea................ 56
3.3. Governança e redes de políticas ambientais urbanas...............
66
4.0. METODOLOGIA DA PESQUISA............................................................
71
5.0. A REDE DE GOVERNANÇA AMBIENTAL CURITIBA..........................
80
5.1 O município de Curitiba: caracterização territorial e demográfica e
os principais problemas ambientais.......................................................
80
5.2 Gestão e política ambiental de Curitiba............................................
84
5.2.1 A administração pública da cidade de Curitiba........................
84
5.2.2 A questão ambiental na administração pública e nas políticas
públicas de Curitiba.............................................................
91
5.2.3 As redes de governança ambiental de Curitiba.......................
97
5.2.3.1 As redes de governança ambiental e sua
representação no ciberespaço..................................................
98
5.2.3.1.1 Redes de parcerias em ações e projetos.....
98
5.2.3.1.2 Rede de ações e projetos e seus vínculos
institucionais.................................................................
103
5.2.3.1.3 Rede de parceiros temáticos........................
108
5.2.3.1.4 Rede de links de referência.......................
111
5.2.3.1.5 Rede global..................................................
113
5.2.3.1.6 Rede de relação dos atores nucleares com
organismos internacionais na websphere..................
114
5.2.3.2 As redes de governança ambiental a partir dos
levantamentos em campo.........................................................
116
5.2.3.2.1 Rede de parcerias em ações e projetos.......
117
5.2.3.2.2 Rede de parceiros temáticos........................
119
5.2.3.2.3 Rede total.....................................................
121
5.2.3.2.3 A rede de governança ambiental a partir do
somatório dos levantamentos na websphere e em
campo...........................................................................
124
5.2.3.2.3.1 Rede de ações e projetos.........
124
5.2.3.2.3.2 Rede de parcerias temáticas.... 128
5.2.3.3 Rede das cidades envolvidas com a governança
ambiental de Curitiba................................................................
130
xvii
6.0 CONCLUSÃO......................................................................................... 133
REFERÊNCIAS..............................................................................................
143
1
1. INTRODUÇÃO
Este capítulo apresenta a problematização e a delimitação do tema.
A intensidade da urbanização pode colaborar para o desenvolvimento não
sustentável da cidade, são necessárias inovações não somente tecnológicas, mas
também na condução de políticas públicas, sensíveis às novas exigências e ao
clamor por participação social. Demonstra também a hipótese e os objetivos da
dissertação.
A relevância do tema se justifica diante da inadequação do
tradicional modelo de gestão, destacando-se a necessidade de implementar novas
formas de cooperação entre Estado e sociedade, enfatizando o papel das TIC’s
como importante ferramenta de acesso à informação e proporcionando a
participação social. Então, buscar um modelo de governança ambiental em rede
seria uma forma eficaz de envolver a sociedade como um todo na solução dos
problemas da cidade e buscar maneiras de se alcançar uma forma de
desenvolvimento mais sustentável e comum a todos. E, finalmente, destacam-se os
procedimentos metodológicos e a estrutura do trabalho.
1.1 Problematização e delimitação do tema
Segundo Santos (2002a), “no atual período de transição
paradigmática, o antigo conhecimento é um guia fraco que precisa ser substituído”.
Necessita-se cada vez mais, da ciência e das inovações, não no campo
tecnológico, mas também, de políticas públicas sensíveis às novas exigências
impostas pela atual maneira que as sociedades estão buscando viver. Esse fato
permitirá que se tornem mais eficazes e ajustadas aos padrões e expectativas de
vida das populações.
A intensidade da urbanização expressa as altas taxas de
crescimento urbano verificadas nos últimos anos no Brasil. Mudou ainda o cenário
dos problemas ambientais, anteriormente, vistos somente como questões de
2
preservação e conservação dos ecossistemas naturais. Hoje, a questão ambiental
alcançou uma relevância primordial também para a manutenção ou melhoria da
qualidade de vida do homem.
A população, em todas as partes do mundo, tem deixado cada vez
mais o campo, na esperança de encontrar melhores condições de vida no meio
urbano, em especial no século XX. O crescimento das cidades tem se dado, de
maneira geral, da forma mais desordenada possível, causando uma série de
impactos ao ambiente. Esses impactos, por sua vez, proporcionam uma gama
variada de prejuízos, tanto no que diz respeito ao ambiente natural, quanto ao
ambiente construído, afetando a qualidade de vida dos habitantes das cidades. Na
realidade, as cidades têm crescido tanto que, atualmente, possuem problemas
ambientais irrecuperáveis, e isso ocorre não somente com os países pobres, mas
também com os ricos. A continuidade do crescimento desordenado, em especial nos
países mais pobres, dificulta cada vez mais uma gestão urbana eficiente e pode
inviabilizar um processo adequado com vistas ao desenvolvimento sustentável
urbano.
A preocupação com os problemas ambientais, decorrentes dos
processos desenfreados de desenvolvimento e crescimento da população e das
cidades, está acontecendo tardiamente e, ainda, lentamente. Torna-se necessário
que um número mais expressivo de atores dos diversos segmentos da sociedade se
envolva nas causas em prol do meio ambiente. O mesmo homem que ora destrói a
natureza em busca de uma melhor qualidade de vida necessita se conscientizar
sobre sua passagem transitória no meio ambiente e da existência de futuras
gerações que, também, querem utilizar os recursos naturais para satisfazer as suas
necessidades.
A utilização que o indivíduo faz dos recursos naturais e a maneira
como usufrui do meio ambiente, nem sempre ocorrem dentro dos limites da
capacidade de carga ou de recuperação dos ambientes naturais (SANTOS e VITTE,
1998).
O surgimento de problemas ambientais graves, com reflexos sobre
o próprio homem, induziu a busca de um melhor entendimento dos fenômenos
naturais, suas causas e conseqüências sobre a qualidade de vida das populações.
3
Se a eficiência econômica e a preservação ambiental parecem estar
distantes de uma solução conciliadora, podem-se encontrar algumas soluções
parciais em andamento na produção sustentável, como a pesquisa e utilização de
formas renováveis de energia. É necessário que se promova a adoção de técnicas
que garantam a redução ou eliminação do consumo exacerbado e, também, da
produção não sustentável. Essa tentativa estabelece novos sistemas econômicos
conscientes da questão ambiental. Para reforçar, destaca-se o Princípio da
Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Conferência, 1992),
segundo o qual para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental
deve se constituir parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser
considerada isoladamente. (BELLIA, 1996; BRAGA et al., 2002).
Os meios tecnológicos são importantes aliados no processo de
aumentar o acesso à informação e são relevantes para as comunidades como
elemento crucial na busca do desenvolvimento sustentável. As possibilidades de
utilização das tecnologias de informação e comunicação podem subsidiar novas
formas de agir coletiva e articuladamente, na gestão da cidade.
A informação aparece, portanto, como uma condição chave da
construção de processos democráticos de tomadas de decisão na busca do
desenvolvimento sustentável. Este desafio relacionado às informações ambientais
deveria seguir certos princípios básicos e se ater a certas prioridades:
a construção de indicadores para que saibamos como anda a nossa busca
de um melhor nível de qualidade de vida; levantamento de informações
sobre a sustentabilidade dos processos; e finalmente, a criação de
condições de transparência referentes às tomadas de decisão, sejam elas
no âmbito dos governos, das empresas ou de organizações sociais
(DOWBOR, 2003, 2005).
Nesta dissertação, busca-se entender de que maneira as
instituições, organizações, associações e grupos sociais se articulam, criando laços
fortes ou fracos de parceria, colaboração e apoio mútuo, enfatizando
especificamente, o papel das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s),
principalmente a Internet, como meio de suporte a redes sócio-técnicas.
As questões ambientais podem ser consideradas como
indissociáveis das questões tecnológicas, econômicas, políticas, sociais e culturais.
4
Atualmente, presenciamos uma situação em que cada vez mais aumenta a
preocupação em relação ao meio ambiente em relação a um modelo de
desenvolvimento, ou mesmo crescimento, que priorize o princípio da
sustentabilidade, mesmo que a realidade nos mostre um agravamento da situação
ambiental global.
As mudanças direcionadas a um desenvolvimento sustentável
passam necessariamente, por reformas no âmbito do processo político-
administrativo e das práticas democráticas (FREY, 2001).
Nesse contexto, ganha relevância a discussão em torno de novas
formas de governança pública e de coordenação em rede para enfrentar o desafio
da política e gestão ambiental (CAMARGO, 2003). A participação local ganha,
portanto, destaque como possível elemento impulsionador do desenvolvimento
sustentável:
É preciso pensar um modelo de desenvolvimento descentralizado que leve
em consideração as necessidades e potencialidades locais, que vise ainda
o processo participativo, conscientizando a todos e difundindo uma maneira
que possa tornar o uso dos recursos naturais, ainda disponíveis, mais
racional (JACOBI, 2000: 38).
Na medida em que nas redes de governança, a sociedade e os
atores que as integram, executam de forma coletiva tarefas para suprimir suas
necessidades, o que realmente, está em evidencia são os interesses comuns
(RHODES, 1996: 658).
A perseguição decorrente da costumeira preponderância dos
interesses individuais e grupais nos processos políticos, é um dos desafios centrais
do desenvolvimento sustentável (FREY, 2001).
Surgem assim, dessas relações, espaços para construção de
políticas consensuadas, que viabilizem o atendimento dos diferentes interesses dos
diversos atores que interagem no espaço local. Assim, cabe ao poder público
identificar atores que possam contribuir com seus recursos, autoridade legal e moral
para a definição das regras do processo de negociação dos interesses, entre os
diferentes envolvidos. É possível, então, criar espaços públicos democráticos de
negociação. Além disso, também lhe cabe a missão de agir como elemento indutor
5
de discussões com a sociedade e de articulador na busca por catalisar esforços para
condução das políticas públicas.
As redes têm sido um instigante objeto de estudo de várias áreas do
conhecimento humano, desde a biologia, passando pela matemática, até às ciências
sociais. As abordagens e o conceito empregados, de rede, variam conforme o
instrumental analítico e as bases teóricas de cada área. Apesar disso, os estudos
sobre redes se constituíram em um caráter interdisciplinar, ancorados em
perspectivas filiadas às várias correntes do chamado pensamento sistêmico e às
teorias da complexidade (SCHERER – WARREN, 2005: 29).
A concepção de redes e parcerias pode ser considerada uma das
tentativas no sentido de orientar um novo padrão de desenvolvimento e participação
para o futuro, cujo alicerce seriam as sinergias entre a sustentabilidade ambiental,
social e econômica. Perpassaria por todas as esferas de governo, da sociedade em
geral e do setor produtivo.
O presente estudo foi desenvolvido no âmbito do projeto de
pesquisa Redes Tecno - Sociais e Gestão Democrática da Cidade, desenvolvido na
PUCPR de Curitiba em conjunto com grupos de pesquisadores do Rio de Janeiro, do
México e da Colômbia
1
.
O projeto geral teve por objetivo principal “desenvolver, a partir de
uma avaliação de enfoques teórico-metodológicos existentes, um conjunto de
procedimentos metodológicos capazes de proporcionar análises de redes técno-
sociais em prol da gestão democrática das cidades” (EGLER et al, 2005:6).
Analisa-se na presente pesquisa, a utilização de redes de
cooperação e parcerias, apoiadas em TIC’s, como um modelo estratégico que
enfatiza a importância da participação interativa da sociedade civil, da iniciativa
privada e do poder público em processos de governança pública ou interativa
(FREY, 2004).
Seu foco são as políticas ambientais e o estudo parte do
pressuposto da importância central de uma participação consciente da comunidade
1
Este projeto obteve auxílio financeiro do Fundo Regional para a Inovação Digital na América Latiana e Caribe (
FRIDA). Sob coordenação geral da Profa. Tamara Egler do IPPUR/UFRJ, participaram do projeto o Mestrado em
Gestão Urbana (PPGTU) da PUC/PR, Mario Procopiuck. Envolve pesquisas sobre governança e Redes Sócio-
Técnicas para Difusão Social e TIC’s nas cidades de Curitiba e Porto Alegre. Esta dissertação faz parte do
subprojeto do Grupo de Curitiba, sob coordenação do Prof. Klaus Frey, que teve como foco a atuação de redes
Sócio-Técnicas, em políticas públicas e processo de governança.
6
na formulação e implementação de políticas e gestão públicas em favor de um
desenvolvimento sustentável local. As redes Sócio-Técnicas podem ser
consideradas uma ferramenta fundamental e inovadora para promover o diálogo
interdisciplinar e a inclusão da sociedade civil, da iniciativa privada e do cidadão num
processo participativo e estratégico de busca da sustentabilidade. Para sua
efetivação, são relevantes a reformulação das políticas públicas, a necessidade da
convocação de novos atores e a formação de redes e parcerias para a mudança da
realidade.
O principal enfoque do presente trabalho é o levantamento das
organizações ambientais na cidade de Curitiba, suas relações e a possível formação
de redes de comunicação e de troca de experiências e informações. Ainda, se
propõe a avaliar a possível contribuição para a formação de redes de governança
ambiental. Considera-se que a discussão sobre as redes de parcerias e informações
pode ser uma forma muito eficiente de abordar as questões ambientais e sua
complexidade.
Uma efetiva formação de redes Sócio-Técnicas direcionadas para
estratégias de desenvolvimento sustentável implicaria no fortalecimento dos laços e
práticas interativas entre os mais diversos agentes relevantes para a questão. Eles
podem ser oriundos do setor público, privado ou da sociedade civil organizada.
Permitem também, a formação de parcerias para viabilizar ações que instaurem
mudanças de estratégias de gerenciamento de políticas públicas. Tal desafio se
coloca frente aos problemas globais, por exemplo, em propostas de governança
global – pois:
... A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns
dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. (...)
Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e
reduzir nossos impactos ao meio ambiente. O surgimento de uma sociedade
civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo
democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos,
sociais e espirituais estão interligados, e juntos podemos forjar soluções
includentes (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2004).
Esta citação demonstra, também em relação ao âmbito local, a
importância de uma prática de governança diferenciada que recorre aos novos
7
meios digitais de informação e comunicação na busca da sustentabilidade local. Este
é o foco empírico do estudo sobre redes Sócio-Técnicas na governança ambiental e
local de Curitiba.
A condução de políticas públicas locais, fundamentadas nos pilares
do desenvolvimento sustentável, requer modelos de governança urbana com
capacidade de “mobilização de todo conhecimento disponível na sociedade em
benefício da melhoria da performance administrativa e democratização dos
processos decisórios locais. De acordo com a concepção de governança urbana, a
melhoria da qualidade de vida nas cidades não é obrigação exclusiva do governo,
mas sim tarefa e responsabilidade compartilhada entre todas as organizações e
cidadãos que constituem o tecido social da cidade” (FREY, 2003: 167).
amplo consenso, por parte dos atores governamentais e não
governamentais, em relação à responsabilidade do compartilhamento na condução
das políticas públicas. Desenvolveu-se a idéia de que, não é a partir do governo que
a sociedade é governada e que os processos de formulação de políticas devem
resultar da interação de vários atores. Isso tem direcionado a busca de novos
métodos para governar, assim como suscitado discussões sobre gestão pública e
governança (KLIJN e KOPPENJAN, 2000: 136).
Partindo da premissa de que os recursos naturais e o meio ambiente
não comportam a demanda atualmente praticada nas cidades, sobretudo em virtude
das restrições do modelo de planejamento e gestão ambiental e urbana vigente, este
estudo pretende verificar a existência ou não de um sistema de governança
ambiental no município de Curitiba. Propõe-se, ainda, analisar suas eventuais
características, proporcionando desta maneira, subsídios para seu possível
aprimoramento.
O principal desafio da pesquisa é, portanto, analisar como e de que
maneira grupos locais como associações de moradores, organizações não-
governamentais e instituições públicas e privadas interagem e coordenam suas
atividades, buscando participar da governança ambiental municipal ao utilizar as
TIC’s, sobretudo a Internet, bem como, elucidar as possíveis contribuições do
método de ARS para representar e interpretar as relações entre tais atores
8
1.2 Hipótese
Esta dissertação parte da seguinte hipótese que orientou o
andamento da pesquisa: A política ambiental é um campo de políticas públicas
fortemente dependentes do acesso à informação. Caracteriza-se por uma alta
complexidade e pela necessidade de abordagens interdisciplinares e intersetoriais.
Portanto, as novas formas de articulação em rede, apoiadas por tecnologias
inovadoras da informação e comunicação, caracterizam cada vez mais, a gestão ou
governança pública na emergente sociedade em rede. Esses fatos podem ser
demonstradas por meio da aplicação do método da Análise de Redes Sociais, no
estudo das estruturas de relações interinstitucionais no âmbito da Internet ou em
campo, mediante entrevistas junto a representantes das instituições participantes
das redes sócio-técnicas.
1.3 Objetivos
Como objetivo geral desta dissertação, pretende-se realizar uma
análise critica dos arranjos de governança e dos processos e padrões de interação
na formulação e implementação de políticas públicas ou projetos sócio-ambientais.
A partir deste objetivo geral é possível distinguir vários objetivos
específicos relacionados:
caracterizar o Município de Curitiba no que diz respeito à
gestão e política ambiental identificando os principais problemas ambientais,
atores sócio-políticos e institucionais e suas responsabilidades na política
ambiental, bem como suas inter-relações informacionais e de cooperação;
averiguar a existência de uma rede de governança
ambiental no Município de Curitiba, dando ênfase no potencial das
tecnologias de informação e comunicação em subsidiar as novas formas de
cooperação e interação, em redes locais e globais.
9
identificar as estruturas de governança e as relações
existentes entre as instituições envolvidas nas práticas de governança
ambiental, enfatizando cooperações em ações e projetos, afinidades
temáticas e ligações por hyperlinks de referência;
demonstrar a aplicabilidade do método ARS para
caracterizar a rede de governança ambiental da cidade de Curitiba.
1.4. Relevância do tema
A inadequação do modelo tradicional de gestão pública relacionada
às complexidades que as cidades contemporâneas, pressiona os gestores locais na
adoção de formas inovadoras de administração, capazes de contribuir para a
promoção de um desenvolvimento com equilíbrio social e sustentabilidade
ambiental. Nessa perspectiva, surge a possibilidade e necessidade de reinventar as
formas de cooperação entre Estado e sociedade, promovendo a democratização dos
processos político-administrativos e a ampliação dos espaços públicos. Pode-se
considerá-la ainda, um meio de suporte às novas tecnologias da informação e
comunicação, conforme proposto pelas concepções atuais de governança pública ou
do desenvolvimento sustentável, conforme prevê, por exemplo, a Agenda 21.
As novas práticas de governança revigoradas pelas TIC’s, ainda em
construção e aprimoramento no Brasil, podem ser consideradas centrais no
processo de aprofundamento da reforma do Estado. Elas representam um potencial
que contribui para a justiça social, a eficiência econômica e o equilíbrio ambiental
fundamentando no desenvolvimento sustentável. Tornam-se fundamentais
abordagens de governança e de gestão compartilhadas e interinstitucionais
envolvendo os vários atores que interagem na sociedade: o setor público, o
produtivo e o setor voluntário ou terceiro setor.
A crescente disponibilidade das Tecnologias da Informação e
Comunicação TIC’s, mais especificamente da Internet, é uma oportunidade para
transformar a relação entre governo, cidadão, organizações não-governamentais
(ONG’s) e empresas privadas, melhorando os serviços públicos e a qualidade de
10
vida. Em todos os níveis governamentais (nacional, estadual e local), encontra-se
uma variedade crescente de estratégias, planos e iniciativas de governo eletrônico
com o objetivo de explorar tais oportunidades.
Buscar um modelo de governança ambiental com base em redes
seria uma maneira eficaz de se chegar a um desenvolvimento mais consciente pois
a divisão de tarefas e a troca de informações pode ser um caminho para um futuro
mais responsável. Nessa situação, elimina-se do setor público a exclusiva
responsabilidade pela preservação de um meio que pertence a todos e, por outro
lado, obriga o Estado à transparência e à democratização das suas formas de
atuação. Esse pensamento é condição para que se possa proporcionar às futuras
gerações as mesmas oportunidades de usufruir os recursos sociais e naturais, os
quais estão hoje à disposição.
1.5. Procedimentos metodológicos
A metodologia de pesquisa empregada se caracteriza por seu
caráter exploratório, pois pretendeu-se uma maior aproximação e familiaridade com
o tema gestão urbano e ambiental enquanto instrumento de promoção do
desenvolvimento sustentável, através de um levantamento bibliográfico e
documental. As informações foram confrontadas com as referências da revisão
bibliográfica visando compreender a relevância e as dificuldades da implementação
de um eficiente sistema de governança ambiental (SANTOS, 2002 b).
A investigação iniciou-se com uma pesquisa para identificar, mapear
e representar os principais atores sócio-políticos, os recursos utilizados e as
características das inter-relações estabelecidas. Baseado na metodologia de análise
de redes sociais, englobando elementos de análise quantitativa e qualitativa,
apresentaram-se com grafos, as características e padrões de interação e
colaboração entre esses atores, avaliando especificamente a relevância das TIC’s
no processo colaborativo. Os procedimentos específicos serão apresentados mais
detalhadamente, no quarto capítulo.
11
De forma complementar realizou-se uma pesquisa junto aos
principais atores, selecionados a partir da visitação aos sites e complementada por
outros atores considerados significativos para a governança ambiental, mas queo
foram identificados pela pesquisa por meio da Internet.
1.6. Estrutura do trabalho
A presente dissertação está organizada da seguinte forma: no
primeiro capítulo, abordam-se a problematização, a delimitação e relevância do
tema; apresentam-se as hipóteses, os objetivos, os procedimentos metodológicos e
a estrutura do trabalho.
No segundo e terceiro capítulos, analisam-se e se discutem os
principais assuntos, a partir da uma revisão bibliográfica que serviu de embasamento
técnico-científico, desenvolvendo-se o senso crítico para a discussão da rede de
governança no município de Curitiba. Inicia-se com discussões sobre a gestão
pública na cidade, demonstrando a importância da Reforma do Estado para a
descentralização do poder local. Apresentam-se alguns modelos de gestão, para
então, discorrer sobre o panorama geral de governança ambiental urbana. Enfatiza-
se a importância de se promover o fortalecimento de arranjos de governança em
rede e sua contribuição para o desenvolvimento da cidade. Demonstra a amplitude
das discussões em relação ao conceito de desenvolvimento sustentável e sua
participação no fortalecimento das cidades sustentáveis. Discutem-se, ainda, o tema
governança, redes de políticas ambientais urbanas, termos e temas correlacionados.
O quarto capítulo é dedicado à discussão dos procedimentos
metodológicos da pesquisa.
O quinto capítulo, reserva-se para a apresentação d
12
O sexto e último capítulo apresenta as discussões e conclusões
relacionados aos critérios que contribuem para a formação das redes de governança
ambiental e de sustentabilidade de Curitiba. E, finalmente, traz algumas
contribuições e considerações para a evolução do modelo praticado, atualmente.
13
2. GESTÃO PÚBLICA NAS CIDADES
Um processo ineficiente de governança pública pode acarretar
muitos problemas às cidades, reduzindo a capacidade da esfera pública em gerir os
problemas das mais variadas ordens. As cidades ganharam crescente relevância
como agentes ativos de transformação e de articulação no atual cenário de um
mundo globalizado, de permanentes avanços tecnológicos e alterações na maneira
de produzir, de trocar, de consumir e de se organizar.
A ampliação e a progressiva complexidade das agendas municipais
tornam necessário um processo de planejamento e gestão integrado. Nesse cenário,
as questões econômica e espaciais devem se incorporar aos planos e programas de
governo na orientação de políticas públicas no grande desafio de ativar as forças
endógenas para o desenvolvimento econômico, social e ambiental do local.
É fundamental para a gestão pública um processo consciente de
gestão do conhecimento e da informação voltado para a administração pública e
para o meio político. Esse fato induziria, também, às melhores práticas nas tomadas
de decisões tanto de ordem política como administrativa nas diferentes esferas de
governo e em especial, nos municípios. O despreparo e as limitações do
conhecimento têm conduzido, no Brasil, às práticas do autoritarismo, clientelismo,
protecionismo e corporativismo (FREY, 1996), em detrimento de uma agenda social
de participação da sociedade nos processos decisórios da gestão urbana.
O temo governança pública pode ser considerado relativamente
novo nas discussões e debates sobre a administração pública e política. Ela está
relacionada, de um lado, às políticas públicas e à forma de sua condução e, de
outro, à gestão e ao planejamento das políticas, programas e projetos e da quina
pública, pelos órgãos do Estado.
Políticas blicas podem ser consideradas como um conjunto de
princípios e diretrizes estabelecidos pela sociedade por meio de sua representação
política, na forma da lei, que orientam as ações tomadas e implementadas pelo
Estado e pelos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
O conceito de gestão está, sobretudo, na concepção prevalecente
nas empresas privadas e públicas, entendido como “o ato de administrar as
14
atividades e os recursos para atingir um objetivo” (SOUZA, 2004), ou ainda, como
“ligada ao tempo presente; administrar uma situação dentro dos recursos disponíveis
e de acordo com as necessidades imediatas” (REZENDE, 2005).
Souza (2004: 46), no entanto, chama a atenção pelo fato de que
“planejamento e gestão são distintos e complementares”.
Planejar é evitar que os problemas ocorram. É propor soluções que
otimizem recursos e consigam resolver estrangulamentos urbanos ou um acidente
de percurso, antes que eles venham a acontecer. É preciso realizar investimentos
que ordenem os anseios da população, permitam oportunidades iguais para que
todos os cidadãos realizem seus desejos singulares e a cidade continue sua sina
coletiva, sem grandes prejuízos sociais. Isso é viver e administrar uma cidade
(FIGUEIREDO, LAMOUNIER, 1996: 28).
Entende-se planejamento como um processo que permite maior
eficiência à atividade humana para alcançar, em um prazo determinado, um conjunto
de metas estabelecidas. É constituído por um conjunto de fases que se sucedem e
se integram sistematicamente: conhecimento da realidade, decisão, ação e crítica
(CARVALHO, 1976).
Mas, certamente existe uma permanente interação entre as práticas
de gestão e de planejamento, no âmbito da gestão urbana. Conforme Maricato
(2000), a gestão urbana “tem a tradição de investir em infra-estrutura e circulação
viária, de acordo com a valorização das propriedades ou para abrir novas frentes de
valorização imobiliária, dificilmente até os dias atuais se incluem as questões
ambientais neste contexto de gestão”.
O presente capítulo tem como objetivo, primeiramente, demonstrar
as evoluções oriundas da reforma do Estado e da gestão pública no Brasil. Depois,
discutir os avanços e problemas no processo de descentralização do Estado
Brasileiro e finalmente, apresentar diferentes modelos de gestão pública praticados
atualmente, pelos municípios.
15
2.1. Reforma do Estado e da gestão pública
tempos, o Estado tenta aperfeiçoar a sua forma de atuação,
realizando constantes reformas nas Constituições e na respectiva legislação
administrativa.
As suas ações, visando superar a crise, traduzem-se na forma de
intervenção do Estado no desenvolvimento social, na redefinição do modo de
financiamento e da maneira de organizar a execução das políticas sociais. Objetiva,
com esses atos, propiciar maior efetividade para as demandas sociais e maior
eficiência na realização dos serviços.
Como possíveis alternativas, com a intenção de reordenar a
intervenção do Estado em questões sociais, podem ser consideradas (i) - a
necessidade da reformulação dos paradigmas da administração blica dentro das
organizações estatais; (ii) - a terceirização ou privatização dos serviços, deixando
que o mercado regule a prestação de serviços e (iii) - a desestatização, ao manter o
caráter público, responsabilizando o Estado pelo financiamento de políticas sociais,
através de instituições não estatais e nem da esfera privada (BRESSER-PEREIRA,
1998: 7-13).
Bresser-Pereira (1998: 8) apontam dois problemas persistentes e
conexos a respeito da reforma do Estado. “O primeiro refere-se às tentativas de
construir Estados e administrações públicas que trabalhem melhor e custem menos.
O outro prende-se à questão de decidir o que o Estado deve e o que não deve
fazer”.
Talvez, o assunto mais recorrente da reforma do Estado seja a
ampliação de organismos público-estatais como meios de apoio às políticas públicas
e da gestão estatal, onde estariam inseridos os conselhos municipais. No entanto,
uma das preocupações importantes é a de que esses organismos sejam, de fato,
democráticos e participativos. Muitos deles, criados apenas formalmente, simulam
uma estrutura de participação inexistente, ou até, criam novas relações de poder
excludentes. A eficiência desses conselhos na formulação de políticas blicas e
como suporte à gestão pública é precária porque freqüentemente, limitam suas
ações ao atendimento de situações emergenciais. Falta-lhes envolvimento societário
16
e um participação efetiva na definição de metas, na elaboração de projetos e nos
processos de avaliação de políticas e projetos (GOHN, 2003).
O debate sobre a crise do Estado e a necessidade de sua
reconstrução teve início nos anos 80, nos países industrializados. No Brasil, essa
discussão tomou vigor na década de 90. Em seu escopo, foram dois os principais
aspectos: primeiro, a necessidade de torná-lo mais eficiente, eficaz e efetivo nos
aspectos administrativo e político e, segundo, efetuar revisão das suas funções,
enfim, do seu papel nas relações com a sociedade e o mercado. Trata-se da
superação do Estado burocrático, produtor-empresário, através de um Estado
gerencial, regulador e democrático.
Após a crise de endividamento internacional na cada de 80,
segundo Bresser Pereira (1998), ex-ministro da Administração Federal e Reforma do
Estado, o tema que prendeu a atenção de políticos e economistas em todo o mundo
foi o ajuste estrutural ou, em termos mais analíticos, o ajuste fiscal e as reformas
orientadas para o mercado. Nos anos posteriores, deu-se ênfase para a reforma
administrativa do Estado, uma vez que o ajuste estrutural não se mostrou suficiente
para a retomada do desenvolvimento.
A causa sica da crise dos anos 80, segundo Bresser-Pereira, foi
uma crise do Estado, que se deu de três formas: a crise fiscal, a crise do modo ou
das estratégias de intervenção estatal e a crise da forma burocrática pela qual o
Estado é administrado. Tendo em vista a necessidade do enfrentamento dessa crise,
caminhou-se para seu enfrentamento através da reconstrução e da reforma do
Estado. Essa reforma significou reduzir o tamanho do Estado, limitar suas funções
como produtor de bens e serviços e, em menor extensão, como regulador. Por outro
lado, a reforma implicou em uma possível ampliação de suas funções no
financiamento de organizações públicas não-estatais para a realização de atividades
que envolviam externalidades ou direitos humanos básicos. Elas necessitavam de
subsídios do Estado e dotadas de meios para apoiar o desenvolvimento das
indústrias locais diante de uma competitividade internacional cada vez mais acirrada
(BRESSER PEREIRA, 1998).
A reforma do aparelho do Estado pode ser encarada, segundo a
Presidência da República (1995), como abrangendo:
17
mudanças nas leis, nos regulamentos e nas técnicas e formas de trabalho
da administração pública, visando a melhoria da eficiência e do atendimento
às necessidades da sociedade. São diversos projetos, dos quais as
emendas constitucionais representam apenas uma parte, que serão
desenvolvidos nos próximos anos, com o ativo envolvimento dos servidores
e a participação da sociedade.
Nessa fase histórica, em todo o mundo, preponderou a proteção aos
direitos públicos e a reforma do Estado se apresentava como prioridade em boa
parte dos países. Também se ressaltou a necessidade de mudanças no processo
democrático e a revisão da administração pública burocrática, as duas instituições
criadas para proteger o patrimônio público. Para Bresser Pereira (1998), a
democracia deveria se tornar mais participativa ou mais direta ao passo que a
administração pública burocrática deveria ser substituída por uma administração
pública gerencial, como resposta à crise do Estado; como modo de enfrentar a crise
fiscal; como estratégia para reduzir custos e tornar mais eficiente a administração
dos imensos serviços que cabiam ao Estado; e, finalmente, como um instrumento
para proteger o patrimônio público contra os interesses do rent-seeking ou da
corrupção aberta.
Nesse contexto, novos desafios e oportunidades se apresentavam
aos municípios. Com a Constituição de 1988, os municípios ampliaram suas
agendas, ganharam relevância temas como o desenvolvimento econômico, a
formação e reciclagem de mão de obra e a articulação supra municipal, Outras
responsabilidades, como saúde, educação, proteção social, demandaram dos
governos locais uma nova postura na implementação de políticas públicas
18
A cultura gerencial na gestão pública traz os temas de fortalecimento
da capacidade do governo, eficiência e melhoria da qualidade dos serviços públicos
prestados aos cidadãos. Esclarece Pacheco (1999), que, com o intuito de se
alcançar esses objetivos, a Constituição propiciou novos formatos institucionais
como as agências regulatórias e as organizações sociais.
Do ponto de vista conceitual, a reforma do Estado abrangeu quatro
áre2ne, a delimitação da ra de atação do Estado a desreglametao a
verança, que meto da caacidade de over e a goverailidade,
concbida como ameto da demcracia e da
19
A reforma administrativa do Estado, no processo de transição de
uma administração burocrática para uma de enfoque gerencial traz oportunidades e
desafios diferenciados, aos governos locais.
Na verdade, conforme ressalta Bresser-Perreira (1998: 3), as
transformações relevantes da sociedade mostraram que nenhuma das teorias
existentes sobre planejamento seria suficiente para atender às necessidades atuais.
Essa constatação exigiria uma maior aproximação e práticas comunicativas
interativas e participativas, entre o Estado e a sociedade.
A Constituição Brasileira de 1988 e o processo de descentralização
administrativa, cujas raízes estão nas reformas do Estado e nas políticas de ajuste
estrutural dos anos 1990, têm produzido mudanças significativas nas relações entre
o Estado e a sociedade brasileira. A Constituição, em particular, criou uma série de
mecanismos institucionais para a participação do cidadão, com a intenção explícita
de ampliar a institucionalização democrática. Ela oferece novas oportunidades de
participação direta no desenho das políticas públicas e na regulação da ação
governamental.
2.2. Centralização versus Descentralização, o Poder Local e a Participação
Pública
Desde meados dos anos 70 e, de modo ainda mais acentuado, após
o início efetivo da redemocratização do país, a idéia de descentralização tem sido
uma constante na vida brasileira, ocupando lugar particularmente relevante na
agenda de formulação e implementação de políticas sociais e participativas
(NOGUEIRA, 1997: 8).
Para Jacobi (2005: 83)
o principio da gestão descentralizada, integrada, colegiada e participativa,
ainda está em seu início e os entraves são significativos e diferenciados. A
possibilidade efetiva de mudança de paradigma e os desafios que se
apresentam para a implementação de práticas participativas estão
intimamente relacionados com o papel dos gestores e a lógica do atual
sistema.
20
Descentralização e centralização, segundo Roversi-Monaco
(1991:329), "são fórmulas contendo princípios e tendências, modos de ser de um
aparelho político ou administrativo, são, portanto, diretivas de organização no
sentido mais lato, e não conceitos imediatamente operativos".
Então, a descentralização não é vista apenas como uma questão de
organização de responsabilidades, "mas é um fenômeno que engloba, em sua
generalidade, a maneira de ser. As qualidades e os predicados de um determinado
aparelho, seja ou não estatal, ou a ação de um poder público" (ROVERSI-MONACO,
1991: 330).
Ocorre que a idéia ou os conceitos de centralização e
descentralização e suas efetivas práticas são compreendidas de modo diferenciado
pelos teóricos sobre a administração pública e a ação estatal.
Do ponto de vista conceitual, segundo Jacobi (2000a: 35), “o termo
define uma transferência ou delegação de autoridade legal e política aos poderes
locais para planejar, tomar decisões e gerir funções públicas do governo central”.
Araújo (2002: 1), na sua definição de descentralização, caracteriza o
processo de descentralização e ressalta alguns pontos fundamentais para a
compreensão do termo:
A Descentralização é vista como processo de transferência da autoridade e
do poder decisório de instâncias mais elevadas para instâncias de unidades
espacialmente menores, entre as quais o município e as comunidades,
conferindo capacidade de decisão e autonomia de gestão para as unidades
territoriais de menor amplitude e escala. Representa uma efetiva mudança
da escala de poder, conferindo às unidades comunitárias e municipais
capacidade de escolha e definição sobre suas prioridades e diretrizes de
ação e sobre a gestão de programas e projetos.
Conforme Jacobi (2000a: 35)
o grau de poder político que é transferido depende da forma de
descentralização: desconcentração, delegação ou devolução.
Desconcentração é a redistribuição do poder decisório entre os diversos
níveis do governo central; delegação é a transferência de responsabilidades
e de poder do governo central para organizações semi-autônomas (órgãos
públicos) que não são totalmente controladas pelo governo central, mas que
em última instância dele dependem; a devolução é a transferência de
poderes do governo central para unidades subnacionais independentes.
21
Araújo (2001: 1-4) comenta que não se deve confundir
desconcentração, que representa apenas a distribuição da responsabilidade
executiva de programas, projetos e atividades, sem transferência da autoridade e
autonomia decisória, com descentralização política. Vale esclarecer, também, que o
processo de descentralização pode se apresentar de duas formas diferentes e
complementares: i) - Descentralização Estado-Estado; ii) - Descentralização Estado-
Sociedade.
Dowbor, recorrendo ao relatório sobre a pobreza das Nações
Unidas, levanta a questão fundamental referente ao grau do comprometimento com
a democracia, presente nas propostas de descentralização:
Se a descentralização implica jogar responsabilidades para níveis inferiores
de governo, livrar-se da carga isto pode ser feito de maneira
relativamente rápida. Mas se implica o reforço da democracia
descentralização com empoderamento levará algum tempo, recursos
consideráveis e uma extensa construção de capacidades. A verdadeira
democracia construída sobre os fundamentos da participação ativa da
população nos assuntos locais e nacionais não acontece da noite para o
dia. (Nações Unidas, Relatório sobre a Pobreza 2000, p. 59 apud
DOWBOR, 2001: 4).
Portanto, para uma corrente interpretativa, a descentralização está
relacionada a um caráter democratizante da gestão, estimulando a participação da
sociedade nos processos decisórios, fortalecendo o poder e a comunidade local,
perante o poder público. Para outra, prevalece a idéia de que a descentralização
apenas transfere poder das elites nacionais para as elites locais e que o maior
acesso dessas últimas aos recursos públicos, é fator de aprofundamento de
iniqüidades.
A emergência do tema descentralização, em conjunto com o papel
do poder local no processo de construção de uma sociedade mais justa e
democrática, foi liderada, pelo menos inicialmente, por setores progressistas da
sociedade. Acompanharam-na, a priorização da criação de novos espaços
institucionais de participação social, entendida como estratégia política que, além de
possibilitar maior eficiência da gestão pública, amplia as oportunidades de acesso ao
poder de novos sujeitos sociais (COHN, 1998).
Associa-se à descentralização, de modo quase imediato e mecânico,
a democratização política e social, uma vez que, em princípio, ela favorece a
22
ampliação do espaço público. Pode ser entendida como estratégia política
representando um processo político-técnico de reconfiguração do espaço de ação
popular e de redefinição do terreno da relação Estado-cidadão, dentro de uma
conjuntura conflituosa de diversos interesses e alianças. (JACOBI, 2000).
Uma outra questão importante é sobre a representatividade da
participação na tomada da decisão junto a instâncias superiores. Argumenta-se que
a representatividade nem sempre é sinônimo de participação. Esta somente se daria
com a adequada circulação de informação, tanto dos representantes institucionais
para os representantes dos segmentos societários, como destes, para seus
respectivos segmentos.
A busca dessa resposta é uma, entre tantas questões, como a de
saber qual é a principal missão do poder local: ajudar a gerir o sistema ou, através
da ação dos atores locais, contribuir para a transformação da sociedade.
Para Fuks (2002) “a participação é vista como limitada e desigual em
função das desigualdades existentes em diversos níveis: acesso à informação e
influência sobre o governo, controle sobre a definição dos assuntos públicos e
possibilidades organizacionais”. Este autor defende a idéia de que é necessária a
promoção de uma “tecnificação” compreendida como o acesso a informações
relevantes, as quais normalmente, são disponibilizadas somente aos representantes
institucionais.
A partir das informações sobre os problemas e os possíveis
resultados, os cidadãos podem tomar decisões conscientes, como lembra Sztompka
(1998: 49):Em todas as mudanças que ocorrem no mundo dos homens, uma
consideração importante é a consciência que têm delas e de seus resultados as
pessoas envolvidas”.
Pontual (2004: 33) conclui acerca da participação que “a ação
participativa pode e deve ser local, específica e motivada por interesses pessoais e
grupais, mas o horizonte deve ser universal para não se tornar corporativista”. “Para
isso, é necessário que todos tenham acesso a informações e que a relação entre
representantes e representados seja transparente” (VITALE; OLIVEIRA, 2004: 121).
Em muitos municípios, a inexistência de organizações populares
consistentes têm desafiado a capacidade dos governos democráticos e populares
em desenvolver a interlocução com a sociedade local. Muitos, ainda confundem os
23
canais de participação com os conselhos populares. Nessa perspectiva é que se
torna fundamental desenvolver a dimensão pedagógica das ações político-
administrativas de governo de modo a “possibilitar a apropriação coletiva das
informações, dos mecanismos de funcionamento da gestão e desenvolver uma
metodologia de trabalho que torne públicas todas as mediações que incidem nas
decisões sobre as políticas municipais” (VILLAS BOAS, 1994: 57).
Jacobi (2000: 34) “esclarece que a consolidação de propostas
participativas representa a potencialização e a ampliação de práticas comunitárias
através de um conjunto de mecanismo institucionais que reconheçam direitos
efetivamente exeqüíveis e estimulem estratégias de envolvimento e co-
responsabilização”.
Nesse sentido, um dos maiores desafios é garantir a definição de
critérios de representação para impedir a sua manipulação tanto por grupos voltados
para interesses particulares quanto pela administração pública.
Uma das principais possibilidades de participação são os conselhos
populares que articulam representantes da população e membros do poder blico
estatal em práticas que dizem respeito à gestão de bens públicos. Podem ser
considerados como novidade, no início deste novo milênio em termos de políticas
públicas de participação (GOHN, 2003). E ainda, podem ser entendidos como um
avanço extraordinário em relação à participação social na tomada de decisões da
esfera pública, no sentido de que os cidadãos organizados podem corroborar na
superação da exclusão social e política por meio da deliberação pública, da
promoção de transparência e responsabilização (accountability) e da implementação
de suas preferências políticas. O desenho dessas novas instituições impôs a
necessidade de incorporação de um leque amplo de atores de forma que as
instituições propostas fossem viáveis do ponto de vista legal, político e administrativo
(AVRITZER, 1995: 215).
A ampliação da participação pública nos processos decisórios para a
regulação de políticas públicas tem seu background conceitual na Teoria Política,
mais especificamente, no conceito de Democracia Deliberativa. Diferente da
Democracia Representativa, caracterizada por conferir a legitimidade do processo
decisório ao resultado eleitoral, a Democracia Deliberativa constitui-se como um
modelo ou processo de deliberação política caracterizada por um conjunto de
24
pressupostos que incorporam a participação da sociedade civil na regulação da vida
coletiva (IDS, 2003). Nesse sentido, salienta Miguel (2005: 8) “a democracia
deliberativa aparece hoje como principal inspiração crítica às democracias
existentes. Seu ideal é que as decisões políticas sejam fruto de uma ampla
discussão”.
Os conselhos municipais, que são instrumentos legais já existentes
para dinamizar e efetivar uma gestão blica descentralizada, são de fundamental
importância no processo de fortalecimento da democracia local e na mobilização da
sociedade civil organizada. Seu envolvimento em estruturas e processos
transparentes dão suporte às instituições governamentais, o que é fundamental para
o processo de desenvolvimento (STIGLITZ, 2002: 163).
A materialização dessa mediação permite levar o local a
desempenhar funções estratégicas na integração das demandas sociais, na
redistribuição dos serviços e recursos e na construção de uma esfera pública
ampliada. Esse fato implica em maior participação, controle social e parcerias com
diferentes agentes públicos e privados.
Todavia, os conselhos, além do orçamento participativo, têm
recebido uma atenção especial no caso brasileiro porque a participação não se
restringe a fóruns, mas abrange um conjunto de canais participativos, mais ou
menos institucionalizados, reais ou virtuais e adaptados às possibilidades e
necessidades dos respectivos grupos sociais.
Não obstante, a descentralização também envolve problemas e
riscos, dependendo das condições específicas do poder local.
Enquanto Roversi-Monaco (1991:331) chama a atenção pelo risco
de que uma "descentralização total leva a romper a própria noção de Estado",
Santos Junior (2001: 45) argumenta que:
É possível presumir que, em muitos municípios, a descentralização e as
parcerias venham pôr em risco a autonomia do poder público local em face
dos interesses particulares, ou que se estabeleçam relações paternalistas
entre os setores governamental e empresarial, ou ainda que se produzam
mecanismos de apropriação privada dos fundos públicos, em um contexto
agravado pela dependência estrutural dos governos em relação ao setor
privado, no que se refere a recursos e à capacidade de gestão das políticas
púbicas.
25
Neste sentido, Raichelis (2000: 220) explica que “embora o
município seja a unidade do poder político mais próxima do cidadão, revelando seu
potencial democrático, também é nesse nível que a força das relações clientelistas e
26
Neste item serão apresentados quatro concepções de gestão
pública e suas implicações para a gestão local: (i) - a nova administração pública ou
New Public Management (NPM); (ii) - a gestão democrático-participativa; (iii) - a
governança em redes, que servirá de suporte e embasamento para a análise das
redes Sócio-Técnicas na área ambiental, objeto da pesquisa empírica.
2.3.1. Nova administração pública
Na esfera local, segundo Pacheco (1990), podem-se perceber
facilmente, as mudanças das práticas de gestão estimuladas pela reforma gerencial,
não somente em relação à qualidade dos serviços públicos, mas referente também,
às formas de atuação da administração pública.
A autora resumiu na figura 1, as principais mudanças do paradigma
Burocrático para o Gerencial.
Figura - 1: Características de Modelos de Administração Pública
Fonte: (PACHECO, 1999: 45)
27
Segundo Bresser-Pereira (1998), as características básicas da
administração pública gerencial o as seguintes: (i) - deve ser orientada para o
cidadão e para a obtenção de resultados; (ii) - pressupõe que os políticos e os
funcionários públicos são merecedores de um grau real, ainda que limitado de
confiança; (iii) - como estratégia, serve-se da descentralização e do incentivo à
criatividade e à inovação; (iv) - o contrato de gestão como instrumento, mediante o
qual se faz o controle sobre os órgãos descentralizados.
Esse paradigma de gestão que está emergindo é baseado numa
cultura de menor centralização do poder estatal atribuindo um papel relevante ao
mercado. Sugere uma estrutura e controle organizacional descentralizados, através
de mecanismos previstos na prestação de serviços.
Kasemets (2000) destaca as seguintes características do paradigma
gerencial: maior flexibilidade na gestão; maior controle e responsabilidade;
mecanismos de escolhas e mais competição; serviços orientados para as
necessidades dos cidadãos; melhor gestão de recursos humanos; otimização das
informações tecnológicas; aumento da qualidade de controle ou avaliação;
estabelecimento de um setor central de funções; adoção de um estilo de gestão
como no setor privado.
Também para Rezende (2005) e Rezende e Oliveira (2004), a nova
gestão pública ou new public management (NPM), em comparação com outras
abordagens, é mais orientado em direção a resultados e à eficiência da gerência do
orçamento público. Pode ser encarado como um modelo de gestão, baseado no
princípio da competitividade, considerando os cidadãos primordialmente, como
clientes ou como consumidores de serviços públicos.
Essa visão de gestão municipal pressupõe a aplicação, nas
organizações públicas, os modelos de gestão oriundos da iniciativa privada. Propõe
ainda, a contextualização dos conceitos de administração focados nos negócios
empresariais e nos princípios de empreendedorismo. Como tal, apresenta como
características: contextualizar o cidadão como um cliente em foco; dar o sentido
claro da missão da organização pública; delegar autoridade; substituir normas por
incentivos; elaborar orçamentos baseados em resultados; expor operações do
governo à concorrência; procurar soluções de mercado e não apenas
administrativas; medir o sucesso do governo pelo cidadão (REZENDE, 2005).
28
Essa prática de gestão vem amparada pelos princípios da
reestruturação (baseada em planejamento e definição de prioridades); reengenharia
(redefinição de desenhos institucionais tendo em vista a melhoria dos resultados
almejados); reinvenção (alinhamento da estrutura organizacional com o mercado);
realinhamento (estabelecimento de responsabilidades, papéis e parâmetros
operacionais) e reconceituação (como capacidade de reavaliação constante e crítica
de toda a organização) (JONES; THOMPSON, 2000).
Países com diferenças políticas, sócio-econômicas e formações
culturais criaram serviços de diversos tipos e funções. Por isso, trata-se de um
paradigma que se mostra profícuo em seus aspectos sociais, políticos e culturais.
Exige, entretanto, vontade política e criatividade dos governantes na construção de
processos e espaços institucionais que articulem a complementaridade necessária
entre a participação da cidadania na alocação, tanto de recursos orçamentários,
quanto na eficácia da prestação de serviços. Finalmente, uma visão de conjunto da
cidade, que está imersa no contexto do país e de suas cidades.
Segundo Buarque (1999: 39), quando se faz menção à visão
estratégica é importante ressaltar que não significa ignorar as necessidades e
carências da sociedade, mas estabelecer a relação delas com os fatores estruturais
do desenvolvimento. Por isso, necessita-se analisar o ambiente, a realidade, os
fatores e os componentes mais relevantes e determinantes dos problemas e
potencialidades que condicionam o futuro. Feito isso, é preciso classificar e ordenar
os dados da realidade, distinguindo o urgente indesejável e necessidade imediata
do importante relevante e determinante do desenvolvimento local ou municipal:
as ações estratégicas concentram-se no que é relevante e determinante, preparando
as transformações estruturais futuras (BUARQUE, 1999: 39).
É importante ressaltar que o planejamento estratégico não é apenas
um conjunto de atividades que levam à elaboração de planos ou programas. Trata-
se, sobretudo, de um processo para o qual o existe roteiro ou cronograma fixos,
mas um fazer permanente onde o planejamento funciona como orientação
(PFEIFFER, 2000: 24).
Refere-se, na verdade, à uma construção de uma nova imagem
sobre a ação estatal. Essa construção, segundo Farah (1999: 326), supõe o
reconhecimento de que o Estado é passível de reformas orientadas tanto para a
29
superação de características críticas de sua atuação no período nacional-
desenvolvimentista como para sua adequação aos desafios postos pela
globalização, pela reestruturação produtiva e pelo processo de democratização.
Conforme ressalta Pacheco (1999: 47), a administração pública
gerencial pode proporcionar um cenário com bons índices de satisfação e
desempenho na esfera local por estar mais próxima da realidade a que está
exposta. Segundo ela, a “Administração Pública Gerencial oferece novas
oportunidades aos governos locais, que buscam fórmulas de incentivar a democracia
em nível local”.
2.3.2. Gestão democrático-participativa
As reformas gerenciais colocaram como eixo transformador a
transição do modelo burocrático de gestão no setor público, no qual a accountability
estava centrada nas regras (rule-based accountability), para um modelo de gestão
de resultados, sendo a accountability orientada pela performance (performance-
based accountability). Partiu-se do pressuposto de que o Estado se tornou
excessivamente burocrático e com precários mecanismos para promover suas
políticas públicas. Por outro lado, julgou-se de fundamental importância criar
instituições flexíveis, com maior participação de setores sociais, capazes de articular
as suas demandas por políticas públicas, delegando e responsabilizando os diversos
agentes públicos, controlando-os pela avaliação continua da performance.
Reformar o setor público é considerado sinônimo de encontrar
alternativas para propor uma transição de uma organização dentro do paradigma
burocrático para modelos gerenciais, orientados pela performance (FARIAS;
RIBEIRO, 2002).
Mesmo que no modelo gerencial da nova administração pública, a
participação exerça um papel relevante, sobretudo no controle da prestação de
serviços públicos, é somente no modelo democrático-participativo que a participação
é considerada como um valor em si, benéfico para a sociedade e o aprofundamento
da democracia (FREY, 1996).
30
A democracia é a filosofia política pela qual os brasileiros e diversos
outros povos do mundo decidiram se governar. Nela se definem regras através das
quais se tomam decisões sobre como um grupo de pessoas que dividem o mesmo
território, deve viver (BOFF, 1993; SOUZA, 1996; SOUZA, 1997).
Nas últimas décadas, a temática das ações coletivas e da
participação da sociedade civil nas tomadas de decisões e em assuntos políticos,
tornou-se claramente relevante. Espera-se que a sociedade se organize e se
prepare para desempenhar um papel significativo na condução do Estado, para que
os indivíduos possam, através de grupos organizados, exigir espaço para exercer
seu papel de cidadão.
Cada vez mais, sociedade e cidadãos, reivindicam uma relação de
transparência e de participação nas decisões em torno de alternativas políticas e
programáticas. Necessitam conhecer e acompanhar a equação entre gastos
públicos e o custo-efetividade das políticas e programas destinados a produzir maior
eqüidade social (CARVALHO, 2001: 88).
O urbano é a obsessão daqueles que vivem na carência, na pobreza, na
frustração dos possíveis que permanecem como sendo apenas possíveis.
Assim, a integração e a participação são a obsessão dos não-participantes,
dos não-integrados, daqueles que sobrevivem entre os fragmentos da
sociedade possível e das ruínas do passado: excluídos da cidade, às portas
do ‘urbano’ (LEFEBVRE, 1991: 98).
A criação e o fortalecimento de espaços democráticos em contextos
de sofrimento e exclusão social significam fatores de potência dos sujeitos
individuais e coletivos. Considerar o lugar e as pessoas que nele vivem como
portadoras de opinião, críticas, conhecedoras da realidade implica numa formulação
do território, em que a participação dos sujeitos estabelece como o território, uma
conjunção necessária para a prática da cidadania e da civilidade (KOGA, 2002).
Participar é um ato de escolha, é um processo de aprendizagem.
Quando as pessoas descobrem que podem contribuir para a construção de uma
sociedade e que depende de sua vontade e de suas escolhas, a democracia pode
se tornar realidade (BORDENAVE, 1995). A mobilização, por parte das comunidades
locais em defesa de seu espaço, constitui a forma de ação que mais rapidamente
está se desenvolvendo e talvez seja capaz de estabelecer uma relação direta entre
31
as preocupações imediatas das pessoas e as questões mais amplas (KELLY, 1999:
146).
O processo de participação dá oportunidades aos cidadãos de
participarem da vida blica. Ao envolver os moradores e outros setores da
sociedade organizada em parcerias para administrar os desafios básicos do
desenvolvimento, tais como, moradia, desemprego, lixo, água e poluição, podem-se
mobilizar novos recursos para a solução desses problemas e criar uma cultura
participativa, transparente e responsável (BORDENAVE, 1995).
A participação ganhou crescente relevância nos mais variados
processos e atividades, seja na elaboração do plano Plurianual Municipal, do Plano
Diretor Municipal, do Planejamento Estratégico Municipal, da Agenda 21 ou em
projetos de desenvolvimento comunitário. Conforme frisa Araújo (2005: 2), é
desejável que a participação popular ocorra efetivamente gerando conseqüências
vantajosas para o desenvolvimento e equilíbrio do Município, como um todo.
No que diz respeito ao Plano Diretor, Rezende e Castor (2005: 33)
ressaltam que ele deve ser elaborado e implementado com a participação efetiva de
todos os cidadãos. A participação da sociedade não deve se limitar apenas à
solenidade de apresentação do Plano Diretor da cidade em audiência pública, mas
deve ser vivenciado por todos os munícipes.
Conforme Ribeiro (1998), a Agenda 21 representa não apenas um
compromisso com o meio ambiente, ao propagar a proteção da integridade dos
ecossistemas, mas também, um compromisso com as futuras gerações, com os
pobres de diferentes países e regiões e com a participação dos cidadãos nas
decisões que os afetam.
A Constituição Federal estabelece os direitos sociais dos munícipes,
tais como a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos
desamparados. Todos os projetos sociais devem ter a regularidade para garantia de
seu funcionamento, mesmo que com tempo predefinido. Os projetos participativos se
vinculam geralmente, a situações sociais, de vulnerabilidade ou de risco e envolvem
coletivamente os munícipes, gestores locais e demais interessados na cidade
(AVRITZER, 1995; DAGNINO, 2004).
32
No Brasil, o exercício continuado de participação produziu uma
profunda mudança cultural na gestão urbana. Ao mesmo tempo em que as questões
locais levantadas pela população entravam na pauta da cidade, cada vez mais se
fazia necessário entender e planejar as suas questões globais. (MENEGAT;
ALMEIDA, 2004: 206).
Entretanto, não é suficiente que os atores se envolvam na
elaboração dos projetos. É necessário, principalmente, prever mecanismos
participativos na elaboração e implementação de ações e políticas públicas e da
evolução constante do município. Ideal seria que a população se organizasse em
grupos ou em associações que criassem movimentos, visando a articulação de
idéias e objetivos comuns.
Um movimento social nasce do encontro de uma dada combinação
estrutural, que acumula várias contradições, com certo tipo de organização.
Todo movimento social provoca, por parte do sistema, um contra-movimento
que nada mais é do que a expressão de uma intervenção do aparelho
político (integração-repressão) visando à manutenção da ordem
(CASTELLS, 1983: 386).
Ao se compreender que os males da sociedade o o resultado de
uma ordem social que se cria, deve-se também ser capaz de produzir as
transformações necessárias para sua superação. Mas, para isso, é necessária a
participação ativa de toda a sociedade. Ela se torna democrática e produtiva quando
todos os que dela participam podem competir organizadamente, defender os seus
interesses e projetar seu futuro.
A experiência mostra que não se alcança a participação através de
leis ou apenas da boa vontade – ela precisa que o direito de construir seu futuro seja
universalizado (BORDENAVE, 1995; BOFF, 1993; SOUZA, 1996; SOUZA, 1997).
A participação da sociedade civil organizada na arena política deve-
se ao sentimento cada vez mais generalizado de que nem as macroestruturas do
poder estatal nem as macroestruturas do poder privado responderão às
necessidades prosaicas da sociedade em termos de qualidade de vida, de respeito
ao meio ambiente, de geração de um clima de segurança, de preservação do
espaço de liberdade e de criatividade individual e social. A participação popular é
considerada fundamental, essencial para mudanças nas políticas públicas e o
planejamento deve ser baseado nas necessidades da população.
33
Segundo Frey (2001), a abordagem democrático-participativa parte
do pressuposto de que o homem e a sociedade devem estar no centro de atenção e
reflexão, tentando conciliar a solução da crise com a realidade de cada cidadão.
A integração de vários fatores se faz necessária para que a
comunidade participe das tomadas de decisões. A revisão de políticas e a
implementação de novos arranjos de governança o fatores essenciais nessa
jornada. Eles são fatores complexos, porém, imprescindíveis para implementação de
políticas públicas com vistas ao desenvolvimento sustentável. Nesses casos, a
participação é fundamental pois a contribuição e o apoio de todos, podem fazer a
diferença.
2.3.3. Governança em rede
No contexto das recentes reformas administrativas destaca-se o
conceito de governança como estratégia fundamental numa situação de
enfraquecimento dos órgãos do Estado e redefinição das responsabilidades estatais.
Inicialmente, é importante verificar a diferença entre o termo
governança e governo.
Segundo Stewart (2000: 178) governo,
é a atividade do sistema governamental formal que se realiza dentro de
limites administrativos específicos, implica o exercício de determinados
poderes e deveres por corpos formalmente eleitos ou marcados, e usa
recursos públicos de um modo financeiramente responsável. O governo é
possivelmente melhor visto como a presença formal e a representação do
Estado na localidade. O negócio do governo é conduzido por regras
processuais claras, implicando relações estatutárias entre políticos,
profissional e o público.
Já o termo governança pode ser compreendido como,
é um processo muito mais de direção (gubernator) de localidades que
muitas vezes implicam questões que transcendem limites geográficos ou
administrativos que é multi-setorial, e no qual as redes, as alianças, e as
coalizões desempenham um papel importante. Tais redes são informais
34
(embora possam ser formalizadas em planos estruturais como sociedade) e
são muitas vezes ambíguas em relação à condição de membro, às
atividades, relações e responsabilidades. A governança é o processo do
envolvimento de múltipla resolução de interesse, de compromisso e não
confrontação, de negociação e não sanção administrativa (STEWART,
2000: 178).
Surge assim, a concepção de uma governança em rede em que a
gestão do conhecimento e das informações torna-se imprescindível:
Reconhecendo as novas potencialidades relacionadas à ampliação dos
atores sociais envolvidos na gestão da coisa pública, a literatura sobre
gestão pública vem crescentemente enfatizando o tema de “governança”
(governance), salientando novas tendências de administração pública e de
gestão de políticas públicas, particularmente a necessidade de mobilizar
todo conhecimento disponível na sociedade em benefício da melhoria da
performance administrativa e da democratização dos processos decisórios
locais (FREY, 2003: 3).
Quanto ao compartilhamento de responsabilidades entre atores
governamentais e não-governamentais na condução das políticas públicas, um
amplo consenso que se desenvolveu em torno da idéia de que o governo não é um
lugar a partir do qual a sociedade é governada e que os processos de formulação de
políticas devem resultar de interações entre vários atores. Isso tem direcionado à
busca por métodos diferenciados para governar, assim como suscitado discussões
sobre gestão pública e governança (KLIJN; KOPPENJAN, 2000: 136).
Entretanto, quando, para os autores anteriores o foco da governança
está em novos mecanismos de articulação entre uma rede de atores e instituições,
ressaltando as potencialidades para diferentes atores se envolverem em processos
participativos, é possível distinguir outros estudiosos que enfatizam a relevância
gerencial da governança.
Nesse sentido, Cunha (2000) define governança como:
a capacidade financeira e administrativa de implementar políticas públicas,
objetivando tornar o Estado mais forte e menor pela superação da crise
fiscal, pela delimitação da sua área de atuação, distinção entre o núcleo
estratégico e as unidades descentralizadas, pelo estabelecimento de uma
elite política capaz de tomar as decisões necessárias e pela dotação de
uma burocracia capaz e motivada (CUNHA, 2000).
Da mesma forma, na seguinte citação de Bresser-Pereira (1998: 33),
evidencia-se a preponderância da lógica governamental do conceito:
35
A governabilidade e a governança são conceitos mal-definidos,
frequentemente confundidos. Para mim, governabilidade é uma capacidade
política de governar derivada da relação de legitimidade do Estado e do seu
governo com a sociedade; governança é a capacidade financeira e
administrativa, em sentido amplo, de um governo implementar políticas.
(BRESSER PEREIRA, 1998: 33).
Todavia, segundo os defensores da Democracia Participativa ou
Governança Democrática, a participação popular torna a ação do governo
transparente. Pode evitar a corrupção e introduzir mudanças significativas na
estrutura e função da administração pública. A gestão participativa pode garantir
oportunidades eqüitativas de acesso às informações e à tomada de decisões
(ACSELRAD, 2001: 18).
A participação de stakeholders, ou interessados na evolução do
município, em condições de atuação ou com poder de influenciar, promover,
orientar, alterar o seguimento da construção do município, é fundamental para o
êxito das cidades.
Ganha com isso, relevância o conceito da rede como modo de
organização dos sistemas de governança. As redes têm sido um instigante objeto de
estudo de várias áreas do conhecimento humano, desde a biologia, passando pela
matemática a atingir as ciências sociais. As abordagens e o conceito de rede,
variam conforme o instrumental analítico e as bases teóricas de cada área. Apesar
disso, os estudos sobre o assunto ganharam um caráter interdisciplinar, ancorados
em perspectivas filiadas às várias correntes do chamado pensamento sistêmico e às
teorias da complexidade.
Uma estrutura social com base em redes é um sistema aberto altamente
dinâmico suscetível de inovação sem ameaças ao seu equilíbrio. Redes são
instrumentos apropriados para a economia capitalista baseada na inovação,
globalização e concentração descentralizada; para o trabalho, trabalhadores
e empresas voltadas para a flexibilidade e a adaptabilidade; para uma
cultura de desconstrução e reconstrução contínuas; para uma política
destinada ao processamento instantâneo de novos valores e humores
públicos; e para uma organização social que vise a suplantação do espaço
e a invalidação do tempo (CASTELLS, 2000: 497).
As redes sociais expressam arranjos baseados em relações de
intercâmbios entre atores sociais. Os conteúdos de trocas podem ser visíveis ou
intangíveis, como: conhecimento, poder político, suportes sociais e informações.
36
Esses intercâmbios apresentam padrões ou regularidades que freqüentemente, não
são observáveis por meio de análise do comportamento individual dos atores. A
abordagem de redes, ao analisar as relações de troca entre membros de um sistema
social, as representa como um conjunto de laços que formam uma rede que
expressa o fluxo de tais intercâmbios (PARK e THELWALL, 2003; THELWALL,
2004).
Segundo Whitaker (1993), ”rede é um sistema de s e elos capaz
de organizar pessoas e instituições, de forma igualitária e democrática, em torno de
um objetivo comum”. Segundo este autor, os elos representam a troca de
informações e a comunicação entre os atores sociais que formam um grupo,
conjunto de pessoas e organizações conectadas pela intencionalidade de planejar
ações conjuntas para atender às necessidades de uma localidade. Os nós, por sua
vez, relacionam-se ao momento da composição, do comprometimento em torno da
causa comum, que formam subgrupo(s) condensados em propostas para a
implementação de ações planejadas.
A abordagem da rede tem sido também entendida como estratégia
de administração e gestão de políticas públicas, sendo propício para o
enfrentamento de questões complexas e a melhoria da qualidade de vida da
população. Em princípio, rede é parceria que pode articular famílias, estados,
organizações blicas e ou privadas, pessoas físicas e jurídicas ou ambas. Pode,
portanto, envolver e promover relações interpessoais, interorganizacionais e
intersetoriais (INOJOSA, 1998).
a criação de redes e as parcerias público-privada o processos políticos
cada dia mais dominantes no novo mundo urbano fragmentado e
representam os próprios limites da ação estatal: “Governar torna-se um
processo interativo porque nenhum ator detém sozinho o conhecimento e a
capacidade de recursos para resolver problemas unilateralmente.
(STOKER, 2001: 93).
O termo parceria tem se usado e difundido, para caracterizar o que
seria um novo modelo de relação entre as várias organizações da sociedade:
ONG’s, governos, agências multilaterais, fundações, igrejas, sindicatos, empresas,
entidades assistenciais, entre outros. O fato de enfatizar a atuação motivada por
interesses comuns, ao invés do relacionamento pautado pelo conflito e pela
concorrência, é apontado como principal virtude da parceria. (VALARELLI, 1999).
37
As ações de cooperação e parceria têm sido apregoadas tanto como
uma necessidade, quanto como modo de atuação e, ainda, como um valor em si
mesmo. Valorizadas, e ao mesmo tempo, difíceis de construir (ADULIS, 2002;), a
cooperação e parceria são também a base dos relacionamentos propostos para os
participantes da Agenda 21 (GUTBERLET; GUIMARÃES, 1999).
uma necessidade social de organização em grupos, associações
ou movimentos ou da maneira mais apropriada para cada realidade. Mas não existe,
todavia, um acordo sobre o conceito de movimento social. Para alguns, toda ação
coletiva com caráter revindiciário ou de protesto, é movimento social, independente
do alcance ou do significado político ou cultural da luta. Entretanto, encontram-se
concepções que consideram movimento social apenas um número muito limitado de
ações coletivas de conflito (SCHERER – WARREN, 1993).
Assim, considerando a afirmação de Castells (2000), que “as ‘redes’
se constituem na nova morfologia social de nossas sociedades”, pretende-se com a
implantação da Agenda 21, utilizar essa morfologia inovadora de redes sociais para
alcançar resultados eficazes e produtivos. Deverá resultar no envolvimento de um
considerável número de atores de diferentes esferas da sociedade em busca de um
modelo de planejamento que difunda o conceito de desenvolvimento sustentável
para a disseminação de ações gradativamente, mais justas e igualitárias
O Brasil não passou por um processo lento e gradual de
urbanização, mas ela se instalou rápida e desordenadamente. Esse fato acarretou
uma série de problemas ambientais e de infra-estrutura das cidades por falta de um
planejamento urbano e ambiental porque as questões ambientais não receberam o
cuidado adequado.
É nesse sentido que a política ou governança ambiental se constitui
numa uma importante ferramenta de gestão das cidades, pois, se bem desenhada,
abrange a localidade (global, nacional e local) como um todo, intercalando atividades
e provendo um crescimento ordenado sobre a guisa do desenvolvimento
sustentável, com a possibilidade de formação de uma verdadeira rede de parcerias e
colaboração.
Destacam-se três relevantes caminhos para a governança. Primeiro,
no contexto internacional, são necessárias novas instituições e procedimentos de
normalização. Segundo, é preciso incentivar iniciativas de organizações não-
38
governamentais (ONG’s), do empresariado, dos governos locais e de outros atores.
Terceiro, precisa-se abordar diretamente as causas subjacentes da degradação
ambiental, tais como crescimento populacional, pobreza e subdesenvolvimento,
tecnologias inadequadas e insistência do mercado em não cobrar preços
ambientalmente corretos (SPETH, 2005).
São princípios também valorizados pela Gestão Participativa em
Rede (GRP) na descentralização dos órgãos de gestão pública: integração dos
serviços públicos, através da organização de equipamentos multifuncionais
territorializados; foco de atenção na comunidade local; gestão comunitária em rede.
Tais princípios se relacionam a diversos níveis de gestão, cuidando para que, em
cada instância, sejam desenvolvidas metodologias adequadas, respeitando-se as
significativas diferenças (SOTERO, 2002). Neste sentido, as redes sócio-técnicas se
caracterizam como uma forma inovadora de envolver a sociedade como um todo na
governança urbana.
2.4. Redes sócio-técnicas na governança urbana
A concepção da governança pública urbana, em essência, diz respeito à
gestão de políticas em redes colaborativas. A estruturação de um sistema
local de governança envolve o desenho e a articulação de complexos
conjuntos de organizações e de atores sócio-políticos, oriundos tanto do
setor público quanto do setor produtivo e da sociedade civil organizada
(ROSA; FREY, 2006) .
O modelo convencional burocrático pode enfrentar mudanças,
adotando uma maneira de governar que vise a participação da sociedade na
governança. Como conseqüência, então, a necessidade de buscar modelos
comprometidos com as diversas esferas da sociedade. Se o modo de governar
muda em função da modernização da Administração Pública, seja por causa das
inovações tecnológicas ou pela busca de alternativas para atender adequadamente,
ao cidadão, é viável inserir métodos mais comprometidos com a sociedade
(CHAUVET, 2002).
A informação, de acordo com Dowbor, (2003) é um recurso precioso,
e um poderoso racionalizador das atividades sociais. Preciosa, também, é a limitada
capacidade de atenção, prejudicada por uma quantidade exagerada de lixo
39
informativo, que desorienta. A ausência de informações articuladas que permitem a
ação cidadã informada, gera pessoas passivas e angustiadas. Infelizmente, a
informação constitui-se em um importante recurso subutilizado, embora seja definida
como um instrumento modificador da consciência do homem. No entanto, quando
adequadamente assimilada, produz conhecimento, modifica o estoque mental de
informação do indivíduo e traz benefícios ao desenvolvimento tanto seu quanto da
sociedade em que vive (BARRETO, 1994).
A informação aparece, portanto, como uma condição base na
construção de processos democráticos de tomadas de decisão. Esse universo de
informação, ainda que amplo, é fortemente direcionado: envolve a construção de
indicadores para que se saiba quais as expectativas na busca de um nível
satisfatório de qualidade de vida; envolve igualmente, a informação sobre a
sustentabilidade do processo e, finalmente, a transparência das tomadas de
decisão, sejam elas de governo, de empresas ou de uma organização social
(DOWBOR, 2003).
A formação de redes sociais pressupõe a reunião e atuação de
atores interessados e determinados em objetivos comuns. Eles se caracterizam por
conotações distintas, bem como pela formação de redes, que alcançam diferentes
amplitudes. Esses dados variam de acordo com os interesses e os padrões de
formação da rede e ainda, segundo a sua área de atuação e ação. Destaca-se que o
relacionamento entre os diversos atores que a compõe, não se verifica,
necessariamente, em espaços físicos. O contato ainda é possível com uso das
tecnologias de comunicação e informação, formando redes sócio-técnicas. Nesse
sentido, destaca Castells (2002: 501): “A articulação espacial das funções
dominantes ocorre em nossas sociedades na rede de interações, possibilitado pelos
equipamentos de tecnologia da informação. Nessa rede, nenhum lugar existe por si
mesmo, já que as posições são definidas pelos intercâmbios de fluxos da rede”.
Profundas transformações tecnológicas revolucionam o modo de produzir
nossa vida material, com enormes implicações sobre a organização da
produção e do trabalho: novas estruturas industriais parecem impactar de
maneira definitiva os mercados e as relações de trabalho; nossos modos de
vida e de organização social são violentamente modificados; verdades
absolutamente estabelecidas e maneiras de compreender o social, que, de
tão arraigadas, não pareciam passíveis de ser contestadas, não
convencem mais; novas institucionalidades são criadas, ao mesmo tempo
40
que novas formas de se posicionar diante da vida emergem de modo
vigoroso. (LEITE, 2003: 17).
As transformações pela quais passaram o Estado e a sociedade
com a imposição da globalização e o avanço desenfreado da tecnologia, leva à
conclusão de que se faz necessária uma mudança no atual modelo de articulação e
de troca de informação entre as diferentes esferas sociais.
As reformas administrativas implantadas na última década em
muitos países do mundo e, inclusive, no Brasil, tanto pela vertente gerencial da
chamada nova administração blica quanto pela vertente democrático-popular,
evidenciam uma compreensão diferenciada de gestão pública e o reconhecimento
da importância central de uma gestão consciente dos fluxos de informação (FREY,
2002).
A governança democrática deve ser estabelecida de modo a integrar as
pessoas, tornando as estruturas de governo transparentes e acessíveis no
âmbito dos municípios, estados, países e regiões, bem como do planeta.
Um bom exemplo é a apropriação de mecanismos de orçamento
participativo para o ambiente digital: que não se traduza em privilegiar
informações através dos computadores, mas que torne a informação cada
vez mais próxima a um número cada vez maior de pessoas. (CABRAL,
2005).
As redes se inscrevem numa lógica que demanda articulações e
solidariedade, definição de objetivos comuns e redução de atritos e conflitos
baseados numa acumulação diruptiva de problemas, considerando as características
complexas e heterogêneas da sociedade. Nesse sentido, as redes horizontalizam a
articulação de demandas e se servem crescentemente das modernas tecnologias de
informação para fortalecer sua capacidade de instrumentalizar a sua influência nos
processos decisórios, o que se configura como estratégico.
Especificamente, nas redes ambientalistas existe um potencial para
ativar gradativamente, entidades da sociedade civil, em atuação na esfera pública,
como atores pluralistas e multiculturais questionadores, que, por exercer pressão,
criam consciência ambiental (JACOBI, 2000:134).
Segundo Fleury (2002: 227):
as redes se consideram novas formas de coordenação intermediária
emanada do processo de diferenciação funcional dos subsistemas. Na
41
administração de empresas, a rede se considera como a combinação de
pessoas, tecnologia e conhecimento. Na gestão intergovernamental, se
considera como um tema emergente da união das disciplinas de
administração e política.
Redes sociais também podem ser definidas como o campo, presente
em determinado momento, estruturado por vínculos entre indivíduos, grupos e
organizações, construídos ao longo do tempo. Esses vínculos têm diversas
naturezas, como ter sido construídos intencionalmente. Seu pressuposto central é o
de que o social é alicerçado por inúmeras redes de relacionamento pessoal e
organizacional de diversas naturezas. Daí a conclusão, de que as redes são a
estrutura do campo, no qual estão imersos, em cada situação concreta, os atores
sociais e políticos. (MARQUES, 1999, p.46).
Redes são estruturas abertas capazes de se expandir de forma
ilimitada, ao integrar os nós e quando conseguem se comunicar no interior da rede,
ou seja, desde que compartilhem os mesmos códigos de comunicação (por exemplo,
valores ou objetivos de desempenho). Redes são também, instrumentos apropriados
para a economia capitalista, baseada na inovação, globalização e concentração
descentralizada. Visam uma cultura de desconstrução e reconstrução contínuas;
uma política destinada ao processamento instantâneo de novos valores e humores
públicos; e mostram-se pertinentes para uma organização social que vise a
suplantação do espaço e invalidação do tempo (CASTELLS, 2005: 567).
Conforme Frey (2003: 177):
a comunicação em rede garante, em princípio, um acesso universal,
confortável, não-filtrado e de baixo custo a informações e processos
políticos. Entretanto, o potencial democrático específico da internet baseia-
se em sua estrutura não-hierárquica e cibernética que, em princípio,
favorece a interatividade.
As redes sócio-técnicas podem ser a garantia de acesso à
informação e troca de experiência em âmbito global. São capazes de diminuir
fronteiras e burocracias e ainda, constituir-se em uma poderosa ferramenta de
comunicação. Colaborando para a diminuição de tais entraves cotidianos na
governança urbana, consideram-se as redes sócio-técnicas um forte potencial para
facilitar e acelerar a governança urbana local.
42
3. GOVERNANÇA AMBIENTAL URBANA E AS REDES SÓCIO-TÉCNICAS
A discussão sobre meio ambiente envolve necessariamente, as
questões urbanas, mais especificamente, a sustentabilidade urbana. Essa
constatação é premente ao se considerar o grau de urbanização global, atingindo
um patamar que colaborou para formação das mega cidades, formadas
principalmente, pelo êxodo rural. Considera-se esse processo de crescimento,
excludente, por criar um ambiente desigual, não somente em termos sociais como
também no sentido de impossibilitar uma oferta adequada de infra-estrutura à
população, indispensável para um desenvolvimento humano e sustentável.
No Brasil, a evolução do processo de urbanização se constitui em
uma base considerável para avaliação do grau de sustentabilidade de seu
desenvolvimento, considerando que, em 1940, apresentava características de um
país eminentemente rural (apenas 31% da população era considerada urbana), ao
passo que em 1980, com uma população de 119 milhões de habitantes, poderia
ser considerado um país primordialmente urbano, com 67% da população vivendo
em áreas urbanas. Passou-se em ritmo acelerado, para um país que, no censo de
2000, do IBGE, apresentou um porcentual de 81% de sua população vivendo nas
cidades (ver tabelas 1 e 2).
População Total no Brasil
1980 1990 1996 2000
População total (1)
119.002.706 146.825.475 157.070.163 169.799.170
Tabela - 1: População Total no Brasil
Fonte: (IBGE, 2006)
Porcentagem da População Vivendo na região Urbana e Rural
1980 1990 1996 2000
Urbana 67,59 75,59 78,36 81,25
Rural 32,41 24,41 21,64 18,75
Tabela - 2: Porcentagem da População Vivendo na região Urbana e Rural
Fonte: (IBGE, 2006)
43
O crescimento dos centros urbanos resultou em uma acentuada
queda da qualidade de vida e foi responsável pelo crescimento dos problemas
sociais e dos desequilíbrios ambientais, agravados pela falta de um planejamento
adequado das cidades capaz de contemplar as diferentes demandas da população
urbana e de integrar as múltiplas causas dos problemas urbanas atuais. Portanto,
como desafio cada vez mais premente, coloca-se a questão de como redefinir e
reestruturar a gestão e o planejamento urbano e, sobretudo, como disponibilizar
formas de cooperação e arranjos de governança ambiental capazes de responder
adequadamente, aos complexos desafios da sustentabilidade urbana.
Neste ponto, Hardt (1998: 55), ao definir parâmetros para
intervenções no ambiente urbano, recomenda que a:
... avaliação deve ser fundamentada numa visão holística do ambiente,
assim como no pressuposto de que a generalização de condições
satisfatórias de qualidade de vida de uma população está intrinsecamente
ligada à qualidade ambiental. Sob esta égide, toda e qualquer modificação
no ambiente se justifica se resultar em benefícios coletivos, diretos ou
indiretos, sem alterar, ou de modo a causar o mínimo possível de alterações
nos processos ecológicos essenciais.
Ações pautadas nesses pressupostos implicam necessariamente, na
articulação de uma mudança dos padrões comportamentais, fundados no
individualismo para outros, que enfatizem os valores coletivos, alinhados com as
necessidades das futuras gerações.
Trata-se da necessidade de conciliar as questões econômicas e de
desenvolvimento com as do meio ambiente, ou seja, de recuperar “a visão de um
mundo justo é tão essencial para nossa sobrevivência como a de um mundo
produtivo e a de um meio ambiente sustentável”. (DOWBOR, 2002: 14). Nesta
perspectiva, não se conjeturam alternativas e sim, a definição de objetivos
articulados O desafio, no entanto, passa por uma redefinição das relações entre
Estado e sociedade e formas de articulação.
Este capítulo visa discutir aspectos conceituais em relação às redes
de políticas na busca do desenvolvimento sustentável, bem como as possíveis
alternativas para tornar as cidades sustentáveis, ressaltando a importância de se
optar por formas de governança ambiental em rede.
Klijn apud
44
padrões mais ou menos estáveis de relações sociais entre atores
mutuamente dependentes, que se formam ao redor de problemas políticos
ou grupo de recursos e cuja formação se entende como uma série de ações
contínuas e consecutivas entre diferentes atores realizadas de acordo com
regras formais e informais pelas quais se guiam, que surgem em torno de
temas ou decisões dos quais os atores têm interesses.
De acordo com Fleury (2002), esse tipo de rede apresenta
características vantajosas, como a pluralidade, a capilaridade, a flexibilidade, além
de uma estrutura menos burocrática. No entanto, tamor ra
45
isso, uma teia de relações de reciprocidade e de troca que constitui a estrutura, a
trama ou o tecido das redes sociais, ou redes de governança. De um lado, essa
arquitetura se expressa por um conjunto de ofertas de recursos, por instituições,
organizações ou pessoas, de outro, por demandas sociais dos componentes da rede
(REIS, apud MINHOTO e MARTINS, 2001: 86).
Frey, Penna e Czajkowski (2005: 3), aprofundando o conceito de
redes, ressaltam:
devido a sua onipresença, o conceito tem sido usado em múltiplas
circunstâncias, com significados distintos. Percebe-se em muitos casos, que
o conceito tem sido usado como um sinônimo de sistema, sem realmente
introduzir na abordagem investigativa, seja na análise ou na síntese, os
elementos que fazem da rede uma abordagem diferenciada. Usar o termo
rede como sinônimo de sistema não é suficiente para alterar a abordagem
investigativa, existindo assim a necessidade de se definir com precisão o
conceito, seu contexto de utilização e finalidade.
O mais relevante na perspectiva da participação da sociedade civil,
não é tanto o entendimento dos movimentos enquanto partes estruturadas ou
estruturantes da realidade, mas enquanto processos de ação política, de práticas
sociais em construção ou movimentos propriamente ditos (SCHERER WARREN,
1993).
Então, redes e parcerias são aspectos fundamentais a considerar
para que a sociedade civil possa interferir nas tomadas de decisões, exigindo sua
efetiva participação.
Minhoto e Martins (2001: 92), sugerem alguns pré-requisitos na
formação de redes:
no plano societal, a preexistência de um conjunto de
organizações e/ou associações criadas para a consecução de propósitos
específicos;
no plano estatal, a preexistência de um conjunto de
órgãos instituídos para a consecução de propósitos específicos, distribuídos
por esferas e setores de governo relativamente estanques;
46
situações-problema complexas identificadas, cujo
enfrentamento requer intervenção por agentes intersetoriais ou
interorganizacionais;
formação de uma articulação visando formas de atuação
conjunta à cooperação de diversos esforços precisamente, voltados ao
enfrentamento da situação-problema, sem prejuízo da autonomia de cada
uma das unidades integrantes da rede;
manutenção da identidade e prosseguimento das
atividades específicas de cada unidade integrante da rede.
Segundo Kauchakje (2002: 169) “a diversidade de atores sociais
participantes dos movimentos provoca novas possibilidades de construção e
reconstrução de laços e identidades individuais e coletivas, no plano local e
regional”.
Com essa visão, pode-se alcançar um modelo de gestão de cidade
diferente do atual, com uma atuação descentralizada e informações acessíveis,
fundamentando dessa forma, processos e práticas administrativas transparentes.
Nesse ambiente, o cidadão realmente, poderá ter acesso às informações para a
avaliação da situação e das condições de sua localidade. Assim, participará, de
maneira articulada em redes de atores e instituições, em projetos e políticas
públicas, inclusive nas tomadas de decisões da esfera pública, em favor do
desenvolvimento sustentável local.
3.1. Desenvolvimento sustentável urbano: fundamentos teóricos e conceituais
A ciência moderna induziu novos paradigmas sobre a maneira de
conhecer e intervir na natureza. Eles transformaram o mundo em objeto externo do
conhecimento, calcados na racionalidade e na fragmentação. A concepção
reducionista coloca o ser humano acima da natureza, dominando-a, o que leva à
sujeição de alguns seres sobre outros (SILVA; RODRIGUES, 2004: 34).
47
Essa visão deveria ser retrógrada nos dias atuais, mas, infelizmente,
ainda é a máxima que orienta grande parte dos seres humanos. Então, tornar a
cidade sustentável é uma tarefa difícil.
A partir da colocação de Mendonça (2004 (a): 13) que “a cidade
contemporânea é o melhor exemplo de projetos modernos” pode-se deduzir que o
crescimento das cidades desde os primórdios acumula uma série de problemas,
incrementados pela modernidade, ou seja, desde a transformação dos ambientes
rurais em ambientes urbanos.
Mendonça (2004 (a):13) corrobora com o pensamento ao afirmar
que, “observa-se na modernidade, tanto uma depredação da natureza quanto o
despertar da consciência para a intervenção racional ou planejada na
alteração/construção do ambiente urbano”. Então, faz-se necessária a implantação
de um planejamento que divida as atenções com os diferentes focos, sem privilegiar
o econômico.
Capra (2006) possui uma visão diferenciada e comenta as
características necessárias para atingir uma sociedade sustentável, dizendo:
que sustentabilidade é a conseqüência de um complexo padrão de
organização que apresenta cinco características básicas: interdependência,
reciclagem, parceira, flexibilidade e diversidade. Ele sugere que, se estas
características, encontradas em ecossistemas, forem “aplicadas“ às
sociedades humanas, essas sociedades também poderão alcançar a
sustentabilidade.
A preocupação com a industrialização e a mecanização do campo
faz-se presente na sociedade, um tempo considerável, com o temor de que os
recursos disponíveis não acompanhem o crescimento e o desenvolvimento.
Atualmente, vislumbra-se também, uma preocupação com a governança das
cidades, pois elas se tornaram alvos de um crescimento desordenado, sem
observância do atual paradigma da sustentabilidade.
Segundo Barbieri (2003) o termo desenvolvimento pode ser:
utilizado para designar o processo de promoção da melhoria qualitativa das
condições de vida da população de um país, de uma região ou de um local
específico. Representa a idéia de transformação das estruturas produtivas
de forma a torná-las mais eficientes e, desta forma, mais apropriadas à
geração de riqueza.
48
A palavra desenvolvimento pode ser considerada redundante se
comparada com o conceito de desenvolvimento sustentável, pois ela permite
estabelecer uma ligação direta com as transformações e, sobretudo, aliada ao
crescimento econômico. O termo desenvolvimento sustentável, por sua vez, propõe
um desenvolvimento sem muitas transformações materiais. As transformações
necessárias se referem antes a aspectos que, a princípio, são acessíveis ao homem.
Como exemplo, citam-se aspectos culturais e comportamentais ou a revisão de
valores, padrões e formas de vida, exigindo, ao invés da busca de acúmulos
materiais, o alcance da consciência da interdependência entre Homem e Natureza.
Albuquerque (1996: 4) complementa que o desenvolvimento
sustentável, além de se referir à redução do impacto da atividade econômica no
meio ambiente, enfatiza as conseqüências dessa relação na qualidade de vida e no
bem-estar da sociedade. Refere-se, portanto, tanto ao presente quanto ao futuro,
bem como demanda uma renovada abordagem de cooperação social:
[...] o desenvolvimento é o resultado do compromisso de uma parte
significativa da sociedade local e de mudanças básicas em suas atitudes e
comportamentos, o que permite substituir a concepção tradicional de
“espaço” (como simples cenário físico) pela de um contexto social de
cooperação ativa (um “território”).
Este capítulo está direcionado à discussão em torno de conceitos e
ambigüidades encontradas na literatura pertinente ao desenvolvimento sustentável,
abordando as suas diversas dimensões e sua contribuição para a gestão urbana e
ambiental.
Leff (2001: 15) “percebe o princípio da sustentabilidade como um
limite, um sinal que reorienta o processo civilizatório da humanidade”. O autor foca
seu pensamento na necessidade de uma transformação de comportamento para
reorientar o processo de crescimento e do desenvolvimento como um todo. Pois,
quando se pensa o crescimento somente no aspecto econômico, a tendência é de
se atingir a saturação de outros aspectos, a exemplo da natureza. E ainda, coloca a
importância de se interpretar de maneira correta o significado de desenvolvimento
sustentável para então, verificar sua importância na construção de cidades
sustentáveis.
49
50
com custo real, usando critérios econômicos não tradicionais, a noção de
necessidades centradas nas pessoas” (BARONI, 1992: 15,16).
A percepção da natureza como objeto de consumo ou como meio de
produção, característica do processo de modernização econômica, acarretou num
grave afastamento homem-natureza. A partir do momento em que o homem definiu
a natureza como fonte de recursos necessários ao seu desenvolvimento social e
econômico intensificou-se a destruição ambiental. “A crise ambiental veio questionar
os fundamentos ideológicos e teóricos que impulsionaram e legitimaram o
crescimento econômico, negando a natureza” (LEFF, 2002: 139).
De acordo com Leff (1998: 128):
a natureza se levanta de sua opressão e toma vida, revelando-se à
produção de objetos mortos e à coisificação do mundo. A superexploração
dos ecossistemas, que os processos produtivos mantinham sob silêncio,
desencadeou uma força destrutiva que em seus efeitos sinérgicos e
acumulativos gera as mudanças globais que ameaçam a estabilidade e
sustentabilidade do planeta.
O desenvolvimento econômico, em busca do acúmulo de capital,
criou uma desintegração entre seres humanos e natureza, o que se percebe pela
degradação ecológica resultante. É necessário que se reveja a relação do homem
com a natureza e que se potencializem outros valores e não somente o econômico.
É fundamental a valorização das características da natureza de modo que os seres
humanos se sintam inseridos nela, partes integrantes de um mesmo ecossistema,
que necessita de harmonia e equilíbrio para se manter (GIDDENS, 1996).
A crise ecológica global tem-se mostrado um dos maiores desafios
da humanidade nas últimas três décadas. A interdependência entre o homem e a
natureza vem sendo negligenciada em conseqüência do atual modelo capitalista que
tem por base a idéia de um progresso ilimitado e a busca crescente de riquezas e
tecnologias. Não se visualiza o compromisso e preocupação adequados em relação
às questões ambientais.
Conforme Frey (2001: 116) “o sistema político, tanto no nível
internacional, quanto no nacional e local, tem-se mostrado incapaz ou
insuficientemente preparado para traduzir e transformar as crescentes demandas de
cunho ambientalista em políticas públicas capazes de promover um modelo
alternativo de desenvolvimento”.
51
As políticas ecológicas, segundo Giddens (1996), têm seus objetivos
voltados para a busca da harmonia entre o homem e a natureza e tentam
demonstrar sua importância ao identificar os grandes problemas que a natureza vem
sofrendo, entre eles, a intensa degradação dos recursos naturais. Essa políticas
ainda se direcionam à necessidade de uma busca de integração da vida social
humana com o meio ambiente. Para que esse fato se concretize, é preciso efetuar
uma revisão do modo de vida das populações.
O desenvolvimento sustentável, segundo a ONU (2002), define-se
como o “desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem
comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias
necessidades”.
Parte-se da idéia de que o conceito de desenvolvimento sustentável
pressupõe o direito das futuras gerações usufruírem dos mesmo recursos naturais
que atual possui e ainda, promover o desenvolvimento com foco na qualidade de
vida. Pode-se dizer que o conceito é muito genérico e não considera as
especificidades do local como, por exemplo, a quantidade de recursos ainda
disponíveis.
Como alerta Garcias (2001: 276) “o desenvolvimento não pode ser
feito a qualquer preço, e muito menos, comprometendo o espaço e os recursos da
cidade”. Parte do princípio que é necessária a adoção de tecnologias eficientes,
menos destruidoras e menos impactantes. Por fim, o conceito implica na
necessidade de tecnologias limpas e uma forma de desenvolvimento que leve em
consideração a capacidade de suporte do meio em busca de um desenvolvimento
equilibrado, para a sociedade como um todo.
Citando Carvalho (1993: 1-4), o desenvolvimento sustentável pode
ser compreendido e interpretado não como um processo de mudança caracterizado
por um permanente estado de harmonia, mas sim, por mudanças constantes nos
modos de vida da humanidade. Também, como um processo de transformação no
sistema de exploração de recursos naturais e dos investimentos e nas orientações
do desenvolvimento tecnológico. Ainda, como uma necessidade de mudança
institucional que harmonize e reforce o potencial do presente e do futuro, a fim de
garantir igualdade de direitos e de acesso às gerações vindouras. Saliente-se que o
52
desenvolvimento sustentável requer empenho político e o envolvimento do maior
número possível de atores societais.
Para Celecia (2002: 11):
realizar o desenvolvimento sustentável envolve muito mais que
simplesmente assegurar que se preserve o meio ambiente. Existem
dimensões sociais, institucionais e econômicas da sustentabilidade que não
estão necessariamente relacionadas ao meio ambiente. De todo modo, é o
meio ambiente, como ponto focal, que tem sido o mobilizador principal para
estimular um modelo de desenvolvimento mais holístico
.
Para alguns autores, como (BARONI, 1992; ACSELRAD, 2005),
uma contradição, uma oposição difícil de ser desfeita, entre os conceitos de
desenvolvimento e de sustentabilidade. Segundo eles, o conceito de
sustentabilidade é fruto de um movimento histórico recente, altamente questionador
da sociedade industrial, enquanto o conceito de desenvolvimento é o conceito-
síntese dessa mesma sociedade, cujo modelo mostra seu esgotamento. Outra
tendência crítica afirma que o conceito de sustentabilidade é um conceito importado
da ecologia e que sua operacionalidade nas comunidades humanas ainda está para
ser provada (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2000).
Se a eficiência econômica e a preservação ambiental parecem estar
distantes de uma solução conciliadora, podem-se encontrar algumas soluções
parciais em andamento, na produção sustentável, como a pesquisa e a utilização de
formas renováveis de energia, reciclagem e materiais etc. É necessário que ocorra
uma mudança nos atuais padrões de comportamento e a adoção de técnicas a
exemplo das acima citadas, que garantam a redução ou eliminação do consumo
exacerbado e também, da produção não sustentável, na tentativa de estabelecer
sistemas econômicos conscientes da questão ambiental. Para reforçar, destaca-se o
Princípio da Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (ONU,
1992); segundo o qual “para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção
ambiental deve constituir-se parte integrante do processo de desenvolvimento e não
pode ser considerada isoladamente deste”.
As características do desenvolvimento sustentável expressas pelo
relatório da Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) são
genéricas e possibilitam interpretações dúbias dificultando sua compreensão e
operacionalização. Então, falar de sustentabilidade exige dispor de mais
53
informações, tais como: sustentabilidade do quê, quando, onde e por quê
(CARVALHO, 1993: 5).
Para Sachs (1993: 27), são cinco as dimensões da sustentabilidade:
sustentabilidade social, econômica, ecológica, espacial e cultural. A primeira, refere-
se à eqüidade social, ao pacto entre as atuais gerações; a sustentabilidade
econômica se relaciona não à necessidade de manter fluxos regulares de
investimentos, uma preocupação dominante nos planos de desenvolvimento
tradicionais, mas também, à gestão eficiente dos recursos produtivos. Além disso, é
necessário que os benefícios do crescimento econômico fiquem na região ou no
local para fortalecer as fontes endógenas de poupança e investimento. A
sustentabilidade ecológica, como o próprio nome indica, diz respeito às ações para
evitar danos ao ambiente causados pelos processos de desenvolvimento, tais como,
a substituição do consumo de combustíveis fósseis por outros renováveis, a redução
das emissões de poluentes e a preservação da biodiversidade. A sustentabilidade
espacial concerne à busca de uma configuração rural-urbana equilibrada e solução
para os assentamentos humanos. Finalmente, a sustentabilidade cultural refere-se
ao respeito devido às diferentes culturas e as suas contribuições para a construção
de modelos de desenvolvimento apropriados às especificidades de cada
ecossistema, cada cultura e cada local.
Gutberlet e Guimarães (2002: 10), referindo-se à idéia de
desenvolvimento sustentável conforme proposta pela Agenda 21, chegam a oito
dimensões da sustentabilidade: “sustentabilidade ecológica, sustentabilidade
ambiental, sustentabilidade demográfica, sustentabilidade cultural, sustentabilidade
social, sustentabilidade política, sustentabilidade institucional e a sustentabilidade
econômica”.
Segundo a visão de Capra (2006), entretanto, o desafio maior está
não nas concepções específicas de cada uma dessas dimensões, mas na forma de
articulá-las entre si:
sustentável não se refere apenas ao tipo de interação humana com o
mundo que preserva ou conserva o meio ambiente para não comprometer
os recursos naturais das gerações futuras, ou que visa unicamente a
manutenção prolongada de entes ou processos econômicos, sociais,
culturais, políticos, institucionais ou físico-territoriais, mas uma função
complexa, que combina de uma maneira particular cinco variáveis de estado
relacionadas às características acima.
54
Uma das soluções para alcançar essa visão conjunta e articulada
das diferentes dimensões da sustentabilidade é a Agenda 21, como proposta de
planejamento sustentável e participativo, com objetivo de integrar os aspectos
econômicos, sociais e ambientais por meio de um processo de governança
ambiental.
A Agenda 21, concebida e aprovada durante a RIO 92 por
aproximadamente 170 países, assumiu um papel fundamental no processo de
reinvenção do desenvolvimento para o século XXI. O termo "Agenda" denota o
responsabilidade de, realmente, assumir o compromisso em favor de mudanças no
atual modelo de civilização, que tem por objetivo o equilíbrio ambiental, econômico e
social, em nível global. Destaca-se ainda, que as ações locais são de fundamental
importância para a mudança dos atuais paradigmas vividos pela humanidade. A
Agenda 21 Global tem como sua maior premissa a busca do desenvolvimento
sustentável, baseado na sinergia entre a sustentabilidade ambiental, social e
econômica (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2004; KRANZ, 1999; FREY,
GARCIAS e ROSA, 2005).
A Agenda 21, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2004)
“é considerada uma das mais abrangentes tentativas realizadas no sentido de
orientar um novo padrão de desenvolvimento, cujo alicerce é a sinergia da
sustentabilidade ambiental, social e econômica”.
Saliente-se, por fim, que a expressãomeio ambiente’ deve ser
entendida como um todo e não simplesmente as ações em favor da natureza.
“Alcançar o desenvolvimento sustentável é um desafio complexo que envolve todas
as esferas de atuação humana” (GUTBERLET; GUIMARÃES 2002: 13).
A Agenda 21 propõe uma forma de planejamento para organizar as
ações em quatro frentes de atuação na busca do desenvolvimento sustentável:
questões sociais e econômicas, nacionais e internacionais; questões ambientais;
fortalecimento dos grupos sociais; meios de implementação de programas e ações,
as quais correspondem às quatro seções da Agenda.
Conforme Ribeiro (1998: 119), a Agenda 21 representa não apenas
um compromisso com o meio ambiente ao propagar a proteção da integridade dos
ecossistemas, mas também, um compromisso com as futuras gerações, com os
pobres e com a participação dos cidadãos, nas decisões que os afetam. Nesse
55
sentido, a Agenda 21 não é uma agenda exclusivamente ambiental. Além do
controle da poluição e da recuperação ambiental, ela demanda um modelo
produtivo, políticas ambientais efetivas, uma diminuição do consumo, a eliminação
da pobreza e, certamente, a propagação de uma nova consciência da
responsabilidade para com a integridade da vivência no ambiente natural,
crescentemente transformado pela ação do homem.
O desafio primordial da Agenda 21, como do conceito de
desenvolvimento sustentável em geral, consiste em se transformar em uma idéia
norteadora capaz de alcançar ressonância social e força simbólica de mobilização
de forma suficiente para levar a transformações sociais e econômicas efetivas
(FREY, GARCIAS e ROSA, 2005).
Necessário se faz entender o espaço como um todo sem fragmentá-
lo. “A gestão ambiental com vistas ao desenvolvimento sustentável exige novos
conhecimentos interdisciplinares e o planejamento intersetorial do desenvolvimento,
mas é, sobretudo, um convite à ação dos cidadãos para participar na produção de
suas condições de existência e em seus projetos de vida” (REZENDE; OLIVEIRA,
2004: 5).
O desenvolvimento sustentável pode ser entendido como “um
projeto social e político que aponta para o ordenamento ecológico e a
descentralização territorial da produção, assim como para a diversificação dos tipos
de desenvolvimento e dos modos de vida das populações que habitam o planeta”
(LEFF, 2001:24 - 25)
Folch (2002: 84) demonstra que o desenvolvimento sustentável é
alcançável com uma troca significativa dos atuais paradigmas de desenvolvimento
da sociedade.
El desarrollo sustentable de ser visto como el inevitable corolário de la
cultura de la sustentabilidad, que es um nuevo emergente paradigma de
relaciones entre los humanos entre y com su entorno. Supone um cambio
de mentalidad y de objetivos socioecológicos muy considerable, con uma
subsiquiente rejerarquización de valores. La sustentabilidad no es uma
receta taumatúrgica, ni mucho menos um retoque cosmético, sino um
laborioso proceso de câmbios pactuados... Tiene mucho de utopia
movilizadora, que algunos confunden com quimera especulativa.
Vários autores frisam a importância central da dimensão política e do
aprofundamento da democracia para o avanço em direção à sustentabilidade.
56
Segundo FREY (2001: 116), “o desafio do desenvolvimento
sustentável é, antes de qualquer coisa, um problema político e de exercício de
poder, que coloca em pauta a questão das instituições político-administrativas, da
participação e do processo político”.
Também para Gutberlet e Guimarães (2002: 10) a sustentabilidade
política “refere-se à promoção da cidadania plena dos indivíduos por meio de
mecanismos democráticos de formulação e implementação de políticas públicas, do
âmbito global ao local”.
Já para Sachs (2004: 16) a sustentabilidade política é um dos pilares
do desenvolvimento sustentável e pode ser definido como “a governança
democrática, é um valor e um instrumento necessário para fazer as coisas
acontecerem, a liberdade faz toda a diferença”. Nesse sentido, a governança urbana
ambiental ganha relevância estratégica na busca do desenvolvimento sustentável
das cidades.
3.2. Cidades sustentáveis na sociedade contemporânea
Em maio de 1994, foi realizada uma Conferência Européia sobre
Cidades Sustentáveis, onde foi aprovada a “Carta das Cidades e Povos Europeus
sobre Sustentabilidade”, incentivando seus signatários a promover e incentivar
iniciativas locais dos Programas da Agenda 21, em favor de um desenvolvimento
sustentável.
De acordo com Palsule (2004: 35,36), a história humana parece
compreender três eras fundamentais para alcançar o grau de evolução no qual se
vive, atualmente. A primeira, era denominada “Era da Cultura Tribal”, caracterizada
pela caça e pela coleta de alimentos. A segunda, “Era da Cultura Agrária”, dedicada
a plantar e cuidar da terra tendo a agricultura como base econômica e que se
manteve somente até a população atingir um grau elevado de crescimento, o que
ocorreu em 1750, aproximadamente. Nessa época, surgiu a escassez da terra e
formas alternativas de energia foram descobertas, levando ao início da Revolução
57
Industria. Como conseqüência, verificou-se a substituição da terra pelo trabalho que
se tornou o principal fator de desenvolvimento.
A máquina substituiu a mão de obra humana, iniciando-se a “Era
Tecnológica” dominada por engenheiros, cientistas e economicistas. Nesse contexto,
o conhecimento comum foi substituído pela força da máquina e pelo conhecimento
adquirido na academia e não mais na cultura herdada dos antepassados.
Desde o final do século XVIII, com o advento da Revolução
Industrial, a migração do homem do campo em busca de melhores condições de
vida na cidade está aumentando expressivamente. Paradoxalmente, esse processo
civilizatório resultou em situações em que se sobressaem as desigualdades sociais
porque expõe brutalmente, a degradação e a desvalorização humana.
Proporcionam, com o agravamento da situação, um ambiente onde a busca por
melhor qualidade de vida, torna-se cada vez mais difícil.
As lutas por mudanças na ordem social e política na Europa, no final
do século XIX, provocaram ações de intensa reestruturação da sociedade e do
espaço. Elas se efetivaram basicamente, pelo Estado, apoiadas por livres iniciativas
de grupos econômicos. Tais acontecimentos marcaram o culo XX pela busca da
solução para as carências habitacionais e de qualidade de vida.
Para tanto, entre outras propostas, destacam-se aquelas que
procuravam entremear núcleos residenciais e de infra-estrutura urbana com áreas
verdes, criando novas formas de ocupação voltadas à população de baixa renda,
denominadas Cidades Jardins. Diversos países europeus assumiram tais propostas,
com alguns ajustes, mas conservando a preocupação sócio-ambiental original, Entre
eles, destacam-se a Alemanha, Grã-Bretanha, França e Suécia, que repararam
significativamente, na época, a situação habitacional de seus operários. Propostas
semelhantes de moradias com cuidados ambientais ocorreram igualmente em outros
países, como os Estados Unidos. Nesse país, reforçou-se o enfoque no
planejamento regional e se desenvolveu o conceito de unidades de vizinhança com
infra-estruturas coletivas, jardins e parques. Entretanto, a falta de continuidade
dessas políticas governamentais reduziu a implementação, ao longo do tempo, de
projetos semelhantes, nesses e em outros países (FREITAS et al., 2001: 1 - 4).
Com o agravamento dos problemas de ordem social, ambiental e
econômico, como o aumento dos bolsões de pobreza e dos aglomerados urbanos,
58
em virtude principalmente, do êxodo rural, emergiu uma forte demanda da sociedade
por mudanças nos modelos de gestão, inclusive no âmbito local e urbano.
Nas cidades evidenciava-se o agravamento dos problemas sócio-
ambientais, decorrentes de adensamentos desordenados, ausência de
planejamento, carências de recursos e serviços, infra-estrutura precária e espaços
construídos de forma irregular, além de padrões ultrapassados de gestão e
agressões ao ambiente.
Nas cidades antigas, as aglomerações tinham seu vértice em função
do culto aos mortos e a sociedade crescia em torno do território físico. O espaço era
assim, o elemento que determinava as relações sociais. Segundo Mendonça (2004
(b): 188).
os problemas e questões enfocados na perspectiva ambiental são,
sobretudo, de ordem social, dado que a noção do problema é uma
abstração exclusiva humana, o que reforça a idéia de que não existe
problema na e para a Natureza, quando colocados o passam das leituras
possíveis do homem sobre a Natureza, da maneira humana de
compreendê-los, de uma certa humanização dela.
Diante de tal fato, Coulanges ( 2003: 117) explica:
Assim como várias frátrias se haviam fundido em uma tribo, várias tribos
também puderam associar-se entre si, com a condição de que o culto de
cada uma delas fosse respeitado. A cidade passou a existir a partir do dia
em que essa aliança se concluiu. Pouco importa procurar a causa que
determinou a união de várias tribos vizinhas, quer a união tenha sido
voluntária ou imposta pela força superior de alguma tribo, ou pela vontade
poderosa de um homem. O que é certo é que o laço dessa nova associação
foi ainda um culto. As tribos, agrupadas para formar a cidade, nunca
deixaram de acender o fogo sagrado e de dar a si uma religião comum.
Apesar das rias contribuições de diferentes autores sobre a
definição de “cidade”, Singer (2002: 10,14) chama atenção de que todas apresentam
um ponto em comum: trata-se de uma aglomeração humana, de um conjunto de
pessoas vivendo próximas umas das outras, em um território reduzido. A razão
econômica que leva grandes massas a se agruparem em áreas reduzidas, segundo
o autor, é de que existem determinadas atividades que exigem a cooperação de um
grande número de pessoas, as quais para desempenhá-las precisam estar
próximas. Nesse sentido, a cidade exerce funções industriais, comerciais e de
serviços de todas as áreas.
59
Para o autor, essas funções variam de acordo com o seu tamanho e
o seu porte. Cidades de pequeno porte constituem-se geralmente, em centros de
comercialização de produtos agrícolas, administrativos, de manutenção da ordem,
educacionais, entre outros, produzidos nas áreas do entorno. Cidades de médio
porte normalmente, são “cabeças de zonas” pois prestam os mesmos serviços, de
maneira especializada a uma área de influência bem maior, como comércio por
atacado, lojas com mercadorias de qualidade superior, número significativo de locais
de recreação, diversidade dos serviços médicos, escolas de nível educacional e
social de qualidade..
Para Albuquerque o “local” tem conotação de proximidade e, sob
essa ênfase, afirma que a identidade própria de cada território se converte em
sustentação de seu desenvolvimento produtivo:
A proximidade dos problemas, necessidades, recursos e atores sociais
locais permite, [...] formular políticas mais realistas e, sobretudo, baseadas
no consenso com tais atores. Igualmente, se abre a possibilidade de
promover a criação negociada de instituições de fomento produtivo
empresarial em nível local, de gerar um clima de confiança e cooperação
entre entidades públicas e o setor privado empresarial e de estimular assim
uma cultura local de desenvolvimento (ALBUQUERQUE, 1996: 3-4).
Com o desenvolvimento das nações, vários fatores contribuíram
para o surgimento e agravamento dos problemas ambientais, tais como: o
crescimento populacional, a industrialização, a urbanização acelerada e
desordenada provocada principalmente, pelo êxodo rural, a poluição e o
esgotamento dos recursos naturais. Inicialmente, pode-se afirmar que tais problemas
são sentidos separadamente ou de forma fragmentada pelos governos locais,
porém, precisam ser solucionados conjuntamente. Torna-se necessária não apenas
uma melhoria da infra-estrutura precária das cidades, mas, sobretudo, uma forma
eficiente de governança urbana capaz de viabilizar a integração necessária.
A cidade transformou-se assim, no palco dos grandes conflitos
problemas contemporâneos que poderiam ser resolvidos principalmente, sob a égide
de uma eficiente governança ambiental e urbana. Gerindo isoladamente, muitos
prefeitos e gestores não conseguem encontrar alternativas adequadas para a
solução de seus problemas. No momento em que a globalização e o contexto da
60
61
A partir desse posicionamento, surge de uma frente que introduz o
discurso ambiental nas discussões sobre a questão urbana.
A sustentabilidade pode ainda ser enunciada como uma qualidade que se
passa a identificar e a exigir dos distintos processos sociais, desde aqueles
que se dão na esfera privada, reduzir o consumo individual e reciclar
produtos no espaço doméstico, por exemplo, até os que se desenvolvem na
esfera pública, no terreno da implantação e da gestão de políticas públicas.
Essa capacidade de a tudo se referir, imprimindo a todos os processos uma
qualidade que os torna diferentes do que eram antes, faz com que a
sustentabilidade possa ser afirmada como um paradigma. É essa
característica paradigmática da sustentabilidade que suporte à
formulação da possibilidade de sustentabilidade urbana e que permite
considerar possível e desejável que o desenvolvimento urbano possa
ocorrer em bases sustentáveis” (BEZERRA; FERNANDES, 2000: 29).
De acordo com Fernandes (2003), a discussão sobre cidades
sustentáveis, reforçada a partir da Conferência das Nações Unidas para o Meio
Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92) e da II Conferência das Nações Unidas sobre
Assentamentos Humanos (Habitat II, Istambul, 1996), abordando a necessidade de
ambientalizar políticas urbanas e de compatibilizar localmente, o desenvolvimento
sócio-econômico, propõe que as iniciativas de sustentabilidade para uma cidade,
implicam, prioritariamente, nas seguintes estratégias:
I - Proteção da paisagem natural, o reaproveitamento do patrimônio
histórico existente e a atenuação da urbanização; a integração com as condições
climáticas locais e regionais.
II - Promoção do saneamento e da saúde, garantindo a qualidade da
água, o tratamento adequado do esgoto e da disposição final do lixo urbano.
III - Uso de transportes coletivos e não poluentes, implicando em
substituição dos transportes individuais à base de combustível fóssil, a priorização
ao transporte coletivo e a criação de ciclovias.
IV - Proteção e conservação dos mananciais, das águas e da mata
ciliar.
V - Utilização de fontes renováveis e alternativas de energia, visando
aproveitar a energia solar, a captação eólica, a biomassa e a energia hidrelétrica de
forma sustentável.
62
VI - Conservação de energia, implicando na redução de desperdícios
nas atividades econômicas e nas residências, na geração de produtos menos
intensivos em energia e mais duráveis, na redução, reutilização e reciclagem de
rejeitos e no aumento da eficiência energética.
Segundo Bezerra e Fernandes (2000: 15), as estratégias de
sustentabilidade urbana, identificadas como prioritárias para o desenvolvimento
sustentável das cidades brasileiras, podem ser ordenadas em 4: (I) - aperfeiçoar a
regulamentação do uso e da ocupação do solo urbano e promover o ordenamento
do território, contribuindo para a melhoria das condições de vida da população,
considerando a promoção da eqüidade, a eficiência e a qualidade ambiental; (II) -
promover o desenvolvimento institucional e o fortalecimento da capacidade de
planejamento e de gestão democrática da cidade, incorporando no processo a
dimensão ambiental urbana e assegurando a efetiva participação da sociedade; (III)
- promover mudanças nos padrões de produção e de consumo da cidade, reduzindo
custos e desperdícios e fomentando o desenvolvimento de tecnologias urbanas
sustentáveis; (IIII) - desenvolver e estimular a aplicação de instrumentos econômicos
no gerenciamento dos recursos naturais visando à sustentabilidade urbana.
No que tange à discussão sobre sustentabilidade em uma sociedade
caracterizada pela sua falta, Lima (1997: 218) afirma que os maiores desafios se
concentram no processo de transformação do discurso em ação e realização, pois:
[...] o sonho de uma sociedade sustentável é o desejável como
necessário e o desafio é torná-lo realidade. Nesse processo encontram-se
os verdadeiros obstáculos e aparecem as grandes discordâncias sobre
construir um desenvolvimento multidimensional, que integre justiça social,
sustentabilidade ambiental, viabilidade econômica, democracia participativa,
ética comportamental, solidariedade e conhecimento integrador. Como fazê-
lo? Haverá, certamente várias maneiras de conceber, tanto o
desenvolvimento sustentável, quanto o método para realizá-lo. Qual delas
será a hegemônica? E na construção do desenvolvimento, o que é
prioritário? A economia, a ecologia, a qualidade da vida humana? Que
valores orientarão estas escolhas? Existem ainda mais perguntas e
respostas, e o tipo de desenvolvimento que teremos dependerá das
respostas processadas no jogo social entre o mercado, a sociedade civil e o
estado.
Assim, delimitado e contextualizado o conceito de ambiente como
relação dos homens com a natureza para preservação dos recursos naturais em
63
processos de desenvolvimento sustentável, pode-se entender o ambiente urbano
como relação dos homens com o espaço construído e com a natureza, nas
aglomerações populacionais que se evidenciam nas atividades humanas.
O espaço construído é o resultado da profunda transformação do
ambiente para adequá-lo às necessidades da aglomeração e para transformá-lo em
habitat da população e das atividades humanas aglomeradas. Falta-nos, entretanto,
definir a natureza das relações constitutivas do ambiente (MOREIRA, 2006: 2).
Pode-se dizer que é cada vez maior a necessidade de se adotar
uma visão diferente, reconhecendo que a cidade não é simplesmente um espaço de
fluxo e local de estoques. É preciso reconhecer que a cidade necessita de uma
remodelação, o que permitirá a adoção de uma visão conceitual. Deve-se prever a
possibilidade para que cada setor e ator possa exercer sua função e colaborar em
favor de um desenvolvimento sustentável.
Segundo Moreira (2006: 1) “a abordagem da Comissão Brundtland
(1988) reconhece o vínculo entre ambiente, ações, ambições e necessidades
humanas”. Então, se pressupõe que o desenvolvimento deverá ser orientado para
metas de equilíbrio entre homem e natureza e de incremento da capacidade de
inovação não somente, em campos ligados a aspectos ambientais. Torna-se
necessário pensar a cidade como um todo e também como auto-sustentável capaz
de satisfazer as ambições humanas sem comprometer o desenvolvimento e a
evolução das novas gerações.
Diegues (2001: 25), ressalta que
o conceito de sociedades sustentáveis parece ser mais adequado que o de
desenvolvimento sustentável, na medida em que possibilita a cada uma
delas definir seus padrões de produção e consumo, bem como o de bem-
estar a partir de sua cultura, de seu desenvolvimento histórico e de seu
ambiente natural. Além disso, deixa-se de lado o padrão das sociedades
industrializadas, enfatizando-se a possibilidade de existência de uma
diversidade de sociedades sustentáveis, desde que pautadas pelos
princípios básicos da sustentabilidade ecológica, econômica, social e
política.
Observa-se que a discussão sobre cidades sustentáveis intensificou-
se nos últimos dez anos, graças aos impulsos provenientes da Rio-92 da
Conferência Habitat II. A necessidade de ambientalizar ou ecologizar as políticas
urbanas, construir ou transformar cidades com estratégias sustentáveis, pode ser
64
considerada como uma necessidade a ser alcançada em futuro próximo (IBAM,
1999: 29).
Atualmente, um número cada vez maior de Municípios se preocupa
com a sustentabilidade local, buscando ferramentas que possibilitem seu
desenvolvimento econômico, social e ambiental sob a luz do desenvolvimento
sustentável. Essa preocupação se salienta nas áreas urbanas, uma vez que a
urbanização acaba alterando os aspectos dos ambientes naturais, inclusive o relevo,
o uso do solo, a vegetação, a fauna, a hidrologia e o clima (DREW, 1983).
Diante de tais fatos, o planejamento urbano e ambiental precisa,
“além da sua função de estruturação da cidade em favor de suas atividades
habituais de atendimento às questões relativas à habitação, trabalho, transporte e
lazer, incluir a preocupação com a capacidade de sustentação do ambiente natural
sobre o qual a cidade se desenvolve” (GARCIAS, 2001: 276).
Para Mendonça (2004 (b): 196) “a condição saudável e sustentável
de uma cidade passa, então, pela busca e manutenção de condições vitais básicas,
sendo que a urbanização do presente, principalmente nos países não desenvolvidos
evidencia a ausência ou precariedade daquelas da maioria da população”.
A cidade sustentável é um fenômeno em construção, que pressupõe
um conjunto de mudanças e “depende da capacidade de reorganizar os espaços,
gerir novas economias externas, eliminar as deseconomias de aglomeração,
melhorar a qualidade de vida das populações e superar as desigualdades sócio-
econômicas como condição para o crescimento econômico e não como sua
conseqüência” (ALVA,1997: 9).
A Constituição Brasileira de 1988, em seu artigo 225, com uma visão
físico-espacial do ecossistema, dispôs que “todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum pela sociedade, essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Segundo Marcondes (1999:38), “a pauta da sustentabilidade passou
a indicar os contornos de políticas urbanas, que tendo sido transposta para a esfera
política no contexto do papel estratégico que assumem as cidades no período de
globalização da economia”.
65
Philippi Júnior e Maglio (2005: 218), porém, alegam que uma política
envolve um processo mais amplo:
A concretização de uma política publica abrange a escolha de determinados
princípios e distintas linhas de atuação; supõe também o enfrentamento a
priorização de diferentes aspectos. As políticas gerais devem ser
especificadas em políticas setoriais ou pontuais e são resultantes do
processo decisório, envolvendo variados segmentos sociais, organizações
diversas e o próprio Estado” (PHILIPPI JÚNIOR; MAGLIO, 2005: 218).
Diante dos conceitos analisados, infere-se que, também, a Agenda
21 pode e deve ser utilizada como instrumento para a administração pública
minimizar os problemas existentes nas áreas de abrangência, transformando o
modelo tradicional de governança em um modelo participativo, democrático e,
sobretudo, sustentável.
Para se alcançar a tão sonhada cidade sustentávelnecessário se
faz adotar uma série de padrões e comportamentos tais como: uma gestão
adequada dos recursos ambientais, um planejamento efetivo da cidade, dos
recursos hídricos, do saneamento básico, da infra-estrutura de transportes, entre
outros., além de um ponto crucial: uma revisão da atual prática de gestão ambiental
urbana dentro da perspectiva da governança ambiental. Enquanto aumenta a
legitimidade do paradigma da sustentabilidade e sua pertinência para lidar com a
especificidade do urbano, cresce a necessidade de selecionar critérios, estratégias e
indicadores para ancorar a formulação, monitorar a implementação e avaliar os
resultados das políticas urbanas em bases sustentáveis (IBAM, 2006: 30).
Na busca da boa governança, o local apresenta contornos mais
favoráveis para o estabelecimento de arranjos participativos, tanto pela proximidade
dos atores, como pelo conhecimento histórico do local. Ele possibilita a
compreensão da cultura política que permeia o território e que pode vir a se
constituir em um ponto positivo e de extrema importância na construção de processo
democrático (BAQUERO, 2004: 166). É um foro potencial para a reconciliação entre
o Estado e a sociedade, reforçando a idéia de uma democracia local efetiva, sem
afetar o princípio democrático que norteia a boa administração (STOKER, 2001: 29).
66
3.3 Governança e redes de políticas ambientais urbanas
É em função de seu caráter interdisciplinar e interinstitucional, que a
questão ambiental representa um desafio peculiar para a gestão pública urbana,
exigindo “uma reorganização e reestruturação dos sistemas e das práticas políticas
e administrativas, além de demandar novos padrões de participação pró-ativa, sendo
visto como fundamental no avanço em relação à sustentabilidade” (ROSA e FREY,
2006).
Segundo Camargo (2003: 311) “a governança depende de vontade
política e esta, por sua vez, depende da evolução da consciência ambiental”.
Conforme Jacobi (2004: 181):
a problemática ambiental urbana representa por um lado, um tema muito
propício para aprofundar a reflexão em torno do restrito impacto das práticas
de resistência e de expressão de demandas da população das áreas mais
afetadas pelos constantes e crescentes agravos ambientais. Por outro lado,
também representa a possibilidade de abertura de estimulantes espaços
para implementar alternativas diversificadas de democracia participativa,
notadamente a garantia de acesso à informação e a consolidação de canais
abertos para uma participação plural.
A governança, em essência, diz respeito à gestão em rede de
políticas. E, em um primeiro momento, de acordo com Klijn e Koppenjan (2000: 136),
“a governança pode ser esboçada como a direção de influências na condução de
processos sociais”. Quanto às redes, são compostas de organizações que, pautadas
pela legalidade e legitimidade de suas ações em relação à sociedade, têm de trocar
recursos (dinheiro, informação, capacidades) para concretizar seus objetivos,
maximizar a sua influência sobre resultados e evitar que se tornem dependentes ou
submissas umas às outras nas relações políticas locais. A estruturação do governo
local, dentro de um sistema local de governança, envolve o desenho e a articulação
de complexos conjuntos de organizações tanto do setor público quanto do privado.
As esperanças de melhora socioambiental nas áreas urbanas
brasileiras dependem de alguns avanços institucionais e legais (CAMARGO,
CAPOBIANO, OLIVEIRA, 2004: 35). Para Camargo (2003: 314) um dos pontos
importantes na construção institucional da governança ambiental foi a aprovação,
67
pelo Congresso Nacional da chamada de Lei de Crimes Ambientais (Lei n° 9.605, de
12/02/1998), aliada à Lei das Águas ( Lei n° 9.433, de 08/01/19970).
A aprovação da primeira lei citada, deu maior credibilidade às
questões ambientais, pois, o permite que pessoas físicas e jurídicas permaneçam
ilesas após alguma infração contra o meio ambiente. A segunda, oportuniza a
participação de qualquer esfera ou categoria da sociedade na tomada de decisão na
gestão de bacias hidrográficas.
Segundo Camargo (2003: 310):
A busca de governança introduziu também na ordem do dia a prioridade ao
fortalecimento do poder local e aos processos de descentralização,
acompanhados da valorização dos movimentos comunitários, das micro e
pequenas empresas e da promoção do associativismo, especialmente do
empoderamento dos principais atores através da capacitação, do
desenvolvimento institucional e da democracia em rede.
A falta de integração e coordenação dos diferentes órgãos, não
somente da esfera pública, mas da sociedade em geral, para criar uma sinergia e
tornar as ações mais efetivas e eficazes, pode ser considerado com um dos
principais e graves entraves na busca de uma eficiente governança local
(CAMARGO, CAPOBIANO, OLIVEIRA, 2004: 47).
Então, a formação de redes de informação e colaboração e ainda,
de parcerias, podem colaborar na efetiva implementação de um sistema de
governança ambiental, onde a participação pode ser considerada o fator
preponderante para seu bom funcionamento. Segundo Jacobi (2004: 219):
As redes se fortalecem pela sua capacidade de instrumentalizar os alcances
das novas tecnologias de informação e a sua influência nos processos
decisórios. As redes potencializam e possibilitam que atores diversificados
influenciem e revertam decisões, dentro das premissas de estimular cada
vez mais accountability engajando numa dinâmica que pode articular atores
transnacionais heterogêneos e de forma descentralizada entidades de
diferentes nacionalidades e atuação.
No que diz respeito à existência de rede de governança ambiental,
pode ser considerado como ponto positivo o fato de existir uma certa forma de troca
de informações e até mesmo, de ideologia entre as organizações ambientais
existentes. Elas funcionam como intermediários entre a população e o governo e
desenvolvem uma certa consciência em ambos.
68
As redes ambientalistas mostram o potencial existente para uma crescente
ativação de entidades da sociedade civil na esfera pública como atores
pluralistas e multiculturais questionadores, que exercem pressão, criam
consciência ambiental, mas também são propositivos visando reduzir os
riscos de degradação das condições socioambientais tanto em nível de
atuação local como regional e transnaciona (JACOBI, 2004: 219).
Para a busca do desenvolvimento sustentável no contexto urbano,
importante se faz a definição de um marco analítico e conceitual para servir de guia
na conjugação de esforços entre os atores que interagem, ou, com potencialidade
de interação com os governos para formulação de estratégias e desenvolvimento de
ações para impulsionar o desenvolvimento sustentável local.
Considerando esse conceito e especificamente, as interações entre
os atores que atuam na concepção e implementação de políticas urbanas, as
diretrizes traçadas pela AMCAL
2
(1996) definiram a cidade, como lugar fundamental
de interação e de intercâmbios sociais. Deve ser reconhecida, portanto, como o
assentamento humano básico, em torno do qual se conjugarão o crescimento e o
desenvolvimento sustentável, o bem estar e a coesão social, a capacidade de
adaptação e de inovação técnica, social, cultural e política, viabilizando, assim, a
invenção do futuro e a construção de uma visão renovada do progresso da
humanidade e do devir das novas civilizações .
Em consonância com essas linhas de idéias a respeito do
desenvolvimento sustentável, no caso brasileiro, o Estatuto da Cidade, no seu art.
2º, inc. I - define diretrizes gerais para a concepção e condução de políticas urbanas
com vistas à garantia do direito ao desenvolvimento sustentável. O Estatuto define
como parâmetros para alcançar o desenvolvimento sustentável das cidades, a
garantia do direito à terra, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura
urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as
presentes e futuras gerações.
As inovações contidas no Estatuto situam-se em três campos: um conjunto
de novos instrumentos de natureza urbanística voltados para induzir mais
do que normatizar as formas de uso ocupação do solo; uma nova
estratégia de gestão que incorpora a idéia de participação direta do cidadão
em processos decisórios sobre o destino da cidade e a ampliação das
2
Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, realizada em Johannesburgo, África do
Sul, entre os dias 26 de agosto e 4 de setembro de 2002.
69
possibilidades de regularização das posses urbanas, até hoje situadas na
ambígua fronteira entre o legal e o ilegal (ROLNIK,2001).
Reforçando a necessidade de adoção de políticas públicas que
considerem as inter-relações entre os vetores determinantes do desenvolvimento
equilibrado, o quinto ponto da Declaração de Johannesburgo traz os seguintes
termos: “assumimos uma responsabilidade coletiva a fim de avançar e fortalecer os
interdependentes e mútuos esforços em relação aos pilares do desenvolvimento
sustentável desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e proteção
ambiental – nos âmbitos global, regional, nacional e local” (ONU-PNUMA, 2002).
Cada vez mais se ressalta a necessidade de se criarem espaços
intersetoriais onde os mais variados atores possam atuar em cooperação no
processo decisório e de formulação de políticas públicas visando um eficiente
sistema de governança.
Segundo a Comissão das Nações Unidas sobre Governança Global
(1996: 1) (apud Schütz, Freitas, Hacon, 2006: 3).
hoje, o poder coletivo das pessoas para manejar o futuro é maior do que
nunca, e a necessidade de exercê-lo é mais imperiosa. O principal desafio
desta geração é mobilizar tal poder para tornar a vida mais democrática,
mais segura e mais sustentável no século XXI.
Como se depreende de tais diretrizes, o desenvolvimento
sustentável demanda a articulação de uma visão dinâmica das interações da
sociedade, representadas pelas articulações e ações dos seus atores blicos e
privados, na relação com o meio ambiente e com o contexto sócio-econômico. Neste
sentido colabora Jacobi (2006: 218) afirmando que “a efetiva implementação de
ações de desenvolvimento sustentável está diretamente relacionada com a
participação da sociedade organizada no processo de tomada de decisões”.
Assim, a condução de políticas públicas locais fundamentadas nos
pilares do desenvolvimento sustentável requer modelos de governança urbana com
capacidade de “mobilização de todo conhecimento disponível na sociedade em
benefício da melhoria da performance administrativa e democratização dos
processos decisórios locais. De acordo com a concepção de governança urbana, a
melhoria da qualidade de vida nas cidades não é “negócio” exclusivo do governo,
70
mas sim, tarefa e responsabilidade compartilhada entre todas as organizações e
cidadãos que constituem o tecido social da cidade” (FREY, 2003: 2).
Em busca da sustentabilidade é necessário conhecer e considerar
as dimensões envolvidas: social, econômica, política e cultural de cada localidade. A
integração desses fatores com a questão ambiental possibilita um aumento na
qualidade de vida da população e simultaneamente, a manutenção da qualidade
ambiental (FREY, 2001).
Considerando as interfaces entre os pilares do desenvolvimento
sustentável dentro de um contexto de gestão relacional abrangendo atores locais,
vislumbram-se promissoras perspectivas trazidas pelas redes sociotécnicas. Como
relevantes, aparecem, em especial, aquelas viabilizadas pelas novas TIC’s, para
criação de modelos de governança com potencialidades para equilibrar o jogo de
forças que envolvem a concepção, elaboração e implementação de políticas
econômicas, ambientais e sociais, que reflitam o âmbito local.
Pode-se dizer que não existe um receituário ou técnicas totalmente
novas postuladas como essenciais para incrementar estratégias ambientais,
pdsâsparaaccu pes o etorelo deee
71
4.0 METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia adotada nesta pesquisa sobre as redes de
governança ambiental em Curitiba seguiu os principais procedimentos
metodológicos eleitos pelo grupo de pesquisa “Governança e Redes Urbanas” do
Mestrado em Gestão Urbana, no âmbito do projeto de pesquisa Redes Técno-
Sociais e Gestão Democrática da Cidade, esboçado em Kauchakje et al. (2006). A
seguir são apresentados os princípios básicos da metodologia e sua adequação ao
caso específico, a pesquisa sobre a governança ambiental em Curitiba.
O que é considerado como redes sociais e seus respectivos
métodos de análise tem sido freqüentemente utilizado para analisar relacionamentos
entre organizações sociais e os padrões e implicações desses relacionamentos
(WASSERMAN e FAUST, 1994:3).
Na Análise de Redes Sociais (ARS) atribuem-se a esses
relacionamentos diversas categorias ou setores da sociedade, seja na área
econômica, política, afetiva ou social.
Trata-se de um instrumental analítico distinto dos tradicionais
métodos estatísticos e de análise de dados. A ARS incorporou-se na ciência social
subsidiando pesquisadores para descrever fenômenos empíricos em que se
valorizam as interações entre os mais variados atores de determinado contexto
social. Neste sentido corroboram Frey, Penna, Czajkowski (2005:8):
A análise de redes sociais inclui métodos e modelos para a análise das
informações que descrevem os relacionamentos em estruturas sociais, e
parte do pressuposto fundamental que as relações existentes entre os
atores influenciam o processo social, isto é, atrela-se relevância à estrutura
das redes como elemento explicativo dos processos de organização social.
Além da importância das relações entre os atores, Wasserman e
Faust (1994: 4) destacam que a análise de redes sociais baseia-se nas seguintes
premissas:
os atores e suas ações são vistos como interdependentes e cada
ator como uma unidade autônoma;
72
as ligações ou as relações entre atores são canais para o fluxo ou
transferência de recursos, sejam estes de caráter material ou imaterial;
modelos de redes focalizam visões individuais do ambiente
estrutural de rede, provendo oportunidades para as restrições sobre ações
individuais;
modelos de redes podem ser consideradas representações
conceituais de estruturas sociais, econômicas etc., ou dos padrões de
relacionamento entre atores.
Para efeito de análise, a ARS desconsidera a individualidade e os
atributos de cada ator, mas, a coletividade de atores ou indivíduos, e sobretudo, sua
relações e interações. Segundo Wasserman e Faust (1994: 4):
...as regularidades ou padrões de ligações entre os atores são denominados
de estruturas. As ligações podem ser de qualquer tipo de relacionamento
entre os atores, como por exemplo: transações comerciais, fluxos de
recursos, fluxos de informações, avaliação afetiva de uma pessoa em
relação à outra etc. O objeto da análise de redes sociais é estudar estas
estruturas, seus impactos e evolução.
A ARS apresenta um potencial peculiar para a análise de estruturas
fluídas e complexas, pois, conforme ressalta Marteleto (2001: 73):
as redes nas ciências sociais designam normalmente mas não
exclusivamente os movimentos fracamente institucionalizados, reunindo
indivíduos e grupos em uma associação cujos termos são variáveis e
sujeitos a uma reinterpretação em função dos limites que pesam sobre suas
ações. É composta de indivíduos, grupos ou organizações, e sua dinâmica
está voltada para a perpetuação, a consolidação e o desenvolvimento das
atividades de seus membros.
As relações podem ser direcionais ou não direcionais e as redes, ter
mais de uma relação. Um par de atores que formam uma relação denomina-se uma
díade. Para cada conjunto de díades tem-se um grafo. O objetivo da análise de
redes sociais é demonstrar que a análise de uma díade tem sentido em relação
ao conjunto das outras díades da rede, porque sua posição estrutural tem
necessariamente, um efeito sobre sua forma, seu conteúdo e sua função
(MARTELETO, 2001:72).
73
Dentre as alternativas metodológicas para delineamento e
mapeamento das relações entre sites da Internet tem-se a análise de esferas web,
baseada na concepção da websphere analysis, desenvolvida por Foot et al (2002) e
Foot & Schneider (2004) (apud Frey, 2006: 4). Ela é utilizada para a interpretação
das estruturas relacionais formadas no ciberespaço. Com essa análise, é possível
aferir as relações entre usuários da rede e produtores, “mediadas e potencializadas
por elementos estruturais característicos dos sites da Internet, sobretudo os
hyperlinks
3
, dos quais é possível inferir a existência de relações de ação
informacional ou comunicativa” (FREY, 2006: 4).
Com isso, a Internet assume o papel de “um conjunto interconectado
de recursos digitais dinamicamente definidos que se expandem por múltiplos sites, e
são considerados relevantes, ou relacionados, a um “objeto” ou tema central”
(FREY, 2006:4).
Segundo Park et al. (2002: 157, apud Frey, 2006:5):
através do uso dos hyperlinks, as organizações são capazes de facilitar a
comunicação bilateral e a coordenação, perpassando e fortalecendo off-line
fronteiras dentro e entre organizações independente de sua localização
física. Elas podem ser inter-relacionadas, intercambiar informações e
manter relações cooperativas através de hyperlinks integrados em contextos
específicos e entorno de interesses ou projetos comuns.
Com o estabelecimento de hyperlinks elementos simbólicos
representantes das relações interinstitucionais, surge a integração e troca de bens
informacionais ou materiais, entre organizações ou pessoas de toda e qualquer
parte do mundo e, quanto maior o número de hyperlinks entre dois sites, maior é o
grau de proximidade entre eles. Registre-se também que as relações entre os sites
ultrapassam os atores que estão nas origens e nos destinos dos hyperlinks e se
constituem em “ferramentas para qualquer cidadão traçar suas rotas de navegação
na Internet em função de seus próprios interesses (FREY, 2006: 4 - 5).
Neste trabalho, a investigação iniciou-se com a identificação, o
mapeamento e a representação dos principais atores sócio-políticos, seus recursos
3
Tecnicamente os hyperlinks são conceituados como conexões que vão de uma página da Internet a outra ou de
uma página a um arquivo, mas normalmente, como interconexões ocorrentes entre ginas. O acionamento do
hyperlink é feito mediante um clique no hyperlink que abre ou mostra um navegador da Internet. Geralmente, os
hyperlinks são usados para fazer dowload de arquivos, abrir programas de e-mail. Esse mecanismo tecnológico,
por viabilizar interações na Internet, acaba por se configurar em elemento estrutural básico nas relações entre
74
e as características das inter-relações estabelecidas, enfatizando sua atuação
inicialmente, no município de Curitiba
Levantaram-se e visualizaram-se graficamente algumas
características das relações existentes entre as instituições integrantes das redes de
governança ambiental, a partir da na metodologia da ARS, englobando elementos
de análise quantitativa e qualitativa.
Inicialmente, a investigação baseou-se apenas em dados e
referências disponíveis nos sites das instituições. Numa segunda fase,
considerando-se informações levantadas em entrevistas junto às principais
instituições identificadas no levantamento pela Internet e, de algumas outras,
consideradas importantes para a governança ambiental na cidade, as quais não
foram detectadas pelo método da bola de neve, utilizado para a pesquisa no
ciberespaço.
A distinção entre as relações representadas na Internet e as
averiguadas em campo teve como principal objetivo avaliar a relevância das novas
tecnologias e da Internet no processo colaborativo, ou pelo menos, inferir sua
possível contribuição no processo de constituição da rede de governança ou, ainda,
as potencialidades e limitações para um processo de colaboração em rede.
Para o mapeamento da rede de governança ambiental no município
de Curitiba foram observadas e pesquisadas as estruturas e as características
relacionais dos principais agentes (instituições) seguindo os critérios abaixo
descritos. Os dados e informações referentes aos atores envolvidos e suas relações
foram levantadas através da visitação de seus respectivos sites.
Foi escolhido o site http://www.ambientebrasil.com.br para iniciar o
mapeamento dos principais agentes envolvidos nas políticas e na gestão do meio
ambiente em Curitiba. A escolha desse Portal como ponto de partida se deve ao fato
de que, em uma primeira pesquisa exploratória, ele se revelou como o site relevante
em informações ambientais com um registro extremamente amplo de instituições
envolvidas na questão ambiental. Além disso, foi satisfatório para esta escolha que a
instituição mantenedora do Portal tivesse sua sede na cidade de Curitiba
4
.
sites. Nos estudos das relações sociais, contudo, os hyperlinks deixam de ser considerados simples recursos
tecnológicos e passam a ser vistos como um emergente canal social de comunicação.
4
Conforme o site institucional do ambientebrasil, “a proposta de trabalho do Portal é servir de elo entre o
presente e o futuro, antecipando soluções para as organizações e trazendo conforto às pessoas, atender toda a
75
A pesquisa cumpriu as seguintes etapas de investigação:
1. Levantamento das organizações privadas, públicas e sociais
diferenciando-as entre setor público (Estado), setor privado (mercado) e
terceiro setor (sociedade civil organizada) constitutivas da rede de
instituições na cidade de Curitiba. A partir da identificação das 50 instituições
iniciais cadastradas no site http://www.ambientebrasil.com.br aplicaram-se, na
seqüência, critérios de exclusão, conforme os objetivos da pesquisa;
2. No passo seguinte e de acordo com a segunda linha de corte
mantiveram-se as organizações que (i) - dispunham de uma página
institucional em funcionamento na Internet e (ii) - estavam efetivamente
envolvidas em causas ambientais. Com efeito, restaram somente 19
instituições para a próxima fase da pesquisa;
3. A partir da visitação dos sites das 19 instituições catalogadas, passou-
se, baseada na técnica Bola de Neve, ao reconhecimento e caracterização
das articulações institucionais com o objetivo inicial, de designar o conjunto de
atores nucleares, a partir do qual, diferentes redes seriam, na seqüência,
formadas. Incluíram-se nesse grupo de atores nucleares as instituições
relacionadas às 19, levantadas na fase anterior, as quais também
atendessem aos critérios da segunda linha de corte. Com esse procedimento,
o número de atores nucleares, considerados de maior relevância para o
sistema de governança ambiental em Curitiba a partir do levantamento pela
Internet, passou a ser 51;
4. Para auxiliar na análise das redes sócio-técnicas, os 51 atores
nucleares foram registrados em um banco de dados elaborado com o uso do
software Microsoft ACCES
5
. Conforme apresentado na tabela 3, levantaram-
se e se registraram os atributos das instituições identificadas
6
, as quais, em
comunidade brasileira, com interesse específico em Meio Ambiente e oferecer produtos e serviços com soluções
práticas, imediatas e customizadas, visando a melhoria de gestão e a qualidade exigida pela demanda”
(http://www.ambientebrasil.com.br).
5
Este sistema foi desenvolvido pelo mestrando em gestão urbana, Mário Procopiuck, para o projeto Redes
Técno-sociais, na Gestão Democrática da Cidade.
6
Apesar de importantes como atores na área ambiental, as universidades e faculdades foram desconsideradas
em virtude da dificuldade de se obter informações referentes aos setores responsáveis pela cooperação/relação,
76
parte, foram utilizadas na geração e análise das redes (p.ex. a classificação
das instituições por setor setor blico (1), setor privado (2) e terceiro setor
(3) foi um dos atributos dos atores levantados para chegar a uma análise
apurada dos dados). Outros atributos, como missão e objetivos da instituição,
não levados em consideração nesta pesquisa, podem servir ainda para
futuras pesquisas qualitativas e mais aprofundadas.
Atributo Descrição
Nome
Nome da instituição
Endereço eletrônico
Endereço do
website na Internet, ou URL
Dados para contato
Foram registrados, quando disponíveis, o telefone
, e-mail, nome e
a cidade.
Sede
Foi
registrada a cidade, o estado e o país da sede de cada
ator nuclear
incluído. Em muitos
websites
estrangeiros não houve o cadastramento
do Estado, por não existir ou por não ter sido identificado no
website.
Abrangência da Atuação
Em relação a cada
ator pesquisado avaliou-se a abrangência de
sua atuação, considerando a cidade Curitiba.
Escala de Atuação
Para cada
website, classificou-se a escala de atuação em local,
regional, nacional ou internacional. Estes atributos foram definidos
previamente ao iní
cio da coleta de dados.
Setor de Atuação
Classificaram-se os atores pesquisados, como pertencentes ao
setor público, privado ou ao terceiro setor. A definição destes
atributos para classificação foi efetuada previamente ao início da
pesquisa.
Missão
Á
medida em que os websites dos atores eram acessados e
considerados como pertencentes ao universo dos
atores nucleares
da pesquisa
, identificava-se e se transcrevia a sua missão
declarada quanto
a sua atuação no campo das políticas
ambientais
, bem como aos objetivos buscados em ações
desenvolvidas em tal campo.
Políticas ou áreas de interesse
For
am identificadas e cadastradas as políticas ambientais nas
quais o ator declarou explicitamente atuar ou,
na falta desta
declaração, fez
-se uma classificação de acordo com o contexto
descrito da atuação.
Objetivos
Foram identificados e cadastrados os objetivos declarados pelos
atores que espelhasse
m suas intenções relativas a políticas
ambientais
.
Projetos/Ações
R
egistram-se os seguintes dados dos projetos ou de ações de
maior relevância identificados nos
websites: nome, objetivo,
cidades abrangidas e atores envolvidos.
Dispositivos Técnicos
I
dentificaram-se os dispositivos técnicos com potencialidade
interativa disponibilizados para os usuários. Somente
se
c
atalogaram aqueles dispositivos sem restrições de acesso ou com
liberação automática de acesso por meio de cadastramento de, por
exemplo,
e-mail e senha. Não foram considerados os dispositivos
que demandavam a utilização de senhas dependentes de envio de
p
edido para posterior autorização de acesso.
Tabela - 3: Atributos Individuais dos Atores Nucleares Pesquisados
tornando-se difícil ou impossível caracterizar as responsabilidades, as relações existentes ou os possíveis
projetos em andamento.
77
5. Com o objetivo de chegar, a partir dos atores nucleares, a diferentes redes
tipológicas, levantaram-se e se incluíra, no banco de dados, as relações
existentes entre estes atores nucleares e outras instituições referenciadas nos
seus sites institucionais. Para viabilizar essa ação, levaram-se em consideração
três características das articulações: (i) - cooperação em projetos ou ações
comuns (parcerias em projetos e ações); (ii) - uma preocupação compartilhada,
causa ambiental (parceria temática) ou (iii) - a mera existência de referências nos
Sites por meio de hyperlinks (Links de referência). Conforme explicitado na tabela
4 nesta fase do levantamento, uma terceira linha de corte foi adotada. Ela partiu
da premissa de que as ações das instituições deveriam estar voltadas para as
questões ambientais no meio urbano, e necessariamente, ter relevância para a
política ambiental local, da cidade de Curitiba, mesmo se essas instituições
atuassem, não apenas em escala local, mas também no âmbito estadual,
nacional ou internacional. Essas informações foram a base para os grafos das
redes e de suas medidas estruturais, gerados por meio do software UCINET, que
auxiliou na análise comparativa das redes
7
.
Ordem de
importância
Tipo de Relação
Parceria em ações e projetos, por expressar ações coordenadas por atores
nucleares e se desenvolverem concretamente na cidade pesquisada.
Parceria temática, constituída pelos atores nucleares da política, que, por sua vez,
expressam constância de propósitos declarados, tanto em termos de missão
quanto de objetivos, em relação à política ambiental na cidade de Curitiba.
Hyperlinks de referência, por apresentarem relações eventuais de atores
periféricos com as instituições nucleares da política ou por figurarem como
parceiros de redes temáticas diferentes daquela objeto da presente pesquisa.
Tabela - 4: Classificação dos Tipos de Relações Pesquisadas
Fonte: (adaptado de: PROCOPIUCK, 2007:111).
As linhas de corte adotadas se justificam porque a pesquisa abordou
a questão da gestão democrática da cidade de Curitiba. No entanto, incluem-se na
investigação, as articulações com instituições de outros locais, que podem se
mostrar importante para o processo de governança ambiental local. Considerando
esta websphere ampliada chega-se a uma percepção mais adequada das
influências institucionais que se fazem presentes na governança local em função da
7
Depois de levantados e armazenados os atributos dos atores, os dados foram novamente analisados em
relação a sua consistência, visando a exclusão de possíveis erros no processo de armazenamento e tratamento
dos dados.
78
possível e real recorrência ao ciberespaço como fonte de informação e de troca
de experiências, conceitos e valores.
Ao todo foram identificados 51 parceiros nucleares, 254, temáticos e
117 parceiros em ações e projetos que constituíram a rede de governança de acordo
com a sua representação na Internet, na época do levantamento, isto é, entre
setembro de 2005 a dezembro de 2006. Chama-se a atenção pelo fato de que a
websphere levantada está sujeita a alterações contínuas, uma vez que o meio digital
é altamente dinâmico e pode sofrer reconfigurações significativas em função da
entrada ou saída de alguns atores ou em função de mudanças estratégicas entre os
atores envolvidos referentes a sua política comunicacional, no âmbito da Internet.
O passo seguinte foi caracterizar os 51 atores nucleares bem como
suas relações e articulações com outros atores em projetos, ações e programas ou
simplesmente como link de referência. Em virtude da grande quantidade de
informações de cada ator, os dados foram armazenados em um banco de dados
elaborado com o uso do software Microsoft ACCES
8
(tabela 3). Na configuração
desses 51 principais atores, apesar de importantes, foram desconsideradas as
universidades e faculdades em virtude da dificuldade de se obter informações
referentes às redes e projetos existentes. Nesse contexto, quando acontecem essas
ações, elas são específicas de algum setor e raramente, abrangem a organização
inteira.
Com o objetivo de confirmar, contrapor ou complementar os
resultados obtidos pela análise dos sites institucionais, realizou-se numa segunda
fase, uma pesquisa de campo, com entrevistas junto aos principais atores das
instituições selecionadas, consideradas as mais significativas na primeira fase da
análise dos sites. Ainda se incluíram nessas entrevistas a SUDHERSA
Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento e o
Ministério Público do Estado do Paraná, por sua reconhecida importância na política
ambiental local, embora não referenciadas no levantamento realizado na Internet.
Na pesquisa de campo efetua-se uma mera reaplicação da pesquisa
anterior, realizada via Internet, agora referente apenas às articulações das redes de
parcerias em projetos e ações, bem como às redes de parcerias temáticas, tendo
8
Este sistema foi desenvolvido pelo mestrando em gestão urbana, Mário Procopiuck, para o projeto Redes
Técno-sociais na Gestão Democrática da Cidade.
79
como fonte exclusiva os próprios entrevistados. Como resultado, esse levantamento
gerou diversos grafos considerando, primeiro, apenas os dados levantados nas
entrevistas e, num segundo passo, integrando os dados de ambos os
levantamentos. No primeiro caso, pretendeu-se verificar o grau de conhecimento dos
entrevistados em relação às parcerias existentes, ao passo que no segundo o
objetivo principal foi a complementação da rede sócio-técnica inicial, verificando
possíveis deficiências informacionais nos sites institucionais e chegando a uma visão
ampla das potencialidades de cooperação e de interação em rede, nas políticas
ambientais.
Durante a apresentação dos resultados são explicadas as medidas
estruturais e as possibilidades de leitura dos grafos, facilitando dessa maneira, a
compreensão da análise realizada.
80
5.0 A REDE DE GOVERNANÇA AMBIENTAL DE CURITIBA
5.1 O município de Curitiba: Caracterização territorial e demográfica e os
principais problemas ambientais
Curitiba, capital do Estado do Paraná, está localizada na Região Sul
do Brasil. Fundada em 1693, ocupa o espaço geográfico de 432,17 km² de área na
latitude 25º25´40” S e longitude 49º16´23”W (Figura 3). Entretanto, Curitiba não se
limita ao seu espaço, pois os laços culturais com os povos de todos os continentes
existem desde a chegada dos imigrantes europeus. Dentre os mais numerosos
estão os portugueses, italianos, poloneses, alemães, ucranianos, japoneses, sírios e
libaneses (IPPUC, 2004: 3).
Tal peculiaridade a Curitiba duas grandes características:
primeiramente, seu atraente caráter multicultural e cosmopolita e, em segundo lugar,
ser a cidade pólo da Região Metropolitana, que atualmente, é composta por 26
municípios com área de 15.622,33 km² (IPPUC, 2004: 3)
Até 1960, o crescimento populacional de Curitiba caracterizou-se
pelo extravasamento natural de seu núcleo primitivo. O centro da cidade, com o
esgotamento de locais disponíveis e sua crescente especialização como área
prestadora de serviço e comércio, teve como resultado a ocupação com essas
características, de bairros limítrofes a sua área central. Em 1970, iniciou-se o
processo de ocupação de bairros não limítrofes ao Centro, onde o custo da terra era
mais acessível. Iniciou-se, assim, o processo de periferização da população
curitibana e seu conseqüente extravasamento para a Região Metropolitana (IPPUC,
2004: 16).
Segundo os resultados dos últimos censos, a população da cidade
elevou-se de 609.026 habitantes, em 1970, para 1.024.975 habitantes em 1980, em
1991 para 1.315.035 habitantes, e em 2005 para 1.757.904 habitantes. Em termos
percentuais, o aumento populacional da cidade entre 1960 e 1970 foi de 40%
enquanto que, de 1970 a 1980, elevou-se a 74%. Esses números podem ser
conferidos na tabela 6. Com esses dados, Curitiba ocupa o lugar entre as cidades
mais populosas do Brasil.
81
82
Esse adensamento populacional iniciou a consolidação das
diretrizes do Plano Diretor de Curitiba, através da Lei Municipal 2626/66, cujos
reflexos começam a ser sentidos. Em face aos novos instrumentos trazidos pelo
Estatuto da Cidade (Lei Federal n.º 10.257, de 10 de julho de 2001) e pela nova
ótica de gestão urbana, fez-se necessária uma revisão do Plano Diretor
encampando essas orientações. O produto dessa revisão foi a Lei Municipal
11.266/04, que “dispõe sobre a adequação do Pano Diretor de Curitiba ao Estatuto
da Cidade”.
A ocupação do período anterior ao início dos anos 90, caracterizava
–se pelo sentido sudoeste, tendo seu vetor principal deslocado para o sentido sul da
cidade (IPPUC, 2004: 16).
População
Região
1970 1980 1991 1996 2000 2005
Curitiba 609.026
1.024.975 1.315.035
1.476.253 1.587.315
1.757.904
RMC* 901.959
1.527.129 2.099.558
2.471.771 2.768.394
3.186.099
Paraná 6.929.868
7.629.392 8.448.713
9.003.804 9.563.458
10.261.856
Brasil 93.139.037
119.002.706 146.825.475
157.070.163 169.799.170
184.184.264
Tabela - 5: População de Curitiba, Região Metropolitana, Paraná e Brasil
Fonte: (Curitiba S. A, 2006)
* Região Metropolitana de Curitiba
No período entre os anos de 1996 a 2000, a taxa de crescimento
populacional em Curitiba, reduziu-se drasticamente, ficando em 1,83% ao ano. Essa
fase se caracterizou por um processo de ocupação de vazios urbanos, ainda
existentes, na malha urbana e novamente, pela ocupação de áreas periféricas
(IPPUC, 2004: 16).
O crescimento desordenado de Curitiba influenciou na diminuição da
qualidade de vida da população e, conseqüentemente, agravou e possibilitou o
surgimento de problemas ambientais, devido, principalmente, ao aparecimento de
bolsões de pobreza e favelas que ocupam margens de rios, regiões de mananciais e
fundos de vale, impermeabilizando o solo dessas áreas.
Os problemas ambientais de Curitiba podem ser compreendidos
como os problemas de qualquer cidade de grande porte, mas os que mais se
83
destacam são os referentes ao saneamento básico incluindo, principalmente,
resíduos sólidos urbanos (lixo), água e esgoto, e, drenagem urbana.
Vários fatores podem ter contribuído para o panorama atual, sendo
certo que os problemas ambientais se originam em decorrência de diversos
acontecimentos. Dentre eles, pode ser citada a ausência de um adequado modelo
de gerenciamento que priorize o meio ambiente e retarde ou limite a ação do homem
perante os recursos naturais.
Devido ao crescimento populacional, Curitiba apresentou no
decorrer dos anos, um aumento proporcional na produção de resíduos domésticos,
acarretando com isso, um problema quanto à disposição desses resíduos, pois o
aterro da Cachimba que foi projetado para 11 anos de vida útil, continua recebendo
resíduos apesar de já transcorrerem 15 anos do inicio de sua ocupação.
Os graves problemas ambientais relacionados ao aterro derivam (i) -
da falta de um lugar adequado para a disposição dos resíduos e (ii) - da dificuldade
encontrada no tratamento do volume e, como é um problema difícil de ser resolvido,
o aterro continua recebendo esses resíduos como soluções emergenciais.
A redução na quantidade de resíduos domiciliares é uma
necessidade de extrema urgência, não na cidade de Curitiba, mas em todos os
grandes centros urbanos, pois todos eles enfrentam esse problema. A coleta seletiva
é uma alternativa para esta questão.
A Prefeitura Municipal de Curitiba investiu, nos últimos anos, em
programas de incentivo à separação de materiais. Entre os anos de 1989 a 2001
reduziu-se a quantidade de resíduos encaminhados ao aterro da Cachimba.
Contudo, a partir do ano de 2002, aumentou o volume de lixo depositado no aterro,
em relação aos anos acima citados. Esse fato, provavelmente se relaciona à falta de
incentivo, da Prefeitura Municipal de Curitiba, em investir em campanha de
divulgação dos programas e projetos existentes, Com o apoio dos meios de
comunicação, campanhas e incentivo à coleta seletiva, essa questão poderia ser
minimizada.
Em Curitiba, atualmente, 21,7% do total de 3.084 toneladas de lixo
diário é reciclado, representando 550 toneladas, números insuficientes, pois, a meta
estabelecida pelo Ministério Público Estadual seria alcançar 40% do volume total
produzido . Além da coleta da Prefeitura Municipal de Curitiba, existem 05 mil
84
carrinheiros, que também recolhem o material reciclável. Eles representam 90% da
coleta de recicláveis (GAZETA DO POVO, 2007: 3).
Em relação aos problemas referentes à infra-estrutura de água e
esgoto do município, não se pode negar que já atingem patamares satisfatórios, em
números de ligações. Mas, os problemas maiores mostram-se preocupantes em
relação às ligações clandestinas e se realmente, os efluentes coletados são tratados
nas ligações oficiais, ou seja, se tem seu destino final.
Sob o ponto de vista sanitário, a drenagem visa principalmente,
evitar a ocorrência de enchentes, mas, também, tem um papel importante na
prevenção de doenças de vinculação hídrica. Episódios de enchentes podem ser
facilmente constatados nas ruas de Curitiba em dias de chuva. Elas também conta
são responsáveis por outro agravante que é a disposição de resíduos sólidos (lixo)
em lugares impróprios ou diretamente, em rios e galerias.
5.2 Gestão e política ambiental de Curitiba
Neste capítulo, abordam-se, inicialmente, os princípios básicos que
orientam a gestão pública do município de Curitiba, a estrutura administrativa e as
principais diretrizes estratégicas de gestão. Na seqüência, apresentam-se
especificamente, as características da gestão e da política ambiental da cidade.
5.2.1 A administração pública da cidade de Curitiba
Na administração municipal de 1997-2004, do então prefeito Cássio
Taniguchi, o modelo de gestão se estruturava numa base de funcionamento de
interdependência entre as funções que envolvem a gestão do conhecimento, da
informação, das pessoas e dos recursos, traçando um ciclo em permanente
movimento. O governo municipal ressaltou as dimensões do pensar, do agir e do
avaliar que comporiam o processo de gestão de forma interdependente e
85
complementar (figura 4). Ainda que não houvesse um momento específico, como um
ritual que marcasse cada um desses atos, não haveria como dissociá-los. Ao mesmo
tempo em que se planejasse, haveria uma ação presente que, por sua vez, traria
elementos de uma avaliação (CURITIBA, 2000: 6).
Figura - 4: Processo de Gestão
Fonte: (CURITIBA, 2000: 7).
O Modelo de Gestão de Curitiba foi se transformando e se
aprimorando, conforme ressaltou a Prefeitura de Municipal, de forma contínua,
adequando as estruturas formais, no decorrer das diferentes administrações, às
concepções de modernidade e efetividade (CURITIBA, 2000: 6).
A atual administração do prefeito Carlos Alberto Richa (2005/2008)
elaborou um modelo de gestão considerando cinco alicerces:
Gestão Estratégica: entendido como um processo contínuo e sistemático de
direcionar e redirecionar as ões a fim de atingir a missão institucional, na
perspectiva de construir o futuro idealizado. A grande ferramenta seria o
planejamento.
Gestão Compartilhada: baseada no estabelecimento de parcerias, no
princípio da co-responsabilidade na gestão de programas, projetos e na
ampliação dos canais de comunicação entre o poder público e a sociedade.
86
Gestão Descentralizada: visando a aproximação da administração pública à
população, possibilitando maior conhecimento das suas necessidades e
demandas e a agilização e melhoria das respostas.
Gestão Intersetorial: entendido como prática de planejamento, ação e
avaliação, multisetorial e integrada, que propiciaria um trabalho articulado
entre todas as secretarias e órgãos da PMC e pensaria o cidadão em sua
totalidade, respeitando necessidades individuais e coletivas.
Gestão Voltada a Resultados: enfatizando o foco da gestão nos resultados,
tanto internos quanto externos e a busca de níveis de qualidade adequados
para atingir os objetivos e metas traçados (eficácia); finalmente, buscar
otimizar a relação custo-benefício (eficiência) e o impacto das ações na
comunidade (efetividade).
Percebe-se, portanto, um comprometimento das diretrizes de gestão
da Prefeitura com as idéias norteadores do modelo gerencial, mas também,
elementos do modelo democrático-participativo ao ressaltar a necessidade de uma
gestão descentralizada com participação da comunidade e das representações da
sociedade civil.
Essas intenções se traduzem no organograma visualizado na figura
5 e que foi adaptado do modelo apresentado pela prefeitura e segue as orientações
da Lei Municipal N° 7671 de 10/01/1991
e suas respectivas alterações.
O organograma revela, de acordo como a concepção do novo
gerencialismo, uma tendência à criação de uma série de órgãos da administração
indireta, como autarquias, fundações e empresas de economia mista, buscando uma
maior flexibilidade e autonomia gerencial e maior independência da administração
direta na prestação de serviços públicos.
87
ÓRGÃOS DE ASSESSORAMENTO
ÓRGÃOS DE NATUREZA MEIO
ÓRGÃOS DE NATUREZA FIM
Figura - 5: Organograma Geral da Prefeitura Municipal de Curitiba em 2001
FONTE: Adaptado de IPPUC (2004(a): 77).
_________________________________________________________________________________
Legenda de siglas: GP Gabinete do Prefeito, GVP Gabinete do Vice-Prefeito, AP Assessoria do Prefeito,
SGM Secretaria do Governo Municipal, PGM Procuradoria Geral Municipal, SMSC – Secretaria Municipal de
Comunicação Social - SMA - Secretaria Municipal do Abastecimento, SMDS - Secretaria Municipal da Defesa
Social, SME - Secretaria Municipal da Educação, SMS - Secretaria Municipal da Saúde, SMMA - Secretaria
Municipal do Meio Ambiente, SMOP - Secretaria Municipal de Obras Públicas, SMU - Secretaria Municipal Do
Urbanismo, SMEL - Secretaria Municipal de Esporte e Lazer SEAM - Secretaria Extraordinária de Assuntos
Metropolitanos, IPPUC - Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba, IMAP - Instituto Municipal de
Administração Pública, IPMC - Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Curitiba, FCC - Fundação
Cultural de Curitiba, FAS - Fundação de Ação Social, COHAB - Companhia de Habitação Popular de Curitiba,
URBS - Urbanização de Curitiba S/A, CIC - Companhia de Desenvolvimento de Curitiba.
CHEFE DO
PODER
EXECUTIVO
SEAM
IPPUC
FCC
IPMC
IMAP
FAS
COHAB
URBS
88
Por outro lado, houve também uma descentralização administrativa,
com a criação de nove administrações regionais, com autonomia limitada, podendo
ser caracterizada como uma desconcentração da estrutura operacional da Prefeitura
(figura 6). Percebe-se uma preocupação com a aproximação ao cidadão e às
comunidades para facilitar uma gestão pública ajustada às necessidades locais.
89
Figura - 6: Distribuição dos Bairros e Administrações Regionais de Curitiba
Fonte: IPPUC (2006)
90
Para alcançar êxito e atingir suas metas, a prefeitura possui
algumas estratégias que são sintetizadas na figura 7. O quadro demonstra um
comprometimento com o tripé do desenvolvimento sustentável, ressaltando como
objetivos principais, avanços em relação ao desenvolvimento do ponto de vista
social, econômico e ambiental. Além disso, percebe-se uma preocupação com os
desafios da Sociedade da Informação ou do Conhecimento, tendo de um lado, a
possibilidade de utilização das TIC’s, e de outro, a inclusão dos “recursos da
sociedade” como elementos de suporte à gestão pública. Ainda que a participação
popular não apareça como objetivo em si, conforme proposto pelo modelo
democrático-participativo, percebe-se uma clara posição em favor do fortalecimento
da sociedade e das comunidades locais como atores, com potencial de apoiar a
gestão em prol do desenvolvimento sustentável local, conforme previsto na
concepção da governança pública ou gestão em rede, discutida na parte teórica
deste trabalho.
91
Figura - 7: Síntese das Estratégias de Governo da Prefeitura Municipal de Curitiba
Fonte: CURITIBA (2006: 6)
9t0.2931i8-n(t)2.[(9)-o(P)]T7181
92
entanto, nem sempre caracterizou a prática da gestão ambiental em Curitiba. No
estudo sobre a gestão ambiental, elaborado por Jaime Lerner em sua gestão (1989-
1992), Frey (1995: 186) identifica uma “tendência ao autoritarismo” com poucas
possibilidades de participação da sociedade no planejamento ambiental e limitada a
integração entre as diferentes secretarias e órgãos públicos.
Conforme relata o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano da
cidade (IPPUC b, 2004: 40), os projetos ambientais de Curitiba tiveram início sob a
ótica funcionalista de cidades jardins. Nos anos 40, determinaram-se diretrizes de
arborização, recuos prediais obrigatórios e políticas de criação de parques e praças
nos bairros. Nos anos 60, com a implementação do Plano Diretor, adotaram-se
estratégias mais amplas como a determinação de conservação de fundos de vale. Já
nos anos 70, criaram-se alguns parques com lagos, visando a contenção de
enchentes. Finalmente, nos anos 80, com a criação da Secretaria Municipal de Meio
Ambiente, a Prefeitura ampliou a atuação na área ambiental, criando uma estrutura
operacional própria, sobretudo, referente às áreas verdes, parques e educação
ambiental, como também, fortaleceu as funções de planejamento, obtendo maior
autonomia no âmbito da Prefeitura.
Considerando a estrutura organizacional do município, apresentada
anteriormente na figura 5, percebe-se que a Secretaria Municipal do Meio Ambiente
(SMMA) é considerada um órgão de natureza fim, portanto, com tarefas claramente
delimitadas. Essa situação dificulta a função de articulação e intervenção na atuação
das demais secretarias, como por exemplo, em relação às questões econômicas e
sociais, embora indicadas pela Prefeitura, como uma das estratégias principais de
integração na busca da sustentabilidade local.
O organograma funcional da Secretaria Municipal do Meio Ambiente
(SMMA) segue a organização conforme a figura 8. Ele mostra a estrutura
administrativa até o nível de departamentos, tendo abaixo disto, as gerências,
divisões e serviços. Percebe-se, neste organograma, responsabilidades de natureza
fim, caracterizando a SMMA como uma secretaria de execução de serviços e de
controle ambiental, ao passo que ela carece da institucionalização formal de
funções, de coordenação ou intervenção nas tarefas das demais secretarias, o que
constitui um dos principais desafios da administração ambiental (FREY, 1995).
93
Figura - 8: Organograma da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Curitiba
FONTE: SMMA (2006).
Em Curitiba, as políticas e programas na área ambiental baseiam-se
numa ampla legislação com forte presença da dimensão ambiental. A seguir
apresenta-se algumas leis de maior relevância para a questão ambiental
9
:
9
A gestão ambiental em Curitiba também se apóia, em outros decretos e portarias. A Secretaria Municipal de
Meio Ambiente oferta a legislação ambiental na sua página na Internet que pode ser acessada no endereço
eletrônico: http://www.curitiba.pr.gov.br/Secretaria.aspx?o=5.
Secretaria Municipal
do Meio Ambiente
Secretaria Municipal
do Meio Ambiente
Superintendência de
Obras e Serviços
Superintendência de
Obras e Serviços
Departamento de
Produção Vegetal
Departamento de
Produção Vegetal
Departamento de
Parques e Praças
Departamento de
Parques e Praças
Departamento de
Serviços Especiais
Departamento de
Serviços Especiais
Superintendência de
Controle Ambiental
Superintendência de
Controle Ambiental
Departamento de
Pesquisa e
Monitoramento
Departamento de
Pesquisa e
Monitoramento
Departamento de
Limpeza Pública
Departamento de
Limpeza Pública
Departamento de
Zoológico
Departamento de
Zoológico
Lei nº 7676/91
Decreto nº 949/95
Núcleo
Financeiro
Núcleo
R.H.
Núcleo
Administrativo
Núcleo
Jurídico
Núcleo
Financeiro
Núcleo
R.H.
Núcleo
Administrativo
Núcleo
Jurídico
Gabinete
Gabinete
Assessoria
Assessoria
94
Lei 6.866 de 09 de julho de 1.986 - dispõe sobre a coleta, transporte e
destino de resíduos sólidos hospitalares (lixo hospitalar) e outras
providências.
Lei 7.622 de 01 de abril de 1.991 - Dispõe sobre a utilização do recuo do
alinhamento predial dos terrenos edificados como área verde.
Lei 7636 de 29 de abril de 1.991 - Dispõe sobre a regulamentação do
tráfego de veículos de transporte de cargas perigosas no Município de
Curitiba.
Lei 7.833 de 19 de dezembro de 1991 - Dispõe sobre a política de
proteção, conservação e recuperação do meio ambiente e outras
providências.
Lei 7972 de 24 de junho de 1.992 - Dispõe sobre o transporte de resíduos
e dá outras providências.
Lei 8.681 de 11 de julho de 1995 - Dispõe sobre a instalação de postos de
abastecimento de combustível e serviços e cria obrigatoriedade em executar
medidas preventivas de proteção ao meio ambiente, especialmente no
sistema de armazenamento de combustíveis.
Lei 8.985 de 13 de dezembro de 1996 - Torna obrigatória a construção de
áreas reservadas à coleta seletiva de lixo nos casos que especifica.
Lei 9.380 de 30 de setembro de 1998 - Dispõe sobre a normatização para
o transporte de resíduos no Município de Curitiba.
Lei nº 9.806 de 03 de janeiro de 2000 - Institui o Código Florestal do Município
de Curitiba, e dá outras providências.
Lei 10.625 de 19 de dezembro de 2002 - Dispõe sobre ruídos urbanos,
proteção do bem estar e do sossego público e dá outras providências.
Lei 10.785 de 18 de setembro de 2003 - Cria no Município de Curitiba o
Programa de Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações
PURAE.
Percebe-se nessas leis, uma certa fragmentação da legislação
ambiental, não existindo, portanto, um código único para esse fim, o que certamente,
95
facilitaria a orientação e a consolidação de uma política ambiental do município.
Contudo, é importante ressaltar o esforço em reunir as principais referências legais
no site institucional da Secretaria o que demonstra o potencial da Internet como
possível meio de suporte informacional a uma rede de governança ambiental local.
Através, principalmente, do setor de educação ambiental da
Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a Prefeitura de Curitiba conduz alguns
programas e projetos juntamente com a comunidade.
Curitiba considera a educação ambiental como uma forma de integrar as
ações do poder público e da população, para que juntos, possam construir
um ambiente equilibrado para viver. As questões ambientais são tratadas
sempre com o objetivo de resgatar a história da cidade e manter a
identidade dos moradores com o meio em que vivem possibilitando a
incorporação de valores relativos à proteção ambiental aliada à
sustentabilidade do desenvolvimento local (SMMA, 2006).
A prefeitura dispõe de materiais pedagógicos como cartilhas,
folhetos, cartazes e vídeos voltados à realidade local que ajudam a sustentar as
ações educativas. Técnicos da Prefeitura ou de outras instituições promovem
palestras educativas para a comunidade com o propósito de esclarecer, educar e
apoiar as iniciativas ambientais visando a manutenção e melhoria da qualidade de
vida na cidade.
A seguir, apresentam-se os principais projetos e programas,
mantidos pela SMMA, e que contam com um expressivo envolvimento da
comunidade (SMMA, 2006):
Programa Lixo que Não é Lixo: projeto estruturado por toda a extensão da
cidade, visando a separação do lixo orgânico do inorgânico e destino final a
um aterro sanitário tecnicamente adequado, bem como a educação
ambiental. Os materiais são coletados por caminhões especialmente
desenhados e equipados. A maior parte do lixo é vendida aos depósitos de
iniciativa privada, o restante é destinado à Fundação da Ação Social (FAS) de
caráter assistencial. Os recursos provenientes da venda dos materiais
recicláveis são destinados a atividades de assistência social;
Programa Câmbio Verde: Ação de integração nas comunidades carentes,
onde o lixo reciclável é trocado por hortifrutigranjeiros. O programa estimula a
96
coleta seletiva do lixo domiciliar. O material recolhido é enviado aos depósitos
para ser separado e vendido. Nas escolas, o câmbio ocorre com material
escolar, na Páscoa, por chocolate, no Natal, por alimentos e brinquedos, no
Dia das Crianças.
Programa Compra do Lixo: Tem como objetivo remover os resíduos sólidos
domésticos em áreas de difícil acesso. Nesses locais são mantidas caçambas
estacionárias, esvaziadas em dias alternativos. Participam do programa
associações de moradores legalmente constituídas e integradas em um
programa específico de educação ambiental. A compra de lixo é feita através
da troca de determinado volume de lixo por produtos hortifrutigranjeiros. O
valor de troca é calculado pelo custo da coleta através do método
convencional.
Separando Juntos na UFPR: Desde 2002 este projeto, desenvolvido em
parceria com a Universidade Federal do Paraná, contempla a implantação de
um Programa de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos. Inicialmente,
através de um processo de educação ambiental para a sustentabilidade,
objetiva a mudança de atitude da comunidade universitária quanto à redução,
separação e destinação adequada dos resíduos. Ao mesmo tempo, incentiva
a realização de pesquisas principalmente, relacionadas às formas de
tratamento e destinação adequada dos resíduos gerados.
Plantios de Flores e Árvores: Escolas, entidades filantrópicas, empresas e
comunidades em geral, realizam plantios comunitários de árvores, arbustos e
flores geralmente, em áreas degradadas existentes em Curitiba.
A preocupação com uma participação ativa da população nos
projetos da Prefeitura encontra-se portanto, em grande parte dos projetos da SMMA:
O interesse da população em preservar o meio ambiente aumenta na
mesma proporção dos benefícios gerados pelos programas ambientais. O
Câmbio Verde, por exemplo, troca lixo reciclável por sacolas de
hortifrutigranjeiros de época, em pontos fixos da periferia de Curitiba. Outra
iniciativa importante é o Olho d’Água, programa de educação ambiental com
participação comunitária, especialmente de estudantes da rede municipal de
ensino. É uma grande parceria para monitorar a qualidade da água das
bacias hidrográficas dos principais rios que cortam Curitiba (PMC, 2006).
97
Presencia se , realmente, de um momento em que se clama por uma
participação social nas tomadas de decisões na esfera pública. A apresentação dos
projetos realizados pela SMMA e as avaliações da Prefeitura Municipal de Curitiba
revelam, no entanto, uma participação bastante limitada da população.
Confirma-se a afirmação de Frey (1995: 175) em relação à gestão de
Jaime Lerner (1989-1992) que caracterizou a participação, como sendo de caráter
instrumental, visando basicamente o aperfeiçoamento dos projetos administrativos.
Também nas últimas administrações de Curitiba, não se criaram ou se ativaram
arranjos institucionais específicos para fomentar e incentivar a participação da
sociedade na formulação ou implementação de políticas e projetos ambientais.
A participação na gestão ambiental em Curitiba fica restrita a
audiências publicas, workshops e palestras e à mobilização das pessoas no
processo de execução de projetos e ações ambientais.
5.2.3 As redes de governança ambiental de Curitiba
Neste sub-capítulo apresentam-se os principais resultados da
pesquisa referente à delimitação e ao mapeamento das redes de governança
ambiental, baseadas em diferentes critérios de identificação de atores. Neste
processo distinguiram-se as redes identificadas pelo levantamento na Internet, ou
seja, na forma como são representadas nos sites institucionais das organizações
envolvidas, das redes identificadas a partir das entrevistas com os principais atores,
desconsiderando nesse segundo caso, o uso das tecnologias.
Com essa divisão pretende-se averiguar congruências e
divergências dos dois tipos de representações de redes de governança, bem como
verificar até que ponto se manifesta o uso consciente dos meios virtuais na formação
de redes de governança ambiental local.
98
5.2.3.1 As redes de governança ambiental e sua representação no ciberespaço
Conforme a metodologia apresentada em capítulo 4, após os
levantamentos realizados na Internet, passou-se a analisar isoladamente cada site
institucional de cada agente, verificando sua inserção na rede de governança
ambiental. Identificaram-se seus parceiros nas redes sócio-técnicas ambientais,
diferenciando-os conforme os diferentes tipos de relacionamento enfocados. Os
atores foram classificados conforme o setor ao qual pertenciam, atribuindo cores
diferentes para sua identificação nos grafos, conforme segue: setor público (1) em
verde, setor privado (2) em azul, terceiro setor (3) em vermelho. Dentre as 51
instituições nucleares da rede do ciberespaço, foram identificados 12 (23,5%)
pertencentes ao setor público, 12 (23,5%) ao setor privado e 27 (53%) com
vinculação ao terceiro setor.
Na seqüência, são apresentadas as representações gráficas das
diferentes tipologias de rede, geradas pelo software UCINET e, seguindo os tipos de
relações definidos anteriormente, analisados levando em consideração o debate
teórico da primeira parte desta dissertação. A apresentação começa com as
relações baseadas em parcerias em ações e projetos.
5.2.3.1.1 Redes de parcerias em ações e projetos
Inicialmente, partindo dos 51 atores nucleares, foram levantados e
representados graficamente os atores envolvidos em projetos e ações ambientais,
desenvolvidos na cidade de Curitiba.
A figura 9 mostra que são muito poucas as instituições que
apresentam projetos com os respectivos parceiros nos seus sites, com exceção da
Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), do Clube
Paranaense de Montanhismo e do Instituto de Estudos Ambientais Mater Natura.
Elas se caracterizam como não pertencentes ao terceiro setor. Esse dado pode estar
relacionado ao fato de efetivamente, existirem poucos projetos nas demais
99
instituições, ou que não existe uma preocupação com a sua divulgação nos sites
institucionais.
Os três casos com maior presença, porém, se referem a
organizações que não têm seu foco principal de atuação no meio urbano, mesmo
desenvolvendo atividades e projetos relacionados à cidade de Curitiba. De acordo
com os resultados do banco de dados, grande parte de projetos e ações são
concernentes à educação ambiental. Sobressai, por outro lado, a falta de presença
da Prefeitura Municipal de Curitiba, mencionada apenas, a Secretaria Municipal de
Educação, e em nenhuma circunstância referência à Secretaria Municipal do
Meio Ambiente, o órgão responsável pela gestão e política ambiental do município.
Salienta-se ainda, a presença de instituições de pesquisa como a PUCPR e a
UFPR, órgãos federais como o IBAMA e o Fundo Nacional do Meio Ambiente
(FNMA), enquanto não se vislumbra uma representação efetiva do setor privado na
rede de governança ambiental, conforme representação nos sites da Internet.
Figura - 9: Representação Gráfica da Redes de Parcerias em Ações e Projetos Virtual
Legenda: Setor Público (1) Setor Privado (2) Terceiro Setor (3)
100
Na análise das medidas estruturais, o estudo focou a análise da
centralidade, conforme apresentado na tabela 6. A ARS diferencia dois tipos de
centralidade: a centralidade out-degree que corresponde ao número de atores
referenciados no site institucional como parceiros em projeto; a centralidade in-
degree se relaciona ao número de referências recebidas por um determinado ator
pelas demais instituições integrantes da rede. Enquanto o out-degree, de certo
modo, reflete a disposição de uma organização em mostrar sua inserção na rede de
atores, a medida do in-degree mede o prestígio ou a popularidade de uma instituição
entre os atores da rede (WASSERMAN e FAUST, 1994).
No caso da rede de projetos ambientais, apenas sete dos 117 atores
identificados apresentam projetos referenciando os seus respectivos parceiros (out-
degree). Os atores mais centrais, com maior out-degree, são: Mater Natura (40%),
SPVS (38%) e o Clube Paranaense de Montanhismo com (15%). Nesta rede, chama
atenção a preponderância dos atores do Terceiro Setor com praticamente 98% das
relações, ao passo que do setor público apenas a Secretaria Municipal de Educação
se refere à parceria com a UFPR no projeto Separando Juntos na UFPR
apresentando com apenas uma referência um out-degree de 1%. Também o setor
privado é representado somente com uma organização.
Verificando o prestígio dos diferentes atores da rede, ou seja, o
número de referências recebidas pelas instituições, percebe-se inicialmente, que
nenhuma das sete instituições mais centrais no quesito out-degree encontra-se entre
as mais referenciadas pelos demais atores da rede. Isto significa que no âmbito dos
projetos implementados, a articulação entre as organizações do Terceiro Setor tende
a ser mínima, ao passo que são predominantes as relações com órgãos do Estado,
empresas privadas e públicas ou fundações e organizações sociais criadas pelo
Estado ou empresas. Elas são geralmente, os patrocinadores de tais projetos, além
das instituições de ensino e pesquisa que dão suporte técnico-científico aos
projetos.
Dessa forma, aparece com maior in-degree a Universidade Federal
do Paraná, seguida por órgãos públicos como o Fundo Nacional do Meio Ambiente
(FNMA), o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e o Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente e de Recursos Naturais (IBAMA). Também, chama a atenção, que a única
Prefeitura com mais de uma menção in-degree é a Prefeitura Municipal de Castro,
101
enquanto a Prefeitura Municipal de Curitiba não foi lembrada nenhuma vez. Ela , no
entanto, teve menções através de algumas secretarias, a exemplo, da Secretaria
Municipal de Educação, como parceiro entre os projetos levantados. Na próxima
parte, se aprofundarão as relações institucionais relativas aos projetos identificados.
102
Tabela - 6: Centralidade dos Atores Participantes da Rede de Parceria em Ações e Projetos na websphere
In-degree
1-UFPR
1-FNMA
1-IAP
1-IBAMA
3-TNC
1-Pref. Munic. Castro
3- Fund. O Boti. Prot. Nat.
1-Conselho Est. Meio Amb.
1-Deleg. Prot. Meio Ambiente
1-Governo do Estado do
Paraná
1-Museu Hist. Nat. Capão da
Imbuia
1-PETROBRAS
2-GM
2-Marumby Montanhismo
2-PUCPR
2-UTP- PR
Outros 65 com 1 ou 0
Total
Percentual
3-Mater Natura 2
2
3
3
1
4
2
0
0
0
2
2
0
1
0
0
25
47
40%
3-SPVS 6
1
2
1
4
0
1
2
2
0
0
0
2
0
1
2
20
44
38%
3-Clube Paranaense de
Montanhismo
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2
0
0
0
1
0
0
15
18
15%
3-Instituto Ecoplan 1
2
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
4
3%
3-TRAMONTRIP ONG
Educação
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
2
2%
1-Sec.Munic.Educ.CTBA 1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
1%
2-Serra Verde Express 0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
1
1%
Out-degree
Outros 74 outros atores 0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0%
Total 11
5
5
5
5
4
3
2
2
2
2
2
2
2
2
2
61
117
Percentual 9%
4%
4%
4%
4%
3%
3%
2%
2%
2%
2%
2%
2%
2%
2%
2%
52%
100%
103
5.2.3.1.2 Rede de Ações e Projetos e seus vínculos institucionais
Na figura 10, representa-se graficamente, a rede de ações e
projetos, baseada nos dados levantados nos sites institucionais, ressaltando os seus
vínculos institucionais.
Os projetos se apresentam com losangos amarelos, os quais se
relacionam aos atores que de alguma forma, envolveram-se para o seu
desenvolvimento. As organizações participantes dos projetos estão representadas
por círculos, que seguem a mesma representação de cores por setores, mencionada
anteriormente. Essa rede foi elaborada com o intuito de verificar a efetiva
colaboração em rede, na execução de ações e projetos. Novamente, fica clara a
forte presença das organizações do Terceiro Setor, as quais aparentemente, têm
interesse em tornar público suas ações e projetos e suas inserções e articulações
institucionais, como estratégia de legitimação institucional.
Figura - 10: Representação Gráfica da Rede de Ações e Projetos
Legenda:
Setor Público (1)
Setor Privado (2)
Terceiro Setor (3)
Projetos
104
Considerando a relação das ações e projetos na tabela 7, percebe-
se uma preponderância de projetos na área de preservação de recursos naturais e
de educação ambiental, ao passo que foram identificados apenas cinco projetos (em
negrito) que apresentam uma maior relevância para o meio ambiente urbano. Ou
seja, mesmo tomando como ponto de partida para a investigação a cidade de
Curitiba, nota-se uma presença significativa de instituições e projetos relacionados
com o meio rural e áreas de preservação ambiental, Verifica-se, por conseguinte,
uma mínima presença de instituições e projetos direcionados para a melhoria da
qualidade ambiental nas áreas urbanas que contam com o envolvimento de um
maior número de atores institucionais. Enquanto várias organizações não-
governamentais alcançaram um status significativo em projetos e ações visando a
preservação dos ecossistemas, parece que no que concerne ao meio ambiente
urbano, o papel preponderante continua sendo o do poder público, o qual, porém,
age isoladamente, sem recorrer ao Terceiro Setor nos projetos de melhoria do meio
urbano.
Mesmo em relação aos projetos de proteção ambiental, os quais
contam com uma forte presença do Terceiro Setor, percebe-se uma marcante
ausência de apoios públicos, a exemplo do IAP, IBAMA ou SEMA, das instituições
de ensino e pesquisa como a UFPR, a PUCPR e UTP, proporcionando
conhecimento técnico-científico, e de algumas organizações privadas as quais, na
sua maioria, são patrocinadores ou apoiadores dos projetos.
1 Assessoria técnica para implantação do Conselho Deliberativo da APA de Guaraqueçaba
2 Atividades de incentivo ao ecoturismo
3 Atividades para Captação de Recursos
4 Calamidade Pública
5 Centro de Educação Ambiental
6 Condomínio da Biodiversidade da Região Metropolitana de Curitiba – ConBio
7 Conservação no Entorno do Parque Nacional do Superagüi
8 Difusão da Agricultura Regenerativa no Brasil
9 ECOLISTA
10
Ecologia da Curucaca - Theristicus caudatus - (Aves: Threskiornithidae)
11 Escola das Ilhas
12 Estudo da situação das espécies da fauna e sua conservação no estado do Para
13 Extensão Agroflorestal
14 Floresta Atlântica - Programa Proteção da Floresta Atlântica-Paraná
15 Florestas Fixadoras de Carbono
16 Meliponicultura concilia atividade econômica com conservação da Natureza
17 O Parque Estadual Vila Rica e a conservação da biodiversidade no Paraná
18 Paraná 12 Meses – Proj. Alívio à Pobreza no Meio Rural e Gerenc.de Recursos Naturais
19 Paraná Urbano II - Programa Estadual de Apoio ao Desenvolvimento Urbano
105
20 Plano de Manejo do Parque Nacional de Ilha Grande-PR
21 PNAFE – Prog.Nacional de Apoio à Administração Fiscal para os Estados Brasileiros
22 Posto Nota 10
23 PROEM - Programa Expansão, Melhoria e Inovação no Ensino Médio do Paraná
24 Programa de Educação Ambiental na Bacia do Iraí - ProLago do Irai
25 Programa de Recolhimento de Baterias Usadas de Celular
26 Prog. Integrado de Conservação e Uso Sustentável – PICUS na Floresta Ombrófila Mista
27 Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa
28 Projeto de Consolidação da SPVS como ONG Conservacionista
29 Projeto De Olho no Ambiente
30 Projeto Macaco Prego
31 Projeto Paraná Biodiversidade
32 Projeto Pinhão
33 Projeto RAM
34 Projeto Superagüi
35 Projeto Tapajós
36 Projeto: "Jovem, mostre sua cara!"
37 Projetos de Seqüestro de Carbono
38 Quantificação de Carbono em Florestas
39 Rede Semente Sul
40 REDEScobertas dos Sentidos
41 Resgate do etnoconhecimento da região de Castro-PR
42 Revisão do Plano de Manejo do Parque Estadual de Vila Rica, Fênix-PR
43 Semana da Montanha do Paraná 2005
44 Separando juntos na UFPR
45 Tecendo Redes de Educação Ambiental na Região Sul – REASul
46 Todo mundo pode ajudar a salvar a floresta com araucárias
47 Toque Animal
Tabela - 7: Relação de Ações e Projetos
A tabela 8 apresenta as medidas de centralidade, de um lado,
conforme consta nas colunas dos atores que compõem a rede de ações e projetos,
sendo considerados os atores mais centrais aqueles envolvidos no maior número de
projetos. Nessa situação, destaca-se a UFPR com participações em 15 projetos,
seguida do Fundo Nacional do Meio Ambiente e do IAP com nove projetos, cada um,
e o IBAMA com oito, tendo 98 instituições ou 48% com participação em apenas um
projeto ou ação. De outro lado, conforme pode ser verificada nas linhas horizontais,
são apresentados os projetos com maior centralidade, ou seja, os com maior número
de instituições envolvidas.
106
Ações e Projetos
Instituições
27
44
38
36
40
26
46
32
42
43
10
12
17
37
39
47
6
20
29
Outros 29 com 1
ou 2 relações
Total
Percentual
1-UFPR
1
0
5
1
0
0
0
2
0
0
1
0
1
0
1
0
0
0
0
3
15
8%
1-FNMA
1
0
0
0
1
0
107
Na figura 11 foram apenas considerados os atores que possuíam
duas ou mais relações em ações e projetos com o objetivo de facilitar a verificação
daquelas instituições com maior representatividade nos projetos conduzidos pela
rede. Esta representação gráfica torna ainda mais clara a preponderância da UFPR,
do IBAMA, do FNMA, do IAP, os quais desempenham um papel fundamental no
fomento e no acompanhamento técnico-científico de projetos ambientais
relacionados à proteção de recursos naturais. De outro lado, é importante mais uma
vez ressaltar a falta de representatividade da Secretaria Municipal de Meio Ambiente
(SMMA) ou de outros órgãos da PMC. Tal fato se deve certamente à ausência de
arranjos de governança participativa da Prefeitura no que diz respeito às questões
ambientais.
Figura - 11: Representação Gráfica da Rede de Projetos Considerando apenas os Atores que
Possuem duas ou mais Relações
Legenda:
Setor Público (1)
Setor Privado (2)
Terceiro Setor (3)
Projetos
108
5.2.3.1.3 Rede de parceiros temáticos
Também na rede de parceiros temáticos (figura 12), que abrange
todas as instituições nucleares e, além delas, as organizações comprometidas com a
causa ambiental, que no momento da pesquisa, estavam referenciadas nos sites dos
atores nucleares como seus parceiros. Percebe-se, mais uma vez, a predominância
do Terceiro Setor. Apenas a Rede Verde de Informações Ambientais e o Portal
Ambiente Brasil aparecem como empresas privadas. No entanto, mesmo tendo
adotado natureza jurídica de empresa, as suas formas de ação se assemelham
muito mais às das organizações não-governamentais, além de representarem redes
que integram em grande parte, organizações da sociedade civil. Ainda, demonstram
a crescente relevância de empresas privadas como prestadores de serviços também
para as redes de organizações não-governamentais.
Figura - 12: Representação Gráfica da Rede Virtual de Parceiros Temáticos
Legenda: Setor Público (1) Setor Privado (2) Terceiro Setor (3)
109
Conforme a tabela 9, dentre os 254 atores integrantes da rede, há
16 (7%) pertencentes ao setor público, seis (3%) pertencentes ao setor privado e,
claramente dominante, 232 (90%) pertencentes ao Terceiro Setor. As instituições
com maior centralidade na rede são: Instituto Ecoplan (23% das relações), SPVS
(20%) Mater Natura (13%), todas fazendo parte do Terceiro Setor e desenvolvendo
ações relativas à educação ambiental e preservação de recursos naturais. A SMMA,
como instituição nuclear, foi indicada no grafo, mas não aparece na tabela porque
tem apenas 1 referência .
Comparando esta rede temática com a rede de projetos, é possível
identificar um maior grau de densidade e de interconexões, indicando um grande
potencial para cooperações espontâneas ou mobilizações específicas, mas também,
para parcerias mais efetivas em projetos futuros.
Novamente, destaca-se a falta de organizações ambientais com
ênfase nas questões do meio urbano; predominam, de um lado, organizações com
foco na proteção da natureza em si e, de outro, organizações com ênfase na
divulgação e intermediação de informações, desempenhando neste sentido,
certamente, um papel fundamental no fortalecimento e na consolidação de uma
green public sphere (Torgerson, 1999
10
apud Frey, 2001), ou seja, um espaço de
informação e comunicação compartilhado entre os stakeholders da questão
ambiental, capaz de influenciar crescentemente, os processos de decisão política
em acordo com seus objetivos “verdes” (FREY; ROSA, 2006: 44).
10
TORGERSON, D. The promise of green poliTIC’s: environmentalism and the public sphere. Durham/London:
Duke University Press, 1999.
110
In-degree
Instituições
1-ANA
1-Ambiente Brasil
1-BPFlo
1-CONAMA
1-Deleg. Prot. Meio Ambiente
1-EMBRAPA
1-Eco-Park
1-FEMA
1-FNMA
1-FUPEF -UFPR
1-IAP
1-IBAMA
1-IBEAM
1-Inst. Pesq. Jardim Botânico RJ
1-Labo. Central da Copel
1-MMA
1-Marinha do Brasil
1-Ministério da Saúde
1-Museu Paranaense
1-Museu Hist. Nat. Capão da
Imbuia
1-Museu Hist. Nat. Karlsruhe
Outros 210 com Total = ou < 1
Total
Percentual
3-Instituto Ecoplan
2
1
1
0
1
0
1
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
50
59
23%
3-SPVS
1
1
1
0
1
1
0
0
1
0
1
1
0
0
0
0
1
1
0
1
1
40
52
20%
3-Mater Natura
1
1
1
1
1
1
1
1
0
0
0
1
1
2
1
0
0
1
0
0
0
19
33
13%
3-Rede Nac.Pró-Uni.Cons.
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
1
1
1
0
0
0
0
19
24
9%
3-Rede Verde Infor. Amb.
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2
0
0
20
23
9%
3-Elo Agência
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
16
17
7%
3-FOCA
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
7
8
3%
3-Fund. Boti.Prot.Nat.
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
1
6
8
3%
1-Ambiente Brasil
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
6
7
3%
2-Serra Verde Express
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
5
6
2%
2-Praia Secr.Expedições
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2
3
1%
1-BPFlo
0
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2
1%
1-FNMA
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2
2
1%
1-IBEAM
1
0
0
0
0
111
5.2.3.1.4 Rede de links de Referência
A rede de links de referência (figura: 13) representa as
possibilidades de navegação para o internauta que deseja informações sobre a
questão ambiental, encontrar possíveis parceiros ou aprender com experiências
realizadas em outros lugares ou contextos. Independente dela, aparentemente, o
ter durabilidade e inclusive, confiabilidade garantida, pode ser entendida, de um
lado, como uma websphere ambiental ao representar um espaço de interação entre
os atores e instituições da rede ou, de outro, como uma mapa na busca da cidadania
ambiental porque são essas as possíveis rotas de locomoção disponíveis ao
interessado nesta websphere do meio ambiente (FREY; ROSA, 2006: 45).
Figura - 13: Representação Gráfica da Rede de links de Referência
Legenda: Setor Público (1) Setor Privado (2) Terceiro Setor (3)
112
Para esta rede, em especial, não foi possível apresentar as medidas
de centralidade no mesmo padrão das anteriores, em função do programa Microsoft
Excel não possibilitar a confecção de planilhas com mais de 236 colunas. Então, as
medidas de centralidade foram extraídas diretamente do software UCINET. Este
formato não possibilita a confecção de tabelas com a precisão dos formatos
anteriores.
A tabela 10 demonstra as medidas de centralidade, destacando a
Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA) com 324 referências (neste caso, da
centralidade geral, somam-se os valores para indegree e outdegree, ou seja, os links
que chegam à SEMA e mais os links informados no site da SEMA, aos quais
qualquer internauta pode se conectar)
Correspondendo a 11,7% das conexões existentes na rede
estudada, aparecem o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) com degree 310 (11,2%);
a Rede Brasileira de Educação Ambiental (REBEA) com degree 162 (5,8%); a Rede
Verde de Informações Ambientais com degree 134 (4,8%) e o Mater Natura -
Instituto de Estudos Ambientais com degree 93 (3,3%).
Mais uma vez, evidencia-se a falta da presença do poder público
municipal, enquanto a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e o Instituto Ambiental
do Paraná ganharam destaque nesta rede de links.
Esse dado sinaliza que a Secretaria Municipal do Meio Ambiente,
um ponto de acesso natural para quem deseja informações sobre a questão
ambiental, não é um referencial para a busca de dados ou contatos a respeito do
assunto. Parece que é, antes de tudo, o Terceiro Setor que atende às necessidades
informacionais e de intermediação do cidadão ambientalista. Porém, de forma geral,
chama a atenção a precariedade de informações no que tange aos problemas
ambientais no meio urbano, sobretudo, no caso de Curitiba.
Instituições Degree Share
1-SEMA - Secretaria Estadual do Meio Ambiente 324.000
0.117
1-IAP - Instituto Ambiental do Paraná 310.000
0.112
3-REBEA-Rede Brasileira de Educação Ambiental 162.000
0.058
3-Rede Verde de Informações Ambientais 134.000
0.048
3-Mater Natura - Instituto de Estudos Ambientais
93.000 0.033
1-Condomínio da Biodiversidade 87.000 0.031
1-IBAMA 72.000 0.026
1-ANA-Agência Nacional de Águas 42.000 0.015
113
1-FUNBIO -Fundo Brasileiro para a Biodiversidade
23.000 0.008
1-Envolverde - Revista Digital 22.000 0.008
3-Marumby Montanhismo 22.000 0.008
3-Instituto Ecoplan 22.000 0.008
3-União de Entidades Ambientalistas do Paraná 21.000 0.008
3-Clube Paranaense de Montanhismo 21.000 0.008
3-Rede Ambiente 17.000 0.006
Tabela - 10: Centralidade links na websphere Ambiental
5.2.3.1.5 Rede global
Finalmente, chega-se à rede global da análise da Internet (figura: 14)
que engloba as relações da rede de parcerias em ações e projetos, a rede de
parceiros temáticos e a rede de hyperlinks. De fato, ela não difere substancialmente
da rede de links, uma vez que, na questão ambiental parece existir uma prática
intensiva de formação de redes pela trama de hyperlinks. A relativa riqueza desta
websphere ambiental se deve certamente, ao fato da existência de uma cultura
organizacional no contexto do ambientalismo, inspirado fortemente, na “teia da vida”,
que é a preocupação do movimento.
Aumentar de forma pró-ativa a capacidade de agir coletivamente,
inclusive de forma coesa e unida contra forças do campo político, supostamente
oposto, representa um dos princípios norteadores, que é a auto-compreensão do
próprio ambientalismo, ao passo que o poder público e os órgão ambientais na
administração pública, ainda se mostram relutantes na publicação de suas parcerias
(FREY; ROSA, 2006:46).
114
Figura - 14: Representação Gráfica da Rede Total da Análise da Internet
5.2.3.1.6 Rede de relação dos atores nucleares com organismos internacionais
na websphere
Sendo parte do objetivo principal desta pesquisa verificar de que
forma as TIC’s subsidiam as novas formas de cooperação e interação em rede locais
e também globais, demonstram-se na figura 15, as relações entre os 51 atores
nucleares e organizações internacionais. Para este caso, especificamente, adotou-
se a cor turquesa para representar as organizações internacionais. Nesta rede
evidencia-se o destaque dos órgãos públicos estaduais IAP e SEMA entre as
instituições de Curitiba que demonstram uma forte vinculação com organizações
internacionais.
Justifica-se essa ocorrência pelo fato do IAP e SEMA pertencerem à
esfera pública e ambos os sites, administrados pela Companhia de Informática do
Legenda: Setor Público (1) Setor Privado (2) Terceiro Setor (3)
115
estado do Paraná, a CELEPAR. Além disso, o IAP, por ser o órgão executor das
políticas ambientais desenvolvidas pela SEMA, supostamente, seguiria os mesmos
critérios na inclusão de links de referência ou a formação de parcerias.
Novamente, constata-se que a PMC não recorre à Internet para
tornar pública as suas relações com organismos internacionais na área ambiental.
Existe também, a possibilidade pouco provável da não existência de tais relações,
considerando que a o governo municipal de Curitiba, em Março 2006, organizou
duas importantes conferências das Nações Unidas: a 3ª Reunião das Partes do
Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança (MOP3) e a Reunião da
Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8),
Mas, observa-se a presença razoável do Terceiro Setor na
composição desta rede, revelando a crescente importância das instituições
internacionais para o financiamento e o apoio a projetos com envolvimento deste
setor. É viável ainda, outra interpretação para este fato, que seria a exigência de
muitos órgãos de fomento internacionais de insistir na presença de organizações
não-governamentais em projetos de desenvolvimento, tendo como objetivo principal
garantir um melhor controle social.
Figura - 15: Representação Gráfica da Rede de Relação dos Atores Nucleares com Organismos
Internacionais
Legenda: Setor Público
(1)
Setor Privado
(2)
Terceiro Setor
(3)
Organizações
Internacionais
116
5.2.3.2 As redes de governança ambiental a partir dos levantamentos em
campo
Numa segunda fase da pesquisa, realizou-se um levantamento
empírico junto às principais organizações estudadas na websphere ambiental com o
objetivo de confrontar as informações da Internet com as informações oriundas das
entrevistas com os atores envolvidos. Também, complementar os dados da Internet.
Os procedimentos de caracterização foram os mesmos adotados para a
caracterização das redes identificadas na websphere.
A pesquisa foi realizada com dez instituições, incluindo as oito
consideradas importantes em função da sua centralidade na análise da websphere
sendo: Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS),
Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Mater Natura - Instituto de Estudos Ambientais,
Secretaria Estadual do Meio Ambiente e de Recursos Hídricos (SEMA), Companhia
Paranaense de Saneamento (SANEPAR), Secretaria Municipal do Meio Ambiente
(SMMA), AMBIENTE BRASIL e o Instituto Ecoplan e mais duas instituições não
identificadas no levantamento na Internet, mas consideradas relevantes pela sua
reconhecida atuação na política ambiental o Ministério Público do Estado do Paraná
(MPPR) e a Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e
Saneamento (SUDERHSA). Nessa fase, analisaram-se apenas as informações
adquiridas através da pessoa entrevistada.
Na seção subseqüente, essas informações serão analisadas
juntamente com as obtidas pela Internet. Essa análise conjunta se justifica pelo fato
de muitos entrevistado solicitarem para recorrer ao site da instituição para retirar
alguma informação mais detalhada.
A pesquisa de campo foi realizada entre os meses de outubro a
dezembro de 2006. Salienta-se que a pesquisa se realizou com dificuldades pois,
muitas das organizações pesquisadas estavam envolvidas direta ou indiretamente,
na campanha eleitoral para governador do Estado. Este fato resultou na quase
impossibilidade de realizar a pesquisa com os representantes de algumas
instituições, recorrendo-se a seus assessores ou gerentes departamentais. Outro
agravante foi que, depois desse período turbulento, muitas instituições estavam em
117
fase de fechamento das atividades anuais. Verificou-se também, nesse processo, a
falta de estrutura e mesmo interesse por parte de algumas instituições, ou de seus
representantes, principalmente do poder público, em responder a pesquisa ou
fornecer informações.
5.2.3.2.1 Rede de parcerias em ações e projetos
Em relação às ações e projetos levantados nas entrevistas em
campo, o resultado visualizado no gráfico da figura 16, ficou comprometido pela falta
de consistência nos dados. A reduzida quantidade de informações, como também
pode ser verificado na tabela 11, dificilmente reflete as relações no âmbito de
projetos e ações desenvolvidos, o que se deve provavelmente, ao desconhecimento,
por parte dos entrevistados, de todas as parcerias.
Destaca-se apenas a Secretaria Municipal de Meio Ambiente
(SMMA) que, enquanto teve papel extremamente limitado na análise da Internet, cita
seis organizações como seus parceiros sendo quatro deles pertencentes ao poder
público, uma instituição de ensino e pesquisa do setor privado e a Associação
Comercial do Estado do Paraná, pertencente ao Terceiro Setor, mas com vínculo ao
empresariado local.
Chama a atenção, no entanto, a falta de representantes do
movimento ambientalista nas parcerias em projetos, revelando uma grande
dificuldade de aproximação entre ambos os setores na questão ambiental,
dificultando certamente, a consolidação de efetivas redes de governança
interinstitucionais e entre Estado e sociedade.
118
Figura - 16: Representação Gráfica da Rede de Ações e Projetos Baseada nas Entrevistas
In-degree
1-FAS
1-SANEPAR
1-Sec. Est. Agri. E Abas
1-Sec. Mun. Edu. CTBA
1-UFPR
2-PUCPR
3-Assoc. Comer.PR
1-SMMA
3-Mater Natura
119
5.2.3.2.2 Rede de parceiros temáticos
Na rede de parceiros temáticos, representada na figura 17, nota-se
como particularidade muito interessante, que os parceiros estão praticamente
divididos por setores. Sobretudo o poder público mantém relações quase que
exclusivamente com organizações também oriundos do poder público, inclusive com
várias situações de reciprocidade. as organizações do Terceiro Setor mantêm
relações com organizações do poder público, do setor privado, que podem ser
apenas patrocinadores ou financiadores de ações e projetos, e com o próprio
Terceiro Setor. Neste último caso, nota-se apenas uma relação de reciprocidade,
pois o Mater Natura cita como parceiro a SPVS que também cita o Mater Natura.
Ao contrário do que poderia se imaginar, de haver uma coesão muito
forte e de predominar relações de solidariedade e de cooperação entre as
organizações do Terceiro Setor em favor da causa ambiental, poderia tal fato
sinalizar um aumento de competitividade entre as organizações não-governamentais
por recursos cada vez mais limitados, mostrando mais uma vez, a tendência à
infiltração da lógica do mercado nas práticas de atuação da sociedade civil
organizada.
Por outro lado, as instituições públicas, em função de seu
enquadramento em arranjos formais de governança interinstitucional, parecem
acessíveis a uma cooperação com os seus pares, ao passo que a cooperação com
as organizações não-governamentais parece mais esporádica ou para financiar
atividades do terceiro setor.
120
Figura - 17: Representação Gráfica da Rede de Parceiros Temáticos
Na tabela 12 se destacam, em relação à centralidade out-degree, o
Mater Natura com 22 relações de um total de 63 que corresponde a 35% de todas
as relações existentes, a SANEPAR e a SEMA, ambos com oito (13%) referências,
enquanto o representante da SMMA menciona quatro parceiros em projetos. no
quesito in-degree predominam sobremaneira, as instituições do poder público,
apresentando maior reconhecimento ou prestígio no âmbito da rede. Além das
instituições públicas, apenas a PUCPR e a Fundação o Boticário, a primeira, uma
empresa do ensino superior, a segunda, uma fundação de uma empresa privada,
foram mais de uma vez lembradas pelos demais membros da rede. Assim, confirma-
se, de um lado, uma grande preocupação das organizações não-governamentais em
afirmar suas articulações, mas de outro, a falta de reconhecimento, por parte das
Legenda: Setor Público (1) Setor Privado (2) Terceiro Setor (3)
121
instituições públicas, das organizações não-governamentais como parceiros efetivos
na busca do desenvolvimento sustentável, sobretudo no contexto urbano.
In-degree
1-IAP
1-SEMA
1-IBAMA
1-MMA
1-SANEPAR
1-SUDERHSA
1-UFPR
1-COMEC
1-FEMA
1-MINEROPAR
1-MP -PR
1-SIMEPAR
2-PUCPR
3-FBPN
Outros 20 com 1 ou 0
Total
Percentual
3-Mater Natura
1
1
2
2
1
0
1
0
2
0
0
0
0
1
11
22
35%
1-SANEPAR
1
1
0
0
0
1
1
0
0
1
0
0
1
0
2
8
13%
1-SEMA
1
0
1
1
1
0
0
1
0
0
1
1
0
0
1
8
13%
1-MPPR
1
1
1
0
0
0
0
1
0
1
0
0
0
0
2
7
11%
3-SPVS
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
1
1
3
6
10%
1-IAP
0
1
1
1
0
1
0
0
0
0
1
0
0
0
0
5
8%
1-SMMA
1
1
0
0
1
1
0
0
0
0
0 0
0
0
0
4
6%
1-SUDERHSA
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
3
5%
Out-degree
Outros 26 atores
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0%
Total
6
6
5
4
3
3
3
2
2
2
2
2
2
2
19
63
Percentual
10%
10%
8%
6%
5%
5%
5%
3%
3%
3%
3%
3%
3%
3%
30%
100%
Tabela - 12: Centralidade Parceiros Temáticos
5.2.3.2.3 Rede total
A rede total, representada graficamente na figura 18, apresenta os
dados obtidos através das visitas às organizações in loco, contemplando tanto as
parcerias em ações e projetos quanto as temáticas. Com este aglutinamento dos
dados pretendeu-se ampliar o universo de análise.
No entanto, esse universo não se modificou substancialmente, em
virtude da quantidade de informações referentes às situações, ser muito dispare.
Novamente, fica evidente que as relações estão setorizadas, sendo que o poder
público mantém relações quase que exclusivamente, com órgãos públicos como
pode ser analisado na tabela 13. A mesma situação verifica-se com relação às
instituições que compõem o Terceiro Setor, inclusive apresentando algumas
122
reciprocidades. Aconteceram nesta rede, poucas relações com a esfera privada,
merecendo destaque a PUCPR, que foi referenciada, tanto pelo poder público como
pelo Terceiro Setor.
Figura - 18: Representação Gráfica da Rede Total
Legenda: Setor Público (1) Setor Privado (2) Terceiro Setor (3)
123
In-degree
1-UFPR
1-IBAMA
1-FNMA
1-IAP
3-TNC
1-Pref. Munic. Castro
2-PUCPR
3-FBPN – Fund.Boticário de Prot. Natu.
1-Conselho Estadual do Meio Ambiente
1-Deleg. Prote. Meio Ambiente
1-Governo do Estado do Paraná
1-Museu Hist. Nat.do Capão da Imbuia
1-PETROBRAS
1-SANEPAR
1-Secr. Munic. Educ.CTBA
2-GM
2-Marumby Montanhismo
2-UTP
Outras 39 com 1
Total
Percentual
3-Mater Natura
2
4
2
3
1
4
0
2
0
0
0
2
2
1
2
0
1
0
22
48
39%
3-SPVS
6
1
1
2
4
0
1
1
2
2
0
0
0
0
0
2
0
2
20
44
35%
3-Clube Paranaense de Montanhismo
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2
0
0
0
0
0
1
0
15
18
15%
1-SMMA
1
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
3
6
5%
3-Instituto Ecoplan
1
1
2
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
4
3%
3-TRAMONTRIP
1
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2
2%
1-Sec.Munic.Edu. CTBA
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
1%
2-Serra Verde Express
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
1
1%
Out-degree
Outras 76
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0%
Total 12
6
5
5
5
4
3
3
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
61
124
Percentual 10%
5%
4%
4%
4%
3%
2%
2%
2%
2%
2%
2%
2%
2%
2%
2%
2%
2%
49%
100%
Tabela - 13: Centralidade Rede Total
124
5.2.3.3 A rede de governança ambiental a partir do somatório dos
levantamentos na websphere e em campo
Com o objetivo de obter uma representação mais completa da
estrutura relacional da rede de governança ambiental de Curitiba, são apresentadas
nos próximos grafos as redes, considerando-se o somatório dos dois tipos de
levantamentos realizados, na websphere e in loco, por meio de entrevistas.
5.2.3.3.1 Rede de ações e projetos
Na rede de ações e projetos, integrando os dados da Internet e das
entrevistas, observa-se a preponderância do Terceiro Setor, sobretudo, nos projetos
com envolvimento de maior número de instituições (figura 19). A Mater Natura, a
SPVS e o Clube Paranaense de Montanhismo apresentam 89% das referências de
out-degree, ao passo que no quesito indegree, são novamente referenciadas a
UFPR, o IBAMA, o FNMA e o IAP, com reputação mais alta na rede de instituições,
confirmando basicamente, o resultado levantado pela Internet (tabela 14).
A única alteração deste quadro se originou pelo fato da Secretaria
Municipal do Meio Ambiente, cujo elevado out-degree na pesquisa em campo,
proporcionou-lhe o quarto lugar no quesito out-degree, com 5% das referências
identificadas. Nesse contexto, nota-se reciprocidade apenas entre o Mater Natura e
a SPVS, ambas pertencentes ao Terceiro Setor.
125
Figura – 19: Rede de Ações e Projetos (Internet + Entrevistas)
Legenda: Setor Público (1) Setor Privado (2) Terceiro Setor (3)
126
In-degree
1-UFPR
1-IBAMA
1-FNMA
1-IAP
3-TNC
1-Pref. Munic. Castro
2-PUCPR
3-FBPN – Fund.Boticário de Prot. Natu.
1-Conselho Estadual do Meio Ambiente
1-Deleg. Prote. Meio Ambiente
1-Governo do Estado do Paraná
1-Museu Hist. Nat.do Capão da Imbuia
1-PETROBRAS
1-SANEPAR
1-Secr. Munic. Educ.CTBA
2-GM
2-Marumby Montanhismo
2-UTP
Outras 39 com 1
Total
Percentual
3-Mater Natura
2
4
2
3
1
4
0
2
0
0
0
2
2
1
2
0
1
0
22
48
39%
3-SPVS
6
1
1
2
4
0
1
1
2
2
0
0
0
0
0
2
0
2
20
44
35%
3-Clube Paranaense de Montanhismo
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2
0
0
0
0
0
1
0
15
18
15%
1-SMMA
1
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
3
6
5%
3-Instituto Ecoplan
1
1
2
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
4
3%
3-TRAMONTRIP
1
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2
2%
1-Sec.Munic.Edu. CTBA
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
1%
2-Serra Verde Express
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
1
1%
Out-degree
Outras 76
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0%
Total 12
6
5
5
5
4
3
3
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
61
124
Percentual 10%
5%
4%
4%
4%
3%
2%
2%
2%
2%
2%
2%
2%
2%
2%
2%
2%
2%
49%
100%
Tabela - 14: Centralidade de Ações e Projetos (Internet + Entrevistas)
127
5.2.3.3.2 Rede de parcerias temáticas
Na rede de parcerias temáticas, representada na figura 20, percebe-
se um relativo equilíbrio na relevância das organizações não-governamentais e dos
órgãos do poder público. Por outro lado, é possível verificar uma aproximação
bastante significativa do setor privado à sociedade civil organizada, ao passo que as
instituições do setor público, principalmente as com maior in-degree (tabela 15), ou
seja, os mais referenciados pelos demais atores, encontram-se relativamente,
isoladas do Terceiro Setor como também, da iniciativa privada. Isto significa que,
mesmo na política ambiental que depende de uma interação e cooperação efetiva
entre os principais instituições da sociedade, o se consegue romper com o
tradicional insulamento burocrático que caracteriza o histórico da administração
pública brasileira.
Esta rede revela-se uma das redes com maior número de
reciprocidades. Fato interessante a se destacar é que estas reciprocidades
acontecem também entre os diferentes setores, ao contrario do que aconteceu na
maioria das situações anteriores. Como exemplo, pode-se citar o Clube Paranaense
de Montanhismo pertencente ao Terceiro Setor, que mantém relação com a
instituição Refúgio da Montanha do setor privado, a mesma situação acontece entre
o Instituto Ecoplam e a Ambiente Brasil.
128
Figura – 20: Rede de Parcerias Temáticas (Internet + Entrevistas)
Legenda: Setor Público (1) Setor Privado (2) Terceiro Setor (3)
129
In-degree
1-IAP
1-SEMA
1-IBAMA
1-MMA
1-UFPR
3-SPVS
1-FEMA
1-SANEPAR
1-SUDERHSA
1-UFPR
2-Volvo do Brasil
3-FBPN
3-Mater Natura
Outros 215 com < 3
Total
Percentual
3-Instituto Ecoplan 1
1
1
1
2
0
0
0
0
0
0
0
0
53
59
20%
3-Mater Natura 2
2
3
3
1
1
3
1
0
1
2
1
0
35
55
19%
3-SPVS 1
1
1
0
1
0
0
0
0
1
1
2
2
22
32
11%
3-Rede Nac. Pró-Unidades Conser.
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
1
22
24
8%
3-Rede Verde de Infor. Ambientais 0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
22
23
8%
3-Elo Agência de Apoio Social e
Amb.
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
17
17
6%
1-SANEPAR 1
1
0
0
0
0
0
0
1
1
0
0
0
4
8
3%
1-SEMA 1
0
1
1
0
0
0
1
0
0
0
0
0
4
8
3%
3-FOCA - Fundação Oásis 0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
7
8
3%
3- FBPN 0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
8
8
3%
1-Ambiente Brasil 0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
7
7
2%
1
-
MPPR
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
4
7
2%
2-Serra Verde Express 0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
6
6
2%
1-IAP 0
1
1
1
0
0
0
0
1
0
0
0
0
1
5
2%
1-SMMA 1
1
0
0
0
0
0
1
1
0
0
0
0
0
4
1%
1-SUDERHSA 1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
3
1%
2-Praia Secreta Expedições 0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
2
3
1%
1-Batalhão de Polícia Florestal 1
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2
1%
1-FNMA 0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2
2
1%
1-IBEAM 0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
1
2
1%
3-Clube PR de Montanhismo 0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2
2
1%
3-Liga Ambiental 0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2
2
1%
3-Marumby Montanhismo 0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2
2
1%
2-Refúgio de Montanha 0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
1
0%
3-Bioética Brasil 0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
1
0%
Out-degree
Outros 204 com 0 0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0%
Total
10
9
9
6
6
4
3
3
3
3
3
3
3
226
29
1
Percentual
3
%
3
%
3
%
2
%
2
%
1
%
1
%
1
%
1
%
1
%
1
%
1
%
1
%
78
%
100
%
Tabela -15: Centralidade de Parcerias Temáticas (Internet + Entrevistas)
130
5.2.3.4 Rede das cidades envolvidas com a governança ambiental de Curitiba
A figura 21 traz a representação gráfica das relações entre as 227
cidades que surgiram na análise da websphere ambiental. São cidades que sediam
as organizações que estão direta ou indiretamente envolvidas no sistema de
governança ambiental de Curitiba, pelo menos, que potencialmente influenciam sua
dinâmica ao constarem como referências nos sites das instituições nucleares, com
atuação na área ambiental na cidade de Curitiba.
O tamanho dos enlaces que conectam as cidades, é proporcional
aos seus círculos que os representam no grafo. Em função do método escolhido,
tomando a cidade de Curitiba e seus atores nucleares como ponto de partida, ela
aparece como cidade de maior relevância. Na verdade, a figura representa, de certa
forma, a projeção da rede de governança ambiental na rede global de governança
ambiental, intermediada pelo ciberespaço global.
A análise da tabela 16 permite constatar que a maior parte da
centralidade da cidade de Curitiba está relacionada com seu out-degree, o que se
esperava, provavelmente, já que a cidade era o ponto de partida da pesquisa.
Enquanto no quesito out-degree, Curitiba reúne 72% de todos os enlaces possíveis,
ele diminui significativamente, para apenas 18%, ao considerar apenas o in-degree,
as referências recebidas. Um estudo mais aprofundado seria certamente, necessário
para verificar quantos enlaces in-degree são oriundos de outros parceiros locais, da
região de Curitiba, nacionais ou até internacionais.
Verificando os valores referentes ao in-degree, o mais importante
para avaliar o prestígio dos atores na rede, é evidente a relevância da cidade de
Brasília, onde estão localizados os principais Ministérios e Órgãos Federais de
fomento à questão ambiental, bem como de São Paulo e Rio de Janeiro, com um
considerável número de organizações não-governamentais de destaque no cenário
nacional. Também aparecem entre os primeiros lugares, Washington e Nova York, o
que demonstra a importância das agências internacionais de fomento e de
cooperação técnica internacional, principalmente, norte-americanas, no
financiamento de projetos ambientais nos países em desenvolvimento.
131
Figura - 21: Rede de Cidades Envolvidas Direta ou Indiretamente no Sistema de Governança Ambiental de Curitiba
132
Tabela - 16: Centralidade da cidades envolvidas na governança ambiental de Curitiba
In-degree
Curitiba
Brasilia
São Paulo
Rio de Janeiro
Washington
Porto Alegre
Nova York
Belo Horizonte
Florianópolis
Salvador
Manaus
Niterói
Campinas
Itajaí
Belém
Campo Grande
Genebra
Goiânia
Londres
Outras 207
Total
Percentual
Curitiba 299
133
115
122
62
34
23
14
25
17
12
6
10
12
6
9
8
10
11
373
1301
72%
133
6.0 CONCLUSÃO
O Brasil passou por várias formas de governo e estruturas de Estado,
desde as impostas por regimes autocráticos, centralizadores e burocráticos, até as
experiências de regimes democráticos como o atual, ainda em construção, buscando
uma modernização gerencial, com maior descentralização e possibilidades de
participação popular.
A reforma administrativa do Estado, passando de uma administração
burocrática para um enfoque de administração gerencial, tendo como diretrizes a
descentralização, delimitação da área de atuação do Estado, desregulamentação, o
aumento da capacidade de governo através de novas formas de governança, da
melhoria da governabilidade do aprofundamento da democracia e melhoria das
condições de accountability traz novas oportunidades e desafios aos governos locais.
A ampliação e a complexidade das agendas locais se deparam com um
cenário onde as instituições políticas e administrativas o fragilizadas e incapazes de
responder com eficiência às demandas que se apresentam.
A lei orgânica do Município de Curitiba enfatiza a questão da
valorização da participação popular na gestão da cidade. Contudo, não é o que se pode
relatar, ao menos na área ambiental, onde a prefeitura através da Secretaria Municipal
de Meio Ambiente realiza sua ações e projetos de forma isolada. Nesse processo,
apenas conta com a participação popular para a execução dessas ações, ou então, no
engajamento e apoio aos programas e campanhas por ela desenvolvidos, a exemplo
das campanhas de lixo reciclável.
Mas, a promoção da participação, que menciona o artigo 79
11
da Lei
Orgânica do Município de Curitiba, não tem se efetivado nas últimas administrações. A
sociedade conhece das formas de participação possíveis, mesmo que estejam restritas
11
Art. 79 - O Município, na sua atuação, atenderá aos princípios da democracia participativa, dispondo, mediante lei,
sobre a criação dos Conselhos Municipais nas diversas áreas, integrados por representantes populares dos usuários
dos serviços públicos, disciplinando a sua composição e funcionamento, compreendidas nas suas prerrogativas,
entre outras:
I - A participação, mediante propostas e discussões, de planos, programas e projetos, a partir do Plano Diretor de
Desenvolvimento Integrado, do Plano Plurianual, das Diretrizes Orçamentárias e do Orçamento Anual.
II - O acompanhamento da execução dos programas e a fiscalização da aplicação dos recursos.
134
à participação em audiências públicas, reuniões e campanhas. Necessita-se que se
coloque em prática, a Lei Orgânica Municipal, principalmente, no que se refere aos
conselhos municipais, que podem se caracterizar como canais de envolvimento da
sociedade, de maneira efetiva.
O envolvimento de atores sociais “mobilizados” e das redes sociais se
concretiza na prática da governança ambiental. Ela exige o espírito de parceria, do
reconhecimento da interdependência entre os atores e o respeito mútuo. Trata-se,
portanto, da necessidade de superação dos padrões habituais do autoritarismo, do
clientelismo, do fisiologismo e de outras manifestações de exercício de poder e de
exclusão social.
A falência do modelo tradicional de gestão pública faz com que o
município procure novas formas de gestão que resgatem o equilíbrio social e que sejam
economicamente viáveis e ambientalmente corretas. Nesta perspectiva, surge a
possibilidade de celebração de convênios, parcerias e a governança em rede, que são
práticas e processos que tendem a ampliar a participação da sociedade, nas decisões
administrativas, enaltecendo os processos de democratização e de ampliação dos
espaços públicos.
A combinação de esforço público e privado e da sociedade em geral,
visando a ampliação da governança ambiental local, faz-se necessária, pois, a
participação de todos os segmentos societários é imprescindível para o seu sucesso.,
Esse envolvimento proporcionará a criação de redes dessas esferas, objetivando a
consecução das ações do processo de fortalecimento de uma sistema de governança
ambiental local, consistente e acessível a todos.
A Agenda 21 tem como finalidade, dentre outras, a disseminação do
conceito de desenvolvimento sustentável, tornando necessárias novas práticas da
formulação e implementação de políticas blicas. Além de resgatar a participação
democrática na esfera pública, a Agenda 21 visa um planejamento integrado em favor
de uma melhor qualidade de vida, constituindo-se em harmonização do ser humano
com o desenvolvimento. E ainda, trata-se de um processo permanente e contínuo, de
um eficiente instrumento de transformação do modelo de administração tradicional para
Disponível em: http://www.leismunicipais.com.br/cgi-local/leiorganica.pl?cidade=Curitiba&estado=PR
135
um modelo de governança democrático-participativo e, acima de tudo, sustentável. A
implementação de um processo de Agenda 21 pode ser o início de um sistema ou
prática de governança em rede, pois a dependência e cumplicidade em suas ações
necessita do envolvimento de todas as esferas da sociedade, na forma de colaborações
e parcerias.
A complexidade que marca o setor ambiental, segundo Leff ( 2003: 22)
“abre uma nova reflexão sobre a natureza do ser, do saber e do conhecer, sobre a
hibridação do conhecimento na interdisciplinaridade e transdiciplinaridade.” A visão do
autor corrobora com o estudo, ao mencionar que nos dias atuais, fica evidenciado que
se necessita de abordagens que agreguem conhecimentos técnico-científicos na busca
de soluções para problemas ambientais.
Conforme se ressaltou em trabalho anterior (ROSA & FREY, 2006), o
foco desta pesquisa não está na análise de comunidades virtuais, e nem no conteúdo
de projetos e sua real aplicação, mas sim, de redes de base territorial, envolvidas na
gestão urbana, as quais, crescentemente se utilizam das TIC’s para aprimorar suas
formas de cooperação, parcerias e coordenação social e política. Podem até ser
consideradas redes híbridas à medida em que atuam enquanto redes territoriais e, em
outros momentos, de forma semelhante a comunidades virtuais.
Embora a inserção territorial das redes tenha sido um dos pressupostos
desta pesquisa, que enfoca as redes sócio-técnicas e sua atuação na gestão
democrática das cidades, um dos resultados importantes está justamente relacionado à
inserção das organizações ou redes locais em redes no âmbito nacional ou global, onde
as interações ocorrem primordialmente pelo espaço virtual. A busca pelo
desenvolvimento sustentável local se apoia em um modo inovador de gestão pública,
uma prática diferenciada de governança em rede, capaz de mobilizar diferentes áreas
de conhecimento e um número cada vez maior de atores sociais.
A informação, apoiada pela tecnologia, aparece como um recurso
precioso na gestão e nas políticas ambientais urbanas, ao auxiliar na busca de práticas
sustentáveis de desenvolvimento, fomentando inclusive formas de participação popular
nos processos de decisão política.
136
Reafirma-se o frisado no relatório parcial da pesquisa, “esta pesquisa
parcial sobre as redes sócio-técnicas nas políticas ambientais demonstra o alto grau de
integração e cooperação que caracteriza este novo “movimento histórico, de
transformación civilizatoria” (LEFF, 1992
12
: 48) e multifacetado (VIOLA, 1996
13
).
A força que este movimento apresenta no espaço internacional e global
não encontra, necessariamente, correspondência no âmbito local das cidades. Pelo
menos no que diz respeito às articulações identificadas no ciberespaço quanto às
políticas ambientais da cidade de Curitiba. Percebeu-se uma insignificante
representação das organizações ambientais locais, focando sua ação no meio urbano
local, incluindo os órgão ambientais do governo local” ( FREY; ROSA, 2006: 47).
Na análise da websphere, verificou-se o quanto a Internet se tornou
uma importante ferramenta de acesso a informações, não somente na área ambiental,
mas em qualquer setor.
Segundo Viola (1996: 23) “a dimensão ecológico-ambiental constitui o
mais poderoso dos processos de globalização com repercussões extraordinárias sobre
a atividade cientifica”. A citação de Viola auxilia a comprovar a hipótese de que a
política ambiental é um campo que depende da informação, pois, ficou claro, pelo
exemplo da cidade de Curitiba, que foi o objeto de análise, que se pode atingir diversos
lugares, entrar em contato com um número crescente de instituições, em diferentes
escalas, favorecendo a idéia de que é possível concretizar uma rede de colaboração
global .
A websphere revela-se como uma fonte rica, variada e em quantidade
de informações. Esta pesquisa não se propôs discutir a qualidade das informações
disponíveis na Internet, nem a sua veracidade ou confiabilidade. No entanto, levando
em consideração os resultado, é possível salientar que a websphere representa uma
importante fonte de informações para a análise das inter-relações no âmbito do
ciberespaço porque permitem sustentação informacional à governança ambiental em
12
LEFF, E. Cultura democrática, gestión ambiental y desarollo sustentable em América Latina. Ecología
Política. Cuadernos de Debate Internacional, n.4, Barcelona: FUHEM/CIP, ICARIA, 1992, p.47-55.
13
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137
Curitiba, mesmo que ainda existam restrições na alimentação desta websphere, pelas
instituições que a compõem.
Na análise da rede de parcerias em ações e projetos da websphere,
verificou-se a pouca disponibilidade de informações referentes a esses projetos.
Poucas instituições disponibilizam informações nos seus sites, dos projetos que
desenvolvem, apenas os mencionam, sem aprofundamento. Nesta representação da
rede de governança ambiental, clarificou-se a preponderância das instituições
pertencentes ao Terceiro Setor. Essas instituições também merecem destaque por
disponibilizar, na Internet, informações sobre as características e resultados dos
projetos.
Em relação à rede de ações e projetos e seus vínculos institucionais
ficou evidente o prestígio da UFPR, do IBAMA, do FNMA, do IAP, pertencentes ao
poder público, os quais desempenham um papel fundamental no fomento e no
acompanhamento técnico-científico de projetos ambientais relacionados à proteção de
recursos naturais.
Analisando a rede de parceiros temáticos evidenciou-se a presença
marcante do Terceiro Setor, embora os temas se relacionem mais à educação
ambiental e preservação de recursos naturais e menos a questões ambientais urbanas.
Também na rede de links de referência, observa-se o importante papel
do Terceiro Setor ao incentivar a expansão do trama da rede. Em contrapartida, os
órgãos públicos se mostram mais relutantes em incluir links de referência nos seus sites
institucionais, dificultando com essa atitude a navegação na websphere ambiental aos
interessados na temática ambiental.
Uma exceção desta tendência geral encontrou-se nas relações com
organizações internacionais, em que se destacaram os órgãos do governo estadual,
IAP e SEMA, atores fundamentais que abrem importantes caminhos para locomoção na
websphere ambiental global.
De forma geral, é possível dizer que enquanto algumas instituições,
sobretudo do Terceiro Setor, preocupam-se em demonstrar suas inserções na
websphere ambiental, outras, sobretudo, oriundas do poder público, mostram-se ainda
relutantes. Ao que tudo indica não existe uma consciência institucionalizada da
138
importância desta ferramenta de articulação e informação, o que faz com que os bons
exemplos se devem, ainda, a iniciativas isoladas de alguns gestores com um interesse
específico na questão.
A falta de uma estratégia clara em relação à informação e comunicação
institucional verificou-se também na segunda fase da pesquisa, caracterizada pelo
levantamento empírico junto às principais organizações integrantes da websphere
ambiental. Houve também certa relutância em disponibilizar informações, além de se
perceber, em muitos casos, um desconhecimento de informações por parte dos
responsáveis das instituições. Essa situação dificultou uma análise consistente dos
dados coletados.
O mero de ações e projetos levantados dificilmente espelha a
realidade da maioria das relações existentes entre os atores em projetos. O fator
positivo desta análise é que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) aparece
como ator central destas relações, pois, acredita-se que este órgão exerce um papel
primordial na gestão ambiental de Curitiba. Entretanto, salienta-se que na análise da
websphere, na maioria das redes geradas, a SMMA nem se apresenta nestas
representações.
O isolamento do setor público ficou evidente também na análise das
parcerias temáticas nas quais as instituições deste setor mantêm relações quase
exclusivamente com outras instituições públicas. Esta situação é semelhante à prática
da gestão ambiental na cidade que não dispõe de fóruns deliberativos, possibilitando
uma participação da sociedade civil organizado ou da iniciativa privada.
O confronto das informações da websphere com a pesquisa empírica
demonstra a presença saliente do Terceiro Setor, mas também revela suas dificuldades
no que se refere à legitimidade ou ao reconhecimento institucional, bem como sua
dependência do poder público e do setor privado. Enquanto essas organizações citam
seus parceiros públicos ou privados, elas não são referenciadas pelos instituições do
poder público ou da iniciativa privada, o existindo, portanto, reciprocidade entre eles
na representação virtual. A dependência dessas instituições financiadoras para
consecução de suas atividades se revela ao se detectar as poucas relações,
principalmente, no que concerne às cooperações em ações e projetos entre as próprias
139
organizações não-governamentais. Adotando a devida cautela, pode-se dizer que se
trata de indícios de uma estrutura influenciada pela competitividade entre as
organizações não-governamentais pelos recursos financeiros provenientes da iniciativa
privada e do poder público. Esse fato envolve a possibilidade de tornar mais frágeis os
laços de solidariedade que supostamente predominam na cooperação no âmbito do
Terceiro Setor.
O somatório das parcerias temáticas, integrando os resultados da
análise da websphere com os das entrevistas, revela um maior equilíbrio na
representatividade dos três setores. Também, notou-se um número significativo de
enlaces de reciprocidade entre instituições, havendo ainda equilíbrio na quantidade de
instituições pertencentes a cada setor. Esses dados, porém, não contrariam o resultado
geral do estudo, que se sintetiza em: uma tendência de auto-isolamento do setor
público; relações unilaterais do setor produtivo com as organizações não-
governamentais, basicamente, com instituições de fomento no âmbito dos recentes
esforças referentes à responsabilidade sócio-ambiental; em relação ao terceiro setor,
esforços proeminentes para ampliar a websphere ambiental, porém, com uma
tendência de adoção de estratégias particulares na busca de recursos para os projetos
institucionais (ROSA e FREY, 2006).
Partindo de Curitiba, foram identificadas 227 cidades que, de alguma
forma, apresentam relações, intermediadas pela Internet, com as instituições
curitibanas envolvidas na governança ambiental do Município. A rede de cidades
gerada a partir do levantamento da websphere revelou, (conforme figura 21 e tabela 17)
o grande potencial das novas tecnologias em proporcionar acesso ao conhecimento e a
experiências disponíveis no mundo que podem ser aproveitadas na busca de soluções
locais, adequadas para os problemas ambientais da cidade.
O ciberespaço pode, neste sentido, ser uma ferramenta para facilitar o
processo de descentralização previsto nas propostas de reforma de Estado e
administrativas discutidas na parte teórica deste trabalho. As tecnologias contribuem
para a diminuição da dependência do poder local dos poderes estadual e nacional, na
medida em que se podem ampliar parcerias e acordos com organizações não-
140
governamentais ou a iniciativa privada de outras cidades. Também é possível superar a
dependência informacional dos níveis governamentais superiores.
Abordagens de governança inovadoras ou de gestão compartilhada e
interinstitucional tornam-se fundamentais, envolvendo os vários atores que interagem
na sociedade: setor público, setor produtivo e o crescente Terceiro Setor. Como se
destacou na fundamentação teórica desta dissertação, a criação de redes e parcerias
público-privadas são processos políticos cada dia mais presentes e necessários na
gestão urbana.
A websphere, portanto, pode ser considerada um importante
instrumento na busca de novas práticas de governança em rede. Ainda, pode contribuir
para repensar as estratégias de desenvolvimento sustentável e auxiliar na
conscientização da sociedade. O estudo confirma que a disponibilidade cada vez maior
das TIC’s, mais especificamente da Internet, representa uma oportunidade para a
transformação da relação entre governo e sociedade.
Esse recurso é utilizável nas diversas instâncias do governo (nacionais,
estaduais e locais) onde a informação se apresenta como um elemento crucial para
uma boa governança.
Entende-se a websphere como uma fonte substancial de informação,
encontrando-a praticamente em todas as localidades existentes, e ainda, com uma
infinidade de conhecimentos das diferentes áreas científicas de relevância para a
gestão ambiental urbana. Então, recorrer a esta ferramenta pode ser um caminho
importante para estratégias multidisciplinares de desenvolvimento urbano.
A pesquisa realizada demonstra a importância crescente da websphere
ambiental para acessar informações de forma imediata e sem maiores custos para o
cidadão. Entretanto, é preciso que, principalmente, o poder público se conscientize
sobre essa questão e se empenhe para disponibilizar mais informações e invista em
campanhas para fomentar o uso da TIC’s pela população e pelas organizações da
sociedade civil organizada. Essa iniciativa resultará em uma administração pública com
relações mais transparentes com a comunidade, ampliando o espaço para uma
participação social efetiva no processo de tomada de decisão.
141
A hipótese desta dissertação apresenta a política ambiental como um
campo de políticas públicas fortemente dependente do acesso à informação. Além
disso, caracterizado por uma alta complexidade e pela necessidade de abordagens
interdisciplinares e intersetoriais. Nesse contexto, as novas formas de articulação em
rede, apoiadas por tecnologias inovadoras da informação e comunicação, as quais,
conforme a literatura, caracterizam cada vez mais a gestão ou governança pública na
emergente sociedade em rede, podem ser demonstradas pela aplicação do método da
Análise de Redes Sociais.
no estudo das estruturas de relações interinstitucionais no âmbito da
Internet ou no campo, mediante entrevistas com representantes das instituições
participantes de tais redes sócio-técnicas, foi possível constatar que a ARS permite,
efetivamente, reconstruir e interpretar as representações das estruturas institucionais na
própria Internet, mesmo reconhecendo seu caráter dinâmico e ainda incipiente.
No que diz respeito à contribuição das entrevistas junto a estas
instituições, encontraram-se dificuldades bem maiores no levantamento de dados, o
que se justifica parcialmente pela limitação do tempo para a efetivação da pesquisa,
mas também pela falta de informações sobre a problemática por parte dos
representantes institucionais.
Em relação à importância do ciberespaço, ou da websphere ambiental,
para a análise dos processos de governança ambiental nos espaços reais diários da
política e gestão local, é preciso admitir a dificuldade em comprovar a influência desses
recursos de forma direta. Porém, entenda-se que seja possível inferir a existência de
tais efeitos sinergéticos entre ambas as esferas (FREY, 2006).
É viável se introduzir ou modificar redes de governança ambiental em
virtude do aumento das interações no âmbito da websphere ambiental. Ressalta-se,
contudo, que as redes que emergiram da investigação podem ser apenas parciais, pois
são dependentes das conexões estabelecidas a partir das classificações adotadas em
conformidade com a metodologia do trabalho. Neste sentido, Procopiuck e Rosa
(2005:14) afirmam:
As redes espelham apenas o período em que foi realizado o mapeamento, pois
em função da dinâmica das alterações de sites podem tomar configurações
142
diferenciadas em curtos espaços de tempo. Obstante isso, representam
importante construção analítica para avaliação da importância dispensada à
Internet pelos atores considerados como nucleares na pesquisa, como canal de
divulgação e conseqüente democratização de acesso a informações e,
eventualmente, indicar relações institucionais no campo do desenvolvimento de
políticas ambientais
As redes sócio-técnicas também contribuem para o desenvolvimento
sustentável de maneira significativa, pois se constituem em um importante elo de troca
de informação e de comunicação entre as instituições participantes da rede e a
sociedade, contribuindo para aproximar o poder público da sociedade. Mas, para que
esse fato se concretize, é necessário, principalmente, que o poder público lidere a
iniciativa e assuma o papel de divulgador das TIC’s como ferramenta de participação
nesse processo.
Como o objetivo principal da investigação foi a análise estrutural das
relações dos atores nucleares em um determinado espaço de tempo, abrem-se
relevantes campos para o desenvolvimento de futuras investigações voltadas à análise
de webspheres, inclusive de forma comparativa. Entenda-se que uma análise conjunta
e cruzada, integrando a análise estrutural com análises qualitativas, a partir de
entrevistas aprofundadas com os atores envolvidos no processo da formação dessas
redes (EGLER, FREY, 2006:5), poderia proporcionar conhecimentos consistentes sobre
as inter-relações entre as dinâmicas no âmbito da websphere na Internet e as práticas
de governança, no cotidiano da gestão ambiental urbana.
143
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161
ANDICES
Apêndice - 1: Telas do Banco de Dados Desenvolvido em Acces
162
163
164
165
166
Apêndice - 2: Modelo da Pesquisa Aplicada nas Instituições
167
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARA
PESQUISA SOBRE A REDE DE GOVERNANÇA AMBIENTAL EM CURITIBA
Organização:
Nome do entrevistado?
Data/horário/período da entrevista:
Setor: 1 ( ) Privado 2 ( ) Público 3 ( ) Orgão não governamental
Endereço completo:
Endereço eletrônico:
Missão:
Objetivos institucionais
Área de atuação:
Política urbana:
Contato:
Telefone:
Email:
Programas / Projetos / Ações:
ÁREA DE ATUAÇÃO
( ) Política ambiental urbana
( ) Saneamento
( ) Transporte
( ) Infra-estrutura (luz, etc.)
( ) Educação ambiental
( ) Outros
( ) Política ambiental
( ) Recursos hídricos
( ) Paisagem
( )Parques e áreas verdes
( ) APA
( ) Resíduos sólidos
( ) Educação ambiental
( ) Outros
168
PARCERIAS: (identificar os parceiros de acordo com os critérios de pesquisa)
Parceiros em Projetos / ações (Obs.: Adicionar: nome do projeto, instituições parceiros;
contato)
Parceiros Temáticos
POPULAÇÃO DESTINATÁRIA:
ÁREA DE ABRANGÊNCIA/CIDADE DE ATUAÇÃO:
Curitiba (bairro), Paraná, Brasil, Internacional:
RECURSOS / FONTE:
Uso de TIC (Tecnologia da informação e comunicação):
( ) e-mail
( ) grupos de relacionamento na web.
( ) fórum de debate na web.
( ) vídeo conferência
( ) outro (especificar)
169
EXISTE PARTICIPAÇÃO DA POPULAÇÃO DESTINATÁRIA NO DESENVOLVIMENTO DE AÇÕES
E PROGRAMAS?
SIM NÃO
CASO SIM, COMO ISSO OCORRE?
Análise de projetos e formas de participação e organização
01 - Qual a estrutura organizacional da instituição? Tem uma secretaria ou setor especifico
para assuntos referentes a questões ambientais urbana? Como é gerenciada essa temática?
02 - Quais as responsabilidades funcionais relativas aos projetos e atividades ambientais
desenvolvidas pela instituição em cooperação com outras instituições públicas ou privadas?
03 Existe uma forma de avaliação do grau de participação e satisfação dos envolvidos nos
projetos e da participação da sociedade? Qual? Qual o resultado desta avaliação?
04 - Quem participa dos projetos e das decisões referentes aos projetos e ações ambientais
desenvolvidos em cooperação com outras instituições?
05 - Qual a dinâmica de cooperação com as outras instituições envolvidas nos projetos de
pesquisa?
06 - Quais conflitos surgiram e como foram resolvidos entre as partes envolvidas?
07 - Quais as estratégias e ferramentas adotadas para buscar novos parcerias institucionais e
para envolver a sociedade em geral, a população, nos projetos e atividades?
170
08 - A população pode participar dos processos de tomada de decisão? No caso sim, de que
maneira?
09 - Existem arranjos institucionais específicas para fomentar a participação da população e/ou
de outras instituições?
10 - Existe uma avaliação da efetividade da participação da população e de outras instituições
nos projetos e ações?
11 - Quais as especificidades no processo de participação de instituições estatais, da iniciativa
privada e da sociedade civil organizada nos projetos e atividades desenvolvidas? Quais
problemas costumam acontecer? Como costuma-se lidar com estes problemas?
12 - Existe uma concepção de Desenvolvimento Sustentável propagada pela organização? E
quais seriam os principais fatores de êxito para alcançá-lo?
13 - De que forma a sua instituição utiliza a Internet e os novos tecnologias da informação e
comunicação no desenvolvimento de seus projetos e atividades, sobretudo para a
coordenação das ações com seus parceiros institucionais?
14 - De que maneira recorre-se aos sítios de internet das instituições parceiras no dia-a-dia do
desenvolvimento de atividades conjuntas?
15 - Considera-se importante informar as parcerias nos próprios sítios e de demonstrar as
articulações existentes com outras instituições parceiras, através da indicação das parcerias
em projetos e hyperlinks? Existem critérios para inclusão de hyperlinks ou de projetos no sítio
institucional? Quem decide a este respeito?
171
16 - É possível identificar uma nova forma de cooperação interinstitucional em rede em
função do maior uso das TIC’s? Qual a relevância disto para o êxito dos projetos e atividades?
17 - Quais os principais entraves identificados no aprimoramento da cooperação com outras
instituições no desenvolvimento de projetos e atividades em conjunto?
18 - Quais estratégias deveriam ser adotadas para superar tais entraves?
19 - De que maneira o uso das novas tecnologias da informação e comunicação pode
contribuir para superar tais entraves?
20 - Observa-se uma convergência entre as parcerias estabelecidas com suporte tecnológico
com as parcerias dos projetos do dia-a-dia de trabalho da instituição nas políticas urbanas?
172
Apêndice - 3: Modelo da Carta Apresentado nas Instituições da Pesquisa de
Campo
173
À
Ilmo. Sr
Prezado (a) Senhor (a)
A Direção do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana, vel mestrado, da
Pontifícia Universidade Católica do Paraná, campus Curitiba, vem por meio desta,
apresentar o mestrando Altair Rosa, sob código acadêmico n.º 20110058185-2
Solicitamos que o referido aluno possa obter informações acerca dos projetos e
normas de atuação desta organização, na forma de pesquisa documental e de
entrevistas com participantes, gerentes e administradores.
A referida pesquisa, de caráter acadêmico, visa o aprofundamento teórico de temas
relevantes para a formação de conhecimento acerca da formação da rede de
governança ambiental em Curitiba, que será utilizada no desenvolvimento da
dissertação do referido mestrando, sob o tema Rede de Governança Ambiental na
Cidade De Curitiba e o Papel das Tecnologias de Informação e Comunicação ”.
Agradecemos antecipadamente sua atenção e nos colocamos a disposição para
quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessário.
Atenciosamente,
Prof. Dr. Denis Alcides Rezende Prof. Dr. Klaus Frey
Diretor do Programa de Professor Orientador
Pós-Graduação em Gestão Urbana
PONTIFÍCIA
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana - PPGTU
174
Apêndice - 4: Relação dos 51 Atores Nucleares Divididos por Setor
175
1 Ambiente Brasil
2 ANA-Agência Nacional de Águas
3 Batalhão de Polícia Florestal (BPFlo)
4 Companhia de Saneamento do Paraná - SANEPAR
5 Condomínio da Biodiversidade
6 Conselho Estadual do Meio Ambiente
7 Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente
8 Envolverde - Revista Digital
9 FNMA - Fundo Nacional do Meio Ambiente
10 FUNBIO -Fundo Brasileiro para a Biodiversidade
11 IAP - Instituto Ambiental do Paraná
12 IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
13 IBEAM - Instituto Brasileiro de Educação Ambiental
14 Provopar-PR Ação Social
15 Secretaria de Estado do Planejamento do Paraná
16 Secretaria Municipal de Educação de Curitiba
17 SEMA - Secretaria Estadual do Meio Ambiente
18 SMMA - Secretaria Municipal do Meio Ambiente
1 Concessionária Ecovia Caminho do Mar
2 Folha do Meio Ambiente
3 KEYLAH & ASSOCIADOS PROJETOS AMBIENTAIS
4 Praia Secreta Expedições
5 Refúgio de Montanha
6 Serra Verde Express
7 Tribel - Tratamento de Resíduos Industriais
1 Bioét1.93969(r)-402 0 0 1 572(r)-4.15813(e)12.1971(t)-4.77819(a)1.32101( )-4.77819(E)3.55942(x)10.5773(p)1.32101(e)1.32101(d)1.32101(i)4.47815(ç)-0.29872(õ)1.32101(e)1.32101(s)-0.299163( )]TJT*[( )-1505.68(5)1.32034( )-124.414(R)4.17943(e)1.32034(f)-15.6536(ú)12.1964(g)-9.55573(i)4.4008(7a2101(i)4. m4250 6.31968(( )-4.776 )-4.77819(d(s)-0.2991)1.32034( )-4.77753(.31968( )-4.77687(d)1)1.32101(e8(a)1.32101(s)-0.2987.17943( )-4.77]TJ14.16 TLT*[( .56074(m)-4.45823(b))1.32233(a)12.1971(s)-0.30049( )]TJ14.16 TLT*[( )-1505.68(3)1.32034( )10.576(e)1.31968(r)-4.15818(s)-0.31968(t)-4.77687(e)687(u)12.1957(r)-4.15818(a)1.31932034(l)4.n67 m4250 2008(E)3250 2009.67 l471.996 )3.56008(E)1.31968(l)4.47862( )]TJ-269.561 -14.28 TdeLT*[( )-954(v)10.D87(u)12.1957(r)-4.1s08(r)-85)4.18(o)1.325.121 Tm( )TjETQ56008(E)31.31968(t)iE
176
12 Marumby Montanhismo
13 Mater Natura - Instituto de Estudos Ambientais
14 PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no Brasil
15 REBEA-Rede Brasileira de Educação Ambiental
16 Rede Ambiente
17 Rede Brasileira de Voluntários Ambientais - REBVA
18 Rede de ONG’s da Mata Atlântica
19 Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação
20 Rede Verde de Informações Ambientais
21 SPVS - Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental
22 The Nature Conservancy, Brasil e Estados Unidos
23 TRAMONTRIP ONG Educação Socioambiental
24 UNESCO
25 União de Entidades Ambientalistas do Paraná
26 WWF - Brasil
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