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ESTUDO DO COMPORTAMENTO À FADIGA EM FERRO
FUNDIDO NODULAR AUSTEMPERADO (ADI) SUJEITO A
CARREGAMENTO DE AMPLITUDE VARIÁVEL
José Felipe Dias
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iii
À minha esposa Lúcia,
meus pais,
e meus filhos
Luiz Felipe, Ana Luiza e Mateus.
iv
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Gabriel de Oliveira Ribeiro por ter acreditado neste trabalho e sem medir
esforços, tornou possível realizá-lo; particularmente pela compreensão e paciência.
Aos professores do Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Estruturas da UFMG.
Ao Prof. Vicente Buono e Andréia Bicalho, do Laboratório de Raios-X do
Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da UFMG.
À Universidade de Itaúna na pessoa do seu Reitor Prof. Faiçal David Freire Chequer.
Aos professores e amigos Ewerton, Geraldo Nilton, Francis e Lombardo. Aos alunos e
funcionários do Laboratório de Materiais.
Ao Centro de Desenvolvimento da Energia Nuclear (CDTN) pelo apoio e realização dos
ensaios de propagação de trinca, particularmente ao Sr. Emil, Prof. Jefferson Vilela e
Eng. Geraldo de Paula Martins.
À INTERCAST na pessoa do seu diretor Eng. ssio Machado, por ter acreditado na
potencialidade do material em estudo, tornando possível a concretização deste trabalho
experimental, através da obtenção do material fundido e usinagem dos corpos-de-prova.
Ao Eng. Glaucimar Martins pela dedicação e coordenação das atividades e aos ex-
funcionários, Saulo Lima e Eng. Juarez Cabanelas.
Aos funcionários do Centro Tecnológico de Fundição Marcelino Corradi – SENAI/MG,
na pessoa do Prof. Pedro Paulo, cuja participação tornaram possível a realização da
parte experimental deste trabalho. Principalmente aos colegas do núcleo de pesquisa na
pessoa da Prof. Tânia e especialmente ao amigo Prof. Denilson, pela valiosa
colaboração na fase experimental.
v
Ao Prof. Vicente de Paula Parreiras Castanheira (in memorian) por ter acreditado neste
trabalho, abrindo as portas das oficinas e laboratórios do Centro Tecnológico de
Fundição.
Ao amigo Wander Lúcio pela construção do protótipo da máquina de ensaios de fadiga
por flexão alternada, viabilizando os ensaios preliminares.
Ao Luiz Felipe pela confecção dos desenhos dos corpos-de-prova.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e ao
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio
financeiro.
vi
SUMÁRIO
L
ISTA DE FIGURAS
.................................................................................
x
L
ISTA DE TABELAS
................................................................................
xx
L
ISTA DE SÍMBOLOS
..............................................................................
xxiii
L
ISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
.......................................................
xxvi
R
ESUMO
.................................................................................................
xxvii
A
BSTRACT
.............................................................................................
xxviii
1. I
NTRODUÇÃO
....................................................................................
1
2. R
EVISÃO
B
IBLIOGRÁFICA
................................................................
6
2.1. Considerações iniciais...............................................................................
6
2.2. Ferro fundido nodular austemperado (ADI)......................................... 8
2.2.1. Breve histórico e exemplos de aplicações do ADI..........................
13
2.3. Comportamento à fadiga do ADI............................................................
16
2.3.1. Fadiga de alto ciclo – Abordagem em tensão..................................
16
2.3.2. Fadiga de baixo ciclo – Abordagem em deformação.......................
19
2.3.3. Tenacidade à fratura e propagação de trincas Abordagem pela
Mecânica da Fratura............................................................................
20
2.4. Fadiga em componentes estruturais contendo defeitos.........................
28
2.5. Fadiga sob carregamento com amplitude variável................................
30
2.6. Propagação de trincas po fadiga sob carregamento com amplitude
variável.......................................................................................................
32
vii
2.6.1. Similitude na fadiga.........................................................................
32
2.6.2. Efeitos de interação de cargas..........................................................
36
2.6.3. Previsão de vida à fadiga sob carregamento com amplitude
variável................................................................................................
39
2.6.4. Métodos baseados no conceito de zona de escoamento...................
40
2.6.5. Critérios de engenharia baseados no conceito de fechamento de
trinca....................................................................................................
41
2.7. Teorias de dano.........................................................................................
42
2.7.1. Teorias de dano cumulativo – Curva de dano..................................
43
2.7.2. Teoria de acúmulo de dano de Palmgren-Miner..............................
45
2.7.3. Teoria bilinear de acúmulo de dano.................................................
48
2.7.4. Considerações finais........................................................................
51
3. M
ATERIAIS E
M
ÉTODOS
..................................................................
52
3.1. Obtenção do material no estado bruto de fusão.................................... 52
3.2. Tratamento térmico..................................................................................
55
3.3. Caracterização do material por microscopia ótica e ensaios
mecânicos...................................................................................................
60
3.4. Estimativa do limite de fadiga.................................................................
62
3.5. Parâmetros utilizados nos ensaios de fadiga..........................................
63
3.6. Ensaio de fadiga por flexão rotativa com controle de tensão...............
65
3.7. Ensaio de fadiga por flexão alternada com controle de deformação...
68
3.8. Ensaio de propagação de trinca por fadiga............................................
73
3.9. Caracterização estrutural dos materiais por difratometria de
raios-X........................................................................................................
77
4. A
PRESENTAÇÃO E
D
ISCUSSÃO DOS
R
ESULTADOS
...........................
79
4.1. Caracterização dos materiais...................................................................
79
4.2. Apresentação e discussão dos resultados de propagação de trinca
por fadiga...................................................................................................
88
4.2.1. Propagação de trinca com amplitude de carga, P, constante.........
88
4.2.1.1.Equações para o crescimento de trinca com amplitude de
viii
carga, P, constante....................................................................
90
4.2.1.2.Fractografias dos corpos-de-prova.............................................
94
4.2.2. Propagação de trinca por fadiga com K constante........................
98
4.2.2.1.Fractografias dos corpos-de-prova.............................................
110
4.2.3. Comparação dos resultados de propagação de trinca por fadiga
obtidos com P constante e K constante..........................................
115
4.2.4. Previsão da taxa de propagação de trincas por fadiga sob
carregamento com amplitude variável.................................................
119
4.3. Apresentação e discussão dos resultados de fadiga por flexão
rotativa.......................................................................................................
122
4.3.1. Fadiga por flexão rotativa com amplitude constante.......................
122
4.3.2. Fadiga por flexão rotativa com amplitude variável
Carregamento tipo Hi-Lo....................................................................
132
4.3.3.
Fadiga por flexão rotativa com amplitude variável
Carregamento tipo Lo-Hi....................................................................
140
4.3.3.1.Ensaios realizados com amplitude entre 180 e 315 MPa, no
primeiro bloco.............................................................................
142
4.4. Apresentação e discussão dos resultados de fadiga por flexão
alternada....................................................................................................
147
4.4.1. Fadiga por flexão alternada com amplitude constante.....................
147
4.4.2. Fadiga por flexão alternada com amplitude variável
Carregamento tipo Lo-Hi....................................................................
149
4.5. Curvas S-N de propagação e iniciação de trinca...................................
154
4.6. Fractografias dos corpos-de-prova submetidos a ensaios de fadiga
por flexão rotativa e alternada................................................................
160
5. C
ONCLUSÕES
...................................................................................
167
6. S
UGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
.........................................
171
7. R
EFERÊNCIAS
B
IBLIOGRÁFICAS
......................................................
175
ix
8. A
PÊNDICES
.......................................................................................
183
8.1. Apêndice A................................................................................................ 184
8.2. Apêndice B.................................................................................................
189
8.3. Apêndice C................................................................................................ 200
x
LISTA
DE
FIGURAS
FIGURA 2.1 Ciclo de tratamento rmico para obtenção do ferro fundido
nodular austemperado, superposto a um diagrama tempo,
temperatura, transformação (TTT)............................................
9
FIGURA 2.2 Difratogramas de (a) ausferrita sem trabalho a frio, (b)
ausferrita com 20% de deformação a frio.................................
10
FIGURA. 2.3 – Comparação de propriedades mecânicas especificadas para o
ADI (ASTM A897M/90), nodular convencional
(BS2789/1985) e aços (BS979/1983)........................................
12
FIGURA 2.4 Eixo virabrequim para compressor de ar, em ADI, fabricado
em 1972.....................................................................................
13
FIGURA 2.5 Gancho do reboque de camionetas, General Motors................ 14
FIGURA 2.6 Braço de controle superior em ADI do Ford Mustang Cobra...
15
FIGURA 2.7 Braço de suspensão em ADI para trator hidráulico.................. 15
FIGURA 2.8 Comparação entre o limite de fadiga do ADI e os forjados
com influência de tratamentos superficiais e entalhe................
17
FIGURA 2.9 Influência da temperatura de austêmpera no limite de
resistência à fadiga por flexão rotativa, em corpos-de-prova
sem entalhe................................................................................
18
FIGURA 2.10
Influência da temperatura de austêmpera no limiar
K
th
do
ADI............................................................................................
21
FIGURA 2.11
Influência de parâmetros microestruturais no limiar
K
th
do
ADI............................................................................................
22
FIGURA 2.12
Relação entre o limite de escoamento e o limiar
K
th
do ADI.
23
FIGURA 2.13
Relação entre o parâmetro
K
th
/(LE.d
1/2
) e a temperatura de
austêmpera.................................................................................
24
FIGURA 2.14 Dados experimentais de propagação de trincas por fadiga
para ADI....................................................................................
26
FIGURA 2.15 Microfractografias de ferro fundido nodular austemperado..... 27
FIGURA 2.16 Representação esquemática do conceito de similitude de duas
trincas estacionárias..................................................................
33
xi
FIGURA 2.17 Exemplos de carregamentos com amplitude variável que
violam o conceito de similitude na fadiga.................................
35
FIGURA 2.18 Mecanismos de fechamento de trinca por
fadiga.........................................................................................
37
FIGURA 2.19 Definição do fator cíclico efetivo de intensidade de tensão......
38
FIGURA 2.20 Variações no fator de intensidade de tensão, devido ao
mecanismo de fechamento de trinca, e no fator cíclico efetivo
de intensidade de tensão, devido à variação da amplitude de
carga..........................................................................................
39
FIGURA 2.21 Exemplo de carregamento em bloco tipo high-low com
determinação de vida à fadiga através de curva S-N................
44
FIGURA 2.22 Curvas de acúmulo de dano não-linear, referentes ao
carregamento da FIG. 2.21........................................................
45
FIGURA 2.23 Representação gráfica da teoria linear de dano para o
carregamento mostrado na FIG. 2.21........................................
46
FIGURA 2.24 Representação gráfica da teoria de dano bilinear para
carregamentos em blocos tipo high-low, superposta a curva
de dano não-linear.....................................................................
48
FIGURA 2.25 Aplicação da teoria de dano bilinear ao carregamento
mostrado na FIG. 2.21, superposta à curva de dano não-linear
50
FIGURA 3.1 Dimensões do bloco Y fundido, padronizado pela ASTM
A897 (2005)..............................................................................
53
FIGURA 3.2 Sistema de moldação e enchimento para um conjunto de sete
blocos Y....................................................................................
53
FIGURA 3.3 Preenchimento dos moldes com metal líquido..........................
54
FIGURA 3.4 Barras extraídas dos blocos Y para confecção de corpos-de-
prova.........................................................................................
54
FIGURA 3.5 Ciclo térmico de austêmpera utilizado na obtenção do ADI.....
56
FIGURA 3.6 Representação esquemática do tratamento térmico dos três
materiais utilizados....................................................................
57
FIGURA 3.7 Cesto metálico com as barras preparadas para o tratamento
térmico.......................................................................................
58
xii
FIGURA 3.8 Retirada do cesto do forno de austenitização à temperatura de
900°C........................................................................................
59
FIGURA 3.9 Imersão do cesto no forno a banho de sais à temperatura de
360°C........................................................................................
59
FIGURA 3.10 Término da imersão do cesto no forno de austêmpera..............
59
FIGURA 3.11 Retirada do cesto do forno após a austêmpera..........................
59
FIGURA 3.12 Resfriamento e limpeza das barras em tanque de água à 60°C
com agitação por ar comprimido...............................................
60
FIGURA 3.13 Ensaio de fadiga com amplitude variável, carregamento em
blocos tipo Hi-Lo......................................................................
64
FIGURA 3.14 Ensaio de fadiga com amplitude variável, carregamento em
blocos tipo Lo-Hi......................................................................
64
FIGURA 3.15 Máquina de ensaio de fadiga por flexão rotativa, RBF-200..... 66
FIGURA 3.16 Destaques para o corpo-de-prova, o peso e o braço graduado..
66
FIGURA 3.17 Desenho do corpo-de-prova utilizado no ensaio de fadiga por
flexão rotativa............................................................................
66
FIGURA 3.18 Máquina de fadiga por flexão alternada....................................
69
FIGURA 3.19 Célula de carga, corpo-de-prova e base oscilante durante um
ensaio.........................................................................................
69
FIGURA 3.20 Sistema de controle da rotação e do número de ciclos..............
69
FIGURA 3.21 Indicador digital da célula de carga.......................................... 70
FIGURA 3.22 Dimensões do corpo-de-prova para ensaio de fadiga por
flexão alternada.........................................................................
71
FIGURA 3.23 a – Localização da seção onde ocorre a tensão normal máxima
devida à flexão, em relação ao ponto de aplicação da carga....
72
FIGURA 3.23 b –
Representação esquemática das distâncias utilizadas no
cálculo da tensão normal máxima e do momento fletor na
célula de carga...........................................................................
72
FIGURA 3.24 Dimensões do corpo-de-prova para ensaio de propagação de
trinca por fadiga, tipo compacto de tração (CT).......................
74
FIGURA 3.25 Localização dos corpos-de-prova tipo CT na barra extraída
do bloco Y.................................................................................
75
xiii
FIGURA 3.26 Garras da máquina de ensaio Instron (CDTN) preparada para
ensaio de propagação de trinca por fadiga, com clip gauge
fixado ao corpo-de-prova tipo CT, em ADI..............................
75
FIGURA 3.27 Representação esquemática do inicio de formação da
estrutura “ausferrítica” do ADI.................................................
78
FIGURA 4.1a Microestrutura do material após tratamento térmico de
austêmpera à 360°C por 1,5 horas (ADI T1). Reativo: Nital
2%.............................................................................................
80
FIGURA 4.1b Microestrutura do material após o tratamento rmico de
austêmpera à 360°C por 0,6 horas (ADI T2). Reativo: Nital
2%.............................................................................................
80
FIGURA 4.2 Microestrutura do material após o tratamento rmico de
austêmpera à 300°C por 2,5 horas (ADI T3). Reativo: Nital
2%.............................................................................................
81
FIGURA 4.3 Resistência ao impacto dos materiais após o tratamento
térmico de austêmpera, obtidos por ensaio Charpy em corpos-
de-prova sem entalhe.................................................................
84
FIGURA 4.4 Dureza Rockwell C dos materiais após o tratamento rmico
de austêmpera............................................................................
84
FIGURA 4.5 Resultados dos ensaios de tração dos materiais no estado
bruto de fundição e após tratamento térmico de austêmpera....
85
FIGURA 4.6 Curvas de propagação de trinca por fadiga do ADI – T1.
P
cte
. = 5,4 kN. R = 0,3.............................................................
89
FIGURA 4.7 Curvas de propagação de trinca por fadiga do ADI – T2.
P
cte
. = 5,4 kN. R = 0,3.............................................................
89
FIGURA 4.8 Curvas de propagação de trinca por fadiga do ADI – T3.
P
cte
. = 5,4 kN. R = 0,3.............................................................
90
FIGURA 4.9a Comparação da taxa de propagação de trinca por fadiga na
região II, entre os três materiais, utilizando a Lei de Paris.
P
constante
= 5,4 kN; R = 0,3......................................................
92
FIGURA 4.9b Comparação da taxa de propagação de trinca entre ADI-T2 e
ADI-T3 utilizando os limites superior (LS) e inferior (LI) do
xiv
intervalo de 95% de confiança..................................................
92
FIGURA 4.10 Superfície de fratura de corpos-de-prova tipo CT utilizados
em ensaios de propagação de trinca por fadiga do ADI-T1
sob carregamento de amplitude de carga constante..................
94
FIGURA 4.11 Superfície de fratura de corpos-de-prova tipo CT utilizados
em ensaios de propagação de trinca por fadiga do ADI-T2
sob carregamento de amplitude de carga constante..................
94
FIGURA 4.12 Superfície de fratura de corpos-de-prova tipo CT utilizados
em ensaios de propagação de trinca por fadiga do ADI-T3
sob carregamento de amplitude de carga constante..................
95
FIGURA 4.13 Microfractografias da região de propagação estável da trinca
por fadiga. Amplitude de carga constante. ADI-T1, corpo-de-
prova CT n°2.............................................................................
96
FIGURA 4.14 Microfractografias da região de propagação estável da trinca
por fadiga. Amplitude de carga constante. ADI-T2, corpo-de-
prova CT n°1.............................................................................
97
FIGURA 4.15 Microfractografia do início da região de propagação estável
da trinca por fadiga. Amplitude de carga constante. ADI-T3,
corpo-de-prova CT n°2.............................................................
98
FIGURA 4.16 Histórico de carregamento do ADI-T1, R = 0,3........................
99
FIGURA 4.17 Curva de propagação da trinca por fadiga para o ADI-T1
carregado conforme FIG. 4.16..................................................
99
FIGURA 4.18 Histórico de carregamento do ADI-T2, R = 0,3........................
100
FIGURA 4.19 Curva de propagação da trinca por fadiga para o ADI-T2
carregado conforme FIG. 4.18..................................................
100
FIGURA 4.20 Histórico de carregamento do ADI-T3, R = 0,3....................... 101
FIGURA 4.21 Curva de propagação da trinca por fadiga para o ADI-T3,
carregado como mostra a FIG. 4.20..........................................
101
FIGURA 4.22 Regiões lineares da curva de propagação de trinca por fadiga.
ADI – T1...................................................................................
103
FIGURA 4.23 Regiões lineares da curva de propagação de trinca por fadiga.
ADI – T2...................................................................................
104
xv
FIGURA 4.24 Regiões lineares da curva de propagação de trinca por fadiga.
ADI – T3...................................................................................
105
FIGURA 4.25 Taxa de propagação de trinca por fadiga na região II, prevista
pela Lei de Paris, superposta aos valores obtidos em cada
bloco. Material: ADI-T1. Intervalo de K: 15 a 36 MPa.m
1/2
;
R = 0,3.......................................................................................
107
FIGURA 4.26 Taxa de propagação de trinca por fadiga na região II, prevista
pela Lei de Paris, superposta aos valores obtidos em cada
bloco. Material: ADI-T2. Intervalo de K: 15 a 36 MPa.m
1/2
;
R = 0,3.......................................................................................
107
FIGURA 4.27 Taxa de propagação de trinca por fadiga na região II, prevista
pela Lei de Paris, superposta aos valores obtidos em cada
bloco. Material: ADI-T3. Intervalo de K: 15 a 36 MPa.m
1/2
;
R = 0,3.......................................................................................
108
FIGURA 4.28 Comparação da taxa de propagação de trinca por fadiga na
região II, entre os três materiais, utilizando a Lei de Paris.
K
constante
; R = 0,3.....................................................................
109
FIGURA 4.29 Comparação da taxa de propagação de trinca entre o ADI-T1
e ADI-T2 utilizando os limites superior (LS) e inferior (LI)
do intervalo de 95% de confiança.............................................
109
FIGURA 4.30 Superfície de fratura de corpos-de-prova tipo CT utilizados
em ensaios de propagação de trinca por fadiga do ADI-T1.
Carregamento em blocos, conforme FIG. 4.16.........................
110
FIGURA 4.31 Superfície de fratura de corpos-de-prova tipo CT utilizados
em ensaios de propagação de trinca por fadiga do ADI-T2.
Carregamento em blocos, conforme FIG. 4.18.........................
111
FIGURA 4.32 Superfície de fratura de corpos-de-prova tipo CT utilizados
em ensaios de propagação de trinca por fadiga do ADI-T3.
Carregamento em blocos, conforme FIG. 4.20.........................
111
FIGURA 4.33 Microfractografias da região de propagação estável da trinca
por fadiga, com K constante em cada bloco de carga . ADI-
T1, corpo-de-prova CT n°3.......................................................
112
xvi
FIGURA 4.34 Microfractografias da região de propagação estável da trinca
por fadiga, com K constante em cada bloco de carga . ADI-
T2, corpo-de-prova CT n°4.......................................................
113
FIGURA 4.35 Microfractografias da região de propagação estável da trinca
por fadiga, com K constante em cada bloco de carga. ADI-
T3, corpo-de-prova CT n°1.......................................................
114
FIGURA 4.36 Comparação da taxa de propagação de trinca por fadiga com
K
constante
e P
constante
utilizando a Lei de Paris. ADI-T1.........
116
FIGURA 4.37 Comparação da taxa de propagação de trinca por fadiga com
K
constante
e P
constante
utilizando a Lei de Paris. ADI-T2.........
117
FIGURA 4.38 Comparação da taxa de propagação de trinca por fadiga com
K
constante
e P
constante
utilizando a Lei de Paris. ADI-T3.........
118
FIGURA 4.39
Variação do fator de aceleração, ρ, versus K para o ADI-T2,
mostrando a curva dia e os limites superior (LS) e inferior
(LI) do intervalo de 95% de confiança......................................
120
FIGURA 4.40 Crescimento de trinca por fadiga sob carregamento com
amplitude constante, sob condições de deformação plástica
em pequena escala.....................................................................
121
FIGURA 4.41 Crescimento de trinca por fadiga sob carregamento com
amplitude variável, K crescente.............................................
121
FIGURA 4.42 Gráfico de distribuição de probabilidade de Weibull com
intervalo de 95% de confiança para os resultados de ensaio à
fadiga por flexão rotativa. Amplitude constante a 495 e a
585 MPa. ADI-T1.....................................................................
122
FIGURA 4.43 Gráfico de distribuição de probabilidade de Weibull com
intervalo de 95% de confiança para os resultados de ensaio à
fadiga por flexão rotativa. Amplitude constante a 495 e a
585 MPa. ADI-T2.....................................................................
123
FIGURA 4.44 Gráfico de distribuição de probabilidade de Weibull com
intervalo de 95% de confiança para os resultados de ensaio à
fadiga por flexão rotativa. Amplitude constante a 495 e a
585 MPa. ADI-T3.....................................................................
123
xvii
FIGURA 4.45 Curvas S-N para o ADI.............................................................
126
FIGURA 4.46 Vida à fadiga por flexão rotativa com amplitude constante.
ADI-T1......................................................................................
127
FIGURA 4.47 Vida à fadiga por flexão rotativa com amplitude constante.
ADI-T2......................................................................................
128
FIGURA 4.48 Vida à fadiga por flexão rotativa com amplitude constante.
ADI-T3......................................................................................
128
FIGURA 4.49 Estimativa de curvas S-N superpostas aos resultados dos
ensaios de tração e fadiga por flexão rotativa com amplitude
constante. ADI-T1.....................................................................
130
FIGURA 4.50 Estimativa de curvas S-N superpostas aos resultados dos
ensaios de tração e fadiga por flexão rotativa com amplitude
constante. ADI-T2.....................................................................
130
FIGURA 4.51 Estimativa de curvas S-N superpostas aos resultados dos
ensaios de tração e fadiga por flexão rotativa com amplitude
constante para o ADI.................................................................
131
FIGURA 4.52 Comparação das curvas S-N estimada para descrever a vida à
fadiga por flexão rotativa para os três materiais.......................
131
FIGURA 4.53 Diagrama de pontos dos resultados de dano linear para o
carregamento em blocos tipo Hi-Lo, destacando o dano
médio de cada material..............................................................
135
FIGURA 4.54 Representação gráfica da teoria bilinear para cálculo de
acúmulo de dano por fadiga, com carregamento em 2 blocos
tipo Hi-Lo. ADI-T1...................................................................
137
FIGURA 4.55 Representação gráfica da teoria bilinear para cálculo de
acúmulo de dano por fadiga, com carregamento em 2 blocos
tipo Hi-Lo. ADI-T2...................................................................
137
FIGURA 4.56 Representação gráfica da teoria bilinear para cálculo de
acúmulo de dano por fadiga, com carregamento em 2 blocos
tipo Hi-Lo. ADI-T3...................................................................
138
FIGURA 4.57 Diagrama de pontos dos resultados de dano bilinear para o
carregamento em blocos tipo Hi-Lo, destacando o dano
xviii
médio.........................................................................................
138
FIGURA 4.58 Diagrama de pontos dos resultados de dano bilinear para o
carregamento em blocos tipo Hi-Lo, destacando o dano
médio por temperatura de austêmpera......................................
139
FIGURA 4.59 Diagrama de pontos dos resultados de dano linear para o
carregamento em blocos tipo Lo-Hi, para amplitudes de
tensão menores que limite de fadiga. ADI-T1..........................
143
FIGURA 4.60 Diagrama de pontos dos resultados de dano linear para o
carregamento em blocos tipo Lo-Hi, para amplitudes de
tensão menores que limite de fadiga. ADI-T2..........................
143
FIGURA 4.61 Efeitos da seqüência de carregamento em corpos-de-prova
com e sem entalhe na aplicação da teoria de dano linear, em
liga de alumínio 2024-T3..........................................................
144
FIGURA 4.62 Diagrama de pontos dos resultados de dano linear para o
carregamento em blocos tipo Lo-Hi, para amplitudes de
tensão do 1° bloco entre 180 e 315 MPa...................................
146
FIGURA 4.63 Gráficos de distribuição de probabilidade de Weibull, com
intervalo de 95% de confiança, para os resultados de ensaio à
fadiga por flexão alternada, com deslocamento vertical de
amplitude constante a 13,21 e 15,75 mm. ADI-T1...................
147
FIGURA 4.64 Gráficos de distribuição de probabilidade de Weibull, com
intervalo de 95% de confiança, para os resultados de ensaio à
fadiga por flexão alternada, com deslocamento vertical de
amplitude constante a 13,21 e 15,75 mm. ADI-T2...................
148
FIGURA 4.65 Gráfico de distribuição de probabilidade de Weibull, com
intervalo de 95% de confiança, para os resultados de ensaio à
fadiga por flexão alternada, com deslocamento vertical de
amplitude constante à 13,21 e 15,75 mm. ADI-T3...................
148
FIGURA 4.66 Diagrama de pontos dos resultados de dano linear para o
carregamento em blocos tipo Lo-Hi, fadiga por flexão
alternada. ADI-T1.....................................................................
150
FIGURA 4.67 Diagrama de pontos dos resultados de dano linear para o
xix
carregamento em blocos tipo Lo-Hi, fadiga por flexão
alternada. ADI-T2.....................................................................
151
FIGURA 4.68 Diagrama de pontos dos resultados de dano linear para o
carregamento em blocos tipo Hi-Lo, destacando o dano
médio de cada material..............................................................
152
FIGURA 4.69 Diagrama de pontos dos resultados de dano bilinear para o
carregamento em blocos, flexão alternada, destacando o dano
médio.........................................................................................
154
FIGURA 4.70 Representação esquemática da curva S-N de propagação e
curva S-N total..........................................................................
155
FIGURA 4.71 Dimensões do entalhe introduzido nos corpos-de-prova em
ADI-T2, submetidos a ensaios de fadiga por flexão rotativa....
157
FIGURA 4.72 Curvas S-N total de corpos-de-prova, em ADI-T2, com e sem
entalhe e curvas S-N de propagação.........................................
157
FIGURA 4.73 Curvas S-N total e curvas S-N de propagação. ADI-T1...........
158
FIGURA 4.74 Curvas S-N total e curvas S-N de propagação. ADI-T3 159
FIGURA 4.75 Fractografias das superfícies de fratura de corpos-de-prova
em ADI-T1 ensaiados à fadiga por flexão rotativa...................
161
FIGURA 4.76 Fractografias das superfícies de fratura de corpos-de-prova
em ADI-T2 ensaiados à fadiga por flexão rotativa...................
162
FIGURA 4.77 Fractografias das superfícies de fratura de corpos-de-prova
em ADI-T3 ensaiados à fadiga por flexão rotativa...................
163
FIGURA 4.78 Fractografias das superfícies de fratura de corpos-de-prova
em ADI-T1 ensaiados à fadiga por flexão alternada.................
164
FIGURA 4.79 Fractografias das superfícies de fratura de corpos-de-prova
em ADI-T2 ensaiados à fadiga por flexão alternada.................
165
FIGURA 4.80 Fractografias das superfícies de fratura de corpos-de-prova
em ADI-T3 ensaiados à fadiga por flexão alternada.................
166
xx
LISTA
DE
TABELAS
TABELA 2.1 – Propriedades do ferro fundido nodular austemperado (ADI),
obtidas à temperatura ambiente.................................................
11
TABELA 3.1 – Ciclos térmicos realizados…………………………………….
57
TABELA 3.2 – Resultados da estimativa para o limite de fadiga, utilizando a
Eq. (3.1)……………………………………………………….
62
TABELA 3.3 – Valores de amplitude de tensão utilizados nos ensaios de
fadiga, tendo como referência o limite de fadiga do material
ADI-T2, S
e
= 450 MPa..............................................................
65
TABELA 3.4 – Parâmetros dos ensaios de fadiga por flexão rotativa com
amplitude constante...................................................................
67
TABELA 3.5 – Parâmetros utilizados nos ensaios de fadiga com amplitude
variável......................................................................................
68
TABELA 3.6 – Parâmetros dos ensaios de fadiga por flexão alternada com
amplitude constante...................................................................
73
TABELA 3.7 – Parâmetros utilizados nos ensaios de fadiga por flexão
alternada com amplitude variável, tipo Lo-Hi..........................
73
TABELA 3.8 – Parâmetros dos ensaios de propagação de trinca por fadiga
com amplitude de carga, P, constante e R = 0,3.....................
76
TABELA 3.9 – Parâmetros dos ensaios de propagação de trinca por fadiga
com fator cíclico de intensidade de tensões, K, constante e
R = 0,3.......................................................................................
76
TABELA 4.1 – Composição química do material (porcentagem em peso).......
79
TABELA 4.2 – Resultados da análise da grafita................................................
81
TABELA 4.3 – Matriz metálica e teor de carbono na austenita após
tratamento térmico de austêmpera............................................
82
TABELA 4.4 – Propriedades mecânicas dos materiais após tratamento
térmico de austêmpera (valores médios)...................................
83
TABELA 4.5 – Parâmetros dos materiais após tratamento rmico de
austêmpera.................................................................................
86
TABELA 4.6 – Propriedades mecânicas para o ADI segundo a norma ASTM
xxi
A 897M.....................................................................................
87
TABELA 4.7 – Estatística de regressão e valores obtidos para os coeficientes
C e os expoentes m da lei de Paris, com intervalo de 95% de
confiança. P
constante
. = 5,4 kN; R = 0,3; K
max
= 36 MPa.m
1/2
91
TABELA 4.8 – Taxa de propagação de trinca por fadiga do ADI-T1
determinada sob amplitude de carregamento constante em
cada bloco de carga. R = 0,3.....................................................
103
TABELA 4.9 – Taxa de propagação de trinca por fadiga do ADI-T2
determinada sob amplitude de carregamento constante em
cada bloco de carga. R = 0,3.....................................................
104
TABELA 4.10 –
Taxa de propagação de trinca por fadiga do ADI-T3
determinada sob amplitude de carregamento constante em
cada bloco de carga. R = 0,3.....................................................
105
TABELA 4.11 –
Estatística de regressão e valores obtidos para os coeficientes
C e os expoentes m da equação de Paris, com intervalo de
95% de confiança. K constante; R = 0,3.................................
106
TABELA 4.12 –
Estatística descritiva dos resultados dos ensaios de fadiga por
flexão rotativa, utilizando a distribuição de Weibull................
124
TABELA 4.13 –
Valores utilizados na construção da curva S-N para
amplitudes de tensão acima do limite de fadiga........................
126
TABELA 4.14 –
Resultados obtidos na estimativa das curvas S-N apresentadas
nas FIG. 4.46 a 4.48..................................................................
127
TABELA 4.15 –
Resultados obtidos na estimativa das curvas S-N para
amplitudes de tensão abaixo do limite de fadiga S
e
..................
129
TABELA 4.16 –
Resultados de ensaios de fadiga por flexão rotativa com
amplitude variável tipo Hi-Lo. Amplitude de tensão: 585
MPa no bloco 1e 495 MPa no bloco 2......................................
132
TABELA 4.17 –
Número dio de ciclos esperados para ocorrer a falha em
cada bloco de carga, calculados através da distribuição de
Weibull......................................................................................
133
TABELA 4.18 –
Estatística descritiva de valores de dano linear ………………
134
TABELA 4.19 –
Estatística descritiva dos resultados de dano linear D para os
xxii
três materiais.............................................................................
134
TABELA 4.20 –
Estatística descritiva dos resultados de dano bilinear D,
apresentados na TAB. B.3 e analisados por grupos utilizando
a distribuição estatística lognormal...........................................
140
TABELA 4. 21–
Número de ciclos para a falha utilizados no lculo de dano
do material ADI - T1, carregamento em blocos tipo Lo-Hi......
141
TABELA 4. 22–
Número de ciclos para a falha utilizados no lculo de dano
do material ADI – T2, carregamento em blocos tipo Lo-Hi.....
142
TABELA 4.23 –
Número de ciclos para a falha utilizados no lculo de dano
do material ADI – T3, carregamento em blocos tipo Lo-Hi.....
142
TABELA 4.24 –
Estatística descritiva dos resultados de dano linear D, para
ensaios tipo Hi-Lo com amplitude de tensão menor que o
limite de fadiga, utilizando a distribuição estatística
lognormal..................................................................................
145
TABELA 4.25 –
Estatística descritiva dos resultados dos ensaios de fadiga por
flexão alternada com amplitude constante, utilizando a
distribuição de Weibull.............................................................
149
TABELA 4.26 –
Número médio de ciclos, N
f
, esperados para ocorrência de
falha em cada bloco de carga, calculados através da
distribuição de Weibull.............................................................
150
TABELA 4.27 –
Estatística descritiva dos resultados de dano linear D, para
ensaios tipo Hi-lo, fadiga por flexão alternada, apresentados
na TAB C.3. Distribuição normal…………………………….
151
TABELA 4.28 –
Coordenadas dos pontos knee utilizado na teoria de dano
bilinear para os ensaios de fadiga por flexão, dos materiais
ADI-T1 e ADI-T2.....................................................................
153
TABELA 4.29 –
Resultados obtidos na estimativa das curvas S-N de
propagação para os três materiais e S-N total para o ADI-T2
em corpos-de-prova com entalhe..............................................
159
TABELA 4.30 –
Estimativa do número de ciclos necessários para completar a
fase de iniciação de trinca por fadiga........................................
160
xxiii
LISTA DE SÍMBOLOS
A ; área : área projetada do defeito em um plano perpendicular à máxima tensão
normal
A : coeficiente de resistência à fadiga
a : comprimento da trinca
a
f
: comprimento final da trinca
a
o
: comprimento inicial da trinca
a
γ
: parâmetro de rede da austenita
b : expoente de resistência à fadiga
c
1
: constante (0,65 para defeitos superficiais e 0,5 para defeitos internos)
C
1
: constante, utilizou-se para o ADI, C
1
= 910 HV
c
2
: constante (3,3 x 10
-3
para defeitos superficiais e 2,77 x 10
-3
para
defeitos internos)
c
3
: constante (1,43 para defeitos superficiais e 1,56 para defeitos internos)
C
γ
: teor de carbono na austenita, porcentagem em peso
D : dano acumulado
d : diâmetro do corpo-de-prova; dimensão da célula ferrítica
da/dN : taxa de propagação da trinca por ciclo
(da/dN)
AC
: taxa de propagação de trinca por fadiga sob carregamento com
amplitude constante
(da/dN)
AV
: taxa de propagação de trinca por fadiga sob carregamento com
amplitude variável
D
i
: dano relativo ao bloco de carga i
E : módulo de elasticidade longitudinal do corpo-de-prova,
HV; H
V
: dureza Vickers;
I : momento de inércia da seção
K : fator de intensidade de tensão
k : parâmetro a ser determinado empiricamente
L
CC
: distância do ponto de aplicação da carga até a célula de carga,
L
CP
: distância do ponto de aplicação da carga até a seção no corpo-de-prova
onde ocorre a tensão normal máxima
xxiv
M : momento fletor, determinado pela posição do peso no braço graduado
M
CC
: momento fletor aplicado na célula de carga
N
i,f
: total de ciclos necessários para ocorrer a falha sob o carregamento i
N
f
: número de ciclos necessários para ocorrer a falha
n
i
: número de ciclos aplicados sob o carregamento i
N
i
: total de ciclos necessários para ocorrer a falha sob amplitude constante
n
i1
: número de ciclos que o material foi submetido na fase i, a amplitude de
tensão 1
n
i2
: número de ciclos que o corpo-de-prova foi submetido na fase i a
amplitude de tensão 2
n
ij
: número de ciclos que o material foi submetido na fase i, sob o
carregamento j
N
ij,f
: número de ciclos previstos para o material “falhar” na fase i; sob o
carregamento j;
P : carga aplicada na extremidade do corpo-de-prova
R : razão entre tensões, deformações e fatores de intensidade de tensão
r
pi
: raio da zona plástica
S
a
: amplitude de tensão
S
e
;
σ
w
: limite de resistência à fadiga
S
f
: coeficiente de resistência à fadiga
S
max
: tensão normal máxima
v : deslocamento vertical do corpo-de-prova,
W : módulo de resistência à flexão
λ : distância entre a ponta da trinca anterior à sobrecarga e o contorno da
zona plástica produzida por esta sobrecarga
K : fator cíclico de intensidade de tensão
K
ef
: fator cíclico efetivo de intensidade de tensão
K
max
: máximo fator cíclico de intensidade de tensão
K
min
: mínimo fator cíclico de intensidade de tensão
K
op
: fator de intensidade de tensão para o qual a trinca se abre
K
th
: fator cíclico limiar de intensidade de tensão (limite inferior de
K,
abaixo do qual não ocorre o crescimento da trinca)
xxv
∆σ
: intervalo de variação da tensão, normal ao plano do defeito
α
f
: expoente da curva de dano não-linear
ε
a
: amplitude de deformação
ρ
: fator de aceleração
σ
max
: tensão normal máxima
xxvi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ADI - Austempered Ductile Iron (ferro fundido nodular austemperado)
ADI – T1 - Materiais austemperados à 360°C por 1,5 horas
ADI – T2 - Materiais austemperados à 360°C por 0,6 horas
ADI – T3 - Materiais austemperados à 300°C por 2,5 horas
ASTM - American Society for Testing and Materials
CDTN - Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear
CETEF - Centro Tecnológico de Fundição
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CT - Corpo-de-prova tipo compacto de tração
FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
Hi-Lo - Seqüência de carregamento em blocos com amplitude decrescente
LE - Limite de escoamento à tração
Lo-Hi - Seqüência de carregamento em blocos com amplitude crescente
LR - Limite de resistência à tração
xvii
RESUMO
Verificou-se a influência da temperatura e do tempo de austêmpera no comportamento à
fadiga, sob carregamento de amplitude variável, de corpos-de-prova em ferro fundido
nodular austemperado (ADI), com 0,5% de cobre e de níquel, através de ensaios de
propagação de trinca, flexão rotativa e alternada. Utilizaram-se a lei de Paris para
estimar a taxa de propagação de trinca por fadiga, e as leis de dano linear e bilinear na
previsão da vida à fadiga sob carregamento variável. Os corpos-de-prova foram
extraídos de blocos fundidos com espessura de 13 mm, produzidos em condições
industriais. Examinaram-se três lotes de corpos-de-prova, austenitizados a 900°C por
1,5 h, mas com ciclos de austêmpera distintos. O primeiro lote foi austemperado a
360°C por 1,5 h; o segundo a 360°C por 0,6 h; e o terceiro a 300°C por 2,5 h. Os
materiais foram caracterizados e analisados através de microscopias ótica e eletrônica,
difração de raios-X e ensaios mecânicos. Os ensaios de fadiga por flexão rotativa, em
corpos-de-prova sem entalhe, foram realizados em amplitude variável, através de
carregamento em blocos. Os ensaios por flexão alternada foram realizados com controle
de deformação. Os ensaios de propagação de trinca por fadiga foram realizados sob
fatores cíclicos de intensidade de tensão, constante e crescente. Os materiais
austemperados a 360°C apresentaram, maior volume percentual de austenita e
ductilidade, e menor resistência mecânica e dureza que o austemperado a 300°C. A
austenita do material do segundo lote apresentou menor teor de carbono que a do
primeiro lote. Dentre as observações verificadas, destacam-se pela importância: os
materiais tratados a 360°C apresentaram vida à fadiga superior aos tratados a 300°C,
sob amplitudes de tensão constante e variável, próximas de 500 MPa; os materiais
tratados a 360°C, apresentaram menores taxas de propagação de trinca que o tratado a
300°C; maior volume de austenita e menor teor de carbono propiciaram maior
resistência à iniciação de trincas por fadiga; a taxa de propagação de trinca do material
do segundo lote, sob fator cíclico de intensidade de tensão constante, foi menor que sob
o variável; as leis de dano linear e bilinear não forneceram resultados satisfatórios na
previsão da vida à fadiga do ADI; efeitos benéficos do primeiro bloco de carga, na vida
à fadiga, foram observados em materiais do segundo lote somente quando aplicou-se
amplitudes de tensão acima do limite de fadiga.
Palavras-chave: ferro fundido nodular austemperado; fadiga; mecânica da fratura; dano
xviii
ABSTRACT
An investigation was carried out to verify the influence of austempering temperature
and time on the fatigue behavior of Austempered Ductile Iron (ADI), under variable
amplitude loading. ADI specimens with 0,5% of copper and of nickel were used in
fatigue propagation, rotating and reciprocating bending fatigue tests. The fatigue life
results under variable amplitude loading have been analyzed by linear and double linear
damage rules. The fatigue crack growth rate was estimated by Paris’s law. Samples
were machined from 13 mm casting blocks. Three set of samples were prepared, all of
them austenitized at 900°C for 1,5 hour and then austempered at two different
temperatures and three different times: the first set was austempered at 360°C for 1,5
hours; the second at 360°C for 0,6 hour and the third at 300°C for 2,5 hours. The
material was characterized and analyzed by means of optical and scanning electron
microscopy, X-Ray diffraction and mechanical tests. Unnotched samples were tested in
rotating bending fatigue using different cyclic stress amplitudes. The reciprocating
bending fatigue tests were performed using strain control. Fatigue crack growth tests
were performed under constant and variable amplitude cyclic stress intensity. The
materials austempered at 360°C showed greater rates of austenite and ductility, and
smaller tensile stress and hardness than the materials austempered at 300°C. The
carbon contents in the austenite in the second set were smaller than the contents in the
first set. Among the observations made, the most important ones are: (i) the materials
austempered at 360°C showed longer fatigue live than the ones austempered at 300°C,
under both constant and variable amplitude loading, near 500 MPa; (ii) materials treated
at 360°C, showed smaller crack growth rate than those austempered at 300°C; (iii)
bigger rates of austenite and smaller rates of carbon provided the material with bigger
nucleation fatigue resistance; (iv) the rate of crack growth of the material in the second
set, under constant cyclic stress intensity factor was smaller than under variable stress;
(v) the linear and double linear damage rules did not offer satisfactory results in
predicting fatigue life of ADI; (vi) beneficial effects from the first set were observed in
the second set only when stress amplitude beyond the fatigue limit was applied.
Keywords: austempered ductile iron; fatigue; fracture mechanics; damage
1
I
NTRODUÇÃO
O ferro fundido nodular austemperado, mundialmente conhecido por Austempered
Ductile Iron (ADI), é um ferro fundido ligado e tratado termicamente. A sua estrutura é
composta de nódulos ou esferóides de grafita e uma matriz que consiste de ferrita
acicular e austenita estável devido ao alto teor de carbono. Nos últimos 30 anos, o ADI
passou de uma curiosidade de laboratório para um competitivo material de engenharia.
Atualmente é utilizado na indústria automotiva, ferroviária e bélica, além de aplicado
em equipamentos para mineração, terraplenagem, construção civil e agricultura. Sua
produção mundial ficou acima de 100 mil toneladas em 2005 e estima-se que chegará a
300 mil em 2010 e a 500 mil toneladas em 2020. No Brasil, a produção e o interesse
acadêmico pelo material o incipientes, apesar de se ter excelentes condições para a
fabricação do ADI, devido à disponibilidade de matéria-prima e à capacidade de
produzirem fundidos de qualidade.
Atualmente duas grandes barreiras culturais, no Brasil e em vários países, impedem que
este material seja utilizado de forma mais ampla. A primeira é o desconhecimento pelos
engenheiros das atrativas vantagens técnicas e econômicas do ADI em relação a outros
materiais. A segunda diz respeito à utilização do ferro fundido como material de
engenharia. A primeira pode ser atribuída à falta de divulgação do setor de fundição
2
junto aos usuários em potencial, enquanto a segunda barreira está relacionada à
formação acadêmica do engenheiro.
Apesar do grande potencial deste material, existe uma grande carência de informações
sobre o seu comportamento à fadiga, principalmente sob carregamentos cíclicos de
amplitude variável e sobre a influência de defeitos internos nesta situação de
carregamento. Também não se sabe quais teorias de dano seriam mais adequadas ao
ADI. Esta falta de informações tem restringido significativamente a aplicação desse
material de forma mais ampla. Sabe-se que existe grande interesse das indústrias
automobilística e de máquinas na sua utilização, porém, para tanto é fundamental a
determinação das suas propriedades e o estudo de seu comportamento à fadiga.
A influência da temperatura e do tempo de austêmpera no comportamento à fadiga do
ADI sob carregamento de amplitude constante, já foi razoavelmente estudada. No
entanto, nenhuma publicação foi encontrada sobre o seu comportamento à fadiga sob
carregamentos de amplitude variável, que é o carregamento usual da maioria das peças
utilizadas pelas indústrias automobilísticas e de máquinas.
As pesquisas realizadas para se estudar o comportamento à fadiga do ADI, normalmente
utilizam tempos de austêmpera que produzem uma austenita estável à temperatura
ambiente. No entanto, reduzindo-se o tempo de austêmpera pode-se ter economia de
energia, menor impacto ambiental, aumento da produção e consequentemente redução
de custo. Em contrapartida, as peças assim produzidas irão apresentar austenita
metaestável com suscetibilidade ao encruamento e transformação de fase durante
operações de usinagem e durante a sua utilização. Ensaios preliminares indicaram que a
interrupção do tempo de austêmpera foi benéfica para a fase de nucleação de trincas de
fadiga. No entanto, o se sabe quais seriam os efeitos sobre a fase de propagação de
trincas de fadiga. Também não foram encontrados estudos publicados sobre as
vantagens e desvantagens da redução do tempo de austêmpera, relativamente às
propriedades à fadiga do ADI, seja sob amplitude constante ou variável.
3
Os objetivos deste trabalho são: (i) contribuir para ampliação do conhecimento sobre o
comportamento à fadiga do ADI; (ii) avaliar o comportamento à fadiga do ADI em
corpos-de-prova sujeitos a carregamentos de amplitude variável; (iii) avaliar a
influência da temperatura e do tempo de austêmpera na vida à fadiga sob carregamentos
com amplitude variável; (iv) identificar vantagens e desvantagens da interrupção da
reação de austêmpera nas propriedades à fadiga em amplitude constante e variável;
(v) identificar teorias de dano mais adequadas para estimar a vida à fadiga de corpos-de-
prova em ADI, sujeitos a carregamentos de amplitude variável.
Para a realização deste trabalho foi necessário o envolvimento de centros de pesquisa,
universidades e empresas de fundição. Espera-se que o trabalho conjunto de docentes,
discentes, engenheiros, técnicos e empresários tenha contribuído para a redução de
barreiras culturais com relação aos ferros fundidos e à divulgação das grandes
potencialidades desse material para a indústria nacional, especialmente para o Estado de
Minas Gerais.
O trabalho foi realizado com a convicção de que o incremento da utilização do ADI
poderá ter grande repercussão no parque industrial de Minas Gerais, onde se situam
inúmeras fundições. Essa repercussão em termos econômicos e sociais é representada
pelos seguintes aspectos: (i) aumento do valor agregado às peças fundidas produzidas
em Minas Gerais; (ii) aumento da demanda de peças fundidas; (iii) aumento da
competitividade da indústria de fundição mineira e brasileira; (iv) aumento de
exportações e redução de importações, aumento do superávit primário, (v) geração de
empregos e renda; (vi) economia de energia e contribuição para o desenvolvimento
sustentado.
Para alcançar os objetivos propostos estruturou-se este trabalho em oito capítulos. No
primeiro capítulo, Introdução, apresentou-se, sucintamente, o ADI dentro do contexto
mundial e nacional. Em seguida, abordou-se e delimitou-se o tema da pesquisa, assim
como as barreiras e potencialidades do ADI. Procurou-se mostrar as lacunas existentes
em termos de conhecimento sobre o comportamento à fadiga do ADI, explicitando-se os
4
principais problemas. Finalizou-se com as justificativas, objetivos e motivações para a
realização deste trabalho.
Na Revisão Bibliográfica, segundo capítulo, após um breve histórico sobre o ADI,
apresentaram-se os resultados mais relevantes sobre o seu comportamento à fadiga sob
carregamento com amplitude constante; obtidos através da Mecânica da Fratura e das
abordagens em tensão e em deformação. Incluiu-se um tópico sobre a influência de
defeitos e descontinuidades no comportamento à fadiga em função da presença da
grafita na microestrutura do ADI e de características do processo de fundição.
Finalizou-se esse capítulo apresentando-se o referencial teórico que trata da fadiga sob
carregamento com amplitude variável e de teorias de dano em geral, pois não se
encontraram informações específicas sobre o ADI.
Em Materiais e Métodos, terceiro capítulo, descreveu-se como foi obtido o material
fundido e como foram realizados os ciclos térmicos planejados tendo em vista os
objetivos a serem alcançados e as hipóteses de trabalho. Após a descrição de como os
materiais foram caracterizados, o detalhados os procedimentos metodológicos
utilizados nos ensaios de fadiga por flexão rotativa, flexão alternada e propagação de
trinca de fadiga.
No quarto capítulo, Apresentação e Discussão dos Resultados, apresentaram-se,
inicialmente, os resultados relativos à caracterização do material. Em seguida
apresentaram-se e discutiram-se os resultados de propagação de trinca por fadiga sob
amplitude constante e variável; e posteriormente, os resultados de ensaios de fadiga por
flexão rotativa e alternada sob amplitude constante e variável. Finalizou-se fazendo uma
análise conjunta dos resultados dos ensaios de iniciação e propagação de trincas por
fadiga.
No quinto capítulo, foram apresentadas as conclusões sobre o trabalho e no sexto
capítulo as sugestões de continuidade do mesmo.
5
O sétimo capítulo traz as referências bibliográficas utilizadas na fundamentação teórica,
no planejamento experimental e na análise e discussão dos resultados. O oitavo capítulo
apresenta no APÊNDICE A, detalhes sobre os ensaios e resultados obtidos por
dilatometria. Os APÊNDICES B e C apresentam resultados e relatórios de análise
estatística dos ensaios de fadiga por flexão rotativa e alternada, respectivamente.
2
R
EVISÃO
B
IBLIOGRÁFICA
2.1 Considerações iniciais
A importância do estudo do fenômeno de fadiga em componentes estruturais ou
mecânicos sob carregamentos com amplitude constante ou variável tem sido
amplamente divulgada e justificada. O assunto, indiretamente, ganha destaque na mídia
quando ocorrem acidentes com perda de vidas humanas ou desastres ecológicos de
grandes proporções.
Estima-se que a fadiga seja responsável por 50 a 90% das falhas em serviço de
componentes mecânicos ou estruturais causando prejuízos econômicos, ambientais e
sociais. DOWLING (1999) cita que nos EUA, o custo relacionado com a fadiga dos
materiais é de aproximadamente 3% do PIB e estima-se que valores similares são
esperados para outros países industrializados. DOWLING (1999) afirma que estes
custos devem aumentar ainda mais com a prevenção de falha por fadiga e na estimativa
da vida útil de componentes estruturais e mecânicos.
Os objetivos principais do estudo do fenômeno de fadiga dos materiais podem ser
encarados segundo duas perspectivas: desenvolvimento de materiais econômicos
7
possuindo a máxima resistência à fadiga e o desenvolvimento de métodos de concepção,
cálculo e previsão de vida útil de elementos sujeitos à fadiga.
A primeira área tem sido do âmbito da ciência dos materiais, enquanto que a segunda
área é do âmbito da engenharia. Mas, os problemas relacionados à fadiga exigem o
esforço conjunto de equipes interdisciplinares em que se conjuguem as aptidões de
diferentes especialistas: físicos, metalurgistas, químicos, engenheiros de materiais,
engenheiros de projeto de estruturas e de equipamentos mecânicos.
A natureza interdisciplinar da investigação nessa área do conhecimento faz com que
apareçam naturalmente diferentes concepções dos problemas, tornando por vezes
inconsistentes as aplicações da teoria. Por exemplo, uma das principais dificuldades, e
que tem exigido maior esforço, é enquadrar os modelos atomísticos com os da mecânica
do contínuo (BRANCO, 1985; FATEMI e YANG, 1988).
O estudo do fenômeno da fadiga no ferro fundido nodular austemperado (ADI) é um
exemplo típico desta interdisciplinaridade, devido às particularidades do processo de
produção da peça fundida, do tratamento térmico e de sua microestrutura que refletem
diretamente no seu comportamento mecânico, principalmente às cargas cíclicas.
O ADI possui matriz metálica, esferóides de grafita e defeitos típicos do processo de
fundição. Portanto, investigar o fenômeno da fadiga de componentes em ADI, significa
propor-se a estudar o comportamento à fadiga de elementos estruturais ou mecânicos
levando em consideração defeitos decorrentes do processo de fabricação. Além disto
existe a possibilidade dos esferóides de grafita nuclearem trincas durante a utilização do
componente em serviço. Estas trincas poderão crescer com uma certa velocidade por
trajetos controlados por um conjunto de variáveis.
Em função da complexidade do tema, a revisão bibliográfica evitará abordar assuntos
básicos da fadiga, exaustivamente tratados nas referências citadas . Também tentar-se-á
evitar a abordagem de aspectos específicos da metalurgia dos ferros fundidos nodulares
8
austemperados, pois um trabalho de revisão foi publicado por CARMO e DIAS,
(2001) e será utilizado neste texto.
2.2 Ferro fundido nodular austemperado (ADI)
O ADI é uma moderna geração de ferro fundido nodular tratado termicamente pelo
processo de austêmpera. Apresenta uma extensa aplicação industrial devido à
combinação de elevada resistência mecânica, ductilidade, tenacidade, resistência à
fadiga e resistência ao desgaste, associadas a um baixo custo, quando comparado com
os ferros fundidos convencionais, os aços forjados e até ligas de alumínio. As suas
propriedades mecânicas são resultantes da qualidade da peça fundida, do controle da
composição química e de um tratamento térmico cuidadoso.
A composição química do ADI é similar à de um ferro fundido nodular convencional,
sendo que peças com espessuras maiores que 12 mm são fabricadas com a introdução de
Cu, Ni, e Mo individualmente ou combinados. Esses elementos são adicionados
somente para aumentar a temperabilidade da liga e não para aumentar a resistência ou a
dureza.
O tratamento térmico é realizado através dos ciclos de austenitização e austêmpera,
como indicado na FIG. 2.1. Inicialmente a peça é aquecida, usualmente, entre 825 e
950 °C (A-B), permanecendo nesta temperatura por um intervalo de 1 a 3 horas.
Durante este tempo a matriz metálica transforma-se totalmente em austenita saturada de
carbono, denotada por γ . Em seguida a peça é resfriada rapidamente até a temperatura
de austêmpera desejada (C-D) e permanece a esta temperatura, num intervalo que varia
entre 230 e 400 °C, por um tempo de 0,5 a 4 horas (D-E). Finalmente, a peça é resfriada
até a temperatura ambiente (E-F), antes do início da reação bainítica; resultando na
microestrutura composta de ferrita acicular, denotada por α, e austenita estabilizada
devido ao alto teor de carbono, denotada por γ
Alto C
. A reação, acima descrita, pode ser
representada da seguinte forma:
γ α + γ
Alto C
9
A estrutura resultante foi denominada de ausferrita, pela American Society for Testing
and Materials (ASTM) desde 1990 (ASTM A897). Mas, ainda existe controvérsia entre
os metalurgistas sobre o termo ausferrita.
FIGURA 2.1 - Ciclo de tratamento térmico para obtenção do ferro fundido nodular
austemperado, superposto a um diagrama tempo, temperatura,
transformação (TTT).
Adaptado de KOVACS (1986).
A presença de austenita retida ou metaestável no ADI o torna susceptível ao
encruamento e à transformação de fase induzida por deformação. A transformação
parcial da austenita em martensita produz, ainda, aumento local de volume, criando
tensões compressivas no material transformado. Estas tensões inibem a formação de
trincas, o que leva a uma melhoria significativa na resistência à fadiga. Esta deformação
pode ocorrer quando o material é usinado ou submetido a tratamentos de superfície.
Este endurecimento prejudica a usinabilidade, mas, por outro lado, esta é facilitada no
ADI pela presença de grafita, o que lhe garante melhor usinabilidade que aços de dureza
similar.
10
GARIN e MANNHEIM (2003) investigaram a transformação da austenita retida em
martensita em nodulares austemperados deformados a frio, confirmando-a por difração
de raios-X. A FIG. 2.2a mostra o difratograma de estrutura bruta de fundição e a
FIG. 2.2b o difratograma do material após 20% de deformação à frio. É evidente, a
redução da intensidade relativa do pico correspondente ao plano (111) da austenita na
amostra deformada.
FIGURA 2.2 Difratogramas de (a) ausferrita sem trabalho a frio, (b) ausferrita com
20% de deformação a frio. Os picos inferiores sem identificação
correspondem à martensita induzida.
Fonte: GARIN e MANNHEIM (2003).
Uma das grandes vantagens do ADI está na conjugação de elevada resistência mecânica
e ductilidade. É possível obter, nos ferros nodulares convencionais, limite de resistência
à tração (LR) de 420 MPa com alongamento de 12% e para valores mais elevados de
LR, da ordem de 800 MPa, o alongamento cai para somente 1 a 2%. Como se pode ver
na TAB. 2.1, no ADI, é possível se obter valores de LR de 800 a 1 600 MPa e limite de
escoamento (LE) variando de 500 a 1 300 MPa, com alongamento caindo de 10% para
11
valores desprezíveis nas classes de maior resistência. Nos aços carbono forjados é
possível se obter em sua seção longitudinal, após têmpera e revenido, LR variando de
500 a 724 MPa (conforme o teor de carbono), LE de 305 a 414 e alongamento variando
de 19 a 35%.
TABELA 2.1 - Propriedades do ferro fundido nodular austemperado (ADI), obtidas à
temperatura ambiente.
Propriedade Valores
Limite de resistência [MPa] 800 – 1 600
Limite de escoamento a 0,2% [MPa] 500 – 1 500
Alongamento [%] 1 - 16
Módulo de elasticidade longitudinal [GPa] 150 - 162
Dureza [Brinell] 250 - 550
Limite de resistência à fadiga [MPa] 310 - 690
1
Resistência ao impacto [ J/cm
2
] 25 - 170
Nota: 1) Valor que pode ser obtido, mediante encruamento localizado.
Fonte: CARMO e DIAS (2001, p. 14).
A FIG. 2.3 compara o ADI com ferros fundidos nodulares convencionais e aços, em
termos de propriedades mecânicas de tração. Conclui-se então que o ADI supera o ferro
nodular comum tanto em resistência quanto em alongamento. Com relação aos os
carbono forjados, o nodular convencional de matriz ferrítica pode ser competitivo com
os aços de baixa resistência. Com relação aos aços de dia resistência, a maioria das
classes do ADI são competitivas. Porém, em relação aos aços de alta resistência, o ADI
não é tão competitivo, em função do aspecto ductilidade. Sua utilização provavelmente
estará restrita a componentes que requerem somente uma moderada ductilidade. As
classes de baixa resistência do ADI equiparam-se às classes de alta resistência do o
fundido. As propriedades à tração tornam-se mais atrativas quando se leva em conta que
o ADI é 10% menos denso que o aço.
12
FIGURA. 2.3 – Comparação de propriedades mecânicas especificadas para o ADI
(ASTM A897M/90) com nodular convencional e aços.
FONTE: FULLER (1993).
Outro aspecto interessante do ADI é sua competitividade com ligas leves. A produção
das ligas de alumínio tem crescido significativamente devido a uma grande vantagem
apresentada por estas ligas que é o baixo peso específico associado a elevada
condutividade térmica, o que torna esta liga extremamente interessante para muitas
aplicações na indústria automobilística e aeronáutica. O ADI pode substituir
componentes fabricados em alumínio forjado, fundido e soldado com equivalência ou
redução de peso. Apesar de ele ter uma densidade 2,5 vezes maior que o alumínio,
possui módulo de elasticidade 2,3 vezes maior; limite de escoamento três ou quatro
vezes maior; limite de fadiga (em 10 milhões de ciclos) cinco vezes maior e maior
capacidade à absorção de vibrações (KEOUGH, 2002).
13
2.2.1 Breve histórico e exemplos de aplicações do ADI
O processo de austêmpera foi desenvolvido na década de 30 do século passado e desde
então é aplicado em larga escala em os. A invenção do ferro fundido nodular foi
anunciada em 1948 e os primeiros experimentos com o nodular austemperado
ocorreram na década de 60. A produção comercial do ADI ocorreu na década de 70,
inicialmente na Alemanha, nos Estados Unidos da América e Finlândia.
Uma das primeiras aplicações do ADI em componentes sujeitos à fadiga foi realizada
nos Estados Unidos. Em 1972 fabricaram-se eixos virabrequins para compressor,
FIG. 2.4, e em 1977, a General Motors inicia a fabricação de engrenagens para
diferencial (KEOUGH, 2002). Desde então milhões de virabrequins e engrenagens em
ADI tem sido produzidos no mundo.
FIGURA 2.4 Eixo virabrequim para compressor de ar, em ADI, fabricado em 1972.
Fonte: KEOUGH (2002).
14
Atualmente o ADI possui múltiplas e variadas aplicações, caracterizando-o como um
material bastante eclético. Recentes aplicações do ADI apresentados por KEOUGH
(2002), incluem: (i) gancho do reboque para camionetas, FIG. 2.5, selecionado pelo
baixo custo, durabilidade e alta resistência ao impacto; (ii) componentes para suspensão,
FIG. 2.6, que evoluíram de peças forjadas, usinadas e fundidas até chegarem ao ADI
que proporcionou peso nimo, isto é, maior redução de peso; (iii) componentes para a
suspensão de tratores, FIG. 2.7.
FIGURA 2.5 – Gancho do reboque de camionetas, General Motors.
Fonte: KEOUGH (2002).
15
FIGURA 2.6 – Braço de controle superior em ADI do Ford Mustang Cobra.
Fonte: KEOUGH (2002).
FIGURA 2.7 – Braço de suspensão em ADI para trator hidráulico.
Fonte: KEOUGH (2002).
16
Atualmente, o maior produtor mundial do ADI é os Estados Unidos. A produção atual
do ADI nos E.U.A é em torno de 70 mil toneladas e estima-se que chegue a 200 mil
toneladas até o fim desta década, enquanto a produção mundial é estimada em 500 mil
toneladas. No Brasil, sabe-se que são produzidas peças fundidas em ADI, mas os dados
não estão disponíveis.
2.3 Comportamento à fadiga do ADI
As propriedades à fadiga do ADI são fortemente influenciadas pela microestrutura, da
mesma forma que outras propriedades mecânicas. A microestrutura por sua vez depende
do tratamento térmico, que influencia na quantidade, no tamanho e na distribuição das
fases presentes. Mas a microestrutura também está intimamente relacionada com a
solidificação, a qual define a morfologia da grafita (quantidade, tamanho e distribuição),
e defeitos (porosidades, inclusões, segregações, partículas de segunda fase ou eutéticos).
As informações disponíveis sobre propriedades à fadiga do ADI e correlação com a
microestrutura são escassas, como destacam GRENO et al. (1998), LIN e PAI (1999),
JAMES e WENFONG (1999) e DAI et al. (2001). KEOUGH (2002) chega a afirmar
que muitas pesquisas são realizadas, mas não chegam a ser publicadas. Os autores são
unânimes em afirmar que a utilização do ADI em elementos de máquinas e estruturais
sujeitos à fadiga, dependem da disponibilidade e confiabilidade das informações sobre o
seu comportamento.
Verificou-se que o comportamento do ADI à fadiga foi estudado, aentão, utilizando
as abordagens em tensão, deformação e pela Mecânica da Fratura. Não foram
encontradas referências sobre o estudo do fenômeno da fadiga do ADI através da
energia de deformação.
2.3.1 Fadiga de alto ciclo – Abordagem em tensão
LIN et al. (1996) investigaram a influência da microestrutura nas propriedades à fadiga
de alto ciclo de diversos tipos de ferros fundidos austemperados, destacando a
17
influência da quantidade e morfologia da grafita e da quantidade de austenita retida. Os
autores concluem que o mecanismo de falha por fadiga de alto ciclo dos ferros fundidos
nodulares, com e sem tratamento de austêmpera, envolve a decoesão dos nódulos de
grafita, surgimento de microtrincas a partir dos nódulos, união de determinadas
microtrincas com a trinca principal e propagação da trinca pela conexão entre os
nódulos. A nucleação de trincas também foi observada nos defeitos de fundição, tais
como inclusões, microrrechupes e grafitas degeneradas.
As propriedades à fadiga do ADI o iguais ou superiores aos os forjados como
mostra a FIG. 2.8. Quando submetidos a tratamentos de superfície, a resistência à
fadiga do ADI aumenta significativamente, como pode ser observado através da
comparação entre os limites de fadiga dos materiais 2 e 6 ou 4 e 7, FIG. 2.8.
FIGURA 2.8 –
Comparação entre o limite de fadiga do ADI e aços forjados com
influência de tratamentos superficiais e entalhe.
Adaptado de DUCTILE IRON DATA (1998).
A FIG. 2.9 mostra a influência da temperatura de austêmpera no limite de resistência à
fadiga em corpos de prova em ADI. Observa-se que os valores máximos para a
18
resistência à fadiga, determinada por flexão rotativa, são obtidos para temperaturas de
austêmpera em torno de 360°C.
FIGURA 2.9 – Influência da temperatura de austêmpera no limite de resistência à fadiga
por flexão rotativa, em corpos-de-prova sem entalhe.
Fonte: HARDING (1993).
Estudos sobre a influência da temperatura de austêmpera no limite de resistência à
fadiga, em ADI submetidos a tratamentos superficiais, mostram o aumento acentuado
do limite de fadiga para temperaturas de austêmpera acima de 315°C. Sabe-se que a
estabilidade mecânica da austenita presente no ADI depende basicamente do teor de
carbono e do vel de tensão ou deformação. Considerando que a austenita no ADI se
apresenta com diferentes teores de carbono, é razoável considerar que a mesma possa
transformar-se em martensita, quando sujeita à deformações elevadas provocadas por
tratamentos superficiais ou usinagem. A transformação de fase ocorrida nestas regiões é
acompanhada por deformação plástica, atuando beneficamente sobre a etapa de
iniciação de trincas.
Acredita-se que a propagação da trinca por fadiga possa ser retardada pela ocorrência da
transformação da austenita em martensita na região próxima da trinca, favorecendo o
fenômeno de fechamento da trinca por transformação de fase e provocando o
19
relaxamento das tensões na ponta da trinca. Desta forma, os tratamentos superficiais
neste material têm duplo efeito, ou seja, o ADI beneficia-se das tensões compressivas
geradas pelo tratamento superficial e das tensões geradas pela transformação da
austenita em martensita.
2.3.2 Fadiga de baixo ciclo – Abordagem em deformação
LIN e HUNG (1996) estudaram a influência da microestrutura no comportamento à
fadiga de baixo ciclo de quatro ligas de ferro fundido nodular, austemperadas a 300°C e
360 °C. Os autores verificaram que resultados obtidos para o comportamento à fadiga
de alto ciclo do ADI não podem ser utilizados quando os componentes são solicitados à
fadiga de baixo ciclo.
LIN e HUNG (1996) e LIN e PAI (1999) analisando as curvas de fadiga com controle
por deformação, para três diferentes valores de razão de deformações, R, verificaram
que o ADI quando carregado ciclicamente, independente do valor de R, apresenta
amolecimento. Observaram também, redução da vida à fadiga com o aumento da razão
de deformação, devido ao efeito da deformação média. Segundo os autores, a
intensidade do efeito da deformação média, na vida à fadiga, é função da temperatura de
austêmpera. O material tratado a 300°C é mais susceptível aos efeitos da deformação
média que o tratado a 360°C, porque a matriz ausferrítica é menos dúctil.
LIN e PAI (1999) verificaram que as equações, propostas por Morrow e por Smith,
Watson e Topper (SWT), superestimam o número de ciclos necessários à falha por
fadiga de baixo ciclo, para materiais tratados a 300°C por 3 horas. Os autores
verificaram ainda, que uma modificação da equação SWT, proposta por FASH e SOCIE
(1982), apresentou melhores resultados para o ADI tratado nas duas condições citadas:
248,0
7,19
=
famáx
N
εσ
(2.1)
onde:
σ
max
: tensão máxima em MPa;
20
ε
a
: amplitude de deformação;
N
f
: número de ciclos previstos para ocorrer a falha.
2.3.3 Tenacidade à fratura e propagação de trincas por fadiga – Abordagem pela
Mecânica da Fratura
A utilização da Mecânica da Fratura no estudo do comportamento à fadiga dos ferros
fundidos nodulares austemperados é particularmente interessante porque além das
vantagens oferecidas por esta abordagem, ela permite ainda determinar a influência da
quantidade, da dimensão e da forma dos defeitos de fundição na resistência à fadiga de
componentes mecânicos ou estruturais. O comportamento do componente fundido em
serviço pode ser previsto através de métodos que permitam considerar defeitos
existentes (BERETTA et al., 1997).
PUTATUNDA e GADICHERLA (1999), PUTATUNDA (2001) e RAO e
PUTATUNDA (2003) mostram que a tenacidade à fratura do ADI depende do volume
de austenita na matriz e do teor de carbono na austenita, controlados durante o
tratamento térmico. A tenacidade à fratura do ADI fica no intervalo de 45 a 110
MPa.m
1/2
, os valores máximos são obtidos em temperaturas próximas à 360°C.
BARTOSIEWICS et al. (1992) investigaram a influência da microestrutura na
propagação de trincas de fadiga e observaram que o limiar
K
th
(threshold), cresce com
o aumento do volume de austenita na matriz.
YANG e PUTATUNDA (2005) verificaram que para temperaturas de austêmpera entre
315°C a 385°C, os valores de
K
th
aumentam a medida que se eleva a temperatura de
austêmpera, como ilustra a FIG. 2.10. Observaram ainda que a taxa de propagação de
trinca na região próxima ao limiar
K
th
é influenciada pelas seguintes variáveis
microestruturais: volume de austenita na matriz, teor de carbono na austenita, tamanho
da célula ferrítica e do produto entre o volume de austenita pelo teor de carbono na
matriz. As influências destas variáveis microestruturais no limiar
K
th
o ilustradas nas
FIG. 2.11a a 2.11d.
21
300 320 340 360 380 400
5.5
6.0
6.5
7.0
7.5
8.0
8.5
K
th
(MPa.m
1/2
)
Temperatura de austêmperaC)
FIGURA 2.10 – Influência da temperatura de austêmpera no limiar
K
th
do ADI.
Fonte: YANG e PUTATUNDA (2005).
PUTATUNDA e GADICHERLA (1999) e RAO e PUTATUNDA (2003) denominam
“d” como sendo a dimensão da partícula de ferrita, particle size of ferrite,
PUTATUNDA (2001) e YANG e PUTATUNDA (2005), utilizam o termo dimensão
da célula ferrítica, ferrite cell size. Mas, infelizmente, nenhum dos autores apresentam
um desenho ou esquema mostrando a lula ferrítica e sua dimensão d. Os autores se
referem ao parâmetro d como sendo uma estimativa do tamanho médio da célula ou
partícula de ferrita e também como uma medida do caminho livre médio do movimento
de discordâncias dentro da fase ferrítica. Optou-se por adotar neste trabalho a expressão
“dimensão da célula ferrítica”, pois este é o termo utilizado pelo trabalho mais recente
(YANG e PUTATUNDA, 2005). Considerou-se que os autores ao utilizarem a
dimensão “d” estejam se referindo à espessura das subunidades que compõem a agulha
de ferrita.
22
20 25 30 35
5.5
6.0
6.5
7.0
7.5
8.0
8.5
(a)
K
th
(MPa.m
1/2
)
Volume de austenita (X
γ
, %)
1.80 1.85 1.90 1.95
5.5
6.0
6.5
7.0
7.5
8.0
8.5
(b)
K
th
(MPa.m
1/2
)
Teor de carbono na austenita (C
γ
, %)
27.5 30.0 32.5 35.0 37.5 40.0 42.5 45.0
5.5
6.0
6.5
7.0
7.5
8.0
8.5
(c)
K
th
(MPa.m
1/2
)
Tamanho da célula ferrítica (d, nm)
0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8
5.5
6.0
6.5
7.0
7.5
8.0
8.5
(d)
K
th
(MPa.m
1/2
)
Teor total de carbono na matriz (X
γ
.C
γ
, %)
FIGURA 2.11 – Influência de parâmetros microestruturais no limiar
K
th
do ADI:
(a) fração volumétrica de austenita (Xγ) ; (b) teor de carbono na
austenita (Cγ,%); tamanho da célula ferrítica (d, nm); teor de
carbono na austenita vezes a fração volumétrica de austenita (teor
total de carbono) (Xγ.Cγ).
Fonte: YANG e PUTATUNDA (2005).
A partir dos resultados de
K
th
e de propagação de trinca por fadiga na região I, obtidos
para temperaturas de austêmpera entre 315°C e 385°C, YANG e PUTATUNDA (2005)
concluem que em temperaturas de austêmpera mais elevadas a taxa de propagação de
trinca por fadiga é menor, resultando em maiores valores de
K
th
. Segundo os autores,
quando se utiliza altas temperaturas de austêmpera, obtêm-se materiais com tenacidade
à fratura mais elevada devido: (i) a maior quantidade de austenita na matriz; (ii) ao
maior teor de carbono da austenita; ( iii) a maior ductilidade do material. Os autores
observaram ainda que o limiar
K
th
diminui a medida que o limite de escoamento
aumenta, como ilustra a FIG. 2.12.
23
600 700 800 900 1000 1100 1200
5.5
6.0
6.5
7.0
7.5
8.0
8.5
K
th
(MPa.m
1/2
)
Limite de escoamento, LE (MPa)
FIGURA 2.12 – Relação entre o limite de escoamento e o limiar
K
th
do ADI.
Fonte: YANG e PUTATUNDA (2005).
YANG e PUTATUNDA (2005) verificaram que a velocidade de propagação de trinca
por fadiga na região I e o limiar
K
th
são afetados pelo tamanho da célula ferrítica, d, e
pelo limite de escoamento, LE. Os autores afirmam, tendo como base a FIG. 2.13, que
existe uma relação aproximadamente linear entre o parâmetro
K
th
/(LE.d
1/2
) e a
temperatura de austêmpera.
Como a velocidade de propagação de trinca por fadiga na região I diminui para valores
crescentes de tamanho de célula ferrítica, d, YANG e PUTATUNDA (2005) concluíram
que a velocidade das discordâncias dentro da célula ausferrítica é um fator mais
preponderante que o contorno de grão no controle da velocidade de propagação de
trinca por fadiga para o ADI.
24
300 320 340 360 380 400
0
10
20
30
40
50
60
70
Pametro
K
th
/(LE.d
1/2
)
Temperatura de austêmpera (°C)
FIGURA 2.13 Relação entre o parâmetro
K
th
/(LE.d
1/2
) e a temperatura de
austêmpera.
Adaptado de YANG e PUTATUNDA (2005).
PUTATUNDA e GADICHERLA (1999), PUTATUNDA (2001), RAO e
PUTATUNDA (2003) e YANG e PUTATUNDA (2005), determinaram o valor de d
utilizando a fórmula de Scherrer:
θβ
λ
cos
9,0
=d
(2.2)
onde:
d : tamanho médio da célula ferrítica (nm);
λ : comprimento de onda (nm);
β : largura do pico (211) da ferrita correspondente à metade da altura do pico (radianos);
θ : ângulo de Bragg.
Os valores de
K
th
determinados por BARTOSIEWICS et al. (1992); GRENO et al.
(1999) e YANG e PUTATUNDA (2005) ficaram entre 4,2 e 8,4 MPa.m
1/2
.
25
GRENO et al. (1998 e 1999) investigaram o comportamento à fadiga das cinco classes
de ADI normalizadas pela ASTM A897(1990) e sua correlação com a microestrutura.
Curvas de propagação de trincas no regime da lei de Paris foram obtidas para amostras
com grafita de diferentes tamanhos e quantidade, e diferentes matrizes metálicas, cujos
resultados são apresentados na FIG. 2.14. Os autores concluíram que a taxa de
propagação de trincas, dos materiais analisados, não é muito dependente da quantidade
e do tamanho das grafitas. O resultado obtido para o ADI é similar a outros materiais,
pois se trata da região II de propagação de trinca por fadiga. As equações de Paris que
limitam os dados apresentados na FIG. 2.13 são:
( )
( )
74,211
74,211
8610,8
8910,2
K
dN
da
K
dN
da
=
=
(2.3)
GRENO et al. (1999), analisando a morfologia das trincas de fadiga através de
metalografia quantitativa, mostram que a trajetória da trinca intercepta,
preferencialmente, os nódulos de grafita. Eles também observaram que a nucleação de
microtrincas ocorre nas regiões de alta concentração de tensões, localizadas em torno da
ponta das macrotrincas. Estas microtrincas emanam de irregularidades e extremidades
pontiagudas localizadas na interface grafita-matriz. Segundo ORTIZ et al. (2001), a
formação de múltiplas microtrincas subcríticas nos nódulos de grafita tem sido relatada
por outros autores mesmo em veis de tensão próximas do limite de resistência à
fadiga. GRENO et al. (1999) e ORTIZ et al. (2001) utilizaram o Método dos Elementos
de Contorno para validar o mecanismo de propagação de trinca citado. Recentemente
YANG e PUTATUNDA (2005) confirmaram o mecanismo de propagação proposto por
GRENO et al. (1999).
26
FIGURA 2.14
Dados experimentais de propagação de trincas de fadiga para ADI.
Fonte: GRENO et al. (1999).
GRENO et al. (1999) mostram ainda que a superfície de fratura é influenciada pelo
valor do K aplicado. Para valores de K próximos do limiar K
th
, a superfície de
fratura apresenta estriações típicas do mecanismo de fratura dúctil, FIG. 2.15a. Para
valores de K correspondendo à região de propagação regida pela lei de Paris, a
superfície de fratura apresenta estriações e planos de clivagem, caracterizando o
mecanismo de fratura denominado de quase-clivagem” (quasi-cleavage), FIG. 2.15b e
2.15c. YANG e PUTATUNDA (2005) confirmaram os mecanismos de falha citados.
27
FIGURA 2.15 Microfractografias de ferro fundido nodular austemperado:
(a) predomínio das estrias de fadiga; (b) estrias de fadiga
crescendo com facetas de clivagem isoladas adjacentes aos
nódulos de grafita; (c) propagação da trinca por fadiga em planos
de clivagem próximos do nódulo de grafita.
Fonte: GRENO et al. (1999).
28
2.4 Fadiga em componentes estruturais contendo defeitos
A previsão da resistência à fadiga de componentes estruturais contendo defeitos tem
sido objeto de estudo de engenheiros e pesquisadores, utilizando diferentes critérios e
abordagens (MURAKAMI e ENDO, 1983,1994; BERETTA et al., 1997; SURESH,
2001; REED et al., 2003).
MURAKAMI e ENDO (1994) verificaram a existência de dezoito critérios de previsão.
Atualmente, critérios de projeto que buscam prever determinada propriedade mecânica,
levando em conta a microestrutura e possíveis defeitos de fabricação, continuam sendo
objeto de interesse tanto de cientistas, quanto de indústrias, visando a redução da fase de
desenvolvimento e a otimização do processo de fabricação de vários tipos de
componentes estruturais e mecânicos. Segundo BERETTA et al. (1997), entre os
critérios existentes destacam-se os propostos por Kazinczy, El-Haddad e Murakami e
Endo, pela facilidade de aplicação; sendo este último, o mais completo na previsão do
limite de fadiga de componentes contendo defeitos, inclusões e heterogeneidades.
As Eq.(2.4) a (2.6) apresentam o critério empírico proposto por MURAKAMI e ENDO
(1994), onde se observa que os autores adotam a área projetada do defeito como
parâmetro geométrico. Segundo eles, a escolha da
área
como parâmetro geométrico
do defeito originou-se de observações e análise numérica, tendo como base o fator de
intensidade de tensão.
áreacK
πσ
1max
(2.4)
(
)
(
)
31
2
120 áreaHcK
vth
+=
(2.5)
( )
( )
4
10226,0
61
3
2
1
120
+
+
=
v
H
v
w
R
área
Hc
σ
(2.6)
onde:
K
max
: máximo fator cíclico de intensidade de tensão na região do defeito;
c
1
: constante (0,65 para defeitos superficiais e 0,5 para defeitos internos);
29
∆σ : intervalo de variação da tensão normal ao plano do defeito;
área : área projetada do defeito em um plano perpendicular à máxima tensão normal;
K
th
: fator cíclico limiar de intensidade de tensão (limite inferior de K, abaixo do
qual não ocorre o crescimento da trinca);
c
2
: constante (3,3 x 10
-3
para defeitos superficiais e 2,77 x 10
-3
para defeitos
internos);
σ
w
: limite de resistência à fadiga;
c
3
: constante (1,43 para defeitos superficiais e 1,56 para defeitos internos);
H
V
: dureza Vickers;
R : razão entre tensões.
Este critério tem sido utilizado em problemas de fadiga de componentes metálicos com
pequenas trincas, pequenos furos, ranhuras superficiais, rugosidade superficial,
inclusões não-metálicas, pontos de corrosão, carbonetos em os ferramenta, partículas
de segunda fase em ligas Al-Si e grafita esferoidal em ferros fundidos nodulares
convencionais (MURAKAMI e ENDO, 1994).
DIAS et al. (2003) avaliaram o fundamento do critério de Murakami e Endo e a
Eq. (2.4), utilizando métodos computacionais que ainda não estavam disponíveis na
época que o mesmo foi proposto e verificaram que a diferença observada foi de ± 10%,
ficando dentro da margem de erro determinada experimentalmente por MURAKAMI e
ENDO (1994).
A eficiência do critério proposto por MURAKAMI e ENDO (1994) é atribuída
primeiramente à possibilidade de calcular
K em defeitos com formas complexas, em
duas e três dimensões, utilizando equações simples e também ao fato do efeito da
microestrutura do material sob análise estar condensado na dureza do material, como se
se observa nas Eq. (2.5) e (2.6).
CARMO et al. (2004) adaptou a Eq. (2.6) para ser utilizada na estimativa do limite de
fadiga por flexão rotativa do ADI. A principal modificação foi na constante associada à
dureza, onde (HV +120) foi substituído por (C
1
HV) uma vez que a resistência à
30
fadiga do ADI não é diretamente proporcional à dureza do material (DUCTILE IRON
DATA, 1998). Então, a Eq. (2.6) com R=-1 ficou da forma mostrada na Eq. (2.7).
(
)
( )
61
13
área
HCc
v
w
=
σ
(2.7)
Para determinar, experimentalmente, o valor da constante
C
1
para o ADI, CARMO et al.
(2004) utilizaram os resultados de ensaios de fadiga por flexão rotativa de 30 corpos-de-
prova, realizados por MENESES et al. (2003). O limite de fadiga foi determinado para
n
5 x 10
6
ciclos. Para determinar o parâmetro
área
os autores utilizaram a área
máxima da grafita, observada na periferia da seção transversal dos corpos-de-prova e
encontram um valor médio para
C
1
= 910 HV
.
2.5 Fadiga sob carregamento com amplitude variável
As informações obtidas sobre o comportamento à fadiga do ADI estão limitadas a
carregamentos com amplitude constante. No entanto, a maioria dos elementos
estruturais e de máquinas são solicitados a carregamentos com amplitude variável
durante a sua vida em serviço, justificando portanto a necessidade de se estudar o
assunto tanto do ponto de vista do projeto mecânico quanto do metalúrgico.
O processo de fadiga sob carregamento variável, da mesma forma que sob carregamento
constante, pode ser subdividido em várias fases: nucleação de microtrincas;
crescimento de microtrincas; crescimento da macrotrinca e ruptura (SCHIJVE,1996).
Deve-se destacar que antes da nucleação de microtrincas, pode ocorrer a produção de
dano cíclico, na forma de endurecimento ou amolecimento do material. As fases citadas
com exceção da ruptura, podem ser resumidas em dois estágios: o primeiro denominado
de iniciação da trinca, que compreende o dano cíclico e as duas fases iniciais, o segundo
refere-se à propagação da trinca.
A nucleação da trinca está associada com bandas de escorregamento cíclica e é
controlada pela concentração local de tensão e deformação. NEWMAN (1998) lembra
31
que o mecanismo de formação de trincas por bandas de escorregamentos ocorre em
metais puros, mas em materiais de engenharia, a presença de heterogeneidades,
inclusões, vazios, rugosidade superficial e outros defeitos afetam o processo de
nucleação de trincas; suprimindo esta fase. Efeito semelhante é esperado para o ADI
porque é um material que apresenta esferóides de grafita, além de defeitos inerentes ao
processo de fundição. O efeito da grafita nodular no processo de iniciação de trincas foi
estudado por STARKEY e IRVING (1979). DAI et al. (2001) observaram os processos
de iniciação e propagação de trincas no ADI sob carregamento estático. Não se
encontraram estudos sobre o processo de iniciação de trinca no ADI e sobre a influência
da grafita e da microestrutura ausferrítica em carregamentos com amplitude variável.
Segundo SCHIJVE (1996) resultados de testes específicos sobre o processo de iniciação
da trincas são raros para a maioria dos materiais. Mas, ensaios com amplitude variável
em amostras com e sem entalhe podem fornecer informações do período de iniciação
através da comparação do número de ciclos necessários para a falha por fadiga, porque
a fase de iniciação, em amostras com entalhe, é relativamente curta. O estudo das fases
de nucleação e crescimento de microtrincas, atualmente denominada de trincas curtas,
exige equipamento e técnicas sofisticados.
A fase de propagação de macrotrincas, denominadas atualmente de trincas longas, sob
carregamento variável tem recebido a atenção de muitos pesquisadores
(NEWMAN, 1998), mas pesquisas específicas sobre o ADI não foram encontradas.
O estudo do comportamento à fadiga do ADI sob carregamento com amplitude variável
pode ser feito através das abordagens em tensão, deformação, energia e pela mecânica
da fratura. A abordagem em tensão é aplicada em casos específicos, mas apresenta
limitações conhecidas e divulgadas (BANNANTINE et al., 1990; COLLINS, 1993;
SCHIJVE, 1996). A abordagem em deformação tem sido aplicada juntamente com
métodos de contagem de ciclos, mas restringe-se à fase de iniciação da trinca
(COLLINS, 1993; BANNANTINE et al., 1990; SCHIJVE, 1996; SURESH, 2001;
DOWLING, 1999). A mecânica da fratura é o todo mais utilizado na análise do
comportamento à fadiga sob carregamento com amplitude variável (BROEK, 1986;
32
ANDERSON, 1990; BANNANTINE et al., 1990; SCHIJVE, 1996; SURESH, 2001),
mas restringe-se à fase de propagação da trinca. A energia de deformação pode ser
utilizada em todas as fases do processo de fadiga como mostram TCHANKOV e
VESSELINOV (1998) e LAGODA (2001).
Para prever a vida à fadiga de componentes sujeitos a um histórico de carregamento
variável é necessário transformá-lo em um número de eventos que podem ser
comparados a dados obtidos sob amplitude constante. O processo de redução de um
histórico de carga complexa em um número de eventos com amplitude constante é
denominado de contagem de ciclos. rias técnicas de contagem de ciclos estão
disponíveis para a análise de carregamento com amplitude variável através da mecânica
da fratura e pelas abordagens em deformação ou energia (BANNANTINE et al., 1990;
PAVLOU, 2000; SURESH, 2001; LAGODA, 2001; MIRANDA et al., 2003).
TCHANKOV e VESSELINOV (1998) utilizando a abordagem pela energia de
deformação, desenvolveram um método que dispensa o uso de qualquer processo de
contagem de ciclos.
2.6 Propagação de trincas por fadiga sob carregamento com
amplitude variável
2.6.1 Similitude na fadiga
Ensaios de propagação de trinca para o ADI sob carregamento constante fornecem
informações valiosas sobre o seu comportamento à fadiga, mas os resultados não podem
ser diretamente aplicados quando a amplitude do carregamento é variável, o que tem
sido confirmado por uma grande quantidade de resultados experimentais para diversos
tipos de materiais. A justificativa para o fato citado está relacionada com o conceito de
similitude que é a base teórica da mecânica da fratura. Similitude implica que as
condições da ponta da trinca são unicamente definidas por um simples parâmetro de
carga como o fator de intensidade de tensão. Duas trincas estacionárias, carregadas com
o mesmo fator de intensidade de tensão, como ilustra a FIG. 2.16, apresentam pelo
conceito de similitude condições idênticas na ponta da trinca, desde que a zona plástica
33
seja pequena comparada com todas as dimensões relevantes da amostra e da estrutura.
Consequentemente ambas falharão com o mesmo valor crítico
K
(ANDERSON, 1991).
FIGURA 2.16 Representação esquemática do conceito de similitude de duas trincas
estacionárias. O corpo-de-prova e a estrutura são carregados com o
mesmo fator de intensidade de tensão
K
, apresentando portanto
idênticas condições na ponta da trinca.
Fonte: ANDERSON (1991, p. 102).
A utilização de
K
na previsão da velocidade de propagação da trinca foi proposta
inicialmente por PARIS e ERDOGAN (1963). Para uma trinca crescendo na presença
de um certo
K
constante, uma zona plástica cíclica se forma na ponta da trinca, e a
trinca crescente vai deixando para trás uma “esteira” de plasticidade. Se esta zona
plástica for suficientemente pequena, sendo envolvida dentro de uma região de
singularidade elástica as condições na ponta da trinca serão definidas pelo valor
34
crescente de
K
, e a velocidade da trinca é caracterizada por
K
max
e
K
min
. A relação entre
o crescimento da trinca e o valor de
K
pode ser expressa pela Eq. (2.8):
( )
RKf
dN
da
,=
(2.8)
onde:
K
:
K
máx
– K
min
;
R
:
K
max
/ K
min
;
da/dN
: taxa de propagação da trinca.
A influência da zona plástica e da esteira” de plasticidade na velocidade de
crescimento da trinca está implícita na Eq. (2.8), uma vez que o tamanho da zona
plástica depende somente dos valores de
K
max
e
K
min
(ANDERSON, 1991). Diversas
expressões para
f
têm sido propostas, empíricas na maioria. A Eq. (2.8) pode ser
integrada para estimar a vida sob fadiga com amplitude constante.
O conceito de similitude das condições da ponta da trinca por fadiga, implicando em
uma relação única entre
da/dN,
K
e
R
, é válida somente para carregamento com
amplitude constante, ou seja, quando
dK/da = 0
. Elementos estruturais ou de máquinas,
no entanto, estão sujeitos a espectro de carregamento durante a sua vida útil onde
ocorrerá variação nos valores de
K
max
,
K
min
ou em ambos. Em tais casos, a taxa de
crescimento da trinca num dado ciclo dependerá do histórico de carregamento
anteriormente aplicado e dos valores instantâneos de
K
max
e
K
min
(ANDERSON, 1991):
( )
RKf
dN
da
,,
1
=
(2.9)
onde H representa a dependência com o histórico de carregamento, ligado à deformação
plástica resultante na região da trinca. A Eq. (2.9) viola a consideração de similitude
pois dois elementos carregados ciclicamente com valores idênticos de
K e R o
apresentarão a mesma taxa de crescimento de trinca se o histórico de carregamento for
35
diferente (ANDERSON, 1991). A FIG. 2.17 mostra três tipos de carregamento variável
onde o conceito de similitude é violado. Em cada tipo, o histórico de carregamento
anterior influencia as condições da ponta da trinca.
FIGURA 2.17 Exemplos de carregamentos com amplitude variável que violam o
conceito de similitude na fadiga.
Fonte: ANDERSON (1991, p. 601).
36
Se o processo de fadiga promover excessiva plasticidade, a similitude também será
violada; portanto, o fator K não poderá ser utilizado para caracterizar as condições na
ponta da trinca. Vários pesquisadores, enumerados por ANDERSON (1991) e
GODEFROID (1999), têm aplicado a Integral J para acompanhar o processo de fadiga
com escoamento em larga escala.
2.6.2 Efeitos de interação de cargas
Os efeitos de interação de cargas foram observados no início da década de 60.
Atualmente sabe-se que qualquer que seja o histórico de carregamento considerado, o
espectro de cargas induz diferentes efeitos de interação de cargas, dos quais o
retardamento da propagação de trinca é o mais importante (GODEFROID, 1999).
Inúmeras variáveis influenciam na magnitude do retardamento, GODEFROID (1999)
cita como sendo as mais importantes: microestrutura; tipo de corpo de prova; espessura
do corpo de prova; ambiente; temperatura; tamanho da trinca (
K); magnitude da
sobrecarga; mero de picos de sobrecarga; distância entre sobrecargas; freqüência do
carregamento; tempo de permanência da sobrecarga; modo de carregamento; razão R;
tração/compressão.
Diversos mecanismos têm sido propostos nos últimos 30 anos para explicar os efeitos
de interação de cargas. Estes mecanismos envolvem conceitos baseados nos seguintes
aspectos: embotamento (blunting) plástico na ponta da trinca; tensões residuais
compressivas na ponta da trinca, ou próximas da ponta da trinca; fechamento de trinca
gerado pela deformação plástica na região em volta da trinca; endurecimento por
deformação, monotônico ou cíclico, do material na região da zona plástica à frente da
trinca; orientação incompatível da frente da trinca; ramificação da trinca; e
microrrugosidades das superfícies da trinca.
Segundo GODEFROID (1999), os mecanismos mais utilizados para explicar os efeitos
de interação de cargas são as tensões compressivas residuais e o fechamento de trinca.
SURESH (2001) apresenta na FIG. 2.18 oito mecanismos de fechamento de trinca por
37
fadiga que podem atuar em carregamentos constantes e variáveis. YANG e
PUTATUNDA (2005) consideram que, no ADI, o mecanismo de fechamento de trinca
importante é o induzido por plasticidade, FIG. 2.18a. No entanto, outros mecanismos
podem atuar com menor intensidade, como os induzidos por obstáculos, FIG. 2.18f, e
por rugosidade, FIG. 2.18c. Apesar de ser razoável, considerar que o mecanismo de
fechamento de trinca induzido por transformação de fase, possa atuar no ADI, nenhum
dos trabalhos consultados mencionaram esta possibilidade.
FIGURA 2.18 – Mecanismos de fechamento de trinca por fadiga.
Fonte: SURESH (2001, p.485).
O fechamento de trinca induzido por plasticidade foi proposto por Elber em 1970 após
observar anomalias na flexibilidade elástica de diversos materiais solicitados à fadiga
(BANNANTINE et al., 1990; ANDERSON, 1991). Elber concluiu que a mudança na
flexibilidade das amostras era devido ao contato entre as superfícies da trinca, ou seja,
38
devido ao fechamento de trinca, para cargas bem baixas, porém maiores do que zero.
Elber supôs que o fechamento de trinca reduzia a taxa de crescimento, através da
redução do fator cíclico efetivo de intensidade de tensão. A FIG. 2.19 ilustra o conceito
do fechamento de trinca para carregamento com amplitude constante. Quando uma
amostra é carregada entre K
max
e K
min
, as faces da trinca estão em contato abaixo de K
op
,
o fator de intensidade de tensão para o qual a trinca se abre. Elber assumiu que a porção
do ciclo de fadiga abaixo de K
op
não contribui para o crescimento de trinca. Ele definiu
um fator cíclico efetivo de intensidade de tensão,
K
ef
, da seguinte forma:
opef
KKK
=
max
(2.10)
FIGURA 2.19 – Definição do fator cíclico efetivo de intensidade de tensão.
Fonte: ANDERSON (1991, p. 607).
Elber introduziu uma relação U entre os fatores de intensidade de tensão, U =
K
ef
/
K
e propôs uma modificação na equação de Paris e Ergodan, válida para carregamento
com amplitude constante:
( )
m
ef
KC
dN
da
=
(2.11)
Os critérios que utilizam o mecanismo de fechamento de trinca para carregamento com
amplitude variável consideram que o retardamento e a aceleração da taxa de propagação
39
são provocados pelos efeitos deste mecanismo. Tais critérios são capazes de prever a
aceleração da propagação da trinca em carregamentos tipo alto-baixo (high-low) e o
retardamento em carregamentos tipo baixo-alto (low-high). A FIG. 2.20 mostra que em
ambas as seqüências citadas ocorrem os efeitos de aceleração e retardamento e em
seguida a estabilização. BANNANTINE et al. (1990) descrevem em detalhes estes dois
casos.
FIGURA 2.20 Variações no fator de intensidade de tensão, devido ao mecanismo de
fechamento de trinca, e no fator cíclico efetivo de intensidade de
tensão, devido à variação da amplitude de carga.
Fonte: BANNANTINE et al. (1990, p. 201).
2.6.3 Previsão de vida à fadiga sob carregamento com amplitude variável
Um dos principais objetivos do estudo da fadiga é o desenvolvimento de critérios
quantitativos de previsão da vida útil de elementos estruturais e mecânicos sujeitos a
carregamentos cíclicos. De forma geral a taxa de propagação da trinca é governada por
um ou mais parâmetros que descrevem as condições da ponta da trinca, podendo ser
representada pela equação:
( )
i
Pf
dN
da
=
(2.12)
onde P
i
representa de maneira geral os parâmetros da ponta da trinca. NEWMAN
(1998) relaciona as diversas equações propostas para a propagação de trincas de fadiga
40
e os parâmetros P
i
utilizados, sendo a grande maioria aplicáveis a carregamentos com
amplitude constante e algumas delas aplicáveis também a espectro de cargas. A maior
parte utiliza, como parâmetro, o conceito do fator de intensidade de tensão.
Pela integração da Eq. (2.12), a partir de um tamanho inicial até uma dimensão crítica,
pode-se calcular o número de ciclos e prever a vida útil. Segundo SURESH (2001),
atualmente, somente critérios semi-empíricos são capazes de fornecer razoável
estimativa de elementos sujeitos à fadiga sob carregamento com amplitude variável.
Os métodos disponíveis para prever a vida à fadiga podem ser classificados em dois
grandes grupos: os métodos que utilizam a abordagem ciclo-por-ciclo e a abordagem
estatística. Na ciclo-por-ciclo a extensão do dano ou o avanço da trinca associado com
cada ciclo é somada para prever a vida à fadiga. O todo ciclo-por-ciclo mais
conhecido é a lei de dano linear proposta por Palmgren-Miner. A abordagem ciclo-por-
ciclo pode ser estendida ao crescimento de trinca por fadiga sob carregamento com
amplitude variável, utilizando todos de contagem de ciclo e critérios que levam em
conta os efeitos de interação de cargas. Exemplos recentes são encontrados em
MIRANDA et al. (2003). Na simulação de carregamentos com amplitude variável
através de métodos numéricos, o ciclo de fadiga é representado por um avanço pré-
determinado da trinca em vez de flutuações no parâmetro P
i
(SURESH, 2001).
2.6.4 Métodos baseados no conceito de zona de escoamento
No critério de retardamento de Willenborg, Engle e Wood (BANNANTINE et al.,1990;
SURESH, 2001) a redução da taxa de propagação da trinca é atribuída ao aumento no
nível de tensões residuais de compressão à frente da trinca por fadiga, induzido pelas
sobrecargas. Estas tensões residuais compressivas causam uma redução no fator de
intensidade de tensão de uma quantia K
red
. Esta redução em K é função do tamanho da
zona plástica anterior, associada com a carga cíclica corrente de um espectro de cargas
aleatório, e do tamanho máximo da zona plástica criada pelas sobrecargas. O
retardamento da propagação ocorrerá, por este todo, se o fator de intensidade de
tensão mínimo, K
min
, da carga cíclica corrente for menor que K
red
.
41
Segundo SURESH (2001) alguns dos aspectos básicos deste critério vão contra o
entendimento atual do mecanismo de fechamento de trinca. Segundo o método da zona
de escoamento, a queda na taxa de crescimento da trinca é devida à redução no K
max
, em
vez de uma redução no K
ef
.
Wheeler introduziu um critério simples de retardamento utilizando considerações
similares (BANNANTINE et al.,1990; SURESH, 2001). Na sua abordagem, a taxa de
propagação de trinca por fadiga sob carregamento com amplitude variável, é
relacionada com a taxa de propagação de trinca equivalente, sob carregamento
constante, a um valor nominal
K, através de um fator de retardamento,
β
, tal que:
k
pi
ACAV
r
dN
da
dN
da
=
=
λ
ββ
,
(2.13)
onde:
(da/dN)
AV
: taxa de propagação de trinca por fadiga sob carregamento com
amplitude variável;
(da/dN)
AC
: taxa de propagação de trinca por fadiga sob carregamento com
amplitude constante
r
pi
: raio da zona plástica;
λ
:distância entre a ponta da trinca anterior à sobrecarga e o contorno da
zona plástica produzida por esta sobrecarga;
k : parâmetro a ser determinado empiricamente.
2.6.5 Critérios de engenharia baseados no conceito de fechamento de trinca
SURESH (2001) cita vários pesquisadores que utilizaram o conceito de fechamento de
trinca associado com vários todos de contagem de ciclos para prever a vida à fadiga
sob carregamento de amplitude variável, envolvendo cargas aleatórias e blocos
programados.
42
O principal atrativo deste método é poder deduzir o comportamento de abertura da
trinca sob carregamento de amplitude variável através do acompanhamento da
propagação da trinca por fadiga sob carregamento com amplitude constante.
2.7 Teorias de dano
A análise de danos acumulados desempenha um papel fundamental na previsão de vida
à fadiga de componentes submetidos a históricos de carregamentos porque o dano
cresce com o número de ciclos de carga aplicada de forma cumulativa.
Neste trabalho, dano será considerado como a deterioração progressiva dos materiais
sob ação de solicitação mecânica. Dano é um processo bem diferente da deformação
plástica, embora as causas iniciais dos dois fenômenos sejam idênticas: movimento e
acúmulo de discordâncias no metal. MANSUR (2003) destaca que o dano possui um
caráter de irreversibilidade muito pronunciado, de tal maneira que os tratamentos
termomecânicos clássicos não os fazem desaparecer totalmente.
FATEMI e YANG (1998), através de um excelente trabalho de revisão mostram que o
problema do acúmulo de danos apesar de ser bastante estudado desde 1945. Mas, ainda
hoje não foi totalmente resolvido. Desde a introdução do conceito de acumulação de
dano por Palgrem aproximadamente 75 anos atrás, e da lei de dano linear por Miner
55 anos atrás, o tratamento de dano cumulativo por fadiga tem recebido cada vez
mais atenção. Como resultado, várias teorias de dano têm sido desenvolvidos. FATEMI
e YANG (1988) verificaram a existência de mais de 50 modelos.
Embora as primeiras teorias sobre dano cumulativo por fadiga tenham sido reavaliadas
por diversos pesquisadores, nenhum relato completo mostrando os esforços
consideráveis desenvolvidos desde o início da década de 70, sobre o assunto foi
publicado, conforme enfatizado por FATEMI e YANG (1998). Neste trabalho os
autores apresentam uma revisão completa das teorias de dano cumulativo para metais e
43
suas ligas, incluindo as pesquisas realizadas no período de 1970 até o início da cada
de 90. Estas teorias são agrupadas em seis categorias, a saber: (i) leis de dano linear; (ii)
curva de dano não-linear e métodos de linearização em dois estágios; (iii) métodos de
modificação da curva de vida; (iv) métodos baseadas na Mecânica da Fratura por meio
dos conceitos de crescimento de trincas; (vi) critérios baseados na mecânica do dano
contínuo; (f) teorias baseadas em energia.
Apresentam-se a seguir as duas teorias de dano que serão utilizadas na análise dos
resultados: teoria de dano linear e teoria de dano bilinear. Para introduzir o assunto será
apresentada sucintamente a curva de dano não-linear.
2.7.1 Teorias de dano cumulativo – Curva de dano
Segundo MANSUR (2003) a definição de uma variável que caracterize o dano é um
problema complexo. É necessário identificar uma variável representativa do estado de
deterioração do componente. Como exemplo destas variáveis tem-se as microtrincas e
as cavidades na microestrutura do material, as grandezas físicas globais tais como a
densidade e a resistividade elétrica do material, as grandezas mecânicas elasticidade,
plasticidade, e viscoplasticidade (MANSUR, 2003).
Considerando que o acúmulo de dano de um componente possa ser expresso em termos
do comprimento de trinca, toma-se como exemplo, um corpo-de-prova sem entalhe com
uma trinca de comprimento , a
o
, que falha quando a trinca alcança o comprimento a
f
. Se
este corpo-de-prova for submetido a uma carga cíclica, a trinca crescerá a um
comprimento a. A quantidade de dano, D, a uma tensão S
1
, poderá ser avaliada através
da razão entre a e a
f
. Para ilustrar o conceito de dano, LEE et al. (2005) sugerem a
utilização da equação de propagação de trinca desenvolvida por Manson e Halford:
( )
f
f
f
N
n
aaaa
α
+=
00
(2.14)
44
onde n é o número de ciclos necessários para a trinca alcançar o comprimento a. O valor
de N
f
representa o número de ciclos aplicados ao corpo-de-prova para que a trinca
alcance o comprimento a
f
. O expoente
α
f
é determinado empiricamente. O dano
acumulado, D, pode ser expresso pela Eq. (2.15):
( )
+==
f
f
f
ff
N
n
aaa
aa
a
D
α
00
1
(2.15)
Esta equação de dano implica que a falha por fadiga irá ocorrer quando D for igual à
unidade, isto é, a = a
f
.
Para exemplificar as teorias de dano a serem apresentadas, considere-se como exemplo
uma seqüência de carregamento em dois blocos, tipo high-low, apresentada na
FIG. 2.21, onde os índices 1 e 2 referem-se ao primeiro e ao segundo bloco de carga,
respectivamente. No exemplo citado, n
1
denota o número de ciclos do bloco de carga
inicial e n
2,f
representa o mero de ciclos remanescentes que irão provocar a eventual
falha do corpo-de-prova, a um determinado nível de carga. A curva S-N é utilizada para
determinar para a vida à fadiga sob os carregamentos S
1
e S
2
, denotada por N
1,f
e N
2,f
.
FIGURA 2.21 Exemplo de carregamento em bloco tipo high-low com determinação
de vida à fadiga através de curva S-N.
Fonte: LEE et al. (1990, p. 61).
45
Curvas de dano não-linear para os carregamentos S
1
e S
2
da FIG. 2.21, são apresentadas
esquematicamente nas FIG. 2.22a e 2.22b. Na FIG. 2.22a se utiliza N
i,f
no eixo das
abcissas e na FIG. 2.22b se utiliza a razão entre ciclos n
1
/N
1,f
. Em ambos os casos, as
curvas mostradas podem ser descritas por uma equação do tipo potência como a
Eq. (2.15). Se o corpo-de-prova é submetido ao primeiro bloco de carga ao ciclo n
1
,
equivalente à razão n
1
/N
1,f
, então o dano é representado por segmento OA, ao longo da
curva de dano S
1
das FIG 2.22. Para representar a introdução do segundo bloco de
carga, desloca-se do ponto A, mantendo-se o mesmo nível de dano, até alcançar a curva
de dano relativa ao carregamento S
2
, isto é, até atingir o ponto A’. Mantendo-se este
carregamento, a falha irá ocorrer quando se atingir o ponto B’, ou seja, D = 1.
FIGURA 2.22 Curvas de acúmulo de dano não-linear, referentes ao carregamento da
FIG. 2.21.
Fonte: LEE et al. (1990, p. 62).
2.7.2 Teoria de acúmulo de dano de Palmgren-Miner
Se as curvas de dano, FIG. 2.22, relativas aos carregamentos mostrados na FIG. 2.21,
forem linearizadas, obtêm-se duas retas quando se utiliza N
i,f
no eixo das abcissas,
FIG. 2.23a, e uma única reta quando se utiliza a razão entre ciclos n
1
/N
1,f
, FIG. 2.23b.
46
FIGURA 2.23 Representação gráfica da teoria linear de dano para o carregamento
mostrado na FIG. 2.21.
Fonte: LEE et al. (1990, p. 66).
Neste último caso, o dano por fadiga terá uma relação linear única, independente do
nível de carregamento. Portanto, para um dado nível de dano, a razão entre ciclos,
n
1
/N
1,f
, será a mesma, como ilustrado na FIG. 2.23b. Matematicamente, a lei de dano
linear pode ser expressa da seguinte forma:
=
=
n
i
fi
i
N
n
D
1
,
(2.16)
onde:
D
: dano acumulado;
n
i
: número de ciclos aplicados sob o carregamento
i
;
N
i,f
:
total de ciclos necessários para ocorrer a falha sob o carregamento
i
;
a falha iocorrer quando
D
1
. Conclui-se, de modo geral, que um determinado ciclo
sob amplitude de tensão variável é seguro quando
D
< 1. A margem de segurança do
espectro ou bloco de carga será igual a
(1-D)
.
47
A teoria de dano linear foi inicialmente proposta por Palmgren em 1924. Miner, em
1945, apresentou esta teoria na forma matemática e aplicou-a para prever a vida de
componentes sujeitos à fadiga (COLLINS, 1993; LEE et al., 2005). A teoria de dano
linear é mais conhecida como lei ou regra de Miner.
Resultados experimentais obtidos em muitos estudos, como exemplificam SCHIJVE
(1979), SCHIJVE (1996), FATEMI e YANG (1988), LEE et al. (2005), indicam que os
valores dos danos acumulados que provocam a falha são muitas vezes diferentes do
valor unitário. Valores diferentes da unidade ocorrem porque a lei de Miner não leva em
consideração importantes aspectos, cuja influência na duração do componente à fadiga
foram comprovadas experimentalmente, tais como: (i) nível de carga; (ii) seqüência
de carregamento; (iii) interação das cargas, desprezando assim o fenômeno de
aceleração ou retardo da velocidade de propagação da trinca.
Apesar de todas as imprecisões descritas, a lei de Miner continua sendo largamente
utilizada na prática e em vários trabalhos científicos, devido à sua simplicidade
matemática e ao fato de fornecer resultados com uma certa margem de segurança. Por
este motivo ela é incorporada nos procedimentos de verificação à fadiga de várias
normas de projeto de elementos estruturais e mecânicos.
2.7.3 Teoria bilinear de acúmulo de dano
A aplicação da teoria não linear na previsão de vida à fadiga de componentes sujeitos a
carregamentos de amplitude variável, exige que se considere um dos carregamentos
como referência. A partir daí os valores de dano provocados por cada carregamento o
convertidos para valores equivalentes ao dano de referência, através de um tedioso
processo iterativo, exemplificado por LEE et al. (2005). A teoria de dano linear, é
simples de se aplicar mas mostrou-se deficiente para prever a vida à fadiga de
componentes sujeitos a carregamento variáveis.
48
Com o objetivo de encontrar uma teoria de previsão de vida à fadiga mais adequada,
pesquisadores propuseram a teoria de dano bilinear, baseados na observação de que a
falha por fadiga ocorre basicamente em duas fases: iniciação e propagação da trinca.
Exemplo de aplicação da teoria bilinear proposta por Manson e Halford, ao
carregamento em blocos do tipo
high-low
, são apresentados na FIG.24a e 2.24b (LEE et
al. 2005). A FIG. 2.24b mostra a curva de dano o-linear, linha tracejada, superposta
aos dois segmentos de reta da teoria bilinear. A FIG. 2.24a mostra que o dano total é
decomposto em duas fases: fase de dano I, denotada por D
I
, e fase de dano II, denotada
por D
II
, representada matematicamente pela Eq. (2.17).
III
DDD
+
=
(2.17)
Devido às dificuldades de se determinar o final da fase de iniciação e o início da de
propagação, os autores optaram por o denominar as fase I de iniciação e a fase II de
propagação da trinca.
FIGURA 2.24 Representação gráfica da teoria de dano bilinear para carregamentos
em blocos tipo
high-low
, superposta a curva de dano não-linear.
Fonte: LEE et al. (1990, p. 69).
O critério para determinar o ponto de interseção entre as retas relativas às fases I e II,
denominado
knee point
(ponto joelho), referido neste trabalho por ponto
knee
, foi
49
desenvolvido por Manson e Halford (LEE et al., 2005). As equações empíricas das
coordenadas do ponto
knee
para a fase I são apresentadas nas Eq. (2.18) e (2.19) e na
Eq. (2.20) para a fase II:
25,0
,2
,1
,1
1
35,0
×=
f
f
knee
f
N
N
N
n
(2.18)
25,0
,2
,1
35,0
×==
f
f
Iknee
N
N
DD
(2.19)
25,0
,2
,1
,2
,2
65,0
×=
f
f
knee
f
f
N
N
N
n
(2.20)
onde:
n
1
: número de ciclos que o material foi submetido sob o carregamento 1;
N
i,f
: total de ciclos necessários para ocorrer a falha sob o carregamento i;
[n
1
/ N
1,f
]
knee
: abcissa do ponto knee para a fase I;
D
knee
: ordenada do ponto knee para a fase I;
n
2,f
: número de ciclos restantes para ocorrer a falha sob o carregamento 2;
[n
2,f
/ N
2,f
]
knee
: abcissa do ponto knee para a fase II.
LEE et al. (2005) comentam que Manson e Halford, depois de vários experimentos com
o aço maraging 300 CVM, aço SAE 4130 e liga de titânio Ti-6Al-4V, observaram que
as coordenadas do ponto knee dependem somente da razão N
1,f
/ N
2,f
, ou seja, não
dependem do tipo de material e sim da relação de vida à fadiga entre os dois
carregamentos.
A FIG. 2.25 ilustra a aplicação da regra de dano bilinear aos carregamentos
apresentados na FIG. 2.21. Nesta figura destacam-se as coordenadas do ponto knee das
fases I e II. O acúmulo de dano inicialmente é descrito pelo segmento de reta AB,
pertencente à reta relativa ao carregamento 1, após o final da fase I inicia-se a fase II no
ponto C e a previsão de dano, daí por diante, segue a reta relativa ao carregamento 2.
Novamente, apresenta-se superposta a equação de dano prevista pela teoria não-linear.
50
FIGURA 2.25 Aplicação da teoria de dano bilinear ao carregamento mostrado na
FIG. 2.21, superposta à curva de dano não-linear.
Fonte: LEE et al. (1990, p. 70).
As equações necessárias para o cálculo de dano das fases I e II o apresentadas nas
Eq. (2.21) a (2.26):
knee
fI
I
fI
I
I
D
N
n
N
n
D ×
+=
,2
2
,1
1
(2.21)
( )
knee
fII
II
fII
II
II
D
N
n
N
n
D ×
+= 1
,2
2
,1
1
(2.22)
fkneefI
NDN
,1,1
×=
(2.23)
fIffII
NNN
,1,1,1
=
(2.24)
f
knee
f
f
fII
N
N
n
N
,2
,2
,2
,2
×
=
(2.25)
51
fIIffI
NNN
,2,2,2
=
(2.26)
onde:
n
ij
: número de ciclos que o material foi submetido na fase
i
, sob o carregamento
j
;
N
ij,f
: número de ciclos previstos para o material “falhar” na fase
i
; sob o carregamento
j
;
2.7.4 Considerações finais
A regra bilinear proposta por Manson e Halford é recomendada em projeto de
engenharia para cálculo de durabilidade de componentes, por causa do tedioso processo
de aplicação da teoria não-linear e das deficiências da teoria de dano linear (LEE et al.,
2005). No entanto, ainda não se sabe se as equações empíricas da regra bilinear seriam
adequadas ao ADI; apesar das equações mostrarem que os pontos
knee
deverão ser os
mesmos para todos os materiais.
Conclui-se, enfatizando que não foram encontrados estudos sobre teorias de dano
aplicadas ao ADI e que o desconhecimento sobre as teorias de dano mais adequadas ao
ADI limita o seu campo de utilização, retardando a sua aplicação em componentes
solicitados a carregamentos de amplitude variável.
3
M
ATERIAIS E
M
ÉTODOS
3.1 Obtenção do material no estado bruto de fusão
O comportamento à fadiga do ADI sob carregamentos de amplitude variável foi
estudado em corpos-de-prova extraídos de blocos Y de 13 mm de espessura, FIG. 3.1,
padronizado pela norma ASTM A897, e produzidos em condições industriais pela
Intercast S/A. A fusão foi realizada em forno de indução de 1,5 toneladas, potência de
800 kW e freqüência de 500 Hz. A carga foi constituída de sucata de o, retorno,
carburante e elementos de liga. A inoculação foi feita no jato do metal, durante a
transferência para a panela de nodulização. A temperatura do tratamento de nodulização
foi 1555
o
C e a de vazamento foi de 1420
o
C.
Os moldes para obtenção dos blocos Y foram fabricados com areia fenólica pelo
processo coldbox em uma quina sopradora de machos, marca Redford, modelo
HP44. Para reduzir o tempo de vazamento e manter constante o tempo entre a
nodulização e o vazamento para um grupo de blocos Y, projetou-se um sistema de
enchimento que permitiu o vazamento simultâneo de 7 moldes, como mostram as FIG.
3.2 e 3.3. A caixa de moldação, onde foram posicionados os 7 moldes, foi produzida
53
com areia aglomerada com bentonita em uma máquina da marca Gazzola, modelo 5588,
modificado.
FIGURA 3.1 – Dimensões do bloco Y fundido, padronizado pela ASTM A897 (2005).
FIGURA 3.2 – Sistema de moldação e enchimento para um conjunto de sete blocos Y.
54
FIGURA 3.3 – Preenchimento dos moldes com metal líquido.
A FIG. 3.4 mostra as barras retiradas dos blocos Y que após o tratamento térmico foram
utilizadas na confecção dos corpos-de-prova para ensaio de propagação de trinca por
fadiga (barras A e B), fadiga por flexão alternada (barra C), ensaio de tração, impacto,
fadiga por flexão rotativa (barra D). Antes do tratamento térmico, confirmou-se a
composição química realizada no momento do vazamento dos moldes e verificou-se a
microestrutura bruta de fusão.
FIGURA 3.4 – Barras extraídas dos blocos Y para confecção de corpos-de-prova.
55
3.2 Tratamento térmico
No tratamento térmico do ADI, manteve-se constante o ciclo de austenitização e
variaram-se os parâmetros do ciclo de austêmpera, possibilitando avaliar a influência da
temperatura e do tempo, nas propriedades à fadiga através da produção de três lotes de
materiais. Na seleção das temperaturas de austêmpera utilizaram-se como referência a
bibliografia citada e trabalhos realizados (COSTA E DIAS, 1995; MENEZES et al.,
2003; CARMO et al., 2004).
Para avaliar a influência da temperatura de austêmpera no comportamento à fadiga sob
carregamento variável, foram utilizadas duas temperaturas de austêmpera para produzir
materiais com dois diferentes teores de ferrita e austenita e duas diferentes morfologias
de ferrita acicular. Selecionou-se 360°C, para o ciclo de alta temperatura de austêmpera,
visando obter ferrita acicular grossa e teores elevados de austenita. Para o ciclo de baixa
temperatura, que produz ferrita acicular fina e baixos teores de austenita, optou-se pela
temperatura de 300°C.
Para estudar a influência do tempo de austêmpera a 360°C, e consequentemente, o
efeito da estabilidade da austenita no comportamento à fadiga, foram realizados dois
ciclos com tempos diferentes. Segundo KOVACS (1986), se após o ciclo de
austenitização, trecho AB da FIG. 3.5, o resfriamento for suficientemente rápido, a
nucleação da ferrita acicular acontece em E e a transformação total da matriz ocorre
entre E e T. Se a reação de austêmpera for encerrada no ponto T, o carbono na austenita
atinge 1,2 a 1,6%, tornando a austenita apenas metaestável. A austenita poderia persistir
à temperatura ambiente mas não está necessariamente estabilizada. Se o material for
resfriado à temperatura abaixo da ambiente ou se for deformado, a austenita metaestável
pode transformar-se em martensita (ZIMBA et al., 2003; GARIN e MANNHEIM,
2003). Segundo KOVACS (1986), nenhuma nucleação apreciável de ferrita ocorre entre
T e Y. A ferrita existente cresce proporcionando condições para aumentar o teor de
carbono na austenita para valores da ordem de 1,8 a 2,2%. Nesta situação a austenita se
tornaria estável térmica e mecanicamente.
56
Em função do exposto anteriormente, um grupo foi tratado a 360°C até o ponto T,
produzindo um material com uma austenita menos estabilizada e portanto com maior
propensão ao encruamento ou a uma transformação de fase induzida por deformação.
Outro grupo foi tratado a 360°C até o ponto Y, constituindo-se em um material com
austenita mais estável.
FIGURA 3.5 – Ciclo térmico de austêmpera utilizado na obtenção do ADI.
Adaptado de KOVACS (1986).
A temperatura de austenitização e os tempos correspondentes aos pontos E e T, à
temperatura de 360°C, foram definidos com auxílio de um dilatômetro de têmpera,
modelo DT1000, marca Adhamel Lhomargy. As curvas dilatométricas utilizadas o
apresentadas no APÊNDICE A. A temperatura de término da transformação austenítica
na fase de aquecimento ficou entre 845 e 853°C. A FIG. A.3 do APÊNDICE A ilustra o
procedimento utilizado para determinar as temperaturas de início e término da
transformação da austenita. Através da curva dilatação relativa versus tempo, FIG. A.5,
determinou-se o tempo necessário para a reação de austêmpera alcançar o ponto T. Para
as três amostras ensaiadas, este tempo variou de 21 a 24 minutos.
57
Os ciclos térmicos utilizados são apresentados na TAB. 3.1 e ilustrados
esquematicamente na FIG. 3.6. Utilizou-se o dilatômetro para simular os três ciclos
térmicos, e em nenhum deles se observou transformação martensítica no resfriamento,
até a temperatura ambiente.
Tabela 3.1 – Ciclos térmicos realizados.
Austenitização Austêmpera
Material
Temperatura Tempo Temperatura Tempo
ADI – T1
900 °C 1,5 h 360 °C 1,5 h
ADI – T2
900 °C 1,5 h 360 °C 0,6 h
ADI – T3
900 °C 1,5 h 300 °C 2,5 h
FIGURA 3.6 Representação esquemática do tratamento rmico dos três materiais
utilizados.
As barras cortadas dos blocos Y foram separadas em três lotes idênticos e colocadas em
cestos metálicos, como ilustra a FIG. 3.7, possibilitando o manuseio de cada lote
durante o tratamento térmico.
58
FIGURA 3.7 – Cesto metálico com as barras preparadas para o tratamento térmico.
Todos os fornos utilizados no tratamento térmico foram fabricados pela Oriental
Engineering, Japão, e disponibilizados pelo Centro Tecnológico de Fundição (CETEF).
Utilizou-se para o aquecimento, um forno industrial tipo cadinho, modelo P50120, com
diâmetro de 500 mm e altura de 750 mm, com sistema de circulação forçada do ar, para
a homogeneização da temperatura no interior do cadinho. No momento em que foi
inserido o cesto com as barras, o forno se encontrava homogeneizado à temperatura
de 900
o
C, o que é uma prática industrial para peças de ferros fundidos nodulares
austemperados. Após o carregamento e fechamento do forno, a temperatura caía para
valores em torno de 800
o
C, e em aproximadamente 30 minutos a temperatura retornava
a 900
o
C. As barras permaneceram nesta temperatura por um período de 1,5 horas,
FIG. 3.8, sendo transferidos para o forno de resfriamento em banho de sais como
mostram as FIG. 3.9 e 3.10.
O forno a banho de sais, modelo SPE 50120, possui cadinho de diâmetro de 1200 mm
e 800 mm de profundidade, dotado de sistema de circulação do banho de sal e
refrigeração, proporcionando um controle de temperatura de ±5°C.
59
FIGURA 3.8 Retirada do cesto do forno
de austenitização à
temperatura de 900°C.
FIGURA 3.9 – Imersão do cesto no forno a
banho de sais à
temperatura de 360°C.
FIGURA 3.10 – rmino da imersão do
cesto no forno de
austêmpera.
FIGURA 3.11 – Retirada do cesto do forno
após a austêmpera.
60
O cesto, depois de retirado do forno a banho de sais, FIG. 3.11, foi transferido para
limpeza em um tanque com água à 60
o
C agitada por sopro de ar comprimido, FIG. 3.12,
tendo permanecido nesta condição por aproximadamente 10 a 15 minutos. Em seguida o
cesto era suspenso e ficava nesta condição até secar e alcançar a temperatura ambiente.
Antes de usinar os corpos-de-prova, foram verificadas as propriedades mecânicas e a
microestrutura obtidas após o tratamento térmico.
FIGURA 3.12 Resfriamento e limpeza das barras em tanque de água à 60°C com
agitação por ar comprimido.
3.3 Caracterização do material por microscopia ótica e ensaios
mecânicos
As propriedades mecânicas foram determinadas de acordo com a norma ASTM A 897
(2005), que também especifica as dimensões de corpos-de-prova para ensaio de tração e
resistência ao impacto.
As propriedades à tração foram determinadas em uma máquina universal de ensaios
marca Emic com capacidade de 100 kN, eletromecânica e microprocessada, modelo
DL 10000. Em função da espessura do bloco Y, da capacidade da máquina e do limite
de resistência à tração, previsto para o ADI, utilizou-se corpo-de-prova com 9,07 mm de
diâmetro e 35,6 mm de base de medida para determinação do alongamento percentual
61
(ASTM A 897, 2005). Foram realizados, no mínimo, seis ensaios de tração, sendo três
utilizando extensômetro eletrônico e três utilizando o deslocamento da garra,
acompanhado por um transdutor de deslocamento linear. Nos ensaios realizados com
extensômetro, o mesmo era retirado quando se atingia 4% de deformação total. Os
ensaios realizados, através do monitoramento do deslocamento da garra móvel,
possibilitaram coletar dados até a ruptura do corpo-de-prova. Em ambos os casos,
determinaram-se o limite de escoamento convencional a 0,2% de deformação plástica.
Os dados de força e alongamento, obtidos nos ensaios realizados com extensômetro
eletrônico, permitiram determinar o módulo de elasticidade longitudinal dos materiais.
O valor do módulo de elasticidade foi obtido através de regressão linear de
aproximadamente 200 pontos, referentes aos valores de tensão e deformação. A equação
da reta foi obtida com um fator de correlação R
2
0,999.
Os ensaios de impacto foram realizados em uma máquina de ensaio Charpy. Os corpos-
de-prova foram usinados com uma seção transversal quadrada de 10 mm por 55 mm de
comprimento e sem entalhe, conforme norma ASTM A 897 (2005). Para cálculo da
resistência ao impacto, a norma citada especifica que se deve fazer quatro ensaios e que
o resultado seja obtido pela média dos três maiores valores.
Foram feitas ensaios de dureza Brinell (HB), utilizando carga de 29,43 kN (3000 kgf) e
esfera de 10 mm de diâmetro, e dureza Rockwell C (HRC).
As amostras para exame metalográfico e microdureza Vickers, foram extraídas da
região útil dos corpos-de-prova rompidos em tração, mas fora da região de estricção. As
amostras, seção transversal de 9,05 mm de diâmetro, foram lixadas até a granulometria
600 e em seguida polidas com pasta de diamante.
A quantidade e morfologia dos nódulos de grafita foram determinadas através dos dados
obtidos através do software de análise de imagem HLImage2001. A descrição detalhada
do tratamento matemático dos dados foi apresentada por ARAÚJO (2006). Foram
62
examinados cinco campos localizados na periferia da seção circular, considerado o local
mais provável de iniciação de trincas por fadiga.
3.4 Estimativa do limite de fadiga
Para selecionar as tensões a serem utilizadas nos ensaios de fadiga com amplitude
constante e variável foi necessário estimar o limite de fadiga ou endurance dos
materiais ADI-T1, ADI-T2 e ADI-T3, através da Eq. (3.1) já apresentada no item 2.4.
(
)
( )
6
1
91043,1
A
HV
S
e
=
(3.1)
Onde:
S
e
: limite de resistência à fadiga em MPa;
HV : dureza Vickers;
A : área projetada da grafita, em µm
2
, em um plano perpendicular à máxima tensão
normal.
Os valores estimados para o limite de fadiga são apresentados na TAB. 3.2. A área
máxima da grafita, representa a grafita de maior área, observada nos cinco campos de
seis amostras, determinada através do software de análise de imagem HLImage2001.
TABELA 3.2 – Resultados da estimativa para o limite de fadiga, utilizando a Eq. (3.1).
Área máxima da grafita, A Microdureza, HV
Limite de fadiga, S
e
(MPa)
Material
(µm
2
)
(HV 0,5) Eq. (3.1) Adotado
ADI-T1 3000
342
417 420
ADI-T2 3000
300
448 450
ADI-T3 3000
425
355 360
63
3.5 Parâmetros utilizados nos ensaios de fadiga
Para avaliar a influência da seqüência de carregamento utilizou-se ensaios com
carregamento em blocos dos tipos “alto-baixo” e “baixo-alto” denominados por Hi-Lo e
Lo-Hi, respectivamente, e apresentados esquematicamente nas FIG. 3.13 e 3.14. Em
ambos os tipos, no primeiro bloco de carga, o corpo-de-prova é submetido a uma
amplitude de tensão durante um determinado número de ciclos cujo valor é menor que o
necessário para a sua falha, àquela amplitude de tensão. No segundo bloco de carga a
amplitude de tensão é reduzida, tipo Hi-Lo, ou aumentada, tipo Lo-Hi. No segundo
bloco de carga o ensaio termina quando ocorre a falha do corpo-de-prova. Os resultados
são avaliados através de determinadas teorias de dano.
64
-600
-400
-200
0
200
400
600
BLOCO 2
BLOCO 1
n
2
n
1
Amplitude de tensão (MPa)
FIGURA 3.13 Ensaio de fadiga com amplitude variável, carregamento em blocos tipo
Hi-Lo.
-600
-400
-200
0
200
400
600
BLOCO 2
BLOCO 1
n
2
n
1
Amplitude de tensão (MPa)
FIGURA 3.14 Ensaio de fadiga com amplitude variável, carregamento em blocos tipo
Hi-Lo.
65
Para planejar e analisar os ensaios de fadiga do ADI com amplitude variável foi
necessário, primeiramente, determinar a vida à fadiga do material sob amplitude
constante. Para definir os valores para a amplitude de tensão que seriam utilizados nos
testes, tomou-se como referência o limite de fadiga do material ADI-T2, S
e
= 450 MPa.
Adotaram-se dois valores acima do limite de fadiga, para que a ocorrência da falha do
corpo-de-prova, no segundo bloco de cargas, fosse altamente provável. Para alguns
ensaios tipo Lo-Hi, adotou-se para o primeiro bloco de cargas, valores de amplitude de
tensão abaixo do limite de fadiga de referência. A TAB. 3.3 resume os valores adotados.
TABELA 3.3 Valores de amplitude de tensão utilizados nos ensaios de fadiga, tendo
como referência o limite de fadiga do material ADI-T2, S
e
= 450 MPa.
Amplitude de tensão Valor (MPa)
S
a
= 1,3 S
e
585
S
a
= 1,1 S
e
495
S
a
= 0,9 S
e
405
S
a
= 0,7 S
e
315
S
a
= 0,6 S
e
270
S
a
= 0,4 S
e
180
Para determinar a vida dia à fadiga com amplitude constante, a 495 MPa e 585 MPa,
optou-se pela distribuição de probabilidade que melhor se ajustou aos dados.
Avaliaram-se as distribuições de probabilidade normal, log-normal, exponencial e
Weibull, utilizando o teste de Anderson-Darling, através do programa de computador
Minitab.
3.6 Ensaio de fadiga por flexão rotativa com controle de tensão
Os ensaios de fadiga de alto ciclo por flexão rotativa com amplitude constante e variável
foram realizados nos laboratórios do CETEF na máquina fabricada pela Fatigue
Dynamics Inc., Estados Unidos, modelo RBF-200, apresentada nas FIG. 3.15 e 3.16.
66
FIGURA 3.15 – Máquina de ensaio de fadiga por flexão rotativa, RBF-200.
FIGURA 3.16 – Destaques para o corpo-de-prova, o peso e o braço graduado.
Os corpos-de-prova foram usinados a partir da barra D, FIG. 3.4, de acordo com o
desenho apresentado na FIG. 3.17. Em seguida foram lixados longitudinalmente até a
granulometria 600.
FIGURA 3.17 Desenho do corpo-de-prova utilizado no ensaio de fadiga por flexão
rotativa.
67
O ensaio consiste em aplicar no corpo-de-prova em rotação o esforço de flexão simples.
O momento máximo que pode ser aplicado é de 200 lb.in que eqüivale a 22,60 N.m. A
rotação é constante e pode variar de 500 a 10000 rotações por minuto. No modelo RBF-
200 o corpo-de-prova encontra-se engastado numa das extremidades com a outra
extremidade livre, FIG 3.15 e 3.16, onde se aplica a carga controlada pela posição do
peso, como ilustra a FIG. 3.16. Deslocando-se o peso ao longo do braço graduado,
varia-se o momento fletor aplicado na amostra. Devido à rotação imposta, o ciclo de
tensões aplicado é alternado segundo uma onda senoidal. A tensão normal máxima
ocorre nas fibras extremas, sendo calculada pela Eq. (3.2). Neste caso a amplitude de
tensão é constante e igual à tensão normal máxima (S
a
=
S
max
), a tensão média é nula
(S
m
=
0) e a razão entre tensões R = – 1.
16
;
3
max
d
W
W
M
SS
a
=±==
π
(3.2)
Onde:
S
a
: amplitude de tensão
S
max
: tensão normal máxima;
M : momento fletor, determinado pela posição do peso no braço graduado;
W : módulo de resistência à flexão na seção crítica;
d : diâmetro do corpo-de-prova, sendo d = 6,35 mm.
Os parâmetros dos ensaios de fadiga com amplitude constante e variável são
apresentados nas TAB. 3.4 e 3.5, respectivamente.
TABELA 3.4 - Parâmetros dos ensaios de fadiga por flexão rotativa com amplitude
constante.
Número de corpos-de-prova
Amplitude de tensão
ADI-T1 ADI-T2 ADI-T3
495 MPa 8 8 5
585 MPa 8 8 5
68
TABELA 3.5 – Parâmetros utilizados nos ensaios de fadiga com amplitude variável
Parâmetros dos blocos de carga
Bloco 1 Bloco 2
Número de ciclos
Tipo de
ensaio
Amplitude
de tensão
(MPa)
ADI-T1 ADI-T2 ADI-T3
Amplitude
de tensão
(MPa)
Hi – Lo 585 0,25 N
f
0,25 N
f
0,25 N
f
495
Lo – Hi 495 0,25 N
f
0,25 N
f
585
Lo – Hi 180 1 x 10
5
1 x 10
5
1 x 10
5
495
Lo – Hi 270 1 x 10
5
1 x 10
5
495
Lo – Hi 315 1 x 10
5
1 x 10
5
1 x 10
4
495
Lo – Hi 405 1 x 10
4
1 x 10
4
495
N
f
: número de ciclos até a fratura, determinados em amplitude constante
Os ensaios com amplitude constante e variável foram realizados a uma freqüência de
100 Hz que, segundo SOUZA (1982), é o limite máximo para que a velocidade não
interfira nos resultados à fadiga. Os ensaios foram iniciados sem carga e a medida que o
equipamento alcançava a rotação desejada deslocava-se o peso para a posição
correspondente ao momento calculado. Nos testes com amplitude variável o corpo-de-
prova foi ensaiado até atingir o número de ciclos previstos para o primeiro bloco de
cargas, TAB. 3.5. No bloco subsequente, alterava-se a amplitude de tensão com a
máquina em movimento, deslocando-se o peso para a posição correspondente ao
momento, previamente calculado através da Eq. (3.2). O ensaio prosseguia até a falha
do material que ocorria com separação total ou parcial do corpo-de-prova.
3.7 Ensaio de fadiga por flexão alternada com controle de deformação
Para realizar os ensaios de fadiga por flexão alternada foi necessário importar uma
máquina produzida pela Fatigue Dynamics Inc., EUA, modelo LFE-150, apresentada na
FIG. 3.18. O equipamento é constituído de uma base de altura regulável onde é fixada a
célula de carga e uma das extremidades da amostra a ser ensaiada, FIG. 3.19. A outra
extremidade do corpo-de-prova é fixada a uma base oscilante ligada a uma biela,
69
FIG. 3.19, que por sua vez é conectada a um excêntrico regulável. O sistema de
oscilação permite obter deslocamentos verticais no corpo-de-prova de 0 a 50,8 mm e
aplicar forças de a150 libras, equivalente a 667,23 N. O equipamento foi projetado
para não provocar força normal no elemento a ser ensaiado, ficando o mesmo sujeito
somente à flexão simples. O sistema de oscilação e a base de altura regulável
possibilitam realizar ensaios com tensão média diferente de zero. O sistema de controle,
FIG. 3.20, permite variar a velocidade do ensaio entre 200 a 3000 ciclos por minuto. O
contador de ciclos é digital com opção de interromper o ensaio a um determinado
número de ciclos.
FIGURA 3.18 – Máquina de fadiga por flexão alternada.
FIGURA 3.19 Célula de carga, corpo-de-
prova e base oscilante
durante um ensaio.
FIGURA 3.20 Sistema de controle da
rotação e do número de
ciclos.
70
O controle do deslocamento vertical do corpo-de-prova é feito através de uma escala
graduada no excêntrico regulável. O momento aplicado no corpo-de-prova durante o
ensaio é continuamente monitorado pela célula de carga e visualizado através do
indicador apresentado na FIG. 3.21, o qual permite a leitura do valor do momento
aplicado, tanto no sentido horário quanto no anti-horário. O mostrador apresenta três
dígitos, devendo-se multiplicar o valor indicado por dez para se obter o valor real do
momento fletor na célula de carga, em libras vezes polegada.
FIGURA 3.21 – Indicador digital da célula de carga.
Os corpos-de-prova, FIG. 3.22, foram usinados a partir de barras “C” extraídas do bloco
Y e mostradas na FIG.3.4. O momento aplicado nos ensaios foi calculado utilizando a
Eq. (3.3). O módulo de resistência à flexão, Eq. (3.3), foi determinado na seção onde
ocorre a tensão máxima, indicada na FIG. 3.23 a . O valor inicial do deslocamento
vertical aplicado no corpo-de-prova através do excêntrico regulável, foi calculado
através da Eq. (3.4) utilizando o módulo de elasticidade longitudinal do ADI. No
entanto, devido à flexibilidade da célula de carga e do sistema de fixação do corpo-de-
prova, foi necessário aumentar a excentricidade até atingir o momento desejado.
3
22
52,123
6
00,713,15
6
; mm
hb
WL
L
WS
M
CC
CP
a
CC
=
=
=
=
(3.3)
Onde:
71
M
CC
: momento fletor aplicado na célula de carga;
L
CP
: distância do ponto de aplicação da carga até a seção no corpo-de-prova onde
ocorre a tensão normal máxima, L
CP
= 142,7 mm, como mostram as FIG. 3.23 a
e b;
L
CC
: distância do ponto de aplicação da carga até a célula de carga, L
CP
= 234,5 mm,
FIG. 3.23 b.
12
;;
3
3
3
bh
I
L
M
P
EI
PL
v
CC
CC
CP
===
(3.4)
Onde:
v : deslocamento vertical do corpo-de-prova,
P : carga aplicada na extremidade do corpo-de-prova;
I : momento de inércia da seção;
E : módulo de elasticidade longitudinal do corpo-de-prova, determinado durante os
ensaios de tração.
FIGURA 3.22 Dimensões do corpo-de-prova para ensaio de fadiga por flexão
alternada.
72
FIGURA 3.23 a Localização da seção onde ocorre a tensão normal máxima devida à
flexão, em relação ao ponto de aplicação da carga.
FIGURA 3.23 b Representação esquemática das distâncias utilizadas no lculo da
tensão normal máxima e do momento fletor na célula de carga.
A TAB. 3.6 resume os valores de amplitude de tensões, os momentos e os
deslocamentos verticais correspondentes, para os ensaios com amplitude constante. Na
TAB. 3.7 são apresentados os parâmetros dos ensaios de amplitude variável tipo Lo-Hi.
Foram utilizados cinco corpos-de-prova em cada condição. Os testes foram realizados
com a freqüência máxima permitida pelo equipamento, em torno de 40 Hz para a
amplitude de 495 MPa e 30 Hz para a amplitude de 585 MPa.
73
TABELA 3.6 - Parâmetros dos ensaios de fadiga por flexão alternada com amplitude
constante.
Momento fletor
(célula de carga)
Deslocamento
vertical
Número de corpos-de-prova
Amplitude de
tensão
(MPa)
N.m lb.pol mm pol ADI-T1 ADI-T2 ADI-T3
495
±100,48
±889,28
±13,21
±0,52
5 5
585
±118,75
±1051,07
±15,75
±0,62
5 5 5
TABELA 3.7 Parâmetros utilizados nos ensaios de fadiga por flexão alternada com
amplitude variável, tipo Lo-Hi.
Parâmetros dos blocos de carga
Bloco 1 Bloco 2
Número de ciclos
Amplitude de
tensão (MPa)
ADI-T1 ADI-T2
Amplitude de
tensão (MPa)
495 0,5 N
f
0,5 N
f
585
N
f
: número de ciclos até a fratura, determinados em amplitude constante
3.8 Ensaio de propagação de trinca por fadiga
Para avaliar a influência do ciclo de austêmpera na fase de propagação estável de trincas
por fadiga com carregamento variável, realizou-se dois grupos de ensaios. O primeiro
com amplitude de carga, P, constante, onde
P = P
max
P
min
, resultando numa
propagação de trinca onde o fator cíclico de intensidade de tensões, K, foi crescente,
sendo
K = K
max
K
min
. O segundo grupo foi realizado com K constante, por
conseqüência, a amplitude de carga, P, foi decrescente com o avanço da trinca por
fadiga.
Todos os ensaios foram realizados à temperatura ambiente, utilizando uma máquina
servo-hidráulica de 250 kN, marca Instron, modelo 8802 do Laboratório de Ensaios do
Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN). Os testes foram realizados
74
a uma freqüência de 15 Hz e a uma razão R = 0,3, onde R = P
min
/ P
max
ou
R = K
min
/ K
max
. Os valores utilizados para a freqüência e a razão R foram determinados
em função da carga aplicada e de condições de funcionamento do equipamento.
Utilizou-se corpos-de-prova tipo compacto de tração (CT) , FIG. 3.24, padronizado
pela norma ASTM E-647. Para evitar encruamento e transformação de fase na ponta do
entalhe, optou-se pelo processo eletroerosão a fio. A FIG. 3.25 mostra a localização de
onde foram retirados os corpos-de-prova CT nas barras “A” extraídas dos blocos Y.
FIGURA 3.24 Dimensões do corpo-de-prova para ensaio de propagação de trinca por
fadiga, tipo compacto de tração (CT).
75
FIGURA 3.25 – Localização dos corpos-de-prova tipo CT na barra extraída do bloco Y.
Durante os ensaios, o comprimento da trinca foi automaticamente monitorado utilizando
o método da flexibilidade, compliance, através de extensômetro, clip gauge, fixado no
corpo-de-prova como mostra a FIG. 3.26. Os ciclos de fadiga e o comprimento da trinca
foram continuamente armazenados durante os ensaios.
FIGURA 3.26 Garras da máquina de ensaio Instron (CDTN) preparada para ensaio de
propagação de trinca por fadiga, com clip gauge fixado ao corpo-de-
prova tipo CT, em ADI.
76
Os parâmetros dos ensaios de propagação de trinca por fadiga com
P constante e
K
constante são apresentados nas TAB. 3.8 e 3.9, respectivamente. Os parâmetros
utilizados foram calculados de tal forma a se ter a propagação da trinca sempre no
regime linear-elástico, tendo como referência a norma ASTM E-647. A pré-trinca foi
executada de acordo com a ASTM E-647. Após os ensaios de propagação de trinca os
corpos-de-prova foram rompidos em uma quina de ensaio de tração EMIC de
100 kN.
TABELA 3.8 - Parâmetros dos ensaios de propagação de trinca por fadiga com
amplitude de carga, P, constante e R = 0,3.
Número de corpos-de-prova
Amplitude de carga, P
(N)
ADI-T1 ADI-T2 ADI-T3
5400 3 3 2
TABELA 3.9 - Parâmetros dos ensaios de propagação de trinca por fadiga com fator
cíclico de intensidade de tensões, K, constante e R = 0,3.
Fator cíclico de intensidade
de tensões, K
Número de corpos-de-prova
Bloco de carga
(MPa.m
1/2
) ADI-T1 ADI-T2 ADI-T3
1 15,0 3 5 2
2 19,5 3 5 2
3 22,5 3 5 2
4 27,0 3 3 2
5 30,0 3 3 2
6 33,0 3 3 2
7 36,0 3 3 2
77
3.9 Caracterização estrutural dos materiais por difratometria de
raios-X
A difração de raios-X foi utilizada para estimar o volume de austenita na matriz
metálica, o teor de carbono da austenita e a dimensão média da célula ferrítica, dos três
materiais obtidos por tratamento rmico de austêmpera. Foram usinadas de cada
material, três amostras de 30 mm de diâmetro e 5 mm de espessura, representativas dos
corpos-de-prova destinados aos ensaios de flexão alternada e propagação de trinca. A
superfície a ser analisada foi preparada com a mesma técnica utilizada nos exames
metalográficos.
As amostras foram analisadas em um difratômetro de raios-X, marca Philips-
PANalytical, modelo PW 1710, do Laboratório de raios-X do Departamento de
Engenharia Metalúrgica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). As
amostras foram varridas no intervalo, 10,01° 2θ 109,99° com incremento de
0,020°. O comprimento de onda da radiação foi K
α
1
= 0,154056 nm.
Os difratogramas foram analisados através do programa Origin, utilizando o módulo
Peak Fitting, para obter a posição, áreas e intensidades integradas dos picos relativos
aos planos (111), (200), (220), (311) e (222) da austenita e (110), (200), (211) e (220)
da ferrita. Para estimar o volume de austenita e ferrita utilizaram-se as áreas integradas
dos planos citados. O teor de carbono foi estimado, seguindo o procedimento descrito
por PUTATUNDA (2001), que utilizou a seguinte equação:
γγ
Ca += 0044,03548,0
(3.5)
onde:
a
γ
: parâmetro de rede da austenita em nanômetros;
C
γ
: teor de carbono na austenita, porcentagem em peso.
Os planos (111), (220) e (311) foram utilizados por PUTATUNDA (2001) para estimar
o parâmetro de rede da austenita.
78
A dimensão da célula ferrítica, d, foi determinada através da fórmula de Scherrer,
Eq. (2.2), utilizando o plano (211) da ferrita.
Considerou-se que a dimensão d seja a espessura das subunidades que compõem o feixe
ou molho de ferrita, como ilustram as FIG. 3.27a e 3.27B. Como nenhum dos autores
(PUTATUNDA E GADICHERLA, 1999; PUTATUNDA, 2001; RAO E
PUTATUNDA, 2003; YANG e PUTATUNDA, 2005), que utilizam o parâmetro d, em
seus trabalhos, apresentam ilustrações, utilizou-se como referência, para elaborar a
FIG. 3.27, ilustrações esquemáticas apresentadas por BHADESHIA (2000); que mostra
o processo de formação de um feixe de ferrita bainítica a partir do contorno de grão da
austenita. As figuras de referência representam a formação da bainita superior em aços
e foram adaptadas neste trabalho para o ADI.
FIGURA 3.27 Representação esquemática do inicio de formação da estrutura
“ausferrítica” do ADI. (a) Formação do feixe de ferrita em função
do tempo; (b) representação da espessura d da subunidade da ferrita.
Adaptado de BHADESHIA (2000).
4
A
PRESENTAÇÃO E
D
ISCUSSÃO DOS
R
ESULTADOS
4.1 Caracterização dos materiais
A composição química do material dos corpos-de-prova em ADI é apresentada na
TAB. 4.1. Os elementos Cu e Ni foram adicionados para proporcionar a
austemperabilidade necessária. A análise da microestrutura quanto à forma, quantidade
e tamanho da grafita, TAB. 4.2, foi realizada através de um tratamento matemático dos
dados obtidos através do software de análise de imagem HLImage2001. As
microestruturas obtidas nos três ciclos térmicos são apresentadas nas FIG. 4.1 e 4.2.
Exames com diferentes ampliações mostraram que a matriz ausferrítica do material
austemperado a 360°C, ADI-T1 e ADI-T2, é mais grossa que a do material tratado a
300°C, ADI-T3, e a proporção de austenita dos ciclos T1 e T2 é maior que no ciclo T3.
TABELA 4.1 - Composição química do material (porcentagem em peso)
C Si Mn S P Cu Ni Mg
3,744 2,792 0,205 0,014 0,043 0,597 0,606 0,042
80
FIGURA 4.1a Microestrutura do material após tratamento térmico de austêmpera a 360°C
por 1,5 horas (ADI – T1). Reativo: Nital 2%.
FIGURA 4.1b – Microestrutura do material após o tratamento térmico de austêmpera a 360°C
por 0,6 horas (ADI – T2). Reativo: Nital 2%.
Grafita
Ausferrita
Ferrita
Austenita
81
FIGURA 4.2 Microestrutura do material após o tratamento térmico de austêmpera a 300°C
por 2,5 horas (ADI – T3). Reativo: Nital 2%.
TABELA 4.2 – Resultados da análise da grafita.
Item Valores médios
Nódulos de grafita por mm
2
162
Nodularidade ASTM (%) 96,2
4 (80 a 160 µm)
0,5 %
5 (40 a 80 µm)
19,1 %
6 (20 a 40 µm)
43,0 %
7 (10 a 20 µm)
23,4 %
Tamanho da grafita
(ASTM A 247)
8 (< 10 µm)
14,0 %
A proporção das fases presentes na matriz metálica e o teor de carbono da austenita
foram determinados por difração de raios-X e os resultados são apresentados na
TAB. 4.3. Observa-se que os materiais tratados a 360°C apresentaram maior proporção
de austenita que o tratado a 300°C, como indicaram os exames micrográficos. O teor de
carbono do material ADI-T2 foi menor que o do ADI-T1, ficando ambos dentro dos
valores previstos por KOVACS (1986). Conclui-se então, que os tempos de austêmpera,
determinados com ajuda da dilatometria, foram efetivos na obtenção de dois materiais
com quantidades muito próximas de austenita, mas com teor de carbono diferente.
82
Tabela 4.3 Matriz metálica e teor de carbono na austenita após tratamento térmico de
austêmpera.
Material
Item
ADI-T1 ADI-T2 ADI-T3
66,7 63,6 78,1
64,6 63,8 81,2
Ferrita, α (%)
66,0 62,0 83,2
Volume médio de ferrita, α (%)
65,8 63,1 80,8
33,3 36,4 21,9
35,4 36,2 18,8 Austenita, γ (%)
34,0 38,0 16,8
Volume médio de austenita, γ (%)
34,2 36,9 19,2
2,00 1,48 2,04
1,79 1,91 2,26 Teor de carbono na austenita, C
γ
(%)
2,34 1,61 2,36
Teor médio de carbono na austenita, C
γ
(%)
2,04 1,67 2,22
Teor de carbono na austenita, C
γ
(%),
segundo KOVACS (1986)
1,8 a 2,2 1,2 a 1,6% 1,8 a 2,2
83
Os resultados de dureza, resistência ao impacto e ensaio de tração dos corpos-de-prova
são apresentados nas FIG. 4.3 a 4.5 e os valores médios na TAB. 4.4.
TABELA 4.4 – Propriedades mecânicas dos materiais após tratamento térmico de
austêmpera (valores médios).
Material
Propriedade
ADI-T1 ADI-T2 ADI-T3
Limite de resistência à tração (MPa) 1115,1 1134,5 1433,9
Limite de escoamento a 0,2% (MPa) 871,6 854,4 1092,2
Alongamento A (%) 14,0 12,5 6,9
Módulo de elasticidade (GPa) 155,4 153,2 156,8
Dureza Rockwell C (HRC) 28,0 28,9 40,3
Dureza Brinell (HB) mínimo/máximo 311/321
321/341
401/415
Resistência ao impacto – Charpy (J) 103,8 97,8 92,8
84
FIGURA 4.3 – Resistência ao impacto dos materiais após o tratamento térmico de
austêmpera, obtidos por ensaio Charpy em corpos-de-prova sem
entalhe, conforme norma ASTM A897 (2005).
FIGURA 4.4 Dureza Rockwell C dos materiais após o tratamento térmico de
austêmpera.
85
FIGURA 4.5 – Resultados dos ensaios de tração dos materiais no estado bruto de
fundição e após tratamento térmico de austêmpera.
86
As propriedades mecânicas do ADI são fortemente influenciadas pelo tamanho médio
da célula ferrítica, d, e pelo produto entre o volume de austenita e o teor de carbono,
Xγ.Cγ (PUTATUNDA, 2001, YANG e PUTATUNDA, 2005). Segundo YANG e
PUTATUNDA (2005), existe uma relação aproximadamente linear entre o parâmetro
K
th
/ LE.d
1/2
e a temperatura de austêmpera (FIG. 2.13). Para os materiais utilizados, os
produtos X
γ
.C
γ
e LE.d
1/2
, foram determinados utilizando os valores médios das TAB.
4.3 e 4.4, respectivamente. O valor de d foi estimado utilizando a fórmula de Scherrer,
Eq. (2.2), repetida na Eq. (4.1) por conveniência. Os resultados são apresentados na
TAB. 4.5.
θβ
λ
cos
9,0
=d
(4.1)
Onde:
d : tamanho médio da célula ferrítica (nm);
λ : comprimento de onda (nm);
β : largura do pico (211) da ferrita correspondente à metade da altura (radianos);
θ : ângulo de Bragg.
TABELA 4.5 – Parâmetros dos materiais após tratamento térmico de austêmpera.
Material
Parâmetro
ADI-T1 ADI-T2 ADI-T3
17,84 17,18 12,30
Tamanho médio da célula ferrítica, d (nm)
19,39 17,78 14,10
19,30 19,22 13,86
Média, d (nm)
18,84 18,06 13,42
Produto, LE.d
1/2
(MPa.m
1/2
)
16,42 15,43 14,66
Produto, Xγ . Cγ (%)
0,64 0,62 0,42
Os valores obtidos para a lula ferrítica, estão dentro da faixa obtida por
PUTATUNDA (2001) para as temperaturas de austêmpera utilizadas. Observa-se que os
valores dos parâmetros, X
γ
.C
γ
e LE.d
1/2
, dos materiais ADI-T1 e ADI-T2 foram muito
87
próximos, confirmando o que o exame da microestrutura e os resultados das
propriedades mecânicas indicaram. Comparando os valores de d com o limite de
escoamento, observa-se que o limite de escoamento é dependente do tamanho da
partícula de ferrita, como mostrou a FIG. 2.12.
Conclui-se então que se produziram dois materiais, ADI-T1 e ADI-T2, com
microestrutura bastante semelhante, com exceção do teor de carbono na austenita e um
terceiro material, ADI–T3, com maior resistência mecânica, menores ductilidade e
tenacidade, como planejado no procedimento experimental.
Comparando as propriedades obtidas com valores previstos por normas, verificam-se
que os materiais ADI-T1 e ADI-T2 atendem aos graus 900/650/09 e 1050/750/07 da
norma ASTM A 897M (2005), apresentada na TAB. 4.6. Tratam-se de graus de maior
ductilidade, correspondendo às especificações típicas para peças em ADI submetidas à
fadiga. O material ADI-T3 atende ao grau 1200/850/04, adequada para peças de maior
resistência e menor ductilidade.
TABELA 4.6 – Propriedades mecânicas para o ADI segundo a norma ASTM A 897M
Grau
Limite de
resistência
[MPa]
Limite de
escoamento
[MPa]
Alongamento
[%]
Resistência ao
Impacto [J]
Dureza
Brinell
[HB]
900/650/09 900 650 9 100 269 – 341
1050/750/07 1050 750 7 80 302 – 375
1200/850/04 1200 850 4 60 341 – 444
1400/1100/02
1400 1100 2 35 388 – 477
1600/1300/01
1600 1300 1 20 402 – 512
Fonte: ASTM A 897M (2005).
88
4.2 Apresentação e discussão dos resultados de propagação de trinca
por fadiga
A taxa de propagação de trinca por fadiga na região I e o limiar
K
th
não foram
determinados experimentalmente. Mas, utilizando-se a relação entre a temperatura de
austêmpera e o parâmetro
K
th
/ LE.d
1/2
, FIG. 2.13, proposta por YANG e
PUTATUNDA (2005), pode-se inferir que o limiar
K
th
dos materiais ADI-T1 e ADI-
T2 são muito próximos e maiores que o limiar
K
th
do ADI-T3. Segundo YANG e
PUTATUNDA (2005), um comportamento similar é esperado para a taxa de
propagação de trinca por fadiga na região I. Portanto, o ADI-T1 e o ADI-T2 teriam, na
região I, taxas de propagação de trinca por fadiga muito próximas e menores que a do
ADI-T3.
4.2.1 Propagação de trinca com amplitude de carga,
P, constante
Os valores de da/dN foram determinados pelo método da secante, sendo um dos três
métodos recomendados pela norma ASTM E 647. As curvas da/dN versus
K, obtidas
para os três corpos-de-prova de cada material são apresentadas nas FIG. 4.6 a 4.8.
Segundo ASHOK e MUHLSTEIN (2000) a dispersão dos dados é devida ao método
utilizado no lculo de da/dN. ASHOK e MUHLSTEIN (2000) afirmam que o método
de cálculo de da/dN pouco influencia na curva média de da/dN versus
K. Como a
amplitude de carga foi constante, o ensaio de propagação de trinca foi realizado com o
fator de intensidade de tensões,
K, crescente. Os ensaios foram interrompidos antes
que ocorresse a ruptura do corpo-de-prova.
Observaram-se, em todos os materiais ensaiados, as regiões de propagação II e III. A
região II é caracterizada por uma relação linear entre log (da/dN) e log (
K) e a região
III pelo estágio final da propagação da trinca, quando K
max
aproxima-se de K
Ic
do
material.
89
1010 20 30 40 50 60 70
1E-8
1E-7
1E-6
1E-5
ADI - T1
P constante
CP1
CP2
CP3
da/dN (m/ciclo)
K (MPa.m
1/2
)
FIGURA 4.6 – Curvas de propagação de trinca por fadiga do ADI – T1. P
cte
. = 5,4 kN.
R = 0,3.
1010 20 30 40 50 60 70
1E-8
1E-7
1E-6
1E-5
ADI - T2
P constante
CP1
CP2
CP3
da/dN (m/ciclo)
K (MPa.m
1/2
)
FIGURA 4.7 – Curvas de propagação de trinca por fadiga do ADI – T2. P
cte
. = 5,4 kN.
R = 0,3.
90
1010 20 30 40 50 60 70
1E-8
1E-7
1E-6
1E-5
ADI - T3
P constante
CP1
CP2
da/dN (m/ciclo)
K (MPa.m
1/2
)
FIGURA 4.8 – Curvas de propagação de trinca por fadiga do ADI – T3. P
cte
. = 5,4 kN.
R = 0,3.
4.2.1.1 Equações para o crescimento de trinca com amplitude de carga,
P,
constante
A exemplo de GRENO et al. (1999) utilizou-se a equação de PARIS e
ERDOGAN (1963) para prever a taxa de crescimento de trinca na região II, apresentada
na forma logarítmica pela Eq. (4.2):
( ) ( )
KmC
dN
da
+=
logloglog
(4.2)
onde:
da/dN : taxa de propagação da trinca;
K : fator cíclico de intensidade de tensão (MPa.m
1/2
);
C, m : constantes do material.
91
Os valores de C e m , para K a36 MPa.m
1/2
, foram obtidos através de um modelo de
regressão entre log (da/dN) e log (
K), utilizando-se o programa Origin e apresentados
na TAB. 4.7. Na FIG. 4.9a são apresentadas as curvas de propagação para cada material,
construídas a partir dos valores médios apresentados na TAB. 4.7. Os dados obtidos
estão dentro da faixa de taxas de propagação para a região II do ADI, observadas por
GRENO et al. (1999) para temperaturas de austêmpera entre 260° e 36C.
TABELA 4.7 Estatística de regressão e valores obtidos para os coeficientes C e os
expoentes m da lei de Paris, com intervalo de 95% de confiança.
P
constante
. = 5,4 kN; R = 0,3; K
max
= 36 MPa.m
1/2
Material
Valores
ADI – T1 ADI – T2 ADI – T3
Coeficiente C
Média 7,1433E-12 9,7730E-12 39,0580E-12
Limite superior 7,2245E-12 10,0418E-12 39,4013E-12
Limite inferior 7,0632E-12 9,5117E-12 38,7196E-12
Expoente m
Média 3,0753 2,9748 2,6050
Limite superior 3,0828 2,9769 2,6146
Limite inferior 3,0679 2,9727 2,5953
Estatística de regressão
R 0,8477 0,8502 0,8370
R
2
ajustado 0,7184 0,7227 0,7003
N° de dados 1683 1725 1185
92
1010 20 30 40
1E-8
1E-7
1E-6
P constante
ADI - T1
ADI - T2
ADI - T3
da/dN (m/ciclo)
K (MPa.m
1/2
)
FIGURA 4.9a Comparação da taxa de propagação de trinca por fadiga na região II,
entre os três materiais, utilizando a Lei de Paris. P
constante
= 5,4 kN;
R = 0,3.
1010 20 30 40
1E-8
1E-7
P constante
ADI-T2-LS
ADI-T2-LI
ADI-T3-LS
ADI-T3-LI
da/dN (m/ciclo)
K (MPa.m
1/2
)
FIGURA 4.9b Comparação da taxa de propagação de trinca entre ADI-T2 e ADI-T3
utilizando os limites superior (LS) e inferior (LI) do intervalo de 95%
de confiança.
93
Analisando os resultados mostrados na TAB. 4.7 e na FIG. 4.9 verificam-se que o ADI-
T1 e o ADI-T2 apresentaram taxas de propagação de trinca praticamente iguais. Para
possibilitar a inferência estatística entre as curvas de propagação de trinca por fadiga
entre o ADI-T2 e o ADI-T3, plotaram-se na FIG. 4.9b as curvas referentes aos limites
superior e inferior do intervalo de 95% de confiança. Verificou-se que o ADI-T3
apresentou taxas de propagação superiores ao ADI-T2, e por conseqüência, ao ADI-T1.
Fato semelhante foi observado também por GRENO et al. (1999) e YANG e
PUTATUNDA (2005).
YANG e PUTATUNDA (2005) atribuíram a menor resistência à propagação de trincas
de materiais austemperados em torno de 300°C, ao fato de que eles possuem menor
proporção de austenita, menor ductilidade e limite de escoamento mais elevado, fazendo
com que a contribuição do mecanismo de fechamento de trinca induzido por
plasticidade seja menor nos materiais austemperados em torno de 300°C do que nos
materiais austemperados em torno de 360°C. Os autores acreditam que o fator de
intensidade de tensão para o qual a trinca se abre, K
op
, seja menor nos materiais tratados
a 300°C fazendo com o fator cíclico efetivo de intensidade de tensão, K
ef
, seja maior,
estando os dois materiais carregados entre os mesmo valores de K
max
e K
min
.
94
4.2.1.2 Fractografias dos corpos-de-prova
As FIG. 4.10 a 4.12 mostram a superfície de fratura onde se observam três zonas: pré-
trinca, propagação da trinca por fadiga e rasgamento.
FIGURA 4.10 Superfície de fratura de corpos-de-prova tipo CT utilizados em ensaios
de propagação de trinca por fadiga do ADI-T1 sob carregamento de
amplitude de carga constante.
FIGURA 4.11 Superfície de fratura de corpos-de-prova tipo CT utilizados em ensaios
de propagação de trinca por fadiga do ADI-T2 sob carregamento de
amplitude de carga constante.
Rasgamento
Propagação da trinca
Pré
trinca
95
FIGURA 4.12 Superfície de fratura de corpos-de-prova tipo CT utilizados em ensaios
de propagação de trinca por fadiga do ADI-T3 sob carregamento de
amplitude de carga constante.
As FIG. 4.13 a 4.15 apresentam as microfractografias da região de propagação estável
da trinca, regida pela lei de Paris. Em todos os três materiais e ao longo de toda a
superfície da trinca por fadiga, observaram-se estriações e planos de clivagem,
caracterizando o mecanismo de fratura denominado por quase-clivagem (quasi-
cleavage) proposto inicialmente por GRENO et al. (1999) para o ADI e confirmado por
YANG e PUTATUNDA (2005). Observou-se maior proporção de planos de clivagem
no material austemperado a 300°C.
96
a) início de trinca, 500x b) início de trinca, 1000x
c) final de trinca, 500x d) final de trinca, 1000x
FIGURA 4.13 – Microfractografias da região de propagação estável da trinca por
fadiga. Amplitude de carga constante. ADI-T1, corpo-de-prova CT
n°2.
Estrias de fadiga
Grafita
Cavidade ocupada
por grafita arrancada
Plano
s
de clivagem
97
a) início de trinca, 500x b) início de trinca, 1000x
c) centro de trinca, 500x d) final de trinca, 500x
FIGURA 4.14 – Microfractografias da região de propagação estável da trinca por
fadiga. Amplitude de carga constante. ADI-T2, corpo-de-prova CT
n°1.
98
FIGURA 4.15 Microfractografia do início da região de propagação estável da trinca
por fadiga. Amplitude de carga constante. ADI-T3, corpo-de-prova
CT n°2.
4.2.2 Propagação de trinca por fadiga com
K constante
Iniciaram-se os ensaios com três blocos de cargas, com
K variando de 15 a
22,5 MPa.m
1/2
. Comparando-se os resultados de taxa de propagação de trinca com os
valores correspondentes aos obtidos com P constante, verificou-se que era necessário
ampliar o valor de
K até 36 MPa m
1/2
, possibilitando uma faixa mais ampla de
comparação entre os dois tipos de carregamento. O método tradicional utilizado para
apresentar os resultados dos ensaios e determinar a taxa de propagação de trinca
utilizando a curva da/dN versus
K não pôde ser aplicado nos ensaios com
K
constante. O histórico de carregamento e a evolução da trinca são apresentados nas
FIG. 4.16 a 4.21.
Planos de
clivagem
Estria
s
de fadiga
99
0.0
5.0x10
4
1.0x10
5
1.5x10
5
2.0x10
5
0
10
20
30
40
ADI -T1
CP 3
K (MPa.m
1/2
)
mero de ciclos
FIGURA 4.16 – Histórico de carregamento do ADI-T1, R = 0,3.
0.0
5.0x10
4
1.0x10
5
1.5x10
5
2.0x10
5
0
10
20
30
40
ADI - T1
CP 3
Comprimento da trinca (mm)
Número de ciclos
FIGURA 4.17 Curva de propagação da trinca por fadiga para o ADI-T1 carregado
conforme FIG. 4.16.
100
0.0
5.0x10
4
1.0x10
5
1.5x10
5
2.0x10
5
0
10
20
30
40
ADI -T2
CP 4
K (MPa.m
1/2
)
Número de ciclos
FIGURA 4.18 – Histórico de carregamento do ADI-T2, R = 0,3.
0.0
5.0x10
4
1.0x10
5
1.5x10
5
2.0x10
5
0
10
20
30
40
ADI - T2
CP 4
Comprimento da trinca (mm)
mero de ciclos
FIGURA 4.19 Curva de propagação da trinca por fadiga para o ADI-T2 carregado
conforme FIG. 4.18.
101
0.0
5.0x10
4
1.0x10
5
1.5x10
5
2.0x10
5
0
10
20
30
40
ADI -T3
CP 1
K (MPa.m
1/2
)
Número de ciclos
FIGURA 4.20 – Histórico de carregamento do ADI-T3, R = 0,3.
0.0
5.0x10
4
1.0x10
5
1.5x10
5
2.0x10
5
0
10
20
30
40
ADI - T3
CP 1
Comprimento da trinca (mm)
mero de ciclos
FIGURA 4.21 Curva de propagação da trinca por fadiga para o ADI-T3, carregado
como mostra a FIG. 4.20.
102
Os gráficos de propagação da trinca por fadiga em função do número de ciclos,
mostram regiões lineares que se iniciam após o término dos efeitos transientes gerados
na mudança de cada bloco de carga. Determinou-se a taxa de propagação de trinca
utilizando os dados da região linear de cada bloco, através da curva tamanho de trinca
versus número de ciclos de fadiga, como exemplificam as FIG. 4.22 a 4.24. Utilizou-se
regressão linear para ajuste dos dados, obtendo-se a equação de uma reta, cujo
coeficiente angular representa a taxa de propagação de trinca (da/dN). Os resultados
obtidos são apresentados nas TAB. 4.8 a 4.10.
103
0
1x10
4
2x10
4
3x10
4
4x10
4
5x10
4
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
ADI - T1
CP3
K (MPa.m
1/2
)
15,0
19,5
22,5
27,0
30,0
33,0
36,0
Comprimento da trinca (mm)
Número de ciclos
FIGURA 4.22 Regiões lineares da curva de propagação de trinca por fadiga. Material:
ADI– T1.
TABELA 4.8 Taxa de propagação de trinca por fadiga do ADI-T1 determinada sob
amplitude de carregamento constante em cada bloco de carga. R = 0,3.
Corpo-de-prova n° 2 Corpo-de-prova n° 3
K
(MPa.m
1/2
)
Taxa de propagação
(m/ciclo)
K
(MPa.m
1/2
)
Taxa de propagação
(m/ciclo)
15,2842 3,3781E-08
± 2,4816E-10
15,26254 3,1927E-08
± 1,6149E-10
19,8676 7,4014E-08
± 2,4505E-10
19,8547 6,7314E-08
± 1,1841E-10
22,9105 1,0523E-07
± 3,1409E-10
22,89908 9,6726E-08
± 2,2136E-10
27,4909 1,7279E-07
± 4,3472E-10
27,4916 1,6790E-07
± 3,4348E-10
30,5025 2,3196E-07
± 5,7234E-10
30,49784 2,1553E-07
± 4,3414E-10
33,3679 3,0563E-07
± 1,1768E-09
33,44917 2,9472E-07
± 6,5000E-10
36,5218 4,3045E-07
± 1,0799E-09
36,38754 4,0188E-07
± 9,0300E-10
104
0
1x10
4
2x10
4
3x10
4
4x10
4
5x10
4
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
36
ADI - T2
CP4
K (MPa.m
1/2
)
15,0
19,5
22,5
27,0
30,0
33,0
36,0
Comprimento da trinca (mm)
Número de ciclos
FIGURA 4.23 Regiões lineares da curva de propagação de trinca por fadiga. Material:
ADI – T2.
TABELA 4.9 Taxa de propagação de trinca por fadiga do ADI-T2 determinada sob
amplitude de carregamento constante em cada bloco de carga. R = 0,3.
Corpo-de-prova n° 4 Corpo-de-prova n° 5
K
(MPa.m
1/2
)
Taxa de propagação
(m/ciclo)
K
(MPa.m
1/2
)
Taxa de propagação
(m/ciclo)
15,2633 2,4851E-08
± 3,8811E-10
15,2640 2,8801E-08
± 4,9349E-10
19,8347 6,0150E-08
± 1,2283E-10
19,8529 6,7993E-08
± 2,0396E-10
22,8928 9,0830E-08
± 1,6704E-10
22,8838 1,0189E-07
± 1,8995E-10
27,4524 1,5701E-07
± 2,6717E-10
27,4565 1,6802E-07
± 3,8684E-10
30,5109 2,1545E-07
± 4,3965E-10
30,4537 2,1950E-07
± 7,3806E-10
33,4599 3,0067E-07
± 6,7126E-10
33,4154 3,1058E-07
± 1,1944E-09
36,5261 4,2921E-07
± 9,6035E-10
36,5006 4,1610E-07
± 1,0359E-09
105
0
1x10
4
2x10
4
3x10
4
4x10
4
5x10
4
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
ADI - T3
CP1
K (MPa.m
1/2
)
15,0
19,5
22,5
27,0
30,0
33,0
36,0
Comprimento da trinca (mm)
mero de ciclos
FIGURA 4.24 Regiões lineares da curva de propagação de trinca por fadiga. Material:
ADI – T3.
TABELA 4.10 Taxa de propagação de trinca por fadiga do ADI-T3 determinada sob
amplitude de carregamento constante em cada bloco de carga. R = 0,3.
Corpo-de-prova n° 1 Corpo-de-prova n° 2
K
(MPa.m
1/2
)
Taxa de propagação
(m/ciclo)
K
(MPa.m
1/2
)
Taxa de propagação
(m/ciclo)
15,2548 3,8297E-08
± 2,3246E-10
15,2799 4,4179E-08
± 2,2436E-10
19,8632 8,3183E-08
± 4,3078E-10
19,8553 9,2709E-08
± 2,6473E-10
22,9031 1,2092E-07
± 2,9258E-10
22,8788 1,2924E-07
± 3,3229E-10
27,4473 1,9949E-07
± 4,7110E-10
27,4431 2,0348E-07
± 4,1321E-10
30,4857 2,5484E-07
± 7,4201E-10
30,4913 2,6516E-07
± 5,4146E-10
33,2853 3,6067E-07
± 1,4200E-09
33,4774 3,6588E-07
± 7,6033E-10
36,6109 5,5295E-07
± 1,7130E-09
36,4835 5,2286E-07
± 1,5246E-09
106
Para prever a taxa de crescimento de trinca na região II, através da equação de PARIS e
ERDOGAN (1963), Eq. (4.2), utilizaram-se a média dos valores de
K, registrados
durante o ensaio e as taxas de propagação, apenas dos corpos-de-prova com sete blocos
de carga, TAB. 4.8 a 4.10. Os valores de C e m foram obtidos através de um modelo de
regressão entre log (da/dN) e log (
K), utilizando-se o programa Origin, levando-se em
conta os erros associados à velocidade de cada bloco. Os resultados obtidos são
apresentados na TAB. 4.11.
TABELA 4.11 Estatística de regressão e valores obtidos para os coeficientes C e os
expoentes m da equação de Paris, com intervalo de 95% de confiança.
K constante; R = 0,3.
Material
Valores
ADI – T1 ADI – T2 ADI – T3
Coeficiente C
Média 15,4237E-12 7.1200E-12 24,5443E-12
Limite superior 14,3364E-12 6.8267E-12 22,2121E-12
Limite inferior 16,5935E-12 7.4261E-12 27,1213E-12
Expoente m
Média 2.8079 3.0339 2.7289
Limite superior 2.8446 3.0718 2.7815
Limite inferior 2.7712 2.9960 2.6762
Estatística de regressão
R 0.9982 0.9936 0.9960
R
2
ajustado 0.9961 0.9862 0.9913
N° de dados 14 14 14
N° de dados associados 1600 1600 1500
Nas FIG 4.25 a 4.27, apresentam-se as taxas de propagação obtidas em cada bloco de
carga, superpostas com a reta que representa a previsão da taxa de crescimento de trinca
do material, através da lei de Paris.
107
1010 20 30 40
1E-8
1E-7
1E-6
ADI - T1
K constante
CP1
CP2
CP3
da/dN (m/ciclo)
K (MPa.m
1/2
)
FIGURA 4.25 Taxa de propagação de trinca por fadiga na região II, prevista pela Lei
de Paris, superposta aos valores obtidos em cada bloco. Material:
ADI-T1. Intervalo de K: 15 a 36 MPa.m
1/2
; R = 0,3.
10
1E-8
1E-7
1E-6
ADI - T2
K constante
CP1
CP2
CP3
CP4
CP5
da/dN (m/ciclo)
K (MPa.m
1/2
)
FIGURA 4.26 Taxa de propagação de trinca por fadiga na região II, prevista pela Lei
de Paris, superposta aos valores obtidos em cada bloco. Material:
ADI-T2. Intervalo de K: 15 a 36 MPa.m
1/2
; R = 0,3.
108
1010 20 30 40
1E-8
1E-7
1E-6
ADI - T3
K constante
CP1
CP2
da/dN (m/ciclo)
K (MPa.m
1/2
)
FIGURA 4.27 Taxa de propagação de trinca por fadiga na região II, prevista pela Lei
de Paris, superposta aos valores obtidos em cada bloco. Material:
ADI-T3. Intervalo de K: 15 a 36 MPa.m
1/2
; R = 0,3.
Na FIG. 4.28, são apresentadas as curvas de propagação para cada material, construídas
a partir dos valores médios, TAB. 4.11. Na FIG. 4.29 são apresentadas as curvas de
propagação do ADI-T1 e ADI-T2, utilizando-se os limites superior e inferior do
intervalo de 95% de confiança, mostrados na TAB. 4.11. Entre os materiais analisados o
ADI-T3 apresentou a menor resistência à propagação de trinca por fadiga, resultado
semelhante aos obtidos com
P constante.
Novamente os materiais austemperados a 360°C, apresentaram taxas de propagação de
trinca muito próximas, sendo que o ADI-T2 apresentou menores taxas de propagação no
intervalo
K de 15 a 30 MPa.m
1/2
, sugerindo a presença de outro mecanismo de
fechamento de trinca. O mecanismo mais provável seria o de fechamento de trinca
induzido pela transformação da austenita em martensita, pois no ADI-T2 o teor de
carbono da austenita é menor que no ADI-T1. Sabe-se que austenita com menor teor de
carbono está mais propensa à transformação para martensita.
109
1010 20 30 40
1E-8
1E-7
1E-6
K constante
ADI - T1
ADI - T2
ADI - T3
da/dN (m/ciclo)
K (MPa.m
1/2
)
FIGURA 4.28 Comparação da taxa de propagação de trinca por fadiga na região II,
entre os três materiais, utilizando a Lei de Paris. K
constante
; R = 0,3.
1010 20 30 40
1E-8
1E-7
K constante
ADI-T1-LS
ADI-T1-LI
ADI-T2-LS
ADI-T2-LI
da/dN (m/ciclo)
K (MPa.m
1/2
)
FIGURA 4.29 – Comparação da taxa de propagação de trinca entre o ADI-T1 e ADI-T2
utilizando os limites superior (LS) e inferior (LI) do intervalo de 95%
de confiança.
110
No entanto, observando-se as curvas de propagação, referentes aos limites superior e
inferior do intervalo de 95% de confiança, FIG. 4.29, verifica-se que não se pode
afirmar que as taxas dos materiais ADI-T1 e ADI-T2 sejam diferentes. Desta forma, as
conclusões sobre uma possível existência do mecanismo de fechamento de trinca
induzido pela transformação da austenita em martensita e sua contribuição para a menor
taxa de propagação dos materiais austemperados a 360°C, principalmente no ADI-T2
devido ao menor teor de carbono da austenita, o puderam ser confirmadas. A
constatação da presença de martensita por metalografia, na esteira de plasticidade e na
ponta da trinca, e a garantia de que ela realmente surgiu devida, exclusivamente, à
propagação da trinca por fadiga, apresentaram dificuldades experimentais que tornaram
os resultados pouco confiáveis e por esta razão não foram apresentados.
4.2.2.1 Fractografias dos corpos-de-prova
As superfícies de fratura dos corpos-de-prova ensaiados com K constante são
apresentadas nas FIG. 4.30 a 4.32. Observam-se as seguintes zonas: pré-trinca,
propagação estável e rasgamento. A zona de propagação da trinca apresentou “marcas
de praia” coincidentes com os locais de descarregamentos e recarregamentos, ocorridos
na mudança de cada bloco de carga, indicadas nas FIG. 4.30 e 4.32.
FIGURA 4.30 Superfície de fratura de corpos-de-prova tipo CT utilizados em ensaios
de propagação de trinca por fadiga do ADI-T1. Carregamento em
blocos, conforme FIG. 4.16.
Rasgamento
Propagação da trinca Pré-trinca
“Marcas de praia”
111
FIGURA 4.31 Superfície de fratura de corpos-de-prova tipo CT utilizados em ensaios
de propagação de trinca por fadiga do ADI-T2. Carregamento em
blocos, conforme FIG. 4.18.
FIGURA 4.32 Superfície de fratura de corpos-de-prova tipo CT utilizados em ensaios
de propagação de trinca por fadiga do ADI-T3. Carregamento em
blocos, conforme FIG. 4.20.
As FIG. 4.33 a 4.35 apresentam microfractografias referentes à zona de propagação
estável da trinca, regida pela lei de Paris. Em todos os três materiais e entre as marcas
de praia”, observaram-se estriações e planos de clivagem, caracterizando o mecanismo
de fratura denominado por “quase-clivagem” (quasi-cleavage). Não foram observadas
diferenças entre a superfície de fratura dos materiais ensaiados com
P constante e
K
constante.
Rasgamento
Propagação da trinca
Pré
trinca
“Marcas de praia”
referentes ao início de
cada bloco de carga
112
a) Bloco 1, 500x b) Bloco 1, 1000x
c) Bloco 3, 500x d) Bloco 3, 1000x
c) Bloco 6, 500x d) Bloco 6, 1000x
FIGURA 4.33 – Microfractografias da região de propagação estável da trinca por
fadiga, com K constante em cada bloco de carga. ADI-T1, corpo-
de-prova CT 3.
Plano de c
livagem
Estrias de fadiga
113
a) Bloco 1, 500x b) Bloco 2, 500x
c) Bloco 3, 500x d) Bloco 3, 1000x
c) Bloco 6, 500x d) Bloco 7, 1000x
FIGURA 4.34 – Microfractografias da região de propagação estável da trinca por
fadiga, com K constante em cada bloco de carga. ADI-T2, corpo-
de-prova CT n°4.
114
a) Bloco 1, 500x b) Bloco 4, 500x
c) Bloco 4, 1000x d) Bloco 5, 500x
FIGURA 4.35 – Microfractografias da região de propagação estável da trinca por
fadiga, com K constante em cada bloco de carga. ADI-T3, corpo-
de-prova CT n°1.
Estrias de fadiga
Planos de clivagem
Trincas por
fadiga
115
4.2.3 Comparação dos resultados de propagação de trinca por fadiga, obtidos
com
P constante e
K constante.
Para possibilitar uma comparação entre as taxas de propagação, determinadas com
carregamento constante e variável, agruparam-se as curvas (da/dN) versus K de cada
material, resultando nas FIG. 4.36a; 4.37a e 4.38a. Os resultados mostraram que a taxa
de propagação da trinca por fadiga na região II do ADI, submetido a K constante é
menor que com P constante. Mas, como as curvas de previsão das taxas ficaram muito
próximas, plotaram-se as curvas referentes aos limites superior e inferior do intervalo de
95% de confiança, possibilitando uma inferência estatística. Observou-se então, que a
taxa de propagação de trinca do ADI-T2, determinada com
K constante, é menor que a
obtida com P constante, FIG. 4.37b. Já, os resultados obtidos para o ADI-T1 e ADI-
T3, FIG. 4.36b e 4.38b, não permitem afirmar que exista uma diferença significativa na
taxa de propagação obtida com os dois tipos de carregamento, ao longo de toda a faixa
de
K investigada.
116
1010 20 30 40
1E-8
1E-7
1E-6
ADI - T2
K constante
P constante
da/dN (m/ciclo)
K (MPa.m
1/2
)
a) Comparação da taxa de propagação de trinca utilizando valores médios
1010 20 30 40
1E-8
1E-7
ADI - T1
K
Cte
- LS
K
Cte
- LI
P
Cte
- LS
P
Cte
- LI
da/dN (m/ciclo)
K (MPa.m
1/2
)
b) Comparação da taxa de propagação de trinca por fadiga utilizando os limites superior
(LS) e inferior (LI) do intervalo de 95% de confiança
FIGURA 4.36 Comparação da taxa de propagação de trinca por fadiga com
K
constante
e P
constante
utilizando a Lei de Paris. Material: ADI-T1.
117
1010 20 30 40
1E-8
1E-7
1E-6
ADI - T2
K constante
P constante
da/dN (m/ciclo)
K (MPa.m
1/2
)
a) Comparação da taxa de propagação de trinca utilizando valores médios
1010 20 30 40
1E-8
1E-7
ADI - T2
K
Cte
- LS
K
Cte
- LI
P
Cte
- LS
P
Cte
- LI
da/dN (m/ciclo)
K (MPa.m
1/2
)
b) Comparação da taxa de propagação de trinca por fadiga utilizando os limites superior
(LS) e inferior (LI) do intervalo de 95% de confiança
FIGURA 4.37 Comparação da taxa de propagação de trinca por fadiga com K
constante
e P
constante
utilizando a Lei de Paris. Material: ADI-T2.
118
1010 20 30 40
1E-8
1E-7
1E-6
ADI - T3
K constante
P constante
da/dN (m/ciclo)
K (MPa.m
1/2
)
a) Comparação da taxa de propagação de trinca utilizando valores médios
1010 20 30 40
1E-8
1E-7
ADI - T3
K
Cte
- LS
K
Cte
- LI
P
Cte
- LS
P
Cte
- LI
da/dN (m/ciclo)
K (MPa.m
1/2
)
b) Comparação da taxa de propagação de trinca por fadiga utilizando os limites superior
(LS) e inferior (LI) do intervalo de 95% de confiança
FIGURA 4.38 – Comparação da taxa de propagação de trinca por fadiga com K
constante
e P
constante
utilizando a Lei de Paris. Material: ADI-T3.
119
4.2.4 Previsão da taxa de propagação de trinca por fadiga sob carregamento com
amplitude variável
Segundo SURESH (2001), atualmente, somente critérios semi-empíricos são capazes de
fornecer razoável estimativa de elementos sujeitos à fadiga sob carregamento com
amplitude variável. Os efeitos de interação entre carregamentos em blocos com variação
na amplitude podem ser quantificados através do parâmetro denominado de fator de
aceleração, ρ (SURESH, 2001). Para o estudo em questão, este fator é definido pela
Eq. (4.4):
tecons
tecons
K
P
AC
AV
dN
da
dN
da
dN
da
dN
da
tan
tan
=
=
ρ
(4.4)
onde
(da/dN)
AV
representa a taxa de propagação de trinca por fadiga com amplitude
variável, ou seja,
P constante e
(da/dN)
AC
representa a taxa de propagação de trinca por
fadiga determinada com amplitude de
K
constante. Se
ρ
= 1 significa que não
efeitos de interação, caso se tenha
ρ
> 1, significa aumento da taxa de propagação da
trinca por fadiga devido às variações no carregamento, enquanto
ρ
< 1 indica
diminuição da taxa de propagação.
Calculando-se o fator
ρ
para as taxas de propagação do ADI-T2, onde foi observada
uma diferença entre as taxas determinadas, com
P constante e
K
constante,
obtiveram-se as Eq. (4.5) relativas à curva dia e aos limites superior e inferior do
intervalo de 95% de confiança apresentadas na FIG. 4.39. Observa-se
ρ
> 1 para a toda
a faixa de
K
analisada, indicando que ocorre aumento da taxa de propagação da trinca
quando o material é submetido a um carregamento com
K
crescente. Nota-se ainda que
o fator de aceleração diminui com a evolução de
K
.
120
09494,0
inflim
02330,0
suplim
05912,0
.470957,1
.280855,1
.372619,1
=
=
=
K
K
K
eriorite
eriorite
média
ρ
ρ
ρ
(4.5)
15 20 25 30 35 40
1.04
1.06
1.08
1.10
1.12
1.14
1.16
1.18
1.20
L S - 95%
Média
L I - 95%
Fator de aceleração,
ρ
K (MPa.m
1/2
)
FIGURA 4.39 Variação do fator de aceleração, ρ, versus K para o ADI-T2,
mostrando a curva média e os limites superior (LS) e inferior (LI) do
intervalo de 95% de confiança.
A diferença encontrada para as taxas de propagação de trinca entre os dois tipos de
carregamento pode ser atribuída à violação do conceito de similitude na fadiga, pelo
carregamento com
P constante. Segundo ANDERSON (1991), o conceito de
similitude das condições da ponta da trinca por fadiga, implicando em uma relação
única entre da/dN,
K e R, é válida somente para carregamento com amplitude
constante, ou seja, quando dK/da = 0. A zona plástica, na ponta e no trajeto da trinca,
depende do histórico de carregamento anteriormente aplicado e dos valores instantâneos
de K
max
e K
min
(ANDERSON, 1991). Portanto, apesar de em ambos os carregamentos os
valores de
K serem os mesmos, as esteiras de plasticidade são diferentes influenciando
as condições da ponta da trinca, como ilustram as FIG. 4.40 e 4.41; justificando a
121
diferença observada entre as taxas de propagação de trinca por fadiga. Possivelmente
esta diferença foi observada no ADI-T2 devido a menor estabilidade da austenita
deste material.
FIGURA 4.40 Crescimento de trinca por fadiga sob carregamento com amplitude
constante, sob condições de deformação plástica em pequena escala.
Adaptado de ANDERSON (1991, p. 599).
FIGURA 4.41 Crescimento de trinca por fadiga sob carregamento com amplitude
variável, K crescente.
Adaptado de ANDERSON (1991, p. 601).
122
4.3 Apresentação e discussão dos resultados de fadiga por flexão
rotativa
4.3.1 Fadiga por flexão rotativa com amplitude constante
Os resultados de fadiga por flexão rotativa com amplitude constante a 495 MPa e
585 MPa são apresentados na TAB. B.1 (APÊNDICE B). Para escolher a distribuição
de probabilidade que melhor descreveu o comportamento à fadiga por flexão, utilizou-
se o teste de Anderson-Darling através do programa computacional Minitab. Avaliaram-
se as distribuições de probabilidade normal, log-normal, exponencial e Weibull. O
melhor ajuste foi proporcionado pela distribuição de Weibull, cujos resultados são
apresentados nas FIG. 4.42 a 4.44. A TAB. 4.12 apresenta a estatística descritiva,
calculada através da distribuição de Weibull, apesar do pequeno número de amostras.
FIGURA 4.42 Gráfico de distribuição de probabilidade de Weibull com intervalo
de 95% de confiança para os resultados de ensaio à fadiga por
flexão rotativa. Amplitude constante a 495 e a 585 MPa. ADI-T1.
123
FIGURA 4.43 Gráfico de distribuição de probabilidade de Weibull com intervalo
de 95% de confiança para os resultados de ensaio à fadiga por
flexão rotativa. Amplitude constante a 495 e a 585 MPa. ADI-T2.
FIGURA 4.44 Gráfico de distribuição de probabilidade de Weibull com intervalo
de 95% de confiança para os resultados de ensaio à fadiga por
flexão rotativa. Amplitude constante a 495 e a 585 MPa. ADI-T3.
124
TABELA 4.12 Estatística descritiva dos resultados dos ensaios de fadiga por flexão
rotativa, utilizando a distribuição de Weibull.
Amplitude de
tensão
Parâmetros ADI-T1 ADI-T2 ADI-T3
Média (ciclos) 136 065,8
208 661,7
143 462,7
Variância (ciclos) 43 343,8
60 894,8
46 044,3
495 MPa
N° de dados 8
8
5
Média (ciclos) 48 033,5
56 342,9
59 126,1
Variância (ciclos) 3 631,1
11 236,7
16 170,4
585 MPa
N° de dados 8
8
5
Para verificar se havia diferenças significativas entre as dias, utilizou-se análise de
variância (COLLINS, 1993; MONTGOMERY, 1997). Os resultados da estatística
inferencial são apresentados em ANOVA - B1 (APÊNDICE B). Verificou-se,
considerando o vel de significância de 5%, que um dos materiais apresentou vida
média à fadiga diferente dos outros dois materiais para uma amplitude de tensão de
495 MPa. A análise estatística indicou o ADI-T2 como o material que apresentou vida
média à fadiga diferente. Não se observou diferença entre a vida média à fadiga dos
materiais ADI-T1 e ADI-T3, considerando o nível de significância de 5%.
Observa-se, que a vida à fadiga a 495 MPa foi mais elevada para o material ADI-T2, em
torno de 50% maior que os materiais ADI-T1 e ADI-T3. A diferença entre o ADI-T2 e
ADI-T3 pode ser atribuída ao maior volume de austenita metaestável do ADI-T2. No
entanto, a diferença básica entre o ADI-T1 e o ADI-T2, é o tempo de austêmpera, o que
pode ter levado a uma menor estabilidade da austenita do material ADI-T2 devido ao
menor teor de carbono, proporcionando uma maior susceptibilidade à deformação e ou
transformação de fase. Os resultados confirmam a afirmativa de LIN et al. (1996) a
respeito do benefício das tensões residuais sobre a resistência à fadiga de alto ciclo,
provocadas pela deformação da austenita ou pela transformação para martensita.
125
Não se observou, em nível de significância de 5%, diferenças entre a vida média à
fadiga dos três materiais para uma amplitude de tensão de 585 MPa (ANOVA - B2,
APÊNDICE B).
Os resultados à fadiga de alto ciclo para os dois níveis de tensão ensaiados indicam que
a influência do volume e da estabilidade da austenita é preponderante ou mais
importante na fase de iniciação da trinca, do que na fase de propagação. Pois os ensaios
de propagação de trinca revelaram que as diferenças nas taxas de propagação foram
muito menores que nos ensaios de fadiga por flexão rotativa. Esta hipótese foi
verificada quando se analisaram em conjunto os resultados dos ensaios de propagação
de trinca e fadiga por flexão rotativa.
Foi necessário estimar a vida à fadiga do material para amplitudes de tensão entre 180 e
495 MPa, pois estes valores seriam necessários no cálculo do dano à fadiga do ADI sob
carregamento variável. Considerou-se que existe para o ADI, como nos aços, uma
relação entre os coeficientes de resistência para a equação de Basquim (Eq. 4.6) (LEE et
al., 2005; BANANTINE et al., 1990) para amplitudes de tensão, abaixo e acima do
limite de fadiga ou endurance (S
e
), como ilustra a FIG. 4.45. A relação entre as
inclinações das retas é conhecida por fator de Haibach e o ponto de interseção é o limite
de fadiga (LEE et al., 2005). Apesar do ADI não apresentar limite de fadiga, manteve-se
esta terminologia para definir o ponto de interseção.
(
)
(
)
(
)
b
f
b
f
b
ffa
SANANSS 2 onde ,2
''
×===
(4.6)
onde:
S
a
: amplitude de tensão;
S
f
: coeficiente de resistência à fadiga;
N
f
: número de ciclos necessários para ocorrer a falha;
b : expoente de resistência à fadiga;
A : coeficiente.
126
Através dos resultados dos ensaios de fadiga e do limite de resistência à tração (LEE et
al., 2005; BANANTINE et al., 1990), estimou-se a curva S-N para amplitudes acima
do limite S
e
, utilizando-se os valores indicados nas TAB. 4.13 e B.1. Os valores de A e
b, Eq. (4.6), foram obtidos através de um modelo de regressão entre log (S
a
) e log (N
f
),
utilizando-se o programa Origin. Os resultados são apresentados nas FIG. 4.46 a 4.48 e
na TAB. 4.14.
FIGURA 4.45 – Curva S-N para o ADI.
Adaptado de DUCTILE IRON DATA, 1998, p. 4.18.
TABELA 4.13 Valores utilizados na construção da curva S-N para amplitudes de
tensão acima do limite de fadiga.
Número de ciclos Amplitude de tensão
1 000 90% do limite de resistência à tração (0,9 x LR)
Resultados da TAB. B.1 495 MPa
Resultados da TAB. B.1 585 MPa
127
TABELA 4.14 Resultados obtidos na estimativa das curvas S-N para amplitudes de
tensão acima do limite de fadiga, apresentadas nas FIG. 4.46 a 4.48.
Parâmetros da Eq. (4.6) Estatística de regressão
Material
A (MPa) b R R
2
ajustado N° de dados
ADI – T1 2 686,46 - 0,14262 0,99498 0,98952 23
ADI – T2 2 647,73 - 0,13759 0,99505 0,98970 24
ADI – T3 4 857,69 - 0,19289 0,99419 0,98753 15
10
3
10
4
10
5
500
600
700
800
900
10001000
2000
ADI - T1
Amplitude de tensão (MPa)
Vida à fadiga (ciclos)
Figura 4.46 – Vida à fadiga por flexão rotativa com amplitude constante. ADI-T1.
128
10
3
10
4
10
5
500
600
700
800
900
1000
2000
ADI - T2
Amplitude de tensão (MPa)
Vida à fadiga (ciclos)
Figura 4.47 – Vida à fadiga por flexão rotativa com amplitude constante. ADI-T2.
10
3
10
4
10
5
400
500
600
700
800
900
10001000
2000
ADI - T3
Amplitude de tensão (MPa)
Vida à fadiga (ciclos)
Figura 4.48 – Vida à fadiga por flexão rotativa com amplitude constante. ADI-T3.
129
Em seguida estimou-se a vida à fadiga para amplitudes abaixo do limite de fadiga,
tomando como referência a relação entre os coeficientes de fadiga calculados a partir
dos dados da FIG. 4.45, onde se obteve que b
Sa > Se
/ b
Sa < Se
= 4,13. Os resultados para
as curvas S-N sob amplitudes de tensão abaixo do limite S
e
são apresentados na
TAB. 4.15. As FIG. 4.49 a 4.52 apresentam os resultados obtidos nos ensaios de fadiga
por flexão rotativa com amplitude constante, superpostos a curva S-N estimada para a
região de fadiga de baixo ciclo, válida para o intervalo: S
a
0,9 x LR; e para a região
de fadiga de alto ciclo, válida para o intervalo: S
a
0,9 x LR.
TABELA 4.15 Resultados obtidos na estimativa das curvas S-N para amplitudes de
tensão abaixo do limite de fadiga S
e
.
Parâmetros da Eq. (4.6)
Material
A (MPa) b
ADI – T1 658,01 - 0.0345
ADI – T2 690,95 - 0,0333
ADI – T3 690,13 - 0,0467
130
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
10
6
10
7
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
2000
ADI - T1
LR
0,9 x LR
Falhou
Interrompido
Curva SN
Amplitude de tensão (MPa)
Vida `a fadiga (ciclos)
Figura 4.49 – Estimativa de curvas S-N superpostas aos resultados dos ensaios de tração
e fadiga por flexão rotativa com amplitude constante. ADI-T1.
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
10
6
10
7
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
2000
ADI - T2
LR
0,9 x LR
Falhou
Interrompido
Curva SN
Amplitude de tensão (MPa)
Vida à fadiga (ciclos)
Figura 4.50 – Estimativa de curvas S-N superpostas aos resultados dos ensaios de tração
e fadiga por flexão rotativa com amplitude constante. ADI-T2.
131
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
10
6
10
7
200
300
400
500
600
700
800
900
10001000
2000
ADI - T3
LR
0.9 x LR
Falhou
Curva SN
Amplitude de tensão (MPa)
Vida à fadiga (Ciclos)
Figura 4.51 – Estimativa de curvas S-N superpostas aos resultados dos ensaios de tração
e fadiga por flexão rotativa com amplitude constante para o ADI-T3.
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
10
6
10
7
200
300
400
500
600
700
800
900
10001000
2000
ADI-T1
ADI-T2
ADI-T3
Amplitude de tensão (MPa)
Vida à fadiga (ciclos)
Figura 4.52 Comparação das curvas S-N estimada para descrever a vida à fadiga por
flexão rotativa para os três materiais.
132
Analisando a FIG. 4.52, observa-se que ADI-T1 e ADI-T2 apresentaram
comportamento à fadiga similar para tensões elevadas. Para tensões próximas ao limite
de fadiga, o ADI-T2 apresentou maior resistência, provavelmente devido à menor
estabilidade da austenita que ao encruar ou transformar para martensita, provoca tensões
residuais, atuando beneficamente na fase de nucleação da trinca, como comentado
anteriormente. O ADI-T3 apresentou maior resistência à fadiga sob amplitudes de
tensões acima de 500 MPa. Resultado semelhante foi observado por LIN e PAI (1999).
Os autores atribuíram a maior resistência à fadiga dos materiais austemperados a 300°C
do que o austemperado a 360°C, à menor quantidade de austenita instável e portanto,
menor quantidade de martensita transformada.
4.3.2 Fadiga por flexão rotativa com amplitude variável – Carregamento tipo
Hi - Lo
Os resultados obtidos para os ensaios de fadiga com carregamento em blocos tipo Hi-Lo
são apresentados na TAB. 4.16. Para possibilitar o cálculo do acúmulo de dano,
apresenta-se na TAB. 4.17 o número médio de ciclos para ocorrer a falha, N
f
, relativo a
cada bloco de carga, extraídos da TAB. 4.12.
TABELA 4.16 Resultados de ensaios de fadiga por flexão rotativa com amplitude
variável tipo Hi-Lo. Amplitude de tensão: 585 MPa no bloco 1 e
495 MPa no bloco 2.
ADI - T1 ADI - T2 ADI - T3
Número de ciclos Número de ciclos Número de ciclos
Bloco 1 Bloco 2 Bloco 1 Bloco 2 Bloco 1 Bloco 2
Corpo-
de-
prova
n
1
n
2
n
1
n
2
n
1
n
2
1 24 000
26 500
14 000
115 600
14 800
52 700
2 24 000
36 300
14 000
55 500
14 800
61 050
3 24 000
47 500
14 000
120 500
14 800
60 950
4 26 000
54 500
14 000
71 500
23 800
57 200
5 24 000
50 450
14 000
81 050
14 800
61 000
133
TABELA 4.17 Número médio de ciclos esperados para ocorrer a falha em cada
bloco de carga, calculados através da distribuição de Weibull.
Número médio de ciclos para ocorrer a falha Bloco
de carga
Amplitude de
tensão (MPa)
Material
ADI - T1 ADI - T2 ADI - T3
1 585 N
1,f
48 033,5
56 342,9
59 126,1
2 495 N
2,f
136 065,8
208 661,7
143 462,7
Para prever o comportamento à fadiga do ADI sob carregamentos com amplitude
variável utilizaram-se as teorias de dano linear e bilinear.
Na TAB. B.2, APÊNDICE B, são apresentados os resultados obtidos através do modelo
linear de acúmulo de danos, calculados utilizando a Eq. (4.7):
ff
i
fi
i
i
N
n
N
n
DDD
N
n
D
,2
2
,1
1
21
,
+=+=
=
(4.7)
onde:
D
i
: dano linear relativo ao bloco de carga;
n
i
: número de ciclos que o corpo-de-prova foi submetido ou suportou;
N
i,f
: vida média à fadiga do material quando solicitado àquela amplitude de tensão.
Para comparar os resultados obtidos com dados compilados por LEE et al. (2005)
apresentados na TAB. 4.18, calculou-se parâmetros estatísticos de D utilizando-se as
distribuições normal, lognormal e Weibull, apresentada na TAB. 4.19.
Observa-se na TAB 4.19, que a média dos valores de dano dos três materiais foi
D
médio
= 0,73. Sendo, portanto, menor que 1 (D < 1), evidenciando que a teoria de dano
linear é não-conservadora, não sendo portanto adequada para prever a falha à fadiga do
ADI, sujeito a carregamento com blocos de cargas tipo Hi-Lo.
134
TABELA 4.18 – Estatística descritiva de valores de dano linear de vários autores.
Descrição Mediana
Coeficiente
de variação
Distribuição
estatística
Miner: trabalho original 0,95 0,26 Lognormal
Schutz: Iniciação de trinca em:
Ensaios com seqüências aleatórias 1,05 0,55 Lognormal
Ensaios com larga variação da carga média
0,60 0,60 Lognormal
Entalhes com deformação plástica 0,37 0,78 Lognormal
Eixo de motor de automóveis 0,15 0,60 Lognormal
Shin e Lukens: Muitos ensaios randômicos 0,90 0,67 Lognormal
Gurney: Ensaios em juntas soldadas 0,85 0,28 Lognormal
Lee: Efeito da tensão média – Ensaio SAE 1,06 0,47 Normal
Fonte: LEE et al. (2005, p. 67).
TABELA 4.19 Estatística descritiva dos resultados de dano linear D para os três
materiais.
Distribuição
estatística
Teste de
Anderson-Darling
Média Variância Mediana
Coeficiente
de variação
Normal 0,9654 0,7292 0,1145 0,7292 0,1451
Lognormal 0,9591 0,7294 0,1176 0,7201 0,1612
Weibull 0,9738 0,7288 0,1206 0,7394 0,1655
Comparando os resultados obtidos, TAB. 4.19, com os dados compilados por LEE et al.
(2005) observa-se que a mediana ficou dentro da extensa faixa observada para os
valores de D (0,15 < 0,73 < 1,06), mas o coeficiente de variação foi nitidamente menor
do que os apresentados na TAB. 4.18.
Utilizando a análise de variância para comparar a média dos valores de dano linear entre
os materiais, FIG. 4.53, verificou-se que não evidência estatística de que as médias
sejam diferentes considerando o nível de significância de 5%, (ANOVA - B.3,
APÊNDICE B).
135
FIGURA 4.53 Diagrama de pontos dos resultados de dano linear para o carregamento
em blocos tipo Hi-Lo, destacando o dano médio de cada material.
A teoria de dano linear mostrou-se deficiente para prever a vida à fadiga do ADI sujeito
a carregamento variável. Com o objetivo de encontrar uma teoria de previsão de vida à
fadiga mais adequada ao ADI, utilizou-se o modelo bilinear proposto por Manson e
Halford (LEE et al. 2005) e apresentado no item 2.7.3; as Eq. (2.17) a (2.26) serão
apresentadas novamente para maior comodidade. Segundo esta teoria, o fenômeno da
fadiga ocorre em duas fases conforme Eq. (4.8) a (4.10):
III
DDD
+
=
(4.8)
knee
fI
I
fI
I
I
D
N
n
N
n
D ×
+=
,2
2
,1
1
(4.9)
( )
knee
fII
II
fII
II
II
D
N
n
N
n
D ×
+= 1
,2
2
,1
1
(4.10)
136
Inicialmente calcularam-se as coordenadas do ponto knee para a fase I através das Eq.
(4.11) e (4.12):
25,0
,2
,1
,1
1
35,0
×=
f
f
knee
f
N
N
N
n
(4.11)
25,0
,2
,1
35,0
×=
f
f
knee
N
N
D
(4.12)
A abcissa do ponto knee para a fase II foi determinada pelas Eq. (4.13).
25,0
,2
,1
,2
,2
65,0
×=
f
f
knee
f
f
N
N
N
n
(4.13)
As FIG. 4.54 a 4.56 apresentam graficamente o modelo bilinear para cálculo do
acúmulo de dano por fadiga dos três materiais, evidenciando o ponto de interseção knee
e as duas fases da falha por fadiga. Os números de ciclos para a falha, previstos para as
fases I e II, foram calculados pelas Eq. (4.14) a (4.17), apresentadas a seguir, e
utilizadas nas Eq. (4.9) e (4.10).
fkneefI
NDN
,1,1
×
=
(4.14)
fIffII
NNN
,1,1,1
=
(4.15)
f
knee
f
f
fII
N
N
n
N
,2
,2
,2
,2
×
=
(4.16)
fIIffI
NNN
,2,2,2
=
(4.17)
137
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
ADI - T1
D
I
D
II
N
2,f
= 136066
N
1,f
= 48033
D, dano
n/N
f
, razão entre ciclos
FIGURA 4.54 Representação gráfica da teoria bilinear para cálculo de acúmulo de
dano por fadiga, com carregamento em 2 blocos tipo Hi-Lo. ADI-T1.
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
ADI - T2
D
I
D
II
N
2,f
= 208662
N
1,f
= 56343
D, dano
n/N
f
, razão entre ciclos
FIGURA 4.55 Representação gráfica da teoria bilinear para cálculo de acúmulo de
dano por fadiga, com carregamento em 2 blocos tipo Hi-Lo. ADI-T2.
138
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
ADI - T3
D
I
D
II
N
2,f
= 143463
N
1,f
= 59126
D, dano
n/N
f
, razão entre ciclos
FIGURA 4.56 Representação gráfica da teoria bilinear para cálculo de acúmulo de
dano por fadiga, com carregamento em 2 blocos tipo Hi-Lo. ADI-T3.
O resumo dos cálculos para a teoria de dano bilinear são apresentados na TAB. B.3,
APÊNDICE B, e na FIG. 4.57.
FIGURA 4.57 Diagrama de pontos dos resultados de dano bilinear para o
carregamento em blocos tipo Hi-Lo, destacando o dano médio.
139
Utilizando-se a análise de variância para comparar a média dos valores de dano bilinear
entre os materiais, verificou-se que não evidência estatística, em nível de
significância de 5%, de que as médias sejam diferentes (ANOVA - B.4, APÊNDICE B).
Para permitir uma análise da influência da temperatura de austêmpera na vida à fadiga
agruparam-se os materiais de acordo com a temperatura de austêmpera, conforme
ilustrado na FIG. 4.58, ou seja, materiais tratados a 300°C (ADI-T3) e a 360°C (ADI-T1
e ADI-T2). Para verificar se havia diferença entre as médias dos valores de dano,
utilizou-se o teste
t
, distribuição de Student, e concluiu-se que existe evidência
estatística, considerando o nível de significância de 5%, de que a temperatura de
austêmpera influi na vida à fadiga do ADI sob carregamento de amplitude variável tipo
Hi-Lo (TESTE t - B.1, APÊNDICE B). Os resultados indicam ainda que a austêmpera à
temperatura de 300°C reduz a vida à fadiga do ADI, FIG. 4.58.
FIGURA 4.58 Diagrama de pontos dos resultados de dano bilinear para o
carregamento em blocos tipo Hi-Lo, destacando o dano médio por
temperatura de austêmpera.
A estatística descritiva dos valores de
D
, utilizando-se a distribuição estatística
lognormal, TAB. 4.20, mostra que a média obtida é superior à média determinada
através da teoria de dano linear. Se analisam-se os materiais austemperados a 360°C,
140
observa-se que a teoria bilinear apresenta
D
médio
= 0,94, ficando muito próximo de 1.
Conclui-se então que a teoria bilinear é mais eficiente que a linear, na previsão da vida à
fadiga do ADI sob carregamento variável tipo Hi-Lo. Acredita-se que a teoria bilinear
pode se adequar melhor ao ADI se as equações forem reformuladas a partir de dados
experimentais relativos a este material.
TABELA 4.20 Estatística descritiva dos resultados de dano bilinear D, apresentados
na TAB. B.3 e analisados por grupos utilizando a distribuição
estatística lognormal.
Grupo N° de dados
Média Variância Coeficiente de variação
ADI-T1
ADI-T2
ADI-T3
15 0,8905 0,1598 0,1794
ADI-T3
300 °C 5 0,7879 0,0844 0,1071
ADI-T1
ADI-T2
360 °C 10 0,9423 0,1708 0,1813
4.3.3 Fadiga por flexão rotativa com amplitude variável – Carregamento tipo
Lo - Hi
Os resultados obtidos para os ensaios de fadiga com carregamento em blocos tipo Lo-
Hi são apresentados nas TAB. B.4 a B.6 (APÊNDICE B) . Para possibilitar o cálculo do
acúmulo de dano, apresentam-se nas TAB. 4.21 a 4.23 o número médio de ciclos para
ocorrer a falha,
Nf
, relativo a cada bloco de carga, extraídos da TAB. 4.12 e estimados
através de curvas S-N.
141
TABELA 4.21 - Número de ciclos para a falha utilizados no cálculo de dano do
material ADI - T1, carregamento em blocos tipo Lo-Hi.
Amplitude de tensão
(MPa)
Número de ciclos
N
f
Método de cálculo
180 2,078E+16
270 1,635E+11
315 1,876E+09
405 1,287E+06
Estimado pela Equação
S
a
= 658,01 . N
– 0,0345
495 136 066
585 48 033
Média dos resultados experimentais
(Distribuição de Weibull)
TABELA 4. 22 - Número de ciclos para a falha utilizados no cálculo de dano do
material ADI – T2, carregamento em blocos tipo Lo-Hi.
Amplitude de tensão
(MPa)
Número de ciclos
N
f
Método de cálculo
180 3,490E+17
270 1,798E+12
315 1,755E+10
405 9,263E+06
Estimado pela Equação
S
a
= 690,95 . N
– 0.0333
495 208 662
585 56 343
Média dos resultados experimentais
(Distribuição de Weibull)
142
TABELA 4.23 - Número de ciclos para a falha utilizados no cálculo de dano do material
ADI – T3, carregamento em blocos tipo Lo-Hi.
Amplitude de tensão
(MPa)
Número de ciclos
N
f
Método de cálculo
180 3,148E+12
315 1,967E+07
370 6,269E+05
Estimado pela Equação
S
a
= 690.13 . N
– 0.0467
495 143 463
585 59 126
Média dos resultados experimentais
(Distribuição de Weibull)
4.3.3.1 Ensaios realizados com amplitude entre 180 e 315 MPa, no primeiro bloco
Os resultados dos cálculos de dano linear para os materiais ADI-T1 e ADI-T2 o
apresentados nas FIG. 4.59 e 4.60. Foram incluídos nos diagramas de pontos, os
resultados dos ensaios realizados com amplitude constante de 495 MPa, simulando o
grupo que foi ensaiado no primeiro bloco de carga, com uma amplitude de tensão nula.
O lculo do dano deste grupo foi obtido pela divisão entre o número de ciclos até a
falha pelo número dio de ciclos obtidos através da distribuição de Weibull, ou seja,
D = n
i
/
N
f
. Desta forma foi possível levar em consideração a variabilidade do
fenômeno, permitindo realizar a análise de variância para comparar a média dos valores
de dano linear entre os ensaios realizados com amplitude de “0”, 180, 270 e 315 MPa,
no primeiro bloco de carga.
143
FIGURA 4. 59 – Diagrama de pontos dos resultados de dano linear para o carregamento
em blocos tipo Lo-Hi, para amplitudes de tensão menores que limite
de fadiga. ADI-T1.
FIGURA 4. 60 – Diagrama de pontos dos resultados de dano linear para o carregamento
em blocos tipo Lo-Hi, para amplitudes de tensão menores que limite
de fadiga. ADI-T2.
144
A análise estatística mostrou que não evidência de que as dias sejam diferentes,
considerando o nível de significância de 5%, (ANOVA - B.5 e B.6, APÊNDICE B). A
maioria dos ensaios resultaram em D
1, indicando que os efeitos benéficos das tensões
residuais, provocadas pela deformação ou transformação da austenita, não ocorreram no
primeiro bloco ou não foram suficientes para aumentar a resistência à fadiga, apesar de
alguns corpos-de-prova apresentarem valores de
D
> 1, principalmente o ADI-T1.
Os resultados obtidos foram semelhantes aos apresentados por SCHIJVE (1996) para
ensaios de fadiga, em liga de alumínio, com amplitude variável tipo Lo-Hi, em corpo-
de-prova sem entalhe; como o utilizado neste trabalho, FIG. 4.61. A explicação dada
pelo autor, pode ser aplicada ao ADI, ou seja, não se observou aumento de resistência
no segundo bloco de carga, devido ao fato de que no primeiro bloco o foram geradas
tensões residuais suficientes pois os corpos-de-prova não possuíam entalhe ou
concentrador de tensão. Segundo LIN et al. (1996) as tensões residuais, benéficas para o
aumento da resistência à fadiga de alto ciclo do ADI, seriam produzidas pelo
encruamento da austenita ou transformação da austenita metaestável em martensita ou
por ambos.
FIGURA 4. 61 Efeitos da seqüência de carregamento em corpos-de-prova com e sem
entalhe na aplicação da teoria de dano linear, em liga de alumínio
2024-T3.
Adaptado de SCHIJVE (1996).
145
Para avaliar a influência dos parâmetros de austêmpera reuniram-se na FIG. 4.62a os
resultados de dano linear dos três materiais ensaiados no primeiro bloco com amplitudes
de tensão variando de 180 a 315 MPa. Para evidenciar a influência da temperatura de
austêmpera, agruparam-se os resultados de dano como mostrado na FIG. 4.62b. A
comparação das médias dos valores de dano linear foi realizada através da análise de
variância e concluiu-se que existe evidência estatística, em nível de significância de 5%,
de que a temperatura de austêmpera influi na vida à fadiga do ADI sob carregamento de
amplitude variável tipo Lo-Hi (TESTE t - B.2, APÊNDICE B). Observa-se também que
a austêmpera à temperatura de 300°C, reduz a vida à fadiga do ADI.
Para avaliar a aplicabilidade da teoria de acúmulo linear de dano por fadiga calculou-se
parâmetros estatísticos dos valores de
D
, TAB. 4.24, utilizando-se a distribuição
lognormal, para os ensaios com amplitude de tensão menor que o limite de fadiga. As
médias obtidas para os materiais, mostraram que a teoria de dano linear pode ser
utilizada para prever a vida à fadiga do ADI tratado à 360°C,
D
= 1,03, mas não pode
ser aplicada para o ADI tratado a 300°C, pois
D
= 0,7.
TABELA 4.24 – Estatística descritiva dos resultados de dano linear D, para ensaios tipo
Hi-Lo com amplitude de tensão menor que o limite de fadiga,
utilizando a distribuição estatística lognormal.
Grupo
N° de
dados
Média Variância Mediana
Coeficiente de
variação
ADI-T1; ADI-T2 41 1,0320 0,3523 0,9766 0,3414
ADI-T3 6 0,7044 0,1512 0,6887 0,2147
146
a) Resultados agrupados por material
b) Resultados agrupados por temperatura de austêmpera
FIGURA 4. 62 – Diagrama de pontos dos resultados de dano linear para o carregamento
em blocos tipo Lo-Hi, para amplitudes de tensão do 1° bloco entre 180
e 315 MPa.
147
4.4 Apresentação e discussão dos resultados de fadiga por flexão
alternada
4.4.1 Fadiga por flexão alternada com amplitude constante
Os resultados de fadiga por flexão alternada com amplitude de deslocamento constante,
a
±
13,21 mm e
±
15,75 mm são apresentados na TAB. C.1 do APÊNDICE C. Dois dos
seis corpos-de-prova de ADI-T2, ensaiados a
±
13,21 mm, não romperam após
2,3 milhões de ciclos e o ensaio foi interrompido. O melhor ajuste foi proporcionado
pela distribuição de Weibull, cujos resultados são apresentados nas FIG. 4.63 a 4.65 e
na TAB. 4.25.
FIGURA 4.63 Gráficos de distribuição de probabilidade de Weibull, com intervalo
de 95% de confiança, para os resultados de ensaio à fadiga por
flexão alternada, com deslocamento vertical de amplitude constante
a 13,21 e 15,75 mm. ADI-T1.
148
FIGURA 4.64 Gráficos de distribuição de probabilidade de Weibull, com intervalo
de 95% de confiança, para os resultados de ensaio à fadiga por
flexão alternada, com deslocamento vertical de amplitude constante
a 13,21 e 15,75 mm. ADI-T2.
FIGURA 4.65 Gráfico de distribuição de probabilidade de Weibull, com intervalo
de 95% de confiança, para os resultados de ensaio à fadiga por
flexão alternada, com deslocamento vertical de amplitude constante
a 15,75 mm. ADI-T3.
149
TABELA 4.25 Estatística descritiva dos resultados dos ensaios de fadiga por flexão
alternada com amplitude constante, utilizando a distribuição de
Weibull.
Amplitude do
deslocamento vertical
Parâmetros ADI-T1 ADI-T2 ADI-T3
Média (ciclos) 277 197,80
316 953,20
Variância (ciclos) 126 894,10
154 484,00
13,21 mm
N° de dados 5
4
-
Média (ciclos) 97 969,57
109 014,30
98 406,77
Variância (ciclos) 20 359,46
15 542,59
23 545,10
15,75 mm
N° de dados 5
5
5
Apesar do pequeno número de dados, compararam-se as médias dos ensaios com
amplitude de 15,75 mm, através da análise de variância e dos ensaios com amplitude de
13,21 mm, utilizando o teste
t
(ANOVA - C.1, TESTE t - C.1, APÊNDICE C). Os
dados obtidos o permitem afirmar que as vidas médias dos materiais sejam diferentes
nos ensaios com amplitude de 15,75 mm e 13,21 mm, considerando o nível de
significância de 5%. No entanto, os dois corpos-de-prova em ADI-T2, com vida acima
de 2,3 milhões de ciclos, ensaiados com amplitude de 13,25 mm, indicam que este
material, apresenta vida à fadiga superior ao ADI-T1 como verificado nos ensaios de
fadiga por flexão rotativa.
4.4.2 Fadiga por flexão alternada com amplitude variável – Carregamento tipo
Lo - Hi
Os resultados obtidos para os ensaios de fadiga por flexão alternada com carregamento
tipo Lo- Hi são apresentados na TAB. C.2 (APÊNDICE C). Para o cálculo do acúmulo
de dano, utilizaram-se a Eq. (4.7) e os valores de
n
i
e
N
i,f
mostrados nas TAB. C.1 do
APÊNDICE C e TAB. 4.26, respectivamente.
150
TABELA 4.26 Número médio de ciclos, N
f
, esperados para ocorrência de falha em
cada bloco de carga, calculados através da distribuição de Weibull.
Material Bloco
de carga
Amplitude do
deslocamento
Número médio de
ciclos
ADI - T1 ADI - T2
1 13,21 mm N
1,f
277 198
316 953
2 15,75 mm N
2,f
97 970
109 014
Para analisar a influência do primeiro bloco de carga na vida à fadiga, compararam-se
os resultados dos ensaios realizados com amplitude constante, considerados nas
FIG. 4.66 e 4.67 como o grupo que foi ensaiado no primeiro bloco com amplitude nula.
A comparação das médias dos valores de dano linear foi realizada através do teste
t
(TESTE t - C.2, APÊNDICE C).
FIGURA 4.66 Diagrama de pontos dos resultados de dano linear para o carregamento
em blocos tipo Lo-Hi, fadiga por flexão alternada. ADI-T1.
151
FIGURA 4.67 Diagrama de pontos dos resultados de dano linear para o carregamento
em blocos tipo Lo-Hi, fadiga por flexão alternada. ADI-T2.
A TAB 4.27 apresenta a estatística descritiva dos resultados de dano linear. O teste
t
mostrou que, para o ADI-T2 existe evidência de que o primeiro bloco de carga
aumentou a vida à fadiga. No entanto, o mesmo não foi observado para o ADI-T1.
TABELA 4.27 – Estatística descritiva dos resultados de dano linear D, para ensaios tipo
Lo-Hi, fadiga por flexão alternada, apresentados na TAB C.3.
Distribuição normal.
Material Média Variância Mediana
Coeficiente de
variação
ADI-T1 1,0961 0,2660 1,0961 0,2427
ADI-T2 1,6684 0,5777 1,6684 0,3463
Comparando os valores de dano linear com carregamento variável tipo Lo-Hi, entre
ADI-T1 e ADI-T2, verifica-se que o ADI-T2 apresentou um dano médio superior ao
ADI-T1, como ilustra a FIG. 4.68.
152
FIGURA 4.68 Diagrama de pontos dos resultados de dano linear para o carregamento
em blocos tipo Lo-Hi, destacando o dano médio de cada material.
Analisando-se os valores de dano linear observa-se que para o ADI-T1 a mediana ficou
dentro da faixa observada para os valores de
D
compilados por LEE et al (2005),
apresentados na TAB. 4.18. O valor obtido para o ADI-T2 foi muito superior a unidade
indicando a influência benéfica do menor tempo de austêmpera sobre a vida à fadiga em
carregamento variável. Este fato se deve, possivelmente, ao encruamento ou
transformação da austenita no primeiro bloco de carga, dificultando a iniciação de
trincas.
Comparando-se os valores médios, verifica-se que a teoria de dano linear apresentou
resultado esperado para o ADI-T1, mas foi conservadora com os resultados do ADI-T2.
O mesmo era esperado para a teoria de dano bilinear proposta por Manson e Halford
(LEE et al. 1985), que foi aplicada apenas para possibilitar a comparação com
resultados obtidos por flexão rotativa. Para aplicar a teoria de dano bilinear aos
resultados de fadiga por flexão alternada, utilizaram-se as Eq. (4.8) a (4.17).
A TAB. 4.28 apresenta as coordenadas do ponto
knee
para as fases I e II, onde se
observam que os valores obtidos para a flexão rotativa e alternada são muito próximos,
153
confirmando que estes pontos são independentes do material, conforme citado por LEE
et al (2005). Os resultam indicam também que as coordenadas do ponto
knee
são
também independentes do tipo de ensaio.
TABELA 4.28 Coordenadas dos pontos
knee
utilizado na teoria de dano bilinear para
os ensaios de fadiga por flexão, dos materiais ADI-T1 e ADI-T2.
Coordenadas do ponto
knee
Fase I Fase II
Ensaio de
fadiga
Material
Razão entre ciclos Dano Razão entre ciclos Dano
ADI-T1 0,270 0,270 0,730 0,270 Flexão
Rotativa ADI-T2 0,252 0,252 0,748 0,252
ADI-T1 0,270 0,270 0,730 0,270 Flexão
Alternada ADI-T2 0,268 0,268 0,732 0,268
Os resultados de dano bilinear para os dois materiais ensaiados são apresentados na
FIG. 4.69. Utilizando-se o teste
t
, para comparar as médias dos valores de dano bilinear,
obteve-se o mesmo resultado observado para a teoria de dano linear, ou seja, existe
evidência estatística de que o ADI-T2 apresenta um dano médio,
D
médio
= 1,551,
superior ao ADI-T1,
D
médio
= 0,982 (TESTE t - C.3, APÊNDICE C).
154
FIGURA 4.69 Diagrama de pontos dos resultados de dano bilinear para o
carregamento em blocos, flexão alternada, destacando o dano
médio.
A teoria bilinear apresentou resultados próximos de 1 para o ADI-T1, mas também foi
conservadora para o dano à fadiga por flexão alternada dos corpos-de-prova em ADI-
T2.
4.5 Curvas S-N de propagação e iniciação de trinca
Para avaliar a influência da temperatura e do tempo de austêmpera no comportamento à
fadiga do ADI, foi necessário conhecer os efeitos destas variáveis nas fases de iniciação
e propagação. Isto foi possível através da análise em conjunto dos ensaios de fadiga por
flexão rotativa e propagação de trinca. Optou-se pelos ensaios de flexão rotativa porque
os mesmos foram realizados com carga constante.
Considerando que os ensaios de fadiga por flexão rotativa representem o número de
ciclos necessários às fases de iniciação e propagação de trincas, então será possível
estimar o número de ciclos referentes à fase de iniciação porque se conhece a taxa de
propagação através da equação de Paris. Calcular o número de ciclos necessários para a
155
trinca se propagar no corpo-de-prova após a sua iniciação é complexo e exige a
utilização de métodos numéricos com simulação computacional (DIAS et al., 2003;
TEIXEIRA et al., 2004). BRANCO (1985) sugere uma solução simples que atende aos
objetivos deste trabalho e permite estimar o número de ciclos das fases de iniciação e
propagação de trincas. O método proposto consiste basicamente em traçar num mesmo
gráfico a curva S-N total, obtida através de ensaio de fadiga por flexão rotativa, e a
curva S-N de propagação, como ilustrado na FIG. 4.70.
FIGURA 4.70 Representação esquemática da curva S-N de propagação e curva S-N
total.
N
i
e
N
p
denotam, respectivamente, o número de ciclos relativos
às fases de iniciação e propagação da trinca por fadiga.
Fonte: BRANCO, 1985, p. 1025.
Inicialmente, a equação de propagação de trinca por fadiga proposta por PARIS e
ERDOGAN (1963) é escrita na seguinte forma:
(
)
dNaSYCda
m
=
π
(4.18)
onde Y, representa o fator geométrico e a é o comprimento da trinca. Os outros termos
já foram apresentados anteriormente. Integrando e escrevendo-a sob a forma da equação
de Basquim, obtém-se:
156
( )
==
f
i
a
a
m
f
m
a
aY
da
C
NS
π
1
Constante
(4.19)
O segundo membro da Eq. (4.19) terá de ser constante, o que significa que o fator
geométrico Y, a
i
e a
f
serão constantes. Portanto, para cada geometria, comprimento
inicial de trinca e comprimento crítico, haverá uma curva S-N de propagação, cuja
inclinação pode ser calculada através do expoente m da lei de Paris, da seguinte forma:
(
)
(
)
mb
f
m
fa
NANS
/1
p
/1
p
A;A
+
==
(4.20)
onde A
p
é uma constante determinada para o ponto onde as curvas se interceptam.
Adotou-se: N
f
= 1 000 ciclos e S
a
= 90% do limite de resistência do material.
Dois problemas surgem na aplicação deste método: o primeiro está na definição do
número de ciclos referentes à iniciação da trinca e o segundo é a viabilidade da
aplicação da mecânica da fratura às microtrincas que surgem no fim da fase de iniciação
(BRANCO, 1985).
Com o intuito de averiguar a aplicabilidade do método proposto por BRANCO (1985),
foram usinados, em ADI-T2, 5 corpos-de-prova com entalhe e ensaiados à fadiga por
flexão rotativa com uma amplitude de tensão de 495 MPa, FIG. 4.71. Em seguida
construíram-se a curva S-N de propagação, as curvas S-N total dos corpos-de-prova
com e sem entalhe, FIG. 4.72.
157
Dimensões em milímetros
FIGURA 4.71 Dimensões do entalhe introduzido nos corpos-de-prova em ADI-T2,
submetidos a ensaios de fadiga por flexão rotativa
10
3
10
4
10
5
10
6
400
500
600
700
800
900
10001000
ADI - T2
Sem Entalhe
Curva S-N total
Com Entalhe
Curva S-N c/ entalhe
Curva S-N de propagação
Amplitude de tensão (MPa)
Vida à fadiga (ciclos)
FIGURA 4.72Curvas S-N total de corpos-de-prova, em ADI-T2, com e sem entalhe e
curvas S-N de propagação.
158
Observa-se que a curva S-N total construída a partir dos corpos-de-prova com entalhe
ficou entre a curva S-N total, referente aos corpos-de-prova sem entalhe e a curva S-N
de propagação, evidenciando o efeito do entalhe na redução do número de ciclos da fase
de nucleação da trinca. Sendo satisfatórios os resultados obtidos, aplicou-se o mesmo
procedimento para os materiais ADI-T1 e ADI-T3, FIG. 4.73 e 4.74, respectivamente.
Na TAB. 4.29 apresentam-se os coeficientes das curvas S-N de propagação.
10
3
10
4
10
5
400
500
600
700
800
900
10001000
ADI-T1
Sem entalhe
Curva S-N total
Curva S-N de propagação
Amplitude de tensão (MPa)
Vida à fadiga (ciclos)
FIGURA 4.73 – Curvas S-N total e curvas S-N de propagação. ADI-T1
159
10
3
10
4
10
5
10
6
400
500
600
700
800
900
10001000
ADI-T3
Sem Entalhe
Curva S-N total
Curva S-N de propagação
Amplitude de tensão (MPa)
Vida à fadiga (ciclos)
FIGURA 4.74 – Curvas S-N total e curvas S-N de propagação. ADI-T3.
TABELA 4.29 Resultados obtidos na estimativa das curvas S-N de propagação, para
os três materiais, e S-N total para o ADI-T2 em corpos-de-prova com
entalhe.
Parâmetros da equação, S
a
=A . N
f
b
Material e tipo de curva S-N
A (MPa) b
ADI – T1: curva S-N de propagação
9 480,58 -0,32517
ADI – T2: curva S-N de propagação
10 436,98 -0,33616
ADI – T2: curva S-N total com entalhe
6 075,61 -0,25745
ADI – T3: curva S-N de propagação
18 171,52 -0,38388
160
Os valores estimados para a fase de iniciação de trinca são apresentados na TAB. 4.30.
TABELA 4.30 – Estimativa do número de ciclos necessários para completar a fase de
iniciação de trinca por fadiga, através do método proposto por
BRANCO (1985).
Número de ciclos para a fase de iniciação da trinca
Amplitude de tensão
ADI-T1 ADI-T2 ADI-T3
495 MPa
132 666
187 671
126 730
585 MPa
38 591
53 028
50 603
Verifica-se que para a amplitude de tensão de 495 MPa o número de ciclos estimados
para a fase de iniciação do material em ADI-T2 foi 40% maior que os valores
estimados para os outros dois materiais. Para a amplitude de 585 MPa o ADI-T2 foi
37% superior ao ADI-T1 e apresentou ummero de ciclos equivalente ao ADI-T3.
As diferenças entre os materiais austemperados a 300°C e 360°C foram justificadas
anteriormente. Para os materiais austemperados a 360°C a maior resistência do ADI-T2
observada para a fase de iniciação, reforça o efeito benéfico do menor teor de carbono
da austenita e sua susceptibilidade à deformação ou transformação para martensita.
4.6 Fractografias dos corpos-de-prova submetidos a ensaio de fadiga
por flexão rotativa e alternada
Os exames das superfícies de fratura dos corpos-de-prova submetidos à fadiga por
flexão rotativa e alternada mostraram que a nucleação de trincas ocorreram
principalmente em: grafitas degeneradas, inclusões e microrrechupes. Não se
observaram diferenças na superfície de fratura de corpos-de-prova submetidos a
carregamento constante e variável. Pode-se observar o mecanismo de falha por fadiga
de alto ciclo proposto para o ADI por LIN et al. (1996) que envolve a decoesão dos
nódulos de grafita, surgimento de microtrincas a partir dos nódulos, união de
determinadas microtrincas com a trinca principal e propagação de trinca pela conexão
161
entre os nódulos. Tal mecanismo foi proposto também por GRENO et al. (1999) a partir
de ensaio de propagação de trinca. As superfícies de fratura, independente do tipo de
ensaio e carregamento, apresentaram estrias de fadiga e planos de clivagem; indicando
que o mecanismo “quase-clivagem”, identificado na superfície dos materiais submetidos
a ensaio de propagação de trinca, também esteve presente na fase de propagação da
trinca por fadiga dos corpos-de-prova submetidos à flexão rotativa e alternada. As
FIG. 4.75 a 4.80 mostram locais de iniciação de trincas e aspectos da superfície de
fratura de corpos-de-prova ensaiados à fadiga por flexão rotativa e alternada.
a) Ensaio com amplitude constante, 35x b) Região ampliada da FIG. c, 500x
c) Ensaio com amplitude variável, 100x d) Região ampliada da FIG. c, 500x
FIGURA 4.75Fractografias das superfícies de fratura de corpos-de-prova em ADI-T1
ensaiados à fadiga por flexão rotativa.
Origem de trinca
Plano de clivagem
Origens de trincas
Estrias de fadiga
162
a) Ensaio com amplitude variável, 100x b) Ensaio com amplitude constante, 35x
c) Região ampliada da FIG. b, 100x
d) Região ampliada da FIG. b, 500x,
mostrando estrias de fadiga
c) Região ampliada da FIG. b, 500x,
mostrando estrias de fadiga
d) Ensaio com amplitude variável, 500x,
mostrando estrias de fadiga e raros planos
de clivagem
FIGURA 4.76Fractografias das superfícies de fratura de corpos-de-prova em ADI-T2
ensaiados à fadiga por flexão rotativa.
Origens de trincas
163
a) Ensaio com amplitude constante, 50x
b) Ampliação da FIG. a, 500x, mostrando
região com defeito de fundição
c) Ensaio com amplitude variável, 75x
d) Região ampliada da FIG c, 500x,
mostrando estrias de fadiga
FIGURA 4.77Fractografias das superfícies de fratura de corpos-de-prova em ADI-T3
ensaiados à fadiga por flexão rotativa.
Origem d
e
trinca
Origem de
trinca
164
a) Ensaio com amplitude variável, 100x b) Ensaio com amplitude constante, 35x
c) Região ampliada da FIG. b, 100x d) Região ampliada da FIG b, 500x
e) Ensaio com amplitude constante, 35x
f) Região ampliada da FIG. e, 500x.
Mostrando estrias de fadiga, planos de
clivagem (setas), defeitos de fundição
(retângulos)
FIGURA 4.78 Fractografias das superfícies de fratura de corpos-de-prova em ADI-
T1 ensaiados à fadiga por flexão alternada.
Origem de
trinca
Origem de
trinca
Origem de
trinca
165
a) Ensaio com amplitude constante, 100x
b) Região ampliada da FIG a, 500x,
mostrando estrias de fadiga
c) Ensaio com amplitude constante, 100x
d) Região ampliada da FIG. c, 500x,
mostrando estrias de fadiga
e) Ensaio com amplitude variável, 100x
f) Região ampliada da FIG. e, 500x. Estrias
de fadiga e plano de clivagem
FIGURA 4.79Fractografias das superfícies de fratura de corpos-de-prova em ADI-T2
ensaiados à fadiga por flexão alternada.
Origem d
e
trinca
Origem d
e
trinca
Origem de
trinca
166
a) Ensaio com amplitude constante, 150x.
Região de iniciação da trinca.
b) Região ampliada da FIG. a, 500x,
mostrando estrias de fadiga e planos de
clivagem
c) Ensaio com amplitude constante, 35x
d) Região ampliada da FIG. c, 500x,
mostrando estrias de fadiga e planos de
clivagem
FIGURA 4.80Fractografias das superfícies de fratura de corpos-de-prova em ADI-T3
ensaiados à fadiga por flexão alternada.
Origens de
trincas
5
C
ONCLUSÕES
Em relação à influência da temperatura de austêmpera no comportamento à fadiga dos
materiais ensaiados, pode-se concluir:
1. os materiais austemperados a 360°C apresentaram maior resistência à
propagação de trinca por fadiga, na região regida pela equação de Paris, que o
material austemperado a 300°C, sob
K constante e sob
K crescente;
2. os materiais austemperados a 360°C, apresentaram maior vida à fadiga por
flexão rotativa que o material austemperado a 300°C, em amplitude de tensão
constante de 495 MPa e menor vida à fadiga em amplitudes de tensão acima de
500 MPa;
3. sob carregamentos de amplitude variável tipos Hi-Lo e Lo-Hi, o material
austemperado a 300°C apresentou vida à fadiga menor que sob carregamento de
amplitude constante;
4. o comportamento à fadiga dos materiais foi fortemente influenciado pelo
volume de austenita na matriz. Os materiais tratados a 360°C com maior volume
de austenita, ficaram mais susceptíveis ao encruamento e ou mudança de fase
durante as etapas de nucleação e propagação de trinca por fadiga que o tratado a
300°C.
168
Em relação à influência do tempo de austêmpera, à temperatura de 360ºC, no
comportamento à fadiga dos materiais ensaiados, pode-se concluir:
1. a redução do tempo de austêmpera o diminuiu a resistência à propagação de
trincas por fadiga, dentro do intervalo de
K analisado, e ainda aumentou em
50% a vida à fadiga por flexão rotativa, em amplitude de tensão constante de
495 MPa;
2. o aumento da vida à fadiga do material austemperado por 0,6 h ocorreu na fase
de nucleação da trinca, devido ao menor teor de carbono da austenita, tornando-a
mais susceptível à deformação e ou transformação martensítica que a austenita
do material tratado por 1,5 h;
3. a taxa de propagação da trinca de fadiga do ADI-T2, sob
K constante foi menor
que a taxa de propagação sob
K crescente. A diferença encontrada para as taxas
de propagação de trinca, entre os dois tipos de carregamento pode ser atribuída à
violação do conceito de similitude na fadiga, principalmente quanto ao histórico
de carregamento, representado pela forma e pelas dimensões da esteira de
plasticidade;
4. a diferença entre as taxas de propagação de trinca sob
K constante e
K
crescente foi observada no material austemperado por 0,6 h, indicando que
esta diferença esrelacionada com mecanismos de fechamento de trinca, que
atuaram com mais intensidade neste material devido ao menor teor de carbono
na austenita.
Em relação às teorias de dano por fadiga dos materiais, ensaiados sob carregamento de
amplitude variável tipo Hi-Lo, sendo S
a1
=585 MPa e S
a2
=495 MPa, pode-se concluir:
1. a teoria de dano linear resultou em um dano médio, D
médio
= 0,73 e a teoria
bilinear forneceu um dano médio, D
médio
= 0,94;
2. a teoria de dano linear é não-conservadora, o sendo portanto adequada para
prever a falha à fadiga do ADI quando sujeito ao carregamento em questão;
169
3. a teoria bilinear pode ser adequada ao ADI se as equações forem reformuladas a
partir de dados experimentais.
Em relação às teorias de dano por fadiga dos materiais, ensaiados sob carregamento de
amplitude variável tipo Lo-Hi, sendo S
a1
<limite de fadiga e S
a2
=495 MPa, pode-se
concluir:
1. a teoria de dano linear resultou em um dano médio, D
médio
= 1,03, para os
materiais austemperados a 360°C e D
médio
= 0,70 para o ADI-T3;
2. a teoria de dano linear pode ser utilizada para prever a vida à fadiga do ADI
tratado à 360°C, mas não pode ser aplicada ao ADI tratado a 300°C;
3. não se observou aumento de resistência à fadiga no segundo bloco de carga
porque no primeiro bloco não foram geradas tensões residuais suficientes para
impedir a nucleação de trincas, possivelmente porque os corpos-de-prova o
possuíam entalhe ou concentrador de tensão.
Em relação às teorias de dano por fadiga dos materiais, ensaiados sob carregamento de
amplitude variável tipo Lo-Hi, sendo S
a1
> limite de fadiga e S
a2
=585 MPa, pode-se
concluir:
1. a teoria de dano linear resultou em um dano médio, D
médio
= 1,10 para o ADI-T1
e D
médio
= 1,67 para o ADI-T2. A teoria de dano bilinear apresentou resultados
similares;
2. a teoria de dano linear apresentou resultado satisfatório para o ADI-T1, mas foi
conservadora com os resultados do ADI-T2;
3. o valor obtido para o ADI-T2 foi muito superior à unidade indicando a
influência benéfica do menor tempo de austêmpera sobre a vida à fadiga em
carregamento variável. Este fato se deve, possivelmente, ao encruamento ou
transformação da austenita metaestável em martensita, no primeiro bloco de
carga, dificultando a iniciação de trincas no segundo bloco de carga.
170
De forma geral, podem-se ainda citar as seguintes conclusões:
1. para otimizar as propriedades à fadiga de peças em ADI, sujeitas a
carregamentos de amplitude constante ou variável, é fundamental controlar o
volume e a estabilidade da austenita. Basicamente, o volume de austenita é
determinado pela temperatura de austêmpera e sua estabilidade pelo tempo de
austêmpera através do controle do teor de carbono dissolvido na austenita;
2. a fabricação de peças em ADI com redução do tempo de austêmpera, na faixa de
360°C, pode resultar em ganhos de produção, economia de energia, redução do
custo de fabricação com ganhos na sua durabilidade ou vida útil;
3. peças em ADI, austemperadas na faixa de 360°C com controle da estabilidade
da austenita, poderão ter sua vida à fadiga aumentada se as mesmas forem
submetidas a carregamentos cíclicos controlados, antes de serem colocadas em
serviço;
4. a teoria de dano bilinear foi a mais indicada para prever a vida à fadiga de
componentes em ADI sujeitos a carregamentos de amplitude variável tipos
Hi-Lo e Lo-Hi.
6
S
UGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
6.1 Análise de resultados dos ensaios de propagação de trinca por
fadiga em blocos de carga
Os resultados dos ensaios de propagação de trinca com K constante em blocos de
cargas, FIG. 4.16 a 4.21, foram analisados apenas nas regiões onde a taxa de
propagação da trinca foi constante. Os trechos onde ocorreram descarregamento,
recarregamento e sobrecargas o foram analisados. Sabe-se que estes trechos podem
fornecer valiosas e inéditas informações sobre o efeito de interação de cargas no ADI.
Destacam-se as mais importantes: (i) influência da temperatura e tempo de austêmpera
nos efeitos de interação de cargas no ADI; (ii) influência da temperatura e tempo de
austêmpera na magnitude de retardamento e ou aceleração da propagação de trinca no
ADI; (iii) influência da magnitude da sobrecarga no retardamento e ou aceleração da
propagação de trinca no ADI; (iv) influência do tamanho da trinca na magnitude do
retardamento e ou aceleração da propagação de trinca no ADI; (vi) possibilidade de
averiguar a atuação de mecanismos de fechamento de trinca por transformação de fase;
(vii) possibilidade de identificar teorias de previsão de vida à fadiga sob carregamento
com amplitude variável, mais adequadas ao ADI.
172
6.2 Influência do teor de carbono da austenita no limiar de
propagação de trinca,
K
th
Os valores dios da taxa de propagação de trinca por fadiga indicaram uma tendência
do material ADI-T2, com menor teor de carbono, em apresentar menor taxa de
propagação de trinca que o material ADI-T1. Suspeitou-se que o mecanismo de
fechamento de trinca induzido por transformação de fase poderia estar atuando. Esta
hipótese podeser confirmada através de ensaios de propagação de trinca utilizando
valores próximos ao K
th
do ADI, pois nesse intervalo a influência da microestrutura
nesta região I é maior do que na região II, regida pela Lei de Paris.
6.3 Determinação da carga de fechamento de trinca
A comparação da carga de fechamento de trinca dos materiais austemperados a 300 °C
e 360°C deverá ser esclarecedora quanto à influência do volume de austenita.
Comparando-se a carga de fechamento de trinca entre os dois materiais austemperados a
360°C deverá ser possível também elucidar a influência do teor de carbono na
estabilidade da austenita e no mecanismo de fechamento de trinca por transformação de
fase. Exame auxiliares como metalografia e difração por raios-X poderão facilitar as
conclusões.
173
6.4 Avaliação da influência do teor de carbono na estabilidade da
austenita
Os ensaios com amplitude variável em blocos de carga tipo Lo-Hi indicaram que o
efeito benéfico do primeiro bloco de carga não foi observado no segundo bloco porque
se utilizou corpos-de-prova sem entalhe. Ensaios com amplitude variável em corpos-de-
prova com entalhe permitirão avaliar a influência do teor de carbono e o nível de tensão
local na estabilidade da austenita. A utilização de corpos-de-prova com entalhe ou
concentrador de tensão permite simular o comportamento de peças como engrenagens e
eixos virabrequins.
6.5 Avaliação da influência de altos valores de nódulos de grafita nas
propriedades à fadiga do ADI com redução do tempo de
austêmpera
Os resultados das propriedades à fadiga do material austemperado a 360°C por 0,6 h
apresentaram maior dispersão que o material austemperado por 1,5 h. Em um processo
produtivo isto podetrazer problemas de controle. A dispersão dos resultados pode ser
reduzida se for aumentado o número de nódulos de grafita da peça fundida. A obtenção
de peças ou corpos-de-prova com diferentes quantidades de nódulos de grafita e
austemperados a 360°C pelo tempo mínimo necessário para alcançar o ponto T da
FIG. 3.5, permitirão verificar esta hipótese.
174
6.6 Previsão de vida à fadiga utilizando modelos computacionais
Os resultados dos ensaios de propagação de trinca por fadiga, flexão alternada e rotativa
forneceram dados que poderão ser utilizados em programas computacionais, tipo
FRANC3D, onde é possível introduzir trincas com dimensões e forma exatamente
iguais às observadas nos corpos-de-prova e acompanhar a sua propagação. Os
resultados possibilitarão encontrar modelos de previsão de vida à fadiga para o ADI sob
carregamentos com amplitude constante e variável.
6.7 Implementação de sistema de aquisição de dados para a máquina
de fadiga por flexão rotativa
Observaram-se durante os ensaios de fadiga por flexão alternada que o momento fletor
indicado pela célula de carga diminuía quando se iniciava a trinca no corpo-de-prova.
Este fato é um forte indicativo de que o equipamento pode ser adequado para se estudar
a fase de iniciação de trincas nos mais variados materiais sob diversos tipos de
carregamentos. Para que isto seja operacionalizado, é necessário conectar a lula de
carga e o contador de ciclos a um microcomputador através placas de aquisição de
dados. Desta forma os valores de momento aplicado na célula de carga, tanto horário
quanto horário, e o número de ciclos seriam monitorados e armazenados continuamente.
De posse dos resultados se possível identificar as fases de iniciação, propagação e
ruptura do corpo-de-prova, sob carregamentos de amplitude constante e variável. É
importante monitorar, simultaneamente, os momentos positivos quanto negativos,
porque a iniciação da trinca pode ocorrer tanto na face superior quanto inferior do
corpo-de-prova. Observou-se que o valor do momento relativo à face não trincada, o
diminuía.
7
R
EFERÊNCIAS
B
IBLIOGRÁFICAS
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8
A
PÊNDICES
184
A
PÊNDICE
A
-
C
URVAS
D
ILATOMÉTRICAS
As FIG. A1 a A5 apresentam parte das curvas obtidas através de um dilatômetro de
têmpera marca Adhamel Lhomargy, modelo DT 1000. Utilizaram-se amostras
cilíndricas de 2 mm de diâmetro e 12 mm de comprimento.
FIGURA A.1 Ciclo térmico utilizado para simular o tratamento térmico de
austêmpera dos corpos-de-prova em ADI.
185
FIGURA A.2 – Curva temperatura versus dilatação relativa.
186
FIGURA A.3 Determinação da temperatura de início e término da transformação
austenítica na fase de aquecimento.
187
FIGURA A.4 Curva tempo versus dilatação relativa para o ciclo térmico mostrado na
FIG. A1.
188
FIGURA A.5 Curva tempo versus dilatação relativa, evidenciando a reação à
temperatura de austêmpera de 360°C. A seta indica o tempo
necessário para a reação alcançar o ponto T da FIG. 3.5.
189
A
PÊNDICE
B
-
F
ADIGA
P
OR
F
LEXÃO
R
OTATIVA
:
R
ESULTADOS E
R
ELATÓRIOS DE
A
NÁLISE
E
STATÍSTICA
TABELA B.1 - Resultados dos ensaios de fadiga por flexão rotativa com amplitude
constante.
Número de ciclos até a falha (N
f
) Amplitude de
tensão
Corpo-de-prova
ADI-T1 ADI-T2 ADI-T3
1
91 750
156 700
102 400
2
207 950
140 950
132 650
3
168 650
288 650
217 500
4
93 150
188 550
167 150
5
147 700
237 550
96 150
6
96 450
242 250
7
178 900
290 300
495 MPa
8
100 300
117 600
1
44 200
52 700
70 400
2
45 850
45 700
46 600
3
52 500
68 250
83 800
4
44 700
59 550
50 250
5
52 400
49 300
44 300
6
48 800
59 850
7
50 800
74 450
585 MPa
8
45 200
41 200
190
ANOVA B1 Análise de variância das dias dos resultados de ensaios de fadiga por
flexão rotativa com amplitude de 495 MPa.
One-way ANOVA: Ciclos versus Tratamento
Analysis of Variance for Ciclos
Source DF SS MS F P
Tratamen 2 2.396E+10 1.198E+10 3.86 0.040
Error 18 5.594E+10 3.108E+09
Total 20 7.990E+10
Individual 95% CIs For Mean
Based on Pooled StDev
Level N Mean StDev --+---------+---------+---------+----
T1 8 135606 46062 (-------*-------)
T2 8 207819 66549 (--------*-------)
T3 5 143170 50209 (----------*---------)
--+---------+---------+---------+----
Pooled StDev = 55746 100000 150000 200000 250000
Tukey's pairwise comparisons
Family error rate = 0.0500
Individual error rate = 0.0200
Critical value = 3.61
Intervals for (column level mean) - (row level mean)
T1 T2
T2 -143363
-1062
T3 -88687 -16475
73560 145772
ANOVA B2 Análise de variância das dias dos resultados de ensaios de fadiga por
flexão rotativa com amplitude de 585 MPa
One-way ANOVA: Ciclos versus Tratamento
Analysis of Variance for Ciclos
Source DF SS MS F P
Tratamen 2 455787193 227893597 1.89 0.180
Error 18 2.175E+09 120828899
Total 20 2.631E+09
Individual 95% CIs For Mean
Based on Pooled StDev
Level N Mean StDev -+---------+---------+---------+-----
1 8 48056 3502 (---------*---------)
2 8 56375 11324 (---------*----------)
3 5 59070 17258 (------------*------------)
-+---------+---------+---------+-----
Pooled StDev = 10992 40000 48000 56000 64000
191
Tukey's pairwise comparisons
Family error rate = 0.0500
Individual error rate = 0.0200
Critical value = 3.61
Intervals for (column level mean) - (row level mean)
1 2
2 -22348
5711
3 -27010 -18691
4983 13301
TABELA B.2 – Cálculo do dano acumulado dos ensaios de fadiga tipo Hi-Lo utilizando
o modelo linear
Dano em cada bloco de carga Dano total
Material CP
D
1
D
2
D = D
1
+ D
2
1
0,4997 0,1948 0,6944
2
0,4997 0,2668 0,7664
3
0,4997 0,3491 0,8488
4
0,5413 0,4005 0,9418
ADI – T1
5
0,4997 0,3708 0,8704
1
0,2485 0,5540 0,8025
2
0,2485 0,2660 0,5145
3
0,2485 0,5775 0,8260
4
0,2485 0,3427 0,5911
ADI – T2
5
0,2485 0,3884 0,6369
1
0,2503 0,3673 0,6177
2
0,2503 0,4255 0,6759
3
0,2503 0,4248 0,6752
4
0,4025 0,3987 0,8012
ADI – T3
5
0,2503 0,4252 0,6755
192
ANOVA B3 Análise de variância das médias dos danos dos ensaios de fadiga por
flexão rotativa com amplitude variável, tipo Hi-Lo, utilizando a teoria
de dano linear.
One-way ANOVA: D versus Tensão
Analysis of Variance for D
Source DF SS MS F P
Tensão 2 0.0685 0.0342 3.20 0.077
Error 12 0.1283 0.0107
Total 14 0.1968
Individual 95% CIs For Mean
Based on Pooled StDev
Level N Mean StDev ---+---------+---------+---------+---
585-T1 5 0.8244 0.0959 (---------*----------)
585-T2 5 0.6742 0.1354 (---------*---------)
585-T3 5 0.6891 0.0675 (---------*---------)
---+---------+---------+---------+---
Pooled StDev = 0.1034 0.60 0.70 0.80 0.90
Tukey's pairwise comparisons
Family error rate = 0.0500
Individual error rate = 0.0206
Critical value = 3.77
Intervals for (column level mean) - (row level mean)
585-T1 585-T2
585-T2 -0.0241
0.3245
585-T3 -0.0390 -0.1892
0.3096 0.1594
193
TABELA B.3 – Cálculo do dano acumulado dos ensaios de fadiga tipo Hi-Lo utilizando
a teoria de dano bilinear.
Dano em cada bloco de carga Dano total
Material CP
D
I
D
II
D = D
I
+ D
II
1
0,2698 0,5137 0,7835
2
0,2698 0,6187 0,8885
3
0,2698 0,7387 1,0084
4
0,2698 0,8553 1,1251
ADI – T1
5
0,2698 0,7703 1,0400
1
0,2485 0,8712 1,1197
2
0,2485 0,4116 0,6601
3
0,2485 0,9087 1,1572
4
0,2485 0,5340 0,7824
ADI – T2
5
0,2485 0,6070 0,8555
1
0,2503 0,4364 0,6867
2
0,2503 0,5168 0,7672
3
0,2503 0,5159 0,7662
4
0,2804 0,6730 0,9534
ADI – T3
5
0,2503 0,5164 0,7667
194
ANOVA B.4 Análise de variância das médias dos danos dos ensaios de fadiga por
flexão rotativa com amplitude variável, tipo Hi-Lo, utilizando a teoria
de dano bilinear.
One-way ANOVA: D-DL versus T
Analysis of Variance for D-DL
Source DF SS MS F P
T 2 0.0863 0.0431 1.74 0.217
Error 12 0.2974 0.0248
Total 14 0.3837
Individual 95% CIs For Mean
Based on Pooled StDev
Level N Mean StDev --------+---------+---------+--------
T1 5 0.9690 0.1339 (----------*---------)
T2 5 0.9148 0.2162 (---------*---------)
T3 5 0.7880 0.0985 (----------*---------)
--------+---------+---------+--------
Pooled StDev = 0.1574 0.75 0.90 1.05
Tukey's pairwise comparisons
Family error rate = 0.0500
Individual error rate = 0.0206
Critical value = 3.77
Intervals for (column level mean) - (row level mean)
T1 T2
T2 -0.2112
0.3196
T3 -0.0844 -0.1386
0.4464 0.3922
TESTE t B1 Comparação entre médias dos danos dos ensaios de fadiga por flexão
rotativa com amplitude variável, tipo Hi-Lo, utilizando a teoria de
dano bilinear.
Two-Sample T-Test and CI: D-DL; Temp
Two-sample T for D-DL
Temp N Mean StDev SE Mean
300 5 0.7880 0.0985 0.044
360 10 0.942 0.172 0.054
Difference = mu (300) - mu (360)
Estimate for difference: -0.1539
195
95% upper bound for difference: -0.0292
T-Test of difference = 0 (vs <): T-Value = -2.20 P-Value = 0.024 DF = 12
TABELA B.4 - Resultados dos ensaios de fadiga por flexão rotativa com amplitude
variável tipo Lo-Hi para o material ADI - T1.
Números de ciclos
Valores de dano
linear, D
Bloco 1 Bloco 2
Bloco
1
Bloco
2
Total
Amplitude de tensão dos
blocos de carga
Corpo
de
prova
N
1
N
2
D
1
D
2
D
1 1,00E+05
128 600
0,00
0,95
0,95
2 1,00E+05
129 900
0,00
0,95
0,95
3 1,00E+05
118 750
0,00
0,87
0,87
4 1,44E+05
111 600
0,00
0,82
0,82
Bloco 1: S
a1
= 180 MPa
Bloco 2: S
a2
= 495 MPa
5 1,00E+05
186 500
0,00
1,37
1,37
1 1,00E+05
205 000
0,00
1,51
1,51
2 1,00E+05
105 600
0,00
0,78
0,78
3 1,00E+05
149 300
0,00
1,10
1,10
4 8,40E+04
287 000
0,00
2,11
2,11
Bloco 1: S
a1
= 270 MPa
Bloco 2: S
a2
= 495 MPa
5 3,00E+05
173 800
0,00
1,28
1,28
1 1,00E+05
115 400
0,00
0,85
0,85
2 1,00E+05
145 100
0,00
1,07
1,07
3 1,00E+05
184 100
0,00
1,35
1,35
4 1,00E+05
171 900
0,00
1,26
1,26
5 1,00E+05
154 350
0,00
1,13
1,13
Bloco 1: S
a1
= 315 MPa
Bloco 2: S
a2
= 495 MPa
6 1,00E+05
147 550
0,00
1,08
1,08
1 1,00E+04
167 050
0,01
1,23
1,24
2 1,00E+04
162 650
0,01
1,20
1,20
3 1,00E+04
96 350
0,01
0,71
0,72
Bloco 1: S
a1
= 405 MPa
Bloco 2: S
a2
= 495 MPa
4 1,16E+05
98 200
0,09
0,72
0,81
196
ANOVA B.5 Análise de variância das médias dos danos dos ensaios de fadiga por
flexão rotativa com amplitude variável, tipo Lo- Hi, utilizando a teoria
de dano linear. Material: ADI-T1.
One-way ANOVA: D versus Tensão
Analysis of Variance for D
Source DF SS MS F P
Tensão 4 0.6052 0.1513 1.55 0.219
Error 25 2.4413 0.0977
Total 29 3.0465
Individual 95% CIs For Mean
Based on Pooled StDev
Level N Mean StDev --------+---------+---------+--------
0 8 0.9966 0.3385 (------*-------)
180-T1 5 0.9927 0.2184 (---------*---------)
270-T1 5 1.3533 0.4999 (--------*---------)
315-T1 6 1.1249 0.1749 (-------*--------)
405-T1 6 0.9328 0.2433 (--------*--------)
--------+---------+---------+--------
Pooled StDev = 0.3125 0.90 1.20 1.50
Tukey's pairwise comparisons
Family error rate = 0.0500
Individual error rate = 0.00706
Critical value = 4.15
Intervals for (column level mean) - (row level mean)
0 180-T1 270-T1 315-T1
180-T1 -0.5188
0.5267
270-T1 -0.8795 -0.9406
0.1661 0.2193
315-T1 -0.6236 -0.6875 -0.3269
0.3669 0.4230 0.7836
405-T1 -0.4314 -0.4954 -0.1348 -0.3373
0.5590 0.6151 0.9758 0.7216
197
TABELA B.5 - Resultados dos ensaios de fadiga por flexão rotativa com amplitude
variável tipo Lo-Hi para o material ADI – T2.
Números de ciclos
Valores de dano
linear, D
Bloco 1 Bloco 2
Bloco
1
Bloco
2
Total
Amplitude de tensão dos
blocos de carga
Corpo
de
prova
N
1
N
2
D
1
D
2
D
1 1,00E+05
150 600
0,00
0,72
0,72
2 1,00E+05
133 000
0,00
0,64
0,64
3 1,00E+05
179 200
0,00
0,86
0,86
4 1,44E+05
141 250
0,00
0,68
0,68
5 1,00E+05
358 200
0,00
1,72
1,72
Bloco 1: S
a1
= 180 MPa
Bloco 2: S
a2
= 495 MPa
6 1,00E+05
> 6 994 200
0,00
33,52
33,52
1 1,80E+05
148 900
0,00
0,71
0,71
2 1,00E+05
261 500
0,00
1,25
1,25
3 1,00E+05
177 250
0,00
0,85
0,85
4 6,56E+06
98 800
0,00
0,47
0,47
5 3,00E+05
186 900
0,00
0,90
0,90
Bloco 1: S
a1
= 270 MPa
Bloco 2: S
a2
= 495 MPa
6 1,00E+05
167 750
0,00
0,80
0,80
1 1,00E+05
189 550
0,00
0,91
0,91
2 1,00E+05
105 600
0,00
0,51
0,51
3 1,00E+05
399 100
0,00
1,91
1,91
4 1,00E+05
330 600
0,00
1,58
1,58
5 1,00E+05
105 800
0,00
0,51
0,51
6 1,00E+05
176 000
0,00
0,84
0,84
7 1,00E+05
156 299
0,00
0,75
0,75
Bloco 1: S
a1
= 315 MPa
Bloco 2: S
a2
= 495 MPa
8 1,23E+05
297 300
0,00
1,42
1,42
198
ANOVA B.6 Análise de variância das médias dos danos dos ensaios de fadiga por
flexão rotativa com amplitude variável, tipo Lo-Hi, utilizando a teoria
de dano linear. Material: ADI-T2.
One-way ANOVA: D_1 versus MPa_1
Analysis of Variance for D_1
Source DF SS MS F P
MPa_1 3 0.060 0.020 0.12 0.944
Error 23 3.706 0.161
Total 26 3.766
Individual 95% CIs For Mean
Based on Pooled StDev
Level N Mean StDev ---------+---------+---------+-------
0 8 0.9960 0.3189 (-----------*-----------)
180 5 0.9223 0.4518 (--------------*--------------)
270 5 0.9032 0.2069 (--------------*--------------)
315 9 1.0188 0.5007 (----------*----------)
---------+---------+---------+-------
Pooled StDev = 0.4014 0.75 1.00 1.25
Tukey's pairwise comparisons
Family error rate = 0.0500
Individual error rate = 0.0110
Critical value = 3.91
Intervals for (column level mean) - (row level mean)
0 180 270
180 -0.5590
0.7063
270 -0.5399 -0.6828
0.7254 0.7210
315 -0.5621 -0.7155 -0.7346
0.5164 0.5225 0.5034
199
TABELA B.6 - Resultados dos ensaios de fadiga por flexão rotativa com amplitude
variável tipo Lo-Hi para o material ADI – T3.
Números de ciclos
Valores de dano
linear, D
Bloco 1 Bloco 2
Bloco
1
Bloco
2
Total
Amplitude de tensão dos
blocos de carga
Corpo
de
prova
N
1
N
2
D
1
D
2
D
1 1,00E+05
82 450
0,00
0,57
0,57
2 1,00E+05
90 150
0,00
0,63
0,63
Bloco 1: S
a1
= 180 MPa
Bloco 2: S
a2
= 495 MPa
3 1,44E+05
74 100
0,00
0,52
0,52
1 1,00E+04
118 350
0,00
0,82
0,82
2 1,00E+04
103 350
0,00
0,72
0,72
Bloco 1: S
a1
= 315 MPa
Bloco 2: S
a2
= 495 MPa
3 1,00E+04
138 050
0,00
0,96
0,96
TESTE t B2 Comparação entre médias dos danos dos ensaios de fadiga por flexão
rotativa com amplitude variável, tipo Lo-Hi, dos materiais
austemperados a 300°C e 360°C, utilizando a teoria de dano linear.
Amplitude de tensão no primeiro bloco variando entre 180 e 315 MPa.
Two-Sample T-Test and CI: D; Temperatura
Two-sample T for D
Temperat N Mean StDev SE Mean
300 5 0.742 0.156 0.070
360 35 1.051 0.385 0.065
Difference = mu (300 ) - mu (360 )
Estimate for difference: -0.3086
95% CI for difference: (-0.5162; -0.1010)
T-Test of difference = 0 (vs not =): T-Value = -3.24 P-Value = 0.007 DF = 12
200
A
PÊNDICE
C
-
F
ADIGA
P
OR
F
LEXÃO
A
LTERNADA
:
R
ESULTADOS E
R
ELATÓRIOS DE
A
NÁLISE
E
STATÍSTICA
TABELA C.1 - Resultados dos ensaios de fadiga por flexão alternada com amplitude
constante.
Amplitude Número de ciclos até a falha (N
f
)
Tensão
inicial
Deslocamento
vertical
Corpo-
de-
prova
ADI-T1 ADI-T2 ADI-T3
1 213 600
298 800
2 183 100
158 000
3 135 300
228 700
4 359 800
> 2348 300
5 485 700
573 600
495 MPa 13,21 mm
6
> 2448 900
1 82 300
89 900
130 700
2 91 200
108 300
69 700
3 130 400
131 600
71 000
4 104 100
100 500
106 200
585 MPa 15,75 mm
5 83 600
115 700
112 600
201
TABELA C.2 Resultados de ensaios de fadiga por flexão alternada com amplitude
variável tipo Lo-
Hi, com os seguintes deslocamentos verticais:
v
1
= ±13,21 mm no bloco 1 e v
2
= ±15,75 mm no bloco 2.
ADI – T1 ADI – T2
Número de ciclos Número de ciclos
Bloco 1 Bloco 2 Bloco 1 Bloco 2
Corpo-
de-
prova
n
1
n
2
n
1
n
2
1 69 200 59 000 79 600 83 100
2 69 200 83 100 79 600 189 000
3 69 200 70 100 79 600 208 300
4 69 200 84 200 79 600 102 600
5 69 200 140 000 79 600 96 800
6 69 200 56 000 79 600 247 200
7
69 200 88 100
202
TABELA C.3 Cálculo do dano acumulado dos ensaios de fadiga por flexão alternada
com carregamento em blocos, tipo Lo-Hi, utilizando o modelo linear.
Dano em cada bloco de carga Dano total
Material CP
D
1
D
2
D = D
1
+ D
2
1
0,25 0,60 0,85
2
0,25 0,85 1,10
3
0,25 0,72 0,97
4
0,25 0,86 1,11
5
0,25 1,43 1,68
6
0,25 0,57 0,82
ADI – T1
7
0,25 0,90 1,15
1
0,25 0,76 1,01
2
0,25 1,73 1,98
3
0,25 1,91 2,16
4
0,25 0,94 1,19
5
0,25 0,89 1,14
ADI – T2
0,25 2,27 2,52
203
ANOVA C.1 Análise de variância das médias dos resultados de ensaios de fadiga por
flexão alternada com amplitude de 15,75 mm (585 MPa).
One-way ANOVA: 585 MPa versus Material
Analysis of Variance for 585 MPa
Source DF SS MS F P
Material 2 404997333 202498667 0.45 0.651
Error 12 5.459E+09 454926667
Total 14 5.864E+09
Individual 95% CIs For Mean
Based on Pooled StDev
Level N Mean StDev ---------+---------+---------+-------
T1 5 98320 19916 (-------------*------------)
T2 5 109200 15756 (-------------*-------------)
T3 5 98040 26831 (------------*-------------)
---------+---------+---------+-------
Pooled StDev = 21329 90000 105000 120000
Tukey's pairwise comparisons
Family error rate = 0.0500
Individual error rate = 0.0206
Critical value = 3.77
Intervals for (column level mean) - (row level mean)
T1 T2
T2 -46841
25081
T3 -35681 -24801
36241 47121
TESTE t C.1 Ensaios de fadiga por flexão alternada com amplitude de 13,21 mm
(495 MPa).
Two-Sample T-Test and CI: 495 MPa; Material2
Two-sample T for 495 MPa
Material N Mean StDev SE Mean
T1 5 275500 144323 64543
T2 4 314775 181873 90936
Difference = mu (T1 ) - mu (T2 )
Estimate for difference: -39275
95% CI for difference: (-325953; 247403)
T-Test of difference = 0 (vs not =): T-Value = -0.35 P-Value = 0.739 DF = 5
204
TESTE t C.2 Comparação entre médias dos danos dos ensaios de fadiga por flexão
alternada com amplitude variável, utilizando a teoria de dano linear.
Two-Sample T-Test and CI: D-AC-T1; ADI - T1(AV)
Two-sample T for D-AC-T1 vs ADI - T1
N Mean StDev SE Mean
D-AC-T1 5 1.004 0.203 0.091
ADI - T1 7 1.096 0.287 0.11
Difference = mu D-AC-T1 - mu ADI - T1
Estimate for difference: -0.093
95% CI for difference: (-0.413; 0.228)
T-Test of difference = 0 (vs not =): T-Value = -0.65 P-Value = 0.530 DF = 9
Two-Sample T-Test and CI: D-AC-T2; ADI - T2
Two-sample T for D-AC-T2 vs ADI - T2
N Mean StDev SE Mean
D-AC-T2 5 1.002 0.144 0.065
ADI - T2 6 1.668 0.633 0.26
Difference = mu D-AC-T2 - mu ADI - T2
Estimate for difference: -0.667
95% CI for difference: (-1.351; 0.018)
T-Test of difference = 0 (vs not =): T-Value = -2.50 P-Value = 0.054 DF = 5
TESTE t C.3 Comparação entre médias dos danos dos ensaios de fadiga por flexão
alternada com amplitude variável, utilizando a teoria de dano bilinear.
Two-Sample T-Test and CI: D, dano; Material
Two-sample T for D, dano
Material N Mean StDev SE Mean
ADI - T1 7 0.982 0.287 0.11
ADI - T2 6 1.551 0.633 0.26
Difference = mu (ADI - T1) - mu (ADI - T2)
Estimate for difference: -0.570
95% upper bound for difference: -0.025
T-Test of difference = 0 (vs <): T-Value = -2.03 P-Value = 0.044 DF = 6
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