Slade (1978, p. 18) apresenta uma visão sobre a função do texto para o teatro na
escola. A partir da exploração das capacidades expressivas do indivíduo, a ação teatral
não precisa de um lugar limitado, mas de um espaço para a representação das
vivências pessoais, do seu mundo real ou imaginário, estimulados pelo adulto na
proposta de escrita do texto, cujo sentido é muito mais de expressão do que
comunicação das idéias. O autor também aborda a questão de que gradativamente
aparece no aluno uma necessidade de escrever suas próprias peças, e que depois
disso, os alunos podem encontrar-se preparados para a representação de peças
escritas por outros autores.
A linguagem teatral, portanto, pode ser considerada parte de um processo de
desenvolvimento simbólico, representado pelo gesto e pelas ações no palco. Desde a
infância, jogamos com a simbologia dos objetos, das ações, como nas brincadeiras de
faz de conta, das imitações, dos sons entre outros signos que constituem uma espécie
de texto. Chacra (1991, p. 69) afirma que “o princípio do teatro é o jogo, e o princípio da
peça dramatúrgica é a própria vida”, lembrando dos rituais antigos que foram gerados a
partir do gesto e da fala para posteriormente serem escritos, compondo importantes
referenciais da cultura.
No contexto escolar, percebe-se que a criação dos textos dramáticos se realiza
por meio da utilização de uma espécie de linguagem escrita espontânea e criativa,
numa atividade prazerosa e lúdica por si mesma. Ao escrever peças teatrais, as
capacidades expressivas e de leitura do mundo são ampliadas, principalmente se, no
processo de criação textual, forem oportunizados momentos de leitura, observação e
questionamento da realidade. O engajamento do adolescente no trabalho de criação
textual para o teatro lhe oferece novas possibilidades de significação da palavra na
prática discursiva. Assim, ele é induzido a considerar todos os enunciados humanos de
representação (a escrita, a fala, os movimentos corporais, os gestos), tornando-se,
prazerosamente, autor e leitor de sentidos culturais.
No teatro, são essenciais três elementos: o ator, o texto e o público. Conforme
Magaldi (1998, p. 8), o fenômeno teatral não se processa sem essa tríade. O ator
comunica-se com o público por meio da palavra, que é o instrumento da arte literária,
mas não se reduz a ela na interpretação. O silêncio, os gestos, a mímica, o olhar,