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PATRÍCIA BONIFÁCIO FLÔR
Avaliação da eficácia e segurança do emprego do tramadol para
analgesia em cães portadores de dor oncológica
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária da
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
da Universidade de São Paulo para obtenção
do título de Mestre em Medicina Veterinária
Departamento:
Cirurgia
Área de concentração:
Clínica Cirúrgica Veterinária
Orientadora:
Prof
a
Dr
a
Denise Tabacchi Fantoni
São Paulo
2006
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Livros Grátis
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(Ficha catalográfica)
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(Certificado da comissão de Bioética)
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome: FLÔR, Patrícia Bonifácio
Título: Avaliação da eficácia e segurança do emprego do tramadol para analgesia em cães
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Osnir e Inês, por serem a razão e porquê de tudo que conquistei e sou.
Aos meus irmãos, Ricardo e Rodrigo, pelo apoio incondicional em todos os momentos, pela
amizade e carinho de sempre.
À Professora Denise Fantoni, profissional brilhante, alegre e determinada. Obrigada, não só
por ter acreditado em mim e pelas oportunidades oferecidas, mas principalmente pela sua
amizade.
AGRADECIMENTOS
À Universidade de São Paulo, pela acolhida durante todos estes anos de estudo.
À Professora Silvia Cortopassi, por todos os ensinamentos, amizade, conselhos e constante
apoio desde a graduação.
À Professora Júlia Matera, exemplo de dedicação aos animais e a Medicina Veterinária.
Ao Professor Ângelo Stopiglia e ao Professor Paulo Sérgio de Moraes Barros, exemplos de
profissionais e seres humanos.
Ao Professor Gioso pelo incentivo e apoio desde da graduação.
À todos os Professores da FMVZ-USP pelo convívio e apoio.
À todos os animais que contribuíram para a realização este estudo e a seus proprietários que
participaram, aprendendo e ensinando como reconhecer a de seus companheiros.
À Karina Yazbek pela amizade, dedicação e companheirismo fundamentais para a realização
deste projeto. Muito obrigado por tudo.
À Teresinha Martins, uma amizade recente, porém sincera e de muito companheirismo.
Obrigada pelo apoio constante.
À amiga de longa data Raquel Sartorelli, pela amizade incondicional que sempre me apoiou
nos momentos bons e ruins.
Ao amigo Rafael Costa Jorge, com quem aprendi muito na rotina do Serviço de Anestesia.
Às médicas veterinárias contratadas do Serviço de Cirurgia Andressa, Tatiana, Sandra,
Patrícia e Viviane, pelo constante apoio, confiança e amizade durante a realização deste
projeto.
Às (os) Médicas (os) Veterinárias (os) contratadas (os) Denise, Paula, Bruna, Júlia, Kadhine,
Silvana, Luciane, João, Rodrigo, Angélica, Mary, Valéria, Maria Luiza, Marcelo e Mariana.
Ao Ney, sempre disposto a ajudar e resolver todos os problemas.
Aos funcionários Jesus, Otávio, Lélis, Maurício, Henrique, Miron, Nice, Laércio e Nelson,
sempre dispostos a ajudar.
À FAPESP pelo apoio financeiro.
À todas as pessoas que direta ou indiretamente colaboraram para a realização deste projeto.
RESUMO
FLÔR, P. B. Avaliação da eficácia e segurança do emprego do tramadol para analgesia
em cães portadores de dor oncológica. [Evaluation of effectiveness and security of the
tramadol for the analgesia in dogs with oncologic pain]. 2006 88 f. Dissertação (Mestre em
Medicina Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2006.
Além do ponto de vista ético, o alívio da dor é fundamental do ponto de vista fisiológico. É
um dever do médico veterinário aliviar o sofrimento do animal com dor. A dor indevidamente
tratada causa estresse, sofrimento, ansiedade e diminuição da qualidade de vida de qualquer
animal. O câncer é a maior causa de morbidade e mortalidade em animais idosos de
companhia, sendo a dor o principal sintoma relatado no homem. Objetivou-se, neste estudo,
avaliar o emprego do tramadol para analgesia em es com dor oncológica. Foram avaliados
cães com câncer no período de agosto de 2004 a março de 2006. Incluiu-se no estudo cães que
permaneceram no mínimo 15 dias em tratamento e que, no momento de instituição da
terapêutica com o tramadol, apresentaram dor igual ou maior que 4, de acordo com Escala
Numérica Verbal (ENV) quando medicados com dipirona associada ou não a
antiinflamatórios não esteroidais ou esteroidais mais de 10 (dez) dias. Avaliou-se a dor
com a ENV e a QV através de escala validada para cães. Foram encaminhados para o estudo
130 animais com câncer, 53 machos e 77 fêmeas, dos quais 37 obedeceram aos critérios de
inclusão para análise da terapia analgésica. De acordo com a avaliação dos proprietários, a
média de dor dos animais avaliados através da ENV no momento de instituição da terapêutica
com o tramadol foi de 6,11 ± 1,81 e o escore de qualidade de vida foi 21,95 ± 5,96. No
primeiro retorno verificou-se melhora da dor em 31 (83,78%) na opinião do proprietário.
Neste momento foi realizada correção da dose do tramadol, considerando-se a intensidade da
dor relatada pelo proprietário, em 20 (54,05%) dos 37 cães (ENV superior a 4). No segundo
retorno 34 (91,89%) dos animais na opinião do proprietário apresentaram alívio da dor em
relação à consulta inicial, sendo que 28 (75,68%) destes obtiveram EN
Classificando a eficácia do tratamento realizado com o tramadol em três categorias: alívio da
dor (ENVinicial > ENVfinal e ENVfinal < 4), melhora insatisfatória (ENVinicial > ENVfinal
e ENVfinal > 4) e ausência de melhora (ENVinicial ENVfinal) pode-se afirmar que no
primeiro retorno 83,78% e 78,28% dos pacientes, na opinião de proprietário e pesquisador
respectivamente, experimentaram alguma melhora da dor. Seguindo esta mesma classificação
observou-se que, no segundo retorno após acerto da dose do tramadol, o alívio da dor foi
obtido em 28 (75,68%) animais na opinião de proprietário e pesquisador e melhora
insatisfatória em 6 (16,21%) e 7 (18,91%) pacientes, de acordo com o proprietário e
pesquisador respectivamente. Quando comparados os grupos separadamente verifica-se que o
grupo DAINET (dipirona, AINE, tramadol) apresentou diferença estatística significante em
todos os parâmetros avaliados em relação aos momentos avaliados, já os grupos DT (dipirona,
tramadol) e DET (dipirona, esteróide, tramadol) apresentaram diferença estatística apenas
quando comparados primeira consulta e segundo retorno. a possibilidade do ocorrido
dever-se ao número das amostras. Apesar deste fato, com base no alívio da dor e no aumento
da qualidade de vida, pode-se afirmar que o tramadol foi eficiente no tratamento da dor
oncológica nos três grupos avaliados. Conclui-se que o tramadol demonstrou-se eficaz para o
controle da dor de intensidade moderada à intensa em cães portadores de dor oncológica.
Palavras-chave: Cães, Oncologia Veterinária (tratamento), Analgesia, Opióides, Dor
(tratamento).
ABSTRACT
FLÔR, P. B. Evaluation of effectiveness and security of the tramadol for the analgesia in
dogs with oncologic pain [Avaliação da eficácia e segurança do emprego do tramadol para
analgesia em cães portadores de dor oncológica]. 2006. 88 f. Dissertação (Mestrado em
Medicina Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2006.
Cancer is the main cause of morbidity and mortality in companion aged dogs, being pain the
principal symptom described in humans. This study aimed to evaluate the use of tramadol for
analgesia in dogs with oncologic pain. Between august 2004 and marc 2006, dogs with cancer
referred to the Pain Group of the Anesthesia Service were evaluated. In this study , dogs with
at least fifteen days of treatment were included and that at the moment at tramadol
administration, presented pain equal or above 4 according the Visual Analogue Scale (VAS)
when treated with dypirona associated our not to non-esteroidal anti-inflammatory analgesics
or steroidal for more than 10 days. Pain evaluated with the VAS and the quality of life (QV)
score validated for dogs (Yazbek; Fantoni, 2000) were used. One hundred and thirty seven
dogs with cancer were evaluated, but only 37 could be included the evaluation of analgesic
therapy. According to the owner of the animals by means of the VAS at the begging of
tramadol was 6,11 ± 1,81 and the QV score was 21,95 ± 5,96. At the first return, an
improvement in pain was verified in 31 animals (83,78%). In this moment, adequacy of
tramadol dose was performed, since the intensity of pain was above 4 in 20 (54,05%) animals.
At the second returns 34 (91,89%) of the animals presented pain relief in relation to the first
visit, being that 28 (75,68%) of the animal presented a VAS bellow 4 the initial dose o
tramadol was 2mg/Kg each 8 hours orally, and the dose was readjusted in the return who the
animal presented VAS above 4. Efficacy of treatment was classified in the three steps pain
relief: successful pain relief (initial VAS > final VAS and final VAS < 4), unsuccessful pain
relief (initial VAS > final VAS and final VAS > 4) and no pain relief (initial VAS final
VAS). It could be inferred that at the first return 83,78% and 78,28% of patients regarding
owner and researcher opinion respectively obtained some pain relief. Following this some
classification, it was observed that at the second return after adjusting the tramadol dosage,
pain relieve was achieved in 28 (75,68%) of the animals the according to the owner and
researcher and that an unsuccessful relief in 6 (16,21%) and 7 (18,91%) of patients
respectively. When the groups were compared separately it was verified that the group
DAINET (dypirona, AINE and tramadol) showed a significant pain relief in relation to the
final evaluation, whereas the other two groups (DT dypirona plus tramadol and DET
dypirona, steroidal anti-inflammatory analgesic and tramadol) presented pain relief only in
relation to the final evaluation. Based on the results of pain relief and QV it could be
concluded that tramadol was efficient regarding the treatment of moderate to severe pain in
dogs with cancer.
Key words: Dogs. Veterinary oncologic (treatment). Analgesia. Opioids. Pain (treatment).
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Correlação entre a avaliação de dor realizada pelo proprietário e
pesquisador através da Escala Numérica Verbal (ENV) na consulta ........
45
Figura 2 – Correlação entre a avaliação de dor realizada pelo proprietário e
pesquisador através da Escala Numérica Verbal (ENV) no primeiro
retorno ........................................................................................................
45
Figura 3 – Correlação entre a avaliação de dor realizada pelo proprietário e
pesquisador através da Escala Numérica Verbal (ENV) no segundo
retorno .......................................................................................................
46
Figura 4 – Avaliação da dor dos 37 animais realizada através da Escala Numérica
Verbal (ENV) nos 3 diferentes momentos de avaliação durante o
experimento................................................................................................
46
Figura 5 – Média dos escores de qualidade de vida dos 37 cães nos diferentes
momentos de avaliação durante o tratamento............................................
48
Figura 6 – Avaliação da dor dos animais do Grupo I, realizada através da Escala
Numérica Verbal (ENV) nos 3 diferentes momentos de avaliação
durante o experimento................................................................................
51
Figura 7 – Avaliação da dor dos animais do Grupo II, realizada através da Escala
Numérica Verbal (ENV) nos 3 diferentes momentos de avaliação
durante o experimento................................................................................
51
Figura 8 – Avaliação da dor dos animais do Grupo III, realizada através da Escala
Numérica Verbal (ENV) nos 3 diferentes momentos de avaliação
durante o experimento................................................................................
52
Tabela 9 – Escore de qualidade de vida dos grupos nos 3 diferentes momentos de
avaliação durante o experimento...............................................................
52
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 –
Idade dos 130 cães atendidos durante o estudo..........................................
40
Tabela 2 –
Distribuição racial dos 130 cães atendidos durante o estudo.....................
40
Tabela 3 –
Localização do tumor primário dos 130 cães atendidos durante o
estudo.........................................................................................................
41
Tabela 4 –
Principais sinais e alterações relatados pelos proprietários dos 130 cães
atendidos durante o estudo..........................................................................
42
Tabela 5 –
Motivos de exclusão, número de animais excluídos e porcentagem do
total de animais avaliados (130) e porcentagem do total dos animais
excluídos (93).............................................................................................
43
Tabela 6 –
Principais alterações comportamentais relatas pelos proprietários dos 37
cães submetidos no momento de instituição da terapêutica com o
tramadol.....................................................................................................
43
Tabela 7 –
Avaliação da dor realizada pelo proprietário e pesquisador através da
Escala Numérica Verbal (ENV) dos 37 cães incluídos para avaliação da
terapia analgésica com tramadol nos diferentes momentos de
avaliação....................................................................................................
44
Tabela 8 –
Médias do escore de qualidade de vida dos 37 cães incluídos para
avaliação da terapia analgésica com tramadol nos diferentes momentos
de avaliação...............................................................................................
47
Tabela 9 –
Fármacos empregados para controle de efeitos adversos e sintomas dos
37 cães incluídos no estudo.......................................................................
48
Tabela 10 –
Associações de fármacos associada a cada grupo e número total de
animais em cada.........................................................................................
49
Tabela 11 –
Avaliação da dor realizada pelo proprietário e pesquisador através da
Escala Numérica Verbal (ENV) e valor do escore de qualidade de vida
(QV) dos cães incluídos para avaliação da terapia analgésica com
tramadol no Grupo I...................................................................................
49
Tabela 12 –
Avaliação da dor realizada pelo proprietário e pesquisador através da
Escala Numérica Verbal (ENV) e valor do escore de qualidade de vida
(QV) dos cães incluídos para avaliação da terapia analgésica com
tramadol no Grupo II.................................................................................
50
Tabela 13 –
Avaliação da dor realizada pelo proprietário e pesquisador através da
Escala Numérica Verbal (ENV) e valor do escore de qualidade de vida
(QV) dos cães incluídos para avaliação da terapia analgésica com
tramadol no Grupo III................................................................................
50
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...............................................................................................
15
2 REVISÃO DE LITERATURA......................................................................
16
3 JUSTIFICATIVA...........................................................................................
29
4 OBJETIVOS...................................................................................................
30
5 MATERIAL E MÉTODOS...........................................................................
31
5.1 ANIMAIS.........................................................................................................
31
5.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO NO ESTUDO.................................................. 31
5.3 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO PARA ANÁLISE DA TERAPÊUTICA
ANALGÉSICA................................................................................................
32
5.4 DELINEAMENTO DO ESTUDO...................................................................
32
5.4.1 Terapia antiálgica...........................................................................................
33
5.4.2 Fármacos analgésicos empregados para o alívio da dor.............................
34
5.4.3 Fármacos adjuvantes empregados durante o tratamento..........................
35
5.4.4 Avaliação da dor e da Qualidade de Vida (QV)..........................................
35
5.4.4.1 Avaliação da dor realizada pelo proprietário ou cuidador e pelo
pesquisador......................................................................................................
35
5.4.4.2 Avaliação da qualidade de vida (QV)...............................................................
35
5.4.5 Cuidados paliativos........................................................................................
36
5.4.5.1 Fármacos utilizados para prevenção e tratamento dos efeitos adversos...........
36
5.4.5.2 Manejo de ulcerações tumorais, fraturas patológicas e escaras de
decúbito............................................................................................................
36
5.4.6 Manejo nutricional.........................................................................................
37
5.4.7 Eutanásia.........................................................................................................
37
5.5 COLETA DE DADOS DURANTE O ESTUDO............................................ 37
5.5.1 Informações coletadas....................................................................................
37
5.5.2 Informações coletadas em relação ao emprego do tramadol .....................
38
5.6 MOMENTOS DE AVALIAÇÃO PARA ANÁLISE DA
TERAPÊUTICA...............................................................................................
38
5.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA...............................................................................
39
6 RESULTADOS...............................................................................................
40
7 DISCUSSÃO...................................................................................................
54
8 CONCLUSÕES...............................................................................................
60
REFERÊNCIAS..............................................................................................
61
APÊNDICES...................................................................................................
69
ANEXOS..........................................................................................................
87
Introdução
FLÔR, P. B.
15
1 INTRODUÇÃO
A dor é parte integrante da vida, presente ao longo de todo o ciclo do desenvolvimento
desde o nascimento até a morte. Aparece associada a doenças, processos inflamatórios,
acidentes e procedimentos médicos ou cirúrgicos e, embora tão desagradável e estressante é
essencial para a sobrevivência porque exerce função protetora para o organismo. Entretanto, a
intensidade e a freqüência da dor podem exceder suas funções fisiológicas indicadoras e
comprometer seriamente a qualidade de vidas dos indivíduos em sofrimento. Essa é, talvez, a
mais universal e mais antiga forma conhecida de estresse, que o obstante as tentativas do
homem ainda não foi completamente controlada, apesar dos esforços envidados nesse sentido
ao longo da história da humanidade (CAMARGO et al., 1994).
A dor oncológica atinge 50% dos pacientes durante todo o curso da doença. Ao avaliar
somente os pacientes na fase avançada, a incidência de dor pode chegar aos 75%
(SCHOELLER, 2002).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que, mesmo em países com um
sistema de saúde mais avançado, 50% a 80% dos pacientes são insatisfatoriamente tratados
(SCHOELLER, 2002).
Diante da dimensão do problema, a OMS declarou a dor associada ao ncer uma
emergência médica mundial, mobilizou esforços e estabeleceu parcerias com várias
associações internacionais para promover o Programa de Alívio da Dor Oncológica e
Cuidados Paliativos (SCHOELLER, 2002).
Na medicina veterinária são poucos os estudos que avaliam de forma consistente o
tratamento da dor oncológica em cães. O presente estudo visa avaliar o efeito da
administração do tramadol em cães com dor oncológica objetivando a padronização de
esquema terapêutica eficaz e factível.
Revisão de Literatura
FLÔR, P. B.
16
2 REVISÃO DE LITERATURA
A dor não é apenas uma modalidade sensorial, mas uma experiência. A Associação
Internacional para o estudo da Dor (IASP) conceitua a dor como “uma experiência sensorial e
emocional desagradável associada à lesão tissular ou potencial, ou descrita em termos desta
lesão”. Esta definição reconhece a interpelação entre os aspectos sensoriais fisiológicos,
objetivos, da dor e seus componentes subjetivos, emocionais e psicológicos (TEIXEIRA,
2001).
Porém, a percepção da dor não pode ser considerada como um fenômeno sensorial
exclusivo dos seres humanos. Enquanto o ser humano tem a capacidade de transformar em
palavras o que está sentindo, para o reconhecimento da dor no animal é necessária a
observação de seu comportamento(MASTROCINQUE, 2000).
Se na espécie humana é um consenso que ainda existem diversas incógnitas em
relação às sensações dolorosas que ainda não foram bem esclarecidas, nos animais as mesmas
encontram-se ainda mais obscuras (MASTROCINQUE, 2000).
É crescente, entre os médicos veterinários, a conscientização da necessidade de
promover alívio efetivo da dor para pacientes (FANTONI et al., 2000; MASTROCINQUE,
2000) Entretanto, a dor é inadequadamente tratada tanto na medicina veterinária como na
humana (FANTONI et al., 2000; KLAMT et al., 1995; PIMENTA et al., 1998). Isto, em
parte, reflete a ênfase da medicina no diagnóstico e tratamento dos fatores causais mais que
no tratamento sintomático. Outros fatores, como o escasso conhecimento da fisiologia e
fisiopatologia da dor, desconhecimento dos benefícios fisiológicos da analgesia, a falta de
familiarização com os analgésicos indicados para cães e gatos, desinteresse, desinformação,
pouco treinamento de veterinários na avaliação da dor, dificuldades legais e econômicas para
a prescrição de analgésicos e o temor de que a utilização de agentes potentes possa levar os
animais a quadros de dependência química ou de depressão respiratória e a problemas
gastrintestinais, têm contribuído para inaceitável inadequação do controle efetivo da dor
(FANTONI et al., 2000; KLAMT et al., 1995; PIMENTA et al., 1998).
Fisiologicamente a dor nociceptiva, especialmente a aguda, é fundamental para a
preservação da integridade do indivíduo porque é um sintoma que alerta para a ocorrência de
lesões no organismo, a dor crônica não tem esse valor biológico e é uma importante causa
Revisão de Literatura
FLÔR, P. B.
17
de incapacidade, e acarreta alterações de comportamento psicomotor que o prejudiciais ao
bem estar físico e mental (OLIVEIRA, 1998; TEIXEIRA, 1999).
O câncer é a maior causa de morbidade e mortalidade em animais de companhia em
idade avançada (ALMEIDA, 2002; LESTER; GAYNOR, 2000).
A dor manifesta-se em 30% a 70% dos doentes em todos os estágios evolutivos da
doença neoplásica; é observada em 20% a 50% dos casos quando do diagnóstico e em 70% a
90% quando a doença é avançada. É muito intensa em 25% a 30% dos doentes. A vivência da
dor prolongada freqüentemente resulta em piora das atividades e das condições físicas e
funcionais (PIMENTA et al., 1998).
Pacientes com câncer têm múltiplas causas de dor. A maior parte da dor secundária ao
câncer pode ser classificada, na origem, como somática, visceral ou neuropática. A dor
somática provém de injúrias de tecidos como ossos, músculos, articulações e pele. A dor
visceral está ligada à distensão, dano ou inflamação das vísceras e normalmente é mal
localizada. O direto envolvimento ou injúria do sistema nervoso central ou periférico pode
levar a dor neuropática (LESTER; GAYNOR, 2000).
A dor relacionada ao câncer é, na maioria dos casos constante ou diária. Os episódios
são de duração prolongada e geralmente localiza-se em mais de um local. A duração do
quadro doloroso está geralmente relacionada ao estágio da doença, podendo variar entre dias e
anos, apresentando ainda períodos de remissão. A dor no paciente com câncer é descrita como
moderada em cerca 30% a 60% dos casos e é muito intensa em 17% a 40% (PIMENTA et al.,
1998).
O tratamento da dor oncológica na medicina humana é, entretanto ainda inadequado
em países evoluídos socioculturalmente (TEIXEIRA, 2001). Essa situação é ainda mais
dramática nos animais, onde muitos são assistidos em estágios avançados da doença, quando a
cura é impossível, e o controle da dor e de outros sintomas se torna a razão da assistência
(TEIXEIRA, 2001; TEIXEIRA, 2001) .
A causa da dor também tem sido pesquisada ao longo do tempo. Ela já foi considerada
um castigo mandado por deuses ofendidos, foi atribuída a presença de maus espíritos e à
perda de substâncias vitais ao organismo (CAMARGO et al., 1994; FANTONI;
MASTROCINQUE, 2002). Esteve presente, desde a Antiguidade, no pensamento de grandes
filósofos e médicos como Aristóteles e Galeno. A primeira grande influência foi de Descartes
que, em 1664, descreveu a dor como uma sensação percebida no cérebro, resultante de uma
estimulação dos nervos sensoriais(CAMARGO et al., 1994). Porém, em 1895, Strong atribuiu
Revisão de Literatura
FLÔR, P. B.
18
igual importância aos aspectos psicológicos e orgânicos na percepção da dor. A IASP tem o
objetivo de integrar as múltiplas disciplinas visando o entendimento da dor, entretanto, os
estudos realizados são ainda insuficientes e colecionam muitas questões sem resposta sobre as
diversas causas, a percepção subjetiva e as muitas técnicas de tratamento da dor (CAMARGO
et al., 1994).
A compreensão dos mecanismos fisiológicos da dor é primordial para que haja
intervenção terapêutica adequada. O primeiro passo na seqüência dos eventos que originam o
fenômeno sensitivo-doloroso é a transformação dos estímulos ambientais em potencial de
ação que, das fibras nervosas periféricas, são transferidos para o sistema nervoso central
(TEIXEIRA, 2001).
Em condições normais, a informação sensorial é captada pelas estruturas do sistema
nervoso periférico e transmitida para as unidades do sistema nervoso central, onde é
decodificada e interpretada (TEIXEIRA, 1999).
Os nociceptores são terminações livres das fibras nervosas aferentes primárias que
convertem estímulos químicos, mecânicos ou rmicos em impulsos nervosos que são
transmitidos ao sistema nervoso central. Normalmente, a estimulação nociceptiva periférica
ativa os nociceptores e desencadeia reação de defesa com liberação de mediadores químicos
(TEIXEIRA, 2001).
Existem tipos de fibras que carrentao nte16 T3.4459(nt)12892(s)6.026383( )nttísma fiaa
Revisão de Literatura
FLÔR, P. B.
19
diferentes processos podendo participar ativamente na perpetuação do processo doloroso, sua
intensificação e cronificação (CARVALHO; LEMONICA, 1998).
No corno dorsal, a comunicação entre os neurônios é mediada por aminoácidos
excitatórios e inibitórios e por neuropeptídeos (substância P, neurotensina, peptídeo
geneticamente ligado a calcitonina, colecistoquinina) que são produzidos, estocados e
liberados nos terminais das fibras nervosas aferentes. Os impulsos nociceptivos do corno
dorsal convergem para centros supraespinhais. O trato espinotalâmico é a mais proeminente
via nociceptiva da medula espinhal (LAMONT, 2000).
Os nociceptores são, particularmente, numerosos na pele, peritônio, pleura, periósteo,
cápsulas articulares, parede arterial, músculos e tendões, embora sua distribuição varie
dependendo da espécie (LAMONT, 2000; TEIXEIRA, 2001).
O impulso nociceptivo gerado por esses receptores é processado em varias lâminas da
medula espinhal, sendo os aspectos físicos da dor atribuídos as vias aferentes do tálamo que
chegam ao córtex cerebral e as vias aferentes ao sistema límbico relacionadas aos
componentes emocionais da dor (CARROL, 1999; TEIXEIRA, 2001).
Além da modulação ascendente também a modulação da dor espinhal como propõe
a “Teoria da Comporta” descrita por Melzac e Wall, em 1965, segundo a qual a substância
gelatinosa e áreas do sistema nervoso central podem bloquear a transferência das informações
entre os aferentes e os neurônios da medula espinhal (CAMARGO et al., 1994; CARROL,
1999; TEIXEIRA, 2001).
A dificuldade de definir dor em animais está no fato desta ser uma análise subjetiva da
atividade do sistema nervoso central. O estudo do comportamento é crucial para o processo de
avaliação da dor e desconforto em animais. As respostas comportamentais diante da dor e de
outras causas de estresse são resultados da interação entre indivíduo e meio, e são afetados
por muitos fatores, tais como: sexo, raça, idade, origem da dor e doença coexistente
(HANSEN, 1997).
Dentre as alterações comportamentais exibidas por animais que apresentam dor pode-
se citar: alterações na aparência do animal, que se mostra com pêlos eriçados, sem brilho, com
descarga nasal e/ou ocular, exibindo padrão respiratório alterado. O animal pode ainda estar
nervoso, agitado ou agressivo. Há diminuição na sua atividade e relutância em se movimentar,
ou ao se movimentar o faz vagarosamente e protegendo a área dolorida. A diminuição na
ingestão de água e comida é grave conseqüência associada ao estresse da dor, e levam à
Revisão de Literatura
FLÔR, P. B.
20
diminuição do volume de fezes e urina, perda de peso e até desidratação (HASKINS, 1987;
MORTON; GRIFFITHIS, 1985).
A mesma dificuldade encontrada pelos médicos veterinários para a avaliação da dor
nos animais, é enfrentada pelos pediatras, enfermeiras e anestesistas na avaliação da dor em
neonatos e crianças que ainda não conseguem se comunicar verbalmente (YAZBEK;
FANTONI, 2005). Em pediatria o comportamento é uma medida útil e um indicador de dor
em crianças. A dor influencia a percepção da criança e focaliza sua atenção para o local de
onde se originou o estímulo doloroso(OKADA et al., 2001; TEIXEIRA; PIMENTA, 2001).
Entretanto, a maioria das medidas comportamentais sobre dor foram desenvolvidas e
validadas para condições de dor aguda ou dor pós-operatória (OKADA et al., 2001) fato que
também ocorre na Medicina Veterinária. Alterações nos parâmetros fisiológicos como
aumento da freqüência cardíaca, respiratória, sudorese da pele entre outros e o choro são
utilizados quase que exclusivamente para avaliar a dor aguda. A reação à dor crônica é
caracterizada pelo isolamento prolongado e por manifestações comportamentais semelhantes
ao da depressão. A maioria das escalas quantitativas que visam analisar a intensidade da dor
utiliza métodos de auto-relato que incluem palavras, cores, números, termômetros, associação
com frutas, escalas visuais e analógicas e de face. As entrevistas sobre qualidade e intensidade
da dor são aplicáveis essencialmente em crianças com mais de 5 anos de idade. A
compreensão e interpretação da dor em crianças com menos de 4 anos de idade ainda é um
dos maiores desafios para pesquisadores e clínicos (OKADA et al., 2001; TEIXEIRA;
PIMENTA, 2001).
A mesma dificuldade é encontrada na Medicina Veterinária. Atualmente existem
várias escalas para mensuração de dor aguda em cães e gatos, mas a maior dificuldade
encontrada é como mensurar e monitorar a dor crônica nos animais de companhia (YAZBEK;
2005).
Nos estudos recentes, onde se fez necessário a quantificação da dor em animais,
observa-se o uso de escalas utilizadas para a mensuração da dor em humanos adaptadas para
animais (ALMEIDA, 2002; MASTROCINQUE, 2000).
A Escala Analógica Visual (VAS), amplamente utilizada, é uma linha com 10 cm de
comprimento que apresenta em uma extremidade o conceito ausência de dor” (zero) e na
outra “pior dor imaginável” (dez). O paciente marca com uma caneta onde se localiza a dor
(ALMEIDA, 2002; FANTONI; MASTROCINQUE, 2002; MASTROCINQUE, 2000). Esta
Revisão de Literatura
FLÔR, P. B.
21
escala pode ser fornecida ao proprietário do animal ou pode ser utilizada por médicos
veterinários para monitorar a terapia analgésica (ALMEIDA, 2002).
Outro tipo de escala utilizada em humanos adultos é a Escala Numérica, onde são colocados
números de 1 a 10 para que o paciente marque a intensidade da sua dor (SOUSA, 2002).
São utilizadas também as Escalas Numé
Revisão de Literatura
FLÔR, P. B.
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analgésica, antipirética e antiinflamatória podendo ser associados aos opióides e os fármacos
adjuvantes (GIUBLIN, 2002).
Os AINEs são agentes não narcóticos que inibem as enzimas que participam do
metabolismo do ácido aracdônico e da formação de eicosanóides, como os prostanóides
(prostaglandinas, prostaciclina, tromboxano) e leucotrienos. As prostaglandinas,
particularmente PGE
2
e PGI
2
, tem um papel na produção de estímulos nocivos na periferia,
sensibilizando os receptores e as terminações neuronais aferentes à ação de bradicinina,
histamina e outros compostos liberados durante o processo inflamatório. As prostaglandinas,
graças a sua ação sobre o sistema nervoso central, também facilitam a transmissão de
estímulos nocivos que são transmitidos para a medula espinhal e, posteriormente, para centros
superiores. Isto ocorre particularmente durante a dor pós-operatória grave e na dor crônica.
Assim, os medicamentos que inibem a produção de prostaglandinas, inibindo a cicloxigenase
(COX), produzem efeitos analgésicos por meio de ações centrais e periféricas (LASCELLES,
1999).
Para a obtenção de melhores resultados, com mínima incidência de efeitos adversos,
alguns cuidados devem ser observados quando se pretende administrar um AINE. A dose
deve ser calculada adequadamente para a espécie animal a ser utilizada, respeitar o intervalo
de administração, fazer uso de medicação testada e aprovada para administração em animais
(FANTONI et al., 2000).
O uso de AINE é contra-indicado para pacientes nefropatas, hepatopatas,
trombocitopênicos, hipertensos arteriais, doentes com insuficiência cardíaca congestiva,
desidratados, hipotensos e que estejam sendo medicados com fármacos que possam causar
nefrotoxicidade e disfunção plaquetária (POSSO et al., 1994). Todos os pacientes com câncer
que estiverem sendo medicados com AINE devem ser cuidadosamente monitorados em
relação a sangramento gastrointestinal e nefrotoxicidade durante a quimioterapia (GIUBLIN,
2002). Cumpre salientar que o risco de toxicidade aumenta com a idade, tendo-se observado
que os eventos adversos devido ao uso de AINE resultam em aumento da mortalidade em
pacientes idosos (POSSO et al., 1994), que são grande maioria quando se trata de pacientes
portadores de câncer.
Na medicina humana, os AINE mais prescritos são: diclofenaco, tenoxicam,
cetoprofeno, piroxicam, meloxicam, celecoxib, rofecoxib e o flurbiprofeno (SAKATA, 2001).
Dos AINEs citados acima, o cetoprofeno e o meloxicam são amplamente utilizados na
Medicina Veterinária. O diclofenaco, piroxicam, tenoxicam e o flurbiprofeno são contra-
Revisão de Literatura
FLÔR, P. B.
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indicados para uso em cães e gatos e o celecoxib e o rofecoxib ainda o foram investigados
na Medicina Veterinária.
O meloxicam é um derivado oxicano, é um potente inibidor da síntese de
prostaglandinas sendo desta maneira antiinflamatório, analgésico e antipirético. O meloxicam
tem ação preferencial na inibição da COX-2 e tem pouca ação inibitória da COX-1
(ENGELHARD; et al., 1996a, 1996b). A administração pré-operatória de meloxicam é
aprovada na Europa e no Canadá para o controle da dor pós-operatório e também es
aprovado seu emprego para o tratamento da dor aguda e crônica em cães (BROWN, 1989;
DENEUCHE et al., 2004).
O carprofeno é amplamente utilizado para o controle da dor nas doenças degenerativas
articulares, displasia coxofemoral e no controle da dor aguda pós-operatória em cães
(MATHEWS, 1995, 2000). Este geralmente é considerado bem tolerado em cães
(RAEKALLIO et al., 2006). A dose indicada para uso em cães é 2,2 mgkg a cada 12 horas
pela via oral (GAYNOR, 2001; MATHEWS, 2000).
A dipirona não possui efeito antiinflamatório, mas é classificada como tal. Possui
potente ação analgésica, é muito utilizada para o tratamento da dor aguda e amplamente
utilizada em muitos países, como por exemplo, na Espanha, para o tratamento da dor
oncológica no homem (RODRÍGUEZ et al., 1994). No Canadá e na Europa a dipirona é
liberada para uso em cães e gatos (MATHEWS, 1995). Rodriguez et al. (1994), demonstraram
que dipirona na dose de 2g a cada 8 horas possui a mesma eficácia analgésica comparada a
10mg de morfina a cada 4 horas no homem com câncer. No Brasil, a dipirona é muito
utilizada no tratamento da dor aguda pós-operatória e como auxiliar na terapia analgésica em
pacientes com câncer (SAKATA, 2004). Uma das grandes vantagens desse agente é o fato de
causar pouquíssimos efeitos colaterais renais ou gastrintestinais. É indicada para o tratamento
da dor leve e como antipirético (PIMENTA et al., 1998; TEIXEIRA; VALLE, 2001). Não ,
até o momento, nenhum trabalho publicado na literatura Veterinária utilizando a dipirona
como auxiliar no tratamento da dor crônica em cães e gatos. A dose preconizada para cães é
de 25 mgkg a cada 6 a 8 horas pela via oral, intramuscular ou intravenosa (FANTONI;
MASTROCINQUE, 2002; MATHEWS, 2000).
Os corticosteróides, dentre eles a dexametasona e a prednisona, são utilizados no
tratamento da dor associada a lesões traumáticas, inflamatórias e neoplásicas do sistema
nervoso periférico e do SNC e a dor associada a doenças inflamatórias e neoplásicas
Revisão de Literatura
FLÔR, P. B.
24
sistêmicas com presença de metástase óssea (TEIXEIRA, 1999). São muito eficazes no
tratamento da dor causada por tumores ósseos. Promovem estabilização da membrana neural,
exercem ação antiinflamatória, reduzem os níveis dos mediadores que ativam e sensibilizam
os nociceptores, reduzem a atividade ectópica em locais de lesão neural, reduzem o edema,
causam euforia e bem-estar e estimulam o apetite (SAKATA, 2001; TEIXEIRA, 1999). O
agente mais utilizado é a dexametasona (SAKATA, 2001).
Dentre os analgésicos utilizados em medicina veterinária, os derivados do ópio têm
sido uma alternativa bastante viável devido à sua eficiência no que diz respeito ao controle da
dor e à possibilidade de causarem poucos efeitos adversos (PAPICH, 1997).
Produzem analgesia por mimetizar a ação dos opióides endógenos sobre os receptores
específicos (GIUBLIN, 2002).
Os opióides endógenos modulam a transmissão dolorosa através de um sistema anti-
nociceptivo endógeno. Existem três famílias de opióides peptídeos que fazem parte deste
sistema. As encefalinas que são derivadas da proencefaina A, a β-endorfina que é derivada do
pró-opiomelanocortina e é liberada juntamente com o hormônio ACTH pela glândula
pituitária, e é considerado o opióide endógeno mais potente. A dimorfina que é originada da
prodinorfina, porém com menor efeito analgésico (GIUBLIN, 2002).
Os efeitos adversos, quando ocorrem, podem ser revertidos, o que é obtido mediante a
administração de opióides antagonistas como a naloxona. O fato de não promoverem efeitos
adversos graves permite que os opióides possam ser utilizados mesmo em altas doses, quando
necessário (LASCELLES; WATERMAN, 1997; PAPICH, 1997).
Os efeitos desencadeados pelos opióides são mediados pela ligação a receptores
específicos. Quatro tipos de receptores corpóreos para opióides são descritos. Também
presença destes receptores fora do SNC, como por exemplo, no trato gastrintestinal. O
receptor mi (µ) é responsável por euforia, sedação, analgesia e depressão respiratória. O
receptor kappa (κ) é responsável por analgesia ao nível espinal e sedação. O receptor sigma
(σ) produz disforia, excitação, insônia e efeitos alucinógenos. O receptor delta (δ) ainda não
foi bem descrito. No sistema nervoso central, os opióides produzem analgesia, euforia,
sedação e excitação, sendo que os efeitos de excitação e disforia são mais observados quando
é feita a administração em animais saudáveis, e são menos comuns em animais com dor. O
efeito de euforia, característico dos opióides agonistas para o receptor µ, auxiliam na
Revisão de Literatura
FLÔR, P. B.
25
diminuição da ansiedade e estresse em animais que estão em ambientes estranhos (PAPICH,
1997).
Os opióides são os medicamentos de escolha para pacientes com dor de grau
moderado e intenso, podendo ser associados a analgésicos antiinflamatórios. Essa associação
possibilita a diminuição da dose de opióides e uma somação de efeitos por apresentarem
mecanismos de ação diferentes e atuarem, portanto em diferentes locais (GIUBLIN, 2002).
Novos agentes como o tramadol parecem apresentar eficácia similar e menos efeitos
adversos que os analgésicos convencionais (TEIXEIRA et al., 1999).
O tramadol é um derivado 1-(m-metioxifenil)-2-(dimetilaminometil)-ciclohexano-1-ol
(tramadol), classificado como analgésico morfínico e utilizado desde 1977, na Europa. Eleva
o limiar da dor em animais de experimentação e em seres humanos. Apresenta atividade
béquica (antitussígena) equivalente a 50% da atividade da codeína. Não apresenta efeito
antitérmico. Reduz os níveis de β-endorfina circulante em condições de dor pós-operatória
(TEIXEIRA et al., 1999). Parece atuar em várias unidades modulatórias do sistema nervoso
central, incluindo a medula e a formação reticular do tronco encefálico. Apresenta moderada
afinidade pelos receptores morfínicos µ e fraca afinidade pelos receptores κ e δ. Seu efeito é
reduzido parcialmente com o uso de nalorfina e naloxona. Além de ligar-se aos receptores
morfínicos, bloqueia a recaptação de serotonina e noradrenalina, possivelmente nas vias
supressoras descendentes que, do tronco encefálico, alcançam o corno posterior da medula
espinhal (FANTONI ; MASTROCINQUE, 2002; RADBRUCH et al., 1996; REIG, 2002;
TEIXEIRA et al., 1999). O tramadol tem sua açãoagonista em receptores opiáceos é
considerada 10 vezes menor que a ação da codeína, 1000 quando comparado com a metadona
Revisão de Literatura
FLÔR, P. B.
26
Quando comparado com a morfina de liberação prolongada, os efeitos analgésicos
proporcionados pelo tramadol são superiores, com poucos efeitos adversos e tolerabilidade
excepcionais (REIG, 2002). O tramadol é metabolizado pelo fígado e excretado pelo rim
(RADBRUCH et al., 1996).
Em estudo aberto, realizado por Teixeira et al. (1999), com 1355 pacientes, foi
avaliada a segurança do tramadol, por 225 médicos de várias especialidades, sendo que na
maioria das vezes (94%), a dor foi quantificada de moderada à intensa e mais de 40% dos
pacientes haviam sido previamente medicados com outros analgésicos. Nesse estudo a
duração do tratamento foi superior a três semanas em grande número de pacientes com dor
resultante do câncer e anormalidades do aparelho locomotor, condições estas em que,
habitualmente, há necessidade de analgesia prolongada. Ocorreu melhora significante ou
alívio da dor em 82,5% dos casos.
Em estudo realizado por Osipova et al. (1991) envolvendo 98 pacientes com câncer,
com dor considerada de grau moderado em 11% dos pacientes e 89% com dor intensa, relatou
excelente ou bom alívio da dor com o emprego de tramadol pela via oral.
O tramadol é um agente bem tolerado. Os efeitos adversos manifestados em humanos
são useas, sonolência e tonturas, os quais alcançam 65% dos efeitos adversos observados;
em algumas ocasiões foram citadas outras complicações como a fadiga, sedação, dispnéia,
cefaléia, sudorese, sialosquese, emese, disúria, extra-sístoles, palpitações, ansiedade,
alterações da percepção do corpo, alucinações e hiperemia cutânea (REIG, 2002; TEIXEIRA
et al., 1999).
Experimentos realizados em animais não relataram tolerância ou dependência induzida
pelo uso de tramadol por tempo prolongado em ratos (RADBRUCH et al., 1996).
Os incrementos das doses do tramadol de liberação rápida para o controle da dor
devem ser paulatinas, sendo realizado com intervalo mínimo de 24 horas (BENITEZ DEL
ROSARIO, 2002).
No que tange ao emprego de tramadol em es e gatos, ainda escassez de estudos
que comprovem sua eficácia nestas espéscies. Yazbek et al. (1999), em estudo comparando a
analgesia profilática deste agente com aquela produzida pelo antiinflamatório não esteroidal
flunexin-meglumine, em cães que sofreram intervenção ortopédicas, verificaram resultado
bastante satisfatório em relação ao controle da dor no grupo tratado com tramadol, o qual
apresentou menores escores de dor, avaliada pela escala analógica visual. O grupo tratado
com tramadol entretanto apresentou maior grau de sedação.
Revisão de Literatura
FLÔR, P. B.
27
Ao comparar a utilização profilática do tramadol com morfina, em cadelas, para
controle da dor após ovariosalphingohisterectomia, Mastrocinque e Fantoni (2003) puderam
observar que ambos os agentes produziram analgesia satisfatória, redução dos requerimentos
de isofluorano no período trans-operatório e baixos escores de sedação ou outros efeitos
adversos nos períodos trans e pós-operatório.
Os adjuvantes são representados por fármacos originalmente utilizados para outras
finalidades que não o tratamento da dor, mas que atuam melhorando o rendimento do
tratamento analgésico, o desempenho afetivo-motivacional, o apetite, e o sono dos doentes.
São representados por corticosteróides, antidepressivos, neurolépticos, ansiolíticos,
anticonvulsivantes, anfetaminas, moduladores adrenérgicos, anestésicos locais, inibidores da
reabsorção óssea, inibidores dos receptores NMDA, dentre outros (TEIXEIRA, 1999).
Os antidepressivos tricíclicos têm papel importante na analgesia de pacientes com dor
de origem neoplásica, nos casos de dores mistas com componente neuropático. O
antidepressivo mais utilizado tem sido a amitriptilina e que conta com maior número de
trabalhos publicados em literatura médica nacional e internacional, com trabalhos controlados
que evidenciam o seu poder analgésico (TEIXEIRA, 1999). Os antidepressivos (amitriptilina,
imipramina, fluoxetina, sertralina) inibem a recaptação de serotonina e noradrenalina nas
sinapses, ativam as vias descendentes opioidérgicas, inibem os receptores NMDA e
bloqueiam os canais de sódio. São usados no tratamento da dor neuropática para potencializar
o efeito dos opióides, para reduzir a ansiedade e a depressão e para melhorar o sono
(SAKATA, 2001). Entre os efeitos terapêuticos resultantes de sua aplicação pode-se citar
regulação do sono e do apetite, melhora da disposição física e psíquica e da dor (JALES
JÚNIOR; TEIXEIRA, 2003). Os efeitos adversos mais comuns são sedação, constipação e
hipotensão ortostática no homem (SAKATA, 2001). A amitriptilina è o antidepressivo
tricíclico mais utilizado no tratamento da dor, especialmente no doente ansioso, deprimido e
agitado (JALES JÚNIOR; TEIXEIRA, 2003), na medicina humana.
Os neurolépticos atuam central e perifericamente e exercem ação ansiolítica e
relaxante muscular. Ativam as vias inibitórias descendentes e interagem sinergicamente com
os receptores opióides, inibem a neurotransmissão de dopamina, noradrenalina, serotonina e
histamina. São indicados no tratamento da dor neuropática, controle da dispnéia, da agitação e
vômitos e para sedação de doentes na fase terminal de evolução da doença oncológica. No
homem os mais utilizados o a clorpromazina e o haloperidol. Como efeitos adversos são
Revisão de Literatura
FLÔR, P. B.
28
citados a sedação, agranulocitose, xerostomia, hipotensão ortostática e leucopenia (SAKATA,
2001).
O controle da dor é parte essencial de qualquer protocolo para o tratamento do câncer.
A contínua avaliação da dor e do sucesso do tratamento instituído é necessário para a
realização do controle da dor oncológica. O não alivio da dor leva ao sofrimento, estresse,
ansiedade e diminui a qualidade de vida (LESTER; GAYNOR, 2000).
Justificativa
FLÔR; P. B.
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3 JUSTIFICATIVA
A literatura veterinária é escassa no que diz respeito a estudos que avaliem ou sugiram
terapêuticas analgésicas em relação ao tratamento de cães portadores de dor moderada
decorrente de câncer. Os poucos estudos existentes avaliam apenas a terapêutica para o
tratamento da dor aguda. Sendo assim, faz-se necessária avaliação pormenorizada de
terapêutica específica para o tratamento da dor crônica em pacientes com câncer, tendo em
vista a alta incidência desta afecção em cães.
Objetivos
FLÔR, P. B.
30
4 OBJETIVOS
Com o intuito de controlar a dor e conferir melhor qualidade de vida aos animais
portadores de ncer este estudo teve como objetivo principal avaliar o emprego do tramadol
em cães com dor oncológica.
Para tanto objetivou-se:
Avaliar a eficácia, efetividade e segurança do uso do tramadol para o controle da dor
de intensidade moderada à intensa em cães portadores de dor oncológica.
Estabelecer o melhor esquema terapêutico no que diz respeito às doses e intervalos de
administração.
Avaliar a incidência de efeitos adversos e a possibilidade de seu controle com
tratamento paliativo.
Material e Métodos
FLÔR; P. B.
31
5 MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi aprovado pela Comissão de Bioética da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. Os proprietários foram previamente
informados a cerca do objetivo do tratamento proposto.
5.1 ANIMAIS
Foram estudados animais da espécie canina, machos ou fêmeas, de diferentes raças e
idades, encaminhados ao Grupo de Dor e Cuidados Paliativos do Serviço de Anestesia do
Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de
São Paulo, no período de agosto de 2004 a março de 2006.
5.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO NO ESTUDO
Foram critérios para inclusão neste estudo:
cães com diagnóstico de câncer, baseado nos resultados obtidos através do exame
clínico e exames complementares tais como, radiografia, ultra-sonografia, tomografia,
citologia ou histopatológico;
presença de dor de grau moderado (> de acordo com o VAS) o responsiva a
tratamento com dipirona e ou antiinflamatórios esteroidais ou não esteroidais;
cães que permanecessem no mínimo 15 dias em tratamento com tramadol;
o custo do tratamento deveria ser financiado pelo proprietário do animal.
Material e Métodos
FLÔR; P. B.
32
5.3 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO PARA ANÁLISE DA TERAPÊUTICA ANALGÉSICA
Foram excluídos do estudo cães agressivos que o permitiram a avaliação do
pesquisador; cães que não foram medicados corretamente pelo proprietário; cães de
proprietários com impossibilidade em retornar ao Grupo de Dor para acompanhamento
semanal, com grau de escolaridade insuficiente para compreender a avaliação da dor e o
questionário de qualidade de vida e que não fossem familiarizados com os hábitos e
comportamento do animal em estudo; cães previamente medicados com opióides prescritos
pelo clínico responsável.
5.4 DELINEAMENTO DO ESTUDO
Após a realização da avaliação física, quantificação e localização do quadro álgico, os
animais foram submetidos ao tratamento analgésico de acordo com a terapia proposta pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) para o controle da dor oncológica na qual a presença
de dor moderada deve ser tratada com opióides fracos asssociados ou não a antiinflamatórios,
neste estudo priorizou-se o emprego do tramadol para animais com dor de grau moderada à
intensa.
No primeiro momento, todos os animais que apresentaram dor, foram medicados com
dipirona e ou antiinflamatório esteroidal ou o esteroidal; após 10 dias os animais foram
reavaliados e aqueles que apresentaram dor de grau moderada a intensa (>4 de acordo com o
VAS) foram tratados com tramadol na dose de 2mg/Kg a cada 8 horas.
Os cães foram avaliados semanalmente pelo mesmo veterinário (pesquisador) e
também pelo mesmo cuidador ou proprietário. Exames complementares e procedimentos
invasivos só foram realizados quando o resultado fosse imprescindível para direcionar a
conduta terapêutica. Animais diabéticos, cardiopatas, nefropatas, hepatopatas, epiléticos, e
portadores de qualquer outra doença tiveram as medicações mantidas de acordo com o
tratamento prescrito pelo clínico responsável pelo caso. Todos os proprietários possuíam
contato telefônico direto com o pesquisador para emergências e dúvidas em relação ao
tratamento.
Material e Métodos
FLÔR; P. B.
33
5.4.1 Terapia antiálgica
Levando-se em conta as diferentes etiologias e quadros clínicos apresentados pelos
pacientes, e seguindo-se as orientações OMS, os animais que receberam tramadol estavam
sendo anteriormente medicados com dipirona e ou antiinflamatórios esteroidais ou não
esteroidais.
Os animais foram distribuídos em 3 grupos:
Grupo DT: Animais medicados com dipirona e tramadol;
Grupo DAINET: Animais medicados com dipirona associada a antiinflamatório o
esteroidal (carprofeno ou meloxicam) e tramadol;
Grupo DET: Animais medicados com dipirona associada a antiinflamatório esteroidal
(prednisona) e tramadol.
A distribuição dos animais nos grupos acima citados foi realizada de acordo com o
protocolo terapêutico ao qual o animal estava submetido no momento da primeira consulta.
Todos os animais foram submetidos à avaliação previa do pesquisador (veterinário), antes de
ser incluído em um dos grupos.
A via de administração preferencial foi A via oral.
Todos os proprietários receberam um quadro com os horários dos medicamentos para
impedir o esquecimento e trocas dos horários da administração dos fármacos (Apêndice A).
Vale ainda dizer que o controle para verificação da eficácia do tratamento foi a
primeira avaliação realizada da intensidade da dor durante a consulta, sendo a terapêutica
considerada ineficaz nos casos em que não houve alterações que indicassem diminuição da
intensidade da dor apresentada pelo paciente e/ou quando ENV > ou igual a 4.
Os animais foram comparados dentro dos grupos citados e em conjunto com o intuito
de confirmar ou descartar a hipótese de eficácia e segurança no emprego do tramadol para
tratamento da dor oncológica.
A eficácia do tratamento realizado com o tramadol foi classificada em três categorias:
alívio da dor (ENVinicial > ENVfinal e ENVfinal < 4), melhora insatisfatória (ENVinicial >
ENVfinal e ENVfinal > 4) e ausência de melhora (ENVinicial ENVfinal) (TEIXEIRA et al,
1999)
Material e Métodos
FLÔR; P. B.
34
5.4.2 Fármacos analgésicos empregados para o alívio da dor
Como delineado acima nos critérios de inclusão, os animais admitidos neste estudo
apresentavam dor de intensidade moderada à intensa mesmo quando já medicados com
dipirona associada ou não a antiinflamatórios não esteroidais ou esteroidais mais de 10
(dez) dias. Neste momento era instituído a terapêutica com o uso de tramadol com dose inicial
de 2mg/Kg a cada 8 (oito) horas, sendo que os incrementos das doses foram realizados
somente após 72 horas do início da terapia onde não se havia alcançado o controle efetivo da
dor (VAS>4) (BENITEZ DEL ROSARIO, 2002). Os animais foram reavaliados a cada 7
(sete) dias após o início da terapia.
A instituição da presente terapia é baseada nos princípios descritos por GIUBLIN,
2002, segundo o qual a terapia deve ser realizada preferencialmente pela via oral.
Na ocorrência de efeitos adversos, como nos casos de sonolência e de excitação, a
dose administrada sofreu uma redução de 30%, quando possível, com o intuito de debelar
estes efeitos adversos, mantendo o efeito analgésico proporcionado pelo fármaco utilizado. Na
persistência dos efeitos adversos o tramadol seria descontinuado.
No presente estudo, foram utilizados os seguintes fármacos para o controle da dor
(Quadro 1):
FÁRMACOS
DOSE (mg
kg)
VIA FREQÜÊNCIA
Dipirona 25 Oral a cada 8 horas
Carprofeno 2,2 Oral a cada 12 horas
Meloxican 0,1-0,2 Oral a cada 24 horas
Prednisona 0,5-1 Oral a cada 24 horas
Tramadol 2 Oral a cada 8 horas
Quadro 1- Fármacos (dose, via e freqüência) utilizados para o alívio da dor
Os antiinflamatórios não foram utilizados em cães que apresentassem contra-
indicações ao seu uso, tais como vômito, diarréia, insuficiência renal, doenças hepáticas,
trombocitopenia e insuficiência cardíaca. Nos cães com neoplasia renal, hepática ou esplênica
e cães com qualquer contra-indicação ao uso destes, optou-se pelo uso de dipirona e tramadol.
Material e Métodos
FLÔR; P. B.
35
5.4.3 Fármacos adjuvantes empregados durante o tratamento
A amitriptilina foi empregada nos cães com suspeita de dor neuropática, na dose de
0,5 a 1mg/Kg a cada 24 horas, pela via oral. Os critérios utilizados para a suspeita diagnóstica
de dor neuropática foram a presença de pelo menos um dos seguintes sinais tais como:
presença de alodinia táctil; presença de automutilação ou lambedura excessiva no local da
neoplasia.
5.4.4 Avaliação da dor e da Qualidade de Vida (QV)
5.4.4.1 Avaliação da dor
A dor foi avaliada em relação a sua intensidade através da Escala Numérica Verbal
(AMARAL et al., 1996) de zero a dez, onde zero significa ausência de dor e dez a pior dor
imaginável. A avaliação foi realizada semanalmente pelo proprietário ou cuidador do animal e
pelo pesquisador durante a anamnese e exame físico.
5.4.4.2 Avaliação da qualidade de vida (QV)
Avaliação da QV foi realizada semanalmente pelo proprietário através de um
questionário de avaliação de QV validado para uso em cães com dor secundária ao câncer
(YAZBEK; FANTONI, 2005) (Anexo A). O questionário contém 12 perguntas com 4 opções
de resposta, variando de zero a 3 cada, onde zero significa a pior QV e 36 a melhor QV. Na
escala são avaliados parâmetros como: apetite, dor, alterações comportamentais
(temperamento e interação com as pessoas da casa), qualidade do sono, hábitos de higiene,
defecação, presença de vômito e alterações intestinais, cansaço e disposição para brincadeiras.
Material e Métodos
FLÔR; P. B.
36
5.4.5 Cuidados paliativos
5.4.5.1 Fármacos utilizados para prevenção e tratamento dos efeitos adversos
O câncer bem como os fármacos utilizados para o tratamento da dor promovem
inúmeros efeitos adversos passíveis de tratamento e que no presente estudo foram controlados
com as seguintes medicações: metoclopramida (0,5mg/kg por via oral a cada 8 horas) para os
cães com suspeita de náusea causada pelo tramadol e por via subcutânea nos cães com
vômitos; ranitidina (2 a 3mg/kg por via oral a cada 12 horas) para os es com mastocitoma,
insuficiência renal e vômitos; cães que receberam antiinflamatórios foram medicados com
omeprazol (0,5 a 1mg/kg por via oral a cada 24 horas) para a prevenção de gastrite e úlcera.;
dimeticona (1 gota para cada kg de peso a cada 8 a 12 horas) para os cães com suspeita de
flatulências e conseqüente desconforto abdominal; furosemida (2mg/kg por via oral a cada 8
horas) e/ou espironolactona (1 a 4mg/kg por via oral a cada 8 a 12 horas) para os cães com
efusão pleural, edema pulmonar e ascite secundárias a presença da neoplasia; antibióticos
como a ampicilina (22mg/kg por via oral a cada 8 horas) e enrofloxacina (5mg/kg por via oral
a cada 12 horas) para os cães com ulcerações tumorais e infecções secundárias; supositório
de glicerina para os cães com constipação causada pelo tramadol ou por decúbito prolongado.
5.4.5.2 Manejo de ulcerações tumorais, fraturas patológicas e escaras de decúbito.
As ulcerações tumorais foram tratadas com soluções anti-sépticas a base de triclorsan
(Soapex) e produtos cicatrizantes e bactericidas (Bactroban; Rifocina spray; Furacin)
com curativos e bandagens realizadas pelos proprietários. Quando necessário, administrava-se
os antibióticos sistêmicos para o controle das infecções secundárias.
Para os animais em decúbito, orientou-se a aquisição de colchão casca de ovo para a
prevenção de escaras. A higiene e o manejo dos animais foram realizados pelos proprietários.
Material e Métodos
FLÔR; P. B.
37
5.4.6 Manejo nutricional
Todos os proprietários foram orientados a oferecer aos animais dieta de alta
palatabilidade como, por exemplo, dieta caseira (frango, arroz, legumes etc), ração úmida e
frutas.
5.4.7 Eutanásia
A eutanásia foi indicada somente para os animais com QV inferior a 12 ou nos casos de dor
não responsiva ao tratamento medicamentoso. Todos os animais foram sedados previamente
com acepromazina na dose de 0,1 mg/kg por via intramuscular. Decorridos 10 minutos, a veia
cefálica foi cateterizada para a administração de tiopental em dose suficiente para promover a
parada cardiorrespiratória. A necropsia não foi exigida pelo pesquisador uma vez que não
fazia parte do objetivo do estudo.
5.5 COLETA DE DADOS DURANTE O ESTUDO
5.5.1 Informações coletadas
Número de identificação do animal no Hospital Veterinário (prontuário).
Sexo, idade e raça.
Principais alterações e sintomas relatados pelo proprietário durante a anamnese na
primeira consulta, antes do início da terapia com tramadol.
Localização primária da neoplasia e presença de metástase visível aos exames
complementares.
Material e Métodos
FLÔR; P. B.
38
Escore de QV.
Em relação à dor foram realizadas as seguintes perguntas:
O seu animal sente dor?
(Possibilidades de resposta: Sim, não ou não sei).
Nota para a dor de zero (ausência de dor) a dez (pior dor imaginável) de acordo
com a Escala Numérica Verbal.
Desde que está com dor, o seu animal apresentou aumento, diminuição ou o
apresentou alteração em relação a: ansiedade, alegria, tristeza, carência, medo,
docilidade, agressividade, vocalização, mobilidade, higiene, brincadeiras,
curiosidade, sono, apetite, sociabilidade e interesse? (WISEMAN et al., 2001)
5.5.2 Informações coletadas em relação ao emprego do tramadol
Doses e freqüência mínima e máxima do tramadol.
Prescrição de fármacos adjuvantes e realização de cuidados paliativos.
Principais efeitos adversos causados pelo tramadol.
Tempo total de tratamento em dias.
Avaliação da dor através da ENV (proprietário e pesquisador).
Escore de QV.
5.6 MOMENTOS DE AVALIAÇÃO PARA ANÁLISE DA TERAPÊUTICA
Para a coleta dos dados dos animais incluídos na avaliação da eficácia terapêutica
analgésica e paliativa, optou-se por analisar 3 momentos: primeira consulta, primeiro retorno
(7 dias), segundo retorno (14dias).
Material e Métodos
FLÔR; P. B.
39
5.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA
As variáveis obtidas foram confrontadas estatisticamente através de provas
paramétricas, utilizando-se para tal a análise de variância ANOVA seguida do teste de Tukey-
Kramer,bem como dos testes de Freidman e Wilcoxon através de programa de computador
(SPSS) para comparação dos valores obtidos nos diferentes tempos de observação. Foi
estabelecido o grau de significância de 5% (p<0,05).
As variáveis não paramétricas foram analisadas através do Teste de Mann-Whitney-U.
Resultados
FLÔR, P. B.
40
6 RESULTADOS
Foram encaminhados para o estudo 130 cães com câncer, 53 machos (40,77%) e 77
fêmeas (59,23%), no período de agosto de 2004 a março de 2006 (Apêndices B a D, Quadros
2 a 4). Cães com idade entre 10 a 14 anos foram os de maior freqüência, seguidos de animais
de 5 a 9 anos (Tabela 1). As raças mais freqüentes foram os cães sem raça definida, seguida
de Rottweiller, Pastor Alemão, Poodle e Boxer (Tabela 2).
Tabela 1 – Idade dos 130 cães atendidos durante o estudo
Idade Número de cães %
< 5 anos 8 6,15
5 a 9 anos 28 21,54
10 a 14 anos 82 63,08
> 14 anos 07 5,38
Desconhecida 05 3,85
Total 130 100
Tabela 2 – Distribuição racial dos 130 cães atendidos durante o estudo
Raça Número de cães %
Sem raça definida 34 26,15
Rottweiller 15 11,54
Pastor Alemão 14 10,77
Poodle 13 10,00
Boxer 7 5,38
Cocker Spaniel 4 3,08
Fila Brasileiro 4 3,08
Fox Paulistinha 4 3,08
Husky Siberiano 4 3,08
Bassethound 3 2,30
Labrador 3 2,30
Akita 2 1,54
Dachshund 2 1,54
Dobermann 2 1,54
Dog Alemão 2 1,54
Pastor Belga 2 1,54
Pinscher 2 1,54
Setter Irlandês 2 1,54
Outras 11 8,46
Total 130 100
Resultados
FLÔR, P. B.
41
Em relação à presença de metástases, 54 cães (41,54%) apresentavam metástase
visível aos exames complementares como radiografia e ultra-sonografia e 76 cães (58,46%)
não apresentavam sinais de metástase na consulta. Em relação ao local primário do tumor, os
ossos, tecidos moles e glândula mamária foram os locais de maior incidência (Tabela 3)
(Apêndices E a G, Quadros 5 a 7).
Tabela 3 Localização do tumor primário dos 130 cães atendidos
durante o estudo
Localização do tumor primário mero de cães
%
Osso 45 34,61
Tecidos moles 29 22,31
Glândula Mamária 19 14,62
Fígado 11 8,46
Baço 7 5,38
Boca e nariz 6 4,61
Pulmão 5 3,85
Linfático 3 2,31
Testículo e bolsa escrotal 2 1,54
Intestino 1 0,77
Mediastino 1 0,77
Vesícula urinária 1 0,77
Total 130 100
As principais alterações e sintomas relatados pelos proprietários no momento de
instituição da terapêutica com o tramadol foram dor, disorexia, aumento de volume,
claudicação e dificuldade respiratória, dentre outras demonstradas na tabela 4 (Apêndices H a
K, Quadros 8 a 11). Além das alterações citadas, outras 44 foram relatadas com freqüência
igual ou inferior a 4. Três proprietários não relataram quaisquer sinais ou alterações ocorridas
e 1 não soube relatar. O período médio de tempo em dias transcorridos depois do início das
alterações até a data da primeira avaliação do paciente pelo pesquisador foi de 85,96 ± 92,82.
Resultados
FLÔR, P. B.
42
Tabela 4 Principais sinais e alterações relatados pelos proprietários dos
130 cães atendidos durante o estudo
Principais Sinais e Alterações Número de proprietário %
Dor 46 35,38
Disorexia 35 26,92
Aumento de volume 34 26,15
Claudicação 25 19,23
Dificuldade respiratória 12 9,23
Tosse 10 7,7
Dificuldade locomotora 8 6,15
Emagrecimento 8 6,15
Cansaço fácil 7 5,38
Prostração 7 5,38
Emese 7 5,38
Em relação à avaliação da dor, somente 7 proprietários (5,38 %) apresentaram
dificuldade em avaliar a dor através da ENV. Nenhum proprietário apresentou dificuldade em
responder o questionário de qualidade de vida durante todo o estudo.
Dos 130 cães encaminhados para o estudo 34 (26,15%) não retornaram, 4 (3,08%)
foram eutanasiados e 1 (0,76%) morreu antes de ser iniciado o tratamento com o tramadol.
Não retornaram após a consulta onde se iniciou a terapia com o tramadol 19 (14,61%)
animais, outros 7 (5,38%) foram eutanasiados no primeiro retorno e 1 (0,76%) morreu antes
do primeiro retorno. As causas mais freqüentes para a realização da eutanásia foram
insuficiência respiratória grave, emese não controlada, caquexia e anorexia, obstrução
gastrintestinal e por opção do proprietário. Somente 37 cães obedeceram aos critérios de
inclusão para análise da terapia analgésica com o emprego do tramadol, os motivos pelos
quais os animais foram excluídos e a freqüência em que ocorreram estão relatados na tabela 5
(Apêndice L a N, Quadros 12 a 14). Vale ainda dizer que todos os animais, inclusive os
excluídos do presente estudo, receberam tratamento para o controle da dor oncológica e
cuidados paliativos. O tempo dio de tratamento foi de 45,35 dias ± 33,57, sendo o
tratamento mínimo de 15 dias e o máximo 154 dias.
Resultados
FLÔR, P. B.
43
Tabela 5 – Motivos de exclusão, número de animais excluídos e porcentagem do total de animais
avaliados (130) e porcentagem do total dos animais excluídos (93).
Motivos de exclusão Número Porcetagem do total Porcetagem dos
excluídos
Não retornaram após avaliação prévia 34 26,15 36,56
Não retornaram após consulta 19 14,51 20,43
ENV < 4 8 6,15 8,60
Eutanásia no primeiro retorno 7 5,38 7,53
Proprietário não medicou corretamente 7 5,38 7,53
Animal medicado com outro opióide 6 4,62 6,45
Eutanásia após avaliação prévia 4 3,08 4,30
Proprietário não soube quantificar a dor
através da ENV
4 3,08 4,30
Animal irascível 1 0,76 1,08
Dor crônica não oncológica 1 0,76 1,08
Não medicou com dipirona 1 0,76 1,08
Òbito após avaliação prévia 1 0,76 1,08
Óbito após consulta 1 0,76 1,08
As principais alterações comportamentais percebidas desde o início dos sintomas e
relatadas pelos proprietários dos 37 animais que perfazem os grupos de estudo foram o
aumento da carência e redução da mobilidade, alegria, disposição para brincadeiras, apetite,
curiosidade e interesse, dentre outras alterações demonstradas e quantificadas na tabela 6.
Tabela 6 Principais alterações comportamentais relatas pelos proprietários dos 37 cães submetidos no
momento de instituição da terapêutica com o tramadol
Aumentou Não Mudou Diminuiu Comportamento
Número % Número % mero %
Sono 16 43,24 11 29,73 10 27,03
Apetite 1 2,70 14 37,84 22 59,46
Ansiedade 2 5,41 24 64,86 11 29,73
Alegria 0 0 9 24,32 28 75,68
Carência 18 48,65 13 35,14 6 16,21
Medo 5 13,51 31 83,79 1 2,7
Agressividade 7 18,92 29 78,38 1 2,70
Vocalização 13 35,14 19 51,35 5 13,51
Mobilidade 0 0 7 18,92 30 81,08
Higiene 3 8,11 24 64,86 10 27,03
Brincadeiras 0 0 7 18,92 30 81,08
Curiosidade 0 0 22 59,46 15 40,54
Sociabilidade 1 2,70 23 61,16 13 35,14
Interesse 0 0 19 51,35 18 48,65
Resultados
FLÔR, P. B.
44
De acordo com a avaliação dos proprietários, a média de dor dos animais avaliados
através da ENV no momento de instituição da terapêutica com o tramadol foi de 6,11 ± 1,81 e
o escore de qualidade de vida foi 21,95 ± 5,96. Já adia de dor dos animais através da ENV
neste mesmo momento de acordo com o pesquisador foi de 5,24 ± 1,44.
A avaliação da dor realizada, nos dif2 f2s momntos durante o tratamnto, pelo
proprietário e pesquisador através da ENV, es demonsrada na tabela 7. Observou-se
Resultados
FLÔR, P. B.
45
y = 0,241x + 4,8447
R
2
= 0,0369
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0 2 4 6 8 10
ENV Proporietário
ENV Pesquisador
Figura 1 – Correlação entre a avaliação de dor realizada pelo proprietário
e pesquisador através da Escala Numérica Verbal (ENV) na
consulta
y = 0,9936x - 0,0584
R
2
= 0,4312
-2
0
2
4
6
8
10
0 2 4 6 8 10
ENV Proprietário
ENV Pesquisador
Figura 2 – Correlação entre a avaliação de dor realizada pelo proprietário
e pesquisador através da Escala Numérica Verbal (ENV) no
primeiro retorno
Resultados
FLÔR, P. B.
46
y = 0,8888x + 0,0212
R
2
= 0,6365
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0 2 4 6 8 10
ENV Proprietário
ENV Pesquisador
Figura 3 – Correlação entre a avaliação de dor realizada pelo proprietário
e pesquisador através da Escala Numérica Verbal (ENV) no
segundo retorno
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
5,5
6
6,5
Consulta 1º retorno 2º retorno
ENV
ENV pesq.
ENV prop.
Figura 4 Avaliação da dor dos 37 animais realizada através da Escala
Numérica Verbal (ENV) nos 3 diferentes momentos de
avaliação durante o experimento
Resultados
FLÔR, P. B.
47
Na opinião do pesquisador a intensidade da dor, no momento de instituição da
terapêutica com o tramadol, foi considerada leve em 3 (8,01%) dos pacientes, moderada em
26 (70,27%) e intensa em 8 (21,62%); porém na avaliação do proprietário, determinante para
o início do tratamento, a dor foi considerada moderada em 23 (62,16%) e intensa em 14
(37,83%) dos 37 animais incluídos no estudo, os animais com intensidade da dor considerada
leve pelo proprietário foram excluídos do estudo.
No primeiro retorno verificou-se melhora da dor em 29 (78,38%) dos pacientes, na
opinião do pesquisador, e em 31 (83,78%) na opinião do proprietário. Neste momento foi
realizada correção da dose do tramadol, considerando-se a intensidade da dor relatada pelo
proprietário, em 20 (54,05%) dos 37 cães (ENV superior a 4).
No segundo retorno 31 (83,78%) dos animais, na opinião do pesquisador, e 34
(91,89%), na do proprietário apresentaram alívio da dor em relação à consulta inicial, sendo
que 28 (75,68%) destes obtiveram ENV inferior a 4 na opinião de ambos avaliadores.
O escore de qualidade de vida obtido pelos cães no primeiro e segundo retornos foi
considerado estatisticamente superior ao início do tratamento (p<0,0001) vale ainda dizer que
houve aumento do escore de qualidade de vida no segundo retorno em relação ao primeiro
com grau de significância p<0,045 conforme dados da tabela 8 e figura 5. A avaliação
individual da qualidade de vida, nos 3 diferentes momentos em cada grupo, está demonstrada
nos quadros 15 a 17 (Apêndice Q a R).
Tabela 8 Médias do escore de qualidade de vida dos 37 cães incluídos para avaliação da terapia
analgésica com tramadol nos diferentes momentos de avaliação
Momentos Consulta Primeiro Retorno Segundo Retorno
Qualidade de Vida
21,95 ± 5,96 25,49 ± 4,89 26,59 ± 4,83
Resultados
FLÔR, P. B.
48
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
Consulta retorno 2º retorno
Qualidade de vida
Figura 5 – Média dos escores de qualidade de vida dos 37 cães nos
diferentes momentos de avaliação durante o tratamento
Em relação aos rmacos utilizados para o controle de efeitos adversos e cuidados
paliativos, utilizou-se com maior freqüência o omeprazol, os antibióticos, a ranitidina, a
metoclopramida, os anti-sépticos e a dimeticona (Tabela 9). Cirurgia paliativa foi realizada
em 3 cães, sendo 2 amputações e 1 pneumectomia, abdominocentese para drenagem de
líquido ascítico foi realizada em 2 cães e curativos diários foram necessários em 5 cães.
Tabela 9 Fármacos empregados para controle de efeitos
adversos e sintomas dos 37 cães incluídos no estudo
Fármacos Total de cães %
Omeprazol 14 37,83
Antibióticos 9 24,32
Ranitidina 7 18,92
Anti-sépticos 5 13,51
Dimeticona 4 10,81
Escopolamina 3 8,11
Espironolactona 3 8,11
Supositório de glicerina 3 8,11
Furosemida 2 5,41
Metoclopramida 2 5,41
Óleo mineral 2 5,41
Anti-séptico e spray bucal 1 2,70
Resultados
FLÔR, P. B.
49
A amitriptilina foi empregada em 9 cães com suspeita de dor neuropática, na dose de
0,5 a 1mg/Kg a cada 24 horas, pela via oral.
A distribuição dos 37 animais em 3 grupos diferentes foi realizada conforme a
indicação ou não de prescrição de antiinflamatórios não esteroidais ou esteroidais. A tabale 10
relaciona a conformação dos grupos.
Tabela 10 – Associações de fármacos associada a cada grupo e número total de animais em cada
Grupos Associações de fármacos mero de animais
Grupo DT Dipirona + tramadol 8
Grupo DAINET Dipirona + antiinflamatório não esteroidal + tramadol 23
Grupo DET Dipirona + antiinflamatório esteroidal + tramadol 6
Total 37
A dia e o desvio padrão do escore de dor e do escore de qualidade de vida dos
grupos nos diferentes momentos de avaliação, bem como sua avaliação estatística, estão
demonstrados nas de tabela 11 a 13 e nas figuras de 6 a 9.
Tabela 11 Avaliação da dor realizada pelo proprietário e pesquisador através da
Escala Numérica Verbal (ENV) e valor do escore de qualidade de vida
(QV) dos cães incluídos para avaliação da terapia analgésica com tramadol
no Grupo DT
Momentos ENV Pesquisador
ENV Proprietário
Qualidade de
vida
Consulta
5,25 ± 1,49
a
5,25 ± 2,05
a
21,50 ± 4,75
a
Primeiro Retorno
3,25 ± 1,67
b
2,25 ± 2,05
b
24,00 ± 5,40
ab
Segundo Retorno
2,25 ±1,49
b
1,88 ±1,36
b
26,00 ± 4,04
b
Grau de
significância
p<0,015 p<0,018 p<0,012
Letras minúsculas distintas na mesma linha indicam diferenças estatísticas entre si.
Resultados
FLÔR, P. B.
50
Tabela 12 Avaliação da dor realizada pelo proprietário e pesquisador através da
Escala Numérica Verbal (ENV) e valor do escore de qualidade de vida
(QV) dos cães incluídos para avaliação da terapia analgésica com
tramadol no Grupo DAINET
Momentos ENV Pesquisador
ENV Proprietário
Qualidade de
vida
Consulta
5,04 ± 1,36
a
6,35 ± 1,80
a
22,35 ± 6,83
a
Primeiro Retorno
3,89 ± 1,22
b
4,17 ± 1,92
b
25,57 ± 4,48
b
Segundo Retorno
3,00 ±1,60
c
2,70 ±1,66
c
26,74 ± 5,13
c
Grau de
significância
p<0,016 p<0,0001 p<0,03
Letras minúsculas distintas na mesma linha indicam diferenças estatísticas entre si.
Tabela 13 Avaliação da dor realizada pelo proprietário e pesquisador através da
Escala Numérica Verbal (ENV) e valor do escore de qualidade de vida
(QV) dos cães incluídos para avaliação da terapia analgésica com
tramadol no Grupo DET
Momentos ENV Pesquisador
ENV Proprietário
Qualidade de
vida
Consulta
6,00 ± 1,67
a
6,33 ± 1,36
a
21,00 ± 4,10
a
Primeiro Retorno
2,50 ± 1,38
b
2,16 ± 1,94
b
27,17 ± 5,99
ab
Segundo Retorno
3,17 ± 1,94
b
3,00 ± 2,75
b
26,83 ± 5,40
b
Grau de
significância
p<0,003 p<0,009 p<0,03
Letras minúsculas distintas na mesma linha indicam diferenças estatísticas entre si.
Resultados
FLÔR, P. B.
51
0
1
2
3
4
5
6
Consulta 1º retorno 2º retorno
ENV
ENV pesq
ENV prop
Figura 6 – Avaliação da dor dos animais do Grupo DT, realizada através da
Escala Numérica Verbal (ENV) nos 3 diferentes momentos de
avaliação durante o experimento
0
1
2
3
4
5
6
7
Consulta retorno 2º retorno
ENV
ENV pesq
ENV prop
Figura 7 Avaliação da dor dos animais do Grupo DAINET, realizada
através da Escala Numérica Verbal (ENV) nos 3 diferentes
momentos de avaliação durante o experimento
Resultados
FLÔR, P. B.
52
0
1
2
3
4
5
6
7
Consulta 1º retorno 2º retorno
ENV
ENV pesq
ENV prop
Figura 8 Avaliação da dor dos animais do Grupo DET, realizada através
da Escala Numérica Verbal (ENV) nos 3 diferentes momentos
de avaliação durante o experimento
20
21
22
23
24
25
26
27
28
Consulta 1º retorno retorno
QV
G I
G II
GIII
Figura 9 Escore de qualidade de vida dos grupos nos 3 diferentes
momentos de avaliação durante o experimento
Resultados
FLÔR, P. B.
53
O tramadol foi prescrito para todos os 37 animais que participaram do estudo, destes
11 (29,73%) apresentaram efeitos adversos relacionados ao uso do tramadol, sendo que em
apenas um animal foi necessária a interrupção do tratamento. Os efeitos adversos observados
foram sonolência em 6 (16,22%) cães, constipação e emese em 2 (5,41%) cães e excitação em
um (2,71%) cão. Distribuindo os animais que apresentaram efeitos adversos entre os grupos
estabelecidos no delineamento deste estudo observa-se que 1 animal no Grupo DT, 8 no
Grupo DAINET e 2 no Grupo DET.
A dose inicial preconizada do tramadol foi de 2mg/Kg a cada 8 horas, por via oral,
sendo esta dose foi reajustada no retorno caso o valor de ENV relata pelo proprietário fosse
maior que 4. Durante o segundo retorno o acerto da dose foi analisada para cada animal que
apresentou ENV>4, as doses obtidas variaram de 2,3 a 3mg/Kg a cada 8 horas, pela via oral.
Para realização da análise no estudo foi utilizada apenas os primeiros 15 dias de tratamento
devido ao número de animais que permaneceram em tratamento após esse momento, no
entanto todos os animais continuaram o tratamento dentro dos parâmetros estipulados para
este estudo. A dose máxima do tramadol alcançada ao longo do tratamento foi de 4,5mg/Kg a
cada 6 horas, por via oral.
Discussão
FLÔR, P. B.
54
7 DISCUSSÃO
O objetivo principal da assistência realizada é o conforto dos animais e a melhora da
qualidade de vida, portanto o controle eficaz da dor é de extrema importância para se obter os
resultados almejados, podendo também evitar a morte ou eutanásia precoce
O aumento da expectativa de vida dos animais de estimação e o conseqüente aumento
da incidência de doenças crônicas relacionadas à idade avançada, deve-se à evolução da
prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças na clínica de pequenos animais (LESTER;
GAYNOR, 2000; WITHROW, 2001). O câncer tem sido apontado por vários autores, como a
maior causa de morbidade e mortalidade em animais idosos de companhia (BRONSON,
1982; PROSCHOWSKY et al., 2003; WITHROW, 2001). A maioria dos cães (72,31%)
encaminhados ao estudo tinha idade superior a 10 anos, o que vem a confirmar as
informações da literatura e o resultado do estudo realizado por Bronson (1982), onde se
observou um aumento da incidência de óbito por neoplasias em animais com idade superior a
10 anos.
Em relação à localização primária da neoplasia, ossos (34,61%) e tecidos moles
(22,31%) foram os locais de maior ocorrência no estudo, seguidos de glândula mamária,
fígado e baço. No estudo realizado por Dobson et al. (2002) os tumores de pele e de tecidos
moles são os de maior incidência no Reino Unido. o existem estudos correlacionando a
intensidade da dor, local e tipo de neoplasia em cães, somente alguns estudos
epidemiológicos. Sabe-se que a dor somática, causada pela invasão do tumor em ossos,
músculos e pele é de difícil controle e de grau intenso (ANDRADE FILHO, 2002;
PORTENOY; LESAGE, 1999), podendo ser o motivo da elevada ocorrência de cães com
neoplasias ósseas no presente estudo.
A dor é considerada o principal sintoma relatado por pacientes humanos com ncer
avançado (SKAER; PHARM, 1993). A importância do alívio da dor em animais foi aceita
somente nas últimas décadas do século passado onde, consensos em relação ao seu tratamento
e prevenção, foram publicados na literatura médica veterinária (ACVA, 1998;
HELLEBREKERS, 2002). No presente estudo, todos os proprietários foram interrogados em
relação as principais alterações e sinais apresentados pelo cão desde o início da doença, e a
dor foi apontada como o principal sinal em 35,38% dos cães, seguido de disorexia (26,92%),
aumento de volume (26,15%) e claudicação (19,23%). Esse percentual pode ser considerado
Discussão
FLÔR, P. B.
55
ainda maior se a disorexia e a claudicação forem consideradas como manifestação de dor por
muitos animais e assim, não percebida e interpretada como dor pelos proprietários. Não se
pode generalizar essa informação e confrontá-la com a situação de pacientes humanos, que
não foram avaliados todos os cães com ncer atendidos no hospital durante o estudo e
somente os animais encaminhados para o Grupo de Dor.
Segundo Wiseman et al. (2004) a dor pode causar alterações comportamentais
importantes em cães com dor crônica secundária a doença articular degenerativa como
redução da mobilidade, atividade, apetite, curiosidade, sociabilidade e disposição para
brincadeiras e aumento da dependência, agressividade, ansiedade, comportamentos
compulsivos, medo, vocalização e mobilidade. No presente estudo, observou-se as alterações
comportamentais de 37 cães com dor secundária a neoplasias de intensidade moderada a
intensa. Dentre as principais alterações observou-se aumento da carência em 48,65% dos cães
e do período de sono (43,24%) e redução da mobilidade (81,08%), disposição para
brincadeiras (81,08%), alegria (75,68%), apetite (59,46%) e interesse (48,65%). A maioria
dos proprietários não relataram alterações em relação à ansiedade, medo, agressividade,
vocalização, higiene e sociabilidade, como demonstrado por Wiseman et al. (2004). As
alterações comportamentais também podem variar de acordo com a intensidade da dor, mas
no presente estudo a maioria dos cães apresentava-se com dor moderada (6,10 ± 1,88) no
momento da avaliação comportamental (primeira consulta).
O reconhecimento da dor em animais é difícil e muitas vezes frustrante (GAYNOR,
2001), por ser extremamente subjetivo e baseado em parâmetros fisiológicos e
comportamentais (LESTER; GAYNOR, 2000). As alterações comportamentais podem ser
graduais e somente perceptíveis por pessoas familiarizadas com o comportamento normal do
animal, portanto de acordo com Wiseman et al. (2001) a pessoa mais indicada e apta a avaliar
dor crônica é o proprietário ou o cuidador do animal. Até o momento não existem escalas de
avaliação de dor crônica em cães, somente a indicação de uso da Escala Numérica Verbal
(ENV) de zero a dez pelo cuidador e pelo pesquisador (AMARAL et al., 1996; LESTER;
GAYNOR, 2001). Somente 5,38% dos proprietários não souberam avaliar a dor através da
ENV na primeira consulta. Isto demonstra a simplicidade de compreensão da escala numérica
verbal e a viabilidade do seu uso durante a avaliação do tratamento da dor crônica em cães.
No presente estudo, os cães foram avaliados pelo mesmo pesquisador e cuidador ou
proprietário durante todo o tratamento e para análise dos resultados consideraram-se as
avaliações da primeira consulta, do primeiro retorno e do segundo retorno. Observou-se uma
Discussão
FLÔR, P. B.
56
correlação positiva entre as notas aferidas pelo pesquisador e proprietário em todos os
momentos.
Outro parâmetro e instrumento para a avaliação da eficácia do tratamento do câncer e
da dor oncológica, é a quantificação da qualidade de vida através de escalas (KAASA et al.,
1988; OSOBA, 1992; SPRANGERS, 2002). Atualmente acredita-se que a dor é de grande
importância clínica resultando em sofrimento e redução da qualidade de vida do animal ,
sendo de extrema importância aliviá-la e tratá-la (MCMILLAN, 2003; ROBERTSON, 2002)
Desde então, muitos esforços estão sendo realizados para o desenvolvimento de escalas de
avaliação de qualidade de vida em cães. Durante a realização deste estudo, utilizou-se uma
escala para avaliação da qualidade de vida em animais com sinais de dor secundária ao câncer
validada para a espécie canina (YAZBEK; FANTONI, 2005). Nenhum proprietário
apresentou dificuldade em respondê-la, apresentando-se como um instrumento útil e de fácil
aplicação na rotina clínica. A utilização da escala de qualidade de vida em associação com a
escala numérica verbal permitiu reduzir a subjetividade da avaliação da dor dos cães incluídos
no estudo.
O principal motivo de exclusão dos animais foi a desistência e a impossibilidade em
retornar relatada por muitos proprietários para acompanhamento periódico. Sendo assim, para
avaliação do tratamento, somente foram incluídos 37 cães dos 130 cães atendidos durante o
estudo. Vale ressaltar que nenhum animal encaminhado para o estudo ficou sem tratamento e
este foi realizado de acordo com as possibilidades do proprietário e do animal.
Classificando a eficácia do tratamento realizado com o tramadol em três categorias:
alívio da dor (ENVinicial > ENVfinal e ENVfinal < 4), melhora insatisfatória (ENVinicial >
ENVfinal e ENVfinal > 4) e ausência de melhora (ENVinicial ENVfinal) (TEIXEIRA et al,
1999) pode-se afirmar que ocorreu alívio inicial no primeiro retorno em 17 (45,95%) dos
animais, melhora insatisfatória em 14 (37,83%) e não houve melhora em 6 (16,21%) na
opinião do proprietário. Analisando a opinião do pesquisador verificou-se que ocorreu alivio
em 20 (75,68%), melhora insatisfatória em 9 (24,32%) e não houve melhora em 8 (31,62%)
dos cães. Desta maneira, no primeiro retorno 83,78% e 78,28% dos pacientes, na opinião de
proprietário e pesquisador respectivamente, experimentaram alguma melhora da dor.
Seguindo esta mesma classificação observou-se que, no segundo retorno após acerto
da dose do tramadol, o alívio da dor foi obtido em 28 (75,68%) animais na opinião de
proprietário e pesquisador e melhora insatisfatória em 6 (16,21%) e 7 (18,91%) pacientes, de
acordo com o proprietário e pesquisador respectivamente. Esses dados confirmam o reportado
Discussão
FLÔR, P. B.
57
na medicina humana por Teixeira et al. (1999) que observaram melhora da dor em 82,5% dos
pacientes portadores de dor oncológica avaliados, quando medicados com tramadol.
Rodrigues e Rodrigues-Pereira (1989) descreveram a obtenção de boa analgesia em 70% dos
pacientes tratados com tramadol, ressaltando que os resultados insatisfatórios ocorreram com
maior freqüência nos pacientes com dor neurapática associada.
A literatura carece de informações referentes ao emprego de tramadol na dor crônica.
Quando comparado com morfina de liberação lenta, o adequado alívio da dor foi obtido em
58 a 88% dos pacientes tratados com tramadol enquanto que a morfina promoveu melhora em
67 a 100% dos pacientes que perfizeram estes estudos (RADBRUCH et al, 1996).
Quando comparados os grupos separadamente verifica-se que o grupo DAINET
apresentou diferença estatística significante em todos os parâmetros avaliados em relação aos
momentos avaliados, já os grupos DT e DET apresentaram diferença estatística apenas
quando comparados primeira consulta e segundo retorno. a possibilidade do ocorrido
Discussão
FLÔR, P. B.
58
individualizada. Ainda as causas de dor, nos animais estudados, também são variadas o que
mais uma vez dificulta o estabelecimento de uma dose padrão para os cães, de modo geral,
com câncer.
O tramadol é um agente bem tolerado (LEWIS; HAN, 1997; PEREIRA, 1989; RICO
et al, 2000; RODRIGUES; TEIXEIRA et al, 1999; WILLIANS, 1997). Os efeitos adversos
manifestados em 29,73% dos animais desta casuística foram de pequena monta. Foram
representados especialmente por sonolência, constirpação e emese, sendo que apenas um
animal necessitou interromper o tratamento devido aos efeitos adversos apresentados, o que
indica que foi possível ou aceitável a ocorrência destes efeitos adversos. Em estudos
realizados no homem, Teixeira et al (1999), observaram efeitos adversos em 28,4% de um
total 1355 pacientes tratados com tramadol, Lewis e Han relatam a ocorrência em 15,3% em
13.802 pacientes medicados com o mesmo fármaco. Outros autores ainda relatam a
freqüência de 20% de efeitos adversos em seus estudos (RODRIGUES; PEREIRA, 1989).
Em relação à QV, observou-se aumento dos escores na avaliação realizada no primeiro
retorno e no segundo retorno, considerado estatisticamente significativo.
Para amenizar a incidência dos efeitos adversos e de alterações causadas pela própria
neoplasia, necessitou-se principalmente de rmacos como omeprazol, antibióticos
(ampicilina e enrofloxacina), metoclopramida, ranitidina e dimeticona. Na opinião do
pesquisador, o emprego desses fármacos e a realização de cuidados paliativos de maneira
geral, foi de extrema importância na manutenção da qualidade de vida dos animais incluídos
no estudo, apesar da incidência de efeitos adversos. Este fato vem a corroborar com a
importância dada aos cuidados paliativos na literatura dica (ANDRADE FILHO, 2001;
PESSINI et al., 2003) e enfatizar a necessidade da sua realização para animais com doenças
crônicas.
Slater et al. (1996) realizaram um estudo em gatos com câncer onde todos os
proprietários basearam-se na avaliação da qualidade de vida para a decisão da eutanásia. No
presente estudo, observou-se que o questionário de avaliação da qualidade de vida foi também
de extrema importância para a decisão da eutanásia durante a realização do estudo, que as
questões permitiram avaliar situações que cursam com extremo desconforto para o animal. O
questionário permitiu maior interação e oportunidade de debate e discussão entre o
proprietário e o pesquisador. Atualmente esta situação ocorre na oncologia humana, onde a
mensuração da qualidade de vida tem sido sugerida para avaliar o alívio dos sintomas e
comparar a resposta aos tratamentos (BARROS, 2001) além de monitorar o impacto da dor e
Discussão
FLÔR, P. B.
59
dos seus diversos tratamentos na sobrevida e qualidade de vida dos pacientes (CELLA;
TULSKY, 1990; FRANSSON et al., 2001; GANZ, et al. 1991; KAASA et al., 1988; OSOBA,
1992). Essa situação também demonstra a expectativa dos proprietários que além da redução
do tumor, desejam o alívio dos sintomas e a manutenção da qualidade de vida e bem estar do
animal como demonstrado por Bronden et al. (2003).
Ao término deste estudo, vislumbra-se o extenso campo de pesquisas para aprofundar
a terapêutica e o acompanhamento dos animais com câncer. O emprego de opióides aliados à
instituição de protocolos padronizados pode ser fundamental para melhor compreender a
eficácia do tratamento proposto, e a evolução da doença, o que ensejaria novos trabalhos.
Outro aspecto que deve ser mencionado é a necessidade de discussão interdisciplinar a fim de
melhorar a estratégia terapêutica, sugerindo maior número de intervenções cirúrgicas mesmo
que paliativas. O médico veterinário deve estar aberto a este novo conceito terapêutico,
permitindo que um número cada vez maior de animais possa se beneficiar.
Conclusões
FLÔR, P. B.
60
8 CONCLUSÕES
A análise dos resultados obtidos permitiu concluir que:
1. O tramadol demonstrou-se eficaz para o controle da dor de intensidade moderada à
intensa em cães portadores de dor oncológica.
2. Apesar da ocorrência de efeitos adversos o uso do tramadol no controle da dor
oncológica é factível, sendo seguro o seu emprego nestes animais.
3. o foi possível estabelecer o melhor esquema terapêutico no que diz respeito às
doses e intervalos de administração, porém pode-se afirmar que a correção da dose do
tramadol deve ser realizada individualmente.
4. O uso do tramadol acarreta a ocorrência de efeitos adversos, tais como: sonolência,
constipação, emese e excitação.
FLÔR, P. B.
61
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TEIXEIRA, M. J.; OKADA, M.; TEIXEIRA, W. G. J. Eficácia analgésica e tolerabilidade do
tramadol. Revista Brasileira de Medicina, v. 56, n. 4, p. 287-293, 1999.
YAZBEK, K. V. B.; Manutenção da qualidade de vida em cães com câncer:tratamento da
dor e cuidados paliativos. 2005. 114 f. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária) – Faculdade
de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.
YAZBEK, K. V. B.; FANTONI, D. T. Validity of a health-related, quality-of-life scale for dogs
with signs of pain secondary to cancer. Journal of American Veterinary Medical Association,
v. 226, n. 8, p.1354-1358, 2005.
YAZBEK, K. V. B.; FANTONI, D. T.; MACHADO, A.; MATSUDA, E. I.; ALMEIDA, T. I.
Estudo comparativo entre o tramadol e flunexin-meglumine no controle da dor pós-operatória em
cães. CONGRESSO BRASILEIRO DA ASSOCIAÇÃO DE CLÍNICOS VETERINÁRIOS DE
PEQUENOS ANIMAIS, 20, 1999, Lindóia, Anais...
WILLIAMS, H. J. Tramadol hydrochloride: something new in oral analgesic therapy. Current
Therapeutic Research, v. 58, n. 4, p. 215-226.
WISEMAN, M. L.; NOLAN, A. M.; REID, J.; SCOTT, E. M. Preliminary study on owner-
reported behaviour changes associated with chronic pain in dogs. Veterinary Record, v. 149, p.
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WITHROW, S. J. Why worry about cancer in pets? In: WITHROW, S. J.; MACEWEN, E. G.
Small animal clinical oncology. W. B. Saunders Company, 2001. p. 219-232.
FLÔR, P. B.
69
APÊNDICES
FLÔR, P. B.
70
APÊNDICE A
Quadro de medicações entregue para todos os proprietários
Nome: Prontuário: Data: / /
Horário
Medicamentos
4 h 6 h 8 h 10 h 12 h 14 h 16 h 18 h 20 h 22 h
24 h
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
FLÔR, P. B.
71
APÊNDICE B
1- SRD: Sem raça definida
2- D: Desconhecida
Quadro 2 Número de identificação, nome, número do prontuário de inscrição no Hospital
Veterinário da FMVZ-USP, raça, idade (anos) e sexo dos cães atendidos durante o
estudo (cães número 1 a 45)
Número Nome Prontuário
HOVET
Raça Idade
(anos)
Sexo
1 Hooch 139849 SRD
1
13 Macho
2 Panki 127199 SRD
1
9 Fêmea
3 Smira 153832 Cocker Spaniel 13 Fêmea
4 Nelly 153685 SRD
1
10 Fêmea
5 Laika 154436 Pastor Alemão 8 Fêmea
6 Ralph 154134 Poodle 2 Macho
7 Ursa 134567 Pastor Alemão 8 Fêmea
8 Paco 154680 Poodle 14 Macho
9 Wendy 154702 Dachshund 4 Fêmea
10 Atila 46765 Boxer 10 Macho
11 Canaã 153657 Rottweiler 10 Fêmea
12 Pupi 40392 SRD
1
12 Fêmea
13 Carol 155711 Mastin Napolitano 10 Fêmea
14 Kirra 154331 Pit Bull 10 Fêmea
15 Pitucha 102806 Fox Paulistinha 10 Fêmea
16 Roller 156184 Labrador 10 Fêmea
17 Kuma 155333 Akita 10 Macho
18 Astor 156495 Akita 10 Macho
19 Tina 151263 Fila Brasileiro 13 Fêmea
20 Toby 156029 Rottweiller 5 Macho
21 Agata 63149 Boxer 10 Fêmea
22 Shumi 156577 Pastor Alemão 0,5 Macho
23 Princesa 156584 SRD
1
11 Fêmea
24 Nona 155658 Rottweiller 6 Fêmea
25 Filomena 147902 Bassethound 6 Fêmea
26 Sadan 157090 SRD
1
10 Macho
27 Sandrinha 157290 Pastor Alemão 5 Fêmea
28 Pedrita 157218 Poodle 11 Fêmea
29 Billy 157223 Boxer 9 Macho
30 Vitória 154948 Rottweiller 10 Fêmea
31 Yngwie 157379 Poodle 13 Macho
32 Negão 155256 SRD
1
4 Macho
33 Zeus 157057 Rottweiller 5 Macho
34 Catuxa 158080 SRD
1
11 Fêmea
35 Kuro 150375 SRD
1
10 Fêmea
36 Tryska 158186 Boxer 0,6 Fêmea
37 Fred 158156 Pastor Alemão 8 Macho
38 Bilu 147966 SRD
1
12 Fêmea
39 Duque 158193 Dog Alemão 7 Macho
40 Sofia 158699 SRD
1
2 Fêmea
41 Princesa 136075 SRD
1
11 Fêmea
42 Jerry Lee 149996 Pastor Alemão 11 Macho
43 Piter 150434 Rottweiller 8 Macho
44 King 138617 SRD
1
10 Macho
45 Luana 126517 Poodle D
2
Fêmea
FLÔR, P. B.
72
APÊNDICE C
3- SRD: Sem raça definida.
4- D: Desconhecida.
Quadro 3 – Número de identificação, nome, número do
FLÔR, P. B.
73
APÊNDICE D
5- SRD: Sem raça definida.
Quadro 4 Número de identificação, nome, número do prontuário de inscrição no Hospital
Veterinário da FMVZ-USP, raça, idade (anos) e sexo dos cães atendidos durante o estudo
(cães número 91 a 130)
Número Nome Prontuário
HOVET
Raça Idade
(anos)
Sexo
91 Doly 128147 Poodle 12 Macho
92 Xuxa 56351 Pinscher 17 Macho
93 Led Zeplin 156694 Pastor Alemão 13 Fêmea
94 Fênix 165824 Husky Siberiano 4 Macho
95 Hanna 166374 SRD
1
14 Fêmea
96 Pandora 166705 Rottweiller 10 Macho
97 Bana 141033 Cocker Spaniel 12 Fêmea
98 Aici 162589 SRD
1
14 Macho
99 Greta 166795 Pastor Alemão 10 Fêmea
100 Pupi 167726 Poodle 13 Fêmea
101 Tuca 107825 SRD
1
12 Fêmea
102 Sniper 131061 Rottweiller 11 Macho
103 Chayani 131136 Dogo Argentino 10 Macho
104 Chen Lee 81144 Shar-pei 12 Macho
105 Willie 167591 SRD
1
13 Fêmea
106 Petrus 168244 Fila Brasileiro 4 Fêmea
107 Charlie
Brown
18023 Poodle 15 Macho
108 Amin 168378 Old English Sheep Dog
11 Macho
109 Tinin 168349 Pastor Alemão 12 Fêmea
110 Duquesa 156314 Pastor Belga 11 Fêmea
111 Babalu 167904 SRD
1
11 Fêmea
112 Susi 169028 Dobermann 13 Fêmea
113 Ralf 163583 Boxer 9 Macho
114 Lisa 155235 SRD
1
7 Fêmea
115 Tequila 170301 SRD
1
10 Fêmea
116 Kiki 138255 Pinscher 14 Fêmea
117 Nana 168188 Boxer 6 Fêmea
118 Hering 142536 SRD
1
13 Fêmea
119 Sandy 133202 Rottweiller 9 Fêmea
120 Maggie 170640 SRD
1
10 Fêmea
121 Spencer 169213 Labrador 10 Macho
122 Roger 170263 Rottweiller 6 Macho
123 Chiquita 124443 SRD
1
12 Fêmea
124 Tobias 170696 Bassethound 5 Macho
125 Zazá 167947 SRD 13 Fêmea
126 Morgana 103406 Cocker Spaniel 8 Fêmea
127 Baby 173312 Golden Retriever 12 Macho
128 Sacha 173318 Pastor Alemão 11 Fêmea
129 Tuxa 172499 Husky Siberiano 13 Fêmea
130 Ralf 170499 Husky Siberiano 12 Macho
FLÔR, P. B.
74
APÊNDICE E
Número
do
animal
Diagnóstico
1 Carcinoma em testículo e metástase pulmonar
2 Neoplasia hepática e metástase pulmonar
3 Neoplasia óssea e metástase pulmonar
4 Neoplasia óssea
5 Neoplasia de partes moles
6 Carcinoma epidermóide em fossa nasal e palato
7 Neoplasia de partes moles e metástase pulmonar
8 Neoplasia óssea e metástase em costela
9 Neoplasia mamária e metástase em tórax
10 Neoplasia de partes moles
11 Metástase pulmonar após amputação por neoplasia óssea
12 Neoplasia mamária e metástase pulmonar
13 Neoplasia de partes moles e metástase pulmonar
14 Mastocitoma e metástase cutânea
15 Carcinoma cutâneo e metástase pulmonar
16 Neoplasia de partes moles e metástase pulmonar
17 Hemangiossarcoma e metástase pulmonar
18 Neoplasia hepática e esplênica
19 Metástase pulmonar após amputação por neoplasia óssea
20 Neoplasia de partes moles
21 Neoplasia de partes moles e metástase pulmonar
22 Neoplasia óssea
23 Neoplasia óssea
24 Sarcoma em osso frontal e fossas nasais
25 Linfoma histiocístico e rabdomiossarcoma
26 Neoplasia nasal e oral
27 Neoplasia hepática e esplênica
28 Neoplasia pulmonar primária
29 Neoplasia hepática, esplênica, renal e metástase pulmonar
30 Neoplasia óssea recidivante após amputação
31 Melanoma em cavidade oral e metástase pulmonar
32 Neoplasia em mediastino
33 Neoplasia de partes moles e metástase pulmonar
34 Neoplasia mamária e metástase pulmonar
35 Metástase pulmonar após mastectomia por neoplasia mamária
36 Neoplasia óssea
37 Neoplasia óssea e metástase pulmonar
38 Neoplasia de partes moles e metástase pulmonar
39 Neoplasia óssea
40 Neoplasia pulmonar primária
41 Metástase pulmonar após mastectomia pos neoplasia mamária
42 Metástase pulmonar após amputação por neoplasia óssea
43 Neoplasia óssea e metástase pulmonar
44 Neoplasia de partes moles e metástase pulmonar
45 Neoplasia de partes moles e metástase pulmonar
Quadro 5 – Diagnóstico instituído dos cães de número 1 a 45
FLÔR, P. B.
75
APÊNDICE F
Número
do
animal
Diagnóstico
46 Metástase pulmonar após excisão de neoplasia cutânea
47 Metástase em ossos da face após ablação de conduto auditivo por carcinoma
48 Neoplasia de partes moles
49 Neoplasia óssea
50 Neoplasia Hepática
51 Neoplasia óssea e metástase pulmonar
52 Neoplasia mamária e metástase pulmonar
53 Neoplasia óssea
54 Metástase pulmonar após excisão de neoplasia de partes moles
55 Neoplasia óssea e metástase pulmonar
56 Metástase pulmonar após hemimandibulectomia por carcinoma
57 Neoplasia de partes moles e metástase pulmonar
58 Neoplasia óssea
59 Neoplasia óssea
60 Neoplasia de partes moles
61 Carcinoma de próstata e neoplasia hepática e renal
62 Neoplasia em bolsa escrotal
63 Neoplasia óssea
64 Neoplasia de partes moles
65 Neoplasia hepática
66 Hemangiossarcoma em mandíbula
67 Neoplasia óssea
68 Neoplasia mamária e metástase pulmonar
69 Neoplasia mamária
70 Neoplasia óssea e metástase pulmonar
71 Neoplasia de partes moles
72 Metástase pulmonar após excisão de neoplasia de partes moles
73 Neoplasia mamária e neoplasia de partes moles
74 Neoplasia hepática
75 Neoplasia hepática e esplênica
76 Linfoma cutâneo
77 Neoplasia pulmonar primária
78 Neoplasia óssea
79 Neoplasia de partes moles
80 Neoplasia intestinal
81 Metástase pulmonar e óssea após excisão de neoplasia mamária
82 Neoplasia óssea
83 Neoplasia óssea
84 Metástase pulmonar após excisão de neoplasia mamária
85 Neoplasia em fosas nasais e palato
86 Neoplasia óssea
87 Neoplasia hepática e de partes moles
88 Neoplasia óssea
89 Neoplasia pulmonar primária
90 Neoplasia óssea
Quadro 6 – Diagnóstico instituído dos cães de número 46 a 90
FLÔR, P. B.
76
APÊNDICE G
Número
do
animal
Diagnóstico
91 Neoplasia vesical
92 Neoplasia hepática
93 Neoplasia óssea
94 Neoplasia hepática
95 Neoplasia de partes moles
96 Neoplasia óssea
97 Neoplasia pulmonar
98 Neoplasia de partes moles e metástase pulmonar.
99 Neoplasia óssea
100 Metástase cutânea após excisão de neoplasia mamária
101 Neoplasia óssea
102 Metástase óssea após excisão de neoplasia mamária
103 Hemagiossarcoma cutâneo
104 Neoplasia hepática
105 Neoplasia óssea
106 Neoplasia óssea
107 Neoplasia óssea
108 Metástase pulmonar após excisão de neoplasia mamária
109 Neoplasia óssea
110 Neoplasia hepática
111 Neoplasia hepática e perianal
112 Neoplasia óssea
113 Neoplasia óssea, testicular e metástase pulmonar
114 Neoplasia óssea
115 Neoplasia mamária e metástase em linfonodos axilares.
116 Metástase cutânea e pulmonar após excisão de neoplasia mamária
117 Linfoma
118 Neoplasia mamária e diversos nódulos cutâneos
119 Neoplasia hepática
120 Neoplasia mamária e metástase cutânea
121 Neoplasia óssea
122 Neoplasia óssea
123 Neoplasia hepática e esplênica
124 Neoplasia hepática
125 Neoplasia de partes moles em região axilar
126 Neoplasia óssea e metástase pulmonar
127 Neoplasia óssea
128 Neoplasia de partes moles e metástase pulmonar
129 Neoplasia mamária e metástase pulmonar
130 Neoplasia em seios nasais
Quadro 7 – Diagnóstico instituído dos cães de número 91 a 130
FLÔR, P. B.
77
APÊNDICE H
Número
do
animal
Principais alterações e sinais relatados
Período de
tempo
(dias)
1 Dificuldade respiratória, perda de apetite. 24
2 Dificuldade deglutir, fraqueza. 60
3 Paralisia dos membros. 21
4 Claudicação. 60
5 Claudicação, prostração. 60
6 Espirros, engasgos, sangramento nasal, halitose. o sabe
7 Percepção do tumor. 90
8 Perda de apetite, dor, dificuldade sentar e deitar. 30
9 Percepção do tumor, perda apetite, emagrecimento. 60
10 Percepção do tumor, perda apetite, dificuldade respiratória. 60
11 Dor coluna e membro, decúbito. 90
12 Dificuldade respiratória. 90
13 Não soube informar. -
14 Feridas no corpo coceira. 150
15 Diarréia e vômitos. 180
16 Dor para defecar. 60
17 Dor coluna e membro, decúbito. 120
18 Dor, perda de apetite, dificuldade de sentar. 30
19 Percepção do tumor, cansaço fácil, emagrecimento. 180
20 Percepção do tumor, cansaço. 60
21 Tosse e emagrecimento. 90
22 Claudicação. 60
23 Claudicação, urina escura. 30
24 Dificuldade respiratória, sangramento nasal. 150
25 Dificuldade de deglutir. 15
26 Percepção do tumor. 120
27 Perda de apetite, vômitos e apatia. 25
28 Tosse e perda de apetite. 60
29 Perda de apetite e emagrecimento. 90
30 Dificuldade de defecar e dor em membros. 10
31 Dor na boca, salivação excessiva. 30
32 Emagrecimento, perda de apetite, dificuldade de deglutir. 300
33 Percepção do tumor, dor, perda de apetite. 60
34 Lambedura do tumor, tosse, dificuldade respiratória. 17
35 Engasgos, tosse. 7
36 Dor, dificuldade locomotora. 120
37 Claudicação, perda de apetite, percepção do tumor. 30
38 Dor, percepção do tumor. 90
39 Claudicação, dor em membro. 90
40 Percepção do tumor, perda de apetite. 45
Quadro 8 – Principais alterações e sinais relatados na primeira consulta pelos
proprietários dos cães de número 1 a 40 e período de tempo (dias) desde o
início das alterações
FLÔR, P. B.
78
APÊNDICE I
Número
do
animal
Principais alterações e sinais relatados
Período de
tempo
(dias)
41 Dificuldade respiratória. 8
42 Tosse. 390
43 Perda de apetite, dor, não anda, dificuldade respiratória. 20
44 Dor, percepção do tumor, lambedura do tumor. 60
45 Dor, dificuldade locomotora. 120
46 Dificuldade respiratória, tosse. 120
47 Percepção do tumor, úlceras. 120
48 Dificuldade de defecar, dor, perda de apetite. 60
49 Claudicação, dor. 15
50 Não apresenta sinais. -
51 Percepção do tumor, claudicação, dor, cansaço fácil. 30
FLÔR, P. B.
79
APÊNDICE J
Número
do
animal
Principais alterações e sinais relatados
Período de
tempo
(dias)
81 Não anda dor dificuldade respiratória. 30
82 Dor, claudicação. 240
83 Percepção do tumor, claudicação. 90
84 Dor, dificuldade de andar,sentar e levantar, perda de apetite. 30
85 Espirros, sangramento nasal. 365
86 Claudicação. 120
87 Perda de apetite. 30
88 Dor, perda de apetite. 30
89 Dificuldade respiratória, insônia. 20
90 Não anda, decúbito, perda de apetite, urina deitado. 30
91 Urina com sangue. 60
92 o apresenta sinais ou alterações. -
93 Dificuldade de andar, levantar e de se manter em estação. 365
94 Perda de apetite, tristeza. 15
95 Dificuldade de subir escadas, fezes achatadas. 180
96 Claudicação. 120
97 Dificuldade de defecar. 90
98 Dor, dificuldade de levantar, cansaço. 90
99 Impotência funcional de membro. 90
100 Prostração, edema de membros, dor para deitar, dificuldade de
manter-se em estação, feridas em mamas e percepção do tumor.
35
101 Perda de apetite e vômito. 180
102 Claudicação. 30
103 Percepção do tumor. Não sabe
104 o apresenta sinais ou alterações. -
105 Claudicação, dificuldade de andar. 60
106 Claudicação, dor. 30
107 Urina em gotejamento, de coloração rósea. 90
108 Percepção do tumor, cansaço, perda de apetite. 365
109 Percepção do tumor. 30
110 Dificuldade respiratória, dor, perda de apetite. 150
111 Percepção do tumor, dificuldade de defecar. 240
112 Claudicação, percepção do tumor, Edema de membro, dor. 90
113 Claudicação. 210
114 Lambedura de membro. 30
115 Dor, percepção do tumor. 30
116 Perda de apetite, prostração, tristeza. 2
117 Vômitos, perda de apetite, dor. 7
118 Claudicação, percepção do tumor, dor. 60
119 Perda de apetite, aumento na ingestão de água, vocalização. 30
Quadro 10 – Principais alterações e sinais relatados na primeira consulta pelos proprietários
dos cães de número 81 a 119 e período de tempo (dias) desde o início das
alterações
FLÔR, P. B.
81
APÊNDICE L
Número
do
animal
Motivos de Exclusão
1 Proprietário não medicou corretamente
2 Eutanásia antes de tratamento com tramadol.
5 o retornou após o início do tratamento com dipirona e antiinflamatório não
esteroidal.
6 o retornou após o início do tratamento com dipirona e antiinflamatório não
esteroidal.
7 o retornou após o início do tratamento com dipirona e antiinflamatório não
esteroidal.
8 Eutanásia antes de 15 dias de tratamento com tramadol.
10 Não retornou após o início do tratamento com dipirona e antiinflamatório não
esteroidal
11 Animal irascível impossibilitando exame físico.
12 Não retornou após o início do tratamento com tramadol.
13 Não retornou após o início do tratamento com dipirona.
14 Não retornou após o início do tratamento com dipirona e antiinflamatório
esteroidal
16 Eutanásia antes de tratamento com tramadol.
17 Óbito antes de tratamento com tramadol.
18 Não retornou após o início do tratamento com tramadol.
19 Proprietário não soube quantificar a dor através da escala estabelecida.
20 Proprietário não soube quantificar a dor através da escala estabelecida.
21 Animal sendo medicado com outro opióide fraco.
22 Não retornou após o início do tratamento com dipirona e antiinflamatório não
esteroidal.
24 Não retornou após o início do tratamento com dipirona.
25 Eutanásia antes de tratamento com tramadol.
26 Não retornou após o início do tratamento com tramadol.
27 Não retornou após o início do tratamento com dipirona.
28 O valor atribuído à dor foi menor que 4.
32 Não retornou após o início do tratamento com dipirona e antiinflamatório não
esteroidal.
33 Não retornou após o início do tratamento com dipirona e antiinflamatório não
esteroidal.
34 Animal sendo medicado com outro opióide fraco.
35 O valor atribuído à dor foi menor que 4.
36 Eutanásia antes de 15 dias de tratamento com tramadol.
37 Não retornou após o início do tratamento com dipirona e antiinflamatório não
esteroidal.
38 Não retornou após o início do tratamento com dipirona e antiinflamatório não
esteroidal.
40 Animal sendo medicado com outro opióide fraco.
41 Não retornou após o início do tratamento com dipirona e antiinflamatório
esteroidal.
42 O valor atribuído à dor foi menor que 4.
45 Não retornou após o início do tratamento com tramadol.
Quadro 12 – Número do animal e motivo pelo qual foi excluído do estudo
FLÔR, P. B.
82
APÊNDICE M
Número
do
animal
Motivos de Exclusão
46 Proprietário não medicou corretamente
50 Óbito antes de 15 dias de tratamento com tramadol.
52 Não retornou após o início do tratamento com dipirona e antiinflamatório não
esteroidal.
53 Não retornou após o início do tratamento com dipirona e antiinflamatório não
esteroidal.
54 O valor atribuído à dor foi menor que 4.
55 Eutanásia antes de 15 dias de tratamento com tramadol.
56 O valor atribuído à dor foi menor que 4.
57 O valor atribuído à dor foi menor que 4.
58 Não retornou após o início do tratamento com tramadol.
59 Não retornou após o início do tratamento com tramadol.
60 Não retornou após o início do tratamento com tramadol.
62 Não foi medicado com dipirona.
63 O valor atribuído à dor foi menor que 4.
66 Dor crônica não oncológica.
68 Não retornou após o início do tratamento com tramadol.
72 Não retornou após o início do tratamento com tramadol.
73 Não retornou após o início do tratamento com dipirona.
74 Não retornou após o início do tratamento com dipirona e antiinflamatório não
esteroidal.
75 Animal sendo medicado com outro opióide fraco.
76 Não retornou após o início do tratamento com dipirona.
77 Não retornou após o início do tratamento com dipirona.
78 Não retornou após o início do tratamento com tramadol.
79 Não retornou após o início do tratamento com dipirona.
80 Não retornou após o início do tratamento com tramadol.
81 Não retornou após o início do tratamento com dipirona e antiinflamatório não
esteroidal.
82 Não retornou após o início do tratamento com tramadol.
84 Eutanásia antes de 15 dias de tratamento com tramadol.
85 Proprietário não medicava corretamente.
87 Proprietário não medicava corretamente.
88 Não retornou após o início do tratamento com tramadol.
89 Animal sendo medicado com outro opióide fraco.
91 Não retornou após o início do tratamento com dipirona e antiinflamatório
esteroidal.
92 Não retornou após o início do tratamento com dipirona.
94 Não retornou após o início do tratamento com dipirona.
95 Não retornou após o início do tratamento com tramadol.
96 Eutanásia antes de 15 dias de tratamento com tramadol.
98 Animal sendo medicado com outro opióide fraco.
99 Proprietário não medicava corretamente.
101 Não retornou após o início do tratamento com dipirona e antiinflamatório
esteroidal
Quadro 13 – Número do animal e motivo pelo qual foi excluído do estudo
FLÔR, P. B.
83
APÊNDICE N
Número
do
animal
Motivos de Exclusão
103 Não retornou após o início do tratamento com dipirona e antiinflamatório
esteroidal
104 O valor atribuído à dor foi menor que 4.
106 Não retornou após o início do tratamento com tramadol.
107 o retornou após o início do tratamento com dipirona.
108 Eutanásia antes de 15 dias de tratamento com tramadol.
110 Proprietário não soube quantificar a dor através da escala estabelecida
111 Não retornou após o início do tratamento com tramadol.
112 Não retornou após o início do tratamento com dipirona e antiinflamatório
esteroidal.
113 Não retornou após o início do tratamento com dipirona e antiinflamatório
esteroidal
114 o retornou após o início do tratamento com dipirona.
115 Proprietário não medicava corretamente.
118 Proprietário não medicava corretamente.
119 o retornou após o início do tratamento com dipirona.
120 Não retornou após o início do tratamento com tramadol.
122 Eutanásia antes de 15 dias de tratamento com tramadol.
124 Eutanásia antes de 15 dias de tratamento com tramadol.
125 Proprietário não soube quantificar a dor através da escala estabelecida
127 Eutanásia antes de 15 dias de tratamento com tramadol.
128 Eutanásia antes de tratamento com tramadol.
129 o retornou após o início do tratamento com dipirona.
130 Não retornou após o início do tratamento com dipirona e antiinflamatório
esteroidal
Quadro 14 – Número do animal e motivo pelo qual foi excluído do estudo
FLÔR, P. B.
84
APÊNDICE O
ENV Pesquisador ENV Proprietário Qualidade de Vida
Animal Consulta Primeiro
Retorno
Segundo
Retorno
Consulta Primeiro
Retorno
Segundo
Retorno
Consulta Primeiro
Retorno
Segundo
Retorno
15 5 3 2 10 2 2 21 23 21
29 6 7 3 5 7 3 14 12 19
31 3 2 1 4 1 2 28 29 29
48 7 2 0 4 2 0 25 26 31
61 7 4 5 6 2 4 20 28 26
65 6 3 3 4 0 0 16 22 28
97 4 2 2 5 2 2 23 27 27
123 4 3 3 4 2 2 25 25 27
Média 5,25 3,25 2,25 5,25 2,25 1,88 21,5 24 26
Desvio Padrão
1,49 1,67 1,49 2,05 2,05 1,36 4,75 5,40 4,04
Quadro 15 - Número do animal, nota de escore de dor (ENV) atribuída pelo pesquisador e pelo proprietário, nota obtida pelo questionário de
qualidade de vida no Grupo DT
FLÔR, P. B.
85
APÊNDICE P
ENV Pesquisador ENV Proprietário Qualidade de Vida
Animal Consulta Primeiro
Retorno
Segundo
Retorno
Consulta Primeiro
Retorno
Segundo
Retorno
Consulta Primeiro
Retorno
Segundo
Retorno
4 4 7 2 4 8 2 33 29 35
23 7 5 6 6 6 5 32 32 30
30 5 2 1 7 1 0 17 20 24
39 4 4 6 10 5 5 14 21 20
44 4 6 5 4 4 4 22 20 17
47 5 3 2 7 4 1 16 20 26
49 4 3 2 8 4 3 22 28 30
51 4 3 3 9 7 5 10 22 22
53 4 4 7 6 7 6 24 21 19
64 3 3 2 4 4 4 29 28 28
67 5 3 2 4 2 0 24 34 34
69 8 4 2 9 4 3 11 25 28
70 7 5 3 5 4 2 19 21 22
71 5 5 2 7 4 3 18 20 20
83 5 3 3 4 2 1 31 31 33
86 7 4 2 6 5 2 15 22 22
90 5 3 3 6 5 3 20 27 27
93 6 4 3 9 5 3 20 26 28
102 4 5 4 6 2 2 32 28 28
105 5 4 3 6 5 3 27 31 31
109 5 3 3 5 0 3 27 29 30
121 3 2 1 7 3 0 22 24 28
126 7 4 2 7 5 2 29 29 33
Média 5,04 3,89 3,00 6,35 4,17 2,70 22,35 25,57 26,74
Desvio Padrão
1,36 1,22 1,60 1,80 1,92 1,66 6,83 4,48 5,13
Quadro 16 - Número do animal, nota de escore de dor (ENV) atribuída pelo pesquisador e pelo proprietário, nota obtida pelo questionário de qualidade de vida no
Grupo DAINET
FLÔR, P. B.
86
APÊNDICE Q
ENV Pesquisador ENV Proprietário Qualidade de Vida
Animal Consulta Primeiro
Retorno
Segundo
Retorno
Consulta Primeiro
Retorno
Segundo
Retorno
Consulta Primeiro
Retorno
Segundo
Retorno
3 5 0 1 4 0 0 24 18 28
9 6 3 4 6 5 5 24 29 28
43 6 4 4 7 4 3 18 27 24
100 9 3 6 8 1 7 17 24 20
116 6 3 3 7 2 3 17 29 25
117 4 2 1 6 1 0 26 36 36
Média 6,00 2,5 3,17 6,33 2,16 3 21 27,17 26,83
Desvio Padrão
1,67 1,38 1,94 1,36 1,94 2,75 4,10 5,99 5,40
Quadro 17 - Número do animal, nota de escore de dor (ENV) atribuída pelo pesquisador e pelo proprietário, nota obtida pelo questionário de
qualidade de vida no Grupo DET
FLÔR, P. B.
87
ANEXO
FLÔR, P. B.
88
ANEXO A
Escala para avaliação da qualidade de vida (versão em português)
YAZBEK, K. V. B.; FANTONI, D. T. Validity of a health-related, quality-of-life scale for
dogs with signs of pain secondary to cancer. Journal of American Veterinary Medical
Association, v. 226, n. 8, p.1354-1358, 2005
1.Você acha que a doença atrapalha a vida do
seu animal?
0. ( ) muitíssimo
1. ( ) muito
2. ( ) um pouco
3. ( ) não
5.Você acha que o seu animal sente dor?
0.( ) sempre
1.( ) freqüentemente
2.( ) raramente
3.( ) nunca
9.O seu animal tem vômitos?
0.( ) sempre
1.( ) freqüentemente
2.( ) raramente
3.( ) não
10.Como está o intestino do seu animal?
0.( ) péssimo/funciona com dificuldade
1.( ) ruim
2.( ) quase normal
3.( ) normal
6.O seu animal tem apetite?
0.( ) não
1.( ) só come forçado/só o que gosta
2.( ) pouco
3.( ) normal
7.O seu animal se cansa facilmente?
0.( ) sempre
1.( ) freqüentemente
2.( ) raramente
3.( ) está normal
2.O seu animal continua fazendo as coisas
que gosta (brincar, passear...)?
0.( ) nunca mais fez
1.( ) raramente
2.( ) freqüentemente
8.Como está o sono do seu animal?
0.( ) muito ruim
1.( ) ruim
2.( ) bom
3.( ) normal
12.Quanta atenção o animal está dando para a
família?
0.( ) está indiferente
1.( ) pouca atenção
2.( ) aumentou muito (carência)
3.( ) não mudou/está normal
11.O seu animal é capaz de se posicionar
sozinho para fazer xixi e cocô ?
0.( ) nunca mais conseguiu
1.( ) raramente consegue
2.( ) às vezes consegue
3. Como está temperamento do seu animal?
0.( ) totalmente alterado
1.( ) alguns episódios de alteração
2.( ) mudou pouco
3.( ) normal
4. O seu animal manteve os hábitos de higiene
(lamber-se p. ex.)?
0.( ) não
1.( ) raramente
2.( ) menos que antes
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