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Guilherme Martins Marrelli Caldas
Avaliação anatômica comparativa da valva mitral e da valva
aórtica de corações normais e com cardiomiopatia dilatada
isquêmica e idiopática
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária da
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
da Universidade de São Paulo para obtenção do
título de Mestre em Medicina Veterinária
Departamento:
Cirurgia
Área de Concentração:
Clínica Cirúrgica Veterinária
Orientador:
Prof. Dr. Fabio Biscegli Jatene
São Paulo
2006
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Folha de Avaliação
Nome: CALDAS, Guilherme M. M.
Título: Avaliação anatômica comparativa da valva mitral e da valva aórtica de corações
normais e com cardiomiopatia dilatada isquêmica e idiopática
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária da
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
da Universidade de São Paulo para obtenção do
título de Mestre em Medicina Veterinária
Data: __ / __ / ____
Banca Examinadora
Prof. Dr.:________________________ Instituição: ________________________
Assinatura: ______________________ Julgamento: _______________________
Prof. Dr.:________________________ Instituição: ________________________
Assinatura: ______________________ Julgamento: _______________________
Prof. Dr.:________________________ Instituição: ________________________
Assinatura: ______________________ Julgamento: _______________________
6
Dedicatórias
7
Aos meus pais, Fernando e Fátima, aos meus irmãos Rodrigo, Luis
Felipe e Ana Carolina, e a meu avô, Ayama Djalma Caldas, por terem me
proporcionado todas as condições para a realização desse trabalho.
8
Ao Prof. Dr. Fábio Biscegli Jatene, por ter confiado em minha
capacidade de realizar esta Dissertação de Mestrado.
9
Agradecimentos
10
A Rosângela Monteiro, Aristides Tadeu Correia e Eliana Ogata, do
Laboratório Anatômico Cirúrgico do InCor, por toda ajuda na realização desse
trabalho.
A todos os Professores e Funcionários da Faculdade de Medicina Veterinária
e Zootecnia da Universidade de São Paulo, especialmente do Departamento de
Cirurgia.
A toda minha família e a todos meus amigos de coração.
11
RESUMO
CALDAS, G. M. M. Avaliação anatômica comparativa da valva mitral e da valva
aórtica de corações normais e com cardiomiopatia dilatada isquêmica e
idiopática. [Comparative anatomical evaluation of the mitral valve and aortic valve of
normal hearts and with ischemic and idiopathic dilated cardiomyopathy]. 2006. 79 f.
Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
O objetivo deste trabalho foi estudar e comparar a valva mitral e a valva aórtica e em
corações com cardiomiopatia dilatada (CMD) de etiologia isquêmica e idiopática, em
relação aos corações humanos normais, buscando identificar variações que possam
auxiliar em diagnósticos por imagem e para o tratamento cirúrgico das mesmas. Este
estudo analisou 22 corações normais, 15 corações dilatados de etiologia isquêmica
e 15 corações dilatados de etiologia idiopática, fixados em formaldeído a 10%.
Foram obtidas medidas por meio de fotografias digitais dos corações e,
posteriormente, utilizando-se software, foram analisados as distâncias e os
perímetros da valva mitral e da valva aórtica, que foram comparadas por meio de
testes estatísticos. Nos corações normais, a área da valva mitral foi de 5,44
±
0,82
cm
2
e o perímetro de 8,91
±
0,57 cm, e nos corações com CMD de etiologia
isquêmica e idiopática, a área foi de, respectivamente, 7,38
±
1,76 cm
2
e 7,03
±
1,44
cm
2
, e o perímetro foi de, respectivamente, 10,41
±
1,37 cm e 9,97
±
1,23 cm. O
perímetro de inserção da cúspide anterior da valva mitral, nos corações normais, foi
de 3,68
±
0,52 cm e nos corações com CMD de etiologia isquêmica e idiopática foi
de, respectivamente, 3,99
±
0,86 cm e 3,62
±
0,78 cm. A menor distância perimetral
entre os trígonos fibrosos (porção fibrosa), nos corações normais, foi de 2,06
±
0,26
cm e nos corações com CMD de etiologia isquêmica e idiopática foi de,
respectivamente, 2,64
±
0,37 cm e 2,34
±
0,37 cm. Nos corações normais, a área da
valva aórtica foi de 3,46
±
0,66 cm
2
e o perímetro de 6,83
±
0,66 cm. Nos corações
com CMD de etiologia isquêmica e idiopática, a área da valva aórtica foi de,
respectivamente, 5,22
±
1,53 cm
2
e 3,44
±
1,33 cm
2
, e o perímetro de,
respectivamente, 8,26
±
1,24 cm e 6,82
±
1,37 cm. Nos casos de CMD idiopática e
isquêmica, a valva mitral apresentava-se aumentada, tanto na sua área e em seu
perímetro, quanto na maior e na menor distância perimetral entre os trígonos
fibrosos. Em relação à valva aórtica, apenas nos corações com CMD isquêmica
houve aumento estatisticamente significante em sua área e em seu perímetro,
12
enquanto que nos corações com CMD idiopática não houve diferença quando
comparados aos corações normais. manutenção da proporcionalidade, dos
corações normais para os com CMD idiopática e isquêmica, das distâncias entre os
trígonos fibrosos. evidência de que o aumento da valva mitral e da valva aórtica,
quando ocorrem na CMD, se dão de forma independente.
Palavras – chave: Coração, Miocardiopatias, Valva mitral, Valvas cardíacas,
Anatomia.
13
ABSTRACT
CALDAS, G. M. M. Comparative anatomical evaluation of the mitral valve and
aortic valve of normal hearts and with ischemic and idiopathic dilated
cardiomyopathy. [Avaliação anatômica comparativa da valva mitral e da valva
aórtica de corações normais e com cardiomiopatia dilatada isquêmica e idiopática].
2006. 79 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
The objective of this work was to study and to compare mitral valve as well as aortic
valve in the ischemic and idiopathic dilated cardiomyopathy (CMD) in relation to the
normal hearts, searching to identify variations that can assist in diagnostic for image
and for the surgical treatment of the same ones. This study it analyzed 22 normal
hearts, 15 dilated hearts of ischemic etiology and 15 dilated hearts of idiopathic
etiology, fixed in formaldehyde 10%. They had been gotten measured through
digitalized photographs of the hearts, and, through software, the distances and
perimeters of the mitral valve and of the aortic valve had been analyzed, that later
they had been compared through statistical tests. In the normal hearts, the area the
mitral valve was 5.44 ± 0.82 cm
2
and the perimeter of 8.91 ± 0.57 cm. In the hearts
with ischemic and idiopathic CMD the area of the mitral valve were, respectively, 7.38
± 1.76 cm
2
and 7.03 ± 1.44 cm
2
, and to the perimeter it were, respectively, 10.41 ±
1.37 cm and 9.97 ± 1.23 cm. The perimeter of insertion of anterior cusp of mitral
valve in the normal hearts was 3.68 ± 0.52 cm, in the hearts with ischemic and
idiopathic CMD were, respectively, 3.99 ± 0.86 cm and 3.62 ± 0.78 cm. The lesser
length enter the fibrous trigones (fibrous portion) in the normal hearts was 2.06 ± 0.26
cm and in the hearts with ischemic and idiopathic CMD were, respectively, 2.64 ±
0.37 cm and 2.34 ± 0.37 cm In the normal hearts the area of aortic valve was 3.46 ±
0.66 cm
2
and the perimeter of 6.83 ± 0.66 cm. In the hearts with ischemic and
idiopathic CMD the area of aortic valve were, respectively, 5.22 ± 1.53 cm
2
and 3.44
± 1.33 cm
2
, and the perimeter of, respectively, 8.26 ± 1.24 cm and 6.82 ± 1.37 cm. In
the cases of idiopathic and ischemic CMD, mitral valve is presented increased, as
much in its area and its perimeter, how much in the greater and the lesser perimetral
distance between the fibrous trigones. In relation to aortic valve, only in the hearts
with Ischemic CMD it had significant statistic increase in its area and its perimeter,
whereas in the hearts with Idiopathic CMD it did not have difference when compared
with the normal hearts. It has maintenance of the proportionality, the normal hearts
14
for the ones with idiopathic and ischemic CMD, of the distances between the fibrous
trigones. It has evidence of that the increase of mitral valve and aortic valve, when
they occur in the CMD, occurs of independent form.
Key words: Heart, Cardiomyopathy, Mitral valve, Heart valve, Anatomy.
15
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................17
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................21
3 OBJETIVOS...........................................................................................................26
4 MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................28
4.1 MATERIAL
4.2 MÉTODOS
4.2.1 Método para Obtenção dos Corações
4.2.2 Método para Preparo e Fixação dos Corações
4.2.3 Método para Obtenção das Medidas
4.2.4 Variáveis Analisadas
4.2.5 Análise Estatística
5 RESULTADOS.......................................................................................................45
5.1 ANÁLISE DAS VARIÁVEIS DO ANEL VALVAR MITRAL
5.2 ANÁLISE DAS VARIÁVEIS DA VALVA AÓRTICA
6 DISCUSSÃO..........................................................................................................52
6.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS
6.2 ANÁLISE DO MATERIAL E MÉTODOS
6.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS
6.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
7 CONCLUSÕES......................................................................................................62
REFERÊNCIAS......................................................................................................64
APÊNDICES.......................................................................................................... 71
16
1 Introdução
17
1 INTRODUÇÃO
A cardiomiopatia dilatada (CMD) é uma doença caracterizada por aumento do volume
e disfunção sistólica de um ou de ambos os ventrículos, evoluindo para insuficiência cardíaca
congestiva (ICC), na grande maioria dos indivíduos. Esta associada a arritmias, fenômenos
tromboembólicos e morte súbita, que podem ocorrer em qualquer estágio evolutivo.
(GOODWIN, 1982; RICHARDSON et al., 1996; ROBERTS; SIEGEL, 1987; WYNNE;
BRAUNWALD, 1987;)
O termo cardiomiopatia proposto por Brigden (1957) suscitou, desde o início, várias
polêmicas e algumas tentativas de classificação. Dentre estas, a mais conhecida, promulgada
pela World Health Organization (WHO) e International Society and Federation of
Cardiology (ISFC), em 1980, definiu como cardiomiopatias as "doenças do músculo cardíaco
de causa desconhecida" (idiopáticas), subdividindo-as em dilatadas, hipertróficas e restritivas.
Todas as outras formas de acometimento do miocárdio, de causa conhecida, passaram a ser
chamadas de "doenças específicas do músculo cardíaco". Entre elas estão as causas
infecciosas, metabólicas, de origem sistêmica, heredofamiliares e tóxicas. As cardiomiopatias
dos tipos alcoólica e periparto são citadas à parte.
Esta classificação da WHO/ISFC recebeu muitas críticas, por ser considerada restrita e
excessivamente rígida. Além disso, os critérios utilizados foram contestados por muitos
autores como Roberts e Siegel (1987), Korb e Bajusz (1973), Keren e Popp (1992), Boffa et
al. (1991), Almeida et al. (1994) e Mady e Fernandes (1997).
Em 1995, a comissão especial da WHO/ISFC abriu o seu relatório, no qual as duas
entidades reviram a sua classificação anterior. Reconheceram que, à luz dos novos
conhecimentos sobre etiologia e patogênese, a diferenciação entre "cardiomiopatia" e
"doenças específicas do músculo cardíaco" havia perdido a razão de ser.
Propuseram uma nova definição, mais simples e mais ampla, denominando de
"Cardiomiopatias" as doenças do miocárdio associadas à disfunção do coração, e
classificando-as em:
cardiomiopatia dilatada, que inclui os seguintes tipos: idiopática, viral e/ou auto-imune e
alcoólico-tóxica;
cardiomiopatia hipertrófica, caracterizada por predominância de hipertrofia miocárdica e
disfunção diastólica;
18
cardiomiopatia restritiva, caracterizada por redução do volume diastólico. Ex:
endomiocardiofibrose;
cardiomiopatia arritmogênica do ventrículo direito;
cardiomiopatias não-classificadas, onde estão incluídas a fibroelastose, a disfunção
sistólica com dilatação mínima e o envolvimento mitocondrial, além de algumas doenças
que podem constituir mais de um tipo de cardiomiopatia, como amiloidose e hipertensão
arterial sistêmica. (CHEW et al., 1975; GANAU et al., 1992);
cardiomiopatias específicas: nesse grupo, todas as cardiomiopatias têm etiologia definida.
São as principais: cardiomiopatia isquêmica, uma CMD definida por déficit contrátil
generalizado do músculo do ventrículo esquerdo (VE), com fração de ejeção 25% e
com aterosclerose coronária de um ou mais vasos; cardiomiopatia valvar, uma seqüela de
sobrecarga de volume ou pressão, de longa duração e de grande intensidade
(AURIGEMMA, 1995; BACH; BOLLING, 1994); cardiomiopatia hipertensiva, que
usualmente se apresenta como cardiomiopatia hipertrófica, mas pode estar presente nas
CMD e cardiomiopatias restritivas (GOODWIN, 1980); cardiomiopatia inflamatória,
definida como miocardite, em associação com disfunção cardíaca. Miocardite é uma
doença inflamatória do miocárdio, cujo diagnóstico inclui critérios histológicos,
imunológicos e imunohistoquímicos. Inclui as cardiomiopatias chagásicas, as cardiomio-
patias viróticas (HIV, enterovírus, adenovírus e citomegalovírus), as cardiomiopatias
auto-imunes, as cardiomiopatias bacterianas, e as demais formas de doenças inflamatórias
do miocárdio; cardiomiopatias metabólicas, resultantes de causas endócrinas
(hipotireoidismo, tireotoxicose, insuficiência adreno-cortical, feocromocitoma, diabete
melito), distúrbios nutricionais-carenciais, amiloidose, e outros; cardiomiopatias devido a
outras doenças sistêmicas (lupus eritematoso sistêmico, artrite reumatóide, esclerodermia,
sarcoidose); cardiomiopatias devido a distúrbios musculares e neuromusculares
(Duchenne, distrofias miotônicas, ataxia de Friedreich); cardiomiopatias tóxicas -
alcoólicas, antraciclina e irradiação; cardiomiopatia periparto, caracterizada por etiologia
multifatorial (CENAC; DJIHO; DJANGNIKPO, 1993).
A classificação da WHO/ISFC será adotada neste estudo.
A incidência das CMD depende dos critérios diagnósticos utilizados, considerando-se
as múltiplas etiologias. É provavelmente subestimada devido aos casos assintomáticos ou
pouco sintomáticos, que não procuram aos Serviços de Saúde, quando falamos em humanos,
ou aos veterinários, quando nos referimos aos animais.
19
A regurgitação valvar não é rara de ser encontrada em portadores de CMD, sendo fator
preditivo de mau prognóstico (COMIN et al., 1999),
e uma complicação freqüente na fase
final das cardiomiopatias que contribui para agravar a insuficiência cardíaca, levando a uma
evolução desfavorável. (BOLLING, 1998). A ecocardiografia foi um grande avanço e
acrescentou dados importantes para a compreensão dos mecanismos responsáveis pela
regurgitação valvar mitral, tricúspide, aórtica e pulmonar, que podem ser observadas em
alguns casos de CMD.
O mecanismo de fechamento da valva mitral não está totalmente esclarecido. O anel,
considerado inerte por muito tempo, não somente serve de sustentação para inserção das
cúspides, como também, durante a sístole, diminui seu perímetro, reduzindo a área do orifício
valvar a ser fechado (PERLOFF; ROBERTS, 1972).
A insuficiência valvar mitral é comum em pacientes portadores de CMD isquêmica ou
idiopática e, embora o verdadeiro mecanismo da insuficiência funcional não esteja ainda
totalmente esclarecido, admite-se concomitância de fatores como a dilatação do ventrículo
esquerdo (VE) e do átrio esquerdo (AE), dilatação do anel mitral, o deslocamento dos
músculos papilares, o tracionamento das inserções valvares junto ao anel fibroso e a
diminuição da força contrátil do ventrículo esquerdo, arrefecendo a pressão transvalvar como
prováveis fatores etiológicos (HE et al., 1997; OKI et al., 1996).
A análise das dimensões do anel valvar mitral e da valva aórtica na cardiomiopatia
dilatada (CMD) tem fundamental importância para o entendimento da gênese da disfunção
valvar.
20
2 Revisão de Literatura
21
2 REVISÃO DE LITERATURA
Análise ecocardiográfica em portadores de CMD, com e sem regurgitação mitral,
demonstra que a dilatação do anel mitral ocorre apenas em alguns pacientes e não guarda
proporção com o grau de dilatação do VE, sugerindo que a regurgitação valvar que ocorre em
associação com a dilatação do VE tenha mecanismo independente da dilatação do anel, como
a perda da ação esfincteriana do anel ou o mau alinhamento dos músculos papilares
(CHANDRARATNA; ARANOW, 1981).
Estudos anatômicos do anel mitral em corações humanos normais e com CMD
demonstraram que a simples dilatação mitral não costuma ser responsável pela regurgitação
valvar, sendo necessária uma deformação no esqueleto fibroso, para dilatar o anel a ponto de
causar regurgitação valvar (BULKLEY; ROBETS, 1975).
Observações realizadas em modelos experimentais de VE demonstram que a
regurgitação mitral só ocorre quando a dilatação do anel é superior a 1,75 vezes o tamanho
normal, ou 1,50 vezes o tamanho normal, quando deslocamento apical do músculo papilar
póstero-lateral, demonstrando que a valva mitral compensa a dilatação anular, devido à ampla
superfície de suas cúspides (HE et al., 1999).
Otsuji et al. (1997)
criaram um modelo de disfunção ventricular global com esmolol e
fenilefrina, em seis cães, com expansão do VE limitada pelo pericárdio e outro sem restrição
pericárdica. Analisaram os dados e concluíram que a disfunção ventricular sem dilatação não
produz regurgitação mitral importante, a qual relaciona-se com as alterações na geometria
tridimensional do aparelho valvar mitral.
Oki et al. (1997),
em estudo ecocardiográfico de 64 pacientes humanos com CMD de
etiologia idiopática e isquêmica, observaram que a principal causa de regurgitação mitral em
corações dilatados é a coaptação das cúspides ao longo do eixo curto do ventrículo
esquerdo, que é causado pelo aumento e/ou assinergia do ventrículo. Sugeriram que a
dilatação do anel valvar mitral por aumento do ventrículo é considerado um mecanismo
importante para o desenvolvimento de regurgitação valvar nos corações dilatados. O estudo
demonstrou um significante aumento do diâmetro do anel em todos os corações dilatados,
quando comparados aos normais. Foi observada uma correlação positiva entre a área de
regurgitação mitral e o diâmetro do anel nos corações dilatados e, conseqüentemente, a
dilatação importante do diâmetro do anel valvar mitral, causando regurgitação valvar, não
22
pode ser desprezada. Observaram que a área valvar mitral é o dobro do anel, sendo pouco
provável que uma diminuição na coaptação da valva mitral seja a causa da regurgitação, a não
ser que o anel esteja excepcionalmente dilatado.
Outro estudo anatômico de grande importância na área foi o de Hueb et al. (2002), que
objetivava analisar o comportamento do anel valvar mitral e do ventrículo esquerdo na CMD
em corações fixados da espécie humana. Observou-se que a dilatação do ventrículo esquerdo
ocorre de forma global e esférica em seus segmentos. Não se observou relação de
proporcionalidade entre o grau de dilatação do anel mitral e do ventrículo esquerdo. Porém, o
resultado mais interessante foi que a dilatação do anel mitral ocorre de forma proporcional e
não apenas na sua porção posterior, atingindo também a porção anterior. Esses dados são
conflitantes com os dados da literatura, que desconsideram o aumento da porção fibrosa do
anel,
como
apontado por Oki et al. (1996), He et al. (1997) e Cosgrove et al. (1995), e
daqueles autores que admitem um aumento mínimo, como Bulkley; Roberts (1975), Camilleri
et al. (1995) e Salati; Scrofani; Santoli (1991).
Em um estudo experimental, Timek et al. (2003) analisaram a geometria
tridimensional do anel mitral de ovelhas por meio de marcadores radiopacos implantados no
anel. Foram feitas videofluoroscopias biplanas e ecocardiografias transesofágicas dos animais,
antes e após terem sido estimulados com marca-passo para que ocorresse cardiomiopatia
induzida pela taquicardia e regurgitação mitral. Os autores concluíram que, na cardiomiopatia
induzida pela estimulação com marca-passo, o anel da valva mitral dilata substancialmente,
mais na dimensão septo-lateral do que na intercomissural.
Kwan et al. (2003) observaram diferenças do aparato mitral em pacientes com
cardiomiopatia isquêmica e idiopática, usando um aparelho de ecocardiografia tridimensional.
Pela análise dos resultados obtidos, concluíram que, na cardiomiopatia isquêmica, o
ventrículo esquerdo e o anel da valva mitral estavam menos aumentados que na idiopática, o
grau de regurgitação mitral foi muito semelhante, e que o padrão de deformação da valva
mitral, tanto do lado medial quanto do lateral foi assimétrico na cardiomiopatia isquêmica, e
simétrico, na cardiomiopatia dilatada idiopática.
Gorman III et al. (2003), em dois estudos experimentais com ovelhas, implantaram
transdutores sonomicrométricos no anel mitral dos animais para analisar a área do anel, bem
como o perímetro anular total, a anterior e a posterior. No primeiro trabalho, analisaram os
parâmetros antes e depois de infarto do miocárdio do ventrículo esquerdo e, no segundo
estudo, utilizaram rmacos e estimulação elétrica para provocar mudanças hemodinâmicas e
na contratilidade do VE. Concluíram que a porção anterior, assim como a posterior, são
23
estruturas dinâmicas, sendo que seu tamanho varia de acordo com mudanças hemodinâmicas
e na contratilidade ventricular.
Ahmad et al. (2004), em um estudo ecocardiográfico em humanos, avaliaram a valva
mitral pela reconstrução computadorizada da mesma, a partir de dados adquiridos na
ecocardiografia tridimensional onde foram comparados corações normais e espécimes com
regurgitação mitral isquêmica. A análise dos dados demonstrou geometria anular alterada na
regurgitação mitral isquêmica; pacientes com regurgitação mitral apresentaram dilatação
anular, com um aumento no perímetro anterior e posterior do anel.
Tibayan et al. (2003) usaram um modelo de infarto crônico do miocárdio em ovinos
para analisar, tridimensionalmente, o anel da valva mitral associada à regurgitação mitral
isquêmica crônica, utilizando marcadores radiopacos implantados cirurgicamente no coração.
Concluíram, que na regurgitação mitral isquêmica crônica, ocorre um remodelamento do anel
valvar e que o reparo da valva mitral deve levar em consideração o aumento da distância
perimetral entre os trígonos fibrosos.
Embora não existam muitos dados na literatura sobre o comportamento do anel valvar
aórtico na cardiomiopatia dilatada, sabe-se que nos humanos 71% da válvula não-coronariana
e 48% da válvula coronariana esquerda estão intimamente relacionados com a porção anterior
do anel da valva mitral, que, como descrito anteriormente, também dilata nos casos de
dilatação do anel da valva mitral (THUBRIKAR; KLEMCHUK, 1989).
Em um estudo ecocardiográfico com 26 pacientes, Diaz et al. (1989) analisaram o grau
de regurgitação das valvas cardíacas em pacientes com CMD e observaram que em 100%
deles havia regurgitação mitral, em 34,6% havia regurgitação aórtica, em 46,2% ocorria
regurgitação tricúspide e em 42,3% havia insuficiência da valva pulmonar. Insuficiência
multivalvular foi observada 77% dos pacientes, ocorrendo em duas, três ou quatro valvas em
30,8%, 30,8% e 15,4% dos pacientes, respectivamente. Foi concluído que a ecocardiografia
bidimensional demonstrou alta prevalência de regurgitação valvar na cardiomiopatia dilatada.
O conhecimento das alterações do aparelho valvar mitral tem aplicabilidade direta no
aprimoramento das diversas técnicas de correção cirúrgica que intervêm sobre o anel, as
cúspides, as cordas tendíneas e os músculos papilares, em associações ou isoladamente,
justificando seu estudo anatômico na cardiomiopatia dilatada (BRAILE et al., 1990;
KASPER, 1994).
As alterações anatômicas e funcionais que podem ocorrer na valva aórtica, nos casos
de cardiomiopatia dilatada, devem ser analisadas para serem completamente compreendidas, e
conseqüentemente, corrigidas.
24
Para permitir uma continuidade na busca de soluções para esta doença, os estudos
anatômicos têm importante papel, justificando a realização deste trabalho.
25
3 Objetivo
26
3 OBJETIVO
Este trabalho teve como objetivo estudar e comparar a valva mitral e a valva aórtica na
cardiomiopatia dilatada (CMD) de etiologia isquêmica e idiopática em relação aos corações
humanos normais, buscando identificar variações que possam auxiliar em diagnósticos por
imagem e para o tratamento cirúrgico das mesmas.
27
4 Material e Método
28
4 MATERIAL E MÉTODO
MATERIAL
Este estudo avaliou 22 corações normais, 15 corações dilatados de etiologia isquêmica
e 15 corações dilatados de etiologia idiopática, fixados em formaldeído a 10%, em bom
estado de conservação. Os corações com CMD isquêmica e idiopática foram cedidos pelo
Serviço de Anatomia Patológica do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Os corações normais
pertenciam ao acervo do Laboratório Anatômico Cirúrgico do InCor do HC-FMUSP.
As características desse material encontram-se na tabela 1 e nos apêndices A, B e C.
Tabela 1 - Características relacionadas aos corações normais e com CMD Isquêmica e
idiopática (idade em anos e peso em gramas) - São Paulo - 2006
Normal
N = 22
Idiopático
N = 15
Isquêmico
N= 15
Idade (média e desvio
padrão em anos)
30,8 ± 11,3 40,6 ± 10,5 67,1 ± 7,8
Sexo
feminino
5 2 4
masculino
17 13 11
Peso (média e desvio
padrão em gramas)
251,7 ± 36,37 586,6 ± 168,74 593,21 ± 133,54
Para caracterizar os corações com CMD, foram utilizados os seguintes critérios
(KASPER, 1994; SIMÃO FILHO, 1998):
• diâmetro medido na borda interna do VE, ao nível da meia altura do corpo do
músculo papilar anterior, valor igual ou superior a 5,5 cm;
perímetro medido na borda interna do VE, ao nível da meia altura do corpo
do músculo papilar anterior, valor igual ou superior a 15,0 cm.
29
Os critérios de exclusão para CMD de etiologia idiopática foram: idade inferior a 18
anos; doença isquêmica coronariana; anomalias cardíacas congênitas; anomalias cardíacas
valvares; anomalias no septo interventricular, interatrial ou patência do forame oval; doença
miocárdica infiltrativa, como amiloidose; bloqueio atrioventricular total; doença hipertensiva
com níveis sistólicos acima de 200 mmHg; relação com o período puerperal; prova de
Machado-Guerreiro positiva; presença de deformidades da cavidade do VE; tratamento
cirúrgico das cavidades ventriculares e/ou das valvas atrioventriculares ou semilunares.
Foram utilizados os mesmos critérios de exclusão de CMD idiopática para caracterizar
os corações com CMD de etiologia isquêmica, com exceção, da presença de doença
isquêmica do coração. Neste caso, o critério de inclusão para CMD isquêmica foi a presença
de lesão coronariana superior a 70% do lúmen vascular, em uma ou mais artérias coronárias.
Foram estabelecidos, como critérios de inclusão dos corações normais, obtidos de
cadáveres sem cardiopatia prévia: ausência de alterações cardíacas macroscópicas,
particularmente de lesões valvares; idade superior a 18 anos e inferior a 75 anos.
MÉTODOS
4.2.1 Método para Obtenção dos Corações
Todos os corações utilizados neste trabalho foram retirados dos respectivos cadáveres,
utilizando-se da mesma técnica, com o máximo de cuidado, visando não lesar nenhuma
estrutura cardíaca.
Estando o cadáver em decúbito dorsal parietal, a pele e o tecido subcutâneo foram
incisados com um bisturi cirúrgico 4 e lâmina 23 e rebatidos para ambos os lados. Na
porção anterior da caixa torácica, foi realizada a secção ao nível das articulações
condrocostais direita e esquerda, sendo a seguir retirada, mantendo-se o músculo diafragma
íntegro. Após adentrar a cavidade torácica, foi realizada abertura longitudinal do pericárdio
com auxílio de uma tesoura Metzembaum longa e de pontas rombas, realizando-se a
exposição do coração. Este foi elevado por seu ápice para visibilização dos grandes vasos da
30
base do coração. Foi realizada secção das veias cavas superior e inferior, veias pulmonares e
tronco pulmonar e aorta com uma tesoura Metzembaum longa e de pontas rombas.
4.2.2 Método para Preparo e Fixação dos Corações
Após a retirada do coração, esse foi pesado e fixado em formaldeído a 10%. Após
seleção, foi realizada secção dos grandes vasos próximo das comissuras valvares, das veias
cavas e pulmonares em sua junção com os átrios, secção do átrio direito e esquerdo, ao nível
da junção atrioventricular, permitindo visibilização da base do coração. Foi realizada também,
secção transversal das paredes dos ventrículos esquerdo e direito, ao nível da meia altura do
corpo do músculo papilar anterior. Foi introduzido algodão desfiado e embebido em solução
aquosa de formol a 10% através dos cortes realizados nos ventrículos, moldando-se,
cuidadosamente, as cavidades e mantendo coaptadas as cúspides das valvas atrioventriculares.
Para melhor visibilização da valva aórtica, a aorta foi cortada na altura máxima de inserção
das válvulas na parede do vaso. As válvulas das valvas aórtica foram mantidas coaptadas com
pequenos chumaços de algodão.
As peças foram imersas em solução aquosa de formol a 10% por um período de 10
dias, procedendo-se, então, à retirada dos chumaços de algodão do interior dos ventrículos e
das valvas, deixando-se as cavidades cardíacas livres.
4.2.3 Método para Obtenção das Medidas
Foram obtidas medidas por meio de fotografias digitais que foram analisadas com
auxílio de um computador.
Sob uma mesa com suporte (estativa fotográfica Pentax) para máquina fotográfica
digital (Sony, modelo Cyber Shot DSC P9), foram posicionados os corações, utilizando-se
uma gua milimetrada para calibração da imagem e obtenção das imagens da valva mitral e
da valva aórtica (Figura 1).
31
Figura 1 – Sistema de obtenção das fotografias digitais
Essas imagens foram analisadas e, por meio do software Image Tool, desenvolvido
pela University of Texas Health Science Center in San Antonio (Figura 2).
Figura 2 - Tela de apresentação do software Image Tool utilizado para mensuração
e análise das fotografias digitais
Após aquisição das imagens, foi realizado o processamento das mesmas.
Primeiramente, foi realizada a calibração do software, utilizando-se uma gua milimetrada
como parâmetro para estabelecer uma distância conhecida. Utilizando-se do mouse
selecionou-se a área de interesse. Para tanto, o cursor foi continuamente movido ao longo dos
limites da estrutura que seria analisada, como, por exemplo, o anel mitral. O cálculo das áreas
delimitadas pelo mouse foi realizado pelo próprio software (Figura 3).
32
Figura 3 – Fotografia de coração dilatado sendo analisada com auxílio do software
Todas as mensurações foram realizadas três vezes, pelo mesmo observador, em
momentos distintos, assumindo-se a média aritmética destas medidas como o valor final.
4.2.4 Variáveis Analisadas
Na valvar mitral, foram analisados:
área do anel valvar;
perímetro do anel valvar;
perímetro de inserção da cúspide anterior;
perímetro de inserção da cúspide posterior;
menor distância Perimetral entre os trígonos fibrosos (porção fibrosa);
maior distância Perimetral entre os trígonos fibrosos (porção muscular).
Na valvar aórtica, foram analisados:
distâncias intercomissurais externa e interna;
perímetro da valva aórtica;
área da valva aórtica.
33
4.2.4.1 Área do Anel Valvar Mitral
34
4.2.4.2 Perímetro do Anel Valvar Mitral
Seguindo a mesma padronização para determinar a área valvar, sobre a borda do anel,
ao nível da comissura ântero-lateral, demarcou-se um ponto a partir do qual se delineou todo
o perímetro do anel valvar com o auxílio do mouse e, retornando-se ao ponto inicial, obteve-
se o perímetro total do anel (Figura 5).
Figura 5- Base do coração onde se delineou o perímetro do anel valvar mitral
35
4.2.4.3 Perímetro de Inserção da Cúspide Anterior da Valva Mitral
Sobre a borda do anel valvar mitral, ao nível da comissura ântero-lateral, demarcou-se
um ponto a partir do qual se delineou a borda do anel até a comissura póstero-medial,
obtendo-se, assim, o perímetro de inserção da cúspide anterior da valva mitral (Figura 6).
Figura 6- Base do coração onde se delineou o perímetro de inserção da cúspide anterior da
valva mitral
36
4.2.4.4 Perímetro de Inserção da Cúspide Posterior da Valva Mitral
Sobre a borda do anel valvar mitral, ao nível da comissura póstero-medial, demarcou-
se um ponto a partir do qual se delineou a borda do anel até a comissura ântero-lateral,
obtendo-se o perímetro de inserção da cúspide posterior da valva mitral (Figura 7).
Figura 7 - Base do coração onde se delineou o perímetro de inserção da cúspide anterior da
valva mitral
37
4.2.4.5 Menor Distância Perimetral entre os Trígonos Fibrosos (porção fibrosa)
Determinou-se o trígono fibroso esquerdo, e a partir dele, foi feita uma projeção no
anel, onde demarcou-se um ponto inicial a partir do qual se delineou a borda anterior do anel
valvar esquerdo até a projeção do trígono fibroso direito no anel, desta forma, obteve-se a
menor distância perimetral entre os trígonos fibrosos (Figura 8).
Figura 8 - Base do coração onde se delineou a menor distância entre os trígonos fibrosos
38
4.2.4.6 Maior Distância Perimetral entre os Trígonos Fibrosos (porção muscular)
Determinou-se o trígono fibroso direito, e a partir dele, foi feita uma projeção no anel,
sendo demarcado um ponto inicial, a partir do qual se delineou a borda posterior do anel
valvar esquerdo aa projeção do trígono fibroso esquerdo, desta forma, obteve-se a maior
distância perimetral entre os trígonos fibrosos (Figura 9).
Figura 9- Base do coração onde se delineou a maior distância entre os trígonos fibrosos
39
4.2.4.7 Distância Intercomissural Externa da Valva Aórtica
Ligando-se as duas comissuras da válvula coronariana direita através da parede da
aorta, foi medida a distância intercomissural externa da válvula (Figura 10). Da mesma forma,
foram mensuradas as distâncias intercomissural externa das válvulas esquerda e não-
coronariana.
Figura 10- Medida da distância intercomissural externa da válvula coronariana direita
40
4.2.4.8 Distância Intercomissural Interna da Valva Aórtica
Ligando-se as duas comissuras da válvula coronariana esquerda na menor distância
entre elas, foi obtida a distância intercomissural interna da válvula coronariana esquerda
(Figura 11). Da mesma forma, foram mensuradas as distâncias intercomissural interna das
válvulas direita e não-coronariana.
Figura 11- Medida da distância intercomissural interna da válvula coronariana esquerda
41
4.2.4.9 Perímetro da Valva Aórtica
Sobre a borda da parede da aorta, na altura de inserção das válvulas, demarcou-se um
ponto a partir do qual se delineou todo o perímetro do anel valvar e retornando-se ao ponto
inicial, obteve-se o perímetro total da valva (Figura 12).
Figura 12- Base da aorta onde se delineou o perímetro da valva aórtica
42
4.2.4.10 Área da Valva Aórtica
Sobre a borda da parede da aorta, na altura de inserção das válvulas, demarcou-se um
ponto a partir do qual se delineou todo o perímetro do anel valvar e retornando-se ao ponto
inicial, o software obteve, automaticamente, a área da valva (Figura 13).
Figura 13- Base da aorta onde se delineou a área da valva aórtica
43
4.2.5 Análise Estatística
Inicialmente, todas as variáveis foram analisadas descritivamente, por meio dos
cálculos das médias e desvio-padrão.
As variáveis obtidas nos três grupos foram comparadas entre si da seguinte forma:
corações normais com CMD isquêmica, corações normais com CMD idiopática e CMD
isquêmica com CMD idiopática.
Foi analisada também a proporcionalidade da menor e da maior distância entre os
trígonos fibrosos nos três grupos de corações.
Os diversos parâmetros analisados foram comparados por meio da análise de
Variância de um Fator, sendo discriminadas as diferenças entre os grupos pelo teste t de
Bonferroni. Foi estabelecido o nível de significância de 5%.
Os cálculos estatísticos foram realizados com auxílio do software Statistical Package
for the Social Sciences 13.0.
44
5 Resultados
45
5 RESULTADOS
As variáveis obtidas nos três grupos: corações normais, corações com CMD idiopática
e corações com CMD isquêmica foram dispostas da seguinte forma:
análise das variáveis do anel valvar mitral;
análise das variáveis da valva aórtica.
5.1 ANÁLISE DAS VARIÁVEIS DO ANEL VALVAR MITRAL
No anel valvar mitral foram analisadas seis variáveis: área do anel valvar mitral,
perímetro do anel valvar mitral, perímetro de inserção da cúspide anterior da valva mitral,
perímetro de inserção da cúspide posterior da valva mitral, menor distância perimetral entre
os trígonos fibrosos (porção fibrosa), maior distância perimetral entre os trígonos fibrosos
(porção muscular).
Na tabela 2, são apresentadas as médias com desvio-padrão de todas as medidas
obtidas.
46
Tabela 2 - Medidas relacionadas a valva mitral em corações normais e com CMD isquêmica e
idiopática (em cm, exceto área em cm
2
) - São Paulo - 2006
Variável Normais CMD Isquêmica
CMD Idiopática
22 peças 15 peças 15 peças
Área Mi 5,44
±
0,82 7,38
±
1,76 7,03
±
1,44
Per Mi 8,91
±
0,57 10,41
±
1,37 9,97
±
1,23
Trig ED 2,06
±
0,26 2,64
±
0,37 2,34
±
0,37
Trig DE 6,87
±
0,55 8,03
±
1,23 8,00
±
0,96
Cusp Ant 3,68
±
0,52 3,99
±
0,86 3,62
±
0,78
Cusp Post 5,30
±
0,59 6,39
±
0,69 6,61
±
0,78
Área Mi: área valvar mitral,
Per Mi: perímetro do anel valvar mitral,
Trig ED: menor distância perimetral entre os trígonos fibrosos,
Trig DE: maior distância perimetral entre os trígonos fibrosos,
Cusp Ant: perímetro de inserção da cúspide anterior da valva mitral,
Cusp Pos: perímetro de inserção da cúspide posterior da valva mitral.
Quando comparados os resultados entre os grupos, todas as variáveis tiveram
diferenças estatisticamente significantes, com exceção do perímetro de inserção da cúspide
anterior.
Comparando-se os grupos de CMD entre si, observou-se que somente a menor
distância entre os trígonos fibrosos apresentou diferença estatisticamente significante, ou seja,
com p < 0,05.
No quadro 1, observamos as diferenças existentes entre os grupos.
47
Variável CMD Isquêmica CMD Isquêmica CMD Idiopática
X X X
CMD Idiopática Normais Normais
Área Mi NS p < 0,05 p < 0,05
Per Mi NS p < 0,05 p < 0,05
Trig ED p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05
Trig DE NS p < 0,05 p < 0,05
Cusp Ant NS NS NS
Cusp Post NS p < 0,05 p < 0,05
Área Mi: área valvar mitral,
Per Mi: perímetro do anel valvar mitral,
Trig ED: menor distância perimetral entre os trígonos fibrosos,
Trig DE: maior distância perimetral entre os trígonos fibrosos,
Cusp Ant: perímetro de inserção da cúspide anterior da valva mitral,
Cusp Pos: perímetro de inserção da cúspide posterior da valva mitral.
Quadro 1 - Análise relacionadas a valva mitral em corações normais e com CMD isquêmica e
idiopática. - São Paulo - 2006
Nos gráficos 1, 2 e 3, apresentamos a taxa de ocupação da menor e da maior distância
entre os trígonos fibrosos no perímetro do anel valvar mitral, nos corações normais, com
CMD isquêmica e idiopática, respectivamente.
77%
23%
porção muscular
porção fibrosa
Gráfico 1 - Taxa de ocupação da menor (porção fibrosa) e da maior (porção muscular)
distância entre os trígonos fibrosos no perímetro do anel valvar mitral, nos
corações normais – São Paulo - 2006
48
76%
24%
porção muscular
porção fibrosa
Gráfico 2 - Taxa de ocupação da menor (porção fibrosa) e da maior (porção muscular)
distância entre os trígonos fibrosos no perímetro do anel valvar mitral, nos
corações com CMD isquêmica – São Paulo - 2006
78%
22%
porção muscular
porção fibrosa
Gráfico 3 - Taxa de ocupação da menor (porção fibrosa) e da maior (porção muscular)
distância entre os trígonos fibrosos no perímetro do anel valvar mitral, nos
corações com CMD idiopática – São Paulo - 2006
Quando analisados estatisticamente, esses dados não mostraram diferença significante.
Todas as medidas obtidas na valva mitral, nos três grupos de corações, estão dispostas
nos apêndices D, E e F.
5.2 ANÁLISE DAS VARIÁVEIS DA VALVA AÓRTICA
Foram analisadas oito variáveis na valva aórtica: distância intercomissural interna e
externa da válvula coronariana direita, distância intercomissural interna e externa da válvula
49
coronariana esquerda, distância intercomissural interna e externa da válvula não-coronariana,
perímetro da valva aórtica e área da valva aórtica.
Na tabela 3 são apresentadas as médias com desvio-padrão de todas as medidas
obtidas.
Tabela 3 - Medidas relacionadas a valva aórtica em corações normais e com CMD isquêmica
e idiopática (em cm, exceto área em cm
2
) - São Paulo - 2006
Variável Normais CMD Isquêmica
CMD Idiopática
22 peças 15 peças 15 peças
Área Aórtica 3,46
±
0,66 5,22
±
1,53 3,44
±
1,33
Per Aórtico 6,83
±
0,66 8,26
±
1,24 6,82
±
1,37
Dist Int Int VCD 1,44
±
0,24 2,20
±
0,36 1,67
±
0,31
Dist Int Ext VCD 1,88
±
0,30 2,74
±
0,51 2,22
±
0,50
Dist Int Int VCE 1,52
±
0,27 1,83
±
0,25 1,46
±
0,34
Dist Int Ext VCE 1,97
±
0,36 2,56
±
0,35 2,01
±
0,39
Dist Int Int VNC 1,83
±
0,26 2,01
±
0,52 1,56
±
0,39
Dist Int Ext VNC 2,62
±
0,36 2,61
±
0,39 2,11
±
0,61
Área Aórtica: área valvar aórtica,
Per Aórtica: perímetro valvar aórtico,
Dist Int Int VCD: distância intercomissural interna da válvula coronariana direita,
Dist Int Ext VCD: distância intercomissural externa da válvula coronariana direita,
Dist Int Int VCE: distância intercomissural interna da válvula coronariana esquerda,
Dist Int Ext VCE: distância intercomissural externa da válvula coronariana esquerda,
Dist Int Int VNC: distância intercomissural interna da válvula não-coronariana,
Dist Int Ext VNC: distância intercomissural externa da válvula não-coronariana.
Foram comparados os grupos entre si, e foi observado, que entre os corações normais
e com CMD idiopática, todas as variáveis não apresentaram diferenças estatisticamente
significante,com exceção da distância intercomissural externa da válvula não-coronariana.
Quando comparados corações normais com CMD isquêmicos, todas as variáveis, com
exceção das variáveis distância intercomissural externa da válvula não-coronariana e distância
intercomissural interna da válvula o-coronariana, apresentaram diferenças estatisticamente
significante.
Entre os corações com cardiomiopatia, todas as variáveis apresentaram diferenças
estatisticamente significante.
No quadro 2 observamos as diferenças existentes entre os grupos.
50
Variável CMD Isquêmica CMD Isquêmica CMD Idiopática
X X X
CMD Idiopática Normais Normais
Área Aórtica p < 0,05 p < 0,05 NS
Per Aórtico p < 0,05 p < 0,05 NS
Dist Int Ext VCD p < 0,05 p < 0,05 NS
Dist Int Int VCD p < 0,05 p < 0,05 NS
Dist Int Ext VCE p < 0,05 p < 0,05 NS
Dist Int Int VCE p < 0,05 p < 0,05 NS
Dist Int Ext VNC p < 0,05 NS p < 0,05
Dist Int Int VNC p < 0,05 NS NS
Área Aórtica: área valvar aórtica,
Per Aórtica: perímetro valvar aórtico,
Dist Int Ext VCD: distância intercomissural externa da válvula coronariana direita,
Dist Int Int VCD: distância intercomissural interna da válvula coronariana direita,
Dist Int Ext VCE: distância intercomissural externa da válvula coronariana esquerda,
Dist Int Int VCE: distância intercomissural interna da válvula coronariana esquerda,
Dist Int Ext VNC: distância intercomissural externa da válvula não-coronariana,
Dist Int Int VNC: distância intercomissural interna da válvula não-coronariana.
Quadro 2 - Análise relacionadas a valva aórtica em corações normais e com CMD isquêmica
e idiopática. - São Paulo - 2006.
Todas as medidas obtidas na valva aórtica, nos três grupos de corações, estão dispostas
nos apêndices G, H e I.
51
6 Discussão
52
6 DISCUSSÃO
6.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS
A insuficiência cardíaca congestiva (ICC) é uma das maiores causas de internação
hospitalar em todo o mundo, sendo a cardiomiopatia dilatada a maior causa de insuficiência
cardíaca entre todas as doenças que afetam o coração. Segundo as estatísticas norte-
americanas, estima-se um aumento anual de 400.000 pacientes em classe funcional IV da
NYHA, para ICC, que geram, em média, duas internações hospitalares/ano. No Estado de São
Paulo, dados coletados do SUS demonstram que os custos das internações por afecções
cardiovasculares consomem cerca de 20% das verbas da Saúde.
Estes processos a que nos referimos podem acometer os sistemas de condução, o
vascular, o valvar, bem como afetarem o músculo cardíaco. Atualmente, praticamente todos
os processos patológicos que acometem o coração têm um tratamento medicamentoso ou
cirúrgico à disposição dos profissionais da saúde.
A cardiomiopatia é a única doença que ainda o possui um tratamento seguro e
eficaz. Para estes casos, o transplante cardíaco é praticamente a única opção cirúrgica, mesmo
com os problemas relativos ao baixo número de doadores e a rejeição pós-operatória. Nos
últimos anos, algumas novas tentativas têm sido propostas para o tratamento dessa afecção,
como a “cirurgia de Batista” ou “ventriculectomia parcial esquerda” (BATISTA et al., 1996).
Passados alguns anos, o fato é que este procedimento caiu em desuso, principalmente pela alta
taxa de mortalidade pós-operatória, e pelo retorno à condição de cardiomiopatia dilatada, com
a evolução. Outra importante linha de estudo é a terapia celular, popularmente conhecida
como lulas-tronco, porém ainda em fase experimental. Podemos citar, também, os
dispositivos de assistência cardíaca, porém ainda muito caros, estando disponível em poucos
centros, em número insuficiente para atender à demanda da população.
Além da procura pela cura definitiva, procedimentos paliativos nos casos de CMD
também são muito importantes, pois podem melhorar a classe funcional do paciente e,
conseqüentemente sua qualidade de vida, diminuindo o número de internações hospitalares.
Muitos casos de CMD, como descrito anteriormente nesse trabalho, podem
apresentar insuficiência valvar, o que piora ainda mais o quadro clínico dos pacientes, pois
53
agrava a disfunção ventricular e perpetua a insuficiência cardíaca. A correção dessa
insuficiência é de extrema importância para a melhora do paciente.
Gatti et al. (2003) analisaram 24 pacientes que apresentavam CMD idiopática ou
isquêmica e foram submetidos à anuloplastia mitral. Segundo os autores, a cirurgia em casos
de CMD avançada pode ser realizada com um risco operatório aceitável, oferecendo uma
melhoria funcional durável.
Szalay et al. (2003) acompanharam 121 pacientes em estágio final da CMD, tanto
idiopática quanto isquêmica, que foram submetidos à anuloplastia mitral com um anel
posterior rígido. Em 14 desses pacientes, foi realizado, concomitantemente, o reparo da valva
tricúspide. Concluíram que a reconstrução da valva mitral, usando um anel posterior flexível,
é eficaz nos pacientes com função do ventrículo esquerdo gravemente comprometida e
apresenta uma mortalidade operatória aceitável e que os resultados em médio prazo são
superiores ao tratamento farmacológico sozinho e comparável ao transplante cardíaco.
Em outro estudo, Gummert et al.
(2003) avaliaram 66 pacientes com CMD submetidos
à plastia valvar e concluíram que a cirurgia pode ser executada com baixa morbidade e
mortalidade peri-operatória, mesmo nos pacientes com CMD avançada, e com melhora em
sua classe funcional em longo prazo.
Kohli et al. (2005) estudaram os resultados da anuloplastia mitral em 15 pacientes com
CMD isquêmica e verificaram que 13 pacientes não apresentaram regurgitação mitral após a
cirurgia, com melhora significante da classe funcional.
Ganjemmi et al. (2000) compararam pacientes com CMD isquêmica que apenas
sofreram revascularização do miocárdio com pacientes que, além da revascularização do
miocárdio, também tiveram a valva mitral reparada, e concluíram que a plastia da mitral não
aumenta o risco cirúrgico além de melhorar sintomaticamente os pacientes.
Em outro estudo semelhante, De Bonnis et al. (2005) analisaram 77 pacientes com
CMD isquêmica e idiopática que foram submetidos a anuloplastia de mitral com anel
completo rígido ou semi-rígido.Verificaram que houve uma mortalidade hospitalar de 3,8%, e
que, em pacientes em estágio final de CMD, a reparação da valva mitral é exequível com
baixa mortalidade e melhora sintomática importante.
Em nosso meio, Gaiotto (2006) avaliou pacientes com insuficiência cardíaca terminal
por cardiomiopatia dilatada com insuficiência mitral secundária, que foram submetidos à
troca da valva mitral com tração e fixação quádrupla dos músculos papilares e concluiu que
melhora significativa da fração de ejeção, dos volumes sistólicos e diastólicos finais e
54
diâmetros sistólicos e diastólicos finais do ventrículo esquerdo até o terceiro mês do pós-
operatório.
O aparelho valvar mitral é complexo e delicadamente coordenado, de modo a exigir,
para seu perfeito funcionamento, a integridade anatômica e funcional de seus componentes
(CAVALCANTI et al., 1997).
6.2 ANÁLISE DO MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 52 corações neste trabalho, sendo que 22 deles são considerados
normais, retirados de pacientes que vieram a óbito devido a causas não cardíacas, que fazem
parte do acervo de corações do Laboratório Anatômico Cirúrgico do InCor – HC – FMUSP.
Para Testut e Latajet (1951), um coração normal deve ser proveniente de um indivíduo
jovem que tenha tido morte traumática. Em nosso trabalho, 86% dos corações normais foram
provenientes de indivíduos que tiveram como causa mortis algum tipo de trauma e os 14%
restantes o óbito havia sido relacionado a doenças o–relacionadas ao sistema
cardiovascular.
Os 30 corações restantes foram divididos em dois grupos: cardiomiopatia dilatada
idiopática e cardiomiopatia dilatada isquêmica. Esses corações foram obtidos no serviço de
Anatomia Patológica do InCor HC - FMUSP. Foram analisados mais de 200 corações além
dos laudos de necropsia dos pacientes para que pudessem ser selecionados 15 corações de
cada grupo, que apresentassem as características necessárias para a realização do trabalho,
como, por exemplo, a integridade das valvas mitral e aórtica, atendendo a critérios de inclusão
no estudo.
Dentre os muitos tipos de cardiomiopatia dilatada existentes, optou-se pela escolha dos
casos idiopáticos e isquêmicos devido a estes serem segundo a literatura, os casos de maior
incidência (LAPU-BULA et al., 1999; SHIOTA et al., 1999).
Kasper et al. (1994), realizaram uma revisão clínico-patológica de 673 pacientes com
CMD, observando que a CMD idiopática é a causa mais comum de ICC. Observaram ainda
que 66% dos pacientes pertenciam ao sexo masculino, e utilizaram como definição para CMD
idiopática, aqueles casos em que se observou um diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo
6 cm, com hipocinesia difusa ou acinesia, e uma fração de ejeção < 40%. Não havia evidência
clínica de hipertensão, doença valvar, isquêmica ou cardiopatia congênita.
55
Em nosso estudo adotamos, como critério para inclusão como coração dilatado, um
diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo 5,5 cm, que foi o mesmo utilizado por Hueb et
al. (2000) e, o que é utilizado na avaliação ecocardiográfica dos pacientes.
Em vida, muitas vezes, é difícil a caracterização da CMD em isquêmica ou idiopática.
Além dos métodos tradicionais como a ecocardiografia, a cinecoronariografia, e a biópsia
endomiocárdica, alguns autores sugeriram que as imagens por radioisótopos e a tomografia
com emissão de pósitrons poderiam distinguir o tipo de CMD (MODY et al., 1991).
Os pacientes com CMD isquêmica foram definidos como portadores de infarto agudo
do miocárdio prévio ou obstrução de 70% ou mais de uma ou mais artérias coronárias.
A média de idade dos indivíduos dos quais foram retirados os corações normais foi de
30,8 anos, portanto, indivíduos jovens, enquanto que nos casos de CMD idiopática a média de
idade foi de 40,6 anos e, nos casos de CMD isquêmica, foi de 67,1 anos. Foi estabelecido 75
anos como limite superior de idade para inclusão na amostra de qualquer um dos três grupos,
pois, segundo Davies (1980), com o aumento da idade, depósitos lipídicos desenvolvem-se
sobre a superfície ventricular das cúspides valvares, tornando-as mais espessas e menos
translúcidas, sem nenhum significado patológico. Entretanto, espessamentos nodulares
desenvolvem-se ao longo da linha de fechamento das cúspides atrioventriculares,
particularmente, em indivíduos acima dos 75 anos.
Outro aspecto importante na caracterização dos corações é o peso. Segundo Gardner et
al. (1971), o peso médio do coração do homem é cerca de 328g, com variações que oscilam
entre 256g 390g, e na mulher, cerca de 244g, variando entre 198g e 270g. Segundo Higuchi et
al. (1994), o peso do coração normal varia no homem de 300g a 350g e, na mulher, de 250g a
300g. Entretanto, Lizbach (1960), afirma que o peso do coração humano pode chegar a 500g
sem apresentar alterações patológicas, mas sim, devido a um aumento crônico, que ocorre em
atletas ou trabalhadores que exerçam intensa atividade física; esse aumento ocorre pelas fibras
musculares tornarem-se mais espessas e longas, e não por aumento no número de fibras
musculares.
Em nosso estudo, o peso médio dos corações normais foi de 251,7g, enquanto que o
peso médio dos corações com CMD idiopática foi de 586,6g, e com CMD isquêmica foi de
593,2g. Pode-se notar, claramente, a diferença entre o peso dos corações saudáveis e dos
corações doentes.
Gutgesell et al. (1984) comparam o diâmetro do anel valvar mitral obtido com
ecocardiografia com a medida direta das valvas após autópsia. Observaram que os dados
obtidos pelo ecocardiograma eram 17% maiores do que as mensurações pós-autópsia; a
56
discrepância entre os dois métodos foi atribuída à retração das peças durante o processo de
fixação.
Em contrapartida, alguns autores afirmam que o processo de fixação ocasiona retração
principalmente na porção muscular, havendo pequena alteração no tecido valvar.
Alguns autores avaliaram a valva mitral por meio de excisão da mesma, para posterior
mensuração linear. Kunzelman et al. (1994) estudaram, em 18 corações humanos normais,
não-fixados, e em 10 valvas porcinas, as dimensões das cúspides anterior e posterior.
Compararam o perímetro valvar total e a extensão a inserção de cada cúspide in situ e após
excisão da válvula. Concluíram que o comprimento anular total aumentou, significativamente,
após a excisão valvar.
Considerando-se que, objetivamos com a realização desse trabalho fornecer dados que
possam auxiliar durante cirurgias valvares e na interpretação de imagens cardíacas obtidas
pelos métodos diagnósticos, optamos por estudar as valvas in situ.
Segundo Chiechi et al. (1956), existe uma tendência a superestimar as dimensões da
valva excisada, devido ao estiramento exagerado do tecido valvular.
Assim, nossos resultados não podem ser comparados com os desses autores que
mensuraram a valva pós-excisão.
Após todo preparo de fixação dos corações, foram obtidas medidas através de
fotografias digitais, analisadas com auxílio de um computador. Para mensuração dos
parâmetros desejados da valva mitral e da valva aórtica, as imagens dos corações foram
submetidas a software, como citado anteriormente, para a obtenção de resultados mais
fidedignos e passíveis de reprodução.
Esses procedimentos citados acima já foram utilizados em trabalhos semelhantes,
como o de Hueb et al. (2002), sendo que a mensuração das estruturas através do uso do
computador é considerado por nós, um método mais preciso do que a mensuração manual.
Preocupados com a imprecisão de dados de seu estudo, Eckner et al. (1969) buscaram
estimar o erro inerente na identificação de pontos de referência e na realização de
mensurações. Para tanto, conduziram um estudo onde foram realizadas 21 medidas em cinco
corações o-fixados, as quais foram repetidas nove vezes pelo mesmo pesquisador.
Observaram erro médio de 3 a 4% em mensurações dos perímetros valvares, de 3 a 7% em
medidas intracardíacas, de 3 a 12% em medidas externas e de 8 a 13% nas espessuras das
paredes ventriculares. No trabalho de Curti et al. (1989) todas as medidas foram feitas por três
pesquisadores diferentes, assumindo a média aritmética como o valor a ser considerado em
cada caso, acreditando assegurar maior precisão na obtenção dos dados. Buscando estimar a
57
variação nas mensurações realizadas por diferentes observadores, Gutgesell et al. (1984)
selecionaram, arbitrariamente, 11 corações para que as medidas fossem repetidas, sem que o
segundo observador tivesse conhecimento das medidas obtidas anteriormente. A variação
média entre as medidas dos dois observadores foi de 12%.
Em nosso trabalho, cada medida foi repetida três vezes, sendo utilizada a média
aritmética dessas três mensurações como a válida para as análises estatísticas, visando assim,
diminuir os erros provenientes desse método.
6.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Como citado anteriormente, foram analisadas seis variáveis no anel valvar mitral:
área do anel valvar, perímetro do anel valvar, perímetro de inserção da cúspide anterior,
perímetro de inserção da cúspide posterior, menor distância perimetral entre os trígonos
fibrosos (porção fibrosa) e maior distância perimetral entre os trígonos fibrosos (porção
muscular).
Nos corações normais, a área do anel valvar mitral foi de 5,44
±
0,82 cm
2
e o perímetro
de 8,91
±
0,57 cm, que são semelhantes aos dados obtidos na literatura. Hueb et al. (2002), em
seu estudo, encontrou uma área média de 6,12 cm
2
e um perímetro médio de 8,8 cm, enquanto
que Monteiro-Bonfá (1998) encontrou uma área média de 6,43 cm
2
.
Nos corações com CMD de etiologia isquêmica e idiopática, a área do anel valvar
mitral foi de, respectivamente, 7,38
±
1,76 cm
2
e 7,03
±
1,44 cm
2
, e o perímetro foi de,
respectivamente, 10,41
±
1,37 cm e 9,97
+
- 1,23 cm.
O perímetro de inserção da cúspide anterior da valva mitral nos corações normais foi
de 3,68
±
0,52 cm, o que corresponde a 40% de ocupação da cicunferência, muito semelhante
ao encontrado por Hueb et al. (2002), que foi 43%, e nos corações com CMD de etiologia
isquêmica e idiopática foi de, respectivamente, 3,99
±
0,86 cm e 3,62
±
0,78 cm, o que
corresponde a 38% e 35% do perímetro do anel mitral nos referidos grupos.
A menor distância perimetral entre os trígonos fibrosos (porção fibrosa) nos corações
normais foi de 2,06
±
0,26 cm, o que corresponde a 23% de ocupação do perímetro, muito
semelhante ao encontrado por Hueb et al. (2002), que foi 21,5%, e nos corações com CMD de
etiologia isquêmica e idiopática foi de, respectivamente, 2,64
±
0,37 cm e 2,34
±
0,37 cm, o
que corresponde a 24% e 22% do perímetro.
58
Quando comparadas as variáveis analisadas, tanto dos corações com CMD idiopática,
quanto dos com CMD isquêmica, com as variáveis dos corações normais, todas apresentaram
crescimento estatisticamente significante, com exceção do perímetro de inserção da cúspide
anterior. Esse resultado demonstra que a valva mitral sofre uma dilatação acentuada nos casos
de CMD, podendo ocorrer regurgitação mitral, o que agrava ainda mais a doença.
Muitos autores como Perloff e Roberts (1972), HE et al. (1999) e Brock (1957),
acreditavam que a menor distância perimetral entre os trígonos fibrosos era uma área
indistentível, por pertencer ao esqueleto fibroso do coração. Porém, alguns estudos recentes,
como os de Hueb et al. (2002), Kwan et al. (2003), Gorman et al. (2003), Parish et al. (2004),
Ahmad et al. (2004) e Tibayan et al. (2003) demonstraram que o anel valvar mitral apresenta
um aumento tanto na maior como na menor distância perimetral entre os trígonos fibrosos.
Nosso estudo demonstrou que em casos de CMD, tanto de origem idiopática, quanto
isquêmica, a menor distância perimetral entre os trígonos fibrosos apresenta um aumento
estatisticamente significante quando comparado aos corações normais.
Podemos notar, nos gráficos 1, 2 e 3, apresentados nos resultados, que mesmo com a
dilatação do anel mitral nos casos de CMD, a menor distância entre os trígonos fibroso, ou
porção fibrosa, permanece proporcionalmente praticamente inalterada, o que demonstra que
ela também sofre um aumento.
Em relação à valva aórtica, foram analisadas oito variáveis: perímetro da valva aórtica,
área da valva aórtica e distâncias intercomissurais externa e interna das válvulas coronariana
direita, coronariana esquerda e não-coronariana.
Nos corações normais, a área da valva aórtica foi de 3,46
±
0,66 cm
2
e o perímetro de
6,83
±
0,66 cm.
Jatene et al. (1999), em um estudo anatômico, encontrou, numa média geral da
população, analisando 100 corações normais, um perímetro aórtico de 7,48 cm.
Nos corações com CMD de etiologia isquêmica e idiopática, a área da valva aórtica foi
de, respectivamente, 5,22
±
1,53 cm
2
e 3,44
±
1,33 cm
2
, e o perímetro de, respectivamente,
8,26
±
1,24 cm
2
e 6,82
±
1,37 cm
2
.
Quando comparados os resultados através do teste T de Bonferroni, observamos que
apenas os corações com CMD Isquêmica apresentaram crescimento estatisticamente
significante da área e do perímetro aórtica quando comparados aos corações normais, além
das distâncias intercomissurais interna e externa das válvulas coronarianas direita e esquerda,
enquanto que as distâncias intercomissurais interna e externa da válvula não-coronariana não
apresentaram diferenças estatisticamente significante.
59
Os corações com CMD idiopática não apresentaram diferença estatisticamente
significante em nenhuma variável analisada, o que indica que nesses casos, a valva aórtica
não é comprometida.
A partir desses resultados, surge uma dúvida: por que apenas os corações com CMD
isquêmica apresentam dilatação na valva aórtica quando comparados aos corações normais e
aos corações com CMD idiopática?
Como descrito anteriormente, os corações com CMD isquêmica são os de pacientes
com idade mais avançada, com média de 67 anos, e segundo Jatene et al. (1999), com o
avançar da idade, ocorre um aumento no diâmetro aórtico. Talvez seja esse o motivo que
apenas os corações com CMD isquêmica apresentaram crescimento significante. Segundo
esse mesmo autor, o anel aórtico o se mostrou uma circunferência perfeita, com variações
de medidas do anel, nas válvulas e nas relações entre essas três válvulas.
Para melhor entendimento da gênese da disfunção aórtica nesses casos, e da real
importância na manifestação clínica da doença, mais estudos são necessários, principalmente
avaliando in vivo a valva aórtica, em pacientes com CMD isquêmica.
Outra informação de suma importância é que a valva mitral, que se apresenta dilatada
em muitos casos de CMD, tanto idiopática quanto isquêmica, mesmo tendo uma íntima
relação com a valva aórtica, principalmente de sua porção anterior, não parece influir na valva
aórtica, pois como já apresentado anteriormente, nos casos de CMD Idiopática, ela não
apresenta dilatação quando comparada aos corações normais.
6.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O coração, até meados do culo passado era praticamente um órgão intocável, onde
nenhum cirurgião jamais ousaria intervir.
Apesar de toda esta idéia que norteava os médicos da época, alguns dicos-
cirurgiões, tiveram a coragem de tentar abordar cirurgicamente o coração, com o objetivo de
eliminar ou pelo menos amenizar o sofrimento gerado pelos processos patológicos que
acometem este órgão.
60
Muitas barreiras precisaram ser quebradas para que esses cirurgiões tivessem êxito,
quer sejam barreiras de ordem técnica ou ideológica, pois como citado, o coração era tido
como um órgão sagrado, e portanto, intocável pelas mãos humanas.
Desde então, muito se realizou no desenvolvimento e no aperfeiçoamento do
diagnóstico, na clínica, e na cirurgia cardíaca, fazendo com que os principais processos
patológicos que acometem o coração tenham hoje um tratamento seguro e eficaz.
Quanto às alterações que podem ocorrer nas valvas cardíacas, em especial a
insuficiência valvar, diversas técnicas cirúrgicas são propostas para sua correção, e, na
maioria delas, a reconstrução do anel valvar é o principal objetivo. Sendo assim, torna-se de
suma importância o correto conhecimento da anatomia do anel das valvas, bem como do
volume das maras ventriculares, o qual influi diretamente no funcionamento pré e pós-
operatório destas valvas, podendo contribuir sobremaneira no sucesso das valvoplastias.
A análise das dimensões das valvas cardíacas evoluiu muito nos últimos anos,
acompanhando a introdução da biotecnologia nas pesquisas médicas. Assim, reconstruções
tridimensionais utilizando-se equipamentos de ecocardiografia, ressonância nuclear magnética
ou de tomografia computadorizada tornaram possível o maior conhecimento e planejamento
de técnicas cirúrgicas que contemplassem as doenças valvares. Todavia, o retorno aos estudos
anatômicos trouxe achados inesperados e de grande valor científico, comprovando a
importância das pesquisas post mortem na cirurgia cardiovascular.
61
7 Conclusão
62
7 CONCLUSÃO
Baseado nos resultados obtidos em nosso estudo, concluímos que, em relação à valva
mitral, nos casos de CMD idiopática e isquêmica, esta apresenta-se aumentada, tanto na área
da valva e em seu perímetro, quanto na maior e na menor distância perimetral entre os
trígonos fibrosos, em relação aos corações normais.
manutenção da proporcionalidade, dos corações normais para os com CMD
idiopática e isquêmica, das distâncias entre os trígonos fibrosos.
Em relação à valva aórtica, apenas nos corações com CMD isquêmica houve aumento
na área e no perímetro, enquanto que, nos corações com CMD idiopática, não houve aumento
quando comparado aos corações normais.
Com base nesses dados, evidência de que o aumento da valva mitral e da valva
aórtica, quando ocorrem na CMD, se dão de forma independente.
63
Referências
64
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70
Apêndice
71
APÊNDICE
Apêndice A: Características dos corações normais - São Paulo - 2006
Identificação
Peso (em
gramas)
Idade (em
anos) Sexo
55
226 23 M
9
279 42 F
18
209 39 F
37
267 19 M
19
295 53 M
70
214 59 F
50
313 31 M
36
270 19 M
30
251 25 M
100
200 20 F
99
252 20 M
54
258 21 M
62
225 26 M
101
302 25 M
44
264 46 M
34
278 40 M
60
220 24 M
22
210 29 M
40
294 29 M
97
200 36 F
28
294 29 M
23
218 24 M
M: masculino,
F: feminino.
72
Apêndice B: Características dos corações com CMD isquêmica - São Paulo - 2006
Identificação
Peso (em
gramas) Idade (em anos) Sexo
A 176/2001
545 71 M
A 178/2001
590 71 M
A 148/2002
790 60 M
A 54/2000
840 74 M
A 126/1999
700 63 M
A 122/2003
710 54 M
B 3545/2003
478 58 M
B 245/1988
720 67 M
B 1191/2005
410 53 M
A 80/2002
470 65 M
A 08/2000
500 75 F
A 45/2001
440 73 F
A 138/2001
518 69 M
A 56/2004
544 74 M
A 109/2000
520 78 F
M: masculino,
F: feminino.
73
Apêndice C: Características dos corações com CMD idiopática - São Paulo - 2006
Identificação
Peso (em
gramas) Idade (em anos) Sexo
A 70/2005
626 41 M
B 2923/2001
426 33 M
B 1676/2005
500 26 M
A 140/2001
514 35 M
B 2474/2005
358 40 F
A 56/2002
570 32 M
B 70/2004
804 47 M
A 21/2005
942 47 M
B 256/2000
485 46 M
B 1027/1988
390 38 F
A 22/2005
712 56 M
B 798/2004
442 19 M
A 190/2003
678 58 M
A 187/2001
570 46 M
A 194/2002
782 46 M
M: masculino,
F: feminino.
74
Apêndice D: Medidas obtidas da valva mitral nos corações normais (em cm, exceto área em
cm
2
) - São Paulo - 2006
Área Mi Per Mi Cusp Ant Cusp Pos Trig ED Trig DE
55
5,45
8,73
3,76
4,94
2,25
6,54
9
4,27
8,42
2,61
5,87
2,37
6,4
18
6,19
9,34
3,85
5,63
2,21
6,93
37
5,44
8,39
3,37
5,07
1,65
6,85
19
5,77
8,9
2,87
5,96
2,12
6,72
70
6,74
9,16
3,9
5,2
2,04
6,97
50
5,41
9,35
3,52
6,07
2,27
7,37
36
5,01
8,61
3,91
4,7
2,51
6,19
30
4,43
8,21
2,99
5,25
2,1
6,08
100
4,69
8,43
3,63
4,83
1,69
6,84
99
4,38
8,11
3,3
4,62
2,13
6,26
54
6,38
9,85
3,56
6,27
1,95
7,88
62
4,76
9,04
4,2
5,08
2,07
7,34
101
5,6
9,43
4,1
5,24
2,26
6,95
44
5,57
9,55
4,02
5,32
2,27
6,83
34
5,8
9,13
3,66
5,54
2,31
7,05
60
7,68
10,36
4,22
6,14
2,26
8,26
22
5,73
8,22
3,1
5,72
1,72
7,22
40
5,32
8,77
3,42
5,77
1,55
7,12
97
4,56
8,44
4,62
4,02
1,59
6,44
28
5,75
9,08
4,66
4,47
2,03
7,12
23
4,92
8,62
3,85
4,94
1,97
5,94
Área Mi: área valvar mitral,
Per Mi: perímetro do anel valvar mitral,
Trig ED: menor distância perimetral entre os trígonos fibrosos,
Trig DE: maior distância perimetral entre os trígonos fibrosos,
Cusp Ant: perímetro de inserção da cúspide anterior da valva mitral,
Cusp Pos: perímetro de inserção da cúspide posterior da valva mitral.
75
Apêndice E: Medidas obtidas da valva mitral nos corações com CMD isquêmica (em cm,
exceto área em cm
2
) - São Paulo - 2006
Área Mi Per Mi Cusp Ant Cusp Pos Trig ED Trig DE
A 176/2001
7,18
10,22
3,8
6,43
2,54
7,63
A 178/2001
7,6
10,4
76
Apêndice F: Medidas obtidas da valva mitral nos corações com CMD idiopática (em cm,
exceto área em cm
2
) - São Paulo - 2006
Área Mi Per Mi Cusp Ant Cusp Pos Trig ED Trig DE
A 70/2005
5,68
9,67
3,12
6,61
2,23
7,46
B 2923/2001
8,14
11,19
4,35
6,73
2,47
9
B 1676/2005
7,92
11,09
4,66
6,07
2,26
8,67
A 140/2001
6,24
9,7
3,01
6,62
2,38
7,36
B 2474/2005
5,04
7,99
2,73
5,29
2,08
6,2
A 56/2002
8,37
10,6
5,12
5,36
2
8,67
B 70/2004
6,58
7,51
4,49
7,1
2,97
8,67
A 21/2005
6,15
9,44
2,71
6,57
1,94
7,28
B 256/2000
9,7
12,03
3,89
8,35
2,29
9,9
B 1027/1988
6,86
10,74
4,37
6,79
3,04
8,51
A 22/2005
4,97
9,46
3,03
6,7
2,44
7,05
B 798/2004
5,79
8,84
2,81
5,81
1,59
7,31
A 190/2003
7,02
9,74
3,24
6,46
2,47
7,32
A 187/2001
9,07
10,93
3,85
7,38
2,32
8,76
A 194/2002
7,93
10,64
3,4
7,31
2,64
7,92
Área Mi: área valvar mitral,
Per Mi: perímetro do anel valvar mitral,
Trig ED: menor distância perimetral entre os trígonos fibrosos,
Trig DE: maior distância perimetral entre os trígonos fibrosos,
Cusp Ant: perímetro de inserção da cúspide anterior da valva mitral,
Cusp Pos: perímetro de inserção da cúspide posterior da valva mitral.
77
Apêndice G: Medidas obtidas da valva aórtica nos corações normais (em cm, exceto área em
cm
2
) - São Paulo - 2006
Circ
Aórtica
Dist Int
Ext VCD
Dist Int
Ext VCE
Dist Int
Ext VNC
Dist Int
Int VCD
Dist Int
Int VCE
Dist Int
Int VNC
Área
Aórtica
55
6,62
1,61
2,02
2,51
1,18
1,62
1,88
3,06
9
8,28
2,36
2,12
3,44
1,5
1,82
2,21
4,76
18
7,6
2,21
1,57
2,56
1,43
1,38
1,63
3,99
37
6,09
1,82
1,72
2,49
0,87
1,54
1,73
2,55
19
6,65
1,67
1,79
2,67
1,41
1,68
1,77
3,27
70
6,75
1,98
2,08
2,66
1,6
1,67
1,71
3,42
50
6,87
2,04
2,37
2,78
1,38
78
Apêndice H:
79
Apêndice I: Medidas obtidas da valva aórtica nos corações com CMD idiopática (em cm,
exceto área em cm
2
) - São Paulo - 2006
Circ
Aórtica
Dist Int
Ext VCD
Dist Int
Ext VCE
Dist Int
Ext VNC
Dist Int
Int VCD
Dist Int
Int VCE
Dist Int
Int VNC
Área
Aórtica
55
6,36
1,83
1,45
1,64
1,52
0,9
1,41
3,14
9
7,35
2,2
1,84
2,04
1,83
1,07
1,92
3,22
18
5,24
1,57
1,74
1,33
1,17
1
1,06
2
37
5,32
1,91
1,7
1,45
1,62
1,44
1,07
2,11
19
5,76
1,95
1,99
1,57
1,53
1,53
1,25
2,53
70
5,38
1,68
1,7
1,55
1,47
1,16
1,2
2,2
50
7,98
2,83
2,31
2,54
1,97
1,61
2,17
4,45
36
8,75
3
2,73
2,77
1,7
1,91
1,14
4,47
30
6,15
1,88
1,94
2,22
1,78
1,34
1,84
2,72
100
6,6
2,12
1,95
2,16
1,35
1,54
1,54
3,02
99
7,61
2,39
2,27
2,89
1,71
1,75
1,92
4,49
54
5,42
1,77
1,61
1,59
1,26
1,33
1,35
2,17
62
8,13
2,58
2,79
2,46
2,17
2,07
1,87
4,99
101
6,62
2,4
1,95
2,03
1,66
1,46
1,57
3,42
44
9,66
3,22
2,3
3,47
2,31
1,9
2,19
6,72
Circ Aórtica: perímetro valvar aórtica,
Dist Int Ext VCD: distância intercomissural externa da válvula coronariana direita,
Dist Int Int VCD: distância intercomissural interna da válvula coronariana direita,
Dist Int Ext VCE: distância intercomissural externa da válvula coronariana esquerda,
Dist Int Int VCE: distância intercomissural interna da válvula coronariana esquerda,
Dist Int Ext VNC: distância intercomissural externa da válvula não-coronariana,
Dist Int Int VNC: distância intercomissural interna da válvula não-coronariana,
Área Aórtica: área valvar aórtica.
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