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RENATA GUIMARÃES VIEIRA DE SOUZA
A EXPANSÃO URBANA DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO
HORIZONTE E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A REDISTRIBUIÇÃO ESPACIAL
DA POPULAÇÃO: O CASO DO MUNICÍPIO DE NOVA LIMA – 1991/2000
BELO HORIZONTE – MG
CEDEPLAR/UFMG
2005
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ii
RENATA GUIMARÃES VIEIRA DE SOUZA
A EXPANSÃO URBANA DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO
HORIZONTE E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A REDISTRIBUIÇÃO ESPACIAL
DA POPULAÇÃO: O CASO DO MUNICÍPIO DE NOVA LIMA – 1991/2000
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado do
Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional
da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade
Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à
obtenção do Título de Mestre em Demografia.
Orientador: Prof
o
. Dr
o
. Fausto Brito
Co-Orientador: Prof
o
. Dr
o
. José Alberto Magno de
Carvalho
Belo Horizonte, MG
Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional
Faculdade de Ciências Econômicas - UFMG
2005
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iii
Aos meus pais
iv
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Prof. Fausto Brito, pela confiança em meu trabalho, e, pela dedicação,
e amizade durante todo o curso.
Ao Prof. José Alberto, pelos ensinamentos que contribuíram para a minha formação
durante o mestrado e elaboração desse texto.
À Prof. Carla, pessoa muito importante nessa caminhada, sempre presente e disposta a
ajudar.
A CAPES, pelo apoio concedido através da bolsa de mestrado.
Aos amigos da coorte 2003, agradeço o companheirismo, incentivo e aprendizado.
Às queridas amigas Marcy, Marisa e Cláudia agradeço as palavras sempre amigas e
carinhosas.
Ao Paulo Gaetani, a confiança, ajuda e amizade.
Ao Prof. Duval Magalhães Fernandes, que me apresentou a Demografia e sempre
estendeu-me a mão quando necessário.
Ao André Mourthé e à Maria Inês, pela oportunidade de trabalho. Aos amigos do IDHS
pela força.
Aos meus amigos, por compreenderem minha ausência e me apoiarem nesse caminho.
À minha querida Tia Cláudia, pelo auxílio na formatação do trabalho.
Ao Marcos, pelo amor, compreensão, companheirismo, paciência e amizade.
Agradeço, especialmente, aos meus pais, por toda a dedicação, aos meus irmãos e à minha
avó pelo apoio e carinho.
v
RESUMO
O comando do crescimento demográfico da Região Metropolitana de Belo
Horizonte (RMBH) não se encontra, atualmente, na Capital e sim em alguns municípios do
restante da região metropolitana. Esse fenômeno pode ser chamado de inversão espacial do
crescimento demográfico e a principal causa é a mudança no comportamento das
migrações intrametropolitanas. Além de ser fundamental para o estudo da redistribuição
espacial da população das grandes áreas metropolitanas, a migração intrametropolitana
tornou-se essencial para se compreender a mobilidade pendular da população nos grandes
aglomerados metropolitanos.
Essa redistribuição populacional está amplamente relacionada com o mercado
imobiliário que, através da valorização imobiliária, segrega a população carente para a
periferia, que se caracteriza pela implantação de loteamentos sem nenhuma infra-estrutura
básica. Por outro lado, fatores como falta de segurança, violência, poluição, aliados à
procura de melhor qualidade de vida, motiva o deslocamento de camadas mais ricas, que
ocupam empreendimentos como condomínios fechados.
O município de Nova Lima é característico desse tipo de ocupação e as casas antes
eram utilizadas como residências de fim de semana e agora têm se tornado residência fixa.
Mesmo havendo um número menor de emigrantes de Belo Horizonte cujo o destino seja o
município de Nova Lima, o município vêm se tornando importante no contexto
metropolitano, tanto do ponto de vista imobiliário, quanto empresarial. Trata-se, ainda, de
uma região historicamente marcada pela intensa atividade mineradora de extração de ouro
e de ferro, estando a primeira, atualmente, em fase de arrefecimento.
Tendo em vista esse quadro, esta dissertação busca analisar a dinâmica de expansão
do Vetor Sul da RMBH, focalizando, principalmente, o município de Nova Lima. Para tal,
serão analisadas as principais características econômicas e demográficas dos emigrantes
intrametropolitanos que saíram de Belo Horizonte e se mudaram para Nova Lima. Além
disso, a mobilidade pendular entre esses dois municípios também será retratada, a fim de
identificar quem são eles e que rumos buscam em termos de trabalho e investigando a
origem deles.
vi
ABSTRACT
Belo Horizonte´s metropolitan area demographic growth is not in the Capital but in
the surrounding area. This phenomenon can be called “Space Inversion of Demographic
Growth” and the main cause is the change in the intra-metropolitan migration. Besides
being very important to the population redistribution of metropolitan areas, the intra-
metropolitan migration become essential to comprehend the pendular mobility in huge
metropolitan areas.
This population redistribution is related to the state market, which through the
increase of prices segregate poor people to outskirts, characterized by construction of
houses without basic structure, such as water and drain. On the other hand, the lack of
security, the violence of big cities and pollution, makes rich people move from the Capital
as well.
The city of Nova Lima is characterized by this kind of occupation, rich people
moving from Belo Horizonte to Nova Lima. In the 50’s, the houses were used only in the
weekends, but now they had fixed residence in this city. Besides the number of emigrants
from Belo Horizonte to Nova Lima is smaller then the other metropolitan cities, this city is
becoming important at estate market and at business. It is, also, a region that explore gold
and iron.
The main purpose of this thesis is to analyze the dynamic of the urban expansion to
Nova Lima. Economics and Demographics characteristics of the intra-metropolitan
emigrants that used to live in Belo Horizonte and moved to Nova Lima will be analyzed.
Besides that, the daily journeys between Belo Horizonte and Nova Lima will also be
studied to identify whom and why this kind of movement exists.
vii
SUMÁRIO
SUMÁRIO.................................................................................................................................................... VII
LISTA DE TABELAS................................................................................................................................VIII
LISTA DE GRÁFICOS ................................................................................................................................XI
LISTA DE MAPAS..................................................................................................................................... XII
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 1
1.1. OBJETIVOS...................................................................................................................................... 2
1.2. JUSTIFICATIVA.............................................................................................................................. 3
2. BASE DE DADOS ................................................................................................................................. 5
2.1. DESCRIÇÃO DAS BASES DE DADOS......................................................................................... 5
2.2. DESAGREGAÇÃO ESPACIAL DOS MUNICÍPIOS EM ESTUDO.......................................... 8
3. EXPANSÃO URBANA DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE............... 16
3.1. ESPAÇO URBANO: AS DIFERENTES LINHAS DE INTERPRETAÇÃO............................ 21
3.2. FORMAÇÃO ESPACIAL DA RMBH.......................................................................................... 25
3.3. AS MIGRAÇÕES INTRAMETROPOLITANAS NA REGIÃO METROPOLITANA DE
BELO HORIZONTE.................................................................................................................................... 31
3.4. MOBILIDADE PENDULAR NA RMBH..................................................................................... 36
4. A EXPANSÃO URBANA DO MUNICÍPIO DE NOVA LIMA...................................................... 40
4.1. FORMAÇÃO DO MUNICÍPIO DE NOVA LIMA E SUA EXPANSÃO URBANA................ 41
4.2. EXPANSÃO DOS CONDOMÍNIOS FECHADOS...................................................................... 45
5. O COMPORTAMENTO DA MIGRAÇAO INTRAMETROPOLITANA E DO MOVIMENTO
PENDULAR NO MUNICÍPIO DE NOVA LIMA..................................................................................... 51
5.1. CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS E SOCIOECONÔMICAS DOS EMIGRANTES
INTRAMETROPOLITANOS DE BELO HORIZONTE PARA NOVA LIMA..................................... 51
5.2. PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS INDIVÍDUOS QUE REALIZAM O MOVIMENTO
PENDULAR ENTRE BELO HORIZONTE E NOVA LIMA .................................................................. 59
5.2.1 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DOS INDIVÍDUOS QUE RESIDEM EM
NOVA LIMA E TRABALHAM EM BELO HORIZONTE...................................................................... 62
5.2.2 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DOS INDIVÍDUOS QUE RESIDEM EM
BELO HORIZONTE E TRABALHAM EM NOVA LIMA...................................................................... 68
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................................. 77
7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................... 84
8. ANEXOS............................................................................................................................................... 88
viii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: BH, RRMBH* E RMBH - POPULAÇÃO RECENSEADA, 1940 – 2000........................... 17
TABELA 2: BH E RRMBH* - PARTICIPAÇÃO RELATIVA NO CRESCIMENTO TOTAL DO
PERÍODO, 1940/1950 – 1991/2000.............................................................................................................. 18
TABELA 3: CONTRIBUIÇÃO RELATIVA DO NÚCLEO METROPOLITANO PARA O
CRESCIMENTO, NO PERÍODO, DAS REGIÕES METROPOLITANAS, 1970/1980-1991/2000...... 19
TABELA 4: BELO HORIZONTE - MIGRANTES DE DATA FIXA E SALDOS MIGRATÓRIOS DE
1986/1991 E 1995/2000 - 1991 E 2000 .......................................................................................................... 20
TABELA 5: BELO HORIZONTE E VETORES DE EXPANSÃO DA RMBH: TAXA GEOMÉTRICA
DE CRESCIMENTO ANUAL E PARTICIPAÇÃO RELATIVA NO CRESCIMENTO TOTAL DA
REGIÃO, NO PERÍODO –1970/1980 - 1991/2000..................................................................................... 30
TABELA 6: RESULTADO DOS FLUXOS DE MIGRANTES DATA FIXA DE 1986/1991 E
1995/2000 DE BELO HORIZONTE PARA OS VETORES DA RMBH - 1991 E 2000.......................... 31
TABELA 7: BELO HORIZONTE - DISTRIBUIÇÃO DOS EMIGRANTES DE DATA FIXA DE
1986/1991 E 1995/2000 PARA OUTROS MUNICÍPIOS DA RMBH, COM 20 ANOS E MAIS DE
IDADE NA DATA DO CENSO, POR SEXO, SEGUNDO ANOS DE ESTUDO - 1991 E 2000............ 33
TABELA 8: BELO HORIZONTE: ANOS DE ESTUDO MÉDIO E MEDIANO DOS EMIGRANTES
DE DATA FIXA DE 1986/1991 E 1995/2000 PARA OUTROS MUNICÍPIOS DA RMBH, COM 20
ANOS E MAIS DE IDADE NA DATA DO CENSO, POR SEXO - 1991 E 2000.................................... 33
TABELA 9: BELO HORIZONTE - RENDIMENTO MÉDIO E MEDIANO MENSAL DOS
EMIGRANTES DATA FIXA DE 1986/1991 E 1995/2000 PARA O RRMBH, DE 10 ANOS E MAIS
DE IDADE NA DATA DO CENSO - 1991 E 2000..................................................................................... 34
TABELA 10: BELO HORIZONTE - PROPORÇÃO DE EMIGRANTES DATA FIXA DE 1986/1991
E 1995/2000 PARA O RRMBH, QUE TINHAM TRABALHO NA SEMANA DE REFERÊNCIA COM
POSSE DE CARTEIRA DE TRABALHO ASSINADA, COM 10 ANOS E MAIS DE IDADE NA
DATA DO CENSO – 1991 E 2000 ............................................................................................................... 35
TABELA 11: MOVIMENTOS PENDULARES ENTRE BH E RMBH, POR MOTIVO DE
TRABALHO E RESIDÊNCIA ANTERIOR EM BH - 2001/2002............................................................ 37
TABELA 12: RRMBH: PROPORÇÃO DA POPULAÇÃO OCUPADA QUE TRABALHA EM UM
MUNICÍPIO E RESIDE EM OUTRO - 2001/2002.................................................................................... 38
TABELA 13: MOVIMENTOS PENDULARES ENTRE OS QUE RESIDEM NO RRMBH E
TRABALHAM EM BELO HORIZONTE, POR ÁREA DE PLANEJAMENTO DA CAPITAL, % E
TOTAL ABSOLUTO - 2001/2002................................................................................................................ 38
TABELA 14: MOVIMENTOS PENDULARES ENTRE OS QUE RESIDEM EM BELO
HORIZONTE E TRABALHAM NO RRMBH, POR ÁREA DE PLANEJAMENTO DA CAPITAL, %
E TOTAL ABSOLUTO - 2001/2002............................................................................................................ 39
TABELA 15: NOVA LIMA: POPULAÇÃO TOTAL, URBANA E RURAL - 1970/2000 ..................... 40
TABELA 16: NOVA LIMA, TAXA GEOMÉTRICA DE CRESCIMENTO: POPULAÇÃO TOTAL,
URBANA E RURAL - 1970/2000................................................................................................................. 40
TABELA 17: LOTES E LOTEAMENTOS EM NOVA LIMA – 1930/2000 ........................................... 48
TABELA 18: EMIGRANTES DE DATA FIXA DE BELO HORIZONTE PARA MUNICÍPIOS DA
RMBH DE 1986/1991 E 1995/2000 - 1991 E 2000....................................................................................... 52
TABELA 19: BELO HORIZONTE - ANOS DE ESTUDO DOS EMIGRANTES DE DATA FIXA DE
1986/1991 E 1995/2000, DE 20 ANOS E MAIS DE IDADE NA DATA DO CENSO, PARA NOVA
LIMA E PARA OUTROS MUNICÍPIOS DA RMBH - 1991 E 2000....................................................... 53
TABELA 20: BELO HORIZONTE - DISTRIBUIÇÃO, SEGUNDO O RENDIMENTO MENSAL EM
SALÁRIOS MÍNIMOS, DOS EMIGRANTES DE DATA FIXA DE 1986/1991 E 1995/2000,
ix
OCUPADOS, DE 10 ANOS E MAIS NA DATA DO CENSO, NOVA LIMA E RRMBH - 1991 E 2000
......................................................................................................................................................................... 54
TABELA 21: RENDIMENTO MENSAL MÉDIO E MEDIANO, EM SALÁRIOS MÍNIMOS, DOS
EMIGRANTES DE 10 ANOS E MAIS, NA DATA DO CENSO, OCUPADOS, QUE SAÍRAM DE
BELO HORIZONTE PARA OS MUNICÍPIOS DO RRMBH E DE NOVA LIMA - 1991 E 2000....... 57
TABELA 22: MOBILIDADE PENDULAR, POR MOTIVO DE TRABALHO, ENTRE BELO
HORIZONTE E NOVA LIMA, POR SEXO – 2001/2002......................................................................... 59
TABELA 23: IDADE MÉDIA DAS PESSOAS QUE REALIZAVAM A MOBILIDADE PENDULAR,
POR MOTIVO DE TRABALHO, ENTRE BELO HORIZONTE E NOVA LIMA, POR SEXO –
2001/2002........................................................................................................................................................ 60
TABELA 24: MATRIZ DE ORIGEM E DESTINO: MOVIMENTO PENDULAR DAS PESSOAS
CUJO LOCAL DE RESIDÊNCIA ERA NOVA LIMA E LOCAL DE TRABALHO, BELO
HORIZONTE – 2001/2002........................................................................................................................... 62
TABELA 25: DISTRIBUIÇÃO, SEGUNDO NÍVEL DE ESCOLARIDADE DAS PESSOAS DE 15
ANOS E MAIS, QUE RESIDIAM EM NOVA LIMA E TRABALHAVAM EM BELO HORIZONTE -
2001/2002........................................................................................................................................................ 64
TABELA 26: DISTRIBUIÇÃO, SEGUNDO O GRUPO OCUPACIONAL DAS PESSOAS QUE
RESIDIAM EM NOVA LIMA E TRABALHAVAM EM BELO HORIZONTE – 2001/2002.............. 65
TABELA 27: DISTRIBUIÇÃO, SEGUNDO O SETOR DE ATIVIDADE, DAS PESSOAS QUE
RESIDIAM EM NOVA LIMA E TRABALHAVAM EM BELO HORIZONTE - 2001/2002 (%)....... 66
TABELA 28: DISTRIBUIÇÃO, SEGUNDO O RENDIMENTO MENSAL EM SALÁRIOS-
MÍNIMOS, DAS PESSOAS QUE RESIDIAM EM NOVA LIMA E TRABALHAVAM EM BELO
HORIZONTE - 2001/2002 (%) .................................................................................................................... 67
TABELA 29: RENDIMENTOS MENSAL MÉDIO E MEDIANO DOS TRABALHADORES
PENDULARES RESIDENTES EM NOVA LIMA QUE TRABALHAVAM EM BELO HORIZONTE,
SEGUNDO LOCAL DE TRABALHO - 2001/2002.................................................................................... 68
TABELA 30: DISTRIBUIÇÃO DOS COMPONENTES DO MOVIMENTO PENDULAR, POR
LOCAL DE TRABALHO EM NOVA LIMA, SEGUNDO LOCAL DE RESIDÊNCIA EM BELO
HORIZONTE – 2001/2002........................................................................................................................... 69
TABELA 31: DISTRIBUIÇÃO, SEGUNDO O NÍVEL DE ESCOLARIDADE, DAS PESSOAS QUE
RESIDIAM EM BELO HORIZONTE E TRABALHAVAM EM NOVA LIMA -2001/2002................ 70
TABELA 32: DISTRIBUIÇÃO, SEGUNDO O GRUPO DE OCUPACIONAL DAS PESSOAS QUE
RESIDIAM EM BELO HORIZONTE E TRABALHAVAM EM NOVA LIMA - 2001/2002............... 72
TABELA 33: DISTRIBUIÇÃO, SEGUNDO SETOR DE ATIVIDADE, DAS PESSOAS QUE
RESIDIAM EM BELO HORIZONTE E TRABALHAVAM EM NOVA LIMA - 2001/2002............... 73
TABELA 34: DISTRIBUIÇÃO, SEGUNDO O RENDIMENTO MENSAL EM SALÁRIOS
MÍNIMOS, DAS PESSOAS QUE RESIDIAM EM BELO HORIZONTE E TRABALHAVAM EM
NOVA LIMA, POR LOCAL DE TRABALHO - 2001/2002 (%).............................................................. 74
TABELA 35: RENDIMENTO MENSAL MÉDIO E MEDIANO DAS PESSOAS QUE RESIDIAM EM
BELO HORIZONTE E TRABALHAVAM EM NOVA LIMA, SEGUNDO LOCAL DE TRABALHO -
2001/2002........................................................................................................................................................ 75
TABELA 36: POPULAÇÃO, TAXA GEOMÉTRICA DE CRESCIMENTO POPULACIONAL E
ÁREA DOS MUNICÍPIOS DA RMBH – 1970/2000.................................................................................. 88
TABELA 37: MATRIZ DE ORIGEM E DESTINO, MUNICÍPIOS DA RMBH - 1986/91................... 89
TABELA 38: MATRIZ DE ORIGEM E DESTINO, MUNICÍPIOS DA RMBH – 1995/2000.............. 90
TABELA 39: POPULAÇÃO DAS ÁREAS HOMOGÊNEAS DO MUNICÍPIO DE NOVA LIMA –
2001/2002........................................................................................................................................................ 91
x
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1: GRANDES REGIÕES DO MUNICÍPIO DE NOVA LIMA............................................... 9
QUADRO 2: CONDOMÍNIOS E LOTEAMENTOS RESIDENCIAIS EM NOVA LIMA.................. 10
QUADRO 3: BAIRROS DE BELO HORIZONTE E AS RESPECTIVAS ÁREAS DE
PLANEJAMENTO ....................................................................................................................................... 13
QUADRO 4: VETORES DE EXPANSÃO DA RMBH E SEUS RESPECTIVOS MUNICÍPIOS........ 26
xi
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1: BH, RRMBH* E RMBH - TAXA GEOMÉTRICA MÉDIA ANUAL DE
CRESCIMENTO POPULACIONAL, 1940/1950 – 1991/2000.................................................................. 17
GRÁFICO 2: BELO HORIZONTE - PIRÂMIDES ETÁRIAS DOS EMIGRANTES DE DATA FIXA
DE 1986/1991 E 1995/2000 PARA OS DEMAIS MUNICÍPIOS DA RMBH, 1991 E 2000.................... 32
GRÁFICO 3: BELO HORIZONTE - DISTRIBUIÇÃO RELATIVA DOS EMIGRANTES DE DATA
FIXA DE 1986/1991 E 1995/2000, OCUPADOS, COM 10 ANOS E MAIS NA DATA DO CENSO,
QUE FORAM PARA OS MUNICÍPIOS DA RMBH, POR RENDIMENTO MENSAL EM SALÁRIO
MÍNIMO NO TRABALHO PRINCIPAL - 1991 E 2000........................................................................... 35
GRÁFICO 4: PIRÂMIDE ETÁRIA DE NOVA LIMA – 1991 E 2000 .................................................... 41
GRÁFICO 5: ESTRUTURA ETÁRIA DOS EMIGRANTES DATA FIXA DE BH PARA NOVA
LIMA DE 1986/91 E 1995/2000 - 1991 E 2000............................................................................................ 52
GRÁFICO 6: BELO HORIZONTE - DISTRIBUIÇÃO, SEGUNDO O RENDIMENTO MENSAL EM
SALÁRIOS MÍNIMOS, DOS EMIGRANTES DE DATA FIXA DE 1986/1991, OCUPADOS, DE 10
ANOS E MAIS NA DATA DO CENSO, NOVA LIMA E RRMBH - 1991.............................................. 55
GRÁFICO 7: BELO HORIZONTE - DISTRIBUIÇÃO, SEGUNDO O RENDIMENTO MENSAL EM
SALÁRIOS MÍNIMOS, DOS EMIGRANTES DE DATA FIXA DE 1995/2000, OCUPADOS, DE 10
ANOS E MAIS NA DATA DO CENSO, NOVA LIMA E RRMBH - 2000.............................................. 56
GRÁFICO 8: ESTRUTURA ETÁRIA RELATIVA DOS INDIVÍDUOS QUE REALIZARAM A
MOBILIDADE PENDULAR, TRABALHAVA EM BELO HORIZONTE OU EM NOVA LIMA –
2001/2002........................................................................................................................................................ 60
xii
LISTA DE MAPAS
MAPA 1: ÁREAS HOMOGÊNEAS DE NOVA LIMA, 2001/2002.......................................................... 11
MAPA 2: REGIÕES DE ANÁLISE DO MUNICÍPIO DE NOVA LIMA, 2001/2002............................ 12
MAPA 3: ÁREAS DE PLANEJAMENTO DE BELO HORIZONTE, 2001/2002 .................................. 14
MAPA 4: REGIÕES DE ANÁLISE DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE, 2001/2002............... 15
MAPA 5: BELO HORIZONTE E SEUS VETORES DE EXPANSÃO................................................... 27
MAPA 5: ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO DE MUNICÍPIOS INTEGRANTES DA
APA – SUL..................................................................................................................................................... 91
MAPA 6: MUNICÍPIO DE NOVA LIMA..................................................................................................92
MAPA 7: ZONEAMENTO MUNICIPAL – NOVA LIMA....................................................................... 93
1
1. INTRODUÇÃO
O processo de urbanização da sociedade brasileira foi marcado por enorme volume
migratório. A princípio predominaram as migrações do tipo rural-urbano, mas a partir dos
anos setenta intensificaram-se, também, os deslocamentos do tipo urbano-urbano. Dentre
eles, vale destacar os movimentos populacionais para os grandes aglomerados
metropolitanos e, conseqüentemente, as migrações entre os municípios metropolitanos.
Além de ser fundamental para o estudo da redistribuição da população das grandes áreas
metropolitanas, a migração intrametropolitana tornou-se essencial para se compreender a
mobilidade pendular da população nos grandes aglomerados metropolitanos.
Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), esse tipo de migração foi
determinante para o processo de expansão urbana. Em conseqüência dessa expansão, a
Capital mineira, especialmente seu núcleo, tem constituído uma área de expulsão
populacional. Atualmente, cerca de 60% da migração intrametropolitana tem Belo
Horizonte (BH) como origem.
A ocupação da RMBH pode ser compreendida através dos seus grandes vetores de
expansão urbana, desdobramentos do processo de crescimento da própria Capital. São seis
os mais importantes vetores de expansão urbana metropolitana: Oeste, Norte, Norte-
Central, Leste, Sul e Sudoeste. Nas últimas décadas, alguns municípios desses vetores
apresentaram níveis de crescimento consideravelmente mais elevados do que o núcleo
metropolitano.
Essas altas taxas de crescimento estão fortemente relacionadas com o fenômeno da
migração intrametropolitana. Ela tem ocorrido por diversos motivos, entre eles, destaca-se
a ação do mercado imobiliário, que eleva o preço da terra urbana em Belo Horizonte,
fazendo com que as pessoas com menos recursos se desloquem para outras áreas, em
outros municípios metropolitanos, onde o preço da terra seja mais compatível com o seu
nível de renda. Além disso, o mercado imobiliário age também nos locais de destino,
implantando loteamentos para as pessoas de baixa renda, sem infra-estrutura básica,
atraindo, assim, essa população a possuir a casa própria. Por outro lado, novos
empreendimentos imobiliários, também, vêm sendo implantados para atender à demanda
da camada mais rica da população, que busca local seguro, com menos violência e melhor
qualidade de vida.
2
O município de Nova Lima é característico desse último tipo de ocupação, que se
dá em forma de condomínios ou loteamentos fechados. Desde os anos 50, essa forma de
urbanização vem sendo desenvolvida nesse município. Mas, a partir do início da década de
90, esses empreendimentos têm se intensificado e apresentado algumas diferenças em
relação aos mais antigos. A principal delas está na forma de utilização das casas. Antes
eram condomínios rurais, ou seja, residências de fim de semana. Nos últimos anos, têm se
tornado residências fixas.
É interessante observar que parte importante dos migrantes intrametropolitanos,
originários do município de Belo Horizonte, não perde o vínculo com a Capital no que se
refere a atividades profissionais, escolares, lazer, consumo, saúde, etc. Isso resulta em
distanciamento crescente entre os locais de residência e de trabalho, por exemplo, ou de
estudo, além da necessidade de longos percursos diários por parte de diferentes parcelas da
população metropolitana.
1.1. Objetivos
Esta dissertação tem como objetivo principal analisar a importância da expansão
urbana do Vetor Sul da RMBH para o conjunto metropolitano, tendo em vista não só a
aceleração das taxas de crescimento de alguns dos seus municípios, mas, principalmente,
as especificidades dessa expansão nas últimas décadas.
Por isso, pretende-se estudar apenas o município de Nova Lima, o mais importante
do Vetor Sul, considerando as dimensões demográficas da sua expansão urbana recente,
em particular, a importância da migração intrametropolitana e a mobilidade pendular.
Com efeito, serão estudadas as características dos migrantes intrametropolitanos
que se deslocaram para o município de Nova Lima, vindos de BH, no período de 1995 a
2000, comparando-as com as do período de 1986 a 1991. Para analisar esses migrantes,
serão consideradas suas características demográficas, econômicas e sociais mais
importantes, o que é fundamental para explicar a dinâmica populacional no Vetor Sul e,
conseqüentemente, a sua expansão urbana.
Como já foi frisado anteriormente, a migração intrametropolitana contribuiu para
intensificar os movimentos pendulares. No caso do município em estudo, há forte relação
deste com a Capital, o que faz com que muita gente transite diariamente, ou
freqüentemente, em direção a ela em busca de trabalho, estudo, lazer, comércio e serviços
3
de saúde. O inverso também ocorre. Indivíduos saem de BH e locomovem-se, com
regularidade para Nova Lima, uma vez que este município vem adquirindo importância no
contexto metropolitano, graças às muitas empresas, restaurantes, hospitais e faculdades que
lá vêm sendo instalados. Torna-se importante, então, estudar a origem e o destino dos
fluxos de mobilidade pendular entre Belo Horizonte e Nova Lima, e entre Nova Lima e
Belo Horizonte, bem como as características econômicas e demográficas dos indivíduos
que realizam esses movimentos. Assim sendo, para que este estudo seja feito
adequadamente, os municípios de Belo Horizonte e Nova Lima serão divididos em
subunidades, permitindo, assim, uma melhor compreensão desses movimentos
populacionais.
Posto isso, espera-se, com base nos dados do Censo de 1991 e 2000 e da pesquisa
Origem e Destino de 2001/2002, responder às seguintes perguntas:
Qual a importância da expansão urbana em direção a Nova Lima, no contexto
metropolitano?
As migrações intrametropolitanas foram decisivas para essa expansão? Quem são
esses migrantes?
Qual é a relação entre os moradores de Nova Lima com Belo Horizonte, e da
Capital com o município vizinho? O fluxo de pessoas que realizam os movimentos
pendulares é expressivo? Quais as características dos indivíduos que fazem esse
tipo de mobilidade?
1.2. Justificativa
Mesmo havendo um número menor de emigrantes de Belo Horizonte cujo destino
seja o município de Nova Lima, o município vem se tornando importante no contexto
metropolitano, tanto do ponto de vista imobiliário, quanto empresarial. Trata-se, ainda, de
uma região historicamente marcada pela intensa atividade mineradora de extração de ouro
e de ferro, estando a primeira, atualmente, em fase de arrefecimento.
Quanto ao mercado imobiliário, os seus agentes aproveitaram as condições
ambientais favoráveis da região para implantar novos condomínios ou vender lotes já
existentes utilizando, como marketing, a proximidade de áreas florestais e recursos
hídricos. Além disso, com a diminuição da capacidade de extração das minas, surgiu a
necessidade de nova fonte de renda, tanto por parte das empresas quanto pela prefeitura.
4
As empresas começaram, então, a utilizar as terras do município para a implantação de
novos condomínios e a Prefeitura Municipal desenvolveu uma política fiscal atraente aos
novos investimentos empresariais. Entre as empresas instaladas, estão a sede
administrativa da FIAT Automóveis, grandes hospitais e algumas faculdades.
Esses são alguns dos pontos que mostram a importância que o município vem
adquirindo na expansão urbana da RMBH. Ademais, a proximidade com a Capital faz com
que os imigrantes oriundos de BH não percam o vínculo com a origem, fazendo, na sua
grande maioria, a mobilidade diária para a Capital em busca de trabalho ou outro serviço
ou atividade comercial.
Feitas essas considerações, para atender aos objetivos aqui propostos, dividiu-se o
trabalho em seis capítulos. O primeiro é esta introdução. O segundo capítulo trata da
metodologia e dos dados a serem analisados. O terceiro capítulo aborda, de forma ampla, a
expansão urbana da RMBH, dentro do contexto da expansão das grandes metrópoles no
Brasil. Em seguida, discorre, mais detalhadamente, sobre a demografia dos grandes vetores
de expansão da RMBH.
O quarto capítulo caracteriza a expansão urbana populacional e seus prováveis
determinantes, entre eles, o mercado imobiliário. A análise dos resultados demográficos
dessa expansão é matéria do capítulo cinco, ou seja, diz respeito à migração
intrametropolitana nos qüinqüênios de 1986/1991 e 1995/2000 e à mobilidade pendular
entre Belo Horizonte e Nova Lima, e sua recíproca, no ano de 2002. O último capítulo
refere-se às conclusões.
Foram utilizadas duas diferentes bases de dados para a execução desse trabalho. No
que se refere aos migrantes intrametropolitanos, foram utilizados os Censos Demográficos
de 1991 e 2000, realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. No tocante
ao movimento pendular, foram utilizados os dados da Pesquisa de Origem e Destino,
realizada, em 2001/2002, pela Fundação João Pinheiro.
5
2. BASE DE DADOS
2.1. Descrição das bases de dados
Para a realização dessa dissertação, foram utilizados dados dos Censos
Demográficos de 1991 e 2000, obtidos junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), e a Pesquisa de Origem e Destino de 2001/2002 realizada pela
Fundação João Pinheiro.
A utilização dos dados censitários possibilita a identificação e caracterização dos
migrantes intrametropolitanos, ou seja, das pessoas residentes em Nova Lima, cujo
município de residência anterior faça parte da RMBH. Afinal uma das perguntas
constantes no questionário do Censo de 1991 referia-se ao município de residência do
entrevistado há cinco anos. Da mesma forma, o Censo de 2000 inquiriu o local de
residência dos indivíduos em 31 de julho de 1995. Todas essas informações oriundas dos
censos se referem à migração de data fixa, ou seja, à informação sobre o local de residência
do entrevistado da amostra cinco anos antes da data de referência.
Além dessas informações, tanto do Censo Demográfico de 1991, quanto do de
2000, investigaram também as características dos indivíduos, das famílias e dos domicílios.
Mas, no presente estudo, só foram utilizados os dados relacionados ao indivíduo uma vez
que o objetivo principal aqui era de analisar a situação educacional e de renda dos
migrantes, além de estudar a sua composição por sexo e idade. A respeito da idade dos
indivíduos, os dados coletados referem-se aos anos completos na data da pesquisa do
Censo.
Em relação à remuneração dos migrantes de data fixa, utilizou-se a variável
rendimento mensal do trabalho principal, em salários-mínimos, e somente das pessoas com
10 anos e mais que estavam ocupadas na semana de referência. Nesse sentido, as seguintes
categorias de rendimento foram adotadas:
até 1 salário-mínimo;
de 1 a 2 salários-mínimos;
de 2 a 3 salários-mínimos;
de 3 a 5 salários-mínimos;
de 5 a 10 salários-mínimos;
de 10 a 15 salários-mínimos;
6
de 15 a 20 salários-mínimos;
mais de 20 salários-mínimos.
Quanto à situação educacional dos migrantes, foi avaliada pelo total de anos de
estudo de cada indivíduo. Esse dado foi obtido observando-se a série e o grau mais
elevado, concluído com aprovação. Vale ressaltar que, na análise, foi considerada somente
a população adulta com 20 anos e mais de idade, matriculada ou não. Os indivíduos foram
agrupados da seguinte forma:
sem instrução e menos de 1 ano de estudo;
1 a 4 anos de estudo: corresponde ao antigo curso primário incompleto e
completo;
5 a 8 anos de estudo: corresponde ao ensino fundamental incompleto e
completo;
9 a 11 anos de estudo: ensino médio incompleto e completo;
12 a 16 anos de estudo: curso superior incompleto e completo;
17 anos e mais: pós-graduação, mestrado, doutorado, entre outras.
Acerca da pesquisa Origem e Destino (OD), foi adotada para quantificar a
mobilidade pendular e para caracterizar os indivíduos que realizam esse tipo de
movimento. Essa pesquisa foi realizada pela Fundação João Pinheiro, em parceria com a
Prefeitura de Belo Horizonte, CEMIG, BHTRANS, prefeituras dos municípios da RMBH,
entre outras instituições. O universo da pesquisa é metropolitano, abrangendo, assim, todos
os municípios da RMBH, legalmente considerados no período da sua realização
(2001/2002). Para a elaboração dessa pesquisa, foi feita uma base cartográfica digital
compatibilizando as unidades da pesquisa com os setores censitários e as áreas
homogêneas do IBGE com o intuito de compatibilizá-la com as informações do Censo
Demográfico.
O objetivo principal da OD é avaliar os deslocamentos praticados pela população
metropolitana, tendo em vista o planejamento dos transportes na RMBH. Nesta
dissertação, foi utilizada a pesquisa domiciliar, para obtenção dos dados referentes à
mobilidade residencial e aos deslocamentos por motivo de trabalho. Foram cadastrados
para a amostra 121.296 pessoas, que representam 2,7% da população total da RMBH
contabilizada pelo IBGE. Em Belo Horizonte, foram entrevistadas aproximadamente 60
7
mil pessoas, enquanto que em Nova Lima, 2.500 pessoas responderam ao questionário, o
que representa 2,69% e 3,89% da população total, respectivamente.
Para quantificar e analisar a mobilidade pendular, a pesquisa OD indica, na região
metropolitana de Belo Horizonte, o município de residência e o de trabalho. Com essas
informações pôde-se verificar o fluxo de pessoas que moravam em um município da
RMBH e trabalhavam em outro.
Com referência a situação socioeconômica dos indivíduos que fazem a
pendularidade foi analisada através dos níveis de renda e de educação e da situação das
pessoas no mercado de trabalho. Foram consideradas somente as pessoas com 15 anos e
mais de idade que trabalhavam em um município diferente do residencial. Considerou-se
renda somente a renda mensal bruta da ocupação principal, agrupando-a de acordo com as
seguintes faixas:
até 1 salário-mínimo;
de 1 a 2 salários-mínimos;
de 2 a 3 salários-mínimos;
de 3 a 5 salários-mínimos;
de 5 a 10 salários-mínimos;
de 10 a 15 salários-mínimos;
de 15 a 20 salários-mínimos;
mais de 20 salários-mínimos.
Quanto ao mercado de trabalho, as amostras foram constituídas por grupos de
ocupações que articulam os trabalhadores de acordo com a profissão exercida e o setor de
atividade econômica. Nesse sentido, foram considerados os seguintes grupos:
Proprietários, altos cargos, profissionais liberais e técnicos de nível
superior: abrange ocupações de altos cargos do poder judiciário, políticos,
diretores de empresas, proprietários, sócios de empresas, comerciantes,
advogados, médicos, engenheiros, economistas e outros profissionais de
nível superior;
Cargos médios de supervisão, direção e administração e técnicos de nível
intermediário: nesses grupos estão incluídos os gerentes, administradores
de empresas, profissionais na área de relações públicas, corretor de
imóveis, tradutor, pintor, músico e outras profissões afins;
8
Ocupações não manuais de rotina: formado pelos burocratas, atendentes,
balconistas, digitador, recepcionista, telefonista e outras atividades de
rotina em escritórios e firmas;
Supervisão de trabalho manual (na produção), ocupações manuais
especializadas e não especializadas, auxiliares e aprendizes: mestre de
obras, mestre e contramestre de bombeiros, eletricistas, borracheiros,
cabeleireiros, chofer, garçons, manicure, vigia, carpinteiro, entregador de
mercadorias, empacotador e encadernador;
Emprego doméstico: abrange as pessoas que realizam serviços de lavadeira,
passadeira e empregada doméstica.
No que se refere ao nível educacional dos indivíduos que realizam a mobilidade
pendular, consideraram-se os anos de estudo dos indivíduos. Os quais foram categorizados
da seguinte forma:
sem instrução e menos de 1 ano de estudo;
1 a 4 anos de estudo: corresponde ao antigo curso primário incompleto e
completo;
5 a 8 anos de estudo: corresponde ao ensino fundamental incompleto e
completo;
9 a 11 anos de estudo: ensino médio incompleto e completo;
12 anos e mais: curso superior incompleto e completo e pós-graduação.
Todas as análises foram feitas através de tabelas de contingência e medidas
estatísticas descritivas. As tabelas de contingência medem a relação entre dois atributos,
quando sua medida é baseada no afastamento de suas freqüências em relação aos valores
que teriam na hipótese de independência estatística. As medidas estatísticas descritivas
estão relacionadas à interpretação e apresentação de massas de dados numéricos e foram
analisadas através de distribuições relativas, médias e medianas.
2.2. Desagregação espacial dos municípios em estudo
Na análise da migração intrametropolitana, comparam-se os emigrantes
procedentes de BH para Nova Lima com os de BH para os outros trinta municípios da
RMBH. O intuito dessa comparação foi verificar se realmente havia diferenças
socioeconômicas significativas entre os emigrantes dos diferentes fluxos.
9
Na análise da mobilidade pendular, por motivo de trabalho, foram analisados os
movimentos entre Belo Horizonte e Nova Lima e entre Nova Lima e Belo Horizonte. Os
respectivos municípios foram, cada um deles, espacialmente desagregados em três e quatro
grandes sub-regiões, respectivamente.
Nova Lima, na pesquisa OD, foi dividida em 25 áreas homogêneas, que foram,
nesta dissertação, agregadas em três grandes grupos, a saber: Sede do município e Entorno;
Condomínios e outras Regiões e Outros Distritos. As regiões foram divididas de acordo
com a localização, proximidade e características semelhantes. No quadro 1 é possível
observar como as diferentes áreas homogêneas foram espacialmente agregadas.
Quadro 1:
Grandes regiões do município de Nova Lima
REGIÕES ÁREAS HOMOGÊNEAS
Febem / Ent. Hosp. Morro Vermelho / Igreja Santo Antônio
Mineração Morro Vermelho
Centro de Nova Lima / Bonfim / Rosário
Vila dos Ingleses
Cabeceiras/V. São José/Pq. Aurilândia/Bela Vista/V.
Parque Industrial
V. Operária/C.H. Vila Passo/Pq. Sto
Cascalho / Matadouro / Cruzeiro
Vila Marize/ Cácharas do Retiro
N. Sra de Fátima /Vila do Ouro / Bela Fama
Cubango
Vila Aparecida / Residencial Sul
Ouro Velho/ Ville de Montagne/Europa/ Jambreiro
Vila Industrial
Jardim Montanhês
Serra Del Rei
São Sebastião das
Á
guas Claras
Morro do Chapéu
Jardim Canada
Rural de São Sebastião
Honório Bicalho
Santa Rita
Papa Milho
Miguelão/ Vale do Sol/ SKOL/ Lot. Cachoeirinha
L
agoa
G
ran
d
e
Fonte: Elaboração própria, baseado na Pesquisa de Origem e Destino, 2001/2002
SEDE E
ENTORNO
CONDOMÍNIOS E
OUTRAS
REGIÕES
OUTROS
DISTRITOS
As regiões ocupadas por condomínios ou loteamentos residenciais foram
especificadas para melhor caracterização de seus moradores e trabalhadores. Entre os
condomínios e loteamentos, destacam-se 26 distribuídos em 8 áreas homogêneas, a saber:
1. Serra Del Rei: Conde, Villa Castela, Vila Alpina, Vila Del Rey, Village
Terrasse, Bosque da Ribeira, Estância Serrana, Vila Verde e Vila
Campestre;
2. Ouro Velho: Ouro Velho Mansões, Bosque do Jambreiro, Ville de
Montagne, Residencial Europa e Residencial Sul;
10
3. Morro do Chapéu;
4. Miguelão: Miguelão, Vale do Sol, que são loteamentos residenciais que
passam por processo de sofisticação e Serra dos Manacás;
5. Rural de São Sebastião: Pasárgada, Parque do Engenho e Jardim Monte
Verde;
6. Lagoa Grande: Alphaville Lagoa dos Ingleses;
7. Nossa Sra de Fátima: Vivendas da Mata e Veredas das Gerais;
8. Papa Milho: Alto do Gaia e Jardins de Petrópolis.
Quadro 2:
Condomínios e loteamentos residenciais em Nova Lima
ACESSO MG-030 ACESSO BR - 040
Conde Alphaville Lagoa dos Ingleses
Estância Del Rey Miguelão
Gleba Reais Vale do Sol
Ipê Morro do Chapéu
Bosque do Jambreiro Pasárgada
Residencial Sul Serra dos Manacás
Vereda das Gerais Jardim Monte Verde
Vila Alpina Bosque da Ribeira
Vila Campestre Estância Serrana
Vila Castela
Vila Del Rey
Vila Verde
Village Terrasse
Ville de Montagne
Ouro Velho Mansões
Parque do Engenho
Alto do Gaia
Jardim Serrano
Jardins de Petrópolis
Jardim Amanda
Vivendas da Mata
Residencial Europa
Fonte: Prefeitura de Nova Lima e site www.bensderaiz.com.br. Acesso em
fev/05
Atualmente, do total de condomínios situados no município de Nova Lima, a
maioria localiza-se em torno da rodovia MG-030 (Quadro 2). Entre os condomínios que se
localizam na BR-040, está localizado o Alphaville Lagoa dos Ingleses, que deu início à
nova forma de urbanização, com a construção de áreas auto-suficientes, com escola, banco
e supermercado, tornando, muitas vezes, desnecessário o deslocamento diário. Os outros
condomínios não possuem área comercial definida, sendo quase exclusivamente
residenciais. Em capítulos posteriores, a questão dos condomínios de Nova Lima será
explicada com mais detalhe. No Mapa 1 pode-se visualizar a localização de cada área
11
homogênea do município e no mapa 2 visualiza-se a nova agregação em três grandes
grupos.
Mapa 1: Áreas Homogêneas de Nova Lima, 2001/2002
12
Mapa 2: Regiões de análise do município de Nova Lima, 2001/2002
13
As grandes regiões administrativas de BH foram, também, agregadas em três
grandes grupos. A Região Centro-Sul foi mantida; a Região Norte é o resultado da
agregação das regiões Norte, Venda Nova e Pampulha; a Região Leste é a fusão das
regiões Leste e Nordeste e a Região Noroeste é o conjunto das regiões Noroeste, Oeste e
Barreiro. A agregação dessas regiões baseou-se na localização geográfica das áreas de
planejamento de Belo Horizonte, sendo agrupadas as regiões próximas e/ou vizinhas. No
Quadro 3 essas divisões estão mais detalhadas, incorporando os respectivos bairros.
Quadro 3:
Bairros de Belo Horizonte e as respectivas áreas de planejamento
REGIÕES AP BAIRROS REGIÕES AP BAIRROS
Instituto Agronômico Barro Preto
Boa Vista Savassi
Floresta/Santa Tereza Prudente de Morais
Pompéia Santo Antônio
Baleia Serra
Santa Efigênia São Bento/Santa Lúcia
Capitão Eduardo Belvedere
Ribeiro de Abreu Barragem
Belmonte Cafezal
São Paulo/Goiânia Glória
Cristiano Machado Abílio Machado
Cachoeirinha Jardim Montanhês
Concórdia Caiçara
Jaqueline Antônio Carlos
Isidoro Norte Padre Eustáquio
Planalto Camargos
São Bernardo PUC
Tupi/Floramar Prado Lopes
Primeiro de Maio Cabana
Mantiqueira/Sesc Jardim América
Serra Verde Barroca
Piratininga Morro das Pedras
Jardim Europa Betânia
Venda Nova Estoril
Céu Azul Buritis
Copacabana Barreiro de Baixo
Pampulha Lindéia
Santa Amélia Barreiro de Cima
Jaraguá Jato
Sarandi Cardoso
Castelo Olhos d'
Á
gua
Fonte: Fundação João Pinheiro
NORTE
VENDA NOVA
PAMPULHA
LESTE
NORDESTE
NORTE
LESTE
BARREIRO
CENTRO-
SUL
CENTRO-
SUL
NOROESTE
OESTE
NOROESTE
O Mapa 3 mostra a localização de cada área de planejamento de Belo Horizonte,
sendo possível visualizar melhor as fronteiras geográficas de Belo Horizonte com Nova
Lima, que se faz ao sul da Capital. No Mapa 4 é possível visualizar a nova agregação feita
para analisar o movimento pendular entre os dois municípios.
14
Mapa 3: Áreas de planejamento de Belo Horizonte, 2001/2002
15
Mapa 4: Regiões de análise do município de Belo Horizonte, 2001/2002
16
3. EXPANSÃO URBANA DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO
HORIZONTE
Nas últimas décadas, algumas das grandes capitais brasileiras, núcleos de regiões
metropolitanas, têm apresentado considerável desaceleração das taxas de crescimento
populacional. Tal desaceleração, em contrapartida, vem sendo acompanhada pela
aceleração das taxas de crescimento de outros municípios dessas regiões. Belo Horizonte,
por exemplo, apresentou o seguinte comportamento: na década de 60, foi responsável por
75% do crescimento populacional da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e,
entre 1991 e 2000, por apenas 25%.
O ritmo de crescimento de uma população se expressa por taxas de crescimento
populacional, que são influenciadas pela dinâmica da natalidade, da mortalidade e das
migrações. A medida utilizada para medir o ritmo de crescimento é a taxa geométrica de
crescimento populacional, que se expressa por meio de duas variáveis referentes à
população residente em dois distintos marcos temporais.
1
No período de 1940 a 2000, a população absoluta da RMBH aumentou
consideravelmente. Nesses 60 anos, apresentou taxas geométricas de crescimento
populacional de 4,01% e 4,41% ao ano, na Capital e no restante da Região Metropolitana
de Belo Horizonte (RRMBH), respectivamente. Entre 1970 e 2000, a diferença entre as
taxas de crescimento dos dois conjuntos se acentua: 2,0% para a Capital e 5,0% para o
RRMBH.
Em termos absolutos, é interessante observar que, entre 1940 e 2000, a população
da Capital cresceu 10 vezes, enquanto a do RRMBH, 13 vezes. No período de 1970 a
2000, porém, a população de BH cresceu 1,8 vezes e a do RRMBH, 4,3 vezes. Atualmente,
BH e RRMBH apresentam, praticamente, o mesmo contingente populacional (TAB.1).
Verifica-se que a Capital atingiu a maior taxa de crescimento populacional na
década de 50: 7,0% ao ano. Os outros municípios da RMBH, nesse mesmo período,
apresentaram crescimento inferior: 3,4% ao ano. Nos anos sessenta, BH e RRMBH
apresentaram as mesmas taxas, isto é, aproximadamente 6% ao ano. A partir daí, o ritmo
de crescimento da Capital tornou-se decrescente e atingiu o valor de 1,0% na década de 90.
O crescimento dos outros municípios metropolitanos, em média, atingiu o seu pico no
1
Disponível em: <http://www.igeo.uerj.br/VICBG-2004/Eixo2/E2_090.htm>. Acesso em 02/2005.
17
período entre 1970 e 1980, ou seja, 7% ao ano; em seguida, começou a decrescer,
chegando a 4% na última década (GRAF.1).
Tabela 1:
BH, RRMBH* e RMBH - População recenseada, 1940 – 2000
BH RRMBH* RMBH
1940 211.377 157.407 368.784
1950 352.724 170.195 522.919
1960 693.328 237.955 931.283
1970 1.235.030 484.585 1.719.615
1980 1.780.855 895.473 2.676.328
1991 2.020.161 1.495.376 3.515.537
2000 2.238.526 2.101.483 4.340.009
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1940, 1950, 1960
1970, 1980, 1991, 2000
*RMBH, com exceção de BH
PERÍODO
POPULAÇÃO ABSOLUTA
As taxas elevadas verificadas no RRMBH, no período de 1970 a 1980, podem ser
explicadas pelas intensas migrações motivadas pelas seguintes razões: consolidação dos
distritos industriais em Contagem; pela expansão industrial de Betim, tendo como eixo a
inauguração da FIAT em 1976 e pela implantação dos loteamentos populares em diferentes
municípios, particularmente, em Ribeirão das Neves. Apesar do declínio posterior, a taxa
ainda continuou alta, próxima de 4% ao ano entre 1991 e 2000.
Gráfico 1:
BH, RRMBH* e RMBH - Taxa geométrica média anual de crescimento populacional,
1940/1950 – 1991/2000
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
1940/50 1950/60 1960/70 1970/80 1980/91 1991/00
ANO
TAXA DE CRESCIMENTO
BH RRMBH* RMBH
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991, 2000
*RMBH, com exceção de BH
18
A participação relativa de Belo Horizonte e dos demais municípios metropolitanos
no incremento da população total da região metropolitana é uma importante variável para
complementar a análise do seu comportamento demográfico. Com efeito, na década de
quarenta, BH foi responsável por 91,7% do incremento populacional de toda a RMBH. Já,
entre 1970 a 1980, a participação relativa da Capital diminuiu para 57,05%, sendo superior
à do RRMBH até os anos setenta. A partir desse período, a situação muda e outros
municípios metropolitanos tornam-se os maiores responsáveis pelo crescimento
populacional absoluto da RMBH, chegando a 73,4% entre 1991 e 2000. Esses dados
mostram que houve um notável processo de inversão espacial do comando do crescimento
demográfico da RMBH, ocorrendo, atualmente, em alguns municípios do restante da RM e
não mais em BH (TAB.2).
Tabela 2:
BH e RRMBH* - Participação relativa no crescimento total do período, 1940/1950 –
1991/2000
NO INCREMENTO DA POP.RMBH
BH RRMBH* RMBH
1940/50
91,70 8,30 100,00
1950/60 83,41 16,59 100,00
1960/70 68,71 31,29 100,00
1970/80 57,05 42,95 100,00
1980/91 28,52 71,48 100,00
1991/00 26,49 73,51 100,00
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1940, 1950, 1960,
1970, 1980, 1991 e 2000.
*RMBH, com exceção de BH
PERÍODO
PARTICIPÃO RELATIVA
Esse fenômeno de inversão não é particularidade da Capital mineira e tem ocorrido
em outros aglomerados metropolitanos brasileiros. Em quase todos os casos, houve, entre
os anos 70 e 90, diminuição relevante do peso da Capital, em termos de crescimento
populacional, destacando-se os casos de Goiânia e Belém, além de Belo Horizonte, cuja
queda na participação relativa foi superior a 50% (TAB.3).
Analisando o país, como um todo, verifica-se que a queda do ritmo de crescimento
da população se deve, principalmente, ao processo de declínio das taxas de fecundidade,
um dos fenômenos estruturais mais importantes do final do século passado (BRITO, 1998).
No Brasil, a taxa de fecundidade total era de 4,4 filhos por mulher em 1980, diminuindo
para 2,3 em 2000. Em Belo Horizonte, a taxa de fecundidade total era de 3,8 em 1980,
passando para 1,6 em 2000, já estando abaixo do nível de reposição, ou seja, 2,1 filhos por
mulher (OLIVEIRA, 1998).
19
Tabela 3:
Contribuição relativa do núcleo metropolitano para o crescimento, no período, das regiões
metropolitanas, 1970/1980-1991/2000
REGIÕES
METROPOLITANAS 1970/80 1980/90 1991/2000
Belém 85,27 81,99 8,93
Fortaleza 80,73 64,71 65,82
Recife 24,19 17,88 31,1
Salvador 80,19 79,45 71,1
Belo Horizonte 57,05 28,52 25,69
Rio de Janeiro 44,63 37,57 35,2
São Paulo 57,87 40,55 32,03
Campinas 50,07 32,82 27,58
Curitiba 67,25 52,12 41,82
Porto Alegre 33,47 19,12 20,71
Goiânia 87,92 51,57 41,84
Brasília 87,44 68,06 57,69
TOTAL 58,50 45,10 37,93
Fonte: Censos Demográficos de 1970, 1980. 1991 e 2000
CONTRIBUIÇÃO DO NÚCLEO
Elaboração: Fausto Brito e Cláudia Horta
As mudanças nos movimentos migratórios também constituem os mais importantes
fatores para explicar esse decréscimo no ritmo de crescimento populacional das regiões
metropolitanas (RMs), principalmente de seus núcleos, uma vez que eles constituem um
importante mecanismo de redistribuição da população e procuram se adaptar ao rearranjo
espacial das atividades econômicas (ANTICO, 2000 & SINGER,1980). Entende-se como
migração, a mudança permanente ou semipermanente de residência, entre unidades
espaciais prédefinidas, não sendo relevante a dificuldade, a distância ou os diferentes graus
de voluntariedade do movimento (LEE, 1980).
Dentre as mudanças recentes no comportamento da migração, BAENINGER
(2000) destaca o decréscimo nos fluxos migratórios de longa distância, a intensificação da
migração de retorno, o aumento dos movimentos migratórios intra-regionais e de curta
distância, o predomínio das migrações do tipo urbano-urbano e a consolidação da migração
intrametropolitana.
No caso das regiões metropolitanas, as migrações intrametropolitanas são
movimentos decisivos para a reversão e redistribuição espacial da população entre os seus
diferentes municípios, o que pode recrudescer os movimentos pendulares. Essa migração é
caracterizada por mudanças de residência ocorridas entre municípios de uma mesma região
metropolitana. A mobilidade pendular, que se diferencia da migração por não haver
mudança de residência, é constituída por deslocamentos realizados com grande freqüência
semanal, quase diariamente, entre o município de residência e um outro município, no
caso, metropolitano. Tal mobilidade ocorre, principalmente, por motivos de estudo e
trabalho, mas também em busca de serviços de saúde, comércio, lazer e outros.
20
Segundo ANTICO (2003), a mobilidade populacional diária está, muitas vezes,
relacionada a aspectos ligados à produção social do espaço
2
urbano, como a espacialização
das atividades econômicas e a forte segregação espacial da população, refletindo a
distância entre a residência e o trabalho.
O deslocamento espacial das pessoas se dá quando elas são portadoras da
mercadoria força de trabalho, ou consumidoras de mercadorias. Na condição de
mercadoria, a pessoa realiza um movimento, muitas vezes diário, da casa para o local do
trabalho onde exerce um papel na produção. Já o deslocamento do consumidor pode ser
entendido como parte da reprodução da força de trabalho que exige deslocamentos
espaciais de casa para os locais de compras; de casa para os locais de lazer; de casa para a
escola, entre outros (VILLAÇA, 1998).
Com relação aos emigrantes e imigrantes de data fixa do município de BH, segundo
a origem e destino, referentes aos qüinqüênios 1986/1991 e 1995/2000, a TAB.4, evidencia
dados relevantes. Assim, do total dos emigrantes de Belo Horizonte, entre 1986 e 1991,
mais da metade teve como destino outro município da própria RMBH, quando o seu saldo
negativo foi o maior. O resultado líquido das trocas migratórias entre Belo Horizonte e
outras regiões do país não foi muito expressivo, somente em relação à região Nordeste, o
saldo foi positivo.
Tabela 4:
Belo Horizonte - migrantes de data fixa e saldos migratórios de 1986/1991 e 1995/2000 -
1991 e 2000
IMIGRANTE EMIGRANTE SM IMIGRANTE EMIGRANTE SM
NORTE 3.352 3.718 -366 2.784 3.065 -281
NORDESTE 9.476 6.230 3.246 11.172 6.712 4.460
SUDESTE* 21.487 29.966 -8.479 20.766 24.057 -3.291
RRMBH 8.732 120.712 -111.980 17.199 140.959 -123.760
INTERIOR. MG 69.102 44.106 24.996 83.448 66.011 17.437
SUL 2.372 2.891 -519 2.781 2.673 108
C. OESTE 4.305 6.214 -1.909 4.026 6.306 -2.280
TOTAL 118.826 213.837 -95.011 142.272 249.783 -107.511
Fonte: IBGE,Censos Demográficos de 1991 e 2000
*Excluída Minas Gerais
1991 2000
REGIÕES
21
ao redor de 44 mil pessoas. Em relação à Região Sudeste, pôde-se observar maior interação
demográfica da Capital mineira com outros estados do país, além de MG, proporcionando
um saldo negativo. Mas, o que mais chama a atenção a esse respeito é a importância do
movimento populacional de BH em direção aos outros municípios do RRMBH: mais de
120 mil pessoas, isto é, 52% dos emigrantes data fixa 1986/91 do município(TAB.4).
No período seguinte analisado, os outros municípios metropolitanos continuaram a
ser o destino preferido dos emigrantes da Capital, numa proporção ainda maior do que em
1986/91. Ainda que tenha aumentado o número de imigrantes oriundos do interior do
estado, os emigrantes que se dirigiram ao interior aumentaram mais ainda, ocasionando
diminuição no saldo migratório positivo. Os estados do Sudeste, excluído Minas Gerais,
continuaram apresentando expressivo movimento migratório com BH, mas o saldo
migratório ainda foi negativo. Como se vê, mais uma vez, o grande destaque permanece
com a emigração intrametropolitana oriunda de BH (TAB.4).
3.1. Espaço urbano: as diferentes linhas de interpretação
Para melhor entendimento da dinâmica da expansão urbana, convém apresentar
algumas diferentes linhas de pensamento a respeito do espaço urbano das grandes
metrópoles. Assim sendo, LEFEBVRE (1999) afirma que, com a explosão da grande
cidade, surgiram os subúrbios, conjuntos residenciais ou complexos industriais na
metrópole, fazendo com que as cidades pequenas e médias em torno das grandes se
tornassem dependentes. Afinal, ao adquirir a terra no espaço metropolitano, a pessoa
adquire um valor de uso, composto lugar de habitação, permutável com outros, mas
também um valor ou custo referente à distância, aquela que interliga a sua habitação a
lugares, centros de comércio, de trabalho, de lazer, de cultura, de decisão.
Já HARVEY (1980) salienta que o aglomerado metropolitano é um sistema de
cidades, cujas interações são tão intensas que o conjunto passa a se sobrepor. Isso se dá,
entre outros fatores, pelo compartilhamento do mercado imobiliário, do mercado de
trabalho e do sistema de transportes. Para o autor, o espaço urbano é um ambiente
construído, que se torna expressão do processo social que, com o desenvolvimento do
Capitalismo e a ampliação da organização urbana, se transforma e se recria-a.
22
Nesse sentido, a expansão urbana é decorrência do mercado imobiliário articulado
às políticas públicas que garantem a infra-estrutura necessária à sua expansão. Com relação
a esse mercado, dois teóricos foram analisados: HARVEY (1980) e ABRAMO (1998).
Na visão de HARVEY (1980) ele é determinado pelo preço da acessibilidade e pelo
custo da proximidade. A acessibilidade diz respeito a oportunidades de emprego e a
recursos e serviços de bem-estar. É obtida por um preço, geralmente, igualado ao custo de
superar distâncias e de usar o tempo. Quanto à proximidade, em algulcs,temnd a
amorscusto s4.19( s)5.47(br a )radia,ren0.87(dos:a )fators dcoforte, de bp5.47()0.87(luião),5.47()]TJ-T*0.1693 Tw[(Nbarulho ou a)8.45(binte,decode,te,. essea situ5.47(ção)5TJ19.76 T TD0.01944Tw[(N,servi necessária, gp)5.46(rexpm)8.4( pl, gintarlr o]TJ-19.76 T1.725 TD0.0009 Tc0.0231 Tw[(Nroxtetors dcontra u)5.49(íd),5.49( fazer li)8.7(ipez es la]TJ18.215 0 TD-.00097Tc0.0235 Tw[(Nv5.47(ç-0.95(g5.47(e-0.95()8.45(de bfachadas A sibm,dco)8.45()0.87(f e spaço)]TJ-19.215 01.725 TD0.0009 Tc0.0434 Tw[(trbanaoseralgerma,robp5.43r)-1.67(eço5.43rde bcessi4.15i)-1.69(ilidade e p cus5.43rto de )roxi5.43ri)8.1( dade dis emoradia teambé-1..9(rm)31( )]TJ-T*0.10092Tc0.16598Tw[(suofrm)8.(algermações,troxvocano, dcerta)8.ente, i]TJ18.296 0 TD-.00098Tc0.16579Tw[(s)8.16u)5-42(dadnça taosco)8.46(or)ta)8.6(e)-0.84(no da p)8.6(eoilidade e]TJ-19.296 01.725 TD0.00097Tc0-.00097Tc[(sis epssioas 5.47()e]TJ-.955 -1.725 TD0 00097Tc[(sA liermatura co)nô)8.4(i)c necoclási4.18i)c ni4.18iuera, ie eou5.46(tro )8.4(ioo, due go )8.4(i)-0.86rcado ie eermra c)]TJ-2.955 -1.725 TD0 .01 Tc0.10298Tw[(si)8.18(óves tégo )8.4.encanis)8.4.eo)1( s)iaslie eo)](eore,tção)56(i]TJ18.255 -0TD0.0009 Tc0.0427 Tw[( d5.43ra-0.9(r de cisõesgindividuai)]TJ1972 T TD-0.00012Tc0.0430 Tw[( ud4.18ie-1.6( alocalizção)e de u]TJ-2..6(75-1.725 TD-0.0003 Tc0.0404 Tw[(usodo )soo )rbanaos de sea coore,tção)suargeum)7j-9.755 -0TD0.00097Tc0.0404 Tw[a eciade, ecuj )soo )7j-.7(15T TD-0.00012Tc0.04427Tw[astar.i nento )utilizçd 701.725 TD0.00092Tc0.04408Tc[(sisfora-6.68s)8.( p)8.ra-06(s teficinte,d(BRAMO , 201 ). ]TJ-.955 -1.725 TD0 0005 Tw0.1609 Tw[(rSeuld )BRAMO (1998). gino aolé
rvalr
23
3. um esfacelamento generalizado das funções urbanas disseminadas em zonas
geograficamente distintas e cada vez mais especializadas: zona de
escritórios, zona industrial, zona de moradia, etc.
Esses tipos de segregação constituem o processo central definidor da dominação
política e econômica e, conseqüentemente, da localização da população dentro das áreas
urbanas. Segundo alguns autores, o padrão de segregação mais reconhecido é o Centro X
Periferia. Por um lado, o centro, dotado da maioria dos serviços urbanos, públicos e
privados, e, por outro, a periferia subequipada e longínqua (VILLAÇA, 1998).
Também na opinião de RIBEIRO (1999), a dinâmica da apropriação dos recursos
urbanos acarreta uma divisão social do espaço ou uma segregação do espaço urbano. A
distribuição espacial da população seria resultante das disputas entre classes e grupos pelo
uso e ocupação do território da metrópole e o principal fundamento desse conflito de
classes é a luta pelo acesso aos recursos urbanos. Entende-se por recursos urbanos a infra-
estrutura adequada de saneamento básico, os serviços de saúde, a infra-estrutura de
transporte, entre outros.
Apesar da habitação ser um direito básico de cidadania, com a intensidade do
processo de segregação, surge a necessidade de criação de novas políticas urbanas e
habitacionais para favorecer os mais necessitados. Mas, com o enorme déficit na oferta de
serviços públicos urbanos, os processos privados de produção habitacional tenderão a
adotar um comportamento especulativo, retendo a terra na espera da valorização e
apostando sempre na elevação dos preços relativos como mecanismo seletivo de acesso ao
mercado espacialmente definido (CARDOSO, 2000).
Com o objetivo de escapar da escassez absoluta, os excluídos do mercado
imobiliário, que fazem parte das camadas mais pobres, buscam a autoprodução de suas
moradias. Essas residências têm se materializado no processo de favelização,
encortiçamento e periferização, no qual prevalecem a irregularidade e ilegalidade do
acesso à terra, à perda de qualidade da habitação e precárias condições de sobrevivência.
Tais condições se traduzem em carências de equipamentos e serviços urbanos, em
dificuldades de acesso aos sistemas de transporte e na exposição ao risco em regiões
inseguras e insalubres (CARDOSO, 2000 & RIBEIRO, 1999).
Por outro lado, as camadas de renda alta ou média alta são atendidas pela produção
privada. Elas se apropriam dos terrenos com melhores condições de acessibilidade às áreas
centrais, melhores ofertas de infra-estrutura e maior nível de amenidades. Muitas vezes,
essas parcelas da população têm preferência por condomínios fechados, que são oferecidos
24
nas cidades brasileiras, quando os núcleos urbanos metropolitanos não são mais
compatíveis com as suas aspirações e valores (BHERING, 2002).
Aliás, a dinâmica imobiliária como se sabe, tem um papel importante na
estruturação do espaço, via investimentos capazes de deslocar a demanda e influenciá-la
em suas decisões (ABRAMO, 1998). Para SMOLKA (1992), essa dinâmica opera no
sentido da substituição de famílias de menor renda pelas de maior renda, nas áreas mais
distantes do centro, afastando ainda mais, as populações mais pobres. Essa dinâmica é
determinada pelos seguintes fatores:
Demográficos: estão associados às mudanças de fases do ciclo de vida das
famílias, tais como: independência financeira de um filho, constituição de
nova família, etc.
Socioeconômicos: estão associados a mudanças de emprego que implicam,
muitas vezes, a realização dos deslocamentos pendulares entre o local de
residência e o trabalho.
Ambientais e culturais: estão associados à inadequação da vizinhança,
gerados por problemas como, violência, riscos ecológicos, poluição, etc.
Por sua vez, o movimento migratório intrametropolitano está relacionado aos
deslocamentos espaciais de pessoas com diferentes níveis de renda, quase sempre em
conformidade com a dinâmica imobiliária. Isso tem provocado um processo de segregação
social e espacial, levando as pessoas com menor nível de renda a serem empurrados em
direção aos locais sem nenhuma infra-estrutura enquanto as das camadas mais ricas são
deslocadas para locais que lhes proporcionam melhor qualidade de vida, como é o caso dos
condomínios fechados.
O aumento e consolidação dessa mobilidade, principalmente a intrametropolitana,
podem também ser compreendidos pela seletividade migratória. Nesse sentido, MARTINE
(1980) identifica a retenção e a evasão de pessoas, fruto dessa seletividade. No primeiro,
prevalecem os fatores positivos, de atração. Assim são selecionados os mais dinâmicos,
que apresentam melhor nível educacional e maior nível de renda. Por outro lado, na evasão
seletiva, prevalecem os fatores de expulsão ou negativos. Nesse caso, ocorre maior evasão
da população não-qualificada, menos capacitada para competir no mercado de trabalho
urbano ou incapaz de arcar com despesas de uma cidade grande.
A retenção e evasão não oscilam significativa e sistematicamente segundo a
procedência dos migrantes, embora, como seria de se esperar, a procedência rural implique
menor sobrevivência na maioria das cidades. A demonstração quantitativa da evasão é
25
problemática, pois não existem informações sobre seu volume e muito menos sobre a sua
quantidade. A seletividade positiva da população migrante mais escolarizada é
significativa em grande parte das áreas metropolitanas, como Belo Horizonte, Rio de
Janeiro e São Paulo (MARTINE, 1994).
Por fim, a não-adaptação do imigrante no local de destino implica um processo de
reemigração, na maioria das vezes, dentro da própria região metropolitana, e se dá,
primordialmente, em curto prazo. É provável que essa adaptação esteja altamente
relacionada a atributos pessoais desfavoráveis, tais como menor nível de escolaridade e
formação profissional que potencializam os obstáculos às adversidades impostas pelo
mercado de trabalho e pelo mercado imobiliário (BRITO, 1999).
3.2. Formação espacial da RMBH
A formação espacial de Belo Horizonte e do restante da Região Metropolitana
mostra que essas regiões estão bastante associadas, uma vez que o desenvolvimento
metropolitano tem se alimentado da própria expansão da Capital (BRITO, 1996). Esse
crescimento foi fruto de alguns movimentos interligados, tais como o processo de
industrialização e o de expansão imobiliária, originando espaços diferenciados através da
habitação. Enquanto algumas áreas da periferia metropolitana crescem fortemente, bairros
das áreas centrais já conhecem movimentos de perda de população (RIBEIRO, 1999).
No caso da expansão urbana especialmente da RMBH, apresentou diferentes
direções de crescimento, que tiveram origem nas regiões da Capital. Essas direções podem
ser compreendidas pelos seis grandes Vetores de Expansão urbana: Oeste, Norte-Central,
Norte, Leste, Sul e Sudoeste. Para melhor entendimento dessa dinâmica, é importante
conhecer bem cada vetor, seus respectivos municípios e sua localização geográfica.
Há de se lembrar que, na década de 90, alguns municípios da RMBH foram
divididos e outros integrados. Em 1991, vinte e oito municípios faziam parte da RMBH e,
atualmente, são trinta e três. Dois exemplos de municípios divididos são Mateus Leme, que
deu origem a Juatuba, e Ibirité, que deu origem a Mário Campos e Sarzedo. A população
de cada município, bem como a área e o crescimento populacional deles encontram-se no
anexo A.
O primeiro vetor, no Oeste da Capital, originou-se na década de 40, a partir da
expansão da avenida Amazonas até Contagem e Betim. Em 1941, foi criada, em
26
Contagem, a Cidade Industrial, com o intuito de atrair novas indústrias. Inicialmente, os
resultados foram pequenos, em virtude de problemas relacionados com o fornecimento de
energia elétrica e com a precariedade do sistema viário.
Quadro 4:
Vetores de expansão da RMBH e seus respectivos municípios
VETORES MUNICÍPIOS
BETIM
CONTAGEM
ESMERALDAS
IBIRITÉ
MÁRIO CAMPOS
SARZEDO
RIBEIRÃO DAS NEVES
SANTA LUZIA
SÃO JOSÉ DA LAPA
VESPASIANO
BALDIM
CAPIM BRANCO
CONFINS
JABOTICATUBAS
LAGOA SANTA
MATOZINHOS
NOVA UNIÃO
PEDRO LEOPOLDO
TAQUARAÇU DE MINAS
CAETÉ
SABARÁ
NOVA LIMA
BRUMADINHO
RAPOSOS
RIO ACIMA
RIO MANSO
ITAGUARA
FLORESTAL
IGARAPÉ
JUATUBA
MATEUS LEME
SÃO JOAQUIM DE BICAS
Fonte: BRITO(1998), adaptado pelo autor
SUL
SUDOESTE
OESTE
NORTE CENTRAL
NORTE
LESTE
Posteriormente, no final da década de 50, com a consolidação da Cidade Industrial,
várias empresas se instalaram na região: RCA - Vitor, de Capital americano; Sociedade
Brasileira de Eletrificação, de Capital italiano; a Trefilaria Belgo-Mineira, entre outras. A
implantação da siderúrgica Mannesmann no Barreiro contribuiu para consolidar essa
região como um forte pólo industrial (GODINHO, 2004). Nos anos 70, Betim transforma-
se em local privilegiado para investimentos industriais, devido à construção da Refinaria
Gabriel Passos na década anterior e à implantação da fábrica de automóveis FIAT em 1976
(BRITO, 1996). O mapa 5 apresentado a seguir visualiza Belo Horizonte e seus vetores de
expansão.
27
Mapa 5: Belo Horizonte e seus vetores de expansão
28
Diante desse quadro, concretizou-se, assim, um importante corredor industrial que
ensejou a implantação, por iniciativa do poder público e do mercado imobiliário, de vários
núcleos, constituídos de loteamentos e conjuntos habitacionais com precária infra-
estrutura, que foram ocupados pela população de baixa renda. Daí, o desordenado processo
de urbanização se expandiu com a intensa ocupação populacional e a multiplicação das
atividades econômicas, propiciando a conurbação da Capital com os municípios de
Contagem, Betim e Ibirité. Ademais, a ausência de controle público do uso e da ocupação
do solo possibilitou que o desenvolvimento industrial articulasse um crescimento
demográfico acelerado da região Oeste (BRITO, 1996 & BRITO, 1998).
Ao norte da Capital, com a expansão das avenidas Antônio Carlos e Cristiano
Machado, nas regiões da Pampulha e Venda Nova, respectivamente, originou-se o Vetor
Norte. Esse vetor se desdobra em dois: o Norte-Central e o Norte. O primeiro abrange os
municípios de Santa Luzia, Vespasiano, São José da Lapa e Ribeirão das Neves.
Quanto ao Vetor Norte, tem como principais municípios Pedro Leopoldo e Lagoa
Santa. No município de Pedro Leopoldo, foi inaugurada, em 1963, a Precon - empresa
fabricante de pré-moldados de concreto e em 1975, a Cimento Nacional de Minas S/A
(Ciminas). A expansão dos loteamentos para a população de renda média e alta em Lagoa
Santa e a inauguração do aeroporto de Confins também, contribuíram para a expansão
desse vetor. A construção do aeroporto nessa região proporcionou melhoramento da malha
viária ligando Belo Horizonte à Região Norte da área metropolitana.
Com relação ao Vetor Norte-Central, seus municípios de Vespasiano e Santa Luzia
receberam alguns investimentos industriais. Mas o principal determinante da expansão
desse vetor foi a proliferação de áreas de moradias para a população de renda mais baixa.
Já a implantação da Sociedade de Empreendimentos Industriais, Comerciais e Mineração
(SOEICOM), uma indústria de cimento implantada em Vespasiano no ano de 1975,
contribuiu para o crescimento do vetor.
Contribuiu, também para a expansão do Vetor Norte, a criação de loteamentos sem
a mínima infra-estrutura urbana nesses municípios, facilitada pela articulação das políticas
públicas e do mercado imobiliário. De fato, no município de Ribeirão das Neves, os
agentes imobiliários aproveitaram-se da legislação frágil e implementaram precários
loteamentos, atraindo a população de baixa renda que para lá se mudava com o objetivo de
realizar o sonho da casa própria. Desse modo, na década de 70, esses municípios passaram
a apresentar crescimento demográfico extremamente acentuado, com taxas superiores às
29
dos municípios da Região Oeste, formando um expressivo “pólo de atração da pobreza”
(BRITO,1998).
A respeito da expansão do Vetor Leste, ele cresceu na direção dos municípios de
Caeté e Sabará, cuja origem foi a expansão da Avenida Cristiano Machado e do bairro
Cidade Nova. Apresentando importância demográfica menor que os Vetores Norte-Central
e Oeste, ele também se integra no espaço urbano metropolitano pela construção de
loteamentos destinados à população de baixa renda (BRITO, 1998).
Os municípios de Nova Lima e Brumadinho, os principais do Vetor Sul, situam-se
em área contígua à zona Sul de BH. A expansão desse vetor foi motivada pela construção
do BH Shopping, na década de 70, e pelo conseqüente desenvolvimento do entorno da
Avenida Nossa Senhora do Carmo e da rodovia BR-040. Certamente, a instalação desse
shopping constitui um marco no processo de ocupação da área, pois acelerou o crescimento
urbano da Capital que se derramou sobre Nova Lima (COSTA, 2004). Além disso, a
criação e o rápido desenvolvimento do bairro Belvedere III provocaram uma
supervalorização da região, o que foi determinante para a consolidação desse vetor.
Assim sendo, o crescimento dessa região é marcado, não só pela construção do BH
Shopping, como também, fundamentalmente, pelo crescimento e atuação do mercado
imobiliário cujos loteamentos destinados à população de renda mais elevada, muitas vezes
sob a forma de condomínios, tornaram a região substancialmente distinta das outras. A
implantação de tais condomínios começou na década de 60, com a construção do Retiro
das Pedras, em Brumadinho, e do Serra Del Rey, em Nova Lima. Esse tipo de ocupação
proliferou nos últimos vinte anos, alterando, assim, a sua concepção original que era de
lazer em final de semana para residência familiar fixa.
Como foi visto anteriormente, a década de 70 foi decisiva para o crescimento da
Região Metropolitana, pois muitos municípios apresentaram altas taxas geométricas de
crescimento populacional. Entre os vetores, o Vetor Norte-Central apresentou a maior taxa
de crescimento: 12,4%. Isso foi resultado, principalmente, da implantação de loteamentos
populares no município de Ribeirão das Neves, o que ocasionou um boom de atração
migratória. A população residente nesse município, que era de 9.734 habitantes em 1970,
passou para 67.278 habitantes em 1980, ou seja, sete vezes maior em apenas dez anos. Nas
décadas seguintes, essa região continuou apresentando taxas significativas de crescimento,
porém inferiores àquelas dos anos 70. Por outro lado, a sua participação relativa no
incremento da população total da RMBH passou de 11,0%, na década de 70, para 22,47%,
30
na década de 90. O Vetor Norte-Central, atualmente, só contribui menos que o Oeste em
termos de crescimento da população da RMBH (TAB.5).
O Vetor Oeste, corredor industrial da região metropolitana, apresentou, como era de
se esperar, crescimento populacional acelerado nos anos 70, ou seja, 8,6%. Na década
seguinte, houve redução de crescimento, no último período analisado, a uma taxa de 4,0%.
Entretanto, a redução na velocidade do crescimento não impediu que, nas duas últimas
décadas do século XX, os Vetores Norte-Central e Oeste fossem responsáveis por 60% do
crescimento populacional metropolitano (TAB.5).
Tabela 5:
Belo Horizonte e Vetores de expansão da RMBH: taxa geométrica de crescimento anual e
participação relativa no crescimento total da região, no período –1970/1980 - 1991/2000
1970/80 1980/91 1991/2000 1970/80 1980/91 1991/2000
BELO HORIZONTE
3,73 1,15 1,15 57,08 28,19 26,18
OESTE 8,61 5,23 4,03 24,74 37,30 37,80
NORTE - CENTRAL 12,36 7,48 5,02 10,96 21,72 22,37
NORTE 2,36 2,72 2,65 2,12 3,94 4,16
LESTE 3,04 2,39 2,35 2,56 3,32 3,44
SUL 1,08 2,71 1,97 0,86 3,25 2,49
SUDOESTE 5,23 3,67 4,60 1,67 2,29 3,56
TOTAL 4,54 2,54 2,39 100,00 100,00 100,00
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1970, 1980, 1991, 2000
VETORES DE
EXPANSÃO
TAXA DE CRESCIMENTO
PARTICIPAÇÃO RELATIVA
NO CRESCIMENTO TOTAL
Com relação ao Vetor Leste, cabe ressaltar sua vocação de região dormitório, não
só no seu núcleo principal, o município de Sabará, mas também, nos loteamentos populares
que praticamente possibilitaram a conurbação com Belo Horizonte. O seu crescimento
demográfico reflete isso. Com efeito, assiste-se à ampliação de loteamentos para residência
fixa e de final de semana para a população de renda média e alta. Por outro lado, o Vetor
Sudoeste apresentou uma taxa de crescimento média anual na década de 90 bastante
superior a dos anos oitenta, em boa parte, devido ao crescimento demográfico do
município de Juatuba (TAB.5)
Mesmo com o ritmo de crescimento bem abaixo da média da RMBH, percebe-se,
no Vetor Sul, tendência a um crescimento demográfico moldado pela seletividade da sua
imigração, hoje mais concentrada no município de Nova Lima, cuja população tem
aumentado em ritmo bem mais acelerado do que o conjunto do Vetor. A participação
relativa do Vetor Sul no crescimento total da RMBH foi de 2,5% em 1991/2000, sendo
aproximadamente três vezes maior do que a de 1970/80 (TAB.5).
31
O Vetor Norte apresentou expressivas taxas de crescimento e participação relativa
no crescimento da população total da RMBH, que foi superior aos dos Vetores Leste, Sul e
Sudoeste. Explicam, esse crescimento, o desenvolvimento industrial de Pedro Leopoldo e a
continuidade da expansão imobiliária em Lagoa Santa, municípios esses mais relevantes
desse Vetor.
3.3. As migrações intrametropolitanas na Região Metropolitana de Belo
Horizonte
A análise da migração intrametropolitana é fundamental para o entendimento da
dinâmica dos seus vetores de expansão. Nesse sentido, o primeiro ponto que chama a
atenção são os saldos migratórios negativos, que têm aumentado, de Belo Horizonte em
relação a todos os vetores, nos dois qüinqüênios analisados (TAB.6).
Tabela 6:
Resultado dos fluxos de migrantes data fixa de 1986/1991 e 1995/2000 de Belo Horizonte
para os Vetores da RMBH - 1991 e 2000
IMIGRANTE
E
MIGRANT
E
SM IMIGRANTE
E
MIGRANT
E
SM
OESTE 3.220 59.456 -56.236 8.489 63.319 -54.830
NORTE CENTRAL 1.265 46.079 -44.814 3.741 51.845 -48.104
NORTE 1.559 3.664 -2.105 1.571 7.007 -5.436
LESTE 1.010 5.423 -4.413 1.604 7.686 -6.082
SUL 981 2.606 -1.625 1.256 5.475 -4.219
SUDOESTE 697 3.484 -2.787 538 5.627 -5.089
TOTAL 8.732 120.712 -111.980 17.199 140.959 -123.760
Fonte: IBGE,Censos Demográficos de 1991 e 2000
VETORES
1991 2000
É possível dividir os fluxos de emigrantes de BH para os Vetores da RMBH em
dois grupos. Os municípios pertencentes aos Vetores Oeste e Norte-Central receberam,
relativamente, um número muito maior de emigrantes de BH: 87% do total do fluxo data
fixa em 1986/1991, e 82% em 1995/2000. O Vetor Oeste, apesar de ainda ser o destino de
preferência dos emigrantes, está gradativamente perdendo sua posição relativa para o Vetor
Norte-Central. Esses são os vetores que se destacam pela dimensão dos seus fluxos de
emigrantes. Os outros vetores apresentaram, proporcionalmente, menor intensidade
demográfica, destacando-se, entre eles, o Vetor Leste, dada a maior quantidade de
emigrantes nos dois períodos. Deve-se observar que, comparados os dois qüinqüênios,
32
houve acréscimo no número de emigrantes de BH para todos os vetores, sendo que, no
Vetor Sul, o aumento relativo foi maior - 110%.
A propósito, a migração intrametropolitana é muito importante para o estudo da
redistribuição populacional nos grandes aglomerados metropolitanos no Brasil. Além de
estar relacionada com o alto grau de concentração populacional, está tamm ligada,
conforme já mencionado, aos problemas regionais de valorização imobiliária e de uso e
ocupação do solo.
Vale lembrar que muitas capitais das unidades da federação no Brasil, sedes das
RMs, tiveram saldo migratório negativo em relação aos outros municípios metropolitanos
(BRITO, 1996). Em Belo Horizonte, desde 1970, o fluxo de habitantes que saem da
Capital em direção aos outros municípios da Região Metropolitana tem sido maior do que
o fluxo em sentido contrário. Assim, em 2000, tendo como data fixa 1995, o saldo
migratório chegou a -123.654 pessoas, representando aumento de quase 10% em relação a
1986/1991.
Para caracterizar melhor a emigração intrametropolitana de BH, serão apresentadas
algumas características demográficas e econômicas dos emigrantes, data fixa, nos
qüinqüênios 1986/1991 e 1995/2000. Em relação à composição por sexo e idade, verificou-
se, nos dois períodos analisados, ligeira predominância de emigrantes do sexo feminino,
aproximadamente 2% a mais do que o masculino. Mesmo nas faixas etárias em que mais se
concentra a força de trabalho, observa-se a supremacia das mulheres (GRAF.2).
Gráfico 2:
Belo Horizonte - Pirâmides etárias dos emigrantes de data fixa de 1986/1991 e 1995/2000
para os demais municípios da RMBH, 1991 e 2000
1991
-10-8-6-4-20 2 4 6 810
5 a 9
10 a 14
15 a 19
20 a 24
25 a 29
30 a 34
35 a 39
40 a 44
45 a 49
50 a 54
55 a 59
60 a 64
65 e mais
%
Masculino Feminino
2000
-10-8-6-4-2 0 2 4 6 810
5 a 9
10 a 14
15 a 19
20 a 24
25 a 29
30 a 34
35 a 39
40 a 44
45 a 49
50 a 54
55 a 59
60 a 64
65 e mais
%
Masculino Feminino
33
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1991 e 2000
No que se refere ao nível educacional, verificou-se que houve uma maior
quantidade de emigrantes, data fixa, de 1995/2000 com melhor nível de escolaridade se
comparado com os de 1986/91. Isso ocorreu, logicamente, porque houve aumento
proporcional significativo dos emigrantes com maior escolaridade, acompanhado de
redução na proporção de pessoas com nível de escolaridade baixos (TAB.7).
Quanto à análise das médias de anos de estudo, a tabela adiante mostra que, em
2000, os emigrantes do sexo masculino apresentavam escolaridade média 27,3% maior do
que os do qüinqüênio 1986/1991. E as mulheres, além do aumento maior na década
34
Acerca do nível de rendimento dos emigrantes, a melhor maneira de retratá-lo é
através da análise dos rendimentos médio e mediano. Assim sendo, nos dois períodos
analisados, verificou-se que o rendimento médio masculino era maior que o feminino,
apesar dessa diferença, a situação, tanto dos homens, quanto das mulheres emigrantes,
melhorou em 2000 com relação a 1991. Constatou-se que o rendimento dos homens
aumentaram 86% e 98%, o das mulheres (TAB.9).
Como houve aumento do rendimento médio, o rendimento mediano dos emigrantes
de Belo Horizonte também aumentou, passando de 1,60 salários-mínimos em 1991 para
2,15 em 2000. Portanto houve acréscimo nos salários de 34% entre os dois períodos
analisados. Como mostram os dados, as mulheres, novamente, foram marginalizadas, pois
seus possuem rendimentos medianos foram inferiores aos masculinos nos dois anos, ou
seja, 43% menor em 1991 e 54% em 2000.
Tabela 9:
Belo Horizonte - Rendimento médio e mediano mensal dos emigrantes data fixa de
1986/1991 e 1995/2000 para o RRMBH, de 10 anos e mais de idade na data do Censo -
1991 e 2000
MASC FEM TOTAL MASC FEM TOTAL
MÉDIO 2,58 1,50 2,20 4,79 2,97 3,79
MEDIANO 1,87 1,31 1,60 2,65 1,72 2,15
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1991 e 2000
RENDIMENTO
1991 2000
Analisando a distribuição dos rendimentos relativos ao trabalho principal por faixa
de renda, verificou-se que a maioria dos emigrantes possuía baixo nível de renda. Da
mesma forma dos rendimentos médio e mediano, houve melhora no nível de rendimentos
dos emigrantes de 1995/2000 com relação a 1986/1991 relativos ao trabalho principal. A
redução na proporção de emigrantes recebendo menos de um salário-mínimo foi
acompanhada por aumento do número de pessoas recebendo mais de três salários. Isso
provocou aumento nos rendimentos médio e mediano e mudança na estrutura de
rendimento dos emigrantes de BH para outros municípios da RMBH (GRAF.3).
35
Gráfico 3:
Belo Horizonte - Distribuição relativa dos emigrantes de data fixa de 1986/1991 e
1995/2000, ocupados, com 10 anos e mais na data do Censo, que foram para os municípios
da RMBH, por rendimento mensal em salário mínimo no trabalho principal - 1991 e 2000
1991
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
Até 1 1 a 2 2 a 3 3 a 5 5 a 10 10 a 15 15 a 20 20 e mais
%
Masculino Feminino
2000
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
Até 1 1 a 2 2 a 3 3 a 5 5 a 10 10 a 15 15 a 20 20 e mais
%
Masculino Feminino
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1991 e 2000
Para caracterizar o mercado de trabalho, será analisada a posse de carteira de
trabalho assinada, por parte dos emigrantes que estavam ocupados na semana de
referência. Assim, de acordo com a TAB.10, na década de 90, a proporção de pessoas sem
carteira de trabalho assinada aumentou de 17,6% para 24,2%, refletindo o aumento da
participação de trabalhadores na economia informal. Isso se deu tanto entre os homens
quanto entre as mulheres. Nos dois anos, 1991 e 2000, houve maior proporção de homens
com carteira assinada. Isso ocorreu, em boa medida, devido ao tipo de trabalho realizado
pelas mulheres, muito concentrado em serviços domésticos. Nesses empregos, não é usual
a assinatura da carteira de trabalho por parte do empregador.
Tabela 10:
Belo Horizonte - Proporção de emigrantes data fixa de 1986/1991 e 1995/2000 para o
RRMBH, que tinham trabalho na semana de referência com posse de carteira de trabalho
assinada, com 10 anos e mais de idade na data do Censo – 1991 e 2000
POSSE DE CARTEIRA
DE TRABALHO ASSINAD
A
MASC FEM TOTAL MASC FEM TOTAL
Sim 61,58 52,87 58,72 54,76 51,70 53,58
Não 13,33 25,02 17,16 20,92 29,47 24,23
Total 36.393 17.749 54.142 29.810 20.213 49.944
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1991 e 2000
1991 2000
36
Do exposto, conclui-se que a maioria dos emigrantes metropolitanos de BH possuía
baixo nível de educação e renda, sugerindo que a migração faz parte de um processo mais
amplo de exclusão social. E isso se dá, na maioria das vezes, através do mercado
imobiliário, cujos mecanismos de seletividade levam os emigrantes a serem expulsos da
Capital por não conseguir arcar com os custos crescentes da terra e dos aluguéis. Daí se
mudam para outros municípios da RMBH (RIBEIRO, 1999).
3.4. Mobilidade pendular na RMBH
A mobilidade pendular está cada vez mais presente nas metrópoles brasileiras e
articula-se com os processos de ocupação, estruturação e expansão dos grandes
aglomerados metropolitanos. As questões relacionadas à moradia e ao emprego colocam-se
como importantes dimensões analíticas para o entendimento do papel e das implicações
desses deslocamentos diários no processo de configuração da área metropolitana,
resultando em dinamismos diferenciados (ANTICO, 2003). De acordo com MONTALI
(1991), além de registrar a movimentação cotidiana no espaço metropolitano, a
pendularidade é uma forte evidência de como são constituídos o mercado de trabalho e a
segmentação dos locais de moradia e de trabalho.
Na RMBH, uma proporção significativa das pessoas que emigraram de BH para
outros municípios metropolitanos voltam freqüentemente, quando não diariamente, em
busca de serviços de saúde, comércio, estudo e trabalho, mostrando a importância desse
movimento. Vale lembrar que nesta dissertação só será analisado o movimento pendular
por motivo de emprego, por isso optou-se por utilizar a pesquisa de Origem e Destino, já
que o Censo Demográfico estuda esse movimento por estudo e trabalho.
Portanto, ao analisar o movimento pendular em questão, ou seja, aquelas pessoas
que residem em outros municípios metropolitanos, mas trabalham em BH, verificou-se que
68% teve a própria Capital como a última etapa da sua migração intermunicipal. Isso
reforça a hipótese da importância do mercado imobiliário na transferência desses migrantes
para outros municípios. Afinal, mais de 200 mil pessoas de outros municípios da RMBH
vinham, diariamente, a BH para trabalhar, e 76.404 pessoas saiam de BH (TAB.11).
Nesse aspecto, Contagem se destaca. É o município de onde mais se originam os
movimentos pendulares, por motivo de trabalho, cujo destino é BH. Também é o lugar
preferencial dos que residem na Capital e trabalham em outros municípios metropolitanos.
Cerca de 60 mil pessoas realizam esse movimento de trabalhar em BH mantendo sua
37
residência em Contagem. Desses, 65,4% tinha BH como a sua última etapa migratória.
Dentre os municípios selecionados, Sabará e Betim apresentaram, respectivamente, a
maior e a menor proporção de pessoas que realizam o movimento pendular tendo morado
em BH anteriormente.
No caso de Nova Lima, é interessante observar que o número de residentes que
trabalhavam em BH era praticamente o mesmo daqueles que, residindo em BH,
trabalhavam em Nova Lima. Entre os que se deslocavam para trabalhar em BH, 62% deles
residiram anteriormente na Capital.
Tabela 11:
Movimentos pendulares entre BH e RMBH, por motivo de trabalho e residência anterior
em BH - 2001/2002
Contagem 40.283 38.699 59.177 65,40
Rib.das Neves 4.155 28.314 40.332 70,20
Santa Luzia 2.853 20.350 29.391 69,24
Sabará 1.651 15.056 18.762 80,25
Ibirité 1.537 13.876 20.027 69,29
Betim 14.190 9.080 16.725 54,29
Vespasiano 1.798 7.266 9.818 74,01
Nova Lima 5.546 3.556 5.694
62,45
Esmeraldas 77 1.259 1.904 66,12
Outros municípios 4.317 6.312 10.555 59,80
TOTAL 76.407 143.768 212.385 67,69
Fonte: FJP, Pesquisa Origem e Destino, 2001/2002
MUNICÍPIOS DA
RMBH
%
(2/3)
RESIDIA
ANTERIORMENTE EM
BH, ATUALMENTE
RESIDE NO RRMBH E
TRABALHA EM BH (2)
RESIDE NO RRMBH
E TRABALHA EM
BH (3)
RESIDE EM BH E
TRABALHA NO
RRMBH (1)
Neste ponto do estudo, uma distinção torna-se necessária: distinguir população em
idade ativa (PIA) e população economicamente ativa (PEA). A PIA compreende o
potencial de mão-de-obra com que pode contar o setor produtivo, isto é, a parcela da
população de 10 anos e mais. A PEA é a parcela da PIA ocupada ou desempregada. A
população ocupada abrange as pessoas que possuem trabalho remunerado ou não
remunerado e a população não ocupada, abrange as pessoas que estão desempregadas
3
.
Assim sendo, na RMBH, em 2001, 9,5% da população ocupada não trabalhava no
município de residência (TAB.12)
4
. Os municípios de Ribeirão das Neves, de Sabará,
Santa Luzia e Ibirité, à época da pesquisa, apresentavam alta parcela da população - 40% -
trabalhando na Capital. Betim, provavelmente, apresenta um mercado de trabalho com
maior capacidade de absorção da mão-de-obra, já que apenas 15,26% da população
ocupada trabalha em BH. Não se pode deixar de mencionar que uma parcela da população
3
Conceitos disponíveis em: http://www.sei.ba.gov.br/pesquisa_sei/notas_ped.php
4
A população ocupada foi calculada pelo IBGE, dado disponível em: http://w/ww.ibge.gov.br. Acesso em:
janeiro/2005.
38
de Betim trabalha em Contagem, cerca de 10.000. Em relação aos residentes no município
de Nova Lima, dos 25.681 ocupados, 22% trabalhava na Capital.
Tabela 12:
RRMBH: Proporção da população ocupada que trabalha em um município e reside em
outro - 2001/2002
Contagem 216.911 59.177 27,28
Rib.das Neves 91.535 40.332 44,06
Santa Luzia 69.236 29.391 42,45
Sabará 43.247 18.762 43,38
Ibirité 45.342 20.027 44,17
Betim 109.574 16.725 15,26
Vespasiano 27.167 9.818 36,14
Nova Lima 25.681 5.706 22,22
Esmeraldas 17.098 1.904 11,14
Outros municípios 1.580.312 10.555 0,67
TOTAL 2.226.103 212.397 9,54
Fonte: FJP, Pesquisa Origem e Destino, 2001/2002 e IBGE, Censo
Demográfico de 2000
MUNICÍPIOS DE
RESIDÊNCIA
%
OCUPADA
(2/1)
POPULAÇÃO
OCUPADA
(1)
POPULAÇÃO
PENDULAR -
TRAB. BH (2)
Analisando a mobilidade pendular, segundo as áreas de planejamento da Capital,
consegue-se identificar as principais regiões onde se localizam os empregos dos que fazem
o movimento pendular. Para a região Centro-Sul de BH, em 2002, destinava-se quase a
metade dos movimentos pendulares, por motivo de emprego, originários nos outros
municípios metropolitanos. O Vetor Sul era a região que apresentava maior proporção de
pessoas que iam diariamente ao Centro-Sul para trabalhar (cerca de 70%). A proximidade
geográfica é, provavelmente, um dos fatores determinantes dessa mobilidade, uma vez que
essas regiões são limítrofes (TAB.13).
Tabela 13:
Movimentos pendulares entre os que residem no RRMBH e trabalham em Belo Horizonte,
por área de planejamento da Capital, % e total absoluto - 2001/2002
OUTROS
BAIRROS
CENTRO
OESTE 12,27 14,44 31,08 3,69 3,32 15,83 0,64 11,95 5,52 1,25 100.000
SUL 4,39 37,69 32,04 1,74 4,76 5,27 0,11 9,22 4,49 0,29 7.949
SUDOESTE 10,99 19,21 26,18 3,40 14,12 5,09 0,00 10,46 10,55 0,00 1.119
LESTE 2,17 16,84 34,10 14,73 13,12 7,37 1,92 4,39 4,53 0,84 19.904
NORTE CENTRAL 0,70 15,49 29,72 5,39 9,54 9,52 3,22 5,39 12,69 8,34 79.975
NORTE 16,55 13,45 31,83 3,62 3,33 3,54 2,06 5,86 16,81 2,96 3.450
TOTAL 6,73 15,94 30,87 5,29 6,69 12,01 1,73 8,56 8,30 3,87 212.397
Fonte: FJP, Pesquisa de Origem e Destino, 2001/2002
VENDA
NOVA
TOTAL
VETOR DE
RESIDÊNCIA NO
RRMBH
ÁREA DE PLANEJAMENTO DE TRABALHO EM BELO HORIZONTE
BARREIRO
CENTRO - SUL
LESTE NORDESTENOROEST
E
NORTE OESTE PAMPULHA
39
Como foi evidenciado, em todos os vetores, a Região Centro-Sul aparece como a
maior absorvedora da mão-de-obra pendular. Depois dessa região, é possível perceber que
o fator proximidade explica parte dos deslocamentos realizados, uma vez que a tendência é
de que as pessoas procurem trabalho em bairros mais próximos. Um exemplo disso é que,
entre as pessoas que trabalham no Vetor Oeste, cerca de 40% trabalha no Barreiro, Oeste e
Noroeste, que são regiões vizinhas. Em alguns casos, como no da relação entre o Vetor
Norte e o Barreiro, o fator geográfico não explica o deslocamento e não é decisivo na
mobilidade pendular (TAB.13).
Já o fluxo de quem mora em Belo Horizonte e trabalha em municípios da RMBH é
bem inferior ao analisado anteriormente. Ainda assim, alguns pontos merecem destaque.
Assim, como no fluxo analisado anteriormente, é interessante notar que, em geral, as
pessoas trabalham em regiões mais próximas.
Como referência às regiões limítrofes ao Vetor Oeste, tais como, Barreiro, Oeste e
Noroeste, verificou-se que foram as que enviaram a maior proporção de trabalhadores a
BH, ou seja, 56%. Desse total, a maior parte tinha como destino os municípios vizinhos.
Por ser uma região receptora de mão-de-obra, segundo os dados, uma pequena proporção
de pessoas saía do Centro-Sul em busca de trabalho em outros municípios da RMBH. Os
que trabalhavam em municípios pertencentes ao Vetor Sul, em BH, residiam,
principalmente, nas regiões do Barreiro e Centro-Sul, o que representa, aproximadamente,
49% do fluxo total (TAB.14).
Tabela 14:
Movimentos pendulares entre os que residem em Belo Horizonte e trabalham no RRMBH,
por área de planejamento da Capital, % e total absoluto - 2001/2002
O
UTR
OS
BAIRROS
CENTRO
OESTE 33,39 5,00 1,41 4,65 8,51 17,13 4,40 13,60 7,12 4,78 56.221
SUL 28,6217,192,946,497,778,973,389,65 3,3511,636.086
SUDOESTE 20,17 11,76 2,76 13,81 11,16 11,76 0,00 21,49 5,88 1,20 833
LESTE 12,90 6,85 0,00 15,47 26,31 11,54 7,91 11,09 7,91 0,00 1.984
NORTE CENTRAL 4,33 3,68 0,89 5,84 14,33 9,47 16,75 11,24 7,41 26,07 9.059
NORTE 0,90 9,14 3,56 10,76 9,73 13,51 7,25 10,85 13,10 21,21 2.221
TOTAL 27,95 6,06 1,51 5,50 9,67 15,26 5,91 12,95 7,03 8,17 76.404
Fonte: FJP, Pesquisa de Origem e Destino, 2001/2002
VENDA
NOVA
NORTE PAMPULHA
VETOR DE
TRABALHO NA
RMBH
TOTAL
ÁREA DE PLANEJAMENTO DE RESIDÊNCIA EM BELO HORIZONTE
NOROEST
E
OESTEBARREIRO
CENTRO-SUL
LESTE NORDESTE
Conforme visto na TAB.14, o processo de ocupação e expansão da metrópole está
relacionado ao crescimento das áreas do entorno metropolitano. Isso ocorre, pois lá estão
abrigadas não só parte da população sem condições de residir nas áreas mais centrais e
valorizadas e concentradas como também parte das atividades produtivas. Eis, pois, a
explicação para a maioria desses deslocamentos pendulares.
40
4. A EXPANSÃO URBANA DO MUNICÍPIO DE NOVA LIMA
O município de Nova Lima tem uma extensão territorial de 428,45 km
2
, sendo
maior que Belo Horizonte, que tem apenas 330 km
2
. Mas, analisando a densidade
populacional, verifica-se que Belo Horizonte possui 6.783 hab/km
2
e Nova Lima, 150
hab/km
2
, isto é 45 vezes maior. Na década de 70, a população era praticamente toda
urbana, já que cerca de 81% das pessoas residiam na zona urbana, situação essa que
aumentou ainda mais em 2000: 98% da população de Nova Lima residindo em área
urbana. Portanto, a população urbana era 2,3 vezes maior em 2000 do que em 1970
(TAB.15). Além disso, de acordo com a pesquisa de Origem e Destino, do total da
população do município, 63% mora dentro da sede e o restante em bairros localizados fora
dela.
Tabela 15:
Nova Lima: População Total, Urbana e Rural - 1970/2000
ANO URBANA % RURAL % TOTAL
1970 27.381 80,55 6.611 19,45 33.992
1980 35.039 85,01 6.178 14,99 41.217
1991 44.038 84,04 8.362 15,96 52.400
2000 63.035 97,90 1.352 2,10 64.387
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1970, 1980, 1991 e 2000.
Como mostra a TAB.15, a população urbana alcançou uma taxa de crescimento
populacional relativamente alta, de 4% ao ano. Por outro lado, a população rural
apresentou comportamento bastante peculiar, pois a taxa de crescimento populacional, que
era positiva entre 1980 e 1991, se tornou negativa no decênio seguinte, provocando
diminuição na população rural. Isso deve ter ocorrido devido a mudanças administrativas,
em conseqüência dos novos critérios adotado para os conceitos de rural e urbano, uma vez
que áreas anteriormente rurais e inabitadas, se transformaram em novos bairros,
condomínios, atualmente classificados como urbanos. Esse fator, combinado com forte
êxodo rural no município, provocou essa grande diminuição na população residente em
áreas rurais (TAB.16).
Tabela 16:
Nova Lima, Taxa geométrica de crescimento: população total, urbana e rural - 1970/2000
URBANA RURAL TOTAL
1970/80 2,50 -0,68 1,95
1980/91 2,10 2,79 2,21
1991/00 4,07 -18,33 2,32
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1970,
1980, 1991 e 2000.
PERÍODO
TAXA DE CRESCIMENTO
MÉDIO ANUAL
41
Em relação à estrutura etária da população de Nova Lima, verificou-se, em 1991,
maior proporção de crianças de até 14 anos, de ambos os sexos, do que em 2000.
Observou-se, ainda, aumento do peso relativo no número de pessoas com 65 anos e mais
de idade, sendo maior entre as mulheres, ou seja, 17,91 % contra 11,99% (GRAF.4).
Gráfico 4:
Pirâmide etária de Nova Lima – 1991 e 2000
1991
-12 -8 -4 0 4 8 12
0 a 4
5 a 9
10 a 14
15 a 19
20 a 24
25 a 29
30 a 34
35 a 39
40 a 44
45 a 49
50 a 54
55 a 59
60 a 64
65 a 69
70 a 74
75 a 79
80 e mais
%
Homens Mulheres
2000
-12-8-404812
0 a 4
5 a 9
10 a 14
15 a 19
20 a 24
25 a 29
30 a 34
35 a 39
40 a 44
45 a 49
50 a 54
55 a 59
60 a 64
65 a 69
70 a 74
75 a 79
80 e mais
%
Homens Mulheres
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1991 e 2000
Como se vê, a distribuição etária da população mostra que o município já
experimenta o processo de envelhecimento da população, com a diminuição da proporção
de crianças e adolescente de até quatorze anos e o aumento de pessoas com mais de 65.
Esse fato é conseqüência, entre outros fatores, do processo de transição da fecundidade que
vem ocorrendo no Brasil. A combinação do baixo nível de fecundidade, com o provável
aumento da longevidade da população concentrado nas idades mais avançadas, provoca
aumento do peso relativo no número de pessoas que se traduz pelo envelhecimento
populacional.
4.1. Formação do município de Nova Lima e sua expansão urbana
Por se tratar de uma região com grande reserva de ouro e de ferro, a formação do
município de Nova Lima está relacionada à atividade extrativa mineral. A partir do século
XVIII, a atividade de extração do ouro comou de maneira irregular, na lavra subterrânea
de Morro Velho e, em seu entorno, surgiu um núcleo urbano, que se consolidou como a
42
sede do município. Em 1834, a lavra foi vendida para uma empresa de Capital inglês, a St.
John Del Rey Mining Company, que se transferiu do município de São João Del Rey para
o Arraial de Congonhas de Sabará, hoje Nova Lima. Posteriormente, em 1891, o município
foi emancipado e foram desenvolvidos assentamentos residenciais para trabalhadores das
minas (COSTA, 2003b & MENDONÇA, 2004).
A intensa atividade extrativa fez com que a aproximação econômica entre Belo
Horizonte e Nova Lima estivesse diretamente vinculada à mineração e ao setor exportador.
Isso ocorreu em virtude da grande importância do Brasil na exportação de minério de ferro,
fazendo com que o município de Nova Lima, que é grande produtor de minério se tornasse,
também, grande exportador desse metal. Além disso, é importante evidenciar que, no início
do século XX, a expansão urbana e econômica do município através de condomínios,
loteamentos e empresas ainda não tinha começado, sendo a mineração, naquela época, a
principal atividade da região (TEIXEIRA, 2001).
A partir de 1960, a empresa mineradora do município tornou-se sócia do Grupo
Hanna, um grupo americano que já explorava minério de ferro no quadrilátero ferrífero.
Além de assumir o controle acionário da empresa, o grupo Hanna assumiu, também, suas
propriedades na Serra do Curral, onde passou a explorar o minério de ferro. A partir dessa
nova sociedade, passaram a existir duas novas empresas: as Minerações Brasileiras
Reunidas (MBR) e a Mineração Morro Velho. A Morro Velho, hoje Anglogold, ficou
encarregada de dar continuidade à extração do ouro. A MBR dedicou-se à exploração do
minério de ferro (COSTA, 2003b). A MBR é hoje controlada pelo grupo Caemi, que tem
como acionária a Companhia Vale do Rio Doce, uma das maiores empresas mineradoras
do Brasil.
O crescimento do núcleo urbano foi estimulado pelas empresas mineradoras através
de comércio, serviços e aumento na quantidade de empregos. Com isso, a vida urbana dos
habitantes foi afetada de diversas maneiras pela atividade extrativa no município,
tornando-se dependentes, economicamente, daquela única atividade.
A onipresença das empresas mineradoras no município fez com elas se tornassem
proprietárias de grande extensão de terras. Da área total do município de Nova Lima, 49%
é de propriedade das duas empresas, o que corresponde a 210 km
2
, sendo 130 km
2
da
Anglogold e o restante, 80 km
2
, da MBR (COSTA, 2003b).
Essa alta concentração de terras nas mãos das mineradoras contribuiu para que
controlassem a expansão urbana e imobiliária no município, uma vez que a ocupação
territorial estava diretamente relacionada aos interesses das empresas (COSTA, 2003b).
43
Além disso, por ser uma região montanhosa, com os terrenos localizados em relevos
acidentados, áreas de floresta e com poucas alternativas de acesso viário, o processo de
expansão urbana ocorreu, inicialmente, de forma lenta devido ao grande investimento
necessário para a implantação dos loteamentos. Ademais, a capacidade de manter estoques,
por parte das grandes empresas imobiliárias, contribuiu para que elas administrassem o
preço da terra nos poucos espaços urbanizáveis.
O município de Nova Lima é muito extenso e sua urbanização tem sido dispersa,
definida pelos terrenos da Serra do Curral e pelos limites impostos pela atividade
mineradora. Além de ser historicamente ocupada pela mineração de ouro e de ferro,
também é uma região onde se localizam os principais mananciais para abastecimento de
água para parte considerável da população metropolitana. Nesses termos, o uso do solo do
município tem gerado conflito permanente entre os interesses ligados à atividade
mineradora, à expansão urbana e à necessidade de preservação dos recursos naturais do
município. De acordo com COSTA (2003b), os conflitos podem ser sintetizados no
seguinte tripé: recursos naturais X mineração X ocupação urbana (vide Anexos F e G).
Com o intuito de organizar o desenvolvimento econômico de toda a região, em
equilíbrio com o meio ambiente, foi criada a Área de Proteção Ambiental da Região Sul da
RMBH (APA – SUL), cujos principais objetivos são: a preservação dos mananciais e
conservação da Mata Atlântica. O projeto ainda não foi implantado, mas do território total
de Nova Lima, a APA-SUL abrange 93%; desses, aproximadamente 60% pertencem às
mineradoras, o que torna fácil concluir as dificuldades encontradas para a sua implantação
definitiva. Além de Nova Lima, a APA-SUL abrange parte de outros sete municípios (vide
Anexo E).
Para melhor compreender as principais características da formação urbana recente
de Nova Lima, torna-se necessário analisá-la articulada à intensificação da expansão do
eixo–sul de Belo Horizonte, em particular, o crescimento do bairro Belvedere e do seu
desdobramento, o Belvedere III. Esse bairro, localizado bem próximo à divisa entre Belo
Horizonte e Nova Lima, junto à Serra do Curral, após a modificação da Legislação de
Zoneamento de Belo Horizonte em 1988, passou por rápido e intenso processo de
verticalização. Na década de 1980, era uma região de intensa especulação imobiliária por
se situar próxima a áreas de interesse ambiental e paisagístico, como as nascentes e a
biodiversidade da Mata do Jambreiro e da Serra do Curral. A localização privilegiada e a
restritiva legislação de uso e ocupação do solo tornaram-se fontes de conflito entre os
interesses públicos e os
44
Com o intuito de controlar a expansão do município e proteger as áreas ambientais,
a Prefeitura de BH, em 1976, aprovou a Lei de Uso e Ocupação do Solo, que previa o
controle da expansão urbana, caracterizando a Serra do Curral como uma área de proteção
paisagística. Mas, em 1988, após a promulgação da nova Constituição Federal, o então
prefeito de Belo Horizonte, Sérgio Ferrara, mudou o zoneamento da Região Sul da cidade.
O novo zoneamento tornou-se bastante permissivo em relação ao anterior, priorizando
interesses do Capital imobiliário, em detrimento dos coletivos. Desse modo, esse
possibilitou a verticalização do Belvedere III, expandindo a área de seus edifícios de luxo e
aumentando enormemente a sua densidade demográfica, ignorando a legislação urbanística
e as avaliações do impacto ambiental. Além do mais, desprezou a vontade popular, já que
os moradores antigos não apoiavam essa expansão.
Assim sendo, o bairro foi dividido em áreas de uso residencial, não-residencial e
misto. O novo zoneamento permitia residência multifamiliar vertical, comércio local, e até
indústria de médio porte, mudando as características do bairro uma vez que antes eram
permitidas apenas edificações destinadas à habitação permanente unifamiliar.
Com efeito, alguns problemas sérios de infra-estrutura urbana surgiram após a
implantação desse empreendimento. Vale destacar o problema do tráfego intenso, sem
infra-estrutura adequada, provocado pela construção dos espigões e pela ampliação do BH
Shopping, localizado ao lado dessa região. Alguns impactos paisagísticos e ambientais
também surgiram, entre eles, destacam-se o bloqueio da paisagem da Serra do Curral, a
sobrecarga dos mananciais e de áreas de recarga com a implantação das novas redes de
água e esgoto (HILGERT, 2004).
Como já foi dito antes, a localização dessa região é privilegiada, estando à uma
pequena distância do Centro e contígua ao BH Shopping. Outra vantagem locacional desse
bairro é a proximidade a bairros de classe média alta, tais como, Seis Pistas, Sion. Por estar
próxima aos condomínios que surgem em Nova Lima, essa região tornou-se, também, o elo
de ligação entre Belo Horizonte e esses condomínios. Todos esses fatores tornaram a
criação desse bairro extremamente bem sucedida do ponto de vista dos interesses
imobiliários que souberam explorar os aspectos positivos do bairro.
Vale destacar que esse bairro é a continuação do caminho imobiliário traçado pelas
classes altas de BH, sempre se deslocando dentro do eixo e do Vetor Sul da RMBH. A sua
proximidade contribuiu para o crescimento da região das Seis Pistas, em Nova Lima, que
abrange os bairros Vila da Serra e Vale do Sereno. A Seis Pistas configura uma nova e
expressiva centralidade no desenvolvimento do setor de serviços, com uma amplitude
45
metropolitana. Estão localizados nela os hospitais Biocor, Vila da Serra e a Clínica de
Olhos Dr. Ricardo Guimarães, as faculdades Milton Campos e Izabela Hendrix, a sede
administrativa da FIAT automóveis, além de bares, restaurantes e pequenas empresas. O
mais novo empreendimento nesse local é o Alta Vila Center Class, um shopping onde
serão instaladas salas de cinema, restaurantes e uma nova sede do Pitágoras Pré-Vestibular.
Com a carga tributária de Nova Lima menor que a de Belo Horizonte, uma vez que
o Imposto sobre Serviços (ISS) cobrado pela prefeitura é inferior a 5%, muitos empresários
foram atraídos para as Seis Pistas, provocando intenso desenvolvimento empresarial nesse
local. Segundo os empresários, essa redução muito incentivou-os a preferirem Nova Lima
para desenvolver seus negócios. Com isso, o município vem recebendo a implantação de
várias empresas, o que tem gerado uma guerra fiscal com BH. Em contrapartida, a
Prefeitura de Nova Lima tem se esforçado para incentivar a se estabelecerem no município,
por meio de incentivos fiscais, em troca de contratarem mão-de-obra local. Entretanto, isso
não surtiu efeitos positivos, pois os moradores do município não têm escolaridade nem
qualificação suficiente para suprir a demanda das empresas (CRAVEIRO, 2003).
Em última análise, a consolidação da região do Belvedere III, o desenvolvimento
das Seis Pistas e a expansão do BH Shopping foram importantes fatores que marcaram o
início do processo de conurbação dos municípios de Belo Horizonte e Nova Lima. Além
disso, é preciso destacar a expansão dos condomínios fechados, que são formas específicas
de moradia, e vêm tornando-se cada vez mais importantes para o entendimento da
dinâmica urbana do município de Nova Lima.
4.2. Expansão dos condomínios fechados
Desde os anos 50, em algumas regiões do município em estudo, agentes
imobiliários já exploravam loteamentos de entrada restrita, destinados, em grande parte, a
casas para uso em finais de semana e, em alguns casos, para moradia fixa. O processo de
venda dessas terras desencadeou-se a partir da construção, na década de 50, da BR-040,
ligando a Capital mineira ao Rio de Janeiro, atravessando o território do município de
Nova Lima. Ao longo da rodovia MG-030, que liga a Capital à sede do município de Nova
Lima, também foram implantados loteamentos direcionados à população de renda média e
alta da metrópole, antes mesmo do término da BR-040 (vide Anexo F). A expansão urbana
do Vetor Sul deu-se, basicamente, em torno dessas duas importantes rodovias. Elas
funcionam como eixo de ligação entre os bairros típicos de residência da classe média alta
46
na Capital, na zona sul da cidade, e as novas áreas que têm sido ocupadas em Nova Lima e
Brumadinho, principalmente (BHERING, 2003).
Nesse contexto, o mercado imobiliário aproveitava da exuberância da natureza
realizando empreendimentos que prometiam novos conceitos de moradia e de relação com
a cidade - os condomínios (COSTA, 2003b). O tipo mais comum de condomínio é
composto por áreas exclusivamente residenciais, separadas da cidade, com acesso restrito.
A intensificação da produção imobiliária desse tipo de loteamento tem sido acompanhada
do adensamento de outras áreas, próximas, ocupadas por população prestadora de serviços,
como domésticos, para atender à demanda desses condomínios (BHERING, 2002).
É importante diferenciar condomínios urbanos de condomínios rurais. Condomínio
rural é o nome dado ao local de segunda residência, onde as pessoas buscam lazer e
descanso, utilizando-se poucas vezes das vias de acesso e em dias de pouco movimento. Já
o condomínio urbano é o local de primeira residência, gerando todo tipo de circulação:
movimentos pendulares de ir e vir repetem-se várias vezes por dia, sendo a relação com a
cidade direta e diária (BHERING, 2002).
Atualmente, em Nova Lima, os condomínios, em sua maioria, podem ser
considerados primeira residência, já que muitas pessoas mudam para o município com o
intuito de lá fixar residência. O fato de terem se tornado áreas de primeira moradia ocorreu,
principalmente, em virtude do aumento da criminalidade, poluição e estresse na Capital,
estimulando muita gente a procurar um local que proporcione mais segurança e melhor
qualidade de vida.
Curioso é que os condomínios têm sido implantados sem legislação federal ou local
que regulamente seus aspectos urbanísticos.. Podem ser interpretados como a junção de
dois conceitos regulamentados pela legislação federal brasileira, mas não seguem
integralmente todos os seus postulados: o de loteamento e o de condomínio
5
(BHERING,
2003). Apesar de serem chamados Condomínios Fechados, no município não existe
nenhum loteamento que é, de forma legal, condomínio. Mesmo assim, no trabalho eles
serão chamados de condomínios com o intuito de facilitar a interpretação, uma vez que
essa nomenclatura é bastante utilizada
Nos condomínios, as construções tornam-se o objeto principal de venda e não o
lote. O comprador dessa unidade construída terá também uma fração ideal das áreas, bens e
serviços comuns do condomínio. Esse conceito de condomínio pode gerar alguns
5
De acordo com BHERING (2003) o loteamento é regulamentado pela Lei 6766/79 e o condomínio é
regulamentado pela Lei 4591/64.
47
problemas legais, pois, se são condomínios não poderiam ser vendidos lotes (unidade
básica de um loteamento, individualizada), uma vez que a venda da propriedade está
vinculada à construção, que é o principal objeto da venda. Por outro lado, se eles são
loteamentos, não poderia haver restrição ao uso dos espaços públicos, já que o loteamento
é a divisão do solo em lotes, murado, com abertura de vias e logradouros públicos
(BHERING, 2003 & MOTTA, 2000).
Com o intuito de resolver esses impasses legais, tem sido permitida a criação de
loteamentos fechados através da concessão dada a um grupo de proprietários da área. O
concessionário fica responsável por todas as despesas da concessão, inclusive as de
manutenção e conservação dos bens públicos nela contidos, tais como coleta de lixo, rede
elétrica e iluminação, pavimentação, rede de água e esgoto, além daquelas advindas do
próprio fechamento, como portaria, vigilância e segurança.
CALDEIRA (1997) caracteriza os condomínios por enclaves fortificados, que são
propriedades privadas, fisicamente isoladas por muros, espaços vazios ou outros recursos
arquitetônicos. Além disso, são controlados por guardas armados e sistemas de segurança
privada, que põem em prática algumas regras de admissão e exclusão. Para as classes
médias e altas, essa forma de urbanização representa uma nova alternativa para a vida
urbana e representa algo que confere status.
A grande quantidade de terras nas mãos das empresas mineradoras, os aspectos
naturais do município, tais como clima ameno, vegetação exuberante e presença de
maciços montanhosos, aliados à expansão urbana do eixo sul de Belo Horizonte,
resultaram, a partir dos anos 80 e, mais especificamente, dos anos 90, na ocupação ainda
maior dos condomínios e loteamentos fechados. Em Nova Lima, a maior parte dos
condomínios foi aprovada como loteamentos pela Lei de Ocupação e Uso do Solo e,
posteriormente, fechados. Com a diminuição da atividade mineradora e exaustão das
minas, as empresas encontraram nas terras uma segunda fonte de renda, através da
atividade imobiliária.
Não é, pois, sem razão que esse município tornou-se protótipo desse tipo de imóvel
e também local de forte valorização fundiária. Estima-se que, nos anos 70, a taxa de
crescimento do preço da terra em Nova Lima foi o dobro da experimentada pelo conjunto
da região metropolitana (COSTA, 2003a). Nota-se que, na década de 70, foi implantada a
maior quantidade de loteamentos (30), com um total de 8.863 lotes, representando 33% do
total de loteamentos do município. Além disso, houve uma mudança no padrão dos
loteamentos, prevalecendo os lotes maiores. Dos 30 loteamentos implantados nos anos 70,
48
18 tinham lotes com mais de 1.500 m
2
. Eram, ao serem concebidos, provavelmente
destinados a chácaras e sítios de recreio. O boom na quantidade de loteamentos ocorreu
devido à consolidação do acesso viário, o que facilitou o deslocamento para a região. Ao
todo, desde 1930, 92 loteamentos foram implantados, com 29.829 lotes; 38% deles com
tamanho médio abaixo de 500 m
2
; o restante, acima de 500 m
2
. Vale lembrar que nem
todos os loteamentos do município de Nova Lima são, necessariamente, constituídos de
condomínios. Na década de 70, dos 30 loteamentos, 14 foram implantados como
condomínios. Nas décadas seguintes, o número foi menor, mas ainda relevante: 9 e 7 nas
décadas de 80 e 90, respectivamente (TAB.17).
Tabela 17:
Lotes e loteamentos em Nova Lima – 1930/2000
1930
3 285 1 1 140.630 0
1940
5 798 4 1 308.820 0
1950
11 11.629 4 6 1 4.704.345 0
1960
19 3.657 12 4 2 2.103.244 0
1970
30 8.863 9 3 8 10 19.805.802 14
1980
11 1.388 4 2 5 10.966.619 9
1990
13 3.209 1 2 4 4 9.089.334 7
TOTAL 92 29.829 35 19 20 14 47.118.794 30
*Não há informação do tamanho médio dos lotes para 4 loteamentos.
Fonte: Elaboração da autora a partir de dados retirados de COSTA (2004b) e BHERING(2002)
NÚMERO DE
CONDOMÍNIO
S
ABAIXO
DE 500
ENTRE
500 E
1.500
ACIMA DE
3.000
ENTRE
1.500 E
3.000
N
Ú
MERO DE LOTEAMENTOS DE ACORDO
COM O TAMANHO MÉDIO DOS LOTES (m
2
)
Á
REA TOTAL
PARCELADA
(m
2
)
DÉCADA
NÚMERO
TOTAL DE
LOTES
NÚMERO DE
LOTEAMENTOS
Mas, os condomínios são estritamente residenciais, os moradores continuam
freqüentando a metrópole em busca de atividades profissionais, de estudo, lazer e
consumo. Esse movimento pendular mostra que se trata de uma urbanização incompleta,
uma vez que os condomínios não constituem em áreas auto-suficientes e, muito menos,
suas demandas são atendidas no próprio município de Nova Lima. Por outro lado, em
algumas localidades, como no Serra dos Manacás, Morro do Chapéu e condomínios da
MG-030, pólos comerciais e de prestação de serviços têm aflorado nas suas proximidades.
Desses destaca-se o bairro Jardim Canadá e o Ponto Verde na MG-030, contribuindo para
a desconcentração econômica, seja ela geográfica ou por ramos de atividade (COSTA,
2004a & BHERING, 2002).
Por outro lado, a expansão dos condomínios e a redução da extração mineral
contribuíram também para a perda da importância da sede municipal de Nova Lima. Ela
vem se tornando uma região estagnada, do ponto de vista populacional e econômico. O
esgotamento da produção aurífera e a modernização da mineração de ferro ocasionou
49
drástica diminuição nos seus postos de emprego. Só a Anglogold já teve cerca de 7.000
empregados e hoje tem apenas 1.200. Como a maioria da população da sede é de classe
média e baixa, com níveis de renda e escolaridade insuficientes, não tem conseguido se
inserir em outras esferas da economia da metrópole (COSTA, 2004 & COSTA, 2003a).
Por isso, ao estudar o município de Nova Lima, é importante destacar a diferença
existente entre a sede e o restante do município em termos de crescimento. A taxa de
crescimento populacional do município, como um todo, foi em torno de 2,3%, entre 1991 e
2000. A sede do município apresentou crescimento próximo de zero, enquanto o restante
do município alcançou uma taxa relativamente alta - 5,2%. As regiões que obtiveram alto
incremento da população, na última década, são as áreas constituídas pelos condomínios
fechados, acrescidas dos loteamentos do Jardim Canadá, Vale do Sol e Seis Pistas
(MENDONÇA, 2004).
Ainda que a migração para Nova Lima seja relativamente baixa, o município vem
se tornando importante dentro da região metropolitana devido a outros fatores,
principalmente, ao seu enorme potencial imobiliário e empresarial. Quanto ao seu mercado
imobiliário, como já dito anteriormente, aproveitando das características naturais do
município, tem crescido bastante. Ao todo, o município já possui cerca de trinta
condomínios, onde vivem mais de seis mil pessoas, grande parte vinda da Capital (MBRb,
2004).
Em relação ao potencial empresarial do município, conforme já explicitado, a
região das Seis Pistas vem concentrando diversas atividades econômicas. Essas atividades
contribuem para o desenvolvimento dos condomínios, pois servem de apoio aos moradores
dada a diversidade de comércio e serviços disponíveis no local.
Afinal, a expansão urbana metropolitana em direção ao Vetor Sul sugere que esse é
um local de residência de famílias de nível de renda mais elevado, tendo características
distintas dos outros vetores. Mas, essa expansão imobiliária não se restringe apenas às
pessoas com melhor nível de renda; existe uma parcela de habitantes com renda mais
baixa.
Ainda é preciso salientar que existe uma distância entre a qualidade de vida do
condomínio e a do núcleo urbano, onde estão 60% dos habitantes. As famílias de baixa
renda não têm condições de comprar lotes ali, pois, com a chegada dos condomínios, o
preço da terra no município de Nova Lima tornou-se extremamente elevado. Sendo assim,
por não existirem alternativas viáveis no município, algumas famílias acabam invadindo
terrenos. Exemplo disso é o Jardim Canadá, uma das áreas que mais crescem no município.
50
Sofreu intenso processo de invasão de novos moradores que não tinham condições de
comprar lotes. Por ser um bairro com pouca área construída e fiscalização, a ocupação
irregular foi acontecendo de forma descontrolada. Desse modo, o bairro passou a responder
às demandas por certos tipos de serviço e comércio dos residentes nos condomínios, além
de local de moradia dos trabalhadores dos condomínios situados no entorno. Isso ocorreu
porque o bairro está localizado na direção da expansão metropolitana da elite oriunda da
Zona Sul de Belo Horizonte (LINHARES, 2003).
Por fim, tanto a ocupação recente, quanto as perspectivas futuras do município são
vistas a partir de diversos conflitos, a saber: entre as áreas de preservação e mineração;
entre a propriedade fundiária altamente concentrada nas companhias mineradoras e a
proliferação de lançamentos imobiliários residenciais de acesso controlado; entre as
necessidades do planejamento de longo prazo dos zoneamentos ecológicos econômicos das
áreas de proteção ambiental e o imediatismo do Capital imobiliário.
51
5. O COMPORTAMENTO DA MIGRAÇAO INTRAMETROPOLITANA E DO
MOVIMENTO PENDULAR NO MUNICÍPIO DE NOVA LIMA
Neste capítulo serão apresentados os resultados das análises feitas para quantificar e
qualificar a mobilidade espacial da população metropolitana, através da migração
intrametropolitana e do movimento pendular. Foram analisados, particularmente, os
deslocamentos realizados entre os municípios de Belo Horizonte e Nova Lima.
Em primeiro lugar, estudou-se o comportamento da migração, mais
especificamente, da emigração intrametropolitana, ou seja, as pessoas que saíram de BH e
se estabeleceram em outros municípios da RMBH. Foram analisados o município de Nova
Lima e o restante da RMBH (exclusive a Capital), para, então, comparar e identificar as
peculiaridades existentes no processo de expansão urbana de Nova Lima.
Em segundo lugar, foram analisadas as pessoas que se deslocavam diariamente do
local de residência para o de trabalho, ou seja, aquelas que residiam em BH e trabalhavam
em Nova Lima e os que trabalhavam em BH e residiam em Nova Lima, especificando as
regiões de residência e trabalho em cada um dos municípios.
5.1. Características demográficas e socioeconômicas dos emigrantes
intrametropolitanos de Belo Horizonte para Nova Lima
O processo de expansão urbana na direção de Nova Lima apresentou mudanças
relevantes entre 1991 e 2000. Primeiramente, foi possível perceber que houve aumento
superior a três vezes no número de emigrantes de data fixa qüinqüenais entre BH e Nova
Lima, passando de 1.091, em 1991, para 3.325 pessoas, em 2000. A quantidade de
emigrantes se distribuiu uniformemente entre os sexos; apenas em 1991, constatou-se
predominância do sexo masculino (TAB.18).
Apesar de já existirem alguns condomínios na Região de Nova Lima desde a
década de 70, o grande boom imobiliário é recente. Foi na década de 90 que se consolidou
a ocupação desse tipo de empreendimento. Observa-se, hoje, uma tendência ao aumento da
quantidade de emigrantes na próxima década uma vez que o número de condomínios e
loteamentos vem aumentando cada vez mais na região.
52
Apesar de o número de emigrantes estar aumentando, percebe-se que Nova Lima
ainda é responsável por uma pequena parte do fluxo migratório de toda a RMBH. Isso se
deve ao fato de a expansão urbana para Nova Lima, do ponto de vista da migração
intrametropolitana, ser recente, ao passo que o restante da RMBH já experimenta esse
processo de expansão desde a década de 40 (TAB.17).
Tabela 18:
Emigrantes de data fixa de Belo Horizonte para municípios da RMBH de 1986/1991 e
1995/2000 - 1991 e 2000
MASCULINO FEMININO TOTAL MASCULINO FEMININO TOTAL
RRMBH 98,99 99,20 99,10 97,59 97,69 97,64
NOVA LIMA 1,01 0,80 0,90 2,41 2,31 2,36
TOTAL 59.240 61.472 120.712 69.253 71.706 140.959
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1991 e 2000
VETORES
1991 2000
Entre os migrantes de Belo Horizonte para Nova Lima, 1986/91, pôde-se verificar
que a maioria eram pessoas entre 20 e 40 anos. Havia, provavelmente, predominância de
jovens casais que se mudaram para o município de Nova Lima acompanhados dos filhos.
A grande proporção de mulheres de 20 a 29 anos e de homens de 30 a 39 anos, em 1991
pode ser explicada pelo fato de, em geral, as esposas serem mais jovens que os maridos. A
quantidade de pessoas com mais de 60 anos de idade era pequena; desses, a proporção de
mulheres era ligeiramente maior que a de homens (GRAF.5).
Gráfico 5:
Estrutura Etária dos emigrantes data fixa de BH para Nova Lima de 1986/91 e 1995/2000 -
1991 e 2000
1991
-20,000
-16,000
-12,000
-8,000
-4,000
0,000
4,000
8,000
12,000
16,000
20,000
0 a 4 5 a 9 10 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 e mais
Homens Mulheres
2000
-20,000
-16,000
-12,000
-8,000
-4,000
0,000
4,000
8,000
12,000
16,000
20,000
0 a 4 5 a 9 10 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 e mais
Homens Mulheres
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1991 e 2000
53
Em 2000, verificou-se que a distribuição etária dos emigrantes era mais
54
importante ressaltar que, apesar da alta proporção de indivíduos com apenas escolaridade
baixa, houve diminuição na proporção de pessoas sem instrução e menos de um ano e de 1
a 4 anos de estudo. Tal diminuição ocorreu simultaneamente ao aumento de pessoas nos
grupos de anos de estudo mais elevados (35%), indicando que o nível de escolaridade dos
outros municípios também apresentara melhora na década (TAB.19).
Quanto ao rendimento médio mensal, em salários-mínimos, da ocupação principal
dos emigrantes para Nova Lima e RRMBH, foi bastante diferente nos dois períodos
analisados. Novamente foi possível encontrar emigrantes para o município de Nova Lima
com nível médio de rendimento superior aos emigrantes para os outros municípios
metropolitanos.
Assim, em 1991, a distribuição dos emigrantes, data fixa 1986/91, por rendimento
da ocupação principal, para Nova Lima era bastante variada. Constatou-se alta proporção
de pessoas recebendo um salário-mínimo (34,59%), e proporção relevante recebendo mais
do que dez salários-mínimos (24,74%). Entre os emigrantes que foram para o restante da
RMBH, pôde-se verificar que mais da metade recebia até dois salários-mínimos (61,7%), e
apenas 3,4% recebia mensalmente mais de dez salários-mínimos.
Tabela 20:
Belo Horizonte - Distribuição, segundo o rendimento mensal em salários mínimos, dos
emigrantes de data fixa de 1986/1991 e 1995/2000, ocupados, de 10 anos e mais na data do
Censo, Nova Lima e RRMBH - 1991 e 2000
RRMBH
NOVA
LIMA
RRMBH
NOVA
LIMA
até 1 32,73 34,59 14,36 2,51
1 a 2 29,00 11,76 34,35 13,98
2 a 3 14,95 6,86 16,16 9,95
3 a 5 12,24 12,32 17,87 7,96
5 a 10 7,71 9,66 12,47 17,07
10 a 15 1,87 9,94 2,49 17,54
15 a 20 0,61 4,90 1,02 8,85
20 e mais 0,89 9,94 1,29 22,15
Total 58.024 714 61.174 1.910
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1991 e 2000
FAIXA DE RENDIMENTO
1991 2000
Por outro lado, ao comparar os dados de 2000 com os de 1991, percebe-se que
houve grande melhora no rendimento dos emigrantes oriundos de Belo Horizonte. Já, entre
os emigrantes para Nova Lima, houve redução na proporção de pessoas recebendo até dois
salários, acompanhada pelo aumento de 96% na proporção com remuneração de mais de
dez salários-mínimos. Com relação aos emigrantes para os outros municípios, também foi
55
possível verificar aumento no nível de renda, uma vez que houve redução na quantidade de
pessoas recebendo até dois salários e acréscimo na proporção recebendo mais de dez
salários (TAB.20).
Para complementar a análise sobre o rendimento dos emigrantes, é importante
verificar as diferenças de remuneração existentes entre os sexos. Contudo, entre os
emigrantes para Nova Lima, em 1991, não havia grandes diferenças entre os sexos, mas,
ainda assim, havia uma proporção maior de mulheres recebendo mais do que dez salários-
mínimos. Por outro lado, em 2000, percebe-se um melhor nível de rendimento entre os
homens, em conseqüência, principalmente, da alta proporção de pessoas recebendo mais de
vinte salários-mínimos (GRAF.6).
Gráfico 6:
Belo Horizonte - Distribuição, segundo o rendimento mensal em salários mínimos, dos
emigrantes de data fixa de 1986/1991, ocupados, de 10 anos e mais na data do Censo,
Nova Lima e RRMBH - 1991
RRMBH
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
até 1 1 a 2 2 a 3 3 a 5 5 a 10 10 a 15 15 a 20 20 e mais
%
Masculino Feminino
Nova Lima
0
10
20
30
40
50
60
até 1 1 a 2 2 a 3 3 a 5 5 a 10 10 a 15 15 a 20 20 e mais
%
Masculino Feminino
Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 1991
Já nos municípios do RRMBH, percebe-se que, em 1991, a maior diferença está na
proporção de mulheres recebendo até um salário-mínimo, que é maior do que a dos
homens. Em 2000, é possível verificar que a estrutura da distribuição de rendimentos é
semelhante e a diferença está no nível, com os emigrantes do sexo masculino recebendo
salários mais altos do que os do sexo feminino. Dessa forma, nota-se que, tanto entre os
emigrantes que se deslocaram para Nova Lima quanto entre os que foram para outros
56
municípios metropolitanos, o nível de renda é maior para os homens, corroborando a
hipótese de desigualdade entre os sexos (GRAF.7).
Gráfico 7:
Belo Horizonte - Distribuição, segundo o rendimento mensal em salários mínimos, dos
emigrantes de data fixa de 1995/2000, ocupados, de 10 anos e mais na data do Censo,
Nova Lima e RRMBH - 2000
RRMBH
0
10
20
30
40
50
60
até 1 1 a 2 2 a 3 3 a 5 5 a 10 10 a 15 15 a 20 20 e mais
%
Masculino Feminino
Nova Lima
0
10
20
30
40
50
60
até 1 1 a 2 2 a 3 3 a 5 5 a 10 10 a 15 15 a 20 20 e mais
%
Masculino Feminino
Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000
Afinal, a análise dos rendimentos médio e mediano das pessoas que mudaram para
as regiões em estudo é a melhor maneira de se verificar se Nova Lima realmente recebia
maior proporção de pessoas com nível de rendimento mais elevado. Por conseguinte, os
emigrantes de dez anos e mais de idade, ocupados, que foram de BH para Nova Lima
recebiam, em média, 8,13 salários-mínimos mensais, em 1991, e 12,45, em 2000. Nos dois
anos analisados, a média de Nova Lima estava bem acima da média metropolitana, que era
2,7, em 1991, e 3,79, em 2000, destacando-se que os emigrantes, em boa parte, para Nova
Lima tem, realmente, um maior nível de renda (TAB.21).
Aliás, o rendimento mediano é um bom indicador da desigualdade social existente
na distribuição dos rendimentos dos emigrantes intrametropolitanos, tanto dos que têm
como destino o município de Nova Lima, ou outros municípios da RMBH. Tanto em 1991,
quanto em 2000, os emigrantes de BH para Nova Lima apresentaram o maior rendimento
mediano, 3,86 e 9,57, ou seja, no primeiro período a metade dos migrantes recebia menos
de 3,86 salários-mínimos e, no segundo período, menos de 9,57. Com relação aos
emigrantes para os outros municípios metropolitanos, verificou-se que o rendimento
mediano era muito inferior, apenas 1,60, em 1991, e 2,15, em 2000. Conclui-se, então, que
57
houve, entre 1991 e 2000, aumento do rendimento dos emigrantes para Nova Lima
oriundos de BH, bem maior do que o sucedido com os demais emigrantes metropolitanos.
Com relação à situação das emigrantes era pior que a dos homens, principalmente
no RRMBH, onde a renda mediana das que emigraram era de 1,09 salários-mínimos. Em
2000, houve aumento no rendimento mediano das mulheres que foram para o RRMBH e
Nova Lima, respectivamente. Ainda assim, o rendimento mediano delas era inferior ao dos
homens. Deve-se observar que, mesmo não havendo diferença expressiva no nível de
escolaridade entre os sexos, o salário da mulher continuava sendo inferior, indício,
certamente, da discriminação em relação ao trabalho exercido por pessoas do sexo
feminino.
Tabela 21:
Rendimento mensal médio e mediano, em salários mínimos, dos emigrantes de 10 anos e
mais, na data do Censo, ocupados, que saíram de Belo Horizonte para os municípios do
RRMBH e de Nova Lima - 1991 e 2000
MASCULINO FEMININO TOTAL MASCULINO FEMININO TOTAL
RRMBH
3,14 1,74 2,65 4,10 2,57 3,52
NOVA LIMA
9,26 6,15 8,13 15,05 8,81 12,45
TOTAL
3,20 1,78 2,71 4,41 2,78 3,79
RRMBH 1,87 1,09 1,60 2,61 1,67 2,09
NOVA LIMA
4,53 1,97 3,86 12,31 6,45 9,57
TOTAL
1,87 1,08 1,60 2,66 1,69 2,15
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1991 e 2000
RENDIMENTO MÉDIO
RENDIMENTO MEDIANO
VETORES
1991 2000
Verificou-se, ainda, que, entre os emigrantes para Nova Lima e para o RRMBH,
tanto entre os homens, quanto entre as mulheres, havia grande diferença entre o valor dos
rendimentos médio e mediano. O rendimento mediano era menor do que o rendimento
médio, indicando concentração na distribuição dos rendimentos. Essa concentração se
dava, de diferentes maneiras, entre os emigrantes para Nova Lima e para o RRMBH. Por
exemplo: como o rendimento mediano dos emigrantes para Nova Lima era alto, havia
concentração de rendimentos mais elevados. Ao contrário, os emigrantes para o restante da
RMBH possuíam renda mediana baixa, daí a renda concentrava-se em níveis mais baixos.
Essa análise corrobora a teoria referente à expansão urbana em termos de
desigualdade em uma organização (LOJKINE, 1981), reflexo da desigualdade entre os
habitantes. Nesse sentido, a emigração de BH para Nova Lima e para os outros municípios
da RM aponta nessa direção, pois as características desses emigrantes eram marcadamente
diferentes. As principais diferenças constatadas dizem respeito à escolaridade e ao
58
rendimento. Os emigrantes para Nova Lima apresentavam, em média, melhor nível de
escolaridade e rendimentos.
A propósito, é interessante observar que as características dos emigrantes de BH
para Nova Lima, data fixa, 1995/2000, melhoraram em relação àqueles, data fixa,
1986/1991. Havia, em 2000, uma proporção consideravelmente maior de migrantes com
mais de 12 anos de estudo e com rendimento mais altos do que os emigrantes para o
RRMBH. Além do aumento da emigração de BH para Nova Lima, verificou-se alteração
no perfil dos emigrantes e uma proporção ainda maior de pessoas com maior nível de
escolaridade e rendimento.
Com isso, essas diferenças evidenciam o processo de segregação social existente.
Nesse processo, o espaço atua como mecanismo de exclusão a partir da diferença entre os
preços do solo. A segregação implica, no caso, delimitação de espaço destinado às
camadas sociais médias e mais altas, ou melhor, espaços de moradia para os privilegiados
em Nova Lima.
Ora, sabe-se que o preço do solo é regulado pelo mercado imobiliário, que pode ser
considerado um agente da segregação social, já que, como salienta CARDOSO (2000a), os
agentes imobiliários adotam comportamento especulativo, esperando a valorização da
terra, para, então, vendê-la por um preço mais alto. Com isso, o preço do solo torna-se uma
ferramenta de seletividade migratória intrametropolitana.
Cotejando as informações a respeito das características dos emigrantes com a teoria
da seletividade migratória (MARTINE, 1980), verifica-se que boa parte das pessoas que se
mudam para Nova Lima, o fazem por fatores positivos ou de atração, pois possuem
melhores níveis de escolaridade e rendimento. Por outro lado, grande parte dos que se
transferem para outros municípios metropolitanos, o fazem por fatores negativos ou de
expulsão, constituindo-se uma população menos qualificada, com menor nível de renda.
Vale ressaltar ainda, que, apesar do alto nível de renda e escolaridade de parte
considerável dos emigrantes para Nova Lima, uma parcela importante deles apresenta
níveis de escolaridade e renda baixos. Com isso, o processo de expansão demográfica de
Nova Lima está longe de ser socialmente homogêneo (MENDONÇA, 2004).
Apesar da heterogeneidade, há de se observar que se comparado aos outros
municípios do RRMBH, tem mudado para Nova Lima uma crescente proporção de pessoas
com melhores condições econômicas e sociais. Isso demonstra uma possível concentração
de pessoas da camada social mais privilegiada na Região Sul da RMBH.
59
5.2. Perfil socioeconômico dos indivíduos que realizam o Movimento pendular
entre Belo Horizonte e Nova Lima
O contínuo aumento da migração intrametropolitana contribuiu para a consolidação
da mobilidade pendular, que é de extrema importância para o melhor entendimento da
dinâmica da expansão urbana da RMBH. Apesar da articulação entre os dois movimentos,
o deslocamento diário não é realizado exclusivamente por quem realizou a migração
intrametropolitana.
Conforme visto anteriormente, o número de pessoas que residiam em Nova Lima e
trabalhavam em Belo Horizonte era semelhante ao dos que residiam em Belo Horizonte e
trabalhavam em Nova Lima. Com isso, torna-se necessário detalhar os dois fluxos,
identificando as possíveis diferenças existentes. Mais uma vez, vale lembrar que só estão
incluídas neste estudo as pessoas que se deslocavam para trabalhar, ou seja, residiam em
um município e trabalhavam em outro.
Tabela 22:
Mobilidade pendular, por motivo de trabalho, entre Belo Horizonte e Nova Lima, por sexo
– 2001/2002
MOVIMENTO
PENDULAR MASCULINO
%
FEMININO
%
Reside em BH e trabalha em NL 3.901 70,36 1.645 29,64 5.546
Reside em NL e trabalha em BH 3.502 61,34 2.192 38,66 5.694
Fonte: FJP, Pesquisa de Origem e Destino, 2001/2002
SEXO
TOTAL
Como evidencia a tabela, a grande maioria das pessoas que faziam esse movimento
era do sexo masculino. Apenas 29% dos indivíduos que trabalhavam em Nova Lima e 38%
dos que trabalhavam em Belo Horizonte eram do sexo feminino, provavelmente reflexo da
menor participação das mulheres no mercado de trabalho (TAB.22).
Entre os componentes dos movimentos pendulares, observou-se predominância de
pessoas com até 45 anos de idade, com uma maior concentração, nos dois fluxos, de
pessoas nas idades de 20 a 29 anos. Entre os que trabalhavam em BH, verificou-se grande
quantidade de homens entre 40 e 50 anos. Com relação às mulheres, havia maior proporção
de pessoas com idade entre 20 e 29 anos. Entre os que trabalhavam em Nova Lima, a
concentração se dava entre os jovens de 15 a 25 anos (GRAF.8).
60
Gráfico 8:
Estrutura etária relativa dos indivíduos que realizaram a mobilidade pendular, trabalhava
em Belo Horizonte ou em Nova Lima – 2001/2002
Local de trabalho: Belo Horizonte
Residência: Nova Lima
-15,00 -10,00 -5,00 0,00 5,00 10,00 15,00
15 a 19
20 a 24
25 a 29
30 a 34
35 a 39
40 a 44
45 a 49
50 a 54
55 a 59
60 a 64
65 e mais
Masculino Feminino
Local de trabalho: Nova Lima
Residência: Belo Horizonte
-15,00 -10,00 -5,00 0,00 5,00 10,00 15,00
15 a 19
20 a 24
25 a 29
30 a 34
35 a 39
40 a 44
45 a 49
50 a 54
55 a 59
60 a 64
65 e mais
Masculino Feminino
Fonte: FJP, Pesquisa de Origem e Destino, 2001/2002
A análise da idade média dos componentes do movimento pendular entre Belo
Horizonte e Nova Lima mostrou que, em ambos os fluxos, os indivíduos tinham, em
média, entre 30 e 40 anos. A idade média das pessoas que trabalhavam em BH e residiam
em Nova Lima era ligeiramente maior do que as que realizavam o deslocamento contrário.
Observou-se, ainda, que, nos dois fluxos, os homens que realizavam o movimento pendular
eram pouco mais velhos do que as mulheres (TAB.23).
Tabela 23:
Idade média das pessoas que realizavam a mobilidade pendular, por motivo de trabalho,
entre Belo Horizonte e Nova Lima, por sexo – 2001/2002
Masculino Feminino Total
Reside em BH e trabalha em Nova Lima 35,63 34,45 35,28
Reside em Nova Lima e trabalha em BH 37,48 36,53 37,11
Fonte: FJP, Pesquisa de Origem e Destino, 2001/2002
MOVIMENTO PENDULAR
Idade média
Conforme já mencionado, os municípios foram desagregados em regiões para
melhor entendimento desse movimento pendular. A proximidade e as características de
cada bairro foram utilizadas como parâmetros para a agregação que foi feita no intuito de
homogeneizar as regiões de origem e destino dos movimentos em cada um dos municípios.
61
Os mapas 2 (pág.12) e 4 (pág.15) visualizam a localização de cada região de Nova Lima e
de Belo Horizonte analisada.
62
5.2.1 Caracterização socioeconômica dos indivíduos que residem em Nova Lima
e trabalham em Belo Horizonte
Ao analisar o movimento pendular daqueles cujo local de residência era Nova Lima
e o de trabalho, Belo Horizonte, verificou-se que a maioria das pessoas trabalhava na
região Centro-Sul da Capital (62,3% do fluxo total). Dentro do Centro-Sul, o bairro
Belvedere era o que mais recebia trabalhadores oriundos de Nova Lima. O principal
determinante dessa alta proporção é a proximidade geográfica do Belvedere e do BH
Shopping com Nova Lima (TAB.24).
É interessante observar que 71% dos indivíduos que trabalhavam na Região Centro-
Sul, em Belo Horizonte residiam na Sede do município de Nova Lima e em seu entorno.
Entre os que moravam nos Condomínios e outras regiões, apenas uma pequena proporção
trabalhava no Belvedere (11%) e cerca de 24% trabalhava nos outros bairros da Região
Centro-Sul, o restante se dividia entre as regiões Norte, Leste e Noroeste.
Tabela 24:
Matriz de Origem e Destino: Movimento pendular das pessoas cujo local de residência era
Nova Lima e local de trabalho, Belo Horizonte – 2001/2002
Sede e entorno 1.948 648 109 677 726 4.108
72,15
Condomínios e outras regiões 753 90 150 219 184 1.396
24,52
Outros distritos 48 61 0 32 49 190
3,34
TOTAL 2.749 799 259 928 959 5.694 100,00
% 48,28 14,03 4,55 16,30 16,84 100,00
Fonte: FJP, Pesquisa de Origem e Destino, 2001/2002
%Outros
bairros do
Centro-Sul
Belveder
e
CENTRO - SUL
LESTE
LOCAL DE TRABALHO EM BELO HORIZONTE
NORTE
NOROEST
E
TOTAL
LOCAL DE RESIDÊNCIA EM
NOVA LIMA
As regiões Leste e Noroeste recebiam praticamente a mesma proporção de
trabalhadores vindos de Nova Lima, cerca de 16%. A Região Leste abrange uma área
grande e faz fronteira com Nova Lima, ainda que muito distante do núcleo do município, e,
mesmo assim, 73% das pessoas que lá trabalhavam residiam na Sede e entorno. Portanto, o
deslocamento diário entre o local de residência e de trabalho era grande. Entre os
residentes nos Condomínios e outras regiões, 24% trabalhava nessa região (TAB.24).
Entre as pessoas que trabalhavam na Região Noroeste de BH, a maioria residia na
Sede e entorno (76%). Essas pessoas trabalhavam, provavelmente, nas regiões do Barreiro
63
e Olhos D’água, pois, além de serem mais próximas ao município de Nova Lima, lá se
situam algumas empresas capazes de absorver essa mão-de-obra pendular. A proporção de
trabalhadores oriundos dos Condomínios e outras regiões era 19%, mostrando que a
Região Noroeste não era o local de maior destino dos residentes em condomínios.
A Região Norte apresentou baixa proporção de trabalhadores pendulares originários
de Nova Lima. Isso indica que a relação entre essas regiões era pequena. A maioria deles,
porém, residia nos Condomínios e outras regiões (57,9%) e restante, na Sede e entorno.
Foi possível perceber que, do ponto de vista da mobilidade pendular, as regiões dos
Condomínios e outras regiões e Sede e entorno mantinham uma relação mais forte com a
Capital, uma vez que 72% dos trabalhadores saíam da Sede e 24% dos Condomínios. Uma
possível explicação para essa alta proporção é que o núcleo do município de Nova Lima já
apresenta sinais de enfraquecimento, com a redução de pessoal nos postos de trabalho.
Assim, não é possível, absorver toda a mão-de-obra do município, fazendo com que os
moradores desloquem diariamente para a Capital. Com relação aos condomínios, os
moradores são, provavelmente, novos moradores que escolheram o município para local de
residência, mas continuam trabalhando na Capital. Os Outros distritos têm pouca relação
com BH, sendo responsáveis por apenas 3% dos trabalhadores pendulares (TAB.24).
Quanto à análise dos fluxos, para que fossem compreendidos com maior clareza,
procedeu-se, primeiramente, a interpretação das características socioeconômicas dos seus
componentes, quais sejam: escolaridade, grupo ocupacional, setor de atividade e
rendimento dos indivíduos.
Em relação à escolaridade, verificou-se que 70,14% das pessoas possuíam mais de
nove anos de estudo, indicando alta escolaridade dos componentes do movimento pendular
entre BH e Nova Lima. Os que trabalhavam em outros bairros do Centro-Sul de BH,
também apresentaram alto nível de escolaridade (72% com mais de nove anos de estudo).
Isso pode ser explicado pelo fato de essa região receber, diariamente, maior proporção de
pessoas residentes em condomínios. Por outro lado, os que trabalhavam no Belvedere
apresentaram nível de escolaridade inferior - 58% tem somente até oito anos de estudo
(TAB.25).
É interessante observar que todos os indivíduos que trabalhavam na Região Norte
da Capital e residiam em Nova Lima, tinham mais do que nove anos de estudo. Destacam-
se, também, aqueles que trabalhavam em bairros das Regiões Noroeste e Leste. Formavam
um grupo de pessoas com baixa escolaridade. No entanto, a proporção de pessoas, nas duas
regiões, com mais do que nove anos de estudo, era grande.
64
Tabela 25:
Distribuição, segundo nível de escolaridade das pessoas de 15 anos e mais, que residiam
em Nova Lima e trabalhavam em Belo Horizonte - 2001/2002
Sem instrução e menos de 1 ano
2,47 0,00 0,00 0,00 0,73 1,32
1 a 4
12,48 20,90 0,00 15,95 14,08 13,93
5 a 8
13,02 36,92 0,00 11,21 7,82 14,61
9 a 11
37,61 36,80 49,03 29,53 27,01 34,91
12 e mais
34,41 5,38 50,97 43,32 50,36 35,23
TOTAL
2.749 799 259 928 959 5.694
Fonte: FJP, Pesquisa de Origem e Destino, 2001/2002
LESTE
ANOS DE ESTUDO TOTAL
CENTRO - SUL
NORTE
NOROES
TE
Outros bairros do
Centro-Sul
Belv.
LOCAL DE TRABALHO EM BELO HORIZONTE
O nível de escolaridade dos trabalhadores reflete no tipo de ocupação que exercem,
pois, de um lado, algumas profissões não necessitam de pessoas escolarizadas para exercê-
las e, de outro, exigem altos níveis de instrução e qualificação. De maneira geral, os
componentes do movimento pendular entre BH e NL inseriam-se nos grupos ocupacionais
que buscavam tanto profissionais com baixo e alto nível de qualificação.
O grupo de Ocupações manuais especializadas e não especializadas absorvia maior
proporção de trabalhadores que realizavam o movimento pendular (28%). Os outros grupos
ocupacionais recebiam, praticamente, a mesma quantidade de trabalhadores pendulares,
cerca de 20%, com exceção do Emprego Doméstico, que apresentou a menor proporção,
apenas 3,6% (TAB.26).
Entre os trabalhadores que iam para o Centro-Sul, 59% pertenciam ao grupo
Ocupações manuais e não manuais. O restante se dividia entre grupos ocupacionais com
profissionais de alta qualificação, tais como Proprietários, Profissionais Liberais e
Técnicos de Nível Superior. Desses, destacavam-se os contadores, advogados, dentistas,
médicos e professores.
Especialmente no Belvedere, cerca de 68% tinha como atividade profissões
inseridas no grupo Ocupações não-manuais de rotina e Ocupações manuais especializadas
e não especializadas, responsável por essa situação, em grande parte, é o BH Shopping,
que absorve mão-de-obra, por exemplo, de atendentes e balconistas. Ademais, o bairro tem
uma estrutura comercial bem desenvolvida, com bancos, salões de beleza, farmácias e
restaurantes.
Na Região Leste foi possível ver claramente como a escolaridade e a ocupação
estavam altamente relacionadas. Isso ocorria, por um lado, dada a proporção relevante
65
(50,8%) de pessoas inseridas em grupos que abrangiam profissões que demandavam alta
escolaridade, tais como Profissionais Liberais e Cargos Médios. Daí, a grande proporção
de profissionais que possuía alto nível educacional. Por outro lado, percebeu-se que 42%
das pessoas exerciam profissões que exigiam menor nível de instrução. Incluem-se aí as
Ocupações manuais e não manuais. Deve-se ressaltar, ainda, que essa região apresenta a
maior proporção de indivíduos trabalhando em Emprego Doméstico (7%).
Quanto às regiões Norte e Noroeste, cerca de 92,7% e 64,6%, respectivamente,
ocupava, a época da pesquisa, cargos que exigiam maior nível de qualificação, como:
Cargos Médios de Supervisão e Direção, Profissionais Liberais, Proprietários e Técnicos
de Nível Superior. Vale lembrar que a Universidade Federal de Minas Gerais e a sede da
Usiminas localizam-se na Região Norte, o que eleva a proporção de pessoas com alto nível
de escolaridade. Já a Região Noroeste é composta por bairros como Olhos d’água, Barreiro
e a Região da PUC, onde se localizam fábricas, indústrias e outras empresas. Isso explica a
existência, além das profissões citadas anteriormente, de outros serviços realizados pelos
trabalhadores pendulares como as ocupações manuais especializadas e não especializadas.
Tabela 26:
Distribuição, segundo o grupo ocupacional das pessoas que residiam em Nova Lima e
trabalhavam em Belo Horizonte – 2001/2002
Proprietários, altos cargos, profissionais liberais
e técnicos de nível superior
20,08 4,63 45,95 19,94 44,11 22,62
Cargos médios e técnicos de nível intermediário
20,92 26,41 46,72 30,82 20,44 23,88
Ocupação não manuais de rotina - burocratas
25,63 30,04 2,32 30,39 4,90 21,85
Ocupações manuais especializadas e não
especializadas
33,37 38,92 5,02 11,85 30,55 28,06
Emprego Doméstico
5,33 0,00 0,00 7,00 0,00 3,58
Total
2.749 799 259 928 959 5.694
Fonte: FJP, Pesquisa de Origem e Destino, 2001/2002
GRUPO DE OCUPAÇÃO
TOTAL
CENTRO - SUL
NORTE
NOROES
TE
Outros bairros
do Centro-Sul
Belveder
e
LESTE
LOCAL DE TRABALHO EM BELO HORIZONTE
Para complementar a análise da variável mercado de trabalho, cabe examinar, aqui,
a variável Setor de Atividade dos ocupados. Assim sendo, observou-se que 28% dos
trabalhadores residentes em Nova Lima, componentes dos movimentos pendulares para
BH, trabalhavam no setor Social, que abrange os serviços médicos, odontológicos e
educacionais. Os setores Comércio de Mercadorias, Serviços Auxiliares e Prestação de
Serviços empregavam, juntos, a maior proporção de trabalhadores (40%). Em praticamente
66
todas as regiões de Belo Horizonte, esses eram os três setores que mais absorviam mão-de-
obra originária de Nova Lima (TAB.27).
No Belvedere, por exemplo, mais da metade das pessoas (54%) trabalhava no setor
de Comércio de Mercadorias e cerca de 28% estava empregado nos setores Social e de
Prestação de Serviços. Chama a atenção o fato de que, na Região Centro-Sul, apesar de
possuir comércio variado e consolidado, o setor Comércio e Mercadorias não era o que
mais absorvia mão-de-obra pendular. Nesse sentido, os setores que mais se destacavam
eram os de Serviços Auxiliares, Prestação de Serviços e Social.
É interessante observar, ainda, que cerca de 48% dos componentes do movimento
pendular que se deslocavam para a Região Leste, trabalhavam no Setor Social. Isso ocorre,
pois estão localizados nessa região inúmeros hospitais, clínicas médicas compondo a
denominada Área dos Hospitais. Daí, o elevado número de empregados nesse setor. Além
disso, essa região absorve, também, a maior proporção de trabalhadores do setor de
Administração Pública, que podem, também, trabalhar nos hospitais.
As outras regiões da Capital (Norte e Noroeste) absorviam a mão-de-obra
procedente de Nova Lima para atender os setores Social e Comércio de Mercadorias. Já os
setores de atividades econômicas industriais absorviam pouca mão-de-obra pendular, e na
maioria das vezes, os setores Social e de Comércio foram os mais freqüentes.
Tabela 27:
Distribuição, segundo o setor de atividade, das pessoas que residiam em Nova Lima e
trabalhavam em Belo Horizonte - 2001/2002 (%)
Indústria de transformação 11,12 3,00 7,72 0,22 9,42 7,76
Indústria da construção civíl 6,29 0,75 5,41 6,36 1,80 4,73
Outras atividades industriais 3,14 0,38 16,99 0,00 2,01 2,68
Comércio de mercadorias 14,99 53,57 28,96 6,03 19,37 20,32
Transporte e comunicaçao 5,48 7,01 18,15 5,82 12,59 7,53
Serviços auxiliares e prestação de
serviços
23,58 15,39 1,54 20,15 18,20 19,97
Social 25,16 12,52 16,60 48,17 31,01 27,73
Administração pública 10,24 7,38 4,63 13,25 5,61 9,29
Total 2.749 799 259 928 959 5.694
Fonte: FJP, Pesquisa de Origem e Destino, 2001/2002
SETOR DE ATIVIDADE
TOTAL
CENTRO - SUL
NORTE
NOROES
TE
Outros bairros do
Centro-Sul
Belv.
LESTE
LOCAL DE TRABALHO EM BELO HORIZONTE
Com relação à distribuição de rendimentos em salários-mínimos dos componentes
do movimento pendular em estudo foi visto que a variação no nível de renda deles era
grande. Como a remuneração está atrelada à ocupação e à escolaridade, havendo
heterogeneidade nessas distribuições, conseqüentemente haverá também variação no
67
rendimento. De fato, considerando todas as pessoas que residiam em Nova Lima e
trabalhavam em Belo Horizonte, verificou-se que cerca de 20% recebiam mais de dez
salários-mínimos e 43%, até três salários-mínimos. Nessa situação encontram-se a Região
Centro-Sul e o Belvedere. Foram os locais de trabalho, em Belo Horizonte, que
apresentaram maior proporção de pessoas recebendo até dois salários-mínimos. Ao lado
desses, essas regiões recebiam, também, considerável número de trabalhadores com
remuneração mensal de mais de dez salários (TAB.28).
É interessante observar que a maior proporção de componentes do movimento
pendular, com remuneração mensal superior a vinte salários mínimos trabalhava nas
regiões Norte e Leste. Nessas regiões, havia, entre as pessoas em análise, grande número
de Proprietários e Profissionais Liberais, o que pode explicar a alta remuneração.
Tabela 28:
Distribuição, segundo o rendimento mensal em salários-mínimos, das pessoas que residiam
em Nova Lima e trabalhavam em Belo Horizonte - 2001/2002 (%)
Até 1 3,27 0,00 0,00 0,00 2,50 2,00
1 a 2 32,16 46,81 5,41 30,71 17,52 30,30
2 a 3 9,35 16,02 18,15 10,88 7,09 10,55
3 a 5 17,72 28,29 24,32 25,75 22,94 21,69
5 a 10 14,26 1,63 15,06 13,79 26,90 14,58
10 a 15 6,91 5,63 12,36 3,77 14,08 7,67
15 a 20 7,64 0,00 9,27 1,62 0,00 4,37
20 e mais 8,69 1,63 15,44 13,47 8,97 8,83
Total 2.749 799 259 928 959 5.694
Fonte: FJP, Pesquisa de Origem e Destino, 2001/2002
RENDIMENTO
EM SALÁRIOS-
MÍNIMOS
TOTAL
CENTRO - SUL
NORTE
NOROES
TE
Outros bairros
do Centro-Sul
Belv.
LESTE
LOCAL DE TRABALHO EM BELO HORIZONTE
O comportamento dos rendimentos médio e mediano, por origem e destino no
movimento pendular, é importante para complementar a análise em pauta. Assim sendo, o
rendimento médio e mediano de todas as pessoas que realizaram a mobilidade pendular
entre Nova Lima e Belo Horizonte, era de 7,06 e 3,67 salários-mínimos, respectivamente.
Isso significa dizer que 50% deles recebiam menos do que 3,67 salários (TAB.29).
Os trabalhadores pendulares, cujos rendimentos médio e mediano eram menores,
trabalhavam no bairro Belvedere. Recebiam, na data da pesquisa, 3,55 e 2,21 salários-
mínimos, respectivamente. Isso ocorreu porque essa região é que recebe a maior proporção
de trabalhadores com remuneração mensal entre um e dois salários-mínimos.
Por outro lado, as pessoas que trabalhavam na região Norte possuíam um alto
rendimento médio (10,44) e mediano (5,17), sendo a região onde estavam empregados os
68
trabalhadores com melhor remuneração. Os trabalhadores que se deslocaram para as outras
regiões (Resto do Centro-Sul, Leste e Noroeste) não apresentaram muitas diferenças entre
si, com rendimento médio de cerca de 7 e o mediano entre 3 e 4 salários mínimos. É
importante lembrar que, quanto mais distante o rendimento médio estiver do mediano,
maior é a desigualdade de renda. Verifica-se, então, que em todas as regiões o rendimento
dos trabalhadores era desigual e a mediana era baixa, indicando que havia concentração de
renda em baixos níveis de remuneração.
Tabela 29:
Rendimentos mensal médio e mediano dos trabalhadores pendulares residentes em Nova
Lima que trabalhavam em Belo Horizonte, segundo local de trabalho - 2001/2002
Outros bairros do Centro-Sul
7,32 3,60
Belvedere
3,55 2,21
Norte
10,44 5,17
Leste
7,59 3,66
Noroeste
7,84 3,01
TOTAL
7,06 3,67
Fonte: FJP, Pesquisa de Origem e Destino, 2001/2002
LOCAL DE TRABALHO EM
BH
RENDIMENTO
DIO
RENDIMENTO
MEDIANO
Apesar do nível de escolaridade relacionar-se com a posição do individuo no
mercado de trabalho, como já foi dito anteriormente, isso não é uma regra. Assim sendo, é
possível encontrar indivíduos com alto nível de qualificação, exercendo trabalhos aquém
de seu nível de escolaridade, como se observou neste estudo. Entre outros fatores, isso
ocorre aqui devido aos níveis de desemprego brasileiro. Por isso, não havendo quantidade
suficiente de empregos para absorver os trabalhadores qualificados, as pessoas são
obrigadas a realizar serviços que não condizem com a sua escolaridade.
5.2.2 Caracterização socioeconômica dos indivíduos que residem em Belo
Horizonte e trabalham em Nova Lima
A análise do fluxo inverso ao descrito no tópico anterior mostra que um contingente
semelhante de pessoas saía de BH para trabalhar em NL. Praticamente a metade do
conjunto de pessoas que realizavam o movimento pendular residia em bairros localizados
na Região Noroeste da Capital; a outra parte se dividia entre as regiões Centro-Sul, Norte e
Leste.
69
Em Nova Lima, o local que absorvia a maior proporção de mão-de-obra pendular
era a região dos Condomínios e outras regiões, que abrange, além dos condomínios, outras
regiões importantes como, por exemplo, o Jardim Montanhês (mais conhecido como Seis
Pistas). É provável que isso ocorra devido às importantes características dessas regiões no
contexto metropolitano, pois conforme já dito, a Seis Pistas vem se tornando um
importante pólo empresarial, com várias empresas, faculdades e hospitais sendo lá
instaladas, absorvendo, assim, parte da mão-de-obra oriunda de BH (TAB.30).
A região da Sede e entorno de Nova Lima absorvia 21,85% dos trabalhadores
residentes na Capital. Esse índice, deve-se destacar, não era muito diferente com relação a
proporção de trabalhadores distribuídos entre as regiões de Belo Horizonte. A Região
Leste era a que enviava a menor proporção de pessoas para trabalhar em Nova Lima,
mostrando que não havia muita interação entre essas duas regiões.
A Região Condomínios e outras regiões recebia, aproximadamente, 70% dos
trabalhadores originários da Região Noroeste de BH. Nessa região, estão localizados
bairros próximos a Nova Lima como, Olhos D`água e Barreiro. Talvez essa seja a causa do
grande número de elementos do movimento pendular lá residindo. Chama a atenção, ainda,
o número de moradores residentes em BH que trabalhavam em NL. Com efeito, apenas
15% da mão-de-obra pendular em Nova Lima residia em bairros da Região Centro-Sul.
Isso mostra que a interação mais relevante entre essas regiões se dá no fluxo contrário, uma
vez que o Centro-Sul é uma região que absorve e não que envia mão-de-obra (TAB.30).
Tabela 30:
Distribuição dos componentes do movimento pendular, por local de trabalho em Nova
Lima, segundo local de residência em Belo Horizonte – 2001/2002
Centro-Sul 350 587 50 987 17,80
Norte
375 426 94 895 16,14
Leste
187 682 74 943 17,00
Noroeste
300 2.205 216
2.721 49,06
TOTAL 1.212 3.900 434 5.546
100,00
% 21,85 70,32 7,83 100,00
Fonte: FJP, Pesquisa de Origem e Destino, 2001/2002
LOCAL DE TRABALHO EM NOVA LIMALOCAL DE
RESIDÊNCIA EM
BELO HORIZONTE
TOTAL %SEDE E
ENTORNO
CONDOMÍNIOS E
OUTRAS REGIÕES
OUTROS
DISTRITOS
A Região Outros distritos abrange as regiões do município de Nova Lima mais
distantes da Capital, com interação menor do que as outras regiões: apenas 7% dos
indivíduos residem em BH e trabalham nessa região. Vale destacar que a maior proporção
dessas pessoas residiam em bairros localizados na Região Noroeste e, novamente, a Região
70
Centro-Sul não foi o local de onde saíra o maior número de componentes do movimento
pendular (TAB.30).
Da mesma forma que no outro fluxo, precede sua análise, a análise das variáveis
situação educacional, Grupo de Ocupação, Setor de Atividade Econômica e rendimento
dos indivíduos que saíam de BH e se deslocavam diariamente para Nova Lima, em 2001,
para trabalhar.
Assim sendo, com referência à escolaridade dos indivíduos que trabalhavam em
Nova Lima, morando em BH, cerca de 64,7% do total de trabalhadores pendulares
possuíam alta escolaridade (mais do que 9 anos de estudo) e 16,2%, baixa escolaridade (até
quatro anos de estudo).
A escolaridade dos trabalhadores pendulares, particularmente daqueles que
trabalhavam nos Condomínios e outras regiões era, de maneira geral, alta. Constatou-se, de
um lado, uma grande proporção de pessoas com pelo menos curso superior incompleto -
33,4%. Por outro lado, 16,3% possuía apenas até a quarta série completa. Nota-se, então,
que essa região absorvia grande variedade de mão-de-obra, desde profissionais altamente
qualificados até os com baixa qualificação (TAB.31).
Com relação às pessoas que trabalhavam na Sede e seu entorno, pôde-se observar
grande variação no nível de escolaridade. Das três áreas do município de Nova Lima, a da
Sede é que recebia maior proporção de trabalhadores sem instrução e menos de um ano de
estudo, que são chamados analfabetos funcionais. Mesmo assim, o nível de escolaridade
dos trabalhadores dessa área era alto, uma vez que 70% possuía mais de nove anos de
estudo.
Tabela 31:
Distribuição, segundo o nível de escolaridade, das pessoas que residiam em Belo Horizonte
e trabalhavam em Nova Lima -2001/2002
Sem instrução e menos de 1 ano
2,31 1,38 0,00 1,48
1 a 4
5,12 14,95 39,17 14,70
5 a 8 22,94 18,56 13,82 19,15
9 a 11
37,95 31,72 6,68 31,12
12 e mais
31,68 33,38 40,32 33,56
TOTAL
1.212 3.900 434 5.546
Fonte: FJP, Pesquisa de Origem e Destino, 2001/2002
ANOS DE ESTUDO
LOCAL DE TRABALHO EM NOVA LIMA
TOTAL
SEDE E
ENTORNO
CONDOMÍNIOS E
OUTRAS REGES
OUTROS
DISTRITOS
Mas foi a Região Outros Distritos em Nova Lima que apresentou a maior variação
no nível de escolaridade. Por um lado, recebeu a maior proporção de trabalhadores
71
pendulares com apenas quatro anos de estudo - 40%. Por outro lado, um número relevante
de pessoas que saía de BH para ir trabalhar nessa região, possuía mais de 12 anos de estudo
(TAB.31).
Com relação ao total do fluxo do movimento pendular, independente da região de
destino, os grupos ocupacionais que receberam a maior proporção de trabalhadores foram:
o de Ocupações Manuais Especializadas e não Especializadas e o de Altos Cargos, que
apresentaram os seguintes índices: 39,65% e 22,21%, respectivamente (TAB. 32).
Na Região da Sede e seu entorno, foi possível perceber que havia maior
concentração de diferentes em profissões nos grupos Ocupações não-manuais de rotina,
Manuais Especializadas e não Especializadas, perfazendo um total de 63,8%. Assim,
atividades como telefonistas, vendedores ambulantes, recepcionistas, comerciantes
autônomos, carpinteiros e cabeleireiros integravam esses grupos. Verificaram-se, ainda,
nessa região pessoas realizando profissões mais qualificadas, tais como as inseridas no
grupo de Altos Cargos e Cargos Médios de supervisão e direção (30%). Eram,
provavelmente, donos de estabelecimentos ou empregados de empresas ali situadas.
A região que abrange os Condomínios e outras regiões recebia desde pessoas com
maior escolaridade inseridas nos grupos Altos Cargos, Profissionais Liberais (22,17%), até
pessoas com nível educacional menor que pertenciam ao grupo Ocupações Manuais
Especializadas e não Especializadas (36,6%). Entre as pessoas com maior qualificação, é
provável que sejam engenheiros e arquitetos, responsáveis por construções e reformas, ou
médicos, advogados e outros profissionais que trabalham na região das Seis Pistas. Além
disso, nessa região há alguns restaurantes e um minishopping, localizados na MG-030, que
empregam garçons, barman, copeiras e cozinheiros, o que explica a alta proporção de
pessoas com menor qualificação. As pessoas inseridas nos serviços domésticos
trabalhavam certamente, como empregadas domésticas, lavadeiras, passadeiras e
jardineiros nos condomínios.
Na região dos Outros distritos do município de Nova Lima, verificou-se uma
proporção relevante de indivíduos procedentes de Belo Horizonte inseridos no grupo Altos
Cargos e Profissionais Liberais. Nessa região, está localizado o Alphaville Lagoa dos
Ingleses, um dos maiores empreendimentos residenciais implantados nos últimos anos. Nas
dependências desse condomínio estão situadas importantes instituições como o Banco do
Brasil, a Fundação Dom Cabral, o Colégio Marista, o Hotel Caesar Business e o Minas
Tênis Clube. Além disso, localizam-se tamm, nessa região, o Morro do Chapéu, alguns
72
loteamentos no Miguelão e Vale do Sol, além de restaurantes e atividades de extração de
minério.
Como se vê, nessa região, muitas são as ocupações para atender à demanda dos
moradores. Novamente foi nessa região que se observou concentração de componentes do
movimento pendular, partícipes de ocupações altamente qualificadas ao lado de
trabalhadores menos qualificados. Assim sendo, de um lado, as Ocupações Manuais
Especializadas e não Especializadas detinham maior proporção de trabalhadores, isto é,
59,9% do fluxo. Por outro lado, 28% estava inserido no grupo que concentra as profissões
mais escolarizadas, como o dos Altos Cargos e Proprietários.
Tabela 32:
Distribuição, segundo o grupo de ocupacional das pessoas que residiam em Belo Horizonte
e trabalhavam em Nova Lima - 2001/2002
Altos cargos, proprietários,
profissionais liberais e técnicos sup.
20,23 22,17 28,11 22,21
Cargos médios e técnicos de nível
intermediário
11,96 18,14 0,00 15,37
Ocupação não manuais de rotina
21,68 18,31 11,98 18,55
Ocupações manuais especializadas e
não especializadas
42,08 36,63 59,91 39,65
Emprego Doméstico
4,04 4,75 0,00 4,22
TOTAL
1.212 3.900 434 5.546
Fonte: FJP, Pesquisa de Origem e Destino, 2001/2002
GRUPO DE OCUPAÇÃO
LOCAL DE TRABALHO EM NOVA LIMA
TOTALSEDE E
ENTORNO
CONDOMÍNIOS
E OUTRAS
REGIÕES
OUTROS
DISTRITOS
A análise do Setor de Atividade no qual os trabalhadores pendulares estavam
inseridos mostrou que, novamente, o Setor Social, no agregado do município, recebeu a
maior proporção de trabalhadores. Esse setor e o Prestação de Serviços e Serviços
Auxiliares eram responsáveis por 83% da ocupação deles. Também eram esses setores os
que mais absorviam trabalhadores pendulares de quase todas as regiões analisadas (TAB.
33).
Nas Sede e seu entorno, as atividades desenvolvidas pelos trabalhadores pendulares
eram variadas; havia desde serviços de alimentação, pessoais, médicos e odontológicos e
comerciais até atividades relacionadas à construção civil. Apesar dessa variedade, o setor
que mais absorvia mão-de-obra era o de Serviços Auxiliares e Prestação de Serviços, onde
trabalhavam cerca de 34,9% dos empregados.
73
Tabela 33:
Distribuição, segundo setor de atividade, das pessoas que residiam em Belo Horizonte e
trabalhavam em Nova Lima - 2001/2002
Ind. de transformação
8,42 9,58 6,68 9,10
Ind. da construção civil
14,93 7,11 46,54 11,90
Outras atividades industriais
5,53 12,89 10,37 11,08
Comércio de mercadorias
18,98 6,98 6,68 9,58
Transporte e comunicação
2,48 3,84 0,00 3,24
Serviços auxiliares, prestação de
serviços e outras atividades
34,90 20,93 17,74 23,73
Social
13,28 38,11 0,00 29,70
Administração pública
1,49 0,57 11,98 1,67
Total
1.212 3.900 434 5.546
Fonte: FJP, Pesquisa de Origem e Destino, 2001/2002
SETOR DE ATIVIDADE DA
OCUPAÇÃO PRINCIPAL
LOCAL DE TRABALHO EM NOVA LIMA
TOTAL
SEDE E
ENTORNO
CONDOMÍNIOS E
OUTRAS REGES
OUTROS
DISTRITOS
Por outro lado, a área dos Condomínios e outras regiões, apresentou alta proporção
de ocupados no Setor Social. Compõem esse setor, além dos serviços de educação, os de
saúde, como serviços médicos, odontológicos e veterinários. Também chama a atenção
nesse setor, o peso relativo de empregos em Prestação de Serviços, que abriga atividades
relacionadas aos serviços de alimentação, domésticos, de conservação, limpeza e
vigilantes. Aliás, grande parte desses serviços eram realizados em residências e em seu
entorno. Ainda dessa região foram registradas ocupações no setor de Outras Atividades
Industriais (Extração mineral), o geral absorvia 12,9% da mão-de-obra. Isso ocorreu
porque ainda existem algumas minerações em atividade nesse local. Tal fato mostra que,
mesmo em menor escala, a mineração continua sendo explorada o município.
Uma explicação para essa grande variedade de ocupações pode ser o fato de o
Jardim Montanhês, inserido nessa região, desenvolver atividades de vários setores da
economia. Além dos hospitais e faculdades instalados nesse local, há, tamm, serviços de
alimentação, domésticos e pessoais.
Já em Outros distritos, cerca de 46,5% dos trabalhadores pendulares se inseriam no
setor Construção Civil, aliás, o que mais absorvia trabalhadores. Supõe-se que construções
de novas casas ou reformas das já existentes no Alphaville Lagoa dos Ingleses e, ainda, as
atividades relacionadas à mineração existentes no Miguelão, por exemplo, tenham
concorrido para absorção de tantos trabalhadores.
Com referência à variável rendimento das pessoas que residiam em Belo Horizonte
e trabalhavam em Nova Lima, pode-se dizer que era heterogêneo, ou seja, 30% recebia
entre um e dois salários-mínimos e 16%, mais que dez. É interessante observar que, em
74
todas as regiões, a proporção de trabalhadores pendulares que recebiam menos de um
salário mínimo era pequena (TAB.34).
Assim, na Região Outros Distritos de Nova Lima, 28% dos trabalhadores
pendulares recebiam remuneração mensal superior a 10 salários mínimos e 31%, de três a
cinco salários-mínimos. Essas informações relacionam-se à ocupação exercida e à alta
escolaridade das pessoas que trabalhavam nessa região, mostrando, novamente, a relação
entre essas variáveis já que, muitas vezes, funcionários com alto nível de escolaridade
exerciam profissões qualificadas e vice-versa.
Tabela 34:
Distribuição, segundo o rendimento mensal em salários mínimos, das pessoas que residiam
em Belo Horizonte e trabalhavam em Nova Lima, por local de trabalho - 2001/2002 (%)
Até 1 0,00 2,41 0,00 1,69
1 a 2 44,88 26,28 22,35 30,04
2 a 3 14,03 13,33 6,68 12,96
3 a 5 16,67 23,69 30,88 22,72
5 a 10 16,25 17,46 11,98 16,77
10 a 15 6,19 3,54 0,00 3,84
15 a 20 1,98 5,23 7,60 4,71
20 e mais 0,00 8,05 20,51 7,27
TOTAL 1.212 3.900 434 5.546
Fonte: FJP, Pesquisa de Origem e Destino, 2001/2002
RENDIMENTOS
EM SALÁRIOS
MÍNIMOS
LOCAL DE TRABALHO EM NOVA LIMA
TOTALSEDE E
ENTORNO
CONDOMÍNIOS E
OUTRAS REGIÕES
OUTROS
DISTRITOS
Todavia os empregados que recebiam os piores salários, de maneira geral,
trabalhavam na Sede. Nessa região a disparidade salarial era bastante acentuada. Assim,
enquanto 45% de indivíduos recebiam de um a dois salários-mínimos, uma proporção
consideravelmente menor - 8% - recebia mais de dez salários-mínimos. O baixo nível de
rendimento dessa parcela de trabalhadores pode ser explicado pelo grande número de
pessoas trabalhando no setor Serviços Auxiliares e Prestação de Serviços, serviços esses
que demandam mão-de-obra menos qualificada (TAB.34).
Comportamento semelhante verificou-se nos Condomínios e outras regiões. Cerca
de 42% das pessoas recebiam até três salários-mínimos e 17% mais do que dez salários. A
explicação disso também não é novidade, já foi dita antes. Essa região demandava, por um
lado, uma imensa variedade de serviços que eram prestados aos moradores dos
condomínios e, por outro lado, havia os indivíduos que trabalhavam ou em empresas
localizadas nas Seis Pistas ou nas empresas mineradoras.
Quanto à análise do rendimento médio e mediano dos componentes do movimento
pendular, em conjunto com a distribuição relativa das pessoas por nível de renda, mostra
75
com clareza, a situação de renda dos indivíduos. Entre os que residiam em Belo Horizonte
e trabalhavam em Nova Lima, o rendimento mensal médio era de 6,43 salários-mínimos e
o mediano, de 3,47 salários-mínimos. É importante lembrar que, quanto mais próximo o
valor médio estiver do valor mediano, melhor é a distribuição de renda das pessoas (TAB.
35).
A Região dos Outros Distritos apresentou os maiores rendimentos médio e
mediano, de 10,12 e 4,36 salários-mínimos, respectivamente. Mesmo assim, a diferença
entre o valor médio e mediano indica que há desconcentração de renda entre as pessoas
que residiam em BH e trabalhavam nos outros distritos de NL, predominando indivíduos
com baixa e alta remuneração. Os menores rendimentos médio e mediano eram de pessoas
que trabalhavam na Sede e Entorno, resultante da alta proporção de trabalhadores
recebendo menos de dois salários-mínimos. Entre as pessoas que trabalhavam nos
Condomínios e outras regiões, a renda, era, em média, 6,8 salários-mínimos. Como a
mediana está aquém da média, 3,68, há indícios de concentração da renda dos
trabalhadores pendulares em níveis baixos.
Tabela 35:
Rendimento mensal médio e mediano das pessoas que residiam em Belo Horizonte e
trabalhavam em Nova Lima, segundo local de trabalho - 2001/2002
Sede e entorno 4,03
2,37
Condomínios e outras regiões 6,77 3,68
Outros Distritos 10,12 4,36
TOTAL 6,43 3,47
Fonte: FJP, Pesquisa de Origem e Destino, 2001/2002
LOCAL DE TRABALHO EM NOVA LIMA
RENDIMENTO
DIO
RENDIMENTO
MEDIANO
Concluindo esta análise, pode-se dizer que os indivíduos que realizavam esse
movimento pendular no sentido BH-NL apresentavam algumas características
socioeconômicas diferentes daqueles que faziam o movimento contrário (NL-BH), mas os
fluxos eram, de maneira geral, parecidos. As pessoas que residiam em Nova Lima e
trabalhavam em Belo Horizonte possuíam um nível de escolaridade ligeiramente mais
elevado, se comparadas com indivíduos que trabalhavam em Nova Lima. Além disso, as
ocupações daqueles que trabalhavam em BH concentravam-se nos setores de atividade
Social e Comércio de Mercadorias enquanto que os que trabalhavam em Nova Lima
concentravam-se no Social e Prestação de Serviços. Vale destacar, também, o diferencial
76
de rendimento, que foi de sete salários-mínimos mensais dos que trabalhavam na Capital e
6,4, em Nova Lima.
A mobilidade pendular mostrou que o espaço urbano é estruturado pelas condições
de deslocamento do ser humano, visto como portador de uma mercadoria - a força de
trabalho (VILLAÇA, 1998). Ademais, a pendularidade, além de registrar a movimentação
cotidiana no espaço metropolitano, torna-se forte evidência de como são constituídos o
mercado de trabalho e a segmentação dos locais de moradia e de trabalho.
77
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O crescimento espacial da RMBH, como evidenciou o presente estudo, é fruto de
dois movimentos interligados. O primeiro caracteriza a expansão urbana, que ocorreu dos
anos 50 até meados dos anos 70 e baseou-se no processo de industrialização e nas
intervenções públicas estruturadoras da ocupação do espaço. O segundo movimento, mais
recente, resultou da atuação do Capital imobiliário, tendo como principal produto os
espaços diferenciados de reprodução, realizados através da habitação.
Com isso, a intensificação da expansão urbana da RMBH nos últimos vinte anos
tem como principais determinantes: o processo de valorização imobiliária, que segrega a
população carente, deslocando-a para municípios vizinhos localizados na periferia da
metrópole; a incapacidade do Estado de gerar ofertas habitacionais para a população e
regular o processo de ocupação do espaço; as políticas públicas, que têm sido generosas ao
liberar a implantação de loteamentos sem infra-estrutura urbana necessária e a estagnação
do mercado imobiliário residencial nas áreas centrais. Por outro lado, a falta de segurança,
o aumento da violência e da poluição, tudo isso, aliado à procura de melhor qualidade de
vida, motiva o deslocamento das camadas mais ricas da população para os municípios
periféricos (CUNHA, 1993, BRITO, 1996 e COSTA, 2003b).
Nesta dissertação deu-se maior enfoque à expansão de Belo Horizonte na direção
do município de Nova Lima. Com a diminuição, nos últimos anos, da extração mineral,
esse município vem sendo caracterizado, principalmente, pela atuação do mercado
imobiliário. Os agentes imobiliários associam à imagem da natureza, a tranqüilidade, status
e segurança da região, e utilizam-na como marketing para seus loteamentos.
Com efeito, estudar a expansão de Belo Horizonte, em direção a Nova Lima e a
outros municípios da RMBH, implica estudar os movimentos migratórios. No RRMBH, a
migração intrametropolitana ocorre desde a consolidação da Cidade Industrial, na década
de 70. O principal deslocamento realizado era mudar de BH para outros municípios da
RM. Atualmente, já se percebe um processo de desaceleração na emigração para alguns
municípios dessa região.
A propósito, o número de pessoas que saíra de BH e foi para outros municípios da
RMBH aumentou 17% no período de 1991 e 2000, enquanto que o número de emigrantes
que tem como destino o município de Nova Lima, ainda que menor, tem aumentado muito
mais.
78
Além do aumento da emigração de Belo Horizonte para esse município, verificou-
se que as características socioeconômicas dos indivíduos que se mudaram para lá eram
diferentes das dos que foram para o os outros municípios metropolitanos. Em todas as
variáveis analisadas, foi possível perceber diferenças que retratavam sempre, em média,
uma melhor situação entre os emigrantes para Nova Lima.
Com relação à escolaridade, variável aqui tratada, havia emigrantes para Nova
Lima com baixo e alto nível de escolaridade, mas o número de pessoas que possuía, no
mínimo 12 anos de estudo predominava. Para os outros municípios, os emigrantes
concentravam-se em faixas de escolaridade mais baixas: cerca de 80% em 1991 e 70% em
2000 possuíam até oito anos de estudo.
Mas, entre 1991 e 2000, houve melhora na qualidade educacional dos emigrantes
que se manifestou, de forma diferente, nos municípios analisados. Por um lado, em Nova
Lima houve aumento de 67% na proporção de pessoas com mais de 12 anos de estudo,
passando de 33,7% para 56,24%, em 1991 e 2000, respectivamente. Por outro lado, nos
municípios do RRMBH, houve redução na proporção de pessoas com até oito anos de
estudo, acompanhada de aumento na proporção de indivíduos com 9 a 11 anos de estudo.
Esses dados evidenciam a melhora do nível de escolaridade dos emigrantes.
Esse dado é importante, pois o rendimento dos emigrantes é conseqüência do nível
de escolaridade, já que quanto maior o nível de instrução, maiores são as chances de
conseguir bons empregos e boas remunerações. Assim sendo, a análise da distribuição de
renda dos emigrantes em questão mostrou que o nível de renda dos que saíram de BH e
foram para Nova Lima era maior do que o dos que foram para municípios da RRMBH.
Em 1991, a distribuição dos emigrantes para Nova Lima apresentou grande
variação. Por um lado, havia alta proporção de pessoas recebendo um salário-mínimo
(35%) e, por outro lado, uma proporção relevante recebia mais do que dez salários-
mínimos (25%). Entre os emigrantes que foram para o restante da RMBH, verificou-se
uma situação menos favorável, isto é, mais da metade recebia até dois salários-mínimos e
apenas 3,4% possuía rendimento mensal superior a dez salários-mínimos.
No ano de 2000, verificou-se mudança no perfil dos emigrantes que foram para
Nova Lima e para outros municípios metropolitanos. Entre os que foram para Nova Lima,
houve redução na quantidade de pessoas recebendo até dois salários, acompanhada pelo
aumento na proporção de trabalhadores que recebiam mais de dez salários-mínimos. Com
relação aos emigrantes para o RRMBH, também foi possível verificar aumento no nível de
79
renda, uma vez que houve redução na quantidade de pessoas recebendo até dois salários-
mínimos e acréscimo dos que recebiam mais de dez salários.
Também a análise do rendimento médio e mediano dos emigrantes que foram para
Nova Lima em 1991, mostrou que o rendimento médio deles era maior do que o dos outros
municípios, e em 2000, a diferença percentual aumenta substancialmente. O rendimento
mediano também foi maior em Nova Lima, mas, apesar disso, percebe-se que a distância
entre a média e a mediana era menor no RRMBH, indicando que, em Nova Lima, a
desigualdade de renda é maior, em relação às pessoas com remuneração baixa e alta, ao
passo que no RRMBH, há concentração em níveis de renda baixos.
Pode-se dizer que o movimento migratório intrametropolitano está relacionado ao
movimento de pessoas com diferentes níveis de renda em função da dinâmica do mercado
de trabalho e, principalmente, do mercado imobiliário. Esse, por sua vez, regula o preço da
terra e faz com que as pessoas mais pobres e, geralmente, com menor escolaridade, sejam
expulsas da Capital por não conseguirem arcar com as despesas de sua sobrevivência.
Assim se inicia o processo de segregação, ou seja, as pessoas com menor nível de
renda passam a morar nas áreas periféricas, na Capital e nos municípios vizinhos, em
loteamentos sem nenhuma infra-estrutura. Por outro lado, as camadas mais ricas da
sociedade se deslocam para locais que lhes proporcionam uma melhor qualidade de vida,
muitas vezes, encontrada em condomínios fechados.
Nesse sentido, é importante assinalar que, no caso dos emigrantes que se dirigiram
para Nova Lima, não havia somente pessoas com alto nível de renda e escolaridade. O que
se observou foi uma polarização social. Assim, de um lado, havia uma proporção de
pessoas com alto nível de renda e, de outro, uma parcela de emigrantes com baixa renda.
Com isso, o que se vislumbra é que o processo de expansão urbana é extremamente
heterogêneo, pois a própria reprodução da população mais rica requer a proximidade dos
serviços e mercadorias oferecidas pela população mais pobre.
Ademais, é preciso frisar que a intensificação da migração intrametropolitana
contribuiu para o crescimento da mobilidade pendular, uma vez que 67,7% das pessoas que
residiam em municípios da RMBH e trabalham em BH moravam anteriormente na Capital.
Em Nova Lima, 62,2% dos componentes do movimento pendular, à época da pesquisa,
estavam nessa situação. CUNHA (1995) afirma que os indivíduos que realizam a
mobilidade pendular tendem a exercer suas atividades predominantemente nas áreas de
origem dos movimentos.
80
Por ser um fenômeno cada vez mais presente nas metrópoles brasileiras, as
questões relacionadas à moradia e ao emprego se constituem como importantes dimensões
de análise para o entendimento do papel e implicações desses deslocamentos diários no
processo de configuração da área metropolitana (ANTICO, 2003).
Com referência aos deslocamentos pendulares ocorridos entre Belo Horizonte e
Nova Lima este estudo revelou importantes aspectos relativos tanto à configuração
espacial metropolitana e sua heterogeneidade quanto às diferenças existentes nesses fluxos
pendulares, realizados por diferentes grupos sociais. Foi possível perceber que o número de
pessoas que realizava o movimento pendular partindo de BH para NL e vice-versa era
praticamente o mesmo nos dois fluxos, ainda que houvesse uma grande diversidade nas
características socioeconômicas entre os que realizavam o movimento pendular nas duas
direções.
Com relação ao nível de escolaridade, não havia muitas diferenças entre as pessoas
que trabalhavam em Nova Lima e as que trabalhavam em Belo Horizonte, já que, nos dois
fluxos, predominavam os indivíduos com 9 anos de estudo ou mais. As ocupações
realizadas por quem trabalhava em BH se concentravam nos setores de atividade Social e
Comércio de Mercadorias enquanto que os que trabalhavam em Nova Lima se
concentravam no Social e na Prestação de Serviços. Vale destacar também o rendimento
médio mensal deles era, relativamente, próximo: 7 salários-mínimos para os que
trabalhavam na Capital e 6,4, para os que trabalhavam em Nova Lima.
Com relação ao fluxo de quem residia em Nova Lima e trabalhava em BH, a grande
maioria trabalhava na Região Centro-Sul e o restante se dividia entre as regiões Leste e
Noroeste. A Região Norte era a que recebia a menor proporção de indivíduos, devido,
provavelmente, à distância entre essas regiões.
A maior parte dos componentes do movimento pendular residia na Sede e entorno e
nos Condomínios e outras regiões. Todos juntos perfaziam um total de 96,7% do fluxo. Já
a região que abrange os outros distritos de Nova Lima enviava, diariamente, uma pequena
proporção de pessoas para trabalhar em BH, ou seja, 190 pessoas, que corresponde a 3,3%
do fluxo total.
É interessante observar que, mesmo estando localizado na mesma região, o bairro
Belvedere apresenta algumas características diferentes dos outros bairros da Região
Centro-Sul de Belo Horizonte. Assemelham-se apenas quanto ao local de residência que,
nas duas regiões, se concentra na Sede e entorno e nos Condomínios e outras regiões. A
principal diferença evidenciada está no nível de escolaridade dessas pessoas. Entre os que
81
trabalhavam nos outros bairros do Centro-Sul, 34% tinha mais do que 12 anos de estudo,
ao passo que no Belvedere, somente 5% deles tinham esse nível de escolaridade.
Conforme esta pesquisa verificou, a divergência na escolaridade é causa das
disparidades na ocupação. Entre os que trabalham no restante do Centro-Sul, observou-se
grande variedade de ocupações, decorrente da grande diversidade de atividades
econômicas localizadas nos bairros que compõem essa região. Assim verificaram-se
ocupações desde do grupo Proprietários e Profissionais Liberais, como dentistas, médicos,
engenheiros e advogados, até o grupo Ocupações Manuais especializadas e não
especializadas, que incluem trabalhos de cabeleireiros, manicures, eletricistas, alfaiates,
encadernadores, entre outras. No Belvedere, as ocupações realizadas pelos componentes do
movimento pendular faziam parte do grupo Ocupações Manuais e não Manuais, o que
ocorreu, provavelmente, em virtude da localização do BH Shopping, além do comércio do
próprio bairro que conta com bancos, salões de beleza, farmácias e restaurantes que
empregam as profissões inseridas nesse grupo. O outro grupo que absorve mão-de-obra no 20.295 -1`8.231.72 TD4.0001 T Tw[(p adv(ntCargrea.3(lém d, mTw[(Técnm)7.v(ntridas ne64s ba)]TJNam)8.Iias.7( (edigrup,não Manuai1 TD4a di)]TJ16.99 0 TD42.725 TD0.0685 Twvaa)-5.7(de s)-0de é causa27.8que )]TJ-18.685 -2.725 TD0..0001((ntgras8.2(poeconta 5 Twfes Tw(poeclíngurgê No Be(prSul, )]TJ19.205 0TJ20.39 01 Tcnçaonai.03tTw(poecio que óvei(encadernadoros, (o-de-ofa)ue )]TJ-18.685 -718.68520001 Tc0.0e érel399 Ta3 Twndimcado,irro qu54( tr[( [(poecsearte do 4re, )Tj17.965 0 T119.0001 T(açõerardo çõess Tapação. Ent0746 Tw-1.7 é causa2-7.5s, )]TJ-19.565 -1.07 0 TD6.39 01 Tbalhavam)8.2( nos outros bairros possuía[(Conf Twarte do 4.9(e )]TJ20207 0 TD6.1.725 Tndim( (em d,(m)8.3(lém d, mT8.3(lam d,cupalev5 T34% tinhapação.anuais, o46, )]TJ-19.565 -1.07 0 T25510004 Tc0.0746 TwConf (ao passo qu. Masisa vsurebui99 bancos, 6upo )]TJ18.68251.725 TpoecTwndancadernapação. Ent0746 Tw7.8(-1.1(o-de-o, 6up )]TJ-18.685 -.07 0 T100.0001 T passo qu [(po que ebsorveis do sigurs do Cent2.90trab)]TJ17.9207 0 T100.0008 peisisa vfras8çancadernacTwndNo Be1.8 a di)]TJ16718.6851.1.725 Tio qu54e(m)8.3(u54é)8.35, mT8e8.3(u54e)8.35, mais [(p causa24.7.3( )]TJ-20.295 -965 0 .725 TD[(movi)-6.8(or, (o-de2.95up )]TJ-18.685 -.07 0 T23.0001 TArm)8peim)8dancsse nível d34%pação. E virtude20trab)]TJ17.9965 0 T240.0006 Tnt0746 Tw7.s)-naspõem))-0.L)8.u  enro)8.u9(é)-1.1(diades )]TJ-20.16 -1.725 TD070008 Tc0a pesq-Sulaltaa)-5por99 Twzad)w[íduosparte do 0da lo)]TJ260.0003 Trro 520aiss)-5.e ée[(reiros,).3( is.3( es.7(des st9 Tale)dia(m)4.e é causa o 0da )]TJ-18.685 -.07 0 T190.0001 T3( profocas 0.0a(m[(upo.sroprietD0.0lizadas 57Ocup)]TJ20.39 0 TD197.0001 T499 Tw[(si ntCargreaMéd)4.( i)-23( oso Cent2..39lo)]TJ20.39 01 T.3( Suõervis9 b4.( ntDiredades causa25.e8es )]TJ-20.16 -1.725 T07070008 TT7(dad)wcaação.apação. Ent0746 Twregiãna Rem)arte do 38ul, )]TJ19.6.725 T070.0006 T9 TL)8.u xerco pend4(5 Tor xemplo,i Ent074oãna causa o 3que )]TJ-18.685 -8.725 TD0.0008 õem)8. hospitalardoo.apada Rem)8. enro)8.u. E o Belv81ul,
82
vinham da Região Noroeste, o restante se dividia entre as regiões Centro-Sul, Leste e Norte
da Capital. A região da Sede e entorno absorvia boa quantidade da mão-de-obra pendular.
Por outro lado, a região Outros distritos permaneceu com pequena relação com a Capital,
uma vez que apenas 7% das pessoas que residiam em BH e trabalhavam em Nova Lima,
tinham essa região como destino. Conclui-se, portanto, mais uma vez que o fator
proximidade entre o local de residência e trabalho nem sempre é o decisivo, pois muitas
pessoas que trabalhavam em Nova Lima residiam em regiões distantes.
Entre as pessoas que trabalhavam na região Condomínios e outras regiões, um
grande número delas possua escolaridade alta. Isso seria esperado, pois nessa região estão
instaladas duas grandes faculdades, três importantes hospitais, a sede administrativa da
FIAT, além de bares, restaurantes e outros estabelecimentos de comércio e serviço. Por
outro lado, os condomínios empregavam mão-de-obra menos escolarizada para realização
das atividades domésticas. A análise da ocupação dos trabalhadores dessa região mostra
que ali trabalhavam desde pessoas inseridas no grupo de Profissionais Liberais até os
pertencentes ao grupo Ocupações Manuais Especializadas.
Com relação aos trabalhadores na região da Sede e entorno, havia a maior
proporção de pessoas sem instrução ou com menos de um ano de estudo. Mas, a maior
parte dos trabalhadores possuía mais do que nove anos de estudo. Esses indivíduos
exerciam Ocupações manuais e não manuais de rotina e estavam inseridos nos setores de
Serviços Auxiliares e Prestação de Serviços. É provável que os trabalhadores com maior
nível de escolaridade, os quais ocupavam cargos de chefia e diretoria, trabalhavam nas
empresas mineradoras ou exerciam outras atividades de alta qualificação na sede do
município.
É interessante observar que a ocupação dos trabalhadores pendulares estava
altamente relacionada ao destino deles. Por exemplo, entre as pessoas que trabalhavam no
Centro-Sul, havia trabalhadores em todos os grupos de ocupação. Isso pode ser explicado
pela imensa variedade de serviços, comércio e postos de trabalho. Assim, entre os que
trabalhavam nos Condomínios e outras regiões, as ocupações estavam relacionadas às
faculdades e hospitais situados a Região das Seis Pistas e a outras relacionadas aos
condomínios, como, domésticas, lavadeiras, jardineiros, entre outros. Vale ressaltar, ainda,
que o fator geográfico proximidade nem sempre foi decisivo, nem a principal causa da
mobilidade pendular, uma vez que grande número de pessoas atravessava a Capital para
trabalhar em Nova Lima ou realizava o movimento contrário, saindo de Nova Lima para
trabalhar em distantes regiões de Belo Horizonte.
83
Em última análise, pode-se dizer que a pendularidade, além de registrar a
movimentação cotidiana no espaço metropolitano, é uma forte evidência de como são
constituídos o mercado de trabalho e a segmentação dos locais de moradia e de trabalho.
Esse tipo de movimento mostra, ainda, que o espaço urbano é estruturado pelas condições
de deslocamento do ser humano visto como portador de uma mercadoria - a força de
trabalho.
84
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88
8. ANEXOS
ANEXO A:
Tabela 36:
População, taxa geométrica de crescimento populacional e área dos municípios da RMBH
– 1970/2000
1970
1980 1991 2000 1979/80 1980/91 1991/2000
BELO HORIZONTE 1.235.030
1.780.855 2.020.161 2.238.526 3,73 1,15 1,15
330
OESTE 184.256 420.855 737.495 1.052.826 8,61 5,23 4,03 1.625
BETIM 37.815 84.193 170.934 306.675 8,33 6,65 6,71 347
CONTAGEM 111.235 280.477 449.588 538.208 9,69 4,38 2,02 195
ESMERALDAS 15.698 16.215 24.298 47.090 0,32 3,75 7,63 912
IBIRI 19.508 39.970 92.675 133.044 7,44 7,95 4,10 73
MÁRIO CAMPOS* 10.535 35
SARZEDO* 17.274 62
NORTE CENTRAL 47.437 152.198 336.546 523.171 12,36 7,48 5,02 508
RIBEIRÃO DAS NEVES 9.707 67.257 143.853 246.846 21,36 7,16 6,18 155
SANTA LUZIA 25.301 59.892 137.825 184.903 9,00 7,87 3,32 234
VESPASIANO 12.429 25.049 54.868 76.422 7,26 7,39 3,75 70
SÃO JOSÉ DA LAPA* 15.000 49
NORTE 77.057 97.294 130.715 165.413 2,36 2,72 2,65 3.091
BALDIM 9.362 7.567 8.383 8.155 -2,11 0,94 -0,31 557
CAPIM BRANCO 4.147 4.930 6.344 7.900 1,74 2,32 2,47 95
LAGOA SANTA 14.053 19.499 29.824 37.872 3,33 3,94 2,69 233
CONFINS* 4.880 42
JABOTICATUBAS 12.159 11.569 12.716 13.530 -0,50 0,86 0,69 1.117
MATOZINHOS 8.674 16.201 23.606 30.164 6,45 3,48 2,194 45Ã.8- 10.(O)0.30(7)-(0)-0.3(9.5T336834)7.2(4)4(3)7.1(0)-0.3(03)-7.7(3975.3(1-0.4(5)4(0)-0.3(8(3975.(6)-0.4(5)5(3)7.1(0)-0.3(43975.27-10.4(45)03301.9(227-10.4(45)13301.9(264-10.4(48)13301.9(222-10.a9(1)1(6)-0.25015974I[(P C)-5.7DR.8- 10.(LET)-12.7(P(45)-3T)-12.7(L6)-0.DT)-6441.3(.)975.3(3)7.1(0)-0.3(.)-10.4(6)-0.06)7.1(06)-1975.3(3)7.1(0)-0.3(0)-10.4(2)-0.76)7.1(06)42)-0.3(0)7.1(0)-0.3(.5T33693(7)7.1(4)51975.3(2)7.1(3)-0.3(93975.(7-10.4(45)-3063.4(380-10.4(45)-3063.4(301-10.4(48)-3301.9(293-10.a9(1)796)-0.25015974I2371 T2-0.004684)-306(A)-1.9.4(45)5(Q(D)2.1(U)5)5(AR(U)2.9(Ç)9(U)119(EU)2.9( )2.1(I)-6.9(Z)-12.6(N(U)2.9(HO)492-9.84(3)751(3)-0.6(0)-10.2(26.9((34)7.2(5)-(0)-0.66,)-6(9)-14)7.2(6.3(2)751(3)-0.6(3(2)7518-6(9)314)7.2(6.3(3)-0.6()-6(9)2(2)7518-)7.5(57)-29,)-10,3)-0.6()4-)7.5(57)-0,3)-0.6(1(2)7517,)-10275.3(3)75(,3)-0.6(4(3)7517-10.a9(8(3(2)751(26.9(0(4)8.1(9)]TJ/TT6 1 Tf0 -1.2521 TD-0.0c0.01744(U)2(T)-3(S Tw[(O)-94(8(T)-35509(1)7)-10.1(2)7.4(5.19316.830)7.4(9423.5(18)7.4(484)-10.1(9)7.4(2)-1422-10.1(83)7.4(7)0(9423.591(9)7.4(2)-1)-19717.4(7)0(69316.83010(1)0.1)0(,)-13.1(9)0(,)-14(1)0.1)0(23301.6(3)0(,)-17,)-10(36(23301.6(3)0(,)-15.1(3)0(2)8)0.1(.)48(11)7.7(1)]TJ/TT9 1 Tf0 -1.2222 T8D-0.0CAEU)2.56(A)-1.57(S)1243269)-(.)33.9(16)72)-142)7.7(1)0.5)0(,)2)7.09(16)72)6,)2)7.0(1)0.5)0(,)2)7.39(16)72)-(.)33.29,)-10(1)0.5)0(,)216.11(2)7063(0)0929,10(2)7063(0)07(2)7065,37(0(2)7063(0)0)2(929,)-18(1)343.29,7
89
ANEXO B:
Tabela 37:
Matriz de Origem e Destino, municípios da RMBH - 1986/91
Baldim 0 291 8 0 0 0 64 0 0 0 7 0 6 0 202 7 86 0 26 0 59 0 0 13 26 0 122 917
Belo Horizonte 205 0 11.063 925 460 110 35.356 1.330 164 11.707 1.918 137 231 62 1.698 1.402 604 1.091 708 160 24.872 271 22 4.963 14.622 46 6.585 120.712
Betim 0 647 0 37 10 5 1.735 12 0 395 465 11 8 0 53 468 12 90 11 0 444 0 16 125 93 0 101 4.816
Brumadinho 0 285 149 0 0 0 311 24 0 54 281 19 0 0 0 0 0 30 0 0 169 0 55 0 0 0 0 1.377
Caeté 0 613 60 0 0 0 122 0 0 0 0 0 3 31 64 0 23 38 46 24 0 8 0 172 97 0 120 1.421
Capim Branco 0 109 52 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 87 0 12 0 0 0 0 0 15 0 0 275
Contagem 0 1.973 9.532 27 0 0 0 745 0 3.658 283 27 2 0 27 109 0 60 9 44 2.235 0 0 193 774 1 291 19.990
Esmeraldas 0 402 127 0 0 8 188 0 10 0 27 0 0 0 0 32 0 0 4 7 108 0 0 34 25 0 11 983
Florestal 0 102 0 0 0 0 0 9 0 0 0 0 0 0 0 63 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 174
Ibirité 0 198 398 0 0 0 574 0 0 0 25 0 0 0 0 15 35 69 0 0 166 0 4 0 35 0 37 1.556
Igarapé 0 205 338 31 0 0 171 0 4 77 0 11 0 0 0 100 0 33 58 0 93 0 32 0 81 0 45 1.279
Itaguara 0 29 17 0 0 0 16 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 63
Jaboticatubas 0 158 11 0 0 0 22 0 0 0 0 0 0 23 244 0 0 0 20 0 0 0 0 39 162 0 101 780
Nova União 0 77 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 39 15 0 4 0 0 0 0 21 4 0 167
Lagoa Santa 25 302 6 0 0 0 68 0 0 0 0 0 108 0 0 0 0 0 164 0 93 0 0 28 16 0 72 882
Mateus Leme 0 390 408 24 0 0 95 74 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 34 0 0 0 63 0 0 1.155
Matozinhos 6 167 16 0 0 84 0 94 0 0 0 20 0 0 0 0 0 0 243 0 12 0 0 0 0 0 22 664
Nova Lima 13 446 168 0 0 0 245 0 0 59 14 0 0 0 109 0 0 0 11 83 64 47 0 29 35 0 28 1.351
Pedro Leopoldo 15 368 42 0 0 38 63 0 0 0 11 0 0 0 116 42 141 0 0 0 15 0 0 9 34 0 12 906
Raposos 0 136 33 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 14 0 0 0 32 67 0 0 5 0 25 36 0 0 348
R. das Neves 10 392 156 0 16 0 565 254 0 77 0 0 0 0 0 38 36 19 50 6 0 0 0 46 479 0 358 2.502
Rio Acima 0 78 0 0 0 0 66 12 0 0 0 0 0 0 0 0 0 45 0 0 0 0 0 0 0 0 0 201
Rio Manso 0 7 0 56 0 0 19 0 0 5 141 30 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 258
Sabará 0 397 230 17 104 0 167 0 0 9 45 0 0 4 14 0 0 0 26 88 259 37 0 0 321 0 116 1.834
Santa Luzia 10 516 216 0 22 0 550 65 0 23 147 10 22 5 0 0 13 41 21 13 782 32 0 308 0 25 450 3.271
T. de Minas 0 87 0 0 10 0 44 0 0 10 0 0 44 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 119 0 13 330
Vespasiano 0 357 7 0 0 15 79 65 4 96 20 0 8 0 213 0 17 0 212 0 143 0 0 164 123 6 0 1.529
Total 284 8.732 23.115 1.117 622 260 40.527 2.684 182 16.170 3.384 265 432 142 2.740 2.343 1.093 1.563 1.688 429 29.548 400 130 6.148 17.177 82 8.484 169.804
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000
C.Branco
MUNICÍPIO DE
RESIDÊNCIA EM
1986
Bal-
dim
BH Betim
Conta-
gem
Esme-
raldas
Flore
stal
Ibirité L.Sta M.LemeIgarapé
Ita-
gua-
ra
Jabu-
ticatu-
bas
N.Uni
ão
Sa-
bará
Ma-
tozi-
nhos
Nova
Lima
P.Leopol
do
Rapo
-
sos
T.Mina
s
Vespa-
siano
TOTAL
Sta
Luzia
MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA EM 1991
Bruma
dinho
Caeté
R.Ne-
ves
R.Aci-
ma
R.Manso
90
ANEXO C:
Tabela 38:
Matriz de Origem e Destino, municípios da RMBH – 1995/2000
Baldim 0 112 12 0 0 0 0 51 0 0 20 0 0 79 0 0 22 4 0 49 0 202 0 17 0 0 0 79 10 0 0 0 28 685
Belo Horizonte 315 0 14.557 1.642 770 202 150 29.685 4.780 196 11.093 1.270 122 467 69 1.147 2.565 998 1.632 1.136 3.324 1.952 108 29.445 209 70 6.916 13.834 1.382 1.435 2.208 150 7.130 140.959
Betim 64 1.513 0 35 8 34 0 2.495 461 48 668 605 0 14 0 688 38 85 357 63 27 28 12 362 0 59 225 249 573 25 109 4 102 8.951
Brumadinho 0 507 51 0 43 0 0 102 61 0 158 53 0 0 0 0 0 45 0 0 146 0 0 30 4 47 21 0 28 0 45 0 0 1.341
Caeté 0 490 63 0 0 34 0 162 0 0 41 0 0 0 59 0 0 0 12 12 0 11 0 100 0 0 118 218 15 0 44 4 57 1.440
Capim Branco 0 21 0 0 0 0 0 0 0 0 12 0 0 4 0 0 0 0 0 151 0 12 0 58 0 0 0 0 0 0 0 0 0 258
Confins 0 0 0 0 0 0 0 10 0 0 0 0 0 0 0 6 0 0 0 0 56 96 0 0 0 0 0 0 0 19 0 0 0 187
Contagem 0 5.805 13.597 395 115 0 28 0 3.438 23 2.889 648 14 56 9 439 118 245 357 34 115 73 0 4.185 7 5 414 791 466 49 529 7 337 35.188
Esmeraldas 42 216 142 49 0 0 0 212 0 4 59 0 0 0 0 62 9 0 0 47 0 57 0 163 0 0 8 42 21 9 4 0 20 1.166
Florestal 0 60 23 0 0 0 0 69 28 0 0 0 0 0 0 32 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 25 237
Ibirité 0 842 852 178 21 0 0 1.226 268 5 0 0 0 4 0 58 0 194 32 12 98 0 0 367 8 9 32 161 28 21 377 16 86 4.895
Igarapé 0 175 292 45 0 0 0 249 0 0 20 0 23 13 0 11 0 13 86 0 0 0 0 50 0 13 25 64 124 0 5 0 0 1.208
Itaguara 0 106 0 0 0 0 0 74 29 5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 214
Jabuticatubas 24 166 0 0 0 0 0 10 0 0 0 0 0 0 5 0 129 0 0 27 0 34 0 10 0 0 0 114 0 6 0 4 133 662
Nova União 0 92 0 0 69 0 0 22 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 14 20 0 0 0 106 0 4 0 30 0 357
Juatuba 0 96 100 0 0 0 0 48 47 40 8 0 20 0 0 0 0 0 131 31 0 0 0 21 0 0 44 11 0 0 0 0 12 609
Lagoa Santa 13 516 11 0 0 5 15 54 22 0 11 0 0 20 0 0 0 6 52 26 12 147 0 0 0 0 0 73 0 0 4 0 140 1.127
Mário Campos 0 68 35 49 0 0 0 114 0 0 17 0 0 0 0 0 29 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 12 17 38 0 0 379
Mateus Leme 0 98 72 0 0 0 0 60 0 26 19 9 0 0 0 98 0 0 0 0 0 0 0 21 0 0 0 25 71 0 13 0 0 512
Matozinhos 5 158 30 0 0 118 5 59 53 0 0 0 0 0 17 0 0 0 0 0 13 132 0 96 0 0 11 0 0 5 0 0 17 719
Nova Lima 0 444 156 11 29 0 0 83 65 0 121 0 0 6 25 15 10 0 0 27 0 37 120 127 109 0 156 85 0 0 0 0 0 1.626
P. Leopoldo 9 458 94 0 0 49 59 31 25 0 10 0 0 0 0 0 106 4 0 165 14 0 0 62 0 0 38 17 23 68 0 0 67 1.299
Raposos 0 126 183 0 73 0 13 109 8 0 10 0 0 0 0 9 38 0 0 0 187 27 0 16 24 0 40 46 0 0 0 0 93 1.002
R. das Neves 0 1.514 307 0 0 0 3 896 759 26 75 190 0 33 0 45 37 48 71 60 0 278 9 0 0 0 61 694 45 104 14 11 485 5.765
Rio Acima 0 53 24 0 0 0 0 6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 80 9 13 10 0 0 13 0 0 0 0 0 0 208
Rio Manso 0 20 0 11 0 0 0 22 0 0 50 10 18 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 9 0 0 0 5 0 8 0 0 153
Sabará 0 1.114 347 8 78 0 13 394 97 0 128 95 0 17 0 96 31 4 120 12 9 27 0 423 0 0 0 405 14 7 16 0 75 3.530
Santa Luzia 44 1.536 347 0 0 0 5 491 118 0 129 0 0 59 22 31 84 7 61 10 39 84 13 1.518 18 0 244 0 115 133 6 28 473 5.615
S. J. de Bicas 0 109 109 0 0 0 0 6 9 0 0 73 0 0 0 27 0 0 0 8 0 0 0 0 0 6 0 0 0 0 0 0 0 347
S. J. da Lapa 0 75 0 0 0 0 18 17 0 0 0 0 0 0 5 7 10 0 0 41 43 61 0 16 0 0 0 51 0 0 0 0 126 470
Sarzedo 0 45 15 10 0 0 0 0 0 0 89 0 0 17 0 43 0 42 0 17 0 0 0 7 0 0 0 0 70 0 0 0 0 355
T. de Minas 0 48 0 0 15 0 0 12 0 0 0 21 0 23 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 0 0 51 0 0 0 0 0 175
Vespasiano 3 616 177 0 11 30 36 123 175 0 19 0 0 30 0 7 438 0 40 33 8 39 0 338 17 0 69 399 21 305 0 0 0 2.934
Total 519 ##### 31.596 2.433 1.232 472 345 36.892 10.443 373 15.646 2.974 197 842 211 2.821 3.664 1.695 2.951 1.961 4.171 3.306 289 37.462 410 209 8.435 17.515 3.023 2.207 3.420 254 9.406 224.573
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000
T.Mina
s
Vespa
siano
TOTAL
Sta
Luzia
S. J.
Bicas
S. J.
Lapa
Sarze
do
MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA EM 2000
Bruma
dinho
Caeté
Sa-
bará
Sta
Luzi
a
T.Minas
V
espa
-
siano
Rapo
-
sos
R.Ne-
ves
R.Aci-ma
R.Ma
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M.Le
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Ma-tozi
-
nhos
Nova
Lima
P.Leopo
ldo
Ita-gua
-
ra
Jabu
-
ticat
u-
N.Uni
ão
L.Sta
Esme-
raldas
Florest
al
Ibirit
é
Igarapé
C.Br
anco
Conta
-
gem
MUNICÍPIO DE
RESIDÊNCIA
EM 1995
Bal-
dim
BH Betim
91
ANEXO D:
Tabela 39:
População das Áreas Homogêneas do município de Nova Lima – 2001/2002
ÁREA HOMOGÊNEA POPULÃO
Honório Bicalho 2.623
Vila Aparecida / Residencial Sul 1.803
Ouro Velho/ Ville de Montagne/Europa/ Jambreiro 954
Vila Industrial 283
Jardim Montanhês 199
Serra Del Rei 1.902
São Sebastião das
Á
guas Claras 669
Morro do Chapéu 666
Jardim Canada 792
Santa Rita 1.514
Rural de São Sebastião 5.263
Papa Milho 7.516
Miguelão/ Vale do Sol/ SKOL/ Lot. Cachoeirinha 399
Lagoa Grande 172
Febem / Ent. Hosp. Morro Vermelho / Igreja Santo Antônio 3.001
Mineração Morro Vermelho 871
Centro de Nova Lima / Bonfim / Rosário 3.926
Vila dos Ingleses 1.386
Cabeceiras/V. São José/Pq. Aurilândia/Bela Vista/V. Esportiva 8.911
V. Operária/C.H. Vila Passo/Pq. Sto Antônio/Alvorada/Cristais 11.586
Cascalho / Matadouro / Cruzeiro 6.477
Vila Marize/ Chácaras do Retiro 4.819
N. Sra de Fátima /Vila do Ouro / Bela Fama 325
Cubango 1.290
TOTAL
67.347
Fonte: FJP, Pesquisa de Origem e Destino, 2001/2002
ANEXO E:
Mapa 6:
Zoneamento Ecológico Econômico de municípios integrantes da APA – SUL
Fonte: Jornal da APA – SUL
92
ANEXO F:
Mapa 7:
Município de Nova Lima
Fonte: Prefeitura de Nova Lima
93
ANEXO G:
Mapa 8:
Zoneamento municipal – Nova Lima
6
Fonte: Prefeitura de Nova Lima
6
A legenda se encontra na página seguinte.
94
Legenda da figura 6:
Zona Urbana Vigente
Zona de Expansão urbana 1
Zona de Expansão urbana 2
Zona de Expansão urbana 3
Zona de Expansão urbana 4
Zona urbana de Desenvolvimento sustentável
Zona Urbana de Preservação ou Zona Rural de
Preservação
1 Mata Atlântica
2 Mata em processo de regeneração
Zona especial de significado ambiental
Área especial de significado urbano 1: sistema
viário proposto
Área especial de significado urbano 2: programas
de interesse público
Área especial de significado urbano 3: aterro
sanitário
Área especial de significado urbano 4: área
de influência da MG-030
Área especial de significado econômico 8: áreas
da mineração
Zona Rural de Desenvolvimentos Sustentável
Hidrografia
ETE Estação de Tratamento de esgoto
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