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Os textos produzidos por mim na minha trajetória educacional de estudante,
e os textos produzidos pelos meus alunos até há pouco tempo eram textos
soltos, onde os alunos escreviam, às vezes casualmente, sem proposta, pois
aprendia e ensinava através de gravuras e títulos soltos. Não ensino mais
assim. Os textos produzidos hoje pelos meus alunos são produtos de um
trabalho já realizado, uma situação anterior, é uma continuação com
significado e não um amontoado de palavras sem sentido (EDNA).
Isso sinaliza que a professora tinha, de fato, uma preocupação em trabalhar com textos
com os alunos de forma significativa, apesar de ter analisado os aspectos ortografia e
pontuação, somente. Houve uma dificuldade em trabalhar com os aspectos semânticos, que
são menos objetivos, e, por isso, na hora da coleta e análise de dados, ela talvez tenha se
detido nos aspectos mencionados.
Houve um trabalho
que apresentou como objetivo investigar se a contação de história
auxilia na produção de textos significativos para os alunos, mas sua autora analisou somente o
aspecto criatividade, apesar de ter apresentado também como foco em sua metodologia a
coerência, que foi esquecida no momento da análise. A criatividade é, portanto, um conceito
assimilado pela docente, diferente do conceito de coerência, em que houve apenas uma leitura
teórica a respeito, mas não uma apropriação dele.
Faz-se necessário retomar aqui, portanto, as definições de conceitos espontâneos e
científicos que foram apresentadas no item anterior. Fica claro, também, a partir dessas
incoerências, que os professores recorrem ora aos primeiros conceitos, ora aos segundos. Isso
porque os pesquisadores apresentam um recurso através do qual pretendem analisar a
produção textual, mas realizam tal análise a partir de outro aspecto, do qual têm maior
domínio. Os aspectos selecionados pelos professores, além de um mecanismo utilizado para
realizar uma análise, demonstram também uma concepção de texto. Assim, a coerência é um
aspecto que se pode analisar em um texto, diferente da ortografia, que dá um outro enfoque
sobre ele. Por isso, posso conceber que esses professores recorreram às concepções teóricas