102
Talita (turma – 05 anos): [...] você percebe que o seu trabalho está fluindo [...]. O portfólio,
na hora que você pega uma atividade [que foi observada e registrada], é o concreto, é o que
você ensinou, porque na educação infantil tem muita coisa abstrata, muita coisa de observar,
que você vê que o aluno está desenvolvendo, só que muitas vezes você não tem como mostrar
aquilo ao pai numa atividade, eu acho que o portfólio ajuda que nessa atividade você pode
falar com o pai, [por exemplo,] olha ela está demonstrando interesse pela escrita, no período
livre, que ela poderia estar brincando com jogos, com bonecas, ela estava ali tentando
escrever alguma coisa, então eu acho que essa avaliação é importante [...]. (Transcrição da
entrevista do dia 30 de junho de 2006)
Mara (turma – 06 anos): Ele [o portfólio] é uma referência para a gente o tempo todo, você
usa isso também para a sua prática, a partir do momento analisando uma anotação que você
fez de um comportamento de um aluno, você não tem como desvincular a sua figura [...] será
que eu agi corretamente dando esse tipo de atividade, será que foi a mais coerente, [...] os
alunos são muito diferentes, então às vezes uma atividade que é significativa para um, é um
desafio negativo para o outro. [...] situações que eles não consigam realizar uma atividade
com êxito que esperavam, fica um pouco uma sensação de derrota, então isso a gente não
pode deixar que o aluno sinta e a gente tem que perceber essa situação e o portfólio auxilia.
(Transcrição da entrevista do dia 30 de junho de 2006)
Apesar dos benefícios que o portfólio proporciona como a reflexão sobre a prática
docente na aprendizagem da criança e o envolvimento dos pais no processo educativo, as
professoras também relataram algumas dificuldades relacionadas com a utilização desse
instrumento. As dificuldades apontadas pelas professoras também apareceram em outras
pesquisas que foram realizadas por Parente (2004) e por Villas Boas (2004) sobre a
construção do portfólio.
Berenice (turma – 03 anos): Eu acho mais complicado é o dia-a-dia porque muitas vezes você
não pode parar para fazer anotação, e quando você vê o dia já passou e você não anotou, e
aí depois você chega em casa tem que escrever, mais aí já não é a mesma coisa[...]. A maior
dificuldade é encontrar tempo para você parar[e registrar], parece que o relógio vai embora,
é uma sucessão de acontecimentos que quando você acha que está parando [a criança]
entornou o suco, o outro quer ir ao banheiro, o outro já está batendo no colega, o outro já
está querendo fazer outra brincadeira, o outro já está sugerindo brincar disso daqui assim,
assim. E aí você vai emendando uma coisa na outra e na hora que você vê, já passou.
(Transcrição da entrevista do dia 29 de junho de 2006)
Talita (turma – 05 anos): A princípio a gente se depara com uma coisa que a gente não está
acostumada a fazer, então a gente estranha um pouco, a gente tem que ficar muito atenta,
porque se você não ficar observando, não ficar atenta, quando chega ao final do mês você