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CONSUMO DE MATÉRIA SECA E
PRODUÇÃO DE LEITE DE VACAS
“HOLANDÊS” MANEJADAS SOB PASTEJO E
UTILIZAÇÃO DO MODELO CORNELL NET
CARBOHYDRATE AND PROTEIN SYSTEM
ANA CRISTINA WYLLIE ELYAS
2007
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ANA CRISTINA WYLLIE ELYAS
CONSUMO DE MATÉRIA SECA E PRODUÇÃO DE
LEITE DE VACAS “HOLANDÊS” MANEJADAS SOB
PASTEJO E UTILIZAÇÃO DO MODELO CORNELL
NET CARBOHYDRATE AND PROTEIN SYSTEM
Tese apresentada à Universidade Federal de Lavras,
como parte das exigências do Curso de Doutorado em
Zootecnia, área de concentração em Nutrição de
Ruminantes, para obtenção do título de “Doutor”.
Orientador
Paulo César de Aguiar Paiva
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
2007
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Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Elyas, Ana Cristina Wyllie
Consumo de matéria seca e produção de leite de vacas “Holandês” manejadas
sob pastejo e utilização do modelo Cornell net Carbohydrate and Protein System /
Ana Cristina Wyllie Elyas. -- Lavras : UFLA, 2007.
147 p : il.
Orientadora:
Paulo César Aguiar Paiva
Tese (Doutorado) – UFLA.
Bibliografia.
1. Cinética digestiva. 2. CNCPS. 3. Cynodon. 4. Frações nitrogenadas e
de carboidratos. I. Universidade Federal de Lavras. II. Título.
CDD-636.20855
ANA CRISTINA WYLLIE ELYAS
CONSUMO DE MATÉRIA SECA E PRODUÇÃO DE
LEITE DE VACAS “HOLANDÊS” MANEJADAS SOB
PASTEJO E UTILIZAÇÃO DO MODELO CORNELL
NET CARBOHYDRATE AND PROTEIN SYSTEM
Tese apresentada à Universidade Federal de Lavras,
como parte das exigências do Curso de Doutorado em
Zootecnia, área de concentração em Nutrição de
Ruminantes, para obtenção do título de “Doutor”.
APROVADA em 30 de março de 2007
Dr. Fernando César Ferraz Lopes CNPGL/EMBRAPA-MG
Dr. Pedro Braga Arcuri CNPGL/EMBRAPA-MG
Prof. Juan Ramon Olalquiaga Pérez DZO/UFLA-MG
Prof. Nadja Gomes Alves DZO/UFLA-MG
Prof. Paulo César de Aguiar Paiva
UFLA
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
A meus pais Wilson e Ana Maria
Pelo carinho e exemplo de perseverança.
Ao meu esposo Mirton
Pelo companheirismo, amor e apoio.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
Ao orientador e amigo Prof. Dr. Paulo César de Aguiar Paiva pela
confiança e pelos conhecimentos compartilhados durante o Doutorado;
Ao Drs. Fernando César Ferraz Lopes e Pedro Braga Arcuri pela
amizade e imprescindível suporte para a realização deste trabalho;
Ao Dr. Duarte Vilela pelo apoio;
Aos Profs. Nadja Gomes Alves e Juan Ramon Olalquiaga Perez pelas
valiosas sugestões feitas neste trabalho;
À amiga Carla pela ajuda, amizade e paciência;
Aos amigos Ana Luiza, Juliana, Paula, Mônica, Edgard, Flávio e
Clendersom pela convivência;
À equipe do Laboratório de Análise de Alimentos da Embrapa Gado de
Leite.
À FAPEMIG e ao CNPq por financiar parcialmente o trabalho de
pesquisa.
Muito Obrigada!
SUMÁRIO
LISTA DE SIGLAS....................................................................................... i
RESUMO ...................................................................................................... ii
ABSTRACT……………………………………………………………….. iv
CAPÍTULO 1................................................................................................. 01
1 INTRODUÇÃO GERAL............................................................................ 02
2 REVISÃO DE LITERATURA................................................................... 04
2.1Produção de leite de vacas manejadas em sistema de pastejo.................. 04
2.2 Ingestão voluntária de matéria seca e cinética digestiva ........................ 08
2.2.1 Consumo de fibra em detergente neutro.............................................. 09
2.2.2 Determinação do consumo voluntário e das taxas de passagem das
fases sólida e líquida no trato gastrintestinal ................................................ 10
2.3 Modelo Cornell Net Carbohydrate and Protein System (CNCPS)…….. 13
2.3.1 Caracterização do modelo.................................................................... 13
2.3.2. Predição da produção de leite e do consumo voluntário .................... 15
3 Referências Bibliográficas.......................................................................... 18
CAPÍTULO 2 Produção de massa, composição químico-bromatológica e
frações nitrogenadas e de carboidratos do pasto de capim-coastcross
(Cynodon dactylon L. (Pers.)....................................................................
27
RESUMO ...................................................................................................... 28
ABSTRACT……………………………………………………………….. 29
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 30
2 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................ 32
2.1 Local........................................................................................................ 32
2.2 Área experimental e manejo.................................................................... 32
2.3 Avaliação da produção e dos componentes da forragem......................... 34
2.4 Obtenção de amostras da forragem consumida....................................... 34
2.5 Análises bromatológicas......................................................................... 35
2.5.1 Determinação das frações nitrogenadas e de carboidratos................... 35
2.6 Análises estatísticas................................................................................. 37
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................ 38
3.1 Características produtivas e estruturais do capim-coastcross.................. 38
3.2 Composição químico-bromatológica da pastagem de capim-coastcross. 43
4 CONCLUSÕES....................................................................................... 54
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................... 55
CAPÍTULO 3 Produção e composição do leite, consumo de matéria seca e
taxas de passagem de fase líquida e sólida de vacas da raça Holandês sob
condições de pastejo em capim-coastcross suplementado com concentrado
e silagem........................................................................................................
61
RESUMO ...................................................................................................... 62
ABSTRACT……………………………………………………………….. 63
1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 64
2 MATERIAL E MÉTODOS..................................................................... 66
2.1 Local........................................................................................................ 66
2.2 Área experimental e manejo.................................................................... 66
23 Avaliações do consumo de matéria seca................................................... 67
2.4 Avaliação da taxa de passagem da fase lida......................................... 69
2.5 Avaliação da taxa de passagem da fase líquida....................................... 71
2.6 Avaliação da produção e composição do leite......................................... 72
2.7 Análises estatísticas................................................................................. 73
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................... 75
3.1 Consumo de matéria seca de fibra em detergente neutro ....................... 75
3.2 Taxa de passagem da fase sólida............................................................. 80
3.3 Taxa de passagem da fase líquida............................................................ 82
3.4 Produção e composição do leite.............................................................. 84
4 CONCLUSÕES....................................................................................... 91
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................... 92
CAPÍTULO 4 Avaliação do modelo CNCPS (Cornell Net Carbohydrate
and Protein System) utilizando vacas da raça Holandês em lactação
manejadas sob condição de pastejo................................................................
100
RESUMO ...................................................................................................... 101
ABSTRACT……………………………………………………………….. 102
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 103
2 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................ 105
2.1 Localização e dados climáticos................................................................ 105
2.2 Área experimental.................................................................................... 105
2.3 Animais, manejo e tratamentos experimentais........................................ 106
2.4 Coleta da forragem consumida (extrusa)................................................. 109
2.5 Avaliação do consumo............................................................................ 109
2.5 Análises bromatológicas.......................................................................... 111
2.5.1 Determinação das Frações Nitrogenadas e de Carboidratos................. 111
2.7 Avaliação do modelo CNCPS versão 5.0 ............................................... 115
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................ 118
3.1 Avaliação do modelo CNCPS na predição do consumo de matéria seca 118
3.2 Avaliação do modelo CNCPS na predição da produção de leite............. 125
4 CONCLUSÕES.......................................................................................... 134
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 135
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................ 138
ANEXOS....................................................................................................... 142
i
LISTA DE SIGLAS
CFDN Consumo de fibra em detergente neutro
CFDNF Consumo de fibra em detergente neutro da forragem
CFDNT Consumo de fibra em detergente neutro da forragem total
CMS Consumo de matéria seca
CMSF Consumo de matéria seca da forragem
CMST Consumo de matéria seca total
CNF Carboidratos não fibrosos
CV Coeficiente de variação
CT Carboidratos totais
DIVMS Digestibilidade in vitro “da matéria seca
DM Desvio médio
EM Energia metabolizável
ELm Energia líquida de mantença
FDN Fibra em detergente neutro
FDA Fibra em detergente ácido
PB Proteína Bruta
PM Proteína metabolizável
QMEP Quadrado médio do erro da predição
k
1
Taxa de passagem no retículo-rúmen
k
2
Taxa de passagem no pós-rúmen
TRRR Tempo de retenção no retículo rúmen
TRPR Tempo de retenção no pós-rúmen
TMR Tempo médio de retenção
ii
RESUMO
ELYAS, Ana Cristina Wyllie. Consumo de matéria seca e produção de leite
de vacas “Holandês” manejadas sob pastejo e utilização do modelo Cornell
net Carbohydrate and Protein System. 2007. 147 p. Tese (Doutorado em
Zootecnia) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG
*
.
Os objetivos deste trabalho foram avaliar a produção de massa de forragem e
composição químico-bromatológica e as frações nitrogenadas e de carboidratos
da pastagem de capim-coastcross ((Cynodon dactylon L. (Pers.); a produção e
composição do leite, o consumo de matéria seca, a cinética digestiva e a
capacidade do programa CNCPS versão 5.0 em predizer a performance de vacas
da raça Holandês lactantes, em pastagem de capim-coastcross, suplementada
com silagem e 3 ou 6 kg de concentrado/vaca dia. A área experimental foi
manejada em sistema de pastejo rotacionado, com 4,7 vacas/ha (5,8 UA/ha).
Entre o princípio do mês de maio e o mês de outubro de 2003 as vacas
consumiam 17 kg/vaca/dia de silagem de milho. A adubação de manutenção da
pastagem foi realizada com 200 kg/ha de N, 80 kg/ha de P2O5 e 160 kg/ha de
K2O, distribuídos em seis aplicações a cada dois meses. A pastagem foi irrigada
entre os meses de menor precipitação ou após as adubações. A forragem
disponível e residual foram amostradas a cada 15 dias e separadas em lâmina
verde, bainha + colmo verde e material morto. As análises bromatológicas da
forragem selecionada na pastagem foram realizadas em extrusa coletada por uma
vaca provida de fístula esofágica. As estimativas de consumo foram realizadas
utilizando como indicador o sesquióxido de cromo (Cr
2
O
3
). As estimativas das
taxas de passagem da fase sólida foram obtidas a partir de uma única
administração de 10 g de Cr
2
O
3
. A determinação do fluxo de fase líquida foi
realizada com Co-EDTA. A produção de leite foi medida diariamente, em todos
os animais, nas ordenhas da manhã e da tarde. As amostras de leite foram
analisadas para proteína, lactose e gordura. Foi avaliado o modelo CNCPS
versão 5.0 na predição do consumo de matéria seca e do desempenho dos
animais, os quais foram fornecidos ao programa dados (inputs) referentes aos
animais (peso vivo, escore corporal, idade, produção e composição do leite, tipo
racial, etc.), ao ambiente (temperatura, umidade relativa do ar, manejo, etc.) e a
composição do alimento em cada período experimental. Não houve redução
(P>0,05) na produção de MS nos períodos de menor precipitação pluviométrica.
Os teores de PB, FDN e lignina na MS do capim-coastcross não diferiram
(P>0,05) em função da área, tratamentos e estações do ano. No outono foram
*
Comitê Orientador: Paulo César Aguiar Paiva – DZO/UFLA (Orientador); Fernando
César Ferraz Lopes – EMBRAPA/GNPGL, Pedro Braga Arcuri - EMBRAPA/GNPGL,
Juan Ramon Olalquiaga Pérez – DZO/UFLA, Nadja Gomes Alves – DZO/UFLA.
iii
observados os menores valores para a DIVMS e os teores mais elevados de
FDA. A fração nitrogenada B1 + B2 foi maior no outono, quando comparada às
demais estações. A maior fração de carboidratos não fibrosos foi observada na
primavera. As demais frações nitrogenadas e de carboidratos tiveram pequenas
variações na pastagem ao longo do experimento. O consumo de MS total foi de
3,23% do PV. Os consumos de FDNT, MSP e FDNP diferiram (P<0,05) em
razão da interação nível de suplemento x estação do ano. Os maiores consumos
de MSF foram estimados no verão e no outono para os animais que receberam 3
kg/dia de concentrado. Na cinética de fluxo de fase sólida, os valores estimados
da taxa de passagem no retículo-rúmen (k1) e no pós-rúmen (k2) foram de 5,7 e
10,3%, respectivamente, no tratamento com 3 kg de concentrado, e de 5,8 e
15,8%/h no tratamento com 6 kg/dia. As taxas de passagem de fase líquida
foram de 9,69 e 12,52% para os tratamentos com 3 e 6 kg de concentrado,
respectivamente. A produção de leite das vacas alimentadas com 3 kg (13,30
kg/dia) de concentrado foi menor (P>0,05) do que a registrada para os animais
que consumiram 6 kg de concentrado (16,0 kg /dia). A interação níveis de
suplemento x estação do ano causou variação na porcentagem de gordura do
leite. Os teores lácteos de proteína e lactose não diferiram em função do
tratamento. Os valores preditos pelo CNCPS para a ingestão voluntária de MS
foram próximos àqueles estimados, havendo pequena tendência do modelo em
subestimar o valor determinado com o indicador. Segundo o CNCPS, a EM foi o
primeiro nutriente limitante para a produção de leite. A predição para os animais
que consumiram 6 kg/dia de concentrado foi mais próxima da produção
observada. Com a adição da silagem de milho à dieta, houve superestimativa da
produção de leite, sendo o principal fator limitante à produção de leite para os
tratamentos com 6 e 3 kg/dia de concentrado, a EM e a PM, respectivamente.
iv
ABSTRACT
ELYAS, Ana Cristina Wyllie. Dry matter intake and milk production of
grazing lactating Holstein cows and utilization of Cornell net Carbohydrate
and Protein System model. Lavras: UFLA, 2007, 147 p. (Tese – Doutorado em
Zootecnia)- Federal University of Lavras, Lavras, Minas Gerais, Brazil
*
The aim of this work was to evaluate the forage biomass production, chemical
composition, carbohydrate and nitrogenous fractions of the coastcross pasture
and the milk production and composition, dry matter intake (DMI) and passage
kinetic rate and the ability of the CNCPS version 5.0 on estimative of DMI and
milk production of grazing lactating Holstein cows, on coastcross pasture fed
concentrate (3 or 6 kg/cow/day) and corn silage. The cows fed 17 kg/cow/day of
maize ensilage at the period of May and October (dry season). The fertilization
was applied, in six applications to each two months, with 200 kg/ha of N, 80
kg/ha of P
2
O
5
and 160 kg/ha of K
2
O. The pasture was irrigated in the months of
lower rainfall, or after the fertilizations. The mass and quality of available and
residual forage as well the green leaf lamina, green stem + leaf and dead
material. The collect were made to each 15 days. Was determined the chemical
composition on extrusa samples of forage, obtained using an esophageous
fistulated cow. The estimates of intake were obtained using chromium oxide
methodology. The passage rates of particles and liquids were estimates using a
single dose of chromium oxide (10 g) and Co-EDTA methodology, respectively.
The milk production was measured individually daily. The milk samples were
analyzed for protein, lactose, and fat. The CNCPS model (version 5.0) was
evaluated on the estimates of dry matter intake and milk production of grazing
lactating Holstein cows, applying the inputs referring to the animals (body
weight, age, milk production, milk composition, racial type, etc.), to the
environment (temperature, relative humidity of air, management condition, etc.)
and the feed chemical composition in each experimental period. The dry matter
(DM) production for the months of lower rainfall was not reducing. The crude
protein (CP), neutral detergent fiber (NDF) and lignin levels (% DM) did not
different (P>0.05) for area, concentrate level and season. Were observed the
lowest values to in vitro dry matter digestibility (IVDMD) and the highest
values to acid detergent fiber (ADF) at the autumn. The values obtained to the
nitrogenous fraction B1+B2 at the autumn were highest to that observed in the
other seasons. The higher level of non fibrous carbohydrate was obtained at the
spring. The others nitrogenous and carbohydrate fractions had small variations.
*
Guidance Committee: Paulo César Aguiar Paiva – DZO/UFLA (Adiviser), Fernando
César Ferraz Lopes - EMBRAPA/CNPGL, Pedro Braga Arcuri - EMBRAPA/CNPGL ,
Juan Ramon Olalquiaga Pérez – DZO/UFLA, Nadja Gomes Alves – DZO/UFLA.
v
The total DMI was 3.23 % of the body weight (BW). The intake of total NDF,
DM pasture and NDF pasture, was different (P<0.05), in function of the
interaction of factors (supplement level x season). The highest values of dry
matter forage intake were obtained at the summer and autumn seasons, to the
animals fed 3 kg/cow/day of concentrate. The values estimated for the particles
passage rate were 5.7 and 10.3 %/h for cows fed 3 kg of concentrate, and 5.8 e
15.8 %/h for cows fed 6 kg of concentrate, for K
1
and K
2
, respectively. The
liquid passage rates were 9.69 e 12.52 % for 3 e 6 kg of concentrate,
respectively. The cows fed 6 kg of concentrate presented higher milk production
(16.0 kg/day) to that fed 3 kg/day of concentrate (13.3 kg/day). Milk productions
were different (P<0.05) in function of the year season. The interaction of levels
of concentrate x season year affected the levels of fat milk. The protein and
lactose levels did not differ (P>0.05) for treatments (3 or 6 kg of concentrate).
The DMI values predicted by CNCPS model were not different (P>0.05) to that
values obtained by chromium oxide methodology. The methabolizable energy
(ME) was the first limitant for milk production predicted by CNCPS model. The
prediction for the animals fed 6 kg of concentrate was near to that observed. The
CNCPS overestimated the milk production when the cows fed maize silage,
being the first limitant factor for 6 and 3 kg of concentrated, the ME and
methabolizable protein, respectively.
1
CAPÍTULO 1
2
1 INTRODUÇÃO GERAL
Os sistemas de produção de leite no Brasil têm como base,
principalmente, a pastagem como principal fonte de nutrientes para o gado. Para
alcançar níveis adequados de produção é necessária a utilização de forrageiras
com rápido crescimento, alta produção de biomassa e de bom valor nutricional.
No entanto, grande parte das revisões sobre sistemas de produção de leite sob
condição de pastejo faz referência a baixas produções, inferindo uma pequena
eficiência da pastagem em suprir as exigências energéticas de vacas com alto
potencial genético.
Van Soest (1994) atribuiu o baixo desempenho dos rebanhos nestas
condições de produção à qualidade das forragens, uma vez que a ingestão é
menor que aquela necessária para suprir as exigências do animal. Isto ocorre
especialmente no caso de forrageiras de baixa qualidade, que apresentam
elevados teores de constituintes da parede celular vegetal, em que o nível de
ingestão de matéria seca (MS) é controlado pelo fator físico de enchimento
ruminal, exercido principalmente pela fração fibrosa da forrageira (fibra em
detergente neutro-FDN). Além disso, a composição e a estrutura da parede
celular das forrageiras tropicais diferem muito das espécies oriundas de clima
temperado, sendo, geralmente, de menor qualidade, apresentando menor
digestibilidade.
Para impedir a redução do valor nutritivo, que compromete o consumo e
a utilização da forragem disponível e, por conseguinte, o desempenho animal, é
necessário o conhecimento das alterações que ocorrem nas gramíneas. Com base
nestes conhecimentos, pode-se fazer uso de suplementos quando a pastagem não
for suficiente para atender às necessidades nutricionais dos animais.
Estratégias adequadas de suplementação do pasto requerem
entendimento do efeito do suplemento no consumo de matéria seca,
3
desempenho, digestão e produção animal. Segundo Pereira et al. (2005), a
suplementação protéica em quantidade e qualidade adequadas, observando suas
relações com os demais ingredientes dietéticos, é de fundamental importância,
haja vista que a proteína é o segundo nutriente limitante em dietas para
ruminantes.
Como importante ferramenta no balanceamento de dietas e no
desenvolvimento de estratégias adequadas de suplementação, faz-se uso
modelos de predição como o “Cornell Net Carbohydrate and Protein System-
CNCPS”. No entanto, a aplicação de tais modelos em condições tropicais
necessita de ajustes para sua otimização, considerando que foram desenvolvidos
utilizando sistemas de produção típicos de regiões de clima temperado.
Os objetivos deste trabalho foram avaliar a produção e a qualidade do
capim-coastcross ((Cynodon dactylon L. (Pers.), os efeitos da suplementação
com 3 ou 6 kg/vaca/dia de concentrado na produção e composição do leite, o
consumo de matéria seca e taxa de passagem de vacas da raça Holandês em
pastagem de capim-coastcross e a utilização do modelo CNCPS em predizer o
desempenho de vacas raça Holandês manejadas sob condições de pastejo.
4
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Produção de leite de vacas manejadas em sistema de pastejo
A criação de vacas produtoras de leite manejadas em condição de pastejo
resulta em sistema de produção de baixo custo, haja vista que a forragem
pastejada é a mais barata fonte de nutrientes. Quando eficiente, este sistema é
caracterizado por altas produções de leite por unidade de área (Bargo et al.,
2003).
Segundo White et al. (2002), embora a produção de leite de vacas
manejadas sob condição de pastejo seja menor do que a de animais confinados,
fatores como diminuição da mão-de-obra, fim do manejo de dejetos e menor
utilização de insumos promovem a redução nos custos de produção, tendo como
conseqüência o aumento na competitividade destes sistemas de produção.
No Brasil (exceto na região Sul), a grande maioria das pastagens perenes é
formada por espécies tropicais, o que constitui um grande desafio para
pesquisadores e produtores. Características como altas taxas de crescimento na
primavera/verão e o crítico problema de estacionalidade na produção (Assis,
1997)] são os principais problemas relacionados à produção sob condições de
pastejo.
De acordo com Vilela (2004), os ganhos de produtividade registrados para
a pecuária leiteira nos últimos anos são frutos das tecnologias que
incrementaram a eficiência na combinação dos fatores de produção, como o
melhoramento genético das raças e tecnologias de alimentação. Segundo o autor,
a pecuária leiteira passou por grandes mudanças, uma vez que, há pouco mais de
duas décadas, a base da alimentação do rebanho leiteiro nacional era pastos de
capim-gordura (Melinis minutiflora, Beauv.) e capim-provisório (Hyparrenia
rufa, Stapf.). O cenário atual é caracterizado por sistemas intensivos de produção
5
com cultivares melhoradas de alfafa (Medicago sativa, L.) e forrageiras dos
gêneros Cynodo e Panicum, entre outras.
O gênero Cynodon é uma gramínea perene, rasteira, com estolões
abundantes, cujos nós enraízam com muita agressividade quando em contato
com o solo, formando um relvado denso com forragem de bom valor nutricional
e boa aceitabilidade pelos animais (Evangelista & Rezende., 2002). Apresenta
boa adaptação ao clima tropical, elevada produção de matéria seca por área, boa
relação folha/colmo e elevado valor nutritivo (Bortolo et al., 2001). O cultivar
coastcross (Cynodon dactylon) é um híbrido estéril, natural do Quênia, obtido do
cruzamento do cultivar Coastal e uma introdução de bermuda, que se caracteriza
pela alta digestibilidade (Vilela & Alvim, 1998).
Para suprir os problemas inerentes às pastagens e, como conseqüência, à
produção de leite de vacas manejadas sob condição de pastejo, surgiram técnicas
de manejo para equilibrar a produção de matéria seca, entre elas o uso de
adubação nitrogenada, irrigação e de suplementos concentrados e volumosos.
Vilela et al. (2004) observaram que a produção de forragem de capim
Tifton-85 (Cynodon spp.) aumentou linearmente com o incremento de 20, 40, 80
e 160 kg/ha de N, e que a eficiência do uso de nitrogênio foi 37% maior no
sistema irrigado, quando comparado ao sistema não-irrigado.
Avaliando a produção de MS de quatro cultivares do gênero Cynodon
irrigados e adubados com doses de nitrogênio de 20, 40 e 60 kg/corte, Isepon et
al. (2004) obtiveram valores, no período chuvoso, de 20,68; 19,72; 17,51 e 18,85
t/ha/MS para os cultivares Folorakirk, Tifton-85, Florona e Florico,
respectivamente, e 12,46 para Folorakirk, 9,87 para Tifton-85, 9,28 para Florona
e 10,14 para Florico no período seco do ano.
Neto et al. (2004) avaliaram o efeito da irrigação da pastagem de Tifton-
85 (Cynodon spp.) e observaram que, quando o sistema foi irrigado, houve
aumentos de 1.443 para 2.249 kg/ha de MS na produção de folhas verdes e de
6
12,94 para 14,78% no teor de PB e diminuição de 46,15 para 44,87% na
porcentagem de FDA.
Com o objetivo de avaliar os efeitos de doses de nitrogênio no teor de
proteína bruta de folhas verdes e colmos do capim-coastcross, Almeida et al.
(2003) testaram quatro níveis de adubação (0 a 300 kg/ha de nitrogênio) e cinco
idades de coleta, variando entre 14 e 70 dias após o corte de uniformização.
Segundo os autores, houve redução no teor de PB nos colmos e folhas verdes em
função do aumento do tempo de coleta e elevação do teor de PB em função da
elevação das doses de N.
Fontaneli et al. (2004) estudaram a variação química de lâminas foliares
de capim-elefante (Pennisetum Purpureum Schum.), quicuio (Pennisetum
clandestinum Hochst.) e Tifton 68 (Cynodon spp.) As lâminas do capim-elefante
apresentaram um teor de FDA (30,8%) maior (P<0,05) que as do Tifton 68
(26,6%) e quicuio (25,4%). Os teores de PB se mantiveram acima de 18% e os
teores de FDN ficaram em torno de 65%.
Henriques et al. (2004) avaliaram as frações nitrogenadas das gramíneas
setária (Setária anceps, Stapf), hermathria (Hermathria altíssima), angola
(Brachiaria purpurascens) e acroceres (Agroceres macrum, Stapf) em diferentes
idades de corte e níveis de adubação nitrogenada e observaram que a adubação
mostrou respostas mais evidentes no tocante aos teores das frações nitrogênio
não-protéico (A) e compostos nitrogenados de degradação rápida e intermediária
(B
1
+ B
2
). De acordo com os autores, as variações nas frações em % da MS,
possivelmente associadas a características genéticas das gramíneas, foram de
2,24 a 9,58% para a fração A; 3,71 a 5,58% para a fração B
1
+ B
2
; 3,13 a 4,46%
para a fração B
3
e 0,85 a 1,07 para a fração C em plantas adubadas com 400
kg/ha de nitrogênio e idade de corte de 42 dias.
O estudo do valor nutritivo do pasto torna possível identificar as principais
causas limitantes do nível de produção, o que permite adotar estratégias de
7
manejo que resultem em incremento na produção animal, como o uso de
suplementação protéico-energética (Vieira et al., 2000).
A utilização de suplementos concentrados protéicos em sistemas de
criação de vacas leiteiras de alta produção em sistema de pastejo tem como
objetivo garantir adequado suprimento de nitrogênio (N) para a síntese de
proteína microbiana e atender aos requerimentos de proteína metabolizável dos
animas.
De acordo com Kellaway & Porta (1993), entre os objetivos da
suplementação estão: 1) aumentar da produção de leite por vaca, 2) aumentar
produção de leite por área, 3) proporcionar a utilização de pastagens com altas
taxas de lotação, 4) estender a lactação em períodos de baixa produção
forrageira e 5) aumentar o teor de proteína do leite por meio da suplementação
energética.
Deresz (2001) avaliou a produção de leite de vacas mestiças Holandês x
Zebu em pastagem de capim-elefante, manejada em sistema rotativo, e observou
produção média diária de 11,9 kg/dia de leite em animais que não consumiram
concentrado e de 13,4 kg/dia quando as vacas receberam 2 kg de concentrado.
Segundo os autores, os animais que receberam concentrado apresentaram
composição láctea de 3,7% de gordura e 3,2% de proteína.
No estudo de Martinez et al. (2003), vacas da raça Holandês em início de
lactação, pastejando capim-elefante (Pennisetum Purpureum Schum.)
suplementado com concentrado constituído por farelo de soja e milho moído ou
polpa cítrica, tiveram produção média de leite corrigido para 3,5% de gordura de
18,5 kg/vaca/dia; com 3,50% de gordura, 3,06% de proteína e 4,40% de lactose.
De acordo com Peyraud et al. (2001) citado por Ribeiro Filho et al. (2004), a
síntese de leite demanda elevada quantidade de energia, causando aumento no
consumo de matéria seca de forragem de 260 g/kg de leite produzido, em média.
Considerando forragens com mais de 75% de digestibilidade, 260 g de matéria
8
seca equivalem a 66% da energia líquida necessária para produzir 1 kg de leite
corrigido para 4% de gordura.
Avaliando a produção de leite em pastagem de capim elefante anão
(Pennisetum Purpureum Schum. cv. Mott), Almeida & Setelich (2003)
observaram produções individuais de 11,4 kg/dia de leite, resultando numa
produção de 7.000 kg/ha de leite em um período de 200 dias.
Visando avaliar a produção de leite de vacas manejadas sob condições de
pastejo com forrageiras do gênero Cynodon, em 1992 teve início uma linha de
pesquisa com o capim-coastcross na Embrapa Gado de Leite. Desde então,
foram realizados experimentos com resultados promissores avaliando a
produção de leite sob condições de pastejo, manejado intensivamente; a
suplementação de pasto com dois níveis de concentrado; a adubação da
pastagem com diferentes níveis e o aumento da densidade energética da dieta
através da inclusão da soja integral tostada (Alvim et al., 1997; 1999; Vilela et
al., 1996; 1997; 2003).
2.2 Ingestão voluntária de matéria seca e cinética digestiva
O consumo está relacionado com a digestibilidade do alimento, suas
características de fermentação e a taxa de passagem no retículo rúmen (Meissner
& Paulsmeier, 1995).
Segundo Mertens (1992), a ingestão voluntária pode ser influenciada pelas
características do animal (peso vivo, nível de produção, variação do peso vivo,
estádio de lactação, estado fisiológico e tamanho, etc.), do alimento (fibra,
volume, capacidade de enchimento, densidade energética e necessidade de
mastigação, etc.) e das condições de alimentação (disponibilidade de alimento,
taxa de lotação, espaço no cocho, tempo de acesso ao alimento e freqüência de
alimentação, etc.).
9
A taxa de passagem ou de trânsito refere-se ao fluxo de partículas através do
trato gastrintestinal (Van Soest, 1994). As fases líquida e sólida apresentam
comportamento diferente, principalmente nas partes iniciais do aparelho
digestivo, em que a fase líquida corresponde a mais de 90% do total e é
facilmente separada da fase sólida, implicando na necessidade de utilização de
indicadores específicos para cada fase.
A taxa de passagem do alimento no rúmen é uma variável importante na
regulação do consumo (Soares et al., 2001). O maior ou menor tempo de
retenção no retículo-rúmen influencia nos processos de digestão e de assimilação
dos nutrientes. Quando há aumento no consumo de alimentos ocorre elevação da
taxa de passagem, que, por sua vez, provoca um decréscimo na digestibilidade
da fração do alimento que apresenta digestão mais lenta (Lopes, 2002).
2.2.1 Consumo de fibra em detergente neutro
No que tange à influencia das características do alimento na ingestão de
MS, a avaliação do consumo por meio da FDN (kg de FDN/100 kg de peso
vivo/dia) tem sido amplamente estudada.
Segundo Allen (1996), a taxa de passagem e fermentação da FDN no
retículo-rúmen é normalmente mais lenta do que a dos demais constituintes da
dieta, exercendo grande influência sobre o tempo de passagem de constituintes
não-fibrosos do alimento e, portanto, considerada o componente químico de
maior destaque na ingestão voluntária de matéria seca.
O consumo de FDN está relacionado com a otimização da fermentação
ruminal e o teor de gordura do leite por afetar a atividade de mastigação e o pH
ruminal (fundamentado pelos conceitos de FDN efetiva e FDN fisicamente
efetiva, conforme relatado por Mertens, 1997). O NRC (2001) preconiza que a
10
concentração de FDN em dietas de vacas em lactação deve estar entre 25 e 33%,
sendo que, deste total, 15 a 19% devem ser oriundas da forragem.
Mertens (1987; 1992), avaliando a ingestão voluntária de MS de vacas em
lactação, preconizou consumo de FDN de 1,2±0,1% do peso vivo. Entretanto,
este valor foi obtido de vacas no terço final da lactação, consumindo silagem de
milho e concentrado.
Allen (1996) ressaltou que não só o teor de FDN do alimento influencia o
consumo de MS, mas também o tamanho inicial das partículas e sua
fractabilidade e a taxa e extensão da digestão da FDN.
Embora vacas em lactação necessitem da FDN da forragem na dieta para
alcançarem máxima produtividade, o excesso de FDN limita o consumo
voluntário pelo efeito de enchimento (Oba & Allen, 1999).
Desta forma, o consumo potencial dos alimentos deve ser determinado
dividindo-os em frações que limitem a ingestão devido ao “enchimento” ou
densidade específica, que ocorre em função da limitação física decorrente da
ingestão de dietas com elevados teores de fibra, aquelas que limitam o consumo
por densidade energética, em que o controle fisiológico ocorre pela demanda de
energia e pela densidade energética da dieta (Mertens, 1992).
2.2.2 Determinação do consumo voluntário e das taxas de passagem das
fases sólida e líquida no trato gastrintestinal
O consumo de animais manejados sob condições de pastejo pode ser
estimado de forma direta ou indireta. Todas as metodologias utilizadas
apresentam vantagens e desvantagens, podendo levar a erros ou produzir
resultados adequados de acordo com o método e a condição de estudo
(Astigarraga, 1997).
11
Os métodos diretos consistem em avaliações de comportamento ingestivo
(Hodgson,1982), diferença de peso dos animais (Burns et al., 1994), métodos
destrutivos e não-destrutivos para estimar a massa de forragem ( Detmann et al.,
1999; Meijs et al.,1982) e colheitas totais de fezes (Le Du & Penning,1982). Os
métodos indiretos preconizam a utilização de indicadores que possam ser
determinados nas fezes, classificados como internos quando consistem de
substâncias presentes no alimento e externos, quando fornecidos aos animais.
A dificuldade em mensurar de forma acurada a ingestão de forragem de
animais em pastejo, por incapacidade de avaliação simples e direta, somada a
influências da própria pastagem, do animal e do ambiente, amplia a
variabilidade dos resultados obtidos, comprometendo a precisão e exatidão das
estimativas (Detmann et al., 2004).
O uso de indicadores como medida indireta na estimativa do consumo
de animais sob condição de pastejo tem como principais finalidades diminuir os
trabalhos de mensuração e a interferência no comportamento animal. Esta
metodologia estima o fluxo de digesta e a produção fecal de ruminantes
fornecendo estimativa individual, excluindo a necessidade de utilização de
métodos evasivos e de coleta total de fezes (Owens & Hanson, 1992).
O método que utiliza o óxido crômico (Cr
2
O
3
) como indicador externo
de fase sólida, baseado na digestibilidade in vitro da forragem consumida na
pastagem, é o mais indicado para avaliações de animais em condições de pastejo
(Lopes, 2002; Malossini et al., 1990; Morenz et al., 2006). Este método consiste
na aplicação de duas doses diárias (5 g/dose) em horários pré-determinados e
coletas de fezes nos mesmos horários das aplicações. Tem duração média de 10
dias, sendo os primeiros cinco dias destinados para que a concentração do
indicador nas fezes atinja o ponto de equilíbrio, sendo as coletas de fezes
realizadas nos últimos cinco dias. Esta técnica apresenta como limitações a
utilização de valor único de digestibilidade para um grupo de animais e os fatos
12
ser laboriosa e causar estresse aos animais pela aplicação do indicador (Aroeira,
1997).
Soares et al. (2001) estimaram consumos de 1,54%; 1,96% e 2,12% PV
para vacas alimentadas com capim-elefante de diferentes idades de corte.
Trabalhando com vacas mestiças em pastagens com gramíneas de diferentes
espécies, Porto (2005) estimou valores de consumos de MS de 3,6% do PV para
capim-Tanzânia (Panicum maximum Jacq.) e 2,6%PV para as pastagens de
grama Estrela (Cynodon nlemfuensis Vanderyst) e capim-marandú (Brachiaria
brizantha Staf), respectivamente.
Comparando o método do óxido crômico e dos n-alcanos na estimativa
do consumo de matéria seca de vacas Holandês x Zebu em lactação, em
pastagem de capim-elefante, Morenz et al. (2006) observaram consumos de MS
de 1,89 a 2,45% PV e de FDN de 1,37 e 1,77% PV (por inferência).
Maixner et al. (2004) estimaram consumo de 3,25% PV para vacas da
raça Holandês, multíparas, com aproximadamente 120 dias de lactação e
produção de leite de 20,7 litros/vaca/dia em pastagem de Tifiton-85 (Cynodon
sp.).
As determinações das taxas de passagem de fase sólida e líquida podem ser
realizadas com o uso de indicadores. Esta técnica permite, com a utilização do
método de dose única, a estimativa de taxa de passagem e tempos médios de
retenção nos diferentes compartimentos do trato gastrintestinal, na qual um
modelo matemático é ajustado para os dados das concentrações fecais do
indicador em função do tempo (Lascano & Quiroz, 1990).
13
Os indicadores de fase líquida podem ser aplicados via fístula ruminal. As
amostras de líquido de rúmen são coletadas em horários pré-determinados para
posterior análise da variação na concentração do indicador ao longo do dia. Os
indicadores mais utilizados são o Cr
+2
e o Co
+2
complexados com o EDTA.
Ambos apresentam excreção urinária semelhante, em torno de 3% (Uden et al.,
1980).
2.3 Modelo Cornell Net Carbohydrate and Protein System (CNCPS)
2.3.1 Caracterização do modelo
O CNCPS é um modelo matemático desenvolvido com a finalidade de
avaliar a dieta e predizer o desempenho do rebanho a partir dos princípios
básicos de função ruminal, crescimento microbiano, fisiologia animal, digestão e
fluxo dos alimentos. Para um prognóstico mais acurado, este sistema considera
ainda características de manejo, condições climáticas e caracterização dos
alimentos e dos animais (Fox et al., 2004).
O sistema é separado em submodelos distintos que, por sua vez,
apresentam diferentes níveis de agregação. Alguns são mecanicistas e outros
primariamente empíricos. A condição Steady State é aplicada a todo o modelo e
seus componentes. Estes submodelos podem ser divididos pelas seguintes
funções biológicas: mantença, crescimento, gestação, lactação, consumo e
composição dos alimentos, fermentação ruminal, digestão intestinal,
metabolismo e excreção de nutrientes (Fox et al., 1992).
Para melhor avaliação da utilização dos alimentos, o modelo classifica
os microrganismos de acordo com o tipo de carboidrato que fermentam.
Segundo Russel et al. (1992), microrganismos que fermentam os carboidratos-
estruturais - CE (celulose e hemicelulose) crescem lentamente e utilizam amônio
como principal fonte de nitrogênio para síntese de proteína microbiana. Os
14
microrganismos que fermentam os carboidratos não estruturais - CNE (açúcares
solúveis e amido) e a pectina crescem rapidamente e utilizam tanto amônio
como peptídeos e aminoácidos como fonte de nitrogênio.
De acordo com Sniffen et al. (1992), o sistema CNCPS considera que os
alimentos são compostos por proteína, carboidrato, gordura, cinzas e água. Os
carboidratos e as proteínas são subdivididos de acordo com a composição
química, características físicas, degradação ruminal e digestibilidade pós-
ruminal, sendo suas frações e taxas de digestão utilizadas para calcular a
quantidade de CE e CNE disponíveis para cada um dos dois pools de
microrganismos ruminais. As frações de carboidratos e proteínas são descritas a
seguir (Fox et al., 2004):
Frações nitrogenadas: A Fração A-NNP (amônia peptídeos e
aminoácidos) corresponde ao nitrogênio prontamente solubilizado no rúmen.
Grande parte da proteína solúvel existente na silagem e em forrageiras picadas
está na fração A;
Fração B1 (proteína verdadeira) - rapidamente degradada no rúmen,
sendo responsável pela maior parte da proteína solúvel em forragens frescas.
Entretanto, esta fração compreende somente 5% do total da proteína solúvel em
forragens frescas, sendo duas vezes maior em alimentos concentrados;
Fração B2 - apresenta degradação ruminal intermediária, dependente das
taxas de digestão e de passagem;
Fração B3 - lentamente degradada no rúmen devido à sua associação
com a parede celular, podendo, em grande parte, escapar da degradação ruminal;
Fração C - considerada indegradável, é constituída por proteínas
associadas à lignina, complexadas com taninos e produtos da reação de
Maillard. Não pode ser degradada por bactérias ruminais, sendo incapaz de
fornecer aminoácidos no pós-rúmen.
15
As frações de carboidratos relatadas por Fox et al. (2004) são: fração A -
açúcares solúveis prontamente degradados que apresentam taxa de digestão de
100 a 350%/h; fração B1 - compreende os carboidratos não-fibrosos (amido e
pectina) com fermentação intermediária de 10 a 60%/h; Fração B2 - parede
celular formada por celulose e hemicelulose com lenta taxa de degradação (2 a
10%h); e Fração C - parte indegradável da parede celular, composta
principalmente pela lignina.
O estudo das frações nitrogenadas e de carboidratos, bem como de suas
variações entre alimentos e no mesmo alimento, é indicativo da disponibilidade
de amônia, aminoácidos, peptídeos, carboidratos estruturais e não-estruturais
para os microrganismos do rúmen. Segundo Cabral et al. (2000), o CNCPS
destaca a necessidade da sincronização na degradação de N e carboidratos no
rúmen para que se obtenha a máxima eficiência de síntese de proteína
microbiana e a redução das perdas energéticas e nitrogenadas decorrentes da
fermentação ruminal.
2.3.2 Predição da produção de leite e do consumo voluntário
O CNCPS estima a produção de leite em função dos valores informados
(inputs) de ordem e dias em lactação da vaca. As exigências para lactação são
estimadas a partir da produção e composição do leite (Fox et al., 2003). Os
valores preditos pelo modelo serão dependentes da dieta e de sua disponibilidade
em energia e proteína metabolizável. A energia metabolizável (EM) do alimento
é calculada a partir da predição dos nutrientes digestíveis totais (NDT).
Considera-se que cada 1kg de NDT seja igual a 4.409 Mcal de energia digestível
(ED). Para vacas em lactação, a EM é calculada considerando que 1 Mcal de ED
seja igual a 0,82 Mcal de EM (Sniffen et al., 1992).
16
A proteína metabolizável (PM) é estimada a partir da proteína digestível
do alimento. O modelo gera estimativas diferentes da PM para cada alimento
com base na composição das proteínas da digesta e de bactérias (Sniffen et al.,
1992).
A predição da disponibilidade de energia e proteína metabolizáveis para a
produção de leite é sensível ao sistema de fracionamento de carboidratos e de
proteínas, bem como a suas taxas de passagem e digestão (Fox et al., 1995), que,
por sua vez, são dependentes do consumo e do tamanho da partícula do alimento
indicado pelo valor de FDN fisicamente efetiva (Fox et al., 2003).
O uso de modelos para animais em pastejo é de grande importante para a
determinação da eficiência de utilização da forragem, bem como para a
formulação de suplementos concentrados visando aumentar a produção em
pastagem (Genro et al., 2004). O CNCPS é capaz de predizer o consumo de MS
para diferentes categorias de animais, utilizando equações de ajuste para bovinos
consumindo acima do nível de mantença (Fox et al., 2003). Além disso, o
modelo conta ainda com uma equação de predição do consumo de matéria seca,
proposta por Traxler (1997) para vacas de duplo-propósito (Bos taurus x Bos
indicus).
Quando o consumo de nutrientes é baixo, o modelo considera que as
reservas corporais são constantemente mobilizadas, sendo influenciadas pelas
exigências inferidas pelo metabolismo basal, estádios de lactação e gestação e
pela produção de leite, refletindo na diminuição do escore corporal. As
exigências são estimadas a partir da demanda do útero e do feto, variando de
acordo com o tamanho do feto, avaliado segundo o peso esperado do bezerro ao
nascer, e pelo dia de gestação em que a vaca se encontra, peso metabólico,
estádio fisiológico, plano nutricional, atividade física e temperatura ambiente.
A principal falha do modelo na predição do desempenho de vacas em
lactação sob condições tropicais tem sido relacionada a erros de predição da
17
produção de leite, subestimada em função da energia metabolizável
disponibilizada pela dieta (Fernandes et al., 2001; Lagunes et al., 1999).
Segundo Morenz (2004), a produção de leite foi melhor predita pelo modelo
quando foram utilizadas taxas de digestão dos carboidratos propostas por
Tedeschi et al. (2002), devido à melhora na qualidade do alimento, promovida
pelo aumento da taxa de digestão da fração de carboidratos de degradação lenta
(B2), de aproximadamente 3,5%/h para 8,2%/h.
Segundo Kolver et al. (1998), a produção de leite estimada pelo modelo foi
influenciada, principalmente, pela lignina, fibra efetiva e taxa de digestão da
fibra, sendo a energia metabolizável o principal limitante da produção de leite
quando os animais foram alimentados exclusivamente com forragem de alta
qualidade.
Molina et al. (2004) observaram que o modelo não foi eficiente na
estimativa de consumo de matéria seca para vacas da raça Holandês e mestiças
em condições tropicais.
Cappelle et al. (2001) avaliaram sete diferentes experimentos com bovinos
de corte e observaram que os consumos de MS foram preditos corretamente pelo
modelo CNCPS.
Segundo Morenz (2004), o modelo estimou valor médio de consumo de
2,46% PV, semelhante (P<0,05) ao valor obtido com o Cr
2
O
3
/DIVMS (2,45%)
para vacas Holandês x Zebu em pastagem de capim-elefante (Pennisetum
purpureum schum., cv. Napier).
18
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27
CAPITULO 2
PRODUÇÃO DE FORRAGEM, COMPOSIÇÃO
QUÍMICO-BROMATOLÓGICA E FRAÇÕES
NITROGENADAS E DE CARBOIDRATOS DO PASTO
DE CAPIM-COASTCROSS
28
RESUMO
Os objetivos deste trabalho foram avaliar a produção de massa da forragem, a
composição químico-bromatológica e as frações nitrogenadas e de carboidratos
da pastagem de capim-coastcross (Cynodon dactylon L. (Pers.). A área
experimental foi manejada em sistema de pastejo rotacionado, com 4,7 vacas/ha
(5,8 UA/ha), suplementada com silagem e 3 ou 6 kg de concentrado/vaca dia. A
adubação de manutenção foi realizada com 200 kg/ha, de N 80 kg/ha de P2O5 e
160 kg/ha de K2O, distribuídos em seis aplicações a cada dois meses. A
pastagem foi irrigada nos meses de menor precipitação, ou após as adubações. A
cada 15 dias foram feitas amostras do pasto para avaliação da produção, oferta e
resíduo de matéria seca, e porcentagens de lâmina verde, bainha + colmo verde e
material morto. As análises bromatológicas da forragem selecionada na
pastagem foram realizadas em extrusa coletada por uma vaca provida de fístula
esofágica. A produção e a disponibilidade de MS na entrada dos animais nos
piquetes e a MS residual, estimada após o pastejo, diferiram (P<0,05) em função
das estações do ano. A porcentagem de folhas na MS disponível foi, em média,
de 37,15% no verão, outono e inverno, apresentando valores em torno de
54,49% na primavera. A porcentagem de caules na MS total apresentou baixa
variação, decrescendo do início ao término do experimento. Os teores de PB,
FDN e lignina na MS do capim-coastcross não diferiram (P>0,05) em função
dos tratamentos e estações do ano. A fração nitrogenada B
1
+ B
2
foi maior no
outono, quando comparada às demais estações. A maior fração de carboidratos
não fibrosos foi observada na primavera. As demais frações nitrogenadas e de
carboidratos tiveram pequenas variações na pastagem ao longo do experimento.
29
ABSTRACT
The aim of this work was to evaluate the forage biomass production, chemical
composition, carbohydrate and nitrogenous fractions of the coastcross (Cynodon
dactylon L. (Pers.) pasture, in grazing system with 4,7 cows (5,8 UA/ha),
suplemented weth 3 or 6 kg/cow/day of concentrate. The fertilization was
applied, in six applications to each two months, with 200 kg/ha of N, 80 kg/ha of
P
2
O
5
and 160 kg/ha of K
2
O. The pasture was irrigated in the months of lower
rainfall, or after the fertilizations. The mass and quality of available and residual
forage as well the green leaf lamina, green stem + leaf and dead material. The
collect were made to each 15 days. Was determined the chemical composition
on extrusa samples of forage, obtained using an esophageous fistulated cow. The
mass and quality of available and residual forage were different (P<0.05) in
function of the year season. The available leaf percent in DM was in average of
37,15% in the summer, autumn and winter, and 54,49% in the spring. The stem
percent in total DM presented low variation, decreasing of the beginning to the
ending of the experiment. The crude protein (CP), neutral detergent fiber (NDF)
and lignin levels (% DM) did not different (P>0.05) for area, concentrate level
and season. Were observed the lowest values to in vitro dry matter digestibility
(IVDMD) and the highest values to acid detergent fiber (ADF) at the autumn.
The values obtained to the nitrogenous fraction B1+B2 at the autumn were
highest to that observed in the other seasons. The higher level of non fibrous
carbohydrate was obtained at the spring. The others nitrogenous and
carbohydrate fractions had small variations.
1 INTRODUÇÃO
30
A exploração da produção de leite utilizando forrageiras tropicais apresenta
elevado potencial, permitindo a utilização de pequenas áreas (Corsi & Martha
Jr., 1998). Entretanto, a intensidade e a freqüência de pastejo, a espécie animal,
o método de apreensão da forragem, o pisoteio e a deposição de fezes e urina
podem causar alterações substanciais na persistência, na produtividade e na
composição botânica do dossel (Pedreira et al., 2001), sendo importantes na
avaliação da forragem manejada sob condição de pastejo. O período em que a
pastagem é avaliada também é de relevante importância, uma vez que a
estacionalidade na produção propicia maior disponibilidade de matéria seca na
primavera/verão, com redução no outono/inverno em regiões de clima tropical.
O uso de fertilizantes nitrogenados, além de um possível aumento no teor de
PB da planta forrageira, propicia maior produção de MS em função do aumento
de massa foliar, perfilhos novos e longevidade das folhas (Corsi & Nússio,
1994). Aliado ao uso de fertilizantes nitrogenados, o uso da irrigação como
técnica de manejo pode apresentar resultados satisfatórios no equilíbrio da
produção de matéria seca das forrageiras ao longo do ano.
Segundo Martha Junior (2003), o principal objetivo da irrigação de pastagens
seria o de aumento da produtividade da planta forrageira, visando incrementar a
capacidade de suporte das pastagens. De acordo com Rassine (2002), o uso de
irrigação proporcionou produções de de 11,7 t/ha/MS da forragem de capim
Tanzânia (Panicum maximun. Pers.) no outono e inverno, contra 4,1 t/ha/MS
quando a área não foi irrigada.
Além das difundidas técnicas para avaliação dos alimentos, como a
determinação de proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA) e digestibilidade in vitro da MS (DIVMS), Sniffen et al.
(1992) recomendam o fracionamento dos compostos nitrogenados e de
carboidratos. Segundo os autores, os compostos nitrogenados podem ser
divididos nas frações A (fração solúvel-NNP), B1 (fração rapidamente
31
degradada no rúmen), B2 (fração insolúvel, com taxa de degradação
intermediária no rúmen), B3 (fração insolúvel de lenta degradação no rúmen) e
C (fração insolúvel no rúmen e indigestível no trato gastrintestinal) e os
carboidratos, fracionados em A (açúcares solúveis de rápida degradação
ruminal), B1 (amido e pectina), B2 (correspondente à fibra potencialmente
degradável) e C (porção indigestível).
Vieira et al. (2000) descrevem que, em amostras de extrusa de pastagem
natural da Zona da Mata (MG), as frações de carboidratos A e B1 representaram
menos de 15% dos carboidratos totais. Os autores observaram que os
carboidratos estruturais foram responsáveis pelo aumento no teor de
carboidratos totais da estação chuvosa.
Segundo Cabral et al. (2000b), o capim tifton-85 (Cynodon sp.) obtido
com 30 e 50 cm de altura e o feno de capim-coastcross (Cynodon dactylon)
destacaram-se pela elevada proporção de N como fração B3, enquanto a
silagem de milho (Zea mays) e o feno de alfafa (Medicago sativa) apresentaram
elevada proporção das frações A e B2.
Este trabalho teve como objetivos avaliar a produção de massa, a
disponibilidade, as características estruturais e a composição químico-
bromatológica, incluindo as frações nitrogenadas e de carboidratos da pastagem
de capim-coastcross (Cynodon dactylon (L.) Pers) manejada em sistema
intensivo nas estações do ano.
2 MATERIAL E MÉTODOS
32
2.1 Localização e clima
O experimento foi realizado na base física da Embrapa Gado de Leite,
em Coronel Pacheco, localizado na Zona da Mata de Minas Gerais, a 21
o
55’50’’
de latitude Sul e 43
o
16’15’’ de longitude oeste.
O clima, segundo a classificação de Köppen, é o Cwa, definido como
seco no inverno e chuvoso no verão. Os dados climáticos obtidos na estação
climatológica da Embrapa Gado de Leite encontram-se na Tabela 1.
Tabela 1 - Temperaturas médias, mínimas e máximas (°C), umidade relativa do
ar (%), insolação (h/mês) e precipitação pluviométrica (mm) nas
estações do ano.
Estação do ano Verão Outono Inverno Primavera
Temperatura média 24,5 24,43 17,13 21,16
Temperatura Mínima 19,86 16,3 10,43 16,33
Temperatura máxima 31,03 28,8 26,06 27,63
Umidade relativa do ar 78,66 79,33 77,33 75,00
Insolação 194,36 191,9 217,4 158,8
Precipitação pluviométrica 237,53 119,1 22,36 169,13
2.2 Área experimental e manejo
A área experimental foi constituída por 160 piquetes, sendo 80 por
tratamento, divididos por cerca elétrica, com área unitária de 475 m
2
de capim-
coastcross (Cynodon dactylon (L.) Pers). Os tratamentos consistiram no
fornecimento de 3 ou 6 kg/vaca/dia de concentrado.
Os piquetes foram pastejados em sistema rotacionado, com 18 dias de
descanso no período chuvoso e 39 dias de descanso no período seco.
Antes do início do experimento foi realizada amostragem do solo e o
material foi enviado para análise química no Laboratório de Análise do Solo,
Água e Planta da Embrapa Solos (Rio de Janeiro), cujos resultados são
mostrados na Tabela 2. A adubação de manutenção foi realizada com 200
33
kg/ha/ano de N, 80 kg/ha/ano de P2O5 e 160 kg/ha/ano de K2O, distribuídos
em seis aplicações a cada dois meses, realizadas a lanço, após a saída dos
animais dos piquetes.
Tabela 2 - Média das características química do solo da área experimental,
coletado nas profundidades de 0-10 e 0-20 cm.
Atributo Valor Valor
0-10 0-20
pH (H
2
O 1:2,5) 5,2 5,2
Al (cmol
c
/dm
3
) 0,1 0,1
Ca (cmol
c
/dm
3
) 2,3 2,7
Mg (cmol
c
/dm
3
) 1,5 1,5
Na (mg/dm
3
) 8,6 8,0
K (mg/dm
3
) 250,6 209,3
H+Al (cmol
c
/dm
3
) 5,9 5,0
P (mg/dm
3
) 26,5 14,0
S (cmol
c
/dm
3
) 4,9 4,8
T (cmol
c
/dm
3
) 12,8 9,6
V (%) 45,3 48,6
A pastagem foi irrigada após as adubações de manutenção e nos meses de
menor precipitação (entre 12 de maio e 02 outubro). Utilizou-se um conjunto de
irrigação convencional com vazão de 60 m
3
/hora. O sistema constou de conjunto
motobomba, uma linha principal com tubulações metálicas de quatro polegadas
de diâmetro e duas linhas secundárias de três polegadas, sendo uma delas de
espera. Em cada linha foram instalados 15 aspersores com vazão individual de
4,0 m
3
/hora. Os aspersores respeitaram espaçamento de 24 x 18 metros, com
tubos de subida de um metro de altura, suspensos por tripés metálicos. Procurou-
se manter o solo com água disponível entre 60 e 65%. A quantidade de água em
cada irrigação foi estabelecida por meio da fórmula:
LB = ( cc - φ ) Pr.da.10 / Ef ; em que: LB – Lâmina bruta de água a ser
aplicada (mm); CC – Capacidade de campo(g água / g solo); φ - Teor de
umidade do solo à tensão de – 6 a – 7 atm. (g água / g solo); Pr – Profundidade
34
efetiva do sistema radicular (cm); da – Densidade aparente do solo (g solo /
cm
3
); Ef – Eficiência do sistema de irrigação.
Os animais foram ordenhados duas vezes ao dia (6:00 e as 13:30 horas),
quando recebiam o concentrado dividido em duas ofertas diárias. Neste período
os animas também tinham acesso ao sal mineral.
Entre o mês de maio e outubro de 2003, nos intervalos de ordenha, as
vacas permaneceram no curral de alimentação, onde consumiam, em média, 17
kg/vaca/dia de silagem de milho.
2.3 Avaliação da produção e dos componentes da forragem
Quinzenalmente foram realizadas amostragens para estimar a produção
de matéria seca, a massa ofertada de forragem e a matéria seca residual após o
pastejo. As amostragens foram feitas utilizando quadrados de 0,5 m de lado,
lançados ao acaso, três vezes em cada piquete. As amostras foram cortadas ao
nível do solo e pesadas. Posteriormente, foram separadas em lâmina verde,
bainha + colmo verde e material morto, determinando-se, então, a porcentagem
por unidade de área de cada um desses componentes.
2.4 Obtenção de amostras da forragem consumida
Para a coleta de extrusa, utilizou-se uma vaca mestiça, não-lactante,
fistulada no esôfago, equipada com bolsa coletora de lona sintética de fundo
telado, ajustada abaixo da fístula, para auxiliar a drenagem da saliva.
35
O animal foi submetido a jejum prévio de 12 horas para evitar
problemas de contaminação com o material regurgitado durante a coleta. Após
este período, pela manhã, a vaca foi conduzida à área experimental, onde
pastejou livremente por aproximadamente 30 minutos nos piquetes referentes a
cada repetição de área, antes de serem pastejados pelos demais animais.
As amostras foram acondicionadas em sacos plásticos devidamente
identificados e congeladas em câmara fria à temperatura de – 18°C.
2.5 Análises bromatológicas
As análises das extrusas foram realizadas no Laboratório de Análises de
Alimentos – LAA da Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora).
Após o descongelamento, as amostras de extrusa foram pré-secas em
estufa de ventilação forçada (60 ± 5
o
C; 72 horas) e moídas em moinho com
peneira com perfurações de 1 mm. As amostras foram analisadas quanto aos
teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE) segundo a
AOAC (1990), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido
(FDA) e lignina segundo Van Soest & Robertson (1985), e digestibilidade in
vitro da MS (DIVMS) segundo Tilley & Terry (1963).
2.5.1 Determinação das Frações Nitrogenadas e de Carboidratos
36
resíduo + papel. A fração A ou NNP foi calculada pela diferença entre o teor de
N-total e o teor de N-insolúvel em TCA.
2) Fração “B
3
”: determinada pela diferença entre o N insolúvel em detergente
neutro (NIDN) e o N insolúvel em detergente ácido (NIDA).
A determinação foi
realizada por meio da fervura de 500 mg da amostra com solução detergente
neutra e ácida, durante uma hora. Os resíduos nos cadinhos foram transferidos
para papel-filtro quantitativo e analisados para N. Os cadinhos foram levados à
estufa regulada para 105
o
C e, após quatro horas, foi verificado seu peso para
quantificação do resíduo de fibra aderido;
3) Fração “C”: foi obtida pela determinação do NIDA;
4) Frações “B
1
+ B
2
”: obtidas pela diferença entre o N insolúvel em TCA e o
NIDN;
Todas as análises de N foram realizadas pelo método de Kjeldahl
(AOAC, 1990) e, para conversão em proteína bruta, foi utilizado o fator de
correção 6,25.
Os carboidratos totais (CT) e as frações de carboidratos
correspondentes aos carboidratos não-fibrosos, fração B2 e fração C foram
calculados de acordo com Sniffen et al. (1992):
9 CT (%MS) = 100 – [PB (%) + EE (%) + Cinzas (%)];
9 C (%MS) = 100 * [FDN (%MS) * 0,01 * lignina (%FDN) * 2,4
;
CHT(%MS)
9
B2 (%MS) =
100*{[(FDN(%MS) - PIDN (%PB)*0,01* PB(%MS) -FDN(%MS)*Lig (%FDN)*2,4}
;
CHT(%MS)
9 CNF = 100 - (%PB + %FDNcp + %EE + %Cinzas)
37
2.6 Análise estatística
O efeito do tratamento na estimativa da produção de MS, massa
ofertada, MS residual, composição químico-bromatológica e frações de
carboidrato e nitrogênio foi analisado segundo delineamento estatístico
inteiramente casualizado, com quatro repetições. As médias foram comparadas
utilizando os testes F e Scott Knott a 5% de probabilidade para tratamentos e
estações, respectivamente. Os resultados foram interpretados utilizando o pacote
estatístico SAEG (UFV, 2000), de acordo com a análise de variância.
O modelo estatístico utilizado foi:
Y
ijk
= µ + T
i
+ E
j
+ (TxE)
ij
+ ε
ijk
, em que:
Y
ijk
= variável resposta;
µ = média geral;
T
i
= efeito do i-ésimo tratamento;
E
j
= efeito da j-ésima estação;
(TxE)
ij
= efeito da interação do i-ésimo tratamento x j-ésima estação;
ε
ijk
= erro aleatório;
i = 3 kg e 6 kg/vaca/dia de concentrado;
j = verão, outono, inverno e primavera;
k = 1, 2, 3 e 4.
38
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Características produtivas e estruturais do capim-coastcross
A produção de MS, a massa ofertada de forragem na entrada dos animais
nos piquetes e a MS residual, medida após o pastejo, diferiram (P<0,05) em
função das estações do ano (Tabela 3). Não foram observados efeitos
significativos dos tratamentos e da interação tratamento x estação sobre as
variáveis analisadas.
Tabela 3 - Produção, oferta e resíduo de forragem do capim-coastcross, em kg
de matéria seca (MS) por hectare (ha), ao longo do período
experimental.
Estação Produção Oferta Resíduo
Verão
3.138 B 6.103 B 3.341 C
Outono
2.976 B 7.051 A 3.907 B
Inverno
3.771 A 7.915 A 4.231 B
Primavera
3.465 A 7.492 A 4.949 A
Média
3.338 7.140 4.107
CV
1
19,50 11,86 15,67
*Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem (P>0,05) segundo o teste de
Skott Knott, 1CV= coeficiente de variação.
No verão e outono, a baixa produção de MS influenciou diretamente a
oferta e o resíduo da pastagem, que apresentaram, nestas estações os menores
valores registrados ao longo do experimento. Este comportamento da gramínea
pode ter sido causado pela alta precipitação pluviométrica registrada neste
período (Tabela 1), associada às características da área experimental, sujeita a
39
encharcamento. De acordo com Haddad et al. (2000), o estabelecimento e
desenvolvimento de plantas forrageiras podem ser adversamente afetados pela
inundação ocasionada por enchentes, tempestades e drenagem deficiente, entre
outros.
As maiores produções de MS no inverno, quando comparadas às do verão e
do outono, podem ser atribuídas à mudança no manejo da forragem como
resposta ao maior período de descanso adotado no mês de maio e ao uso da
irrigação durante o período de déficit hídrico, impedindo (ou reduzindo) queda
na produção. De acordo com Balsalobre et al. (2003), plantas irrigadas podem
apresentar comportamento diferenciado de florescimento, provocando tendência
à variação da taxa de crescimento. Segundo os autores, os mecanismos que
determinam o florescimento em plantas forrageiras tropicais não são bem
conhecidos, podendo estar relacionados a fatores climáticos, como, por exemplo,
o hidroperíodo.
As variações na produção de MS do presente estudo não estão de acordo
com os dados descritos no trabalho de Cecato et al. (2001), em que as diferentes
condições climáticas ao longo do ano influenciaram o crescimento da planta
forrageira. De acordo com estes autores, a produções de matéria seca do capim-
coastcross, em área não irrigada e adubada com 400 kg/ha de N, foram 12,12
t/ha no verão e 2,73 t/ha no inverno. Da mesma forma, Alvim et al. (1997)
obtiveram, entre os meses de outubro e abril, período considerado chuvoso,
disponibilidade de MS de 6,7, contra 4,5 t/ha obtida de abril a setembro em
pastagem de coastcross irrigada. Alvim et al. (1996) alcançaram produções de
11,40 t/ha de capim-coastcross no inverno, com intervalo de corte de 9 semanas
e 500 kg/ha de N.
A alta produção de MS na primavera coincidiu com o aumento da
preciptação pluviométrica, ocasionando vigoroso crescimento da gramínea e
40
elevada formação de folhas. O alto resíduo de MS registrado nesta estação pode
estar relacionado ao baixo consumo de matéria seca da forragem pelos animais
no período, como descrito no Capítulo 3.
Valores superiores aos do presente estudo para a produção de MS foram
descritos por Moreira et al. (2004) para grama estrela roxa (Cynodon
plectostachyrus Pilger), com produções médias de 4.366 kg/ ha de MS, e por
Porto (2005), o qual, trabalhando com a grama Estrela (Cynodon nemfluensis
Vanderyst), adubada com 200 kg/ha/ano de N, apresentou uma oferta de
forragem de 6.461 kg/ha. Da mesma forma, Prohmann et al. (2004) obtiveram
produção de 7.956 kg/ha de MS do capim-coastcross como resultado da vedação
por 45 dias. No entanto, de acordo com estes autores, em uma segunda
avaliação, após 28 dias de pastejo, foi constatada redução de 52% da produção,
chegando a 4.133 kg/ ha de MS, atribuída à presença de animais sob pastejo e às
condições climáticas adversas ao crescimento forrageiro, com produção média
de 3.774 kg/ha de MS entre os meses de junho e outubro.
A MS residual no pós-pastejo foi superior à produção de MS da
forragem nas quatro estações do ano, indicando baixa utilização da forragem
produzida (Figura 1).
41
6103
7051
7915
7492
3341
3907
4231
4949
3138
2976
3771
3465
2000
3500
5000
6500
Verão Outono Inverno Primavera
Produção Resíduo Disponível
Figura 1. Produção, oferta e matéria seca residual do capim-coastcross nas
quatro estações do ano, em kg/ha de matéria seca.
Os resultados mostram a grande quantidade de resíduo após a saída dos
animais do piquete, representando, em média, 57,5% da massa disponível,
evidenciando condição de sub-pastejo. Segundo Vilela et al. (2005), resíduo pós-
pastejo necessário para evitar degradação de pastagem e garantir vigor da
rebrota do relvado deve ser de 2.000 kg de MS/ha, valor este muito inferior ao
mínimo de 3.341 kg de MS/ha registrado neste estudo.
A porcentagem de folhas na MS disponível antes da entrada dos animais
no piquete foi, em média, de 37,15% (2.609 kg/ha de MS) no verão, outono e
inverno, aumentando expressivamente na primavera, apresentando valores em
torno de 54,49% (4.082 kg MS/ha) de folhas. Foi observado decréscimo do
início ao término do experimento para a porcentagem de caules em relação à MS
total, apresentando, para verão, outono, inverno e primavera, valores médios de
49,73% (3.035 kg MS/ha); 44,82% (3.160 kg MS/ha); 37,69% (2.983 kg MS/ha)
e 32,69% (2.449 kg MS/ha), respectivamente. A matéria morta no verão foi de
11,71% e, na primavera, de 12,81%, valores inferiores àqueles observados no
42
outono, de 21,14%, e no inverno, de 28,72%, coincidindo com prolongado
período de descanso adotado.
Carnevalli & Silva (1999), avaliando as características agronômicas e
ecológicas de pastagens de capim-coastcross, com período de descanso médio de
três a quatro semanas, de novembro a maio, e cinco a seis semanas de maio a
setembro, observaram pico de produção de folhas em janeiro e queda acentuada
no mês de abril, em função da diminuição de temperatura e umidade. No
referido experimento, a menor disponibilidade de MS ocorreu em julho, com
3.310 kg/MS/ha, quando foram observadas 13,68% de folhas; 22,14% de hastes
e 64,16% de matéria morta, equivalentes a 453, 733 e 2.124 kg/ha de MS para
folhas, haste e material morto, respectivamente; voltando a crescer a partir de
agosto/setembro, quando os fatores de crescimento já não eram mais limitantes.
A maior disponibilidade de MS ocorreu em janeiro, com 6.129 kg/ha, com 36,9
% de folhas (2.262 kg/ha de MS); 51,65% de haste (3.166 kg/ha de MS) e
11,43% de matéria morta (701 kg/ha de MS).
Paris et al. (2004a), avaliando os componentes do capim-coastcross a
cada 28 dias, obtiveram porcentagem de lâmina verde entre 15 e 39%, abaixo do
registrado no presente experimento, bem como porcentagens de caule e matéria
morta superiores. De acordo com estes autores, a porcentagem de lâmina verde
manteve-se um pouco a cima de 15%, exceto no mês de dezembro, quando
chegou a 25% devido à vedação da pastagem realizada antes do início do
experimento. A fração bainha + caule atingiu 39 a 50% da MS. O material morto
apresentou menor valor em dezembro (27,5%) e maior proporção em março
(45%), atribuída pelos autores à falta de chuva e à alta taxa de lotação.
No presente estudo, nas amostras coletadas após a saída dos animais dos
piquetes, a porcentagem de folhas apresentou comportamento semelhante ao da
forragem disponível, sendo, em média, de 23,63% no verão, outono e inverno e
de 33,49% na primavera. Os caules representaram, em média, 36,69% da
43
forragem. A porcentagem de matéria morta observada foi bastante elevada,
apresentando valores de 39,14%; 3938%; 43,41% e 26,96% para verão, outono,
inverno e primavera, respectivamente, evidenciando a seleção da forragem
consumida.
3.2 Composição químico-bromatológica da pastagem de capim-coastcross
Os teores de PB, FDN e lignina na MS do capim-coastcross não diferiram
(P>0,05) nos tratamentos e estações do ano. A DIVMS e o teor de FDA foram
alterados (P<0,05) de acordo com a estação do ano (Tabela 4).
No outono foi observada tendência ao aumento da PB, provavelmente
em função da baixa produção de MS (Tabela 3). Os maiores valores para a
DIVMS e os menores teores de FDA nesta estação corroboram Van Soest
(1994), que afirmou que a digestibilidade das forrageiras é inversamente
proporcional ao seu teor de FDA. Entretanto, a DIVMS não variou na
primavera, estação em que foi observado o teor mais alto de FDA. De acordo
com Hill et al. (1998), gramíneas do gênero Cynodon, principalmente o capim
Tifton-85, apresentam alta DIVMS mesmo em idade mais avançada, quando os
componentes da parede celular são elevados. Segundo os autores, este fenômeno
é atribuído à menor ocorrência de ligações tipo éter na presença de um composto
fenólico inibidor da digestibilidade, o ácido ferúlico.
44
Tabela 2 - Teores de proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN),
fibra em detergente ácido (FDA), lignina e digestibilidade in vitro
da matéria seca (DIVMS) do capim-coastcross nas quatro estações
do ano.
Estação
PB
(%MS)
FDN
(%MS)
FDA
(%MS)
Lignina
(%MS)
DIVMS
(%)
Verão 15,10 A 64,94 A 32,77 B 6,80 A 67,00 B
Outono 16,42 A 66,69 A 30,06 C 7,42 A 74,15 A
Inverno 14,73 A 66,82 A 33,31 B 7,89 A 65,03 B
Primavera 15,65 A 61,52 A 36,45 A 7,51 A 66,26 B
Média 15,47 64,99 33,15 7,40 68,11
CV
1
12,08 8,28 7,89 17,18 6,26
*Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem (P>0,05) segundo o teste de
Skott Knott, 1CV= coeficiente de variação
A elevada oferta de forragem (Figura1) que, por sua vez, permitiu alta
seletividade durante o pastejo, pode ter influenciado a composição química da
gramínea analisada em laboratório, já que as amostras foram coletadas
utilizando animal provido de fístula esofágica.
De acordo com Gomide et al. (2001), os bovinos possuem habilidade de
selecionar o alimento consumido a partir da forragem disponível, priorizando a
ingestão de folhas mais jovens, com maior valor nutritivo. Deste modo, a relação
entre a forragem disponível e o consumo é de grande importância,
principalmente nos trópicos, onde as gramíneas podem proporcionar acúmulo de
matéria morta devido à adoção de manejo inadequado da pastagem.
Valores de PB próximos ao deste experimento (15,09%) para o capim-
coastcross foram observados por Cecato et al. (2001) em variedades de
Cynodon. Teores menores foram registrados por Vilela et al. (2003) (12,1% de
PB) para o capim-coastcross e por Malafaia et al. (1998) (10,2% de PB) para o
capim Tifton.
45
Segundo Cecato et al. (2001), os teores de FDN e FDA do capim-
coastcross foram, em média, de 69,08 e 34,58%, respectivamente. Também
Fontaneli et al. (2004) observaram, para variedades de Cynodon, teores de 69,64
e 34,29%, respectivamente, para a FDN e a FDA.
Os valores registrados neste experimento foram menores que aqueles
observados por Rocha et al. (2001) para o capim-coastcross (71,58 e 40,35 para
FDN e FDA, respectivamente), quando a gramínea foi submetida à adubação de
200 kg/ ha/ano de N, e por Malafaia et al.(1998), que obtiveram teores de 79,8%
de FDN; 45,3% de FDA e 8,4% de lignina (% da FDN) para o capim Tifton.
Cabral et al. (2000b) observaram teores de FDN de 71,45 e 75,10% para o capim
Tifton-85 com 42 e 63 dias de idade, respectivamente, teores de lignina de
4,84% para a gramínea cortada com 42 dias de idade e 5,95% com 63 dias de
idade.
Os teores de lignina deste experimento foram maiores que aqueles
encontrados por Balsalobre et al. (2003), de 3,00 e 4,68% na MS em capim-
Tanzânia (Panicum maximum Jacq.). Segundo os autores, os teores de lignina
apresentaram tendência diferente dos valores de FDA e FDN, podendo
promover variação da qualidade da forragem, principalmente porque plantas
com menores teores de FDN apresentaram os maiores teores de lignina.
Avaliando a extrusa de pastagem natural, Vieira et al. (2000) obtiveram, em
média, 8,29% de lignina na MS.
Vilela et al. (2003) obtiveram, em média, 57,0% de DIVMS ao
avaliarem a forragem disponível do capim-coastcross. Ferreira et al. (2005)
observaram valores de 68,54 e 60,56% de DIVMS para as idades ao corte de 21
e 42 dias em gramíneas do gênero Cynodon.
Rocha et al. (2001) avaliaram a DIVMS dos capins Coastcross {(Cynodon
dactylon (L.) Pers x Cynodon nlemfüensis Vanderyst)}, Tifton 68 (Cynodon sp)
e Tifton 85 (Cynodon sp) submetidos a quatro doses de nitrogênio (N), 0, 100,
46
200 e 400 kg/ha. Segundo os autores, a DIVMS variou de 63,06 a 68,90%.
Cecato et al. (2001) obtiveram, para o capim-coastcross, uma DIVMS de
63,36%.
A grande variação dos dados na literatura pode ser atribuída à acelerada taxa
de crescimento de gramíneas em regiões de clima tropical, que modificam
rapidamente sua composição química e qualidade (Fontaneli et al., 2004; Van
Soest, 1994), impulsionada por fatores como o uso de adubação nitrogenada, que
promove incremento no acúmulo de tecidos fibrosos, e a conseqüente elevação
no percentual de FDA e FDN na MS das plantas (Cecato et al., 1993) e/ou o uso
da irrigação, que pode alterar o comportamento do florescimento, causando
tendência à variação na qualidade da planta (Balsalobre et al., 2003), ambos com
conseqüente alteração de seus componentes estruturais.
De acordo com Prohmann et al. (2004), para a forragem do capim-
coastcross, a lâmina foliar apresentou 18,4% de PB, 61,9% de FDN e 27,2% de
FDA; a fração bainha + colmo verde, 7,1% de PB; 73,5% de FDN e 39,6% de
FDA; e a matéria morta, 5,0% de PB, 80,3% de FDN e 44,7% de FDA.
A fração nitrogenada B
1
+ B
2
da extrusa do capim-coastcross foi maior
(P<0,05) no outono em relação às demais estações. Não foi observado efeito
(P>0,05) da estação do ano e do tratamento, bem como a sua interação, para as
frações nitrogenadas A, B3 e C (Tabela 3).
Os elevados valores obtidos para as frações A ao longo de todo o ensaio
experimental podem ser atribuídos à adubação de manutenção realizada a cada
dois meses, ocasionando absorção do nitrogênio pela planta e conseqüente
aumento na fração do nitrogênio não-protéico, como descrito por Peyraud &
Astigarraga (1998), ou ainda pelo nitrogênio contido na saliva e presente na
extrusa (Vieira et al., 2000).
47
Tabela 3 - Frações nitrogenadas A, B
1
+ B
2
, B
3
e C da extrusa do capim-
coastcross, em % da MS e em % da PB, nas quatro estações do ano.
Estação A
% MS B
1
+ B
2
% MS B
3
% MS C% MS
Verão 4,53 A 4,90 B 3,95 A 1,71 A
Outono 4,18 A 7,07 A 3,68 A 1,47 A
Inverno 4,78 A 5,01 B 3,50 A 1,43 A
Primavera 4,57 A 5,30 B 4,29 A 1,82 A
Média 4,52 5,57 3,86 1,60
CV
1
42,20 21,67 32,65 24,27
A% PB B
1
+ B
2
% PB B
3
% PB C% PB
Verão 29,04 A 32,53 B 26,86 A 11,55 A
48
O maior valor registrado para a fração B
1
+ B
2
no outono pode ter
ocorrido devido à menor produção de MS registrada nesta estação, inferindo
menor síntese da parede celular e menor deposição das moléculas de celulose,
hemicelulose e lignina, acarretando aumento desta fração nitrogenada.
As frações B
1
e B
2
foram obtidas de forma conjunta, uma vez que a
fração B
1
é pouco expressiva em gramíneas forrageiras, representando
normalmente valores menores que 10% do total da proteína bruta
(Balsalobre
et al., 2003). Esses autores observaram variações de 3,92 a 8,03% da PB na
fração B1 e de 18,23 a 28,77% da PB nitrogênio não-protéico, em que o teor de
nitrogênio solúvel variou de 24,97 a 35,97% da PB, sendo o nitrogênio não-
protéico responsável por 75 a 80% do N solúvel (Nsol) total. A fração B2
apresentou variação entre 14,96 e 25,16 %PB.
Os valores observados para B
1
+ B
2
neste estudo estão de acordo com os
observados para capim Tifton-85 por Malafaia et al. (1997), de 38,72% PB, e
por Cabral et al. (2000 b), de 38,54 % PB.
A fração B
1
+ B
2
,
junto à B
3,
é
responsável por maior disponibilidade de
49
23,9 % da fração B
3
na PB de grama-estrela. Entretanto, Balsalobre et al. (2003),
em capim-tanzânia (Panicum maximum Jacq.), e Cabral et al. (2000 a), em
capim Tifton-85 (Cynodon sp.), estimaram valores maiores do que os descritos.
Gonçalvez et al. (2001) relataram, para três cultivares de Cynodon em
três idades, que a fração C comportou-se de forma linear com o avanço na idade
ao corte, variando de 22,77 a 25,79% da MS. Cabral et al. (2000 b) obtiveram,
para o capim Tifton-85 com 30 cm de altura, fração C de 8,26% da MS, e com
50 cm de altura, 11,40% da MS.
De acordo com o quadro de análise de variância, os carboidratos totais
(CT), frações B2 e C não variaram ao longo do experimento. Os carboidratos
não-fibrosos (CNF) foram influenciados (P<0,05) pelo mês do ano (Tabela 4).
Os CT apresentaram valores médios de 76,58% ± 2,37. As frações B
2
e
C (%MS) foram de 41,74% ± 14,55 e 17,77% ±16,37, respectivamente.
Tabela 4 - Frações de carboidratos não-fibrosos A + B
1
(CNF) da extrusa do
capim-coastcross, em função das quatro estações do ano.
Estação CNF A + B
1
(%MS)
Verão 17,66 B
Outono 14,02 B
Inverno 15,25 B
Primavera 21,28 A
Média 17,05
CV
1
33,45
*Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem (P>0,05) segundo o teste de
Skott Knott, 1CV= coeficiente de variação
As porcentagens dos CT, frações B2 e C na MS do capim-coastcross
podem ter se mantido constantes devido ao uso da irrigação. Segundo Balsalobre
50
et al. (2003), a qualidade da forragem em áreas irrigadas apresenta menores
variações que em pastagens de sequeiro. De acordo com estes autores, em
gramíneas tropicais, os CT representam a maior proporção da MS das plantas.
Portanto, a variação na qualidade dessa fração interfere diretamente na
disponibilidade de energia para o ruminante.
Os teores médios de CT foram similares aos de 79,6% observados por
Malafaia et al. (1998), de 78,12% observados por Cabral et al. (2000b) para o
capim Tifton-85 e de 77,0% observados por Morenz (2004) para o capim-
elefante (Pennisetum purpureum Schum., cv. Napier). No estudo de Balsalobre
et al. (2003) com capim-tanzânia (Panicum maximum Jacq.), os teores de CT
variaram entre 74 e 78% MS.
Na primavera, o manejo da forragem e o alto percentual de folhas
(54,49%) podem ter causado o aumento dos CNF. Segundo Paris et al. (2004b),
a lâmina foliar é composta principalmente pelas frações A + B
1
.
A tendência ao aumento da fração de CNF no verão pode ser atribuída à
baixa produção de MS, aliada ao curto período de descanso. Valores mais
elevados neste período também foram observados por Vieira et al. (2000) em
amostras de extrusa de animais mantidos em pastagem natural na Zona da Mata
de Minas Gerais, nas estações seca e chuvosa do ano. Segundo os autores, os
CNE compreenderam apenas 15% dos CT na estação chuvosa e 12,5% durante a
estação seca. Da mesma forma, Nunes et al (2004) obtiveram fração A de 13,9%
e B
1
de 9,75% nas estações chuvosa e seca, respectivamente, para o capim-
buffel (Cenchrus ciliaris L.).
Segundo Lista et al. (2004), o método de amostragem da forragem
obtida por extrusa esofágica pode causar diminuição da fração de CNF devido à
solubilização destas frações na saliva. De acordo com estes autores, a forragem
cortada manualmente apresentou 14,09% dos CT desta fração, enquanto a
extrusa, apenas 8,86%. Morenz (2004) observou que os CNF formaram apenas
51
8,8% da MS do capim-elefante obtido por extrusa esofágica. Entretanto, no
presente estudo, o método de coleta não parece ter influenciado as frações de
carboidratos do capim-coastcross.
As frações A + B
1
observadas neste estudo foram maiores que as das
amostras coletadas por meio de corte manual registradas por Malafaia et al.
(1998), de 5,5% dos CT; por Cabral et al. (2000b), de 14,65% da MS; e por
Moreira et al. (2004), de 9,1%.
O baixo teor na MS da fração B
2
, de 41,74%, corrobora os baixos teores
de FDN e FDA (Tabela 2) observados ao longo do experimento. Este valor mais
baixo pode ser atribuído às elevadas porcentagens das frações A + B
1
observadas.
A média da fração B
2
neste estudo foi inferior à de 59,47% registrada
por Lista et al. (2004); à de 67,3%, por Porto (2005); à de 68,73 %, por Cabral et
al. (2000b); e à de 62,8%, por Moreira et al. (2004).
Balsalobre et al. (2003), avaliando o capim-tanzânia (Panicum maximum
Jacq.) com três níveis de resíduo pós-pastejo (baixo, médio e alto), também não
observaram diferença (P>0,05) para as frações de carboidratos, enquanto Vieira
et al. (2000) observaram que a fração B
2
na estação chuvosa foi de 60,5%,
diminuindo para 52,13% na estação seca em extrusa de pastagem nativa; tendo a
fração C aumentado de 24,46% na estação chuvosa para 35,37% na estação seca.
Variáveis valores da fração C para gramíneas do gênero Cynodon estão
descritos na literatura. Porto (2005) observou valores de 21,9% em grama
Estrela. Cabral et al. (2000b) obtiveram valores de 16,6 a 19,3 % da MS e
Moreira et al. (2004), de 10,5 a 20,1% dos CT no capim Tifton-85.
Segundo afirmações feitas por Van Soest (1994) e Malafaia et al.
(1998), os valores das frações C e B2 estão de acordo com a variação exposta na
52
literatura, haja vista que 60 a 80% dos CHO das forrageiras são componentes da
parede celular.
A Figura 2 mostra as proporções das frações nitrogenadas e de
carboidratos do capim-coastcross, apresentando valores adequados do ponto de
vista nutricional. Segundo Balsalobre et al. (2003), pequenas variações na
qualidade nutricional das plantas podem causar grandes modificações na relação
da proteína degradável com a energia disponível no rúmen (Balsalobre, 2002).
Quando a taxa de degradação de carboidratos excede a da proteína no rúmen, há
utilização da energia pelos microrganismos sem produção de células, havendo
dissipação de energia (Energy Spilling) por meio de ciclos fúteis de íons. Se a
taxa de fermentação de carboidratos for maior que de proteína, a síntese de
proteína microbiana é reduzida devido à carência de aminoácidos e peptídeos
(Russell, 1998).
53
0
10
20
30
40
50
% MS
CNF B2 C
Frações de carboidratos
0
1
2
3
4
5
6
% MS
A B1 + B2 B3 C
Frações nitrogenadas
Figura 2. Frações nitrogenadas A, B
1
+ B
2
, B
3
e C e de carboidratos da extrusa
do capim-coastcross.
54
4 CONCLUSÕES
Os tratamentos com 3 ou 6 kg/dia de concentrado não influenciaram as
variáveis avaliadas. As produções de matéria seca foram maiores no inverno e
primavera. Os teores de PB, FDN e lignina não diferiram ao longo do ano. Os
teores de FDA e DIVMS apresentaram relação inversa no outono. A fração
nitrogenada B
1
+ B
2
foi maior no outono, quando comparada às demais estações.
A maior fração de carboidratos não fibrosos foi observada na primavera. As
demais frações nitrogenadas e de carboidratos tiveram pequenas variações na
pastagem ao longo do experimento.
55
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61
CAPITULO 3
PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO DO LEITE, CONSUMO
DE MATÉRIA SECA E TAXAS DE PASSAGEM DA
FASE LÍQUIDA E SÓLIDA DE VACAS DA RAÇA
HOLANDÊS SOB CONDIÇÃO DE PASTEJO EM
CAPIM-COASTCROSS SUPLEMENTADO COM
CONCENTRADO E SILAGEM DE MILHO
62
RESUMO
Este trabalho teve como objetivos avaliar a produção e composição do leite e o
consumo de matéria seca e a dinâmica de passagem de vacas da raça Holandês
em pastagem de capim-coastcross ((Cynodon dactylon L. (Pers.) suplementada.
A área experimental foi manejada em sistema de pastejo rotacionado, com 5,8
UA/ha. Os tratamentos consistiram do fornecimento de 3 ou 6 kg/vaca/dia de
concentrado. Entre os meses de maio e outubro as vacas consumiam 17
kg/vaca/dia de silagem de milho (base natural). As estimativas das taxas de
passagem da fase sólida foram obtidas a partir de uma única administração de
10g de Cr
2
O
3
. A determinação do fluxo de fase líquida foi realizada com Co-
EDTA. A produção de leite foi medida diariamente, em todos os animais, nas
ordenhas da manhã e da tarde. As amostras de leite foram analisadas para
proteína, lactose e gordura. O consumo de MS total foi de 3,23% do PV. Os
consumos de matéria seca do pasto (MSP), fibra em detergente do pasto (FDNP)
e fibra em detergente neutro total (FDNT) diferiram (P<0,05) em razão da
interação tratamento x estação do ano. Os maiores consumos de MSP foram
estimados no verão e no outono para os animais que receberam 3 kg/dia de
concentrado. Na cinética de fluxo de fase sólida, a taxa de passagem no retículo-
rúmen (k1) e a taxa de passagem no pós-rúmen (k2) foram de 5,7 e 10,3%,
respectivamente, no tratamento com 3 kg de concentrado, e de 5,8 e 15,8 %/h no
tratamento com 6 kg. As taxas de passagem de fase líquida foram de 9,69 e
12,52% para 3 e 6 kg de concentrado, respectivamente. A produção de leite das
vacas alimentadas com 3 kg/dia (13,30 kg/dia) de concentrado foi menor
(P>0,05) do que a registrada para os animais que consumiram 6 kg/dia de
concentrado (16,0 kg /dia). A produções de leite e leite corrigida para 3,5% de
gordura diferiram (P<0,05) em função da estação do ano. A porcentagem de
gordura do leite variou de acordo com a interação tratamento x estação do ano.
Os teores lácteos de proteína e lactose não diferiram em função do tratamento.
63
ABSTRACT
The aim of this work was to evaluate the milk production and composition, dry
matter intake (DMI) and passage kinetic rate of grazing lactating Holstein cows,
on coastcross ((Cynodon dactylon L. (Pers.) pasture. The experimental area was
grazing in random system with 5.8 UA/ha. The treatments were 3 or 6
kg/cow/day of concentrate. The cows fed 17 kg/cow/day (natural base) of maize
ensilage at the period of May and October. The estimates of intake were
obtained using chromium oxide methodology. The passage rates of particles and
liquids were estimates using a single dose of chromium oxide (10g) and Co-
EDTA methodology, respectively. The milk production was measured
individually daily. The milk samples were analyzed for protein, lactose, and fat.
The total DMI was 3.23 % of the body weight (BW). The intake of total NDF,
DM pasture and NDF pasture, was different (P<0.05), in function of the
interaction of factors (supplement level x season). The highest values of dry
matter forage intake were obtained at the summer and autumn seasons, to the
animals fed 3 kg/cow/day of concentrate. The values estimated for the particles
passage rate were 5.7 and 10.3 %/h for cows fed 3 kg of concentrate, and 5.8 e
15.8 %/h for cows fed 6 kg of concentrate, for K
1
and K
2
, respectively. The
liquid passage rates were 9.69 e 12.52 % for 3 e 6 kg of concentrate,
respectively. The cows fed 6 kg of concentrate presented higher milk production
(16.0 kg/day) to that fed 3 kg/day of concentrate (13.3 kg/day). Milk productions
were different (P<0.05) in function of the year season. The interaction of levels
of concentrate x season year affected the levels of fat milk. The protein and
lactose levels did not differ (P>0.05) for treatments (3 or 6 kg of concentrate).
The DMI values predicted by CNCPS model were not different (P>0.05) to that
values obtained by chromium oxide methodology.
64
1 INTRODUÇÃO
Em busca de produções de leite mais elevadas, a utilização de raças
especializadas, com alta exigência nutricional, determina a inclusão de
suplementos energético-protéicos à dieta.
A principal importância do uso do concentrado na suplementação da
forragem é o aumento de energia na dieta, haja vista que a baixa produção de
bovinos nos trópicos é atribuída a um consumo deficiente de MS (Detmann et
al., 2001b).
Entre os suplementos mais utilizados no Brasil, a silagem de milho se
destaca por sua grande utilização. Considerada advinda de uma cultura de alta
produtividade, tem como características um bom valor energético e alta
aceitabilidade pelos animais, permitindo redução no uso de suplementos
concentrados.
Segundo Alvim et al. (1999), em sistemas de alta produtividade é
fundamental que se recorra à suplementação com concentrados. Estes, em
relação aos suplementos volumosos, apresentam maior concentração energética
e são economicamente competitivos por apresentarem baixos incrementos
calóricos quando estrategicamente usados. De acordo com os autores, o uso de
concentrado na dieta de vacas em lactação assume maior ou menor importância
em razão do potencial de produção de leite do animal e da fase de lactação em
que estes se encontram. Entretanto, a ocorrência do efeito substitutivo da
forragem pelo suplemento tem sido observada com freqüência (Berry et al.,
2001).
De acordo com o NRC (2001), pode haver substituição quando a oferta
de concentrado for superior a 1,0 kg/animal/dia. A taxa de substituição ou a
redução do consumo de MS por kg de concentrado oferecido pode explicar a
variação na resposta à suplementação no desempenho de vacas manejadas sob
65
pastejo: quanto menor for a taxa de substituição, maior será a resposta à
suplementação.
Segundo Mertens (1992), existe alta correlação negativa entre teor de FDN e
energia disponível nos alimentos concentrados e volumosos com o consumo de
MS.
O consumo influencia diretamente a taxa de passagem, que, por sua vez, é
alterada em função da composição da dieta (Van Soest, 1994).
Segundo Lira et al. (2006), a determinação da cinética de trânsito das fases
sólida e líquida exige a recuperação de alguma substância indigerível e
facilmente identificável, denominada indicador. Segundo os autores, não há
diferença entre indicadores na estimação da taxa de passagem de partículas pelo
rúmen-retículo, embora sejam verificadas diferenças na estimativa do fluxo pelo
pós-rúmen, que podem ser justificadas por uma possível migração dos
marcadores. Além disso, fatores como estádios de maturação da forragem
consumida determinam maior ou menor volume de líquido ruminal.
Este trabalho teve como objetivos avaliar a produção e composição do
leite, o consumo de matéria seca e a dinâmica da passagem das fases sólida e
líquida de vacas da raça Holandês em pastagem de capim-coastcross
suplementada.
66
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Local
O experimento foi realizado na base física da Embrapa Gado de Leite,
em Coronel Pacheco, localizado na Zona da Mata de Minas Gerais, a 21
o
55’50’’
de latitude Sul e 43
o
16’15’’ de longitude oeste.
2.2 Área experimental e manejo
A área experimental foi constituída por 160 piquetes, divididos por cerca
elétrica, com área unitária de 475 m
2
de capim-coastcross (Cynodon dactylon
(L.) Pers), dispostos em blocos casualizados constituídos por 80 piquetes cada,
com duas repetições de área (40 piquetes). Os piquetes foram pastejados em
sistema rotacionado, com 18 dias de descanso no período chuvoso e 39 dias de
descanso no período seco.
A adubação de manutenção foi realizada com 200 kg/ha/ano de N, 80
kg/ha/ano de P2O5 e 160 kg/ha/ano de K2O, distribuídos em seis aplicações a
cada dois meses, realizadas a lanço, após a saída dos animais dos piquetes.
A pastagem foi irrigada após as adubações de manutenção e nos meses
de menor precipitação (entre 12 de maio e 02 outubro).
Os tratamentos consistiram no fornecimento de 3 ou 6 kg/vaca/dia de
concentrado.
Os animais foram ordenhados duas vezes ao dia (às 6:00 e 13:30 horas),
quando recebiam o concentrado dividido em duas ofertas diárias. Neste período
os animas também tinham acesso ao sal mineral.
Entre os meses de maio e outubro de 2003, nos intervalos de ordenha, as
vacas permaneceram no curral de alimentação, onde consumiam, em média, 17
67
kg/vaca/dia de silagem de milho. Para o consumo de silagem, as vacas utilizadas
na estimativa do consumo de MS foram separadas em grupos de três animais, de
acordo com o tratamento e a área em que pastejavam.
Os valores médios da composição dos alimentos oferecidos aos animais
durante o período experimental são descritos na Tabela 1.
Tabela 1 - Médias e desvios-padrão da proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE),
fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA),
lignina e digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) do
concentrado, da silagem de milho e do pasto de capim-coastcross.
Composição
(%MS)
Concentrado
Silagem de
milho
Coastcross
verão
PB
26,21 ± 0,45 9,13 ± 0,29 15,10 ± 1,09
EE
5,63 ± 0,16 5,35 ± 0,16 1,18 ± 0,05
FDN
35,0 ± 4,73 42,87 ± 0,81 64,93 ± 1,15
FDA
7,75 ± 1,14 7,35 ± 0,92 32,77 ± 1,35
Lignina
3,76 ± 0,70 2,86 ± 0,70 6,80 ±0,37
DIVMS
78,56 ± 1,18 74,16 ± 1,10 67,00 ± 2,96
Coastcross
outono
Coastcross
inverno
Coastcross
primavera
PB
16,42 ± 1,02 17,73 ± 0,63 16,65 ± 1,72
EE
1,29 ± 0,10 1,39 ± 0,62 1,05 ± 0,12
FDN
66,97 ± 2,34 66,82 ± 1,64 61,52 ± 0,47
FDA
30,06 ± 0,51 33,31 ± 0,65 36,45 ± 0,88
Lignina
7,42 ± 0,33 7,89 ± 0,30 7,51 ± 0,86
DIVMS
74,15 ± 2,73 65,03 ± 2,16 66,26 ± 3,45
2.3 Avaliações do consumo
Para as avaliações de consumo de matéria seca foram utilizadas doze
vacas da raça Holandês (Tabela 2) em cada período. As estimativas de consumo
foram
realizadas a cada dois meses, entre os meses de janeiro e novembro de
2003, perfazendo um total de seis avaliações.
68
Tabela 2 - dias e desvios-padrão dos pesos (kg), produções de leite (kg/dia) e
dias de lactação de vacas da raça Holandês utilizadas para avaliação
do consumo de matéria seca (CMS) nos tratamentos com 3 e 6 kg de
concentrado, em quatro estações do ano.
Estação Peso (kg)
Produção de
leite (kg/dia)
Dias em lactação
3 kg/dia de concentrado
Verão
561,16±27,79 15,16±3,31 217,20±127,32
Outono
554,16±63,97 15,66±5,57 205,55±156,57
Inverno
546,66±56,95 20,66±4,71 68,40±30,14
Primavera
538,16±25,92 21,16±2,71 149,50±55,28
Média
550,03±9,88 18,16±3,18 160,17±67,93
6 kg/dia de concentrado
Verão
579,33±86,83 16,33±2,73 237,50±157,71
Outono
572,66±78,49 14,83±5,77 191,20±138,96
Inverno
590,16±449,48 26,66±3,55 116,16±39,67
Primavera
662,66±40,38 25,16±3,76 196,00±52,53
Média
601,20±41,60 20,74±6,02 185,21±50,51
Os animais foram dispostos em delineamento de blocos casualizados
com duas repetições de área e dois níveis de concentrado. Cada período de
avaliação teve duração de 10 dias, sendo os cincos primeiros de adaptação e os
demais, de coleta de fezes. Os animais receberam 10 gramas de sesquióxido de
cromo (Cr
2
O
3
), administrado em doses de cinco gramas, duas vezes ao dia (7:30
e 14:30 h), sempre após as ordenhas. O Cr
2
O
3
foi pesado (5 g) e embalado em
“papel-toalha” e administrado via oral com o auxílio de um “lança bolos”. As
coletas de fezes foram realizadas diretamente no reto dos animais, duas vezes ao
dia (7:30 e 14:30 horas), após a administração do indicador.
69
Imediatamente após cada coleta, as amostras foram identificadas e
resfriadas à temperatura de, aproximadamente, -18
o
C.
Ao final de cada período experimental, as amostras de fezes foram pré-
secas em estufa de ventilação forçada (60 ± 5
o
C; 72 horas) e moídas em moinho
dotado de peneira com perfurações de 1 mm. Para as determinações das
concentrações de Cr e do teor de MS, foram utilizadas amostras compostas dos
períodos manhã e tarde, de cada animal, para cada período.
As amostras de fezes individuais de cada dia de pastejo foram
submetidas à digestão com ácido nitro-perclórico, segundo metodologia
proposta por Kimura & Miller (1957), e analisadas por espectrofotometria de
absorção atômica, utilizando-se o método descrito por Williams et al. (1962). A
digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) foi obtida de acordo com
Tilley & Terry (1963).
As produções de MS fecal e os consumos da MS e FDN da forragem,
concentrado e silagem foram calculados adaptando-se a equação de Pond et al.
(1989):
Produção fecal = cromo fornecido (g)/cromo na MS fecal (ppm);
Consumo = [(produção fecal - produção fecal do suplemento)/(100-DIVMS da
extrusa)]x 100 (kg MS/dia).
2.4 Avaliação da taxa de passagem da fase sólida
No dia 11 de agosto de 2003 deu-se início às estimativas das taxas de
passagem da fase sólida. O ensaio foi realizado, individualmente, em oito vacas
da raça Holandês, não-gestantes, representativas do rebanho.
70
As estimativas das taxas de passagem da fase sólida foram obtidas a
partir de única administração, via oral, com o auxílio de um “lança bolos”, de 10
g de óxido crômico (Cr
2
O
3
), acondicionado em cápsulas de papel-toalha. As
coletas de fezes, realizadas diretamente no reto dos animais, foram iniciadas 6 h
após a administração do indicador, prosseguindo em tempos pré-determinados
até 120 h pós-dosificação (6; 9; 12; 18; 24; 30; 36; 42; 48; 60; 72; 84; 96; 108 e
120 h), segundo recomendações de Suárez Londoño et al. (1997). As amostras
de fezes foram congeladas (-10
o
C) e, posteriormente, pré-secas em estufa de
ventilação forçada (55
o
C, 72 h), moídas em moinho de facas tipo Wiley (peneira
com perfurações de 1 mm) e acondicionadas em recipientes plásticos. O cromo
nas fezes foi determinado por espectrofotometria de absorção atômica, após
digestão nitroperclórica (Kimura & Miller, 1957).
As estimativas dos parâmetros da cinética da fase sólida foram realizadas
pelo processo iterativo do algoritmo Marquardt, com auxílio do procedimento
PROC NLIN do SAS... (1991), segundo o modelo descrito por Grovum &
Williams (1973). Foram geradas curvas para cada tratamento avaliado, a partir
da utilização conjunta dos dados das quatro repetições (vacas fistuladas)
disponíveis, obtendo-se, portanto, valores médios para caracterizar as condições
estudadas. No entanto, curvas individuais também foram obtidas.
No modelo bicompartimental biexponencial de Grovum & Williams (1973),
de expressão geral: Y=A*e
-k1*(t-TT)
-A*e
-k2*(t-TT)
, para t TT e Y = 0, para t < TT,
o parâmetro “A” é indefinido do ponto de vista biológico, apresentando apenas
valor matemático. Os parâmetros “k
1
” e “k
2
” correspondem, respectivamente, às
taxas de passagem no rúmen-retículo e no ceco e cólon proximal, enquanto TT
refere-se ao tempo de trânsito no omaso, intestinos delgado e grosso, ou, ainda,
ao tempo transcorrido desde a dosificação até o primeiro aparecimento do
indicador nas fezes. A concentração fecal do indicador no tempo t é definida
pela variável dependente Y.
71
2.5 Avaliação da taxa de passagem da fase líquida
No dia seguinte ao término da avaliação da taxa de passagem de fase
sólida, foram utilizadas quatro vacas mestiças Holandês x Zebus, providas de
fístula ruminal, para as estimativas de taxa de passagem da fase líquida no
rúmen. Os animais gestantes, produzindo em média 15,35 kg/leite/dia e com
peso vivo médio de 579,7 kg, passaram por período de adaptação de 30 dias
antes das coletas.
A estimativa foi feita a partir da administração ruminal de 5 g de cobalto
(Co) complexado com EDTA (Co-EDTA), dissolvidos em 200 mL de água
desionizada.
Após a administração do Co-EDTA, alíquotas de 5 mL de líquido
ruminal foram coletadas 2, 4, 6, 8, 10, 12 e 24 h em cada um dos quatro animais
e analisadas quanto à concentração de Co.
Os parâmetros da cinética da fase líquida no rúmen foram estimados
pelo processo iterativo do algoritmo Marquardt, com auxílio do procedimento
para modelos não-lineares (PROC NLIN) do SAS... (1991) para cada um dos
tratamentos avaliados, a partir da utilização conjunta dos dados das duas
repetições disponíveis (vacas), obtendo-se, portanto, valores médios para
caracterizar as referidas condições estudadas. Ressalta-se que a análise de
parâmetros obtidos de equações individuais não tem respaldo estatístico para sua
execução (uma vez que todos já são estimativas).
Para ajuste aos dados das concentrações de cobalto nas amostras de
líquido ruminal foi utilizado o modelo exponencial unicompartimental relatado
por Colucci (1984), cuja expressão é: Y = A*e
-k*t
, em que: “Y” e “A” (ppm)
referem-se às concentrações do indicador nos tempos “t” e zero,
respectivamente; e k (/h) corresponde à taxa constante de diluição ou taxa de
passagem da fase líquida no rúmen.
72
O volume de fluído ruminal (V, litros) foi estimado a partir da relação
entre a quantidade de cobalto administrada (mg) e o valor de “A”, estimado pelo
modelo.
O tempo de reciclagem (TR, h) foi calculado como a recíproca da taxa
de passagem da fase líquida no rúmen (“k”).
A taxa de reciclagem (TaxaRec, n
o
de vezes por 24 horas) foi calculada
como 24/TR.
A taxa de fluxo (Taxa Fluxo, litros/h) foi calculada como o produto do
volume de fluído ruminal (V) pela taxa de passagem da fase líquida no rúmen
(k).
2.6 Avaliação da produção e composição do leite
A produção de leite foi medida diariamente, em todos os animais, nas
ordenhas da manhã e da tarde.
Para as análises da composição do leite, foram coletadas amostras
individuais mensais, de todos as vacas, em recipiente contendo Bronopol
®
(2-
bromo-2-nitropropano-1,3-diol) como conservante. Após as coletas, as amostras
de leite foram encaminhadas para análise no Laboratório da Qualidade do Leite,
Embrapa Gado de Leite, em Juiz de Fora - MG. As amostras de leite foram
analisadas para proteína, lactose, e gordura.
A produção de leite foi corrigida para 3,5% de gordura (PLC) pela
equação, citada por Skalan et al. (1992), PLC = (0,432 + 0,1625 x G) x
quantidade (kg) de leite, em que G é o percentual gordura do leite.
73
2.7 Análises estatísticas
O efeito do tratamento na estimativa do CMS, da produção e da
composição do leite foi analisado segundo delineamento estatístico em blocos
casualizados constituídos por 160 piquetes, com duas repetições de área (80
piquetes), em esquema fatorial 2 (3 e 6 kg/dia de concentrado) x 4 (estações do
ano).
Para a avaliação da produção e composição do leite, foram utilizadas
nove vacas por área e 18 por tratamento, perfazendo um total de 36 animais.
Para a avaliação da ingestão voluntária de MS, foram utilizadas três
vacas por bloco, com seis vacas por tratamento, perfazendo um total de 12
animais.
As médias foram comparadas utilizando o teste F a 5% de
probabilidade para área e tratamento e o teste de Scott Knott a 5% probabilidade
para estação e blocos.
Para a estimativa da produção e da composição do leite, as médias foram
ajustadas utilizando o dia de lactação (Dlac) como covariável (Sampaio, 2007)
de acordo com a seguinte a equação de:
Y = d
i
– b (m
i
– G), em que:
Y = variável dependente ajustada em função da covariável;
d
i
= média da variável dependente para tratamento ou interação;
b = coeficiente de covariância;
m
i
= média da covariável dependente para tratamento ou interação;
G = média geral da covariável.
74
Os resultados foram interpretados utilizando o pacote estatístico SAEG
(UFV, 2000), de acordo com a análise de variância.
O modelo estatístico utilizado para o CMS foi:
Y
ijk
= µ + A
i
+ B
j
+ (AxB)
ij
+ T
k
+ E
l
+ (TxE)
kl
+ ε
ijkl
, em que:
Y
ijk
= variável resposta;
µ = média geral;
A
i
= efeito da i-ésima área;
B
j
= efeito da j-ésimo bloco (animal);
(AxB)
ij
= efeito da interação da i-ésima área x j-ésimo bloco (animal);
T
k
= efeito do k-ésimo tratamento;
E
l
= efeito da l-ésima estação;
(TxE)
kl
= efeito da interação do k-ésimo tratamento x l-ésima estação
ε
ijkl
= erro aleatório.
O modelo estatístico utilizado para a produção e a composição do leite
foi:
Y
ijk
= µ + A
i
+ B
j
+ (AxB)
ij
+ T
k
+ E
l
+ (TxE)
kl
+ Dlac + ε
ijkl
, em que:
Y
ijk
= variável resposta;
µ = média geral;
A
i
= efeito da i-ésima área;
B
j
= efeito da j-ésimo bloco (animal);
(AxB)
ij
= efeito da interação da i-ésima área x j-ésimo bloco (animal);
T
k
= efeito do k-ésimo tratamento;
E
l
= efeito da l-ésima estação;
(TxE)
kl
= efeito da interação do k-ésimo tratamento x l-ésima estação;
CovDlac = covariável para dia de lactação;
ε
ijkl
= erro aleatório.
75
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Consumo de matéria seca e de fibra em detergente neutro
Não houve efeito (P>0,05) de tratamentos, estações do ano e áreas sobre o
consumo de MS total.
Consumos de MS próximos a 3,23% do PV, estimados no presente estudo,
foram observados por Ruiz et al. (2001) em vacas consumindo feno, silagem de
milho e concentrado com altos teores de milho, de 3,45%PV. Kolver & Miller
(1998), em estudo com vacas da raça Holandês pastejando gramíneas de clima
temperado de diferentes espécies, estimaram consumos de MS que variaram de
2,85 a 3,76% do PV utilizando como indicador o óxido crômico. Kalscheur et al.
(1999) estimaram consumos de MS, para vacas da raça Holandês, de 3,84; 3,35;
e 2,84 %PV nos terços inicial, médio e final da lactação, respectivamente.
Os consumos de fibra em detergente neutro total - FDNT (Tabela 1), matéria
seca da forragem - MSF e fibra em detergente neutro da forragem - FDNF
diferiram (P<0,05) em razão da interação nível de suplemento x estação do ano.
O estudo do desdobramento da interação mostra que os maiores consumos
de MSF foram estimados no verão e no outono para os animais que receberam 3
kg/dia de suplemento, indicando substituição da ingestão da forragem pelo
concentrado ofertado. Detmann et al. (2001b) não observaram efeito da
suplementação com 1 e 2 kg/dia de concentrado, constituída de milho e farelo de
soja, no consumo de MST e FDN de bovinos machos, castrados, no período das
águas. Entretanto, quando apenas o consumo de matéria seca da forragem foi
considerado, houve diminuição da ingestão de 2,77 %PV para 1,59% PV quando
os animais receberam 1 kg/dia e para 1,41% do PV com 2 kg/dia de
concentrado.
76
Tabela 3 - Consumo de matéria seca do pasto (CMSP), consumo de fibra em
detergente neutro do pasto (CFDNP) e consumo de fibra em
detergente neutro total (CFDNT) em porcentagem do peso vivo, de
vacas da raça Holandês em função da interação nível de suplemento
(3 e 6 kg/dia de concentrado) e estação do ano.
Tratamento Verão Outono Inverno Primavera Média CV
1
CMSP (%PV)
3 k
g
/dia 3
,
29 A 2
,
93 A 1
,
71 A 1
,
71 A
6 kg/dia 1,80 B 2,26 B 1,28 A 1,98 A
2,13 18,51
CFDNP (%PV)
3 kg/dia 2,04 A 1,82 A 1,14 A 1,33 A
6 k
g
/dia 1
,
14 B 1
,
40 B 0
,
88 B 1
,
14 A
1,36 20,89
CFDNT (%PV)
3 k
g
/dia 2
,
19 B 1
,
97 A 1
,
63 A 1
,
83 A
6 kg/dia 1,43 A 1,69 A 1,49 A 1,72 A
1,75 16,55
*Médias seguidas de mesma letra nas mesmas colunas não diferem (P>0,05), 1CV=
coeficiente de variação.
No inverno e primavera não houve diferença significativa (P>0,05) entre
os tratamentos para o CMSF. A redução do CMSP nos animais que consumiram
3 kg/dia de concentrado ocorreu, provavelmente, devido ao aumento do valor
energético da dieta, causado pela inclusão de silagem de milho a mesma.
O aumento da quantidade de nutrientes digestíveis da silagem de milho
ocorre em função da elevação dos CNF, relacionado aos grãos, sendo o valor
nutricional das silagens de milho inversamente relacionado ao teor de CF, que
possui como característica lenta taxa de digestão e disponibilidade nutricional
variável e incompleta, sendo a maior fonte de variação da digestibilidade das
forrageiras (Cabral et al., 2005). De acordo com Pereira et al. (2006), a digestão
77
ruminal do amido das silagens de milho pode ser bastante elevada, de acordo
com os efeitos da textura e do estádio de maturidade.
A fase de transição para os controles físicos e metabólicos se encontra
entre os níveis dietéticos de FDN de 39 a 44% da MS, sendo mantidas comuns
ambas as fases nesse intervalo (Detmann et al., 2003). Entretanto, segundo Allen
(2000), o fator de enchimento da FDN difere entre dietas. No presente estudo, os
níveis dietéticos de FDN do alimento consumido (%PV) foram, em média de
55,02% quando os animais ingeriram e forragem de capim-coastcross e
concentrado e 40,01% quando a silagem de milho foi adicionada à dieta.
Os menores consumos de FDNP foram estimados para o grupo de animais
alimentados com 6 kg/dia de concentrado no verão, outono e inverno,
comprovando a alta correlação entre FDN, consumo de MS e energia disponível
de alimentos concentrados e volumosos.
No verão, o consumo de FDNT foi superior (P<0,05) para os animais
alimentados com 3 kg/dia de concentrado, provavelmente em função da alta
ingestão de MSF. O baixo CFDNT observado para o grupo de 6 kg/dia pode ter
sido causado pela quantidade de concentrado ingerida e pela sua alta
participação na MS consumida. Nesta estação, para os animais que consumiram
3 kg/dia de concentrado, foram estimados consumos de 3,50 e 0,48 % PV de
MST e MS do concentrado (MSC), respectivamente, enquanto, para as vacas
que consumiram 6 kg/dia de concentrado, a ingestão foi de 2,98% PV de MST e
0,90 % PV de MSC. Esta variação indica que o concentrado teve uma
contribuição de apenas 13,74 % no consumo de MST quando a oferta de
concentrado foi de 3 kg/dia, contra 30,50% quando a oferta foi de 6 kg do
suplemento. Desta forma, a participação do concentrado em % da FDN na dieta
78
O efeito de substituição também foi observado por Berchielli et al.
(2001). Estes autores atribuíram à suplementação da dieta com 3 kg/dia de
concentrado os baixos CMS do capim-coastcross (com teores de FDN variando
de 68,32 a 71,68) de 1% do PV para vacas mestiças e 0,7% de PV para vacas
Gir, em que a participação média do concentrado na MS total consumida foi de
52,5% para as vacas Gir e 39,05% para as mestiças (HPB x Gir).
Estimativas de consumo com resultados próximos aos observados no
presente experimento foram realizadas por Wernersbach et al. (2006)
trabalhando com vacas da raça Holandês alimentadas com dietas contendo altos
níveis de energia. Estes autores estimaram CMS e FDN de 3,09 e 0,97%,
respectivamente. Soares et al. (2004) estimaram consumos de MS de 3,25% e de
FDN, de 1,19%, para vacas da raça Holandês alimentadas com silagem de milho
e concentrado formulado à base de fubá de milho e farelo de soja. Consumos de
MS de vacas consumindo silagem de milho e concentrado na proporção 60:40 de
3,5% do PV e de FDN de 1,2% do PV foram descritos por Mendonça et al.
(2004b), bem como por Pina et al. (2006), de 3,29 e 1,36% PV para CMS e
CFDN, respectivamente.
Lana et al. (2004), compilando dados referentes a 33 vacas com grau de
sangue variando de Holandês a ¾ HZ, observaram uma variação no consumo de
FDN de 1,21 a 1,52% do PV. Consumos mais elevados foram atribuídos a
maiores produções de leite e a menores teores de FDN na MS dos alimentos.
Mertens (1987) estipulou, para vacas em lactação, consumo de FDN
1,2±0,1% do PV para animais recebendo dieta balanceada, capaz de atender às
exigências metabólicas tanto para a mantença quanto para a lactação. Entretanto,
grande parte dos resultados obtidos tem apresentado valores geralmente
superiores, principalmente para animais em condições tropicais. O valor
sugerido por Mertens (1992) foi determinado em uma série de experimentos
realizados em condições temperadas, com o objetivo de definir a concentração
79
ótima de FDN em rações que maximizassem a produção de leite corrigido para
4% de gordura, para vacas no terço final da lactação. Outro importante ponto a
ser considerado diz respeito ao conteúdo da FDN das forragens, que, de acordo
com Oba & Allen (1999), apresenta ampla variação em função da espécie,
maturidade e ambiente de crescimento, influenciando o consumo de forragens
dos grupos C
3
e C
4.
Segundo Paciullo (2002), a maior parte dos tecidos presentes na lâmina
foliar de gramíneas de clima temperado C
3
são rapidamente digeridos, enquanto,
nas gramíneas C
4
, os tecidos de digestão lenta e parcial, assim como os
resistentes à digestão, ocupam a maior área da lâmina foliar. Outras
características da forragem, como Estrutura Girder (Genro et al., 2004; Wilson,
1997) e adensamento do mesofilo (Paciullo, 2002), influenciam a digestibilidade
e o consumo de plantas C
3
e C
4
.
No presente estudo, diferentes valores estimados para o consumo dos
mesmos grupos de animais ingerindo dietas semelhantes em estações distintas,
como, por exemplo, no verão e outono, podem ter ocorrido devido à variação
dos períodos de lactação dos animais, embora este fator não tenha sido avaliado
para a variável consumo. Segundo Mertens (1992), o consumo de vacas pode ser
alterado ao longo da lactação devido a mudanças nas características relativas ao
animal.
Pereira et al (2004a; 2004b) estimaram o consumo de MS e FDN de vacas
da raça Holandês e mestiças Holandês x Zebu em lactação, com produção de
leite média diária de 28 kg, consumindo silagem de milho e concentrados
contendo teores de PB de 12,7; 14,1; 15,5 e 16,9% na base da MS total da dieta.
Pereira et al. (2004b) estimaram que no terço inicial da lactação os consumos de
MS e FDN foram influenciados (P< 0,05) pelo nível de PB da dieta, variando de
2,23 a 3,48% do PV para o CMS e 1,19 a 1,31% do PV para o CFDN para 12,7
e 16,9% de PB, respectivamente. De acordo com Pereira et al. (2004a), as
80
estimativas de consumos no terço médio da lactação não diferiram em função do
tratamento (P>0,05), apresentando valores médios de 2,95% do PV para CMS e
1,25% do PV para CFDN.
Ribeiro Filho et al. (2004) compararam o consumo de vacas Holandês
alimentadas com mistura completa à base de silagem de milho e concentrado, na
proporção de 70:30 (com, aproximadamente, 35,4% FDN), e em pastagem
composta de azevém (Lolium perenne) em associação com trevo branco
(Trifolium repens), apresentando, em média, 52,4% de FDN na MS. O consumo
de FDN observado foi de 1,46 e 1,28% do PV para silagem + concentrado e para
pastagem, respectivamente. Embora o consumo dos animais manejados em
sistema de pastejo tenha sido inferior ao de silagem, as vacas com maior
potencial genético ingeriram mais forragem, indicando que vacas leiteiras em
pastejo são capazes de ajustar o consumo de forragem em função de sua
exigência em energia.
3.2 Taxa de passagem da fase sólida
Os parâmetros da dinâmica da taxa de passagem de fase sólida através do
ajuste das curvas da concentração fecal do indicador, em função do tempo
transcorrido desde sua administração, são descritos na Tabela 4.
As taxas de passagem da fase sólida no rúmen (k
1
), bem como o TRR,
foram semelhantes nos dois tratamentos. A cinética de fluxo no pós-rumem foi
maior para os animais que consumiram 6 kg/dia de concentrado, refletindo em
menor TRPOS quando comparado com os animais que ingeriram menos
concentrado. Entretanto, o TMR para vacas alimentadas com 6 kg/dia de
concentrado foi maior. Este fato pode ter sido causado por variações inerentes ao
próprio modelo utilizado no ajuste dos dados de concentração fecal de Cr.
81
Tabela 4 - Valores de taxa de passagem ruminal (k1), taxa de passagem no
ceco-cólon (k2), tempo de retenção no retículo rúmen (TRRR),
tempo de retenção no pós-rúmen (TRPOS), tempo médio de
retenção (TMR) e tempo de trânsito (TT) de vacas da raça
Holandês em pastagem de capim-coastcross suplementada com
silagem de milho e 3 ou 6 kg/dia de concentrado.
Parâmetros 3 kg/dia 6 kg/dia
k
1
(/h) 0,057 0,058
k
2
(/h) 0,103 0,158
TT (h) 11,84 16,70
R
2
0,93 0,98
TRR (h) 17,34 17,05
TRPOS (h) 9,70 6,39
TMR (h) 38,88 40,04
Valores menores para k
1
foram relatados por Lima (2002) em dietas com
casca de soja e feno e por Lopes et al. (2003) e por Soares et al. (2001), ambos
em capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.).
Lima (2002) afirma que taxas de passagem mais elevadas, observadas em
dietas contendo silagem de milho, são atribuídas ao menor tamanho de partículas
deste alimento em detrimento do corte que antecede a ensilagem. De acordo com
Firkins et al. (1998), a redução do tamanho da partícula do alimento aumenta a
taxa de passagem. Entretanto, Martins et al. (2006) observaram taxas de
passagem semelhantes para as dietas contendo silagem de milho e feno de
Tifton. De acordo com os autores, a taxa de passagem de partículas no rúmen
foi, em média, de 3,4 e 3,0%/h para silagem e feno, respectivamente, enquanto a
taxa de passagem no pós-rúmen foi de 19,90 para silagem e 20,22%/h para feno.
Os valores atribuídos a TT, TRR, TRCC e TMRT foram, respectivamente, 9,89;
32,55; 10,43 e 38,63 (h).
82
Mota (2006) avaliou, na mesma área experimental do presente estudo,
entre os meses de janeiro e março de 2003, os parâmetros da cinética de trânsito
do trato gastrintestinal de vacas alimentadas com 3 ou 6 kg/dia de concentrado,
utilizando como indicador a fibra mordentada com cromo e o modelo
bicompartimental biexponencial tempo independente de Grovum & Williams
(1973). De acordo com o autor, foram estimados valores de 2,6%/h; 3,2%/h;
40,20/h e 32,91/h para K
1
, K
2
, TRR e TRPR, em média, para os tratamentos 3 e
6 kg/dia.
De acordo com Bürger et al. (2000), a cinética de fase sólida do farelo
de soja foi estimada, em média, de 7,15 %/h; 7,30%/h; 11,08/h; 14,41/h;
14,09/h; 28,51/h e 39,6/h) para os parâmetros K1, K2, TT, TRRR, TRPR, TMR
e TRT, respectivamente. Para o feno de capim-coastcross, os valores médios
estimados foram de 3,97 %/h para K1; 4,32 %/h para K2; 13,08/h para TT;
25,63/h para TRRR; 23,63/h para TRCC; 49,26/h para TMR e 62,34/h para
TRT.
3.3 Taxa de passagem da fase líquida
A taxa de passagem de fase líquida foi maior nos animais que
consumiram 6 kg/dia de concentrado, provavelmente pela maior ingestão de
suplemento, aliada à redução da ingestão de matéria seca da forragem. Segundo
Owens & Goetsch (1986), citados por Bürger et al. (2000), o nível de ingestão e
a proporção de concentrado estão entre os fatores que influenciam a taxa de
passagem da fase líquida, além do indicador utilizado e do local de amostragem.
O maior Tr (h) estimado para os animais alimentados com 3 kg/dia de
concentrado ocasionou menor taxa de reciclagem e maior taxa de fluxo quando
comparado ao tratamento com 6 kg/dia.
83
Tabela 5 - Valores da cinética de fase líquida: taxa de passagem (k), tempo de
84
presente estudo, embora com o mesmo comportamento para a cinética de fase
líquida. De acordo com este autor, os animais que consumiram 3 kg/dia de
concentrado apresentaram valores de 10,72%/h para k; 9,75/h para Tr; 2,58 para
taxa de reciclagem; 6,71 L/h para taxa de fluxo e 63,8 L para o volume de
líquido ruminal. Para os animais do tratamento 6 kg/dia, os valores estimados
foram 11,825/h; 8,53/h; 2,78 L/h; e 57,25 L para k, Tr, taxa de reciclagem, taxa
de fluxo e volume de líquido ruminal, respectivamente.
O fluxo de partículas no rúmen é, em parte, determinado pela interação da
fração indigestível da FDN e da taxa de digestão da fração digestível da FDN
(Allen, 1996). Lima (2002), avaliando a cinética de trânsito ruminal de vacas da
raça Holandês consumindo 2,74 e 0,75% do PV de MS e FDN, respectivamente,
estimou valores de taxa de passagem de fase líquida de 6,4%/h.
Avaliando os efeitos de níveis crescentes de concentrado (30, 45, 60, 75 e
90%) na dieta sobre as taxas de passagem e a cinética da degradação ruminal em
bezerros da raça Holandês consumindo feno de capim-coastcross, Bürger et al.
(2000) estimaram valor máximo de 9,73%/h para a taxa de passagem de fluidos
e uma taxa de reciclagem de 2,33 quando os animais consumiram 61,99% de
concentrado na dieta.
3.4 Produção e Composição do leite
A produção de leite e a produção de leite corrigida para 3,5% de gordura
das vacas alimentadas com 3 kg/dia de concentrado foram, em média, de 13,30 e
16,58 kg/dia, respectivamente. Estes valores são menores (P>0,05) que aqueles
registrados para os animais que consumiram 6 kg/dia de concentrado (16,0
kg/leite/dia e 18,61 kg/leite/dia, respectivamente). As produções de leite e leite
corrigido diferiram (P<0,05) em função da estação do ano (Tabela 6).
85
A maior produção de leite medida no inverno pode ter sido causada por
maior número de vacas no pico da lactação neste período.
Em estudos realizados anteriormente na mesma área experimental e
avaliando os mesmos tratamentos, Cardoso et al. (2002) relataram que a média
de produção de leite das vacas recebendo 6 kg/dia de concentrado foi de 18,3
kg/dia, enquanto para aquelas que receberam 3 kg/dia a produção foi inferior
(15,0 kg/dia). Segundo Vilela et al. (2003b), entre junho de 2000 e julho de
2002, as produções médias diárias de leite foram de 14,4 e 17,2 kg/vaca para 3 e
6 kg/dia de concentrado, respectivamente.
Tabela 6 - Produção de leite (PL) em kg/dia e produção de leite corrigido para
3,5% de gordura (PLC) em função da estação do ano.
Estação PL
(kg/dia) PLC (kg/dia)
3 kg/dia 6 kg/dia 3 kg/dia 6 kg/dia
Verão 10,95 A 13,04 A 13,95 A 14,44 A
Outono 12,84 A 16,19 A 17,96 A 19,94 A
Inverno 16,51 B 20,34 B 21,43 B 20,77 B
Primavera 13,25 A 14,83 A 15,62 A 16,60 A
Média 14,74 17,59
CV
1
56,01 30,41
*Médias seguidas de mesma letra nas mesmas colunas não diferem (P>0,05), 1CV=
coeficiente de variação.
As porcentagens de PB na MS ingerida pelos animais que consumiram 3 e
6 kg/dia de concentrado foram, respectivamente, 16,23 e 18,00%. Nos períodos
em que a silagem de milho foi acrescida à dieta, as vacas alimentadas com
menos concentrado consumiram 14,70 % de PB, enquanto o maior nível de
suplementação disponibilizou, na MS da dieta, 16,34% de PB.
No tratamento com 3 kg/dia de concentrado, os valores estão próximos ao
86
recomendado pelo NRC (2001), que estipula uma ingestão de 14,1% de PB
(proteína degradada no rúmen + proteína não degradada no rumem) para vacas
da raça Holandês produzindo até 25 kg leite/dia, ao passo que os animais
consumindo 6 kg/dia ingeriram quantidades de PB acima das exigências. O
mesmo é observado se for considerado o fornecimento de proteína em quilos por
dia. O NRC (2001) preconiza a ingestão de 2,84 kg/dia de PB, valor próximo ao
de 2,71 e 2,66 kg/dia de PB estimado para os animais que consumiram 3 kg de
concentrado, e concentrado + silagem, respectivamente, enquanto vacas
consumindo 6 kg de concentrado ingeriram 3,15 kg/dia de PB e 3,30 kg/dia de
PB quando houve oferta de silagem.
No grupo de animais que consumiram 6 kg/dia de concentrado foram
registradas produções de leite equivalentes a 7.109 kg/animal/ano e 33.411
kg/ha/ano, o que representou produção 17,38% maior do que o grupo alimentado
com 3 kg de concentrado, cujas produções de leite/animal/ano e ha/ano foram de
27,599 kg e 27,6 kg/dia, respectivamente. Foi possível observar, ainda, que no
período em que a silagem não foi ofertada, os animais alimentados com 6 kg/dia
produziram 0,93 kg de leite/kg de MS consumida, enquanto as vacas que
consumiram 3 kg/dia de concentrado produziram 0,77 kg de leite/kg de MS
ingerida.
De acordo com a tabela de exigências para vacas em lactação do NRC
(2001), animais da raça Holandês consumindo 2,98%PV, com 90 dias de
lactação, teriam capacidade de produção de 25 kg/dia de leite com uma
composição láctea de 3,5% de gordura; 3,0% de proteína e 3,0% de lactose.
Estes valores poderiam inferir menor capacidade de produção do rebanho ou
mesmo erros na estimativa da ingestão de MS. Entretanto, as tabelas de
exigência do NRC se baseiam em experimentos realizados em países de clima
temperado, sendo mais adequadas comparações com estudos realizados no
Brasil.
87
Vilela et al. (2003a) avaliaram o efeito da inclusão da soja integral tostada
no concentrado suplementar de vacas da raça Holandês em pastagem de capim-
coastcross. Segundo os autores, a inclusão de soja aumentou a produção de leite
e a produção de leite corrigido para 3,5% de gordura, que foram, em média, 22,2
e 23,6; 19,8 e 19,7 kg/vaca/dia, para os tratamentos e testemunha,
respectivamente. Os teores de gordura no leite foram de 4,16 e 3,49% nos
tratamentos em que os animais receberam a soja integral tostada e concentrado
padrão, respectivamente.
Alvim et al. (1997) realizaram um experimento para avaliar os efeitos do
fornecimento de 3 ou 6 kg/vaca/dia de concentrado, com 23,5% de proteína
bruta, sobre a taxa de lotação e a produção de leite de vacas da raça Holandês
em pastagem de capim-coastcross. De acordo com os autores, as produções
médias de leite, em kg/vaca/dia, foram 16,5 e 19,5 na época da seca e 17,3 e 20,
na época das chuvas, enquanto as produções médias de leite, em kg/ha/dia,
foram de 49,5 e 72 na época da seca e 102,1 e 131,2 na época das chuvas,
respectivamente para as vacas que receberam 3 e 6 kg/dia de concentrado.
Vilela et al. (2003a) observaram produções de leite de 16,6 ± 0,8
kg/vaca/dia e teor de gordura de 3,7 ± 0,2% para vacas holandesas em pastagem
de capim-coastcross.
A interação nível de suplemento x estação do ano causou variação na
porcentagem de gordura do leite (P<0,05), como pode ser observado na Tabela
7. As porcentagens de proteína e lactose do leite diferiram (P<0,05) em função
apenas da estação do ano (Tabela 8).
88
Tabela 7 - Porcentagem de gordura do leite em função da interação estação x
nível de suplementação.
Estação
Tratamento
3 kg/diade concentrado 6 kg/dia de concentrado
Verão 2,83 A 3,05 A
Outono 2,78 A 2,97 A
Inverno 3,25 A 2,70 B
Primavera 2,74 A 2,28 A
Médias 2,90 2,74
CV
1
45,96
*Médias seguidas de mesma letra nas mesmas linhas não diferem (P>0,05), 1CV=
coeficiente de variação.
O estudo da interação do nível de suplementação dentro de cada estação
do ano para porcentagem de gordura no leite mostra igualdade entre os
tratamentos no verão, outono e primavera. No inverno foi observado valor
inferior de gordura para os animais que receberam 6 kg/dia de concentrado. O
menor consumo de MSF, FDNF e FDNT registrado para este grupo de animais
no inverno infere em diminuição da relação volumoso/concentrado, causando
queda na porcentagem da gordura do leite. Esta variação pode, ainda, ser
atribuída ao efeito de diluição em função da maior produção de leite observada
neste período para as vacas que consumiram 6 kg/dia de concentrado (Tabela 6).
As porcentagens de proteína e lactose do leite foram menores na
primavera em relação às demais estações. Segundo Reis et al. (2006), o teor de
proteína bruta da dieta possui baixo efeito sobre o teor protéico do leite, que está
sujeito a vários aspectos como energia ingerida pelo animal, estação do ano,
composição e estádio de lactação. De acordo com os autores, a lactose, o
componente menos influenciado pela nutrição em condições normais,
acompanha a curva de produção, sendo menor no início e no final da lactação.
89
Tabela 8 - Porcentagem de proteína e lactose no leite em função da estação do
ano.
Estação Proteína
(%) Lactose (%)
Verão 2,52 A 3,52 A
Outono 2,54 A 3,83 A
Inverno 2,55 A 3,79 A
Primavera 2,13 B 3,04 B
Médias 2,43 3,55
CV
1
41,24 40,49
*Médias seguidas de mesma letra nas mesmas colunas não diferem (P>0,05), 1CV=
coeficiente de variação.
Da mesma forma, Vilela et al. (2003b) observaram que não houve efeito
(P>0,05) da alimentação com 3 e 6 kg/dia de concentrado sobre os teores de
gordura, proteína e lactose, que apresentaram, em média, valores de 3,71; 3,10 e
4,38%, respectivamente.
Algumas informações na literatura, referentes a vacas da raça Holandês,
fazem menção a produções de leite superiores às verificadas no presente estudo
(Barbosa et al., 2004; Jobim et al., 2002; . et al., 2006 e Rennó et al., 2006). No
entanto, grande parte dos experimentos é realizada com animais alimentados em
regime de confinamento, recebendo dietas cuja silagem de milho é o único
volumoso ofertado, acrescida de alimento concentrado.
Pina et al. (2006) obtiveram produções de leite de 23,85 kg/dia com
3,19% de proteína para vacas da raça Holandês consumindo silagem de milho
como volumoso, na proporção de 60% da MS total, tendo como suplemento
concentrado farelo de soja. Vargas et al. (2002) obtiveram, para vacas raça
Holandês produzindo 20 L/dia de leite, teores lácteos de 3,64% de gordura;
3,02% de proteína e 4,45% de lactose.
90
Ruiz et al. (2001) observaram produção de leite de 28,49 kg/dia com
3,42% de gordura e 2,89% de proteína em vacas da raça Holandês consumindo
15,47 kg/dia de capim-dos-pomares (Dactylis Glomerata L.) picado e 5,37
kg/dia de concentrado com 87% de farelo de milho.
91
4 CONCLUSÕES
Não houve efeito dos tratamentos e estações do ano sobre o consumo de
matéria seca total. A ingestão de matéria seca da pastagem foi maior para os
animais que consumiram 3 kg/dia de concentrado no verão e outono. As taxas de
passagem da fase sólida no rúmen (k
1
), bem como o TRRR, foram semelhantes
nos dois tratamentos. A cinética de fluxo no pós-rumem foi mais alta para os
animais que consumiram 6 kg/dia de concentrado. A taxa de passagem de fase
líquida foi maior nos animais que consumiram 6 kg/dia de concentrado.
A produção de leite foi maior para os animais alimentados com 6 kg/dia de
concentrado. A porcentagem de gordura do leite variou em função da interação
nível de suplemento x estação do ano. As porcentagens de proteína e lactose do
leite diferiram em função da estação do ano.
92
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100
CAPITULO 4
AVALIAÇÃO DO MODELO CNCPS (CORNELL NET
CARBOHYDRATE AND PROTEIN SYSTEM) NA
PREDIÇÃO DO CONSUMO DE MATÉRIA SECA E DA
PRODUÇÃO DE LEITE DE VACAS DA RAÇA
HOLANDÊS MANEJADAS SOB CONDIÇÃO DE
PASTEJO.
101
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo avaliar o modelo CNCPS versão 5.0 na
predição do consumo de matéria seca e da produção de leite de vacas da raça
Holandês, lactantes, em pastagem de capim-coastcross suplementada com
silagem e 3 ou 6 kg/dia de concentrado. Foram realizados seis ensaios
experimentais. Em cada ensaio foram utilizadas 12 vacas. Em três das avaliações
os animais receberam, além do concentrado, 17 kg de silagem de
milho/animal/dia (base natural). As coletas de forragem selecionada na pastagem
para análise da composição química foram realizadas por uma vaca provida de
fístula esofágica. A estimativa do consumo voluntário foi realizada com
sesquióxido de cromo (Cr
2
O
3
), administrado em doses de 5 g, duas vezes ao dia.
Foram fornecidos ao programa (inputs) referentes aos animais (peso vivo, escore
corporal, idade, produção e composição do leite, tipo racial, etc.), ao ambiente
102
ABSTRACT
The aim of this work was to evaluate the ability of the CNCPS version 5.0 on
estimative of DMI and milk production of grazing lactating Holstein cows, on
coastcross pasture fed concentrate (3 or 6 kg/cow/day) and corn silage. Six
experiments were conducted with 12 cows each. The cows fed 17 kg/cow/day
of maize ensilage in three experiments. Was determined the chemical
composition on extrusa samples of forage, obtained using an esophageous
fistulated cow. The estimates of intake were obtained using 5 g of chromium
oxide (Cr
2
O
3
) methodology supplied two times a day. The inputs referring to the
animals (body weight, age, milk production, milk composition, racial type, etc.),
to the environment (temperature, relative humidity of air, management
condition, etc.) and the feed chemical composition in each experimental period.
The DMI values predicted by CNCPS model were next that values obtained by
chromium oxide methodology. The methabolizable energy (ME) was the first
limitant for milk production predicted by CNCPS model. The prediction for the
animals fed 6 kg of concentrate was near to that observed. The CNCPS
overestimated the milk production when the cows fed maize silage, being the
first limitant factor for 6 and 3 kg of concentrated, the ME and methabolizable
protein (MP), respectively.
103
INTRODUÇÃO
A produção de vacas manejadas sob condições de pastejo pode ser
restringida pelos baixos níveis de carboidratos não estruturais. Modelos de
predição do desempenho, principalmente o CNCPS, por fazer uso das frações de
carboidratos dos compostos nitrogenados em suas equações, surgem como uma
alternativa no auxílio do uso de suplementos volumosos e concentrados.
Além de melhorar a habilidade na avaliação de interações na composição de
alimentos, manejo alimentar e exigências dos animais sob diferentes condições,
o modelo pode ser utilizado para delinear e interpretar experimentos, aplicar
resultados experimentais, desenvolver tabelas de valores de energia liquida e
proteína metabolizável e ajstar fatores que possam aumentar ou refinar o uso de
programas concencionais para fomulação de dietas (Fox et al., 1993).
O modelo CNCPS estima o desempenho de bovinos, utilizando a
composição dos alimentos, a caracterização dos animais, fatores ambientais e de
manejo para estimar a eficiência de utilização dos nutrientes para produção;
interpretação dos resultados de pesquisa e avaliação da interação entre as
exigências dos animais, alimento e manejo (Fox et al., 1995).
Apesar de esse programa ser oriundo de um país de clima temperado,
onde os alimentos empregados na alimentação de bovinos apresentam
composição química distinta dos utilizados no Brasil, a cada versão dele foi
adicionada uma biblioteca de forrageiras tropicais atualizada e expandida,
servindo como base na predição do desempenho em sistemas de produção de
bovinos manejados em condições tropicais.
Entretanto, mesmo com o uso da biblioteca tropical e a possibilidade de
inclusão de dados referentes ao ambiente, ao manejo e ao próprio alimento, a
aplicação do modelo em condições tropicais deve ser avaliada.
104
O objetivo deste trabalho foi avaliar o modelo CNCPS versão 5.0 na
predição do consumo de matéria seca e da produção de leite de vacas Holandês,
em pastagem de capim-coastcross suplementada com silagem e 3 ou 6 kg/dia de
concentrado.
105
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Localização e dados climáticos
O experimento foi realizado no período de dezembro 2002 a novembro
de 2003, na base física da Embrapa Gado de Leite, em Coronel Pacheco,
localizado na Zona da Mata de Minas Gerais, a 21
o
55’50’’ de latitude Sul e
43
o
16’15’’ de longitude oeste.
O clima, segundo a classificação de Köppen, é o Cwa, definido como
seco no inverno e chuvoso no verão. Os dados climáticos obtidos na estação
climatológica da Embrapa Gado de Leite, utilizados na avaliação do modelo,
encontram-se na Tabela 1.
2.2 Área experimental
A área experimental foi constituída por 160 piquetes, divididos por cerca
elétrica, com área unitária de 475 m
2
de capim-Coastcross (Cynodon dactylon
(L.) Pers). Os piquetes foram pastejados em sistema rotacionado, com 18 dias de
descanso no período chuvoso e 39 dias de descanso no período seco.
A adubação de manutenção foi realizada com 200 kg/ha/ano de N, 80
kg/ha/ano de P2O5 e 160 kg/ha/ano de K2O, distribuídos em seis aplicações a
cada dois meses, realizadas a lanço, após a saída dos animais dos piquetes.
A pastagem foi irrigada após as adubações de manutenção e nos meses
de menor precipitação (entre 12 de maio e 02 outubro).
106
Tabela 1 - Descrição das variáveis utilizados na predição do consumo de
matéria seca e da produção de leite de vacas da raça Holandês,
utilizando o modelo CNCPS.
Mês de avaliação Descrição do ambiente
Janeiro Março Maio
Vel. vento (kph) 0,9 0,9 0,9
Temp. mês anterior (
o
C) 24,6 24,6 21,9
Temp. mês atual (
o
C) 24,3 22,3 18,6
Temp. mínima (
o
C) 20,4 19,4 12,6
UR mês anterior (%) 80 73 80
UR mês atual (%) 83 78 80
Animal ofegante Não Não Não
Tipo de sistema Pastejo intensivo
Mês de avaliação Descrição do ambiente
Julho Setembro Novembro
Vel. vento (kph) 1,2 1,5 1,3
Temp. mês anterior (
o
C) 18 16,7 21,1
Temp. mês atual (
o
C) 16,7 19,7 22,7
Temp. mínima (
o
C) 9,8 14,4 18,2
UR mês anterior (%) 76 75 77
UR mês atual (%) 76 75 77
Animal ofegante Não Não Não
Tipo de sistema Pastejo intensivo
2.3 Animais, manejo e tratamentos experimentais
Foram realizados seis ensaios experimentais para avaliação do modelo.
Em cada ensaio foram utilizadas 12 vacas da raça Holandês, em que seis
animais receberam 3 kg/animal/dia de concentrado e outros seis receberam 6
kg/animal/dia de concentrado. Nas avaliações que tiveram início em 10/01,
22/03 e 24/11 de 2003, os animais receberam apenas concentrado como
suplemento. Nos períodos referentes a 24/05, 27/07 e 23/09 de 2003, os animais
receberam, além do concentrado, 17 kg/animal/dia de silagem de milho (base
natural). O peso, idade, número e estádio de lactação dos animais ao início do
experimento são apresentados nas Tabelas 2 e 3.
107
Os animais foram mantidos a pasto, com acesso a água e sombra
(sombrite). As vacas foram ordenhados duas vezes ao dia (às 6:00 e 13:30
horas), quando recebiam o concentrado (tratamento) dividido em duas ofertas
diárias. Neste período os animas também tinham acesso ao sal mineral.
Tabela 2 - Descrição das variáveis utilizadas na predição do consumo de
matéria seca e da produção de leite de vacas da raça Holandês em
pastagem de capim-coastcross suplementada com 6 kg/dia de
concentrado, utilizando o modelo CNCPS.
Estatística descritiva
Amplitude de
variação
Variável
Média
Desvio-
padrão
Valor
mínimo
Valor
máximo
Período chuvoso - 10/01, 22/03 e 24/11/2003
Idade da vaca (meses) 65,33 18,04 36,00 96,00
Peso vivo (kg) (full weight) 582,00 74,12 429,00 694,00
Dias em gestação 65,07 92,63 0 268,00
Ordem da lactação 3,28 2,16 1,00 8,00
Dias em lactação 231,60 118,45 30,00 395,00
Intervalo entre partos (meses) 311,35 188,93 0 518,00
Idade ao primeiro parto (meses) 31,92 3,97 30,00 45,00
Produção de leite (kg/vaca/dia) 16,72 4,79 9,00 26,00
Gordura no leite (%) 3,09 0,52 2,19 4,00
Proteína no leite (%) 2,96 0,10 2,58 3,06
Escore de condição corporal 3,05 0,41 2,0 4,0
Período de seca - 24/05, 27/07 e 23/09/2003
Idade da vaca (meses) 65,77 17,49 36,00 93,00
Peso vivo (kg) (full weight) 606,05 55,26 490,00 697,00
Dias em gestação 32,26 49,24 0 170,00
Ordem da lactação 3,93 1,75 1,00 7,00
Dias em lactação 152,05 73,70 40,00 306,00
Intervalo entre partos (meses) 349,46 141,50 0 596,00
Idade ao primeiro parto (meses) 30,73 1,43 30,00 35,00
Produção de leite (kg/vaca/dia) 23,22 5,28 11,00 32,00
Gordura no leite (%) 3,41 1,76 2,00 6,00
Proteína no leite (%) 3,05 0,42 2,0 4,0
Escore de condição corporal 3,27 0,46 3,00 4,00
108
Tabela 3 - Descrição das variáveis utilizadas na predição do consumo de
matéria seca e da produção de leite de vacas da raça Holandês em
pastagem de capim-coastcross suplementada com 3 kg/dia de
concentrado, utilizando o modelo CNCPS.
Estatística descritiva
Amplitude de
variação
Variável
Média
Desvio-
padrão
Valor
mínimo
Valor
máximo
Período chuvoso - 10/01, 22/03 e 24/11/2003.
Idade da vaca (meses) 68,77 14,68 36,00 96,00
Peso vivo (kg) (full weight) 547,00 43,30 462,00 618,00
Dias em gestação 49,58 68,49 0 211,00
Ordem da lactação 3,00 1,17 1,00 5,00
Dias em lactação 208,64 113,97 64,00 476,00
Intervalo entre partos (meses) 446,00 168,02 0 668,00
Idade ao primeiro parto (meses) 33,47 8,02 24,00 55,00
Produção de leite (kg/vaca/dia) 15,16 4,03 8,00 22,00
Gordura no leite (%) 3,14 0,49 1,95 4,01
Proteína no leite (%) 2,76 0,18 2,71 3,23
Escore de condição corporal 2,94 0,23 3,00 2,00
Período de seca - 24/05, 27/07 e 23/09/2003.
Idade da vaca (meses) 62,44 13,67 36,00 84,00
Peso vivo (kg) (full weight) 554,00 48,00 492,00 667,00
Dias em gestação 10,37 27,49 0 95,00
Ordem da lactação 3,12 0,95 2,00 5,00
Dias em lactação 120,37 72,39 20,00 298,00
Intervalo entre partos (meses) 446,93 105,24 283,00 625,00
Idade ao primeiro parto (meses) 32,50 8,46 24,00 55,00
Produção de leite (kg/vaca/dia) 19,44 4,28 11,00 27,00
Gordura no leite (%) 3,43 0,62 2,00 4,00
Proteína no leite (%) 2,87 0,34 3,00 2,00
Escore de condição corporal 3,22 0,52 2,00 5,00
109
2.4 Coleta da forragem consumida (extrusa)
Para a coleta de extrusa, utilizou-se uma vaca mestiça, não-lactante,
fistulada no esôfago, equipada com bolsa coletora de lona sintética de fundo
telado, ajustada abaixo da fístula, para auxiliar a drenagem da saliva.
As coletas de extrusa foram realizadas durante cinco dias, sendo a
primeira no dia anterior ao início da coleta de fezes e a última, um dia antes do
término da mesma, no total de cinco piquetes coletados. Este material foi
enviado para análise e, a partir dos resultados, foi calculada uma média que
representou o período em que foi realizada a estimativa do consumo.
O animal foi submetido a jejum prévio de 12 horas para evitar
problemas de contaminação com o material regurgitado durante a coleta. Após
este período, pela manhã, a vaca foi conduzida à área experimental, onde
pastejou livremente por aproximadamente 30 minutos nos piquetes referentes a
cada repetição de área, antes de serem pastejados pelos demais animais.
Foram coletadas amostras do concentrado para análise e, nos meses de
maio, julho e setembro, foram realizadas amostragens da silagem de milho
oferecida aos animais.
2.5 Avaliação do consumo de matéria seca
Os animais foram dispostos em delineamento de blocos casualizados
com duas repetições de área e dois níveis de concentrado. Cada período de
avaliação teve duração de 10 dias, sendo os cincos primeiros de adaptação e os
demais, de coleta de fezes. Os animais receberam 10 g de sesquióxido de cromo
(Cr
2
O
3
), administrado em doses de 5 gramas, duas vezes ao dia (7:30 e 14:30),
sempre após as ordenhas. O Cr
2
O
3
foi embalado em “papel-toalha” e
administrado via oral, com o auxílio de um “lança bolos”. As coletas de fezes
110
foram realizadas diretamente no reto dos animais, duas vezes ao dia (7:30 e
14:30 horas), após a administração do indicador.
Imediatamente após cada coleta, as amostras de fezes foram
identificadas e congeladas a uma temperatura de, aproximadamente, -18
o
C.
Ao final de cada período experimental, as amostras foram pré-secas em
estufa de ventilação forçada (60 ± 5
o
C; 72 horas) e moídas em moinho com
peneira com perfurações de 1 mm. Para as determinações da concentração de Cr
e do teor de MS, foram utilizadas amostras compostas dos períodos manhã e
tarde, em cada animal, para cada período.
As amostras individuais de cada dia de pastejo foram submetidas à
digestão com ácido nitro-perclórico, segundo método proposto por Kimura &
Miller (1957), e analisadas por espectrofotometria de absorção atômica,
utilizando a técnica descrita por Williams et al. (1962). A digestibilidade in vitro
da matéria seca (DIVMS) foi obtida de acordo com Tilley & Terry (1963).
As produções de matéria seca fecal e os consumos da MS e FDN da
forragem, do concentrado e da silagem foram calculados adaptando-se a equação
de Pond et al. (1989):
Produção fecal = cromo fornecido/cromo na MS fecal (ppm);
Consumo = [(produção fecal - produção fecal do suplemento)/(100-DIVMS da
extrusa)]x 100 (kg MS/dia).
111
2.6 Análises bromatológicas
A determinação da composição químico-bromatológica foi realizada no
Laboratório de Análises de Alimentos – LAA da Embrapa Gado de Leite (Juiz
de Fora, MG).
Imediatamente após a coleta, as amostras de extrusas e de silagem de
milho foram congeladas em câmara fria à temperatura de – 18°C. Após o
descongelamento, as amostras foram pré-secas em estufa de ventilação forçada
(60 ± 5
o
C; 72 horas) e moídas em moinho com peneira com perfurações de 1
mm. As amostras de extrusa, silagem e concentrado foram analisadas quanto aos
teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE), segundo
a AOAC (1990); fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido
(FDA) e lignina, segundo Van Soest & Robertson (1985).
2.6.1 Determinação das Frações Nitrogenadas e de Carboidratos
O fracionamento dos compostos nitrogenados foi realizado de acordo
com Malafaia & Vieira (1997):
1) Fração “A” (NNP): 0,5 g de amostra foi colocada em becker com 50 mL de
água por 30 minutos. Em seguida foram adicionados 10 mL da solução de ácido
tricloroacético (TCA) a 10%, ficando em repouso por mais 30 minutos. Em
seguida, filtrou-se em papel de filtro de filtragem rápida para a determinação do
teor de nitrogênio do resíduo + papel. A fração A ou NNP foi calculada pela
diferença entre o teor de N-total e o teor de N-insolúvel em TCA.
2) Fração “B
3
”: determinada pela diferença entre o N insolúvel em detergente
neutro (NIDN) e o N insolúvel em detergente ácido (NIDA).
A determinação foi
realizada por meio da fervura de 500 mg da amostra com solução detergente
neutra e ácida, durante uma hora. Os resíduos nos cadinhos foram transferidos
112
para papel-filtro quantitativo e analisados para N. Os cadinhos foram levados à
estufa regulada para 105
o
C, e após quatro horas foram verificados seus pesos
para quantificação dos resíduos de fibra aderidos;
3) Fração “C”: foi obtida pela determinação do NIDA;
4) Frações “B
1
+ B
2
”:
Cynodon – foram obtidas pela diferença entre o N insolúvel em TCA e o NIDN;
Silagem e concentrado:
Fração “B
1
”: calculada como sendo a diferença entre o N solúvel total e a fração
A. Para a determinação do N solúvel total a amostra foi tratada com tampão
borato-fosfato (TBF) por período de três horas, seguida de filtragem em papel de
filtro. Foi determinado o teor de nitrogênio do resíduo + papel pelo método de
Kjeldahl. Da diferença entre o N-total e o N insolúvel em TBF, obteve-se o N
solúvel total.
Fração “B
2
”: determinada por meio da diferença entre o N insolúvel em TBF e o
NIDN.
Todas as análises de N foram realizadas pelo método de Kjeldahl
(AOAC, 1990) e, para conversão em proteína bruta, foi utilizado o fator de
correção 6,25.
Os carboidratos totais (CT) e as frações de carboidratos
correspondentes aos carboidratos não-fibrosos, fração B2 e fração C foram
calculados de acordo com Sniffen et al. (1992):
9 CT (%MS) = 100 – [PB (%) + EE (%) + Cinzas (%)];
9 C (%MS) = 100 * [FDN (%MS) * 0,01 * lignina (%FDN) * 2,4
;
CHT(%MS)
9
B2 (%MS) =
100*{[(FDN(%MS) - PIDN (%PB)*0,01* PB(%MS) -FDN(%MS)*Lig (%FDN)*2,4}
;
CHT(%MS)
113
9 C
114
Tabela 5 - Valores médios da composição químico-bromatológica das frações
nitrogenadas e de carboidratos e suas respectivas taxas de digestão
do alimento concentrado.
Composição % da matéria seca
Proteína bruta 26,21
Extrato etéreo 5,63
Fibra em detergente neutro 35,0
Fibra em detergente ácido 7,75
Lignina (%FDN) 11,92
Cinzas 12,0
Frações de carboidratos % da matéria seca
Carboidratos totais 56,77
Não-fibrosos (A+B
1
) 35,04
B2 45,64
C 7,36
Taxa de digestão
1
%/h
A 198,00
B
1
25,05
B
2
5,2
Frações nitrogenadas %PB
A 15,83
B
1
8,92
B
2
50,39
B
3
16,07
C 8,38
Taxa de digestão
1
%/h
B
1
114,49
B
2
4,74
B
3
0,26
1
Valores calculados a partir dos alimentos milho moído e farelo de soja da biblioteca de
forrageiras tropicais do CNCPS v. 5.0.
115
Tabela 6 - Valores médios da composição químico-bromatológica e frações
nitrogenadas e de carboidratos e respectivas taxas de digestão da
silagem de milho, em função do mês de avaliação.
Mês
Maio/2003 Julho/2003 Setembro/2003
Composição
% matéria seca
Proteína bruta 8,84 9,44 9,12
Extrato etéreo 5,30 5,56 5,21
FDN 41,74 43,32 43,55
FDA 8,61 6,77 6,69
Lignina (%FDN) 5,17 8,21 7,69
Cinzas 1,20 1,21 1,21
Frações carboidratos
% matéria seca
Carboidratos totais 84,65 83,72 84,10
Não-fibrosos (A+B1) 46,07 44,27 44,18
B2 35,60 34,49 34,05
C 5,32 8,95 8,12
Taxa de digestão
1
%/h
A 26,62
B
1
26,62
B
2
3,04
Frações nitrogenadas
%PB
A 38,20 37,23 37,72
B
1
7,09 13,42 9,56
B
2
33,00 29,27 33,10
B
3
8,85 9,01 8,9
C 12,84 11,10 11,97
Taxa de digestão
2
%/h
B
1
44,00
B
2
1,78
B
3
0,35
1
Tedeschi et al., (2002); Silagem de milho com 30% de grãos (Cabral et al., 2002).
2.7 Avaliação do modelo CNCPS versão 5.0
Foi avaliado o modelo CNCPS versão 5.0 (nível 2) na predição do
consumo de matéria seca e do desempenho dos animais. O nível 2 do modelo
CNCPS considera os efeitos da fermentação ruminal, realizando as predições
116
com base no submodelo do rúmen. Foram fornecidas, ao programa, informações
referentes aos animais (peso vivo, escore corporal, idade, produção e
composição do leite, tipo racial, etc.), ao ambiente (temperatura, umidade
relativa do ar, manejo, etc.) e à composição do alimento em cada período
experimental.
Para a predição do consumo de matéria seca foi utilizada pelo modelo a
equação de Milligan et al. (1981) para vacas de raça “Holandês”.
Para a avaliação do CNCPS foram comparados os valores preditos pelo
modelo com aqueles observados (produção de leite) ou estimados (consumo de
matéria seca), conforme metodologia descrita por Tedeschi et al. (2000). Foi
utilizado o delineamento
dispostos em inteiramente, com quatro repetições.
Para avaliar a acurácia do modelo na predição dos parâmetros foram
utilizados o desvio médio (DM) (Cochran & Cox, 1968) e a raiz do quadrado
médio do erro da predição (RQMEP) (Bibby & Toutenburg, 1997, citados por
Molina et al., 2004; Tedeschi et al., 2000; Tedeschi, 2006), que foram calculados
da seguinte maneira: DM=1/nΣ(predito
i
-observado
i
); RQMEP=1/nΣ(predito
i
-
observado
i
)
2
.
Para avaliar o desempenho do modelo, foi utilizada a regressão entre os
valores observados ou estimados (variável-Y) e os valores preditos pelo modelo
CNCPS (variável-X). Quando o coeficiente linear ou intercepto (B
0
) não diferiu
estatisticamente de “zero” na equação de regressão regular, foi realizada a
análise de regressão passando pela origem, em que o intercepto é ajustado para
ser igual a “zero” (P0,05), sendo estimado (parametrizado) apenas o coeficiente
angular. O coeficiente angular, obtido quando foi feita a passagem através da
origem (B
0
=0), menos 1, é citado como sendo a tendência do modelo em sub ou
super-predizer o parâmetro observado. No entanto, quando o intercepto (B
0
) da
regressão regular diferiu de “zero” (P<0,05), a tendência do modelo foi
117
118
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Avaliação do modelo CNCPS na predição do consumo de matéria seca
O consumo predito pelo CNCPS não diferiu (P<0,05) do valor estimado
por meio do método do Cr
2
O
3
/DIVMS, quando os animais receberam 3 kg/dia
de concentrado (Tabela 7).
Tabela 7 - Comparação do consumo de matéria seca estimado pelo Cr
2
O
3
e
predito pelo modelo CNCPS, para vacas da raça Holandês em
pastagem de capim-coastcross suplementada com 3 kg de
concentrado.
CMS
(%PV)
DM (%PV)
3
DM (%predito)
DP ou
RQMEP
4
Cr
2
O
3
1
2,47 0,25
CNCPS
2
2,49
-0,02 -1,13
0,29
Regressão
5
Intercepto Inclinação R
2
P
Regular 1,804 0,266 0,065 0,011
1
Consumo de matéria seca estimado por meio do método do Cr
2
O
3
/DIVMS;
2
Consumo
de matéria seca predito pelo modelo CNCPS v.5.0;
3
Desvio médio=média do consumo
predito pelo CNCPS menos o estimado com Cr
2
O
3
/DIVMS;
4
Desvio padrão dos valores
estimados (Cr
2
O
3
), e raiz quadrada do quadrado médio do erro da predição (RQMEP)
para os valores preditos (CNCPS);
5
Os parâmetros estimados, intercepto e inclinação,
foram testados pelo teste t (0,05), para B
0
=0 e B
1
=1.
O desvio médio (DM) obtido entre os valores preditos pelo modelo e
estimados pelo Cr
2
O
3
não diferiu (P>0,05) pelo teste t. A proximidade das
médias predita e estimada a campo indica a acuidade do modelo. Entretanto, o
CNCPS se mostrou pouco preciso na predição do consumo, subestimando ou
superestimando os valores obtidos com o Cr
2
O
3
(Figura 1). Segundo Morenz
(2004) e Tedeschi. (2006), um ajuste perfeito do modelo deve apresentar as duas
características, acuidade e precisão. No entanto, ambas são medidas de forma
independente, e um método preciso não garante a acuidade, ou vice-versa.
119
De acordo com Tedeschi (2006), a acuidade ou exatidão pode ser
considerada a mais importante, uma vez que mede a habilidade do modelo em
predizer valores reais.
y = x
1,6
2,0
2,4
2,8
3,2
2,0 2,2 2,4 2,6 2,8
CMS predito (CNCPS)
CMS estimado (Cr2O3)
CNCPS Estimado
Figura 1. Relação entre valores de consumo (%PV) estimados pelo
Cr
2
O
3
/DIVMS e preditos pelo modelo CNCPS, para vacas da raça Holandês em
pastagem de capim-coastcross suplementada com 3 kg/animal/dia de
concentrado.
O consumo de MS estimado para os animais alimentados com 6 kg/dia
de concentrado, obtido por meio da metodologia do Cr
2
O
3
/DIVMS, não diferiu
(P<0,05) do predito pelo modelo. O baixo valor observado para o DM em % PV
120
Tabela 8 - Comparação do consumo de matéria seca estimado pelo Cr
2
O
3
e
predito pelo modelo CNCPS, para vacas da raça Holandês em
pastagem de capim-coastcross suplementada com 6 kg/dia de
concentrado.
CMS (%PV) DM (%PV)
3
DM (%predito)
DP ou
RQMEP
4
Cr
2
O
3
1
2,64 0,57
CNCPS
2
2,60
0,04 1,51
0,49
Regressão
5
Intercepto Inclinação R
2
P
Regular 0,591 0,786 0,233 0,042
Origem
6
- 1,011 0,966 0,001
1
Consumo de matéria seca estimado por meio do método do Cr
2
O
3
/DIVMS;
2
Consumo
de matéria seca predito pelo modelo CNCPS v.5.0;
3
Desvio médio=média do consumo
predito pelo CNCPS menos o estimado com Cr
2
O
3
/DIVMS;
4
Desvio padrão dos valores
estimados (Cr
2
O
3
), e raiz quadrada do quadrado médio do erro da predição (RQMEP)
para os valores preditos (CNCPS);
5
Os parâmetros estimados, intercepto e inclinação,
foram testados pelo teste t (0,05), para B
0
=0 e B
1
=1;
6
Regressão passando pela origem
(B
0
=0).
y = x
1,6
2,1
2,6
3,1
3,6
4,1
1,6 2,1 2,6 3,1 3,6 4,1
CMS predito (CNCPS)
CMS estimado (Cr2O3)
CNCPS Estimado (Cr)
Figura 2. Relação entre valores de consumo (%PV) estimados pelo
Cr
2
O
3
/DIVMS e preditos pelo modelo CNCPS, para vacas da raça Holandês em
pastagem de capim-coastcross suplementada com 6 kg/animal/dia de
concentrado.
121
Para as vacas que consumiram, além da pastagem de capim-coastcross, a
silagem de milho e 3 kg/dia de concentrado, o CNCPS subestimou o consumo
de MS (P<0,05). Os elevados valores do DM e do RQMEP mostram a falta de
acuidade do modelo em relação aos dados estimados (Tabela 9).
Não houve diferença estatística (P>0,05) entre os valores estimados e
observados para a ingestão de MS dos animais que consumiram silagem de
milho e 6 kg de concentrado, sendo observada apenas uma tendência do modelo
em subestimar os valores estimados (Tabela 9).
Os novos coeficientes angulares estimados evidenciam a baixa precisão
do modelo na predição do consumo de MS dos animais que receberam os
suplementos concentrado e silagem de milho, apresentando inclinação e
trajetória diferente da reta ideal (X=Y) (Figuras 3 e 4).
Segundo Morenz (2004) a avaliação do modelo, sob condições de
pastejo, deve ser realizada com bastante cautela, uma vez que, nestas condições,
o consumo real é desconhecido, e só pode ser estimado por meio de
metodologias que apresentam erros.
Um importante fator a ser considerado para a equação proposta pelo
CNCPS para e estimativa da ingestão voluntária de MS é que o modelo
considera, para efeito de cálculo, apenas a energia líquida de mantença (ELm),
desconsiderando a energia líquida para a lactação, podendo esta ser a causa de
predições mais baixas para o consumo em relação ao estimado pelo método
Cr
2
O
3
/DIVMS neste estudo.
Avaliando sete diferentes experimentos com bovinos de corte, Cappelle et
al. (2001) observaram que os consumos de MS foram preditos corretamente pelo
modelo CNCPS.
122
Tabela 9 - Comparação do consumo de matéria seca (%PV) estimado pelo
Cr
2
O
3
e pelo modelo CNCPS, de vacas da raça Holandês em
pastagem de capim-coastcross suplementada com silagem de
milho e 6 kg ou 3 kg de concentrado.
3 kg de concentrado
CMS (%PV) DM (%PV)
3
DM
(%predito)
DP ou
RQMEP
4
Cr
2
O
3
1
3,13 0,41
CNCPS
2
2,87
0,26 9,05
0,45
Regressão
5
Intercepto Inclinação R
2
P
Regular 1,148 0,690 0,157 0,103
Origem
6
- 1,078 0,985 0,001
6 kg de concentrado
CMS (%PV) DM (%PV)
3
DM
(%predito)
DP ou
RQMEP
4
Cr
2
O
3
1
3,24 0,46
CNCPS
2
3,12
0,11 3,71
0,47
Regressão
5
Intercepto Inclinação R
2
P
Regular 1,777 0,468 0,120 0,157
Origem
6
- 1,030 0,880 0,001
1
Consumo de matéria seca estimado por meio da metodologia do Cr
2
O
3
/DIVMS;
2
Consumo de matéria seca predito pelo modelo CNCPS v.5.0;
3
Desvio médio=média do
consumo predito pelo CNCPS menos o estimado com Cr
2
O
3
/DIVMS;
4
Desvio padrão
dos valores estimados (Cr
2
O
3
), e raiz quadrada do quadrado médio do erro da predição
(RQMEP) para os valores preditos (CNCPS);
5
Os parâmetros estimados, intercepto e
inclinação, foram testados pelo teste t (0,05), para B
0
=0 e B
1
=1;
6
Regressão passando
pela origem (B
0
=0).
123
y = x
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
2,32,62,93,23,5
Estimado CNCPS
Figura 3. Relação entre valores de consumo (%PV) estimados pelo
Cr
2
O
3
/DIVMS e preditos pelo modelo CNCPS, para vacas da raça Holandês em
pastagem de capim-coastcross suplementada com silagem de milho e 3
kg/animal/dia de concentrado.
Morenz (2004) avaliou o modelo na estimativa do consumo de MS de vacas
Holandês x Zebu em pastagem de capim-elefante (Pennisetum purpureum
schum., cv. Napier). Segundo o autor, o modelo estimou valor médio de
consumo de 2,46% PV, semelhante (P<0,05) ao valor obtido com o
Cr
2
O
3
/DIVMS (2,45%).
124
y = x
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
2,63,03,43,84,2
CMS predito (CNCPS)
CMS etimado (Cr2O3)
CNCPS Estimado (Cr)
Figura 4. Relação entre valores de consumo (%PV) estimados pelo
Cr
2
O
3
/DIVMS e preditos pelo modelo CNCPS, para vacas da raça Holandês em
pastagem de capim-coastcross suplementada com silagem de milho e 6
kg/animal/dia de concentrado.
No estudo de Porto (2005), o consumo de MS de vacas mestiças predito pelo
modelo CNCPS diferiu em três forrageiras tropicais. Segundo o autor, o
consumo predito pelo modelo para o capim Tanzânia (Panicum maximum Jacq.)
foi de 2,65%PV, valor este inferior ao estimado pela técnica Cr
2
O
3
/DIVMS de
3,66%PV. Os consumos de MS da grama Estrela (Cynodon nemfluensis
Vanderyst) e do capim Marandu (Brachiaria brizantha Staf) foram
superestimados pelo modelo, uma vez que apresentaram, respectivamente,
consumos estimados de 2,67%PV e 2,94%PV comparados aos observados, de
2,39%PV e 2,60%PV.
Molina et al. (2004) estimaram o consumo de vacas mestiças em pastagem
de P. maximum cv. Tobiatã consumindo 10,7 kg/dia de MS e observaram que o
modelo superestimou o consumo em 14%, correspondendo a 12,2 kg/MS/dia.
125
Kolver et al. (1996) avaliaram o modelo CNCPS em 23 experimentos
distintos, com vacas em diferentes estádios de lactação em pastagem constituída
por capim dos pomares (Dactylis Glomerata L.), azevém (Lolium perene L.) e
trevo branco (Trifolium repens L.). De acordo com estes autores, o modelo
subestimou o CMS em 11%, com um erro de 1,92 kg/dia de MS e R
2
de 0,80.
Fox et al. (1992) observaram que o modelo subestimou o CMS em 5%, com um
erro de 1,5 kg/dia de MS, principalmente quando o consumo foi superior a 20
kg/dia de MS.
3.2 Avaliação do modelo CNCPS na predição da produção de leite
As produções de leite observadas pelo modelo CNCPS
para vacas em
pastagem de capim-coastcross, recebendo 3 e 6 kg/animal/dia de concentrado,
foram subestimadas (P<0,05), em que a energia metabolizável (EM) foi o
primeiro fator limitante. A produção estimada foi de 10,62 e 13,90 kg de leite
para os tratamentos 3 e 6 kg/dia, respectivamente, representando, produções de
32,01 (3 kg) e 17,11% (6 kg) menores. Os desvios médios das produções de leite
de 5,06 para o tratamento com 3 kg de concentrado e 2,87 para 6 kg de
concentrado foram estatisticamente significativos pelo teste t (P<0,05),
indicando a baixa precisão do modelo (Tabela 10). Os altos valores da RQMEP
evidenciam a falta de acurácia do modelo, como pode ser observado nas Figuras
5 e 6.
Segundo Firkins et al. (1998), modelos mecanicistas estão sujeitos a
ampliações nos erros, uma vez que pequenos erros de predição em uma equação
são aumentados nas equações subseqüentes, já que uma é dependente da outra.
É importante ressaltar que todos as taxas de digestão informadas ao
modelo são oriundas de tabelas. A determinação destes valores pode resultar em
estimativas mais acuradas na utilização do modelo.
126
Forragens novas possuem altos teores de PB, e sob esta condição a EM
pode ser o primeiro limitante da produção. De acordo com estes autores, as
predições de energia e proteína metabolizáveis disponíveis para a produção de
leite podem ser influenciadas pelo nível de produção, taxas de degradação dos
carboidratos advindos da alimentação e mudanças na qualidade da forragem
informados ao modelo.
Tabela 10 - Comparação das produções de leite observadas e preditas pelo
modelo CNCPS
de vacas da raça Holandês em pastagem de
capim-coastcross suplementada com 3 e 6 kg/dia de
concentrado.
3 kg/dia de concentrado
PL (kg/dia) DM (kg/dia)
3
DM
(%predito)
DP ou
RQMEP
4
Observado
1
15,68 4,14
CNCPS
2
10,62
5,06 47,62
6,16
Regressão
5
Intercepto Inclinação R
2
P
Regular 8,405 0,685 0,299 0,018
6 kg/dia de concentrado
PL (kg/dia) DM (kg/dia)
3
DM
(%predito)
DP ou
RQMEP
4
Observado
1
16,77 4,39
CNCPS
2
13,90
2,87 20,65
6,21
Regressão
5
Intercepto Inclinação R
2
P
Regular 18,090 -0,094 0,004 0,001
1
Produção de leite (kg/dia) medida durante o período experimental;
2
Produção de leite
(kg/dia) estimada pelo modelo CNCPS v.5.0;
3
Desvio médio=média predita pelo
CNCPS menos a observada;
4
Desvio-padrão dos valores observados, e raiz quadrada do
quadrado médio do erro da predição (RQMEP) para os valores preditos (CNCPS);
5
Os
parâmetros estimados, intercepto e inclinação, foram testados pelo teste t (0,05), para
B0=
0
e B
1
=1;
6
Regressão passando pela origem (B
0
=0); *Significativo estatisticamente
pelo teste t (P<0,05)
Os níveis de energia metabolizável oriundos da forragem são, em
primeiro lugar, determinados pela porcentagem de FDN e sua taxa de digestão.
127
A diminuição da extensão da digestão ruminal da FDN reduz os níveis de EM
por limitar potencialmente a digestão pós-ruminal (CNCPS utiliza 20%). Em
adição, a redução da degradação ruminal de grãos pode apresentar maior ou
menor efeito na EM, dependendo do valor de digestibilidade intestinal do amido
informado ao programa, que, por sua vez, é dependente do tipo de grão e do
processamento do mesmo (Ainslie et al., 1993)
y = x
0
5
10
15
20
25
4 8 12 16 20
Prod. leite predita (CNCPS)
Prod. leite observada
Observado CNCPS
Figura 5. Relação entre valores de produção de leite (kg/dia) observados e
preditos pelo modelo CNCPS de acordo com a ingestão de energia de vacas da
raça Holandês em pastagem de capim-coastcross suplementada com 3
kg/animal/dia de concentrado.
128
y = x
8
12
16
20
24
8 12162024
Prod. leite estimada (CNCPS)
Prod. leite observada
CNCPS Observado
Figura 6. Relação entre valores de produção de leite (kg/dia) observados e
preditos pelo modelo CNCPS de acordo com a ingestão de energia de vacas da
raça Holandês em pastagem de capim-coastcross suplementada com 6
kg/animal/dia de concentrado.
Segundo Fox et al. (2004), as exigências energéticas e protéicas para a
lactação são calculadas de acordo com a produção de leite e seus componentes.
Com base na produção real de leite por animal, a energia metabolizável
requerida para a lactação é calculada com 64,4% de eficiência e a proteína
metabolizável, com 65%, estando, desta forma, sujeita a erros de estimativa.
Chaves & Kolver (2004), utilizando o modelo CNCPS para comparar o
desempenho de vacas no terço final da lactação, a pasto, sem suplementação ou
suplementadas com silagens de diferentes culturas, observaram melhores
predições para os animais que não receberam suplementação.
A superestimativa da produção de leite quando os animais foram
alimentados com silagem de milho pode ter ocorrido em razão do aumento da
taxa de degradação dos carboidratos da dieta. Os carboidratos de rápida
fermentação são a principal fonte de energia para os microrganismos do rúmen
129
e, por conseguinte, para os ruminantes devido à sua
conversão em ácidos graxos
voláteis através da ação fermentativa (Cabral et al., 2005; Van Soest, 1994).
As produções de leite preditas pelo modelo CNCPS para os animais
alimentados com silagem de milho e 3 ou 6 kg/dia de concentrado apresentaram
tendência a serem superestimadas em função da EM e da proteína metabolizável
(PM) da dieta. Para o estudo de cada grupo de animais foi escolhido o fator que
tenha ocasionado a menor produção, considerado como nutriente limitante em
função do outro.
Para os animais alimentados com silagem de milho e 3 kg/dia de
concentrado, segundo o modelo, a EM da dieta seria suficiente para a produção
de 20,22 kg/dia. A PM foi escolhida para a discussão do modelo por ter
estimado uma menor produção de leite, mesmo ainda superestimando a
produção observada. Este comportamento pode ser atribuído ao menor teor de
proteína da dieta em função da redução da ingestão de concentrado.
A produção de leite dos animais alimentados com 3 kg/dia de concentrado
foi semelhante à predita pelo modelo, apresentando uma tendência a ser
superestimada em somente 0,39 kg/dia de leite em função da PM da dieta
(Tabela 11), correspondendo a um aumento de 2,23% da produção. No entanto,
os valores estimados pelo CNCPS (Figura 7) mostram a baixa precisão do
modelo por superestimar e subestimar as produções de leite observadas.
Segundo Ruiz et al. (2001), o CNCPS foi eficiente na predição da
produção de leite de vacas em lactação consumindo capim dos pomares
(Dactylus glomerata L.) verde picado, e suplementado com fonte de energia
contendo 87% de farelo de milho e teores de 8,6% de PB e 11,2% de FDN,
apresentando alta correlação entre os valores observados e estimados. O balanço
de N no rúmen foi positivo, inferindo que as bactérias ruminais não obtiveram
energia suficiente para utilizar toda a proteína degradada no rúmen, apesar de o
concentrado utilizado conter 87% de farelo de milho.
130
Tabela 11 - Comparação das produções de leite observadas e preditas pelo
modelo CNCPS de vacas da raça Holandês em pastagem de capim-
coastcross suplementada com silagem de milho e 3 kg/dia de
concentrado.
PL (kg/dia)
DM
(kg/dia)
3
DM (%predito)
DP ou
RQMEP
4
Observado
1
19,48 4,28
CNCPS
2
19,88
- 0,39 -2,02
4,60
Regressão
5
Intercepto Inclinação R
2
P
Regular 17,171 0,190 0,004 0,084
Origem
6
0,982 0,942 0,001
1
Produção de leite (kg/dia) medida durante o período experimental;
2
Produção de leite
(kg/dia) estimada pelo modelo CNCPS v.5.0;
3
Desvio médio=média predita pelo
CNCPS menos a observada;
4
Desvio-padrão dos valores observados, e raiz quadrada do
quadrado médio do erro da predição (RQMEP) para os valores preditos (CNCPS);
5
Os
parâmetros estimados, intercepto e inclinação, foram testados pelo teste t (0,05), para
B0=
0
e B
1
=1;
6
Regressão passando pela origem (B
0
=0); *Significativo estatisticamente
pelo teste t (P<0,05)
Figura 7. Relação entre valores de produção de leite (kg/dia) observados e
preditos pelo modelo CNCPS de acordo com a ingestão de proteína de vacas da
raça Holandês em pastagem de capim-coastcross suplementada com silagem de
milho e 3 kg/animal/dia de concentrado.
131
Kolver e Muller (1998), utilizando vacas da raça Holandês manejadas
em condição de pastejo, observaram produções de 29,6 kg/dia de leite com
3,72% de gordura e 2,61% de proteína. O CNCPS estimou EM suficiente para a
produção de 27,6 kg/dia de leite. A diferença (P<0,05) entre as produções
observada e estimada indicou mobilização de energia do tecido e perda de um
ponto na condição corporal em 209 dias. Neste contexto, foi proposta uma nova
avaliação do modelo, adicionando 9,4 kg/dia de um suplemento contendo 5 kg
de farelo de milho e 3,4 kg de silagem de milho para animais que estavam
consumindo 14 kg/dia de MS em sistema de pastejo. De acordo com esses
autores, com o uso do modelo de predição foi possível observar que uma
produção superior a 30 kg/dia de leite sem suplementação adequada é inviável
para animais mantidos a pasto.
De acordo com a EM disponível na dieta, os animais que receberam 6
kg/dia de concentrado tiveram sua produção superestimada pelo modelo em
20,75%. A PM superestimou a produção de leite em 26,41%, o que
proporcionaria uma produção de leite igual a 28,52 kg/dia.
O desvio DM apresentado na Tabela 12 (4,68 kg/dia) não diferiu
(P>0,05) pelo teste t (P>0,05), inferindo a acurácia da predição do modelo.
Entretanto, assim como para as produções preditas para os animais alimentados
apenas com concentrado, o RQMEP foi elevado, comprovando a falta de
precisão do modelo. Os parâmetros estimados na regressão regular, para os
coeficientes linear (intercepto) e angular (inclinação), não diferiram
significativamente de zero e um, respectivamente, pelo teste t. O novo
coeficiente angular foi calculado com a regressão passando pela origem
(intercepto=0). A inclinação e a trajetória dos dados estão dispostas na Figura 7.
132
Tabela 12 - Comparação das produções de leite observadas e preditas pelo
modelo CNCPS para vacas da raça Holandês em pastagem de
capim-coastcross suplementadas com silagem de milho e 6 kg/dia
de concentrado.
PL (kg/dia) DM (kg/dia)
3
DM
(%predito)
DP ou
RQMEP
4
Observad 22,60 5,57
CNCPS
2
27,29
- 4,68 - 17,17
7,88
Regressão
5
Intercepto Inclinação R
2
P
Regular 18,123 0,164 0,014 0,062
Origem
6
- 0,814 0,933 0,001
1
Produção de leite (kg/dia) medida durante o período experimental;
2
Produção de leite
(kg/dia) estimada pelo modelo CNCPS v.5.0;
3
Desvio médio=média predita pelo
CNCPS menos a observada;
4
Desvio-padrão dos valores observados, e raiz quadrada do
quadrado médio do erro da predição (RQMEP) para os valores preditos (CNCPS);
5
Os
parâmetros estimados, intercepto e inclinação, foram testados pelo teste t (0,05), para
B0=
0
e B
1
=1;
6
Regressão passando pela origem (B
0
=0); *Significativo estatisticamente
pelo teste t (P<0,05)
y = x
12
18
24
30
36
42
19 23 27 31 35 39
Prod. leite estimada (CNCPS)
Prod. leite observada
CNCPS Observada
Figura 8. Relação entre valores de produção de leite (kg/dia) observados e
preditos pelo modelo CNCPS de acordo com a ingestão de energia de vacas da
raça Holandês em pastagem de capim-coastcross suplementada com silagem de
milho e 6 kg/animal/dia de concentrado.
133
Ainslie et al. (1993) observaram mudanças na degradabilidade da
proteína no rúmen de novilhas consumindo silagem de milho. De acordo com
esses autores, para uma eficiente avaliação da capacidade do CNCPS em
predizer o desempenho animal, é importante fornecer ao modelo as variáveis que
influenciem essas alterações da fermentação ruminal, como frações de
carboidratos, proteínas e suas taxas de digestão.
Segundo Cabral (2002), a redução dos teores de FDN e FDA, em função
da presença de grãos na silagem de milho, permite maior ingestão de alimentos e
maior disponibilidade de energia para os animais. Os resultados observados no
presente experimento provavelmente ocorreram em função dos maiores teores
de CNF e fração A de nitrogênio, em relação aos valores verificados para o
capim-coastcross, bem como pela maior taxa de degradação da silagem de milho
informada ao modelo.
134
4 CONCLUSÕES
O CNCPS se mostrou exato, mas pouco preciso na predição do
consumo, subestimando ou superestimando os valores estimados com o Cr
2
O
3.
A energia metabolizável foi o primeiro limitante para a produção de
leite. A predição para os animais que consumiram 6 kg de concentrado foi mais
próxima da produção observada. Com a adição da silagem de milho à dieta,
houve superestimativa da produção de leite, sendo a energia metabolizável e a
proteína metabolizável os principais limitantes para o tratamento com 6 kg e 3
kg de concentrado, respectivamente.
135
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em regiões de clima tropical a estacionalidade na produção de matéria seca
das pastagens é caracterizada por maior disponibilidade na primavera/verão e
redução no outono/inverno. Neste contesto, o período em que a pastagem é
avaliada é de relevante importância, uma vez que permite desenvolver
estratégias de manejo e suplementação do pasto, visando o aumento da energia
da dieta.
O manejo adotado proporcionou pastagem de boa qualidade e elevada oferta
de matéria seca do capim-coastcross ((Cynodon dactylon L. (Pers.)) ao longo do
experimento, permitindo que a gramínea pudesse expressar seu potencial
genético.
A alta disponibilidade de pasto, associada à habilidade dos bovinos em
selecionar o alimento, favoreceu o consumo, permitindo aos animais priorizar a
ingestão de folhas mais jovens, com maior valor nutritivo. O fracionamento dos
compostos nitrogenados e de carboidratos sugerido pelo CNCPS, que associa as
características químicas dos alimentos com sua utilização pelos microrganismos
e seu comportamento ao longo do trato gastrintestinal, apresentaram valores
satisfatórios para o sincronismo das taxas de degradação de carboidratos e
nitrogênio.
O uso do indicador óxido crômico como medida indireta na estimativa do
consumo dos animais em condições de pastejo diminuiu os efeitos de uma
possível interferência no comportamento animal e permitiu, com a utilização do
método de dose única, a estimativa de taxa de passagem e tempos médios de
retenção nos diferentes compartimentos do trato gastrintestinal.
O nível de ingestão da dieta foi avaliado considerando os teores de matéria
seca e de fibra em detergente neutro – FDN dos alimentos, haja vista que o teor
de FDN influencia o consumo por apresentar taxa de passagem normalmente
136
mais lenta do que a dos demais constituintes da dieta. Foram observadas
variações no consumo quando a silagem de milho foi adicionada à dieta devido
não somente ao seu teor de FDN, mas também ao tamanho inicial das partículas
e à sua fractabilidade.
A oferta de 6 kg/vaca/dia de concentrado influenciou o consumo, causando
substituição da ingestão de matéria seca do pasto pelo suplemento. Embora
menores taxas de substituição reflitam em maior resposta à suplementação, o
efeito de substituição não prejudicou o desempenho das vacas manejadas sob
pastejo. Os que consumiram 6 kg/dia de concentrado produziram 0,93 kg de
leite/kg de MS ingerida, enquanto as vacas que consumiram 3 kg/dia de
concentrado produziram 0,77 kg de leite/kg de MS ingerida, permitindo inferir
que a dieta constituída por 6 kg/vaca/dia de concentrado foi mais eficiente em
suprir as exigências dos animais em lactação, quando comparada à dieta com 3
kg/vaca/dia de concentrado. Esta prévia avaliação pode ser considerada para o
aumento da taxa de lotação da área pastejada pelos animais que consumiram o
maior nível de concentrado, aumentando, assim, a produtividade do rebanho por
área.
O balanceamento de dietas e o desenvolvimento de estratégias adequadas de
suplementação podem ser realizados com o uso modelos de predição como o
CNCPS. Apesar de esse programa ser oriundo de um país de clima temperado,
em que os alimentos empregados na alimentação de bovinos apresentam
composição química distinta dos utilizados no Brasil, a ele foi adicionada uma
biblioteca de forrageiras tropicais atualizada e expandida a cada versão, servindo
como base na predição do desempenho em sistemas de produção de bovinos
manejados em condições tropicais.
Ainda que o modelo tenha mostrado acuidade na estimativa de grande parte
das avaliações, a trajetória dos valores estimados e observados apresentou baixa
precisão do modelo por hora superestimar, hora subestimar as produções de leite
137
observadas. O melhor ajuste do modelo foi observado quando a silagem de
milho foi adicionada à dieta, podendo-se inferir maior capacidade de predição do
CNCPS de acordo com a dieta oferecida.
Embora os dados relativos à caracterização do rebanho tenham sido
informados ao programa, avaliações pontuais, utilizando animais no mesmo
estádio produtivo e reprodutivo pode ocasionar melhor ajuste do modelo com
maior predição na produção.
138
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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142
ANEXOS
143
Anexo
Página
TABELA 1A. Resumo das análises de variância dos valores de
produção e oferta de matéria seca (MS) e MS residual
do capim-coastcross...................................................... 144
TABELA 2A. Resumo das análises de variância dos valores de fibra
em detergente neutro (FDN), fibra em detergente
ácido (FDA), Lignina e digestibilidade in vitro, em
porcentagem da matéria seca (MS) do capim-
coastcross...................................................................... 144
TABELA 3A. Resumo das análises de variância dos valores de PB e
das frações nitrogenadas A, B
1
+B
2
, B
3
, C, em
porcentagem da MS.......................................................
144
TABELA 4A. Resumo das análises de variância dos valores das
frações nitrogenadas A, B
1
+B
2
, B
3
, C, em
porcentagem da PB....................................................... 145
TABELA 5A. Resumo das análises de variância dos valores de
carboidratos totais (CT) e das frações de CNF (A +
B
1
) +B
2
, e, C, em porcentagem da MS..........................
145
TABELA 6A. Resumo das análises de variância dos valores de
consumo de matéria seca (CMS), consumo de fibra
em detergente neutro total (CFDNT), consumo de
matéria seca da forragem (CMSP) e consumo de fibra
em detergente neutro da forragem (CFDNP) em
porcentagem do peso vivo............................................. 146
TABELA 7A. Resumo da análise de variância do desdobramento das
interações dos tratamentos (3 e 6 kg de concentrado)
para cada estação do ano para consumo de matéria
seca (CMS), consumo de fibra em detergente neutro
total (CFDNT), consumo de matéria seca da
forragem (CMSP) e consumo de fibra em detergente
neutro da forragem (CFDNP) em porcentagem do
peso vivo...................................................................... 146
TABELA 8A. Resumo das análises de variância dos valores de
produção de leite (PL), produção de leite corrigida
para 3,5% de gordura (PLC), teores de gordura,
proteína e lactose do leite.............................................. 147
TABELA 9A. Resumo da análise de variância do desdobramento das
interações dos tratamentos (3 e 6 kg de concentrado)
para cada estação do ano para porcentagem de
gordura no leite............................................................. 147
144
TABELA 1A . Resumo das análises de variância dos valores de produção e oferta
de matéria seca (MS) e MS residual do capim-coastcross.
Fontes de variação GL Quadrados Médios
Produção de MS
(ha)
oferta de MS (ha) MS residual
(ha)
Estação 3 1499845.78* 7233235.02* 5403509.33*
Tratamento 1 1477050.43
ns
748780.49
ns
424534.17
ns
Estação x Trat 3 450690.46
ns
110580.96
ns
63547.81
ns
erro 40 423829.61 717070.42 414486.75
Média 3338.01 7140.85 4107.81
CV% 19.50 11.86 15.67
* Significativo pelo teste F;
ns
não significativo
TABELA 2A . Resumo das análises de variância dos valores de fibra em
detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA),
Lignina e digestibilidade in vitro, em porcentagem da matéria
seca (MS) do capim-coastcross.
Fontes de variação GL Quadrados Médios
FDN FDA Lignina DIVMS
Estação 3 73.1300* 82.5287
ns
2.4545
ns
202.4811*
Tratamento 1 10.3351
ns
0.1531
ns
1.2949
ns
0.6014
ns
Estação x Trat 3 8.7150
ns
9.6788
ns
2.4127
ns
44.4179
ns
erro 40 28.9328 6.8391 1.4704 18.2498
Média 64.9971 33.15137 7.4080 68.1161
CV% 8.28 7.89 16.37 6.27
* Significativo pelo teste F;
ns
não significativo
TABELA 3A . Resumo das análises de variância dos valores de PB e das
frações nitrogenadas A, B
1
+B
2
, B
3
, C, em porcentagem da MS.
Fontes de variação GL Quadrados Médios
PB A B
1
+B
2
B
3
C
Estação 3 6.4519
ns
0.7294
ns
12.3614* 1.4249
ns
0.4192
ns
Tratamento 1 0.2816
ns
0.2210
ns
0.4704
ns
1.5469
ns
0.0003
ns
Estação x Trat 3 3.7483
ns
4.4650
ns
1.6126
ns
0.4851
ns
0.0668
ns
erro 40 3.4937 3.6412 1.4583 1.5895 0.1526
Média 15.4796 4.5216 5.5740 3.8611 1.6095
CV% 12.08 42.20 21.67 32.65 24.27
* Significativo pelo teste F;
ns
não significativo
145
TABELA 4A . Resumo das análises de variância dos valores das frações
nitrogenadas A, B
1
+B
2
, B
3
, C, em porcentagem da PB.
Fontes de variação GL Quadrados Médios
A B
1
+B
2
B
3
C
Estação 3 100.4490
ns
274.6047* 68.2925
ns
21.9075
ns
Tratamento 1 1.2503
ns
34.3695
ns
112.1582
ns
0.0021
ns
Estação x Trat 3 95.6827
ns
49.9274
ns
64.2531
ns
3.3112
ns
erro 40 107.6834 79.9570 78.5824 8.8591
Média 28.5591 36.2043 25.2071 10.5570
CV% 36.34 24.70 35.17 28.19
* Significativo pelo teste F;
ns
não significativo
TABELA 5A . Resumo das análises de variância dos valores de carboidratos
totais (CT) e das frações de CNF (A + B
1
) +B
2
, e, C, em
porcentagem da MS.
Fontes de variação GL Quadrados Médios
CT CNF (A + B
1
) B
2
C
Estação 3 5.9616
ns
122.8171* 103.6772
n
14.1411
ns
Tratamento 1 0.5454
ns
1.5631
ns
0.5493
ns
7.4529
ns
Estação x Trat 3 3.1266
ns
18.5031
ns
36.0147
ns
13.8972
ns
erro 40 3.4321 32.5573 36.8937 8.4696
Média 76,48 17.0582 41.74718 17.7795
CV% 2,37 34.53 14.55 16.37
* Significativo pelo teste F;
ns
não significativo
146
TABELA 6A . Resumo das análises de variância dos valores de consumo de
matéria seca (CMS), consumo de fibra em detergente neutro total
(CFDNT), consumo de matéria seca da forragem (CMSP) e
consumo de fibra em detergente neutro da forragem (CFDNP) em
porcentagem do peso vivo.
Fontes de variação GL Quadrados Médios
CMS CFDNT CMSP CFDNP
Área 1 0.0333
ns
0.0712
ns
0.3488
ns
0.0480
ns
Bloco 2 0.0230
ns
0.0210
ns
0.0135
ns
0.0290
ns
Área x Bloco 2 0.0857
ns
0.0340
ns
0.0052
ns
0.0157
ns
Estação 3 0.2788
ns
0.1727
ns
3.3987* 1.0132*
Tratamento 1 0.4483
ns
1.3190* 5.8800* 2.3807*
Estação x Trat 3 0.1697
ns
0.2571* 0.9440* 0.3065*
erro 35 0.2577 0.0841 0.1559 0.0814
Média 3.23 1.751 2.13 1.365
CV% 15.71 16.55 18.51 20.89
* Significativo pelo teste F;
ns
não significativo
TABELA 7A . Resumo da análise de variância do desdobramento das interações
dos tratamentos (3 e 6 kg de concentrado) para cada estação do
ano para consumo de matéria seca (CMS), consumo de fibra em
detergente neutro total (CFDNT), consumo de matéria seca da
forragem (CMSP) e consumo de fibra em detergente neutro da
forragem (CFDNP) em porcentagem do peso vivo.
Fontes de variação GL Quadrados Médios
CFDNT CMSP CFDNP
Tratamento/verão 1 1.7305* 6.6901* 2.4417*
Tratamento/outono 1 0.2329
ns
1.3320* 0.5367*
Tratamento/inverno 1 0.0810
ns
0.5598
ns
0.2146*
Tratamento/primavera 1 0.0458
ns
0.1302
ns
0.1071
ns
Resíduo 35 0.0841 0.1559 0.0814
* Significativo pelo teste F;
ns
não significativo
147
TABELA 8A . Resumo das análises de variância dos valores de produção de
leite (PL), produção de leite corrigida para 3,5% de gordura
(PLC), teores de gordura, proteína e lactose do leite.
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