II.3.2. Aimé Adrien Taunay
Taunay, francês nascido em 1803, é filho de Nicolas-Antoine Taunay,
artista da Missão Artística Francesa de 1816
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.
Foi o segundo artista contratado por
Langsdorff. Assim como Rugendas,
vi
nha de uma família com tradição artística,
vinculando
-se diretamente a uma herança e poderio em torno da pintura de
paisagem no Rio de Janeiro, pois seu pai e irmão (Félix-Émile Taunay) foram
professores desta cátedra na Academia e Escola Real de Belas
-
Art
es.
Em relação a esta tradição profissional familiar, podemos afirmar que o
trabalho de Nicolas apresenta peculiaridades que o aproximam das formas
assumidas pelo romantismo e o tratamento particular dado à natureza por este
movimento artístico (fig. 27).
De acordo com Santana (2000, p. 69),
Os cânones do neoclassicismo trazidos pela Missão Francesa se
defrontam com uma “outra” realidade onde a riqueza do cenário
natural e a ampla escala da paisagem não se submetem aos
rígidos esquemas europeus. O grandioso perfil do Pão de Açúcar,
com a suavidade de suas curvas, torna-se o fundo ideal de
numerosas pinturas e estas favorecem sua primeira relação com a
cidade, retratada em primeiro plano, como nas vistas do morro de
Santo Antônio de Nicolas Antoine Taunay (fig. 28) e a de Thomas
Ender. A idealizada harmonia entre o contexto urbano e a
natureza só se dá nas pinturas de ateliê, quando a composição
formal se aproxima das imagens desejadas, conseguindo, dessa
forma, conter a natureza que se impõe com a majestade de seus
monumentos sobre as modestas arquiteturas e a pequena
dimensão da cidade colonial.
Na interpretação comumente dada às cenas produzidas pelo artista
afirma
-se o senso de um romantismo pictórico e uma imponência da natureza e
de seus elementos que recebem tratamento monumental em face de uma
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Parisiense, Nicolas dedicou-se inicialmente à paisagem, sendo um dos artistas prediletos de
Napoleão, para quem pintou várias cenas de batalha, e da Imperatriz Josefina. A queda do
Império obrigou-o a embarcar aos 61 anos para o longínquo Brasil, onde, por cinco anos,
continuou pintando quadros de temática bíblica, mitológica ou histórica, cenas de gênero e
retratos infantis, além de paisagens da Floresta da Tijuca e vistas do Rio de Janeiro. Este artista,
cujo prestígio tem aumentado em anos recentes, é sob muitos aspectos o herdeiro e continuador
dos paisagistas holandeses do Séc. XVII, porém tocado pela visão renovadora de Joseph Vernet e
pelas invenções pré-românticas de Francesco Casanova. Angela Ancora da Luz, em seu livro
Uma breve história dos salões de arte – da Europa ao Brasil, afirma que Nicolas Antoine Taunay
“foi agregado da Academia Francesa, apesar de não ter sido membro pleno, tendo obtido uma
pensão para a Academia de Roma, onde passou três anos” (LUZ, 2005, p. 52).