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P G C A
Pós-Graduação em Ciência Ambiental
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
CENTRO DE ESTUDOS GERAIS
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA AMBIENTAL
CORREDORES DENDRÍTICOS EM PAISAGEM ALTERADA:
UMA PROPOSTA METODOLÓGICA
DÁCIO DE CASTRO VIVAS NETO
Niterói
Setembro 2006
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II
DÁCIO DE CASTRO VIVAS NETO
CORREDORES DENDRÍTICOS EM PAISAGEM ALTERADA:
UMA PROPOSTA METODOLÓGICA
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós–Graduação em
Ciência Ambiental da Universidade
Federal Fluminense, como requisito
parcial para a obtenção do grau de
Mestre.
Orientador: Dra Maria Elaine Araújo de Oliveira
Co-orientador: Dra. Cristiane Nunes Francisco
Niterói
Setembro 2006
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III
DÁCIO DE CASTRO VIVAS NETO
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciência Ambiental da
Universidade Federal Fluminense como
requisito parcial para a obtenção do grau de
Mestre.
Aprovada em setembro de 2006.
BANCA EXAMINADORA
.......................................................................................................................
Dra. Maria Elaine Araújo de Oliveira
Universidade Federal Fluminense
.......................................................................................................................
Dr. Alphonse Germaine Albert Charles Kelecom
Universidade Federal Fluminense
.........................................................................................................................
Dr. Kenny Tanizaki Fonseca
Universidade Estadual do Rio de Janeiro
Niterói
Setembro 2006
IV
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que direta ou indiretamente participaram e acreditaram neste
trabalho, em especial à minha orientadora Profa. Dra Maria Elaine de Oliveira.
À minha co-orientadora Profa. Dra. Cristiane Francisco.
Ao Prof. Dr. Alphonse Kelecom.
Ao Prof. Dr. Humberto Machado.
Ao Prof. Dr. Luiz Flamarion de Oliveira.
Aos professores e secretário do PGCA.
Aos bolsistas do LASERE e colegas da Biblioteca do Instituto de
Geociências e do Centro de Estudos Gerais.
Aos meus avós, pais, filhos e neta.
À Nadir Jane pela paciente presença.
V
Nunca as mesmas flores,
sempre a primavera...
- I Ching –
VI
SUMÁRIO
Lista de Tabelas......................................................................................... VII
Lista de Figuras.......................................................................................... VIII
RESUMO................................................................................................... X
ABSTRACT................................................................................................ XI
1. INTRODUÇÃO....................................................................................
1.1.
A Paisagem Fragmentada...........................................................
1
2
1.2.
Os Corredores Dendríticos.......................................................... 7
2. OBJETIVO........................................................................................... 11
3. ÁREA DE ESTUDO............................................................................. 12
4. METODOLOGIA.................................................................................. 19
4.1.
A Escolha da Região de Estudo................................................. 19
4.2.
A Cobertura Florestal................................................................. 21
4.3.
Etapas da Construção do Método.............................................. 23
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................... 25
5.1.
A Paisagem Fragmentada.......................................................... 26
5.2.
A Construção dos Corredores Dendríticos................................. 30
5.3.
A Nova Configuração da Paisagem........................................... 34
5.3.1. Tamanho dos Fragmentos.............................................. 34
5.3.2. Vulnerabilidade dos Fragmentos..................................... 38
5.3.3. Corredores para Quem?................................................. 40
6. CONCLUSÕES................................................................................... 45
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................ 47
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................... 48
ANEXOS............................................................................................. 57
VII
LISTA DE TABELAS
Tabela
Página
1 Distribuição das categorias de densidade de borda (DB) dos
fragmentos, nas classes de tamanho (1 a 4), antes (FAN) e
após (FAP) a implementação dos corredores.
39
VIII
LISTA DE FIGURAS
Figura Página
1 Inserção da Bacia do Rio São João no Estado do Rio de
Janeiro. A seta indica a localização do Rio Capivari.
12
2 Delimitação da Bacia do Rio Capivari, a partir de imagem
capturada pelo satélite SPOT-5, setembro de 2004.
13
3 Região do ritral do Rio Capivari, Silva Jardim, RJ.
15
4 Região do potamal do Rio Capivari, Silva Jardim, RJ.
16
5 Matriz composta por pastagem e fragmento florestal
na Bacia do Rio Capivari, Silva Jardim,RJ.
17
6 Matriz composta por pastagem e fragmento florestal na
Bacia do Rio Capivari, Silva Jardim, RJ.
17
7 Inserção da região de estudo no contexto das áreas
protegidas no Corredor de Biodiversidade da Serra do Mar.
20
8 Fragmentos florestais da região da Bacia do Rio Capivari, RJ.
27
9 Histograma de freqüência do número de fragmentos
florestais da região da Bacia do Rio Capivari, RJ.
28
10 Fragmentos florestais da região da Bacia do Rio Capivari,
com área inferior a 100ha.
29
11 Fragmentos florestais da região da Bacia do Rio Capivari,
com área superior a 100ha.
30
12 Disposição dos buffers gerados sobre a rede hidrográfica da
Bacia do Rio Capivari, RJ, a partir da exclusão das áreas de
intercessão com as zonas de amortecimento da rede viária e
dos núcleos urbanos.
32
13 Fragmentos florestais da região da Bacia do Rio Capivari
conectados através dos corredores dendríticos.
33
14 Histograma de freqüência observada nas classes de
tamanho antes e após a implementação dos corredores.
34
IX
Figura
Página
15 Fragmentos florestais da região da Bacia do Rio Capivari,
com área inferior a 100ha, resultantes do delineamento dos
corredores dendríticos.
35
16 Fragmentos florestais da região da Bacia do Rio Capivari,
com área superior a 100ha, resultantes do delineamento dos
corredores dendríticos.
36
17 Corredores ripários na reconstituição da mata ciliar da Bacia
do Rio Capivari, RJ
37
18 Densidade de borda antes (A) e após (D) o estabelecimento
dos corredores dendríticos na paisagem da Bacia do Rio
Capivari, RJ.
40
X
RESUMO
A fragmentação da Floresta Atlântica está relacionada ao uso do solo, sendo
determinada por fatores sociais, econômicos e culturais. A região da Bacia do Rio
Capivari, RJ, ao longo de sua história de ocupação, apresentou um intensivo
desflorestamento que resultou na fragmentação de habitats. Este trabalho tem
como objetivo propor um método para o estabelecimento de corredores
dendríticos utilizando a bacia hidrográfica como unidade espacial. Através da
confecção de planos de informação com base em imagem de satélite, foi
evidenciada a cobertura florestal e a distribuição e estrutura espacial dos
fragmentos na região. O estabelecimento de buffers de 100m ao longo das
margens que compõem os rios da rede hidrográfica, permitiu a projeção de
corredores interligando os fragmentos, um incremento da área total de cobertura
florestal, resultando em uma nova configuração da paisagem na Bacia. Esse
procedimento permitiu a avaliação da vulnerabilidade dos fragmentos florestais e
demonstrou poder viabilizar a reconstituição da mata ciliar. O estabelecimento de
corredores dendríticos pode se tornar um mecanismo importante no incremento
da conectividade entre as áreas florestais e, conseqüentemente, na capacidade
de conservação dos habitats dos fragmentos florestais da Bacia.
XI
ABSTRACT
The Atlantic Forest fragmentation has been improved through intense land use as
consequence of social, economic, and cultural factors. The rate of forest
deforestation of the Capivari basin region (RJ) throughout the years led to
intensive habitat fragmentation. This research aims to propose a method of
creating dendritic corridors by using the hydrographic basin as a spatial unit. This
work aims to propose a method for the establishment of dendritic corridors by
using the hydrographic basin as space unit. The forest cover of the area as well as
the distribution and space structure of fragments were identified through a
Geographic Information System. The 100m wide buffers delineated along the river
margins allowed the construction of corridors linked fragments. This procedure
allowed a forest cover area increment and a new shape for the Basin landscape.
The vulnerability evaluation of forest fragments and the possibility of forest gallery
reconstruction are consequences of this effort. The establishment of dendritic
corridors can be an important way to increase connectivity among forest areas and
as a matter of fact the capacity of habitat conservation of forest fragments in the
hydrographic basin.
1. INTRODUÇÃO
O mundo encara o desafio de manejar os recursos da biodiversidade de
uma forma sustentável, enquanto conserva o máximo de suas possibilidades para
as futuras gerações. Os estudos que envolvem a diversidade biológica e sua
conservação não são tarefas fáceis: nos últimos trezentos anos, o empenho
científico somente arranhou a superfície da compreensão de que a biodiversidade
existe na Terra, e de como ela funciona.
Para obter algum conhecimento sobre a biologia da conservação, os
estudos integrados constituem-se ferramentas indispensáveis para o melhor
entendimento da natureza e seus diversos mecanismos de sustentação e
equilíbrio. A ecologia da paisagem lança uma abordagem que integra o ambiente
em várias escalas espaciais e temporais, permitindo avaliar, entre outros fatores,
o impacto antrópico sobre a natureza. Nesse contexto, a destruição de hábitats
constitui o cerne das discussões visando a conservação de uma biodiversidade
que atualmente se encontra fragmentada e inserida, em sua maior parte, em uma
área modificada ou matriz antrópica. A destruição de grandes extensões de
florestas heterogêneas reduziu hábitats naturais a fragmentos menores que ainda
guardam alguma característica da vegetação original. Nestes, as populações
locais podem ficar isoladas, e a distância entre os mesmos é tão grande que
impede o deslocamento das espécies. Muitas espécies podem ficar restritas a um
ou mais fragmentos, o que torna a extinção uma questão de tempo (Forman,
1997; Shafer, 1990; Spellerberg & Sawyer, 1999).
A conectividade entre fragmentos e a construção de corredores ecológicos
trazem à tona uma nova perspectiva na ecologia da paisagem, pois promovem
condições de, se não recompor a biodiversidade perdida, manter a diversidade
em equilíbrio regional ou atenuar os impactos que levam à extinção de espécies
(Meffe & Carroll, 1997; Hunter, 1996; Noss & Cooperrider, 1994; Primack, 1993;
Noss, 1987; Gilpin & Soulé, 1986).
Entretanto, a questão que urge é: corredores para quem e para quê? Até
então os corredores são estabelecidos de uma forma generalista não levando em
consideração a diversidade de características que os organismos apresentam:
sua distribuição, hábitos e a relação com o ambiente antrópico (distúrbios
1
causados pelo homem). Espécies de distribuição restrita, endêmicas ou habitat-
especialistas, matriz-intolerantes e vulneráveis à pressão antrópica, teriam reais
possibilidades de sobrevivência e conservação em regiões onde a vegetação
florestal fragmentada integrasse uma rede de corredores ripários associados à
rede dendrítica inserida em uma bacia hidrográfica.
Esta pesquisa contribui para o estabelecimento e a conservação de
hábitats levando em consideração parâmetros não discutidos até o momento. A
proposta é apresentar uma metodologia que estabeleça parâmetros para a
construção de corredores observando as características hidrológicas da região, já
que as calhas de drenagem de bacias hidrográficas são naturalmente os
caminhos da biodiversidade (Metzger, 1997; Jose et al., 1996). Desta forma,
contribui para a conectividade dos fragmentos restantes, uma vez que esses se
constituem potencial área de recolonização de espécies que, anteriormente à
pressão antrópica, existiam naturalmente na região. A reconstituição da mata
ciliar, no âmbito de um corredor ripário, baseado nas características biológicas e
ecológicas de espécies de mamíferos, promoverá um potencial recurso para o
incremento da biodiversidade, e o restabelecimento das condições ideais de
qualidade da água dos rios que drenam a região.
1.1.
A Paisagem Fragmentada
Na perspectiva socioeconômica, a natureza pode ser abordada em quatro
valores principais (Benjamin, 2001): valor de uso econômico direto; valor de uso
indireto; valor de opção e valor existencial. Os três primeiros valores estão
atrelados tanto ao uso de consumo quanto ao uso de produção, assim, cruciais à
sobrevivência do mercado, do humano. São todos instrumentais que, neste
enfoque, resguardam a diversidade biológica por necessidade, ou por interessar
mesmo que para as futuras gerações ou mercados.
O valor existencial deposita à natureza uma valoração intrínseca, ética e
despida do utilitarismo mercadológico. Já não é tratada como objeto, mas como
objetivo para sua própria existência. O simples fato de existir a torna
completamente distinta e liberta do ser humano.
2
Além dos recursos naturais de valor econômico, os ecossistemas e
organismos nos prestam, a custo zero, os chamados serviços ecológicos, que
vão desde a regulação da dinâmica hídrica e do clima no planeta, à renovação
dos estoques de carbono, nitrogênio e oxigênio, além do seqüestro do carbono
proveniente da queima de florestas ou petróleo, até a fixação fotossintética da
energia solar. Enfim, a diversidade biológica encerra ainda um reservatório infinito
de informações bioquímicas e genéticas, possibilitando saltos tecnológicos
inimagináveis (Benjamin, 2001).
Florestas tropicais úmidas apresentam, no mínimo, cerca de 90 mil das
250 mil espécies vegetais superiores identificadas até 1986, e ainda espécies a
serem identificadas, enquanto que os territórios das florestas da América do Norte
e da Eurásia contêm apenas 50 mil espécies. Desta forma, sob a ótica mundial,
as florestas tropicais merecem maior atenção que os biomas temperados, devido
à maior riqueza biológica e à maior ocorrência de endemismos (Milano, 2001).
A floresta Atlântica é um dos biomas mais ricos em diversidade biológica
do planeta e a pressão antrópica tem feito decrescer sensivelmente sua área.
Hoje as estimativas otimistas, para o que restou da área original, não passam de
7% (Tabarelli et al., 2005). No Estado do Rio de Janeiro, no ano de 2000, a
cobertura florestal compreendia uma área de aproximadamente 8850 km
2
,
dividida em 6124 fragmentos. Deste, 88,9% apresentavam área inferior a 100ha
(Tanizaki et al., 2005). Essa situação coloca a Mata Atlântica como uma das 15
regiões do planeta, prioritárias à conservação, conhecidas como hotspot – locais
onde altas taxas de endemismo e biodiversidade convivem com elevada pressão
antrópica.
O incremento da taxa de extinção de espécies apresenta-se sem qualquer
sinal de estabilização e a sobrevivência das mesmas se depara com grandes
desafios como a destruição de ecossistemas, a fragmentação e a degradação de
habitat, a exploração predatória, a introdução de espécies exóticas, e o aumento
de pragas e doenças (Milano, 2001).
Primack (1993) afirma que a atividade humana levou à extinção, 85
espécies de mamíferos e 113 espécies de aves e que a degradação de habitats é
a maior ameaça à diversidade biológica, enquanto Wilcox (1980) assegura que os
mamíferos constituem o grupo mais vulnerável aos efeitos da fragmentação.
3
Nas florestas tropicais o desflorestamento contínuo e intensivo resulta na
fragmentação de hábitats e, conseqüentemente, causa a redução da
biodiversidade (Feer & Hingrat, 2004; Laurance & Bierregaard, 1997; Turner,
1996; Didham et al., 1996). Por este motivo, há necessidade de entender os
padrões de fragmentação para prever a perda da diversidade em florestas
tropicais. Desta forma, as escalas espaciais e temporais de estudos em que se
considera o fragmento, devem assumir grande relevância associadas à Teoria da
Biogeografia de Ilhas (MacArthur & Wilson, 1967), a relação espécie-área, e as
teorias de metapopulação (Hanski & Simberloff, 1997), que fornecem bases para
estudos sobre colonização e extinção de espécies.
Forman (1997) entende a fragmentação como um processo de modificação
contínua da cobertura vegetal, seja natural ou antrópica, delineando a formação
de pequenas ilhas isoladas de vegetação, inseridas em uma cobertura vegetal
distinta.
A fragmentação de ecossistemas está relacionada ao uso do solo, sendo
determinada por fatores sociais, econômicos e culturais. Esse fenômeno faz parte
da dinâmica de colonização tanto em áreas rurais quanto urbanas, conseqüência
do processo de expansão das atividades antrópicas (Vianna et al., 1992).
Quando um ecossistema sofre fragmentação origina-se um efeito de borda,
resultante da interação entre dois sistemas ecológicos adjacentes, causando
alterações abióticas como a mudança do microclima (diminuição da umidade
relativa do ar e do solo (Jose et al., 1996; Kapos, 1989), aumento da incidência
de luz, da velocidade do vento e também das temperaturas do ar e do solo
(Esseen, 1994; Kapos, 1989), além de efeitos biológicos diretos, ligados a
modificações na abundância e distribuição de espécies. Algumas respostas dos
organismos envolvidos no processo somente poderão ser avaliadas após longo
período de tempo (Harrington et al., 1997). Efeitos biológicos indiretos incluem a
alteração na dinâmica das interações bióticas como competição e predação, e na
dispersão de sementes (Oliveira,1999; Kapos et al., 1997; Murcia, 1995; Lovejoy
et al., 1986).
Bell et al. (1991) afirmam que o efeito de borda nem sempre é um fator de
fácil avaliação, pois sua dimensão varia de acordo com as comunidades vegetais,
latitudes e diferentes definições (Goldstein-Golding, 1991). Em florestas decíduas
4
no leste da América do Norte sua extensão atinge aproximadamente 12m
(Forman & Godron, 1986), enquanto que para áreas de coníferas essa extensão
varia em torno de 60m (Fritschen, 1985; Harris, 1984). Para florestas tropicais,
em fragmentos circulares e não maiores que 10ha, a estimativa da extensão do
efeito de borda atinge aproximadamente 178m (Lovejoy et al., 1986). Para
fragmentos florestais na Amazônia, a extensão da borda, baseada na ocorrência
de aves, atinge 50m (Lovejoy, 1997); o mesmo valor foi obtido para a floresta
Atlântica pernambucana, em estudo de Antunes et al. (2000).
Em linhas gerais, o efeito de borda pode também causar mudanças na
composição dos nutrientes do solo, além de possibilitar a introdução de sementes
dispersas pelo vento, de insetos exógenos, e patógenos para o interior dos
fragmentos (Murcia,1995).
O tamanho do fragmento florestal é fundamental uma vez que fragmentos
grandes possuem maior área central que não é afetada ambientalmente e nem
sofre mudanças associadas à borda. Ao contrário, em fragmentos pequenos a
dinâmica do ecossistema é predominantemente influenciada por fatores externos
(Saunders et al., 1991).
Considerando que, devido à disposição heterogênea e descontínua dos
recursos naturais necessários para cada espécie, o ambiente apresenta-se como
um mosaico, Levins (1969) ressalta que a descontinuidade da distribuição das
espécies em determinada área se encontra relacionada à capacidade de
permanência de uma espécie ou população em um determinado fragmento.
O processo de fragmentação determina uma situação diferente para a
biota, e o comportamento dos animais na paisagem alterada através da
fragmentação é extremamente dependente das características dos padrões de
ocupação do espaço. Quando aumenta a população em um determinado
fragmento, maior a chance de que a população se disperse (migração) pela área,
para outro fragmento. O fato de o fragmento ser de grande tamanho implica que a
população não esteja sofrendo pressão para sair desse fragmento. Por outro
lado, o aumento na densidade demográfica, em dependência da espécie (ou tipo)
considerada, pode forçar a mesma a migrar para outros fragmentos. Neste caso,
segundo Kindlmann et al. (2005), o fluxo de indivíduos entre subpopulações pode
assumir dependência do tamanho do fragmento onde se originou a migração e a
5
distância entre dois fragmentos vizinhos. As idéias sugeridas pelos autores
indicam que o tamanho da população no fragmento-origem e, portanto, também o
número de emigrantes é proporcional ao tamanho do fragmento. Considera que a
probabilidade de que o fragmento-de-chegada seja semelhante ao tamanho do de
origem e que o fluxo entre fragmentos decresce exponencialmente com a
distância entre os fragmentos (Hanski, 1999; Wilcox, 1980).
Neste contexto, Bierregaard et al. (1992) afirma que a natureza da matriz
em que o fragmento está inserido, é um fator determinante na probabilidade de
invasões biológicas nas manchas florestais e afirma que diversas espécies de
animais residentes em fragmentos florestais não conseguem transpor grandes
extensões de matriz antrópica, composta por pastagem ou monoculturas. Pires &
Fernandez (1999) ressaltam a importância da territorialidade no interior dos
fragmentos e da capacidade da fauna se deslocar entre eles.
As alterações na paisagem fragmentada ocorrem em uma escala de tempo
curta, através da perda de área e, a longo prazo, pela insularização. Os primeiros
organismos que sofrem os efeitos nocivos da fragmentação são as espécies com
baixa densidade populacional.
Logo, o isolamento dificulta ou até mesmo impede a colonização das
manchas vegetais adjacentes por espécies residentes em fragmentos próximos
(Newton, 1995; Shafer, 1990; Spellerberg & Sawyer, 1999). Neste contexto, a
porosidade ou permeabilidade da matriz na qual o fragmento está inserido tem
relevante influência nas trocas de recursos naturais necessárias para que as
populações residentes consigam se sustentar (Silva, 2002). É interessante
observar que a presença de obstáculos e/ou a forma do fragmento-de-chegada
pode influenciar o fluxo dos indivíduos entre fragmentos. Assim, quanto maior a
permeabilidade da matriz em relação ao fluxo de espécies, menor é o risco de
extinção. A transformação da paisagem contínua, em manchas isoladas de
vegetação, ocasiona efeitos que poderão ser sentidos nas próximas décadas,
elevando a taxa de extinção da biodiversidade (Wilson, 1988).
6
1.2. Os Corredores Dendríticos
O Artigo 2 do Código Florestal Brasileiro, de 15 de setembro de 1965, pode
ser considerado como uma das primeiras menções na legislação ambiental
brasileira do que hoje chamamos de corredores ecológicos, quando protege, de
forma integral a vegetação situada ao longo da faixa marginal dos rios e ou
qualquer curso d’água, desde o seu nível mais alto, e cuja extensão dependerá da
largura do corpo d’água. Como essas áreas comunicam-se naturalmente entre si,
pois definem o canal de drenagem dos rios, formam uma rede de corredores de
diversidade biológica (Ávila Vio, 2001).
Os corredores ecológicos são mencionados na legislação brasileira
efetivamente a partir do Decreto nº. 750/93, destacando o Art. 7º. Esse Decreto
proíbe a exploração da vegetação que tenha a função de proteger a fauna e a
flora ameaçadas de extinção, e registra a importância de formar corredores entre
remanescente de vegetação primária ou em estágio avançado e médio de
regeneração. Protege, também, o entorno de unidades de conservação e áreas
de preservação permanente. O corredor ecológico pode ser definido como:
“... uma faixa de cobertura vegetal existente entre remanescentes de
vegetação primária, em estágio médio e avançado de regeneração, capaz de
propiciar habitat ou servir de área de trânsito para fauna residente nos
remanescentes. Os corredores entre remanescentes constituem-se de faixa de
cobertura vegetal existentes, nas quais seja possível a interligação de
remanescentes, em especial as unidades de conservação e áreas de
preservação permanente” (CONAMA n
o
9/96).
Também o Artigo 2 da Lei n
o
9.985 – Sistema Nacional de Unidades de
Conservação - SNUC, de 18 de julho de 2000, define corredor ecológico como
porções de ecossistemas naturais ou seminaturais ligando unidades de
conservação, possibilitando o fluxo de genes e o movimento da biota entre elas,
facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas.
Contempla áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais
para a sua sobrevivência. Esta última acrescenta à definição anterior, a idéia de
7
que o corredor ecológico não é um mero corredor de passagem, mas apresenta-
se como uma extensão dos habitats que conecta.
Corredor constitui um habitat linear, envolto em uma matriz, que conecta
um ou mais blocos grandes de habitats, propostos para a conservação e
manutenção da viabilidade das populações de espécies silvestres, servindo como
“passagem” de animais de um fragmento de habitat para outro. Nesse contexto,
excluem-se as áreas ripárias em paisagens agrícolas, por serem habitats lineares
que suportam populações de várias espécies, porém não conectados a
fragmentos de habitats (Spackman & Hughes, 1995). Desta forma, um grupo de
fragmentos de diversos tamanhos conectados por elementos da matriz, como
matas ripárias, reflorestamentos com espécies nativas e sistemas agroflorestais
que permitam a passagem de espécies, pode funcionar na prática como um
grande fragmento, permitindo o fluxo biológico e promovendo a manutenção de
grande parte da biota (Metzger, 1997; Jose et al., 1996). Shafer (1990) afirma
que, para se garantir a efetiva proteção de habitats, deve-se promover o aumento
de áreas naturais protegidas e não somente isolar as reservas em si.
Segundo Benjamin (2001), um corredor ecológico deve funcionar como
abrigo de espécies, principalmente as ameaçadas de extinção, além de promover
o câmbio gênico, proteger o solo, manter o equilíbrio hídrico e harmonizar a
paisagem. Estudos empíricos apontam que a presença de corredores pode
influenciar o aumento da criação de área de habitat. Assim torna-se importante o
estudo do efeito dos corredores na flora e a interação flora-fauna, para
demonstrar o valor do corredor no planejamento visando à conservação de
habitats.
É questionada a evidência empírica de que os corredores promovam a
conectividade da paisagem. Para muitas espécies, a conectividade da paisagem
aumenta a viabilidade das populações levando um maior número de espécies a
viverem em paisagens bem-conectadas (Meffe & Carroll, 1997; Hunter, 1996;
Noss & Cooperrider, 1994; Primack, 1993; Noss, 1987; Gilpin & Soulé, 1986). Por
outro lado, os corredores podem promover a dispersão de doenças e
perturbações catastróficas (como o fogo), ou invasão de espécies exóticas nas
áreas conectadas pelos mesmos, ou poderiam atrair espécies para áreas onde a
8
mortalidade seria elevada (Hess, 1994; Simberloff et al., 1992; Simberloff & Cox,
1987).
Existem dúvidas quanto à eficiência dos corredores e quanto aos efeitos
dos mesmos sobre as espécies. Segundo Arnold et al. (1991), estudos realizados
em remanescentes de vegetação nativa na Austrália demonstraram que esses
não são importantes para a distribuição e abundância da fauna dos grandes
marsupiais. Para algumas espécies de pombos frugívoros, da mesma forma, os
corredores não constituem elementos importantes na paisagem (Date et al.,
1991). Entretanto, o deslocamento de aves em lagos de regiões litorâneas,
demonstrou um aumento na abundância das espécies na proximidade dos
corredores e nos fragmentos conectados (Dmowski & Kosakiewicz, 1990).
Dunning et al. (1995) relataram um aumento na taxa de colonização de pardais
em paisagens com corredores e em florestas de pinheiros manejadas. A
dispersão de aves em fragmentos florestados, que se encontram inseridos em
matriz de uso agrícola, aumenta 15 vezes quando conectados por corredores
(Haas, 1995). Corredores em paisagens fragmentadas são importantes para as
populações de aves que ocorrem na borda, uma vez que aumenta a migração
entre os fragmentos conectados por corredores (Saunders & De Rebeira, 1991).
Pumas jovens em habitats fragmentados utilizam corredores como passagem
para fragmentos maiores, porém não atravessam a matriz urbana (Beier, 1995).
Embora existam visões diferentes no estudo das populações em
paisagens, a importância do papel dos movimentos migratórios na organização
dessas populações não deve ser negligenciada. Entretanto, o deslocamento de
pequenos mamíferos na paisagem fragmentada, sua natureza e distribuição, são
ainda inconsistentes (Dickman et al., 1995; Tew, 1988; Lidicker & Patton, 1987;
Liro & Szacki, 1987).
Vários projetos privilegiam variáveis políticas, sociais e econômicas para a
determinação de uma rede de corredores. Neste contexto, faz-se necessária a
proposta de um modelo ecológico para a conectividade de fragmentos. Ao
restabelecer a ligação dos fragmentos através de rios e córregos que drenam em
uma bacia (Metzger, 1997; Jose et al., 1996; Spackman & Hughes, 1995), segue-
se o caminho natural da recuperação da paisagem, já que as calhas de drenagem
assemelham-se a berços biológicos pois, geralmente, apresentam características
9
como: umidade elevada, continuidade linear, maior quantidade de matéria
orgânica no solo e proteção contra o dessecamento provocado pelos ventos.
Para o estabelecimento desta modalidade de corredores são necessários critérios
como a determinação da largura do corredor, já que estes apresentarão a
dinâmica de uma mata ciliar, e estarão sujeitos à influência da variação do nível
das águas do rio, além da matriz onde estão inseridos, da estrutura vegetacional
que permite a ligação entre os fragmentos e do fluxo dos próprios organismos.
Com a elevada taxa de crescimento demográfico e conseqüente ocupação
territorial desordenada apresentada pelos países em desenvolvimento,
localizados nos trópicos e que abrigam a maior parte da diversidade biológica do
planeta, fica a cada dia mais difícil a implementação de áreas de proteção mais
restrita. Além disso, segundo a World Comission on Environment and
Development - WCED (1987), para a representatividade dos ecossistemas do
planeta será necessário aumentar três vezes a área de conservação hoje
existente, e não se sabe exatamente até quando poderá o sistema de unidades
de conservação ampliar-se. Temos poucos anos para iniciativas de ampliação de
áreas para conservação com algum sucesso (Milano, 2001). Desta forma, a
estratégia de criação de corredores dendríticos é uma possibilidade efetiva de
ampliar o poder de conservação de habitats, mesmo quando esgotadas, no
futuro, as possibilidades de ampliação do sistema de unidades de conservação.
10
2. OBJETIVO
O presente estudo tem como objetivo o desenvolvimento de um método
para o estabelecimento de corredores dendríticos em paisagens alteradas por
fatores antrópicos, tendo como cenário a Bacia do Rio Capivari, RJ. Para isso,
pretende: (1) realizar o delineamento dos fragmentos florestais, viabilizando o
estudo sobre a distribuição e estrutura espacial, e o grau de fragmentação da
paisagem da Bacia do Rio Capivari; (2) construir um modelo caracterizando uma
nova configuração dos fragmentos florestais na Bacia; e (3) demonstrar a
viabilidade do método proposto na nova estrutura da paisagem, (4) incluindo a
simulação de sua funcionalidade na distribuição de algumas espécies de
mamíferos que potencialmente ocorrem na região.
11
3. ÁREA DE ESTUDO
Sub-bacia da Bacia do Rio o João, a Bacia Hidrográfica do Rio Capivari
cobre uma área de aproximadamente 200 quilômetros quadrados, drenando os
municípios de Rio Bonito e de Silva Jardim (Figuras 1 e 2). Está situada entre as
coordenadas 42
0
22’00’’ e 42
0
33’45’’W e 22
0
35’40’’ e 22
0
41’24’’S. Seu eixo maior,
na direção oeste-leste, corresponde ao leito do Rio Capivari que apresenta sua
nascente na região do Capivari de Cima, na Serra de Monte Azul, com
aproximadamente 300 metros de altitude. O Rio Capivari percorre 21 Km de
extensão; as zonas ritral e intermediária localizam-se em área rural e periurbana e
a zona potamal atravessa a área urbana do povoado de Varginha e da cidade de
Silva Jardim indo desaguar na represa de Juturnaíba (Bidegain, 2000), que
abastece de água oito municípios, incluindo Niterói e São Gonçalo.
Figura 1. Inserção da Bacia do Rio São João no Estado do Rio de Janeiro.
A seta indica a localização do Rio Capivari.
12
Lagoa de
Juturnaíba
Cesário Alvim
Silva Jardim
Figura 2. Delimitação da Bacia do Rio Capivari, a partir de imagem
capturada pelo satélite SPOT-5, setembro de 2004.
A Bacia do Rio Capivari situa-se quase que integralmente no Município de
Silva Jardim; apenas uma pequena parte encontra-se no Município de Rio Bonito,
representada por uma área próxima às cabeceiras na serra de Monte Azul. A
nascente situa-se ao norte da BR-101 e a aproximadamente 15 km a oeste da
cidade de Silva Jardim. O Rio Capivari é um afluente da margem direita do Rio
São João e deságua na represa de Juturnaíba, onde teve uma redução de cerca
de 5,3 km de seu curso original após a construção da barragem em 1978 (Alleluia
et al., 2004).
O clima na região é tropical quente úmido, com temperatura média mensal
superior a 21
o
C e umidade relativa entre 80 e 82%. Ocorre estação seca no
inverno, pouco pronunciada, caracterizando um clima Af segundo Köppen
(Strahler, 1981). A temperatura média anual da bacia do Rio Capivari atinge
23,2
o
C, variando entre 21,2
o
C e 25,4
o
C no período compreendido entre 1976 e
1993 (Alleluia et al., 2004). O total anual das médias mensais de precipitação
nesse mesmo período atingiu 1723mm.
13
Uma análise litológica demonstra que a Bacia do Rio Capivari é formada
por unidades metamórficas e sedimentares. As primeiras correspondem à
formação de morrotes isolados e pequenas serras abaixo de 400m de altitude
subclassificada por Complexo do Litoral Fluminense, de origem no Pré-Cambriano
Inferior, onde predominam grãos de feldspato e quartzo médios a grosseiros. As
unidades sedimentares relacionam-se aos depósitos aluvionais dos rios São João,
Capivari e Bacaxá, que drenam para a baixada litorânea Fluminense e para a
formação de restinga na faixa litorânea. Sendo esses depósitos fluviais
constituídos por areias médias a grosseiras, feldspáticas e angulosas (Cunha,
1995).
De acordo com as feições morfométricas, a bacia do Rio Capivari pode ser
caracterizada em regiões diferenciáveis, correspondentes a zonas identificadas
como ritral e potamal. Segundo Hawkes (1975) uma melhor diferenciação entre
ritral e potamal pode ser dada pela variabilidade da velocidade da água no
primeiro e pela constância dessa velocidade no segundo. Illies (1961) caracteriza
essas duas zonas em função da latitude e altitude, sendo que condições de ritral
são encontradas, para regiões equatoriais, acima de 3000 metros. Nas condições
da Bacia do Rio Capivari, o ritral estaria presente em áreas cujas nascentes
estariam localizadas em torno de 300 a 400 metros de altitude. Levando em
consideração a velocidade da água e a análise da estrutura das associações de
macroinvertebrados bentônicos (Alleluia et al., 2004), no Rio Capivari tem-se
condições de ritral na região acima de 100 metros de altitude. A uma distância de
1160 m, e a nordeste da nascente do Rio Capivari, situa-se o ponto mais elevado
da bacia, com 655 m de altitude.
A região do ritral do Rio Capivari (Figura 3) é caracterizada por maior
velocidade da correnteza e substrato composto por rochas fixas, pedras,
cascalhos e areia grosseira com diâmetro médio de 0,55 mm que, segundo Cunha
(1995), revela a competência do rio no transporte de sedimentos fluviais.
Predominam solos argiloso-vermelho-amarelo distróficos do tipo argissólico, em
avançado estado de evolução e com baixa fertilidade. Nas escarpas serranas a
cobertura vegetal é densa e contínua, do tipo Floresta Tropical Subperenefólia
Ombrófila Montana. Os morros apresentam recomposição nos topos com
vegetação secundária, demonstrando baixo grau de fragmentação e pastos
14
relativamente bem manejados com a ocorrência de erosão laminar em alguns
pontos. Com exceção da nascente, as margens do Rio Capivari, nessa região,
não apresentam mata ciliar. Os parâmetros de análise de água não indicaram
poluição nessa região (Alleluia et al., 2004). A atividade antrópica mais expressiva
é a bovinocultura extensiva, responsável pelo estabelecimento, nessa zona, de
uma matriz de pasto composta essencialmente por gramíneas.
Figura 3. Região do ritral do Rio Capivari, Silva Jardim, RJ.
A região intermediária apresenta relevo com predominância de colinas
baixas e isoladas, cuja altitude não ultrapassa 100m. O solo nessa região é do tipo
latossolo vermelho-amarelo distrófico, com evolução avançada e baixa fertilidade
e, em menor escala, argissolo vermelho-amarelo distrófico. Há predominância de
pastagens como matriz e fragmentos de vegetação de Floresta Tropical
Subperenifólia nos topos dos morros com ocorrência de erosão laminar e pouca
erosão em sulcos (Alleluia et al., 2004). Não há constatação de ocorrência de
mata ciliar, fator determinante da erosão das margens do rio e conseqüente
assoreamento, verificada ao longo dessa região. A degradação ambiental é
acentuada pelos desmatamentos decorrentes dos ciclos de atividades
agropastoris, ocupação urbana desordenada, retificação de rios, extração de areia
e exploração de argila, além da caça e prática de queimadas.
15
A região do potamal (Figura 4) representa a porção da bacia cuja
velocidade da correnteza acima do leito do rio é baixa e tende a ser laminar; o
leito é predominantemente composto de areia ou lodo, embora possa apresentar
cascalhos. Nessa região predominam Gleissolos Háplicos, resultantes da redução
de compostos de ferro em presença de matéria orgânica em condições de
excesso de água permanente ou periódico (Alleluia et al., 2004). A cobertura
vegetal característica de Floresta Tropical Perenefólia de várzea e Campo
Higrófilo de várzea se encontra profundamente alterada (Alleluia et al., 2004).
Pelo fato da área urbana estar inserida nesta região, os impactos ambientais são
intensivos. Há ausência de mata ciliar e agravamento de processos erosivos ao
longo das margens, associado à extração de areia, que favorece o assoreamento
do rio.
Figura 4. Região do potamal do Rio Capivari, Silva Jardim, RJ.
A regeneração da Mata Atlântica em áreas abandonadas, previamente
utilizadas para atividades antrópicas, evidencia um lento processo de
recomposição da paisagem. A cobertura vegetal da Bacia do Rio Capivari
apresenta-se distribuída em área de pastagem, apresentando diversos
fragmentos compostos por vegetação em regeneração (Figura 5 e 6), além de
área coberta por vegetação secundária.
16
MIAT 2004
Figura 5. Matriz composta por pastagem e fragmento florestal
na Bacia do Rio Capivari, Silva Jardim,RJ.
MIAT 2004
Figura 6. Matriz composta por pastagem e fragmento florestal
em estágio de regeneração, Bacia do Rio Capivari.
Em estudos realizados na Reserva Biológica de Poço das Antas, situada
no Município de Silva Jardim, Silva-Matos et al. (2005) descrevem a vegetação
encontrada na região como tipicamente de Floresta Pluvial Tropical Atlântica de
17
baixa altitude, sendo formada por fragmentos de diferentes estágios sucessionais,
cercados por espécies invasivas (Cecropia glazioui, Trema micrantha, Pteridium
aquilinum e Panicum maximum). Pires & Fernandez (1999) acrescentam que a
estrutura florestal existente apresenta 20m de altura, caracterizada pela riqueza
em palmáceas, principalmente Astrocaryum aculeatissimum e Attalea spp.
Vieira & Pessoa (2001), através da análise estrutural do componente
herbáceo/subarbustivo de área de pasto abandonado na região da Reserva
Biológica de Poço das Antas, revelam a presença de indivíduos lenhosos,
distribuídos esparsamente ou em moitas, com o predomínio de espécies de
gramíneas e ervas ruderais, como Imperata brasiliensis, Lygodium volubile e
Blechnum serrulatum.
Vivas & Oliveira (2003) obtêm como resultado da caracterização florística
arbórea de um fragmento de Mata Tropical Atlântica, em fase de regeneração
natural e estágio sucessional médio, situado em Pendotiba, Niterói, RJ, 21
famílias registradas; quatro reúnem 73% do total de espécies amostradas:
Bignoniaceae com 20,4%; Compositae com 19,7%; Mimosaceae com 18,2% e
Sapindaceae com 15,1%. Estudos de Stranghetti et al. (2003), em um fragmento
florestal no Estado de São Paulo, demonstram que, dentre as 31 famílias
registradas no levantamento florístico, cinco reúnem 43% do total de espécies
amostradas: Leguminosae, Asteraceae, Rubiaceae, Bignoniaceae e
Apocynaceae.
18
4. METODOLOGIA
4.1.
A Escolha da Região de Estudo
A eleição da bacia hidrográfica como unidade de gestão de recursos
hídricos vem se intensificando após a implantação da Lei 9433/97, que
estabeleceu um novo modelo de gestão de recursos apoiado na participação dos
usuários que utilizam a água da Bacia. Esta forma de gestão pode assumir um
desenho ecossistêmico na medida em que considera a conectividade da
cobertura vegetal pela interação das calhas de drenagem. Isto permite melhor
interpretação das questões singulares de cada bacia, e a implementação de
medidas coletivas para o estabelecimento de melhores resultados (Alleluia et al.,
2004).
A Bacia Hidrográfica do Rio Capivari, Silva Jardim RJ, por se tratar de uma
Bacia pequena, apresentar rede de drenagem bem definida e presença de
remanescente florestal relativamente contínuo nas regiões mais elevadas, no seu
limite noroeste, foi escolhida para a realização desse trabalho.
Fator de relevância é a inserção da bacia na região que compõem o
Corredor de Biodiversidade da Serra do Mar, no âmbito do Projeto Corredores
Ecológicos, que aponta a região como de grande importância biológica devido à
riqueza de espécies e endemismos. Nessa região, muitos remanescentes de
mata compõem unidades de conservação (Ayres et al., 2005), que os tornam
propícios para ações e investimentos em conservação a longo prazo,
particularmente para a implementação de corredores destinados a aumentar a
conectividade entre fragmentos.
Outro fator que determina a escolha da Bacia do Rio Capivari como foco de
estudo é a sua inserção na APA Bacia do Rio São João (Figura 7), que abriga
RPPN’s, as REBIO’s Poço das Antas e União, fazendo limite ao norte com o
Parque Estadual Três Picos.
A região onde está inserida a área de estudo, apesar de abrigar várias
categorias de unidade de conservação, carece de trabalhos científicos de cunho
metodológico que contribuam para a conservação dos recursos naturais,
oferecendo subsídios para o planejamento territorial.
19
Figura 7. Inserção da região de estudo no contexto das áreas protegidas no Corredor de Biodiversidade da Serra do
Mar. A seta indica a APA da Bacia do Rio São João
,
RJ.
20
4.2. A Cobertura Florestal
Para apoio aos estudos foram utilizadas as cartas topográficas em escala
1:50.000 de Rio Bonito, adquirida no DSG-RJ, e Silva Jardim, adquirida no IBGE,
ambas em meio impresso e digital.
A imagem utilizada como fonte de entrada de dados para a realização
desta pesquisa foi capturada pelo sistema SPOT5, em setembro de 2004. Com
pixel medindo 10x10m. Esta imagem foi cedida pelo Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente - IBAMA e já apresentava contraste, que diferenciava os alvos
necessários para os estudos de uso e cobertura do solo, como: vegetação,
estradas, hidrografia e área urbana. O software usado para o processamento das
informações foi o ArcView GIS 3.2.
As operações de retificação geométrica, realizadas no programa Spring,
permitiram que o recorte da imagem SPOT5, constando à área de estudo, fosse
devidamente georreferenciado. Foram feitas composições coloridas de forma a
realçar as características dos alvos, dando prioridade às respostas espectrais
referentes à cobertura florestal. A composição colorida falsa-cor das bandas
1(Red)-2(Green)-3(Blue) foi a que melhor representou a cobertura florestal da
área de estudo.
O geoprocessamento apresenta-se como um importante conjunto de
ferramentas para a análise de dados ambientais, tendo em vista sua capacidade
de considerar a localização, extensão e relações espaciais dos fenômenos
estudados, permitindo acompanhar a sua evolução tempo-espacial e fazer
projeções futuras (Silva, 1992). Com base em técnicas matemáticas e
computacionais para o tratamento da informação geográfica, o Sistema de
Informação Geográfico (SIG), um dos principais componentes do
geoprocessamento, desenvolve análises complexas, através da integração de
dados de diversas fontes, como o Sensoriamento Remoto, e da criação de banco
de dados georreferenciados (Câmara et al., 1999).
Através da sobreposição dos planos de informação do relevo e da
hidrografia da área de estudo, sobre a imagem, foi gerado um novo plano com o
contorno da bacia e das sub-bacias hidrográficas do Rio Capivari. Pela análise da
sobreposição, foi verificada a necessidade de atualização da hidrografia e da rede
21
de estradas. Através da vetorização foram gerados novos planos de informação
relativos à rede de estradas e hidrográfica.
Com a estrutura básica já elaborada, os fragmentos florestais foram
vetorizados, utilizando o método da interpretação visual, que consiste em
identificar os alvos a partir de um conjunto de elementos de reconhecimento – cor,
tonalidade, forma, textura, padrão, localização etc. (Almeida el al., 1990; Pereira
et al., 1989). Quando o intérprete apresenta conhecimentos suficientes sobre a
sua área de estudo e ela não é muito extensa, este método apresenta melhores
resultados do que a classificação digital pixel a pixel, pois este último apenas
considera os aspectos espectrais enquanto a interpretação visual considera
outros atributos da imagem, ou seja, os elementos de reconhecimento (Centeno &
Haertel, 1993). As variações de cores ou tonais em uma imagem orbital
policromática, além de permitirem a diferenciação dos alvos, também identificam,
segundo Ponzoni & Filho (1988), a variação dos padrões fisionômicos e
estruturais da cobertura vegetal. A percepção da textura de um alvo com base na
impressão visual de liso e rugoso permite estabelecer importantes diferenças na
análise da fisionomia de um fragmento florestal (Novo,1989).
O contato entre fragmento e matriz estabeleceu o limite dos polígonos, com
exceção daqueles onde os limites foram estabelecidos pelo cruzamento com as
estradas. Durante o mapeamento da cobertura florestal da bacia, observou-se
que alguns fragmentos ultrapassavam os limites territoriais da bacia em estudo.
Optou-se, então, pela continuidade da representação espacial além da área da
bacia, já que o padrão de distribuição dos organismos vegetais e animais não
acompanham os limites estabelecidos pelo contorno da bacia em questão.
A partir da confecção do plano de informação contendo a representação
dos fragmentos, foi gerado um banco de dados, que recebeu um identificador
para cada polígono, tendo sido determinada a área, perímetro, e a densidade de
borda de cada fragmento.
Os fragmentos da bacia foram, então, classificados por tamanho, e
convertidos em quatro planos de informação: fragmentos com área menor que
10ha; fragmentos com áreas entre 10 e 100ha; fragmentos com área entre 100 e
1000ha; e fragmentos com área superior a 1000ha.
22
Para determinar a densidade de borda dos fragmentos, foi utilizado o
cálculo de Hargis et al. (1997) modificado em Silva (2002), que corresponde ao
comprimento total da borda do fragmento (perímetro em km), na unidade de área
(ha).
Para comparar os resultados de uma aplicação do método de
estabelecimento de corredores dendríticos, no contexto da efetiva conservação
dos fragmentos florestais da Bacia do Rio Capivari, optou-se pelo estudo da
vulnerabilidade dos fragmentos. Logo, a densidade de borda pode indicar o grau
de contato da área do fragmento com fatores negativos, provenientes da matriz
em que estes fragmentos estão inseridos. Desta forma, foram definidas três
categorias: alta densidade, caracterizada por fragmentos pequenos e irregulares,
que sofrem grande interferência de fatores da matriz onde estão inseridos; média
densidade de borda, correspondendo a fragmentos de formas alongadas e
retangulares; e baixa densidade de borda, representada por grandes manchas
florestais bem definidas, isto é, aproximando-se da forma de um círculo (Silva,
2002; Forman, 1997). Foram estabelecidos os limites da densidade de borda
média tendo como base um desvio padrão à esquerda e à direita da mesma.
Desta forma, o intervalo de 0,04-0,09 representa fragmentos com baixa densidade
de borda; de 0,09-0,39 fragmentos com média densidade de borda; e de 0,39-
0,68 fragmentos com alta densidade de borda.
4.3.
Etapas da Construção do Método
A primeira etapa para a determinação dos corredores consiste na criação
de buffers (áreas de proximidade) ao longo da faixa marginal da rede hidrográfica.
Para fins deste estudo o valor atribuído à largura do corredor foi estabelecido de
acordo com a Resolução n° 09 do Conselho Nacional do Meio Ambiente –
CONAMA, de 24 de outubro de 1996, Art. 3º: “A largura dos corredores será
fixada previamente em 10% (dez por cento) do seu comprimento total, sendo que
a largura mínima será de 100m”, e a disposição espacial em relação à malha
hidrográfica, de acordo com o Parágrafo Único da Resolução CONAMA 09:
“Quando em faixas marginais a largura mínima estabelecida se fará em ambas as
23
margens do rio”. Segundo Forman (1997) não se tem dúvidas de que as margens
dos rios constituem uma das mais eficientes modalidades de corredor de
biodiversidade. Dessa forma, o Art.2º, alínea a, do Código Florestal Brasileiro (Lei
nº.4.771, de 15 de setembro de 1965) já apresentava, como vegetação
permanente, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas ao longo
dos rios e outros corpos d’água.
Também foram gerados buffers (zona de amortecimento) em torno da rede
viária e dos núcleos urbanos. Estes dois novos planos de informação foram
cruzados com o plano de buffer ao longo dos rios, resultando em um novo plano
contendo os
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise da distribuição espacial dos fragmentos florestais na Bacia do Rio
Capivari e dos aspectos ambientais e antrópicos envolvidos, constituiu a base
para o presente estudo, cujo objetivo foi estabelecer uma metodologia para a
determinação de corredores orientados segundo a malha fluvial, e dimensionados
para a preservação e recuperação de habitats.
O ciclo hidrológico de uma região, segundo Bersusan (2001), é influenciado
pela quantidade de habitats naturais existentes na paisagem. O padrão
pluviométrico e a taxa de infiltração do solo são diretamente afetados de forma
qualitativa e quantitativa pela cobertura vegetal. Estudos de Hobbs (1993),
realizados no Oeste da Austrália revelam que o ciclo hidrológico daquela região é
profundamente alterado pelo processo de fragmentação estabelecido.
Sob o ponto de vista dos recursos hídricos, as bacias hidrográficas são
avaliadas levando em consideração principalmente as malhas fluviais e o
potencial do seu aqüífero subterrâneo. As calhas que compõem o relevo de uma
bacia têm grande importância na avaliação de sua dinâmica, principalmente
referente à distribuição espacial do recurso hídrico. Neste contexto, considerar a
calha do relevo é reconhecer a importância do aporte pluviométrico que lhe é
imposto. Logo, as redes de calhas influenciam no reabastecimento do aqüífero, na
geomorfologia e no estabelecimento de habitats na região e, conseqüentemente,
no aumento da biodiversidade.
As paisagens dendríticas refletem a configuração da rede hidrográfica
(Forman, 1997). Rede dendrítica é o padrão resultante da formação dos meandros
dos rios, em uma rede de rios que convergem, e leva em consideração as calhas
e a variação do fluxo de água. Diferencia-se da rede retilínea principalmente pela
direcionalidade e curvilinearidade, pela variabilidade da largura e pelos níveis de
hierarquia dos canais.
Corredores dendríticos, termo utilizado neste trabalho, leva em
consideração a inserção ou estruturação de uma faixa de vegetação florestal
disposta espacialmente ao longo da configuração ramificada evidenciada através
da rede hidrográfica de determinada bacia. Neste contexto, a proposta contempla
25
funcionalmente qualquer tipo de corredor, seja ele florestal, ecológico, de fauna,
de fluxo gênico, de passagem, etc.
5.1.
A Paisagem Fragmentada
A distribuição espacial dos fragmentos florestais apresenta-se de forma
irregular por toda a Bacia, demonstrando um avançado processo de fragmentação
imposto à paisagem (Figura 8). Os fragmentos de forma, extensão e estágios
sucessionais variados, distribuem-se por uma área de 44,1km², ou seja, 29,0% da
área circunscrita, total da Bacia.
Na região de Capivari de Cima, porção oeste-noroeste da área de estudo, a
paisagem é constituída pelos fragmentos mais extensos da Bacia e com melhor
estado de conservação da cobertura florestal. Este fato possivelmente relaciona-
se com as características acidentadas do relevo, que dificultam a ocupação
humana.
As porções leste e central descrevem um relevo de planície com pequenos
morrotes isolados. Essa região apresenta a menor densidade de fragmentos da
Bacia e com baixo estado de conservação da cobertura arbórea. A forte
degradação ambiental, neste local, está vinculada ao uso indiscriminado do solo
através dos vários ciclos econômicos que marcaram a história da região, ao
grande número de estradas e ao estabelecimento dos núcleos populacionais de
Silva Jardim, Cesário Alvim e Boqueirão, que apresentam um crescente e caótico
processo de “inchaço urbano”. Segundo Alleluia et al. (2004), a população rural do
Município de Silva Jardim em 1960 era de 2.539 contra 12.867 habitantes
urbanos; já no ano de 2000 a população rural diminuiu para 7.050 enquanto que a
população urbana atingiu 14.215 habitantes, em apenas 40 anos. O Índice de
Qualidade Municipal – IQM do Município de Silva Jardim ocupa a 79ª posição
entre os 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro (CIDE, 2003). Logo, a
migração da população rural para os núcleos urbanos contribuiu para acelerar o
processo de degradação socioambiental que atualmente enfrenta a região,
compondo um cenário em que a infra-estrutura básica não foi suficiente para
suportar a demanda populacional que ali se estabeleceu.
26
Fi
g
ura 8. Fra
g
mentos florestais da re
g
ião da Bacia do Rio Ca
p
ivari, RJ.
27
A paisagem da região estudada é constituída por 174 fragmentos florestais
(Figura 8) distribuídos, além da área da Bacia, em uma escala de tamanho que
varia de fragmentos com 0,74ha a 1957,85ha (Anexo 1), correspondendo a uma
área total de 8064,32ha. Segundo Saunders & De Rebeira (1991), no estudo das
mudanças bióticas que ocorrem no interior do fragmento é importante observar o
tamanho do fragmento florestal. A matriz em que estão inseridos os fragmentos
produz maior efeito em fragmentos pequenos, enquanto que grandes manchas
florestais são menos influenciadas por fatores inerentes à matriz. Vianna et al.
(1992) acrescentam que pequenos fragmentos podem apresentar número
reduzido de indivíduos de uma mesma espécie determinando, assim, a redução
da diversidade biológica e dos processos ecológicos. Logo, Silva (2002) sugere o
valor acima de 10ha para estudos de fragmentos florestais, pois manchas
menores que 10ha são passíveis de sofrer alterações ambientais em função de
sua reduzida área.
Na classificação dos fragmentos florestais da Bacia Hidrográfica do Rio
Capivari foram considerados 4 classes de acordo com o tamanho: a primeira,
constituída de 106 fragmentos com área inferior a 10ha; a segunda com 53
fragmentos com área entre 10ha e 100ha; a terceira composta por 13 fragmentos
com área entre 100ha a 1000ha; e a quarta classe composta por 2 fragmentos
com área superior a 1000ha (Figura 9).
61
31
7
1
0
20
40
60
80
100
1234
Classe de Tamanho
Freqüência (%)
Figura 9. Histograma de
freqüência do número
de fragmentos florestais
da região da Bacia do
Rio Capivari, RJ.
28
O intervalo contendo os fragmentos com área inferior a 10ha compreende
5,2% da área florestal, recobrindo 423,68ha (Figura 10). Apesar da pouca
expressividade espacial, este intervalo detém o maior número de fragmentos.
Quanto ao intervalo de 10ha a 100ha a cobertura corresponde a 20,2%,
totalizando 1632,48ha. O intervalo de 100ha a 1000ha abrange fragmentos que
recobrem uma área de 2755,26ha, equivalente a 34,1% (Figura 11). O intervalo
que integra os 2 fragmentos com áreas superiores a 1000ha soma 3253,98ha,
equivalente a 40,5% da cobertura florestal estudada, e é responsável pela maior
expressividade espacial de todos os intervalos considerados na região da Bacia
do Rio Capivari.
Os intervalos três e quatro, da Figura 9, integram os 15 fragmentos menos
vulneráveis às perturbações antrópicas. A área total correspondente equivale a
6009,24ha (74,6% da cobertura arbórea) distribuída nas porções norte, oeste e
noroeste da área de estudo.
Figura 10. Fragmentos florestais da região da Bacia do Rio Capivari, com área
inferior a 100ha.
29
Figura 11. Fragmentos florestais da região da Bacia do Rio Capivari, com área
superior a 100ha.
5.2.
A Construção dos Corredores Dendríticos
A espacialização dos fragmentos na área da Bacia demonstrou a
intensidade da pressão das atividades antrópicas sobre a cobertura florestal.
Segundo Alleluia et al. (2004), a atividade pecuária ocupa aproximadamente
37,2% da área total da Bacia, estabelecendo-se, principalmente, nas planícies e
poupando, assim, as regiões de relevo acidentado. Neste contexto, as áreas de
ocorrência de vegetação florestal pouco alterada, tornam-se locais de reserva
(banco) das informações genéticas da biota nativa da região.
O artifício utilizado para a construção do desenho dos corredores foi o
estabelecimento de buffers gerados sobre a rede hidrográfica da região da Bacia.
Logo, cada segmento de rio selecionado recebeu uma faixa de 100m em cada
margem, resultando em um total de 200m de largura.
30
Considerando que a matriz tenha um efeito sobre a estrutura arbórea gerada,
o efeito de borda deve ser incluído como parâmetro de transição (ecótono).
Antunes et al. (2000) e Lovejoy (1997) determinaram para os biomas tropicais um
efeito de borda aproximado em torno de 50m. Sendo assim, o valor de 100m de
largura de mata ripária estabelecida para cada margem do segmento de rio, gerou
um corredor com uma área núcleo, sem perturbação, de 50m de largura ao longo
e de cada lado da rede hidrográfica.
Os buffers criados em torno da rede hidrográfica foram interceptados pelas
zonas de amortecimento geradas em torno da rede viária e das áreas urbanas. Da
mesma forma que para os buffers (zona tampão), foi fixado o valor de 100m para
a largura da zona de amortecimento de influência antrópica, com base na
Resolução CONAMA 09/96. Assim, foi gerado um plano de informação contendo
os fragmentos da bacia e os buffers gerados a partir da exclusão das áreas de
intercessão com as zonas de amortecimento da rede viária e dos núcleos urbanos
(Figura 12). Neste estudo foi observado que resta apenas 4,5% da vegetação
florestal localizada na zona de amortecimento. Este fato evidencia o grau de
destruição da floresta original na região, além da pressão sobre a vegetação
existente nessa zona.
Apesar de ter como resultante um incremento de área, a quantidade de
segmentos de buffer gerada, através dessa metodologia, representa um aumento
da área de contato (perímetro) dos fragmentos. Esse processo impõe à paisagem
uma nova estruturação onde há maior influência da matriz, tornando os
fragmentos mais propensos às alterações de origem antrópica (Silva, 2002;
Forman,1999; Vianna, et al., 1992; Saunders et al., 1991).
Os fragmentos florestais da região da Bacia do Rio Capivari, uma vez
conectados aos buffers (Figura 13), integram-se ao sistema de corredores. Nessa
nova configuração da paisagem, a união dos fragmentos traz, como
conseqüência, além do incremento de área florestada, a reconstituição da mata
ciliar e a redução do grau de isolamento, facilitando a colonização de fragmentos
anteriormente isolados (Shafer, 1990; Spellerberg & Sawyer, 1999). A
possibilidade de sustentação das populações em pequenos fragmentos é
aumentada com a existência de buffers que não, obrigatoriamente, unem
31
fragmentos, mas que aumentam a área da cobertura florestal, proporcionando a
criação de novos habitats na Bacia em estudo.
Figura 12. Disposição dos buffers gerados sobre a rede hidrográfica da Bacia do Rio Capivari, RJ, a partir da
exclusão das áreas de intercessão com as zonas de amortecimento da rede viária e dos núcleos urbanos.
32
Figura 13. Fragmentos florestais da região da Bacia do Rio Capivari conectados através dos corredores
dendríticos.
33
5.3. A nova Configuração da Paisagem
5.3.1. Tamanho dos Fragmentos
A nova configuração da distribuição dos fragmentos na paisagem, em
função da aplicação do método de implementação de corredores, se apresentaria
constituída de 108 fragmentos (Anexo 2), totalizando uma área equivalente a
9684,51ha (Figura 14).
100 Figura 14. Histograma
de freqüência obser-
vada nas classes de
tamanho antes e após
a implementação dos
corredores. Classe 1:
<10ha; Classe 2: de 10
a 100ha; Classe 3: de
100 a 1000ha; e
Classe 4: >1000ha.
80
61
60
53
Freqüência (%)
40 34
31
20
11
7
2
1
0
1 2 3 4
Classe de Tamanho
A nova configuração da paisagem demonstra que o número total de
fragmentos reduziu em 38% e a área florestal sofreu um incremento de
1619,11ha, correspondente a 20,1%. A avaliação destes dados aponta para uma
melhor distribuição espacial dos fragmentos e, conseqüente melhoria da
qualidade da paisagem. A comparação dos intervalos de área antes e após a
aplicação do método demonstrou que após o procedimento, 57 fragmentos
apresentavam área menor que 10ha (Figura 15), correspondendo à redução de
53,7% do número de fragmentos anteriormente encontrados. O estudo da área
destes fragmentos revelou que, a área total diminuiu 49,6%, apresentando um
decréscimo de 210,37ha, neste intervalo.
34
Figura 15. Fragmentos florestais da região da Bacia do Rio Capivari, com área
inferior a 100ha, resultantes do delineamento dos corredores
dendríticos.
O novo intervalo, de área entre 10 e 100ha apresenta 37 fragmentos,
correspondente à redução de 30,1% do número de fragmentos originais.
A comparação da área total revela um incremento de 176,09ha,
correspondente a 10,7% da área original. O intervalo composto por fragmentos
com área entre 100 e 1000ha (Figura 16) apresenta 12 fragmentos que
correspondem à redução de 7,7% do número de fragmentos florestais
encontrados antes da implementação dos corredores. Porém, este intervalo
apresenta um incremento de área de 496,88ha, correspondente a 18%. O quarto
intervalo, apresentando fragmentos com área acima de 1000ha, apesar de não
demonstrar alteração quanto ao número de fragmentos, sofre um incremento de
área de 1156,51ha, correspondente a 35,5% da área original.
35
Figura 16. Fragmentos florestais da região da Bacia do Rio Capivari, com área
superior a 100ha, resultantes do delineamento dos corredores
dendríticos.
Pelo fato dos corredores terem sido estabelecidos sobre a rede hidrográfica
da Bacia do Rio Capivari, o incremento de área observado na nova configuração,
após a implementação dos corredores, confere à paisagem da região uma
extensão de aproximadamente 83km de rios, com sua mata ciliar restituída
(Figura 17). Os segmentos de rios gerados através da metodologia, contemplados
com o incremento da mata ripária propiciam a criação de novos habitats para a
fauna local, além de contribuir para a melhoria da qualidade da água da Bacia do
Rio Capivari, que se encontra em péssimo estado de conservação. A
reconstituição da mata ripária, resultante da estruturação da Bacia do Rio Capivari
constitui um importante mecanismo regulador do sistema hidrológico da região,
evitando assoreamento, mantendo o equilíbrio marginal, evitando erosão e
impedindo a entrada de material alóctone proveniente das áreas rurais, e
reabastecendo o aqüífero.
36
Figura 17. Corredores ripários na reconstituição da mata ciliar da Bacia do Rio Capivari, RJ.
37
5.3.2. Vulnerabilidade dos Fragmentos
As alterações ambientais sofridas nas bordas dos fragmentos florestais,
pela influência da matriz em que estes estão inseridos (Silva, 2002; Forman,1997;
Murcia,1995; Saunders et al., 1991), podem muitas vezes determinar danos
profundos à dinâmica das populações residentes nestes fragmentos (Bierregaard
et al., 1992), reduzindo ou até levando estas populações à extinção no próprio
fragmento (Wilson, 1988).
Assim, torna-se importante a avaliação da extensão da borda, da forma e
do tamanho do fragmento (Zaú, 1997; Vianna et al., 1992), visando quantificar o
grau de influência negativa sofrida ou a vulnerabilidade da mancha florestal. Para
isso, os valores relativos à densidade de borda estabelecem o grau de
vulnerabilidade de um fragmento (Hargis et al.,1997).
A análise comparativa entre a densidade de borda dos fragmentos antes e
após a implementação dos corredores evidencia a vulnerabilidade das manchas
florestais (Tabela 1). A categoria de baixa densidade de borda na configuração
original da Bacia apresenta 17 fragmentos, com área total de 5704,85ha,
enquanto que a nova configuração apresenta 12 fragmentos com área igual a
6467,41ha. Estes dados revelam um incremento de área em cerca de 762,56ha e
uma diminuição no número de fragmentos. A avaliação destes fatos demonstra
que a nova configuração paisagística da Bacia é menos vulnerável às pressões
antrópicas, já que esta categoria é representada por fragmentos com grande
extensão e bem definidos, ou seja, com a forma tendendo ao círculo e, portanto,
apresentando maiores condições de manutenção de áreas favoráveis à biota em
seu interior. A categoria de densidade de borda média antes da implementação
dos corredores apresenta 131 fragmentos, totalizando 2309,41ha e, após, 79
fragmentos com área total de 3182,50ha. Logo, um incremento de 873,09ha
associado a uma expressiva diminuição do número de fragmentos, demonstra um
aumento da conectividade entre os fragmentos e uma menor vulnerabilidade para
esta categoria de densidade de borda, na nova paisagem.
A comparação da categoria de alta densidade de borda, encontrada
unicamente na classe 1, e representada por fragmentos irregulares, pequenos e
com grande possibilidade de sofrerem maior pressão antrópica, revela que dos 26
38
fragmentos identificados na Bacia do Rio Capivari, apenas 17 compõem a nova
configuração. Esse fato implica em melhoria das condições ambientais da
paisagem regional para esta classe de fragmentos. Estes resultados podem
confirmar o fato de que a aplicação do método diminui a vulnerabilidade dos
fragmentos, quando consideradas as classes separadamente, aumentando a
conectividade entre as áreas florestais e, conseqüentemente, a capacidade de
conservação dos habitats dos fragmentos florestais da bacia.
Tabela 1. Distribuição das categorias de densidade de borda (DB)
dos fragmentos, nas classes de tamanho (1 a 4), antes
(FAN) e após (FAP) a implementação dos corredores.
Os números correspondem à quantidade de fragmentos.
Classe DB FAN FAP
baixa 0 0
média 80 40
1
alta 26 17
baixa 6 3
média 47 34
2
alta 0 0
baixa 9 7
média 4 5
3
alta 0 0
baixa 2 2
média 0 0
4
alta 0 0
No âmbito da nova estruturação dos fragmentos, o incremento total do
perímetro em função da nova área implementada, evidenciado através da
densidade de borda (Figura 18), não influenciou a vulnerabilidade da nova
39
paisagem. A Análise de Variância realizada entre as diferentes classes de
tamanho dos fragmentos demonstrou a inexistência de diferença significativa
entre a atual e a proposta configuração da paisagem (F=1,441; d.f.=21,29;
p=0,243; F=0,043; d.f.=81,32; p=0,836; F=0,826; d.f.=50,36; p=0,368,
respectivamente para as classes com áreas inferiores a 10ha (Classe 1), com
áreas entre 10 e 100ha (Classe 2), e classes com áreas entre 100 e 1000ha
(Classe 3)).
Classes de tamanho
D
ensidade de Borda
Média
Desvio Padrão
Min-Max
áreas alteradas, a restauração da conectividade dos habitats e a criação de
corredores é um dos caminhos para conter os efeitos da fragmentação.
Por sua vez, a presença de corredores ripários afeta a qualidade da água,
pois estes controlam as variáveis físicas (erosão, regime hídrico), químicas
(substâncias dissolvidas) e biológicas (produtividade, patógenos, diversidade).
Ambientalmente, esse tipo de corredor é altamente diversificado, favorecendo
uma alta diversidade de espécies; mesmo espécies que compõem a matriz
adjacente dependem do corredor para alimentação, água e repouso (Redford &
Fonseca, 1986).
Alguns animais aparentemente requerem um ambiente contínuo, de boa
qualidade e condições para sua manutenção. A lontra (Lutra longicaudis (Olfers,
1818)) apresenta uma home range linear de 4 a 78km ao longo dos rios (Novak,
1999), e é encontrada em alguns locais da Bacia do Rio Capivari e do Rio São
João. Nessa situação, necessita de água de boa qualidade, normalmente
evidenciada por reduzida erosão das margens e livre de produtos químicos ao
longo dos locais onde vive e se mantém. Entretanto, deverá estar habituada às
flutuações do nível da água dos rios e à umidade do solo onde escava, nas
margens, para se manter.
Levando em consideração que a densidade média populacional estimada
da lontra, segundo Novak (1999), é de 1 indivíduo a cada 1 a 10km de extensão
de rio, e que o incremento de área resultaria em 83km de rios com sua mata ciliar
restituída, a nova configuração da Bacia do Rio Capivari privilegiaria um
incremento de 8 a 83 novos indivíduos. A reconstituição da mata ripária, produto
desse processo (Figura 17), traria como conseqüência óbvia uma melhoria da
qualidade do sistema lótico.
A dinâmica populacional de um marsupial comum na Mata Atlântica foi
amplamente estudada na Reserva de Poço das Antas (Pires et al., 2002; Quental
et al., 2001; Pires & Fernandez, 1999; Pires et al., 1998). Micoureus demerarae
(Thomas 1905) tem hábito noturno, é geralmente arborícola, e se alimenta
principalmente de insetos e frutas. Sua importância reside no fato de estar
presente na região, mesmo em condições pós-fragmentação (Quental et al.,
2001), também eventualmente utilizando a matriz composta predominantemente
por gramíneas, para seu deslocamento entre fragmentos. A pressão exercida pela
41
fragmentação estabelece um limite de tolerância à população de M. demerarae
que vive, segundo o autor, em fragmentos de dimensões reduzidas (entre 7 a
9ha). Moraes (2003) acompanhando a área de uso de M. demerarae na Reserva
Biológica União, Rio de Janeiro, identificou fragmentos com tamanhos variando
entre 12,7 e 3,3ha para a população. O estudo apontou para uma preferência por
ambientes florestais menos alterados. Arita et al. (1990) estabelecem uma
densidade média de cerca de 25 indivíduos/km
2
, categorizando esse marsupial
como de ampla distribuição e alta densidade populacional. A implementação dos
corredores dendríticos na Bacia do Rio Capivari integraria fragmentos que
atualmente se encontram isolados, e propiciaria condições de estabelecimento de
uma população de cerca de 405 novos indivíduos de M. demerarae.
A destruição de habitats tem levado várias espécies a pressões que
implicam na restrição da área de distribuição, induzindo às mesmas um alto grau
de tolerância às variações impostas pelo novo meio criado. A jaguatirica
(Leopardus pardalis (Linné, 1758)), segundo Redford & Eisenberg (1992) é um
dos maiores dentre os médios gatos selvagens existentes, sendo classificado
como espécie de ampla distribuição, porém com baixa densidade (Arita et al.,
1990). Embora presente em todos os ecossistemas terrestres, é também um
elemento da fauna brasileira que se encontra sob pressão em função da perda de
habitat; sua preferência recai sobre cobertura vegetal densa encontrada em áreas
florestadas (Haines et al., 2006), mas principalmente em matas ciliares (Lopes &
Mantovani, 2005). A home range da espécie está altamente relacionada com o
tamanho e a disponibilidade de recursos encontrados no habitat em que se
encontra; em áreas florestais que constituem as matas ciliares, normalmente a
home range é menor uma vez que, segundo Ludlow & Sunquist (1987), o habitat é
melhor. Navarro-Lopes (1985) menciona uma área de 250ha para florestas de
galeria no Texas (USA), e os estudos realizados por Lopes & Mantovani (2005)
apontam uma área de 2100ha na região de cerrado no nordeste do Estado de São
Paulo, embora retratando o comportamento de apenas um indivíduo. Murray &
Gardner (1997) relatam diversas home range para a espécie, considerando
diferentes áreas e habitats ocupados, e tipos vegetacionais. Nowak (1999) e Arita
et al. (1990) sintetizam a densidade populacional da jaguatirica para cerca de 4
indivíduos a cada 500ha de área em florestas tropicais de baixa altitude. Com
42
essa característica, a implementação dos corredores dendríticos na Bacia do Rio
Capivari viria oferecer ambiente adequado e preferencial para Leopardus pardalis,
propiciando a manutenção de cerca de 12 a 13 novos indivíduos na região.
Apesar das preocupações sobre os riscos potenciais oferecidos pela
construção de sistema de corredores para fauna (Simberloff et al., 1992), muitos
estudos (Kozakiewicz & Szacki, 1995; Saunders & De Rebeira, 1991; Fahrig &
Merriam, 1985) admitem que o deslocamento dos indivíduos entre fragmentos
promove a sobrevivência das populações. Estudos de Laurance (1995)
demonstram que há evidências de que a reconstituição da mata ciliar ao longo
dos rios aumenta a riqueza de mamíferos nos fragmentos, aparentemente porque
facilita a dispersão dos animais entre os fragmentos e entre estes e a floresta
remanescente. Alguns tópicos são importantes com relação a corredores para a
fauna: 1) pelo fato dos corredores terem a forma alongada, pois margeiam os rios,
são altamente propensos ao efeito de borda, à ação do vento, à invasão de
espécies exóticas e a animais domésticos; 2) os corredores ripários devem ser
desenhados para oferecer condições de sobrevivência a espécies habitat-
especialistas, geralmente sensíveis à fragmentação, porque evitam os habitats
modificados da matriz na qual o fragmento está inserido. Muitas dessas espécies
evitam corredores estreitos, com menos de 100m e aqueles compostos somente
por replantio (Bissonette & Broekhuizen, 1995); 3) revegetação de floresta tropical
é normalmente um processo bastante lento que pode ser acelerado pelo plantio
de árvores sob um substrato robusto de espécies pioneiras, ou utilizando espécies
pioneiras frutíferas que são altamente atrativas para espécies frugívoras e
dispersoras de sementes; 4) calhas de rios são bons locais para corredores
porque estão menos expostas ao vento, oferecem acesso à água para muitas
espécies, facilitam o deslocamento de espécies aquáticas ou semi-aquáticas,
retêm umidade no solo, promovendo o crescimento da vegetação e o processo
sucessional. Entretanto, as bordas dos fragmentos podem se tornar fontes de
redução de populações animais, ocasionando grande impacto sobre a dinâmica
das populações de fragmentos pequenos e com alta relação perímetro/área, e em
espécies de ampla distribuição geográfica que entram em freqüente contato com
as bordas.
43
Os corredores não necessariamente possuem condições de abrigar
populações viáveis em longo prazo, mas podem elevar as probabilidades de
sobrevivência do conjunto de populações isoladas de uma determinada espécie.
O presente trabalho partiu da premissa de que 100m (Resolução CONAMA
09, de 1996) de buffer para cada lado da margem dos rios que compõem a Bacia
Hidrográfica do Rio Capivari, seria necessário para manutenção da mata ciliar. A
partir dessa área, levou-se em consideração a densidade de espécies da fauna e
a área disponível para a mesma, na nova estruturação da Bacia. Por outro lado, a
implementação dessa metodologia poderia levar em conta a relação alométrica
massa corpórea/área (Oliveira et al., 2005a,b), visando à área mínima necessária
para que se mantenha na região, um determinado número de indivíduos de
populações que se encontram sob pressão antrópica ou em vias de extinção
regional ou local. A relação entre a área e as dimensões das espécies de
mamíferos sugere um limite para a viabilidade populacional baseada nas
dimensões dos fragmentos. Informações sobre as espécies de mamíferos que
ocorrem na Floresta Atlântica, e suas relações com a matriz em paisagens
degradadas ainda são escassas. A identificação de espécies habitat-especialistas
e de espécies tolerantes à matriz deve ser desenvolvida para a região de estudo.
44
6. CONCLUSÃO
A degradação ambiental da Região da Bacia do Rio Capivari está
intimamente ligada à forma com que foi conduzida a ocupação humana ao longo
dos anos. A paisagem encontra-se altamente fragmentada, resultado, também, da
espacialização da rede viária.
A distribuição espacial dos fragmentos florestais no interior da Bacia do Rio
Capivari ocupa 44,1km², ou seja, 29,0% da área circunscrita, total da Bacia. A
paisagem da Região da Bacia do Rio Capivari é constituída por 174 fragmentos
florestais. Os fragmentos com área inferior a 100ha, portanto os mais vulneráveis
às pressões da matriz em que estão inseridos, compreendem cerca de 25% da
cobertura florestal. Entretanto, a região apresenta 15 fragmentos florestais menos
vulneráveis às perturbações antrópicas, recobrindo uma área de cerca de 6009ha,
equivalente a 75% da cobertura arbórea. Apesar dos fragmentos florestais com
tamanho menor que 100ha se encontrarem distribuídos em maior número na
região da Bacia, sua área total é inferior à dos fragmentos com tamanho maior
que 100ha.
O método de implementação de corredores dendríticos aplicado à
paisagem alterada da região da Bacia do Rio Capivari determina nova
configuração aos fragmentos florestais nela existente que, constituída por 108
fragmentos, totaliza uma área equivalente a aproximadamente 9684ha. Esta nova
configuração demonstra que o número de fragmentos arbóreos totais da região
estudada reduziu em 38% e a área florestal da região sofreu um incremento de
1619ha, correspondente a 20%. Desta forma, ocorreu uma melhor distribuição
espacial total dos fragmentos e conseqüente melhoria da qualidade da paisagem
da região.
Após a aplicação do método, a nova configuração da região apresentou 94
fragmentos florestais com tamanho inferior a 100ha, correspondendo a 87% do
número de fragmentos da paisagem da Bacia. O estudo do tamanho desses
fragmentos demonstrou que ocorreu um incremento de área de cerca de 386,5ha
em relação à cobertura florestal original. Tendo em vista que esses fragmentos
caracterizam-se por apresentar grande exposição às pressões das atividades
45
humanas, o aumento de área sugere uma resposta significativa na melhoria das
condições ambientais desses fragmentos florestais.
Fragmentos com área superior a 100ha têm maior estabilidade frente às
agressivas ações realizadas através da ocupação humana. A nova configuração
da paisagem da região apresenta 14 fragmentos com tamanho superior a 100ha e
uma redução do número de fragmentos de apenas 7%. O estudo do tamanho
desses fragmentos demonstrou que a paisagem sofreu um incremento de área de
27,5%, correspondente à cerca de 1653ha. Estes dados revelam a possibilidade
de um significante aporte de área florestal que poderá, além de reduzir o
isolamento entre as manchas florestais, aumentar a conectividade direta
funcionando como corredores com diversas funções, proporcionando uma
variedade de diferentes habitats.
A avaliação da densidade de borda, indicada através da relação
perímetro/área, demonstrou o grau de vulnerabilidade dos fragmentos florestais
da Bacia do Rio Capivari. Apesar da estruturação dos corredores dendríticos ter
imputado à paisagem um incremento no perímetro total dos fragmentos, no
âmbito da nova configuração, esse processo não influenciou a vulnerabilidade dos
mesmos. Em relação às diferentes classes de tamanho, quando consideradas
separadamente, os resultados igualmente apontam para o fato de que o
estabelecimento de corredores dendríticos reduz a vulnerabilidade dos
fragmentos e, conseqüentemente, a capacidade de conservação dos habitats dos
fragmentos florestais da Bacia.
A construção de corredores dendríticos demonstra ser
viável sua aplicação para o incremento da fauna de mamíferos considerando as
bacias hidrográficas como parâmetro de delineamento de estudos. A
conectividade entre fragmentos associada à reconstituição da mata ciliar,
considerando diferentes buffers em função do objetivo a que se destina, constitui
um recurso para o incremento da fauna ameaçada ou com baixa densidade
populacional. Diferentes requisitos ecológicos das espécies, tais como qualidade
da água, estruturação da vegetação do fragmento, posição na estrutura trófica,
grau de tolerância à matriz e relações bióticas devem ser considerados nas
tomadas de decisão quanto à implantação dos corredores. A definição do
46
corredor vai depender, em última análise, para que se destina e, principalmente,
para quem.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O método de construção de corredores dendríticos, apresentado neste
trabalho, poderá ser refinado considerando as seguintes premissas: (1) é de
extrema importância um detalhado estudo fitossociológico e ecológico sobre os
diferentes estágios sucessionais dos fragmentos florestais da Bacia, centrado na
análise quantitativa e qualitativa do efeito de borda dos mesmos. Esse estudo
deverá ser estendido, também, para a matriz em que o fragmento se encontra
inserido, tendo em vista a necessidade de precisar as diferentes extensões do
efeito de borda, fator determinante na sustentação ecológica de uma mancha
florestal; (2) a incorporação de variáveis do relevo da Bacia nos estudos de
modelagem de corredores dendríticos poderá oferecer subsídios para a
determinação do traçado da rede de corredores; (3) o inventário de fauna da
região onde se insere a Bacia contribuirá decisivamente para o dimensionamento
do corredor e a escolha do suporte vegetacional necessário para o seu
estabelecimento; por fim, (4) estudos do entorno das áreas (trechos do rio) onde
serão estabelecidos os corredores poderão quantificar e qualificar a ação
antrópica, fornecendo bases para estratégias de mitigação de futuros impactos
humanos.
47
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXOS
57
ANEXO 1. Métricas dos fragmentos florestais da região da Bacia do Rio Capivari,
Silva Jardim, RJ, com base em imagem de satélite SPOT-5, de setembro 2004.
Id Área (ha) Perímetro (Km) Densidade Borda
1 17,03 3,51 0,21
2 240,84 21,35 0,09
3 9,99 1,54 0,15
4 0,98 0,61 0,62
5 25,03 4,26 0,17
6 31,41 3,21 0,10
7 17,02 2,26 0,13
8 23,07 2,09 0,09
9 123,00 11,03 0,09
10 5,79 1,60 0,28
11 33,96 2,72 0,08
12 14,14 1,62 0,11
13 23,14 2,37 0,10
14 33,35 3,60 0,11
15 3,33 1,01 0,30
16 6,34 1,67 0,26
17 8,66 1,17 0,14
18 7,04 1,52 0,22
19 304,57 19,43 0,06
20 166,05 13,15 0,08
21 20,37 3,02 0,15
22 23,43 4,25 0,18
23 159,60 12,78 0,08
24 21,27 2,65 0,12
25 18,63 1,90 0,10
26 7,29 1,13 0,16
27 9,46 1,48 0,16
28 3,61 1,20 0,33
29 48,08 4,03 0,08
30 4,75 0,86 0,18
31 1957,85 78,57 0,04
32 127,07 17,94 0,14
33 18,35 2,35 0,13
34 20,47 2,37 0,12
35 2,23 0,99 0,44
36 1,32 0,61 0,46
37 23,32 3,50 0,15
38 8,29 1,20 0,14
39 7,51 1,11 0,15
40 5,75 1,02 0,18
41 1,69 0,68 0,40
58
Id Área (ha) Perímetro (Km) Densidade Borda
42 17,15 1,76 0,10
43 7,29 1,26 0,17
44 6,45 1,63 0,25
45 1,50 0,83 0,55
46 1,75 0,55 0,31
47 2,09 0,88 0,42
48 1,25 0,50 0,40
49 4,10 1,08 0,26
50 4,21 1,52 0,36
51 3,10 1,07 0,35
52 2,63 0,76 0,29
53 1,92 0,54 0,28
54 1,87 0,62 0,33
55 0,86 0,46 0,53
56 2,37 0,98 0,41
57 2,38 0,94 0,39
58 1,34 0,55 0,41
59 2,97 1,06 0,36
60 3,25 0,75 0,23
61 36,43 3,87 0,11
62 62,78 5,89 0,09
63 7,90 1,57 0,20
64 366,30 22,09 0,06
65 15,96 3,21 0,20
66 2,58 0,84 0,33
67 2,25 0,80 0,36
68 2,23 0,87 0,39
69 306,46 16,26 0,05
70 60,31 3,78 0,06
71 37,17 5,65 0,15
72 2,08 0,63 0,30
73 5,38 1,02 0,19
74 1,82 0,84 0,46
75 2,17 0,54 0,25
76 4,09 0,95 0,23
77 34,08 5,15 0,15
78 12,41 1,99 0,16
79 4,00 1,07 0,27
80 1,91 0,58 0,30
81 2,32 0,67 0,29
82 4,71 0,98 0,21
83 10,14 1,35 0,13
84 1,43 0,51 0,36
85 0,88 0,41 0,47
86 4,64 1,01 0,22
59
Id Área (ha) Perímetro (Km) Densidade Borda
87 9,56 3,38 0,35
88 3,44 0,89 0,26
89 1,21 0,51 0,42
90 5,88 3,09 0,53
91 1,93 0,97 0,50
92 2,21 0,82 0,37
93 44,07 3,22 0,07
94 28,49 3,34 0,12
95 2,08 0,59 0,28
96 0,74 0,33 0,45
97 6,97 2,02 0,29
98 5,06 1,41 0,28
99 4,54 1,45 0,32
100 2,64 1,42 0,54
101 1,16 0,79 0,68
102 2,54 0,91 0,36
103 32,95 4,15 0,13
104 1,49 0,97 0,65
105 3,98 2,07 0,52
106 6,48 1,85 0,29
107 2,94 0,97 0,33
108 1,57 0,86 0,55
109 5,46 1,57 0,29
110 5,52 1,31 0,24
111 16,34 4,57 0,28
112 2,51 1,20 0,48
113 3,00 0,98 0,33
114 4,69 0,83 0,18
115 1,71 0,99 0,58
116 1,38 0,51 0,37
117 2,26 1,31 0,58
118 1,69 0,60 0,36
119 346,14 22,92 0,07
120 7,88 1,39 0,18
121 17,89 3,45 0,19
122 15,91 3,51 0,22
123 59,81 4,53 0,08
124 95,44 11,14 0,12
125 7,96 2,02 0,25
126 40,53 5,22 0,13
127 37,53 4,61 0,12
128 47,24 4,72 0,10
129 2,46 1,25 0,51
130 6,66 1,80 0,27
131 1296,13 55,45 0,04
60
Id Área (ha) Perímetro (Km) Densidade Borda
132 146,60 10,12 0,07
133 5,09 1,46 0,29
134 53,30 6,28 0,12
135 10,14 1,99 0,20
136 30,28 4,08 0,13
137 13,64 3,50 0,26
138 2,41 0,71 0,29
139 1,83 0,54 0,30
140 4,31 1,44 0,33
141 15,97 2,26 0,14
142 121,72 10,39 0,09
143 7,92 1,72 0,22
144 8,61 1,60 0,19
145 73,86 6,31 0,09
146 62,01 5,16 0,08
147 6,72 1,44 0,21
148 4,81 1,29 0,27
149 6,14 1,33 0,22
150 11,20 2,45 0,22
151 3,27 1,41 0,43
152 19,20 3,39 0,18
153 1,61 0,55 0,34
154 3,82 0,91 0,24
155 5,42 1,56 0,29
156 5,54 1,35 0,24
157 3,14 1,10 0,35
158 160,33 10,11 0,06
159 1,59 0,52 0,33
160 52,16 6,74 0,13
161 4,84 1,12 0,23
162 3,05 0,83 0,27
163 4,41 1,11 0,25
164 12,24 1,43 0,12
165 18,19 2,84 0,16
166 11,25 1,77 0,16
167 4,68 1,04 0,22
168 15,79 2,40 0,15
169 15,22 2,39 0,16
170 83,33 8,51 0,10
171 8,84 2,29 0,26
172 8,28 1,58 0,19
173 186,58 12,99 0,07
174 2,00 0,58 0,29
61
ANEXO 2. Métricas hipotéticas dos fragmentos florestais da região da Bacia do
Rio Capivari, Silva Jardim, RJ, com base em imagem de satélite SPOT-5, de
setembro 2004, após inserção de buffer ripário de 100m de largura.
Id Área (ha) Perímetro (Km) Densidade Borda
1 0,74 1,60 0,28
2 0,86 2,37 0,10
3 1,16 3,60 0,11
4 1,21 1,01 0,30
5 1,25 13,15 0,08
6 1,34 1,13 0,16
7 1,50 2,35 0,13
8 1,57 0,99 0,44
9 1,59 0,83 0,55
10 1,61 0,55 0,31
11 1,69 0,50 0,40
12 1,75 1,07 0,35
13 1,87 0,76 0,29
14 1,91 0,54 0,28
15 1,92 0,62 0,33
16 2,00 0,46 0,53
17 2,08 0,98 0,41
18 2,21 0,94 0,39
19 2,23 0,55 0,41
20 2,32 0,63 0,30
21 2,37 1,02 0,19
22 2,38 1,07 0,27
23 2,41 0,67 0,29
24 2,46 0,98 0,21
25 2,51 3,38 0,35
26 2,54 0,51 0,42
27 2,61 0,82 0,37
28 2,63 0,33 0,45
29 2,64 2,02 0,29
30 2,90 1,42 0,54
31 3,05 0,79 0,68
32 3,10 0,91 0,36
33 3,27 2,07 0,52
35 3,46 0,86 0,55
36 3,82 1,20 0,48
37 3,98 0,60 0,36
38 4,00 1,80 0,27
39 4,54 4,26 0,17
40 4,71 1,44 0,21
41 4,75 1,41 0,43
62
Id Área (ha) Perímetro (Km) Densidade Borda
42 4,84 0,55 0,34
43 5,09 1,35 0,24
44 3,33 0,52 0,33
44 5,38 1,12 0,23
45 5,54 0,83 0,27
46 5,75 0,91 0,24
47 5,79 0,71 0,29
48 6,66 3,50 0,26
49 6,72 1,46 0,29
50 6,94 1,25 0,51
51 6,97 1,54 0,15
52 7,29 0,58 0,30
53 7,96 3,51 0,21
54 8,97 0,86 0,18
55 9,56 2,26 0,14
56 9,59 4,53 0,08
57 9,99 2,02 0,25
58 13,64 7,85 0,09
59 13,83 12,54 0,06
60 14,30 8,51 0,10
61 15,97 0,58 0,29
62 17,03 9,10 0,09
63 18,35 6,46 0,08
64 23,14 7,14 0,16
65 23,69 9,44 0,11
66 25,03 27,77 0,08
67 26,45 4,58 0,17
68 26,63 1,32 0,15
69 26,82 11,90 0,12
70 27,09 2,06 0,30
71 27,29 1,85 0,64
72 33,35 11,05 0,08
73 37,81 8,11 0,12
74 40,87 32,49 0,07
75 43,00 5,21 0,19
76 43,46 24,35 0,09
77 43,74 6,27 0,15
78 50,81 9,15 0,13
79 55,68 1,78 0,12
80 56,30 17,37 0,13
81 58,38 1,45 0,32
82 59,81 46,22 0,09
83 66,74 7,59 0,13
84 68,25 13,11 0,08
85 72,60 3,42 0,14
63
Id Área (ha) Perímetro (Km) Densidade Borda
86 74,19 10,16 0,11
87 81,33 2,93 0,31
88 83,34 6,15 0,12
89 83,78 11,92 0,15
90 84,61 3,59 0,13
91 85,68 3,88 0,14
92 90,42 7,49 0,13
93 96,83 4,95 0,13
94 98,33 10,17 0,14
95 108,42 4,24 0,10
96 132,04 28,18 0,07
97 136,29 3,87 0,15
98 159,22 4,27 0,07
99 166,05 35,25 0,09
100 221,06 109,96 0,06
101 263,16 1,19 0,46
102 332,86 1,15 0,33
103 377,95 7,41 0,10
104 398,25 5,87 0,14
105 445,47 109,87 0,04
106 511,37 17,42 0,16
107 1956,85 3,78 0,27
108 2453,64 1,02 0,18
64
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