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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA
SÓCRATES SIQUEIRA DE SOUZA
CORRELAÇÃO ENTRE OS CASOS DE DENGUE, A
PLUVIOSIDADE E A DENSIDADE LARVÁRIA DE
Aedes aegypti NO ESTADO DE GOIÁS, NO
PERÍODO DE 2001 A 2005
Orientador
Prof. Dr. Ionizete Garcia da Silva
Dissertação de Mestrado
Goiânia-GO, 2006
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL
SÓCRATES SIQUEIRA DE SOUZA
CORRELAÇÃO ENTRE OS CASOS DE DENGUE, A
PLUVIOSIDADE E A DENSIDADE LARVÁRIA DE
Aedes aegypti NO ESTADO DE GOIÁS, NO
PERÍODO DE 2001 A 2005
Orientador
Prof. Dr. Ionizete Garcia da Silva
Dissertação submetida ao PPGMT/UFG
como requisito parcial para obtenção do
Grau de Mestre em Medicina Tropical na
área de concentração em Parasitologia
Goiânia-GO, 2006
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Às filhas Stephanie, Carolinne e Fabiane;
à esposa Laura Cristina,
e aos meus pais Setembrino e Maria Aparecida
dedico
À memória de meus avós:
João Martins de Souza & Antônia Silveira de Souza
Salvador Antônio de Siqueira & Jerônima Teles de Souza
ofereço
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, nosso Pai, pela minha vida.
Ao Dr. Ionizete Garcia da Silva, professor Titular do Departamento de Microbiologia,
Imunologia, Patologia e Parasitologia (DMIPP), do Instituto de Patologia Tropical e Saúde
Pública (IPTSP), da Universidade Federal de Goiás (UFG), pelas orientações e pelo apoio
imprescindíveis neste trabalho.
À Dra. Heloisa Helena Garcia Silva, professora do DMIPP/IPTSP/UFG, pelo auxílio e
amizade em todos os momentos deste convívio.
À Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical do IPTSP/ UFG,
pela oportunidade oferecida.
À Superintendência de Políticas de Atenção Integral à Saúde (SPAIS)/Secretaria de
Estado da Saúde de Goiás (SESGO), pelo total apoio recebido.
Ao Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) do Ministério da Agricultura Pecuária
e Abastecimento, 10º Distrito/Goiânia/GO, em especial à Dra. Cyntia Santos, por
disponibilizar os dados climatológicos de Goiás, no período de 2001 a 2005.
Aos técnicos Carmeci, Edson, Cristóvão, Taísia e Girlene, do Laboratório de Biologia,
Fisiologia de Insetos e Xenodiagnóstico do IPTSP, pelo saudável convívio nos momentos de
estudo.
Aos colegas da SPAIS/SES/GO Mara Rubia, Fabrício, Edson, Daniel, Robélia,
Gediselma, Ivaneusa, Jamilton, Luis Flávio e Jussara pelo auxílio e amizade.
Aos colegas da Pós-graduação: Antônio Wilson, Eduardo e Petronor pelos momentos de
convívio, troca de experiência e amizade.
Aos coordenadores dos Núcleos de Apoio ao Controle de Endemias-NACE/SES/GO e do
Setor Técnico (SETEC) Udival, Luis Gonzaga, José Marcos, Valtamir, Emilio, Irenício,
Lourival, Sílvio e Adair, pelo apoio e enorme contribuição na tabulação das informações de
campo.
Aos Supervisores dos NACEs/SES/GO e aos agentes de controle da dengue das
Secretarias Municipais de Saúde de todos os 246 municípios do Estado de Goiás, que foram
fundamentais na pesquisa entomológica e obtenção dos índices prediais do vetor em todos os
municípios goianos.
Ao Professor Alexandre Siqueira Guedes Coelho, professor do Instituto de Ciências
Biológicas/UFG, do pela preciosa ajuda na análise estatística.
SUMÁRIO
RESUMO ........................................................................................................... 1
ABSTRACT ....................................................................................................... 2
APRESENTAÇÃO............................................................................................. 3
OBJETIVOS..................................................................................................... 11
CORRELAÇÃO ENTRE OS CASOS DE DENGUE, A PLUVIOSIDADE E A
DENSIDADE LARVÁRIA DE AEDES AEGYPTI NO ESTADO DE GOIÁS.... 12
ABSTRACT ..................................................................................................... 12
RESUMO ......................................................................................................... 13
MATERIAL E MÉTODOS................................................................................ 14
RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................... 16
CONCLUSÕES..................................................................................................26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 26
1
RESUMO
Apresenta-se a correlação entre casos de dengue, a pluviosidade e o índice de
infestação predial de Aedes aegypti no Estado de Goiás, no período de 2001 a
2005. A dengue está entre as seis doenças mais importante em saúde pública
do mundo. Essa doença tem como principal transmissor o A. aegypti, e
atualmente encontra-se distribuído em mais de 4500 municípios brasileiros. A
dispersão desse vetor levou a se repensarem as estratégias de seu controle,
implantando o programa de erradicação do A.aegypti. Para implementar
medidas de controle, os municípios foram estratificados a partir das seguintes
características: com transmissão e risco de dengue, infestados e não
infestados pelo mosquito. Utilizou-se da principal estratégia na predição do
programa, o índice de infestação predial larvário (IIP), como indicador de risco
de transmissão. Este estudo mostrou a correlação positiva entre o IIP, número
de casos de dengue e a pluviosidade. A transmissão da doença ocorreu em
maior quantidade nos quatro primeiros meses de cada ano estudado, período
de elevada pluviosidade, diminuindo substancialmente nos meses de junho a
setembro, época de poucas chuvas. Constatou-se correlação positiva entre o
IIP, a pluviosidade média e a incidência de casos de dengue, com p<0,05. Uma
forte associação se expressou em onda, com seus picos em épocas de
maiores IIP, pluviosidade e a incidência de dengue. Cinco municípios estavam
indenes à infestação de A. aegypti e à transmissão de dengue. Os casos de
dengue mostraram-se de forma contínua e crescente nos meses de janeiro a
março de cada ano, declinando nos meses de abril e maio, quando ocorre a
interrupção na maioria dos municípios. A região metropolitana de Goiânia, foi
responsável por mais de 80% dos casos de dengue do estado e a transmissão
foi contínua em todos os meses, embora baixa no período de maio a
dezembro, mas ocorreu um aumento nos três últimos meses, os quais,
normalmente, apresentam índices baixos de transmissão. A correlação positiva
entre o IIP e a pluviosidade (p<0,01), IIP e a incidência de casos (p<0,05),
confirma que o índice de infestação predial é capaz de predizer a transmissão
de dengue, de forma significativa, mesmo sabendo que a sazonalidade não é
fator determinante no desaparecimento do A. aegypti.
Palavras-chaves: Aedes aegypti. Dengue. Correlação.
2
ABSTRACT
This article presents the correlation between cases of dengue, the pluvial
quantity and the House Index (HI) with Aedes aegypti, in the State of Goiás,
from 2001 to 2005. Dengue is one of the six most important diseases in public
health of the world. It’s main transmitter is the mosquito A. aegypti, which is
distributed in more than 4500 brazilian cities. The spread of this vector pushed
the necessity of changing it’s control strategies, fact that culminated with the
implantation of the A. aegypti Elimination Program. To implement these control
strategies, the brazilian cities were stratified following these characteristics:
transmission and dengue risk, whether it was infested or not infested by the
mosquito. As an indicator of the transmition risk the main tool that was used
was the HI. This study showed the positive correlation between the HI, the
number of cases of dengue and the pluvial quantity. The transmission of the
disease happened in larger amount in the four first months of every studied
year, period in which the quantity of rain increases, decreasing substantially in
the months from June to September. Positive correlation was verified among
the HI, the average of rain and the incidence of cases of dengue, with p<0,05. A
strong association was expressed in a graphic, with their peaks in times of high
HI, pluvial quantity and dengue incidence. Five brazilian cities were free of the
endemic infestation of A. aegypti and the dengue transmission. The cases of
dengue occurred in a continuous and growing way from the months of January
to March, declining in the months of April and May, when it happens the
interruption in most of the brazilian cities. The metropolitan area of Goiânia was
responsible for more than 80% of the cases of dengue in the state and the
transmission was continuous all months, although it lowers in the period from
May to December. Anyway an increase was noticed in the last three months of
the year, the ones which, usually, present low rates of transmission. The
positive correlation between the HI and the pluvial quantity (p<0,01), the HI and
the incidence of cases (p<0,05), confirms that the HI is efficient to predict the
dengue transmission, in a significant way, even though it’s known that the dry
season is not a decisive factor in the disappearance of A. aegypti.
Key-words:. Aedes aegypti. Dengue. Correlation.
3
CORRELAÇÃO ENTRE OS CASOS DE DENGUE, A
PLUVIOSIDADE E A DENSIDADE LARVÁRIA DE Aedes aegypti,
NO ESTADO DE GOIÁS, NO PERÍODO DE 2001 A 2005
1. INTRODUÇÃO
1.1. Histórico
Há relatos da presença de Aedes aegypti no Brasil, desde o Século XVII,
com epidemias de febre amarela em Pernambuco e Bahia, com 25.000 casos e
900 óbitos. No século XIX, a epidemia se repete na Bahia, causando 2.800
óbitos, e depois no Rio de Janeiro causando 4.160 óbitos. A partir de 1899, o
vetor se dispersou por todas as províncias brasileiras, onde havia navegação
marítima e fluvial (Franco 1969).
As primeiras ações de combate contra o A. aegypti foram realizadas em
1901, na cidade de Sorocaba/SP, na campanha contra a febre amarela,
realizada por Emilio Ribas. Contudo, o Serviço de Profilaxia da Febre Amarela
só foi criado no Brasil em 1903, conduzido por Oswaldo Cruz. Com o êxito do
serviço, a febre amarela foi eliminada do Rio de Janeiro em 1909 (Franco
1969).
Nova campanha contra o A. aegypti foi realizada no Rio de Janeiro, nos
anos de 1928 a 1929, devido à epidemia de febre amarela com 738 casos.
Devido ao sucesso das campanhas antivetoriais da época o país foi
considerado área livre de infestação em 1955. Porém, o A. aegypti ressurge
em 1967, em 23 municípios no Estado do Pará (Franco 1969). Novas medidas
foram implementadas e a sua completa eliminação ocorreu em 1973. No
entanto, em 1976 ressurge em Salvador/Bahia, daí se disseminando pelo país
de tal forma que, entre os anos de 1978 e 1984, o A. aegypti era encontrado
nas cidades da maioria das regiões, estando ausente apenas nos estados do
extremo sul e na região amazônica. Em 1994, a dispersão do A. aegypti
alcançou 18 estados. No ano seguinte 25, chegando a todas as unidades
federadas em 1998, com transmissão de dengue em 22 estados. No ano de
4
1999, dos 5.507 municípios brasileiros existentes, 3.535 estavam infestados
pelo A. aegypti e 1.946 com transmissão de dengue (Silveira 1998, MS 2002).
1.2. Origem, dispersão e controle do mosquito
A. aegypti é originário da África e deste continente se dispersou para
os outros, acompanhando os povos em suas migrações pela terra. Os nichos
emergidos das condições de vida de nossos ancestrais induziram o
aparecimento de linhagens sinantrópicas desse mosquito que persistem até o
momento. Atualmente, os meios modernos de transporte têm dispersado essa
espécie com tal magnitude que em conseqüência apareceram epidemias de
dengue em vários países, na faixa cosmotropical (Forattini 2002, Salvatella
1996, FUNASA 2001, MS 2002).
A dispersão do A. aegypti foi através de deslocamentos humanos pelos
continentes. Chegou às Américas durante o período de colonização européia.
A adaptação do vetor com o ambiente antrópico permitiu sua procriação. Os
casos de dengue são cada vez maiores devido ao elevado índice predial do
vetor (FUNASA 2001 e 2002, MS 2002).
O Brasil conseguiu erradicar o A. aegypti de seu território mas não
impediu sua posterior reinfestação. Uma falha na prevenção e controle pode ter
sido a vigilância entomológica, que orienta a intervenção. A incidência de
dengue revela uma tendência ascendente, já presente em 25 dos 27 estados e
o vetor principal, A. aegypti, em todos eles. As curvas de transmissão
apresentaram comportamento cíclico intercalando anos com incidências mais
altas e mais baixas. Essa tendência tem ocorrido apesar das ações de controle.
As razões são complexas e não totalmente compreendidas, sendo necessária
a sua elucidação. Muitos fatores de risco estão associados à presença da
doença e do vetor (Tauil 2001, OPAS 2002, MS 2002).
O estabelecimento dos 4 sorotipos nas Américas, levou ao
ressurgimento da febre clássica e da FHD nessa região. No Brasil, o primeiro
registro de dengue, ocorreu em 1982, em Boa Vista (Roraima), causado pelos
sorotipos 1 e 4 (Osanai et al. 1983).
5
O avanço da dispersão do A. aegypti no Brasil levou as autoridades
brasileiras a repensarem as estratégias de controle deste vetor, implantando o
Plano de Erradicação desse mosquito (PEAa). Os municípios foram
estratificados com transmissão de dengue e casos de febre hemorrágica de
dengue (FHD), com transmissão e risco de ocorrer FHD, apenas infestados
pelo mosquito e não infestados (MS 2002).
Em 2000, frente à impossibilidade da erradicação a curto prazo, o plano
foi modificado para a programação pactuada integrada de vigilância em saúde
(PPI-VS), onde a cota dos estados e municípios foi baseada na população e
área territorial. No ano seguinte, foi criado o Plano Nacional de Controle da
Dengue (PNCD), priorizando o controle em 657 municípios, com o objetivo de
intensificar ações e adotar iniciativas que utilizassem os pontos positivos,
ampliando a eficácia. Apesar dos esforços, o Brasil sofreu sua maior epidemia
em 2002, ultrapassando 700 mil casos (FUNASA 2002, MS 2002).
Em Goiás, 48 municípios foram escolhidos como prioritários, devido,
principalmente, ao grande número de municípios fronteiriços com vários
estados e também o Distrito Federal, além dos municípios pólos de
desenvolvimento econômico e de turismo (MS 2002).
1.3. A doença e a transmissão
A dengue é doença viral aguda que tem o homem como reservatório e o
A. aegypti como o transmissor mais importante. Essa doença está entre os seis
principais problemas de saúde pública do mundo. A espécie, Aedes albopictus,
apesar de sua distribuição nas Américas, tem o seu papel como vetor restrito
aos países asiáticos. Essas duas espécies distribuem-se por todos os
continentes, com exceção da Europa, em mais de 100 países da faixa
cosmotropical, onde estima-se uma população de 3,5 bilhões de habitantes,
dos quais 80 milhões se infectam anualmente com dengue e 20 mil morrem
pela doença (Gubler 2002, WHO 2003).
Os quatro sorotipos virais conhecidos da dengue (Den-1, Den-2, Den-3 e
Den-4), são transmitidos pela picada da fêmea do A. aegypti. Cada sorotipo
confere a pessoa imunidade permanente. O ser humano é a fonte de infecção,
6
porém, foi descrito um ciclo selvagem envolvendo macacos na Ásia e na África
(Gubler et al. 1979; Gubler 1997, WHO 1997 e 2003).
Como não há uma vacina pronta para o uso e uma terapêutica química
específica para a dengue, resta o combate ao mosquito transmissor como o
único elo vulnerável da cadeia de transmissão (Tauil 1998 e 2001, WHO 2003).
1.4.1. Caracterização da dengue
A dengue pode ser caracterizada por febre entre 39 e 40º C, mialgia,
artralgia, cefaléia, dor retroorbital, astenia, anorexia, dor abdominal, náuseas,
vômitos, diarréia, exantema, prurido cutâneo, prostração e hepatomegalia
dolorosa. O período febril pode alcançar até 7 dias e aparecer manifestações
hemorrágicas como: epistaxe, gengivorragia, metrorragia, petéquias,
hematêmese, hematúria e melena. Os casos de dengue clássico podem
provocar grande debilidade física e se prolongarem por várias semanas, mas
normalmente são benignos e auto limitados (WHO 2003, MS 2005).
A FHD, inicia clinicamente como a forma clássica, mas com um
agravamento pode evoluir para o colapso circulatório. É de curta duração,
levando ao óbito em 12 a 24 horas. Manifestações neurológicas como
instabilidade e convulsões podem aparecer em alguns pacientes (WHO 2003,
MS 2005).
1.5. A dengue em Goiás
Em Goiás, os primeiros casos confirmados de dengue foi em 1994,
apresentando picos epidêmicos nos meses de janeiro a março, estabelecendo
um padrão de sazonalidade no período das chuvas, onde 98% dos municípios
encontravam-se infestados pelo A. aegypti (MS 2005).
Uma freqüência no período de transmissão é observada em um padrão
sazonal coincidente com o verão devido a elevada precipitação das chuvas e
consequentemente o aumento da umidade relativa do ar e da temperatura,
comuns nesta estação, que favorecem o aumento dos índices de infestação e
da densidade vetorial (MS 2002).
7
A atividade hematofágica de culicíneos envolve uma complexa
interação de fatores físicos, químicos e biológicos ligados aos ciclos de vida
das espécies. Sabe-se que a densidade e a reprodução são favorecidas pelos
períodos chuvosos e quentes. Com relação ao A. aegypti a sua hematofagia é
realizada em ambientes sinantrópicos o que fez dele uma praga das áreas
urbanas. Nestas áreas, a organização dos espaços é colocada como
dificuldades ao controle desse mosquito (Gomes 1998, Silva et al. 2002,
Gomes et al. 2005).
1.6. Re-emergência e endemização da dengue
A re-emergência de dengue tem sido relacionada à densidade do A.
aegypti e da população humana, da urbanização inadequada, migrações,
precariedades dos sistemas de saúde e determinantes sócio-econômicos. A
transmissão aumenta proporcionalmente à expansão do vetor. Os grandes
centros urbanos apresentam maiores probabilidades da transmissão, já o
controle fica mais difícil devido a extensão e a heterogeneidade de seus
espaços (Clark 1992, Barrera 1996, Chiaravalloti Neto 1997, Glasser & Gomes
2001, Tauil 2001).
O processo de endemização de dengue e a continuidade da
transmissão no verão tem garantido a disseminação aos períodos
subseqüentes, independente de casos importados, pois ainda há transmissão
silenciosa em áreas urbanas distintas e em meses desfavoráveis. Outro fator a
ser considerado é o grau de imunidade em relação aos sorotipos de vírus da
dengue. No Brasil, aumentaram os meses com transmissão identificada pelo
sistema de vigilância entre 1990 e 1995, do vírus Den-1. A partir de 1996, o
aumento de casos foi devido ao Den-2, sendo observado o caráter exponencial
da transmissão de janeiro a março, e poucos ou nenhum caso entre julho e
dezembro. As informações baseadas em casos mostram apenas uma parte da
realidade, pois pessoas assintomáticas ou mesmo que apresentem sintomas,
não chegam a fazer parte das estatísticas oficiais (Marzochi 1994, Costa &
Natal 1998, Teixeira et al. 2002).
8
1.8. Fatores de risco
A dengue clássica e a febre hemorrágica do dengue são as arboviroses
mais difundidas no mundo, constituindo causas importantes de morbi-
mortalidade, resultando em epidemias de impacto em saúde pública. O fator de
risco mais importante para o dengue tem sido morar ou circular em áreas onde
estejam ocorrendo casos, especialmente na vigência de epidemias. Há
evidências da ampliação das áreas de doenças transmitidas por insetos em
vários continentes e seu agravamento devido, entre outros determinantes, ao
aumento da temperatura global nos últimos 100 anos (FUNASA 1999)..
Outro fator climático importante na abundância de A. aegypti é a
precipitação pluviométrica, a qual influi principalmente na densidade dos
criadouros devido ao aumento de recipientes artificiais e naturais com acúmulo
de água no extradomicílio, nos períodos e locais com mais freqüência e
intensidade de chuva (Gubler 1998).
A associação positiva entre a intensidade da infestação vetorial e a
ocorrência de dengue, mesmo quando os valores do IIP estão próximos de 1%,
considerados como de baixo risco para a transmissão de dengue e sem risco
para transmissão da febre amarela estiveram associados à ocorrência de
dengue em Singapura (WHO 1997).
1.9. Ações antivetoriais
As atividades antivetoriais apresentam três componentes institucionais:
vigilância sanitária; inspeção predial e relativo à informação, educação e
comunicação. As ações de prevenção da dengue necessitam de envolvimento
de outros setores da sociedade, particularmente na questão da melhoria das
condições de urbanização e de habitação, coleta regular de lixo, abastecimento
permanente de água encanada e educação (Tauil 2001).
A grande ameaça da expansão de doenças infecciosas, como a
dengue, aponta para a necessidade da reestruturação da vigilância
epidemiológica e da mudança das políticas de controle. Uma das principais
criticas ao programa é que a tomada de decisões ocorre a nível nacional, sem
considerar as realidades municipais (Penna 2003).
9
Os dados apontam para o grau de dificuldades envolvidas no controle
do vetor em países em desenvolvimento, onde geralmente é negligenciada
uma abordagem intersetorial entre as várias áreas administrativas dos
governos. Os programas de controle em países desenvolvidos, além de
envolverem menores quantidades de recursos humanos e disporem de
recursos econômicos e tecnológicos de melhor qualidade, estão associados a
métodos de gestão ambiental (OMS 1988).
As ações de controle e combate à dengue depende da transposição de
uma série de obstáculos, especialmente a forma fragmentada como o Estado
lida com as questões sociais, aspecto que contribui para o crescente descrédito
da população em relação à efetividade e às competências das ações do poder
público. O quadro epidemiológico da dengue tem se agravado nos últimos
anos, e, o que se nota, é a manutenção das formas tradicionais de controle.
Mas é importante destacar as limitações da atuação do serviço de saúde no
controle da dengue, de modo que os problemas só poderão ser resolvidos a
partir da integração com áreas como saneamento, habitação, educação, entre
outras, além da necessária melhoria das condições de vida da população
(Mondini et al. 2005).
O índice de infestação predial (IIP), um dos métodos mais simples e
utilizados pelos serviços de saúde para estimar o nível de infestação desse
vetor nos centros urbanos, pode ser útil para predizer a transmissão da dengue
e representa ferramenta importante para orientar e avaliar as medidas de
controle desencadeadas pelos serviços de saúde (Gomes 1998, Tauil 2002).
È necessário reduzir e manter a infestação do A. aegypti a níveis
inferiores a 1%, sem o que a transmissão da dengue, mesmo que silenciosa,
persistirá na população. Isto enfatiza a necessidade de aprimorar a vigilância
entomológica para orientar as ações de controle sobre o vetor e o ambiente e
minimizar o impacto da doença na saúde da população (Marçal Júnior &
Santos 2004, Corrêa et al. 2005).
Epidemias de dengue já foram observadas em locais com índices de
infestação da ordem de 1% a 2% (Teixeira et al. 2002) como o exemplo do
surto em Singapura com infestação muito baixa mas com focos isolados com
alta densidade do vetor (WHO 1997, MS 2002). Localidades com altos
coeficientes de incidência de dengue apresentaram baixos IIP e vice versa.
10
Trata-se de um paradoxo que reflete a complexidade da epidemiologia da
dengue. A ecologia da doença envolve múltiplos fatores condicionantes e
determinantes, incluindo temperatura, pluviosidade, sazonalidade,
comportamento e capacidade adaptativa do vetor, aspectos imunológicos e
fatores sócio-culturais das populações acometidas, entre outros fatores
(Donalísio & Glasser 2002, Marçal Júnior & Santos 2004).
11
OBJETIVOS
GERAL: Atualizar dados sobre os componentes da cadeia
epidemiológica de dengue no Estado de Goiás.
ESPECÍFICOS: estruturação de bancos de dados sobre a dengue e o
principal vetor, tendo como base a organização administrativa da Secretaria de
Estado da Saúde de Goiás e suas administrações regionais, que atuam nas
ações de controle de doenças endêmicas.
Verificar a importância da densidade do mosquito, a pluviosidade e
prevenção de dengue.
Estabelecer parâmetros que orientem a intervenção sobre o vetor e
previna a transmissão de dengue.
.
12
Correlação entre os casos de dengue, a pluviosidade e a densidade
larvária de Aedes aegypti no Estado de Goiás
Sócrates Siqueira de Souza
1
ABSTRACT
This article presents the correlation between cases of dengue, the pluvial
quantity and the House Index (HI) with Aedes aegypti, in the State of Goiás,
from 2001 to 2005. A positive correlation was verified between HI and the
pluvial quantity (p<0,01), HI and the incidence of cases (p<0,05). A strong
association was expressed in a graphic, with their peaks in times of high HI,
pluvial quantity and dengue incidence The cases of dengue increased from
January to March, and decreased on April and May or were interrupted in most
of the brazilian cities. The metropolitan area of Goiânia was responsible for
more than 80% of the cases of dengue in the state and the transmission was
continuous, although it decreased in the period from May to December. This
positive correlation confirms that the HI is efficient to predict the dengue
transmission, in a significant way even though it’s known that the dry season is
not a decisive factor in the disappearance of A. aegypti.
Key words: Aedes aegypti. Dengue. Control. Correlation.
1
Aluno do programa de Pós-graduação em Medicina Tropical do Instituto de Patologia Tropical (IPTSP)
da Universidade Federal de Goiás (UFG). Técnico em Endemias da Superintendência de Políticas de
Atenção Integral à Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás.
13
RESUMO
Apresenta-se a correlação existente entre casos de dengue, a pluviosidade e o
índice de infestação predial (IIP) de Aedes aegypti no Estado de Goiás, no
período de 2001 a 2005. Constatou-se uma correlação positiva entre o IIP e a
pluviosidade (p<0,01), IIP e a incidência de casos (p<0,05). Uma forte
correlação se expressou em onda, com seus picos em épocas de maiores IIP,
pluviosidade e a incidência de dengue. Os casos de dengue foram contínuos e
crescente, de janeiro a março de cada ano, declinando de abril e maio, ou
interrompendo-se na maioria dos municípios. A região metropolitana de
Goiânia foi responsável por mais de 80% dos casos de dengue do estado e a
transmissão foi contínua, embora baixa no período de maio a dezembro. Essa
correlação positiva confirma que o índice de infestação predial é capaz de
predizer a transmissão de dengue, de forma significativa, mesmo sabendo que
a sazonalidade não é fator determinante no desaparecimento o A. aegypti.
PALAVRAS-CHAVE: Aedes aegypti. Dengue. Correlação. Controle.
O Aedes aegypti distribui-se pela faixa cosmotropical, onde é
considerado o vetor mais importante de dengue e febre amarela na Ásia, África
e Américas
22 30
. Adaptado ao ambiente urbano, esse mosquito vive em contato
com cerca de 2,5 bilhões de pessoas, expostas ao risco da transmissão de
dengue
30
.
Aceita-se que A. aegypti seja originário do continente africano e deste
se dispersou para os outros, acompanhando as migrações humanas. O
comportamento sinantrópico e antropofílico desse vetor tem elevado a
densidade nas áreas urbanas, e em conseqüência, o aparecimento de
epidemias de dengue em vários países
6 16 22 30
.
O estabelecimento dos 4 sorotipos de vírus do dengue nas Américas,
levou ao ressurgimento no continente. No Brasil, o primeiro registro foi em
1982
20
e após três décadas a dispersão alcançou 25 unidades federadas do
país. A incidência revela uma tendência ascendente, mesmo com atividade das
14
ações de controle. A transmissão apresenta comportamento cíclico,
intercalando anos com altas e baixas incidências
16 19 24
.
A re-emergência de dengue relaciona-se com a densidade e expansão
do A. aegypti, da população humana, da urbanização inadequada, migrações,
precariedades dos sistemas de saúde e determinantes sócio-econômicos
1 8 16
24
.
O caracter endêmico da dengue tem sido vitalizado pela transmissão
silenciosa em áreas urbanas distintas e em meses desfavoráveis. Os picos das
epidemias coincidem com as estações chuvosas e o fator de risco mais
importante tem sido morar ou circular em áreas, onde estejam ocorrendo
casos, na vigência de epidemias
4 7 12 26
.
A expansão de dengue aponta para a necessidade da reestruturação
da vigilância epidemiológica, mudança das políticas de controle, inclusão das
realidades municipais, gestão ambiental e a integração de outros setores da
sociedade
18 21 24
.
Os índices de infestação predial (IIP) e pluviométrico têm sido úteis
para predizerem a transmissão da dengue, estimar o nível de infestação do
vetor e avaliar as medidas de controle
10 25
. Quando os valores de IIP estão
próximos de 1%, indicam baixo risco de transmissão. Contudo há de se
considerar múltiplos fatores condicionantes e determinantes, como
temperatura, sazonalidade, comportamento do vetor, aspectos sócio-culturais e
imunológicos da população
2 3 15 23 25 29
.
Dessa forma, este trabalho teve como objetivo evidenciar a existência
de correlação entre o índice predial, a pluviosidade e os casos de dengue, bem
como, estabelecer parâmetros que orientem a intervenção sobre o vetor e
previnam a transmissão. Além de atualizar os dados da doença e densidade de
A. aegypti, no Estado de Goiás.
MATERIAL E MÉTODOS
O Estado de Goiás é constituído de 246 municípios e as atividades de
controle são de forma descentralizada nas ações do Sistema Único de Saúde
(SUS). A investigação de larvas de A. aegypti foi realizada de acordo com a
metodologia preconizada pelo Ministério da Saúde
17
. As larvas encontradas
15
foram acondicionadas em tubos de plástico transparente, em álcool a 70%, e
enviadas ao laboratório de entomologia do município para a identificação. Onde
não havia essa estrutura, eram encaminhadas ao município mais próximo.
O índice de infestação predial foi obtido através da divisão do n° de
imóveis com A. aegypti pelo n° de imóveis inspecionados x 100.
Posteriormente, os dados tabulados em planilha do Programa de Febre
Amarela e Dengue (PCFAD), em cada município, eram repassados à
Secretaria Estadual de Saúde de Goiás.
Os pacientes com suspeita de dengue, atendidos pelo posto de saúde
ou hospital, eram notificados individualmente através da “Ficha de Investigação
Epidemiológica” do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN). Os
municípios que registravam os primeiros casos enviavam material para a
regional de saúde e desta ao Laboratório Central (LACEN/GO), para exame
sorológico confirmatório.
Após a confirmação de caso e/ou epidemia de dengue, amostras eram
colhidas com 10 mL de sangue, por punção venosa, após o 5º dia do inicio dos
sintomas. O sangue foi centrifugado a 1500 rpm, durante 10 minutos e o soro
separado era acondicionado em freezer a 20ºC negativos e enviado ao
LACEN-GO. A técnica utilizada foi o MAC-ELISA para captura de anticorpos
IgM anti-dengue.
Os dados pluviométricos foram fornecidos pelo Instituto Nacional de
Meteorologia (INMET) Regional de Goiás, em tabelas, e depois transformados
em gráficos através do Programa Excel.
As variáveis contínuas foram analisadas através do teste t (Student).
Para analisar a correlação entre o índice larval, a pluviosidade e a incidência de
casos, utilizou-se o coeficiente de correlação de Pearson.
16
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O índice de infestação predial (IIP) de A. aegypti mostrou uma grande
variação entre os meses, no período de 2001 a 2005. Neste período, essa
variação foi observada em conformidade com os períodos sazonais de seca e
de chuva. Constatou-se correlação positiva entre o IIP, a pluviosidade média e
a incidência de casos de dengue, com p<0,05. Uma forte associação se
expressou em onda (Figura 1), com seus picos em épocas de maiores IIP,
pluviosidade e a incidência de dengue. Contudo, alguns municípios foram
indenes à infestação de A. aegypti e à transmissão de dengue (Figura 2).
Estudos da associação desses três fatores são raros, no entanto já foi
demonstrada a maior incidência de dengue na estação chuvosa
5 11 14 23
. Outra
associação estabelecida foi que temperaturas altas, no período chuvoso,
aumentavam a longevidade do A. aegypti e a possibilidade de transmissão
13
. A
associação significativa entre incidência de dengue e o IIP aqui observados,
também foi notada em Belo Horizonte
2
.
No período estudado, 2001 a 2005, a incidência de dengue no Estado
de Goiás acompanhou os períodos de chuva e seca, mostrando maior
quantidade de casos, nos meses de janeiro a abril, exceto em 2005, que se
estendeu até o mês de maio. Nesses meses, o IIP e a incidência de casos de
dengue foram mais elevados, tanto por município, quanto no estado inteiro,
confirmando a hipótese de que a transmissão ocorre quando a densidade do
vetor está elevada (Tabela 1 e Figuras 1 e 3). Há estudos que referem os IIP
por semestres
2 26
, sendo o índice maior no primeiro do que no segundo, e não
a períodos de maior ou menor pluviosidade. Nesses estudos, os maiores
valores do IIP foram entre 1,33 e 2,76%, os menores abaixo de 0,45%, sendo
seus valores maiores do que os desse trabalho.
No período de 2001 a 2003, o Estado de Goiás apresentava 240
municípios infestados pelo A. aegypti (97,9%). No ano subseqüente aumentou
para 241 e se manteve até 2005. Apesar da quantidade de municípios
infestados por esse mosquito, a transmissão de dengue foi em um número bem
menor de municípios, cerca de 50%; posteriormente, decrescendo em 2004,
com pequena elevação em 2005 (Tabela 1).
17
Até o momento em Goiás, estão circulando simultaneamente os 3
sorotipos de dengue (Den-1, 2 e 3). Entre 2001 e 2005, no período da seca, de
maio a setembro, apesar da grande redução do IIP de A. aegypti, houve
transmissão de dengue apenas na região metropolitana de Goiânia (que inclui
Aparecida de Goiânia, Senador Canedo e Trindade). Em 2004, aparece a
primeira transmissão contínua fora da região metropolitana, em Minaçu, e no
ano seguinte, amplia com ocorrência de casos em Rio Verde e Uruaçu.
Quando esses municípios não conseguiram interromper a transmissão no
período seco, foi observado, o início da elevação do número de casos, no mês
de outubro, com expressiva epidemia no período de janeiro a março do ano
seguinte nesses municípios (Figura 3).
Os casos de dengue mostraram-se de forma contínua e crescente nos
meses de janeiro a março de cada ano, declinando nos meses de abril e maio,
quando ocorre a interrupção na maioria dos municípios. Os números de casos
de dengue voltaram a subir no mês de outubro, com exceção do ano de 2002
quando se manteve em declínio. Nos meses de novembro e dezembro de
todos os anos estudados, os casos se mantiveram em elevação.
Estudos mostram que há circulação viral com IIP em torno de 1%, ou
acima desse índice
2 9 27
. Em Goiás, a transmissão de dengue, ocorria quando o
IIP>1%. Em 2001, dos 136 municípios com transmissão, 58 tiveram IIP<1%.
Mas, o maior número de casos de dengue foi no período chuvoso, com 77,5%
dos casos, e o restante no período seco (22,5%). No período chuvoso do ano
seguinte, ocorre uma grande epidemia de dengue, a maior registrada até o
momento, com 20.587 casos, e IIP observado foi de 1,14%. A região
metropolitana de Goiânia foi responsável por 85,1% do total. Provavelmente, o
aumento tenha sido maximizado pela introdução do sorotipo Den-3, acrescido
aos sorotipos Den-1 e Den-2, já existentes em circulação, visto que diminuiu o
número de municípios com transmissão. Outro dado que corrobora esse
raciocínio foi o fato da maior prevalência de Den-3, na região metropolitana de
Goiânia (Figura 3).
Em 2003, houve uma redução de 62,0% no número de casos de
dengue, e de 33% no número de municípios com transmissão, comparados ao
ano anterior. Contudo, a região metropolitana de Goiânia foi responsável por
90,7% dos casos de dengue nesse ano. A transmissão foi contínua em todos
18
os meses, embora baixa no período de maio a dezembro, causando um
aumento de casos nos três últimos meses, que normalmente, apresentam
índices baixos de transmissão. No período chuvoso, a incidência foi de 115,8%
dos casos de dengue, sendo 22,0% desse total só no mês de fevereiro. A
elevada percentagem do número de casos, nos 4 primeiros meses, mostrou a
influência desse período pela elevação do IIP do A. aegypti (Tabela 1).
A região metropolitana de Goiânia apresenta a maior concentração
populacional do estado. Nessa região, e no município de Minaçu, a
transmissão de dengue foi contínua durante o ano de 2003, embora diminuindo
no período seco. Parece lícito supor, que isso tenha sido um fator determinante
na elevação do número de casos de dengue, e, devido ao fluxo de pessoas,
isso serviu como centro de dispersão para outros municípios, principalmente
para os próximos, que fazem fronteiras. A dispersão passiva pode ocorrer em
função dos inter-relacionamentos comerciais, ou pela procura de empregos,
assistência à saúde e educação. Esse fluxo de pessoas contribui para a
dispersão dos sorotipos do vírus de dengue (Den-1, 2, e 3), da capital para as
cidades contíguas (Aparecida de Goiânia) ou próximas (Trindade e Senador
Canedo), elevando o número de casos de dengue.
Em 2004, foram confirmados 5.436 casos de dengue em 86 municípios
goianos, tendo uma redução de 30,5% em relação ao ano anterior. O IIP médio
e a média da precipitação anual das chuvas são apresentados na Tabela 1. O
maior número de casos de dengue coincidiu com o período chuvoso (incidência
de 80,0%), fato que vem se repetindo similarmente aos períodos anteriores,
mostrando que há influência desse período no aumento de casos de dengue.
Ainda nesse ano, no mês de maio, manteve-se elevado o número de casos de
dengue (Figura 1). Isso foi diferente dos anos anteriores, o que demonstrou
anormalidade na transmissão para este mês. Observou-se a ocorrência, em
Goiânia e região metropolitana, de 443 casos nesse mês, representando 74,3%
do total, dos municípios goianos. A partir de junho, observou-se queda
acentuada da transmissão, seguindo-se, continua e decrescente, até setembro.
Porém, a partir de outubro o aumento do número de casos foi até dezembro,
período que coincide com o aumento continuo do IIP, confirmando a correlação
existente entre o período chuvoso e a densidade do A. aegypti.
19
Outra epidemia importante de dengue em Goiás, aconteceu em 2005,
com 16.725 casos, em 101 municípios. Isso significou um aumento de 307,6%
em relação ao ano anterior, e cerca de 11% no número de municípios. Nesse
ano, 6 municípios não conseguiram interromper a transmissão de dengue
(Goiânia, Aparecida de Goiânia, Trindade, Senador Canedo, Rio Verde e
Uruaçu). Novamente se repete o fato de que a continuidade da transmissão faz
aparecer acentuada elevação do número de casos em outubro. Em
comparação ao anos anteriores, observou-se um aumento dos casos de
dengue nos meses de maio e junho. Três municípios contribuíram para a
expressiva participação nesses meses, Goiânia com 2.019, Aparecida de
Goiânia com 1.230 e Rio Verde com 529 casos, eqüivalente a 85,4%, em
relação a esses meses.
A correlação positiva entre o IIP e a pluviosidade (p<0,01), e o IIP e a
incidência de casos (p<0,05), confirma que o índice de infestação predial é
capaz de predizer a transmissão de dengue, de forma significativa, mesmo
sabendo que a sazonalidade não é fator determinante em seu
desaparecimento
28
porque não depende exclusivamente dos criadouros que
surgem com período chuvoso. O A. aegypti mantém o ciclo de vida no período
seco, através de criadouros artificiais permanentes, como caixas d’água e
caixas de passagem do sistema hidro-sanitário. O mosquito sobrevive em
densidade baixa, mas o suficiente para manter a transmissão de dengue,
confirmada pelo número de casos de dengue no período seco.
A região metropolitana de Goiânia foi responsável por 80,6% dos casos
de dengue no ano de 2005. Como a transmissão de dengue foi contínua em
Rio Verde, já era esperado um aumento de casos no sudoeste goiano. Isso
realmente aconteceu, contribuindo com 9,9% dos casos e os outros 92
municípios responderam por 9,4% dos casos (Figura 1).
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23
Tabela 1. Índice de infestação predial (IIP) de Aedes aegypti, número de casos
de dengue (NCD) e incidência anual por 100.000 habitantes (ICD), de acordo
com a pluviosidade dos períodos, entre 2001 e 2005.
2001 2002 2003 2004 2005
Precipitação (mm)–chuvoso 193 188,5 215,4 244,9 260,9
Precipitação (mm) – seco 55,3 27,9 27 32,5 29,3
IIP – período chuvoso 1,95 1,14 1,14 1,23 1,06
IIP – período seco 0,37 0,12 0,13 0,14 0,18
ICD – período chuvoso 144,49 367,86 115,85 80,48 192,5
ICD – período seco 41,75 27,25 31,47 20,13 105,1
NCD – período chuvoso 7393 19167 6148 4348 10821
NCD – período seco 2136 1420 1670 1088 5904
Municípios com transmissão 136 133 89 86 101
24
A
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
2001 2002 2003 2004 2005
IIP
IIP(%)
B
0
100
200
300
400
500
2001 2002 2003 2004 2005
PM
Pluviosidade Média (PM)
C
0
50
100
150
200
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
2001 2002 2003 2004 2005
IC
D
Incidência
Figura 1. Índice de infestação predial de Aedes aegypti (IIP), a pluviosidade
média (PM) e incidência de casos de dengue (ICD), no Estado de Goiás.
25
Figura 2. Municípios do Estado de Goiás, indenes de Aedes aegypti, até o ano
de 2005.
26
Figura 3. Municípios do Estado de Goiás com transmissão de dengue e os
sorotipos isolados.
27
CONCLUSÕES
A alta pluviosidade foi fator determinante no índice de infestação predial
de Aedes aegypti no Estado de Goiás, e no número de casos de dengue.
A correlação positiva entre o IIP e a pluviosidade (p<0,01), IIP e a
incidência de casos (p<0,05), confirma que o índice de infestação predial é
capaz de predizer a transmissão de dengue, de forma significativa, mesmo
sabendo que a sazonalidade não é fator determinante no desaparecimento do
A. aegypti.
A transmissão da doença ocorreu em maior quantidade nos quatro
primeiros meses de cada ano estudado, período de elevada pluviosidade,
diminuindo substancialmente nos meses de junho a setembro, época de
poucas chuvas.
Uma forte associação se expressou em onda, com seus picos em
épocas de maiores IIP, pluviosidade e a incidência de dengue.
Os casos de dengue mostraram-se de forma contínua e crescente nos
meses de janeiro a março de cada ano, declinando nos meses de abril e maio,
quando ocorre a interrupção na maioria dos municípios.
A região metropolitana de Goiânia, foi responsável por mais de 80% dos
casos de dengue e a transmissão foi contínua em todos os meses, embora
baixa no período de maio a dezembro, mas ocorreu um aumento nos três
últimos meses, os quais, normalmente, apresentam índices baixos de
transmissão.
28
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