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MÁRCIA REGINA TEIXEIRA MINARI
ESTRESSE EM SERVIDORES PÚBLICOS DO INSTITUTO
NACIONAL DE SEGURO SOCIAL DE CAMPO GRANDE-MS
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO (UCDB)
MESTRADO EM PSICOLOGIA
CAMPO GRANDE-MS
2007
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MÁRCIA REGINA TEIXEIRA MINARI
ESTRESSE EM SERVIDORES PÚBLICOS DO INSTITUTO
NACIONAL DE SEGURO SOCIAL DE CAMPO GRANDE-MS
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado
em Psicologia da Universidade Católica Dom
Bosco, como exigência parcial para obtenção do
título de Mestre em Psicologia, área de
concentração: Psicologia da Saúde, sob a
orientação do Prof. Dr. José Carlos Rosa Pires de
Souza.
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO (UCDB)
MESTRADO EM PSICOLOGIA
CAMPO GRANDE-MS
2007
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FICHA CATALOGRÁFICA
Minari, Márcia Regina Teixeira
M663e Estresse em servidores públicos do Instituto Nacional de Seguro Social
em Campo Grande-MS / Márcia Regina Teixeira Minari; orientador José
Carlos Rosa Pires de Souza. 2007
103 f; il. : 30 cm.
Dissertação (mestrado) – Universidade Católica Dom Bosco, Campo
Grande, Mestrado em Psicologia, 2007.
Inclui bibliografias
1. Stress ocupacional 2. Servidores públicos 3. Trabalho – Aspectos
psicológicos. I. Souza, José Carlos Rosa Pires de. II. Título
CDD-158.7
Bibliotecária responsável: Clélia T. Nakahata Bezerra CRB 1/757
A dissertação apresentada por MÁRCIA REGINA TEIXEIRA MINARI, intitulada
“ESTRESSE EM SERVIDORES PÚBLICOS DO INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO
SOCIAL DE CAMPO GRANDE-MS”, como exigência parcial para obtenção do título de
Mestre em PSICOLOGIA à Banca Examinadora da Universidade Católica Dom Bosco
(UCDB), foi ................................................ .
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Prof. Dr. José Carlos Rosa Pires de Souza
(orientador/UCDB)
____________________________________________
Profa. Dra. Mariângela Gentil Savóia (FCMSCSP)
____________________________________________
Profa. Dra. Ângela Elizabeth Lapa Coêlho (UCDB)
____________________________________________
Profa. Dra. Vera Sonia Mincoff Menegon (UCDB)
Campo Grande-MS, de 2007.
Dedico este estudo aos meus pais que me
apoiaram em todas as etapas desta dissertação
e da minha vida, e, especialmente, a todos os
funcionários do INSS.
AGRADECIMENTOS
A Deus, que ilumina os meus caminhos, abençoa e protege a minha vida.
À minha família, pelo imenso amor, apoio e compreensão.
À minha mãe, grande amiga e companheira que me ensinou o grande valor e prazer de
viver.
Aos meus amigos, que me apoiaram e estiveram sempre ao meu lado.
Ao Prof. Dr. José Carlos Rosa Pires de Souza, por aceitar me orientar com paciência,
empenho e competência Profissional.
À Profa. Dra. Marta Vieira Vilela, pelas valiosas orientações iniciais.
À Profa. Dra. Vera Sonia Mincoff Menegon e Profa. Dra. Ângela Elizabeth Lapa
Coelho, UCDB, meus agradecimentos por aceitarem fazer parte de minha banca e pelas
imensas contribuições a essa dissertação.
Ao Adriano Viana Bednaski, Profa. Maria Helena Cruz e Maria Elisa de Oliveira,
pelas contribuições respectivas no trabalho estatístico, revisão ortográfica e formatação do
trabalho nas normas da ABNT.
A todos os participantes desta pesquisa.
À Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado
de Mato Grosso do Sul (FUNDECT), que acreditou na relevância desta pesquisa, concedendo
bolsa de estudo.
A todos aqueles que colaboraram para realização deste trabalho. Minha gratidão!
Minha alma não aspira à vida imortal, mas esgota o
campo do possível.
Píndaro
RESUMO
O presente trabalho teve o objetivo de estudar o estresse e as fontes estressoras dos
funcionários públicos que atendem segurados no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS)
de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. A amostra (n=42) constituiu-se com predominância
do sexo feminino (73,8%) e com média de idade de 46 anos. Para a coleta de dados, foram
utilizados três instrumentos: Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL),
que investiga a prevalência do estresse, as fases (Alarme, Resistência, Quase-Exaustão e
Exaustão) e a sintomatologia predominante (físicos e/ou psicológicos); Escala de
Reajustamento Social, que analisa os estressores externos; e Inventário de Crenças Irracionais,
que avalia uma das fontes internas do estresse. Os resultados do ISSL revelaram que 61,9%
dos funcionários encontravam-se estressados, sendo que 85% deles estavam na fase de
Resistência, 11% na fase de Quase-Exaustão e 4% na fase de Exaustão. Houve predominância
tanto dos sintomas psicológicos, quanto de ambos (físicos e psicológicos). Nesse instrumento,
as mulheres apresentaram mais estresse do que os homens. Os resultados da Escala de
Reajustamento Social revelaram que 59,5% dos participantes apresentaram maiores
probabilidades de adoecerem em função das intensas mudanças ocorridas em suas vidas, nos
últimos 12 meses. Os estressores externos mais freqüentes referem-se à família, mudanças no
ambiente, perda de suporte social, trabalho, finanças e dificuldades pessoais. Os dados foram
interpretados a favor da hipótese de que tanto as crenças irracionais, quanto os estressores
externos são potentes fontes de estresse. Através deste estudo, verificou-se a importância de
estabelecer programas de prevenção e redução do estresse na instituição pública do INSS.
Palavras-chave: Estresse. Funcionários públicos. Fontes estressoras.
ABSTRACT
The present study aims to study stress and the causes of stress of government workers who
deal with insured people from Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) in Campo Grande,
Mato Grosso do Sul. The sample (n=42) was made up of predominantly women (73.8%) with
an age average of 46. For data collecting, three tools were used: Inventory of Stress
Symptoms for Lipp adults (ISSL), which investigates the predominance of stress, the phases
(Alarm, Resistance, Almost-Burnout and Burnout) and the predominant symptoms (physical
and psychological); Social Adjustment Scale, which analyzes the external causes of stress;
and the Inventory of Irrational Beliefs, which evaluates one of the internal causes of stress.
The results of the ISSL showed that 61.9% of the workers were stressed, 85% were in the
Resistance phase, 11% in the phase of almost-burnout and 4% in the phase of Burnout. There
was a predominance of psychological symptoms and both symptoms together (physical and
psychological). In this study, women were more stressed than men. The results of the Social
Adjustment Scale showed that 59% of the participants showed a high probability of getting
sick because of intense changes that happened in their lives in the past twelve months. The
most frequent external causes of stress are related to the loss of social support, changes in the
environment, work and budget. The data were interpreted in favor of the hypothesis that both
the irrational and the external causes are high sources of stress. Throughout this study, we
evaluated the importance of creating programs for stress prevention and reduction in
governmental departments in INSS.
Key-words: Stress. Government workers. Causes of stress.
LISTA DE SIGLAS
APS Agências da Previdência Social
BEPATYA Behaviour Pattern Typ A
CFP Conselho Federal de Psicologia
CNS Conselho Nacional de Saúde
D/C Demanda-Controle
ERI Desequilíbrio entre Esforço e Recompensa no Trabalho
ESAU Estado Geral de Saúde
FA Fase de Alarme
FCMSCSP Faculdade de ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
FE Fase de Exaustão
FQE Fase de Quase-Exaustão
FR Fase de Resistência
IASTE Inventário dos Agentes Stressores no Trabalho dos Executivos
IESM Inventário de Estratégias de Manejo do Stress dos Magistrados
IFSJ Inventário de Fontes de Estresse de Juízes
INSS Instituto Nacional de Seguro Social
IQV Inventário de Qualidade de Vida
ISS Inventário de Sintomas de Stress
ISSL Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp
LEU Life Events Units
LSS Lista de Sintomas de Stress
MPAS Ministério da Previdência e Assistência Social
QMPA Questionário de Morbidade Psiquiátrica do Adulto
QV Qualidade de Vida
REBT Terapia do Comportamento Racional Emotivo
RET Terapia Racional Emotiva
SAG Síndrome de Adaptação Geral
SCOPE/STR Stress e Coping Experience – Stress
TCC Terapia Cognitivo-Comportamental
TCS Tratamento de Controle do Estresse
USP Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Distribuição do perfil sociodemográfico dos funcionários públicos
pesquisados.......................................................................................................55
TABELA 2 - Distribuição dos participantes que apresentaram estresse em relação às
fases do estresse................................................................................................56
TABELA 3 - Relação estatística entre os dados sociodemográficos e o nível de estresse
dos participantes................................................................................................58
TABELA 4 - Distribuição dos participantes que apresentaram maiores índices de
estressores externos em relação à classificação da Escala de
Reajustamento Social........................................................................................59
TABELA 5 - Relação estatística entre o nível de estresse e as classificações na Escala
de Reajustamento Social...................................................................................59
TABELA 6 - Relação dos estressores externos mais apontados pelos participantes..............60
TABELA 7 - Relação estatística entre os dados sociodemográficos e a classificação da
Escala de Reajustamento Social........................................................................61
TABELA 8 - Relação entre as fases do estresse e a quantidade de crenças irracionais.........62
TABELA 9 - Crenças Irracionais mais apontadas pelos participantes...................................63
TABELA 10 - Relação estatística entre os dados sociodemográficos e a quantidade de
Crenças Irracionais............................................................................................64
TABELA 11 - Relação estatística entre o nível de estresse e a quantidade de Crenças
Irracionais .........................................................................................................65
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................14
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................17
2.1 ESTRESSE...................................................................................................................18
2.1.1 Conceito do estresse............................................................................................20
2.1.2 Fontes do estresse................................................................................................23
2.1.3 Fases e sintomas do estresse................................................................................28
2.1.4 Prevenção e tratamento do estresse.....................................................................30
2.2 ESTRESSE E TRABALHO.........................................................................................32
2.2.1 Pesquisas com servidores públicos .....................................................................37
3 OBJETIVOS.......................................................................................................................43
3.1 OBJETIVO GERAL.....................................................................................................44
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................................44
4 MÉTODO...........................................................................................................................45
4.1 LOCAL DA PESQUISA..............................................................................................46
4.2 PARTICIPANTES........................................................................................................46
4.3 RECURSOS HUMANOS ............................................................................................47
4.4 INSTRUMENTOS .......................................................................................................47
4.5 PROCEDIMENTOS.....................................................................................................49
4.6 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA ........................................................................50
5 RESULTADOS ..................................................................................................................52
5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA.......................................................................54
5.2 INVENTÁRIO DE SINTOMAS DE STRESS PARA ADULTOS DE LIPP...............56
5.3 ESCALA DE REAJUSTAMENTO SOCIAL..............................................................59
5.4 INVENTÁRIO DE CRENÇAS IRRACIONAIS.........................................................62
5.5 COMENTÁRIOS COMPLEMENTARES DOS PARTICIPANTES..........................65
6 DISCUSSÃO.......................................................................................................................70
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................79
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................82
APÊNDICES...........................................................................................................................90
ANEXOS .................................................................................................................................99
14
1 INTRODUÇÃO
15
O estresse ocupacional é um tema estudado com grande interesse pelos pesquisadores,
pois é extremamente importante compreender a intensidade e as várias causas geradoras de
estresse nas organizações de trabalho. A atividade laboral possibilita para o ser humano
crescimento, reconhecimento, auto-estima, mudança e independência pessoal e profissional,
mas também pode desencadear problemas de insatisfação, desinteresse, depressão, estresse e
doenças (COMISSÃO EUROPÉIA, 2002; FRANÇA; RODRIGUES, 1997).
Neste trabalho, o estresse é entendido conceitualmente como um processo complexo,
que possui interação entre fatores ambientais, psicossociais, organizacionais e de
características individuais de cada pessoa. Os resultados negativos do estresse podem trazer
prejuízos e impacto negativo tanto na saúde e bem-estar dos funcionários, quanto no
funcionamento e na produtividade das organizações.
O Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) é alvo de constantes notícias em todo o
Brasil, principalmente quando o assunto é falta e/ou demora no atendimento e burocracia
excessiva. Mas, em contrapartida, quais as necessidades e dificuldades organizacionais que
os servidores têm? Como se encontra a saúde mental desses trabalhadores? A partir desses
questionamentos, surgiu o interesse em investigar qual a incidência de estresse, os sintomas e
as fontes que afetam os servidores públicos do INSS que atendem segurados.
Esses questionamentos foram realizados pela pesquisadora na época em que trabalhou
na Instituição, como servidora contratada. A partir da experiência no trabalho público, a
pesquisadora observou que a atividade dos servidores públicos que atendem segurados no
INSS envolve um conjunto de características peculiares, como uma alta responsabilidade nas
decisões sobre os processos administrativos e grande quantidade diária de atendimento. A
esses fatores, acrescenta-se a falta de reajuste salarial a mais de oito anos.
Neste estudo, serão discutidos alguns aspectos importantes sobre a relação entre
estresse e servidores públicos. Com essa finalidade, inicialmente foi apresentado o
desenvolvimento histórico do estresse e a evolução do seu conceito. Em seguida, foram feitas
considerações sobre as fontes estressoras multifatorias que as pessoas estão expostas, as fases
e sintomas do estresse e a importância de ações preventivas e de tratamento.
Posteriormente, foi abordado o estresse ocupacional, com algumas teorias que
explicam as motivações que determinam o bom desempenho dos funcionários nas
16
organizações, e por último algumas pesquisas que identificaram o estresse em diferentes
ocupações, entre elas os servidores públicos.
Após a apresentação dos objetivos, foi disposto o método utilizado, com
caracterização da instituição, participantes, instrumentos, procedimentos e aspectos éticos.
Finalizando, os resultados foram apresentados em tabelas e gráficos, seguidos da discussão e
conclusão dos principais dados encontrados.
17
2 REFERENCIAL TEÓRICO
18
2.1 ESTRESSE
O conceito de estresse foi utilizado pela primeira vez na área da saúde, conforme se
conhece atualmente, em 1936, pelo médico Hans Selye
1
, o qual sofreu influência
principalmente de dois cientistas e fisiologistas: Claude Bernard e Walter B. Cannon. O
primeiro denominou a capacidade dos seres vivos em manterem a homeostase, ou seja, a
estabilidade orgânica em todos os aspectos. O segundo pesquisador afirmava que todos os
seres vivos possuem traços característicos, ou melhor, a capacidade de manter a constância de
seu equilíbrio interno, apesar das modificações no meio ambiente. A esse fenômeno deu o
nome de “briga ou luta”. Um homem, por exemplo, pode ser submetido a temperaturas muito
baixas e muito altas, sem que sua própria temperatura varie muito. “Quando acontece de
falhar essa propriedade auto-reguladora sobrevém a doença ou mesmo a morte” (SELYE,
1965, p. 14).
As pesquisas de Hans Selye foram decisivas para o surgimento do processo de
estresse, e seus conceitos ainda hoje representam apoio teórico para muitas pesquisas. Dessa
forma, será relatado a seguir o processo psicológico que levou à sua descoberta. Selye (1965),
quando estava no último ano de Medicina, notou que todos os enfermos apresentavam sinais
não-específicos, ou seja, sinais não determinantes para cada doença em questão, como
fraqueza muscular, cansaço, apatia, perda de peso e expressões faciais semelhantes que
indicavam que estavam doentes. Ele chamou esse quadro de “síndrome geral de estar doente”
ou “síndrome do stress biológico”. Deve-se lembrar de que a sua observação era oposta à de
seus professores, pois estes estavam voltados para o ensino dos sinais de doenças individuais
e para a descoberta de remédios específicos.
Mesmo surgindo o interesse, ainda na Universidade, em 1926, de pesquisar essa
síndrome, ele teve que adiar suas curiosidades de pesquisador durante alguns anos. Assim,
após dez anos desde a sua primeira aula de clínica médica, então trabalhando com hormônios
sexuais, ressurgiu a motivação de tratar sobre o mesmo assunto. Selye (1965) estava
procurando descobrir novos hormônios sexuais, e para isso, injetou em estudos experimentais
1
Hans Hugo Brumo Selye (1907-1982) estudou em Praga, Paris e Roma. Formou-se em medicina e doutorou-se
pela Universidade de Praga. Foi professor e diretor do Instituto de Medicina Experimental e Cirurgia da
Universidade de Montreal. É autor de 28 livros e mais de 1.500 artigos científicos sobre o tema estresse.
19
extratos de ovários e placenta em ratos, para verificar se os órgãos desses animais sofriam
alterações. O resultado foi a descoberta de que o organismo dos ratos sofria três alterações: a)
dilatação do córtex da supra-renal; b) redução do timo, baço, nódulos e de todas as estruturas
linfáticas do corpo; e c) uma série de úlceras perfuradas, profundas, nas paredes do estômago
e na primeira parte do intestino delgado. Essas alterações eram interdependentes, ou seja, com
a injeção de extratos que foi feita, não se poderiam obter alterações isoladas, mas sim em
conjunto, o que para o autor dava a impressão de ser característico de Síndrome.
Selye (1965), neste fato, acreditou ter descoberto um novo hormônio, mas teve a
desilusão ao aprofundar as pesquisas e descobrir que tanto os extratos do ovário, quanto os da
placenta produziam a mesma tríade. Foi, nesse momento, que associou a Síndrome de reação
à lesão com as primeiras impressões que teve ainda quando estudante, de que todos os
pacientes apresentavam uma síndrome clínica de “estar apenas doente”.
O primeiro artigo no qual relatou sobre a síndrome do estresse foi publicado em 04 de
julho de 1936, intitulado Síndrome produzida por vários agentes nocivos. Nesse artigo, Selye
(1965) relatou as três fases do estresse: reação de alarme, fase de resistência e fase de
exaustão. A primeira fase, reação de alarme, é uma adaptação ou resistência à exposição
contínua a qualquer agente nocivo, é o registro inicial de manifestações particularmente
agudas. Se o organismo sobrevive à reação de alarme e o agente ainda continua a defrontar
com o organismo, o indivíduo entra na segunda fase, a de resistência. A terceira e última fase
surge depois de uma exposição ainda mais prolongada a qualquer dos agentes nocivos, sendo
essa adaptação afinal perdida, ou seja, um colapso do organismo.
Esse conjunto de respostas não-específicas foi denominado como Síndrome de
Adaptação Geral (SAG), sendo “geral” pelo motivo de ser produzido especialmente por
agentes que têm efeito geral sobre grandes partes do corpo, de “adaptação”, por estimular
defesas, e “síndrome”, por serem suas manifestações individuais coordenadas e mesmo
parcialmente interdependentes.
Selye (1965), na busca de uma melhor definição para “agente nocivo”, termo que
utilizou em seus primeiros artigos e acreditava ser pouco adequado, esbarrou novamente no
termo estresse. Assim, houve a substituição da palavra agente por estressor (fonte/causa), e o
termo SAG com a evolução, conforme Lipp e Novaes (2000), passou a ser conhecido como
estresse. Selye (1963) ainda utilizou as palavras: “tensão” como sinônimo de estresse;
20
“eustresse” para o tipo de estresse moderado, que é benéfico ao organismo; e “distresse” para
o nível do estresse elevado, prejudicial e patológico.
Foi escolhido o termo estresse, conforme Selye (1965, p. 43), por ser uma palavra
“[...] que há muito era utilizado na linguagem corrente e especialmente em engenharia [...]”,
no campo da engenharia, estresse possui o sentido do grau de deformidade que uma estrutura
sofre quando é submetida a um esforço. Ainda pesquisando sobre a origem da palavra
estresse, foi encontrado segundo o Dicionário Médico de Stedman (1996), que o termo vem
do latim strictus, particípio do verbo stringo e que significa apertar, tensão. A forma “stress”
passou a ser utilizada em inglês, no século XVII, para designar “opressão, desconforto e
adversidade”. Foi, nesta época, que houve a analogia das áreas das ciências físicas e humanas
(LIPP, 1984; 1996a). Neste trabalho, optou-se por utilizar a escrita na forma da Língua
Portuguesa “estresse”.
2.1.1 Conceito do estresse
Segundo Hinkle (1987 apud MOTA; FRANCO; MOTTA, 1999), não há somente uma
definão de estresse que seja amplamente aceita. Na revisão da conceitualização do estresse,
foi encontrado no dicionário de Stedman (1996), que se refere às reações do corpo quando
forças de natureza prejudicial, como infecções, perturbam o equilíbrio fisiológico normal
(homeostase). Ainda segundo o mesmo autor, o conceito para a Psicologia é quando
estressores (físicos ou psicológicos) produzem tensão ao atuar em um indivíduo. No
Webster’s Third New International Dictionary (1976), estresse é causado por fator físico,
químico ou emocional ao qual uma pessoa falha em fazer uma adaptação satisfatória e que
provoca tensões fisiológicas que podem ser uma causa contribuinte para doença. Já no The
American Heritage Dictionary of the English Language, estresse vem de uma influência
emocional que perturba o organismo do indivíduo (MORRIS, 1969).
A definição de estresse, nos manuais DSM III e IV: Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria (2002), e Classificação de
transtornos mentais e de comportamento da CID-10: descrições clínicas e diagnósticas, da
Organização Mundial de Saúde (1993), é encontrada nos códigos: 309.81 – F43.1 (Transtorno
de Estresse Pós-Traumático); 308.3 – F43.0 (Transtorno de Estresse Agudo); e 309 – F43.2
(Transtorno de Adaptação ou Ajustamento). Todos os três transtornos exigem a presença de
21
um estressor psicossocial; a diferença é que enquanto o Transtorno de Estresse Pós-
Traumático e o Transtorno de Estresse Agudo caracterizam-se pela ocorrência de um estressor
extremamente traumático e uma constelação específica de sintomas, o Transtorno de
Adaptação ou Ajustamento independe da gravidade do estressor e pode envolver uma ampla
faixa de sintomas possíveis. Esses diagnósticos incluem, em suas categorias, todos os grupos
etários, como crianças, adolescentes e adultos. Outros códigos que se referem a problemas
ocupacionais são: V-62.2 (Problema Ocupacional) e Z-56 (Problemas Relacionados a
Emprego e Desemprego).
O conceito de estresse, para Selye (1965, p. 64), “[...] é um estado manifestado por um
síndrome específico, constituído por todas as alterações não-específicas produzidas num
sistema biológico”. Entende-se por “síndrome específica” a tríade de reação de alarme, que
são as hiperatividades nas supra-renais, involução tímico-linfático e úlceras gastrointestinais.
Já “alterações não-específicas produzidas” significa que muitos agentes como drogas,
estímulos nervosos, bactéria, entre outros, podem afetar toda ou qualquer parte/ponto de um
sistema. Assim, essa síndrome possui um conjunto de sinais e sintomas que tem forma
específica, mas não tem causa específica.
Holmes e Rahe (1967) definiram estresse como um desequilíbrio do organismo em
resposta a qualquer reajuste a mudanças significativas na vida da pessoa. Esses autores
afirmam que cada pessoa possui uma quantidade limitada de energia adpatativa ou resistência,
assim, o desgaste criado pelo prolongado estresse pode levar a doenças sérias. Apesar desses
observarem em seus estudos que a avaliação do significado dos eventos poderiam ser
diferentes para cada indivíduo, a ênfase centralizava na compreensão da adaptação do
indivíduo às mudanças ocorridas em sua vida.
Lazarus e Folkman (1984 apud VIEIRA; GUIMARÃES; MARTINS, 1999)
compreendem estresse como uma relação entre a pessoa e o ambiente que é avaliada como
algo que excede seus recursos e ameaça seu bem-estar. A simples presença de eventos
negativos, para esses autores, não necessiarimente se caracteriza no fenômeno do estresse,
pois, para isso ocorrer, é preciso que a pessoa perceba e avalie os eventos como estressores.
Assim, “[...] características situacionais e pessoais podem interferir no julgamento do
indivíduo [...]” (PASCHOAL; TAMAYO, 2004, p. 45).
Mejias (1992 apud SAVÓIA, 1999) considera três modelos conceituais de estresse. O
primeiro atribui maior atenção às reações psicológicas e fisiológicas do organismo diantes dos
22
estressores. O segundo modelo prioriza os estímulos externos, características do ambiente que
são problemáticas ao indivíduo, sem levar em consideração as diferenças individuais no
processo. Já o terceiro modelo, chamado de interativo, enfatiza a relação entre as reações do
organismo e os estímulos estressores, ou seja, ressalta a importância da interpretação que a
pessoa dá aos estímulos.
Para Lipp (1996a, p. 18), estresse é definido como
[...] uma reação do organismo, com componentes físicos e/ou psicológicos,
causada pelas alterações psicofisiológicas que ocorrem quando a pessoa se
confronta com uma situação que, de um modo ou de outro, a irrite,
amedronte, excite ou confunda, ou mesmo que a faça imensamente feliz.
Helman (2003) contribui para a definição de estresse enfatizando a importância dos
contextos sociais, culturais, econômicos e psicológicos na determinação ou não do estresse no
indivíduo. Seguindo o mesmo conceito, Figueroa et al. (2001) entendem o estresse a partir de
uma análise multivariada dos estressores psicossociais e das estratégias de confrontamento,
mediatizadas pelas características de personalidade e o contexto sociocultural do sujeito.
Seidl, Tróccoli e Zannon (2001) afirmam que a tendência a partir de 1970,
especialmente na área da psicologia da saúde, é incorporar ao fenômeno do estresse as
variáveis cognitivas e as respostas de enfrentamento (coping). Esse modelo interativo, como
já foi citado anteriormente, concebe o estresse e o enfrentamento em interação entre o
organismo e seu ambiente.
Antoniazzi, Dell’Aglio e Bandeira (1998), compreendem coping como um conjunto de
estratégias utilizadas pelas pessoas para adapterem-se a circunstâncias estressantes. Na
perspectiva de Lazarus e Folkman (1980 apud ANTONIAZZI; DELL’AGLIO; BANDEIRA,
1998), coping é classificado em duas categorias funcionais: enfrentamento focalizado no
problema e enfrentamento focalizado na emoção. A escolha da estratégia focalizando o
problema ou a emoção depende da avaliação da situação estressora na qual a pessoa encontra-
se envolvida.
No primeiro tipo de classificação, enfentamento focalizado no problema, as estratégias
tendem alterar a fonte estressora existente na relação entre a pessoa e o ambiente. As
estratégias que afetam a pessoa, quando dirigidas para uma fonte externa pode incluir, como
exemplo, o desenvolvimento de novas habilidades sociais, já, quando a estratégia é dirigida
23
internamente, geralmente inclui reestruturação cognitiva. A segunda categoria, enfrentamento
focalizado na emoção, é definida como um esforço para regular o estado emocional resultante
de eventos estressores. Essas estratégias podem incluir a esquiva, a atenção seletiva e as
comparações positivas.
Conforme Folkman et al. (1986 apud SEIDL; TRÓCCOLI; ZANNON, 2001), há um
reconhecimento que determinadas estratégias de enfrentamento podem sofrer maior influência
tanto de características de personalidade, quanto de aspectos situacionais ou do contexto. Os
traços de personalidade mais amplamente estudados, que se relacionam às estratégias de
coping, são: otimismo, rigidez, auto-estima e lócus de controle (ANTONIAZZI;
DELL’AGLIO; BANDEIRA, 1998)
Após esta revisão na literatura sobre algumas das principais conceitualizações do
estresse, pode-se considerar que não existe somente uma definição que seja capaz de
satisfazer todas as referências. Neste trabalho, buscou-se compreender o estresse como um
processo complexo, onde o indivíduo é observado em relação a sua rede de significados,
incluindo características individuais, fatores ambientais, psicossociais e organizacionais.
2.1.2 Fontes do estresse
Segundo Lipp (1996a, p. 20), “[...] tudo o que cause uma quebra da homeostase
interna, que exija alguma adaptação pode ser chamado de um estressor”. Assim, o indivíduo
se confronta com estressores toda vez que se vê diante de um novo desafio, mudança, conflito
ou problema. O organismo tem a tendência de lutar pela sua autopreservação (homeostase):
quanto maior a agressão advinda do estressor, maior será a resposta de alarme do corpo.
O desgaste causado pelo estresse surge sobre o organismo, a qualquer momento da
vida, a maioria das causas do estresse produz alterações correspondentes apenas na primeira
fase (alarme) e na segunda fase (resistência), pois o organismo, após se perturbar, tem a
capacidade de se adaptar (SELYE, 1965).
Neste trabalho, acredita-se que, para se compreender as fontes de estresse de um
indivíduo, deve-se considerar a totalidade de seu universo, priorizando tanto a personalidade
do indivíduo, quanto o seu ambiente social, familiar, profissional, cultural, educacional e
econômico. Não se pode excluir a pessoa da sua realidade sócio-histórica, pois, a cada época
24
da história da humanidade, a cada povo com sua cultura, diferentes regras, normas, exigências
e paradigmas são encontrados e exigidos do indivíduo. Como exemplo, tem-se, de um lado, o
indivíduo do início da humanidade, o qual satisfazia somente suas necessidades mais básicas,
busca de alimento e preservação da espécie. Sobreviviam aqueles mais resistentes e de maior
adaptação às mudanças do ambiente (CHASSOT, 1997). Do outro lado, os indivíduos
capitalistas do século XXI, muitos dos quais estão inseridos em grandes centros urbanos, e
vivem em preocupação constante com medo de assalto, problemas com ruído, poluição,
pressa, trânsito, tensão e sedentarismo (BACCARO, 1990). No exemplo da diferença de
realidade que esses indivíduos possuem, pode-se verificar que os dois possuem fontes de
estresse, contudo as causas, exigências e forma de análise são totalmente modificadas.
De acordo com Lipp (1996a), estressores surgem na vida das pessoas a partir de
diversas causas (negativa, positiva, externa ou interna). Essa divisão acontece para melhor
compreensão dos fenômenos, mas acredita-se que estão, muitas vezes, interligadas. A
natureza negativa é uma das fontes mais conhecida, tais como doenças, desemprego, morte,
entre outras. Há outras situações que podem ser causadas por natureza positiva, como ser
aprovado no vestibular, formatura na faculdade, casamento, nascimento de filhos, fatos esses
que podem desencadear estresse por envolverem mudanças que exigem uma maior
adapatação da pessoa.
Os estressores de natureza externa são eventos que, na maioria das vezes, afetam o
organismo independentemente do mundo interno do indivíduo, tais como guerras civis,
mortes, acidentes entre outros. Esse conceito possui visões diferentes, como as de Lazarus e
Folkman (1984 apud PASCHOAL; TAMAYO, 2004), os quais estabelecem que muitos
desses eventos, como o ambiente de trabalho, não ocorre além do controle da pessoa e sim em
uma relação recíproca entre a pessoa e o ambiente.
Um dos instrumentos mais conhecido para medir os estressores externos ou eventos
vitais é a Escala de Reajustamento Social de Holmes e Rahe (1967). A partir dos
acontecimentos constantes nessa escala, como doença na família, morte do cônjuge, divórcio,
entre outros, Savóia (1999) construiu seis categorias de eventos vitais, tendo em vista a fonte
estressora: trabalho, perda de suporte social, família, mudanças no ambiente, dificuldades
pessoais e finanças.
25
Sobre os estressores internos, esses podem ser determinados pelas características
individuais da própria pessoa, ou seja, expectativas irrealistas; perfeccionismo; crenças
irracionais; padrão tipo A de comportamento e falta de assertividade (LIPP, 2001). É suposto,
segundo Beck et al. (1993), que essas características se originam em conseqüência da
interação entre a predisposição genética do indivíduo e a exposição a influências indesejáveis
do seu ambiente.
a) A visão de crença irracional é uma premissa da Terapia Racional Emotiva (RET),
renomeada, desde 1993, como Terapia do Comportamento Racional Emotivo
(REBT). Esse modelo de terapia foi proposto por Albert Ellis
2
em 1955 e está
fundamentado na chamada teoria ABC, na qual “A” é a situação, “B”, a crença e
“C”, as conseqüências emocionais e/ou físicas. Acredita-se que as respostas
emocionais (C) desadaptadas são causadas por crenças irracionais (B) que as
pessoas possuem sobre determinadas situações (A) (ELLIS, 1997).
Para Rangé (2003), as cognições (pensamentos, crenças ou idéias)
irreais/irracionais podem estar fortemente relacionadas ao nível de estresse da
pessoa. Esse modelo cognitivo baseia-se na idéia de que crenças irracionais são
conceitos distorcidos dos fatos sobre si, outras pessoas e seu mundo, sendo
usualmente globais (o mundo é injusto), extremados (“se não for aprovada sempre,
não tenho valor”) e absolutistas (“todo mundo é mau caráter”).
b) O conceito de “padrão de personalidade tipo A” foi desenvolvido por Friedman e
Roseman (1974 apud FRANÇA; RODRIGUES, 1997, p. 65), que o definiram
como “[...] esforço crônico e incessante de melhorar cada vez mais, em períodos de
tempo pequenos, mesmo que encontre obstáculos do ambiente ou de pessoas”.
Nesse tipo de comportamento, a pessoa tende a se superar em todas as suas
atividades e possui um conjunto de ações e emoções que incluem ambição,
agressividade, competitividade e impaciência, tensão muscular, estado de alerta,
fala rápida e enfática, ritmo de atividade acelerado, irritabilidade e hostilidade
(MALAGRIS, 2000). Ainda segundo a mesma autora, a cultura capitalista é uma
das causas de haver tantas pessoas com esse tipo de comportamento, pois
2
Dr. Albert Ellis, MA PhD, publicou mais de 800 artigos científicos e escreveu 75 livros e monografias. É
presidente do instituto Albert Ellis em New York (ELLIS, 2004).
26
atualmente, para se manter no mercado de trabalho exigente e competitivo, o
indivíduo precisa manter muito desses comportamentos;
c) Assertividade é a capacidade de “[...] expressar aos outros o que se pensa e sente,
agindo em favor de si mesmo, de acordo com os próprios direitos e respeitando os
direitos dos outros” (BARBOSA, 2000, p. 102). Salter (1949 apud COSTA, 1997)
foi o primeiro a enfatizar a importância do comportamento assertivo, o qual se
refere à habilidade de expressar os sentimentos, escolher o rumo de uma ação,
defender os seus direitos quando apropriado, aumentar sua auto-estima, ajudar a si
próprio a desenvolver autoconfiança, discordar quando parecer importante, não
concordar, cumprir planos para modificar o seu próprio comportamento e pedir para
outros mudarem seus comportamentos, quando ofensivos.
Existe distinção entre comportamentos não-assertivos, agressivos e assertivos. O
comportamento assertivo visa garantir um equilíbrio entre o que se quer e o que as
outras pessoas esperam do indivíduo. A pessoa não-assertiva tende a pensar na
resposta depois que a oportunidade passou. Fica, geralmente, ressentida consigo
própria, com a sensação altamente desconfortável. A pessoa agressiva pode
responder muito vigorosamente, causando uma forte impressão negativa e, mais
tarde, arrepender-se disso (COSTA, 1997). O indivíduo assertivo não passa pela
vida cheio de inibições, cedendo à vontade alheia, guardando desejos dentro de si,
ou ao contrário, destruindo outros a fim de atingir seus próprios objetivos.
Lipp et al. (1990) verificaram a relação entre estresse, padrão tipo A de
comportamento e Crenças Irracionais. Cem pacientes que procuraram o treino de controle de
estresse foram analisados em termos do nível do estresse, o número e o tipo de crenças
irracionais e a presença do padrão do tipo A de comportamento. Nos resultados, foram
encontados que as pessoas do tipo A de comportamento apresentaram um número maior de
crenças irracionais. Também que as pessoas que se encontravam em fases mais avançados do
estresse (Resistência e Exaustão), apresentavam uma média significativamente maior de
crenças irracionais, quando comparadas com as pessoas que se encontravam na fase inicial do
estresse (Alarme). Uma hipótese levantada para esse resultado foi que, possivelmente, as
pessoas com a crença “de que se deve ser sempre competente e inteligente”, julguem-se mais
auto-suficientes e só procurem ajuda em fases mais adiantadas do estresse, após tentarem
resolver o problema por si mesmas.
27
Outro resultado da pesquisa acima demonstrou que, da amostra de cem clientes que
apresentam estresse, 73% tinha o tipo A de comportamento. Esse dado, segundo as autoras,
pode ser interpretado de vários modos. No primeiro, é possível que as pessoas com tipo A de
comportamento sejam mais vulneráveis ao estresse, devido as suas próprias características de
personalidade, como hostilidade, pressa, competitividade, entre outras. Entretanto, por outro
lado, pode ser que as pessoas do tipo A de comportamento tenham uma maior abertura ou
motivação para procurar auxílio psicológico.
Outra pesquisa que analisou fonte interna de estresse foi a de Lipp, Sadir e Pereira
(2005). Foi verificado, em uma amostra de 86 adultos de ambos os sexos, a presença de
crenças irracionais e sua relação com níveis de estresse, sexo e estado civil. Os questionários
aplicados foram os de Crenças Irracionais e o Inventário de Sintomas de Stress. Os resultados
demonstraram que houve uma correlação significativa entre o número de crenças irracionais e
níveis de estresse. A interpretação realizada oferece apoio à proposta de que as crenças
irracionais podem atuar como fontes internas do estresse.
Existem ainda eventos que atuam de forma semelhante para a grande maioria das
pessoas e exigem automaticamente do organismo resistência e adaptação, como o frio, a fome
e a dor, fontes essas que independem de personalidade, cultura ou nível social. Em
contrapartida, de acordo com Ellis (1973) e Lazarus e Folkman (1984 apud PASCHOAL;
TAMAYO, 2004), há situações que somente adquirem sua capacidade de estressar uma
pessoa em decorrência da interpretação que as pessoas dão a elas. Um fator estressante para
uma pessoa pode ser praticamente neutro para outra, o que gera estresse em uma pessoa é o
modo como ela reage às situações que exigem esforço adaptativo. Essa reação, por sua vez,
depende de variáveis pessoais, como temperamento e experiências passadas, e do modo como
essas variáveis influenciam na interpretação que a pessoa faz do fato (GUIMARÃES, 2000;
LIPP, 2004).
Outro conceito que precisa ser esclarecido é sobre a capacidade de uma fonte estressar
a partir da sua intensidade/importância. Assim, segundo Lipp e Novaes (2000), pequenos
estressores, muitas vezes, não causam nenhum problema, como trânsito ou aborrecimentos do
dia-a-dia; mas, quando esses acontecimentos pequenos ocorrem ao mesmo tempo ou
permanecem presente por um período longo, o estresse pode tornar-se prejudicial.
Em contrapartida, outros estressores, mesmo surgindo isoladamente, podem ser
28
suficientes para causarem estresse, o que decorre da importância de seu significado para a
vida da pessoa (LIPP; NOVAES, 2000). Este fato foi verificado na pesquisa de Savóia e
Bernik (2004), que estudaram a relação entre eventos vitais adversos, estratégias de
enfrentamento e transtorno de pânico. Nessa pesquisa foram utilizados a Escala de
Reajustamento Social, London Life Event and Difficulty Schedule e o Inventário de
Estratégias de Coping. Os resultados encontrados indicaram que não é o número de eventos
vitais que precede a ocorrência do ataque de pânico, mas sim, as estratégias de enfrentamento
utilizadas pelos pacientes, como também, o significado atribuído aos estressores externos e o
impacto desses eventos em suas vidas.
2.1.3 Fases e sintomas do estresse
Selye (1965) dividiu o processo de estresse em três fases: fase de alarme (FA), fase de
resistência (FR) e fase de exaustão (FE). Durante as três fases, pode-se registrar estresse,
embora as manifestações sejam diversas à medida que o tempo decorre. As pessoas, durante
suas vidas, passam diversas vezes pelas primeiras duas fases do estresse, pois, ao contrário,
não poderiam se adaptar suficientemente para desenvolver todas as atividades e resistir a
todos os infortúnios com que a pessoa se depara.
A resposta do organismo frente ao estresse é ativada com o objetivo de mobilizar
recursos para que as pessoas possam enfrentar situações que são percebidas como difíceis e
que exigem delas esforço. Essa resposta é de fundamental importância para os seres humanos,
pois, os ajudam a sobreviver e a desenvolver alternativas sobre como enfrentar as múltiplas
situações de ameaça tanto concreta, quanto simbólica (FRANÇA; RODRIGUES, 1997).
A FA é uma resposta inicial frente a um estressor, com a expressão corporal de uma
mobilização total das forças de defesa de luta ou fuga, produzindo em excesso substâncias
químicas como adrenalina e noradrenalina. Há uma ação exarcebada do sistema nervoso
simpático e desaceleração do sistema nervoso parassimpático. Nesta fase há: a) aumento da
freqüência cardíaca e da pressão arterial, para permitir que o sangue circule mais rápido e
chegue aos tecidos mais oxigênio e nutrientes; b) contração do baço, levando mais glóbulos
vermelhos à corrente sangüínea; c) aumento da concentração de açúcar no sangue para que
tenha mais energia para os músculos e cérebro; d) redistribuição sangüínea; e) aumento da
freqüência respiratória e dilatação dos brônquios, para que o organismo possa captar e receber
29
mais oxigênio; f) dilatação pupilar, para aumentar a eficiência visual; g) aumento do número
de linfócitos na corrente sangüínea, para reparar possíveis danos aos tecidos (FRANÇA;
RODRIGUES, 1992). Pode haver ainda um aumento de motivação, entusiasmo, energia e
produtividade desde que não excessivo (LIPP, 2004). Todas essas mudanças físicas e
bioquímicas têm o propósito de fornecer mais força, energia e pensamento claro para que a
pessoa possa estar preparada para a ação (KIRSTA, 1999).
Se o estresse permanecer em exposição contínua, a segunda fase – FR – inicia-se. O
organismo nessa fase tenta a adaptação e as reações são opostas àquelas que surgem na
primeira fase, e muitos dos sintomas iniciais desaparecem dando lugar a uma sensação de
desgaste, cansaço, irritabilidade, insônia e mudança de humor. A terceira fase – FE –
desenvolve-se depois de exposição ainda mais prolongada ao agente, sendo a adaptação afinal
perdida quando toda a energia da pessoa foi gasta. Alguns sintomas dessa fase são
semelhantes aos da fase de alarme, com a diferença de que o organismo já não é capaz de
equilibrar-se por si só e sobrevém a falência adaptativa e doenças sérias podem aparecer
(LIPP, 2003).
Lipp (2000a) acrescentou à Síndrome Geral de Adaptação de Selye uma nova fase, a
Fase de Quase-Exaustão (FQE). Essa quarta fase foi identificada tanto clínica quanto em
pesquisas estatísticas, e foi chamada assim por se encontrar entre a FR e a da FE. A FR, como
proposta por Selye, segundo a autora, era muito extensa, apresentando dois momentos
distintos caracterizados não por sintomas diferenciados, mas sim pela quantidade e
intensidade dos sintomas. Assim, a FQE refere-se ao segundo momento da fase de resistência,
e é o momento quando começam a surgir doenças, porém ainda não são tão graves como na
FE.
Lipp (1984) estuda a resposta do estresse em seus aspectos tanto psicológicos quanto
físicos. Sobre o primeiro aspecto, o estresse excessivo pode produzir apatia, dificuldade de
concentração, depressão, desânimo, hipersensibilidade emotiva, raiva, irritabilidade,
ansiedade e queda de produtividade e criatividade. No aspecto físico, o estresse pode
desencadear dores na barriga, diarréia, dores de cabeça, náusea, tensão muscular, doenças
como hipertensão arterial, úlceras gastroduodenais, problemas dermatológicos, alergia, entre
outras. De acordo com Lipp (2000b), não é o estresse que causa doenças, mas é ele que
propicia o aparecimento de doenças que a pessoa já tinha predisposição ou, ao reduzir a
defesa imunológica, abre-se espaço para que doenças oportunistas se manifestem.
30
2.1.4 Prevenção e tratamento do estresse
Conforme Azevedo (2003), a noção de prevenção enfatiza a multicausalidade das
doenças e a importância da interação da pessoa com o seu meio. Dentro dessa perspectiva,
podem-se dividir as ações preventivas em três níveis: primária, secundária e terciária.
A prevenção primária consiste em ações antecipatórias, que visem impedir ou pelo
menos diminuir a probabilidade do desenvolvimento de doenças. Incluem-se nessa prevenção
a educação para a promoção da saúde, a informação e medidas sociais. Na prevenção
secundária, já se observa nas pessoas sinais de dificuldades, assim, as intervenções têm o
objetivo de evitar que a doença se estabeleça. A prevenção terciária consiste em quaisquer
atos destinados a diminuir as deficiências funcionais consecutivas da doenças constatadas na
população. Nessa última ação preventiva, incluem-se medidas terapêuticas ou de reabilitação.
Segundo Kompier e Kristensen (2003), as intervenções do estresse organizacional
tendem a reduzir os estressores no trabalho (prevenção primária), reduzir o estresse e burnout
(prevenção secundária) e reduzir as conseqüências de longo prazo do estresse relacionado ao
trabalho (prevenção terciária). Essas intervenções podem ocorrer do nível individual ao
organizacional. Ainda de acordo com o mesmo autor, a maior parte das pesquisas tem
ocorrido no nível individual e costumam ser dos tipos secundários e terciários, assim ele
enfatiza a necessidade de se realizar pesquisas e intervenções que sejam concentrada na
prevenção primária e orientada para a organização.
De acordo com Murta e Tróccoli (2004), as intervenções focadas na organização são
voltadas para modificar os estressores do ambiente de trabalho; a estrutura organizacional, as
condições de trabalho, a autonomia no trabalho e as relações interpessoais. Já as intervenções
individuais visam reduzir o impacto de riscos já existentes, através do desenvolvimento de um
adequado repertório de estratégias de enfrentamento.
Quando a pessoa apresenta já manifestações físicas ou doenças em decorrência do
estresse, o tratamento, conforme Lipp (2000b, p. 16), deve priorizar tanto atendimento
psicológico, quanto médico. “Tratar só a doença física sem aprender a lidar com o stress não
vai ser eficaz por muito tempo, ao mesmo tempo que tratar apenas a causa do stress não vai
ser suficiente para curar uma doença física já estabelecida”.
31
No tratamento médico, segundo Novaes e Frota (2003), é fundamental diagnosticar
corretamente o estresse para poder distingüi-lo das desordens de ansiedade, dos distúrbios de
personalidade exarcebados pelo estresse e das doenças orgânicas com manifestações
psíquicas. O médico responsável faz o tratamento psicofarmacológico indicado para cada caso
em particular, baseando-se, conforme Matos (2003), na avaliação clínica acurada dos
sintomas predominantes, de estratégias que levam em conta o perfil da personalidade do
indivíduo e o tempo de duração do tratamento. Ainda segundo o mesmo autor, existem duas
classes de psicofármacos utilizados para esta finalidade: os ansiolíticos, que diminuem a
ansiedade ou corrigem os distúrbios do sono, e os antidepressivos.
No tratamento psicológico, os programas, conforme Murta e Tróccoli (2004), buscam
aumentar os recursos individuais de enfrentamento do estresse. Uma tendência dos
programas, implementada em grupos, é a adoção de técnicas combinadas: educação sobre as
causas e manifestações do estresse; cognitivo-comportamental (como inoculação do estresse,
reestruturação cognitiva, manejo da raiva e terapia racional emotiva); treinamento em
habilidades sociais (como assertividade e manejo de tempo) e redução da tensão (como
relaxamento e biofeedback).
Lipp (1984) e Lipp e Malagris (1998) propuseram um modelo de Tratamento de
Controle do Estresse (TCS), o qual objetiva mudança no estilo de vida da pessoa,
desenvolvendo estratégias de enfrentamento (coping) para preparar o paciente a minimizar e
lidar com estressores que venham a estar presente ao longo de toda a sua vida, e proporcionar
melhora na qualidade de vida social, afetiva, profissional e da saúde. O tratamento, conforme
Lipp (2000b, p. 16), segue quatro pilares:
(1) alimentação, a fim de repor os nutrientes perdidos durante os períodos de
stress; (2) relaxamento, a fim de reduzir a tensão mental e física que sempre
acompanha o estressado; (3) exercícios físicos, porque o stress naturalmente
prepara o corpo para a ação e os exercícios ajudam a eliminar a prontidão
gerada pelo stress; e (4) reestruturação de aspectos emocionais, que se refere
a conhecer a si mesmo e a mudar o modo estressante de pensar, sentir e agir.
Esse plano de tratamento inclui técnicas e procedimentos como: resolução de
problemas; treino de assertividade; treino de controle de ansiedade; controle do padrão tipo A
de comportamento; manejo do tempo e da pressa; relaxamento; exercícios de visualização;
identificação e modificação de pensamentos e crenças irracionais (LIPP; MALAGRIS, 1998).
A eficácia da TCS já foi comprovada em pesquisas com populações específicas como as
32
acometidas por psoríase e hipertensão arterial (LIPP, 1996b), casais em conflito (VILELA,
2001), gestantes estressadas (TORREZAN, 2004), retocolite ulcerativa inespecífica
(BRASIO, 2004), avaliação de intervenção em estresse ocupacional (MURTA; TRÓCCOLI,
2004) e outras.
O exercício físico deve ser ressaltado por sua grande importância no manejo do
estresse. Conforme Landers (1994 apud NEGRÃO; ÂNGELO, 2003), pesquisas realizadas
comprovam que atividades físicas regulares aumentam os sentimentos de bem-estar como
conseqüência da redução da ansiedade, tensão e pelo aumento do vigor. Blair (1995 apud
NEGRÃO; ÂNGELO, 2003) acrescenta os benefícios dos exercícios físicos no curso de
doenças como osteoporose, doença cardíaca e câncer. Os exercícios aeróbicos como
caminhada rápida, corrida, natação, ciclismo e remo foram os mais estudados nesses
trabalhos, mas o aconselhável é sempre a pessoa escolher exercício físico que mais lhe traga
prazer e satisfação e nunca deixar de ter orientação de profissionais que entendam dos fatores
de risco ligados a cardiopatias ou mesmo a outros tipos de doenças.
2.2 ESTRESSE E TRABALHO
França e Rodrigues (1997, p. 24) definem estresse ocupacional como “[...] aquelas
situações em que a pessoa percebe seu ambiente de trabalho como ameaçador”. O serviço
torna-se desgastante quando o funcionário percebe que, no ambiente de trabalho, há uma
incapacidade de realização e crescimento de suas necessidades pessoais e profissionais. Ou
ainda, quando as exigências do ambiente são excessivas e o funcionário, diante dessas
situações, fica sem recursos adequados para enfrentá-las.
Para se compreender melhor esse fenômeno, o estresse ocupacional, será relatada
resumidamente a relação entre empresa e empregado. Segundo Chiavenato (1994), as
organizações são constituídas por pessoas que se envolvem para alcançarem objetivos comuns
e particulares. Assim uma organização somente existe quando duas ou mais pessoas
interagem entre si, a fim de alcançarem objetivos que somente poderiam ser alcançados com a
combinação de suas capacidades e recursos pessoais. “Essa disposição de participar e de
contribuir para a organização varia e flutua de indivíduo para indivíduo e mesmo no próprio
indivíduo, com o passar do tempo” (CHIAVENATO, 1994, p. 23).
33
Isso significa, conforme o mesmo autor, que o sistema total de contribuições é
instável, pois as contribuições de cada participante na organização variam enormemente em
função das diferenças individuais existentes entre os participantes, e também do sistema de
recompensas aplicadas pelas organizações. Dessa forma, o comportamento das pessoas em
uma organização é complexo, dependendo de fatores internos e externos. Os fatores internos
incluem características de personalidade, capacidade de aprendizagem, de motivação, de
percepção do ambiente interno e externo, de atividades, de emoções, de valores e etc. Já os
fatores externos decorrem de características organizacionais como sistema de recompensas e
punição, de fatores sociais, de políticas, de coesão grupal e influências de colegas, de pressões
do chefe, das mudanças de tecnologia, dos programas de treinamento e desenvolvimento
fornecidos pela organização e das condições ambientais (físicas, sociais e culturais).
Dentre esses fatores citados, a motivação merece atenção especial por influenciar
diretamente o comportamento das pessoas. Serão apresentados três estudiosos Maslow,
Herzberg e Vroom, que formularam teorias que tentam explicar as motivações que
determinam o bom desempenho dos funcionários nas organizações (CHIAVENATO, 1994).
Maslow (1943 apud CHIAVENATO, 1994) formulou uma teoria da motivação com
base no conceito de hierarquia de necessidades, das mais básicas às mais elevadas. Segue-se a
ordem das necessidades: 1) fisiológicas (ar, comida, repouso, etc.); 2) segurança (proteção
contra o perigo ou privação); 3) sociais (amizade, inclusão em grupos etc.); 4) Estima
(reputação, reconhecimentos, auto-respeito, amor etc.); e 5) auto-realização (realização do
potencial, utilização plena dos talentos individuais etc.). Para esse autor, os níveis mais baixos
são os primeiros que devem ser satisfeitos, para depois em hierarquia surgirem os níveis mais
elevados de necessidades.
A teoria de Herzberg (1959 apud CHIAVENATO, 1994) baseia-se no ambiente
externo e no trabalho do indivíduo, dependendo de dois fatores: 1) higiênico ou
“insatisfacientes”, os quais se referem às condições ambientais e físicas de trabalho como
salário, benefícios sociais, políticas da empresa, tipo de supervisão, relações entre empregador
e empregados, regulamentos internos etc.; e 2) motivacionais ou “satisfacientes”, que se
referem ao conteúdo do cargo como as tarefas e os deveres relacionados. Dessa forma,
acredita-se que os fatores higiênicos são muito limitados em sua capacidade de influenciar o
comportamento dos funcionários, assim não são capazes de proporcionar satisfação, mas
somente evitam as fontes de insatisfação. Já os fatores motivacionais são os que elevam a
34
satisfação dos empregados, pois envolvem sentimentos de realização, de crescimento e de
reconhecimento profissional, manifestados por meio de tarefas e atividades que ofereçam
suficiente desafio e significado para o trabalho.
A terceira teoria de motivação é do pesquisador Vroom (1964 apud CHIAVENATO,
1994), que se estrutura nas diferenças entre os indivíduos. Segundo o autor, existem três
fatores que determinam em cada indivíduo a motivação para produzir, são eles: 1) os
objetivos individuais, que podem incluir dinheiro, segurança no cargo, aceitação social,
reconhecimento e trabalho interessante; 2) a relação que o indivíduo percebe entre
produtividade e alcance dos seus objetivos individuais; e 3) a capacidade de o indivíduo
influenciar seu próprio nível de produtividade. A relação desses três fatores fundamenta-se no
sentido em que a produtividade elevada (resultado intermediário) é significativa, enquanto
estiver relacionada com o desejo do indivíduo de atingir determinados resultados finais.
Para Guimarães e Freire (2004), há dois modelos teóricos desenvolvidos pelas ciências
sociais, em especial pela Sociologia ocupacional e médica, que são úteis na compreensão das
condições ligadas ao âmbito ocupacional que podem prejudicar a saúde dos trabalhadores.
São eles o modelo americano Demanda-Controle (D/C) e o modelo alemão Crise de
Gratificação no Trabalho ou Desequilíbrio entre Esforço e Recompensa no Trabalho (ERI)
(KARASEK, 1979; SIEGRIST, 1996 apud GUIMARÃES; FREIRE, 2004).
O modelo D/C parte do entendimento de que a exigência no trabalho resulta da
combinação da dimensão de quantidade e tipo de demanda, e da dimensão do controle sobre
as tarefas que se realizam no marco da divisão do trabalho, sendo a relação definida como alta
demanda e baixo controle. Conforme Karasek (1998), o trabalhador nesse modelo tem ao
mesmo tempo escasso controle ou margem de decisão sobre as tarefas e resultados que se
realizam, com também, elevado esforço de demanda psicológica como: a) imposição de
prazos; b) ativação ou estimulação mental necessária para realizar a tarefa; c) carga de
coordenação; d) conflitos pessoais; e) medo de perder o emprego ou de ficar desatualizado.
O modelo ERI identifica as reações estressantes mais agudas no trabalho, ou as
situações que caracterizam por um alto esforço e uma baixa recompensa. Dessa forma, essa
teoria tem a premissa básica que as reações estressantes e os efeitos adversos sobre a saúde
surgem da discrepância entre os esforços realizados no trabalho e as recompensas recebidas.
Esse desequilíbrio é freqüentemente visto entre trabalhadores de baixos níveis ocupacionais,
35
trabalhadores industriais, ocupações ligadas à prestação de serviços, em particular aquelas nas
quais se lida com clientes (GUIMARÃES; SIEGRIST; MARTINS, 2004).
Uma síndrome definida como uma das conseqüências mais marcantes do estresse
profissional é o Burnout. O primeiro pesquisador a utilizar o termo foi Freudenberger (1974
apud BORGES et al., 2002). Segundo a perspectiva psicossocial de Maslach e Jackson (apud
MASLACH, 1998), essa síndrome se desenvolve com a interação de características do
ambiente de trabalho e características pessoais. Caracteriza-se por: cansaço emocional:
sentimentos em que a pessoa sente que não pode mais dar nada de si mesma;
despersonalização: sentimentos e atitudes muito negativas, como por exemplo, um certo
cinismo na relação com as pessoas do seu trabalho e aparente insensibilidade afetiva; e falta
de realização pessoal: sentimentos que afetam sobremaneira a eficiência e a habilidade para
realização de tarefas na organização.
Burnout é um tipo de estresse ocupacional e institucional que ocorre com maior
freqüência em profissionais que mantêm uma relação constante e direta com outras pessoas,
principalmente quando esta atividade é considerada de ajuda (médicos, enfermeiros,
professores, psicólogos). As conseqüências são não somente do ponto de vista pessoal, senão
também do ponto de vista institucional, como é o caso do absenteísmo, da diminuição do
nível de satisfação profissional, aumento das condutas de risco, inconstância de empregos e
repercussões na esfera familiar (BORGES et al., 2002).
A partir desses contextos de incessante busca da compreensão das diversas causas
psicológicas, sociais e culturais que levam os trabalhadores ao adoecimento, serão
apresentadas a seguir algumas pesquisas que estudam o estresse em diferentes ocupações.
Camelo e Angerami (2004) estudaram a ocorrência do estresse nos trabalhadores
(médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários) de cinco núcleos de
saúde da família, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP). Foi utilizado o
Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL). Constatou-se a presença de
estresse em 62% dos trabalhadores, sendo que 83% estavam na fase de resistência, e 17%, na
fase de quase-exaustão. Houve predominância de sintomas psicológicos em 48% dos
participantes.
Outro estudo que pesquisou o nível de estresse em enfermeiros e técnicos de
enfermagem foi o de Souza et al. (2005). Os participantes foram 14 auxiliares de enfermagem
36
e sete enfermeiros. Utilizou-se o ISSL. O nível de estresse encontrado foi de 52% entre os
participantes, com predomínio de sintomas psicológicos.
Rosi (2003) pesquisou os sintomas e as fontes do estresse do educador infantil. Foi
utilizado Inventário de Sintomas de Stress (ISS) (LIPP; GUEVARA 1994); a Escala de
Ajustamento Social de Holmes e Rahe (1967) e o Questionário de Stress Ocupacional do
Educador Infantil. Os resultados demonstraram que o nível de estresse foi de 66,1%, e que as
fontes ocupacionais mais estressantes foram: salário, espaço físico, horário de trabalho e
organização interna da instituição.
Os professores de uma cidade do interior de São Paulo também foram estudados por
Rossa (2004), que avaliou a associação entre os níveis de estresse e de burnout. Nesse estudo,
foi utilizado o ISSL. Dos 62 voluntários, 58,1% apresentavam estresse, sendo que a maior
parte deles (72,2%) estava na fase de resistência. Os sintomas mais comuns foram os físicos
(55,6%). Sobre o burnout, 64,5% dos professores apresentaram níveis de moderado a elevado.
Houve associação significativa entre o nível de estresse e o baixo nível de satisfação
profissional, também houve associação entre a presença de estresse e um nível mais elevado
de burnout, ou seja, 90% dos indivíduos com níveis elevados de burnout também
apresentaram estresse.
Bigattão (2005) verificou o estresse nos motoristas de ônibus de Campo Grande-MS.
Para a coleta de dados, utilizou-se o ISSL. Observou que 53,1% dos participantes
apresentaram estresse, sendo a fase predominante a de resistência. Uma importante associação
foi observada entre o tempo de carteira de habilitação e a fase do estresse. Quanto maior o
tempo de carteira, mais avançada é a fase do estresse dos motoristas.
As assistentes sociais da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa-PR foram pesquisadas
por Vochikovski e Munhoz (2005). Nessa pesquisa foi utilizado o ISSL. Constatou-se que
46% das participantes estavam estressadas, com predominância de sintomas psicológicos. As
principais fontes de estresse mencionadas pelas 28 assistentes sociais foram a falta ou
dificuldade de recursos para a efetivação de seu trabalho, a questão política, os usuários,
excesso de trabalho e o relacionamento interpessoal.
Regis (1996) pesquisou a relação entre o estresse ocupacional dos executivos e o
estado de saúde, estabelecendo um paralelo comparativo entre executivos oriundos de
contexto competitivo e os provenientes de ambientes não competitivos. Foram utilizados
37
como instrumentos: a) Inventário dos Agentes Stressores no Trabalho dos Executivos
(IASTE); b) Estado Geral de Saúde (ESAU); c) Stress e Coping Experience – Stress
(SCOPE/STR); d) Behaviour Pattern Typ A (BEPATYA); e) Escala de Reajustamento Social
de Holmes e Rahe (1967) – Life Events Units (LEU); f) Lista de Sintomas de Stress (LSS); e
g) caracterização da organização. Os resultados mostraram que tanto os executivos
pertencentes ao contexto competitivo como os não pertencentes apresentaram o mesmo nível
de estresse e comprometimento da saúde, e que, quanto mais estressado, maior era o
comprometimento do estado de saúde dos executivos pesquisados.
Guimarães e Teixeira (2003) verificaram a associação entre doença mental e trabalho
em turnos alternados em mineradores de ferro. Foram utilizados o Questionário de Morbidade
Psiquiátrica do Adulto (QMPA) e a Entrevista Psiquiátrica (CID-10). O resultado mostrou que
o risco para adoecimento mental foi duas vezes maior para os trabalhadores que fizeram ou
faziam turnos alternados.
2.2.1 Pesquisas com servidores públicos
Antes de apresentar algumas pesquisas com servidores públicos, faz-se necessário a
compreensão do termo “servidor público”. Entende-se como funcionário público uma grande
variedade de categorias profissionais (juiz, ministro, auxiliar técnico administrativo de um
ministério ou secretaria, entre outros) e formas diversas de afiliação e vínculo empregatício. O
concursado, o prestador de serviço ao estado, como também o ocupante de cargo de
confiança, todos podem ser considerados, a depender do critério utilizado, como funcionários
públicos (TAVARES, 2003).
Dessa forma, o emprego público não se relaciona a um grupo homogêneo de
trabalhadores, pois pertencem a diversas categorias, funções e classes sociais. No Brasil,
segundo Martins (2004), o termo emprego público remete a posicionamentos contraditórios,
de um lado, considerado um símbolo do poder e relevância social, por representar a
possibilidade de um emprego seguro/estável; e do outro lado, alvo de constantes críticas e
preconceitos, principalmente, por serem julgados pela “cultura popular” como pessoas que
não querem trabalhar ou ainda com pouca qualificação.
Os funcionários públicos de uma agência (Azenha) do Ministério da Previdência e
38
Assistência Social (MPAS) do Rio Grande do Sul foram pesquisados por Martins (2004), o
qual buscou conhecer as condições de saúde e de trabalho desses trabalhadores. Foram
utilizados: um Questionário Geral e o Questionário de Saúde Geral de Goldberg, o qual possui
indicadores tais como: estresse, desejo de morte, capacidade de desempenho, distúrbios do
sono, distúrbios psicossomáticos e saúde geral. Nas entrevistas realizadas, os funcionários do
INSS relataram insegurança e o medo de punição, pois temiam muito a perda do emprego por
possíveis decisões erradas, as quais acarretariam processo administrativo. O processo de
trabalho apresentou-se correlacionado significativamente às variáveis horas de trabalho e
pausas. Os funcionários não possuíam horário para pausa nem realizavam ginástica laboral.
Os resultados encontrados no Questionário de Saúde Geral de Goldberg, da pesquisa
acima, mostraram que o fator estresse e desejo de morte apresentaram valores dentro da
normalidade para ambos os sexos. Houve fatores na pesquisa que foram significativos como:
indicadores da presença de risco e distúrbios na população. O fator falta de confiança no
desempenho apareceu como distúrbio em 75% dos integrantes da pesquisa, o que segundo a
pesquisadora é um reflexo de um modo geral da incapacidade de executar as tarefas diárias de
forma satisfatória. Outro fator preocupante foi o distúrbio do sono, pois foi verificado que
75% dos homens e 70% das mulheres confirmaram que há existência de alterações na
qualidade do sono. Os resultados relativos aos distúrbios psicossomáticos apareceram com
comprometimento de 75% para os homens e 80% para as mulheres. Esses distúrbios
psicossomáticos indicam problemas de ordem orgânica, tais como sentir problemas gerais
com a saúde; dores de cabeça; fraqueza e calafrios. Sobre a saúde geral dos participantes, foi
verificado que estava significativamente afetada.
Barros e Malagris (2005) investigaram o nível de estresse, as possíveis fontes internas
e externas em uma instituição pública do setor bancário do município de Niterói-RJ. Foi
utilizado o ISSL, escalas analógicas e um questionário de fontes desencadeantes de estresse.
Os resultados obtidos mostraram que 67% dos participantes encontraram-se na fase de
resistência, com predominância de sintomas psicológicos. Cinqüenta e nove por cento dos
participantes se perceberam com mais de 50% de estresse, com desempenho considerado por
eles mesmos como muito bom. Quanto às fontes de estresse, as mais assinaladas foram o
excesso de tarefas e responsabilidades, carga horária excessiva e pressões de desempenho.
Foi avaliado o nível de estresse e a qualidade de vida de médicos da unidade Materno
Infantil de um Hospital Público do Rio de Janeiro (FIORITO; MOXOTÓ; MALAGRIS,
39
2005). Participaram do estudo 30 médicos que atuam em diferentes setores dessa
maternidade. Nessa pesquisa foram utilizados dois instrumentos desenvolvidos por Lipp, o
ISSL e o Inventário de Qualidade de Vida (IQV). Os resultados obtidos revelaram que 57%
encontravam-se estressados, dentre esses, 54% estavam na fase de quase-exaustão e 46% na
fase de resistência. A predominância dos sintomas foram os psicológicos (69%). Sobre a
qualidade de vida, mostraram indicações de dificuldades na área social (17%), na área afetiva
(37%), na área profissional (53%) e na área da saúde (100%). O nível de estresse encontrado
nos médicos pode estar associado ao fato de trabalharem com pacientes de alto risco, à alta
quantidade de pacientes, à falta de recursos para fechar diagnóstico e à carga horária extensa.
Os pesquisadores supõem que a má qualidade de vida e o nível de estresse apresentado
estejam, de alguma forma, relacionados ao excesso de carga horária de trabalho.
Lipp e Tanganelli (2002) averiguaram o estresse ocupacional de magistrados da
Justiça do Trabalho, níveis de qualidade de vida, fontes de estresse e estratégias de
enfrentamento. A pesquisa contou com 75 participantes, que responderam os instrumentos:
ISS validado por Lipp e Guevara (1994); Escala de Avaliação do Stress Ocupacional, no qual
o participante fornece uma nota de 1 a 10, sendo 10 a nota indicadora de “extremamente
estressante” e 1 “pouco estressante”; IQV publicado por Lipp e Rocha (1996); Inventário de
Fontes de Estresse de Juízes (IFSJ), elaborado pelas mesmas autoras; Inventário de
Estratégias de Manejo do Stress dos Magistrados (IESM), baseado nos conceitos de Girdano e
Everly (1979).
Os resultados da pesquisa acima mostraram que 71% dos participantes apresentaram
sintomas de estresse, sendo que a grande maioria se encontrava na fase de resistência. Houve
diferença significativa entre o nível de estresse e os sexos, as mulheres (82%) apresentaram
mais estresse do que os homens (56%). Quase metade da amostra considerou que o primeiro
ano do exercício da carreira havia sido mais estressante, o que segundo as autoras, indica uma
falta de apoio dos colegas mais experientes no início da carreira de Magistrado. A média da
nota aferida pelos Juízes a sua atividade profissional, no geral, foi a de 8 com desvio-padrão
de 2, indicando que o grupo considera o trabalho altamente estressante. Sobre a qualidade de
vida, mostraram indicações de dificuldades na área social (36%), na área afetiva (41%), na
área profissional (39%) e na área da saúde (80%). Segundo as pesquisadoras, as maiores áreas
de dificuldades quanto à qualidade de vida se referiam à percepção de falta de segurança
oferecida pelo trabalho, a não fazer uso de técnicas de relaxamento e sentir que não havia
tempo suficiente para se dedicarem à família. Os estressores mais freqüentes foram
40
sobrecarga de trabalho e a estratégia mais mencionada foi conversar com o cônjuge ou
alguém com quem fosse afetivamente ligado.
Lipp e Tanganelli (2002) enfatizam a importância da diferença de sexo e o nível de
estresse encontradao em sua pesquisa. Elas acreditam que não somente a ocupação de juiz do
trabalho poderia estar gerando alto nível de estresse para as mulheres entrevistadas, mas
também as condições sociais que as levam a ter que despender um esforço maior para lidarem
com as exigências da vida diária, quer no ambiente familiar, quer no seu ambiente de
trabalho. Dentre os fatores contribuintes para esse quadro, encontra-se a jornada tripla de
trabalho, ou seja, além das funções como esposa/mãe, das exigências do trabalho, as mulheres
ainda terminam em casa projetos ou tarefas que trazem do serviço.
Juízes e servidores públicos também foram estudados por Oliveira (2004), que teve o
objetivo de refletir sobre as diferenças entre os sexos quanto às reações ao estresse, pesquisar
as principais fontes externas de estresse, as fontes internas (freqüência de comportamento tipo
A) e a sintomatologia predominante em cada sexo. Participaram da pesquisa 107 pessoas,
entre juízes e servidores da Justiça do Trabalho da cidade de Campinas-SP. Foram utilizados
o ISSL e a Escala de Padrão de Comportamento tipo A.
Os resultados da pesquisa acima demonstraram que o nível de estresse total foi de
72%. Os homens e as mulheres apresentaram entre si algumas diferenças importantes: as
mulheres (79%) apresentaram um nível de estresse superior (60%) a dos homens e a
freqüência de sintomas nas mulheres (18,2 média) também foi maior (11,8 média) do que dos
homens. Na análise do levantamento de fontes de estresse (interna e externa), indicou que, na
amostra estudada, não houve diferença significativa entre os sexos, de modo que não se pode
atribuir o maior número de sintomas de estresse encontrado nas mulheres à maior presença de
fontes estressoras em suas vidas. Dessa forma, a pesquisadora, sugere que a diferença
significativa de sintomas entre os sexos pode ser decorrente de fatores individuais, culturais,
sociais ou ainda de características biológicas específicas, como as alterações hormonais
decorrentes do ciclo menstrual. Sobre o comportamento tipo A, houve predominância nos
participantes de ambos os sexos, mas a análise de associação entre estresse e comportamento
tipo A indicou associação para o sexo feminino, assim, somente nas mulheres, a presença de
comportamento tipo A parece ser um fator de estresse significativo.
O sofrimento no trabalho entre servidores públicos do Tribunal Judiciário Federal foi
41
verificado por Tavares (2003). Participaram 37 pessoas, dentre as quais dirigentes e
servidores de 15 setores. Como instrumento foi utilizada entrevista semi-estruturada. Os
resultados encontrados evidenciam que as categorias do sofrimento no trabalho mantêm
relação com a frustração das necessidades humanas e das expectativas profissionais dos
servidores. Alguns elementos sentidos pelos funcionários que confirmam essa afirmação são:
injustiça no ambiente de trabalho, volume cumulativo de serviço, não reconhecimento pelo
trabalho, falta de autonomia, estagnação profissional e opressão por parte de superiores.
Areias e Guimarães (2004) identificaram segundo o sexo os índices de saúde mental e
os fatores psicossociais de risco em trabalhadores de uma universidade pública de São Paulo.
Utilizou-se o questionário sobre estresse no trabalho SWS Survey (Self, Work and Social). Os
resultados demonstraram que os fatores psicossociais de risco aumentam conforme diminuem
os fatores de apoio e aumentam os fatores de estresse nas três dimensões: trabalho, social e
pessoal. Também foi apresentado que os participantes do sexo feminino possuem mais fatores
psicossociais de risco, estresse no trabalho, estresse social e pior saúde mental do que os do
sexo masculino. Esse resultado deve-se, segundo as pesquisadoras, pelas mulheres
apresentarem mais estressores externos, provenientes das responsabilidades da casa, do
casamento, dos filhos e das demandas ocupacionais.
Deve-se ressaltar o estudo das influências do gênero nas relações de estresse e na
saúde mental. As pesquisas não são conclusivas do impacto do estresse na diferença entre os
sexos. Areias e Guimarães (2004) consideram que para a compreensão dessa relação, é
preciso observar diversas variáveis como: o pretígio profissional, a condição de trabalho, o
salário, o trabalho em tempo parcial ou tempo integral, o estado civil, a educação, a situação
laboral do cônjuge, a carga global de trabalho e a responsabilidade do cuidade de familiares
menores ou de idade avançada.
Segundo Calais (2003), homens e mulheres diferem tanto em características
biológicas, quanto na variedade de papéis que desempenham socialmente, como esposa,
trabalhadora, mãe e responsável por pais idosos. Oliveira (2004) complementa, considerando
que as exigências sociocultuais se impõem de modo diverso entre os sexos desde a infância.
As meninas aprendem, por exemplo, que devem ser educadas, bem comportadas, auxiliares de
suas mães no lar. Nos meninos, a cultura tende a atuar de outro modo: espera-se que sejam
fortes, corajosos e que não devem chorar por qualquer coisa.
42
Um dos reflexos dessas diferentes exigências socioculturais pode ser observado,
conforme Curado (2007), em sua pesquisa sobre gênero e os sentidos do trabalho social, na
grande presença de mulheres em tradicionais áreas de trabalho, como Enfermagem, Nutrição,
Assistência Social, Psicologia, Magistério. Segundo a autora, as mulheres tendem a
assumirem mais responsabilidade no trabalho social junto com crianças, pessoas idosas,
doentes e dos homens, para que estes cumpram com sua condição de cidadãos.
Jainchill, Hawke e Yagelka (2000) concluíram em um programa terapêutico para
abuso de drogas em sem-teto, que a associação entre distúrbios psiquiátricos, abuso sexual e
adição a drogas era bem maior para as mulheres. A hipótese, para esse resultado, foi de que as
mulheres internalizam os traumas enquanto os homens os externalizam. Em outra pesquisa,
Keogh e Herdenfeldt (2002) comentam que há diferenças de sexo na resposta de percepção à
dor, reportando às mulheres mais respostas negativas do que os homens. Entretanto, outras
pesquisas, como a Pole et al. (2001), ao estudarem policiais de ambos os sexos perceberam
que não havia diferença nas respostas ao estresse em relação ao trabalho.
Diante de todos os resultados observados, demonstra-se que o estresse ocupacional
pode apresentar efeitos negativos à saúde do trabalhador e à produtividade das organizações.
No entanto, pouco se conhece do estresse em servidores públicos do INSS. Assim, neste
estudo, buscará indentificar como se encontra o nível de estresse, bem como as fontes
estressores desses trabalhadores.
43
3 OBJETIVOS
44
3.1 OBJETIVO GERAL
Verificar a prevalência de estresse e as fontes estressoras, externas e internas, dos
funcionários públicos federais do Instituto Nacional de Seguro Social que atendem segurados
em Campo Grande-MS.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Apresentar o perfil sociodemográfico dos funcionários.
Identificar a fase do estresse em que os funcionários públicos pesquisados se
encontram, como também a sintomatologia mais freqüente.
Investigar quais os principais estressores externos, bem como detectar qual a
probabilidade dos funcionários públicos pesquisados adoecerem em conseqüência do esforço
exigido do organismo, depois de mudanças significativas em suas vidas.
Verificar quais são as crenças irracionais mais freqüentes, como também a média de
crenças irracionais encontrada nos funcionários públicos pesquisados.
Relacionar o nível de estresse e as duas fontes de estresse: externa e interna.
45
4 MÉTODO
46
4.1 LOCAL DA PESQUISA
A presente pesquisa foi desenvolvida no INSS de Campo Grande, Mato Grosso do
Sul, em dezembro de 2005. A população alvo foi composta pelos funcionários que atendem
segurados nas quatro agências da cidade: as agências 26 de Agosto, Brasil, Pantanal e
Alexandre Fleming.
O INSS é uma autarquia federal vinculada ao MPAS e faz parte de um conjunto
integrado de ações denominado Seguridade Social, que engloba três áreas: Saúde, Previdência
e Assistência Social. A Previdência Social é o seguro social para a pessoa que contribui e tem
como objetivo reconhecer e conceder direitos aos seus segurados. A renda transferida pela
Previdência Social é utilizada para substituir a renda do trabalhador contribuinte, quando ele
perde a capacidade de trabalho, por doença, invalidez, idade avançada, morte e desemprego
involuntário, ou mesmo por maternidade e reclusão. Entre as atribuições do INSS, enquanto
Seguradora, estão, também, os procedimentos de reabilitação profissional (BRASIL, 2001). A
Constituição Federal de 1988, em seu título II, traz em seu capítulo II, denominado “dos
direitos sociais”, disposições relativas à seguridade social (BRASIL, 2003).
Todos os funcionários que trabalham no INSS foram contratados a partir da aprovação
e nomeação de concurso público federal. Após mais de dez anos sem concurso público, foi
realizado o último no ano de 2004. Vale ressaltar que os funcionários do INSS trabalham seis
horas seguidas, tendo assim, duas turmas de trabalho. O horário dos servidores do período
matituno é das 7h às 13h, e o horário do período vespertino é do 12h às 18h. Todas as
Agências juntas atendem mensalmente uma média de 3.631 segurados.
4.2 PARTICIPANTES
Os critérios de inclusão da pesquisa foram: servidores do INSS que atendiam ao
público; funcionários pertencentes ao quadro administrativo e todos que aceitaram participar
da pesquisa por meio da assinatura de termo de consentimento livre e esclarecido.
Foram convidados a participar da pesquisa um total de 71 servidores. Desses
servidores, três estavam viajando, seis de licença médica, dois de férias, um de licença prêmio
47
e 17 pessoas não quiseram participar da pesquisa. Ficando assim, a amostra final voluntária de
42 pessoas.
Pelo motivo de constante rodízio de função, foram considerados servidores que
atendem segurados os de dois setores. O primeiro, o de atendimento especializado, que tem a
função de receber, orientar e dar entrada nos benefícios dos segurados, como aposentadoria,
pensão por morte, acidente de trabalho, auxílio acidente, salário maternidade, entre outros. O
segundo setor considerado foi o de retaguarda, que tem a função de analisar, conceder ou
indeferir os benefícios requeridos.
4.3 RECURSOS HUMANOS
Todas as etapas desta pesquisa foram realizadas pela própria autora, com a orientação
inicial da Dra. Marta Vilela e posterior orientação do Dr. José Carlos da Rosa Pires de Souza.
Colaborou um profissional da área estatística nas análises dos dados coletados e nas
orientações para elaboração de gráficos e tabelas.
4.4 INSTRUMENTOS
Os instrumentos utilizados para coleta de dados foram:
a) Questionário de caracterização sócio-demográfica (APÊNDICE A):
Esse instrumento traz informações sobre dados de identificação como idade, sexo,
estado civil, número de filhos, nível de escolaridade, religião, agência onde trabalha, tempo de
trabalho, se trabalha em outro serviço e a se renda mensal é suficificente ou insuficiente. Foi
elaborado com o objetivo de identificar o perfil do funcionário público do INSS e relacioná-lo
com o nível de estresse e fontes estressoras.
b) Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL):
Esse instrumento foi validado por Lipp (2000a) e substitui a sua versão original,
Inventário de Sintomas de Stress, validado por Lipp e Guevara (1994). O ISSL identifica se a
pessoa tem estresse, em qual fase se encontra e se é mais vulnerável à sintomatologia física,
48
psicológica ou mista. Segundo Lipp (2000a), para verificar qual sintoma é predominante,
deve-se identificar qual a maior porcentagem. Quando essa diferença é menor ou igual a 10%,
considera-se que a pessoa tem tendência a manifestações de estresse dos dois tipos de
sintomas (mistos).
O ISSL divide o processo de estresse em quatro fases (Alerta, Resistência, Quase-
Exaustão e Exaustão) e é composto de três partes que se referem às quatro fases do estresse.
Na primeira parte, referente à FA, o participante assinala os sintomas que tenha
experimentado nas últimas 24 horas; na segunda, referente às FR e FQE, ele assinala os
sintomas da última semana; na terceira, referente à fase de Exaustão, ele designa os sintomas
experimentados no último mês. No total, esse instrumento possui 37 itens de natureza
somática e 19 de psicológica, sendo os sintomas muitas vezes repetidos, diferindo somente em
sua intensidade e seriedade (LIPP, 2000a).
c) Inventário de Crenças Irracionais:
Esse instrumento foi validado por Yoshida e Colugnati (2002) e descreve as crenças
irracionais de Ellis (1973). Foi utilizado com o objetivo de avaliar uma das fontes internas do
estresse. É composto por doze afirmativas em relação às quais o sujeito deve responder
concordo, discordo ou não sei, sendo que quanto mais respostas positivas às afirmações, mais
prejudicado será o funcionamento emocional do indivíduo e, por conseguinte, mais
comprometida sua adaptação às mudanças significativas em sua vida (YOSHIDA;
COLUGNATI, 2002).
O instrumento ainda solicita que o participante explique o porquê que concorda ou
discorda de cada frase respondida. Assim, para que o sujeito pudesse fazer essa
complementação, foi entregue junto ao inventário uma folha sulfite em branco.
Yoshida e Colugnati (2002) observaram que apesar das boas qualidades psicométricas
encontradas na validação desse instrumento, algumas limitações foram evidenciadas, como a
dificuldade na análise fatorial como conseqüência da estrutura de respostas.
d) Escala de Reajustamento Social (ANEXO A):
Esse instrumento foi traduzido por Lipp (1984) do original elaborado pelos médicos
49
americanos Holmes e Rahe (1967). É um dos instrumentos mais conhecidos para medir fontes
estressoras ou eventos vitais. Baseia-se na proposição de que o esforço exigido do organismo,
depois de mudanças significativas em sua vida, cria um desgaste que pode levar a doenças
sérias. Composta de 43 acontecimentos considerados pelos autores como eventos
significativos, como doença na família, casamento, problemas com o chefe, entre outros,
assinalados pelas pessoas quando ocorridos com elas nos últimos 12 meses.
Esses acontecimentos possuem escores. A nota obtida na somatória dos escores
classifica-se em moderada (150 a 119), média (200 a 299) e severa (de 300 a mais). Assim,
segundo os autores, as pessoas que se encontram na classificação moderada possuem uma
probabilidade de mais ou menos 37% de chance de ficarem enfermas devido ao excesso de
mudanças significativas, já na classificação média, essa probabilidade aumenta para 51% e, na
classificação severa, para 79%.
Savóia (1999) observou que esse instrumento possui algumas desvantagens, como a
possibilidade de ausência na lista de acontecimentos importantes para a pessoa, incluindo os
pequenos eventos do dia-a-dia, pois a escala leva em consideração apenas as grandes
ocorrências da vida da pessoa. Assim, a pesquisadora deste estudo com o objetivo de
minimizar essas limitações fez uma complementação (APÊNDICE B), na qual o respondente,
em uma folha sulfite anexa à escala, teve a possibilidade de acrescentar outros acontecimentos
que foram significativos e não constavam no instrumento.
4.5 PROCEDIMENTOS
Inicialmente foi realizado um estudo piloto para se verificar o tempo necessário para
preenchimento dos questionários, dúvidas e dificuldades que poderiam ser encontradas pelos
participantes. Dado o objetivo deste trabalho, ser o de pesquisar o total de servidores do INSS
que atendem segurados, foram escolhidos seis professores de uma instituição pública. Após
avaliação do estudo piloto, foram realizados os ajustes necessários e definidas as estratégias
para a aplicação nos servidores públicos do INSS.
Foi estabelecido contato informal com o Gerente Executivo do INSS de Mato Grosso
do Sul, informando o desejo de investigar o estresse dos seus servidores que atendem
segurados e expostos os objetivos da pesquisa na busca da autorização para a realização dela.
50
Após a autorização do Comitê de Ética da UCDB em junho de 2005, posteriormente a
do Gerente do INSS, os gerentes de cada agência foram informados sobre a realização da
pesquisa.
Em novembro de 2005, a pesquisadora entrou em contato com cada chefe de agência,
onde foi realizado o levantamento de dados sobre os funcionários, estabelecido a melhor
forma para a coleta de dados e entregue para cada servidor um convite sobre informações da
pesquisa (APÊNDICE C).
A aplicação dos instrumentos foi realizada por agência, separadamente, e de forma
coletiva. Conforme solicitações dos gerentes, a coleta de dados foi no horário de serviço. Para
isso, os funcionários foram liberados em grupos de três a cinco pessoas.
Durante todo o tempo de realização da pesquisa, fez-se o mesmo procedimento na
aplicação dos instrumentos. Inicialmente foram realizados esclarecimentos referentes à
pesquisa e orientações sobre os instrumentos, em seguida entregue o termo de consentimento,
o questionário de caracterização sócio-demográfica, o ISSL, a Escala de Reajustamento Social
com sua complementação e, por último, o Inventário de Crenças Irracionais.
A pesquisadora, antes de entregar cada instrumento, fez as devidas explicações de
preenchimento. Foi informado que a instituição receberá a devolutiva dos resultados de forma
coletiva e individual conforme interesse. A aplicação teve uma duração média de 40 minutos
A pesquisa aconteceu no período de seis a nove de dezembro de 2005, tendo sido
realizada em salas reservadas, com boa iluminação e ventilação. Vale ressaltar que a
pesquisadora, em todas as fases desse procedimento, teve uma excelente colaboração de todos
os funcionários, a que se deve principalmente por a autora já conhecer a grande maioria dos
servidores e manter um bom relacionamento desde o período em que trabalhou na Instituição,
de janeiro de 2000 a fevereiro de 2003.
4.6 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA
Esta pesquisa buscou seguir todas as exigências éticas e científicas da Resolução n.
196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), bem como as do
Código de Ética Profissional do Psicólogo, Resolução n. 010, de 27 de agosto de 2005, e
51
Resolução n. 016, de 20 de dezembro de 2000, do Conselho Federal de Psicologia (CFP), e
foi autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica Dom Bosco em
junho de 2005 (ANEXO B).
Todos os participantes foram informados sobre os objetivos do estudo, além de
devidamente esclarecidos sobre o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE
D), estando livres para retirarem o consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem prejuízo
algum.
Esclareceu-se também sobre o sigilo no que se refere aos dados pessoais e sobre a
possibilidade de divulgar os resultados em uma dissertação de Mestrado, em publicações
científicas e apresentações em eventos científicos.
52
5 RESULTADOS
53
A pesquisa foi realizada com os servidores públicos do INSS que atendem segurados
em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Participaram da pesquisa os funcionários das quatro
Agências da Previdência Social (APS), quais sejam: a 26 de Agosto, Alexandre Fleming,
Brasil e Pantanal. Na época da coleta dos dados, o universo da pesquisa constituía-se de 71
funcionários, e desse total, participaram voluntariamente 42 pessoas.
Para analisar os dados foram utilizados os seguintes testes: Qui-quadrado (x
2
), análise
da variância (ANOVA) e t-student. O primeiro foi usado para testar as dependências entre as
variáveis sócio-demográficas com as variáveis dos instrumentos ISSL e Escala de
Reajustamento Social. E os dois últimos testes foram aplicados para saber se existe diferença
entre a quantidade de Crenças Irracionais e cada variável sócio-demográfica. Em todos os
testes, foram consideradas significativas as probabilidades de ocorrências (p-valor) igual ou
menor que 5%.
No instrumento sociodemográfico, o tempo de serviço foi classificado em somente
dois intervalos, pois a amostra se concentrou no intervalo de zero a três anos e em outro maior
que dez anos de serviço. No primeiro intervalo, encontram-se os funcionários que assumiram
o último concurso público do INSS e estão em estágio probatório por lei. Já no segundo,
encontra-se o restante dos funcionários que trabalham há mais de dez anos de serviço.
Por questões técnicas, o teste Qui-quadrado não pode ser aplicado em variáveis que
apresentam um valor esperado menor que cinco, sendo assim, certas variáveis necessitaram
ser agrupadas e colocadas em escalas. Foram elas: idade (até 43 anos, de 44 a 50 anos e acima
de 50 anos); quantidade de filhos (sem filho, um filho e mais que um filho); escolaridade
(ensino médio, que está junto com o ensino fundamental; e ensino superior); e estado civil
(casado ou em união estável; e solteiro, em que estão incluídas as pessoas separadas,
divorciadas e viúvas).
Serão apresentados os dados da caracterização da amostra, posteriormente os
resultados encontrados no Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp; Escala de
Reajustamento Social; Inventário de Crenças Irracionais e, por último, a análise dos
comentários complementares. As discussões dos resultados encontrados serão apresentadas no
sexto capítulo deste trabalho.
54
5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
Inicialmente, apresenta-se na Tabela 1 o perfil sociodemográfico dos funcionários
públicos pesquisados em relação aos dados pessoais e profissionais.
A análise dos dados revelou que a amostra constitui-se da maioria (73,8%) do sexo
feminino com a média de idade de 46,1 anos. No que se refere ao estado civil, 57,1% dos
participantes eram casados e 42,9% solteiros. A maior parte dos funcionários (58,5%) possui
ensino superior. Não foi encontrada nenhuma pessoa com escolaridade de pós-graduação. A
grande maioria dos participantes (90,2%) considera-se pertencente a uma religião. Cinqüenta
e sete por cento dos servidores possuem mais de um filho.
Em relação aos dados profissionais da amostra, a maioria (71,4%) dos funcionários
considera a sua renda mensal insuficiente. Dos 42 participantes, 19 (45,2%) eram da agência
26 de Agosto, 8 (19,1%) da agência Alexandre Fleming, 7 (16,6%) da agência Brasil e 8
(19,1%) da agência Pantanal. É importante identificar que a maioria dos funcionários (88,1%)
possui mais de dez anos de exercício laboral no INSS. A média encontrada foi de 21,2 anos de
tempo de serviço. Observa-se ainda, que 71,4% dos funcionários do INSS não trabalham
concomitantemente em outro serviço.
55
TABELA 1 - Distribuição do perfil sociodemográfico dos funcionários públicos pesquisados
Variáveis Categoria n %
Idade Até 43 anos 13 31,7
44 a 50 anos 19 46,3
Acima de 50 anos 9 22,0
Total 41* 100,00
Média
46,1 (D.P. = 9,1)
Sexo Feminino 31 73,8
Masculino 11 26,2
Total 42 100,00
Estado civil Casado 24 57,1
Solteiro 18 42,9
Total 42 100,00
Escolaridade Ensino Fundamental 2 4,9
Ensino Médio 15 36,6
Superior 24 58,5
Total 41* 100,00
Religião Religioso 37 90,2
Sem religião 4 9,8
Total 41* 100,00
Sem Filho 10 23,8 Quantidade de
filhos
Com um filho 8 19,1
Com mais de um filho 24 57,1
Total 42 100,00
Não 30 71,4 Renda mensal
suficiente
Sim 12 28,6
Total 42 100,00
26 de Agosto 19 45,2 Agência onde
trabalha
Alex. Fleming 8 19,1
Brasil 7 16,6
Pantanal 8 19,1
Total 42 100,00
Tempo de serviço De 0 a 3 anos 5 11,9
Maior que 10 anos 37 88,1
Total 42 100,00
Média
21,2 (D.P. = 6,5)
Não 30 71,4 Trabalha em outro
serviço
Sim 12 28,6
Total 42 100,00
*Um participante não respondeu.
56
5.2 INVENTÁRIO DE SINTOMAS DE STRESS PARA ADULTOS DE LIPP
O Gráfico 1 monstra a distribuição dos participantes em relação ao nível de estresse. É
importante identificar que 61,9% (n=26) dos participantes apresentaram estresse.
GRÁFICO 1 - Distribuição dos participantes em relação ao nível de estresse.
A Tabela 2 apresenta a distribuição dos participantes que apresentaram estresse em
relação às fases do estresse. Dos 26 participantes que apresentaram estresse, a fase
predominante foi a de Resistência (85%), seguida da fase de Quase-Exaustão (11%) e
Exaustão (4%). A fase de Alerta não foi verificada.
TABELA 2 - Distribuição dos participantes que apresentaram estresse em relação às fases do estresse
Fases n %
Resistência 22 84,6
Quase-Exaustão 3 11,6
Exaustão 1 3,8
Total 26 100,00
O Gráfico 2 revela a distribuição dos participantes em relação à sintomatologia
predominante. É importante observar que dos 26 participantes que apresentaram estresse, com
Sem estresse
38,1%
Com estresse
61,9%
57
porcentagem semelhante de 38,5% (n=10), os sintomas predominantes foram tanto os
psicológicos, quanto ambos (psicológicos e físicos). Os sintomas físicos foram encontrados
em 23% (n=6) dos sujeitos.
GRÁFICO 2 - Distribuição dos participantes em relação à sintomatologia predominante.
A Tabela 3 apresenta a relação estatística entre os dados sociodemográficos e o nível
de estresse dos participantes. Na análise estatística realizada, foi encontrada diferença
significativa entre as variáveis sexo e estresse, assim, pessoas do sexo feminino (71%) têm
maiores chances de apresentar estresse do que as do sexo masculino (36,4%).
As outras variáveis que não apresentaram dependência significativa, mas tiveram os
maiores índices de estresse foram: intervalo de idade de 44 a 50 anos; os solteiros; as pessoas
que têm um filho ou mais; escolaridade de ensino médio; não possuem religião; tempo de
serviço maior que dez anos; trabalham em outro serviço e aqueles que têm percepção que sua
renda mensal não é suficiente.
Físico
23,0%
Psicológico
38,5%
sico e
psicológico
38,5%
58
TABELA 3 - Relação estatística entre os dados sociodemográficos e o nível de estresse dos
participantes
Estresse – % (n)
Variável
Não Sim
p-valor
Idade*
Até 43 anos 61,5 (8) 38,5 (5)
De 44 a 50 anos 26,3 (5) 73,7 (14)
Acima de 50 anos 33,3 (3) 66,7 (6)
0,12
Sexo
Feminino 29,0 (9) 71,0 (22)
Masculino 63,6 (7) 36,4 (4)
0,04
Estado civil
Casado 41,7 (10) 58,3 (14)
Solteiro 33,3 (6) 66,7 (12)
0,58
Quantidade de filho
Sem filhos 60,0 (6) 40,0 (4)
Com 1 filho 25,0 (2) 75,0 (6)
Mais que 1 filho 33,3 (8) 66,7 (16)
0,24
Escolaridade*
Ensino Médio 23,5 (4) 76,5 (13)
Ensino Superior 45,8 (11) 54,2 (13)
0,14
Religião*
Religioso 37,8 (14) 62,2 (23)
Sem religião 25,0 (1) 75,0 (3)
0,61
Tempo de serviço
De 0 a 3 anos 60,0 (3) 40,0 (2)
Acima de 10 anos 35,1 (13) 64,9 (24)
0,28
Trabalha em outro serviço
Não 46,7 (14) 53,3 (16)
Sim 16,7 (2) 83,3 (10)
0,07
Renda suficiente
Não 36,7 (11) 63,3 (19)
Sim 41,7 (5) 58,3 (7)
0,76
*Um participante não respondeu.
59
5.3 ESCALA DE REAJUSTAMENTO SOCIAL
A Tabela 4 apresenta a distribuição dos participantes em relação à classificação da
Escala de Reajustamento Social. Pode-se observar que dos 42 participantes da pesquisa,
59,5% (n=25) apresentaram probabilidades maiores de ficarem doentes sob excesso de fontes
externas de estresse.
Desses 25 participantes que apresentaram maiores índices de estressores externos,
32% encontraram-se na classificação moderada, 48% na classificação média e 20% na
classificação severa.
TABELA 4 - Distribuição dos participantes que apresentaram maiores índices de estressores externos
em relação à classificação da Escala de Reajustamento Social
Classificação n %
Moderada (150-199 pontos) 8 32,0
Média (200-299 pontos) 12 48,0
Severa (300 ou mais) 5 20,0
Total 25 100,00
A Tabela 5 apresenta a relação estatística entre o nível de estresse e as classificações
da Escala de Reajustamento Social. Das 25 pessoas que se classificaram na Escala de
Reajustamento Social, 36% (n=9) não apresentaram estresse e 64% (n=16) apresentaram
estresse. A partir da análise estatística, foi identificado que as pessoas que apresentam estresse
tendem a ter mais fontes externas, ou seja, maiores pontuações e classificações na Escala de
Reajustamento Social.
TABELA 5 - Relação estatística entre o nível de estresse e as classificações na Escala de
Reajustamento Social
Classificação da Escala de Reajustamento Social
Estresse
Moderada Média Severa
p-valor
Não 9 (36,0%) 88,9 11,1 -
Sim 16 (64,0%) - 68,7 31,3
> 0,01
60
A Tabela 6 revela a relação dos estressores externos mais apontados pelos
participantes. Respectivamente, os estressores externos mais assinalados foram: doença de
alguém na família (A11); férias (A41); Natal (A42); morte de alguém na família (A5);
mudança de responsabilidade no trabalho (A22); mudança na sua condição financeira (A16);
mudança na linha de trabalho (A18); começo ou abandono dos estudos (A27); mudança nos
hábitos de alimentação (A40); término de pagamento de empréstimo (A21); e compra a
crédito de valor médio (A37). O restante dos eventos não foram citados mais que oito vezes.
TABELA 6 - Relação dos estressores externos mais apontados pelos participantes
Estressores externos n
A11
Doença de alguém na família
20
A41
Férias
20
A42
Natal
17
A5
Morte de alguém na família
15
A22
Mudança de responsabilidade no trabalho
14
A16
Mudança na sua condição financeira
13
A18
Mudança na linha de trabalho
13
A27
Começo ou abandono dos estudos
11
A40
Mudança nos hábitos de alimentação
11
A21
Término de pagamento de empréstimo
10
A37
Compra a crédito de valor médio
10
A Tabela 7 apresenta a relação estatística entre os dados sociodemográficos e a
classificação da Escala de Reajustamento Social. Nesta análise, somente foram considerados
os 25 participantes que se enquadraram na classificação da escala (moderada, média ou
severa). Nenhuma das variáveis constatou diferença significativa. Os cruzamentos em que não
há p-valor ocorreram devido a uma limitação do teste Qui-quadrado, no qual não existe
cálculo de p-valor se houver um esperado menor que um.
61
TABELA 7 - Relação estatística entre os dados sociodemográficos e a classificação da Escala de
Reajustamento Social
Classificação – % (n)
Variável
Moderada Média Severa
p-valor
Idade*
Até 43 anos
42,9 (3) 42,9 (3) 14,2 (1)
De 44 a 50 anos
18,2 (2) 54,5 (6) 27,3 (3)
Acima de 50 anos
50,0 (3) 50,0 (3) -
0,50
Sexo
Feminino
26,3 (5) 57,9 (11) 15,8 (3)
Masculino
50,0 (3) 16,7 (1) 33,3 (2)
0,21
Estado civil
Casado
28,6 (4) 50,0 (7) 21,43 (3)
Solteiro
36,4 (4) 45,4 (5) 18,2 (2)
0,91
Quantidade de filho
Sem filhos
50,0 (3) 50,0 (3) -
Com 1 filho
16,7 (1) 33,3 (2) 50,0 (3)
Mais que 1 filho
30,8 (4) 53,8 (7) 15,4 (2)
0,24
Escolaridade*
Ensino Médio
22,2 (2) 33,3 (3) 44,5 (4)
Ensino Superior
33,3 (5) 60,0 (9) 6,7 (1)
0,09
Religião*
Religioso
31,8 (7) 50,0 (11) 18,2 (4)
Sem religião
33,3 (1) 33,3 (1) 33,3 (1)
-
Tempo de serviço
De 0 a 3 anos
66,7 (2) 33,3 (1) -
Acima de 10 anos
27,3 (6) 50,0 (11) 22,7 (5)
-
Trabalha em outro serviço
Não
43,7 (7) 37,5 (6) 18,8 (3)
Sim
11,1 (1) 66,7 (6) 22,2 (2)
0,22
Renda suficiente
Não
31,6 (6) 42,2 (8) 26,3 (5)
Sim
33,3 (2) 66,7 (4) -
0,34
*Um participante não respondeu.
62
5.4 INVENTÁRIO DE CRENÇAS IRRACIONAIS
No geral da amostra pesquisada, o número de crenças irracionais variou de 0 a 9, com
média de 2,7 Crenças Irracionais. É importante observar essa média, pois, conforme Yoshida
e Colugnati (2002), quanto maior for o valor encontrado, mais prejudicado será o
funcionamento emocional do indivíduo.
A Tabela 8 apresenta a relação entre as fases do estresse e a quantidade de Crenças
Irracionais. Os participantes que estavam na FR (n=22) apresentaram uma média de 3,0
crenças irracionais, os da FQE (n=3), uma média de 5,0 crenças, e os da FE (n=1), uma média
de 4,0 Crenças Irracionais. Apesar de observar que a média de crença irracional é maior nas
fases mais avançadas do estresse (FQE e FE), não foi possível realizar análise estatística por
haver valor esperado menor que cinco.
TABELA 8 - Relação entre as fases do estresse e a quantidade de crenças irracionais
Fases do estresse Média de crenças
Fase Resistência (FR) 3,0
Fase Quase-Exaustão (FQE) 5,0
Fase Exaustão (FE) 4,0
Média de quem tem estresse 3,2
A Tabela 9 apresenta as crenças irracionais mais apontadas pelos participantes. Da
amostra geral pesquisada (n=42), as três crenças mais assinaladas foram: a crença 2 (certos
atos são terríveis e pecaminosos e, por isso, devem ser severamente punidos); a crença 3 (é
horrível quando as coisas não são exatamente do jeito que gostaríamos que fossem) e a crença
12 (não se tem praticamente nenhum controle sobre as próprias emoções).
63
TABELA 9 - Crenças Irracionais mais apontadas pelos participantes
Crença Irracional n
Crença 2
Certos atos são terríveis e pecaminosos e, por isso, devem
ser severamente punidos
18
Crença 3
É horrível quando as coisas não são exatamente do jeito que
gostaríamos que fossem
16
Crença 12
Não se tem praticamente nenhum controle sobre as próprias
emoções
16
Crença 10
Deve-se ter um controle absoluto e perfeito sobre as coisas
15
Crença 6
É mais fácil evitar do que enfrentar as dificuldades da vida e
as próprias responsabilidades
13
Crença 8
Deve-se ser absolutamente competente, inteligente e
merecedor de todo respeito.
12
Crença 4
As desgraças do ser humano são causadas por pessoas e/ou
eventos externos
7
Crença 7
As pessoas sempre precisam de alguém mais forte do que
elas próprias para se apoiar
5
Crença 5
Se alguma coisa pode ser perigosa ou amedrontadora, deve-
se ficar extremamente perturbado por isso
4
Crença 1
É extremamente necessário para um ser humano ser
aprovado por todos, em tudo que faz
3
Crença 11
A felicidade humana pode ser adquirida através da inércia e
inação
2
Crença 9
Porque algo afetou fortemente a vida de alguém um dia, vai
continuar a afetá-lo indefinidamente
1
A Tabela 10 apresenta a relação estatística entre os dados sociodemográficos e a
quantidade de Crenças Irracionais. A análise identificou significância entre as variáveis
quantidades de filhos e crença irracional; escolaridade e crença irracional. Assim, pessoas
com um ou mais filhos apresentam mais quantidades de crenças irracionais que as que não
têm filhos, e pessoas com escolaridade mais baixa (ensino fundamental e médio) apresentam
quantidades de crenças irracionais maiores que as com ensino superior.
As outras variáveis que não mostraram diferença significativa, mas possuem as
maiores médias de crenças irracionais, são: as pessoas com intervalo de idade entre 44 a 50
anos; as do sexo masculino; as do estado civil casado; as que têm religião; as que têm tempo
de serviço acima de 10 anos e as que têm a percepção de possuírem renda mensal insuficiente.
64
TABELA 10 - Relação estatística entre os dados sociodemográficos e a quantidade de Crenças
Irracionais
Variável n Média de crenças irracionais p-valor
Idade**
Até 43 anos 13
2,0
De 44 a 50 anos 19
3,5
Acima de 50 anos 9
1,9
0,08*
Sexo
Feminino 31
2,6
Masculino 11
2,9
0,67
Estado civil
Casado 24
3,0
Solteiro 18
2,2
0,2
Quantidade de filho
Sem filhos 10
0,8
Com 1 filho 8
3,1
Mais que 1 filho 24
3,5
< 0,01*
Escolaridade**
Ensino Médio 17
3,4
Ensino Superior 24
2,1
0,05
Religião**
Religioso 37
2,8
Sem religião 4
1,7
0,35
Tempo de serviço
De 0 a 3 anos 5
1,6
Acima de 10 anos 37
2,8
0,25
Trabalha em outro serviço
Não 30
2,7
Sim 12
2,5
0,76
Renda suficiente
Não 30
2,7
Sim 12
2,6
0,88
*Teste ANOVA.
**Um participante não respondeu.
65
A Tabela 11 apresenta a relação estatística entre o nível de estresse e a quantidade de
crenças irracionais. Com esse dado, observou-se que pessoas que possuem estresse têm
significativamente mais crenças irracionais (3,2) do que as que não têm estresse (1,7).
TABELA 11 - Relação estatística entre o nível de estresse e a quantidade de Crenças Irracionais
Estresse
Média de crenças
irracionais
Diferença entre as médias
(95% de confiança)
p-valor
Não 1,7
Sim 3,2
1,5 (0,21–2,75)
0,02
5.5 COMENTÁRIOS COMPLEMENTARES DOS PARTICIPANTES
A Escala de Reajustamento Social foi complementada pela pesquisadora, inicialmente
com o interesse em verificar se existiam outros eventos vitais significativos para os
participantes que não estavam contemplados na Escala. A análise revelou que 40,5% (n=17)
das pessoas responderam à complementação, a qual seguiu duas linhas de pensamento.
A primeira forma de resposta dos sujeitos foi para fornecer um significado para os
estressores externos que foram assinalados na escala. Assim, apesar de já terem marcado na
escala o acontecimento, algumas pessoas sentiram a necessidade de explicar o ocorrido
(QUADRO 1, APÊNDICE E). Esse reforço em eventos já assinalados na escala assemelha-se
com a afirmação de que os estressores tendem a estressar uma pessoa a partir da importância e
intensidade do seu significado para sua vida (LIPP; NOVAES, 2000). Algumas dessas
respostas podem ser observadas a seguir:
Felicidades na chegada de dois netos lindos. (P1)
E tristeza na morte do irmão mais novo. (P1)
No item cônjuge começou ou parou de trabalhar ele esta na fase indecisa,
faz muito tempo que trabalha na empresa e hoje a empresa está em fase de
mudança social, e praticamente está desempregado, nada certo. (P17)
Mudança de cidade. (P20)
66
Estou passando por uma fase difícil, gosto muito de um rapaz, sou muito
ciumenta, por isso vivemos em constante conflito. (P22)
Doença do meu pai, onde todo os encargos financeiros são minhas, tendo
que pedir com freqüência ajuda dos meus irmãos. (P25)
Problemas com a atividade profissional do esposo- a agricultura – nos
últimos 02 anos só houve quedas na produção, sem nenhum lucro. (P26)
Aquisição de carro (Uno). (P29)
Compra de casa. (P30)
Mudança de cidade (Goiânia para Campo Grande) e Mudança de local de
trabalho, colegas atividades. OBS: Transferência do INSS de Goiânia para
Campo Grande). (P36)
Perda de parentes desde 1981 pai e sogra, 1986 sogro e tia, 1999 cunhada
e tia, 1993 sobrinho, 1991 sobrinho, 1994 mãe e tio. Antes do ano de 2000
perdi vários tios não me lembro das datas. 2003 minha irmã, 2004 sobrinha
e entiada, 2005 sobrinho. Tenho uma irmã que acidentou em 01/2001, está
na cadeira de roda, sofre muito e me faz sofrer. Sou muito apegada a minha
família, procuro estar sempre alegre para não demonstrar a tristeza no
coração, procuro sair, fazer compras e presentear, é o que mais gosto, tem
dia que sinto deprimida, porque quero sair e comprar mas o dinheiro está
pouco. Gosto de ajudar as pessoas tanto financeiramente como prestando
serviço. Durante mais de 2 anos ajudei a cuidar da referida irmã, mas
quase “pirei”, porque ela é muito exigente, mas de vez em quando ajudo no
final de semana. Separei ainda jovem com 3 filhos pequenos, os criei
sozinha, mas venci porque tenho muita fé em Deus. (P40)
A segunda forma de resposta dos participantes foi para acrescentar estressores
externos importantes e que não existiam dentro da escala (QUADRO 2, APÊNDICE E). O
acontecimento mais abordado entre os participantes foram os problemas que estão
relacionados com a educação dos filhos, outros citados foram: problemas no trabalho
percebidos em conseqüência do atendimento ao público; remuneração insuficiente; problemas
com roubos e violência e problemas com a justiça. Podem-se constatar alguns relatos dos
sujeitos a seguir:
Adolescência dos filhos, dificuldade escolar dos filhos, mudanças do humor
dos filhos. (P21)
Meus filhos que estão na adolescência, com 13 anos e 11 anos. (P25)
Problemas com os filhos adolescentes – corriqueiros. (P26)
67
Problemas que mais me ocupam o tempo é o acompanhamento escolar dos
filhos, sua saúde, seu bem estar, mas a constante preocupação é a escola e
a dificuldade do seu aprendizado que eles possuem. (P27)
Problemas de atendimento ao público: “estressante”: incompreendidos e
injustiça dos segurados que descarregam diariamente gamas de problemas
em cima do funcionário. (P35)
Uma situação que causa aborrecimento é o fato do seu trabalho não ter um
pagamento que seja satisfatório, isso é uma história que já tem mais de oito
anos sem um reajuste justo. (P9)
Constante tratamento médico, sem cobertura do convênio (GEAP)
3
. (P32)
Aumento de salário: estamos em defasagem mais de 100% ou seja 11 anos
sem reajuste e quando tem que pensar que tem que caminhar junto com
tudo que nos é colocado “goela” a baixo e imposto pelo falso moralismo de
minoria de pessoas que recebem o nome de Sociedade que tem autonomia,
mas preferem omitir suas obrigações a um povo tão cansado sem opção e
desesperançado para o mundo. (P35)
Furto em minha casa. (P11)
Arrombamento do carro, 2 vezes. (P20)
Roubo em casa (assalto). (P32)
Taxa indevidas, tive de entrar na justiça. (P11)
A complementação do Inventário de Crenças Irracionais é solicitada pelo próprio
instrumento, em que se pede para o participante explicar o porquê que concorda ou discorda
de cada frase respondida.
Os resultados encontrados mostraram que somente 26,2% (n=11) das pessoas
explicaram suas respostas voluntariamente. Quatro crenças explicadas foram para justificar o
porquê das respostas de “concordo”, já a maioria das crenças explicadas (32) foram a partir
das respostas de “discordo” (QUADRO 3, APÊNDICE E).
A análise das respostas demonstrou também que as crenças mais justificadas pelos
participantes foram: a crença 7 (as pessoas sempre precisam de alguém mais forte do que elas
próprias para se apoiar), a crença 2 (certos atos são terríveis e pecaminosos e, por isso, devem
ser severamente punidos); a crença 4 (as desgraças do ser humano são causadas por pessoas
3
Fundo de Seguridade Social (GEAP).
68
e/ou eventos externos), a crença 5 (se alguma coisa pode ser perigosa ou amedrontadora,
deve-se ficar extremamente perturbado por isso ) e a crença 9 (porque algo afetou fortemente
a vida de alguém um dia, vai continuar a afetá-lo indefinidamente). Algumas explicações
realizadas pelos participantes podem ser observadas a seguir:
Às vezes as críticas nos amadurecem. (P4)
Às vezes nossas vontades não são corretas. (P4)
Muitas vezes as frustrações são conseqüências de nossas vontades,
emoções. (P4)
Quanto mais nos preocupamos com algo, mais difícil fica de resolver. (P4)
Não devemos de ficar encucados com problemas passados. (P4)
Devemos lutar pela felicidade, ela não procura a gente, temos que ir a
procura. (P4)
Quanto mais nos preocupamos com algo, mais difícil fica de resolver. (P4)
No meu entender temos que enfrentar as dificuldades da vida. (P5)
A vida é feita pelo equilíbrio e não por extremos. (P9)
O conceito de pecado é muito relativo, dependendo das concepções de cada
um e não necessitam ser severamente punidos. (P15)
Nem tudo depende de nós para acontecer. (P15)
Tudo o que nos perturba ou amedronta deve ser enfrentado. (P15)
Ninguém é perfeito. (P15)
Os problemas devem ser superados. (P15)
Não se deve ficar perturbado, mas mesmo assim me perturbo. (P20)
É muito difícil se livrar de algo que marcou muito, a não ser com ajuda.
(P20)
Impossível agradar a todos. As pessoas são diferentes, devido a diferenças
de culturas, valores, etc. (P26)
Ninguém precisa de alguém mais forte, porque todo ser humano possui
fortaleza, é só saber usá-la. (P40)
A felicidade nós a conquistamos. (P40)
69
Todos podem controlar as emoções, depende da força espiritual de cada
um. (P40)
O participante ao responder o Inventário de Crenças Irracionais tem a possibilidada de
assinalar para cada frase: se concorda, discorda ou “não sei”. A média encontrada no geral das
respostas de “não sei” foi de 1,5. Esse fato, segundo a autora desta pesquisa, representa uma
limitação do instrumento, pois, conforme observação realizada durante a aplicação e correção
do teste, as pessoas responderam a opção “não sei” pela falta da opção “às vezes”.
As complementações, tanto da Escala de Reajustamento Social, quanto do Inventário
de Crenças Irracionais, foram extremamente importante para minimizar algumas limitações
observadas previamente, e levantar outras desvantagens relevantes dos instrumentos. Essas
observações e o restante dos resultados encontrados nesta pesquisa serão discutidos
detalhadamente a seguir.
70
6 DISCUSSÃO
71
A amostra foi constituída de 42 pessoas, com uma média de idade de 46,1 anos. Esta
faixa etária alta justifica-se pela razão de o INSS ter ficado com um intervalo de tempo
superior a dez anos sem concurso público. Assim, após esse extenso período de nenhuma
nova contratação de funcionários, foi realizado o último concurso somente no ano de 2004. A
esse motivo se deve o fato de a maioria das pessoas (88,1%) possuir mais de dez anos de
tempo de serviço, e somente 11,9% menos de três anos.
O resultado encontrado de que a maioria (73,8%) dos participantes era do sexo
feminino, vai ao encontro dos dados encontrados por Curado (2007), que observou em sua
pesquisa com trabalhadores sociais que 86,5% dos participantes também eram do sexo
feminino. A reflexão, sobre as diferentes exigências sociocultuais entre homens e mulheres
desde a infância, é uma das possíveis considerações sobre essa maior quantidade de mulheres
nos serviços sociais, trabalhos esses, considerados por funções de cuidado, ajuda e
assintencialismo.
Houve um alto número de participantes que consideram sua renda mensal insuficiente
(71,4%). Esse dado foi reafirmado como fonte estressora entre os relatos complementares dos
funcionários, como Uma situação que causa aborrecimento é o fato do seu trabalho não ter
um pagamento que seja satisfatório, isso é uma história que já tem mais de oito anos sem um
reajuste justo. Martins (2004), que pesquisou as condições de saúde e de trabalho de uma
agência do INSS do Rio Grande do Sul, afirma que um dos fatores que ocasionam
insatisfação e baixa motivação é o funcionalismo público estar há mais de nove anos sem
receber aumento e reposição salarial. Outra pesquisa que também apresentou resultado
semelhante é a de Rosi (2003), que pesquisou o educador infantil e encontrou que uma das
fontes ocupacionais mais estressantes é o salário. Esses fatos estão de acordo com os
conceitos de Maslow (1943 apud CHIAVENATO, 1994) e Herzberg (1959 apud
CHIAVENATO, 1994), os quais afirmam que a baixa motivação organizacional possui
relação direta com a falta de satisfação das necessidades mais básicas do ser humano.
Verificou-se, neste presente trabalho, que grande parte dos funcionários públicos do
INSS de Campo Grande encontram-se estressados. Essa observação foi possível a partir dos
dados obtidos do ISSL, no qual o nível de estresse da amostra foi de 61,9%, dos quais 85%
estavam na fase de resistência, 11%, na fase de quase-exaustão, e 4%, na fase de exaustão.
Essa observação difere do resultado encontrado por Martins (2004), que pesquisou os
servidores do INSS do Rio Grande do Sul e verificou que o fator estresse estava dentro da
72
normalidade, contudo é importante destacar que esse pesquisador, apesar de constatar esse
resultado, também encontrou dados significativos relativos à saúde geral afetada e aos
distúrbios psicossomáticos, os quais apareceram com comprometimento de 75% para os
homens e 80% para as mulheres. Deve-se relatar ainda que, no trabalho de Martins (2004),
não foi utilizado o ISSL e sim o Questionário de Saúde Geral de Goldberg para medir o
estresse.
Os resultados utilizados para comparação do nível de estresse dos participantes desta
pesquisa com outras categorias de servidores públicos, mas que utilizaram o mesmo
instrumento para medir o estresse, mostraram que o estresse significativo de 61,9% das
pessoas pesquisadas do INSS estão de acordo com os altos níveis de estresse encontrados nas
pesquisas de Barros e Malagris (2005), com 67% do setor bancário do município de Niterói-
RJ estressado; de Fiorito, Moxotó e Malagris (2005), com 57% dos médicos da unidade
materno infantil de um Hospital Público do Rio de Janeiro estressados; de Lipp e Tanganelli
(2002), com 71% dos magistrados da Justiça do Trabalho estressados e de Oliveira (2004),
com 72% dos juízes e servidores públicos estressados.
A fase de alerta não foi verificada entre os participantes desta pesquisa, sendo
predominante a de resistência (85%), seguida da fase de quase-exaustão (11%) e da fase de
exaustão (4%). A análise desses dados indica, segundo Selye (1965), que os funcionários do
INSS passaram da adaptação inicial de alarme e se encontram expostos a contínuas fontes
estressoras, o que significa que o desgaste do organismo está sendo uma sensação percebida
pela maioria das pessoas que se encontram na fase de resistência. A prevalência de pessoas
nas últimas duas fases é um dado de alerta, pois, segundo Lipp (2000a) e Selye (1965), a
adaptação nessas fases está sendo totalmente esgotada e doenças já começaram a surgir.
A predominância dos sintomas das pessoas que apresentaram estresse refere-se tanto
aos sintomas psicológicos com 38%, quanto a ambos (psicológicos e físicos) com 38%,
seguidos dos sintomas físicos com 24%. Esse resultado revela, segundo Lipp (2000a), que a
população pesquisada não tem uma área específica à qual é mais vulnerável, assim é
importante que, em ações preventivas, levem em consideração a predisposição dos sintomas
de natureza tanto psicológica, quanto física.
O ISSL foi analisado estatisticamente em relação a todos os dados sociodemográficos.
Somente foi encontrada diferença significativa entre as variáveis sexo e estresse. Dessa forma,
73
na amostra as mulheres têm maiores chances de apresentar estresse do que os homens (71%;
36,4%). Esse resultado está de acordo com pesquisa realizada por Lipp e Tanganelli (2002),
na qual verificaram que as mulheres (82%) apresentaram significativamente mais estresse do
que os homens (56%), e também na pesquisa de Areias e Guimarães (2004), que verificaram
que o sexo feminino possui mais fatores psicossociais de risco, estresse no trabalho, estresse
social e pior saúde mental do que o sexo masculino.
Nesse resultado, do impacto do estresse na diferença entre os sexos, algumas
considerações podem ser realizadas. Conforme Oliveira (2004) observou em sua pesquisa
com Juizes e servidores públicos, não se pode considerar que as mulheres possuem mais
estresse como conseqüência da maior presença de fontes estressoras externas e internas. Pois,
não foi encontrada diferença significativa quando se analisou a variável sexo com a Escala de
Reajustamento Social e o Inventário de Crenças Irracionais. Assim, de acordo com Lipp e
Tanganelli (2002), uma hipótese levantada seria de que as condições sociocultuais levam as
mulheres a despender um esforço maior para lidarem com as exigências da vida diária, pois
além das funções exercidas no trabalho, as mulheres tendem a assumirem, muitas vezes
sozinhas, o controle e a responsabilidade pela casa, marido e filhos.
Outra hipótese levantada, como explicação para as mulheres apresentarem mais
estresse do que os homens, seria pela diferença entre os sexos na resposta de percepção à dor,
pois, conforme Keogh e Herdenfeldt (2002), as mulheres respondem mais respostas negativas
do que os homens. Assim, no instrumento ISSL que solicita que a pessoa assinale sintomas
experimentados, as mulheres poderiam estar assinalando mais respostas do que os homens.
Hipótese essa que pode estar ligada às diferentes exigências socioculturais impostas desde a
infância para meninos e meninas. Por exemplo, espera-se dos homens, conforme Oliveira
(2004), que sejam mais corajosos e fortes diante das dificuldades da vida.
Nesta pesquisa, as pessoas com um ou mais filhos apresentam mais estresse do que
aquelas que não têm filhos. Esse dado possivelmente está correlacionado com a noção de que
pessoas que são pais possuem preocupações com seus filhos que podem tornar-se fontes de
estresse à medida que, segundo Lipp e Novaes (2000), pequenos aborrecimentos diários
ocorrem ao mesmo tempo ou permanecem presentes por um período longo. Pode-se constatar
resultado semelhante, com confiabilidade de 99%, a partir da análise da variável quantidade
de filho e crenças irracionais. Assim, pessoas que possuem um ou mais filhos apresentam
mais fonte interna de estresse (crenças irracionais) que as que não têm filhos.
74
Essa preocupação com os filhos foi reafirmada como fonte de estresse em respostas da
complementação da Escala de Reajustamento Social: Adolescência dos filhos, dificuldade
escolar dos filhos, mudanças do humor dos filhos; Meus filhos que estão na adolescência,
com 13 anos e 11 anos; Problemas com os filhos adolescentes – corriqueiros; Problemas que
mais me ocupam o tempo é o acompanhamento escolar dos filhos, sua saúde, seu bem estar,
mas a constante preocupação é a escola e a dificuldade do seu aprendizado que eles
possuem. Esses resultados, sobre a quantidade de filhos, indicam que as preocupações com os
filhos exigem de ambos os pais um esforço significativo em suas vidas. Verificou-se
estatisticamente que essa preocupação com os filhos é observada tanto pelas mães, quanto
pelos pais.
Na análise entre o intervalo de tempo de serviço e a prevalência de estresse,
encontrou-se que os funcionários que trabalham há mais de dez anos possuem mais estresse
do que os funcionários que estão em estágio probatório. Esse dado, apesar de não ser
estatisticamente significativo, indica que os servidores mais antigos encontram-se mais
estressados (64,9%) possivelmente devido à contínua e prolongada exposição a fontes
estressoras multifatoriais (LIPP, 2003). Já os novatos, em menor número (40%), ou não
perceberam o serviço público como uma situação difícil e desgastante, pois, segundo Ellis
(1973) e Lazarus e Folkman (1984 apud PASCHOAL; TAMAYO, 2004), há situações que
somente adquirem sua capacidade de estressar uma pessoa em decorrência da interpretação
que as pessoas dão a eles; ou os novatos estão conseguindo desenvolver múltiplas alternativas
de enfrentamento diante das situações estressantes, conforme França e Rodrigues (1997).
Resultados semelhantes, que verificaram a associação entre maior nível de estresse e maior
tempo de serviço, foram encontrados por Reinhold (1984 apud BIGATTÃO, 2005), que
pesquisou professores de magistério, e por Bigattão (2005), que investigou os motoristas de
ônibus de Campo Grande-MS.
A partir do levantamento dessas hipóteses, verifica-se a importância de futuras
pesquisas inconporarem ao fenômeno do estresse o estudo e a compreensão das variáveis
cognitivas e o conjunto de estratégias de enfrentamento (coping) utilizadas pelas pessoas para
adaptarem-se às diversas circustâncias estressantes.
Foi identificado que os funcionários que trabalham em outro serviço apresentaram
maiores índices de estresse (83,3%) do que aqueles que não exercem outra atividade laboral
(53,3); contudo este dado não é estatisticamente significativo. Esse resultado está de acordo
75
com Covolan (1984 apud BIGATTÃO, 2005), que pesquisou outra categoria de servidores, os
psicólogos, e verificou que as pessoas que se dedicavam a outras atividades tinham maiores
níveis de estresse. A pesquisadora teve o interesse de investigar essa variável pelo motivo dos
funcionários trabalharem seis horas seguidas, podendo então, trabalharem no outro período
em outro serviço. Fato que poderia desencadear nas pessoas que trabalham em outro serviço
uma maior quantidade de estressores, entretanto, não foi encontrado diferença significativa
entre trabalhar em outro serviço e fontes estressoras externas.
Apesar de não ser também estatisticamente significativo, foram encontrados os
maiores índices de estresse entre os servidores que consideram sua renda mensal insuficiente
(63,3%), em oposição àqueles que vêem sua remuneração suficiente (58,3%). Assim, os
maiores índices de estresse são encontrados nas pessoas que possuem renda mensal
insuficiente e dedicam-se a outra atividade laboral. Buscou-se verificar se havia alguma
relação significativa entre essas variáveis (renda mensal e trabalhar em outro serviço),
entretanto não foi possível realizar essa análise pela limitação estatística.
A Escala de Reajustamento Social verifica se as pessoas encontram-se na classificação
moderada, média ou severa. Essa divisão, segundo Holmes e Rahe (1967), significa que as
pessoas que estão na classificação moderada têm 37% de chance de ficarem enfermas devido
ao excesso de mudanças significativas ocorridas nos últimos 12 meses em suas vidas. Já na
classificação média, essa probabilidade aumenta para 51%, e na classificação severa, para
79%. Dessa forma, os resultados desta pesquisa mostraram que de um total de 25 pessoas,
32% encontram-se na classificação moderada, 48% na classificação média e 20% na
classificação severa.
Esse número encontrado, na Escala de Reajustamento Social, de 59,5% de pessoas que
possuem maiores probabilidades de ficarem doentes, está de acordo com os dados de Martins
(2004), que constatou que os servidores públicos de INSS do Rio Grande do Sul apresentam a
saúde geral afetada, com resultados significativos em relação ao distúrbio do sono e aos
distúrbios psicossomáticos, o que indica para o autor problemas de ordem orgânica tais como:
sentir problemas gerais com a saúde, dores de cabeça, fraqueza e calafrios.
Foi observado que as pessoas que apresentam estresse tendem a ter mais fontes
externas. Assim, com confiabilidade de 99%, os indivíduos que apresentam estresse têm
maiores pontuações e classificações na Escala de Reajustamento Social. Esse resultado está
76
em concordância com a afirmação de que, quanto maior a energia exigida do indivíduo depois
de mudanças significativas em sua vida, maior o desgaste do corpo (HOLMES; RAHE,
1967).
Os eventos vitais mais assinalados na Escala de Reajustamento Social foram: doença
de alguém na família; férias, Natal, morte de alguém na família; mudança de responsabilidade
no trabalho; mudança na sua condição financeira; mudança na linha de trabalho; começo ou
abandono de estudos; mudança nos hábitos de alimentação; término de pagamento de
empréstimo e compra a crédito de valor médio. Esses estressores, quando analisados em
categorias, segundo a pesquisa de Savóia (1999), seriam assim divididos: família; perda de
suporte social; mudanças no ambiente; trabalho; dificuldades pessoais e finanças. Esses dados
correlacionam-se com os princípios de Helman (2003) na medida em foi identificado que não
há somente uma categoria de evento vital que esteja afetando mais os funcionários do INSS, e
sim fontes multideterminadas, que são provenientes da totalidade do universo sociacultural e
econômico da amostra.
Ainda sobre os estressores mais assinalados pelos participantes na Escala de
Reajustamento Social, observa-se que não somente os eventos negativos foram os mais
apontados, mas também os eventos positivos, como Natal e Férias. Esse dado está de acordo
com Lipp (1996a), por afirmar que o fato que determina se os sintomas de estresse vão
ocorrer é a capacidade do organismo de atender às exigências do momento,
independentemente de serem de natureza positiva ou negativa.
A análise da complementação da Escala de Reajustamento Social revela que, além de
acrescentarem outros eventos vitais significativos que não constavam no inventário, as
pessoas também forneceram uma explicação ou importância a acontecimentos que foram
assinalados anteriormente na Escala. Esse reforço em eventos já assinalados na escala
assemelha-se com a afirmação de que os estressores tendem a estressar uma pessoa a partir da
importância e intensidade do seu significado para sua vida (LIPP; NOVAES, 2000). E
também está de acordo com a pesquisa de Savóia e Bernik (2004), que verificaram que um
dos motivos que determina o ataque de pânico nos pacientes é o significado atribuído aos
eventos e o impacto desses estressores em suas vidas.
A partir dessa observação, sugere-se que futuras pesquisas utilizem, conforme Savóia
(1999), algumas modificações quanto à ordem e número de eventos incluídos na Escala de
77
Reajustamento Social, como também a forma de aplicá-lo. Foi verificada a importância de
discutir cada evento com o participante em uma entrevista estruturada, para que se possa
suprir de forma mais adequada, a desvantagem da impossibilidade da própria pessoa em
expressar o significado de cada evento para si.
As respostas abertas na complementação da Escala de Reajustamento Social tiveram
como estressores mais citados os problemas da educação dos filhos, seguido dos problemas
no atendimento ao público; remuneração insuficiente; roubos e violência. Martins (2004), em
sua entrevista, verificou outro estressor, que gera insegurança e medo de punição: o temor da
perda do emprego por uma tomada de decisão errada, a qual acarretaria processo
administrativo, de maneira que não poderiam voltar a exercer a função pública. Vale ressaltar
que esse autor, em sua entrevista, restringiu-se somente a observações relativas ao ambiente
de trabalho.
A partir do relato das dificuldades no atendimento ao público, como pode ser
constatado a seguir: ... estressante, incompreensão e injustiça dos segurados que descarregam
diariamente gamas de problemas em cima do funcionário, confirmou-se uma das observações
iniciais da pesquisadora sobre algumas características peculiares que a atividade dos
servidores públicos que atendem ao público envolve, que são a alta responsabilidade nas
decisões sobre os processos administrativos e a grande quantidade diária de atendimento
Dessa forma, sugere-se que futuras pesquisas aprofundem os estudos na avaliação
mais detalhada do estresse organizacional, mais especificamente o Burnout, pois se suspeita
que alguns trabalhadores do INSS possam encontrar-se com níveis moderados a elevados
dessa síndrome, devido ao alto grau de contato interpessoal que possuem no trabalho e
também à constatação de pessoas estressadas nas duas últimas fases (quase exaustão e
exaustão).
Já sobre os estressores roubo e violência, estes evidenciam, conforme Baccaro (1990),
que a atual realidade sócio-histórica coloca o homem frente a diversas exigências e
preocupações específicas, as quais são potentes fontes estressoras.
Sobre as crenças irracionais, os resultados mostraram que as pessoas que possuem
estresse têm uma média significativamente superior de crenças irracionais (3,2) do que
aquelas pessoas que não têm estresse (1,7). Assim, segundo Lipp (1996a), foi confirmado o
fato de que crenças irracionais são potentes fontes internas de estresse. Essa afirmação
78
apresenta semelhanças com a pesquisa de Lipp et al. (1990), ao constatarem que os pacientes
que procuraram o treino do controle do estresse e estavam na fase inicial do estresse (Alerta),
apresentavam uma média bem mais baixa de crenças irracionais, quando comparadas com os
sujeitos que se encontravam em fases mais avançadas do estresse (Resistência e Exaustão).
Também está de acordo com outra pesquisa de Lipp, Sadir e Pereira (2005), que verificaram,
em uma amostra de 86 adultos, que as crenças irracionais têm o poder de atuarem como
poderosas fontes internas de estresse.
Uma reflexão importante é sobre a quantidade de pessoas que assinalaram no
Inventário de Crenças Irracionais a opção de resposta “não sei”. A média encontrada no geral
dessas respostas foi de 1,5. Esse fato, segundo a autora desta pesquisa, representa uma
limitação do instrumento, pois, conforme observação realizada durante a aplicação e correção
do teste, as pessoas responderam a opção “não sei” pela falta da opção “às vezes”. Assim,
observa-se que esse instrumento, como identificou Yoshida e Colugnati (2002), apresenta
alguns problemas como em relação à sua estrutura, fato que não facilita análise. Sugere-se a
futuras pesquisas que, ao utilizarem o mesmo instrumento, façam aplicação individual e não
coletiva, para que seja possível fazer uma melhor observação e análise das crenças irracionais.
Entre as pessoas que possuem crenças irracionais, as mais freqüentes foram: a crença 2
(certos atos são terríveis e pecaminosos e, por isso, devem ser severamente punidos); a crença
3 (é horrível quando as coisas não são exatamente do jeito que gostaríamos que fossem) e a
crença 12 (não se tem praticamente nenhum controle sobre as próprias emoções). Essas
crenças, segundo Ellis (1973), demonstram que a população pesquisada no geral possui
padrões absolutos de verdade e justiça, apresentando assim um comportamento rígido no que
diz respeito à culpa, crítica e exigência. Possui também a tendência a se frustrar quando as
coisas não acontecem exatamente do jeito que gostaria que fossem e acredita que não possui
nenhum controle sobre suas emoções.
79
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
80
Os resultados obtidos neste estudo representam uma realidade somente do grupo
pesquisado, por isso não se pretende fazer generalizações a instituições de outras localidades.
Nesta pesquisa, a partir do Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp, foi
verificado que 61,9% dos participantes apresentaram estresse. A fase predominante de
resistência indica que a maioria das pessoas estressadas possui uma sensação de desgaste do
organismo. Outro dado de grande alerta foi a ocorrência considerável de pessoas nas últimas
duas fases do estresse, pois nelas a adaptação está sendo totalmente esgotada e doenças já
começaram a surgir.
Os sintomas de estresse a que os participantes são mais vulneráveis são tanto os de
natureza psicológica, quanto ambas (física e psicológica). Foi encontrada diferença
significativa entre a ocorrência de estresse e o sexo, assim, pessoas do sexo feminino têm
maiores chances de apresentar estresse do que as do sexo masculino.
Segundo os dados da Escala de Reajustamento Social, 59,5% dos servidores
apresentaram um excessivo número de fontes externas nos últimos 12 meses, fato esse que
significa que essas pessoas possuem probabilidades maiores de adoecerem em conseqüência
da energia utilizada depois de mudanças significativas.
Foi encontrado, com diferença significativa, que, quanto mais as pessoas são expostas
a intensas e importantes fontes estressoras, tanto interna, quanto externa, maior o índice de
pessoas estressadas.
As crenças irracionais mais freqüentes foram: a crença 2 (certos atos são terríveis e
pecaminosos e, por isso, devem ser severamente punidos); a crença 3 (é horrível quando as
coisas não são exatamente do jeito que gostaríamos que fossem) e a crença 12 (não se tem
praticamente nenhum controle sobre as próprias emoções).
Participantes que possuem um ou mais filhos apresentam significativamente mais
crenças irracionais do que as que não têm filhos. Outra diferença significativa encontrada foi
que pessoas com escolaridade mais baixa (ensino fundamental e médio) apresentam
quantidades de crenças irracionais maiores que as com ensino superior.
Os estressores externos mais freqüentes referem-se a fontes multideterminadas, como:
doença de alguém na família; férias; Natal; morte de alguém na família; mudança de
responsabilidade no trabalho; mudança na sua condição financeira; mudança na linha de
81
trabalho; começo ou abandono dos estudos; mudança nos hábitos de alimentação; término de
pagamento de empréstimo; e compra a crédito de valor médio.
Os outros acontecimentos que os participantes acrescentaram como eventos externos
significativos foram: problemas na educação dos filhos, dificuldades no atendimento ao
público, remuneração insuficiente e violência urbana.
Sobre as fontes que se referem ao trabalho, a insatisfação salarial percebida pelos
funcionários é uma fonte geradora de estresse que pode possivelmente ter conseqüências na
baixa motivação organizacional.
Espera-se que os resultados encontrados nesta pesquisa possam contribuir para o INSS
reconhecer os sintomas de estresse como um alerta, assim, verifica-se a necessidade da
instituição acompanhar, monitorar e fornecer apoio a todos os seus funcionários, com a
finalidade de transformar muito dos fatores estressores.
Dessa forma, verifica-se a necessidade de sensibilizar empregadores e Instituição para
ações que estabeleçam programas de prevenção do estresse no INSS. Contribuindo assim,
para reduzir os estressores no trabalho, o nível de estresse encontrado e as conseqüências de
longo prazo do estresse relacionado ao trabalho.
Finalizando, sugere-se que novas pesquisas ampliem o estudo do estresse ocupacional,
para continuar explorando a influência de variáveis que envolvem processos de transação
entre o indivíduo e o ambiente.
82
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90
APÊNDICES
91
APÊNDICE A - Questionário de caracterização Sociodemográfico
QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO
da Entrevista: Data:
/ /
Nome:
Idade:
Sexo:
1 Masculino 2 Feminino
Estado civil:
1 Solteiro (a) 4 Separado (a)
2 Casado (a) 5 Divorciado (a)
3 União estável 6 Viúvo (a)
Número de filhos:
Nível de escolaridade:
1 Ensino Fundamental 3 Ensino Superior
2 Ensino Médio 4 Outros:
Religião:
Agência do INSS onde trabalha:
Tempo de trabalho como funcionário do INSS:
Trabalha em outro serviço:
1 Sim 2 Não
Onde?
Quantas horas?
A renda mensal familiar está sendo suficiente:
1 Sim 2 Não
Trabalha em outro serviço:
1 Sim 2 Não
92
APÊNDICE B - Complemento da Escala de Reajustamento Social
COMPLEMENTO DA ESCALA DE REAJUSTAMENTO SOCIAL DE HOLMES E RAHE
Acrescente se achar necessário outros acontecimentos importantes que ocorreram nos últimos 12
meses:
....................................................................................................................................................................
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93
APÊNDICE C - Modelo do convite entregue aos funcionários públicos para participação na
pesquisa
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Mestrado em Psicologia
2005
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Convidamos os funcionários públicos do INSS que atendem segurados a
participarem da pesquisa:
Estresse em Servidores Públicos do Instituto Nacional
de Seguro Social de Campo Grande-MS.
Objetivo: Avaliar o nível de estresse e as fontes estressoras dos servidores
públicos.
Data da pesquisa: ...../........../........ (.......................) à partir das 11h.
Contamos com a participação de todos!
94
APÊNDICE D - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Projeto: ESTRESSE EM SERVIDORES PÚBLICOS DO INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO
SOCIAL DE CAMPO GRANDE-MS.
Pesquisador: Márcia Regina Teixeira Minari.
Orientador: Dr. José Carlos Rosa Pires de Souza (UCDB/MS).
Objetivamos avaliar o nível de estresse e as fontes estressoras dos servidores públicos federais do
instituto Nacional de Seguro Social (INSS) que atendem segurados em Campo Grande-MS.
Sua participação nesta pesquisa consistirá em:
a) Assinatura de compromisso de colaboração voluntária, com compromisso de nossa parte que não
haverá publicação com identificação dos nomes;
b) Questionário Sociodemográfico;
c) Teste de Inventários de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL);
d) Inventário de crenças irracionais de Ellis, para verificar as fontes internas de Estresse;
e) Escala de Reajustamento Social, para verificar as fontes externas de Estresse.
A sua participação é voluntária e sua eventual recusa não envolve em qualquer penalidade. Os dados
não serão divulgados de forma a possibilitar sua identificação, exceto nos casos de solicitação, por
escrito, do próprio sujeito. Saliento que o consentimento em participar deste estudo abrange a
possibilidade da defesa de uma dissertação de Mestrado, e da publicação em formato de artigo
cientifico e/ou apresentação dos resultados em eventos científicos, seguindo as normas éticas de
pesquisa da Resolução n. 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), bem
como do Código de Ética Profissional do Psicólogo, Resolução n. 010/2005, do Conselho Federal de
Psicologia (CFP).
Consentimento da Pessoa como Participante
Eu, .........................................................................................................., RG ..........................................,
abaixo assinado, concordo em participar do estudo “Estresse em servidores públicos do Instituto
Nacional de Seguro Social de Campo Grande/MS”. Fui devidamente informado e esclarecido sobre a
pesquisa e os procedimentos nela envolvidos. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a
qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade.
Campo Grande MS, .......... de ....................................... de 2005.
Assinatura: .................................................................................................................................................
95
APÊNDICE E - Transcrição da complementação da Escala de Reajustamento Social e do
Inventário de Crenças Irracionais
QUADRO 1 - Complementação da Escala de Reajustamento Social, na qual os sujeitos forneceram
um significado para as fontes externas assinaladas na Escala
Participante Resposta descritiva
1
Felicidades na chegada de dois netos lindos.
1
E tristeza na morte do irmão mais novo.
17
No item cônjuge começou ou parou de trabalhar ele esta na fase indecisa, faz
muito tempo que trabalha na empresa e hoje a empresa está em fase de mudança
social, e praticamente está desempregado, nada certo.
20
Mudança de cidade.
22
Estou passando por uma fase difícil, gosto muito de um rapaz, sou muito
ciumenta, por isso vivemos em constante conflito.
25
Doença do meu pai, onde todo os encargos financeiros são minhas, tendo que
pedir com freqüência ajuda dos meus irmãos.
26
Problemas com a atividade profissional do esposo- a agricultura – nos últimos
02 anos só houve quedas na produção, sem nenhum lucro.
29
Aquisição de carro (Uno)
30
Compra de casa
36
Mudança de cidade (Goiânia para Campo Grande) e Mudança de local de
trabalho, colegas atividades. OBS: Transferência do INSS de Goiânia para
Campo Grande).
40
Perda de parentes desde 1981 pai e sogra, 1986 sogro e tia, 1999 cunhada e tia,
1993 sobrinho, 1991 sobrinho, 1994 mãe e tio. Antes do ano de 2000 perdi
vários tios não me lembro das datas. 2003 minha irmã, 2004 sobrinha e entiada,
2005 sobrinho. Tenho uma irmã que acidentou em 01/2001, está na cadeira de
roda, sofre muito e me faz sofrer. Sou muito apegada a minha família, procuro
estar sempre alegre para não demonstrar a tristeza no coração, procuro sair,
fazer compras e presentear, é o que mais gosto, tem dia que sinto deprimida,
porque quero sair e comprar mas o dinheiro está pouco. Gosto de ajudar as
pessoas tanto financeiramente como prestando serviço. Durante mais de 02 anos
ajudei a cuidar da referida irmã, mas quase “pirei”, porque ela é muito exigente,
mas de vez em quando ajudo no final de semana. Separei ainda jovem com 03
filhos pequenos, os criei sozinha, mas venci porque tenho muita fé em Deus.
96
QUADRO 2 - Complementação da Escala de Reajustamento Social, na qual os sujeitos
acrescentaram outras fontes externas significativas
Participante Resposta descritiva
5
Proposta para mudar de cidade e conseqüente local de trabalho
9
Uma situação que causa aborrecimento é o fato do seu trabalho não ter um
pagamento que seja satisfatório, isso é uma história que já tem mais de oito anos
sem um reajuste justo.
11
Taxa indevidas, tive de entrar na justiça,
11
Furto em minha casa.
20
Arrombamento do carro, 2 vezes.
21
Adolescência dos filhos, dificuldade escolar dos filhos, mudanças do humor dos
filhos
25
Meus filhos que estão na adolescência, com 13 anos e 11 anos.
26
Problemas com os filhos adolescentes – corriqueiros.
27
Problemas que mais me ocupam o tempo é o acompanhamento escolar dos
filhos, sua saúde, seu bem estar, mas a constante preocupação é a escola e a
dificuldade do seu aprendizado que eles possuem.
32
Roubo em casa (assalto)
32
Constante tratamento médico, sem cobertura do convênio (GEAP).
35
Aumento de salário: estamos em defazagem mais de 100% ou seja 11 anos sem
reajuste e quando tem que pensar que tem que caminhar junto com tudo que nos
é colocado “guela” a baixo e imposto pelo falso moralismo de minoria de
pessoas que recebem o nome de Sociedade que tem autonomia, mas preferem
omitir suas obrigações a um povo tão cansado sem opção e desesperançado para
o mundo.
35
Problemas de atendimento ao público: “estressante”: incompreendidos e
injustiça dos segurados que descarregam diariamente gamas de problemas em
cima do funcionário.
97
QUADRO 3 - Complementação do Inventário de Crenças Irracionais
Participante
Crença
Irracional
Opinião da
Resposta
Resposta descritiva
1 10 Concordo
Devemos procurar o perfeito a pesar que muitas
vezes torna-se difícil ainda sim devemos, aquilo que
queremos fazer muitas vezes não conseguimos mas
devemos tentar sempre desistir nunca, esta é a nossa
esperança, lutar, crescer e vencer.
4 1 Discorda
Às vezes as críticas nos amadurecem.
3 Discorda
Às vezes nossas vontades não são corretas.
4 Discorda
Muitas vezes as frustrações são conseqüências de
nossas vontades, emoções.
5 Discorda
Quanto mais nos preocupamos com algo, mais
difícil fica de resolver.
9 Discorda
Não devemos de ficar encucado com problemas
passados.
11 Discorda
Devemos lutar pela felicidade, ela não procura a
gente, temos que ir a procura.
5 2 Concorda
Como concordar com alguém que só faz maldade?
Seqüestro, por exemplo.
3 Discorda
Se fosse assim, não teria graça.
4 Concorda
Sozinha, não dá. No meu entender, existe um fator
externo que interage com essa pessoa.
5 Discorda
Não.
6 Discorda
No meu entender temos que enfrentar as
dificuldades da vida.
7 Discorda
Não, elas precisam se fortalecer primeiro. E isso
consegue-se com outros meios
6 2 Discorda
Discordei da frase por não concordar com o termo
“pecaminoso”. Na minha opinião atos que devem ser
punidos, através da lei, são: assassinatos, estupros,
violência contra quem não pode/não sabe se
defender. Não aceito o termo “pecaminoso”.
8 Discorda
Discordo de que “deve-se ser absolutamente
competente e inteligente”. Porém, penso que todo
ser humano é merecedor de respeito.
9 Todas Discorda
A vida é feita pelo equilíbrio e não por extremos.
15 1 Discorda
É necessário, mas não “extremamente”. É apenas
algo que ajuda na auto estima, mas não é tudo.
2 Discorda
O conceito de pecado é muito relativo, dependendo
das concepções de cada um e não necessitam ser
severamente punidos.
3 Discorda
Nem tudo depende de nós para acontecer.
4 Discorda
Muitas vezes são causadas por nós mesmos.
5 Discorda
Tudo o que nos perturba ou amedronta deve ser
enfrentado.
6 Discorda
Mesmo caso do item 5.
98
Participante
Crença
Irracional
Opinião da
Resposta
Resposta descritiva
7 Discorda
Ninguém deve se apoiar no outro para viver, cada
um deve ser independente, mas consciente de que
até certo ponto uns dependem dos outros, para viver
em sociedade.
8 Discorda
Ninguém é perfeito.
9 Discorda
Os problemas devem ser superados.
20 5 Discorda
Não se deve ficar perturbado, mas mesmo assim me
perturbo.
9 Concorda
É muito difícil se livrar de algo que marcou muito, a
não ser com ajuda.
26 1 Discorda
Impossível agradar a todos. As pessoas são
diferentes, devido a diferenças de culturas, valores,
etc.
2 Discorda
Devem ser melhorados.
33 7 Discorda
Acredito que necessitamos de um ser superior
(Deus) para dar força a cada ser humano.
36 7 Discorda
As pessoas precisam crer que existe um ser superior
que está sempre pronto para nos socorrer nas
dificuldades, tristezas etc., sem essa certeza as
pessoas encontrarão muito mais dificuldade para se
sentirem felizes e protegidas deste mundo com tanta
crueldade.
40 4 Discorda
As desgraças muitas vezes o próprio ser humano as
buscam, podemos evitar as desgraças basta ter fé em
Deus e ser honesto.
7 Discorda
Ninguém precisa de alguém mais forte, porque todo
ser humano possui fortaleza, é só saber usá-la.
9 Discorda
Não, por que somos capaz de superar qualquer
dificuldade.
11 Discorda
A felicidade nós a conquistamos.
12 Discorda
Todos podem controlar as emoções, depende da
força espiritual de cada um.
99
ANEXOS
100
ANEXO A - Escala de Reajustamento Social
ESCALA DE REAJUSTAMENTO SOCIAL
Traduzido por Lipp (1984) do original de Holmes e Rahe (1967).
Nome: ........................................................................................................................................................
Assinale com um X os acontecimentos que ocorreram ou estão ocorrendo contigo nos últimos 12
meses:
X Acontecimentos Pontos
1. Morte do cônjuge 100
2. Divórcio 73
3. Separação do casal 65
4. Prisão 63
5. Morte de alguém da família 63
6. Acidente ou doenças 53
7. Casamento 50
8. Perda de emprego 47
9. Reconciliação com o cônjuge 45
10. Aposentadoria 45
11. Doença de alguém da família 43
12. Gravidez 40
13. Dificuldades sexuais 39
14. Nascimento da criança na família 39
15. Mudança no trabalho 39
16. Mudança na sua condição financeira 38
17. Morte de amigo íntimo 37
18. Mudança na linha de trabalho 36
19. Mudança na freqüência de brigas com o cônjuge 35
20. Compra de casa de valor alto 31
21. Término de pagamento de empréstimo 30
22. Mudança de responsabilidade no trabalho 29
23. Saída de filho a de casa 29
101
X Acontecimentos Pontos
24. Dificuldade com a polícia 29
25. Reconhecimento de feito profissional de realce 28
26. Cônjuge começou ou parou de trabalhar 26
27. Começo ou abandono dos estudos 26
28. Acréscimo ou diminuição de pessoas morando na casa 25
29. Mudança de hábitos pessoais ex.: para de fumar 24
30. Dificuldade com o chefe 23
31. Mudança de horário de trabalho 20
32. Mudança de residência 20
33. Mudança de escolas 20
34. Mudança de atividade recreativa 19
35. Mudança de atividades religiosas 18
36. Mudança de atividade social 18
37. Compra a crédito de valor médio 17
38. Mudança nos hábitos de dormir 16
39. Mudança na freqüência de reuniões familiares 15
40. Mudança nos hábitos de alimentação 13
41. Férias 13
42. Natal 12
43. Recebimento de multas ao cometer pequenas infrações 11
Nota obtida Probabilidade de ter problemas de saúde
Moderada (150-119) 37,0%
Média (200-299) 51,0%
Severa (de 300 a mais) 79,0%
102
ANEXO B – Autorização do Comitê de Ética
Livros Grátis
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