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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CAMPUS DE PATOS-PB
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
SÍLVIA KARINE ALVES COUTO
DEGRADABILIDADE RUMINAL DO ROLÃO E FARELO DE MILHO EM
CAPRINOS E OVINOS DESLANADOS MANTIDOS EM SOMBRA NATURAL E
ARTIFICIAL NO SEMI-ÁRIDO PARAIBANO
PATOS – BRASIL
2005
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CAMPUS DE PATOS-PB
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
DEGRADABILIDADE RUMINAL DO ROLÃO E FARELO DE MILHO EM
CAPRINOS E OVINOS DESLANADOS MANTIDOS EM SOMBRA NATURAL E
ARTIFICIAL NO SEMI-ÁRIDO PARAIBANO
Autora: Sílvia Karine Alves Couto
Orientador: Prof. Dr. Bonifácio Benício de Souza
Coorientador: Prof. Dr. Aderbal Marcos Azevedo Silva
PATOS – BRASIL
2005
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DEGRADABILIDADE RUMINAL DO ROLÃO E FARELO DE MILHO EM
CAPRINOS E OVINOS DESLANADOS MANTIDOS EM SOMBRA NATURAL E
ARTIFICIAL NO SEMI-ÁRIDO PARAIBANO
Orientador: Prof. Dr. Bonifácio Benício de Souza
Coorientador: Aderbal Marcos Azevedo Silva
PATOS - PB
2005
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
Graduação em Zootecnia da Universidade
Federal de Campina Grande como parte dos
requisitos exigidos para a obtenção do título de
mestre em Zootecnia com concentração em
Sistemas Agrossilvopastoris no Semi-árido.
Não vos aflijais, nem digais: que comeremos? Que beberemos? Com que
nos vestiremos? São os pagãos que se preocupam com tudo isso.
Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas essas
coisas vos serão dadas em acréscimo. Não vos preocupeis, pois, com o dia
de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada
dia basta seu cuidado.
Mt. 6, 31-34.
AGRADECIMENTOS
A DEUS, que providenciou tudo antes mesmo d’eu chegar aqui. Foi minha força e minha
luz.
Aos meus pais, Maria Lúcia Alves de Couto e Rubem Alves de Couto, minha tia Maria
José (Tatau), minha irmã Kicianne Couto, pela compreensão e confiança. Por ter
“agüentado” a saudade que sentiram durante o tempo em que estive fora de casa.
Ao amor da minha vida, Eduart Brito, por ter sido compreensivo, companheiro e por
agüentar os meus dias de estresse, além da enorme ajuda que me deu no decorrer dos
trabalhos.
Á professora Eunice de Queiroz do Departamento de Zootecnia da UFRPE, que tanto me
incentivou e por acreditar em mim.
A Sara Regina, que enfrentou esse desafio e esteve comigo no difícil começo.
Ao PPGZ – UFCG/CSTR, pela oportunidade e confiança.
Ao professor Bonifácio Benício de Sousa, por acreditar em mim, na minha capacidade.
Agradeço pela enorme dedicação e transmissão de conhecimentos que tanto contribuíram
para o andamento deste trabalho.
Ao professor Aderbal Azevedo, pessoa que tanto admiro por sua inteligência e seu caráter.
Por ter colaborado e me ensinado muito.
Ao professor José Morais (Moraisinho), que perturbei algumas vezes com minhas dúvidas.
Também pudera! Quem tem um Morais dando aula tem mais é que explorar mesmo. É um
poço de inteligência! Sem contar as boas conversas que tivemos.
Aos colegas José Rômulo, Jordânia Martins e em especial, a doce Talícia Benício,
pessoa extremamente importante e que esteve comigo naqueles dias de muito trabalho e
cansaço. Lembro-me do gravador que tocava música o dia inteiro no laboratório, dos
nossos “cochilos” quando não agüentávamos e deitávamos no chão mesmo, das horas de
fome... Foi muito bom!
Aos colegas Adalmira Bezerra, Romualdo (Mumu) e Otávio, que ajudaram muito nas
minhas análises.
Aos colegas de turma, pelos bons momentos que passamos juntos e que certamente jamais
serão esquecidos.
A secretária do PPGZ – UFCG, Maria José (Mary) e a secretária da ADUF, Gigi.
Ao seu Biu, por ter sido tão atencioso durante o trabalho de campo.
A CAPES, pela concessão da bolsa de estudo.
A banca examinadora.
Aos animais, essencias para a realização deste trabalho.
A minha família
OFEREÇO.
A minha vovó, Naisa Couto, que esperava ansiosa o término do meu trabalho e a minha
volta pra casa. Porém, sua missão terminou antes que eu pudesse voltar e contar-lhe como
foi tudo.
Falecida em 08-01-05.
DEDICO.
SUMÁRIO
Página
ÍNDICE DE TABELAS................................................................................................. ix
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS.......................................................... 11
Referências......................................................................................................................
19
CAPÍTULO 2DEGRADABILIDADE IN SITU DO ROLÃO E FARELO DE
MILHO EM CAPRINOS E OVINOS DESLANADOS MANTIDOS EM
SOMBRA NATURAL E ARTIFICIAL NO SEMI-ÁRIDO.....................................
24
Resumo............................................................................................................................ 25
Abstract............................................................................................................................ 27
Introdução........................................................................................................................ 29
Material e métodos........................................................................................................... 32
Resultados e discussão..................................................................................................... 37
Conclusão......................................................................................................................... 49
Referências....................................................................................................................... 50
ÍNDICE DE TABELAS
Página
CAPÍTULO 2 – DEGRADABILIDADE IN SITU DO ROLÃO E FARELO DE
MILHO EM CAPRINOS E OVINOS DESLANADOS MANTIDOS EM
SOMBRA NATURAL E ARTIFICIAL NO SEMI-ÁRIDO....................................
24
TABELA 1 - Teores de matéria seca (MS); proteína bruta (PB); fibra em detergente
neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) dos alimentos oferecidos aos
animais durante o experimento......................................................................................
33
TABELA 2 - Fração potencialmente degradável (b), indegradável (c) e
degradabilidade potencial (DP) da matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e fibra em
detergente neutro (FDN) do rolão de milho em animais sob ambiente natural e
artificial e das frações b, c e DP da matéria seca e proteína bruta do farelo de milho
em caprinos e ovinos....................................................................................................
37
TABELA 3 - Valores médios da degradabilidade efetiva (DE) a 2 e 5%/hora e taxa
de degradação (Kd) da matéria seca, proteína bruta e fibra em detergente neutro do
rolão de milho e farelo de milho em caprinos e ovinos.................................................
41
TABELA 4 - Degradabilidade da proteína lentamente degrada no rúmen (PLDR),
proteína efetivamente degrada no rúmen (PEDR) e proteína não degrada no rúmen
(PNDR) do rolão de milho de acordo com sua atividade de degradação e passagem a
2 e 5%/hora em caprinos e ovinos mantidos em ambiente de sombra natural e
artificial..........................................................................................................................
45
TABELA 5 - Degradabilidade da proteína lentamente degradável no rúmen
(PLDR), proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR) e proteína não
degradada no rúmen (PNDR) do farelo e de milho de acordo com sua atividade de
degradação e passagem a 2% e 5% nas espécies caprina e ovina..................................
47
INTRODUÇÃO
Os ruminantes apresentam grande eficiência no aproveitamento de alimentos
fibrosos, graças à adaptação morfo-fisiológica do seu aparelho digestivo (Church, 1974;
Silva, 1979). Isto permite o aproveitamento dos nutrientes das diferentes frações digestíveis
presentes na diversidade das espécies vegetais, utilizadas como alimento pelos ruminantes.
Entretanto, para a correta utilização das alternativas alimentares disponíveis, é necessário o
conhecimento do valor nutritivo destas.
Como forma de avaliação de alimentos para ruminantes, a técnica do saco de náilon
suspensos no rúmen tem se apresentado como uma alternativa viável, principalmente em
função de sua simplicidade e economicidade (Orskov e Mcdonald, 1979; ARC, 1984; NRC,
1988). Além disso, estima com rapidez à digestão dos nutrientes no rúmen, permitindo
também acompanhar essa digestão ao longo do tempo (Mehrez e Orskov, 1977), identifica
possíveis interações entre alimentos em uma ração e, eventualmente, permite selecionar
ingredientes alimentares compatíveis com a maximização da síntese de proteína microbiana
no ecossistema ruminal.
Trabalhos realizados por Vik-mo e Lindberg (1985) sugerem que os valores
determinados por essa técnica são influenciados pela dieta basal oferecida ao animal,
principalmente quando se utilizam volumosos associados a alimentos ricos em amido e que
contém baixo teor protéico.
Como a alimentação em uma propriedade é um dos fatores de mais alto custo, é
indispensável à utilização de alimentos alternativos visando à diminuição dos mesmos. O
Nordeste brasileiro apresenta ambientes contrastantes em face de sua localização, extensão
e, a pecuária e a atividade agrícola dessa região está diretamente condicionada pelos fatores
climáticos (Carvalho et al. 2003). O milho, sendo cultivado em toda a sua extensão e com
os mais distintos sistemas de produção, é muito utilizado na composição de rações como
fonte energética. Porém, a mecanização é uma atividade que eleva os custos, por isso, é de
grande importância à utilização da espiga inteira, na forma de milho desintegrado com
palha e sabugo (Paziani et al. 2001).
A Ovino-caprinocultura na região Nordeste é uma opção rentável e viável, pois não
exige altos investimentos nas instalações e na aquisição de animais, os ovinos e caprinos de
um modo geral se adaptam bem às condições do semi-árido, no que diz respeito ao
ambiente climático e a disponibilidade de alimento. Como produtora de carne, a espécie
ovina ocupa uma posição intermediária entre as demais, sendo sua maior contribuição, no
sentido social. A maior importância reside no fato de ser fonte primordial de proteína de
alto valor biológico para pequenos produtores. A pele também é um produto de grande
valor comercial e mais uma fonte de renda para os produtores da região.
O clima da região semi-árida do Nordeste é tipicamente tropical seco, que
apresenta uma estação chuvosa de quatro a seis meses, seguida por uma estação seca de seis
a oito meses, de modo que a precipitação pluviométrica é superada pela evapotranspiração
anual. Segundo Nääs et al. (2002) os efeitos climáticos como radiação solar direta,
temperatura e umidade relativa do ar quando estão acima ou abaixo da zona de conforto
térmico podem influenciar negativamente a produção.
Em ambiente de temperatura elevada, o excesso ou a falta de umidade pode ser
prejudicial (Starling et al. 2002). O ideal é proporcionar aos animais um ambiente
confortável, manter sempre água e sombra de boa qualidade que pode ser natural, como
árvores de grandes copas, ou artificial disponível, de forma que minimize os efeitos da
radiação solar direta e indireta.
Ao mesmo tempo, devem-se combinar dietas considerando os aspectos relacionados
com a fermentação ruminal, como forma de atender os requerimentos do animal e da
população microbiana presente no rúmen. A digestibilidade da matéria seca é
negativamente correlacionada com o nível de ingestão, e é positivamente correlacionada
com o tempo de retenção no rúmen. Não obstante, outros fatores tais como a relação
animal-planta-ambiente e mudanças fisiológicas nos animais sob estresse calórico, podem
contrabalancear efeitos positivos de baixa ingestão e tempo de retenção em digestibilidade.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a degradabilidade in situ do rolão e farelo de
milho em caprinos e ovinos deslanados mantidos em ambiente de sombra natural e artificial
no Semi-Árido paraibano.
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
1.0. Degradabilidade ruminal
Determinar a degradação ruminal dos alimentos é indispensável quando se quer
avaliar a quantidade de nutrientes que estará disponível para os microorganismos do rúmen
e a quantidade de nitrogênio que alcança o intestino delgado (Merhez e Orskov, 1997).
Para Martins (2000) a qualidade de qualquer alimento poderia ser obtida pela
digestibilidade dos seus constituintes nutricionais. Assim, destaca-se a técnica in situ, de
onde se pode extrair informações importantes, como a taxa e o potencial de degradação
ruminal inerente a cada alimento (Barbosa, 1996).
Esta técnica consiste em determinar o desaparecimento de componentes da amostra
de alimentos acondicionados em sacos de náilon ou de outro material sintético e incubados
em períodos variáveis (Teixeira, 1997).
Van Soest (1982) relata que os nutrientes possuem taxas de degradação quanto à
disponibilidade ruminal em pelo menos três frações: a) solúvel (acúcares solúveis) b)
degradável (amido, pectina, celulose e hemicelulose) e c) indegradável. (Gonçalves, 2001).
A técnica in situ visa quantificar essas frações e determinar a taxa de degradação da fração
b.
O grau de degradação da proteína da dieta no rúmen é fator importante no método
de avaliação dos requerimentos protéicos dos ruminantes e na avaliação protéica dos
alimentos (Vilela, et al. 1994). A simultânea degradação e utilização da proteína e dos
carboidratos são fundamentais para a máxima expressão do potencial de fermentação no
ambiente ruminal.
Em ruminantes, os requerimentos protéicos devem ser supridos inicialmente pela
digestão das proteínas microbianas que são sintetizadas no rúmen seguidos pela digestão
dos aminoácidos contidos nos alimentos que escapam da fermentação ruminal (Oliveira et
al (2003).
Os mais recentes sistemas para avaliação da proteína dietética em ruminantes são
baseados na proteína degrada no rúmen (PDR) e proteína não degradada no rúmen (PNDR)
(ARC, 1984).
As proteínas, por desempenharem importante papel no organismo animal, devem
ser consideradas não só pela sua quantidade na dieta, mas também pela qualidade e com
isso, promover o máximo desempenho dos animais.
O tempo de retenção no rúmen afeta significativamente o grau de degradação da
proteína, enquanto a taxa de passagem pode ser afetada pelo tamanho da partícula e pelo
consumo.
A simultânea degradação e utilização da proteína e dos carboidratos da dieta são de
fundamental importância para a máxima expressão do potencial de fermentação no
ambiente ruminal, pois a degradabilidade dos carboidratos estruturais e não estruturais é
diferente. Portanto, a disponibilidade de energia para o ambiente ruminal é função direta
dessa relação (Deschamps, 1994).
Dessa forma, torna-se importante o estudo da cinética de digestão dos carboidratos e
proteínas para que sejam formuladas dietas adequadas para disponibilizar energia e
nitrogênio no rúmen, permitindo o máximo desempenho das populações microbianas
(Russell et al. 1992) o que promoverá maior desempenho produtivo dos ruminantes.
2.0. Degradabilidade ruminal nas espécies
A literatura sugere que a fisiologia digestiva dos caprinos pode diferir em
importantes aspectos em relação a dos bovinos e ovinos.
Recentes pesquisas comparando a fisiologia digestiva de caprinos e ovinos foram
publicadas (Isac et al. 1994; Garcia et al. 1994; Molina Alcaide et al. 1997) quando foram
oferecidas dietas de baixa e média qualidade.
Em alguns trabalhos foram encontrados na dieta consumida pelos ovinos maior
conteúdo de fibra do que o material selecionado pelos caprinos, indicando assim, que
existem diferenças no comportamento seletivo de ovinos e caprinos que podem promover
desigual eficiência digestiva. Entretanto, dependendo do tipo de alimento fornecido, os
caprinos têm capacidade similar aos ovinos de digerir forragens de média qualidade
(Molina Alcaide et al, 2000).
Além disso, os caprinos são capazes de manter um grande acúmulo do material
ingerido no rúmen sem aumentar a distensão ruminal (Molina Alcaide et al, 2000). Este
fato contribuiria para o aumento do consumo voluntário em relação aos ovinos.
Molina Alcaide et al. (2000) compararando a digestibilidade de nutrientes,
degradação a taxa de passagem e fermentação ruminal em caprinos e ovinos consumindo
dietas de boa qualidade concluíram que tanto os caprinos como ovinos, demonstraram
capacidade semelhante na digestão de dietas de boa e média qualidade. Entretanto,
Domingue et al. (1991a) encontraram diferenças no consumo voluntário e no nível de
degradação entre ovinos e caprinos quando foi oferecida forragem de baixa qualidade.
Quando se deseja atingir altos índices zootécnicos deve-se considerar os alimentos
disponíveis em cada região, a melhor espécie a ser utilizada e as limitações que cada
ambiente proporciona ao animal, sendo necessário a utilização de instalações adequadas
para oferecer conforto térmico aos animais e com isso, maximizar a produção
O rúmen, pelas suas características próprias, estabelece condições ótimas para a
sobrevivência e multiplicação de um grande número de microorganismos representados por
bactérias de diferentes espécies, protozoários e fungos. Esses microorganismos exercem
atividades extremamente úteis que facilitam a digestão e uma maior eficiência no
aproveitamento dos alimentos pelos ruminantes. A população microbiana pode ser alterada
em situações relacionadas com a época do ano e a intensidade de pastejo. É sabido que
ambientes com altas temperaturas provocam alterações na microbiologia do rúmen e
consequentemente, nos processos metabólicos da digestão (Müller, 1989).
3.0.Espécies
Quando se pensa em produção eficiente, que seja economicamente viável, deve-se
considerar além da alimentação que já é um grande problema em uma região semi-árida, a
espécie que melhor se adapte nesse contexto, assim, a utilização de animais com bom
potencial produtivo só será possível, se as condições de manejo, principalmente nutricional
e de ambiente, permitirem. Portanto, escolher as espécies e raças que sejam perfeitamente
adequadas às condições ambientais é de fundamental importância para o estabelecimento
da criação com sucesso, bem como, a utilização de ambiente e manejo nutricional
adequadas são indispensáveis para se obter o máximo de produtividade animal.
Dos animais domésticos, o ovino é um dos que apresentam mecanismos
anatomofisiológicos mais propícios à sobrevivência em regiões de altas temperaturas, desde
que a umidade do ar seja baixa (Barbosa et al. 2001). Os diferentes tipos de raças têm
diferentes características que se refletem nas respostas dos animais às condições ambientais
adversas (Shafie e Sharafeldin, 1965).
As raças ovinas naturalizadas do Nordeste brasileiro têm bom valor adaptativo
(Pimenta Filho et al. 2000). Os ovinos da raça Santa Inês, foram desenvolvidos no Nordeste
brasileiro, produto do cruzamento das raças Bergamácia, Somalis e outros ovinos sem raça
definida, são animais rústicos, e grandes produtores de carne, porque apresentam maior
velocidade de crescimento em relação a outros ovinos deslanados (Siqueira, 1990), além
disso, apresentam grande resistência a doenças. A espécie caprina, por ser criada
geralmente de forma extensiva e, consequentemente, em maior contato com os fatores
climáticos como a radiação solar, também merece atenção especial no que diz respeito ao
manejo ambiental. A caprinocultura representa, hoje, uma das principais alternativas como
cultura viável para o semi-árido, graças as suas aptidões para a produção de carne, pele e
leite e ao potencial pra altas produções em criações que adotam tecnologias adequadas.
Dentre as raças nativas de caprinos, os Moxotó se destacam por ser de pequeno
porte e boa produtora de pele. São oriundos do Nordeste brasileiro, esse nome foi dado por
terem sido encontrados em grande quantidade nos municípios de Ibimirim e Inajá, na região
do Vale do Moxotó, em Pernambuco (Pinheiro Júnior, 1973). Sua produção leiteira é baixa
e fica em torno de meio litro por dia, durante um período médio de lactação de quatro
meses.
4.0. Caracterização da zona de termoneutralidade (ZTN) e instalações
Grande parte do território nacional encontra-se em zonas de clima tropical
caracterizado pelas altas temperaturas, elevadas insolação e radiação solar e ocorrência de
chuvas em períodos limitados do ano. Marques (1998) afirma que o comportamento
animal, tanto em ambiente livre ou confinado, deve ser pautado pelo controle das condições
ambientais, incluindo questões climáticas e meteorológicas.
Em determinada faixa de temperatura ambiente, o animal mantém constante a
temperatura corporal, com o mínimo de esforço dos mecanismos termurregulatórios, é
conhecida como zona de termoneutralidade (ZTN) ou de conforto térmico, onde a
temperatura do animal é constante, ou seja, não há sensação de frio ou calor e o
desempenho do animal ocorre normalmente alcançando o máximo de sua capacidade
produtiva (Baêta e Souza, 1997). Dentro da ZTN, o gasto de energia para mantença do
animal ocorre em um nível mínimo e, assim, a energia do organismo pode ser dirigida para
os processos produtivos, além dos de manutenção, não ocorrendo desvio de energia para
manter o equilíbrio fisiológico.
Com o objetivo de proporcionar conforto aos animais permitindo que desenvolvam
seu potencial genético e produtivo, é que as instalações devem ser planejadas. Elas devem
minimizar a ação direta dos fatores climáticos como chuva, ventos, radiação solar,
temperatura e umidade do ar. Alguns autores relatam que os custos com as instalações
representam o maior volume de investimento inicial fixo, são construídas com os recursos
disponíveis e facilidades para o produtor, ficando geralmente prejudicado o conforto do
animal.
A melhor sombra é a provida de árvores, isoladas ou agrupadas. Segundo Silva
(1988) As árvores têm maior eficiência resfriadora que os abrigos artificiais, pois sob
árvores os animais acham-se expostos a uma maior área de céu aberto que representa uma
superfície fria em relação às demais. Além disso, a construção de abrigos implica em custos
mais elevados.
Porém, na ausência de árvores nos pastos ou piquetes, recorre-se ao sombreamento
artificial dos animais através das chamadas sombras móveis ou abrigos permanentes. Deve-
se considerar que a natureza da cobertura é o principal fator de ação nas trocas de radiação
entre o ambiente e o animal e influi muito no ganho de calor pelo animal. (Baêta e Souza,
1997).
Em relação ao conforto térmico, Sleutjes e Lizieri (1991) compararam instalações
com cobertura de telha de barro, com telha de cimento amianto, curral a céu aberto e
sombra de árvore tendo concluído que o ITGU foi menor nas instalações com cobertura de
telha de barro, sombra de árvore e a instalação com cobertura de cimento amianto
comparado ao curral de céu aberto.
Myagi et al (2002) avaliando o efeito de sombreamento sobre o desempenho de
bovinos de corte em confinamento, concluíram que o uso de abrigos contra a incidência de
radiação solar beneficiou o desempenho dos mesmos.
As trocas de calor entre o animal e o ambiente se dão através da condução radiação
e convecção. Para que essa transmissão de calor seja feita, é preciso que os corpos
envolvidos tenham temperaturas diferentes, para que o calor sempre saia de um corpo que
está com a temperatura mais quente para o corpo que está com a temperatura mais fria até
que haja o equilíbrio térmico. Quando um animal perde calor através da radiação, há
transmissão de calor para outros objetos através de ondas eletromagnéticas, enquanto na
convecção, o calor é transferido em razão de um movimento relativo de suas partículas e na
condução, por contato entre as superfícies (Shearer e Beede, 1990). Já a evaporação da
água, com finalidade de termorregulação, em climas quentes, aumenta a necessidade de
água pelos animais.
Existem vários índices para avaliar o bem-estar animal, denominados de índices de
conforto térmico, determinados por meio dos fatores climáticos (Albright, 1993).
5.0. Índice de Temperatura e Umidade (ITU) e Índice de globo negro e umidade
(ITGU)
Para Johnson (1980) o ITU acima de 72 indica estresse para vacas holandesas. Já
Igono et al (1992), considera estressante para vacas leiteiras um ITU acima de 76. Quando
o ITU ultrapassa o valor de 85, deve-se tomar cuidado e providências para que se evite a
morte dos animais.
Nääs et al. (2002) analisando o efeito de alguns índices de conforto em vacas de
produção, observaram declínio na produção de leite em função do ITU, ou seja, à medida
que o ITU aumentou, diminuiu a produtividade das vacas.
Guiselini et al. (1999) avaliando a qualidade de sombras proporcionadas por
algumas espécies arbóreas, encontraram os menores valores de ITU para sombra de bambu
nos turnos da manhã e tarde.
Pádua et al. (2002) avaliando o sombreamento proporcionado por seis tipos de
abrigo, concluíram que o ITU foi menor na sombra natural do que em abrigos artificiais.
O ITGU foi desenvolvido para vacas leiteiras expostas a condições ambientais de
radiação solar direta e indireta e desenvolvido por Buffington et al. (1981). Eles relataram
que a produção de leite apresentou correlação mais alta com o ITGU que com o ITU sob
radiação solar direta. Á sombra, os índices estiveram correlacionados à produção,
aproximadamente na mesma magnitude. O ITGU foi o indicador que mais precisou o
conforto dos animais em relação ao ITU, sob condições de estresse, porém, esses dois
índices são semelhantes como indicadores quando se compara o animal em condições de
estresse moderado, em ambiente de sombra.
Em trabalho realizado com diferentes grupos genéticos de caprinos no semi-árido
nordestino, Souza (2003) avaliou as condições ambientais e encontrou ITGU pela manhã de
71,25 e à tarde de 79,15, isso, porém, não foi considerado ambiente desconfortante para
caprinos, já que os mesmos não apresentaram respostas fisiológicas acima dos padrões
normais para a espécie.
Já Cezar et al. (2004) trabalhando com ovinos, obteve valores de ITGU de 75,50
pela manhã e 82,40 à tarde, caracterizando uma situação de alerta pela manhã e perigo
térmico pela tarde, proporcionando um desconforto térmico para os animais.
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CAPÍTULO 2
Manuscrito, enviado para Revista Ciência e Agrotecnologia. Editora da Universidade
Federal de Lavras – Editora UFLA.
CAPÍTULO 2 – Degradabilidade in situ do rolão e farelo de milho em caprinos e
ovinos deslanados mantidos em sombra natural e artificial no Semi-árido paraibano.
SÍLVIA KARINE ALVES COUTO
1
BONIFÁCIO BENÍCIO DE SOUSA
2
ADERBAL MARCOS DE AZEVEDO
SILVIA
2
TALÍCIA MARIA ALVES BENÍCIO
3
JOSÉ RÔMULO SOARES DE
SOUSA
4
1–Aluna de Pós–Graduação em Sistemas Agrossilvopastoris da UFCG – Campus de Patos
– PB;
2–Professores adjuntos do Departamento de Medicina Veterinária da UFCG – Campus de
Patos – PB.
3-Alunos do curso de Medicina veterinária da UFCG - Campus de Patos – PB;
4–Aluno de Pós–Graduação em Sistemas Agrossilvopastoris da UFCG – Campus de Patos
– PB;
Degradabilidade in situ do rolão e farelo de milho em caprinos e ovinos deslanados
mantidos em sombra natural e artificial no Semi-árido paraibano.
RESUMO: Foram utilizados quatro caprinos e quatro ovinos distribuídos em dois
ambientes, um natural e outro artificial. Os animais receberam ração duas vezes ao dia em
baias coletivas e água a vontade. Foram feitas as mensurações fisiológicas e climáticas:
temperatura retal, freqüência respiratória e temperatura superficial, bem como as
temperaturas máxima e mínima, bulbo seco e úmido e globo negro. As tomadas foram
realizadas às 9:00 e às 15:00 horas durante onze dias. Para o estudo da degradabilidade,
foram incubados sacos de náilon contendo amostras do rolão e farelo de milho nos tempos
de 6, 12, 24 e 48 e 72 horas para o alimento volumoso e 6, 12, 24, 48 horas para o
concentrado. Depois de retiradas, as amostras foram lavadas com água e secas em estufa
por 72 horas, após esse período, foram retiradas e pesadas. Os efeitos dos ambientes e das
espécies na fração b e c da MS no rolão de milho foram independentes, apenas o ambiente
apresentou efeito significativ. No ambiente artificial, a média da degradabilidade da fração
b (55,36%) foi superior a média obtida no ambiente natural (50,97%). A fração c
apresentou maior valor no ambiente natural (40,90%) do que o artificial (36,51%). Para a
fração b e c da PB, não houve efeito de interação, entre os fatores. Os valores b e c da FDN
não apresentaram efeito de interação. Quanto à fração b e c da MS do farelo de milho, não
houve interação entre espécies e ambientes, a degradabilidade da fração b da MS para a
espécie caprina foi superior à ovina com 60,77% e 56, 47% respectivamente. Ocorrendo o
inverso para a fração c, onde os ovinos apresentaram média superior aos caprinos (31,93 e
27,63%). A DPMS para a espécie caprina foi maior do que para a espécie ovina (72,37 e
68,07%, respectivamente).
Quanto à degradabilidade efetiva da MS e FDN do rolão de milho não houve efeito de
interação. A degradabilidade efetiva a 5% da MS foi maior para caprinos (31,17%) do que
para ovinos (28,48%). A degradabilidade efetiva da MS do farelo de milho, calculada
usando taxas de passagem de 2 e 5%/h, não apresentaram interação entre os fatores
estudados. A DE da MS (calculada com taxa de passagem de 2 e 5%/h) do farelo de milho
para a espécie caprina foi superior (60,34 e 49,18%) a da ovina (56,88 e 46,51%,
respectivamente).
As maiores taxas de degradabilidade da PLDR e PEDR foram dos caprinos em
ambiente artificial. Já os ovinos tiveram maiores taxas de PNDR em condições de sombra
natural para o rolão de milho. Com relação ao farelo de milho, a espécie ovina foi superior
à caprina nos resultados da PLDR e PEDR indicando que esses animais digeriram melhor a
proteína do farelo de milho no rúmen do que os caprinos. A degradabilidade ruminal do
rolão e do farelo de milho é afetada tanto pela espécie como o ambiente. As duas espécies
possuem capacidade similar de degradar a proteína bruta do rolão de milho. Nas condições
de semi-árido, o uso de sombras tanto natural como artificial, contribuem de forma
favorável aos animais em confinamento, uma vez que minimiza os efeitos climáticos e
melhora a eficiência da produção.
Palavras-chave: Degradabilidade, alimento concentrado, Santa Inês, temperatu
Degradability in situ of the cob and of the corn bran in goats and sheeps not woollen
maintained in natural and artificial shade in the Semi-arid paraibano.
ABSTARCT: Four goats and four were used sheep distributed in two environments, a
natural and other artificial. The animals received ration twice a day in collective stalls and
water the will. They were made the physiologic and climatic measurement: rectal
temperature, breathing frequency and superficial temperature, as well as the temperatures
maxim and minimum, dry and humid bulb and black globe. The electric outlet were
accomplished to the 9:00 and the 15:00 hours for eleven days. For the study of the
degradability, nylon sacks were incubated containing samples of cob and corn bran in the
times of 6, 12, 24 and 48 and 72 hours for the voluminous food and 6, 12, 24, 48 hours for
the concentrate. After retreats, the samples were washed with water and droughts in
greenhouse for 72 hours, after that period, they were removed and heavy. The effects of the
environments and of the species in the fraction b and c of the DM ones in the corn cob were
independent, the environment just presented significant effect. In the artificial environment,
the average of the degradability of the fraction b (55,36%) it was superior the average
obtained in the natural environment (50,97%). the fraction c presented larger value in the
natural environment (40,90%) than the artificial (36,51%). Para the fraction b and c of PB,
there was not interaction effect, and it was not observed differences among the factors. The
values b and c of FDN didn't present interaction effect.
With relationship to the fraction b and c of the DM of the Bran of Corn, there was not
interaction between species and environment, the degradability of the fraction b of the DM
ones for the goats species was superior to the sheep with 60,77% and 56, 47% respectively.
Happening the inverse for the fraction c, where the sheep presented superior average to the
goats ones (31,93 and 27,63%). DPMS for the goats species was larger than for the species
sheep (72,37 and 68,07%, respectively).
With relationship to the effective degradability of the DM ones and FDN of cob of Corn
there was not interaction effect. The effective degradability to 5% of the DM ones was
larger for goats (31,17%) than for sheep (28,48%). the effective degradability of the DM of
the Bran of Corn, calculated using rates of passage of 2 and 5%/h, they didn't present
interaction among the studied factors. The one of the DM ones (calculated with rate of
passage of 2 and 5%/h) of FM for the goats species was superior (60,34 and 49,18%) the
one of the sheep (56,88 and 46,51%, respectively).
The largest rates of degradability of PLDR and PEDR were of the goats ones in artificial
environment. The sheep already had larger rates of PNDR in conditions of natural shade for
cob of Corn. With relationship to the Bran of Corn, the species sheep was superior to the
goats in the results of PLDR and PEDR indicating that those animals digested the protein of
the corn bran better in the rumen than the goats ones. The degradability ruminal of the cob
and of the corn bran so much is affected by the species as the environment. The two species
possess similar capacity to degrade the rude protein of the corn cob. In the conditions of
semi-arid, the use of shades so much natural as artificial, they contribute from a favorable
way to the animals in confinement, once it minimizes the climatic effects and it improves
the efficiency of the production.
Key-words: Degradability, concentrad food, Santa Inês, temperature.
1. INTRODUÇÃO
A Ovino-caprinocultura na região Nordeste é uma opção rentável e viável, pois não
exige altos investimentos nas instalações e na aquisição de animais, os ovinos e caprinos de
um modo geral se adaptam bem às condições do semi-árido, no que diz respeito ao
ambiente climático e a disponibilidade de alimento. Inúmeras pesquisas têm sido
conduzidas no sentido de testar dietas em suas mais variadas combinações. Sendo assim,
torna-se imprescindível considerar os aspectos relacionados com a fermentação ruminal,
como forma de atender adequadamente os requerimentos do animal e da população
microbiana presente no men. Em ruminantes, os requerimentos protéicos devem ser
supridos inicialmente pela digestão das proteínas microbianas que são sintetizadas no
rúmen seguidos pela digestão dos aminoácidos contidos nos alimentos que escapam da
fermentação ruminal (Oliveira et al (2003).
A cinética da degradabilidade ruminal gera informões no processo de digeso que
podem melhor descrever o valor nutritivo dos alimentos (Ferreira et al. 2001). O parâmetro
de degradabilidade efetiva proposto por Orskov e Mcdonald (1979), representada pelas
frações prontamente degradável e potencialmente degradável num determinado tempo no
rúmen e associada à taxa de passagem, mostra a extensão de degradabilidade do alimento
num determinado tempo (Ferreira et al. 2001).
Ao lado do manejo nutricional, o manejo do ambiente térmico impõe-se visando à
melhora da produtividade animal. Müller (1989) afirma que a qualidade da dieta e sua
interação com o meio ambiente são fatores que exercem efeito notável sobre a saúde do
animal.
Com base no fato de que os vários parâmetros do ambiente podem favorecer ou
prejudicar o desempenho do animal, facilitando ou inibindo os processos produtivos,
atualmente o manejo do ambiente tem sido amplamente difundido (Baêta e Souza, 1997).
Esse manejo engloba as várias estratégias usadas para remediar os problemas existentes na
relação animal-ambiente. Isto significa a utilização de processos artificiais para atenuar a
ação dos elementos danosos aos animais, presentes no ambiente natural.
Os sistemas agrossilvopastoris que consistem na combinação de árvores, animais e
culturas agrícolas, ultimamente têm despertado o interesse de alguns pesquisadores, porque
além de aumentar a eficiência de utilização dos recursos naturais, pela complementaridade
entre as diferentes explorações envolvidas, apresentam também o fundamento
agroecológico de manutenção e equilíbrio do ecossistema (Magalhães et al. 2001).
Nesse sistema, as árvores proporcionam microclima favorável aos animais (sombra
e ambiente mais ameno), podendo influenciar positivamente na produtividade pecuária. Nas
épocas de calor, principalmente nas horas mais quentes do dia, os animais buscam a sombra
principalmente das árvores. Esse comportamento se deve pelo aumento da temperatura
corporal em função da radiação solar direta, o que é considerado um dos maiores problemas
para a criação de animais nos trópicos. Entretanto, na ausência de árvores nos pastos ou
piquetes, a proteção contra a radiação pode ser conseguida por meio de cobertura (meio
artificial). O sombreamento pode reduzir cerca de 30% ou mais na carga térmica da
radiação solar direta, quando comparada à carga recebida pelo animal ao ar livre (Baeta e
Souza, 1997).
De acordo com Collier e Beede (1985) quando os animais são expostos a
temperaturas elevadas, reduzem o consumo de alimento na tentativa de diminuir a taxa
metabólica, reduzindo a temperatura corporal. Portanto, o conhecimento das variáveis
climáticas e sua interação com os animais e as respostas comportamentais, fisiológicas e
produtivas das diferentes espécies são essenciais na adequação do sistema de produção e
seu objetivo.
Objetivou-se com este trabalho avaliar a degradabilidade in situ do rolão de milho e
do farelo de milho em caprinos e ovinos deslanados em ambientes de sombra natural e
artificial no Semi-Árido paraibano.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Unidade de Pesquisa de Produção de Pequenos
Ruminantes e no Laboratório de Nutrição Animal do Centro de Saúde e Tecnologia Rural
(CSTR) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), localizado no município de
Patos, região semi-árida da Paraíba, distante 300 km da capital do estado, situada na micro-
região Depressão do Alto Piranhas, apresentando precipitação média anual de 700 mm e
com temperaturas que variam entre máxima de 37° C e mínima de 26° C.
Foram utilizados quatro caprinos da raça Moxotó, e quatro ovinos da raça Santa
Inês, com idade entre um e dois anos, todos machos, castrados, everminados, fistulados no
rúmen. O caprinos e ovinos apresentaram peso médio de 25 e 40 kg respectivamente. Os
animais foram mantidos durante o período experimental em regime intensivo, sendo que
um grupo de dois animais de cada espécie foi colocado em um ambiente com baias
construídas sob sombra de Clarisia racemosa (Oiticica), chamada de sombra natural, no
qual, as temperaturas máxima e mínima registradas durante o período experimental foram:
34,54 e 35,18°C respectivamente. As médias de TBS, TBU, umidade relativa (UR), ITGU
foram respectivamente: 33,76°C; 23,63°C; 45% e 84,16. O outro grupo de animais foi
colocado em baias orientadas no sentido leste-oeste, cobertas com telhas de cerâmica,
chamada de sombra artificial, onde as médias de temperatura máxima, mínima, TBS, TBU,
umidade relativa (UR) e ITGU foram: 24,00°C; 23,10°C; 34,41°C; 23,31°C, 45% e 83,74
respectivamente. Para caprinos e ovinos, a média de temperatura retal registrada foi (39,01
e 39,23°C), freqüência respiratória (32,87 e 31,50mov/min) e temperatura superficial,
(31,67 e 30,53°C).
O grupo de animais que estavam sob sombra artificial teve média superior
(39,37°C) ao grupo sob sombra natural (38,00°C) apenas para temperatura retal,
caracterizando um ligeiro desconforto térmico. O turno da tarde apresentou as maiores
médias de temperatura retal, freqüência respiratória e temperatura superficial.
Os animais passaram por um período de 21 dias de adaptação às condições
experimentais. Durante essa fase, receberam ração completa constituída de silagem de
sorgo (SS), rolão de milho (RM), farelo de milho (FM) e sal mineral. A formulação da dieta
fornecida aos animas foi de acordo com as recomendações do NRC (1985), sendo ajustadas
para atender às exigências de mantença. Os caprinos e ovinos receberam 50% de volumoso
e 50% de concentrado com (3%) de sal mineral. A dieta era pesada, misturada e fornecida
aos animais duas vezes ao dia: pela manhã, às 07h30min e a tarde, às 14h30min e as sobras
foram coletadas e pesadas diariamente.
A média do consumo dos caprinos sob sombra natural foi de 1989,8g e 1662,8g para os
animais sob sombra artificial. Com relação aos ovinos, a média total do consumo de ração
dos animais sob sombra natural foi de 3380,8 e 2578,2g para sombra artificial.
Na Tabela 1 encontram-se os dados referentes à composição química dos
ingredientes da dieta com base no percentual da matéria seca, segundo a metodologia
descrita por Silva (1991).
Tabela 1. Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro
(FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) dos alimentos oferecidos aos animais
durante o experimento.
Alimentos MS PB FDN FDA
% com base na matéria seca
Silagem de Sorgo 30,83 7,69 67,48 37,4
Rolão de Milho 90,79 8,97 70,21 19,9
Farelo de Milho 90,46 12,87 15,73 6,4
2.1. Determinação da degradabilidade ruminal
Os sacos de náilon foram confeccionados no Departamento de Zootecnia da
Universidade Federal da Paraíba-UFPB, localizado no município de Areia-PB.
As amostras do RM e FM foram colocadas em sacos de náilon de 12 x 8 cm, com
porosidade entre 40 e 50 micras, 100% poliamida e resistentes a alta temperatura, selados a
quente em máquina seladora. Foram colocadas 5,0g de amostra do RM e FM nos sacos
marcados com o tempo de 6 e 12 e, 7,5g nos sacos com os tempos de 24, 48 e 72 horas para
o RM e 24 e 48 horas para o FM, (pelo fato de permanecerem por mais tempo no interior
do rúmen), em duplicata para cada alimento, para cada tempo de incubação e para todos os
animais. Foi usado um saco branco em cada tempo de incubação. As incubações foram
realizadas seguindo a inversão do tempo, de tal forma que todos os sacos foram retirados do
rúmen no final do período de incubação.
Os sacos de náilon contendo as amostras dos alimentos foram colocados em sacos de
filó para maior proteção e presos a uma corrente que foi introduzida no rúmen, ficando
presa à tampa da fístula através de um cordão de náilon. A cada tempo de incubação a
corrente foi puxada e colocado em cada animal o conjunto de seis sacos correspondentes a
cada alimento e tempo de incubação e um saco em branco. Após a retirada do rúmen, os
sacos de náilon foram lavados imediatamente em água corrente. Àqueles correspondentes
ao tempo zero não foram incubados, mas foram lavados em água por aproximadamente um
minuto. O ensaio de degradabilidade in situ foi desenvolvido durante um período de sete
dias.
Após a lavagem dos sacos, foram secados em estufa com circulação forçada a 65º C
por 72 horas, sendo posteriormente esfriados em temperatura ambiente e pesados. Em
seguida procedeu-se à moagem dos resíduos em um moinho do tipo bola, no Laboratório de
Nutrição Animal da UFPB no município de Areia-PB. Nos resíduos foram determinados os
teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), e fibra em detergente neutro (FDN).
2.2. Determinação da degradabilidade potencial e efetiva da MS, PB, FDN.
O cálculo da degradação da matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e fibra em
detergente neutro (FDN) foi feito pela diferença entre as quantidades incubadas e os
resíduos de MS, PB e FDN respectivamente. A degradabilidade potencial (DP) foi
calculada utilizando-se o modelo matemático proposto por Orskov e Mcdonald (1979),
ajustando-se os dados obtidos a um modelo exponencial representado pela seguinte
equação:
P = a + b (1-e
-ct
) onde:
P = degradabilidade potencial, no tempo t (%)
a = fração solúvel (%)
b = fração potencialmente degradável
c = taxa de degradabilidade da fração
t = tempo de incubação (h)
A degradabilidade efetiva (DE) foi calculada segundo o modelo matemático
proposto por Orskov e Mcdonald (1979):
DE= a + bc/ c+k onde a, b e c são as mesmas constantes da equação 1 e
K = taxa de passagem da fase sólida obtida para cada animal e dieta (% / h).
Foram utilizadas as taxas de 2 e 5%/h . A degradação total da amostra é
representada por a + b, a qual não pode exceder 100. Portanto, 100 – (a + b), representa a
fração não degradada no rúmen.
A fração “a”, para cada alimento, foi determinada através do valor médio obtido da
lavagem de quatro sacos contendo o alimento. Dois sacos usados para o RM, e dois, para o
FM. A lavagem foi feita em um balde com água por aproximadamente dois minutos com
leve agitação. Posteriormente foram secados a temperatura de 65°C por 72 horas.
As análises laboratoriais foram realizadas conforme os procedimentos: para MS, PB
e FDN, recomendados por Silva (2002).
O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, seguindo um esquema
fatorial 2x2 (duas espécies: ovino e caprino x dois ambientes: sombra natural e artificial)
com parcelas subdivididas no tempo. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de
variância através do SAS (1996) e os valores médios obtidos, foram comparados pelo teste
de Tukey ao nível de 5% de probabilidade
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Fração potencialmente degradável, indegradável e degradabilidade potencial.
Os valores da fração potencialmente degradável, indegradável e degradabilidade
potencial da matéria seca e proteína bruta do rolão e farelo de milho de caprinos e ovinos
submetidos a dois ambientes encontram-se na Tabela 2.
Tabela 2. Fração potencialmente degradável (b), indegradável (c) e degradabilidade
potencial
(DP) da matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e fibra em detergente neutro
(FDN) do rolão de milho em animais sob ambiente natural e artificial e das
frações b, c e DP da matéria seca e proteína bruta do farelo de milho em caprinos
e ovinos
Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem significativamente (P>0,05) pelo teste de
Tukey
.
Rolão de milho Ambientes
Matéria Seca (MS) Natural Artificial cv (%)
Fração potencialmente degradável (b) (%)
50,97
b
55,36ª
7,53
Fração indegradável (c) (%)
40,90ª 36,51
b
10,00
Degradabilidade potencial (DP) (%)
59,10
b
63,48
a
6,52
Proteína bruta (PB)
Fração potencialmente degradável (b) (%)
50,59 51,25
15,74
Fração indegradável (c) (%)
39,96 39,29
18,41
Degradabilidade potencial (DP) (%)
60,04 60,70
13,18
Fibra em detergente neutro (FDN)
Fração potencialmente degradável (b) (%)
57,35
b
61,33ª
5,22
Fração indegradável (c) (%)
42,65
a
38,67
b
7,45
Farelo de milho Espécies
Matéria Seca (MS) Caprino Ovino cv (%)
Fração potencialmente degradável (b) (%)
60,77ª 56,47
b
5,55
Fração indegradável (c) (%)
27,63
b
31,93ª
10,94
Degradabilidade potencial (DP) (%)
72,37
a
68,07
b
4,64
Os efeitos dos ambientes e das espécies na fração b e c da MS no rolão de milho
foram independentes e dentre os fatores apenas o ambiente apresentou efeito significativo
(P<0,05). No ambiente artificial, a média da degradabilidade da fração b (55,36%) foi
superior (P<0,05) a média obtida no ambiente natural (50,97%). A justificativa para os
valores encontrados é o nível de desconforto térmico que os animais do ambiente artificial
se encontravam, pois não se mostraram capazes de dissipar toda a carga calórica recebida.
Deve-se destacar que a redução no consumo de MS, contribuiu para a redução do
incremento calórico e aumento da degradabilidade da fração b. A fração c apresentou maior
valor (P<0,05) no ambiente natural (40,90%) e no ambiente artificial (36,51%).
Considerando-se que a fração rapidamente solúvel no rúmem foi a mesma para ambos os
fatores (8,13%), pode-se afirmar que no ambiente artificial há uma maior degradabilidade
potencial da MS para o rolão de milho.
Com relação às espécies, os valores da fração b da MS do rolão de milho para
caprinos e ovinos foram de 53,88 e 53,18%. A fração c apresentou valores para caprinos de
37,99 e 38,69% para ovinos. Já para a degradabilidade potencial, os valores foram de 62,01
e 61,30% respectivamente.
O valor da fração rapidamente solúvel da PB no presente estudo para ambos os
fatores foi de 9,43%. Observou-se que as espécies e ambientes não exerceram efeito na
degradabilidade da PB do rolão de milho (P>0,05), indicando que em material fibroso a
degradabilidade da proteína bruta entre as espécies são semelhantes. Molyna Alcaide et al
(2000) que não encontraram diferenças significativas entre espécies na digestibilidade dos
nutrientes quando consumiram dieta de boa qualidade. Estes resultados estão de acordo
com os obtidos por Antoniou e Hadjipanayiotou (1985) quando afirmaram que ovinos e
caprinos possuem capacidade similar para digerir forragens de média e boa qualidade
nutricional e, consequentemente, as extrapolações dos valores nutritivos do alimento de
uma para outra espécie animal poderiam ser válidas. Quanto à degradabilidade potencial da
PB no rolão de milho, não se observou efeito significativo (P>0,05) entre os tratamentos.
Para caprinos, os valores médios obtidos para a degradabilidade das frações b, c e
DP da proteína bruta foram respectivamente (48, 79, 41,76 e 58,24%). Para ovinos, as
médias foram 52,60%, 37,94% e 62,05 % respectivamente.
Os valores das frações b e c da FDN não apresentaram efeito de interação entre os
fatores ambiente e espécie (P>0,05). No ambiente artificial ocorreu maior degradabilidade
(P<0,05) da fração b (61,33%) do que no ambiente natural (57,35%). Estes resultados estão
de acordo com Hirayama et al. (2004) que obtiveram maior digestibilidade da FDN nos
animais que estavam em ambiente de calor, consequentemente, a fração C, no ambiente
natural apresentou maior insolubilidade (P<0,05), ou seja, menor degradabilidade da FDN
(43,76%) do que no artificial (38,76%), para ambas as espécies.
Os valores da fração b do FDN para caprinos foram de 58,12% e 59,54% para
ovinos, já a fração c apresentou média de 41,88 e 40,54%, respectivamente.
Para as frações de degradabilidade da MS do farelo de milho, não houve efeito de
interação (P>0,05), houve apenas efeito de espécie. A degradabilidade da fração b da MS
para a espécie caprina foi superior (P<0,05) a da ovina, com 60,77% e 56,47%
respectivamente, ocorrendo o inverso com a degradabilidade da fração c, onde os ovinos
apresentaram média superior (P<0,05) a dos caprinos, com (31,93 e 27,63%
respectivamente). A fração rapidamente degradada no rúmen da matéria seca foi a mesma
para ambas as espécies e ambos os ambientes (11,39%). Esses resultados foram inferiores
aos encontrados por Moron et al. (2001) que encontraram valores da fração a do FM de
21,20%, ao passo que Valadares Filho et al (1990) obtiveram para a fração a do FM
13,79% valor esse mais próximo ao obtido neste experimento. Percebe-se, portanto, que
mesmo sendo uma característica inerente ao alimento, os resultados das pesquisas são
variáveis. Considerando que a fração rapidamente degradada no rumem foi a mesma para
ambos os fatores, o efeito na degradabilidade potencial da MS dos fatores principais foram
independentes e destes, apenas o fator espécie apresentou efeito significativo (P<0,05) com
média de (72,37%) para a espécie caprina em relação à ovina (68,07%). A alta DP da MS
foi devido à baixa fração não degradável no rúmen, confirmando-se a hipótese esperada,
por se tratar de uma fonte energética de alta degradabilidade ruminal, indicando que o
farelo de milho pode promover melhores condições ruminais a ação microbiana em
caprinos
Quanto às frações de degradabilidade da proteína bruta do FM, houve efeito de
interação da espécie dentro do ambiente artificial, com a espécie ovina sendo mais eficiente
(P<0,05) na degradabilidade da fração b da PB (71, 97%) em relação à espécie caprina
(48,23%) e consequentemente na DPPB (81,24 e 67, 50, respectivamente), neste ambiente.
Observou-se que os animais submetidos ao ambiente artificial apresentaram um
ligeiro desconforto em relação ao ambiente natural (TR: 38,89 e 39,37°C; FR: 31,50 e
33,00 mov/min). Este resultado encontra suporte na observação de Neiva et al (2004) onde
afirmaram que temperaturas elevadas proporcionam queda no consumo, como tentativa do
animal em reduzir a temperatura corporal, provocando maior ação microbiana e enzimática
na degradabilidade do alimento.
Quanto aos ambientes, os valores da degradabilidade da MS (fração b, c e DP) do
farelo de milho para ambiente natural foram (58,05, 30,35 e 69,65%) e artificial, (59,19,
29,21 e 70,79%) respectivamente.
De acordo com Collier e Beede (1985), animais expostos a temperaturas elevadas,
reduzem o consumo de alimento na tentativa de diminuir a taxa metabólica, reduzindo a
temperatura corporal. Com isso, há maior tempo de retenção do alimento no rúmen,
contribuindo para maior degradabilidade do alimento.
Embora o ambiente artificial tenha proporcionado uma temperatura mais elevada,
no caso deste estudo, onde o alimento analisado foi um concentrado energético, esta
observação não foi confirmada.
3.2. Degradabilidade efetiva e taxa de degradação
O valor nutritivo de um alimento consumido pelos ruminantes é influenciado pela
taxa de degradação na qual ela é degradada no rúmen e pela taxa de sua remoção física do
rúmen. Esses processos determinam não apenas a liberação de nutrientes para os
microorganismos ruminais e para o animal hospedeiro, mas também a quantidade de
forragem que pode ser ingerida (Vasconcelos, 1994).
Os valores da DE e taxa de degradação da MS, e PB do rolão de milho de
apresentam-se na Tabela 3
.
Tabela 3. Valores médios da degradabilidade efetiva (DE) a 2 e 5%/hora e taxa de
degradação (Kd) da matéria seca, proteína bruta e fibra em detergente neutro do
rolão de milho e farelo de milho em caprinos e ovinos
Rolão de milho Espécies
Matéria seca Caprino Ovino cv (%)
DE (2%)
42,58
a
40,42
a
6,19
DE (5%)
31,17
a
28,48
b
5,69
Kd (%)
4,10
a
3,13
b
0
Proteína bruta
Kd (%)
4,07ª 1,76
b
5,27
Farelo de milho
Matéria seca
DE (2%)
60,34ª 56,88
b
4,47
DE (5%)
49,18
a
46,51
b
4,23
Kd (%)
8,11
a
8,09
b
2,65
Proteína bruta
Kd (%)
7,78
b
7,98
a
0
Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem significativamente (P>0,05) pelo teste de Tukey
Os valores obtidos para a DE da MS com uma taxa de passagem de 2 e 5%/hora da
MS do rolão de milho não apresentaram efeito de interação entre os fatores (P>0,05). Na
DE (2%) da MS não se constatou efeito significativo (P>0,05), a média dos caprinos foi de
42,58% e ovinos (40,42%). Já na DE da MS (5%) houve efeito significativo para espécie,
tendo a espécie caprina apresentado média superior (P<0,05) (31,17%) quando comparada
com a espécie ovina (28,48%).
As maiores taxas de degradação para MS do rolão de milho foram dos caprinos,
demonstrando que esses animais mesmo em condições de temperatura elevada como é o
caso da região semi-árida, apresentam altas taxas de degradação dos alimentos volumosos.
Para DEMS (2%/h) da MS do rolão de milho, o ambiente natural apresentou média
de 41,13% enquanto o artificial, 41,87%. Os valores médios dos ambientes natural e
artificial para a DEMS (5%) foram, respectivamente, 30,21 e 29,44%.
A degradabilidade efetiva da MS do farelo de milho, calculada usando taxas de
passagem de 2 e 5%/h, não apresentaram interação entre os fatores estudados (P>0,05),
houve efeito significativo somente para o fator espécie. A DE da MS (calculada com taxa
de passagem de 2 e 5%/h) do FM para a espécie caprina foi superior (60,34 e 49,18%) a da
Fibra em detergente neutro
DE (2%)
38,59
a
40,67
a
5,27
DE (5%)
25,82
b
27,60
a
5,31
Kd (%)
4,15
b
4,33
a
2,02
ovina (56,88 e 46,51%, respectivamente). Contudo, foram inferiores aos obtidos por
Moron et al (2004) que trabalhando com animais sem raça definida (SRD), encontraram
valores de DEMS (2%) de 74,10% para ovinos e 74,70% para caprinos, enquanto a DEMS
(5%) foi de 58,5% para ovinos e de 58,90% para caprinos.
A maior degradabilidade efetiva da MS do farelo de milho encontrada pode ser
atribuída à presença de grande quantidade de carboidratos solúveis no rúmen proveniente
do farelo de milho. Estes carboidratos estimulariam o crescimento de bactérias amilolíticas,
em detrimento às bactérias celulolíticas, que possuem elevado requisito de energia para
mantença e maior taxa de crescimento que as celulolíticas, competindo com estas por
nutrientes (Hoover, 1986; Sniffen e Robinson, 1987).
Os caprinos obtiveram maiores valores da taxa de degradação da matéria seca do
farelo de milho. Entretanto, para a PB, a maior taxa de degradação (P<0,05) foi dos ovinos
(7,98%), enquanto os caprinos obtiveram média de (7,78%).
O valor nutritivo de um alimento consumido pelos ruminantes é influenciado pela
taxa de degradação na qual ela é degradada no rúmen e pela taxa de sua remoção física do
rúmen. Esses processos determinam não apenas a liberação de nutrientes para os
microorganismos ruminais e para o animal hospedeiro, mas também a quantidade de
forragem que pode ser ingerida (Vasconcelos, 1994).
O resultado observado para a degradabilidade efetiva dos diferentes alimentos,
reforça suas características de alta (farelo de milho) e baixa (rolão de milho)
degradabilidades respectivamente.
O ambiente natural apresentou média de 57,91% e, o artificial, 59,31% para a
DEMS (2%). Já a DEMS (5%), os valores foram respectivamente, 47,13 e 48,56%.
Quanto à DEFDN a 2%/h, não constatou-se diferença significativa entre os
tratamentos (P>0,05). Contudo, a uma taxa de passagem a 5%/hora, houve efeito do fator
espécie, onde a média dos ovinos foi superior (27,60%) a espécie caprina (25,82%).
Entretanto, os ovinos apresentaram as maiores médias na taxa de degradação da
FDN.
As médias para a DEFDN (2) e (5%) foram 38,99 e 40,27% no ambiente natural e,
26,74 e 26,88% no artificial.
No ambiente natural, a média da taxa de degradação foi maior para a MS e FDN. Já
na artificial, foi maior apenas para a taxa de degradação da proteína bruta.
3.3. Cinética da degradação ruminal da proteína bruta de acordo com suas atividades
de degradação e passagem.
O ideal é que a quantidade de nutrientes disponíveis para absorção seja igual às
necessidades desses nutrientes para atender as exigências de mantença e de produção dos
ruminantes. Para alcançar essa situação, é preciso conhecer a quantidade de proteína dos
alimentos degradada no rúmen, que será utilizada para a síntese de proteína microbiana, e
não degradada no rúmen, valor importante quando se deseja altos índices de produção. Em
função disso e baseado nos dados de degradação ruminal da PB dos alimentos estudados.
São apresentados na Tabela 4 os valores da degradabilidade da proteína do rolão
de milho de acordo com sua atividade de degradação e passagem.
Tabela 4. Degradabilidade da proteína lentamente degrada no rúmen (PLDR), proteína
efetivamente degrada no rúmen (PEDR) e proteína não degrada no rúmen
(PNDR) do rolão de milho de acordo com sua atividade de degradação e
passagem a 2 e 5%/hora em caprinos e ovinos mantidos em ambiente de sombra
natural e artificial
Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem significativamente (P>0,05) pelo teste de Tukey.
Houve interação (P<0,05) entre os fatores espécie e ambiente. Para a espécie ovina,
a média encontrada no ambiente artificial foi de 30,27%, enquanto no natural a média
obtida foi de 24,53%, esses animais não apresentaram diferenças em relação aos ambientes.
ESPÉCIE Ambientes
PLDR2 Natural Artificial
Caprino 29,93
b
34,78
a
Ovino 24,58
b
30,27
b
cv (%) 14,98
PLDR5
Caprino 18,70
b
24,47
a
Ovino 13,78
b
19,62
b
cv (%) 14,40
PEDR2
Caprino 39,32
b
44,23
a
Ovino 33,98
b
39,72
b
cv (%) 11,06
PEDR5
Caprino 28,18
b
33,92
a
Ovino 23,23
b
29,07
b
cv (%) 9,23
PNDR2
Caprino 60,68
a
55,77
b
Ovino 66,01
a
60,28
b
cv (%) 6,41
PNDR5
Caprino 71,85
a
66,08
b
Ovino 76,76
a
70,93
b
cv (%) 3,30
Contudo, os caprinos que estavam sob sombra artificial, obtiveram média superior
(34,78%) em relação aos que estavam sob sombra natural (29,87%). Para a PLDR5,
analisando o fator espécie dentro de ambiente, observa-se que a média dos caprinos sob
sombra artificial foi superior (P<0,05) 24,47% aos caprinos que estavam sob sombra
natural (18,47%).
Na DE calculadas com taxa de passagem de (2%) e (5%) da PB, os fatores
foram dependentes. Os valores encontrados para a PEDR2 demonstraram que a espécie
ovina apresentou comportamento similar nos dois ambientes, 33,98% no ambiente natural e
39,72% no artificial. O inverso ocorreu com a espécie caprina, a qual, obteve média
superior (P<0,05) no ambiente artificial 44,23% e 39,32% no ambiente natural. Da mesma
forma, para a PEDR5 os caprinos também demonstraram maior eficiência sob condições de
sombra artificial (33,92%) do que em ambiente natural (28,18%).
Os caprinos mantidos em sombra artificial apresentaram médias de PEDR
superiores aos animais mantidos em sombra natural, provavelmente devido ao menor
consumo desses animais nesse ambiente. Estes resultados estão de acordo com Brasil et al.
(2000) que observaram diminuição na ingestão de alimentos de cabras Alpinas quando
submetidas a ambientes quentes. É importante destacar que para se alcançar boa
produtividade animal deve-se ter instalações corretas para atender às exigências de conforto
necessárias para garantir bons índices produtivos. Isso demonstra que mesmo raças nativas,
como a Santa Inês, necessitam de um mínimo de conforto ambiental para a maximização da
produção.
Como ocorreu nas varáveis analisadas anteriormente, os ovinos também não
demonstraram diferenças na PNDR2 e PNDR5 em relação aos ambientes. A média da
PNDR2 e PNDR5 dos caprinos que estavam em condições de sombra natural foi superior
(60,68) aos animais que estavam sob sombra artificial (55,77%) e (71,85%) e (66,08%)
respectivamente, indicando que a situação de conforto tende a promover bons níveis de
degradação dos alimentos no rúmen e maior disponibilidade de proteína no abomaso.
Apesar da diferença encontrada nas PLDR e PEDR do fator ambiente natural e
artificial para os caprinos, é notório que ambas as espécies degradaram de forma
semelhante a proteína do rolão de milho. Estes resultados estão de acordo com Molina
Alcaide et al (2000) que também não encontraram diferenças entre caprinos e ovinos na
degradabilidade efetiva da proteína bruta.
São apresentados na Tabela 5 os valores da degradabilidade da proteína do farelo
de milho de acordo com sua atividade de degradação e passagem.
Tabela 5. Degradabilidade da proteína lentamente degradável no rúmen (PLDR), proteína
efetivamente degradada no rúmen (PEDR) e proteína não degradada no rúmen
(PNDR) do farelo e de milho de acordo com sua atividade de degradação e
passagem a 2% e 5% nas espécies caprina e ovina
Farelo de milho (FM) Caprinos Ovinos cv (%)
PLDR2 (%)
38,74
b
51,08ª
14,87
PLDR5 (%)
29,65
b
39,78ª
14,86
PEDR2 (%)
58,01
b
71,07ª
10,43
PEDR5 (%)
48,92
b
59,05ª
9,55
PNDR2 (%)
41,98ª 28,92
b
18,98
PNDR5(%)
51,08
a
40,94
b
11,21
Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem significativamente (P>0,05) pelo teste de Tukey.
Os resultados observados para a proteína efetivamente, lentamente e não degradada
degrada no rúmen não apresentaram efeito de interação (P>0,05). Para essas variáveis,
houve efeito significativo (P<0,05) apenas para o fator espécie. A espécie ovina foi superior
à caprina nos resultados da PLDR2 (51,08% e 38,74%), e PLDR5 (39,78 e 29,65%)
respectivamente. O mesmo ocorreu com a PEDR2 e PEDR5, onde a média dos ovinos foi
também superior aos caprinos (71,07 e 58,01%) e (59,09 e 48,92%), indicando que os
ovinos digeriram melhor a proteína do farelo de milho no rúmen do que os caprinos.
A PEDR calculada com taxas de 2 e 5%/h não apresentaram efeito de interação
(P<0,05), houve apenas efeito de espécie. A PEDR2 entre as espécies foi maior para a
espécie ovina do que para a espécie caprina (71,07 e 58,01%, respectivamente), ocorrendo
o mesmo na PEDR5 (59,05, 48,92%, respectivamente).
Estes valores elevados para a degradabilidade efetiva da proteína do farelo de milho
em ovinos indicam que boa parte da mesma pode ser degradada em nível de rúmen,
podendo ser aproveitada pelos microorganismos. No entanto, para o rolão de milho, os
valores podem ser considerados baixos.
A quantidade de proteína efetivamente digerida no rúmen influi diretamente sobre a
disponibilidade de nitrogênio para o crescimento dos microorganismos e na quantidade de
proteína total que chega nos outros compartimentos do trato digestivo para digestão e
absorção (Ramos et al. 2001), o que segundo Broderick et al. (1991) deve ser igual à
necessidade de aminoácidos para atender as exigências de manutenção e produção.
Quanto à degradação da PNDR, os caprinos apresentaram as maiores médias
(P<0,05) tanto para a taxa de passagem de 2%/hora (41,98%) quanto de 5%/hora (51,08%)
em relação aos ovinos (28,92%) e (40,94%) respectivamente. Estes resultados discordam de
Tambara et al. (1995) que afirmam que uma passagem mais rápida da digesta pelo rúmen-
retículo seja desfavorável a uma maior digestão ruminal.
Estes resultados indicam que os caprinos aproveitam uma quantidade de proteína
que não é degradada no rúmen e que será aproveitada na absorção ao nível de intestino e,
consequentemente, apresentaram altos percentuais de PNDRD. Se o valor da PNDRD
para a proteína do farelo de milho representar aquela realmente disponível para ser
absorvida pelo animal no intestino delgado, poderemos considerar o farelo como fonte de
proteína sobrepassante.
4. CONCLUSÃO
A degradabilidade ruminal do rolão e do farelo de milho é afetada tanto pela espécie
como o ambiente. As duas espécies possuem capacidade similar de degradar a proteína
bruta do rolão de milho. Nas condições de semi-árido, o uso de sombras tanto natural como
artificial, contribuem de forma favorável aos animais em confinamento, uma vez que
minimiza os efeitos climáticos e melhora a eficiência da produção.
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283-287, 1995.
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