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CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA CARBONATAÇÃO DO
CONCRETO COM ADIÇÃO DE SÍLICA ATIVA EM
AMBIENTE NATURAL E ACELERADO
Edna Possan
Porto Alegre
setembro 2004
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EDNA POSSAN
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA CARBONATAÇÃO DO
CONCRETO COM ADIÇÃO DE SÍLICA ATIVA EM
AMBIENTE NATURAL E ACELERADO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em
Engenharia
Porto Alegre
setembro 2004
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POSSAN, Edna
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto
com adição de sílica ativa em ambiente natural e
acelerado / Possan, Edna – Porto Alegre:
PPGEC/UFRGS, 2004.
153p.
Dissertação de mestrado, Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul; Mestre em Engenharia. Orientadores:
Denise Carpena Coitinho Dal Malin e Jairo José de
Oliveira Andrade.
1. carbonatação 2. sílica ativa 3. ensaios de
degradação 4. durabilidade 5. previsão de vida útil
I. Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto
com adição de sílica ativa em ambiente natural e
acelerado.
CCAA2
EDNA POSSAN
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA CARBONATAÇÃO DO
CONCRETO COM ADIÇÃO DE SÍLICA ATIVA EM
AMBIENTE NATURAL E ACELERADO
Esta dissertação de mestrado foi julgada adequada para a obtenção do título de MESTRE EM
ENGENHARIA e aprovada em sua forma final pelo professor orientador e pelo Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre, 24 de setembro de 2004
Profª. Denise Carpena Coitinho Dal Molin Prof. Jairo José de Oliveira Andrade
Dra. pela EPUSP/USP Dr. pela UFRGS
orientadora orientador
Prof. Américo Campos Filho
Coordenador do PPGEC/UFRGS
BANCA EXAMINADORA
Prof. Claudio de Souza Kazmierkzak (UNISINOS)
Dr. pela Universidade de São Paulo
Profª. Aguida Gomes de Abreu
Dra. pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Prof. Luiz Carlos Pinto da Silva Filho (UFRGS)
PhD. pela Universidade de Ledees
Dedico este trabalho
a meus queridos pais,
Adair e Helena Possan
AGRADECIMENTOS
A Deus que me conferiu a capacidade desta conquista.
A professora Denise Dal Molin, pela orientação competente e principalmente incentivo e
amizade dispensados na elaboração deste trabalho.
A Jairo Andrade, pela co-orientação, amizade e otimismo demonstrados desde o início desta
dissertação.
Ao professor Ribeiro pela grande ajuda na modelagem dos resultados.
Ao NORIE, núcleo de pesquisa de muita competência e integração, do qual tive a honra de
fazer parte. Aos colegas do NORIE, pela camaradagem e aos professores pela oportunidade
de aprimorar meus conhecimentos e aprendizado.
Aos colegas do grupo de pesquisa de materiais Aguida, Aline, Alexandre, Ana Paula,
Bernardo, Cristiane, Daniel, Elaine, Geilma, Lucilia, Marcelo, Maria Tereza, Natália, Sandro
e Simone, pelo companheirismo e apoio recebido.
A Elaine Moreira e Simone Venquiaruto, presentes em todos os momentos, valeu pela
amizade, otimismo, colaboração, dedicação e carinho. A Aline Morales, pelas inúmeras
sugestões e amizade.
A Helenize, Flávia e Fernanda Moscarelli, pela amizade e companheirismo, os nossos bate-
papos foram inspirações de grandes idéias.
A minha irmã Flaviane, que sempre me apoiou, compreendeu e ajudou, a qual teve a
experiência de morar comigo durante todo o mestrado aturando meus devaneios e crises,
valeu pela paciência.
A meu irmão Edison e a mana Adriana, sempre confiantes e otimistas elevavam meus espírito
em todos os momentos.
A meus amados pais Adair e Helena, razão de minha existência e principais responsáveis por
essa conquista, obrigada por tudo.
Aos amigos do Paraná, Andrea, Simone, Fabio, Leila, Jorge, Telma, Jackeline, Vanessa,
Sakamoto... pelo carinho o apoio.
A Carlos Alberto Demoliner pela grande amizade, atenção, credibilidade e otimismo
dedicado. Por tudo isso é que lhe admiro e lhe adoro cada dia mais.
A Carlos Roberto de Toledo Leonardo, amigo de longa data, que muito colaborou para a
continuidade de meus estudos, pela credibilidade, confiança e segurança.
As iniciadoras deste projeto, Fernanda e Marlova, que muito corroboraram para o
desenvolvimento deste trabalho.
Ao CNPq e a CAPES, pela bolsa de estudos e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
por ter concedido a oportunidade de realizar um curso de pós-graduação.
A todos, muito obrigada.
“Resplandecente é a Sabedoria, e a sua beleza é
inalterável: os que a amam, descobrem-na facilmente, os
que a procuram encontram-na, ela antecipa-se aos que a
desejam”.
(Sab, 6, 12-13)
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................11
LISTA DE TABELAS............................................................................................................14
RESUMO.................................................................................................................................16
ABSTRACT ............................................................................................................................17
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................18
1.1 OBJETIVOS.......................................................................................................................21
1.2 DEFINIÇÃO DAS LIMITAÇÕES DA PESQUISA..........................................................22
1.3 DELINEAMENTO DA PESQUISA..................................................................................23
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO.......................................................................................24
2 DURABILIDADE DO CONCRETO ................................................................................26
2.1 DEGRADAÇÃO DO CONCRETO...................................................................................30
2.2 CARBONATAÇÃO DO CONCRETO..............................................................................32
2.2.1 Generalidades ..................................................................................................................32
2.2.2 Fatores que Influenciam a Profundidade de Carbonatação.............................................35
2.2.2.1 Características ambientais e condições de exposição...................................................35
2.2.2.2 Características do concreto...........................................................................................41
2.3 ENSAIOS DE DURABILIDADE......................................................................................45
2.3.1 Ensaios ao Natural...........................................................................................................47
2.3.2 Ensaios Acelerados..........................................................................................................49
2.3.3 Coeficientes de Carbonatação e de Aceleração...............................................................51
3 PREVISÃO DE VIDA ÚTIL...............................................................................................61
3.1 GENERALIDADES...........................................................................................................61
3.2 ABORDAGENS PARA PREVISÃO DE VIDA ÚTIL.....................................................65
3.3 MODELOS DE PREVISÃO..............................................................................................68
4 METODOLOGIA DA PESQUISA ....................................................................................74
4.1 GENERALIDADES...........................................................................................................74
4.2 PROGRAMA EXPERIMENTAL......................................................................................76
4.2.1 Variáveis de Análise........................................................................................................77
4.2.2 Planejamento dos Experimentos......................................................................................78
4.2.3 Materiais..........................................................................................................................79
4.2.3.1 Agregados.....................................................................................................................79
4.2.3.2 Cimento ........................................................................................................................80
4.2.3.3 Sílica Ativa...................................................................................................................82
4.2.3.4 Aditivo..........................................................................................................................83
4.2.3.5 Água..............................................................................................................................83
4.2.4 Proporcionamento dos Materiais.....................................................................................83
4.2.5 Confecção dos Corpos-de-prova .....................................................................................85
4.2.6 Ensaios.............................................................................................................................87
4.2.6.1 Ensaio de profundidade de carbonatação acelerado.....................................................87
4.2.6.2 Ensaio de profundidade de carbonatação natural .........................................................89
4.2.7 Ensaios Complementares.................................................................................................90
4.2.7.1 Resistência à compressão axial.....................................................................................90
4.2.7.2 Reconstituição parcial de traço de concreto endurecido ..............................................90
4.2.8 Caracterização do Ambiente de Exposição.....................................................................94
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................................100
5.1 CARBONATAÇÃO ACELERADA DO CONCRETO ..................................................101
5.2 CARBONATAÇÃO NATURAL DO CONCRETO .......................................................109
5.3 COEFICIENTES DE CARBONATAÇÃO E ACELERAÇÃO......................................114
5.3.1 Determinação dos Coeficientes de Carbonatação .........................................................114
5.3.2 Determinação dos Coeficientes de Aceleração .............................................................121
5.3.3 Aplicação do Coeficiente de Aceleração.......................................................................124
5.3.4 Coeficientes de Carbonatação e Aceleração: Visão Geral ............................................126
5.3.4.1 Discussão a partir do modelo ajustado para os dados experimentais.........................126
5.3.4.2 Discussão a partir do modelo da raiz quadrada do tempo..........................................127
5.4 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO AXIAL....................................................................131
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................139
6.1 CONCLUSÕES................................................................................................................139
6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS............................................................144
REFERÊNCIAS....................................................................................................................145
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: delineamento do projeto de pesquisa........................................................................23
Figura 2: representação esquemática da difusão do CO
2
........................................................33
Figura 3: efeito da umidade no coeficiente de difusão do CO
2
...............................................34
Figura 4: influência do teor de CO
2
no coeficiente de carbonatação ......................................36
Figura 5: profundidade de carbonatação em relação a umidade relativa e o teor de CO
2
........38
Figura 6: efeito das condições de exposição na carbonatação – modelo .................................40
Figura 7: influência da cura na profundidade de carbonatação................................................43
Figura 8: relação entre a profundidade de carbonatação (100% de CO
2
) e a resistência à
compressão dos concretos aos 28 dias
...............................................................................44
Figura 9: síntese dos problemas enfrentados na aplicação de ensaios ao natural.....................49
Figura 10: resultados dos ensaios de curta duração e de longa duração para diferentes tipos de
concreto
..............................................................................................................................55
Figura 11: ajuste da curva para a carbonatação com CO
2
de 0,03%........................................56
Figura 12: profundidade de carbonatação obtida por ensaios acelerados e ao natural.............58
Figura 13: vida útil das estruturas de concreto.........................................................................62
Figura 14: modelo de vida útil para estruturas atacadas pela corrosão de armaduras..............63
Figura 15: conceituação de vida útil das estruturas de concreto armado tendo como referência
o fenômeno de corrosão das armaduras
.............................................................................64
Figura 16: estrutura do projeto de Dal Molin et al. ..................................................................75
Figura 17: representação esquemática do desenvolvimento do projeto...................................75
Figura 18: detalhe do projeto de Dal Molin et al......................................................................76
Figura 19: difratograma da sílica ativa.....................................................................................83
Figura 20: consumo de cimento referente à relação água/aglomerante e o teor de adição de
sílica ativa
..........................................................................................................................84
Figura 21: esquema simplificado da câmara de sazonamento..................................................86
Figura 22: corpos-de-prova em ambiente natural de degradação – estacionamento da Escola
de Engenharia/UFRGS
.......................................................................................................86
Figura 23: representação esquemática dos ensaios de durabilidade.........................................87
Figura 24: representação esquemática da câmara de carbonatação acelerada..........................88
Figura 25: esquema de produção e exposição dos corpos-de-prova para o ensaio de
carbonatação acelerado
......................................................................................................88
Figura 26: pontos de medição da profundidade de carbonatação.............................................89
Figura 27: representação esquemática da técnica de reconstituição de traço...........................91
Figura 28: reconstituição de traço de concreto endurecido, amostra: (a) calcinada; (b) em
solução de ácido clorídrico; (c) lavagem; (d) seca em estufa
............................................92
Figura 29: umidade relativa do ar registrada na região metropolitana de Porto Alegre durante
a realização do ensaio de degradação por carbonatação não acelerado
............................95
Figura 30: precipitação pluviométrica registrada na região metropolitana de Porto Alegre
durante a realização do ensaio de degradação por carbonatação não acelerado
...............95
Figura 31: temperatura registrada na região metropolitana de Porto Alegre durante a
realização do ensaio de degradação por carbonatação não acelerado
...............................96
Figura 32: elementos do clima de Porto Alegre, período de 1916 a 1988 ..............................97
Figura 33: carbonatação dos concretos – comportamento observado (obs) e previsto (prev) –
nomenclatura: ex: 80-00 – 80 representa relação a/agl de 0,8 e 00 o teor de adição de 0%
..........................................................................................................................................105
Figura 34: influência da interação entre a relação água/aglomerante e o teor de sílica ativa na
profundidade de carbonatação do concreto
......................................................................106
Figura 35: influência da interação entre o teor de adição de sílica ativa e a relação
água/aglomerante na profundidade de carbonatação do concreto
.....................................108
Figura 36: aspecto das amostras carbonatadas em ambiente natural......................................110
Figura 37: influência do teor de adição de sílica ativa na carbonatação do concreto ao longo
do tempo
...........................................................................................................................113
Figura 38: linearização das curvas de carbonatação – ensaio acelerado com 9 semanas de
exposição ao CO
2
: mistura com a/agl 0,80: (a) 0% de sílica ativa; (b) 10% de sílica ativa;
(c) 20% de sílica ativa
......................................................................................................115
Figura 39: linearização das curvas de carbonatação – ensaio acelerado com 14 semanas de
exposição ao CO
2
: mistura com a/agl 0,80: (a) 0% de sílica ativa; (b) 10% de sílica ativa;
(c) 20% de sílica ativa
......................................................................................................115
Figura 40: coeficientes de carbonatação – ensaio acelerado: mistura com a/agl 0,80 com 0, 10
e 20% de adição de sílica ativa
........................................................................................116
Figura 41: linearização das curvas de carbonatação – ensaio acelerado com 14 semanas de
exposição ao CO
2
: mistura com a/agl 0,60: (a) 5% de sílica ativa; (b) 15% de sílica ativa
..........................................................................................................................................118
Figura 42: estimativa da profundidade carbonatada para uma vida útil de 100 anos em função
de k
carb
..............................................................................................................................119
Figura 43: relação da carbonatação acelerada e natural.........................................................122
Figura 44: tempo necessário para que a carbonatação acelerada atinja a profundidade total de
cobrimento de armadura (15 mm)
....................................................................................124
Figura 45: representação do tempo correspondente do ensaio acelerado para o natural para que
a profundidade de carbonatação seja de 15 mm
..............................................................125
Figura 46: ensaio acelerado – profundidade de carbonatação observada para as misturas com
relação a/agl 0,60 e 0,80
..................................................................................................126
Figura 47: representação genérica do comportamento do concreto perante à ação do CO
2
em
função do tempo de exposição
.........................................................................................128
Figura 48: influência da interação entre a relação água/aglomerante e o teor de sílica ativa na
resistência à compressão axial aos 28 dias
......................................................................134
Figura 49: influência da interação entre o teor de adição de sílica ativa e a relação a/agl na
resistência à compressão axial aos 28 dias
......................................................................134
Figura 50: influência da interação entre a relação água/aglomerante e o teor de sílica ativa na
resistência à compressão axial aos 180 dias
....................................................................135
Figura 51: influência da interação entre o teor de adição de sílica ativa e a relação a/agl na
resistência à compressão axial aos 180 dias
....................................................................135
Figura 52: influência da interação entre a relação a/agl e o teor de sílica ativa na resistência à
compressão axial aos 28 e 180 dias
.................................................................................136
Figura 53: influência da adição de sílica ativa na carbonatação e na resistência à
compressão axial dos concretos.....................................................................................137
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: períodos de realização dos ensaios...........................................................................58
Tabela 2: coeficientes de relação da profundidade de carbonatação........................................72
Tabela 3: variáveis de análise do projeto de pesquisa..............................................................77
Tabela 4: matriz experimental dos ensaios acelerados.............................................................78
Tabela 5: matriz experimental dos ensaios ao natural..............................................................79
Tabela 6: características físicas do agregado miúdo ................................................................80
Tabela 7: características físicas do agregado graúdo................................................................80
Tabela 8: caracterização química do cimento...........................................................................81
Tabela 9: caracterização física do cimento...............................................................................81
Tabela 10: caracterização química da sílica ativa ....................................................................82
Tabela 11: caracterização física da sílica ativa.........................................................................82
Tabela 12: propriedades do aditivo superplastificante.............................................................83
Tabela 13: traço dos concretos .................................................................................................84
Tabela 14: abatimento de tronco de cone (mm).......................................................................85
Tabela 15: amostras submetidas à técnica de reconstituição de traço......................................93
Tabela 16: traços de concreto reconstituídos............................................................................93
Tabela 17: ANOVA do modelo para estimativa da profundidade de carbonatação ..............102
Tabela 18: parâmetros dos fatores analisados para estimativa da profundidade de
carbonatação
....................................................................................................................102
Tabela 19: profundidade de carbonatação observada (mm)
a
..................................................104
Tabela 20: profundidade de carbonatação resultante do modelo (mm)..................................104
Tabela 21: profundidade de carbonatação (mm) – ensaio ao natural.....................................111
Tabela 22: profundidade de carbonatação média (mm) – ensaio acelerado...........................112
Tabela 23: profundidade de carbonatação média (mm) – ensaio ao natural..........................112
Tabela 24: coeficientes de carbonatação (mm) – ensaio acelerado........................................116
Tabela 25: resistência à compressão dos concretos (MPa): dados observados aos 28 e 180
dias
...................................................................................................................................131
Tabela 26: ANOVA do modelo para a estimativa da resistência à compressão axial............132
Tabela 27: parâmetros dos fatores analisados para estimativa da resistência à compressão
axial
..................................................................................................................................132
Tabela 28: resistência à compressão axial dos concretos (MPa): dados previstos aos 28 e 180
dias
...................................................................................................................................133
RESUMO
POSSAN, E. Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa
em ambiente natural e acelerado. 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Programa de
Pós-graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre.
Devido à preocupação com a durabilidade das estruturas de concreto armado surgiram novas
linhas de pesquisa destacando-se, dentre elas, a previsão de vida útil. Estes estudos deram
origem a diversos modelos que tentam estabelecer o comportamento do concreto quando
exposto a ambientes agressivos durante um determinado período. Existem várias maneiras de
se modelar este comportamento: com base em resultados obtidos em experiências anteriores;
a partir de ensaios de degradação acelerados; por métodos determinísticos e probabilísticos ou
estocásticos. A estimativa de vida útil das estruturas de concreto empregando dados de
ensaios acelerados é recomendada pela ASTM E-632 (1996) desde que estes sejam
correlacionados com resultados de ensaios não acelerados ou naturais. A correlação entre
estes ensaios possibilita a determinação dos coeficientes de aceleração, os quais expressam o
número de vezes em que o ensaio acelerado representa o fenômeno de degradação natural.
Dentro deste contexto o presente trabalho avalia a carbonatação do concreto com e sem
adição de sílica ativa exposto a degradação natural e acelerada, verificando também a
influência do teor desta adição e da relação água/aglomerante na carbonatação. Em paralelo
foram determinados os coeficientes de carbonatação (k
c
) e de aceleração (
α
a
). Os concretos
estudados possuem relação água/aglomerante de 0,30; 0,35; 0,45; 0,60 e 0,80 e teor de adição
de 0; 5; 10; 15e 20%. A carbonatação natural das amostras foi avaliada após 7 anos de
exposição ao CO
2
, tendo como ambiente de degradação a cidade de Porto Alegre, RS. Os
dados de carbonatação acelerada foram obtidos aos 7, 28, 63 e 98 dias de exposição ao CO
2
com concentração de 5%, temperatura de 25°C e umidade relativa (UR) de 70%. Para o
ensaio acelerado, baseado em análise estatística por meio de regressão múltipla não-linear, os
resultados apontaram que a adição de sílica ativa em dosagens com relação água/aglomerante
elevada aumenta a profundidade de carbonatação do concreto. Para a relação
água/aglomerante de 0,80 com 0 e 20% de adição de sílica ativa, os coeficientes de aceleração
obtidos foram de 31,15 e 35,49, respectivamente.
Palavras-chave: carbonatação; ensaios de degradação; previsão de vida útil; sílica ativa.
ABSTRACT
POSSAN, E. Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa
em ambiente natural e acelerado. 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Programa de
Pós-graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre.
New researches has been appeared with the concern of reinforced concrete structures
durability, standing out the service life prediction. These studies creates some models that
establish the concrete performance when exposed to an aggressive environment. There are
several ways to modeling this performance: with results obtained in previous tests; with
accelerated degradation tests; or deterministic and stochastic methods. The concrete structures
service life prediction using short term test data are recommended by ASTM E-632 (1996)
since these are correlated with long term test results. The correlation among these tests makes
possible the acceleration coefficient determination, which express how the accelerated tests
represents the natural degradation phenomenon. In this sense, this work evaluate the concrete
carbonation with and without silica fume exposed to natural and accelerated test, verifying the
influence of silica fume tenor in this material and water – binder ratio in the carbonation. In
addition to this, were determined the carbonation (k
c
) and acceleration coefficients (
α
a
). The
concretes studied has a 0,30; 0,35; 0,45; 0,60 and 0,80 water-binder ratio and 0; 5; 10; 15 and
20% addition tenor. The samples natural carbonation was analyzed after 7 years of CO
2
exhibition from Porto Alegre city environment degradation. The accelerated carbonation data
were obtained in 7, 28, 63 and 98 days of CO
2
exhibition with 5% concentration, temperature
of 20°C and humidity of 60%. In accelerated tests, based on statistical analysis through
nonlinear estimation multiple regression, the results showed that the silica fume addition in
high water-binder ratio mixtures increases the concrete carbonation depth. For water-binder
ratio 0,80 with silica fume addition of 0 and 20%, the acceleration coefficients obtained were
31,15 and 35,49, respectively.
Key-words: carbonation, accelerated test, service life prediction, silica fume.
18
1 INTRODUÇÃO
A degradação prematura das estruturas de concreto armado, e a conseqüente redução de
desempenho, é um problema freqüente em todo o mundo. Esta deterioração, manifestada
principalmente pela corrosão das armaduras, ocorre devido ao envelhecimento precoce das
estruturas existentes. Pesquisas referentes à durabilidade tentam classificar os mecanismos de
deterioração do concreto (ASTM E 632, 1996; MEHTA e GERWICK, 1982; NEVILLE,
1997; AÏTCIN, 2000), com a finalidade de estabelecer modelos de previsão e obter o
comportamento do concreto ao longo do tempo. O conhecimento deste comportamento
permite que sejam estabelecidos parâmetros de projeto que visam a durabilidade, bem como
fazer estimativas da vida útil da edificação.
No Brasil, devido à sua difusão como material de construção, o concreto armado está presente
em grande parte das estruturas. A preferência por este material está relacionado à facilidade
de produção, à boa resistência à compressão, à liberdade de criação arquitetônica, ao baixo
custo de produção e à durabilidade. A capital Federal, Brasília, é um exemplo desta liberdade
de forma que as estruturas de concreto armado propiciam.
No início do desenvolvimento e utilização do concreto armado, as estruturas eram projetadas
utilizando principalmente o bom senso e a experiência profissional, sendo a consideração da
durabilidade completamente subjetiva. Neste período, segundo Ho e Lewis (1988) a principal
característica controlada do concreto era a resistência à compressão, que durante muito tempo
foi tida como fonte única e segura das especificações de projeto.
Com o advento de novas tecnologias, registraram-se grandes avanços na teoria das estruturas
e na tecnologia do concreto, que permitiram a construção de edificações cada vez mais
esbeltas e econômicas. Com o progresso industrial e o crescimento das cidades, e
conseqüentemente com o aumento da poluição urbana, os elementos estruturais passaram a
ficar expostos a ambientes extremamente desfavoráveis. E, passados alguns anos, as
estruturas, que eram no início consideradas com longa ou quase infinita vida útil, começaram
a apresentar níveis de degradação superior aos desejados, caracterizando o envelhecimento
precoce. Essa deterioração foi agravada pela constante mudança no tipo e qualidade dos
materiais de construção, e em especial, do cimento. Esta problemática ocasionou uma
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epossan@hotmail.com) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
19
mudança de paradigma, pois se constatou que as estruturas interagiam com o meio onde
estavam inseridas e somente o parâmetro de resistência à compressão era insuficiente para o
controle da durabilidade do concreto.
Ainda começou-se a entender e a valorizar a importância econômica do problema, como
mostram Mehta e Monteiro (1994, p.120), onde em países industrialmente desenvolvidos
estima-se que 40% do total dos recursos da indústria de construção sejam destinados ao
reparo ou manutenção das estruturas existentes.
Desta maneira, iniciaram-se estudos de durabilidade procurando identificar os mecanismos de
deterioração das estruturas, englobando a caracterização dos meios agressivos e a
determinação das características de durabilidade do concreto. Verificou-se que a dosagem, o
teor e o tipo de adições, a relação água/aglomerante, o tipo de cimento, o tipo e a duração da
cura e o ambiente de exposição exercem grande influência na durabilidade.
As características de durabilidade do concreto, normalmente, são obtidas por intermédio de
ensaios em laboratório. Estes resultados, em geral, são oriundos de testes acelerados,
caracterizados como de curta duração, que nem sempre representam as condições existentes
na estrutura real. Diversos pesquisadores utilizam estes ensaios para estimar a durabilidade do
concreto (HO e LEWIS, 1987; HELENE, 1993; LIMA, 1999; HOUST e WITTMANN, 2002;
VIEIRA, 2003; entre outros). A ASTM E 632 (AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND
MATERIALS, 1996) recomenda a utilização destes ensaios para a previsão de vida útil, desde
que sejam correlacionados com resultados obtidos em estruturas existentes ou testes de
degradação natural, também denominados de não acelerados.
A determinação destas correlações, denominada coeficiente de aceleração (
α
a
), é de
fundamental importância na modelagem e previsão de vida útil. Estes coeficientes
possibilitam uma maior aproximação das estimativas e, conseqüentemente, um aumento da
confiabilidade. Também podem ser utilizados como ferramenta de tomada de decisão
gerencial, quando inclusos no projeto, auxiliando na análise de rentabilidade econômica e na
seleção das intervenções de manutenção, inspeção e reparo.
A fim de modelar o comportamento do concreto, nas últimas décadas, foram desenvolvidas
muitas pesquisas que contribuíram na geração de vários modelos destinados à previsão de
vida útil das estruturas de concreto armado, dentre os quais destacam-se os apresentados por
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
20
Hamada (1969), Tuutti (1982), Papadakis, Vayenas e Fardis (1989), Parrot (1991), Andrade
(2001), entre outros.
Os modelos para a previsão de vida útil de estruturas, em geral, buscam representar a
penetração dos agentes agressivos através do concreto, principalmente no que se refere à
carbonatação e à penetração de íons cloreto. Segundo Andrade e Dal Molin (2003), tais
modelos apresentam algumas restrições como: representar apenas uma parte do fenômeno;
restringir a sua aplicação a situações determinadas e, para as formulações mais sofisticadas,
observa-se que há uma dificuldade na resolução das mesmas e na obtenção dos parâmetros
requeridos.
A literatura aponta muitos modelos matemáticos que podem ser empregados para a estimativa
da profundidade de carbonatação do concreto (HAMADA, 1969;
SMOLCZYK, 1969;
PAPADAKIS, VAYENAS e FARDIS, 1989; PARROT, 1991; JIANG, LIN e CAI, 2000).
Porém, devido a dificuldade de obtenção de alguns parâmetros referentes às características
das edificações, necessários para a utilização nos modelos, observa-se uma grande
complexidade de aplicação dos mesmos para estimar com confiança a vida útil de estruturas
existentes.
Esses modelos geralmente apresentam duas abordagens: uma determinística e outra
probabilística ou estocástica. Os modelos deterministas consideram os valores máximos de
profundidade carbonatada. Os estocásticos são desenvolvidos considerando que existe uma
probabilidade de ocorrência dos principais fatores que afetam o fenômeno e a profundidade de
carbonatação, que pode ser estimada considerando a variabilidade inerente do processo.
Na grande maioria, estes modelos são desenvolvidos com base em resultados de corpos-
de-prova moldados em laboratório, que representam condições diferenciadas das
realmente encontradas nas estruturas reais. Com relação à carbonatação do concreto,
Figueiredo (2004, p.3) argumenta que os ensaios de avaliação do fenômeno geralmente
são realizados em condições aceleradas em laboratório, não avaliando as condições de
exposição às quais as edificações estarão de fato submetidas, nem os teores de CO
2
reais
existentes no ambiente de exposição destas estruturas.
Alguns progressos foram feitos nas décadas passadas, buscando o entendimento dos vários
mecanismos de deterioração do concreto. Porém, a previsão da vida útil de estruturas de
concreto sob condições rigorosas de serviço ainda não pode ser feita com modelos
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Edna Possan (epossan@hotmail.com) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
21
matemáticos devido à dificuldade de determinação dos fatores que regem as condições
naturais (LI e CHAU, 2004).
Face a tais considerações, vale ressaltar que os estudos de previsão de vida útil para estruturas
de concreto, em específico os que tentam correlacionar os ensaios de degradação acelerados e
natural, ainda são recentes e escassos, justificando assim o desenvolvimento desta pesquisa.
O grupo de pesquisas do Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação (NORIE) da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) possui uma base de dados oriundos de
ensaios de durabilidade acelerados em concreto, que podem ser correlacionados com dados de
ensaios de longa duração ou não acelerados, a fim de determinar os coeficientes de aceleração
para a modelagem e previsão de vida útil das estruturas. Com base nesta consideração, este
trabalho contempla a análise de parte dos dados dos ensaios acelerados de carbonatação em
concreto realizados pelos pesquisadores do NORIE
1
, através da determinação dos coeficientes
de aceleração de dosagens de concreto com e sem sílica ativa com relação água/aglomerante
variada.
1.1 OBJETIVOS
O objetivo principal desta pesquisa é a avaliação comparativa entre o desempenho de
concretos com e sem adição de sílica ativa submetidos ao ensaio de carbonatação natural e
acelerado.
Em decorrência do objetivo principal, são propostos os seguintes objetivos secundários:
a) elaboração de um modelo matemático que represente o fenômeno de
carbonatação em condição acelerada para os concretos estudados;
b) determinação dos coeficientes de aceleração entre os ensaios de carbonatação
acelerado e o natural;
c) determinação dos coeficientes de carbonatação dos concretos estudados
expostos em ambiente acelerado e natural;
1
Dados oriundos dos projetos de Dal Molin et al.(1997) e de Kulakowski (2002).
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
22
d) verificação da influência da relação água/aglomerante na carbonatação do
concreto;
e) avaliação da influência do teor de sílica ativa na carbonatação dos concretos em
estudo;
f) verificação da influência reação entre a resistência à compressão do concreto na
profundidade de carbonatação nos concretos estudados.
1.2 DEFINIÇÃO DAS LIMITAÇÕES DA PESQUISA
Como primeira limitação de pesquisa destaca-se o ambiente urbano de exposição das
amostras empregadas no ensaio natural. Estas foram expostas à degradação na cidade de Porto
Alegre, RS, sendo que, os resultados deste trabalho são válidos para ambientes com
características de climatologia e agressividade ambiental semelhante ao da realização desta
pesquisa.
Outra limitação da pesquisa é quanto ao cimento, à sílica ativa e as relações água/aglomerante
empregados no programa experimental de Dal Molin et al. (1997) a partir do qual se deu esta
pesquisa. A fim de verificar a influência da adição de sílica ativa, o referido programa foi
desenvolvido com cimento CPV ARI. Este cimento foi escolhido por ser isento de adições
pozolânicas e conter no máximo 5 % de adições carbonáticas. A sílica ativa foi adicionada ao
concreto nos teores de 0, 5, 10, 15 e 20%, em relação à massa de cimento. Quanto às relações
água/aglomerante, para o ensaio acelerado empregou-se 0,30; 0,40; 0,45; 0,60 e 0,80 e para o
ensaio natural 0,30; 0,45 e 0,80.
Na execução dos experimentos, as condições de aceleração descritas no programa
experimental, por representarem as condições de um ambiente específico de estudo, também
impõem limitação a esta pesquisa.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epossan@hotmail.com) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
23
1.3 DELINEAMENTO DA PESQUISA
A Figura 1 apresenta o fluxograma de delineamento da pesquisa. Observa-se, no
delineamento, que a revisão de literatura abrange todas as etapas do projeto, subsidiando com
informações técnicas o programa experimental e a análise de resultados.
Revisão bibliográfica
Análise
estatística
Ensaios em concreto com adição de sílica ativa
Coleta dos dados
Determinação dos
coeficientes de
aceleração e de
carbonatação
Acelerados
Não acelerados
Carbonatação
Projeto (1997)
Modelagem dos
resultados
Programa ExperimentalAnálise de resultados
Ambiente urbano
Avaliação final
Revisão bibliográfica
Análise
estatística
Ensaios em concreto com adição de sílica ativa
Coleta dos dados
Determinação dos
coeficientes de
aceleração e de
carbonatação
Acelerados
Não acelerados
Carbonatação
Projeto (1997)
Modelagem dos
resultados
Programa ExperimentalAnálise de resultados
Ambiente urbano
Avaliação final
Figura 1: delineamento do projeto de pesquisa
Para a elaboração deste trabalho, optou-se pela estratégia de pesquisa analítica, que se deu a
partir de dados experimentais obtidos por Dal Molin et al (1997). Assim, na fase denominada
pesquisa experimental, os ensaios acelerados foram realizados em 1997, por outros
pesquisadores, sendo que, o ensaio não acelerado (natural), que te início no mesmo ano, foi
realizado especificamente para esta pesquisa conferindo assim, em parte, um programa
experimental.
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Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
24
A fase de pesquisa analítica engloba a análise dos resultados. Realizada com base em
ferramentas estatística, em especial, regressão não linear, com o propósito de se modelar os
resultados obtidos na pesquisa experimental. A partir dos modelos, para o fenômeno da
carbonatação, fizeram-se as correlações entre os ensaios de degradação acelerados e ao
natural para, finalmente, determinar os coeficientes de aceleração e de carbonatação dos
concretos em estudo.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
A dissertação está estruturada em seis capítulos, sendo o capitulo inicial dedicado à
introdução do tema, descrevendo a importância e os objetivos que motivaram a realização
desta pesquisa, bem como as limitações e o delineamento do trabalho.
Na revisão de literatura, o segundo capítulo destina-se ao tema relativo à durabilidade do
concreto armado, onde são descritos os aspectos de degradação do concreto bem como os
principais procedimentos de ensaios para essa estimativa. Este capítulo também contempla a
carbonatação do concreto e seus efeitos, destacando-se os fatores de maior influência no
processo. Finalmente, são citados os principais estudos referentes à carbonatação das
estruturas de concreto, discutindo as metodologias adotadas na realização dos testes de
degradação acelerados e ao natural, a fim de justificar a importância da determinação dos
coeficientes de aceleração para previsão de vida útil.
No que se refere à previsão de vida útil das estruturas de concreto, a revisão de literatura
apresentada no capítulo 3, engloba os diferentes meios utilizados para essa determinação,
apresentando também os principais modelos referentes à carbonatação do concreto.
O programa experimental, que deu origem aos dados utilizados na pesquisa analítica, é
apresentado no capitulo 4, onde são descritos as variáveis de análise, os materiais utilizados,
os procedimentos e as metodologias dos ensaios e a caracterização do ambiente de exposição.
O capitulo 5 consiste na apresentação e análise dos resultados obtidos no estudo experimental.
Utilizando-se procedimentos estatísticos, principalmente análise de variância, são verificados
os principais fatores de influência na carbonatação do concreto, bem como o modelo
matemático que representa o fenômeno. Com base no modelo de comportamento dos
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Edna Possan (epossan@hotmail.com) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
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concretos frente à carbonatação são determinados os coeficientes de aceleração e, a partir do
modelo convencional da raiz quadrada do tempo, são determinados os coeficientes de
carbonatação. Este capítulo também é reservado ao estudo da resistência à compressão dos
concretos, sendo determinado o modelo matemático que representa o conjunto de dados.
O capitulo 6 abrange as considerações finais referentes à avaliação comparativa de concretos,
com e sem sílica ativa, carbonatados em ambiente natural e acelerado. Também são discutidos
os aspectos relativos à determinação dos coeficientes de aceleração e de carbonatação e da
influência da adição de sílica ativa, da relação água/aglomerante e da resistência à compressão
na carbonatação do concreto. Finalmente, são registradas as sugestões para futuros trabalhos.
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Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
26
2 DURABILIDADE DO CONCRETO
A preocupação com a durabilidade do concreto teve início na década de 70, quando as
estruturas, que até então eram consideradas “eternas” ou de vida útil infinita, começaram a
apresentar deterioração precoce. Esse fato fez com que a durabilidade fosse vista como
assunto principal de pesquisa, promovendo o desenvolvimento de diversos estudos e
definições referentes ao tema, principalmente no final dos anos 80 e 90 (JOHN, 1987;
HELENE, 1993; SILVA FILHO, 1994; NIREKI, 1996, CEB 238, 1997; entre outros).
As primeiras definições relativas à durabilidade dos concretos geralmente caracterizavam-se
pela forma simplista, confundindo o conceito de durabilidade com vida útil. Segundo Aïtcin
(2000, p.539), em termos gerais, a expressão durabilidade do concreto é usualmente
empregada para caracterizar a resistência do concreto ao ataque de agentes agressivos físicos
e químicos. A natureza, a intensidade e os mecanismos implicados em cada um desses
diversos ataques podem variar consideravelmente, e essa é a razão pela qual a expressão
durabilidade do concreto é entendida como muito vaga.
Segundo o ACI 201 (AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 1991 p.2), durabilidade do
concreto de cimento Portland é definida como a capacidade deste resistir à ação das
intempéries, ataques químicos, abrasão ou qualquer outro processo de deterioração. Um
concreto será durável se conservar sua forma original, qualidade e capacidade de utilização
quando exposto à ação ambiental e uso.
A recomendação japonesa para previsão de vida útil de estruturas, citada por Nireki (1996),
conceitua durabilidade como a habilidade de uma edificação, suas partes componentes, ou
materiais, de resistir à ação de agentes de degradação durante um período de tempo. No
entanto, o autor comenta de uma forma simplista que, para uma edificação convencional,
inserida num ambiente normal e com materiais tradicionais, não é muito difícil prever a
durabilidade, baseando-se somente em experiências anteriores. Porém, se o ambiente for
modificado ou se utilizar materiais não convencionais, não se consegue fazer a previsão
realista da vida útil desta edificação.
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Edna Possan (epossan@hotmail.com) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
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Já a norma brasileira para projeto de estruturas de concreto, a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2003, p.13), com relação às exigências de
durabilidade, descreve que:
as estruturas de concreto devem ser projetadas e construídas de modo que sob as
condições ambientais previstas na época do projeto e quando utilizadas conforme
preconizado em projeto conservem suas segurança, estabilidade e aptidão de serviço
durante o período correspondente à sua vida útil.
Na definição da norma brasileira nota-se a inserção do ambiente de exposição e das
especificações de projeto e suas implicações na durabilidade durante a vida útil da estrutura.
Em relação à durabilidade das estruturas de concreto, o CEB-FIB 203 (COMITE EURO
INTERNACIONAL DU BETON, 1990) relata que estas devem ser projetadas, construídas e
operadas de tal forma que, sob condições ambientais esperadas, mantenham sua segurança,
funcionalidade e aparência aceitável, durante um período de tempo, implícito ou explícito,
sem requerer altos custos para manutenção e reparo. Segundo Andrade (1997, p.10) “tal
definição pode ser considerada a mais completa, por levar em consideração todos os aspectos
relacionados à durabilidade durante a vida útil prevista das edificações, levando-se em
consideração a ação do meio ambiente”.
Com base nestas definições, a durabilidade pode ser considerada como um parâmetro relativo
às propriedades intrínsecas dos materiais que compõem uma estrutura, sendo o mesmo
afetado pelas características do ambiente onde estará inserida a estrutura, pelas condições de
utilização, segurança e intervenções de manutenção e reparo. Conforme Amaral Filho (1991),
Helene (1993) e Mehta (1994), a durabilidade de uma estrutura de concreto deve ser vista de
maneira sistêmica, envolvendo: o projeto da estrutura; a execução e a tecnologia do concreto.
Segundo Amaral Filho (1991), cada parte deve satisfazer as suas exigências peculiares de
qualidade, pois se qualquer um destes itens apresentar deficiência técnica, certamente o
conjunto da estrutura será afetado, mesmo que as outras partes tenham tido desempenho
adequado. O CEB 238 (COMITE EURO INTERNACIONAL DU BETON, 1997, p.14)
enfoca a importância funcional e econômica da consideração da durabilidade ainda na fase de
projeto, onde a preocupação com a durabilidade posterior à entrega do empreendimento gera
um incremento de custo, além de apresentar grande dificuldade de análise.
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Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
28
Mehta e Gerwick (1996), tentando definir os fatores intervenientes na durabilidade de uma
edificação, propõem que os seguintes requisitos devem ser atendidos para que uma estrutura
de concreto seja durável, conforme sua especificação e destino:
a) projeto estrutural e detalhamento de projeto;
b) seleção dos materiais constituintes da mistura;
c) dosagem do concreto;
d) lançamento, adensamento e cura;
No projeto, a preocupação com a durabilidade pode ocasionar muitos benefícios,
principalmente no que se refere à determinação da vida útil requerida. Esta atenção com a
vida útil da edificação corrobora para que não sejam construídas estruturas que se tornam
obsoletas em um curto espaço de tempo e, para que se possam programar, com economia, as
intervenções de manutenção e reparo. Um fator de tomada de decisão na etapa de projeto, que
reflete diretamente na durabilidade, é a definição da espessura de cobrimento. Para o concreto
armado, a qualidade e a espessura de cobrimento do concreto são fatores de grande
importância, pois a camada superficial do concreto é que protege a armadura dos agentes
agressivos, através da formação de uma película passivadora de característica alcalina,
desempenhando assim, um papel crítico na durabilidade. Helene (1993, p.49) discute a
importância do cobrimento frente à corrosão das armaduras, e explica que a velocidade de
corrosão será função da maior ou menor mobilidade de íons através do concreto de
cobrimento. Assim, a cinética e o controle da corrosão são predominantemente determinados
pelas características deste cobrimento. Aïtcin (2000, p.456) reforça a influência do
cobrimento da armadura na durabilidade, pois este apresenta composição e microestrutura
diferente do interior do concreto, devido ao arranjo menos denso dos agregados e à maior
concentração de pasta de cimento hidratado. Este efeito é denominado de efeito parede.
Para o ACI 365 (AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 2000, p.4), uma estrutura de
concreto projetada para ser durável requer a consideração de dois fatores: as condições de
exposição e as recomendações de projeto com relação aos agentes agressivos físicos e
químicos. A influência das condições de exposição, ou severidade do ambiente, pode ser
minimizada pela adequada dosagem do concreto (resistência mecânica, água/cimento e
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Edna Possan (epossan@hotmail.com) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
29
consumo de cimento) ou pela definição de detalhes construtivos, como o cobrimento da
armadura.
Segundo Toralles Carbonari e Carbonari (1998, p.61), a durabilidade do concreto está
associada a várias propriedades deste material, como a permeabilidade, resistência à abrasão,
resistência ao ataque químico (sulfatos, cloretos), resistência aos ciclos de gelo-degelo e
resistência aos sais. Mehta (1993) relata que é ponto consensual que a permeabilidade do
concreto é o ponto chave para a durabilidade.
Pelo fato da relação água/aglomerante representar o parâmetro real que reflete a compacidade
do concreto e a sua permeabilidade aos agentes agressivos, Aïtcin (2000, p.543) enfoca que a
redução desta relação é uma condição necessária para obter um concreto durável, mas, que
infelizmente, não é suficiente. Segundo o autor, outros fatores podem afetar a durabilidade,
em particular os detalhes construtivos, o lançamento, as condições de cura e o ambiente de
exposição.
A durabilidade do concreto depende muito da facilidade com que as substâncias agressivas
possam ingressar e se deslocar no seu interior (HELENE, 1993; SAETTA, SCHREFLER e
VITALIANI, 1993). Procurando mostrar a alta variabilidade das propriedades que norteiam a
durabilidade do concreto, Helene (1997) relata que, sob mesmas condições, o coeficiente de
carbonatação (que expressa a rapidez da difusão do gás carbônico no concreto) pode variar de
0,1 cm/ano
0,5
para concretos de 60 MPa a 1,0 cm/ano
0,5
para concretos de 15MPa. Nota-se
que, enquanto a resistência à compressão quadruplicou o coeficiente de difusão do concreto
alterou 10 vezes e a vida útil cerca de 100 vezes, mantido o mesmo cobrimento e condições
de exposição. O estudo conclui que a durabilidade, e conseqüentemente a vida útil de uma
estrutura, não aumenta na mesma proporção que a resistência à compressão do concreto, e que
estes fatores estão nitidamente ligados aos mecanismos de transporte de íons, gases e líquidos.
Aranha (1994) ressalta que a ocorrência dos danos das estruturas de concreto se deve,
principalmente, ao efeito combinado da agressividade ambiental com os problemas de
natureza estrutural, juntamente com o emprego de práticas executivas inadequadas durante as
diversas etapas do processo construtivo. Para Sentler (1987, p.81) a durabilidade das
estruturas de concreto armado depende das condições de carregamento e da ação dos agentes
agressivos no ambiente de exposição, ou então, da sinergia dos dois. Para solucionar
problemas provenientes desta degradação é indispensável compreender o comportamento da
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Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
30
estrutura, o ambiente de exposição em que está inserida e as condições de carregamento
impostas durante a vida útil (MAEKAWA; ISHIDA e KISHI, 2003, p.91).
O estudo da durabilidade das estruturas de concreto requer uma aproximação multidisciplinar
baseado nas propriedades físicas e químicas dos materiais. Em específico, a durabilidade
depende da habilidade do concreto em resistir à penetração de agentes agressivos e de
proteger a armadura nele inserida (SAETTA, SCHREFLER e VITALIANI, 1993). Assim, em
síntese, pode-se dizer que a durabilidade engloba desde a qualidade do concreto, (materiais
constituintes, definições de projeto e execução), as condições naturais do ambiente de
exposição que a estrutura está inserida, as operações de manutenção e reparo até as condições
de uso que a edificação está submetida durante sua vida útil.
2.1 DEGRADAÇÃO DO CONCRETO
Para Nepomuceno (1992, p.5), o principal mecanismo de deterioração das estruturas é a
interação do meio ambiente com o concreto. Esta interação ocorre através da penetração de
agentes agressivos pelos poros do concreto. Em ordem decrescente de importância, os
principais mecanismos de degradação do concreto são a corrosão das armaduras, ação do
gelo-degelo em climas frios, os efeitos físico-químicos decorrentes da interação entre a pasta
de cimento hidratada e da agressividade do meio ambiente e os efeitos físico-químicos
decorrentes de fenômenos internos, como a reação álcali-agregado (MEHTA, 1993). Na
prática, a degradação do concreto raramente é devida a uma causa única. Geralmente, em
estágios avançados de deterioração do material, mais de um fenômeno deletério está em ação
(MEHTA e MONTEIRO, 1994, p.121).
Segundo Silva Filho (1994, p.30), a cinética dos mecanismos de degradação é diretamente
governada pela possibilidade de acesso e movimentação de água, carreando os agentes
agressivos para o interior do concreto. Em sólidos porosos, a água é a causa de muitos
processos físicos e químicos de degradação, pois age como veículo de transporte de íons
agressivos. A penetração de gases, água ou íons se dá principalmente através da porosidade da
pasta de cimento hidratada, da zona de transição ou das microfissuras.
Os mecanismos que governam a entrada destes agentes agressivos para o interior do concreto
são denominados de mecanismos de transporte. Cada mecanismo depende do fluxo e
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concentração local da substância penetrante, condições ambientais, estrutura dos poros do
concreto, raio dos poros ou abertura das microfissuras, grau de saturação dos poros e
temperatura (KROPP e HILSDORF, 1995, p.05).
Existem vários mecanismos de transporte de água, gases e íons no concreto, segundo o CEB
183 (COMITE EURO INTERNACIONAL DU BETON, 1992, p.3). Dentre estes destacam-se
a difusão, a sucção capilar e a penetração de água sob pressão.
O mecanismo de difusão, no que se refere à movimentação de íons, está associado
principalmente à penetração de íons cloreto e sulfatos. Com relação aos gases, este
mecanismo é de fundamental importância no desenvolvimento de carbonatação e de corrosão
das armaduras, por envolver, respectivamente, a difusão de gás carbônico e oxigênio (SILVA
FILHO, 1994 p.39).
A difusão de gases, em específico gás carbônico e oxigênio, tem grande importância na
durabilidade, e conseqüentemente na vida útil das estruturas, principalmente no estudo da
corrosão das armaduras. Como citam vários autores, a corrosão é tida como principal causa da
degradação das estruturas de concreto de armado (TUUTTI, 1982; DAL MOLIN, 1988;
HELENE, 1993; ANDRADE, 1997; BROOMFIELD, 1998; entre outros). A armadura pode
perder a proteção oferecida pelo concreto (despassivação), por meio da ação de elementos
agressivos originários de fontes externas, que atuam sobre o concreto, reduzindo a
alcalinidade ou quebrando a película protetora (HELENE, 1993, p.92). Um dos principais
iniciadores da corrosão é a carbonatação do concreto, amplamente estudada por muitos
pesquisadores (BAKKER, 1988; NEPOMUCENO, 1992; KAZMIERCZAK, 1995; HOUST e
WITTMANN, 2002; entre outros).
Frente à importância da qualidade do concreto e dos diversos fatores que interferem na
durabilidade das estruturas, o próximo item é reservado à degradação do concreto focando o
fenômeno de carbonatação. Também são citados os principais ensaios utilizados para a
estimativa da durabilidade.
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Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
32
2.2 CARBONATAÇÃO DO CONCRETO
2.2.1 Generalidades
A carbonatação é um fenômeno físico-químico oriundo das reações de gases ácidos do
ambiente com os produtos alcalinos do concreto. A alcalinidade do concreto é conferida
principalmente pela presença do hidróxido de cálcio (Ca(OH)
2
), de sódio (NaOH) e de
potássio (KOH), dissolvidos ou precipitados no concreto endurecido.
Essa alcalinidade pode ser reduzida ao longo do tempo pela penetração de CO
2
no interior do
concreto. Segundo Helene (1993, p.99-100):
a penetração do gás carbônico no concreto dá-se preponderantemente por um
mecanismo de difusão. (...). Portanto, na maioria dos casos trata-se de gradientes de
concentração de CO
2
. Influirá a concentração de CO
2
no ambiente externo, junto à
estrutura, comparativamente à concentração de CO
2
nos poros capilares do concreto
de cobrimento das armaduras.
O CO
2
, ao penetrar no concreto, reage com os hidróxidos, especialmente com o Ca(OH)
2
, que
se apresenta em maior quantidade. A reação do CO
2
com os hidróxidos ocorre conforme as
reações simplificadas mostradas nas equações 1 e 2.
CO
2
+ Ca(OH)
2
⎯⎯→ CaCO
3
+ H
2
O
H
CO
2
+ 2KOH(ou NaOH) ⎯⎯→ K
2
CO
3
(ou Na
2
CO
3
)+ H
2
O
H
equação 1
equação 2
2
O
2
O
A conseqüência desta reação resulta na redução do pH do concreto, que normalmente
apresenta valor igual ou superior a 12,5. Após as reações o pH é reduzido para um valor igual
ou inferior a 9 (BAKKER, 1988, p.25). A carbonatação inicia a partir da superfície,
avançando progressivamente para o interior do concreto, formando uma “frente de
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Edna Possan (epossan@hotmail.com) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
33
carbonatação
2
”. O avanço da frente de carbonatação está diretamente relacionado com a
facilidade que o CO
2
encontra para difundir-se no interior do concreto.
Essas reações ocorrem em fase aquosa, preponderantemente pela difusão do CO
2
pela
interface das películas de ar e água. A Figura 2 apresenta os possíveis estados de difusão de
gases nos poros do concreto. Segundo Bakker (1988, p.29), quando o concreto não apresenta
água nos poros, Figura 2 (a), a difusão do CO
2
ocorre normalmente, porém ele permanece na
forma de gás e não reage com os compostos do cimento hidratado. Já nos poros totalmente
saturados, Figura 2 (b), a carbonatação praticamente não ocorre devido à reduzida taxa de
difusão do CO
2
na água. A difusão deste gás através da água é 4 ordens de grandeza mais
lenta do que através do ar (NEVILLE, 1997, p.496). Porém, quando os poros estão
parcialmente saturados, Figura 2 (c), a difusão do CO
2
é facilitada e com a água existente nos
poros, se tem a condição mais favorável para o desenvolvimento das reações de carbonatação
com os compostos da pasta de cimento hidratada e, portanto, a situação de maior risco para a
despassivação da armadura (BAKKER, 1988, p.29).
Poro
Concreto
Ar (+CO )
2
(a) poros totalmente secos
Água
Concreto
Poro
(b) poros totalmente saturados de
água
2
Concreto
Ar (+CO )
Poro
Filme de água
(c) poros parcialmente saturados de
água
Figura 2: representação esquemática da difusão do CO
2
(BAKKER,
1988, p.29)
A influência da umidade relativa dos poros do concreto no coeficiente de difusão do CO
2
é
representada graficamente por Steffens, Dinkler e Ahrens (2002), como mostra a Figura 3.
2
A frente de carbonatação é a zona que separa duas regiões de pH distintos, sendo uma não carbonatada (pH de
aproximadamente 12) e outra carbonatada (pH inferior a 9).
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
34
0 20 40 60 80 100
0.5
1.0
0.0
Umidade relativa dos poros (%)
Coeficiente de Difusão do
CO
2
Figura 3: efeito da umidade no coeficiente de difusão do CO
2
(STEFFENS, DINKLER e AHRENS, 2002, p.936)
O coeficiente de difusão decresce consideravelmente quando a umidade relativa dos poros
excede 60%. Para umidade relativa dos poros superior a 82% o coeficiente de difusão do CO
2
,
em relação ao concreto seco, cai para 10%. Desta forma, a molhagem das partes de uma
estrutura pela água da chuva afeta significativamente o tempo necessário para o
desenvolvimento da frente de carbonatação (STEFFENS, DINKLER e AHRENS, 2002,
p.939). Segundo Bentz (2000), o coeficiente de difusão também é influenciado pela adição de
sílica ativa, sendo no mínimo 15 vezes menor para concretos com 10% de adição, o que
aumenta substancialmente a vida útil frente à carbonatação de concretos expostos a ambientes
agressivos. Em estudo com pasta de cimento, com e sem adição de sílica ativa, Malhotra et al.
(1994) relatam que o coeficiente de difusão da pasta de controle após a adição de sílica ativa
foi reduzido de 1.0 para 0,25. Para Saetta, Schrefler e Vitaliani (1993), estudos de
carbonatação devem, necessariamente, ser associados a estudos de porosidade, uma vez que a
penetração do CO
2
é basicamente controlada pela estrutura de poros do material e pela
umidade relativa dos poros.
A carbonatação do concreto é um processo lento, apresentando velocidade decrescente
(NEVILLE, 1997, p.496). Inicialmente, a profundidade de carbonatação aumenta com grande
rapidez, prosseguindo mais lentamente e tendendo assintoticamente a uma profundidade
máxima (atenuação). Bakker (1988, p.25) coloca que, sob o ponto de vista termodinâmico,
considerando uma situação de equilíbrio ideal, a carbonatação prosseguiria até o consumo
total do hidróxido de cálcio, carbonatando totalmente o concreto. Porém, a rede de poros que
se modifica ao longo do tempo em função da precipitação dos carbonatos, forma uma barreira
física, limitando a velocidade de carbonatação do concreto.
__________________________________________________________________________________________
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35
Essa tendência ao estacionamento do fenômeno pode ser explicada pela hidratação crescente
do cimento, que aumenta, gradativamente, a compacidade do concreto, além da deposição dos
próprios produtos decorrentes da carbonatação, principalmente o carbonato de cálcio,
(CaCO
3
) que colmatam os poros superficiais, dificultando ao longo do tempo a penetração de
CO
2
para o interior do concreto (HELENE, 1986, p.9).
2.2.2 Fatores que Influenciam a Profundidade de Carbonatação
Fatores como relação água/aglomerante, condições de cura, grau de hidratação, quantidade e
tipo de cimento, concentração de CO
2
no ambiente, quantidade de água, temperatura,
quantidade de álcalis na pasta de cimento hidratada e presença de fissuras influenciam a taxa de
carbonatação do concreto (HOUST e WITTMANN, 2002). Para Neville (1997, p.498), a
carbonatação depende ainda da pressão de penetração do agente agressivo e umidade relativa.
Uomoto e Yakada (1993) relatam que o fenômeno também sofre influência da concentração de
CO
2
e das condições de exposição (umidade, temperatura). Liang, Qu e Liang (2002, p.128)
descrevem que a carbonatação do concreto é um fenômeno predominantemente de difusão que
é influenciado, principalmente, pela qualidade do concreto e pelas condições de exposição.
Deste modo, com o intuito de abranger os principais fatores de interferência na carbonatação do
concreto, os próximos itens contemplam os aspectos referentes às características do ambiente de
exposição e da qualidade do concreto.
2.2.2.1 Características ambientais e condições de exposição
As características ambientais determinantes para que ocorra o fenômeno de difusão são a
concentração de CO
2
, a temperatura e a umidade relativa do ar. A carbonatação é
diretamente proporcional à temperatura e à concentração de CO
2
.
A concentração de CO
2
na atmosfera, segundo Kazmierczak (1995, p.17), exerce grande
influência na velocidade da carbonatação em estruturas de concreto. Considera-se que a
difusão do gás carbônico pelos poros deste material segue os princípios da primeira lei de
Fick, segundo a qual a difusão do CO
2
pelos poros do concreto se dá na razão direta do
gradiente de concentração deste gás. Segundo Neville (1997, p.495), a ação do CO
2
ocorre
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
36
mesmo em ambientes onde a concentração desse gás na atmosfera é muito baixa, como é o
caso de ambientes rurais, onde o teor de CO
2
é aproximadamente de 0,03% em volume. O
autor faz referência a concentrações típicas de outros ambientes como, por exemplo, em
ambiente de laboratório não ventilado, o teor de CO
2
pode superar 0,1% e em grandes
cidades, pode-se chegar até 0,3%, sendo que em alguns casos excepcionais pode-se atingir
1%. Kazmierczak (1995, p.18) relata que os diferentes teores de CO
2
, encontrados
naturalmente na atmosfera, relacionam-se diretamente com a velocidade de carbonatação, mas
não alteram o seu mecanismo físico-químico.
Uomoto e Takada (1993), verificando a influência do teor de CO
2
no avanço da frente de
carbonatação, submeteram espécimes de concreto a concentrações de CO
2
de 0,07%
(ambiente natural interno), 1% e 10% (teste acelerado), sob temperatura e umidade
controlados (T=20°C e UR=55%). Conforme o gráfico da Figura 4, para as relações
água/cimento estudadas, o aumento do teor de CO
2
elevou a velocidade de carbonatação dos
concretos.
Concentração de CO (%)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Coeficiente de carbonatação
(mm/semana )
0,70
0,60
2
0,07
10
1
0,50
a/c
0,5
Figura 4: influência do teor de CO
2
no coeficiente de carbonatação
(UOMOTO e TAKADA, 1993)
Observa-se que para concretos com maior relação água/cimento (maior porosidade), o efeito
da concentração de CO
2
no aumento da carbonatação é mais pronunciado, fato também
observado por Nischer (1984 apud Nepomuceno, 1992, p.28).
O efeito da temperatura na velocidade de penetração da frente de carbonatação, em ensaios
acelerados, não é expressivo, sob temperaturas usuais. Entretanto, apesar da pequena
influência na velocidade de carbonatação, deve-se considerar que a temperatura exerce grande
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epossan@hotmail.com) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
37
influência na taxa de corrosão da armadura, não podendo ser desprezada na estimativa de
durabilidade de uma estrutura em concreto armado (KAZMIERCZAK, 1995, p.22). Com
relação à corrosão das armaduras, Nepomuceno (1992, p.18) destaca que temperaturas mais
elevadas podem aumentar a velocidade de corrosão, mas por outro lado reduzir a condensação
interna.
Pequenas variações de temperatura têm pouca influência sobre a carbonatação, porém
temperaturas elevadas aumentam a velocidade de carbonatação, a menos que o efeito de
secagem exceda o efeito da temperatura (NEVILLE, 1997, p.498). Kazmierczak (1995, p.15)
explica que, após a umidade interna do concreto entrar em equilíbrio com o meio, as variações
de umidade e temperatura irão influenciar diretamente na existência de vapor ou na saturação
dos poros capilares e, conseqüentemente, na velocidade de carbonatação. Para ambientes
protegidos da chuva, Andrade, Sarría e Alonso (1999) observaram que a temperatura é o
principal fator de influência na definição da umidade relativa interna do concreto.
A umidade relativa afeta a carbonatação, sendo que em condições de baixa umidade, a
carbonatação será menor, porque não haverá água para dissolver o CO
2
. Como já discutido,
em condições de saturação de água dos poros, a carbonatação também será menor, porque a
difusão de CO
2
é muito pequena (PARROT, 1987). Papadakis, Vayenas e Fardis (1991a,
p.1334) destacam que a umidade é fator chave para o processo de carbonatação.
O concreto absorve com facilidade a umidade do ambiente, mas em compensação seca
lentamente. Quando a umidade externa é constante, chega-se a estabelecer um equilíbrio entre
o conteúdo de umidade do interior do concreto e a umidade relativa ambiental. Porém, quando
a umidade exterior oscila, o interior do concreto não pode acompanhar as trocas com a mesma
velocidade. Conseqüentemente só a camada externa da estrutura é que mantém equilíbrio com
a UR exterior (FIGUEIREDO, 2004, p.40).
Ceukelaire e Nieuwenburg (1993, p.442) avaliaram a influência da umidade relativa na
profundidade de carbonatação de concretos, com relação água/aglomerante de 0,60,
produzidos com cimento composto com escória de alto formo. Para tal, após a desmoldagem,
os corpos-de-prova (100x100x100 mm) foram curados por 6 dias em ambiente com umidade
relativa de 90% e temperatura de 20 °C. Durante a cura os corpos-de-prova ficaram expostos
à concentração de CO
2
do ambiente natural. Nos ensaios, os parâmetros considerados foram
temperatura constante de 20°C, 6 faixas de umidade relativa variando de 40 a 90%, com
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
38
incrementos de 10% e concentrações de CO
2
de 10 e 0,03%, simulando uma atmosfera
enriquecida e uma natural, respectivamente. Os autores verificaram que, para os dois teores de
CO
2
, a carbonatação atingiu profundidade máxima na umidade relativa de aproximadamente
50% (Figura 5).
40 50 60 70 80 90
Umidade relativa do ar (%)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Profundidade de carbonatação (mm)
10% CO 0,03% CO
2
2
Figura 5: profundidade de carbonatação em relação a umidade relativa
e o teor de CO
2
(CEUKELAIRE e NIEUWENBURG, 1993, p.444)
Roy, Poh e Northwood (1999) investigaram a carbonatação acelerada de concretos com
diversas classes de resistência, com relações água/aglomerante entre 0,55 e 0,80, concentração
de CO
2
de 6% e umidades relativas de 52%, 64%, 75%, 84% e 92%. Os resultados indicaram
que, para todas as classes de resistência analisadas, houve aumento na profundidade de
carbonatação com o incremento de umidade de 52% para 75%. Porém, para umidades
relativas superiores a 84% a profundidade carbonatada foi menor que a observada no intervalo
de 52 e 75%.
Conclui-se que no caso específico da carbonatação, a difusão do CO
2
ocorrerá quando os
poros estiverem parcialmente cheios de água, o que corresponde à umidade relativa na faixa
de 50 a 75% (PARROT, 1987; CEUKELAIRE e NIEUWENBURG, 1993, NEVILLE, 1997).
As condições de exposição das estruturas de concreto, segundo o CEB 238 (COMITE
EURO-INTERNACIONAL DU BETON, 1997, p.17-18) podem ser caracterizadas em clima
regional, local e micro clima. O clima regional refere-se ao clima da região onde a estrutura
está inserida. É representado por dados de temperatura do ar e da água, da quantidade de íons
cloreto e umidade relativa do ar e precipitação. O clima local é relativo ao entorno da
estrutura e leva em consideração o local específico da construção. É representado pelo teor de
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epossan@hotmail.com) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
39
CO
2
da atmosfera local e pela intensidade e direção do vento. O nível micro é referente às
condições climáticas na superfície do concreto, sofre influência da exposição à chuva
(protegido ou desprotegido), radiação solar, contato com o solo, umidade, entre outros.
A condição de exposição que uma estrutura pode estar inserida (ambiente interno, externo,
protegido ou desprotegido da chuva) apresenta grande influência na carbonatação dos
concretos. Houst e Wittmann (2002, p.1929) relatam que, geralmente, se admite que concretos
expostos ao ar livre, protegidos da chuva, carbonatam mais rapidamente do que concretos
desprotegidos. Isso se deve ao fechamento dos poros pela água da chuva.
Uma estrutura de concreto exposta à incidência periódica da chuva, devido à saturação dos
poros e a conseqüente dificuldade da difusão do CO
2
, tem a frente de carbonatação impedida
de avançar, como explica Neville (1997, p.498):
em uma mesma edificação, feita com um mesmo concreto, pode haver consideráveis
variações na profundidade de carbonatação a uma mesma idade: as paredes mais
expostas à chuva terão uma profundidade de carbonatação menor, assim como as
superfícies inclinadas que podem ser lavadas pela chuva; o mesmo se aplica às
paredes que podem ser completamente secas devido à insolação.
Em um estudo em argamassas, Okochi et al. (2000, p.2937) observaram que a carbonatação é
mais intensa nas amostras protegidas da chuva do que nas expostas. Barker e Matthews
(1994) verificaram que concretos armazenados em ambiente de laboratório, com UR de 65%
e temperatura de 20°C, carbonatam com maior velocidade do que os armazenados ao ar livre
(protegidos da chuva), sendo que estes apresentam redução de 40% na profundidade de
carbonatação quando comparados aos concretos dispostos em recinto fechado. Meyer (1969,
p.400) representou graficamente, como pode ser verificado na Figura 6, a influência do
ambiente de exposição do concreto na carbonatação.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
40
1
2
3
4
Profundidade de carbonatação
Idade
Aumento da
umidade
1 - concreto constantemente submerso ou em ambiente úmido;
2 - superfícies externas horizontais de concreto em clima úmido;
3 - concreto em ambiente externo desprotegido da chuva e da neve;
4 - concreto em ambiente interno exposto ao ar ou em ambiente
externo protegido da chuva e da neve.
Figura 6: efeito das condições de exposição na carbonatação – modelo
(MEYER, 1969, p.400)
Para amostras expostas ao ambiente natural de degradação, Ho e Lewis (1987, p.493)
obtiveram diferentes resultados de profundidade de carbonatação, sendo que os corpos-de-
prova dispostos na vertical carbonataram mais que os inclinados a 45°. Os autores salientam
que as amostram inclinadas receberam 540 mm de chuva, enquanto que os espécimes
dispostos verticalmente somente 40 mm. Logo, a correlação entre resultados de ensaios
acelerados e ensaios ao natural é fortemente dependente das condições de exposição.
Com relação à correlação de resultados entre ensaios de carbonatação acelerados e naturais,
em trabalho realizado no Brasil, Isaia, Vaghetti e Gastaldini (2001, p.2) relatam que o teor de
umidade de equilíbrio em que as medidas da profundidade de carbonatação aceleradas são
realizadas afeta essa comparação, visto que os ensaios naturais também podem estar afetados
por condições ambientais diversas tais como: exposição interna, externa abrigada ou externa
desabrigada, diminuindo a profundidade de carbonatação da primeira em direção a última
pois, na condição interna, a umidade relativa se mantém quase todo tempo dentro da faixa de
carbonatação máxima (50-80%), enquanto que, nas externas, as variações higrométricas dos
poros são influenciadas pelas secagens e molhagens sucessivas.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epossan@hotmail.com) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
41
2.2.2.2 Características do concreto
As características do concreto apresentam grande influência na carbonatação, dentre as quais,
Kazmierczak (1995, p. 23) destaca a composição química do cimento, o traço especificado
e a qualidade da execução. Ressalta-se ainda a influência das propriedades mecânicas na
carbonatação do concreto.
O avanço da frente de carbonatação é inversamente proporcional à reserva alcalina disponível
na matriz da pasta de cimento hidratada, que por sua vez é função da composição química do
cimento, do teor de hidróxido de cálcio e dos álcalis presentes (MEYER, 1969, p.399).
Normalmente, o cimento Portland comum apresenta 64% de óxido de cálcio e 0,5-1,5% de
óxido de sódio e potássio, sendo que o cimento com adição de escória pode apresentar um
teor de 44% de óxido de cálcio, reduzindo a quantidade de álcalis disponíveis para a
carbonatação (BAKKER, 1988, p.30).
Concretos produzidos com cimentos com adições pozolânicas, apesar destas propiciarem o
refinamento dos poros e dos grãos, aumentando a sinuosidade dos capilares e diminuindo a
permeabilidade, apresentam profundidades de carbonatação superiores às obtidas em
concretos de cimento Portland comum. Isso ocorre pois prepondera o efeito da diminuição da
reserva alcalina, devido à redução do teor de álcalis quando a sílica reage com o Ca(OH)
2
,
pela reação pozolânica. Isso resulta em frentes de carbonatação mais velozes para os
concretos com adições (ISAIA, 1999, p.9). Por outro lado, Papadakis (2000) afirma que a
influência da cinza volante e da sílica ativa no aumento da profundidade de carbonatação no
concreto é válida para os casos em que as adições minerais são empregadas como substituição
ao cimento. Jiang, Lin e Cai (2000) descrevem que, apesar dos resultados conflitantes no que
se refere à carbonatação em concretos com cinza volante, normalmente a presença desta
pozolana implica em maior profundidade de carbonatação. Com relação à adição de sílica
ativa, Vieira (2003, p.198) relata que, segundo análises estatísticas realizadas em seu estudo,
isoladamente esta adição não apresenta efeito significativo, sendo a sua influência na
profundidade de carbonatação determinada pela relação água/aglomerante.
Com relação ao traço especificado, Kazmierczak (1995, p.23) relata que a composição do
concreto define a porosidade, a difusibilidade, a absorção e a permeabilidade da pasta
endurecida e, portanto, reflete na velocidade de penetração da frente da carbonatação.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
42
Relatos de várias pesquisas indicam que a carbonatação é fortemente influenciada pela
relação água/aglomerante ou água/cimento do concreto (MEYER, 1968; TUUTTI, 1982; HO
e LEWIS, 1987, BAUER, 1995; VIEIRA, 2002, KULAKOWSKI, 2003, entre outros). Nestes
trabalhos verifica-se que existe uma forte relação entre a profundidade de carbonatação e a
relação água/aglomerante, indicando assim que o controle do tamanho e interconectividade
dos poros é muito importante para regular o aumento ou a redução da frente de carbonatação.
A porosidade capilar também apresenta grande importância na carbonatação. Helene (1993,
p.103) relata que “está provado que via de regra um aumento na porosidade do concreto
conduz a um aumento da permeabilidade e difusibilidade dos gases no concreto”. Mehta e
Monteiro (1994) e Bauer (1995) relatam que a relação água/aglomerante influencia a
profundidade de carbonatação do concreto, visto que esta está diretamente ligada à porosidade
da pasta de cimento hidratada, sendo que, quanto maior o volume de poros, maior será a
facilidade do acesso de CO
2
no interior do concreto. Segundo Mehta e Monteiro (1994, p.124)
na pasta de cimento hidratada, o fluxo de água ocorre entre os poros capilares interconectados
e essa interconexão é diretamente ligada à relação água/cimento e ao grau de hidratação do
cimento.
Em trabalho realizado em concreto com adição de sílica ativa, Kulakowski (2002) aponta a
existência de uma região crítica no comportamento dos concretos frente à carbonatação,
delimitada pela existência de um intervalo de relações a/agl (0,45 e 0,50). Abaixo desta zona
de água/aglomerante limite, a carbonatação é regida principalmente pela porosidade da matriz
cimentante, conferida pelo teor de água, sendo que o teor de Ca(OH)
2
e o pH, nestes níveis de
relação a/agl, apresentam pouca influência na carbonatação. Para intervalos acima das
relações a/agl da região limite, as características químicas passam a exercer um efeito
significativo na profundidade de carbonatação, e o consumo de Ca(OH
2
) nas reações
pozolânicas promovidas pela sílica ativa são favoráveis à carbonatação. Vieira (2003) também
observou a existência desta região crítica limite em torno da relação a/agl 0,50, abaixo da qual
a profundidade de carbonatação pode ser considerada tecnicamente desprezível para concretos
com e sem adição de sílica ativa. Silva (2002) explica que o aumento da profundidade de
carbonatação, em concretos de elevada relação água/aglomerante e com adição de sílica ativa,
é decorrente da redução da quantidade de hidróxido de cálcio presente no composto agravado
pelo desenvolvimento das reações pozolânicas.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epossan@hotmail.com) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
43
A qualidade da execução é primordial para a carbonatação e está diretamente relacionada às
etapas de lançamento, adensamento e, principalmente, cura do concreto. Segundo Helene
(1993, p.112), a cura do concreto afeta majoritariamente as condições de hidratação dos
primeiros milímetros superficiais. Desta forma, a aparente desvantagem dos cimentos com
adições, de menores reservas alcalinas, pode ser grandemente minimizada por uma boa e
prolongada cura úmida.
Thomas e Matthews (1992), avaliando o efeito da cura na carbonatação de concretos, durante
um período de 4 anos, constataram influência significativa na redução da profundidade de
carbonatação para concretos curados em tempos mais elevados, como é mostrado na Figura 7.
1 dia
7 dias
28 dias
observado Predito
cura
Tempo (anos)
Profundidade de carbonatação (mm)
123
0
5
10
15
20
25
0
4
Figura 7: influência da cura na profundidade de carbonatação
(THOMAS e MATTHEWS, 1992)
Como se observa na figura supracitada, a cura é de grande importância para o avanço da
carbonatação do concreto ao longo do tempo. Meyer (1968), Ho e Lewis (1987) e Uomoto e
Takada (1993) também relatam a existência de uma influência significativa entre o avanço da
carbonatação e o tempo de cura, principalmente nos primeiros dias de hidratação da pasta.
No que se refere ao efeito das propriedades mecânicas na carbonatação do concreto,
Huang e Yang (2002, p.16) descrevem que a profundidade de carbonatação (para um teor de
CO
2
de 100%) decresce com o incremento da resistência à compressão axial do concreto,
como é mostrado na Figura 8. Os resultados foram obtidos em concretos convencionais com
relação a/agl de 0,48 e 0,58 e em concretos auto-adensáveis (a/agl 0,36 e 0,40), ambos
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
44
produzidos com adição de escória. Fattuhi
3
e Wierig
4
apud Huang e Yang (2002, p.16)
relatam que a profundidade de carbonatação decresce com a elevação da resistência à
compressão para todos os tipos de concreto, mas estas relações dependem do tipo de
cimento empregado e das condições de cura.
1,80
1,60
1,40
1,20
1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
30 40 50 60 70
Resistência à compressão (MPa)
Profundidade de carbonatação (mm)
1,80
1,60
1,40
1,20
1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
30 40 50 60 70
Resistência à compressão (MPa)
Profundidade de carbonatação (mm)
Figura 8: relação entre a profundidade de carbonatação (100% de
CO
2
) e a resistência à compressão dos concretos aos 28 dias (CHI,
HUANG e YANG, 2002, p.16)
Vieira (2003, p.193), também verificando o comportamento da resistência à compressão e da
profundidade de carbonatação
5
para concretos com diferentes teores de adição de sílica ativa
(0, 10 e 20%) constatou, para um mesmo teor de adição, um comportamento inversamente
proporcional entre a profundidade de carbonatação e a resistência à compressão. Fazendo a
comparação entre diferentes teores de adição, a profundidade de carbonatação passa a ser
proporcional à resistência, ou seja, embora a sílica ativa aumente a resistência à compressão,
verifica-se uma maior profundidade de carbonatação nos concretos com adição. Salienta-se
que o aumento da profundidade de carbonatação observado para relações água/aglomerante
menores do que 0,5 não é significativo frente ao acréscimo de resistência de 12% obtido com
a adição de 10% de sílica ativa.
3
FATTUHI N.J. Carbonation of concrete as affected by mix constituents and initial water curing period.
Materials of Constructions. vol. 19, no. 110, 1986, p. 131-136.
4
WIERIG H.J. Longtime studies on the carbonation of concrete under normal outdoor exposure. In:
Proceedings of the RILEM, Hannover University, 1984, p. 239-249.
5
Ensaio realizado com teor de CO
2
superior a 50%, UR em torno de 90% e Temperatura de 23 ± 2°C.
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45
2.3 ENSAIOS DE DURABILIDADE
Diversas abordagens referentes às questões da durabilidade do concreto são descritas na
literatura. A durabilidade de um material geralmente é referenciada de forma comparativa com
um outro material, apresentando caráter qualitativo. Uma maneira de se fazer essa estimativa de
forma quantitativa é através de elaboração de ensaios de durabilidade. Silva Filho (1994, p.24)
divide os ensaios de durabilidade em três grandes grupos e relata que, de forma geral, os
melhores resultados de ensaios vêm da consorciação dos três grupos. Com isto, busca-se
identificar as grandezas que interferem de forma decisiva no processo agressivo, investigando
seu comportamento, e procurando correlacionar os resultados obtidos com as observações
provenientes da análise de estruturas reais. Segundo o autor os ensaios de durabilidade podem
ser divididos em:
a) ensaios em laboratório: tentam reproduzir o efeito do ambiente sobre a
estrutura, simulando o mecanismo de agressão sob condições controladas;
b) ensaios acelerados: buscam, em ambiente de laboratório, acelerar o processo
de degradação por meio da utilização de um ambiente mais agressivo que o
natural;
c) ensaios microestruturais: voltados para o estudo da estrutura dos materiais
que sofrem os processos de degradação. Aproximam-se do enfoque da ciência
dos materiais, onde, por meio de um conhecimento profundo da microestrutura,
se busca aferir as propriedades macroscópicas do material.
Pela dificuldade de simular em laboratório a combinação das condições de longa duração
atuantes na estrutura real, a maior parte do conhecimento sobre os processos físico-químicos
responsáveis pela degradação do concreto vem de estudos de casos de estruturas em campo
(MEHTA e MONTEIRO, 1994, p.121).
Segundo Sentler (1987), a maioria dos ensaios de durabilidade avalia um simples parâmetro
de estudo, sem considerar a possível interação com outras características do material. O autor
sugere que, para representar as características ao longo do tempo de um material, sejam
elaborados ensaios a longo prazo.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
46
John (1987, p.51) relata que existem basicamente duas fontes de dados para o estudo da
durabilidade de uma estrutura: ensaios de envelhecimento natural e ensaios de
envelhecimento acelerados.
Como a durabilidade está relacionada com o desempenho ao longo do tempo de um
determinado material, num determinado ambiente, sob determinadas condições de serviço, a
estimativa da durabilidade de novos materiais é de difícil formulação (AÏTCIN, 2000, p.540).
Quanto se trata de estudar materiais ou componentes de características novas, ou de materiais
tradicionais em ambientes não comuns, é necessário recorrer a métodos de ensaios de
envelhecimento acelerado, de maneira a simular a experiência do material em uso (JOHN,
1987, p.51).
Para novos tipos de concretos, Aïtcin (2000, p.540) relata que a durabilidade pode ser
estimada usando ensaios acelerados que já foram normalizados. Salienta, ainda, que as
condições de laboratório representam razoavelmente as condições de campo, e que somente o
mecanismo destrutivo é acelerado. Outra maneira de se estimar a durabilidade é usar o
concreto em estruturas e escala natural, temporárias ou experimentais. O emprego destes
concretos em pequenos projetos também pode ser uma alternativa, visto que os riscos
financeiros não são muito significativos, e por meio da experiência e da confiança ganhas na
adequação do material, ele pode ser utilizado em obras cada vez mais elaboradas. Whiting
(1984
6
apud Aïtcin, 2000, p.541) apresenta uma outra abordagem, a qual consiste no estudo
de ruína de materiais similares ou correlatos, sob carga de serviço e ambientes normais, com o
objetivo de entender os mecanismos do processo de ruína.
Dentre as diferentes formas possíveis de se estimar as características de durabilidade do
concreto apontadas pela literatura, no capítulo seguinte será discutida com maior ênfase a
abordagem de ensaios de degradação ao natural e acelerados.
6
WHITING, D. In situ measurements of the permeability of concrete to chloride ions. ACI SP-82, p. 501-524,
1984.
__________________________________________________________________________________________
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47
2.3.1 Ensaios ao Natural
Os ensaios ao natural, também denominados de ensaios não acelerados, de campo ou de
longa duração, têm como princípio básico a exposição de amostras de concreto em ambiente
de degradação natural, conforme o uso a que se destina, em ambiente protegido ou
desprotegido das intempéries. Para a carbonatação do concreto, a condição de exposição das
amostras, como descrito no item 2.2.2.1, tem grande influência nos dados coletados, sendo
que os ensaios de degradação ao natural, em ambientes internos, tendem a apresentar maiores
profundidades de carbonatação.
Atualmente, a crescente preocupação com a durabilidade e necessidade da previsão da vida
útil das estruturas mobilizou muitas áreas de estudo e vários grupos de pesquisa, do Brasil e
do exterior, tomaram a iniciativa da criação de estações de campo para a verificação da
degradação das estruturas de concreto expostas a diferentes condições ambientais. A evolução
da degradação destes espécimes é monitorada ao longo do tempo, a fim de correlacionar os
dados com a degradação apresentada em ensaios acelerados e também com estruturas reais.
No Brasil há um projeto denominado DURACON
7
que visa caracterizar a durabilidade de
concretos expostos em condições ambientais reinantes na Iberoamérica
8
. A caracterização
será baseada na exposição de corpos-de-prova com e sem armadura, com relação
água/aglomerante de 0,65 e 0,45, degradados em, no mínimo, duas atmosfera distintas, sendo
uma marinha e outra urbana, em cada país ibero-americano participante.
Na etapa brasileira, em princípio, serão implantadas 4 estações de envelhecimento natural, em
localidades com diferentes condições ambientais, localizadas em Goiânia (GO)
9
, Natal (RN)
10
,
Rio Grande (RS)
11
e São Paulo (SP)
12
. Segundo Sato (2004), no Brasil, este projeto é pioneiro,
mas nos países desenvolvidos, trabalhos neste campo o realizados há mais de duas décadas. O
projeto tem orçamento e previsão de duração de 4 anos e tem como objetivo correlacionar a
durabilidade do concreto com as características do meio ambiente. Como resultado, prevê a
definição de mapas de agressividade às estruturas de concreto armado, tendo em vista o
7
Influência da ação do meio ambiente na durabilidade do concreto: Projeto DURACON, Brasil.
8
Da qual fazem parte os seguintes paises: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Espanha, México, Peru,
Portugal, Uruguai e Venezuela.
9
Atmosfera urbana, pouco poluída, com baixa umidade relativa e temperaturas elevadas o ano todo.
10
Atmosfera marinha e temperaturas elevadas o ano todo.
11
Atmosfera marinha, temperaturas amenas e períodos de frio.
12
Atmosfera urbana, extremamente poluída, com as estações do ano bem definidas.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
48
fenômeno de corrosão das armaduras. Até o presente momento, o início da exposição dos
corpos-de-prova à degradação natural não foi principiado.
A realização de ensaios de longa duração (ao natural) é extremamente importante, porém
apresenta grandes dificuldades de execução devido às variáveis espaciais e temporais
implícitas nos mesmos (ANDRADE, 1997, p.16).
Comparados aos ensaios acelerados, os ensaios ao natural oferecem algumas vantagens e
desvantagens. Dentre as vantagens, destacam-se a interação real com o meio agressivo, a
exposição às intempéries e a possibilidade de avaliação da degradação devido ao efeito
sinérgico dos agentes agressivos. Como desvantagens do emprego destes ensaios, John
(1987, p.56) destaca:
a) os componentes e os materiais não são testados na configuração de uso, fato
que dificulta a correlação com as condições reais de serviço;
b) não consideram os fatores de uso e a sinergia entre estes e os fatores
ambientais;
c) não representam a variação das condições de exposição, sendo difícil prever a
vida útil de uma população de estruturas.
Pode-se adicionar ainda as desvantagens referentes ao longo período de tempo necessário para
a realização dos ensaios e obtenção dos resultados, as mudanças do ambiente de exposição ao
longo do tempo e as alterações nas características dos materiais devido à evolução
tecnológica.
O quadro da Figura 9 apresenta uma síntese da problemática verificada durante a execução de
um ensaio de durabilidade ao natural e a realidade (verificada em estruturas existentes),
mostrando que os resultados obtidos devem ser interpretados com critério, evitando-se
generalizações.
Os ensaios de durabilidade ao natural, por exigirem um tempo elevado para a realização e
obtenção de resultados, no passado foram pouco empregados pelos pesquisadores,
havendo carência de literatura na área. Porém, nos últimos anos, a crescente preocupação
com a durabilidade das estruturas de concreto armado, aliada à necessidade de conhecer
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49
sua interação com o meio ambiente, vem gerando estudos que buscam estabelecer as
relações encontradas entre os dados de laboratório e os encontrados em obras reais
(DURACON, 2002).
Fator de análise Realidade Ensaio ao natural
População de produto Amostra
Produtos montados Produtos isolados
Produto
Mão-de-obra real Mão-de-obra ideal
Intensidade variável Intensidade fixa ou variável
Agente
Incidência de fatores de uso Fatores de uso desconsiderados
Fenômeno real Fenômeno simplificado ou real
Método de avaliação
Medida real Medida real ou a interpretar
Figura 9: síntese dos problemas enfrentados na aplicação de ensaios
ao natural (JOHN, 1987, p.57)
Um dos ensaios considerados até o presente momento como o mais longo teste de
envelhecimento em condições naturais, abrangeu um estudo em corpos-de-prova com
mais de 100 anos de idade submetidos a condições severas de exposição (atmosfera
marinha). Os resultados oriundos deste experimento mostram que, apesar do período de
tempo decorrido, a microestrutura dos espécimes mudava continuamente, com a formação
de diversos componentes na pasta e a dissolução de outros (SAKAI, 1996
13
apud
ANDRADE, 1997, p.16).
2.3.2 Ensaios Acelerados
Os ensaios acelerados em concreto simulam um processo de degradação natural, com
intensidade superior à esperada em condições normais de serviço. Geralmente são
desenvolvidos em laboratório, tendo como principal objetivo reduzir o tempo necessário para
que ocorra a deterioração do concreto devido a algum processo de degradação específico.
Esses processos de degradação são simulados a taxas superiores às encontradas em ambiente
natural, normalmente, com condições de umidade relativa e temperatura controlada. Segundo
CIB/RILEM (1983), neste tipo de ensaio, a degradação de um componente é intencionalmente
acelerada a taxas acima das esperadas em serviço.
13
SAKAI, K. Long-term performance concrete in a marine environment. In: Odd. E. Gjørv Symposium on
Concrete for Marine Structures. Proceedings… New Brunswick, 1996, p.35-53.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
50
Por exemplo, para o fenômeno de carbonatação do concreto, devido à baixa concentração de
CO
2
na atmosfera, o processo de carbonatação natural ocorre lentamente, sendo fundamental
para viabilizar estudos de durabilidade a elaboração de ensaios acelerados que possam
reproduzir o fenômeno em um tempo reduzido.
Os ensaios de envelhecimento acelerados são divididos, conforme seus objetivos, em dois
grupos (NIREKI, 1980):
a) avaliação da durabilidade relativa do material sob certas condições, não
considerando a relação entre as condições de envelhecimento e as condições de
uso;
b) avaliação da durabilidade sob certas condições de aceleração da degradação,
considerando o fator de aceleração
14
em relação às condições de uso.
Segundo John (1987), os ensaios acelerados que avaliam a durabilidade relativa do concreto
formam a grande maioria dos ensaios até hoje desenvolvidos. Estes ensaios possibilitam, em
condições idênticas de exposição, a comparação dos resultados do concreto ensaiado com os
resultados de um concreto padrão. Já os que consideram o fator de aceleração em relação às
condições de uso visam fornecer uma estimativa de vida útil, pois relacionam, por meio do
fator de aceleração, a degradação apresentada em laboratório (acelerada) com a esperada de
campo (não acelerada). Contudo, conforme a ASTM E - 632 (AMERICAN SOCIETY FOR
TESTING MATERIALS, 1996), a relação entre tais fatores raramente é simples, pois tanto a
complexidade existente entre as formas de degradação que ocorrem na prática quanto a
conseqüente dificuldade de se modelar tal comportamento em laboratório são condicionantes
do sucesso dessa linha de investigação.
O CSTC/IC-IB/SECO (1979) sintetiza os problemas de confiabilidade enfrentados em ensaios
de durabilidade acelerados, traduzidos na forma de discordâncias entre a situação real e a
simulada por ensaios acelerados. Na primeira situação destacam-se, principalmente, o produto
(no caso a estrutura e a mão-de-obra) e as interações entre os agentes agressivos e suas
intensidades, pois se trata de um fenômeno de degradação real. No segundo caso são
contestados o produto (no caso o corpo-de-prova e a mão-de-obra especializada) e os agentes
14
Fator de aceleração: relação da degradação acelerada e não acelerada. O item 2.3.3 descreve estes coeficientes
traduzindo-os como coeficientes de aceleração.
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Edna Possan (epossan@hotmail.com) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
51
agressivos que, por sua vez, são isolados, com intensidade fixa e normalmente superior a real
resultando na reprodução de um fenômeno de degradação simplificado.
Na correlação da realidade com a tentativa de simulação acelerada do fenômeno agressivo,
nota-se a existência de diferenças expressivas entre as duas situações, mostrando que, antes do
início de um ensaio de degradação acelerada, deve-se verificar se o comportamento dessa
simulação reflete a magnitude do fenômeno real.
É importante ressaltar que são necessários cuidados na extrapolação dos resultados dos
ensaios acelerados para condições reais de exposição, não somente porque a carbonatação das
estruturas é fortemente influenciada pelo teor de umidade do concreto, que em condições reais
de exposição é especialmente afetada pela molhagem por chuvas e secagem por insolação e
vento, mas também porque as altas concentrações de CO
2
dos ensaios acelerados distorcem os
fenômenos (NEVILLE, 1997, p.502). Segundo Isaia, Vaghetti e Gastaldini (2001), nos
ensaios com o objetivo de acelerar as reações de carbonatação, as pesquisas de laboratório
empregam câmaras condicionadas com atmosfera rica em gás carbônico, com concentrações
de CO
2
que variam entre 1% a 100%. Este fato denota a falta de padronização dos ensaios o
que, conseqüentemente, dificulta a correlação dos resultados de pesquisas da área. Outros
intervenientes para a simulação do ensaio de carbonatação são a variação dos períodos de cura
e o ambiente a que os concretos são submetidos antes da realização do ensaio.
Por outro lado, entre as vantagens apresentadas na utilização dos ensaios acelerados
destacam-se o rígido controle do ambiente de exposição e a precisão da tomada de medidas,
devido à possibilidade de utilização de equipamentos sofisticados no monitoramento. Para
John (1987, p.55) esse tipo de método é insubstituível, já que seu uso é um imperativo para
estudos de durabilidade de materiais novos.
2.3.3 Coeficientes de Carbonatação e de Aceleração
Primeiramente, define-se que o coeficiente de carbonatação (k
c
) é a relação da profundidade
carbonatada de um concreto em função da raiz quadrada do tempo de exposição ao CO
2
,
expresso, normalmente, em mm/ano
0,5
ou mm/semanas
0,5
. Já o coeficiente de aceleração (α
c
)
é adimensional e expressa o número de vezes que o ensaio acelerado representa a degradação
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
52
natural, sendo relativo aos concretos estudados e às condições de exposição impostas nos dois
procedimentos de ensaio.
O estudo da carbonatação em estruturas de concreto armado, elaborando ensaios de
degradação acelerados e ao natural, vem sendo realizado por pesquisadores de vários países,
(HAMADA, 1969; HO e LEWIS, 1987; DHIR, HEWLETT e CHAN, 1989;
KAZMIERCZAK, 1995; LIMA, 1999; ISAIA, VAGHETTI e GASTALDINI, 2001, entre
outros). A maioria dos trabalhos busca somente a determinação dos coeficientes de
carbonatação (k
c
)
15
, obtidos com base na equação da raiz quadrada do tempo, onde cada
mistura e procedimento de ensaio (acelerado e natural) apresenta um coeficiente. Dentre os
trabalhos pesquisados, poucos fazem referência ao tema ou buscam a determinação dos
coeficientes de aceleração (α
c
), destacando os esforços de HAMADA (1969), HO e LEWIS
(1987) e CEUKELAIRE e NIEUWENBURG (1993).
A preocupação com a durabilidade das estruturas de concreto armado expostas ao ambiente
natural de degradação por carbonatação, bem como os primeiros trabalhos na área, tiveram
início no Japão em 1907, quando o Dr. Riki Sano iniciou um estudo que englobava a
verificação da corrosão das armaduras despassivadas por carbonatação, com e sem inibidores
de corrosão, inseridas em diferentes concretos expostos em distintas atmosferas. Hamada
(1969, p.345), apresentando os dados coletados pelo Dr. Riki Sano, após 20 anos de
exposição, aplicou a equação simplificada representativa da primeira lei de Fick
16
, para a
estimativa da profundidade de carbonatação ao longo do tempo. O pesquisador encontrou,
para um concreto com relação água/cimento de 0,60, um coeficiente de carbonatação (k
c
) de
7,2 mm/ano
0,5
.
Em estudo preliminar da carbonatação acelerada e ao natural de concreto com altos teores de
pozolana, Isaia, Vaghetti e Gastaldini (2001) realizaram ensaios acelerados em corpos-de-
prova de concreto condicionados em câmara de carbonatação com teor de CO
2
de 10% após
4, 8, 12 e 16 semanas e, de carbonatação ao natural, com corpos-de-prova expostos ao
ambiente de laboratório por um período de 2 anos, fazendo medições após 6, 12 e 24 meses.
A relação entre os coeficientes de carbonatação dos ensaios acelerados e ao natural foi, em
15
Os coeficientes de carbonatação também são apresentados na literatura como “kco
2
ou somente “k”.
16
A primeira lei de Fick ou lei da difusão (Adolph Fick, fisiologista alemão, 1856) estabelece que para um
processo de difusão molecular unidimensional, o fluxo de massa de um soluto é proporcional ao gradiente de sua
concentração. Para a carboantação do concreto, a equação e
c
=k.t
½
(abordada com maior ênfase no item 3.3) é
uma forma simplificada desta lei.
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Edna Possan (epossan@hotmail.com) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
53
média, para concretos com até 25% de pozolanas, de 1,0 mm/semana
0,5
=1,0 mm/ano
0,5
. Para
concretos com teores elevados de pozolanas (50%), os coeficientes de carbonatação obtidos
dos ensaios acelerados apresentam valores 3,6 vezes maiores que os dos ensaios de
carbonatação ao natural (1,0 mm/semana
0,5
=3,6 mm/ano
0,5
). Os autores ressaltam que os
resultados obtidos sofreram influência da porosidade do concreto, do teor de pozolana e do
tipo de ensaio. Para Isaia (1999, p.16), a variação das taxas utilizadas nos ensaios de
carbonatação influi no resultado final, de modo que as conclusões encontradas, quando se
emprega determinada concentração de CO
2
, são restritas àquelas condições de ensaio. Outro
fator que dificulta essa correlação são as alterações referentes aos procedimentos de cura das
amostras, pois segundo Vaghetti, Isaia, e Gastaldini (2001, p.1) o efeito da cura em concretos
produz uma série de influências nas propriedades micro e macroestruturais. Estas
propriedades estão associadas ao mecanismo de transporte de fluídos através dos poros ou das
fissuras, bem como ao conteúdo de água dos mesmos, interferindo na durabilidade do
material.
Com relação à determinação dos coeficientes de carbonatação, além dos trabalhos acima
citados, destacam-se os estudos elaborados por Roy (1999), Venquiaruto (2002), Vaghetti
(1999), Uomoto e Takada (1993), Isaia (1995) e Figueiredo (2004), entre outros.
A maior dificuldade na correlação dos dados e determinação dos coeficientes de aceleração
de testes de degradação natural e acelerado está atrelada à grande variabilidade dos resultados
e à falta de padronização dos procedimentos das duas abordagens de ensaio. A variabilidade
dos resultados, em geral, é decorrente das alterações climáticas do ambiente de exposição e
das constantes mudanças dos materiais constituintes do concreto. As pesquisas elaboradas
tentando correlacionar estes ensaios empregam na carbonatação acelerada diferentes teores de
CO
2
, temperatura e umidade relativa variadas, tempo de cura e de sazonamento distintos ou as
vezes inexistentes, diferentes dimensões e formas das amostras, entre outros fatores que
afetam o fenômeno de carbonatação. Por outro lado, os ensaios de degradação natural são
realizados em diferentes ambientes, com fatores climatológicos não controláveis, sofrendo
influência das variações de temperatura, umidade relativa, precipitação, radiação solar, teor de
CO
2
, ciclos de molhagem e secagem e tipo de exposição (protegido ou desprotegido da
chuva). Alguns destes fatores que interferem no ensaio natural são de difícil obtenção,
principalmente no que se refere à concentração de CO
2
da atmosfera, a qual geralmente não é
monitorada pelas estações de controle da qualidade do ar ou de metereologia. Verdú (1963)
salienta que existe uma grande dificuldade em encontrar relação entre os ensaios acelerados e
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
54
o comportamento do concreto na realidade, sendo freqüente a necessidade de recorrer a
ensaios de longa duração em condições totalmente reais por ser muito difícil de reproduzi-las
em laboratório. Com relação à representatividade dos ensaios, Kazmierczak (1995, p.18)
relata que diversos pesquisadores afirmam que os resultados de ensaios de carbonatação
acelerados com a utilização de teores elevados de CO
2
apresentam ótima correlação com os
resultados de longa duração, com concentrações normais de CO
2
(YING-YU e QUI-DONG,
1987
17
; PAPADAKIS, FARDIS e VAYENAS, 1992
18
; ANDRADE, et al., 1988
19
, todos
citados por KAZMIERCZAK, 1995, p.18).
Hamada (1969, p.346), utilizando uma câmara de carbonatação com concentração de dióxido
de carbono de 15%, efetuou estudos em alguns traços de concreto, correlacionando os
resultados de 1, 6 e 12 meses de ensaio acelerado, com os resultados obtidos em 0,5, 1 e 6,5
anos de exposição ao natural. O pesquisador encontrou boas correlações entre os resultados,
concluindo que o ensaio de carbonatação acelerado representa adequadamente o fenômeno,
equivalendo, aproximadamente, a uma aceleração de 40 vezes do processo de degradação
natural.
Na Austrália, Ho e Lewis (1987), em um estudo de carbonatação de concretos com e sem
adição de cinza volante, encontraram, para a idade de 1 ano de exposição ao natural, a
correlação equivalente a uma semana em câmara de carbonatação com concentração de CO
2
de 4±0,5%, com UR de 50% e temperatura de 23
o
C. Os pesquisadores apresentam o
coeficiente de correlação dos dados após um ano de ensaio natural e uma semana de ensaio
acelerado, como é mostrado na Figura 10. Pelo diagrama, existe correlação entre os ensaios
realizados em curtos períodos de tempo com os ensaios naturais de longos intervalos de
tempo, mostrando que o comportamento do fenômeno de carbonatação foi reproduzido no
ensaio acelerado.
17
YING-YU, L.; QUI-DONG, W. The mechanism of carbonation of mortars and the dependence of carbonation on
pore structure. In: CONCRETE DURABILITY, Detroit, 1987. Proceedings… Detroit, ACI, 1987. p. 1915-43.
18
PAPADAKIS, V. G.; FARDIS, M. N.; VAYENAS, C. G. Hydration and carbonation of pozzolanic cements.
ACI Materials Journal, n. 89, p.119-130, 1992.
19
ANDRADE, C.; ALONSO, C.; BACLE, B.; RODRIGUEZ, J. Accelerated testing methodology for evaluating
carbonation and chloride resistance of concrete coatings. In: FIP SUMPOSIUM, Israel, 1988. Proceedings…
Jerusalem, s.ed., p.61-67.
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55
Carbonatação acelerada - 4 semanas de
exposição em 4% de CO
2
Carbonatação natural - um ano de
ex
p
osição
(
mm
)
0
10
Correlação 1,3
10
5
15
15
5
Figura 10: resultados dos ensaios de curta duração e de longa duração
para diferentes tipos de concreto (HO & LEWIS, 1987, p.493)
Em outro trabalho, Ho e Lewis (1988, p.859) relatam que a estimativa da carbonatação dos
concretos em estruturas reais ou em testes acelerados vem sendo empregada em diversas
pesquisas (DHIR, JONES e MUNDAY, 1985
20
; HO e LEWIS, 1987
21
; CURRIE, 1987
22
).
Estas pesquisas indicam que os resultados de carbonatação acelerada C
a
podem ser
correlacionados com os resultados de exposição natural C
n
, considerando-se os fatores
α
e
β
,
conforme a equação 3.
C
a
=
α
.
β
.C
n
equação 3
O fator
α
correlaciona a diferença da concentração de CO
2
entre a câmara acelerada
23
e a do
laboratório, em iguais condições de umidade relativa e temperatura. O fator
β
correlaciona as
condições de exposição do ambiente de laboratório (interna) com a natural (externa). Ho e
Lewis (1987) determinaram um
α
de 7,2 para UR de 50% e temperatura de 20°C. O valor
20
DHIR, R.K.; JONES, M.R.; MUNDAY, J.G.L. Concrete. 19(10), 32, 1985.
21
HO, D.W.S.; LEWIS, R.K. Durability of Building. Materials. v. 4, 241, 1987.
22
CURRIE, R.J. Carbonation depths in structural-quality concrete. Building Resistance. Establishment Report,
Garston, v. 19,1987.
23
O autor faz referência à concentração de CO
2
de 4%.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
56
apropriado de
β
, obtido através de ensaio de carbonatação natural, no momento da publicação
do artigo, ainda estava sendo determinado, mas com um ano de ensaio natural, os autores
citam que a carbonatação foi cerca de 30 a 55% menor que a de concretos similares em
ambiente de laboratório.
O estudo da carbonatação de concretos produzidos com cimento composto com escória de
alto forno e a correlação de profundidade carbonatada ao longo do tempo, para diferentes
teores de CO
2,
foi estudada por Ceukelaire e Nieuwenburg (1993, p.442). Os pesquisadores
realizaram ensaios de carbonatação em câmara climatizada, com temperatura de 20°C e UR
de 90%, contendo os teores de CO
2
de 10% (atmosfera saturada) e 0,03% (atmosfera natural).
As idades de exposição ao CO
2
, com concentração de 0,03%, de 333, 392 e 575 dias,
conferiram uma profundidade de carbonatação média de 3,3; 3,5 e 4,1 mm, respectivamente.
Para o teor de CO
2
de 10% a profundidade de carbonatação foi aferida aos 21 dias
correspondendo a 4,9 mm. Empregando a equação simplificada da raiz quadrada do tempo
(e
c
=k.t
½
), os autores encontraram, com o ajuste dos pontos de carbonatação, para o teor de
CO
2
de 0,03%, um valor de “k
24
igual a 0,176, como mostra a Figura 11.
0 200 400 600 800 1000
tempo (dias)
0
1
2
3
4
5
6
carbonartação (mm)
775
4.9
dias
mm
P
1
Figura 11: ajuste da curva para a carbonatação com CO
2
de 0,03%
(CEUKELAIRE e NIEUWENBURG, 1993, p.446)
A partir do valor de “k” os autores fizeram a extrapolação da curva de ajuste dos pontos de
carbonatação encontrados no ensaio com teor de CO
2
de 0,03%. Deste modo, foi então
calculado o tempo hipotético necessário para que se atingisse a profundidade de carbonatação
24
Coeficiente de carbonatação.
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57
de 4,9 mm. Tal profundidade foi encontrada após 21 dias de ensaio acelerado com teor de
CO
2
de 10%. Na Figura 11 o ponto P
1
destaca que, para condições de exposição ao CO
2
de
0,03% (concentração normal), a profundidade de carbonatação de 4,9 mm seria alcançada em
775 dias
.
Essa dedução é relativa, além de ser baseada no ajuste de apenas três pontos os quais estão
susceptíveis a pequenos erros. A extrapolação destes dados para ambientes com condições
ambientais reais, sujeitos à ação do vento, chuva, variação da umidade relativa e temperatura
requer cautela (CEUKELAIRE e NIEUWENBURG, 1993, p.446).
Kazmierczak (1995) estudou a relação da velocidade de carbonatação do ensaio acelerado e
ao natural, em corpos-de-prova confeccionados com argamassa e armazenados em câmara de
sazonamento até o alcance do equilíbrio da umidade interna dos concretos com a umidade da
câmara de carbonatação. Para essa determinação, os corpos-de-prova de degradação ao
natural foram expostos no ambiente do laboratório, com temperatura de 20±2°C e UR entre
70 e 80%. Os resultados mostram que um tempo de exposição ao CO
2
de 180 minutos é
equivalente a 365 dias de exposição ao natural. O autor afirma que a velocidade de
crescimento da frente de carbonatação do ensaio acelerado, em corpos-de-prova de
argamassas submetidos a teores muito elevados de CO
2
(até 100%), apesar das alterações
geradas na estrutura interna da pasta carbonatada decorrentes da alta velocidade das reações,
apresenta uma ótima correlação (em torno de 99%) com exemplares protegidos da chuva e
expostos ao ar (com teores de CO
2
na ordem de 0,03% a 0,1%).
Procurando avaliar o desempenho da adição de escória de alto forno na durabilidade dos
concretos quanto à degradação por carbonatação e correlacionar os resultados com os ensaios
acelerados e ao natural, Lima (1999) optou pela utilização de ensaios acelerados em câmara
de carbonatação conforme especificações da RILEM/CPC – 18 (1984) durante um período de
oito semanas. Para os ensaios ao natural, a pesquisadora manteve os corpos-de-prova em
ambiente de laboratório por um ano, na cidade de Barcelona, Espanha. Os resultados obtidos
neste trabalho mostraram que existe certa diferença no progresso da carbonatação dos testes
acelerados e os ao natural. Porém, o trabalho não aponta os coeficientes de aceleração entre os
ensaios.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
58
Os resultados apresentados por Lima (1999), reproduzidos na Figura 12, mostram a tendência
de comportamento entre os dois procedimentos de ensaios, indicando que o ensaio acelerado
empregado representa o fenômeno de degradação por carbonatação.
1234567891
Ciclos
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Profundidade de carbonatação (mm)
EAF acelerado
RAF acelerado
EAF não acelerado
RAF não acelerado
Figura 12: profundidade de carbonatação obtida por ensaios
acelerados e ao natural (baseado em LIMA, 1999)
As nomenclaturas EAF e RAF são referentes aos concretos produzidos com escória como
agregado miúdo e como agregado graúdo, respectivamente. Os ciclos representam a idade em
que foram efetuadas as medidas de profundidade de carbonatação, conforme é mostrado na
Tabela 1.
Tabela 1: períodos de realização dos ensaios
Ensaios de degradação
acelerado ao natural
(ciclos)
(dias) (dias)
1 7 0
2 14 7
3 21 28
4 28 90
5 35 135
6 42 180
7 49 240
8 56 365
A ASTM E-632 (AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS, 1996) relata
que a determinação dos coeficientes de aceleração entre os danos oriundos dos ensaios de
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Edna Possan (epossan@hotmail.com) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
59
degradação ao natural e dos acelerados não é uma tarefa simples. A dificuldade da obtenção
desta correlação está relacionada à complexidade existente entre as formas de degradação que
ocorrem no ambiente natural e à grande dificuldade de modelar este comportamento em
laboratório. Para Li e Chau (2004), com a determinação da relação entre o processo de
degradação natural e acelerado, os ensaios de durabilidade acelerados podem prover a base
para a determinação da previsão da vida útil das estruturas de concreto.
O ACI 365 (AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 2000, p.18) enfatiza a importância da
determinação da correlação entre os ensaios acelerados e ao natural, e apresenta uma
formulação para a obtenção do coeficiente de aceleração
25
, conforme mostra a equação 4.
LT
AT
c
R
R
=
α
equação 4
Onde:
α
c
= fator de aceleração.
R
AT
= taxa de degradação obtida em ensaios acelerados (AT – accelerated test).
R
LT
= taxa de degradação obtida em ensaios ao natural de serviço (AL – long-term).
Se a relação entre as taxas é não-linear, recomenda-se a modelagem matemática do
mecanismo de degradação para estabelecer esta relação (AMERICAN CONCRETE
INSTITUTE, ACI 365, 2000, p.18).
A formulação acima proposta é simples, porém devido à dificuldade de obtenção das taxas de
degradação acelerada e natural, a determinação dos coeficientes de aceleração não pode ser
encarada como uma tarefa de fácil realização.
Utilizando a simulação de Monte Carlo
26
, Ramezanianpour, Tarighat e Miyamoto (2003, p.152)
modelaram os resultados de profundidade de carbonatação acelerada fazendo a calibração do
modelo com dados de carbonatação de campo. Devido ao crescente interesse de pesquisas na
área de gerenciamento de sistemas, os autores afirmam que o programa desenvolvido pode
25
O ACI 365 (2000) denomina estes coeficientes como fator de aceleração.
26
O método de Monte Carlo é um método de amostragem artificial utilizado na solução de experimentos
aleatórios onde se tem conhecimento das distribuições de probabilidade das variáveis envolvidas (PULIDO et
al., 1992).
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
60
ajudar na fase de projeto na determinação da espessura de cobrimento, na tomada de decisão
para métodos de reparo e na previsão probabilística da frente de carbonatação do concreto.
Também pode ser usado nas teorias de confiabilidade para encontrar a probabilidade de falha
em um determinado tempo futuro. Os autores colocam que a modelagem da carbonatação do
concreto para inserção na fase de projeto exige a introdução de modelos de previsão simples,
mas com potencialidade estrutural e de durabilidade.
Na literatura pesquisada não foram encontrados estudos referentes à determinação de
coeficientes de aceleração para a degradação do concreto com adição de sílica ativa. Tal fato
aponta uma lacuna nesta área de conhecimento, a qual deve ser explorada a fim de se
conseguir uma maior aproximação entre ensaios acelerados e ao natural, contribuindo ainda
para a previsão de vida útil das estruturas de concreto armado.
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Edna Possan (epossan@hotmail.com) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
61
3 PREVISÃO DE VIDA ÚTIL
3.1 GENERALIDADES
A definição de vida útil é apresentada em vários trabalhos (JOHN, 1987; ACI 201, 1991;
HELENE, 1993; SILVA FILHO, 1994; ANDRADE, 1997; NBR 6118, 2003, entre outros).
Helene (1993, p.48) define como o período de tempo no qual a estrutura é capaz de
desempenhar as funções para as quais foi projetada. Uma definição mais abrangente é
apresentada por Brandão e Pinheiro (1999, p.13) onde vida útil é definida como o período de
tempo durante o qual a estrutura mantém condições satisfatórias de uso, preenchendo as
finalidades para as quais foi projetada, sem a necessidade de manutenção dispendiosa. O
comitê do ACI 365 (AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 2000, p.2) define a vida útil de
uma estrutura ou material componente como o período de tempo decorrido após a instalação
(ou no caso do concreto, lançamento) durante o qual todas as propriedades excedem os
valores mínimos aceitáveis com manutenção rotineira.
Em definição mais recente, a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2003), no item 6.2, define vida útil de projeto como o período de tempo durante
o qual se mantêm as características das estruturas de concreto, desde que atendidos os
requisitos de uso e manutenção prescritos pelo projetista e pelo construtor, bem como de
execução dos reparos necessários decorrentes de danos acidentais. A referida norma ressalta
que o conceito de vida útil aplica-se à estrutura como um todo ou às suas partes. Assim,
determinadas partes ou componentes das estruturas podem merecer consideração especial
com valor de vida útil diferente do todo.
Nota-se que, nas definições, está inserida a variável "tempo" ou "período". Deste modo, a vida
útil de uma estrutura permite quantificar e mensurar (em anos) a expectativa de duração de
um determinado empreendimento ou de suas partes.
A aplicabilidade das formulações propostas para correlacionar os fatores que influenciam na
previsão de vida útil está diretamente associada à efetiva validação das mesmas com
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
62
resultados oriundos de análise de fenômenos reais (ANDRADE, 2001 p.15). O autor também
salienta que a curva de predição de vida útil das estruturas não pode ser considerada de uma
maneira simplista, em virtude da grande quantidade de fatores intervenientes nos processos de
degradação. Mehta (1994) apresenta a curva de comportamento de uma estrutura frente à vida
útil, propondo a abordagem ilustrada na Figura 13.
Dano
Vida útil
Limite aceitável de dano
Vida útil de uma estrutura com um
limite de dano aceitável D
Propagação do dano
Iniciação do dano
Aumento gradual de permeabilidade
Estágio 1 Estágio 2
D
Figura 13: vida útil das estruturas de concreto (MEHTA, 1994, p.30)
Segundo Mehta (1994, p.20) a vida útil de uma estrutura não pode ser descrita como tendo
uma forma linear, onde há clara tendência de comportamento. Segundo o modelo proposto, o
concreto permanecerá em perfeito estado, enquanto a permeabilidade do mesmo permanecer
baixa (AÏTCIN, 1994, p. 86). Devido ao efeito das condições ambientais, de carregamento e
da interação dos mesmos com a estrutura do concreto, os agentes de degradação penetram no
seu interior, dando início aos processos de deterioração. Em função da quantidade
considerável de efeitos que tais processos possam causar, o comportamento de degradação de
uma estrutura estaria melhor representado pela área hachurada da Figura 13.
No que se refere à corrosão das armaduras das estruturas de concreto, Ahmad (2003) faz uma
revisão dos principais mecanismos, técnicas de monitoramento e metodologias utilizadas para
a previsão de vida útil das estruturas. O autor separa os principais fatores que afetam a
corrosão das armaduras no concreto em fatores externos e internos. Os primeiros incluem
principalmente as condições ambientais, tal como a disponibilidade de oxigênio e umidade na
superfície do aço, a umidade relativa do ar e a temperatura, a penetração de gases e íons
agressivos e ação bacteriana. Os fatores internos incluem parâmetros de qualidade do aço e do
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63
concreto, quantidade e composição do cimento, qualidade dos agregados, da água de mistura
e da água de cura, proporcionamento dos materiais, relação água/cimento, dimensão dos
agregados, práticas construtivas, espessura de cobrimento da armadura, composição química e
estrutura do aço.
Muitos pesquisadores realizam trabalhos com o intuito de estabelecer curvas de
comportamento ao longo do tempo das estruturas de concreto. Um dos principais focos dos
trabalhos está relacionado à corrosão de armaduras (TUUTTI, 1982; BROOMFIELD, 1998;
NEPOMUCENO, 1992; HELENE, 1993; BAUER, 1995). A maioria dos modelos de previsão
leva em consideração o modelo apresentado por TUUTTI (1982), mostrado na Figura 14.
Iniciação
Propagação
Vida útil
CO
2, Cl
O
2, T, UR
-
Tempo
Desempenho
Figura 14: modelo de vida útil para estruturas atacadas pela corrosão
de armaduras (TUUTTI, 1982)
Tal modelo considera que a degradação das estruturas ocorre basicamente em dois períodos:
a) período de iniciação: corresponde ao intervalo de tempo necessário para que
os agentes agressivos penetrem através do cobrimento do concreto até
atingirem as armaduras. Durante esta fase não há perda da funcionalidade das
estruturas, mas alguma barreira de proteção foi quebrada devido à penetração
de agentes agressivos no interior dos elementos. Como exemplo, pode-se
destacar o avanço da frente de carbonatação, penetração de cloretos, o acúmulo
de sulfatos e a lixiviação do concreto;
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
64
b) período de propagação: nesta fase os fenômenos de degradação agem
efetivamente, promovendo diversas manifestações patológicas nas estruturas.
Helene (1993, p.50) adaptou o modelo clássico apresentado por TUUTTI (1982) para definir
de forma objetiva as diferentes fases da vida útil das estruturas de concreto armado atacadas
por corrosão das armaduras, como é mostrado na Figura 15.
Tempo
Desempenho
despassivação
manchas
fissuras
destacamentos
mínimo de
projeto
mínimo de
serviço
mínimo de
ruptura
redução da secção
perda de aderência
vida útil de projeto
vida útil de serviço 1
vida útil de serviço 2
vida útil última ou total
vida útil residual
vida útil residual
Figura 15: conceituação de vida útil das estruturas de concreto armado
tendo como referência o fenômeno de corrosão das armaduras
(HELENE, 1993, p.50)
Conforme o modelo apresentado, a vida útil de uma estrutura de concreto armado atacada pela
corrosão das armaduras pode ser dividida em três fases distintas:
a) vida útil de projeto: corresponde ao período de tempo necessário para que
ocorra a despassivação da armadura;
b) vida útil de serviço ou utilização: é o período em que aparecem manchas de
corrosão ou ocorrem fissuras no concreto de cobrimento;
c) vida útil última ou total: corresponde ao período de tempo que vai até a
ruptura ou colapso parcial ou total da estrutura.
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65
O ACI 365 (AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 2000, p.2) considera que a vida útil
final ou última de uma estrutura ou elemento de concreto armado pode ser estimada quando:
a) a segurança estrutural estiver comprometida devido à degradação dos materiais
ou a capacidade de carga exceder as consideradas em projeto;
b) os materiais apresentarem degradação severa (como corrosão das armaduras);
c) os custos de manutenção excederem os custos de construção;
d) a estrutura se apresentar obsoleta (no campo estético ou funcional);
e) a capacidade funcional da estrutura não atender à demanda (por exemplo, um
estádio de futebol).
3.2 ABORDAGENS PARA PREVISÃO DE VIDA ÚTIL
Atualmente, encontram-se diversas formulações para a previsão da vida útil das estruturas.
Porém tem-se dificuldade na validação destas propostas, fato justificável pelo número de
variáveis que envolvem o processo. Os modelos de deterioração podem ser classificados, em
função da forma que foram desenvolvidos, em modelos empíricos e modelos analíticos. Os
modelos empíricos são baseados em dados provenientes de ensaios em laboratório ou dados
reais provenientes de inspeções. Os modelos analíticos estão baseados no ajuste de equações,
em função de dados obtidos em inspeções, e na grande maioria são baseados na segunda lei de
Fick, a qual considera hipóteses adicionais, e pode ser empregada na forma de equação
matemática.
A vida útil de uma estrutura pode ser estimada por meio da utilização dos métodos de análise
de durabilidade. Segundo Helene (1997) existem quatro métodos de previsão de vida útil de
estruturas de concreto: com base em experiências anteriores, ensaios acelerados, métodos
determinísticos e métodos estocásticos ou probabilistas. Embora sejam tratados
separadamente, segundo o ACI 365 (AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 2000, p.18),
freqüentemente os mesmos são usados em combinação.
A metodologia mais simplista é a que tem como princípio básico o acúmulo de experiência e
conhecimento na área que pode ser classificada como semiquantitativa, sendo um método
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
66
com pouca fundamentação teórica, pois se baseia apenas na análise de resultados anteriores. A
antiga NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1986)
propunha os valores de cobrimentos mínimos baseados neste método.
A previsão de vida útil baseada em experiências anteriores se tornou possível pelo acúmulo de
conhecimento e experiência adquiridos na elaboração de testes de campo e de laboratório.
Este método emprega conhecimentos empíricos e heurísticos, a qual gerou grandes
contribuições para a formação da base das normas de concreto (AMERICAN CONCRETE
INSTITUTE, ACI 365, 2000, p.18). Porém, com os avanços tecnológicos, que
freqüentemente inserem novos materiais no mercado construtivo, e com o aumento da
severidade do ambiente natural, as aproximações de vida útil baseadas nesta abordagem são
de difícil realização e podem levar a incoerências.
Em 1978, a ASTM E-632 (AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS, 1996)
introduziu o método de previsão com base em ensaios acelerados, cuja prática consiste na
definição do problema, elaboração de pré-teste, realização do ensaio e interpretação e análise dos
dados. Esse método, segundo Helene (1997), tem melhor aplicação em estudos de produtos
orgânicos e é de difícil aplicação em projetos de estruturas de concreto. Entretanto, o ACI 365
(AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 2000, p.18) relata que estes testes, se bem projetados,
executados e interpretados, podem ajudar na previsão de desempenho e vida útil do concreto.
A previsão da vida útil através de métodos deterministas baseia-se nos mecanismos de
transportes de gases, massa e íons através dos poros do concreto. Estes métodos consideram a
qualidade do concreto e o caminho que o agente agressivo deve percorrer até chegar à
armadura, iniciando a deterioração.
Um enfoque recente de previsão de vida útil pode ser feito utilizando-se métodos estocásticos
ou probabilistas, tendo como premissa que a vida útil de uma estrutura não pode ser
precisamente estimada devido ao elevado número de fatores que envolvem o processo de
produção e degradação do concreto. Para tal, admitem-se distribuições normais ou Gaussianas
para as ações agressivas e log-normal ou normal para as resistências da estrutura. Os
princípios de confiabilidade são similares aos princípios clássicos de introdução dos
coeficientes de segurança no projeto de estruturas de concreto. Andrade (2001, p.2)
argumenta que as técnicas de confiabilidade devem ser aplicadas à previsão de vida útil das
estruturas de concreto armado, principalmente em função do nível de aleatoriedade
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epossan@hotmail.com) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
67
característico de uma grande parte dos fatores envolvidos. Verificando a influência da sílica
ativa na previsão da vida útil das estruturas de concreto armado através das técnicas de
confiabilidade, Andrade e Dal Molin (2002) concluem que, sem uma análise probabilística,
fica muito difícil estabelecer um valor adequado da VUMP
27
de uma estrutura que estará
inserida em uma determinada condição ambiental.
No que se refere aos métodos de previsão de vida útil, Cabral, Andrade e Dal Molin (2000)
avaliaram sistemas de reparo em concreto armado em estruturas atacadas por corrosão e
destacam que:
não existe ainda um método amplamente consagrado no meio científico para se
prever com uma adequada confiabilidade a vida útil de um elemento de concreto
armado. Em função do sinergismo existente entre as diversas formas de degradação
e as características macro e microscópicas do concreto, qualquer tentativa de
modelagem oferece apenas valores comparativos entre grupos de materiais
analisados, que podem ser empregados para a tomada de decisão na escolha para o
uso de uma situação específica. Além disso, os dados coletados são oriundos de
ensaios acelerados, onde a generalização dos resultados para situações reais de uso
devem ser revestidos de uma análise mais cuidadosa.
Para tanto, ensaios de durabilidade estão sendo realizados no sentido de entender os
mecanismos de deterioração e sua ação dentro das estruturas de concreto. Como resultado,
vários modelos de previsão de vida útil foram estabelecidos nos últimos anos. Esses modelos
possibilitaram um avanço no entendimento do comportamento do concreto armado ao longo
do tempo. No entanto, determinados modelos e formulações ainda são complexos, específicos
e de validade discutível.
Para o aprimoramento destes modelos, são necessários estudos específicos sobre o
comportamento das estruturas de concreto armado, no que se refere a mecanismos de
transportes de íons e gases, envelhecimento e influência das características do concreto. Além
disso, a criação de uma base de dados de ensaios acelerados e a determinação de coeficientes
de aceleração podem contribuir para melhorar as estimativas de vida útil das estruturas.
Saetta e Vitaliani (2004) relatam que é necessário assegurar uma vida útil adequada para as
estruturas de concreto armado ainda na fase de projeto. Porém, a dificuldade de projetar uma
nova estrutura para uma dada vida útil, ou de predizer a vida útil de uma estrutura existente,
só pode ser superada considerando a interação entre o material da estrutura (exemplo,
27
Vida útil média de projeto.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
68
concreto e aço) e o meio ambiente. Uma tarefa extremamente dependente das características
dos materiais e das condições de exposição.
Tecnicamente, segundo Saetta, Schrefler e Vitaliani (1995, p.1711), para a corrosão da
armadura, a vida útil de uma estrutura de concreto pode ser prevista por meio de modelos
matemáticos, onde os principais fatores de influência são a espessura e a qualidade do
cobrimento do concreto e as condições ambientais. Com relação ao emprego destes modelos,
os autores sugerem, para as estruturas existentes, uma avaliação das condições de segurança
utilizando os modelos de previsão do fenômeno de degradação ao longo do tempo para
planejar intervenções de manutenção e reparo. Para estruturas novas, os modelos de previsão
podem ser utilizados ainda na fase de projeto, por meio da simulação da evolução do
fenômeno de degradação, podendo oferecer subsídios para a determinação de uma mistura de
concreto capaz de garantir a vida útil de serviço especificada no projeto.
3.3 MODELOS DE PREVISÃO
Segundo Bauer (1995, p.60), existem muitos modelos com o objetivo de equacionar a
velocidade de carbonatação do concreto. Observa-se o uso de um grande número de fatores e
coeficientes específicos para determinados materiais, dispostos em certas condições
climáticas, o que torna difícil a obtenção de modelos com utilização geral.
Com relação aos modelos para previsão de vida útil em estruturas de concreto armado, Mehta
(1994, 18) relata que a modelagem dos parâmetros intervenientes nas diversas formulações é
difícil de ser realizada, em virtude da complexidade existente entre as formas de deterioração.
Segundo o autor existem três elementos chaves que devem ser levados em consideração no
momento de se tentar estabelecer um modelo confiável para predição da vida útil das
estruturas: uma definição precisa do material (concreto); uma devida caracterização do meio
ambiente e um arquivo de dados de resultados de ensaios acelerados de durabilidade. O autor
ressalta ainda que os ensaios acelerados disponíveis atualmente são inadequados para prever o
comportamento das estruturas de concreto observado em campo.
Com relação à carbonatação do concreto, os modelos que descrevem o fenômeno podem ser
separados em dois grupos; os que estimam a profundidade média e os que estimam um valor
__________________________________________________________________________________________
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69
máximo de carbonatação, levando em conta uma certa probabilidade de ser alcançado
(SILVA, 1998).
A estimativa da profundidade de carbonatação dos concretos pode ser efetuada pela equação
convencional da raiz quadrada do tempo
28
, que é uma simplificação da primeira lei de Fick,
mostrada na equação 5.
tke
c
=
equação 5
Onde:
e
c
= profundidade de carbonatação;
k = coeficiente de carbonatação, que depende da difusividade do CO
2
29
, do gradiente de
concentração do CO
2 2
30
e da quantidade retida de CO , em mm/ano ;
1/2
t = tempo decorrido.
Caso a estrutura apresente carbonatação inicial, pode ser empregado o modelo da equação 6,
adaptado por HO e LEWIS (1987).
tkee
c
+=
0
equação 6
Onde:
e
c
= profundidade de carbonatação;
e
0
= profundidade de carbonatação inicial;
k = coeficiente de carbonatação;
t = tempo de exposição.
O modelo da raiz quadrada do tempo não pode ser generalizado e aplicado em condições
diferentes da origem dos resultados (PAPADAKIS, VAYENAS e FARDIS, 1991b, p.363).
28
Modelo de estimativa da profundidade de carbonatação proposto por: KONDO, R.; DAIMON, M.; AKIBA, T.
(1968). Mechanism and kinetics of carbonation in hardened concrete. International Symposium on the Chemistry
of Cement, 5
th
, vol.3, Tokyo, p. 402-408.
29
Que depende do grau de umidade dos poros do concreto, ou seja, varia em função da umidade relativa do
ambiente.
30
É a quantidade de CO
2
que reagiu com produtos alcalinos da hidratação do cimento Portland formando
carbonatos. Para concretos de mesma permeabilidade e porosidade da pasta submetidos ao mesmo gradiente de
pressão ou concentração de CO
2, quanto maior a reserva alcalina, menor a profundidade de carbonatação.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
70
Essa expressão não se aplica com condições variáveis de exposição. Se a superfície do
concreto for exposta à umidade variável, com molhagem periódica, a velocidade de
carbonatação é reduzida devido à difusão mais lenta do CO
2
pelos poros saturados da pasta de
cimento. Por outro lado, partes protegidas de uma estrutura, como relatado anteriormente,
carbonatam com maior velocidade que as expostas à ação da chuva, visto que com a
molhagem, teoricamente, se reduz significativamente a velocidade de carbonatação. Helene
(1993, p.100) ressalta que, para interiores, nos quais as condições ambientais permanecem
praticamente constantes, esse modelo tem representado bem a realidade. No entanto, para
ambientes exteriores, a profundidade de carbonatação efetivamente encontrada tem sido
inferior ao previsto pelo modelo da equação 5.
A maioria dos modelos de previsão do avanço da carbonatação ao longo do tempo é baseada
nesta teoria (KROPP e HILSDORF, 1995, p.101). Porém, os autores descrevem que para
concretos com idades mais avançadas, a profundidade de carbonatação observada muitas
vezes é menor que a prevista pelo modelo que relaciona a
t
. Smolczyk (1969, p.369) cita
que a equação da raiz quadrada do tempo é uma aproximação da profundidade de
carbonatação, a qual se torna adequada para fins de extrapolação somente após um longo
período de carbonatação, ou seja, para concretos mais velhos. Guimarães (2000, p.62)
concorda com Smolczyk (1969) e relata que esse modelo só apresenta boa precisão após 10
anos de degradação natural da estrutura, sugerindo que, para períodos inferiores, o expoente
de t pode diferir de ½.
Smolczyk (1969, p.372) relata que essa relação pode não trazer bons resultados em situações
onde algumas propriedades do concreto agregam maior importância, como por exemplo, a
variação da porosidade em relação ao grau de hidratação do cimento e ao teor de umidade do
concreto. Desta forma, o autor propõe que a carbonatação em função do tempo seja obtida
pela equação 7. A formulação proposta por Smolczyk (1969) é baseada no modelo
apresentado na equação 5, porém considera que a profundidade de carbonatação do concreto é
função
n
t
, onde o expoente de t pode ser diferente de ½.
n
c
ttke
0
=
equação 7
__________________________________________________________________________________________
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71
Onde:
e
c
= profundidade de carbonatação;
k = coeficiente de carbonatação (mm/ano
0,5
);
t = tempo de exposição (anos);
t
0
= idade inicial da estrutura (anos);
n = parâmetro que depende do tipo de cimento, geralmente próximo de 1,7 para cimentos
Portland comum e de 2,0 para cimentos Portland de alto forno.
SMOLCZYK (1969, p.372) relata que a inclusão do tempo t
0
na formulação permite que o
modelo de estimativa de profundidade de carbonatação seja empregado em estruturas já
existentes, desde que se conheça a idade da mesma.
Hamada (1969, p.354) apresenta o modelo para estimativa de profundidade de carbonatação
mostrado na equação 8, que é complementado pelas equações 9 e 10.
2
2
c
e
R
k
t =
equação 8
2
250
315130
),ac(
)ac,(,
k
+
=
equação 9
sac
r.r.rR
=
equação 10
Onde:
t = tempo de exposição (anos);
e
c
= profundidade de carbonatação (cm);
k = coeficiente em função da relação água/cimento do concreto;
ac = relação água/cimento
R = coeficiente tabelado que depende do tipo de cimento (R
c
), tipo de agregado (R
a
) e ação do
agente na superfície (R
s
).
Tabela 2 apresenta os coeficientes (r
c
), (r
a
) e (r
s
) necessários para a utilização nas equações
acima, determinados por Hamada (1969).
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
72
Tabela 2: coeficientes de relação da profundidade de carbonatação
Cimento Portland
Cimento Portland com
escória de alto forno
Tipo de
cimento
Comum
Alta
resistência
inicial
Escória
30 - 40%
Escória
60%
Cimento
Portland
pozolânico
Cimento
Portland
com
20%cinza
volante c
(r
c
) 1 0,6 1,4 2,2 1,7 1,9
Tipo de
Agregado
Areia de rio
Areia de rio, brita de
pedra-pomes
areia e brita
de pedra-
pomes
Cinza (fina,
grossa)
(r
a
) 1 1,2 2,9 3,3
Superfície-
agente ativo
Normal (sem aditivo) Incorporador de ar
Redutor de
água
(plastificante)
(r
s
) 1 0,6 0,4
Fonte: Hamada (1969, p.354).
Jiang, Lin e Cai (2000, p.700) apresentam um modelo de estimativa da profundidade de
carbonatação, considerando que os fatores principais que afetam a carbonatação do concreto
são o tipo e quantidade de aglomerante, a relação água/aglomerante, o grau de hidratação, a
concentração de CO
2
e a umidade relativa. Tal modelo é mostrado na equação 11.
tC
Crr
,
Cr
W
)UR(e
chd
c
.
c 0
11
340
1839
=
equação 11
Onde:
e
c
= profundidade de carbonatação (mm);
UR = umidade relativa;
W = quantidade de água (kg/m³);
C = consumo de cimento (kg/m³);
C
0
= concentração de CO
2
(%);
r
c
= coeficiente que depende do tipo de cimento;
r
hd
= coeficiente do grau de hidratação;
t = tempo de exposição (dias).
Com relação aos modelos de previsão da profundidade de carbonatação, Kazmierczak
(1995, p.27) destaca que os mesmos apresentam utilização restrita e:
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epossan@hotmail.com) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
73
a observação do comportamento de estruturas antigas demonstra que dificilmente as
profundidades de carbonatação previamente estimadas são atingidas. Os modelos
propostos geralmente não contemplam adequadamente o efeito da saturação dos
poros pela incidência direta da chuva ou das variações do grau de saturação, devido
às oscilações sazonais de umidade relativa do ar e temperatura, nem as variações da
concentração de CO
2
existentes ao longo do tempo. Em conseqüência, a estimativa
da frente de carbonatação através desses modelos normalmente é superior à real.
Com base na literatura consultada, pode-se afirmar que existe uma certa dificuldade na
aplicação dos modelos para estimativa da profundidade de carbonatação, os quais, em sua
grande maioria, devido às simplificações, não refletem a intensidade do fenômeno real. Já os
que evitam estas simplificações apresentam parâmetros de difícil determinação ou onerosa
obtenção. De modo geral, os modelos também não contemplam a correlação de resultados de
ensaios acelerados com os resultados de ensaios ao natural ou com a situação real, fato que os
torna de utilidade e validade discutível.
Assim, considerando que o estudo da carbonatação do concreto em bases adequadas pode vir
a gerar contribuições pertinentes ao desenvolvimento ou aprimoração dos modelos de
previsão de vida útil, os próximos capítulos descrevem o programa experimental do trabalho.
Em seqüência, apresenta-se a análise dos resultados do estudo de concretos com e sem adição
de sílica ativa submetidos ao ensaio de carbonatação acelerado e natural.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
74
4 METODOLOGIA DA PESQUISA
A estimativa de vida útil das estruturas de concreto armado também pode ser obtida por meio
de ensaios acelerados correlacionados com ensaios de degradação ao natural, através da
determinação de coeficientes de aceleração. Tais coeficientes possibilitam essa aproximação
utilizando apenas ensaios de degradação acelerados, pois demandam um tempo menor de
execução, viabilizando economicamente sua realização. Neste item se descreve a metodologia
empregada para a contribuição ao estudo da carbonatação de concretos com e sem adição de
sílica ativa submetidos a ensaios de degradação acelerados e ao natural.
4.1 GENERALIDADES
Para a elaboração deste trabalho foram utilizados dados de ensaios acelerados de
carbonatação, oriundos do projeto de pesquisa de DAL MOLIN et al. (1997), vinculado ao
Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação (NORIE) da Universidade Federal do Rio
Grande de Sul (UFRGS). Com início no ano de 1996, o projeto abrange um amplo estudo
relacionado à durabilidade de concretos produzidos com cimento Portland de alta resistência
inicial, o CP V ARI, com e sem adição de sílica ativa.
O programa experimental foi definido no início do projeto de Dal Molin et al. (1997), com a
finalidade de verificar a influência da adição de sílica ativa no fenômeno de iniciação e
propagação da corrosão de armaduras por carbonatação do concreto e penetração de íons
cloreto e, contemplou ensaios de campo (não acelerados) e de laboratório (acelerados), como
é mostrado no fluxograma da Figura 16.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
75
Início do Projeto (1997)
(definição do programa experimental
variáveis de análise, materiais e ensaios)
Agressão química e
abrasão em concretos
com sílica ativa
Durabilidade conferida
pelo cimento CP V-ARI
com adição de sílica ativa
Ensaios acelerados
(de laboratório)
Ensaios não acelerados
(de campo)
absorção de água pelo concreto
penetração de cloretos
resistividade do concreto
carbonatação
intensidade de corrosão (cloretos e
carbonatação)
potencial eletroquímico (cloretos e
carbonatação)
Início do Projeto (1997)
(definição do programa experimental
variáveis de análise, materiais e ensaios)
Agressão química e
abrasão em concretos
com sílica ativa
Durabilidade conferida
pelo cimento CP V-ARI
com adição de sílica ativa
Ensaios acelerados
(de laboratório)
Ensaios não acelerados
(de campo)
absorção de água pelo concreto
penetração de cloretos
resistividade do concreto
carbonatação
intensidade de corrosão (cloretos e
carbonatação)
potencial eletroquímico (cloretos e
carbonatação)
Figura 16: estrutura do projeto de Dal Molin et al. (1997)
Dentre as contribuições deste projeto destacam-se as pesquisas realizadas por Tessari (2001),
Kulakowiski (2002) e Vieira (2003). A Figura 17 apresenta as fases de desenvolvimento do
projeto.
A -
B -
C -
Dissertação Tessari.
D -
E -
F -
Início do projeto, ensaios de agressão química e abrasão.
Confecção das amostras para a exposição ao ambiente de degradação natural, execução dos ensaios acelerados.
Tese Kulakowski.
1997 19991998 2000 20032001 20021996
AB FE
2004
DC
Fase A -
elaboração do programa experimental, definição das variáveis dependentes e independes, definição e
caracterização dos materiais empregados nos concretos, definição dos traços e ensaios de durabilidade. Execução
dos ensaios acelerados de durabilidade para iniciação de corrosão por carbonatação (Kulakowski, 2002) e para
propagação da corrosão por íons cloreto e carbonatação (Vieira, 2003).
Fase B -
desenvolvimento dos ensaios, participação em eventos e geração de publicações.
Fase C -
resultados dos ensaios de durabilidade não acelerados.
Tese Vieira.
Determinação dos coeficientes de correlação para iniciação da corrosão por carbonatação.
Fase
A
Tempo
Fase B
Fase C
Figura 17: representação esquemática do desenvolvimento do projeto
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
76
O programa experimental descrito faz parte do projeto de Dal Molin et al. (1997) abrangendo
o estudo da carbonatação não acelerada para o ambiente de baixa agressividade. A Figura 18
mostra em maior detalhe as etapas do projeto.
Ensaios acelerados
(de laboratório)
Alta agressividade: zona
de respingo de maré
(Rio Grande, RS)
Média agressividade:
praia do Cassino
(Rio Grande, RS)
Propagação de
corrosão por
carbonatação
Trabalho futuro
Durabilidade conferida pelo cimento
CP V-ARI e a sílica ativa
Ensaios não acelerados
(de campo)
Iniciação de
corrosão por
carbonatação
Ambientes de exposição
Baixa agressividade:
ambiente urbano
(Porto Alegre, RS)
Dissertação
Figura 18: detalhe do projeto de Dal Molin et al. (1997)
4.2 PROGRAMA EXPERIMENTAL
Este trabalho contempla o estudo da carbonatação acelerada e natural para o processo de
iniciação de corrosão das armaduras por carbonatação do concreto. Para tal, produziu-se um
número de amostras excedentes para a execução dos ensaios de durabilidade acelerados
(profundidade de carbonatação). Estas amostras foram expostas ao ambiente natural urbano,
para a verificação da degradação ao longo tempo e posterior correlação destes dados com os
obtidos nos ensaios de laboratório (acelerado). Os corpos-de-prova expostos à degradação
natural possuem as mesmas dimensões que os utilizados nos ensaios acelerados e foram
moldados simultaneamente, seguindo os mesmos parâmetros de controle.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
77
Os corpos-de-prova que foram submetidos às condições naturais de exposição tiveram como
ambiente agressivo o estacionamento da Escola de Engenharia, nas proximidades do
laboratório do NORIE
31
, na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. O tempo de
exposição dos corpos-de-prova no ambiente de degradação urbano, desprotegido da chuva, foi
de aproximadamente 7 anos.
Durante este período a identificação inicial dos corpos-de-prova foi parcialmente perdida,
necessitando recorrer à técnica de reconstituição parcial de traço de concreto no estado
endurecido a fim de caracterizar e reclassificar algumas amostras.
4.2.1 Variáveis de Análise
As variáveis foram definidas em variáveis controláveis, não controláveis e fixas, como é
mostrado na Tabela 3.
Tabela 3: variáveis de análise do projeto de pesquisa
Ensaio acelerado Ensaio ao natural
controlável controlável
Variáveis
sim não
fixa
sim não
fixa
Ambiente de exposição
x x
Precipitação
x x
Relação água/aglomerante
x x
Temperatura
x x
Tipo de cimento
x x
Teor de adição
x x
Agregados
x x
Teor de CO
2
x x
Tipo de adição
x x
Tipo e duração de cura
x x
Umidade relativa
x x
As variáveis controláveis são comuns para os dois procedimentos de ensaio. Para o ensaio
acelerado, são controlados 5 níveis de relação água/aglomerante (0,30; 0,35; 0,45; 0,60 e
0,80) e de sílica ativa (0; 5; 10; 15 e 20%). Já para o ensaio ao natural são controlados 3 níveis
de relação água/aglomerante (0,30; 0,45 e 0,80) e de sílica ativa (0; 10 e 20%). O tipo de
cimento, o tipo de adição, os agregados e o tipo e duração da cura são variáveis fixas nas duas
31
Núcleo Orientado para a Inovação a Edificação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, localizado na
rua Osvaldo Aranha, nº 99, Centro, Porto Alegre, RS.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
78
abordagens de ensaio. No ensaio acelerado também foram fixadas as variáveis relativas ao
ambiente de exposição, à precipitação (que é inexistente), à temperatura, ao teor de CO
2
e à
umidade relativa. No ensaio natural estas variáveis são não controláveis.
4.2.2 Planejamento dos Experimentos
O projeto para a realização dos ensaios acelerados foi realizado através de um fracionamento
estatístico (projeto fatorial cruzado), conforme mostrado na Tabela 4. O projeto fatorial
cruzado, para os ensaios acelerados, foi realizado de forma completa, com duas repetições.
As variáveis deste projeto foram a relação água/aglomerante (0,30; 0,35; 0,45; 0,60 e 0,80) e
o teor de adição de sílica ativa (0; 5; 10; 15 e 20%). Para cada dosagem foram moldados dois
corpos-de-prova, um de cada betonada, a fim de minimizar os erros de moldagem (o erro fica
notado pela discrepância entre os resultados das duas amostras).
Tabela 4: matriz experimental dos ensaios acelerados
Relação água/aglomerante
Sílica Ativa (%)
0,30 0,35 0,45 0,60 0,80
0 x x x
5 x x
10 x x x
15 x x
20 x x x
Para a realização dos ensaios ao natural, realizou-se um novo fracionamento do projeto
supracitado que permite verificar a influência das variáveis com a mesma representatividade
de um projeto completo. A matriz que representa as misturas analisadas no ensaio de
degradação não acelerado é mostrada na Tabela 5.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
79
Tabela 5: matriz experimental dos ensaios ao natural
Relação água/aglomerante
Sílica Ativa (%)
0,30 0,35 0,45 0,60 0,80
0 x x
5
10 x
15
20 x x
As variáveis selecionadas para a realização do ensaio de degradação não acelerado, cujos
dados serão comparados com os de degradação acelerada, foram a relação água/aglomerante
(0,30; 0,45 e 0,80) e o teor de adição de 0; 10 e 20%. De maneira análoga aos ensaios
acelerados, foram realizadas duas repetições para cada combinação de variáveis.
4.2.3 Materiais
Para o desenvolvimento deste projeto de pesquisa, os materiais selecionados foram definidos
segundo as diretrizes adotadas no projeto de DAL MOLIN et al. (1997).
4.2.3.1 Agregados
O agregado miúdo empregado no programa experimental foi a areia quartzoza de origem
natural, proveniente do rio Guaíba, Porto Alegre, RS. Como é mostrado na Tabela 6, esse
agregado foi caracterizado conforme prescrições da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS NBR 7211 (1982).
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
80
Tabela 6: características físicas do agregado miúdo
Peneira abertura
(mm)
% Média
retida
% Média retida
acumulada
4,8 0 0
2,4 5 5
1,2 9 14
0,6 21 35
0,3 48 83
0,15 17 100
<0,15 0 100
Dimensão máxima característica (mm) 4,8
Módulo de finura 2,39
Massa específica (g/cm³) 2,62
Graduação (zona) 2 (fina)
Como agregado graúdo utilizou-se brita de origem basáltica, caracterizado segundo
prescrições da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR NM
32
248
(2003). A Tabela 7 apresenta as características físicas do agregado.
Tabela 7: características físicas do agregado graúdo
Peneira abertura
(mm)
% Média
retida
% Média retida
acumulada
19,0 7 7
12,5 57 64
9,5 29 93
6,3 5 98
4,8 1 99
<4,8 1 100
Dimensão máxima característica (mm) 25
Módulo de finura 7,01
Massa específica (g/cm³) 3,08
Graduação (zona) Brita 1
4.2.3.2 Cimento
Como o programa experimental visa avaliar a influência da adição de sílica ativa nos
concretos, foi empregado o Cimento Portland de Alta Resistência Inicial, CP V-ARI, por ser
32
Norma Mercosul.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
81
um cimento isento de adições pozolânicas
33
. A caracterização física e química do cimento
estão apresentadas na Tabela 8 e na Tabela 9, respectivamente.
Tabela 8: caracterização química do cimento
34
Características químicas %
SiO
2
18,20
Al
2
O
3
3,90
Fe
2
O
3
2,10
MgO 1,46
CaO 61,30
Na
2
O 0,20
K
2
O 0,89
SO
3
3,59
PF 2,50
RI 0,45
Tabela 9: caracterização física do cimento
35
Propriedades físicas Resultados
Módulo de sílica 2,54
Módulo de alumina 1,53
Massa específica (g/cm³) 3,12
Índice de finura (%) 0,13
Superfície específica Blaine (m²/kg) 452,00
Água de pasta de consistência normal (%) 28,15
Tempo de pega - início (min) 142,00
Tempo de pega - fim (min) 234,00
Expansão a frio (cm) 0,00
Expansão a quente (cm) 0,00
1 dia 23,83
3 dias 38,57
7 dias 43,85
Resistência à compressão (MPa)
28 dias 51,43
33
O cimento CP V ARI, por norma, apresenta no máximo 5% de adições carbonáticas.
34
Laboratório de Fluorescência de Raios-x do Instituto de Geociências da UFRGS.
35
Fornecida pelo produtor.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
82
4.2.3.3 Sílica Ativa
A sílica ativa empregada é do tipo não densificada, oriunda de Tucuruí, PA. As características
químicas e físicas são apresentadas na Tabela 10 e na Tabela 11, respectivamente.
Tabela 10: caracterização química da sílica ativa
36
Características químicas %
SiO
2
94,00
Al
2
O
3
0,05
Fe
2
O
3
0,07
MgO 0,55
CaO 0,33
Na
2
O 0,20
K
2
O 1,28
Perda ao Fogo 3,01
Tabela 11: caracterização física da sílica ativa
37
Propriedades físicas Resultados
Umidade 0,90
Massa específica (g/cm³) 2,20
Densidade aparente 0,34
pH 7,90
% resíduo na peneira 45 µm
2,78
Superfície específica BET (m²/kg) 20780
Diâmetro equivalente a 10% de massa acumulada (µm)
<0,20
Diâmetro equivalente a 50% de massa acumulada (µm)
0,25
Diâmetro equivalente a 90% de massa acumulada (µm)
1,40
No Laboratório de difratometria de raios-x do CPEGq – Centro de Estudos em Petrologia e
Geoquímica da UFRGS, utilizando a técnica de difração de raios-X (DRX), fez-se a
caracterização da estrutura morfológica da sílica ativa utilizando um Difratômetro marca
SIEMENS, modelo D5000, tipo KRISTALOFLEX de radiação CuΚα, corrente de 30 mA e
voltagem de 40kV. O difratograma de raios-x da sílica ativa, onde se verifica o halo amorfo,
caracterizando o espectro da sílica ativa com estrutura amorfa, é apresentado na Figura 19.
36
Fornecido pelo produtor.
37
Massa específica realizada no Laboratório do NORIE; análise de superfície específica realizada no Laboratório
de Materiais Cerâmicos da UFRGS; granulometria realizada no Instituto de Pesquisas Tecnológicas o IPT.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
83
4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60 64 68 72
0
400
800
1200
1600
2000
DRX - Sílica ativa
Siemens Diffraktometer D5000
Tubo Cu - Radiação kapa (1+2)
30 mA - 40 kV
Intensidade (cps)
2
θ
(g
raus
)
Figura 19: difratograma da sílica ativa
4.2.3.4 Aditivo
Para atingir a consistência desejada de 70±10 mm, foi necessário, em algumas misturas, o
emprego do aditivo superplastificante a base de naftaleno sulfonado, com densidade média de
1,05 g/cm³, cujas propriedades, fornecidas pelo fabricante, estão apresentadas na Tabela 12.
Tabela 12: propriedades do aditivo superplastificante
Propriedade Resultado
Massa específica 1,21 g/cm³
Teor de cloreto Zero
Ar incorporado < 2%
Teor de álcalis < 72,0 g de Na
2
O/l
4.2.3.5 Água
Proveniente da rede de abastecimento de água potável da concessionária local.
4.2.4 Proporcionamento dos Materiais
A dosagem dos concretos foi realizada por Dal Molin et al. (1997) utilizando o método de
dosagem do IPT/EPUSP descrito por Helene e Terzian (1992), cujo teor de argamassa foi
determinado e fixado em 46%. Os traços obtidos são mostrados na Tabela 13.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
84
Tabela 13: traço dos concretos
Materiais para uma betonada (g)
Agregado
Traço
Relação
a/ag
a
Sílica ativa
(%)
b
Cimento
miúdo graúdo
Água
Sílica
ativa
Aditivo
(g-%)
1:0,56:1,83* 0,30 0 10.929 6.120 20.000 3.224 - 83,5-0,76
1:0,56:1,83 0,30 10 10.929 6.12 20.000 3.523 1.093 103-0,94
1:0,56:1,83* 0,30 20 10.929 6.120 20.000 3.869 2.186 138-1,26
1:0,88:2,21 0,35 5 9.050 7.964 20.000 3.279 453 44,2-0,49
1:0,88:2,21 0,35 15 9.050 7.964 20.000 3.591 1.358 61,2-0,68
1:1,53:2,97 0,45 0 6.734 10.303 20.000 3.030 - -
1:1,53:2,97* 0,45 10 6.734 10.303 20.000 3.296 673 28,6-0,42
1:1,53:2,97 0,45 20 6.734 10.303 20.000 3.596 1.347 54,5-0,81
1:2,50:4,11 0,60 5 4.866 12.165 20.000 3.040 243 -
1:2,50:4,11 0,60 15 4.866 12.165 20.000 3.358 730 8-0,16
1:3,80:5,63* 0,80 0 3.552 13.499 20.000 2.842 - 23-0,65
1:3,80:5,63 0,80 10 3.552 13.499 20.000 3.106 355 14,7-0,41
1:3,80:5,63* 0,80 20 3.552 13.499 20.000 3.410 710 8-0,23
*Traços comuns para o ensaio de carbonatação acelerado e natural.
a
Relação água/aglomerante = (água + 0,6*aditivo)/(cimento + sílica ativa).
b
Teor de adição de sílica ativa em relação à massa de cimento.
A Figura 20 apresenta o gráfico do consumo de cimento dos concretos em função da relação
água/aglomerante e do teor de adição de sílica ativa.
0.20 0.30 0.40 0.50 0.60 0.70 0.80 0.90
Relação água/aglomerante
100
200
300
400
500
600
700
800
Consumo de Cimento
(kg/m³)
0
5
10
15
20
Sílica Ativa
(%)
Figura 20: consumo de cimento referente à relação água/aglomerante e
o teor de adição de sílica ativa
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
85
Conforme especificações da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR
NM 67 (1998) foi determinado o abatimento de tronco de cone, fixo em 70±15 mm. Os valores
de abatimento obtidos, para as duas betonadas de cada traço, são mostrado na Tabela 14.
Tabela 14: abatimento de tronco de cone (mm)
Sílica Ativa (%)
Relação
água/aglomerante
0 5 10 15 20
0,30
62
64
65
45
50
67
0,35
55
50
54
40
0,45
67
72
45
66
52
73
0,60
53
50
49
55
0,80
50
45
45
50
62
92
Fonte: Dal Molin et al. (1999)
4.2.5 Confecção dos Corpos-de-prova
Para a realização do ensaio de profundidade de carbonatação foram moldados corpos-de-
prova prismáticos com dimensões de 100x100x300 mm, permitindo obter várias fatias de
aproximadamente 30 mm para a medição da profundidade de carbonatação em várias idades.
A confecção dos espécimes, para o ensaio acelerado e para o natural, foi efetuada conforme
prescrições da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR 5738 (2003),
sendo que, após 24 horas, foram desmoldados e submetidos à cura úmida, durante 14 dias,
com umidade relativa de 95% e temperatura de 23°C. A fim de impedir a entrada de CO
2
durante a etapa de cura úmida, os corpos-de-prova destinados ao ensaio acelerado
38
foram
embalados e lacrados com duas camadas de filme PVC, com cuidado para evitar a existência
de ar na interface plástico/corpo-de-prova. Após este período as amostras foram dispostas em
câmara de sazonamento (figura 21), localizada no mesmo ambiente da câmara de
38
A etapa de sazonamentos foi desnecessária para os corpos-de-prova submetidos ao ensaio não acelerado, visto
que, no ambiente
natural de exposição a umidade relativa, a precipitação, o teor de CO e a temperatura são
variáveis não controladas durante o ensaio.
2
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
86
carbonatação, com umidade e temperatura controladas, até atingirem constância de massa de
0,1% entre duas pesagens consecutivas.
Corpos-de- prova
Bomba de
vácuo
Solução KOH
Câmara de
Sazonamento
Corpos-de- prova
Bomba de
vácuo
Solução KOH
Câmara de
Sazonamento
Figura 21: esquema simplificado da câmara de sazonamento
(KULAKOWSKI, 2002, p.58)
A câmara de sazonamento é equipada com uma bomba de vácuo que permite uma circulação
de ar constante no interior da mesma. O ar é filtrado em uma solução de hidróxido de potássio
(KOH) com capacidade de reter o CO
2
existente na atmosfera.
Os corpos-de-prova referentes ao ensaio de carbonatação natural, permaneceram em ambiente
de laboratório até a idade de 28 dias, para então serem submetidos à degradação natural. A
figura 22 mostra o local onde as amostras ficaram expostas.
Figura 22: corpos-de-prova em ambiente natural de degradação –
estacionamento da Escola de Engenharia/UFRGS
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
87
4.2.6 Ensaios
A avaliação da durabilidade dos concretos frente à carbonatação engloba as seguintes etapas:
a) realização de ensaio de carbonatação acelerado;
b) realização de ensaio de carbonatação ao natural;
c) realização de ensaios auxiliares de reconstituição de traço de concreto
endurecido e de resistência à compressão axial.
A Figura 23 apresenta o desenho esquemático dos ensaios em concreto que foram realizados
no programa experimental.
AVALIAÇÃO DA
CARBONATAÇÃO
Auxiliar
Ensaios
Natural
Resistência à
compressão axial
Reconstituição
de traço
Profundidade de
carbonatação
Acelerado
Profundidade de
carbonatação
AVALIAÇÃO DA
CARBONATAÇÃO
Auxiliar
Ensaios
Natural
Resistência à
compressão axial
Reconstituição
de traço
Profundidade de
carbonatação
Acelerado
Profundidade de
carbonatação
Figura 23: representação esquemática dos ensaios de durabilidade
4.2.6.1 Ensaio de profundidade de carbonatação acelerado
A simulação do ambiente de degradação por carbonatação foi realizada por Kulakowski
(2002). A pesquisadora utilizou uma câmara de carbonatação acelerada, conforme é mostrado
na Figura 24, com concentração de 5% de CO
2
; umidade de 70±5% e temperatura de 25±2°C.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
88
Câmara
de
carbonatação
manômetro de coluna
bomba de ar
Ventilador
capilar de geladeira
válvula
reguladora de
pressão
válvula redutora
de pressão
Válvula micrométrica
CO
2
h
Válvula tipo agulha
Entrada de CO
2
Saída de CO
2
Câmara
de
carbonatação
manômetro de coluna
bomba de ar
Ventilador
capilar de geladeira
válvula
reguladora de
pressão
válvula redutora
de pressão
Válvula micrométrica
CO
2
h
h
Válvula tipo agulha
Entrada de CO
2
Saída de CO
2
Figura 24: representação esquemática da câmara de carbonatação
acelerada (adaptada de KULAKOWSKI, 2002, p.54)
As medidas de carbonatação foram realizadas, conforme especificações da RILEM – CPC 18
(1988), por meio do emprego do indicador químico fenolftaleína em quadro idades de
exposição ao CO
2
(7, 28, 63 e 98 dias) que representam, respectivamente, as idades de ensaio
de 35, 56, 91 e 126 dias. A Figura 25 mostra os períodos obedecidos na realização do ensaio,
que vão desde a moldagem até a última data de exposição ao CO
2
dos corpos-de-prova.
molgadem
desmoldagem
ínicio do sazonamento
início da exposição ao CO
2
1ª leitura
2ª leitura
3ª leitura
4ª leitura
Idade do ensaio
0 1 14 28 35 56 91 126
Exposição ao CO
2
0 7 28 63 98
cura
úmida
tempo (dias)
Figura 25: esquema de produção e exposição dos corpos-de-prova para o ensaio de
carbonatação acelerado
Após cada etapa de ensaio, as amostras tiveram o topo selado com parafina a fim de evitar a
entrada de CO
2
nessa direção.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
89
4.2.6.2 Ensaio de profundidade de carbonatação natural
Para efeito comparativo dos resultados no ensaio de carbonatação natural, repetiu-se a
metodologia de medição da profundidade carbonatada adotada durante a realização dos
ensaios acelerados.
A profundidade de carbonatação dos corpos-de-prova foi determinada com a idade de 7 anos,
segundo prescrições da RILEM – CPC 18 (1988). Para a realização deste ensaio foi utilizada
a técnica de aspersão com solução à base de fenolftaleína (indicador de pH) contendo 1% do
material dissolvido em 70% de álcool etílico e 30% de água.
Os corpos-de-prova prismáticos foram fraturados em prensa para obtenção de fatias a fim de
realizar a medição da profundidade carbonatada após a aspersão com solução de fenolftaleína.
Na face fraturada da amostra fez-se a aspersão com a solução de fenolftaleína. Após
aproximadamente 20 minutos realizaram-se as medições com o auxílio de um paquímetro
digital com precisão de 0,01 mm. Foram efetuadas 5 medidas de profundidade de
carbonatação por face do corpo-de-prova, nos pontos mostrados na Figura 26. A profundidade
carbonatada das amostras foi considerada como sendo a média ponderada da profundidade
carbonatada de cada face.
15
100
100
(mm)
20
corpo-de-prova
pontos de
medição
20
15
15
2015 15 15
201515
Figura 26: pontos de medição da profundidade de carbonatação
A superfície fraturada dos corpos-de-prova, após a retirada das fatias, foi selada com resina
epóxi, a fim de evitar a entrada de CO
2
por esta face. Após o término do ensaio e selagem do
topo dos corpos-de-prova, as amostras foram novamente expostas ao ambiente de degradação
de origem para realização de ensaios futuros.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
90
4.2.7 Ensaios Complementares
Foram realizados os ensaios complementares de resistência à compressão axial e
reconstituição de traço de concreto endurecido.
4.2.7.1 Resistência à compressão axial
O ensaio de resistência à compressão do concreto foi realizado por Dal Molin et al. (1997) nas
idades de 28 e 180 dias em conformidade com a NBR 5739 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE NORMAS TÉCNICAS, 1994).
4.2.7.2 Reconstituição parcial de traço de concreto endurecido
Devido à perda de identificação de algumas amostras expostas em ambiente de degradação
natural, se fez necessário a realização do ensaio complementar de reconstituição de traço de
concreto endurecido. Devido à inexistência de uma norma específica para a realização deste
ensaio, utilizou-se o método desenvolvido pela Fundação de Ciência e Tecnologia –
CIENTEC
39
. Outras técnicas de reconstituição de traço (IPT – Boletim 25, 1940; ASTM C
1084/1992; Método DIN 52170; Método BS – 1881: Parte 12) são descritas por Quarticioni
(1998), sendo que a maioria delas apresenta grande complexidade de execução. Figueiredo
(2004, p.147) utilizou a técnica de reconstituição de traço descrita pelo IPT
40
(Boletim 25,
1940) adaptado pela ABCP
41
(procedimento de ensaio PO-GT-3016, 2000
42
), a qual consiste
em uma análise quantitativa por meio do emprego de várias técnicas analíticas. O autor relata
que o método apresenta algumas limitações, principalmente as relativas à dificuldade em se
obter os teores exatos dos constituintes da argamassa na análise química, em função da
presença de adições.
39
FUNDAÇÃO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA – CIENTEC. Metodologia de reconstituição de traço de
concreto endurecido. Procedimento de laboratório (metodologia não publicada).
40
Instituto de Pesquisas Tecnologias.
41
Associação Brasileira de Cimentos Portland.
42
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLOGIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO – IPT. Reconstituição de
traço de concreto e argamassa. São Paulo, Publicação 103 – Boletim 25, 1940, p. 75-84.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
91
A técnica do CIENTEC foi escolhida visto ser de fácil realização, não exigindo instalações de
laboratório e equipamentos sofisticados. O método é largamente utilizado pelo CIENTEC,
porém há carência de publicações técnicas sobre o emprego do método.
Para a execução da método de reconstituição de traço, primeiramente, obteve-se uma amostra
do concreto, de preferência em torno de 0,50 kg. A amostra foi calcinada a uma temperatura
de 700°C durante 1 hora, com incremento de temperatura de 250°C/hora. Após a calcinação e
resfriamento das amostras determinou-se a massa inicial (M
i
). Assim que a massa foi obtida, a
amostra foi imersa em solução de ácido clorídrico, com concentração de 20%. Aguardou-se o
tempo necessário para que o término das reações ou para que o ácido dissolvesse a amostra.
Assim que os materiais constituintes do concreto desagregaram, a amostra foi lavada com
água corrente em peneira de malha quadrada de abertura de 0,075mm.
Com a amostra lavada, o material retido na peneira foi seco em estufa com temperatura de
aproximadamente 100°C. Após o material adquirir constância de massa, determinou-se a
massa final (M
f
). Com base na NBR 6502 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 1980), a metodologia empregada considera como aglomerante (cimento e
adições) o material passante na peneira de abertura de 0,075mm e como agregado (miúdo e
graúdo) o material retido nesta peneira. A Figura 27 apresenta um desenho esquemático da
metodologia empregada para a reconstituição do traço.
aglomerante
Material Passante (#0,075) Material Retido (#0,075)
graúdo miúdoadições
AMOSTRA LAVADA
agregado
cimento
aglomerante
Material Passante (#0,075) Material Retido (#0,075)
graúdo miúdoadições
AMOSTRA LAVADA
agregado
cimento
Figura 27: representação esquemática da técnica de reconstituição de
traço
Com a determinação das quantidades, em massa, de cada material componente da mistura de
concreto, as proporções dos materiais (considerando que o material passante seja o
aglomerante) foram obtidas pela equação 12.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
92
100:1
fi
f
MM
M
equação 12
Onde:
M
f
= massa final;
M
i
= massa inicial.
Para o aprimoramento da técnica, inicialmente foram reconstituídos traços de 8 misturas com
proporções conhecidas (amostras de cada concreto da matriz de ensaio não acelerado). Após
essa primeira verificação, seis amostras de concreto sem identificação foram submetidas ao
processo de reconstituição de traço, dentre as quais duas correspondem à matriz de ensaio de
degradação por carbonatação com adição de sílica ativa. A Figura 28 apresenta a seqüência do
processo de reconstituição do traço de concreto endurecido e na Tabela 15 são mostradas as
amostras submetidas ao ensaio.
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 28: reconstituição de traço de concreto endurecido, amostra: (a)
calcinada; (b) em solução de ácido clorídrico; (c) lavagem; (d) seca
em estufa
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Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
93
Tabela 15: amostras submetidas à técnica de reconstituição de traço
Amostras
Traço conhecido Traço a determinar
80-00 2A
43
80-00 2B
80-20 2C
45-10 2D
45-10 2E
30-00 2F
30-20 -
30-20 -
Os dados do ensaio de reconstituição de traço do concreto endurecido estão dispostos na
Tabela 16.
Tabela 16: traços de concreto reconstituídos
Traço (1:m)
Amostra
Massa inicial (M
i
)
(g)
Massa final (M
f
)
(g)
obtido aproximado conhecido
80-00 352,79 322,48 9,92
10,0 9,30
80-00 572,96 519,62 9,74
10,0 9,30
80-20 360,38 327,53 9,97
10,0 9,30
45-10 640,68 532,85 4,94
5,0 4,50
30-20 479,70 363,77 3,14
3,0 2,39
30-20 431,40 335,28 3,49
3,0 2,39
30-00 561,67 441,25 3,66
4,0 2,39
2A
a)
543,40 432,03 3,88
4,0 -
2B
596,89 552,77 12,53
13,0 -
2C
430,48 396,87 11,81
12,0 -
2D
b)
454,06 411,50 9,67
10,0 -
2E
572,96 534,62 13,94
14,0 -
2F
390,49 348,96 8,40
9,0 -
a) corpo-de-prova irmão da mistura 30-00; b) corpo-de-prova irmão da mistura 80-20.
Pelo ensaio foi possível identificar as duas amostras que completavam a matriz dos ensaios ao
natural. Dentre os 6 corpos-de-prova sem identificação que se encontravam misturados com
as amostras desta pesquisa, as amostras 2A e 2D são binários com as amostras 30-00 e 80-20,
respectivamente.
43
Onde: 2A, 2B, 2C, 2D, 2E e 2F são as identificações previamente estabelecidas para cada corpo-de-prova não
identificado.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
94
Existem poucos relatos na literatura sobre técnicas de reconstituição de traço de concreto
endurecido, sendo que a maioria das metodologias destina-se à reconstituição de traço de
argamassas. O método adotado não confere a determinação precisa do traço, apresentando
limitações para a identificação de traços com proporções de 1:m muito semelhantes. Como
para esta pesquisa os traços que foram reconstituídos apresentavam proporções distintas com
1:m de 1:4,50 e 1:9,30, correspondendo às misturas com relação a/agl de 0,45 e 0,80,
respectivamente, a técnica foi empregada sem grande dificuldades. Outro fator que contribuiu
para a identificação das amostras foi o fato de existir um corpo-de-prova irmão, para cada
mistura, com características específicas e já conhecidas, que foram utilizados como
parâmetros de comparação.
4.2.8 Caracterização do Ambiente de Exposição
A fim de verificar a agressividade do ambiente de exposição das amostras para o ensaio não
acelerado de degradação por carbonatação, fez-se necessário a caracterização da atmosfera
local quanto às condições de climatologia e qualidade do ar. A influência das condições
climáticas do local de exposição das estruturas de concretos em ambientes sujeitos à
carbonatação é relatada na literatura por diversos pesquisadores (MEYER, 1969; PARROT,
1987; NEVILLE, 1997; LIMA, 1999; entre outros). Dentre os fatores de maior influência
destacam-se a umidade relativa do ar, a incidência de chuva (precipitação) e a temperatura.
Com relação à qualidade do ar, destaca-se como o fator de principal importância a
concentração de CO
2
.
Cabe salientar que neste item descreve-se a caracterização do macro clima do ambiente de
exposição das amostras, a partir de dados fornecidos pela Rede de estações de Climatologia
Urbana do Rio Grande do Sul. O micro clima não foi monitorado durante o andamento do
ensaio, pois, para tal, se faz necessário o controle das condições climáticas junto aos corpos-
de-prova, o que requer medições freqüentes das variáveis de influência (radiação solar,
umidade, influência da chuva, teor de CO
2
, entre outras), além de aparelhos específicos e
disponibilidade de mão-de-obra.
Deste modo, os dados de climatologia referentes à umidade relativa (UR) do ar, precipitação
pluviométrica e temperatura, mostrados nas Figura 29, Figura 30 e Figura 31,
respectivamente, foram fornecidos pela Rede de Estações de Climatologia Urbana de Rio
Grande do Sul, registrados da Estação de Observação Metereológica de São Leopoldo, RS.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
95
Estas informações são oriundas de médias históricas do comportamento climático da região
metropolitana de Porto Alegre, RS, do período de 1988 a 2003, cujo período de exposição
natural dos concretos, de 1997 a 2003, está incluso.
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Umidade relativa do ar (%)
Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
MáximaMímima
Estação: São Leopoldo, RS
Período: 1988 a 2003
Figura 29: umidade relativa do ar registrada na região metropolitana
de Porto Alegre durante a realização do ensaio de degradação por
carbonatação não acelerado (fonte: REDE)
40
60
80
100
120
140
160
180
Precipitação Pluviométrica (mm)
Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Altura máxima 24 horasMédia anual
Estação: São Leopoldo, RS
Período: 1988 a 2003
Figura 30: precipitação pluviométrica registrada na região
metropolitana de Porto Alegre durante a realização do ensaio de
degradação por carbonatação não acelerado (fonte: REDE)
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
96
0
5
10
15
20
25
30
35
Prec
ipitação Pluviométrica
Temperatura (°C)
(mm)
Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
MáximaMédia
Mínima
Figura 31: temperatura registrada na região metropolitana de Porto
Alegre durante a realização do ensaio de degradação por carbonatação
não acelerado (fonte: REDE)
Os dados fornecidos pela Rede de estações de Climatologia Urbana do Rio Grande do Sul,
apesar de serem da cidade de São Leopoldo, representam as condições de climatologia do
macro clima da cidade de Porto Alegre, RS. Optou-se pelo uso destes dados pelo fato de os
mesmos corresponderem com o período de exposição dos corpos-de-prova no ambiente de
degradação natural e serem fornecidos sem custos a pesquisa. Para efeito comparativo, no
quadro da figura 32, são apresentados os dados médios dos elementos do clima de Porto
Alegre, obtidos na estação metereológica do 8º Distrito de Metereologia (INMET
44
), para o
período de 1916 e 1988
45
.
Nota-se, pelos valores médios, os dados históricos dos elementos do clima oriundos do
INMET se assemelham com os obtidos pela Rede de estações de Climatologia Urbana do Rio
44
Instituto Nacional de Metereologia.
45
Período correspondente à normal climatológica. Sendo que, normal é o valor padrão reconhecido de um
elemento meteorológico, considerando a média de sua ocorrência em um determinado local, por ummero
determinado de anos. Normal significa a distribuição dos dados dentro de uma faixa de incidência habitual. Os
parâmetros podem incluir temperaturas (altas, baixas e variações), pressão, precipitação (chuva, neve, etc.),
ventos (velocidade e direção), temporais, quantidade de nuvens, percentagem de umidade relativa, etc. (INMET,
2004). Objetivando assegurar a comparação entre os dados coletados nas diversas partes do planeta, o Comitê
Meteorológico Internacional, em 1872, estipulou períodos de 30 anos como sendo padrão para o cálculo das
médias dos dados meteorológicos.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
97
Grande do Sul, justificando, desta forma, o uso destes últimos para a caracterização do macro
clima onde as amostras de concreto foram expostas.
Temperatura (°C) Precipitação Total
Mês
Média
Média
Máxima
Média
Mínima
Máxima
Absoluta
Mínima
Absoluta
Média
(mm)
Máxima
(mm)
Mínima
(mm)
Evaporação
(mm)
Umidade
Relativa
(%)
Jan
24,7 30,5 20,1 40,7 10,4 101,6 275,1 10,0 106,7 71,0
Fev
24,6 31,1 20,3 40,4 11,3 100,7 231,7 20,5 89,8 74,0
Mar
23,2 28,6 19,0 38,9 9,0 93,9 247,7 3,7 86,3 76,0
Abr
19,9 25,3 15,8 35,9 4,5 92,1 386,6 0,5 65,6 77,0
Maio
17,0 22,1 12,8 33,4 0,4 102,8 405,5 2,5 49,4 81,0
Jun
14,7 19,8 10,8 31,5 -2,0 133,3 403,6 16,6 39,7 82,0
Jul
14,4 19,5 10,3 32,9 -1,3 120,8 280,1 11,0 44,0 81,0
Ago
15,2 20,5 10,9 34,9 -1,5 127,3 330,0 19,2 50,0 79,0
Set
16,8 21,8 12,8 36,1 2,2 133,1 362,7 15,5 60,2 78,0
Out
19,0 24,0 14,8 37,1 0,9 110,5 317,3 19,9 77,1 75,0
Nov
21,1 26,7 16,5 39,8 6,4 85,1 283,4 5,1 92,2 71,0
Dez
23,4 29,2 18,6 39,6 7,8 95,0 224,2 0,4 108,5 69,0
Ano 19,5 24,8 15,2 40,7 -2,0 108,02 405,5 0,4 869,5 76,2
Figura 32: elementos do clima de Porto Alegre, período de 1916 a
1988 (INMET, 2004)
Com base nos registros de climatologia, a
umidade relativa do ar média (mostrado no gráfico
da Figura 29) do ambiente de exposição dos concretos, para todos os períodos do ano, foi
igual ou superior a 70%, conferindo uma UR média de 75,6%. Conforme relatado na literatura
por Parrot (1987), Ceukelaire e Nieuwenburg (1993) e Neville (1997), a UR entre 50 e 75% é
a mais adequada para desencadear o fenômeno de carbonatação. Logo, pode-se considerar que
as amostras expostas à degradação natural encontravam-se em ambiente com UR favorável
para o avanço da carbonatação.
Por outro lado, o fenômeno de carbonatação do concreto é fortemente influenciado pela
exposição do elemento ao ambiente (MEYER, 1969; BARKER e MATTHEWS, 1994;
OKOCHI et al., 2000; HOUST e WITTMANN, 2002). A condição de exposição das amostras
(protegidas ou desprotegidas da chuva) apresenta grande influência na velocidade de
carbonatação. Como o ensaio não acelerado de carbonatação procedeu em ambiente
desprotegido da chuva, se faz necessária a análise do comportamento da
precipitação
pluviométrica
durante o período de exposição das amostras. Conforme dados de precipitação
mostrados na Figura 30, a região de exposição das amostras não possui estação seca. Segundo
dados SEMA (2000, p.19), a precipitação anual média é de 1297 mm, distribuídos
regularmente o ano todo. Nos meses de janeiro a outubro, exceto nos meses de março e abril,
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
98
a precipitação é superior a 100 mm, sendo que o período do ano mais chuvoso situa-se entre
junho e setembro.
A literatura aponta que a carbonatação do concreto em ambientes desprotegidos da chuva
tende a ser menor do que em ambientes protegidos (MEYER, 1969; HOUST e WITTMANN,
2002; FIGUEIREDO, 2004; entre outros). Dentro deste contexto, o tipo e local de exposição e
das amostras desprotegido e sem estação seca, respectivamente, são fatores que tendem a
gerar menores profundidades de carbonatação nos concretos.
A região de exposição apresenta as estações do ano bem definidas, com
temperatura média
de todos os períodos de 19,8°C (mostrada na Figura 31), observando-se também grandes
variações de temperatura, sendo que a menor média da temperatura mínima foi registrada no
mês de julho (10°C) e a maior média da temperatura máxima foi de 31,5°C, registrada no mês
de janeiro. O clima regional do local de exposição das amostras é caracterizado, segundo
(SEMA, 2000, p.18), como subtropical úmido, com temperatura variando nos meses mais
frios (junho e julho) de -3°C a 18°C, sendo superior a 20°C no período mais quente (janeiro e
fevereiro).
Embora seja menos importante que os outros fatores, a temperatura apresenta influência na
carbonatação do concreto. Segundo (Abreu 2004) a influência da temperatura na taxa de
reações químicas se dá de acordo com teoria de Arrhenius
46
, segundo a qual o incremento de
temperatura implica no aumento da taxa de reações químicas. Desta forma Helene (1993,
p.107) coloca que as questões de degradação química nas estruturas situadas em países de
clima equatorial e tropical sejam mais graves e mais intensas que nas estruturas similares
situadas em climas temperados.
O
teor de CO
2
da atmosfera exerce grande influência na profundidade de carbonatação e
seria de grande importância relatá-lo na caracterização do ambiente de exposição natural.
Porém, em Porto Alegre, não se faz a medição deste poluente, pois as estações de controle de
qualidade do ar priorizam o monitoramento de outros poluentes, como o SO
2
(dióxido de
enxofre); NO
2
(dióxido de nitrogênio) e CO (monóxido de carbono).
Sato (2004) comenta da dificuldade da verificação da influência do ambiente de exposição na
degradação, ressaltando ainda a falta de infraestrutura específica nas estações metereológicas
46
Svante August Arrhenius (1859-1927) formulou a expressão geral da influência da temperatura na velocidade
das reações químicas e eletroquímicas.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
99
tradicionais, onde os dados freqüentemente coletados (temperatura e UR) são insuficientes
para estudos de previsão de vida útil de diversos materiais de construção. Alguns parâmetros
como a radiação ultravioleta, períodos de molhagem e secagem e concentração de poluentes
diversos são determinantes no processo de deterioração de alguns materiais e estes valores
não são medidos nas estações metereológicas brasileiras.
Dentre os poluentes que não são monitorados nas estações metereológicas ou de controle de
qualidade do ar destaca-se o CO
2
, fator de grande importância no fenômeno de carbonatação
do concreto, cuja concentração na atmosfera influencia diretamente na profundidade
carbonatada. Essa carência de dados relativos ao teor de CO
2
nas atmosferas urbanas não é
exclusividade da região de exposição das amostras em estudo. Figueiredo (2004) em um
estudo da carbonatação de edificações antigas em Brasília, DF, relatou a mesma problemática.
Logo, seria prudente, para o estudo da degradação de estruturas em ambientes naturais,
formar uma parceria com os órgãos responsáveis pelo controle da qualidade do ar para que
estes efetuassem também as medições de CO
2
nos ambientes urbanos, principalmente nas
regiões com grande densidade urbana, e conseqüentemente de automóveis, os quais,
juntamente com o desmatamento, são os maiores contribuintes na geração deste poluente.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
100
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
O objetivo principal desta pesquisa está voltado à verificação da carbonatação do concreto
com e sem adição de sílica ativa para os ensaios de degradação acelerado e natural, avaliando
também a influência da relação água/aglomerante e o teor de adição de sílica ativa na
profundidade de carbonatação para as duas condições de ensaio. A partir destas constatações
pôde-se determinar os coeficientes de carbonatação e aceleração. Para maior confiabilidade
dos resultados, os dados foram analisados com base em procedimentos estatísticos.
Utilizando-se o software SPSS 8.0 como ferramenta de apoio, foi desenvolvido um modelo
matemático que representa a profundidade de carbonatação acelerada dos concretos. A partir
da entrada dos dados de profundidade carbonatada e da equação que representa o
comportamento dos concretos, o programa estatístico utilizado fornece os parâmetros de
análise bem como o coeficiente de determinação (r
2
). A análise e a modelagem das
profundidades de carbonatação foram efetuadas utilizando-se regressão múltipla não-linear,
visto que é de consenso na literatura (Smolczyk, 1969; Helene, 1993; Kropp e Hilsoorf, 1995;
entre outros) que o fenômeno de carbonatação apresenta comportamento parabólico e, pelo
fato da regressão múltipla não-linear também representar a relação entre uma variável
dependente e duas ou mais variáveis independentes, originando um modelo matemático que
explica, para um determinado nível de significância, o efeito das variáveis independentes e as
possíveis interações na variável de resposta.
A variável de resposta foi determinada a partir da análise de variância (ANOVA) dos termos
dos modelos matemáticos obtidos. Segundo Spiegel (1993, p.515), a análise de variância testa
a significância da diferença entre as médias dos grupos, baseando-se na relação da
variabilidade das médias entre os grupos e da variabilidade das observações dentro dos
grupos. A hipótese de nulidade é a de que a médias são todas iguais. Por meio do teste F
(distribuição de Fischer) foi possível observar a significância estatística da variabilidade das
médias entre grupos.
Os dados observados e previstos pelos modelos que descrevem o fenômeno são apresentados
em forma de gráficos e tabelas e as expressões obtidas da análise dos dados revelam a
natureza dos efeitos relação água/aglomerante e teor de sílica ativa sobre a variável de
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Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
101
resposta, a partir das condições experimentais específicas do presente programa experimental.
A extrapolação destes dados para condições não inclusas no intervalo especificado no ajuste
dos modelos pode incorrer em erros.
Para a verificação dos fatores significativos na resistência à compressão do concreto, utilizou-
se a regressão não-linear dos dados e fez-se a análise de variância, conforme procedimento
utilizado na verificação da profundidade carbonatada.
As equações obtidas que representam o comportamento dos concretos, tanto para a
carbonatação como para a resistência à compressão axial, foram testadas e reformuladas até
que o ajuste representasse o modelo de comportamento observado nos ensaios. Todos os
parâmetros descritos no modelo apresentam influência estatisticamente significativa.
5.1 CARBONATAÇÃO ACELERADA DO CONCRETO
A partir da observação dos resultados de profundidade média de carbonatação, percebe-se que
as variáveis relação a/agl e teor de sílica ativa exercem influência na profundidade
carbonatada. Para avaliar o efeito destas variáveis e constatar se existe interação entre elas,
realizou-se uma análise estatística por meio de regressão múltipla não-linear, utilizado-se o
software SPSS 8.0.
Para verificar as correlações entre a exposição natural e acelerada e obter as curvas do
comportamento dos concretos foram utilizados como dados de entrada no modelo os
resultados de profundidade de carbonatação relativo ao tempo de exposição dos espécimes ao
CO
2
na câmara de carbonatação de 7, 28, 63 e 98 dias. Para o ajuste do modelo considerou-se
que no tempo inicial zero a profundidade de carbonatação é nula. A equação 13 representa o
comportamento da carbonatação acelerada dos concretos.
2
11
0
n
adbn
c
t)agl(be
+
=
equação 13
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
102
Onde:
e
c
= profundidade de carbonatação (mm);
agl = relação água/aglomerante do concreto;
ad = teor de adição de sílica ativa do concreto (
100
teor
);
t = tempo de exposição ao CO
2
(dias)
;
b
0
; b
1
; n
1
e n
2
= parâmetros dos fatores considerados no modelo.
A análise de variância (ANOVA) do modelo proposto é mostrada na Tabela 17, a qual
apresentou um coeficiente de determinação (r
2
) igual a 0,953.
O valor de ‘p-value’
47
menor do que 0,01 designa que a relação entre as variáveis é
estatisticamente significativa a um nível de confiança de 99%. O coeficiente de determinação
r
2
de 0,953 indica que o modelo explica 95,3% da variabilidade dos valores observados para a
carbonatação do concreto.
Tabela 17: ANOVA do modelo para estimativa da profundidade de
carbonatação
Fonte GDL SQ MQ F
calc
Significância
“p-value”
Modelo 4 1596,1 399,0 354,7
0,0000
Resíduo 61 68,6 1,1 - -
Total 65 1664,761 - - -
Total corrigido 64 1467,7 - -
GDL = Graus de Liberdade SQ = Soma Quadrada
MQ = Média Quadrada = SQ/GDL F
calc.
= MQ
modelo
/MQ
resíduo
A Tabela 18 apresenta os parâmetros dos fatores considerados no modelo proposto na
equação 13 e os parâmetros estatísticos calculados para os fatores em análise.
Tabela 18: parâmetros dos fatores analisados para estimativa da
profundidade de carbonatação
Fator Parâmetro Estimativa Erro padrão Teste t
Significância
“p-value
Constante
b0
0,01702 0,01063
1,60072
0,05718
t
b1
1,78231 0,13594
13,11083
0,00000
agl
n1
5,80361 0,57315
10,12583
0,00000
ad
n2
1,46607 0,09876
14,84431
0,00000
47
p-value = probabilidade – distribuição t de Student.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
103
Dentre as variáveis do modelo, nota-se que o tempo, teor de adição e relação a/agl apresentam
influência significativa a um nível de confiança de 99% (‘p-value’ menor que 0,01). A
constante b
0
também apresenta influência significativa a um nível de confiança de 95% (‘p-
value’ de 0,05).
A expressão matemática que relaciona os fatores analisados e a profundidade carbonatada
resultou na equação 14.
46611
7823180365
017020
,
ad,,
c
t)agl(,e
+
=
equação 14
onde:
e
c
= profundidade de carbonatação, para o intervalo de 0 a 26,95 (mm);
agl = relação água/aglomerante do concreto, para o intervalo de 0,30 a 0,80;
ad = teor de adição de sílica ativa do concreto (
100
teor
) (intervalo de 0 a 0,20);
t = tempo de exposição ao CO
2
(intervalo de 0 a 98) (dias)
.
O modelo acima representa o fenômeno de carbonatação para os concretos em estudo, com
coeficiente de determinação (r²) de 95,3%. Os resultados de carbonatação observados no
ensaio acelerado e os ajustados pelo modelo da equação 14 são representados nas tabelas 19 e
20, respectivamente.
O modelo de comportamento encontrado não atende o padrão convencional da raiz quadrada
do tempo e os concretos com adição de sílica ativa apresentaram um comportamento distinto
dos concretos sem esta pozolana.
Segundo apontamentos da literatura (Bakker, 1988; Helene, 1986; Neville, 1997 e Silva,
2002) para tempos elevados de exposição ao CO
2
, o processo de carbonatação tende à
estabilização. Até o período máximo de exposição ao CO
2
empregado neste programa
experimental (de 98 dias), esse comportamento não foi observado. Tal fato pode ser atribuído
ao tempo de ensaio empregado ser inferior ao tempo necessário para alcançar a atenuação da
curva de profundidade de carbonatação em função do tempo de exposição. Também se
acredita que para misturas de maior relação a/agl, as quais apresentam elevada porosidade, o
processo de atenuação da curva de carbonatação necessite de tempos de exposição ao CO
2
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
104
bastante elevados exigindo, conseqüentemente, corpos-de-prova de grandes dimensões e um
ensaio de carbonatação acelerado de longa duração.
Tabela 19: profundidade de carbonatação observada (mm)
a
0,3 0,35 0,45 0,6 0,8 0,3 0,35 0,45 0,6 0,8 0,3 0,35 0,45 0,6 0,8 0,3 0,35 0,45 0,6 0,8
0
0 0 2,19 0 0 7,4 0 0 10,15 0 0 16,3
5
0 0 00,24 01,09 03,85
10
000001,5004,86001
15
00,12 00,92 00,98 05,17
20
0,08 0 0,3 0,13 0 3,29 0 0 9,46 0 0 26,95
idade 28 dias idade 63 dias
SA
(%)
Relação água/aglomerante
idade 98 diasidade 7 dias
8,42
a)
Matriz completa de ensaios acelerados foi obtida por Kulakowski (2002).
Tabela 20: profundidade de carbonatação resultante do modelo (mm)
0,3 0,35 0,45 0,6 0,8 0,3 0,35 0,45 0,6 0,8 0,3 0,35 0,45 0,6 0,8 0,3 0,35 0,45 0,6 0,8
0
0 0,01 0,15 0,01 0,06 1,79 0,03 0,27 7,54 0,06 0,58 16,52
5
0 0,03 0,02 0,35 0,07 1,49 0,14 3,29
10
0 0,01 0,16 0,01 0,07 1,99 0,03 0,31 8,68 0,07 0,68 19,34
15
0 0,03 0,02 0,41 0,08 1,83 0,18 4,13
20
0 0,01 0,18 0,01 0,09 4,42 0,04 0,39 11,08 0,09 0,9 25,41
SA
(%)
Relação água/aglomerante
idade 7 dias idade 28 dias idade 63 dias idade 98 dias
Os gráficos da Figura 33 mostram o comportamento observado no ensaio acelerado e o
previsto pelo modelo para a profundidade de carbonatação do concreto. Nota-se que o modelo
proposto representa o comportamento observado dos concretos ao longo do tempo,
apresentando pouca dispersão. Também se percebe que existe influência da relação a/agl no
aumento da profundidade de carbonatação dos concretos. Para dosagens de relação a/agl baixa
(igual ou inferior a 0,45), independente do teor de adição, os concretos não apresentaram
carbonatação durante a realização do ensaio acelerado.
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Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
105
0 255075100125
0
10
20
30
40
50
carbonatação (mm)
0 25 50 75 100 125
tempo (dias)
30-00 prev
30-00 obs
30-10 prev
30-10 obs
0 25 50 75 100 125 150
30-20 prev
30-20 obs
0 25 50 75 100 125
10
20
30
40
50
carbonatação (mm)
0 255075100125150
35-05 prev
35-05 obs
35-15 prev
35-15 obs
tempo (dias)
0 255075100125
0
10
20
30
40
50
carbonatação (mm)
0 25 50 75 100 125
tempo (dias)
45-00 prev
45-00 obs
45-10 prev
45-10 obs
0 25 50 75 100 125 150
45-20 prev
45-20 obs
0 25 50 75 100 125
10
20
30
40
50
carbonatação (mm)
0 25 50 75 100 125 150
60-05 prev
60-05 obs
60-15 prev
60-15 obs
tempo (dias)
0 25 50 75 100 125
0
10
20
30
40
50
carbonatação (mm)
0 255075100125
tempo (dias)
80-00 prev
80-00 obs
80-10 prev
80-10 obs
0 25 50 75 100 125 150
80-20 prev
80-20 obs
Figura 33: carbonatação dos concretos – comportamento observado
(obs) e previsto (prev) – nomenclatura: ex: 80-00 – 80 representa
relação a/agl de 0,8 e 00 o teor de adição de 0%
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
106
A Figura 34 apresenta as curvas do modelo ajustado onde verifica-se a influência da relação
a/agl e da interação entre o teor de adição de sílica ativa e a relação a/agl na profundidade de
carbonatação. A relação a/agl apresenta grande interação com a profundidade de carbonatação
dos concretos, sendo maior quanto maior a relação água/aglomerante, fato este de consenso na
literatura (HO e LEWIS, 1987; COLLEPARDI et al., 1989; SILVA, 2002; KHAN e
LYNSDALE, 2002; CHI, HUANG e YANG et al., 2002; KULAKOWSKI, 2002; VIEIRA,
2003; entre outros). Para Silva (2002) a
profundidade de carbonatação decresce com o
decréscimo da relação água/cimento, especialmente para valores abaixo de 0,6, fato atribuído
à desconexão dos poros capilares. Nota-se, para o tempo de exposição ao CO
2
de 98 dias a
profundidade de carbonatação é cerca de 5,3 vezes menor (para a relação a/agl de 0,60 em
comparação com a relação a/agl de 0,80). Essa redução é ainda maior (em torno de 30 vezes)
quando se compara concretos com relação a/agl de 0,45 com os de 0,80.
0
10
20
30
40
50
Relação água/aglomerante
Profundidade de carbonatação (mm)
0%
5%
0
10
20
30
40
50
0.30.40.50.60.70.8 0.30.40.50.60.70.8
Sílica Ativa
10%
15%
20%
7 dias
63 dias
28 dias
98 dias
Figura 34: influência da interação entre a relação água/aglomerante e
o teor de sílica ativa na profundidade de carbonatação do concreto
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107
Para relações a/agl abaixo de 0,45 o teor de sílica ativa não exerce influência na profundidade
de carbonatação dos concretos. Como observado por Kulakowski (2002) e Vieira (2003),
pode-se dizer que existe uma região crítica limite no comportamento dos concretos frente à
carbonatação delimitado pela existência de um intervalo de relações a/agl limite entre 0,45 e
0,50. Nota-se que, no limite inferior a 0,45, a presença e o teor de adição não exercem
influência na profundidade carbonatada. Deste modo o pH e o teor de Ca(OH)
2
exercem
pouca influência na carbonatação dos concretos, com esses níveis de relação a/agl, sendo a
carbonatação regida pela porosidade da matriz de cimento endurecida, que é função da
relação água/aglomerante da mistura. Para os limites superiores à relação a/agl de 0,45
verifica-se que o teor de adição de sílica ativa apresenta influência na carbonatação dos
concretos, sendo que a elevação do teor de adição causa um aumento na profundidade
carbonatada. Esse fato pode ser notado nas misturas com relação a/agl de 0,80, onde a
profundidade de carbonatação dos concretos com 10 e 20% de adição de sílica ativa, expostos
por 98 dias à ação do CO
2
é, respectivamente, 15 e 35% superior à do concreto referência
(sem adição). Deste modo, para esse intervalo de relação a/agl, as características químicas do
concreto passam a apresentar efeito significativo no avanço da carbonatação, sendo que a
reserva alcalina das misturas exerce grande influência na intensidade do fenômeno. Bakker
(1988) salienta que a velocidade das reações de carbonatação está relacionada com a
quantidade dos produtos alcalinos carbonatáveis (tipo e quantidade de cimento) e com a
quantidade de CO
2
que difunde na unidade de tempo pelo concreto, sendo função da estrutura
dos poros e umidade relativa no interior da matriz endurecida.
A sílica ativa, por ser uma pozolana altamente reativa, consome totalmente ou parcialmente o
Ca(OH)
2
oriundo das reações de hidratação do cimento, fazendo com que a reserva alcalina e,
conseqüentemente o pH do concreto sejam reduzidos. Para relações a/agl mais baixas, pelo
refinamento dos poros propiciado pela ação pozolânica e pelo efeito filler, a matriz torna-se
mais densa, reduzindo a porosidade e dificultado o ingresso de CO
2
, tornando o concreto
menos susceptível à carbonatação. Para misturas com relação a/agl elevadas (acima de 0,45),
devido à alta porosidade da pasta de cimento endurecida, o consumo de hidróxido de cálcio e
a conseqüente formação de C-S-H (silicato de cálcio hidratado) conferido pela presença de
adições pozolânicas não são suficientes para fechar ou reduzir, consideravelmente, a
porosidade da matriz cimentante a ponto de limitar o ingresso de CO
2
. Logo, prepondera o
efeito de reserva alcalina e o CO
2
que penetra no concreto reduz com maior velocidade o pH
da mistura, carbonatando-o mais rapidamente.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
108
Helene (1993) descreve o aumento da profundidade de carbonatação nos concretos com
adições pozolânicas, desatacando que este fato pode ser explicado pelo conceito de reserva
alcalina, pois à medida que na solução intersticial do concreto há uma maior concentração de
Ca(OH)
2
, o CO
2
não penetra com a mesma velocidade devido à necessidade de primeiro
rebaixar o pH e depois reagir com o hidróxido de cálcio presente para então seguir penetrando
e precipitando carbonato de cálcio na solução dos poros. Constata-se, que para elevadas
relações a/agl a carbonatação é fortemente dependente da quantidade de hidróxido de cálcio
disponível na matriz cimentante. Por outro lado, o próprio fenômeno de carbonatação tende a
precipitar o Ca(OH)
2
na forma de CaCO
3
promovendo uma gradativa redução da porosidade
na pasta de cimento endurecida. Houst e Wittmann (1994), analisando a difusão de CO
2
e O
2
através de concretos com relação a/agl de 0,4 a 0,80, verificaram que a redução da porosidade
do concreto é maior para concretos de menor relação a/agl.
A influência do teor de adição de sílica ativa e da interação com a relação a/agl na
profundidade de carbonatação dos concretos é representada pelas curvas de comportamento
dos concretos da Figura 35.
10
20
30
40
50
Teor de Sílica Ativa (%)
Profundidade de carbonatação (mm)
0,30
0,35
10
20
30
40
50
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20 25
água/aglometante
0,45
0,60
0,80
7 dias
63 dias
28 dias
98 dias
Figura 35: influência da interação entre o teor de adição de sílica ativa e a
relação água/aglomerante na profundidade de carbonatação do concreto
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Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
109
Nos primeiros tempos de exposição ao CO
2
(0 e 7 dias) as misturas não apresentam
comportamentos diferenciados. Com o avanço do tempo de exposição os concretos com
relação água cimento de 0,80 e 0,60 tendem a apresentar profundidades de carbonatação
superiores às demais. As misturas com relação a/agl igual ou inferior a 0,45 apresentam
comportamentos semelhantes, onde a in fluência do teor de adição e do tempo de exposição
ao CO
2
não é significativa. Nota-se que, para relações a/agl mais elevadas, o incremento do
teor de adição de sílica ativa possui efeito nocivo na profundidade de carbonatação, pois
quanto maior o teor de adição maior a profundidade carbonatada, comportamento também
observado por KULAKOWSKI (2002), SILVA (2002), VENQUIARUTO (2002) e VIEIRA
(2003). Apesar da adição de sílica ativa provocar uma descontinuidade nos poros, reduzindo a
permeabilidade dos concretos e argamassas, verifica-se que os compostos com adição de
sílica ativa apresentam carbonatação maior que os compostos sem sílica ativa. Isto se explica
pelo fato da sílica ativa ter sido utilizada em substituição do volume de cimento, reduzindo a
quantidade de hidróxido de cálcio presente no composto e, também, devido às reações
pozolânicas (SILVA, 2002).
Com relação ao comportamento frente à carbonatação de concretos produzidos com outras
adições pozolânicas, Ho e Lewis (1987), Collepardi et al. (1989) e Venquiaruto (2002)
relatam que a adição de cinza volante aumenta a profundidade carbonatada. Para Venquiaruto
(2002) a adição de cinza de casca de arroz também eleva a carbonatação do concreto. Isaia
(1995), avaliando o desempenho da adição de sílica ativa, cinza de casca de arroz e cinza
volante no concreto, relata que a carbonatação é menor para os traços sem adição, devido
estes apresentarem maior reserva alcalina, sendo que as misturas com sílica ativa apresentam
maior profundidade de carbonatação que as demais, atribuindo esse fato a sua alta reatividade.
5.2 CARBONATAÇÃO NATURAL DO CONCRETO
O ensaio de carbonatação natural do concreto é caracterizado por um processo lento, tendo
inúmeras variáveis não controláveis que influenciam o processo. Logo, em relação à escala de
tempo, é mais prudente fazer referência à carbonatação natural no período de anos ou
semanas, visto que, em função das variáveis intervenientes, a determinação das profundidades
carbonatadas com precisão de dias é de difícil e imprecisa obtenção.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
110
A Figura 36 apresenta o aspecto da carbonatação das amostras expostas ao ambiente de
degradação natural urbano, durante 365 semanas (7 anos).
(a)
(b)
(c)
(d)
a/agl 0,30
S
A 00
%
a/agl 0,30
S
A 20
%
a/agl 0,80
S
A 20
%
a/agl 0,80
S
A 00
%
Figura 36: aspecto das amostras carbonatadas em ambiente natural
As amostras da Figura 36 (a) e (b), com relação a/agl de 0,30 e com 0 e 20% de sílica ativa,
respectivamente, não apresentaram carbonatação durante o período de ensaio. Já as amostras
(c) e (d) são referentes aos concretos produzidos com relação a/agl de 0,80 e teor de adição de
sílica ativa de 0 e 20%, respectivamente. Nota-se que as mesmas apresentam frente de
carbonatação definida, facilitando a tomada de medidas das profundidades nos pontos pré-
determinados. Em relação ao aspecto da área carbonatada, Abreu (2004), em ensaio acelerado
de concretos com cinza volante com concentrações de CO
2
de 5% e superior a 50%, verificou
que o teor de CO
2
exerce efeito na área carbonatada. A autora relata que o avanço da frente de
carbonatação nos concretos expostos a 5% de CO
2
apresentou-se relativamente mais
homogêneo e intenso, diferindo dos expostos à concentração de CO
2
superior a 50%, cujas
superfícies apresentavam coloração mais difusa e aleatorizada. Segundo Abreu (2004), este
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
111
aspecto da carbonatação em concretos já foi descrito por Alonso (1986
48
), que afirma que a
frente de carbonatação neste caso é muito irregular, com reentrâncias profundas, muitas vezes
tendendo a contornar o agregado. A zona de transição entre a matriz de cimento e o agregado
é, geralmente, uma região de maior porosidade e com poros interconectados, o que facilita o
acesso do CO
2
a regiões mais internas do corpo-de-prova (ALONSO, 1986; citado por
ABREU, 2004 e HOUST e WITTMANN, 2002).
A modelagem dos resultados não foi possível de ser elaborada, devido à existência de apenas
um ponto de medição da profundidade carbonatada durante o tempo de exposição no
ambiente de degradação. As medições realizadas nas idades de 1, 2 e 4 anos infelizmente
foram perdidas. Logo, o comportamento dos concretos frente à carbonatação durante o tempo
de exposição não foi determinado. Porém, com base na literatura, admite-se que as amostras
submetidas ao ensaio de carbonatação acelerado e ao ensaio natural apresentam tendências de
comportamento iguais (HO e LEWIS, 1987; LIMA, 1999) e (YING-YU e QUI-DONG, 1987;
PAPADAKIS, 1992; ANDRADE, et al., 1988, todos citados por KAZMIERCZAK, 1995).
A profundidade de carbonatação média dos exemplares, com relação a/agl de 0,80, foi de
12,01 mm para os concretos sem adição e de 14,28 mm para os concretos com 20% de adição
sílica ativa. Os resultados de profundidade carbonatada obtidos após 365 semanas (7 anos) de
exposição natural à ação do CO
2
são descritos na Tabela 21.
Tabela 21: profundidade de carbonatação (mm)
49
– ensaio ao natural
Relação água/aglomerante
Sílica Ativa
(%)
0,30 0,35 0,45 0,60 0,80
0
0
0
12,02
11,99
5
10
0
0
15
20
0
0
13,73
14,83
48
ALONSO, C. Estudio de la corrosion de armaduras en hormigón carbonatado. 1986. Tesis (Doctoral).
Facultad de Ciências, Universidad Complutense de Madrid. Madrid-España, 360p.
49
Cada dado da tabela representa a profundidade média obtida nas 4 faces de cada corpo-de-prova (repetição
igual a dois).
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
112
Como constatado no ensaio acelerado, verifica-se a influência da relação a/agl na
carbonatação dos concretos, existindo uma região crítica limite em torno da relação a/agl de
0,45, abaixo da qual a profundidade de carbonatação pode ser considerada desprezível para
concretos com e sem adição de sílica ativa. Acima desta relação a/agl a carbonatação é
fortemente influenciada pela presença de adições, predominando o efeito de reserva alcalina
discutido no item 5.1. O efeito da adição de sílica ativa fica notado nas misturas com relação
a/agl de 0,80, onde, para o teor de 20%, o aumento médio da profundidade carbonatada foi de
aproximadamente 16%, em relação às misturas sem adição.
Comparando o ensaio de carbonatação acelerado com o natural (Tabela 22 e Tabela 23) nota-
se que, para as duas metodologias de ensaio, os concretos com relação a/agl de 0,80, com e
sem adição de sílica ativa, apresentaram carbonatação. As misturas com a/agl inferior a 0,45,
para os dois ensaios, não carbonataram e a presença ou ausência de adição não implicou em
diferenças, mostrando que o efeito isolado da sílica ativa não exerce influência na
carbonatação. Esse fato foi associado ao fechamento da porosidade do concreto nas misturas
com baixas relações a/agl, como já discutido no item 5.1. Deste modo, tais fatos apontam que
o procedimento de ensaio acelerado adotado representa a tendência de comportamento natural
do fenômeno em estudo.
Tabela 22: profundidade de
carbonatação média (mm) – ensaio
acelerado
Tempo em semanas (anos)
misturas
1
(0,02)
4
(0,08)
9
(0,17)
14
(0,27)
30-00
0 0 0 0
30-20 0,08 0,13 0 0
45-10 0 0 0 0
80-00 2,19 7,4 10,15 16,30
80-20 0,3 2, 9 2 9,46 26,65
Tabela 23: profundidade de
carbonatação média (mm) – ensaio
ao natural
Tempo em semanas (anos)
misturas
52
(1)
104
(2)
208
(4)
365
(7)
30-00 0 0 0 0
30-20 0 0 0 0
45-10 0 0 0 0
80-00 - - - 12,01
80-20 - - - 14,28
Nomenclatura: 30-00 – 30 representa a relação a/agl de 0,3 e 00 o teor de adição de
sílica ativa de 0%.
A Figura 37 mostra as profundidades de carbonatação dos concretos de relação a/agl de 0,80
com adição de sílica ativa de 0 e 20%, para os dois ensaios, aferidas durante o período de
execução dos ensaios.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
113
2.2
7.4
10.2
16.3
0.3
3.3
9.5
27.0
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
14914
tempo (semanas)
Profundidade de carbonatação
(mm)
80-00
80-20
12.0
14.3
0
10
20
30
40
50
365
tempo (semanas)
Profundidade de carbonatação
(mm)
80-00
80-20
Ensaio não
acelerado
Ensaio acelerado
Figura 37: influência do teor de adição de sílica ativa na carbonatação
do concreto ao longo do tempo
Para a relação a/agl de 0,80, verifica-se que para as primeiras idades a carbonatação do
concreto com adição de sílica ativa é menor, porém para idades maiores, essa tendência tende
a ser inversa. Essa maior resistência à carbonatação nas primeiras idades, para as misturas
com adição de sílica ativa, pode ser ocasionada pela dificuldade de ingresso do CO
2
devido à
menor porosidade do concreto quando produzido com essa adição. Porém, assim que o CO
2
penetra no concreto, devido o consumo de CH pelas reações pozolânicas e a conseqüente
redução da reserva alcalina do concreto, a frente de carbonatação tende a avançar com maior
velocidade, conforme discutido por Helene (1993).
Nota-se que no ensaio de degradação natural, após 365 semanas de exposição ao CO
2
, as
profundidades de carbonatação obtidas se enquadram no intervalo de tempo do ensaio
acelerado compreendido entre 9 e 14 semanas. Esse fato mostra que a concentração de CO
2
do ambiente de degradação influencia na profundidade de carbonatação do concreto, sendo
que para teores mais elevados, a carbonatação tende a ser maior, fato relatado por
Kazmierczak (1995), Uomoto e Takada (1993) e Neville (1997). Para ambientes urbanos a
literatura aponta um teor de CO
2
de aproximadamente 0,03 a 0,1%, chegando até 0,3% em
grandes centros urbanos (NEVILLE, 1997). Considerando a concentração de 0,1% para a
Cidade de Porto Alegre, o ensaio de carbonatação acelerado emprega um teor de CO
2
cerca de
50 vezes superior à concentração da atmosfera natural, explicando a maior profundidade de
carbonatação obtida no teste acelerado.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
114
5.3 COEFICIENTES DE CARBONATAÇÃO E ACELERAÇÃO
5.3.1 Determinação dos Coeficientes de Carbonatação
O modelo que representa a carbonatação acelerada dos concretos, apresentado no item 5.1,
não contempla a forma de comportamento descrita pela expressão da raiz quadrada do tempo,
porém apresentou um coeficiente de determinação de 0,95, explicando 95% dos resultados
observados. Por ser utilizado com freqüência nos estudos de carbonatação acelerada e de
previsão de vida útil de estruturas existentes, optou-se pela determinação dos coeficientes de
carbonatação a fim de verificar o ajuste dos dados experimentais.
Conforme definição, descrita no item 2.3.3, o “coeficiente de carbonatação (k
carb
) é a relação
da profundidade carbonatada de um concreto em função da raiz quadrada do tempo de
exposição ao CO
2
, expresso, normalmente em mm/ano
0,5
ou mm/semanas
0,5
”. Esse coeficiente
é determinado a partir da expressão da raiz quadrado do tempo (discutida no item 3.3), sendo
empregado por diversos pesquisadores do exterior (HAMADA, 1969; UOMOTO e
TAKADA, 1993; ROY, POH e NORTHWOOD 1999) e do Brasil (ISAIA, 1995;
GUIMARÃES, 2000; VENQUIARUTO, 2002; FIGUEIREDO, 2004).
A determinação dos coeficientes de carbonatação se faz plotando no eixo das ordenadas (y) os
dados de carbonatação acelerada (em milímetros) e no eixo das abscissas (x) a raiz quadrada
da idade cronológica de exposição ao CO
2
dos concretos (em semanas ou anos), referentes às
profundidades carbonatadas. Os gráficos gerados pelos dados de carbonatação versus tempo
devem atender o critério de dispersão de valores de xy. Para cada variável em estudo, seja
a/agl, teor de adição, tipo de adição, teor de CO
2
, tempo de cura, entre outras, deve-se traçar
uma curva de comportamento. Cada mistura é analisada isoladamente com procedimento
analítico por meio de regressão linear. Assim, os pontos gerados para cada mistura são
ajustados por uma linha de tendência linear com função identidade do tipo f(x) = ax + b, onde
a” representa o coeficiente angular ou inclinação da reta e “b” a interseção.
O coeficiente de carbonatação é representado pelo coeficiente angular da reta “a”. As Figura
38 e Figura 39 apresentam, respectivamente, um exemplo da linearização das curvas de
carbonatação para os concretos de relação a/agl de 0,80 com adição de 0, 10 e 20% de sílica
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
115
ativa expostos à ação de CO
2
durante 63 e 98 dias
50
(9 e 14 semanas ou, respectivamente, 3 e
3,74 semanas
0,5
).
y = 3.566x - 0.414
r
2
= 0.9758
-10
0
10
20
30
01234
y = 1.608x - 0.822
r
2
= 0.8205
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
01234
Tempo (semanas
0.5
)
Carboatação (mm
)
10% Linear (10%)
y = 3.137x - 1.443
r
2
= 0.8508
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
01234
Tempo (semanas
0.5
)
Carboatação (mm
)
20% Linear (20%)
(a) (b) (c)
Tempo (semanas
0.5
)
Carboatação (mm
)
0% Linear (0%)
Figura 38: linearização das curvas de carbonatação – ensaio acelerado
com 9 semanas de exposição ao CO
2
: mistura com a/agl 0,80: (a) 0%
de sílica ativa; (b) 10% de sílica ativa; (c) 20% de sílica ativa
y = 4.2363x - 1.0456
r
2
= 0.9607
-10
0
10
20
30
0.00 1.00 2.00 3.00 4.00
Tempo (semanas
0.5
)
Carbonatação (mm
)
0% Linear (0%)
y = 4.2374x - 3.2999
r
2
= 0.6683
-10
0
10
20
30
0.00 1.00 2.00 3.00 4.00
Tempo (semanas
0.5
)
Carbonatação (mm
)
10% Linear (10%)
y = 6.4484x - 4.5636
r
2
= 0.7402
-10
0
10
20
30
0.00 1.00 2.00 3.00 4.00
Tempo (semanas
0.5
)
Carbonatação (mm
)
20% Linear (20%)
(a) (b) (c)
Figura 39: linearização das curvas de carbonatação – ensaio acelerado
com 14 semanas de exposição ao CO
2
: mistura com a/agl 0,80: (a) 0%
de sílica ativa; (b) 10% de sílica ativa; (c) 20% de sílica ativa
A Figura 40 apresenta um modelo genérico, utilizado nesta pesquisa, para a obtenção dos
coeficientes de carbonatação do concreto durante os períodos de exposição ao CO
2
. Na Tabela
24 encontram-se os resultados dos coeficientes de carbonatação obtidos nos intervalos
determinados na Figura 40.
50
Para a obtenção dos coeficientes de carbonatação e aceleração, as idades de exposição ao CO
2
dos concretos
em ensaio acelerado, representadas em dias (0, 7, 28, 63 e 98), foram alteradas para semanas (0, 1, 4, 9 e 14).
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
116
01234
tempo (semanas )
0
10
20
30
40
50
carbonatação (mm)
Profundidade de Carbonatação
(mm)
80-0
0
0
80-1
80-20
0.5
k
carb_0 a 4
k
carb_0 a 3
k
carb_4
k
carb_3
k
carb_2
k
carb_1
Figura 40: coeficientes de carbonatação – ensaio acelerado: mistura
com a/agl 0,80 com 0, 10 e 20% de adição de sílica ativa
Tabela 24: coeficientes de carbonatação (mm) – ensaio acelerado
Mistura
Tempo de exposição ao
CO
2
(semanas
0,5
)
Coeficiente de
Carbonatação
51
Coeficiente de Carbonatação
(mm/semanas
0,5
)
r
2
1,0
k
carb_1
2.1900
2,0
k
carb_2
3.7000
3,0
k
carb_3
3.3833
3,7
k
carb_4
4.3564
0 a 3,0 k
carb_0 a 3
52
3,5660 0,9758
80-00
0 a 3,7 k
carb_0 a 4
53
4,2363 0,9607
1,0
k
carb_1
0,0000
2,0
k
carb_2
0.7500
3,0
k
carb_3
1.6200
3,7
k
carb_4
4.9230
0 a 3,0 k
carb_0 a 3
1,6080 0,8205
80-10
0 a 3,7 k
carb_0 a 4
4,2374 0,6683
1,0
k
carb_1
0.3000
2,0
k
carb_2
1.6450
3,0
k
carb_3
3.1533
3,7
k
carb_4
7.2027
0 a 3,0 k
carb_0 a 3
3,1370 0,8508
80-20
0 a 3,7 k
carb_0 a 4
6,4484 0,7402
51
(k
carb_1
) onde: k
carb
= coeficiente de carbonatação; e 1 = tempo de exposição ao CO
2
(semanas).
52
k
carb_0 a 3
= obtido pelo ajuste dos dados reais de carbonatação acelerada (sem modelagem), para o período de
até 3,0 semanas
0.5
(63 dias) de exposição ao CO
2
.
53
k
carb_0 a 4
= obtido pelo ajuste dos dados reais de carbonatação acelerada (sem modelagem) para o período de
até 3,75 semanas
0.5
(98dias) de exposição ao CO
2
.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
117
Os coeficientes de carbonatação k
carb_1
, k
carb_2
, k
carb_3
, k
carb_4
foram calculados pontualmente,
empregando-se os dados de profundidade de carbonatação obtidos nas idades de ensaio de 1,
4, 9 e 14 semanas (1, 2, 3 e 3,74 semanas
0,5
), respectivamente. Deste modo, cada coeficiente
representa a carbonatação do concreto obtida em uma única idade de ensaio. Já os coeficientes
de carbonatação k
carb_0 a 3
e k
carb_0 a 4
foram calculados com os dados de profundidade de
carbonatação obtidos durante o tempo de exposição ao CO
2
, sendo o primeiro para o tempo de
ensaio de 1, 4 e 9 semanas (1, 2 e 3 semanas
0,5
) e o segundo para o tempo de ensaio de 1, 4, 9
e 14 semanas (1, 2, 3 e 3,74 semanas
0,5
). Assim, estes coeficientes representam o avanço da
profundidade de carbonatação do concreto durante todo o tempo de ensaio.
A partir dos dados da tabela acima, observa-se que o k
carb
apresenta valores diferenciados no
decorrer da realização do ensaio, mostrando que, dependendo da data final de medição de
profundidade de carbonatação, o mesmo pode apresentar um valor numérico distinto. Para o
período de ensaio de 0 a 3,0 semanas (
k
carb_0 a 3
) a mistura 80-20, cuja linearização é mostrada
na Figura 38(c), gerou um k
carb
de 3,14 mm/semana
0,5
com um coeficiente de determinação de
0,85, indicando que o coeficiente explica 85,08% dos resultados obtidos. Para um tempo
maior de ensaio (0 a 3,7 semanas) a mesma mistura, mostrada na Figura 39(c), apresentou um
k
carb
de 6,45 mm/semana
0,5
com um coeficiente de determinação de 0,74, explicando 74,02%
dos resultados obtidos. Essa diferença de aproximadamente 51% entre os coeficientes de
carbonatação para a mesma mistura, obtidos para duas idades distintas, também é notada pela
inclinação da curva dos pontos de carbonatação obtidos no ensaio.
Por outro lado, nota-se que há uma proximidade nos valores dos coeficientes de carbonatação
obtidos pontualmente e ao longo do tempo de exposição ao CO
2
. Observa-se que, para a
mistura 80-00, os coeficiente obtidos pontualmente (k
carb_3
) e ao longo do tempo (k
carb_0 a 3
)
foram, respectivamente, de 3,38 e 3,57 mm/semana
0,5
. Para a mistura 80-10, os coeficientes
de carbonatação foram de 1,62 e 1,61 mm/semana
0,5
, em respectivo. E, para mistura 80-20,
estes coeficientes foram de 3,15 e 3,14 mm/semana
0,5
, respectivamente. Para um maior tempo
de exposição ao CO
2
(3,7 semana
0,5
) essa mesma tendência foi observada (ver Tabela 24).
Assim, para as misturas em estudo, quando empregado o modelo da raiz quadrada do tempo,
as medidas pontuais de profundidade de carbonatação se assemelham às obtidas considerando
os dados ao longo do tempo.
Nota-se, na Figura 40 que até a idade de 3 semanas a carbonatação apresentava um
crescimento pequeno ao longo do tempo. Já na quarta semana de ensaio, a profundidade de
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
118
carbonatação do concreto sofre uma elevação que, conseqüentemente, altera a inclinação da
curva de comportamento do concreto e o coeficiente de carbonatação. Logo, percebe-se que
existem algumas dificuldades na determinação destes coeficientes que dificultam,
principalmente, a extrapolação dos resultados e a correlação com outros trabalhos.
Observa-se ainda (Figura 39) que, para o concreto de referência (sem adição de sílica ativa), o
ajuste em função da raiz quadrada do tempo gerou um coeficiente de determinação de 0,96,
explicando 96% dos dados observados. Logo, o ajuste dos dados de profundidade de
carbonatação se apresentou adequado, descrevendo o comportamento dos dados observados.
Por outro lado, para o mesmo período de exposição ao CO
2
, os concretos com adição de 10 e
20% de sílica ativa apresentaram coeficientes de determinação de 0,67 e 0,74,
respectivamente. Deste modo, o ajuste dos dados em função da equação da raiz quadrada do
tempo gerou baixos coeficientes de determinação, indicando que, possivelmente, a presença
de sílica ativa altera o comportamento do concreto frente à carbonatação.
Complementando a verificação dos coeficientes de carbonatação, a Figura 41 apresenta a
linearização das curvas de carbonatação para os concretos de relação a/agl de 0,60 com adição
de 5 e 15% de sílica ativa, para a idade de exposição ao CO
2
de 14 semanas.
y = 0.8939x - 0.7056
r
2
= 0.6735
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
0.00 1.00 2.00 3.00 4.00
Tempo (semanas0.5)
Carbonatação (mm
)
5% Linear (5%)
y = 1.1348x - 0.773
r
2
= 0.6378
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
0.00 1.00 2.00 3.00 4.00
Tempo (semanas0.5)
Carbonatação (mm
)
15% Linear (15%)
(a) (b)
Figura 41: linearização das curvas de carbonatação – ensaio acelerado
com 14 semanas de exposição ao CO
2
: mistura com a/agl 0,60: (a) 5%
de sílica ativa; (b) 15% de sílica ativa
Para a mistura com 5% de adição de sílica ativa o coeficiente de carbonatação obtido foi de
0,89 mm/semanas
0,5
e para a mistura com 15% de adição foi de 1,13 mm/semanas
0,5
. Os
coeficientes de determinação, resultante do ajuste das profundidades de carbonatação em
função da raiz quadrada do tempo, para os concretos de relação a/agl de 0,60 com 5 e 15% de
sílica ativa, foram baixos, explicando 67,35% e 63,78% dos resultados observados,
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Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
119
respectivamente, fato também observado nos concretos com relação a/agl de 0,80 com 10 e
20% de adição.
Com base nestas considerações, não foi possível estabelecer qual o melhor coeficiente de
carbonatação para ser adotado. Tal fato deve ser averiguado com maior ênfase a fim de se
determinar o expoente de t (tempo), que provavelmente, para os concretos com adição de
sílica ativa, deve ser diferente de ½.
Estes coeficientes também podem ser obtidos para as misturas carbonatadas em ambiente
natural. Considerando o tempo de exposição de 365 semanas (7 anos) e aplicando na equação
convencional da raiz quadrada do tempo, de maneira direta, tem-se para a mistura com
relação água/aglomerante de 0,80 sem adição de sílica ativa o coeficiente de carbonatação de
0,63 mm/semana
0.5
(4,54 mm/ano
0.5
) e para a mistura com 20% de adição o coeficiente de
carbonatação de 0,75 mm/semana
0.5
(5,39 mm/ano
0.5
).
A literatura utiliza o coeficiente de carbonatação obtido em estruturas reais ou ensaio não
acelerado para estimar o comportamento da profundidade carbonatada média de uma
determinada edificação para uma vida útil requerida. Deste modo, com os coeficientes de
carbonatação obtidos no ensaio de degradação natural, extrapolou-se a profundidade de
carbonatação para um período de 100 anos. Assim, edificações construídas há
aproximadamente 365 semanas (7 anos) e executadas com concretos de relação a/agl de 0,80
com 0 e 20% de adição de sílica ativa, com k
carb
de 0,63 mm/semana
0.5
(4,54 mm/ano
0.5
) e
0,75 mm/semana
0.5
(5,39 mm/ano
0.5
), respectivamente, apresentariam o comportamento frente
à carbonatação conforme mostram as curvas de ajuste da Figura 42.
0 204060801
tempo (anos)
00
0
10
20
30
40
50
60
Profundi
dade de
Profundidade de carbonatação
(mm)
carbonatacao
(mm)
K
K
Carb_80-
k
carb_80-00
k
carb_80-20
20
Figura 42: estimativa da profundidade carbonatada para uma vida útil
de 100 anos em função de k
carb
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
120
Conforme proposto por Helene (1997), a vida útil de projeto de uma edificação é alcançada
quando a espessura de carbonatação for equivalente à espessura de cobrimento do concreto.
Logo, tomando como base o cobrimento de armadura de 15 mm
54
, para a dosagem com
relação a/agl de 0,80 com e sem adição de sílica ativa, nota-se que em um período de
aproximadamente 10 anos a frente de carbonatação, para os dois concretos, teria atingido essa
profundidade. Dobrando a espessura de cobrimento (30 mm
55
), o tempo necessário para a
frente de carbonatação atingir a armadura para os concretos com 0% e 20% de sílica ativa,
seria, respectivamente, de 43 e 33 anos. Nota-se que, dobrando a espessura de cobrimento a
vida útil pode ser elevada em até 4 vezes para o concreto sem adição e em 3 vezes para a
mistura com 20% de sílica ativa. Tal fato justifica a importância da espessura de cobrimento e
da qualidade do concreto, visto que estes são responsáveis pela proteção das armaduras.
Vieira (2003) avaliou o efeito da adição de sílica ativa na corrosão das armaduras, sendo este
mais significativo para as relações a/agl mais elevadas. O teor de adição de 10% não alterou a
intensidade de corrosão e o teor de 5% apresentou melhor desempenho que o sem adição.
Porém, o teor de adição superior a 10% apresentou efeito desfavorável na variação final da
intensidade de corrosão. Deste modo, em termos de vida útil para estruturas sujeitas à
carbonatação, a adição de 20% de sílica ativa, em concretos com elevada relação a/agl, exerce
influência negativa em termos de durabilidade. Para o caso em estudo, seria benéfico em
termos de aumento de vida útil não utilizar essa pozolana.
A discussão acima descrita em torno dos coeficientes de carbonatação, determinados no
ensaio natural, apresenta apenas uma aproximação da vida útil da estrutura. Como observado
na determinação dos coeficientes de carbonatação para os concretos submetidos ao ensaio
acelerado, a adição de sílica ativa e a idade de exposição ao CO
2
das amostras ou estrutura da
qual foram determinados estes coeficientes exercem influência no coeficiente de
carbonatação. Logo, deve-se evitar generalizações baseadas somente nestes coeficientes e a
aplicação dos mesmos exige cuidado.
54
Espessura de cobrimento recomendada para ambientes normais pela antiga NBR 6118/1986
55
Espessura de cobrimento recomendada para ambientes normais pela nova NB 1/2003.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
121
5.3.2 Determinação dos Coeficientes de Aceleração
Retomando a definição apresentada no capítulo de revisão, o “coeficiente de aceleração (
α
c
) é
adimensional e expressa o número de vezes que o ensaio acelerado representa a degradação
natural, sendo relativo aos concretos estudados e às condições de exposição impostas nos dois
procedimentos de ensaio”. Pode ser determinado utilizando-se a formulação apresentada na
equação 15.
ace
nat
c
t
t
=
α
equação 15
Onde:
α
c
= coeficiente de aceleração (adimensional);
t
nat
= tempo de realização ensaio ao natural (dias, semanas, anos
56
);
t
ace
= tempo de realização do ensaio acelerado equivalente
57
à profundidade de carbonatação
(e
c
) encontrada no ensaio ao natural (dias, semanas, anos);
Pelo ajuste do comportamento observado pelo modelo matemático (equação 14), foi possível
correlacionar os dados de ensaios natural e acelerado. Primeiro fez-se o ajuste dos dados reais
da carbonatação acelerada, gerando as curvas que representam o comportamento dos
concretos com relação a/agl de 0,80 até a idade de exposição ao CO
2
de 14 semanas (0,27
anos). Com os valores médios das profundidades de carbonatação obtidas no ensaio natural,
de 12,01 e 14,28 mm para concretos com relação a/agl de 0,8 com 0 e 20% de adição de sílica
ativa, respectivamente, fez-se a substituição na equação do modelo acelerado, encontrando-se
o tempo equivalente de exposição acelerada ao CO
2
, como se verifica na Figura 43.
56
O coeficiente de aceleração, por ser adimensional, pode ser terminado utilizando-se qualquer escala de tempo,
desde que iguais para os dois procedimentos de ensaio.
57
O tempo equivalente de realização do ensaio acelerado para que a profundidade de carbonatação encontrada
no ensaio ao natural seja atingida, pode ser obtido utilizando-se o modelo de comportamento gerado pelos dados
de carbonatação acelerada. Vale ressaltar que a profundidade de carbonatação natural deve estar compreendida
no intervalo observado no ensaio de carbonatação acelerado pois a extrapolação do modelo pode levar a
determinações imprecisas.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
122
02468101214
0
10
20
30
40
50
Profundidade de carbonatação
acelerada (mm)
80-00 modelo acelerado 80-00 dados carb natural
80-20 modelo acelerado 80-20 dados carb natural
365
0
10
20
30
40
50
Profundidade de carbonatação
na
t
u
r
al
(
mm
)
tempo (semanas)
14.28
12.01
Figura 43: relação da carbonatação acelerada e natural
Os níveis de a/agl da matriz experimental acelerada apresentaram, para as relações a/agl 0,30,
0,35 e 0,45, profundidades de carbonatação nula, resultado apenas os grupos com a/agl de
0,60 e 0,80 com profundidades de carbonatação diferente de zero. Para o ensaio ao natural, a
matriz em estudo, devido o fracionamento, não considerou o grupo com a/agl 0,60, resultado
somente os concretos de a/agl 0,80 com profundidade de carbonatação não nulas. Assim, para
as demais misturas da matriz experimental a determinação deste coeficiente não foi possível,
pois para as duas abordagens de ensaios as amostras apresentarem carbonatação nula,
impossibilitando a correlação e a modelagem de comportamento. Por fim, utilizando a
formulação apresentada na equação 15, determinou-se o coeficiente de aceleração. Esta
equação fornece, para os concretos de relação a/agl de 0,80, com 0 e 20% de adição de sílica,
os respectivos coeficientes de aceleração de 31,15 e 35,49. Logo, para as condições de ensaios
propostas nesta pesquisa, concretos com relação a/agl de 0,80 com adição de sílica ativa de 0
e 20%, 14 semanas de ensaio acelerado correspondem, respectivamente, a 436 semanas (8,3
anos) e 497 semanas (9,5 anos) de exposição em atmosfera natural. Percebe-se que o concreto
sem adição de sílica ativa apresenta uma estimativa de vida útil de 61 semanas (1,2 anos)
superior ao com 20% desta adição.
Nota-se que a influência do teor de adição de sílica ativa verificada nos ensaios está
representada nestes coeficientes, sendo que, para a mistura com 20%, o coeficiente de
aceleração é 16% superior ao concreto isento desta adição.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
123
A literatura consultada aponta poucos trabalhos relativos ao tema, sendo que, para concretos
com adição de sílica ativa, não foram encontradas publicações. Cada trabalho adota uma
metodologia de pesquisa específica e a associação dos resultados obtidos com os desta
pesquisa exige cuidados. Para Isaia (1999) a comparação entre os dados de ensaios acelerados
e natural de diferentes pesquisas deve ser efetuada com cautela porque alguns trabalhos não
indicam o tempo de cura prévia antes da colocação em câmara condicionada ou o tempo que
permaneceu dentro dela. O teor de umidade de equilíbrio também influencia na profundidade
de carbonatação pois a concentração de umidade nos poros influencia na velocidade de
difusão do CO
2
. Este fator também afeta a comparação de resultados entre ensaios acelerados
e naturais, visto que estes últimos também podem estar afetados por condições ambientais
diversas tais como: exposição interna ou externa, externa abrigada ou desabrigada,
diminuindo a profundidade de carbonatação da primeira direção à última.
Como já comentado, os resultados apresentados por Isaia, Vaghetti e Gastaldini (2001), em
um estudo de carbonatação natural e acelerada de concretos com relação a/agl, teor e tipo de
adição variada, também mostram que a carbonatação sofre influência da porosidade do
concreto (relação a/agl), do teor de pozolana contida na mistura (quantidade de cimento
substituído por adição mineral) e do tipo de ensaio empregado, no acelerado, o teor de CO
2
da
câmara condicionada, no natural as condições ambientais (abrigado interno, abrigado externo,
desabrigado). Logo, o modelo de comportamento dos concretos e os coeficientes de
aceleração e carbonatação encontrados nesta pesquisa podem não reproduzir o
comportamento de concretos submetidos a outras condições de ensaio (tempo de exposição e
teor de CO
2
, tipo e teor de adições).
Verifica-se que há uma grande dificuldade na obtenção destes coeficientes devido ao grande
número de fatores que envolvem o processo de carbonatação, principalmente os relativos às
condições de execução de ensaio e exposição natural. Outro fator de grande importância,
observado na literatura, é a carência de resoluções normativas oferecendo a padronização dos
procedimentos de ensaio.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
124
5.3.3 Aplicação do Coeficiente de Aceleração
Com base no modelo de carbonatação do ensaio acelerado, proposto na equação 14, foi
possível determinar o tempo necessário de exposição ao CO
2
para se atingir a espessura de
carbonatação equivalente a um cobrimento de armadura de 15 mm
58
. A Figura 44 mostra o
comportamento das misturas com relação a/agl de 0,30; 0,45 e 0,80 com 0, 10 e 20% de
adição de sílica ativa, para a espessura de carbonatação de 15 mm.
6,21
1,66
0,25
5,27
1,45
0,23
4,08
1,17
0,20
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0,3 0,45 0,8
Relação água/aglomerante
Tempo (anos
)
0%
10%
20%
Teor de Sílica ativa
Figura 44: tempo necessário para que a carbonatação acelerada atinja
a profundidade total de cobrimento de armadura (15 mm)
Nota-se que quanto maior a relação água/aglomerante e teor de adição, menor é o tempo
necessário para que a carbonatação atinja a armadura do concreto.
Considerando o coeficiente de carbonatação, os valores de tempo encontrados no ensaio
acelerado, dentro dos valores limites fixados no modelo de regressão mostrado na equação 14,
podem ser traduzidos para valores de profundidade de carbonatação em atmosfera natural.
Logo, para o concreto com relação água/aglomerante de 0,80, efetuando-se as correlações,
tem-se o gráfico da Figura 45.
58
A espessura de cobrimento de 15 mm foi tomada como referência a fim de evitar a extrapolação do modelo de
carbonatação acelerado para tempos superiores aos tempos limites adotados na elaboração deste.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
125
7,94
0,25
7,07
0,20
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0,8 0,8
Relação água/aglomerante
Tempo (anos)
0%
20%
Teor de Sílica ativa
Carbonatação natural Carbonatação acelerada
Figura 45: representação do tempo correspondente do ensaio
acelerado para o natural para que a profundidade de carbonatação seja
de 15 mm
Analisando o concreto sem adição de sílica ativa, para que a espessura de carbonatação atinja
15 mm segundo modelo acelerado, são necessários 13,3 semanas (0,25 anos) de exposição ao
CO
2
com concentração de 5%. Multiplicando-se o tempo de exposição ao CO
2
acelerado pelo
coeficiente de aceleração do concreto tem-se o tempo equivalente de exposição natural. Deste
modo, multiplicando-se 13,3 pelo coeficiente de aceleração de 31,15, tem-se um tempo de
414,3 semanas ou aproximadamente 8 anos. Para um concreto de mesma relação
água/aglomerante, porém com 20% de adição de sílica ativa, o tempo de ensaio acelerado
necessário para que a frente de carbonatação seja igual a 15 mm é de 10,4 semanas (0,20
anos). Fazendo a multiplicação pelo coeficiente de aceleração deste concreto (35,49), tem-se
um período de 370,1 semanas ou aproximadamente 7 anos de exposição natural.
Caso o concreto com 20% de adição de sílica ativa fosse exposto ao CO
2
durante 13,3
semanas de ensaio acelerado (tempo equivalente à exposição do concreto sem adição para
atingir 15 mm de carbonatação), a espessura de carbonatação atingiria 23,88 mm, equivalendo
à exposição natural de 9 anos.
A influência da adição de sílica ativa na carbonatação do concreto com elevada relação a/agl é
marcante na vida útil de projeto conferido pelo concreto, onde o teor de 20% de adição reduz
em aproximadamente um ano o tempo necessário para carbonatar uma espessura de
cobrimento equivalente a 15 mm.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
126
Para aplicações em projeto, os coeficientes aceleração são de grande importância, atuando
como ferramenta de tomada de decisão gerencial. Conhecendo estes coeficientes, elabora-se
um ensaio acelerado (de curta duração) com amostras do concreto que se pretende empregar
na edificação. Os dados de profundidade de carbonatação obtidos, em relação aos tempos de
exposição ao CO
2
, podem ser associados aos coeficientes de aceleração conhecidos e a partir
deles determinar, para a vida útil requerida, a espessura de cobrimento necessária e também as
características do concreto (relação a/agl, emprego ou não de adições, entre outros).
5.3.4 Coeficientes de Carbonatação e Aceleração: Visão Geral
5.3.4.1 Discussão a partir do modelo ajustado para os dados experimentais
Como discutido anteriormente, verificou-se no ensaio acelerado que a profundidade de
carbonatação resultante da exposição do concreto à ação do CO
2
, durante 98 dias (14 semas),
não se comportou conforme o modelo da raiz quadrada do tempo. A Figura 46 apresenta os
dados observados, plotados segundo o critério de dispersão de valores, de concretos de
relação a/agl de 0,60 e 0,80 com adição de sílica ativa de 5 e 15% e 0, 10 e 20%,
respectivamente.
0
5
10
15
20
25
30
0 204060801
Tempo (dias)
Profundidade de carbonatação
(mm)
00
60-05 60-15 80-00 80-10 80-20
Figura 46: ensaio acelerado – profundidade de carbonatação
observada para as misturas com relação a/agl 0,60 e 0,80
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
127
Verifica-se que o comportamento dos concretos frente à carbonatação, para esse período de
tempo, apresenta uma tendência de crescimento oposta à descrita pela equação da raiz
quadrada do tempo. O último ponto de profundidade de carbonatação coletado (98 dias ou 14
semanas), não deixa claro se o processo de carbonatação tende ao crescimento ou à atenuação.
Segundo Guimarães (2000) e Smolczyk (1969), o concreto tende a apresentar o
comportamento descrito pela equação da raiz quadrada do tempo somente após um período de
10 anos de exposição ao CO
2
em ambiente natural, sendo que, para períodos inferiores, o
expoente de t pode diferir de ½. Empregando os coeficientes de aceleração, o ensaio de
carbonatação acelerado representou uma exposição natural de 8,3 (436 semanas) e 9,5 anos
(497 semanas), para os concretos com 0 e 20% de adição de sílica ativa, respectivamente.
Nota-se que o concreto com 20% de adição de sílica ativa apresentou um tempo próximo ao
descrito na literatura. Porém, o tempo citado não é referente à carbonatação de concretos com
adição de sílica ativa, pois sabe-se que para ensaios de carbonatação acelerados sem adições
minerais, é comum obter-se um comportamento explicado algebricamente pela equação da
raiz quadrada do tempo, com ótimos coeficientes de determinação (r
2
), porém essa
aproximação não pode ser extrapolada para concretos com adições. Tais fatos evidenciam a
necessidade do estudo da carbonatação do concreto, produzido com diferentes cimentos e
adições e submetidos a longos períodos de exposição ao CO
2
. Estes resultados, aliados à
estudos de microestura, podem vir a contribuir no melhor ajuste dos expoentes de t como
também na modelagem do fenômeno de carbonatação.
Com estas observações, pode-se dizer que o ensaio acelerado realizado, provavelmente, não
teve a duração necessária para que fosse possível alcançar o período de tendência ao
estacionamento do fenômeno de carbonatação dos concretos e que, o modelo da raiz quadrada
do tempo se mostrou pouco adequado para os concretos com sílica ativa. Assim, a
extrapolação dos resultados se torna dificultosa com alta probabilidade de determinações
incorretas.
5.3.4.2 Discussão a partir do modelo da raiz quadrada do tempo
Segundo a literatura (Bakker, 1988; Neville, 1997; Helene, 1993), o fenômeno de
carbonatação tende ao estacionamento ao longo do tempo. Logo, a adoção dos coeficientes de
carbonatação e aceleração como referência para previsão de vida útil pode incorrer em
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
128
determinações errôneas ou então muito distantes da situação real. Considerando que a
carbonatação do concreto com o decorrer do tempo, tende ao estacionamento (atenuação),
enfatizando a importância de se obter o comportamento completo do fenômeno, plotou-se o
gráfico da Figura 47.
0
0
Tempo (anos)
Profundidade de carbonatação
(mm)
)
α
1
)
α
2
k
5
k
3
k
4
k
2
k
1
Figura 47: representação genérica do comportamento do concreto
perante à ação do CO
2
em função do tempo de exposição
Sendo “k” os coeficientes teóricos de carbonatação, observa-se que k
1
e k
2
contemplam o
período inicial do fenômeno de carbonatação do concreto, onde a curva que representa os
dados possui um ângulo de inclinação
α
1
. Já os coeficientes teóricos de carbonatação k
3
, k
4
e
k
5
contemplam o período de atenuação da curva de comportamento dos concretos frente à
carbonatação, onde a mesma possui um ângulo de inclinação
α
2
. Face a estas observações,
pode-se dizer que o fenômeno de carbonatação apresenta duas fases distintas de
comportamento, sendo uma relativa à fase inicial de penetração do CO
2
e outra à tendência ao
estacionamento do fenômeno, representadas pelos ângulos de inclinação
α
1
e
α
2
,
respectivamente. A fase inicial pode ser função da porosidade do concreto, relação a/agl,
reserva alcalina que está relacionada com o tipo e teor de adições, concentração de CO
2
,
condições de exposição (protegido ou desprotegido da chuva) e umidade relativa. O período
de atenuação do fenômeno (tendência ao estacionamento) pode estar associado ao pH do
concreto, relação a/agl, presença de adições e, principalmente, formação de carbonatos nos
poros de maior dimensão, reduzindo substancialmente o acesso de CO
2
para o interior do
concreto.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
129
Deste modo, acredita-se que para fins de modelagem e, conseqüentemente, melhor
aproximação da vida útil das estruturas de concreto, o ensaio de carbonatação natural ou
acelerado deve ser executado até a obtenção da curva de tendência ao estacionamento do
fenômeno. Neste estágio presume-se que o ensaio de carbonatação pode representar com
maior magnitude o comportamento do concreto perante à ação do CO
2
. Sendo assim, o
comportamento do concreto frente à carbonatação pode ser descrito na forma de um modelo
matemático que poderá ser extrapolado para tempos superiores aos realizados no ensaio, com
uma probabilidade de erro reduzida. Essa abordagem, se provada sua validade, também pode
ser empregada em projetos novos ou estruturas existentes, conferindo uma melhor
aproximação da espessura carbonatada ao longo do tempo, aumentado a capacidade de
otimização de projetos e, principalmente, análise de custos.
Com base nestas observações, para a realização de ensaios de carbonatação de longa duração,
seja acelerado eu não, sugere-se que alguns cuidados devem ser tomados durante o
planejamento e execução dos mesmos. Uma das observações necessárias está vinculada às
dimensões dos corpos-de-prova, as quais devem ser igual ou superior ao dobro da espessura
de cobrimento do concreto requerida ou especificada nas normas técnicas. Por exemplo,
considerando a especificação da NB 1/2003 para ambientes altamente agressivos, tem-se um
cobrimento de armadura de 50 mm. Logo, para o estudo de um concreto que será inserido
neste ambiente, acredita-se que serão necessários corpos-de-prova de dimensões mínimas de
100x100xC mm (altura, largura, comprimento
59
). Esse aumento na dimensão dos corpos-de-
prova e do tempo de ensaio acarreta algumas dificuldades, dentre as quais podem se destacar:
o acréscimo do tempo de ensaio e a conseqüente demora na obtenção dos dados; a
necessidade de câmaras de carbonatação de maior tamanho; dificuldade de manuseio dos
corpos-de-prova e, principalmente, elevação dos custos dos ensaios. Assim, mostra-se
necessário um estudo aprofundado da viabilidade técnico-econômica da proposta.
Ainda com relação ao ensaio, outros cuidados estão relacionados à concentração de CO
2
utilizada no ensaio, visto que, segundo Mehta e Monteiro (1994), altas concentrações podem
formar compostos diferenciados, presume-se que sejam utilizados teores iguais ou inferiores a
5%. Para se traçar as curvas de comportamento no mínimo devem ser tomados 3 pontos de
59
O comprimento “C” do corpo-de-prova deve ser vinculado ao número de fatias necessárias para a obtenção da
curva de comportamento.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
130
medição de profundidade carbonatada no tempo. Fukushima et al (1998
60
apud Isaia,
Vaghetti, e Gastaldini, 2001) sugerem que as melhores condições para realização de ensaio
acelerado, de modo a não influenciar nos mecanismos de carbonatação seriam as seguintes:
taxa de CO
2
de 5%, temperatura de cura de 30°C e umidade relativa de 60%. Porém, cabe
ressaltar, que não há consenso entre os pesquisadores da área sobre quais os melhores
parâmetros a serem adotados para a realização dos ensaios de carbonatação acelerada.
A espessura de cobrimento foi tomada como referência por ser um parâmetro de projeto de
elevada importância nas estruturas em concreto armado e também pelo fato de ser largamente
difundida e conhecida no setor da construção civil brasileira. O cobrimento do concreto
confere grande importância na proteção das armaduras, formando uma camada passivadora
que dificulta e, às vezes, impede o ingresso de agentes agressivos, principalmente CO
2
e íons
cloreto, capazes de desencadear o processo corrosivo. Logo, se em um determinado tempo ou
período de vida útil a espessura de cobrimento não for totalmente carbonatada, as armaduras
imersas no concreto ainda estão protegidas, conferindo uma vida útil superior à estimada em
projeto. Essa situação é favorável à segurança estrutural, conferindo um alto índice de
confiabilidade. Porém, do ponto de vista econômico, para uma vida útil prevista, a melhor
situação seria que a frente de carbonatação se aproximasse ao máximo da espessura do
cobrimento do concreto. Desde modo, os modelos de previsão de vida útil das estruturas de
concreto são de suma importância, sendo que há a necessidade de que estes confiram a melhor
aproximação possível da situação real. Ainda são necessários estudos na área, pois inúmeros
fatores interferem no processo. A obtenção de coeficientes que permitam correlacionar a
degradação obtida em laboratório com a observada em campo pode ser uma grande
contribuição na melhoria das estimativas de vida útil.
60
FUKUSHIMA, T., YOSHIZAKI, Y., TOMOSAWA, F., TAKAHASHI, K. Relationship between
neutralization depth and concentration distribution of CaCO
3 – Ca(OH)2 in carbonated concrete. In:
MALHOTRA, V. M. (ed). CANMET/ACI/JCI International Conference on recent advances in concrete
technology, 4
th, Tokushima, Japan, 1998. Proceedings… Detroit: American Concrete Institute, 1998, p. 347-363
(SP-179).
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
131
5.4 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO AXIAL
Os dados do ensaio complementar de resistência à compressão axial obtidos nas idades de 28
e 180 dias, para as relações a/agl e teores de adição de sílica ativa em estudo, são mostrados
na Tabela 25.
Tabela 25: resistência à compressão dos concretos (MPa): dados
observados aos 28 e 180 dias
idade 28 dias
Relação água/aglomerante Teor de
sílica ativa
(%)
0,30 0,35 0,45 0,80
0
59,6
52,8
44,8
41,2
20,8
18,8
5
53,2
46,0
34,8
30,8
10
62,0
61,2
51,6
47,2
31,4
25,2
15
60,0
56,8
43,2
41,2
20
75,6
64,0
49,9
46,8
28,4
17,6
idade 180 dias
Relação água/aglomerante Teor de
sílica ativa
(%)
0,30 0,35 0,45 0,60 0,80
0
71,3
68,0
49,2
46,8
31,6
24,8
5
69,2
68,8
42,8
40,4
10
77,2
69,2
60,8
60,0
31,6
28,0
15
70,4
69,2
47,2
46,8
20
82,4
71,6
66,4
57,6
38,8
32,4
0,60
Por meio de regressão múltipla não-linear, efetuou-se a análise estatística dos dados. A análise
de regressão permitiu a obtenção de um modelo matemático do ajuste dos dados e a
verificação do efeito da relação a/agl, teor de adição e idade do ensaio na resistência à
compressão axial. O modelo de ajuste encontrado é mostrado na equação 16, gerado a partir
dos dados de resistência mecânica obtidos nas idades de 28 e 180 dias.
1
210
n
cj
id))adb()bagl(bexp(f +=
equação 16
Onde:
f
cj
= resistência à compressão do concreto (MPa);
agl = relação água/aglomerante do concreto (intervalo de 0,30 a 0,80);
ad = teor de adição de sílica ativa do concreto (intervalo de 0 a 20%);
id = idade de realização do ensaio em dias (intervalo de 28 a 180);
b
0
; b
1
; b
2
e n
1
= parâmetros dos fatores considerados no modelo.
A análise de variância (ANOVA) do modelo proposto é mostrada na Tabela 26.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
132
Tabela 26: ANOVA do modelo para a estimativa da resistência à
compressão axial
Fonte GDL SQ MQ F
calc
Significância
“p-value”
Modelo 4 142361,7 35590,4 2188,60 0,0000
Resíduo 48 780,6 16,3 - -
Total 52 143142,2 - - -
Total corrigido 51 14399,2 - -
GDL = Graus de Liberdade SQ = Soma Quadrada
MQ = Média Quadrada = SQ/GDL F
calc.
= MQ
modelo
/MQ
resíduo
O valor de ‘p-value’ menor do que 0,01 designa que a relação entre as variáveis é
estatisticamente significativa a um nível de confiança de 99%. O coeficiente de determinação
encontrado (r
2
) foi de 0,9458, indicando que o modelo explica 94,58% da variabilidade dos
valores obtidos para resistência à compressão dos concretos.
Na Tabela 27 são apresentados os parâmetros dos fatores considerados no modelo proposto e
os parâmetros estatísticos obtidos.
Tabela 27: parâmetros dos fatores analisados para estimativa da
resistência à compressão axial
Fator Parâmetro Estimativa Erro padrão Teste t
Significância
“p-value
Constante
b
0
4,20954 0,06361 66,17591 0,00000
agl
b
1
1,76296 0,07673 22,97636 0,00000
ad
b
2
0,85645 0,14654 5,84445 0,00003
id
n
1
0,10388 0,01170 8,87680 0,00000
Nota-se que todos os fatores do modelo (relação água/aglomerante, teor de adição de sílica
ativa e idade do ensaio) apresentam efeito significativo na resistência à compressão axial do
concreto, apresentado um ‘p-value’ inferior a 0,05, o que significa um nível de confiança de
95%.
A equação que representa o modelo de regressão do ajuste dos dados de resistência à
compressão axial é mostrada na equação 17.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
133
096850
817107312123754
,
cj
id))ad,(),agl(,exp(f +=
equação 17
Onde:
f
cj
= resistência à compressão do concreto (MPa);
agl = relação água/aglomerante do concreto (intervalo de 0,30 a 0,80);
ad = teor de adição de sílica ativa do concreto (intervalo de 0 a 20%);
id = idade de realização do ensaio em dias (intervalo de 28 a 180);
A Tabela 28 apresenta os valores de resistência à compressão axial, para 28 e 180 dias,
previstos pelo modelo.
Tabela 28: resistência à compressão axial dos concretos (MPa): dados
previstos aos 28 e 180 dias
idade 28 dias
Relação água/aglomerante
Teor de
sílica ativa
(%)
0,30 0,35 0,45 0,60 0,80
0
56,08 43,05 23,23
5
53,60 34,49
10
61,10 46,90 25,30
15
58,39 37,58
20
66,56 51,09 27,57
idade 180 dias
Relação água/aglomerante
Teor de
sílica ativa
(%)
0,30 0,35 0,45 0,60 0,80
0
68,04 52,23 28,18
5
65,03 41,85
10
74,13 56,90 30,70
15
70,84 45,59
20
80,75 61,99 33,45
Para os dados obtidos aos 28 dias, a Figura 48 e a Figura 49 apresentam, respectivamente, a
influência da relação a/agl e do teor de adição de sílica ativa na resistência à compressão dos
concretos.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
134
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9
Relação água/aglomerante
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Resistência à compressão
aos 28 dias (MPa)
Sílica ativa (%)
0
5
10
15
20
Obs 0
Obs 5
Obs 10
Obs 15
Obs 20
Figura 48: influência da interação entre a relação água/aglomerante e
o teor de sílica ativa na resistência à compressão axial aos 28 dias
-10-5 0 5 1015202
Teor de adição (%)
5
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Resistência à compressão (MPa)
aos 28 dias
água/aglomerante
0,30
0,35
0,45
0,60
0,80
Obs 0,30
Obs 0,35
Obs 0,45
Obs 0,60
Obs 0,80
Figura 49: influência da interação entre o teor de adição de sílica ativa
e a relação a/agl na resistência à compressão axial aos 28 dias
A influência da relação a/agl e do teor de adição de sílica ativa na resistência à compressão do
concreto, para a idade de 180 dias, pode ser verificada nos gráficos da Figura 50 e Figura 51,
respectivamente.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
135
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9
Relação água/aglomerante
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Resistência à compressão
aos 180 dias (MPa)
Sílica ativa (%)
0
5
10
15
20
Obs 0
Obs 5
Obs 10
Obs 15
Obs 20
Figura 50: influência da interação entre a relação água/aglomerante e
o teor de sílica ativa na resistência à compressão axial aos 180 dias
-10-5 0 5 1015202
Teor de adição (%)
5
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Resistência à compressão (MPa)
aos 180 dias
água/aglomerante
0,30
0,35
0,45
0,60
0,80
Obs 0,30
Obs 0,35
Obs 0,45
Obs 0,60
Obs 0,80
Figura 51: influência da interação entre o teor de adição de sílica ativa
e a relação a/agl na resistência à compressão axial aos 180 dias
Nota-se que a relação a/agl exerce influência significativa na resistência à compressão axial
dos concretos, fato de consenso na literatura (HO e LEWIS, 1987; DAL MOLIN, 1995;
AITCIN, 2000; entre outros). A elevação da relação a/agl de 0,3 para 0,80, para as duas
idades de ensaio, promove uma queda média de resistência à compressão de
aproximadamente 60%. A interação da relação a/agl com o teor de adição de sílica ativa, pela
análise estatística, mostrou-se não significativa, indicando que, independente da relação a/agl
a adição de sílica ativa contribui de forma semelhante para o aumento da resistência à
compressão dos concretos.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
136
DAL MOLIN (1995, p.152) constatou que a adição de 10% de sílica ativa promove um
aumento médio de 11% na resistência à compressão em concretos de alta resistência (CAR).
Para uma mesma relação a/agl, o teor de adição na resistência à compressão exerce influência
positiva, ou seja, aumentando-se o teor de adição, tem-se um aumento da resistência. No
presente estudo verifica-se que incrementos de 10 e 20% na adição de sílica ativa conferem,
respectivamente, ganhos de resistência de 8,2 e 16%. Comparando concretos de relação a/agl
de 0,35 com 0 e 15% de adição sílica ativa Mazloom, Ramezanianpour e Brooks (2004,
p.349) observaram que o incremento da resistência à compressão axial conferido pela
pozolana foi de 21%. Vieira (2003) observou comportamento semelhante, atribuindo o fato ao
efeito físico e pozolânico conferido pela presença da sílica ativa. Os efeitos da adição desta
pozolana afetam a morfologia e a microestrutura da matriz cimentante e da zona de transição
pasta/agregado, reduzindo a porosidade (DAL MOLIN, 1995; AITICIN, 2000).
A Figura 52 apresenta a influência da relação água aglomerante, para os teores de adição de
sílica ativa, na resistência à compressão do concreto nas idades de 28 e 180 dias.
0.00.10.20.30.40.50.60.70.80.9
Relação água/aglomerante
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Resistência à compressão
aos 28 dias (MPa)
Teor SA (%)
res. 28 dias
0
5
10
15
20
Teor SA (%)
res. 180 dias
Figura 52: influência da interação entre a relação a/agl e o teor de
sílica ativa na resistência à compressão axial aos 28 e 180 dias
Nota-se, para todas as misturas, um pequeno ganho de resistência na idade de 180 dias com
relação aos 28 dias de ensaio. Tal fato se deve ao tipo de cimento empregado na confecção
dos concretos o CP V ARI, que confere ganho de resistência principalmente nas primeiras
idades do concreto e também pela adição de sílica ativa, que por ser uma pozolana altamente
reativa, age nas primeiras idades, conferindo aumento na resistência à compressão. Segundo
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
137
Dal Molin (1995, p.151) e Mazloom, Ramezanianpour e Brooks (2004, p.399), o crescimento
da resistência à compressão dos concretos com sílica ativa é maior, principalmente no período
entre 1 e 28 dias.
A relação entre resistência à compressão axial, aos 28
61
dias, e profundidade de carbonatação,
encontrada em ensaio acelerado após 98 dias de exposição ao CO
2
,
pode ser observada no
gráfico da Figura 53. As linhas de tendência do gráfico, para as duas variáveis de análise,
foram traçadas com base nos modelos de ajuste encontrados, apresentados na equação 14
(carbonatação) e equação 17 (resistência).
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9
10
20
30
40
50
60
70
80
Resistência à compressão (MPa)
Sílica ativa (%)
resistência
0
5
10
15
20
Sílica ativa (%)
carbonatação
0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9
0
5
10
15
20
25
30
Ca
r
bonata
ç
ão
(
mm
)
Relação água/aglomerante
Figura 53: influência da adição de sílica ativa na carbonatação e na
resistência à compressão axial dos concretos
Como discutido anteriormente, as misturas com adição de sílica ativa apresentaram maior
resistência à compressão, para todos os níveis de relação a/agl. Porém, com relação à
carbonatação do concreto, para um mesmo teor de adição de sílica ativa, verifica-se que o
comportamento é inversamente proporcional à resistência à compressão axial. Ou seja, o
aumento da resistência à compressão conferido pela adição de sílica ativa não reduz a
profundidade de carbonatação do concreto. Kropp e Hilsdorf (1995, p.194) relatam que a
correlação entre a profundidade carbonatada e a resistência à compressão do concreto
depende do tipo de cimento empregado e da cura. Para uma mesma classe de resistência e
duração de cura, a profundidade de carbonatação de concretos produzidos com cimento com
61
A idade de 28 dias foi selecionada nesta comparação, devido ser largamente utilizada como parâmetro de
controle dos concretos produzidos em geral.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
138
adição de escória de alto forno é mais elevada do que a de concretos confeccionados com
cimento Portland sem essa pozolana.
Desconsiderando a presença de adição de sílica ativa, percebe-se que o aumento da resistência
à compressão reduz a profundidade de carbonatação. Como constatado no item 5.1, para
relações a/agl inferior a 0,45 a influência do teor de adição não afeta a carbonatação do
concreto, sendo esta propriedade dependente da relação a/agl da mistura.
A comparação das curvas de resistência à compressão axial e profundidade de carbonatação
em concretos também alerta para o fato de que somente a propriedade de resistência à
compressão não é parâmetro para estimar a durabilidade das estruturas, mas sim a relação
água/aglomerante e o tipo de cimento empregado (KULAKOWSKI, 2002, p.150). Salienta-se,
ainda, que, para relações a/agl mais elevadas, acima de 0,45, o teor de adição empregado,
apesar de exercer influência benéfica na resistência à compressão, confere um efeito oposto
ao desejado no controle da frete de carbonatação.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
139
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Objetivando a avaliação comparativa da carbonatação acelerada e natural de concretos com e
sem adição de sílica ativa, esta pesquisa utilizou dados de carbonatação, gerados pelo projeto
de Dal Molin et al. (1996) do Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação (NORIE) da
Universidade Federal do Rio Grande de Sul (UFRGS).
Os concretos submetidos à carbonatação acelerada e natural, oriundos de um projeto fatorial
cruzado e fracionado, permitiram verificar a influência das variáveis dependentes com a
mesma representatividade de um projeto completo. Para o ensaio acelerado foram avaliados
concretos com relação água/aglomerante (a/agl) de 0,3; 0,35; 0,45; 0,60 e 0,80 e teor de
adição de sílica ativa de 0; 5; 10; 15 e 20%. Já para os concretos expostos em condições
naturais de envelhecimento, foram estudados misturas idênticas às do ensaio acelerado com
relação a/agl de 0,3; 0,45 e 0,80 e teor de adição de sílica ativa 0; 10 e 20%. O ambiente de
exposição natural das amostras foi a cidade de Porto Alegre, RS, sendo os dados obtidos nesta
pesquisa relativos às características deste ambiente. A extrapolação ou aplicação destes
resultados para situações distintas pode não representar o comportamento observado.
Sendo assim, os resultados deste trabalho se aplicam a concretos sob as condições de
produção e exposição aqui descritas, sendo necessários novos estudos e adaptações para a
aplicação destes em meios de exposição diferenciados.
6.1CONCLUSÕES
Desta forma, com relação ao objetivo principal, a investigação experimental, juntamente com
a análise dos resultados, permitiram obter as seguintes conclusões:
a) para os dois procedimentos de ensaio os concretos de elevada relação
água/aglomerante com adição de sílica ativa apresentaram uma maior
tendência à carbonatação. Em relação às misturas sem adição os concretos com
relação a/agl de 0,80 apresentaram no ensaio acelerado e ao natural,
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
140
respectivamente, um incremento de 35% e 16% na profundidade de
carbonatação;
b) para os concretos com adição de sílica ativa, os dados de profundidade
carbonatada do ensaio acelerado (teor de CO
2
de 5%) geraram um modelo de
comportamento diferenciado do convencional da raiz quadrada do tempo,
indicando que o ensaio, provavelmente, foi realizado em um período de tempo
inferior ao necessário para a atenuação do fenômeno. Logo a extrapolação dos
dados do modelo não se mostra adequada, conferindo elevadas profundidades
para tempos considerados pequenos;
c) a frente de carbonatação no ensaio natural e acelerado apresentou-se bem
definida, facilitando a tomada de medidas da profundidade carbonatada.
Com relação aos objetivos secundários destacam-se as conclusões abaixo citadas:
a) os dados de profundidade de carbonatação acelerada, obtidos na investigação
experimental, foram modelados por meio de análise de regressão não-linear,
conferindo o modelo apresentado na equação abaixo, com coeficiente de
determinação r
2
de 95,3%;
46611
7823180365
017020
,
ad,,
c
t)agl(,e
+
=
Onde:
e
c
= profundidade de carbonatação, para o intervalo de 0 a 26,95 (mm);
agl = relação água/aglomerante do concreto, para o intervalo de 0,30 a 0,80;
ad = teor de adição de sílica ativa do concreto (
100
teor
) (intervalo de 0 a 0,20);
t = tempo de exposição ao CO
2
(intervalo de 0 a 98) (dias);
b) foi possível determinar os coeficientes de aceleração das misturas com relação
a/agl de 0,80 com e sem adição de sílica ativa. Estes coeficientes indicaram que
o fenômeno de carbonatação acelerado representou a degradação natural,
acelerando o processo em 31,15 e 35,49 vezes, para o concreto com 0 e 20% de
adição de sílica ativa, respectivamente;
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
141
c) os coeficientes de carbonatação para os concretos submetidos ao ensaio natural
foram determinados pela aplicação direta da equação da raiz quadrada do
tempo, conferindo os coeficientes, para as misturas com 0 e 20% de adição de
sílica ativa, de 0,63 mm/semana
0.5
(4,54 mm/ano
0.5
) e 0,75 mm/semana
0.5
(5,39
mm/ano
0.5
), respectivamente;
d) os coeficientes de carbonatação para o ensaio acelerado foram obtidos pela
linearização dos dados observados em função da raiz quadrada do tempo de
exposição ao CO
2
resultando, para a mistura de relação a/agl de 0,80 com 0, 10
e 20% de adição de sílica ativa, os coeficientes de 4,24 mm/semana
0.5
(r² 0,96);
4,23 mm/semana
0.5
(r² 0,66) e 6,45 mm/semana
0.5
(r² 0,74). Os concretos com
relação a/agl de 0,60 com 5 e 15% de sílica ativa apresentaram os respectivos
coeficientes de carbonatação: 0,89 mm/semana
0.5
(r² 0,67) e 1,13 mm/semana
0.5
(r² 0,63);
e) para os concretos com adição de sílica ativa, o ajuste dos dados de
profundidade de carbonatação, em função da raiz quadrada do tempo,
apresentou baixo coeficiente de determinação, mostrando-se pouco adequado
para descrever o comportamento do fenômeno;
f) a extrapolação dos coeficientes de aceleração e carbonatação requer cuidados,
principalmente quando este for oriundo de ensaios acelerados ou naturais de
curta duração. Os ensaios de degradação executados em períodos de curta
duração podem não representar o fenômeno total de carbonatação que, com o
passar do tempo, devido à colmatação dos poros do concreto pela precipitação
do CaCO
3
, tende a atenuar, conferindo menores profundidades de carbonatação
para um determinado tempo de exposição. Logo, se o ensaio conseguir
representar o fenômeno completo, o erro tende a ser menor, conferindo maior
confiabilidade e aproximação do valor real da profundidade carbonatada no
tempo. Além disso, esses coeficientes apresentam um maior potencial de
utilização e sucesso nos modelos de previsão de vida útil;
g) com relação à carbonatação acelerada, a elevação dos teores de adição de sílica
ativa, nos concretos com relação a/agl superior a 0,45, influencia no
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
142
incremento da profundidade carbonatada. Para relações a/agl inferiores a 0,45 o
teor de adição não exerce influência na profundidade carbonatada;
h) a carbonatação do concreto é fortemente influenciada pela relação a/agl da
mistura, sendo que existe uma relação a/agl limite em torno da relação a/agl
0,45. Abaixo desta zona, pode-se considerar a profundidade de carbonatação
desprezível. Acima desta zona, a profundidade de carbonatação tende a se
elevar com o aumento da relação a/agl e do teor de adição de sílica ativa;
i) os dados de resistência à compressão axial dos concretos, determinados aos 28 e
180 dias, podem ser representados pelo modelo de comportamento da equação
abaixo, o qual explica 94,58% dos resultados obtidos;
096850
817107312123754
,
cj
id))ad,(),agl(,exp(f +=
Onde:
f
cj
= resistência à compressão do concreto (MPa);
agl = relação água/aglomerante do concreto (intervalo de 0,30 a 0,80);
ad = teor de adição de sílica ativa do concreto (intervalo de 0 a 20%);
id = idade de realização do ensaio em dias (intervalo de 28 a 180);
j) com relação à resistência à compressão, a análise estatística comprovou que a
interação da relação a/agl com o teor de adição de sílica ativa mostrou-se não
significativa, indicando que, independentemente da relação a/agl, a adição de
sílica ativa contribui igualmente para o aumento da resistência à compressão
dos concretos;
k) a adição de sílica ativa aumenta a resistência à compressão axial dos concretos,
porém para a carbonatação esse aumento não é favorável, pois o aumento do
teor de adição eleva a profundidade carbonatada.
São pertinentes também as conclusões sobre a técnica de reconstituição de traço de concreto
endurecido e o ambiente de exposição natural das amostras, como segue:
a) a técnica de reconstituição parcial de traço de concreto mostrou-se viável de
utilização, porém para misturas com relação 1:m (cimento:agregado graúdo e
miúdo) muito próximas, este método não oferece precisão nas determinações.
__________________________________________________________________________________________
Edna Possan (epos[email protected]) – Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2004
143
A metodologia também não abrange a determinação de traços de concretos
com adições, indicando a necessidade de aprimoramento da técnica;
b) com relação ao ambiente de exposição, as amostras expostas à degradação
natural encontravam-se em ambiente com UR média favorável para o avanço
da carbonatação, em torno de 70%;
c) a cidade de Porto Alegre, ambiente de exposição dos concretos à carbonatação
natural, não apresenta estação seca, fato que, devido à saturação dos poros do
concreto pela água da chuva, tende a gerar menores profundidades de
carbonatação nos concretos; por outro lado a condição de exposição dos
corpos-de-prova durante a realização do ensaio não acelerado (desprotegidos
da chuva) também conduz a menores profundidades de carbonatação, devido
ao fechamento dos poros pela água da chuva, que reduz substancialmente a
capacidade de difusão do CO
2
.
Com base nas conclusões e observações oriundas da elaboração deste trabalho, verifica-se que
o emprego de ensaios de durabilidade para o estudo da carbonatação e posterior previsão de
vida útil das estruturas de concreto armado requer ainda muitos estudos, a fim de conferir
melhor aproximação entre a situação real de degradação e os ensaios acelerados. Observou-se
a carência de padronização dos procedimentos de ensaios acelerados e naturais, a fim de
possibilitar a correlação entre os dados das duas abordagens e também confrontá-los com
pesquisas geradas por outros pesquisadores. Só assim iniciar-se-ia a geração de uma base de
dados relativos à durabilidade que então poderiam ser empregados, com uma certa segurança,
para fins de previsão de vida útil de estruturas de concreto armado. Também se acredita que
para fins de modelagem e, conseqüentemente, melhor aproximação da vida útil das estruturas
de concreto, o ensaio de carbonatação natural ou acelerado deve ser executado até a obtenção
da curva de tendência ao estacionamento do fenômeno.
Outro fato observado está associado ao comportamento do fenômeno de carbonatação
acelerado, o qual difere do citado na literatura, mostrando que estudos que contribuam no
ajuste e entendimento deste são de grande importância.
__________________________________________________________________________________________
Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
144
6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Este trabalho tentou gerar algumas contribuições no que se refere à carbonatação de concretos
com sílica ativa, expostos à degradação acelerada e não acelerada, restando ainda várias
lacunas de conhecimento na área que necessitam de estudos. Com base na bibliografia
pesquisada e nos resultados e observações coletados, tornam-se pertinentes as seguintes
sugestões para a conclusão deste estudo:
a) avaliar a influência do tipo de exposição das amostras (protegido ou
desprotegido da chuva) na profundidade de carbonatação do concreto exposto à
degradação natural;
b) expor à degradação natural e acelerada concretos com outros tipos de adições
minerais, para a obtenção dos coeficientes de aceleração;
c) efetuar ensaios de carbonatação do concreto com períodos prolongados, a fim
de obter atenuação da curva de desempenho do concreto frente à carbonatação,
e utilizar os dados em modelos de previsão de vida útil;
d) determinar os coeficientes de aceleração para concretos inseridos em outros
ambientes urbanos;
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Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 135p.
VERDÚ, F. A.
Curso sobre aperfeiçoamento de materiais de construção. Universidade
Federal do Rio grande do Sul, Porto Alegre, 1963, p.232.
VIEIRA, F. M. P.
Contribuição ao estudo da corrosão de armaduras em concretos com
adição de sílica ativa
. 2003. Tese (Doutorado em Engenharia) – Curso de Pós-graduação em
Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, 246p.
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Contribuição ao estudo da carbonatação do concreto com adição de sílica ativa em ambiente natural e acelerado
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