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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ENGENHARIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
NORIE - NÚCLEO ORIENTADO PARA A INOVAÇÃO DA EDIFICAÇÃO
ESTUDO EXPLORATÓRIO DE PROGRAMAS DE USO
RACIONAL DE ÁGUA EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO
SUPERIOR E A PRÉ-IMPLANTAÇÃO NO ANEL
VIÁRIO DO CAMPUS DO VALE DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Carolina Furlanetto Mendes
Porto Alegre
outubro 2006
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CAROLINA FURLANETTO MENDES
ESTUDO EXPLORATÓRIO DE PROGRAMAS DE USO
RACIONAL DE ÁGUA EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO
SUPERIOR E A PRÉ-IMPLANTAÇÃO NO ANEL
VIÁRIO DO CAMPUS DO VALE DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, como parte dos requisitos para obtenção do título de
Mestre em Engenharia na modalidade Acadêmico
Orientador: Carin Maria Schmitt
Porto Alegre
outubro 2006
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M538p Mendes, Carolina Furlanetto
Estudo exploratório de programas de uso racional de água
em instituições
de ensino superior e a pré-implantação no anel viário do
Campus do Vale da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul / Carolina
Furlanetto Mendes –
2006.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio
Grande do Sul.
CAROLINA FURLANETTO MENDES
Estudo exploratório de programas de uso racional de água
em instituições de ensino superior e a pré-implantação no
anel viário do campus do vale da universidade federal do
rio grande do sul
Esta Dissertação de Mestrado foi julgada adequada para a obtenção do título de
MESTRE EM ENGENHARIA e aprovada em sua forma final pelo professor
orientador e pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre, 30 de novembro de 2006
Prof.a Carin Maria Schmitt
Dr. pelo PPGA/UFRGS
Orientadora
Prof. Fernando Schnaid
Coordenador do PPGEC/UFRGS
BANCA EXAMINADORA
Orestes Marraccini Gonçalves(USP)
Livre-docente Universidade de São Paulo
Dr. pela Universidade de São Paulo
Gino Roberto Gehling(UFRGS)
Dr. pela Universitat Politécnica de Catalunya
Miguel Aloysio Sattler (UFRGS)
PhD pela Universidade de Scheffield / UK
Para o Geraldo e a Talita que me criaram.
Para a UFRGS que me formou.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Professora Carin pelo apoio imprescindível no decorrer da realização
deste trabalho, do projeto de pesquisa à paginação final.
Ao prefeito do Campus do Vale engenheiro Rui Muniz pela pronta acolhida e apoio
na etapa de levantamento das condições do sistema hidráulico do Campus do Vale.
Ao engenheiro do DMAE/UFRGS Paulo Robinson Samuel pelo acompanhamento do
levantamento no Campus do Vale.
Ao pessoal da manutenção hidráulica do Campus Centro e do Campus do Vale pelo
auxílio em uma tarefa que poderia ser considerada “arqueológica”.
Ao pessoal da administração da Prefeitura do Campus do Vale.
Ao Professor Sattler pela indicação das bibliografias que deram o impulso inicial ao
trabalho.
Ao professor Bonin pelos auxílios na definição inicial do tema de pesquisa e
definição de local de estudo.
Ao pessoal da administração da Escola de Administração da UFRGS.
Ao pessoal da administração do Departamento de Engenharia Mecânica da UFRGS.
Ao meu irmão Henrique por não ter atrapalhado.
À Paula, minha sócia, por ter segurado as pontas quando a coisa apertou.
Aos meus amigos pelo saco de me ouvirem falar o tempo todo na Dirce.
Aos meus pais pelo suporte financeiro.
Que no futuro a água não seja motivo de novos conflitos
nem seja usada como arma.
RESUMO
MENDES, C.F. Estudo exploratório de programas de uso racional de água em
instituições de ensino superior e a pré-implementação no Anel Viário do Campus do
Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
. 2006. Dissertação (Mestrado em
Engenharia) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre,
2006.
A escassez de água é um dos principais problemas que o homem terá que enfrentar no
século XXI. O grande desafio atual é atender à crescente demanda de água e ao mesmo
tempo preservar o recurso que tende à escassez. A alternativa mais viável é trabalhar no
sentido da conservação e uso racional, ou seja, na gestão da demanda. Um dos principais
objetivos dos programas de uso racional de água (PURA) é a gestão do uso da água.
Diversas instituições nacionais e estrangeiras têm desenvolvido PURA em edifícios
contemplando a redução de perdas e a implementação de ações tecnológicas para a
economia de água. As principais ações tecnológicas para o uso racional de água são os
equipamentos economizadores. Neste trabalho foi feita uma pesquisa para identificar os
principais equipamentos disponíveis no mercado e qual a sua melhor utilização. Foram
pesquisadas também diversas instituições de ensino superior que estão implementando
esses Programas. Foram identificadas como suas principais motivações a redução do valor
pago à concessionária de água, a redução da demanda para a expansão de seus campi, a
necessidade ecológica de economizar água e a preocupação com a escassez de água.
Paralelamente, este trabalho buscou inicialmente a implementação de um programa de uso
racional de água em um edifício da UFRGS. No entanto, devido a diversos fatores foi
necessário alterar o foco do desenvolvimento do trabalho e passar para o planejamento da
pré-implantação de um PURA no Anel Viário do Campus do Vale da UFRGS. As ações de
pré-implantação foram dificultadas pois parte das informações fundamentais para o
reconhecimento do sistema não existem ou se encontram dispersas na estrutura da
Universidade. Uma das principais ações de pré-implantação seria a construção de um banco
de dados que centralizasse as informações e que auxiliasse na elaboração de uma
estratégia de intervenção, baseando-se, também, no histórico dos sistemas. Para a
concretização da implantação de um PURA é de fundamental importância a vontade política
da universidade, pois somente dessa maneira é possível fazer com que todos os usuários
se tornem participantes do programa e trabalhem para a sua implantação e manutenção.
Palavras-chave: escassez de água; programas de uso racional de água; campus
universitário.
ABSTRACT
MENDES, C.F. Estudo exploratório de programas de uso racional de água em
instituições de ensino superior e a pré-implementação no Anel Viário do Campus do
Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2006. Dissertação (Mestrado em
Engenharia) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre,
2006.
Survey of Rational Water Use Programs in Higher Education Institutions and de pré-
implantation in Anel Viário of Campus do Vale of Federal University of Rio Grande do
Sul
Water scarcity is one of the major problems facing man in the 21
st
Century. The current
challenge is to meet the increasing water demand and at the same time preserve this
resource that tends to become scarce. The most viable alternative is to work towards its
conservation and rational use, i.e. in the management of the demand. One of the main goals
of the Programs of Rational Water Use (PURA) is the reduction of the consumed water.
Several national and foreign institutions have been implementing PURA on buildings,
seeking a reduction in losses and making use of engineering actions to save water. The main
engineering actions aimed to achieve a rational water use are the water-saving equipments.
In the present study a research was conducted to identify the most common equipments
available in the market and its best form of utilization. A number of institutions of higher
education that are making use of this kind of programs were also researched and the main
reasons for them to be doing so were identified. They are as it follows: reduction of the
amount paid to the water concessionaire; reduction of the demand in order to expand their
campus; the ecological necessity of saving water; and a concern with the issue of water
scarcity. Parallel to that, this study initially intended to perform an implementation of a
program of rational water use at a building of UFRGS. However, due to many reasons, it has
become necessary to shift the focus of the work to the planning of a pre-implementation of
PURA at the Anel Viário do Campus do Vale da UFRGS. The actual actions of pre-
implementation were proved hard to put in practice because part of the fundamental
information needed for the characterization of the system does not exist or is scattered
throughout the University structure. Therefore one of the main actions of a pre-
implementation would be the creation of a database that gathered this information together
and thus helped the outlining of an intervention strategy. This database should also take into
consideration the historical aspects of these systems. To accomplish the implementation of a
PURA it is of the uttermost importance the political will of the university. It can act as a
facilitator, turning users into conscious agents of the implementation and maintenance of a
program.
Key words: water scarcity, programs of rational use, university campus
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: disponibilidade de água na Terra .................................................................... 15
Figura 2: analogia água disponível na Terra e reservatório de 1000 litros .................... 15
Figura 3: banheiro de alunos da Escola de Administração ............................................ 21
Figura 4: banheiro de alunos do Campus do Vale ......................................................... 21
Figura 5: banheiro de funcionários da Prefeitura do Campus do Vale ........................... 22
Figura 6: ciclo hidrológico terrestre ................................................................................ 28
Figura 7: domicílios ligados à rede geral de abastecimento .......................................... 35
Figura 8: domicílios ligados à rede geral de esgoto ....................................................... 35
Figura 9: interface entre sistemas hidráulicos prediais .................................................. 60
Figura 10: esquema de sistema de suprimento de água fria ......................................... 61
Figura 11: sistema indireto (SI) com reservatório superior (a); SI com bombeamento e
reservatório superior (b); SI com reservatório inferior, bombeamento e
reservatório superior (c) ................................................................................... 62
Figura 12: sistema direto ................................................................................................ 65
Figura 13: percentual de redução do consumo de água com equipamentos
economizadores ............................................................................................... 74
Figura 14: bacias sanitárias com caixas de descarga acoplada e com válvula de
descarga ...........................................................................................................
77
Figura 15: bacia sanitária com lavatório ......................................................................... 78
Figura 16: botão de acionamento de bacia sanitária com sistema
dual
........................ 79
Figura 17: torneira hidromecânica .................................................................................. 80
Figura 18: torneira eletrônica ......................................................................................... 80
Figura 19: arejador com rosca ....................................................................................... 81
Figura 20: válvula de acionamento de mictório com infravermelho ............................... 82
Figura 21: mictório sem consumo de água, esquema do fecho hídrico e vista do
aparelho ...........................................................................................................
83
Figura 22: distribuição do gasto de água em Stanford ................................................... 103
Figura 23: planta do Quarteirão 1 do Campus Centro ................................................... 110
Figura 24: planta do Quarteirão 2 do Campus Centro ................................................... 111
Figura 25: foto de satélite de ambos os quarteirões do Campus Centro ....................... 111
Figura 26: Campus do Vale ............................................................................................ 113
Figura 27: Campus do Vale em destaque Anel Viário ................................................... 113
Figura 28: imagem de satélite do Anel Viário ................................................................. 114
Figura 29: distribuição do consumo de água nos campi da UFRGS ............................. 115
Figura 30: consumo de água no Anel Viário do Campus do Vale .................................. 117
Figura 31: hidrômetro do Anel Viário .............................................................................. 117
Figura 32: percentual de consumo de água entre os vários hidrômetros do Campus
do Vale ............................................................................................................. 118
Figura 33: esquema de distribuição de água no Anel Viário do Campus do Vale da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul .................................................... 119
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: testes para detecção de vazamentos em bacias sanitárias .......................... 56
Quadro 2: causas prováveis e prevenção de patologias no sistema hidráulico ............. 66
Quadro 3: relação da redução de consumo de água de equipamentos convencional
para equipamento economizador ..................................................................... 73
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
.................................................................................................
14
2 METODOLOGIA ..............................................................................................
19
2.1 OBJETIVOS DA PESQUISA ........................................................................
19
2.1.1 Objetivo principal ....................................................................................
19
2.1.2 Objetivos secundários ............................................................................
19
2.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA ................................................................
20
2.2.1 O encaminhamento do estudo desde a sua idéia inicial .....................
20
2.2.2 As etapas da pesquisa ............................................................................
22
2.2.2.1 Pesquisa bibliográfica .............................................................................
22
2.2.2.2 Levantamento documental sobre os sistemas hidrossanitários do Anel
Viário do Campus do Vale ..............................................................................
23
2.2.2.3 Levantamento das rotinas de manutenção dos sistemas
hidrossanitários na Prefeitura do Campus do Vale ........................................
24
2.2.2.4 Proposta de ações de pré-implantação de PURA no Anel Viário do
Campus do Vale .............................................................................................
24
2.3 LIMITAÇÕES ................................................................................................
25
3 A ESCASSEZ DE ÁGUA ................................................................................
26
3.1 ÁGUA E SUSTENTABILIDADE ....................................................................
26
3.2 DISPONIBILIDADE DE RECURSOS HÍDRICOS .........................................
31
3.2.1 Aspectos gerais .......................................................................................
31
3.2.2 A situação no Brasil ................................................................................
34
3.3 ABASTECIMENTO DE ÁGUA ......................................................................
36
3.4 A NECESSIDADE DA CONSERVAÇÃO DE ÁGUA: CONTROLE DE
PERDAS .........................................................................................................
39
3.4.1 Conceitos de conservação de água
.......................................................
40
3.4.2 Instrumentos de conservação de água .................................................
41
4 USO RACIONAL DE ÁGUA
............................................................................
44
4.1 GESTÃO DA DEMANDA DE ÁGUA .............................................................
45
4.1.1 Previsão da demanda
..............................................................................
49
4.1.2 Instrumentos da gestão da demanda ....................................................
50
4.2 PERDAS DE ÁGUA ......................................................................................
50
4.2.1 Detecção de vazamentos ........................................................................
53
4.2.1.1 Testes expeditos .....................................................................................
54
4.2.1.2 Testes especiais .....................................................................................
57
4.2.2 Perdas de água na descarga hídrica ......................................................
57
4.3 SISTEMAS PREDIAIS ..................................................................................
58
4.3.1 Elementos do sistema predial de água fria ...........................................
60
4.3.1.1 Sistema indireto ......................................................................................
62
4.3.1.2 Sistema direto .........................................................................................
64
4.3.2 Patologias em sistemas prediais
...........................................................
65
4.3.3 Sistemas prediais e o uso racional de água .........................................
66
4.3.4 Micromedição ...........................................................................................
68
4.4 EQUIPAMENTOS ECONOMIZADORES .....................................................
70
4.4.1 Bacias sanitárias de volume reduzido ...................................................
76
4.4.1.1 Bacias sanitárias com caixa acoplada e alimentação lateral ..................
78
4.4.1.2 Bacias com acionamento da descarga dual ...........................................
78
4.4.2 Torneiras, arejadores e redutores de pressão ......................................
79
4.4.2.1 Arejadores ...............................................................................................
81
4.4.2.2 Redutores de pressão .............................................................................
81
4.4.3 Mictórios ...................................................................................................
82
4.4.4 Chuveiros
.................................................................................................
83
4.5 PROGRAMAS DE USO RACIONAL DE ÁGUA ...........................................
83
4.5.1 Elaboração do diagnóstico
.....................................................................
85
4.5.2 Características físicas e funcionais do sistema hidráulico .................
86
4.5.3 Plano de intervenção
...............................................................................
87
4.5.3.1 Correção de vazamentos ........................................................................
88
4.5.3.2 Substituição de equipamentos ................................................................
88
4.5.3.3 Campanhas de conscientização .............................................................
89
4.5.3.4 Manutenção continuada ..........................................................................
89
5 PROGRAMAS DE USO RACIONAL DE ÁGUA EM INSTITUIÇÕES DE
ENSINO SUPERIOR ......................................................................................
92
5.1 UNIVERSIDADES BRASILEIRAS ................................................................
92
5.1.1 Universidade de São Paulo (PURA-USP) ...............................................
93
5.1.2 Universidade Estadual de Campinas (PRÓ-ÁGUA UNICAMP) ............
95
5.1.3 Universidade de São Carlos (PRUA-UFSCar) .......................................
98
5.1.4 Universidade de Brasília
.........................................................................
99
5.1.5 Universidade Federal da Bahia (AGUAPURA) ......................................
100
5.2 UNIVERSIDADES ESTRANGEIRAS ...........................................................
102
5.2.1 Universidade de Stanford .......................................................................
102
5.2.2 Universidade da Virginia .........................................................................
104
5.2.3 Universidade de Utah
..............................................................................
105
5.2.4 Universidade de Wisconsin ....................................................................
106
5.2.5 Universidade Brown
................................................................................
107
5.2.6 Universidade Yale ...............................................................................
107
6 ESTUDO DA UFRGS
......................................................................................
109
6.1 O CAMPUS DO VALE ..................................................................................
114
6.2 O ANEL VIÁRIO: O CORAÇÃO DO CAMPUS DO VALE ............................
115
6.2.1 O uso da água e o sistema de alimentação do Anel Viário .................
118
6.2.1.1 Problemas encontrados no sistema de alimentação ..............................
120
6.2.1.2 Manutenção no sistema hidráulico do Anel Viário ..................................
121
6.3 AÇÕES DE PRÉ-IMPLANTAÇÃO DE UM PURA NO CAMPUS DO VALE
..............................................................................................................
123
6.4 ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO DE UM PURA NO ANEL VIÁRIO ............
127
6.4.1 Sistema hidráulico externo
.....................................................................
127
6.4.2 Sistema hidráulico interno ......................................................................
127
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
............................................................................
130
REFERÊNCIAS ..................................................................................................
133
ANEXO 1
............................................................................................................
139
ANEXO 2 ............................................................................................................
148
ANEXO 3
............................................................................................................
152
ANEXO 4 ............................................................................................................
155
ANEXO 5 ............................................................................................................
157
__________________________________________________________________________________________
Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
14
1 INTRODUÇÃO
Significados simbólicos atribuídos à água são identificados em todas as culturas:
purificação, regeneração, fonte da vida, fecundidade, fertilidade. Práticas milenares de cura
e tratamentos médicos desde a antigüidade propunham banhos frios, mornos e quentes,
saunas, banhos de mar. Atualmente, exercícios e práticas de esportes na água trazem
saúde física e psicológica às populações ao redor do Planeta.
Historicamente, o acesso à água em abundância tem sido determinante para o
desenvolvimento das civilizações, tanto em termos da qualidade de vida das populações
quanto em termos do desenvolvimento econômico e social. No entanto, os rios que
abastecem nossas cidades não são mais o que costumavam ser. Para abastecer as
residências, a água passa por processos de tratamento que a tornam apta para o consumo
humano. Os volumes de água consumida são enormes. Por exemplo, nos Estados Unidos a
média é de 600 litros por dia por pessoa, enquanto na Inglaterra esse valor é de 400 litros.
As Nações Unidas recomendam uma media de 200 litros por pessoa por dia.
Segundo Amorim et al. (2002), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (UNESCO) revela que dois terços da humanidade estão condenados a
sentir sede antes de 2025. Há muita água disponível no Mundo, porém ela não é apta para o
consumo humano sem tratamentos específicos (figura 1). Hoje, o Brasil tem 15% das
reservas mundiais de água doce, porém elas se encontram dispersas pelo território, estando
apenas 12% delas em áreas de grande concentração populacional, onde se tem o uso
intensivo. Transpondo-se o volume de água existente no Mundo para um reservatório de
1000 litros: 972 litros seriam de água salgada que compõem oceanos e mares; as geleiras e
as calotas polares corresponderiam a 21,5 litros; a água depositada em grandes
profundidades representariam 6,2 litros. A água disponível para consumo humano, que são
os lagos e rios, representariam 9 mililitros e, somente 9 mililitros estariam disponíveis na
forma de vapor (figura 2).
A água doce deverá ser, em um futuro próximo, o recurso natural mais disputado pela
maioria dos países. Em Kassel University (1995 apud PEDROSO; ILHA, 2003) apresenta
um cenário montado para 2025. Nele são identificadas grandes áreas de falta de água, caso
as ações que vêm sendo adotadas nas diferentes regiões do Mundo não sejam modificadas.
__________________________________________________________________________________________
Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
15
Figura 1: disponibilidade de água na Terra (PURA-USP, 2004)
Figura 2: analogia água disponível na Terra e reservatório de 1000
litros (MANO, 2004)
Hoje, é estabelecida com o meio ambiente uma relação contraditória, pois se de um lado
acredita-se que a natureza está inteiramente ao dispor do ser humano, de outro, percebe-se
que é importante o desenvolvimento sustentável, ou seja, a preservação dos recursos para
as gerações futuras. Esta relação dualística assim se apresenta, pois assim como se busca
__________________________________________________________________________________________
Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
16
a universalização do acesso à água, busca-se também a promoção da sustentabilidade dos
recursos hídricos.
O grande desafio atual é de atender à crescente demanda por água e ao mesmo tempo
preservar o recurso que tende à escassez. Hoje, existe o consenso sobre a necessidade de
se trabalhar com a conservação do recurso ou seu uso racional. Com o uso racional tem-se
a redução da demanda de água, ou seja, redução do consumo per capita. Com isso, torna-
se possível continuar atendendo satisfatoriamente uma população maior ou simplesmente
reduzir o quanto se retira do manancial para fornecimento de água para uma mesma
população. Com o uso racional também são reduzidos os gastos com tratamento e
prospecção de novos mananciais. Isso é chamado de gestão da demanda: a busca por
soluções que buscam aprimorar o serviço de abastecimento e utilização de água.
A importância dos sistemas prediais na construção civil não se limita apenas às
necessidades primordiais relacionadas com higiene e saúde. Ela passa também pelas
noções evolutivas de conforto impostas por uma cultura. Muitas pesquisas têm sido
desenvolvidas no intuito de tornar os sistemas prediais de água fria cada vez mais eficientes
no atendimento das exigências dos usuários. Existe também a necessidade dos sistemas
prediais atenderem às demandas ambientais. Assim, os sistemas prediais devem ser
concebidos de forma a estarem adequados aos usuários da edificação, e para contribuírem
na promoção da sustentabilidade do habitat. Com relação à contribuição do sistema predial
de água fria para a promoção da sustentabilidade hídrica, Santos (2002) ressalta a questão
da conservação da água. Portanto, as medidas de conservação de água ao propiciarem a
economia de água automaticamente estarão economizando no sistema de tratamento,
distribuição e na captação nos mananciais.
Mas alcançar essa conservação de água, nem sempre é simples. Muitas vezes, em
ambientes públicos, por exemplo, os usuários não se mostram preocupados com a
conservação da água por não se encontrarem diretamente responsáveis pelos custos do
consumo. Em espaços localizados nos campi universitários, por exemplo, soma-se a isso,
muitas vezes, a falta de manutenção, podendo existir perdas de água na rede, por períodos
significativos, sem que nenhuma ação seja implantada (PEDROSO; ILHA, 2003).
Em algumas universidades brasileiras e estrangeiras foram desenvolvidos Programas de
Uso Racional de Água (PURA) que apresentaram importantes reduções da demanda de
água nos campi e que não implicaram em grandes modificações na forma de utilização
pelos usuários. Com esses programas, foram eliminadas principalmente as perdas no
sistema (por exemplo por vazamentos) e foram adotados sistemas economizadores de
__________________________________________________________________________________________
Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
17
água. Muitas das soluções adotadas não implicaram em ações diretas dos usuários,
embora, seja muito importante o papel das campanhas de conscientização dos usuários
para o uso racional de água.
Seguindo na mesma linha de pensamento, Corrêa (2004) cita a importância do ensino
superior na construção de um futuro mais sustentável e alia a isto a importância da
realização de um trabalho de conscientização sobre a preservação dos recursos. O autor
afirma, também, que para que isso ocorra, torna-se indispensável que as universidades
comecem a incorporar os princípios e práticas da sustentabilidade, seja para tomar decisões
fundamentais sobre compras, construção de edifícios e operações em suas áreas físicas,
seja para iniciar um processo de reeducação em todos os seus níveis.
Esta pesquisa buscou contribuir para a futura implantação de um programa de uso racional
na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), instalada na cidade de Porto
Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul. Foi desenvolvida pesquisa bibliográfica na
qual buscou-se estudar programas de uso racional de água implementados com diferentes
motivações em universidades brasileiras e estrangeiras. Na UFRGS, o foco do estudo é o
Campus do Vale, devido às tendências de desenvolvimento indicadas por Turkienicz et
al.(2004) e questões políticas e organizacionais da Universidade, sendo o objetivo principal
a elaboração do planejamento da pré-implantação de um programa de uso racional de água
no Anel Viário do Campus do Vale.
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul tem seus quatro campi distribuídos ao longo
da bacia do Arroio Dilúvio. O Campus do Vale é o mais distante do Campus Central, que
também poderia ser denominado Campus Histórico, no qual está instalada a Administração
da Universidade. O Campus do Vale teve sua ocupação iniciada no inicio do século XX com
a construção das instalação da Faculdade de Agronomia. Sua ocupação foi intensificada na
década de 70 com a construção do que hoje chamamos Anel Viário e a transferência de
alguns Institutos (como por exemplo: Letras, Filosofia e Ciências Humanas) para lá. Hoje,
existe a tendência da concentração de atividades universitárias e de ensino no Campus do
Vale.
Esta dissertação será dividida em sete capítulos, sendo este de apresentação o primeiro
deles. No segundo capítulo, está descritiva a forma como a pesquisa se desenvolveu,
destacando os objetivos principais e secundários, os pressupostos, as limitações, assim
como será apresentado o delineamento da pesquisa. O capítulo 3, desenvolvido a partir de
pesquisa bibliográfica, traz importantes conceitos sobre a escassez, abastecimento,
__________________________________________________________________________________________
Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
18
disponibilidade e distribuição de água, temas que embasam e justificam a relevância desta
pesquisa. No capítulo 4, também fruto de pesquisa bibliográfica, são apresentadas
possibilidades de uso racional de água, equipamentos, políticas e técnicas. No capítulo 5,
decorrente de pesquisa bibliográfica, são apresentados programas de uso racional de água
desenvolvidos em universidades brasileiras e estrangeiras. Neste capítulo se buscou em
vários países como Inglaterra, Portugal, França, Holanda e Estados Unidos o estado da arte
de programas de uso racional em instituições de ensino superior. No capítulo 6 é
apresentado o estudo desenvolvido na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Finalmente no capítulo 7 são apresentadas as considerações finais e sugestões de
trabalhos futuros.
__________________________________________________________________________________________
Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
19
2 METODOLOGIA
Neste capítulo serão apresentadas as ferramentas metodológicas que foram utilizadas no
desenvolvimento desta dissertação de mestrado e como isto ocorreu. São definidos, então,
os objetivos principais e secundários, os pressupostos, as limitações e o delineamento da
pesquisa.
2.1 OBJETIVOS DA PESQUISA
Os objetivos da pesquisa são classificados como principal e secundários.
2.1.1 Objetivos principais
Os objetivos principais deste trabalho são a elaboração de estudo exploratório de programas
de uso racional de água em instituições de ensino superior e a pré-implantação no Anel
Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio grande do Sul.
2.1.2 Objetivos secundários
Os objetivos secundários deste trabalho são:
a) caracterização dos Programas de Uso Racional de Água (PURA);
b) identificação dos equipamentos economizadores.
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
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2.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA
2.2.1 O encaminhamento do estudo desde a sua idéia inicial
Uma das principais maneiras de se lidar com a falta de água é desenvolver um programa de
gestão do uso da água. As universidades, como centros formadores de opinião e
propagadores do conhecimento têm papel fundamental na busca por soluções alternativas
para o problema da escassez de água.
A proposta inicial deste trabalho de dissertação de mestrado era implantar um Programa de
Uso Racional de Água (PURA) em um edifício da UFRGS como um estudo-piloto. A
metodologia utilizada seria a apresentada na tese de doutorado de Oliveira (1999) intitulado
Metodologia para Implantação de Programa de Uso Racional de Água em Edifícios e,
também, por Oliveira e Gonçalves (1999) no Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP.
A pesquisa na UFRGS foi iniciada por um estudo exploratório que tinha por objetivo a
identificação de um edifício no qual se pudesse, sem grandes alterações no sistema
hidráulico – alterações estruturais como instalação de medidores, mudanças substanciais no
sistema de distribuição de água nos edifícios próximos, dentre outros – desenvolver o
estudo. Para isto se buscou identificar os hidrômetros existentes na Universidade (anexo 1).
A informação disponibilizada dava a falsa impressão de que cada medidor servia a um único
edifício. No entanto, ao aprofundar o conhecimento sobre as redes do Campus Central, e
após iniciado o levantamento do sistema hidráulico de um edifício no Campus Central,
percebeu-se que não existe um hidrômetro que mede o abastecimento de somente um
edifício. A condição de hidrômetro para um único edifício somente foi encontrada em
unidades isoladas, como, por exemplo, a Escola de Administração. A decisão foi a de
utilizar esta edificação como local de estudo. Em levantamento do sistema hidráulico e de
seus pontos de utilização, percebeu-se que o edifício apresentava condições muito
diferentes dos edifícios dos vários Campi da UFRGS (figuras 3, 4 e 5). O sistema
apresentava-se quase totalmente reformado, sem vazamentos e com equipamentos
economizadores – como, por exemplo, bacias sanitárias de volume de descarga reduzido,
torneiras hidromecânicas, acionamento de mictórios por sensor infravermelho.
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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Figura 3: banheiro de alunos da Escola de Administração
Figura 4: banheiro de alunos do Campus do Vale
Passou-se então a considerar, que somente uma atividade integrada da Reitoria com as
Unidades poderia possibilitar a atividade de implantação de um PURA na Universidade
como um todo, e que no presente momento não haveria tempo para iniciar e terminar o
processo no prazo de desenvolvimento deste trabalho. Dessa forma, este trabalho passou a
ter por proposta a apresentação do planejamento da implantação e parte das atividades de
pré-implantação, como definição de atividades prioritárias, identificação de locais com maior
potencial de redução, levantamento de motivação para a implantação, ou seja, a
estruturação do programa de uso racional de água para a UFRGS. Além da identificação e
justificativa do primeiro local a ser implementado o PURA, foi realizado o aprofundamento do
diagnóstico da situação no Anel Viário do Campus do Vale.
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
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Figura 5: banheiro de funcionários da Prefeitura do Campus do Vale
Assim sendo, visto os grandes obstáculos que se visualizava para realização do trabalho,
tomou-se a decisão de investigar como o assunto era tratado em outras universidades, não
só do Brasil, mas, também, instituições estrangeiras e paralelamente seguir com o trabalho
no Anel Viário do Campus do Vale da UFRGS
2.2.2 As etapas da pesquisa
O desenvolvimento desse trabalho abordou os seguintes passos:
a) pesquisa bibliográfica;
b) levantamento documental dos sistemas hidrossanitários no Anel Viário do
Campus do Vale;
c) levantamento das rotinas de manutenção das instalações hidrossanitárias
na Prefeitura do Campus do Vale;
d) proposta de ações de pré-implantação de PURA no Anel Viário do
Campus do Vale.
2.2.2.1 Pesquisa bibliográfica
A pesquisa bibliográfica foi realizada no decorrer de todo o trabalho. Ela se baseou em
temas que contextualizam, embasam e justificam os assuntos principais, ou seja, a
escassez de água, as metodologias de implantação de planos de redução do consumo de
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
23
água tratada, equipamentos economizadores, gestão da demanda e programas de uso
racional de água em universidades.
A pesquisa bibliográfica foi iniciada abordando-se o tema da escassez de água que justifica
a pesquisa. Posteriormente, foram abordados os temas de metodologias de implantação de
planos de redução de consumo, instrumentos de gestão da demanda de água, programas
de uso racional de água em edifícios e programas de uso racional em universidades.
Finalmente, foi abordado o tema de soluções tecnológicas disponíveis no mercado
brasileiro, que permite estudar as alternativas tecnológicas possíveis existentes.
2.2.2.2 Levantamento documental sobre os sistemas hidrossanitários do Anel Viário
do Campus do Vale
O levantamento documental foi considerado fundamental como etapa desta pesquisa para
caracterizar os sistemas hidrossanitários do Campus do Vale. A solicitação foi realizada à
Prefeitura do Campus do Vale e ao Departamento de Projetos e Obras (DPO)
1
. Desta forma,
foi solicitado ao DPO, via oficio da Prefeitura do Campus do Vale, uma série de documentos
em outubro de 2005. Até o momento de conclusão deste trabalho a solicitação ainda não
havia sido atendida. A justificativa apresentada foi a falta de tonner no setor para impressão
da documentação. Isto mostra a importância do comprometimento da administração central
da Universidade com estudos realizados tendo a Universidade como campo de estudo.
Todas as informações obtidas sobre o sistema hidráulico do Campus do Vale foram obtidas
junto aos funcionários da prefeitura do Campus do Vale que estiveram envolvidos com a sua
manutenção e construção nos últimos 20 anos.
Paralelamente foi realizado levantamento para verificar as rotinas de manutenção, buscando
também com isto identificar as condições dos edifícios e dos seus sistemas de
abastecimento. O estudo revelou uma situação de descentralização das atividades de
administração dos edifícios e demonstrou também as grandes diferenças existentes entre as
várias Unidades da UFRGS quanto a importante item da administração. Durante o estudo,
percebeu-se também a importância do conhecimento do sistema hidráulico do Campus do
Vale que os técnicos do setor de hidráulica detém. Informações que serão perdidas no
momento da aposentadoria destes profissionais, que devem iniciar em grande número nos
1
DPO: Departamento de Projeto e Obras é órgão que pertence ao organograma da SUINFRA da
UFRGS (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL, 2005b).
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
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próximos dois anos, caso não seja tomada alguma medida que leve à documentação destas
informações. Aparentemente, não há documentação em nenhuma parte da Universidade,
uma vez que não foi possível obter memoriais descritivos e projetos as built.
2.2.2.3 Levantamento das rotinas de manutenção dos sistemas hidrossanitários na
Prefeitura do Campus do Vale
As rotinas de manutenção foram estudadas junto ao setor de hidráulica da Prefeitura do
Campus do Vale. A sistemática é basicamente a mesma para todos os setores do Campus.
O atendimento à solicitação segue a ordem de chegada da mesma e só são atendidas
aquelas apresentadas por Unidades que não têm técnicos em hidráulica nos seus quadros.
Ela normalmente é feita com formulário apresentado no anexo 2, por fax ou pessoalmente.
Depois de solucionado o problema a solicitação é descartada, sem ser feito qualquer
relatório ou documentação do serviço realizado. Dessa maneira, não existe indicação de
quais são as principais solicitações, e não existe uma sistemática de manutenção de áreas
comuns não vinculadas a nenhuma Unidade.
2.2.2.4 Proposta de ações de pré-implantação de PURA no Anel Viário do Campus
do Vale
Foram baseadas nas experiências de implantação de programas de uso racional de água
em universidades narradas na pesquisa bibliográfica e com base no levantamento em que
se encontram as informações referentes aos sistemas de água fria no Anel Viário. Destaca-
se a experiência da Universidade de São Paulo (USP) apresentada por Silva (2004). A
elaboração das propostas também foi baseada em metodologias e medidas desenvolvidas
por Oliveira (1999) e Gonçalves et al. (1999b).
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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2.3 LIMITAÇÕES
Os dados utilizados são de série histórica do consumo de água na Universidade, fornecidos
pela Superintendência de Infra-Estrutura (SUINFRA)
2
, não sendo de nenhuma forma
conferidos durante o desenvolvimento deste trabalho.
O trabalho refere-se aos sistemas hidráulicos no Campus do Vale da UFRGS, pois foi
identificado em estudo exploratório, que também incluiu o Campus Central, que no Vale
estava equipe com maior domínio do sistema instalado. Se tratam de instalações mais
novas e quase todos os funcionários encarregados da manutenção participaram da
construção de pelo menos parte do Campus do Vale nos últimos 20 anos da Universidade.
Contrariamente a esta realidade, a ocupação do Campus Central, o mais antigo de todos, foi
iniciada no final do século XIX e foi evoluindo no decorrer dos últimos 100 anos e, portanto,
em muitos momentos não ocorreu um planejamento criterioso e documentado. Além disto, o
histórico de consumo aponta que o Campus do Vale apresenta o maior consumo de água da
Universidade.
Por sua vez, a escolha da área do Anel Viário dentro do Campus do Vale deve-se ao fato de
o hidrômetro que registra o consumo de água desta segmentação do Campus ser o que
apresenta o maior consumo dentro da Universidade. Desta forma, os dados utilizados são
os medidos pelo hidrômetro do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) com
número de série 280000005, ramal 878.944, sito na Avenida Bento Gonçalves. A pesquisa
sobre as principais ocorrências de patologias no sistema hidráulico predial de água fria foi
baseada nas solicitações de reparos feitas junto à Prefeitura Universitária do Campus do
Vale no ano de 2004. Não serão considerados meios de redução do consumo de água, o
uso de água da chuva e o reuso de águas servidas. Serão considerados como estratégias
de redução do consumo de água somente equipamentos disponíveis no mercado brasileiro.
2
SUINFRA: a Superintendência de Infra-Estrutura foi criada a partir da Gestão 2004-2008
substituindo a Pró-Reitoria de Infra-Estrutura - PROINFRA que surgiu a partir de outubro de 2000
com a extinção, naquela data, da Superintendência do Espaço Físico - SUPEF. Tem por missão
oferecer soluções de qualidade em serviços de infra-estrutura atendendo e superando as
expectativas dos usuários (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL, 2005b).
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
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3 A ESCASSEZ DE ÁGUA
Este capítulo vai tratar da escassez de água com um enfoque para a sustentabilidade.
Também serão abordados a disponibilidade hídrica no Brasil, o abastecimento de água e o
controle de perdas. Dessa forma, pode-se dizer que serão apresentados os conceitos gerais
que embasam e justificam esse trabalho.
3.1 ÁGUA E SUSTENTABILIDADE
A água é um elemento fundamental para a maior parte das formas de vida existentes no
Planeta. A Terra tem em torno de 70% de sua superfície coberta de água e os recursos de
água doce constituem um componente essencial da hidrosfera da Terra e parte
indispensável de todos os ecossistemas terrestres (BRASIL, 2002 apud MANO, 2004). A
água potável é considerada um dos direitos humanos fundamentais, pois é reconhecida
como a base da vida de todos nós, e o acesso à água potável, assim como ao saneamento,
são problemas fundamentais a serem solucionados na sustentabilidade do Planeta.
A poluição das águas não constituía um grande problema até o final do século XIX, quando
o modelo higienista orientou a reformulação dos projetos das cidades. Foram implantadas
uma série de medidas de saneamento que incluíam canais e redes de abastecimento de
água e esgoto sem nenhuma preocupação com o meio ambiente, o que contribuiu para uma
elevação em um ritmo exponencial da poluição hídrica. De fato, o que ocorreu com o novo
modelo foi a transferência dos problemas de saneamento interno das cidades para os
cursos de água para os quais eram conduzidos os esgotos. Assim, resolvia-se o problema
local e criavam-se problemas para as cidades que ficavam a jusante (MANO, 2004).
Em documentos da UNESCO (1999 apud TOMAZ, 2001a) afirma-se que os recursos
hídricos devem ser utilizados de maneira sustentável, ou seja, devem ser geridos
globalmente, buscando atender à sociedade agora e no futuro. É importante que seja
mantida a integridade ecológica, ambiental e hidrológica. Assim, para que o
desenvolvimento sustentável seja possível, é necessário que exista um compromisso de
atender às necessidades do presente sem comprometer as gerações futuras.
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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Salati et al. (2002) afirmam que a oferta de água é fundamental para a manutenção de
sistemas produtivos indispensáveis às atividades humanas. Eles salientam que quaisquer
mudanças na oferta natural de água podem fazer grandes alterações no equilíbrio dinâmico
dos ecossistemas naturais e na produtividade agrícola, com sérias conseqüências
econômicas e sociais. Os autores evidenciam que é necessário que sejam preservados os
recursos hídricos tanto em quantidade como em qualidade para que seja possível manter o
desenvolvimento sustentável local e regional. Para resolver esse problema de
contaminação de mananciais e o suprimento de água das cidades, na metade do século XIX
começou-se a fazer tratamento da água captada para consumo. Eram feitos tratamentos
convencionais que asseguravam a qualidade da água. Porém, com o aumento da
industrialização e o desenvolvimento de novas formas de cultivo, houve também o aumento
da quantidade de poluentes, que passaram a compreender aspectos físicos, químicos e
bacteriológicos mais complexos.
Segundo Lyle (1994), o aumento populacional, o desperdício e o uso intenso da água na
agricultura e na indústria contribuem para a extinção e contaminação de mananciais. O
mesmo autor fala da importância de se manter estável o ciclo hidrológico terrestre (figura 6).
Ele acredita que, o ciclo da água é, dentre as invenções da natureza, uma das mais
elegantes e duradouras. Os mecanismos básicos são familiares e simples. A radiação solar
aquece a água, principalmente de mares e lagos, e a transforma em vapor; a água sob a
forma de vapor sobe até a atmosfera, forma nuvens, que são carregadas pelo vento até os
continentes. A água condensa, cai sobre a terra e corre sobre e através dela, suprindo cada
criatura viva antes de finalmente retornar os mares e lagos para repetir o ciclo. Este é um
simples esboço. Os detalhes são complexos, estão sempre mudando e são facilmente
alterados.
A Agenda 21 Brasileira (2003) informa que a escassez, a destruição e o agravamento das
condições de poluição dos mananciais são um problema atual e que demanda planejamento
e manejo integrados. A demanda por água está se tornando cada dia maior. A água, além
de se tornar cada dia mais escassa, também está deixando de ser um elemento que
qualquer ser vivo tenha acesso devido aos seus níveis de poluição e contaminação. As
doenças diarréicas, causadas em grande parte pela falta de potabilidade da água para
consumo humano, são um importante fator de elevação dos números da mortalidade infantil.
Em países em desenvolvimento, como o Brasil, a falta de água potável é responsável por
80% das internações hospitalares e por 33% das mortes (AGENDA 21 BRASILEIRA, 2003).
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
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Figura 6: ciclo hidrológico terrestre (MANO, 2004)
Mano (2004) afirma que a questão da água é vital e urgente e que os usuários devem se
envolver na gestão dos recursos hídricos. A ligação entre crescimento econômico e
destruição de nascentes e mananciais deve ser quebrada. Quando se tratar de
desenvolvimento, deve-se ter sempre em mente a importância de uma análise sistêmica da
situação e as propostas de solução devem sempre levar em conta os conceitos de
interdependência e interdisciplinaridade citados por Sachs (1993) quando trata do
desenvolvimento sustentável. Para o autor, as nações deveriam deixar de se comportar
como no
Dilema dos Prisioneiros e a Carona
3
, em que tende-se a tentar levar vantagens
em tudo, partindo-se do pressuposto de que se os outros estão fazendo não se torna
necessário eu fazer.
Sachs (1993, p. 24) traz também a seguinte definição de desenvolvimento sustentável: ”[...]
é o processo que melhora as condições de vida das comunidades humanas e, ao mesmo
tempo, respeita os limites da capacidade de carga dos ecossistemas.”. Isso quer dizer, que
o desenvolvimento sustentável leva em consideração as cinco dimensões de
3
Sachs (1993, p.20) explica da seguinte maneira o Dilema dos Prisioneiros e a Carona em relação
aos países: 1 – meu país não contribui, enquanto os outros o fazem (carona); 2 – meu país
contribui em conjunto com os outros (cooperação); 3 – nenhum país contribui (resultado do dilema
dos prisioneiros); 4 – apenas meu país contribui (otário). O comportamento segundo a preferência
n
o
1 ou o receio da n
o
4, conduz ao do tipo 3. Embora o comportamento 2 seja preferível ao 3,
acaba-se ficando com esta última alternativa, a menos que recompensas e punições, ou
motivações cooperativas autônomas, conduzam à segunda alternativa. Os incentivos e
expectativas devem excluir por completo as possibilidades dos números 1 e 4, para que o fato de
um ou outro contribuir não os transforme em otários. Na ausência de tais motivações, o resultado é
que a paz, a estabilidade monetária, uma economia mundial aberta, a proteção ambiental, a
redução da dívida, a conservação de matérias-primas, a redução da pobreza e o desenvolvimento
mundial não serão alcançados na medida necessária.
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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sustentabilidade trazidas pelo autor na mesma obra: social, política, econômica, ecológica,
espacial e cultural. Seria o desenvolvimento que preservaria o ambiente para seus usuários
futuros.
Hawken et al. (1999 apud MANO, 2004) e Kinlaw (1997 apud MANO, 2004) falam que a
abordagem econômica é uma forma viável para o processo de mudança até a realidade
sustentável. Trabalhar a redução dos impactos ambientais da edificação sob o foco
econômico aproxima o ideal prático e contribui para a realização da sustentabilidade em
curto prazo. Os autores afirmam também que a vantagem econômica do design sustentável
se estende por toda a vida operacional do edifício e que raramente estão disponíveis dados
mais específicos concernentes aos benefícios ambientais e econômicos na aplicação de
técnicas regenerativas para a realidade brasileira. Silva et al. (1998) que trabalham voltados
para a posição da concessionária afirmam que o apelo à economia na conta de água é
bastante limitado ante a baixa elasticidade da demanda de água e em face ao relativamente
baixo valor na conta de água no conjunto das despesas domésticas concorrentes. Soma-se
a isto, condições sociais e culturais que permeiam o consumo de água. Para que as
medidas de uso racional de água sejam eficazes, elas devem aparecer associadas a outros
objetivos ambientais ou circunstanciais dos prestadores de serviço. A economia de água
deve aparecer como um esforço comum de conservação. Enfocando a visão dos grandes
consumidores, Thame (2000 apud SAUTCHÚK, 2004) apresenta que a experiência
internacional evidencia a importância da cobrança do uso da água como ferramenta de
gestão.
O manejo holístico da água doce como recurso finito e vulnerável, e a integração de planos
e programas hídricos setoriais aos planos econômicos e sociais nacionais, são medidas de
importância fundamental a partir da década de 1990. Os planos de uso racional de água
devem trazer medidas concomitantes de minimização do consumo e do desperdício
(AGENDA 21 BRASILEIRA, 2003). Gonçalves et al. (1999a) afirmam que as medidas de
redução do consumo de água são normalmente atuantes em duas frentes: controle de
desperdícios (como vazamentos e mau funcionamento de equipamentos) e redução do
volume de água consumido (como controle da vazão e do tempo de uso).
O importante papel da água como bem que sustenta a vida deve ser refletido em
mecanismos de manejo da demanda, que devem ser implementados por meio de
campanhas de conservação da água (AGENDA 21 BRASILEIRA, 2003). Dentro do conceito
de sustentabilidade do ambiente construído, os sistemas prediais hidrossanitários assumem
posição de destaque, visto que são consumidores de diversos insumos, tais como água e
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
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energia. Assim, por exemplo, decisões tomadas durante as diversas fases de geração, uso
e operação dos sistemas prediais de água, determinam o maior ou menor nível de
conservação desse insumo (ARAÚJO, 2004).
Para se alcançar o desenvolvimento sustentável em relação ao uso da água, um dos
maiores desafios a serem enfrentados será a minimização dos efeitos da escassez e da
poluição, particularmente em países em desenvolvimento (REBOUÇAS, 2002). Um
programa lançado pelo Banco Mundial na última década do século passado, adotou os
seguintes procedimentos para a melhoria do gerenciamento dos recursos hídricos a nível
global (BANCO MUNDIAL, 1993 apud REBOUÇAS, 2002):
a) incorporar as questões relacionadas com a política e o gerenciamento
dos recursos hídricos nas conversações periódicas que mantém com
cada país na formulação da estratégia de ajuda aos países onde as
questões relacionadas com a água são significativas;
b) ajudar os governos a formular leis e regulamentos para lidar com
definição de preços, organizações monopolistas, proteção ambiental, e
outros aspectos do gerenciamento dos recursos hídricos;
c) apoiar as medidas para o uso mais eficiente da água;
d) apoiar os esforços governamentais para descentralizar a administração
da água e encorajar a participação do setor privado, as corporações
públicas financeiramente autônomas e as associações comunitárias no
abastecimento de água aos usuários;
e) encorajar a participação dos usuários da água no planejamento, projeto,
construção, gerenciamento e arrecadação das taxas dos projetos
financiados pelo Banco;
f) dar prioridade à proteção, melhoria e recuperação da qualidade da água
e à redução da poluição das águas através de políticas como o princípio
do poluidor-pagador;
g) assegurar que investimentos envolvendo reassentamento sejam evitados
ou minimizados, mas, quando necessário, sejam restaurados ou
melhorados os meios de vida anteriores;
h) apoiar programas de treinamento para introduzir reformas nos sistemas
de gerenciamento de água.
É preciso dedicar atenção especial aos efeitos crescentes da urbanização sobre a demanda
e o consumo de água e ao papel decisivo desempenhado pelas autoridades locais e
municipais na gestão do abastecimento, uso e tratamento geral da água, em particular nos
países em desenvolvimento (AGENDA 21 BRASILEIRA, 2003). Segundo este documento é
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
31
importante que se dedique especial atenção aos efeitos crescentes da urbanização sobre a
demanda e o consumo de água.
3.2 DISPONIBILIDADE DOS RECURSOS HÍDRICOS
3.2.1 Aspectos gerais
Até a segunda metade do século XIX, os principais problemas relacionados à água eram os
associados às epidemias causadas por agentes hídricos. No início do século XX, os
problemas relacionavam-se às descargas de esgotos não tratados, à acidificação, às
substancias tóxicas e aos altos custos associados a isto. Atualmente, os problemas, além da
ameaça à saúde, estão relacionados à eutrofização, à toxicidade, à deterioração da
qualidade e aos custos ainda mais altos para garantir o suprimento de água de qualidade.
Petrella (2005) afirma que o direito à água não é uma questão de escolha, não é negociável,
nem reversível. O direito à água é universal, indivisível e imprescindível. O autor afirma que
o direito à água é responsabilidade coletiva e das instituições para que as condições
necessárias para que todos tenham acesso à água em quantidade e qualidade suficientes,
determinadas por normas internacionais, sejam alcançadas. Segundo Verdugo (2003), o
crescimento acelerado das cidades resultou no aumento significativo do consumo doméstico
de água. Isto tornou necessário que os governos da maioria das nações em
desenvolvimento começassem a implementar estratégias de conservação da água em áreas
urbanas. A combinação de estratégias tecnológicas e sócio-comportamentais é fundamental
na busca dessas soluções. O desperdício de água muitas vezes está ligado a componentes
psicológicos e sociais como: crenças, percepções, normas sociais e fatores situacionais
(disponibilidade de utensílios para consumo de água, tamanho das famílias e disponibilidade
de recursos financeiros). Os principais fatores que causam a escassez de água são causas
naturais e processos de poluição (OLIVEIRA, 1999). Segundo Silva (1996 apud OLIVEIRA,
1999), a escassez de água resultante de processos cumulativos de uso predatório
representa uma perspectiva sombria, considerando-se a evolução exponencial do mau
gerenciamento do uso e a conseqüente degradação.
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
32
A água é vital para o bem estar social e a produtividade econômica. Quando se considera o
total da população mundial, rural e urbana, que não tem acesso à água potável chega-se a
1,4 bilhões de pessoas. Esse número, conforme cenário criado para a situação em que
nenhuma ação efetiva seja tomada, chegará a 3 bilhões em 2025. Por outro lado, as
populações que não tem acesso a um saneamento adequado chega a 4 bilhões de pessoas.
Quando relacionam-se esses dados às informações da Organização Mundial da Saúde
(OMS) que indicam que 80% das doenças são transmitidas através da água, pode-se
concluir sobre o papel estratégico da água e a importância da organização institucional e
territorial para sua utilização. Da mesma forma, pode-se inferir a importância do papel do
Estado no gerenciamento, no controle e na regulamentação do uso dos recursos hídricos,
especialmente quando forem consideradas as quantidades utilizadas para a agricultura,
para a irrigação, para a indústria e para uso doméstico e o significado econômico desses
usos para os diferentes países, tanto os desenvolvidos quanto os em desenvolvimento
(MANO, 2004).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2002 apud PEDROSO; ILHA,
2003), no Brasil, 98% dos municípios têm algum tipo de serviço de abastecimento de água,
embora apenas 64% dos domicílios sejam atendidos. Por outro lado, apenas 33,5% dos
domicílios são atendidos por rede de coleta de esgoto, sendo que 64,7% do volume de
esgoto coletado não é tratado. Além disso, somente 10,4% dos municípios brasileiros (575
deles) tratam parte do esgoto antes de lançá-lo nos cursos de água.
André e Pelin (1998) citam o Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água
(PNCDA), desenvolvido em âmbito Federal no Brasil. Ele tem como objetivo geral a
promoção do uso racional de água de abastecimento público nas cidades brasileiras, em
benefício da saúde pública, do saneamento ambiental e da eficiência dos serviços,
proporcionando a melhor produtividade dos ativos existentes e a postergação de parte dos
investimentos para a ampliação dos sistemas. Os objetivos específicos do programa são a
definição e implantação de um conjunto de ações e instrumentos tecnológicos, normativos,
econômicos e institucionais, concorrentes para uma efetiva economia dos volumes de água
demandada para consumo nas áreas urbanas.
A conservação da água não é uma idéia recente em países como os Estados Unidos (EUA).
Pesquisas feitas em todos os EUA indicam que mais de 80% dos usuários de água
participam de programas de conservação. Concessionárias e consumidores podem escolher
uma gama de ações de conservação de água que incluem (KRANZER, 1988 apud U.S.
ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, 1995):
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
33
a) medição;
b) redução da vazão;
c) imposição de restrições ao uso da água;
d) decretos federais, estaduais e municipais;
e) troca da estrutura tarifaria;
f) educação dos usuários.
A conservação da água e seu uso racional acarretam a redução da carga poluidora dos
recursos hídricos e, na maioria dos casos, a redução da necessidade de tempo para a sua
renovação. Gleik (1999 apud OLIVEIRA, 1999) afirma que todos os tipos de água são
renováveis mas pode-se observar taxas de renovação bastante diferentes. Com a
conservação de água tem-se o aumento da vida útil das reservas de água existentes e o
adiamento da necessidade de busca por novos mananciais. Paralelamente a isso tem-se a
redução dos impactos da poluição difusa de águas superficiais, subterrâneas e costeiras
(U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, 1995).
Segundo Dziegielewski (1992 apud SALATI et al., 2002), a maior fonte adicional de água do
sul da Califórnia (EUA) passará a ser o aumento da eficiência no uso da água. Nos países
em desenvolvimento, será necessária uma reforma nas políticas de uso da água. As
principais restrições encontradas por elas serão as práticas centenárias e convicções
culturais e religiosas que tratam a água como um bem livre da natureza e não levam em
consideração o aproveitamento integrado dos recursos existentes. Verdugo (2003) afirma
que as pessoas que sofrem com a escassez de água tendem a rapidamente desenvolver
habilidades de conservação. Ou seja, a escassez de água promove o desenvolvimento de
tendências de comportamento que levam o usuário a economizar água.
As experiências de busca por soluções para o problema da escassez de água em países
como Japão, Estados Unidos, Suécia e Grã-Bretanha têm mostrado resultados favoráveis
na implantação de ações como revisão de normas, procedimentos de utilização de água e
componentes de sistemas economizadores de água (OLIVEIRA, 1999). A mesma autora
afirma que o melhor conhecimento do sistema, ou seja, as suas características físicas e
funcionais, possibilita a implantação de ações de menor custo, maior redução do consumo
de água e ainda melhor atendimento às necessidades dos usuários.
É, portanto, importante registrar a situação da disponibilidade dos recursos hídricos
superficiais no Brasil, para se ter noção do problema. Isto é apresentado no próximo item.
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
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3.2.2 A situação no Brasil
Os recursos hídricos superficiais brasileiros representam 50% do total dos recursos da
América do Sul e 11% dos Mundiais, totalizando uma vazão de 168.870 m³/s. A distribuição
desses recursos no País, geograficamente e durante os vários meses do ano não é
uniforme, destacando-se como extremos o excesso de água na Amazônia e a limitação de
disponibilidade no Nordeste. A Amazônia Brasileira representa 71,1% da vazão total gerada
no Brasil, corresponde a 36,6% do total gerado na América do Sul e a 8% em todo o
Planeta. Considerando a vazão total da Amazônia que escoa pelo território brasileiro, a
proporção é de 81,1% do total nacional. Considerando esse volume, o total que escoa a
partir do Brasil representa 77% do total da América do Sul e 17% em nível mundial (TUCCI
et al., 2001).
Quinto país em extensão territorial do Planeta, o Brasil compartilha suas duas maiores
bacias hidrográficas (Amazônica e do Prata) com os demais países sul-americanos,
possuindo, desse modo, além da liderança econômica no continente, a plataforma natural
para conduzir o processo de integração econômica regional. Uma das questões centrais que
a sociedade e o Estado deverão enfrentar no século XXI será aquela que diz respeito ao uso
planejado e compartilhado das grandes bacias hidrográficas e dos imensos recursos
hídricos situados na face oriental da América do Sul, onde se estende o recorte territorial
brasileiro (PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE et al., 2002).
No Brasil, segundo os mesmos autores, exceto o semi-árido nordestino, as demais regiões
possuem disponibilidades em quantidades suficientes para as atividades industriais,
irrigação e para o abastecimento doméstico (figura 7). Entretanto, a ausência de
saneamento e o lançamento de efluentes domésticos e industriais, sem qualquer
tratamento, resultam em extensa degradação da qualidade destas águas, definindo um
quadro paradoxal de escassez (figura 8). Observa-se além da abundância de água nas
regiões Norte e Centro-Oeste e escassez na região Nordeste, o reduzido volume em
estados desenvolvidos como Rio de Janeiro e São Paulo. Cerca de 89% da potencialidade
das águas superficiais no Brasil estão concentradas nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde
estão abrigados 14,5% dos brasileiros representando apenas 9,2% da demanda hídrica do
País. Os 11% restantes do potencial hídrico de superfície (Nordeste, Sul e Sudeste), onde
estão localizados 85,5% da população e 90,8% da demanda de água do Brasil
(PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE et al., 2002).
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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Figura 7: domicílios ligados à rede geral de abastecimento
(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2000
apud PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO
AMBIENTE et al., 2002)
Figura 8: domicílios ligados à rede geral de esgoto (INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2000 apud
PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE et
al., 2002)
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
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Rebouças (2002) afirma que o crescimento desordenado das demandas e os processos de
degradação da qualidade da água são os principais responsáveis pelos problemas de
escassez de água que põem em risco a sobrevivência da população e do ambiente
favorável à vida na Terra. Esse crescimento da demanda e degradação da qualidade se
intensificou a partir da década de 50, do século passado. Ele salienta que em grandes
centros urbanos, industriais e áreas agrícolas com uso intensivo de insumos químicos, já
existe escassez qualitativa de água para consumo, ou seja, há água disponível, porém sem
condições para consumo sem tratamento. O autor ressalta também que a escassez
qualitativa engendra problemas sérios à saúde pública, à economia e ao ambiente,
enquanto a escassez quantitativa limita o desenvolvimento de uma região.
O crescimento desordenado das demandas, os processos de degradação da qualidade da
água, os problemas nos grandes centros urbanos, como foi colocado pelo autor no
parágrafo anterior levam a problemas de abastecimento de água. Serão salientados no
próximo item pontos importantes relativos a estes problemas.
3.3 ABASTECIMENTO DE ÁGUA
As águas utilizadas para abastecimento do consumo e de atividades sócio-econômicas são
captadas nos rios, lagos, represas e aqüíferos subterrâneos. A qualidade das águas
captadas pode variar bastante de acordo com o manancial de onde ela é captada. Isso
ocorre pois de acordo com o seu meio de origem, por onde circulam, percolam e são
armazenadas. A água doce é um elemento essencial ao abastecimento do consumo
humano, ao desenvolvimento de atividades industriais e agrícolas, sem contar sua vital
importância aos ecossistemas. As principais causas dos problemas de abastecimento no
Brasil são a combinação do crescimento exagerado, das demandas pontuais e da
degradação da qualidade das águas (REBOUÇAS, 2002).
Em 1940, conforme indica Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente et al. (2002),
a população brasileira era de 40 milhões de habitantes, dos quais 12,8 milhões viviam em
núcleos urbanos, enquanto a maioria da população vivia na zona rural. No início desse novo
século, a população brasileira quase quadruplicou e a relação foi invertida. Hoje mais de
80% da população brasileira vive nas cidades.
As pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a
cobertura dos serviços de água potável e saneamento é muito mais efetiva nas regiões
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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urbanas e o nível de atendimento é variável, em função das condições econômicas de cada
macro-região (TUCCI et al., 2001). Segundo os mesmos autores, as regiões urbanas
apresentam um maior índice de cobertura, tanto com relação ao abastecimento de água,
como para o esgotamento sanitário. Essa situação é facilmente justificada, em função de os
serviços de saneamento básico serem supridos com mais eficiência em áreas com elevada
densidade populacional, do que nas áreas rurais, que necessitam de soluções localizadas.
A análise da evolução dos níveis de cobertura dos serviços de saneamento no Brasil revela
que houve melhorias sensíveis no atendimento à população, sobretudo a urbana, porém
apenas no que se refere ao abastecimento de água. Em termos numéricos, no período entre
1970 e 2000, a população urbana cresceu 137%, passando de 52 milhões para cerca de
123 milhões. Paralelamente, o número de domicílios abastecidos por redes de distribuição
de água passou de 60% para 91% (PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO
AMBIENTE et al., 2002). O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2002) aponta na
Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000 que a cobertura do abastecimento de água
já atingiu um significativo contingente populacional e afirma que em 2000 foi alcançada a
cobertura de 97,9% dos municípios brasileiros por um sistema de abastecimento de água.
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente et al. (2002) aponta que cerca de 11
milhões de pessoas que residem em cidades ainda não dispõem de acesso à água através
da rede. No meio rural, 9% da população possui ligações à rede de água potável,
ressaltando-se, todavia, que a maior parcela desta população é abastecida diretamente por
poços e nascentes.
Conejo et al. (1999) salientam que o serviço de abastecimento de água, em quantidade e
qualidade necessárias ao consumo humano é uma atividade que pode ser associada a uma
indústria de grande complexidade tecnológica. Ela exige insumos de custo elevado, como
energia e produtos químicos, além de água, à qual deve ser atribuído um valor econômico,
como qualquer matéria prima, e de mão-de-obra altamente qualificada. Desta forma, à
medida que a demanda por água aumenta, configura-se a necessidade de gerenciamento.
Passa a ser necessário o gerenciamento das disponibilidades e das descargas médias nos
mananciais, que são gerenciados em diferentes níveis: bacia hidrográfica, estado ou região
(REBOUÇAS, 2002). O autor ressalta que em áreas mais povoadas dos estados do Brasil,
pode-se encontrar quadros sanitários caóticos, que são decorrência do crescimento
desordenado das demandas, do baixo nível de eficiência dos serviços e principalmente da
degradação tolerada das águas. Para o efetivo gerenciamento, a avaliação do problema da
água não pode somente se restringir a um simples balanço de ofertas e potenciais, deve
abranger inter-relacionamentos geo-ambientais e sócio-culturais. Em especial, a atenção
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
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deve recair sobre as condições de uso e conservação dos seus recursos naturais, em geral,
e da água, em particular, de uso e ocupação do território – tanto urbano como rural
tentando garantir a qualidade do desenvolvimento sustentado.
Segundo Tucci et al. (2001), o consumo humano não apresenta uma demanda significativa
se comparada com a da irrigação, mas esse consumo hoje está limitado pela:
a) degradação da qualidade das águas superficiais e subterrâneas: as águas
próximas às cidades são contaminadas pelas cargas de esgoto cloacal,
industrial e de escoamento pluvial urbano, sem tratamento lançadas nos rios;
b) concentração de demanda em grandes áreas urbanas, como regiões
metropolitanas.
Os mesmos autores apontam que algumas das principais regiões metropolitanas brasileiras
se encontram nas cabeceiras de rios. São exemplos disto as cidades de São Paulo (16,6
milhões de habitantes), Curitiba (2,3 milhões de habitantes) e Belo Horizonte (3,8 milhões de
habitantes). Nestes locais a disponibilidade de água em qualidade e quantidade é limitada
devido à dificuldade da preservação dos mananciais, aumento da demanda devido à
concentração urbana e perdas nas redes de abastecimento (cerca de 25 a 40% do volume
de água tratada são perdidos nas redes de abastecimento). Cerca de 80% da população
brasileira se concentra nas bacias litorâneas e na bacia do rio Paraná. Rebouças (2002)
afirma que em áreas mais povoadas do Brasil existem quadros sanitários que podem ser
considerados caóticos. Isso ocorre devido ao crescimento desordenado das demandas,
baixo nível de eficiência dos serviços.
Entre os recursos escassos necessários ao ser humano, a água, considerada pelos filósofos
gregos a origem da própria vida, constitui um dos principais bens da natureza. Distribuída de
modo desigual na superfície terrestre, a água portável é hoje motivo de conflitos territoriais
entre povos e disputas regionais. O consumo de água tratada, referência para avaliar a
qualidade de vida da população, cresce com o aumento populacional e, infelizmente, com os
desperdícios também. Além das redes urbanas, outrora consideradas a única fonte de
desperdício, percebeu-se que as tubulações e equipamentos dos edifícios, apesar de
conduzirem água já paga pelo usuário final, são responsáveis por perdas significativas
(PRADO, 2000).
As soluções que vêm sendo adotadas para contornar a escassez de água baseiam-se
principalmente na gestão da oferta, priorizando e dando enfoque apenas à quantidade
gerada desse insumo, o que reflete o pensamento de que a qualidade de vida da população
pode ser medida em termos de consumo de água per capita. Porém, estão começando a
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implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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ganhar destaque as soluções que buscam aprimorar e melhorar as condições de operação e
utilização da água tratada é o que se chama gestão da demanda (ILHA et al., 2002a).
Rebouças, (2002) afirma que o que falta no Brasil em relação ao uso da água é um padrão
cultural que agregue ética e melhore a eficiência das ações públicas e privadas em relação
ao uso da água doce. Ele afirma ainda que as empresas de saneamento devem fornecer o
insumo com eficiência, com qualidade garantida e que os esgotos devem ser coletados. Por
sua vez, segundo os autores, a sociedade deverá compreender que é importante a
mudança do paradigma de desperdício e de usar e jogar fora. A água deve ser utilizada
como um recurso limitado e de propriedade coletiva.
Desta forma, sendo significativas as perdas de água tratada, fruto de grandes investimentos
para suprir a população de produto com qualidade garantida, no item seguinte o foco do
estudo são as perdas e, mais especificamente, o controle de perdas.
3.4 A NECESSIDADE DA CONSERVAÇÃO DA ÁGUA: CONTROLE DE
PERDAS
Em relação ao controle de perdas na rede pública, Conejo et al. (1999) o associam a uma
visão mais ampla de combate ao desperdício de água, pois visa seu melhor aproveitamento
em todas as fases de seu ciclo de utilização, desde a captação até o consumo final. Os
mesmos autores afirmam que grande parcela das perdas físicas nos sistemas públicos de
abastecimento se devem à falhas de concepção e projeto. Normalmente isto ocorre devido à
utilização de parâmetros inadequados e pela não-observância das normas técnicas sobre o
assunto.
Para Sautchúk (2004), a conservação de água em indústrias significa atuar de maneira
sistêmica na demanda e oferta de água. Ela afirma que o aumento da eficiência do uso da
água representa economia e expansão do uso, podendo o excedente ser direcionado para
outros fins como atender o crescimento populacional, a implantação de novas indústrias e a
preservação e conservação do meio ambiente. São fundamentais para qualquer iniciativa de
conservação de água as iniciativas de racionalização do seu uso.
As perdas físicas nas redes de distribuição, segundo Conejo et al. (1999) podem ser
influenciadas pelos seguintes fatores:
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a) falta de informações cadastrais que permitam a compreensão do
existente;
b) falta de medições confiáveis dos volumes produzidos e consumidos;
c) deficiência de materiais e equipamentos;
d) qualidade da execução;
e) carência de investimentos em aperfeiçoamento da tecnologia de projeto.
Frente à importância do assunto, serão desenvolvidos nos próximos itens os conceitos
vigentes para conservação de água e instrumentos utilizados com esta função.
3.4.1 Conceitos de conservação de água
Sautchúk (2004, p. 73) define Programa de Conservação de Água (PCA) como “[...] o
conjunto de ações a serem especificadas caso a caso, a partir da análise da demanda e
oferta de água, em função dos usuários e atividades consumidoras e de acordo com a
viabilidade técnica e econômica de implantação.”. Tomaz (2001a) classifica a conservação
de água como o conjunto de atividades que tem o objetivo de reduzir a demanda de água,
perdas e desperdícios, de melhorar o uso da água. Ele aponta como benefícios obtidos com
a conservação de água a economia de energia elétrica, a redução do volume de esgotos
sanitários e a proteção do meio ambiente. Maddaus e Maddaus (2006) conceituam a
conservação de água como uma alternativa para garantir água potável para o futuro e que
ela deve ser implementada como uma estratégia para garantir o acesso à água em longo
prazo. Os autores acrescentam como benefício decorrente da conservação de água, a
redução de investimentos para a exploração de novos mananciais.
New México Office of the State Engineer (1997 apud SAUTCHÚK, 2004) classifica como
ação de conservação de água, qualquer uma que:
a) reduza quantidade de água extraída das fontes de suprimento;
b) reduza consumo de água;
c) reduza desperdício de água;
d) reduza as perdas de água;
e) aumente a eficiência no uso da água;
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f) aumente a reciclagem ou reuso de água;
g) evite a poluição da água.
Um programa de conservação de água deve ser estruturado a partir das possíveis atuações
na demanda e na oferta de água. O programa deve ser implantado de forma gradativa,
iniciando por ações que proporcionem o melhor uso da água e terminando por ações que
considerem ofertas alternativas de água e o reuso. Em edifícios existentes, a configuração
inicial é a realidade dos sistemas do edifício no momento do início dos trabalhos. As novas
configurações propostas devem incorporar incrementos tecnológicos gradativos
(SAUTCHÚK, 2004).
Barreto et al. (1998 apud SCHERER, 2003) afirma que deve ser calculado o potencial de
conservação de um edifício antes da implantação de um programa de conservação de água.
O cálculo do potencial de economia de água depende de dados qualitativos e quantitativos.
Em relação aos qualitativos são levadas em consideração as condições do sistema
hidráulico e as intervenções físicas de porte necessárias para a substituição de
equipamentos convencionais por economizadores. Nos quantitativos são avaliadas as
quantidades envolvidas, ou seja, índices de consumo, número de pontos de consumo e
equipamentos necessários para alcançar a conservação de água.
3.4.2 Instrumentos de conservação de água
Os instrumentos de conservação de água são os incentivos para reduzir o seu gasto
desnecessário. Podem ser aplicados desde o sistema público de abastecimento até os
sistemas prediais. Como opções de conservação de água World Water Assessment
Programme (2003) apresenta:
a) redução de perdas na rede de distribuição;
b) incentivo para que usuários industriais e comerciais usem menos água
tratada (potável) aumentando a reciclagem de água e implementando
estratégias de redução de despejos de esgoto;
c) incentivo para que os usuários domésticos reduzam o uso de água;
d) reciclagem de águas cinzas domésticas para usos menos nobres;
e) redução de tarifas em relação à redução do volume de esgoto despejado.
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Conejo et al. (1999, p. 27) recomenda que seja feito o gerenciamento dos consumidores de
forma adequada, para evitar que ocorra o incremento da quantidade de água não faturada.
Os autores destacam as seguintes atividades de gerenciamento como fundamentais:
a) controle do consumo;
b) política de gestão dos consumidores típicos;
c) sistema de leitura;
d) gestão do parque de hidrômetros;
e) gestão dos grandes consumidores;
f) cadastro dos consumidores;
g) sistema informatizado aplicado;
h) consolidação e apresentação de resultados.
Segundo Tomaz (2001a), uma forma de controle são as tarifas. O autor destaca que era
utilizada nos Estados Unidos uma estrutura tarifária decrescente, ou seja, quanto mais água
era consumida, menor era o valor do m³. Atualmente, utiliza-se a chamada tarifa uniforme, o
valor do m³ é constante, ou, então, a tarifa crescente em que o preço do m³ de água
consumida aumenta por faixa de consumo. No Brasil, é usual o uso da tarifa crescente
aliada à tarifa social. Esta última foi criada para possibilitar o uso da água por pessoas de
baixa renda. Em geral tem-se o subsídio para 10 m³/mês por ligação.
O autor ressalta a importância de serem consideradas na avaliação do consumo e das
ações de economia de água em relação às tarifas as variáveis preço, renda, número de
pessoas que utilizam a ligação de água subsidiada. Ele afirma também, que na prática a
maior redução do consumo devido à mudanças na política tarifária são as indústrias, pois
elas tem maior facilidade para compras de maquinário e equipamentos que economizem
água, para a instalação de estação de tratamento de esgotos para fazer reuso de água. O
autor considera que para ser possível a economia de água em residências são necessárias
mudanças nos hábitos dos moradores e a substituição de equipamentos sanitários
convencionais por economizadores.
Tomaz (2001a) afirma que, por outro lado, se costuma generalizar a importância da
educação pública para economia de água. Ele afirma que com as campanhas, a economia
máxima não ultrapassa de 5%. O ideal é que as ações de educação pública estejam
integradas com um programa geral de economia de água. Segundo World Water
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Assessment Programme (2003), a educação de todos os usuários sobre os benefícios da
gestão da demanda de água tende a aumentar consideravelmente a eficácia dos
programas. Os usuários devem incorporar que o uso consciente reduzirá o consumo de
água e por conseguinte, reduzirá tarifas e disponibilizará água para mais pessoas. Ainda é
recomendado que em populações de baixa renda, deve-se associar à conservação de água
a promoção da higiene.
Dentro de um programa de conservação de água em concessionárias, a redução de perdas
na rede e em ligações de água é bastante importante. Recomenda-se que sejam feitos os
reparos para eliminar vazamentos e ainda a instalação de medidores em setores da rede
para que sejam documentadas à distância e em tempo real as vazões e eventuais perdas
(TOMAZ, 2001a).
No capítulo seguinte será tratado o uso racional de água. Iniciando-se pela gestão da
demanda de água, passando pelas perdas de água, alternativas tecnológicas para a
economia de água nos pontos de utilização, caracterização dos sistemas prediais e
finalmente irá tratar de programas de uso racional de água.
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4 USO RACIONAL DE ÁGUA
Desde as últimas décadas do século XX, a sociedade tem assumido o problema da
escassez de água, o que tem exigido dos sistemas prediais uma resposta para mais esta
necessidade: não basta apenas atender ao usuário, em qualidade e quantidade suficientes
para que ele desenvolva suas atividades segundo o próprio nível de conforto vigente, é
necessário que se reduzam os volumes de água utilizados.
Tamaki (2003) e Silva (2004) afirmam que o uso racional de água se desenvolve baseado
nesse modelo de mudança de paradigma, em que se visa a redução da demanda de água
através de seu uso eficiente. Para o uso racional de água são previstas ações estruturadas
de natureza técnica, administrativa, econômica e social. O foco delas vai desde o nível
macro, gerenciamento de recursos hídricos em bacias hidrográficas, até o nível micro, nos
sistemas prediais. O uso racional de água pode ser entendido como a otimização de seu
uso, sendo feitas as seguintes ações operacionais no sistema: atuação e controle. A
atuação vai influenciar na redução do consumo, que pode ser exemplificada como a
instalação de componentes economizadores. O controle é a ação que vai auxiliar na
estabilização nos níveis mínimos alcançados de consumo, que pode ser exemplificado como
a monitoração sistemática do consumo (OLIVEIRA, 1999).
Quando se trabalha com políticas e programas de conservação deve-se sempre considerar
três linhas de interesse potencialmente conflitantes. O consumidor que tem a motivação de
gastar menos e consumir mais e com melhor qualidade. A concessionária que tem interesse
em obter maior rendimento possível, tanto na utilização da água como na receita obtida. E
finalmente, o interesse público que visa a eficácia social e a sustentabilidade ambiental dos
serviços ofertados (SILVA et al., 1998).
Dentre os benefícios do uso racional de água apontados por Tamaki (2003) e Silva (2004)
estão:
a) disponibilização de água para um maior número de usuários, sem
necessidade de aumentar a malha de distribuição e captação;
b) redução dos custos associados ao abastecimento de água para os usuários;
c) redução dos custos associados ao fornecimento de água por parte das
concessionárias – menor utilização de insumos, menor necessidade de
ampliação dos sistemas existentes;
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d) redução da quantidade de esgoto gerado.
Surgem, então, ainda no século XX, entre as décadas de 70 e 80, as práticas de uso
racional de água, os estudos de caso, os projetos e seguindo a linha do pensamento
sistêmico, os Programas de Uso Racional de Água (PURA), atendendo à demanda de ações
estruturadoras. Os benefícios da implantação de programas de uso racional de água citados
acima que levaram a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
(SABESP) a desenvolver e incentivar a implantação dos mesmos (SCHERER, 2003).
Scherer (2003) reforça a importância dos benefícios financeiros (reduções nos valores
pagos às concessionárias de água e esgoto) além da conservação de água obtidos com o
uso racional do recurso.
Desta forma, nos próximos itens serão abordados aspectos da gestão da demanda de água,
sistemas prediais, equipamentos economizadores e programas de uso racional de água.
4.1 GESTÃO DA DEMANDA DE ÁGUA
Segundo Azevedo et al. (2000 apud SILVA, 2004):
Em 1997, a Lei das Águas no Brasil estabeleceu, entre seus fundamentos, que a
água é um recurso natural limitado e dotado de valor econômico. Esta percepção,
que tomou corpo nas ultimas décadas, vem provocando uma profunda mudança na
forma como a sociedade vê e utiliza os recursos hídricos.
Durante muito tempo, a fim de atender à necessidade de água e com a queda da qualidade
dos mananciais próximos, adotou-se a captação em corpos de água cada vez mais
distantes. No entanto, questões econômicas, ambientais e políticas desencadearam um
processo de mudança na forma de tratar a escassez de água. Não se trata mais somente de
buscá-la em locais cada vez mais distantes numa clara gestão da oferta. Trata-se de reduzir
a água considerada necessária pelas populações, sem comprometer a qualidade das
atividades destas. Esta nova gestão, denominada gestão da demanda, visa utilizar, de forma
mais eficiente, o recurso localmente disponível.
Rebouças (2002) afirma que as principais ferramentas para enfrentar os desafios da
escassez de água no futuro são a gestão do suprimento e a gestão da demanda. A gestão
do suprimento é baseada em ações para identificar, desenvolver e explorar de forma
consciente novos mananciais. A gestão da demanda baseia-se em mecanismos e incentivos
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que promovem a conservação da água e a eficiência de seu uso. Assim, a gestão da
demanda trabalha com a redução do consumo e perda de água. A demanda de água,
conforme Maddaus e Maddaus (2006), pode ser alterada com a redução do gasto
desnecessário de água, com a inclusão de ações de economia no dia-a-dia dos usuários. As
opções podem ser desde alterações no comportamento dos usuários, passando pelo uso de
equipamentos economizadores, até o reuso de águas servidas.
Gonçalves (1997, apud SILVA, 2004) pergunta até quando a ênfase será dada na
quantidade de água ofertada, sem que se considere a qualificação da demanda a ser
atendida e o conseqüente nível de serviço agregado ao uso de água. A grande questão,
trazida por diversos autores que tratam dessa relação dicotômica entre gestão da oferta e
da demanda é: Como está sendo utilizada a água? Numa reflexão sobre o modelo de
projeção do consumo de água segundo a ótica da gestão da oferta na qual o incremento no
bem-estar social implica diretamente no aumento do consumo per capita, e este, por sua
vez, numa demanda crescente de água em função não do aumento populacional, mas
também do bem-estar nas cidades. Salati et al. (2002) afirmam que devido aos custos
elevados de aproveitamento de novos mananciais, a demanda de água para uso doméstico
deverá ser atendida, em parte, pela redução de desperdícios e pelo uso mais eficiente da
água nos sistemas urbanos.
Qualquer medida adotada para reduzir o consumo final dos usuários do sistema, sem
prejuízo à higiene e conforto em relação ao sistema original, é considerada gestão da
demanda. A busca pela redução do consumo de água pode ocorrer com a utilização de
aparelhos e equipamentos economizadores de água ou com a mudança de hábitos de
consumo. A utilização de equipamentos economizadores pode ocorrer de forma auto-
estimulada ou externamente estimulada. As mudanças de hábitos de consumo podem
ocorrer apenas devido à conscientização dos usuários ou devido a estímulos e desestímulos
financeiros na política tarifária (SILVA et al., 1998). Os mesmos autores afirmam que se
deve aplicar um critério de progressividade de acordo com a complexidade do problema a
ser enfrentado na elaboração de um plano de gestão da demanda de água. World Water
Assessment Programme (2003) traz que o avanço tecnológico beneficia a gestão da
demanda, uma vez que surgem sistemas mais eficientes de irrigação, de descarga em
bacias sanitárias, de reciclagem de água e produção de água potável. No entanto, considera
que esses sistemas e técnicas só estão sendo utilizados em benefícios de poucos, nos
países mais ricos e prósperos e em alguns setores da sociedade.
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Como benefícios da gestão da demanda World Water Assessment Programme (2003)
apresenta:
a) redução do consumo de água;
b) custo reduzido em relação a aumentos nas redes de abastecimento e de
esgotos; ou prospecção de novos mananciais;
c) proteção do meio-ambiente fazendo-se melhor uso dos recursos hídricos
existentes e minimizando descargas de esgotos;
d) a responsabilidade de implantação pode ser dividida entre ambas as
partes (pública e privada) e os benefícios são sentidos por ambos.
Hoje, estão sendo desenvolvidos em diversos países, Programas de Conservação de Água
(PCA) em edifícios, contemplando a redução das perdas e a implantação de ações
tecnológicas, que não dependam da disposição do usuário em alterar seus procedimentos
com relação ao uso da água. Por outro lado, também têm sido abordadas a educação e a
conscientização dos usuários. As ações tecnológicas e as ações educativas também se
apresentam associadas, fazendo com que as tecnologias contribuam para a mudança nos
procedimentos dos usuários dos sistemas prediais.
Segundo Silva et al. (1998), pode-se classificar as medidas de conservação de água em
diferentes pontos de vista. As principais classes de medidas são:
a) função:
- estrutural;
-
não estrutural.
b) caráter:
- ativa;
- passiva.
c) grupo de interesse, pela gestão:
- da oferta;
- da demanda.
d) inserção no ciclo da água, com a conservação:
- de água bruta na bacia;
- no sistema público de abastecimento;
- nos sistemas prediais.
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Segundo Santos (2002), é necessário que sejam desenvolvidas ações de caracterização da
demanda, assim como a confecção de um modelo para determinação da mesma. Para
tanto, algumas ações seqüenciais são necessárias, tais como:
a) a definição da metodologia de trabalho para a determinação do espaço
amostral;
b) a caracterização da demanda de água;
c) a participação da comunidade e a avaliação do impacto econômico decorrente
do uso de aparelhos economizadores de água.
A determinação do espaço amostral deve considerar variáveis econômicas, geográficas e
aquelas relativas ao uso do edifício. Os dados são compilados e aproveitados na confecção
do modelo de demanda. Referente à caracterização da demanda de água, são importantes
ações como a caracterização dos hábitos dos usuários, a avaliação da resposta do usuário
durante a aplicação do programa de uso racional de água, quantificação da demanda total
de água antes e após a aplicação das medidas de conservação e a definição do perfil do
consumo de cada tipo de aparelho sanitário, isto é, a parametrização do consumo.
Os objetivos da gestão da demanda de água segundo Silva (2004) são o uso eficiente e a
economia de água. Ela extrapola o sentido dessa gestão do consumo e inclui, além da
organização dos dados e levantamento de gráficos, a avaliação dos dados e a
retroalimentação do sistema, tanto na forma da eliminação de um vazamento, como na
revisão de um processo que utilize água.
A mesma autora afirma que a gestão da demanda deve contemplar:
a) atualização do cadastro das ligações de água;
b) acompanhamento do consumo;
c) atuação no caso de ocorrência de anomalias.
Segundo Santos et al. (2001), a busca da redução da demanda é uma das alternativas para
aumentar a capacidade de atendimento à população e otimizar a vida útil dos sistemas de
abastecimento de água, sem que isso implique em reduzir as condições de conforto e
segurança sanitária. Atualmente, os órgãos responsáveis pelo abastecimento público
buscam a exploração de novos mananciais, e uns poucos, a implantação de programas de
controle operacional com controle de perdas e redução de vazamentos para atender às
demandas crescentes.
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implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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4.1.1 Previsão da demanda
Silva e Rocha (1999, p.11) afirmam que “[...] a previsão da demanda é um instrumento
básico de planejamento necessário para o correto dimensionamento de medidas de gestão
da demanda.”. Os mesmos autores afirmam que o método mais primitivo de estimativa de
consumo é a multiplicação da população por um volume de consumo per capita atribuído
por norma. Atualmente, este método encontra-se em desuso no Brasil. O mais comum
atualmente é a utilização de procedimentos estatísticos. Para isto, é de fundamental
importância que exista uma efetiva representatividade das áreas monitoradas para a
construção de índices indicadores de demanda. Gonçalves et al. (1999b) reforçam a
importância dessa ação quando afirmam que “[...] o índice de consumo de água depende da
tipologia do edifício.”. Em tipologias que não possuem índices de consumo conhecidos, os
autores recomendam que elas sejam estudadas e que os índices sejam construídos.
Silva et al. (1998) afirmam que a qualidade da previsão da demanda é pré-requisito para o
planejamento e para a avaliação da eficácia das medidas de conservação e combate ao
desperdício de água. As medidas com efeitos de longo prazo, voltadas para ampliar a oferta
relativa dos sistemas são apenas adequadamente planejadas do ponto de vista dos seus
benefícios líquidos se apoiadas em previsões seguras da demanda. No nível mais alto de
dificuldade estão os modelos que estimam a sensibilidade à variação de preço da água de
abastecimento, que implicam na necessidade de complexos levantamentos e
processamentos locais.
Segundo Oliveira (1999, p.46), o mesmo ocorre para as expressões índice de perda e
perda relativa
, que embora sejam bastante utilizadas são inadequadas para fins
comparativos. Isto ocorre porque o volume total de água consumida varia de acordo com
aspectos culturais da população, condições climáticas e políticas da medição de água. Silva
e Rocha (1999) reforçam que as técnicas de previsão do consumo podem ser usadas como
importantes instrumentos de conhecimento da realidade a intervir, como instrumento de
cálculo de prováveis benefícios das medidas de conservação e uso racional de água e
finalmente, como instrumento de avaliação da eficácia das medidas. No entanto, para esta
última alternativa, os autores dizem que se não houver o adequado controle do conjunto de
variáveis que compõem o cenário, pode-se ter o resultado mascarado por interferências não
monitoradas. Assim, para que os procedimentos de previsão da demanda sejam utilizáveis
para a avaliação de medidas de conservação e uso racional de água, deve-se acompanhar
também as outras variáveis que interferem na demanda de água (como condições
climáticas, alterações no número de usuários, dentre outras).
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4.1.2 Instrumentos da gestão da demanda
Bhatia et al. (1995 apud SALATI et al., 2002) consideram instrumentos para a gestão da
demanda os seguintes:
a) desenvolvimento de condições favoráveis, com mudanças legais e
institucionais nas condições em que a água é fornecida e usada (como,
por exemplo, reforma dos sistemas de outorga de água, privatização de
instalações e legislação relativa às associações de usuários da água);
b) incentivos de mercado, que influenciem o comportamento dos usuários
para a conservação da água (revisão dos preços e redução dos subsídios
para o consumo doméstico, taxas usuário-pagador, mercado para
outorgas de água entre outros);
c) outros instrumentos, como restrições, cotas, licenças e controles da
poluição;
d) intervenções diretas, como programas de conservação, detecção de
vazamentos e programas de reparos e investimentos para a melhoria da
infra-estrutura.
4.2 PERDAS DE ÁGUA
As perdas de água pela concessionária podem ser divididas em dois tipos, as perdas físicas
e as não físicas. As perdas físicas são derivadas de vazamentos. As causas de tais perdas
são de caráter eminentemente técnico, ligadas à qualidade do material empregado e às
condições de implantação dessas ligações. É constatado que 80% das perdas físicas
ocorrem entre a saída da rede e os hidrômetros. As perdas não físicas caracterizam-se por
serem perdas decorrentes de problemas associados à medição ou à ausência dela, dentre
outros. As perdas não físicas diferenciam-se das físicas pelo fato de resultarem em volumes
consumidos, mas que, por variadas razões, não são medidos e, portanto, não são tarifados,
gerando diminuição da receita do prestador de serviços. Podem ser perdas deliberadas, ou
seja, provocadas pelos próprios consumidores, com ou sem auxílio técnico, acarretando em
fraudes no sistema de distribuição, ou não deliberadas, isto é, decorrentes de ineficiências
ou políticas do próprio sistema, mas que de alguma maneira podem ser corrigidas ou
amenizadas (ANDRÉ; PELIN, 1998).
Os mesmos autores observam que geralmente os prestadores de serviço e os
consumidores estão relacionados com as perdas de água, assim, tem-se duas óticas de
análise: a do consumidor e a do concessionário. Por se tratarem de dois agentes privados,
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geralmente o enfoque da análise é o econômico. Assim, tendo-se como parâmetro de
análise o econômico, só seria viável a redução de desperdícios de água se eles
representassem valor superior na conta de água comparando-se com as alterações no
sistema hidráulico para reduzir perdas. Assim, um programa de substituição de
componentes torna-se válido para o consumidor principalmente nos casos de cessão
gratuita de dispositivos economizadores. Já para o concessionário, o mesmo programa
citado acima torna-se válido quando o valor dos dispositivos mais o da receita sacrificada
fica inferior ao da redução nos custos de coleta e tratamento de esgoto decorrentes de
menores quantidades disponíveis e a longo prazo da maior durabilidade do manancial.
Oliveira (1999) apresenta as seguintes definições de desperdício de água:
a) perda: água que escapa do sistema antes de ser utilizada para uma atividade
fim, são fatores de perda,
-
vazamento
: fuga de água de um sistema hidráulico, nos componentes que
constituem o sistema;
-
mau desempenho do sistema
: em geral são as perdas que ocorrem antes
da utilização pelo usuário;
- negligência do usuário: torneira deixada mal fechada após o uso por
displicência ou porque o usuário não quer tocar a torneira, por exemplo;
b) uso excessivo: quando a água é utilizada para uma atividade de forma
perdulária, seja devido a procedimento inadequado, ou por mau desempenho
do sistema. São exemplos,
-
procedimentos inadequados
: banho prolongado, varredura de chão com
água;
- mau desempenho do sistema: um sistema cujos pontos de utilização
sejam projetados para vazões superiores às necessárias à realização das
atividades relacionadas ao uso de água, tais como torneiras com vazões
elevadas que, além do desperdício, causam desconforto aos usuários
através de respingos de água;
c)
desperdício
: toda a água que esteja disponível em um sistema hidráulico e
seja perdida antes de ser utilizada para uma atividade fim ou, então, quando
utilizada para uma atividade fim de forma excessiva, assim apresentado, o
conceito engloba perda e uso excessivo.
Prado (2000) afirma que o primeiro indício de vazamento em sistemas hidráulicos é o
aumento da conta de água sem uma causa ou ocorrência especial, como aumento da
população, limpeza de reservatórios e obras no período. O autor recomenda que sejam
sempre analisadas as contas dos últimos 12 meses. Não sendo encontradas causas para o
aumento de consumo, é muito provável a existência de vazamentos. Para a sua detecção, o
autor recomenda o acompanhamento diário do hidrômetro, fazendo-se a comparação das
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medidas com a ocupação do ambiente. Por exemplo, se for um órgão público que não tem
expediente em finais de semana, a medida destes dias deve ser inferior a dos dias úteis.
Prado (2000) divide os vazamentos em visíveis e não visíveis. Os vazamentos visíveis são
facilmente detectados pelos usuários, como os que ocorrem nos pontos de utilização como
torneiras, chuveiros e em trechos de tubulação aparente. Os vazamentos não visíveis são
dificilmente detectados pelos usuários por ocorrerem em locais não aparentes, como
tubulações enterradas e embutidas. Muitos erros de projeto ocasionam vazamentos não
visíveis. O mais comum deles é o lançamento da água do extravasor do reservatório no
sistema de esgotamento de águas pluviais, isto retarda a detecção do vazamento provocado
por avaria no registro de entrada do reservatório (ou torneira-bóia) fazendo com que não se
perceba o problema. Para a detecção de vazamentos não visíveis devem ser feitos testes
de detecção de vazamentos.
Gonçalves et al. (1999a) afirmam que os vazamentos são freqüentes e podem ficar não
visíveis por longos períodos. São indicações de vazamentos não visíveis:
a) aumento do consumo de água sem causa justificada;
b) manchas de umidade em paredes, lajes e pisos;
c) acionamento contínuo do sistema de recalque;
d) crescimento de vegetação em juntas de pavimentação.
Um estudo realizado em um edifício da Faculdade de Engenharia Civil da Unicamp,
promoveu o conserto dos vazamentos existentes nos aparelhos sanitários e nas torneiras-
bóia e a substituição de torneiras de lavatórios e de mictórios convencionais pelos
economizadores. Obteve-se uma redução do consumo de água da ordem de 74% somente
com o conserto de vazamentos e a regulagem da torneira-bóia do reservatório. (NUNES et
al., 1999 apud PEDROSO, 2002).
A detecção de vazamentos, em estudo desenvolvido por Oliveira (2002) em edifícios
multifamiliares na cidade de Goiânia, indicou que as maiores perdas por vazamentos
ocorrem nas bacias sanitárias com caixa acoplada devido ao ressecamento do obturador
flapper, que causa a sua deformação permitindo a passagem de água. Ressalta-se que
após a descarga em uma bacia sanitária com válvula de descarga, o escoamento nas
paredes deve ser interrompido em cinco minutos. No estudo, o índice médio de perda de
água por vazamento nos edifícios com bacia com caixa de descarga foi de 30,7% e para
edifícios com válvula de descarga foi de 10,9%. É necessário que todos os fabricantes de
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implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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bacias sanitárias e dispositivos de descarga forneçam garantia de estanqueidade de no
mínimo dez anos.
Araújo (2004) afirma que as patologias mais freqüentes nos sistemas prediais de água fria
são as seguintes:
a) condição de operação,
- registro do cavalete do hidrômetro vazando na haste quando
manuseado;
- registro do cavalete de metal vazando;
- torneira bóia gotejando;
- registro do cavalete do hidrômetro vazando (filete e/ou gotejamento);
- torneira de bóia que não veda quando fecha;
-
registro do cavalete do hidrômetro girando em falso;
b) estado de conservação,
- tampa do reservatório superior trincada / rachada;
- tampa do reservatório superior improvisada / quebrada;
- torneira de bóia torta;
- torneira de bóia corroída.
Gonçalves et al. (2004), afirmam que em edifícios escolares o índice de patologias
encontradas em levantamento é mais significativo. Os autores apontam isso como
decorrência da falta de conscientização dos usuários para a importância da conservação do
meio ambiente e como da não responsabilidade direta dos usuários com o pagamento da
conta de água, além da inexistência/ineficiência de um sistema de manutenção. É
recomendado que seja feito um levantamento cadastral das patologias existentes no
edifício. Este deve incluir três atividades: elaboração de planilhas de levantamento cadastral,
levantamento de campo e aplicação de questionário aos usuários. Quando for feito o
levantamento cadastral, deve-se verificar o estado de operação dos pontos de consumo e
dos seus equipamentos sanitários, registrando-se as patologias encontradas.
4.2.1 Detecção de vazamentos
Os vazamentos não visíveis podem ser identificados com dois tipos de testes, os expeditos
e os especiais. Os testes serão detalhados nos itens seguintes.
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4.2.1.1 Testes expeditos
Os teste expeditos, em geral, não requerem equipamentos especiais para a sua realização e
podem ser feitos para detectar vazamentos nas tubulações, nas bacias sanitárias e no
reservatório superior.
Nas tubulações, os vazamentos ocorrem em geral devido à corrosão, trincas, má execução
de juntas dentre outros. O teste do hidrômetro, indicado para averiguar a existência desse
tipo de vazamento, consiste em verificar a passagem de água por ele quando todos os
pontos de utilização supridos diretamente pelo sistema público de abastecimento não
estiverem sendo utilizados. Prado (2000) indica os seguintes procedimentos:
a) fechar todos os pontos de utilização que recebem água diretamente da
rede publica, normalmente torneiras de jardim e de tanque;
b) amarrar a torneira de bóia do reservatório inferior ou superior, impedindo
a entrada de água da rede publica;
c) fazer uma leitura a cada cinco minutos por um período mínimo de 30
minutos, com o registro do cavalete totalmente aberto;
d) caso seja verificada a passagem de água, observada através do aumento
dos valores dos números, apresentados no display do hidrômetro, há
vazamento.
O mesmo autor afirma que a ordem de grandeza do vazamento pode ser determinada
calculando-se a vazão de cada intervalo de leitura, ou seja: a segunda leitura menos a
primeira fornece o volume de água medido, em metros cúbicos, no intervalo de cinco
minutos, que multiplicando por 1000 litros e dividido por 300 segundos, obtém-se a vazão
em litros por segundo. Este valor é calculado a cada intervalo de leitura e, portanto, ter-se-á
sete leituras no final de 30 minutos, que provavelmente, serão aproximadamente iguais.
O autor também afirma que este teste pode ser realizado no período noturno, com apenas
duas leituras, por exemplo, uma às 22h e outra às 6h, permitindo detectar com maior
precisão um vazamento devido ao maior período de observação. Neste período a pressão
da rede publica é maior e, portanto, maiores serão os valores das vazões de vazamento. Na
realização desse teste deve-se atentar para que nenhum ponto de utilização que receba
água diretamente da rede publica seja utilizado neste período e, ainda, que a entrada de
água do reservatório esteja fechada.
Diversos testes podem ser realizados para a detecção de vazamentos em bacias sanitárias
para a identificação de perdas não visíveis. Todos os eles devem ser realizados após um
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período de pelo menos 30 minutos após a última utilização da bacia sanitária, pois a água
que fica normalmente represada na argola ou no tubo de alimentação pode comprometer os
resultados indicando um vazamento inexistente (ILHA et al., 2002b; OLIVEIRA, 2002). Os
vazamentos não visíveis são aqueles que ocorrem na parede interna da bacia e que não
são percebidos pelos usuários em geral, estes vazamentos são provocados por patologias
na torneira-bóia de caixas de descarga ou na válvula de descarga os testes para detecção
de vazamentos não visíveis são apresentados no quadro 1.
O teste no reservatório tem por finalidade detectar vazamento não visível no sistema de
distribuição e, também, verificar se há passagem de água pelo registro de limpeza, caso o
destino final do efluente da tubulação de limpeza não ocorra em local visível. No entanto, se
a acessibilidade ao registro da tubulação de limpeza é adequada, o mais eficaz é ir até o
local de despejo dessa água e verificar se não está havendo perda de água, mesmo com o
registro de limpeza fechado (PRADO, 2000).
O mesmo autor afirma que para algumas tipologias de edifício quanto ao uso, como hotéis,
hospitais e edifícios residenciais, é praticamente impossível a realização deste teste, devido
às peculiaridades de tais sistemas – como tempo integral de funcionamento e diversidade
de usuários. Contudo, para outras tipologias, mesmo de grande porte, tais como escolas e
edifícios comerciais, esse teste pode ser realizado nos finais de semana e feriados. Para a
sua realização são indicados os seguintes procedimentos:
a) fechar todos os pontos de utilização – nenhum ponto pode ser utilizado
durante este teste – e espere até que o nível máximo de água no
reservatório, porém quanto mais alto o nível, maior é a pressão hidráulica
no sistema e, portanto, mais fácil é a detecção de vazamentos;
b) com o registro de limpeza fechado e o conjunto de moto-bomba
desligado com a torneira de bóia amarrada (sistema hidráulico não
dotado de sistema de recalque) marque com o auxilio de um lápis ou de
giz, o nível da água no reservatório ou em uma peça de madeira;
c) aguarde, no mínimo, duas horas e verifique novamente o nível de água;
d) caso o nível de água esteja inferior ao inicial há vazamento na tubulação,
ou em pontos de utilização, ou passagem de água pelo registro da
tubulação de limpeza, devendo ser verificados todos esses componentes.
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Teste Método Custo Tempo
gasto
Aplicações Observações
Corante Colocar corante no
poço da bacia e retirar
amostra. Após 30 min.
retirar outra amostra e
comparar.
Alto se
aplicado em
grande
quantidade
de bacias.
30 min Residências ou
locais com
pouca
quantidade de
bacias.
Os corantes podem
ser groselha, café ou
permanganato.
Demanda maior
contato do
pesquisador com a
água do poço.
Pó de Giz ou
Cinza de
Cigarro
Colocar uma pequena
quantidade de pó de
giz ou cinza no fundo
do poço da bacia e
observar se ocorre
arrastamento.
Baixo 5 min Residências ou
locais com
pouca
quantidade de
bacias.
Para o caso do giz, é
necessário moê-lo
antes de inserir no
poço. No caso da
cinza de cigarro
estimula-se o
tabagismo.
Papel
Higiênico
Colocar uma tira de
papel na parede da
bacia, sendo então
verificado de ocorre
umedecimento.
Alto 5 min Residências ou
locais com
pouca
quantidade de
bacias.
Problemas com a
higiene.
Procedimento
descrito por
profissionais da área.
Nível da
Água
Marcar o nível da água
que está na bacia e
imediatamente retirar
água com um copo.
Deve-se analisar se o
nível marcado foi
alcançado.
Médio 20 min Residências ou
locais com
pouca
quantidade de
bacias.
Problemas com
higiene e atenção à
análise dos
resultados.
Secagem Drenagem de toda a
água do poço da bacia
verifica-se após um
certo período de
tempo se há água no
fundo do poço.
Baixo 30 min Residências ou
locais com
pouca
quantidade de
bacias.
Problemas com
higiene e
necessidade de
equipamento para
drenar a água do
poço da bacia.
Caneta Após a secagem da
bacia sanitária é
traçada uma linha a 3
cm abaixo da borda,
sendo verificado se
ocorrem interrupções
na mesma pela água
proveniente de algum
vazamento.
Baixo 5 min Escolas,
creches,
faculdade ou
para locais de
alta quantidade
de bacias.
A tinta da caneta
deve ser solúvel em
água.
Quadro 1: testes para detecção de vazamentos em bacias sanitárias
(ILHA et al., 2002b; Oliveira, 2002)
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4.2.1.2 Testes especiais
Um teste especial detecta e localiza o vazamento com maior precisão, pois utiliza
equipamentos especiais tais como o geofone eletrônico, correlacionador de ruídos, haste de
escuta. Tais equipamentos permitem localizar vazamentos sem destruição do revestimento
do piso ou da parede (PRADO, 2000).
Quando o vazamento é no piso pode-se confirmá-lo através de um outro equipamento –
haste de perfuração, a qual é utilizada para a realização de um pequeno furo no piso. Então
se faz a escavação para a correção. Quando o vazamento for em parede quebra-se o local
manualmente e realiza-se o reparo.
4.2.2 Perdas de água na descarga hídrica
Nos dias de hoje, tem-se o desafio de economizar água, pois ela começou a ser tratada pela
comunidade científica como um recurso escasso e finito. Assim, tem sido feito o
aprimoramento de sistemas que reduzam o gasto de água na descarga hídrica: são as
bacias sanitárias de volume de descarga reduzido (VDR).
Ilha et al. (2002a) afirmam que a participação do consumo da bacia convencional em
relação ao consumo total de uma residência, que pode variar de 30 a 40% em volume,
apresentou-se no estudo, na faixa de 14,9 a 49,8%. Um aspecto bastante importante a ser
analisado é a existência ou não de máquina de lavar roupas (e/ou tanquinho) o que eleva
de sobremaneira o consumo geral, além do número de usuários em cada faixa etária.
Oliveira (1999) apresenta o programa de substituição de bacias sanitárias da cidade de
Nova Iorque implantando pelo Departamento de Proteção Ambiental da cidade entre março
1994 e novembro de 1996, e denominado Toilet Rebate Program (TRP). Conforme Westat
(1997 apud OLIVEIRA, 1999), a meta desse programa foi a substituição de 1 milhão e 100
mil bacias sanitárias com volume de 18,9 litros por outras com volume de 6 litros. Como
principais resultados do programa teve-se que: o consumo médio diário per capita que foi
estimado em 318 litros/pessoa.dia, passou para 231 litros/pessoa.dia após a substituição de
bacias, observou-se também uma maior freqüência de obstrução em bacias sanitárias de
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volume reduzido e também um acréscimo do número de acionamentos da válvula de
descarga após a substituição.
Um contraponto que se faz à substituição das bacias já instaladas por essa nova tecnologia
é o aumento do número de acionamentos.O risco do duplo acionamento é um dos exemplos
mais claros sobre os perigos do uso de estimativas de resultado de engenharia – ainda que
apoiados em ensaios de laboratoriais idôneos. Se as condições de funcionamento dos
dispositivos de descarga e das instalações prediais não forem satisfatórias, existe uma
tendência do usuário dar descarga dupla ou tripla,chegando a aumentar o consumo de água
por utilização (SILVA; ROCHA, 1999). No entanto, nos estudos de Ilha et al. (2002a) em que
foi testada a eficiência das bacias sanitárias VDR, ocorreu uma redução do consumo total
de água, pois as descargas com sólidos (onde se faz necessária a descarga dupla), não
representam a maioria dos usos em um dia.
4.3 SISTEMAS PREDIAIS
Gonçalves et al. (1993, p. 1084 apud SCHERER, 2003, p. 37) definem os sistemas prediais
como “[...] os sistemas físicos integrados a um edifício e que têm por finalidade dar suporte
às atividades dos usuários, suprindo-os com os insumos prediais necessários e propiciando
serviços requeridos.”.
Com a revolução industrial e a crescente urbanização, ocorreu um maior desenvolvimento
dos sistemas prediais, inclusive com uma preocupação maior com o desempenho. A partir
desse período, ganham importância considerável, sendo contemplados nos códigos de
edificações das principais cidades do mundo. Apesar disso, desde o final do século XIX e
por todo o século XX, o homem vem usando a água de forma desordenada, partindo da
premissa de que esse é um recurso renovável, aparentemente inesgotável (BARROS et al.,
2004).
A evolução histórica dos sistemas prediais acompanha o desenvolvimento das
possibilidades que os usuários têm para utilizar a água. Desde o final do século XX, a
sociedade tem se importado com a escassez de água, e passou a exigir dos sistemas
prediais uma resposta a mais para esta necessidade da sociedade. É necessário que os
sistemas prediais além de atender às necessidades dos usuários em quantidade e
qualidade suficientes, também contribuam para a redução dos volumes de água gastos
(SILVA; GONÇALVES, 2005).
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Amorim (1989, apud PEDROSO, 2002) define os sistemas prediais hidráulicos e sanitários
(SPHS) como o “[...] conjunto de componentes e ambientes sanitários cuja finalidade é a
condução da água potável para o consumo, permitir a sua utilização de forma conveniente,
recolhê-la após o uso e encaminhá-la ao sistema público de coleta ou dispô-la em local
adequado.”.
Pedroso (2002) e Ilha e Gonçalves (2003 apud ARAÚJO, 2004) dividem os SPHS em três
subsistemas inter-relacionados entre si de acordo com as suas finalidades:
a) suprimento de água;
b) aparelhos e equipamentos sanitários
c) coleta de águas pluviais e de esgoto sanitário.
Ilha e Gonçalves (1994) afirmam que o sistema de água fria inclui desde a captação da
água, que pode ser realizada por meio da rede pública ou então a partir de fontes
particulares, o sistema de abastecimento e o sistema de distribuição. Também estão
incluídos os subsistemas de medição e reserva.
Pedroso (2002) e Araújo (2004) afirmam que o sistema de suprimento de água tem a função
de prover este insumo nos locais de uso, sejam eles reservatórios, aquecedores ou
aparelhos sanitários. Ele é composto, para água fria e quente, por três subsistemas:
abastecimento, reserva e distribuição. O sistema de aparelhos e equipamentos sanitários
abrange, além das louças sanitárias, metais, dispositivos e demais acessórios que
possibilitem a descarga de água, como torneiras e válvulas de descarga. Ele tem como
finalidade proporcionar o uso da água nos pontos de consumo e coletar a água utilizada. O
sistema de esgoto sanitário tem como função conduzir as águas servidas para a rede de
coleta ou destinação final (figura 9).
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Figura 9: interface entre sistemas hidráulicos prediais
(SILVA; GONÇALVES, 2005)
4.3.1 Elementos do sistema predial de água fria
Segundo Ilha e Gonçalves (1994), a captação de água para o sistema predial pode ser feita
por meio da rede pública ou então a partir de fontes particulares. Considerando-se a
captação a partir da rede pública, os sistemas prediais de água fria podem ser divididos em
dois sub-sistemas básicos:
a) abastecimento (com a instalação elevatória);
b) distribuição.
Os mesmos autores afirmam que o abastecimento de água é feito por meio de uma ligação
predial que compreende:
a) ramal predial ou ramal externo: trecho compreendido entre a rede pública
e o aparelho medidor (hidrômetro);
b) alimentador predial ou ramal interno de alimentação: trecho
compreendido entre o hidrômetro e a primeira derivação, ou até a válvula
de flutuador (“válvula de bóia”) na entrada de um reservatório.
Conforme Ilha e Gonçalves (1994) a distribuição compreende os elementos que levam a
água desde a instalação elevatória, ou desde o reservatório, caso esta última seja
desnecessária, até os pontos de consumo. Tamaki (2003) apresenta um esquema de
sistema de suprimento de água fria em um edifício (figura 10).
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Figura 10: esquema de sistema de suprimento de água fria
(TAMAKI, 2003)
Os aparelhos sanitários usualmente instalados em edifícios são, conforme apresentado por
Ilha e Gonçalves (1994 apud SILVA, 2004):
a) bacia sanitária: modelos com caixa suspensa, com caixa acoplada ou com
válvula de descarga;
b) mictório;
c) lavatório;
d) bidê;
e) chuveiro;
f) tanque de lavar roupas;
g) máquina de lavar roupas;
h) máquina de lavar pratos;
i) filtro;
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j) torneira de lavagem;
k) pia de cozinha.
Considera-se sistema hidráulico externo o subsistema de água fria compreendido entre o
hidrômetro e o reservatório superior, ou seja, os subsistemas de alimentação e reserva,
inclusive. Considera-se sistema hidráulico interno o subsistema de água fria localizado a
jusante do reservatório superior, ou seja o subsistema de distribuição, compreendendo
colunas, ramais, sub-ramais e pontos de utilização (OLIVEIRA, 1999).
4.3.1.1 Sistema indireto
Segundo Oliveira Jr. et al. (2003), o sistema mais comum para abastecimento de água das
edificações no Brasil é o indireto. Normalmente ele é composto de um ou dois reservatórios
posicionados entre a rede pública e os pontos de consumo, dependendo da vazão, pressão
e continuidade de abastecimento. Ou seja, o sistema indireto é aquele onde se tem um
sistema de suprimento e reserva que vai garantir a intermitência do abastecimento durante
um certo período após a falta de água na rede (figura 11). A figura 11 nos traz exemplos
esquemáticos do sistema indireto e deve-se frisar que a opção B não é permitida no Brasil.
Figura 11: sistema indireto (SI) com reservatório superior (a), SI com
bombeamento e reservatório superior (b), SI com reservatório
inferior, bombeamento e reservatório superior (c)
(ILHA; GONÇALVES, 2003 apud PEDROSO, 2002)
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Pedroso (2002) caracteriza o sistema indireto pela presença de um conjunto de suprimento
e reserva, onde o sistema de abastecimento alimenta a rede de distribuição. Quando há
pressurização, pode ser por gravidade ou hidropneumática. Se por gravidade, pode conter
somente reservatório superior, com ou sem bombeamento, ou reservatório superior e
inferior, o qual necessariamente deve conter uma instalação elevatória.
Normalmente, se usa para o dimensionamento dos reservatórios, a consideração do volume
total consumido durante o período do dia em que o usuário passa no edifício e a estimativa
do crescimento da população. Oliveira Jr. et al. (2003) não consideram essa metodologia
adequada pois julgam necessário o conhecimento do comportamento dos usuários ao longo
de um determinado período. Os autores acrescentam, que se verifica uma superestimativa
das solicitações impostas ao sistema o que acarreta num superdimensionamento dos
componentes. Soma-se a isto, a adoção de aparelhos e equipamentos economizadores de
água, o que deve ser considerado na estimativa de consumo.
Assim, no sistema indireto com dois reservatórios, estes são localizados em dois níveis
diferentes, o inferior (normalmente pouco acima da cota de entrada de água) e o superior
(acima em relação ao reservatório inferior). A água é elevada para o reservatório superior
por uma estação de bombeamento, ou estação elevatória. Segundo Ilha e Gonçalves
(1994), o início do funcionamento ocorre quando a estação bombeamento é desligada, ou
seja, quanto o reservatório superior atingiu seu nível máximo. Assim, havendo consumo de
água na rede de distribuição, o nível da água baixa no reservatório superior até que a
estação de bombeamento seja religada. E assim este ciclo se repete. No momento em que
a estação elevatória é acionada, automaticamente, o reservatório inferior passa a ser
alimentado pela rede de abastecimento de água, com a abertura da válvula de bóia do
reservatório inferior. Os autores também afirmam que o reservatório inferior deve ser
equipado com uma chave elétrica de nível que possibilita o acionamento da instalação
elevatória mesmo com o reservatório inferior vazio.
Pedroso (2002) apresenta a seguinte divisão para o sistema indireto de água fria com dois
reservatórios:
a) alimentação: entre medidor principal e o reservatório inferior ou superior,
conforme configuração do sistema;
b) reserva: reservatório inferior, recalque e reservatório superior;
c) distribuição: reservatório superior e pontos de utilização.
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A autora afirma ainda que os principais componentes do sistema são tubos e conexões,
válvulas, reservatórios, hidrômetros, bombas, suportes e acessórios.
Conforme Macintyre (1986), o sistema indireto de abastecimento faz frente à irregularidade
no abastecimento de água e às variações de pressão que ocorrem na rede pública devido
aos horários dos picos de consumo. Ou seja, independente das condições de distribuição de
água, o usuário tem assegurado o seu abastecimento, de acordo com o dimensionamento
dos reservatórios. O mesmo autor afirma que o sistema torna possíveis alterações no
dimensionamento da rede pública, uma vez que essa pode deixar de ser dimensionada para
a descarga máxima e possa passar a ser projetada para a descarga média, que pode ser
1/3 inferior à máxima. Oliveira e Gonçalves (1999) apontam como inconveniente do sistema
indireto a possibilidade de contaminação da água nos reservatórios.
4.3.1.2 Sistema direto
Neste sistema os pontos de utilização estão ligados diretamente à rede pública (PRADO,
2000). Ou seja, a alimentação da rede interna é feita diretamente pelo alimentador ou ramal
predial (MACINTYRE, 1986). Segundo Ilha e Gonçalves (1994) e Prado (2000), pode ser
acoplado ao sistema direto um conjunto de bombas, quando as condições de vazão e
pressão da rede não atendem às solicitações do sistema predial (figura 12). Deve-se
ressaltar que essa última opção somente é permitida em redes autônomas, ou seja, sem
nenhuma ligação com a rede pública.
Macintyre (1986) afirma que o sistema direto demanda que o abastecimento público tenha
continuidade e abundância uma vez que não existe qualquer reservatório no prédio. O
mesmo autor diz que muitas cidades européias têm adotado este sistema por ele ser mais
econômico, uma vez que dispensa reservatórios. Ilha e Gonçalves (1994) apontam como
benefícios a garantia de uma água de melhor qualidade, uma vez que não tem os
reservatórios que podem constituir numa fonte de contaminação. No Brasil, ele é pouco
utilizado pois falta aos prestadores de serviço a continuidade e a abundância requeridos
pelos usuários do sistema.
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Figura 12: sistema direto (ILHA; GONÇALVES, 2002 apud
PEDROSO, 2002)
4.3.2 Patologias em sistemas prediais
Cremonini (1998 apud PEDROSO, 2002) afirma que se constata a ocorrência de uma
patologia quando o limite mínimo de funcionamento de um sistema é ultrapassado ou
quando ele deixa de ser capaz de desempenhar a função para a qual ele foi projetado.
Assim, tem-se um desempenho insatisfatório de um edifício como um todo ou de alguns de
seus componentes. Para a resolução deve-se analisar os defeitos e falhas através de seus
sintomas, origens, causas de ocorrência e formas.
Ilha (1993, apud PEDROSO, 2002) e Araújo (2004) afirmam que a incidência de patologias
nos sistemas hidráulicos é grande e pode ser decorrente de falhas no processo de geração
(projeto e execução), uso e manutenção desses sistemas. Pedroso (2002) afirma que se
não implementado um
sistema adequado
de manutenção em conjunto com o Programa de
Uso Racional de Água, as perdas de água devido à patologias no sistema voltarão a ocorrer.
A autora também afirma que somente com o sistema de manutenção é possível a
estabilização ou mesmo, aumento dos índices de economia de água obtidos.
Araújo (2004) apresenta o caso dos edifícios escolares públicos que normalmente são fruto
de projetos padronizados com a especificação de materiais feita pelo menor preço e onde
não existe controle da fase de execução. Além de ter usuários que nem sempre estão
sensibilizados para a conservação dos insumos e nem do patrimônio propriamente dito,
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fazendo com que ocorram também falhas oriundas da fase de operação dos sistemas
prediais.
PATOLOGIA CAUSAS PROVÁVEIS PREVENÇÃO
Metais sanitários com vazamento - desgaste de elementos de fixação
- má qualidade
- manutenção periódica
- especificação de elementos
apropriados às condições severas
de uso
Metais sanitários quebrados - vandalismo
- má qualidade
- especificação de elementos
apropriados a condições severas
de uso
Metais sanitários roubados - vandalismo - prever fechamento fora da fase
de uso
Louças sanitárias soltas - vandalismo
-falha na colocação
- prever meios que impeçam a
manipulação das fixações
- preenchimento da base com
argamassa, nivelamento e
colocação de fixações
Louças sanitárias quebradas - vandalismo
-má qualidade
- prever fechamentos eficientes nos
períodos fora de uso;
- idem louças soltas.
Quadro 2: causas prováveis e prevenção de patologias no sistema
hidráulico (CREMONINI, 1988 apud ARAÚJO, 2004)
Reforçando o apresentado pela autora, Gonçalves et al. (2004) apresentam uma pesquisa
realizada na cidade de Campinas em edificações escolares que apontou um alto índice de
patologias nos sistemas prediais de água fria. Como possíveis causas os autores apontaram
a falta de sensibilização dos usuários com a conservação, a falta ou insuficiência de
manutenção e a não responsabilidade dos usuários com o pagamento da conta de água. É
apontado como exemplo de economia de água com o conserto de patologia a redução do
consumo de uma escola em 76% com a eliminação de vazamento no alimentador predial.
Cremonini (1988 apud ARAÚJO, 2004) apresentada dados (quadro 2) sobre as patologias
mais comumente encontradas nos sistemas de aparelhos sanitários.
4.3.3 Sistemas prediais e o uso racional de água
Os sistemas prediais devem ter condições de operação sem desperdício durante a vida útil
da edificação. Como condições de operação entende-se adequado desempenho, atendendo
às necessidades dos usuários e também na racionalização do uso da água, evitando perdas
e desperdícios e ainda os impactos no meio ambiente (ARAÚJO, 2004). Sautchúk (2004)
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recomenda que no projeto dos sistemas prediais de edificações novas, deve-se considerar a
otimização do consumo de água, a utilização de água de fontes alternativas para fins menos
nobres, o uso de traçados otimizados e de ferramentas de monitoramento.
Araújo (2004) destaca que dentre os insumos empregados nos edifícios, a água merece um
destaque especial, pois é essencial à vida e ao equilíbrio dos ecossistemas, sendo o seu
uso racional e sustentado fundamental para a sobrevivência dos seres vivos. Ela também
afirma que o uso racional da água deve ser planejado desde a fase da concepção dos
sistemas prediais, com o adequado dimensionamento dos componentes e garantindo-se a
acessibilidade para as atividades de manutenção. Oliveira (1999) afirma que podem ocorrer
vazamentos no sistema predial devido à menor vida útil que ele apresenta em relação ao
edifício. No entanto, ela também afirma que “[...] a idade não é um fator determinante para o
surgimento de um vazamento, no entanto, a deterioração da tubulação avança à medida
que o tempo passa.”. Dessa forma, a autora afirma que a idade é mais um fator que reforça
a probabilidade de existir vazamento no sistema hidráulico.
Nos sistemas prediais, as principais ações possíveis de economia de água estão junto às
instalações, que são componentes-chave para o uso de água. Essas ações devem envolver
ativamente fabricantes de componentes e de equipamentos agrupados em torno de
subprogramas que busquem a normalização da técnica e da qualidade industrial. A maior a
eficácia das tecnologias de uso racional de água ocorre quando o seu uso está aliado a
ações de gestão da demanda, que incluem tanto campanhas de conscientização e
educação, como alterações na estrutura tarifária. Tudo isso para inibir o consumo
exacerbado de água (SILVA et al., 1998).
Oliveira (1999) salienta que os vazamentos nos sistemas prediais de difícil acesso podem
propiciar perdas de água durante um longo período antes de serem detectadas e podem
causar, além do desperdício, vários danos no edifício: na estrutura, nos revestimentos e
pinturas, dentre outros. Araújo (2004) afirma que para a intervenção nos sistemas prediais
são necessárias intervenções que buscam evitar que o sistema ponha em risco a
integridade dos usuários. Essas ações podem ser adequação de tampas e limpeza periódica
dos reservatórios (manutenção da potabilidade da água), reparo de registros e tubulações
(para reduzir perdas por vazamentos), dentre outras.
Segundo Conejo et al. (1999) é no sistema de distribuição de água, ou seja rede e ramais
prediais, onde ocorre a maior quantidade de vazamentos. Devido a sua extensão e posição
no edifício, ele é a parte do sistema predial que apresenta as maiores dificuldades de
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controle e redução de perdas. No entanto, os procedimentos operacionais mínimos, mesmo
sendo trabalhosos e onerosos, são relativamente simples, quando incorporados à rotina no
edifício. Eles são os seguintes:
a) verificação e reparo dos vazamentos não visíveis através da inspeção do
sistema e de eficiente sistema de comunicação com os usuários;
b) detecção e reparo de vazamentos não visíveis por meio de campanhas
sistemáticas e permanentes;
c) programa de substituição de redes que atingiram o limite da vida útil;
d) acompanhamento dos volumes macro e micromedidos para verificação
de eventuais anomalias não detectadas pelos métodos convencionais.
A importância de medidas de inclusão do usuário no uso racional de água é ressaltada por
Oliveira (1999), quando ela diz que juntamente com a falta de manutenção, a inércia do
usuário que permanece com o vazamento em uma torneira por um longo período porque o
problema não o está incomodando diretamente, somente causando desperdício de água.
Para Gonçalves et al. (1999a) o controle das perdas por vazamentos é fator importante para
a conservação de água. Eles também localizam a ocorrência dos vazamentos mais
significativos nas caixas de válvulas de descarga, nas torneiras de bóia, nas torneiras, nos
registros de pressão e nas tubulações em geral, sendo necessários detecção e reparos dos
mesmos.
4.3.4 Micromedição
Segundo Coelho (1983), a adoção de hidrômetros num sistema de abastecimento de água é
a melhor forma de racionalizar o consumo, propiciando uma administração, planejamento e
expansão lógica. O mesmo autor afirma que a micromedição propicia a obtenção do
equilíbrio entre oferta e demanda, levando a um adiamento de inversões em obras
adicionais. Um sistema de hidrômetros aliado a uma boa política tarifária, permite
distribuição justa e eqüitativa dos serviços prestados. A inexistência de uma política de
micromedição tem como decorrência a ineficiência operacional e comercial dos sistemas de
abastecimento de água. Os benefícios decorrentes da utilização de micromedição somente
serão obtidos em sua plenitude se estiverem perfeitamente enquadrados no contexto da
racionalização de procedimentos. Seguindo a mesma linha, para Macintyre (1986) a
instalação do hidrômetro é requisito fundamental para a cobrança de valor justo para a água
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consumida, além de ser fator importante de economia no gasto. Para Sautchúk (2004) a
adoção de um sistema de medição e monitoramento do consumo de água traz como
principal benefício a redução dos volumes de água consumidos. Tomaz (2001b) afirma que
a adoção de um submedidor acarreta em uma redução do consumo da ordem de 15 a 30%.
World Water Assessment Programme (2003) aponta para a importante redução do consumo
alcançada com a combinação da medição com uma tarifa punitiva que penalize o consumo
superior às necessidades básicas. Para Oliveira (1999) a implantação de sistema de
medição setorizada em áreas de grande intensidade de utilização permite o maior controle
do uso. Como conseqüência do maior controle, a autora destaca a agilização na detecção
de vazamentos e de consumos excessivos e a possibilidade de atuação tão logo eles
apareçam.
A conscientização da população, construtores e projetistas para a conservação de água são
o grande desafio de todo o trabalho nesta área. Programas com esse objetivo envolvem a
participação de diferentes agentes que, em função das crises atuais, devem aproveitar para
informar e educar a população sobre a necessidade da conservação de água. O que exige
investimentos, incentivos e continuidade, sendo que seus resultados serão sentidos a médio
e longo prazo. Acredita-se que uma cobrança mais efetiva do valor da água, associada à
adequabilidade da forma de medição do consumo possa também contribuir para mudar
atitudes e comportamentos (DANTAS, 2003).
Oliveira (1999) e Tamaki (2003) afirmam que o sistema de medição setorizada tem como
principal benefício, o controle do consumo de água, motivado pelo monitoramento do
consumo mensal por unidade. Os autores também apontam como benefício do sistema a
redução do consumo de energia e a maior facilidade de detecção de vazamentos. Yamada
(2001) classifica a medição setorizada, dentre as ações que contribuem para a redução do
gasto de água, como uma ação indireta de intervenção em metodologias para conservação
de água. As outras ações recomendadas atuam diretamente nos sistemas hidráulicos
prediais, e visam a redução e controle de desperdícios com substituição de equipamentos e
manutenção. O autor reforça a importância da medição setorizada quando afirma que ela
permite ao usuário adquirir maior consciência do uso da água uma vez que ele pode
acompanhar o consumo com o medidor.
Tamaki (2003) descreve a medição setorizada como a instalação de medidores em
unidades que compõem um conjunto dotado de medidor principal (de tarifação). Essa
medida permite medir o consumo individual de cada unidade. Assim, a medição setorizada
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se caracteriza pela instalação de mais medidores além do instalado pela concessionária
para a tarifação. O autor considera os principais objetivos da medição setorizada:
a) domínio do consumo de sistemas específicos, permitindo seu
acompanhamento e controle;
b) economia de recursos financeiros e do bem água, com a minimização
dos danos causados pelas perdas e usos excessivos apontados pelo
levantamento do perfil de consumo (vazamentos, por exemplo);
c) possibilidade de cobrança pela água consumida pelos usuários.
Conforme Sautchúk (2004), a medição setorizada possibilita a pronta localização de
vazamentos internos e desperdícios significativos. Ela afirma que é necessário o
conhecimento de aspectos físicos como layout da edificação, arranjo estrutural e sistemas
prediais, incluindo disponibilidade de medidores, condições de operação e manutenção para
a obtenção de indicadores confiáveis. Ela indica também que com a setorização do
consumo tem-se a possibilidade de obtenção de dados que auxiliem na gestão da demanda.
Tamaki (2003) apresenta possíveis níveis de setorização de acordo com o sistema
instalado:
a) entidade: abrange toda a infra-estrutura reunida em uma determinada
área;
b) conjunto de edifícios: conjunto que compõe uma unidade da entidade e
possui identidade em comum (segundo aspectos funcionais,
administrativos, etc);
c) edifício/bloco: a edificação e as partes que eventualmente a compõem;
d) andar/setor: subsistema da edificação;
e) ambiente: sala, sanitário, laboratório, cozinha, piscina, etc;
f) equipamento: cada equipamento que consome água, podendo ser tanto
um equipamento comum como um especial.
4.4 EQUIPAMENTOS ECONOMIZADORES
Dentre as principais soluções tecnológicas para o uso racional de água estão os
equipamentos economizadores. Eles são fundamentais por otimizarem o uso de água e
permitirem que ele ocorra independente da participação dos usuários. Segundo Pedroso
(2002), vários países vêm adotando medidas com o objetivo de reduzir o consumo de água.
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Devem ser destacadas as medidas implementadas nos Estados Unidos, Japão, México,
Suécia e Grã-Bretanha onde, com a revisão das normas e regulamentos, proposição de
raros procedimentos para utilização de água e dos sistemas, e desenvolvimento de
componentes economizadores de água esses países vêm obtendo resultados positivos no
que se refere à otimização do uso de água nos edifícios. Tomaz (2001a) afirma que a partir
de 1995 é que começaram a surgir no mercado brasileiro, equipamentos economizadores
de água como bacias sanitárias, torneiras de fechamento automático, controle de água nos
chuveiros, mictórios, etc. Para Ywashima (2005) a substituição de equipamentos
convencionais por economizadores é a medida de conservação de água que se paga mais
rapidamente, ou seja, proporciona maior compensação financeira por unidade, além de
manter o conforto dos usuários. Gonçalves e Amorim (1999) destacam os comandos
hidráulicos como os grandes responsáveis pelo gasto excessivo de água em uma
edificação.
Foi lançado no Brasil, em 1997, o Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água,
(PNCDA) que tem por objetivo tornar mais eficiente o uso da água desde a captação até seu
consumo final. Em 1998, em outra ação efetiva, o governo brasileiro lançou o Programa
Brasileiro de Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional (PBQP-H). Um de seus
programas setoriais tem por objetivo garantir que a produção de louças sanitárias no Brasil
esteja de acordo com as normas e considere o uso racional de água nos sistemas
hidráulicos prediais (PEDROSO, 2002).
Segundo Rocha et al. (1999), os aparelhos economizadores de água e tecnologias
inovadoras voltadas para a redução do consumo de água nas instalações hidráulicas devem
ser desenvolvidos baseados no conhecimento dos consumos específicos de água
característicos dos diversos pontos de consumo. Somente com esse conhecimento, pode-se
decidir quais as prioridades e qual a economia efetiva de cada equipamento ou tecnologia.
Conforme Gonçalves et al. (1999a) afirmam, as pesquisas desenvolvidas para reduzir o
consumo de água normalmente trabalham com o controle da vazão e o tempo de uso dos
equipamentos. Sobre o desenvolvimento de equipamentos de nova geração, os autores
dizem que o seu desenvolvimento tem sido feito com otimização e combinação das variáveis
tempo e vazão. Fowell et al. (1976 apud SILVA, 2004) relacionam três fatores importantes
com relação aos aparelhos economizadores de água: o econômico, a introdução destes
equipamentos na normalização vigente e a aceitação dos usuários. Scherer (2003) aponta
como fator importante para a adaptação dos usuários aos equipamentos economizadores, o
uso de sinalização adequada que esclareça sobre o correto uso e manuseio dos
equipamentos.
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Oliveira (1999) salienta que pode ocorrer uma redução da ordem de 30% no consumo de
água com a substituição de componentes convencionais por economizadores em edifícios
unifamiliares. As ações sugeridas pela autora são a instalação de bacias sanitárias com
volume de descarga de 6 litros, de chuveiros de vazão máxima de 0,14 l/s; substituição de
máquinas de lavar roupas por outras de maior eficiência; detecção e correção periódica de
vazamentos visíveis e não-visíveis e adoção de hábitos de economia de água. No entanto,
ela salienta os perigos da especificação indiscriminada de sistemas de consumo reduzido,
sem a prévia análise global da relação do sistema predial com o sistema público, que pode
sofrer “[...] com problemas de auto-limpeza em ramais e coletores em virtude da menor
quantidade de água e da menor capacidade de geração de ondas.” (OLIVEIRA, 1999, p.63).
Para Gonçalves et al. (1999a), as tecnologias economizadoras que devem ser empregadas
“[...] são aquelas aplicáveis a qualquer ponto do sistema predial hidráulico, sem que seja
obrigatória qualquer modificação.”.
Segundo U.S. Environmental Protection Agency (1995), em novas construções e em
reformas se tem um grande potencial de redução do consumo de água instalando-se
equipamentos economizadores de água. Os Estados Unidos desenvolvem programas
relacionados com a preservação dos recursos hídricos desde o final da década de. Em
1992, o Energy Policy Act definiu que todas as bacias sanitárias instaladas a partir de
Janeiro de 1994 deveriam operar com descargas de aproximadamente 6 litros/acionamento
e que somente seriam aceitas bacias com maior volume de descarga em casos especiais. O
documento apresenta também uma experiência feita na cidade de San Pablo na Califórnia
em que se obteve o retorno do investimento em bacias sanitárias de volume reduzido em
5,4 anos. Neste estudo, foram substituídas bacias que utilizavam aproximadamente 17
litros/acionamento por bacias de volume de descarga reduzido (VDR) que utilizam
aproximadamente 6 litros/acionamento nas unidades habitacionais com três habitantes ou
mais, foi obtida uma redução de 34% do consumo de água.
Existem no mercado equipamentos hidráulicos que podem e devem ser utilizados no
combate ao desperdício de água. Estes equipamentos economizadores têm como proposta
oferecer ao usuário utilizar apenas o necessário, sem a menor necessidade de mudança de
hábitos. Sendo assim, torneiras de mictórios e descargas despejam água na quantidade
mínima para exercer a sua função. Em outros componentes, como chuveiros e torneiras, a
solução é controlar a vazão (CONSTANZI et al., 2003). Os mesmos autores trazem os
percentuais de redução de consumo de água com o uso de equipamentos economizadores,
como explicitado no quadro 3 e na figura 13.
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EQUIPAMENTO CONSUMO EM
EQUIPAMENTO
CONVENCIONAL
EQUIPAMENTO
ECONOMIZADOR
CONSUMO DE
EQUIPAMENTO
ECONOMIZADOR
Bacia com caixa
acoplada
12 l/descarga Bacia VDR 6 l/descarga
Bacia com válvula bem
regulada
10 l/descarga Bacia VDR 6 l/descarga
Ducha (quente+fria)
até 6 mca
0,19 l/s Restritor vazão 8 l/min 0,16 l/s
Ducha (quente+fria) –
15 a 20 mca
0,34 l/s Restritor vazão 8 l/min 0,13 l/s
Torneira de pia –
até 6 mca
0,23 l/s Arejador de vazão 6 l/s 0,10 l/s
Torneira de pia –
15 a 20 mca
0,42 l/s Arejador de vazão 6 l/s 0,10 l/s
Torneira uso geral –
até 6 mca
0,26 l/s Regulador de vazão 0,13 l/s
Torneira uso geral –
15 a 20 mca
0,42 l/s Regulador de vazão 0,21 l/s
Mictório 2 l/uso Válvula automática 1 l/uso
Quadro 3: relação da redução de consumo de água de equipamento
convencional para equipamento economizador
(CONSTANZI et al., 2003)
As tecnologias mais acessíveis aos usuários são a substituição dos componentes
convencionais por economizadores de água e o controle de desperdícios. No que diz
respeito aos componentes, a economia de água é obtida sem a participação dos usuários.
Em geral, os ambientes sanitários são mais limpos quando o acionamento de descargas é
automático. Alguns componentes economizadores também evitam perdas de água devido
ao mau fechamento de componentes convencionais (OLIVEIRA; GONÇALVES, 1999).
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0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%
válvula automática para mict.
restr. de vazão para torn.15 a 20 mca
restr. de vazão para torn. 6 mca
reg. de vazão para torn.15 a 20 mca
reg. de vazão para torn. 6 mca
arejador para torn. 15 a 20 mca
arejador para torn. 6 mca
bacia válvula de descarga
bacia caixa acoplada
Figura 13: percentual de redução de consumo de água com
equipamentos economizadores (CONSTANZI et al, 2003)
Têm sido desenvolvidas novas tecnologias em que o consumo de água é significativamente
menor que nas usuais. Existe no mercado uma grande quantidade de equipamentos
economizadores de água, sendo o seu custo bastante variável. Dentre os componentes
economizadores encontrados no mercado temos os restritores de vazão, os arejadores, as
bacias de descarga de volume reduzido, as válvulas para mictórios com baixo consumo e
torneiras com sensores, dentre outros. A oferta destes equipamentos redutores de consumo
de água sempre é muito variada e tem se tornado comum o surgimento de novas
tecnologias. Infelizmente, o que ocorre é que a especificação e a instalação dos produtos
redutores de consumo, tais como bacias sanitárias com duplo controle de acionamento (dual
flush) e mictórios secos
4
, geralmente é comprometida pelos altos preços de mercado
(GONÇALVES et al., 1999a).
Segundo Oliveira (1999), a vantagem econômica vai depender das condições do sistema
em que vão ser substituídos os componentes convencionais por economizadores. Dessa
forma, a autora recomenda que seja feita uma avaliação econômica das necessidades de
alteração do sistema para a instalação de tecnologias que reduzam o consumo de água. Ela
afirma ser necessária a verificação dos sistemas e componentes a serem especificados, os
custos, mão-de-obra e necessidade de obras civis. Assim sendo, a especificação de
componentes economizadores de água, com o objetivo de promover a redução do consumo
de água, deve ser realizada em função das necessidades dos usuários e ainda das
condições físicas de cada sistema. Gonçalves et al. (1999a) e Ywashima (2005)
recomendam que sejam avaliados nos equipamentos economizadores os seguintes fatores:
4
Mictórios secos: apresentam um acabamento com esmalte repelente à água e têm como selante um
gel (GONÇALVES et al., 1999a).
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procedência, nível tecnológico, impacto cultural, dificuldade de implantação, dificuldade de
operação por parte dos usuários, dificuldade de manutenção, vazão e tempo de utilização e
consumo médio estimado.
Oliveira (1999) recomenda que sejam observadas as seguintes questões na especificação
de componentes economizadores:
a) pressão hidráulica disponível no ponto de utilização;
b) conforto do usuário;
c) higiene;
d) atividade do usuário;
e) risco de contaminação;
f) facilidade de manutenção;
g) facilidade de instalação, considerando-se a adequação ao sistema
existente;
h) vandalismo;
i) avaliação técnico-econômica.
Com relação às legislações, Scherer (2003) destaca algumas referências de ações de
ordem normativa e legislativa, tomadas por iniciativa de alguns municípios brasileiros, tais
como a obrigatoriedade de instalação de equipamentos economizadores de água nas
edificações públicas e privadas (não residenciais) a serem edificadas ou, em alguns casos,
nas já edificadas.
O Programa Setorial da Qualidade de Metais Sanitários e Aparelhos Economizadores de
Água apresentado por Ministério das Cidades (2003 apud SILVA 2004), tem como principais
objetivos:
a) garantir que os metais sanitários comercializados no Brasil atendam às
Normas Brasileiras;
b) criar uma estrutura que permita a produção e comercialização de aparelhos
economizadores de água com características controladas, de modo a se
garantir o desempenho satisfatório (segundo especificações técnicas) e o
atendimento a Programas de Uso Racional de Água e ao Programa Nacional
de Combate ao Desperdício de Água.
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
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Silva (2004) aponta que podem ocorrer alguns problemas na instalação de equipamentos
economizadores como:
a) discrepância do tempo de fechamento das torneiras, que pode ser corrigida
pela equipe de manutenção através de ajustes no sistema;
b) falha no acionamento de torneiras eletrônicas à pilha, ocorre geralmente
quando há diferenças entre a faixa de pressão indicada pelo fabricante e a
existente no local de instalação, recentemente iniciou-se a produção de
torneiras com faixa de pressão completa;
c) entupimentos em bacias sanitárias com caixa de descarga modelo VRD
normalmente em função do uso incorreto pelos usuários ;
d) resistência ao uso de válvulas temporárias para chuveiros e duchas;
e) variação na temperatura da água na presença de restritores de vazão para
duchas;
f) vandalismo: que pode ser combatido através da adoção de mecanismos
antivandalismo e também através de campanhas.
A seguir são apresentados os principais equipamentos economizadores de água.
4.4.1 Bacias sanitárias de volume reduzido
Santos et al. (2001) destacam como benefícios do uso de bacias sanitárias VDR a redução
do consumo, a redução da quantidade de água tratada a ser produzida e distribuída pelo
sistema público de abastecimento e a menor quantidade do recurso mineral água a ser
retirado do manancial. Gonçalves et al. (1999a) afirmam que em 1999 estava sendo iniciada
a comercialização de bacias sanitárias de volume de descarga reduzido (VDR – 6
litros/acionamento) no Brasil (figura 14). Os mesmos autores afirmam que o uso de
dispositivos VDR é mais comum nos Estados Unidos e em países da Europa. Nesses
países os volumes despejados variam de 9 a 6 litros/acionamento e de 9 a 3
litros/acionamento, respectivamente.
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implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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Figura 14: bacias sanitárias com caixa acoplada e com válvula de
descarga (DECA)
Como objetivos específicos em relação às bacias sanitárias, o Programa Setorial da
Qualidade de Louças Sanitárias para Sistemas Prediais (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2004
apud SILVA, 2004) tem que:
a) garantir que todas as louças e sanitárias comercializadas no Brasil atendam
às diretrizes estabelecidas nos programas federais, estaduais e municipais
para o uso racional de água;
b) atender à submeta do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade da
Construção Habitacional (PBQP-H) produção de bacias sanitárias, caixas
de descargas e comandos hidráulicos de volumes reduzidos – qualidade
evolutiva destes componentes, de tal forma que, em 2000, o volume de
descarga foi limitado a 9 litros e em 2002, atingir a meta de volume máximo
de descarga no entorno de 6 litros, ou valor que implique no menor consumo
de água.
No Brasil, o consumo de água nas bacias sanitárias variava entre 20 e 12
litros/acionamento. Em 1992, com a entrada em vigor de uma lei norte-americana que fixava
o limite em 6 litros/acionamento, e com a exportação brasileira de equipamentos sanitários
para os EUA, os aparelhos com descarga reduzida passaram a ser vendidos no Brasil
(TOMAZ, 2001a). O mesmo autor afirma que existem três tipos básicos de bacias sanitárias:
gravidade, pressão e vácuo. As por gravidade, mais comumente utilizadas no Brasil, iniciam
seu funcionamento com o acionamento da descarga, segue-se a sifonagem da água contida
na bacia com os dejetos humanos, logo após a sifonagem o selo hídrico é recomposto, o
que impede o retorno dos gases de esgoto para o banheiro. As bacias sanitárias com
pressão liberam ar comprimido uma vez acionada a descarga, este faz com que seja
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necessária menos água para fazer o arraste dos dejetos. As bacias sanitárias à vácuo,
quando acionadas, criam um vácuo relativo e torna-se necessária pouca água para o arraste
de dejetos (TOMAZ, 2001a).
4.4.1.1 Bacias com caixa acoplada e alimentação lateral
Nesse tipo de bacia sanitária a caixa de descarga é alimentada por um sistema de
reutilização de água. A água utilizada em um pequeno lavatório, montado sobre a caixa de
descarga, é armazenada e utilizada para a descarga (figura 15). Gonçalves et al. (1999a)
apontam como benefício direto desse sistema o reaproveitamento da água utilizada para a
lavagem de mãos, na próxima descarga da bacia sanitária. Os autores afirmam que esse
sistema é bastante utilizado no Japão em sanitários públicos. Além do uso racional de água,
eles apontam como benefícios a redução da necessidade de instalação de pias. No entanto,
é de fundamental importância se ter uma mudança dos hábitos dos usuários e uma rotina de
manutenção constante.
Figura 15: bacia sanitária com lavatório
4.4.1.2 Bacias com acionamento da descarga dual
Este tipo de componente é projetado de modo a permitir ao usuário a possibilidade de
escolha entre dois volumes de água (figura 16), um maior para a descarga de sólidos e um
menor para a descarga de líquidos (50% menor). O mecanismo de descarga nesse tipo de
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implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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caixa ocorre integralmente por ação sifônica, sendo a descarga com volume reduzido
acionada por dispositivo que permite a entrada de ar, o que interrompe a sifonagem.
(GONÇALVES et al., 1999a).
Figura 16: botão de acionamento de bacia sanitária com sistema dual
(DECA, 2006)
Como solução alternativa, U.S. Environmental Protection Agency (1995) e World Water
Assessment Programme (2003) apresentam a possibilidade de instalação de dispositivos
que reduzam o volume de descarga sem alterar o funcionamento dentro das caixas de
descarga. Os autores apontam uma possível redução do gasto de água da ordem de
aproximadamente 3,8 litros/acionamento.
4.4.2 Torneiras, arejadores e redutores de pressão
Em relação à conservação da água em torneiras, o que mais importa é a forma do jato, sua
vazão e duração do uso. Assim, é importante que, sejam incorporados às torneiras
dispositivos que controlem a vazão e o tempo de duração do uso a um valor mínimo. Para
controlar a dispersão do jato e reduzir a vazão, existem dispositivos, tais como arejador,
pulverizador (spray-tap), atomizador (atomised-spray) e o prolongador (GONÇALVES et al.,
1999a). Sautchúk (2004) recomenda que em banheiros com grande rotatividade de
utilização sejam instaladas torneiras de fechamento automático em que não se dependa da
vontade do usuário de economizar água. Ela recomenda também que sejam analisadas a
pressão hidráulica disponível no sistema e a pressão hidráulica necessária para o
desempenho das atividades consumidoras de água. A autora estima que a redução da
pressão de 30 mca para 17 mca implica em uma economia de água da ordem de 30%.
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Gonçalves et al (1999a) destacam dois modelos de torneiras comumente utilizadas em
lavatórios como alternativas de equipamentos economizadores de água. As torneiras
hidromecânicas de fechamento automático com um tempo determinado de uso (figura 17) e
as torneiras eletrônicas, acionadas por infravermelho (figura 18).
Figura 17: torneira hidromecânica (DECA, 2006)
Figura 18: torneira eletrônica (DECA, 2006)
As torneiras hidromecânicas são dotadas de um dispositivo, que quando acionado, libera
uma determinada quantidade de água. As torneiras com acionamento infravermelho
funcionam com um conjunto de emissor e receptor. O receptor detecta a reflexão dos raios
infravermelhos quando incidem nas mãos e aciona uma válvula solenóide que libera água
enquanto as mãos estiverem na posição de uso da água. Estas últimas torneiras são as que
apresentam o maior potencial de economia, uma vez que liberam água somente enquanto
as mãos estiverem localizadas em frente ao emissor/receptor. Scherer (2003) aconselha
que a instalação de torneiras eletrônicas seja feita principalmente em ambientes mais
controlados para que sejam evitadas ações de vandalismo.
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implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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4.4.2.1 Arejadores
U.S. Environmental Protection Agency (1995) define os arejadores como mecanismos que
podem ser instalados nas pias para reduzir o uso de água, aumentando a quantidade ar que
sai junto com a água da torneira. A redução de gasto de água pode chegar a 60% quando
se utiliza a torneira totalmente aberta. Também estão disponíveis no mercado torneiras que
usam aproximadamente 7,2 litros/minuto (2 galões/minuto), ao contrario das torneiras
comuns que gastam aproximadamente de 10,8 a 18 litros/minuto (3 a 5 galões/minuto).
Tomaz (2001a) classifica os arejadores como dispositivos que podem ser instalados em
torneiras e que não ocasionam maiores necessidades de adaptação aos usuários (figura
19).
Figura 19: arejador com rosca (SCHERER, 2003)
4.4.2.2 Redutores de pressão
Oliveira (1999) afirma que o controle da pressão hidráulica contribui para a redução das
perdas de água, e reduz a probabilidade de ruptura de tubulações e engates flexíveis. A
pressão pode ser controlada com a instalação de válvulas redutoras de pressão. Essas
válvulas redutoras de pressão podem ser instaladas nas residências abastecidas
diretamente pela rede municipal ou por poços. No segundo caso, economiza-se água e
energia elétrica. Alguns equipamentos como as bacias sanitárias e as maquinas de lavar
(roupas e louças) funcionam com uma quantidade pré-determinada de água, que não é
reduzida com os redutores de pressão. A redução da pressão da água gera economia de
outras maneiras: reduzindo vazamentos, reduzindo a perda de água em aquecedores e na
redução de água que goteja em torneiras mal fechadas ou que fecham mal (U.S.
ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, 1995).
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4.4.3 Mictórios
Os mictórios podem ser considerados um dos equipamentos sanitários que consomem
grandes quantidades de água, de acordo com a maneira como está sendo acionada a
descarga. Geralmente, em função de restrições dos usuários com o acionamento manual,
eles tem uma descarga continua, ou seja, a água permanece correndo (SILVA, 2004).
O controle do suprimento de água dos mictórios em geral é feito com registro de pressão
instalado na tubulação e válvula de descarga de ciclo variável, podendo atender a um ou
mais mictórios. Uma outra alternativa é a instalação de uma caixa de descarga com
funcionamento periódico e automático. Na feira Batimat-95 foi lançado um mictório que tem
a sua descarga ativada automaticamente de 15 a 20 segundos após a sua utilização,
através de um sensor que capta a acidez da urina no sifão do mictório (GONÇALVES et al.,
1999a). Silva (2004) aponta também como alternativa de uso racional de água em mictórios
o uso de acionamento por infravermelho (figura 20).
Figura 20: válvula de acionamento de mictório com infravermelho
(DECA, 2006)
Estão surgindo no mercado, conforme apontam Scherer (2003) e Silva (2004) mictórios que
são projetados para não utilizar água na limpeza. Waterless Co (2000 apud SCHERER,
2003) e Falcon Waterfree Technologies (2006) descrevem o aparelho como uma peça de
fibra de vidro reforçada com poliéster, cuja superfície é revestida com uma substancia
repelente à líquidos. O fecho hídrico é um sifão denominado EcoTrap que contem um
líquido menos denso que a urina e que não permite a saída de odores desagradáveis para o
ambiente (figura 21).
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Figura 21: mictório sem consumo de água, esquema do fecho hídrico
e vista do aparelho (SCHERER, 2003)
4.4.4 Chuveiros
Segundo Jensen (1991, apud U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, 1995), os
chuveiros correspondem a 20% do gasto de água em residências. Gonçalves et al. (1999a)
apontam como alternativa para a redução do consumo de água a instalação de dispositivos
limitadores instalados a montante do chuveiro. Esses dispositivos a partir de uma certa
pressão na rede estrangulam progressivamente a seção de passagem de água, limitando a
vazão a um determinado volume. Para U.S. Environmental Protection Agency (1995) a
simples troca de chuveiros com vazão aproximadamente 17 litros/minuto por 9,5
litros/minuto custa menos de US$ 5,00 e pode gerar uma economia de aproximadamente 76
m³/ano.
4.5 PROGRAMAS DE USO RACIONAL DE ÁGUA
Desde que a sociedade passou a considerar o problema de escassez de água não basta
que os sistemas prediais atendam às necessidades dos usuários quantitativa e
qualitativamente. É importante que seja reduzido o volume de água gasta. É esse um dos
principais objetivos dos programas de uso racional de água.
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Diversas instituições nacionais e estrangeiras desenvolvem programas de conservação de
água em edifícios, contemplando a redução das perdas e a implantação de ações
tecnológicas, que não dependam da disposição do usuário em alterar seus procedimentos
com relação ao uso da água. Mas a colaboração do usuário é importante e, geralmente,
esses programas trabalham, também, com a educação e conscientização. Essas ações se
apresentam associadas, fazendo com que a tecnologia contribua para a mudança dos
procedimentos dos usuários.
O Governo Brasileiro desenvolve o Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água
(PNCDA) que segundo Silva et al. (1998) “[...] tem por objetivos específicos definir e
implementar um conjunto de ações e instrumentos tecnológicos, normativos, econômicos e
institucionais, concorrentes para uma efetiva economia dos volumes de água demandados
para consumo nas áreas urbanas.”. Ou seja, o PNCDA busca a eficiência do uso da água
desde a sua captação até o consumo final.
Os Programas de Uso Racional de Água (PURA) envolvem ações econômicas, sociais e
tecnológicas. As ações econômicas são constituídas geralmente, de incentivos para compra
de, por exemplo, equipamentos economizadores e desincentivos financeiros como a
elevação de tarifas para quem não se enquadrar no programa. As ações sociais são
baseadas em campanhas de conscientização dos usuários dos sistemas hidráulicos prediais
para o uso racional da água e para uma mudança na forma de utilização. As ações
tecnológicas são as mais efetivas e são baseadas na medição setorizada do consumo de
água, nos sistemas economizadores de água, na reciclagem de águas servidas e na
utilização de água da chuva, ou seja, a elaboração de um sistema de gestão (AMORIM et
al., 2002; OLIVEIRA; GONÇALVES, 1999; OLIVEIRA, 1999). Conforme Maddaus e
Maddaus (2006) é fundamental que se faça a análise financeira de um programa de uso
racional de água, para que seja demonstrada a sua viabilidade.
Cárdia et al. (1998 apud OLIVEIRA, 1999) afirmam que as contribuições da psicologia social
para a economia de água, no final do século passado, incentivam a adoção de sistemas e
de componentes economizadores ao invés de mudanças de hábitos no uso da água. Os
autores explicam isso, devido ao crescente fortalecimento do individualismo e do
materialismo que são determinantes para a não cooperação e para a desvalorização do
pertencer a uma sociedade.
Segundo Oliveira (1999), dentre as vantagens da substituição de componentes
convencionais por economizadores está o baixo custo e a inexistência de obras que alterem
a rotina dos usuários. A autora afirma também que reformas estéticas nos banheiros no
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momento em que são instalados os equipamentos economizadores, contribuem para a
sensibilização dos usuários para as alterações nas rotinas de consumo de água. A autora
ressalta, também, a importância da implantação de um sistema de manutenção em conjunto
com o Programa para que o sistema não retorne às condições iniciais. Ela também reforça a
importância da avaliação ao final de cada etapa para que seja possível o aprimoramento do
programa. Isso quer dizer que o programa não acaba com a constatação da redução de
consumo. Um programa de uso racional de água deve ter um caráter permanente para a
manutenção dos níveis mínimos de consumo obtidos com a sua implantação.
4.5.1 Elaboração do diagnóstico
O diagnóstico é considerado por Oliveira (1999) de fundamental importância para o
conhecimento do local em que vai ser implantado um programa de uso racional de água. Ele
deve trazer as características físicas e funcionais e deve retratar fielmente as condições de
operação do sistema hidráulico existente. Um diagnóstico bem elaborado torna mais fácil o
estabelecimento de um plano de intervenção adequado ao sistema existente.
As características do edifício a serem conhecidas para a elaboração do diagnóstico podem
ser divididas entre físicas e funcionais. Dentre as físicas incluem se:
a) tipologia/uso do edifício;
b) subsistemas que utilizam água;
c) pressão hidráulica;
d) material da tubulação;
e) idade do sistema;
f) vazamentos existentes.
Dentre as funcionais incluem-se:
a) especialidade de atendimentos;
b) existência de terceirização de serviços;
c) tipos de usuários;
d) procedimentos dos usuários nas atividades relativas ao uso de água.
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Oliveira (1999) afirma ainda que podem ocorrer resultados diferentes na implantação de
ações de economia de água em edifícios de mesma tipologia. O que reforça a importância
do conhecimento de todos os aspectos que influenciam no consumo de água. Contudo, a
autora aponta similaridades no que diz respeito à redução do consumo de água com a
implantação de ações tecnológicas, principalmente substituição de bacias sanitárias e
chuveiros convencionais por economizadores.
Na elaboração do diagnóstico é de fundamental importância o conhecimento de quem são
os agentes consumidores, uma vez que eles constituem a variável mais representativa do
consumo de água em um sistema. Assim, normalmente os agentes consumidores são
representados pela população, que geralmente se apresenta dividida em fixa e flutuante. A
fixa é a que utiliza o sistema com freqüência e que tem uma permanência continua.
Gonçalves et al. (1999b) consideram como população fixa a média do número de pessoas
que permanecem oito horas ou mais utilizando o sistema. A flutuante utiliza o sistema
eventualmente e não tem horário fixo para tal uso. Assim, Oliveira (1999) reforça a
necessidade do cadastro do número de agentes consumidores durante os trabalhos iniciais
e salienta a necessidade de manutenção do acompanhamento desse dado. Ambos os
autores reforçam a importância do conhecimento da tipologia de uso, para estimativa de
consumo. É importante ressaltar que em casos como restaurantes, lavanderias e lavagens
de carros a estimativa do gasto de água deve ser feita seguindo outros parâmetros, como
refeições servidas, quantidade de roupa lavada e quantidade de carros lavados.
4.5.2 Características físicas e funcionais do sistema hidráulico
O levantamento documental nos projetos arquitetônico e hidráulico pode ser a atividade que
dá inicio ao levantamento geral segundo Oliveira (1999) e Gonçalves et al. (1999b). A
primeira autora afirma que o projeto arquitetônico permite a visualização da distribuição dos
ambientes em que existe o uso de água e ainda pode servir de guia durante a vistoria.
Também são contidos no projeto arquitetônico as seguintes informações:
a) área total de construção;
b) área de pavimentação externa;
c) área verde.
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Com essas informações, tem-se o entendimento do perfil de consumo de água no sistema
facilitado. Se o(s) edifício(s) dispõe(m) de áreas verdes e áreas pavimentadas externas
muito grandes, deve-se investigar os procedimentos (rega e limpeza, respectivamente)
realizados e a periodicidade com que são realizados, uma vez que consomem grande
quantidade de água. Também é possível obter com o projeto arquitetônico a data do início
da operação do sistema, o que permite uma avaliação das condições da tubulação e dos
componentes de utilização (OLIVEIRA, 1999).
O projeto hidráulico fornece o traçado geométrico, os diâmetros e os materiais das
tubulações, informações necessárias na etapa de detecção de correção de vazamentos,
além de conter informações sobre os reservatórios e a casa de bombas.
Gonçalves et al. (1999b) acrescentam ainda como importante fonte de dados, o histórico do
consumo. Ele é utilizado para o conhecimento do consumo de água no sistema no inicio da
implantação do Programa. Os mesmos autores recomendam que seja feito levantamento
dos últimos 12 meses.
4.5.3 Plano de intervenção
Segundo Oliveira (1999) o plano de intervenção deve ser estruturado em cinco ações. A
primeira delas deve ser uma campanha de conscientização para informar aos usuários do
início dos trabalhos, para motivá-los a participar do programa e ainda para difundir a
importância do uso racional de água. Em seguida, deve-se corrigir os vazamentos e
substituir na medida do possível sistemas e componentes economizadores. Depois disso, é
feita a avaliação da redução de perdas e o cálculo de indicativos de reaproveitamento em
sistemas hidráulicos especiais, isto é, estudo de viabilidade técnico-econômica de
substituição ou adaptação do sistema especial. Finalmente deve ser feita uma campanha
educativa para os usuários. Os tipos de usuários presentes devem ser identificados por
exemplo: comuns e técnicos ou operadores.
A autora afirma ainda que a correção dos vazamentos, que são geralmente o pronto crítico
do sistema, é a primeira ação que pode provocar um impacto significativo no consumo de
água, além de preparar os sistemas para receber as trocas de equipamentos. Normalmente,
a redução de vazamentos é uma das ações de maior impacto da redução dos desperdícios
de água nos sistemas. É de fundamental importância que as ações de correção de
vazamentos sejam implementadas antes da substituição dos equipamentos convencionais
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por economizadores para que se tenha condições de monitorar o impacto das alterações no
sistema.
As ações que devem ser previstas no plano de intervenção de um programa de uso racional
de água são detalhadas abaixo.
4.5.3.1 Correção de vazamentos
A correção de vazamentos é considerada a prática mais eficiente para o uso racional de
água. O controle e a correção de vazamentos visam evitar desperdícios de água, além de
reduzir prejuízos aos componentes do edifício causados pelo contato constante com água.
Andersson (1986 apud GONÇALVES, 1999a) levantou os seguintes dados para possíveis
causas de vazamento de água: problemas nas tubulações, sistemas de expansão abertos,
máquinas de lavar roupas e louças e problemas causados pelos usuários. O mesmo autor
afirma que para evitar vazamentos pode-se assegurar a garantia dos seguintes itens:
a) componentes e sistemas;
b) qualidade do projeto;
c) qualidade da execução;
d) aplicação correta;
e) manutenção adequada.
4.5.3.2 Substituição de equipamentos
A substituição de equipamentos convencionais por economizadores de água, depois da
correção de vazamentos é considerada uma das práticas mais eficientes para se fazer uso
racional de água. Podem ser substituídos as bacias sanitárias, os mictórios, as torneiras e
válvulas e ainda os chuveiros. Segundo U.S. Environmental Protection Agency (1995) os
equipamentos que apresentam os melhores resultados são os arejadores e os restritores de
vazão. Jensen (1991 apud U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, 1995) afirma
que os arejadores e os restritores de vazão são alterações não permanentes e que a sua
implantação não apresenta custos significativos. Os casos de substituição de aparelhos que
obtiveram os melhores resultados nos Estados Unidos foram os que a concessionária de
água comprou e instalou os aparelhos. É citado como exemplo a instalação de chuveiros de
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baixa vazão e de torneiras com aeradores em 151 unidades habitacionais de um edifício em
New England – EUA. O resultado foi uma economia de aproximadamente 6.529 m³ de água,
US$ 8.590 na conta de energia e US$ 980 na conta de água em um ano (U.S.
ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, 1995). Silva (2004) ressalta que grande parte
dos trabalhos desenvolvidos com o uso racional de água, apontam as bacias sanitárias de
volume de descarga reduzido como os principais instrumentos de uso racional de água. Isto
é justificado pela importante participação da bacia de descarga no consumo de água (de 30
a 40%).
4.5.3.3 Campanhas de conscientização
Ressalta-se sempre em relação às campanhas de conscientização para o uso racional de
água que o usuário deve se sentir estimulado a economizar água e não obrigado. Segundo
Oliveira (1999) e Gonçalves et al. (1999b), as campanhas devem abordar o porquê de se
economizar água e as conseqüências disto, como redução de volume de esgoto gerado, a
possibilidade de aumentar o número de usuários atendidos por um mesmo sistema e
principalmente a redução de gastos monetários com água e energia. Eles recomendam
ainda que a campanha seja de fácil entendimento, uma vez que se destina a todos os
usuários do edifício. Scherer (2003) recomenda que após a instalação de equipamentos
economizadores de água seja realizada uma campanha para auxiliar na adaptação dos
usuários aos novos equipamentos sanitários e a outras ações do programa.
4.5.3.4 Manutenção continuada
Cremonini (1988 apud PEDROSO, 2002) define que manutenção é a atividade realizada nos
equipamentos, componentes e instalações de uma edificação para que ela continue
cumprindo as funções para a qual foi projetada. O mesmo autor afirma que podem ser feitas
substituição de componentes, correção de falhas e recuperação da edificação nas
atividades de manutenção. Moubray (2000 apud PEDROSO, 2002) afirma que o conceito
mais recente de manutenção considera que ela deve preservar as características funcionais
e não apenas as físicas como era antigamente aceito. Segundo Gonçalves et al. (2000 apud
SCHERER, 2003), a manutenção nos sistemas hidráulicos prediais é composta por uma
série de atividades para garantir o desempenho do sistema em um nível pré-estabelecido.
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A NBR 5674 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1999 apud
PEDROSO, 2002) traz os seguintes conceitos em relação à manutenção:
a) desempenho: capacidade de atendimento das necessidades dos
usuários da edificação;
b) manutenção: conjunto de atividades a serem realizadas para conservar
ou recuperar a capacidade funcional da edificação e de suas partes
constituintes de atender às necessidades e segurança dos seus usuários;
c) sistema de manutenção: conjunto de procedimentos organizados para
gerenciar os serviços de manutenção;
d) serviço de manutenção: intervenção realizada sobre a edificação.
Devem ser considerados dois pontos em relação ao nível de desempenho de um edifício: a
evolução tecnológica e a obsolescência. A primeira pode ser considerada como a variação
das condições térmicas ideais ao uso e operação do edifício ao longo do tempo. A segunda
como a variação das condições de atendimento às necessidades dos usuários e a
inadequação do desempenho dos componentes e subsistemas ao longo do tempo.
Observa-se que a evolução tecnológica está ligada à tipologia da edificação e a
obsolescência à qualidade do edifício na sua implantação. Também se salienta que o
acúmulo de intervenções não planejadas tende a aumentar a velocidade de degradação dos
sistemas prediais, tornando pequenos reparos insuficientes, sendo necessárias intervenções
mais drásticas e, conseqüentemente, mais onerosas (ALMEIDA, 1994 apud PEDROSO,
2002).
Oliveira (1999, p. 179) afirma que com a manutenção tende-se a deixar o sistema mais
próximo possível das condições ideais de desempenho. Ou seja, com ela o sistema tende a
operar satisfatoriamente e com economia. Para que seja facilitada a manutenção (e
correção de vazamentos), a autora propõe que ela seja realizada em duas etapas. Na
primeira seria feita no sistema hidráulico externo. Após avaliação da primeira etapa, seria
realizada no sistema hidráulico interno. A autora recomenda ainda que somente sejam
instalados equipamentos economizadores de água quando o sistema estiver totalmente
estável, ou seja, não tenha nenhum vazamento. Scherer (2003) recomenda, que após a
instalação de equipamentos economizadores, seja incorporada ao edifício uma rotina de
inspeções e de manutenções periódicas para garantir a estabilização do consumo de água
nos valores mínimos. Segundo Silva et al. (2004), deve-se passar de uma postura reativa
para preventiva em relação às manutenções periódicas nos sistemas prediais. Os autores
também recomendam que se estimule a colaboração dos usuários na comunicação de
vazamentos e na mudança de hábitos de consumo, buscando sua colaboração mesmo com
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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o surgimento de eventuais desconfortos com algumas inovações tecnológicas. Silva e
Gonçalves (2005) e Scherer (2003) frisam a importância da realização de treinamentos para
uma melhor capacitação do pessoal de manutenção. Silva e Gonçalves (2005, p. 30)
reforçam a idéia afirmando que “[...] são inúmeros os casos de má execução do sistema que
resultou em vazamento, conserto inadequado de antigo vazamento que resultou em novo
vazamento, extravasor – em área não visível – apresentando perda de água, equipamentos
mal regulados, entre outros.”.
No próximo capítulo será abordada a presença de Programas de Uso Racional de Água em
Instituições de Ensino Superior no Brasil e em outros países.
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
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5 PROGRAMAS DE USO RACIONAL DE ÁGUA EM INSTITUIÇÕES
DE ENSINO SUPERIOR
Diversas instituições de ensino superior estão implementando programas de uso racional de
água. As motivações que as levam a isso são diversas e, vão desde a necessidade de
reduzir a demanda de água para que sejam aprovadas expansões nos seus
campi
passando pela necessidade de redução dos valores gastos com o consumo de água, a
necessidade de economizar água devido a períodos de seca e, finalmente, frente a
preocupação com a escassez de água.
Silva (2004) afirma que são de suma importância as atividades de planejamento que
antecedem as atividades de implantação de um programa de uso racional de água. Nas
atividades de estruturação inicial, deve ser definida qual a real motivação para a
implantação do programa. A autora também aponta para o crescimento da conscientização
ecológica dos administradores de instituições de ensino superior sobre a importância da
água e de seu uso racional.
Constata-se também a importância da inserção do Programa de forma permanente na
estrutura da instituição. Além disso, o Programa deve contemplar não somente as
intervenções físicas, como correções e substituições, mas também a contínua gestão da
demanda, buscando sempre o comprometimento dos usuários. Desta forma serão citados
exemplos de programas de uso racional de água tanto em universidades brasileiras como
estrangeiras.
5.1 UNIVERSIDADES BRASILEIRAS
Nas universidades brasileiras podem ser encontrados programas nos mais variados
estágios de desenvolvimento, desde a monitoração dos resultados até as etapas iniciais de
implantação. Seguem a apresentação de casos encontrados nessas universidades.
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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5.1.1 Universidade de São Paulo (PURA-USP)
A Universidade de São Paulo (USP) é a maior universidade pública do Brasil. Ela tem
unidades na cidade de São Paulo e em cidades do interior do Estado. O Programa teve
inicio em 1996, quando foi firmado um convênio entre a Companhia de Saneamento Básico
do Estado de São Paulo (SABESP), a Escola Politécnica da USP (EPUSP) e o Instituto de
Pesquisas Tecnológicas (IPT) (SILVA; GONÇALVES, 2005). O programa de uso racional de
água da USP se inclui no Projeto 6 (YOSHIMOTO et al., 1997 apud SILVA; GONÇALVES,
s.d):
a) Projeto 1: Banco de dados de Tecnologias, Documentação Técnica e
Estudos de Casos;
b) Projeto 2: Laboratório Institucional do PURA (LIPURA);
c) Projeto 3: Programa de Avaliação e Adequação de Tecnologias (PAAT);
d) Projeto 4: Caracterização da Demanda e Impacto das Ações de
Economia no Setor Habitacional;
e) Projeto 5: Documentação Relacionada a Leis, Regulamentos e
Programas Setoriais da Qualidade;
f) Projeto 6: Programas específicos de economia de água em diferentes
tipos de edifícios (não habitacionais).
O convênio de cooperação firmado entre a USP e a SABESP incluía um Protocolo de
Intenções de Cooperação Técnica para desenvolvimento de ações de uso racional de água,
a elaboração de um Plano de Trabalho em que foram definidos os serviços a serem
executados, as condições de execução, prazos, materiais, forma de medição, recebimento e
estimativa de custos. Também foi firmado entre as duas entidades um Contrato de Tarifação
de Entidade Pública em que a Universidade se comprometia em manter em dia as contas
com a concessionária e esta última concederia uma tarifa especial, 25% inferior à
convencional. Todos esses acordos de cooperação, também refletem o interesse de a
SABESP de implantar em uma de suas maiores consumidoras, a Cidade Universitária
Armando de Salles Oliveira (CUASO), um programa de uso racional de água, que já vinha
sendo implantado com sucesso em outros locais e assim permitir a disponibilização de água
para um maior número de usuários (SILVA, 2004).
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
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Dentro das atividades do Projeto 6, em 1997, foi iniciada a implantação do Programa de Uso
Racional de Água da USP (PURA/USP) pelas suas Fases 1 e 2 que se desenvolveram
respectivamente nos anos de 1998/1999 e 2000/2001. Nestas duas etapas foram
contempladas as 28 unidades localizadas no interior da CUASO. As sete primeiras unidades
em que foi implantado o programa representavam 50% do consumo de água do campus, e
apresentavam diferentes tipologias de uso que incluíam: laboratorial, misto, humano e
hospitalar. Na Fase 3, que se desenvolveu em 2002, foram incluídas no programa as 9
unidades externas à CUASO na cidade de São Paulo. Finalmente na Fase 4, nos anos de
2003/2004, trabalhou-se nos campi nas cidades de Bauru, Pirassununga, Piracicaba,
Ribeirão Preto e São Carlos. Os trabalhos nessa etapa foram iniciados com o levantamento
das características das unidades e apesar de já terem sido implantadas medidas isoladas de
uso racional, como instalação de equipamentos economizadores, permanece ainda a
necessidade de implantação de um PURA de forma mais estruturada e coordenada,
respeitando as particularidades de cada
campus
. (SILVA; GONÇALVES, 2005; e SILVA,
2004). Os principais uso da água dentro da estrutura da USP são consumo humano e
animal, sistemas laboratoriais e de refrigeração, prática de esportes, rega, limpeza e
lavagem de veículos.
Segundo Silva e Gonçalves (2005), os sistemas prediais mais intervenientes no programa
implantado na USP são os de suprimento de água e de equipamentos sanitários. Silva et al.
(2004) verificaram que antes das intervenções propriamente ditas, a implantação do
programa deve passar por uma fase de definições e estruturação, em que são definidos os
pontos de partida, os objetivos e a motivação do programa. As principais motivações para a
implantação de um PURA na USP foram a expressiva quantia de R$ 1,46 milhões/mês
gastos pela Universidade no pagamento do abastecimento de água e coleta de esgoto e o
interesse da Instituição em promover pesquisas. Os objetivos iniciais do PURA/USP eram
(SILVA;GONÇALVES, 2005; SILVA, 2004):
a) reduzir o consumo de água e manter o perfil de consumo reduzido ao
longo do tempo;
b) implantar um sistema estruturado de gestão da demanda de água;
c) desenvolver metodologia que pudesse ser aplicada em outros locais.
Para atingir a redução do consumo esperada, foram adotadas ações tecnológicas, de
mobilização e de gestão e ainda os responsáveis pelo Programa na USP pretendem adotar
uma ação econômica em que as Unidades sejam responsáveis pelo pagamento de seu
consumo excedente (SILVA, 2004).
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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Silva e Gonçalves (2005) afirmam que a redução do consumo per capita no período em que
foi feita a avaliação foi de 38%, ou seja, passou de 114 litros/pessoa.dia para 70, sendo este
o menor valor atingido desde o inicio do Programa. Os autores afirmam que em cidades
universitárias o agente consumidor mais significativo é a população fixa, e avaliando as
causas do consumo, foi confirmada “[...] a hipótese inicial de que o consumo per capita em
unidades com tipologia de uso humano (entre 10 e 20 litros/pessoa.dia) é inferior ao uso
misto (por volta de 50 litros/pessoa.dia) e este, por sua vez, inferior ao laboratorial (superior
a 200 litros/pessoa.dia).” (SILVA; GONÇALVES, 2005, p. 35). Assim, os autores, apesar de
apontarem para as dificuldades de extrapolações para outros locais, apresentam esses
indicadores como pontos de referência para a avaliação de implementações em situações
semelhantes.
Segundo PURA-USP (2002, apud TAMAKI, 2003), os resultados mais importantes foram:
a) redução expressiva do consumo nas unidades que sofreram ações de
economia de água;
b) utilização de um sistema de gerenciamento de dados de consumo, com o
uso de um sistema de telemedição e de um controle de todas as ligações de
água;
c) revisão do sistema hidráulico predial de água fria dos edifícios do campus e a
recuperação de parte do sistema;
d) adoção de equipamentos sanitários mais econômicos, novos e que atendam
aos atuais níveis de desempenho;
e) conscientização da comunidade da USP sobre a questão da água e seu uso
racional;
f) criação de uma estrutura permanente e de referência na Universidade para
as questões relativas ao uso da água de abastecimento sob o prisma da
economia do recurso.
5.1.2 Universidade Estadual de Campinas (PRÓ-ÁGUA UNICAMP)
Nunes et al. (1999 apud PEDROSO; ILHA 2003), Nunes (2000 apud PEDROSO, 2002)
apresentam um estudo piloto desenvolvido em 19 edifícios na Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP). O estudo contemplou, além do conserto dos vazamentos existentes
nos aparelhos sanitários e torneiras-bóia, a substituição das torneiras de lavatórios e de
mictórios convencionais pelas economizadoras. Foi obtida redução de 74% no consumo de
água somente com o conserto de vazamentos.
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O estudo desenvolvido por Pedroso e Ilha (2003) contemplou:
a) levantamento dos pontos de consumo de água;
b) implantação da micromedição e avaliação do consumo de água;
c) detecção e conserto de vazamentos;
d) substituição de torneiras convencionais por economizadoras;
e) aplicação de questionário para avaliação das torneiras economizadoras.
Neste estudo, o índice de vazamentos (razão entre o número de pontos com vazamento e o
número total de pontos de consumo de água) variou de 14 a 38% e o período de retorno dos
investimentos realizados foi de seis dias. Os autores indicam que para a estabilização ou até
mesmo, aumento da redução do consumo obtida no campus da UNICAMP, torna-se
imprescindível um sistema de manutenção adequada onde se verifique periodicamente o
estado geral dos pontos de consumo de água.
Eles indicam as seguintes etapas para a implantação de um sistema de manutenção:
a) designação do coordenador, da equipe de trabalho e do gestor do programa
de manutenção;
b) caracterização dos edifícios localizados no campus da UNICAMP: a
caracterização refere-se ao cadastramento de todos os pontos de consumo
de água fria e atualização das plantas arquitetônicas de todos os edifícios,
apenas no que se refere aos ambientes que possuem pontos de consumo de
água. Simultaneamente ao levantamento, foram verificadas as condições de
operação dos aparelhos e a ocorrência de vazamentos;
c) elaboração de manual de procedimentos e manutenção: foi elaborado um
manual de procedimentos para a manutenção dos sistemas prediais de água
fria, o qual tem a função de orientar os gestores e mão-de-obra especializada
das unidades de manutenção. Ele contempla informações sobre os sistemas
prediais de água fria e seus componentes, bem como instruções para a
realização da manutenção corretiva e preventiva dos diversos aparelhos
sanitários;
d) desenvolvimento e implantação de sistema de informação: o sistema de
informação deve servir tanto para a solicitação dos serviços de manutenção
como para a atualização do histórico dos aparelhos sanitários e reformas e/ou
novas edificações;
e) definição da forma de organização da manutenção: deve ser realizada de
forma a estabelecer o nível de treinamento, os agentes que irão interagir com
o sistema de informação, a forma de atualização no cadastro central.
Essencialmente, a manutenção pode ser organizada de três formas:
centralizada, descentralizada ou mista.
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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f) definição da forma de atuação da manutenção: após a manutenção corretiva
inicial propõe-se a aplicação da manutenção preventiva, já que a inspeção
periódica é uma forma de monitoramento;
g) treinamento dos gestores;
h) realização da manutenção corretiva inicial;
i) operação do sistema de manutenção com a contínua atualização do cadastro:
todas as atividades realizadas pelo escritório técnico de obras ou pelas
unidades, sejam cadastradas em um banco de dados central de forma a
possibilitar o planejamento das atividades futuras.
Após a realização da caracterização e o conserto de vazamentos encontrados em
edificações no campus da UNICAMP, os autores apresentam reduções de consumo de
água entre 4 e 77%. Nunes (2000, apud ARAÚJO, 2004) e Scherer (2003) apresentam os
resultados da implantação do PRÓ-ÁGUA em 19 edifícios em 441 pontos de consumo de
água. Na inspeção, 18,6% dos pontos apresentaram vazamentos. Com o conserto dos
vazamentos, a redução do consumo de água variou de 11 a 88%. Eles constaram uma
redução de 100.000 m³/mês para 80.000 m³/mês, ou seja, redução de 20% ao final da
implantação do programa, mesmo com a criação de novos cursos durante o período de
análise e o conseqüente aumento do número de usuários nos edifícios.
Para a manutenção e elevação dos índices de economia obtidos, a existência de um
sistema de gestão dos sistemas prediais no campus torna-se imprescindível. Nunes et al.
(1999 apud PEDROSO; ILHA 2003) e Araújo (2004) acreditam que a existência de um
gestor nos edifícios do campus, responsável, entre outras atividades, pela detecção de
vazamentos, realização de pequenos reparos e atualização contínua do cadastro dos pontos
possíveis de manutenção, assim como a existência de um sistema de informação eficiente,
utilizando meios computacionais disponíveis atualmente, sejam determinantes para o
sucesso do sistema de gestão proposto.
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5.1.3 Universidade de São Carlos (PRUA-UFSCar)
As informações referentes ao programa da Universidade de São Carlos (UFSCar) são de
2002 e, nesta época estava planejado, segundo Amorim et al. (2002) as seguintes fases:
a) levantamento e cadastramento em um banco de dados de todos os pontos
de consumo de água;
b) inspeção e correção de vazamentos visíveis nas peças de utilização;
c) inspeção de hidrômetros mecânicos nos setores considerados prioritários;
d) levantamento do consumo histórico;
e) detecção de vazamentos visíveis;
f) conserto de vazamentos;
g) levantamento do consumo após o conserto de vazamentos;
h) estudo de viabilidade de mudança de aparelhos convencionais por
economizadores de água;
i) troca de aparelhos (os que se mostrarem viáveis);
j) levantamento de consumo após a troca dos aparelhos.
É apontada como uma das grandes dificuldades para o prosseguimento e desenvolvimento
do programa a falta de agentes mobilizadores e motivadores. A UFSCar não possui os
custos das faturas de água e esgoto, uma vez que o seu abastecimento se dá por meio de
poços artesianos. Isso contribuiu para a morosidade da implantação de ações de combate
ao desperdício de água no campus, e da liberação de recursos para esse fim (SCHERER,
2003).
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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6.1.4 Universidade de Brasília
Com a extinção de um benefício que isentava a Universidade de pagar contas de água e de
energia elétrica, a Universidade de Brasília (UnB) precisou implementar um programa de
redução do consumo desses bens: Programa de Consumo Inteligente. Isso foi motivado
devido ao alto valor da conta de água da Universidade: R$ 2,9 milhões em seis meses.
Segundo a Assessoria de Comunicação (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, 2006a) a
Universidade criou uma comissão para preparar uma avaliação técnica e fazer o
levantamento dos custos de implantação de um programa de uso racional de água. A
principal tarefa dessa comissão é racionalizar o uso da água no campus da UnB. A
avaliação técnica se dará em três etapas:
a) avaliação técnica para determinar necessidades e possibilidades de
redução do uso da água;
b) levantamento do custo de instalação de hidrômetros em todos os prédios
da Universidade, de instalação de torneiras com temporizador, troca de
bacias sanitárias e de troca da canalização existente de ferro fundido por
canalização de PVC;
c) desenvolvimento de campanhas educativas junto aos professores,
servidores e estudantes, para a conscientização para o uso racional de
água.
Em outro boletim, a Assessoria de Comunicação (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, 2006b)
destaca a parceria firmada com a Companhia de Saneamento do Distrito Federal (CAESB)
para o fornecimento de mão-de-obra. No mesmo boletim também são informadas as
estratégias iniciais, dentre elas a detecção dos locais onde mais se consome água e
detectar se o consumo elevado é devido à perdas ou desperdício. A intenção principal da
comissão é desenvolver uma metodologia que permita adaptar tecnologias economizadoras
ao comportamento dos usuários e orientar campanhas voltadas para os pontos onde se tem
maior incidência de consumo de água.
Atualmente a UnB consome 45.000 m³ de água por mês e é abastecida por três ramais
principais. A meta do programa Consumo Inteligente é, até o final do mês de outubro de
2006, desativar o hidrômetro central, responsável pela medição de 80% do consumo de
água da Universidade, e instalar em cada edificação alimentada por ele hidrômetros
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
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individuais, dessa maneira pretende-se monitorar o consumo mensal de água de cada
edificação do setor (UNIVERSIDADE DE BRASILIA, 2006c).
5.1.5 Universidade Federal da Bahia
A Universidade Federal da Bahia (UFBA), dentro da sua política de melhoria das condições
físicas e ambientais, elaborou um programa de gestão ambiental, denominado AGUAPURA.
que contempla quatro sub-programas (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA et al,. 2001):
a) uso racional de água (AGUAPURA);
b) uso racional de energia e conforto ambiental;
c) reciclagem de materiais sólidos;
d) urbanização e paisagismo.
Anualmente a despesa da UFBA com o gasto de água chega a R$ 3.526.153,00, por
465.850 m³. Esses valores representam um consumo médio per capita de 70
litros/pessoa.dia, uma média de R$ 16,00 pessoa/mês. O objetivo geral do AGUAPURA é
reduzir o consumo de água reduzindo as perdas e implementando o uso racional de água
nas Unidades e Órgãos da Universidade. Os objetivos específicos do programa são
promover avaliações, medições e ações educacionais, assim como a implantação de
medidas que racionalizem consumo de água. Como medidas específicas são citadas
(UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA et al,. 2001):
a) substituição de hidrômetros convencionais e a implantação de um
sistema de telemedição computadorizada para o acompanhamento on
line do consumo;
b) correção sistemática de falhas no sistema de medição, bem como a
detecção de eventuais vazamentos sendo resultado de uma maior
eficiência no sistema de medição e leitura do consumo de água;
c) disseminação de ações educacionais sobre a importância do uso racional
de água para o ser humano e o meio-ambiente.
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
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As principais metas e ações do programa apresentadas pelos autores são:
a) recadastramento e substituição dos atuais medidores por hidrômetros
com medição computadorizada e telemetria;
b) implantação de sistema de telemedição para monitorar continuamente o
consumo geral e por unidades;
c) detecção e correção de vazamentos da rede e reservatórios de todas as
unidades e órgãos;
d) identificação e correção de vazamentos nos pontos de consumo e rede
interna das unidades e dos órgãos;
e) diminuição da vazão dos aparelhos através da instalação de
equipamentos e dispositivos economizadores;
f) limpeza periódica dos reservatórios da Universidade;
g) recuperação e reciclagem da água de processos;
h) abertura de poços artesianos para uso específico;
i) inspeção periódica de todas as instalações para detectar, corrigir e
prevenir novas ocorrências de vazamentos;
j) acompanhamento da qualidade da água;
k) estudo do perfil do uso da água na UFBA com a caracterização de
hábitos e vícios de desperdício;
l) disponibilização dos resultados dos estudos e das ações ao Governo do
Estado, à concessionária e à sociedade;
m) ações educacionais com palestras, seminários, cartilhas, peças teatrais,
dentre outras que levem informações para a comunidade e a sociedade;
n) disseminação das ações educacionais por meio da Rede Pública
Municipal e Estadual de Ensino.
Para a realização do AGUAPURA foram firmados convênios com a Empresa Baiana de
Águas e Saneamento S.A. (EMBASA), com a Secretaria de Infra-Estrutura do Governo do
Estado da Bahia e com a Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão (FAPEX). Os recursos
para o desenvolvimento do programa serão oriundos do orçamento anual da UFBA
(UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA et al., 2001).
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5.2 UNIVERSIDADES ESTRANGEIRAS
Foram encontrados diversos programas de conservação e uso racional de água em
universidades estrangeiras. A pesquisa foi feita em universidades da Inglaterra, Holanda,
França, Portugal, Alemanha e Estados Unidos. Nos países europeus não foram encontradas
referências à existência de programas de conservação na pesquisa feita nas páginas das
universidades. Assim, os dados que serão apresentados são referentes a Instituições de
Ensino Superior nos Estados Unidos que apresentam uma gama bem variada de programas
de conservação de água em universidades, alguns mais detalhados e outros sem
detalhamento algum. A seguir são apresentados alguns dos casos estudados.
5.2.1 Universidade Stanford
A Universidade Stanford tem uma política agressiva de conservação de água. Nos últimos
dez anos, a Universidade tem convertido os seus sistemas de irrigação. Ela está deixando
de usar água potável nos sistemas de irrigação para utilizar a água do seu lago. Em adição
a isso, Stanford utiliza nos seus jardins plantas tolerantes à falta de água e tem investido
recursos na instalação de novos sistemas de irrigação que usam tecnologia de
evapotranspiração e ainda pesquisam misturas de solos retentores de líquidos. Desde a
última estiagem, Stanford substituiu bacias sanitárias de 5 galões por acionamento
(aproximadamente 19 litros/acionamento) e chuveiros de alta vazão por equipamentos
economizadores (low flush). Em 1999-2000, o consumo total de água (uso doméstico e não-
potável) era de 147 galões/pessoa.dia (aproximadamente 558,6 litros/pessoa.dia),
comparando-se esse gasto de água com o existente em cidades vizinhas (ex. Menlo Park,
366 galões/pessoa.dia, Palo Alto 227 galões/pessoa.dia) pode-se considerar que houve uma
importante redução (STANFORD UNIVERSITY; MADDAUS WATER MANAGEMENT,
2003). A Universidade instalou nas residências de estudantes e edifícios acadêmicos
equipamentos economizadores de água. Foram substituídas mais de 700 bacias sanitárias
de 5 galões/acionamento por de 1,6 galões/acionamento. Em 2001, a Universidade recebeu
incentivo financeiro para a substituição de bacias sanitárias e máquinas de lavar.
O objetivo do programa de conservação de água da Universidade de Stanford é promover
uso eficiente de água projetando estruturas e equipamentos que usem pouca água e
educando os usuários sobre a necessidade de se fazer seu uso racional. Os departamentos
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de utilidades e projetos da Universidade de Stanford e os departamentos de outras
universidades deverão trabalhar em conjunto no desenvolvimento de novas tecnologias
poupadoras de água e de tecnologias que assegurem a conservação da qualidade de água
de consumo doméstico. Toda a implantação do programa de conservação de água da
Universidade de Stanford foi impulsionado pela necessidade de expansão da área
construída do campus sem alterar o gasto de água (STANFORD UNIVERSITY; MADDAUS
WATER MANAGEMENT, 2003).
Stanford University e Maddaus Water Management (2003) apontam que a conservação, a
reciclagem e o reuso de água devem ser baseados nos benefícios de se economizar água.
A necessidade de conservar água em Stanford, assim como em muitas comunidades da
Califórnia e do mundo, existe devido à limitada disponibilidade de água. A economia gerada
por conservação, reciclagem e reuso de água, ocorre inicialmente devido à redução de
gastos domésticos, redução das descargas de esgotos e do fato de não necessitar fazer
expansões na rede de distribuição de água. Conforme pode ser visto na figura 22, o
responsável pela maior parte do consumo de água na universidade é o gasto e com
alimentação e moradia de estudantes.
Figura 22: distribuição do gasto de água (STANFORD UNIVERSITY;
MADDAUS WATER MANAGEMENT, 2003)
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5.2.2 Universidade da Virginia
Na Universidade da Virginia (Charlottesville, EUA) em oito meses foi obtida a redução do
consumo de água da ordem de 8%. O programa foi implantado em um dos períodos de
maior seca dos últimos 70 anos no Estado. Ele foi desenvolvido com o apoio do Governo
Estadual como uma alternativa para redução do desperdício de água dentro do campus.
Foram instalados arejadores nas torneiras, máquinas de lavar roupas que consomem menos
água, bacias sanitárias de volume reduzido e chuveiros de baixa vazão. O plano de irrigação
das áreas externas foi refeito e foram mantidos somente os ambientes que representassem
riscos aos usuários caso não fossem regados, como os campos de atletismo e futebol.
Também estava sendo implementado um sistema de coleta de água da chuva para irrigação
e foi suspensa a lavagem de veículos e equipamentos. Os responsáveis pelo Programa de
Conservação de Água da Universidade da Virginia afirmam que estão procurando aliar
mudanças comportamentais e tecnológicas (KELLY, 2002).
Também foi feita a inspeção nos sistemas de distribuição de água e de combate à incêndio
(sprinklers) e os vazamentos detectados foram consertados. Aproximadamente 25% da
água consumida no campus da Universidade é destinada a sistemas de climatização
artificial. Atualmente, estes sistemas apresentam ciclos fechados, ou seja, a água é
reaproveitada.
Kelly (2002) estima que o volume médio gasto por pessoa por dia na Universidade da
Virginia seja de 55 galões (aproximadamente 209 litros/pessoa.dia). O plano de
conservação de água da Universidade estipula que novas instalações devem incluir
sistemas que façam uso racional de água, como ar-condicionado (schillers) com re-
circulação, instalação de hidrômetros em todos os edifícios, medição em separado para a
água destinada para a irrigação, bacias sanitárias de volume reduzido e chuveiros de baixa
vazão.
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A Universidade da Virginia está com planos para longo prazo que incluem a instalação de
uma central de ar condicionado, a substituição de bacias sanitárias e chuveiros
convencionais por economizadores e ainda a instalação de um sistema de irrigação que
opera de acordo com a umidade do solo. Na divulgação do seu programa de uso racional de
água, a Universidade da Virgínia traz as seguintes recomendações para conservar água
(KELLY, 2002):
a) reparar vazamentos;
b) operar máquinas de lavar somente com a carga máxima;
c) fechar a torneira durante a escovação de dentes e barbear;
c) varrer calçadas e ruas ao invés de lavá-las;
d) lavar carros com esponjas e baldes ao invés de usar mangueira (esguicho);
e) limitar o banho a um tempo de cinco minutos;
f) não usar bacias sanitárias como latas de lixo;
g) fazer irrigação de jardins no inicio ou no final do dia;
h) plantar vegetação nativa que não tenha grandes necessidades de irrigação;
i) instalar arejadores e restritores de vazão.
5.2.3 Universidade de Utah
O programa da Universidade de Utah (UNIVERSITY OF UTAH, 2002) constatou a economia
da ordem de 36,6% na comparação de maio de 2002 com maio de 2001. A Universidade
iniciou o programa de uso racional de água em função de uma seca e da necessidade da
Universidade de se mostrar como uma parceira da sociedade quanto ao problema de
escassez de água. Segundo os responsáveis, a economia foi possível devido à redução de
irrigação de áreas externas como o campo de golfe, substituição da grama natural do
estádio por grama sintética, aumento da manutenção do sistema de combate à incêndio
(sprinklers) e do sistema de refrigeração, fazendo com que ele opere com eficiência
máxima.
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
106
Em maio de 2001, a Universidade de Utah gastou aproximadamente 261.229 m³ e no
mesmo mês, um ano depois 165.637 m³, uma redução de aproximadamente 37%. A
redução pretendida para o primeiro ano do programa era de 15%, o que mostra que a
Universidade se empenhou muito. A implantação do programa apresentou dificuldades para
a Instituição. Os resultados foram basicamente obtidos graças às modificações no sistema
de irrigação. Depois disso, pretende-se investir em mictórios sem água.
O plano de conservação de água é parte da política da Universidade de Utah de
desenvolvimento ecológico. A National Wildlife Federation (NWF), importante grupo norte-
americano de conservação do meio ambiente e educação, considerou a Universidade de
Utah uma das 14 instituições norte-americanas de ensino superior que tem importante papel
no uso eficiente de energia e conservação (UNIVERSITY OF UTAH, 2002).
5.2.4 Universidade de Wisconsin
Na Universidade de Wisconsin (UW) no campus da cidade de Madison segundo a National
Wildlife Federation (UNIVERSITY OF WINCONSIN, 2006) foi implementado monitoramento
do uso da água em um banheiro. Foram monitorados quatro mictórios de um banheiro em
um edifício da Universidade que funcionavam com descarga aberta durante 24 horas, todos
os dias do ano. Foi instalado um hidrômetro no ramal de entrada de água no banheiro para
medir a quantidade de água gasta. Em agosto de 1999, foi substituída a calha com descarga
intermitente por quatro mictórios com descarga acionada eletronicamente, com um custo
total de US$ 1.500,00. Os novos mictórios gastam aproximadamente 3,8 litros por
acionamento e a economia de água obtida foi de 380 litros/dia. O novo sistema reduziu em
50% o gasto de água no banheiro.
O projeto Science Hall Alternative Practices for the Environment (SHAPE), que inclui essa
substituição de mictórios, também tem ações educativas. Foi afixado no edifício que abriga
esse banheiro, um cartaz que explica o funcionamento dos mictórios e a economia obtida
com eles. O cartaz informa também de onde vem a água utilizada no edifício e qual a sua
destinação final. Há ao lado do cartaz dois hidrômetros instalados, um que mostra o
consumo de água no banheiro e outro que mostra o consumo de água no edifício
(UNIVERSITY OF WINCONSIN, 2006).
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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5.2.5 Universidade Brown
Na Universidade Brown, na cidade de Providence, o Programa de Conservação de Água
trabalha em duas frentes, a instalação de chuveiros de baixa pressão e bacias sanitárias de
volume de descarga reduzido e com a auditoria no consumo de água no campus (BROWN
UNIVERSITY, 2006). Este documento aponta que entre 1991 e 1992, foram substituídos
todos os chuveiros dos dormitórios. Os antigos, que consumiam em media 13,3
litros/minuto, foram substituídos por novos que consomem 7,6 litros/minuto. A economia de
água estimada inicialmente era de aproximadamente 21.280 m³/ano. Uma recente pesquisa
demonstrou elevado grau de satisfação dos usuários com os chuveiros e foi constatada uma
economia real superior à prevista inicialmente. No momento estão sendo instaladas nos
dormitórios bacias de volume de descarga reduzido (aproximadamente 5,7
litros/acionamento) e válvulas redutoras de vazão.
Na auditoria do consumo de água no campus realizada pelo Department of Plant
Operations, uma pesquisa completa nos hidrômetros instalados, precisando quantidade,
aferição e localização deles. Foram encontrados 292 hidrômetros para 252 edifícios e
estima-se que há possibilidade de economia de água no campus da ordem de 34% se a
Universidade mantiver o seu programa de conservação de água. A estimativa de economia
de água ao final da implantação do programa é da ordem de 456 milhões de litros por ano e
uma economia total da ordem de US$ 300.000/ano (BROWN UNIVERSITY, 2006).
5.2.6 Universidade Yale
O
Office of Facilities
da Universidade de Yale divulgou um documento recomendando a
economia de água devido a uma grande seca que ocorreu entre 2001 e 2002. O documento
impõe restrições à irrigação de áreas abertas e inicia com a avaliação dos sistemas de
distribuição de água da instituição. Ele traz também como recomendações a longo prazo
para a economia de água o uso de equipamentos que façam uso eficiente de água
(economizadores) em locais que passem por reformas ou novas construções (YALE
UNIVERSITY, 2002).
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
108
A Universidade também faz as seguintes recomendações para seus alunos:
a) usar máquinas de lavar roupas e louças somente quando estiverem com
a carga máxima;
b) re-utilizar a água quando possível (ex. usar a água onde foram cozidos
vegetais para a rega de plantas);
c) fechar a torneira ao escovar dentes e barbear;
d) tomar banho de chuveiro ao invés de banheira e cuidar para o banho ter
a menor duração possível;
e) lavar carros somente em locais que façam reuso de água;
f) regar jardins somente nos momentos mais frios do dia e evitar regar em
dias ventosos;
g) varrer caminhos e calçadas com vassoura e não com mangueira;
h) consertar vazamentos assim que possível.
O documento também reforça a importância do uso racional para que seja possível a
acumulação de água para momentos de seca como o que reforçou a importância da criação
do programa de conservação de água.
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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6 O ESTUDO NA UFRGS
Neste trabalho, seria desenvolvido, inicialmente, um estudo-piloto de implantação de
Programa de Uso Racional de Água (PURA) em um edifício da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS), seguindo a metodologia desenvolvida por Oliveira (1999), como já
foi anteriormente esclarecido. As necessidades estabelecidas para o início dos trabalhos de
implantação do programa eram:
a) um conjunto de cavalete e hidrômetro conectado em um ramal que
alimentasse somente um edifício – para que não tivesse que ser instalado um
hidrômetro para a realização do estudo;
b) medição do consumo de água no edifício numa série de três anos – para ser
possível a comparação antes / depois da implantação do programa;
c) ocupação sem alterações no último ano e manutenção dessas condições no
ano seguinte – para que fosse possível estimar com relativa precisão a
redução do consumo de água.
Foi iniciado, então, um estudo exploratório no Campus Central da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul para identificar os edifícios que se enquadravam nesses parâmetros.
Inicialmente foi identificado o prédio da Escola de Engenharia (sito à Av. Osvaldo Aranha, 99
- prédio 11105), conhecido como Prédio Novo. No entanto, com a transferência dos
departamentos de Engenharia de Minas, Metalúrgica e dos Materiais para o Campus do
Vale, quando do início desta pesquisa, houve uma alteração considerável na ocupação. Até
o final do desenvolvimento desta dissertação, o edifício encontra-se em obras em função
das alterações de ocupação. Em seguida, foi escolhido o prédio do antigo Instituto Parobé
(prédio 11107), que hoje abriga o Departamento de Engenharia Mecânica. Após ter iniciado
o levantamento pelo cadastramento dos pontos de consumo e detecção de vazamentos, foi
informado, tardiamente, pelo Setor de Manutenção Hidráulica da Prefeitura Universitária do
Campus Centro, que os ramais que alimentam esse edifício não são exclusivos. Eles
fornecem água também uma série de edifícios que ocupam o interior do Quarteirão 1 do
Campus Central (figura 23).
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
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Figura 23: planta do Quarteirão 1 do Campus Centro
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL, 2005b)
Nesse mesmo contato, a fim de identificar outro edifício no Campus Centro que pudesse
abrigar o estudo, foi informado pelo Setor de Manutenção Hidráulica da Prefeitura do
Campus Centro que nos dois quarteirões (figura 24) que abrigam grande parte dos edifícios
do Campus Centro a situação do sistema de abastecimento, reserva e distribuição de água
se encontram com a mesma configuração, ou seja, não se tem a informação de que prédios
os hidrômetros abastecem, que reservatórios alimentam e principalmente, não se tem uma
planta que documente por onde passam as canalizações. Dessa maneira, dos edifícios
existentes no Campus Centro (figura 25) somente nas unidades isoladas seria possível
identificar um conjunto de cavalete e hidrômetro que alimentasse somente um edifício.
Dentre as unidades isoladas, o edifício identificado que cumpria as exigências necessárias
para a implantação do programa foi o que abriga hoje a Escola de Administração (prédio
13701). Em contato com a Unidade de Ensino, foi constatado que o edifício está sofrendo
alterações no seu sistema hidráulico predial nos últimos três anos, além de ele não
representar a realidade da UFRGS, por ser uma unidade isolada e por ter grandes aportes
financeiros obtidos pela Unidade. Neste edifício, em um levantamento nos pontos de
consumo foi identificado que já estavam sendo adotadas medidas de racionalização do
consumo de água, dentre outras, torneiras hidromecânicas, torneiras com arejadores, bacias
sanitárias de volume de descarga reduzido, mictórios com acionamento por infravermelho.
Todas as especificações desses equipamentos foram feitas por projetistas que não integram
o quadro de funcionários da Universidade.
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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Figura 24: planta do Quarteirão 2 do Campus Centro
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL, 2005b)
Figura 25: foto de satélite de ambos os quarteirões do Campus
Centro (GOOGLE EARTH, 2006)
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
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Todas essas informações recolhidas no estudo exploratório demonstram que ocorrem na
UFRGS problemas relativos às informações, como, por exemplo sobre os pontos de
consumo e agentes consumidores de água. Está disponível a informação de quanto a
Instituição gasta de água, informação recolhida nos medidores pela concessionária e
repassada para uma planilha (anexo 1), porém não se sabe de que maneira e onde o
recurso é gasto, ou seja, não é feita a análise da informação.
Essa falta de documentação sobre os sistemas hidráulicos pode ser causada pela forma
como se deu a ocupação do Campus Centro. O início da ocupação do que hoje é conhecido
como Campus Centro data do final do século XIX e início do século XX, quando foram
construídos os hoje reconhecidos como Prédios Históricos. Eles inicialmente abrigavam
cursos de educação superior isolados e autônomos. Em 1934, eles foram unificados na
Universidade de Porto Alegre. Em 1947 ela passou a ser chamada de Universidade do Rio
Grande do Sul (URGS), abrigando ainda cursos em Pelotas e em Santa Maria, que
posteriormente foram desincorporados, criando a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Finalmente em 1950, a Universidade foi
federalizada, passando à administração da União.
Devido às dificuldades de encontrar um edifício que se enquadrasse nas características
necessárias para o desenvolvimento do estudo, a busca foi transferida para o Campus do
Vale (figura 26). Neste Campus, implementado mais recentemente, há o registro da relação
entre ramais e área abastecida (anexo 2), isto é, sabe-se quais edifícios são alimentados
por quais ramais. No entanto, o único edifício que tem um ramal de alimentação isolado, ou
seja, que alimenta somente um edifício, é o do Hospital de Clínicas Veterinárias, que foi
eliminado por estar em obras, por apresentar graves problemas com a destinação de
resíduos líquidos e por não representar o uso mais comum que se dá aos edifícios na
Universidade: não se enquadraria na idéia de realização de um estudo-piloto. Dessa forma,
foi necessário um recuo no foco da pesquisa que deixou de ser o edifício e passou a ser
uma fração do Campus do Vale, o Anel Viário (figuras 27 e 28).
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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Figura 26: Campus do Vale (GOOGLE EARTH, 2006)
Figura 27: Campus do Vale, em destaque o Anel Viário
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL, 2005b)
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
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Figura 28: imagem de satélite do Anel Viário (UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL, 2005a)
6.1 O CAMPUS DO VALE
Segundo Turkienicz et al. (2004) o Campus do Vale é um dos quatro campi pertencentes à
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) distribuídos ao longo da bacia do
arroio do Dilúvio na cidade de Porto Alegre. Ele compreende uma área de 665 hectares no
morro Santana com faces voltadas para o município de Viamão e para as avenidas Bento
Gonçalves e Protásio Alves.
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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O Campus do Vale abriga hoje aproximadamente 6.600 alunos, 1.300 funcionários e 900
professores. A ocupação do Campus do Vale tem sua origem no início do século passado
com a implantação da Faculdade de Agronomia e, mais tarde, do Instituto de Pesquisas
Hidráulicas (IPH). A ocupação se consolidou na década de 70, com a construção dos
prédios destinados aos Institutos de Biociências, de Ciência e Tecnologia dos Alimentos
(ICTA), de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), de Física, de Geociências, de Informática,
de Letras, de Matemática e de Química, no interior do chamado Anel Viário. O planejamento
que até agora orientou a ocupação do Campus do Vale se restringiu a uma pequena
parcela, aproximadamente 10% da área total, correspondente ao Anel Viário e à face
lindeira à Avenida Bento Gonçalves (TURKIENICZ et al. 2004).
O Campus do Vale é responsável por 51% do consumo de água na Universidade (figura 29)
e tem um consumo diário médio de 185 m³. O consumo per capita médio por dia é de 21,02
l/pessoa/dia, considerando-se toda a população com o mesmo peso de consumo.
DISTRIBUIÇÃO CONSUMO DE ÁGUA MÉDIA 3 ANOS
51%
6%
33%
10%
CAMPUS DO VALE
CAMPUS OLÍMPICO
CAMPUS CENTRO
CAMPUS SAÚDE
Figura 29: distribuição do consumo de água nos campi da UFRGS
6.2 O ANEL VIÁRIO: O CORAÇÃO DO CAMPUS DO VALE
Turkienicz et al. (2004) afirmam que o interior do Anel Viário constitui o elemento mais
emblemático, sob ponto de vista urbanístico do Campus do Vale. Ele concentra mais de
80% das atividades universitárias entre alunos, professores e funcionários do Campus do
Vale. A área já construída no interior do anel é de 132.000 m², prevê-se uma expansão para
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
116
183.300 m², podendo ser expandida para a área adjacente (setor 10) para abrigar as futuras
necessidades da Universidade (figura 27).
O Anel Viário detém 88 blocos com as seguintes ocupações:
a) Instituto de Química (IQ);
b) Instituto de Geociências;
c) Centro de Microscopia Eletrônica (CME);
d) Instituto de Física;
e) Instituto de Biociências;
f) Instituto de Matemática;
g) Centro de Vivência
h) Restaurante Universitário (RU);
i) Instituto de Letras;
j) Departamento de Obras de Projetos (DPO);
k) Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos (ICTA);
l) Módulo comercial (correios, agências bancárias, cafeterias, livraria, etc.);
m) Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(FAURGS);
n) Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH);
o) Instituto Latino-Americano de Estudos Avançados (ILEA);
p) Casa da Vegetação;
q) Centro de Ecologia;
r) Escola de Engenharia;
s) Herbário;
t) Centro de Biotecnologia (CBiot);
u) Casa do Estudante.
Um único ramal e respectivo hidrômetro abastecem o Anel Viário e ficam situados junto à
Avenida Bento Gonçalves, nas proximidades do número 9.802, na parte externa do Campus
(figura 30). O consumo médio anual desse ramal é de indicado na figura 30, considerando
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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os dados fornecidos para os anos de 2003, 2004 e 2005. O consumo médio mensal nos
últimos 30 meses foi de 1102 m³. Ele corresponde a cerca de 60% dos gastos com água da
Universidade (figura 32) e apresenta uma pressão hidráulica média de 50 mca (anexo 3).
Como se pode ver na figura 31, ele se encontra exposto, sem nenhuma proteção contra a
ação de vândalos.
Consumo Anel Viário UFRGS Anual (m³)
123,048.0 m³
115,501.0 m³
78,246.0 m³
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
2003 2004 2005
Ano
Consumo
ATÉ JUNHO
Figura 30: consumo de água no Anel Viário do Campus do Vale
Figura 31: hidrômetro do Anel Viário do Campus do Vale
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
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16 . 15 %
0.14%
1.59%
0.69%
5.74%
1.93%
1.62%
0.64%
0.65%
0.13%
0.62%
7.17%
0.02%
0.60%
59.88%
2.44%
IPH
Módulo Odont ologia
LEZO
Laborat ório de Erosão
Pós-Graduação em Agr onomia
Faculdade de Agr onomia
Agr onomia - Laborat ór io de Análises
Agr onomia - For rageira
Pat rimônio/ Marcenaria/ Serralheria
Veterinária - PROTOLAB
Veterinária - CDPA
Veterinária - HCV
Faculdade de Vet er inár ia
Laborat ório de Energia Solar
Anel Viário
Casa da Guarda
Figura 32: percentual de consumo de água entre os vários
hidrômetros do Campus do Vale
Desta forma, nos próximos itens, são apresentados detalhes do sistema hidráulico do Anel
Viário do Campus do Vale.
6.2.1 O uso da água e o sistema de alimentação do Anel Viário
No Anel Viário, a água é utilizada para consumo humano; alimentação de aparelhos
sanitários como bacias sanitárias, mictórios, chuveiros e duchas; rega de gramados e
jardins; na cozinha de restaurantes, dentre eles o Restaurante Universitário; usos diversos
em laboratórios.
Quanto ao seu sistema de alimentação, como foi mencionado anteriormente, todo o Anel
Viário é alimentado por um único ramal, que tem seu hidrômetro localizado junto à Av. Bento
Gonçalves, a cota desse hidrômetro é de 42 metros. Passando por esse hidrômetro, a água
é conduzida, por canalização em PVC enterrada até um reservatório inferior que tem
capacidade de 750.000 litros em duas câmaras, com cota de fundo de 44 metros. A água
passa por uma estação de bombeamento e é elevada, por canalização em PEAD enterrada
até o reservatório superior que tem as mesmas características de volume e câmaras do
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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reservatório inferior. A cota de fundo deste reservatório é 109 metros. Deste ponto, a água é
conduzida por gravidade por canalização enterrada em PVC até o setor 4 ou então até o
reservatório intermediário, que tem cota de fundo de 86 metros, 80 mil litros em duas
câmaras, que exerce a função de quebra-pressão, e, só então, alimentar todos os demais
setores do Anel Viário (figura 33). A água é distribuída desse ponto com canalização em
PVC, sendo na maior parte dos casos diretamente consumida, sendo exceções os casos
dos edifícios que têm reservatório (Restaurante Universitário (RU), Departamento de
Projetos e Obras (DPO), Instituto de Letras e o Instituto de Ciência e Tecnologia dos
Alimentos).
Figura 33: esquema de distribuição de água no
Anel Viário do Campus do Vale da UFRGS
Para seguir as diretrizes indicadas por Gonçalves et al. (1999b) para a racionalização do
uso de água para grandes consumidores, ao se planejar a implantação de um programa de
combate ao desperdício de água é fundamental se ter o conhecimento do sistema com o
qual se vai trabalhar. Para isso devem ser conhecidas muitas informações. São importantes
fontes de informação: os projetos arquitetônico e hidráulico, o histórico do consumo de água,
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
120
o levantamento da população e dos agentes consumidores. Isso possibilita o
estabelecimento de índices. No caso do Anel Viário do Campus do Vale não existe parte
dessa informação atualizada e pronta para uso para a determinação dos índices de
consumo. Esta informação encontra-se dispersa na estrutura da Universidade ou não existe,
como os projetos arquitetônico e hidráulico as built atualizado.
Reconhecido o sistema, foram verificados problemas de alimentação e reserva e a forma
como ocorre a sua manutenção. Esses pontos são detalhados nos itens a seguir.
6.2.1.1 Problemas encontrados no sistema de alimentação
Foram encontrados no sistema hidráulico de abastecimento de água do Anel Viário
problemas graves em parte devido à falta de manutenção e em parte devido à falta de
informações referentes ao sistema. Um exemplo disto é a inexistência de manutenção
preventiva de válvulas e registros: quando foi feita a limpeza dos reservatórios, foram
encontrados problemas de operação em quase todos controladores de fluxo.
Assim, em ambas as câmaras do reservatório inferior, foram encontrados os seguintes
problemas:
a) registro de entrada vazando;
b) registro de sucção das bombas com vazamento;
c) falta de bóia de nível;
d) expurgo interrompido ou obstruído;
e) caixas de inspeção dos expurgos sem tampa;
f) necessidade de fechamento do registro de entrada do ramal alimentador para
interromper a entrada de água no reservatório;
g) falta de crivo na sucção das bombas.
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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No reservatório superior foram encontrados os seguintes problemas em ambas as câmaras:
a) falta do registro de entrada das células;
b) expurgo interrompido ou obstruído;
c) caixas de inspeção dos expurgos sem tampa.
No reservatório intermediário não foram encontrados problemas que implicassem no maior
consumo de água durante a operação do sistema.
A operação do sistema de abastecimento de água do Anel Viário, no reservatório inferior
(750.000 litros), é realizada manualmente. Freqüentemente, a entrada de água da rede
pública do reservatório inferior permanece aberta durante o final de semana, ocorrendo a
perda de água pelo extravasor do reservatório durante longo período. Este fato tem levado
ao desperdício de água e de energia, tendo como causa falhas na operação. Faz-se
necessário, como ação de pré-implantação do programa de uso racional de água a
instalação de um sistema de automação na estação de bombeamento de água localizada ao
lado do reservatório inferior.
No inicio do levantamento sobre as condições de abastecimento do Anel Viário, ao se
buscar a documentação de limpeza e manutenção preventiva dos reservatórios, constatou-
se que ela não estava nos padrões exigidos pela Secretaria da Saúde do Estado do Rio
Grande do Sul. Assim, além de apresentar desperdício claro de água, por não ter em
funcionamento automatizado o conjunto de bombas de elevação e de torneira-bóia, o
reservatório também apresentava o risco de contaminação da água consumida pelos
usuários por falta de limpeza periódica.
6.2.1.2 Manutenção no sistema hidráulico do Anel Viário
A manutenção do sistema hidráulico que serve aos edifícios no Anel Viário é feita por dois
agentes. Nas áreas externas e em áreas de uso comum, como salas de aula e sanitários
públicos, ela é realizada pelo Setor de Manutenção Hidráulica da Prefeitura do Campus do
Vale que conta com 6 funcionários, sendo 5 deles técnicos em hidráulica e um auxiliar. Nas
áreas internas, de uso muitas vezes restrito de determinadas Unidades da Universidade, ela
é feita por funcionários existentes nos quadros da Unidade. Caso a Unidade que necessita
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
122
de determinado serviço de manutenção não tem em seus quadros funcionários capacitados,
o serviço pode ser solicitado à Prefeitura.
A solicitação de manutenção à Prefeitura do Campus do Vale deve ser feita com o
formulário apresentado no anexo 4, pessoalmente ou por fax. Não existe registro das
solicitações de manutenção. Está sendo implementada uma solicitação de manutenção via
Internet no site da Universidade, tendo iniciado um período de testes em julho de 2006.
Na busca para uma solução do problema de falta de recursos e mão-de-obra, o atual
prefeito do Campus do Vale tem buscado desenvolver um programa de manutenção
denominado
Manutenção Criativa
, que ele apresenta em Muniz (2005). Neste documento,
o prefeito reconhece que a manutenção é essencial ao bom desempenho das práticas
acadêmicas. Afirma que com a implantação da Manutenção Criativa ele busca condições
de trabalho adequadas para os técnicos, capacitação técnica, utilização de tecnologias,
práticas e técnicas para garantir a recuperação e manutenção da infra-estrutura da
Universidade.
Dessa forma, Muniz (2005) afirma ser necessário o desenvolvimento dos seguintes pontos
para uma manutenção mais efetiva do Campus do Vale:
a) plano de manutenção por sistema / equipamento;
b) desenvolvimento de sistema de gerenciamento informatizado;
c) atuação da manutenção pelo histórico de falhas;
d) desenvolvimento da solicitação de serviço eletrônica;
e) definição de indicadores para o monitoramento dos processos de
manutenção;
f) criação de banco de dados;
g) implantação de melhorias na estrutura e nas práticas;
h) gerenciamento e estabelecimento de rotinas.
Como subprogramas da Manutenção Criativa, o autor propõe o Programa Manter, que tem
como base os princípios da manutenção produtiva total, e o Programa Organizar, que é
baseado nos princípios geradores do programa 5S. O autor afirma que as principais
dificuldades da implantação de um programa de manutenção na UFRGS são:
a) diversidade de atividades acadêmicas desenvolvidas na Universidade;
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
123
b) diversidade de projetos nas unidades de ensino;
c) dispersão geográfica;
d) necessidade de melhorar o nível de capacitação dos trabalhadores;
e) falta de sinergia entre manutenção, almoxarifado, operação e engenharia
(DPO);
f) existência de somente manutenção reativa por um longo período;
g) existência de diferentes processos de gestão da manutenção na estrutura
da Universidade.
A equipe de manutenção hidráulica é reduzida e atualmente não existe um programa
consolidado de manutenção preditiva no Campus do Vale. Além das atividades de
manutenção reativa, a equipe ainda é responsável pela operação dos reservatórios do Anel
Viário, uma vez que eles são operados manualmente. Com a instalação de um sistema de
automação, seria melhorada a confiabilidade do sistema de abastecimento e reserva de
água fria da Universidade, seriam reduzidas as perdas de água e haveria uma redução do
consumo de energia elétrica. Outro benefício decorrente da instalação de um sistema de
automação seria a liberação do pessoal responsável pela manutenção encarregado da
operação do sistema para atender outras demandas.
6.3 AÇÕES DE PRÉ-IMPLANTAÇÃO DE UM PURA NO ANEL VIÁRIO
DO CAMPUS DO VALE
Silva et al. (2004) recomendam que nas ações de pré-implantação sejam definidos as
prioridades do programa de uso racional de água e os locais com maior potencial de
redução de consumo. No caso do Anel Viário do Campus do Vale, como existe somente um
hidrômetro para registrar o consumo de água nos quatro setores, seria recomendável, antes
da definição das ações e etapas de implantação por tipologia, a instalação de hidrômetros
em cada um dos setores, para que fosse possível a identificação de qual deles apresenta o
maior consumo. Foi feita essa solicitação ao Departamento Municipal de Águas e Esgotos
(DMAE) pela prefeitura do Campus do Vale e os hidrômetros foram cedidos. No entanto,
quando foi pretendida a determinação dos pontos de instalação dos mesmos, não foi
possível prosseguir uma vez que não foi possível acessar a documentação referente ao
sistema de distribuição de água no Anel. Posteriormente à determinação do consumo de
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água por setor, devem ser feitos o levantamento das tipologias de uso existentes neles e a
determinação das fases de implantação do Programa e suas durações.
Silva et al. (2004, p. 3) destacam a importância da busca por parcerias externas para o
desenvolvimento de um programa de uso racional de água. Os autores recomendam, que a
exemplo da USP, sejam buscadas parcerias com a concessionária e com os fabricantes de
equipamentos e sistemas. Assim, ter-se-ia desses parceiros “[...] um compromisso de
assistência técnica permanente, o desenvolvimento tecnológico constante e a solução
conjunta dos problemas.”. A UFRGS tem com o DMAE um acordo de apoio ao
desenvolvimento de atividades em conjunto (anexo 5), esse poderia ser o embrião de um
novo acordo que buscasse e incentivasse a implantação de um PURA.
Após os trabalhos de pré-implantação de um PURA, passa-se ao aprofundamento do
diagnóstico que, como salienta Silva (2004), deve contemplar aspectos físicos, funcionais e
gerenciais do sistema, incluindo as seguintes informações sobre os edifícios em que o
programa será implementado e os equipamentos utilizados nas atividades desenvolvidas no
edifício:
a) localização na Universidade;
b) população, tipologia de uso, regime ou ocupação, necessidades dos
usuários;
c) área, idade e condições atuais das edificações;
d) materiais, equipamentos, idade, condições, rotinas de operação e
manutenção, ligações e consumo dos sistemas prediais de água fria;
e) atividades nas quais há necessidade de água, incluindo aspectos
quantitativos e qualitativos.
Gonçalves et al. (1999b) consideram importante a análise dos seguintes itens para a
formação de uma base de dados para o desenvolvimento de um programa de uso racional
de água:
a) projeto arquitetônico;
b) projeto hidráulico;
c) histórico do consumo de água;
d) levantamento da população ou agentes consumidores;
e) índices de consumo;
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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f) levantamento de valores de índices de consumo.
Como ação de estruturação do programa, Silva (2004) afirma que se pode adotar a
formação de comissões, uma na Direção da Universidade (Reitoria) e outras no nível das
Unidades (Faculdades, Escolas, Institutos, dentre outras unidades administrativas). A autora
também ressalta a importância da atribuição de responsabilidades dentro das comissões,
fazendo com que seus membros tenham real empenho na concretização da implantação do
PURA. A autora também ressalta a importância da parceria da Universidade com a
concessionária de água para que sejam trocados tecnologias e conhecimentos, como foi
feito no caso da Universidade de São Paulo.
A comissão central, após analise de dados que caracterizem as condições do sistema
hidráulico, deve partir para as atividades de pré-implantação (figura 34). Devem estar dentre
elas a definição de prioridades e os locais com maior potencial de redução de consumo de
água. Com isso, define-se o cronograma de implantação, isso quer dizer, em quantas fases
o programa vai ser implementado, qual a seqüência de implantação e qual o tempo de
duração previsto para as intervenções.
Figura 34: passos de pré-implantação de PURA
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Uma das principais ações de pré-implantação de um Programa de Combate ao Desperdício
de Água na UFRGS seria a construção de um banco de dados para auxiliar na elaboração
de uma estratégia de intervenção. Este banco deverá conter informações relativas ao
consumo e à rede de distribuição, uso e destinação final de água. Ele deverá trazer a maior
quantidade de informações possíveis, que embasem e facilmente apóiem a tomada de
decisões no que diz respeito ao uso racional de água. Nele, também deverão ser
organizadas as informações que servirão de arquivo histórico do programa, podendo ser
usadas para se determinar a sua eficiência. O banco de dados também deve ter a função de
organizar a informação que hoje se encontra dispersa na estrutura da Universidade.
Para a elaboração deste banco de dados deve-se documentar, com detalhes, as ligações de
água dentro da área prevista para a implantação do programa de uso racional de água. Esta
atividade é de fundamental importância para o conhecimento dos pontos de consumo. É
necessário também que se mantenha constante o abastecimento do banco de dados com
informações do setor de manutenção. Todas as modificações no sistema hidráulico do Anel
Viário deveriam ser atualizadas no banco de dados, como alterações na rede, substituição
de hidrômetros, troca de pontos de consumo ou, ainda, alterações na tipologia de uso.
É importante, também, que no decorrer do desenvolvimento do Programa, para um maior
controle do consumo de água dentro do Anel Viário do Campus do Vale da UFRGS, que
seja implantado um sistema de medição setorizada. Este sistema possibilitará uma maior
precisão de dados colhidos, fazendo com que se identifique eventuais causas de
desperdício e aumento de consumo. Também se faz necessário, integrando esse banco de
dados e sistema de medição setorizada, uma ouvidoria de manutenção que receberá
notificações de problemas no sistema hidráulico, como vazamentos e avaria nos
equipamentos. Deve ser desenvolvido em paralelo à ouvidoria de manutenção, um plano de
manutenção preventiva, que seja responsável pela conservação do sistema e dos
equipamentos em condições de uso econômico. O incentivo da participação da comunidade
discente e docente se faz necessário pois somente com a integração dos usuários do
sistema se consegue uma total adesão e apoio ao programa.
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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6.4 ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO DE UM PURA NO ANEL VIÁRIO
Conforme recomendado por Oliveira (1999) a implantação do programa seria iniciada no
sistema hidráulico externo e seria seguido pelo sistema hidráulico interno. No entanto, numa
primeira etapa de implantação do programa de uso racional de água no Anel Viário deve ser
feito o levantamento do histórico de consumo por setor.
6.4.1 Sistema hidráulico externo
O sistema hidráulico externo compreende o sistema de abastecimento, medição, reserva e
distribuição de água. A implantação de um programa de uso racional de água deve seguir as
seguintes etapas:
a) elaboração de levantamento documental dos sistemas hidráulicos
(projeto arquitetônico, projeto hidráulico e memorial descritivo);
b) detecção de vazamentos e eventuais patologias que comprometam a
conservação e a qualidade da água;
c) correção de vazamentos e patologias;
d) avaliação das possibilidades de aplicação de ações de economia de água
no sistema hidráulico externo;
e) avaliação das possibilidades de implantação de um sistema de medição
setorizada e de um sistema de informação.
6.4.2 Sistema hidráulico interno
É comporto pelo sistema de distribuição de água interno à edificação e o sistema de
equipamentos e aparelhos sanitários. A implantação do programa de uso racional de água
no sistema hidráulico interno dos edifícios do Anel Viário do Campus do Vale deve se
desenvolver da seguinte maneira:
a) elaboração de levantamento documental dos sistemas hidráulicos
(projeto arquitetônico, projeto hidráulico e memorial descritivo);
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
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b) elaboração de campanha educativa para conscientização dos usuários
sobre as atividades que estão sendo desenvolvidas no programa (para
justificar aos usuários possíveis incômodos);
c) elaboração de levantamento
in loco
dos componentes do sistema
hidráulico;
d) elaboração de levantamento de hábitos de consumo de água (tipologias
de consumo);
e) treinamento de agentes responsáveis pela manutenção dos sistemas
hidráulicos prediais;
f) detecção de vazamentos (pode ser realizada concomitantemente ao item
c);
g) eliminação de vazamentos;
h) elaboração de um plano de intervenção para cada edifício estudado,
i) substituição de equipamentos sanitários convencionais por
economizadores, segundo avaliação caso a caso;
j) adoção, dentro das possibilidades condicionadas pelas necessidades dos
usuários, de práticas mais eficientes de consumo de água;
k) difusão de campanha de uso racional de água e treinamento dos
usuários sobre a melhor utilização de equipamentos economizadores de
água;
l) avaliação de resultados.
Para a implantação efetiva de um Programa de Uso Racional de Água é importante que se
tenha o empenho da administração da universidade. Em muitos dos casos, que foram
apresentados no capítulo anterior, de Programas de Uso Racional de Água que foram
implementados em universidades, houve algum evento que impulsionou o desenvolvimento.
Esses eventos podem ser desde o início da cobrança pela água utilizada até a necessidade
de aumento da área construída do campus e o comitê da bacia não permitir que o consumo
de água fosse aumentado por conta disso.
Para a concretização da implantação de um Programa de Uso Racional de Água é de
fundamental importância a vontade política da administração da Universidade. Somente
dessa maneira é possível fazer com que todos os usuários da Universidade se tornem
participantes do programa e trabalhem para a sua implantação e manutenção. O capítulo
anterior trouxe as experiências com programas de conservação de água em universidades
no Brasil e no Exterior. Os exemplos apresentados trouxeram experiências bem sucedidas,
programas em implantação e iniciativas mal-sucedidas. Com todos os dados apresentados
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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no capítulo pode-se afirmar que é se suma importância que a UFRGS tome uma posição
frente aos problemas de escassez de água e do seu papel de celeiro de ações para a
modificação da sociedade.
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em uma época como a que hoje se vive, na qual episódios de escassez de água são cada
dia mais freqüentes, é necessário que se tome uma providência para otimizar a utilização do
recurso para que ele esteja aqui disponível para as gerações futuras. A exemplo de
Universidades no Brasil e nos Estados Unidos, as Instituições de Ensino Superior tem
características que as tornam importantes pontos de referência quando se trata de
economia de água: são grandes consumidoras e podem atuar como referência para seus
alunos na sua vida na Universidade e particular.
Conhecido o Programa de Uso Racional de Água da USP, buscou-se verificar como em
outras Universidades brasileiras o assunto era tratado. Infelizmente os casos verificados
foram poucos. Ampliando a referência, a procura se estendeu às Universidades
estrangeiras. Pesquisando nas mais renomadas Instituições da Inglaterra, Holanda, França,
Portugal, Alemanha e Estados Unidos, foi nas universidades americanas que as referências
foram mais detalhadas e, portanto, possíveis de serem incluídas neste trabalho. Mesmo não
tendo a abrangência desejada, pode-se perceber que não é uma preocupação tipicamente
brasileira, mas um problema a ser enfrentado em todo o Planeta.
As intenções iniciais deste trabalho de implementar um estudo-piloto em um edifício da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul como forma de incentivar a implantação de um
Programa de Uso Racional de Água nesta Instituição se mostraram infrutíferas. Conclui-se
que, atualmente, não existem condições, dentro da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul para o desenvolvimento de tal ação, sem a existência de intervenções prévias na infra-
estrutura instalada. O quadro que se mostrou no decorrer do desenvolvimento deste
trabalho foi falta de controle, planejamento e manutenção dos sistemas prediais. Não é
realizada manutenção preventiva e, a manutenção reativa, atendendo a solicitações
específicas, muitas vezes demora a ser realizada.
As mudanças e as tentativas de modificação de políticas e práticas no Campus do Vale
podem ser consideradas como atividades isoladas dentro da estrutura da Universidade. São
ações que partem do prefeito (que tem cargo por indicação, do coordenador da
Superintendência de Infra-Estrutura) e podem simplesmente deixar de ocorrer depois das
próximas eleições para a administração da Universidade. É preocupante que dentro de um
dos principais centros produtores do conhecimento do Brasil, a situação se encontre de
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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maneira tão crítica em relação à manutenção, operação e configuração dos sistemas
prediais. Existe o conhecimento desta realidade, mas sem uma política global, talvez
incentivada por alguma motivação exterior, como aconteceu na Universidade de Brasília,
provavelmente nada ocorrerá. No caso do Campus do Vale, somente os atuais responsáveis
pela manutenção hidráulica têm conhecimento do sistema hidrossanitário e sua história nas
últimas décadas. Como essas pessoas estarão aposentadas em um prazo máximo de três
anos, as informações tendem a se perder. Há a impressão que as informações não chegam
aos administradores, ou então, que os administradores preferem não ver a situação precária
em que a Universidade se encontra.
No caso da UFRGS, as ações de pré-implantação de um PURA devem ser iniciadas por
ações que busquem o comprometimento da direção da Universidade. Isso quer dizer, a
Administração Central deve estar ciente e deverá cobrar a participação das demais
Unidades envolvidas no processo. A busca por parcerias e acordos com a concessionária
de águas e esgotos e com fabricantes de elementos dos sistemas prediais é fundamental
para a implantação do programa. É de fundamental importância para o sucesso de um
Programa de Uso Racional de Água que ele seja permanente, que ele transcenda as
pessoas e políticas momentâneas dos que ocupam cargos administrativos. Desta maneira,
é de suma importância a participação de todos os envolvidos com a Universidade sejam
conscientizados sobre a conservação de água, seus benefícios diretos e indiretos. Para que
seja possível a permanência do PURA mesmo com alterações na administração, a
permanência por algumas décadas dos docentes e funcionários e a constante renovação
dos discentes.
Para a implantação de um Programa de Uso Racional de Água na UFRGS recomenda-se
que sejam desenvolvidos estudos mais aprofundados sobre a situação dos sistemas
hidráulicos na Universidade. O aprofundamento do conhecimento, permitirá que sejam
definidas com maior precisão etapas e metas para o Programa. De certa forma, mesmo não
tendo sido possível atingir o objetivo inicial deste trabalho, foi possível conhecer as reais
condições da Instituição nos dias de hoje e os empecilhos que serão encontrados para uma
posterior implantação de programa de conservação de água. Apesar das boas intenções e
da pronta colaboração da Prefeitura do Campus do Vale, não foi possível passar da etapa
de reconhecimento do problema e das dificuldades para uma implantação de fato.
A este trabalho coube fazer a primeira tomada de conhecimento sobre as condições dos
sistemas. Este documento busca mostrar as condições precárias em que se encontram os
sistemas prediais e de manutenção da Universidade, e ainda que são necessárias que
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Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
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sejam iniciadas ações para melhoria e modernização dos mesmos. A obsolescência e o
descaso com a manutenção preventiva dos sistemas prediais faz transparecer um quadro
que não corresponde a uma Universidade cuja produção intelectual é reconhecida
mundialmente: suas instalações não podem permanecer estacionadas no século passado.
De nada adianta a preservação, por exemplo, dos chamados Prédios Históricos, se os
prédios que abrigam a grande maioria dos alunos, docentes e funcionários, não só impedem
a implantação de um PURA como, muitas vezes, não apresentam condições mínimas de
manutenção.
Como sugestões para trabalhos futuros tem-se o desenvolvimento mais aprofundado das
possibilidades de implantação e, posteriormente, da implantação propriamente dita de um
Programa de Uso Racional de Água na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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Estudo Exploratório de Programas de Uso Racional de Água em Instituições de Ensino Superior e a pré-
implantação no Anel Viário do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
139
ANEXO 1 – CONSUMO DE ÁGUA NA UNIVERSIDADE FEDERAL
DO RIO GRANDE DO SUL
UFRGS / PROINFRA / PREFEITURA UNIVERSITÁRIA
ENDEREÇO RAMAL HIDRÔMETRO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
1 Av. Bento Gonçalves, 10600 1,225,162 G00SV00046 3,300 2,911 2,165 2,917 3,015 2,935 3,573 3,191 2,277 2,348 1,633 1,633
31,898
3 Av. Bento Gonçalves, 7570 879,037 10000720 8 43 32 28 13 6 33 35 25 28 23 23
297
4 Av. Bento Gonçalves, 7712 2,402,335 1922779 170 479 292 311 217 206 216 195 206 103 123 123
2,641
5 Av. Bento Gonçalves, 7712 879,029 24000640 228 139 175 112 113 79 105 76 87 110 149 149
1,522
6 Av. Bento Gonçalves, 7712 879,002 15000667 5,147 5,383 4,873 6,798 6,634 6,955 7,543 6,840 6,807 8,741 5,139 5,139
75,999
7 Av. Bento Gonçalves, 7712 879,010 26000034 375 273 391 311 233 240 255 255 248 309 257 257
3,404
8 Av. Bento Gonçalves, 7712 / A 2,111,454 10012224 373 310 362 389 384 435 361 399 398 163 139 139
3,852
9 Av. Bento Gonçalves, 7712 / B 2,111,462 10017596 81 132 49 28 31 31 29 25 28 50 62 62
608
10 Av. Bento Gonçalves, 8670 878,987 E96L000475 65 114 154 169 124 114 133 88 112 150 80 80
1,383
11 Av. Bento Gonçalves, 8794 878,979 1962768 24 5 30 7 18 18 1 24 14 33 16 16
206
2 Av. Bento Gonçalves, 8824 2,116,235 A94l053313 156 68 120 130 99 98 74 83 85 102 99 99
1,213
12 Av. Bento Gonçalves, 9090 878,952 E96L000262 1,155 1,812 1,404 1,490 1,345 1,111 512 270 220 337 220 220
10,096
13 Av. Bento Gonçalves, 9090 2,231,719 23000869 1 0 0 0 1 2 1 2 2 1 5 5
20
14 Av. Bento Gonçalves, 9320 878,960 211722 106 0 3 106 79 60 60 76 65 55 65 65
740
15 Av. Bento Gonçalves, 9802 878,944 280000005 4,665 0 0 5,821 6,565 3,416 7,209 2,868 5,352 3,076 9,699 9,699
58,370
16 Av. Des. André da Rocha, 64 691,534 26000091 1,279 1,071 1,440 1,584 1,488 1,425 1,472 1,458 1,262 1,305 1,068 1,068
15,920
17 Av. Ipiranga, 2752 983,462 211870 58 48 55 49 75 62 77 81 89 66 73 73
806
18 Av. João Pessoa, 116 671,754 15000314 254 272 336 351 348 363 348 262 299 228 356 356
3,773
19 Av. João Pessoa, 41 691,577 24000198 1,336 1,215 1,424 1,661 1,605 1,213 1,462 1,817 1,475 1,457 976 976
16,617
20 Av. João Pessoa, 415 1,008,080 23001899 15 21 16 17 17 18 18 18 17 15 17 17
206
21 Av. João Pessoa, 52 671,746 E96L000350 82 59 81 78 82 77 113 107 100 84 88 88
1,039
22 Av. João Pessoa, 99999 671,738 1911027 81 78 89 97 88 98 119 136 129 105 186 186
1,392
23 Av. Osvaldo Aranha, 277 755,540 1910787 31 2 6 28 14 13 8 21 52 18 44 44
281
24 Av. Osvaldo Aranha, 99 671,789 26000329 4,197 4,919 4,658 4,868 5,185 5,034 5,065 5,206 4,973 2,163 1,831 1,831
49,930
25 Av. Osvaldo Aranha, 99999 671,797 1920275 172 103 112 101 106 104 150 145 78 68 82 82
1,303
26 Av. Osvaldo Aranha, 99999 671,770 1911032 104 132 100 72 76 63 103 68 67 58 74 74
991
27 Av. Paulo Gama, 99999 755,567 1910112 1,715 373 472 400 620 376 330 309 467 3,875 2,458 2,458
13,853
28 Av. Paulo Gama, 99999 755,575 15000678 1,747 840 1,621 1,621 0 0 357 740 1,127 526 684 684
9,947
29 Av. Paulo Gama, 99999 755,559 1910504 367 198 159 177 67 137 215 123 101 146 92 92
1,874
30 Av. Paulo Gama, 99999 972,053 - 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0
31 Av. Protásio Alves, 297 983,438 1911076 274 188 209 231 146 195 191 177 115 130 141 141
2,138
32 Av. Protásio Alves, 9339 640,190 A01S557408 892 1,157 608 794 980 796 712 900 884 760 651 651
9,785
33 Av. Sen. Salgado Filho, 340 665,169 10009462 52 9 13 20 14 123 134 12 6 6 10 10
409
34 Praça Argentina, 99999 671,762 - 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0
35 Rua Eng. Luiz Englert, 18 755,516 212023 467 612 332 318 343 248 322 328 340 380 291 291
4,272
36 Rua Felizardo Furtado, 488 2,115,360 1911070 1 0 0 0 0 0 3 0 2 3 1 1
11
37 Rua Felizardo, 750 960,772 211101 1,309 111 1,354 1,668 1,309 1,617 1,946 1,807 1,644 1,476 1,630 1,630
17,501
CONTROLE DO CONSUMO DE ÁGUA 2002
38 Rua Gen. Vitorino, 251 664,910 211496 0 39 48 55 36 31 44 39 36 39 70 70
507
39 Rua Jacinto Gomes, 540 983,047 24000542 123 92 163 164 105 111 148 144 137 99 134 134
1,554
40 Rua Jacinto Gomes, 700 983,365 1921498 295 268 495 611 511 196 439 382 441 536 459 459
5,092
41 Rua Jacinto Gomes, 700 983,357 23000599 39 44 38 30 20 15 18 23 28 36 39 39
369
42 Rua Ramiro Barcelos, 2492 983,411 25000041 1,346 962 1,550 1,692 1,230 1,154 1,358 1,550 1,194 971 1,150 1,150
15,307
43 Rua Ramiro Barcelos, 2492 / 99 2,440,644 1922269 312 320 446 536 446 409 459 513 467 483 460 460
5,311
44 Rua Ramiro Barcelos, 2600 983,403 E01S001379 536 287 886 612 276 308 636 655 503 392 734 734
6,559
45 Rua Salvador França, 1700 960,748 E00S000182 404 595 858 997 817 1,011 1,111 919 808 1,132 864 864
10,380
46 Rua São Manoel, 543 2,726,629 A90L117990 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0
47 Rua São Manoel, 543 / 99 2,726,661 234280 30 17 45 58 37 42 41 25 37 39 48 48
467
48 Rua São Manoel, 573 983,446 925102 78 117 155 146 139 147 137 122 189 142 122 122
1,616
49 Rua São Manoel, 963 983,454 1910269 392 192 289 378 371 436 669 723 577 329 382 382
5,120
50 Rua Sarmento Leite, 425 671,800 D91L012069 1,055 1,052 960 979 1,010 781 552 508 554 434 613 613
9,111
54 Rua Sarmento Leite, 425 671,819 201460 85 98 61 60 92 71 22 20 41 58 84 84
776
51 Rua Sarmento Leite, 426 755,524 23001354 1,436 2,082 2,116 1,080 89 84 104 92 89 84 111 111
7,478
52 Rua Sarmento Leite, 500 755,508 211439 148 153 165 181 171 165 178 136 135 181 145 145
1,903
53 Rua Sarmento Leite, 99999 755,532 E01S001519 1,612 1,856 1,815 1,761 341 314 286 253 217 1,234 1,576 1,576
12,841
55 Rua Senhor dos Passos, 248 661,155 20055551 26 54 88 98 51 22 106 139 138 71 94 94
981
56 Rua Senhor dos Passos, 248 661,163 211865 120 107 108 109 87 79 134 95 97 54 79 79
1,148
57 Rua Washington Luiz, 855 755,354 24000189 0 35 216 147 118 108 120 109 132 132 135 135
1,387
38,324 31,447 33,637 42,446 37,381 33,152 39,812 34,589 34,973 34,921 35,761 35,761 432,204
432204 31359 13.7824548
TOTAIS NOS MESES
UFRGS / PROINFRA / PREFEITURA UNIVERSITÁRIA
RAMAL HIDRÔMETRO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Av. Des. André da Rocha, 64 691,534 26000091 1,147 822 931 898 1,052 1,077 1,009 1,153 864 1,143 989 989
12,074
Av. João Pessoa, 116 671,754 15000314 313 31 178 118 188 161 284 196 135 249 195 195
2,243
Av. João Pessoa, 41 691,577 24000198 1,136 1,032 969 867 998 945 1,118 1,148 942 1,361 1,260 1,260
13,036
Av. João Pessoa, 415 1,008,080 23001899 16 137 157 143 71000000
461
Av. João Pessoa, 52 671,746 E96L000350 87 132 73 49 98 73 236 105 58 55 76 76
1,118
Av. João Pessoa, 99999 671,738 1911027 159 149 72 89 104 88 136 99 82 91 133 133
1,335
Av. Osvaldo Aranha, 277 755,540 1910787 35 328 156 66 41 41 15 59 38 26 115 115
1,035
Av. Osvaldo Aranha, 99 671,789 26000329 1,357 1,438 1,468 1,722 1,676 1,622 740 1,152 1,063 1,105 982 982
15,307
Av. Osvaldo Aranha, 99999 671,797 1920275 77 122 65 107 92 88 61 65 55 80 103 103
1,018
Av. Osvaldo Aranha, 99999 671,770 1911032 69 34 31 23 50 35 44 54 21 54 53 53
521
Av. Paulo Gama, 99999 755,567 1910112 00011103243302865581,627 525 525
4,286
Av. Paulo Gama, 99999 755,575 15000678 631 748 612 664 788 688 912 1,080 934 1,353 855 855
10,120
Av. Paulo Gama, 99999 755,559 1910504 110 1,488 354 354 285 331 340 0 0 29 268 268
3,827
Av. Paulo Gama, 99999 972,053 - 000000000000
0
Av. Sen. Salgado Filho, 340 665,169 10009462 9 14 16 15 11 14 15 13 8 10 11 11
147
Praça Argentina, 99999 671,762 - 000000 - - - - - -
0
Rua Eng. Luiz Englert, 18 755,516 212023 321 326 279 328 299 302 261 253 204 209 243 243
3,268
Rua Gen. Vitorino, 251 664,910 211496 60 29 35 39 45 40 49 68 38 62 34 34
533
Rua Sarmento Leite, 425 671,800 D91L012069 553 380 559 635 504 566 411 494 723 543 492 492
6,352
Rua Sarmento Leite, 425 671,819 201460 75 329 282 412 279 297 353 241 239 99 193 193
2,992
Rua Sarmento Leite, 426 755,524 23001354 102 55 90 121 119 110 157 410 405 428 430 430
2,857
Rua Sarmento Leite, 500 755,508 211439 157 91 113 115 129 119 142 148 228 146 141 141
1,670
Rua Sarmento Leite, 99999 755,532 E01S001519 1,270 1,283 1,316 1,422 1,286 1,341 212 171 156 260 242 242
9,201
Rua Senhor dos Passos, 248 661,155 20055551 86 165 68 63 49 60 178 96 7 26 63 63
924
Rua Senhor dos Passos, 248 661,163 211865 71 108 59 38 91 63 145 79 46 87 94 94
975
Rua Washington Luiz, 855 755,354 24000189 134 87 95 160 225 184 205 192 288 213 219 219
2,221
7,975 9,328 7,978 8,449 8,526 8,570 7,353 7,562 7,092 9,256 7,716 7,716 97,521
RAMAL HIDRÔMETRO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Av. Ipiranga, 2752 983,462 211870 53 58 66 77 83 63 104 84 83 72 63 63
869
Av. Protásio Alves, 297 983,438 23000505 46 40 67 58 75 98 106 90 105 68 64 64
881
Rua Jacinto Gomes, 540 983,047 24000542 133 149 98 88 158 158 170 151 85 167 237 237
1,831
Rua Jacinto Gomes, 700 983,365 23001663 0 0 0 536 463 319 356 395 413 520 664 664
4,330
Rua Jacinto Gomes, 700 983,357 23000599 31 14 26 31 45 54 57 71 71 73 112 112
697
Rua Ramiro Barcelos, 2492 983,411 25000041 1,651 1,338 1,157 1,076 1,288 1,356 1,476 1,380 1,246 1,163 1,291 1,291
15,713
Rua Ramiro Barcelos, 2492 / 99 2,440,644 1922269 301 425 391 502 469 459 450 494 542 480 516 516
5,545
Rua Ramiro Barcelos, 2600 983,403 E01S001379 104 307 387 392 577 399 529 367 520 486 430 430
4,928
Rua São Manoel, 543 2,726,629 A90L117990 00000 - - -- - - -
0
Rua São Manoel, 543 / 99 2,726,661 234280 0 5 49 48 42 - - - - - - -
144
Rua São Manoel, 573 983,446 925102 133 102 115 109 127 133 127 134 131 72 127 127
1,437
CONSUMO DE ÁGUA 2003
CAMPUS CENTRO
SOMA
ENDEREÇO
ENDEREÇO
CAMPUS DA SAÚDE
Rua São Manoel, 963 983,454 1910269 371 215 180 389 226 317 300 240 286 316 331 331
3,502
2,823 2,653 2,536 3,306 3,553 3,356 3,675 3,406 3,482 3,417 3,835 3,835 39,877
RAMAL HIDRÔMETRO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Rua Felizardo, 750 960,772 211101 1,579 1,501 1,718 1,839 1,768 1,478 1,695 1,695 1,695 1,504 1,583 1,583
19,638
Rua Salvador França, 1700 960,748 E00S000182 864 388 813 1,455 882 994 729 825 759 709 698 698
9,814
2,443 1,889 2,531 3,294 2,650 2,472 2,424 2,520 2,454 2,213 2,281 2,281 29,452
ENDEREÇO RAMAL HIDRÔMETRO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Av. Bento Gonçalves, 10600 1,225,162 G00SV00046 3,412 2,642 1,681 2,578 2,353 1,744 2,435 2,426 2,348 2,398 2,396 2,396
28,809
Av. Bento Gonçalves, 7570 879,037 10000720 41 28 32 16 19 22 28 25 8 13 25 25
282
Av. Bento Gonçalves, 7712 2,402,335 1922779 285 301 461 480 390 471 296 163 163 126 174 174
3,484
Av. Bento Gonçalves, 7712 879,029 24000640 319 208 158 158 107 65 74 85 76 91 146 146
1,633
Av. Bento Gonçalves, 7712 879,002 15000667 5,139 5,139 5,139 534 481 599 211 430 0 22 211 211
18,116
Av. Bento Gonçalves, 7712 879,010 26000034 208 258 194 236 275 213 235 265 336 432 425 425
3,502
Av. Bento Gonçalves, 7712 / A 2,111,454 10012224 252 350 286 322 265 278 223 297 327 269 272 272
3,413
Av. Bento Gonçalves, 7712 / B 2,111,462 10017596 75 49 77 38 20 29 44 172 30 96 108 108
846
Av. Bento Gonçalves, 8670 878,987 E96L000475 105 84 72 82 87 61 103 180 141 98 83 83
1,179
Av. Bento Gonçalves, 8804 878,979 1962768 16 14 15 22 53 26 19 21 20 20 19 19
264
Av. Bento Gonçalves, 8824 2,116,235 A94l053313 225 120 132 104 72 61 66 104 127 168 87 87
1,353
Av. Bento Gonçalves, 9090 878,952 E96L000262 648 120 329 1,100 1,434 1,128 1,099 1,457 1,098 1,292 1,247 1,247
12,199
Av. Bento Gonçalves, 9090 2,231,719 23000869 1 3 3 13 33243333
44
Av. Bento Gonçalves, 9320 878,960 211722 153 127 57 169 100 60 60 76 75 104 272 272
1,525
Av. Bento Gonçalves, 9802 878,944 280000005 10,140 10,612 8,976 9,972 10,443 8,174 11,821 11,436 10,103 11,779 9,796 9,796
123,048
Av. Protásio Alves, 9339 640,190 A01S557408 529 609 498 554 348 446 449 284 343 337 382 382
5,161
21,548 20,664 18,110 16,378 16,450 13,380 17,165 17,425 15,198 17,248 15,646 15,646 204,858
34,789 34,534 31,155 31,427 31,179 27,778 30,617 30,913 28,226 32,134 29,478 29,478 371,708
69,712.58 67,523.67 85,049.17 89,375.24 87,088.06 80,709.04 81,909.63 84,605.56 78,438.89 85,750.63 81,214.59 81,095.89 972,472.95
TOTAL
Valor Total
ENDEREÇO
SOMA
SOMA
CAMPUS DO VALE
SOMA
CAMPUS
OLÍMPICO
UFRGS / PROINFRA / PREFEITURA UNIVERSITÁRIA
RAMAL
HIDRÔMETR
O JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Av. Des. André da Rocha, 64 691.534 26000091 822 933 918 1.254 1.145 1.424 1.439 1.248 1.474 1.481 1.473 1.473
15.084
Av. João Pessoa, 116 671.754 15000314 213 437 248 344 303 266 146 93 109 186 138 138
2.621
Av. João Pessoa, 41 691.577 24000198 1.043 1.188 574 1.052 933 580 616 473 679 630 582 582
8.932
Av. João Pessoa, 52 671.746 E96L000350 69 74 58 113 102 97 128 106 107 108 115 115
1.192
Av. João Pessoa, 99999 671.738 1911027 119 120 108 221 348 424 429 331 287 157 79 79
2.702
Av. Osvaldo Aranha, 277 755.540 1910787 85 15 24 28 17 21 27 29 66 32 35 35
414
Av. Osvaldo Aranha, 99 671.789 26000329 1.023 1.087 929 3.525 1.428 3.383 4.747 4.620 5.186 1.075 854 854
28.711
Av. Osvaldo Aranha, 99999 671.797 1920275 95 110 164 174 134 136 105 99 174 36 158 158
1.543
Av. Osvaldo Aranha, 99999 671.770 1911032 53 89 46 58 61 51 70 155 146 44 70 70
913
Av. Paulo Gama, 99999 755.567 1910112 892 28 463 538 383 310 581 406 754 1.316 3.638 3.638
12.947
Av. Paulo Gama, 99999 755.575 15000678 1.008 168 598 965 899 1.601 3.095 4.161 1.008 3.108 1.045 1.045
18.701
Av. Paulo Gama, 99999 755.559 1910504 188 672 461 175 330 289 269 180 347 253 376 376
3.916
Av. Sen. Salgado Filho, 340 665.169 10009462 11 5 4 10 13 10 12 56799
101
Rua Eng. Luiz Englert, 18 755.516 212023 232 396 598 331 386 445 287 167 167 270 203 203
3.685
Rua Gen. Vitorino, 251 664.910 211496 43 15 12 39 35 45 24 112 16 30 34 34
439
Rua Sarmento Leite, 425 671.800 D91L012069 509 410 635 717 526 410 702 574 497 595 673 673
6.921
Rua Sarmento Leite, 425 671.819 201460 162 000000063647777
443
Rua Sarmento Leite, 426 755.524 23001354 426 123 379 398 371 1.413 2.351 2.924 2.493 1.462 703 703
13.746
Rua Sarmento Leite, 500 755.508 211439 143 127 159 224 176 186 186 211 159 194 160 160
2.085
Rua Sarmento Leite, 99999 755.532 E01S001519 248 82 172 224 251 350 361 421 314 408 475 475
3.781
Rua Senhor dos Passos, 248 661.155 20055551 61 44 22 59 78 88 58 16 45 64 92 92
719
Rua Senhor dos Passos, 248 661.163 211865 92 16 137 18 97 103 71 60 90 96 51 51
882
Rua Washington Luiz, 855 755.354 24000189 34 157 29 136 165 155 216 159 165 170 136 136
1.658
7.571 6.296 6.738 10.603 8.181 11.787 15.920 16.550 14.352 11.786 11.176 11.176 132.136
RAMAL
HIDRÔMETR
O JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Av. Ipiranga, 2752 983.462 211870 66 32 165 61 75 77 86 81 69 77 83 83
955
Av. Protásio Alves, 297 983.438 23000505 65 12 48 68 66 39 39 40 42 53 52 52
576
Rua Jacinto Gomes, 540 983.047 24000542 214 1 31 196 461 293 265 69 165 363 173 173
2.404
Rua Jacinto Gomes, 700 983.365 23001663 245 524 118 430 353 819 391 443 652 683 557 557
5.772
Rua Jacinto Gomes, 700 983.357 23000599 0 75 7 68 29 30 31 14 15 20 31 31
351
Rua Ramiro Barcelos, 2492 983.411 25000041 1.248 1.183 1.113 1.149 1.076 1.109 1.385 763 766 937 878 878
12.485
Rua Ramiro Barcelos, 2492 / 99 2.440.644 1922269 504 476 493 640 515 591 589 556 638 765 593 593
6.953
Rua Ramiro Barcelos, 2600 983.403 E01S001379 449 182 313 528 521 407 287 330 320 393 406 406
4.542
Rua São Manoel, 573 983.446 925102 109 324 206 193 122 125 135 147 132 135 245 245
2.118
Rua São Manoel, 963 983.454 1910269 236 2 208 297 308 306 189 128 269 344 266 266
2.819
3.136 2.811 2.702 3.630 3.526 3.796 3.397 2.571 3.068 3.770 3.284 3.284 38.975
CONSUMO DE ÁGUA 2004
CAMPUS CENTRO
SOMA
ENDEREÇO
ENDEREÇO
CAMPUS DA SAÚDE
SOMA
RAMAL
HIDRÔMETR
O JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Rua Felizardo, 750 960.772 211101 1.784 1.650 0 0 233 356 333 699 519 475 730 730
7.509
Rua Salvador França, 1700 960.748 E00S000182 708 241 511 487 1.241 751 719 723 973 768 725 725
8.572
2.492 1.891 511 487 1.474 1.107 1.052 1.422 1.492 1.243 1.455 1.455 16.081
ENDEREÇO RAMAL
HIDRÔMETR
O JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Av. Bento Gonçalves, 10600 1.225.162 G00SV00046 3.324 4.059 3.260 3.260 3.064 3.146 3.184 3.173 2.431 2.492 2.549 2.549
36.491
Av. Bento Gonçalves, 7570 879.037 10000720 36 29 5 28 43 39 42 9 20 35 43 43
372
Av. Bento Gonçalves, 7712 2.402.335 1922779 369 239 311 391 212 344 383 271 210 206 268 268
3.472
Av. Bento Gonçalves, 7712 879.029 24000640 214 168 64 103 71 44 66 57 81 106 86 86
1.146
Av. Bento Gonçalves, 7712 879.002 15000667 157 193 44 246 244 624 225 230 866 947 1.020 1.020
5.816
Av. Bento Gonçalves, 7712 879.010 26000034 456 435 202 360 335 251 314 359 280 416 351 351
4.110
Av. Bento Gonçalves, 7712 / A 2.111.454 10012224 140 228 181 270 252 220 299 295 350 377 375 375
3.362
Av. Bento Gonçalves, 7712 / B 2.111.462 10017596 180 132 224 123 149 230 33 16 46 54 99 99
1.385
Av. Bento Gonçalves, 8670 878.987 E96L000475 82 83 73 76 69 84 149 183 174 107 137 137
1.354
Av. Bento Gonçalves, 8804 878.979 1962768 35 24 20 21 13 13 15 15 17 17 16 16
222
Av. Bento Gonçalves, 8824 2.116.235 A94l053313 114 96 74 91 63 65 107 186 159 251 85 85
1.376
Av. Bento Gonçalves, 9090 878.952 E96L000262 1.802 1.432 1.166 1.613 1.741 1.557 1.278 1.055 1.154 1.453 1.816 1.816
17.883
Av. Bento Gonçalves, 9090 2.231.719 23000869 332342343333
36
Av. Bento Gonçalves, 9320 878.960 211722 49 198 587 307 42 47 50 40 71 50 45 45
1.531
Av. Bento Gonçalves, 9802 878.944 280000005 9.637 9.743 7.157 8.846 8.582 8.195 8.541 8.439 8.392 8.457 14.756 14.756
115.501
Av. Protásio Alves, 9339 640.190 A01S557408 367 579 430 411 365 327 329 387 368 451 437 437
4.888
16.965 17.641 13.800 16.149 15.249 15.188 15.018 14.719 14.622 15.422 22.086 22.086 198.945
30.164 28.639 23.751 30.869 28.430 31.878 35.387 35.262 33.534 32.221 38.001 38.001 386.137
84.149,61 78.340,71 62.566,27 84.923,03 73.823,40 89.265,08 99.039,03 99.410,75 96.811,95 95.582,10 100.666,57 100.578,30 1.065.156,80
SOMA
CAMPUS DO VALE
SOMA
CAMPUS
OLÍMPICO
TOTAL
Valor Total
ENDEREÇO
UFRGS /SUINFRA / PREFEITURA UNIVERSITÁRIA
RAMAL HIDRÔMETRO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Desembargador André da Rocha
691.534 26000091 2.105 1.590 1.241 1.357 1.351 1.367
9.011
Faculdade de Direito 671.754 15000314 552 243 90 163 155 192
1.395
Restaurante Universitário
691.577 24000198 932 699 1.188 1.077 2.533 898
7.327
Faculdade de Ciênc. Econômicas
671.746 E96L000350 0 8 54 91 84 114
351
Escola de Engenharia
671.738 1911027 137 39 137 79 91 104
587
Curtumes e Tanantes - Museu
755.540 1910787 18 22 21 21 34 21
137
Instituto de Geociências
671.789 26000329 2.991 2.396 2.630 3.008 2.482 1.031
14.538
Geologia
671.797 1920275 126 205 343 550 283 731
2.238
Escola de Engenharia
671.770 1911032 0 8 32 72 42 44
198
Instituto de Física
755.567 1910112 3.892 3.633 3.474 3.898 3.589 3.690
22.176
Reitoria
755.575 15000678 3.153 791 393 688 758 1.023
6.806
Instituto Eletrotécnico
755.559 1910504 0 251 209 550 429 537
1.976
DAD Depto. Artes Dramáticas
665.169 10009462 4 1 3 19 15 54
96
Instituto de Biociências
755.516 212023 282 327 166 3.898 175 421
5.269
Instituto de Geociências
664.910 211496 104 4 32 60 55 27
282
Escola de Engenharia
671.800 D91L012069 594 375 394 478 390 377
2.608
Escola de Engenharia
671.819 201460 97 159 133 240 104 72
805
Rádio Universidade
755.524 23001354 408 506 476 616 412 2.862
5.280
Instituto de Química
755.508 211439 268 135 155 166 163 144
1.031
Faculdade de Arquitetura
755.532 E01S001519 371 346 107 216 165 173
1.378
MEC Artes
661.155 20055551 43 20 29 77 114 92
375
MEC Artes
661.163 211865 50 117 37 102 103 116
525
Mec Del Regional DR 6
755.354 24000189 116 75 132 205 200 196
924
16.243 11.950 11.476 17.631 13.727 14.286 00000085.313
RAMAL HIDRÔMETRO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Faculdade de Farmácia 983.462 211870 77 81 65 94 83 94
494
Núcleo da Saúde 983.438 23000505 64 56 17 47 66 78
328
Fabico 983.047 24000542 146 164 10 123 153 160
756
Escola Técnica 983.365 23001663 0 0 251 536 562 560
1.909
Planetário 983.357 23000599 31 31 11 7 30 32
142
Faculdade de Odontologia 983.411 25000041 897 884 493 930 997 422
4.623
Faculdade de Medicina 2.440.644 1922269 376 521 396 593 582 551
3.019
Bioquímica e Inst. Psicologia 983.403 E01S001379 182 331 456 1.022 599 466
3.056
Casa de Estudante 983.446 925102 0 14 93 116 132 141
496
Enfermagem / Creche 983.454 1910269 231 254 177 474 505 500
2.141
2.004 2.336 1.969 3.942 3.709 3.004 00000016.964
RAMAL HIDRÔMETRO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Rua Felizardo, 750 960.772 211101 255 439 398 400 655 800
2.947
Rua Salvador França, 1700 960.748 E00S000182 556 325 535 1.042 1.496 21
3.975
811 764 933 1.442 2.151 821 0000006.922
CONSUMO DE ÁGUA (em m³) 2005
CAMPUS CENTRO
SOMA
ENDEREÇO
ENDEREÇO
ENDEREÇO
CAMPUS DA SAÚDE
SOMA
SOMA
CAMPUS
OLÍMPICO
ENDEREÇO RAMAL HIDRÔMETRO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Av. Bento Gonçalves, 10600 1.225.162 G00SV00046 4.512 2.968 3.697 3.117 2.679 3.164
20.137
Av. Bento Gonçalves, 7570 879.037 10000720 3 4 6 18 28 25
84
Av. Bento Gonçalves, 7712 2.402.335 1922779 367 334 213 148 173 213
1.448
Av. Bento Gonçalves, 7712 879.029 24000640 410 135 101 97 53 61
857
Av. Bento Gonçalves, 7712 879.002 15000667 1.540 975 1.009 1.107 797 1.030
6.458
Av. Bento Gonçalves, 7712 879.010 26000034 421 397 577 427 373 405
2.600
Av. Bento Gonçalves, 7712 / A 2.111.454 10012224 220 287 336 350 279 303
1.775
Av. Bento Gonçalves, 7712 / B 2.111.462 10017596 268 276 257 290 38 27
1.156
Av. Bento Gonçalves, 8670 878.987 E96L000475 192 155 121 132 114 172
886
Av. Bento Gonçalves, 8804 878.979 1962768 25 19 14 14 73 33
178
Av. Bento Gonçalves, 8824 2.116.235 A94l053313 157 109 63 57 87 64
537
Av. Bento Gonçalves, 9090 878.952 E96L000262 893 1.053 1.127 1.235 1.859 1.700
7.867
Av. Bento Gonçalves, 9090 2.231.719 23000869 3324312
27
Av. Bento Gonçalves, 9320 878.960 211722 18 30 39 16 12 21
136
Av. Bento Gonçalves, 9802 878.944 280000005 6.814 20.606 11.091 12.837 14.845 12.053
78.246
Av. Protásio Alves, 9339 640.190 A01S557408 521 465 488 493 450 439
2.856
16.364 27.816 19.141 20.342 21.863 19.722 000000125.248
35.422 42.866 33.519 43.357 41.450 37.833 000000234.447
106.420,43 95.346,94 116.607,18 116.351,52 114.477,63 549.203,70
TOTAL
Valor Total
CAMPUS DO VALE
SOMA
__________________________________________________________________________________________
Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
148
ANEXO 2 – RELAÇÃO DE HIDRÔMETROS DO CAMPUS DO VALE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
SUPERINTENDÊNCIA DE INFRA-ESTRUTURA
PREFEITURA CAMPUS DO VALE
______________________________________
Av. Bento Gonçalves , 9.500 – CEP 91570-000
Fone: (51) 33166617– Fax. (51) 3316-6618
LOCALIZAÇÃO HIDRÔMETROS
- CAMPUS DO VALE
XXXXXXXXXXX
XXXXXX
XXXXXXXX
Av. Bento Gonçalves, 10600
1.225.162
G00SV00046
Av. Bento Gonçalves, 7570
879.037
10000720
Av. Bento Gonçalves, 7712
2.402.335
1922779
Av. Bento Gonçalves, 7712
879.029
24000640
Av. Bento Gonçalves, 7712
879.002
15000667
Faculdade de Agronomia
Endereço
Ramal
Hidrômetro
IPH
26000534
Módulo
Odontologia
Agronomia -
LESO
Agronomia -
Laboratório de
Erosão
Agronomia -
Pós-Graduação
25000036
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
SUPERINTENDÊNCIA DE INFRA-ESTRUTURA
PREFEITURA CAMPUS DO VALE
______________________________________
Av. Bento Gonçalves , 9.500 – CEP 91570-000
Fone: (51) 33166617– Fax. (51) 3316-6618
Av. Bento Gonçalves, 7712
879.010
26000034
Faculdade Agronomia
Av. Bento Gonçalves, 7712 / A
2.111.454
10012224
Plantas de Lavoura
Av. Bento Gonçalves, 7712 / B
2.111.462
10017596
Av. Bento Gonçalves, 8670
878.987
E96L000475
Av. Bento Gonçalves, 8804
878.979
1962768
Faculdade de Veterinária
Av. Bento Gonçalves, 8824
2.116.235
A94l053313
Agronomia -
Laboratório de
Análises
Agronomia -
Faculdade
Veterinária -
C.D.P.A
Agronomia -
Forrageira
Serralheria /
Marcenaria /
Patrimônio
Veterinária –
Laboratório de
Protozoologia
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
SUPERINTENDÊNCIA DE INFRA-ESTRUTURA
PREFEITURA CAMPUS DO VALE
______________________________________
Av. Bento Gonçalves , 9.500 – CEP 91570-000
Fone: (51) 33166617– Fax. (51) 3316-6618
Av. Bento Gonçalves, 9090
878.952
E96L000262
Av. Bento Gonçalves, 9090
2.231.719
23000869
Av. Bento Gonçalves, 9320
878.960
211722
Av. Bento Gonçalves, 9802
878.944
280000005
Av. Protásio Alves, 9339
640.190
A01S557408
Prefeitura Universitária
Veterinária -
Hospital
E015001425
Veterinária -
Faculdade
Energia Solar
Campus do
Vale
38000015
Casa da
Guarda
__________________________________________________________________________________________
Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
152
ANEXO 3 – PRESSÃO HIDRÁULICA NO HIDRÔMETRO 280000005
__________________________________________________________________________________________
Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
155
ANEXO 4 – FORMULÁRIO PARA SOLICITAÇÃO DE MANUTENÇÃO
__________________________________________________________________________________________
Carolina Furlanetto Mendes. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2006
157
ANEXO 5 – PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO UFRGS/DMAE
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