Cassoli LM. Acidente ocupacional com material biológico: adesão ao seguimento
ambulatorial segundo as características do acidente e do acidentado [dissertação].
São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2006. 119 p.
INTRODUÇÃO: Os profissionais de saúde estão constantemente sob risco de
sofrerem acidentes ocupacionais, através de exposição percutânea ou mucosa,
envolvendo material biológico. Consequentemente ficam expostos a agentes
veiculados pelo sangue, como os vírus das hepatites B e C (VHB e VHC), vírus da
imunodeficiência humana (HIV) e o Trypanosoma cruzi, agente da doença de
Chagas. MÉTODOS: Estudo descritivo, retrospectivo, de análise de prontuários. Foi
utilizado um banco de dados, com base no seguimento ambulatorial de profissionais
de saúde acidentados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (HC FMUSP), no período de agosto de 1998 a agosto de
2005. O banco de dados foi construído e alimentado no programa EpiInfo 6.0 e
posteriormente transferido para o Excel, a partir do qual foi realizada análise dos
dados. As variáveis qualitativas foram representadas por freqüência absoluta e
relativa (%) e as quantitativas por média, desvio padrão (dp), mediana, valores
mínimo e máximo. A presença de associação entre as variáveis qualitativas foi
avaliada pelo teste do Qui-quadrado. RESULTADOS: Foram analisados 1091 casos.
1) 76,5% dos acidentados eram do gênero feminino; 2) a média de idade foi de 33,3
anos e mediana de 30 anos; 3) principais categorias profissionais acidentadas:
auxiliares de enfermagem (42,3%), médicos residentes (11,5%), funcionários da
limpeza (11,1%); 4) acidentes percutâneos com agulhas com lúmen, envolvendo
sangue, foram os mais freqüentes; 5) a mediana do intervalo de tempo entre o
acidente e procura pelo atendimento foi de 30 minutos; 6) 60% dos acidentados tinha
pesquisa de anti-HBs positiva no momento do acidente; 7) 2,7% dos acidentados
tinha sorologia positiva pra VHC no momento do acidente; 8) A maior procura por
atendimento ocorreu entre acidentados cuja fonte era conhecida e positiva para HIV
e VHC; 9) adesão completa ao seguimento ambulatorial após exposição a material
biológico foi de 70%, sendo mais freqüente em acidentados do gênero feminino, cuja
fonte era conhecida e tinha perfil sorológico totalmente negativo para os patógenos
avaliados; 10) dos profissionais que receberam antiretrovirais apenas 45,2%
completaram o tratamento; 11) não ocorreu soroconversão para HIV, VHB e Doença
de Chagas; 12) foram observados três possíveis casos de soroconversão para VHC.
CONCLUSÕES: A alta taxa de abandono do seguimento é motivo de preocupação.
Considerando-se que sabidamente nem todos os profissionais de saúde acidentados
procuram atendimento, e dos que o fazem, cerca de 30% não o completam, estima-se
que haja importante parcela de profissionais acidentados não investigados. Embora a
maior procura por atendimento tenha sido de acidentados com fontes suspeitas ou
positivas para VHC e HIV, a adesão ao seguimento foi menor nestes casos. Adesão à
terapêutica antiretroviral também foi baixa.
Descritores: 1.Exposição ocupacional 2. Pessoal de saúde 3. Acidentes e eventos
biológicos 4. Ferimentos penetrantes produzidos por agulha 5. Assistência
ambulatorial