Quadro 27 – Capacidade de suporte, problemas ambientais e diretrizes de ocupação dos sistemas ambientais em face da desertificação
Geossistemas Características naturais dominantes Potencial geoambiental e limitações de uso dos
recursos naturais
Mudanças ambientais e riscos de ocupação Cenário Tendencial Zonas propostas conforme
uso compatível e
sustentabilidade ambiental
Planície
litorânea
Faixas de praias com larguras variadas e campos de
dunas móveis, fixas e paleodunas. Áreas complexas,
periódica e permanentemente inundáveis, com
sedimentos mal selecionados e ricos em matéria
orgânica de origem continental e acréscimos marinhos;
gleissolos revestidos por manguezais parcialmente
degradados.
Interface com o mar; beleza cênica, balneabilidade, (eco)
turismo, abrigo de embarcações, pesca e maricultura;
patrimônio paisagístico; extrativismo sustentável; ed.
ambiental, pesquisa científica e proteção compulsória;
restrições legais; complexa biodiversidade; potencial
hidrogeológico. Porem, alta fragilidade ambiental, solos
salinos e ácidos, restrições à ocupação.
Diminuição da produtividade psícola e da
biodiversidade em função da degradação dos
manguezais; contaminação dos recursos hídricos;
aterramentos e instalação degradadora de
carcinicultura. Especulação imobiliária e degradação
ambiental; ocupação de APP’s.
Degradação generalizada, mudanças
microclimáticas e do ciclo hidrológico;
contaminação dos recursos hídricos;
redução significativa da pesca,
maricultura e outras atividades
produtivas, como o ecoturismo.
Zona de proteção ambiental
para conservação da
biodiversidade, do solo, da
água e dinâmica litorânea, bem
como para controle de áreas
críticas. Especificamente uso
controlado nas praias e restrito
nas dunas para manutenção
de sustentabilidade moderada
a alta.
Planície fluvial
Áreas planas resultantes de acumulação fluvial, sujeitas
a inundações periódicas, com neossolos flúvicos
revestidos por mata ciliar degradada e com ocupação
agrícola extensiva, inclusive com perímetros irrigados
como o Araras Norte e Baixo Acaraú.
Potenciais edafoclimático e topográfico aproveitáveis
para as atividades agropecuárias e agroextrativismo da
carnaúba; potencial explotável dos recursos hídricos
superficiais e subterrâneos; patrimônio paisagístico;
pesca artesanal; favorece o ecoturismo e educação
ambiental. Apresentam problemas de salinização e de
drenagem; limitações à ocupação devido às enchentes
eventuais e poluição hídrica.
Degradação da mata ciliar; poluição dos solos e dos
recursos hídricos; barramentos indevidos;
salinização e sodicidade dos solos e das águas;
mineração ordinária descontrolada; contaminação
hídrica pela carência de saneamento e uso
indiscriminado de agroquímicos; ampliação de áreas
inundáveis e de risco.
Aumento da degradação das matas
ciliares e das de interflúvios, associado
erosão e assoreamento dos leitos
fluviais agravando problemas das
cheias; comprometimento da qualidade
e quantidade das águas; aumento da
demanda por recursos hídricos;
concentração de moradias ribeirinhas;
intensificação da mineração ordinária,
intensificando a desertificação.
Zona de uso sustentável para
combate aos efeitos das secas
e da desertificação.
Tabuleiros
Superfície com caimento topográfico suave na direção da
linha de costa, com drenagem de padrão paralelo, rios
intermitentes sazonais, neossolos quartzarênicos,
plintossolos e argissolos revestidos por vegetação de
tabuleiros, descaracterizada pelo uso agrícola, pecuária e
agroextrativismo.
Silvicultura, reflorestamento, agropecuária; instalação
urbana, viária e industrial; potencial hidrogeológico
aproveitável; solos de pouco a moderadamente
vulnerável à erosão, passíveis de lixiviação; diminuição
da oferta hídrica na estiagem irregularidades
pluviométricas.
Salinização e sodicidade dos solos e das águas pela
agricultura irrigada; instalação indiscriminada de
lixões.
Degradação dos solos e das águas;
aumento do desmatamento e expansão
urbana não controlada; aumento dos
problemas de saneamento.
Zona de proteção paisagística
para uso/ocupação sob
preceitos conservacionistas
Maciços
residuais
Platô das matas: relevos com declividades mais suaves
no platô da serra que juntamente com a vertente norte-
oriental era ocupada por matas úmidas revestindo
Argissolos espessos;
Vertente ocidental da Serra do Rosário fortemente
degradada com freqüência acentuada de encostas
rochosas e exposição de matacões.
Cristas residuais com fortes declives nas encostas e
topos aguçados associados a morros isolados em rochas
do embasamento cristalino, com solos rasos ou
afloramentos rochosos revestidos por vegetação
rupestre.
Vertente da s. do Machado: Relevos dissecados nas
vertentes íngremes da Serra do Machado, apresentando
uso agrícola de subsistência em áreas moderadamente
degradadas.
Propícios a silvicultura e apicultura, proteção ambiental,
pesquisas científicas, ecoturismo, esportes radicais e de
aventura; mineração ordenada e controlada; Restrições
devido à erosão, deficiência hídrica, declividades
acentuadas, solos rasos ou litólicos.
Remoção do escasso revestimento vegetal
existente; erosão das vertentes em função do
desmatamento; definhamento de nascentes fluviais;
redução da biodiversidade; agricultura inadequada
as condições topográficas; descaraterização da
paisagem.
Intensificação de ações erosivas nas
vertentes.
Zona de recuperação
ambiental para a conservação
e recuperação da capacidade
produtiva e vulnerabilidade
ambiental
Planalto
sedimentar da
Ibiapaba
Frente do planalto cuestiforme da Ibiapaba, com relevos
dissecados em cristas, colinas e escarpas, solos rasos
(espessos no platô) e condições climáticas subúmidas;
agroextrativismo.
Regularidade de chuvas; maior disponibilidade de
recursos hídricos e ambientais em geral; média a alta
fertilidade dos solos; clima ameno, belezas cênicas e
ecoturismo. Restrições quanto a declividade das
encostas; impedimento a mecanização e alta
susceptibilidade a erosão.
Erosão das encostas em proporção ao
desmatamento; empobrecimento dos solos;
degradação de nascentes; desmatamento e redução
da biodiversidade; contaminação de águas e solos
pela lixiviação; descaracterização das paisagens e
diminuição do fluxo turístico.
Aumento da demanda por recursos
hídricos para irrigação; aumento das
superfícies com afloramentos rochosos;
lixiviação dos solos e redução da
biodiversidade; desconfiguração
paisagística.
Zona de uso sustentável para
combate aos efeitos das
secas, como também uso e
acesso livre sob preceitos
conservacionistas
Sertões da
depressão
periférica da
Ibiapaba e do
centro-norte do
Ceará
Superfície pediplanada dos sertões da depressão
periférica da Ibiapaba, com solos rasos, extensivamente
recobertos por caatingas; Agroextrativismo e pecuária
extensiva.
As áreas dissecadas servem à silvicultura,
reflorestamento, mineração. São vulneráveis à erosão,
apresentam solos rasos e potencial de águas é fraco.
Nos sertões aplainados pecuária, agricultura irrigada e de
sequeiro, agroextrativismo e forragicultura podem ser
beneficiadas. Há restrições hídricas, solos rasos de baixa
fertilidade.
Salinização e sodicidade dos solos e das águas pela
agricultura irrigada; uso indiscriminado de
agroquímicos; agricultura rudimentar; falta ou
carência de saneamento básico, desmatamento;
instalação indiscriminada de lixões; queimadas e
incorporação de terras; mineração descontrolada.
Intensificação de processos erosivos
acelerados; redução da biodiversidade;
pastagens degradadas; crescimento
urbano desordenado e aumento dos
problemas de saneamento;
descaracterização das paisagens
sertanejas por processos de
desertificação.
Zona de recuperação
ambiental para a conservação
e recuperação da capacidade
produtiva e vulnerabilidade
ambiental; bem como uso
controlado para combate aos
efeitos das secas e da
desertificação nos meios
ecodinâmicos mais instáveis