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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA INTERNA
ESTUDO DOS NÍVEIS DE PRESSÃO ARTERIAL ESTÁVEL E
PULSÁTIL OBTIDOS POR MONITORIZAÇÃO RESIDENCIAL DA
PRESSÃO ARTERIAL E SUA INFLUÊNCIA SOBRE O ÍNDICE DE
MASSA DE VENTRÍCULO ESQUERDO
André De Marco
RECIFE
2005
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA INTERNA
ESTUDO DOS NÍVEIS DE PRESSÃO ARTERIAL ESTÁVEL E
PULSÁTIL OBTIDOS POR MONITORIZAÇÃO RESIDENCIAL DA
PRESSÃO ARTERIAL E SUA INFLUÊNCIA SOBRE O ÍNDICE DE
MASSA DE VENTRÍCULO ESQUERDO
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
graduação em Medicina Interna da
Universidade Federal de Pernambuco, para
obtenção do título de mestre.
Área de Concentração : Cardiologia
MESTRANDO :
ANDRÉ DE MARCO
ORIENTADOR
Prof. Dr. Edgar Guimarães Victor
Co-ORIENTADOR
Dr. Audes Diógenes de Magalhães Feitosa
Recife
2005
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
REITOR
Prof. Dr. Amaro Henrique Pessoa Lins
PRÓ-REITOR PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
Prof. Dr. Celso Pinto de Melo
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DIRETOR
Prof. Dr. José Thadeu Pinheiro
DEPARTAMENTO DE MEDICINA CLÍNICA
CHEFE
Prof
a
. Dr
a
. Jocelene Tenório Albuquerque Madruga Godoi
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA INTERNA
COORDENADOR
Prof. Dr. Edmundo Pessoa de Almeida Lopes Neto
VICE-COORDENADORA
Prof
a
. Dr
a
. Ana Lúcia Coutinho Domingues
CORPO DOCENTE
Prof
a
. Dr
a
. Ângela Luiza Branco Pinto Duarte
Prof. Dr. Antônio Roberto Leite Campelo
Prof. Dr. Brivaldo Markman Filho
Prof. Dr. Edgar Guimarães Victor
Prof. Dr. Ênio Torreão Soares Castellar
Prof. Dr. Fernando Tarciso Miranda Cordeiro
Prof. Dr. Francisco Alfredo Bandeira e Farias
Prof. Dr. Frederico Castelo Branco Cavalcanti
Prof
a
. Dr
a
. Heloísa Ramos Lacerda de Melo
Prof. Dr. Hilton de Castro Chaves Jr.
Prof. Dr. José Ricardo Barros Pernambuco
Prof. Dr. Luiz Bezerra de Carvalho Jr.
Prof. Dr. Lurildo Cleano Ribeiro Saraiva
Prof. Dr. Magdala de Araújo Novaes
Prof. Dr. Marcelo Moraes Valença
Prof
a
. Dr
a
. Maria de Fátima P. Militão de Albuquerque
Prof
a
. Dr
a
. Marília de Carvalho Lima
Prof. Dr. Nelson Antônio Moura de Araújo
Prof
a
. Dr
a
. Norma Lucena Licínio da Silva
Prof
a
. Dr
a
. Sandra Tereza de Souza Neiva Coelho
Prof
a
. Dr
a
. Vera Magalhães de Silveira
Prof. Dr. Valdemar Ladosky
Aos meus pais, irmã,
Avó e noiva.
AGRADECIMENTOS
Edgar Guimarães Victor, orientador
e Audes Diógenes de Magalhães Feitosa, co-orientador,
pelos conhecimentos, paciência e incentivo.
Giordano Bruno Parente,
pela amizade e presteza.
Edinaldo Fontes Jr.,
pela colaboração na aquisição dos dados.
Vivyane de Paula, secretária executiva do Departamento
de Cardiologia do Hospital das Clínicas da
Universidade Federal de Pernambuco, por
sua grande ajuda nos pequenos detalhes.
SUMÁRIO
LISTA DE GRÁFICOS..................................................................... ix
LISTA DE TABELAS....................................................................... x
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS.................... xii
RESUMO......................................................................................... xiii
ABSTRACT..................................................................................... xv
1. INTRODUÇÃO............................................................................. 1
1.1- HIPERTENSÃO ARTERIAL...................................................... 1
1.2- HIPERTROFIA MIOCÁRDICA.................................................. 11
1.3- PRESSÃO DE PULSO.............................................................. 13
2. OBJETIVOS................................................................................. 16
2.1- GERAL...................................................................................... 16
2.2- ESPECÍFICOS.......................................................................... 16
3. PACIENTES E MÉTODOS.......................................................... 17
3.1- PACIENTES............................................................................. 17
3.1.1- CRITÉRIOS DE INCLUSÃO.................................................. 17
3.1.2- CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO................................................. 17
3.2- DESENHO DO ESTUDO.......................................................... 18
3.3- VARIÁVEIS DO ESTUDO......................................................... 18
3.3.1- VARIÁVEIS DEPENDENTES................................................ 18
3.3.2- VARIÁVEIS INDEPENDENTES............................................ 18
3.4- METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO............................................ 19
3.5- ANÁLISE ESTATÍSTICA........................................................... 22
3.6- COMISSÃO DE ÉTICA............................................................. 22
4. RESULTADOS............................................................................. 23
4.1- DESCRIÇÃO DA AMOSTRA.................................................... 23
4.2- MEDIDAS DE PRESSÃO ARTERIAL ATRAVÉS DA MRPA.... 24
4.3- ESTRATIFICAÇÃO DAS MEDIDAS DA PRESSÃO
ARTERIAL POR SEXO........................................................... 25
4.4- CONSIDERAÇÕES SOBRE AS MEDIDAS DA
PRESSÃO ARTERIAL E A IDADE......................................... 27
4.5- VALOR DAS MEDIDAS DA PRESSÃO ARTERIAL E O IMC.. 29
4.6- CONSIDERAÇÕES SOBRE O ÍNDICE DE MASSA
VENTRICULAR...................................................................... 30
5. DISCUSSÃO
5.1- PRESSÃO DE PULSO – PREDITOR DE RISCO
CARDIOVASCULAR.............................................................. 38
5.2- CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA........................................ 39
5.3- LESÃO DE ÓRGÃOS ALVO..................................................... 39
5.4- ANÁLISE DE SUBGRUPOS..................................................... 42
6. CONCLUSÕES........................................................................... 46
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................... 48
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1- Correlação entre PAS e idade em 72 pacientes submetidos a MRPA
e ecocardiograma em 2004 (Recife-PE)........................................................... 28
Gráfico 2- Correlação entre PP e idade em 72 pacientes submetidos a MRPA e
ecocardiograma em 2004 (Recife-PE).............................................................. 28
Gráfico 3- Variação do IMVE de acordo com a PAS em 72 pacientes
submetidos a MRPA e ecocardiograma em 2004 (Recife-PE).......................... 31
Gráfico 4- Variação do IMVE de acordo com a PAD em 72 pacientes
submetidos a MRPA e ecocardiograma em 2004 (Recife-PE)........................... 32
Gráfico 5- Variação do IMVE de acordo com a PP em 72 pacientes submetidos
a MRPA e ecocardiograma em 2004 (Recife-PE).............................................. 32
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Classificação da pressão arterial em adultos...................................... 7
Tabela 2- Média das pressões sistólica e diastólica no consultório, na
MRPA e na clínica com aparelho eletrônico durante a consulta médica............. 8
Tabela 3- Idade, altura, peso e IMC de 72 pacientes submetidos a MRPA e
ecocardiograma em 2004 (Recife-PE)................................................................ 23
Tabela 4- Médias de idade, altura, peso, IMC e frequência de uso de anti-
hipertensivos, estratificados por sexo, de 72 pacientes submetidos a MRPA e
ecocardiograma em 2004 (Recife-PE)................................................................ 24
Tabela 5- Níveis de PAS, PAD e PP de 72 pacientes submetidos a MRPA e
ecocardiograma em 2004 (Recife-PE)................................................................ 25
Tabela 6- Níveis de PAS, PAD e PP de 31 pacientes do sexo masculino e 41
pacientes do sexo feminino, submetidos a MRPA e ecocardiograma em 2004
(Recife-PE)......................................................................................................... 25
Tabela 7- Comparação entre homens e mulheres da PAS, PAD e PP de 46
pacientes hipertensos e 26 pacientes normotensos, submetidos a MRPA e
ecocardiograma em 2004 (Recife-PE)................................................................ 27
Tabela 8- Coeficientes de correlação de Pearson para comparação entre idade
e médias da PAS, PAD e PP em 46 pacientes hipertensos submetidos a MRPA
e ecocardiograma em 2004 (Recife-PE). .......................................................... 29
Tabela 9- Médias da PAS, PAD e PP de arcordo com faixas de IMC, em 72
pacientes submetidos a MRPA e ecocardiograma em 2004 (Recife-PE)......... 30
Tabela 10- Índice de massa ventricular em 72 pacientes submetidos a MRPA e
ecocardiograma em 2004 (Recife-PE), e sua estratificação por sexo............... 31
Tabela 11- Coeficientes de correlação de Pearson para comparação entre IMVE
e as variáveis independentes: PAS, PAD, PP, idade e IMC, em 72 pacientes
submetidos a MRPA e ecocardiograma em 2004 (Recife-PE).......................... 33
Tabela 12- Associação entre hipertensão arterial e hipertrofia ventricular
esquerda em 72 pacientes submetidos a MRPA e ecocardiograma em 2004
(Recife-PE)........................................................................................................ 34
Tabela 13- Associação entre PP e IMVE em 72 pacientes submetidos a MRPA e
ecocardiograma, no ano de 2004 (Recife-PE)................................................... 34
Tabela 14- Associação entre PP e IMVE em 46 pacientes hipertensos
submetidos a MRPA e ecocardiograma em 2004 (Recife-PE).......................... 35
Tabela 15- Medida da associação entre PP elevada e IMVE, em 31 homens e
42 mulheres, submetidos a MRPA e ecocardiograma em 2004 (Recife-PE).... 36
Tabela 16- Idade, IMC, PAS, PAD, PP e IMVE em 46 hipertensos submetidos a
MRPA e ecocardiograma em 2004 (Recife-PE), estratificados por uso de
medicações anti-hipertensivas........................................................................... 36
Tabela 17- Relação entre IMVE e controle adequado da HAS, avaliado por
MRPA em 46 pacientes hipertensos submetidos a MRPA e ecocardiograma em
2004 (Recife-PE)............................................................................................... 37
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
ASC - Área de superfície corporal
DAC - Doença arterial coronariana
DDVE - Diâmetro diastólico em mm do ventrículo esquerdo
DSVE - Diâmetro sistólico em mm do ventrículo esquerdo
FE - Fração de ejeção
HAB - Hipertensão do avental branco
HAS - Hipertensão arterial sistêmica
HVE - Hipertrofia ventricular esquerda
IMVE - Índice de massa de ventrículo esquerdo
MAPA - Monitorização ambulatorial da pressão arterial
mmHg - Milímetros de mercúrio
MRPA - Monitorização residencial da pressão arterial
PAS - Média das pressões sistólicas medidas na MRPA
PAD - Média das pressões diastólicas medidas na MRPA
PP - Média das pressões de pulso na MRPA
PPVE - Espessura em mm da parede posterior do ventrículo esquerdo
SIV - Espessura em mm do septo interventricular
RESUMO
A Hipertensão arterial sistêmica (HAS) está associada a elevada morbi-
mortalidade cardiovascular. Seu componente pulsátil, a pressão de pulso (PP),
tem sido recentemente estudada como forte determinante desta relação.
O objetivo deste estudo foi determinar a relação entre a PP medida pela
Monitoriação Residencial da Pressão Arterial (MRPA) e o Índice de Massa
Ventricular Esquerdo (IMVE).
Por análise de banco de dados, foram selecionados 83 pacientes,
hipertensos ou não, que realizaram MRPA e ecocardiograma em um período
menor que 6 meses, no ano de 2004.
Os critérios de exclusão foram: idade inferior a 18 anos, valvulopatias
mitral ou aórtica, presença de disfunção segmentar e fração de ejeção inferior a
55% ao ecocardiograma.
Permaneceram 72 pacientes para a análise, sendo 41 mulheres e 31
homens, com idade média de 52 ± 17 anos, com variação de 25 a 85 anos. O
índice de massa corporal (IMC) foi de 29 ± 6 Kg/m
2
, e 63,9% dos pacientes eram
hipertensos. O sexo feminino apresentou maior idade e usou anti-hipertensivos
em maior frequência. Houve elevação progressiva da pressão arterial sistólica
(PAS) e da PP com a idade, mas nem estas nem a pressão arterial distólica
(PAD) variaram com o sexo ou com o IMC. A média do IMVE foi 109 ± 25 g/m
2
e
não houve diferença entre os sexos. Foram considerados hipertensos os
pacientes com PAS>
135 mmHg ou PAD>85 mmHg ou que usavam anti-
hipertensivos. Hipertrofia ventricular esquerda (HVE) foi definida como
IMVE>
134 g/m
2
em homens e >110 g/m
2
em mulheres. Foi encontrada relação
significativa entre HAS e HVE (p=0,02) e entre PP>53 mmHg e aumento do
IMVE (p=0,003). Na análise de regressão linear foi observado correlação entre o
IMVE e a PAS (r=0,356; p=0,002) e o IMVE e a PP (r=0,429; p<0,001), e não
houve correlação com a PAD (r=0,0459; p=0,702). A análise de regressão
múltipla passo a passo para correlacionar a IMVE com as demais variáveis,
determinou que a PP isoladamente construiria a melhor equação para
determinar o IMVE. As mulheres com PP<
53 mmHg apresentaram IMVE de
100,3 g/m
2
e as com PP>53 mmHg, de 120,8 g/m
2
(p=0,016), o que implica no
diagnóstico de HVE. Entre os homens, esta diferença não foi significativa (107,2
g/m
2
e 122,6 g/m
2
; p=0,078).
Concluindo, estes dados demonstram que o IMVE correlacionou-se com
a PP, e que esta correlação foi ainda maior que com a PAS ou a PAD.
Palavras-chave – Pressão arterial, hipertrofia ventricular, Monitorização
residencial da pressão arterial.
ABSTRACT
The systemic arterial hypertension (SAH) is related to an elevated
morbidity and mortality. Its pulsatile component, the pulse pressure (PP), has
been recently investigated as a strong determinant of this relation.
The objective of this study was to establish the relationship between the
PP measured by the Arterial Home Pressure Monitoring (AHPM) and the Left
Ventricular Mass Index (LVMI).
Through database analysis, 83 patients were selected, hypertensive or
not, for having been submitted to AHPM and echocardiography in a period
inferior to 6 months, during the year of 2004.
The exclusion criteria were: age under 18 years, mitral or aortic valve
disease, presence of segmental contractility disturbances and ejection fraction
under 55% on the echocardiogram.
Seventy-two patients remained for analysis, 41 women and 31 men, with
an average age of 52 years ±17, varying from 25 to 85 years. The body mass
index (BMI) was 29 ± 6 Kg/m
2
, and 63,9% of the patients were hypertensive. The
females were older and used antihypertensive drugs more frequently. There was
progressive elevation of systolic arterial pressure (SAP) and PP with age, but
neither of them nor the diastolic arterial pressure (DAP) varied with sex or CMI.
The average LVMI was 109 ± 24 g/m
2
and there was no gender difference.
Patients were classified as hypertensive when presenting SAP>135 mmHg or
DAP>
85 mmHg or when in use of antihypertensive drugs. Left ventricular
hypertrophy (LVH) was defined as LVMI>
134 g/m
2
in men and >110 g/m
2
in
women. A significant relation was found between SAH and LVH (p=0,02) and
between PP>53 mmHg and elevation in the LVMI (p=0,003). In the linear
regression analysis a correlation was determined between LVMI and
SAP(r=0,356; p=0,002) and between LVMI and the PP(r=0,429; p<0,001), and
there was no correlation between LVMI and the DAP(r=0,0459; p=0,702). The
step-by-step multiple regression analysis evaluating the correlation between the
LVMI and the other variables established that the PP alone could formulate the
best equation to determine the LVMI. Those women with PP<
53 mmHg had a
LVMI of 100,3 g/m2 and those with PP>53 mmHg, 120,8 g/m2 (p=0,016),
diagnosing LVH. In men, this difference had no significance (107,2 g/m2 and
122,6 g/m2; p=0,078).
Concluding, these data are evidence that LVMI is strongly correlated to
PP and that this correlation is even more expressive than to SAP or to DAP.
Key Words – arterial pressure, ventricular hypertrophy, home blood pressure
monitoring.
1 – INTRODUÇÃO
1.1 – Hipertensão Arterial
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) consiste em doença crônico
degenerativa definida por muitos anos como a permanência dos níveis
pressóricos elevados a partir de um valor limite, sendo este 140 / 90 mmHg
segundo os critérios revisados da Organização Mundial de Saúde
(1)
, o VII Joint
National Committee
(2)
e a IV edição das Diretrizes Brasileiras de Hipertensão
Arterial
(3)
. Quanto mais elevada a pressão arterial do grupo populacional
estudado maior é a sua mortalidade cardiovascular
(4)
e o risco para o
desenvolvimento de doenças cardiovasculares dobra a cada elevação de 20
mmHg na pressão sistólica, ou 10 mmHg na pressão diastólica
(2)
. Com base
nestes dados, há o conceito de que o limite numérico para o diagnóstico de HAS
é “o nível em que os benefícios (subtraindo-se os riscos e custos) da ação
excedem os riscos e custo (subtraindo-se os benefícios) da inatividade”
(5)
. A
tendência atual para a conceituação apresenta a doença não apenas por níveis
tensionais elevados, mas estendendo-se a uma síndrome clínica multifatorial,
composta por elevação da pressão arterial, alterações metabólicas e hormonais
(dislipidemias, microalbuminúria, obesidade centrípeta e resistência à insulina) e
fenômenos tróficos (hipertrofia ventricular, disfunção diastólica, redução na
complacência arterial)
(6, 7)
.
É uma doença de grande importância nos países desenvolvidos e vem
apresentando aumento progressivo de frequência também nos países em
desenvolvimento. Grandes estudos populacionais realizados em outros países
puderam estimar a prevalência desta doença. Os dados do terceiro National
Health and Nutrition Examination Survey, o NHANES III, estabeleceram a
prevalência de HAS nos Estados Unidos em 24%
(8)
. Em um estudo envolvendo
6 países da Europa, 44% dos pacientes apresentaram pressão arterial igual ou
superior a 140 / 90 mmHg
(9)
. Na África do Sul, um inquérito nacional com mais
de 13.000 indivíduos selecionados aleatoriamente identificou HAS em 21% deles
(10)
. Na China, 27% dos indivíduos de um grupo representativo da população do
país apresentaram a doença
(11)
.
Apesar da prevalência brasileira ser estimada em 20%
(7)
da população
urbana , não existem estudos de abrangência nacional com a capacidade de
definir a real magnitude da HAS no Brasil, visto que os dados epidemiológicos
disponíveis são oriundos de estudos regionalizados. Os resultados desses
estudos variam desde 14,4 % até 31,6%, em grande parte, devido a utilização
de diferentes critérios de diagnóstico da doença.
(12-14)
. Poucos estudos foram
realizados para determinar a prevalência da HAS em nossa região. Em Jaboatão
dos Guararapes, na região metropolitana do Recife, foram avaliadas 986
mulheres, selecionadas através da matrícula de seus filhos em colégios daquela
cidade. A prevalência da doença nestas mulheres foi de 27,7%
(15)
. A Sociedade
Brasileira de Cardiologia (SBC) e a Fundação do Coração (FUNCOR) estão
promovendo a realização de um estudo epidemiológico durante os anos de 2004
e 2005, envolvendo 2500 indivíduos em 70 cidades brasileiras para a
investigação da prevalência dos fatores de risco cardiovascular em nosso país,
sob o título de “Projeto Epidemiológico Nacional da SBC/Funcor sobre a
Prevalência dos Fatores de Risco Cardiovascular
(16)
.
Vários fatores influenciam o comportamento da pressão arterial no ser
humano. Diversos estudos relataram a elevação progressiva nos níveis
pressóricos quanto maior a idade da população estudada
(11, 12, 17)
. Embora
grande parte dos estudos sobre hipertensão tenham incluído um reduzido
percentual de mulheres até recentemente, é no sexo feminino que há maior
prevalência de HAS
(18)
. Entre os negros, há maior prevalência de HAS do que
nas outras raças
(8, 19, 20)
. A grande miscigenação de nosso país torna difícil a
determinação da raça na maioria da população, o que dificulta a realização de
estudos com a finalidade de demonstrar variações raciais na gravidade ou
frequência da hipertensão no Brasil
(21)
. Há maior prevalência de hipertensos em
grupos de pacientes com índice de massa corpórea elevada
(22, 23)
. A obesidade é
considerada fator de risco para o desenvolvimento de HAS, principalmente se
definida através da circunferência abdominal (maior que 102 cm para homens e
88 cm para mulheres)
(24)
. Há também variações geográficas na distribuição da
HAS e recente estudo populacional demonstrou uma prevalência
significativamente mais elevada da doença nos países da Europa em relação
aos Estados Unidos e Canadá
(9)
.
Os resultados dos Inquéritos Nacionais de Saúde e Nutrição (NHANES),
realizados nos Estados Unidos, atualmente em sua terceira edição vêm
demonstrando o sucesso das campanhas de prevenção e tratamento da
hipertensão arterial naquele país
(25)
. Em nosso país, a busca pela normalização
dos níveis tensionais não tem obtido bons resultados. Alguns trabalhos
verificaram valores de controle dos níveis pressóricos de hipertensos inferiores a
30% baseados em medição em consultório
(12, 14)
.
A HAS é responsável por elevada morbi-mortalidade, sendo apontada
como responsável por 25% das mortes por doença arterial coronariana (DAC) e
40% das mortes por acidente vascular encefálico
(26)
. A pressão sistólica elevada
foi correlacionada positivamente com maior número de eventos cardiovasculares
em um estudo do tipo coorte no Rio Grande do Sul
(27)
. Em pesquisa de base
hospitalar realizada em 51 cidades do Brasil, a presença de hipertensão referida
pelo paciente determinou um risco 2,09 vezes maior para a ocorrência de infarto
agudo do miocárdio
(28)
. Constitui também fator de risco para diversas outras
enfermidades, como a insuficiência renal crônica, doença arterial periférica e
insuficiência cardíaca
(26)
. São elevados os custos envolvidos no diagnóstico e
tratamento da HAS, como de suas complicações, e na reabilitação dos pacientes
por elas acometidos. O número de consultas anuais nos Estados Unidos
ultrapassa os 100 milhões. O ônus da doença vai além disto, explicando quase
40% dos casos de absenteísmo ao trabalho e exercendo papel importante na
aposentadoria precoce
(5)
.
O diagnóstico, tratamento e acompanhamento da HAS ainda depende em
grande parte das medidas ocasionais realizadas em consultório médico. As
limitações desta metodologia ficam cada vez mais evidentes . Há mais de 2
séculos já foram identificadas alterações fisiológicas na frequência cardíaca do
paciente quando diante do médico
(29)
. Na década de 40, Ayman e Goldshine
descreveram a elevação nos níveis da pressão arterial de hipertensos não
tratados, quando medida no consultório, em comparação com a medida em
casa
(30)
. Desta forma, surgiu o conceito da hipertensão do avental branco (HAB),
presente em até 20%
(31)
dos pacientes hipertensos, e caracterizada pela
permanência, em consultório, dos níveis pressóricos elevados, a partir de 140 /
90 mmHg, contrastando com um resultado normal na monitorização ambulatorial
da pressão arterial de 24 h (MAPA). Neste método, um tensiômetro digital
acoplado ao braço do paciente faz diversas medidas da pressão em intervalos
fixos de tempo, durante 24 horas. O mesmo é observado se utilizado o método
da monitorização residencial da pressão arterial (MRPA), em que a pressão é
medida pelo próprio paciente utilizando equipamentos digitais, fora do ambiente
médico, em horários fixos, segundo um protocolo pré-determinado
(32)
. São
fatores preditivos para o diagnóstico da HAB o sexo feminino, a idade avançada
e passado de hipertensão na família
(33)
. Os dados da literatura quanto a indução
de lesões em órgãos alvo ou mortalidade nesta situação são conflitantes
(31, 34-
36)
, sendo orientado seguir mudanças de estilo de vida como dieta pobre em sal
e exercícios físicos.
É descrito também, de forma distinta da HAB, o efeito do avental branco,
em que o paciente apresenta acentuação do seu nível pressórico real no
momento da medida em consultório médico, com redução igual ou superior a 20
mmHg na pressão sistólica ou 10 mmHg na pressão diastólica após retirar-se do
ambiente médico/hospitalar
(37)
. Não foi ainda possível correlacionar este efeito à
presença de hipertrofia ventricular
(38)
, embora um estudo tenha mostrado maior
mortalidade no grupo de pacientes que apresentam o efeito do avental branco
em maior intensidade
(36)
.
O fenômeno contrário à HAB, a normotensão do avental branco ou
hipertensão mascarada, foi identificada mais recentemente e consiste em níveis
pressóricos normais no consultório mas elevados quando fora dele
(39, 40)
,
estando presente em 14% a 30% dos pacientes
(33)
. Em um estudo realizado na
Universidade de São Paulo, os autores encontraram 12% de hipertensão
mascarada na população em acompanhamento na Liga de Hipertensão do
Hospital das Clínicas, embora a população em atendimento neste hospital
terciário não permita extender este dado à população geral
(33)
. Esta modalidade
de hipertensão é associada a índice de massa ventricular e espessura relativa
das paredes elevadas, compatível com o grupo de hipertensos sustentados
(40)
.
O tratamento dispensado a este grupo de hipertensos deve ser semelhante aos
hipertensos sustentados mas, por razões claras, a monitorização da pressão
arterial fora do consultório deve ser utilizada como parâmetro de
acompanhamento.
A realização da medida da pressão enquanto o paciente fala
(41)
, a
utilização de manguitos de tamanho inadequado
(42)
, a imperícia na execução do
procedimento, entre outras tantas fontes de erro, podem ser também
responsáveis pela medida incorreta da pressão arterial. Apesar da
disponibilidade de diretrizes para minimizar estas fontes de erro
(2, 3)
, a aplicação
destas orientações para o diagnóstico da hipertensão ainda está abaixo do
desejado em nosso país, sendo necessário medidas de educação continuada
para corrigir este problema
(43)
. Os critérios atualmente utilizados no Brasil para o
diagnóstico em consultório da HAS encontram-se na Tabela 1
(3)
.
Tabela 1
Classificação da pressão arterial em adultos
(3)
Classificação da pressão arterial de adultos em consultório
Classificação Sistólica (mmHg) Diastólica (mmHg)
Ótima < 120 <80
Normal <130 <85
Limítrofe 130-139 85-89
Estágio 1 140-159 90-99
Estágio 2 160-179 100-109
Estágio 3 >
180 > 110
Sistólica Isolada > 140 < 90
No acompanhamento ambulatorial dos pacientes hipertensos, a medida
fora do consultório exerce papel importante, sendo essencial quando houver a
necessidade de quantificar o efeito anti-hipertensivo de determinado esquema
terapêutico, já que as medidas realizadas em consultório costumam
superestimar este valor
(44)
. Cappuccio et al.(2004) realizaram uma meta-análise,
a partir de 18 estudos randomizados, totalizando 1355 pacientes, em que eram
comparadas as médias das pressões arteriais medidas nas clínicas com as
medidas por MRPA. Foi possível observar que as médias das pressões medidas
em casa foram inferiores àquelas medidas em consultório
(45)
. Outro estudo
avaliou 268 pacientes, em tratamento anti-hipertensivo ou não, que
apresentaram pressão arterial igual ou superior a 160 / 95 mmHg nas medidas
realizadas em consultório e comparou com as médias da MRPA. Foram
realizadas 4 medidas diferentes da pressão: a primeira realizada pelo médico
com esfigomanômetro de mercúrio durante a primeira visita ao consultório, a
segunda na casa do paciente por MRPA, a terceira novamente no consultório
mas utilizando o aparelho de MRPA e a quarta, durante a segunda visita
médica, novamente em esfigomanômetro de mercúrio, realizada pelo
consultante. Os resultado estão expostos na Tabela 2
(46)
.
Tabela 2
Média das pressões sistólica e diastólica no consultório, na MRPA e na clínica
com aparelho eletrônico durante a consulta médica
(46)
Médias das pressões (mmHg)
Pacientes
1ª consulta MRPA eletrônico 2ª consulta
Sem tratamento
(n=114)
174 / 103 148 / 90 165 / 95 164 / 97
Em tratamento
(n=154)
177 / 104 147 / 87 163 / 95 164 / 95
Segundo os dados, neste grupo de pacientes que apresentaram níveis
pressóricos elevados nas três medidas realizadas em consultório, 80% deles
obtiveram medidas inferiores pela MRPA, sendo que em 40% a redução na
pressão arterial foi superior a 20 mmHg na sistólica e 10 mmHg na diastólica. O
uso da MRPA foi responsável por impedir a indicação de tratamento em 38%
dos indivíduos sem tratamento. Nos pacientes em tratamento, impediu o
aumento das dosagens de medicações em 31% e indicou a redução das doses
em 16% destes. Observe-se ainda que o uso do aparelho eletrônico de MRPA
na clínica, pelo médico, reproduziu a medição da pressão arterial conseguida
pelo profissional com o esfigomanômetro de mercúrio, demonstrando a
importância da realização da medida da pressão arterial na ausência do médico
(46)
.
Em resumo, a MRPA, assim como a MAPA de 24 horas, minimiza a
reação de alarme ou HAB. O seu surgimento, apesar de existir a MAPA de 24
horas como um método bem estabelecido na prática clínica, vem suprir uma
lacuna importante na avaliação complementar, principalmente em nossa região
de recursos escassos. O custo do aparelho de MRPA chega a ser 10 vezes
inferior ao de um aparelho de MAPA, reduzindo os custos operacionais de tal
avaliação. Outra vantagem está na comodidade, principalmente em pacientes
idosos, já que a MAPA de 24 horas necessita de medições a intervalos
frequentes, inclusive durante o sono, resultando em inconvenientes que levam a
dificuldades na aceitação para a sua realização
(47)
. Na MRPA, são realizadas
duas ou três séries de medições ao dia, sendo cada série de 2 ou 3 aferições
com um intervalo entre elas, a depender da forma de proceder de cada serviço.
A credibilidade das informações fornecidas pela MRPA foi determinada em
diversos estudos que a compararam com a MAPA de 24 horas
(48-50)
. Com base
no conhecimento de que os níveis pressóricos medidos pela MAPA de 24 horas
e pela MRPA são consistentemente inferiores aos das medidas em consultório,
foram realizados estudos para definir os critérios para o diagnóstico de HAS a
partir destes métodos
(51, 52)
. A I Diretriz Brasileira para uso da MPRA e da MAPA
considera normal a pressão arterial medida pela MRPA quando igual ou inferior
a 135 / 85 mmHg
(32)
.
Para que haja uma validade confiável nos resultados obtidos pela MRPA,
os equipamentos utilizados devem atender os critérios de validação
estabelecidos pela Association for Advance of Medical Instrumentation (AAMI)
(53)
ou pela British Hipertension Society (BHS)
(54)
, preferentemente de ambas.
Outras medidas importantes são a utilização de equipamentos de medição no
braço, evitando os de medição no pulso ou no dedo, o fornecimento de
manguitos com tamanhos adequados para o braço do paciente e a que os
aparelhos apresentem memória para o registro automático da pressão medida,
eliminando mais uma fonte de erro causada pela anotação incorreta por parte do
paciente
(55, 56)
.
1.2 - Hipertrofia Miocárdica
A HAS, ao determinar o aumento na resistência vascular periférica, induz
a mudanças no músculo cardíaco, representadas por hipertrofia ventricular
esquerda (HVE), disfunção diastólica e posteriormente, à disfunção sistólica do
ventrículo esquerdo. A hipertrofia miocárdica é um fenômeno adaptativo da
musculatura cardíaca exposta a esta sobrecarga de pressão (pós-carga
elevada) inicialmente manifestada como replicação em paralelo dos sarcômeros,
levando a crescimento concêntrico da espessura do miocárdio
(57)
. Cursa nesta
fase inicial com função sistólica normal ou “supernormal” e disfunção diastólica
(relaxamento reduzido). Em fase tardia, costuma evoluir com dilatação da
cavidade ventricular, replicação em série dos sarcômeros e queda na função
sistólica (contratilidade miocárdica reduzida), chamada de hipertrofia excêntrica.
A HVE é fator de risco independente para morbimortalidade cardiovascular e a
HAS é reconhecida como seu principal determinante
(58, 59)
. Outras causas
comuns são as valvulopatias, a doença cardíaca isquêmica e algumas
cardiopatias congênitas.
A identificação da HVE pode ser realizada pelo eletrocardiograma de
superfície, ecocardiograma ou ressonância magnética. O eletrocardiograma tem
baixa sensibilidade no diagnóstico da hipertrofia miocárdica e não exclui sua
presença quando normal. Nos casos em que o eletrocardiograma exibe
alterações na repolarização ventricular e não apenas os critérios de voltagem
para o diagnóstico de HVE, está implicado um maior risco cardiovascular e
sugere a possibilidade de isquemia miocárdica associada
(59)
. O método mais
utilizado no diagnóstico da hipertrofia miocárdica é a ecocardiografia,
associando baixo custo e boa sensibilidade e especificidade
(59)
. O
ecocardiograma é superior em sensibilidade e especificidade diagnóstica para
HVE quando comparado ao eletrocardiograma
(60)
, embora não o substitua, já
que ambos são preditores de risco cardiovascular indepentes
(61)
. A prevalência
da HVE identificada por ecocardiograma em pacientes hipertensos varia
amplamente conforme o critério diagnóstico empregado
(62, 63)
. Em nosso meio, o
cálculo para a estimativa da massa ventricular esquerda baseada em medidas
ecocardiográficas segue a convenção de Penn, com as correções de Devereux
e Reichek
(64)
. A massa ventricular calculada pode ser dividida pela área de
superfície corpórea de cada paciente para calcular o índice de massa do
ventrículo esquerdo (IMVE).
Recentemente, uma nova categoria de anormalidade geométrica do
coração foi identificada, representando um estágio precursor da hipertrofia
concêntrica, chamada de remodelamento concêntrico. O diagnóstico é dado
quando há aumento da espessura da paredes ventriculares sem que ainda a
massa cardíaca tenha superado o valor limite para o diagnóstico de hipertrofia
miocárdica
(65)
. A importância desta determinação é que estes pacientes, que
normalmente seriam identificados como saudáveis do ponto de vista
ecocardiográfico, apresentam risco cardiovascular elevado em relação à
população geral
(65)
.
1.3 – Pressão de Pulso
A pressão arterial diastólica teve papel de destaque nas pesquisas iniciais
sobre terapêutica anti-hipertensiva, sendo adotada como critério de inclusão nos
estudos, desconsiderando um percentual grande de pacientes portadores de
hipertensão sistólica isolada
(66)
. A partir do estudo Systolic Hypertension in the
Elderly Program (SHEP)
(67)
ficou determinada a importância da hipertensão
sistólica isolada como fator preditivo de morbidade e mortalidade cardiovascular,
em grau até mais importante que a pressão diastólica. A redução significativa de
eventos conseguida neste estudo veio contradizer os antigos pressupostos de
que a hipertensão sistólica isolada tratava-se de um achado fisiológico causado
pela esclerose arterial que acompanha o envelhecimento
(17)
. Nos estudos
iniciados posteriormente, a pressão arterial sistólica, e não a diastólica, foi
focada como determinante de morbimortalidade, importante fator de risco
cardiovascular e como preditor de hipertrofia miocárdica
(68, 69)
.
Mais recentemente, foi identificado que a principal característica da
hipertensão sistólica isolada, o componente pulsátil da pressão arterial ou
pressão de pulso (PP), consiste em fator de risco de elevada importância para o
desenvolvimento de complicações cardiovasculares e morte
(17)
. É definida como
a diferença entre a pressão arterial sistólica e a diastólica e tem sido relacionada
a mudanças estruturais e funcionais na camada média arterial, resultando em
redução na sua complacência
(70)
. A PP elevada já foi associada a aumento de
mortalidade cardiovascular
(71)
, a progressão de aterosclerose em aorta,
carótidas
(72)
e nas artérias coronárias
(73)
, a reinfarto em pacientes com função
sistólica deprimida
(74)
e a reestenose após intervenção coronariana
(75)
. De
forma ainda mais importante, um estudo avaliando mais de 12.000 normotensos
e 7.000 hipertensos observou que, nos pacientes do sexo masculino, a PP
elevada (acima de 50 mmHg) em pacientes normotensos, implicou em um risco
de mortalidade geral, cardiovascular e principalmente coronariana, semelhante
ao grupo de hipertensos que apresentavam a PP baixa (menor ou igual a 45
mmHg)
(70)
. As mulheres normotensas deste estudo não obtiveram diferenças
significativas em relação às hipertensas, possivelmente pela baixa mortlidade
cardiovascular desta população em particular. Em um estudo com 2.010
pacientes, Verdecchia e cols. demonstraram que com avaliação por MAPA de 24
horas, era possível dividi-los em 3 categorias, segundo a PP (primeiro, segundo
e terceiro tercis). A incidência de eventos cardiovasculares em cada tercil foi
calculada, sendo crescente do primeiro ao terceiro tercil
(76)
. Neste mesmo
estudo, a utilização da pressão arterial medida em consultório para calcular a
PP, resultava em hiperestimação pois o efeito do avental branco, por elevar a
pressão sistólica com maior intensidade que a diastólica, eleva em média a PP
em 12 mmHg durante a consulta médica
(76)
. Em outro estudo, Verdecchia et al.
estabeleceram um diagrama para predição de risco cardiovascular de acordo
com a avaliação por MAPA de 24 horas. Neste, excluindo-se os pacientes com
HAB, era possível definir como de risco intermediário aqueles com descenso
noturno normal e PP<
53 mmHg ou como de risco elevado, aqueles sem
descenso noturno ou com PP>53 mmHg
(77)
. Mourad e cols. determinaram, em
estudo com mais de 17.000 pacientes, que o tratamento anti-hipertensivo
reduzia a PP apenas de forma limítrofe independente da idade, sendo a redução
significativa para a pressão arterial média
(17)
. Observaram ainda que o
tratamento anti-hipertensivo não era capaz de desacelerar a elevação da PP que
acompanha o envelhecimento
(17)
.
A PP já foi correlacionada a presença de HVE em estudos que utilizaram
a medição de consultório e a MAPA de 24 horas
(78-80)
. São escassos os dados
que relacionam PP medida pela MRPA e HVE.
2 – OBJETIVOS
2.1 – Geral
I.
Correlacionar as pressões arteriais sistólica, diastólica e de pulso, medidas
pelo método de MRPA, com as medidas do IMVE obtidas por
ecocardiografia.
2.2 – Específicos
I.
Estratificar as médias das pressões obtidas por idade, sexo e IMC.
II.
Correlacionar as médias das pressões obtidas na MRPA com o IMVE,
estratificando por idade, sexo e IMC.
III.
Correlacionar o IMVE com os diferentes grupos clínicos da amostra :
normotensos, hipertensos controlados e hipertensos não controlados.
3 – PACIENTES E MÉTODOS
3.1 – Pacientes
O estudo, de base hospitalar, teve sua população selecionada a partir da
avaliação da totalidade do banco de dados da MRPA, dos pacientes
matriculados em serviço privado de cardiologia no Real Hospital Português de
Beneficência em Pernambuco, no período definido para o estudo, após
verificado os critérios de inclusão e exclusão.
3.1.1 – CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Foram incluídos os pacientes que, adequadamente identificados em seus
dados pessoais e antropométricos, submeteram-se à realização de
MRPA e ecocardiograma em um intervalo inferior a seis meses. As
indicações dos exames obedeceram a critérios dos médicos assistentes,
conforme os encaminhamentos individuais.
3.1.2 – CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Idade inferior a 18 anos.
Valvulopatias mitral ou aórtica de grau moderado a importante.
Disfunção contrátil segmentar do ventrículo esquerdo ao
ecocardiograma.
Função sistólica global do ventrículo esquerdo igual ou inferior a 55 %.
3.2 – Desenho do Estudo
Estudo do tipo transversal, de correlação, realizado de forma
retrospectiva, a partir do banco de dados de exames complementares de serviço
privado de cardiologia, no período de janeiro a dezembro de 2004.
3.3 – Variáveis do estudo
3.3.1 – VARIÁVEIS DEPENDENTES
O índice de massa do ventrículo esquerdo (IMVE) obtido dividindo a
massa ventricular esquerda pela área de superfície corpórea do paciente
com resultado expresso em gramas por metro quadrado.
3.3.2 – VARIÁVEIS INDEPENDENTES
Sexo – variável dicotômica
Idade - medida em anos completos
Uso de medicação anti-hipertensiva – variável dicotômica
Índice de massa corporal (IMC) – Calculado como IMC = (Peso) / (Altura)
2
com o peso em quilogramas e a altura em metros.
Média das pressões sistólicas residenciais (PAS) - medidas na MRPA
Média das pressões diastólicas residenciais (PAD) - medidas na MRPA
Pressão de pulso residencial (PP) - calculada a partir da diferença entre
PAS e PAD.
3.4 – Metodologia de avaliação
Durante a admissão, antes da realização de cada exame, foi preenchido
protocolo de identificação do paciente onde constam os dados gerais (data do
exame, nome, idade e endereço) e os dados antropométricos (peso em
quilogramas e altura em metros) com o uso de uma balança clínica (Personal
180 – Filizola), devidamente calibrada.
Os ecocardiogramas foram realizados em equipamentos da marca
General Eletrics, GE System Five e GE Vivid Five, por médicos especialistas do
mesmo serviço. As medidas foram obtidas por Modo M, em sua maioria, sendo
usado o modo bidimensional quando julgado necessário pelo examinador.
Foram catalogados para este estudo as medidas do diâmetro diastólico (DDVE)
e sistólico (DSVE) do ventrículo esquerdo, da espessura do septo
interventricular (SIV) e da parede posterior do ventrículo esquerdo (PPVE), a
presença de defeitos estruturais e de mobilidade das paredes e válvulas
cardíacas.
Os exames de MRPA foram realizados com equipamentos MicroLife
BP3AC1 ou OMRON HEM-705CP, ambos validados pelo protocolo da British
Hipertension Society (BHS)
(54)
.
O paciente, ao dar entrada para a realização do MRPA foi orientado por
um auxiliar técnico quanto aos cuidados necessários para a realização das
aferições, conforme protocolo utilizado no serviço, baseado nas orientações da
diretriz vigente
(32)
:
efetuar a medida na posição sentada após 5 minutos de repouso.
estar em ambiente tranqüilo com temperatura agradável.
utilizar preferencialmente o braço esquerdo apoiado na altura do coração
com a palma da mão voltada para cima.
os valores mensurados foram registrados automaticamente na memória
do equipamento.
Foram fornecidas informações gerais sobre a medida da pressão arterial,
conforme recomenda a mesma diretriz
(32)
:
sobre a variação da pressão arterial: "a pressão varia a cada batimento
do coração".
na maioria das pessoas, a pressão arterial em casa é mais baixa do que
no consultório.
pressões obtidas com diferencial pequeno (140 / 130 mmHg) geralmente
representam artefatos.
insistir na realização de medidas nos dias e horários recomendados pelo
médico, sem alterar a rotina de vida.
não medir a pressão arterial de outras pessoas com o equipamento pois
as mesmas seriam registradas na memória do equipamento, falseando o
resultado.
Segundo o protocolo utilizado, foram realizadas 3 aferições pela manhã e
3 aferições à noite, por 3 dias consecutivos. As aferições foram realizadas pelo
paciente, no braço esquerdo, após 5 minutos de repouso, sentado em local
agradável. As aferições subsequentes foram realizadas com 2 minutos de
intervalo entre elas. Na avaliação dos valores finais e cálculo das médias
pressóricas, as medidas da MRPA realizadas no primeiro dia foram desprezadas
para minimizar o efeito do avental branco.
Para este estudo foram considerados o registro de nome, idade,
sexo, IMC, PAS e a PAD e o uso ou não de anti-hipertensivos. Os dados foram
coletados a partir do banco de dados do setor de exames complementares
(MRPA e ecocardiograma) do serviço referido, sendo feita a digitação inicial dos
dados e posteriormente, uma segunda digitação, para assegurar a ausência de
erros na entrada dos dados. Foram considerados hipertensos todos os pacientes
que não preencheram os critérios de normalidade na MRPA (PAS<135 mmHg e
PAD<85 mmHg) ou que usavam anti-hipertensivos.
Com os dados coletados foram calculados ainda :
área de superfície corporal (ASC) - pela fórmula de Dubois & Dubois :
ASC = 0,007184 (Altura)
0,725
X (Peso)
0,425
, sendo a altura em centímetros
e o peso em quilogramas
(81)
.
fração de ejeção (FE) - realizado pelo Método do Cubo nos casos em que
o DDVE era normal e pelo Método de Teicholz quando o DDVE era
aumentado. Foi considerado o DDVE normal quando a relação DDVE /
ASC foi < 31.
massa de ventrículo esquerdo – calculada segundo a convenção de
Penn, com as correções de Devereux e Reichek
(64)
.
índice de massa de ventrículo esquerdo (IMVE) – calculado pela razão :
Massa de ventrículo esquerdo / ASC
pressão de pulso - PP = PAS – PAD
3.5 – Análise estatística
A avaliação dos dados foi realizada no software SigmaStat para Windows,
versão 3.10, registrado pela Systat Software, Inc. Os dados foram considerados
estatisticamente significativos quando p <
0,05.
Para a verificação de não aleatoriedade em variáveis dicotômicas
isoladamente foi utilizado o teste binomial não paramétrico, em que é testada a
hipótese de que a variável distribue-se simetricamente na população (exemplo:
sexo). O teste do quiquadrado foi utilizado para comparar variáveis categóricas
entre grupos. Para comparação de médias entre dois grupos foram utilizados o
teste T de Student, para as amostras normais, e a soma de escores de Mann-
Whitney, para amostras não normais. Para comparar médias entre mais de dois
grupos foi utilizado a análise de variância (ANOVA). Foi aplicado o coeficiente de
Pearson para verificar a correlação entre variáveis contínuas. Para a
identificação de equações preditivas entre as variáveis dependentes e
independentes foi aplicada a regressão múltipla linear, a partir das variáveis
sugeridas como significantes pela análise de regressão passo a passo.
3.6 – Comissão de ética
Este estudo foi submetido a avaliação do Comitê de Ética da instituição,
de acordo com a Resolução no 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, e sua
realização aprovada.
4 – RESULTADOS
4.1 – Descrição da Amostra
No período de janeiro a dezembro de 2004, um grupo de 127 pacientes
foi submetido a realização da MRPA. Destes, 83 pacientes realizaram também
ecocardiograma, com intervalo de tempo inferior a 6 meses entre os dois
exames, sendo selecionados para o estudo. Após a seleção inicial, foram
excluídos 11 pacientes, sendo 5 pacientes por valvulopatia, 3 pacientes por
déficits segmentares significativos e 3 por apresentarem FE <
55%. A amostra
final foi de 72 pacientes, sendo 31 do sexo masculino (43%) e 41 do sexo
feminino (57%), diferença não significativa pelo teste binomial ( p=0,289; IC
95%= 44,7% à 68,6% ).
Nas Tabelas 3 e 4 estão demonstradas as principais estatísticas
descritivas das variáveis idades, peso, altura e IMC.
Tabela 3
Idade, altura, peso e IMC de 72 pacientes submetidos a MRPA e
ecocardiograma em 2004 (Recife-PE).
Estatísticas descritivas
Variável
média Mediana DP mínimo máximo
Idade (anos) 51,9 48,0 17,3 25,0 85,0
Peso (kg) 78,4 74,6 19,2 48,0 120,0
Atura (m) 1,65 1,62 0,12 1,36 1,98
IMC (kg/m
2
) 28,6 24,8 6,0 18,3 45,2
Tabela 4
Médias de idade, altura, peso, IMC e frequência de uso de anti-hipertensivos,
estratificados por sexo, de 72 pacientes submetidos a MRPA e ecocardiograma
em 2004 (Recife-PE).
Estatísticas descritivas por sexo
Variável
Masculino Feminino Total p
Pacientes (n) 31 41 72 0,289 ‡
Idade (anos) 48,4 54,7 51,9 p=0,041 *
Altura (m) 1,75 1,57 1,6 <0,001
Peso (Kg) 89,1 70,3 78,4 <0,001 *
IMC (Kg/m
2
) 28,9 28,4 28,6 p=0,185 *
Anti-hipertensivos 10 (32,2%) 28 (68,3%) 38 (52,7%) p=0,005 †
* Teste de Mann-Whitney
† Teste do quiquadrado
‡ Teste binomial
A faixa etária da amostra variou de 25 a 85 anos, com média de 51,9
±17,3 anos, sendo que 50% dos indivíduos tinham idade inferior a 48 anos. O
sexo feminino correspondeu a 57% da amostra. Apesar da altura e peso serem
maiores nos pacientes do sexo masculino, a normatização por IMC mostra o
grupo homogêneo em relação à obesidade. As mulheres utilizaram anti-
hipertensivos cerca de 2 vezes mais que os homens.
4.2 – Medidas de pressão arterial através da MRPA
Na Tabela 5 podem ser observados os resultados das medidas da
pressão arterial obtidas por MRPA.
Tabela 5
Níveis de PAS, PAD e PP de 72 pacientes submetidos a MRPA e
ecocardiograma em 2004 (Recife-PE).
Estatísticas descritivas da variação da PA
Pacientes
PA
(mm Hg)
média mediana DP mínimo máximo
Sistólica 126,5 123,1 19,5 89,1 175,3
Diastólica 76,7 75,95 9,6 58,6 101,7
Total
(n=72)
Pulso 49,8 46,9 17,2 24,1 104,1
4.3 –Estratificação das medidas da pressão arterial por sexo
A Tabela 6 exibe as estatísticas descritivas para PAS, PAD e PP entre o
sexo masculino e feminino.
Tabela 6
Níveis de PAS, PAD e PP de 31 pacientes do sexo masculino e 41 pacientes do
sexo feminino, submetidos a MRPA e ecocardiograma em 2004 (Recife-PE).
Estatísticas descritivas da variação da PA
Pacientes
PA
(mm Hg)
média mediana DP mínimo máximo
Sistólica 127,2 126,1 15,5 103,1 157,6
Diastólica 78,6 78,5 9,3 60,8 98
Masculino
Pulso 48,6 44,3 12,6 30,2 75,1
Sistólica 125,9 120,1 22,2 89,1 175,3
Diastólica 75,4 74,6 9,7 58,6 101,7
Feminino
Pulso 50,5 48,3 20,1 24,1 104,1
Não houve diferença significativa entre os sexos quanto as médias da
PAS (p=0,78), PAD (p=0,16) ou PP (p=0,67). Foi possível classificar como
hipertensos 46 pacientes (63,9%), representando 48,4% dos homens e 75,6%
das mulheres. Destes, os do sexo masculino utilizavam medicação anti-
hipertensiva em 66% dos casos e os do sexo feminino em 90%.
Como havia maior número de mulheres na amostra e as mesmas faziam
uso de medicação anti-hipertensiva com maior frequência, foi feita a
estratificação por uso ou não de anti-hipertensivos; em seguida, os grupos foram
subdivididos por sexo, a fim de comparar as medidas das pressões nestes
grupos. Não houve diferença estatística entre os sexos para a PAS, PAD e a PP,
seja nos pacientes em uso de anti-hipertensivos ou no grupo sem uso de
medicação.
Ao dividir os pacientes em hipertensos e normotensos, foi possível
verificar diferença significativa nas medidas da PAD entre os sexos no grupo de
hipertensos (p=0,022), conforme exibe a Tabela 7.
Tabela 7
Comparação entre homens e mulheres da PAS, PAD e PP de 46 pacientes
hipertensos e 26 pacientes normotensos, submetidos a MRPA e ecocardiograma
em 2004 (Recife-PE).
PA (mm Hg) Homens Mulheres P
n 15 31
Sistólica 136,6 130,3 NS
Diastólica 83,8 76,3 0,022
Hipertensos
(n=46)
Pulso 52,8 53,9 NS
n 16 10
Sistólica 118,4 112,2 NS
Diastólica 73,6 72,3 NS
Normotensos
(n=26)
Pulso 44,8 39,9 NS
Realizado teste T de Student.
PA – Pressão arterial.
NS – Não significativo.
4.4 – Considerações sobre as medidas da pressão arterial e a
idade.
Após análise de regressão linear foi possível determinar que com o
aumento da idade dos pacientes houve elevação nos níveis de PAS (coeficiente
de correlação de Pearson : r=0,510; p<0,001) e PP (coeficiente de correlação de
Pearson : r=0,691; p<0,001), com forte significância estatística conforme exibido
nos Gráficos 1 e 2.
A análise de regressão linear entre a idade e a PAD não atingiu
significância estatística (p=0,085). A Tabela 8 exibe os coeficientes de
correlação de Pearson para análise entre a idade e as pressões sistólica,
diastólica e de pulso, avaliando apenas o grupo de hipertensos, sendo
observado correlação significativa entre idade e estas três variáveis.
Tabela 8
Coeficientes de correlação de Pearson para comparação entre idade e médias
da PAS, PAD e PP em 46 pacientes hipertensos submetidos a MRPA e
ecocardiograma em 2004 (Recife-PE).
Coeficientes de correlação de
Pearson
Valor
PAS PAD PP
r 0,533 - 0,295 0,749
p <0,001 0,047 <0,001
n 46 46 46
4.5 – Valor das medidas da pressão arterial e o IMC.
A divisão dos pacientes em 3 grupos a partir do IMC, igual ou menor que
25 m/g
2
, maior que 25 e menor ou igual que 30 m/g
2
e maior que 30 m/g
2
, não
identificou variação nas médias da PAS, PAD ou PP entre os grupos, conforme
exibido na Tabela 9.
Tabela 9
Médias da PAS, PAD e PP de arcordo com faixas de IMC, em 72 pacientes
submetidos a MRPA e ecocardiograma em 2004 (Recife-PE).
IMC (Kg/m
2
) Pressões
(mmHg)
<
25 (n=20) >25 e <30 (n=31) >30 (n=21) p
PAS 123,0 127,7 127,9 0,65 *
PAD 74,3 78,1 77,1 0,37 *
PP 48,4 41,7 46,7 0,92
* Análise de variância – ANOVA
† ANOVA em escores.
4.6 – Considerações sobre o índice de massa ventricular.
A Tabela 10 exibe as principais estatísticas descritivas do índice de
massa ventricular considerando a totalidade dos pacientes e agrupando-os por
sexo. O valor do IMVE entre os sexos foi semelhante (p=0,285). A análise de
regressão linear entre o IMVE e o IMC mostra ausência de correlação entre
estas variáveis (p=0,112). O mesmo teste aplicado entre o IMVE e a idade
mostra significância estatística na relação (p<0,001). A variação do índice de
massa ventricular de acordo com as pressões sistólica, diastólica e de pulso é
exibida nos Gráficos 3, 4 e 5 respectivamente.
Tabela 10
Índice de massa ventricular em 72 pacientes submetidos a MRPA e
ecocardiograma em 2004 (Recife-PE), e sua estratificação por sexo.
Índice de massa ventricular
Pacientes
n Média Mediana DP mínimo máximo
Total 72 109,1 104,6 24,6 53,5 176
Masculino 31 112,2 106,9 22,7 77,7 161,4
Feminino 41 106,8 102,2 26,0 53,5 176,0
Teste de Mann-Whitney : p=0,285
A análise de regressão linear mostra correlação estatisticamente
significativa entre o IMVE e a PAS (p=0,002) e a PP (p<0,001), não havendo
entretanto significância na relação com a PAD (p=0,70). Os coeficientes de
correlação de Pearson para as variáveis indepentes em relação ao IMVE podem
ser observados na Tabela 11.
Tabela 11
Coeficientes de correlação de Pearson para comparação entre IMVE e as
variáveis independentes: PAS, PAD, PP, idade e IMC, em 72 pacientes
submetidos a MRPA e ecocardiograma em 2004 (Recife-PE).
Coeficientes de correlação de Pearson
IMVE
PAS PAD PP IMC Idade
r 0,356 0,0459 0,429 0,189 0,383
p 0,0021 0,702 0,0001 0,112 0,0009
Analisando isoladamente os 26 pacientes normotensos (36,1% da
amostra) não há relação entre o IMVE e a PAS (p=0,78), a PAD (p=0,15) ou a
PP (p=0,58).
A classificação de hipertrofia ventricular proposta por Hammond et al.,
define HVE como o IMVE>134 g/m
2
em homens e >110 g/m
2
em mulheres
(82)
.
Conforme pode-se observar na Tabela 12, quando utilizou-se estes critérios,
houve maior frequência de HVE nos pacientes classificados como hipertensos,
com significância estatística. Não houve diferença entre homens e mulheres na
proporção de pacientes com diagnóstico de HVE, quando utilizados estes
critérios (p=0,25).
Tabela 12
Associação entre hipertensão arterial e hipertrofia ventricular esquerda em 72
pacientes submetidos a MRPA e ecocardiograma em 2004 (Recife-PE).
Hipertofia ventricular esquerda
Presente Ausente Total (%)
Hipertensos 21
25 46 (63,9)
Normotensos 4 22 26 (36,1)
Total (%) 25 (34,8) 47 (65,2)
Teste do quiquadrado : p=0,02
A Tabela 13 descreve a variação do IMVE dividindo o grupo a partir dos
valores da PP, conforme o ponto de corte de 53 mmHg
(77)
. A Tabela 14
descreve o mesmo aspecto mas avaliando apenas os hipertensos.
Tabela 13
Associação entre PP e IMVE em 72 pacientes submetidos a MRPA e
ecocardiograma, no ano de 2004 (Recife-PE).
IMVE (g/m
2
)
PP
N média Mediana DP mínimo Máximo
PP < 53 mmHg
49 103,3 100,4 21,6 53,5 141,4
PP > 53 mmHg
23 121,6 115,4 26,4 75,8 176,0
Teste T de Student : p=0,003
Tabela 14
Associação entre PP e IMVE em 46 pacientes hipertensos submetidos a MRPA
e ecocardiograma em 2004 (Recife-PE).
IMVE (g/m
2
)
PP
N média Mediana DP mínimo Máximo
PP < 53 mmHg
26 103,7 99,9 24,7 53,5 141,4
PP > 53 mmHg
20 124,1 124,6 26,9 75,8 176,0
Teste T de Student : p=0,011
Vale salientar que o grupo de pacientes hipertensos com PP elevada
exibe maior média de PAS (149,4 mmHg contra 119,2 mmHg nos hipertensos
com PP baixa; p<0,001).
Considerando que a normalidade do IMVE é diferente para homens e
mulheres
(82)
, foi elaborada a Tabela 15 em que são exibidas as associações
entre os índices de massa ventricular e a presença ou não de PP elevada
(considerando elevadas as PP> 53 mmHg
(77)
), dividindo os grupo por sexo.
Houve significância na diferença entre o IMVE das mulheres quando
comparados os grupos de PP normal e elevada. Avaliando este mesmo grupo,
as mulheres com PP <
53 mmHg apresentavam uma PAS de 115,2 mmHg
enquanto as com PP > 53 mmHg, apresentavam PAS de 148,8 mmHg, diferença
significativa (p<0,001).
A Tabela 16 faz uma comparação dos hipertensos em uso de medicação
com os que não usaram medicação.
Tabela 15
Medida da associação entre PP elevada e IMVE, em 31 homens e 42 mulheres,
submetidos a MRPA e ecocardiograma em 2004 (Recife-PE).
Sexo PP (mmHg) IMVE (g/m
2
)p
< 53 (n=21) 107,2 0,078
Homens
(n=31)
>53 (n=10) 122,6 -
<
53 (n=28) 100,3 0,016
Mulheres
(n=42)
>53 (n=13) 120,8 -
Realizado teste T de Student comparando homens e mulheres separadamente.
Tabela 16
Idade, IMC, PAS, PAD, PP e IMVE em 46 hipertensos submetidos a MRPA e
ecocardiograma em 2004 (Recife-PE), estratificados por uso de medicações
anti-hipertensivas.
Uso de medicação anti-hipertensiva
Variáveis
Sim Não p
Idade (anos) 57,8 50,9 0,269 *
IMC (kg/m
2
) 27,1 31,3 0,16
PAS (mmHg) 130,5 140,9 0,204 *
PAD (mmHg) 74,7 87,9 0,003
PP (mmHg) 53,7 53,0 0,928 *
IMVE (g/m
2
) 113,5 108,3 0,628 *
* teste T de Student
† teste de Mann-Whitney
Subdividindo os hipertensos em controlados e não controlados, segundo
os critérios da MRPA já descritos, a diferença entre as médias do IMVE não
atinge significância estatística (p=0,067), conforme Tabela 17.
Tabela 17
Relação entre IMVE e controle adequado da HAS, avaliado por MRPA em 46
pacientes hipertensos submetidos a MRPA e ecocardiograma em 2004 (Recife-
PE).
Teste T de Student : p=0,067
Foi analisada a correlação entre PP elevada e IMVE também nos
normotensos mas não houve significância estatística.
Ao serem categorizados em idade >
60 anos ou idade < 60 anos, as
relações entre a PAS e a PP com o IMVE não são significativas nos dois grupos
e correlação do IMVE com a PAD persiste sem significância. Considerando
apenas os 31 homens, houve correlação do IMVE apenas com a PP (p=0,010).
No grupo de 41 mulheres, houve correlação do IMVE com a PAS (p=0,012) e a
PP (p=0,004). Nos pacientes com IMC<
30 Kg/m
2
houve correlação do IMVE com
a PAS (p=0,019) e com a PP (p=0,008). Naqueles com IMC>30 Kg/m
2
, houve
correlação do IMVE apenas com a PP (p=0,008). A correlação com a PAS
margeou a significância (p=0,065).
IMVE (g/m
2
)
Hipertensão
N média
Sob controle
26 104,2
Não controlada
20 119,1
5 – DISCUSSÃO
5.1 – Pressão de pulso - preditor de risco cardiovascular
Por muitos anos a hipertensão arterial foi estudada e compreendida com
base no conceito de fluxo e pressão contínuos, onde haveria uma elevação
anormal da pressão arterial média e da resistência periférica total, como
consequência de redução no calibre arteriolar. Este modelo teórico
desconsiderava o fato de que o fluxo sanguíneo e a pressão arterial nos seres
vivos são componentes pulsáteis e não contínuos
(83)
. O componente pulsátil da
pressão arterial, que cada vez mais é compreendido como índice de rigidez nas
grandes artérias(70), tem sido estudado como novo fator prognóstico e
determinante de doenças e mortalidade cardiovascular
(49, 73, 75, 76, 79, 84)
.
Nesse estudo, foram avaliados 72 pacientes que realizaram MRPA e
ecocardiograma com o intuito de avaliar a relação existente entre os diversos
componentes da pressão arterial medida fora de consultório e a prevalência de
anormalidades na massa cardíaca normatizada por superfície corpórea. Alguns
estudos avaliaram a pressão fora do consultório por MAPA de 24 horas ou
MRPA e compararam a PAS, PAD e a pressão arterial média com a massa de
ventrículo esquerdo
(84)
. Há também relatos da avaliação da PP medida de forma
convencional ou através de MAPA de 24 h e sua relação com o IMVE
(78-80, 84)
. O
presente estudo diferencia-se dos demais por avaliar esta relação medindo o
componente pulsátil da pressão arterial através da MRPA.
5.2 – Caracterização da amostra
As Tabelas 3 e 4 evidenciam as principais características da amostra
estudada, exibindo um grupo com predominância de adultos de meia idade, sem
diferença entre a casuística por sexo e com IMC predominantemente entre
normal e sobrepeso. A média das pressões exibe um grupo predominantemente
de normotensos e hipertensos não graves (Tabela 5). Comparando as variáveis
independentes entre os sexo, exibem diferenças estatísticamente significativas
apenas a média das idades (maior no sexo feminino), e o uso de medicações
anti-hipertensivas (mais frequentes no sexo feminino).
No sexo feminino, houve também maior prevalência de hipertensos
(p=0,017). As médias das pressões foram semelhantes entre os sexos (Tabela
6). Agrupando a amostra em normotensos e hipertensos, não encontramos
diferenças significativas entre as pressões quando comparados homens e
mulheres, exceto pela presença de PAD mais elevada no grupo de homens
hipertensos, em relação às mulheres hipertensas (Tabela 7). Nesta amostra, isto
poderia estar relacionado ao maior uso de anti-hipertensivos pelas mulheres.
5.3 – Lesão de órgãos-alvo
O principal achado deste estudo consiste na presença de correlação entre
o IMVE e a PP avaliada por MRPA. Conforme pode ser observado nos gráficos
3, 4 e 5 e na Tabela 11, a PP mantém uma relação com o IMVE mais próxima
até mesmo que a PAS. Ao mesmo tempo,não foi possível demonstrar correlação
significativa com a PAD, o que contraria os achados de Gomes et al. que
utilizando as medidas da MRPA, encontraram relação significativa do IMVE,
tanto com a PAS, como com a PAD, sendo mesmo mais significativa com a PAD
(r=0,49 para esta e r=0,39 para a PAS, ambas com p<0,05)
(49)
.
Em avaliação de 304 pacientes por MAPA de 24 h, Mule et al.
demonstraram com análise multivariada que há relação siginificativa e
independente entre a média pressórica das 24 horas e o IMVE (beta=0,27 e
p=0,008) e entre a PP e o IMVE (beta=0,23 e p=0,02) nos hipertensos maiores
que 50 anos
(84)
. Nos pacientes mais jovens, apenas a pressão arterial média foi
capaz de determinar relação significativa com o IMVE de forma independente.
Apesar disto, analisando o grupo completo ou apenas os idosos, não houve
relação entre a PP e o IMVE quando considerados os efeitos da PAS em um
modelo de regressão múltipla. Os dois estudos avaliaram apenas pacientes
hipertensos com ou sem tratamento medicamentoso
(49, 84)
.
Como esperado, avaliando-se apenas os pacientes hipertensos deste
estudo, os resultados da análise de regressão linear permanecem com maior
significância para a correlação entre o IMVE e a PP (p<0,001), seguida pela
correlação entre o IMVE e a PAS (p=0,009) e novamente sem haver
significância entre o IMVE e a PAD (p=0,66).
Existe melhor correlação entre os níveis de pressão arterial medidos fora
da clínica com lesões de órgãos alvo e mortalidade
(78)
, quando comparados
com as medidas de pressão arterial durante a consulta médica, que costumam
ser superestimadas pela presença da reação de alarme
(37, 45, 46, 49)
. A análise
dos dados deste estudo confirma os achados da literatura nacional e
internacional de que há firme relação entre o IMVE e as medidas da pressão
arterial realizadas fora do consultório, tanto por MAPA de 24 h como por MRPA
(49, 69, 84)
.
A associação entre HAS e HVE já está bem estabelecida e é também
identificada neste estudo (ver Tabela 12), assim como a definição da HVE como
fator de risco independente para morbidade e mortalidade cardiovascular, mais
importante até mesmo que a HAS isoladamente
(58, 59)
.
A PP elevada também é reconhecida como fator de risco para o
desenvolvimento de morbidade e mortalidade cardiovascular
(70, 71, 76)
. A
mortalidade elevada relacionada aos maiores níveis de PP, já foi demonstrada
mesmo em pacientes normotensos, definindo uma nova classe de pacientes na
estratificação de risco usual
(70)
. Os pacientes normotensos com PP elevada
deste estudo não apresentaram maior prevalência de HVE mas a falta de
significância estatística pode dever-se ao pequeno número de normotensos com
este achado (4 pacientes). Além disso, devido à baixa frequência de PP elevada
nos normotensos (3 pacientes de 26 normotensos), um estudo com maior
número destes torna-se necessário para que seja possível obter maiores
conclusões. As Tabelas 13 e 14 exibem a significância da associação entre PP
elevada e IMVE, mas a Tabela 15 expõe um fato ainda mais importante. No
grupo de mulheres, foi possível identificar associação estatisticamente
significativa entre a PP >53 mmHg e a presença de aumento do IMVE, com
evidente interesse clínico já que a média encontrada (120,8 g/m
2
) implica no
diagnóstico de HVE e assim, da perspectiva de mortalidade elevada
(58, 59)
.
5.4 – Análise de subgrupos
Gomes et al. identificaram diferença estatística entre os dois sexos em
relação a PAS e a PAD, sendo ambas mais elevadas nos homens
(49)
. Já no
presente estudo, não houve diferenca estatística entre a PAS, a PAD, nem a PP
entre os sexos, havendo achados semelhantes na literatura
(78)
. A presença
desigual de hipertensão e de uso de anti-hipertensivos entre os sexos na
amostra analisada neste estudo poderia explicar as diferenças encontradas em
relação aos resultados de Gomes et al
(49)
.
Avaliando os hipertensos deste estudo, pode ser observado na Tabela 16
que o uso de medicação anti-hipertensiva foi capaz de reduzir, de forma
significativa, apenas a pressão diastólica. A PP apresentou médias quase
idênticas quando comparadas entre estes grupos, devido a queda simultânea da
PAS, embora sem significância estatística. Neste contexto são dignos de nota os
achados de Mourad et al. em que a PP foi mais baixa em pacientes hipertensos
em tratamento medicamentoso em várias faixas etárias, exceto em maiores de
75 anos, quando a PP não variou com o tratamento
(17)
. A casuítica pequena
deste estudo não permite o agrupamento de pacientes em diversas faixas
etárias, pois reduziria em demasia o poder estatístico de qualquer análise.
O índice de massa corpórea, na população deste estudo, não apresentou
relação com os níveis de PAS, PAD ou PP (Tabela 9). Avaliando uma coorte
composta por 1089 adultos, Gus et al. demonstrou que o IMC tem baixo poder
preditivo para o desenvolvimento de HAS, sendo a circunferência abdominal um
melhor marcador, embora não tenha conseguido atingir o nível inferior a 5% de
significância estatística nos pacientes do sexo masculino
(24)
.
A elevação nos níveis de PAS e de PP com a idade foi demonstrada por
vários autores
(17, 70, 73, 78)
. A análise de regressão linear da amostra ora estudada
permitiu a identificação de achado semelhante, conforme exibido nos Gráficos 1
e 2. A tendência crescente da PAS com a elevação da idade deve-se em grande
parte ao processo de esclerose arterial dos idosos. O aumento da PP é
influenciado por este mesmo fator mas também pela queda na PAD com a
elevação da idade. A redução na PAD com a idade, neste estudo, não atingiu a
significância como em outros achados da literatura
(17, 70)
e isto pode ser atribuído
ao número de pacientes avaliados.
A análise apenas do grupo de hipertensos permitiu a identificação de
correlação ainda mais forte entre a idade e a PAS e a idade e a PP. Neste
grupo, foi possível determinar significância estatística para a redução na PAD
com o aumento da idade, conforme observado pelos coeficientes de correlação
de Pearson, na Tabela 8.
Ao avaliar a variação da IMVE em um modelo de regressão linear passo a
passo com as variáveis independentes PAS, PAD, PP, idade e IMC, a utilização
isoladamente da PP produz a melhor equação de determinação para a variável
dependente, com p<0,001. Os índices de correlação de Pearson exibidos na
Tabela 11 reforçam a relação mais estreita existente entre a PP e o IMVE,
seguida por idade e PAS. A dispersão dos pontos nos gráficos das relações
entre as pressões e o IMVE pode ser explicada pela presença de múltiplos
fatores influenciando o aumento da massa ventricular esquerda como a
obesidade, a resposta pressórica às atividades diárias, a carga dietética diária
de sal, a viscosidade sanguínea, a volemia, os fatores genéticos, entre outros
(58)
.
Por causa desta multifatoriedade, a previsibilidade do IMVE a partir de um
modelo baseado na PP não é possível, conforme identificado pelo baixo valor do
“r” calculado (Gráfico 5).
Conforme observado por Hammond et al., o IMVE dos homens é mais
elevado do que o das mulheres
(82)
. Neste estudo porém, não houve diferenças
do IMVE entre os sexos (tabela 9). No grupo avaliado há predominância de
mulheres e as mesmas eram hipertensas em percentual maior que os homens.
Além disso, as mulheres hipertensas, utilizavam anti-hipertensivos em maior
frequência do que os homens. Esta falta de comparabilidade entre os sexos
pode ser responsável pela semelhança do IMVE nos dois grupos, além de poder
ter influenciado para positivo ou negativo as relações entre sexo e outras
variáveis. Além disso, um número maior de indivíduos no estudo poderia ter
modificado algumas correlações que margearam a significância.
Este estudo foi conduzido de forma retrospectiva através da avaliação de
bancos de dados dos pacientes que realizaram MRPA e ecocardiograma, sendo
muito importante a utilização, na fase de introdução dos dados nas planilhas, de
uma segunda digitação dos dados coletados. Embora isto possa ter prevenido a
inclusão de erros que fossem dependentes da entrada de dados nas tabelas a
serem avaliadas, a análise foi conduzida de forma retrospectiva e não tem poder
para atribuir valor causal a PP como indutora de hipertrofia ventricular, mas
apenas de verificar a sua associação.
A aquisição dos dados pela MRPA minimiza a possibilidade de erros nas
medidas da pressão arterial tanto por inabilidade do examinador (paciente ou
familiar), como por falta de exatidão na medida (aparelhos validados pelo
protocolo da BHS
(54)
) ou pela presença de reação de alarme. O método foi eficaz
na aquisição das medidas durante os três dias em todos os pacientes da
seleção inicial. Os equipamentos utilizados no estudo são capazes de
memorizar as medidas realizadas, minimizando o erro na informação ou registro
das medidas por parte dos pacientes
(56)
.
Os ecocardiogramas foram realizados no mesmo serviço e nos mesmos
equipamentos, mas por operadores diferentes o que pode induzir a viés de
informação por variações inter e intra-operador na mensuração das dimensões e
demais variáveis ecocardiográficas. Além disso, a utilização do modo M ou do
modo bidimensional para a realização das medidas conforme o julgamento dos
realizadores do exame, sem um critério pré-determinado, deve ser vista como
limitação metodológica.
Contudo, apesar do presente estudo ter sido realizado de forma
retrospectiva, o seu valor está no fato de associar, pela primeira vez, o IMVE
com a PP medida através da MRPA, mostrando que esta correlação tem grande
força estatística. Estudos prospectivos, bem controlados em seus possíveis
vieses e com maior número de pacientes são necessários para melhor
estabelecer a importância deste achado.
6 – CONCLUSÕES
Medindo a pressão arterial por MRPA e o IMVE por ecocardiografia, em
um grupo de pacientes composto por normotensos e hipertensos, foi
encontrada correlação entre a PAS e o IMVE, e entre a PP e o IMVE,
sendo mais forte a correlação com esta última. Não foi encontrada
correlação entre a PAD e o IMVE.
Na amostra global, a PAS e a PP foram mais elevada quanto maior a
idade, e não houve correlação entre a PAD e a idade. No grupo de
hipertensos, a PAS e a PP cresceram progressivamente com a idade.
Neste mesmo grupo, de forma contrária, a pressão diastólica decresceu
com a elevação da idade. Não houve variações da PAS, PAD ou PP entre
os sexos ou por IMC.
Dividindo os pacientes em <60 anos ou >
60 anos, as correlações entre o
IMVE e a PAS e PP foram perdidas, permanecendo a PAD sem
correlação. Considerando o grupo do sexo masculino, houve correlação
apenas com a PP. No grupo do sexo feminino foi encontrada correlação
com a PAS e a PP. No grupo de pacientes com IMC<
30 Kg/m
2
houve
correlação do IMVE com a PAS e a PP. Nos pacientes com IMC>30
Kg/m
2
houve correlação do IMVE apenas com a PP.
Não foi possível identificar diferenças no IMVE entre os grupos de
normotensos, hipertensos sem controle e hipertensos controlados.
Considerando apenas os hipertensos, os pacientes com adequado
controle da hipertensão exibiram IMVE semelhante àqueles sem controle
adequado, embora a diferença tenha margeado a significância estatística.
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