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COMPARAÇÃO DE MODELOS PARA O CÁLCULO DE
PERTURBAÇÕES ORBITAIS DEVIDAS À MARÉ TERRESTRE
Dissertação apresentada à Faculdade
de Engenharia do Campus de
Guaratinguetá, Universidade
Estadual Paulista, para a obtenção
do título de Mestre em Física na
área de Dinâmica Orbital e
Planetologia.
Orientador: Prof. Dr. Rodolpho Vilhena de Moraes
Guaratinguetá
2005
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UNESP UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá
COMPARAÇÃO DE MODELOS PARA O CÁLCULO DE
PERTURBAÇÕES ORBITAIS DEVIDAS À MARÉ TERRESTRE
JULIANA VIEIRA PINTO
ESTA MONOGRAFIA FOI JULGADA ADEQUADA PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO
DE
“MESTRE EM FÍSICA”
APROVADA EM SUA FORMA FINAL PELO PROGRAMA DE PÓS-
GRADUAÇÃO
Prof. Dr. DENIS DALMAZI
Coordenador
BANCA EXAMINADORA:
Prof. Dr. RODOLPHO VILHENA DE MORAES
Orientador/UNESP-FEG
Profª. Drª. Mª CECÍLIA FRANÇA P. S. ZANARDI
UNESP/FEG
Prof. Dr. HÉLIO K. KUGA
INPE
Julho de 2005
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DADOS CURRICULARES
JULIANA VIEIRA PINTO
NASCIMENTO 18.09.1967 – SÃO PAULO / SP
FILIAÇÃO Júlio Vieira
Rosa Bokor Vieira Xavier
1985/1988 Curso de Graduação
Matemática - UNITAU
1993/1997 Curso de Graduação
Engenharia Civil - UNITAU
2003/2005 Curso de Pós-Graduação em Física, nível de Mestrado,
na Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá –
UNESP.
Aos meus queridos filhos, Gustavo e
Guilherme, fontes de minha inspiração.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus, fonte da vida e da graça. Agradeço pela
minha vida, minha família e meus amigos,
ao meu orientador, Prof. Dr. Rodolpho Vilhena de Moraes que jamais deixou
de me incentivar. Sem a sua orientação, dedicação, auxílio e carinho, o estudo aqui
apresentado seria praticamente impossível;
aos meus pais, Júlio e Rosa, pelo exemplo de coragem, determinação,
humildade e amor. Obrigada por sempre incentivarem meus estudos e por sempre
me ajudarem nas horas mais difíceis de minha vida;
aos meus irmãos, Vera (i.m.), Júlia e Julinho, por tudo que fizeram e ainda
fazem por mim;
ao Luiz Américo, especialmente, pelo grande apoio que me deu para que essa
monografia fosse concluída;
à Andresa Fernanda, pela sua amizade e dedicação;
às minhas amigas Denise e Ana Lúcia, pelo grande incentivo;
aos Professores da Feg, pelo muito que me ensinaram;
aos Colegas da s Graduação, pela grande amizade e carinho que sempre
tiveram por mim.
Este trabalho contou com o apoio financeiro da CNPq:
CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E
TECNOLÓGICO
“Diante da vastidão do tempo e
da imensidão do espaço é uma alegria para mim
compartilhar uma época e um planeta com você”
(Carl Sagan)
PINTO, J. V. Comparação de modelos para o cálculo de perturbações orbitais
devidas à maré terrestre. 2005, 201f. Dissertação (Mestrado em Física)
Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual
Paulista, Guaratinguetá.
RESUMO
Aplicações recentes de satélites artificiais da Terra com finalidades geodinâmicas
requerem órbitas determinadas com bastante precisão. Em particular, marés
terrestres influenciam o potencial terrestre causando perturbações adicionais no
movimento de satélites artificiais, as quais têm sido medidas por diversos processos.
A atração exercida pela Lua e pelo Sol sobre a Terra produz deslocamentos elásticos
em seu interior e uma protuberância em sua superfície. O resultado é uma pequena
variação na distribuição da massa na Terra, conseqüentemente alterando o
geopotencial. As perturbações nos elementos orbitais de satélites artificiais terrestres
devidas à maré terrestre podem ser estudadas a partir das equações planetárias de
Lagrange, considerando-se um potencial conveniente. Alguns modelos têm sido
propostos para o cálculo de perturbações orbitais devidas à maré, tais como os
modelos de Kaula, de Kozai, de Balmino e o utilizado pelo IERS. Os resultados
encontrados na literatura são, em geral difíceis de serem comparados, pois os
cálculos são feitos com diferentes modelos. Neste trabalho são apresentadas, para os
potenciais mencionados, as expressões analíticas em forma expandida. Alguns
cenários são propostos mostrando, para tais modelos, as diferenças nas perturbações
de longo período e seculares, nos elementos orbitais de satélites artificiais, devidas á
maré terrestre.
PALAVRAS-CHAVE: Marés terrestres, perturbações orbitais, satélites artificiais.
PINTO, J. V. Comparison of models for the calculation of orbital perturbation
due to the terrestrial tide. 2005, 201f. Dissertação (Mestrado em Física)
Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual
Paulista, Guaratinguetá.
ABSTRACT
Recent applications of artificial Earth’s satellites, as for instance with geodynamics
purposes, require very high precision orbit determination. In particular, terrestrial
tides affects the geopotential causing additional orbital perturbations that can be
measured by several methods. The Sun and Moon attraction on the Earth produces
both an elastics displacements in the Earth’s interior and a bulge in its surface. The
resulting effect is a small variation in the Earth’s mass distribution. The
perturbations in the orbital elements due to the terrestrial tides can be analysed using
the Lagrange planetary equations considering a convenient potential. Some models
have been proposed to compute orbital perturbations due to the terrestrial tides, such
as the models proposed by Kozai, Kaula, Balmino and the model used by the IERS.
The results found in the literature about orbit perturbations due to terrestrial tides
were obtained using different models being difficult to be compared. In this work
the above-referred models are presented. Expanded analytical expressions are
presented. Some scenarios are proposed showing, for such models, the differences in
the secular and long period perturbations of the orbital elements, due to the
terrestrial tides.
KEYWORDS: Earth tides, orbit perturbations, artificial satellites.
.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE SÍMBOLOS
LISTA DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO.................................................................................
20
2. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS....................................................
23
2.1. MARÉS............................................................................................
23
2.2. PERTURBAÇÕES EM SATÉLITES ARTIFICIA
IS DEVIDO À
MARÉ.....................................................................................................
31
2.3. OS NÚMEROS DE LOVE..............................................................
33
2.4. RELEVÂNCIA DA PESQUISA.....................................................
35
3. OBJETIVO........................................................................................
37
3.1. METODOLOGIA............................................................................
38
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.........................................................
39
5. MECANISMO BÁSICO DO BOJO DEVIDO À MARÉ..............
42
6. POTENCIAL DEVIDO À MARÉ...................................................
46
7. MÉTODOS FUNDAMENTAIS DE PERTURBAÇÃO................
57
7.1. EQUAÇÕES PLANETÁRIAS DE LAGRANGE...........................
59
8. MODELO DE KOZAI......................................................................
61
8.1. POTENCIAL TERRESTRE DEVIDO À MARÉ...........................
61
9. FUNÇÃO PERTURBADORA – MODELO DE KOZAI..............
68
9.1. PERTURBAÇÕES SECULARES...................................................
69
9.2. VARIAÇÕES NOS ELEMENTOS ORBITAIS...................... 71
9.2.1. RESULTADOS.............................................................................
74
10. MODELO DE KAULA...................................................................
87
10.1. EFEITOS EM ÓRBITAS DE SATÉLITES PR
ÓXIMOS A
TERRA....................................................................................................
91
11. FUNÇÃO PERTURBADORA – MODELO DE KAULA...........
94
11.1. PERTURBAÇÕES SECULARES.................................................
94
11.2. VARIAÇÕES DOS ELEMENTOS ORBITAIS............................
95
11.2.1. RESULTADOS...........................................................................
97
12. MODELO DE BALMINO..............................................................
107
13. FUNÇÃO PERTURBADORA MODELO DE BALMINO......
111
13.1. VARIAÇÕES NOS ELEMENTOS ORBITAIS............................
111
13.1.1. RESULTADOS...........................................................................
113
14. MODELO DO IERS.......................................................................
115
15. VARIAÇÕES NOS ELEMENTOS ORBITAIS
MODELO
DO IERS.................................................................................................
118
15.1. RESULTADOS..............................................................................
120
16. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................
132
17. CONSIDERAÇÕES .......................................................................
133
17.1. RESSONÂNCIAS..........................................................................
133
18. CONCLUSÃO.................................................................................
136
18.1. TRABALHOS FUTUROS.............................................................
139
REFERÊNCIAS....................................................................................
140
APÊNDICE A .......................................................................................
144
APÊNDICE B .......................................................................................
158
APÊNDICE C .......................................................................................
197
APÊNDICE D .......................................................................................
200
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 -
O Space Shuttle é um excelente exemplo de um satélite de
órbita terrestre baixa. Sua órbita cerca de 100 km a 200 km à
superfície da Terra...................................................................
22
Figura 2.1.1 -
Sistema de rotação Terra-Lua..................................................
24
Figura 2.1.2 -
Rotação Terra - Lua.................................................................
25
Figura 2.1.3 -
Bojo devido à maré..................................................................
26
Figura 2.1.4 -
(a) Forças gravitacionais exercidas pela Lua na Terra. (b)
Força da maré..........................................................................
27
Figura 2.1.5 -
Bojo devido à maré(a) marés vivas. (b) marés mortas............
28
Figura 2.1.6 -
Variação da declinação da Lua: ciclo de 18,6 anos.................
30
Figura 5.1 -
A existência de forças gravitacionais diferentes consoantes à
posição de cada ponto em relação à Lua implica na
existência da força de maré.....................................................
42
Figura 5.2 -
Referente ao caso ideal, sendo a velocidade angular do
planeta exatamente igual ao movimento orbital do satélite....
44
Figura 5.3 -
Referente ao caso real do sistema Terra-Lua, sendo a
velocidade angular da Terra é maior que a velocidade do
movimento médio orbital da Lua............................................
44
Figura 5.4 -
Velocidade angular do planeta sendo menor que a
velocidade do movimento angular do satélite. Esse caso é
real para alguns planetas do Sistema Solar..............................
45
Figura 6.1 -
Um planeta e satélite movendo ao redor de um centro de
massa em órbita circular. O semi-eixo maior do planeta e do
satélite, em relação ao centro de massa é a
p
e a
s
,
respectivamente, enquanto que o semi-eixo maior do satélite
em relação ao planeta é a=a
p
+a
s....................................................................
47
Figura 6.2 -
Toda partícula do planeta move em círculos similares de
raios idênticos a
p
, mas com centros diferentes. As partículas
P
1
e P
2
estão nos círculos com centros C
1
e C
2
,
respectivamente.......................................................................
48
Figura 6.3 -
Superfície equipotencial..........................................................
50
Figura 6.4 -
(a) O eixo de simetria da distorção da maré passa através
dos centros da Terra e da Lua, embora a Terra gire sobre o
eixo z com velocidade angular
ω
, a Lua tem movimento n e
uma inclinação orbital I, com relação ao plano equatorial da
Terra. (b) As co-latitudes e longitudes da Lua (φ
m
,λ
m
) e o
ponto P(φ
p
,λ
p
) na superfície da Terra. Note que a longitude
λ
p
(e λ
m
) é medida por uma direção fixa no espaço e não por
uma direção que gira com a Terra..........................................
53
Figura 6.5 -
Forças de marés num ponto da superfície terrestre.................
54
Figura 6.6 -
Potencial terrestre....................................................................
55
Figura 8.1 -
Triângulo – órbita – equador – meridiano...............................
64
Figura 9.1 -
Variação da longitude do nodo ascendente, levada em conta
à inclinação da Lua..................................................................
75
Figura 9.2 -
Variação do argumento do perigeu, levada em conta à
inclinação da Lua.....................................................................
75
Figura 9.3 -
Representação da variação da excentricidade (caso1).............
77
Figura 9.4 -
Representação da variação da excentricidade (caso2).............
77
Figura 9.5 -
Representação da variação da inclinação (caso 1)..................
78
Figura 9.6 -
Representação da variação da inclinação (caso2)com
período de aproximadamente 6800 dias..................................
76
Figura 9.7 -
Representação da variação da inclinação (caso2) com
período de aproximadamente
6
10
4
.
2
× dias...........................
79
Figura 9.8 -
Representação da variação da inclinação (caso2) com
período de aproximadamente
6
10
4
.
2
×
dias,
desconsiderando-se o termo de maior amplitude....................
79
Figura 9.9 -
Representação da variação da inclinação (caso
2) com menor
período de aproximadamente 3400 dias..................................
80
Figura 9.10 -
Representação da variação da longitude do nodo ascendente
(caso1).....................................................................................
80
Figura 9.11 -
Representação da variação da longitude do nodo ascendente
(caso2), com um período de aproximadamente 6800 dias......
81
Figura 9.12 -
Representação da variação da longitude do nodo ascendente
(caso2), com um período de
6
10
4
.
2
× dias..............................
81
Figura 9.13 -
Representação da variação da longitude do nodo ascendente
(caso2) com período de aproximadamente
6
10
4
.
2
×
dias,
desconsiderando-se o termo de maior amplitude....................
82
Figura 9.14 -
Representação da variação da inclinação (caso2) com menor
período de aproximadamente 3400 dias..................................
82
Figura 9.15 -
Representação da variação do argumento do perigeu (caso1).
83
Figura 9.16 -
Representação da variação do argumento do perigeu (caso2).
83
Figura 9.17 -
Representação da variação do argumento do perigeu (caso2),
na região de máximo, com menor período de
aproximadamente 6800 dias....................................................
84
Figura 9.18 -
Representação da variação do argumento do perigeu (caso2),
na região de nimo, com menor período de
aproximadamente 6800 dias....................................................
84
Figura 11.1 -
Variação secular da longitude do nodo ascendente, levada
em conta à inclinação da Lua..................................................
98
Figura 11.2 -
Variação secular do argumento do perigeu, levada em conta
à inclinação da Lua..................................................................
98
Figura 11.3 -
Representação da variação da excentricidade
(caso1).....................................................................................
100
Figura 11.4 -
Representação da variação da excentricidade
(caso2).....................................................................................
100
Figura 11.5 -
Representação da variação da inclinação
(caso1).....................................................................................
101
Figura 11.6 -
Representação da variação da inclinação
(caso2).....................................................................................
101
Figura 11.7 -
Representação da variação da inclinação (caso2),
desconsiderando-se termos de maior amplitude......................
102
Figura 11.8 -
Representação da variação da longitude do nodo ascendente
(caso1).....................................................................................
102
Figura 11.9 -
Representação da variação da longitude do nodo ascendente
(caso2).....................................................................................
103
Figura 11.10-
Representação da variação da longitude do nodo ascendente
(caso2), desconsiderando-se os termos de maior amplitude...
103
Figura 11.11-
Representação da variação do argumento do perigeu (caso1).
104
Figura 11.12-
Representação da variação do argumento do perigeu (caso2).
104
Figura 11.13-
Representação da variação do argumento do perigeu (caso2),
na região de máximo...............................................................
105
Figura 11.14-
Representação da variação do argumento do perigeu (caso2),
na região de mínimo................................................................
105
Figura 13.1 -
Variação secular do nodo ascendente, levada em conta à
inclinação da Lua.....................................................................
114
Figura 13.2 -
Variação secular do argumento do perigeu, levada em conta
à inclinação da Lua................................................................. 114
Figura 15.1 -
Representação da variação da excentricidade.........................
121
Figura 15.2 -
Representação da variação da inclinação................................
121
Figura 15.3 -
Representação da longitude do nodo ascendente....................
122
Figura 15.4 -
Representação do argumento do perigeu.................................
122
LISTA DE SÍMBOLOS
a
Semi-eixo maior da órbita do satélite ao redor da Terra
0
a
Semi-eixo maior inicial do satélite ao redor da Terra
p
a
Semi-eixo maior da órbita do planeta
s
a
Semi-eixo maior da órbita do satélite
e
Excentricidade da órbita do satélite ao redor da Terra
0
e
Excentricidade inicial da órbita do satélite ao redor da Terra
E
Anomalia excêntrica
e
Excentricidade da órbita da Lua ao redor da Terra
c
F
Força centrífuga
g
F
Força gravitacional
m
F
Força da maré
mp
F
Funções da inclinação
G
Constante gravitacional
GE
Parâmetro Gravitacional da Terra
Gm
Parâmetro Gravitacional da Lua
pq
G
Funções da excentricidade
i
Inclinação da órbita do satélite ao redor da Terra
0
i
Inclinação inicial da órbita do satélite ao redor da Terra
i
Inclinação da órbita do satélite ao redor da Terra
k
Números de Love
m
Massa da Lua
t
m
Massa da Terra
M
Anomalia Media do satélite
0
M
Anomalia Media inicial do satélite
s
m
Massa do satélite
p
m
Massa do planeta
N
Longitude do nodo ascendente referente a eclíptica
n
Movimento médio orbital do satélite
n
Movimento médio orbital do Lua
n
Movimento médio orbital da longitude do nodo ascendente
ω
n
Movimento médio orbital do argumento do perigeu
)(cos
Ψ
P Polinômio de Legendre de ordem
r
Distância geocêntrica do satélite
r
Distância do centro da Terra à Lua
t
R
Raio da Terra
p
R
Raio do Planeta
ω
Argumento do perigeu da órbita do satélite ao redor da Terra
0
ω
Argumento do perigeu da órbita do satélite ao redor da Terra
ω
Argumento do perigeu da órbita da Lua ao redor da Terra
β
Razão da massa da Lua pela massa da Terra
Ψ
Ângulo entre a distância geocêntrica do satélite à direção da Lua
Longitude do nodo ascendente da órbita do satélite ao redor da
Terra
0
Longitude do nodo ascendente da
órbita do satélite ao redor da
Terra
Longitude do nodo ascendente da órbita da Lua ao redor da Terra
φ
Latitude do satélite
λ
Longitude do satélite
λ
Longitude da Lua
θ
Tempo sideral
υ
Anomalia verdadeira
h
ε
Ângulo de atraso
nmnm
SC ,
Perturbações nos coeficientes do geopotencial
e
δ
Variação da excentricidade
i
δ
Variação da inclinação
δ
Variação da longitude do nodo ascendente
ω
δ
Variação do argumento do perigeu
LISTA DE TABELAS
Tabela 14.1 - Tabela de correção da maré diurna usando para
ssm
HKA
δ
uma amplitude de
12
10
5
× .....................................................
117
Tabela 16.1 -
Tabela dos resultados dos movimentos médios dos modelos
de Kozai, Kaula, Balmino e IERS..........................................
126
Tabela 16.2 -
Tabela dos resultados das excentricidades para os modelos
de Kozai, Kaula, Balmino e IERS...........................................
126
Tabela 16.3
Tabela dos resultados das inclinações para os modelos de
Kozai, Kaula, Balmino e IERS................................................
127
Tabela 16.4
Tabela dos resultados das longitudes do nodo ascendente
para os modelos de Kozai, Kaula, Balmino e IERS................
127
Tabela 16.5
Tabela dos resultados dos argumentos do perigeu para os
modelos de Kozai, Kaula, Balmino e IERS............................
128
1.INTRODUÇÃO
História da Astronomia e Astronáutica, nestes últimos anos, tem
apresentado avanços revolucionários no modo de explorar o Universo.
Conquistas sensíveis mudaram, radicalmente, nossa maneira de olhar o Cosmo, e, a
cada avanço, novas questões e modelos a serem testados. Os avanços foram grandes
do ponto de vista tecnológico e igualmente na percepção, na interpretação e
principalmente em aceitar e testar novas idéias.
O nosso Sistema Solar nunca foi tão explorado como nos últimos cinqüenta
anos do Século XX, graças aos satélites e as sondas interplanetárias. O ano de 1957
foi um ano marcante na história da Astronáutica; em outubro desse ano foi lançado o
Sputnik 1, primeiro objeto feito pelo homem colocado em órbita terrestre, em outras
palavras, o primeiro satélite artificial lançado pelo homem.
Muitos satélites passaram então a ser lançados, sendo que os primeiros foram
desenvolvidos para fins militares. Em 1962, foi lançado o primeiro satélite para
transmissão de televisão intercontinental, e para que eles pudessem ser realmente
eficientes, foram desenvolvidos os satélites geoestacionários: satélites que parecem
estar parados no céu. Eles são, na verdade colocados em órbitas bem altas ao redor
do equador, e giram junto com a rotação da Terra, estando então em posição fixa em
relação a quem estiver na superfície da terrestre.
Colocar e operar em órbita um satélite artificial representa um desafio
científico e tecnológico superado hoje por poucos países que detém esse
conhecimento. O desafio consiste na construção de um aparelho capaz de funcionar
ininterruptamente durante um longo intervalo de tempo, em ambiente hostil, gerando
sua própria energia, identificando entre milhares de transmissões aquelas a ele
dirigidas, interpretando e executando centenas de comandos diferentes, orientando-
se no espaço e, sobretudo, cumprindo a missão a qual se destina.
A
O conhecimento da dinâmica de um satélite artificial é importante em todas
as fases de seu desenvolvimento. Todo o trabalho precisa estar condicionado ao
ambiente espacial, ou corre-se o risco da perda de alguns milhões de dólares.
No ambiente espacial, as forças atuantes sobre um satélite artificial, por
menor que sejam, dentro de certas circunstâncias, podem ter efeitos drásticos,
alterando movimentos e funções do satélite. O estudo da dinâmica de satélites
artificiais abrange a natureza, a causa e os efeitos de tais “perturbações”, que atuam
sobre a órbita e a orientação desses aparelhos no espaço.
As órbitas dos primeiros satélites lançados mostraram alterações em suas
trajetórias, o que não ocorreria se a gravidade fosse a única responsável pelo
movimento orbital (considerando-se uma distribuição uniforme da massa da Terra).
A busca para explicações para esse comportamento dos satélites levou ao estudo
dessas perturbações.
Se a Terra fosse perfeitamente simétrica, esférica e homogênea com respeito
a distribuição de massa, o efeito da força gravitacional sobre os satélites próximos
produziria um movimento kepleriano. A Terra, entretanto, apresenta achatamento
nos pólos, irregularidade ao longo do equador e outros tipos de assimetria em sua
forma e em sua massa, que acarretam perturbações na órbita dos satélites,
distorcendo periodicamente alguns de seus parâmetros.
As forças gravitacionais do Sol e da Lua atuam na massa da Terra, resultando
numa deformação do tipo protuberância de sua forma (superfície) na direção do
corpo perturbador (Sol e Lua). Essa distribuição de massa causa um potencial
gravitacional adicional (diferente do potencial natural da Terra) que perturba o
espaço exterior à Terra. A força deduzida desse potencial é chamada força da maré e
afeta o movimento dos satélites artificiais.
Outros fatores também modificam a órbita dos satélites artificiais, tais como:
1. Perturbações devidas à pressão de radiação solar (direta ou refletida e
re-emissão térmica), decorrente da absorção, reflexão ou re-emissão de
fótons solares pela superfície externa do satélite;
2. Perturbações devidas à distribuição não uniforme da massa da Terra;
3. Perturbações devidas ao arrasto atmosférico, sendo essa a principal
força não gravitacional que atua nos satélites de baixa altitude, devida
ao atrito ou fricção com a atmosfera.
4. Efeito Poynting-Robertson, um efeito relativístico, que leva em
consideração a composição da velocidade da luz com a velocidade do
satélite.
5. Efeito Yarkosky, um efeito diferencial resultante do aquecimento
assimétrico do satélite.
6. Além dessas influências, que decorrem do satélite artificial no
ambiente espacial, a órbita pode ser alterada por forças provocadas
pelo próprio satélite. Algumas são voluntárias, como a atuação dos
motores dos foguetes necessários à correção da órbita ou da altitude.
Outras são involuntárias, como escapamentos de gases, e imprecisões
no tempo ou na direção do disparo de um motor.
Figura 1 - O Space Shuttle é um excelente exemplo de um satélite de órbita
terrestre baixa. Sua órbita está à cerca de 100 km a 200 km da superfície da Terra.
2. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS
2.1. MARÉS
Todos nós nos apercebemos de um fluxo e refluxo das águas do mar junto à
costa. Quase sempre duas vezes por dia e com uma relação com o ciclo lunar. São as
marés.
Este fenômeno já era conhecido na Antiguidade, mas a explicação do fato
foi possível depois de Newton ter formulado a Lei da Gravitação Universal (1687).
A força exercida pela Lua e pelo Sol atrai as águas dos oceanos (e também
dos continentes) provocando o fenômeno das marés. Mas, apesar da imensa massa
do Sol, 27 milhões de vezes, maior que a da Lua, o fato desta se encontrar mais
próxima da Terra faz com que a influência da Lua seja mais que o dobro do que a
força do Sol.
A Terra e a Lua formam um conjunto que gira em torno do Sol. Nesse
movimento de translação o conjunto Terra-Lua (fig.2.1.1) pode ser representado
pelo centro comum de gravidade, ou baricentro, que se situa dentro do manto
terrestre, a 4700 km de distância do centro da Terra. É este baricentro que descreve,
desconsiderando-se perturbações, uma órbita elíptica em relação ao Sol. Tanto a
Terra como a Lua descrevem órbitas mais complexas e relativamente sinuosas.
Todos os pontos dentro da Terra descrevem círculos de raios iguais, à volta do
baricentro (fig 2.1.2).
Figura 2.1.1Sistema de rotação Terra-Lua
(Figura extraída de H. V. Thurman, 1997)
Terra e Lua se movem em torno de um centro de gravidade comum
(baricentro) que esdentro de Terra. A, a linha que atravessa o centro de Terra é o
caminho seguido por seu centro conforme ela se move ao redor do centro de
gravidade comum do sistema de Terra-Lua. Os caminhos circulares seguidos pelos
pontos a e ponto b m o mesmo raio daquele do centro de Terra. B, se você amarra
um fio a uma pedra e balança em um círculo em volta de sua cabeça, a órbita fica
circular porque o fio exerce uma força centrípeta na pedra. Essa força puxa a pedra
para o centro do círculo. Se o fio quebrar com a pedra na posição mostrada, a pedra
sairá da órbita ao longo de um caminho direto, tangente ao círculo.
Figura 2.1.2-Rotação Terra-Lua
(Figura extraída de H. V. Thurman, 1997)
Todos os pontos da Terra descrevem trajetórias idênticas em torno do baricentro. A
força centrípeta que mantém o sistema em rotação conjunta é igual em todos os
pontos da Terra.
São as variações das posições do Sol e da Lua que comandam o ciclo das
marés. Cada vez que a Lua passa pelo meridiano do lugar o efeito da maré, a
preamar, se faz sentir um pouco mais tarde devido ao atrito das massas (água e
fundo) e à necessidade de vencer a inércia. Por exemplo, numa Lua nova ou Lua
cheia a maré de maior amplitude ocorre no dia seguinte, período que pode ir até
36 horas e tem o nome de “idade da maré”. Sempre que a Lua nasce ou se põe,
relativamente a esse mesmo lugar, dá-se uma baixa-mar.
Num dado momento sempre duas marés altas na Terra. A maré direta, no
lado que está voltado para a Lua e a maré indireta no lado oposto.
Figura 2.1.3- Bojo devido à maré.
Figura 2.1.4- (a) Forças gravitacionais exercidas pela Lua na Terra. (b) Força
da maré.
As grandes marés, ou marés vivas são aquelas cuja amplitude é a maior do
ciclo lunar e correspondem ao momento de concordância das atrações solares e
lunares, na lua cheia e lua nova. O Sol e a Lua encontram-se em quadratura quando
as forças atrativas se encontram defasadas em 90º. É durante este período, quarto
minguante e quarto crescente, que as marés atingem a amplitude mínima chamando-
se assim de marés mortas.
Figura 2.1.5- Bojo devido à maré. (a) marés vivas. (b) marés mortas
O desenvolvimento deste "efeito"
Imagina que dás a o a um (a) amigo (a) e, com os braços esticados, se
põem a correr em rculo, sendo a união das vossas mãos o centro e eixo desse
rodopio! Se o fizerem com certa velocidade, irão sentir dois tipos de força a
atuarem em cada um de vocês: a força centrípeta e a força centrífuga. A primeira é
sentida através do braço, a puxar-te em direção ao eixo (à mão). A segunda puxa-te
para trás, tentando arrancar-te desse rodopio. Agora imagina que o outro
companheiro que te segura é bastante mais forte e pesado. alterações neste
movimento? De fato, há; ele roda muito mais devagar do que tu, sentindo mais
fracas as tais forças. Isto acontece, porque o eixo de rotação está muito mais perto
dele - praticamente no corpo dele - e não na união das mãos, como anteriormente.
Põe-te no lugar de cada um dos intervenientes, e reflete bem na situação. É
exatamente nesta situação em que estão, continuamente, a Terra - mais "pesada", i.
é., com maior massa -, e a Lua - mais "leve", i. é., com menor massa. É devido a
este binário em rotação, que se formam as marés. As duas forças criadas puxam,
cada uma para seu lado, as grandes e facilmente deformáveis quantidades de água
oceânica. Duas "corcundas" de água são, então, formadas sobre o planeta, ambas
no alinhamento da Lua: as marés altas. Nos dois pontos onde se verificam
depressões da água, por esta ter sido puxada para as "corcundas", são as marés
rasas.
Declinação da Lua
Uma vez que as amplitudes da maré são maiores quando a Terra está mais
próximo do Sol ou da Lua, as variações na distância da Terra a cada um deles
acabam por interferir na amplitude das marés.
No entanto, existem ainda outros fatores a levarmos em conta. O plano da
órbita da Lua faz um ângulo de cerca de com o plano da eclíptica. Isto significa
que a Lua pode atingir uma declinação máxima de 28,5° para Norte ou Sul do
Equador (23,5+5°). Como o plano da órbita da Lua sofre um movimento de
precessão com a duração de 18,6 anos, o resultado acaba por produzir variações
complexas, em que, por exemplo, a declinação máxima da Lua pode atingir apenas
18,5°, 9,3 anos depois do início do ciclo. Este ciclo deve ser levado em conta para a
avaliação das variações do nível do mar (fig. 2.1.6).
Figura 2.1.6-Variação da declinação da Lua: ciclo de 18,6 anos.
(Figura extraída de H. V. Thurman, 1997)
2.2. PERTURBAÇÕES EM SATÉLITES ARTIFICIAIS DEVIDO
À MARÉ
A atração gravitacional comum entre dois corpos provoca um aumento nas
deformações devido à maré, as quais são geralmente pequenas quando comparadas
às dimensões dos corpos. Quando estas condições são repetitivas, estas deformações
são periódicas. Entretanto, como as deformações jamais são perfeitamente elásticas,
a energia é dissipada, causando processos de evoluções irreversíveis nas órbitas e
nas rotações dos corpos.
No sistema Terra-Lua, as marés têm vários efeitos. A princípio elas se
apresentam como flutuações periódicas nos oceanos e na superfície terrestre. Uma
conseqüência direta desse fato é uma mudança periódica no plano da gravidade.
Mudanças no tensor de inércia da Terra causadas pelas deformações periódicas
originam um aumento destas flutuações na velocidade de rotação da Terra,
observados com a freqüência de 14 e 28 dias. As deformações devidas às marés
geram também uma força que perturba o movimento dos satélites artificiais.
Finalmente as marés são responsáveis por um aumento secular ao longo do dia e da
desaceleração da órbita lunar.
Basicamente, as observações dos vários fenômenos da maré levaram a
descoberta dos parâmetros elásticos da Terra e da Lua (números de Love) e da
quantia de energia dissipada pela parte sólida da Terra, oceanos e na Lua.
Este é o principal aspecto que têm motivado os recentes estudos sobre maré.
Para determinar a dissipação, três processos complementares são necessários:
a) Análise das perturbações orbitais dos satélites da Terra;
b) Desenvolvimento de modelos numéricos para maré oceânica;
c) Análise do ajuste do alcance do laser lunar para a Lua (se raios laser
forem utilizados).
O método (a) informa a dissipação total na Terra (terrestre mais oceânica),
enquanto que o método (b) informa somente a quantidade de energia dissipada nos
oceanos; a dissipação total do sistema Terra-Lua pode ser deduzida pelo método (c).
A trajetória dos satélites artificiais é perturbada pelas deformações, tanto da
maré terrestre como da maré oceânica. As marés semidiurnas e diurnas produzem
perturbações orbitais relevantes, mas as maiores perturbações são essencialmente as
de longo período (por exemplo, as marés semidiurnas geram uma perturbação orbital
em um período de 14 dias), (Brosche e Sundermann, 1983).
O conhecimento da maré oceânica, em geral, não é o suficiente para
retirarmos toda a contribuição da carga oceânica. Hendershott e Munk (1970), em
sua análise sobre maré oceânica, concluem que uma melhora nos resultados da maré
terrestre pode levar a um maior conhecimento das marés oceânicas.
Neste trabalho, nos restringiremos apenas ao estudo da influência da maré
terrestre nas perturbações das órbitas dos satélites artificiais.
2.3. OS NÚMEROS DE LOVE
O termo técnico aplicado à “medição” de maré planetária chama-se número
de Love, referência a Augustus E. H. Love (1909), matemático de Oxford, pioneiro
em teorias de elasticidade há mais de um século.
A magnitude do bojo devido à maré é determinada em parte pela distribuição
da densidade interna no planeta, e, portanto, a medição da amplitude da maré nos
leva a determinação de sua estrutura interna.
O primeiro corpo celeste a ter analisada sua estrutura interna foi o satélite da
Terra, ou seja, a Lua. Para sabermos o que há no coração da Lua, usamos a distorção
da maré lunar. Os números de Love mostram quão elástico é a Lua, dando indícios
de sua estrutura interna, e, indica a mudança no seu campo de gravidade de acordo
com as relações Terra-Sol. Uma conclusão recente é que a superfície da Lua encolhe
e expande até 10 cm, em resposta às diferenças da força de gravidade da Terra. Essa
elasticidade indica que a Lua é maleável.
Os meros de Love foram calculados dos dados recolhidos de experiências
variando o laser lunar utilizando refletores na superfície da Lua. Bastam dois
segundos e meio para um raio laser ir da Terra a Lua e voltar. Mas foram
necessários 33 anos de experiências para se ter uma visão fugaz do que talvez seja o
maior segredo da Lua: que bem por baixo de suas crateras frias e paisagem rochosa
pode existir um coração quente e generoso. A hipótese, se confirmada, pode
fortalecer a teoria de que a Lua nasceu de uma violenta colisão. A suspeita é que
uma considerável zona de rocha derretida se oculta sob a acidentada superfície lunar
que resulta dessas experiências com raios laser, cuja precisão vem aumentando
desde que os astronautas na nave Apollo colocaram pela primeira vez refletores a
laser na Lua em 1969. décadas, vem sendo analisado o tempo de ida e volta dos
lampejos dos raios para fazer medições cada vez mais exatas da distância entre a
Terra e a Lua, sua forma, suas oscilações e aspectos físicos.
Ciência raramente tem algo a ver com poesia. Mas nesse caso chega perto.
Quando escreveram o primeiro relatório sobre a descoberta, os cientistas do
Laboratório de Propulsão a Jato de Pasadena (Califórnia), não conseguiram resistir à
metáfora:
“O coração da Lua derreteu, dizem os números de Love lunares”.
2.4. RELEVÂNCIA DA PESQUISA
Esta pesquisa visa como aplicação à determinação de órbita de satélites
artificiais terrestres (Kuga, H. K., 2004). A determinação de uma órbita de satélites
artificiais é essencial para o bom desempenho da missão. Por exemplo, na fase de
lançamento para uma órbita terrestre, a espaçonave deve ser transferida de uma
órbita de transferência, na qual foi injetada pelo lançador, até uma órbita final. O
cálculo preciso destas órbitas intermediárias é crucial para a precisão do
posicionamento e definição da órbita final. Na fase de rotina, a determinação de
órbita deve oferecer meios para o rastreamento e controle do satélite, bem como
fornecer informações orbitais para os usuários dos experimentos científicos e
tecnológicos a bordo do satélite, além de realizar previsões orbitais estendidas para
longos períodos. Além destas fases, existem as chamadas manobras corretivas de
órbita. Devido ao fato da órbita sofrer perturbações que a afastam da órbita nominal
desejada, são necessárias correções periódicas ao longo da vida útil do satélite. Estas
fases críticas abrangem correções orbitais de fasagem, de deriva, de assincronia de
tempo de passagem, etc. Neste caso, os sistemas de determinações de órbita devem
oferecer os meios de se verificarem o desempenho dos equipamentos (e.g. motores
de empuxo) utilizados para se executar (em) a(s) manobra(s) e com isso se
calibrarem curvas de eficiência resultando numa maior economia de combustível. O
efeito líquido é o prolongamento da vida útil da missão. Além disso, um sistema
para determinação de órbita com baixo custo, exige compulsoriamente a diminuição
dos custos dos equipamentos necessários à coleta de dados orbitais para posterior
processamento. Portanto justifica-se o aprimoramento da tecnologia de satélites
artificiais, principalmente com o intuito de obter cálculos de órbitas cada vez mais
precisos, e para isso desenvolvemos modelos analíticos, que nos condições de
aprimorar o controle do satélite e realizar previsões por um período de tempo cada
vez maior.
Os efeitos da maré terrestre são extremamente relevantes levando em conta
longos períodos de tempo e podem ser significativos para certas aplicações em
geodinâmicas e do sistema GPS.
Atualmente, por exemplo, os efeitos da maré terrestre nos elementos orbitais
têm sido considerados para o satélite LAGEOS, para as missões GRACE, GOCE,
Mars, no estudo de constelações de satélites (Constelação Galileu) e no estudo de
evolução de debris espaciais.
De fato, como está demonstrado neste trabalho, que algumas perturbações de
termos de período muito longo, características de evoluções geodinâmicas, podem
ser consideradas, para frações razoáveis de tais períodos (adaptáveis para cada
aplicação específica) como perturbações seculares e que devem ser adicionadas às
conhecidas.
É importante também ressaltar, analisando trabalhos realizados (vide
capítulo 4) que a magnitude das perturbações devidas à maré, obtidas por diferentes
modelos, não foram comparadas.
3. OBJETIVO
O objetivo deste projeto é estudar e comparar modelos para o cálculo de
perturbações orbitais em satélites artificiais, devida à maré terrestre. Em particular
marés terrestres influenciam o potencial terrestre causando perturbações adicionais
no movimento de satélites artificiais, as quais m sido medidas por diversos
processos. A atração exercida pela Lua e pelo Sol sobre a Terra produz
deslocamentos elásticos em seu interior e uma protuberância em sua superfície. O
resultado é uma pequena variação na distribuição da massa na Terra,
conseqüentemente no geopotencial. As perturbações nos elementos orbitais de
satélites artificiais terrestres devidas à maré terrestre podem ser estudadas a partir
das equações de Lagrange, considerando-se um potencial conveniente. Diversos
modelos têm sido propostos para o geopotencial. Analisaremos aqui os modelos de
Kozai (Kozai, 1959 e 1965), de Kaula (Kaula,1969), de Balmino (Balmino, 1974) e
o do IERS (1996). Estes modelos sugerem que haja um número de Love e uma
defasagem para cada excitação expandindo tais parâmetros em séries de harmônicos
esféricos. Por outro lado, como tem sido feito pelo IERS, as mudanças induzidas
pela maré terrestre no geopotencial podem ser convenientemente modeladas como
variações nos coeficientes C
nm
e S
nm
do geopotencial.
O objetivo mais geral da pesquisa é adquirir e solidificar o conhecimento
científico e tecnológico necessário para aprimorar os sistemas de navegação e de
determinação de órbita de satélites artificiais, com características de precisão
necessária para navegação em tempo real, manutenção de trajetória, e operação de
satélites. Análises relevantes deverão ser executadas de modo a permitir a efetiva
avaliação do desempenho de tais modelos analíticos para utilização realística na área
aeroespacial.
Como um dos resultados dessa pesquisa pretende-se também dotar o DMA-
FEG de fórmulas e programas prontos para testar numericamente, para diversos
cenários, os modelos supracitados.
3.1.METODOLOGIA
As variações nos elementos orbitais devidos à maré serão calculadas
analiticamente pelas equações de Lagrange, substituindo-se nestas equações os
potenciais de cada modelo. As equações serão integradas analiticamente pelo
método das aproximações sucessivas. As variações dos elementos orbitais
calculadas para cada modelo serão comparadas.
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A necessidade de determinar órbitas de satélites artificiais cada vez mais
precisas levou os pesquisadores a aperfeiçoarem os modelos de perturbações, onde
não são considerados os seus efeitos, como também a influência da deformação
da maré na Terra sobre a posição da estação de observação.
Apresentaremos a seguir, resumidamente, algumas abordagens feitas nos
estudos de perturbações orbitais de satélites artificiais devido à maré terrestre.
Embora não aplicado a satélites artificiais, Love, A (1909), foi o primeiro a
introduzir constantes de grau n ao potencial da maré. Essas constantes são
coeficientes de elasticidade que definem a deformação simétrica e elástica da Terra.
Para esses coeficientes deu-se o nome de números de Love.
Kozai (1959), desenvolve o potencial em termos de elementos orbitais de um
satélite próximo a Terra, como também as expressões para as principais
perturbações seculares, através das equações de Lagrange. Tentando explicar
algumas flutuações nas inclinações das órbitas dos satélites 1959 Alpha 1, 1959 Eta
e 1960 Iota 2, Kozai suspeitou pelo período, que tais flutuações poderiam ser
provocadas pela maré. Entretanto, as amplitudes obtidas pela observação foram
muito grandes. Motivado por tal fato, Kozai (1965), considerando os números de
Love, acrescenta ao seu trabalho anterior os efeitos da deformação da Terra devida à
maré e mostra que tal perturbação adicional poderia causar um acréscimo de 10 por
cento nas perturbações luni-solares. Mostrou também que, se não forem
considerados termos de curto período, as marés não provocam perturbações no semi-
eixo e na excentricidade da órbita de satélites artificiais. Quanto às flutuações
observadas nas inclinações, nada pode concluir em vista da constatação posterior de
inconsistência dos dados observacionais.
Kaula (1969), desenvolvendo o potencial em termos de elementos orbitais, ao
estudar a fricção das marés, introduz na função perturbadora o fator de amplitude
k , chamados números de Love e o ângulo de atraso
ε
, que são expressados como
somas dos harmônicos esféricos zonais, ou seja, uma função dependente somente da
latitude e que produzem perturbações de longo período. As perturbações de curto
período são negligenciadas.
Musen e Estes (1971), desenvolveram um método geral de perturbações
utilizando elementos elípticos e vetoriais para estudar os efeitos da maré sobre o
movimento de satélites artificiais. Essas perturbações são desenvolvidas através de
séries trigonométricas nos argumentos elípticos da teoria lunar de Hill-Brown e nos
elementos equatoriais
ω
e
do satélite. A integração das equações diferenciais
para variação dos elementos do satélite é simples devido à todos os argumentos
serem lineares ou quase lineares no tempo. A expansão trigonométrica permite um
entendimento sobre a significância relativa das amplitudes e períodos das diferentes
“ondas” da maré sobre um longo período de tempo.
Musen e Felsentreger (1972), estenderam as idéias de perturbações de maré
em satélites artificiais, formulados por Musen e Estes, estabelecendo a forma
Maxwelliana da expansão do potencial de maré dentro de uma série de produtos de
harmônicos esféricos e, seguindo os passos de Kaula (1969), as perturbações de
curto período também são desconsideradas. A expansão do potencial da maré é
obtido usando o teorema de Dirichlet e as equações diferenciais para perturbações da
maré são obtidas dos elementos elípticos fazendo um exame no desvio de
2
k e
3
k .
B.C. Douglas , S. M. Klosko, J.G. Marsh e R.G. Williamson (1973), fazem
uma análise da perturbação da maré luni-solar de inclinação na órbita dos satélites
GEOS-1 (1965-89A) e GEO-2 (1968-002A) , que tem fornecidos os valores
22,0
2
=k e 31,0 respectivamente. Para o satélite GEOS-1 um novo método
numérico envolvendo elementos osculadores foi empregado. Para o satélite GEOS-2
foi necessário para a obtenção desses valores a análise das variações dos elementos
médios devido a longos períodos (450 dias) da maré solar dominante.
Balmino (1974), generaliza os resultados de Kaula e admite que o ângulos de
atraso
ε
e os números de Love sejam funções da latitude e longitude. As funções
dependentes da latitude produzem perturbações de longo período no movimento dos
satélites, enquanto aquelas dependentes da longitude, produzem perturbações de
curto período ou mistos. Há também tentativas de tratar o problema pelo método das
respostas harmônicas, substituindo os números de Love por funções dependentes do
tempo.
S. Cassoto (1990), faz uma investigação completa da estrutura de classe de
equivalência induzidas pela combinação de todos os índices (l,m,p,q) em que são
dependentes os termos do geopotencial, perturbação da maré oceânica e terrestre
num satélite. Os resultados são algoritmos provenientes dessa combinação com a
mesma freqüência na expansão da perturbação na teoria linear.
Em IERS (1996) é mostrado que a influência no movimento de um satélite
pode ser considerado em termos de perturbações nos coeficientes
nm
C e
nm
S do
geopotencial. O potencial é expressado em termos não dimensionais
m2
C ,
m2
S .
Santos, N. (2002), desenvolve o potencial em termos de elementos orbitais e
o substitui nas equações planetárias de Lagrange. Soluções analíticas estão
apresentadas para casos particulares considerando os números de Love constantes.
Três casos foram estudados, o primeiro quando a Lua é estática, segundo, quando a
Lua estiver em órbita circular kepleriana e o terceiro, a Lua em órbita circular
precessionada. Foi dada ênfase aos termos seculares e de longo período. Um
programa foi elaborado, permitindo calcular, para um dado satélite, a amplitude e o
período dos termos perturbadores mais significativos.
Serão analisados, neste trabalho, os modelos de Kozai (Kozai, 1959 e 1965),
de Kaula (Kaula,1969), de Balmino (Balmino, 1974) e o do IERS (1996).
5. MECANISMO BÁSICO DO BOJO DEVIDO À MARÉ
Neste capítulo, baseado nos trabalhos de Broucke (1987) e Murray e Dermott
(1999), dar-se-á uma idéia qualitativa sobre o fenômeno da maré, como ela aparece,
e quais são seus efeitos mútuos nos corpos perturbado e perturbador.
Sabe-se que as marés são devidas a uma combinação dos seguintes fatores
1. Força de atração que o Sol e a Lua exercem sobre a Terra;
2. Movimento de rotação da Terra;
3. O movimento da Terra ao redor do centro de massa do sistema Terra-
Lua.
Fm
LUA
TERRA
Fc
Fg
Fm
Fg
Fc
cm
Figura 5.1-A existência de forças gravitacionais diferentes consoantes à
posição de cada ponto em relação à Lua implica na existência da força de maré.
À parte da Terra mais próxima à Lua sofre maior força gravitacional
g
F
do
que àquela mais distante, no entanto ambas sofrem a ação da força centrífuga
c
F
,
que age dos dois lados do planeta, como mostra a figura 5.1. Do lado esquerdo da
Terra mais distante da Lua, há uma maior força centrífuga que é parcialmente
cancelada pela ação da força de gravidade da Lua. Do outro lado, uma menor
força centrífuga que se adiciona à força de gravidade da Lua. A força da maré
m
F
é
causada por essa força diferencial que “estica” a Terra criando dois altos de cada
lado. Por esse motivo existem duas marés altas e duas marés baixas semelhantes
todos os dias, de ambos os lados.
Considerando materiais perfeitos (fig.5.2), a resposta do planeta seria
instantânea e nenhum momento angular ou energia seria transferida para a órbita de
seu satélite natural, já que a deformação (campo gravitacional) é simétrica em
relação à linha dos centros. Mas o material do planeta não sendo elástico nem fluido,
haverá necessariamente perda de energia por causa do atraso na resposta do planeta
em formar o bojo, sendo
ε
o ângulo de atraso. Na figura 5.3, que é o caso do binário
Terra-Lua, temos o caso onde a velocidade de rotação da Terra (ω
ωω
ω) é maior que o
movimento dio do orbital da Lua (n). Assim o bojo se forma um certo tempo
após o instante em que a Terra sofreu a perturbação e notamos que ele está
formando um ângulo ε com a linha dos centros. Na figura 5.4 temos a situação
oposta, ω
ωω
ω < n, e o bojo está atrasado em relação à posição do satélite. Na figura 5.3,
o desalinhamento do bojo causa um torque, o qual tende alinhá-lo. Como ω
ωω
ω > n,
então o efeito é tal que a Terra é freada. A energia cinética de rotação é então
dissipada parte em forma de calor e parte é passada ao movimento orbital da Lua.
Para que haja conservação do momento angular total, a Lua ao ganhar este
adicional, é então “empurrada” para fora de sua órbita, isto é, seu semi-eixo tende a
crescer. O processo continua e o equilíbrio ocorre quando ω
ωω
ω = n. No caso da figura
5.4, o torque faz com que o planeta ganhe mais energia de rotação e para que haja
conservação do momento angular, a órbita do satélite se contrai (semi-eixo diminui).
Este é o caso de Phobos e de alguns satélites retrógrados, os quais estão decaindo e
poderão no futuro, colidir com o planeta.
PLANETA
ω = n
ω
n
SATÉLITE
NATURAL
Figura 5.2-Referente ao caso ideal, sendo a velocidade angular do planeta
exatamente igual ao movimento orbital de seu satélite natural.
ω > n
LUA
TERRA
ω
n
ε
Figura 5.3-Referente ao caso real do sistema Terra-Lua, sendo a velocidade angular
da Terra é maior que a velocidade do movimento médio orbital da Lua.
ε
n
ω
PLANETA
ω < n
SATÉLITE
NATURAL
Figura 5.4-Velocidade angular do planeta sendo menor que a velocidade do
movimento angular do seu satélite natural. Esse caso é real para alguns planetas do
Sistema Solar.
6. POTENCIAL DEVIDO À MARÉ
Consideramos então, (Murray e Dermott, 1999) a rotação de um corpo
elástico e um satélite orbital, girando em órbita circular. Chamaremos de maré, a
saliência de um corpo causado pelo efeito do gradiente gravitacional ou variação da
força gravitacional de um lado e do outro do corpo.
Considere o caso do aumento da maré em um planeta de massa m
p
devido a
um satélite de massa m
s
. Se nós representarmos os objetos sendo pontos de massas,
então a Lei da Gravitação de Newton nos dá:
2
ps
r
mm
GF =
(6.1)
em que r é a distância dos centros. Se assumirmos que o corpo move-se em órbitas
circulares sobre seu centro de massa comum (fig. 6.1), então, o semi-eixo maior das
órbitas é relativo às massas:
s
p
p
s
m
m
a
a
=
(6.2)
sendo, a=a
p
+a
s..
mp
planeta
centro de
massa
ap
ms
as
satélite
Figura 6.1 Um planeta e satélite movendo ao redor de um centro de massa
em órbita circular. O semi-eixo maior do planeta e do satélite, em relação ao centro
de massa é a
p
e a
s
, respectivamente, enquanto que o semi-eixo maior do satélite em
relação ao planeta é a=a
p
+a
s
.
O movimento da partícula P
1
no centro do planeta com relação ao centro de
massa, C
1
, é um círculo de raio a
p
. Se omitirmos essa rotação, o movimento passará
em qualquer outro ponto P
2
, de mesmo raio, mas com centro em C
2
, em posição
diferente de C
1
, mas com a mesma distância de P
2
à P
1
(fig. 6.2). Isto acontece
porque todas as partículas que pertencem ao planeta agem iguais (em magnitude e
direção) às forças centrífugas, mas diferentes das forças gravitacionais, F. A força
centrífuga comum e igual à da força gravitacional média, F, que é,
F = força centrífuga
F
(6.3)
A força de geração de maré, F
maré
, que deforma o planeta é definida por:
F
maré
= F - F (6.4)
C2
P2
P1
planeta
C1
ap
satélite
Figura 6.2 Toda partícula do planeta move em círculos similares de raios
idênticos a
p
, mas com centros diferentes. As partículas P
1
e P
2
estão nos círculos
com centros C
1
e C
2
, respectivamente.
Considerando agora, o sistema Terra-Lua, o problema será abordado
determinando a distribuição de massa do bojo devido à maré na Terra considerando
o potencial U gerado por um corpo perturbador (Lua) de massa m*, em algum ponto
P na superfície da Terra, temos:
=
m
GU (6.5)
em que m* é a massa da Lua, é a distância do ponto P ao centro da Lua. Da lei dos
cossenos temos, fig (6.3):
2
1
2
tt
a
R
cos
a
R
21a
+ψ
=
(6.6)
Expandindo o binômio da equação 6.6 obtemos:
321
2
2
....
2
1
cos3
2
1
cos1 UUU
a
R
a
R
a
m
GU
tt
++
+
ψ
+ψ
+=
(6.7)
O primeiro termo da equação (6.7),
a
m
GU
=
1
, é uma constante desde que
U
m
F
−∇=
, este termo não produz força no planeta.
( )
t
g
t
m
F
a
m
R
U
==
ψ
2
2
cos
(6.8)
sendo
t
m a massa da Terra.
Figura 6.3 - Superfície equipotencial
O segundo termo da equação (6.7), ψ
=
cos
2
2 t
R
a
m
GU , faz aumentar a
força em algum ponto P descrevendo um movimento circular e formando uma
superfície equipotencial ( =
==
=
2
U constante), conforme figura (6.3).
O bojo devido à maré se deve ao potencial descrito a partir da terceira
potência da equação (6.7), podendo ser escrita como:
( )
ψ=
cos
2
2
3
3
PR
a
m
GU
t
(6.9)
superfície
equipotencial
TERRA
ψ
Rt
P
a
LUA
A equação (6.9) está associada a um polinômio de Legendre de grau dois em cos
ψ
,
ou seja:
( )
(
)
1cos3
2
1
cos
2
2
ψ=ψP , em que:
( )
ψ−∇−∇==
3
U
m
F
U
m
F
m
F
m
F
t
c
t
c
t
g
t
maré
(6.10)
A equação (6.10) representa o aumento do potencial maré.
Então, nós podemos escrever )(cosgU
23
ψ
ξ
=
Ρ
, em que:
t
t
t
R
a
R
M
M
3
=ξ
(6.11)
e
2
t
t
R
Gm
g = (6.12)
é a aceleração gravitacional, ou superfície gravitacional da Terra. Neste caso
)(cos
2
ψΡξ é a amplitude da maré de equilíbrio para qualquer valor de ψ na
superfície do planeta. Note que )(cos
2
ψP é o máximo para
0
=
φ
ou
π
=
φ
e mínimo
para
2
π
=φ ou
2
3
π
=φ . Como a Terra uma volta com relação ao seu eixo a
cada 24 horas, isto explica porque a Lua produz duas marés baixas e duas marés
altas na Terra todos os dias.
A deformação da maré na Terra é mais complexa pelo fato de que (i) o Sol e
a Lua aumentam a sua significância (ii) numa ordem geocêntrica, esses corpos
definem órbitas excêntricas e inclinadas com respeito ao equador da Terra.
Usando a lei dos cossenos na trigonometria esférica podemos mostrar que o ângulo
ψ entre o vetor posição OP e OM é dado por (fig 6.4b):
)cos(sensencoscoscos
mpmpmp
λ
+
λ
φ
φ
+
φ
φ
=
ψ
(6.13)
em que
mpmp
λ
λ
φ
φ
,,, estão representadas pela figura 6.4.
conseqüentemente:
(
)
(
)
)cos(2sen2sen
4
3
)(2cossensen
4
3
1cos3
2
1
)1cos3(
2
1
1cos3
2
1
mpmp
mpm
2
p
2
m
2
p
22
λλφφ+
+λλφφ+
+φφ=ψ
(6.14)
Sendo que a co-latitude
p
φ
de um ponto fixo a Terra é uma constante, a
amplitude da maré em P varia com
mmp
,,
λ
φ
λ
. A variação no termo da
equação (6.14) é determinada pela variação no tempo de
)2cos1(
2
1
cos
mm
2
φ+=φ . Consequentemente, esse termo varia com
freqüência 2n e origina a formação de uma maré quinzenal. O termo varia
com freqüência
(
)
ω
ω
2n2 e origina a formação de uma maré semidiurna, e o
termo varia com freqüência
ω
ω
)n( e origina a formação de uma maré
diurna.
Figura 6.4 (a) O eixo de simetria da distorção da maré passa através dos
centros da Terra e da Lua, embora a Terra gire sobre o eixo z com velocidade
angular
ω
, a Lua tem movimento n e uma inclinação orbital I, com relação ao plano
equatorial da Terra. (b) As co-latitudes e longitudes da Lua (φ
m
,λ
m
) e o ponto
P(φ
p
,λ
p
) na superfície da Terra. Note que a longitude λ
p
(e λ
m
) é medida por uma
direção fixa no espaço e não por uma direção que gira com a Terra.
Assim, o potencial gerado pelo corpo perturbador (Lua) de massa m* num
ponto P, localizado na longitude λ, e latitude φ e distância geocêntrica R da
Terra
x
ω
P
z
I
y
Lua
O
λ
p
φ
p
Ψ
n
z
P(
φ
p
,
λ
p
)
M(
φ
m
,
λ
m
)
superfície terrestre, conforme a figura 6.5 é dado por (equação 6.7 escrita de forma
genérica):
( )
ψ
=
=
cos)(
2
P
r
R
r
Gm
RU (6.15)
ψ
λ
φ
P
R
y
x
z
*
r
*
m
Figura 6.5 – Potencial gerado pela Lua em um ponto da superfície da Terra.
em que r* é a distância geocêntrica até a massa m*, é a distância geocêntrica de P
até o corpo perturbador , ψ é o ângulo geocêntrico entre P e m* e
P são os
polinômios de Legendre.
Aplicando o teorema da adição de Legendre, na expressão 6.15, tem-se:
( )
( )
( )
( )
( ) ( )
λλφφ×
+
δ
=
mPP
m
m
r
R
r
Gm
RU
mm
m
m
cossensen
!
!
2)(
0
(6.16)
em que,
m
P
são os polinômios associados de Legendre, R o raio da Terra,
r
a
distância do centro da Terra ao corpo perturbador, G a constante gravitacional,
(
)
λφ, e
(
)
λφ , são as extremidades do arco
Ψ
, onde
φφ, são as latitudes,
λλ, as
longitudes e
m0
δ o delta de Kronecker.
γ
PS
(φ∗,λ∗)
(φ,λ)
PN
z
*
r
*
m
R
R
y
Figura 6.6 – Potencial terrestre
Sabendo-se que a Terra é plástica, isto é, não é perfeitamente rígida e nem
completamente elástica, considera-se que a distorção do potencial, causado pelo
potencial perturbador , consiste apenas de um parâmetro
k , que é o coeficiente de
elasticidade de grau , os quais são denominados de Números de Love. Na
superfície da Terra em que r=R o potencial é dado por:
(
)
(
)
RUkRU
= (6.17)
Considerando, como corpo perturbador a Lua (raciocínio análogo pode ser
feito pelo Sol), de massa m* e orbitando a uma distância r* do centro da Terra, o
potencial na superfície da Terra, causado pela Lua, é dado por Pilchowski (1981):
( )
ψ
=
cos)(
P
r
R
k
r
m
GRU (6.18)
O potencial devido a Lua, num ponto externo à Terra (r>R), em um satélite
artificial situado a uma distância geocêntrica r, é proporcional à razão
1
r
R
+
tal
que na superfície da Terra essa razão é 1. Portanto, pelo teorema de Dirichlet, o
potencial perturbador das marés, no exterior da Terra, pode ser representado
segundo a equação dada por Pilchowski (1981):
( ) ( )
ψ
=
+
=
cos
1
2
P
r
R
r
R
k
r
m
GrU (6.19)
em que, r é a distância do satélite ao centro da Terra.
7. MÉTODOS FUNDAMENTAIS DE PERTURBAÇÃO
Segundo K. Rama Rao (1986) diversas teorias de órbitas de satélites são
classificadas em três métodos fundamentais. O primeiro é o “método analítico”, ou
seja, o “método geral de perturbação”. Neste método, a derivação da teoria envolve
o uso de aproximações, expansões em séries e integração analítica. O estado do
satélite é dado em função do tempo a partir das soluções fechadas. Embora as
soluções que ficam, às vezes, na forma paramétrica necessitem do computador, não
envolvem nenhuma integração numérica em computador.
As características principais dos métodos analíticos são: (a) manipulações
matemáticas laboriosas na formulação; (b) modelos simples de forças perturbadoras,
com aplicação restrita, a fim de obter soluções fechadas; (c) melhor visualização dos
efeitos de várias perturbações, mesmo na derivação da teoria, assim facilitando a
compreensão do comportamento físico de um satélite em geral, mesmo antes de ser
aplicada a um satélite específico; (d) pouco tempo computacional; (e) muito geral,
por natureza; (f) precisão razoável de cálculo; (g) cálculos feitos num passo,
independentemente do período.
Os métodos analíticos tendem a ser complexos quando se requer alta
precisão, mas, em geral, são econômicos. A estimação da trajetória pode ser precisa
em intervalos de curto tempo, mas se torna menos precisa com o tempo.
O segundo método fundamental é o “método numérico”, ou seja, o “método
especial de perturbação”. Neste método, a derivação da teoria resulta num programa
de computador que integra diretamente as equações de movimento de satélite
perturbado usando um procedimento numérico apropriado. A solução é obtida
depois de considerar um satélite específico.
As características principais dos métodos numéricos são: (a) simples na sua
formulação; (b) modelos complexos e mais realísticos de forças perturbadoras, como
aplicação num campo amplo e com flexibilidade de mudar modelos facilmente sem
nenhuma perda na precisão; (c) visualização difícil dos efeitos de várias
perturbações no sentido de que várias trajetórias triviais devem ser integradas cada
vez que um parâmetro é variado, para anotar sua influência; (d) grandes tempos de
computação; (e) muito específicos, por natureza; (f) melhor precisão, embora os
erros de truncamento e arredondamento sejam significativos nas previsões de longos
períodos; (g) cálculos feitos passo por passo.
Os métodos numéricos tendem a ser dispendiosos ao longo do tempo. Na
estimação da trajetória, estes métodos são muito eficientes.
O terceiro método fundamental é o método semianalítico, que surgiu como
um compromisso entre o método analítico e o método numérico. Quando a
complexidade de modelo da força perturbadora torna impossível a implementação
da teoria analítica e muito dispendiosa a teoria numérica, a tática é resolver uma
parte do problema analiticamente e a outra, numericamente. Seguindo esta idéia,
foram desenvolvidos os métodos semianalíticos que combinam a precisão dos
métodos numéricos com a eficiência dos métodos analíticos.
Os principais problemas na teoria de determinação de órbitas de satélites são
(Lafontaine, 1979): (a) dificuldade em derivar modelos matemáticos mais precisos
de fenômenos físicos relevantes; (b) a complexidade teórica e computacional dos
modelos mais realísticos; (c) a identificação de novos fenômenos físicos junto com
modelos apropriados. A tendência presente da teoria orbital é tentar resolver estes
problemas e usar mais freqüentemente os métodos semianalíticos.
A teoria analítica, em geral, depende do método das médias, que basicamente
separa o movimento periódico longo e secular. Neste processo, o espaço de
elementos osculadores é transformado num espaço de elementos médios usando um
conjunto de equações analíticas. As equações de transformação envolvem funções
periódicas curtas da função perturbadora e as taxas e elementos médios contêm
somente o movimento de longo período e secular. A integração das equações de
elementos médios é feita numericamente e, a seguir a transformação analítica
inversa é feita em sentido contrário para elementos osculadores.
O método usado neste trabalho será o método analítico.
7.1. AS EQUAÇÕES PLANETÁRIAS DE LAGRANGE
As expansões das funções perturbadoras de Kozai, Kaula e Balmino, como
efetuadas, fornecem explicitamente a dependência do potencial perturbador em
relação aos elementos orbitais. As variações orbitais, do corpo perturbado, serão
obtidas através das Equações Planetárias de Lagrange:
e
U
e
na
e
a
U
na
n
dt
dM
i
U
iena
i
e
U
ena
e
dt
d
i
U
iena
dt
d
U
iena
iU
iena
dt
di
M
U
ena
eU
ena
e
dt
de
M
U
nadt
da
=
=
ω
=
ω
+
=
+
ω
=
=
2
2
22
2
2
22
2222
2
2
2
2
12
sen1
cos1
sen1
1
sen1
cos
sen1
1
11
2
(7.1)
As equações de Lagrange, considerando os efeitos do achatamento na maré
são dadas por Kozai (1959b):
As variações de e e de i são obtidas conforme as equações:
iena
iU
iena
dt
di
M
U
ena
eU
ena
e
dt
de
sen1
cos
sen1
1
11
2222
2
2
2
2
+
=
+
ω
= (7.2)
Usando as variações
e
δ
e
i
δ
, pode-se derivar
δω
e
δ
pelas fórmulas:
i
di
d
e
de
d
i
U
iena
i
e
U
ena
e
dt
d
i
di
d
e
de
d
i
U
iena
dt
d
δ
ω
+δ
ω
+
=
ω
δ
+δ
+
=
sen1
cos1
sen1
1
22
2
2
22
(7.3)
8. MODELO DE KOZAI
Desde o começo da segunda metade do século passado os efeitos de
perturbações luni-solares sobre órbitas de satélites artificiais m sido considerados,
sendo um dos trabalhos pioneiros o artigo de Kozai (1959
a
). Neste trabalho Kozai
desenvolve o potencial em termos de elementos orbitais de um satélite próximo da
Terra e escreve, através das equações de Lagrange, expressões para as principais
perturbações seculares. A expressão do potencial de Kozai para tal problema contém
apenas termos seculares e de longo período, que será apresentada nos capítulos
posteriores. Em um trabalho posterior, Kozai (1959
b
), baseado em observações de
satélites, determina os números de Love como sendo uma constante com uma
pequena variação de
03
.
0
29
.
0
±
e o tempo de atraso como sendo
5
10
±
minutos.
8.1.POTENCIAL TERRESTRE DEVIDO À MARÉ (KOZAI, 1965)
O potencial lunar da Terra, usando polinômios de Legendre pode ser
expandido como:
( ) ( )
,...coscos
32
3
2
+ψ+ψ=
P
r
R
P
r
RGm
U (8.1)
em que :
(
)
(
)
2/13
2
2
= xxP e
(
)
(
)
2/35
2
3
xxxP = .
Assumindo que o raio da Terra R é constante, a deformação da maré na Terra
devido à atração da Lua, definida na equação (6.18) como:
( ) ( )
+Ψ+Ψ=
.....coscos
3322
3
4
P
r
R
kPk
rm
Rm
G
RkU
t
(8.2)
de um modo semelhante pode-se introduzir a atração do Sol. Fazendo as correções
para o potencial de um satélite devido à maré terrestre, temos:
( ) ( )
+Ψ+Ψ
β
=
...coscos
3
2
322
33
5
P
rr
R
kPk
rr
RG
U (8.3)
em que
G
é a constante gravitacional,
β
é a razão da massa da Lua pela massa da
Terra, r é a distância geocêntrica do satélite,
r
é a distância do centro da Terra à
Lua e
(
)
ψ
cos
2
P é o polinômio de Legendre de grau dois e
Ψ
é o ângulo entre a
distância geocêntrica do satélite à direção da Lua.
Expressaremos essa função em termos de coordenadas esféricas e depois em
função de elementos orbitais: a, e, i,
,
ω
e M. Para isso usaremos as relações
clássicas do problema de dois corpos.
a) Do triângulo de Neper dada a figura 8.1, temos:
(
)
2
22cos1
sensen
22
υ
+
ω
=φ i (8.4)
b) Da relação entre a anomalia verdadeira e anomalia excêntrica, temos:
eE
a
r
=υ coscos
(8.5)
c)Utilizando as Tábuas de Cailey, podemos colocar a anomalia verdadeira em
termos da anomalia média:
( ) ( ) ( )
ϕ
+ϕ+
+
=ϕ+υ
=
pM
ba
pM
ba
p
r
a
pp
p
pp
n
n
cos
2
cos
2
cos
1
(8.6)
em que
p
a e
p
b são tabelados.
Figura 8.1 – Triângulo – órbita – equador - meridiano
Sendo a longitude média é dada por:
M
+
+
ω
=
λ
(8.7)
e
3
2
a
m
Gn =
(8.8)
Contudo, a expressão de Kozai para o potencial fica:
γ
u
B
DIREÇÃO DO
EQUINÓCIO VERNAL
PLANO DA ÓRBITA
φ
i
P
C
A
ω
+
υ
(
)
{
}
( )
+
+×
×ωλ
+
+×ωλ+
β=
BeAe
e
BeAee
kanU
22
22
2
2
8
15
2
3
1
sen4
8
15
2
3
1cos31
2
(8.9)
em que,
0121835.0==β
T
m
m
(8.10)
e,
( )
( )
( )
( )
( )
( )
(
)
+λ+
+λ+
λ
λ+
λ
+
+
+
=
32cos
2
sensen2sen
8
3
22cos
2
sensen
8
3
2cos
2
cossen2sen
8
3
2cos
2
cossen
8
3
2cossen
2
3
1sen
8
3
2cossensen
16
3
cos2sen2sen
16
3
sen
2
3
1sen
2
3
1
4
1
2
42
2
42
22
22
22
i
ii
i
i
i
ii
i
i
ii
ii
ii
iiA
(8.11)
(
)
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
+ωλ+
+ω+λ
ω+λ+
+ω+
+ω+
+ω
ωλ
+
ω+λ+
ωλ+
+ωλ+
λ++ω+
λ+ω+
+ω+
ω
+
ωλ=
232cos
2
sensen
2
sensen
322cos
2
sensen
2
cossen
22cos
2
cossen
2
sensen
2cos2sen
2
sensen
2
1
2cossen
2
sen
2
1
2cos2sen
2
cossen
2
1
22cos
2
cosnse
2
cossen
2cossensen
8
3
2cossensen
8
3
22cos
2
sen
2
sen
22cos
2
sen
2
cos
2cos
2
cos
2
sen
2cossen
2
cos
2
1
2cossen
2
3
1sen
2
1
2cos
2
cos
2
cos
22
22
22
2
24
2
22
22
22
44
44
44
24
22
44
i
i
i
i
i
i
i
i
i
i
i
i
i
i
i
i
i
i
i
i
ii
i
ii
ii
ii
ii
ii
i
i
ii
ii
B
(8.12)
Nas equações (8.11) e (8.12) acima,
λ é a longitude a Lua,
e
referem-se as longitudes do nodo ascendente do satélite e da Lua respectivamente, e
ω
,
ω são os respectivos argumentos do perigeu.
Selecionando todos os termos dependentes de
λ e trocando cos por sen, tem-
se as expressões para
A
e
B
, a partir de A e B.
9. FUNÇÃO PERTURBADORA - MODELO DE KOZAI
Efetuando expansões em harmônicos esféricos e em sistemas de coordenadas
convenientes, escrevem-se usando o modelo de Kozai alguns termos do potencial
devido à maré agindo sobre o satélite.
Considerando a Lua como corpo perturbador, desconsiderando-se a
defasagem, restringindo-se aos termos seculares e de longo período, devido apenas
ao segundo harmônico, o potencial pode ser expresso conforme a equação abaixo:
(
)
( ) ( )
( ) ( )
( )
( ) ( )
)}2cos2sen
2
sensen
2
1
2cossen
2
sen
2
1
2cos2sen
2
cossen
2
1
2cossen
2
cos
2
1
2cossen
2
3
1sen
2
1
(
8
15
)2cossensen
16
3
cos2sen2sen
16
3
sen
2
3
1sen
2
3
1
4
1
(1{
224
2
24222
2
22
2/3
2
2
3
5
2
+ω
++ω
+++ω
+ω
+ω
++
+
β=
i
i
ii
i
i
i
i
i
i
iie
iiii
iiek
a
R
n
U
(9.1)
9.1. PERTURBAÇÕES SECULARES
A parte secular da função perturbadora devido às marés para o modelo de
Kozai é:
(
)
β=
iiek
a
R
n
U
22
2/3
2
2
3
5
sen
2
3
1sen
2
3
1
4
1
1
2
(9.2)
Deve-se considerar que a inclinação da Lua varia continuamente devido ao
geopotencial e à atração do Sol, segundo a equação (Kozai, 1965):
(
)
(
)
NNi 20006.0cos0652.01644.0sen
2
+=
(9.3)
320212
10
56055
.
4
10
55747
.
1
0529539
.
0
183
.
259
t
t
t
N
×+×+=
(9.4)
em que t é dado em graus/dia, sendo N a longitude do nodo ascendente em
relação a eclíptica.
Estes termos são muito importantes para analisar observações de satélites por
um longo período de tempo. Como os movimentos seculares devido às marés, que
são as marés permanentes não podem ser distinguidas do valor do
2
J (coeficiente
que representa as deformações zonais da Terra, denominado de primeiro
harmônico zonal do geopotencial), isto é, os efeitos seculares o incluídos na
análise para a determinação do
2
J , a relação da contribuição da maré permanente
para esse harmônico, é a grosso modo
4
2
1029.0
×k .
É importante ressaltar que sendo o fator perturbador
2
5
1063.1
n
×
para
a Lua (
2
5
1075.0
n
×
para o Sol), em que o movimento dio n do satélite é
expressado em revoluções por dia, algumas das amplitudes para os termos
perturbadores podem ficar bastante altas.
9.2. VARIAÇÕES DOS ELEMENTOS ORBITAIS
Foram calculadas as variações dos elementos orbitais, através das equações
de Lagrange, pelo método das aproximações sucessivas. O potencial devido à maré
foi desenvolvido de forma geral pelo programa Mathematica e alguns casos foram
especificados.
Considerando apenas os termos seculares, temos o potencial descrito pela
expressão (10.2). Como não existem variáveis angulares em tal expressão, temos:
0=
=
ω
=
UU
M
U
(9.5)
e, portanto:
0
=
a
,
0
=
e
e
0
=
i
(9.6)
Integrando, temos:
0
aa
=
,
0
ee
=
e
0
ii
=
(9.7)
Para a variação secular da longitude do nodo ascendente, temos:
0
+
=
tn
(9.8)
em que:
(
)
(
)
nea
nkiiR
n
2
25
2
5
116
2cos31cos3
2
β
=
(9.9)
Para a variação secular do argumento do perigeu, temos:
0
ω
+
=
ω
ω
tn (9.10)
em que:
( )
(
)
(
)
nea
nkiiR
n
2
25
2
5
164
2cos312cos533
2
+
++β
=
ω
(9.11)
Para a variação secular da anomalia média, temos:
0
MtnM
M
+
=
(9.12)
em que:
( )
(
)
(
)
nea
nkiiR
n
M
2/3
25
2
5
164
2cos312cos313
2
++β
=
(9.13)
Considerando-se agora a influência da inclinação da Lua para o cálculo das
variações seculares da longitude do nodo ascendente, do argumento do perigeu e da
anomalia média, descrita pela fórmula (9.3), temos apenas a parte secular do
potencial:
(
)
(
)
( )
+
β=
N
N
iek
a
R
n
U
2cos0006.0
cos0652.01644.0
2
3
1sen
2
3
1
4
1
1
2
2/3
2
2
3
5
2
(9.14)
9.2.1 RESULTADOS
Embora teoricamente, perturbações geopotenciais se estendam até o infinito,
elas diminuem com a altura do satélite. Também as perturbações devidas ao arrasto
atmosférico, diminuem com a altura. Assim, por exemplo, um satélite a uma altura
de 200 km, daria poucas revoluções ao redor da Terra antes de cair, ao passo que a
uma altura de 600km, ele ficaria em órbita, ainda por dezenas de anos. Acima de
700 km, a perturbação devido a pressão de radiação solar direta é maior do que a
perturbação devido ao arrasto atmosférico. Para satélites altos, por exemplo,
geoestacionários a perturbação luni-solar é da ordem da perturbação devido ao
geopotencial.
A escolha de uma órbita para se medir efeitos perturbadores devidos à maré,
deve ser tal que, não seja muito baixa para que seu efeito não seja totalmente
mascarado pelo arrasto e nem muito alto para não ser mascarado pela atração luni-
solar.
Assim, para exemplificar a ordem dos efeitos devidos à perturbação da maré
terrestre, escolhe-se um satélite em uma órbita com as seguintes características:
.
30
;60
;30
;01.0
;
7000
°=ω
°=
°=
=
=
i
e
Km
a
Nas integrações das equações do movimento para os casos considerados, foi
desenvolvido um programa em linguagem de programação Mathematica. Este
programa gera um arquivo de saída, onde dadas às condições iniciais do satélite
artificial, são obtidos as variações dos elementos orbitais para cada caso a ser
apresentado.
Segundo o método das aproximações sucessivas, encontramos para as
variações da longitude do nodo ascendente e do argumento do perigeu, dadas pelas
equações (9.9) e (9.11), os seguintes valores:
diaradn /1033781.8
7
×=
diaradn /103238.1
6
ω
×=
Considerando-se a variação da inclinação da Lua, em que as expressões são
encontradas no apêndice A, temos os seguintes resultados:
0 20000 40000 60000 80000 100000
dias
-0.07
-0.06
-0.05
-0.04
-0.03
-0.02
-0.01
0
Wd
H
dar
aid
L
Figura 9.1 Variação da longitude do nodo ascendente, levando em conta a
inclinação da Lua.
0 20000 40000 60000 80000 100000
dias
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
wd
H
dar
aid
L
Figura 9.2 Variação do argumento do perigeu, levando em conta a
inclinação da Lua.
Considerando agora, os termos de longo período, descrito pela fórmula (9.1),
obtemos as expressões das variações nos elementos orbitais para as seguintes
situações:
CASO 1:
Considerando a Lua em movimento elíptico, não precessionada:
0
0
0
0
ω+=ω
+=
ω=ω
=
ω
tn
tn
CASO 2:
Considerando a Lua em órbita elíptica precessionada ao redor da Terra:
0
0
0
0
ω+=ω
+=
ω+=ω
+=
ω
ω
tn
tn
tn
tn
As expressões das variações nos elementos orbitais, encontram-se no
apêndice A.
Aplicando as equações de Lagrange e considerando as variações devidas à
longitude do nodo ascendente e o argumento do perigeu, temos:
Para a variação da excentricidade:
Caso 1:
Maior Amplitude: 0.00227218
Período:
dias
6
10
37316
.
2
×
-0.003
-0.002
-0.001
0
0.001
0.002
de
Figura 9.3-Representação da variação da excentricidade (caso1)
Caso 2:
Maior Amplitude: 0.00227218
Período:
dias
6
10
37316
.
2
×
Figura 9.4-Representação da variação da excentricidade (caso2)
Para a variação da inclinação:
Caso 1:
Maior Amplitude: 0.0899087 rad
Período:
dias
6
10
53577
.
7
×
0 500000
1´ 10
6
1.5 ´ 10
6
2´ 10
6
dias
-0.002
-0.001
0
0.001
0.002
de
Figura 9.5-Representação da variação da inclinação (caso1)
Caso 2:
Maior Amplitude: 0.000081215 rad
Período:
dias
10
.
6807
Figura 9.6-Representação da variação da inclinação (caso2) com período de
aproximadamente 6800 dias.
0
1´ 10
6
2´ 10
6
3´ 10
6
4´ 10
6
5´ 10
6
6´ 10
6
7´ 10
6
dias
-0.075
-0.05
-0.025
0
0.025
0.05
0.075
di
H
dar
L
0 500000
1´ 10
6
1.5 ´ 10
6
2´ 10
6
dias
-0.0001
-0.00005
0
0.00005
0.0001
d
i
H
d
a
r
L
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
dias
-0.000075
-0.00005
-0.000025
0
0.000025
0.00005
0.000075
i
d
a
r
Figura 9.7-Representação da variação da inclinação (caso2) com período de
aproximadamente
6
10
4
.
2
× dias.
Figura 9.8-Representação da variação da inclinação (caso2) com período de
aproximadamente
6
10
4
.
2
× dias, desconsiderando-se o termo de maior
amplitude.
Figura 9.9-Representação da variação da inclinação (caso2) com menor
período de aproximadamente 3400 dias
0 500000
1´ 10
6
1.5 ´ 10
6
2´ 10
6
dias
-0.00004
-0.00002
0
0.00002
0.00004
d
i
H
d
a
r
L
0 2000 4000 6000 8000 10000
dias
0.0000188
0.000019
0.0000192
0.0000194
0.0000196
0.0000198
i
d
a
r
Para a longitude do nodo ascendente:
Caso 1:
Maior Amplitude: 0.103817 rad
Período:
dias
6
10
53577
.
7
×
Figura 9.10-Representação da variação da longitude do nodo ascendente
(caso1)
Caso 2:
Maior Amplitude: 0.0000937784 rad
Período:
dias
10
.
6807
0
1´ 10
6
2´ 10
6
3´ 10
6
4´ 10
6
5´ 10
6
6´ 10
6
7´ 10
6
dias
-0.1
-0.05
0
0.05
0.1
Wd
H
dar
L
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
dias
-0.000075
-0.00005
-0.000025
0
0.000025
0.00005
0.000075
d
a
r
Figura 9.11-Representação da variação da longitude do nodo ascendente
(caso2), com um período de aproximadamente 6800 dias.
Figura 9.12-Representação da variação da longitude do nodo ascendente
(caso2), com um período de
6
10
4
.
2
× dias.
0 500000
1´ 10
6
1.5 ´ 10
6
2´ 10
6
dias
-0.00015
-0.0001
-0.00005
0
0.00005
0.0001
0.00015
W
d
H
d
a
r
L
0 500000
1
10
6
1.5
10
6
2
10
6
dias
-0.000075
-0.00005
-0.000025
0
0.000025
0.00005
0.000075
d
a
r
Figura 9.13-Representação da variação da longitude do nodo ascendente
(caso2) com período de aproximadamente
6
10
4
.
2
× dias, desconsiderando-se
o termo de maior amplitude.
Figura 9.14-Representação da variação da inclinação (caso2) com menor
período de aproximadamente 3400 dias
Para o argumento do perigeu:
Caso 1:
Maior Amplitude: 0.22715 rad
0 2000 4000 6000 8000 10000
dias
-0.00007
-0.000069
-0.000068
-0.000067
d
a
r
Período:
dias
6
10
37316
.
2
×
Figura 9.15-Representação da variação do argumento do perigeu (caso1)
Caso 2:
Maior Amplitude: 0.22715 rad
Período:
dias
6
10
37316
.
2
×
Figura 9.16-Representação da variação do argumento do perigeu (caso2)
0 500000
1´ 10
6
1.5 ´ 10
6
2´ 10
6
dias
-0.2
-0.1
0
0.1
0.2
wd
H
dar
L
0 500000
1´ 10
6
1.5 ´ 10
6
2´ 10
6
dias
-0.2
-0.1
0
0.1
0.2
wd
H
dar
L
360000 380000 400000 420000
dias
0.22575
0.226
0.22625
0.2265
0.22675
0.227
0.22725
d
a
r
Figura 9.17-Representação da variação do argumento do perigeu (caso2), na
região de máximo, com menor período de aproximadamente 6800 dias.
Figura 9.18-Representação da variação do argumento do perigeu (caso2), na
região de mínimo, com menor período de aproximadamente 6800 dias.
9.2.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS – KOZAI
1.55
10
6
1.56
10
6
1.57
10
6
1.58
10
6
1.59
10
6
1.6
10
6
1.61
10
6
dias
-0.2274
-0.2272
-0.227
-0.2268
-0.2266
-0.2264
d
a
r
Através dos resultados obtidos para o modelo de Kozai, verifica-se que para a
variação da excentricidade não existem diferenças nos termos de maior amplitude
(cerca de 0.002) e períodos (cerca de
dias
6
10
4
.
2
× ) para os casos 1 e 2 (figuras 9.3
e 9.4), isto significa que a excentricidade não sofre uma influência significativa da
precessão da Lua.
Para a inclinação verifica-se que a influência da precessão da Lua é bastante
significativa, pois foi encontrado um período bem menor (cerca de 6800 dias), com
seu termo de maior amplitude igual à aproximadamente 0.00008 radianos (figura
9.6). Esse período é gerado pelo termo na função perturbadora que contém
(
)
cos (vide equação 9.1). Existe um segundo termo de maior amplitude
(0.00004 radianos) que corresponde a um período de aproximadamente
dias
6
10
4
.
2
× (figura 9.7). Esse período é gerado pelo termo na função perturbadora
que contém
(
)
ω
2cos (vide equação 9.1). Com o objetivo de visualizar melhor o
efeito dessas perturbações, desconsidera-se da variação da inclinação seu termo de
maior amplitude. Encontra-se, neste caso, uma amplitude da ordem de
aproximadamente
rad
7
10
2
× , com um menor período de cerca de 3400 dias
(figura 9.9).
Um comportamento semelhante verifica-se para a variação da longitude do
nodo ascendente, em que a influência da precessão da Lua torna-se também bastante
significativa.O termo de maior amplitude é de aproximadamente 0.00009 radianos
com um período de cerca de 6800dias (figura 9.11). O segundo termo de maior
amplitude é de aproximadamente 0.00008 radianos, que corresponde ao período de
cerca da
dias
6
10
4
.
2
× (figura 9.12). Desconsiderando-se o termo de maior
amplitude (figura 9.13), encontra-se uma amplitude de aproximadamente
rad
6
10
2
× , com um menor período de cerca de 3400dias (figura 9.14).
Para a variação do argumento do perigeu, em que o termo de maior amplitude
é de aproximadamente 0.2 radianos com um período de cerca de
dias
6
10
4
.
2
× (figura 9.16), verificam-se ondulações menores nas regiões de
máximos e mínimos (figuras 9.17 e 9.18), com uma amplitude de cerca de
rad
4
10
2
× , correspondente a um período de 6800 dias.
10. MODELO DE KAULA
Kaula (1969), desenvolveu a função perturbadora devida à maré, sendo que o
fator de amplitude
k
e o ângulo de atraso
ε
são expressados como somas de
harmônicos esféricos zonais. Com respeito à evolução atual da órbita da Lua, Kaula
considerou a existência de um harmônico de grau dois para o ângulo de atraso, com
objetivo de avaliar uma contribuição significante na transferência de energia para a
Lua, embora, seja improvável que esse efeito seja importante na escala de tempo
total da evolução da órbita. Se a órbita da Lua fosse equatorial, a fricção devida à
maré não alteraria a inclinação de sua órbita. Uma vez que a órbita é inclinada, a
fricção da maré faz com que ela ganhe uma inclinação adicional, desde que, a razão
entre a rotação da Terra e a revolução da Lua seja comensurável. A variação
latitudinal nas propriedades da maré tem efeitos calculáveis na órbita de satélites
próximos a Terra. Um harmônico de grau dois para o ângulo de atraso se faz
necessário para conciliar os dados de avaliação com a desaceleração da órbita da
Lua.
Pode-se expressar a função perturbadora em termos de coordenadas esféricas
e depois em função de elementos orbitais. Levando em conta o ângulo de atraso ε,
Kaula (1969) obtém cada termo como uma série infinita com coeficientes em função
da inclinação e da excentricidade da órbita:
( ) ( ) ( )
( )
( )
( ) ( )
{ }
θ+λλφευ×
×
φλφ=λφ
m
PCBRkRU
mpqmpq
parm
ímparm
mmpqm
mpq
,
sen
cos
sen,,,
(10.1)
em que r,φ e λ são raio, latitude e longitude, respectivamente; θ é o ângulo sideral
de Greenwich ,
(
)
φ
sen
m
P
são os polinômios associados de Legendre, e
(
)
( )
( )
,2
!
!
0m
m
m
GmB
m
δ
+
=
(10.2)
(
)
(
)
,
1
1
+
= eGÍF
a
C
pqmpmpq
(10.3)
( ) ( )
+++ω=υ
mMqpp
mpq
22
, (10.4)
em que, G é a constante gravitacional;
ω ,,,,,, MIeam são massas e
elementos keplerianos da Lua; e
( )
( )
( ) ( )
×
+
×
=
=
=
=
2
20
2
,
0
22
2
cos
sen
2!2!!
!22
tp
c
s
m
s
tm
kp
t
t
mp
c
stm
I
s
m
I
tmtt
t
IF
(10.5)
( )
,1
kc
ctp
sm
(
)
( ) ( )
,11
2
0
2
k
pqk
k
pqk
q
q
pq
QPeG βββ+=
=
em que, (10.6)
2
e11
e
+
=β (10.7)
'qkh
+
=
se
0
'
q
(10.8)
( ) ( )
/
2
''2
!
1
2'2
0
p
eqp
r
rh
p
P
r
r
h
r
pqk
β
+
=
=
k
h
=
se
0
'
q
k
h
=
se
0
'
q
( )
/
2
''2
!
1'2
0
p
eqp
rrh
p
Q
r
h
r
pqk
β
+
=
=
'qkh
=
se
0
'
q
(11.9)
em que p’ e q’ são definidos da seguinte maneira:
p
p
=
'
p
p
=
'
se
2
p e se
2
p
(10.10)
q
q
=
'
q
q
=
'
Para propósito da análise orbital, o modelo de Kaula, assume que
k
e
mpq
ε
sejam somente funções da latitude, pois são elas que produzem perturbações de
longo período no movimento dos satélites e, representando-os por harmônicos
esféricos:
)(sen
0
φκ=
h
h
h
Pk
(10.11)
e
(
)
φε=ε
sen
0)( n
n
mpqnmpq
P
(10.12)
Então a função perturbadora pode ser escrita:
( ) ( )
( )
( )
( )
{ }
υυ×
εκ+
κ
×
=
+
mpqkmjg
park
ímpark
m
h
park
ímpark
m
h
lhkmkjgkmj
k
mpqhkjg
mpq
QeGiF
a
R
KU
)(
)(
)(
)(
1
cos1
sen
sen1
cos
(10.13)
em que,
=
mpqmmpq
CBRK
(10.14)
É importante enfatizar que os polinômios
(
)
iF
mp
e
(
)
eG
pq
são relativos à
Lua, e os polinômios
(
)
iF
kmj
e
(
)
eG
kjg
são relativos ao satélite. Os valores de
jkm
Q
, que são fatores para produtos de conversão dos polinômios associados de
Legendre estão tabelados.
No potencial equação (10.13) podemos distinguir três tipos de termos
periódicos, ver equação (10.4): longos períodos quando m=0, períodos diurnos
quando m=1, e períodos semi-diurnos quando m=2. Como os
(
)
eG
pq
são
proporcionais à
q
e
, são considerados valores baixos para grandes valores de q, isto
é,
2
,
1
,
0
±
±
=
q
. Para , consideramos o valor 2, pois o fator no potencial
60
1
a
R
é pequeno para a Lua e muito menor para o Sol.
Para análise da perturbação da maré em um satélite artificial, exige-se que
não haja termos de curto período, ou seja, g=2j-k. Então a equação (10.13),
transforma-se:
( ) ( )
( )
( )
( )
{ }
υυ×
εκ+
κ
×
=
+
mpqkjkmj
park
ímpark
m
h
park
ímpark
m
h
hkmkjkjkmj
k
mpqhkjg
mpq
QeGiF
a
R
KU
2)2(22
2)2(
1
2
cos1
sen
sen1
cos
(10.15)
Para obtermos no potencial termos seculares, devemos fazer na equação
(10.4),
0
2
=
p
,
0
2
=
+
q
p
e m=0, isto é termos que não tenham ω*,* e
M*. Para obtermos termos de longo período, devemos fazer
0
2
=
+
q
p
, isto é
termos que não contém M*.
10.1. EFEITOS EM ÓRBITAS DE SATÉLITES PRÓXIMOS A TERRA
Kaula (1969), examinou o comportamento de satélites artificiais para
pequenos valores de
R
a
e a sua influência na função perturbadora dada pela
equação (10.15), com o objetivo de especificar melhor as órbitas futuras para a
determinação das propriedades da maré terrestre.
Com o mesmo objetivo, Kozai (1968) determinou
k
e
ε
para perturbações da
inclinação
i
δ
e do argumento
. Para isso, ele utilizou somente os termos
mpqhkj=110021 da equação (10.15), que tem como resultado a função:
(
)
( )
(
)
εκ
= sencos1cossen
2
3
020
2/3
2
3
21002
eii
a
R
KU
(10.16)
Segundo Kaula(1969), Newton (1968) determinou
k
e
ε
para perturbações
da inclinação
i
δ
e para o nodo
δ
com os argumentos contendo
e
2
, e obteve
os fatores da órbita lunar por integração numérica, o qual seria equivalente usar os
termos
2
,
1
=
m
e
2
,
1
,
0
=
p
, com 0021
=
qhkj na equação (10.15), que tem como
resultado a função:
(
)
( )
(
)
εκ
=
meiF
a
R
KU
m
mp
mp
sencos1)(
020
2/3
2
12
3
022
(10.17)
Pode-se perceber que nas equações (10.16) e (10.17), o argumento
ω
é
inexistente pois Kaula considera
2
k
j = . As variações zonais são pares , isto é
,...4,2,0
=
h ., para que
k
e
ε
tenham perturbações de mesmo período, como as
equações (10.16) e (10.17).
Como, neste trabalho, tem-se o objetivo de comparar os modelos de Kaula
com o de Kozai, é necessário que se encontre a função perturbadora com os mesmo
períodos contidos na equação (9.12), termos em que aparecem o argumento
ω
2
,
para isso é necessário considerar
2
,
1
,
0
=
m
, 2,0
=
h ,
1
=
j
e 4,2
=
k . Então a função
perturbadora, para termos de longo período fica:
( ) ( )
(
)
[
]
+
υυεκ
=
102)2(122)2(11
1
102
sen)(cos
mkkmhhhkmkkkm
k
mhk
m
QeGiF
a
R
KU
(10.18)
Com o objetivo de simplificar a notação, Kaula (1969) formula a seguinte
equação, para expressar os números de Love e o ângulo de atraso:
(
)
(
)
h
h
h
Pk
22
2
εκ=δ
(10.19)
Utilizando os dados obtidos por Newton (1968) na análise dos parâmetros da
maré, tem-se:
202
055.0351.0 Pk
=
(10.20)
em que 351.0
20
=
κ
e 055.0
22
=
κ
,
e, para os dados de Newton referentes a Lua, temos:
(
)
4020
2
0004.00121.00072.0 PPk
=
δ
(10.21)
em que,
(
)
0072.0
0
2
=
ε
κ
,
(
)
0121.0
2
2
=
ε
κ
e
(
)
0004.0
4
2
=
ε
κ
.
11. FUNÇÃO PERTURBADORA - MODELO DE KAULA
Efetuando expansões em harmônicos esféricos e em sistemas de coordenadas
convenientes, escrevem-se usando o modelo de Kaula alguns termos do potencial
devido à maré agindo sobre o satélite.
Considerando a Lua como corpo perturbador, considerando-se a defasagem,
restringindo-se aos termos seculares e de longo período, devido apenas ao segundo
harmônico, o potencial pode ser expresso conforme a expressão (B.1), disposta no
apêndice B.
11.1. PERTURBAÇÕES SECULARES
A parte secular da função perturbadora devido às marés para o modelo de
Kaula está disposta no apêndice B, expressão (B.2).
11.2. VARIAÇÕES DOS ELEMENTOS ORBITAIS
Foram calculadas as variações dos elementos orbitais, através das equações
de Lagrange, pelo método das aproximações sucessivas. O potencial devido à maré
foi desenvolvido de forma geral pelo programa Mathematica e alguns casos foram
especificados.
Considerando apenas os termos seculares, temos o potencial descrito pela
expressão (B.2). Como não existem variáveis angulares em tal expressão, temos:
0=
=
ω
=
UU
M
U
(11.1)
e, portanto:
0
=
a
,
0
=
e
e
0
=
i
(11.2)
Integrando, temos:
0
aa
=
,
0
ee
=
e
0
ii
=
(11.3)
Para a variação secular da longitude do nodo ascendente, temos:
0
+
=
tn
(11.4)
em que:
(
)
(
)
( ) ( ) ( )
2/3
232
25
2220
5
11112
272cos31cos3
+
κ+κ+
=
eanea
GmiiR
n (11.5)
Para a variação secular do argumento do perigeu:
0
ω
+
=
ω
ω
tn (11.6)
em que:
(
)
(
)
(
)
( ) ( ) ( )
2/3
232
25
2220
5
11448
272cos312cos533
+
κ+κ++
=
ω
eanea
GmiiR
n
(11.7)
11.2.1 RESULTADOS
Para exemplificar e comparar a ordem dos efeitos devidos à perturbação da
maré terrestre é escolhido um satélite em uma órbita com as mesmas características
do capítulo 9.
Nas integrações das equações do movimento para os casos considerados, foi
desenvolvido um programa em linguagem de programação Mathematica. Este
programa gera um arquivo de saída, onde dadas às condições iniciais do satélite
artificial, são obtidos as variações dos elementos orbitais para cada caso a ser
apresentado.
Segundo o método das aproximações sucessivas, encontramos para as
variações da longitude do nodo ascendente e do argumento do perigeu, dadas pelas
equações (11.5) e (11.7), os seguintes valores:
diaradn /1037006.9
7
×=
diaradn /1048769.1
6
ω
×=
Considerando-se a influência da inclinação da Lua, em que as expressões se
encontram no apêndice B, temos os seguintes resultados:
Figura 11.1 – Variação secular da longitude do nodo ascendente, levando em
conta a inclinação da Lua.
Figura 11.2 – Variação secular do argumento do perigeu, levando em conta a
inclinação da Lua.
0 20000 40000 60000 80000 100000
dias
-0.08
-0.06
-0.04
-0.02
0
Wd
H
dar
aid
L
0 20000 40000 60000 80000 100000
dias
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
0.12
wd
H
dar
aid
L
Considerando agora, os termos de longo período, obtém-se as expressões das
variações nos elementos orbitais para as seguintes situações:
CASO 1:
Considerando a Lua em movimento elíptico, não precessionada:
0
0
0
0
ω+=ω
+=
ω=ω
=
ω
tn
tn
CASO 2:
Considerando a Lua em órbita elíptica precessionada ao redor da Terra:
0
0
0
0
ω+=ω
+=
ω+=ω
+=
ω
ω
tn
tn
tn
tn
As expressões das variações nos elementos orbitais são encontradas no
apêndice B.
Aplicando as equações de Lagrange e considerando as variações devidas à
longitude do nodo ascendente e o argumento do perigeu, temos:
Para a variação da excentricidade:
Caso 1:
Maior Amplitude: 0.000078526
Período:
dias
6
10
11172
.
2
×
Figura 11.3-Representação da variação da excentricidade (caso1)
Caso 2:
Maior Amplitude: 0.000078526
Período:
dias
6
10
11172
.
2
×
Figura 11.4-Representação da variação da excentricidade (caso2)
0 500000
1´ 10
6
1.5 ´ 10
6
2´ 10
6
dias
-0.00006
-0.00004
-0.00002
0
0.00002
0.00004
0.00006
d
e
0 500000
1´ 10
6
1.5 ´ 10
6
2´ 10
6
dias
-0.000075
-0.00005
-0.000025
0
0.000025
0.00005
0.000075
d
e
Para a variação da inclinação:
Caso 1:
Maior Amplitude: 0.0787884rad
Período:
dias
6
10
7056
.
6
×
Figura 11.5-Representação da variação da inclinação (caso1)
Caso 2:
Maior Amplitude: 0.0000799721 rad
Período:
dias
34
.
6806
Figura 11.6-Representação da variação da inclinação (caso2)
0
1´ 10
6
2´ 10
6
3´ 10
6
4´ 10
6
5´ 10
6
6´ 10
6
dias
-0.075
-0.05
-0.025
0
0.025
0.05
0.075
di
H
dar
L
0 500000
1´ 10
6
1.5 ´ 10
6
2´ 10
6
dias
-0.0001
-0.00005
0
0.00005
0.0001
d
i
H
d
a
r
L
Figura 11.7-Representação da variação da inclinação (caso2),
desconsiderando-se termos de maior amplitude.
Para a longitude do nodo ascendente:
Caso 1:
Maior Amplitude: 0.0909762 rad
Período:
dias
6
10
7056
.
6
×
Figura 11.8-Representação da variação da longitude do nodo ascendente
(caso1)
0
1´ 10
6
2´ 10
6
3´ 10
6
4´ 10
6
5´ 10
6
6´ 10
6
dias
-0.1
-0.05
0
0.05
0.1
Wd
H
dar
L
0 500000
1
10
6
1.5
10
6
2
10
6
dias
-2
10
- 6
-1
10
- 6
0
1
10
- 6
2
10
- 6
i
d
a
r
Caso 2:
Maior Amplitude: 0.0000923433 rad
Período:
dias
34
.
6806
Figura 11.9-Representação da variação da longitude do nodo ascendente
(caso2)
Figura 11.10-Representação da variação da longitude do nodo ascendente
(caso2), desconsiderando-se os termos de maior amplitude.
0 500000
1´ 10
6
1.5 ´ 10
6
2´ 10
6
dias
-0.00015
-0.0001
-0.00005
0
0.00005
0.0001
0.00015
W
d
H
d
a
r
L
0 500000
1
10
6
1.5
10
6
2
10
6
dias
-4
10
- 6
-2
10
- 6
0
2
10
- 6
4
10
- 6
d
a
r
Para o argumento do perigeu:
Caso 1:
Maior Amplitude: 0.00435505 rad
Período:
dias
6
10
11173
.
2
×
Figura 11.11-Representação da variação do argumento do perigeu (caso1)
Caso 2:
Maior Amplitude: 0.00422646 rad
Período:
dias
6
10
11173
.
2
×
Figura 11.12-Representação da variação do argumento do perigeu (caso2)
0 500000
1´ 10
6
1.5 ´ 10
6
2´ 10
6
dias
-0.004
-0.002
0
0.002
0.004
wd
H
dar
L
0 500000
1´ 10
6
1.5 ´ 10
6
2´ 10
6
dias
-0.006
-0.004
-0.002
0
0.002
0.004
0.006
wd
H
dar
L
Figura 11.13-Representação da variação do argumento do perigeu (caso2),
na região de máximo.
Figura 11.14-Representação da variação do argumento do perigeu (caso2),
na região de mínimo.
400000 420000 440000 460000 480000 500000
dias
0.00424
0.00426
0.00428
0.0043
0.00432
0.00434
0.00436
e
1.46
10
6
1.48
10
6
1.5
10
6
1.52
10
6
1.54
10
6
dias
-0.004375
-0.00435
-0.004325
-0.0043
-0.004275
-0.00425
-0.004225
e
11.2.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS – KAULA
Através dos resultados obtidos para o modelo de Kaula, verifica-se que para a
variação da excentricidade não existem diferenças nos termos de maior amplitude
(cerca de 0.000078) e períodos (cerca de
dias
6
10
11
.
2
× ), para os casos 1 e 2
(figuras 11.3 e 11.4), isto significa que a excentricidade não sofre uma influência
significativa da precessão da Lua.
Para a variação da inclinação, verifica-se que a influência da precessão da
Lua é bastante significativa, pois foi encontrado um período bem menor (cerca de
6800 dias), com dois termos de maior amplitude iguais a aproximadamente 0.00008
radianos e 0.00004 radianos (figura 11.6). Desconsiderando-se esses termos,
encontramos um período de aproximadamente
dias
6
10
11
.
2
× com uma amplitude
total de aproximadamente
rad
6
10
6
.
2
× (figura 11.7).
Um comportamento semelhante foi encontrado para a variação da longitude
do nodo ascendente, pois se tem para os termos de maior amplitude (cerca de
0.00009 radianos e 0.00004 radianos) um período de cerca de 6800 dias.
Desconsiderando-se esses termos, encontramos um período de aproximadamente
dias
6
10
11
.
2
× , com uma amplitude total de aproximadamente
rad
6
10
5
.
4
× (figura
11.10).
Para a variação do argumento do perigeu, em que o termo de maior
amplitude é de aproximadamente 0.04 radianos, com um período de
aproximadamente
dias
6
10
11
.
2
× (figura 11.12), verificou-se ondulações menores
nas regiões de máximos e mínimos, com uma amplitude total de aproximadamente
rad
5
10
4
× (figura 11.13 e 11.14).
12. MODELO DE BALMINO
Balmino generaliza o desenvolvimento analítico das perturbações das marés
terrestres, considerando
k função da longitude
λ
e latitude
Φ
, e
ε
função da
latitude
Φ
.
Por definição, conservando as notações de Kaula, o potencial perturbador T devido à
maré, na superfície terrestre é dado por:
( ) ( )
( )
( )
( ) ( )
( ) ( ) ( ) ( )
[ ]
λφε+θ+λυ
φλφ
×
+
δ
=λφ
,
sen
cos
sen,
!
!
2,,T
0
mpqmpqmmpq
pqmpm
mpq
mPk
eGiF
m
m
a
R
a
M
GR
(12.1)
em que,
(
)
iF
mp
e
(
)
eG
pq
são funções da inclinação da excentricidade ,
m
P
é
um polinômio associado de Legendre, de grau e ordem m , θ é o tempo sideral e,
(
)
(
)
+ω++=υ mpMqp
mpq
22
(12.2)
O potencial perturbador
(
)
λ
φ
,,rT em um ponto P exterior (r>R), se obtém de
uma aplicação do teorema de Dirichlet, em uma multiplicação de seus termos
respectivamente por:
1
+
k
r
R
e
1
+
s
r
R
(12.3)
em que
k
e
s
representam a ordem dos Polinômios de Legendre.
Após cálculos algébricos, a função perturbadora no satélite, fica:
( )( )
( )
( ) ( )
( )
( )
( )
( )
( )
+
+±
×
×
×
+
=
±
±
±
±
=
+
−∞=
±
+
+
±=
±
=
±
±
+±
+
−∞=
±
=
+
+
+
±=
±
= =
−∞===
+
=
)W(
cos1
sen
1
(e)GF
a
R
Q
W
1
cos
1
eG(I)F
a
R
Q
2
K
e*GI*F
!m
!m2
R
Gm*
T
par:m)(ms
impar:m)(ms
ms
par:m
impar:m
S
0j g'
m
g'j's,
jm
s
1s
nk
ms
m
kns,
~
0n
n
mpq
parmmk
ímparm)(mk
1mk
p:m
:m
g
m
kjg
jm
k
k
0j
1k
h
mk
hkm
0h
h
0
h
mpq
q
pq
0p
pq
0m
om
1
2
ar
ímpar
a
R
(12.4)
em que,
)mm(mpq*W
)mm(W
h
mpq
m
m
g',j',ms,
h
mpq
m
mpq
m
gj,,mk,
m
m
±
±
µ
±
±
±±
υυ=
±±
υυ=
(12.5)
m
µ
ξ =
µ
µ
+
+
+
forsesinalose
mpara
mpara
fordesinalose
1
1
1
(12.6)
No modelo de Balmino para o potencial, é importante ressaltar que o
coeficiente de elasticidade é função dependente da latitude φ e da longitude λ.
Escrevemos então:
( )
(
)
( )
φλλµ=λφ
µ
= =µ
µµ
sencos,
0 0
h
h
h
h
mpq
h
mpq
mpq
PKK
(12.7)
A equação (12.7) é o desenvolvimento do
mpq
K
em harmônicos esféricos
zonais e tesserais.
O ângulo de atraso continua sendo função somente da latitude:
( ) ( )
φε=λφε
=
sen,
0n
n
mpqmpq
P
(12.8)
Balmino utiliza os seguintes dados na análise dos parâmetros da maré,
independentes de
q
p
m
,
,
.
(
)
(
)
(
)
( ) ( ) ( )
°+λϕ+ϕ+
°
λ
ϕ
ϕ
+
=
1502cossen005.0sen001.0
702cossen01.0sen05.03.0
4240
22202
PP
PPk
(12.9)
(
)
ϕ
+
=
sen02.01.0
203
Pk
(12.10)
em que 3.0
00
2
=K e 05.0
20
2
=K ,
(
)
(
)
ϕ
°
+
ϕ
°
°
=
ε
sen1.0sen5.02
40202
PP
(12.11)
°
=
ε
2.0
3
(12.13)
em que º2
0
2
=ε e °=ε 5.0
2
2
.
13. FUNÇÃO PERTURBADORA - MODELO DE BALMINO
Efetuando expansões em harnicos esféricos e em sistemas de coordenadas
convenientes, escrevem-se usando o modelo de Balmino alguns termos do potencial
devido à maré agindo sobre o satélite.
Considerando a Lua como corpo perturbador, considerando-se a defasagem,
restringindo-se aos termos seculares, devido apenas ao segundo harmônico, o
potencial pode ser expresso conforme a expressão C.1, disposta no apêndice C.
13.1. VARIAÇÕES DOS ELEMENTOS ORBITAIS
Foram calculadas as variações dos elementos orbitais, através das equações
de Lagrange, pelo método das aproximações sucessivas. O potencial devido à maré
foi desenvolvido de forma geral pelo programa Mathematica e alguns casos foram
especificados.
Considerando apenas os termos seculares, temos o potencial descrito pela
expressão (C.1). Como não existem variáveis angulares em tal expressão, temos:
0=
=
ω
=
UU
M
U
(13.1)
e, portanto:
0
=
a
,
0
=
e
e
0
=
i
(13.2)
Integrando, temos:
0
aa
=
,
0
ee
=
e
0
ii
=
(13.3)
Para a variação secular da longitude do nodo ascendente, temos:
0
+
=
tn
(13.4)
em que:
(
)
(
)
( ) ( ) ( )
2/3
232
25
2220
5
11112
272cos31cos3
+
Κ+Κ+
=
eanea
GmiiR
n (13.5)
Para a variação secular do argumento do perigeu, temos:
0
ω
+
=
ω
ω
tn (13.6)
em que:
(
)
(
)
(
)
( ) ( ) ( )
2/3
232
25
2220
5
11448
272cos312cos533
+
Κ+Κ++
=
ω
eanea
GmiiR
n (13.7)
13.1.1. RESULTADOS
Para exemplificar e comparar a ordem dos efeitos devidos à perturbação da
maré terrestre é escolhido um satélite em uma órbita com as mesmas características
do capítulo 9.
Nas integrações das equações do movimento para os casos considerados, foi
desenvolvido um programa em linguagem de programação Mathematica. Este
programa gera um arquivo de saída, onde dadas às condições iniciais do satélite
artificial, são obtidos as variações dos elementos orbitais para cada caso a ser
apresentado.
Segundo o método das aproximações sucessivas, encontramos para as
variações da longitude do nodo ascendente e do argumento do perigeu, dadas pelas
equações (13.5) e (13.7), os seguintes valores:
diaradn /1078318.9
7
×=
diaradn /1039452.1
6
ω
×=
Considerando-se a influência da inclinação da Lua, em que as expressões se
encontram no apêndice C, temos os seguintes resultados:
Figura 13.1 – Variação secular do nodo ascendente, levada em conta à
inclinação da Lua.
Figura 13.2 – Variação secular do argumento do perigeu, levada em conta à
inclinação da Lua.
Observação: Não foram encontrados outros resultados para o modelo de
Balmino.
0 20000 40000 60000 80000 100000
dias
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
0.12
wd
H
dar
aid
L
0 20000 40000 60000 80000 100000
dias
-0.08
-0.06
-0.04
-0.02
0
Wd
H
dar
aid
L
14. MODELO DO IERS
O modelo de IERS, diferentemente dos outros, considera a influência no
movimento de um satélite em termos de perturbações nos coeficientes
nm
C e
nm
S do
geopotencial.
Sabemos que a função perturbadora devida à maré gerada pelo corpo
perturbador de massa M
j
, num ponto P, localizado a distância geocêntrica R
0
da
superfície terrestre é:
( )
j
LSj
j
j
o
P
r
GM
RKV ψ=
=
cos
20
,
3
2
2
(14.1)
Em que a função perturbadora devida à maré no exterior da Terra é:
( )
j
LSj
j
j
P
r
GM
r
R
KV ψ=
=
cos
,
20
33
5
0
2
(14.2)
em que R
0
é o raio médio da Terra e GM
j
é o parâmetro gravitacional da Lua
(j=L) ou do Sol (j=S).
Neste trabalho considera-se apenas j=L.
Para expressar
V
de forma adimensional
m2
C ,
m2
S , um fator
2
e
GEa é
aplicado. Sendo a
e
o raio equatorial da Terra.
Considera-se neste trabalho
e
aR
=
0
.
Assim, as perturbações no satélite dadas pelas mudanças no coeficiente do
geopotencial de grau 2 são:
( )
( )
j
LSj
j
j
e
P
r
GM
GEa
R
KC φ=
=
sen0
5
1
20
,
32
5
0
220
(14.3)
( )
( )
ji
j
LSj
j
j
e
eP
r
GM
GEa
R
KSiC
λ
=
φ=
sen1
5
3
3
1
21
,
32
5
0
22121
(14.4)
( )
( )
ji
j
LSj
j
j
e
eP
r
GM
GEa
R
KSiC
λ
=
φ=
2
22
,
32
5
0
22222
sen2
5
12
12
1
(14.5)
em que,
K
2
(0) = 0.299, longo-período de 2º grau do número de Love;
K
2
(1) = 0.3, maré diurna de 2º grau do número de Love;
K
2
(2) = 0.302, maré semidiurna de 2º grau do número de Love;
GE= parâmetro gravitacional da Terra;
R
j
= distância geocêntrica da Lua ou do Sol;
φ
j,
λ
j
= latitude e longitude geocêntricas da Lua e do Sol.
As mudanças dos coeficientes são:
θ
+
+
δ=
i
ímparmn
parmn
s
mnS
smnmnm
e
i
HKASiC
)(
)(
),(
1
(14.6)
sendo,
( )
( )
=
=δ
δπ
=
00
01
,
24
1
0
00
mse
mse
R
A
m
m
m
m
(14.7)
=
θ
s
argumentos astronômicos, calculados por números Doodson.
(
)
(
)
1K1KK
2
S
2s
=δ , diferença entre a freqüência atual dependendo do
número de Love e do primeiro número.
Sendo 0
=
δ
s
K para marés de longo período e semidiurnas, somente as
marés diurnas necessitam das correções acima mencionadas. Essas correções estão
mostradas na tabela abaixo:
Números de Doodson
12
10×δ
ssm
HKA
(
)
1
555.145 O
(
)
1
555.163 P
545
.
165
(
)
1
555.165 K
565
.
165
(
)
1
554.166
Ψ
4
.
16
5
.
48
8
.
8
6
.
472
3
.
68
7
.
19
Tabela 14.1 Tabela de correção da maré diurna usando para
ssm
HKA
δ
uma amplitude de
12
10
5
× .
15. VARIAÇÕES DOS ELEMENTOS ORBITAIS - MODELO
DO IERS
Para o cálculos elemento orbitais, usaremos as expressões de Brouwer e
Clemence (1961), em que temos os termos seculares e de longo período da ordem de
2
2
J :
(
)
ωθθθηγ+=δ
2cos]5140111[
8
1
1
2422'
20
eee (15.1)
(
)
ωθθθγ=δ
2cos]5140111[cot
8
1
1
2422'
20
ieii (15.2)
(
)
(
)
( ) ( )
ωθθ+θθ+θγ
θηη+θη+η+γ+θγ+=δ
2sen]51200518011[
8
1
]}536359125[
8
3
3{
2
24
1
222'
2
322
2
'
2
'
20
e
nt
(15.3)
(
)
(
)
(
)
( )
( ) ( ) ( ) ( )
( )
ωθθ
θθ+θ++γ
θη+η+
+θηη+η+η+γ+θ+γ+ω=δω
2sen]5140
51524032112[
16
1
]}45360385
12619290252435[
32
3
51
2
3
{
2
262
1
242222'
2
42
222
2
'
2
2'
20
e
eee
nt
(15.4)
em que
(
)
2/1
2
1 e=η ,
i
cos
=
θ
,
42
2
2'
2
2/ η=γ aJa
e
e
2/32/1
µ= an .
Considerando apenas a parte secular das expressões (15.3) e (15.4),
chegamos nas expressões que representam o movimento médio da longitude do
nodo ascendente e do argumento do perigeu:
( )
( ) ( )
( ) ( ) ( ) ( )
]}cos1513635cos191125[
12
8
3
cos
12
3{
32
2/1
22
2/1
2
2
2
22
20
2
2
22
20
2
2/3
2/1
ieeiee
ea
CR
i
ea
CR
aGEn
+
++
×
+
=
(15.5)
( )
( )
( )
( )
( ) ( ) ( ) ( )
( ) ( )
]}cos1451360385
cos112611929012512435[
12
32
3
cos51
12
3{
42
2/1
2
22
2/1
22
2/1
2
2
2
22
20
2
2
2
22
20
2
2/3
2/1
iee
ieeee
ea
CR
i
ea
CR
aGEn
+
+++
×
+
=
ω
(15.6)
15.1. RESULTADOS
Para exemplificar e comparar a ordem dos efeitos devidos à perturbação da
maré terrestre é escolhido um satélite em uma órbita com as mesmas características
da citada no capítulo 9.
Através das expressões (15.5) e (15.6) encontramos para as variações da
longitude do nodo ascendente e do argumento do perigeu os seguintes valores:
dia
rad
n
diaradn
/
10
97654
.
1
/1060365.3
6
7
×=ω
×=
Considerando agora, os termos de longo período, obtem-se as expressões das
variações nos elementos orbitais, através das expressões (15.1), (15.2), (15.3) e
(15.4), que são encontradas no apêndice D. Considerando as variações devidas
apenas ao argumento do perigeu, temos:
Para a excentricidade:
Maior amplitude: 0.0000172631
Período:
dias
6
10
58944
.
1
×
Figura 15.1 – Representação da variação da excentricidade.
Para a inclinação:
Maior amplitude:
rad
7
10
99035
.
2
×
Período:
dias
6
10
58944
.
1
×
Figura 15.2 – Representação da variação da inclinação
0 250000500000750000
1´ 10
6
1.25 ´ 10
6
1.5 ´ 10
6
dias
-0.000015
-0.00001
-5´ 10
- 6
0
5´ 10
- 6
0.00001
0.000015
d
e
0 250000 500000 750000
1´ 10
6
1.25 ´ 10
6
1.5 ´ 10
6
dias
-3´ 10
- 7
-2´ 10
- 7
-1´ 10
- 7
0
1´ 10
- 7
2´ 10
- 7
3´ 10
- 7
di
H
dar
L
Para a longitude do nodo ascendente:
Maior amplitude:
rad
7
10
74324
.
1
×
Período:
dias
6
10
58944
.
1
×
0 250000500000750000
1´ 10
6
1.25 ´ 10
6
1.5 ´ 10
6
dias
-1.5 ´ 10
- 7
-1´ 10
- 7
-5´ 10
- 8
0
5´ 10
- 8
1´ 10
- 7
1.5 ´ 10
- 7
W
d
H
d
a
r
L
Figura 15.3 – Representação da longitude do nodo ascendente.
Para o argumento do perigeu:
Maior amplitude:
rad
6
10
62191
.
7
×
Período:
dias
6
10
58944
.
1
×
0 250000500000750000
1´ 10
6
1.25 ´ 10
6
1.5 ´ 10
6
dias
-7.5 ´ 10
- 6
-5´ 10
- 6
-2.5 ´ 10
- 6
0
2.5 ´ 10
- 6
5´ 10
- 6
7.5 ´ 10
- 6
w
d
H
d
a
r
L
Figura 15.4 – Representação do argumento do perigeu.
Observação: A análise dos resultados do IERS se encontra na conclusão
deste trabalho.
16. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo é feita uma exposição ordenada dos resultados analíticos e
numéricos, visando exprimir com clareza as diferenças de cada modelo utilizado e
as conclusões obtidas neste estudo.
EXPRESSÕES PARA O MOVIMENTO MÉDIO:
MODELO DE KOZAI:
(
)
(
)
nea
nkiiR
n
2
25
2
5
116
2cos31cos3
2
β
=
( )
(
)
(
)
nea
nkiiR
n
2
25
2
5
164
2cos312cos533
2
+
++β
=
ω
em que
2
k (número de Love) é uma constante.
MODELO DE KAULA:
(
)
(
)
( ) ( ) ( )
2/3
232
25
2220
5
11112
272cos31cos3
+
κ+κ+
=
eanea
GmiiR
n
(
)
(
)
(
)
( ) ( ) ( )
2/3
232
25
2220
5
11448
272cos312cos533
+
κ+κ++
=
ω
eanea
GmiiR
n
em que
2
k é uma função da latitude.
MODELO DE BALMINO
(
)
(
)
( ) ( ) ( )
2/3
232
25
2220
5
11112
272cos31cos3
+
Κ+Κ+
=
eanea
GmiiR
n
(
)
(
)
(
)
( ) ( ) ( )
2/3
232
25
2220
5
11448
272cos312cos533
+
Κ+Κ++
=
ω
eanea
GmiiR
n
em que
2
k é uma função da latitude e da longitude.
MODELO DO IERS
( )
( ) ( )
( ) ( ) ( ) ( )
]}cos1513635cos191125[
12
8
3
cos
12
3{
32
2/1
22
2/1
2
2
2
22
20
2
2
22
20
2
2/3
2/1
ieeiee
ea
CR
i
ea
CR
aGEn
+
++
×
+
=
( )
( )
( )
( )
( ) ( ) ( ) ( )
( ) ( )
]}cos1451360385
cos112611929012512435[
12
32
3
cos51
12
3{
42
2/1
2
22
2/1
22
2/1
2
2
2
22
20
2
2
2
22
20
2
2/3
2/1
iee
ieeee
ea
CR
i
ea
CR
aGEn
+
+++
×
+
=
ω
sendo este modelo diferenciado dos outros três, em que o
2
k é uma constante para o
cálculo de
20
C (variação do coeficiente
20
C do geopotencial).
VALORES ENCONTRADOS:
Plano da órbita da Lua
coincidente com o plano da
eclíptica
Considerando a influência da
inclinação da Lua
MODELOS
)/( diaradn
)/( diaradn
ω
)/( diaradn
)/ diaradn
ω
KOZAI
7
10
33781
.
8
×
6
10
3238
.
1
×
7
10
35757
.
6
×
6
10
0094
.
1
×
KAULA
7
10
37006
.
9
×
6
10
48769
.
1
×
7
10
12171
.
8
×
6
10
28949
.
1
×
BALMINO
7
10
78318
.
8
×
6
10
39452
.
1
×
7
10
61302
.
7
×
6
10
20873
.
1
×
IERS
7
10
60365
.
3
×
6
10
97654
.
1
×
7
10
60365
.
3
×
6
10
97654
.
1
×
Tabela 16.1Tabela dos resultados dos movimentos médios dos modelos de
Kozai, Kaula, Balmino e IERS.

CIDADE
LUA NÃO
PRECESSIONADA
CASO1
LUA PRECESSIONADA
CASO2
MODELOS
Maior
amplitude
Período
(dias)
Maior
amplitude
Período
(dias)
KOZAI
0.00227218
6
10
37316
.
2
×
0.00227218
6
10
37316
.
2
×
KAULA
0.000078526
6
10
11172
.
2
×
0.000078526
6
10
11172
.
2
×
IERS
0.0000172631
6
10
58944
.
1
×
0.0000172631
6
10
58944
.
1
×
Tabela 16.2 Tabela dos resultados das excentricidades para os modelos de
Kozai, Kaula, Balmino e IERS.
INCLINAÇÃO
LUA NÃO
PRECESSIONADA
CASO1
LUA PRECESSIONADA
CASO2
MODELOS
Maior amplitude
(rad)
Período
(dias)
Maior amplitude
(rad)
Período
(dias)
KOZAI
0.0899087
6
10
53577
.
7
×
0.000081215 6807.10
KAULA
0.0787884
6
10
7056
.
6
×
0.0000799721
6806.34
IERS
7
10
99035
.
2
×
6
10
58944
.
1
×
7
10
99035
.
2
×
6
10
58944
.
1
×
Tabela 16.3 – Tabela dos resultados das inclinações para os modelos de
Kozai, Kaula, Balmino e IERS.
NODO
ASC.
LUA NÃO
PRECESSIONADA
CASO1
LUA PRECESSIONADA
CASO2
MODELOS
Maior amplitude
(rad)
Período
(dias)
Maior amplitude
(rad)
Período
(dias)
KOZAI
0.103817
6
10
53577
.
7
×
0.0000937784 6807.10
KAULA
0.0909762
6
10
7056
.
6
×
0.0000923433 6806.34
IERS
7
10
74324
.
1
×
6
10
58944
.
1
×
7
10
74324
.
1
×
6
10
58944
.
1
×
Tabela 16.4 – Tabela dos resultados das longitudes do nodo ascendente para
os modelos de Kozai, Kaula, Balmino e IERS.
ARG.
PERIGEU
LUA NÃO
PRECESSIONADA
CASO1
LUA PRECESSIONADA
CASO2
MODELOS
Maior amplitude
(rad)
Período
(dias)
Maior amplitude
(rad)
Período
(dias)
KOZAI
0.22715
6
10
37316
.
2
×
0.22715
6
10
37316
.
2
×
KAULA
0.00435505
6
10
11173
.
2
×
0.00422646
6
10
11173
.
2
×
IERS
6
10
62191
.
7
×
6
10
58944
.
1
×
6
10
62191
.
7
×
6
10
58944
.
1
×
Tabela 16.5 – Tabela dos resultados dos argumentos do perigeu para os
modelos de Kozai, Kaula, Balmino e IERS.
Para uma melhor visualização do comportamento físico de cada modelo, será
feita abaixo uma exposição dos gráficos que representam as variações de longo
período dos elementos orbitais considerados.
GRÁFICOS ENCONTRADOS:
EXCENTRICIDADE
KOZAI - CASO 1 KOZAI - CASO 2
-0.003
-0.002
-0.001
0
0.001
0.002
de
-0.002
-0.001
0
0.001
0.002
de
Figura 9.5
Figura 9.6
KAULA – CASO 1 KAULA – CASO 2
Figura 11.3
Figura 11.4
IERS
Figura 15.1
INCLINAÇÃO
KOZAI - CASO 1 KOZAI - CASO 2
Figura 9.5
Figura 9.7
KAULA – CASO 1 KAULA – CASO 2
0 500000
1´ 10
6
1.5 ´ 10
6
2´ 10
6
dias
-0.00006
-0.00004
-0.00002
0
0.00002
0.00004
0.00006
d
e
0 500000
1´ 10
6
1.5 ´ 10
6
2´ 10
6
dias
-0.000075
-0.00005
-0.000025
0
0.000025
0.00005
0.000075
d
e
0 250000500000750000
1´ 10
6
1.25 ´ 10
6
1.5 ´ 10
6
dias
-0.000015
-0.00001
-5´ 10
- 6
0
5´ 10
- 6
0.00001
0.000015
d
e
0
1´ 10
6
2´ 10
6
3´ 10
6
4´ 10
6
5´ 10
6
6´ 10
6
7´ 10
6
dias
-0.075
-0.05
-0.025
0
0.025
0.05
0.075
di
H
dar
L
0 500000
1´ 10
6
1.5 ´ 10
6
2´ 10
6
dias
-0.0001
-0.00005
0
0.00005
0.0001
d
i
H
d
a
r
L
0
1´ 10
6
2´ 10
6
3´ 10
6
4´ 10
6
5´ 10
6
6´ 10
6
dias
-0.075
-0.05
-0.025
0
0.025
0.05
0.075
di
H
dar
L
0 500000
1´ 10
6
1.5 ´ 10
6
2´ 10
6
dias
-0.0001
-0.00005
0
0.00005
0.0001
d
i
H
d
a
r
L
Figura 11.5
Figura 11.6
IERS
0 250000 500000 750000
1´ 10
6
1.25 ´ 10
6
1.5 ´ 10
6
dias
-3´ 10
- 7
-2´ 10
- 7
-1´ 10
- 7
0
1´ 10
- 7
2´ 10
- 7
3´ 10
- 7
di
H
dar
L
Figura 15.2
LONGITUDE DO NODO ASCENDENTE
KOZAI - CASO 1 KOZAI - CASO 2
Figura 9.10
Figura 9.11
KAULA – CASO 1 KAULA – CASO 2
Figura 11.8
Figura 11.9
IERS
Figura 15.3
0
1´ 10
6
2´ 10
6
3´ 10
6
4´ 10
6
5´ 10
6
6´ 10
6
7´ 10
6
dias
-0.1
-0.05
0
0.05
0.1
Wd
H
dar
L
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
dias
-0.000075
-0.00005
-0.000025
0
0.000025
0.00005
0.000075
d
a
r
0
1´ 10
6
2´ 10
6
3´ 10
6
4´ 10
6
5´ 10
6
6´ 10
6
dias
-0.1
-0.05
0
0.05
0.1
Wd
H
dar
L
0 500000
1´ 10
6
1.5 ´ 10
6
2´ 10
6
dias
-0.00015
-0.0001
-0.00005
0
0.00005
0.0001
0.00015
W
d
H
d
a
r
L
0 250000500000750000
1´ 10
6
1.25 ´ 10
6
1.5 ´ 10
6
dias
-1.5 ´ 10
- 7
-1´ 10
- 7
-5´ 10
- 8
0
5´ 10
- 8
1´ 10
- 7
1.5 ´ 10
- 7
W
d
H
d
a
r
L
LONGITUDE DO NODO ASCENDENTE
KOZAI - CASO 1 KOZAI - CASO 2
Figura 9.15
Figura 9.16
KAULA – CASO 1 KAULA – CASO 2
Figura 11.11
Figura 11.12
IERS
Figura 15.3
0 500000
1´ 10
6
1.5 ´ 10
6
2´ 10
6
dias
-0.2
-0.1
0
0.1
0.2
wd
H
dar
L
0 500000
1´ 10
6
1.5 ´ 10
6
2´ 10
6
dias
-0.2
-0.1
0
0.1
0.2
wd
H
dar
L
0 500000
1´ 10
6
1.5 ´ 10
6
2´ 10
6
dias
-0.006
-0.004
-0.002
0
0.002
0.004
0.006
wd
H
dar
L
0 500000
1´ 10
6
1.5 ´ 10
6
2´ 10
6
dias
-0.004
-0.002
0
0.002
0.004
wd
H
dar
L
0 250000500000750000
1´ 10
6
1.25 ´ 10
6
1.5 ´ 10
6
dias
-7.5 ´ 10
- 6
-5´ 10
- 6
-2.5 ´ 10
- 6
0
2.5 ´ 10
- 6
5´ 10
- 6
7.5 ´ 10
- 6
w
d
H
d
a
r
L
17. CONSIDERAÇÕES
17.1. RESSONÂNCIAS
A ressonância ocorre quando o período de revolução de um satélite é um
múltiplo inteiro do período de rotação da Terra, levando a uma amplificação de
certos coeficientes dos harmônicos Cnm e Snm, resultando em uma perturbação nos
elementos orbitais, maior do que o normal. Deste modo, um satélite com m
revoluções/dia estará sensivelmente afetado pela ressonância.
Levando em conta os efeitos da maré terrestre, Kaula (1969) na análise da
evolução orbital da Lua, considera a equação (10.13), e impõe as seguintes
condições:
(i) razão zero:
0=υυ
mpqkmjg
(17.1)
ou, para a equação (10.4),
( )
pkj +=
2
1
, (17.2)
q
g
=
; (17.3)
(ii) um pequeno fator “amortecedor”
1
1
1
+
+
k
aa
, ou:
k
= 20,22,24,33 ou 42 (17.4)
A combinação 31 para
k
é excluída devido a um harmônico de primeiro
grau, que representaria um deslocamento da origem, o centro de massa da Terra.
Para a evolução da órbita lunar, escreve-se:
420
TTTT
+
+
=
(17.5)
em que:
( ) ( )
mphqhjgmj
qhmp
mpq
qhmp
mphqmhpqmpmpq
hqhq
qh
q
QGF
a
R
KT
QGF
a
R
K
T
QGF
a
R
KT
=
=
ψ
=
ψ
=
626
7
4
2
4
222222
3
2
2
201002000002010
,
,
(17.6)
em que:
(
)
(
)
(
)
υυεκ=ψ
mpqkmjq
h
hkmphq
k
sencos (17.7)
e j está relacionado com ,k e p pela equação (17.2).
Para que haja uma alteração na inclinação da função perturbadora (17.6), a
combinação
(
)
[
]
imijkFF
kmjmp
csccot2
deve ser diferente de zero (ver Kaula,
1966, pág.40).
Para i=0, isto jamais ocorre:
kmjmp
FF
contém um fator diferente de zero
somente para jkm 2
=
.
Se jkm 2
,
kmjmp
FF
é pelo menos da ordem de
2
i
.
Diante disto, podemos dizer que variações meramente latitudinais nas
propriedades da maré jamais poderão deslocar a Lua para fora de uma órbita
equatorial. Faz-se necessária uma interação, tal que:
(
)
(
)
[
]
(
)
(
)
(
)
022 θ++ω
msMpjk (17.8)
com
m
s
, isto é, uma ressonância.
Para manter uma ressonância suficientemente longa e com um efeito
significativo,
θ
n
deve ser igual a
θ
n
, em que n é o movimento médio do satélite.
18. CONCLUSÃO
Nesta pesquisa, apresentou-se uma revisão sobre o efeito das marés na Terra,
as suas variações de acordo com as posições do Sol e da Lua, e principalmente como
esse efeito perturba a órbita dos satélites artificiais. Apresentou-se também o
mecanismo do bojo devido à maré, como também, o potencial devido à maré
terrestre, sendo este descrito tanto em um ponto da superfície da Terra como num
ponto externo a Terra, considerando-se apenas a influência da Lua. Mostrou-se que a
distorção causada nesse potencial consiste num parâmetro denominado número de
Love.
Quatro modelos de maré terrestre foram estudados e comparados.
Começamos com o modelo mais simples que é o de Kozai, em que o potencial
considerado contém apenas os termos seculares e de longo período, que Kozai
havia determinado em seu artigo em 1959. O número de Love para o potencial de
Kozai é uma constante, que consideramos ser 299.0
2
=
k .
O modelo de Kaula (1969), que é um modelo mais atualizado que o de Kozai,
foi expandido em séries de polinômios, e, depois de um trabalho laborioso, em que
algumas condições foram impostas, encontram-se os termos convenientes para que a
comparação fosse possível. A expressão encontrada que contém esses termos é a
(10.18). Kaula escreve os números de Love e o ângulo de atraso como funções da
latitude, representando-os por harmônicos esféricos.
O modelo de Balmino (1974), é muito parecido com o de Kaula, apesar de ter
uma notação muito complexa. Os termos de curto período são idênticos aos de
Kaula, variando apenas o número de Love, que Balmino representa não apenas
como função da latitude, mas também da longitude.
Obteve-se, pelo método das aproximações sucessivas as expressões das
variações seculares da longitude do nodo ascendente e do argumento do perigeu,
levando em conta também à influência da inclinação da Lua, para os três modelos
citados acima.
Obteve-se também pelo método das aproximações sucessivas as expressões
das variações da excentricidade, inclinação, longitude do nodo ascendente e
argumento do perigeu para os modelos de Kozai e Kaula. Para o modelo de Balmino
os termos de longo período foram encontrados, mas o programa usado
(Mathematica) integrou as equações, devido ao grande número de termos de sua
função perturbadora.
O modelo do IERS (1996), sendo hoje o modelo padrão, diferentemente dos
outros três, considera a influência no movimento orbital de um satélite em termos de
perturbações nos coeficientes Cnm e Snm do geopotencial.
Para exemplificar a ordem dos efeitos das perturbações, foi escolhido um
satélite com as características descritas no capítulo 9. Verifica-se que as marés
provocam perturbações seculares e de longo período na longitude do nodo
ascendente e no argumento do perigeu. Os resultados encontrados mostram que os
modelos utilizados levam a resultados diferentes, embora com a mesma ordem de
grandeza. Isto pode ser importante para análises de perturbações de longo período.
Verifica-se também que os resultados dos modelos de Kozai, Kaula e Balmino são
bem aproximados, enquanto que o resultado do modelo padrão (IERS) se distancia
bastante desses três.
Foram mostrados gráficos das variações de cada elemento orbital (para os
modelos de Kozai e de Kaula), para dois casos específicos: caso 1: Lua em órbita
elíptica não precessionada; caso 2: Lua em órbita elíptica precessionada.
Verifica-se que para a variação da excentricidade não existem diferenças
nos termos de maior amplitude e no período para o caso 1 e para o caso 2, isto
significa que a excentricidade do satélite considerado não sofre uma influência
significativa da precessão da Lua.
Para a inclinação e longitude do nodo ascendente, verifica-se que a
influência da precessão da Lua é bastante significativa, pois encontramos períodos
bem menores (cerca de 6800 dias) para o caso 2, nos dois modelos. As ondulações
são bem definidas para o modelo de Kozai, pois os termos com amplitudes altas
apresentam períodos da ordem de
6
10
2
× dias. Já para o modelo de Kaula os termos
de grandes períodos )102(
6
dias× apresentam amplitudes bastante pequenas, que são
“mascarados” pelos termos de grandes amplitudes, que apresentam períodos
menores (cerca de 6800 dias).
Para o argumento do perigeu, verifica-se que existe a influência da Lua
embora não seja muito significativa. As ondulações aparecem nas regiões de
máximos e mínimos.
Conclui-se também que a maré, em primeira ordem provoca perturbações de
longo período em todos os elementos orbitais, como exceção do semi-eixo maior,
sendo que essas perturbações podem ser consideradas, para períodos de alguns anos,
como perturbações seculares, pelo fato desse efeito apresentar períodos muito
grandes.
Os resultados do modelo de Kaula são os que mais se aproximam dos
resultados do modelo padrão (IERS), embora se distanciem muito ainda quando
comparados.
Kaula acredita e isso confirma-se com essa pesquisa, que os termos que
contém o argumento do perigeu podem ser desconsiderados devido ao fato do
período das variações na excentricidade serem muito grandes , então
dt
de
pode ser
igual a zero, sendo inútil o cálculo de
ω
U
. Kaula expressa isso em sua expressão
(10.17), em que considera apenas termos dependentes do nodo ascendente. Essa
expressão simplificada fornece apenas as variações da inclinação e da longitude do
nodo ascendente, os quais apresentam variações significativas.
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