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NOEME CRISTINA ALVARES DE CARVALHO
AUTOCONCEITO DO IDOSO E BIODANÇA:
UMA RELAÇÃO POSSÍVEL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação “Stricto Sensu” em Gerontologia da
Universidade Católica de Brasília, como
requesito para a obtenção do Título de Mestre
em Gerontologia.
Orientadora: Profª Dra. Carmen Jansen de
Cárdenas
Brasília
2006
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1
ERRATA
Folha
Linha
Onde se lê Leia-se
2 2
Mudança no autoconceito do idoso
e Biodança: uma relação possível
uma relação possível
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3
Ficha elaborada pela Coordenação de Processamento do Acervo do SIBI – UCB.
C266a Carvalho, Noeme Cristina Alvares de.
Autoconceito do idoso e biodança: uma relação possível / Noeme Cristina
Alvares de Carvalho – 2006.
237 f.; 30 cm
Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2006.
Orientação: Carmen Jansen de Cárdenas
1. Idosos – aspectos psicológicos. 2. Dança. 3. Música. 4. Auto-estima em
idosos. I. Cárdenas, Carmen Jansen de. II. Título
CDU 159.922-053.9
4
DEDICATÓRIA
A uma pessoa muito especial, que
desconhecendo Rogers, James e Erikson,
reacendeu em meu coração a certeza que o
caminho do humano é o crescimento,
independente da idade e de condições adversas.
A sua vida, que acompanho de perto,
exemplifica uma realidade possível e da qual
posso participar: a de bem-estar e felicidade na
velhice.
Eu a conheci em uma roda de
apresentação de Biodança, quando alegremente
declarou:
“Eu sou Etelvina, tenho 77 anos e
desde os 70 que eu sou feliz!”
5
AGRADECIMENTOS
Aos idosos de diferentes grupos que facilitei, e, em
especial, aos idosos do meu grupo de pesquisa,
autodenominado Grupo da Paz, do SESC, Taguatinga Norte,
Distrito Federal, o meu carinho pelo aprendizado, pela
sabedoria e pelo amor recebido.
Ao amigo, professor de Biodança e também Profº Dr
Niuvenius Paoli, que me orientou no difícil e prazeroso
caminho de elaboração do Capítulo da Biodança.
A Rolando Toro, um octogenário admirável, que ao
criar a Biodança 40 anos, ofereceu ao mundo mais uma
alternativa de integração humana.
À Profª Dra. Carmen Jánsen, que sempre me deu
mais asas do que eu poderia imaginar ter.
À Profª Irene Lage, amiga e alfabetizadora em
metodologia científica.
À Regina Caetano, Coordenadora de Ação Social e
Terceira Idade do SESC, Distrito Federal, pela receptividade e
apoio ao projeto de pesquisa apresentado à Instituição.
À Maria Conceição Santos, pelo seu exemplo de
dedicação, alegria e vitalidade como coordenadora do Grupo
dos Mais Vividos do SESC, Taguatinga Norte, Distrito
Federal.
Às amigas Regina Celi Fragoso e Vitória Franco,
colaboradoras da pesquisa de campo, que me ofertaram
presença, dedicação e gratuidade amorosa em muitas horas de
trabalho.
À minha turminha da UCB, Antônio Itamar, Marina
Kumon, Mônica Rebouças e Valcilene Pinheiro, pelos
momentos compartilhados de conforto, apreensão, alegria e
prazer.
Aos meus familiares, amigos, professores e colegas
de mestrado, pelo apoio recebido.
6
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo investigar de que forma a prática da Biodança pode
influenciar o autoconceito do idoso. A pesquisa foi elaborada em três etapas: revisão da
literatura, abordando aspectos relativos ao tema, tais como: envelhecimento, corpo,
autoconceito, Biodança, música, dança e vivência; pesquisa de campo, na qual foram feitas
entrevistas semi-estruturadas centradas em questões relacionadas com o envelhecimento e o
autoconceito; análise e discussão dos dados coletados. O método de pesquisa foi o
fenomenológico, e a metodologia teve uma abordagem qualitativa. Foi feita a análise de
conteúdo dos dados coletados e, nos resultados, procurou-se correlacionar os relatos aos
dados de observação. Dado o caráter pioneiro do tema da pesquisa, considera-se que seus
resultados podem contribuir tanto para a área acadêmica, servindo de base para a elaboração
de novas investigações relacionadas ao tema autoconceito/Biodança, como para o trabalho
com idosos, haja vista ter estendido a esses nova perspectiva de recuperação de perdas.
PALAVRAS-CHAVE: idoso, autoconceito, corpo, Biodança, vivência.
7
ABSTRACT
This paper had the objective of investigating how the practive of Biodance influence the
elderly person self-concept. The research was elaborated in three stages: revision of literature
related to the theme’s, such aging body, self-concept, Biodance, music, dance and life
experience, field research with semi structured interviews centered in questions related to
aging and self-concept, analyses and discussion of colleted data. The research method was the
phenomenologic and qualitative approach. An analysis of the data collected was made and an
attempt was made to relate the results to the observation data. Were to the pioneer character to
the academic area, as a basis for new investigations related to the theme Biodance/self-
concept, as well as for studies with elderly people, considering its extension to these new
perspectives for recuperation of losses.
KEY WORDS: elderly people, self-concepto, body, Biodance, life experience.
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1.1 – População com 60 anos ou mais, por sexo................................................ 15
FIGURA 1.2 – Percentual da população com 60 anos ou mais, em países selecionados.. 15
FIGURA 1.3 Aumento da população de 60 anos ou mais, por sexo, no Distrito
Federal................................................................................................................................
16
FIGURA 3.1 – Primeira configuração do modelo teórico da Biodança............................. 52
FIGURA 3.2 Relação entre os pólos da “identidade” e “regressão” do eixo horizontal
do modelo teórico de Biodança, exercícios euforizantes e exercícios em câmara
lente.....................................................................................................................................
52
FIGURA 3.3 – Modelo teórico de Biodança...................................................................... 55
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1.1 – Dimensões analíticas do autoconceito.................................................... 32
QUADRO 1.2 – Os pilares da auto-estima........................................................................ 36
QUADRO 5.1 – Primeira entrevista.................................................................................. 119
QUADRO 5.2 – Segunda entrevista.................................................................................. 120
QUADRO 5.3 – Segunda entrevista.................................................................................. 120
QUADRO 5.4 Comparação entre o número de categorias da primeira e da segunda
entrevista.............................................................................................................................
137
QUADRO 5.5 Palavras-chaves dos exercícios gerais, palavras-chave das consignas,
exercícios-cumbre e objetivos dos exercícios-cumbre.......................................................
142
QUADRO 5.6 Palavras-chaves dos exercícios gerais, palavras-chave das consignas,
exercícios-cumbre e objetivos dos exercícios-cumbre.......................................................
143
9
LISTA DE TABELAS
TABELA 5. 1 – Características dos participantes.................................................
111
TABELA 5. 2 – Características dos participantes.................................................
112
TABELA 5. 3 – Outras informações.....................................................................
113
TABELA 5. 4 – Outras informações.....................................................................
114
TABELA 5. 5 – Outras informações.....................................................................
115
TABELA 5. 6 – Outras informações.....................................................................
116
TABELA A.1 – Permanência dos participantes....................................................
169
TABELA A.2 Presença de participantes do sexo masculino e do sexo
feminino em 11 aulas de Biodança........................................................................
169
TABELA A.3 dia e percentual de presença de participantes por aula de
Biodança................................................................................................................
170
TABELA A.4 – Número e média de exercícios, músicas, apresentações e
descrições em 11 aulas de Biodança.....................................................................
170
TABELA A.5 Classificação dos exercícios por linha de vivência e média de
linhas de vivência por aula de Biodança...............................................................
171
TABELA A.6 – Freqüência nominal de exercícios das 11 aulas de Biodança..... 171
TABELA A.7 Relação de exercícios mais marcantes segundo a opinião dos
participantes...........................................................................................................
172
10
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................
10
CAPÍTULO 1 ENVELHECIMENTO
1.1. O processo..........................................................................................................
1.2. Corpo: as Mudanças no Idoso............................................................................
13
22
CAPÍTULO 2 AUTOCONCEITO
2.1. Self.....................................................................................................................
2.2. Autoconceito......................................................................................................
2.2.1. Auto-estima...............................................................................................
2.2.2. Auto-imagem............................................................................................
2.3. Autoconceito no Idoso.......................................................................................
27
29
35
37
40
CAPÍTULO 3 BIODANÇA
3.1. Teoria da Biodança.............................................................................................
3.1.1. Origem, denominações, questionamentos e relações................................
3.1.2. Metodologia e Modelo Teórico da Biodança............................................
3.2. Elementos da Biodança......................................................................................
3.2.1. Música.......................................................................................................
3.2.2. Dança.........................................................................................................
3.2.3. Vivência.....................................................................................................
3.3. A Prática da Biodança........................................................................................
44
44
49
60
60
70
78
84
CAPÍTULO 4 METODOLOGIA
4.1. Área de Pesquisa................................................................................................
4.2. Participantes.......................................................................................................
4.3. Coleta de Dados.................................................................................................
4.4. Instrumento de Coleta........................................................................................
4.5. Tratamento dos Dados.......................................................................................
100
100
101
102
106
CAPÍTULO 5 RESULTADOS: ANÁLISE E DISCUSSÃO
5.1. Perfil dos Participantes......................................................................................
5.2. Roteiro das Aulas de Biodança..........................................................................
5.3 Análise e e Discussão das Questões de Pesquisa................................................
109
117
118
CONCLUSÃO ................................................................................................................... 146
REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 148
APÊNDICE A – Descrição das 11 Aulas de Biodança....................................................... 169
ANEXO A Autorização do Comitê de Ética em Pesquisa Universidade Católica de
Brasília.................................................................................................................................
229
ANEXO B – Questionário de Informações Gerais............ ................................................ 230
ANEXO C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...............................................
233
ANEXO D – Proposta de Convivência Grupal................................................................... 237
10
INTRODUÇÃO
O envelhecimento da população mundial, motivado pelo aumento da expectativa de
vida, revela, por um lado, uma grande conquista da humanidade em toda a sua história e, por
outro, representa um de seus grandes desafios, haja vista a necessidade de se envidarem
esforços sociais e econômicos no sentido de possibilitar, a essa população, uma longevidade
saudável, do ponto de vista fisiológico, psicológico e social.
Além disso, as transformações atuais resultantes da quebra de paradigmas pelo
avento da evolução tecnológica, pela economia de integração de mercados e pelo poder do
capitalismo tornam esse esforço um desafio maior, ante as características que se impuseram a
toda a sociedade: a necessidade de atualização, de fazer parte do processo e de se manter
produtivo, respectivamente.
Em termos gerais, no idoso, essas transformações e conseqüentes necessidades são
mais acentuadas não pelas lacunas geradas pelas citadas transformações que abrangeram
todas as áreas, inclusive a estrutura familiar na qual ele se insere, como também pelo inerente
processo de perdas. Esse, por si só, já requer um olhar e um cuidado diferenciados que
possibilitem uma velhice com dignidade.
Nesse sentido, observa-se que muitos esforços vêm sendo despendidos,
principalmente na área de saúde pública e social. Porém, os resultados globais ainda estão
longe de ser alcançados, uma vez que o crescimento da população idosa foi pido, como
também o foram as transformações trazidas pelos novos sistemas econômicos.
Isso equivale a dizer que o esforço para se manter a população idosa em um patamar
mínimo de condições de sobrevivência saudável exige um enfoque do envelhecimento em
todas as direções (fisiológicas, psicológicas e sociais) e com todos os recursos, e a Biodança é
um deles.
Pelas qualidades promovedoras de bem-estar, através de sua proposta de vivência
plena, a Biodança, sem pretender representar uma terapia e, sim, utilizando-se de recursos
pedagógicos, vem conseguindo produzir resultados satisfatórios com grupos de faixas etárias
distintas, com as várias formas de integração que sugere.
Com idosos, os resultados não se mostram diferentes, independentemente dos níveis
que se consegue alcançar, pois uma maior ou menor eficácia vai depender das condições
fisiológicas e psicológicas individuais.
Se, como foi dito, a Biodança constitui um dos recursos que podem levar o idoso à
melhoria de suas condições de sobrevivência, a mudança no autoconceito pode ser uma
11
direção, uma vez que a partir do olhar sobre si mesmo e do reconhecimento de suas
potencialidades, numa época em que a cultura vigente inclui um consumo exacerbado e um
culto às qualidades físicas, o idoso pode encontrar em si mesmo a forma de inserir-se neste
contexto, combatendo possíveis exclusões.
A pergunta/problema que este trabalho procura responder é: de que forma a prática
da Biodança pode contribuir para mudanças no autoconceito do idoso?
Objetivos
Geral
Investigar como a prática da Biodança pode influenciar positivamente na mudança do
autoconceito no idoso.
Específicos
- Caracterizar o processo de envelhecimento na perspectiva biológica, psicológica e
social;
- Analisar o construto autoconceito no idoso;
- Descrever a teoria da Biodança, destacando os elementos que constituem a estrutura
operacional da Biodança: a música, a dança e a vivência;
- Relacionar, por meio de pesquisa empírica, a prática da Biodança à configuração do
autoconceito em idosos.
Justificativa
A relevância do estudo pode ser observada em vários aspectos: primeiro, ele aborda
um tema que constitui uma das preocupações da atualidade que é o envelhecimento saudável,
diante do que foi acima exposto. Assim, pesquisas que visem a um objetivo nesse sentido
podem contribuir para tal. Segundo, trabalhar com o autoconceito, principalmente do idoso, é
uma forma de tentar fazer com que ele o se reconheça, nestes tempos de massificação,
como também valorize o que tem de seu, a despeito do que existe em torno de si, e que
termina por envolvê-lo, como por exemplo, as idéias que o associam à falta de produção de
bens. Depois, inserir a Biodança nesse processo é uma forma de abrir o leque das alternativas
para a revalorização do idoso, uma vez que, como já dito, as necessidades dessa população
12
são muitas, e as frentes de trabalho para o alcance de uma sobrevivência com dignidade
devem necessariamente ser ampliadas, como forma de estender possibilidades a um maior
número de pessoas possível.
Outro ponto relevante do trabalho é o embasamento histórico, teórico e metodológico
com que o assunto foi tratado em suas três vertentes – envelhecimento, autoconceito e
Biodança -, na tentativa de deixá-las em condições de uma equiparação, única forma de se
discuti-las nas mesmas bases.
Assim, por exemplo, se quanto ao envelhecimento, não restam dúvidas em relação às
perdas, havendo um consenso no que se refere a esse processo, não se pode dizer o mesmo
dos outros dois temas: o autoconceito é um construto cuja preocupação é relativamente
recente. Por isso, procurou-se compreender seu processo na perspectiva de conceitos como o
do self e concepções filosóficas do corpo; a Biodança, igualmente recente, ainda não se
encontra devidamente realçada como um recurso pedagógico. Assim, procurou-se revestir
seus elementos das características históricas que qualificam sua importância.
A pesquisa encontra-se estruturada em cinco capítulos: os três primeiros abordam
cada um dos temas, com os respectivos conceitos, princípios e processos; no quarto,
apresenta-se a metodologia da pesquisa de campo e, no quinto, são analisados e discutidos os
resultados.
O tema foi trabalhado do ponto de vista dedutivo, de modo a abordar premissas
básicas de cada uma das vertentes temáticas enfocadas, para subsidiar sua compreensão
isolada e em conjunto, bem como a compreensão das condições psico-sociais em que se
encontra a população idosa em termos gerais e o grupo de estudo, em particular.
Foi nesse sentido, por exemplo, que a descrição do processo de envelhecimento
procurou abranger detalhadamente seus pressupostos, visando a demonstrar a complexidade
prática que representa o conjunto dos efeitos de seus aspectos determinantes; que no enfoque
do autoconceito, procurou-se envolver desde a confusão de nomenclatura aa relação entre
os termos a ela associados, na tentativa de se visualizar o caminho percorrido pelos elementos
que vão influir na imagem que o idoso (como qualquer pessoa) tem de si; que na abordagem
da Biodança, pouco conhecida nos meios acadêmicos, foram apresentados desde seus
fundamentos até seu método de trabalho, procurando apresentá-la numa visão ampla.
Além disso, tinha-se claro que para se alcançar o objetivo do trabalho, seria
necessário que as vertentes temáticas fossem contextualizadas historicamente, porque sendo
este um momento de quebra de paradigmas (conforme demonstra a revisão da literatura), era
fundamental tornar visível o que representa essa quebra, principalmente para os idosos.
13
Capítulo 1
ENVELHECIMENTO
No Brasil, em 2000, existia em torno de 15 milhões de idosos (IBGE, 2000) e em
2050, um quarto da população será formada por idosos, segundo projeção da OMS (2001).
Em razão, principalmente, do aumento populacional dessa faixa etária, a atenção ao idoso tem
impulsionado a realização de pesquisas em um amplo campo de análise, discussão e ação, que
requer um olhar multi, trans e interdisciplinar de todos os profissionais envolvidos na busca
de uma melhor qualidade de vida para os que ingressaram na velhice (BOTH, 2000).
Essa perspectiva mais ampla da velhice, do envelhecimento e do idoso, abraçada pela
Gerontologia (PAPALÉO NETTO, 2002), reconhece a subjetividade do indivíduo que
envelhece, suas necessidades afetivas (FREIRE, 2002), sociais (MORAGAS, 1997; BOTH,
2000), físicas (FREITAS et al, 2002) e espirituais (ERIKSON, 1998).
O envelhecimento pressupõe um conjunto de mudanças físicas, psicológicas, afetivas
e sociais sujeitas ao tempo vivido (MORAGAS, 1997) e singular para cada pessoa
(MOÑIVAS, 1998). Essas modificações podem acarretar crises e necessidades de adaptação a
situações novas (ERIKSON, 1998), muitas vezes traduzidas em limitações físicas, cognitivas,
financeiras e sociais (FOX, 1997).
Essa nova realidade, muitas vezes somada a perdas acumuladas em sua história de
vida, pode se refletir na maneira de o idoso perceber a si mesmo, inclusive revestindo essa
percepção de aspectos negativos (STEGLICH, 1978). E a autopercepção ou autoconceito
negativo pode dificultar a capacidade de adaptação do idoso às transformações advindas do
processo pessoal.
1.1 O Processo
O destino biológico de todos os indivíduos é o envelhecimento.
Todavia, isso também se constitui, no mundo moderno, em uma
questão problemática, observa-se que uma profunda e silenciosa
revolução da longevidade. Testemunha-se o crescimento numérico
extraordinário dos idosos em todo o mundo. As estimativas que essa é
uma tendência contínua, uma vez que intensos movimentos pela
qualidade de vida, fazendo com que mais gente, por mais tempo, atue
no mundo, mesmo diante dos múltiplos desafios que se apresentam.
(BOTH, 2000, p. 5).
14
A velhice, como estado do indivíduo, pressupõe a última etapa de sua vida. Em tese,
deveria ser um período em que o homem é valorizado pela sua experiência e pela contribuição
prestada à família e à sociedade, gozando da assistência de familiares e do Estado, de forma
que suas necessidades básicas de afeto, saúde e lazer pudessem ser atendidas (FERNÁNDES-
BALLESTEROS, 2000).
O idoso possuía um considerável papel social na estrutura familiar e na sociedade
como um todo. A velhice significava valores tais como autoridade, respeito, experiência e
sabedoria. Ao ancião, em muitos povos, era concedida a tarefa de transmitir a cultura e as
crenças de sua família e comunidade às gerações futuras. Beauvoir (1990) cita exemplos de
várias sociedades, como a chinesa antiga, na qual a velhice nunca foi considerada um flagelo,
e a sociedade judaica, conhecida pelo tradicional respeito que dedica aos idosos. Cita ainda
referências bíblicas, nas quais a vida longa constitui uma recompensa pela virtude.
A instauração e progressiva expansão da Revolução Industrial no mundo ocidental, a
partir do século XVIII, influenciou a gradual perda de status dos idosos, que a produção
passou a assumir uma prioridade maior, sobrepondo-se aos valores humanos individuais.
“Dessa concepção resulta a tendência de que os homens velhos e economicamente inativos
sejam considerados socialmente mortos, banidos das esferas de poder” (SALGADO apud
FRAIMAN, 1995, p. 11).
Desde as últimas décadas do século anterior até hoje, as transformações nas relações
sociais, advindas da evolução tecnológica e da integração mundial de mercados, atingiram
todas as áreas da vida, contribuindo para acentuar, de forma mais significativa, aspectos
sociais negativos da velhice. Hoje, “a negação do ser idoso, a rejeição da sociedade por uma
camada da população que não consegue mais produzir e por isso, torna-se descartável”
(FALEIROS, 2004, p. 6).
Contudo, apesar de toda estigmatização da velhice, é impossível deixar de constatar
que o mundo está embranquecendo os seus cabelos numa medida nunca antes registrada, em
decorrência do fenômeno denominado “envelhecimento sócio-demográfico da população”, ou
seja, o aumento da proporção de indivíduos considerados velhos em relação à população geral
(ÂNGULO; JIMÉNEZ , 2000).
Além disso, o processo envolve o aumento da expectativa de vida do idoso, motivado
principalmente pelo controle de natalidade e diminuição dos índices de mortalidade infantil,
como resultado de políticas e incentivos promovidos pelo Estado, pela sociedade e também,
em grande parte, pelo progresso da ciência (CAMARANO, 2002).
15
Em 1995, a população mundial contava com 542 milhões de idosos e, em 2025,
segundo um estudo projetivo da Organização Mundial de Saúde (OMS) (apud LOZANO,
2003), será de um bilhão e 200 milhões de idosos. Desse total, 12% da população dos países
em desenvolvimento, ou seja, 850 milhões de pessoas contarão com 60 anos ou mais, faixa
etária que caracteriza o início da velhice. No cômputo geral, serão aproximadamente 550
milhões de homens e 650 milhões de mulheres. A OMS afirma também que, a cada mês, um
milhão de pessoas ingressa no segmento da população idosa, ao completar 60 anos.
No Brasil, dados do Censo de 2000 demonstraram que a população idosa chega a
quase 15 milhões de pessoas, com 60 anos ou mais, representando 8,6% da população
brasileira. Do total, 55% são mulheres e 45%, homens (Figura 1.1.), segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2002).

A expectativa é que, em 2005, o Brasil tenha se tornado o sexto país do mundo com o
maior número de pessoas idosas, conforme dados da OMS (apud IBGE, 2002). Para 2050, a
previsão é de que 23% da população brasileira seja constituída de idosos (Figura 1.2.).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
2000 2050
Itália
Alemanha
Japão
Espanha
Rep. Checa
EUA
China
Tailândia
Brasil
No Distrito Federal, em 2005, a população de idosos atingiu o número de 130.216,
sendo 57.415 homens e 72.801 mulheres, segundo projeções do IBGE (2002) (Figura 1.3.) A
Figura 1.2:
Percentual da população co
m de 60 anos ou mais, em países
selecionados
Fonte: OMS, 2001.
Figura 1.1:
População com
60 anos ou mais, por sexo
Fonte: IBGE, 2002.
16
esperança de vida ao nascer, em todo Distrito Federal, em 2000, era, em média, de 73,8 anos;
a cidade satélite de Brazlândia apresentou o menor índice, 69,03 anos, e o bairro do Lago
Norte, o maior, ou seja, 76,82 anos (SEPLAN-DF, 2001).

Do ponto de vista político, a Constituição de 1988 externou sua preocupação em
relação aos números da população de idosos, bem como quanto à atenção que deve ser a ela
dispensada. Com base nisso, foi definida a Política Nacional do Idoso que alinhou os direitos
dessa população aos princípios de atuação setorial, estendidos às instituições de ensino
superior que criaram cursos de geriatria e gerontologia social, visando ao trabalho com o
idoso.
Nesse sentido, Brasília foi pioneira ao criar uma Subsecretaria para Assuntos do
Idoso e instituir o Estatuto do Idoso, cujos princípios registram os direitos do idoso a uma
ocupação de trabalho, ao acesso à cultura, à justiça, à saúde e ao poder de participar da família
e da comunidade (IBGE, 2002).
Em nível federal, em outubro de 2003, foi sancionado o Estatuto do Idoso (apud
ABREU FILHO, 2004), estabelecendo seus direitos referentes à educação, à saúde e ao lazer,
entre outros.
Os dados do IBGE (2002) também esclarecem que a maioria dos idosos vive nas
grandes cidades numa relação média de quase 30 idosos para 100 crianças.
Considerando a desvalorização do idoso, em face das relações de produção, e o
aumento significativo da população idosa, decorrente do avanço da ciência, fica clara a
necessidade de se manter o idoso em condições de lutar contra sua exclusão social.
Nesse contexto de auto-soerguimento do idoso, à Biodança, objeto deste estudo,
interessa investigar de que forma ela pode contribuir positivamente para a melhoria das
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
2000 2004 2005
Total
Homens
Mulheres
Figura 1.3:
Aumento da população de 60 anos ou mais, por sexo, no
Distrito Federal
Fonte: IBGE, 2002.


17
variáveis que interferem nas dimensões fisiológicas, psicológicas e sociais do respectivo
processo.
Do processo fisiológico
O processo de envelhecimento, relata Néri (2002), envolve alterações de natureza
genético-biológico-sociocultural que determinam modificações em várias áreas da vida do
idoso. De maneira geral, diminuem a plasticidade de mudança para adaptação ao meio, a
capacidade de reagir a determinadas situações e de recuperar-se de seus efeitos.
O ciclo vital e o envelhecer, em particular, implicam necessariamente muitas perdas,
podendo-se citar entre as mais comuns: a deterioração da saúde, a ausência de papéis sociais
valorizados, o isolamento crescente e dificuldades, até financeiras, que afetam a auto-estima
do idoso (GATTO, 2002).
O processo de envelhecimento é normalmente acompanhado de um declínio das
funções gerais, inclusive a motora, envolvendo a participação, a integração e a sincronia dos
sistemas ósteo-muscular, nervoso, neuro-endócrino, cardiovascular e sensorial. Entre essas
alterações, citam-se: a diminuição da velocidade, da altura e do comprimento dos passos,
redução de amplitude de movimento de diversas articulações como a de flexão e extensão dos
joelhos e tronco, perda de sincronismo de movimentos dos membros superiores. A
degeneração das estruturas articulares e a diminuição da amplitude dos movimentos das
articulações podem gerar desestabilização, o que ocorre juntamente com alterações
morfológicas, anatômicas e bioquímicas estruturais (GOMES; DIOGO, 2004).
O envelhecimento é acompanhado de uma perda de massa óssea que predispõe o
idoso à osteoporose e fraturas e também ao aumento de pressão arterial, que pode desenvolver
no idoso cardiopatias isquêmicas e acidentes vasculares cerebrais, ao mesmo tempo que surge
uma resistência periférica à insulina, favorecendo o desenvolvimento do diabetes. Além disso,
observam-se alterações no sistema imunológico, predispondo o idoso a infecções e
enfermidades e alguns tipos de tumores (MAÑAS, 2000).
As perdas fisiológicas se refletem diretamente na capacidade funcional do idoso,
relacionada com a habilidade de execução das tarefas físicas, com a preservação de atividades
mentais e com a situação adequada de integração social (BRITO; LITVOC, 2004).
Gomes e Diogo (2004) esclarecem que a habilidade motora sofre a influência de
atrofias cerebrais causada pela perda de células neuronais e das alterações bioquímicas do
tecido cerebral. Com isso, uma 
18

Essa alteração da capacidade funcional, definida como “a incapacidade de funcionar
satisfatoriamente sem ajuda, por motivos de limitações físicas ou cognitivas” (GOMES;
DIOGO, 2004, p. 117), constitui um dos fatores mais significativos da dependência funcional
do idoso. Essa dependência, por sua vez, tende a levar a uma deterioração geral, porque
normalmente é acompanhada do estado de desamparo e da falta de motivação.
Do processo psicológico
O envelhecimento também é acompanhado de perdas psicológicas, principalmente
em relação à memória e à inteligência fluida
1
(MAÑAS, 2000).
Segundo Freire (2002), à medida que se processa o envelhecimento, as influências
normativas de natureza biológica tornam-se negativas e ameaçam a capacidade de adaptação
do idoso ao meio ambiente. Muitas perdas ocorrem nesse período, determinando a necessidade
de utilização das reservas de capacidade para fortalecer as condições de adaptação. Nesse
processo de adaptação, dois grupos de fatores têm influência: os determinantes biológicos e
ambientais, ligados à idade cronológica, e os determinantes ligados à história pessoal, também
com aspectos biológicos e ambientais, ou seja, aqueles não previsíveis que variam de um
sujeito para outro.
Freire (2003) esclarece que a competência do indivíduo, refletida em sua capacidade
funcional, diz respeito a respostas flexíveis aos desafios resultantes do corpo, da mente e do
ambiente; é, portanto, de natureza biológica, mental, autoconceitual e socioeconômica.
Baltes (apud PAPALIA; OLDS, 2000) explica que as influências normativas que
regulam a natureza do desenvolvimento durante todo o ciclo vital do sujeito, influenciando
seu desenvolvimento individual, implicam a interação de três sistemas relacionados com: a
idade, a história e o desenvolvimento do ciclo vital.
Em suas multidimensões, a capacidade adaptativa do idoso também envolve
aspectos: emocionais, no sentido de estratégias e habilidades pessoais para lidar com o
ambiente; cognitivos, relacionados com a capacidade de resolução de problemas;
comportamentais, referentes ao desempenho e a competência social.
Inteligência fluida, de acordo com Papalia e Olds (2000, p. 444-445), se refere às características da inteligência
extensamente “determinadas pelas condições neurológicas, os quais tendem a entrar em declínio com a idade”.
19
Da interação entre fatores biológicos e ambientais e das mudanças na velhice
resultam três tipos de dependência: a dependência estruturada, relacionada com o valor do
indivíduo no processo produtivo; dependência física, decorrente da incapacidade funcional;
dependência comportamental, por conta da situação de desamparo criada ou da própria
utilização de dependência como instrumento (DIOGO, 2004).
Freire (2002) afirma que, nesse processo de adaptação, o self se utiliza de estratégias
para enfrentar as mudanças decorrentes do envelhecimento, podendo-se citar entre elas a
mediação dos traços de personalidade que servem como indicadores de que alguns indivíduos
podem lidar melhor com o desafio da velhice do que outros. Entre esses traços, citam-se: a
seleção de metas, o ajustamento das aspirações por meio de comparações sociais e temporais,
entre outros. Um estudo desenvolvido com pessoas de 30, 40 e 50 anos, citado por esse autor,
apontou que, com o avanço da idade, um aumento de características como
responsabilidade, confiabilidade e autocontrole das pessoas, o que pode ter, em contrapartida,
uma emocionalidade negativa.
Numa visão positiva do envelhecimento, o processo envolve a preservação e a
expansão de reservas de desenvolvimento pessoal que possibilitam o acesso a um conjunto de
selves, os quais vão funcionar como fonte da motivação que liga as mudanças no conteúdo às
prioridades da vida. “As pessoas selecionam, ajustam e refinam seus padrões de atividades e
harmonizam-se com seu auto-sistema, o que contribui para continuidade de seu estilo de vida”
(FREIRE, 2002, p. 933).
Para um bem-estar psicológico na velhice, Freire (2003, p. 26) cita um modelo
teórico com suas dimensões de funcionamento, cujos efeitos são reproduzidos no bem-estar:
1) Auto-aceitação: implica uma atitude positiva do indivíduo em relação a si próprio
e a seu passado; implica reconhecer e aceitar diversos aspectos de si mesmo,
incluindo características boas ou más.
2) Relações positivas com os outros: envolve ter uma relação de qualidade com os
outros, ou seja, uma relação calorosa, satisfatória e verdadeira; preocupar-se
com o bem-estar alheio; ser capaz de relações empáticas, afetuosas.
3) Autonomia: significa ser autodeterminado e independente; ter habilidade para
resistir às pressões sociais para pensar e agir de determinada maneira; avaliar-se
com base em seus próprios padrões.
4) Domínio sobre o ambiente: ter senso de domínio e competência para manejar o
ambiente; aproveitar as oportunidades que surgem à sua volta: ser hábil para
escolher ou criar contextos apropriados às suas necessidades e valores.
5) Propósito de vida: implica ter metas na vida e um sentido de direção; o indivíduo
percebe que sentido em sua vida presente e passada; possui crenças que o
propósito à vida; acredita que a vida tem um propósito e é significativa.
6) Crescimento pessoal: o indivíduo tem um senso de crescimento contínuo e de
desenvolvimento como pessoa; está aberto a novas experiências; tem um senso
Este tipo de inteligência é utilizado no enfrentamento de novos problemas, que solicitam “pouca ou nenhuma
experiência anterior”.
20
de realização de seu potencial, e suas mudanças refletem autoconhecimento e
eficácia.
Gatto (2002) se refere à importância da manutenção das atividades ocupacionais do
idoso, desde que essa ocupação seja isenta de fatores como:
- o interesse pelas atividades oferecidas deve ser espontâneo e não imposto ao idoso
porque “nós acreditamos ser o melhor para ele”;
- o idoso determinará quanto tempo destinará à atividade: afinal, ele viveu
cumprindo horários e prazos e agora tem todo o direito de decidir como usará seu
tempo livre;
- as atividades devem proporcionar interações sociais positivas;
- devem possibilitar ao idoso, se ele assim o desejar, retirar uma remuneração pelo
produto destas atividades (GATTO, 2002, p. 111).
Gomes e Diogo (2004), por sua vez, se reportam à autonomia do idoso, ou seja, a
sua capacidade de decisão e comando das próprias ações, de estabelecer e seguir as próprias
regras. A autonomia é mais que a independência, pois o idoso pode ser independente (com
renda de aposentadoria, por exemplo) sem ser autônomo (não pode decidir sobre suas
necessidades, por apresentar demências); pode ser autônomo (decidir sobre si mesmo) sem ser
independente (porque precisa de auxílio, por exemplo, para locomoção).
Do processo social
A população idosa atual provém de uma época marcada por valores culturais, nos
quais a família exerce um papel fundamental, principalmente na sociedade rural, por exemplo,
na qual a convivência com parentes próximos fazia parte do cotidiano. Existia, uma espécie
de ampliação da família que, de alguma forma, provia necessidades de apoio a seus membros.
Havia, portanto, uma valorização do afeto familiar que permanece ainda nítida no consciente
ou inconsciente do idoso (LEME; SILVA, 2002).
As relações familiares são as que o idoso vive com mais intensidade e assiduidade, já
que, ao longo da história, a estrutura familiar foi fundamental para ele em vários aspectos: do
mando e da influência, do cuidado e da proteção, da aceitação e valorização social de sua
experiência acumulada. Mas em muitas sociedades, porém, a consideração do idoso pela
família é determinada por relações econômicas que governam as trocas sociais
(RODRIGUES; RAUTH, 2002).
Walsh (1995) explica que a resposta de cada família para o tratamento do idoso
geralmente decorre dos padrões familiares anteriores que determinavam a estabilidade e
integração familiar. Depende também da capacidade de se ajustar às perdas e às novas
exigências, quando os padrões outrora adequados podem ser reavaliados. Essa autora cita
21
etapas da vida do idoso que contribuem positiva ou negativamente para sua adaptação à nova
condição: a aposentadoria, a qualidade do relacionamento conjugal e as doenças.
A aposentadoria no Brasil, como instituição, data do final do século XIX e significa
“tomar aposento”, ou seja, recolher-se à parte íntima da casa “para esperar a morte chegar”.
Àquela época, o homem tinha uma expectativa de vida de 33 anos e aos 40 anos era
considerado velho (NEVES, 2006, p. 51).
Nos dias atuais, mesmo tendo havido um ganho significativo na expectativa de vida
do trabalhador, a aposentadoria constitui um marco importante na vida do idoso, porque
uma perda do papel profissional, da produtividade e das relações significativas dessa esfera. A
qualidade do relacionamento conjugal pode ser abalada por perdas da função de provedor da
família, podendo dificultar o relacionamento intergeracional. A deteriorização física e mental
pode ser ampliada pela depressão, pelo sentimento de desamparo e pelo medo da perda de
controle. “Essas preocupações ecoam a ansiedade de outros membros da família quando esta
responde a uma doença” (WALSH, 1995, p. 276).
Moragas (1997) se reporta aos aspectos sociais da velhice, questionando, entre
outros, o papel do idoso na sociedade contemporânea. O papel do idoso nas sociedades
agrárias era valorizado pela experiência; na sociedade industrial, esse papel representa uma
situação ambígua, na qual, de um lado, o idoso é liberado de obrigações, como por exemplo, a
trabalhista, e por outro, essa mesma liberação priva-o de um status econômico e social
positivo, tornando seu papel “carente de sentido para os valores atuais”.
O surgimento da sociedade capitalista fez com que a capacidade de produção de bens
materiais passasse a ter um valor maior que as pessoas. “Não sendo mais produtivo
economicamente, o velho perdeu seu lugar na sociedade. Passou a ser considerado como algo
descartável, improdutivo, incompetente e decadente. Perdeu espaço social” (ACOSTA-
ORJUELA, 2002, p.981).
Deps (2003) se reporta às oportunidades oferecidas ao idoso, geralmente permeadas
por uma percepção negativa. Em geral, o investimento nele é subestimado, porque não se
acredita na possibilidade de retorno. Com isso, as oportunidades de trabalho no mercado são
reduzidas, e os investimentos para sua reciclagem ou atualização ou são escassos ou não
existem. Assim, o idoso tende a achar que não tem mais nada para fazer e renuncia a projetos,
pensado não ter mais tempo para executar nada.
1.2 Corpo: as Mudanças no Idoso
22
O corpo humano assume, em cada sociedade, desde a pré-história, um sentido e valor
que lhe são singulares. Segundo Renaud (1989), a concepção conceitual do corpo tem sido
construída ao longo do tempo, desde os antigos gregos até o dia de hoje. Ressalte-se, nessa
evolução, o período inquisitório da Idade Média, no qual o corpo era punido com o objetivo
de alcançar as idéias, atingi-las e purificar a alma. (SIMÕES, 1994).
O mais arcaico e disseminado conceito de corpo é o que o concebe como o
instrumento da alma. Mas somente com o estabelecimento do dualismo cartesiano no Século
XVII, a instrumentalidade do corpo, até então em voga, deixou de se apresentar de maneira
tão marcante. Sendo a alma e o corpo duas substâncias distintas, conforme Descartes (1998),
não existe, em absoluto, nenhuma interdependência entre os movimentos corporais e o
pensamento; movimentos e calor corporal pertencem somente ao corpo. Sob esse ponto de
vista, o corpo é uma máquina que caminha por si só.
Merleau-Ponty (1994), contrapondo-se a Descartes, afirmou que não sujeição ou
independência da alma ao corpo ou do corpo à alma: a conexão do corpo à alma forma uma
identidade na qual a totalidade do corpo e da alma é expressão.
Na história da filosofia, o corpo era exaltado por virtudes, como “aquele que está
acordado e consciente diz: sou todo corpo e nada fora dele” (NIETZSCHE, 1994, p. 51), e
também considerado pelas suas limitações: o corpo é o “túmulo ou prisão da alma”.
(PLATÃO, apud ABBAGNANO, 1982, p. 196).
Na perspectiva psicológica, o corpo foi abordado de variadas formas, de acordo com
diferentes orientações terapêuticas. Por exemplo: para William James (1890), o corpo é a
origem das sensações e está subordinado às atividades mentais. De acordo com Sigmund
Freud (1976, p. 40), o corpo é o centro de funcionamento da personalidade: “o ego é, antes de
tudo, um ego corporal”. Reich se contrapunha a qualquer separação do corpo, das emoções e
da mente; corpo e mente formam uma unidade indivisível (PUCCI JR, 2004). Frederick Perls
(1977) considerou o corpo como manifestação direta do indivíduo e classificou o dualismo
corpo-mente presente em diversas teorias psicológicas como autoritária e falaciosa. Carl
Jung (1989, p. 69) afirmou que corpo e mente são os dois aspectos do ser vivo” e utilizou o
conceito de sincronicidade para explicar a unidade mente-corpo. Carl Roger (1970) não
destacou o corpo em sua teoria e tampouco em seus trabalhos grupais denominados “grupos
de encontro”. Para Skinner, a importância do corpo é essencial; é um sistema baseado
exclusivamente em dados observáveis (apud FADIMAN; FRAGER, 2002).
Sob a ótica da antropologia social, como afirma Le Breton (1995, p. 8), “as
concepções do corpo estão subordinadas às concepções da pessoa. (...) Muitas sociedades
23
tradicionais não distinguem o corpo da pessoa.” Os elementos constituintes de sua densidade
corpórea são os mesmos que dão consistência aos seres cósmicos e à natureza. Todos são
tecidos por um fio comum e único, mas possuem texturas e cores diversas.
Ainda para Le Breton (1995, p. 8),
Nossas concepções atuais do corpo estão vinculadas com o crescimento do
individualismo como estrutura social, com a emergência de um pensamento racional
positivo e laico sobre a natureza, com a regressão das tradições populares locais e,
também, com a história da medicina que representa, em nossas sociedades, um saber
de alguma forma oficial sobre o corpo humano.
Várias são as definições de corpo citadas por Costa (1998); entre elas, destacam-se:
“O corpo existe para o mundo (e no mundo), para o descobrir (e ser descoberto) e para
transformar (e ser transformado). É pelo corpo que eu atinjo o fim, realizo o gesto e
concretizo a tarefa que organiza a ação” (MERLEAU-PONTY, apud COSTA, 1998, p.68 ).
O corpo é o território subjetivo da liberdade e nele se o encontro do subjetivo
com o objetivo. O corpo é objetivo porque é território, é local concreto dentro do
qual o ser existe. É subjetivo porque, na realidade, o sujeito que “eu sou” identifica-
se com o meu corpo e conclui: eu não devo dizer que “tenho corpo”, mas que “sou
corpo” (OLAVO FEIJÓ, apud COSTA, 1998, p. 67 ).
Barros (1998, p. 129) explica que o corpo é o depositário de toda a experiência
pessoal; é a soma e expressão vivenciada “da história de cada ser humano, bem como de seu
grupo social”.
O corpo é o veículo da presença humana no mundo, local da atividade, da emoção e
do desejo (LAPIERRE; AUCOUTURIER, 1980). Sendo uma fonte de sua significação, ele
possui atitudes e sentimentos peculiares que possibilitam a expressão corporal, a realização de
gestos e de movimentos (BARROS, 1998).
Segundo Merleau-Ponty (1994, p. 203), “o corpo é nosso meio geral de ter um
mundo”, de perceber o mundo.
A maneira de o homem relacionar-se com o seu corpo e seus códigos de conduta é
construída socialmente, traduzindo, assim, o curso do processo histórico em que se encontra
inserido. De forma simultânea, a relação individual de cada humano espelha as características
do grupo a que pertence, como uma unidade (GONÇALVES, 2002).
O tratamento oferecido ao corpo bem como o comportamento corporal varia de
acordo com determinado contexto social. Dessa maneira, ocorrem variações quanto às
técnicas corporais relacionadas a movimentos como:
- andar, pular e nadar;
- movimentos expressivos (posturas, gestos, expressões faciais) que são formas
simbólicas de expressão não-verbal;
- a ética corporal que abrange idéias e sentimentos sobre a aparência do próprio
corpo (pudor, vergonha e ideais de beleza etc);
24
- o controle de estruturas de impulsos e das necessidades (GONÇAVES, 2002,
p.14).
Esses quatro aspectos das técnicas corporais utilizadas na execução do movimento
diferenciam-se não somente “em sua ordenação e coordenação, de sociedade para sociedade,
como também” no seio da própria sociedade, de acordo com o gênero, posição social, idade,
religião etc. (GONÇALVES, 2002, p.14).
Ortiz (2004, p. 2) distingue corpo e corporeidade, caracterizando o corpo como
veículo do ser corporal, e a corporeidade, como a manifestação do ser humano como ser
corporal. Cada pessoa manifesta-se com seu corpo e através dele. “Essas
manifestações (pensamentos, emoções e sentimentos) fazem parte desse corpo que vive.”
Por isso, para Boscaine (1985, p. 149-150), é no corpo,
que se exprime o indivíduo, é através do corpo que a pessoa fala de si, porque o
corpo é a síntese dos modos de ser do indivíduo: o corpo é a matéria mas é também
psique, emoções, linguagem, história, presente, passado e futuro. Quando se fala de
uma pessoa ou se fala diretamente com esta, não se pode jamais deixar de atentar
para o seu corpo porque negá-lo significa negar a existência desta pessoa. Falar do
corpo nas duas dimensões, quer dizer falar da criança, do homem na sua totalidade.
A corporeidade pode ser definida, segundo esta perspectiva, como “a vivência de
fazer, sentir, pensar e querer.” Sob este ponto de vista, o ser humano se expressa, se
comunica, vive com, por e através de sua corporeidade (ZUBIRI, apud ORTIZ, 2004, p. 2).
O corpo próprio ou vivido é dotado de uma intencionalidade operante nos quais
todos os sentidos se unem pela experiência perceptiva. Nessa corporeidade, a experiência
originária do corpo consigo mesmo é fundamental para a relação do homem com o mundo.
Em sendo o corpo ao mesmo tempo visível e vidente, sensível e “sentiente”, pode-se
dizer que ele possibilita o vínculo entre o eu e as coisas, superando a cisão entre sujeito e
objeto (GONÇALVES, 2002).
Le Breton afirma que, no transcurso da vida cotidiana, o corpo desvanece. Embora
infinitamente presente na vida cotidiana com suporte inevitável do homem, o corpo está
infinitamente ausente de sua consciência. Nas sociedades ocidentais, por exemplo, o corpo
ocupa o lugar do silêncio, de discrição, incluído em rituais que o escamoteiam da consciência
de si. “A socialização das manifestações corporais se fazem sob os auspícios da repressão”
(LE BRETON, 1995, p. 122).
Pode-se dizer que a sociedade ocidental está baseada no embotamento do corpo, em
uma simbolização particular de seu uso que se traduz em distanciamentos: ritos de
evitamento, como tocar o outro, por exemplo, de mostrar partes do corpo e regras de contatos
físicos, como afastar o rosto na hora do abraço.
25
Traduz-se, dessa forma, nas sociedades ocidentais, a existência de uma
descorporalização que é definida por Gonçalves (2002, p. 17) como um movimento no qual,
ao tempo em que o homem se torna progressivamente mais independente, reduz sua
capacidade de percepção sensorial e aumenta o controle sobre seus afetos, “transformando a
livre manifestação de seus sentimentos em expressão e gestos formalizados”.
A descorporalização é tratada por Lara (2004) como fragmentação, um ultraje e uma
violência contra a própria carne, em face da unidade que o corpo representa em sua forma
primordial.
O corpo do idoso
Quando me olho no espelho, me acho revoltada, velha, deformada, queria ficar
sempre jovem, sem envelhecer! Me sinto fracassada, tenho vergonha de mim mesma
(P6, 67 anos).
Segundo Giddens e Synnot (apud MARZANO-PARIZOLI, 2004), existe, nos
tempos atuais, um projeto de reconfiguração do corpo humano, objetivando atender a modelos
de mercado que rejeitam e culpabilizam aqueles que não se enquadram nos modelos
propostos.
A imagem do corpo ideal contemporâneo” é um corpo “completamente enxuto,
compacto, firme, jovem e musculoso: um corpo protegido dos sinais dos tempos”
(MARZANO-PARIZOLI, 2004, p. 31). Um corpo idoso, por exemplo, foge do padrão
exigido pelos modelos comerciais.
Gaiarsa refere-se aos parâmetros culturais impostos ao idoso como
ser velho, portanto, além de um fato, é um conjunto de convenções sociais da pior
espécie. Não sei o que pesa mais sobre os velhos, se a idade ou a idéia que fazem de
si mesmos, movidos pelo modo como são tratados, levados pelas idéias que
orientam o comportamento da maioria frente a eles (GAIARSA, 1991, p. 18)
Simões (1994) reporta-se à repercussão dessa exigência de um modelo de beleza e
juventude sobre a corporeidade do idoso, reafirmando que, no momento atual, as pessoas
vivenciam o corpo e a corporeidade em um mundo que exige um padrão ideal de juventude,
força, produtividade e beleza, padrão este que o idoso, em particular, não consegue ter.
Como conseqüência, o idoso percebe o seu corpo como marginalizado,
gerando uma sensação de impotência enquanto organismo ativo da sociedade. Ele
acaba adquirindo um sentimento de incapacidade e aversão ao próprio corpo, uma
vez que esse corpo não é encarado como parte de um processo natural de
envelhecimento, como uma fonte de prazer, como uma parte viva e atuante que lhe
completa e possibilita sua ação no âmbito social. (SIMÕES, 1994, p. 73).
26
Sob outro aspecto, o corpo também é visto como instrumento de trabalho, voltado
para a produtividade. Na velhice, por ser considerado improdutivo, o homem “é relegado ao
ostracismo, perdendo seu sentido social ao retirar-se para a vida privada” (GONÇALVES,
2002, p. 30).
De acordo com Simões (1994), a velhice não é sinônimo de enfermidade biológica
ou social, ela deve ser vista e vivenciada como uma fase potencial de crescimento humano,
com características bem singulares, à semelhança das demais fases do curso de vida.
Para o idoso, é essencial reapropriar-se do seu corpo, no sentido de reintegrá-lo, de
torná-lo uno como sujeito ativo que faz, percebe, deseja, comunica-se e está vivo. com a
certeza de que seu corpo ainda pode realizar muitas coisas é que esse ser-idoso-no-mundo
poderá manter a consciência de seu potencial de realização e valor nessa fase da vida
(SIMÕES, 1994).
O objetivo proposto neste trabalho se insere exatamente nessa perspectiva de que o
idoso ainda pode realizar coisas, a partir do momento em que descobrir outras potencialidades
ou retomar suas descobertas em novas perspectivas (nova visão de seu autoconceito).
Capítulo 2
AUTOCONCEITO
Neste capítulo, são apresentadas contribuições teóricas que discutem o construto self.
Pretende-se relacionar tais reflexões com o que, mais comumente, conhece-se por
27
autoconceito, auto-estima e auto-imagem. o seria por demais explicitar ainda que estes
conceitos, freqüentemente, confundem-se e, nesta dissertação, a definição da Maria Helena
Novaes (1985) será privilegiada.
2.1. Self
O estudo do self possui uma longa tradição que se originou na Antiguidade. Platão,
por exemplo, referia-se ao self como alma, e Aristóteles realizou uma descrição sistemática do
eu. Na Idade Média, São Agostinho registrou “o primeiro indício de introspecção do self” e,
no século XVIII, esta conceituação aparece refletida no pensamento de Hobbes, Locke e
Descartes (FERNÁNDEZ, 2002, p. 1).
Contudo, foi esse último filósofo, René Descartes (1998), um dos grandes expoentes
da filosofia moderna, que em seu livro Princípios de Filosofia, publicado em 1644, realizou
uma importante reflexão sobre o autoconceito, discutida a hoje. Nesta obra, o autor
relaciona o self com o pensamento: Penso, logo existo!” Sob esse prisma, a existência
humana dependia da consciência de estar vivo.
William James (1890), no final do século XIX, inaugurou uma etapa de estudos do
self realizada em uma nova área de pesquisa, a psicologia. Para Fernández (2002), James
identificou o self como sujeito da consciência, além de trazer o seu conteúdo, diferenciado em
elementos cognitivos, afetivos e conativos, esses definidos por Ferreira (1999) como aspectos
que levam a uma atuação consciente. Assim, para James e seus seguidores (apud
FERNÁNDEZ, 2002), existe, no homem, uma consciência de si mesmo que proporciona
sentido existencial, identidade e direcionamento à ação.
Do ponto de vista psicológico, o self é conceituado “como um conjunto de estruturas
de autoconhecimento que representa o que o indivíduo pensa de si mesmo e quanto gasta de
energia, tempo e cuidados consigo mesmo.” Ele se desenvolve gradualmente, a partir da
interação do indivíduo com os outros, regulando a personalidade (FREIRE, 2002, p. 930).
Segundo Fadiman e Frager (2002), na visão freudiana, o self é o ser total, isto é,
corpo, instintos, processos conscientes e inconscientes. Não , dessa forma, um self
independente do corpo ou separado dele.
Para Jung (1981), criador da psicologia analítica, self, o si mesmo, é o centro
psíquico do homem, o centro da personalidade total, no qual consciente e inconsciente se
agrupam e se ordenam. Na perspectiva jungiana, o self constitui, entre inúmeros outros
28
arquétipos
2
, o arquétipo central e regulador do psiquismo. O self abrange tanto o consciente
quanto o inconsciente, e ambos se complementam mutuamente na sua formação, afirmou
Jung (1964).
Rogers, um dos fundadores da psicologia humanista, define self como conjunto de
percepções e crenças que a pessoa possui sobre si mesma. Este conjunto inclui sua natureza,
as qualidades pessoais e o comportamento típico. Para ele,
como resultado da interação com o ambiente, e particularmente como resultado da
interação avaliatória com os outros, é formada a estrutura do self – um padrão
conceitual organizado, fluido e coerente de percepções de características do ‘eu’ e
do mim’, juntamente com os valores ligados a este conceito (ROGERS, 1992, p.
566).
Segundo Rogers (1977), essas características do “eu” ou do “mim” e os valores
ligados a estes conceitos são admissíveis à consciência, ou seja, podem se tornar conhecidos
pelo indivíduo. Fadiman e Frager (2002) traduzem o pensamento de Rogers, afirmando que o
self é uma “gestalt
3
”, isto é, um sistema organizado que consiste em um processo de formação
contínua, ou seja, em um processo de construção, na medida em que as situações mudam.
Rogers (1977, p. 165) considera a existência de um self ideal diferente da existência
do self real. O self ideal é definido por como “conjunto das características que o individuo
mais gostaria de poder reclamar como descritivas de si mesmo”. o self real é o conjunto de
características (qualidades e defeitos) próprias do indivíduo. É uma estrutura móvel, assim
como o self ideal, que passa por constantes redefinições (GOBBI; MISSEL, 1998). Conforme
Nunes (1997, p. 47), quanto maior é o grau de discrepância experimentado pelo indivíduo
entre o self ideal e o self real, “maior é o seu estado de incongruência / desacordo interno e,
conseqüente sofrimento, pelo qual esta autopercepção leva a pessoa a vivenciar sentimentos
de baixa auto-estima, de desvalorização e pode ser uma fonte de inadequação social”.
Para James (1890), o self é a manutenção do si mesmo, ou seja, de ser único como
pessoa, naquilo que cada indivíduo reconhece em si a cada dia. Fadiman e Frager (2002)
exemplificam essa caráter do self com o fato de que, a cada dia, o homem se reconhece como
igual ao dia anterior, ao acordar.
James (1890) descreveu várias camadas hierárquicas do self: a material, básica,
incluindo as coisas com as quais identificação (próprio corpo, família, amigos, casas e
2
Arquétipos, segundo Silveira (1986, p. 77), “são possibilidades herdadas para representar imagens similares,
são formas instintivas de imaginar. São matrizes arcaicas onde configurações análogas ou semelhantes tomam
formas”.
3
Em Psicologia, de acordo com Houaiss (2004, p. 1449), gestalt é uma “teoria que considera os fenômenos
psicológicos como totalidades organizadas, indivisíveis, articuladas, isto é, como configurações”.
29
outros); a social, intermediária, que constitui os papéis desempenhados e aceitos de forma
voluntária; a espiritual, a camada mais importante, que é interior e subjetiva.
James (apud FREIRE, 2002) também distinguiu o self como consciência do eu,
subjetivo, e o self como objeto da consciência, chamado “mim”, que se constituem como dois
elementos indissociáveis de um mesmo processo. O self objetivo recebeu esse nome porque
pode ser analisado como estrutura e ser observado em três focos: self atual, ideal e auto-
estima. O primeiro engloba as características que a pessoa possui; o segundo envolve aqueles
que gostaria de possuir. A auto-estima é a avaliação da pessoa sobre seu próprio valor,
dependendo da percepção de si mesma.
Cárdenas (2000) considera o self como um construto evidenciado na linguagem de
quem fala de si mesmo, avalia-se, define-se, qualifica-se. Sob esta percepção, a narrativa
veste-se de palavras para dar à luz a conceitos, juízos de valor e sentimentos sobre o si-
mesmo.
2.2. Autoconceito
Os construtos auto-referentes como autoconceito e auto-estima são muito
semelhantes em seu significado e “a literatura revela confusão conceitual e dificuldades na
definição de ambos”(GOBITTA; GUZZO, 2002, p. 145). Além destes, termos como auto-
conhecimento, auto-avaliação ou auto-descrição o utilizados em publicações quase que
como sinônimos”, embora diversas linhas teóricas indiquem um ou outro vocábulo como o
mais adequado (FERNÁNDEZ, 2002, p. 3).
Uma grande variedade de palavras faz referência ao construto autoconceito, embora
elas possam ter um significado diferente, de acordo com a orientação dada por cada
pesquisador. Wells e Marwell (1976) revisaram alguns termos utilizados em estudos para se
referir ao autoconceito e encontraram, entre outros: amor próprio, autoconfiança, auto-
respeito, auto-aceitação, auto-satisfação, auto-avaliação, autovalia, sentido de eficácia pessoal
e sentimento de competência.
Novaes (1985) esclarece que tanto o termo auto-estima quanto o vocábulo auto-
imagem aparecem sempre interligados ao termo autoconceito, por conta de suas implicações
na formação do ego, do self e da identidade social e pessoal. Essa interligação terminológica,
que pode levar a confusões, poderia ser minimizada se se utilizassem, de modo correto, as
expressões: consciência do eu (autoconceito), percepção afetiva do eu (auto-estima) e
representação do eu (auto-imagem).
30
Autoconceito também é definido como auto-imagem; a distinção é muito delicada,
conforme explica Blackerby (2006, p.1) que se refere à auto-estima “como a soma, em nível
de identidade/crença, de todas as auto-imagens que o indivíduo tem sobre vários aspectos de
si próprio.” Para ele, auto-estima e auto-imagem provêm da resposta a duas perguntas,
respectivamente: “Que tipo de pessoa eu sou?” e, “Que evidência tenho disso?” A evidência é
o que se sente no mundo ao redor; é o que se vê, ouve, sente, cheira e se degusta sobre si
mesmo. O significado da evidência é o conjunto de atributos, qualidades ou características. A
soma disso tudo forma a auto-imagem, e o significado atribuído a essa soma é a auto-estima.
Fernández (2002) considera o autoconceito o componente básico do psiquismo que
facilita a compreensão do indivíduo sobre si em sua totalidade. O autoconceito controla e
organiza a conduta e constitui uma fonte de saúde física e mental. Ele também concebe o
autoconceito como o construto
4
geral referente ao si mesmo, o self. Construtos como auto-
estima e auto-imagem também participam do 
do self.
O autoconceito se configura como o conjunto organizado das percepções sobre si
mesmo, admitido pela consciência, produto da interação social. Freire (2002, p. 930) afirma
que, do ponto de vista sociológico e psicológico, o âmago do autoconceito é o self, “a
consciência que o indivíduo tem de sua contínua identidade e de sua relação com o ambiente,
ou do que vê como essencial sobre si mesmo”.
Sanchez e Escribano (1999) definem autoconceito como uma atitude valorativa do
indivíduo acerca de si mesmo, envolvendo estima, sentimentos, experiências ou atitudes que o
indivíduo desenvolve sobre si mesmo. O autoconceito tem um papel fundamental sobre o
psiquismo do indivíduo, sendo muito importante para suas experiências, saúde psíquica,
atitudes para consigo e para os demais, base para a construção da personalidade.
Segundo Erikson (1987), o processo de estruturação do autoconceito é complexo e
provoca crises e conflitos. Mas mesmo assim, os valores implícitos nele devem ser
considerados positivos, pois as crises contribuem para unificar as pessoas, consolidando seu
autoconceito.
L’Ecuyer (apud NOVAES, 1985) desenvolveu um modelo teórico de autoconceito
com base em um sistema hierárquico multidimensional, composto de estruturas fundamentais
e categorias configuradas pela experiência vivida, percebida, simbolizada e conceituada.
4
Soar Filho (2003, p. 318): construtos são entidades abstratas que têm validade empírica e/ou pragmática, à
medida que geram integibilidades pragmáticas (...). É através dos construtos que criamos o mundo tal qual o
31
Como se trata de um construto dinâmico que varia constantemente no processo evolutivo, de
sedimentação não cumulativa nem gradativa, ele surge do sentimento de unidade, da
coerência e da estabilidade que permitem ao indivíduo reconhecer-se em qualquer situação. O
modelo de L’Ecuyer pressupõe quatro hipóteses:
1. Organização hierárquica em estruturas, subestruturas e categorias, de
características que diferenciam idade, gênero e grupos culturais;
2. Percepções centrais e secundárias, constituído de agrupamento da percepção
central e da intermediária no processo, ressaltando-se que elas podem se inverter, a
depender das circunstâncias sócio-culturais;
3. Diferenças intersexuais, fundamentadas no pressuposto de que existe uma
organização do autoconceito baseada em diferenças entre sexos, seja em relação a
conteúdos perceptivos mais específicos, seja em relação aos mais abrangentes;
4. Evolução do autoconceito que admite esse processo por toda trajetória de vida do
indivíduo e por meio da qual se pode analisar o desenvolvimento de suas
dimensões integrantes, de suas complexidade e peculiaridades.
Diante disso, o autoconceito pode ser analisado em várias dimensões do self (Quadro
1.1), quais sejam:
Estrutura Subestrutura Categoria
vivenciamos, ou seja, dos nossos modos de interagir com o mundo físico e conhecê-lo, dos limites de nosso
aparelho cognitivo e das formas culturalmente aprendidas de organizar e classificar nossas vivências”.
32
1. Self-material
2. Self-pessoal
3. Self-adaptativo
4. Self-social
5. Self e não-Self
Self-somático
Self-possessivo
Imagem do self
Identidade do self
Valor do self-
Atividade do self-
Preocupações e
atividades sociais
Referência ao sexo
Referência aos outros
Opiniões dos outros sobre si
Aparência
Condição física
Posse de objetos
Posse de pessoas
Aspirações
Sentimentos e emoções
Gostos e interesses
Qualidades e defeitos
Papel e status
Consistência
Ideologia
Identidade abstrata
Competência
Valor pessoal
Autonomia
Ambivalência
Dependência
Estilo de vida
Receptividade
Dominação
Altruísmo
Referência simples
Atração e experiência
sexual
Quadro 1.1: Dimensões analíticas do autoconceito
Fonte: L’Ecuyer, apud Novaes, 1985, p. 29.
Infere-se daí que o autoconceito permeia vários campos do self, denotando-se a
extensão das implicações de seu desenvolvimento, positivo ou negativo.
Para Campbell (1990), a principal função do autoconceito é a de regulação do
comportamento. Ele orienta e capacita os indivíduos a desempenhar os seus papéis ao longo
da vida.
Para Brändtstädter, Wentura e Greve (1993), o autoconceito tem como papel
capacitar o indivíduo a assimilar e acomodar as transformações advindas do processo pessoal,
através de adaptações típicas.
O autoconceito tem outras funções específicas, nas quais se destacam as seguintes:
harmonizar os afetos, funcionar como uma fonte de motivação e estímulo para o
comportamento, dotar o indivíduo de um sentido de continuidade no tempo e no espaço e
desempenha um papel de integração e organização das experiências importantes do indivíduo
(MARKUS; WURF, 1987).
Paullineli e Tamayo (1987) estabelecem uma relação entre autoconceito e regiões de
origem das pessoas. Na medida em que se estrutura, a partir da influência do meio social, o
33
autoconceito sofre influência das variáveis ambientais, dando-lhe forma. Entre essas variáveis
podem ser citadas: características sócio-culturais da região, ideais e expectativas e, seqüelas
sociais. Eles explicam que o autoconceito é fundamentalmente social e tem uma relação muito
estreita com a autopercepção, também sofrendo influências da interpretação das experiências
pelo ambiente, dos reforçamentos, das avaliações pelos outros significativos e do próprio
comportamento. “A percepção de si faz-se a partir das representações dos outros, sem ser
exclusivamente uma reprodução das mesmas. O outro funciona como espelho, onde o
indivíduo, a partir da imagem que ele reflete, se descobre, se estrutura e se reconhece”.
Segundo resumem, o autoconceito tem sua origem na relação do indivíduo consigo mesmo,
nas suas vivências corporais e na inter-relação com o meio social. (PAULLINELI;
TAMAYO, 1986, p. 116).
O desenvolvimento do autoconceito começa na infância, quando a criança inicia suas
experiências, motivada pela atualização e pela socialização. E na medida em que vai
adquirindo um autoconhecimento, também desenvolve a necessidade de uma aceitação
positiva e sensação de ser amada e valorizada pelas pessoas, principalmente pelos pais
(ROGERS, 1992).
Erikson (1998, p. 69) abordou o desenvolvimento do indivíduo, dividindo-o em
estágios psicossociais. Sua classificação parte do princípio de que a adaptação humana tem
como base tanto os potenciais sintônicos e distônicos, quanto os simpáticos e antipáticos. “O
ser humano não compartilha o destino dos animais de se desenvolver de acordo com uma
adaptação instintiva a um ambiente natural circunscrito que permite uma divisão clara e inata
de reações positivas e negativas.”
Depreende-se, nesse contexto, que o desenvolvimento do autoconceito também pode
ser observado na ótica proposta por seus estágios, quais sejam:
1. Confiança básica versus desconfiança: é atingido quando o bebê sente-se bem
cuidado e seguro, em vez de vulnerável e inseguro.
2. Autonomia versus vergonha e dúvida: quando a criança mais nova conquista
um sentimento de domínio por meio do autocontrole.
3. Iniciativa versus culpa: quando a criança ganha confiança a partir do
estabelecimento de metas e realizações.
4. Produtividade versus inferioridade: quando a criança alcança metas e conquista
habilidades sociais.
5. Identidade versus confusão de identidade: quando um adolescente obtém um
senso de identidade central com o tempo.
6. Intimidade versus isolamento: quando o adulto jovem desenvolve
relacionamentos íntimos a longo prazo.
7. Generatividade versus estagnação: quando um adulto encontra sentido na
família e em realizações ocupacionais.
8. Integridade do ego versus desespero: quando o indivíduo idoso é capaz de
refletir positivamente sobre uma vida bem vivida (KAY; TASMAN, 2002, p.
53)
34
Sanchez e Escribano (1999, p. 22) traçam um perfil evolutivo do autoconceito, na
perspectiva da cognição e da ontogênese. Até os 12 anos, observam-se alguns aspectos
importantes relacionados com o autoconceito: a aquisição de um sentimento de autonomia,
desenvolvimento de uma confiança básica em seu ambiente, a reação das pessoas importantes
para a criança e as novas vivências desenvolvidas a partir da ampliação da experiência social.
No geral, esse período é caracterizado pelo acúmulo e pela hierarquização de várias
imagens que a criança vai tendo de si e que repercutem sobre seu sentimento de identidade. O
autoconceito vai se definindo e delineando em virtude das experiências, exigências e
expectativas que o mundo propicia”.
Na adolescência (dos 12 aos 18 anos), o autoconceito se define de modo a que o
indivíduo possa se identificar como pessoa singular, diferente dos outros. Contribuem para
isso o amadurecimento sico e a aceitação de suas transformações, a distinção que ele faz
entre si mesmo e seus pais, depois, entre si e os colegas. Embora estruturados nas relações
sociais, desde a mais tenra infância, tanto o autoconceito quanto a auto-estima são construtos
individuais que fundamentam a representação social que o adolescente tem de si mesmo
(SANCHEZ; ESCRIBANO, 1999).
Na maturidade adulta (entre 20 e 60 anos), o autoconceito não evolui como é
submetido a constantes reformulações, em função dos acontecimentos importantes que
ocorrem nesse período, considerando-se entre eles o início da vida profissional, o sucesso ou
fracasso no trabalho, maternidade ou paternidade, status sócio-econômico, entre outros
(SANCHEZ; ESCRIBANO, 1999).
De acordo com Fernández (2002), o autoconceito não possui uma estrutura inata; ele
se desenvolve a partir de experiências acumuladas, ao longo da vida, em um processo
contínuo e organizado. O autoconceito tem a capacidade de se reajustar e se desenvolver ao
integrar novas experiências, estando aberto a trocas com os demais indivíduos e com a
realidade do meio ambiente.
2.2.1. Auto-estima
35
O vocábulo estimar, de origem latina, estimãre, apresenta dois significados: avaliar e
amar (CUNHA, 2001). Dessa forma, etimologicamente, auto-estima é, ao mesmo tempo, uma
auto-avaliação e o sentimento que se tem por si mesmo.
James, em 1890, manifestou a importância da auto-estima na mesma obra em que se
referia ao autoconceito. Desde então, a auto-estima e autoconceito foram objeto de muitas
pesquisas.
Woolfolk (2000, p. 79) registrou o pensamento de James em relação à auto-estima:
mais de 100 anos, William James (1890) sugeriu que a auto-estima é
determinada pelo grau de sucesso que alcançamos em tarefas ou objetivos que
valorizamos. Se uma habilidade ou realização não é importante, a incompetência
nessa área não ameaça a auto-estima.
De acordo com Gobitta e Guzzo (2002), se forem considerados os pensamentos
relativos ao self de James, Adler, Cooley, Mead e Rogers, neles podem ser encontradas as
primeiras noções do construto auto-estima. A contribuição de James relaciona-se com a
maneira que o indivíduo escolhe as suas metas; a de Adler, com a aceitação de si mesmo; a
importância do outro como pessoa significante vem de Cooley e Mead e a autenticidade do
eu, de Rogers .
Coopersmith (1967) estudou os fatores que fortalecem ou enfraquecem a auto-estima,
utilizando “tradicionais todos psicológicos, particularmente mediante a observação
controlada.” É um dos autores mais citados, tanto em trabalhos de revisão do tema, quanto em
estudos empíricos relativos a esse construto, como os de Bednar e Peterson (1995), Bracken
(1996), Andrey e Tracy (1996) e Mruck (1998), mencionados por Gobitta e Guzzo (2002).
Para Coopersmith (1967, p. 4-5), a auto-estima é uma auto-avaliação que o indivíduo
faz e mantém. “Expressa uma atitude de aprovação ou desaprovação e indica o grau em que o
indivíduo considera capaz, importante e valioso. (...) É uma experiência subjetiva que o
indivíduo expõe aos outros por relatos verbais e expressões públicas de comportamentos”.
“Auto-estima é a tendência a aceitar e dar valor a si mesmo. Ela avalia em que
medida alguém quer bem a si próprio e o grau de positividade com que se vê” (SIMMONS,
SIMMONS JR. e JOHN, 1999, p. 8).
Para André e Lelord (2003, p. 17-23), a auto-estima assenta-se sobre três pilares: o
amor a si mesmo, a visão de si mesmo e a autoconfiança. O amor a si mesmo é o elemento
mais importante: “estimar-se implica avaliar-se, mas amar-se não es sujeito a nenhuma
condição: amamo-nos a despeito de nossos defeitos e limites, fracasso e revezes,
simplesmente porque uma pequena voz interior nos diz que somos dignos de amor e de
respeito”. A visão de si mesmo é uma avaliação subjetiva, que pode ser bem ou mal
36
sedimentada, de qualidades e defeitos que o indivíduo faz de si mesmo. A importância maior
não é dada à realidade dos fatos e sim a certeza “que se tem de ser portador de qualidades ou
de defeitos, de potencialidade ou de limites”. A autoconfiança refere-se à capacidade de agir
adequadamente em situações consideradas importantes. Entre as três bases, é a mais objetiva
porque se traduz em ações. Tais ações irão desenvolver ou manter a auto-estima.
No quadro seguinte, André e Lelord (2003, p. 25) relacionam as origens, os
benefícios dos três pilares da auto-estima e suas conseqüências em caso de falta:
- AMOR A SI MESMO(A) VISÃO DE SI MESMO(A)
AUTOCONFIANÇA
ORIGENS Qualidade e coerência dos
“alimentos afetivos” recebi-
dos pela criança.
Expectativas, projetos e
projeções dos pais sobre o
filho.
Aprendizagem das regras
de ação (ousar, perseve-
rar, aceitar os fracassos).
BENEFÍCIOS Estabilidade afetiva, relações
alegres com os outros,
resistência às críticas ou à
rejeição.
Ambições e projetos que se
tenta realizar, resistência
aos obstáculos e aos
contratempos.
Ação no cotidiano fácil e
rápida.
CONSEQÜÊNCIAS
EM CASO DE FALTA
Dúvidas quanto à capacidade
de ser estimado pelos outros;
convicção de não se achar à
altura; auto-imagem médio-
cre, mesmo em caso de
sucesso material.
Falta de audácia nas
escolhas existenciais; com-
formismo; dependência das
opiniões dos outros; pouca
perseverança em suas
escolhas pessoais.
Inibições, hesitações,
abandonos, falta de
perseverança.
Quadro 1.2: Os pilares da auto-estima
Fonte: André e Lelord, 2003, p. 25.
Branden, em 1992, esclareceu que a auto-estima abrange dois elementos: o
sentimento de competência pessoal e o de valor pessoal; ela é a soma da autoconfiança com o
auto-respeito e reflete a capacidade pessoal de se lidar com as dificuldades da vida e com o
direito de ser feliz. Enquanto a baixa auto-estima proporciona um sentimento de inadequação
à vida, o aos fatos em particular, a alta auto-estima traz os sentimentos de competência,
merecimento e adequação. Branden (1996) definiu a auto-estima plena como “a vivência de
que somos adequados para a vida e suas exigências”. Ela traduz a confiança na capacidade de
realização dos desafios da vida e no crédito de vencer e ser feliz, de ter valor e merecimento.
Para Clark, Clemes e Bean, (1994), a auto-estima implica basicamente em auto-
respeito, autoconfiança, auto-aceitação e auto-segurança.
Mosquera (1976) explica que a auto-estima é resultado de uma postura positiva ou
negativa perante a própria pessoa e é representada pelo sentimento que ela tem por ela
mesma. A auto-estima é influenciada pelo meio-ambiente e reflete os papéis sociais que a
pessoa ocupa. Ela sofre graduações de intensidade quanto a sua percepção e variações de
polaridade, quais sejam a alta e a baixa auto-estima. Para esse autor, a auto-estima e auto-
37
imagem estão intimamente relacionadas e se retroalimentam, de forma que, quando a auto-
imagem espositiva, a auto-estima está elevada e, quando a auto-imagem está negativa, a
auto-estima está baixa.
2.2.2. Auto-imagem
Me acho linda! Com a idade que tenho, me acho boa, disposta prá trabalhar (P8, 76
anos).
A investigação sobre a imagem corporal abrange diversas áreas do conhecimento,
como psicologia, neurologia, fisioterapia, educação física, entre outras. É um tema complexo
que solicita uma visão multi e interdimensional e requer a compreensão integrada de aspectos
cognitivos, fisiológicos, afetivos e sociais (TURTELLI, 2003).
O vocábulo auto-imagem, segundo os autores pesquisados neste estudo, apresenta
três sinônimos: esquema corporal, modelo corporal e imagem corporal, sendo esse último o
termo mais utilizado na literatura apresentada. Um dos autores, Schilder (1981), usa as três
expressões indistintamente.
A identificação da imagem do corpo é muito antiga e foi preconizada no século XVI,
pelo médico e cirurgião Ambroise Paré, que se baseou em estudos sobre o fenômeno do
membro fantasma, no qual pacientes amputados percebiam os segmentos ausentes com se
ainda estivessem presentes. Trezentos anos após, em 1866, o médico Weir Mitchell publicou
a primeira matéria sobre o tema, sem identificá-lo como imagem corporal (GORMAN, 1965).
Nos primórdios do século passado, em 1911, Henry Head criou o termo esquema
corporal e uma teoria que a explicava, acrescentando aos estudos neurológicos, aspectos
psicológicos (LE BOULCH, 1987).
O esquema corporal seria um modelo postural padrão que cada pessoa construiria de
si mesma e que serviria de referência para que ela pudesse contrapor a este modelo
suas diferentes posturas e movimentos. A construção do esquema corporal seria uma
necessidade básica para todas as pessoas, para moverem-se e localizarem-se no
espaço adequadamente. Head enfatizou o papel do esquema corporal em orientar a
postura e o movimento corporal (TURTELLI, 2003, p. 2).
Contudo, foram as pesquisas de Schilder, neurologista, filósofo e psicanalista que
inovaram o conhecimento que havia até os anos 30 do século XX (LE BOULCH, 1992) e que,
até hoje, permanecem atuais (TURTELLI, 2003).
Para Schilder (apud LE BOULCH, 1992), a imagem corporal deve ser observada em
seus múltiplos e inseparáveis aspectos: neurológicos, mentais, sociais e afetivos. Essa
perspectiva mais ampla de Schilder (apud TURTELLI, 2003, p. 4), o é compartilhada por
38
duas principais correntes que distinguem imagem corporal e esquema corporal: a primeira,
“atribui à imagem corporal características psicológicas subjetivas”, enquanto a segunda,
concede “ao esquema corporal características biológicas, servindo como uma base para a
construção da imagem corporal”.
Olivier (1995, p. 15, 18), por exemplo, caracterizou o esquema corporal como “uma
organização neurológica das diversas áreas do corpo, de acordo com a importância de
inervação somática que elas recebem”. O esquema corporal apresenta um caráter biológico
pré-determinado e uma estrutura anatômica situada em uma região específica do córtex
cerebral, denominada “área do esquema corporal”, localizada no encéfalo. Para a autora, a
imagem corporal é conceitual e vivencial e “se constrói sobre o esquema corporal e traz
consigo o mundo das significações. Na imagem, estão presentes os afetos, os valores, a
história pessoal, marcada nos gestos, no olhar, no corpo que se move, que repousa, que
simboliza.”
Segundo Le Boulch (1987, p. 188), trata-se de integrar duas linguagens, uma
fisiológica e outra psicológica, uma e mesma realidade fenomenológica que é aquela do
‘corpo próprio’. Em outras palavras, identificamos completamente as duas noções, em vez de
dois sistemas heterogêneos.”
Esquema e imagem corporal são indissociáveis de um mesmo fenômeno: a
representação dinâmica que a pessoa faz, para si mesma, de sua experienciação de si mesma,
a cada instante”, explica Turtelli (2003, p. 4).
Conforme Schilder (1981, p. 11),
entende-se por imagem do corpo humano a figuração de nosso corpo formada em
nossa mente, ou seja, o modo pelo qual o corpo se apresenta para nós. [...] Nós a
chamamos de esquema de nosso corpo, esquema corporal ou, conforme Head, que
enfatiza a importância do conhecimento da posição do corpo, de modelo postural do
corpo.
[...] O esquema do corpo é a imagem tridimensional que todos têm de si mesmos.
Podemos chamá-la de imagem corporal.
Ele declara que a imagem corporal constitui uma unidade flexível e, por esse motivo,
pode apresentar transformações; reafirma o dinamismo da imagem corporal, ao dizer:
O modelo postural do corpo (imagem corporal) precisa ser construído, e é uma
criação e uma construção (...). (...) ele não é uma forma, (...) mas, a produção de
uma forma. Não há dúvida de que este processo de estruturação só é possível
quando se relaciona intimamente com as experiências a respeito do mundo
(SCHILDER, 1981, p.101).
Dessa forma, conclui o autor que a destruição e a reestruturação contínua da imagem
corporal do indivíduo não ocorrem de maneira isolada, e sim na relação com as demais
39
pessoas e com o ambiente, de maneira interativa, ou seja, em um processo de reconfiguração
simultânea da imagem corporal dos indivíduos que participam dos mesmos ambientes sociais.
O modelo postural de nosso corpo se relaciona com o modelo postural dos corpos
dos outros. Existem conexões entre os modelos corporais de seres humanos
semelhantes. Vivenciamos as imagens corporais dos outros. A experiência da nossa
imagem corporal, as emoções e ações dos outros são inseparáveis de seus corpos
(SCHILDER, 1981, p. 15).
As emoções influenciam reciprocamente a imagem corporal. Um indivíduo, por
exemplo, quando assume uma atitude expressiva de tristeza, a sua imagem corporal se
modifica e os seus músculos ficam mais pesados e a postura mais relaxada. “Toda emoção
modifica a imagem corporal”. Na expressão do ódio, “os músculos voluntários mostram-se
fortemente delineados e contraídos, na vivência da emoção de amor e amizade, o corpo se
expande e os limites da imagem corporal perdem sua nitidez” (SCHILDER, 1981, p. 182).
5
Para Rogers (1977, p. 165), os termos “idéia” ou “imagem do eu” designam
a configuração experencial composta de percepções relativas ao eu, às relações do
eu com o outro, com o meio e com a vida, em geral, assim como os valores que o
indivíduo atribui a estas diversas percepções (...) ela é disponível à consciência –
ainda que não seja necessariamente consciente ou plenamente consciente.
A dinâmica do esquema corporal, segundo Merleau-Ponty (1994, p. 147), revela a
espacialidade do próprio corpo e sua capacidade para orientar-se ou situar-se no mundo. É
uma unidade corpo-mente, território indivisível de todos os órgãos. O esquema corporal é,
finalmente, uma maneira de exprimir que meu corpo está no mundo”.
Bertherat e Bernstein (1987) caracterizam a imagem corporal como um fenômeno de
natureza bio-psico-social, que abrange a percepção do próprio indivíduo em seus aspectos
físicos, fisiológicos, sociais e psicológicos.
Cash e Pruzinski (apud BARROS, 2001, p. 93) apresentam sete princípios, baseados,
em sua maioria, no citado pensamento de Schilder, que melhor alcançam o conceito de
imagem corporal. São elas:
1. Imagem corporal refere-se às percepções, aos pensamentos e aos sentimentos
sobre o corpo e suas experiências. Ela é uma experiência subjetiva.
2. Imagens corporais são multifacetadas. Suas mudanças podem ocorrer em muitas
dimensões.
3. As experiências da imagem corporal o permeadas por sentimentos sobre nós
mesmos. O modo como percebemos e vivenciamos nossos corpos relata como
percebemos a nós mesmos.
4. Imagens corporais o determinadas socialmente. Essas influências sociais
prolongam-se por toda a vida.
5. Imagens corporais não são fixas ou estáticas. Aspectos de nossa experiência
corporal são constantemente modificados.
5
Autores como Adame et al. (1991), Radell et al. ( 1993), Lewis e Scannell (1995) e Bacalá (1999) trazem
definições de imagem corporal fundamentadas em Schilder.
40
6. As imagens corporais influenciam o processo de informações, sugestionando-
nos a ver o que esperamos ver. A maneira como sentimos e pensamos o nosso
corpo influencia o modo como percebemos o mundo.
7. As imagens corporais influenciam o comportamento, particularmente as
relações interpessoais.
Olivier (1995, p. 18) acrescenta à definição de imagem corporal, a corporeidade, ao
afirmar que não apenas o corpóreo, ou seja, “o corpo enquanto objeto de reflexão com
fronteiras bem definidas pela epiderme, compõe a imagem corporal, mas, principalmente, a
corporeidade, o corpo-sujeito que age no mundo e que, nesta inter-relação, estende-se para
ele, perde suas fronteiras e torna-se marcado pelos símbolos de suas vivências”.
Dessa forma, a imagem do corpo humano, sempre atualizada, reúne a vivência do si-
mesmo e do mundo. “Resgata o passado, funde-se com o presente, transcende para o futuro,
ultrapassando as fronteiras do imaginário humano. Faz-se ser atuante em face às correlações
estabelecidas por ele mesmo, constituindo-se presente em imagens corpóreas” (BARROS,
2001, p. 74).
2.3. Autoconceito no Idoso
Para Sanchez e Escribano (1999, p. 24) em pessoas idosas acima de 60 anos, o
autoconceito pode evoluir negativamente. Para tanto, influi a percepção que a pessoa tem da
redução de sua capacidade física, a doença, a aposentadoria, a perda da identidade social e
profissional, por exemplo. “Todos esses elementos levam, obrigatoriamente, a uma
reformulação do autoconceito e do valor pessoal.”
Resultados de pesquisas realizadas por Baltes e Baltes (1990) e Brändtstädter,
Wentura e Greve (1993) indicam que o autoconceito de idosos não apresenta configuração
negativa com a progressão da idade. O autoconceito mantém o seu caráter pessoal adaptativo,
flexível e dinâmico que facilita um ajustamento satisfatório e positivo as novas condições bio-
psico-sociais que se apresentam na velhice.
Nesse sentido, autores também (BERGER, 1989; LEVENTHAL; SCHWARTZ,
1989; BALESTRA, 2002; PEREIRA et al., 2003) associam resultados positivos da auto-
imagem, da auto-estima e do autoconceito no idoso, relacionados à prática de atividade
física
6
.
6
Nessa direção, leiam-se ainda: MAZO, 1985; FOX, 1997; SAFONS, 2000; BENEDETTI, T. L; PETROSKI, E.
L.; GONÇALVES, L. T., 2003, que aliaram a configuração positiva da auto-imagem e auto-estima à pratica de
exercícios físicos ou dança.
41
A vida afetiva do idoso (conjunto de emoções e estado de ânimo) responde às
mesmas considerações e situações de outras idades. Dessa forma, o afeto
representa o estímulo do comportamento adaptativo que regula, matiza e cor a
qualquer situação, possibilita a motivação, determina a atitude geral (rejeição, fuga,
aceitação, indiferença) e desempenha um papel determinante nos pensamentos e
ações da pessoa em estados de saúde e de enfermidade” (FERRER, 2000, p. 172).
De conformidade com Salvarezza (1998), um dos principais fatores que podem
determinar a baixa auto-estima dos idosos é o fato de se autodenominarem “velhos”, em razão
das conotações negativas que esta palavra apresenta. Uma pessoa pode sentir-se velha quando
percebe em si mesma algumas características que, em função do seu modelo pessoal de
velhice, personalizam essa fase da vida.
Alguns desses modelos e atributos podem ter sido incorporados a partir das
experiências pessoais, da observação do envelhecimento de outras pessoas e a partir de
expectativas e estereótipos culturais.
Para Furstenberg (apud SALVAREZZA, 1998), algumas variáveis podem facilitar o
entendimento dos critérios adotados para o idoso assumir a realidade negativa de velhice:
- idade cronológica: para algumas pessoas, o marcador “idade” representa a fronteira
irreversível entre a meia-idade e a velhice;
- declive das funções físicas: é uma das variáveis mais comuns e que compreende
dificuldade de locomoção, perdas sensoriais, dor e alterações funcionais, entre
outras.
- perda de funções cognitivas: para muitas pessoas, idosas ou não, perdas sensoriais
como a da memória, são indicadores de decrepitude. Estas perdas são muito
temidas pelos idosos e se constitui um processo que associa o medo do futuro e da
vulnerabilidade.
- sentimento de inutilidade e de o participação social: a sensação de inutilidade e
de exclusão social priva o idoso de motivação para continuar vivendo de uma forma
mais saudável e participativa.
Independentemente dos parâmetros assumidos, rotular-se velho, sob essa percepção,
está associado ao aparecimento de sentimentos negativos, como a vivência da proximidade da
morte (MUNNICHS apud SALVAREZZA, 1998).
Moragas (1997, p. 75), falando de autoconceito, afirma que é essencial ao idoso
possuir uma capacidade de julgamento que coloque seu autoconceito em relação à sociedade
como um todo. Referindo-se ao autovalor,
42
para a maioria das pessoas, meios de defesa da identidade pessoal e do
autoconceito, e os próprios idosos elaboram estratégias de defesa psicológica diante
das agressões do meio. Uma das reações defensivas habituais é chamada ‘apreciação
relativa’. Em relação aos idosos da mesma faixa etária, a pessoa se situa numa
posição superior, seja física, psíquica ou socialmente, que se materializa em
comentários como: ‘Ainda posso realizar sozinho esta atividade’, enquanto a
maioria de seus colegas não se atreveriam a fazê-lo.
Se, para muitos, envelhecer, pode ter conotações negativas e ser sinônimo de
enfermidade, incapacidade ou dependência, a velhice não significa necessariamente
limitações e disfuncionalidade; pode ser vivenciada como uma fase de crescimento pessoal e
de otimização e adaptação social em função da competência evolutiva. As diferenças do
processo de envelhecimento entre diversos indivíduos pode depender do momento que essas
pessoas chegam a ele, como chegam e como o transitam (MOÑIVAS, 1998).
Para Ferrer (2000, p. 181), o idoso mensura “seu grau de valor pessoal através da
auto-estima e a orientação para a ação e o juízo sobre seu grau de competência e expectativas
de resultados através de sua auto-eficácia”.
Os corpos, mesmo os mais bem cuidados, enfraquecem e perdem a capacidade de
funcionar como antes, de manter a força, o controle e, a autonomia. E na medida em que a
independência e o controle enfraquecem, debilitam-se também o autoconceito e a confiança
em si (ERIKSON, 1998).
Referindo-se a idosos que apresentam idade avançada, Erikson (1998, p. 89) afirma
que “a velhice, depois dos oitenta e noventa anos, traz consigo novas exigências, reavaliações
e dificuldades diárias” e ressalta a necessidade de designar “um novo estágio para esclarecer
os desafios”.
O idoso relaciona sua auto-imagem à maneira que pela qual percebe os sucessos e
insucessos inseridos em sua história de vida. Dessa forma, os sucessos alimentariam
positivamente a auto-imagem enquanto os fracassos reforçariam de maneira negativa a
imagem de si mesmo do idoso (STEGLICH, 1978).
A imagem corporal do idoso, assim como a sua auto-avaliação, é influenciada
positivamente por uma vida social ativa, pela capacidade de tomar decisões e de realizar
ações, atividades que extrapolam as cuidados pessoais da vida diária como alimentar-se,
banhar-se, entre outros (BALESTRA, 2002).
Fox (1997) afirma que a enfermidade orgânica é um importante fator na modificação
imediata da imagem corporal, na sua forma física ou psicológica. Em conseqüência,
indivíduos mais vulneráveis às doenças e/ou portadoras de enfermidades crônicas estariam
mais susceptíveis de apresentar uma auto-imagem negativa. No idoso, a auto-imagem e a
43
auto-estima apresentam uma tendência de alteração negativa, relacionada com a perda
progressiva da capacidade corporal de realizar movimentos do cotidiano como locomover-se,
vestir-se, alimentar-se e realizar atividades laborativas.
Monteiro (2001) relata que a plasticidade da imagem corporal, em condições
saudáveis, permite ao idoso adaptar-se progressivamente às mudanças corporais advindas do
processo de envelhecimento. Patologias ou distúrbios de motivação que alterem a capacidade
de movimento podem comprometer a adaptação da imagem corporal. Quando o movimento
corporal é restrito por enfermidade ou por outra razão, a imagem corporal pode apresentar
lacunas, “apagamentos”, que originam padrões motores deficientes. Esses novos padrões de
movimento, por sua vez, podem ser reforçados por crenças e valores do próprio idoso e de
outras pessoas, em relação à velhice.
É fundamental que o idoso sinta-se motivado e mantenha seus objetivos de vida para
poder conectar-se com o mundo e realizar trocas com o meio ambiente, dando assim sentido a
sua vida. É pelo movimento que a sua auto-imagem se atualiza e se mantém.
Em relação às alterações que ocorrem no processo de envelhecimento, elas podem
ser percebidas como diminuições ou perdas, de acordo com a percepção que o idoso tem
sobre o fato. Por exemplo, o surgimento de cabelos brancos pode ser considerado como uma
perda ou um ganho, dependendo da perspectiva vivencial da situação (HAYFLICK, 1996).
O cerne da auto-imagem está no conhecimento individual de si mesmo, na
consciência da capacidade de realização, da percepção dos sentimentos, das atitudes e idéias
referentes à dinâmica pessoal. No transcurso de sua vida, o homem desenvolve e reestrutura a
sua imagem corporal, em um processo individual e social (MOSQUERA, 1976).
Foi exatamente no contexto desse processo individual/social, de valorização do corpo
como uma unidade flexível e adaptativa e da atividade física como um elemento que favorece
à dinâmica de integração entre corpo e ambiente, que o objetivo deste trabalho foi estruturado,
visando ao reconhecimento e à aceitação de seu processo, pelo idoso, bem como da
capacidade de atuação de que dispõe.
Capítulo 3
A BIODANÇA
44
No intuito de fornecer uma visão ampla e completa (no que for possível) dos aspectos
que integram a Biodança, o presente capítulo foi dividido em três seções, quais sejam: teoria,
elementos e prática.
3.1 Teoria da Biodança
Visando à melhor compreensão dos objetivos propostos neste trabalho, a abordagem
da teoria da Biodança compreende desde os movimentos iniciais de sua criação, até a
elaboração de seu modelo teórico. Busca-se visualizar os caminhos percorridos até a sua
configuração como um sistema
7
de integração humana, isto é, um processo definido por seu
autor como aquele que age estimulando a função primordial de conexão com a vida: do ser
humano consigo, com o seu semelhante e com o universo (TORO, 2005b; 2002).
Nesta primeira parte, apresenta-se a origem da Biodança, estabelecendo sua relação
com outras disciplinas e evidenciando questionamentos sobre ela. Também apresenta-se seu
método e modelo teórico e definem-se aspectos de sua prática.
3.1.1 Origem, denominação, questionamentos e relações
Sentia, às vezes, em meu corpo, toda a manifestação do êxtase, do erotismo, da
fraternidade, da energia criadora e do ímpeto vital. Sentia a possibilidade de contato
puro com a realidade viva, por meio do movimento, do gesto e da expressão dos
sentimentos. A música era a linguagem universal, a única que todos nós podíamos
compreender na Torre de Babel do mundo; a dança era a maneira ideal de integrar
corpo e alma, e podia comunicar a todos os participantes, felicidade, ternura e força.
E eu quis compartilhar tudo aquilo com um grande número de pessoas (TORO,
2002, p. 9).
A Biodança é um modelo criado pelo antropólogo e psicólogo chileno Rolando Toro
Araneda (daqui para frente denominado Toro), que iniciou os seus primeiros trabalhos
experimentais com pacientes psiquiátricos no Hospital Psiquiátrico do Chile, em 1965. À
época, Toro era Membro Docente no Centro de Estudos de Antropologia Médica da Escola de
Medicina da Universidade do Chile (GÓIS, 1995; TORO, 2002; PAOLI, 2003). O autor e
outros membros da equipe chefiada pelo Profº Augustin Tellez utilizaram diferentes técnicas
de desenvolvimento, como a Terapia Centrada na Pessoa, Psicodrama e Arteterapia, com o
objetivo de “humanizar” procedimentos efetuados no atendimento psiquiátrico (GÓIS, 1995).
7
Sistema”, nesse contexto, pode ser compreendido como: “disposição das partes ou dos elementos de um todo,
coordenados entre si, e que funcionam como estrutura organizada” (FERREIRA, 1999, p. 1865).
45
Nessa mesma fase, Toro iniciou as primeiras pesquisas utilizando atividades de
dança e música realizadas em grupo com esses pacientes. Durante os encontros, observava o
efeito da música sobre determinados doentes, provocando estados de alucinação e delírio,
duradouros ou não. Esses estados poderiam ser justificados, segundo ele, pela identidade
8
mal
integrada dos enfermos, fazendo com que houvesse uma dissociação entre eles e a realidade,
principalmente quando faziam certos movimentos (TORO, 2002).
A denominação Biodança, de acordo com Toro (2005b, p. 5), foi escolhida em março
de 1977 para nominar “uma disciplina para a qual não existia um termo apropriado”, já que se
referia a um sistema inédito, no qual a dança e a música evocavam vivências que
possibilitavam mudanças orgânicas e existenciais em diversos patamares, tais como o
orgânico e o afetivo-motor.
Etimologicamente, o vocábulo Biodança é formado pela junção do prefixo grego
bíos, que significa “vida” e dança, do francês arcaico dencier: “oscilar, saltar, girar, mover-se
com cadência” (CUNHA, 2001, p. 110; 238). O termo Biodanzaescrito com a letra z” é
utilizado nos países de língua espanhola. No Brasil, na maioria das referências encontradas
em publicações, usa-se a grafia original, embora Biodança” com ç” também seja
mencionada em matérias jornalísticas e publicitárias. Para efeito deste estudo, será utilizado o
termo “Biodança”.
Toro (2005b, p. 6) refere-se à dança trazendo o significado francês da palavra:
movimento integrado, pleno de sentido. O conceito que Toro atribuiu à dança é vasto e
compreende “gestos, expressões e movimentos plenos de sentido vital”, buscando restabelecer
a idéia primordial e ampla da dança e sua capacidade inusitada “de induzir transformações na
existência”.
A partir disso, ele apresentou uma síntese conceitual dos elementos fundamentais
que alicerçam a base teórica da Biodança: “Biodança é um sistema de integração afetiva,
renovação orgânica e reaprendizagem de funções originais da vida, apoiada em vivências
induzidas pela dança, pelo canto e por situações de encontro em grupo” (TORO, 2005b, p. 7).
A integração afetiva objetiva o restabelecimento da unidade rompida entre o ser
humano consigo, com as outras pessoas e com a natureza. A afetividade constitui o ponto de
partida e o centro integrador do sistema, que os trabalhos de Biodança, desde a pesquisa,
planejamento até a sua realização, embasam-se no reconhecimento, no respeito e na
valorização do integrante do grupo e do próprio grupo. Sob o aspecto neurofisiológico, os
8
Conforme Toro (1999, p. 5), a identidade é o único e seus atributos, o que cada pessoa ‘é’ essencialmente
frente a qualquer outro sistema de realidade”.
46
exercícios de Biodança estimulam o sistema límbico-hipotalâmico, o centro das emoções, que
atua, por sua vez, sobre os estados vivenciais, sobre sentimentos, emoções e instintos (TORO,
2005b).
A renovação orgânica se refere à ação sobre a auto-regulação física e mental. Ela é
facilitada, principalmente, por meio de exercícios que induzem estados especiais de transe e
regressão integradores. Segundo Toro (2002, p. 35), transe significa mudança de estado de
consciência. a regressão, para o autor, é o retorno à etapa natal ou pré-natal. Neste estado,
“podem ser reproduzidas parcialmente as condições fisiológicas inerentes à primeira
infância”.
Para o autor, os exercícios de Biodança, ao induzirem os estados de transe e
regressão, atuam sobre a homeostase, ou seja, sobre o equilíbrio orgânico interno que,
segundo Cannon (1949), resulta de um complexo funcional dos quais participa o sistema
nervoso central, o sistema nervoso autônomo, as atividades metabólicas, bioquímicas e
energéticas. Dessa forma, Toro (2002) concluiu que esses exercícios ativam os processos de
reparação celular e regulação global de funções biológicas e diminuem os fatores de
desorganização e estresse orgânicos.
A reaprendizagem de funções originárias ou instintivas da vida é uma proposta
pedagógica de resgate dos instintos sicos que constituem uma expressão da adaptação
biológica frente a estímulos específicos. Trata-se de reaprender a viver a partir dos instintos,
respeitando as necessidades básicas de nutrição, repouso e ativação, entre outras (TORO,
2005b).
Sintetizando o conceito, Toro (2002) afirma que a Biodança é uma atividade
realizada essencialmente em grupo e que utiliza a dança e a música com a finalidade de
induzir vivências integradoras. Tem-se, assim, a música, a dança e a vivência como pilares da
Biodança.
Biodança: pedagogia ou terapia?
A gente se sente, eu me vejo assim mais leve, mais fácil para mim decidir as coisas,
fazer algumas coisas, me sinto melhor ainda do que era, estou mais decidida, mais
determinada (P7, 75 anos).
47
O conceito da Biodança, citado, apresenta possibilidades de ação (da Biodança)
que escapam às denominações utilizadas em diferentes áreas da ciência.
Para Paoli (2003, p. 23), existe
a dificuldade de inserção da Biodanza nas categorias usuais de classificação, que
ordenam um fatiamento dos campos de conhecimento e das atividades profissionais.
A Biodanza se insere em um campo de propostas novas, que fogem ao
enquadramento tradicional, numa perspectiva de partir para a construção de uma
nova forma de percepção multidimensional e heterodoxa.
Segundo Toro (2002), a integração afetiva é uma proposta pedagógica que busca a
estimulação da função primordial com a vida, facilitando a reaprendizagem da vinculação
afetiva consigo mesmo, com o outro e com universo.
A reaprendizagem das funções originais da vida também se constitui como uma
proposição educacional de resgate dos instintos básicos, como a fome, a sede e o repouso, que
representam uma expressão do potencial biológico, destinados à adaptação do homem ao
meio ambiente.
Ao referir-se à renovação orgânica, Toro (2002) apresenta uma possibilidade
terapêutica da Biodança, entendendo-se o vocábulo terapêutico no sentido atribuído por
Straton (1994, p. 231) “como um termo empregado para referir-se a tudo que é útil enquanto
um agente ou instrumento de terapia”. Toro não classifica a Biodança como uma terapia
9
física ou psicológica, em particular, afirma que o processo terapêutico se origina do efeito da
Biodança sobre “a homeostase, o equilíbrio interno e à redução dos fatores de estresse”
(TORO 2002, p. 35).
De acordo com Paoli (2003, p.23), a ação terapêutica da Biodança consiste no “efeito
sobre a construção da saúde, fugindo da noção tradicional de terapia como uma ação voltada
para curar doenças”. Paoli ressalta que a Biodança, em si, o produz modificações, mas que
ela propicia condições para os alunos se transformem, se houver o desejo e a permissão
consciente ou inconsciente de mudanças.
Para Góis (2002, p. 75), psicólogo e professor-didata em Biodança que participa do
movimento Biodança desde os seus primórdios, “o que diferencia a ação da Biodança de
certas ações pedagógicas e clínicas é sua orientação para a potencialidade natural e expressiva
do Ser. Diferencia-se, também, por não priorizar o condicionamento, a interpretação e a razão,
mas sim, a vivência”.
9
Terapia é o tratamento de indivíduos por meios físicos ou psicológicos. (STRATON, 1994, p. 230).
48
Por isso, o problema de investigação desta pesquisa - “De que forma a prática da
Biodança pode influenciar positivamente no autoconceito do idoso?” - leva em conta que
qualquer resultado vai depender desse desejo e permissão consciente ou inconsciente.
Relação entre Biodança e teorias
Inicialmente, pode-se dizer que a preocupação de Toro em humanizar a medicina a
partir de psicoterapia de grupo, de arteterapia e outros, teve por base os princípios de Carl
Rogers (apud TORO, 2002).
Conforme Le Camus (1986, p. 131), essas formas de terapia têm como fundamento a
busca da expressão total, segundo a qual
a necessidade dos outros seres humanos não pode se satisfazer plenamente com a
presença e as trocas verbais; ela exige também o contato atuado, a situação hic et
nunc dos sentimentos frente aos outros membros do grupo, a passagem pelo ato
manifesto.
Tais formas, como podem ser observadas nos grupos de encontro utilizados por Carl
Rogers (1970), valorizam as relações estabelecidas em grupos de encontro, cujo princípio tem
por fundamento a alternância das faixas de comunicação não verbal com as faixas de
verbalização. Durante os jogos vivenciais, a palavra é suspensa de maneira sistemática e
somente após ter vivido as propostas oferecidas, em outro momento do trabalho, o grupo é
convidado a verbalizar (LE CAMUS, 1986).
Em relação à música, Toro (2002) se refere à existência de uma semântica musical,
citando G. Campbell e K. D. Watson, pesquisadores que demonstraram a convergência de
determinados conteúdos subjetivos de emoções, sentimentos e sensações de um mesmo
extrato musical, para um grupo distinto de sujeitos. Para Imberty (2005), essa convergência
independe dos níveis de educação musical.
Toro (2002) cita como exemplo os Prelúdios de Debussy, cuja análise semântica teve
como resultado, em uma das faixas observadas, a afluência de sentimentos como alegria,
afetuosidade, felicidade, liberdade, extroversão e outros.
Em se tratando de movimento e/ou dança, Toro (2002) reporta-se a registros
antropológicos, em especial, àqueles referentes aos povos primitivos que se utilizavam da
dança em rituais diversos, como é o caso das danças terapêuticas egípcias da Antiguidade.
Ainda em relação à dança, Toro (2005b) inspirou-se no conceito de Roger Garaudy
(1980, p.16, 8), para quem a dança é “um modo total de viver o mundo: é, a um tempo,
conhecimento, arte e religião.” Garaudy se referia à dança como:
49
- uma das raras atividades humanas em que o homem se encontra totalmente
engajado: corpo, espírito e coração;
- uma meditação, um meio de conhecimento, a um só tempo introspectivo e do
mundo exterior;
- um rito: ritual sagrado, ritual social. Encontramos na dança essa dupla significação
que está na origem de toda atividade humana.
Na vivência, Toro (2002, p. 29) cita o filósofo Dilthey que a define como “algo
revelado no complexo psíquico dado na experiência interna de um modo de existir a realidade
para um indivíduo”. Em relação ao Princípio Biocêntrico
10
que fundamenta a filosofia da
Biodança, Toro (2002; 2005c) refere-se ao processo de auto-organização e autonomia que
caracteriza os seres vivos.
11
3.1.2 Método e modelo teórico de Biodança
A vivência como método
Eu me emocionei, não sei, uma coisa tão dentro de mim que eu não sei dizer (P2, 71
anos).
A vivência constitui o método que fundamenta a metodologia da Biodança. Por meio
do todo vivencial, podem-se induzir vivências integradoras capazes de expressar a
identidade, modificar o estilo de vida e restabelecer a ordem biológica” (TORO, 2005e, p. 3).
Para Toro (2002, p. 30), a vivência é “a experiência vivida com grande intensidade
por um indivíduo no momento presente, que envolve a cenestesia, as funções viscerais e
emocionais”. A acepção da palavra cenestesia nas vivências integradoras propostas por Toro
está relacionada com um sentimento sistêmico, particularizado, em seu conteúdo, por um
bem-estar corporal. Cunha (2001, p. 171) define cenestesia como “um sentimento difuso
resultante dum conjunto de sensações internas ou orgânicas e caracterizado essencialmente
por bem-estar ou mal-estar”.
As funções viscerais se referem às atividades de determinados órgãos, mediadas pelo
sistema nervoso autônomo, as vísceras, tais como coração e pulmão. As funções emocionais
abrangem respostas dadas pelo sistema límbico e hipotálamo, órgãos do sistema nervoso
central, relacionados às emoções, à experiência vivencial (TORO, 2002).
10
“O princípio biocêntrico inspira-se na intuição de um universo organizado em função da vida e consiste em
uma proposta de reformulação de nossos valores culturais que toma como referencial o respeito pela vida.
Tudo aquilo que existe, elementos, estrelas, plantas, animais e humanos são os componentes de um sistema
vivente maior” (TORO, 2005c, p. 29).
11
A auto-organização foi um tema pesquisado por Humberto Maturana e Francisco Varela (1997).
50
Conforme Schneider (1977), a reação vivencial é a resposta com significado,
motivada, que apresenta um matiz afetivo a uma vivência.
De acordo com Góis (2002, p. 80), as vivências, inerentes ao ser humano, expressam,
como tecido, “o entrelaçamento da vida instintivo com o mundo valorativo-simbólico”, que
acontecem em um contexto histórico-social.
A vivência, de acordo com Ferreira (1997), Toro (2002) e Paoli (2003), ocorre em
três níveis corporais que estão intrinsecamente relacionados: cognitivo, vivencial e visceral.
Sob a dimensão relacional, durante a vivência, o participante de grupo pode
experimentar um nível de vinculação consigo mesmo, com o outro e com a natureza (TORO,
2002).
May (1988, p. 139) também se refere a esses níveis de integração chamando-os de
“três aspectos simultâneos do mundo - que caracterizam a existência de cada um de nós como
um ser no mundo”: o primeiro, o mundo ao redor, o mundo ambiente, o segundo, o mundo
dos seres de um mesmo tipo, o mundo dos semelhantes de uma pessoa” e o terceiro, “o
mundo próprio, o mundo do relacionamento consigo mesmo”.
Na abordagem da Biodança, as principais características da vivência são, segundo
Toro (2002; 2005e):
a. Anterioridade à consciência: as vivências se originam no inconsciente, em
particular, no sistema límbico-hipotalâmico e antecedem à consciência, podendo
se tornar conscientes, de forma imediata ou tardia, por exemplo, em minutos ou
em um mês;
b. Espontaneidade: as vivências não são controladas pela consciência; podem ser
"evocadas", mas, não direcionadas pela vontade;
c. Subjetividade: as vivências pertencem à esfera subjetiva e são expressões da
identidade de cada pessoa. As vivências experimentadas são únicas e íntimas.
Muitas vezes, não podem ser comunicadas nem por gestos e nem por palavras;
d. Intensidade variável: a intensidade das vivências é variável segundo diversos
aspectos como a sensibilidade de cada pessoa e o tipo específico de vivência
experimentada;
e. Temporalidade: são produzidas no lapso temporário "aqui e agora". São
passageiras, constituem experiências de ‘gênese atual”, no sentido do conceito
proposto por Alfred Auersperg (apud TORO, 2002, p. 31), para referir-se à
continua criação de vida que se verifica nos organismos vivos”;
51
f. Emocionalidade: as vivências, freqüentemente, evocam sentimentos, sensações e
emoções;
g. Dimensão cenestésica: as vivências são sempre acompanhadas de sensações
cenestésicas, comportam sensações de prazer, alegria, bem-estar, erotismo e
comprometem todo o organismo. A vivência é a via de acesso ao inconsciente
vital, uma proposição de Toro (2005c) que se refere à inteligência celular e que se
orienta por um sentido geral de autoconservação;
h. Dimensão ontológica: as vivências têm um valor ontológico, comprometem a
realidade do ser. São experiências onde pode ocorrer uma conexão absoluta de
intimidade com a própria essência e com a percepção de estar vivo;
i. Dimensão psicossomática: a vivência é um ponto de conexão da “unidade
psicossomática que está relacionado ao processo de transmutação do psíquico em
orgânico e do orgânico em psíquico.” As vivências integradoras, propostas na
Biodança, auxiliam uma elevação do grau de harmonização e vitalização
orgânica.
Modelo teórico da Biodança
A partir das primeiras experiências realizadas com enfermos psiquiátricos em 1965
(já citadas), Toro (2002; 2005b) passou a selecionar uma série de músicas e danças voltadas
para o reforço da percepção do sentimento de identidade, ou seja, um estado aumentado de
autoconsciência corporal. Utilizando músicas e danças pré-selecionadas, verificou que as
manifestações eram de um melhor discernimento da realidade, reduzindo as alucinações e
aumentando a comunicação.
Em suas pesquisas, Toro observou que
identidade e transe
12
pareciam configurar um continuum pulsante. Certos exercícios
aumentavam o sentimento de identidade e a consciência corporal, enquanto outros
levavam a uma diminuição da percepção dos limites corporais e ao estado de transe.
Era agora possível construir uma escala que, em graus sucessivos, fosse da
identidade ao transe e vice-versa. Foi assim que se esboçou o primeiro eixo do
modelo teórico da Biodança (TORO, 2002, p. 71) (Figura 3.1.).
Continuum
52
IDENTIDADE TRANSE
Figura 3.1: Primeira configuração do modelo teórico da Biodança
 !""!#
Partindo de tais observações, Toro (2005b; 2002) estruturou repertórios de exercícios
e respectivas músicas que reforçavam a identidade e outros que induziam à regressão
13
. Por
exemplo, exercícios ativadores aumentam a percepção da própria identidade, enquanto
exercícios em “câmara lenta” deflagram estados regressivos (Figura 3.2.).
IDENTIDADE REGRESSÃO
EXERC. EUFORIZANTES EXERC. EM CÂMARA LENTA
Fig. 3.2: Relação entre os pólos da “identidade” e “regressão” do eixo horizontal do modelo
teórico de Biodança, exercícios euforizantes e exercícios em câmara lenta.
Fonte: TORO, 2005b, p.23.
O autor concluiu que os estados denominados de “identidade” e “regressão” são
complementares e abrangem a totalidade da experiência humana. Enquanto vivencia o estado
de identidade, o indivíduo tende a se sentir “como um centro de percepção do mundo”,
enquanto que, no estado de regressão, pode se perceber como parte integrante da totalidade da
identidade universal (TORO 1991, p. 256).
Com o passar do tempo, Toro acrescentou ao eixo horizontal, um eixo vertical que
representa, no pólo inferior, a integração do potencial genético humano, a partir do qual
ocorre o desenvolvimento dos cinco canais de expressão da identidade humana, denominados
de “linhas de vivência”: vitalidade, sexualidade, criatividade, afetividade e transcendência
(TORO, 2002; 2005b).
12
“Transe” foi a primeira denominação do pólo esquerdo do eixo horizontal, que, em seguida, passou a ser
chamado de “regressão” e posteriormente, em 1991, de “consciência diminuída de si mesmo” (nota da
pesquisadora).
13
Toro (1991) refere-se à “regressão” como um estado de diminuição de percepção da própria identidade,
induzido por exercícios 

53
Experiências subseqüentes levaram ao aperfeiçoamento do modelo teórico e
ampliaram as possibilidades quanto a outras classes de pessoas que poderiam realizar as aulas
de Biodança: crianças, adolescentes, gestantes, adultos, idosos, portadores de necessidades
físicas especiais, entre outras (TORO, 2002; 2005b).
A representação gráfica do Sistema Biodança, ou seja, seu modelo teórico, ao longo
do tempo, passou por diversas atualizações, como resultado do confronto de seus resultados
com a realidade. Foram acrescidos aspectos revelados pela pesquisa empírica e pela
observação fenomenológica (FERREIRA, 1997; TORO, 1991; 2002; 2005b), embora, em 35
anos de existência, a estrutura original do modelo não tenha sofrido alterações.
Dessa forma, o modelo teórico de Biodança pode ser concebido como
um sistema fechado de relações homeostáticas que, porém, apresenta aberturas sutis
a novas possibilidades de equilíbrio, representadas pelo contato interpessoal, em um
processo aberto de cocriação e de integração. Por esta razão, o modelo teórico de
Biodança pode ser considerado um sistema semi-aberto que, em linguagem
contemporânea, chamar-se-ia “sistema complexo adaptativo” (TORO, 2002, p. 73).
Componentes do modelo teórico de Biodança
Como já foi dito, o modelo desenvolvido por Toro (2002) foi evoluindo ao longo dos
tempos, porém mantendo a estrutura básica que o originou. Nessa evolução, também foram
alteradas as denominações dos pólos dos eixos, mantendo-se igualmente seu significado
primeiro, ou seja, no pólo direito, o de consciência intensificada de si mesmo e, no pólo
esquerdo, o de consciência diminuída de si mesmo.
No presente estudo será utilizado o primeiro modelo elaborado por Toro (1991), ou
seja, o dos eixos horizontal e vertical, considerando que essa estrutura foi mantida em todo
processo evolutivo da Biodança (Figura 3.3.). Da mesma forma, será usada a denominação de
seus componentes adotada pelo autor em 1991, por se considerar que essa terminologia (sem
que haja qualquer alteração de seus fundamentos) se apresenta mais apropriada, em relação ao
objeto deste trabalho, que é o autoconceito.
O modelo teórico se fundamenta em dois eixos virtuais, isto é, projeções direcionais
e conectadas. O eixo horizontal é estável, no sentido de que se mantém dentro da polaridade,
variando entre graus de “consciência intensificada de si mesmo” e “consciência diminuída de
si mesmo”, ou seja, tais graus se referem a sentimentos de estados de identidade intensificada
de si e diminuída de si, visando-se, em ambos, a integração do indivíduo consigo, com o outro
e com o ambiente (TORO, 2002).
54
O eixo horizontal, pelo seu significado, desenvolve-se em todas as linhas de vivência,
podendo haver, por exemplo, uma “consciência intensificada ou diminuída de si mesmo” em
relação à vitalidade, à sexualidade e outras. Em cada linha, busca-se a evolução vertical que
simboliza o caminho da ontogênese.
O eixo vertical é pulsátil, ascendente e delineia uma progressão humana
ontogenética, na medida em que se busca uma evolução através das experiências de
identidade classificadas como linhas de vivência (FERREIRA, 1997).
A consecução dos estados pretendidos no modelo, nos eixos vertical e horizontal, dá-
se por meio da integração dos elementos música, movimento e vivência/relação (Ibid., 1997).
Adota-se, neste estudo, o termo vivência/relação, ou seja, a vivência como um modo
característico, singular, pelo qual a realidade é percebida e vivida (DILTHEY, 1945), para
distingui-la da vivência como integrante das cinco linhas ou canal de expressão da
potencialidade humana (TORO, 2002).
A partir desse modelo teórico, selecionam-se músicas e danças que apresentam
características de maior e menor ativação corporal. Músicas e danças, em conjunto,
desencadeiam a vivência/relação. As danças e músicas mais ativadoras se relacionam com o
pólo da consciência intensificada de si enquanto aquelas menos ativadoras, com o pólo da
consciência diminuída de si. A coerência entre os elementos dança, música e vivência
asseguram a eficácia da unidade metodológica por eles constituída (TORO, 2002).
55
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Legenda:
Filogênese: “é o aspecto ancestral, o caminho evolutivo percorrido pela espécie, cuja informação escontida no
potencial genético” (FERREIRA, 1997, p. 85).
Potencial Genético: este conceito se refere ao “conjunto de potencialidades herdadas geneticamente por cada
pessoa” (FERREIRA, 1997, p. 85).
Linhas de Vivência (TORO, 2002): V: Linha de Vitalidade; S: Linha de Sexualidade; C: Linha de Criatividade;
A: Linha de Afetividade; T: Linha de Transcendência.
Toro (2005b) define: Ontogênese - o desenvolvimento da espécie humana, desde o seu nascimento.
Consciência intensificada de si mesmo - é o aumento do sentimento de identidade e da
consciência corporal
Consciência diminuída de si mesmo - é a diminuição do sentimento de identidade e da
consciência corporal.
Integração - é o ápice do processo ontogênico, em direção ao qual se dirige o desenvolvi-
mento das linhas de vivência.
Linhas de Vivência
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S
C
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T
56
As linhas de vivência propostas por Toro (2002) o os canais de expressão dos
potenciais genéticos. O autor destacou a seguinte ordem das linhas de vivência: vitalidade,
sexualidade, criatividade, afetividade e transcendência.
Linha de Vitalidade
Para Toro (2002), a vitalidade humana se caracteriza, de forma genérica, por um bom
patamar de saúde e harmonia do organismo. Segundo Góis (1995, p. 86), “a força, o ímpeto, a
energia vital, o vigor e a consistência biológica e existencial são manifestações da vitalidade”.
A linha de vitalidade se origina do instinto de autopreservação da vida,
dos mecanismos encarregados de manter o equilíbrio interno e a regulação do
organismo. A vitalidade é o potencial de equilíbrio orgânico, de harmonia biológica,
de impulso para o movimento, de impulso para a ação. Do ponto de vista existencial,
o ímpeto de vitalidade leva as pessoas a perceberem fortes motivações para a vida e
a terem energia para a ação (PAOLI, 2003, p. 36).
A expressão dessa linha vivencial ocorre na presença e diminuição do movimento, ou
seja, na ação gerada pelo desejo de movimento e pelo desejo de repouso (PAOLI, 2003).
O objetivo primeiro da expressão da vitalidade é a regulação orgânica, a supressão de
“dissociações entre partes e funções do corpo” (D’ALENCAR, 1988, p. 32). Os exercícios
vivenciais indicados para o desenvolvimento da linha de vitalidade são os caminhares
sinérgico, melódico e celebrante (REGINA, 1997), jogos de vitalidade, brincadeiras de olhar,
exercícios de fluidez, roda de ativação progressiva e danças rítmicas, entre outros
(CARVALHO, 1996).
Sob o enfoque sistêmico, a vitalidade se expressa pelo sentimento de alegria vital,
pelo desejo para a ação e pela potência dos instintos. Segundo Toro (2002 p. 85), alguns
indicadores podem ser importantes na avaliação da vitalidade: resistência ao esforço,
vitalidade do movimento, estabilidade neurovegetativa, potência dos instintos e estado
nutricional”. Contudo, a vitalidade, à semelhança das outras linhas de vivência, tem um
caráter amplo e não pode ser avaliada por um dos indicadores.
Linha de Sexualidade
A sexualidade está presente em todos os nossos atos e é uma das formas de
expressão do ser. o é muito correto dizer que temos um sexo ou que fazemos
sexo, mas que somos sexuados (VIOTTI; CARVALHO, 1997, p. 57).
57
A sexualidade consiste no “conjunto de fenômenos da vida sexual” (FERREIRA,
1999, p. 1850), que se inicia na diferenciação sexual, no primeiro momento de vida e que se
encerra com a morte. Para Paoli, (2003), a sexualidade é a capacidade potencial de
fecundação, de experimentar o desejo e o prazer.
De acordo com Toro (2002, p. 86), a sexualidade abrange “o instinto sexual, a função
do orgasmo, o desejo e a busca do prazer, assim como as múltiplas emoções envolvidas na
manifestação e na satisfação do instinto sexual, cuja finalidade biológica é a reprodução”.
Em Biodança, o conceito de sexualidade ultrapassa as fronteiras da percepção
biológica da sexualidade: ela busca desenvolver, em qualquer idade, “a capacidade de
desfrutar o que se vive, de sentir desejo, de sentir prazer e de usufruir a sensação de
fecundidade perante a vida, considerando que essas sensações são funções naturais como a
respiração” (PAOLI, 2003, p. 38).
Trata-se de redescobrir os grandes e pequenos prazeres da vida, manifestos no
cotidiano: nas relações conjugais, na convivência familiar, no contato com a natureza, nos
pequenos gestos plenos de significado como saborear uma fruta deliciosa ou sentir o perfume
do orvalho da manhã (TORO, 2002).
Para que isto aconteça, como ponto de partida, é necessário reconciliar o corpo e o
espírito, separados há milhares de anos pela cultura (PAOLI, 2003).
Historicamente, o corpo tem sido considerado como fonte de sofrimento e dor,
instrumento de purificação do espírito e a Biodança propõe o inverso: redescobrir o corpo
como fonte de prazer, de alegria, reencontrar a sacralidade da vida que se expressa com o
corpo e pelo corpo (TORO, 2002).
Os exercícios que têm uma característica bem presente da linha de sexualidade
buscam o relaxamento da região pélvica e abdominal, como o exercício segmentares com
vivência específica de pélvis (REGINA, 1997), a vivência do auto-erotismo, como os
exercícios de auto-acariciamento de mãos e de rosto, enquanto o exercício acariciamento de
mãos em par objetiva o contato sensual diferenciado. O contato sensual indiferenciado pode
ser proposto, por exemplo, com o exercício denominado grupo compacto (LELLIS; KIKA,
1999).
Linha de Criatividade
A criatividade adulta emerge das mesmas fontes e tem a mesma motivação daquela
das crianças. Resulta do desejo de prazer e da necessidade de auto-expressão. Tem a
58
mesma atitude séria das brincadeiras e também causa prazer (...). Em relação à
criatividade, todos somos crianças (LOWEN, 1970, p. 15).
A proposta da Biodança na linha de criatividade é a expressão dos impulsos
criativos inatos de inovação, de mudança, presente em todo ser vivo. A criatividade humana,
em especial, representa a própria extensão do movimento de um universo organizado e em
incessante criação. A criatividade não é um talento de poucos, mas, um potencial genético
presente em todas as faixas etárias do ser humano e que pode ser estimulado a se manifestar
por meio de vivências específicas de Biodança. O ser humano é simultaneamente a criação, a
criatura e o criador (TORO, 2002).
Toro (2002), sem descartar o aspecto cognitivo do processo criativo, ressalta a
criação existencial que é a capacidade do homem de criar a si mesmo. Essa autocriação leva-o
a buscar instituir novas formas de relação consigo e como o mundo, procurando modificar a
situação presente e inovando seu projeto de vida (PAOLI, 2003).
A linha de criatividade tem sua origem no instinto exploratório (TORO, 2002) e seus
exercícios visam libertar o indivíduo de movimentos repetitivos preestabelecidos, expressos
em sua postura diante da vida” (D’ALENCAR, 2005, p. 47).
No elenco de exercícios indicados para estimular a criatividade estão presentes as
danças seqüenciais, ou seja, danças que apresentam etapas, tais como a dança de Shiva ou
dança da transformação, que simboliza a constante destruição e criação do mundo e a dança
de Vishnu ou dança da conservação, que representa a manutenção das coisas positivas
(TORO, 2002). Outros exercícios podem ainda ser citados: a dança da semente, dança yang,
dança yin, além de brincadeiras criativas que buscam resgatar a alegria, como a dança lúdica
em par ou brincadeiras de olhar (REGINA, 1997).
Linha de Afetividade
Ficou mais fácil abraçar as pessoas sem nenhum preconceito, sem nenhuma
diferença (P4, 75 anos).
Em termos gerais, pode-se falar que a ação da Biodança consiste na integração,
reforço e desenvolvimento do núcleo afetivo (TORO, 1991). O autor ressaltou ainda mais a
importância da afetividade conceituando a Biodança como um sistema baseado na integração
afetiva. Dessa maneira, a linha de afetividade se constitui como o núcleo integrador de todas
as linhas vivenciais, permeando-as e associando-as; é a partir da afetividade que acontecem as
59
vinculações amorosas que vão sendo estabelecidas em três níveis: do participante consigo
mesmo, com o outro e com o universo (TORO, 2002).
Afetividade é um estado de não-separação, de identificação, de afinidade profunda
entre os homens, é uma fonte que pode originar múltiplos sentimentos: amor, solidariedade,
compaixão, amizade, altruísmo, maternidade, paternidade e companheirismo (TORO, 2005a).
A expressão privilegiada da linha de afetividade é o amor, que pode ser diferenciado,
isto é, direcionado a uma só pessoa, como na relação mãe-filho, e indiferenciado, voltado para
a humanidade e para a natureza, de forma indistinta. (TORO, 2005b).
Fromm (1991, p. 60-61) traz a essência e a inter-relação do amor indiferenciado e
diferenciado ao afirmar:
amor é a capacidade de amar o outro o como uma pessoa específica; é uma
atitude, uma orientação de caráter que determina a relação de alguém para com o
mundo como um todo. (...) Se posso dizer a outrem ‘eu te amo’, devo ser capaz de
dizer: ‘amo em ti a todos, através de ti amo o mundo, amo-me a mim mesmo em ti’.
Schilder (1981, p. 183) relaciona a ressonância das vivências afetivas sobre o
movimento e a imagem corporal, ao afirmar que “quando sentimos amizade e amor,
expandimos o corpo. Abrimos os braços como se quiséssemos envolver com eles toda a
humanidade. Expandimo-nos, e os limites da imagem corporal perdem sua nitidez”.
A linha de afetividade tem sua origem no instinto de solidariedade intra-espécie que
origem a “impulsos de solidariedade, movimentos gregários, tendências altruístas e
constituem a gênese do amor” (PAOLI, 2003, p. 42).
Entre os inúmeros exercícios caracterizados como pertencentes à linha de afetividade
podem ser citados: roda de embalo, roda de comunhão, encontros afetivos em feed-back ,
colo, ninho da espécie, abraços fraternais, caminhar de confiança, caminhar com motivação
afetiva, entre outros (LELLIS; KIKA, 1999).
Linha de Transcendência
Para Toro (2005g, p. 3), a transcendência é uma capacidade natural do homem de
integrar-se essencialmente a todas as manifestações de vida do universo: “seres humanos,
animais, vegetais, minerais; em síntese, com a totalidade cósmica”. Na Biodança, transcender
significa elevar a força do eu, alcançando limites que ultrapassam a autopercepção e permitem
a identificação “com a unidade da natureza e a essência da pessoa” (TORO, 2002, p. 91).
Nessa acepção, a transcendência facilita a experiência de estados alterados de
consciência que Tart (1977, p. 41) definiu como “uma mudança na qualidade do padrão
60
comum de funcionamento mental em que o experienciador sente que a sua consciência es
radicalmente diferente do seu funcionamento ‘normal’”.
Grof (1992, p. 104) acrescentou que,
nesses estados, “há o sentimento de expansão da consciência para além das fronteiras egóicas
comuns e das limitações do tempo e do espaço”.
A proposta da Biodança, em relação a linha de transcendência, é possibilitar aos
participantes de grupo, a vivência de plenitude e harmonia interior, restabelecendo “um
sentido cósmico que os integra em uma unidade maior” (PAOLI, 2003, p. 44).
Exercícios como roda de reverência, roda de anjos, batismo de luz, conexão com a
natureza e encontros transcendentes são classificados como predominantemente
transcendentes (REGINA, 1997).
3.2. Elementos da Biodança
Esta seção tem como objetivo apresentar os princípios teóricos de cada um dos
elementos que integram o modelo operacional da Biodança, numa perspectiva interdisciplinar.
3.2.1 Música
Conceito, elementos e significação
Você pode entender a música como uma seqüência de probabilidades, o de
probabilidades de coisas, mas de interconexões. Você nunca poderá falar da
natureza de um som sem falar também de si mesmo, pois você se encontra
comprometido e implicado no mundo que percebe. A música o pode ser pensada
como uma substância ou matéria, mais como um acontecimento que envolve você
de modo total. Escutar um som é sempre se escutar por dentro (FREGTMAN, 1995,
p. 14).
As inúmeras definições e conceitos de música apresentam singularidades históricas,
culturais, artísticas, técnicas e terapêuticas que abrangem tanto a subjetividade quanto
objetividade do ser humano. Para Puigserver, Prats e Rovira (1995), a música pode ser
definida como uma linguagem artística que tem por meio de expressão os sons.
Etimologicamente, a palavra música vem de “musa”, termo de origem grega, que
designava personagens míticos femininos, inspiradores dos artistas. O vocábulo “música” é
originário do grego mousiké e significa “arte e ciência de combinar os sons de modo
agradável aos ouvidos; arte das musas” (CUNHA, 2001, p. 541).
61
Do ponto de vista técnico, música é a combinação de sons e silêncios durante
determinado tempo, “produzindo uma seqüência sonora que transmite sensações agradáveis
ao ouvido, por meio das quais se pretende expressar ou comunicar um estado de espírito”
(MÚSICA, 2004, p. 3).
De acordo com Fregtman (1999, p. 13),
a música é uma experiência de caráter não-verbal, absolutamente inacessível por
meios literários ou eruditos. Por tratar-se de um fenômeno tão arraigado no homem
desde as suas origens, o acontecimento musical não conhece limites nem fronteiras,
cores ou credos, épocas ou linguagens, e tem impregnado com seus ecos todos os
espaços das ações humanas. Falar de música é falar de arte, filosofia da natureza,
estética, psicologia e psicoterapia, lógica, ciência, semântica, ecologia, sistemas ou
teoria das comunicações.
A origem da música é muito remota, tanto quanto a origem da palavra, sendo ambas
inatas ao homem e mantendo a mesma força misteriosa que o leva a expressar seus
sentimentos por meio delas (PAGANO, 1968).
A música é a mais antiga forma de expressão, mais até do que a linguagem ou a arte;
começa com a voz e com a nossa necessidade preponderante de nos dar aos outros. De fato, a
música “é” o homem, muito mais do que as palavras, porque estas são símbolos abstratos que
transmitem significado factual (MENUHIN e DAVIS, 1990).
Segundo Platão (apud NASCENTES, 1932), a música educa a alma. Mesmo no
sentido mais restrito da palavra, compreendia um conjunto de artes: a harmônica, a orgânica
ou fábrica de instrumentos, a orquéstrica ou dança, a métrica, entre outras. Além disso, a
música estava integrada em todas as manifestações da vida helênica: festas, guerras,
cerimônias religiosas e pagãs e teatro.
Na antiguidade grega, a música foi protagonista de rias lendas. Orfeu, por exemplo,
considerado o deus da música, filho da musa Calíope e do deus Apolo, quando tocava a sua
lira e cantava, movia todos os seres vivos e inanimados, alterando o curso dos rios, a direção
dos ventos e a trajetória dos astros (ANTIUS, 2004).
Para os hebreus, principalmente na época de Davi, a música era um meio de se darem
louvores a Deus e, instrumentada, tinha poderes de acalmar o rei Saul. Para os chineses, a
música era dividida em duas categorias: a ritual ou sagrada, envolvendo representações
sacras, e a popular, utilizada no teatro e nas canções, envolvendo a voz. Entre os assírios, a
música era de origem divina e acompanhava os atos da vida pública; os músicos eram mais
importantes que os sábios. Na Índia, a música tinha a mesma importância da religião
(PAGANO, 1968).
62
No Ocidente, segundo Bennett (1994), a história da música pode ser resumida em
seis grandes períodos, quais sejam: música medieval, caracterizada por movimentos mais
lentos (MENUHIN; DAVIS, 1990); música renascentista, caracterizada mais pela exploração
das emoções e do espírito, para demonstrar a percepção de si e de mundo; música barroca,
que buscava, na maioria das vezes, um contraste dinâmico envolvendo o rápido, o lento e o
suave; música clássica, que primava por dividir a melodia em movimentos que iam desde
ritmos bem rápidos, até de andamento vagaroso, andamento alegre e muito rápido
(BENNETT, 1994); música romântica, que buscava expressar de forma intensa e vigorosa a
emoção, de modo a revelar pensamentos, sentimentos profundos e até dores; música do século
XX (a partir de 1910), como aquela reflete uma mistura complexa de diferentes tendências
(BENNETT, 1994).
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A música é composta de três elementos fundamentais: melodia, harmonia e ritmo. A
melodia é definida como a primeira expressão da capacidade musical, da acentuação das
palavras, formando uma sucessão de sons que resultam em um padrão sonoro agradável
(ROSCHEL, 2004). Para Brenet (1962), a melodia é uma sucessão de sons que apresenta um
sentido agradável ao ouvido e satisfaz a inteligência. A harmonia musical, conforme a Nova
Enciclopédia Barsa (2001), é o conjunto de princípios que pesquisa os acordes
agrupamentos de sons simultâneos em sua composição e inter-relação, bem como a sua
adaptação a uma melodia. Já o ritmo é definido por Brenet (1962, p. 457) como “uma
proporção guardada entre o tempo de um movimento e de outro diferente”.
O ritmo, que trata do movimento musical no tempo, é organizado em padrões
regulares que controlam o movimento da música e auxiliam o ouvido a compreender
a sua estrutura. É um padrão regularmente espaçado que denomina a duração de
cada som, determinando se eles podem ser mais longos o mais curtos (ENCARTA,
2002b).
Enquanto a harmonia se origina de notas emitidas simultaneamente, a melodia se
encontra exatamente na mudança sucessiva dos sons, trabalhando sua altura e duração,
estabelecendo assim valores sonoros e rítmicos (ANDRADE, 1989). Considera-se que a
harmonia se contrapõe à melodia na medida em que essa representa uma seqüência de sons e
aquela constitui uma combinação simultânea deles (ENCARTA, 2002a). Hegel (1966, p. 171)
afirma que qualquer melodia, por exemplo, embora baseada na harmonia, possui e exprime
uma subjetividade mais elevada e mais livre. A harmonia pura e simples não revela nem a
animação subjetiva como tal nem a espiritualidade”.
A esses elementos, Bennett (1994) acrescenta timbre, forma e tessitura. O timbre
representa a qualidade do som, própria da voz e do instrumento; é uma particularidade do
63
som. A forma é a configuração básica a partir da qual se molda ou se desenvolve uma obra
musical. Já a tessitura diz respeito à densidade do som, podendo apresentar efeitos penetrantes
e agressivos ou mais suaves e envolventes, também a tessitura que responde pela “trama
musical”, que pode ter uma ou mais linhas melódicas ao mesmo tempo.
A música é uma forma de linguagem, e Schurmann (1989) classifica a linguagem
conforme a percepção sensorial do homem. O cinema e a pintura, por exemplo, são formas de
expressão essencialmente visuais, enquanto a linguagem verbal e a música constituem-se
como linguagem sonora. Segundo Conde (2004, p. 1), sendo uma linguagem, a música
assemelha-se a um idioma, podendo ser estudada “como um conjunto articulado de signos,
por meio dos quais as pessoas podem expressar determinadas idéias”.
Semiótica é um conceito que designa a “ciência dos signos; semiologia” (FERREIRA,
1999, p. 1834). Aplicada à música, a semiótica é definida como “ciência que estuda o
significado musical”, que se reflete sobre todos os seus aspectos, desde a composição e
percepção, até a estética. (MARTINEZ, 2000, p. 1).
Hoje, já se fala em semiótica da música, como forma de se responder a questões como:
a música tem significado, o que a música quer expressar? A música significa emoções e
sentimentos?
Em linguagem técnica, “a semiótica investiga toda e qualquer forma de semiose, ou
seja, a ação dos signos ou processo de significação” (MARTINEZ, 2000, p. 1).
Na música, o processo de significação ocorre, do ponto de vista técnico, por meio da
notação musical. Para Martinez (2000, p. 1), no entanto, a interpretação sígnica não consiste
apenas no processo da produção representado pelo signo; também uma interpretação que
envolve a percepção, a cognição e “todas as formas de desfrute estético.” Assim, os pontos
centrais da semiótica da música são os seguintes: o que e como a música significa, e para
quem e, em qual contexto ela é executada e expressa uma significação.
De acordo com Martinez (2000), casos em que a música constitui um dos
fundamentos do signo estético; em outros, ela se associa a linguagens diferentes, com o que
adquire um caráter simbiótico, isto é, associativo, porque, no resultado final, a significação
geral abrange as características e potencialidades inerentes a cada uma das linguagens que a
integram. Em termos técnicos, uma intersemiose, isto é, uma interação de várias
linguagens de signos que origem a uma outra linguagem. Essa reunião de signos - o da
música e a de cada uma das linguagens - transforma esse conjunto em um outro signo. Nessa
perspectiva, a música adquire um caráter multimidiático, isto é, uma multiplicidade de canais
de comunicação, exercendo papéis diversos e fundamentais em diferentes áreas.
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Conforme Campbell (2001), a música conduz à criação de imagens sensoriais,
afetando a consciência e motivando parte das atividades que o homem realiza. Do ponto de
vista da psicanálise, a utilização da livre associação faz com que as imagens sejam trazidas à
consciência, por meio de pensamentos e sentimentos inconscientes. A música tem o poder de
ampliar as imagens e multiplicar o seu impacto físico, mental e espiritual, por meio dos quais
as imagens surgidas podem servir de base à interpretação.
De acordo com Fregtman (1999, p. 156),pelo menos três tipos de associações que
são geradas no homem ao ouvir um som: cinestésicas, por conotação e livres:
- Associação cinestésica, ou seja, a sensação percebida pelo movimento sonoro, “é
inevitável e se produz por algum tipo de semelhança física. Resulta de três
elementos: a forma do som, a intensidade forte ou fraca, grave ou aguda, e o timbre,
que é menos importante”;
- Associação por conotação, isto é, por relação, são “as associações que se
desenvolvem a partir de aspectos culturais, por meio dos quais se detectam
características de determinada cultura, associando-as a sons que traduzem alguma
mensagem”;
- Associação livre ou por correspondência, ocorre num nível particular, individual,
vinculando-se à da história de cada pessoa, suas vivências e experiências pessoais.
Pode evocar situações passadas e produzir respostas”.
Os compositores Beethoven e Debussy, entre outros, imprimiram uma poderosa
faculdade associativa-evocativa em suas obras (FREGTMAN, 1999).
A música surte efeito sobre o comportamento humano. Conforme Fregtman (1986, p.
35), o corpo “perde a ingenuidade e a simplicidade” quando se encontra, principalmente, em
estado de arritmia sistêmica,ou seja, portando alterações generalizadas do ritmo corporal.
Atos vitais, como, por exemplo, a respiração, são alterados em relação a suas manifestações
naturais e espontâneas quando, por qualquer razão ou situação, ocorrências diferentes
transformam as condições físicas nas quais fundamentalmente eles se expressam. Significa
dizer que, se ocorrências internas e externas são capazes de promover alterações rítmicas nas
manifestações vitais, por associação, a música elemento externo pode alterar o estado
dessas manifestações. E sendo ela também dotada de um ritmo, a tendência é que esse ritmo
também interfira no ritmo das manifestações humanas.
Nesse aspecto, pode-se dizer que a música interfere no funcionamento do corpo
humano. No caso da cognição e da emoção, por exemplo, os efeitos dessa interferência podem
ser explicados da seguinte forma:
65
As funções cognitivas do cérebro são controladas principalmente pelas redes
corticais e de associação cerebrais, enquanto o impulso motivador e a resposta
emocional o controlados pelo sistema mbico mas essas estruturas cerebrais
trabalham inextricavelmente juntas (ROEDERER, 1998, p. 263).
Em conjunto com o hipotálamo, órgão localizado no sistema nervoso central que
também participa das reações emocionais, o sistema límbico seleciona a entrada de estímulos
sensoriais, no caso, uma música, determina o que deve ser armazenado na memória ou evoca
um evento arquivado naquela, de acordo com a importância da informação, mobilizando o
organismo a efetivar uma reação. Essa reação pode ser compreendida como uma “saída
motora com o objetivo específico de assegurar uma resposta que seja a mais positiva para a
preservação do organismo e a perpetuação da espécie num ambiente complexo”
(ROEDERER, 1998, p. 263).
Essa afirmação pode ser exemplificada da seguinte maneira: uma pessoa que esteja
apresentando uma freqüência cardíaca elevada em relação à atividade que está
desempenhando naquele momento, ao escutar determinada música, poderá ter como resposta
a diminuição do seu ritmo cardíaco.
Em relação a outros efeitos, para Kaminski e Hall (1996), geralmente, o relaxamento
ou diminuição da atividade geral produzidos por músicas de baixa freqüência, lento
andamento e harmonia simples, associada a uma melodia lírica, pode ser associado com a
estimulação do sistema límbico e do sistema parassimpático, este último, um componente do
sistema nervoso autônomo, relacionado com atividade de desativação corporal. Porém, ainda
não se determinou em que proporção os sons atuariam sobre o sistema nervoso, bem como
que processos cognitivos e ou afetivos poderiam sofrer os efeitos da música.
Para Miranda e Godeli (2003, p. 89), um reconhecimento de que a música
influencia o estado afetivo-emocional de quem a ouve, fazendo emergir tanto sensações
quanto sentimentos que podem levar o ouvinte a estabelecer associações extra-musicais
agradáveis ou desagradáveis. Citando Rosenfeld, as autoras explicam que, ao ouvirem música,
os indivíduos têm algumas expectativas de como as coisas vão ocorrer, expectativas
essas baseadas na aprendizagem cultural, pois quando a música atende a essas
expectativas, eles relaxam, mas se ela se desvia, cria tensão. A sucessão de
expectativas atendidas e frustradas e a tensão e relaxamento resultante disso formam
a base de diversas respostas emocionais à música.
Agudelo e Soto (2002) afirmam que vem se comprovando, através dos tempos, que
a música tem capacidade de influenciar o ser humano em todos os níveis, ou seja, biológico,
fisiológico, psicológico, intelectual, social e espiritual.
66
Não são somente as características da música que alteram os estados subjetivos;
também variáveis como: tempo de audição, significado das palavras da letra da música, seu
nível dinâmico e experiência musical anterior do indivíduo (MIRANDA;GODELI 2003).
Campbell (2001) se reportou, por exemplo, ao poder da música de Mozart, inclusive
objeto de pesquisa na década de 90 do século XX, nos Estados Unidos da América. Tais
pesquisas eram relacionadas, principalmente, aos aspectos cerebrais, partindo-se do princípio
de que “a música complexa facilita determinados padrões neuronais envolvidos em atividades
cerebrais superiores como matemática, e xadrez. Em contrapartida, a música simples e
repetitiva poderá ter o efeito oposto.” (SHAW apud CAMPBELL, 2001, p. 25).
Conforme Queiroz (1997), a Sinfonia Nº 40 em Sol Menor e o Adágio de Sinfonia
Concertante em Mi Bemol Maior de Mozart possuem uma harmonia e efeitos delicados que
tendem a despertar um sentimento de superação dialética de imperfeições daquilo que é
essencialmente material. Há, em resumo, uma espécie de expansão da percepção conceitual da
realidade na qual o sujeito está inserido.
Nesse sentido, Agudelo e Soto (2000) se referem aos benefícios trazidos pela música
em nível cerebral e neurológico. De acordo com investigações feitas por Frackwiak (apud
AGUDELO e SOTO, 2000), do Instituto de Neurologia de Londres, os resultados
demonstraram que o segmento que une os hemisférios cerebrais chamado de corpo caloso -
levando informações de um para o outro, é mais desenvolvido nos músicos do que em outras
pessoas. Para as autoras, isso comprova que a música incrementa as conexões neurais,
estimulando tanto a aprendizagem atividade prioritária do hemisfério esquerdo como a
criatividade – principalmente desenvolvida no hemisfério direito.
Por sua vez, Queiroz (1997, p. 21) se reporta à relação entre corpo físico e estado
psíquico, para explicar que a emoção, diretamente associada a estados orgânicos, glandulares
e cerebrais, compõe, com o corpo, uma unidade indivisível. E a música, a partir de um padrão
harmonioso para o ambiente, em sendo elemento que emana vibrações, “estimula em
particular aquela parte, dentro dos aspectos humanos, que é também emanação, denominada
emoção”.
Na percepção filosófica, “entende-se por emoção, no sentido mais rigoroso do termo,
toda a reação psíquico-fisiológica de grande intensidade afetiva provocada por uma situação
nova ou inesperada” (FREITAS, 1992, p. 56). A psicologia se refere à emoção como um
“conceito geral para designar a natureza individual da vida emocional e do controle e
processamento de afetos” (DICIONÁRIO DE PSICOLOGIA, 1981, p. 453).
67
Quanto à comunicação, a música tem a capacidade de promover contato,
independente da linguagem verbal, propiciando uma aproximação de predomínio emocional.
Bang (1991) esclarece que, de maneira geral, nas pessoas com dificuldade de contato e que
são receptivas a música, esta se torna o elemento por meio do qual se dá a comunicação, isso
porque a comunicação verbal e motora não funcionam de forma suficiente a possibilitar
contatos. A emoção, por meio da música, torna-se uma forma de expressão.
Do ponto de vista histórico, a música era vinculada à prática de terapias e à crença de
que assim adquiria um poder mágico e curativo. Pitágoras afirmou que a música exercia sobre
o espírito um poder especial curativo e medicinal. Era também considerada elemento de
purificação da alma, enquanto a medicina curava o corpo. Havia, nesse pressuposto, uma
proporção de equilíbrio entre corpo e alma, com a qual se buscava a harmonia e a ordem, ao
mesmo tempo, criando-se laços entre saúde e música. (VALLE, 2000).
Para Bang (1991, p. 31),
a música é uma das melhores maneiras de manter a atenção de um ser humano
devido à constante mistura de estímulos novos e estímulos conhecidos. (...) A
música, entre outras coisas, é uma forma de som estruturado, com uma linguagem e,
a musicalidade é a aptidão de reagir aos estímulos musicais (...).
Conforme Costa (1989), a aplicabilidade da música a terapias pode ser observada em
um panorama histórico sucinto: na era primitiva, os povos incluíam danças e música nos ritos
de cura que as doenças eram consideradas como originárias de maus espíritos; na Grécia
antiga, havia uma atitude racional diante da doença, da qual se buscava conhecer a essência
dela para explicar as questões médicas. A patologia implicava uma desarmonia da natureza
humana, e o restabelecimento desse equilíbrio muitas vezes era feito por meio da música,
combinando-se ritmos e modos das músicas para produzirem resultados em doentes que
assistiam as audições musicais.
Na Idade Média, com a hegemonia do cristianismo, houve oposição às práticas
anteriores na cura dos enfermos, e o tratamento passou a ser feito em conventos; do século XI
a XIII surgiram escolas de medicina sob a égide de conhecimentos científicos. A música, que
fazia parte do currículo das universidades, teve sua forma e uso moldados pela Igreja, para
que fossem evitadas suas más influências. Também nesse período ressurgiram referências à
música como forma de tratamento de algumas moléstias, principalmente aquelas que hoje
podem ser denominadas como manifestações de histeria (COSTA, 1989).
À época do Renascimento ressurgiu a meloterapia, integrada à medicina metafísica
da época, englobando a filosofia e a astrologia, entre outras; nos culos seguintes, XVI e
XVII, observou-se o desenvolvimento da medicina somática, e a música, integrada aos
68
métodos terapêuticos correntes, mesmo com a preocupação da Igreja, era recomendada quase
que exclusivamente para os casos hoje chamados de psiquiátricos; no século XVIII, com a
Revolução Industrial, o fato psiquiátrico começou a se desligar do fato médico, com
diferenças entre medicamentos e tratamento psiquiátrico. Na busca de terapias que tocassem o
sensorial, “a música ocupa um lugar privilegiado, aparecendo então as primeiras obras
inteiramente dedicadas à musicoterapia, a maior parte das quais consagrava a música como
tratamento específico para doenças do campo psiquiátrico” (COSTA, 1989, p. 26).
Nesse século, Richars Brocklesby (apud Costa, 1989) escreveu um tratado completo,
do qual constam relatos de casos, sintomas e etiologia das doenças, inclusive a história
musical do paciente e indicações terapêuticas musicais.
Nos séculos XIX e XX, com a evolução das idéias e o desenvolvimento tecnológico,
observou-se um ritmo mais acelerado de vida, conseqüência da própria mudança trazida por
essa evolução. Já no século XX, na área da medicina, equipamentos avançados como o
tomógrafo computadorizado, o ultra-som, o laser, por exemplo trouxeram recursos que
auxiliam tanto o diagnóstico quanto a prevenção de doenças. Nesse mesmo contexto
evolutivo, também se alterou a relação do homem com a música, que com a difusão dos
meios de comunicação e da presença de aparelhos domésticos sonoros, ela passou a participar
do cotidiano. Paralelamente, a mesma tecnologia possibilita o desenvolvimento mais apurado
de pesquisas da influência musical sobre o homem (COSTA, 1989).
A musicoterapia é definida por Benenzon (1988, p. 11) como
o campo da medicina que estuda o complexo som-ser humano-som, para utilizar o
movimento, o som e a música, com o objetivo de abrir canais de comunicação no ser
humano, para produzir efeitos terapêuticos, psicoprofiláticos e de reabilitação no
mesmo e na sociedade.
Etimologicamente, o termo musicoterapia pode ser analisado sob dois aspectos: o
primeiro, o da música, que implica três elementos a serem utilizados: o movimento, o som e a
melodia. Em relação à hierarquia, o movimento traz o som e possibilita a estruturação de uma
linguagem musical. O segundo aspecto, a terapia, é um termo que se origina do grego e
significa a parte da medicina que se ocupa de preceitos e remédios para tratamento e cura de
doenças (BARCELLOS; SANTOS, 1996).
O desenvolvimento da musicoterapia se deu em três fases: na primeira, ressaltou-se a
importância dos efeitos produzidos pela música, deixando de lado o terapeuta musical; na
segunda, o terapeuta tende a desfocar-se um pouco da música e atentar para a relação com o
paciente; na terceira, foi adotada uma possibilidade intermediária entre as duas fases
anteriores (BARCELLOS; SANTOS, 1996).
69
Conforme Benenzon (1988), o objetivo da musicoterapia na medicina é universal,
pois o ser humano não é corpo e mente, nem psique e soma, matéria e espírito; ele é um todo,
e a musicoterapia é uma técnica que se dirige à totalidade do indivíduo. Ela se volta para o
complexo som-ser humano–som como um círculo que inicia com um estímulo e sob forma de
processo produz outros estímulos sucessivos.
Esse processo engloba, do ponto de vista humano, o sistema auditivo, o tátil, o visual
e o sistema de percepção interna. Em seu funcionamento, o estímulo terapêutico-musical
acessa o organismo passando pelo sistema cortical, subcortical, pelo bulbo e pela medula,
envolvendo o sistema endócrino e o vago-simpático para produzir uma resposta. Por sua vez,
a resposta desencadeia aspectos motrizes, sensitivos, orgânicos, de comunicação e conduta
que funcionam como estímulo. Ressalte-se que se trata de um processo no qual todos os
fatores interagem reciprocamente, inclusive o próprio estímulo (BENENZON, 1988):
- primeiro, como modelo dico, cujas pesquisas indicaram efeitos sobre pessoas
mentalmente doentes. A música pode alcançar e influenciar de forma terapêutica o
processo que causa os sintomas de enfermidade mental;
- segundo, com base na psicodinâmica, que considera as possibilidades de a
comunicação musical favorecer a superação de censura verbal consciente, com
efeitos sobre a vida interior do indivíduo;
- terceiro, fundamentado em teorias da aprendizagem, voltado para os
comportamentos, ou seja, para atividades de um organismo que podem ser
observados por outro organismo ou pelo instrumento de um experimentador. Na
perspectiva clínica, são observados: se o comportamento é inadaptado, que
contingências ambientais mantêm o comportamento do paciente e que aspectos desse
ambiente podem ser manipulados para modificar o comportamento;
- quarto, abordagens sob a orientação humanista, isto é, centradas em quatro
postulados sobre o homem: superioridade do todo sobre a soma de suas partes; a
existência no contexto humano; o conhecimento consciente; escolha e
intencionalidade..
Em idosos, a musicoterapia, de maneira geral, utiliza-se da bagagem musical
adquirida no decorrer de sua vida, principalmente porque na época de sua juventude havia
predominância de mensagens em nível auditivo. Tais recursos o utilizados com idosos que
apresentam queixas de segregação, seja familiar, institucional ou até ambulatorial. A
conseqüência de tais queixas é a baixa auto-estima e o sentimento de desvalorização que
70
podem levar à perda de identidade. “A musicoterapia tem provado sua eficácia no tratamento,
na prevenção e na reabilitação de diversas patologias, e vem promovendo a saúde daqueles
que dela se utilizam.” (TOURINHO, 2000, p. 2).
Em relação à utilização das músicas na prática da Biodança, estas são selecionadas
em um catálogo elaborado previamente, conforme um critério de semântica musical, que
valoriza os significados emocionais da música. A escolha musical é contextualizada às
necessidades e às características biológicas, culturais e sociais do grupo (TORO, 2002).
Além de utilizar as propriedades salutares da música, a Biodança acrescenta as da
dança e da vivência, componentes que interagindo em uma estrutura integrada, podem se
tornar um veículo de renovação orgânica. A sua base biológica se centra no princípio de que
todos os sistemas vivos revelam
um tipo de funcionamento complexo dentro de múltiplos fatores que geram soluções
novas e apropriadas às dificuldades que se apresentam a cada momento. A fim de
conservar o equilíbrio emocional, o organismo desencadeia reações de adaptação às
mais variadas situações biológicas (TORO, 2002, p. 35).
3.2.2. Dança
Movimento
A experiência do corpo é descobrir o ritmo interno através do qual se pode mobilizar
a via de comunicação que há em seu interior. Para isso, o corpo deve ser motivado
e, sobretudo, ter um sentido: por isso me movo e para que (MARIA FUX, 1983, p.
37).
Na perspectiva biológica, Darwin (2000) defendia que os mais importantes atos
expressivos do homem e dos animais são tanto inatos quando hereditários, ou seja, repetem-se
de geração em geração. Tratam-se de gestos primordiais que podem ser resgatados a partir de
observações. Diante disso, em se tratando do homem, de acordo com Vargas (2004, p. 2),
“certos movimentos que necessitam de um longo exercício, podem muito bem ser usados de
maneira consciente e voluntária como forma de exprimir o pensamento”.
Sob o enfoque social, gestos naturais, ritualizados e funcionais, bem como ritmos
biológicos, sazonais ou cósmicos podem marcar secretamente “o tempo das relações íntimas
do homem com as coisas, consigo mesmo e com o mundo” (ELNADI; RIFAAT, 1993, p. 5).
De alguma forma, de acordo com Elnadi e Rifaat (1993), estabelece-se um sentido de
unidade entre o homem e seus pares, representada pela relação direta entre gesto simbólico e
resposta.
71
Segundo Vargas (2004), importante nesse sentido do movimento é a entrada do
homem no mundo simbólico, ou seja, naquele em que o movimento vai representar imagens,
ensejando, paralelamente, uma linguagem que pode ser trabalhada e traduzida em nível
cultural, saindo assim de movimentos instintivos e estereotipados, ou seja, padronizados, que
estão relacionados à esfera animal.
Cánepa (2004, p. 2) refere-se à conduta simbólica afirmando que “nos símbolos, os
homens se põem de acordo para referir-se ou comunicar algo, por isso devem ser aprendidos e
por isso também trocam de um lugar para o outro”.
Na apreensão da linguagem gestual humana, os sistemas gestuais, semióticos, podem
ser vistos separadamente do discurso, mas não separados da linguagem. Assim, inserem-se o
gesto e os ritos com que o homem passou, inicialmente, a sistematizar uma determinada
forma de linguagem e de intenções.
O gesto é definido por Le Boulch (1987, p. 41) como da seguinte forma: “o gesto na
não é uma simples função psicofisiológica, nem mesmo uma simples realidade social; ele
pertence à expressão na medida em que exprime uma realidade humana.”
Vargas (2004, p. 1) afirma que
o gesto é uma das primeiras expressões do sentimento que a natureza deu ao
homem; é a sua primeira função, vem junto com o seu código genético. A
linguagem gestual é universal porque se funda na natureza. (...) Pelo gesto, o homem
marca sua identidade em forma que lhes o tanto interiores quanto exteriores, tanto
individuais quanto sociais, tanto conscientes quanto inconscientes.
Segundo Lapierre e Aucouturier (1986), existe uma pulsão do movimento primitivo e
fundamental à sobrevivência, relacionada com a mesma base da pulsão observada nos
movimentos do embrião humano. Depois vem a pulsão sexual como um aspecto orientado
para a procriação, podendo ser vista como uma pulsão motriz.
Para Le Boulch, (1987, p. 37), a pulsão “corresponde a um impulso do sujeito para
algum objeto exterior a ele mesmo: alimento, parceiro sexual, parceiro social”.
Na perspectiva psicanalítica, a pulsão é uma “tendência permanente e em geral,
inconsciente, que dirige e incita a atividade do indivíduo” (FERREIRA, 1999, p. 1666).
De modo geral, no sentido freudiano, uma pulsão se origina na excitação corporal e
seu objetivo é superar a tensão existente na fonte pulsional. Para Freud, da pulsão
14
derivam
manifestações voltadas tanto para o exterior (como é o caso da pulsão da agressividade
14
“Pulsão é um processo dinâmico que consiste numa pressão ou força que faz o organismo tender para o
objetivo”. (LAPLANCHE e PONTALIS, 1995, p. 394).
72
pulsão da vida), quanto para o interior, como pulsão do ego
15
, na qual a energia é colocada a
serviço do ego
16
em situações de conflito, sendo similar à pulsão de autoconservação.
Toro (2002), em seu modelo teórico visto, refere-se ao movimento ascendente e
pulsátil das cinco linhas de vivência, originárias do potencial genético. Ao alcançar um novo
nível evolutivo, o indivíduo alçaria o que o autor denominou de transtase. A transtase pode
acontecer na relação do indivíduo consigo mesmo, no curso de uma ou mais linhas vivenciais;
na interação das linhas de duas ou mais pessoas e na integração do homem com a natureza.
Lapierre e Aucouturier (1986) inserem a pulsão do movimento no contexto da pulsão
da vida, em cuja trama se encontram a experiência e o prazer do movimento em si e por si
mesmo, além de sua finalidade.
Toda modulação tônica (ou seja, o conteúdo emocional do gesto), porque está em
relação com as estruturas mais arcaicas do cérebro, acorda as sensações de prazer
mais primitivas e mais profundas, em relação com a pulsão vital do movimento
biológico (Ibid., 1986, p. 31).
O movimento em si, conforme explica Le Boulch (1987), possui significações e
motivações. Na significação biológica, o movimento possui motivações primárias,
considerando-se motivação como um fator que explica a diferença entre a reação ou não
reação a determinados estímulos experimentados por indivíduos diferentes.
Neste grupo de movimentos se incluem as necessidades, as tendências e os instintos.
Le Boulch (1987, p. 35) refere-se ao caráter biológico do termo “necessidade”, tal
como a locomoção, que se apresenta “quando sobrevém um desequilíbrio entre o organismo e
seu meio.” Tendência ou ‘movimento no estado nascente’ traduz “o poder de ação orientada,
em relação a uma necessidade”.
Instintos são conceituados por Le Boulch (1987, p. 25) como
uma disposição inata que determina o organismo a ‘prestar atenção’ a todo objeto de
um certo tipo e a experimentar em sua presença uma certa excitação emocional e
uma impulsão para uma atividades que encontra sua expressão num modo específico
de comportamento em relação a esse objeto.
Para Gasarabwe-Laroche (1993, p.29), o corpo está vivo quando é animado por
diferentes e diversos ritmos biológicos (como o da respiração, dos batimentos cardíacos, do
próprio caminhar, por exemplo), enquanto explora espaço e tempo com gestos. E por toda a
vida, o ritmo se torna presente em todas as atividades humanas. “Os ritmos técnicos, como os
15
Ego: instância distinta do Id e do Superego e que se situa como mediadora entre as reivindicações do Id e as
exigências da realidade. (LAPLANCHE e PONTALIS, 1995).
16
Arquétipos - “são possibilidades herdadas para representar imagens similares, são formas instintivas de
imaginar. São matrizes arcaicas onde configurações análogas ou semelhantes toma formas.” (SILVEIRA,
1986, p. 77).
73
do trabalho, transformam matérias-primas em produtos ou ferramentas, enquanto os ritmos do
canto, da dança e dos instrumentos mantêm-se exclusivamente no domínio do simbólico”.
Existe então, nessas formas de expressão do movimento, um caráter social e
expressivo que apesar de remeter à emoção e afetividade,
nunca é expressão pura, mas expressão em presença de outrem, e mais tarde
expressão para outrem. Os movimentos expressivos do corpo, suas reações tônicas,
assumem uma dimensão social na medida em que revestem de um sentido
pragmático ou simbólico para outrem (LE BOULCH, 1987, p. 51).
Feijó (1994, p. 21) explica que os movimentos não acontecem por acaso, não são
gratuitos, nem são uma manifestação supérflua do corpo. Eles têm uma finalidade e o
expressos após uma avaliação subjetiva. Quando identificado o sentido de determinada
situação, o movimento vai representar um instrumento utilizado pelo corpo-mente “para
responder coerentemente ao significado convencionado”.
Ainda para Le Boulch (1987), a expressão de movimentos dos seres vivos constitui
sua manifestação como sujeitos em relação ao mundo, a outras pessoas ou a objetos,
inicialmente sem qualquer intenção ou consciência, como ocorre com os bebês recém-
nascidos. Mas como a expressão do movimento se desenvolve em presença de outras pessoas,
assume uma relação sob forma de significante, em sua objetividade e significado, em sua
subjetividade. Isso porque o movimento vai ser acolhido e interpretado pelo outro, passando a
ser uma expressão para outrem e deixando de ser uma simples manifestação de subjetividade.
O homem não se percebe sem movimentos; nasce com possibilidades potenciais,
porém necessita transformar-se em um experimentador a fim de se constituir em dono de seus
próprios movimentos. Assim, seus movimentos conseguem codificar, através de sucessões
criativas de gestos e funções organizadoras, a complexidade de sua vida interior, ao buscar
equacionar esse interior com a realidade do mundo exterior (LE BOULCH, 1987).
E o que mais pesa na elaboração de significados para esse equacionamento é a
qualidade e a intensidade das necessidades pessoais, significando dizer que “o movimento é a
expressão dinâmica do corpo, diante das necessidades mais urgentes da pessoa.” (FEIJÓ,
1994, p. 21).
Como auto-expressão, o movimento é uma necessidade fundamental, uma vez que a
personalidade tem necessidade de trazer à tona e comunicar suas características. “A auto-
expressão é tão importante que o seu bloqueio pode transformar-se em uma das causas da
neurose” (FEIJÓ, 1994, p. 22).
74
Nessa necessidade de expressão, é primordial diferenciar duas situações em relação ao
corpo: o que se vive com o próprio corpo, de maneira inconsciente e a consciência daquilo
que se vive, no contexto do tempo e do espaço. Essa autoconsciência corporal auxilia a evitar
desgastes energéticos desnecessários. Esses movimentos autoconscientes produzem atividades
genuínas e promovem mudanças físicas e psíquicas que não enriquecem e fortalecem,
como geram novos movimentos e possibilitam novos conteúdos (BRIKMAN, 1989).
Brikman (1989), ao falar da expressão corporal como linguagem do corpo em suas
estruturações e componentes, estabelece relações do movimento com o corpo, com o espaço,
com o tempo e com a criatividade. No primeiro caso, o corpo é responsável pela unidade
orgânica de elementos que se harmonizam através de movimentos, compondo assim, corpo e
movimento, um todo psicobiológico. Por isso, o trabalho corporal deve ser adequado à
peculiaridade de cada corpo, em cada etapa de desenvolvimento, buscando fazer com que ele
se projete para fora e para dentro. Em outras palavras, deve-se procurar fazer com que surjam
do movimento uma intenção e um desejo que depois se transformem em ação.
No segundo caso, o movimento corporal explora a dimensão espacial, podendo este
ser visto em duas dimensões: espaço interior, abrigando todos os eventos que acontecem “em
seus espaços vazios e cheios”, todos os sentimentos e todos os volumes do próprio corpo;
espaço exterior, delimitado pela pele e que abrange tudo que está além do corpo. Da relação
entre essas dimensões resulta a própria relação do mundo subjetivo com o objetivo.
Quanto ao movimento e ao tempo, também se considera a existência de um tempo
interior, relacionado com a peculiaridade de cada indivíduo em relação à intensidade, lentidão
e rapidez de seus movimentos; tempo exterior, baseado em fontes instaladas fora do
indivíduo, como por exemplo, as advindas da música. Da síntese entre esses dois tempos,
surge o tempo próprio.
No quarto caso, movimento e criatividade,
a aptidão criadora se expressa na capacidade de transformar o próprio movimento
corporal, isto é, na capacidade de perceber a peculiaridade de seu movimento, de
suas possibilidades pessoais, e de enriquecê-las, tudo isso devido à aptidão de sentir
da forma mais profunda, gerada por uma conexão íntima consigo mesmo, por uma
harmonia interior que gera, naturalmente, por sua vez, novas formas de movimento
(BRIKMAN, 1989, p. 19).
Ossoma (1988) apresenta uma classificação dos movimentos em orgânicos,
expressivos instintivos, utilitários, involuntários e de imitação.
- os orgânicos são movimentos realizados pelo corpo com a finalidade orgânica, ou seja,
de desenvolver suas ações elementares e funcionais em direção a seus objetivos na
75
vida cotidiana, como, por exemplo, o gesto de pegar o alimento e levá-lo à boca. Para
a autora, trata-se de movimentos despendidos do centro do corpo para a periferia,
centrífugos, de forma indireta e sem desvios na execução;
- os movimentos expressivos instintivos vêm da necessidade de comunicação do
homem e são orientados por seu instinto. É um meio de expressão a que todo homem
recorre, independente de seu grau de civilização, quando não consegue expressar-se
por palavras. É o caso de movimentos que demonstram inconformismo, dor, entre
outros; movimentos que não são produtos de imitação nem sofrem modificações pela
educação. São definidos como utilitários os movimentos realizados pelo homem na
busca de seus objetivos. Inicialmente, são movimentos orgânicos porque buscam a
satisfação de uma necessidade cotidiana, porém abrangem todas as ações que
antecedem o movimento orgânico em si. Em resumo, enquanto o movimento orgânico
se refere unicamente ao gesto de pegar o alimento e levar à boca, o movimento
utilitário engloba todas as etapas realizadas nessa intenção, que poderia ser a compra
e o preparo do alimento;
- os movimentos utilitários o aqueles realizados instintivamente, sem que o homem
tenha domínio sobre eles. Quase sempre são ditados pelo instinto de preservação e
proteção, como o movimento de extensão protetora do braço, que objetiva proteger a
cabeça, quando uma pessoa caí no chão;
- os movimentos de imitação, os primeiros de que a criança utiliza em suas
experiências de comunicação, no adulto obedecem a determinados estímulos,
podendo se exemplificar, entre eles, as despedidas, sugerindo acenos, e a dança, que
vai da imitação direta para o simbolismo abstrato (OSSOMA, 1988).
Como movimento,
o corpo aprende a dançar no trânsito entre o determinismo e a aleatoriedade, um
determinismo impresso na história evolutiva da sua espécie biológica que coabita
com uma característica de probabilidade, que desenha o seu modo de existir. Por
isso, tudo o que conquista como conhecimento não pode se arquitetar como
conhecimento estático. (KATZ, 1994, p. 51).
Como linguagem gestual,
Toda a dança provém do impulso natural do homem para transformar em movimento
seus sentimentos quer tome a forma do pulo de alegria duma criança, da invocação
ritual por uma tribo ou dum espetáculo teatral (BAKST apud CLARKE, 1964, p.
170).
Antes de se apresentar como uma manifestação artística, a dança surgiu como uma
forma espontânea de vida social. O homem dançava, antes de utilizar uma linguagem
76
verbal. Em todas as sociedades de todos os hemisférios, o homem manifestou-se, expressou-
se com o seu próprio corpo desde as suas origens” (LE BOULCH, 1987, p. 77-78).
A dança é a manifestação de um instinto natural de comunicação com o outro e de
expressão das emoções. Pode ter surgido da necessidade de reagir fisicamente a uma emoção,
que é comum a todos os homens, em todos os tempos (CLARKE, 1964).
Nos grupamentos sociais primitivos, a dança se constituiu como um instrumento
fundamental de participação de expressão emocional das tribos. “Na dança, a expressão
corporal reportava os afetos compartilhados na vida grupal. Sob este enfoque, pode ser
considerada como uma linguagem social e religiosa que estabelece uma estreita empatia entre
dançarinos e espectadores” (LE BOULCH, 1987, p. 77).
O calor da dança funde, por assim dizer, os indivíduos isolados num ser,
comovido e animado por um único e mesmo sentimento. Durante a dança, os
participantes encontram-se num estado de perfeita socialização, o grupo dançante
sente e age como um organismo único e é precisamente neste efeito socializante que
consistiu a significação da dança primitiva (LE BOULCH, 1987, p. 77).
Nas danças primitivas, o movimento expressava diferentes emoções ou sentimentos,
tais como o amor e o desejo, o ódio guerreiro, o agradecimento à terra pelos frutos colhidos,
além de exprimir fatos naturais ou acontecimentos da vida social como ritos fúnebres ou de
celebração (GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA, [s.d]).
A dança também apresentava um aspecto de ordem utilitária, que tinha a finalidade
de obter a cura de doenças, a proteção contra os cataclismos naturais, a vitória nas batalhas,
entre outras. Os homens primitivos vivenciavam a etapa do pensamento mágico e supunham
que dançando e evocando um ser ou um fenômeno de forma apropriada, estes se
materializariam (LE BOULCH, 1987).
Por essa razão, as danças primitivas eram denominadas imitativas, porque simulavam
a realização dos acontecimentos desejados e permitiam que os dançarinos superassem
a angústia coletiva diante das forças desconhecidas. Quem dança uma dança
imitativa, fica tomado por seu papel; ele se converte verdadeiramente em animal,
espírito, Deus. Uma força independente de sua vontade o impele a agir como tal;
fica literalmente possuído. É nesse aspecto que o poder emocional é enorme: os
dançarinos e os espectadores vivem, de fato, corporalmente, a situação (LE
BOULCH, 1987, p. 77).
Conforme Clarke (1964), os movimentos das danças primitivas, embora indiquem os
princípios da dança, ainda não podem ser considerados como dança. Os movimentos da dança
tais como saltos e pulos, quando organizados por ritmo definido, começam a se aproximar de
uma forma artística da dança.
A dança passou a ser uma arte quando os impulsos naturais dos povos primitivos
foram gradualmente submetidos ao ritmo primeiro, o do bater dos pés e depois, o
77
de tambores e outros instrumentos musicais, mais tarde, os passos começaram a
seguir esquemas destinados a expressar certas idéias e crenças e alguns executantes
dedicaram-se ao reino cuidadoso dos seus corpos, a fim de os tornarem mais
flexíveis e expressivos (CLARK, 1964, p. 170).
Para Le Boulch (1987), a dança primitiva essencialmente imitativa transformou-se,
de maneira progressiva, em dança de simbolismo convencional, codificada e técnica,
perdendo assim o seu caráter de expressão espontânea.
Para Toro (2002), Góis e Moreira (2003/2004, p. 49), o dançarino, em sua expressão,
entrega-se ao movimento vital e se permite deslocar e transformar-se. (...) “mas para que haja
o movimento, é preciso também haver o não movimento, a quietude, o silêncio do corpo
dançante”. Esse movimento-não/movimento, em sua plenitude, pode ser compreendido como
possibilidade de deslocamento na vida, no meio em que interações, em busca do melhor
gesto, dessa grande força de expressão”.
Em Biodança, o espaço/tempo do movimento pode ser compreendido no eixo
horizontal do modelo teórico, visto, que vai do pólo de ativação corporal ao pólo de
desativação corporal (TORO, 2002).
De acordo com Hewes (1973), o corpo apresenta uma linguagem própria, baseada na
estrutura cognitiva inata ao gesto. Para o autor, o movimento é a língua natal e o pensamento
primordial do homem.
Martha Graham (apud HANNA, 1983), conhecida dançarina moderna dos anos 30
do século XX, descreveu a dança como sendo basicamente uma expressão emocional.
Conforme Safire (1991, p. 16), a dança é uma “forma de falar, um dicionário de palavras e
uma fala silenciosa”.
Como terapia, para Laban (1978), os movimentos da dança se distinguem em dois
tipos essenciais: os que partem do centro do corpo e vão para a periferia para as
extremidades das pernas e dos braços (movimentos centrífugos), e os que partem das mãos e
se refletem no centro do corpo, numa espécie de recolhimento (movimentos centrípetos).
Qualquer movimento pode ser visto a partir dos seguintes parâmetros: que parte do corpo se
move? Para qual direção do espaço vai o movimento: qual a velocidade da execução e qual o
grau de energia muscular desprendida?
A psicanálise considera que o movimento, independente da intenção e da consciência
que o rege, é, em primeiro lugar, “uma afecção”, um fenômeno que afeta um organismo,
carregado de toda dimensão deste organismo, uma projeção no mundo da estrutura global do
ser.” (LE BOULCH, 1987, p. 25).
78
Observando os movimentos na acepção da dança, Laban (1978) explica que os
movimentos por ela produzidos representam não só uma ruptura com os movimentos habituais
e com as realidades conhecidas, como também leva à instauração de outras ordens de
movimento, na qual ocorre uma comunicação, a tomada de consciência do outro e a
consciência da comunidade na qual se vive.
Percebe-se assim um aspecto psicológico central que implica a relação dos
movimentos com o exterior e com os sentidos corporais, cujas impressões estão implícitas na
própria motricidade. Significa que quando se percebe ou se imagina um objeto, ou se constrói
a percepção desse objeto, o corpo não age como um mero perceptor, pois existe uma
personalidade que experimenta a percepção de um mundo peculiar (BRIKMAN, 1989).
Conforme Fux (1983), os movimentos promovem mudanças o físicas, uma vez
que ativam todo o corpo internamente, corpo esse muitas vezes ignorado e cheio de medos
psicológicos ou físicos. Na dança, por exemplo, a técnica deve evoluir, no sentido de expressar
o que se tem dentro de si.
Em seu trabalho com idosos através da dança, Fux (1983) explicou que muitos
chegam com histórico de sedentarismo, de esquecimento e de desencontros, com movimentos
que se afastam cada vez mais da flexibilidade natural que se traz da infância. São tensões
psíquicas, preconceitos e medos que os fazem sentir ter perdido a possibilidade de expressão e
de movimento, além do rotineiro e do previsível. Com a dança, à medida que aumentam suas
possibilidades no transcorrer do trabalho com idosos, produz-se também uma melhor aceitação
do seu corpo e seus movimentos são ampliados em sua capacidade expressiva e criativa.
Para Fux (1983), pessoas idosas que atravessam essa etapa da vida movidas pela
dolência podem, por meio dos movimentos, reintegrarem-se ao meio, explorando e
desenvolvendo potencialidades anteriormente adormecidas, que afloram com estímulos
musicais, visuais e palavras motivadoras, que as ajudam a crer em si mesmas.
Ressalte-se que o movimento como terapia, aqui abordado, se distingue da
cinesioterapia, que “é o uso de exercícios ou movimentos como forma de tratamento”, sendo
o seu objetivo a melhoria ou manutenção do estado funcional do indivíduo (SECCO, 1999, p.
15). No contexto desse primeiro aspecto, insere-se a dançaterapia.
Também sob esse prisma, pode-se observar a Biodança, que tem entre seus objetivos,
a integração humana pessoal e interpessoal, atuando mediante a estimulação de suas funções
primordiais, que pode ser visto na perspectiva dos movimentos naturais, plenos de sentido
vital (TORO, 2002).
79
3.2.3 Vivência
Vida
O significado da vida é a unidade da conexão das partes e valor de cada uma. Esta
unidade enraíza a natureza da vida. É, pois o significado uma categoria tirada da
própria vida (DILTHEY, 1945, p. 472).
A palavra vida, originária do latim uita, referencia os meios ou a maneira de viver,
por oposição à morte, que é desprovida dessa vivacidade, no sentido de alimento e meio de
sobrevivência. Essa referência latina de vida, em particular da humana, correlaciona-se com o
grego bio, que significa vida em si mesma, o ser vivo (SILVA, 1989).
Vida apresenta ainda um outro significado singular quando se refere ao ser humano,
“no seu aspecto espiritual, a partir da intuição e do entendimento (em especial, os gregos) ou
da e da ação (em especial, no mundo cristão)”. Em se tratando da cultura cristã, observa-se
uma menção predominante ao valor e significado da vida (FRAGA, 1989, p. 512).
Quando uma filosofia pretende compreender a vida a partir de si própria, a partir da
vivência imediata e sobrevaloriza o instinto e o sentimento contra o intelecto, a
mística contra o racionalismo, a intuição contra o conceito, criação contra o
mecanismo, tende a ser o que se designa por uma filosofia da vida (FRAGA, 1989,
p. 513-514).
No cenário mundial, Nietzsche, rgson e Keyserling são nomes muito destacados
como filósofos da vida. Contudo, a expressão filosofia da vida, em seu sentido bem preciso,
refere-se à doutrina de Wilhelm Dilthey (1833-1911), denominado o filósofo da vida
(FRAGA, 1989).
A filosofia da vida, segundo Dilthey (apud FRAGA, 1989), estuda o mundo do
espírito, ou seja, “a parte incorpórea, inteligente ou sensível do ser humano” (FERREIRA,
1999, p. 818), em suas dimensões históricas e sociais, de acordo com a sua essência. O nexo
das ciências do espírito baseia-se na relação entre a vivência e compreensão de três
pressupostos:
a. A ampliação do saber vivencial necessita da interpretação das objetivações da
vida, ou seja, do esclarecimento dos elementos reais ou existentes objetivamente
(FERREIRA, 1999), da vida que se torna possível tendo como fundamento a
profundidade subjetiva da vivência;
b. O entendimento do singular se torna possível pela presença do saber geral,
sempre pressuposto na compreensão;
80
c. “A compreensão de uma parte do curso da história exige a relação da parte ao todo
e, o panorama universal-histórico do todo pressupõe o antecipamento das partes
que nele estão unidas” (FRAGA, 1989, p. 514-515).
A tarefa filosófica de Dilthey, conforme Morujão (1989, p. 1420), constituiu-se na
fundamentação da “inteligibilidade do histórico como tal e, com esta, todas as modalidades do
conhecimento do homem que impliquem uma relação histórica, ou seja, as ciências do
espírito”, aquelas que compõem o mundo anímico. As ciências do espírito requerem como
ciência básica a psicologia, que se contrapõe às disciplinas estruturadas nos métodos das
ciências naturais.
A psicologia de Dilthey (apud MORUJÃO, 1989, p. 1421) alicerça todos os sistemas
culturais, filosóficos e religiosos; ela é compreensiva e não construtiva ou explicativa. O
objeto primeiro da psicologia da vida é “descobrir o fenômeno fundamental da conexão
interna que é dada pela vivência, onde na unidade de um ser pensante se expressa a
consciência da estrutura totalitária do homem na sua individualidade”. A psicologia, sob esta
perspectiva, permite o acesso à história do homem, à vida, substancialmente histórica, “uma
totalidade difundida na multiplicidade de formas”.
Toro (2002) fundamenta-se na filosofia da vida, especialmente em Dilthey, ao propor
uma nova forma de conhecimento, uma inversão epistemológica através da vivência, que
reconcilia a abordagem lógico-racional e estados vivenciais. E essa forma de conhecer a si
mesmo, ao outro e aos fenômenos naturais poderia ser facilitada em uma sala de aula e estaria
disponível a diferentes grupos de pessoas.
O conhecer através da vivência remete ao ‘saber das origens’, isto é, uma cognição
primordial. (...) isto significa que os caminhos para alcançar o conhecimento sobre a
realidade são múltiplos e abarcam a informação emocional e cenestésica. (...) Trata-
se de vincular o saber com a experiência, com a profundidade e a totalidade de
nosso ser vivente. (...) Biodanza permite superar a cisão entre a ‘experiência íntima’
e ‘cognição’ e modificar a própria idéia do conhecimento (PINTOR apud TORO,
2005e, p. 21).
Vivência
- Que experiência pode-se então ter do Tu?
- Nenhuma, pois não se pode experenciá-lo.
- O que se sabe, então, a respeito do Tu?
- Somente tudo, pois não se sabe, a seu respeito,
nada de parcial (BUBER, 1977, p. 12).
Vivência é um termo traduzido do termo alemão Erlebnis e foi inserida pelo filósofo
historicista e existencialista Dilthey no vocabulário filosófico (FIDALGO, 1989). Na
81
linguagem cotidiana, a vivência é definida por Sacconi (2002, p. 81) como “existência,
experiência de contato íntimo (...)”.
Merleau-Ponty (1994, p.142), referindo-se à vivência integral de ser no mundo,
afirma: ser uma consciência, ou antes, uma experiência, é comunicar interiormente com o
mundo, com o corpo e com os outros, ser com eles em lugar de estar ao lado deles”.
Para Dilthey (1945), a vivência é um modo característico, singular, pelo qual a
realidade é percebida e vivida, sendo anterior ao pensamento, à comunicação e ao
conhecimento do momento vivido. É a vida imediata, tal como se dá, no aqui e agora. Ela
implica a forma como as pessoas interagem com a realidade, de modo imediato, subjetivo e
individualizado.
Na vivência,
a realidade está aí para mim. Não se enfrenta como algo percebido ou representado;
não nos é dada senão que a realidade vivência” está para nós porque nos
percebemos dentro dela, porque a tenho de modo imediato como pertencente a mim,
em algum sentido. No pensamento é quando logo se faz objeto (DILTEY, 1945, p.
419).
Fidalgo (1989) explica que, em Dilthey, vivência significa uma consciência imediata
do objeto, ou seja, a doação (do sujeito) e o dado (um objeto) estão de tal forma integrados
que se torna quase impossível separar os limites da cada um. Na vivência, são destacados dois
momentos: a doação e a imediaticidade, do que resta um resultado cheio de significado que
permanece. Ela é imediata porque antecede qualquer interpretação ou mediação.
Trata-se de uma modalidade de conhecimento adquirido que implica uma relação
histórica com o objeto, considerado esse último como todo aquele com o qual o homem se
inter-relaciona na vida, em suas múltiplas formas.
Cada coisa é um ingrediente ou elemento da nossa vida que a condiciona e nela
adquiri um sentido pleno em função da totalidade. Assim como na alma humana
estruturas totalizantes variadas, também a história das ciências do espírito revela a
existência de formas variadas de se ver o mundo (MORUJÃO, 1989, p. 1420).
Essas formas determinam uma espécie de sentimento que marca as diferentes
épocas, as formas de religião, a forma da arte e da ciência e as convicções sobre o mundo.
Não há, em princípio, uma construção mental que determine o modo de se ver o mundo e de
se viver (MORUJÃO, 1989).
Para Toro (2002, p. 32), “a vivência é uma experiência inevitável que comunica um
conteúdo preciso de sensações e percepções e, que anula a existência entre aquilo que se sente
e a observação do próprio sentir. Esta experiência implica uma forma de consciência que,
segundo Merleau Ponty, tem legitimidade científica”.
82
Na perspectiva fenomenológica, a vivência é considerada um lugar do conhecimento.
Husserl (1986) explica que o conhecimento é, em todas as suas formas, uma vivência
psíquica; é o sujeito que conhece, diante do qual se encontram os objetos conhecidos. Trata-
se, pois de vivências subjetivas nas quais se encontram a memória, a expectativa e todos os
atos intelectuais sobre elas edificados, em virtude dos quais se chega à posição de ser real e ao
estabelecimento sobre esse ser.
Na fenomenologia, a vivência é uma relação intencional de cujos movimentos
resultam uma consciência. A intencionalidade constitui um caráter objetivo da vivência e
inclui sempre o vivido (FIDALGO, 1989).
Dilthey fala da vivência como geradora de fatos da consciência, relacionados esses a
acima de tudo, as experiências de dor, prazer, alegria, esperança, satisfação etc, a
começar pela experiência mais elementar da resistência exercida por um mundo
exterior sobre o movimento do meu corpo. É aqui que a vivência é introduzida como
uma categoria epistemológica colocada em oposição ao conceito de representação
(RODI, apud AMARAL, 1987, p. 8).
A diferença entre a experiência da realidade obtida pelo sujeito cognoscente, isto é, o
indivíduo que conhece ou que pode conhecer, e a vivência, é que enquanto a experiência do
conhecimento se constitui em relação dentro de uma realidade fragmentada, a vivência, no
sentido dilteriano, representa o símbolo da experiência plena e não fragmentada de uma
realidade que também é plena e total (AMARAL, 1987).
A vida, considerada histórica, é uma totalidade que se difunde de várias maneiras;
cada uma delas é um elemento que adquire um sentido pleno quando considerada na
perspectiva do próprio sentido de totalidade (AMARAL, 1987).
Enquanto para Dilthey a vivência se realiza numa perspectiva histórica e é difundida
numa multiplicidade de formas, para Husserl (1986), a vivência é fator de conhecimento e
consciência.
Para Almeida (apud Góis, 2002, p. 69), a vivência se apresenta ao ser sob duas
perspectivas: epistemológica
17
e ontológica: a epistemológica se reporta “à possibilidade da
vivência levar ao conhecimento ou fazer-se conhecer, enquanto a outra trata da vivência
mesma do Ser. Uma, é reduzida, a outra é totalizadora”
18
.
Segundo Góis (2002, p. 69-70), a vivência ontológica é também biocêntrica, ou seja,
traz “o viver do estar-aqui, do instante, do corporal e do estético, da identidade que expressa a
17
“A epistemologia (Filos.) é o estudo crítico dos princípios, hipóteses e resultados das ciências já constituídas”
(...) (CUNHA, 2001, p. 308),
18
A ontologia é um capítulo da filosofia “que trata do ser enquanto ser, i. e., do ser concebido como tendo uma
natureza comum que é inerente a todos e a cada um dos seres” (FERREIRA, 1999, p. 1447).
83
vida em sua singularidade, imediaticidade e beleza”. A tentativa de conhecer a vivência ou
torná-la conhecida, fragmenta-a, distancia-a dela própria, reduz a sua essência, despe-a de
sua intimidade e inteireza. A vivência não se encontra subordinada à consciência, mas esta se
encontra enraizada nela”.
Buber (1977, p. 117), teólogo e educador, considerado como o filósofo da relação
inter-humana, explica que o mundo das relações (vivência) se realiza em três planos: no
primeiro, a relação se com a natureza, sob forma de contatos que se realizam no limiar da
linguagem; a segunda é a relação com os homens, de forma explícita, por meio da qual se
pode endereçar palavras e gestos às pessoas e delas também os receber e nesse plano, “a
relação toma forma de linguagem”; o terceiro diz respeito à interação com os seres espirituais,
envolta em silêncio mas, gerando linguagens.
Essas relações derivam da teoria de Buber (1977), segundo a qual as interações
acontecem em pares de vocábulos-princípio, representando as relações: Eu/Tu, relação com os
homens, Eu/Isso, com o mundo, e Eu/Tu Eterno, relação com divindades. Ressalte-se que essa
classificação se refere especificamente à essência com que se vivencia a relação.
Na relação Eu/Tu que fundamenta o mundo da relação, ocorre integração total, fusão
entre o homem e o mundo, de tal forma que não se separam os limites da experiência de um e
de outro; não se identificam as emanações de um e de outro que a experiência se
completou, tornando-se um só. Para essa relação, não há restrições de tempo e espaço.
A relação com o Tu é imediata, entre o Eu e o Tu não se interpõe nenhum jogo de
conceitos, nenhum esquema, nenhuma fantasia, e a própria memória se transforma
no momento em que se passa dos detalhes à totalidade. Entre o Eu e o Tu não há fim
algum, nenhuma avidez ou antecipação; e a própria aspiração se transforma no
momento em que se passa do sonho à realidade, todo meio é obstáculo. Somente na
medida em que todos os meios o abolidos, acontece o encontro (BUBER, 1977, p.
13).
Duas características desse tipo de relação, a imediatez e a doação, são idênticas às
referendadas por Dilthey (1945). A relação Eu/Tu pode acontecer entre um homem e um
objeto, como, num exemplo citado por Buber (1977), numa relação de uma criança com seu
ursinho de pelúcia.
Na relação Eu/Isso, separação entre o que é de cada um, como na relação do
homem com o mundo do conhecimento, da experiência. Contrapondo-se ao mundo do Tu,
onde não limitações do tempo e do espaço, o mundo do Isso possui coerência temporal e
espacial. Buber (1977, p. 59) refere-se ao Isso como “o reino absoluto da causalidade. Cada
fenômeno perceptível pelos sentidos e cada fenômeno psíquico pré-existente ou que se
encontra na experiência própria, passa necessariamente por causado e causador”.
84
E na relação Eu/Tu Eterno um Eu/Tu” com seres espirituais, ou seja, uma fusão
entre o homem e o mundo espiritual. De acordo com Buber (1977), as pessoas que entram na
relação absoluta, ou seja, àquelas que encontram o TU Eterno, a exclusividade e inclusividade
absoluta se identificam: todos os objetos do mundo do Isso e os entes do mundo do Tu estão
incluídos nessa relação.
Sem dúvida Deus é o “totalmente Outro”. Ele é, porém, o totalmente Mesmo, o
totalmente Presente. Sem dúvida, Ele é o mysterium tremendum cuja aparição nos
subjuga, mas Ele é também o mistério da evidência que me é mais próximo do que o
meu próprio Eu (BUBER, 1977, p. 92).
Segundo Vargas (2004), a vivência é um fator gerador de respostas adequadas nas
quais se inserem as tensões e as emoções que caracterizam a evolução psicológica e afetiva do
homem.
Viotti e Carvalho (1997, p. 45-46) referem-se à vivência utilizada na Biodança como
método pedagógico de acesso e transformação do real, que parte do instante vivido e não do
conhecimento, possibilitando um crescimento afetivo do ser humano.
A aprendizagem se faz no próprio ato de viver a vivência é a vida acontecendo
particularmente, singularmente. O ponto de partida para olhar o mundo e
transformá-lo é nossa própria vida vivida. O ponto de partida é a expressão do
mundo em nós, é a vivência como lugar de totalização do ser. O conhecimento,
portanto, não se pela via racional, mas pelo corpo, que nos abre um caminho ao
inacessível, ao incognoscível, que nos torna capazes de dialogar com o mundo.
3.3. A Prática da Biodança
Uma aula de Biodança é uma solenidade de celebração da vida, uma cerimônia de
autotransformação por meio da vivência. Constitui-se em um processo de integração da
identidade humana, em seus aspectos viscerais e comportamentais (TORO, 2005f).
De acordo com o seu criador, Toro (2005f, p. 4), o objetivo de uma aula de Biodança
é o mesmo do sistema Biodança: “consiste na integração da identidade mediante a expressão
dos potenciais genéticos estimulados nas cinco linhas de vivência”, ou seja, vitalidade,
sexualidade, afetividade, criatividade e transcendência.
Em relação aos diversos tipos de grupo tais como crianças, adolescentes e idosos, os
objetivos específicos são ajustados às características de cada grupo. Para Azambuja (2002, p.
6), em se tratando de grupos de idosos, o mais importante objetivo específico da Biodança “é
produzir modificações na qualidade de vida dos idosos, melhorando funções e facilitando a
expressão de potencialidades latentes”.
O grupo
85
Uma aula de Biodança é sempre realizada em grupo; não existe Biodança individual
(TORO, 2002). Isso se justifica porque o grupo apresenta diferentes funções, de conformidade
com a etapa de desenvolvimento da aula, com a capacidade indutora da música e com a
seqüência dos exercícios. Dependendo do contexto, o grupo pode ter as seguintes funções
(TORO, 1999):
- Permissiva: o grupo atua de maneira que permite aos participantes diminuir a
potência dos seus mecanismos de defesa;
- Facilitadora: o reforço das expressões saudáveis de cada participante, o estímulo do
ímpeto vital, o desejo de contato, entre outras, são expressões de algumas das
funções facilitadoras do grupo;
- Deflagradora: o grupo pode deflagrar, ou seja, facilitar um processo de crescimento;
- Integradora: são condições que o grupo apresenta de forma que os participantes
podem alçar um novo nível de crescimento dentro do espiral evolutivo de cada linha
de vivência.
- Criadora: o grupo permite a indução de situações expressivas e de um clima de
tensão criadora;
- Transcendente: o grupo pode se tornar matriz de renascimento em situações tais
como cerimônias de transe e danças arquetípicas (TORO, 1999).
Para Toro (1991), o grupo de Biodança é a matriz de renascimento, ou seja, a matriz
afetiva que facilita as transformações existenciais. Em seu aspecto energético,
é um biogerador, um centro gerador de vida. A concentração de energia convergente
dentro de um grupo produz um potencial maior que a soma de suas partes. Esta
energia biológica renovadora promove a unidade e a harmonia do organismo. Cria-
se, assim, um campo magnético em que se refletem e projetam emoções, desejos e
sensações físicas de grande intensidade (TORO, 1999, p. 3).
Os grupos de Biodança, de acordo com Santos (1997), podem variar em relação ao
número de participantes, de seis a dez pessoas, o qual a autora classificou como grupo
mínimo, até grupos gigantes, formados por 100 integrantes ou mais.
A metodologia da Biodança permite agrupar uma variedade muito ampla de
participantes em relação às características bem singulares de cada grupo, como, por exemplo,
idosos, crianças, gestantes, adolescentes, casais, funcionários de empresas, mulheres
mastectomizadas, hipertensos, obesos, deficientes mentais, entre outros (TORO, 1991).
Em se tratando de grupos de idosos, por exemplo, estes são muito comuns em
localidades nas quais residem professores de Biodança, quer se tratando de cidades brasileiras
86
ou de outros países. Todavia, não existem pesquisas evidenciando dados qualitativos ou
quantitativos a respeito do tema (CARVALHO, 2004).
A função dos grupos de idosos, no Brasil, no geral, é social, a exemplo de grupos
localizados no Distrito Federal, como o grupo sediado no Centro de Saúde 1, da Regional
de Saúde do Guará I, em atividade desde 1994. São gratuitos, abertos à comunidade e
realizados, via de regra, em instituições públicas de saúde. Em sua grande maioria, os grupos
são formados por idosos do sexo feminino (CARVALHO, 2004), característica que pode
refletir o fenômeno de feminilização da velhice, ou seja, a presença de um número percentual
maior de idosas em relação ao universo de idosos, que se acentua a proporção que as faixas
etárias aumentam (CAMARANO, 2002).
Outra característica desses grupos é o fato de os idosos caminharem sem auxílio de
outras pessoas ou bengalas e de residirem nas proximidades do local de realização das aulas, o
que pode evidenciar o relativo grau de autonomia e de participação comunitária. O número de
ausências nos grupos é relativamente alto; os idosos se justificam alegando doenças,
comparecimento a consultas médicas, realização de exames de saúde e cuidados diversos
realizados com familiares tais como o acompanhamento de filhos doentes, entre outros
motivos (CARVALHO, 2004).
Por seu caráter social e aberto, os grupos de idosos recebem também integrantes de
programas de saúde, como hipertensos, diabéticos e participantes que têm menos de 60 anos,
e pertencem, em geral, à faixa de meia idade. É muito comum que acompanhantes como
filhos, netos e empregadas domésticas realizem a aula juntamente com os idosos.
Existem outras possibilidades de formação de grupos de idosos que apresentam
diferentes características: podem ser formados grupos nos quais os idosos pagam a
mensalidade, outros grupos podem ser custeados por instituições e gratuitos para os
participantes. Atividades de Biodança voltadas para idosos também podem estar incluídas em
eventos sociais como congressos, jornadas e pacotes turísticos. Estes últimos o de curta
duração, muitas vezes resumindo-se a uma única aula.
Outrossim, grupos de idosos podem ser constituídos em instituições asilares de
longa permanência. Em regra, nestes grupos participam idosos residentes nestas instituições e
que muitas vezes, apresentam limitações cognitivas e/ou físicas e que podem fazer uso de
bengalas, andadores e cadeiras de rodas. As condições operacionais para a realização da aula
de Biodança podem ser muito difíceis porque requerem a participação de uma equipe de
apoio, que busca e leva os idosos aos seus aposentos e que participa das aulas, auxiliando
fisicamente os idosos na realização dos exercícios (CARVALHO, 2004).
87
O professor
O professor de Biodança é um profissional titulado por uma das escolas de formação
de professores existentes na maioria das capitais do Brasil, diversos países sul-americanos e
europeus. Estas escolas estão vinculadas a International Biocentric Foundation, dirigida por
Rolando Toro e detentora do registro internacional do termo Biodanza (PAOLI, 2003).
A formação básica do professor é desenvolvida em um período de três a quatro anos
e envolve diversas etapas tais como teoria, metodologia e estágio docente. Após a titulação
em Biodança, o profissional poderá realizar cursos de extensão tais como Educação
Biocêntrica, Biodança em Organizações e Projeto Minotauro (PAOLI, 2003).
O termo professor ou facilitador, como também é denominado o profissional de
Biodança, foi inspirado na psicologia humanista, que nos anos 60 (século XX) identificava o
terapeuta como um facilitador que renunciava às posturas e defesas profissionais para se
relacionar com seus clientes como pessoa real. Nesse enfoque, conforme Boainain Jr. (1994),
o terapeuta, ao acreditar no potencial inato de desenvolvimento e auto-realização do homem,
facilita o seu processo de crescimento e não atua modificando o ser humano.
Toro (1999, p. 13) propõe que o professor de Biodança estabeleça uma relação
simétrica, aproximativa e afetiva com os alunos, “eliminando o autoritarismo no processo de
crescimento. O professor de Biodança deve expor suas qualidades humanas naturais, sem
mistificação, de forma que os alunos sintam que podem se vincular com ele de uma maneira
espontânea”.
Música, dança e vivência: elementos integradores da Biodança
A música e a dança formam uma estrutura integrada que operacionaliza vivências de
integração humana, conforme a percepção de Toro (GÓIS, 1995). Essa unidade música/dança
cria uma nova linguagem, composta, por sua vez, pela interação sígnica dos elementos
musicais, melodia, harmonia e ritmo e, pelos movimentos expressivos da dança. Dessa forma,
essa nova linguagem, singular para cada dançarino, facilita a emergência da vivência (TORO,
2002).
Sob a perspectiva metodológica, a música, a dança e a vivência constituem uma
unidade sistêmica, “um conjunto organizado, cujos componentes são inseparáveis, pois a
88
funcionalidade do conjunto requer a participação simultânea de cada um deles” (TORO, 2002,
p. 121).
Contudo, para que essa estrutura operacional se torne eficaz, é necessário que haja
uma coerência das relações estabelecidas entre seus elementos. Cada dança, em seu conjunto
harmônico de movimentos, solicita uma música que apresente uma semântica potencialmente
deflagradora de respostas emocionais específicas. Ambas, dança e música, visam facilitar uma
vivência determinada (TORO, 2005b).
Dessa forma, dança, música e vivência constituem uma unidade operacional
organizada, que é agrupada a outras unidades operacionais, que por sua vez estão integradas a
um complexo mais amplo que compõem uma aula de Biodança.
A metodologia da aula
Etapa de relato de vivência ou intimidade verbal
Conforme Santos (1997), uma aula de Biodança compõe-se de duas etapas: a
primeira, denominada relato de vivência ou intimidade verbal e a segunda, de exercícios
vivenciais ou vivência.
A designação dada à fase inicial de uma aula de Biodança, ou seja, “o relato de
vivência, conhecida também como intimidade verbal, é assim denominada porque são
realizadas verbalizações proferidas pelos participantes, relacionadas à aula anterior”
(CARVALHO, 2004, p. 1).
Nessa etapa, os participantes se reúnem em círculo, sentados em almofadas ou em
cadeiras. Em seguida, o professor abre a atividade e oferece a palavra aos participantes. Um
por vez, os participantes que desejarem, manifestam-se, compartilhando experiências
individuais ou grupais, ligadas à aula anterior ou a outras aulas” (CARVALHO, 2004, p. 1).
Deve-se salientar que o relato de vivência consiste em uma “fenomenologia falada” e
que não espaço a análises e interpretações dos conteúdos vivenciais revelados na
intimidade grupal (GÓIS, 1995; TORO, 2005e).
O relato de vivência busca utilizar “a linguagem para estabelecer uma relação viva”
do participante consigo mesmo ou com seus semelhantes. A linguagem verbal deixa de ser um
instrumento de comunicação e se transforma em “uma manifestação, uma revelação do ser
íntimo e do elo psíquico que nos une ao mundo e aos nossos semelhantes” (MERLEAU-
PONTY, 1994, p. 266).
Para Santos (1997, p. 117), o relato de vivência tem como objetivos:
89
- estimular o participante a pensar e expressar suas idéias, possibilitando a reflexão
sobre condutas geradoras de vida;
- facilitar a expressão da identidade no seu aspecto verbal; desenvolver a habilidade de
falar na primeira pessoa, ao se referir à experiência vivida (eu sinto, eu penso ...);
- estimular o participante a emitir uma opinião sincera;
- compartilhar vivências, saber ouvir, saber calar.
O papel do professor, nessa fase, é de coordenador do trabalho: abre e fecha a
atividade, administra o seu tempo de duração e age como moderador do grupo. No geral, após
o término da etapa de relato de vivência, o professor propõe um pequeno intervalo antes de
dar início à etapa dos exercícios vivenciais (CARVALHO, 2004).
Em relação à facilitação de diferentes grupos, como o de idosos, por exemplo, o
profissional de Biodança contextualiza a sua atuação, ajustando aspectos metodológicos de
toda a aula, isto é, tanto da etapa de relato de vivência quanto a de exercícios vivenciais
(TORO, 1991; CARVALHO, 2004).
Alguns desses cuidados metodológicos podem ser utilizados, por exemplo, em
grupos de idosos, relacionados com o relato de vivência (CARVALHO, 2004):
1. Facilitar vivências curtas, com duração máxima de 30 minutos;
2. Diminuir a duração da etapa de exercícios vivenciais, caso haja necessidade de
prolongar a fase de relato de vivência;
3. Planejar a aula, dimensionando a sua duração em cerca de 90 minutos,
considerando o relato de vivência, o intervalo, e os exercícios vivenciais;
4. Levar o plano de aula da aula anterior para recordar os exercícios, que os
participantes, em sua maioria, têm dificuldade de lembrá-los;
5. Reforçar, a cada aula, em suas duas etapas, os cuidados de regulação do aluno
consigo e com o outro, e o respeito aos próprios limites e aos limites do colega;
6. Esclarecer que as músicas e exercícios utilizadas na Biodança não possuem
nenhum caráter político ou religioso;
7. Chamar os alunos pelo nome, evitando chamá-los de tio, tiazinha, vovô, vó;
8. Administrar a tendência de alguns participantes de monopolizar a atenção do
grupo falando muito, incentivando a expressão verbal daqueles que usualmente
não falam ou falam pouco. Por exemplo, após as primeiras aulas, o professor
poderá propor: Hoje, nós iremos fazer diferente: as pessoas que sempre falam,
podem exercitar a sua capacidade de escuta, enquanto que as pessoas que falam
pouco podem praticar a expressão verbal”;
9. Utilizar jogos e dinâmicas fáceis, alegres e rápidos para aquecer o grupo.
90
Etapa de exercícios vivenciais ou vivência
A dança, em Biodança, é suscitada por meio de atividades que são denominadas
tecnicamente de “exercícios vivenciais”. Nesse sentido, cada participante é um bailarino que
constrói a sua dança de forma singular, a partir de uma proposta grupal (TORO, 2005b).
Nesse estágio, o professor reúne os participantes em um círculo, na posição de e
realiza a primeira proposta vivencial, que, na maioria das vezes, é uma roda de os dadas.
Após a realização da roda, o professor propõe e apresenta outro exercício e convida o grupo a
realizá-lo. Em seqüência, novos exercícios são propostos, apresentados pelo professor e
dançados pelo grupo (CARVALHO, 2004).
A seqüência de exercícios ofertados para todos os participantes de grupos, em geral,
segue o roteiro acima descrito por Carvalho (2004). O grupo de idosos, por exemplo, não
constitui uma exceção, mas, requer um olhar mais cuidadoso do professor nessa etapa de aula
e algumas das seguintes medidas podem ser adotadas, levando-se em consideração as
necessidades do grupo e limitações que os participantes podem apresentar:
1. Realizar, se possível, as aulas de Biodança em instituições que podem oferecer
cuidados médicos imediatos;
2. Algumas recomendações feitas por Carvalho, Filizola e Lellis (2002) podem ser
utilizadas em outros grupos de idosos, relacionadas com o local de realização das
aulas de Biodança:
a. O ambiente não deve oferecer riscos de acidentes aos participantes. Algumas
características físicas do ambiente devem ser evitadas, tais como colunas
centrais, degraus, pisos escorregadios e/ou desnivelados, janelas e portas que
ofereçam riscos, quadros e objetos pontiagudos;
b. O local deverá proporcionar privacidade, boa ventilação, segurança, limpeza,
conforto e ausência de ruídos desagradáveis, entre outros;
3. Ofertar alternativas de diferentes posições, quando metodologicamente possível,
para a realização de exercícios. Ao propor o exercício de acariciamento de cabelos
em par com trocas, por exemplo, realizado na posição de pé, oferecer outra opção:
um dos participantes sentado em cadeira recebe o acariciamento, enquanto o outro
componente do par faz o acariciamento na posição de pé (CARVALHO, 2004);
4. Lembrar sempre aos participantes que estes poderão sentar em cadeiras, se
desejarem, em qualquer fase dos exercícios e que devem comunicar ao professor
algum mal-estar que por acaso venham a sentir;
91
5. Utilizar exercícios de autocontato e/ou contato em todas as aulas, tais como rodas,
auto-acariciamento, acariciamentos de rosto e cabelos, caminhares em par, jogos
de vitalidade e encontros;
6. Também devem estar presentes em todas as aulas exercícios que trabalhem a
autopercepção corporal, a coordenação, o equilíbrio e o ritmo;
7. Cuidar para que dificuldades físicas que alguns alunos apresentam sejam
minimizadas nos diversos exercícios. Eis alguns exemplos:
a. Propor aos alunos que se adaptem à distância e ao posicionamento do corpo,
principalmente de ombros e braços nas rodas e, em outros exercícios, de forma
que realizem o movimento com conforto;
b. Sugerir a possibilidade de realizar exercícios que têm a indicação de serem
feitos com olhos fechados, à alternativa de fazê-los com os olhos abertos e
relaxados, caso os participantes refiram tonturas causadas por labirintite
crônica, que são muito comuns na faixa etária superior a 60 anos
(CARVALHO, 2004);
c. Falar de maneira clara, ordenada e com um tom de voz adequado ao ambiente
e apresentar os exercícios no centro da roda (CARVALHO; FILIZOLA;
LELLIS, 2002), buscando contornar dificuldades sensoriais, principalmente
auditivas e visuais (CARVALHO, 2004).
Referindo-se em particular à etapa de exercícios vivenciais, Paoli (2003, p.28)
denomina uma aula de Biodança como “a unidade operacional da Biodança”; ela é “composta
de um conjunto de exercícios e danças que têm uma combinação, uma determinada
organização interna que tem início, meio e fim e segue uma seqüência, a partir de uma
metodologia”. A integração de cada música e exercício forma uma unidade operacional que
objetiva facilitar uma vivência específica, conforme Toro (2002).
Conforme a metodologia da Biodança, a estruturação de cada aula segue a orientação
do eixo horizontal do modelo teórico de Toro (2002) que situa em pólos opostos a consciência
intensificada de si e a consciência diminuída de si. No planejamento de uma aula de
Biodança, o professor realiza a combinação de exercícios e músicas com características de
“ativação corporal suave, moderada ou alta”, relacionados com o pólo de consciência
intensificada de si e, de exercícios e músicas com propriedades de desativação corporal
“suave, moderada ou profunda”, ligados ao pólo de consciência diminuída de si (SANTOS,
92
1997, p. 121). Para Carvalho (2004), esses graus de ativação e de desativação corporal podem
ser compreendidos como baixo, médio e alto.
Considerando o grau de ativação e desativação corporal, parte de uma aula de
Biodança pode ser exemplificada com a seguinte seqüência de ativação média, ativação baixa
e desativação baixa, classificada por Carvalho (2004): o primeiro, o exercício “Caminhar
Fisiológico”, realizado com a música “Doctor jazz”, da Traditional Jazz Band (Toro, 2005d),
apresenta uma ativação média. O exercício seguinte, Roda de Integração” dançado com a
música “Só chamei porque te amo” (Regina, 1977), interpretada por cantor Gilberto Gil,
apresenta uma ativação corporal baixa e pode ser seguido pelo exercício Roda de
Comunhão”, realizado com a música Have you got a tory for me?, da trilha sonora do filme
“Entre dois amores” (Regina, 1997), que apresenta uma desativação baixa.
Em sua grande maioria, as aulas de Biodança apresentam um grupo de exercícios que
promovem a ativação corporal, seguido de outro grupo de exercícios desativadores e
finalizam com um grupo de exercícios de ativação corporal (SANTOS, 1997).
Os exercícios formam a curva de aula, uma representação gráfica que projeta os
graus de ativação e desativação corporais, proporcionados pelo agrupamento da música e da
dança. A justaposição desses elementos objetiva alcançar determinada vivência de cada
exercício proposto (SANTOS, 1997). O exercício denominado Encontro Afetivo”, por
exemplo, que pode ser usado com a música “Fascinação” (REGINA, 1997, p. 178),
interpretado por Elis Regina, tem como dança um rito de aproximação afetiva e como
vivência pretendida a vinculação afetiva com o outro.
Alguns grupos afiguram curvas de aula bem singulares. Em grupos de idosos, por
exemplo, a curva de aula é delineada de uma maneira muito suave, sem apresentar exercícios
muito ativadores e muito desativadores, ou seja, que não mostram aspectos de ativação
corporal e desativação corporal alta (CARVALHO, 2004).
Elementos estruturais de uma aula de Biodança
Quando se elabora uma aula, cria-se um sistema operacional no qual os seus
elementos estão intimamente relacionados e são interdependentes. Em Biodança,
especialmente, pode-se verificar, na prática, a interface de todos os componentes estruturais
de uma aula (CARVALHO, 2004).
93
Os principais elementos considerados no planejamento de uma aula de Biodança são:
objetivo geral e objetivos específicos da aula, e exercícios vivenciais
19
.
O objetivo geral constitui-se de “enunciados que indicam expectativas quanto aos
resultados” (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002, p. 6) que se pretende alcançar com a
aula, no seu aspecto global, compreendendo tanto a etapa de relato de vivência quanto à de
exercícios vivenciais (CARVALHO, 2004).
Os objetivos específicos, por sua vez, são objetivos subjacentes ao objetivo geral.
São considerados secundários e definem aspectos mais específicos que facilitam alcançar o
resultado geral pretendido (CARVALHO, 2004).
Exercícios vivenciais
A descrição dos exercícios vivenciais distinguem as linhas de vivência, o objetivo, a
música, a consigna, a descrição e a apresentação.
Para Toro (2005e), os exercícios de Biodança objetivam evocar vivências,
estimulando a expressão dos potenciais genéticos, representados no modelo teórico de
Biodança por meio das cinco linhas vivenciais.
Pode-se também considerar objetivos específicos dos exercícios de Biodança,
conforme as características do grupo. Por exemplo, Azambuja (2002, p. 6) relata que os
exercícios de Biodança inseridos em aulas oferecidos a idosos na UnATI-UERJ são
orientados com os objetivos de equilibrar funções psicológicas, ajudar a recuperação de
habilidades motoras, melhorar funções respiratórias, eliminar tensões, rigidez muscular e
sintomas psicossomáticos, restabelecer vínculos sociais”, entre outros.
Em toda aula de Biodança são ofertados exercícios que foram “estruturados para
estimular os três níveis de conexão com a vida, evocando vivências de conexão consigo
mesmo, de comunhão com os semelhantes e de identificação com o universo” (TORO, 2005f,
p. 8). Sob esse enfoque, o exercício “Posição Geratriz de Intimidade”, por exemplo, objetiva a
vivência de conexão consigo, enquanto o grupo de exercício denominado de “Encontro”
exemplifica a vivência de comunhão com os semelhantes e o exercício de “Conexão com o
Infinito”, a vivência de identificação com o universo (CARVALHO, 2004).
19
Na elaboração desta pesquisa serão observados e descritos os elementos citados por Carvalho (2004), por não
haver outra referência bibliográfica mais ampla.
94
Diversos exercícios têm um conteúdo simbólico arquetípico, como as 22 posições
geratrizes - Conexão com o Infinito, Intimidade, Valor e Trabalho, por exemplo - enquanto
outros apresentam uma função ritual, como a roda (TORO, 2005f).
Quanto ao número de participantes que realizam os exercícios de Biodança, estes
podem ser feitos de maneira individual, em par, em pequenos grupos ou com todo o grupo,
integrando uma unidade (TORO, 2005f).
Os exercícios, na sua grande maioria, são dançados com música. Outros, entretanto,
são realizados utilizando-se o canto ou o silêncio. Alguns exercícios que são propostos em
contato direto com a natureza podem ser feitos com os sons do próprio ambiente (TORO,
2005f).
A escolha dos exercícios deve ser feita de maneira que tracem um caminho
metodológico que conduza à realização do objetivo geral, levando-se em conta diversas
variáveis como o tipo de grupo (por exemplo, idosos ou crianças), o contexto sócio-cultural e
o tempo de participação dos integrantes em grupos de Biodança (CARVALHO, 2004).
No planejamento de aula, o professor pode eleger um exercício que ele considera
como aquele que tem o maior potencial de deflagração de sentimentos e emoções,
denominado exercício-cumbre
20
, que está diretamente relacionado ao objetivo geral da aula.
Após a sua realização, por meio da observação e/ou relatos de vivência, o professor confirma
a sua consideração inicial ou constata que outro exercício evidenciou ser o cumbre.
Considerando-se que os exercícios de Biodança ultrapassam o número de 400, de
conformidade com Silveira (2000) ou 500, de acordo com Paoli (2003), sem considerar as
suas variações, estes são identificados pelo nome (CARVALHO, 2004).
Linhas de vivência
Todo exercício de Biodança, levando em conta a sua abrangência sistêmica,
contempla as cinco linhas de vivência relacionadas por Toro (2002), no modelo teórico de
Biodança. Contudo, via de regra, uma e, excepcionalmente duas linhas vivenciais podem ser
identificadas de forma mais clara. No exercício “Abraço Fraternal”, por exemplo, a linha de
afetividade se destaca claramente, enquanto no exercício “Reverência ao Outro”, as linhas de
transcendência e afetividade estão bem delineadas (CARVALHO, 2004).
95
Objetivo do exercício
O objetivo de cada exercício refere-se às expectativas depositadas pelo professor
quanto à ação suscitada nos alunos na condição de sujeitos ativos (Rodrigues Jr., 2002), isto é,
na resposta vivencial destes, que se traduz em ação, como resultado do exercício vivencial
proposto. O objetivo de cada exercício deverá estar contextualizado à seqüência de exercícios
de cada aula. Esse objetivo pode compor os resultados pretendidos com o objetivo geral e
específico, estar vinculado à necessidade de regulação do grupo e/ou satisfazer uma questão
metodológica da aula (CARVALHO, 2004).
Música
As músicas utilizadas na Biodança passam por um critério de seleção rigorosamente
orientado à obtenção de vivências específicas que objetivam induzir emoções integradoras
como alegria, harmonia, ternura, coragem, autoconfiança, exaltação criadora e recolhimento
místico (TORO, 2005e).
Os critérios de seleção são muito precisos e respondem às exigências da semântica
musical (TORO, 2005e), ou seja, “a arte da significação emocional das composições
musicais” (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002, p. 6).
Sob a perspectiva semântica, as sugestões musicais buscam adequar cada música, que
contém em sua singularidade, - “combinações estruturais, variações de intensidade, timbre e
tonalidade do ritmo, melodia e harmonia” -, à proposta vivencial específica (Ibid., 2002, p. 6).
As músicas selecionadas que compõem a “Lista Oficial de Músicas, Exercícios e
Consignas” procedem de diferentes origens, épocas e regiões. As modalidades musicais dessa
relação são diversificadas: usam-se músicas primitivas, contemporâneas, clássicas, populares,
de origem ocidental ou oriental (TORO, 2005e).
O grande número de músicas previamente catalogadas em Biodança permite, em
muitos exercícios, contextualizar a escolha musical, de conformidade com tipo de
grupo e necessidades que apresenta.
É interessante registrar dados da música escolhida para que possam ser utilizados
em futuras consultas ou pesquisas. Sugere-se discriminar o nome da música, autor
ou intérprete ou grupo musical, título do disco, gravadora, ano e local de edição,
número da faixa e duração da música (CARVALHO, 2004, p. 5).
20
Cumbre significa cume, ápice (DICIONÁRIO BRASILEIRO ESPANHOL-PORTUGUÊS, PORTUGUÊS-
ESPANHOL, 1996).
96
No presente estudo estão registrados nos planos de aula de Biodança os dados
sugeridos por Carvalho (2004), de todas as músicas usadas nas aulas de Biodança.
Consigna
Antecedendo cada exercício vivencial, palavras são proferidas pelo professor,
segundo Carvalho (2005). Em Biodança, essa fala do professor é denominada consigna, uma
expressão técnica que, segundo Paoli (2003), constitui uma explanação e descrição que o
professor dá sobre o exercício que está sendo oferecido ao grupo.
Esse termo tem um significado diverso daquele que é registrado por Ferreira (1999,
p. 533): “ordem ou palavra de ordem” e se aproxima mais do sentido mais amplo que é
atribuída ao termo na língua espanhola, “ordem, instrução” (DICIONÁRIO BRASILEIRO:
ESPANHOL - PORTUGUÊS, PORTUGUÊS – ESPANHOL, 1996, p. 105)
De acordo com Santos (2004, p. 51), “a consigna é a indicação para a ação. Tem por
objetivo motivar o movimento e a vivência. É palavra que inicia, funda, ressuscita-nos. E,
aliada ao movimento, eleva o poder de transmutação”.
Para Carvalho (2005, p. 1), a consigna é
uma explanação que possibilita ao aluno uma autopermissão para experimentar a
proposta vivencial. Ela oferece uma mensagem que contém uma explicação da
fundamentação existencial e/ou científica do exercício, em linguagem poética,
contextualizada ao grupo e à etapa do plano de aula. A descrição do exercício e sua
apresentação também compõem a estrutura da consigna.
De acordo com Santos (1997; 2004), Góis (2002), Paoli (2003), Carvalho (2005) e
Toro (2005e), a consigna contém a descrição e apresentação do exercício. Porém, nesse
estudo, orientando-se por um critério de maior clareza metodológica, agrupou-se a descrição e
apresentação como um elemento estrutural em separado da consigna.
Ao realizar o planejamento das aulas de Biodança, decidiu-se relacionar as principais
palavras-chave das consignas, em vez de elaborá-las no formato de texto, por entender que as
palavras-chave serviriam de norte para uma explanação mais vinculada à emoção. Dessa
forma, na descrição das aulas, adotou-se a expressão “palavras-chave da consigna” em vez de
consigna.
Na significação da palavra, levando-se em consideração que o processo cognitivo,
afetivo e a consciência caminham juntos, dois componentes podem ser observados: o
significado propriamente dito, que estabelece as relações objetivas da palavra com aquilo que
ela representa, e o sentido dessa palavra, relacionado às experiências individuais, no qual se
97
“encontra uma concretização da perspectiva integradora dos aspectos cognitivos e afetivos do
funcionamento psicológico humanos.” Nessas experiências individuais com a palavra se
encontram as vivências afetivas (VYGOTSKY, apud ARANTES, 2004, p. 162).
No idoso, o processo de evocação de outras palavras associadas aos enunciados é
influenciado pelo contexto da codificação e pelas trocas na comunicação. Essas tanto podem
inibir palavras associadas que se encontram ativadas na memória, como reativar outras que
tenham sido inibidas pelo contexto semântico
21
(ERVEN; JANCZURA, 2004).
Para Nelson et al. (apud ERVEN e JANCZURA, 2004), o contexto da codificação é
que determina a inibição dos estímulos e as trocas na comunicação, envolvendo mudanças nas
formas de processamento semântico. As trocas tanto podem inibir palavras associadas que
estejam ativadas na memória, assim como reativar associadas que foram inibidas pelo
contexto semântico. Para aqueles autores, resultados de pesquisa demonstraram uma redução
na evocação de palavras em decorrência do aumento da idade. Em idosos, ao enunciar-se uma
palavra, geralmente são recuperados conjuntos pequenos de palavras associadas, ou seja,
muitas das evocações que uma palavra poderia trazer podem ficar perdidas na memória.
Considerando-se essa dificuldade que os idosos podem apresentar, optou-se, neste
estudo, por proferir consignas que apresentassem conteúdo conciso, de curta duração e que
fossem contextualizadas às características culturais do grupo.
Descrição e apresentação do exercício
A descrição de um exercício vivencial é o momento em que o professor verbaliza as
“características de cada exercício, passo a passo” (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002),
como, por exemplo, neste exemplo: iremos realizar uma roda de mãos dadas. Lentamente,
iremos girar para a direita, acompanhando o ritmo da música” (CARVALHO, 2005).
Na apresentação do exercício, o professor demonstra a seqüência de movimentos em
seus aspectos temporal e espacial (TORO, 2002).
É muito importante que ao apresentar o exercício utilizando a música escolhida, o
professor evoque a emoção que está implícita na proposta vivencial, evitando, dessa forma,
realizar a apresentação de uma maneira coreográfica (CARVALHO, 2005).
21
Erven e Janczura (2004, p. 2), estudando a relação entre a memória e a evocação de palavras em idosos,
consideraram que os mecanismos inibitórios de informações (irrelevantes) falhariam nos idosos porque eles
apresentariam uma quantidade bem maior de informações ativas na memória de trabalho. No entanto, a
amplitude de informação ativa pode ser reduzida com a ajuda de contexto significativo(...)”.
98
Vale ressaltar que a apresentação mostra aos alunos um referencial, não um modelo
de movimento (Paoli, 2003), e que essa pode estimular uma resposta cinestésica
22
dos
participantes. Schilder (1981, p. 212) relata que uma pessoa, ao observar os movimentos de
outra, tem estes movimentos evocados em seu próprio corpo “devido ao fato de a
apresentação visual do movimento de outra pessoa ser capaz de evocar a representação
motora similar desse movimento em nosso corpo que, como toda representação motora, tende
a se expressar imediatamente em movimento”.
Stinson (1995) denominou esse processo de sentido cinestésico. Em relação às artes,
e em particular à dança, a autora traz a importância do sentido cinestésico na maneira que se
percebem as manifestações artísticas. Na dança, o sentido cinestésico, aliado à visão, permite,
além da observação, a participação vivencial do movimento.
Existe também à possibilidade de conexão e compartilhamento de emoções, em um
nível sensório-motor, facilitado pelo sentido cinestésico (STINSON, 1995).
Em Biodança, via de regra, o professor descreve e apresenta o exercício vivencial.
Contudo, motivado por questões metodológicas, o professor pode, em diversas situações,
somente descrever o exercício sem apresentá-lo e, em outras, não realizar nem a descrição e
nem a apresentação, como ocorre em alguns exercícios de criatividade, por exemplo
(CARVALHO, 2005).
Nesta pesquisa, a pesquisadora descreve todos os exercícios usados nas aulas de
Biodança e assinala aqueles que não necessitaram de apresentação.
22
Cinestesia: “sentido que se percebe os movimentos musculares, o peso do corpo e a posição dos
membros”(FERREIRA, 1999, p.473).
99
Capítulo 4
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa exploratória, haja vista ter como objetivo investigar de que
forma a prática da Biodança pode influenciar positivamente no autoconceito do idoso. Para
Richardson et al. (1999, p. 66), “estudos são exploratórios quando não se tem informação
sobre determinado tema e se deseja conhecer o fenômeno”. No caso, nenhum estudo foi
identificado relacionando o autoconceito à Biodança.
A abordagem é qualitativa, uma vez que a investigação recai sobre como e por que
esses efeitos são produzidos. Bogdan e Biklen (1994) explicam que a pesquisa qualitativa
constitui um termo genérico utilizado nas Ciências Sociais para abranger estratégias diversas
de pesquisa. É o caso, por exemplo, dos antropólogos e sociólogos que se referem a ela como
investigação de campo, e dos educadores que preferem o termo “etnografia”. Já pesquisadores
de outras áreas se referem à investigação qualitativa como fenomenologia, etnometodologia,
estudo de caso e outros. Há, também, algumas utilizações particulares por parte de
pesquisadores que se baseiam, em sentido estrito, em especificidades encontradas dentro da
própria abordagem qualitativa.
Na investigação qualitativa, os dados identificados são caracterizados pelos aspectos
descritivos relacionados com as pessoas ou com os temas enfocados e analisados a partir de
elementos valorativos, não de quantificações. Bogdan e Biklen (1994) ressaltam que nessa
abordagem há dificuldades no tratamento dos dados, os quais prescindem de números para ser
apresentados.
100
Não há, entretanto, dicotomia entre as abordagens qualitativa e quantitativa, pois
dados quantitativos não eximem a essência qualitativa do objeto pesquisado. Conforme Demo
(2001), o fenômeno qualitativo também é dotado naturalmente de faces quantitativas e vice-
versa. São, portanto, abordagens complementares, podendo haver a prevalência de uma sobre
a outra. Neste trabalho, o quantitativo se limitará à quantificação de sujeitos que constituíram
o grupo representativo de idosos para a prática da Biodança, enquanto o qualitativo constituiu
o próprio cerne da questão a ser pesquisada: a modificação positiva do autoconceito.
Em relação aos meios, a pesquisa é classificada como bibliográfica e de campo, pois
além da revisão da literatura, foi feito um trabalho experimental com a finalidade de encontrar
respostas para a investigação proposta.
Este estudo se inclui na categoria I da regulamentação de pesquisa em seres humanos
no Brasil (pesquisa sem risco), pois envolve dados de entrevistas, observação e análise de
conteúdo. Foi solicitado a todos os participantes da pesquisa consentimento por escrito através
da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo C).
4.1. Área de Pesquisa
A pesquisa experimental foi realizada na Unidade de Taguatinga Norte do Serviço
Social do Comércio (SESC) em Taguatinga, cidade satélite do Distrito Federal.
4.2. Participantes
O grupo de participantes foi composto por indivíduos idosos, conforme classificação
do Estatuto dos Idosos (ABREU, 2004), isto é, com 60 anos ou mais, não-institucionalizados.
Foram considerados os seguintes critérios de inclusão: pessoas de qualquer grupo
étnico, de qualquer estado civil, praticantes ou não praticantes de qualquer religião,
pertencentes a ambos os sexos, com idade mínima de 60 anos e que fizessem parte do Grupo
dos Mais Vividos das Unidades do SESC, Distrito Federal. O único critério de exclusão
aplicado foi a incapacidade parcial ou total de locomoção dos participantes.
O “Grupo dos Mais Vividos” da Unidade de Taguatinga Norte é uma denominação
genérica que recebem todos os grupos de idosos vinculados às unidades do SESC do Distrito
Federal. Teve sua origem em outubro de 2003, a partir da reivindicação de sete idosos que
solicitaram, à gerência dessa unidade, atividades voltadas para idosos, com alternativas de
integração social e de lazer, além da única atividade que era então ofertada, a hidroginástica.
101
Atualmente, esse grupo, liderado pela assistente técnica do SESC – Taguatinga
Norte, a Sra. Maria da Conceição dos Santos, tem 255 idosos inscritos que participam de
atividades sicas, sociais, cívicas e de lazer. Em média, 100 idosos comparecem às reuniões
que ocorrem toda segunda-feira, à tarde.
Outros requisitos solicitados aos indivíduos foram: a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido e a declaração verbal que nunca tinham participado de
grupos regulares de Biodança.
O primeiro participante da pesquisa apresentou-se no dia 5 de setembro de 2005,
após um convite formulado pela pesquisadora aos 19 idosos presentes na reunião semanal do
“Grupo dos Mais Vividos” da Unidade de Taguatinga Sul do SESC.
O grupo de 21 integrantes foi formado, efetivamente, com a adesão de mais 20
participantes, sendo dois homens e 18 mulheres, no dia 12 de setembro do mesmo ano. O
convite de participação da pesquisa foi feito no curso da reunião realizada toda segunda-feira,
na Unidade de Taguatinga Norte do SESC. Na ocasião, estavam presentes 128 idosos
integrantes do “Grupo dos Mais Vividos”.
No período de realização da pesquisa, 5 participantes desistiram, de maneira que o
trabalho foi finalizado com um número de 16 participantes.
4.3. Coleta de Dados
A coleta de dados foi realizada no período de 12 de setembro de 2005 a 4 de janeiro
de 2006, totalizando 17 semanas.
Foram realizados 14 registros em campo, assim discriminados: um registro para a
obtenção dos dados pessoais dos participantes (questionário), visando à composição de seu
perfil demográfico; dois para a coleta de informações (entrevistas), um inicial e outro final,
referentes ao tema do trabalho e 11 encontros grupais para as aulas de Biodança (da segunda à
décima-segunda semanas).
Grande parte das atividades foi desenvolvida nas instalações do SESC, Taguatinga
Norte, com exceção de um questionário, que foi aplicado na sede da Unidade do SESC de
Taguatinga Sul, Distrito Federal.
As nove primeiras aulas de Biodança foram realizadas na sala denominada sala de
vídeo. Em razão de intempéries climáticas, as duas últimas aulas de Biodança ocorreram em
uma sala de aula.
102
As instalações da sala de vídeo serviram plenamente ao objetivo proposto para o
estudo, considerando o aspecto espacial. Ela possui uma área ampla, medindo 6,16 por 8,76m,
pé direito de 3,25m, quatro janelas, uma porta, piso emborrachado, pintura nova e está
localizada no andar térreo, bem próxima a bebedouros e banheiros. À época, havia uma
aparelhagem de som e TV, um ventilador de parede e dez fileiras de cinco cadeiras contíguas,
que eram retiradas parcialmente antes das atividades terem início.
A segunda sala fica situada no primeiro andar; é um pouco menor do que a sala de
vídeo, com cerca de 40 cadeiras escolares, duas mesas, um quadro-negro, amplas janelas e
também estava localizada bem próxima a bebedouros e banheiros.
4.4. Instrumentos de Coleta
Os dados foram coletados por meio de questionário, entrevista semi-estruturada oral,
realizada antes e no final do experimento, gravação eletrônica de relatos verbais feitos na
primeira etapa de cada aula de Biodança e observação.
Questionário de informações gerais
O questionário utilizado foi baseado na adaptação feita por Souza (1997) do modelo
do Brazil Old Age Schedule (Boas), desenvolvido para a avaliação multifuncional de estudos
comunitários do Projeto de Epidemiologia da Terceira Idade do Rio de Janeiro.
Do questionário aplicado por Souza (1997), composto por oito seções - Informações
Gerais, Recursos Econômicos, Recursos de Saúde, Saúde Física, Saúde Mental, Recursos
Sociais, Atividades da Vida Diária, Avaliação do Entrevistador -, foram selecionados e
adaptados dados somente da primeira seção, Informações Gerais.
O questionário usado neste trabalho (Anexo B) foi composto de duas partes:
Informações Gerais e Outras Informações. A primeira parte objetivou traçar um perfil do
participante, por meio da obtenção dos seguintes dados: iniciais do nome, sexo,
nacionalidade, naturalidade, data de nascimento, idade, tempo de residência no Distrito
Federal, cidade residencial, estado conjugal, filhos, pessoas com que vive atualmente,
religião, prática da religião e escolaridade. A segunda parte, Outras Informações, buscou
complementar os dados de perfil e está direcionada ao planejamento de aulas e à prática da
Biodança.
103
Entrevista semi-estruturada
A entrevista de pesquisa é definida por Kahn & Cannel (apud Minayo 2000, p. 108)
como uma “conversa a dois, feita por iniciativa do entrevistador, destinada a fornecer
informações pertinentes para um objeto de pesquisa, e entrada (pelo entrevistador) em temas
igualmente pertinentes com vistas a este objetivo”.
O que transforma a entrevista em um meio extraordinário de coleta de informações
“é a possibilidade de a fala ser reveladora de condições estruturais, de sistemas de valores,
normas e símbolos” e, simultaneamente, comunicar por meio de um representante, “as
representações de grupos determinados, em condições históricas, sócio-econômicas e culturais
específicas” (MINAYO, 2000, p. 109-110).
Em se tratando dos sujeitos desta pesquisa, os idosos, o face-a-face
entrevistado/entrevistador adquire uma maior relevância em razão de a comunicação verbal
“ser uma forma privilegiada” de integração recíproca e de “densidade enquanto fato social”
(MINAYO, 2000, p. 110).
Neste estudo foi aplicada a modalidade de entrevista semi-estruturada oral, ou seja,
aquela que se desenvolve a partir de uma estrutura básica, não aplicada de forma rígida,
permitindo ao entrevistador fazer as necessárias adaptações, em cada caso, daquilo que se
busca (LUDCKE; ANDRÉ, 1986). Assim, o entrevistador formulou questões centradas em
torno de um roteiro de temas, e o entrevistado discorreu livremente sobre os temas propostos
(MOREIRA, 2002).
A entrevista foi centrada em questões relacionadas com o envelhecimento e o
autoconceito, considerando-se, para tanto, a interligação terminológica entre o construto
autoconceito e os vocábulos auto-estima e auto-imagem. Para efeito desta pesquisa, as
expressões autoconceito, auto-imagem e auto-estima tiveram, respectivamente, o significado
de consciência do eu, representação do eu e percepção afetiva de si (NOVAES, 1985).
As questões formuladas na primeira e na segunda entrevista foram as seguintes:
1. Autoconceito: Qual o juízo você faz de si mesmo com essa idade?
2. Auto-estima: Como é o sentimento que você tem por você mesmo nessa idade?
3. Auto-imagem: Como você se vê nessa idade?
Observação
104
Existe um grande número de importantes eventos que não podem ser simplesmente
registrados por meio de questões ou documentos quantitativos “mas devem ser observados em
sua realidade”. São os “imponderáveis da vida real”. Cuidados com o corpo, o tom de voz, a
existência de relações amistosas ou hostis que permeiem o grupo, por exemplo, o
fenômenos que se refletem no comportamento dos indivíduos e nas reações emocionais dos
que os rodeiam” (MALINOWSKI, 1975, p. 55).
Uma das formas de captação dessa realidade mais utilizada nesse contexto é a
observação, considerada um item relevante na pesquisa de campo, principalmente em se
tratando de pesquisa experimental. Porém, é geralmente utilizada juntamente com outro
procedimento, tal como sugerem Richardson et al. (1999).
Este instrumento contribui para que se possam obter informações diferentes sobre
um mesmo dado, pois, segundo Ludcke e André (1986, p. 25), “é provável que, ao olhar para
um mesmo objeto ou situação, duas pessoas enxerguem diferentes coisas”.
A compreensão desse sentido é importante para o pesquisador, porque a tendência é
que cada um selecione aquilo que quer ver, o que está diretamente relacionado com sua
história pessoal e cultural, conforme explicam Ludcke e André (1986). E essa seleção tanto
pode ser feita pelo sujeito pesquisado como pelo pesquisador. Por isso, essas autoras explicam
que, em relação ao pesquisador, é fundamental que se determine com antecedência o que vai
ser observado e como a observação vai ser feita.
Entre os itens a serem verificados na estrutura da observação as autoras citam: a) a
delimitação do objeto de estudo, isto é, a configuração clara do que vai ser observado, de
modo a se poder distinguir os aspectos relevantes dos não-relevantes para o trabalho. Nesta
pesquisa, o foco da observação recaiu sobre a forma de o idoso expressar o autoconceito,
sendo inclusive essa a razão pela qual se considerará a interligação terminológica entre esse
construto e os vocábulos auto-estima e auto-imagem (anteriormente citada), que, por sua
proximidade, eles podem não se tornar muito distinguíveis. Ressalte-se, aliás, que se entre os
autores pesquisados se verifica pouca distinção específica em relação aos termos - o que é
perfeitamente justificável em face da estreita correlação entre eles -, em uma pesquisa
empírica nada se pode esperar nesse sentido; b) os aspectos que ficarão cobertos pela
observação e a melhor forma de captá-los. Esses aspectos estarão relacionados com aquilo
que o idoso quiser mais ressaltar nas respostas, podendo significar aquilo que é mais
destacável em sua história e que pode ter contribuído mais para o enfraquecimento do
autoconceito.
105
Para Bogdan e Biklen (1994), na abordagem qualitativa, os sujeitos pesquisados
podem ser observados quanto ao comportamento, quanto à emoção, suposições e outros
aspectos que podem influenciar na compreensão do tema objeto de pesquisa; por isso, o
pesquisador pode verificar, por exemplo, a forma de expressão de sentimentos, de
preconceitos, entre outras. Trata-se do que Ludcke e André (1986, p.26) chamam de descobrir
aspectos novos no fenômeno pesquisado, o que pode ser “crucial nas situações em que não
existe uma base teórica sólida que oriente a coleta de dados”.
Neste trabalho, a observação procurou contemplar aspectos dos idosos que, sendo
expressos, estivessem relacionados com o tema pesquisado e pudessem contribuir para o
enriquecimento de sua interpretação e, consequentemente, para a elucidação dos tipos de
música, de movimentos e de vivência utilizados nas aulas de Biodança.
Os métodos de observação variam em relação ao papel do pesquisador. Ela pode ser:
participante total, quando o “observador não revela ao grupo sua verdadeira identidade nem o
propósito do estudo” (JUNKER, apud LUDCKE; ANDRÉ, 1986, p.28); participante como
observador, quando o pesquisador não oculta totalmente suas atividades, revelando
parcialmente o que pretende; observador como participante, quando tanto a identidade como
os objetivos da pesquisa são revelados ao grupo pelo pesquisador; observador total, se o
pesquisador não interage com o grupo.
Para esta pesquisa, utilizou-se a metodologia de observação descrita por Ludcke e
André (1986), isto é, a observação foi considerada um processo contínuo que possibilita ao
pesquisador, de início, o trabalho de mero espectador, podendo esse gradualmente tornar-se
um observador participante, isto é, a estratégia que envolve não a observação direta como
um conjunto de técnicas metodológicas” que pressupõem o envolvimento do pesquisador na
situação estudada.
A opção pelo aspecto contínuo deveu-se ao fato de se buscar a receptividade do
trabalho pelo grupo, lembrando que os idosos, por estarem muitas vezes fragilizados ante seu
próprio processo de envelhecimento ou sua situação pessoal, podem se mostrar resistentes ou
não a novas propostas, o que tende, respectivamente, a resultar em desgaste emocional,
diferente dos benefícios que se buscam com esta pesquisa.
Em uma etapa mais avançada, trata-se, segundo Lindeman (apud HAGUETTE,
2000, p. 70), da participação do observador “nas atividades do grupo sendo observado”,
estando o pesquisador “está em relação face a face com os observados”, (...) fazendo parte do
contexto observado no qual ele “ao mesmo tempo modificando e sendo modificado por este
contexto” (SCHWARTZ; SCHWARTZ, 1955, p. 353).
106
Esse método observacional foi ao encontro ao objetivo deste estudo já que o
observador participante “planeja intervenções na estrutura social (...) como propósito de
desenvolver um ambiente mais terapêutico (...). Ele tenta desenvolver uma base empírica para
introduzir mudança social na estrutura social” (SCHWARTZ; SCHWARTZ, apud
HAGUETTE, 2000, p. 73-74).
Visando a evitar que o envolvimento do pesquisador possa ensejar uma visão
distorcida do fenômeno, o conteúdo das observações foi cuidadosamente descrito e atendeu
aos aspectos destacados por Bogdan e Biklen (apud LÜDKE e ANDRÉ, 1986, p. 30-31)
destacam, entre outros, seis aspectos:
1. Descrição dos sujeitos: sua aparência física, seus maneirismos, seu modo de
vestir, de falar e de agir;
2. Reconstrução dos diálogos: palavras, gestos, depoimentos, observações feitas
entre os sujeitos e/ou entre estes e o pesquisador;
3. Descrição de locais;
4. Descrição de eventos especiais: registro dos eventos, dos sujeitos envolvidos e do
contexto situacional;
5. Descrição das atividades desenvolvidas: atividades gerais, comportamentos dos
participantes observados e seqüência de ambos;
6. Os comportamentos do observador: atitudes, ações e conversas com os
participantes durante a pesquisa.
A observação durou todo o período do experimento: aplicação de entrevistas, etapa
de relatos verbais e exercícios vivenciais das aulas de Biodança e conversas informais.
Foram feitos registros por meio de gravador digital e gravador cassete, bem como
foram feitas anotações à mão sobre observações da pesquisadora sobre aspectos o
declarados pelos participantes. Esses dados foram transcritos em arquivos de computador.
Os dados de observação foram organizados em três tipos de arquivo: no primeiro,
criaram-se dossiês dos participantes de entrevista, com as entrevistas e relatos verbais e outras
observações; no segundo, um arquivo constituído por relatos verbais e observações de todos
os participantes e o terceiro tipo, um arquivo contendo todas as entrevistas.
4.5 Tratamento dos Dados
Em uma primeira etapa, foram computados estatisticamente os dados do questionário
referentes ao perfil dos idosos. Depois, foram trabalhados os dados das entrevistas a partir de
critérios indicados por Bardin (1977) e, em seguida, foram compilados os dados referentes à
observação participante.
107
Em relação ao perfil, o tratamento estatístico visou detectar significâncias que
pudessem eventualmente determinar diferenças entre os efeitos da Biodança sobre cada
sujeito.
Na compilação dos dados das entrevistas, o conteúdo coletado foi organizado e
envolveu três etapas preconizadas por Bardin (1977):
a) a pré-análise - necessária para a seleção e leitura do material que se constituirá o
corpo das informações a serem codificadas;
b) a exploração do material que representa a forma de utilização de critérios a
serem utilizados na codificação do material;
c) o tratamento e interpretação dos dados que constitui a transformação dos dados
brutos em dados significativos, ou seja, torná-los compreensíveis e servirem de
orientações para a análise do fenômeno pesquisado.
Os dados da observação participante foram utilizados individualmente, sem que se
buscasse atender a critérios que não os de servir de complementação aos coletados na
entrevista.
Em relação ao método de pesquisa, foram utilizados princípios da fenomenologia de
Husserl, uma vez que os dados visavam estudar “o ser tal como ele se apresenta no próprio
fenômeno, sendo fenômeno tudo aquilo de que podemos nos aperceber na consciência, de
qualquer modo que seja”. A tarefa, então, foi estudar “a significação das vivências na
consciência” (MOREIRA, 2002, p. 10).
Neste trabalho, considerou-se que a abordagem de construtos como autoconceito,
auto-estima e auto-imagem, em suas formas de expressão pessoal, corresponde a um estudo
do fenômeno em seu estado mais original.
O fenômeno seria o modo como o construto se apresenta para o participante e a
expressão original seria sua própria fala.
Além disso, levou-se em conta que a metodologia fenomenológica responderia
melhor aos objetivos do trabalho, pois, conforme Streubert e Carpenter (1995, apud,
MOREIRA, 2002), havia uma necessidade maior de clareza do fenômeno pesquisado; a
experiência compartilhada seria uma fonte de dados mais relevante desse fenômeno, e a
informação por meio da voz da pessoa que vive o fenômeno seria o meio mais confiável.
Nesse sentido, o foi identificado nenhum trabalho que relacionasse a contribuição
da Biodança para a modificação do autoconceito, bem como são relativamente poucas as
referências qualitativas envolvendo este construto pesquisado e o idoso.
108
Como pre o método fenomenológico, dois procedimentos foram adotados na
pesquisa de campo pela pesquisadora: primeiro, a redução fenomenológica, que significa a
suspensão das crenças e proposições sobre o fenômeno pesquisado (epoché); segundo, a
redução eidética, ou seja, atingir a estrutura essencial do fenômeno, isto é, buscar a essência
nas respostas às questões (ZITKOSKI, 1994).
Embora originalmente o método trate apenas de descrever os fenômenos e não de
analisá-los nem de interpretá-los, neste trabalho considerou-se que no transporte para a
pesquisa empírica, o método sofre alterações. É o caso da análise dos dados incluída por
Sanders (1982, apud MOREIRA, 2002) na estrutura fenomenológica da pesquisa, como um
componente fundamental.
Por outro lado, na pesquisa empírica, quem experiencia o fenômeno não é o
pesquisador e sim o sujeito da pesquisa. Logo, se interessa ao pesquisador o dado coletado,
esse dado, mesmo fruto da experiência de outro, deve prestar-se à ciência para alguma
finalidade. E a análise seria o meio de demonstrar ou não validade daquilo que se interessou
buscar.
Para a análise do conteúdo das entrevistas foi utilizado o método de Bardin, definido
como um conjunto de técnicas diversificadas que proporcionam condições para a análise de
dados, sendo, porém necessário conhecer o motivo por que é que se analisa, e explicá-la de
modo que se possa saber como analisar BARDIN, 1977).
A análise de conteúdo enfoca o agrupamento de significações extraídas das falas dos
participantes. Os agrupamentos foram categorizados a partir do léxico, isto é,a classificação
das palavras, segundo seu sentido, com emparelhamento dos sinônimos e dos sentidos
próximos” (BARDIN, 1977. p.118). Esse tipo de agrupamento foi o que mais se adequou à
análise porque permitiu identificar o significado das questões pesquisadas por meio de
palavras que pudessem ser associadas a elas.
Nas questões pesquisadas, optou-se por analisar a entrevista inicial juntamente com
a final, porque aos objetivos deste trabalho importou verificar as modificações ocorridas
durante o processo, ou seja, no lapso de tempo entre uma e outra coleta.
109
Capítulo 5
RESULTADOS: ANÁLISE E DISCUSSÃO
Os resultados estão apresentados em três seções: a primeira, denominada Perfil do
Participante, traz características gerais e informações completares dos participantes; a segunda
seção, Roteiro das Aulas de Biodança, apresenta o roteiro dos 11 encontros de Biodança; a
última seção, Análise e Discussão, contém os dados coletados das questões de pesquisa.
5.1 Perfil dos Participantes
Os dados relativos ao perfil dos participantes abrangeram vários pontos, uma vez
que, para o autoconceito, são muitas as variáveis que interferem (como a região onde mora);
para o idoso, há as questões relativas à saúde, modo de vida e outros.
A primeira parte deste questionário denominada Características Gerais do
Participante investigou 15 dados: iniciais do nome, pseudônimo, sexo, nacionalidade,
naturalidade, data de nascimento, idade, tempo de residência no Distrito Federal, cidade
residencial, estado conjugal, número de filhos, pessoa com quem vive, religião declarada,
prática religiosa e escolaridade.
Outras Informações constitui a segunda parte do questionário aplicado na pesquisa.
Dez questões foram desdobradas em doze categorias assim indicadas: nero musical
110
preferido, indicação dos nomes das três músicas preferidas, gênero de dança preferido, lazer
preferido, lazer praticado, tratamento de saúde: realização, tipo de patologia, número de
patologia por participante e uso de medicamento por tipo de patologia. Outras categorias
estudadas foram: prática semanal de atividade física, modalidade de atividade física,
restrições à prática de exercícios físicos e informações adicionais dadas pelo participante.
Características Gerais dos Participantes
Identificação dos participantes: os 16 participantes do grupo de Biodança foram
identificados pelas iniciais dos nomes nos questionários de dados e escolheram um
pseudônimo, que utilizaram durante as 11 aulas de Biodança. Os 8 participantes que
realizaram a entrevista inicial e final e 1 participante que realizou somente a entrevista final
foram identificados na transcrição das entrevistas, com as iniciais dos seus nomes e receberam
uma numeração, que se iniciou com P1 e terminou em P9. Na análise de dados, os
participantes foram identificados pela numeração P1 a P9 .
Sexo: as participantes do sexo feminino compuseram grande parte do grupo, ou seja,
13 mulheres (81,25%); os homens foram responsáveis por cerca de 20% do grupo (3
integrantes).
Nacionalidade e naturalidade: os 16 participantes do grupo são brasileiros,
originados, em sua maioria, da Região Nordeste (56,25%); os demais componentes, 7 pessoas,
nasceram nas Regiões Centro-oeste e Sudeste, representando, respectivamente, 25% e 18,75%
Idade: perguntou-se aos participantes dois dados relacionados com a idade: a própria
idade e a data de nascimento. As respostas foram imediatas, e nenhum idoso apresentou
dúvida quanto às questões. A pesquisa não apontou diferença significativa na idade dos
participantes. A média de idade de homens foi de 70,61 e a de mulheres ficou em 70,53.
Tempo de residência no Distrito Federal: os participantes, em sua totalidade,
residem no Distrito Federal há um tempo médio de 35,4 anos por pessoa.
Cidade residencial: à época da pesquisa, dos 16 participantes, a metade residia em
Taguatinga, e o restante, em outras cidades-satélite do Distrito Federal.
111
Estado conjugal: o mais assinalado foi o de viúvo (6 mulheres), representando
37,50%. Casado, solteiro e divorciado corresponderam, respectivamente, a 31,25%, 18,75% e
12,50% do grupo. Das mulheres declaradas solteiras, duas viviam maritalmente com um
companheiro. Os participantes tinham 44 filhas e 43 filhos, numa média de 5,44 filhos por
integrante.
Pessoa com quem vive: os três homens do grupo e duas mulheres viviam com seus
cônjuges, ou seja, cinco participantes. Igual número vivia com filhos, três moravam sozinhos
e três com netos ou outros parentes.
Religião declarada: o maior número de religião declarada foi a católica (81,25%); a
evangélica ficou com 18,75%.
A Tabela 5.1 resume os indicativos desta primeira parte.
Características %
Média
Sexo
Homens 3 18,75
Mulheres 13 81,25
Total 16 (participantes) 100,0
Nacionalidade
Brasileira 16 100,0
Total 16 (participantes) 100,0
Naturalidade
Região Centro-oeste 4 25,0
Região Nordeste 9 56,25
Região Sudeste 3 18,75
Total 16 (participantes) 100,0
Idade (anos)
Homens 3 18,75 70,61
Mulheres 13 81,25 70,53
Total 16 (participantes) 100,0 70,57
Tempo de residência no DF
(anos)
1 a 20 anos 2 12,5
21 a 48 anos 14 87,5
Total 16 (participantes) 100,0 35,4
Cidade residencial
Taguatinga 8 50,0
Outras cidades 8 50,0
Total 16 (participantes) 100,0
Estado conjugal
Casado 5 31,25
Divorciado 2 12,50
Solteiro 3 18,75
112
Viúvo 6 37,50
Total 16 (participantes) 100,0
de filhos (vivos)
Filhas 44 49,43
Filhos 43 50,57
Total 87 (filhos) 100,0 5,44
Pessoa com quem vive
Cônjuge 5 31,25
Filhos 5 31,25
Netos / outros parentes 3 18,75
Sozinho 3 18,75
Total 16 (participantes) 100,0
Religião declarada
Católica 13 81,25
Evangélica 3 18,75
Total 16 (participantes) 100,0
Tabela 5.1: Características dos participantes
Prática religiosa: os praticantes de religião foram a grande maioria do grupo
(93,75%). Somente uma pessoa não praticava a sua religião, embora declarasse tê-la .
Escolaridade: a metade do grupo estudou o primeiro grau incompleto. Nos extremos
estavam um participante com terceiro grau completo, e outro em processo final de
alfabetização. Integrantes com primeiro grau completo, segundo grau completo e incompleto
tiveram dois representantes cada, que correspondem a 12,50%.
A Tabela 5.2. demonstra outros dados relativos ao grupo.
Tabela 5.2. Características dos participantes
Outras informações - categorias
Características %
Prática religiosa
Sim 15 93,75
Não 1 6,25
Total 16 (participantes) 100,0
Escolaridade
Alfabetização 1 6,25
Grau Completo 2 12,50
Grau Incompleto 8 50,0
Grau Completo 2 12,50
Grau Incompleto 2 12,50
Grau Completo 1 6,25
Total 16 (participantes) 100,0
113
Gênero musical preferido (respostas múltiplas): os gêneros musicais mais
apontados foram o forró e o sertanejo, com nove e sete indicações, respectivamente 21,43% e
16,66%. Este número pode estar relacionado com o percentual de origem por região, a
Nordestina, que perfaz mais da metade do grupo. Outros gêneros assinalados tiveram 26
indicações, totalizando 61,91%.
Indicação dos nomes das três músicas preferidas: todos os participantes revelaram
preferência musical, mas tiveram dificuldade em indicar o nome das músicas. Alguns
cantarolaram e/ou sabiam trechos das letras e outros apontaram o estilo musical como forró,
sertanejo e samba. Somente uma participante conseguiu citar o nome das três músicas
preferidas enquanto dez indicaram o nome de uma música.
Gênero de dança preferido (respostas múltiplas): o forró foi a modalidade de dança
preferida, com 11 indicações, 34,38%, o que também aponta para o percentual de origem do
grupo, ou seja, 56% originário da Região Nordeste. Samba e bolero tiveram, respectivamente,
7 e 6 indicações, ambas totalizando 40,62% . Outros gêneros tiveram 8 indicações, ou seja,
25% do total geral.
Lazer preferido (respostas múltiplas): os itens cinema e viagem, com seis e quatro
indicações foram os mais apontados e juntos totalizaram 28,57%. Outros tipos de lazer
tiveram 25 indicações, as quais representam 71,43% do total.
Lazer praticado: os três mais citados foram dança, hidroginástica e nenhum tipo de
lazer, com cinco, três e quatro indicações. Outros tipos de lazer praticado representaram 20
indicações, o que um percentual superior a 60%. Um dado importante observado é que
somente cinco participantes praticavam modalidades de lazer que gostavam.
Categorias %
Gênero musical preferido (respostas múltiplas)
Forró 9 21,43
Sertanejo 7 16,66
Outros 26 61,91
Total 42 (gêneros) 100,0
Identificação das três musicas preferidas
1 música 10 62,50
2 músicas 2 12,50
3 músicas 1 6,25
Nenhuma 3 18,75
Total 16 (participantes)
100,0
114
Gênero de dança preferido (respostas múltiplas)
Bolero 6 18,75
Forró 11 34,38
Outros 8 25,00
Samba 7 21,87
Total 32 (gêneros) 100,0
Lazer preferido (respostas múltiplas)
Cinema 6 17,14
Viagem 4 11,43
Outros 25 71,43
Total 35 (modalidades)
100,0
Lazer praticado (respostas múltiplas)
Hidroginástica 3 9,37
Dança 5 15,63
Nenhum 4 12,50
Outros 20 62,50
Total 32 (modalidades)
100,0
Tabela 5.3. Outras informações
Realização de tratamento de saúde: grande parte do grupo realizava tratamento de
saúde, ou seja, 12 participantes, que representaram 75% do total, enquanto um quarto, 4
pessoas, declarou não estar fazendo nenhum tipo de tratamento de saúde.
Durante a pesquisa, uma participante, portadora de ponte de safena, requereu um
olhar mais cuidadoso da pesquisadora em relação aos cuidados de auto-regulação no curso
dos exercícios vivenciais. Essa participante relatou ao grupo, ao justificar duas faltas seguidas,
ter sofrido um “pequeno derrame”, ou seja, uma isquemia cerebral de pequena dimensão.
Revelou que estava bem e que continuaria ao final do grupo, o que, efetivamente fez,
sem apresentar nenhuma intercorrência médica.
Tratamento de saúde (especificação de patologias tratadas): as patologias apontadas
por 75% dos participantes, ou seja 12 pessoas que declararam estar realizando tratamento de
saúde foram: doenças cardiovasculares -hipertensão arterial e enfermidades cardiológicas – 8,
sendo 6 e 2 respectivamente e, outras doenças, 12, perfazendo 20 enfermidades.
As respostas múltiplas apontaram para sete participantes tratando uma enfermidade,
um tratando duas e quatro integrantes tratando três doenças (Tabela 5.4).
Categorias %
Realização de tratamento de saúde
Sim 12 75,0
Não 4 25,0
Total 16 (participantes) 100,0
Tratamento de saúde (espec. de
115
patologias tratadas)
Cardiovascular 8 40,0
Nenhum 0 20,0
Outras 12 60,0
Total 20 (patologias) 100,0
Tratamento de saúde
(número de patologias por participante)
1 patologia 7
2 patologias 1
3 patologias 4
Nenhum 4
Total 16 (participantes)
Tabela 5.4: Outras informações
Uso de medicamento por tipo de patologia: um número expressivo de
participantes, considerando-se a idade média do grupo, 5 pessoas, cerca de 30%, não fazia uso
de medicamentos. Um quarto dos participantes, quatro pessoas, ingeria medicamentos para
tratar uma enfermidade, cinco para tratar duas, uma pessoa para tratar três e outra para quatro
doenças.
Prática semanal de atividade física: um quarto dos participantes, quatro pessoas,
não praticava atividade física regular. Outros cinco tinham uma freqüência variável de uma a
duas vezes por semana. Três participantes praticavam atividades físicas quatro a cinco por
semana, enquanto dois integrantes realizavam práticas físicas de seis a oito vezes por semana.
Os dois participantes que mais têm atividade física exercitam-se dez vezes por semana.
De uma maneira geral, os 12 praticantes ativos fisicamente realizavam, no total, 57
atividades físicas semanalmente, o que dá uma média de 4,7 atividades por pessoa.
Modalidades de atividade física: as modalidades de atividade física praticadas
pelos 12 participantes, 75%, foram a caminhada e a hidroginástica e representaram mais da
metade das indicações. Um quarto dos integrantes não praticava nenhuma atividade física.
116
Restrições à prática de exercícios físicos: somente dois participantes tinham
recebido restrições médicas à atividade física de natureza intensa; uma integrante, portadora
de cardiopatia e ponte de safena e outra, por apresentar alteração ortopédica em um dos
ombros.
Apesar de 14 participantes declararem não ter restrições a exercícios, diversos
idosos, em conversas informais e nas atividades verbais, fizeram referência a sintomas de
doenças ou enfermidades como artrose de joelhos, dor na coluna, nas pernas e nos ombros,
que limitaram, eventualmente, a realização de algum exercício.
Categorias %
Restrições à prática de exercício
físico
Nenhuma 14 81,25
Parcial 2 12,50
Total 16
(participantes)
100,0
Tabela 5.6: Outras informações
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117
Perfil do participante da pesquisa
Em termos gerais, o participante deste estudo apresenta o seguinte perfil: é integrante
do Grupo dos Mais Vividos da Unidade de Taguatinga Norte do SESC-DF, é mulher,
brasileira, nordestina, tem 70 anos e 6 meses de idade, reside em Taguatinga ou outra cidade
satélite próxima a Taguatinga, Distrito Federal, mora no Distrito Federal 35 anos. É viúva,
tem cinco filhos, vive com filhos, é católica praticante e cursou o primeiro grau incompleto
(antigo primário).
O gênero musical preferido da participante é o forró. Aprecia música, mas consegue
se lembrar somente do título de uma música preferida. Gosta de dançar forró, seu lazer
preferido é cinema, contudo o lazer praticado é a hidroginástica. Está realizando tratamento de
saúde para hipertensão, embora tome medicação para tratar duas enfermidades. Faz
caminhada uma a duas vezes por semana e não apresenta restrições à atividade física.
5.2 Roteiro das Aulas de Biodança
Para a investigação de campo foram programadas 11 aulas. A quantificação das aulas
baseou-se em dois pontos principais: a experiência da pesquisadora com os resultados
observados a partir da prática da Biodança, e a consideração de que a proposta dos aspectos
pesquisados não depende necessariamente de quantidade e sim, é o reflexo da qualidade.
Respostas mais imediatas ou mais demoradas vão depender, pelo menos na área pesquisada,
do maior ou menor nível de resistência
23
pessoal àquilo que se propõe.
Cada aula teve uma duração média de 1h30. As variações para mais ou para menos
ocorreram em função da dinâmica da Biodança que prevê relatos e exercícios vivenciais que
não podem ser interrompidos pela determinação do tempo.
À exceção da primeira aula, que buscou iniciar o processo de integração do grupo, as
demais foram programadas semanalmente, a partir das necessidades observadas no grupo.
23
Na Psicanálise, resistência designa atos e palavras que se opõem às descobertas pessoais que podem revelar
aspectos inconscientes (Laplanche; Pontalis, 1995). Na Biodança, resistência é a dificuldade de entrega às
propostas vivenciais (TORO, 1991).
118
Os objetivos gerais das aulas foram definidos paulatinamente, e do ponto de vista
cronológico foram agrupados na seguinte ordem: iniciar o processo de integração do grupo;
reconectar-se ao ritmo do próprio corpo e ao ritmo do outro; aumentar a autopercepção
corporal e a percepção do corpo do outro, sob o enfoque vital, afetivo e transcendente;
integrar os movimentos lvicos aos movimentos de todo o corpo; vivenciar um contato
afetivo indiferenciado e proporcionar um contato afetivo incondicional; vivenciar o continente
afetivo do grupo; exercitar a expressividade corporal sob a perspectiva afetiva, criativa e
lúdica; explorar e ampliar o espaço vital; vivenciar situações que evocam a determinação e a
assertividade; intensificar a integração com os demais participantes; despedir-se dos colegas
de grupo e da equipe de pesquisa.
Foram selecionados exercícios vivenciais relacionados com o alcance dos referidos
objetivos, uma vez que cada um daqueles contempla uma finalidade que se insere no contexto
da aula.
No total, foram propostos, descritos e realizados 102 exercícios, com 74
apresentações. Os exercícios mais freqüentes foram: rodas diversas, encontros e caminhares,
entre outros, numa média de 9 exercícios/aula.
Utilizaram-se 99 músicas (média de 9 por aula), de gêneros diferentes, nacionais e
internacionais, englobando clássicos tais como prelúdios, árias e óperas, e populares como,
por exemplo, forró, sertanejo, samba e valsa. Buscou-se associar cada música ao tipo de
exercício, levando em conta os possíveis efeitos diante dos objetivos da aula e do fenômeno
pesquisado.
Em relação às vivências, foram abordadas as cinco linhas propostas por Toro (2002),
às quais correspondiam os exercícios respectivos. Os 102 exercícios realizados resultaram em
120 indicações, uma vez que alguns foram classificados em 2 linhas. Ressalte-se que embora
todos os exercícios se associem a todas as linhas de vivência, de maneira geral, algumas
dessas se tornam mais evidentes em determinados exercícios, como dito no referencial
teórico.
Observou-se um predomínio maior da linha de afetividade, seguida da linha de
vitalidade. Essa prevalência decorreu da observação das necessidades observadas no grupo, as
quais determinaram os objetivos.
A descrição minuciosa das aulas, bem como freqüência e dados estatísticos
referentes a elas, encontram-se no Apêndice A.
5.3 Análise e Discussão das Questões de Pesquisa
119
No caso deste trabalho, a análise visa demonstrar se a prática da Biodança contribuiu
positivamente para a modificação do autoconceito.
O processo de categorização (Quadros 5.1 e 5.2) partiu da determinação de unidades
de registro retiradas de palavras-chave da definição de autoconceito elaborada neste trabalho,
a partir de Freire (2002), Sanchez e Escribano (1999) e Merleau-Ponty (1994): autoconceito é
o conjunto de percepções acerca de si mesmo, em relação ao outro e ao mundo, envolvendo
atitudes valorativas, vivências, sentimentos e a noção de corpo-sujeito único e indivisível.
Essas palavras foram entendidas na perspectiva do autoconceito, auto-estima e auto-
imagem, construtos definidos por Novaes (1985):
Autoconceito = consciência do eu.
Enunciado: que juízo você faz de si mesmo com essa idade?
Auto-estima = percepção afetiva de si.
Enunciado: que sentimento que você tem por você mesmo nessa idade?
Auto-imagem = representação do eu.
Enunciado: como você se vê nessa idade?
No agrupamento pelo léxico foram consideradas referências qualitativas das falas
dos participantes, associadas ao enunciado proposto sobre o fenômeno. Quanto aos
indicadores, apesar de Bardin (1977) sugerir uma seleção de acordo com a freqüência de
indicadores das categorias no texto, aqui este critério não foi observado. Foram computados
todos os indicadores identificados, porque se tratava de um grupo pequeno.
Os Quadros 5.1 e 5.2 apresentam, respectivamente, os resultados da primeira e da
segunda entrevistas.
Unidade de
Registro
Categorias Indicadores Freqüência
Relacionamento
- vontade de conversar
- falta de convivência
- solidão
- agressividade com as pessoas
1
1
1
1
Afetividade - amor e paz
- pensamentos bons
1
1
Autoconceito
Cognição - não estudei
- me acho inteligente
1
1
* uma participante
não realizou a 1ª
entrevista
120
Auto-estima Gostar de si - amor por mim
- tenho de gostar de mim
- gostar de si o tempo todo
4
2
2
Aparência física
(tento/sou)
-
imagem maravilhosa / me acho
linda
- sem defeito
- gosto de me arrumar
- sentir-se deformada
2
1
2
1
Orgulho
-
tenho orgulho da idade
1
Auto-imagem
Bondade - tenho bom coração
1
Unidade de
Registro
Categorias
Subcategorias Indicadores
Freqüência
Relacionamento - melhora com o outro e consigo
1
Bem-estar - sentimento de ânimo 2
Percepção do outro
- dar atenção ao outro 1
Autovalor - dar mais valor a minha pessoa
1
Controle - eu era dominadora 1
Autoconceito
Mudança
Percepção de si
- maltratava ......... as pessoas
- aceitação do outro
- mais tolerância com o outro
1
1
1
Descoberta de si - aprendi que a gente pode
- houve um despertamento
1
1
Autovalor
- sou excelente
1
Amor a si
-
estou me amando
- mexeu dentro
- carinho, cuidado comigo
2
1
1
Auto-estima
Mudança
Autocrítica - era um nervosismo misturado
com ignorância
- eu me pus no meu lugar
1
1
Quadro 5.1:
Primeira entrevista
121
Unidade de
Registro
Categorias
Subcategorias
Indicadores
Freqüência
Independência
-
faço tudo que a de 18 faz
- saio sozinha, faço tudo
- eu faço tudo
- faço parte de tudo
1
1
1
1
Aceitação de si
- tudo que acontece comigo é da
idade
1
Conformação - eu me conformei 1
Mudança
Vaidade
- gosto de me arrumar
- gosto de me olhar no espelho
1
1
Auto-
imagem
Narcisismo
24
- eu me vejo, eu me sinto feliz
com minha imagem
1
Quadro 5.3: Segunda entrevista
Autoconceito
Na primeira pergunta - “que juízo você faz de você mesmo com essa idade?”
(autoconceito) -, as respostas indicaram categorias de três áreas diferentes: relacionamento,
afetividade e cognição. Deduz-se que as áreas abrangidas pelas respostas denotam as que o
participante considera de valor e que aspectos delas reconhecem em si, seja porque existem ou
porque lhe faltam.
Esse reconhecimento foi expresso tanto na área de relacionamento como na área da
cognição.
(...) sei conversar, chego nos lugares e me viro (P9).
(...) eu tinha tudo para ser alguma coisa (ter estudado) e não aproveitei . Além disso,
sou muito esperta, muito ativa para idade (P1).
(...) sou muito ignorante (...) Tem muita coisa dentro de mim que eu penso (P8).
As três áreas abrangidas pelas respostas coincidem, no geral, com as que refletem
perdas significativas para o idoso: o relacionamento, que demonstra aspectos de sua vida
familiar/social; a afetividade, que representa o suporte emocional com que ele enfrenta o seu
24
Considera-se narcisismo o amor pela própria imagem, com base no mito de Narciso (LAPLANCHE;
PONTALIS, 1997).
Quadro 5.2: Segunda entrevista.
122
processo; a cognição, que implica o contato com as gerações mais novas e com outras,
principalmente neste tempo de grandes mudanças tecnológicas.
Baltes (apud PAPALIA e OLD, 2000) explicou que a capacidade de adaptação do
idoso implica: aspectos comportamentais, referentes ao desempenho e à competência social
(relacionamento); aspectos emocionais (relacionados com a afetividade), que possibilitam as
habilidades para que o idoso possa lidar com ambiente; aspectos cognitivos que auxiliam a
capacidade de solucionar problemas.
Porém, apesar de essas áreas serem significantes em relação às perdas do idoso, é
importante ressaltar que a maior parte dos integrantes do grupo não relacionou suas atuais
condições ao processo de envelhecimento. Ao contrário, relacionaram-nas à falta de
oportunidade, à falta de um pensar melhor sobre o significado de alguns aspectos, como o
estudo, por exemplo. Em certa medida, as condições desses participantes, à exceção de um,
contrariaram o que se observa no comportamento de muitos idosos, e que está relacionado
com as convenções sociais “da pior espécie” (GAIARSA 1991).
No sentido teórico, o autoconceito que o grupo tem de si e que envolve,
principalmente, relacionamento, afetividade e cognição corresponde ao que Sanchez e
Escribano (1999) definem: o autoconceito é uma atitude valorativa e engloba
experiência/atitudes, estima/sentimentos. Num perfil evolutivo, o autoconceito engloba a
cognição em um processo que iniciaria ainda na infância e que levaria posteriormente a
sentimentos de autonomia, de uma confiança básica no ambiente e nas vivências da
experiência social.
(...) eu precisava ser mais esperta, ser mais ativa comigo mesma (P1).
(...) as pessoas dizem que converso direitinho, que tenho até mais instrução do que
tenho (P9).
No que se refere ao relacionamento, Paullineli e Tamayo (1986) afirmam que o
autoconceito é fundamentalmente social, porque sofre influência das experiências do outro em
relação ao próprio comportamento.
(...) todo mundo gosta de mim, me acho simpática (P2).
Quanto à afetividade, Markus e Wurf (1987) destacam que uma das funções do
autoconceito é harmonizar os afetos, o que leva a uma fonte de motivação e estímulo para o
comportamento positivo ou negativo e desempenha um papel importante na integração e na
organização das experiências individuais.
(...) quero viver muito. Meus filhos são muito bons para mim, me apoiam em tudo
(P2).
123
(...) não tenho paciência (...) se eu tivesse um neto perto de mim ou minha filha. Tem
muita coisa dentro de mim que eu penso, de ficar com a minha filha perto de mim (P8).
Se na linha de pensamento de Rogers (1992) o desenvolvimento começa quando a
criança inicia suas experiências,e tem necessidade de uma aceitação positiva por parte dos
pais, em relação ao idoso, pode-se dizer que há uma inversão: seu autoconceito, que é
evolutivo, passa pela aceitação das pessoas mais significativas, filhos e familiares próximos.
Na segunda entrevista, no término da pesquisa de campo, observou-se que as
respostas às três unidades de registro, em sua maioria, foram marcadas pela clara expressão da
palavra “mudança” ou por outras que deixavam implícito esse sentido. Isso justificou a
criação da categoria “mudança”, e as áreas em que as mudanças ocorreram transformaram-se
em subcategorias.
Em relação ao autoconceito, primeira unidade de registro, 100% dos participantes
indicaram mudanças que envolveram: relacionamento, bem-estar, percepção do outro,
autovalor, controle e percepção de si. Como se verifica, a subcategoria “relacionamento”
repete uma categoria desenvolvida na primeira entrevista, o que não deveria ocorrer em uma
categorização.
Bardin (1977, p. 120) explica que as “boas categorias” devem ter qualidades como
exclusão mútua, condição segundo a qual “cada elemento o pode existir em mais de uma
divisão”. Porém, no caso do relacionamento, tanto quanto qualquer outro indicador deste
trabalho, que surgissem em mais de uma categoria, considerou-se que a repetição não
prejudica a análise, uma vez que a questão de pesquisa foi a mesma da primeira entrevista
(“que juízo você faz de si mesmo nessa idade?”) - , e o foco da investigação está no processo.
Em outras palavras, qualquer participante poderia manter os mesmos indicadores de
autoconceito apresentados na primeira entrevista, referindo-se somente a mudanças de seus
níveis.
Por outro lado, a eliminação desse indicador em face de critérios do método de
análise poderia desvirtuar os princípios do método fenomenológico quanto à redução
fenomenológica (redução de proposições preconcebidas por parte do pesquisador) e à redução
eidética (que se propõe alcançar essência da resposta do participante). Em outras palavras, a
análise da essência do discurso dos participantes poderia ficar prejudicada por um método
exterior ao fenômeno.
A mudança expressa, quanto ao relacionamento, foi justificada pela participante em
relação a sua agressividade:
124
(...) mudou muito porque sou muito agressiva, eu responda as coisas, eu não engulo
nada, as pessoas me fazem as coisas e eu respondo na hora e eu estou sentindo que estou
melhorando com isso (Biodança), sabendo enfrentar o dia a dia, as pessoas fazem, às vezes,
uma coisa que eu não gosto e agora estou controlando, sabe, prá não responder, prá não
agredir, eu era terrível (P5).
Ressalte-se que essa participante o concordou em responder a primeira entrevista,
(conforme nota no Quadro 5.1), tendo se apresentado e enfaticamente dito que “preciso fazer
a entrevista agora”, por ocasião da segunda.
O fato de essa participante não haver respondido a primeira entrevista não anula a
idéia de processo que justificou a repetição da categoria relacionamento”, que,
independente desse primeiro registro, o objetivo da pesquisa foi observado em relação a ela,
quando declara:
(...) agora estou controlando, (...) eu era terrível ! (..) Esse entrosamento foi bom
pra mim acabar de melhorar a minha maneira de ser. O advérbio (agora) e os verbos no
pretérito são indicadores da idéia de que houve mudanças.
Teoricamente, a ausência de uma entrevista também é justificável. Bardin (1977)
explica que os indicadores categoriais são flexíveis e que as palavras que necessariamente não
se encontrem no texto podem ser registradas, segundo o princípio da coerência, por exemplo,
dentro de uma conotação significativa. Osgood (apud BARDIN, 1977, p. 165) defende que se
pode “inferir as atitudes dos (inter) locutores a partir de suas mensagens”.
Ante a frase “preciso fazer a entrevista agora”, depreende-se a definição de Erikson
(1987), quanto ao processo de estruturação do autoconceito provocar inquietações, cujos
valores implícitos contribuem para o sentido de unificação da pessoa, consolidando seu
autoconceito.
Quanto ao bem-estar, expressão de melhoria do autoconceito, Sanchez e Escribano
(1992, p. 22) defendem que o autoconceito, independente da idade se define e se delineia a
partir da experiência e das exigências do mundo, reformula-se em função de acontecimentos
da vida em geral.
Na velhice, conforme Freire (2003), o bem-estar psicológico se caracteriza pela auto-
aceitação, pela autonomia, pelas relações mais positivas com os outros, pela competência para
manejar o ambiente e pelo crescimento pessoal.
(...) eu me senti melhor. A gente assim mais leve, a mente melhor, ajudou muito e
muito mesmo .
125
(...) antigamente a gente ficava mais preso dentro da gente, porque tem coisas que a
gente não passa para ninguém, a gente guarda. Aqui não (na Biodança), a gente bota para
fora, as conversas, as entrevistas, a dança em si, os exercícios que a gente faz, isso é muito
bom (P9).
(...) eu me sinto tão bem agora, (...) me sinto tão bem, mais animada, uma pessoa
assim que gosto de mim mesma, sabe? (...) o meu sentimento por mim mudou, fiquei mais
alegre porque me sinto mais jovem, gostei demais (P2).
Segundo L’Ecuyer (apud NOVAES, 1985), as percepções sejam centrais,
secundárias ou intermediárias, constituem uma das quatro hipóteses que integram seu modelo
teórico de autoconceito e são flexíveis, na medida em que podem, inclusive, inverter-se, a
depender das circunstâncias socioculturais.
No caso desta pesquisa, não se observou, entre os participantes que citaram sua nova
percepção, nenhuma inversão ou supervalorização da percepção de si em detrimento da
percepção do outro.
Cooley e Mead (apud GOBITTA e GUZZO, 2002) citaram a importância do outro,
como pessoa significante, como uma das primeiras noções do construto auto-estima,
relacionada ao self e base do autoconceito.
Freire (2002) também se reporta às percepções como um conjunto organizado que
vai configurar o autoconceito como uma “percepção consciente de si”, ou seja, o âmago do
self.
A percepção do outro no contexto do autoconceito esrelacionado ao que Markus e
Wurf (1987) citam quanto às funções do autoconceito: ele dota o indivíduo de um sentido de
continuidade de espaço e de um estímulo para o comportamento, como já dito.
Esse espaço pode ser definido como o espaço grupal, no qual as relações de afeto
foram ampliadas, dando lugar a novas formas de convivência.
(...) para mim melhorou muitas coisas, a gente ter mais carinho às pessoas porque o
carinho a gente não tem com as pessoa de casa, carinho a gente tem com as pessoas de
fora, também.
(...) quando você começa a falar, dar entrevista, falar ao microfone, tipo assim você
chega acanhado, no final das contas você vai aprendendo (...) a falar, a procurar aprender
mais ou então falar melhor ou então desenrolado.
(...) a gente fica mais alegre com o que a gente viu ( ..). esse grupo unido, a união
que fez a gente se unir mais.
126
(...) querem fazer da gente mais importante devido a vida da gente, tudo que vem pra
melhorar a vida da gente, sempre é bom, nunca é ruim. (P3).
A “percepção do outro” e a “percepção de si” podem ser analisadas como duas faces
de uma mesma visão que separa o “eu” do outro e, ao mesmo tempo, os une. Separa-os,
quando faz com que o outro seja visto como um indivíduo dotado de subjetividade própria,
logo, um ser com diferenças, ambigüidades e sentimentos tanto quanto o “eu”. E, assim, o
outro passa a ser respeitado. Une-os, quando, em razão do social, estabelece bases de
convivência nas quais trocas podem ser realizadas e levam a um movimento de avaliação
sobre si.
(...) agora eu estou mais convicta que a vida é assim mesmo (...) aceitação em
relação ao eu mesma (...) estou até aceitando uma gravidez de minha empregada. Antes, eu
teria dispensado ela para ir embora e tudo.
(...) a gente fez quanta coisa boa que, na sua vida, na minha, de todos que estavam
ali, que devem ter isso influenciado coisas boas (...) a gente não tem que pensar ‘estou velha,
estou no final da vida’ (P4).
(...) achei que não é por que é o amor (...) por que eu querer dominar? prá eles
me querer bem, gostarem de mim, na minha volta, eu não precisava controlando tudo
prá um, prá outro (P1).
(...) a gente, sabe, aprendeu a ter mais tolerância, paciência, a esperar mais pelas
coisas, gostar mais dos outros (...) as pessoas do outro lado podem não saber o que a gente
está sentindo.
(...) a gente se sente, eu me vejo assim, mais leve, mais fácil para mim decidir as
coisas, fazer algumas coisa, me sinto melhor ainda do que era antes, estou mais decidida,
mais determinada.
(...) eu gostei muito, a gente aprendeu muito, parece que a gente cresceu mais, né?
(P7).
Esse “identificar” a si e ao outro foi principalmente ressaltado pela maioria dos
participantes como fruto do convívio com o grupo que funcionou como uma espécie de
“quebra de resistências” e abertura para novos encontros.
(...) Biodança foi assim, é um grupo que a gente sente todo muito igual, cada uma dá
o seu depoimento, enriquece o modo de a gente pensa, porque, às vezes, a gente fica
pensando: pôxa, a gente que fica assim, a gente que idosa, né? (...) este convívio
torna mais leve de a gente levar (a velhice) (P4).
(...) a gente fica sem conversar com as pessoas e quando sai quer falar demais (P6).
127
(...) foi um aprendizado (...) até aprender a falar, que eu falava alto, estralando,
eu mesma reconheço isso (P1).
(...) aprendi mais a lidar com as pessoas (...) agora, eu to tendo aquela paciência,
aquela calma mais para conversar e para atender as pessoas (P7).
Nesse contexto de percepção de si, do outro e dos efeitos da convivência em grupo
destacam-se as palavras de Paulinelli e Tamayo (1986, p. 116): “A percepção de si faz-se a
partir das representações dos outros, sem ser exclusivamente uma reprodução das mesmas. O
outro funciona como espelho, onde o indivíduo, a partir da imagem que ele reflete, se
descobre, se estrutura e se reconhece”.
O autovalor, como elemento do autoconceito, pode estar relacionado com a
percepção de si, sendo resultado de uma auto-avaliação. Em outras palavras, a auto-avaliação
levaria ao autovalor, deixando implícita a idéia de processo.
(...) passei a dar mais um pouquinho de valor a minha pessoa, porque eu estava
descrente da vida, sem vontade de viver (...) estou me sentindo muito bem na Biodança (...) eu
estava descrente de tudo, prá vestir, prá calçar (P6).
Embora, na literatura pesquisada, não se tenha encontrado especificamente a auto-
avaliação como etapa do autovalor, ficou clara, em todo o trabalho, a noção de autoconceito
como processo que se organiza, se configura e se reconfigura ao longo das experiências.
Por outro lado, autores como Fernández (2002) e Wells e Marwell (1976) se
reportam a termos precedidos do prefixo “auto” como uma grande variedade de palavras que
fazem referência ao construto autoconceito e podem ter um significado diferente, de acordo
com a orientação dada por pesquisadores.
Fica então, neste trabalho, a compreensão que termos precedidos de “auto” podem
estar associados ao autoconceito não como sinônimo, mas como integrantes dele, sob forma
de processo ou não.
James (apud FERREIRA, 2002) explicou que a consciência de si (que pode vir da
percepção de si, da auto-avaliação e do conseqüente autovalor) é que proporciona o sentido
existencial e de direcionamento às ações.
(...) agora a gente sente mais vontade de viver, sente vontade de aproveitar mais a
vida, tem ânimo para tudo (P6).
O controle, no contexto do autoconceito, pode ser associado ao indicador
“relacionamento”, como expressão dele.
(...) Eu tenho que tomar parte, eu tenho que saber, eu tenho que ver. Agora eu sei
que não é por aí (P1).
128
Justifica-se, aí, a função atribuída ao autoconceito por Campbell (1990), como
regulador do comportamento, orientando e capacitando os indivíduos em seus papéis ao longo
da vida.
André e Lelord (2003) explicam que a visão (percepção) de si resulta de uma
avaliação subjetiva das qualidades e dos defeitos que o indivíduo faz de si mesmo. E a
importância dela (avaliação) está no fato de que o indivíduo deve reconhecer que é portador
de limites.
Diante do exposto, pode-se dizer que, comparativamente, a diferença entre a noção
de autoconceito denotado na primeira entrevista ampliou-se na segunda, apresentando, logo
de início, a categoria mudança, anteriormente justificada. Tal categoria, por si só, constitui um
indicativo de que a visão primeira de autoconceito associada apenas ao relacionamento, à
afetividade e à cognição se expandiu, seja em direção ao aprofundamento desses, seja em
outras direções.
No caso, observou-se uma expansão dos dois sentidos: na direção do
aprofundamento, na categoria “relacionamento”, os indicadores “vontade de conversar, falta
de convivência, solidão e agressividade com as pessoas” foram substituídas pelo indicador
“melhorar com o outro e consigo”.
Nesse aprofundamento, surgiu a presença do outro, ou seja, conota-se que houve
uma descentralização do foco do sujeito de si mesmo (primeira entrevista) para um reenfoque
de si pelo enfoque no outro (segunda entrevista). Reitera esse entendimento as palavras “outro
e consigo” ditas associadamente.
Em outras direções, a noção de autoconceito se ampliou basicamente em dois
pontos: percepção de si e do outro (que confirma a mudança do foco do sujeito a partir do
outro) e a idéia de bem-estar, trazida pelo controle e pelo reconhecimento do autovalor
(Quadro 5.4).
Auto-estima
À segunda pergunta - “que sentimento você tem por você mesmo nessa idade?” -,
realizada na primeira entrevista, as respostas se centraram em única categoria, “gostar de si”,
literalmente, correspondendo ao sentido etimológico da palavra, descrito por Cunha (2001) da
seguinte forma: estimare, significando amar, e “auto”, daquilo que é próprio.
Para André e Lelord (2003), o amor a si mesmo é um dos três pilares da auto-estima
e seu elemento mais importante é o amor incondicional a si mesmo.
129
Nos indicadores (amor por mim, tenho de gostar de mim e gostar de si o tempo
todo), dois aspectos chamaram a atenção: a locução verbal tenho de gostar” e a locução
adverbial “o tempo todo”. Em relação ao primeiro, ter de” indica uma obrigação, como se
não houvesse uma vontade própria, um estímulo natural para esse gostar. Em “tenho de
gostar, ainda não gosto”, os dois verbos sugerem uma ação futura conotação semântica
imperativa que confirma o entendimento anterior.
(...) eu tenho de gostar de mim próprio porque senão não vai (P3).
(...) tenho de aprender a me amar, a gostar de mim (P6).
Segundo Adler (apud GOBITTTA; GUZZO, 2002), a auto-estima está relacionada
com a aceitação de si mesmo. Para Simmons e Simmons JR (1999), pela auto-estima avalia-se
se alguém quer bem a si próprio.
“Gostar de si o tempo todo” remete ao amor incondicional citado por André e Lelord
(2003, p. 17): “amamo-nos a despeito de nossos defeitos e limites, fracassos e revezes”.
Nessa visão, “o tempo todo” não teria um sentido estritamente temporal (gosto muito
hoje, menos amanhã), mas sim um sentido de manutenção do amor, independente das
condições e circunstâncias. “O tempo todo” representaria, na verdade, a amor incondicional a
si.
Na segunda entrevista, como foi dito, surgiu a categoria “mudança”, passando as
demais à condição de subcategorias.
No grupo das subcategorias, observou-se a repetição do elemento “autovalor”,
apontado na subcategoria autoconceito (nessa segunda entrevista). Apesar das orientações de
Bardin (1977) nesse sentido (já explicadas), aqui também essa repetição se justifica: o
autovalor, como elemento do autoconceito e da auto-estima, demonstra a interligação entre o
conteúdo desses construtos.
Destaca-se, nesse sentido, que não se trata apenas da interligação terminológica a
qual se refere Novaes (1985), principalmente marcada pelo prefixo “auto”. São conteúdos que
se desenvolvem em conjunto e voltados para o mesmo fim: a aceitação de si mesmo. Para
Branden, (1992), a auto-estima abrange dois elementos, entre eles, o autovalor.
(...) autoconceito, auto-estima (...) são coisas de um íntimo só (P1).
As subcategorias “descoberta de si” e troca” podem ser analisadas em conjunto,
porque têm implícita uma relação de dependência: se a “troca faz a gente aceitar” é porque
algo levou a uma nova visão.
(...) houve um despertamento (...) que faz a gente aceitar e alegria (...) o
depoimento dos colegas (P4).
130
(...) Eu aprendi que a gente pode, do eu da gente, da gente querer, eu vou fazer e
a gente vai e faz (...) tenho aprendido a conviver com as diferenças (P9).
A descoberta de um potencial de realização, tanto quanto o despertar para outra visão
da vida a partir das trocas sociais são fatores relevantes na vida do idoso, haja vista a
repercussão de seu processo de perdas sobre sua autonomia e sobre a convivência social.
Como esse processo funciona de modo interligado, nas áreas fisiológica, cognitiva,
psicológica e social, entende-se, no caso, que a descoberta da autonomia (cognitiva) pode
trazer melhoria à parte social e vice-versa. Um e outro, por sua vez, podem contribuir com as
demais áreas: a psicológica pela própria auto-estima melhorada e a fisiológica porque a
melhora no estado de ânimo revitaliza a energia física.
Conforme Eikson (1998), os corpos, mesmos os bem cuidados, vão perdendo a
capacidade de manter a força e a autonomia que, debilitadas, enfraquecem a confiança em si.
Para Branden (1996), a auto-eficiência representa confiança no potencial físico e
mental para as realizações.
Por outro lado, a descoberta para o valor das trocas representa uma abertura que,
embora diretamente ligada ao social, significa bem mais que isso: uma abertura para a própria
vida.
Descobrir o valor da troca na velhice leva à dedução sobre uma vida anterior com
alguma solidão, embora no caso, essa situação não tenha sido explicitada. Mas o
“despertamento” (do que não estava ativo) dá essa idéia.
Na subcategoria “amor a si”, os indicadores “estou me amando/gostando” e “eu não
me cuidava” demonstram situações explícitas de mudança de visão:
(...) Eu não me cuidava muito bem, não saia e agora não (...) Meu filho também
percebeu: ‘mãe, a senhora está mais vaidosa’. Eu estou vivendo! (P8).
(...) estou me amando, não quero morrer tão cedo, eu tenho alguma coisa a oferecer.
Não é amor com homem, é amor comigo mesma (P6).
(...) eu me gostando muito (...) porque antes eu sentia tanta dor, uma coisa, outra
(P7).
Mas a nova visão, entretanto, por si pode não ser suficiente para manter esse
estado, haja vista ele exigir capacidade de adaptar-se novamente, no caso desta pesquisa, a
motivação pode se reduzir com a dispensa do grupo (fim da pesquisa de campo), e o idoso
pode voltar ao estado anterior.
131
P6, por exemplo, tão logo afirmou estar se amando, complementou: “estou sentindo
desamada porque eu vivo (...) estou me sentindo desprezada (...) eu criei um punhado de
filho, são maravilhoso meus filhos (...) mas será que eles vão dar valor nim mim” ?
Como se observa, as dificuldades apresentadas por ela, embora aparentemente sejam
provenientes do exterior, podem também refletir medo e insegurança na relação com os filhos,
e isso, ao que parece, não se modificou.
O trabalho com o grupo, a convivência, os depoimentos surtiram efeito, mas podem
não ser, em tão curto período, suficientes à administração de questões que sejam mais
profundas. Isso significa que, se em relação aos objetivos deste trabalho, as respostas
satisfizeram, por outro lado, demonstraram também a existência de conflitos maiores.
Sublinhe-se que não se trata, aqui, de considerar pouco tempo de trabalho em campo
(como falado) e sim a existência de aspectos que a pesquisa não deu conta de resolver, até
porque não se encontravam em seus objetivos. Mas também a investigação foi positiva,
pois serviu para clarificar conflitos cuja solução pode encontrar-se tanto em nível de terapia
específica, como na continuidade da Biodança.
Neste sentido, Ferrer (2000. p. 172) traz a importância do afeto na vida do idoso ao
afirmar que o
afeto representa o estímulo do comportamento adaptativo que regula, matiza e dá cor
a qualquer situação, possibilita a motivação, determina a atitude geral (rejeição,
fuga, aceitação, indiferença) e desempenha um papel determinante nos pensamentos
e ações da pessoa em estados de saúde e de enfermidade.
O indicador “mexeu dentro” transmite a idéia do que se buscou comprovar na
investigação de campo, isto é, como a Biodança poderia contribuir para o autoconceito.
Quando P7 diz “(...) mexeu com os sentimentos da gente, uma coisa que vem de
dentro (...) mexeu dentro do pensamento, a imaginação, as emoções”, compara o trabalho
grupal da Biodança com as atividades físicas das quais é praticante: “(...) porque nos esportes
a gente nem lembra de sentir, é isso aí que eu quero chegar”.
P7 parece ter alcançado a integração bio-psico-social da qual falam Baltes e Baltes
(1990). Essa integração é possibilitada pelo autoconceito positivo.
Do ponto de vista da Biodança, essa integração corresponde a um de seus objetivos.
Segundo Toro (2005b), é por meio da integração afetiva que o indivíduo restabelece o sentido
de unidade consigo mesmo, com o outro e com a natureza, rompido em determinados
momentos da vida, por causas diversas.
132
A declaração de P7 “mexeu dentro do pensamento, a imaginação, as emoções” tem
consonância com o depoimento de P6 que, sem expressamente dizer “mexeu dentro”, trouxe à
tona conflitos pessoais “de dentro”.
Os indicadores da subcategoria “autocrítica” (“era uma mistura de nervosismo
misturado com ignorância” e “eu me pus no meu lugar”) revelam a capacidade de o indivíduo
orientar-se e situar-se no mundo, o que, para Merleau-Ponty (1994), tem relação com
dinâmicas pessoais.
O reconhecimento que levou à autocrítica pode estar relacionado ao que Freire
(2003) diz, quando fala da capacidade do idoso de dar respostas flexíveis aos desafios da
mente e do ambiente. Freire (2002) também explica que o self desenvolve estratégias de
adaptação ao ambiente, inclusive por meio da mediação de aspectos da personalidade, que vão
indicar como os indivíduos podem lidar com o ambiente e com o desafio da velhice.
(...) eu não era assim não. Se eu quisesse um carro, teria que ser para amanhã, eu
removia céu e terra (...) na Biodança, eu me pus no meu lugar (P1).
(...) eu tenho esse nervosismos misturado com ignorância (...) eu era agressiva (...)
eu me arrependia comigo mesmo de ter feito aquilo (...) aquela atitude que tomei com aquelas
pessoas (...) às vezes, nem merecia (P5).
Em termos gerais, a mudança da auto-estima, entre a primeira e a segunda entrevista,
tal como no autoconceito, expandiu-se tanto no sentido de aprofundamento (“gostar de si”,
que se mantém) quanto no surgimento de outros indicadores (Quadro 5.4). Porém, diferente
do autoconceito, não se observou um total desfocamento de si nesse “gostar”. Apenas o
“despertamento” e o sentimento de autocrítica trouxeram a presença do outro na valorização
da troca e na identificação da necessidade de limites, respectivamente.
Auto-imagem
Na terceira pergunta “qual a imagem que você faz de si mesmo; como você se
neste momento de sua vida”? -, as respostas dadas, quando da primeira entrevista, foram
classificadas em três categorias: aparência física, orgulho e bondade, abrangendo as áreas
física, psicológica e afetiva. Pelos indicadores, verifica-se a prevalência da auto-imagem
relacionada mais com a aparência física do que com o afetivo ou psicológico, o que pode ser
explicada pela associação comum de imagem ao aspecto físico.
133
Em termos gerais, independente da prevalência da aparência física, o conceito foi
estendido ao psicológico e ao afetivo, estando próximo daquilo que Schilder (apud LE
BOULCH, 1992) define como aspectos que devem ser observados na auto-imagem.
Os indicadores da categoria “aparência física”, sejam no sentido positivo (“gosto de
me arrumar”, “tenho uma imagem maravilhosa”, “me acho linda”, “não tenho defeito”), sejam
no negativo (“me sinto deformada”), falam por si do que representava a auto-imagem
desses participantes naquele momento.
Tal representação corresponde, de certa forma, à definição de esquema corporal
apresentada por Turtelli (2003), segundo a qual esse esquema representa as características
biológicas que servem de base à construção da imagem corporal.
Conforme Rogers (1977), a imagem é configurada a partir da experiência do eu com
os valores que o sujeito associa a sua percepção.
Se, por um lado, a relação da aparência física com a auto-imagem está correta em sua
associação imediata, que o corpo é a expressão mais palpável dela, por outro, a
concentração da auto-imagem nessa experiência demonstra um noção incompleta daquilo
que o corpo representa. O corpo é o depositário da experiência pessoal (BARROS, 1998); é
fonte de significação, é local de emoção e de desejo (LAPIERRE; AUCOUTIER, 1980); é o
meio de perceber o mundo (MERLEAU-PONTY, 1994).
A noção de outros componentes corporais, logo, integrantes da auto-imagem, foi
expressa nos indicadores “bondade” e “orgulho”, quando os participantes declararam:
(...) todo mundo gosta de mim (...) me acho simpática (P2).
(...) tenho orgulho pela minha idade (P1).
Porém, não obstante, referem-se a componentes diferentes da aparência física para
definir a auto-imagem, também traduzem uma noção incompleta, já que o corpo abrange
“orgulho” (sentimento), bondade” (percepção da relação eu/outro) e “aspectos físicos”
(considerações bio-fisiológicas).
Em resumo, pode-se dizer que os indicadores dos participantes nas três categorias de
auto-imagem correspondem, em conjunto, a um conceito de auto-imagem.
Na segunda entrevista, os indicadores foram mais amplos, abrangendo cinco
categorias: independência, aceitação de si, vaidade, conformação e narcisismo.
No geral, foi observado que todas as respostas fixaram-se em aspectos físicos, o que
corresponde à idéia comum de imagem corporal associada mais à disposição física, aos
movimentos, à aparência corporal (peso) e à apresentação (trajes, maquilagem).
134
Não se verificaram, nesse momento, de forma evidente, outros aspectos que Schilder
(apud LE BOULCH, 1992) considera inseparáveis na imagem corporal: mentais, sociais e
afetivos.
Não se percebeu, também de acordo com Le Boulch (1987, p. 188), a integração das
linguagens fisiológica e psicológica “em uma mesma realidade fenomenológica que é o corpo
próprio”. No caso, o corpo, como referência da imagem, foi considerado um instrumento que
possibilita ainda agilidade para os diversos afazeres e a própria expressão da beleza física,
portanto, merece cuidado.
Entretanto, não se pode associar essa percepção incompleta de imagem como
aparência sica à classe social dos participantes (a maioria pertence à classe média baixa),
uma vez que aquela percepção é a geral na atualidade, como resultado dos bombardeios”
diários da mídia na divulgação de parâmetros estéticos como fonte de saúde, emprego,
juventude, tanto que P4 declarou:
(...) porque eu sempre pensei (...) quando fosse necessário alguma coisinha (cirurgia
plástica) eu gostaria de fazer, mas eu tive uma decepção muito grande (grifo da pesquisadora)
porque não posso fazer cirurgia nenhuma, porque já fiz ponte de safena.
Não resta dúvida, porém, de que as condições de locomoção e a agilidade são
fundamentais no exercício da independência, cuja perda debilita o controle e a autonomia,
conseqüentemente, enfraquecendo a crença em si e o autoconceito (ERIKSON, 1998).
Para Merleau-Ponty (apud COSTA, 1998), é com o corpo que o indivíduo realiza o
gesto e as ações que levam à concretização de tarefas.
Como expressão da beleza, o corpo identifica-se com o próprio indivíduo e nele se
encontram o subjetivo o eu sou, a beleza e o objetivo, os movimentos pelos quais a
corporeidade se manifesta.
(...) eu me sinto bem comigo,eu saio, venho sozinha, vou ao médico (...) isso é muito
bom (P9).
(...) eu praticamente faço tudo que a de 18 faz, nada me impede ( P1).
(...) eu lavo, eu passo, eu faço tudo (...) eu ando sozinha, prá todo lugar, faço muitas
contas tudo direitinho (P8).
(...) gosto de sair, de passear, de fazer parte de tudo (P2).
Essa independência de ões e autonomia não demonstram, nesse caso, o
desvanecimento do corpo em decorrência da velhice, ao qual se refere Le Breton (1995). Para
esse autor, principalmente nas sociedades ocidentais, o corpo é discreto e silencioso, em geral
como resultado de “rituais” que afastam a consciência de si. Esses rituais, sob uma
135
justificativa de socialização das manifestações corporais, representam, antes de tudo,
elementos de repressão.
Possivelmente, o fato de os participantes integrarem o Grupo dos Mais Vividos”
contribuiu para a manutenção desse estado de espírito entre eles.
As subcategorias “aceitação de si” e “conformação”, aparentemente semelhantes,
possuem características que distinguem uma e outra forma de percepção de si.
Quando P6 se refere a sua auto-imagem dizendo “eu não me olhava no espelho, tudo
em mim eu achava feio (...). Meu Deus, que mulher é essa horrorosa? (...) Que mulher feia,
gordona é aquela?”, demonstra o insatisfação com seu físico, mas também uma baixa
auto-estima que compromete a visão da auto-imagem.
Não resta dúvida que sua comparação é feita com o ideal contemporâneo, firme e
jovem, que foge ao sinal do tempo, segundo descreve Marzan-Parizoli (2004). Trata-se de
uma não correspondência aos modelos instituídos pelo mercado e que leva ao sentimento de
culpa e de rejeição. E P6 confirmou isso: “Você está descabelada, (...) eu tinha vergonha de
minha mão envelhecida, cheia de rugas (...) e tudo meu vivia escondendo”.
Mas P6 conclui: agora estou aceitando (...) tudo que está acontecendo com o meu
corpo é da idade (...) me sinto feliz do jeito que sou (...) tenho prazer de botar as minhas
mãos para outros saber que sou velha”.
O que vai distinguir a aceitação de si, expressa por P6, do estado de conformação de
“P4” é a motivação da primeira, diante do reconhecimento de seu processo de
envelhecimento.
(...) Agora eu me sinto feliz do jeito que sou (P6).
O “agora” indica a mudança de estado para melhor:
(...) Até isso (não poder fazer a cirurgia) eu me conformei (...) vou ficar desse jeito
(P4).
O “até isso” demonstra um pesar, diferente da motivação da “P6”.
Porém, a conformação de “P4” o pode ser vista como um aspecto negativo diante
da motivação de “P6”. Ela tem um aspecto positivo, pois ao dizer “até isso eu me conformei”,
ela indicou uma transformação, já que antes ainda não havia se conformado.
Se para uns, a solução parece seguir caminhos mais diretos, para outros, pode-se
necessitar de passos, e a conformação pode ser um deles. Em outras palavras, a conformação
de P4 pode ser o passo que antecede a motivação para a aceitação de si.
Sob esse enfoque, a afirmativa de Erikson (1998, p. 89) de que o processo de velhice
“traz consigo novas exigências, reavaliações e dificuldades diárias” é perfeitamente aplicada
136
aos participantes. Steglich, (1978), ao estabelecer a relação entre a auto-imagem do idoso aos
sucessos e fracassos ocorridos em sua vida, sublinha a importância de reforços positivos e
negativos, respectivamente, a sua auto-imagem.
Em relação a P6, ressalte-se que a aceitação de si e sua motivação podem ser
considerados um resultado bastante significativo, haja vista ter ela declarado na primeira
entrevista, sentir-se “deformada”:
Na subcategoria “vaidade”, as participantes foram claras:
(...) tem pessoas que pensam que sou louca, porque com a idade que eu tenho, vestir
do jeito que visto, me pentear (...) não tô nem aí (P5).
(...) Por que não deixar os cabelos brancos? (...) Eu não acho bonito, cada um tem
sua (opinião). Eu gosto de pintar o cabelo (...) Se eu me engraçar com uma coisa, faço jeito
de comprar (P7).
As falas demonstram não objetividade, em relação ao que querem, como uma
postura de reação às convenções sociais impostas ao idoso e que orientam seu comportamento
(GAIARSA, 1991).
Mais que vaidade declarada em si, depreendeu-se, dessas falas, um sentido de auto-
orientação e uma postura que reflete os próprios desejos, apesar de estar inserida no padrão de
exigência dos modelos comerciais. Mesmo voltadas para a aparência física, que atualmente é
considerada um valor maior, as participantes situam nesse contexto sua própria forma de
compreensão desse valor.
Com isso, elas se colocam em uma posição dual: ao tempo em que participam dessa
idéia comum atual de busca da melhor aparência física (MARZANO-PARIZOLI, 2004),
rebatem a percepção de seu corpo marginalizado pela velhice (SIMÕES, 1994). Em resumo,
há um certo equilíbrio.
Na subcategoria “narcisismo”, observou-se, no discurso do participante em resposta
à pergunta “qual a imagem que você faz de si mesmo, como você se vê neste momento de sua
vida?”, a presença de 20 pronomes pessoais da primeira pessoa do singular (“eu”) em uma
resposta de 17 linhas. Se, por um lado, a presença do “eu” poderia ser considerada uma
expressão do ego, por outro, as referências a esse “eu” como uma pessoa que se sente acima
dos efeitos de qualquer processo, inclusive das perdas da velhice (físicas, psíquicas e sociais),
chama a atenção por dois motivos: primeiro, pelo fato de em nenhum momento, nas seis
respostas (das duas entrevistas), o participante aludiu a si mesmo e a sua vida de uma forma
que fosse menos positiva, quanto mais a qualquer aspecto negativo. Segundo, porque a
137
presença insistente do eu” na definição de sua auto-imagem, denota a ausência sistemática
do outro, levando ao entendimento de que esse outro não faz parte de suas referências.
Nesse ponto, aparentemente, as impressões desse participante o corresponderam
àquilo e Paulinelli e Tamayo (1986) afirmam, no sentido de que o outro funciona como um
espelho no qual o indivíduo vê a sua imagem refletida, se descobre e se reconhece.
Destaca-se que na primeira entrevista esse participante definiu sua auto-imagem a
partir de sua aparência física: “quando me olho no espelho, eu não acho defeito algum” (P3).
Na segunda entrevista, repetiu essa visão – “eu nunca tive prioridade de achar que eu
não era (bonito)” - e expandiu-se em direção a seu vestuário, a sua alegria e ao fato de ser
querido pelas pessoas: “aonde eu chego eu sou muito querido porque eu sempre gostei de
respeitar as pessoas, eu tenho que merecer respeito”.
As pessoas, o outro, aparecem no discurso como se fossem um ponto de afirmação
desse “eu” que as regras: “aonde eu chego, arranjo meus amigos, se eu num grupo,
procuro respeitar todo mundo”.
Não se percebeu, na fala desse participante, nada que pudesse identificar o resultado
de uma relação de troca, de vivência partilhada.
Na perspectiva de Rogers (1977), essa postura pode evidenciar um self ideal
diferente do real. O ideal é baseado em conceitos com características emocionais que o
indivíduo deseja para si conscientemente. Para Nunes (1997), quanto maior a distância entre o
self ideal e o real, maior é o estado de desarmonia interna e, consequentemente, de sofrimento
do indivíduo. A autopercepção leva a sentimentos de baixa auto-estima e de desvalorização.
Ainda na subcategoria auto-imagem, num segundo momento, dois participantes
enfatizaram um gostar de si”, após indicarem uma “nova” auto-imagem refletida na
independência. É como esse gostar de si’ reforçasse a independência, demonstrando a
retroalimentação entre auto-estima e auto-imagem: quando a auto-imagem está positiva, a
auto-estima está elevada (MOSQUERA, 1976).
Em relação à auto-imagem, na diferença das respostas da primeira e segunda
entrevistas como nos construtos anteriormente analisados, verifica-se também uma ampliação
do conceito de auto-imagem, tanto no sentido de aprofundamento (independência como um
resultado de gostar de si) como em outras direções (auto-imagem como aceitação de si,
conformação, vaidade e narcisismo) (Quadro 5.4).
Autoconceito Auto-estima Auto-imagem
138
1ª Entrevista
Categorias
2ª Entrevista
Subcategorias
1ª Entrevista
Categorias
2ª Entrevista
Subcategorias
1ª Entrevista
Categorias
2ª Entrevista
Subcategorias
Relacionamento
Afetividade
Cognição
Relacionamento
Bem-estar
Percepção do
outro
Autovalor
Controle
Percepção de si
Gostar de si Amor a si
Descoberta de si
Autovalor
Autocrítica
Aparência física
Orgulho
Bondade
Independência
Aceitação de si
Conformação
Vaidade
Narcisismo
Em termos gerais, nos três construtos pesquisados, pode-se afirmar, pelas respostas
dos participantes, que houve mudança na forma como a maioria se percebia e passou a se
perceber.
Destaca-se, no entanto, que o participante P3, ao que indica o seu discurso, não
apresentou diferença significativa entre a primeira e a segunda entrevista.
Autoconceito: (...) eu gosto de mim próprio (...) eu me vejo tão bem até os meus
últimos dias, eu não vou deixar de gostar de mim (primeira entrevista).
(...) eu era uma pessoa de bom conceito e eu tenho de dar valor a mim mesmo
porque quem gosta de mim sou eu (segunda entrevista),
Auto-estima: (...) eu tenho uma esposa que me deu tudo que eu precisava (...) o amor
que eu tenho por ela, pelas outras pessoas e o amor por mim é maior ainda (...) (primeira
entrevista).
(...) sou uma pessoa que não tenho que falar de mim porque sou excelente (...)
(segunda entrevista).
Auto-imagem: (...) a minha imagem quando me olho, eu me olho no espelho e acho
que tô bem e não tenho nada a declarar (primeira entrevista).
(...) aonde eu chegar a minha alegria é uma coisa e todo mundo me bota lá em cima
(segunda entrevista).
No entanto, na observação, nos últimos dois encontros, sua fisionomia parecia mais
aberta, mais expressiva, diferente das outras vezes. Chegava sempre atrasado, interrompendo
a aula e cumprimentando todos com um tom de voz bem alto e evidenciando euforia. Buscava
o aplauso da turma que, por sua vez, correspondia. Além disso, brincava durante as
atividades, destoando do clima que havia entre o grupo.
Moragas (1997, p. 75), falando de autoconceito, afirma que é essencial ao idoso
possuir uma capacidade de julgamento que coloque seu autoconceito em relação à sociedade
como um todo. Referindo-se ao autovalor, ele afirma que “para a maioria das pessoas,
Quadro 5.4:
Comparação entre o número de categorias da primeira e da segunda
139
meios de defesa da identidade pessoal e do autoconceito, e os próprios idosos elaboram
estratégias de defesa psicológica diante das agressões do meio”.
Da observação durante as aulas, alguns fatos se destacaram:
1) Dos nove participantes que fizeram a entrevista, apenas um (P3) não fez
referência à família na apresentação (primeira aula), nem na reapresentação (décima aula). No
transcurso das entrevistas, ele criou especificamente a esposa e o filho (de uma relação
extraconjugal), para mostrar sua mudança em relação ao modo de vida anterior.
Entre os demais, houve quem citasse a quantidade de filhos, netos, bisnetos, e quem
demonstrasse orgulho pela família criada.
A referência à família nas auto-apresentações pode ser compreendida de duas
formas: primeira, mostra o resultado de sua trajetória de vida. É uma forma de se apresentar
vitorioso, num ambiente que hostiliza o idoso. A segundo sublinha a “presença” da família,
mesmo quando se experimentam mudanças, como as citadas.
Olivier (1995) explica que a imagem é vivencial e nela estão presentes os afetos,
história pessoal e valores. A imagem do eu (nas apresentações) configura a experiência do
sujeito com o ambiente e com os valores que ele associa a suas percepções (ROGERS, 1977).
2) Mais da metade dos participantes se referiu expressamente de forma positiva ao
trabalho do grupo, cada um demonstrando um aproveitamento diferente dessa convivência. As
alusões passavam pela troca de experiência:
(...) As aulas que nós temos aqui (...) tem melhorado muito a mente (...) tenho
aprendido a conviver com as diferenças (P9).
(...) Na Biodança fico assim alegre (...) eu tenho ânimo, (...) quando entrei eu me
senti tão feliz de fazer amizade com tanta gente (P2).
(...) Este convívio torna mais leve de a gente levar (a aceitação da velhice) (P4).
(...) Desde que eu entrei aqui em fiquei com mais carinho com as pessoas (P8).
(...) estou melhorando com isso (Biodança), sabendo enfrentar melhor o dia a dia
(...) estou melhorando e com as pessoas que estão ao meu redor (P5).
(...) eu nunca tive um trabalho (desse tipo), sua experiência de vida que ensinou prá
gente ter mais carinho com as pessoas (...) daí melhorou mais tarde o olhar (...) aprendi a ter
mais atenção às pessoas (P3).
A plasticidade da imagem corporal (no caso representada pela mudança referida pelo
grupo a partir da vivência e da dança) em condições saudáveis, permite ao idoso adaptar-se ao
processo de envelhecimento, enquanto o distúrbio de motivação (aparente em P3) pode
comprometer a adaptação da imagem corporal (MONTEIRO, 2001).
140
Em P3, diferente dos demais, a demonstração de bom humor e de alegria em alto
nível, observada durante todo o período das aulas, o poderia ser tida como motivação,
porque, como já foi dito, características de seu discurso evidenciam um distanciamento
grande entre o self real e ideal. Haveria uma falta de consciência quanto a sua inadaptação ao
ambiente de sua própria realidade, possivelmente advinda de questões profundas que o
transpareceram nas aulas e que certamente estariam além do que se propôs nos objetivos deste
trabalho.
No que se refere às dimensões do self apresentadas por L’Ecuyer (apud NOVAES,
1985) considerou-se, na observação, que ele (o self) constitui o âmago do autoconceito
(FREIRE, 2002).
Verificou-se, no geral, que o surgimento da categoria mudança”, na segunda
entrevista, corresponde a uma das hipóteses de L’Ecuyer (apud NOVAES) que aborda o
autoconceito inserido em um sistema multidimensional. Nesse sistema, a hipótese da evolução
desse construto se estende por toda a trajetória de vida do indivíduo, podendo-se verificar nela
o desenvolvimento de dimensões e peculiaridades.
Tal hipótese foi justificada nos resultados das aulas de Biodança não pelo
surgimento da categoria “mudança” como também pela expansão das dimensões e
peculiaridades de cada construto que cada um apresenta.
(...) eu era muito grosseira, já hoje não sou mais. Eu renovei (P8).
(...) Eu estava descrente de tudo, pra vestir, prá calçar (P6).
(...) A gente, sabe, aprendeu a ter mais tolerância, paciência (P7).
Em termos individuais, os selves se manifestaram na linguagem de quem fala de si,
se avalia, se define e se qualifica a partir da autopercepção (CÁRDENAS, 2000).
Com base da definição de Cárdenas, forma identificados algumas estruturas de selves
na multidimensionalidade de L’Ecuyer (apud NOVAES, 1985): self material, somático (P7) e
possessivo (P1); self adaptativo (P8) e self social (P2).
No que tange especificamente à prática da Biodança, para melhor visualização da
metodologia utilizada nas aulas, foi feito um levantamento semântico do conteúdo dos
elementos metodológicos. Com isso, pretendeu-se submeter os próprios procedimentos da
Biodança à análise, uma vez que eles representaram uma das condições de manifestação do
fenômeno pesquisado, o autoconceito.
Esse procedimento teve como base a orientação de Bardin, para quem os documentos
dos investigadores (neste caso, os planos de aula) prestam-se, entre outros, a levantamentos
semânticos das comunicações na pesquisa. O levantamento visou responder à seguinte
141
pergunta: “quais as conseqüências que um determinado enunciado vai provavelmente
provocar?” (BARDIN, 1977, p. 39).
Considerou-se que nas linguagens utilizadas (verbal, musical e corporal), as
consignas, os gêneros musicais executados e os objetivos dos exercícios-cumbre aplicados
constituíram enunciados para se alcançar a finalidade proposta, no caso, a mudança no
autoconceito.
O enunciado é uma unidade real e viva da comunicação, não uma parte extraída de
um discurso moldado, mas a essência desse discurso. Os enunciados podem ser
entendidos no interior da cadeia de interação, uma vez que não carregam significados literais,
mas são sempre dinâmicos e dependentes do já dito e das respostas (BAKHTIN, 1992, 1995).
Na linguagem verbal, as palavras são capazes de evocar relações afetivas. Dentro do
significado geral, as palavras têm um sentido diferente para cada pessoa, dependendo da
relação afetiva que ela tem com aquilo que a palavra representa. E nessa experiência
individual com a palavra residem vivências afetivas (VYGOTSKY, apud ARANTES, 2002).
No idoso, o processo de evocação de outras palavras associadas aos enunciados é
influenciado pelo contexto da codificação e pelas trocas. Essas tanto podem inibir palavras
associadas que se encontram ativadas na memória, como reativar outras que tenham sido
inibidas pelo contexto semântico (ERVEN e JANCZURA, 2004). Na Biodança, o objetivo
das consignas é motivar a vivência, pela indicação da ação (SANTOS, 2004).
A música, como linguagem, pode funcionar como estímulo para as pessoas, porque
desencadeia aspectos sensitivos, orgânicos e de comunicação que funcionam como uma
resposta (BENEZON, 1988); conduz à criação de imagens sensoriais, afeta a consciência e
motiva atividades, trazendo as imagens para a consciência (CAMPBELL, 2001); faz com que
o corpo perca a ingenuidade e simplicidade (FREGTMAN, 1996). Em idosos, os efeitos das
músicas são positivos com aqueles que apresentam queixa de segregação familiar, baixa auto-
estima e sentimento de desvalorização (TOURINHO, 2000). Na Biodança, a utilização de
músicas tem como objetivo induzir à liberação de emoções integradoras, como: alegria,
ternura, recolhimento, exaltação (TORO, 2002).
Na dança, linguagem corporal, o movimento excita a pulsão que, no sentido
psicanalítico, é uma energia colocada a serviço do ego para a solução de conflitos e origina
manifestações interiores e exteriores (LAPLANCHE e PONTALIS, 1995); a expressão
corporal estabelece relações entre o corpo, o tempo, o espaço e a criatividade (na qual se
insere a dança), podendo ser vista na dimensão do espaço interior, em todos os seus
sentimentos, e do espaço exterior, na própria relação com o mundo (BRIKMAN, 1989); pela
142
dança, manifesta-se um instinto natural de comunicação e de expressão das emoções
(CLARKE, 1964). Em idosos, o movimento (da dança) pode fazer com que eles se reintegrem
ao meio, explorando e desenvolvendo potencialidades adormecidas, afloradas com estímulos
musicais e palavras motivadoras que auxiliam a crença em si mesmas (FUX, 1983). Na
Biodança, a dança é representada por movimentos naturais, surgidos das entranhas do ser
humano; é um ritmo biológico, atende à respiração natural e é realizada por meio de
movimentos vivenciais (exercícios) (TORO, 2002).
Na classificação dos conteúdos, foram levantadas as palavras-chaves dos objetivos
gerais das aulas e das consignas, os exercícios-cumbre e seus objetivos. Os exercícios-cumbre
foram aqueles considerados pela pesquisadora como os mais deflagradores de sentimentos e
emoções, constantes dos planos de aula (Apêndice A).
Palavras-chave
objetivos gerais
das aulas
Palavras-chave –
consignas
Exercícios-cumbre -
Linha de Vivência
Objetivos dos exercícios-cumbre
Espaço, adaptação,
mudança
Espaço máximo e espaço
mínimo –
(Criatividade)
Adaptar-se a novas situações;
Ocupar espaços disponíveis.
Olhar, descoberta,
revelação
Brincadeiras de olhar -
Leque chinês –
(Afetividade/Vitalidade)
Revelar-se ao outro de maneira progressiva
Determinação,
respeito, cuidado
Caminhar com
determinação -
(Vitalidade)
Caminhar experimentando sentimentos de
determinação e coragem
Dizer não, contestar,
ocupar espaços
Dança de contestação em
par -
(Vitalidade)
Evocar uma atitude de assertividade e
contestação;
Delimitar o próprio espaço.
Vivência do
espaço de si
(Autoconceito)
Adaptação,
mudança,
flexibilidade
Escultura de encaixe -
(Criatividade/Transcendên
cia)
Experimentar situações de adaptação e
readaptação às mudanças corporais;
Vivenciar movimentos inusitados.
Reconhecimento,
outro si mesmo,
Roda de auto-reverência e
de reverência ao outro -
Reverenciar a si e ao outro
143
reverência (Afetividade/Transcendênc
ia)
Receber, ser
recebido, reconhecer
o outro, ritual, afeto
Encontros -
(Afetividade)
Experimentar uma situação de encontro com
uma qualidade ritualística;
Descobrir novas formas de comunicação
afetiva e de contato;
Receber e ser recebido.
Sintonia com o
outro, grupo, afeto
Roda de comunhão -
(Afetividade)
Harmonizar-se, diminuindo o grau de
ativação corporal;
Aumentar a integração afetiva.
Cuidar de si,
receber-se, embalar-
se
Dar colo a si mesmo -
(Afetividade)
Receber a si mesmo em um auto-abraço
Corpo, sagrado,
merecimento, dar,
receber
Túnel de carícias -
(Afetividade/Transcendênc
ia)
Proporcionar contato afetivo incondicional;
Receber contato afetivo indiferenciado de
todo o grupo.
Importância do
nome, expressão
afetiva de si e do
outro
Canto do nome -
(Afetividade)
Expressar o próprio nome de forma melódica
e afetiva;
Ouvir o seu nome cantado pelo grupo, de
maneira melódica e afetiva.
Conexão como
sagrado, proteção,
maternidade,
paternidade
Embalar a criança divina -
(Afetividade/Transcendênc
ia)
Evocar o sentimento de sacralidade da vida;
Embalar e reverenciar a criança divina.
Integração de si
mesmo e com o
outro
(Auto-estima)
Fraternidade,
alegria,
reconhecimento do
outro
Abraço fraternal -
(Afetividade)
Celebrar um contato afetivo fraterno.
Quadro 5.5: Palavras-chaves dos exercícios gerais, palavras-chave das consignas, exercícios-cumbre,
linhas de vivência e objetivos dos exercícios-cumbre
Palavras-
chave -
objetivos
gerais das
aulas
Palavras-chave -
consignas
Exercícios-cumbre -
Linha de Vivência
Objetivos dos exercícios-cumbre
Regulação, ritmo
interno, percepção do
corpo, leveza,
harmonia
Caminhares –
(Vitalidade)
(Afetividade/Transcendência)
(Vitalidade)
Reabilitar o caminhar natural;
Caminhar com leveza e harmonia,
percebendo-se e percebendo o outro;
Caminhar buscando a auto-regulação.
Dar, receber, afeto,
reverência
Auto-acariciamento de mãos
-
(Afetividade/Transcendência)
Reintegrar as mãos ao corpo utilizando o
toque afetivo;
Reverenciar as próprias mãos.
Anônimo,
merecimento, toque
afetivo
Acariciamento de rosto e
cabelo –
(Afetividade/Transcendência)
Receber um contato afetivo indiferenciado;
Proporcionar um contato afetivo
incondicional.
Percepção do
corpo
(Auto-imagem)
Toque carinhoso,
agradecimento,
possibilidades
Auto-acariciamento de pés e
pernas –
(Afetividade/Transcendência)
Reintegrar pés e pernas ao corpo utilizando
o toque afetivo;
Reverenciar pés e pernas.
Quadro 5.6: Palavras-chaves dos exercícios gerais, palavras-chave das consignas, exercícios-cumbre,
144
linhas de vivência e objetivos dos exercícios-cumbre
Com os resultados obtidos dos enunciados dos itens da metodologia (Quadro 5.3),
observou-se que uma correspondência entre a categoria dos objetivos resultante das
palavras-chave dos objetivos gerais das aulas e os três construtos investigados: vivência do
espaço de si - autoconceito; integração de si mesmo e do outro- auto-estima; percepção do
corpo - auto-imagem. Essa correspondência tem o seguinte embasamento:
- vivência do espaço de si/autoconceito: tem como funções específicas a harmonia de
afetos, ser fonte de motivação e estímulo para o comportamento, possibilitar ao
indivíduo um sentido de continuidade no tempo e no espaço e desempenho de um
papel na integração e organização das experiências (MARKUS; WURF, 1987);
- integração de si mesmo e com o outro/auto-estima: é o resultado de uma postura
positiva ou negativa perante si mesmo, influenciada pelo meio-ambiente e reflete os
papéis sociais da pessoa (MOSQUERA, 1976);
- percepção do corpo/auto-imagem: na imagem, encontram-se afetos, valores,
história pessoal, gestos e olhar, um corpo que se move e simboliza (OLIVIER,
1995).
Em cada uma dessas definições, podem ser identificadas relações com as palavras-
chave das consignas das categorias do Quadro 5.3.
Também se pode verificar uma correlação semântica entre as palavras-chave das
consignas do Quadro 5.3 e as palavras-chave das subcategorias do Quadro 5.2, à exceção das
referentes à auto-imagem. Enquanto no Quadro 5.3 as palavras-chave estão voltadas para o
corpo/espaço, no Quadro 5.2, embora voltadas para o corpo, elas se ligam mais à aparência
física, como analisado anteriormente.
Com relação às linhas de vivência dos exercícios-cumbre, observou-se que no grupo
“vivência do espaço de si” houve um predomínio da linha de vitalidade, enquanto no grupo
“integração de si mesmo e com o outro”, destacou-se a linha de afetividade. No último grupo,
“percepção do corpo”, a linha de transcendência foi a mais freqüente.
Na prática da Biodança com o grupo de participantes, pôde-se perceber resultados a
partir da utilização simultânea de consignas, música, exercícios em geral e exercícios-cumbre.
No entanto, não foi possível identificar a prevalência do efeito de um enunciado sobre o outro.
Além das mudanças expressamente relatadas pelos participantes (Quadro 5.2), na
implementação simultânea de consignas, da música e da dança, pôde-se observar um nível
progressivo de entrega do grupo a cada atividade proposta. Os movimentos se tornaram mais
145
harmoniosos e expressivos, ficando aos poucos mais coordenados com o ritmo, e
contextualizados à proposta vivencial; as faces aparentavam mais serenidade. O olhar, em
especial, tornou-se mais expressivo e menos recatado.
Diversos participantes relataram uma mudança na qualidade do olhar para si e para o
outro, que refletiam aceitação, beleza e afeto. Por exemplo, uma participante relatou: “só o
gesto da pessoa olhar para mim, aquela alegria, me dar um valor, me ajudou a que eu sentisse
mais vontade de viver e foi aqui que eu encontrei”. Outra integrante revelou: “acho que eu
estou olhando de outra maneira as pessoa, em geral, eu olho e gosto, meu olhar mudou muita
coisa, ficou melhor”.
Foi observado que após a apresentação da proposta de convivência grupal baseada
em Serrão e Baleeiro (1999), Anexo D, que aconteceu no transcurso da terceira aula de
Biodança, a participação e compromisso dos integrantes do grupo apresentaram uma mudança
significativa: os atrasos diminuíram, as conversas paralelas foram ficando menos freqüentes e
os integrantes passaram a participar mais, tanto das atividades de relatos verbais, quanto dos
exercícios vivenciais. Em muitas ocasiões, os próprios participantes lembravam aos seus
colegas itens da proposta vivencial, tais como respeito à expressão do outro e compromisso
com o grupo.
Também houve mudança de comportamento, a partir da sexta aula, de uma
participante que ora conversava e brincava muito, e ora cochilava durante as aulas. Aos
poucos, ela foi deixando de conversar e cochilar, e passou a participar mais dos relatos
verbais.
Em alguns exercícios de desativação houve choro silencioso por parte de alguns,
logo justificado pela saudade da família, pelas lembranças, e até pela alegria.
Em um dos relatos de vivência, quando se abordava o tema “merecimento de receber
incondicionalmente”, uma das participantes enfaticamente resumiu e encerrou a atividade, ao
dizer: “num importa se é pouco ou muito, o que importa é que a gente pode receber.”
Noutro momento de relato de vivência, uma participante estabeleceu uma relação
entre a afetividade e a essência da beleza do humano, ao afirmar: (...) as pessoas se tornam
lindas porque um amor que a gente começa a sentir pelas pessoas”.
As referências à sensação de bem-estar e de tranqüilidade que os participantes
experimentaram durante as aulas, e nas horas subseqüentes a essas, foram relatadas
frequentemente: “mas a gente chega aqui e parece que aquele problema sai e a gente volta pra
casa leve, uma coisa muito maravilhosa”; “sai da aula flutuando, me senti o bem”; eu me
senti muito bem, sai daqui muito leve”.
146
Também chamou atenção a declaração de uma participante de que vivia sozinha
muito tempo, para justificar sua satisfação ao receber um abraço recebido de outra
participante na aula anterior, gesto esse que a preencheu afetivamente, naquele momento: “até
hoje eu sinto ele porque eu estava tão precisada (...)”.
Outra participante, em um intervalo da aula, falou sobre a sua vivência de caminhar
descalça, que havia sido sugerido pela primeira vez pela pesquisadora, na aula anterior: “oh,
fazia 32 anos que eu não andava descalça. Aqui, com a ajuda da minha colega Noeme e das
outras, eu me senti tão bem andar descalça, dancei, brinquei, quando eu cheguei em casa eu
ria sozinha feito criança (...) Eu não ficava descalça nem prá tomar banho, eu banhava com
sandália de borracha (...) Me deu vontade de andar descalça novamente, e ontem, eu fui num
passeio o dia todo, e quando cheguei lá, me deu vontade de andar que furei até os pés nas
pedrinha. Mas tô satisfeita, muito obrigada!”.
A freqüência da manifestação oral dos participantes, espontâneas ou solicitadas, foi
variada: alguns falavam em todas as aulas, outros falavam bem menos, e uma que falava
sempre muito baixo e com gestos bastante comedidos, aos poucos foi se liberando mais.
Alguns pediam para repetir exercícios ou determinadas músicas, às vezes mais
animada, acompanhando com alegria e prazer.
Também se verificou que todos, de uma maneira ou de outra, passaram a ter mais
cuidado com a aparência física, com a forma de tratar demais participantes do grupo e equipe
de pesquisa. Os gestos de expressão afetiva se tornaram mais freqüentes e amplos, como, por
exemplo, os abraços, antes mais “frouxos”, tornaram-se mais calorosos e demorados.
CONCLUSÃO
A partir do entendimento da palavra “como”, que indica procedimentos utilizados,
implícita no objetivo deste trabalho, ou seja, “investigar como a prática da Biodança pode
influenciar positivamente na mudança do autoconceito no idoso”, concluimos que a
possibilidade de uma relação entre o construto autoconceito e Biodança estaria centrada, por
parte dessa, em seu método, elementos, recursos e metodologia de trabalho.
Em relação à metodologia, a proposta da Biodança é de um método vivencial, ou
seja, uma prática de procedimentos voltados para a vivência, com a finalidade de auto-
integração e integração com o outro e com o grupo.
Os elementos música e dança funcionam, na metodologia, como fatores que
operacionalizam a integração nos três níveis acima propostos.
147
A metodologia de trabalho da Biodança consiste na utilização conjunta dos
elementos e dos recursos, tais como consigna, adequação metodológica ao tipo específico de
grupo, entre outros. Pelos resultados obtidos e categorizados, apresentados no Capítulo 4,
Resultados, Análise e Discussão, expressos na mudança positiva do autoconceito, ficou claro
que a contribuição da Biodança para esse resultado e nas respectivas condições de pesquisa,
está na utilização conjunta dos elementos e dos recursos previstos.
Outro aspecto a ser considerado é que essa metodologia sustenta-se, filosoficamente,
no princípio biocêntrico. Na prática, o cuidado à vida norteia o planejamento e realização das
aulas de Biodança, que se traduz no respeito, no reconhecimento e na valorização dos
participantes, em particular, e do grupo, como um todo. Esse cuidado à vida proporciona um
ambiente acolhedor e fecundo denominado por Toro (2002) de “matriz de renascimento”, que
facilita as transformações.
Os idosos, em sua trajetória pessoal de vida, permeada de conquistas e perdas,
incorporam, de maneira cumulativa, vivências que poderiam possibilitar uma configuração
negativa do autoconceito.
É por meio de sua corporeidade, “corpo que fala/corpo que dança”, que o idoso
revela sua interioridade, contextualizada ao momento; veste seus movimentos de emoções e
sentimentos; colore ou acinzenta etapas de sua história de vida na voz ou na expressão do seu
rosto. E é por meio do resgate de movimentos corporais mais integrados, plenos de
significado, vivenciados no “aqui e agora”, que o idoso pode reconfigurar o seu autoconceito.
O conhecimento primordial por meio da vivência integradora, capaz de favorecer a
ressignificação de fatos vivenciados, relacionados às experiências subjetivas de dor, perdas,
alegria, prazer, desafios, esperança, entre outras, conhecimento esse que pode ensejar o
alcance de níveis mais elevados de integração pessoal, expressos no desenvolvimento das
cinco linhas de vivência da Biodança.
Sob esse prisma, a Biodança vivenciada pelos participantes desta pesquisa pode ter
contribuído para o resgate de sentimentos, emoções e expressões corporais relacionados a si
próprios, inibidos e/ou reprimidos por circunstâncias diversas, inclusive decorrentes da
presente época. Exemplos disso são: mudança negativa na representatividade dos idosos em
relação às famílias, perdas afetivas, biológicas e sociais e, principalmente, a redução de
espaço no mundo, no qual eles podiam se expressar com maior liberdade, com menos
cobranças ou preconceitos.
Em relação ao autoconceito e seus elementos fundantes, a auto-estima e a auto-
imagem, a sua mudança positiva poderia se justificada, neste estudo, pelo caráter permeável
148
do autoconceito. Essa porosidade em relação aos efeitos saudáveis da música, da dança,
somados aos da palavra, representada pela consigna e, atuando como uma tríade operacional,
facilitou alcançar experiências vivenciais de integração.
É nesse sentido que se pode concluir que, para o grupo pesquisado e nas condições
de investigação, a Biodança, com seu método vivencial, pode ter possibilitado a esse grupo
um novo conceito e uma nova visão de si mesmo e, um reconhecimento de seu autovalor.
A título de sugestão, citamos:
1 - A elevação da consigna à categoria de elemento operacional da Biodança, ao lado
da música e da dança, tendo em vista sua importância no desenvolvimento da metodologia,
pois é a consigna que inicia o processo operacional que objetiva facilitar a vivência;
2 A categorização da consigna, música e dança como unidade operacional que
integrada a outras, comporia uma aula da Biodança;
3 – A realização de mais pesquisas qualitativas relacionando a Biodança com o
autoconceito e outros aspectos da subjetividade do idoso, universo muito pouco explorado.
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169
APÊNDICE A – DESCRIÇÃO DAS 11 AULAS DE BIODANÇA
Este apêndice compõe-se de duas seções: a primeira, dados estatísticos das 11 aulas
de Biodança e a segunda, descrição pormenorizada dessas 11 aulas, realizadas no transcurso
da pesquisa de campo.
1. Dados Estatísticos das Aulas de Biodança
Foram coletados e processados os seguintes dados referentes às aulas de Biodança:
permanência dos participantes, presença de participantes do sexo masculino e feminino e
número de presença em 11 aulas, média de presença e percentual de presença por aula,
número edia de exercícios, músicas, apresentações e descrições em 11 aulas, classificação
170
dos exercícios por linha de vivência e média de linhas de vivência por aula, freqüência
nominal dos exercícios e relação dos exercícios mais marcantes, segundo a percepção dos
participantes.
Permanência dos Participantes: dos 21 integrantes que iniciaram o estudo, houve
cinco perdas, que representaram um percentual inferior a 25%.
Participantes %
Permanência 16 76,2
Perda 5 23,8
Total 21 100,0
Tabela A.1: Permanência dos participantes
Presença dos participantes do sexo masculino e feminino em 11 aulas de
Biodança: no curso da pesquisa, os homens representaram 17,8% das pessoas presentes,
enquanto as mulheres 82,2%.
Tabela A.2: Presença de participantes do sexo masculino
e do sexo feminino em 11 aulas de Biodança
Média de presenças por aula e percentual de presença de participantes por
aula: houve 152 presenças distribuídas em 11 aulas, as quais resultaram em uma média de
presença por aula de 13,8 participantes, totalizando o percentual de 86,3% de presença em
relação ao grupo de 16 pessoas.
de
presença em
11 aulas
de
participantes
Média de presença
por aula de Biodança
% de presença dos
participantes por aula
152 16 13,8 (participantes) 86,3
Tabela A.3: Média e percentual de presença de participantes por aula de Biodança
Número e média por aula de exercícios, músicas, apresentações e descrições: no
transcurso das 11 aulas foram oferecidas 102 propostas de exercícios, o que uma média de
9,3 exercícios por aula. O número total de músicas foi de 99, sendo que alguns exercícios
  ++

!" #
1 !# #/
2  !) /!!
)! """
171
foram dançados sem música, como o Canto do Nome e, em outros, foram usadas mais de uma
música, como, por exemplo, o Túnel de Carícias, perfazendo a média de 9 músicas por aula.
Foram descritos no estudo todos os 102 exercícios e apresentados 74 ao grupo,
que alguns, tais como Roda de Integração Inicial e Roda Final podem não requerer
apresentação. A média de descrição de exercícios por aula foi de 9,3 e, a de apresentação, de
6,7.
11 aulas de Biodança Média por aula
de exercícios 102 9,3
de músicas 99 9,0
de apresentações 74 6,7
de descrições 102 9,3
Tabela A.4: Número e média de exercícios, músicas, apresentações
e descrições em 11 aulas de Biodança.
Classificação de exercícios por linha de vivência e média de linha de vivência
por aula: a classificação de exercícios por linha de vivência contemplou de uma a duas
linhas, por exercício. Foram 102 exercícios e 120 indicações de linha de vivência, sendo que
18 exercícios receberam 2 e 84, 1 indicação. Contudo, duas linhas, a de afetividade e de
vitalidade, perfizeram individualmente e e em conjunto um percentual muito significativo em
relação ao universo das cinco linhas. Enquanto a de afetividade recebeu 68 indicações, a de
vitalidade teve 28, as quais representaram, respectivamente, a soma de 96 indicações e o
percentual de 56,7% e 23,3%, totalizando 80%. As demais linhas, receberam 5, 8 e 1% de
indicações e revelaram a soma de 20% (Tabela A.5).
A média por aula de linha de vivência dos 102 exercícios ficou em torno de 6 e 2,5
para as linhas de afetividade e vitalidade, respectivamente (Tabela A.5).
Classificação de linhas
de vivência (respostas
múltiplas)
de
indicações
Média por
aula
%
28 2,5
5 0,45
8 0,73
68 6,2
- Vitalidade
- Sexualidade
- Criatividade
- Afetividade
- Transcendência
11 1,0
23,3
4,2
6,6
56,7
9,2
Total 120 100,0
Tabela A.5: Classificação dos exercícios por linha de vivência e média
de linhas de vivência por aula
Freqüência nominal de exercícios das 11 aulas de Biodança: entre os 102
exercícios ofertados aulas, 5 exercícios ou grupos de exercícios apresentaram uma freqüência
172
maior. Em grau numérico, as rodas diversas, os caminhares, a Roda Final, a Roda de
Integração Inicial, encontros diversos e a Roda de Comunhão estiveram presentes em 63
exercícios, representando 61,8% do total de 102 exercícios. Os demais somaram 39
exercícios.
Freqüência %
Caminhares diversos 12 11,8
Encontros diversos 8 7,8
Outros exercícios 39 38,2
Roda de Comunhão 7 6,8
Rodas diversas 15 14,8
Roda Final 11 10,8
Roda de Integração
Inicial
10 9,8
Total 102 100,0
Tabela A.6: Freqüência nominal de exercícios
das 11 aulas de Biodança
Relação de exercícios mais marcantes, segundo a opinião dos participantes: na
última aula de Biodança foi perguntado aos participantes qual o exercício que foi mais
marcante para eles. O maior número de respostas, 25%, concentrou-se no grupo de
acariciamento, Túnel de Acariciamento e Acariciamento de Rosto e Cabelo, seguido da
Brincadeira de Olhar - Leque Chinês, com 20%enquanto outros exercícios perfizeram 55%.
Entre os 15 participantes presentes, alguns deram respostas múltiplas. Duas pessoas referiram-
se ao exercício de olhar, sem especificar o exercício, mas, como a proposta de olhar para o
outro esteve incluída em muitas consignas de diversos exercícios, por esta razão, as respostas
não foram consideradas (Tabela A.7).
Exercícios de
indicações
%
Dança Livre de Costas 2 10,0
Grupo de acariciamento 5 25,0
Grupo de encontro 2 10,0
Brincadeira de Olhar - Leque
Chinês
4 20,0
Outros 7 35,0
Total 20 100,0
Tabela A.7: Relação de exercícios mais marcantes segundo
a opinião dos participantes
2. Descrição das 11 aulas de Biodança
173
A descrição das aulas de Biodança inicia-se com informações que objetivaram
proporcionar uma visão geral do trabalho desenvolvido em cada evento. São eles: ordenação
da aula, data, número de pessoas presentes, número de integrantes que participaram de
atividades verbais, início e término das atividades, objetivos geral e específicos da aula.
Em seqüência, foi feita a descrição dos exercícios vivenciais. Esse delineamento
começa com a descrição dos elementos estruturais de cada exercício e finaliza com
considerações de natureza metodológica referentes àquela aula, tais como número de músicas
e exercícios usados na aula.
A sistematização metodológica de grande parte dos exercícios de Biodança
apresentados neste estudo foi realizada pela pesquisadora, com o objetivo de tornar mais clara
a compreensão de cada exercício, em particular, da seqüência de exercícios constituintes de
cada aula e do conjunto de aulas.
Uma grande dificuldade encontrada na descrição dos dados dos exercícios foi a
carência de fontes bibliográficas que contemplassem todos os elementos estruturais de cada
exercício de Biodança, quais sejam: nome, linha de vivência, objetivo, música, palavras-chave
da consigna, descrição e apresentação, segundo Carvalho (2004). Foram encontradas
informações de alguns desses elementos, referidos por diferentes autores. Houve também
discordância, entre as fontes, quanto à indicação das linhas de vivência e de músicas.
Entre os elementos estruturais, dois deles se destacaram em grau de dificuldade: o
objetivo e a descrição, que esclarecem, respectivamente, para que e como fazer cada
exercício.
Toro (2005d), em sua mais recente e mais completa obra, traz o objetivo e a
descrição da maioria de 93 exercícios e, em anexo, 22 outros que compõem o grupo de
exercícios denominado Posições Geratrizes e que apresentam somente a descrição. Ressalta-
se que este foi o único autor a citar objetivos e descrições dos exercícios.
Outros autores, como Góis (1994), traz uma relação nominal de 242 exercícios e
respectivas indicações musicais, classificados nas cinco linhas de vivência da Biodança.
Carvalho (1996) reuniu 604 nomes de exercícios, coletados em material compilado dos anos
70 e 80 da Biodança.
Regina (1997) identificou 356 exercícios usados em aulas regulares e extensões de
Biodança, relacionando respectivas linhas, descrições sucintas, palavras-chave das consignas
e indicações musicais. Kika e Lellis (1999) organizaram nomes, linhas de vivência e
174
indicações musicais de 440 exercícios e mais 75 exercícios e músicas agrupados em extensões
de Biodança
25
.
Neste estudo, considerou-se como principal referência metodológica de Biodança o
seu criador, Toro (2005d) e, na ausência de dados deste, os demais autores, prevalecendo, em
caso de indicações idênticas, a referência mais antiga e mais completa.
Na carência de fontes bibliográficas que subsidiassem a organização dos elementos
estruturais que compõem uma aula de Biodança, segundo Carvalho (2004), a pesquisadora
elaborou e organizou os elementos ausentes. Ademais, realizou adaptações de exercícios e
adequação de músicas, de acordo com as características do grupo e com os objetivos de cada
aula.
1ª Aula de Biodança
Data: 20 de setembro de 2005
Número de pessoas presentes: 22, sendo 18 participantes, incluindo os 5 que desistiram da
pesquisa, 1 pesquisadora, 1 auxiliar de pesquisa, 1 fotógrafa e 1cinegrafista. Não
compareceram 3 participantes que concluíram o estudo.
Número de integrantes que participaram de atividades verbais: 18 pessoas.
Início e término das atividades: das 14h30 às 17h5.
Objetivo geral da aula: iniciar o processo de integração do grupo.
Objetivos específicos:
1. Apresentar-se ao grupo e conhecer outros participantes do grupo e componentes da equipe
de pesquisa;
2. Realizar exercícios de observação de movimento;
3. Vivenciar exercícios de auto-integração, de vinculação com o outro e com grupo.
Exercícios vivenciais de Biodança - 1º - Descrição dos exercícios
1) Roda Corrente (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: vivenciar um rito de vinculação afetiva.
Música: sem música.
25
Extensões em Biodança são trabalhos específicos, com objetivos determinados e que solicita uma formação
específica do professor de Biodança, com já dito.
175
Palavras-chave da consigna: roda, olhar, dar, pedir, receber, corrente humana, colaboração,
trabalho, encontros, integração.
Descrição - Apresentação:
1. Formar uma roda, deixando os braços ao longo do corpo;
2. A partir do professor, formar uma espécie de corrente, da esquerda para a direita:
a. O professor olha para a pessoa que está a sua direita, oferece a sua mão direita, evocando o
gesto de pedir, recebe a mão esquerda desta pessoa e esta continua a corrente realizando
os mesmos movimentos com a pessoa que está a sua direita.
3. Em seqüência, todos os participantes dão-se as mãos até que a roda se feche.
2) Roda de Integração Inicial (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: integrar-se de uma forma afetiva aos demais participantes do grupo.
Música: Devagar, Devagarinho. Intérprete: Martinho da Vila. In: DELÍCIA,
GOSTOSO. Rio de Janeiro: Columbia, p 1995. 1 CD. Faixa 5. 3min3.
Palavras-chave da consigna: roda, olhar, fraternidade, aceitação, igualdade, valorização de
cada pessoa e do grupo.
Descrição:
1. Mantendo a roda anterior, girar da esquerda para a direita e dançar, seguindo a música.
Observação: não houve apresentação.
3) Caminhar Fisiológico Dentro da Roda (TORO, 2005d)
Linha de vivência: vitalidade.
Objetivo: reabilitar o caminhar natural, isto é, integrar ao caminhar espontâneo, o movimento
das pernas ao movimento de todo o corpo.
Música: Alexander’s Ragtime Band. Intérprete: Traditional Jazz Band. In: A ERA DE OURO
DE DIXIELAND. São Paulo: Phonogram, p 1975. 1 disco sonoro. Lado A, Faixa 2. 4min9.
Palavras-chave da consigna: caminhar natural, tronco e cabeça erguidos e flexíveis, olhar,
igualdade, integrar movimentos de braços e pernas a todo o corpo.
Descrição – Apresentação:
1. Formar uma roda de mãos dadas;
2. O professor apresenta o exercício, caminhando pelo perímetro interno da roda;
3. O caminhar apresentado será de:
a. Alternância de movimentos de braços e pernas: braço direito / perna esquerda e braço
esquerdo / perna direita;
176
b. Alternância de movimentos da cintura pélvica e cintura escapular;
c. Ritmo dos movimentos de braços e pernas: um para um, ou seja, um movimento de perna
simultâneo a um movimento do braço oposto (1/1);
d. Fase de apoio da perna: realizar o apoio do calcanhar, seguido da planta e da ponta do pé;
e. Cabeça erguida, com abertura do tórax.
4. Os participantes caminham dentro da roda, um por vez, percorrendo todo o perímetro
interno da roda;
5. Cada participante, ao terminar de percorrer a distância solicitada, ocupa seu lugar na roda e
o participante à sua direita inicia o caminhar;
6. O exercício será encerrado após o último participante percorrer a distância solicitada.
4) Brincadeira de Olhar - Leque Chinês (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002)
Linhas de vivência: afetividade e vitalidade.
Objetivo: revelar-se ao outro de maneira progressiva.
Música: One Drop Intérprete: Gilberto Gil. In: KAYA N’GAN DAYA. Rio de Janeiro: WEA,
p 2002. 1 CD. Faixa 2. 5min3.
Palavras-chave da consigna: olhar, brincadeira, descoberta, revelação, aproximar, afastar,
permissão, curiosidade.
Descrição – Apresentação:
1. Escolha do par;
2. O participante esconde seu rosto com as mãos, em forma de leque, de forma que os olhos e
o rosto fiquem parcialmente escondidos;
3. Cada participante, com o movimento de abertura dos dedos, poderá revelar ou ocultar os
olhos e o rosto;
4. Os pares brincam, sem perder a conexão de olhar, ora se aproximando, ora se afastando, ora
se abaixando.
5) Roda de Comunhão (TORO, 1998)
Linhas de vivência: afetividade.
Objetivos:
1. Harmonizar-se, diminuindo o grau de ativação corporal;
2. Aumentar a integração afetiva.
Música: Blue Navajo. Intérprete: Zamfir. In: ROMANCE. São Paulo: PolyGram / Philips, p
1990. 1 CD. Faixa 1. 3min31.
177
Palavras-chave da consigna: sintonia, regulação, auto-regulação, outro, grupo, contato, afeto.
Descrição – Apresentação:
1. Formar roda de mãos dadas, sem deslocamento de pés;
2. Os participantes colocam-se:
a. Com os pés voltados para a sua frente, numa distância aproximada da largura dos quadris;
b. De olhos fechados, musculatura relaxada de rosto, boca discretamente aberta;
c. Será observado que caso o participante sofra de labirintite, o feche os olhos e os
mantenha relaxado;
e. Com o tronco ereto e flexível e joelhos discretamente relaxados;
3. Em seguida, os participantes movimentam, com flexibilidade e de forma suave, o corpo, de
um lado para o outro, sem deslocamento dos pés e da roda, em sintonia com o movimento
do grupo.
6) Roda de Auto-Reverência
Linhas de vivência: afetividade e transcendência.
Objetivo: reverenciar a si mesmo.
Música: Amazing Grace. Intérprete: Nana Mouskouri. In: THE MAGIC OF NANA
MOUSKOURI. New York: PolyGram, p 1988. 1 CD. Faixa 5. 4min22.
Palavras-chave da consigna: reconhecimento, reverência, auto-reverência, história, vida,
idade, beleza, respeito, si mesmo.
Descrição – Apresentação:
1. Os participantes se colocam em roda, braços ao longo do corpo;
2. Lentamente, elevar os braços com as palmas das mãos voltadas para cima, lenta e
suavemente, olhando para as mãos. Evocar, com este gesto simbólico, o sentimento de
trazer a história de vida ao peito;
3. Em seguida, inclinar a cabeça para frente, evocando o sentimento de auto-reverência.
7) Roda de Reverência (REGINA, 1997)
Linhas de vivência: afetividade e transcendência.
Objetivo: reverenciar o outro.
Música: Amazing Grace. Intérprete: Nana Mouskouri. In: THE MAGIC OF NANA
MOUSKOURI. New York: PolyGram, p 1988. 1 CD. Faixa 5. 4min22.
Palavras-chave da consigna: reverência, reconhecimento, importância, outro, história, vida,
idade, beleza, respeito.
178
Descrição – Apresentação:
1. Em roda, de mãos dadas e braços estendidos;
2. Rodar para a direita, escolher e olhar alguns participantes e reverenciá-los, um por vez,
levando a perna esquerda à frente, flexionando levemente o joelho do mesmo lado, elevando
para frente os braços e inclinando a cabeça, realizando um gesto de saudação.
8) Roda de Ativação Progressiva (GÓIS, 1994)
Linha de vivência: vitalidade.
Objetivo: aumentar o grau de ativação corporal.
Música: Sailing. Intérprete: Rod Stewart. In: THE BEST OF ROD STEWART. Brasil:
Warner, p 2000. 1 CD. Faixa 7. 4min21.
Palavras-chave da consigna: roda, olhar, presença, reconhecimento, pessoas, ativar.
Descrição – Apresentação:
1. Em roda, de mãos dadas;
2. Rodar para a direita e lentamente, aumentar a ativação do grupo ampliando o movimento de
abertura dos braços.
9) Abraço Fraternal (GÓIS, 1994)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: celebrar um contato afetivo fraterno.
Música: Aleluia (do Messias). Intérprete: Coro do Tabernáculo Mórmon. In: WEDDING
SONGS. Rio de Janeiro: Globo / Columbia, p 1993. 1 CD. Faixa 10. 3min58.
Palavras-chave da consigna: companheirismo, fraternidade, reconhecimento do outro,
amizade, irmão, alegria, encontro, humanidade.
Descrição – Apresentação:
1. Em roda, o participante escolhe a pessoa que será abraçada;
2. O abraço é precedido de olhar e de aproximação;
3. As duas pessoas se abraçam evocando uma comunhão de sentimentos fraternais.
10) Roda Final (TOROd, 2005)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: despedir-se do grupo de forma afetiva.
179
Música: Prelúdio e Ária do Brinde. Ópera La Traviata. Intérprete: Orquesta Filarmônica de
Berlim / Fisher Chore. In: OPERNMELODIEN. São Paulo: PolyGram, p 1979. 1 CD. Faixa
5. 5min25.
Palavras-chave da consigna: despedida, alegria, agradecimento ao grupo.
Descrição:
1. Iniciar e terminar o exercício em roda de mãos dadas.
Observação: não houve apresentação.
- Considerações metodológicas
- Esta aula apresentou: 10 exercícios e 10 descrições, 8 apresentações, 9 músicas e 13
indicações de linha de vivência, sendo que 3 exercícios tiveram indicações duplas de linha de
vivência.
2ª - O exercício 1 foi adaptado de Carvalho, Lellis e Filizola (2002).
3ª - Os exercícios de número 2, 3, 5, 8, 9 e 10 foram descritos pela pesquisadora.
- O exercício 6, Roda de Auto-reverência, pode ser considerado como uma variação da
Roda de Reverência. Não existe nenhuma referência bibliográfica e a descrição foi realizada
pela pesquisadora.
5ª - O exercício 3, Caminhar Fisiológico Dentro da Roda, é uma variação do Caminhar
Fisiológico.
2ª Aula de Biodança
Data: 4 de outubro de 2005,
Número de pessoas presentes: 18, sendo 15 participantes, contando com 2 que desistiram da
pesquisa, 1 pesquisadora e 2 auxiliares de pesquisa.
Número de integrantes que participaram de atividades verbais: 13 pessoas.
Início e término das atividades: das 15h às 16h40.
Objetivo geral da aula: reconectar-se ao ritmo do próprio corpo e ao ritmo do outro.
Objetivos específicos da aula:
1. Vivenciar o ritmo individualmente, em par e em grupo;
2. Experimentar polaridades rítmicas por meio de exercícios de ativação moderada e suave e
desativação suave;
180
3. Praticar a desaceleração corporal em par e em grupo;
4. Exercitar a criatividade individual e em grupo.
2. Exercícios vivenciais de Biodança - 1º - Descrição dos exercícios.
1) Roda de Integração Inicial (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: integrar-se de uma forma afetiva aos demais participantes do grupo.
Música: Isso Aqui Bom Demais. Intérpretes: Dominguinhos e Chico Buarque. In:
ACERVO ESPECIAL, DOMINGUINHOS. São Paulo: BMG, p 1994. 1 CD. Faixa 1. 2min9.
Palavras-chave da consigna: roda, integração, alegria, olhar de boas vindas.
Descrição:
1. Formar uma roda de mãos dadas;
2. Rodar para a direita, aumentando gradativamente a velocidade do deslocamento da roda.
Observação: não houve apresentação.
2) Dança Rítmica em Par (TORO, 2005d)
Linha de vivência: vitalidade.
Objetivo: exercitar a capacidade rítmica individual e em par, integrando estímulos auditivos e
motores.
Música: Bate o Pé. Intérpretes: Rionegro e Solimões. In: O MELHOR DE 2: RIONEGRO &
SOLIMÕES. São Paulo: Universal Music, p 1999. CD 2. Faixa 1. 2min49.
Palavras-chave da consigna: conexão, ritmo interno, ritmo com o outro, música, alegria, olhar.
Descrição – Apresentação:
1. Escolha do par;
2. O professor divide o grupo em dois: enquanto um realiza o exercício, o outro permanece
sentado em cadeiras;
3. O par inicia a dança com os braços soltos, mantendo a conexão do olhar;
4. O professor sugere que em determinados trechos da música, os participantes batam palmas
e/ou um pé no solo, em sintonia com a música e com o movimento do par;
5. O professor poderá sugerir troca de pares;
6. Após o primeiro grupo realizar a dança, este é convidado a sentar enquanto o segundo
grupo inicia a dança.
181
3. Caminhar de Regulação
Linha de vivência: vitalidade.
Objetivo: diminuir a ativação corporal.
Música: Madagascar Olodum. Intérprete: Olodum. In: THE BEST OF OLODUM. São Paulo:
Continental, [s.d]. 1 CD. Faixa 1. 4min15.
Palavras-chave da consigna: regulação, corpo, caminhar, desaceleração, ritmo.
Descrição:
1. Os participantes caminham diminuindo o ritmo da ativação corporal.
Observação: não houve apresentação.
4) Segmentário de Pescoço (TORO, 2005d)
Linha de vivência: vitalidade.
Objetivos:
1. Relaxar a musculatura cervical;
2. Dissolver a tensão muscular dos olhos, da boca e de outros músculos do rosto.
Música: Promise of a Fisherman. Intérprete: Sérgio Mendes. In: SERGIO MENDES &
BRASIL ‘66-86’ CLASSICS VOLUME 18. São Paulo: A&M Records, p 1986. 1 CD. Faixa
13. 3min31.
Palavras-chave da consigna: diminuição de tensão, pescoço, rosto, relaxamento, entrega,
harmonização, respiração suave, abandono, doçura.
Descrição – Apresentação:
1. O exercício é realizado na posição sentada em cadeira;
2. Os participantes são convidados a sentar em cadeiras, cuidando para que a coluna
permaneça apoiada no encosto e os pés estejam apoiados no chão, ligeiramente afastados
um do outro;
3. Lentamente, com o pescoço relaxado, realizam-se giros completos com a cabeça para o
lado direito, com os olhos fechados e a boca semi-aberta;
4. Durante a rotação da cabeça é importante não forçar o estiramento para trás. O movimento
é lento e suave;
5. Será sugerido que os participantes portadores de labirintite mantenham os olhos abertos e
relaxados.
5) Escultura de Encaixe (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002)
Linhas de vivência: criatividade e transcendência.
182
Objetivos:
1. Experimentar situações de adaptação e readaptação às mudanças corporais;
2. Vivenciar movimentos inusitados.
Música: A Morte do Capoeira. Intérpretes: Mestre Suassuna e Dirceu. In: CAPOEIRA
CORDÃO DE OURO. Brasil: Continental, p 1994. 1 CD. Faixa 1. 3min30.
Palavras-chave da consigna: mudança, adaptação, encaixe, novas situações, criatividade,
dinamismo, flexibilidade.
Descrição – Apresentação:
1. Realizado em par e na posição de pé;
2. Um participante se coloca em uma posição de estátua (parada);
3. O segundo participante se encaixa na posição do outro, sem tocá-lo e permanece parado;
4. Em seguida, o primeiro participante sai e se encaixa na posição do segundo participante,
que, por sua vez, irá sair e formar uma nova posição e assim sucessivamente.
5. Este encaixe deve ser feito de forma que o primeiro participante possa sair sem desmanchar
ou impedir a postura do segundo participante.
6) Escultura em Grupo (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002)
Linha de vivência: criatividade.
Objetivos:
1. Exercitar-se na criação em grupo;
2. Permitir-se ser moldado pelo outro;
3. Modelar a postura do outro.
Música: Ária. Intérprete: Zamfir. In: A ARTE DE ZAMFIR. São Paulo: PolyGram, p 1992. 1
CD. Faixa 17. 3min21.
Palavras-chave da consigna: criatividade, coletividade, integração, mudança, totalidade.
Descrição – Apresentação:
1. Realizado na posição de pé e em dois grupos: um grupo esculpi e o outro é esculpido;
2. Os participantes que compõem o grupo que vai ser esculpido ficam de olhos fechados e
com o corpo bem relaxado e o grupo de escultores permanece de olhos abertos;
3. Os escultores se aproximam do grupo e criam formas livres com os participantes (por
exemplo, estendendo o braço direito, flexionando a perna, virando a cabeça etc.);
4. Cada escultor pode transformar a escultura do outro;
5. Ao final, o grupo de escultores admira a sua obra;
183
6. Em seguida, o professor pede que as pessoas que estavam sendo esculpidas que abram os
olhos e mantendo as mesmas posições, também admirem as esculturas;
7. O professor poderá sugerir, se desejar, que ao terminar a música, os escultores toquem em
diversas partes das esculturas, dando-lhes vida;
8. Trocar de papéis, ao final da música.
7) Encontro (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivos:
1. Experimentar uma situação de encontro com uma qualidade ritualística;
2. Descobrir novas formas de comunicação afetiva e de contato;
2. Receber e ser recebido.
Música: Carinhoso. Intérprete: Simone. In: SOU EU. Rio de Janeiro: Columbia, p 1993.
1CD. Faixa 12. 1min57.
Palavras-chave da consigna: encontro, ritual, comunicação afetiva, receber, ser recebido,
reconhecer o outro.
Descrição – Apresentação:
1. Duas pessoas se aproximam progressivamente, olham-se, até se encontrarem;
2. Em seguida, cumprimentam-se com um aperto de mãos, com um abraço e/ou beijos nas
faces;
3. Em seqüência, as duas pessoas se separam lentamente com um delicado gesto de saudação.
8) Roda Final (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: despedir-se do grupo de forma afetiva.
Música: Xote das Meninas. Intérprete: Marisa Monte. In: MARISA MONTE, MM. São
Paulo: EMI, p 1988. 1 CD. Faixa 6. 4min5.
Palavras-chave da consigna: despedida, olhar, alegria, novo encontro.
Descrição:
1. Iniciar e terminar o exercício em roda de mãos dadas.
Observação: não houve apresentação.
- Considerações metodológicas.
184
- Esta aula apresentou: 8 exercícios, 8 músicas e 8 descrições, 5 apresentações e 9
indicações de linha de vivência, sendo que 1 exercício recebeu 1 indicação dupla de linha de
vivência.
2ª - Os exercícios de número 1, 2, 3 4, 7 e 9 foram descritos pela pesquisadora.
- O Caminhar de Regulação, exercício 3, sem referência bibliográfica, foi um recurso
utilizado pela pesquisadora objetivando diminuir o grau de ativação corporal.
- O exercício 4, Segmentário de Pescoço, é habitualmente oferecido na posição de pé. A
pesquisadora propôs a posição sentada em cadeiras, considerando a idade média do grupo e a
necessidade de regulação corporal.
3ª Aula de Biodança
Data: 11 de outubro de 2005.
Número de pessoas presentes: 19, sendo 16 participantes, contando com 2 que desistiram da
pesquisa, 1 pesquisadora e 2 auxiliares de pesquisa.
Número de integrantes que participaram de atividades verbais: 16 pessoas.
Início e término das atividades: das 15h às 16h50.
Objetivo da atividade verbal: apresentar, discutir e submeter ao grupo a aprovação de uma
proposta de convivência grupal
26
(Anexo C).
Objetivo geral da aula: aumentar a autopercepção corporal e a percepção do corpo do outro,
sob o enfoque vital, afetivo e transcendente.
Objetivos específicos da aula:
1. Integrar os segmentos corporais à totalidade do corpo, em especial, pernas e pés;
2. Vivenciar o ritmo no caminhar;
3. Reconhecer a importância dos pés e pernas e reverenciá-los.
Exercícios vivenciais de Biodança - 1º - Descrição dos exercícios.
1) Roda de Integração Inicial (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: integrar-se de uma forma afetiva aos demais participantes do grupo.
26
A pesquisadora apresentou ao grupo, nessa aula, uma proposta de convivência baseada em Serrão e Baleeiro
(1999), com o objetivo de facilitar a integração do grupo. Após a leitura e discussão da proposta, essa foi
aprovada por unanimidade.
185
Música: Ijexá. Intérprete: Clara Nunes. In: O TALENTO DE CLARA NUNES. Rio de
Janeiro: EMI, p 1992. 1 CD. Faixa 19. 3min49.
Palavras-chave da consigna: roda, presença, ritmo, integração de diversas partes do corpo,
pés, pernas, quadris, tronco, braços, pescoço, alma.
Descrição:
1. Formar uma roda de mãos dadas;
2. Rodar para a direita, aumentando gradativamente a velocidade do deslocamento da roda.
Observação: não houve apresentação.
2) Preparação para o Caminhar Fisiológico – 1ª Etapa
Linha de vivência: vitalidade
Objetivo: aumentar a propriocepção centrada nos pés e tornozelos.
MÚSICA: Maracatu. Intérpretes: Luciano Perrone e Nilo Sérgio. In: BATUCADA
FANTÁSTICA: OS RITMISTAS BRASILEIROS. Rio de Janeiro: Musidisc, [s.d]. 1 CD.
Faixa 8. 1min12.
Palavras-chave da consigna: ritmo interno, caminhar natural, percepção do corpo, integração
dos pés e tornozelos à totalidade corporal.
Descrição – Apresentação:
1. Na posição de pé, sem sapatos, em roda de mãos dadas, olhos relaxados, fechados ou semi-
fechados, posição confortável, mantendo os pés ligeiramente afastados, coluna ereta e
flexível;
2. Focalizar a atenção na percepção dos pés no chão, buscando perceber a integração dos pés
e tornozelos com as pernas, joelhos, quadris, ombros, braços e pescoço;
3. Abrir os olhos e movimentar os s de forma alternada, tirando um por vez do chão,
realizando um movimento lateral, relaxando os joelhos, quadris, ombros e pescoço;
4. Realizar a flexão de tornozelos, direito e esquerdo, de forma alternada, aumentando a curva
dos pés, relaxando os joelhos, quadris, ombros e pescoço.
3) Preparação para o Caminhar Fisiológico – 2ª Etapa
Linha de vivência: vitalidade
Objetivo: aumentar a propriocepção centrada nos pés e tornozelos.
Música: Samba Andamento. Intérpretes: Luciano Perrone; Nilo Sérgio. In: BATUCADA
FANTÁSTICA: OS RITMISTAS BRASILEIROS. Rio de Janeiro: Musidisc, [s.d]. 1 CD.
Faixa 14. 1min31.
186
Palavras-chave da consigna: ritmo, caminhar natural, percepção do corpo, integração dos pés
e tornozelos à totalidade corporal.
Descrição – Apresentação:
1. Na posição de pé,em roda de mãos dadas, descalços, os participantes experimentam, sem se
deslocar pela sala e de forma alternada, o apoio do calcanhar, planta, base dos dedos e
dedos;
2. Prestar atenção no movimento dos pés, sinalizar para o colega da direita e da esquerda que
irá soltar as mãos;
3. Lentamente, iniciar um caminhar experimentando ao colocar uma das pernas à frente,
apoiar o calcanhar, em seguida a planta e por último, a base dos dedos do pé;
4. Ao mesmo tempo, integrar o movimento de pernas, joelhos, quadris, tronco, ombros,
braços, pescoço e cabeça.
4) Caminhar Fisiológico (TORO, 2005d)
Linha de vivência: vitalidade
Objetivo: reabilitar o caminhar natural, isto é, integrar ao caminhar espontâneo, o movimento
das pernas ao movimento de todo o corpo.
Música: O Mar Serenou. Intérprete: Clara Nunes. In: O TALENTO DE CLARA NUNES. Rio
de Janeiro: EMI, p 1992. 1 CD. Faixa 2. 3min3.
Palavras-chave da consigna: ritmo interno, ritmo da música, caminhar natural, pernas, tronco
e cabeça erguidos e flexíveis, integrar o movimento de pés e pernas a todo o corpo.
Descrição – Apresentação:
1. Caminhar individual:
a. Alternância de movimentos de braços e pernas: braço direito / perna esquerda e braço
esquerdo / perna direita;
b. Alternância de movimentos da cintura pélvica e cintura escapular;
c. Ritmo dos movimentos de braços e pernas: um para um, ou seja, um movimento de perna
simultâneo a um movimento do braço oposto (1/1);
d. Fase de apoio da perna: realizar o apoio do calcanhar, seguido da planta e da ponta do pé;
e. Cabeça erguida, com abertura do tórax.
5) Roda de Comunhão (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivos:
187
1. Harmonizar-se, diminuindo o grau de ativação corporal;
2. Aumentar a integração afetiva.
Música: Um Dia de Domingo. Intérpretes: Gal Costa e Tim Maia. In: NOVELA HITS: GAL
COSTA. São Paulo: BMG, p 1997. 1 CD. Faixa 4. 6min7.
Palavras-chave da consigna: roda, regulação, auto-regulação, ritmo, sintonia com o outro,
grupo, contato, afeto.
Descrição – Apresentação:
1. Formar roda de mãos dadas, sem deslocamento de pés;
2. Os participantes se colocam:
a. Com os pés voltados para a sua frente, numa distância aproximada da largura dos quadris;
b. De olhos fechados, musculatura relaxada de rosto, boca discretamente aberta;
c. Será observado que caso o participante sofra de labirintite, não feche os olhos e se
mantenha olhando para o chão;
e. Com o tronco ereto e flexível e joelhos discretamente relaxados;
3. Em seqüência, movimentam com flexibilidade e de forma suave o corpo de um lado para o
outro, sem deslocamento da roda, em sintonia com o movimento do grupo;
4. Após aproximadamente um minuto de música, o professor sugere que os participantes se
aproximem mais, abracem-se pela cintura e façam uma roda de embalo.
6) Auto-Acariciamento de Pés e Pernas (CARVALHO, 1996)
Linhas de vivência: afetividade e transcendência.
Objetivos:
1. Reintegrar pés e pernas ao corpo utilizando o toque afetivo;
2. Reverenciar pés e pernas.
Música: Lascia Ch’io Pianga. Intérprete: Sarah Brigtman. In: ÉDEN. Guarulhos: EMI, p
1999. 1CD. Faixa 12. 3min30.
Palavras-chave da consigna: perceber de maneira afetiva os pés e pernas, toque carinhoso,
acariciamento, agradecimento, vida, possibilidades, caminhos percorridos e a percorrer.
Descrição – Apresentação:
1. Posição sentada em cadeiras;
2. Realizar o auto-acariciamento de pés e pernas.
7) Caminhar com Fluidez (GÓIS,1994)
Linhas de vivência: afetividade e transcendência.
188
Objetivos:
1. Caminhar com leveza e harmonia, percebendo-se e percebendo o outro;
2. Reverenciar-se e reverenciar o outro.
Música: Hymn. Intérprete: Vangelis. THEMES. Rio de Janeiro: PolyGram, p 1989. 1 CD.
Faixa 4. 2min45.
Palavras-chave da consigna: caminhar, movimentos lentos, contínuos, percepção, auto-
reconhecimento, reconhecimento do outro, agradecimento a si e ao outro, carinho, suavidade,
reverência.
Descrição:
1. No curso do primeiro minuto da música, o facilitar propõe que os participantes caminhem
lentamente pela sala, percebendo e tocando a si mesmo, com reverência;
2. Após o primeiro minuto, o professor sugere que os participantes continuem caminhando,
percebendo as pessoas e tocando-as com carinho, suavidade e reverência.
Observação: não houve apresentação.
8) Encontro (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivos:
1. Reconhecer-se e reconhecer o outro, de forma afetiva;
2. Vivenciar um rito de vinculação afetiva.
Música: Fascinação. Intérprete: Elis Regina. In: FALSO BRILHANTE. Rio de Janeiro:
Polygram / Philips, p 1976. 1CD. Faixa 5. 5min34
Palavras-chave da consigna: escutar, coração, reconhecimento, doação, aceitação do outro.
Descrição – Apresentação:
1. Em roda, mãos ao longo do corpo, escolher um par;
2. Os participantes que formam cada par se colocam em extremos da sala, fazem a conexão de
olhar, evocam o afeto pelo outro e, lenta e silenciosamente, aproximam-se cumprimentando-
se com as mãos, e/ou com abraços e/ou com beijos.
9) Roda Final (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: despedir-se do grupo de forma afetiva.
Música: Oh Happy Day (Gospel). Intérprete: Nana Mouskouri. OH HAPPY DAY. New York:
PolyGram, p 1990. 1CD. Faixa 7. 4min43.
189
Palavras-chave da consigna: despedida, agradecimento, reconhecimento de si e do outro.
Descrição:
1. Iniciar e terminar o exercício em roda de mãos dadas.
Observação: não houve apresentação.
- Considerações metodológicas
1ª - Esta aula apresentou: 9 exercícios, 9 descrições e 9 músicas, 6 apresentações, e 11
indicações de linha de vivência, sendo que 2 exercícios tiveram indicações duplas de linha de
vivência.
2ª - Todos os exercícios desta aula foram descritos pela pesquisadora.
- Nos exercícios 2 e 3, Preparação para o Caminhar Fisiológico, e Etapas, utilizou-se
conhecimentos de análise cinesiológica de marcha (Daniels; Worthingham, 1981). A
descrição foi feita pela pesquisadora, que segmentou as fases do Caminhar Fisiológico e
adaptou-as à estrutura de um exercício de Biodança.
- O exercício 6, Auto-acariciamento de Pés e Pernas é uma variação do Acariciamento de
Pés e Pernas.
- Caminhar com Fluidez, exercício de número 7, pertence ao grupo de exercícios de fluidez
e foi contextualizada pela pesquisadora.
- Durante a realização da proposta vivencial do segundo exercício “Preparação para o
caminhar fisiológico etapa”, foi solicitado que os participantes fizessem o exercício sem
sapatos. Todos os integrantes concordaram, tiraram seus calçados e espontaneamente não os
calçaram mais. A partir dessa aula, salvo exceções justificáveis, os exercícios vivenciais das
demais aulas foram dançados sem sapatos.
4ª Aula de Biodança
Data: 18 de outubro de 2005.
Número de pessoas presentes: 19, sendo 16 participantes, contando com 1 que desistiu da
pesquisa, 1 pesquisadora e 2 auxiliares de pesquisa.
Número de integrantes que participaram de atividades verbais: 19 pessoas.
Início e término das atividades: das 14h50h às 16h35.
Objetivo geral: reintegrar os movimentos pélvicos aos movimentos de todo o corpo.
Objetivos específicos:
190
1. Exercitar a coordenação e ritmo em par;
2. Aumentar a propriocepção da pélvis e cintura pélvica;
3. Evocar uma sensação de harmonia e prazer.
2. Exercícios vivenciais de Biodança - 1º - Descrição dos exercícios.
1) Roda de Integração Inicial (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: integrar-se de uma forma afetiva aos demais participantes do grupo.
Música: Sebastiana. Intérprete: Jackon do Pandeiro. In: MILLENNIUM: JAKSON DO
PANDEIRO. São Paulo: Universal, p 1998. 1 CD. Faixa 3. 2min14.
Palavras-chave da consigna: roda, presença, ritmo, prazer, alegria, corpo, pernas, quadris,
movimento.
Descrição:
1. Formar uma roda de mãos dadas;
2. Rodar para a direita, aumentando gradativamente a velocidade do deslocamento da roda.
Observação: não houve apresentação.
2) Coordenação Rítmica em Par (TORO, 2005d)
Linha de vivência: vitalidade
Objetivo: caminhar conectando-se com o próprio ritmo e com o ritmo do outro.
Música: Caboclo Sonhador. Intérprete: Fagner. In: CABOCLO SONHADOR. São Paulo:
BMG, p 1994. 1 CD. Faixa 3. 3min23.
Palavras-chave da consigna: caminhar rítmico, xote, ritmo interno, percepção do ritmo do
outro, manter a conexão de olhar, ajustar o passo, mesmo plano, igualdade.
Descrição – Apresentação:
1. Escolher o par;
2. Dividir o grupo em dois; enquanto o primeiro grupo realiza a dança, o segundo permanece
sentado em cadeiras;
3. O par inicia o movimento colocando-se lado a lado, de mãos soltas e sintoniza-se com o
ritmo da música;
4. A dupla caminha de mãos dadas, lado a lado e ajusta o passo, isto é, os dois participantes
caminham realizando o movimento simultâneo e rítmico de pernas e braços: perna
direita/braço esquerdo e, em seguida, perna esquerda/braço direito;
191
5. Após o primeiro minuto, o professor poderá sugerir que o par caminhe para trás e para os
lados, mantendo as mãos dadas;
6. O professor poderá sugerir também que os participantes soltem as mãos e caminhem lado a
lado, sintonizando o passo;
7. Após o primeiro grupo dançar, o segundo é convidado a realizar o exercício, enquanto a
primeiro grupo senta-se em cadeiras.
3) Dança Rítmica (TORO, 2005d)
Linhas de vivência: sexualidade e vitalidade.
Objetivos:
1. Aumentar a autopercepção da pélvis e cintura pélvica;
2. Relaxar a musculatura pélvica.
Música: Meu Dengo. Intérprete: Roberta Miranda. In: SUCESSO DE OURO DUPLO. Brasil:
Warner, p 1998. 1 CD. Faixa 2. 3min31.
Palavras-chave da consigna: ritmo, percepção do corpo, bacia, cintura, integração, totalidade
corporal, conexão com o prazer do movimento.
Descrição – Apresentação:
1. Na posição de pé, com os olhos fechados e/ou relaxados, entrar em conexão com a música,
dançar e tocar as laterais dos quadris, cintura e umbigo;
2. Caso o participante perceba que uma parte tocada está imóvel, movimentar esta parte;
3. Após o primeiro minuto, os participantes mantêm os olhos fechados e o professor sugere
que o participante dance e toque outras partes do corpo e que novamente ao perceber que
alguma parte está imóvel, movimente-a;
4. Após o segundo minuto, o professor pede que os participantes abram os olhos e dancem a
sua maneira, deslocando-se pela sala.
4) Roda de Comunhão (TORO, 2005d)
Linhas de Vivência: afetividade e sexualidade.
Objetivos:
1. Harmonizar-se, diminuindo o grau de ativação corporal;
2. Aumentar a integração afetiva;
3. Relaxar musculatura pélvica.
Música: Sweet Leinani. Intérprete: Hawaii Calls. In: WAIKIKI MINSTRELS. São Paulo:
DDD, p 1993. 1 CD. Faixa 12. 2min36.
192
Palavras-chave da consigna: regulação, auto-regulação, sintonia com o outro, grupo,
movimento de bacia, prazer do movimento.
Descrição – Apresentação:
1. Formar três rodas de mãos dadas, sem deslocamento de pés;
2. Os participantes se colocam:
a. Com os pés voltados para a sua frente, numa distância aproximada da largura dos quadris;
b. De olhos fechados, musculatura relaxada de rosto, boca discretamente aberta;
c. Será observado que caso o participante sofra de labirintite, não feche os olhos e se
mantenha olhando para o chão;
e. Com o tronco ereto e flexível e joelhos discretamente relaxados;
3. Em seqüência, movimentam com flexibilidade e de forma suave o corpo de um lado para o
outro.
5) Dança de Movimentação Pélvica (GÓIS, 1994)
Linha de vivência: sexualidade.
Objetivos
1. Relaxar a musculatura pélvica e ampliar o movimento pélvico;
2. Evocar uma sensação de harmonia e prazer.
Música: Song of the Islands. Intérprete: Hawaii Calls. In: WAIKIKI MINSTRELS. São
Paulo: DDD, p 1993. 1 CD. Faixa 2. 2min48.
Palavras-chave da consigna: dança, Havaí, harmonia, prazer, onda do mar, movimento
redondo, sinuoso, lento, ascendente.
Descrição – Apresentação:
1. Manter as três rodas anteriores, soltando as mãos e alargando a roda;
2. Iniciar uma dança individual, lenta, sinuosa e sem deslocamento, com movimentos
ascendentes e circulares de todo o corpo, braços soltos, boca semi-aberta e musculatura de
rosto relaxada.
6) Roda de Movimentação Pélvica (GÓIS, 1994)
Linha de vivência: sexualidade.
Objetivos:
1. Relaxar a musculatura pélvica e ampliar o movimento pélvico;
2. Evocar uma sensação de harmonia e prazer.
193
Música: Blue Hawaii. Intérprete: Hawaii Calls. In: WAIKIKI MINSTRELS. São Paulo:
DDD, p 1993. 1 CD. Faixa 7. 4min24.
Palavras-chave da consigna: contato, harmonia, prazer, círculo, onda do mar, movimento
redondo, sinuoso, lento.
Descrição – Apresentação:
1. Os participantes dão-se as mãos e se aproximam, abraçando-se pela cintura e encostam as
laterais dos quadris;
2. Lentamente, iniciam um movimento suave e sinuoso que se assemelha ao desenho de um
grande círculo.
7) Caminhar com Encontros Fugazes (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade e sexualidade.
Objetivos:
1. Caminhar mostrando-se e encontrando-se com o outro;
2. Realizar encontros fugazes.
Música: Istanbul Blues. Intérprete: Midnight Express. In: MINHA HISTÓRIA, CINEMA: O
EXPRESSO DA MEIA-NOITE. São Paulo: PolyGram, p 1978. 1 CD. Faixa 4. 3min24.
Palavras-chave da consigna: caminhar, mostrar-se, reconhecimento do outro, afeto, carinho,
sensualidade e prazer do movimento, encontros rápidos, despedidas.
Descrição:
1. Caminhar pela sala, dançando de forma sinuosa, mostrando-se ao outro;
2. Realizar encontros fugazes de olhar, cumprimentar, despedir-se daquela pessoa e continuar
caminhando, dançando e encontrando outras pessoas.
Observação: não houve apresentação.
8) Roda Final (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: despedir-se do grupo de forma afetiva.
Música: Deixa a Vida me Levar. Intérprete: Zeca Pagodinho. In: DEIXA A VIDA ME
LEVAR. São Paulo: Universal Music, p 2002. 1 CD. Faixa 3. 4min36.
Palavras-chave da consigna: despedida, alegria, prazer, sensualidade.
Descrição:
1. Iniciar e terminar o exercício em roda de mãos dadas.
Observação: não houve apresentação.
194
Considerações metodológicas
1ª - Esta aula apresentou: 8 exercícios, 8 descrições e 8 músicas, 6 apresentações e 11
indicações de linha de vivência, sendo que 3 exercícios tiveram indicações duplas de linha de
vivência.
2ª - Todas as descrições foram feitas pela pesquisadora.
- O exercício 2, Coordenação Rítmica em Par é uma variação do exercício original que tem
o mesmo nome e foi contextualizada ao objetivo da aula.
- A Dança Rítmica, exercício 3 é uma variação do exercício que tem o mesmo nome, que
requer uma ativação alta e é dançado com pequenos saltos e com deslocamento por todo o
espaço da sala. O exercício foi adaptado às condições do grupo.
5ª - O exercício Dança de Movimentação Pélvica, número 5, foi adaptado pela pesquisadora,
tendo como base o exercício denominado Roda de Movimentação Pélvica.
- Este exercício, 6, Roda de Movimentação Pélvica, originalmente, é realizado com a
formação de uma só roda e nesta variação, foram feitas três rodas.
7ª - O exercício 7, Caminhar com Encontros Fugazes, é uma variação do exercício Encontro.
5ª Aula de Biodança
Data: 25 de outubro de 2005.
Número de pessoas presentes: 17, sendo 14 participantes, contando com 1 que desistiu da
pesquisa, pesquisadora e 2 auxiliares de pesquisa.
Número de integrantes que participaram de atividades verbais: 10 pessoas.
Início e término das atividades: as 14h45 às 16h20h.
Objetivo geral: vivenciar um contato afetivo indiferenciado e proporcionar um contato afetivo
incondicional.
Objetivos específicos:
1. Experimentar níveis diferenciados de vitalidade;
2. Exercitar a coordenação e o ritmo com o outro;
3. Descobrir novas formas de comunicação afetiva.
195
2. Exercícios vivenciais de Biodança - 1º - Descrição dos exercícios
1) Roda de Integração Inicial (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: integrar-se de uma forma afetiva aos demais participantes do grupo.
Música: Beija-Flor. Intérprete: Emilio Santiago. In: EMILIO SANTIAGO. São Paulo: Som
Livre, p 1998.1 CD. Faixa 1. 4min3.
Palavras-chave da consigna: roda, presença, integração, olhar, afeto, pertencimento, corpo,
movimento.
Descrição:
1. Formar uma roda de mãos dadas;
2. Rodar para a direita, aumentando gradativamente a velocidade do deslocamento da roda.
Observação: não houve apresentação.
2) Dança Rítmica (TORO, 2005d)
Linha de vivência: vitalidade
Objetivos:
1. Dançar conectando-se com o próprio rítmico, enfocando a integração de braços e pernas;
2. Preparar-se para o exercício seguinte.
Música: O Bicho Solto. Intérprete: Gera Samba. In: É O TCHAN. São Paulo: Polydor, p
1995. 1 CD. Faixa 2. 4min7.
Palavras-chave da consigna: dança rítmica, ritmo interno, percepção do próprio ritmo, alegria,
molejo, sintonia, movimento de braços e pernas.
Descrição – Apresentação:
1. Dividir o grupo em dois; enquanto o primeiro grupo realiza a dança, o segundo permanece
sentado em cadeiras;
2. Iniciar a dança, sintonizando-se com o ritmo da música;
4. Realizar a dança dando ênfase nos movimentos rítmicos de braços e pernas: perna
direita/braço esquerdo e perna esquerda/braço direito;
4. O movimento de braços assemelha-se a ão de puxar e afrouxar uma corda, alternando
braço direito e esquerdo.
5. Após o primeiro grupo dançar, o segundo é convidado a realizar o exercício, enquanto a
primeiro grupo senta-se em cadeiras.
196
3) Barquinho (CARVALHO, FILIZOLA E LELIS, 2002)
Linha de vivência: vitalidade.
Objetivos:
1. Aumentar a percepção corporal, enfatizando ritmo e coordenação de braços;
2. Vivenciar a integração rítmica com o outro.
Música: O Bicho Solto. Intérprete: Gera Samba. In: É O TCHAN. São Paulo: Polydor, p
1995. 1 CD. Faixa 2. 4min7.
Palavras-chave da consigna: ritmo, conexão, percepção, corpo, braços, mãos, outro,
integração, vai-e-vem, caminhar de barquinho.
Descrição – Apresentação:
1. Escolher o par;
2. Dividir o grupo em dois; enquanto o primeiro grupo realiza a dança, o segundo permanece
sentado em cadeiras;
3. As pessoas se colocam frente a frente, próximas a uma das paredes da sala, seguram-se
mutuamente pelos punhos e sintonizam-se com o ritmo da música;
4. O integrante do par que irá conduzir o movimento se coloca rente à parede;
5. A pessoa condutora, num movimento alternado de vai-e-vem dos braços, para frente e para
trás, que lembram o leve movimento dos remos de um barquinho, leva a pessoa que está a
sua frente na direção da parede oposta da sala;
6. Ao se aproximar da parede oposta, a condutora pára o movimento e sem trocar de posição,
trocam-se os papéis: a condutora passa ser a conduzida e vice-versa.
4) Roda de Comunhão (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivos
1. Harmonizar-se, diminuindo o grau de ativação corporal;
2. Aumentar a integração afetiva.
Música: Ave-Maria no Morro. Intérprete: Nicolas de Angelis. In: RICHARD
CLAYDERMAN APRESENTA NICOLAS DE ANGELIS. São Paulo: PolyGram, p 1997. 1
CD. Faixa 14. 3min5.
Palavras-chave da consigna: regulação, auto-regulação, sintonia com o outro, grupo,
movimentos suaves, grupo, pertencimento;
Descrição – Apresentação:
197
1. Formar uma roda de mãos dadas, sem deslocamento de pés;
2. Os participantes se colocam:
a. Com os pés voltados para a sua frente, numa distância aproximada da largura dos quadris;
b. De olhos fechados, musculatura relaxada de rosto, boca discretamente aberta;
c. Será observado que caso o participante sofra de labirintite, não feche os olhos e se
mantenha olhando para o chão;
e. Com o tronco ereto e flexível e joelhos discretamente relaxados;
3. Em seqüência, movimentam com flexibilidade e de forma suave o corpo de um lado para o
outro.
5) Série I de Fluidez (TORO, 2005d)
Linha de vivência: vitalidade.
Objetivo: harmonizar-se, buscando a suavidade e a conexão consigo.
Música: Shine On You Crazy Diamond (Part 1). Intérprete: Pink Floyd. In: WISH YOU
WERE HERE. Rio de Janeiro: Columbia, p 1975. 1 CD. Faixa 1. 13min32.
Palavras-chave da consigna: harmonia, suavidade, relaxamento, continuidade, conexão
consigo, energia, fluidez, água, movimentos, braços.
Descrição – Apresentação:
Etapa 1:
1. Exercício realizado individualmente e na posição sentada em cadeira;
2. Sentar afastando as costas do espaldar da cadeira, posicionar as pernas mantendo os pés
afastados observando a distância aproximada dos quadris. Joelhos fletidos, pés apoiados no
chão, mãos apoiadas nas coxas, pescoço levemente fletido, olhos fechados ou abertos,
musculatura da face relaxada e boca semi-aberta;
3. Elevar, com suavidade, os braços e o pescoço para frente, ao mesmo tempo que inspira o ar
com suavidade;
4. Baixar os braços, expirar suavemente, colocando os braços sobre as coxas e inclinar com
leveza o pescoço;
5. Repetir diversas vezes o movimento.
Etapa 2:
1. Em seguida, alternam-se os movimentos de braços, de forma simultânea:
a. Quando o braço direito estiver elevado para frente, o braço esquerdo estará apoiado no
joelho direito e vice-versa;
b. Respiração suave, pescoço erguido e relaxado;
198
3. Repetir diversas vezes o exercício.
6) Auto-acariciamento de mãos (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade e transcendência.
Objetivos
1. Reintegrar as mãos ao corpo utilizando o toque afetivo;
2. Reverenciar as próprias mãos.
Música: Ave Maria. Intérprete: Gheorghe Zamfir. In: CLASSICS BY CANDLELIGHT:
GRANDS THÈMES CLASSIQUES. São Paulo: Philips / Phonogram, p 2000. 1 CD. Faixa 9.
4min41.
Palavras-chave da consigna: afeto, amorosidade, capacidade, cuidado, dar, receber, agradecer,
reverência às mãos e aos braços, trabalho, passado, futuro.
Observação: a poesia abaixo, de autoria desconhecida, foi lida durante a realização do auto-
acariciamento de mãos:
Louvadas e livres sejam as mãos!
Lutai, lutai por nós.
Benditas e santas sejam as mãos”
Cuidai, cuidai de nós.
Mãos que apuram os fatos;
Mãos que amparam o parto;
Mãos amorosas unindo os casais;
Mãos que têm almas nos dedos;
Mãos que desvendam segredos;
Mãos generosas com plantas e animais;
Mãos carregadas de afeto;
Mãos que estão sempre por perto;
Mãos que se elevam aos céus por seus “ais”.
Descrição:
1. Realizar o auto-acariciamento de mãos na posição de pé.
Observação: não houve apresentação.
7) Acariciamento de Rosto e Cabelo (CARVALHO, 1996)
Linhas de vivência: afetividade e transcendência.
Objetivos:
1. Receber um contato afetivo indiferenciado;
2. Proporcionar um contato afetivo incondicional.
Música: Bilitis. Gènérique Lyrics. Intérprete: Sarah Brightman. In: TIMELESS. São Paulo:
1998. 1 CD. Faixa 6. 3min25.
199
Palavras-chave da consigna: toque afetivo, rosto, cabelo, anônimo, indiferenciado,
diferenciado, merecimento, prazer de dar, sagrado, permissão de receber, ternura e cuidado.
Descrição-Apresentação:
1. Divide-se o grupo em dois;
2. Um grupo senta-se em cadeiras próximas umas das outras e dispostas em meia-lua, no meio
da sala e o outro grupo, colocarse de pé, por detrás das pessoas que estão sentadas;
3. As pessoas que estão sentadas procurarão manter uma uma postura solta, olhos fechados,
face relaxada, boca semi-aberta, pernas fletidas sem estarem cruzadas, mãos colocadas no
colo;
4. Os participantes que estão de acariciarão com as duas mãos o rosto e o cabelo das que
estão sentadas;
5. Quando o professor pontuar, os integrantes que estão de manterão uma das os na
cabeça da pessoa que está sendo acariciada e, colocarão a outra o na cabeça da próxima
pessoa que está a sua direita e que receberá o acariciamento, de forma que não haja
interrupção do contato afetivo;
6. Dando prosseguimento, usarão as duas mãos para realizar o acariciamento até que
novamente, o professor sinalize uma nova mudança;
7. Ao chegar a ultima pessoa que está sendo acariciada, ou seja, o final das cadeiras, o
professor indicará ao participante que está de a mudança de posição para o início das
cadeiras;
8. Cada pessoas deverá receber, em média, um acariciamento de cinco pessoas;
9. Após a música parar, propõe-se que as pessoas colocadas por detrás das cadeiras passem
para frente e com delicadeza, tomem as mãos das pessoas que estão sentadas, ajudem-nas a
levantar e as recebam com um abraço;
10. Em seqüência, haverá troca de papéis: o grupo que recebeu, realizará o acariciamento e o
outro que realizou, fará o acariciamento.
8) Encontro de Mãos e Olhar (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivos:
1. Descobrir novas formas de comunicação afetiva e de contato;
2. Vivenciar um encontro afetivo diferenciado;
3. Receber e ser recebido.
200
Música: Jardim da Fantasia. Intérprete: Paulinho Pedra Azul. In: JARDIM DA FANTASIA.
São Paulo: BMG, p 1991. 1 CD. Faixa 9. 3min4.
Palavras-chave da consigna: encontro, mãos, olhar, ritual, comunicação afetiva, receber, ser
recebido, reconhecer o outro.
Descrição-Apresentação:
1. Exercício realizado em par e na posição de pé;
2. Escolha do par;
2. Estabelece-se uma conexão de olhar;
3. As duas pessoas se aproximam, olham-se, dão-se as mãos e se despedem.
9) Roda Final (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: despedir-se do grupo de forma afetiva.
Música: Imagine. Intérprete: Paulo Ricardo. In: Estrela-Guia. Rio de Janeiro: Sigla, p 2001. 1
CD. Faixa 1. 4min6.
Palavras-chave da consigna: despedida, afeto, novo encontro.
Descrição:
1. Iniciar e terminar o exercício em roda de mãos dadas.
Observação: não houve apresentação.
- Considerações metodológicas
1ª - Esta aula apresentou: 9 exercícios, 9 descrições e 9 músicas, 7 apresentações, e 11
indicações de linha de vivência, sendo que 2 exercícios tiveram indicações duplas de linha de
vivência.
2ª - Todos os exercícios, com exceção do número 4, foram descritos pela pesquisadora.
- O exercício número 3, Barquinho, foi adaptado porque, em sua forma original, solicitava
que um dos participantes realizasse o movimento com os olhos fechados e no contexto,
poderia oferecer riscos aos participantes.
- O exercício 5, Série I de Fluidez, apresenta três movimentos, ou seja, três etapas, e é
realizado na posição de pé. A pesquisadora fez uma adaptação, mudando a posição para a
sentada em cadeira sem braço e suprimiu o terceiro movimento, por considerá-lo muito
complexo para o grupo.
201
5ª - O Acariciamento de Rosto e Cabelo, exercício 7, pertence ao grupo de exercícios
Acariciamento e sua variação foi contextualizada pela pesquisadora.
6ª Aula de Biodança
Data: 1 de outubro de 2005.
Número de pessoas presentes: 14, sendo 11 participantes, contando com 1 que desistiu da
pesquisa, 1 pesquisadora e 2 auxiliares de pesquisa.
Número de integrantes que participaram de atividades verbais: 10 pessoas.
Início e término das atividades: das 14h45 às 16h20.
Objetivo geral: vivenciar o continente afetivo do grupo.
Objetivos específicos:
1. Experimentar diferentes situações de contato afetivo;
2. Liberar tensões musculares localizadas no peito.
2. Exercícios vivenciais de Biodança - 1º - Descrição dos exercícios
1) Roda de Integração Inicial (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: integrar-se de uma forma afetiva aos demais participantes do grupo.
Música: Forrobodó. Intérprete: Martinho da Vila. In: Canto das Lavadeiras. Rio de Janeiro:
Columbia, p 1989. 1 CD. Faixa 5. 3min45.
Palavras-chave da consigna: roda, boas-vindas, presença, integração, permissão,
incondicionalidade, olhar, pertencer, grupo, corpo, movimento.
Descrição:
1. Formar uma roda de mãos dadas;
2. Rodar para a direita, aumentando gradativamente a velocidade do deslocamento da roda.
Observação: não houve apresentação.
2) Caminhar Melódico (GÓIS, 1994)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivos:
1. Aumentar a integração afetivo-motora;
2. Exercitar a expressão afetiva.
202
Música: New York New York. Intérprete: Frank Sinatra. In: HIS GREATEST HITS: FRANK
SINATRA. Alsdorf: WEA, p 1983. 1 CD. Faixa 1. 3min26.
Palavras-chave da consigna: caminhar, ritmo e melodia, afeto, percepção de si mesmo e do
outro, sinalizar com o corpo, expressar, gestos.
Descrição – Apresentação:
1. Caminhar individual;
2. O caminhar é realizado dando ênfase à plasticidade do movimento corporal;
3. Após o primeiro minuto da música, o professor sugere que os participantes comecem a se
perceber caminhando impulsionados pela música;
4. Em seguida, após o segundo minuto, o professor pede que os participantes percebam as
outras pessoas caminhando e compartilhando a vida naquele momento;
5. Ao terminar a música, o professor repete-a e propõe aos participantes que caminhem
sinalizando com gestos a sua presença e a aceitação da presença do outro. Podem ser dadas
sugestões tais como acenos de mãos e cabeça, olhar, piscar de olhos, beijinhos no ar, toques
sutis;
6. O exercício pode ser finalizado com a sugestão que as pessoas formem pares e caminhem.
3) Dança de Mãos Dadas (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002)
Linha de vivência: afetividade e vitalidade.
Objetivos:
1. Experimentar o contato afetivo de mãos e olhar;
2. Exercitar a coordenação e sincronicidade com o outro.
Música: Jaú Dales Adjes. Intérprete: Grupo Encanto Cigano. In: O MELHOR
INTERNACIONAL DE NOVELAS. São Paulo: Som Livre, p 1998. 1 CD. Faixa 11. 3min30.
Palavras-chave da consigna: escolha do par, dança, presença, vinculação através das mãos e
do olhar, troca.
Descrição – Apresentação:
1. Realizado em par e na posição de pé;
2. As pessoas escolhem um par e colocam-se uma em frente à outra;
3. Segurando a mão direita à frente do corpo, elas realizam uma dança sinuosa e ritmada,
mantendo, na medida do limite de cada uma, a conexão de olhar;
4. Após o segundo minuto, o professor propõe trocas de par.
4) Dança Livre de Costas
203
Linha de vivência: afetividade.
Objetivos:
1. Regular-se, diminuendo o grau de ativação corporal;
2. Experimentar o contato afetivo das costas do outro.
Música: La Montanara. Intérprete: Golden Panflute. In: HOREA CRISHAN. Rio de Janeiro:
CID, p 1991. 1 CD. Faixa 14. 2min51.
Palavras-chave da consigna: costas, presença do outro, contato, regulação, auto-regulação,
sintonia, grupo, movimentos suaves.
Descrição – Apresentação:
1. Escolha do par;
2. Os participantes se olham e colocam-se:
a. De costas para o seu par, com os pés voltados para a sua frente, numa distância
aproximada da largura dos quadris, joelhos discretamente relaxados;
b. De olhos fechados, musculatura relaxada de rosto, boca discretamente aberta;
c. Será observado que caso o participante sofra de labirintite, não feche os olhos e se
mantenha olhando para o chão;
3. Em seqüência, dançam com movimentos lentos e suaves, mantendo o contato das costas e
sem deslocamento do solo.
5) Segmentário de Peito e Braços (TORO, 2005d)
Linha de vivência: vitalidade.
Objetivos:
1. Dissolver tensões musculares localizadas no peito;
2. Experienciar a integração afetivo-motora.
Música: Méditation de Thaís. Intérprete: Zamfir. In: UTOPIA. Rio de Janeiro: Philips, p
1992. 1 CD. Faixa 3. 5min7.
Palavras-chave da consigna: música, afeto, abrir o coração, centro afetivo, liberdade,
respiração suave, expansão, abertura, harmonia, suavidade, continuidade, conexão consigo,
movimentos braços e peito.
Descrição – Apresentação:
1. Exercício é individual, realizado na posição de pé, olhos fechados e boca semi-aberta;
2. As mãos estão apoiadas sobre o peito e a cabeça está ligeiramente inclinada sobre o tórax;
204
3. Lentamente, abrem-se os braços, partindo o movimento do centro do peito ao mesmo
tempo em que o pescoço se estende.
6) Túnel de Caricias (GÓIS, 1994)
Linhas de vivência: afetividade e transcendência.
Objetivos:
1. Proporcionar contato afetivo incondicional;
2. Receber contato afetivo indiferenciado de todo o grupo.
Músicas:
1. Ave Maria. Intérprete: Simonetti e Orq. de Câmera RGE. In: CONVITE PARA OUVIR:
MÚSICA À LUZ DA ORAÇÃO. São Paulo: RGE, p 1993. 1 CD. Faixa 6. 3min20;
2. Moonlight Sonata. Intérprete: Simonetti e Orq. de Câmera RGE. In: CONVITE PARA
OUVIR: MÚSICA À LUZ DA ORAÇÃO. São Paulo: RGE. p 1993. 1 CD. Faixa 4. 6min.
Palavras-chave da consigna: corpo, sagrado, os de anjo, aceitação, merecimento,
delicadeza, afeto, cuidado, grupo dar, receber.
Descrição – Apresentação:
1. Formam-se duas fileiras, uma de frente a outra, numa distância aproximada de 80
centímetros;
2. Uma a uma, cada pessoa, com os olhos fechados, corpo relaxado, vai passando lentamente
pelo túnel e recebendo o acariciamento no rosto, cabelo, ombros, costas, braços e mãos;
3. O acariciamento não se detém em nenhuma parte do corpo;
4. Ao final do túnel, a pessoa é recebida com um abraço de continente, dado por outro
participante;
5. Em seguida, coloca-se em uma das alas do túnel.
7) Dar Colo a Si Mesmo
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: receber a si mesmo, em um auto-abraço.
MÚSICA: AVE MARIA. INTÉRPRETE: SIMONETTI E ORQ. DE CÂMERA RGE. IN:
CONVITE PARA OUVIR: MÚSICA À LUZ DA ORAÇÃO. São Paulo: RGE, p 1993. 1 CD.
Faixa 9. 4min5.
Palavras-chave da consigna: colo, si mesmo, embalar-se, cuidar de si mesmo, receber a si
mesmo, agradecer aos antepassados e aos descendentes.
Descrição – Apresentação:
205
1. Exercício individual, realizado na posição de pé;
2. O participante abraça o seu próprio corpo e se embala.
8) Encontro (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivos:
1. Descobrir novas formas de comunicação afetiva e de contato;
2. Receber e ser recebido.
Música: Branca. Intérprete: Johan Dalgas Frisch. In: AVES BRASILEIRAS 3. São Paulo:
AAD, p 1973. 1 CD. Faixa 9. 3min4.
Palavras-chave da consigna: encontro, olhar, comunicação afetiva, aceitar e ser aceito, receber
e ser recebido, reconhecer o outro.
Descrição:
1. Exercício realizado em par e na posição de pé;
2. Escolha do par;
2. Estabelece-se uma conexão de olhar;
3. As duas pessoas se aproximam, olham-se e se cumprimentam com um gesto.
Observação: não houve apresentação.
9) Roda Final (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: despedir-se do grupo de forma afetiva.
Música: Danúbio Azul / Sobre As Ondas. Intérprete: Orquestra Imperial. In: VALSAS
ETERNAS. Rio de Janeiro: EMI, p 1988. 1 CD. Faixa 5. 4min20.
Palavras-chave da consigna: despedida, afeto, leveza, suavidade, pertencer, grupo.
Descrição:
1. Iniciar e terminar o exercício em roda de mãos dadas.
Observação: não houve apresentação.
- Considerações metodológicas
- Esta aula apresentou: 9 exercícios e 9 descrições, 10 músicas, 6 apresentações e 11
indicações de linha de vivência, sendo que 2 exercícios tiveram indicações duplas de linha de
vivência.
206
2ª - Todas as descrições dos nove exercícios desta aula são de autoria da pesquisadora.
- O exercício Caminhar Melódico, número 2, foi adaptado pela pesquisadora à etapa da
aula.
- A Dança Livre de Costas, exercício 4, pertencente à linha de sexualidade, foi adaptada
pela pesquisadora à de afetividade.
4ª - O exercício 7, Dar Colo a Si Mesmo, pode ser considerado como uma variação do Abraço
para Dar Continente (CARVALHO, 1996).
7ª Aula de Biodança
Data: 8 de novembro de 2056.
Número de pessoas presentes: 17, sendo 14 participantes, 1 pesquisadora e 2 auxiliares de
pesquisa.
Número de integrantes que participaram de atividades verbais: 11 pessoas.
Início e término das atividades: das 14h50 às 16h35.
Objetivo geral: exercitar a expressividade corporal sob a perspectiva afetiva, criativa e lúdica.
Objetivos específicos:
1. Vivenciar a sincronicidade de movimento em par, sob o enfoque lúdico;
2. Aumentar o repertório gestual e sonoro;
3. Experimentar a expressão melódica do próprio nome e do nome do outro.
2. Exercícios vivenciais de Biodança - 1ª – Descrição dos exercícios
1) Roda de Integração Inicial (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: integrar-se de uma forma afetiva e lúdica aos demais participantes do grupo.
Música: O Carimbador Maluco. Intérprete: Raul Seixas. In: AQUARELA MÁGICA: TV,
TEMAS INFANTIS, v 4. São Paulo: Som Livre, p 1999. 1 CD. Faixa 9. 2min22.
Palavras-chave da consigna: roda, viagem, mundo fantástico, brincadeira, criança interior,
alegria, expressão.
Descrição:
1. Formar uma roda de mãos dadas;
2. Rodar para a direita, aumentando gradativamente a velocidade do deslocamento da roda.
Observação: não houve apresentação.
2) Caminhar com Balão (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002)
207
Linha de vivência: criatividade e vitalidade.
Objetivo: experimentar, de forma lúdica, a sincronicidade de movimento com o outro.
Música: Sítio do Pica-Pau Amarelo. Intérprete: Gilberto Gil. In: AQUARELA MÁGICA: TV,
TEMAS INFANTIS, v 4. São Paulo: Som Livre, p 1999. 1 CD. Faixa 10. 3min22.
Material: balões de aniversário.
Palavras-chave da consigna: caminhar, sincronicidade, sintonia, brincadeira, criança, alegria,
leveza, cuidado.
Descrição – Apresentação:
1. Realizado em par e na posição de pé;
2. O grupo recebe vários balões de aniversário cheios;
3. Cada par pega um balão e caminha sustentando-o, a dois, entre partes do corpo que serão
indicadas pelo professor, tais como, testa, nuca, um dos lados da face, costas, barriga, lateral
do tronco;
4. Ao final, pode ser sugerido que a dupla estoure o balão pressionando-o entre partes de seus
corpos.
3) Expressão em Roda– Ha – He – Hi – Ho – Hu
Linha de vivência: criatividade.
Objetivo: aumentar o repertório gestual e sonoro.
Música: sem música.
Palavras-chave da consigna: roda, expressão, gestos, sons, risada, alegria.
Apresentação - Descrição:
1. Realizado em roda, na posição de pé;
2. O professor convida os participantes a experimentar diversas risadas, apresenta risada por
risada, realizando gestos largos, condizentes com as propostas e, em seguida, o grupo o
segue;
3. Risada “Hi” de bruxa; o som emitido é agudo da sílaba “Hi” - e a expressão é de
maldade e de comicidade;
4. Risada “He” de adolescente; o som emitido é semigrave da sílaba “He” - e a expressão
é de crítica;
5. Risada “Hu”de macaco; o som assemelha-se ao grito do macaco – da sílaba “Hu” – leva-
se uma mão à cabeça e a outra à lateral do tronco, imitando os movimentos do macaco;
6. Risada “Ho” de Papai Noel; o som emitido é grave da sílaba “Ho” toca-se a barriga,
abre-se a expressão do rosto, imitando os movimentos de Papai Noel;
208
7. Risada “Ha” – de amor; o som emitido é semigrave - da sílaba “Ha” – abrem-se os braços e
a expressão do rosto e suave e relaxada.
4) Caminhar de Expressões
Linha de vivência: criatividade.
Objetivo: aumentar o repertório gestual e sonoro.
Música: sem música
Palavras-chave da consigna: importância, expressão, emoções, gestos, sons.
Descrição – Apresentação:
1. Exercício realizado individualmente;
2. Os participantes caminham pela sala e o professor pontua e realiza cada expressão
emocional, uma por vez e, em seguida, o grupo o segue;
3. Expressões sugeridas:
a. espanto;
b. gula;
c. paquera;
d. fome;
e. satisfação por estar comendo um alimento muito gostoso;
f. alegria;
g. amor.
5) Contar uma História (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002)
Linhas de vivência: criatividade.
Objetivos:
1. Exercitar a expressividade corporal;
2. Aumentar o repertório gestual e sonoro.
Música: sem música.
Palavras-chave da consigna: história, fato do dia-a-dia, língua inexistente, gestos e sons.
Descrição – Apresentação:
1. Exercício realizado em par;
2. O participante que irá escutar a história estará sentado e o outro, na posição de e de
frente;
2. O participante cria uma língua inexistente e conta uma história, exagerando na mímica
facial e nos gestos;
209
3. Em seguida, ocorre a troca.
6) Trenzinho (GÓIS, 1994)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivos:
1. Diminuir a ativação corporal;
2. Receber e proporcionar contato afetivo.
Música: Ursinho Pimpão. Intérprete: Turma do Balão Mágico. In: TURMA DO BALÃO
MÁGICO. São Paulo: Colúmbia, p 2003. 1 CD. Faixa 5. 3min28.
Palavras-chave da consigna: trenzinho, contato afetivo, regulação, dar, receber.
Descrição – Apresentação
1. Realizado em grupo e na posição de pé;
2. Forma-se um trenzinho circular fechado, com as pessoas segurando umas nas outras pela
cintura;
3. Em seguida, os participantes, sem se deslocar, dançam realizando movimentos laterais,
seguindo o ritmo lento da 3
7) Roda de Embalo (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivos:
1. Aumentar a proximidade corporal;
2. Experimentar um contato afetivo e harmônico em roda.
Música: Frere Jacques (Tradicional). Intérprete: não citado. In: MÚSICA PARA BEBÊS,
FELIZES JOGOS. São Paulo: Movieplay, p 1994. 1 CD. Faixa 2. 2min52.
Palavras-chave da consigna: roda, embalo, proximidade, contato afetivo, grupo .
Descrição – Apresentação:
1. Forma-se uma roda sem deslocamento, pélvis unidas, olhos fechados e boca semi-aberta;
2. As pessoas se abraçam pela cintura e se embalam reciprocamente, seguindo o ritmo lento
da música.
8) Canto do Nome (GÓIS, 1994)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivos:
1. Expressar o próprio nome de forma melódica e afetiva;
210
2. Ouvir o seu nome cantado pelo grupo, de maneira melódica e afetiva.
Música: sem música.
Palavras-chave da consigna: canto, importância do nome, expressão afetiva de si e do outro,
coração, afeto.
Descrição-Apresentação:
1. Exercício realizado em roda, com os participantes abraçados pela cintura, de olhos
fechados e na posição de pé;
2. O primeiro participante canta o seu nome e o grupo repete não somente o nome, mas
também a entonação;
2. O nome poderá ser cantado algumas vezes e, em seqüência, o participante pára o seu canto;
3. Em seguida, o participante que esà direita do primeiro participante continua o exercício,
e assim sucessivamente até o último participante realizá-lo.
9) Encontro Chamando o Nome do Outro (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivos:
1. Encontrar o outro de uma forma inusitada;
2. Falar o nome do outro e escutar o próprio nome sob um contexto afetivo.
Música: Um Canto de Afoxé para o Bloco do Ilê. Intérprete: Caetano Veloso. In: CORES,
NOME. São Paulo: PolyGram, p 1989. 1 CD. Faixa 6. 3min5.
Palavras-chave da consigna: encontro, olhar, nome, aceitar e ser aceito, receber e ser recebido.
Descrição-Apresentação:
1. Exercício realizado em par e na posição de pé;
2. Escolha do par;
2. Estabelece-se uma conexão de olhar;
3. As duas pessoas iniciam a aproximação falando bem baixinho o nome do outro e se
cumprimentam com um gesto afetivo.
10) Roda Final (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivos:
1. Despedir-se do grupo de forma afetiva;
2. Acompanhar a música, cantando-a.
211
Música: Trem das Onze. Intérprete: Gal Costa. In: GAL. Rio de Janeiro: Globo / Polydor, p
1994. 1 CD. Faixa 8. 5min.
Palavras-chave da consigna: despedida, expressão, alegria, criar um gesto de despedida para o
grupo.
Descrição:
1. Iniciar e terminar o exercício em roda de mãos dadas;
2. O professor sugere que o grupo acompanhe a música, cantando-a.
Observação: não houve apresentação.
2ª – Considerações metodológicas
- Esta aula apresentou: 10 exercícios e 10 descrições, 6 músicas, 8 apresentações e 11
indicações de linha de vivência, sendo que 1 exercício recebeu 1 indicação dupla de linha de
vivência.
- A descrição de todos os exercícios, com exceção dos números 2 e 5, é de autoria da
pesquisadora.
- Os exercícios 3, Expressão em Roda e 4, Caminhar de Expressões são utilizados em
trabalhos de Biodança e Voz e não têm referência bibliográfica.
- O exercício Trenzinho, de número 6, realizado sem deslocamento, é uma variação do
Trenzinho.
- O exercício 9, Caminhar Chamando o Nome do Outro é uma variação do exercício
Encontro.
8ª Aula de Biodança
Data: 22 de novembro de 2005.
Número de pessoas presentes: 19, sendo 16 participantes, 1 pesquisadora e 2 auxiliares de
pesquisa.
Número de integrantes que participaram de atividades verbais: não houve atividades verbais.
Início e término das atividades: das 14h45 às 16h35.
Objetivo geral: explorar e ampliar o espaço vital
27
.
Objetivos específicos:
27
Espaço vital, termo usado por Kurt Lewin (1965), refere-se ao ambiente psicológico em que o homem se
insere no momento presente. Contudo, o significado da expressão desse objetivo aproxima-se mais da
definição de Merleau-Ponty (1994, p. 328), de espaço: o espaço não é o ambiente (real ou lógico) em que as
212
1. Adaptar-se a novas situações;
2. Explorar as possibilidades do espaço vital;
3. Movimentar-se com harmonia e leveza.
Exercícios vivenciais - 1º - Descrição dos exercícios
1) Qualificação Verbal (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivos:
1. Qualificar e ser qualificado pelo outro;
2. Exercitar a escuta ativa.
Música: sem música.
Palavras-chave da consigna: reconhecer as qualidades do outro, qualificar, ser qualificado,
sinceridade, carinho, escutar atentamente, olhar.
Descrição – Apresentação
1. Escolha do par;
2. Um dos participantes olha para o seu par e fala das qualidades deste, enquanto aquele que é
qualificado escuta atentamente, sem interrupções.
3. Em seguida, ocorre a troca: o participante que foi qualificado qualifica o seu par;
4. O exercício se encerra com um cumprimento dos participantes que formam o par.
2) Animação de Movimento
28
(GÓIS, 1994)
Linha de vivência: vitalidade.
Objetivo: aumentar o grau de ativação corporal.
Música: Patuscada de Gandhi. Intérprete: Gilberto Gil. In: 2 É DEMAIS: GILBERTO GIL.
Brasil: WEA, p 1996. 1 CD. Faixa 21. 2min33.
Palavras-chave da consigna: ativar, movimento, corpo, braços, pernas, tronco, expansão,
música, ritmo, alegria.
Descrição – Apresentação:
1. Realizado em grupo e na posição de pé;
coisas se dispõem, mas o meio pelo qual a posição das coisas se torna possível”. Nesse sentido, o espaço vital
é o campo de possibilidades de realização humana.
28
A descrição deste exercício é de Carvalho, Filizola e Lellis (2002).
213
2. Pedir para que cada pessoa, de olhos fechados, entre em contato com o seu ânimo, com a
sua alegria e deixar esta sensação expandir-se pelo corpo, movimentando-o
progressivamente;
3. Se a expansão gerar deslocamento, abrir os olhos.
4. Pode ser realizado em roda, de mãos dadas ou com mãos soltas.
3) Caminhar com Motivação Afetiva (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: exercitar a integração afetivo-motora durante o caminhar.
Música: Reggae Night. Intérprete: Jimmy Cliff. In: JIMMY CLIFF IN BRAZIL. São Paulo:
Sony, S/D. 1 CD. Faixa 1. 5min22
Palavras-chave da consigna: caminhar, olhar, presença, peito e braços abertos para o mundo,
alegria impetuosa, liberdade e afeto.
Descrição – Apresentação:
1. Exercício realizado de forma individual;
2. A pessoa caminha pela sala;
3. Após o primeiro minuto, o professor sugere que o participante ao passar por outra pessoa,
olhe para ela e abra o peito e braços, simbolizando a sua disponibilidade para a outra pessoa
e para o mundo.
4) Roda de Comunhão (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivos:
1. Harmonizar-se, diminuindo o grau de ativação corporal;
2. Aumentar a integração afetiva.
Música: Wild Theme. Intérprete: Zamfir. In: A ARTE DE ZAMFIR. São Paulo: PolyGram /
Philips, p 1988. 1 CD. Faixa 15. 3min38.
Palavras-chave da consigna: roda, contato afetivo, regulação, harmonia, respiração suave.
Descrição – Apresentação:
1. Formar uma roda de mãos dadas, sem deslocamento de pés;
2. Os participantes se colocam:
a. Com os pés voltados para a sua frente, numa distância aproximada da largura dos
quadris;
b. De olhos fechados, musculatura relaxada de rosto, boca discretamente aberta;
214
c. Será observado que caso o participante sofra de labirintite, não feche os olhos e se
mantenha olhando para o chão;
e. Com o tronco ereto e flexível e joelhos discretamente relaxados;
3. Em seqüência, movimentam com flexibilidade e de forma suave o corpo de um lado para o
outro.
5) Roda de Fluidez (KIKA, LELLIS, 1999)
Linha de vivência: vitalidade.
Objetivos:
1. Movimentar-se com harmonia e leveza;
2. Diminuir a ativação corporal.
Música: Éte D’amour. Intérprete: Zamfir. In: A ARTE DE ZAMFIR. São Paulo: PolyGram /
Philips, p 1988. 1 CD. Faixa 18. 5min24.
Palavras-chave da consigna: roda, fluidez, contato, afeto, leveza, continuidade, energia,
grupo, regulação.
Descrição – Apresentação:
1. As pessoas formam uma roda de mãos dadas, mantendo um espaço maior entre elas,
palmas com palmas, olhos fechados, boca semi-aberta, rosto relaxado;
2. Em seguida, mantendo os pés plantados no chão, movimentam o corpo com suavidade,
leveza e desaceleração;
3. Os braços e ombros movimentam-se para a direita e para a esquerda, dançando como se
estivessem deslizando horizontalmente no espaço.
6) Espaço Máximo e Espaço Mínimo (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002)
Linha de vivência: criatividade.
Objetivos:
1. Adaptar-se a novas situações;
2. Ocupar espaços disponíveis.
Música: ROWLAND, Mike. Son of The Light. Intérprete: Mike Rowland. In: WITHIN THE
LIGHT. Londres: Oreade Music, p 1997. 1 CD. Faixa 8. 5min23.
Palavras-chave da consigna: ocupação de espaço, flexibilidade à novas situações, expansão,
contração.
Descrição – Apresentação:
215
1. Realizado na posição de pé.
2. Fase individual:
a. Cada pessoa ocupará o menor espaço disponível na sala na posição sugerida pelo
professor;
b. Em seguida, cada pessoa ocupará o maior espaço disponível na posição indicada pelo
professor;
3. Em par:
a. O professor sugerirá a formação de pares e a repetição do exercício;
4. Em sub-grupos de cinco ou seis pessoas:
a. A partir dessa fase o exercício será realizado de mãos dadas. O professor sugerirá a
formação de subgrupos e da repetição do exercício;
5. Todo o grupo:
a. Finalizando, o professor convidará todo o grupo para dar as mãos e este ocupará,
inicialmente, a menor área disponível e em seguida, a maior.
7) Segmentário de Peito e Braços (TORO, 2005d)
Linha de vivência: vitalidade.
Objetivos:
1. Dissolver tensões musculares localizadas no peito;
2. Experienciar a integração afetivo-motora.
Música: Recuerdo de la Alhambra. Intérprete: Nana Mouskouri. In: CLASSICAL. Rio de
Janeiro: PolyGram, p 1989. 1 CD. Faixa 19. 4min.
Palavras-chave da consigna: afeto, respiração, expansão, abertura, harmonia, espaço interno,
conexão consigo, movimentos braços e peito.
Descrição – Apresentação:
1. Exercício é individual, realizado na posição sentada em cadeira, olhos fechados e boca
semi-aberta;
2. As mãos estão apoiadas sobre o peito e a cabeça está ligeiramente inclinada sobre o tórax;
3. Lentamente, abrem-se os braços, partindo o movimento do centro do peito, ao mesmo
tempo em que o pescoço se estende.
8) Roda Caracol
Linha de vivência: afetividade.
Objetivos:
216
1. Aumentar a proximidade visual e corporal;
2. Conectar-se afetivamente com o outro.
Música: Kalimando. Intérprete: Cirque du Soleil Orchestra. In: COLLECTION. New York:
BMG, p 1997. 1 CD. Faixa 9. 6min22.
Palavras-chave da consigna: grupo, olhar, inclusão, espaço, conexão, afeto, reconhecimento,
proximidade, presença.
Descrição:
1. Iniciar a roda, girando para a direita;
2. Após pelo menos um minuto que a roda está em movimento, o professor interrompe a roda
e pede para uma pessoa do grupo ir enrolando a roda, lentamente, em direção do seu centro;
3. A conexão do olhar é mantida todo o tempo entre os participantes que estão frente a frente;
4. Para facilitar o desenrolar da roda, o professor poderá se colocar no lado extremo da roda
partida;
5. Outra possibilidade é que o próprio professor, após interromper a roda, conduzi-la, tendo o
cuidado de não deixa-la compactar-se muito, para não ter dificuldade em desenrolá-la.
Observação: não houve apresentação.
9) Encontro (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: encontrar o outro de uma forma afetiva.
Música: Song, Sung Blue. Intérprete: Neil Diamond. In: HIS 12 GREATEST HITS: NEIL
DIAMOND. São Paulo: MCA Records, p 1995. 1 CD. Faixa 10. 3min15.
Palavras-chave da consigna: caminhar, encontrar, olhar, cumprimentar, dançar, seguir.
Descrição:
1. Exercício realizado individualmente;
2. A pessoa caminha e ao encontrar outra, cumprimenta-a, dança um pouco com ela e segue
dançando e realizando outros encontros.
Observação: não houve apresentação.
10) Roda Final (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: despedir-se do grupo de forma afetiva..
217
Música: Battle Hymn of the Republic (Tradicional Gospel). Intérprete: The Johnny Thompson
Singers In: GLORY! GLORY, HALLELUJAH! Brasil: RBM, p 1996. 1 CD. Faixa 7.
5min11.
Palavras-chave da consigna: despedida, expressão, alegria.
Descrição:
1. Iniciar e terminar o exercício em roda de mãos dadas.
Observação: não houve apresentação.
- Considerações metodológicas
- Esta aula apresentou: 10 exercícios e 10 descrições, 9 músicas, 7 apresentações e 11
indicações de linha de vivência, sendo que 1 exercício teve indicação duplas de linha de
vivência;
2ª – A descrição do exercício 2, Animação de Movimento, é de autoria de Carvalho, Filizola e
Lellis (20020).
3ª – A descrição dos exercícios 3, 4, 5, 7, 8, 9 e 10 foi feita pela pesquisadora.
4ª – O exercício 6, Espaço Máximo e Espaço Mínimo, foi adaptado às condições do grupo e
da sala;
O exercício 7, Segmentário de Peito e Braços da forma que foi realizado, constitui-se
como uma variação do exercício que tem o mesmo nome e foi adaptado à necessidade do
grupo.
5ª – Não existe nenhuma referência bibliográfica ao exercício 8, Roda Caracol;
- O exercício 9, Encontro, da forma que foi apresentado, é mais uma variação do exercício
Encontro.
9ª Aula de Biodança
Data: 29 de novembro de 2005.
Número de pessoas presentes: 18, sendo 15 participantes, 1 pesquisadora e 2 auxiliares de
pesquisa.
Número de integrantes que participaram de atividades verbais: 12 pessoas.
Início e término das atividades: das 15h15 às 17h.
Objetivo geral: vivenciar situações que evocam a determinação e a assertividade.
218
Objetivos específicos:
1. Perceber a própria força e a força do outro;
2. Caminhar evocando os sentimentos de determinação e coragem;
3. Evocar atitude de assertividade e contestação.
4. Experimentar a aceitação da proximidade do outro, de uma forma afetiva.
2. Exercícios vivenciais de Biodança - 1ª – Descrição dos exercícios
1) Roda de Integração Inicial (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: integrar-se de uma forma afetiva aos demais participantes do grupo.
Música: Louva-A-Deus. Intérprete: Milton Nascimento. In: NASCIMENTO. Brasil: Warner,
p 1997. 1 CD. Faixa 1. 3min7.
Palavras-chave da consigna: roda, terra, pés no chão, firmeza, firmeza, coração.
Apresentação - Descrição:
1. Formar uma roda de mãos dadas;
2. Rodar para a direita, aumentando gradativamente a velocidade do deslocamento da roda;
3. Enfatizar a batida dos pés no chão.
2) Maculelê (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002)
Linha de vivência: vitalidade.
Objetivos:
1. Experimentar o ritmo de forma mais vigorosa;
2. Vivenciar a flexibilidade corporal.
Música: Maculelê (Cancioneiro popular). Intérpretes: Mestre Suassuna e Dirceu. In:
CAPOEIRA CORDÃO DE OURO. Brasil: Warner, p 1995. 1 CD. Faixa 8. 2min4.
Palavras-chave da consigna: Maculelê, Santo Amaro da Purificação, escravos, negros, dança
de luta, flexibilidade, masculino, força, conquista.
Descrição – Apresentação
1. Realizado em grupo e na posição de pé;
2. Cada participante dança, utilizando os planos alto e intermediário, abrindo e fechando os
braços à frente do corpo, como se estivesse batendo ritmicamente dois bastões de madeira;
3. Enquanto dança, a pessoa se desloca sem saltitar, apoiando-se em uma base bem larga,
formada pelas pernas e pés.
219
4. Em seguida, após o término da dança, o professor sugere que cada pessoa escolha um par e
realize uma dança de palmas:
a. Após a escolha do par, as duas pessoas se colocam frente a frente, iniciam um jogo de
palmas, mantendo a vinculação do olhar.
3) Caminhar de Regulação (TORO, 2005d)
Linhas de vivência: vitalidade.
Objetivo: caminhar buscando a auto-regulação.
Música: Romaria. Intérprete: Renato Teixeira. In: ACERVO ESPECIAL: RENATO
TEIXIERA. BMG, p 1997. 1 CD. Faixa 1. 4min.4.
Palavras-chave da consigna:
Caminhar, auto-regulação, diminuição do ritmo corporal, freqüência cardíaca e respiratória.
Descrição:
1. Os participantes caminham pela sala, diminuindo progressivamente o ritmo corporal;
2. No momento que cada participante sentir o seu ritmo corporal menos ativado, pára de
caminhar e senta-se em uma cadeira.
Observação: não houve apresentação.
4) Caminhar com Determinação (TORO, 2005d)
Linha de vivência: vitalidade.
Objetivo: caminhar experimentando os sentimentos de determinação e coragem.
Música: End Titles From Bladerunner. Intérprete: Vangelis. In: THEMES. Rio de Janeiro:
PolyGram, p 1989. 1 CD. Faixa 1. 4min59.
Palavras-chave da consigna: determinação, força de vontade, compromisso, objetivos, metas,
ética, cuidado, respeito.
Descrição – Apresentação:
1. O professor dividirá o grupo em dois e enquanto o primeiro realiza o exercício, o segundo
grupo permanece sentado. Em seguida, haverá troca de grupos.
2. Exercício realizado individualmente;
3. Cada participante caminhará com firmeza, expressão corporal flexível, abertura do tórax,
cabeça erguida e olhos abertos;
4. O professor sugere que os participantes escolham, na sala, locais que representem etapas do
objetivo a ser alcançado e, ao atingir a primeira, estabeleça a segunda etapa e assim por
diante.
220
5) Oposição Harmônica (REGINA, 1997)
Linha de vivência: afetividade e vitalidade.
Objetivos:
1. Perceber a própria força;
2. Perceber a força do outro, opondo-lhe resistência e evocando o sentimento de presença e
dignidade.
Música: Japanese Drums. Intérprete: Kitaro. In: KITARO: LIVE IN ASIA. Rio de Janeiro:
Polidor, p 1984. 1 CD. Faixa 6. 3min23.
Palavras-chave da consigna: presença, olhar, força, dignidade, oposição, resistência.
Descrição – Apresentação:
1. O exercício é realizado na posição de pé e o professor divide o grupo em dois;
2. Formam-se duas fileiras, uma em frente a outra, agregando pares;
3. Em seguida, cada participante cumprimenta o seu par com um movimento de cabeça e
mantendo o olhar, estende os seus braços à frente e encostando as palmas de suas mãos nas
palmas das mãos do seu par, opõe-lhe uma resistência;
4. Ao opor resistência, o participante buscará perceber a própria força e a força do seu par;
5. Quando o professor der o comando, o componente de cada par se despede com um
movimento de cabeça e o participante que está na extremidade direita de cada fileira passa
para outra fileira, gerando novos pares;
6. O professor repetirá a mudança de posição algumas vezes.
6) Dança de Contestação em Par (REGINA, 1997)
Linha de vivência: vitalidade.
Objetivos:
1. Evocar uma atitude de assertividade e contestação.
2. Delimitar o próprio espaço.
Música: Crime of The Century. Intérprete: Supertramp. In: THE AUTOBIOGRAPHY OF
SUPERTRAMP. São Paulo: PolyGram, p 1986. 1 CD. Faixa 7. 5min.20.
Palavras-chave da consigna: conformismo, contestar, dizer não, ser assertivo, ocupar espaços.
Descrição – Apresentação:
1. O exercício é realizado na posição de pé e em par;
221
2. Um participante dança para o seu par, realizando movimentos expressivos de contestação e
indignação, tais como negar com a cabeça, estender um braço a frente, com a mão
espalmada, fazer o movimento de negação com o segundo dedo de uma mão ou de ambas;
3. Durante toda a dança é mantida a conexão de olhar;
4. Quando o participante terminar o exercício, caminhará pela sala;
5. Somente quando a música parar, haverá a troca com a mesma pessoa do par.
7) Dança Yin-Yang em Par (TORO, 2005d)
Linhas de vivência: criatividade.
Objetivo: vivenciar a expressão da força do masculino e da delicadeza do feminino, de forma
alternada.
Música: Light and Shadow. Intérprete: Vangelis. In: 1492, CONQUEST OF PARADISE.
Brasil: Warner, p 1992. 1 CD. Faixa 5. 3min47.
Palavras-chave da consigna: transitar, transcender, energia e força do masculino, energia e
delicadeza do feminino.
Descrição – Apresentação:
1. Exercício é realizado na posição de pé e em par;
2. Um participante se coloca em frente ao outro e acompanha o movimento do seu par. A
pessoa que irealizar o exercício inicia a dança de olhos abertos e realiza movimentos de
força, energia e presença, tais como a contração muscular de braços, punhos cerrados,
tronco erguido;
3. Em seguida, seguindo a mudança do andamento da música, alterna com movimentos
suaves de relaxamento muscular, olhos fechados e novamente, acompanhado a música,
retorna ao movimento de contração;
4. Os movimentos de contração e relaxamento continuam a ser feitos até a música cessar;
5. Nesse momento, o participante que compõe o par recebe com um cumprimento o seu
companheiro;
6. Após o cumprimento, ocorre a troca, ou seja, a inversão de papéis no próprio par.
8) Grupo Compacto (GÓIS, 1994)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: aceitar a proximidade do outro, de uma forma afetiva.
Música: Many Rains Ago (Oluwa). Intérprete: Quincy Jones. In: ROOTS. EUA: A&M, p
1977. 1 CD. Faixa 17. 2min28.
222
Palavras-chave da consigna: caminhar, centro da sala, fluir entre as pessoas, encontrar, olhar
de aceitação e acolhimento, seguir.
Descrição-Apresentação:
1. Os participantes caminham lentamente em direção ao centro da sala e circulam por entre as
pessoas com suavidade e mantendo a conexão do olhar;
2. No final da música, o professor sugerirá que os participantes encontrem e cumprimentem as
pessoas.
Observação: não houve apresentação.
9) Encontro (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade
Objetivo: fortalecer os laços afetivos.
Música: Just Called to Say I Love You (Só Chamei Porque te Amo). Intérprete: Gilberto Gil.
In: MESTRES DA MPB: GILBERTO GIL. Brasil: Warner, p 1992. 1 CD. Faixa 13. 4m39.
Palavras-chave da consigna: afeto, encontro, olhar, buscar, sintonia, aceitação,
incondicionalidade, doação.
Descrição:
1. As pessoas caminham pela sala e buscam participantes que experimentam uma sintonia,
realizam o encontro, despedem-se e buscam outros integrantes.
Observação: não houve apresentação.
10) Roda Final de Estrelas
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: despedir-se do grupo de forma afetiva.
Música: A Estrela Brilha. Intérprete: Martinho da Vila. In: TÁ DELÍCIA, GOSTOSO.
Rio de Janeiro: Columbia, p 1995. 1 CD. Faixa 11. 5min11.
Palavras-chave da consigna: despedida, alegria, toque, brilho, luz, estrela.
Descrição-Apresentação :
1. Iniciar o exercício em roda de mãos dadas;
2. Após o primeiro minuto, o professor fecha a roda às suas costas aproximando as mãos das
pessoas que estavam à direita e à esquerda, dança de braços abertos no centro da roda,
simbolizando que está dançando a sua estrela.
3. Em seguida, toca alguns integrantes que se transformam em estrelas, estes fecham a roda,
dançam e por sua vez tocam outros participantes;
223
3. No final, todas as pessoas estão dançando a sua estrela e a roda se desfaz.
- Considerações metodológicas
- Esta aula apresentou: 10 exercícios, 10 descrições e 10 músicas, 7 apresentações e 10
indicações de linha de vivência.
2ª - Todos os exercícios foram descritos pela pesquisadora, com exceção do número 2.
O exercício 3, Caminhar de Regulação, não tem registro bibliográfico, mas, pode ser
considerado como uma variação do Caminhar Fisiológico.
- O Caminhar com Determinação, número 4, pertence à relação dos exercícios usados no
Projeto Minotauro da Biodança e, foi adaptado pela pesquisadora.
- Os exercícios 5 e 6, Oposição Harmônica e Dança de Contestação, respectivamente, são
variações das descrições de Regina, (1997), dos exercícios que têm os mesmos nomes.
6ª - A Dança Yin-Yang em Par, exercício 7, é uma variação da Dança Yin-Yang.
7ª – O exercício 8, Grupo Compacto, foi adaptado pela pesquisadora.
- A Roda Final de Estrelas, exercício 10, não é citada em nenhuma obra da Biodança, mas
pode ser considerada como pertencente ao grupo de exercícios Roda.
10ª Aula de Biodança
Data: 6 de dezembro de 2005
Número de pessoas presentes: 20, sendo 15 participantes, 1 pesquisadora, 2 auxiliares de
pesquisa, 1 fotógrafa e 1 cinegrafista.
Número de integrantes que participaram de atividades verbais: 15 pessoas.
Início e término das atividades: das 15h às 17h10.
Objetivo geral da aula: intensificar a integração com os demais participantes.
Objetivos específicos:
2. Representar-se aos participantes do grupo e componentes da equipe de pesquisa;
3. Realizar exercícios de observação de movimento;
4. Repetir exercícios de auto-integração, de vinculação com o outro e com grupo, realizados
na primeira aula de Biodança.
Exercícios vivenciais de Biodança
Esta aula é a repetição da primeira aula de Biodança e esta descrita na quinta página deste
apêndice.
224
11ª Aula de Biodança
Data: 13 de dezembro de 2005.
Número de pessoas presentes: 17, sendo 14 participantes, 1 pesquisadora, 2 auxiliares de
pesquisa.
Número de integrantes que participaram de atividades verbais: 14 pessoas.
Início e término das atividades: das 15h25 às 16h40.
Objetivo geral: despedir-se dos colegas de grupo e da equipe de pesquisa.
Objetivos específicos:
1. Experimentar cuidar e ser cuidado;
2. Evocar o sentimento de confiança;
3. Vivenciar o espírito natalino;
2. Exercícios vivenciais de Biodança - 1º - Descrição dos exercícios
1) Roda de Integração Inicial (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: integrar-se de uma forma afetiva aos demais participantes do grupo.
Música: Ilumina. Intérprete: Maria Bethânia. In: MINHA HISTÓRIA: MARIA BETHÂNIA.
Rio de Janeiro: PolyGram / Philps, p 1992. 1 CD. Faixa 13. 2min49.
Palavras-chave da consigna: roda, integração, olhar, confiança, entrega, valorização de cada
pessoa e do grupo.
Descrição - Apresentação:
1. Formar uma roda de mãos dadas e a roda gira para a direita.
Observação: não houve apresentação.
2) Caminhar de Confiança (REGINA, 1997)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivos:
1. Participante conduzido: evocar o sentimento de confiança e caminhar sendo cuidado pelo
outro;
2. Participante condutor: caminhar cuidando do outro.
Música: Andar com Fé. Intérprete: Gilberto Gil. In: MESTRES DA MPB: GILBERTO GIL.
Brasil: Warner, p 1992. 1 CD. Faixa 15. 3min22.
225
Palavras-chave da consigna: fé, entrega, confiança, vínculo, valor, cuidado, responsabilidade.
Descrição – Apresentação:
1. Realizado em par;
2. Após a formação do par, são estabelecidos os papéis: qual o participante que será o
condutor e qual será o conduzido;
3. O condutor abraçará o conduzido pela cintura e caminhará com ele segurando uma de suas
mãos;
4. O conduzido, de olhos fechados, permitirá ser levado pela sala;
5. Trocar de papéis, após o final da música e, em seguida, o exercício será reiniciado.
3) Dança de Confiança
Linha de vivência: afetividade.
Objetivos:
1. Conduzido: evocar o sentimento de confiança e dançar sendo cuidado pelo outro;
2. Condutor: dançar cuidando do outro.
Música: Moonlight Serenade. Intérprete: The Big Band Sound Of The Thirties. In: THE BIG
BAND SOUND OF THE THIRTIES. Rio de Janeiro: Sony Music, p 1971. 1 CD. Faixa 6.
3min42.
Palavras-chave da consigna: fé, confiança, si mesmo, outro, dançar, vida, querer bem,
cuidado, responsabilidade.
Descrição – Apresentação:
1. Realizado em par;
2. Após a formação do par, são estabelecidos os papéis: qual o participante que será o
condutor e qual será o conduzido;
3. O condutor segurará as mãos do conduzido e dançará com ele;
4. O conduzido, de olhos fechados, dançara e permitirá ser levado pela sala;
5. Após aproximadamente um minuto, o professor sugerirá que o condutor dance com o
conduzido segurando uma de suas mãos;
6. Após o segundo minuto, o professor pedirá que o condutor solte a mão e dance protegendo
o conduzido;
7. Trocar de papéis, após o final da música e, em seguida, o exercício será reiniciado.
4) Roda de Comunhão Entrelaçada
Linha de vivência: afetividade.
226
Objetivos:
1. Harmonizar-se, diminuindo o grau de ativação corporal;
2. Aumentar a integração afetiva.
Música: Ave Maria. Intérprete: Golden Panflute. In: HOREA CRISHAN. Rio de Janeiro:
CID, p 1991. 1 CD. Faixa 4. 2min50.
Palavras-chave da consigna: sintonia, anjo, regulação, auto-regulação, outro, grupo, contato,
afeto.
Descrição – Apresentação:
1. Formar duas rodas, viradas para o centro, bem próximas, uma dentro da outra, de braços
estendidos e mãos dadas;
2. As duas rodas devem ter o mesmo número de participantes;
3. Na roda externa, os participantes estão colocados entre dois integrantes que formam a roda
interna, de forma que os ombros de todos os participantes das duas rodas estejam lado a
lado, intercalados;
4. Em seguida, movimentam com flexibilidade e de forma suave o corpo de um lado para o
outro, sem deslocamento da roda, em sintonia com o movimento do grupo.
5) Segmentário de Peito e Braços (TORO, 2005d)
Linha de vivência: vitalidade.
Objetivos:
1. Dissolver tensões musculares localizadas no peito;
2. Experienciar a integração afetivo-motora.
Música: Thaís, Acte Deux, Méditation Religieuse. Intérprete: National Philharmonic
Orchestra. In: CLASSIC 2001. São Paulo: Som Livre, p 2000. CD 1. Faixa 2. 5m38.
Palavras-chave da consigna: música, afeto, abrir o coração, liberdade, respiração suave,
expansão, harmonia, suavidade, continuidade, conexão consigo, movimentos de braços e
peito.
Descrição – Apresentação:
1. Exercício é individual, realizado na posição de pé, olhos fechados e boca semi-aberta;
2. As mãos estão apoiadas sobre o peito e a cabeça está ligeiramente inclinada sobre o tórax;
3. Lentamente, abrem-se os braços, partindo o movimento do centro do peito ao mesmo
tempo em que o pescoço se estende.
6) Roda Concêntrica de Olhar (TORO, 2005d)
227
Linhas de vivência: afetividade.
Objetivos:
1. Aumentar a proximidade visual;
2. Evocar o sentimento de afeto e de reconhecimento pelo outro.
Música: Nella Fantasia. Intérprete: Russel Watson Metro. In: CLASSICS 2001. São Paulo:
Globo /Universal, p 2002. CD 2. Faixa 2. 4m26.
Palavras-chave da consigna: olhar, luminosidade, afeto, solidariedade, suavidade, leveza,
reconhecimento do outro.
Descrição – Apresentação:
1. Divide-se o grupo em dois, que formarão duas rodas: a interna, voltada para fora e a
externa voltada para dentro;
2. Ambas as rodas girarão lentamente para a direita;
3. Após terminar a música, o professor poderá sugerir que cada pessoa abrace a outra que está
a sua frente.
7) Embalar a Criança Divina
Linhas de vivência: afetividade e transcendência.
Objetivos:
1. Evocar o sentimento de sacralidade da vida;
2. Embalar e reverenciar a criança divina.
Músicas:
Etapa: Cherubini in Coro (Tradicional). Intérprete: José Carreras. In: CHRISTMAS IN
VIANA. EUA: Sony, p 1992. 1 CD. Faixa 2. 2min54.
2ª Etapa: Oiche Chiun. (Silent Christmans). Intérprete: Ennya. In: A VERY ESPECIAL
CHRISTMAS 3. São Paulo: PolyGram, p 1997. 1 CD. Faixa 8. 3min46.
Palavras-chave da consigna:
Etapa: conexão com o sagrado, vida, pai, mãe e criança divina, trindade, proteção, doçura,
amorosidade, maternidade, paternidade;
2ª Etapa: embalar, grande berço, criança divina, nascimento, reverência ao Menino-Deus.
Descrição – Apresentação:
1ª Etapa:
1. O exercício é individual e os participantes se espalham pela sala;
2. Cada pessoa se abraça e se embala acompanhando a música.
2ª Etapa:
228
1. Em roda, de mãos dadas, braços voltados para frente;
2. Realizar, em grupo, um movimento sincronizado de embalo.
8) Encontro (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivos:
1. Experimentar um contato afetivo fraterno por meio do abraço;
2. Celebrar o espírito natalino.
Músicas:
1. Introduction: Jingle Bells. Intérprete: Wiener Symphoniker. In: CHRISTMAS IN VIANA.
EUA: Sony, p 1992. 1 CD. Faixa 2. 2min54.
2. Que Maravilha Viver. Intérprete: Simone. In: 25 DE DEZEMBRO. São Paulo: WEA, p
1995. 1 CD. Faixa 7. 4min.
3. Então é Natal. Intérprete: Simone. In: 25 DE DEZEMBRO. São Paulo: WEA, p 1995. 1
CD. Faixa 1. 4min.
Palavras-chave da consigna: encontro, alegria, fraternidade, Natal, amizade, companheirismo.
Descrição:
1. Mantendo a roda anterior, os participantes se olham e escolhem uma pessoa para oferecer o
seu abraço afetivo;
2. Em seguida, as pessoas se despedem e procuram outros integrantes para trocar um abraço.
Observação: não houve apresentação.
9) Roda Final (TORO, 2005d)
Linha de vivência: afetividade.
Objetivo: despedir-se do grupo de forma afetiva.
Música: Ave-Maria. Intérprete: Jorge Aragão. In: JORGE AO VIVO. São Paulo: Universal, p
1999. 1 CD. Faixa 13. 6min38.
Palavras-chave da consigna: olhar, despedida, alegria, próximo ano, agradecimento ao grupo.
Descrição:
1. Iniciar e terminar o exercício em roda de mãos dadas.
Observação: não houve apresentação.
- Considerações metodológicas
229
- Esta aula apresentou: 9 exercícios e 9 descrições, 12 músicas, 6 apresentações e 10
indicações de linha de vivência, sendo que 1 exercício recebeu 1 indicação dupla de linha de
vivência.
2ª - Todos os nove exercícios da aula foram descritos pela pesquisadora.
Os exercícios 2 e 3, Caminhar e Dança de Confiança foram propostos em uma etapa de
maior integração do grupo, que solicitam um cuidado maior do participante que conduz e
um grau de confiança do integrante que é conduzido.
Os exercícios 3, 4 e 7, em seqüência, Dança de Confiança, Roda de Comunhão
Entrelaçada e Embalar a Criança Divina não possuem referência bibliográfica.
A Dança de Confiança e Roda de Comunhão Entrelaçada podem ser consideradas como
variações do Caminhar de Confiança e da Roda de Comunhão, respectivamente.
230
ANEXO B – Questionário de Informações Gerais
QUESTIONÁRIO DE INFORMAÇÕES GERAIS
DATA
231
I – CARACTERÍSTICAS GERAIS DO PARTICIPANTE
1. INICIAIS DO NOME:
2. PSEUDÔNIMO: 3. SEXO:
MASCULINO [ ] –
FEMINIMO [ ]
4. NACIONALIDADE
BRASILEIRA [ ]
OUTRA [ ]
5. NATURALIDADE
_____________________________
6. DATA DE NASCIMENTO
_____/_____/__________
7. IDADE
_________ ANOS
8. HÁ QUANTOS ANOS
MORA NO DF? ____________ ANOS
9. CIDADE EM QUE RESIDE:
___________________________
10. QUAL SEU ESTADO CONJUGAL?
SOLTEIRO [ ] CASADO [ ] VIÚVO [ ]
SEPARADO [ ] DESQUITADO [ ] OUTROS [ ]
11. TEM FILHOS?
SIM [ ] QUANTOS [ ] FILHOS [ ] FILHAS [ ]
NÃO [ ]
12. COM QUEM VIVE ATUALMENTE?
SOZINHO [ ] CÔNJUGE [ ] FILHO(S) [ ]
NETO(S) [ ] OUTROS PARENTES [ ] OUTROS [ ]
13. QUAL É A SUA RELIGIÃO:
CATÓLICA [ ] ESPÍRITA [ ] EVANGÉLICA [ ]
OUTROS [ ] NÃO DEFINIDA [ ] NÃO TEM [ ]
14. É PRATICANTE ?
SIM
[ ]
O [ ]
15. QUAL É A SUA ESCOLARIDADE?
NENHUMA [ ]
SABE LER E ESCREVER MAS NÃO FREQUENTOU ESCOLA [ ]
ALFABETIZADO [ ]
GRAU COMPLETO [ ] GRAU INCOMPLETO [ ]
232
GRAU COMPLETO [ ] GRAU INCOMPLETO [ ]
GRAU COMPLETO [ ] GRAU INCOMPLETO [ ]
II - OUTRAS INFORMAÇÕES
16. QUAL É A SUA PREFERÊNCIA QUANTO AO ESTILO MUSICAL?
NENHUMA [ ] NÃO IDENTIFICOU [ ] TODAS [ ]
FORRÓ [ ] SERTANEJA [ ] SAMBA [ ]
VALSA [ ] RELIGIOSA [ ] BOLERO [ ]
CLÁSSICA [ ] OUTRAS [ ] CITAR ______________________
18. QUAIS SÃO OS TRÊS TIPOS DE DANÇA QUE O(A) SENHOR(A) MAIS GOSTA?
1 - ______________________________________________________________________________
2 - ______________________________________________________________________________
3 - ______________________________________________________________________________
19. QUAL O TIPO DE DIVERSÃO (LAZER)
QUE O(A) SENHOR(A) MAIS GOSTA?
______________________________________
20. QUAL O TIPO DE DIVERSÃO (LAZER)
QUE O(A) SENHOR(A) PRATICA?
_____________________________________
21. ESTÁ REALIZANDO TRATAMENTOS DE SAÚDE NO MOMENTO?
SIM [ ] NÃO [ ]
EM CASO AFIRMATIVO, QUAL(IS):
_______________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
1
7
. QUAIS SÃO OS
NOMES DAS
TRÊS
MÚSICAS
QUE O(A) SENHOR(A) MAIS GOSTA?
1 - ______________________________________________________________________________
2 - ______________________________________________________________________________
3 - ______________________________________________________________________________
233
22. ESTÁ USANDO ALGUM MEDICAMENTO NO MOMENTO?
SIM [ ] NÃO [ ]
EM CASO AFIRMATIVO, PARA QUANTOS TIPOS DE ENFERMIDADE?
1 – [ ]; 2 – [ ]; 3 – [ ]; 4 – [ ]; 5 – [ ]; 6 – [ ]
23. ESTÁ REALIZANDO ALGUMA ATIVIDADE FÍSICA NO MOMENTO?
SIM [ ] NÃO [ ]
EM CASO AFIRMATIVO, QUAL(IS) E QUANTAS VEZES POR SEMANA?
1 - ____________________ 2 - ____________________ 3 - ____________________ 4 - ____________________
24. O SEU MÉDICO RECOMENDOU QUE NÃO FIZESSE ALGUM TIPO DE EXERCÍCIO FÍSICO?
SIM [ ] NÃO [ ]
EM CASO AFIRMATIVO, QUAL O TIPO DE EXERCÍCIO FÍSICO?
___________________________________________________________________________________________
25. O QUE O(A) SENHOR(A) GOSTARIA DE ACRESCENTAR EM RELAÇÃO ÀS INFORMAÇÕES
SOLICITADAS?
____________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
OBSERVAÇÕES:
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
INICIAIS DO(A) ENTREVISTADOR(A): _______________________________
ANEXO C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
C. 1 – Participantes que realizaram entrevistas e questionário de informações gerais.
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
234
Por meio deste termo de consentimento livre e esclarecido manifesto ser de minha
vontade participar da pesquisa que fundamentará a Dissertação de Mestrado intitulada:
Autoconceito do idoso e Biodança: uma relação possível.
O referido estudo tem como objetivo principal investigar como os princípios
utilizados na prática da Biodança, ou seja, a música, a dança e a vivência, podem contribuir
positivamente para a configuração do autoconceito do idoso.
Essa pesquisa será realizada com pessoas que tenham 60 anos ou mais e que
participam como integrantes dos grupos de atividades realizadas pelo Serviço Social do
Comércio - SESC-DF. Todos os participantes escolhidos deverão apresentar condições de
caminhar sem ajuda de outras pessoas ou de bengalas, andadores ou cadeira de rodas.
Tenho conhecimento de que participarei de 13 encontros: o primeiro será destinado à
realização de uma entrevista individual e aplicação de um questionário de dados gerais e o
décimo-terceiro terá com finalidade a realização da segunda entrevista individual; no segundo
e no décimo-primeiro serão realizadas, em cada encontro, além da aula de Biodança,
filmagem, fotografias e observação de movimento corporal.
Após o primeiro encontro, ou seja, após a entrevista inicial, não serão admitidos
novos participantes no grupo.
As entrevistas individuais serão realizadas no primeiro e décimo-terceiro encontros e
serão agendadas com antecedência, de acordo com a disponibilidade do SESC-DF, dos
participantes e da pesquisadora. .
No segundo e no cimo-primeiro encontros haverá uma apresentação de todo o
grupo, seguida de um pequeno intervalo e, em seguida, serão realizadas observação,
filmagens e fotografias dos participantes caminhando na sala sem música e com música. Logo
após, finalizando o encontro, haverá uma aula de Biodança.
As 11 aulas de Biodança que acontecerão do segundo ao décimo-segundo encontros
serão realizadas uma vez por semana, em horário a ser estabelecido e terão duração, cada
uma, de aproximadamente 90 minutos. Cada aula de Biodança é constituída de duas etapas:
na primeira, os participantes, sentados com as cadeiras dispostas de forma circular, conversam
sobre a aula realizada na semana anterior, enquanto na segunda etapa, são realizadas,
seqüencialmente, propostas de danças acompanhadas de música.
Os 13 encontros serão coordenados pela pesquisadora Noeme Cristina Alvares de
Carvalho, Mestranda em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, matrícula
140.402.917.1.
Os dados a serem obtidos nas atividades de pesquisa serão coletados por meio de
entrevistas individuais, observação de movimentos corporais, filmagem, fotografias e
avaliação diária das aulas que subsidiarão a dissertação de Mestrado da pesquisadora Noeme
Cristina Alvares de Carvalho.
Estou ciente que a filmagem e as fotografias, assim como demais dados obtidos
poderão ser publicados em eventos e periódicos científicos, preservando-se a minha
integridade física e psico-sociológica, mantendo-se em rigoroso sigilo a minha identidade.
Estou ciente também que minha participação não implica em qualquer tipo de
divulgação comercial e que não receberei nenhuma forma de pagamento pela minha
participação na pesquisa.
Durante a realização dos encontros terei a plena liberdade de recusar a participar ou
retirar o meu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem
235
prejuízo a minha pessoa. Estou inteirado que deverei comunicar à pesquisadora o
encerramento de minha participação na pesquisa.
Nos encontros programados será observado o respeito aos valores culturais, sociais,
morais, religiosos e éticos, bem como aos hábitos e costumes de cada participante da
pesquisa.
Esse documento é constituído de duas páginas numeradas e será assinado por cada
participante dos 13 encontros em duas vias, sendo uma via da pessoa pesquisada e outra via
do pesquisador.
Grata!
Noeme Cristina Alvares de Carvalho.
ASSINATURA do Participante:
____________________________________________________
NOME do Participante:
__________________________________________________________
ENDEREÇO do Participante:
______________________________________________________
CEP: _______________ FONES:
_________________________________________________
ASSINATURA da Pesquisadora:
____________________________________________________
NOME da Pesquisadora: Noeme Cristina Alvares de Carvalho - Mestranda em Gerontologia
FONES PARA CONTATO: 3381-5970 (telefone, fax e secretaria eletrônica)
Brasília, _______/_______/2005
ANEXO C – Termo de Consentimento Livre eEsclarecido
C. 2 – Participantes que responderam somente o questionário de informações gerais.
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
236
Por meio deste termo de consentimento livre e esclarecido manifesto ser de minha
vontade participar da pesquisa que fundamentará a Dissertação de Mestrado intitulada:
Autoconceito do idoso e Biodança: uma relação possível.
O referido estudo tem como objetivo principal investigar como os princípios
utilizados na prática da Biodança, ou seja, a música, a dança e a vivência, podem contribuir
positivamente para a configuração do autoconceito do idoso.
Essa pesquisa será realizada com pessoas que tenham 60 anos ou mais e que
participam como integrantes dos grupos de atividades realizadas pelo Serviço Social do
Comércio - SESC-DF. Todos os participantes escolhidos deverão apresentar condições de
caminhar sem ajuda de outras pessoas ou de bengalas, andadores ou cadeira de rodas.
Tenho conhecimento de que participarei de 12 encontros: o primeiro será destinado à
aplicação de um questionário de dados gerais. No segundo e no décimo-primeiro serão
realizadas, em cada encontro, além da aula de Biodança, filmagem, fotografias e observação
de movimento corporal.
Após o primeiro encontro, ou seja, após a aplicação do questionário de dados, o
serão admitidos novos participantes no grupo.
A aplicação do questionário de dados gerais será realizada no primeiro encontro e
será agendada com antecedência, de acordo com a disponibilidade do SESC-DF, dos
participantes e da pesquisadora. .
No segundo e no cimo-primeiro encontros haverá uma apresentação de todo o
grupo, seguida de um pequeno intervalo e, em seguida, serão realizadas observação,
filmagens e fotografias dos participantes caminhando na sala sem música e com música. Logo
após, finalizando o encontro, haverá uma aula de Biodança.
As 11 aulas de Biodança que acontecerão do segundo ao décimo-segundo encontros
serão realizadas uma vez por semana, em horário a ser estabelecido e terão duração, cada
uma, de aproximadamente 90 minutos. Cada aula de Biodança é constituída de duas etapas:
na primeira, os participantes, sentados com as cadeiras dispostas de forma circular, conversam
sobre a aula realizada na semana anterior, enquanto na segunda etapa, são realizadas,
seqüencialmente, propostas de danças acompanhadas de música.
Os 12 encontros serão coordenados pela pesquisadora Noeme Cristina Alvares de
Carvalho, Mestranda em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, matrícula
140.402.917.1.
Os dados a serem obtidos nas atividades de pesquisa serão coletados por meio de
entrevistas individuais, observação de movimentos corporais, filmagem, fotografias e
avaliação diária das aulas que subsidiarão a dissertação de Mestrado da pesquisadora Noeme
Cristina Alvares de Carvalho.
Estou ciente que a filmagem e as fotografias, assim como demais dados obtidos
poderão ser publicados em eventos e periódicos científicos, preservando-se a minha
integridade física e psico-sociológica, mantendo-se em rigoroso sigilo a minha identidade.
Estou ciente também que minha participação não implica em qualquer tipo de
divulgação comercial e que não receberei nenhuma forma de pagamento pela minha
participação na pesquisa.
Durante a realização dos encontros terei a plena liberdade de recusar a participar ou
retirar o meu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem
237
prejuízo a minha pessoa. Estou inteirado que deverei comunicar à pesquisadora o
encerramento de minha participação na pesquisa.
Nos encontros será observado o respeito aos valores culturais, sociais, morais,
religiosos e éticos, bem como aos hábitos e costumes de cada participante da pesquisa.
Esse documento é constituído de duas páginas numeradas e será assinado por cada
participante dos 12 encontros em duas vias, sendo uma via da pessoa pesquisada e outra via
do pesquisador.
Grata!
Noeme Cristina Alvares de Carvalho.
ASSINATURA do Participante:
____________________________________________________
NOME do Participante:
__________________________________________________________
ENDEREÇO do Participante:
______________________________________________________
CEP: _______________ FONES:
_________________________________________________
ASSINATURA da Pesquisadora:
____________________________________________________
NOME da Pesquisadora: Noeme Cristina Alvares de Carvalho - Mestranda em Gerontologia
FONES PARA CONTATO: 3381-5970 (telefone, fax e secretaria eletrônica) e 8424-6331
Brasília, _______/_______/2005
ANEXO D – Proposta de Convivência Grupal
PROPOSTA DE CONVIVÊNCIA GRUPAL
238
Esta proposta tem como finalidade estabelecer normas de convivência deste grupo de
Biodança, de maneira que os níveis de responsabilidade e as funções da professora e dos
participantes fiquem bem definidos
29
.
1. Direito de expressão de cada pessoa:
- todos os participantes têm o direito de expressar seus sentimentos, sensações e pensamentos.
2. Respeito à expressão do outro:
- todas as expressões verbais são válidas, importantes para o grupo e por isso, merecem
respeito, mesmo que não haja concordância com os sentimentos e com as idéias expostas;
- nenhum participante precisa impor o que percebe, pensa e o que sente aos demais;
- quando um participante do grupo estiver falando, os demais devem ouvi-lo com a atenção. A
escuta silenciosa e atenta expressa o respeito à presença do participante que está falando.
3. Respeito ao grupo:
- tudo o que for dito ao grupo deve ser falado com respeito.
4. Sigilo e privacidade do grupo:
- as explanações e os acontecimentos internos do grupo pertencem a seus participantes e não
devem ser revelados a outras pessoas.
5. Assertividade da expressão:
- é preciso falar para e não de alguém. Isto significa não falar de pessoas ausentes e se dirigir
sempre diretamente aos companheiros, evitando expressões indefinidas como alguém, todo
mundo, ele, outras pessoas etc;
- sugere-se falar na primeira pessoa, como por exemplo, “eu sinto”, “eu gosto”, “eu percebo”.
6. Compromisso com o grupo:
- a pontualidade e a freqüência são condições essenciais para que o grupo perceba sua
importância e desenvolva um conceito grupal positivo;
- as ausências podem ser percebidas, muitas vezes, pelo grupo, como descaso, desinteresse ou
rejeição. Por essa razão, é importante avisar as ausências com antecedência e, se não for
possível, fazê-lo na próxima aula que comparecer.
29
Esta proposta é de autoria de Serrão e Baleeiro (1999, p. 30-31) e foi adaptada pela professora.
Brasília, 1º de outubro de 2005
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