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Apesar do envelhecimento significativo da população brasileira, somente a partir da década de 70 se
notam interesse e maior preocupação com e pela temática, havendo verdadeiro boom de programas,
eventos e projetos destinados aos idosos, com destaque para as Universidades da Terceira Idade, Grupos
de Convivência, Programas de Saúde, Conselhos Nacional, Estadual e Municipal, Delegacias do Idoso,
Associações e campanhas.
Outro aspecto que reflete a debilidade no trato com essa parcela da população está ligado à falta
sistemática de pesquisas na área. Além da frágil introdução das disciplinas relacionadas ao
envelhecimento (Geriatria e Gerontologia) no currículo acadêmico, apresentando, assim, desafio para os
profissionais ligados ao tema. Por conseguinte, deve-se conhecer de modo mais sistemático e preciso o
processo de envelhecimento no Brasil, a fim de criar sintonia entre os programas, projetos e políticas de
intervenções sociais para os idosos.
A expectativa é que, juntos, os profissionais da área desenvolvam métodos de pesquisa próprios,
relacionados à realidade brasileira, de modo que se possa evitar a simples importação e tradução literal de
testes e métodos dos chamados países de primeiro mundo, que têm realidade sócio-econômica e cultural
totalmente divergente da brasileira. Nesse caso, defende-se aqui a melhor adaptação dos testes
psicométricos à realidade brasileira, sobretudo os referentes à suspeita e/ou existência de demência, a
exemplo do Mini-Exame do Estado Mental. Além disso, o Brasil precisa de dados e estatísticas próprios,
pois ainda não se dispõe de dados nacionais sobre esse aspecto, o que impede, de certa forma, o
desenvolvimento e aplicação de métodos, intervenções e prevenções próprias no trato do problema.
Apesar da existência de grande lacuna na área do conhecimento, não se deve negar que está havendo o
despertar, em todos as regiões do Brasil, de Norte a Sul, Leste a Oeste. Centenas de profissionais e idosos
a estudar e refletir o que se refere aos idosos.
Portanto, há que se combater a gerontofobia, assegurar atendimento de saúde que considere as
características típicas da velhice, garantir sistema de aposentadoria básica universal, desmistificar a idéia
da velhice associada à fragilidade, ao fim etc. Assim, perceber-se-á que há muito para ser vivido nessa
fase da vida, sobretudo no que se refere ao diálogo entre as gerações.
Por último, não há como negar que a sociedade brasileira está ficando grisalha. Jamais, em tempo algum
da história, houve tantos indivíduos atingindo idade avançada; contudo, parafraseando Lehr, não é
somente importante acrescentar anos à vida, mas também acrescentar vida aos anos. Isso será assegurado
com a execução, na prática, dos direitos sociais dos idosos, previstos nas leis e estatuto abaixo
mencionados.