para que os mecanismos da participação cidadã
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possam, efetivamente, ser
postos em prática (Gohn, 2004, p.60).
Conselhos de gestão de políticas setoriais são um dos exemplos mais
significativos dessas novas institucionalidades
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. Criados, inicialmente, para dar
corpo às arrojadas propostas da democracia participativa “de produzir novas
formas de distribuição dos recursos nas quais as prioridades sejam as
necessidades sociais e não os cálculos econômicos advindos das necessidades
de lucro do mercado”, de” inserir o povo em práticas de gestão pública”,
assumem, no entanto, posteriormente, novas dimensões que fazem deles espaços
onde se pode também “mudar a ótica do olhar, do pensar e do fazer; alterar os
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Autores há que preferem utilizar a expressão “participação social” com o mesmo
sentido. Nós, porém, preferimos a expressão grafada no texto por a considerarmos a
categoria mais sugestiva, mais abrangente de conteúdo, enfim, aquela que melhor
propriedade tem para exprimir o sentido que se quer dar ao assunto tratado. Sobre
ambas, Gohn (2004, p.58-59) tece as seguintes considerações:
“A participação cidadã focaliza outros sujeitos sociais: não apenas as camadas
populares, advindas da comunidade organizada, genericamente denominada como
‘povo’ pelo senso comum, mas os cidadãos como um todo, a sociedade em geral,
independente da classe social. O conceito (...) está lastreado na universalização dos
direitos, na ampliação do conceito de cidadania para além da dimensão jurídica e numa
nova compreensão sobre o papel e o caráter do Estado, remetendo a definição das
prioridades nas políticas públicas a partir de um debate público. O princípio que
orienta a participação passa a ser ético, ligado à idéia dos direitos sócio-políticos dos
cidadãos. A participação passa a ser concebida como intervenção social, periódica e
planejada, ao longo de todo o circuito de formulação e implementação de uma política
pública. (...) O foco central da participação está na relação entre a sociedade civil e a
sociedade política. Por isso as políticas públicas ganham destaque”.
A participação social está lastreada “no desenvolvimento de uma cultura cívica, (...)
preconiza o desenvolvimento de comunidades atuantes, compostas de organizações
autônomas da sociedade civil, imbuídas de espírito público, com relações sociais
igualitárias e estruturas fincadas na confiança e na colaboração, articuladas em redes
horizontais. Essas comunidades são vistas como mecanismos poderosos de integração e
habilitação dos cidadãos, excluídos (...) do acesso aos direitos sociais e políticos; (...)
são também vistas como fundamentais para a formação e o desenvolvimento do capital
social de uma dada região (...) importante (...) pelo fato de gerar inovações, contribuir
para minorar as desigualdades existentes e aprofundar o processo democrático”.
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No Brasil podem-se notar ainda outras formas institucionalizadas de participação, tais
como: fóruns, programas de orçamento participativo, Renda Mínima, Bolsa-Escola, etc.