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Michelle Barna Guzman
Ruído e incômodo em uma população
de bombeiros do município de Santo André-SP
Mestrado em Fonoaudiologia
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
São Paulo
2007
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Michelle Barna Guzman
Ruído e incômodo em uma população
de bombeiros do município de Santo André-SP
Dissertação apresentada à Banca
Examinadora da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, como exigência parcial
para obtenção do título de Mestre em
Fonoaudiologia, sob a Orientação da Profa,
Doutora Ana Claudia Fiorini.
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
São Paulo
2007
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Michelle Barna Guzman
Ruído e incômodo em uma população
de bombeiros do município de Santo André-SP
Banca examinadora
Profª. Drª ______________________________________________
Profª. Drª ______________________________________________
Profª. Drª ______________________________________________
Aprovada em: ___/___/___
III
Dedicatória
Dedico esse trabalho ao meu pai, minha mãe, minhas
irmãs e meus amigos. Pessoas extremamente especiais
em minha vida, que sempre permaneceram ao meu lado
me fazendo crescer com palavras de amor, força,
companheirismo e muito carinho.
IV
Resumo
Guzman MB. Ruído e Incômodo em uma população de bombeiros no município
de Santo André- SP. São Paulo; 2007 [Dissertação de Mestrado em Fonoaudiologia
– Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP]
Objetivo: Identificar queixas relacionadas à saúde auditiva e incômodo para o ruído
ocupacional e urbano, em uma corporação de bombeiros do município Santo André-
SP e mapeamento sonoro do entorno. Método: Tratou-se de um estudo
epidemiológico transversal de inquérito na população de 72 bombeiros do 8°
Grupamento sendo 28 do setor administrativo, 20 do centro de ocorrência e 24 do
atendimento operacional, por meio da aplicação de um protocolo composto por 57
questões referentes a dados pessoais, queixas auditivas, não auditivas e incômodo.
Foi realizado, também, o mapeamento sonoro do local. Resultados: Os níveis de
pressão sonora no local da corporação ultrapassaram 67 dB (A), chegando a níveis
maiores de 82 dB (A) na avenida. Dos 72 sujeitos, 95,8% são do sexo masculino.
Mais da metade (59,7%) apresentou como nível de escolaridade o ensino médio. A
maioria (83,3%) dos sujeitos relatou o cotidiano ruidoso no trabalho, sendo o ruído
urbano citado como maior fonte. Quando vistos separadamente por área de atuação, a
maior ocorrência é para ruído urbano (73,9%), ruído da viatura (68,0%) e ruído do
telefone (38,2%) para o setor administrativo, divisão operacional e atendimento de
ocorrências respectivamente. O período mais crítico foi manhã e tarde (45,5%),
interferindo as atividades no trabalho para 65% dos sujeitos. As alterações mais
citadas foram concentração (43,4%) e ouvir (26,4%). Sobre a percepção da audição,
a maior parte (55,6%) referiu audição boa. Em relação à exposição a produtos
químicos, 55,6% relatou exposição durante o trabalho. Conclusões: Os bombeiros
analisados, além da exposição a ruídos provenientes da ocupação no ambiente de
trabalho como viaturas, rádios de comunicação e telefones, também sofrem as
conseqüências do ruído urbano, que altera atividades no trabalho e provoca
distúrbios que foram percebidos também na saúde.
V
Abstract
Guzman MB. Noise and annoyance in a firefighter population from Santo André
county – São Paulo. São Paulo; 2007 [Master`s Degree thesis in Speech Pathology –
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP]
Objective: Identify complaints related to the auditory health and annoyance caused
by occupational and urban noises, in a firefighters corporation from Santo André
county, and carry out a sound mapping from the surrounding area. Methods: A
cross-sectional study was concerned in a population of 72 firefighters from the 8
th
brigade, being 28 from the administrative section, 20 from the occurrence center and
24 from the operational call center, using a protocol which consisted of 57 questions
about personal data, auditory complaints, non-auditory complaints and annoyance. A
sound mapping from the surrounding area was performed. Results: The sound
pressure levels in the firefighter corporation area exceeded 67 dB (A), reaching more
than 82 dB (A) in the avenue. Evaluating 72 firefighters, 95,8% are male. More than
half (59,7%) have high school level. Most of them (83,3%) reported noisy work in
their everyday life, being the urban noise reported as the major problem. When
evaluated separately by performance section, the highest occurrence is urban noise
(73,9%), firefighter vehicle noise (68,0%) and telephone noise (38,2%), in the
administrative section, operational call center and occurrence center, respectively.
The noisiest periods were in the morning and afternoon (45,5%), interfering in work
activities for 65% of the interviewed. The most mentioned alterations were
concentration (43,4%) and hearing (26,4%). Related to the hearing perception, most
of them (55,6%) reported good hearing. When it comes to chemical exposure
products, 55,6% reported exposure during work activities. Conclusions: Interviewed
firefighters, besides noisy exposure deriving from work activities, like vehicles,
walk-talk radios and telephones, are liable to consequences from the urban noise,
which disturbs work activities and also causes health problems.
VI
Índice
Resumo........................................................................................................................V
Abstract.....................................................................................................................VI
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA.................................................................. 1
2. OBJETIVO............................................................................................................. 4
3. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................. 5
3.1 Ruído.................................................................................................................. 5
3.2 Normas, critérios e Legislação........................................................................... 6
3.3 Ruído: níveis, incômodo e efeitos na audição ................................................. 10
3.4 Agentes Químicos e Ruído .............................................................................. 21
3.5 Bombeiros........................................................................................................ 22
4. MÉTODO............................................................................................................. 25
4.1. Caracterização do Local.................................................................................. 25
4.1.1. Sede 8° Grupamento de Bombeiro de Santo André-SP........................... 26
4.1.2. Posto Campestre de Bombeiros............................................................... 27
4.2. Casuística........................................................................................................ 27
4.3. Procedimento de Coleta.................................................................................. 27
VII
4.3.1 Mapeamento sonoro do local.................................................................... 27
4.3.2 Questionário.............................................................................................. 28
4.4. Análise dos dados ........................................................................................... 28
5. RESULTADOS .................................................................................................... 30
5.1 Mapeamento do Ruído..................................................................................... 30
5.2 Resultados do protocolo de avaliação.............................................................. 33
6. DISCUSSÃO......................................................................................................... 49
6.1 Mapeamento do ruído ...................................................................................... 50
6.2 Resultados do protocolo de avaliação.............................................................. 50
7. CONCLUSÃO...................................................................................................... 57
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 59
9. ANEXO (1) ........................................................................................................... 66
ANEXO (2) ............................................................................................................... 68
VIII
Lista de Tabelas e Figuras
Tabelas
Tabela 1 - Nível de critério de avaliação NCA para ambientes externos, em dB(A).. 7
Tabela 2 – Níveis máximos de ruído por zonas da cidade, em dB(A) ........................ 9
Tabela 3 - Localização no mapa ................................................................................ 26
Tabela 4 - Distribuição das médias de idade e desvios padrão (em anos) por setor (n
72) ...................................................................................................................... 33
Tabela 5 - Distribuição segundo sexo da população analisada, por grupo (n 72) ..... 33
Tabela 6 - Distribuição das fontes de ruído no local de trabalho (n 60).................... 35
Tabela 7 - Distribuição da população analisada quanto à exposição ao ruído durante
sua formação profissional (n 72) ....................................................................... 38
Tabela 8 - Distribuição da população analisada quanto à exposição ao ruído em
atividades de lazer ou extra-ocupacional (n 72) ................................................ 40
Tabela 9 - Distribuição da população pesquisada quanto à problemas de audição que
necessitaram de cuidados médicos (n 72).......................................................... 42
Tabela 10 - Distribuição da população pesquisada quanto à realização de exames de
audição anteriormente (n 72) ............................................................................. 42
Tabela 11 - Distribuição da população analisada quanto à exposição a químicos
durante a atuação profissional (n 72)................................................................. 47
IX
Figuras
Figura 1 - Um modelo das conexões causais entre ruído, reação da comunidade,
modificadores e efeitos na saúde. ...................................................................... 11
Figura 2 - Mapa do local de análise........................................................................... 25
Figura 3 - Mapa sonoro referente à avenida Prestes Maia......................................... 31
Figura 4 - Mapa sonoro referente à avenida Prestes Maia e todas as vias em seu
entorno ............................................................................................................... 32
Figura 5 - Distribuição do nível de escolaridade na população analisada (n 72) ...... 34
Figura 6 - Distribuição da população quanto à presença de ruído no ambiente de
trabalho (n 72).................................................................................................... 34
Figura 7 - Distribuição da população analisada quanto à freqüência da poluição
sonora no local de trabalho (n 60) ..................................................................... 35
Figura 8 - Distribuição da população analisada referente à concentração de ruído por
período de dia no local de trabalho (n 60) ......................................................... 36
Figura 9 - "Você acha que o ruído atrapalha suas atividades no trabalho?" (n 60)... 36
Figura 10 - Distribuição da população analisada quanto à freqüência das alterações
nas atividades do trabalho pelo ruído (n 38)...................................................... 37
Figura 11 - Distribuição da população analisada quanto tipo de interferência
decorrente de ruído durante as atividades laborativas (n 38)............................. 37
Figura 12 - Distribuição da população analisada segundo a freqüência da exposição
ao ruído durante a formação profissional (n 28)................................................ 38
X
Figura 13 - Distribuição das atividades ruidosas realizadas durante o período de
formação profissional (n 28).............................................................................. 39
Figura 14 - Distribuição da população analisada quanto a informações sobre ruído e
seus efeitos na saúde durante a formação profissional (n 72)............................ 40
Figura 15 - Distribuição da população analisada segundo a freqüência de exposição
ao ruído em atividades de lazer ou extra-ocupacional (n 11) ............................ 41
Figura 16 - Distribuição da população quanto à percepção da audição no momento (n
72) ...................................................................................................................... 41
Figura 17 - Distribuição de queixa de tontura na população analisada (n 72)........... 43
Figura 18 - Distribuição da população pesquisada quanto à presença de zumbido (n
72) ...................................................................................................................... 44
Figura 19 - "Você acha que o local onde está a corporação ruidoso?" (n 31) ........... 45
Figura 20 - Freqüência das respostas dos sujeitos para a poluição sonora no local da
corporação (n 25)............................................................................................... 45
Figura 21 - Distribuição da população analisada referente à concentração de ruído
por período do dia provindo da avenida Prestes Maia (n 25) ............................ 46
Figura 22 - Distribuição de queixas decorrentes ao ruído presente no local de
trabalho (n 72).................................................................................................... 47
XI
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
O ruído representa um importante problema de saúde pública por estar
presente em nosso cotidiano como, por exemplo, nos ambientes de trabalho, nas
atividades de lazer e nas ruas das cidades. O ruído urbano é conhecido como
poluição sonora e, apesar de representar um risco à saúde, ainda é um problema
negligenciado pela população.
De acordo com Fiorini (1997), dentre as diversas causas de poluição podemos
ressaltar que o ruído proveniente de veículos de transportes, atividades laborativas e
de lazer, tem contribuído para colocar a poluição sonora como a terceira maior causa
de poluição no mundo, perdendo apenas para o ar e a água. Tal fato representa, entre
outros, um risco para a saúde de toda a população. Segundo a ORGANIZAÇÃO
PANAMERICANA e a ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OPAS-OMS,
1980), o ruído pode perturbar o trabalho, o descanso, o sono e a comunicação nos
seres humanos; pode prejudicar a audição e causar ou provocar reações psicológicas,
fisiológicas e, talvez, até patológicas.
Muitos estudos trazem a problemática do incômodo sofrido pela população
frente ao ruído. Segundo Borsky (1979), a percepção de uma exposição a um ruído
idêntico pode variar de acordo com a sensibilidade de uma pessoa e o contexto de
atividade em que este ruído é apresentado. Para Belojevic et al. (1992), há indivíduos
mais sensíveis ao ruído e, quando realizam tarefas com ruído competitivo obtêm
piores desempenhos. Outra pesquisa realizada pelo mesmo autor (Belojevic et al.,
2001) indicou que gênero, idade e nível de educação não são variáveis que
influenciam a sensibilidade do indivíduo exposto ao ruído.
Em 2003, Belojevic at al. pesquisaram a relação entre exposição a ruído e
desempenho mental. Os autores apontaram que pessoas introvertidas são mais
sensíveis ao ruído, não alcançando o desempenho mental esperado em suas tarefas,
diferente dos extrovertidos que, às vezes, necessitam períodos pequenos de ruído
durante o desempenho mental.
1
De acordo com Stansfeld et al. (1993), é possível identificar interações entre
morbidez e sensibilidade ao ruído. O papel da sensibilidade ao ruído é discutido
como indicador de vulnerabilidade em determinados ambientes.
Segundo Wanner (1982), o ruído urbano é principalmente proveniente do
tráfego de veículos, porém, seu crescimento vem se dando não somente pelo
aumento da frota de carros nas áreas residenciais, mas também, por influência do
tráfego aéreo. O ruído do tráfego está fortemente associado ao incômodo da
população. Deste modo, o incômodo é um critério importante para avaliar os efeitos
do ruído na saúde do indivíduo; o autor identificou efeitos na comunicação.
Zannin e Szeremetta (2003) diagnosticaram a poluição sonora no Jardim
Botânico de Curitiba como preocupante. Em 46,6% dos pontos medidos os níveis
ultrapassaram o Leq=65dB(A) e 90,5% dos pontos ficaram com níveis de pressão
sonora acima dos permitidos pela lei municipal, que tem como limite máximo
55dB(A). Tais resultados mostraram a evolução desse tipo de poluição em nosso
meio, constituindo uma ameaça ao bem-estar e à saúde dos cidadãos. Assim, os
autores ressaltaram que são poucos os lugares da cidade capazes de oferecer alívio
para as atribulações do cotidiano urbano. O que piora ainda mais a situação é que os
entrevistados que participaram da pesquisa não relataram perturbação por nenhum
fator ambiental ali presente, deixando evidente a falta de informação acerca dos
possíveis efeitos na saúde.
No Brasil, estudos sobre incômodo na população não são comuns e, quando
ocorrem, freqüentemente são executados por engenheiros que focam a atenção na
avaliação quantitativa da poluição sonora. Na fonoaudiologia, os estudos sobre o
ruído e seus efeitos na saúde são realizados em populações de trabalhadores de
indústrias, partindo, portanto, das exposições ocupacionais. Porém, o ruído é um
problema de saúde pública extensivo a toda a população e, desta forma, os estudos
sobre incômodo são importantes não somente para a avaliação qualitativa dos índices
de poluição, mas principalmente, na geração de subsídios para as ações de educação
ambiental.
2
Os estudos de ruído e seus efeitos na saúde têm sido alvo de investigação em
diversos ambientes de trabalho, além da indústria. As Normas e recomendações de
avaliação e controle do risco têm sido de grande importância para o desenvolvimento
desta área de pesquisa. Dentre as diversas categorias que sofrem com o impacto do
ruído e seus incômodos podemos destacar os Bombeiros.
O Corpo de Bombeiros foi criado, em 1856, no município do Rio de Janeiro e
a corporação tem como missão básica a preservação da vida, do meio ambiente e do
patrimônio. O atributo desta profissão é de execução de atividades de defesa civil.
No Estado de São Paulo, os serviços oferecidos por esta corporação como as
missões operacionais, incêndios, operações mata-fogo, salvamentos, salvamentos
aquáticos, resgates e emergências com produtos perigosos, vêm aumentando a
demanda nos últimos 14 anos. Esses dados demonstram a importância desta
instituição perante a sociedade; mas, apesar da grande utilização de seus serviços, tal
categoria profissional ainda não desperta muita atenção por parte dos pesquisadores.
De acordo com Matticks, 1992, o ambiente de trabalho dos bombeiros é
bastante diversificado e apresenta vários perigos como riscos de ferimentos e até
mesmo de óbito. Dentre as principais exposições, o autor citou elevados níveis de
ruído, mudanças térmicas, exposição a gases tóxicos, com uso de equipamento de
proteção individual, os quais podem limitar a eficiência e o desempenho do trabalho.
Considerando os diversos riscos ambientais e de organização do trabalho aos
quais a categoria profissional de Bombeiros está submetida, estudos que identifiquem
efeitos na saúde destes trabalhadores são necessários e podem gerar subsídios para o
estabelecimento de ações de proteção com o objetivo de prevenção de doenças.
Considerando ser o ruído a terceira principal causa de poluição sonora e a
existência de sustentação legal, tanto no estabelecimento de métodos para medição e
controle do risco, quanto na importância da educação ambiental, torna-se
fundamental o planejamento de ações que visem o controle do problema.
3
2. OBJETIVO
O objetivo desta pesquisa foi identificar queixas relacionadas à saúde auditiva
e o incômodo para o ruído ocupacional e urbano, em uma corporação de bombeiros
do município Santo André-SP, além da realização do mapeamento sonoro do
entorno.
4
3. REVISÃO DE LITERATURA
Nesse capítulo serão apresentados os estudos mais relevantes da literatura
englobando os seguintes itens: ruído, legislação e normas, ruído e saúde, efeitos do
ruído no homem, efeitos da exposição simultânea de ruído e produtos químicos e
estudos da saúde dos bombeiros.
3.1 Ruído
O som, fisicamente, é a energia transmitida por vibrações no ar ou em outros
materiais, modificando a pressão e propagando-se em forma de ondas ou oscilações
mecânicas (Russo e Santos, 1993).
O ruído pode ser definido como “o som indesejável”. Do ponto de vista
acústico, o som e o ruído constituem o mesmo fenômeno de flutuação da pressão
atmosférica sobre a pressão média; o diferencial é exclusivamente subjetivo. O que é
som para alguns pode ser ruído para outros indivíduos. Com o desenvolver de épocas
modernas, o ruído apareceu como um perigo sério para a saúde. A indústria trouxe
uma imensa variação de fontes sonoras, aumentando a ocorrência de perda auditiva
induzida por ruído (Hansen, 2005).
O ouvido humano não é igualmente sensível para todas as freqüências. Desta
forma, a avaliação de ruído pode ser feita a partir de diversas escalas (circuitos de
compensação); deve-se priorizar aquela que mais se assemelha à recepção do ouvido
para os diversos sons. Na avaliação de ruído contínuo, o mais utilizado é o circuito
A.
Vale ressaltar que o potencial de danos à audição não depende somente do
nível de ruído, mas também de sua duração. É possível estabelecer um valor único
Leq (nível sonoro equivalente) que é o nível sonoro médio integrado durante a faixa
de tempo específica; é uma medida energética ponderada. Essa grandeza é utilizada
em diversas normas e legislações relativas à exposição ao ruído (Gerges 2000).
5
De acordo com Bistafa (2006), a análise estatística de ruído fornece
informações valiosas com relação às causas dos danos à audição. O histograma é
apenas uma forma de apresentar os níveis sonoros que ocorrem em um certo
intervalo de tempo. O L90 é o nível sonoro que foi excedido em 90% do tempo de
medição, igualmente são definidos o L50 e L10. O L90 é uma medida do nível residual;
o L50 é o nível de ruído mediano e o L10 é uma medida dos níveis de ruído de pico
que ocorrem durante o período de medição. De acordo com o autor, quanto mais
afastado estiver o L10 do L90, maior será o incômodo do ruído, devido a variações
bruscas dos níveis.
3.2 Normas, critérios e Legislação
Existem diversas legislações nos âmbitos federal, estadual e municipal
referentes ao ruído como risco físico. Sob o ponto de vista ocupacional, a Norma
Regulamentadora 15 (NR-15) da Portaria 3214 de abril de 1978, do Ministério do
Trabalho e Emprego, preconiza como limite máximo permitido 85dB(A) por 8 horas
diárias de exposição. A cada 5 dB(A) de aumento na exposição, diminui pela metade
o tempo de permanência no local (Anexo1).
Sob o ponto de vista ambiental, a Norma Brasileira - NBR 10151
(Junho/2000), da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) fixa as
condições exigíveis para avaliação da aceitabilidade do ruído em comunidades,
independente da existência de reclamações. A Norma especifica um método para a
medição de ruído e a aplicação de correções nos níveis medidos. O método de
avaliação envolve as medições do nível de pressão sonora equivalente Leq (A) em
decibel ponderados na escala “A” comumente chamado dB(A). O nível de critério de
avaliação NCA para ambientes externos está indicado na tabela 1. Os limites de
horário para o período diurno e noturno da tabela podem ser definidos pelas
autoridades de acordo com os hábitos da população. Porém, o período noturno não
deve começar depois das 22 h e não deve terminar antes das 7 h do dia seguinte. Se o
dia seguinte for domingo ou feriado, o término do período noturno não deve ocorrer
antes das 9h.
6
O nível de critério de avaliação (NCA) para ambientes internos é o nível
indicado na Tabela 1 com a correção de – 10 dB(A) para janela aberta e – 15dB(A)
para janela fechada. Se o nível de ruído ambiente Lra for superior ao valor da tabela
para a área e o horário em questão, o NCA assume o valor do Lra.
Tabela 1 - Nível de critério de avaliação NCA para ambientes externos, em dB(A)
Tipos de áreas Diurno Noturno
Áreas de sítio e fazendas 40 35
Áreas estritamente residencial urbana ou de hospitais ou de
escolas
50 45
Área mista, predominantemente residencial 55 50
Área mista, com vocação comercial e administrativa 60 55
Área mista, com vocação recreacional 65 55
Área predominantemente industrial 70 60
Além das Normas Brasileiras existem as resoluções do Conselho Nacional do
Meio Ambiente – CONAMA, que estabelecem padrões para a emissão de níveis de
ruído, no território nacional, para veículos automotores, na aceleração e na condição
de parado; motocicletas; motonetas; triciclos; ciclomotores; bicicletas com motor
auxiliar e veículos assemelhados, nacionais e importados. A seguir está a descrição
das duas principais resoluções do CONAMA:
-Resolução n° 1 de 8 de março de 1990 - Estabelece normas a serem
obedecidas, no interesse da saúde, no tocante à emissão de ruídos em
decorrência de quaisquer atividades. Estabelece como prejudiciais à saúde e
7
ao sossego público, os ruídos com níveis superiores aos considerados
aceitáveis pela NBR 10.151 (Tabela 1) - A avaliação do ruído em áreas
habitadas visando o conforto da comunidade, norma esta elaborada pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (CONAMA 1990a).
-Resolução n° 2 de 8 de março de 1990 - Institui, em caráter nacional, o
Programa Silêncio, visando controlar o ruído excessivo que possa interferir na
saúde e bem-estar da população. De maneira geral, o Programa Silêncio tem
como objetivos promover cursos técnicos, capacitando pessoal e controlando
a poluição sonora, em meios ambientes estaduais e municipais, divulgar à
população os efeitos nocivos do excesso de ruído, acrescentar esta
problemática no Programa de Educação Nacional, incentivar a produção de
maquinários mais silenciosos (CONAMA 1990b).
No município de Santo André, o decreto n° 14.824, de 24 de setembro de
2002, regulamenta a Lei nº 7.733/98, que se refere aos padrões de emissão e controle
da poluição sonora nas atividades urbanas. Protege a perturbação do sossego público
a sons excessivos ou incômodo de qualquer natureza, produzido por fonte geradora
de poluição sonora que contrarie os parâmetros legais. Os responsáveis pelas fontes
de poluição sonora deverão providenciar a adaptação de seus edifícios de modo a
cumprir o disposto na legislação ambiental. Estabelece zonas de silêncio e esclarece
valores de multas para punição dos que burlam tais objetivos.
Baseada no NCA da NBR – 10151, a cidade de Santo André criou a
delimitação de zonas de uso em relação à emissão de ruído (Tabela 2).
8
Tabela 2 – Níveis máximos de ruído por zonas da cidade, em dB(A)
Zonas de Uso Diurno Noturno
Zona I 40 35
Zona II 50 45
Zona III 55 50
Zona IV 60 55
Zona V 65 55
Zona VI 70 60
Zona I: Área de proteção aos mananciais e bacia hidrográfica do Rio Moji, aquela
que possua em seu entorno mais de 50% de sítios e chácaras com área maior que
1500 m2.
Zona II: Área de proteção aos mananciais e bacia hidrográfica do Rio Moji (junto aos
núcleos urbanos já estabelecidos), aquela que possua em seu entorno mais que 50% e
menor ou igual a 1500 m2.
Zona III: Área predominantemente residencial que possua 50% ou mais de unidades
residenciais, de acordo com a Análise de Vizinhança.
Zona IV: Área de uso misto, aquela que possua um número maior do que 50% e, ao
mesmo tempo, menor ou igual a 75% de estabelecimentos com atividade comercial e
de serviços no piso térreo, de acordo com Análise de Vizinhança.
9
Zona V: Área predominantemente comercial; aquela que possua um número maior
do que 75% de estabelecimentos com atividade de comércio e de serviços no piso
térreo, de acordo com Análise da Vizinhança, bem como faixa de 25 metros ao longo
das vias arteriais, compreendidas as avenidas Dom Pedro I, Dom Pedro II, Martim
Francisco, Itamarati, Queiroz Filho, São Paulo e Rua Oratório.
Zona VI: Área predominantemente industrial, bem como faixa de 40 metros ao longo
das vias metropolitanas, compreendidas as avenidas dos Estados, Presidente Costa e
Silva, Prestes Maia, Viaduto Castelo Branco e Distrito Industrial de Campo Grande.
3.3 Ruído: níveis, incômodo e efeitos na audição
Pimentel-Souza (1992) realizou um levantamento dos últimos 20 anos sobre
distúrbios do sono e da saúde em geral, no cidadão urbano exposto direta ou
indiretamente ao ruído. O autor analisou os dados segundo os indicadores de estresse
ou perturbação do ritmo biológico. A revisão mostrou que, em vigília, o ruído de até
50 dB (A) (Leq) pode até perturbar, mas é adaptável; a partir de 55dB(A), leva a
desconforto prolongado e o estresse que começa por volta de 65 dB(A).
Provavelmente, 80 dB(A) já liberem morfinas biológicas no corpo, provocando
prazer e completando o quadro de dependência. Já em 100 dB(A) pode haver perda
imediata da audição. O sono, a partir de 35 dB(A) , vai ficando superficial, 75 dB (A)
atinge uma perda de 70% dos estágios profundos, restauradores orgânicos e
cerebrais.
Valadares e Gerges (1996) realizaram uma pesquisa sobre ruído de tráfego
veicular em áreas urbanas, comparando as cidades de Belo Horizonte e Florianópolis.
O estudo evidenciou elevados níveis de poluição sonora em alguns corredores de
tráfego das duas capitais. Em Florianópolis, os níveis de Leq chegaram de 73 a 77,1
dB(A); já em Belo Horizonte, variaram de 73,5 a 85,5 dB(A). Os resultados
mostraram que mesmo a cidade de Belo Horizonte tendo apresentado níveis mais
intensos, ambas capitais excederam os níveis recomendados pela NBR 10151.
10
Coelho et al. (1996) avaliaram a exposição ao ruído das populações que
vivem em meios rurais e urbanos de diferentes pontos estatisticamente
representativas em todo território de Portugal em aproximadamente 1500 locais. Os
autores apontaram que cerca de 19% da população vive em zonas com
Leq65dB(A), durante o dia. A população exposta a níveis entre 65 e 75dB(A)
encontra-se em sua maioria (51%) em zonas urbanas, 24% nas periferias e 25% em
zonas rurais. As situações com níveis mais intensos, Leq diurno >75dB(A), ocorrem
nas zonas rurais junto às estradas principais (33%), na periferia das grandes cidades,
em particular de Lisboa (20%) e na cidade de Lisboa (47%). Os autores concluíram
que a principal contribuição ao ruído ambiente exterior provém do tráfego
rodoviário, e que a exposição da população portuguesa ao ruído é semelhante à
verificada em outros países da União Européia.
Job (1996) realizou um estudo retrospectivo com revisões bibliográficas
acerca dos efeitos do ruído na saúde. A Figura 1 apresenta um fluxograma da
distribuição dos principais efeitos.
Figura 1 - Um modelo das conexões causais entre ruído, reação da comunidade, modificadores e
efeitos na saúde.
11
Gouveia e Günther (1996) estudaram a percepção do ruído ambiental na Asa
Norte do Plano Piloto Brasília, por meio da aplicação de um questionário em 103
sujeitos. Os resultados indicaram que o ruído não era percebido como incômodo,
sendo mais relatado à noite, tendo como principal queixa a alteração do sono. Foram
consideradas como variáveis de estudo: satisfação com a moradia, densidade
residencial e idade do respondente. A conclusão dos autores foi que, em estudos de
percepção de ruídos ambientais, as variáveis de estímulo sonoro, variáveis
psicossociais e o ambiente em que este ruído é percebido, têm que ser valorizados.
Palhares et al. (1998), realizaram um mapeamento sonoro nas áreas urbanas e
industriais, da cidade de Belo Horizonte que tem como principal fonte de ruído o
tráfego veicular. Os resultados iniciais apontaram que há “ilhas de silêncio”, com
níveis de ruído bem abaixo do máximo permitido pela legislação, mas a quase
totalidade da área do estudo encontra-se afetada por níveis de ruído que variam de
1dB até 11dB acima do máximo permitido, para horários diurnos.
Segundo Stallen (1999), o incômodo do ruído é um fenômeno que depende do
modo como o mesmo é percebido pelo indivíduo. Os fatores acústicos são
determinados pelas medições objetivas, típicas do ruído. Muitos fatores não acústicos
também foram identificados com graus variados de associação ao incômodo. A base
deste estudo apresenta uma perspectiva teórica que coloca o fator não acústico como
foco. O autor denomina o incômodo ao ruído como estresse psicológico. Assim, põe
como necessário além da administração dos sons externos já relatados como
incômodo, gerenciar também a produção do ruído de outras fontes externas que
igualmente produzem incômodo. O autor aponta a importância da predição do ruído
que pode melhorar o incômodo causado por ele.
Job (1999) apontou o incômodo como dependente de alguns fatores, não
sendo assim um conceito unitário. A partir de levantamento bibliográfico sobre o
assunto, o autor descreveu dois fatores distintos para o incômodo: ruído intenso e em
situações mais silenciosas. O incômodo depende da atividade que está sendo
desenvolvida no momento; se há necessidade de atenção, o ruído menos intenso
também é capaz de ocasionar incômodo. Portanto, uma compreensão desses fatores e
12
maior apreciação das diferenças individuais podem indicar as diversas possibilidades
de controle de risco. O achado foi que alguns residentes estão afetados extremamente
com o ruído, quando outros não foram afetados significativamente. Tais dados
indicam a necessidade de realização de outras pesquisas com populações adversas.
Flindell e Stallen (1999) trouxeram a associação de vários fenômenos para
explicar o incômodo ao ruído. Definiram o incômodo como uma avaliação negativa
de condições de vida relacionadas ao ruído que dependem de fenômenos acústicos,
pessoais e sociais. As avaliações dos sujeitos não dependeram simplesmente de
distúrbios após a exposição ao ruído, mas de atitudes e expectativas frente ao ruído.
Para os autores, os fatores pessoais que influenciaram a avaliação do incômodo
foram: sensibilidade ao ruído, medo ou dano ocasionado pela fonte, avaliação
pessoal da fonte e capacidade de lidar com a fonte. Os fatores sociais foram:
avaliação social da fonte do ruído, confiança nas autoridades que cuidam da fonte,
história da exposição ao ruído e expectativas dos residentes. Desse modo, as
autoridades deveriam oferecer informações sobre ruído e ações realizadas para sua
redução, bem como planos futuros para assegurar o seu controle. Os residentes e
também deveriam estar envolvidos nas discussões sobre diminuição do ruído e
incômodo. O medo do dano causado pela fonte pode provavelmente ser reduzido por
meio de ações das autoridades. Tais ações podem até não reduzir o efeito acústico,
mas contribuem para o aumento da confiança da população frente às autoridades
governamentais.
Para Castro (2000), exposição crônica ao ruído no organismo humano pode
acarretar, entre outros, alterações vestibulares. O estudo analisou um grupo de 45
pacientes com perda auditiva induzida pelo ruído na faixa etária de 24 a 60 anos. A
queixa de tonturas
1
foi de 55,6% e o zumbidos
2
foi relatado por 66,7% dos
1
Linden, 2001, relatou a tontura como termo genérico que representa todas as manifestações de
desequilíbrio. Depois da dor de cabeça, a queixa de tontura é a mais freqüente em todo mundo e, a
origem de 85% dos casos acontece na região labiríntica. Raros os casos ocorrem de origem visual,
13
pacientes. Esses sintomas estiveram associados em 42,2% dos pacientes. A autora
observou correlação entre grau de perda auditiva e prevalência de distúrbios
vestibulares, portanto uma parcela grande de pacientes com perda auditiva induzida
por ruído apresentou distúrbios vestibulares. Os distúrbios vestibulares foram
observados em 73,9% dos pacientes com queixas de tontura e zumbido.
Azevedo e Lima (2002) analisaram alguns componentes psicossociais da
percepção do ruído. Para tal, aplicaram um protocolo com 14 questões, em uma
amostra de 870 sujeitos distribuídas em três grupos: crianças, jovens e adultos. Os
ruídos analisados foram divididos em: naturais, domésticos, urbanos, de crianças,
outras fontes de ruído e ruído dos equipamentos (música em walkmans, noticiário na
rádio). Os efeitos na saúde foram divididos em: efeitos psicológicos difusos, efeitos
fisiológicos, efeitos psicológicos -depressão, efeitos comportamentais e efeitos
auditivos. Já as profissões dos respondentes foram classificadas como: profissões
mais expostas ao ruído, profissões relacionadas com o ensino e profissões menos
expostas ao ruído. Os dados revelaram que quanto maior a percepção do efeito do
ruído na profissão, pior é a percepção do estado geral da saúde. Houve uma fraca
associação entre variáveis que indicaram que a exposição ao ruído na profissão não
neurológica ou psíquica. As crises mais fortes de tontura podem ser acompanhadas de náuseas,
vômitos, suor, palidez e sensação de desmaio.
2
Sanches et al. (1997) apontaram o zumbido como uma percepção auditiva fantasma, notada
exclusivamente pelo paciente. É relatado como o terceiro pior problema que pode acometer o ser
humano, assim tornar-se muitas vezes, um problema debilitante, impedindo a vida normal. Segundo
os autores, o zumbido pode ser gerado por: emissão otoacústica espontânea (4% dos casos); dano
desproporcional entre as células ciliadas internas e externas (situações traumáticas ao ouvido, como
exposição ao ruído ou drogas ototóxicas); envolvimento do cálcio na disfunção coclear (mudanças na
concentração de cálcio na perilinfa ou dentro da célula ciliada); “cross-talk” entre as fibras do VIII par
e as células ciliadas (falta do isolamento elétrico entre elas); hiperatividade das vias auditivas
(aumento da sensibilidade dos centros envolvidos nesta percepção).
14
parece ser dos fatores que os sujeitos consideram mais relevantes para sua percepção
geral do estado da saúde. A fonte que provocou maior incômodo na população foi o
ruído urbano, e a fonte de menor incômodo foi o ruído de crianças. As percepções
dos efeitos nocivos do ruído na saúde variaram de acordo com a profissão. Quanto às
variáveis sócio-demográficas, os autores observaram que os homens estão mais
expostos aos efeitos gerais e aos ruídos naturais, enquanto as mulheres estão expostas
aos ruídos dos equipamentos e aos ruídos das crianças. Com relação à faixa etária,
quanto maior a idade do indivíduo, menor a importância atribuída aos ruídos dos
equipamentos e aos ruídos das crianças. Verificaram também a variabilidade na
exposição ao ruído nas profissões. Os autores concluíram que existem diferentes
fatores de ordem psicológica ou psicossocial que influem quer na percepção do
ruído, quer nos efeitos percebidos nas exposições.
Rossi (2002) mapeou os níveis de pressão sonora do centro expandido da
cidade de São Paulo, por meio da medição em 159 diferentes pontos fixos. Além
disso, estudou o perfil audiométrico de 113 operadores de tráfego, 25 guardas
florestais que moram em zona urbana e fiscalizam a serra da Cantareira e horto
Florestal, e outros 16 guardas florestais que moram e trabalham no Parque Estadual.
Também foram realizados 38 dosimetrias de ruído com indivíduos dos três grupos.
Por intermédio de um questionário, foram coletados dados demográficos, queixas
auditivas, antecedentes de doenças, hábitos e comportamentos de risco à audição,
além de uma história detalhada de exposição a ruído. Como resultado, a autora
obteve níveis sonoros muito acima dos recomendados pelos órgãos de controle da
poluição ambiental nos pontos medidos, sendo que o Leq variou de 70,6 a 90,1
dB(A). Já nas dosimentrias de ruído, realizadas nos trabalhadores analisados, o Leq
variou de 60,65 a 83,41 dB(A). O estudo apontou também a idade dos indivíduos
como o principal preditor das perdas auditivas encontradas.
Zannim et al.(2002) descreveram a relação da população de Curitiba com o
ruído ambiental. Os dados foram coletados por meio de questionários distribuídos
aleatoriamente a 860 moradores. Foram identificadas como principais fontes de ruído
causadoras de incômodo os veículos e os vizinhos, com freqüência de 73% e 38%,
respectivamente. Toda a população do estudo apresentou uma ou mais queixas de
15
incômodo ao ruído. As queixas mais freqüentes foram: irritabilidade (58%), baixa
concentração (42%), insônia (20%) e dores de cabeça (20%).
Martimportugués et al. (2003) realizaram um estudo descritivo sobre os
efeitos do ruído em residentes do centro histórico de Málaga, na Espanha. Esta região
foi categorizada como acusticamente saturada e de alto risco, especialmente porque
está localizada dentro das zonas de descanso, mas os níveis sonoros noturnos
superam os diurnos. Os dados foram coletados em 225 sujeitos por meio da aplicação
de um questionário com 170 perguntas. Os resultados revelaram diferenças
significativas entre os participantes que viviam em zonas saturadas e não saturadas.
Apontaram, também, uma relação entre aspectos acústicos e não acústicos (satisfação
com o bairro e sensibilidade ou predisposição) do ruído comunitário.
Nagem (2004) realizou um estudo de mapeamento sonoro no campus da
Universidade de Campinas (UNICAMP) nos meses de abril a junho de 2004. As
medições dos níveis de ruído foram realizadas em 28 pontos e durante os dias de
semana. Os resultados indicaram que, durante todo período de coleta de dados, os
níveis de pressão sonora em todos os pontos estiveram acima dos estabelecidos pelas
normas de conforto (50 dB(A)), chegando até a 80 dB(A). A principal fonte de ruído
apontada pela pesquisa foi a de tráfego de veículos na universidade.
Para Schwela (2005) tanto a poluição do ar como as exposições ao ruído
ocorrem em áreas urbanas. Estudos ainda não comprovam que a exposição ao ruído
aumente doenças cardiovasculares, mas, alguns componentes da poluição do ar,
influenciam o acontecimento destas doenças. Por isso, investigações sobre os
impactos do ruído na saúde cardiovascular precisam considerar também a exposição
à poluição do ar como variável potencial de confusão.
Miedema et al. (2005) relacionaram condições meteorológicas com sensações
subjetivas do ruído. O levantamento de 42 estudos, conduzidos em períodos
diferentes do ano, forneceu estimativas estatísticas dos efeitos das estações do ano e
de circunstâncias meteorológicas, na resposta da comunidade frente ao ruído. O
incômodo do ruído a longo prazo é estatisticamente significante, sendo maior no
16
verão do que no inverno. As análises de outras 41 pesquisas, em diversos países de
climas distintos, evidenciaram também que o incômodo varia de acordo com as
condições climáticas, sendo aumentado pela temperatura, por exposição ao sol e por
velocidades de ventos reduzidas.
Paz et al. (2005) realizaram uma avaliação objetiva dos níveis de pressão
sonora equivalentes em 122 pontos, além da aplicação de um questionário em 104
residentes de regiões próximas aos locais de medidas. A análise multivariada fatorial
gerou três indicadores estatísticos: percepção temporal, percepção de ruídos atípicos
e fontes e, finalmente, distúrbios. A pesquisa teve como objetivo de analisar
comparativamente a percepção do ruído urbano no cotidiano dos habitantes de uma
zona controlada acusticamente (bairro) e outra não controlada (centro). Para ambas
as zonas estudadas, a irritabilidade e a baixa concentração foram os dois efeitos
orgânicos de maior ocorrência. Quando compararam os dados aos estudos anteriores,
observaram que na avaliação subjetiva, houve aumento na percepção do nível
sonoro, percebendo o ruído mais elevado no centro. Esses resultados puderam ser
constatados também pelos obtidos com as medições Leq= 72,9dB(A) no centro da
cidade contra Leq= 53,3 dB(A), no bairro residencial. Os autores concluíram que a
maior percepção do nível de ruído foi na população da zona controlada.
Oliveira et al. (2005) fizeram o levantamento dos níveis de pressão sonora de
uma região da cidade de Curitiba escolhida aleatoriamente. Além disso, os autores
avaliaram a caracterização da percepção do ruído e seus efeitos por meio de um
questionário em 100 sujeitos. Os resultados mostraram a falta de percepção da
população analisada quanto ao ruído urbano, não valorizando assim seus efeitos no
organismo.
Jakovljevic et al. (2006) desenvolveram um estudo do tipo transversal, em um
município central de Belgrado, capital da Servia e Montenegro O objetivo da
pesquisa foi explorar a relação entre os distúrbios do sono causados pelo ruído de
tráfego e os traços relevantes da personalidade, tais como: introversão-extroversão,
neuroses e a sensibilidade subjetiva do ruído. Como método utilizaram medidas de
ruído em 12 pontos, sendo três durante o dia e duas durante a noite. A partir dessas
17
medições foram classificadas três ruas chamadas de áreas ruidosas (>65dB(A)), e
três ruas com valores mais baixos do nível de pressão equivalente (Leq), chamadas
áreas silenciosas (<55dB(A)). As populações analisadas de ambas as áreas
preencheram um questionário sobre problemas de saúde relacionados ao ruído. A
amostra final constituiu em 310 sujeitos, sendo 192 da área ruidosa e 118 da área
silenciosa. Os resultados indicaram valores significativos de insônia na área ruidosa,
tendo importantes relatos de despertar do sono no período noturno. O incômodo do
ruído, a sensibilidade subjetiva ao ruído e as neuroses foram correlacionados
significativamente com insônia, cansaço após o sono e uso de pílulas para dormir.
Assim, residir na área ruidosa foi considerado um preditor significativo da insônia,
acordar à noite, dormir com as janelas fechadas, ter uma qualidade de sono baixa e
sentir-se cansado após o sono. Como conclusão do estudo, os autores relataram que a
população que vive na área ruidosa tem maior risco para distúrbios do sono do que a
população que vive na área silenciosa. Além disso, os distúrbios de sono foram
relacionados significativamente e positivamente aos traços de personalidade de
neuroses, sensibilidade subjetiva e incômodo ao ruído.
Segundo Martin et al. (2006), o ruído não depende somente de suas
características físicas, sendo importante observar o seu efeito em cada indivíduo e em
cada ambiente. Desta forma, o incômodo encontrado na população é de suma
importância nos estudos de poluição sonora. Com o objetivo de verificar o
incômodo, fontes sonoras e seus efeitos na população, os autores utilizaram uma
amostra da população que vive nos arredores da cidade de Valladolid (Espanha),
além de efetuarem o mapeamento do ruído da região. As medidas objetivas do ruído
foram comparadas com os dados de incômodo da população, a fim de encontrar
relação entre dose-resposta e analisar como a população avalia a redução do ruído de
um ponto de vista econômico e social. Os pontos com Ldn acima de 65 dB(A) foram
de alta irritação para a população. O Ldn teve relação com o incômodo, sendo mais
significativo quando havia maior irritação. O Lmax que passou de 94 dB (A) também
teve relação com o incômodo, mas essa foi maior quando o incômodo era médio.
Quanto aos investimentos, os resultados apontaram que a população prefere viver em
ambientes silenciosos, mesmo se este significar uma casa com valor econômico
18
menor, aumentar a distância do trabalho, ou pagar um valor mais alto pela casa. Da
população pesquisada, 50% estiveram dispostas a investir dinheiro a fim de reduzir a
contaminação do ruído. Dentre as ações para controle do risco, relatadas pelos
sujeitos da pesquisa, as mais freqüentes foram o isolamento acústico nos domicílios
(29%) e o controle direto na fonte do ruído (30%).
Nilsson e Berglund (2006) realizaram um estudo em uma área residencial,
antes e depois de uma construção de uma barreira ao longo de uma estrada de fluxo
intenso. O intervalo de realização da pesquisa foi de dois anos. Como resultados, as
casas mais próximas à barreira tiveram a redução do nível de pressão sonora de 70
para 62,5dB(A). A redução do nível sonoro com a colocação da barreira foi benefico
para as casas, com distâncias superiores a 100m. Já para os residentes das casas com
distância de até 100m, a barreira reduziu apenas o incômodo na parte externa da
casa. Na parte interna destas residências, as queixas de alteração na comunicação e
distúrbios do sono tiveram alguma redução, porém não de forma significante. Sendo
assim, os resultados sugerem que as curvas de exposição-resposta podem ser usadas
para predizer situações ao ar livre, não podendo ser aplicadas quando o incômodo
principal for em lugares fechados.
Além dos efeitos gerais que o ruído pode causar na saúde da população, há
também os efeitos específicos na audição. A Portaria do INSS (1997) assim como o
boletim do Comitê Nacional de Ruído e Conservação Auditiva (1999), definiram
Perda Auditiva Induzida por Ruído - PAIR, relacionada ao trabalho, como uma
diminuição gradual da acuidade auditiva, decorrente da exposição continuada a
níveis elevados de pressão sonora. Assim conceituada, a PAIR em nada se assemelha
ao trauma acústico, definido como perda súbita da acuidade auditiva decorrente de
uma única exposição à nível de pressão sonora elevado (por exemplo, em explosões
e detonações).
Segundo o Comitê Nacional de Ruído e Conservação Auditiva (1999), a
PAIR tem as seguintes características principais:
-Ser sempre neuro-sensorial, em razão do dano causado às células do órgão de Corti;
19
-Irreversível e, quase sempre, similar bilateralmente, raramente leva à perda auditiva
profunda pois, não costuma ultrapassar os 40 dB NA nas freqüências baixas e médias
e os 75 dB NA nas freqüências altas;
-Manifesta-se primeira e predominantemente nas freqüências de 6, 4 e 3 kHz e, com
agravamento da lesão, estende-se às freqüências de 8, 2, 1, 0,5 e 0,25 kHz, as quais
levam mais tempo para serem comprometidas;
-É uma doença predominantemente coclear, o portador da PAIR relacionada ao
trabalho pode apresentar intolerância à sons intensos, zumbidos, além de ter
comprometida a inteligibilidade da fala, em prejuízo do processo de comunicação,
uma vez cessada a exposição ao ruído não deverá haver progressão da PAIR;
-É influenciada pelos seguintes fatores: características físicas do ruído (tipo, espectro
e nível de pressão sonora), tempo de exposição e suscetibilidade individual;
- Geralmente, atinge o nível máximo para as freqüências de 3, 4 e 6 kHz nos
primeiros 10 a 15 anos de exposição, sob condições estáveis de ruído. Com o passar
do tempo, a progressão da lesão torna-se mais lenta;
-Não torna o ouvido mais sensível a futuras exposições;
-O diagnóstico nosológico de PAIR relacionada ao trabalho só pode ser estabelecido
por meio de um conjunto de procedimentos que envolvam anamnese clínica e
ocupacional, exame físico, avaliação audiológica e, se necessário, exames
complementares;
-Pode ser agravada pela exposição simultânea a outros agentes, como por exemplo,
produtos químicos e vibrações;
-É uma doença passível de prevenção e pode acarretar ao trabalhador alterações
funcionais e psicossociais capazes de comprometer sua qualidade de vida.
20
3.4 Agentes Químicos e Ruído
Rybak (1992) realizou um estudo com seres humanos e animais expostos a
produtos químicos ambientais, identificando também agentes químicos que são
comercializados e/ou desperdiçados por indústrias. Tais agentes podem ocasionar ou
potencializar perdas auditivas, dependendo do grau de ototoxidade. A classe de
compostos estudada incluiu solventes orgânicos, gases inaláveis e metais pesados
que são encontrados no meio ambiente.
Segundo Fechter (2004), há uma lista de agentes químicos que são
conhecidos como potencializadores da perda auditiva induzida por ruído. A partir da
análise da dose do nível de exposição a produtos químicos, o autor descreveu o
monóxido de carbono e o cianeto de hidrogênio como sendo agentes de riscos para a
promoção da perda auditiva induzida pelo ruído. Outras pesquisas indicaram a
possibilidade do monóxido de carbono ser um agente potencializador de perdas
auditivas induzidas por ruído em estudos com animais (Fechter 2000 e Deepa 2001).
Com objetivo de analisar a literatura sobre audição e o monóxido de carbono
(CO) Lacerda (2005) descreveu as propriedades físicas, a absorção, a distribuição e o
metabolismo do CO, bem como sua origem, sua produção, suas fontes e seus limites
em exposições ocupacionais. Segundo o autor, a ação tóxica do CO resulta em
anóxia provocada pela conversão da oxihemoglobina em carboxihemoglobina. Os
estudos com animais sobre exposição combinada ao ruído e ao CO foram realizados
em sua maioria com ratos, e os resultados demonstram os efeitos da exposição aguda
e simultânea ao CO e ao ruído. Os estudos relativos à nocividade da exposição ao
CO sobre o sistema auditivo humano foram realizados, na grande maioria, seguidos a
uma exposição aguda de monóxido de carbono. A exposição ao ruído não foi
relatada ou controlada como um fator relacionado com os problemas auditivos
observados. A partir dos dados apresentados, nota-se que até o momento, há
necessidade de desenvolver pesquisas sobre efeitos auditivos da exposição à CO,
com e sem exposição ao ruído.
21
3.5 Bombeiros
Reischl et al. (1979) avaliaram a exposição ao ruído em trabalhadores de três
es veículos de bombeiros em oito posições distintas. Primeiramente foram realizadas
as dosimentrias por função, posteriormente, as medições ambientais. A análise do
ruído foi feita em banda de oitava. Por fim, foram realizadas análises dos
audiogramas dos bombeiros para identificar a possibilidade de relação entre perda de
audição e tempo de trabalho. As dosimetrias de ruído obtidas nas oito posições nos
veículos de bombeiro indicaram o Leq de 103,4 a 114,7 dB(A). Na análise de banda
de oitava notaram-se níveis de pressão sonora mais elevados nas freqüências de
63Hz e 1KHz. Os resultados audiométricos indicaram uma alta ocorrência de perda
auditiva nos trabalhadores dos três veículos, quando comparados à população geral.
As perdas auditivas ocorreram independente da idade. A partir dos achados os
autores apontam a importância de um programa de conservação auditiva para esses
profissionais.
Reischl (1981) estudou o impacto da exposição ao ruído na atividade de
bombeiros em Los Angeles. Foram realizados exames audiométricos que
evidenciaram perdas auditivas nas freqüências de 3000Hz, 4000Hz e 6000Hz,
sugestivas de PAIR. O autor indicou que as perdas auditivas encontradas nesta
população não foram influenciadas por outras doenças pré-existentes ou por
exposições a ruídos nas atividades de lazer. Estas perdas auditivas nos bombeiros
sugerem relação com a exposição a ruído ocupacional sendo, desta forma,
recomendado um programa de conservação auditiva nesta população (Reishl, 1981).
Segundo Ewigman et al. (1990), há numerosos casos de perdas auditivas
induzidas por ruído - PAIR em bombeiros na cidade de Colômbia, MO. Uma análise
em veículos de operação de bombeiros apontou a exposição a níveis de pressão
sonora excessivos, aumentando as chances de PAIR na profissão. As avaliações
audiológicas mostraram que 36% dos bombeiros apresentaram perda auditiva
moderada ou severa (limiares audiométricos 40dB em 3K, 4K ou 6kHz em pelo
menos uma orelha). A partir dos achados foi realizado um programa educacional
com objetivo de estimular o uso de dispositivos de proteção auditiva. A avaliação
22
revelou o aumento do conhecimento sobre a PAIR, atitudes positivas para o uso dos
dispositivos de proteção e utilização mais freqüente. Após a intervenção, 85% dos
bombeiros passaram a utilizar regularmente os protetores auditivos. Vale ressaltar
que antes do programa educacional implementado, apenas 20% da população usava
protetores.
Tubbs (1991) avaliou os perigos de saúde em corporações de bombeiros. A
pesquisa analisou limiares audiométricos e exposição ao ruído em 197 bombeiros de
cinco locais. A dosimetria individual também foi realizada durante 24 horas de
trabalho, em dois dias consecutivos, em cada uma das cinco estações. Os resultados
indicaram médias com variações de 60 a 82 dB(A); entretanto, sirenes, luzes de
advertência e jatos de ar elevaram essas medidas para 109 dB(A). Os exames de
audiometria apontaram um deslocamento médio permanente nos limiares
audiométricos sugestivos de PAIR.
Kales et al. (2001) realizaram um estudo referente à audição dos bombeiros,
comparando os dados com os da população geral. Como resultado, apontaram perda
auditiva acelerada dentro da corporação, mas pelas variáveis e numerosos fatores de
confusão apresentados, o estudo não pode ser conclusivo de que a perda auditiva dos
bombeiros foi causada por ruído ocupacional. Os pesquisadores concluíram que
apesar desta profissão ficar exposta à níveis de pressão sonora intensos, os períodos
desta exposição são breves e intermitentes.
Segundo Ding et al. (2004), os ruídos da sirene de veículos para locomoção
perturbam severamente a inteligibilidade da comunicação e a voz dos profissionais
que a utilizam. Como método do estudo, os autores propuseram diminuir o ruído da
sirene e realçar o sinal do discurso; para isso, basearam-se na característica dos
ruídos das sirenes e adaptaram um filtro para reduzir este ruído. Os resultados
indicaram que os métodos propostos para cancelar os ruídos da sirene e o
desempenho do sinal do discurso foram satisfatórios.
Os programas médicos ocupacionais para bombeiros e polícia nos Estados
Unidos incluem, inicialmente, a avaliação médica periódica para identificar as
23
circunstâncias que poderiam interferir na habilidade para execução dos serviços. Os
médicos devem estar envolvidos nos programas de segurança, comitês de saúde e
colaborador com o setor administrativo nas práticas de procedimentos relacionados
com a prevenção dos ferimentos e fatalidades. As atividades incluem auxílio no
desenvolvimento do setor de reabilitação, implementação de programas de
conservação de audição e investigação de acidentes que envolvam ferimentos e
mortes de bombeiros e policiais, além de três ações relacionadas as demais doenças
ocupacionais. Apesar do desenvolvimento de todas estas tarefas, os médicos
acreditam que há necessidade de maiores investigações à respeito de riscos
ambientais e efeitos na saúde destas categorias profissionais (Bogucki, 2004).
Clark e Bohl (2005), com o objetivo de determinar se a profissão de
bombeiros apresenta risco de perda auditiva induzida por ruído ocupacional,
avaliaram os resultados dos testes de audição dos bombeiros comparando com
grupos pareados por idade que não foram expostos ao ruído ocupacional. Para
material de análise, obtiveram audiometrias anuais e coletaram um questionário
como parte de um programa de campanha para conservação auditiva. Os níveis de
audição encontrados nos testes foram comparados com os níveis do padrão nacional
da população americana, pareados por idade. O estudo concluiu que os bombeiros
não apresentam perda auditiva excessiva quando comparados ao grupo não exposto a
ruídos ocupacionais. Os resultados apontaram que esta profissão não proporciona
risco para perda auditiva induzida por ruído ocupacional, e ainda, durante o trabalho,
no deslocamento, não são padrões, a exposição ocorre ocasionalmente a níveis
elevados de intensidade sonora.
24
4. MÉTODO
Foi realizado um estudo epidemiológico transversal de inquérito na população
de bombeiros do 8° Grupamento e do posto Campestre de Bombeiros do município
de Santo André-SP.
4.1. Caracterização do Local
O estudo ocorreu na sede 8° Grupamento de Bombeiros e no Posto Campestre
de Bombeiro, localizados na avenida Prestes Maia, uma via de fluxo intenso do
município de Santo André-SP. A Figura 2 indica a exata localização do grupamento
e Posto Campestre em extrato de mapa do município.
Figura 2 - Mapa do local de análise
25
Legenda:
Tabela 3 - Localização no mapa
Número Local
1 Avenida Prestes Maia
2 Sede 8° Grupamento de
Bombeiro
3 Posto Campestre de Bombeiro
4.1.1. Sede 8° Grupamento de Bombeiro de Santo André-SP.
A sede da corporação abriga a administração da instituição que é responsável
por 11 postos de bombeiros de sete cidades do grande ABC (Santo André, São
Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra). O
horário de funcionamento da sede é das 8:30 às 18:15h de segunda à sexta-feira. No
local também a Central de Operações do Bombeiro Militar (COBOM), que atende
chamadas telefônicas de urgência 193 funciona 24 horas com turnos rotativos de
trabalho de 12 horas. O COBOM atende, em média, 1400 ligações diárias, sendo 110
ocorrências aproximadamente. Em cada turno costumam trabalhar cinco
profissionais no atendimento.
Em 2005 o número de ocorrências administradas pelo grupamento foi de
22611, sendo divididos entre salvamento, incêndio, resgate e trabalhos de auxilio à
comunidade (TAC). Na sede, trabalham cerca de 60 funcionários com atividades
administrativas.
26
4.1.2. Posto Campestre de Bombeiros
Neste grupamento, trabalham cerca de 30 profissionais divididos em três
grupos. O turno de trabalho é de 24 horas com descanso de 48 horas. A principal
função é atendimento de ocorrências.
O total de ocorrências atendido por este posto em 2005 foi de 1786, sendo
1083 resgates, 460 de TAC, 144 salvamentos e 99 incêndios.
4.2. Casuística
Participaram desta pesquisa, todos os funcionários ativos no período de
coleta. Foram avaliados 72 indivíduos, sendo 95,83% do sexo masculino e 4,16% do
sexo feminino. Destes 72, 28 (38,9%) eram do setor administrativo, 20 (27,8%) do
COBOM e 24 (33,3%) do operacional. Os sujeitos foram convidados, e após
esclarecimento concordaram em participar, e assinaram o termo de consentimento
informado (Anexo 1).
4.3. Procedimento de Coleta
4.3.1 Mapeamento sonoro do local
Foi utilizado o programa “sound plan” que é um software para avaliação da
poluição sonora, controle de ruído e proteção ambiental, elaborado em 1988, na
Alemanha. O programa fornece um estudo detalhado que envolve algumas áreas de
tamanho e fontes múltiplas de ruído. A exposição gráfica representa um importante
instrumento para avaliação da eficácia e dos custos nas ações de controle de ruído.
Este programa é utilizado em mais de 30 paises do mundo. Para elaboração do mapa
da presente pesquisa o software foi alimentado com dados do mapa do município em
versão “Autocad”, além dos dados de contagem veicular da área estabelecida.
27
4.3.2 Questionário
Foi utilizado um questionário baseado no instrumento elaborado por Fiorini
(2003) na execução do projeto “Poluição Sonora na cidade de São Paulo”, realizado
em parceria da PUC-SP com a Secretaria do Verde e Meio Ambiente do município
de São Paulo, no período de março de 2003 a julho de 2006.
A coleta de dados da presente pesquisa teve início a partir de algumas
modificações do questionário original para cumprimento dos objetivos propostos. O
primeiro questionário foi aplicado em um estudo piloto em usuários de um parque
público do município de Santo André (Parque Celso Daniel) e posteriormente no
Tiro de Guerra de Santo André. Após a análise dos resultados, foram realizadas
algumas modificações no questionário para assim dar início a coleta de dados. As
modificações basearam-se em aspectos do próprio conteúdo do formulário para um
melhor esclarecimento das questões aos participantes durante a coleta.
O questionário final foi composto por perguntas relativas a: dados pessoais,
queixas auditivas, não auditivas, incômodo e sugestões referentes ao controle de
ruído. O questionário apresentou tanto questões abertas quanto fechadas (Anexo 2).
4.4. Análise dos dados
Inicialmente, os resultados foram digitados em planilha para compor o banco
de dados. Após a análise de consistência do banco, foram procedidos testes
estatísticos. Inicialmente, será apresentada a distribuição de freqüência simples de
todas as variáveis do banco e, posteriormente, serão apresentados os testes de
associação, análise univariada e multivariada.
Adotamos o nível de significância de 5% (0,050), para a aplicação dos testes
estatísticos, ou seja, quando o valor da significância calculada (p) for menor do que
5% (0,050), observamos uma diferença dita “estatisticamente significante”, ou seja,
uma “diferença efetiva”; e quando o valor da significância calculada (p) for igual ou
28
maior do que 5% (0,050), observamos uma diferença dita “estatisticamente não-
significante”, ou seja, uma “semelhança”.
29
5. RESULTADOS
O capítulo de resultados será dividido em duas partes. Inicialmente serão
apresentadas figuras do mapeamento do ruído no entorno da avenida Prestes Maia na
cidade de Santo André realizado pelo programa sound plan.
A segunda parte é referente aos resultados dos questionários sobre ruído e
incômodo aplicados nos 72 sujeitos bombeiros do 8° grupamento sendo 28 do setor
administrativo (ADM), 20 do Centro de Ocorrências (COBOM) e 24 de atendimento
operacional (OPER.). Os achados foram comparados entre os três grupos
respectivamente.
5.1 Mapeamento do Ruído
As Figuras 3 e 4 apresentam o mapeamento dos níveis sonoros nas
proximidades da Av. Prestes Maia e nas regiões no entorno da mesma. Pode-se
observar que os níveis na região do Corpo de Bombeiros (circulada em preto) estão
maiores que 67 dB(A).
30
Figura 3 - Mapa sonoro referente à avenida Prestes Maia
31
Figura 4 - Mapa sonoro referente à avenida Prestes Maia e todas as vias em seu entorno
32
5.2 Resultados do protocolo de avaliação
Dos 72 sujeitos, a média do tempo de trabalho na administração foi de 14,36
anos (desvio padrão 7,15), no COBOM foi 15,7 anos (desvio padrão 5,44) e no
Operacional foi 14,62 anos de prestação de serviço (desvio padrão 5,66). A Tabela 4
indica a distribuição da idade, segundo grupo.
Tabela 4 - Distribuição das médias de idade e desvios padrão (em anos) por setor (n 72)
Setor n
Média da Idade
(em anos)
Desvio-padrão
ADM 28 37,25 6,54
COBOM 20 36,75 5,19
OPER. 24 36,13 4,48
Total 72 36,74 5,49
A média de tempo na função atual foi de 71,14 meses no ADM. (desvio
padrão 63,53), 77,85 meses no COBOM (desvio padrão 47,9) e 140,66 meses no
OPER. (desvio padrão 69,74).
Tabela 5 - Distribuição segundo sexo da população analisada, por grupo (n 72)
Sexo
Setor
Masculino Feminino
25 3
ADM.
89,3% 10,7%
20 0
COBOM
100,0% 0,0%
24 0
OPER.
100,0% 0,0%
69 3
Total
95,8% 4,2%
A Tabela 5 indica que a maioria da população (95,8%) é do sexo masculino.
33
Figura 5 - Distribuição do nível de escolaridade na população analisada (n 72)
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
ENSINO MÉDIO SUPERIOR
COMPLETO
SUPERIOR
INCOMPLETO
S
GRADUAÇÃO
ADM.
COBOM
OPER.
Os dados da Figura 5 apontam que a média do nível de escolaridade dos
bombeiros analisados está no ensino médio, os profissionais do setor administrativo
apresentaram o maior nível, seguido do COBOM.
Figura 6 - Distribuição da população quanto à presença de ruído no ambiente de trabalho (n 72)
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
SIM NÃO
ADM.
COBOM
OPER.
De acordo com a Figura 6, independentemente do setor de atuação, a maioria
dos profissionais (83,3%) considera o ambiente de trabalho ruidoso, sendo a ordem
de maior percepção o setor operacional, central de atendimento e administração. As
Figuras 7, 8, 9, 10, 11 e 12 indicam a freqüência da poluição sonora, fontes de ruído,
períodos mais críticos, atividades que o ruído interfere no trabalho e freqüência que
ocorre nos 60 (83,3%) sujeitos que relataram presença de ruído no ambiente de
trabalho.
34
Figura 7 - Distribuição da população analisada quanto à freqüência da poluição sonora no local
de trabalho (n 60)
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
SEMPRE AS VEZES
ADM.
COBOM
OPER.
Dos que relataram presença de ruído no local de trabalho, a maioria indicou a
freqüência “sempre”, independentemente do grupo.
Tabela 6 - Distribuição das fontes de ruído no local de trabalho (n 60)
Setor
Fontes
ADM. COBOM OPER.
Total
17 8 14 39
Avenida
73,9% * 23,5% 28,0% 36,5%
2 13 0 15
Telefone
8,7% 38,2% 0,0% 14,0%
1 5 0 6
Pessoas
4,4% 14,7% 0,0% 2,8%
3 0 0 3
Equipamentos da
sala
13,0% 0,0% 0,0% 2,8%
0 8 2 10
Rádio
0,0% 23,5% 4,0% 9,4%
0 0 34 34
Viatura
0,0% 0,0% 68,0% 31,8%
(p<0,001)
Os resultados da Tabela 6 demonstraram uma diferença estatisticamente
significante entre os grupos. A distribuição das fontes sonora variou de acordo com o
setor de atuação profissional. Apesar do ruído da “avenida” ser citado em todos os
grupos, só apareceu como maioria para administração (73,9%). Para a central de
35
atendimento o maior número de reclamações (38,2%) foi do “som do telefone”,
seguido do “rádio de comunicação” (23,5%) e “avenida” (23,5%). Já para a divisão
operacional, a maioria (68,0%) indicou a “viatura” como principal fonte de ruído,
seguido do ruído da “avenida” (28,0%).
Figura 8 - Distribuição da população analisada referente à concentração de ruído por período
de dia no local de trabalho (n 60)
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
MANHÃ MANHÃ E
TARDE
MANHÃ,
TARDE E
NOITE
MANHÃ E
NOITE
TARDE TARDE E
NOITE
NOITE
ADM.
COBOM
OPER.
Com exceção do grupo operacional que teve em sua maioria (45,5%) de
respostas nos períodos “manhã, tarde e noite”, os demais apontaram o período da
“manhã e tarde” como pior para ruído no local de trabalho.
Figura 9 - "Você acha que o ruído atrapalha suas atividades no trabalho?" (n 60)
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
SIM NÃO
ADM.
COBOM
OPER.
A maioria dos sujeitos apontou o ruído como fator que dificulta as atividades
no trabalho, independente do setor de atuação. Dos que responderam “sim”
obtivemos a Figura 10 e 11.
36
Figura 10 - Distribuição da população analisada quanto à freqüência das alterações nas
atividades do trabalho pelo ruído (n 38)
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
SEMPRE AS VEZES
ADM.
COBOM
OPER.
O setor operacional e o COBOM apontaram em sua maioria (73,3% e 72,7%)
ruído presente apenas “às vezes” durante o trabalho. Já a administração ficou
dividida em 50% em ruído presente “sempre” e 50% “às vezes”.
Figura 11 - Distribuição da população analisada quanto tipo de interferência decorrente de
ruído durante as atividades laborativas (n 38)
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
CONCENTRAÇÃO COMUNICAÇÃO OUVIR DORMIR ATENDIMENTO
OPERACIONAL
ADM.
COBOM
OPER.
A Figura 11 evidencia que a maioria (78,3%) da esfera administrativa relata
que o ruído no local de trabalho altera a concentração. No setor de atendimento
telefônico de ocorrência a maior alteração que o ruído causa para a maioria, é
dificuldade para ouvir (58,3%) seguida de problemas de concentração (16,7%). Já
para a divisão operacional, situação crítica para dormir, (22,2%), seguida de
dificuldade para ouvir com (16,7%).
37
Tabela 7 - Distribuição da população analisada quanto à exposição ao ruído durante sua
formação profissional (n 72)
Setor
Ruído na formação
ADM. COBOM OPER.
Total
8 5 15 28
Sim
28,6% 25,0% 62,5%* 38,9%
20 15 9 44
Não
71,4% 75,0% 37,5% 61,1%
( p= 0,015)
As respostas na Tabela 7 apresentaram diferenças ditas estatisticamente
significantes entre os três grupos, quando comparados concomitantemente. O grupo
operacional referiu em sua maioria (62,5%) estar exposto à ruídos durante a
formação profissional, diferentemente dos grupos da administração e central de
atendimentos. Dos sujeitos que responderam “sim” para esta exposição, obtivemos a
Figura 12 e 13.
Figura 12 - Distribuição da população analisada segundo a freqüência da exposição ao ruído
durante a formação profissional (n 28)
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
SEMPRE AS VEZES
ADM.
COBOM
OPER.
Na Figura 12 apenas os profissionais da central de atendimento referiram em
sua maioria (60%) o ruído estar presente “sempre” durante sua formação
profissional. Os outros grupos a alternativa “às vezes” foi a mais mencionada (80%
OPER. E 62,5% ADM.).
38
Apesar do COBOM ter percebido em sua minoria (25%) a exposição a ruído
na formação, a mesma se apresentou com maior freqüência durante a formação.
Figura 13 - Distribuição das atividades ruidosas realizadas durante o período de formação
profissional (n 28)
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
35,0%
40,0%
45,0%
50,0%
E
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P
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O
D
E
T
I
RO
P
ES
S
O
A
S
ADM.
COBOM
OPER.
Na Figura 13 podemos observar que as principais fontes de ruído foram os
próprios equipamentos utilizados pelos bombeiros que apresentou ocorrência de
50,0%. Para a central de atendimento a opinião ficou dividida entre “atendimento de
ocorrência” (40%) e “sala de aulas” (40%) como fontes de ruído. Já para a divisão
operacional o “atendimento de ocorrências” foi apontado como principal fonte por
46,7% do grupo.
39
Figura 14 - Distribuição da população analisada quanto a informações sobre ruído e seus efeitos
na saúde durante a formação profissional (n 72)
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
SIM NÃO
ADM.
COBOM
OPER.
Apesar das diferenças de respostas sobre exposição de ruído durante a
formação profissional, a maioria dos sujeitos (65,7%) relatou não ter tido
informações sobre ruído durante este período.
Tabela 8 - Distribuição da população analisada quanto à exposição ao ruído em atividades de
lazer ou extra-ocupacional (n 72)
Setor
Ruído no lazer
ADM. COBOM OPER.
Total
8 2 1 11
Sim
29,6%* 10,0% 4,2% 15,5%
19 18 23 60
Não
70,4% 90,0% 95,8% 84,5%
(p = 0,033)
As atividades de lazer ou extra-ocupacionais citadas foram escutar e tocar
música, freqüentar shows, bares e igrejas. Os resultados para esta exposição foram
estatisticamente significantes quando comparados os três grupos concomitantemente.
Embora grande parte de todos os grupos não fique exposta a esses ruídos, no campo
administrativo os que ficam expostos representam mais que o dobro (29,6%) dos
expostos dos outros dois setores juntos.
Dos indivíduos que responderam “sim” frente à exposição ao ruído no lazer
ou extra-ocupacional (15,5%) obtivemos a Figura 15.
40
Figura 15 - Distribuição da população analisada segundo a freqüência de exposição ao ruído em
atividades de lazer ou extra-ocupacional (n 11)
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
SEMPRE AS VEZES
ADM.
COBOM
OPER.
Os três grupos mostraram-se bem diferentes frente à exposição extra-
ocupacional. As ocorrências variaram de 100%, 50% e 25%, para o setor
operacional, a central de ocorrências e a administração, respectivamente.
A referencia de audição “boa” apareceu em 55,6% da população geral,
porém, quando analisadas por grupo, as respostas foram diferentes. Como indica a
Figura 16
Figura 16 - Distribuição da população quanto à percepção da audição no momento (n 72)
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
ÓTIMA BOA REGULAR RUIM
ADM.
COBOM
OPER.
41
Tabela 9 - Distribuição da população pesquisada quanto à problemas de audição que
necessitaram de cuidados médicos (n 72)
Setor
Probl. de audição
ADM. COBOM OPER.
Total
10 0 7 17
Sim
35,7% 0,0%* 29,2% 23,6%
18 20 17 55
Não
64,3% 100,0% 70,8% 76,4%
(p = 0,013)
Os dados da Tabela 9 também trouxeram diferenças estatisticamente
significantes entre os grupos analisados. Apesar de todos os campos o “não” ser a
resposta mais apontada, a central de ocorrência dos bombeiros se diferenciou, pois
todos os sujeitos da amostra relataram não terem procurado médicos por problema de
audição.
Tabela 10 - Distribuição da população pesquisada quanto à realização de exames de audição
anteriormente (n 72)
Setor
Realização de exame
de audição
ADM. COBOM OPER.
Total
10 1 14 25
Sim
35,7% 5,0% 58,3% 34,7%
18 19 10 47
Não
64,3% 95,0%* 41,7% 65,3%
(p = 0,001)
Dos 25 sujeitos que realizaram exame de audição os motivos foram: 19
sujeitos (76,0%) por sensação de ouvido tampado, três (12,0%) por traumas
(barotrauma e traumatismo craniano), dois (8,0%) por outras doenças (caxumba e
labirintite) e um sujeito (4,0%) por necessidade em trabalhos anteriores.
Houve diferença estatisticamente significativa nas respostas da Tabela 10,
pois a divisão operacional se diferenciou das demais tendo em sua maioria (58,3%) a
resposta “sim” para realização de exame de audição anteriormente.
42
Quanto à freqüência de realização de exame de audição foi de 68% para uma
vez, 24% para duas vezes, 4% para três realizações de exames e 4% para mais de três
vezes.
Os exames realizados por esta população foram em sua maioria audiometria
(88,5%), seguida de exame otoneurológico (3,9%) e 3,9% da população não
lembraram que exames foram submetidos. Da população que já realizou exame, 20
(76,9%) obtiveram resultados normais, quatro (15,4%) resultados alterados e um
sujeito (3,9%) não lembrou dos resultados.
Com relação à queixa de tontura, 9,7% (por um total dos três grupos)
responderam sim. A Figura 17 apresenta a ocorrência da queixa de tontura por grupo.
Figura 17 - Distribuição de queixa de tontura na população analisada (n 72)
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
SIM NÃO
ADM.
COBOM
OPER.
Dentre os participantes que responderam “sim” para queixa de tontura,
85,71% apresentam “às vezes” e 14,29% “sempre”.
Com relação à queixa de zumbido, 27,8% (por o total dos três grupos)
responderam sim. A Figura 18 apresenta a ocorrência da queixa de zumbido por
grupo.
43
Figura 18 - Distribuição da população pesquisada quanto à presença de zumbido (n 72)
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
SIM NÃO
ADM.
COBOM
OPER.
Dentre os participantes que responderam “sim” para queixa de zumbido 90%
apresentam “às vezes” e 10% “sempre”. A classificação do tipo de zumbido foi que a
maioria (68%) referiu barulho de “apito”, de “abelha” (8%) e de “chuva” (4%).
Inicialmente, o questionário avaliou a presença de ruído no local de trabalho.
Foram obtidas as distribuições 83,33% para “sim” e 16,67% para “não”. Porém, uma
das últimas perguntas do questionário foi relacionada à presença de ruído na
localidade da corporação (Av. Prestes Maia) para àqueles que responderam não
terem percebido ruído no ambiente de trabalho ou àqueles que perceberam, mas não
relacionaram com a avenida. A Figura 19 indica a distribuição das respostas, por
grupo.
44
Figura 19 - "Você acha que o local onde está a corporação ruidoso?" (n 31)
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
SIM NÃO
ADM.
COBOM
OPER.
Mesmo aqueles sujeitos que não haviam mencionado o ruído presente no
local provindo da avenida, quando questionados sobre ele, 80,6% admitiram existir.
Sendo sua menor parte o COBOM (63,6%), talvez esta explicação seja decorrente do
ruído interno citado por este setor como, por exemplo, o rádio de comunicação e o
telefone mascararem, em alguns momentos, os ruídos urbanos. Dos sujeitos que
responderam “sim” obtivemos a Figura 20 e 21.
Figura 20 - Freqüência das respostas dos sujeitos para a poluição sonora no local da corporação
(n 25)
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
SEMPRE AS VEZES
ADM.
COBOM
OPER.
45
A partir dos dados apresentados na Figura 20, podemos notar que a maior parte
dos sujeitos (68%) relatou a poluição sonora como “sempre” presente no local de
trabalho.
Figura 21 - Distribuição da população analisada referente à concentração de ruído por período do
dia provindo da avenida Prestes Maia (n 25)
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
MANHÃ MANHÃ E
TARDE
MANHÃ,
TARDE E
NOITE
MANHÃ E
NOITE
TARDE NOITE
ADM.
COBOM
OPER.
A partir da Figura 21 podemos apontar que a maioria, independente do setor de
atuação dentro da corporação, relata como período crítico do ruído na avenida Prestes
Maia a “manhã e a “tarde”. Quando analisamos separadamente as respostas notamos que
a segunda posição de maior ocorrência fica dividida entre os setores, sendo “tarde” para o
COBOM (28,6%), “manhã, tarde e noite” para administração (25%) e “noite” para a
divisão operacional (22,2%). A diferença das respostas parece ter acontecido de acordo
com as atividades desenvolvidas no local que necessitem de maior silêncio, o COBOM
recebe mais ligações no período da tarde, a administração necessita de concentração em
todos os períodos e a divisão operacional tem seu descanso no período da noite.
Explicando assim a variação de ocorrência das respostas para segundo lugar.
46
Figura 22 - Distribuição de queixas decorrentes ao ruído presente no local de trabalho (n 72)
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
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Ç
Ã
O
ADM.
COBOM
OPER.
Finalmente, 57,1% de bombeiros relataram exposição a químicos durante as atividades
no trabalho. Vale ressaltar que não há referencia de exposição no COBOM. A Tabela 11
mostra a exposição por grupo.
Tabela 11 - Distribuição da população analisada quanto à exposição a químicos durante a atuação
profissional (n 72)
Setor
Exposição a
químicos
ADM. COBOM OPER.
Total
19 0 21 40
Sim
73,1% 0,0%* 87,5% 55,6%
9 20 3 32
Não
32,1% 100,0% 12,5% 44,4%
(p < 0,001)
Os seguintes produtos químicos foram citados: monóxido de carbono, amônia,
cloro, gás, combustível, solvente, acetileno, enxofre e dicloreto etílico. A freqüência da
47
exposição foi de 92,50% para “às vezes” e 7,50% para “sempre”.
48
6. DISCUSSÃO
Nos âmbitos federal, estadual e municipal existem diversas leis e resoluções
referentes ao ruído como risco físico. O Ministério do Trabalho e Emprego, a Associação
Brasileira de Normas Técnicas, o Conselho Nacional do Meio Ambiente e o próprio
município de Santo André ditam limites máximos, padrão de emissão e controle da
poluição sonora, condições para avaliação de ruído e critérios de avaliação.
Os principais efeitos do ruído na saúde e na audição apontados na revisão de
literatura da presente pesquisa foram: estresse, perda de audição, incômodo, alteração no
sono, alteração da pressão sanguínea, efeitos no sistema digestivo dentre outros menos
citados. Estes distúrbios acontecem de maneira individual, dependendo da sensibilidade
do sujeito, genética, sustentação social, ambiente, além de outros modificadores
(Pimentel-Souza 1992, Job 1996, 1999, 2001, Azevedo e Lima 202). Estudos pontuais
foram realizados em várias cidades do mundo, indicando diferenças nos níveis de pressão
sonora detectados, mas, na maioria, tais níveis se apresentaram acima do permitido por
lei (Valadares e Gerges, 1996, Coelho et. al. 1996, Palhares et. al. 1998).
Para os autores citados no levantamento bibliográfico, a profissão de bombeiros
oferece vários perigos à saúde, dentre eles, os efeitos da exposição ao ruído e,
eventualmente, a produtos químicos. Apesar de haver estudos apontando perda auditiva
induzida por ruído nesta categoria profissional, quando comparados a indivíduos com a
mesma idade, as perdas não podem ser atribuídas exclusivamente ao ruído ocupacional.
(Ewingman et. al. 1990, Tubbs 1991, Ding et. al. 2004).
Este estudo epidemiológico transversal de inquérito na população de bombeiros
do 8° Grupamento e do posto Campestre de Bombeiros do município de Santo André foi
delineado para identificar queixas relacionadas à saúde auditiva e incômodo para o ruído
ocupacional e urbano e compará-las dentro da corporação, nos diferentes setores de
atuação. Além disso, também foi elaborado o mapeamento sonoro do entorno para
49
identificar os níveis sonoros e compará-los aos estabelecidos na legislação vigente.
6.1 Mapeamento do ruído
A partir dos mapas nas Figuras 3 e 4 podemos observar que os níveis previstos de
ruído no entorno da corporação estão maiores que 67 dB(A). Na avenida observamos
níveis superiores a 80 dB(A). Tais valores estão acima dos preconizados na 10.151
(Tabela 1), 10.152 e níveis máximos de ruído por zonas permitidos em Santo André
(Tabela 2), quando considerados como ruído urbano. Os resultados encontrados
corroboram com diversos estudos cujos níveis de ruído urbano identificados em várias
cidades excederam também os valores permitidos por lei (Valadares e Gerges, 1996;
Coelho, 1996; Palhares et al., 1998; Rossi, 2002; Nagem, 2004; Martin et al., 2006 e
Nilsson e Berglund, 2006). Segundo Stallen (1999) é de fundamental importância à
predição dos níveis de ruído para que medidas de controle possam ser adotadas com o
objetivo, entre outros, de melhorar o incômodo causado por este agente.
6.2 Resultados do protocolo de avaliação
De acordo com os resultados apontados na Tabela 4, podemos notar que
obtivemos três grupos homogêneos em relação à faixa etária. O tempo de prestação de
serviços à corporação também se mostrou semelhante nos grupos. Em relação ao tempo
na função dos bombeiros temos uma diferença significante indicando a maior média de
tempo na função para os bombeiros da divisão operacional (140,67 meses). A
administração teve como média de 71,14 meses e o COBOM de 77,85 meses.
Quanto ao sexo dos sujeitos pesquisados, não houve diferença significativa dentre
os grupos (Tabela 5). A grande maioria, 95,8%, é do sexo masculino.
Foi avaliado neste estudo o nível de escolaridade dos sujeitos (Figura 5). Apesar
da maior freqüência na população geral estar na categoria ensino médio, o setor
50
administrativo tem representação em níveis superiores. A divisão operacional é que
apresenta maior concentração em níveis inferiores de escolaridade.
Quando questionados sobre o ruído no local de trabalho (Figura 6), a maioria dos
profissionais (83,3%) relatou que o mesmo faz parte do cotidiano e 78,3% indicaram
como sempre presente independente do setor de atuação. O diferencial apontado entre os
grupos foi com relação à fonte do ruído. A Tabela 6 indica que, no geral, a principal fonte
citada foi o ruído da avenida (36,5%). Tais resultados corroboram com os estudos de
Valadares e Gerges (1996), Coelho (1996), Palhares et al. (1998), Rossi (2002), Nagem
(2004), que também apontam o ruído urbano como principal fonte de incômodo na
população.
Dos sujeitos que não demonstraram percepção do ruído urbano quando
questionados sobre o ambiente de trabalho, os mesmos, posteriormente, acabaram
relatando que o local onde está inserida a corporação é de fato ruidoso (Figura 19).
Desses, 80,6% percebem o ruído do local da corporação, sendo que 68,0% relatam que o
ambiente é sempre ruidoso. Esses dados não corroboram com os apontados no estudo de
Oliveira (2005), onde os sujeitos não apresentam percepção ao ruído e efeitos na saúde
em seus locais de trabalho.
Observando os dados analisados separadamente entre os grupos (Tabela 6)
notamos que o ruído urbano aparece em segunda opção para o COBOM e atendimento
operacional, que se preocuparam inicialmente com as fontes de telefones e viaturas,
respectivamente. O que parece ocorrer é que a fonte apontada por esses setores mascara o
ruído considerado de fundo (ruído urbano), não considerando como fonte principal, mas
sim secundária. Para Job (1999) o ruído que é percebido depende da atividade que está
sendo desenvolvida e desta forma, a demanda ocupacional pode estar relacionada ao tipo
de fonte que mais atrapalha o desempenho na função.
De acordo com a Figura 8, os períodos mais ruidosos foram durante a manhã e
tarde (45,5%). Vale ressaltar que tais períodos são os que apresentam Tráfego de veículos
51
mais intenso segundo a contagem veicular da região pesquisada. Segundo os valores
recomendados na Norma Brasileira – NBR 10151 (Tabela 1) e os níveis máximos de
ruído permitidos por zonas na cidade de Santo André (Tabela 2), os níveis encontrados
nos períodos diurnos são sempre maiores que os noturnos, sendo, portanto, esperado tal
resultado também na percepção dos sujeitos. Os dados corroboram como os estudos de
Palhares et. al. (1998) e Coelho et. al. que apontam o período diurno como o de maior
contaminação de ruído nas cidades, apresentando níveis muitas vezes superiores aos
permitidos pela legislação.
Para 63,3% da população analisada, o ruído observado no ambiente de trabalho
atrapalha as atividades desenvolvidas, sendo que 65,8% indicaram a freqüência “sempre
atrapalha” (Figura 9). Segundo a Norma Brasileira – NBR 10151 (Tabela 1) o nível
permitido para local que se encontra a corporação que é uma área mista e
predominantemente residencial é de 55 dB(A). No município de Santo André a zona que
se encontra a corporação é considerada como VI, sendo permitido nível máximo de
70dB(A) para o período diurno. A partir do que podemos observar nas Figuras 3 e 4, os
níveis de ruído ultrapassam os apontados pelas leis. Ainda, confrontando os dados com o
estudo de Job (1999), até mesmo ruído menos elevado pode ser capaz de gerar incômodo
e alterar a habilidade de concentração na execução de tarefas.
As principais alterações decorrentes do ruído no ambiente de trabalho foram:
dificuldade de concentração (43,4%), ouvir (26,4%) e alteração na comunicação (16,9%),
como indica a Figura 11. O estudo de Paz et. al. (2005) também observou como
principais efeitos do ruído urbano a irritabilidade e baixa concentração. Considerando que
os níveis de ruído obtidos no mapeamento sonoro desta pesquisa apontaram valores
superiores à 67dB(A), era de se esperar que algumas queixas como alterações na
concentração e dificuldades para ouvir e se comunicar no local de trabalho estivessem
presentes na população de bombeiros.
O grupo da divisão operacional indicou os períodos de manhã, tarde e noite como
igualmente críticos para ruído no ambiente de trabalho. Além disso, a dificuldade para
52
dormir durante as jornadas de trabalho noturno apareceu em 22% dos sujeitos deste
grupo. Esse setor, dentre os pesquisados, é o único que trabalha em turnos de 24 horas e,
portanto, têm períodos de descanso durante o plantão. Para Pimentel-Souza (1992) ruído
de até 50 dB(A) (Leq) pode até perturbar, mas é adaptável; a partir de 55dB(A), leva a
desconforto prolongado. Segundo o autor, o estresse começa por volta de 65 dB(A). O
sono, a partir de 35 dB(A), vai ficando superficial, 75 dB (A) atinge uma perda de 70%
dos estágios profundos, restauradores orgânicos e cerebrais. Gouveia e Günther (1996)
também a alteração no sono como principal queixa decorrente do ruído urbano.
Finalmente, o estudo de Jakovljevic et. al. (2006) identificou, também, o distúrbio de
sono como principal efeito decorrente do ruído em local de moradia e trabalho.
Quando questionamos a exposição ao ruído durante a formação profissional
(Tabela 7), o atendimento de ocorrências e a administração indicaram, em sua maioria,
não ter sido exposto. Já a maior parte (62,5%) do campo operacional admitiu tal
exposição. As fontes de ruído citadas foram atendimento de ocorrências (32,1%) e
equipamentos utilizados. Tais dados são confirmados também nas pesquisas de Reischl
et. al. (1979) e Tubbs (1991) que avaliaram a emissão de ruído durante a atividade de
bombeiros e obtiveram valores de Leq de 103,4 a 114,7 dB (A). Nas dosimetrias de ruído
por função, os níveis variaram de 60 a 82 dB (A). Entretanto, quando haviam sirenes,
luzes de advertência e jatos de ar as medidas registraram Leq de 109 dB (A).
Quanto às informações sobre ruído e efeitos na saúde durante a formação
profissional (Figura 4), 67,5% relataram não terem recebido orientações. Ewigman et. al.
(1990), realizaram um programa educacional sobre perda auditiva induzida por ruído para
aumentar o uso de dispositivos de proteção para a audição pelos bombeiros. Após a
intervenção, 85% dos bombeiros passaram a utilizar regularmente os protetores auditivos,
sendo que antes da intervenção apenas 20% o faziam.
Sobre exposição ao ruído nas atividades de lazer ou extra-ocupacional (Tabela 8),
a maioria dos profissionais não admitiu estar exposta (84,5%). Porém, dos 15,5% que
admitiram exposição a ruído nas atividades de lazer, a maioria foi do setor administrativo
53
apresentando, inclusive, diferença estatisticamente significante quando comparados aos
demais grupos. Cabe ressaltar que tal grupo foi o que menos relatou exposição a ruído no
local de trabalho. A freqüência destas exposições fora do trabalho foi relatada pela
maioria (83,5%) como “às vezes” (Figura 15).
Para a pergunta sobre percepção da audição no momento (Figura 16), a maior
parte (55,6%) do total de sujeitos relatou ter uma audição boa, apesar de 41,7% da
divisão operacional ter referido uma audição regular e ainda 36,0% da administração ter
uma audição ruim.
Observando a Figura 6 notamos que a divisão operacional foi a que mais referiu
ruído no ambiente de trabalho, vindo principalmente da viatura (Tabela 6) e em todos os
períodos (Figura 8). Também foi a que mais mencionou alteração nas atividades do
trabalho (Figura 9) principalmente para ouvir (Figura 11). Durante a formação
profissional também foi o setor que mais relatou ter sido exposto a ruído (Tabela 7) em
atendimento a ocorrências e com equipamentos utilizados para isso (Figura 13). Além
disso, este setor foi o que relatou menor exposição a ruídos extra-ocupacionais e de lazer
(Figura 15) e relata ter a pior audição (Figura 16). Apesar de ter as principais queixas, foi
o setor que menos recebeu orientação sobre ruído e efeitos na saúde.
Para Reischl (1979), (1981) e Ewigman et. al. (1990) é importante a implantação
de programa de conservação auditiva para os profissionais do corpo de bombeiros.
Apesar de autores como Kales et. al. (2001) e Clark e Bohl (2006) apontarem que esta
profissão não proporciona risco para perda auditiva induzida por ruído ocupacional, e
ainda, que durante o trabalho, devido aos deslocamentos não serem padronizados, a
exposição a ruído ocorre ocasionalmente. Segundo os autores, os bombeiros ficam
expostos a níveis de pressão sonora elevados, mas os períodos desta exposição são breves
e intermitentes.
Com relação à presença de problemas auditivos anteriores em que foi necessário à
procura por médicos especialistas, 76,4% da população geral respondeu que sim (Tabela
54
9). Porém, quando observamos separadamente entre os grupos, o COBOM foi o único
que relatou nunca ter tido problemas de audição que necessitassem de cuidados médicos.
Tal grupo também foi o que menos relatou ter feito exame de audição (5,0%) seguido de
35,7% da administração. O setor operacional, em sua maioria (58,3%), referiu ter se
submetido a testes auditivos anteriormente.
Quando questionados sobre queixa de tontura (Figura 17), 90,3% relatou não
existir. Dos que apresentaram a queixa de tontura, 85,71% relataram a freqüência “às
vezes” e 14,29% “sempre”. Já a queixa de zumbido (Figura 18) apareceu em 27,8% dos
bombeiros com freqüências de 90% para “às vezes” e 10% para “sempre”.
Para Castro (2000), exposição crônica ao ruído no organismo humano pode
acarretar em alterações vestibulares A autora observou tendência de correlação entre grau
de perda auditiva e prevalência de distúrbios vestibulares. O estudo apontou também
prevalência elevada de distúrbios vestibulares observada nos pacientes com queixas de
tontura e zumbido.
A Figura 22 indicou as seguintes queixas decorrentes do ruído no local de
trabalho, por ordem de ocorrência: incômodo 25,6%, intolerância e irritabilidade 20,8%,
dor de cabeça 14,5%, diminuição da audição 14,0%, alteração do sono 13,5%, zumbido
10,1% e tontura 1,5%. Tais resultados vão ao encontro dos estudos de Job (1996), Stallen
(1999), Flindell e Stallen (1999), Azevedo e Lima (2002), Jakovljevic et. al. (2006) e
Martin et. al. (2006) que observaram as mesmas queixas decorrentes principalmente do
ruído urbano. Zannim et. al. (2002) relataram em sua pesquisa que o ruído ambiental tem
como queixas principais à irritabilidade (58%), baixa de concentração (42%), insônia
(20%) e dores de cabeça (20%).
Quando questionados sobre exposição a químicos durante o trabalho (Tabela 11),
55,6% dos bombeiros responderam sim. Destes, 92,50% indicaram a freqüência “às
vezes” e 7,50% “sempre”. Os químicos citados foram: monóxido de carbono, amônia,
cloro, gás, combustível, solvente, acetileno, enxofre e dicloreto etílico. Para Fechter
55
(2000) há baixo risco do CO potencializar da PAIR, porém, o mesmo autor em 2004
admitiu que as exposições combinadas de monóxido de carbono e cianeto de hidrogênio
podem pode provocar interação sinérgica com o ruído no desencadeamento de perdas
auditivas. Outro autor (Lacerda, 2005) indicou necessidade de maiores estudos sobre a
exposição simultânea a ruído e monóxido de carbono e seus efeitos na audição de
trabalhadores.
Considerando todos os resultados obtidos nesta pesquisa podemos afirmar que
para os bombeiros, o ruído urbano representa a sua exposição ocupacional. Além disso,
outros riscos estão presentes nos ambientes de trabalho desta categoria profissional e
podem, na exposição simultânea com o ruído, aumentar a chance de efeitos na saúde. Foi
possível observar também, uma alta ocorrência de queixas de saúde e de alterações na
execução das tarefas, relacionadas à exposição a ruído no local de trabalho. Desta forma,
torna-se evidente a importância de outras pesquisas que possam avaliar de forma mais
específica todos estes efeitos observados. Da mesma forma, seria necessário à
implementação de medidas de proteção dos bombeiros com o objetivo de prevenir efeitos
deletério à saúde desta categoria profissional.
56
7. CONCLUSÃO
O mapeamento sonoro de ruído obtido no entorno do corpo de bombeiros de
Santo André-SP apresentou níveis de pressão sonora acima dos valores permitidos
na cidade de Santo André e recomendados na Norma Brasileira.
83,3% dos bombeiros referiram o ambiente de trabalho como ruidoso, sendo os
períodos manhã e tarde apontados como piores (45,5%).
As fontes de ruído mais citadas foram: ruído urbano (36,5%), viatura (31,8%),
telefone (14,0%), rádio de comunicação (9,4%), pessoas (5,6%) e equipamentos
da sala (2,7%).
Alteração na concentração foi a principal queixa decorrente do ruído no local de
trabalho para o setor administrativo (78,3%). Para o COBOM e ouvir foi a
primeira atividade mais alterada pelo ruído para os outros dois setores (COBOM e
OPER.).
As queixas de zumbido e tontura não apresentaram diferenças estatisticamente
significantes entre os três grupos.
A percepção da audição também variou quando comparados os setores
concomitantemente. A administração e o centro de atendimento consideram ter
uma audição boa, enquanto a divisão operacional considera regular.
As queixas decorrentes do ruído presente no local de trabalho foram na ordem de
maior ocorrência: incômodo (25,6%), irritabilidade (20,8%), dor de cabeça
(14,5%), diminuição de audição (14,0%), alteração no sono (13,5%), zumbido
(10,2%) e tontura (1,4%).
73,1% do setor administrativo e 87,5% da divisão operacional relataram
57
exposição a químicos durante o trabalho.
58
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65
9. ANEXO (1)
Termo de consentimento informado
Nome do participante: _________________________________________________
Data ________
Pesquisador Principal: Nome: Michelle Guzman
Instituição: PUC-SP
Endereço: R.: Monte Alegre
Título do projeto: Ruído e incômodo em uma população
de bombeiros do município de Santo André-SP
O propósito deste estudo é identificar queixas relacionadas a saúde auditiva e incômodo
para ruído ocupacional e urbano, em uma população de bombeiros do município de Santo
André-SP e mapeamento sonoro do entorno..
Serei solicitada a responder um questionário que verificará o meu conhecimento sobre
saúde auditiva, incômodo para ruído ocupacional e urbano.
Tenho conhecimento de que não existem riscos ou desconfortos associados à minha
participação neste projeto.
Os resultados deste estudo trarão contribuições importantes para a elaboração de políticas
de saúde pública.
Estou ciente de que posso me retirar desse estudo a qualquer momento e que não serei
remunerada pela minha participação.
Concordo que os resultados poderão ser publicados em jornais específicos da área ou
apresentados em congressos profissionais.
Sei também que minha identidade será mantida em sigilo.
Em caso de dúvidas posso telefonar para pós graduação em fonoaudiologia da PUC-SP
no número 3670-8518 a qualquer momento.
Compreendo meus direitos como sujeito de pesquisa e voluntariamente consinto em
participar deste estudo. Compreendo sobre o que, como e porque este estudo está sendo
feito. Receberei uma cópia assinada deste termo de consentimento.
_______________________________________
66
Assinatura do sujeito
Data ________
_______________________________________
Assinatura do pesquisador
67
ANEXO (2)
Questionário
V1.Número: V2.Data: V3.H. Início: V4.H Término:
V5.Idade: V6.D.N.: V7. Sexo 1( ) F 2( ) M V8.Tempo C.B:
V9.Formação: (área)
________________________________________________
V10.Função atual:
V11.Tempo de função: V12.Período de trabalho:
V13.Atividade: V14.Empregos anteriores:
V15.Você acha o seu ambiente de trabalho ruidoso?
1( ) sim 2( )não
V16. Se sim,
1( ) sempre 2( ) às vezes
V17.De onde vem o
ruído
?_______________________________________________________________ V18.
Que períodos é pior? (pode ser mais que 1)
1( ) manhã 2( )tarde 3( )noite
V19.O ruído atrapalha suas atividades no trabalho?
1( )sim 2( )não
(se sim)V20. Quanto?
1( )sempre 2( )às vezes. 21.Quais
atividades?________________________________
V22.Você usa algum EPI (protetor auditivo)?
1( )sim 2( )não (se sim) V23.Quanto?
1( )sempre 2( )às vezes.
V24.Durante sua formação, ficava exposto ao ruído?
1( )sim 2( )não
(se sim)V25.Quanto?
1( )sempre 2( )às vezes.
V26.Quais
atividades?_________________________________________________________________
V27. (ocorrências)Você considera o atendimento de ocorrências uma atividade ruidosa?
1( )sim 2( )não
(se sim) 28.O que provoca o
ruído?________________________________________________________________
V29.Você tem alguma atividade de lazer ou extra-ocupacional com exposição a ruído (níveis
sonoros elevados)?
1( )sim 2( )não (se sim) V30.Quanto? 1( )sempre 2( )às vezes.
V31.Quais
atividades?_________________________________________________________________ V32.
O que você acha da sua audição?
1( )ótima 2( )boa 3( )regular 4( )ruim
V33. Você já teve algum problema de audição que precisasse procurar um médico?
1( )sim 2( )não
V34. Se sim, qual?
__________________________________________________________________________
V35. Você já fez algum exame de audição?
1( )sim 2( )não
V36. (se sim)Por que?_______________________________
V37.Qual a freqüência?________________________
V38. Qual(is) exame(s)?_______________________________________________________
V39. Qual(is) foi(ram) o(s) resultado(s)?__________________________________________
V40. Apresenta tontura?
1( )sim 2( )não
(se sim)V 41.Quanto?
1( )sempre 2( )às vezes.
V42.Que tipo?___________________________________
V43. Apresenta zumbido?
1( )sim 2( )não
(se sim)V 44.Quanto?
1( )sempre 2( )às vezes.
68
V45.Que tipo?___________________________________
V46.De forma geral, o que você acha que o ruído provoca na sua saúde?
_________________________________________________________________________
V47. Você apresenta ou apresentou, após iniciar seu trabalho na corporação, alguma(s) desta(s)
queixa(s) em decorrência da exposição ao ruído?
1( )incômodo 2( )intolerância e irritabilidade 3( )dor de cabeça
4( )alt. Sono 5( )tontura 6( )zumbido 7( )diminuição audição
8( )outros
__________________________________________________________________________
V48. Você acha que este local onde está a corporação é ruidoso?
1( )sim 2( )não
(se sim) V49.Quanto?
1( )sempre 2( )às vezes
V50. De onde vem o barulho?
____________________________________________________________________
V51. Que períodos é pior? (pode ser mais que 1)
1( ) manhã 2( )tarde 3( )noite
V52. Na sua opinião, o que pode ser feito para melhorar a poluição sonora no
local?_____________________________________________________________________
V53.Em sua formação profissional, você teve alguma informação sobre ruído e seus efeitos na
saúde?
1( )sim 2( )não
V54.Se sim, qual(is)__________________________________________________________
V55. Durante a atuação profissional você fica exposto a químicos?
1( )sim 2( )não
(se sim) V56.Quanto?
1( )sempre 2( )às vezes
V57.Se sim,
qual(is)__________________________________________________________
69
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