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projetos do Mercado do Peixe, do Canto do Mangue e as praças nas Rocas foram pensados
isoladamente. Sobre esses projetos Ferreira (02/06/06) coloca:
O SPH, ele sabe da existência de todos esses projetos, mas isso não quer dizer que
os outros atores, eles tenham a consciência de que tão intervindo... por exemplo,
quem tá fazendo peixe, tá fazendo o Mercado do Peixe, eles não tão sabendo que
tem o PRI [...]. Então, é a função do SPH fazer essa interligação. Ou seja, não tá... eu
não diria que está integrado com tudo isso que a gente tá dizendo aqui, não.
A participação da população nas discussões desses projetos tem sido feita de forma
fragmentada, de acordo com cada área de intervenção. Isto é, para cada projeto convoca-se a
população envolvida naquela determinada área a participar, como no projeto do Largo do
Teatro, em que foram convocados artistas locais, e no Mercado do Peixe, e Praça do Pôr-do-
sol, que contemplou os pescadores. Sobre as discussões em torno desses últimos projetos,
Rosângela do Nascimento (07/06/06), colocou:
Nós fomos convidados pra as três últimas reuniões. Quando chegamos lá, a maquete
já tava toda prontinha... O questionamento da Colônia de Natal foi em relação à
bomba de óleo diesel, que infelizmente não pôde sair. E a história desse mercado, é
o seguinte: nós, colônia de Natal, reivindicamos perante o Governo Federal, através
de ofício, aquele prédio pra nós, que era a fábrica de gelo. Então, como eles não
queriam nos doar, doaram pra Prefeitura, com a seguinte decisão: tinha que deixar
pra Colônia de Natal administrar uma fábrica de gelo, um frigorífico, e a bomba de
óleo diesel, só. Que lá no projeto tá: fábrica de gelo e frigorífico, mas a bomba não
pôde sair. E hoje, pra nós, a bomba era o essencial. [...] Como sempre, nós... o
pescador artesanal só vive de promessa.
A entrevistada reconhece, no entanto, que houve acatamento das soluções reivindicadas pelos
pescadores na adequação de algumas estruturas do projeto:
Aí, a única que coisa que modificou foi o tamanho dos boxes, que era muito
pequeno, não dava nem pra se locomover dentro. Então, ficou 4 x 4, tudo bem... a
estrutura tá toda boazinha. Se sair do jeito que tá na maquete, pra mim tá muito bom.
Agora, que saia, né, porque... (NASCIMENTO, 07/06/06).
Mas, reclama-se, por exemplo, que não há uma proposta de saneamento para a área onde será
recuperada a Praça do Pôr-do-sol, nem estruturas para melhorar as condições de atracação dos
barcos na margem do rio (a idéia de se construir um terminal de pesca artesanal, como havia
sido proposto no Plano Diretor do Terminal Pesqueiro).
E com essa urbanização, o que a gente gostaria muito era que o ancoradouro... não
precisava ser um porto, não. Um ancoradouro... fosse uma coisa mais... estruturado,
sabe? Descidas melhores pra ele. Porque já, há tempos atrás, já até aconteceu
acidente... o pescador, ali não tem água pra abastecer a embarcação... Não tem
energia se quiser, pra fazer um reparo na embarcação, sabe? Então, tudo isso eu
gostaria muito que viesse junto com a estruturação da praça e a balaustrada, isso
viesse junto (NASCIMENTO, 07/06/06).
Outros projetos para a área, como a Marina do Potengi, o Terminal Turístico, e o
Museu da Rampa são considerados, no geral, benéficos para a revitalização da Ribeira, por