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Nota-se que M3 também apresenta trechos em sua fala que vão ao encontro
da observação anterior:
“Na verdade muitos pacientes aprendem até sozinhos, antes de
chegar na fono.... Eles desistem por conta própria, não querem, ou
fazem uma sessão ou duas e desistem. E daí na verdade nem dá
tempo de fazer uma boa reabilitação.” (M3)
Quanto aos procedimentos fonoaudiológicos descritos pelos médicos
entrevistados, encontra-se referência aos trabalhos com controle
respiratório, coordenação entre respiração e oclusão do estoma, explicações
quanto aos cuidados de higiene da prótese, modulação de intensidade,
modulação de pitch, articulação, velocidade de fala, variação entoacional
(Boone, Mc Farlane, 1994; Ceccon, Carrara –de Angelis, 2000; Costa et al.,
2001; Oliveira et al., 2005; Behlau et al., 2005), e trabalho com material
expressivo como músicas (Costa et al., 2001; Oliveira et al., 2005) e poesias
(Behlau et al., 2005). M3 menciona também que o contato com pacientes na
mesma situação, que foram reabilitados, se realizado com certa cautela, é
um bom coadjuvante motivacional e deve ser incentivado (Behlau et al.,
1988). A partir disso, os entrevistados discorrem sobre as suas expectativas
quanto à terapia fonoaudilógica desses pacientes:
“...quando o paciente tá falando, com boa inteligibilidade, com uma
voz, é, é, é, é, apesar de ser uma fonte sonora gerada pela mucosa
da faringe e do esôfago, né, em geral é uma voz mais grave, né, uh,
desde que, quer dizer, que o paciente tem uma voz que não assuste,
tá, tenha uma articulação adequada, com tempo de fonação e um
controle até sobre a própria modulação da voz, que ele consegue.”
(M1)
“Em relação à reabilitação fonoaudiológica, eu espero que esse
paciente tenha uma voz de produção fácil; sem necessidade de uma
produção, de uma pressão traqueal muito elevada, sem uma
constrição que faça com que as suas frases fiquem muito encurtadas,
e principalmente que ele se sinta apto a conversar com a sua família,
com seus amigos, nas mais diversas situações sem julgar, ele mesmo
produtor de uma voz que o ouvinte não compreenda.” (M2)
“....o paciente vai mostrando progressivamente melhora. Ele se sente
satisfeito com isso e não é nenhum sacrifício prá ele. Ele tem que
falar, ele tem que deglutir de uma maneira mais natural..... vai ser
capaz de se comunicar, que vai ser capaz de deglutir sem aspirar e
que possa, alguns deles, não os que fizeram uma cirurgia muito
extensa, possam retomar as suas atividades do dia-a-dia, trabalho......
ele poder se comunicar num período razoável, porque também não
pode ser algo que seja ah, daqui a seis meses vai ficar bom. Não. As