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JOSÉ LEANDRO CASA NOVA ALMEIDA
ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE IMPLANTAÇÃO
DE UMA MICROUSINA HIDRELÉTRICA
Dissertação apresentada à Faculdade
de Engenharia do Campus de
Guaratinguetá, Universidade
Estadual Paulista, para a obtenção
do título de Mestre em Engenharia
Mecânica na área de Transmissão e
Conversão de Energia.
Orientador: Prof. Dr. Teófilo Miguel de Souza
Guaratinguetá
2007
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2
A447a
Almeida, José Leandro Casa Nova
Análise da viabilidade técnica e econômica de
implantação de uma microusina hidrelétrica / José Leandro
Casa Nova Almeida . – Guaratinguetá : [s.n.], 2007
52 f. : il.
Bibliografia: f. 50-52
Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, 2007
Orientador: Prof. Dr. Teófilo Miguel de Souza
Co-orientador: Prof. Dr. Pedro Magalhães Sobrirnho
1. Microusina hidrelétrica I. Título
CDU 621.311.21
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3
UNESP UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá
ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DA
IMPLANTAÇÃO DE UMA MICROUSINA HIDRELÉTRICA
JOSÉ LEANDRO CASA NOVA ALMEIDA
ESTA DISSERTAÇÃO FOI JULGADA ADEQUADA PARA A OBTENÇÃO DO
TÍTULO DE
“MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA”
ESPECIALIDADE: ENGENHARIA MECÂNICA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: TRANSMISSÃO E CONVERSÃO DE ENERGIA
APROVADA EM SUA FORMA FINAL PELO PROGRAMA DE PÓS-
GRADUAÇÃO
BANCA EXAMINADORA:
Março de 2007
4
DEDICATÓRIA
A todos que nunca desistiram de realizar os sonhos.
5
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a Deus, fonte da vida e da graça. Agradeço pela
minha vida, minha inteligência, minha família e meus amigos,
Aos meus orientadores e co-orientador, Prof. Dr. Teófilo Miguel de Souza e
Prof. Dr. Pedro Magalhães Sobrinho, que jamais deixaram de me incentivar. Sem as
orientações, dedicação e auxílio, o estudo aqui apresentado seria praticamente
impossível.
Aos professores Prof. Dr. Perrella, Prof. Dr. Petrônio , Prof. Dr. Carrocci ,
Prof. Dr. Oscar , Prof. Dr. Agnelo, que ao longo do curso fizeram a diferença,
contribuindo de forma decisiva para a construção sólida de meu conhecimento e de
minha formação acadêmica.
Aos meus pais, Mário Sergio e Maria Antônia, que, apesar das dificuldades
enfrentadas, sempre incentivaram meus estudos.
À minha namorada, Cíntia, pela compreensão, amor e dedicação.
Ao meu padastro, Edson, pela apoio, incentivo, determinação e contribuição na
instalação da microusina do Centro de Energia Renovável.
Ao meu irmão, João Paulo, pelo incentivo.
Às minhas sobrinhas, Steffane e Vitória, pelo sorriso e carinho.
Às funcionárias da Biblioteca do Campus de Guaratinguetá pela dedicação,
presteza e principalmente pela vontade de ajudar,
Às secretárias da pós-graduação, Regina e Elisa pela dedicação e alegria no
atendimento,
Aos funcionários da fábrica de máquinas, Bemfica LTDA, Guaraci Antonio
Leite, Luis Geraldo, Rogério Cláudio da Conceição, Sebastião, João Mario, Almir,
Tadeu, pelo apoio fundamental nas adaptações realizadas na Oficina da Fabrica.
A fábrica de máquinas, Bemfica LTDA, em particular e especialmente na pessoa
do Engenheiro Carlo Costa, pelo apoio e principalmente pela colaboração na liberação,
no horário de trabalho, para cursar as matérias do Programa de Pós-Graduação.
6
EPÍGRAFE
“São quatro os homens: aquele que não sabe e
não sabe que não sabe; é um tolo. Evita-o. Aquele
que não sabe e sabe que não sabe; é um simples.
Ensina-o. Aquele que sabe e não sabe que sabe;
está dormindo. Acorda-o. E aquele que sabe, e
sabe que sabe; é um sábio. Siga-o.”
Provérbio Árabe
7
RESUMO
ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE IMPLANTAÇÃO
DE UMA MICROUSINA HIDRELETRICA
José Leandro Casa Nova Almeida
Março, 2007
Orientador: Teófilo Miguel de Souza
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica - Faculdade de Engenharia do
Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá.
A proposta desta dissertação foi a de apresentar o desempenho de uma
microcentral hidrelétrica, instalada no Centro de Energias Renováveis da Unesp,
Campus Guaratinguetá. As análises apresentadas são de desempenho elétrico e
mecânico. A microcentral hidrelétrica utiliza roda Pelton com 0,4m de diâmetro no
ponto de incidência do jato de água. O gerador utilizado foi com rotor de ímãs
permanentes de ferrite. Tanto o gerador quanto a microusina são de baixo custo de
aquisição e instalação. Foram feitos os testes em bancada com o gerador aproximando
o máximo possível das condições ideais de funcionamento. Também foram realizadas
algumas alterações físicas na microhidrelétrica para manter a rotação constante com a
variação de carga. Utilizaram-se cargas resistivas e não-lineares. Os resultados
contribuíram para a melhoria da qualidade da energia e o controle do fluxo de água no
processo de geração de energia. O conjunto composto de gerador e a turbina Pelton,
durante o experimento, apresentaram rendimentos eletromecânicos da ordem de 20% a
30% comparados com a teoria.
PALAVRAS-CHAVE: Microusina, controle de rotação, gerador de rotor de imã
permanente e Energia Renovável.
8
ABSTRACT
AN ANALYSIS OF THE TECHNICAL AND ECONOMICAL VIABILITY
OF IMPLANTING A MICRO-HYDROELECTRICAL POWERPLANT
José Leandro Casa Nova Almeida
March, 2007
Advisor: Teófilo Miguel de Souza
Program of Masters Degree in Mecanics Engineering - Faculdade de Engenharia do
Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá.
This proposal of this work is to demonstrate the performance of a Micro-
Hydroelectrical Powerplant (MHP), which has been installed at the UNESP FEG -
Renewable Energy Center, in Guaratinguetá-SP. The present analysis refers to the
electrical and mechanical performances. The micro-hydroelectrical powerplant
employs a Pelton turbine with a diameter of 0,4m at the incidence of water flow. The
generator is provided with permanent ferrite magnet rotor. Costs were low for both the
acquisition of parts and installation of the generator and the micro-hydroelectrical
powerplant. Bench tests carried out with the generator reached the maximum possible
ideal functioning conditions. Some physical modifications were necessary to maintain
constant rotation with load variations. Resistive and non-linear loads were used in the
essays. The results contributed for an improvement in the quality of energy and the
control of water flow in the process of generating energy. The assembly composed of
the generator and the Pelton turbine presented an electro-mechanical revenue between
20% to 30%
KEYWORDS:
KEYWORDS:KEYWORDS:
KEYWORDS: Renewable energy, Micro-hydroelectrical powerplant, Pelton turbine,
Electrical generator, Rotation control.
9
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA..........................................................................................................4
AGRADECIMENTOS ................................................................................................5
EPÍGRAFE..................................................................................................................6
RESUMO....................................................................................................................7
ABSTRACT................................................................................................................8
LISTA DE FIGURAS................................................................................................12
LISTA DE TABELAS...............................................................................................13
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................14
LISTA DE SÍMBOLOS.............................................................................................15
CAPÍTULO 1
1. INTRODUÇÃO
1.1 Breve Histórico....................................................................................................16
1.2 Importância..........................................................................................................18
1.3 Justificativas ........................................................................................................19
1.4 Delimitações do Assunto e Formulação de Hipóteses...........................................19
1.5 Objetivo da Pesquisa............................................................................................20
1.5.1 Objetivo Geral...................................................................................................20
1.5.2 Objetivo Específico...........................................................................................21
1.6 Estrutura da Dissertação.......................................................................................21
CAPÍTULO 2
2. MICROCENTRAL HIDRELÉTRICA
2.1 Classificação e Determinação de uma Microcentral Hidrelétrica..........................22
2.1.1 Tipos de Usinas em Relação à Capacidade de Regularização do Reservatório ..22
2.1.2 Tipos de Usinas em Relação ao Sistema de Adução..........................................23
2.1.3 Tipos de Usinas Quanto à Potência Instalada e Queda.......................................23
10
2.2 Roteiro para a Elaboração do Projeto ...................................................................24
2.2.1 Fases.................................................................................................................24
2.2.2 Estudos .............................................................................................................25
2.2.3 As Obras Civis..................................................................................................26
2.2.4 Os Equipamentos Mecânicos ............................................................................27
2.2.5 Os Equipamentos Elétricos ...............................................................................27
2.3 As Vantagens e as Desvantagens do Uso das Microcentrais Hidrelétricas sobre
Outras Fontes.............................................................................................................28
2.4 Os Aspectos Sociais.............................................................................................30
2.5 O Desenvolvimento do Meio Rural......................................................................31
2.6 A Legislação para uma Microcentral Hidrelétrica ................................................32
CAPÍTULO 3
3. CUSTO, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DE UMA MICROCENTRAL
HIDRELÉTRICA
3.1 A Estimativa de Custos........................................................................................34
3.1.1 Roteiro de Trabalho ..........................................................................................34
3.1.2 Estudo de Caso: Estimativa de Custo para Microcentrial Hidrelétrica ...............36
3.2 A Operação e a Manutenção de Microcentral Hidrelétrica ...................................39
3.2.1 A Operação.......................................................................................................39
3.2.2 A Manutenção...................................................................................................40
CAPÍTULO 4
4. ESTUDO DE CASO: MICROCENTRAL HIDRELÉTRICA DO CENTRO DE
ENERGIAS RENOVÁVEIS
4.1 Dados Técnicos da Microcentral Hidrelétrica.......................................................43
4.2 A Hipótese e os Desenvolvimento do Projeto.......................................................43
4.2.1 Detalhes do Projeto de Controle........................................................................44
4.3 O Procedimento e os Materiais usados para a Avaliação Técnica de Microcentral
do Centro de Energia Renovável................................................................................47
11
4.3.1 Os Materiais......................................................................................................47
4.3.2 Os Procedimentos para Análise da Microusina Hidrelétrica ..............................47
4.4 As Delimitações Iniciais para a Avaliação Técnica .............................................47
4.5 O Levantamento e as Análises dos Dados ............................................................49
4.5.1 A Análise do Gerador na Bancada.....................................................................50
4.5.1.1 A Análise com Ligação do Gerador na Baixa Rotação ...................................50
4.5.1.2 A Análise com Ligação do Gerador na Alta Rotação......................................54
4.5.1.3 O Comportamento do Gerador na Bancada ....................................................55
4.5.2 Análise do Gerador Instalado na Microhidrelétrica Utilizando Bocais com
Diversos Diâmetros. .................................................................................................55
4.5.3 Análise do Gerador Acoplado a Microhidrelétrica Utilizando a Válvula Injetora
de Acionamento Motorizado......................................................................................56
4.5.3.1 Análise com a Conexão dos Terminais do Gerador para Baixa Rotação
Instalado na MCH......................................................................................................56
4.5.3.2 Análise com a Conexão dos Terminais do Gerador para Alta Rotação Instalado
na MCH.....................................................................................................................59
4.5.4 A Relação os Dados Experimentais e a Teoria ..................................................60
4.5.5 As Considerações Finais ...................................................................................61
CAPÍTULO 5
5. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 62
CAPÍTULO 6
6. PESQUISAS FUTURAS ................................................................................................. 64
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................65
12
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 1
FIGURA 1 – Vista Externa da Microusina do Centro de Energia Renovável .............20
CAPÍTULO 2
FIGURA 2 – Microcentral Hidrelétrica do Centro de Energia Renovável ..................27
CAPÍTULO 4
FIGURA 3 – Microusina Antes das Modificações .....................................................44
FIGURA 4 – Microusina Depois das Modificações ...................................................45
FIGURA 5 – Sistema de Controle de Duas Posições..................................................45
FIGURA 6 – Localização do Bico da Setía................................................................46
FIGURA 7 – Injetor Adaptado na Microusina ...........................................................46
FIGURA 8 – Diagrama Unifilar das Cargas Resistivas ..............................................48
FIGURA 9 – Cargas não-Lineares .............................................................................49
FIGURA 10 – Motor Acoplado na Ponta do Eixo do Gerador ...................................50
FIGURA 11 – Rotação x Tensão sem Carga..............................................................51
FIGURA 12 – Curva a 1200 rpm ...............................................................................51
FIGURA 13– Curva a 1800 rpm................................................................................52
FIGURA 14 – a) DHT a 1800rpm e b) 1200rpm........................................................52
FIGURA 15 – Instabilidade de Freqüência à Rotações Abaixo de 1000rpm...............53
FIGURA 16 – Utilização do Controle Automático da Vazão do Bico Injetor.............57
FIGURA 17 – Painel das Lâmpadas ..........................................................................61
13
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 2
TABELA 1 – Classificação das Centrais quanto à Potência Instalada ........................23
TABELA 2 – Fonte de Energia não-Renovável .........................................................28
TABELA 3 – Fonte de Energia Renovável ................................................................29
CAPÍTULO 3
TABELA 4 – Custo para Aquisição de Microcentral Hidrelétrica..............................36
TABELA 5 – Estimativa dos Custos para a Implantação de um Microusina ..............37
TABELA 6 – Custo das Modificações.......................................................................37
TABELA 7 – Manutenção nas Microcentrais Hidrelétricas........................................40
CAPÍTULO 4
TABELA 8 – Comportamento na Alta Rotação .........................................................54
TABELA 9 – Situação da Geração na Alta Rotação ..................................................54
TABELA 10 – Vazão dos Bocais...............................................................................55
TABELA 11 – Potência Gerada de acordo com a Abertura do Injetor Automatizado.57
TABELA 12 – Vazão com o Injetor Totalmente Aberto ............................................58
TABELA 13 – Injetor Automatizado – Ligação para Alta Rotação à 50Hz................59
TABELA 14 – Injetor Automatizado – Ligação para Alta Rotação à 60Hz................60
TABELA 15 – Comparativo entre o Teórico e o Experimental ..................................60
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANEEL -
Agência Nacional de Energia Elétrica
ONS -
Operador Nacional do Sistema
CCC -
Conta Consumo de Combustíveis Fósseis
BNDES -
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
PCH -
Pequena Central Hidrelétrica
MCH -
Micro Central Hidrelétrica
CHR -
Centrais Hidrelétricas de Represamento
CHV -
Centrais Hidrelétricas de Derivação
CHD -
Centrais Hidrelétricas de Desvio
CMEB -
Centro de Memória da Eletricidade no Brasil
GCH -
Grande Central Hidrelétrica
BEN -
Balanço Energético Nacional
SIN -
Sistema Interligado Nacional
ISO -
International Standard Organization
EMATER -
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado
CREA -
Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura
O&M -
Operação e Manutenção
SPE -
Sociedade de Propósito Específico
RGR -
Reserva Global de Reversão
PCH-COM
-
Programa de Desenvolvimento e Comercialização de Energia Elétrica
de Pequenas Centrais Hidrelétricas
PROINFA -
Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica
MME -
Ministério de Minas e Energia
PCF -
Prototype Carbon Found
mCH -
Mini Central Hidrelétrica
15
LISTA DE SÍMBOLOS
UNIDADE
Hd Queda d’água do projeto m
P Potência kW
Q Vazão m³/s
V Tensão V
A Corrente A
rpm Rotação por minuto rpm
s Tempo s
min Tempo minuto
16
1. INTRODUÇÃO
1.1 BREVE HISTÓRICO
O processo de geração de eletricidade é bastante amplo e complexo, envolvendo
vários campos da engenharia. Através de estudos geológicos é possível detectar na
natureza locais que forneçam condições para a implantação de uma usina hidrelétrica.
A partir daí surgem o desenvolvimento do projeto, as negociações de desapropriação
para as áreas inundadas, a busca de financiamentos, contatos com fornecedores de
materiais e mão-de-obra, busca de alternativas e compensações ao meio ambiente, a
aprovação do governo, execução dos projetos civis, mecânico, elétrico, recepção e
comissionamento dos equipamentos e finalmente a entrada em operação da instalação.
Muitas destas atividades têm de ser desenvolvidas pautadas em normas de qualidade
(ISO 9000) e de meio ambiente (ISO 14000) como forma de agilizar o processo,
facilitar a obtenção de licenças e ter um elevado conceito perante a sociedade.
Uma usina hidrelétrica, dependendo do local da instalação, poderá aproveitar a
energia sob as formas de vazão e queda. As usinas de vazão são instaladas em pontos
de grande fluxo e velocidade, possuindo pequena variação no reservatório e sem
grandes extensões inundadas, visto não haver necessidade de acúmulo. As usinas de
reservatório aproveitam quedas e necessitam de grandes reservatórios, havendo a
inundação de grandes porções de terra. Estas instalações regularizam a vazão dos rios
sendo responsáveis por parte da energia que será utilizada futuramente em caso de
necessidade, pois suas reservas são suficientes para vários meses.
Na barragem existem comportas que dão acesso à água às tubulações e que
levam às unidades geradoras, onde a energia potencial da água se transforma em
energia cinética. Ao chegar à turbina da máquina a água realiza trabalho mecânico
sobre a mesma, transformando a energia cinética em rotação do eixo da unidade onde
está acoplado o gerador. Com isto, devido as leis do eletromagnetismo, um campo
magnético produzido no rotor do gerador da unidade criara o fluxo magnético girante
no estator gerando assim uma força eletromotriz induzida.
17
Uma ampla rede de serviços auxiliares, porém essencial, das formas mais
variadas é exigida para garantir a eficiência e a qualidade final do produto que é a
energia para o consumidor. Destes sistemas citam-se: sistemas de ventilação e
exaustão; circuito de água industrial (refrigeração da unidade) e água de serviço (uso
geral); circuitos de ar comprimido para diversas finalidades; sistema de proteção
contra-incêndio; equipamentos de transformação física, como filtros e equipamentos
de troca térmica. Os sistemas de medição e proteção possuem, no entanto, maior
influencia sobre a qualidade do produto como mostram as descrições a seguir:
O sistema de medição: de temperatura, nível e pressão, no aspecto mecânico e
de corrente e tensão no aspecto elétrico, podendo-se obter daí varias medidas
compostas. Existem medidas que necessitam ser transduzidas como, por
exemplo, a vazão. São estas medidas que serão referencias para os reguladores
e para o acompanhamento do processo.
O sistema de proteção: muitos são os pontos que necessitam de permanente
monitoramento em uma hidrelétrica. Uma maneira fácil e barata é a utilização
de relés, que são basicamente controladores On-Off, e circuitos elétricos, estes
com a finalidade de proteger os vários equipamentos e mantê-los em níveis
admissíveis e adequados de operação. Existe um valor ajustado de limite, ou
setpoint, que é colocado em comparação com a grandeza medida, direta ou por
meio de transdução. Estando esta dentro do valor de ajuste nada ocorre, porém
ultrapassando o mesmo, acima ou abaixo, dependendo da característica de
proteção, o circuito é desligado. Através de esquemas elétricos e/ou eletrônicos
é feita toda a automatização das unidades geradoras. Os circuitos elétricos com
seus contatores e relés realizam a amplificação de sinal permitindo o comando
de grandes sistemas.
Os sistemas de regulação: é de suma importância para a unidade de produção
possuir um sistema de controle e supervisão adequado às necessidades do
processo. A figura do operador serve em alguns casos como um elemento final
de controle, alternador de setpoint, ou ainda peça chave na supervisão de todo o
processo.
18
1.2 IMPORTÂNCIA
Uma fração expressiva da população brasileira – cerca de 15%, ou seja, 25
milhões de pessoas vivem privada do acesso à energia elétrica. Essas pessoas vivem
em grande parte no meio rural. O meio rural é, por sua vez, um nicho de mercado para
as fontes renováveis de energia, em função da disponibilidade de recursos, dos
potenciais benefícios à atividade econômica local e dos altos custos de abastecimento
via extensão da rede elétrica, ou mesmo com geração por óleo diesel.
A baixa capacidade energética para irrigação das lavouras, dentre outras
atividades importantes para o desenvolvimento sustentável utilizando energia elétrica
aliada às monoculturas existentes, falta de conforto em pequenas propriedades rurais,
tais como televisão, freezer, computadores, estimula o grande êxodo rural para os
grandes centros.
O governo tem disponibilizado extensas linhas que geram um custo altíssimo
para manutenção das mesmas, mesmo sabendo que 80% a 90% dessas propriedades
consomem menos de 3 kVA, o que gera um prejuízo ainda maior para as grandes
centrais.
Levando-se em conta o custo para o governo das grandes linhas existentes no
meio rural, a falta de recursos para construção das grandes hidrelétricas, o tempo para
construí-las e a alta demanda existente, será mais econômico aproveitar os pequenos
recursos hídricos existentes nas pequenas propriedades rurais suficientes para micro
usinas, liberando uma linha de crédito de fácil acesso para o produtor?
O Governo Federal iniciou em 2004 o Programa Nacional de Universalização do
Acesso e Uso da Energia Elétrica “Luz para Todos" com o objetivo de levar energia
elétrica para a população do meio rural.
O Programa é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia com participação
da Eletrobrás e de suas empresas controladas. A ligação da energia elétrica até os
domicílios é gratuita.
As famílias sem acesso à energia estão majoritariamente nas localidades de
menor Índice de Desenvolvimento Humano e nas famílias de baixa renda. Cerca de
19
90% destas famílias têm renda inferior a três salários-mínimos e 80% estão no meio
rural (MME, 2006).
Por isso, o objetivo do Programa é levar a energia elétrica a estas comunidades
para que elas a utilizem como vetor de desenvolvimento social e econômico,
contribuindo para a redução da pobreza e aumento da renda familiar.
Além disso, a chegada da energia elétrica facilita a integração de outros
programas sociais, como o acesso a serviços de saúde, educação, abastecimento de
água e saneamento.
1.3 JUSTIFICATIVAS
Segundo aspecto socioeconômico, a geração de energia elétrica através das
microcentrais hidrelétricas apresenta uma solução favorável para o suprimento da
demanda energética do setor rural. A descentralização da geração inserindo as
microcentrais hidrelétricas no cenário atual em contraponto ao sistema interligado
composto pelas grandes hidrelétricas justificaria o uso dessas microcentrais reduzindo
os gastos com grandes perdas advindas pelas grandes extensões de linhas de
transmissão e a enorme devastação ao ecossistema provocado pelos alagamentos para
a construção das barragens de grande porte. A microcentral desenvolvida e avaliada
deverá ser considerada como mais uma opção de geração de energia com qualidade na
geração para o homem do campo trazendo benefícios a qualidade de vida da população
rural.
1.4 DELIMITAÇÕES DO ASSUNTO E FORMULAÇÃO DE HIPOTÉSES
A proposta deste estudo é a realização de uma alteração física na estrutura da
planta da microcentral do Centro de Energias Renováveis, mostrada na Figura 1,
fazendo uma análise detalhada do comportamento do gerador de ípermanente. A
microcentral é composta de uma roda Pelton, constituída de uma rodízio de conchas,
de eixo horizontal, com caixa metálica de proteção e acionada por meio de um único
jato d’água através de um bocal cônico, conhecido no interior do país com a
20
denominação de “setía”. O estudo propõe a substituição da sétia por uma válvula
denominada de injetor. O injetor é usado para a regulagem da descarga de água e,
conseqüentemente, da potência fornecida, por meio de uma peça móvel, colocada na
parte interna do injetor e acionada por mecanismo manual, hidráulico ou motorizado,
denominado agulha. O mecanismo é atuado por um pequeno motor recebendo sinal,
para abertura ou fechamento do injetor, através do tacômetro digital microprocessado
com resolução de um pulso por volta do eixo do gerador.
Figura 1 – Vista externa da microusina do Centro de Energia Renovável
1.5 OBJETIVO DA PESQUISA
1.5.1 Objetivo geral
Apresentar os equipamentos e os procedimentos necessários para a implantação e
aquisição de uma microcentral apresentando uma estimativa atualizada dos seus
custos.
21
1.5.2 Objetivo específico
Avaliações técnicas elétricas e mecânicas, a operação e a manutenção da
microcentral hidrelétrica do centro de energia renovável.
1.6 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
O objetivo no próximo capítulo 2 foi apresentar uma abordagem sobre a
relevância dos aspectos ambientais das microcentrais em relação as demais fontes de
geração além de descrever o quanto é importante a utilização de energia elétrica para o
desenvolvimento do meio rural. Este capítulo capacita o leitor para a construção da
microcentral hidrelétrica, relatando os estudos necessários para a elaboração do
projeto.
O capítulo 3 visa o levantamento dos materiais para a aquisição de uma
microcentral hidrelétrica contemplando todos os custos e é relatado uma estimativa
sobre os custos para a montagem deste tipo de geração. São apresentados os motivos
pelos quais se utilizou o gerador de ímãs permanentes, os custos das modificações
implantadas na microcentral do centro de energia renovável, a operação e a
manutenção da microcentral do estudo.
Tem-se no último capítulo o objetivo específico de analisar o comportamento do
gerador na bancada e na microcentral utilizando instrumentos e ferramentas para a
validação e verificação da qualidade da geração. Para tanto foi projetado e
desenvolvido um sistema de controle de velocidade, no eixo do gerador com rotor de
ímãs permanentes de ferrite, de baixo custo, capaz de apresentar um desempenho
satisfatório no controle da freqüência de tensão, mesmo com variação da carga.
Assim apresenta-se uma opção de geração de qualidade, com impactos
ambientais reduzidos, para o atendimento à demanda da população que não tem acesso
a energia elétrica.
22
2. MICROCENTRAL HIDRELÉTRICA
2.1 CLASSIFICAÇÃO E DETERMINAÇÃO DA UMA MICROCENTRAL
HIDRELÉTRICA
As microcentrais hidrelétricas possuem características próprias quanto à
capacidade máxima instalada e área do reservatório, definidas por resolução da
ANEEL, além de possibilidades de adução e regularização de reservatórios.
2.1.1 Tipos de usinas em relação à capacidade de regularização do reservatório
Um estudo hidrológico sobre a quantidade de água escoada diariamente num
riacho faz-se necessário para a classificação do tipo de usina. Veja as suas
classificações, com relação:
a) A MCH com reservatório de acumulação, com regularização diária e mensal:
Quando a vazão do riacho no qual a MCH está instalada é inferior à necessidade
do projeto para que a usina gere a potência máxima desejada, adota-se formação de um
reservatório para regularizar a vazão da central.
Este reservatório pode ser regularizado diariamente ou mensalmente. A adoção
de reservatórios com regularização diária ou mensal pode ser definida segundo estudos
de dimensionamento de parâmetros físico-operativo do projeto.
b) A MCH sem reservatório de acumulação, a Fio d’água:
Quando a vazão de estiagem de um riacho é igual ou maior que a descarga
necessária à potência necessária para atender à demanda máxima pretendida, é
dispensável a utilização de reservatório de acumulação.
Nesse caso, o sistema de adução deverá conduzir a descarga necessária para o
fornecimento de potência suficiente para atender à demanda máxima. Em usinas desse
tipo, o vertedouro é utilizado praticamente na totalidade do tempo para extravasar o
excesso de água.
23
2.1.2 Tipos de usinas em relação ao sistema de adução
A escolha pela adoção de um dos sistemas de adução anteriormente especificados
dependerá de estudos das condições topográficas e geológicas do local do
aproveitamento.
O sistema de adução em baixa pressão com escoamento livre em canal ou alta
pressão em conduto forçado é indicado como solução economicamente mais viável
quando a inclinação da encosta e a fundação apresentarem condições propícias à
construção de um canal.
O sistema de adução em baixa pressão por meio de tubulação ou alta pressão em
conduto forçado é indicado caso haja condições contrárias às apresentadas acima, a
opção por tubulação deve ser a economicamente mais viável.
2.1.3 Tipos de usinas quanto à potência instalada e queda
As microcentrais hidrelétricas podem ser ainda diferenciadas pela potência
instalada, diretamente ligada à queda do projeto, uma vez que, isoladamente, a
potência pode não caracterizar efetivamente o tipo de usina.
Veja a Tabela 1 de classificação de pequenas centrais hidrelétricas quanto à
potência instalada e quanto a queda do projeto.
Tabela 1 – Classificação das centrais quanto a potência instalada
CLASSIFICAÇÃO POTÊNCIA - P QUEDA - Hd(m)
DAS CENTRAIS (kW) BAIXA MÉDIA ALTA
MICRO P<100 Hd<15 15<Hd<50 Hd>50
MINI 100<P<1000 Hd<20 20<Hd<100 Hd>100
PEQUENAS 1000<P<30000 Hd<25 25<Hd<130 Hd>130
Fonte: Centro Nacional de Desenvolvimento de PCH - 2006
As ressalvas sobre as delimitações básicas, encontradas no manual sobre
microcentrais hidrelétricas da eletrobrás, são:
24
prevê barragens e vertedouros com alturas máximas de até aproximadamente
3,0 metros (notar que não se refere a queda do projeto);
admite sistemas adutoras somente com canais e/ou tubulações;
não se aplica a barragens em vales em que o desvio do rio necessitaria ser feito
por túneis;
prevê obras civis projetadas sem sofisticações, com dimensões mínimas e
materiais econômicos;
considera instalação de equipamentos eletromecânicos simples, mas funcionais;
admite que a distância do local do aproveitamento ao centro consumidor não
será grande, para não aumentar o custo do sistema de transmissão;
as estruturas preconizadas para o circuito de geração permitem descargas até
2,0 m³/s;
as dimensões da casa de máquinas e os diagramas elétricos são previstos para a
instalação de apenas uma unidade geradora, o que pode ser considerado como
um módulo a ser repetido caso se deseje mais de uma unidade geradora na
mesma central.
não foi prevista a interligação com outros sistemas, caso em que o interessado
deverá procurar a concessionária local.
2.2 ROTEIRO PARA A ELABORAÇÃO DO PROJETO
A implantação de microcentrais hidrelétricas, cuja potência máxima é de 100kW,
deve ser executada em uma única etapa a qual pode abranger de 1 a 12 meses.
2.2.1. Fases
De modo simplificado, para MCH, em princípio, em cada uma das suas etapas,
em maior ou menor grau distinguem-se as seguintes fases: estudos, obras civis,
equipamentos mecânicos, equipamentos elétricos, custos e avaliações.
25
2.2.2 Estudos
Esta fase, cujo objetivo principal é avaliar as possibilidades do aproveitamento. É
compreendida pelos estudos topográficos, hidrológicos, geológicos e geotécnicos,
ecológicos e sócio-econômicos e mercado.
Os estudos topográficos, com maior ou menor detalhamento, devem ser
realizados, preferencialmente, em toda á área que terá influência na central. Caso a
central seja uma MCH, o estudo topográfico se restringirá ao lado do riacho onde o
arranjo será lançado, com abrangência da área a ser inundada pelo pequeno lago,
devendo ser realizado de uma só vez, com curvas de nível de metro em metro.
O mapeamento existente e visita a região são de grande valia no planejamento
dos estudos topográficos.
Os estudos topográficos permitem estabelecer quais os melhores arranjos para os
componentes da central, bem como, em primeira aproximação, a queda bruta para o
projeto.
Os estudos hidrológicos permitem determinar três vazões que são fundamentais
para o projeto da central:
a) A vazão normal do aproveitamento, em m³/s, que será utilizada no
dimensionamento de vários componentes da central e para determinação de sua
potência normal;
b) A vazão da cheia, em m³/s, para dimensionamento das obras de desvio,
normalmente com recorrência de 5 anos para MCH, para arranjos com barragem de
concreto e de terra;
c) A vazão de cheia, em m³/s, para o dimensionamento dos extravasores, obras
permanentes, normalmente de 500 anos para estruturas de concreto.
Além destas vazões, juntamente com as quedas resultantes dos possíveis
arranjos, os estudos hidrológicos permitem determinar vazões máxima e mínima
turbinadas e do aproveitamento, níveis máximos e mínimos de montante e jusante,
áreas inundadas e, em primeira aproximação, as potências da central, as quais somente
podem ser determinadas em caráter definitivo quando, pelo menos, as etapas de
estudos de mercado e obras civis estiverem concluídas.
26
Para que os estudos hidrológicos apresentem alto grau de confiabilidade, é
indispensável o conhecimento do comportamento do riacho em longo período. Em
casos que tais dados não estão disponíveis, metodologias de transposição de dados
podem ser usadas com as devidas reservas.
O projeto, a implantação e a utilização das estruturas que compõe o arranjo
exigem conhecimento local da geologia e das cargas possíveis de serem suportadas,
logo, estudos geológicos e geotécnicos com maior ou menor precisão, dependendo do
porte da central, devem ser executados. Estradas existentes, depósitos de materiais
possíveis de serem usados nas obras, também fazem parte destes estudos.
Os estudos ecológicos e sócio-econômicos delimitam o impacto da central no
ecosistema e deve ser avaliado no local, antes de qualquer tomada de decisão sobre a
viabilidade da central, de seu arranjo final e sua operacionalidade.
A implantação da central parte da necessidade presente e futura do mercado onde
a energia será consumida. Assim, seu perfeito delineamento e balisamento são
indispensáveis desde o início dos estudos para implantação da central.
2.2.3. As Obras Civis
Basicamente, existem três tipos de arranjos para os componentes das centrais
hidrelétricas: centrais hidrelétricas de represamento CHR, centrais hidrelétricas de
desvio – CHD e centrais hidrelétricas de derivação – CHV (SOUZA, 1992).
Os principais componentes da obra civil são vias de acesso, canteiro ou
acampamento, barragem, desvio do riacho, tomada d'água, sistema de baixa pressão,
canal ou suportes para o conduto de baixa pressão, câmara de carga, chaminé de
equilíbrio, suportes para tubulação forçada, casa de máquinas e canal de fuga.
A microcentral hidrelétrica do centro de energia renovável mostrada na Figura 2
pode ser classificada como uma central hidrelétrica do tipo de desvio, pois não existe
barragem somente a simulação do riacho pelos reservatórios. O importante neste
esquemático é representar com clareza o exemplo das obras realizadas na encosta junto
ao centro de energia renovável para a construção da microcentral para o estudo.
27
Figura 2 – Microcentral hidrelétrica do centro de energia renovável
2.2.4. Os Equipamentos Mecânicos
Os principais equipamentos mecânicos das centrais hidrelétricas são grades,
limpadores de grades, comportas permanentes e desmontáveis (Stop Log), válvulas,
tubulações, juntas de dilatação, turbinas hidráulicas, mancais e volantes.
2.2.5. Os Equipamentos Elétricos
Os equipamentos elétricos das centrais hidrelétricas são conjuntos constituídos
pelos sistemas de acionamento eletro-eletrônico, sistemas de proteção, geradores,
reguladores de velocidade, de tensão e de carga, quadro de comando, proteção,
sistemas eletro-eletrônico de baixa e alta tensão e linhas de transmissão.
1- Ralo do canal de fuga
2- Gerador de imã permanente
3- Estrutura de aço dos mancais,
polias, turbina e gerador
4- Bico injetor tipo agulha
5- Turbina Pelton
6- Casa de máquinas
7- Tubulação forçada
8- Caixa de concreto
9- Reservatório – 10.000litros
10- Reservatório – 1.000litros
28
2.3 AS VANTAGENS E AS DESVANTAGENS DO USO DAS MICROCENTRIAS
HIDRELÉTRICAS SOBRE OUTRAS FONTES
A vitalidade dos seres humanos consiste na dependência da ingestão de água
potável, da respiração de ar puro, do solo rico em nutrientes próprio para o plantio, e
de condições climáticos estáveis e confortáveis. Mediante estes fatos, pergunta-se:
Algumas destas características de sobrevivência do homem m preço? Onde é
comercializado? Quanto custa? A resposta é simples: “Não está à venda”, mas não
desanime o caminho é a preservação do ecossistema.
Pesquisas indicam que os maiores vilões à devastação do meio ambiente,
principalmente são os desmatamentos, a poluição dos veículos automotivos, as
indústrias e as fontes de energia elétrica não-renováveis. Limita-se a discussão sobre a
influência da geração de energia por fontes que afetam, poluem e ou causam impactos
ambientais. Sabe-se que a matriz energética mundial tem como base o uso de
combustíveis fósseis e que no Brasil mais do que 85% da energia são de hidrelétricas.
É neste contexto que se justifica a escolha da geração distribuída via microcentrais,
minicentrais e pequenas centrais hidrelétricas.
Veja alguns dados importantes, num breve comparativo, entre as tabelas: Tabela
2 fonte de energia não-renovável ou esgotável a curto prazo e a Tabela 3 fontes de
energia renovável ou inesgotável a longo prazo (MAGALHÃES, 2006).
Tabela 2 - Fonte de Energia não-renovável
TIPO DE
GERAÇÃO
FONTE
PRIMARIA DESVANTAGEM VANTAGEM
Derivados do
petróleo
Carvão mineral
Emissão de gases poluentes e particulados,
originados da combustão, nocivos ao ser
humano. Chuva ácida.
Baixo custo de implantação e operação.
O diesel, por exemplo, pode ser facilmente
estocado.
Termelétrica
Gás natural
Emissão de gases poluentes e partículas,
provenientes da combustão.
Baixo custo de implantação e operação.
Comparado com outras fontes primárias de
combustíveis fósseis, o gás é considerado
de reduzida emissão de poluentes e
particulados. Largamente usado na
cogeração em indústrias atingindo valores
de eficiência >85%.
Termonuclear Urânio
Dificuldade para destinação definitiva dos
resíduos radioativos. Potencial de vazamentos
e explosão radioativa. A usina necessita de
grande volume d'água para o resfriamento dos
reatores, condição em que aquece a água dos
rios e ou a costa litoral onde está instalada.
Não gera gases poluentes e particulados.
29
Tabela 3 - Fonte de Energia Renovável
TIPO DE
GERAÇÃO
FONTE
PRIMARIA VANTAGEM DESVANTAGEM
Biomassa
Lixo
Resíduos Agrícolas
Resíduos Industriais
Apesar de emitir gases poluentes e
particulados, conclui-se que a queima do
resíduo agrícola é favorável, visto pelo lado
do balanço de gás carbônico, porque no
cultivo deste resíduo ocorre a absorção de gás
carbônico da natureza.
Redução das áreas destinadas aos lixões.
Aplicação na cogeração nas usinas
sucroalcooeiras. .
Emissão de gases poluentes e
particulados.
Eólica Vento
Não gera gases poluentes e particulados.
A capitação do vento pode ser usado para o
bombeamento d'água além da produção de
energia elétrica
Necessita de área aberta, ventos em
condição favorável e o uso de
baterias. Grandes ruídos
Solar
Fotovoltaica
Fototérmica
Não gera gases poluentes e particulados, pode
ser usado no aquecimento de água,
principalmente em países tropicais como o
Brasil.
Alto custo.
Necessidade de baterias para geração
fotovoltaica.
Grandes centrais
Hidrelétrica
Não gera gases poluentes e particulados.
Alta capacidade de geração de grandes blocos
de potência
Impactos ambientais por causa do
alagamento de grandes áreas
Hídrica
Fluvial
Pequenas, Mini e
Micro Centrais
Hidrelétricas
Não gera gases poluentes e particulados.
Impactos ambientais reduzidos.
Geração distribuída
Necessidade de queda e volume
d'água em condições favoráveis.
Geotérmica
Água
Fonte térmica do
interior da terra Não gera gases poluentes e particulados.
Necessidade da perfuração de grandes
profundidades para o uso das fontes
térmicas do interior da terra.
Instabilidade do interior da terra
Hídrica Oceano
Ondas do mar
Mares
Não gera gases poluentes e particulados.
Usina instalada no litoral, tendo á
desvantagem da transmissão para os
centros de consumo no interior do país
- custo da transmissão.
Célula a
combustível
Hidrogênio Não gera gases poluentes e particulados.
Alto custo de fabricação do
combustível hidrogênio.
Em algumas aplicações, gera vapores
d'água, aquecendo indiretamente o
planeta.
Fusão nuclear União de átomos Não gera gases poluentes e particulados. Potencial para explosões.
Biodigestor Resíduos Orgânicos
Queima do metano proveniente da
decomposição dos resíduos orgânicos
para geração de energia, eliminação dos
odores de mau cheiro.
Gera gases poluentes e
particulados.
Analisando a Tabela 3, as fontes de energias renováveis são vantajosas em termos
ambientais. É considerado o uso das fontes de energia não renováveis sob dois
aspectos básicos são o custo e a indisponibilidade dos recursos renováveis. Acredita-se
que o custo de implantação e de operação de uma planta das fontes não-renováveis são
30
baixo. É preciso a inserção do custo dos impactos ambientais dessas fontes
energéticas, assim sendo, mesmo que a tecnologia atual das fontes renováveis tenha
custo elevado, num balanço entre estes fatores, a expectativa é que a energia renovável
é de menor custo.
2.4 OS ASPECTOS SOCIAIS
Em 2002, enquanto milhões de brasileiros das regiões urbanas se surpreendiam
com a possibilidade de um “apagão” que os deixaria sem os confortos da eletricidade,
outros desconheciam essa angústia, pois viviam no campo diariamente com a ausência
deste serviço.
Essa realidade, que hoje é ainda inacessível para mais de 25 milhões de pessoas
no século XIX (WALTER, 2000), embora tenha data prevista em lei para acabar, ainda
é razão de preocupação e muito empenho das entidades responsáveis pelo setor
elétrico brasileiro, diante do desafio que representa para um país de distâncias
continentais e limitações orçamentárias, dentre outras tantas dificuldades.
Os resultados da primeira fase revelavam que, em quase a totalidade do universo
pesquisado, a perspectiva do uso da energia elétrica estava limitada ao conforto
doméstico, mediante a intenção declarada de se adquirir um televisor, geladeira, ferro
elétrico e, em algumas regiões, um chuveiro elétrico, além, evidentemente, da
iluminação.
Com uma visão míope, para o homem do campo, o sonho da eletricidade pouco
ultrapassava a perspectiva de não mais se utilizar o ferro de carvão sobre a roupa
impregnada pelo cheiro do querosene das lamparinas que iluminavam o atraso da roça.
Muito poucos vislumbravam a eletricidade como algo que permitisse uma melhoria de
seu padrão econômico. É verdade que alguns, sobretudo nas regiões centro-oeste, sul e
sudeste, entendiam que ela poderia ser utilizada de uma forma produtiva, mas eram
exceções.
Mais do que um fator de consumo capaz de oferecer bem-estar, a energia elétrica
pode ser considerada um insumo, cujos resultados revertem-se diretamente aos
agricultores, agregando valor a seus produtos submetidos a um processo de
31
beneficiamento. Um empreendimento onde geralmente não volume nem condições
que possibilitem, de uma forma rentável, o investimento em equipamentos, máquinas e
instalações necessárias para o processamento ou armazenagem de produtos agrícolas,
inviáveis para serem implantadas individualmente.
2.5 O DESENVOLVIMENTO DO MEIO RURAL
A sociedade pode se beneficiar em diversos pontos quando ocorre a implantação
de uma central hidrelétrica de pequeno porte. Em muitos casos, é interessante
considerar outros usos da água além de apenas a geração de energia elétrica. As
possibilidades de uso múltiplo do reservatório são o abastecimento de água, a
agricultura de vazante, a agricultura irrigada, a pesca em geral e a piscicultura
intensiva.
Caso se destine o uso do reservatório para fins de abastecimento de água a
populações e lazer, deverá ser verificado se a água apresenta características adequadas
a esses fins, através da coleta e exame de amostras em laboratório de órgão
especializado. Devem-se definir as providências para controlar o despejo de esgotos
sanitários ou industriais na bacia.
Outro fator que pode ser realizado é uma espécie de sociedade da energia gerada.
Vizinhos de propriedades podem juntar-se e realizarem a implantação de uma central
hidrelétrica com investimentos acordados entre eles. Com isso, o custo de implantação
pode ser rateado entre os sócios e a energia gerada pode ser distribuída para os
mesmos.
Apesar de a tecnologia de baixo custo não contemplar reservatórios para
acumulação e regularização sensíveis, pode ser recomendável, por exemplo, estudar-se
a viabilidade econômica do projeto de centrais de pequeno porte em conjunto com um
açude para irrigação, ao mesmo tempo em que se prestaria à piscicultura, criação de
aves, abastecimento d'água e lazer, bem como implantação de algum tipo de
beneficiamento da produção local. Neste caso, pode ser necessária uma reavaliação de
todo o projeto, visando analisar-se a viabilidade dessa implantação, o que pode ser
obtido com o apoio de entidades de fomento como, por exemplo, a EMATER, a
32
SUDEPE (Superintendência de Desenvolvimento da Pesca e entidades estaduais
diversas).
2.6 A LEGISLAÇÃO PARA UMA MICROCENTRAL HIDRELÉTRICA
A legislação brasileira classifica os aproveitamentos hidrelétricos em dois tipos,
conforme a finalidade da energia produzida, em serviços públicos e de uso exclusivo.
Os aproveitamentos destinados aos serviços públicos são aqueles cuja energia
elétrica gerada, independentemente da potência da usina, se destina ao uso geral, sendo
para isso comercializada pelo seu produtor, ou seja, a concessionária de serviços
públicos. Dependem sempre, portanto, de uma concessão outorgada pelo Governo
Federal.
Já os aproveitamentos destinados ao uso exclusivo são aqueles cuja energia
elétrica gerada se destina ao uso exclusivo de seu produtor, que no caso é denominado
Autoprodutor. Podem depender simplesmente de uma notificação para fins estatísticos,
ou de autorização federal, ou ainda de uma concessão federal, conforme o valor da
potência instalada. A legislação vigente até o momento estabelece faixas de potência
para tal fim, segundo a Lei Nº 10.848, de 15 de março de 2004, (ANNEL, 2004).
Para o perfeito cumprimento dos requisitos legais sobre o potencial das
microcentrais hidrelétricas, deverão ser observadas as normas para apresentação de
estudos e de projetos de exploração de recursos hídricos para geração de energia elé-
trica, aprovadas através da Lei Nº 9.074, de 07 de julho de 1995 que estabelece normas
para a outorga e prorrogações das concessões e permissões de serviços públicos e
outras providências.
Art.. O aproveitamento de potenciais hidráulicos, iguais ou inferiores a 1.000
kW, e a implantação de usinas termelétricas de potência igual ou inferior a 5.000 kW,
estão dispensadas de concessão, permissão ou autorização, devendo apenas ser
comunicados ao poder concedente.” (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 10.848, de
15.03.2004).
33
Os interessados em aproveitamentos hidrelétricos para uso exclusivo deverão ter
a propriedade da área onde será construída a central, inclusive as inundadas pelo
eventual reservatório, ou obter uma autorização dos proprietários ribeirinhos.
A notificação acima referida e feita através de correspondência ao Diretor-Geral
da ANEEL.
Para solicitar o registro, o empreendedor deve utilizar formulário próprio e
entregue à Superintendência de Concessões e Autorizações de Geração SCG da
ANEEL junto com o registro do CREA do responsável técnico, além dos documentos
de propriedade ou de direito de uso da área onde será implantada a microcentral.
34
3 CUSTO, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DE UMA
MICROCENTRAL HIDRELÉTRICA
3.1 A ESTIMATIVA DE CUSTOS
Este capítulo tem por objetivo apresentar o roteiro de trabalho usado para
discriminar as obras e os equipamentos adotados para os cálculos. Na segunda parte
apresentam a estimativa dos custos das obras para a implantação, a estimativa dos
custos para a aquisição dos equipamentos eletro-mecânicos até 30kW, o levantamento
dos custos das modificações realizadas na microcentral do centro, a explicação técnica
do baixo custo do gerador de imãs permanente e um breve relato sobre as variações
dos custos apresentados por BALARIM et al para que o leitor possa comparar com os
custos apresentados em percentuais para a implantação e aquisição da microcentral do
centro de energia renovável.
3.1.1. Roteiro de Trabalho
A estimativa inicial de custo deve ser feita segundo os principais componentes e
obras civis de uma microusina hidrelétrica. Eles abrangem todas as estruturas e
equipamentos do aproveitamento, incluindo também os custos indiretos.
As principais obras civis e componentes para a instalação de uma microcentral
hidrelétrica são constituídas de casa de máquinas, desvio do riacho, barragem, canal
adutor e os equipamentos eletromecânicos, que representam uma parte dos custos. Os
custos diretos, indiretos e os custos totais sem juros fazem parte desta estimativa.
O custo de obras civis da casa de máquinas é fornecido em função da área
construída, dado em R$/m². O valor é baseado em uma construção de alvenaria. Caso
haja possibilidade de execução da casa de máquinas em madeira ou em taipa, ou com
reaproveitamento de materiais de edificações existentes, ou ainda aproveitando a
ociosidade de mão-de-obra e equipamentos disponíveis para outras tarefas, dever-se-á
35
levar em conta essas hipóteses, adotando-se, conseqüentemente, custos reduzidos em
relação ao valor apresentado.
Prevê-se que o desvio do riacho é necessário apenas no caso da barragem ser
construída. As microcentrais hidrelétricas, por serem de pequeníssimo porte em
relação às pequenas centrais hidrelétricas, PCH(s), necessitam a construção de uma
barragem pequena, apenas no sentido de regularizar o nível d'água do riacho e garantir
o fornecimento total da potência instalada na usina.
O custo da barragem é dado em função da área construída, em R$/m³. O valor é
baseado em uma barragem de pedra argamassada pequena. Alerta-se para o fato de
que, caso tivesse sido adotado barragem de terra e canal extravasor, as obras teriam
dimensões reduzidas e, portanto, sem um valor de investimento significativo. Aqui se
escolhe um arranjo de microcentral que mais encarecesse seu custo, como garantia de
se chegar a um valor bem aproximado do investimento necessário a uma microcentral.
O canal adutor pode ser tanto em canal aberto ou em tubulação. O custo aqui
engloba toda a captação d'água desde a barragem (quando houver) até a casa de
máquinas. O custo associado é dado em R$/m de construção ou tubulação,
independente se feito por um ou outro esquema. Indica-se tubulação em PVC por se
tratar de material alternativo de fácil aquisição.
O custo dos equipamentos eletromecânicos é fornecido em função da potência a
ser instalada, dado em R$/kW. O valor inclui turbina, regulador de velocidade,
transmissão, comporta, válvula borboleta, volante de inércia, curva de sucção, tubo de
sucção, grade, gerador e quadro de comando, com os devidos equipamentos de
proteção e controle da geração elétrica. Quando o projeto admitir simplificações, como
a não utilização do regulador automático de velocidade, ou a substituição de
comportas metálicas por pranchões de madeira, o custo global dos equipamentos
poderá sofrer redução significativa. Nesta hipótese, o caso deverá ser analisado em
particular e deverão ser adotados valores adequados para o projeto.
O custo direto total corresponde à soma das contas relativas aos itens anteriores.
Adotam-se para o cálculo dos custos indiretos os custos referentes ao canteiro,
engenharia e administração do proprietário, o valor global obtido a partir de
percentuais aplicados sobre o custo direto total. Considera-se que cerca de 20% do
36
custo direto total, incluindo-se o transporte dos equipamentos, ferramentas e materiais
para a construção de uma central hidrelétrica de pequeno porte.
O custo total sem juros corresponde à soma dos custos diretos e dos custos
indiretos.
3.1.2. Estudo de Caso: Estimativa de custo para microcentral hidrelétrica
O objetivo é o de estabelecer uma rápida referência sobre os custos para a
aquisição e a implantação de microcentrais hidrelétricas, para diversas faixas de
potência.
A Tabela 4 mostra o custo para a aquisição de microcentrais composta de turbina
roda Pelton de 01 jato, estrutura de aço, mancais e gerador de imã permanente. Os
valores apresentados referem-se a capacidade de potência gerada. Estes custos foram
disponibilizados pelo fabricante NH Geradores.
Tabela 4 – Custo para aquisição de microcentral hidrelétrica
Microusina Hidrelétrica de 01 Jato (W) Valor (R$)
350 3.360,00
800 3.980,00
1200 4.080,00
2200 4.560,00
4000 6.400,00
6000 6.740,00
8000 7.170,00
10000 7.500,00
15000 8.560,00
20000 9.140,00
25000 15.070,00
30000 15.540,00
Fonte: Geradores NH - 2006
A estimativa de custos para a implantação mostrada na Tabela 5 considerou as
formulações, mencionadas no item anterior, para a discriminação dos materiais, mão-
de-obra e equipamentos utilizados para a construção simplificada de uma microcentral
hidrelétrica. Os valores foram pesquisados no site www.piniweb.com.br e acessados
em janeiro de 2007.
37
A Tabela 5 mostra uma estimativa dos custos por unidade dos equipamentos
aplicados para a montagem de microcentrais hidrelétricas.
Tabela 5 – Estimativa dos custos para a implantação de um microusina
Discriminação Valor (R$) Unidade
Construção civil da casa de máquinas 204,00
Escavação manual do solo 8,00
Concreto dosado em central convencional brita 1 e 2 (resistência de15MPa)
166,89
Fôrmas de madeira de chapa compensada plastificada 25,00
Telhas de amianto 8,00
Tela de aço soldada CA-60 (diâmetro 5,60mm) 3,97 kg
Revestimento com blocos de concreto 12,50
Grades metálicas (peso da estrutura de 40 a 50 kg/m²) 7,47 kg
Comporta de madeira (maçaranduba) 1.516,67
Linhas de transmissão, composta de duas fases de 220V, nas potências:
1kVA 1,50 m
3kVA 2,28 m
5kVA 3,58 m
10kVA 9,14 m
20kVA 22,30 m
40kVA 62,20 m
60kVA 104,58 m
100kVA 203,34 m
Tubo de PVC, para os seguintes diâmetros (mm)
75 6,54 m
100 10,72 m
150 22,23 m
200 23,81 m
250 37,00 m
300 47,16 m
Fonte: www.piniweb.com.br – jan/2007
O levantamento do custo das modificações, realizadas na microusina do Centro de
Energias Renováveis, é representado e discriminado na Tabela 6. Tem-se o injetor
como equipamento de custo variável, pois depende do diâmetro da tubulação de
entrada. Os demais equipamentos possuem custos fixos para qualquer faixa de
potência instalada.
Tabela 6 – Custo das modificações
Equipamentos
Tacômetro
digital
Sensor
Indutivo
Injetor tipo
Agulha Motor
Acoplamentos
Diversos Mão-de-Obra
Total
Custo (R$) 500 110 300 120 50 120 1200
38
O uso do gerador de imã permanente pode ser justificado pelo seu baixo custo e
pela tecnologia nacional, no entanto, o equipamento possui características
desfavoráveis como baixo fluxo magnético e conseqüentemente aumento de sua
carcaça. A razão específica da utilização de Ferrite como material magnético para a
confecção do rotor advém de suas características técnicas. Em geral as características
técnicas do Ferrite, encontrados no mercado, são: temperatura máxima de trabalho
230ºC, intensidade magnética média 1500 Gauss e resistente a umidade. Outras ligas
magnéticas como Neodímio (Terras Raras) ou Samário-Cobalto apresentam
intensidade magnética de 5 a 10 vezes maior que o Ferrite, no entanto, os custos para a
aquisição destes materiais aumentam de forma significativa. Em microcentrais
hidrelétricas o aumento da carcaça não compromete o desempenho e a instalação da
central porque este tipo de central tem potências de até 100kW.
O estudo de BALARIM et al (1996) demonstrou que seis itens (barragem, adução,
tubulação forçada, equipamento eletromecânico, casa de máquinas e linha rea de
distribuição) foram responsável pela quase totalidade dos custos (chegando a 97% em
alguns casos), cabendo aos demais elementos uma participação mínima nos custos do
aproveitamento. A barragem cujo custo é, no projeto-padrão, representado de 9 a 25%
do custo total que é tanto mais alto quanto menor for à potência do aproveitamento. O
canal, totalmente revestido em alvenaria, representou de 2 a 23% do custo, crescente
com a distância e pouco variando com a vazão e, portanto, com a potência. Esta é uma
característica das microusinas: as dimensões do canal de adução se aproximam dos
mínimos construtivos, acarretando assim um custo unitário quase constante por
unidade de comprimento. O conduto forçado, representando de 8 a 16% do custo total,
foi considerado de ferro dúctil, material existente no mercado capaz de satisfazer à
necessidade de diâmetros e pressões de serviço exigidas pelas diversas variantes do
projeto-padrão. A casa de máquinas chega a representar 17% dos custos nos
aproveitamentos de menor potência, reduzindo sua participação a 10% na faixa
próxima a 100 kW. A área de construção, totalmente dependente das dimensões do
equipamento eletromecânico, tem pequena variação com o aumento da potência. O
equipamento eletro-mecânico, representou 38% dos custos. Este valor se assemelha
aos 40% citados na literatura técnica que trata de aproveitamentos com potência de até
39
10.000 kW. A rede aérea de distribuição, cujo custo manteve uma relação clara com a
potência a ser transmitida, ficou com a faixa de 9 a 15% do total, apresentado por
BALARIM et al (1996).
A microcentral hidrelétrica do centro de energia renovável representou um
percentual dos custos totais em torno de 61% para os equipamentos eletro-mecânico,
9,5% pela casa de máquinas e pela caixa de admissão d’água, 7,5% para a tubulação e
conexões em PVC e o regulador de velocidade 22%, composto do injetor e
acionamento motorizado. A microcentral do centro não possui barragem, portanto, o
custo foi desprezado.
3.2 A OPERAÇÃO E A MANUTENÇÃO DA MICROCENTRAL HIDRELÉTRICA
3.2.1 A operação
O funcionamento baseia-se na abertura e no fechamento da válvula para
aumentar ou diminuir a vazão de água. Assim, ocorre o controle da água, acionando e
controlando a velocidade de rotação da turbina que, por sua vez, está acoplado ao
gerador de energia elétrica. Os comandos são de partida, regime, parada e manobra
emergencial.
A microcentral, utilizada no estudo, possui sua operação simplificada por
apresentar-se automatizada e os comandos controlados via botoeiras, localizadas no
painel de controle. O painel é constituído de chave manopla de duas posições, sendo a
posição à esquerda referente ao fechamento da agulha do injetor para o enchimento da
tubulação, start-up e parada da usina. Quando a chave encontrar-se à direita,
automaticamente o painel envia um sinal designando a abertura da válvula injetora. O
controle é automático e a velocidade da ponta do eixo do gerador é programável via
tacômetro digital microprocessado.
40
3.2.2 A manutenção
A Tabela 7 apresenta o Plano de Manutenção para a microcentral do Centro de
Energias Renováveis com base no Manual de Microcentrais da Eletrobrás
(ELETROBRÁS, 1985) dividido pela periodicidade de manutenção nos equipamentos.
A Tabela apresenta a periodicidade mensal, trimestral, semestral, anual e qüinqüenal
para a realização da manutenção. A Tabela é auto-explicativa determinando e
descrevendo o tipo e a maneira para a inspeção e a forma para a execução do serviço a
ser realizado por equipamento.
Tabela 7 – Manutenção nas Microcentrais Hidrelétricas Eletrobrás, 1985
MANUTENÇÃO NAS MICROCENTRAIS HIDRELETRICAS
PERIODICIDADE MENSAL
EQUIPAMENTO
OU
ESTRUTURA
INSPEÇÃO E SERVIÇOS A REALIZAR
Válvula borboleta Limpeza e lubrificação dos componentes de acionamento.
Gerador e excitatriz
Limpeza no estator e rotor.
Painel de controle Limpeza e verificação dos contatos elétricos.
Transformadores
de força Inspeção visual.
Serviços Auxiliares Inspeção visual de todos os elementos.
Barragem Verificação de surgência de água, da situação física do extravasor, trincas, solapamentos.
Reservatório Verificação do assoreamento e do desenvolvimento de plantas aquáticas.
Grades Limpeza de resíduos (se necessário, diminuir o período entre uma e outra limpeza).
MANUTENÇÃO NAS MICROCENTRAIS HIDRELETRICAS
PERIODICIDADE
TRIMESTRAL E SEMESTRAL
EQUIPAMENTO INSPEÇÃO E SERVIÇOS A REALIZAR
INSPEÇÃO TRIMESTRAL
Válvula borboleta Limpeza externa e lubrificação da derivação ("BY PASS").
Turbina e Gerador
Lubrificação dos rolamentos do mancal do eixo turbina, rolamentos do gerador, eixo
roscado da regulagem da agulha no injetor.
Prédio da central Exame geral no edifício, cercas, muros, valas e muros de arrimo. Telhas (Goterias), Pisos.
41
MANUTENÇÃO NAS MICROCENTRAIS HIDRELETRICAS
INSPEÇÃO TRIMESTRAL
Barragem
Limpeza do sistema de drenagem superficial, verificação do aparecimento de trincas de
erosões superficiais e da ocorrência de recalques.
Turbina-gerador Verificar estado e conservação das correias das polias (conferir ajuste de tensão).
Baterias Medir e conferir a tensão da bateria, que alimenta os instrumentos do painel de controle.
PERIODICIDADE ANUAL
EQUIPAMENTO INSPEÇÃO E SERVIÇOS A REALIZAR
Barragem
Inspeção do estado geral do reservatório e respectiva limpeza; reparos e lubrificação da
tomada d água, das comportas; inspeção geral de estabilidade do extravasor e serviços
gerais de capinagem.
Canal adutor Limpeza e reparos nos bueiros para drenagem e nas paredes laterais.
Tubulação forçada
Capina, retificação das canaletas e drenagem e rampas do leito, limpeza, reparos e
ajustes dos flanges das juntas de dilatação e limpeza e lubrificação dos berços.
Válvula borboleta
Limpeza interna, externa e reparos nas conexões da tubulação de equilíbrio
de pressão.
Rotor da turbina Verificação de desgaste.
Tubo de sucção Inspeção geral no canal de fuga.
Grupo gerador Limpeza geral, medição de folgas dos mancais e inspeção geral dos anéis de vedação.
Gerador
Inspeção, limpeza; resistência de isolamento, estator, rotor, muflas e cabos. Medições da
resistência de neutro do aterramento.
Painel
Verificação do alinhamento, ponto de corrosão e acúmulo de pó das estruturas; limpeza
dos contatos de comando.
Transformadores
de força
Inspeção geral externa com verificação da pintura, limpeza da carcaça, radiadores,
buchas e indicadores de nível do óleo, resistência de isolamento dos enrolamentos,
buchas e óleo, reaperto de conexões.
Aterramento
Limpeza e inspeção geral, verificando sinais de trincas e conexões de linha e terra dos
pára-raios, inspeção em todas as conexões de terra, tanto nos eletrodos como nos
equipamentos e nas estruturas, verificando limpeza e oxidação.
Talha
Inspecionar e verificar a necessidade de lubrificação das correntes; verificar
engrenagens, dentes, chaves, pinos e contrapinos; colocar graxa nova.
Prédio da central
Exame detalhado das chaminés e dos ventiladores; retocar pintura das paredes e das
esquadrias.
42
MANUTENÇÃO NAS MICROCENTRAIS HIDRELETRICAS
PERIODICIDADE QUINQUENAL (5 EM 5 ANOS)
EQUIPAMENTO INSPEÇÃO E SERVIÇOS A REALIZAR
Tomada d água Pinturas das comportas.
Canal adutor Inspeção geral do vertedouro e grade. Grade: pintura.
Tubulação forçada Inspeção geral e retoques na pintura da superfície externa.
Filtro de água de refrigeração Pintura geral da superfície interna e externa.
Turbina e Gerador Substituição dos rolamentos.
Válvula borboleta
Verificação das condições de funcionamento, possibilidade de substituição
do anel de vedação.
Grupo gerador Desmontagem, reparos gerais, internos, externos e pintura de turbina.
Fonte: ELETROBRÁS - 1985
43
4. O ESTUDO DE CASO DA MICROCENTRAL HIDRELÉTRICA
DO CENTRO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS
4. 1 DADOS TÉCNICOS DA MICROCENTRAL HIDRELÉTRICA
A microcentral hidrelétrica do estudo de caso proposto possui os seguintes dados
técnicos e eles são turbina do tipo roda Pelton com 0,40 m de diâmetro, sistema de
controle no injetor tipo agulha motorizado, regulador de velocidade por um tacômetro
digital microprocessado fabricado por S & E, com sinal através de sensor indutivo
fabricado por SENSE, gerador com rotor de ímãs permanentes de 4 los, tensão nos
terminais do gerador entre 110V e 220V, dispondo de 2 (dois) tipos de ligação elétrica,
altura da queda de água 10,42 m, vazão entre 0,5 a 2,7 litros por segundo, diâmetro da
tubulação 0,1 m e comprimento da tubulação 18 m.
4. 2 A HIPÓTESE E O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
A geração de energia elétrica geralmente é feita utilizando geradores de corrente
alternada com o campo girante no rotor. Para a obtenção do campo girante é necessária
uma fonte externa de corrente contínua ou a retificação da corrente alternada em
contínua. Ainda são necessários os dispositivos como retificadores, anéis e escovas
para condução da corrente até o rotor. Estes dispositivos consomem parte da energia
produzida pelo gerador, além da necessidade de mão-de-obra técnica especializada
para a manutenção.
Com a utilização do gerador com rotor de ímãs permanentes não são necessários
os dispositivos auxiliares de produção de corrente contínua para o rotor.
Assim busca-se apresentar uma produção de energia elétrica em lugares remotos
onde existe pequenas quedas d’água, utilizando equipamento com pouca manutenção,
visando o desenvolvimento, fixação e melhores condições de vida da população local.
44
A geração de energia elétrica através de uma microcentral hidrelétrica apresenta
grande faixa de freqüência da tensão alternada. Para o controle da freqüência acoplou-
se um controle da rotação, de baixo custo, capaz de apresentar uma regulação de
freqüência tolerável, possibilitando o uso de cargas sensíveis a variações de
freqüência, como equipamentos eletroeletrônicos e pequenos motores.
O sistema de controle de velocidade do gerador procura manter a freqüência da
tensão e corrente alternada próxima de 60 Hz. De acordo com a variação da carga
conectada ao gerador, o sistema efetua a correção automática da velocidade do eixo do
gerador, comandando a abertura ou o fechamento de uma válvula injetora do jato
d’água nas conchas da turbina Pelton.
4.2.1 DETALHES DO PROJETO DE CONTROLE
As etapas da substituição da setía pelo injetor motorizado foram realizadas na
oficina da Fábrica de Máquinas Bemfica LTDA. Os detalhes são descritas numa
abordagem sobre o antes e o depois, relatados e elucidados pelas figuras.
Figura – 3 Microusina antes das modificações
45
As Figuras 3 e 4 retratam a microusina antes e após a modificação para a
instalação do injetor tipo agulha, que possui entrada de 125mm e saída de 15mm, e o
acoplamento do motor.
O sistema do injetor é composto de motor para acionamento do copo metálico e
limitação da abertura e do fechamento da agulha é realizado por intermédio de dois
fins de curso instalado conforme Figura 5. Os fins de curso estão ligados no painel de
controle onde está o tacômetro digital microprocessado.
Figura – 5 Sistema de controle de duas posições
Figura – 4 Microusina depois das modificações
46
A Figura 6 mostra o interior da estrutura metálica, antes das modificações, que
agrupa a roda Pelton e a terminação da setía denominada de bico. Estes bicos podem
ser substituídos manualmente pelo usuário, os bicos são rosqueados no final da setía
sendo assim facilmente extraídos, o acesso é realizado pela entrada lateral da estrutura
metálica.
O detalhe do injetor motorizado acoplado na estrutura metálica após a retirada da
setía é mostrado na Figura 7. A Figura 7 é constituída do injetor que possui no seu
interior uma agulha na qual a aproximação ou afastamento de sua ponta com as
paredes laterais do orifício de saída do injetor faz com que varie a vazão.
Externamente a atuação da agulha é realizada pela rotação do copo metálico. Este copo
metálico possui dois rasgos nas suas laterais deslocados 180º, acoplando os pinos
fixados na ponta roscada da agulha. São nestes pinos onde foi fixado o disco de
Figura – 6 Localização do bico da setía
Figura – 7 Injetor adaptado na microusina
47
plástico de engenharia preto, mostrado e evidenciado pela Figura 7. O disco desloca-se
entre os fins de curso e é por intermédio deste que os sensores são atuados.
4. 3 O PROCEDIMENTO E OS MATERIAIS USADOS PARA AVALIAÇÃO
TÉCNICA DA MICROCENTRAL DO CENTRO DE ENERGIA RENOVÁVEL
4.3.1 Os materiais
A microusina hidrelétrica localizada no campus da UNESP - Guaratinguetá é
composta de gerador de ímãs permanentes e turbina Pelton, tubulação de 100 mm,
reservatórios de água, válvula injetora com regulador de vazão tipo agulha, tacômetro
digital com duas saídas a relé, sensor indutivo, pequeno motor para controle da
válvula, polias e correias, bombas, painel elétrico de controle, painel elétrico para
simulação de cargas na saída do gerador, alicate amperimétrico, multímetro e
analisador de energia elétrica portátil, modelo AE-100, marca INSTRUTHERM.
4.3.2 Os procedimentos para análise da microusina hidrelétrica
A análise do desempenho eletromecânico da microusina hidrelétrica foi feita
utilizando um sistema de controle da velocidade do eixo do gerador a vazio, com 20,
40, 60, 80 e 100% da carga, acoplando cargas aos terminais elétricos do gerador.
Adquiriu-se e analisou-se via instrumentos a corrente, tensão, freqüência, potência
ativa, fator de potência e espectro de harmônicos.
4.4 AS DELIMITAÇÕES INICIAIS PARA A AVALIAÇÃO TÉCNICA
Para cargas não-lineares que utilizarem dispositivos eletrônicos; como
conversores de freqüência, estabilizadores, entre outros, capazes de controlar a tensão,
a limites razoáveis, o uso do gerador de ímãs permanentes torna-se vantajoso. Podem
ser acopladas três tipos de cargas: motores de indução, cargas resistivas e cargas
sensíveis como os computadores.
48
No meio rural, nas fazendas, cooperativas, plantações, o uso de bombas é
imprescindível. As bombas usam geralmente os motores de indução, e, para estas
aplicações, indicam-se os conversores de freqüência. As vantagens do conversor são:
corrente de partida reduzida, redução da potência do gerador para suprir a partida dos
motores, aumento da velocidade da bomba, economia de energia, proteção do motor.
A única desvantagem é o alto custo, mas pode ser depreciado.
As cargas resistivas como mpadas incandescentes, resistência elétricas usadas
para o aquecimento, chuveiros, ferro de passar roupa, entre outras, o cargas que
podem ser alimentadas diretas do gerador, porque estas cargas toleram uma variação
razoável de tensão.
Os computadores, televisores, instrumentos de telecomunicação, eletrônicas
sensíveis, entre outros, não admitem ruídos, distorções, flutuação de tensão, porque
pode ocorrer um mau funcionamento. Para estas cargas devem-se usar os
estabilizadores de tensão que desempenham este papel a custo reduzido, dependendo
da faixa de potência.
Com base nestas definições apresentadas, o estudo de caso pretende utilizar um
gerador com ímã permanente de 1 kVA. Delimita-se as análises para verificar a
influência de cargas puramente resistivas no desempenho do gerador, compostas de 10
lâmpadas incandescentes, variando a ligação de duas em duas até alcançar a potência
total, conforme mostrado na Figura 8.
Figura – 8 Diagrama unifilar das cargas resistivas
49
A outra hipótese será o uso de cargas não-lineares e, para tal, usam-se um
conversor de freqüência acionando um motor de indução de 400W, um estabilizador
de tensão de 300VA com mpadas fluorescentes compactas integradas na sua saída e
a outra carga é composta de resistores totalizando 300VA como apresentado na Figura
9.
As figuras apresentaram o esquema de distribuição das cargas e os pontos nos
quais serão colhidos os parâmetros elétricos via analisador de energia (AE-100
Instrutherm).
4. 5 O LEVANTAMENTO E AS ANÁLISES DOS DADOS
Os dados experimentais foram divididos em três partes, ou seja, a análise do
gerador na bancada, acoplando-se um motor de indução trifásico na ponta de seu eixo
tendo sua velocidade variável por intermédio de um conversor estático de freqüência,
mostrado na Figura 10; a análise do gerador instalado na microhidrelétrica, antes das
modificações, utilizando bocais com diversos diâmetros; e análise do gerador instalado
na microhidrelétrica, após as modificações, utilizando válvula injetora de acionamento
motorizado.
Figura – 9 Cargas não-lineares
50
Foram considerados para as análises do gerador os dois fechamentos disponíveis
no gerador, de acordo com o fabricante: a ligação elétrica na baixa rotação
600/1200rpm (127/220V) e a ligação na alta rotação 1800rpm (110V), conforme
descrito em sua placa, exceto o experimento na microusina antes das modificações
usou-se a ligação em baixa. A dificuldade em traduzir o que o fornecedor pretendia
dizer com a nomenclatura da plaqueta de identificação forçou a realização de um
estudo do gerador no laboratório para determinar o seu comportamento.
4.5.1 A Análise do Gerador na Bancada
4.5.1.1 A análise com ligação do gerador na baixa rotação
Foi realizado o levantamento das curvas do gerador: sem carga, variando a
rotação e medindo a tensão, mostrado na Figura 11; curva do gerador impondo
velocidade constante no seu eixo a 1200rpm, variando-se a carga e medindo a tensão,
mostrado na Figura 12; curva do gerador, impondo velocidade constante no seu eixo a
Figura – 10 Motor acoplado na ponta do eixo do
gerador
51
1800rpm, variando-se a carga e medindo a tensão, mostrado na Figura 13; e uma
simulação com um pequeno motor de 1/5CV.
A carga aplicada foi composta de lâmpadas incandescentes.
ROTAÇÃO X TENO (á VAZIO)
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
0 100 200 300 400
TENSÃO (V)
ROTAÇÃO (RPM)
O gráfico da Figura 11 mostra que à medida que a rotação aumenta a tensão
aumenta linearmente.
CURVA À 40 Hz
0
100
200
300
400
425
450
500
95
108
110115
133
142
150
158
1200
1186
1169
1153
1113
1116
1120
1092
0
100
200
300
400
500
600
1 2 3 4 5 6 7 8
TENSÃO(V)
CARGA(W)
1020
1040
1060
1080
1100
1120
1140
1160
1180
1200
1220
ROTAÇÃO(RPM)
CARGA TENSÃO ROTAÇÃO
Figura – 11 Rotação X Tensão Sem Carga
Figura – 12 Curva a 1200 rpm
52
CURVA À 60 Hz
0
100
200
300
325
371
396
235
212
198
194
190
186
225
1776
1753
1732
1726
1717
1800
1711
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
1 2 3 4 5 6 7
TENSÃO (V)
CARGA (W)
1660
1680
1700
1720
1740
1760
1780
1800
1820
ROTAÇÃO (RPM)
CARGA TENSÃO ROTAÇÃO
Analisando os gráficos, tem-se definido a freqüência e a potência nominal do
gerador. Os gráficos das Figuras 12 e 13 foram para determinar qual é a tensão
nominal de regime de operação. Na rotação de 1200 rpm é 110V e de 1800 rpm, é
220V. A inserção de cargas com potência conhecida evidencia que o gerador tem
capacidade de geração em torno de 400W. Complementando está análise, a simulação
via analisador de energia revela o índice de distorção harmônica 10 (dez) vezes maior
em 1200rpm do que em 1800rpm, de acordo com as Figuras 14 a e b. O registro de
harmônicos a 1800 rpm, com DHT de 2,72% e tensão 233,2V a 60 Hz é mostrada na
Figura 14 a. Conclui-se que o fechamento é para geração de tensão nominal de 220V.
Figura 14 – a) DHT a 1800rpm
Figura – 13 Curva a 1800 rpm
b) 1200rpm
53
A obtenção da tensão de “110V foi possível com rotação em torno de
1200rpm, mostrada na Figura 14 b, mas a freqüência foi reduzida para 40Hz. De
acordo com os testes realizados em bancada, ocorreu instabilidade da freqüência para
rotação abaixo de 1000rpm, mostrado na Figura 15. Ela apresenta gráficos em
condições irregulares na freqüência da tensão, nas rotações abaixo de 1000rpm. Os
gráficos têm o eixo horizontal para indicar tempo (s) e o eixo vertical freqüência (Hz).
A simulação com um motor de 1/5CV, 3,80 A, 1150 rpm, 115V, 60Hz e
Ip/In=2,9, usado em máquinas de lavar roupas, chamada comercialmente de tanquinho,
tem por objetivo analisar o comportamento do gerador impondo uma carga não-linear.
O teste consistiu na partida do motor de 1/5CV, acompanhando e medindo a tensão e a
rotação no seu eixo. Os dados analisados na partida mostraram uma acentuada queda
de tensão, passando de 160V, a 1200rpm, para uma tensão de 70V. Nesta condição, o
motor apresentou rotação bem abaixo da nominal.
Foi realizada a retroalimentação da rotação do eixo do gerador até 1800rpm,
condição à qual encontrou-se uma tensão de 108V e uma rotação de 1083rpm na ponta
do eixo do motor de 1/5CV.
Observaram-se ruídos advindos do interior do gerador, provavelmente de
natureza de esforço eletromagnético, ou seja, sobrecarga, e o motor de 1/5CV
apresentou um relativo aquecimento em sua carcaça.
Figura 15 – Instabilidade de freqüência à rotações abaixo de 1000rpm
54
4.5.1.2 A análise com ligação do gerador na alta rotação
A Tabela 8 mostra dados do comportamento do gerador sem carga. Pode-se dizer
que este tipo de ligação elétrica é para aplicação de cargas com tensão nominal de
115V, pois é nesta tensão onde encontra-se a referência para a freqüência de 60Hz,
admitida como o valor nominal.
Tabela – 8 Comportamento na alta rotação
TENSÃO (V) ROTAÇÃO (RPM) FREQUÊNCIA (Hz)
78,1 1200 40
101,6 1568 52,2
105,7 1636 54,5
110,8 1721 57,3
115 1800 60
127,3 1996 66,6
156,7 2503 83,5
A Tabela 9 apresenta o levantamento da tensão e da freqüência da tensão com
velocidade constante de 1800rpm no seu eixo, variando-se a carga. Tem-se uma
diferença de 6% na freqüência, entre a aplicação de 0 a 100% da carga.
Tabela – 9 Situação da geração na alta rotação
CARGA (W) TENSÃO (V) ROTAÇÃO (RPM) FREQUÊNCIA (Hz)
0 115,6 1800 60
100 113,2 1783 59,4
200 110,6 1763 58,7
300 108 1742 58
350 106,4 1730 57,6
400 105,4 1722 57,3
500 102,7 1700 56,6
525 101,8 1693 56,5
550 100,9 1687 56,2
Analisando o experimento com o analisador de energia, tem-se para 1200 rpm
uma situação crítica onde se encontra 78,2 V a 40 Hz e DHT 21,14% sendo assim não
55
foi possível a aplicação de cargas nesta rotação e para este tipo de fechamento. em
1800rpm a DHT é 2,2%.
No teste com o motor de 1/5CV, usado em máquinas de lavar, realizado da
mesma forma descrita para a ligação do gerador na baixa rotação, a partida do motor
foi feita com o gerador à 1800rpm 60 Hz obteve-se a corrente de 2,5 A, 57,6 Hz e
96,3 V. Assim o desempenho do conjunto gerador motor foi satisfatório.
4.5.1.3 O comportamento do gerador
De acordo com as análises realizadas pode-se definir que a ligação dos terminais
na baixa rotação é para o uso do gerador em 220V, DHT igual a 2,7%, 60Hz a
1800rpm e a ligação dos terminais na alta rotação é para o uso do gerador em 110V,
DHT igual a 2,2 %, 60Hz a 1800rpm.
Não é aconselhável rotação abaixo de 1000rpm. Poderá ser usado o fechamento
dos terminais do gerador na baixa rotação quando se desejar trabalhar entre 1000 a
1800rpm. É indicado o uso do gerador entre 1500 a 1800 rpm estando seus terminais
fechado para alta rotação.
4.5.2 Análise do gerador instalado na microhidrelétrica utilizando bocais com
diversos diâmetros.
O objetivo deste experimento foi determinar o desempenho da microhidrelétrica
variando-se o diâmetro do bocal da setía. Foram utilizados os diâmetros conforme
Tabela 10 e encontradas as referidas vazões.
Tabela – 10 Vazão dos bocais
Diâmetro dos bocais
em mm
Vazões médias
em l/s
11 1,3
15 2,75
21 3,5
28 5
56
De acordo com os dados experimentais, à medida que aumenta o diâmetro do
bico a vazão aumenta, tendo a potência e a rotação do gerador aumenta. Conclui-se
que para a implantação deste tipo de microusina, a vazão não determina a potência
elétrica, como indicado na equação 1, mas determina o diâmetro do bico injetor (ou
setía) a ser usado, aproveitando da melhor forma a capacidade hidráulica.
Determinação da potência elétrica do gerador segundo o formulário (Eletrobrás,
1985):
P = ηt * ηg * ηa * H * Q, equação (1)
Sendo:
P = potência em W
ηt = rendimento da turbina, com valores entre 0,6 e 0,9
ηg = rendimento do gerador, com valores entre 0,5 a 0,9
ηa = rendimento do acoplamento (polias e correias), com valores entre 0,69 a 0,99
H = altura manométrica em relação à usina e a captação d’água (m)
Q = vazão d’água para abastecimento da microusina (litros/s)
4.5.3 Análise do gerador acoplado a microhidrelétrica utilizando a válvula
injetora de acionamento motorizado.
O experimento realizado, no Centro de Energia Renováveis, consistiu no
levantamento da curva tensão versus rotação variando a carga. A modificação,
mencionada no item 4.2 permitiu um controle da rotação mesmo variando a carga. A
carga foi composta de lâmpadas fluorescentes compactas de baixa potência com tensão
nominal de 110V. Os testes realizados na MCH subdividiram-se em dois tópicos
utilizando as duas ligações do gerador.
4.5.3.1 Análise com a conexão dos terminais do gerador para baixa rotação instalado
na MCH
O fechamento dos terminais do gerador na alta rotação, conforme análise em
bancada, indica a possibilidade de seu uso tanto para cargas de 220V quanto cargas de
57
110V. Em cargas 110V a rotação deve ser mantida em torno de 1200rpm. A Figura 16
apresenta o comportamento do sistema em modo automático.
Foi ajustado no tacômetro digital microprocessado as saídas de máxima e mínima
rotação, respectivamente 1250rpm e 1150rpm. Isto resultou numa faixa de controle da
tensão na faixa de 160V, sem carga, e 127V, com carga nominal.
INJETOR AUTOMATICO
0
6
14
20
24
26
30
31
32
60
168
160
157
150
128
127
102
100
93
89
62
33
1290
1220
1166
1138
971
983
796
778
734
495
691
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
CARGA (W)
TENSÃO (V)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
ROTAÇÃO (RPM)
CARGA (W) TENSÃO (V) ROTAÇÃO (RPM)
Figura – 16 Utilização do controle automático da vazão do bico injetor.
A Tabela 11 possui as medições de vazões para determinadas faixas de rotação e
cargas durante o experimento.
Tabela – 11 Potência gerada de acordo com a abertura do injetor automatizado
INJETOR AUTOMATIZADO
CARGA (W)
TENSÃO (V)
ROTAÇÃO (RPM) VAZÃO (l/s)
0 168 1290 1,66
6 160 1220 1,66
14 157 1166 1,66
20 150 1138 2,2
24 128 971 2,3
26 127 983 2,3
30 102 796 2,2
31 100 778 2,2
32 93 734 2,3
33 89 691 2,3
60 62 495 2,3
58
Analisando a Tabela 11, constatou-se que a válvula fechava quando a rotação no
gerador aproximava-se de valores acima da rotação programada, reduzindo a vazão e
limitando a tensão. Verificou-se que, a partir de 20W de carga sua rotação tornava-se
abaixo da rotação programada, atuando na agulha do injetor e aumentando a vazão.
Durante o experimento, realizou-se um teste com a agulha do bico injetor
totalmente recuado e o painel de controle da velocidade do eixo desligado. Foram
encontrados os dados, mostrados na Tabela 12. Este experimento teve por objetivo
comparar os dados da Tabela 11, veja que a rotação dispara, a vazão é a máxima e a
tensão maior que o limite permitido pela carga.
Tabela – 12 Vazão com o injetor totalmente aberto
INJETOR TOTALMENTE ABERTO
CARGA (W)
TENSÃO (V)
ROTAÇÃO (RPM) VAZÃO (l/s)
0 245 1850 2,27
6 192 1445 2,3
As cargas utilizadas no experimento apresentado na Tabela 11 foram as lâmpadas
fluorescentes compactas eletrônicas até o total de 33W de carga, realizou apenas um
teste com uma única lâmpada incandescente de 60W. O procedimento realizado foi
para verificar o comportamento da usina, que, durante o experimento, percebeu-se a
possibilidade da aplicação de carga com o dobro da carga nominal aplicada pelas
lâmpadas fluorescentes compactas de baixo fator de potência 0,5 em comparação com
as cargas puramente resistiva representada neste caso pela lâmpada incandescente. O
resultado, porém não foi favorável e a explicação para tal fato poderia se resumir em
que as lâmpadas fluorescentes compactas foram aplicadas sobre a influência das
harmônicas. As múltiplas da fundamental influenciaram diretamente o fator de
potência das lâmpadas fluorescentes compactas tornando-se valores diferentes ao
indicado pelo fabricante, uma análise sob o ponto de vista do triângulo de potências
verificaria o novo fator de potência.
59
4.5.3.2 Análise com a conexão dos terminais do gerador para alta rotação instalado na
MCH
Foram realizados dois experimentos utilizando duas programações diferentes de
controle de velocidade no eixo do gerador. Foram ajustados no tacômetro digital
microprocessado as saídas de máxima e mínima rotação respectivamente 1510rpm e
1500rpm, para o primeiro experimento e 1750rpm e 1650rpm, para o segundo
experimento. A faixa de regulagem aplicada no primeiro experimento visa à geração
da energia em torno de 50Hz. Isto decide uma faixa de controle da tensão, de 110V,
sem carga e até 90V, com carga. O segundo experimento determina a velocidade
máxima que o gerador alcança e o seu comportamento com a inserção de cargas. As
cargas e a metodologia são as mesmas da análise do item 4.5.3.1.
A Tabela 13 apresenta o levantamento de dados para o primeiro experimento.
Incluiu-se na tabela a posição em que se encontra a agulha totalmente aberta, semi-
fechada e oscilante. A posição oscilante foi a situação crítica em que a velocidade do
eixo torna-se muito próxima da programada no tacômetro. A oscilação foi proveniente
da resposta aos transitórios de instabilidade da máquina.
Tabela 13 – Injetor automatizado – Ligação em alta à 50Hz
REGULAGEM - 1500 A 1510
CARGA (W)
TENSÃO (V) ROTAÇÃO (RPM) SITUAÇÃO
0 110 1600 Semi-Fechada
6 96 a 107 1450 a 1600 Oscilante
13 92 a 100 1400 a 1560 Oscilante
20 95 a 100 1450 a 1530 Oscilante
24 94 a 100 1514 ± 30 Oscilante
25 90 a 100 1390 a 1530 Oscilante
27 96 a 99 1500 ± 30 Oscilante
29 95 1450 Aberta
34 90 a 102 1420 a 1545 Oscilante
35 90 1380 Aberta
36 93 1420 Aberta
37 90 a 95 1460 a 1500 Oscilante
38 87 1330 Aberta
39 89 1379 Aberta
40 93 1450 Aberta
43 90 1410 Aberta
46 89 1370 Aberta
49 87 1340 Aberta
60
Os resultados obtidos na Tabela 13 evidenciam a capacidade de geração em torno
de 40W, a variação de freqüência ± 3Hz e a limitação de tensão compreendida entre
90V a 110V.
Tabela 14– Injetor automatizado – Ligação para alta rotação a 60 Hz
REGULAGEM - 1750 A 1850
CARGA (W)
TENSÃO (V)
ROTAÇÃO (RPM)
0 116 1737
3 118 1770
6 112 1675
10 111 1700
13 110 1661
20 101 1508
24 97 1467
31 94 1458
38 86 1322
Pode-se verificar pela Tabela 14 que a rotação máxima atingiu 1747rpm e que,
para todas as cargas aplicadas, a válvula ficou estabilizada na posição aberta.
4.5.4 A relação entre os dados experimentais e a teoria
A Tabela 15 apresenta a comparação dos dados experimentais com os valores
calculados segundo a teoria.
Tabela – 15 A relação entre os dados experimentais e os dados teóricos
COMPARATIVO ENTRE O TEORICO E O EXPERIMENTAL
GRANDEZAS TEORICO
EXPERIMENTAL
VELOCIDADE DO JATO (m/s) 14,3 13
RENDIMENTO DO JATO 1 0,909
POTÊNCIA (W) - Ligação Baixa Rotação 109 30
POTÊNCIA (W) - Ligação Alta Rotação 109 40
RENDIMENTO GLOBAL - Ligação Baixa Rotação 4,58 1,26
RENDIMENTO GLOBAL - Ligação Alta Rotação 4,58 1,67
DIAMETRO DO INJETOR NA ENTRADA (mm) 75 100
TEMPO DE ABERTURA DO INJETOR (s) 20 A 40 7 A 15
DIAMETRO DA RODA (mm) - Ligação Baixa Rotação 500 380
DIAMETRO DA RODA (mm) - Ligação Alta Rotação 360 380
NÚMERO DAS PÁS 26 14
61
O fundamento teórico tido como referência advém do Manual de Microcentrais
Hidrelétricas (ELETRÓBRAS, 1985) e o livro Máquinas Motrizes Hidráulicas
(MACYNTIRE, 1983).
A potência e o rendimento teóricos foram calculados segundo a equação 1. Para a
potência calculada é levada em consideração a vazão máxima encontrada de 2,3 l/s.
Comparando-se os rendimentos temos que a percentagem dos equipamentos
eletromecânicos são 22% e 29% respectivamente para a ligação dos terminais na baixa
e na alta rotação. É admitido o valor de 0,8 para o rendimento do acoplamento pela
correia e polias.
4.5.5 As Considerações Finais
Comparando a hipótese relatada nas delimitações iniciais que ressalta a utilização
das cargas resistivas e não-lineares apresentadas pelas Figuras 8 e 9, com o
desenvolvimento durante os experimentos realizados na microcentral, houve
diferenças significativas, entre as quais citam-se:
1) Potência nominal do gerador obtida em bancada de testes: 1/2CV.
2) A capacidade máxima de geração da microusina foi de 30W com a conexão dos
terminais para baixa rotação e de 40W para a de alta rotação.
3) A substituição das mpadas do painel da Figura 8 por mpadas fluorescentes
compactas de menor potência, conforme Figura 17. Estas lâmpadas fluorescentes
possuem fator de potência em torno de 0,50.
4) Não houve condições para a aplicação do inversor-motor acionado pela microusina
hidrelétrica testada, ou seja, experimento in loco.
Figura 17 – Painel das lâmpadas
62
5. CONCLUSÕES
A economia de água, a busca da qualidade na geração de energia e do baixo custo
dos equipamentos de controle desenvolvidos e aplicados neste experimento o os
principais atrativos para a geração deste tipo de energia renovável, utilizando o
gerador de ímã permanente.
Comparando-se as Tabelas 11 e 12 do item 4.5.3.1, respectiva a ligação do
gerador na baixa rotação, conclui-se que a economia de água é de 37% entre a
microusina com o controle da rotação do eixo e sem o controle, mas a economia é
possível com a aplicação de pequenas cargas. Em relação a tensão gerada, verifica-se
que ocorre uma limitação da tensão gerada em torno de ± 25% da tensão nominal de
127V.
Os resultados com a ligação do gerador em alta rotação comprovam a geração de
energia de qualidade com uma pequena variação da freqüência nominal de 50Hz, em
torno de ± 3%, e uma faixa de tensão compreendida entre 90V e 110V.
O tempo ótimo para a abertura e o fechamento da válvula, constatado no
experimento, gira em torno de 7 a 10 segundos. Isto é suficiente para que a resposta de
rotação seja corrigida sem afetar as cargas conectadas ao gerador e que a tubulação
não sofra com o golpe de aríete.
No meio rural, em função da natureza da atividade e disponibilidade de recursos
hídricos energéticos, uma perspectiva interessante é o processo de eletrificação que
associado ao beneficiamento do produto agrega valor e aumenta a renda das
comunidades isoladas, mas suportável e recompensador para um conjunto de
agricultores que poderiam estar organizados em cooperativa. Dessa forma,
empreendimentos energéticos de maior capacidade poderiam ser viabilizados,
reduzindo o custo unitário por kW gerado e melhorando a viabilidade econômica.
O meio rural e as áreas isoladas são um nicho de mercado para as fontes
renováveis de energia visto que, em relação aos custos de extensão da rede elétrica, a
geração local pode ser vantajosa, mesmo que os custos externos, como os associados à
geração local de empregos e aos menores impactos ambientais, não sejam
considerados.
63
A geração distribuída apresentada neste trabalho tem a facilidade de não requerer
mão-de-obra técnica especializada para operação e manutenção das microcentrais. A
operação é bem simples que o controle é automático. A manutenção das
microcentrais resume-se na lubrificação e limpeza periódica com intervalo de tempo
longo entre elas. O gerador de í permanente facilita em muito a redução da
manutenção neste tipo de equipamento, e com o beneficio de baixo custo para sua
aquisição, por seu rotor ser confeccionado de ferrite. Material este encontrado
facilmente no Brasil, tecnologia nacional, características magnéticas favoráveis,
resistente à corrosão e capacidade de suportar temperatura de até 230 ºC.
Como conclusão, do ponto de vista do controle da rotação do eixo do gerador as
ações propostas e aplicadas sinalizam na direção correta. A aprovação do sistema é
satisfatória, comprovada pelo experimento na microusina. Salienta-se o fato da baixa
capacidade de geração, em torno de 30W, estando o gerador com a ligação elétrica de
seus terminais em baixa rotação, e de 40W, na ligação de alta, que os cálculos
teóricos indicam uma capacidade próxima de 2,7 a 3,7 vezes maior do que o valor
encontrado. A justificativa para o fato é o baixo rendimento da turbina e do gerador. A
turbina é composta de roda Pelton confeccionada de ferro fundido, material este muito
pesado. O gerador disponível no Centro de Energias Renováveis es
sobredimensionado para a capacidade de geração. O acoplamento entre a turbina e o
gerador também tem sua parcela de contribuição, visto que este acoplamento é
realizado por intermédio de polias de ferro fundido utilizando relação de transmissão
por correia. Outro fator preponderante para a baixa capacidade de geração encontrada
é a utilização de carga não-linear composta pelas lâmpadas fluorescentes compactas
eletrônicas que possuem fator de potência próximo a 0,50, sob a influência das
múltiplas da fundamental.
64
6. PESQUISAS FUTURAS
Como proposta para temas a serem verificados é sugerido a elaboração um
inventário para se determinar a quantidade em kW de potência instalada de
microcentrais hidrelétricas em toda a extensão do território nacional. Soma-se a está
pesquisa a realização de uma estimativa sobre o potencial hídrico disponível para
futuras instalações deste tipo de geração.
A biblioteca da ANEEL possui um grande acervo sobre o assunto relatando em
sua maioria o potencial em operação de várias bacias hidrográficas, contudo, o estudo
da estimativa depende de avaliações em grande escala, verificando topografia,
hidrologia e geologia de todas as bacias hidrográficas, para detectar sua vocação à
hidroeletricidade.
65
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de Março de 2004.
_______. Decreto 5.081/2004.
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