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BETTINA MORITZ DOS SANTOS
INTERFERÊNCIA DOS ÁCIDOS GRAXOS ÔMEGA-3 NOS LIPÍDEOS
SANGÜÍNEOS DE RATOS SUBMETIDOS AO EXERCÍCIO FÍSICO
(NADO)
FLORIANÓPOLIS-SC
2006
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BETTINA MORITZ DOS SANTOS
INTERFERÊNCIA DOS ÁCIDOS GRAXOS ÔMEGA-3 NOS LIPÍDEOS
SANGÜÍNEOS DE RATOS SUBMETIDOS AO EXERCÍCIO FÍSICO
(NADO)
Dissertação apresentada como parte integrante dos
requisitos para obtenção do título de Mestre em
Nutrição do Programa de Pós-Graduação em
Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina.
Orientadora: Profª Drª Elisabeth Wazlawik
FLORIANÓPOLIS-SC
2006
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Bettina Moritz dos Santos
INTERFERÊNCIA DOS ÁCIDOS GRAXOS ÔMEGA-3 NOS LIPÍDEOS
SANGÜÍNEOS DE RATOS SUBMETIDOS AO EXERCÍCIO FÍSICO
(NADO)
Dissertação apresentada como parte integrante dos
requisitos para obtenção do título de Mestre em
Nutrição do Programa de Pós-Graduação em
Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina.
Aprovada em:
BANCA EXAMINADORA:
________________________________________
Profª Drª Elisabeth Wazlawik – Orientadora
Universidade Federal de Santa Catarina
________________________________________
Profª Drª Rosa Maria Ribeiro do Valle Nicolau
Universidade Federal de Santa Catarina
_______________________________________
Prof. Dr. Édson Luiz da Silva
Universidade Federal de Santa Catarina
_______________________________________
Profª Drª Patrícia Faria Di Pietro (suplente)
Universidade Federal de Santa Catarina
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer a todos que contribuíram, de alguma forma, na elaboração
deste trabalho, especialmente...
... aos meus pais, que muito me ajudaram e deram forças, mesmo distantes, para
a realização deste trabalho;
...à minha orientadora, Profª Elisabeth Wazlawik, que soube da melhor forma
conduzir-me nesta longa jornada;
...às bolsistas Jaqueline Minatti e Rafaela Miranda, que muito me ajudaram na
execução da pesquisa;
...às minhas amigas e ajudantes especiais Imtrauth Ern, Ariana Ern Schmitd,
Ana Luiza e Vilma Panza, que também me auxiliaram muito;
...ao Ms. Gérson Faccin, que teve grande participação na realização deste
trabalho;
...à Ms. Lina Sant’Ana, minha colega, que por várias vezes na execução deste
trabalho;
...ao Prof. Dr. Luis Beirão, pelo fornecimento das cápsulas de óleo de peixe;
...ao Sr. Fernando Pirolli, pelo auxílio prestado nas avaliações dos parâmetros
bioquímicos;
...e a todos que de certa forma me ajudaram na execução deste trabalho.
RESUMO
O desequilíbrio das concentrações de lipídeos no sangue tem sido relacionado com
processos ateroscleróticos, sendo ainda postulado que a ingestão de óleo de peixe pode
interferir na referida alteração. O objetivo do presente trabalho foi investigar os efeitos da
suplementação com ácido graxo w-3, nas doses de 0,5 e 1,0g/kg/dia, nos lipídeos sangüíneos
de ratos machos Wistar, submetidos ou não ao teste do nado. No protocolo de 0,5g/kg/dia,
quando os valores finais de cada grupo experimental foram comparados aos iniciais em
relação às concentrações de colesterol total, foi observada redução significativa
proporcionalmente maior nos suplementados, com destaque ao grupo w-3+nado, apesar de o
controle+nado também ter apresentado diminuição. No ensaio de 1,0g/kg/dia, todos os grupos
apresentaram diminuição, que foi maior, no w-3+nado e, a seguir, no w-3. Quanto aos
triglicerídeos, foram encontradas reduções em todos os grupos experimentais do protocolo de
0,5g/kg/diano último dia, enquanto que, no de 1,0g/kg/dia, a diminuição foi significativa nos
grupos w-3 e w-3+nado. Quanto ao HDL-colesterol, no protocolo de 0,5g/kg/dia, foi
encontrado aumento nos animais que não foram suplementados, enquanto que em todos os
grupos de 1,0g/kg/dia houve uma diminuição do HDL-colesterol. Estudos adicionais com
outras doses também são necessários para a compreensão da relação entre a ingestão de óleo
de peixe e as concentrações de lipídeos sangüíneos.
Palavras-chave: ácidos graxos ômega-3, lipídeos sangüíneos, nado, ratos.
ABSTRACT
The inbalance in blood lipid concentrations has been related to atherosclerotic
processes with it also being postulated that the intake of fish oil might interfere in such an
alteration. The objective of the present study was to investigate the effects of fatty acid w-3
supplementation, at doses of 0.5 and 1.0g/kg/day, on blood lipids of Wistar male rats
subjected or not to a swim test. In the 0.5g/kg/day protocol, when final values of each
experimental group where compared to initial ones, regarding total cholesterol
concentrations, a proportionally larger significant reduction was observed in the supplemented
animals, mainly in the w-3+swim group, although control+swim also presented a decrease. In
the 1.0g/kg/day experiment, all groups presented a decrease, which was larger, respectively,
in w-3+swim, followed by w-3. As for triglycerides, decreases were found in all experimental
groups of the 0.5g/kg/day protocol, on the last day, whereas in the 1.0g/kg/day protocol, the
decrease was significant in groups w-3 and w-3+swim. As for the HDL-cholesterol, in the
0.5g/kg/day protocol, an increase was found in animals that were not supplemented, whereas
in all 1.0g/kg/day groups there was a decrease of HDL-cholesterol. Further studies, including
other doses, are necessary to understand the relationship between fish oil intake and blood
lipid concentrations.
Keywords: Omega-3 fatty acids, blood lipids, swim, rats.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................13
1.1 Justificativa.............................................................................................................15
2 REVISÃO DE LITERATURA..............................................................................18
2.1 Ácidos graxos..........................................................................................................18
2.1.1 Classificação.............................................................................................................18
2.1.2 Ácidos graxos essenciais ..........................................................................................19
2.1.3 Ácidos graxos ômega ...............................................................................................20
2.2 Ácidos graxos e resposta inflamatória..................................................................23
2.2.1 Processos inflamatórios em doenças ........................................................................27
2.3 Interferência do ômega-3 nos lipídeos sangüíneos ..............................................31
2.4 Exercícios físicos.....................................................................................................37
2.4.1 Estudos realizados com animais submetidos ao exercício .......................................39
3 OBJETIVOS...........................................................................................................41
3.1 Objetivo geral..........................................................................................................41
3.2 Objetivos específicos...............................................................................................41
4 MÉTODO................................................................................................................42
4.1 Animais....................................................................................................................42
4.2 Análise da ração......................................................................................................42
4.2.1 Umidade ...................................................................................................................43
4.2.2 Cinzas .......................................................................................................................44
4.2.3 Lipídeos ....................................................................................................................44
4.2.4 Proteínas ...................................................................................................................45
4.2.5 Carboidratos .............................................................................................................46
4.3 Tratamento com ácido graxo ômega-3.................................................................46
4.3.1 Grupos experimentais...............................................................................................47
4.4 Teste do nado ..........................................................................................................47
4.5 Avaliação dos parâmetros fisiológicos..................................................................48
4.5.1 Ingestão alimentar.....................................................................................................48
4.5.2 Peso corporal ............................................................................................................48
4.6 Coleta de sangue.....................................................................................................48
4.7 Análise bioquímica do sangue ...............................................................................49
4.8 Sacrifício e dissecação dos animais.......................................................................49
4.9 Análise estatística....................................................................................................50
5 RESULTADOS.......................................................................................................51
5.1 Composição centesimal da ração comercial.........................................................51
5.2 Ingestão alimentar..................................................................................................52
5.3 Peso dos animais.....................................................................................................55
5.4 Avaliação dos parâmetros bioquímicos................................................................57
5.4.1 Colesterol total..........................................................................................................58
5.4.2 Triglicerídeos............................................................................................................62
5.4.3 HDL-colesterol.........................................................................................................66
5.5 Peso do fígado .........................................................................................................68
6 DISCUSSAO...........................................................................................................70
7 CONCLUSÃO.........................................................................................................84
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................85
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Composição centesimal da ração comercial da marca FRI-RIBE S.A. fornecido
pelo Biotério Central da UFSC..............................................................................51
Tabela 2 - Composição em ácidos graxos da ração comercial da marca FRI-RIBE S.A.
fornecido pelo biotério central da UFSC...............................................................52
Tabela 3 - Estimativa de consumo médio diário de ração comercial (g), nos diferentes grupos
experimentais.........................................................................................................53
Tabela 4 Estimativa de consumo diário de macronutrientes e composição de ácidos graxos
advindos da ração comercial (g), por animal, nos diferentes experimentos......53
Tabela 5 – Concentrações plasmáticas de colesterol total (mg/dl) de ratos submetidos à
administração, por gavagem, de ácidos graxos w-3, na dose de 0,5g/kg/dia ou
1,0g/kg/dia ou água e submetidos ou não ao teste do nado, durante 28 dias. Os
valores representam as médias EPM de 10 a 12 animais por grupo. .................62
Tabela 6– Concentrações plasmáticas de triglicerídeos (mg/dl) de ratos submetidos à
administração, por gavagem, de ácidos graxos w-3, na dose de 0,5g/kg/dia ou
1,0g/kg/dia ou água e submetidos ou não ao teste do nado, durante 28 dias. Os
valores representam as médias EPM de 10 a 12 animais por grupo. .................66
Tabela 7 – Concentrações plasmáticas de HDL-colesterol (mg/dl) de ratos submetidos à
administração, por gavagem, de ácidos graxos w-3, na dose de 0,5g/kg/dia ou
1,0g/kg/dia ou água e submetidos ou não ao teste do nado, durante 28 dias. Os
valores representam as médias EPM de 10 a 12 animais por grupo. .................68
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Estrutura química do ácido oléico, ácido linoléico e α-linolênico..........................20
Figura 2 Esquema do metabolismo dos ácidos graxos linoléico (esquerda) e
α-linolênico
(direita). ...................................................................................................................21
Figura 3 Esquema da produção de eicosanóides a partir do ácido araquidônico (AA) e do
ácido eicosapentanóico (EPA). LT – leucotrienos; PG – prostaglandinas, TX -
tromboxanos. ...........................................................................................................25
Figura 4 - Peso corporal médio (g) de ratos a serem submetidos à administração de gavagem
diária de ácido graxo ômega-3 (w-3), na dose de 0,5g/kg/dia (A) ou 1,0g/kg/dia
(B), ou água, e, a serem submetidos ou não ao teste do nado, por 28 dias. Os
resultados representam a média
EPM de 10-12 animais por grupo, antes de
qualquer procedimento experimental (ANOVA + Tukey)......................................55
Figura 5 - Efeito da administração de ácido graxo ômega-3 (w-3), por gavagem, na dose de
0,5g/kg/dia (A) ou 1,0g/kg/dia (B), ou água, em ratos submetidos ou não ao teste
do nado, após 28 dias, no peso corporal (g). Os resultados são expressos como
média EPM de 10-12 animais por grupo. *p<0,05 comparado ao grupo basal e
controle (ANOVA + Tukey). ..................................................................................56
Figura 6 - Efeito da administração de ácido graxo ômega-3 (w-3), por gavagem, na dose de
0,5g/kg/dia (A) ou 1,0g/kg/dia (B), ou água, em ratos submetidos ou não ao teste
do nado, por 28 dias, no ganho de peso (g). Os resultados são expressos como
média EPM de 10-12 animais por grupo. *p<0,05 comparado ao grupo basal e w-
3; ** p<0,05 comparado ao grupo w-3; *** p<0,05 comparado ao basal e controle
(ANOVA + Tukey)..................................................................................................57
Figura 7 Concentrações plasmáticas de colesterol total (mg/dl), no tempo zero, de ratos a
serem submetidos à administração de gavagem diária de ômega-3 (w-3), na doses
de 0,5g/kg/dia (A) ou 1,0g/kg/dia (B), ou água, e, a serem submetidos ou não ao
teste do nado durante 28 dias. Os valores representam a média EPM 10-12
animais por grupo (ANOVA + Tukey). ..................................................................58
Figura 8 - Efeito da administração de ácido graxo ômega-3 (w-3), por gavagem, na dose de
0,5g/kg/dia (A) ou 1,0g/kg/dia (B), ou água, em ratos a serem submetidos ou não
ao teste do nado, durante 28 dias, sobre as concentrações plasmáticas de colesterol
total (mg/dl), no último dia dos procedimentos experimentais. Os resultados são
expressos como média EPM de 10-12 animais por grupo. * p<0,05 comparado ao
grupo basal. (ANOVA + Tukey).............................................................................59
Figura 9 Concentrações plasmáticas de colesterol total (mg/dl), antes (início) e após (final)
os procedimentos experimentais, para avaliar o efeito da administração de ácidos
graxos w-3, por gavagem, na dose de 0,5g/kg/dia ou água, de ratos submetidos ou
não ao teste do nado por 28 dias. A: grupo controle+nado, que recebeu água por
gavagem e foi submetido ao teste do nado; B: grupo w-3, não submetido ao teste
do nado; C: grupo w-3+nado, tratado com ácido graxo w-3 e submetido ao teste do
nado. * p<0,05 comparado ao início (teste t de Student). .......................................60
Figura 10 – Concentrações plasmáticas de colesterol total (mg/dl), antes (início) e após (final)
os procedimentos experimentais, para avaliar o efeito da administração de ácido
graxo w-3, por gavagem, na dose 1,0g/kg/dia ou água, em ratos submetidos ou não
ao teste do nado por 28 dias. A: grupo basal, sem tratamento e não submetido ao
teste do nado; B: grupo controle, que recebeu água por gavagem e não foi
submetido ao teste do nado; C: grupo controle+nado, que recebeu água por
gavagem e foi submetido ao teste do nado; D: grupo w-3, não submetido ao nado;
E: grupo w-3+nado, tratado com ácido graxo w-3 e submetido ao nado. *p<0,05
comparado ao início (teste t de Student). ................................................................61
Figura 11– Concentrações plasmáticas de triglicerídeos (mg/dl), no tempo zero, de ratos a
serem submetidos à administração de gavagem diária de ácido graxo ômega-3 (w-
3), na doses de 0,5g/kg/dia (A) ou 1,0g/kg/dia (B) ou água, e a serem submetidos
ou não ao teste do nado, durante 28 dias. Os valores representam a média EPM
de 10-12 animais por grupo (ANOVA + Tukey). ...................................................62
Figura 12 - Efeito da administração de ácido graxo ômega-3 (w-3), por gavagem, na dose de
0,5g/kg/dia (A) ou 1,0g/kg/dia (B), ou água, em ratos submetidos ou não ao teste
do nado, durante 28 dias, sobre as concentrações plasmáticas de triglicerídeos
(mg/dl), no último dia dos procedimentos experimentais. Os resultados são
expressos como média EPM de 10-12 animais por grupo. * p<0,05 comparado
com o grupo basal (ANOVA + Tukey). ..................................................................63
Figura 13 Concentrações plasmáticas de triglicerídeos (mg/dl), antes (início) e após (final)
os procedimentos experimentais, para avaliar o efeito da administração de ácido
graxo w-3, por gavagem, na dose de 0,5g/kg/dia ou água, de ratos submetidos ou
não ao teste do nado por 28 dias. A: grupo basal, sem tratamento e não submetidos
ao teste do nado; B: grupo controle, que recebeu água por gavagem e não foi
submetido ao teste do nado; C: grupo controle+nado, que recebeu água por
gavagem e foi submetido ao teste do nado; D: grupo w-3 não submetido ao teste do
nado; E: grupo w-3+nado, que recebeu ácidos graxos w-3 por gavagem e foi
submetido ao nado.* p<0,05 comparado ao início (teste t de Student)...................64
Figura 14 Concentrações plasmáticas de triglicerídeos (mg/dl), antes (início) e após (final)
os procedimentos experimentais, para avaliar o efeito da administração de ácido
graxo w-3, por gavagem, na dose de 1,0g/kg/dia ou água, de ratos submetidos ou
não ao teste do nado por 28 dias. A: grupo basal, sem tratamento e não submetido
ao teste do nado; B: grupo w-3, não submetido ao teste do nado; C: grupo w-
3+nado que recebeu ácidos graxos w-3 por gavagem e foi submetido ao nado. *
p<0,05 comparado ao início (teste t de Student). ....................................................65
Figura 15– Concentrações plasmáticas de HDL-colesterol (mg/dl), no tempo zero, de ratos a
serem submetidos à administração de gavagem diária de ácido graxo ômega-3 (w-
3), nas doses de 0,5g/kg/dia (A) ou 1,0g/kg/dia (B) ou água, e a serem submetidos
ou não ao teste do nado, durante 28 dias. Os valores representam a média EPM
de 10-12 animais por grupo (ANOVA + Tukey). ...................................................66
Figura 16 Efeito da administração de ácido graxo ômega-3 (w-3), por gavagem, na dose de
0,5g/kg/dia (A) ou 1,0g/kg/dia (B), ou água, em ratos submetidos ou não ao teste
do nado, durante 28 dias, sobre as concentrações plasmáticas de HDL-colesterol
(mg/dl), no último dia dos procedimentos experimentais. Os resultados são
expressos como média EPM de 10-12 animais por grupo. * p<0,05 comparado ao
grupo basal (ANOVA + Tukey)..............................................................................67
Figura 17- Efeito da administração de ácido graxo ômega-3 (w-3), por gavagem, na dose de
0,5g/kg/dia (A) ou 1,0g/kg/dia (B), no peso do fígado (g) de ratos, submetidos ou
não ao teste do nado, por 28 dias. Os resultados são expressos como média EPM
de 10-12 animais por grupo. *p<0,05 comparado ao grupo w-3; ** p<0,05
comparado aos grupos basal, controle e w-3 (ANOVA + Tukey). .........................69
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AA Ácido Araquidônico
AG Ácido(s) Graxo(s)
AGMI Ácido Graxo Monoinsaturado
AGPI Ácido Graxo Poliinsaturado
ApoB Apolipoproteína B
CHO Carboidratos
CT Colesterol Total
CT:HDL-col Relação Colesterol Total / HDL-colesterol
DHA Ácido Docosahexanóico
EPA Ácido Eicosapentanóico
GLA Ácido Gama Linoléico
GSH Glutationa Peroxidase
HDL High Density Lipoprotein (Lipoproteína de Alta Densidade)
LDL Low Density Lipoprotein (Lipoproteína de Baixa Densidade)
LDL:HDL Relação LDL-colesterol/HDL-colesterol
LIP Lipídeos
LPL Lípase Lipoprotéica
LT Leucotrienos
LTB4 Leucotrieno da série B4
mg miligramas
µg microgramas
PAF Fator de Agregação Plaquetária
PG Prostaglandinas
PPARs Receptor Ativado por proliferadores de peroxissoma
PTN Proteínas
TG Triglicerídeos
TX Tromboxanos
VCAM-1 Moléculas de adesão de células vasculares -1
VLDL Very Low Density Lipoprotein (Lipoproteína de Muito Baixa Densidade)
w-3 Ácidos Graxos Ômega-3
w-6 Ácidos Graxos Omega-6
13
1 INTRODUÇÃO
Os ácidos graxos (AG) ômega-3 (w-3), obtidos através da dieta alimentar, são
essenciais à saúde humana e não podem ser sintetizados em tecidos de mamíferos. Estudos
sugerem que o consumo adequado desses AG esteja relacionado à prevenção de doenças
cardiovasculares, sendo proposto que possam melhorar o perfil lipídico plasmático
(SOCCOL; OETTERER, 2003), beneficiar pacientes com arritmias cardíacas, diminuir
processos inflamatórios, apresentar propriedades antitrombóticas (KRIS-ETHERTON et al.,
2000; COVINGTON, 2004) e efeitos antiateroscleróticos (MIDDAUGH, 1990; ERISTLAND
et al., 1994; DE CATARINA; ZAMPOLLI, 2001).
As doenças cardiovasculares têm sido consideradas um dos mais significativos
problemas de saúde no mundo devido à alta taxa de mortalidade dos portadores. Essas
patologias (vasculopatias, coronariopatias, arritmias, trombose) foram responsáveis pela
morte de 70% a 80% dos indivíduos acima de 65 anos, no final da década de 90 (ÁGUILA;
APFEL; MANDARIM-DE-LACERDA, 1997).
Sugere-se que os hábitos relacionados ao estilo de vida, como as dietas
desequilibradas nutricionalmente (por exemplo, ricas em gordura saturada, trans, colesterol e
pobres em fibras, gorduras polinsaturadas e monoinsaturadas) e o sedentarismo são fatores de
risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (LIMA et al., 2000; GUEDES;
GUEDES, 2001). Baró et al. (2003) consideram que são vários os fatores de risco
influenciados pela má alimentação e associados com as doenças cardiovasculares, sendo
ressaltada a concentração aumentada de colesterol total (CT) e LDL-colesterol (LDL-col) e
baixas concentrações de HDL-colesterol (HDL-col).
A relação entre os lipídeos e as doenças cardiovasculares tem sido estudada desde
1847, quando Vogel detectou a presença de colesterol nas placas de ateroma (LIMA et al.,
14
2000). O desequilíbrio no metabolismo lipídico parece predispor ao desenvolvimento da
aterosclerose, visto que os fatores dietéticos, como dietas ricas em gordura saturada, trans ou
colesterol, desempenham um papel importante, pois podem proporcionar a progressão da
doença (BITTENCOURT JUNIOR; SENNA, 2002).
É sabido que as dietas que contêm altas concentrações de gorduras saturadas e
colesterol aumentam significativamente as concentrações de CT e LDL-col e estão
relacionadas com o aumento da incidência de infarto do miocárdio, sendo os AG láurico
(C12:0), mirístico (C14:0) e palmítico (C16:0) os que apresentam maior relação com o
aumento do colesterol sérico (HU et al., 1999). Pressupõe-se que, quando estes AG saturados
(AGS) são substituídos na dieta por AG poliinsaturados (AGPI) ou monoinsaturados (AGMI),
ocorra uma melhora no perfil lipídico, o que, por sua vez, teria um efeito benéfico sob ponto
de vista cardíaco. Atualmente, têm merecido destaque os efeitos dos AG w-3 sobre o sistema
cardiovascular (ÁGUILA; APFEL; MANDARIM-DE-LACERDA, 1997), havendo ainda, no
entanto, considerável controvérsia concernente à relativa importância dos AGPI na prevenção
de doenças cardiovasculares.
Além disso, estudos desenvolvidos tanto em humanos quanto em animais têm revelado
uma associação negativa entre a ingestão de AGMI e AGPI e a incidência de doenças
cardiovasculares (LIMA et al., 2000). Trabalhos desenvolvidos com óleo de peixe (fonte de
w-3) e azeite de oliva (fonte de ômega-9) parecem demonstrar efeitos positivos sobre o
sistema cardiovascular, como nas dislipidemias e nas arritmias. Por sua vez, o consumo
excessivo de AG linoléico (w-6) ou AGS parece estar relacionado com a predisposição a
processos inflamatórios, com a formação de trombos e, conseqüentemente, ao aumento do
processo aterosclerótico (VENKATRAMAN et al., 1998; COVINGTON, 2004).
Atualmente, a população ocidental apresenta uma dieta com elevado consumo de AGS
e w-6. Tem sido sugerido que esse padrão alimentar poderia reduzir a eficiência do ácido alfa-
15
linolênico (w-3), e que as grandes proporções de AGS e/ou w-6 poderiam interferir na
eficácia da conversão do w-3 em ácido eicosapentanóico (EPA) e ácido docosahexanóico
(DHA) (LAIDLAW; HOLUB, 2003).
Por outro lado, alguns estudos demonstraram um aumento na peroxidação lipídica e
um aumento na produção de radicais livres, quando consumidas maiores quantidades de AGPI
(w-3 ou w-6) e quando comparados ao consumo elevado de AGMI ou AGS. Além disso, é
considerado que aumentos significativos na peroxidação lipídica da parede arterial e um
aumento nas concentrações de LDL-col, com conseqüente comprometimento da função
endotelial, pode favorecer o desenvolvimento da aterosclerose (JORGE et al., 1997).
A prática de exercícios físicos também tem sido apontada como essencial na
prevenção de doenças cardiovasculares. É preconizado que os exercícios físicos praticados na
intensidade leve a moderada possam beneficiar os indivíduos, destacando-se o fato de
propiciarem a diminuição da adiposidade corporal e a melhora do perfil lipídico dos
indivíduos (DURANT; LINDER; MAHONEY, 1983), além de contribuir com o sistema de
defesa antioxidante (KIRAN; SUBRAMANYAM; DEVI, 2004).
Assim, de acordo com o apresentado, supõe-se que a prática regular de exercícios
físicos e o consumo de dietas adequadas podem auxiliar na prevenção de doenças
cardiovasculares (GUEDES; GUEDES, 2001).
1.1 Justificativa
Existe controvérsia no que diz respeito aos benefícios do consumo aumentado de AG
w-3 sobre a função cardiovascular e seus fatores de risco como as dislipidemias, ocorrendo
uma grande variabilidade nas respostas encontradas nos diferentes estudos (ARTEAGA et al.,
16
1993). Esses resultados contraditórios podem ter ocorrido, pelo menos em parte, devido aos
diferentes ensaios biológicos, além das distintas doses de lipídeos utilizadas, em combinação
ou não com antioxidantes.
Os trabalhos com humanos tornam-se difíceis por apresentarem uma enorme
variabilidade genética e grande dificuldade no controle da dieta alimentar. O animal mais
adequado para a utilização em modelos experimentais é o porco, pois apresenta o
metabolismo das lipoproteínas semelhante ao do ser humano. Os hamsters também são
considerados bons modelos animais para avaliar o metabolismo de lipoproteínas, em razão de
sua semelhança com humanos (HARRIS, 1997), assim como os coelhos, que são
considerados bons modelos para essa avaliação (FRAGOSO; BROWN, 1998) apesar de
pequenas diferenças no metabolismo das lipoproteínas, especialmente na produção de VLDL,
é considerada conveniente para modelos para aterosclerose, que é fácil e rapidamente
induzida nessa espécie (DE CATARINA; ZAMPOLLI, 2001).
Em virtude da dificuldade de manipulação e do pequeno espaço disponível, a
utilização das espécies animais acima citadas tornou-se inviável; assim, foram utilizados ratos
no presente estudo.
O teste do nado é utilizado para avaliar adaptações cardiovasculares induzidas pelo
exercício em animais, e pode ser utilizado em ratos por serem considerados bons nadadores
(GEENEN; BUTTRICK; SCHEURER, 1988).
A proposta do presente estudo foi a de analisar e comparar a relação entre a
suplementação de AG w-3 e as concentrações de lipídeos sangüíneos em ratos submetidos ou
não ao exercício físico, no caso, o teste do nado. Destaca-se que são raros os estudos na
literatura que relacionam, especificamente, os três parâmetros: o consumo de AG w-3, o teste
do nado e as concentrações plasmáticas de lipídeos colesterol total, triglicerídeos e HDL-
17
colesterol em animais experimentais (VENKATRAMAN et al., 1998; PELLIZZON et al.,
2002, QUILLES et al., 2003; ESTADELLA et al., 2004).
As alterações nas concentrações plasmáticas de lipídeos podem contribuir para o
desenvolvimento de doenças cardiovasculares, consideradas graves problemas de saúde
pública, e que, atualmente, apresentam um aumento progressivo, elevando os índices de
mortalidade e prejudicando a qualidade de vida.
18
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Ácidos graxos
Os ácidos graxos (AG) são compostos insolúveis em água e ricos em energia, podendo
fornecer 9 quilocalorias por grama. São indispensáveis na alimentação humana: além da
função energética, eles conferem sabor, sensação de saciedade, veiculam vitaminas
lipossolúveis e exercem também funções estruturais e hormonais nos seres vivos (SANTOS,
1998).
2.1.1 Classificação
Os AG são ácidos carboxílicos que geralmente apresentam uma cadeia carbônica
longa, não ramificada, com número par de átomos de carbono. De acordo com o número de
átomos de carbono, os AG podem ser classificados como: a) AG de cadeia curta (4 6
carbonos); b) AG de cadeia média (8 12 carbonos); c) AG de cadeia longa (14 – 18
carbonos); e d) AG de cadeia muito longa (20 carbonos ou mais) (POMPÉIA, 2002,
MATAIX, 2002).
Os AG podem ser classificados como saturados (AGS) ou insaturados. Os AG
insaturados são ainda subdivididos nas categorias monoinsaturados (AGMI) (uma única dupla
ligação) ou poliinsaturados (AGPI) (mais de uma dupla ligação). Nos AG de ligações simples
(AGS), a disposição espacial da molécula apresenta-se na forma trans, enquanto que as duplas
ligações adotam quase sempre uma conformação cis. Essas diferentes conformações
modificam o ângulo espacial da estrutura, e as duplas ligações são responsáveis pelo
aparecimento de uma curvatura na molécula, o que modifica a conformação dos triglicerídeos
(TG) e fosfolipídios da membrana. Essa modificação angular é responsável ainda pela
19
alteração das propriedades biológicas dos diferentes AG, face ao papel exercido por certos
AG, como nos processos metabólicos e no sistema imune. Na membrana plasmática, o
aumento da concentração de AGPI repercute na melhora da permeabilidade e fluidez da
membrana (INNIS, 1991; MATAIX, 2002).
Os AGPI podem ainda passar por transformação química a hidrogenação e
apresentar moléculas de hidrogênios ligados aos carbonos de uma insaturação em lados
opostos, tornando-se com conformação trans (MARTIN; MATSHUSHITA; SOUZA, 2004).
Tem sido demonstrado que o consumo aumentado de AG trans através dos alimentos ocasiona
malefícios à saúde humana, entre os quais destaca-se o aumento nas concentrações
plasmáticas de LDL-colesterol (MENSINK; KATAN, 1990; LICHTENSTEIN et al., 1999),
além da inibição das enzimas Δ5 e Δ6 desaturase, bloqueando o metabolismo dos AG
essenciais (KIRSTEIN; HOY; HOLMER, 1983).
2.1.2 Ácidos graxos essenciais
Os AG essenciais são o ácido α-linolênico e o ácido linoléico. O uso do termo
“essencial” refere-se ao fato de os AG desempenharem importantes funções e não poderem
ser sintetizados pelo organismo por meio de substâncias denominadas precursoras
(COVINGTON, 2004). Pela falta de AG essenciais podem ocorrer sérias deficiências
orgânicas, como problemas dermatológicos, neurológicos e visuais (POMPÉIA, 2002).
Os AG essenciais do tipo ômega-3 (w-3) e ômega-6 (w-6) compõem a formação de
estruturas de membranas e da matriz estrutural de todas as células, podendo influenciar várias
funções relacionadas à membrana, como a ligação de hormônios associada a transportadores e
enzimas, e participar no crescimento e desenvolvimento da estrutura de neurônios e na síntese
da bainha de mielina (BURR; BURR, 1930; INNIS, 1991; HOLMAN, 1998).
20
2.1.3 Ácidos graxos ômega
Os AG da família ômega têm essa denominação devido à posição metila na molécula
do AG, correspondendo à distância entre o radical metila terminal e a primeira dupla ligação
da molécula (ligação ômega). Os principais representantes desse grupo são o w-3 (ácido
α-
linolênico), o w-6 (ácido linoléico e ácido araquidônico) e o ômega-9 (ácido oléico)
(MATAIX, 2002).
Figura 1 – Estrutura química do ácido oléico, ácido linoléico e α-linolênico.
Fonte: Mataix, 2002, p.16.
2.1.3.1 Ácidos graxos ômega-3
Os AG essenciais w-3 são caracterizados pela presença de uma dupla ligação no
carbono 3. Existem 2 subgrupos do w-3, um derivado de óleos vegetais, compostos por 18
átomos de carbono e 3 duplas ligações, denominado ácido α-linolênico, e outro subgrupo
derivado dos óleos de peixe, composto em sua maioria de eicosapentanóides (EPA–20:5n-3) e
21
docosahexanóides (DHA22:6n-3) (HEPBURN; EXLER; WEIHRAUCH, 1986; SCHMIDT
et al., 2001). O subgrupo composto pelo EPA e DHA também pode ser formado, no
organismo humano, a partir de dessaturação e alongamento da cadeia do ácido α-linolênico,
porém essa conversão no homem ocorre de forma lenta. A cascata de eventos do metabolismo
dos AG linoléico e
α-linolênico pode ser visualizada na Figura 2.
Figura 2 – Esquema do metabolismo dos ácidos graxos linoléico (esquerda) e α-linolênico (direita).
Fonte: Adaptado de De Catarina e Basta (2001, p. 44).
Como fontes vegetais consideráveis de AG w-3 destacam-se os óleos de gérmen de
trigo (6,9%), de soja (7%), de canola (10%), de nozes (10,4%) e de linhaça (53%) (percentual
proporcional à concentração total de lipídeos do alimento) (SIMOPOULOS, 2001; SOCCOL;
OETTERER, 2003). Nos peixes, os AG w-3 são encontrados em maiores concentrações nos
marinhos que são provenientes de águas frias e profundas, com a quantidade de w-3: 1 a 2 g
no salmão, 0,5 g na truta e no atum e 0,5 g a 1,6 g na sardinha em cada 100g de peixe
(SCHMIDT et al., 2001).
Ácido linoléico
C18:2 n -6
Ácido
G ama -linolênico
(C18:3 n-6)
Ácido dihom o-g am a-
linolênico
(C20:3 n-6)
Á cido alfa-linolê nico
(C 18:3 n-3)
18:4 n-3
20:4 n-3
Á cido eicosape ntanóico
(20:5n-3)
Delta- 6
desa turase
Elongase
Delt a-5
desaturas e
Ôm ega-6
(w -6)
Ôme ga -3
(w -3)
Á cido araquidônico
(C2 0:4 n-6)
Elongase
Á cido
do cosa pe ntanóico
(C2 2:5 n-3)
C22:4 n-6
Delt a- 4
desaturas e
Ácido
docosapentanóico
(
-
6)
Ácido
docosahexa ico
(C22:6 n-3)
22
Os AG w-6 são geralmente consumidos na forma de ácido linoléico, transformado em
γ-linoléico e após em ácido araquidônico (AA). Em humanos os AG w-3 não são convertidos
em AG w-6, e sua presença e concentração (falta ou excesso) influenciam no metabolismo
dos AG w-6; da mesma forma, os AG w-6 não podem ser convertidos em w-3, mas
influenciam no seu metabolismo, por utilizarem a mesma via metabólica, regida pela
atividade da enzima Δ-6-desaturase. Portanto, o consumo de w-3/w-6 deve ser equilibrado
(TULEY, 1995).
A recomendação do consumo de AGPI, principalmente no que se refere aos AG w-3, é
ainda controversa. Segundo as DRI’s (Dietary Reference Intakes), o consumo de AG w-3
deve perfazer 0,6% - 1,2% do consumo energético total diário (TRUMBO et al., 2002). No
Brasil, a Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN) sugere que o consumo de
w-6 perfaça de 1% a 2% do consumo total energético da dieta, enquanto que os AG w-3
devem compreender de 10% a 20% dos AGPI da dieta (VANNUCCHI et al., 1990). Nos
Estados Unidos, recomenda-se o consumo de AGPI na proporção de 10 partes de AG w-6
para 1 parte de AG w-3. No Canadá, a recomendação cai para a proporção de 4:1 (LIMA, et
al. 2000). As novas recomendações da American Heart Association (AHA, Associação
Americana do Coração) sugerem o consumo de 0,5g/dia a 1,8g/dia de EPA+DHA ou o
consumo de 1,5g/dia a 3g/dia de ácido
α-linolênico. A AHA recomenda também que adultos
saudáveis devem consumir peixe duas vezes na semana. Foi sugerido que os indivíduos com
doenças cardiovasculares (arritmias, hipertensão, coronariopatias, entre outras) deveriam
suplementar sua alimentação com 1g de EPA+DHA por dia, e pacientes com
hipertrigiceridemia deveriam consumir de 2g/dia a 4g/dia de EPA+DHA (KRIS-
ETHERTON; HARRIS; APPEL, 2003). Ressalta-se que a relação de consumo atual, nos
países ocidentais, alcança 20 partes de w-6 para apenas 1 de w-3, demonstrando assim que
um consumo desequilibrado desses AG (LIMA et al., 2000).
23
Os AG w-3 e w-6, por fazerem parte de estruturas de membranas, competem pela
incorporação dos AG nos fosfolipídios de membrana. A afinidade de incorporação obedece à
seguinte ordem: ácido linolênico (w-3), ácido linoléico (w-6) e ácido oléico (w-9). O ácido
eicosapentanóico (EPA) e o ácido araquidônico (AA) também podem ser incorporados aos
fosfolipídios, mas os AG EPA têm maior afinidade para tal, melhorando a permeabilidade e a
fluidez da membrana celular (MURPHY, 1990).
Vários estudos têm demonstrado efeitos benéficos do w-3 por diminuírem a
sintomatologia ou até a progressão de várias doenças, como as cardiovasculares (FAN;
RAMOS; CHAPKIN, 2001; LEMAITRE et al., 2003), as dislipidemias (MORVAN et al.,
2002; PARK; HARRIS, 2003; PAN et al., 2004), as doenças inflamatórias crônicas, como a
artrite reumatóide (VENKATRAMAN; CHU, 1999), a colite ulcerativa (CAMPOS et al.,
2002) e a depressão (PEET; HORROBIN, 2002), entre outras (VENKATRAMAN, et al.,
1998).
Deve-se ressaltar que doses excessivas de w-3 podem ser deletérias para a saúde pelo
fato de esse lipídeo suprimir a produção de agentes inflamatórios, podendo levar a uma
diminuição exagerada da resposta do sistema imunológico (AZEVEDO et al., 2002), diminuir
a coagulação sangüínea e ainda aumentar o tempo de sangramento (THORNGREN; SHAFI;
BORN, 1984; CLARKE et al., 2005).
2.2 Ácidos graxos e resposta inflamatória
A inflamação pode ser definida como a reação de um tecido vivo vascularizado a um
dano localizado, e tem um papel tanto nas reações normais de reparo quanto na patogenia da
doença (DE CATARINA; BASTA, 2001). As inflamações podem ser agudas (durando
minutos ou horas), com liberação de proteínas no plasma e migração de leucócitos, ou
crônicas (com duração longa), histologicamente associadas à presença de linfócitos e
24
macrófagos (DE CATERINA; BASTA, 2001). Podem ser ainda divididas em dois tipos: a)
reações inflamatórias causadas por agentes não específicos e b) reações inflamatórias imuno-
mediadas, associadas intimamente com inflamações crônicas, como ocorre na artrite
reumatóide, psoríase, aterosclerose, asma e doença inflamatória intestinal, entre outras
(POMPÉIA; PROCOPIO; CURI, 1999).
A resposta inflamatória é controlada por componentes celulares e moleculares,
incluindo neste último os lipídeos, como os eicosanóides produzidos nas vias metabólicas do
AA, que abrangem produtos da via da ciclooxigenase as prostaglandinas (PG) e os
tromboxanos (TX) e da via dalipooxigenase os leucotrienos (LT) e as lipoxinas
(AZEVEDO et al., 2002; NATHOO; BARNETT; GOLUBIC, 2003). A maior parte dos
eicosanóides são derivados do AA, mas alguns são formados a partir do ácido di-homo-gama-
linolênico e outros do ácido eicosapentanóico. Esses eicosanóides apresentam uma série de
efeitos sobre o organismo, agindo sobre os sistemas cardiovascular, renal, digestivo,
reprodutor e imune, entre outros (DE CATARINA; BASTA, 2001).
As prostaglandinas são mediadores inflamatórios, e sua produção pode ser alterada
pela dieta alimentar ou pela redução da atividade da enzima Δ6-desaturase. As PG são
responsáveis pela modulação de secreções do sistema digestivo, reprodutivo, circulatório e
imune (RIBEIRO, 1990).
Os leucotrienos são moduladores lipídicos bioativos, formados a partir das
lipoxigenases, que, quando produzidos pelo AA (série 4), apresentam efeito similar ao dos
tromboxanos, que mostram ação na vasoconstrição. Estão envolvidos em funções pulmonares
por sua ação bronco-constritora (asma e alergias), na quimiotaxia, em respostas inflamatórias
e em funções imunológicas (STEJERNSCHANTZ, 1984).
Existem PG, TX e LT de várias séries produzidos no organismo, e alguns deles podem
apresentar maior potencial inflamatório que outros. A suplementação com w-3 parece criar
25
uma competição entre EPA e AA como precursora da síntese de PG, LT e TX. Essa
competição entre AG w-3 e AA ocorre na via da 5-lipoxigenase e suprime a formação dos
mediadores pró-inflamatórios como LT da série 4 e TX da série 2, favorecendo a produção
das séries com menor potencial inflamatório como as séries 5 e 3 (Quadro 3) (CALDER,
1996).
Figura 3 Esquema da produção de eicosanóides a partir do ácido araquidônico
(AA) e do ácido eicosapentanóico (EPA). LT leucotrienos; PG
prostaglandinas, TX - tromboxanos.
Fonte: Adaptado de De Catarina e Basta, 2001, p.D46.
A liberação de LT da série B4 (LTB
4
) fica diminuída em dietas ricas em w-3, o que
pode ser benéfico em determinadas situações, pois esse mediador induz a liberação de
enzimas lisossomais, a geração de espécies reativas de oxigênio e a agregação de neutrófilos e
monócitos, bem como o aumento da resposta quimiotática de eosinófilos em humanos. Além
disso, essas dietas parecem inibir a autoamplificação da resposta inflamatória pela diminuição
da produção de LTB
4
, devido à inativação da enzima formadora desse LT e pela inibição da
quimiotaxia induzida por LTB
4
e do fator de agregação plaquetária (PAF) (DE CATARINA;
BASTA, 2001; AZEVEDO et al., 2002).
A fosfolipase A2 é a enzima-chave para o metabolismo dos eicosanóides, pois está
envolvida na liberação do AA livre na posição Sn-2 da membrana dos fosfolipídeos. O EPA
também compete com o AA pelas enzimas lipooxigenase e ciclooxigenase, responsáveis pela
AA EPA
PG da série 2
TX da série 2
PG da série 3
TX da série 3
interfere
LT da s érie 4
LT da s érie 5
DHA
(Lipoxigenases)
(Cicl ooxigenases)
26
regulação dos sinais pró-inflamatórios. Além disso, o EPA inibe o fator de transcrição nuclear
Kappa- β (NFk- β), resultando na diminuição da produção de citocinas pró-inflamatórias,
como a interleucina-1 (IL-1) e o fator de necrose tumoral (TNF) (DE CATARINA; BASTA,
2001; JHO et al., 2004).
Esses efeitos dos AG w-3 na diminuição da produção de eicosanóides e citocinas pró-
inflamatórias pode ser observado no estudo desenvolvido por Mickeborough et al. (2003), em
que 10 atletas de elite foram suplementados com óleo de peixe (3,2gEPA+ 2,2gDHA) por 3
semanas e submetidos à prática diária de corrida até à exaustão. Após esse período foi
avaliada a concentração de LT na urina e de interleucinas e TNF-α no sangue. Foi constatado
que a produção de eicosanóides (LTE4, PGD2, LTB4) e citocinas proinflamatórias (TNF-α e
IL-1B) foram diminuídos com a suplementação de óleo de peixe, sendo sugerido que esse
óleo tenha um efeito benéfico na redução da indução da broncoconstrição causada pelo
exercício físico. Posteriormente, os mesmos indivíduos receberam suplementação com a
mesma dose de óleo de oliva, e foram novamente submetidos ao mesmo protocolo de
exercício. Então foi constatado que, com o tratamento com o óleo de oliva, os valores de
citocinas pró-inflamatórias e dos LT foi semelhante ao valor inicial encontrado antes da
suplementação com óleo de peixe. Com isso pode-se aventar que atletas de elite ou de
endurance serão beneficiados com alterações na dieta que incluam uma maior ingestão de
óleo de peixe. Além disso, atletas de outras modalidades, quando submetidos a treinos
intensivos e exaustivos em períodos pré-competitivos também poderiam ser beneficiados com
pequenas modificações na alimentação relacionadas a uma maior ingestão de AG w-3.
Além da produção de eicosanóides, os AG podem atuar sobre a inflamação por meio
da modulação da atividade de fosfolipases, proteínas quinases, proteínas-G, adenilato e
guanilato ciclases, canais iônicos e outros mecanismos bioquímicos envolvidos na resposta
celular. Adicionalmente, os AGPI podem influenciar na ativação de receptores e enzimas
27
(com papel fundamental na sinalização celular) e interferir na afinidade por hormônios. Os
AGPI podem modular a inflamação de distintas formas, uma vez que atuam como ligantes dos
receptores ativados por proliferadores de peroxissomos (PPARs), os quais são fatores de
transcrição gênica; ainda há, entre outros efeitos, a quebra de LTs, limitando a duração da
inflamação (BARBER; ROSS; FEARON, 1998).
2.2.1 Processos inflamatórios em doenças
Os processos inflamatórios, agudos ou crônicos, envolvidos em diferentes doenças,
parecem ser modulados por lipídeos. Por sua vez, a ingestão alimentar (quantidade e
qualidade) e a nutrição individual (capacidade de absorção, utilização e excreção, que são
dependentes da condição orgânica do indivíduo) podem estar relacionados à imunidade
(FERNANDEZ; PALLARO; SLOBODIANIK, 2001).
É postulado que, em muitos países, o aumento do consumo de AGPI w-6, aliado ao
baixo consumo de AGPI w-3, pode levar a uma maior incidência de doenças inflamatórias
crônicas. O consumo de óleo de peixe parece exercer efeitos benéficos na aterosclerose, asma,
psoríase, doença de Crohn, colite ulcerativa, queimaduras, adenocarcinomas, artrite
reumatóide, entre outras enfermidades. A importância das dietas ricas em w-3 na redução da
inflamação crônica deve-se principalmente à competição gerada entre esse AG e o ácido
araquidônico, que, na via da 5-lipoxigenase, suprime a formação dos mediadores pró-
inflamatórios, como leucotrienos da série 4, tromboxanos e prostaglandinas da série 2, e
favorece a produção das séries de menor potencial inflamatório (séries 3 e 5); além disso, o
consumo aumentado de w-3 leva à diminuição da infiltração celular, com menor adesão de
linfócitos no endotélio, inibição da atividade das células natural killer e redução da produção
de IL-2, IL-6, IL-10, IL-12 e TNF-α, importantes mediadores que estimulam o processo
28
inflamatório (VENKATRAMAN; CHU, 1999; CAMPOS et al., 2002; SIMOPOULOS, 2001;
MIZOCK; DEMICHELE, 2004).
Algumas doenças autoimunes, incluindo a artrite reumatóide e o lupus eritomatoso
sistêmico, são caracterizadas pelo aumento da aterosclerose e, conseqüentemente, pelos
maiores níveis de morbidade e mortalidade por doenças cardiovasculares, por produzirem
reações inflamatórias (SHERER; SHOENFELD, 2006).
Na aterosclerose, há um maior número de moléculas de adesão por células endoteliais,
o que acarreta a exacerbação da resposta inflamatória, com conseqüente aumento da lesão
tecidual (BITTENCOURT JÚNIOR; SENNA, 2002).
Considera-se que o estresse (de forma geral) poderia estimular a aterosclerose, com o
aumento da resposta inflamatória, o que, por sua vez, elevaria a concentração de lipídeos
plasmáticos, aumentando o risco de modificação dessas partículas, como a oxidação, outros
danos endoteliais e maior agregação plaquetária. Portanto, é possível que o estresse em
episódios repetidos possa agravar o processo de aterosclerose (BLACK; GARBUTT, 2002).
Por outro lado, o exercício físico crônico, realizado de forma sistemática e contínua,
de intensidade leve a moderada, poderia auxiliar na melhora do perfil lipídico e na diminuição
do estresse fisiológico e psicológico (FOX; HASKELL, 1968).
2.2.1.1 Aterosclerose
A aterosclerose é um processo de aterogênese caracterizado por uma sucessão de
desordens nas camadas íntima e média das paredes dos vasos. Apesar de ainda não estar bem
compreendida a seqüência dos eventos que levam à aterosclerose, o processo parece ser
decorrente de alterações provocadas nas células endoteliais por estímulos como a
hipercolesterolemia, a ativação imunológica (como a liberação de substâncias pró-
29
inflamatórias), a hipertensão e a anóxia, entre outros (ROSS, 1986; SCHMITZ;
HANKOWITZ; KOVACS, 1991). Recentemente, estudos têm reforçado a hipótese de que a
inflamação está relacionada com a aterosclerose (HANSSON, 2005; SHERER;
SHOENFELD, 2006).
Entre os fatores de risco da aterosclerose influenciados pela dieta destacam-se:
concentrações plasmáticas aumentadas de CT, LDL-col, hiperhomocisteinemia, hipertensão,
diabetes e baixas concentrações plasmáticas de HDL-col e de antioxidantes (BARÓ et al.,
2003). A hipercolesterolemia, por sua vez, propicia o espessamento e acúmulo de lipídeos na
camada íntima de vasos, que produzem estrias gordurosas e placas de ateroma (NAPOLI et
al., 2000).
Existe uma correlação direta entre a incidência e a gravidade de lesões ateromatosas e
a concentração plasmática de CT, e em especial a LDL-col, que é o principal fator de risco
para o processo aterosclerótico (ROSS, 1986). Por outro lado, a concentração aumentada de
HDL no plasma correlaciona-se negativamente com a incidência de aterosclerose (RIDKER;
GLYNN; HENNEKENS, 1998).
A partícula de LDL pode ser modificada por oxidação, glicação (diabetes) e
agregação, associados com proteínas ou incorporados em imunocomplexos (KHOO et al.,
1988; STEINBERG, 1997). Quando partículas de LDL ficam presas nas artérias podem
progredir para a oxidação e ser internalizadas por macrófagos por meios de receptores
(KHOO et al., 1992). Essa internalização leva à formação de peróxidos lipídicos e facilita o
acúmulo de ésteres de colesterol, resultando na formação da célula espumosa (NAVAB et al.,
1996; GRIENDLING; ALEXANDER, 1997).
O fato de o AG w-3 ser incorporado às membranas pode acarretar algumas
modificações na estrutura e função delas, como o aumento da sua fluidez e melhora da
absorção de nutrientes. Foi sugerido que a substituição de dietas convencionais (ricas em
30
AGS e/ou AGPI w-6) por ricas em AG w-3 poderia ter um efeito hipotrigliceridemiante e/ou
hipocolesterolemiante significativo, impedindo, dessa forma, a evolução da aterosclerose
(QUILES et al., 2003).
Os estudos com dietas ricas em w-3 demonstraram efeitos antitrombóticos (QUILES
et al., 2003) e hipotensores, bem como uma modificação na reatividade e função das
estruturas do miocárdio em humanos (ARTEAGA et al., 1993). Esses efeitos parecem ser
devidos, pelo menos em parte, à inibição da agregação plaquetária, ao aumento do tempo de
coagulação e à diminuição da permeabilidade endotelial (LERAY et al., 2001). As plaquetas
são as primeiras células sangüíneas que iniciam a ativação endotelial, portanto, uma inibição
dessa adesão pode reduzir a infiltração de leucócitos e a aterosclerose (MASSBERG et al.,
2002).
Outro papel dos AGPI w-3 na prevenção da aterosclerose parece ser a redução da
expressão de molécula de adesão de células vasculares (VCAM-1), que é a principal molécula
de adesão responsável pela interação entre os monócitos e a parede vascular, além da
participação nas interações entre leucócitos e células endoteliais da microcirculação
(POMPÉIA et al., 2000). A molécula VCAM-1 parece ter uma íntima relação com o
desenvolvimento da aterosclerose, pois a expressão precoce dela em células endoteliais foi
observada em modelos experimentais de coelhos alimentados com dietas ricas em colesterol,
antes mesmo do aparecimento das células espumosas de macrófagos na camada íntima, no
desenvolvimento da estria gordurosa (DE CATARINA; ZAMPOLLI, 2001).
Em contrapartida, os AGPI possuem duplas ligações e por isso apresentam maior
susceptibilidade para peroxidações. Estudos têm sugerido que as dietas ricas em w-3 podem
diminuir a concentração de vitamina E no plasma (44 a 70%) e nos tecidos de animais, como
o fígado (40 a 74%) e rins (21 a 28%). Essa redução poderia levar a um aumento na formação
de radicais livres, que, dependendo da situação e das concentrações de w-3 empregadas,
31
poderia contribuir para o desenvolvimento da aterosclerose (SONG; FUJIMOTO;
MIYAZAWA, 2000).
Leray et al. (2001) estudaram os efeitos do óleo de linhaça e do óleo de peixe na ação
antioxidante do fígado e nos parâmetros de coagulação do plasma de ratos. Os animais que
receberam dieta enriquecida com EPA e DHA (20mg/dia por 4 dias) demonstraram uma
diminuição da coagulação após uma semana e um concomitante aumento na peroxidação
lipídica, aumentando também o conteúdo de tocoferolquinona (metabólito final do α-
tocoferol) no fígado.
2.3 Interferência do ômega-3 nos lipídeos sangüíneos
As pesquisas em relação aos efeitos do AG w-3 sobre os lipídeos sanguíneos
demonstraram, tanto em animais quanto com seres humanos, resultados não conclusivos.
Rievellese et al. (2003) avaliaram os efeitos de diferentes tipos de dietas, ricas em
AGMI ou AGS e acrescidas de w-3 (3,6g/dia) ou placebo, nas concentrações plasmáticas de
lipoproteínas de jejum, no tamanho da partícula de LDL e lipídeos pós-prandiais em
indivíduos saudáveis. Fizeram parte do estudo 162 pessoas de ambos os sexos, com idade
entre 30 e 65 anos, que foram orientadas a seguir uma dieta rica em AGMI (com 8% de AGS,
23% de AGMI e 6% de AGPI) ou rica em AGS (com 17% de AGS, 14% de AGMI e 6% de
AGPI), acrescidos de w-3 (3,6g/dia) ou placebo, por 90 dias. O grupo submetido à dieta rica
em AGS demonstrou maior concentração plasmática de LDL-col e TG. A suplementação com
óleo de peixe (w-3) foi capaz de reduzir as concentrações de TG em jejum ou pós-prandial.
Apesar disso, foi possível observar um aumento das concentrações de LDL-col no plasma,
tanto no grupo que recebeu a suplementação associada à dieta rica em AGMI, quanto à
associada à dieta rica em AGS.
32
No estudo realizado por Baró et al. (2003), foram avaliados os efeitos do leite
enriquecido com w-3 (4,1% do total de lipídeos), ácido oléico (56,8% do total de lipídeos),
vitamina E (1,5mg/100g), B
6
(0,3mg/100g) e ácido fólico (30µg/100g) sobre os fatores de
risco para doenças cardiovasculares (LDL-col, homocisteína, LDL-col oxidada). Participaram
desse estudo 30 homens e mulheres saudáveis, que receberam 500ml de leite semidesnatado
ao dia por 4 semanas. Num segundo momento, esses indivíduos receberam 500ml de leite
teste (rico em AG w-3, ácido oléico e as vitaminas acima citadas) por 8 semanas, ao invés do
utilizado na etapa anterior. O consumo do leite rico em w-3 (0,39g de w-3, correspondente a
4,1% do total de lipídeos, em 500ml de leite) e ácido oléico demonstrou uma significante
diminuição nas concentrações de CT, LDL-col, homocisteína e da expressão da VCAM-1, em
relação aos resultados obtidos nas 4 primeiras semanas (sem leite enriquecido), não sendo
observada nesse trabalho modificação na concentração de TG plasmático. Destaca-se que no
estudo pode ter havido um efeito sinérgico entre os nutrientes adicionados.
Com relação aos estudos desenvolvidos em animais, Halvorsen, Rustan e Christiansen
(1995) submeteram ratos à dieta rica em AG w-3 (6,5%) + banha (13%), perfazendo no total
19,5% de lipídeos, ou dieta rica em banha (19,5%). Os animais submetidos à dieta rica em w-
3, demonstraram menores concentrações plasmáticas de TG (75%), CT (20%) e fosfolipídeos
(40%), comparados aos submetidos à dieta rica em banha, quando avaliados em estado pós-
prandial. Destaca-se que, nesse estudo, o grupo w-3 demonstrou um aumento de 2,4 vezes na
peroxidação lipídica no fígado.
Em um estudo realizado por Carvajal e Angulo (1997), a ingestão de 3g de óleo de
salmão em indivíduos hipercolesterolêmicos e hipertrigliceridêmicos, por 4 semanas,
propiciou uma diminuição significativa do CT, LDL-col e TG e um aumento no HDL-col
plasmático. Entretanto, os indivíduos normolipidêmicos apresentaram somente um aumento
33
do HDL-col. Verificou-se, portanto, um efeito mais expressivo da suplementação dos AG w-3
sobre o perfil lipídico de indivíduos hipercolesterolêmicos ou hipertrigliceridêmicos.
Por outro lado, num estudo realizado com camundongos, foi demonstrado que as
dietas ricas em AG w-3 reduziram a concentração de HDL-col no soro, aumentando a sua
concentração no fígado. Morvan et al. (2002) observaram uma redução nas concentrações
plasmáticas de HDL-col, além da diminuição de TG, fosfolipídios e CT em camundongos
suplementados com w-3 (3,33% adicionados à ração comercial que continha 5% de lipídeos).
Foi verificado ainda um aumento na transferência de ésteres de colesterol de HDL para o
fígado. Nesse estudo houve um aumento de 2 a 3 vezes na expressão do gene para o receptor
scavenger da classe B-1, sugerindo que a dieta rica em w-3 interfere no transporte reverso do
colesterol em camundongos, provavelmente pelo aumento desses receptores.
Gaíva et al. (2003) submeteram ratos ao tratamento com ração comercial (Nuvilab
®
-
com 4% de lipídeos) adicionadas de óleo de peixe (15%), com ração comercial adicionada de
óleo de soja (15%) ou com ração comercial adicionada de óleo de soja + óleo de peixe (15%,
na proporção de 5:1). Após um período de 8 semanas foi observado que o grupo que recebeu
apenas uma dieta rica em óleo de peixe apresentou uma menor concentração plasmática de
lipídeos totais no plasma, CT e HDL-col em relação a todos os outros grupos. os animais
alimentados com uma dieta rica em óleo de peixe e de soja demonstraram um aumento no
HDL-col em relação aos grupos controle e óleo de peixe e uma menor relação entre o
CT:HDL-col quando comparados aos demais grupos. Nesse estudo foi observado que dietas
enriquecidas somente com AG w-3 reduziram as concentrações de lipídeos circulantes, mas
aumentaram a sua deposição no fígado.
No estudo desenvolvido por Diniz et al. (2004), que avaliaram os efeitos da dieta rica
em AGS (25%) e AGPI (25%) no metabolismo e sua relação com o estresse oxidativo de
ratos Wistar, foi verificado que os animais tratados com uma dieta rica em AGPI
34
apresentaram menores concentrações de TG, CT, LDL-col e relação CT:HDL. Além disso,
esses animais tiveram níveis aumentados de lipoperoxidação do miocárdio e hidroperoxidação
lipídica e uma diminuição da atividade das enzimas superóxido dismutase e catalase.
Jorge et al. (1997) verificaram o efeito dos AG w-3 sobre a reversão da disfunção
endotelial na hipercolesterolemia, sobre as concentrações plasmáticas de CT, HDL-col, LDL-
col, TG e sobre a peroxidação lipídica das partículas de LDL e parede arterial de coelhos
hipercolesterolêmicos, alimentados com ração comercial adicionada de 0,5% de colesterol +
2% de gordura de coco, por 15 dias. Após, os animais foram suplementados com
300mg/kg/dia de w-3 por gavagem. Foi verificado que os coelhos suplementados com w-3
apresentaram maior concentração de CT e VLDL-col e uma redução significante dos TG
plasmáticos, além de um prejuízo no relaxamento dependente do endotélio, comparados ao
grupo-controle (que recebeu a mesma dieta, mas não foi suplementado com w-3). Supõe-se
que a suplementação com AG w-3 não tenha sido suficiente para promover um relaxamento
no endotélio.
Em um estudo realizado por Song, Fujimoto e Miyazawa (2000), foi testado o efeito
de óleos enriquecidos com DHA (15g/100g de óleo) sobre as concentrações plasmáticas de
TG e fosfolipídios, e observado o estado de peroxidação no rim, fígado e plasma. Nesse
estudo foi verificado que as dietas ricas em DHA aumentaram significativamente as
concentrações de DHA no plasma, fígado e rins, enquanto houve uma concomitante redução
no AA nos referidos tecidos, o que poderia interferir na fluidez das membranas. Além disso, a
suplementação com DHA foi capaz de reduzir as concentrações de TG no plasma e no fígado.
Em contrapartida, os animais suplementados com DHA apresentaram maior acúmulo de
hidroperóxidos de fosfolipídios no plasma, fígado e rins, enquanto que as concentrações de -
tocoferol foram concomitantemente reduzidas. Ou seja, os ratos alimentados com óleos ricos
em DHA tiveram maior susceptibilidade à peroxidação lipídica.
35
Como relatado até aqui, existe muita controvérsia quanto aos efeitos dos AG w-3
nos lipídeos sanguíneos. Segundo Pan et al. (2004), não está bem esclarecida a forma como os
AG w-3 diminuem as concentrações dos lipídeos sangüíneos, como CT e TG. Os autores
supõem que esse AG provindo de óleo de peixe estimula um novo caminho para a degradação
da Apolipoproteína B100. Essa apolipoproteína é uma molécula presente na capa de
fosfolipídeos, especialmente em partículas de LDL-col, VLDL-col e lipoproteína a (Lpa), que
serve como porção ligante para o receptor das lipoproteínas. A produção de ApoB100 está
intimamente relacionada com a síntese endógena de colesterol (PRINSEN et al., 2003).
Pan et al. (2004) investigaram a bioquímica desse “novo caminho” de degradação da
ApoB100 e descobriram que ele parece requerer um aumento do produto lipídico peroxidado,
pois os AGPI tiveram maior degradação da ApoB100 recém sintetizada e apresentaram
aumento na peroxidação lipídica. Em contrapartida, quando esses mesmos AG foram
incubados com antioxidantes como vitamina E, houve uma diminuição significativa na
degradação da apolipoproteína. Os testes realizados in vivo e in vitro apresentaram resultados
semelhantes, indicando evidências da degradação de ApoB100 pelo aumento do produto de
peroxidação de lipídeos.
De acordo com Pan et al. (2004), parece haver uma estreita relação entre o aumento da
peroxidação lipídica e a maior degradação da ApoB100 recém sintetizada, que poderia
interferir com a quantidade de partículas aterogênicas na circulação. Assim, de acordo com o
exposto, pode-se reforçar a importância de uma adequada recomendação de consumo
alimentar de macro e micronutrientes, principalmente quando associados à ingestão de AGPI.
Park e Harris (2003) também encontraram uma redução significativa na concentração
de ApoB100 (24%) e ApoB-48 (28%), quando os animais foram suplementados com 4g de
EPA ou 4g de DHA. Foi verificado que a meia-vida dos TG do quilomícron, no estado
alimentado (pós-prandial), apresentava-se reduzida após o tratamento com w-3. Além disso,
36
observaram um aumento na atividade da enzima lipase lipoprotéica (LPL). De acordo com o
estudo, foi proposto que o w-3 acelera a liberação do TG dos quilomícrons pelo aumento da
lipólise mediada pela LPL. Nesse estudo foi observado ainda que, com dosagens iguais de
EPA e DHA (4g cada), os resultados foram semelhantes. Foi sugerido que os AGPI podem
deslocar a LPL, melhorando sua liberação para a circulação e estimulando, assim, uma maior
degradação dos lipídeos circulantes. Isso poderia explicar, por sua vez, a diminuição do
colesterol e dos TG plasmáticos em alguns estudos com w-3.
É ainda destacado que o óleo de peixe, rico AG w-3, pode diminuir a concentração
plasmática de TG, possivelmente por reduzir a síntese de TG pelo fígado (MORVAN et al.,
2002). Além disso, o óleo de peixe aumentaria a atividade da LPL, acelerando o catabolismo
da VLDL e dos quilomícrons, contribuindo para a diminuição da trigliceridemia pós-prandial
(PARK; HARRIS, 2003).
Os mecanismos moleculares de ação do w-3 tinham permanecido especulativos até
recentemente, quando foi demonstrado que esses lipídeos controlam a transcrição de genes
específicos no fígado, tais como a síntese de AG, proteína S14 e LPL. Além disso, “um
caminho” parece depender da direta ligação desses componentes ao receptor ativado por
proliferadores de peroxissomas (PPARs), enquanto o “outro caminho” pode efetivar-se devido
a uma diminuição da regulação da via
steroid receptor element binding protein (SREBP) do
RNAm (KIM; TAKAHASHI; EZAKI, 1999).
Existe considerável controvérsia concernente à relativa importância do AGPI w-3 e w-
6 na prevenção de doenças cardiovasculares. Alguns estudos têm revelado associação
negativa entre a ingestão de AGMI e AGPI e a incidência de doenças cardiovasculares
(LIMA, et al. 2000). Assim, alguns pesquisadores sugerem que dietas ricas em AG w-3
podem prevenir a aterosclerose em animais (KINSELLA; LOKESH; STONE, 1990;
37
HARRIS, 1997), enquanto Jorge et al. (1997) referem que o aumento da formação de radicais
livres propiciaria o processo da aterosclerose em coelhos.
2.4 Exercícios físicos
Os exercícios físicos, segundo as acepções mencionadas no Dicionário da Ciência e do
Esporte (
Dictionary of Sport Science), são entendidos como formas de movimento humano
para atingir um dos seguintes objetivos: manter um certo nível da função física, desenvolver
capacidades físicas funcionais, restaurar alguma perda da capacidade funcional e desenvolver
novas capacidades funcionais para compensar a perda de outras anteriormente existentes
(BEYR, 1992).
Os avanços tecnológicos levaram a uma civilização altamente mecanizada, em que as
máquinas dispensam o trabalho físico, induzindo o indivíduo ao sedentarismo, provocando
assim uma atrofia progressiva e uma perda das funções orgânicas. Ao mesmo tempo em que
trouxe confortos, o desenvolvimento também foi responsável por tornar as pessoas mais
sedentárias e diminuir as suas necessidades energéticas diárias (TREMBLAY, 1998).
Pesquisadores alemães descreveram uma série de sinais e sintomas que afetam os
sistemas cardiorespiratório e locomotor em decorrência de doenças hipocinéticas provenientes
do sedentarismo crônico, ressaltando ainda que a falta de condicionamento físico, com o
passar dos anos, leva à redução do consumo máximo de oxigênio e da reserva coronária e a
uma maior tendência à hipóxia coronariana, além de outros prejuízos (MARTINEZ, 1997).
Nas últimas décadas, estudos epidemiológicos importantes (WOOD; HASKELL,
1976; ANDER; CASTELLI, 1980; GRUNDY, 1994) relacionaram uma maior freqüência na
prática de exercícios físicos regulares com uma menor incidência de doença cardiovascular, e
a inatividade física foi considerada um significativo fator de risco cardiovascular em pacientes
portadores de doenças metabólicas (obesidade, dislipidemia e diabetes mellitus).
38
A prática regular de exercício físico aeróbico aumenta o HDL e a sensibilidade à
insulina, reduz a pressão arterial de repouso, colabora no controle do peso corporal, além de
diminuir os triglicerídeos plasmáticos. Essas reduções podem ser atribuídas ao aumento da
atividade da lipoproteína lipase (LPL) na musculatura esquelética e/ou no tecido adiposo e a
um possível decréscimo da síntese hepática de triglicerídeos com a prática de exercícios
físicos (HASKELL, 1984). Alguns estudiosos da área (CARVALHO, 1995; CORREIA,
1996; HORTON, 1996) propõem ainda que esses exercícios auxiliam na redução do estresse.
O estresse é considerado um estado de ameaça provocado por um agente estressor
psicológico, ambiental ou fisiológico. De forma aguda ou crônica, esse estresse pode levar a
uma resposta inflamatória com a ativação de macrófagos e formação de radicais livres,
aumentar as concentrações de lipídeos plasmáticos, alterar o fluxo sangüíneo, aumentar a
pressão arterial, contribuir na formação de células espumosas e na ativação de eventos
trombóticos, estimulando dessa forma a aterosclerose (BLACK; GARBUTT, 2002)
Existem indicadores de que o exercício físico é o fator-chave na preservação da
capacidade funcional para realização das atividades cotidianas (SHARP; JACKSON; WHITE,
1997). Isso reforça a enorme importância que têm os exercícios físicos frente à manutenção da
saúde da população adulta; pois, quando bem monitorados, poderão amenizar os efeitos do
envelhecimento, de forma geral, nos indivíduos. Como conseqüências do envelhecimento
podem-se citar a atrofia muscular, a diminuição do volume sangüíneo, a redução da
imunidade e o declínio da aptidão física (ALLISON; KELLER, 1997).
O nado tem sido utilizado como modelo de exercícios físicos em ratos para avaliação
de adaptações cardiovasculares ao exercício. Esse tipo de exercício parece gerar adaptações
na performance dos animais, com melhor resposta na contratibilidade da adenosina trifosfato
(ATPase) e na atividade do retículo sarcoplasmático quando comparado a testes de corrida
(GEENEN; BUTTRICK; SCHEURER, 1988).
39
Os ratos são considerados exímios nadadores, e quando submetidos a esse tipo de
exercício são capazes de se adaptar bioquímica e fisiologicamente, melhorado a sua função
cardíaca. De acordo com Devi, Prathima e Subramanyam (2003), o modelo do nado ocasiona
um nível de estresse inferior em animais quando comparado aos modelos de corrida, e
também por isso é utilizado no nosso estudo.
2.4.1 Estudos realizados com animais submetidos ao exercício
O aumento da ingestão de dietas ricas em gordura saturada e a diminuição da prática
de atividade física estão diretamente relacionados ao risco de doenças cardiovasculares. Ou
seja, a prática de exercícios físicos de leve a moderada intensidade, aliados a uma dieta
equilibrada, são os maiores fatores de proteção contra o surgimento e/ou progressão de
doenças cardiovasculares (GUEDES; GUEDES, 2001).
Os exercícios físicos são capazes de diminuir o número de eventos cardiovasculares
por aumentar a vascularização coronária colateral, aumentar a eficiência do miocárdio
(contração), melhorar a circulação sangüínea periférica, bem como o retorno venoso,
aumentar a capacidade fibrinolítica, a concentração de HDL-col no plasma, a quantidade e
volume de células vermelhas do sangue e a tolerância ao estresse, além de diminuir as
concentrações de lipídeos no soro (CT e TG), a tolerância à glicose, a pressão arterial, entre
outros resultados benéficos (FOX; HASKELL, 1968; KARVONEN, 1984).
O exercício físico praticado de forma aguda produz quantidades aumentadas de
radicais livres e aumenta o estresse, enquanto que o exercício físico crônico, praticado de
forma regular e bem orientado, apesar de poder produzir uma quantidade aumentada de
radicais livres e espécies reativas de oxigênio, melhora o sistema de defesa antioxidante,
diminuindo, assim, o estresse oxidativo. Entretanto, os efeitos interativos da dieta e exercício
40
nas atividades de enzimas hepáticas antioxidantes ainda não estão bem estabelecidos
(VENKATRAMAN et al., 1998).
Na pesquisa de Estadella et al. (2004), ratos da raça Wistar receberam dietas normais
(ração comercial), hiperlipídicas (adicionadas de amendoim, chocolate ao leite e biscoito
doce, perfazendo no total 20% de lipídeos) ou alternadas (normais/hiperlipídicas – 20%), com
ou sem execução de exercício físico (nado) por 90 min ao dia, 5 vezes por semana, com 8
semanas de tratamento). Verificou-se que os animais que consumiram a dieta hiperlipídica ou
alternada apresentaram obesidade, mas que o exercício físico atenuou o ganho de peso, a
adiposidade corporal (carcaça) e tornou a concentração plasmática de lipídeos mais adequada.
Quiles et al. (2003) investigaram os efeitos do consumo de dieta rica em óleo de oliva
(8%) ou rica em óleo de girassol (8%), por 8 semanas, sobre a performance no exercício
físico, e concentrações plasmáticas de TG e CT em ratos. Os animais que receberam dieta rica
em óleo de girassol ou óleo de oliva foram ainda submetidos a corridas de 40min/dia, à
velocidade de 35m/min (após o período prévio de adaptação realizado nas 2 primeiras
semanas). Os grupos exercitados que foram tratados com dieta rica em óleo de oliva ou óleo
de girassol demonstraram menores concentrações de CT e TG, comparados aos sedentários.
Além disso, os animais sedentários alimentados com óleo de girassol tiveram maiores
concentrações de CT e TG comparados ao grupo sedentário que recebeu óleo de oliva.
Apesar de alguns estudos sugerirem efeitos positivos das dietas ricas em AGPI w-3
sobre o perfil lipídico, outros parecem contraditórios, provavelmente devido ao uso de
diferentes protocolos e de doses experimentais. Portanto, o estudo dos efeitos de uma dieta
rica em AG w-3 sobre os lipídeos sangüíneos de animais experimentais submetidos ao
exercício físico (teste do nado) poderá contribuir para a compreensão da relação do exercício
físico com AG e doença cardiovascular.
41
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Investigar os efeitos da suplementação de ácidos graxos ômega-3 (EPA+DHA) nos
lipídeos sangüíneos de ratos submetidos ou não ao exercício físico: teste do nado.
3.2 Objetivos específicos
Observar o efeito do tratamento com ácido graxo ômega-3 (EPA+DHA), nas doses de
0,5 e 1,0g/kg/dia, nos parâmetros fisiológicos de ingestão alimentar e peso corporal,
em ratos submetidos ou não ao nado;
Analisar a composição centesimal e a de ácidos graxos da ração consumida pelos
animais;
Determinar o efeito do tratamento, por 28 dias, com 0,5 ou 1,0g/kg/dia de ácido graxo
ômega-3, nas concentrações plasmáticas de colesterol total, triglicerídeos e HDL-
colesterol em ratos submetidos ou não ao nado;
Verificar o peso do fígado dos ratos submetidos aos diferentes procedimentos
experimentais.
42
4 MÉTODO
4.1 Animais
Foram utilizados ratos Rattus novergicus da linhagem Wistar, machos, com 1 ½ mês
de idade e peso entre 150g e 200g, obtidos do Biotério Central da Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC). Os animais foram transferidos para biotério setorial do Laboratório de
Nutrição Clínica, CCS, UFSC, acondicionados, no número de 5 ou 6 animais por caixa
plástica (42 cm x 34 cm x 17 cm) e mantidos em ambiente com temperatura controlada (22
2
o
C), com ciclo alternado de claro/escuro de 12 horas. A dieta comercial (ração) e a água
foram oferecidas ad libidum até momentos antes das condições experimentais.
Os ensaios biológicos foram realizados de acordo com o Guia de Uso e Cuidados com
Animais Laboratoriais do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA), e o
protocolo experimental foi aprovado pela Comissão de Ética para o Uso de Animais da
Universidade Federal de Santa Catarina (CEUA nº 280/04).
4.2 Análise da ração
Os animais receberam a ração comercial denominada FRI-LAB RATOS, indicada
para consumo de ratos e camundongos de laboratório, da marca FRI-RIBE S.A.
®
. De acordo
com a embalagem, a ração continha: premix vitamínico-mineral, farelo de soja, calcário
calcítico, farelo de trigo, fosfato bicálcico, milho integral moído, cloreto de sódio e alguns
eventuais substitutivos: farelo de arroz desengordurado, farelo de girassol, farelo de glúten de
milho, óleo de soja degomado, amido de mandioca, sorgo integral moído, gérmen de milho.
43
Conforme informações do fabricante, eram garantidas concentrações máximas de 12% de
umidade, 9% de matéria fibrosa, 10% de matéria mineral, 1,25% de cálcio e no mínimo 23%
de proteína bruta, 5% de extrato etéreo e 0,80% de fósforo.
A análise da composição centesimal da ração comercial foi realizada de acordo com as
Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (1985), como descrito a seguir. Inicialmente, foi
realizada a determinação de umidadee cinzas, seguida pela análise centesimal de lipídeos e
proteínas. A determinação do teor de carboidratos foi realizada por cálculo. Todas as análises
foram feitas em duplicata pela mestranda Lina Cláudia Sant’Anna, no Laboratório de
Nutrição Experimental da UFSC/CCS, sob supervisão do técnico de laboratório Gerson Luis
Faccin.
4.2.1 Umidade
Foram colocados 2 cadinhos na estufa a 105ºC por 6 horas. Após esse período, eles
foram levados ao dessecador por aproximadamente 30 min para esfriar, em temperatura
ambiente. Esse procedimento foi realizado para garantir que não houvesse qualquer umidade
no recipiente. Em seguida, os cadinhos foram pesados em uma balança analítica e colocados
2g de amostra (ração comercial) em cada cadinho. A seguir, foram recolocados na estufa a
105ºC por 6 horas e em seguida no dessecador por 30 min, sendo então feita a primeira
pesagem. Os cadinhos foram novamente colocados na estufa a 105º e, após resfriados no
dessecador por 30 min, foi realizada a segunda pesagem. Como o peso manteve-se constante,
não foi necessária uma terceira pesagem. Para determinação do resultado final da umidade foi
utilizada a seguinte fórmula:
g% de umidade = peso inicial – peso final x 100
peso da amostra
44
4.2.2 Cinzas
Para a determinação das cinzas o mesmo procedimento inicial da umidade foi
realizado. Também dois cadinhos foram necessários, devido ao fato de o experimento ter sido
feito em duplicata. Então, foram colocados 2 g de amostra em cada cadinho e em seguida eles
foram incinerados em Bico de Bunsen por aproximadamente 20 minutos, até a amostra ficar
carbonizada. Esse procedimento foi realizado em uma capela. Posteriormente os cadinhos
foram colocados em uma mufla a 550ºC por 6 horas. A seguir, foram diretamente para a
estufa a 105ºC, pelo período de 6 horas e em seguida colocados no dessecador por 30 min.
Após esse procedimento, foi realizada a primeira pesagem. Os cadinhos voltaram novamente
para a estufa a 105ºC por 6 horas e depois de estarem no dessecador por 30 min, foi realizada
a segunda pesagem. Como os valores mantiveram-se constantes, não foi necessária uma
terceira pesagem. Para o resultado final da determinação de cinzas foi utilizada a fórmula:
g% de cinzas = peso inicial – peso final x 100
peso da amostra
4.2.3 Lipídeos
O tubo de ensaio do aparelho de Soxhlet foi colocado na estufa a 70ºC por 6 horas
para retirar a umidade e após colocado no dessecador por 30 min. Esse tubo foi pesado.
Colocou-se em um cartucho de vidro uma amostra de 1 a 1,5g de ração, entre dois chumaços
de algodão desengordurado. Dentro do tubo de ensaio foram adicionados 40ml de éter etílico.
O cartucho de vidro e o tubo de ensaio foram então acoplados ao aparelho de Soxhlet. O éter
ficou a 50ºC no bloco, no qual evaporou, condensou e finalmente lavou a amostra, retirando-
lhe a gordura. O tubo de ensaio foi para a estufa a 70ºC por 6 horas e em seguida para o
dessecador por 30 min, sendo finalmente realizada a primeira pesagem. O tubo foi recolocado
45
na estufa e no dessecador pelo mesmo tempo e realizada a segunda pesagem. Para
determinação final de lipídeo foi utilizada a seguinte fórmula:
g% de lipídeos= peso inicial – peso final x 100
peso da amostra
4.2.3.1 Composição de ácidos graxos da ração
A composição dos ácidos graxos da ração foi analisada através do método oficial da
American Oil Chemists Society (AOCS), pelo professor Dr Renato Grimaldi, no Laboratório
de óleos e gorduras da UNICAMP/FEA. A análise dos ácidos graxos foi realizada por
cromatografia gasosa capilar (CGC Agilent 6850 Series GC System).
4.2.4 Proteínas
Dentro de um tubo de ensaio especial para o aparelho de Kjeldhal foram colocados
aproximadamente 500mg de amostra. Neles foi adicionado 1,5g de mistura catalítica
(composição: 3,6g de selenito de sódio, 4 g de sulfato de cobre e 48,5g de sulfato de sódio) e
10ml de ácido sulfúrico concentrado, este último colocado com pipetador automático. O tubo
foi colocado no bloco digestor a 300ºC dentro da capela, até a completa digestão da amostra
(adquirindo coloração verde-claro). A amostra foi destilada no aparelho de Kjeldhal,
utilizando-se hidróxido de sódio a 50% (para neutralizar o ácido) e ácido bórico a 2% para
receber os vapores de amônia. Essa amostra passou por titulação com ácido clorídrico a 0,1N,
e foi anotado o valor de ácido clorídrico gasto na titulação. Todo o procedimento foi
posteriormente repetido (análise em duplicata). Para o resultado final da determinação de
proteína foi utilizada a fórmula:
g% de proteína = volume de HCl x 0,87543*
peso da amostra
* Normalidade do HCl (0,1N)x 14,007 x 0,625 = 0,87543
46
4.2.5 Carboidratos
Para a determinação da fração glicídica foi utilizada a fórmula:
g% de carboidrato = 100 – (lipídeos + proteínas + umidade + cinzas)
4.3 Tratamento com ácido graxo ômega-3
Para tratamento dos animais foram utilizadas cápsulas de óleo de peixe da marca
Phytomare®, na apresentação de 500mg, com composição de 20mg de vitamina E e 480mg
de óleo de peixe contendo 0,141mg de w-3 (2/3 de EPA, 1/3 de DHA), 0,16g de AGS e 1mg
de colesterol. As cápsulas foram partidas ao meio com auxílio de tesoura estéril, e seu
conteúdo foi colocado em béquer de vidro. O óleo foi então aspirado, imediatamente após a
abertura da cápsula, por uma seringa de 1ml. A quantidade administrada a cada rato foi
relacionada com o peso do animal, e os diferentes grupos receberam 0,5 ou 1,0g/kg de peso,
durante o período de 28 dias. O w-3 foi administrado em todos os dias do tratamento, às
8h30min, por gavagem, com agulhas curvadas e apropriadas para ratos. Os animais-controle
foram submetidos ao mesmo procedimento, no entanto o w-3 foi substituído por água. A
administração da água e do w-3 ocorreu 5 horas antes do início do teste do nado. O volume de
água ou de w-3 foi corrigido a cada dois dias, de acordo com o peso dos animais. Foram
abertas somente as cápsulas necessárias para o tratamento imediato dos animais com o intuito
de evitar a oxidação do óleo. Essas cápsulas foram doadas pelo professor Dr. Luis Beirão, do
Departamento de Tecnologia de Alimentos (CCA/UFSC).
47
4.3.1 Grupos experimentais
a) grupo basal: sem qualquer tratamento por gavagem, mantido na gaiola moradia (caixas
plásticas), sem ser submetido ao teste do nado.
b) grupo-controle: tratado por gavagem com água, não submetido ao teste do nado.
c) grupo-controle + nado: tratado por gavagem com água e submetido ao teste do nado.
d) grupo w-3: tratado por gavagem com w-3, não submetido ao teste do nado.
e) grupo w-3 + nado: tratado por gavagem com w-3 e submetido ao teste do nado.
4.4 Teste do nado
Os ratos foram submetidos ao modelo do nado proposto inicialmente por Porsold et
al., (1977) e colocados individualmente em cilindros plásticos (altura = 46cm, diâmetro =
20cm), contendo 38 cm de água (PORSOLD et al., 1990). Os animais foram submetidos ao
nado por 28 dias, 5 horas após a administração de w-3 ou água, por gavagem. Nos três
primeiros dias, os ratos permaneceram por 10 minutos na água, para adaptação ao meio
(DEVI; PRATHIMA; SUBRAMANYAM, 2002; ESTADELLA et al., 2004), e a seguir, do
ao 28º dia, os animais foram submetidos ao nado por 20 minutos. Esse período de tempo foi
adotado a partir dos resultados observados por Kiran, Subramanyam e Devi (2004), que
verificaram uma melhora no perfil lipídico (diminuição significativa do colesterol total, LDL-
colesterol, triglicerídeos e aumento no HDL-colesterol) de ratos submetidos ao teste do nado,
com intensidade leve, por 20min, realizado 5 vezes na semana. Além disso, esse período
demonstrou-se adequado para a adaptação do sistema de defesa antioxidante dos ratos, de
acordo com os autores. A cada sessão de nado, para cada animal a água foi trocada. O início
do nado ocorreu diariamente às 13h30min. A água na qual os animais foram mantidos para
nadar apresentava temperatura de 27ºC ± 1ºC. Essa temperatura foi adotada em diferentes
estudos (ABEL, 1993; DEVI; PRATHIMA, SUBRAMANYAM, 2002) e por ter sido
48
constatado em experimentos piloto anteriores que temperaturas mais elevadas estimulavam os
animais a nadarem menos.
4.5 Avaliação dos parâmetros fisiológicos
4.5.1 Ingestão alimentar
A ração comercial foi fornecida aos animais três vezes por semana, de modo que eles
obtivessem quantidade suficiente para o consumo (ad libidum) durante o período. A pesagem
das sobras do alimento, em gramas, ocorria as segundas, quartas e sextas-feiras, às 8 horas da
manhã, até o último dia do teste.
4.5.2 Peso corporal
O peso dos ratos foi avaliado no início e, posteriormente, três vezes por semana, às
segundas, quartas e sextas-feiras, até o final do experimento (28 dias). O peso final de cada
animal foi subtraído do peso do início do experimento, sendo o resultado considerado a
alteração de peso do animal.
4.6 Coleta de sangue
No tempo zero, isto é, uma semana antes de iniciar o tratamento e o teste do nado e
após o término desses procedimentos experimentais (28
º
dia de tratamento e/ou nado), os
animais foram submetidos ao jejum de 12 horas. Após esse período, o sangue foi coletado por
punção cardíaca, estando os animais anestesiados com éter etílico. Foi coletado
aproximadamente 1ml de sangue com agulhas descartáveis de 25 x 7 mm e seringas de 5ml.
Cada amostra de sangue foi colocada num tubo de ensaio com heparina (1 gota) e, em
seguida, centrifugada. O plasma foi separado com pipeta, acondicionado em eppendorf e
colocado em freezer para posterior análise.
49
4.7 Análise bioquímica do sangue
A avaliação das concentrações plasmáticas de triglicerídeos, colesterol total e HDL-
colesterol ocorreu antes e após os procedimentos experimentais com os ratos.
A análise bioquímica do sangue (triglicerídeos, colesterol total e HDL-colesterol) foi
realizada por cromatografia líquida, com auxílio de máquina automatizada da marca
Cobas®Mira e verificada a absorbância dos analitos. Para a análise dos triglicerídeos e
colesterol total, foram pipetados 100µl de plasma, acondicionados em eppendorf e colocados
na máquina para análise.
Para a determinação do HDL-colesterol foi adicionado 100µl de plasma e 100µl de
precipitante nos tubos de ensaio, que foram agitados e centrifugados a 4000rpm durante 15
minutos, para obter-se um sobrenadante límpido. O sobrenadante límpido foi pipetado
imediatamente após a centrifugação e acondicionado em eppendorf para avaliação
automatizada.
Para a análise de todos os parâmetros bioquímicos foram utilizados reagentes da marca
Labtest®. Esse procedimento foi realizado no Laboratório de Análises Clínicas Genesis®, sob
supervisão do farmacêutico-bioquímico Fernando Pirolli.
4.8 Sacrifício e dissecação dos animais
Após a coleta de sangue, cada animal foi mantido anestesiado com éter etílico e, após
a morte, foi realizada uma pequena incisão transversal e em seguida uma incisão toraco-
abdominal longa. Os procedimentos foram realizados de acordo com as normas de
vivissecção do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA) e em seguida foi
retirado e pesado o fígado para observar uma possível interferência do ácido graxo ômega-3
na variação do peso e modificações estruturais do órgão visíveis macroscopicamente.
50
4.9 Análise estatística
Os dados obtidos foram avaliados por meio de média e erro-padrão e testados na curva
de normalidade (kolmogorov-sminorff); posteriormente foram analisados empregando-se o
teste
t de Student pareado ou a análise de variância ANOVA de uma via, com nível de
significância p<0,05, seguida pelo teste de Tukey. Para avaliação dos dados foi utilizado o
softaware INSTAT, versão 3.01.
51
5 RESULTADOS
5.1 Composição centesimal da ração comercial
As concentrações de umidade, cinzas, lipídeos, proteínas e carboidratos da ração
comercial marca FRI-RIBE S.A.
®
, fornecida pelo Biotério Central da UFSC, foram analisadas
de acordo com as Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (1985), modificadas no
Laboratório de Nutrição Experimental do Departamento de Nutrição, do Centro de Ciências
da Saúde da UFSC. Os resultados da análise da composição da ração são visualizados na
Tabela 1.
Tabela 1 - Composição centesimal da ração comercial da marca FRI-RIBE S.A. fornecida pelo Biotério
Central da UFSC
.
Composição (%)
Umidade 8,37
Cinzas 6,81
Carboidratos* 62,8
Lipídeos 3,83
Proteínas 18,19
* inclui também fibra alimentar
Destaca-se que, apesar de constar na embalagem da ração um valor mínimo de 23% de
proteína bruta, isso não foi observado na análise da sua composição centesimal realizada no
Laboratório de Nutrição Experimental, conforme apresentado na Tabela 1.
52
Através do lipídeo extraído da ração comercial foi também avaliada a composição de
ácidos graxos. A análise da composição centesimal de ácidos graxos está representada na
Tabela 2.
Tabela 2 - Composição em ácidos graxos da ração comercial da marca FRI-RIBE S.A. fornecido pelo
biotério central da UFSC
Ácido Graxo (%)
C14:0 Mirístico 0,10
C16:0 Palmítico 13,58
C16:1 Palmitoléico 0,14
C18:0 Esteárico 3,14
C18:1 Oléico 26,72
C18:2 Trans Linoelaídico 0,15
C18:2 Linoléico 51,16
C18:3 Trans Translinolênico 0,27*
C18:3 Linolênico 3,57*
C20:0 Araquídico 0,50
C20:1 Gadoléico 0,33
C22:0 Behênico 0,33
*ácidos graxos ômega-3
Ao observar a Tabela 2, verifica-se que 3,84% do lipídeo da ração comercial era
constituída de ácidos graxos w-3, advindos do ácido linolênico (3,57%*) e do ácido
translinolênico (0,27%*).
5.2 Ingestão alimentar
De acordo com o valor médio de ingestão de ração comercial, em gramas, por grupo
de animais, não houve diferença significante entre os diferentes grupos experimentais. Ou
seja, o tratamento com o AG w-3, bem como o nado, parecem não ter influenciado no
53
consumo alimentar. Os resultados da estimativa de consumo médio de ração comercial dos
grupos nos diferentes experimentos estão representados na Tabela 3.
Tabela 3 - Estimativa de consumo médio diário de ração comercial (g), nos diferentes grupos
experimentais.
TratamentoGrupos
experimentais
0,5g/kg/dia de w-3 1,0g/kg/dia de w-3
Basal 23,94g 23,10g
Controle (H2O) 23,76g 23,17g
Controle+nado 22,55g 23,63g
W-3 21,20g 24,73g
W-3 + nado 22,19g 24,50g
O valor médio de consumo diário dos diferentes grupos experimentais, por protocolo,
foi utilizado para o cálculo dos macronutrientes consumidos na ração comercial. A partir da
quantidade de lipídeos consumidos pela ração pode-se calcular a quantidade dos diferentes
tipos de AG consumidos (Tabela 4).
Tabela 4 Estimativa de consumo diário de macronutrientes e composição de ácidos graxos advindos da
ração comercial (g), por animal, nos diferentes experimentos.
Tratamento
Nutrientes da ração
0,5g/kg/dia de w-3 1,0g/kg/dia de w-3
Carboidratos 14,26g 14,95g
Proteínas 4,13g 4,33g
Lipídeos
-Ácido α-linolênico 0,033g 0,035g
-Ácido linoléico 0,446g 0,467g
-AGMI 0,236g 0,247g
-AGS 0,153g 0,16g
Deve ser destacado que, além da referida quantidade média de lipídeos consumidos na
ração, o grupo suplementado com 0,5g/kg/dia de óleo de peixe por gavagem ingeriu, em
54
média, 0,10g de EPA e 0,06g de DHA. Os animais tratados 1,0g/kg/dia de óleo de peixe
consumiram em média 0,17g de EPA e 0,11g de DHA.
Com relação ao protocolo em que foi utilizado 0,5g/kg/dia de w-3, o consumo
alimentar médio de ração comercial entre os diferentes grupos experimentais foi de
22,72g/dia. Os animais dos grupos w-3 e w-3+nado, que foram suplementados com
0,5g/kg/dia de óleo de peixe por gavagem consumiram 0,16g de w-3 e, no total, 0,19g/dia de
w-3, incluindo o ácido -linolênico proveniente da ração comercial. Os animais que ingeriram
somente ração comercial (grupos basal, controle e controle+nado) obtiveram um teor de
lipídeos da ração comercial de 3,83%; os suplementados com 0,5g/kg/dia de óleo de peixe
chegaram a 6,1% de lipídeos totais na dieta.
No protocolo de 1,0g/kg/dia, a estimativa de consumo médio de ração entre os grupos
foi de 23,82g/dia. Depois de obtida a quantidade total suplementada diariamente por gavagem
e depois de calculada a média de consumo de óleo de peixe dos grupos w-3 e w-3+nado, foi
estimado 0,28g de w-3 (sendo 0,17g de EPA e 0,11g de DHA) por animal, totalizando um
consumo diário de 0,31g de w-3/dia, o que representa no total 7,2% de lipídeos, enquanto que
os grupos não suplementados com óleo receberam um percentual de 3,83% advindos da ração
comercial.
Considerando-se o percentual de consumo de macronutrientes da ração comercial
(utilizada em ambos os experimentos do presente estudo) em relação ao seu valor calórico
total, após a análise de sua composição centesimal, constatou-se que 70,08% das calorias
foram fornecidas por CHO, 20,29% por PTN e 9,61% por lipídeos.
55
5.3 Peso dos animais
Os ratos foram pareados, antes de qualquer procedimento, de forma que, em todos os
grupos, no início do experimento, os valores médios de peso corporal por grupo fossem
semelhantes, como pode ser visualizado na Figura 4.
A
B
Figura 4 - Peso corporal médio (g) de ratos a serem submetidos à administração de gavagem diária de ácido
graxo ômega-3
(w-3), na dose de 0,5g/kg/dia (A) ou 1,0g/kg/dia (B), ou água, e a serem submetidos ou não ao
teste do nado, por 28 dias. Os resultados representam a média
EPM de 10-12 animais por grupo, antes de
qualquer procedimento experimental (ANOVA + Tukey).
O peso corporal dos animais no 28º dia de experimento está representado na Figura 5.
Ao final do tratamento com 0,5g/kg/dia de AG w-3, não houve diferença no peso médio dos
diferentes grupos. Entretanto, no 28º dia dos procedimentos experimentais o grupo-
controle+nado (que recebeu água por gavagem e foi submetido ao teste do nado), do
protocolo de 1,0g/kg/dia de w-3, apresentou um peso corporal menor (p=0,0047) do que o
grupo basal e grupo-controle (que recebeu água e não foi submetido ao teste do nado).
0
1 0 0
2 0 0
3 0 0
B a s a l
C o n tr o le
C o n tr o le + n a d o
w - 3
w - 3 + n a d o
Peso Corporal (g)
0
1 0 0
2 0 0
3 0 0
B a s a l
C o n tro le
C o n tro le + n a d o
w - 3
w - 3 + n a d o
Peso Corporal (g)
56
A
B
Figura 5 - Efeito da administração de ácido graxo ômega-3 (w-3), por gavagem, na dose de 0,5g/kg/dia (A) ou
1,0g/kg/dia (B), ou água, em ratos submetidos ou não ao teste do nado, após 28 dias, no peso corporal (g). Os
resultados são expressos como média
EPM de 10-12 animais por grupo. *p<0,05 comparado ao grupo basal e
controle (ANOVA + Tukey).
Em relação ao valor médio de ganho de peso corporal (calculado a partir da diferença
de peso inicial e final) (Figura 6), dos diferentes grupos, no 28º dia, no protocolo de
0,5g/kg/dia de w-3, os animais que foram submetidos ao teste do nado, tanto os do grupo-
controle+nado quanto os do grupo w-3+nado, apresentaram menor ganho ponderal
(p=0,0025), quando comparados aos grupos basal e w-3 (que não foram submetidos ao teste
do nado). E, no ensaio em que foi utilizado 1,0g/kg/dia de w-3, o grupo-controle+nado
apresentou um ganho de peso menor (p=0,0123), se comparado aos grupos basal e controle.
0
1 0 0
2 0 0
3 0 0
4 0 0
B a s a l
C o n tr o le
C o n tr o le + n a d o
w - 3
w - 3 + n a d o
Peso Corporal (g)
0
1 0 0
2 0 0
3 0 0
4 0 0
B a s a l
C o n tr o le
C o n tr o le + n a d o
w - 3
w - 3 + n a d o
*
Peso Corporal (g)
57
A
B
Figura 6 - Efeito da administração de ácido graxo ômega-3 (w-3), por gavagem, na dose de 0,5g/kg/dia (A) ou
1,0g/kg/dia (B), ou água, em ratos submetidos ou não ao teste do nado, por 28 dias, no ganho de peso (g). Os
resultados são expressos como média
EPM de 10-12 animais por grupo. *p<0,05 comparado ao grupo basal e
w-3; ** p<0,05 comparado ao grupo w-3; *** p<0,05 comparado ao basal e controle (ANOVA + Tukey).
5.4 Avaliação dos parâmetros bioquímicos
As concentrações plasmáticas de colesterol total (CT), triglicerídeos (TG) e HDL-
colesterol (HDL-col) foram avaliadas, após 12 horas de jejum, antes do início (tempo zero) e
um dia após o término dos experimentos (29ºdia). No tempo zero, antes do início da
administração de AG w-3 e do teste do nado, foi feito um pareamento dos animais de modo
que os diferentes grupos experimentais apresentassem valores médios de CT, TG e HDL-col
semelhantes (Figuras 7, 11 e 15).
0
5 0
1 0 0
1 5 0
B a s a l
C o n tr o le
C o n tr o le + n a d o
w -3
w -3 + n a d o
*
* *
Ganho de peso (g)
0
5 0
1 0 0
1 5 0
B a sa l
C o n tr o le
C o n tr o le + n a d o
w - 3
w - 3 + n a d o
* * *
Ganho de peso (g)
58
5.4.1 Colesterol total
Os valores de CT antes do início dos experimentos são apresentados na Figura 4.
A
B
Figura 7 – Concentrações plasmáticas de colesterol total (mg/dl), no tempo zero, de ratos a serem submetidos à
administração de gavagem diária de ômega-3 (w-3), na doses de
0,5g/kg/dia (A) ou 1,0g/kg/dia (B), ou água, e,
a serem submetidos ou não ao teste do nado durante 28 dias. Os valores representam a média
EPM 10-12
animais por grupo (ANOVA + Tukey).
O efeito do tratamento com 0,5g/kg/dia e 1,0g/kg/dia de AG w-3 sobre o CT
plasmático de ratos submetidos ou não ao teste do nado é apresentado na Figura 8.
A análise dos resultados demonstrou uma redução significativa do CT (p=0,026) do
grupo w-3+nado, quando comparado ao basal no experimento onde foi utilizado 0,5g/kg/dia,
após os procedimentos experimentais. no experimento com 1,0g/kg/dia não foi observada
diferença significativa (p=0,188).
0
5 0
1 0 0
1 5 0
B a s a l
C o n tro le
C o n tro le + n a d o
w - 3
w - 3 + n a d o
Colesterol total (mg/dl)
0
5 0
1 0 0
1 5 0
B a sal
C ontrole
C ontrole + nado
w-3
w-3+ nado
Colesterol total (mg/dl)
59
A
B
Figura 8 - Efeito da administração de ácido graxo ômega-3 (w-3), por gavagem, na dose de 0,5g/kg/dia (A) ou
1,0g/kg/dia (B), ou água, em ratos a serem submetidos ou não ao teste do nado, durante 28 dias, sobre as
concentrações plasmáticas de
colesterol total (mg/dl), no último dia dos procedimentos experimentais. Os
resultados são expressos como média
EPM de 10-12 animais por grupo. * p<0,05 comparado ao grupo basal.
(ANOVA + Tukey).
Quando comparados os valores iniciais aos valores finais de CT de cada grupo, por
intermédio do teste t, com relação ao experimento onde foi administrado 0,5g/kg/dia de w-3,
foi verificada uma redução estatisticamente significativa nos grupos: controle + nado (p=
0,003), w-3 (p=0,0015) e no grupo w-3 + nado (p<0,0001). Os demais grupos não
apresentaram diferença. A comparação dos resultados na dose de 0,5g/kg/dia, antes e ao final
do experimento, pode ser visualizada na Figura 9.
Destaca-se que o grupo w-3+nado, que recebeu w-3 por gavagem e foi submetido ao
teste do nado, apresentou uma redução de 29,88% dos valores de CT plasmático,
comparando-se os valores finais aos iniciais (tempo zero). Ressalta-se ainda que o grupo w-3
apresentou uma redução de 27% nos valores de CT, enquanto que o grupo-controle+nado
apresentou uma redução de 22,78%, quando os valores finais foram comparados aos iniciais.
0
5 0
1 0 0
1 5 0
B asa l
C on tro le
C on tro le + nad o
w-3
w-3 + n ado
*
Colesterol total (mg/dl)
0
2 5
5 0
7 5
1 0 0
B asal
C on tro le
C on tro le + nad o
w-3
w-3 + n a d o
Colesterol total (mg/dl)
60
A B
C
C
Figura 9 Concentrações plasmáticas de colesterol total (mg/dl), antes (início) e após (final) os procedimentos
experimentais, para avaliar o efeito da administração de
ácidos graxos w-3, por gavagem, na dose de
0,5g/kg/dia ou água, de ratos submetidos ou não ao teste do nado por 28 dias. A: grupo controle+nado, que
recebeu água por gavagem e foi submetido ao teste do nado;
B: grupo w-3, não submetido ao teste do nado; C:
grupo w-3+nado
, tratado com ácido graxo w-3 e submetido ao teste do nado. * p<0,05 comparado ao início
(teste
t de Student).
A comparação dos resultados, antes e ao final do experimento, na dose de 1,0g/kg/dia,
pode ser visualizada na Figura 10.
No experimento em que foi utilizada a dose de 1,0g/kg/dia de w-3 observou-se uma
redução significativa das concentrações de CT em todos os grupos experimentais; entretanto,
as mais significativas foram apresentadas pelos grupos w-3 e w-3+nado, com p<0,0001
(Figura 10). Encontrou-se uma redução média na concentração plasmática de CT de 10,10%
tanto no grupo basal quanto no grupo-controle, 17,41% no grupo-controle+nado, 19,80% no
grupo w-3 e 23,65% no grupo w-3+nado.
0
50
100
150
Controle+nado início
Controle+nado final
*
Colesterol total (mg/dl)
0
50
100
150
w-3 início
w-3 final
*
Colesterol total (mg/dl)
0
50
100
150
w-3 + nado início
w-3 + nado final
*
Colesterol total (mg/dl)
61
A B
C D
E
E
Figura 10 Concentrações plasmáticas de colesterol total (mg/dl), antes (início) e após (final) os
procedimentos experimentais, para avaliar o efeito da administração de
ácido graxo w-3, por gavagem, na dose
1,0g/kg/dia ou água, em ratos submetidos ou não ao teste do nado por 28 dias. A: grupo basal, sem tratamento e
não submetido ao teste do nado;
B: grupo controle, que recebeu água por gavagem e não foi submetido ao teste
do nado;
C: grupo controle+nado, que recebeu água por gavagem e foi submetido ao teste do nado; D: grupo
w-3
, não submetido ao nado; E: grupo w-3+nado, tratado com ácido graxo w-3 e submetido ao nado. *p<0,05
comparado ao início (teste
t de Student).
As concentrações plasmáticas de CT no início (tempo zero) e no final (29ºdia) de
ambos os protocolos (0,5 e 1,0g/kg/dia) dos diferentes grupos experimentais estão
representadas na Tabela 5.
0
25
50
75
100
Basal início
Basal final
*
Colesterol total (mg/dl)
0
25
50
75
100
Controle início
Controle final
*
Colesterol total (mg/dl)
0
25
50
75
100
Controle+nado início
Controle+nado final
*
Colesterol total (mg/dl)
0
25
50
75
100
w-3 início
w-3 final
*
Colesterol total (mg/dl)
0
25
50
75
100
w-3+nado início
w-3+nado final
*
Colesterol total (mg/dl)
62
Tabela 5 Concentrações plasmáticas de colesterol total (mg/dl) de ratos submetidos à administração, por
gavagem, de ácidos graxos w-3, na dose de 0,5g/kg/dia ou 1,0g/kg/dia ou água e submetidos ou não ao teste do
nado, durante 28 dias. Os valores representam as médias
EPM de 10 a 12 animais por grupo.
0,5g/kg/dia
(média EPM)
1,0g/kg/dia
(média EPM)
Grupos
experimentais
início final início final
Basal
125,012,15 111,06,30 94,06,29 84,54,44*
Controle
124,69.46 103,15,68 91,18,13 81,95,88*
Controle
+nado
125,17,27 96,64,49* 91,364,90 75,454,27*
w-3
124,47,56 90,85,18* 92,44,248 74,13,19*
w-3 + nado
125,54,05 88,05,10* 91,24,94 69,635,40*
* p<0,05, comparado ao início do respectivo protocolo (0,5 ou 1,0g/kg/dia de w-3).
5.4.2 Triglicerídeos
As concentrações plasmáticas de TG, no início (tempo zero), de ratos submetidos ao
tratamento com AG w-3 na dose de 0,5 ou 1,0g/kg/dia ou água e submetidos ou não ao teste
do nado estão representadas na Figura 11.
A
B
Figura 11– Concentrações plasmáticas de triglicerídeos (mg/dl), no tempo zero, de ratos a serem submetidos à
administração de gavagem diária de
ácido graxo ômega-3 (w-3), na doses de 0,5g/kg/dia (A) ou 1,0g/kg/dia
(B) ou água, e a serem submetidos ou não ao teste do nado, durante 28 dias. Os valores representam a média
EPM de 10-12 animais por grupo (ANOVA + Tukey).
0
5 0
1 0 0
1 5 0
B a sa l
C o n tr o le
C o n tr o le + n a d o
w -3
w -3 + n a d o
Triglicedeos (mg/dl)
0
5 0
1 0 0
1 5 0
B asal
C ontrole
C ontrole + nado
w-3
w-3+ n ado
Triglicerídeos (mg/dl)
63
O efeito do tratamento com 0,5 ou 1,0g/kg/dia de ácido graxo w-3, por 28 dias, sobre
as concentrações plasmáticas de TG em ratos pode ser visualizado na Figura 12. Não foi
observada diferença significativa entre os grupos experimentais na dose de 0,5g/kg/dia nos
valores médios de triglicerídeos plasmáticos. na Figura 12B (referente à dose de
1,0g/kg/dia), pode-se perceber uma diminuição estatisticamente significativa das
concentrações plasmáticas de TG nos diferentes grupos em relação ao grupo basal
(p<0,0001).
A
B
Figura 12 - Efeito da administração de ácido graxo ômega-3 (w-3), por gavagem, na dose de 0,5g/kg/dia (A)
ou
1,0g/kg/dia (B), ou água, em ratos submetidos ou não ao teste do nado, durante 28 dias, sobre as
concentrações plasmáticas de
triglicerídeos (mg/dl), no último dia dos procedimentos experimentais. Os
resultados são expressos como média
EPM de 10-12 animais por grupo. * p<0,05 comparado com o grupo
basal (ANOVA + Tukey).
A comparação dos resultados de TG, de cada grupo, antes e ao final do experimento,
através do teste t, na dose de 0,5g/kg/dia, pode ser visualizada na Figura 13.
0
2 5
5 0
7 5
1 0 0
B a s a l
C o n tr o le
C o n tr o le + n a d o
w -3
w -3 + n a d o
Triglicerídeos (mg/dl)
0
5 0
1 0 0
1 5 0
B a sa l
C o n tr o le
C o n tr o le + n a d o
w -3
w -3 + n a d o
Triglicedeos (mg/dl)
*
*
*
*
64
No experimento em que foi utilizado 0,5g/kg/dia de w-3, observou-se redução
significativa nas concentrações plasmáticas de TG, quando foram comparados os valores
finais aos iniciais, em todos os grupos: basal (p=0,0013), controle (p=0,002), controle+nado
(p=0,008), w-3 (p=0,0015), e, w-3+nado (p<0,0001). Esses resultados sugerem que a
suplementação com AG w-3 ou nado não foram a única causa da redução dos valores da
concentração plasmática de TG.
A B
C D
E
E
Figura 13 Concentrações plasmáticas de triglicerídeos (mg/dl), antes (início) e após (final) os procedimentos
experimentais, para avaliar o efeito da administração de
ácido graxo w-3, por gavagem, na dose de 0,5g/kg/dia
ou água, de ratos submetidos ou não ao teste do nado por 28 dias. A: grupo basal, sem tratamento e não
submetidos ao teste do nado;
B: grupo controle, que recebeu água por gavagem e não foi submetido ao teste do
nado;
C: grupo controle+nado, que recebeu água por gavagem e foi submetido ao teste do nado; D: grupo w-3
não submetido ao teste do nado; E: grupo w-3+nado, que recebeu ácidos graxos w-3 por gavagem e foi
submetido ao nado.* p<0,05 comparado ao início (teste
t de Student).
0
50
100
150
Basal início
Basal final
*
Triglicerídeos (mg/dl)
0
50
100
150
Controle início
Controle final
*
Triglicedeos (mg/dl)
0
50
100
150
Controle+nado início
Controle+nado final
*
Triglicerídeos (mg/dl)
0
50
100
150
w-3 início
w-3 final
*
Triglicedeos (mg/dl)
0
50
100
150
w-3+nado início
w-3+nado final
*
Triglicerídeos (mg/dl)
65
quando os grupos experimentais do protocolo com 1,0g/kg/dia de w-3 foram
submetidos ao teste
t, com a intenção de comparar os valores obtidos para TG no tempo zero
e após 28 dias de tratamento, observou-se um aumento de 40,48% no grupo basal,
considerado estatisticamente significativo (p=0,0015), e redução de 15,3% e 25,13% nos
grupos w-3 (p=0,0463) e w-3 + nado (p=0,0065), respectivamente, que podem ser observados
na Figura 14. Ou seja, o tratamento com 1,0g/kg/dia de AG w-3, associado ou não ao nado,
interferiu nas concentrações plasmáticas de TG após o período de 28 dias; entretanto, a
diferença foi maior, entre o início e o final, quando a ingestão de w-3 foi associada ao nado.
A
B C
Figura 14 – Concentrações plasmáticas de triglicerídeos (mg/dl), antes (início) e após (final) os procedimentos
experimentais, para avaliar o efeito da administração de
ácido graxo w-3, por gavagem, na dose de 1,0g/kg/dia
ou água, de ratos submetidos ou não ao teste do nado por 28 dias. A: grupo basal, sem tratamento e não
submetido ao teste do nado
; B: grupo w-3, não submetido ao teste do nado; C: grupo w-3+nado que recebeu
ácidos graxos w-3 por gavagem e foi submetido ao nado. * p<0,05 comparado ao início (teste t de Student).
Os valores das concentrações plasmáticas de TG de cada grupo, referentes aos
experimentos com 0,5 ou 1,0g/kg/dia de AG w-3, estão representados na Tabela 6.
0
50
100
150
Basal icio
Basal final
*
Triglicerídeos (mg/dl)
0
50
100
150
w-3 início
w-3 final
*
Triglicerídeos (mg/dl)
0
50
100
150
w-3 + nado início
w-3 + nado final
*
Triglicerídeos (mg/dl)
66
Tabela 6– Concentrações plasmáticas de triglicerídeos (mg/dl) de ratos submetidos à administração, por
gavagem, de ácidos graxos w-3, na dose de 0,5g/kg/dia ou 1,0g/kg/dia ou água e submetidos ou não ao teste do
nado, durante 28 dias. Os valores representam as médias
EPM de 10 a 12 animais por grupo.
Grupos
experimentais
0,5g/kg/dia
(médiaEPM)
1,0g/kg/dia
(médiaEPM)
Início final início final
Basal
113,611,15 69,454,95* 95,610,97 134,311,13*
Controle
114,09,24 71,28,09* 95,88,58 97,724,04
Controle+nado
113,65,66 90,96,30* 96,18,00 86,14,39
W-3
113,67,39 70,46,40* 95,46,19 80,85,46*
W-3+nado
113,13,14 76,755,21* 95,29,60 71,275,87*
*p<0,05, comparado ao início do respectivo protocolo (0,5 ou 1,0g/kg/dia de w-3).
5.4.3 HDL-colesterol
As concentrações plasmáticas de HDL-col, no início (tempo zero), de ratos,
submetidos ao tratamento com AG w-3 na dose de 0,5 ou 1,0g/kg/dia ou água e submetidos
ou não ao teste do nado são visualizados na Figura 15.
A
B
Figura 15– Concentrações plasmáticas de HDL-colesterol (mg/dl), no tempo zero, de ratos a serem submetidos
à administração de gavagem diária de
ácido graxo ômega-3 (w-3), nas doses de 0,5g/kg/dia (A) ou 1,0g/kg/dia
(B) ou água, e a serem submetidos ou não ao teste do nado, durante 28 dias. Os valores representam a média
EPM de 10-12 animais por grupo (ANOVA + Tukey).
0
2 5
5 0
7 5
B as a l
C o n tro le
C o n tro le + n a d o
w - 3
w - 3 + n ad o
Hdl-colesterol (mg/dl)
0
1 0
2 0
3 0
4 0
5 0
B a s a l
C o n tr o le
C o n tr o le + n a d o
w -3
w -3 + n a d o
HDL-colesterol (mg/dl)
67
O efeito do tratamento com 0,5 ou 1,0g/kg/dia de AG w-3, por 28 dias, sobre as
concentrações plasmáticas de HDL-col, em ratos, está representado na Figura 16. Na dose de
0,5g/kg/dia de w-3, foi possível observar uma diferença significativa, pois o grupo basal
apresentou maior concentração de HDL-col (p=0,0004), comparado aos grupos
controle+nado, w-3 e w-3+nado. Ressalta-se que, no protocolo de 1,0g/kg/dia, não foram
encontradas diferenças estatisticamente significativas na comparação entre os grupos para
esse parâmetro.
A
B
Figura 16 – Efeito da administração de ácido graxo ômega-3 (w-3), por gavagem, na dose de 0,5g/kg/dia (A)
ou
1,0g/kg/dia (B), ou água, em ratos submetidos ou não ao teste do nado, durante 28 dias, sobre as
concentrações plasmáticas de
HDL-colesterol (mg/dl), no último dia dos procedimentos experimentais. Os
resultados são expressos como média
EPM de 10-12 animais por grupo. * p<0,05 comparado ao grupo basal
(ANOVA + Tukey).
No experimento no qual os animais foram tratados com 0,5g/kg/dia de w-3, os grupos
experimentais basal, controle e controle+nado, quando comparados os valores iniciais aos
finais pelo teste t, apresentaram aumento significativo nas concentrações plasmáticas de
HDL-col, sendo sua significância p=0,0007, p=0,0124 e p=0,0087, respectivamente.
0
1 0
2 0
3 0
4 0
5 0
B a s a l
C o ntro le
C o ntro le + n ad o
w - 3
w - 3 + n a d o
HDL-colesterol (mg/dl)
0
2 5
5 0
7 5
B a sa l
C o n tr o le
C o n tr o le + n a d o
w - 3
w - 3 + n a d o
HDL-colesterol (mg/dl)
*
*
*
68
no experimento em que foi utilizado o tratamento de 1,0g/kg/dia de w-3 ou água,
quando comparados os valores iniciais aos finais por meio do teste t, foram observadas
reduções significativas em todos os grupos experimentais (basal, p=0,0273; controle,
p=0,0051; controle+nado, p=0,0004; w-3, p<0,0001; e, w-3+nado, p=0,0156). Os valores da
avaliação das concentrações plasmáticas de HDL-col de cada grupo nos diferentes
experimentos (0,5 e 1,0g/kg/dia) podem ser visualizados na Tabela 7.
Tabela 7 Concentrações plasmáticas de HDL-colesterol (mg/dl) de ratos submetidos à administração, por
gavagem, de ácidos graxos w-3, na dose de 0,5g/kg/dia ou 1,0g/kg/dia ou água e submetidos ou não ao teste do
nado, durante 28 dias. Os valores representam as médias
EPM de 10 a 12 animais por grupo.
Grupos experimentais 0,5g/kg/dia
(média
EPM)
1,0g/kg/dia
(médiaEPM)
início final início final
Basal
40,52,63 66,15,83* 54,05,40 39,65,83*
Controle
40,52,45 52,53,28* 46,53,00 32,62,14*
Controle + nado
39,962,32 49,03,44* 55,74,51 32,51,58*
W-3
40,43,09 47,52,63 60,12,41 29,31,42*
W-3 + nado
40,92,68 41,22,55 44,75,11 29,41,80*
* p<0,05, comparado ao início do respectivo protocolo (0,5 ou 1,0g/kg/dia de w-3).
5.5 Peso do fígado
O peso do fígado dos animais foi avaliado ao final dos experimentos (Figura 17).
Com relação ao experimento que utilizou 0,5g/kg/dia de AG w-3, o grupo-
controle+nado apresentou média de peso do fígado significativamente menor (p=0,0024)
quando comparado ao grupo w-3. Da mesma forma, no experimento com 1,0g/kg/dia de w-3
também foi verificado menor peso do fígado (p=0,003) no grupo-controle+nado, quando
comparado aos grupos basal, controle e w-3.
69
A
B
Figura 17- Efeito da administração de ácido graxo ômega-3 (w-3), por gavagem, na dose de 0,5g/kg/dia (A) ou
1,0g/kg/dia (B), no peso do fígado (g) de ratos, submetidos ou não ao teste do nado, por 28 dias. Os resultados
são expressos como média
EPM de 10-12 animais por grupo. *p<0,05 comparado ao grupo w-3; ** p<0,05
comparado aos grupos basal, controle e w-3 (ANOVA + Tukey).
0
1 0
2 0
B a s a l
C o n tr o le
C o n tr o le + n a d o
w - 3
w - 3 + n a d o
Peso do fígado (g)
* *
0
5
1 0
1 5
B a sa l
C o n tr o le
C o n tr o le + n a d o
w - 3
w - 3 + n a d o
*
Peso do gado (g)
70
6 DISCUSSAO
Diversos fatores de risco estão associados à maior susceptibilidade de doenças
cardiovasculares, destacando-se entre eles a obesidade, o aumento de lipídeos plasmáticos, o
sedentarismo, a inadequação dietética, a hipertensão e o fumo (CERVATO et al., 1997). O
aumento do consumo de AGPI na dieta, especialmente de AG w-3, tem sido relacionado com
efeitos positivos sobre doenças cardíacas desde a década de 70, quando Dyberg e Bang (1979)
verificaram que a baixa incidência de doenças decorrentes da aterosclerose entre esquimós
estava associada a um elevado consumo de peixes marinhos ricos em w-3 por esses
indivíduos. Corroborando essas observações, estudos posteriores demonstraram que dietas
ricas em AG w-3 podem exercer efeitos positivos sobre as doenças cardíacas, destacando-se
os efeitos antiateroscleróticos (DE CATARINA; ZAMPOLLI, 2001), antitrombóticos
(KRISTENSEN; IVERSEN; SCHMIDT, 2001) e anti-hipertensivos (PRISCO et al., 1998;
ENGLER et al., 1999; KIMURA et al., 2002). Além disso, o elevado consumo dietético de w-
3 está relacionado com reduções substanciais no risco de morte (ERKKILA; LEHTO;
PYORALA; USITUPA, 2003). Assim, diversos autores sugerem que dietas acrescidas de AG
w-3 poderiam melhorar o perfil lipídico tanto em humanos quanto em animais, e,
conseqüentemente, reduzir o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares
(CARVAJAL; ÂNGULO, 1997; ÁGUILA; APFEL; MANDARIM-DE-LACERDA, 1997;
PELLIZZON et al., 2002).
Apesar de, com o presente estudo, não termos tido a intenção de associar o
desenvolvimento de doenças cardiovasculares com o consumo de AG do tipo w-3,
pretendemos relacionar a ingestão dele com as concentrações plasmáticas de TG, CT e HDL-
col, que são considerados fatores de risco para várias doenças. Na confrontação com a
71
literatura, os resultados obtidos são por vezes contraditórios, destacando-se a diminuição das
concentrações plasmáticas de TG (RIEVELLESE et al., 2003), de CT (AGUILA et al., 2002;
GAIVA et al., 2003) ou de ambas (HALVORSEN; RUSTAN; CHRISTIANSEN, 1995;
CARVAJAL; ÂNGULO, 1997).
Com relação à estimativa de consumo alimentar médio dos grupos experimentais da
ração comercial, em gramas, não foi observado diferença significativa tanto no protocolo em
que foi administrada a dose de 0,5g/kg/dia de AG w-3 quanto no de 1,0g/kg/dia.
com relação à quantidade média de macronutrientes consumidos por meio da ração
comercial, encontrou-se diferença quando foram comparados aos recomendados pelo Instituto
Americano de Nutrição (AIN, American Institute of Nutrition), quanto à necessidade diária de
ratos adultos (AIN-93M). Considerando-se o percentual de consumo de macronutrientes da
ração comercial (utilizada em ambos os experimentos do presente estudo), em relação ao seu
valor calórico total após a análise de sua composição centesimal, constatou-se que em torno
de 70,08% das calorias foram fornecidas por CHO, 20,29% por proteínas e 9,61% por
lipídeos. o AIN recomenda que 75,9% da energia sejam fornecidos por CHO, 14,1% por
proteínas e 10% por lipídeos (REEVES; NIELSEN; FAHEY, 1993). Com isso, verificou-se
que somente a quantidade de lipídeos encontrada apresentou valor próximo ao recomendado
na AIN-93M. em relação aos demais macronutrientes, constatou-se que as calorias
fornecidas por CHO foram menores que aquela recomendação, enquanto que as provindas de
proteínas foram maiores.
Quando analisada a composição de AG da ração comercial utilizada no presente
estudo, encontrou-se 0,672g de AGS, 1,041g de AGMI, 0,147 de AGPI w-3 e 1,695g de
AGPI w-6, enquanto que o recomendado pela AIN-93M é de 0,62g de AGS, 0,93g de AGMI,
0,27g de AGPI w-3 e 1,04g de AGPI w-6. Verificou-se, com isso, que o teor de AGMI e
AGPI w-6 foi superior e de AGPI w-3 inferior às concentrações recomendadas. Ressalta-se
72
que os grupos suplementados com óleo de peixe no protocolo de 0,5g/kg/dia, consumiram
adicionalmente 0,55g de lipídeos (contendo 0,16g de EPA+DHA), correspondendo a 6,1% de
lipídeos totais na dieta, enquanto que os grupos que somente consumiram ração comercial
(grupos basal, controle e controle+nado) obtiveram um teor de lipídeos, da ração comercial,
de 3,83%. no protocolo de 1,0g/kg/dia, os grupos suplementados receberam
adicionalmente, por animal, 0,95g/dia de óleo de peixe (que continha 0,28g de EPA + DHA),
representando no total 7,2% de lipídeos, enquanto que os grupos não suplementados com óleo
também receberam um percentual de 3,83% de lipídeos advindos da ração comercial.
A partir da avaliação do consumo alimentar dos animais foi possível constatar que os
ratos suplementados receberam 5,02kcal ou 8,52kcal extras diárias, o que representa um
percentual de 6,16% e 9,98% de calorias adicionais nos protocolos de 0,5 e 1,0g/kg/dia,
respectivamente. Embora a diferença no consumo alimentar diário entre os grupos pareça
mínima, deve-se enfatizar que a estimativa média do valor calórico total ingerido por rato foi
de 83,35kcal/dia, após 28 dias, nos grupos não suplementados com óleo de peixe, enquanto
que nos grupos suplementados as médias de ingestão energética total por rato foram de
88,37kcal e 91,87kcal para os animais que receberam as dose de w-3 de 0,5g/kg/dia e
1,0g/kg/dia, respectivamente. Esse consumo calórico extra ao final de 28 dias representou um
aporte de 2474,36kcal e 2572,36kcal nas doses de 0,5 e 1,0g/kg/dia, respectivamente,
enquanto o valor calórico total médio dos grupos não suplementados foi de 2333,80kcal.
Apesar de os grupos suplementados receberem calorias extras diariamente, não foram
encontrados aumentos significativos no peso corporal desses animais em relação aos demais;
somente verificou-se que os ratos do grupo submetido ao exercício físico, mas não
suplementado com óleo de peixe (grupo-controle+nado) apresentaram um menor ganho de
peso em relação aos grupos basal e controle no protocolo realizado com 1,0g/kg/dia de w-3.
Quanto à variação ponderal por grupo (Figura 6), verificou-se um ganho menor naquele
73
submetido ao nado e suplementado com ácidos graxos w-3 (w-3+nado) no experimento que
utilizou 0,5g/kg/dia de w-3 e nos grupos controle+nado de ambos os protocolos (0,5 e
1,0g/kg/dia). O menor ganho de peso encontrado nos grupos submetidos ao nado no presente
estudo pode ser justificado pelo fato de os animais terem sido submetidos ao exercício físico
por 20 minutos, no período de 28 dias. Como em ambos os protocolos os grupos
controle+nado apresentaram menor ganho de peso, pode-se sugerir que o nado promoveu um
gasto energético considerável.
Ressalta-se que o ganho de peso significativamente menor no grupo w-3+nado em
relação ao grupo w-3 no protocolo de 0,5g/kg/dia ocorreu provavelmente em função da
associação do exercício físico, o que não ocorreu quando se compararam os mesmos grupos
do ensaio com 1,0g/kg/dia de w-3 (Figura 6). No grupo suplementado com 1,0g/kg/dia de w-3
e submetido ao nado, o maior consumo calórico talvez possa ter compensado os efeitos de
menor ganho de peso resultantes da prática de exercício físico, observado ao se comparar os
grupos w-3 e w-3+nado do protocolo de 0,5g/kg/dia.
Tem sido postulado que dietas ricas em AG w-3 podem diminuir a síntese de lipídeos
e auxiliar em tratamentos para redução de gordura corporal ou obesidade (KIM;
TAKAHASHI; EZAKI, 1999; SAMPATH; NTAMBI, 2005). Com esse efeito na redução da
lipogênese, animais suplementados com AG w-3, poderiam talvez apresentar alguma
modificação no peso corporal ou ganho de peso. No nosso trabalho, a quantidade
administrada de w-3 por meio do óleo de peixe parece não ter sido efetiva per se na redução
do peso corporal ou ganho de peso de ratos suplementados em ambos os protocolos, uma vez
que não foram encontradas diferenças significativas na comparação dos grupos que receberam
óleo de peixe e não foram submetidos ao nado (grupo w-3) em relação aos grupos-controle
que receberam água por gavagem e não nadaram (Figura 6). Entretanto, no presente estudo
não averiguamos o efeito da suplementação de outro tipo de lipídeo em relação ao óleo de
74
peixe e se alterações no peso corporal ou ganho de peso poderiam ser encontradas se os outros
grupos tivessem sido também suplementados com outro tipo de óleo, para assim perfazer um
total calórico semelhante entre os grupos.
No estudo realizado por Venkatraman et al. (1998) foi observada uma redução
significativa no ganho de peso de ratos submetidos à dieta rica em w-3 (9% de óleo de peixe +
1% de óleo de milho) por dois meses, comparado ao grupo que recebeu dieta rica em w-6
(10% de óleo de milho), independentemente da prática ou não de exercícios físicos (corrida
forçada por 30 a 50min, seis vezes por semana). Foi sugerido que esse resultado pode ter
ocorrido devido ao maior consumo de AG w-3, que poderia interferir na síntese de lipídeos,
levando a um menor ganho de peso. Destaca-se que a suplementação de lipídeos no referido
trabalho foi realizada em iguais concentrações em todos os grupos experimentais, não
diferindo assim no total de calorias diárias fornecidas.
Na pesquisa realizada por Pellizzon et al. (2002), ratos submetidos ao nado por 2
horas, cinco vezes na semana, por seis semanas (iniciados a partir da semana de idade)
apresentaram menor ganho de peso e adiposidade corporal quando comparados aos grupos
sedentários, independentemente do tipo de dieta à qual esses animais foram submetidos:
hiperlipídicas e hipercalóricas, (com 33% óleo de peixe + 7% de óleo de soja ou com 33% de
óleo de palma + 7% de óleo de soja ou com 40% de óleo de soja) ou normolipídica e
normocalórica, denominada dieta-controle, com 7% de óleo de soja. Ressalta-se que não foi
observada diferença significativa no consumo calórico diário, independente do tipo de dieta
(normo ou hiperlipídica) dos animais submetidos às diferentes dietas, desde a idade fetal e de
lactação (através da alimentação da mãe) até à idade adulta (15 meses), mesmo quando esses
animais foram submetidos ao exercício físico (nado).
o exercício físico (nado) praticado por poucos dias (apenas uma semana) e por
período curto (apenas 5 minutos) não afetou o ganho de peso corporal de ratos,
75
independentemente do tipo de dieta à qual estes animais foram submetidos (dieta hiperlipídica
20% de lipídeos ou dieta normal ração comercial) (SOULIS; KITRAKI; GEROZISSIS,
2005).
Apesar de não ser possível precisar qual o tempo necessário de atividade física para
interferir no peso corporal de ratos, podemos sugerir, de acordo com os resultados do nosso
trabalho, que a prática do nado por 20min, cinco vezes na semana, por 28 dias o que
equivale a um esforço de intensidade leve e de curta duração (VENDITTI; MASULLO;
MEO, 1999) –, pode ser suficiente para interferir no ganho de peso corporal na referida
espécie animal.
Com relação ao fígado dos animais, em ambos os protocolos experimentais do
presente trabalho foi verificado menor peso nos grupos que receberam água por gavagem e
foram submetidos ao nado (grupo-controle+nado) em relação aos w-3, que não nadaram. No
ensaio com 1,0g/kg/dia, o grupo-controle+nado ainda apresentou significância com os grupos
basal e controle. A suplementação com AG w-3 nas doses de 0,5 ou 1,0g/kg/dia, por 4
semanas, mesmo que tenha aumentado o teor de ingestão de lipídeos de 3,83% (ração
comercial) para 6,1% ou 7,2% (ração comercial + óleo de peixe), nos respectivos protocolos,
não demonstrou alterações visíveis, macroscopicamente. Por outro lado, o exercício físico,
por si só, parece ter repercutido em menor peso hepático (Figura 17).
Diferentes estudos têm apresentado resultados controversos quanto ao peso do fígado
de animais submetidos a dietas ricas em AG w-3. Pellizzon et al. (2002) observaram que os
animais não submetidos ao exercício físico que receberam dieta rica em AG w-3 (33% de óleo
de peixe + 7% de óleo de soja) apresentaram menor peso do fígado quando comparados aos
grupos que receberam dieta rica em óleo de palma (33% de óleo de palma + 7% de óleo de
soja) ou rica em óleo de soja (40%). Quando os ratos foram submetidos ao nado (2 horas,
cinco vezes na semana, por seis semanas), o peso do fígado apresentou-se menor quando
76
comparados aos dos grupos sedentários. Comparando-se os grupos exercitados, foi observado
que os animais dos grupos-controle (7% de óleo de soja) e óleo de peixe apresentaram menor
peso e concentração de lipídeos no fígado quando comparados aos demais. Ressalta-se que
em nosso estudo não encontramos menor peso do fígado nos grupos exercitados e
suplementados com AG w-3 (grupo w-3+nado), comparados aos suplementados não
exercitados, provavelmente pelo curto período na qual foram submetidos ao nado (apenas
20min), quando comparado ao realizado no estudo que submeteu os animais a 2 horas de
nado.
Em relação às concentrações plasmáticas de CT no presente estudo, foi observada uma
diminuição na concentração de CT (p=0,026) (Figura 8), após 28 dias de experimento, no
grupo que foi suplementado com 0,5g/kg/dia de w-3 e submetido ao exercício físico, em
relação ao grupo basal. Da mesma forma, quando os valores finais de CT dos animais do
protocolo de 0,5g/kg/dia foram comparados aos valores iniciais (tempo zero) no teste t, o
grupo w-3+nado demonstrou redução muito significativa (p<0,0001). Entretanto, os grupos-
controle+nado e w-3 também demonstraram redução estatisticamente significativa (p=0,003 e
p=0,0015, respectivamente).
Ressalta-se que as reduções nas concentrações plasmáticas de CT apresentaram-se
maiores quando a suplementação com w-3 foi associada ao nado, podendo isso talvez sugerir
um sinergismo da suplementação com óleo de peixe e o nado. Ao analisarmos os valores
finais em relação aos iniciais, houve uma maior diferença no grupo w-3, com p=0,0015 e
redução de 27% no valor de CT, enquanto que no grupo-controle+nado essa redução foi de
22,78%, com valor de p=0,003. Ou seja, a suplementação de AG w-3 na dose de 0,5g/kg/dia
pareceu indicar um maior impacto do que a prática do nado apenas (grupo-controle+nado) na
redução das concentrações plasmáticas de CT.
77
No experimento realizado com 1,0g/kg/dia de w-3, todos os grupos apresentaram
redução das concentrações plasmáticas de CT quando o valor final foi comparado ao inicial
(tempo zero). Os grupos w-3 e w-3+nado apresentaram maior redução (p<0,0001) das
concentrações plasmáticas de CT, correspondendo respectivamente a 19,80% e 23,65%,
sendo que, o grupo-controle+nado (p=0,0238) apresentou redução de 17,41%.
Conforme referido em ambos os protocolos, os animais suplementados com AG w-3
(0,16g e 0,28g/dia) apresentaram redução das concentrações plasmáticas de CT ao serem
comparados os valores finais aos iniciais (tempo zero) (conforme observado nas Figuras 9 e
10). Destaca-se que as reduções pareceram maiores quando a suplementação foi associada ao
exercício físico (nado).
Morvan et al. (2002) observaram redução na concentração plasmática de CT em
camundongos fêmeas tratadas com 8,33% de lipídeos, sendo 5% advindos da ração comercial
e 3,33% de AG w-3 (EPA + DHA), por 16 semanas, comparados ao grupo-controle, que
recebeu somente ração comercial. Apesar de o teor de lipídeos utilizados em nosso estudo,
quando associado à suplementação com AG w-3 (6,1 ou 7,2%, nos protocolos de 0,5 e
1,0g/kg/dia, respectivamente), ser inferior ao utilizado por Morvan e colaboradores, também
se constataram reduções nas concentrações plasmáticas de CT. No presente trabalho, os
grupos suplementados com w-3 apresentaram reduções maiores nas concentrações
plasmáticas de CT do que os demais grupos.
Efeito benéfico da prática de exercício físico foi constatado no estudo realizado por
Quiles et al. (2003), no qual os grupos de ratos submetidos à corrida de 40min/dia, à
velocidade de 35m/min, por oito semanas, apresentaram menor concentração sérica de CT
quando comparados aos grupos sedentários, independente do tipo de dieta à qual foram
submetidos (rica em óleo de girassol a 8% ou rica em óleo de oliva a 8%). Ressalta-se que no
presente estudo os animais foram submetidos ao exercício físico diário com 20 min de
78
duração (cada sessão), realizados por 4 semanas (por período menor e também com menor
duração por dia do que o último trabalho referido). Destaca-se que, conforme mencionado,
os animais exercitados e também suplementados com AG w-3 (grupo w-3+nado)
apresentaram reduções de CT significativas no nosso trabalho, em ambos os protocolos.
As concentrações plasmáticas elevadas de TG também têm sido associadas com maior
risco de doenças coronarianas. Esses TG são encontrados predominantemente nas
lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL-col). Alguns estudos têm sugerido que dietas
ricas em óleo de peixe podem reduzir as concentrações plasmáticas de TG tanto em pessoas
ou animais com hipertrigliceridemia (ARTEAGA et al., 1993; CARVAJAL; ANGULO,
1997) quanto em normolipidêmicos (HALVORSEN; RUSTAN; CHRISTIANSEN, 1995;
LERAY et al., 2001; MORVAN et al., 2002; LAIDLAW; HOLUB, 2003; RIEVELLESE et
al., 2003).
Verificou-se que, com a ingestão média de 0,55g de óleo de peixe contendo 0,16g de
EPA + DHA (dose de 0,5g/kg/dia de w-3), quando comparados os valores finais aos iniciais
(tempo zero) no teste t, todos os grupos reduziram as concentrações plasmáticas de TG, e a
redução mais significativa foi encontrada no grupo submetido ao exercício físico e
suplementado com óleo de peixe (p<0,0001) (Figura 13).
no protocolo de 1,0g/kg/dia, quando se comparou a concentração inicial à final de
TG, foram observadas reduções significativas apenas nos grupos w-3, com redução de 15,3%
(p=0,046), e w-3+nado, com redução de 25,13% (p=0,0065), e um aumento significativo
(40,48%) foi observado no grupo basal (p=0,0015) (Figura 14). Portanto, a suplementação
com AG w-3 pode ter contribuído para a redução das concentrações plasmáticas de TG. Não
foi possível precisar qual o motivo que levou ao aumento das concentrações plasmáticas de
TG no grupo basal, sendo possível que fatores não explicados até o momento estejam
envolvidos.
79
Em relação à possível interferência de AG w-3 nos lipídeos sangüíneos, Jorge et al.
(1997) observaram uma redução de 31% na concentração de TG plasmático de coelhos
hipercolesterolêmicos suplementados com apenas 300mg/kg/dia de w-3, por 15 dias,
comparados àqueles não suplementados. Destaca-se que todos os animais foram submetidos
ao tratamento com dieta hipercolesterolêmica, composta por ração comercial adicionada de
0,5% de colesterol + 2% de gordura de coco (rica em AGS), 15 dias antes do início da
suplementação com AG w-3, sendo esta mantida por todo o experimento.
Alguns autores sugerem que a redução das concentrações plasmáticas de TG tem
efeito dose-dependente de w-3. Esse efeito pode ser observado no estudo desenvolvido por
Harris et al. (1990), no qual indivíduos hipertrigliceridêmicos foram submetidos ao consumo
diário de 15ml de óleo de peixe contendo 4,5g de w-3, ou 25ml de óleo de peixe com 7,5g de
w-3 ou 40ml de óleo de peixe com 12g de w-3. Foram observadas reduções nas concentrações
plasmáticas de TG de 53% com a dose de 4,5g, 54% com a dose de 7,5g e 61% com a dose de
12g de w-3/dia. Entretanto, a dose de 12g de w-3/dia foi capaz de aumentar o tempo de
sangramento nesses pacientes, além de ser considerada uma dose de difícil administração
diária pela grande quantidade de óleo. A dose de 4,5g de w-3 poderia ser facilmente atingida
com o consumo de 250g de peixe rico em w-3, além de poder demonstrar resultado
significativo na redução das concentrações de TG.
Hipóteses sobre o mecanismo pelo qual os AGPI são responsáveis pela diminuição das
concentrações de CT estão sendo consideradas no sentido de os AGPI serem responsáveis
pelo aumento da excreção de colesterol sob a forma de ácidos biliares, redistribuindo dessa
forma as concentrações no soro e tecidos, ou pelo aumento de receptores de LDL-col no
fígado, levando a uma diminuição na sua concentração plasmática (ERITSLAND, 2000).
Também é sugerido que os AG w-3 são capazes de inibir a síntese de TG no fígado
(MORVAN et al., 2002) e/ou acelerar o catabolismo de VLDL-col e quilomícrons pelo
80
aumento da atividade da enzima lípase lipoprotéica (LPL) (HARRIS et al., 1997; PARK;
HARRIS, 2003), o que poderia resultar numa menor concentração plasmática de TG,
principalmente no estado pós-prandial.
Outra hipótese está relacionada à ApoB100, uma partícula que serve como porção
ligante para o receptor das lipoproteínas, e está intimamente relacionada com a síntese
endógena de VLDL-col (PRINSEN et al., 2003). Pan et al. (2004) propuseram que os AG w-3
são capazes de estimular uma nova via de degradação da ApoB100 por meio da elevação da
recaptação dessa lipoproteína pelo fígado. Esse mecanismo parece requerer um aumento da
peroxidação lipídica, uma vez que, conforme observaram os autores, a adição de antioxidante
(vitamina E) ao tratamento com w-3 resultou na diminuição da peroxidação lipídica, assim
como na menor degradação da ApoB100 recém-sintetizada. Por outro lado, existem fortes
evidências de que o aumento do estresse oxidativo pode aumentar e levar a uma maior
concentração de LDL oxidada, propiciando uma possível evolução da aterosclerose (para
revisão BATLOUNI, 1997; STOCKER; KEANEY, 2004). Foi proposto ainda que o aumento
do estresse oxidativo poderia também induzir a danos no DNA do hepatócito (KIKUGAWA
et al., 2003).
Além disso, tem sido sugerido que dietas ricas em AG w-3 podem diminuir a
concentração de vitamina E no plasma, fígado e rim de animais, o que poderia levar a um
aumento na formação de radicais livres pela diminuição da proteção, pois essa vitamina é
responsável pela neutralização desses radicais (SONG; FUJIMOTO; MIYAZAMA, 2000).
Sugere-se que a redução nas concentrações de antioxidantes e o aumento da formação de
radicais livres podem causar efeitos deletérios no sistema cardiovascular (JORGE et al., 1997;
LIMA et al., 2000; LERAY et al., 2001). Portanto, outros estudos adicionais devem ser
realizados no intuito de investigar as verdadeiras necessidades de antioxidantes
(especialmente a vitamina E) para indivíduos alimentados com uma dieta rica em AG w-3,
81
pois parece ser de suma importância uma adequada ingestão de macro e micronutrientes para
a potencialização dos efeitos benéficos do w-3.
Segundo Mata, Alonso e Mata (2002), dietas ricas em AG w-3 também poderiam
diminuir as concentrações plasmáticas de HDL-col. Não estão bem estabelecidos quais os
mecanismos responsáveis por essa redução, sendo sugeridas modificações nos receptores das
lipoproteínas, nas membranas celulares e em algumas enzimas relacionadas com o
metabolismo de HDL-col.
Morvan et al. (2002) suplementaram camundongos com 3,33% de AG w-3
provenientes de óleo de peixe por 16 semanas e observaram uma redução nas concentrações
plasmáticas de HDL-col e um aumento das concentrações de éster de HDL-col no fígado,
quando comparados a um grupo não tratado. Foi postulado que a suplementação com w-3
pode ter estimulado um passo no transporte reverso do colesterol, provavelmente pelo
aumento do receptor scanvenger classe B-1.
No presente estudo, com o protocolo de 0,5g/kg/dia (0,16g/dia de w-3) foi verificado
um aumento significativo nas concentrações plasmáticas de HDL-col somente nos grupos
basal, controle e controle+nado. no protocolo de 1,0g/kg/dia, observou-se uma redução nas
concentrações de HDL-col nos animais de todos os grupos experimentais, mas a redução mais
significativa ocorreu nos animais do grupo que recebeu somente w-3 e não foi submetido ao
nado (p<0,0001). Destaca-se que, quando a suplementação de w-3 (0,28g/dia) foi associada
ao nado, observou-se uma menor redução do que o grupo w-3 (p=0,0156) (Tabela 6). Ou seja,
apesar dos diferentes resultados encontrados em ambos os experimentos, os grupos que
receberam w-3 por gavagem mantiveram ou reduziram significativamente as concentrações
plasmáticas de HDL-col.
É sabido que a prática regular de exercícios físicos é capaz de aumentar as
concentrações plasmáticas de HDL-col (JAFARI et al., 2003); apesar disso, no presente
82
estudo, em ambos os protocolos o exercício físico nado com duração de 20 min e intensidade
leve, praticado cinco vezes na semana, não sugeriu um aumento das concentrações
plasmáticas de HDL-col quando foi associado à suplementação com w-3 em ambas as doses.
Em estudo de Jorge et al. (1997) não foram observadas modificações nas
concentrações plasmáticas de HDL-col quando coelhos hipercolesterolêmicos foram
suplementados com 300mg/kg/dia de w-3 e comparados aos não suplementados.
Os efeitos dos AG w-3 sobre os lipídeos e lipoproteínas plasmáticas têm sido
contraditórios, existindo uma grande variabilidade de resultados entre os diferentes estudos,
possivelmente em função de diferentes desenhos experimentais e das doses utilizadas.
As doses de w-3, quando utilizadas para testes em animais, são geralmente
consideradas excessivas quando comparadas às quantidades administradas aos seres humanos.
Além disso, a ingestão elevada de w-3 pode causar desconforto gastrointestinal, além de
sensação desagradável de “gosto de peixe” após o uso (COVINGTON, 2004). No presente
estudo, as doses utilizadas ainda foram elevadas, considerando-se que a dose de 1,0g/kg/dia
corresponderia a 70g/dia de w-3 para um homem de 70kg e de 0,5g/kg/dia de w-3, a 35g/dia
de w-3 para o mesmo indivíduo.
De acordo com os resultados do presente estudo, a suplementação com o AG w-3 nas
doses utilizadas (0,5 e 1,0g/kg/dia) pareceu interferir de forma benéfica nas concentrações
plasmáticas de CT e TG em ratos, especialmente quando associada ao nado, mas pesquisas
posteriores poderão auxiliar no conhecimento da relação entre a ingestão de óleo de peixe e as
concentrações de lipídeos sangüíneos.
Propõe-se que doses menores de AG w-3, associadas ou não à suplementação com
antioxidantes (principalmente a vitamina E), sejam utilizadas para investigar as interferências
desses nutrientes nos lipídeos sangüíneos de animais experimentais. Investigações quanto aos
83
efeitos no peso e metabolismo do fígado de pequenas doses de w-3 também deveriam ser
realizadas para melhor compreender os efeitos desse AG no referido órgão.
Sugere-se ainda que sejam estudados os efeitos da suplementação de pequenas doses
de w-3 no metabolismo lipídico e adiposidade de ratos submetidos a dietas normolipídicas
com diferentes tipos de AG (dietas isocalóricas), bem como sua interação com a prática
regular de diferentes tipos de exercícios físicos. Esses estudos poderiam ser relacionados
posteriormente com uma possível recomendação de ingestão de AG w-3 provenientes dos
alimentos em dietas, para benefício da saúde humana.
84
7 CONCLUSÃO
A ração comercial utilizada apresentou menor conteúdo de carboidratos e AGPI w-3 e
maior de proteína, AGS, AGMI e AGPI w-6 do que o recomendado pela AIN-93M.
A suplementação com AG w-3, por 4 semanas, não sugeriu alteração em gramas de
ração no consumo alimentar nos diferentes grupos experimentais, nos protocolos
utilizados.
O exercício físico (nado), durante 20 minutos e cinco vezes por semana, por 4 semanas
proporcionou menor ganho de peso.
Quanto ao fígado, os animais submetidos ao nado apresentaram menor peso em ambos
os experimentos. A ingestão de AG w-3 não sugeriu alterar o peso do fígado dos
animais suplementados.
A suplementação com 0,5 ou 1,0g/kg/dia e/ou o exercício físico nado (realizado por
20min, cinco vezes na semana) sugeriram reduzir as concentrações plasmáticas de CT,
redução mais significativa quando a suplementação foi associada ao nado.
A suplementação de w-3 (0,5 ou 1,0g/kg/dia), associada ao exercício físico,
proporcionou concentrações menores de TG plasmáticos, demonstrando um efeito
sinérgico entre ambos os parâmetros.
A suplementação de 1,0g/kg/dia sugeriu reduzir as concentrações de HDL-col,
enquanto que a suplementação com 0,5g/kg/dia de w-3 não demonstrou modificações.
85
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