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empresarial, tendo definição clara do seu cliente e do seu produto, cunhando
uma linguagem midiática nova. Por esses meios se aperfeiçoa a capacidade
de divulgação dos ritos e símbolos religiosos
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, lembrando que, desde sua
origem, quando ainda não possuía um canal próprio de televisão, a
Associação do Senhor Jesus já produzia audiovisuais com temas religiosos.
A possibilidade da exploração do produto religioso é tanta que já é
comum encontrarmos em cursos, palestras, workshops, cujo tema é
marketing, um subitem denominado marketing religioso. Isso sugere que o
mercado religioso é uma especificidade que está se profissionalizando e
abrangendo um público cada vez maior.
O marketing religioso é, dessa forma, a maneira de se colocar a
religião no mercado, atendendo a exigência de que, diante da diversidade de
ofertas religiosas, será preciso atender a desejos segmentados. A situação
pluralista, destarte, não permite que um monopólio religioso submeta uma
população de maneira absoluta, ou seja, que ela satisfaça e dê conta de
Vânio Flábio Dias Ferreira
Decifra-me ou te devoro: a religião católica
e as novas mediações tecnológicas.
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O cinema é um importante instrumento de veiculação das formas simbólicas, dado o seu alcance e
técnica. Segundo Paula Monteiro, em E o verbo se faz imagem: A igreja Católica e os meios de
comunicação no Brasil-1962-1989, a primeira incursão bem-sucedida da Igreja Católica no cinema se
deu em 1987, com o filme Pé na Caminhada, também primeiro longa-metragem latino-americano da
Igreja, sendo produzido pela produtora Verbo Divino, que tem vínculo institucional com a Igreja
Católica. Com roteiro assinado por Dom Pedro Casaldáliga, bispo de São Félix do Araguaia, o filme foi
premiado em 1986, no III Festival Internacional de Cinema de Mannheim. Em 2003, é lançado em
circuito comercial o filme Maria, Mãe do Filho de Deus. Embora não seja de uma produtora católica,
esse filme tem como grande estrela o Pe. Marcelo Rossi e serve como investida no campo da
comunicação, com tendência confessional e proselitista. Maria, Mãe do Filho Deus é uma produção da
Columbia Pictures e Globo Filmes, com orçamento de 6,8 milhões de reais. Reflete, segundo o Pe.
Marcelo Rossi, em entrevista ao Programa do Jô, da Rede Globo, exibido em 18/10/2003, uma
preocupação da Igreja Católica em ocupar todos os meios disponíveis no seu trabalho de
evangelização. O padre ressaltou na entrevista o fato de estar usando no filme, onde ele próprio é um
ator, os mesmos recursos técnicos do cineasta americano George Lucas.