Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Faculdade de Medicina
MARÍLIA ZICKER HANAN
CORRELAÇÕES ENTRE MEDIDAS
ULTRA-SONOGRÁFICAS DO
CORAÇÃO E O DÉFICIT DE
HEMOGLOBINA EM FETOS DE
GESTANTES ISOIMUNIZADAS
Belo Horizonte
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
MARÍLIA ZICKER HANAN
CORRELAÇÕES ENTRE MEDIDAS
ULTRA-SONOGRÁFICAS DO
CORAÇÃO E O DÉFICIT DE
HEMOGLOBINA EM FETOS DE
GESTANTES ISOIMUNIZADAS
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Saúde da Mulher da Faculdade
de Medicina da Universidade Federal de
Minas Gerais como requisito parcial para a
obtenção do título de Doutor.
Área de concentração: Perinatologia
Orientadora: Prof
a
Dra. Alamanda Kfoury
Pereira
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte
2007
ads:
Para Lola:
Espelho... Guia... Mais preciosa lembrança...
Mãe!
Para Quito:
Alma-gêmea... Âncora...
Amor!
Para Bê, Lipe e Binha:
Razões de lutar... Motivos de ser...
Tesouros!
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Antônio Carlos Vieira Cabral, professor titular do DGO da FM-UFMG
e competente coordenador do CEMEFE do HC-UFMG, pela oportunidade,
sugestões e apoio.
À Prof
a
Dra. Alamanda Kfoury Pereira, professora adjunta do DGO da FM-UFMG,
membro do CEMEFE do HC-UFMG, pela orientação, paciência e capacidade de
administrar dificuldades.
À Dra. Zilma Nogueira Reis, médica do HC-UFMG e da Fundação FIAT, e ao
Prof. Dr. Henrique Vitor Leite, professor adjunto do DGO da FM-UFMG, membros
do CEMEFE do HC-UFMG, pela colaboração imprescindível na realização deste
trabalho.
Aos colegas do curso de pós-graduação, Dra. Eura Martins Laje, Dra. Rosângela
Lopes Miranda Rodrigues, Dra. Déborah Randazzo Barbosa de Magalhães, Dr.
Mário Dias Corrêa Júnior e Dra. Ana Luisa Penido Ferreira, pela convivência,
auxílio e, principalmente, por compartilhar os momentos de incertezas.
À Magda Carvalho Pires, doutoranda em Estatística pela UFMG, pela análise
estatística.
À Prof.
a
Magda Roquette de Pinho Taranto, licenciada pela UFMG, pela firme e
indispensável contribuição na forma literária e gramatical.
Às mulheres isoimunizadas, vítimas, na maioria das vezes, da assistência
obstétrica inadequada, por sua entrega e confiança incondicionais.
Ao Prof. Darcy Ribeiro da Silva, mestre da arte de partejar, pelos ensinamentos,
cuidados médicos e imensa amizade. Saudade...
À minha mãe, pela doação, ética e força.
À minha pequena grande família, meu bem maior e motivo de verdadeira
realização.
E, por último, porém sempre em primeiro, ao grande, único e poderoso D’us, pela
oportunidade de viver, conhecer, admirar e respeitar minhas raízes e de ser feliz.
“A verdadeira viagem do descobrimento não consiste em procurar
novas paisagens, mas em ver com novos olhos.”
Marcel Proust (1871-1922)
RESUMO
Introdução: a doença hemolítica perinatal (DHPN), secundária à sensibilização
materna por antígenos eritrocitários, representa não só a causa principal, mas,
sobretudo, causa evitável de anemia fetal e neonatal. Para o acompanhamento e
tratamento adequados da DHPN, é necessário o diagnóstico preciso do grau de
anemia fetal. A busca atual por métodos diagnósticos não invasivos de anemia
fetal visa à redução dos riscos e do agravamento da sensibilização materna
associados aos procedimentos invasivos. Objetivo: verificar as correlações entre
medidas do coração fetal ao ultra-som e o déficit de hemoglobina em fetos de
gestantes isoimunizadas. Pacientes e métodos: realizou-se estudo transversal
no qual foram acompanhados 60 fetos, entre 21 e 35 semanas, de 56 mulheres
isoimunizadas, nos quais foram realizados 139 procedimentos. Antes da coleta de
sangue por cordocentese, com a visão ultra-sonográfica das quatro câmaras do
coração fetal em tempo real e com o modo-M, foram medidos o diâmetro
biventricular externo (DBVE) e o diâmetro atrioventricular (DAV) no final a diástole
e foi calculada a circunferência cardíaca (CC). Essas medidas foram ajustadas
em função da dimensão do comprimento do fêmur (CF). Utilizaram-se os
equipamentos de ultra-som US SONOACE 8800 e 8000 (MEDSOM
®
) com sonda
setorial de 3,5 Mhz. A concentração de hemoglobina foi determinada por meio de
fotômetro no sistema HEMOCUE
®
. O déficit de hemoglobina (Déf Hb) foi
calculado baseado na curva de normalidade de Nicolaides (NICOLAIDES et al.,
1988b). A ausência de anemia foi definida quando o Déf Hb era ausente ou
2g/dl; a anemia leve o Déf Hb > 2 g/dl e < 5 g/dl; a anemia moderada quando o
Déf Hb era 5 g/dl e 7 g/dl; e a anemia grave quando o Déf Hb era >
7g/dl. Resultados: 43% dos fetos não apresentaram anemia, em 30% a anemia
foi leve, em 14% moderada e em 14% grave. Observaram-se correlações diretas
(r=0,344 para a DBVE/CF, r=0,237 para a DAV/CF e r=0,325 para a CC/CF) e
significativas (p<0,05) entre as razões das medidas cardíacas avaliadas e o CF e
o Déf Hb. Os valores das razões das medidas cardíacas avaliadas e o CF foram
semelhantes entre o grupo de fetos não transfundidos e o de fetos com
transfusões anteriores. Para a predição das anemias moderada e grave, a
sensibilidade e a especificidade encontradas foram, respectivamente, de 71,7 e
66,3% para a DBVE/CF, 65,8 e 62,4% para a DAV/CF e 73,7 e 60,4% para a
CC/CF. Conclusões: nos fetos de gestantes isoimunizadas, as medidas
cardíacas ultra-sonográficas avaliadas correlacionam-se diretamente com o déficit
de hemoglobina. Esses achados sugerem que essas medidas podem ser
utilizadas - de forma isolada ou combinada a outros marcadores - como métodos
não invasivos de diagnóstico de anemia fetal nessas gestantes.
Palavras-chave: Eritroblastose fetal. Isoimunização Rh. Ecocardiografia fetal.
Cardiomegalia fetal. Hidropisia.
ABSTRACT
Introduction: the hemolytic disease of the fetus and the newborn secondary to
maternal sensitization, represents the most common cause of anemia that can be
avoided. In the management and treatment of the fetal disease it is necessary to
detect the degree of fetal anemia. The objective of the current approach using
noninvasive tests is to reduce the risk and the worsening of maternal sensitization
associated with invasive procedures. Objective: to verify the correlation between
echographic cardiac measurements assessed and fetal hemoglobin deficit of
isoimmunized pregnant women. Patients and methods: A prospective cross-
sectional study was carried out in 60 fetuses between 21 and 35 weeks of 56 Rh
negative women with red blood cells isoimmunization comprising 139 procedures.
Before cordocentesis and blood sample, cardiac measurements of biventricular
outer diameter (BVOD) and of atrioventricular diameter (AVD) were obtained in a
four chamber view at end-diastole using real-time ultrasound and M-mode
assessment and cardiac circumference (CC) was calculated. These
measurements were adjusted to femur length (FL). The equipments used were US
SONOACE 8800 and 8000 (MEDSOM
®
) with a 3,5 Mhz transducer. Hemoglobin
concentration was measured with spectrophotometry in the HEMOCUE
®
device
and hemoglobin deficit (Hb Def) was calculated based on Nicolaides normal
reference range (NICOLAIDES et al., 1988b). No anemia was defined when there
wasn’t a Hb Def or a Hb Def 2g/dL. Mild anemia was defined as a Hb Def >
2g/dL and < 5 g/dL, moderate anemia as a Hb Def 5 g/dL and 7 g/dL and
severe anemia a Hb Def > 7g/dL. Results: no anemia was present in 43% of the
fetuses, mild anemia in 30%, moderate anemia in 14% and severe anemia in 14%.
Cardiac measurements assessed and FL ratio showed positive (r=0,344 to
BVOD/FL; r=0,237 to AVD/FL and r=0,325 to CC/FL) significative (p<0,05)
correlations with fetal Hb Def The values of cardiac measurements assessed and
FL ratio were similar among previously transfused and no transfused fetuses.
Sensitivity and specificity in the diagnosis of moderate and severe anemia were
respectively, 71,7% and 66,3% to BVOD/FL, 65,8% and 62,4% to AVD/FL and
73,7% and 60,4% to CC/FL. Conclusions: echographic cardiac measurements
assessed on fetus of isoimmunized pregnant women showed positive correlations
with fetal hemoglobin deficit. The findings suggest that these measurements may
be used - associated or not to others markers - as a noninvasive method of fetal
anemia diagnosis in these pregnant women.
Keys-words: Erythoblastosis fetal. Rhesus isoimmunization. Fetal
echocardiography. Fetal cardiomegaly. Hydrops fetalis.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC Área do coração
ACM Artéria cerebral média
AT Área do tórax
CA Circunferência abdominal
CC Circunferência cardíaca
CCN Comprimento cabeça-nádega
CE Circunferência da elipse
CEMEFE Centro de Medicina Fetal
CF Comprimento do fêmur
COEP Comissão de Ética em Pesquisa
CT Circunferência torácica
DAV Diâmetro atrioventricular
DBP Diâmetro biparietal
DBVE Diâmetro biventricular externo
Déf Hb Déficit de hemoglobina
DGO Departamento de Ginecologia e Obstetrícia
DHPN Doença hemolítica perinatal
DNA Ácido desoxirribonucléico
DP Dopplerfluxometria ou dopplervelocimetria
EUA Estados Unidos da América
FM-UFMG Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais
Hb Enc Concentração de hemoglobina encontrada
Hb Esp Concentração de hemoglobina esperada
HC Hospital das Clínicas
IC Intervalo de confiança
IP Índice de pulsatilidade
ISO Isoimunização
MoM
Multiples of median
PVS-ACM Pico da velocidade sistólica da artéria cerebral média
RACT Razão entre a área do coração e a área do tórax
RCCT Razão entre a circunferência do coração e a circunferência do tórax
Rh
Rhesus
ROC
Receiver operating characteristics
RR Risco Relativo
S/D Sístole/diástole
TIU Transfusão intra-uterina
US Ultra-sonografia
VCM Volume corpuscular médio
VPN Valor preditivo negativo
VPP Valor preditivo positivo
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Caracterização das gestantes isoimunizadas de acordo
com a idade (em anos) e com a paridade no momento da inclusão no
estudo..................................................................................................
73
TABELA 2 - Distribuição das gestantes isoimunizadas de acordo com a
idade (em anos) no momento da inclusão no estudo............................
73
TABELA 3 - Distribuição das gestantes isoimunizadas de acordo com a
paridade no momento da inclusão no estudo.......................................
74
TABELA 4 - Distribuição das gestantes isoimunizadas de acordo com o
grupo sangüíneo..................................................................................
76
TABELA 5 - Distribuição das gestantes isoimunizadas de acordo com o
tipo de anticorpo identificado no painel de hemácias..........................
77
TABELA 6 - Distribuição das gestantes de acordo com a causa
provável da isoimunização ................................................................
78
TABELA 7 - Caracterização dos casos de acordo com a idade
gestacional (em semanas) no momento da inclusão no estudo..........
79
TABELA 8 - Distribuição dos casos de acordo com a idade gestacional
(em semanas) no momento da inclusão no estudo...............................
79
TABELA 9 - Distribuição dos casos de acordo com o número de
procedimentos por feto.........................................................................
92
TABELA 10 - Caracterização dos casos de acordo com o número de
procedimentos por feto.........................................................................
92
TABELA 11 - Caracterização dos casos de acordo com a concentração
de hemoglobina .................................................................................
93
TABELA 12 - Distribuição dos casos de acordo com a classificação da
anemia ..................................................................................................
93
TABELA 13 - Distribuição dos casos de acordo com a classificação da
anemia e o valor da hemoglobina.......................................................
94
TABELA 14 - Distribuição dos casos de acordo com a classificação da
anemia e o déficit de hemoglobina......................................................
95
TABELA 15 - Distribuição dos casos de acordo com a presença de
hidropisia no momento da inclusão no estudo.....................................
96
TABELA 16 - Valores das razões das medidas cardíacas avaliadas e o
comprimento do fêmur..........................................................................
97
TABELA 17 - Relações entre as razões das medidas cardíacas
avaliadas e o comprimento do fêmur e o déficit de hemoglobina.........
.
98
TABELA 18 - Valores das razões das medidas cardíacas avaliadas e o
comprimento do fêmur de acordo com o estado transfusional .............
101
TABELA 19 - Acuidade diagnóstica das razões das medidas cardíacas
avaliadas e o comprimento do fêmur para a detecção da anemia
moderada e grave.................................................................................
.
105
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figuras
FIGURA 1 - Imagem ultra-sonográfica do coração fetal, em modo-B, com
a visão de quatro câmaras e o plano das válvulas atrioventriculares
para o posicionamento do cursor do modo-M...........................................
83
FIGURA 2 - Imagem ultra-sonográfica em modo-M e medida do diâmetro
biventricular externo (DBVE).....................................................................
83
FIGURA 3 - Imagem ultra-sonográfica do coração fetal, em modo-B, com
a visão de quatro câmaras e o plano do septo interventricular para o
posicionamento do cursor do modo-M......................................................
84
FIGURA 4 - Imagem ultra-sonográfica em modo-M e medida do diâmetro
atrioventricular (DAV).................................................................................
.
84
FIGURA 5 - Imagem ultra-sonográfica em modo-B e medida do
comprimento do fêmur (CF).......................................................................
.
85
FIGURA 6 - Modelo de resposta fisiopatológica do coração fetal à
Anemia......................................................................................................
121
Gráficos
GRÁFICO 1 - Distribuição das gestantes isoimunizadas de acordo com a
idade (em anos) no momento da inclusão no estudo............................
74
GRÁFICO 2 - Distribuição das gestantes isoimunizadas de acordo com a
paridade no momento da inclusão no estudo...........................................
75
GRÁFICO 3 - Distribuição das gestantes isoimunizadas de acordo com o
grupo sangüíneo.....................................................................................
76
GRÁFICO 4 - Distribuição das gestantes isoimunizadas de acordo com o
tipo de anticorpo identificado no painel de hemácias.............................
77
GRÁFICO 5 - Distribuição das gestantes de acordo com a causa
provável da isoimunização.....................................................................
78
GRÁFICO 6 - Distribuição dos casos de acordo com a idade gestacional
(em semanas) no momento da inclusão no estudo...............................
80
GRÁFICO 7 - Distribuição dos casos de acordo com a classificação da
anemia............................................................ ......................................
94
GRÁFICO 8 - Distribuição dos casos de acordo com classificação da
anemia e o valor da hemoglobina..........................................................
95
GRÁFICO 9 - Distribuição dos casos de acordo com classificação da
anemia e o déficit da hemoglobina........................................................
96
GRÁFICO 10 - Distribuição dos casos de acordo com a presença de
hidropisia no momento da inclusão no estudo.......................................
97
GRÁFICO 11 - Razão diâmetro biventricular externo e comprimento do
fêmur versus déficit de hemoglobina ...................................................
99
GRÁFICO 12 - Razão diâmetro atrioventricular e comprimento do fêmur
versus déficit de hemoglobina ..............................................................
99
GRÁFICO 13 - Razão circunferência cardíaca e comprimento do fêmur e
versus déficit de hemoglobina..............................................................
100
GRÁFICO 14 - Curva ROC da razão diâmetro biventricular externo e
comprimento do fêmur para o diagnóstico de anemia moderada e
grave (Área= 0,705 e valor p<0,001)..................................................
102
GRÁFICO 15 - Curva ROC da razão diâmetro atrioventricular e
comprimento do fêmur para o diagnóstico de anemia moderada e
grave (Área= 0,647 e valor p=0,008).....................................................
103
GRÁFICO 16 - Curva ROC da razão circunferência cardíaca e
comprimento do fêmur para o diagnóstico de anemia moderada e
grave (Área= 0,690 e valor p=0,001)....................................................
104
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................ 17
2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................... 21
2. 1 Isoimunização materna e doença hemolítica perinatal....................... 22
2.1.1 Definições......................................................................................... 22
2.1.2 Incidência.......................................................................................... 23
2.1.3 Patogenia.......................................................................................... 26
2.2 Anemia fetal por antígenos eritrocitários............................................. 29
2.2.1 Conceito e classificações.................................................................. 29
2.2.2 Fisiopatologia.................................................................................... 34
2.2.2.1 Respostas hematológicas.............................................................. 34
2.2.2.2 Respostas hemodinâmicas............................................................ 37
2.2.2.3 Respostas metabólicas.................................................................. 41
2.2.2.4 Hidropisia fetal............................................................................... 43
2.2.3 Diagnóstico não invasivo.................................................................. 46
2.2.3.1 Detecção sérica de anticorpos....................................................... 46
2.2.3.2 Cardiotocografia............................................................................. 48
2.2.3.3 Ultra-sonografia.............................................................................. 49
2.2.3.4 Dopplerfluxometria......................................................................... 54
2.2.3.5 Medidas ultra-sonográficas de avaliação do tamanho do coração
fetal............................................................................................................
61
2.2.3.5.1 Diâmetro biventricular externo...................................................... 63
2.2.3.5.2 Índice cardiotorácico................................................................... 65
2.2.3.5.3 Circunferência cardíaca.............................................................. 68
3 OBJETIVOS............................................................................................ 69
3.1 Objetivo principal................................................................................. 70
3.2 Objetivos secundários.......................................................................... 70
4 PACIENTES E MÉTODOS..................................................................... 71
4.1 Pacientes.............................................................................................. 72
4.1.1 Critérios de inclusão.......................................................................... 72
4.1.2 Critérios de exclusão........................................................................ 72
4.1.3 Caracterizações e distribuições das gestantes e dos casos............. 73
4.2 Métodos................................................................................................ 80
4.2.1 Avaliação ultra-sonográfica............................................................... 81
4.2.2 Cálculo da circunferência cardíaca................................................... 85
4.2.3 Coleta de sangue fetal e determinação da concentração de
hemoglobina..............................................................................................
86
4.2.4 Cálculo do déficit de hemoglobina e classificação dos fetos quanto
à anemia....................................................................................................
87
4.2.5 Análise estatística............................................................................. 88
4.2.5.1 Cálculo amostral............................................................................ 88
4.2.5.2 Tratamento estatístico.................................................................... 89
4.3 Aspectos éticos.................................................................................... 90
5 RESULTADOS........................................................................................ 91
6 COMENTÁRIOS...................................................................................... 106
6.1 Por que estudar as gestações com ISO?............................................. 107
6.2 Por que buscar métodos diagnósticos não invasivos de anemia
fetal?...........................................................................................................
107
6.3 Por que avaliar o tamanho do coração fetal?....................................... 112
6.4 Por que avaliar o DBVE, o DAV e a CC fetal?..................................... 116
6.5 Modelo de resposta fisiopatológica do coração fetal à anemia........... 118
6.6 Comentários finais............................................................................... 122
7 CONCLUSÕES....................................................................................... 130
REFERÊNCIAS.......................................................................................... 132
APÊNDICES E ANEXO............................................................................. 150
1 INTRODUÇÃO
1 INTRODUÇÃO
___________________________________________________________________________
18
A doença hemolítica perinatal (DHPN), secundária à sensibilização
materna por antígenos eritrocitários, representa não só a causa principal, mas,
sobretudo, causa evitável de anemia fetal e neonatal. A partir de 1968, houve
considerável diminuição de sua incidência em todo o mundo. Esse fato se deve
principalmente ao advento, à disponibilidade e à utilização da imunoglobulina
antiD, cuja administração nas mulheres susceptíveis constitui profilaxia altamente
eficaz. No entanto, o decréscimo do número de novos casos ocorreu, de forma
menos acentuada, nos países em desenvolvimento.
Apesar de preconizada pelo Ministério da Saúde do Brasil para a
prevenção da isoimunização (ISO) nas mulheres susceptíveis, a imunoglobulina
antiD ainda não é amplamente utilizada no nosso e em vários outros países. As
deficiências da assistência pré e pós-natal, a clandestinidade dos abortamentos
provocados e a falta de permissão para a administração desse medicamento
durante a gestação pelo Sistema Único de Saúde contribuem para os altos
índices de prevalência de mulheres Rh negativo sensibilizadas no Brasil.
Além disso, a ISO, por outros antígenos do sistema Rhesus (Rh) que
não o antígeno D, e por antígenos de outros grupos, apesar de menos freqüente,
continua a ocorrer de forma universal e numa incidência crescente em todo o
mundo, inclusive nos países desenvolvidos. A causa provável desse fato pode
estar associada à ocorrência da maternidade em idades mais avançadas e,
conseqüentemente, ao aumento do tempo de exposição às transfusões
sangüíneas.
Para o acompanhamento e tratamento adequados da DHPN, é
necessário o conhecimento da gravidade da anemia fetal. O método mais
acurado, considerado o padrão ouro para o diagnóstico preciso do grau de
1 INTRODUÇÃO
___________________________________________________________________________
19
anemia fetal, é a determinação da concentração da hemoglobina e/ou do
hematócrito em amostra de sangue do cordão umbilical, coletada por punção
guiada pela ultra-sonografia (US). No entanto, a cordocentese é uma intervenção
que envolve riscos para o concepto e só deve ser indicada quando esses riscos
são inferiores aos benefícios eventualmente proporcionados pelo procedimento.
Desde sua fundação em 1989, o Centro de Medicina Fetal (CEMEFE)
do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
vem desenvolvendo uma linha de pesquisa de diagnóstico de anemia fetal com a
utilização de métodos não invasivos.
Esses estudos iniciaram-se com a realização de duas teses de
mestrado que avaliaram os traçados cardiotocográficos de gestantes
isoimunizadas e os compararam com as concentrações de hemoglobina do
cordão umbilical (LIMA, 1986; MELO, 2000). A seguir, vieram outros trabalhos
relacionando o grau de anemia fetal aos achados da dopplerfluxometria (DP) de
vários segmentos vasculares fetais, como o de Lopes (2001), o de Taveira (2001),
o de Lage (2004) e o de Corrêa Jr. (2006).
Com o interesse em estudar o comportamento ou as respostas do
coração fetal à anemia, outros autores correlacionaram a medida ultra-
sonográfica do diâmetro biventricular externo (DBVE) do coração fetal com o grau
de anemia fetal, como Rodrigues (2002) e Barcelos (2003). Apocalypse (2003),
reunindo avaliações obtidas a partir da utilização de vários métodos não
invasivos, propôs um escore não invasivo para a predição da anemia fetal. Krettli,
(2006) correlacionou o DBVE e o grau de acidemia presente no processo de
anemia fetal.
1 INTRODUÇÃO
___________________________________________________________________________
20
O presente estudo representa uma continuação desse trabalho de
pesquisa de diagnóstico de anemia fetal com a utilização de técnicas não
invasivas e tem o intuito de avançar um pouco mais no conhecimento das
modificações que ocorrem no coração fetal frente ao processo anêmico, além de
possibilitar mais um método para o diagnóstico não invasivo dessa doença.
O trabalho resulta do imenso interesse em nós despertado por essa
área de conhecimento tão importante e fascinante da Medicina Fetal. Foi
incentivado pelo acolhimento que recebemos no grupo do CEMEFE criado e
liderado pelo Prof. Antônio Carlos Vieira Cabral. Constitui a concretização de um
desejo, mantido latente por muitos anos, de acrescentar a tese de doutorado à
nossa trajetória acadêmica na FM-UFMG (Faculdade de Medicina da
Universidade Federal de Minas Gerais), caminho este de ensino e de aprendizado
constantes, que procuramos sempre percorrer com entusiasmo e que é motivado
pelo amor à Medicina, especialmente pela Obstetrícia; e, nos últimos anos, pela
Medicina Fetal.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
22
2. 1 Isoimunização materna e doença hemolítica perinatal
2.1.1 Definições
A isoimunização (ISO) ou aloimunização materna é caracterizada pela
presença, no sangue da gestante, de anticorpos contra antígenos eritrocitários
fetais herdados geneticamente de seu genitor e que estão ausentes nas hemácias
maternas (MOISE JR., 2005).
A incompatibilidade sangüínea materno-fetal pode provocar resposta
imunológica materna com a produção de anticorpos capazes de atravessar a
barreira placentária e atingir a circulação fetal. Esses anticorpos aderem-se à
superfície das hemácias fetais, ocasionando redução do tempo de vida dessas
células e a sua destruição no sistema retículo endotelial. O resultado desse
processo hemolítico imunomediado é a anemia do feto ou do recém-nascido,
denominada doença hemolítica perinatal (DHPN) ou anemia hemolítica perinatal
(BOWMAN, 1999; MANNING, 2000).
A destruição acelerada das hemácias fetais estimula o aumento da
eritropoiese, podendo ser observadas células nucleadas em sua circulação
(eritroblastos); daí o termo eritroblastose fetal, que também é freqüentemente
utilizado para essa doença (BOWMAN, 1999; NICOLAIDES et al., 1985).
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
23
2.1.2 Incidência
Desde as descrições iniciais da DHPN até o final da década de 60, a
sua incidência manteve-se inalterada, sendo relatada uma para cada 100 das
segundas gestações. Existem algumas explicações para essa incidência, abaixo
daquela que seria estatisticamente esperada, se for considerado o número
existente de casais com Rh incompatíveis. As principais são o efeito protetor dos
anticorpos ABO na isoimunização pelo grupo Rh (ISO-Rh), o Rh do feto - que
nem sempre é positivo - e a capacidade imunológica individual de responder aos
antígenos eritrocitários (CONTRERAS; SILVA, 1994).
A partir do advento da imunoglobulina anti-D, da comprovação de sua
eficácia preventiva, da liberação de seu uso pela Food Drug Administration e de
sua utilização rotineira, houve sensível diminuição da incidência da doença nos
países em que esse recurso é utilizado. Para Segata e Mari (2004), a profilaxia
com o uso da imunoglobulina antiD propiciou uma diminuição na incidência da
DHPN de 45 por 10.000 nascimentos (nascidos vivos e natimortos) para 10,2 por
10.000 nascimentos. No entanto, mesmo em países como os Estados Unidos da
América (EUA), a ISO materna por antígenos eritrocitários ainda é a causa mais
freqüente de anemia fetal (MARTIN et al., 2002).
De acordo com Moise Jr. (2002), a incidência de DHPN nos EUA
diminuiu de 43,3 casos para 1.000 nascidos vivos em 1967 para 2,6 para 1.000
em 1996. Mas ainda ocorre, de maneira geral, em um a seis casos para cada
1.000 nascimentos vivos.
No entanto, Moise Jr. (2000) relatou que a incidência de ISO pelo
antígeno Kell, que era de 2,2 e 1,6 casos para cada 1.000 amostras de sangue
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
24
analisadas em 1967 e 1969, respectivamente, segundo Queenan et al. (1969),
cresceu para 3,2 / 1.000 em 1996. A explicação pode estar no aumento das
detecções desse anticorpo devido à melhoria das técnicas dos laboratórios. Ainda
é possível que o aumento da idade materna possa acarretar maior probabilidade
de exposição das mulheres às transfusões sangüíneas, o que tem o potencial de
resultar em sensibilização.
Segundo Chavez, Mulinare e Edmonds (1991), um recém-nascido em
cada 1.000 nascidos vivos nos EUA apresenta alguma repercussão da DHPN,
com algumas variações regionais. Uma revisão de registros de nascimentos
daquele país revelou que 6,7 recém-nascidos para cada 1.000 nascidos vivos
provinham de gravidez complicada pela ISO materna (MARTIN et al., 2002).
No Canadá e no Reino Unido, a DHPN acomete 0,4/1.000 nascimentos
ou 1 a 2% das mulheres Rh negativo. Essa diminuição acentuada da freqüência é
atribuída ao uso da imunoglobulina e também às mudanças no tamanho das
famílias e às melhorias nos cuidados perinatais (FUNG; EASON, 2003). Em
Liverpool, a incidência também foi reduzida, de 1/238 em 1974 para 1/963 em
1988 (CLARKE, 1989).
Cabral (2005) afirma que, apesar de não existirem dados estatísticos
exatos, mas considerando-se a prevalência de mulheres isoimunizadas, estima-se
que o número de casos da doença nos países em desenvolvimento, incluindo o
Brasil, seja muito mais alto que os anteriores. No entanto, para Santos et al.
(1998), a DHPN acometeria três em cada 1.000 nascimentos no Brasil.
A incidência da ISO sofre a influência de vários fatores. A presença do
antígeno D é afetada pelas raças e pelas regiões: nos chineses e japoneses é
próxima de 100%; na população dos índios americanos, 99%; nas pessoas de
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
25
origem indiana oriental e indochinesa, aproximadamente 98%; e nos afro-
americanos varia de 92 a 93%. Nos caucasianos, as taxas de incidência são bem
mais baixas e variam de 35% na população finlandesa a 85% na população
basca. De maneira geral, a incidência esperada de incompatibilidade sangüínea
Rh entre casais brancos é de 10% e entre casais negros de 7,8% (MANNING,
2000).
São ainda fatores importantes na determinação da incidência: o Rh do
feto (fator decisivo): a predisposição genética materna à resposta imunológica; a
presença e o volume de hemorragias transplacentárias feto-materna antes ou
durante o parto; o número de gestações; as intercorrências gestacionais
associadas (cesariana, extração manual de placenta, hemorragias obstétricas,
gravidez múltipla, etc.); e o sexo fetal (durante a primeira gravidez observou-se
predominância da isoimunização nos fetos do sexo masculino) - (CORRÊA;
CORRÊA JR., 2004).
A incompatibilidade ABO é fator de proteção para a ISO por outros
antígenos por haver destruição rápida na circulação materna das células fetais
com antígenos incompatíveis antes mesmo de provocarem resposta imunológica
aos antígenos do grupo Rh (NEVANLINNA; VAINIO, 1956). A incidência de ISO
diminui em 20% na raça branca quando o feto apresenta simultaneamente
incompatibilidade do grupo ABO com sua mãe (CONTRERAS, 1997).
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
26
2.1.3 Patogenia
Para ocorrer sensibilização materna, é necessário que o feto seja
antigenicamente positivo e a gestante seja Rh negativo e tenha capacidade
imunológica de responder ao estímulo antigênico. O locus do grupo Rh fica no
braço curto do cromossomo 1, sendo composto por dois genes, o RhD e o RhCE,
existindo homologia de 96% entre eles (CHERIF-ZAHAR et al., 1991). Esses
genes são os responsáveis por 80 a 90% dos casos de ISO e têm transmissão
autossômica dominante. A presença do gen RhD caracteriza o indivíduo Rh
positivo e a sua ausência o Rh negativo. Além de ter importância única pelo seu
grande potencial imunogênico, o antígeno D é a causa principal da ISO materna.
É denominado antígeno típico por ter sido o primeiro a ser reconhecido como
causa da ISO (BOWMANN, 1999).
Entretanto, existem mais de 50 antígenos implicados na DHPN, como o
Rhc e o Rhe, além de outros antígenos atípicos, cuja ocorrência não é
normalmente esperada (antígeno K do sistema Kell, Jk
a
e Jk
b
do sistema Kidd,
Fy
a
e Fy
b
do sistema Duffy e Le
a
e Le
b
do sistema Lewis, principalmente). Causam
ISO geralmente através de transfusões incompatíveis e continuam a ser um
problema porque o sangue é normalmente testado apenas para o sistema ABO e
para o antígeno D do sistema Rh. Além disso, não estão disponíveis
imunoglobulinas profiláticas contra eles (BOWMANN, 1999).
Spong, Porter e Queenan (2001) relataram que a presença de outros
anticorpos associados ao antiD aumenta significativamente o risco de transfusão
intra-uterina (TIU). Observaram também resultados fetais desfavoráveis em
gravidezes com anticorpos antiD e antiC, com ou sem antiE. A presença de antiD,
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
27
porém, parece ser o fator mais importante no curso das gestações com ISO com
múltiplos anticorpos.
Quando existe ISO materna por mais de um antígeno, a hemólise tende
a ser mais intensa, exceto na incompatibilidade simultânea pelos dois sistemas - o
Rh e o ABO - situação em que a hemólise tende a ser de menor monta. O risco
de desenvolver anticorpos antiD na presença de incompatibilidade ABO
coincidente é de 1,5% e na ausência é de 16% (NEVANLINNA; VAINIO, 1956). A
incompatibilidade pelos antígenos do grupo ABO isolada não causa anemia fetal
grave, perdendo-se os efeitos benignos dessa incompatibilidade com a
interrupção da interface placentária materno-fetal no parto.
Como os antígenos estão presentes na superfície das hemácias, a
exposição às células sangüíneas é necessária para que ocorra a sensibilização
do sistema imunológico. Isso ocorre quando o organismo da mulher do grupo Rh
negativo entra em contato com hemácias Rh positivo. A teoria da ocorrência de
hemorragia transplacentária foi proposta por Weiner (1948) e confirmada por
Chown (1954), sendo verificada a existência das células fetais na circulação
materna por método bastante sensível descrito por Kleihauer, Braun e Betke
(1957).
As células fetais são detectadas na circulação materna desde a oitava
semana de gestação (ZIPURSKY et al., 1963), presentes em 6,7%, 15,8% e
28,9% dos casos no primeiro, segundo e terceiro trimestres, respectivamente
(COHEN; GUSTAFSON; EVANS, 1964). Também Bowman, Pollock e Penston
(1986), utilizando o teste de Kleihauer, constataram a presença de 0,01 ml de
células fetais em 3%, 12% e 46% do sangue das mulheres em cada um dos três
sucessivos trimestres de gestação, respectivamente.
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
28
As causas de sensibilização são as transfusões de sangue e
derivados incompatíveis utilizados em terapêutica, o compartilhamento de agulhas
e seringas entre usuários de drogas e, principalmente, as hemorragias feto-
maternas. O principal mecanismo da ISO materna é a ocorrência de hemorragias
feto-maternas espontâneas, que podem ocorrer em até 75% das gestantes
durante a gravidez ou no parto. O inverso, isto é, a hemorragia materno-fetal é
bem mais rara (BOWMAN; POLLOCK; PENSTON, 1986; SCOTT et al., 1977). No
terceiro trimestre da gestação, 1 a 3% das mulheres apresentam hemorragias
feto-maternas (CONTRERAS; SILVA, 1994). A freqüência e o volume das
hemorragias feto-maternas aumentam com o evoluir da gravidez.
As chances de ocorrência das hemorragias feto-maternas aumentam
nas intercorrências hemorrágicas gestacionais (principalmente gravidez ectópica),
se são realizados procedimentos obstétricos invasivos (biópsia de vilo corial,
amniocentese, cordocentese, etc.), na extração manual da placenta e na versão
cefálica externa. Podem ocorrer durante o parto, cesariana ou curetagem uterina
e nos traumatismos abdominais. A ruptura traumática da placenta no momento do
parto associa-se à hemorragia transplacentária em quase dois terços (64%) dos
casos (MANNING, 2000).
A incidência de hemorragia transplacentária após o aborto varia de 5 a
25%. Nos casos de abortamentos provocados, pode chegar a 20 a 25%, sendo o
volume de sangue maior que 0,2 ml em 4% desses casos. A ISO ocorre em 1,5 a
2% dos casos de abortamentos espontâneos após a 12
a
semana e em 4 a 5%
dos casos de abortamentos provocados (BOWMAN, 1999).
A resposta imunológica primária aos antígenos eritrocitários é mediada
pela imunoglobulina M, com peso molecular elevado (900.000 daltons), por isso
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
29
não atravessa a placenta. Ocorre lentamente, geralmente entre oito e nove
semanas, podendo aparecer até seis meses após esse primeiro contato
(BOWMAN, 1999).
A quantidade de sangue incompatível suficiente para provocar a
sensibilização em indivíduo imunocompetente é de 0,1 ml de hemácias Rh
positivo. Cerca de um terço das mães expostas ao antígeno antiD não desenvolve
resposta imune (MANNING, 2000).
Em seguida à resposta primária, ao haver novo contato com o antígeno
eritrocitário, ocorre a resposta secundária. Em geral, esta é rápida, entre dois a
sete dias após a exposição a pelo menos 0,01 ml de hemácias Rh positivo. Há,
então, produção de imunoglobulinas maternas do tipo G pelos linfócitos B de
memória. Por possuírem baixo peso molecular (160.000 daltons), atravessam
livremente a barreira placentária e se ligam às hemácias fetais. Essas células são
seqüestradas pelos macrófagos no baço e no fígado e são hemolisadas,
resultando em anemia de graus variáveis (BOWMAN, 1999; MOISE JR., 2002).
2.2 Anemia fetal por antígenos eritrocitários
2.2.1 Conceito e classificações
O termo anemia define clinicamente a diminuição, em relação aos
valores normais, de forma isolada ou em conjunto, do número de hemácias, do
hematócrito ou dos níveis da hemoglobina. Esta é transportada no sangue pelas
hemácias e tem como principal função levar o oxigênio aos tecidos.
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
30
Cabral et al. (1998) e Nicolaides et al. (1985) consideraram anemia fetal
grave a presença de níveis de hemoglobina abaixo de 7g% ou hematócrito inferior
a 20%. A anemia moderada foi determinada por valores de hemoglobina entre 7 e
10 g% e de hematócrito entre 20 e 30%. Valores acima destes e abaixo do normal
caracterizaram a anemia fetal leve.
Todavia, a observação de que a concentração da hemoglobina
aumenta com o avançar da gestação sinalizou que esses conceitos de
diagnóstico não estavam totalmente adequados e precisavam ser modificados.
Nicolaides et al. (1988b) estabeleceram uma média de referência de
concentração de hemoglobina em sangue de cordão umbilical de 210 fetos
normais. Observaram que nas gravidezes normais a hemoglobina fetal média
aumenta linearmente de 11 g/dl na 17
a
semana de gestação para 15g/dl na 40
a
semana, com desvio-padrão de 1g/dl. Formularam a seguinte equação de
regressão para cálculo da concentração normal de hemoglobina fetal esperada
(Hb Esp) de acordo com a idade gestacional:
Hb Esp =(0,19 x Idade gestacional em semanas) + 7,9
No mesmo estudo, os autores também avaliaram a concentração de
hemoglobina no sangue fetal de 154 gestantes com ISO entre 17 e 36 semanas.
Nos 48 fetos com sinais de hidropisia à US, apesar do aumento linear da
concentração de hemoglobina com o avançar da gestação, esta foi de 7 a 10 g/dl
abaixo da média da concentração de hemoglobina esperada em uma gravidez
normal. Assim, concluíram que, nas gestantes com ISO o grau da doença fetal
pode ser avaliado e tratado com base no desvio da média da concentração de
hemoglobina fetal do valor normal. O déficit de hemoglobina (Déf Hb) foi então
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
31
definido como a diferença entre a Hb Esp (no percentil 50) e a concentração de
hemoglobina encontrada (Hb Enc).
Déf Hb = Hb Esp - Hb Enc
A anemia fetal foi então classificada, de acordo com esses autores,
nesse mesmo estudo, em:
Anemia leve: Déf Hb < 2g/dl.
Anemia moderada: 2g/dl Déf Hb 7 g/dl.
Anemia grave: Déf Hb > 7g/dl.
Nicolaides et al. (1988c) demonstraram que a contagem de
reticulócitos, fator que reflete a eritropoiese medular como resposta à anemia, só
ultrapassava os dois desvios-padrão dos valores dos fetos normais a partir de um
Déf Hb de 2 g/dl. Nicolaides, Bilardo e Campbell (1990) observaram, ainda, que o
percentil 2,5 da curva de normalidade de Nicolaides correspondia a um Déf Hb de
2 g/dl. Baseado nesses estudos, estabeleceram que se poderia classificar um feto
como anêmico sempre que o Déf Hb fosse igual ou maior que 2g/dl,
independentemente da idade gestacional.
De acordo com Boulot et al. (1993) e Forestier et al. (1991), na
gestação normal a concentração de hemoglobina fetal aumenta linearmente de
11,1 g/dl na 18
a
semana de gestação para 13,6 g/dl na 29
a
, atingindo
aproximadamente 17 g/dl na 40
a
semana. Esse aumento é devido à diminuição
progressiva da pressão de oxigênio e tem como finalidade manter o conteúdo
normal desse gás. O valor médio da concentração de hemoglobina encontra-se
acima de 10,0 g/dl a partir da 16
a
semana. A anemia fetal foi definida quando os
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
32
valores do hematócrito no sangue fetal encontravam-se dois ou mais desvios-
padrão abaixo da média esperada para aquela idade gestacional.
Oepkes et al. (1994) consideraram anemia grave a concentração de
hemoglobina situada em seis ou mais desvios-padrão abaixo da média
considerada normal para a idade gestacional. Em estudo posterior, Oepkes et al.
(2006) classificaram a anemia como grave quando a concentração de
hemoglobina estava cinco ou mais desvios-padrão abaixo da Hb Esp. Nessas
situações, declararam que a necessidade de TIU era imediata. Os fetos com
concentrações de hemoglobina maiores que essas foram considerados
portadores de anemia leve ou moderada.
Em estudos correlacionando achados de DP da artéria esplênica e
anemia fetal, Bahado-Singh et al. (1998, 1999, 2000a) consideraram a existência
de anemia quando o Déf Hb era 2 g/dl e de anemia grave quando 5g/dl,
valores estes equivalentes a 2 e 5 desvios-padrão abaixo da média da Hb Esp
para a idade gestacional, respectivamente.
Ao estudar 265 fetos normais, Mari (2000) também observou que a
concentração de hemoglobina aumentava com o avançar da idade gestacional,
mas de maneira exponencial e não linear, como se acreditava anteriormente.
Publicou, com base nesses achados, sua tabela de referência de valores normais
de concentração de hemoglobina. A Hb Esp foi, então, calculada de acordo com a
seguinte fórmula:
Hb Esp =e
2,84 - 8,55 / idade gestacional
Ainda nesse estudo, avaliando 111 fetos com risco de anemia com a
utilização da DP da artéria cerebral média e considerando os
múltiplos da
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
33
mediana (MoM) de valores esperados da concentração da hemoglobina de
acordo com a idade gestacional, classificou a anemia em:
Anemia ausente: Hb Enc 0,84 MoM Hb Esp.
Anemia leve: 0,65 MoM Hb Esp Hb Enc < 0,84 MoM Hb Esp.
Anemia moderada: 0,55 MoM Hb Esp Hb Enc < 0,65 MoM Hb Esp.
Anemia grave: Hb Enc < 0,55 MoM Hb Esp.
Ohls (2001, apud CAVALIERI, 2004) preconizou que os valores médios
da concentração de hemoglobina durante a gestação variam de 8,0 a 10,0 g/dl na
12
a
semana, 10,0 na 16
a
, 11,0 na 20
a
, 14,0 na 24
a
, 14,5 na 28
a
e 15,0 na 34
a
(CAVALIERI, 2004).
Duckler et al. (2003) utilizaram como ponto de corte o valor do Déf Hb
5g/dl para a consideração de anemia fetal importante.
A concentração de hemoglobina fetal aumenta, em uma gestação
normal, de 9g/dl nas 20 semanas para 16 g/dl no termo (PARNET-MATHIEU,
2004). O autor considerou a presença de anemia fetal quando a Hb Enc estava
abaixo de 7 g/dl no decorrer do segundo trimestre, de 9 g/dl no terceiro
e de 10
g/dl ao nascimento.
Para Harrington, Fayad e Nicolaides (2004), a presença de anemia
significativa deve ser diagnosticada quando a Hb Enc está dois ou mais desvios-
padrão abaixo da média da Hb Esp para a idade gestacional, de acordo com
curva de Nicolaides et al., 1988b.
Bartha et al. (2005) adotaram dois critérios de consideração da
existência de anemia moderada e grave. O primeiro critério considerado foi
quando a concentração de hemoglobina estava quatro desvios-padrão abaixo do
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
34
valor esperado para a idade gestacional de acordo com curva de Nicolaides et al.,
1988b. O segundo critério adotado foi de acordo com a classificação de Mari
(2000), que considerou a presença de anemia moderada e grave quando a Hb
Enc estava 0,65 MoM abaixo do valor da Hb Esp.
2.2.2 Fisiopatologia
A anemia fetal pode ocorrer por diferentes causas, entre elas a
destruição de hemácias, a hemorragia e os distúrbios adquiridos ou hereditários
da produção de eritrócitos. A primeira condição está presente na ISO, constituindo
a hemólise fetal sua fisiopatologia básica. Quando os anticorpos maternos anti-Rh
se ligam às hemácias fetais Rh positivo, estas sofrem um processo de
opsonização, isto é, ficam recobertas por anticorpos, o que causa a sua
destruição pelos macrófagos esplênicos do sistema retículo-endotelial. O feto é
submetido a graus variáveis de anemia, com conseqüente hipóxia, e compensa
essas alterações com adaptações hematológicas, hemodinâmicas e metabólicas
(NICOLAIDES, 1989).
2.2.2.1 Respostas hematológicas
A eritropoiese no embrião e no feto pode ser dividida em três períodos:
mesoblástico, hepato-esplênico e mielóide, cada um correspondendo ao órgão
hematopoiético preponderante do período, isto é, vesícula vitelina, fígado e baço
e medula óssea, respectivamente. A vesícula vitelina inicia sua função
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
35
hematopoiética na terceira semana de vida intra-uterina. A etapa hepato-
esplênica estende-se, predominantemente, da 10
a
à 24
a
semana de gestação,
porém o fígado continua a produzir hemácias até a primeira semana de vida pós-
natal (NICOLAIDES et al., 1988b; 1988c).
A partir da 16
a
semana, há rápida diminuição na hematopoiese
extramedular e rápido aumento na medular. A diminuição da contribuição do
fígado é observada pelo decréscimo da contagem de eritroblastos no sangue fetal
com o avançar da gravidez. Como ocorre em outros sítios de eritropoiese
extramedular, o fígado não possui mecanismos para evitar a liberação de células
precursoras nucleadas, como os eritroblastos e reticulócitos, na circulação
periférica. Por outro lado, na medula óssea, órgão primariamente hematopoiético,
a presença de estreitos sinusóides só permite a liberação de reticulócitos como
precursores eritrocitários nucleados na circulação; e em menor proporção que o
fígado (NICOLAIDES et al., 1988b; 1988c).
Sendo assim, no feto humano de gestações sem intercorrências:
A contagem de eritrócitos e a concentração de hemoglobina aumentam
com o avançar da gestação, possivelmente para compensar a queda da
pressão de oxigênio na veia umbilical (SOOTHILL et al., 1987).
A concentração de hemoglobina e a contagem de eritrócitos aumentam
linearmente ao longo da gestação, variando, respectivamente, de 11 g/dl e
2,5 x 10
12
/l nas 17 semanas para 15,5 g/dl e 4,5 x 10
12
/l
nas 40 semanas.
Os eritroblastos são liberados somente dos sítios extramedulares, portanto,
sua contagem pode ser considerada um indicador indireto da eritropoiese
extramedular. A contagem de eritroblastos diminui exponencialmente de
83/100 leucócitos com 17 semanas para 4/100 leucócitos nas 40 semanas.
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
36
Os reticulócitos são o produto da eritropoiese extramedular e medular e o
decréscimo de sua contagem com o decorrer da gestação, reflete a
maturação progressiva desta última. A contagem de reticulócitos decresce
linearmente de uma média de 27,5 x 10
9
/l ou 10/100 hemácias com 17
semanas para 17,5 x 10
9
/l ou 4/100 hemácias com 40 semanas
(NICOLAIDES et al., 1988b; 1988c).
A hemólise fetal produz anemia e estimulação da produção de
eritropoetina. Finne (1968) colheu amostras de sangue do cordão umbilical e do
líquido amniótico após o parto a termo de mulheres com ISO e verificou que
quando a concentração de hemoglobina estava entre 10 e 11 g/dl
(correspondente a um déficit de 6 a 7 g/dl), havia associação com aumento
importante dos níveis de eritropoetina no plasma e no líquido amniótico. Nos
graus mais leves de anemia, a eritropoetina estava menos aumentada.
É possível que o recrutamento da eritropoiese extramedular ocorra em
altas concentrações de eritropoetina, enquanto a medula é sensível a elevações
menores dessa substância (NICOLAIDES, 1989). Quando a capacidade da
medula óssea de produzir células sangüíneas é ultrapassada, há estimulação de
sítios extramedulares primários de eritropoiese, como o fígado e o baço; mas
também de outros, como os rins, as adrenais e as mucosas intestinais.
Nicolaides et al. (1988c), analisando amostras de sangue de 126 fetos
entre 17 e 36 semanas com anemia devido à ISO materna, constataram que a
contagem de reticulócitos aumenta linearmente com a anemia fetal. A contagem
de eritroblastos aumenta exponencialmente e eritroblastose significativa é
observada apenas quando o Déf Hb é maior que 7g/dl.
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
37
Quando o Déf Hb situa-se entre 2 e 7 g/dl com reticulocitose sem
eritroblastose, o feto está respondendo à anemia leve ou moderada, estimulando
a eritropoiese intramedular. Na anemia grave (Déf Hb 7 g/dl), há recrutamento
da eritropoiese extramedular resultando em eritroblastose e hidropisia. Quando a
hipóxia atinge graus mais intensos, ocorre a falência de todo o sistema
hematopoiético (NICOLAIDES et al, 1985).
2.2.2.2 Respostas hemodinâmicas
Duke e Abelmann (1969) demonstraram que o adulto humano
compensa a anemia por hipóxia aumentando o débito cardíaco e o fluxo
sangüíneo. Essa elevação do débito cardíaco tem como finalidade primordial
manter a oxigenação e o equilíbrio metabólico nos vários órgãos.
Embora possam não refletir completamente o que ocorre em nossa
espécie, muitos estudos foram feitos em fetos de animais para tentar reproduzir
as respostas hemodinâmicas do feto humano à anemia e tentar esclarecer os
mecanismos responsáveis por essas alterações (FAN et al., 1980; FINN et al.,
1961; FUMIA; EDELSTONE; HOLZMAN, 1984; KIRSCHBAUM; BRINKMAN;
ASSALI, 1971; PEETERS et al., 1979).
Peeters et al. (1979), em estudo em fetos de ovelhas, constataram que
a redução da concentração de oxigênio no sangue leva ao aumento do fluxo
sangüíneo para órgãos vitais como o cérebro, o coração e as adrenais.
Fan et al. (1980) e Fumia, Edelstone e Holzman (1984), em estudos
semelhantes realizados em cachorros e em fetos de ovelhas, respectivamente,
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
38
também observaram que a redução do hematócrito conduz à elevação do fluxo
nesses órgãos. Por outro lado, o fluxo se manteve constante no trato intestinal,
baço, rins, placenta e pele, com conseqüente hipoxigenação desses tecidos.
Esses autores concluíram que na anemia de fetos de animais ocorre a
centralização, fenômeno semelhante àquele presente na hipoxemia, e que como
a pressão de perfusão não se altera, a resistência vascular periférica diminui
nessa situação.
Buscando demonstrar que a anemia fetal em humanos conduz ao
aumento do débito cardíaco, foram realizados estudos após TIU. No entanto,
Copel et al. (1988) não encontraram alteração no débito cardíaco 24 horas após a
correção da anemia por TIU intravascular. Mas, Moise Jr. et al. (1990) verificaram
diminuições dos débitos cardíacos após correção aguda da anemia com TIU,
sendo que as avaliações foram realizadas, diferentemente dos autores anteriores,
uma hora após as TIUs intravasculares, o que pode ter influenciado os resultados
encontrados.
Em avaliações de DP, a literatura referencia que os débitos cardíacos
biventriculares de fetos anêmicos são mais elevados que os dos controles
pareados pela idade gestacional (COPEL et al., 1989; RIZZO et al., 1990;
VISSER; DESMEDT; MEIJBOOM, 1988).
Os determinantes do débito cardíaco são a freqüência cardíaca, a pré-
carga, a pós-carga e a contratilidade miocárdica (MOISE JR. et al., 1990).
Duas causas principais têm sido sugeridas para explicar o aumento do
débito cardíaco na anemia fetal (COPEL et al., 1989; KIRKINEN; JOUPPILA; EIK-
NES, 1981; 1983; RIGHTMIRE et al., 1986; RIZZO et al., 1990; e RIZZO;
ARDUINI; ROMANINI, 1995):
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
39
A diminuição da viscosidade sangüínea levando à elevação do retorno
venoso e da pré-carga.
A vasodilatação periférica resultante da hipóxia e da diminuição da pós-
carga.
Para Nicolaides (1989), há ainda um outro mecanismo: a estimulação
hipóxica dos quimiorreceptores conduzindo ao aumento da contratilidade
miocárdica.
Uma das conseqüências mais importantes da diminuição do
hematócrito é a redução da viscosidade do sangue. Essa alteração conduz ao
aumento do retorno venoso, o que causa a elevação da pré-carga (FUMIA;
EDELSTONE; HOLZMAN, 1984). Às mesmas conclusões conduzem os estudos
de Copel et al. (1989) e Rizzo et al. (1990). Copel et al. (1989), em avaliações de
DP, observaram que os débitos cardíacos biventriculares de fetos anêmicos são
mais elevados que os dos controles pareados pela idade gestacional. Rizzo et al.
(1990) afirmaram que o aumento do débito cardíaco na anemia fetal é secundário
ao aumento do volume de ejeção, pois, apesar dos fetos anêmicos terem débitos
cardíacos aumentados, não há diferenças entre as freqüências cardíacas de fetos
com ou sem anemia. Mari et al. (1990) constataram diminuições dos débitos
cardíacos após correção aguda da anemia com TIUs combinadas. Concluíram
que, como não há alteração da freqüência cardíaca nem aumento da pós-carga, o
aumento do débito cardíaco observado nos fetos anêmicos resulta principalmente
do aumento do retorno venoso (pré-carga) e da contratilidade miocárdica.
Em fetos humanos, os índices de DP relacionados à impedância do
fluxo, como o índice de pulsatilidade (IP) ou a razão sístole/diástole (S/D),
medidos nas artérias umbilicais, aorta descendente, carótida interna, cerebral
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
40
média e em outros vasos periféricos, não se modificam na anemia, isto é, as
áreas das seções transversas dos vasos não se alteram (BILARDO;
NICOLAIDES; CAMPBELL, 1989; VYAS; NICOLAIDES; CAMPBELL, 1990).
Esses resultados apóiam a hipótese de que a resistência vascular periférica não
se altera em fetos anêmicos, não confirmando a premissa de que a vasodilatação
periférica seletiva da centralização seja a responsável pelo aumento do débito
cardíaco.
Também para Rizzo et al. (1990) não há evidências, em fetos humanos
anêmicos, de redistribuição do débito cardíaco, como ocorre em modelos animais
e em fetos humanos com crescimento intra-uterino restrito (fenômeno da
centralização), pois a razão entre o débito cardíaco direito e esquerdo dos fetos
anêmicos é semelhante à dos não anêmicos em nossa espécie. Esses achados
sugerem que em fetos anêmicos humanos, a principal resposta hemodinâmica à
anemia é a elevação do débito cardíaco, secundária ao aumento da fração de
ejeção, devido principalmente à redução da viscosidade do sangue. No entanto,
para Whitecar e Moise Jr. (2000), o aumento do fluxo sangüíneo para os órgãos
nobres também ocorreria e seria mediado por alterações na resistência vascular e
pela redução da viscosidade do sangue.
Como reflexo do alto débito cardíaco, ocorre aumento de velocidade de
fluxo em vários segmentos arteriais, proporcional à diminuição do hematócrito
fetal e que conduz o feto ao estado de circulação hiperdinâmica (BAHADO-
SINGH et al., 1999; BILARDO; CAMPBELL; NICOLAIDES, 1988; MARI et al.,
1990; RIGHTMIRE et al, 1986; VYAS; NICOLAIDES; CAMPBELL, 1990).
Quanto aos fluxos venosos sangüíneos, os valores estão aumentados à
altura da veia umbilical (KIRKINEN; JOUPPILA; EIK-NES, 1981; 1983), do duto
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
41
venoso (OEPKES et al., 1993b) e da veia cava inferior (RIGHTMIRE et al., 1986),
reforçando o conceito de aumento do retorno venoso e da pré-carga.
Lysikiewicz, Bracero e Telani (1993) avaliaram a pré-carga através da
DP da veia cava inferior, encontrando correlação inversa com os valores do
hematócrito. Observaram, ainda, redução da porcentagem de fluxo reverso
durante a contração atrial, o que sugere aumento da pressão no átrio, secundário
ao aumento da contratilidade miocárdica ou à redução da viscosidade sangüínea.
Com o auxílio desses mecanismos de ajustes hematológicos e
hemodinâmicos e com a concentração de hemoglobina ainda situada acima de
4g/dl ou em 1/3 do valor normal, o feto consegue manter a oxigenação dos
tecidos (NICOLAIDES et al., 1985).
2.2.2.3 Respostas metabólicas
Com o agravamento da anemia fetal, há redução da oxigenação
tecidual e os órgãos periféricos começam a utilizar o metabolismo anaeróbio,
ocorrendo elevação da concentração de ácido láctico na circulação. Além disso,
como na anemia há redução na oferta de oxigênio, ocorre aumento na
concentração de 2,3-difosfoglicerato no sangue fetal. Conseqüentemente, há
diminuição da afinidade da hemoglobina pelo oxigênio, o que favorece sua
liberação para os tecidos. Soothill et al. (1987) constataram a existência de
correlação inversa entre a concentração de lactato e a de hemoglobina na veia e
nas artérias umbilicais por meio de 54 fetoscopias em 32 fetos de gestantes com
ISO. As concentrações de lactato foram normais nos dois vasos quando a
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
42
concentração de hemoglobina estava acima de 8g/dl e anormalmente elevadas
nas amostras de sangue da artéria umbilical quando a concentração de
hemoglobina estava abaixo de 8g/dl. No entanto, as concentrações de lactato só
se elevaram na veia umbilical quando a concentração de hemoglobina estava
abaixo de 4g/dl e foram, nessa situação, muito mais elevadas nas artérias que na
veia umbilical. A concentração de oxigênio no momento da ascensão das
concentrações de lactato nos dois vasos foi de 2 mmol/l.
Nicolaides (1989) também considerou que esse valor de concentração
de oxigênio - de 2 mmol/l - é crítico e que quando diminui mais ainda as
alterações cardiovasculares compensatórias não conseguem mais evitar a
acidose metabólica. Nessa situação, o Déf Hb é maior que 8g/dl e o pH se reduz.
À medida que o processo anêmico evolui, os mecanismos de compensação fetal
esgotam-se ou tornam-se ineficazes. Ocorre insuficiência cardíaca de alto débito
com aumento secundário da pressão hidrostática capilar. Seguem-se o
comprometimento da oxigenação tissular e a dilatação hipóxica arteriolar com
aumento da permeabilidade capilar. O volume intravascular reduz-se à medida
que se acentua a perda de líquido para o compartimento extravascular nas
cavidades peritoneal, pleural, pericárdica e intersticial, resultando em declínio
efetivo do débito cardíaco. No estágio terminal da doença, o feto apresentará
dilatação das câmaras cardíacas e ineficiência do mecanismo contrátil do
miocárdio, em magnitude e em rapidez (LINGMAN et al., 1991). Instala-se quadro
de franca insuficiência cardíaca descompessada, caracterizando o estágio
terminal da doença (MANNING, 2000).
A teoria da falência miocárdica decorrente da anemia grave é reforçada
pelo fato de observar-se melhora perinatal nos casos tratados com digoxina e/ou
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
43
furosemida (HARMAN et al., 1983). Notam-se, ainda, queda dos níveis de
vasopressina nos fetos anêmicos e aumento do fator atrial natriurético
(ROBILLARD; WEINER, 1988; WEINER; SMITH; ROBILLARD, 1989). O
mecanismo de morte no feto com anemia crônica grave é, em geral, resultado de
todas essas respostas compensatórias e não decorre da própria anemia.
2.2.2.4 Hidropisia fetal
A hidropisia é caracterizada pelo acúmulo de líquido no abdome fetal
(ascite), nas cavidades pericárdica e pleural (derrames) e na pele (DE GROOT et
al., 2000; WEINER; BOLOGNESE; LIBRIZZI, 1981). O diagnóstico ultra-
sonográfico de hidropisia fetal é firmado quando há visibilização de acúmulo
anormal de líquido em mais de um espaço ou cavidade potencial (HUHTA; WEIL-
CHALTER; PAGOTTO, 2000; PLATT; DE VORE, 1982).
Para Holzgreve et al. (1984), a anasarca - o estágio final da hidropisia
fetal - é caracterizada pela presença de líquido em várias cavidades corporais e
edema de pele, definida pela espessura dérmica maior que 5 mm à US.
Hutchinson et al. (1982). , em exames realizados pós-morte,
consideraram a hidropisia como qualquer presença anormal de líquido em espaço
ou cavidade fetal. Propuseram uma classificação com base no número de
espaços e/ou cavidades do feto preenchidas por líquido, conforme se segue:
Grau 0: sinais indiretos de hidropisia (polidrâmnio, placentomegalia).
Grau I: apenas uma cavidade ocupada por líquido (por exemplo, ascite).
Grau II: presença de líquido em duas cavidades corporais.
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
44
Grau III: presença de líquido em três ou mais cavidades fetais.
A hidropisia constitui o sinal máximo da descompensação cardíaca. O
feto compensa os graus moderados de anemia através de ajustes
hemodinâmicos. No entanto, quando o déficit da concentração de hemoglobina
excede 7 g/dl, a reserva cardiovascular se esgota, ocorre hipóxia tecidual -
evidenciada por eritroblastose e lactoacidose sistêmica - e a hidropisia fetal se
desenvolve (NICOLAIDES et al., 1988b; NICOLAIDES, 1989).
Nicolaides, Warenski e Rodeck (1985) relatam a ocorrência de
hidropisia quando a concentração de hemoglobina está abaixo de 4g/dl e Moise
Jr. (2002) considera que nessa situação a hemoglobina fetal encontra-se em
valores correspondentes a um terço ou abaixo dos valores normais.
Nicolaides et al. (1988a), analisando vários parâmetros à US em casos
de anemia fetal, concluíram que na ausência de hidropisia, nenhum deles pode
distinguir com confiança a anemia fetal leve da grave.
Mari (2000) também descreveu que a hidropisia é rara quando a
concentração de hemoglobina é maior que 5g/dl (como já haviam demonstrado
NICOLAIDES et al, 1988b), o que corresponde, em seu gráfico, a 0,47 MoM da
Hb Esp para 18 semanas de gestação e 0,36 MoM da Hb Esp para 37 semanas
de gestação.
Van Kamp et al. (2001) constataram que quando existe hidropisia
grave, os resultados perinatais, com a correção da anemia através da TIU, são
piores, indicando a presença de alto comprometimento fetal nesses casos. Cabral
et al. (2001) observaram sobrevida fetal após TIU de 84% e de 46%, sem e com
hidropisia, respectivamente.
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
45
Para Nicolaides, Warenski e Rodeck (1985), as teorias existentes para
explicar a fisiopatologia da hidropisia na anemia fetal incluem:
hipóxia tissular crônica levando à lesão endotelial, com aumento da
permeabilidade capilar e extravasamento de líquido para o espaço
extravascular;
aumento da eritropoiese hepática levando à distorção do parênquima do
fígado, com conseqüente hipertensão venosa portal e umbilical. Essa
situação conduz à disfunção hepática e/ou diminuição da transferência
placentária de precursores das proteínas com hipoproteinemia e
diminuição da pressão coloidosmótica plasmática;
insuficiência cardíaca secundária ao déficit de oxigênio.
Esses autores, estudando a fisiopatologia da hidropisia na anemia fetal,
encontraram valores consistentemente mais baixos nas concentrações de
albumina e de proteínas totais nos fetos hidrópicos. Verificaram, ainda, níveis
mais altos de proteínas no líquido ascítico dos fetos hidrópicos avaliados. Esses
achados são consistentes com o papel desempenhado pela perda extravascular
de proteínas através da alteração endotelial por hipóxia, com conseqüente
hipoproteinemia na fisiopatologia da hidropisia fetal na ISO. A presença de
hipoproteinemia em seis dos 10 fetos não hidrópicos apóia a hipótese de que,
além da perda, há também diminuição da síntese de proteínas. O achado
uniforme desse sinal em todos os fetos avaliados com níveis de hemoglobina
abaixo de 4 g/dl é consistente com a teoria do dano endotelial pela hipóxia na
etiologia da hidropisia (NICOLAIDES; WARENSKI; RODECK, 1985).
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
46
De Groot et al. (2000), estudando marcadores bioquímicos da função
endotelial em gestantes com ISO, encontraram concentrações mais baixas de
monofosfato de guanosina cíclica no plasma de fetos hidrópicos na comparação
com as dos não hidrópicos. Esse achado concorda com a hipótese de diminuição
da produção de óxido nítrico devido à lesão das células endoteliais nos fetos
gravemente comprometidos e sugere que a hidropisia fetal é uma síndrome
sistêmica com ativação generalizada das células endoteliais vasculares fetais.
Para Pasman et al. (2006), como a hipoalbuminemia torna-se mais
freqüente à medida que aumenta o grau de hidropisia, esta seria uma
conseqüência do agravamento da anemia e não a sua causa.
2.2.3 Diagnóstico não invasivo
2.2.3.1 Detecção sérica de anticorpos
Após a avaliação da história obstétrica, o passo inicial para o
diagnóstico da DHPN é a detecção e a titulação de anticorpos séricos maternos
realizada pelo teste de Coombs. Esse teste utiliza hemácias do grupo O
marcadas com os antígenos mais relevantes (COOMBS; MOURANT; RACE,
1945). Se o resultado é positivo, para reconhecer-se o antígeno específico que
causou a sensibilização deve ser realizado o Painel de Hemácias, utilizando-se
eritrócitos marcados com cada antígeno específico (BOWMAN, 1999).
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
47
Os títulos de anticorpos maternos foram, durante muito tempo,
utilizados para o acompanhamento às gestantes isoimunizadas e para a predição
da anemia fetal (JACOBS, 1962; QUEENAN, 1982).
Para Moise Jr. (2002), se existe história de perda fetal anterior devida a
ISO, TIU ou exsangüíneotranfusões prévias, os títulos de anticorpos maternos
não são preditores do grau de anemia fetal. Mas, cada laboratório considera
críticos determinados valores de títulos de anticorpos, abaixo dos quais está
associado um risco considerável de desenvolvimento de hidropisia. A maioria dos
centros relata esses títulos entre 1/8 e 1/32. Yankowitz e Weiner (1996) levam em
conta o título de 1/8 como sendo o crítico. Quando esse valor é ultrapassado, o
título encontrado não é confiável para a predição do grau de anemia fetal,
devendo-se realizar testes invasivos.
No entanto, como a hidropisia fetal pode ocorrer na primeira gravidez e
com títulos de anticorpos tão baixos quanto 1/8 e 1/16, a concentração de
anticorpos maternos não se correlaciona bem com a concentração de
hemoglobina avaliada pela cordocentese. A análise conjunta da história obstétrica
e dos títulos de anticorpos, isolada de outros métodos, deixará de diagnosticar 1/3
dos fetos com doença hemolítica grave (HARRINGTON; FAYYAD, 2002).
Os títulos de anticorpos não são bons preditores da anemia, pois, entre
fetos com títulos semelhantes, alguns desenvolvem precocemente doença grave,
enquanto outros são apenas levemente acometidos. O valor dos títulos de
anticorpos na predição da DHPN tem mais importância durante a primeira
gestação com ISO, tornando-se pior preditor de anemia fetal nas gestações
subseqüentes. A gravidade da doença fetal aumenta nas gestações
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
48
subseqüentes, comumente sem aumento detectável dos títulos de anticorpos
(OEPKES, 2000).
2.2.3.2 Cardiotocografia
Manseau et al. (1972) e Rochard et al. (1976) identificaram na
cardiotocografia de gestantes com ISO grave o padrão sinusóide. Esse padrão se
deve à ausência de controle do sistema nervoso autônomo sobre o coração,
falência cardíaca de alto débito e/ou hipóxia do coração e do sistema nervoso
central do concepto (CABRAL, 2005). É associado à mortalidade perinatal em 50
a 75% das vezes (MIYADAHIRA; ZUGAIB, 1999).
Visser (1982) correlacionou a cardiotocografia e a hemoglobina do
cordão umbilical de fetos de gestantes com ISO e concluiu que o padrão reativo
corresponde a fetos pouco comprometidos e que o padrão sinusoidal associava-
se a fetos com anemia grave.
Lima (1986) acompanhou 38 gestantes sensibilizadas pelo fator Rh,
realizando cardiotocografia antes do parto e comparando-a à concentração de
hemoglobina de cordão umbilical. O valor preditivo negativo (VPN) foi de 78% e a
sensibilidade de 64,28%.
Nicolaides, Sadowsky e Cetin (1989) demonstraram, entre 20 e 26
semanas de gestação, 45 e 33% de sensibilidade para a predição da hipoxemia e
da anemia, respectivamente, com a cardiotocografia. Entre 32 e 36 semanas, a
sensibilidade e especificidade em predizer anemia fetal foram de 68 e 18%,
respectivamente.
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
49
Ouzounian, Alsulymen e Monteiro (1996) citam a cardiotocografia como
bom método para indicar a TIU. Corrêa, Cabral e Lima (1987) preconizam que o
método é útil para verificar a reversão do padrão não reativo na pós-transfusão.
Melo (2000) acompanhou 45 gestantes sensibilizadas pelo fator Rh.
Selecionou 86 traçados cardiotocográficos e comparou com a concentração de
hemoglobina em amostra de sangue fetal obtida por cordocentese e/ou por
punção direta do cordão umbilical ao nascimento. Observou que o padrão reativo
(duas ou mais acelerações de pelo menos 15 segundos em 20 minutos) mostrou
melhor sensibilidade (100%) e especificidade (92,4%) em relação à hemoglobina
no ponto de corte de 10,0 g%, sugerindo que a cardiotocografia pode servir como
orientação para o acompanhamento de gestantes com ISO.
2.2.3.3 Ultra-sonografia
A avaliação ultra-sonográfica desempenha papel importante no
acompanhamento às gestantes com ISO. Consiste na identificação das alterações
morfológicas que a anemia causa no feto, no cordão e na placenta e no volume
do líquido amniótico.
Um dos primeiros sinais ultra-sonográficos de descompensação fetal
relatado na anemia é o aumento do diâmetro da veia umbilical. De Vore et al.
(1981) observaram esse aumento e levantaram a hipótese de que a
hematopoiese extramedular levaria à congestão hepática e à compressão das
veias hepáticas, com conseqüente dilatação da veia umbilical. Dois estudos
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
50
posteriores não confirmaram esses achados nem mesmo na avaliação de fetos
hidrópicos com anemia grave (REECE et al., 1988; WITTER; GRAHAM, 1983).
Um outro sinal precoce de descompensação da anemia fetal, há muito
observado à US, é a presença de polidrâmnio (CHITKARA et al., 1988). De
acordo com Weismann e Robillard (1988), decorre do aumento de perfusão renal
devido ao aumento do fluxo sangüíneo em todos os órgãos em resposta à queda
na oferta de oxigênio. Mas, de acordo com Manning (2000), a compressão
exercida pela hepatoesplenomegalia seria a responsável por uma obstrução
intestinal parcial com conseqüente polidrâmnio. A seguir, aparece o edema
placentário e depois a hepatoesplenomegalia, ambos antecedendo o edema fetal
(WHITECAR; MOISE, 2000).
Chitkara et al. (1988) e Saltzman et al. (1989) estudaram placentas de
fetos com anemia e sugeriram que a placentomegalia poderia ser um sinal
precoce de hidropisia fetal. Tongsong, Wanapirak e Sirichotiyakul (1999)
comentaram que a medida da espessura placentária realizada entre 18 e 21
semanas poderia auxiliar na predição da anemia fetal causada pela alfa-
talassemia. Utilizando um valor de ponto de corte acima de 30 mm, encontraram
88,5% de sensibilidade e 90% de especificidade para o diagnóstico da doença.
No entanto, Harrington e Fayyad (2002) relataram que quando o feto anêmico
desenvolve hidropisia, a instalação de polidramnia pode levar à compressão da
placenta, conduzindo a resultados falso-negativos e limitando a sensibilidade
desse achado.
Alterações na arquitetura e no aspecto placentários também foram
descritos, como o desaparecimento da placa coriônica, a perda de definição dos
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
51
cotilédones e a aparência de vidro fosco adquirida pela placenta na anemia fetal
(HARMAN et al., 1983; WEINER; BOLOGNESE; LIBRIZZI, 1981).
A eritropoiese extramedular, que ocorre no fígado e no baço nos casos
de anemia fetal, pode levar ao aumento desses órgãos. Confirmando essa
impressão, foram encontradas boas associações entre as medidas aumentadas
do fígado e do baço à US e o grau de anemia fetal.
Roberts, Mitchell e Pattison (1989) e Vintizileos et al. (1986)
encontraram correlação inversa significativa entre o tamanho do fígado e a
concentração de hemoglobina fetal em todos os fetos avaliados com hemoglobina
abaixo de 10 g/dl. No entanto, Iskaros et al. (1998) encontraram o fígado
significativamente aumentado em apenas um dos 13 fetos anêmicos avaliados
em sua série.
Roberts, Mitchell e Pattison (2001) verificaram aumento do
comprimento hepático acima do percentil 95 em 64 de 69 fetos diagnosticados
com anemia através da amostra de sangue (93% de sensibilidade). Relataram
que a medida do comprimento do fígado parece ter menos sensibilidade para
detectar a anemia no final do terceiro trimestre que nas fases mais precoces da
gestação. A explicação para esse fato seria a mudança do local de eritropoiese do
fígado e do baço para a medula óssea nas fases mais tardias da gestação.
Schmidt et al. (1985) observaram aumento do perímetro esplênico na
anemia fetal grave. Oepkes et al. (1993a) registraram aumento acelerado e
progressivo do perímetro esplênico com a piora da anemia e tendência à
desaceleração do crescimento desse órgão após a TIU. O valor preditivo positivo
(VPP) para a anemia grave foi de 94%, quando o aumento foi acima de dois
desvios-padrão. Bahado-Singh et al. (1998) obtiveram 100% de sensibilidade e
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
52
94,7% de especificidade no tamanho do baço na predição da anemia fetal grave
em casos avaliados antes da TIU.
Haugen et al. (2002) registraram 45% de sensibilidade e 100% de
especificidade na avaliação do perímetro esplênico na predição da anemia fetal
leve e moderada.
Oepkes et al. (1994) estudaram o tamanho do fígado e do baço, a
espessura placentária, o diâmetro da veia umbilical e a velocidade de fluxo da
aorta descendente e da porção intra-abdominal da veia umbilical. Utilizando um
modelo de regressão logística, concluíram que apenas os achados de DP
apresentavam significância estatística para a predição da anemia e que os
parâmetros de US avaliados não melhoraram o modelo proposto.
Após o aparecimento da hepatoesplenomegalia e com o agravamento
do processo anêmico, surge o edema fetal. Em primeiro lugar, aparece a ascite e,
a seguir, e nesta ordem, as efusões pericárdicas e pleurais e o edema do
subcutâneo. A primeira manifestação do edema do subcutâneo é, em geral, no
couro cabeludo, ocorrendo a formação de um halo periencefálico; depois, o
edema atinge a face, a parede abdominal, as mãos e os pés (HARMAN, 1989).
O marco sonográfico da ascite inicial é o aparecimento de “dupla
imagem” das estruturas viscerais no abdome, facilmente observável na bexiga
fetal (efeito de imagem de dupla parede). À medida que o volume de líquido livre
aumenta, torna-se possível identificar dupla imagem do intestino e da vesícula
biliar e observar bolsões de líquido em toda a cavidade peritoneal. Nos casos
mais avançados, o derrame pericárdico é um sinal constante. Weiner, Bolognese
e Librizzi (1981) encontraram 86% de sensibilidade com a US na predição do
grau de anemia. Os achados mais importantes encontrados por meio desse
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
53
método foram o crescimento desproporcional da circunferência abdominal fetal
em relação à medida do DBP e ao aumento do fígado.
De Vore et al. (1982b), utilizando o modo de movimento (modo-M) na
ecocardiografia, relataram o achado de efusões pericárdicas fetais como sinal
importante e de aparecimento precoce na anemia fetal. Os derrames pleurais
apareceram depois e ainda mais tarde ocorreu a generalização do edema fetal, o
que caracteriza a anasarca ou hidropisia fetal, sinal de descompensação
cardíaca.
Benacerraf e Frigoletto (1985) consideraram que a visibilização dos dois
lados da parede intestinal fetal na US seria o sinal mais precoce de ascite.
Frigoletto et al. (1986) acompanharam à US 11 fetos na zona 3 de Liley,
com imaturidade pulmonar, conseguindo o prolongamento das gestações de oito
a 48 dias, com recém-nascidos em boas condições e sem sinais de hidropisia.
Relacionando achados à US com valores de hematócrito obtidos pela
cordocentese, Chitkara et al. (1988) constataram que o primeiro sinal de
comprometimento fetal é o polidrâmnio, seguido do aumento de espessura
placentária, da hepatoesplenomegalia e, finalmente, da hidropisia fetal. Além
disso, concluíram que na presença de hidropisia havia anemia fetal grave. No
entanto, a ausência de hidropisia não excluiu a anemia grave em dois dos oito
fetos avaliados.
Nicolaides et al. (1988a) avaliaram à US a espessura placentária, o
diâmetro da veia umbilical, a circunferência abdominal (CA), a circunferência
craniana, a relação entre a CA e a craniana e o volume intraperitoneal em 50
fetos anêmicos e 410 não anêmicos antes da cordocentese. Concluíram que na
ausência de ascite, nenhum dos outros parâmetros ultra-sonográficos avaliados
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
54
mostrou acuidade suficiente para distinguir a doença leve da moderada e da
grave. Declararam, ainda, que a ausência de alterações ultra-sonográficas
morfológicas fetais específicas da descompensação na anemia não afasta a
existência de anemia fetal significativa.
Alguns autores pesquisaram alterações à US, em gestações com ISO,
como placentomegalia, hepatoesplenocardiomegalia, edema de couro cabeludo,
da pele e dos membros, da pleura, do pericárdio e da cavidade peritoneal e
verificaram que essa técnica pode ser comparada à medida da concentração da
bilirrubina no líquido amniótico na avaliação dessas gestações. No entanto, os
dois métodos, isolada ou associadamente, possuem baixos valores preditivos
positivos para o grau de anemia fetal e de complicações neonatais (REECE et al.
(1989).
2.2.3.4 Dopplerfluxometria
A combinação de diminuição da viscosidade sangüínea com o aumento
do débito cardíaco nos fetos anêmicos causa elevação da velocidade do fluxo
sangüíneo, estado denominado circulação hiperdinâmica (RIGHTMIRE et al.,
1986). Compreendendo-se que na anemia fetal a secção transversa dos vasos
não se altera, o aumento de velocidade reflete o aumento do fluxo com o objetivo
de manter a oxigenação adequada dos tecidos.
Os estudos da dinâmica da velocidade do fluxo sangüíneo nos vasos do
cordão e do feto anêmico realizados com a DP têm como finalidade a detecção
dessas alterações hemodinâmicas. A resposta hemodinâmica fetal inicial à
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
55
diminuição da tensão de oxigênio gerada pela anemia é manifestada no
componente arterial. Em seguida, com o início da descompensação cardíaca
aparecem alterações no compartimento venoso da circulação fetal. No início dos
anos 80, o aumento da velocidade de fluxo na veia umbilical foi relacionado à
anemia fetal. Kirkinen, Jouppila e Eik-Nes (1983) encontraram correlação inversa
entre o fluxo sangüíneo venoso umbilical por quilograma de peso ao nascimento e
a concentração de hemoglobina no momento do parto.
Warren, Gill e Fisher (1987) detectaram correlação direta significativa
entre o aumento da velocidade de fluxo na veia umbilical e o desenvolvimento de
hidropisia e a necessidade de TIU após uma semana. Iskaros et al. (1998)
também notaram aumento da velocidade de pico nesse vaso, predizendo a
necessidade de TIU em seis de sete fetos acometidos por doença hemolítica
grave. Gudmundsson et al. (1991) descreveram que em fetos com hidropisia, o
preditor de morte perinatal de maior utilidade é a presença de pulsações da veia
umbilical, inexistentes no padrão de fluxo de sangue de fetos normais; revela a
presença de insuficiência cardíaca.
Apesar de não terem conseguido correlacionar a velocidade de fluxo na
veia umbilical e o hematócrito fetal, Rightmire et al. (1986) encontraram
correlação inversa entre a velocidade média de fluxo sangüíneo da aorta torácica
descendente obtida pela DP e o grau de anemia fetal avaliado por fetoscopia.
Copel et al. (1988) estudaram retrospectivamente a artéria umbilical e
aorta descendente e propuseram modelos matemáticos para a detecção da
anemia fetal antes da primeira TIU. No entanto, outros estudos prospectivos não
confirmaram essas correlações (COPEL et al. 1989; GUNGOR et al., 1996;
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
56
LEGARTH et al., 1994; NICOLAIDES; BILARDO; CAMPBELL, 1990; STEINER et
al., 1995; WARREN; GIL; FISHER, 1987).
Nicolaides, Bilardo e Campbell (1990) relataram correlação linear
inversa significativa entre a velocidade média de fluxo sangüíneo da aorta torácica
descendente e a concentração de hemoglobina. No entanto, analisando
separadamente os fetos não hidrópicos dos hidrópicos, constataram que essa
correlação só existiu para os primeiros. No caso dos fetos hidrópicos, com déficit
da concentração de hemoglobina 7g/dl, houve redução dessa velocidade à
medida que aumentou a anemia, sugerindo um estágio de descompensação
cardíaca causado pela hipóxia e pela lactoacidemia.
Ao avaliarem 33 fetos em risco de anemia antes da cordocentese,
Steiner et al. (1995) afirmaram que a medida do pico da velocidade da aorta
isoladamente não deve ser recomendada para uso clínico no rastreamento da
anemia devido aos valores preditivos limitados. Encontraram sensibilidade de
64%, especificidade de 74%, valor preditivo positivo (VPP) de 73% e VPN de
66%.
Investigando múltiplos vasos pela DP, Hecher et al. (1995) registraram
aumento nas velocidades de fluxo da aorta torácica, da artéria cerebral média
(ACM) e do duto venoso em 38 fetos com risco de anemia devido à ISO. No
entanto, somente na aorta torácica os valores foram correlacionados, de maneira
significativa, com o grau de anemia.
Lage (2004), analisando achados encontrados à US e à DP, verificou
que a velocidade na aorta é o primeiro parâmetro a apresentar alterações,
seguida da ACM, pelo aumento do DBVE e pelas mudanças na DP do ducto
venoso e veia cava inferior.
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
57
Bahado-Singh et al. (1999) correlacionaram o ângulo de desaceleração
da onda de DP da artéria esplênica e o Déf Hb fetal. Em 2000a, Bahado-Singh et
al., medindo a velocidade de pico da artéria esplênica e considerando valores
1,4 MoM, obtiveram 100% de sensibilidade com 20,8% de falso-positivos para a
predição de anemia grave.
Foi encontrado aumento na velocidade de fluxo no duto venoso em
fetos com anemia grave (HECHER; CAMPBELL, 1996; OEPKES et al., 1993b;
TAVEIRA, 2001).
A pré-carga foi analisada por meio da DP da veia cava inferior por
Lysikiewicz, Bracero e Telani (1993), que encontraram correlação inversa entre
esse parâmetro e os valores do hematócrito. A sensibilidade, especificidade, VPP
e VPN para a predição da anemia foram de 61, 95, 87 e 79%, respectivamente.
As medidas da DP da velocidade máxima sistólica das artérias
cerebrais têm sido descritas como um método não invasivo para predizer a
anemia fetal. As artérias cerebrais respondem rapidamente à hipoxemia devido à
grande dependência do tecido cerebral do oxigênio. Além disso, são facilmente
visibilizadas pela US, com pequenas variações de avaliações entre os
observadores.
Bilardo, Nicolaides e Campbell (1989) acharam correlação direta
significativa entre o Déf Hb de 12 fetos candidatos à TIU e o aumento da
velocidade de fluxo sangüíneo da artéria carótida comum.
No estudo de Vyas, Nicolaides e Campbell (1990), diferenças nas
velocidades médias de fluxo sangüíneo na ACM estavam associadas a diferenças
nas concentrações de hemoglobina do cordão, mas a predição da anemia foi
correta em apenas 12 dos 24 fetos acometidos.
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
58
Mari et al. (1995) estabeleceram um nomograma para o pico da
velocidade sistólica da artéria cerebral média (PVS-ACM). Observaram que essa
medida aumentou com o avançar da idade gestacional e que se correlacionou
linear e inversamente com o hematócrito fetal. Os autores propuseram uma
fórmula matemática para esse cálculo. Em uma série de 16 fetos com formas
graves de DHPN, a sensibilidade e a especificidade dessa medida na predição da
anemia fetal grave foram de 100 e 50%, respectivamente. Em 1997, Mari et al.
(1997) relataram diminuição significativa no PVS-ACM cinco minutos após a TIU,
em 17 gravidezes complicadas por ISO-Rh.
Correlação inversa entre a desaceleração do ângulo da ACM e a
concentração de hemoglobina fetal obtida por cordocentese foi registrada por
Bahado-Singh et al. (2000b). A sensibilidade encontrada para a predição de
anemia fetal grave foi de 100%.
Em estudo multicêntrico e prospectivo realizado em sete centros
médicos diferentes, Mari (2000) mediu a concentração de hemoglobina e o PVS-
ACM em 112 fetos candidatos à primeira TIU e em 256 fetos normais. Propôs
fórmulas matemáticas para o cálculo da concentração de hemoglobina de acordo
com a idade gestacional e com o PVS-ACM. A sensibilidade da elevação do PVS-
ACM para a predição da anemia fetal moderada e grave foi de 100%,
independentemente da presença ou não de hidropisia, com taxa de falso-positivo
e falso-negativo de 12 e 15%, respectivamente. A conclusão foi que fetos não
hidrópicos com risco de anemia moderada ou grave podem ser diagnosticados
pela DP da ACM.
Roberts, Mitchell e Pattison (2001) encontraram PVS-ACM acima do
percentil 95 em 15 dos 19 fetos (79%) com anemia, diagnosticados pela amostra
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
59
de sangue. No entanto, todos os fetos com anemia foram diagnosticados pelo
aumento do fígado e em 93% destes as medidas estavam acima do percentil 95.
O trabalho de Mari et al. (2002) analisou 18 fetos de gestantes
portadoras de ISO, antes e depois da cordocentese, e concluiu que a correlação
inversa entre a hemoglobina e o PVS-ACM medido pela DP demonstrou mais
acurácia para a predição da anemia fetal à medida que o quadro era mais grave.
Em estudo prospectivo do mesmo grupo, Zimmermann et al. (2002) obtiveram
88% de sensibilidade e 87% de especificidade na detecção da anemia moderada
e grave em 125 fetos antes da 35
a
semana. Relataram que o acompanhamento
em intervalos menores de tempo é necessário e que o número de falso-positivos
aumenta após a 35
a
semana de gestação.
Detti et al. (2002), em estudo longitudinal, preconizaram que a
avaliação do PVS-ACM é excelente instrumento para a identificação de fetos que
se tornarão gravemente anêmicos e que, portanto, necessitam de
acompanhamento mais intensivo durante a gestação. Detti e Mari (2003)
sugeriram um protocolo de acompanhamento para gestações com fetos em risco
de anemia com a utilização desse recurso.
Nishie et al. (2003) e Pereira, Jenkins e Berghella (2003) referenciaram
que o PVS-ACM e a análise espectrofotométrica do líquido amniótico são bons
preditores da anemia fetal moderada e grave. Além disso, para os primeiros
autores, a DP tem a vantagem de ser mais barata e menos invasiva que a
amniocentese.
Avaliando prospectivamente 16 fetos não hidrópicos, Dukler et al.
(2003) estabeleceram como melhor preditor de anemia o PVS-ACM (sensibilidade
de 100%), seguido da velocidade de pico da veia umbilical (sensibilidade de
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
60
83%), do perímetro esplênico (sensibilidade de 66%) e do comprimento hepático
(sensibilidade de 33%).
MC Lean et al. (2004), em estudo retrospectivo, também constataram o
valor da avaliação do PVS-ACM na predição da anemia grave.
Para Mari (2005), a avaliação do PVS-ACM é atualmente o melhor
parâmetro não invasivo para o acompanhamento de fetos com risco de anemia,
sendo superior à amniocentese nos casos de ISO. No entanto, só deve ser
utilizado por operadores experientes.
As velocidades de fluxo na ACM e da porção intra-hepática da veia
umbilical foram os melhores preditores da anemia (sensibilidade de 89%) entre os
parâmetros avaliados por Dongen et al. (2005) em 27 fetos com risco de anemia
por ISO antiKell. A sensibilidade foi de 14% para a circunferência hepática e 15%
para o perímetro esplênico. Excluindo os fetos com sinais de hidropisia, a
sensibilidade foi de 89% para a ACM, 78% para a veia umbilical, 0% para o
comprimento hepático e 29% para a circunferência do baço. As especificidades
calculadas foram de 89, 56, 75 e 89% para a ACM, veia umbilical, fígado e baço,
respectivamente.
O estudo multicêntrico prospectivo de Oepkes et al. (2006) com 165
fetos de gestantes com ISO sugeriu valores de predição para a anemia grave da
PVS-ACM mais altos que os da avaliação espectrofotométrica da concentração
de bilirrubina no líquido amniótico (sensibilidade de 88% e de 76%, especificidade
de 82% e de 77% para o primeiro e segundo caso, respectivamente). Concluiu-se
que a avaliação da ACM pela DP pode seguramente substituir os testes invasivos
no acompanhamento às gestantes com ISO.
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
61
2.2.3.5 Medidas ultra-sonográficas de avaliação do tamanho do coração fetal
Na vida pós-natal, quando ocorre insuficiência cardíaca, há aumento
das câmaras cardíacas e elevação da pressão venosa central. Essas alterações
também acontecem na falência miocárdica fetal, como demonstrado por Johnson
et al. (1992). Esses autores observaram cardiomegalia fetal associada ao
aumento da pressão venosa umbilical em fetos hidrópicos. Com a evidência da
dilatação das câmaras cardíacas e hipertrofia do músculo cardíaco no feto
anêmico, marcadores sonográficos de medidas cardíacas nessa situação têm
sido avaliados e descritos.
A anatomia do coração fetal normal foi observada utilizando-se a US de
modo bidimensional (modo-B) em tempo real a partir da 16
a
semana de gestação
(ALLAN et al., 1980; KLEINMAN et al., 1980; SAHN et al., 1980; WLADIMIROFF;
MCGHIE, 1981a). Durante seus estudos ecocardiográficos, Allan et al. (1982)
relataram que a gravação das imagens no ecocardiograma de modo de
movimento (modo-M) permite documentação têmporo-espacial, com observação
do padrão de movimento das válvulas e das paredes cardíacas e a definição mais
clara das superfícies endocárdicas e do momento mais exato da sístole e da
diástole. Proporciona, assim, as medidas mais precisas das estruturas cardíacas.
É essencial que a identificação no modo-B das estruturas preceda o exame com o
modo-M. Apesar de muito útil nessas determinações, a ecografia de modo-M
requer que o coração fetal esteja em orientação específica para que o cursor
possa ser colocado perpendicularmente ao septo interventricular (DE VORE,
2005). Essa técnica foi também utilizada em vários outros estudos (DE VORE et
al, 1982a; DE VORE; SIASSI; PLATT, 1984; 1985; KLEINMAN et al., 1980; ST
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
62
JOHN SUTTON et al., 1984; WLADIMIROFF; MCGHIE, 1981b), todos
confirmando o fato de que o tamanho do coração aumenta no decorrer da
gestação.
Wladimiroff e Mcghie (1981b) e Allan et al. (1982), em estudos
transversais, correlacionaram as medidas ventriculares cardíacas fetais no modo-
M com a idade gestacional determinada pelo DBP, estabelecendo nomogramas.
Também utilizando o modo-M, ST John Sutton et al. (1984), porém em estudo
longitudinal, demonstraram crescimento linear do coração de 16 fetos no decorrer
da gestação.
Com a evolução dos equipamentos de US, dois grupos de
investigadores - Sharland e Allan (1992) e Tan et al. (1992) - relataram medidas
estruturais cardíacas em fetos normais a partir de 18 e de 16 semanas,
respectivamente, até o termo, com o uso de imagens ecográficas no modo-B.
Shapiro et al. (1998) incluíram fetos a partir de 14 semanas em sua análise.
Firpo, Hoffman e Silverman (2001) avaliaram fetos a partir de 12
semanas, expandindo seu estudo anterior (TAN et al., 1992).
De Vore (2005), analisando os nomogramas derivados dos trabalhos
anteriores, selecionou para sua utilização algumas medidas cardíacas do estudo
de Shapiro et al. (1998), por representarem avaliações de maior confiabilidade.
Fez severas críticas aos nomogramas, equações de regressão e intervalos de
confiança calculados nos outros estudos. Acrescentou que as vantagens do uso
do modo-B de ecografia são: a disponibilidade dessa tecnologia na prática
médica, as possibilidades de medir várias estruturas cardíacas
independentemente da orientação do cursor do aparelho e de poder comparar as
medidas realizadas com esse método.
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
63
2.2.3.5.1 Diâmetro biventricular externo
Levando em consideração os achados anteriores de crescimento do
coração fetal e o fato de que a maior dimensão dos ventrículos cardíacos situa-se
na altura das válvulas tricúspide e mitral, De Vore, Siassi e Platt (1984)
propuseram a utilização de US por modo-M com a medida do DBVE no final da
diástole para a avaliação do tamanho das câmaras cardíacas. Compararam essa
medida de 82 fetos normais entre 18 e 41 semanas com parâmetros de
crescimento fetal, como o diâmetro biparietal (DBP), o comprimento do fêmur (CF)
e as circunferências abdominal e cefálica. A regressão polinomial demonstrou que
a melhor correlação das dimensões cardíacas ocorreu com o DBP. Os autores
criaram um nomograma de medidas do DBVE correlacionando essa medida ao
DBP, o que permitiu a avaliação estrutural e funcional do coração fetal.
No entanto, considerando-se que as anomalias cranianas poderiam
prejudicar a avaliação das medidas cardíacas através da comparação com o
DBP, De Vore, Siassi e Platt (1985) realizaram novo estudo correlacionando
também essas medidas com o CF. Acompanharam 82 fetos normais entre 18 e
41 semanas, e mediram o DBP, a circunferência cefálica e abdominal, o CF, os
diâmetros biventriculares externo e interno, as dimensões interna e externa dos
ventrículos direito e esquerdo, a espessura das paredes dos ventrículos direito e
esquerdo, a espessura da parede do septo interventricular e as excursões das
válvulas tricúspide e mitral. Compararam, por meio da análise de regressão, as
medidas cardíacas com os parâmetros de crescimento somático (DBP e CF) e
observaram que as curvas de crescimento eram quase idênticas. Concluíram que
a medida do CF é um parâmetro útil para avaliar as medidas cardíacas, sendo
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
64
extremamente importante quando existem anomalias do sistema nervoso central
e o exame do sistema cardiovascular é indicado.
Para encontrar determinantes de prognóstico em fetos com hidropisia,
porém de causa não imunitária, Carlson et al. (1990) determinaram que, entre os
parâmetros por eles analisados, o indicador de maior sensibilidade para a
sobrevivência dos fetos hidrópicos foi a medida ecográfica do DBVE realizada
com o modo-M durante a diástole. O VPP foi de 100% e o VPN de 86%.
Em estudo retrospectivo, Ouzounian et al. (1997) analisaram 63 fetos
de gestantes com ISO e concluíram que aqueles com valor da razão entre o
DBVE e o DBP igual ou superior à do percentil 95 (de acordo com o nomograma
de DE VORE; SIASSI; PLATT, 1984) tinham hematócrito mais baixo ao
nascimento, incidência mais alta de transfusão neonatal (risco relativo - RR=2,7) e
de permanência na unidade neonatal. A sensibilidade, especificidade, o VPP e o
VPN dessa variável para a predição de transfusão neonatal foram de 50, 84, 59 e
78%, respectivamente.
Rodrigues (2002) encontrou correlação inversa entre a concentração de
hemoglobina fetal e a medida do DBVE em fetos de gestantes com ISO. Essa
correlação foi independente da idade gestacional. A autora propôs que o DBVE
poderia tornar-se um marcador ultra-sonográfico para a predição da concentração
de hemoglobina em fetos anêmicos.
A acuidade do índice cardiofemoral (DBVE/CF) foi avaliada por
Barcelos (2003) na predição da anemia fetal por antígenos eritrocitários. Esse
índice foi obtido pela razão entre a medida do DBVE e a medida do CF. Verificou
correlação inversa e significativa entre esse índice e a hemoglobina fetal e sugeriu
o valor de corte de 0,6. Esse valor apresentou equilíbrio entre a sensibilidade
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
65
(80,85%) e a especificidade (83,13%). Concluiu que o índice cardiofemoral
apresenta boa acuidade para predizer a anemia fetal por antígenos eritrocitários.
A pesquisa de Apocalypse (2003) incluiu o índice cardiofemoral em seu
escore de métodos não invasivos para o diagnóstico de fetos anêmicos,
considerando alterados os valores da razão entre o DBVE e o CF 0,60. Esse
método proporcionou o diagnóstico de todos os casos de anemia fetal com
concentração de hemoglobina inferior a 10,0 g%.
Lage (2004) concluiu que existe correlação significativa entre o índice
cardiofemoral e o Déf Hb fetal nas gestações complicadas pela ISO por antígenos
eritrocitários.
Segundo Cabral et al. (2005), o índice cardiofemoral pode se tornar um
marcador reconhecido e não invasivo de anemia fetal.
2.2.3.5.2 Índice cardiotorácico
O tamanho do coração pode também ser avaliado pela razão entre a
área do coração (AC) e a área do tórax (AT) - (RACT) ou entre a circunferência do
coração (CC) e a circunferência do tórax (CT) - (RCCT).
RACT = AC / AT ou RCCT = CC / CT
Essas razões são chamadas de índices cardiotorácicos. Para o cálculo
da RACT, obtém-se a imagem das quatro câmaras do coração fetal e esta é
derivada como se segue:
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
66
RACT = Diâmetro longitudinal coração x Diâmetro tranverso coração x 100
Diâmetro antero-posterior tórax x Diâmetro tranverso tórax
Valores anormais para a RACT situam-se entre 20 e 30% (MATTOS,
2001). Chiba e Kanzaki (1995) mostraram significante aumento da
morbimortalidade quando essa relação se aproximou de 50%.
Para o cálculo da RCCT, deve-se medir o diâmetro ou a circunferência
do coração e compará-los com o diâmetro ou a circunferência do tórax,
respectivamente. Ao se calcular essa razão, ambas as medidas devem ser
realizadas a partir da mesma imagem, com a visão das quatro câmaras e na
diástole. O valor da RCCT é comparado com os valores normais de acordo com a
idade gestacional. O valor considerado normal da RCCT é de 0,5. O seguimento
longitudinal dos fetos mostra que essas razões se mantêm constantes durante
toda a gestação, com tendência a aumentar discretamente com o passar da
gestação (SHAW, 2001).
Para Paladini, Chita e Allan (1990), a visão do tórax é considerada
adequada para ser medida quando todo o órgão é visibilizado, quando existe uma
boa visão das quatro câmaras e de uma costela e não aparecem imagens de
conteúdos abdominais na tela. Além disso, as medidas devem ser realizadas na
diástole. Encontraram valores de 0,45 na 17
a
semana e de 0,50 no termo para a
RCCT. Todos os fetos hidrópicos desse estudo tiveram aumento desse índice.
Johnson et al. (1992) revelaram correlação linear direta significativa
entre a RCCT e a pressão da veia umbilical (r=0,75, p=0,003) em fetos com
hidropisia não imunitária associada a insuficiência cardíaca, anemia e/ou
hipoproteinemia.
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
67
Estudando fetos entre 18 e 21 semanas com anemia causada pela alfa-
talassemia, Tonsong et al. (1999) encontraram razão cardiotorácica
significativamente mais alta nos fetos acometidos pela doença em relação aos
não acometidos (0,55 x 0,45, p< 0,001). O valor considerado normal para essa
razão foi de até 0,50, a sensibilidade encontrada de 98,6 e a especificidade de
98,9% para a predição da doença. Lam et al. (1999) acrescentaram que a medida
dessa razão poderia ser utilizada com mais antecedência, entre 12 e 13 semanas,
para auxiliar no diagnóstico mais precoce dessa condição.
Tonsong et al. (2004) verificaram, em exames de US de 488 fetos com
risco desse tipo de anemia, que a razão cárdiotorácica foi o marcador ultra-
sonográfico mais sensível (sensibilidade de 95,0% e especificidade de 96,1%)
para a predição dessa doença. Foi seguida pela espessura placentária e
comparada a outros sinais, como a presença de efusões pericárdicas e pleurais,
ascite, edema subcutâneo e do cordão e dilatação da veia umbilical.
O prognóstico da mortalidade fetal por insuficiência cardíaca foi
investigado por Huhta (2005), que recomendou a avaliação do tamanho do
coração fetal por meio do índice cardiotorácico, considerando a RACT (normal:
0,25-0,35) e a RCCT (normal<0,5). Estabeleceu como cardiomegalia leve a RACT
maior que 0,35 e grave maior que 0,50. Utilizou um escore de perfil cardiovascular
composto de cinco marcadores, atribuindo dois pontos para cada um deles. Os
marcadores observados nesse perfil foram: a presença de hidropisia, as
alterações de fluxo venoso, da função cardíaca, do fluxo da artéria umbilical e o
aumento do coração.
2 REVISÃO DA LITERATURA
__________________________________________________________________________________
68
2.2.3.5.3 Circunferência cardíaca
Jordaan (1987) avaliou o tamanho do coração em 138 fetos entre 18 e
42 semanas, sem anomalias do desenvolvimento e adequados para a idade
gestacional. Utilizou a US com o modo-M e o cálculo da circunferência cardíaca
(CC), independentemente do tamanho do tórax. Considerou a forma do coração
semelhante à de uma elipse, com diâmetros longitudinal e transversal com
medidas bastante semelhantes e correspondentes ao diâmetro atrioventricular
(DAV) e ao DBVE, respectivamente. Constatou que a CC correlaciona-se de
maneira direta e significativa com o DBP (R
2
= 0,8453), o CF (R
2
= 0,9017) e a CA
(R
2
= 0,8721) e, ainda, com a idade gestacional (R
2
= 0,8631) e com o peso fetal
estimado (R
2
= 0,9084). Estabeleceu, então, equações de regressão para o
cálculo da CC e recomendou a sua utilização em função de qualquer uma dessas
variáveis na determinação do tamanho do coração de fetos normais.
3 OBJETIVOS
3 OBJETIVOS
_________________________________________________________________________________
70
3.1 Objetivo principal
Verificar as correlações entre as medidas do diâmetro biventricular externo
(DBVE), do diâmetro atrioventricular (DAV) e da circunferência cardíaca
(CC) e o déficit de hemoglobina em fetos de gestantes isoimunizadas.
3.2 Objetivos secundários
Verificar as repercussões no coração fetal da sobrecarga funcional
representada pelo estado anêmico.
Verificar se as medidas ultra-sonográficas do diâmetro biventricular externo
(DBVE), do diâmetro atrioventricular (DAV) e da circunferência cardíaca
(CC) podem ser utilizados como métodos diagnósticos não invasivos de
anemia em fetos de gestantes isoimunizadas.
4 PACIENTES E MÉTODOS
4 PACIENTES E MÉTODOS
________________________________________________________________________
72
4.1 Pacientes
Realizou-se estudo transversal no qual foram acompanhadas, de
fevereiro de 2000 a abril de 2005, 56 mulheres com diagnóstico de ISO por
antígenos eritrocitários em 60 gestações únicas com 60 fetos nos quais foram
realizados 139 procedimentos. Cada procedimento foi considerado um caso. As
gestantes vieram do Ambulatório Carlos Chagas do HC-UFMG e foram
acompanhadas no CEMEFE do HC-UFMG de acordo com o protocolo desse
serviço (APÊNDICE A).
4.1.1 Critérios de inclusão
Gestantes isoimunizadas por antígenos eritrocitários com fetos entre 20 e
35 semanas, com risco de anemia e indicação para cordocentese.
4.1.2 Critérios de exclusão
Amostras de sangue obtidas por cordocentese, com hemácias com
volume corpuscular médio (VCM) menor que 108 fl.
4 PACIENTES E MÉTODOS
________________________________________________________________________
73
4.1.3 Caracterizações e distribuições das gestantes e dos casos
As gestantes foram caracterizadas de acordo com a idade e com a
paridade no momento da inclusão no estudo (TAB. 1). Como detalhado nas TAB.
2 e GRÁF. 1 e na TAB. 3 e GRÁF. 2, observa-se predomínio de gestantes jovens
(25 a 29 anos) e multíparas (mais de três gestações).
TABELA 1
Caracterização das gestantes isoimunizadas de acordo com a idade (em anos)
e com a paridade no momento da inclusão no estudo
Características
N Média
Desvio-
Padrão Mínimo Mediana Máximo
Idade 60 28,43 5,03 19 28 41
Paridade 60 3,60 1,54 1 3 8
TABELA 2
Distribuição das gestantes isoimunizadas de acordo com a
idade (em anos) no momento da inclusão no estudo
Idade Materna Freqüência Percentual
19 anos 2 3,3
20 a 24 anos 10 16,7
25 a 29 anos 24 40,0
30 a 34 anos 16 26,7
35 anos 8 13,3
Total 60 100,0
4 PACIENTES E MÉTODOS
________________________________________________________________________
74
GRÁFICO 1 - Distribuição das gestantes isoimunizadas de acordo com
a idade (em anos) no momento da inclusão no estudo.
TABELA 3
Distribuição das gestantes isoimunizadas de acordo com a paridade
no momento da inclusão no estudo
Paridade Freqüência Percentual
1 2 3,3
2 13 21,7
3 17 28,3
>3 28 46,7
Total 60 100,0
19 anos
3,3%
35 anos
13,3%
25 a 29 anos
40,0%
30 a 34 anos
26,7%
20 a 24 anos
16,7%
4 PACIENTES E MÉTODOS
________________________________________________________________________
75
GRÁFICO 2 - Distribuição das gestantes isoimunizadas de acordo com
a paridade no momento da inclusão no estudo.
As gestantes com ISO foram também distribuídas de acordo com o
grupo sangüíneo, o tipo de anticorpo identificado no painel de hemácias e a causa
da ISO (TAB. 4, 5, 6; GRÁF. 3, 4, 5). Pode-se constatar predomínio dos grupos
sangüíneos A e O. O anticorpo antiD foi identificado em todos os casos;
aparecendo de forma isolada em 63% das gestantes e associado a outros em
37% dos casos, em consonância com os relatos da literatura. Destaca-se, ainda,
a presença de antiD e antiC em 23% das grávidas e, nas demais (14%), a
presença de outros tipos de anticorpos associados ao antiD.
> 3 gestações
46,7%
1 gestação
3,3%
2 gestações
21,7%
3 gestações
28,3%
4 PACIENTES E MÉTODOS
________________________________________________________________________
76
TABELA 4
Distribuição das gestantes isoimunizadas de acordo com o grupo sangüíneo
Grupo sangüíneo Freqüência Percentual
A 25 44,6
O 20 35,7
B 9 16,1
AB 2 3,6
Total 56 100,0
GRÁFICO 3 - Distribuição das gestantes isoimunizadas de acordo com
o grupo sangüíneo.
A
44,6%
AB
3,6%
B
16,1%
0
35,7%
4 PACIENTES E MÉTODOS
________________________________________________________________________
77
TABELA 5
Distribuição das gestantes isoimunizadas de acordo com o tipo de
anticorpo detectado no painel de hemácias
Tipo de Anticorpo Freqüência Percentual
AntiD 35 62,5
AntiD / C 13 23,2
AntiD / C / FyA 1 1,8
AntiD / C / Leª / Kell 1 1,8
AntiD / c 1 1,8
AntiD / c / E 1 1,8
AntiD / C / E 1 1,8
AntiD / E 1 1,8
AntiD / Kell 1 1,8
AntiD / Leª / Kell 1 1,8
Total 56 100,0
GRÁFICO 4 - Distribuição das gestantes isoimunizadas de acordo com
o tipo de anticorpo detectado no painel de hemácias.
Anti D
62,5%
Anti D/C
23,2%
Anti D/Outros
tipos de anticorpos
14,4%
4 PACIENTES E MÉTODOS
________________________________________________________________________
78
Na TAB. 6, as gestantes foram distribuídas de acordo com as causas
prováveis da isoimunização. Verifica-se que em quase 80% delas, as causas são
atribuídas à falta de uso da imunoglobulina.
TABELA 6
Distribuição das gestantes isoimunizadas de acordo com a causa
provável da isoimunização
Causa provável da isoimunização Freqüência Percentual
Falta de imunoglobulina 43 76,8
Falha da imunoglobulina 6 10,7
Transfusão 5 8,9
Falta de imunoglobulina e/ou transfusão 1 1,8
Gestação em curso 1 1,8
Total 56 100,0
GRÁFICO 5 - Distribuição das gestantes isoimunizadas de acordo com
a causa provável da isoimunização.
1,8%
Falta de imunoglobulina
Falha de imunoglobulina
Transfusão
Falta de imunoglobulina e/ou transfusão
Gestação em curso
1,8%
8,9%
10,7%
76,8%
4 PACIENTES E MÉTODOS
________________________________________________________________________
79
A idade gestacional de cada feto no momento da inclusão no estudo foi
determinada pela data do último período menstrual relatada na anamnese e
conferida pela biometria fetal realizada em exame ultra-sonográfico na primeira
metade gestacional. A seguir, os casos foram caracterizados e distribuídos de
acordo com a idade gestacional (em semanas) no momento da inclusão no
estudo. Observa-se que na maioria dos casos (72%), a idade gestacional esteve
compreendida entre 25 e 32 semanas (TAB. 7, 8 e GRÁF. 6).
TABELA 7
Caracterização dos casos de acordo com a idade gestacional (em semanas)
no momento da inclusão no estudo
Característica
N Média
Desvio-
Padrão Mínimo Mediana Máximo
Idade gestacional 139 28,68 3,31 21 29 35
TABELA 8
Distribuição dos casos de acordo com a idade gestacional
(em semanas) no momento da inclusão no estudo
Idade Gestacional Freqüência Percentual
21 a 24 semanas 19 13,7
25 a 28 semanas 43 30,9
29 a 32 semanas 57 41,0
33 a 35 semanas 20 14,4
Total 139 100,0
4 PACIENTES E MÉTODOS
________________________________________________________________________
80
GRÁFICO 6 - Distribuição dos casos de acordo com a idade gestacional
(em semanas) no momento da inclusão no estudo.
4.2 Métodos
As gestantes incluídas no estudo foram submetidas a exames de US
para as medidas do DBVE, DAV e CF e foram realizadas cordocenteses para a
coleta de sangue fetal e determinação da concentração de hemoglobina. O
intervalo de tempo máximo entre a realização da US e da cordocentese foi de seis
horas. Os dados colhidos foram ordenados e armazenados em um banco de
dados (APÊNDICE B).
Cada avaliação de US seguida de cordocentese e de análise do sangue
foi considerada um procedimento ou um caso.
29 a 32
semanas
41,0%
33 a 36
semanas
14,4%
21 a 24
semanas
13,7%
25 a 28
semanas
30,9%
4 PACIENTES E MÉTODOS
________________________________________________________________________
81
4.2.1 Avaliação ultra-sonográfica
Os exames de US foram realizados pelo mesmo examinador do
CEMEFE, na Maternidade Otto Cirne do HC-UFMG, utilizando-se os aparelhos de
US SONOACE 8800 e 8000 (MEDSOM
®
) com sonda setorial de 3,5 Mhz e filtro
acústico de 100 Hz.
Além das medidas cardíacas do DBVE e do DAV e da medida do CF, o
exame de US teve como finalidade a confirmação da idade gestacional pela
biometria fetal (medida do CCN ou do DBP como descrito, respectivamente, por
ROBINSON; FLEMING, 1975 e HADLOCK et al., 1982), a avaliação da morfologia
e do peso fetais e do volume de líquido amniótico e da placenta e a verificação da
presença ou não de hidropisia. Considerou-se a presença de hidropisia fetal
quando se visibilizou, à US, o acúmulo anormal de líquido em mais de um espaço
ou cavidade potencial (HUHTA; WEIL-CHALTER; PAGOTTO, 2000; PLATT; DE
VORE, 1982).
Utilizou-se a seguinte técnica para a realização dos exames de US para
as medidas cardíacas:
A gestante foi colocada em decúbito dorsal, com a cabeceira elevada em
30 graus e com discreta inclinação lateral para a descompressão aorto-
cava.
Inicialmente, o transdutor do modo-B foi direcionado para o plano sagital,
no qual foram visibilizadas a coluna fetal ou a aorta. A seguir, o transdutor
foi rodado em 90 graus para obter uma imagem do plano transversal entre
o abdome e o tórax fetais. Nesse plano, a imagem das quatro câmaras do
coração fetal foi visibilizada em tempo real. O cursor do modo-M foi a
4 PACIENTES E MÉTODOS
________________________________________________________________________
82
seguir posicionado perpendicularmente ao septo interventricular, no plano
das válvulas atrioventriculares (FIG. 1).
Obteve-se o traçado de ondas e congelou-se a imagem no momento do
fechamento das válvulas atrioventriculares, isto é, no final da diástole
cardíaca. Procedeu-se, então, à medida do DBVE, que corresponde ao
diâmetro transverso (DT) do coração ou ao menor diâmetro de uma elipse.
É determinado pela distância entre a parte externa dos epicárdios dos
ventrículos direito e esquerdo (DE VORE; SIASSI; PLATT, 1984;
WLADIMIROFF; MCGHIE, 1981b). Essa medida inclui as paredes dos
ventrículos direito e esquerdo, o septo interventricular e as dimensões
internas das câmaras ventriculares (DE VORE, 2005) - (FIG. 2).
Em seguida, determinou-se o diâmetro longitudinal (DL) do coração que
corresponde ao maior diâmetro de uma elipse, ao longo do septo
interventricular (FIG. 3).
Após o posicionamento do cursor do modo-M ao longo do septo
interventricular, procedeu-se à medida do DAV, distância esta
compreendida entre a base e o ápice do coração, na parte externa do
epicárdio (JORDAAN, 1987) - (FIG. 4).
Posteriormente, realizou-se a medida do CF, que é determinada ao longo
do eixo longitudinal da diáfise, excluindo-se a epífise distal (HADLOCK,
1996) - (FIG. 5).
4 PACIENTES E MÉTODOS
________________________________________________________________________
83
FIGURA 1 - Imagem ultra-sonográfica do coração fetal, em modo-B, com
a visão de quatro câmaras e o plano das válvulas atrioventriculares
para o posicionamento do cursor do modo-M.
VD (ventrículo D), VE (ventrículo E), AD (átrio direito) e AE (átrio esquerdo).
FIGURA 2 - Imagem ultra-sonográfica em modo-M e medida
do diâmetro biventricular externo (DBVE).
VD (ventrículo D), VE (ventrículo E), EP (espessura da parede), S (sístole), DIVD (dimensão
interna do ventrículo D), DIVE (dimensão interna do ventrículo esquerdo), D (diástole), VT (válvula
tricúspide) e VM (válvula mitral).
4 PACIENTES E MÉTODOS
________________________________________________________________________
84
FIGURA 3 - Imagem ultra-sonográfica do coração fetal, em modo-B,
com a visão de quatro câmaras e o plano do septo interventricular
para o posicionamento do cursor do modo-M.
VD (ventrículo direito), VE (ventrículo esquerdo), AD (átrio direito),
AE (átrio esquerdo), AO (aorta) e C (coluna).
FIGURA 4 - Imagem ultra-sonográfica em modo-M e medida do diâmetro
atrioventricular (DAV).
4 PACIENTES E MÉTODOS
________________________________________________________________________
85
FIGURA 5 - Imagem ultra-sonográfica em modo-B e medida
do comprimento do fêmur (CF).
4.2.2 Cálculo da circunferência cardíaca
O perímetro ou a circunferência cardíaca (CC) foi calculado
considerando-se o cálculo da circunferência da elipse (CE), sendo:
CE = π DL/2 + DT/2 [ 3 (1-k) + 1/ (1-k) ] CE= (DL+DT) π
4 2
Onde : DL= diâmetro longitudinal
DT= diâmetro transversal
k= [ (DL-DT) / 2 (DL+DT) ]
2
E, por analogia, chegou-se à fórmula que se segue, mais simples e
bastante aproximada, que foi utilizada para o cálculo da CC.
4 PACIENTES E MÉTODOS
________________________________________________________________________
86
CC = (DAV+DBVE) π
2
A seguir, foram calculadas as relações ou razões entre as medidas
cardíacas e o CF, com a finalidade de adequá-las à idade gestacional:
DBVE/CF (Diâmetro Biventricular Externo/Comprimento do Fêmur)
(índice cardiofemoral) - (BARCELOS, 2003).
DAV/CF (Diâmetro Atrioventricular/Comprimento do Fêmur).
CC/CF (Circunferência Cardíaca/Comprimento do Fêmur).
4.2.3 Coleta de sangue fetal e determinação da concentração de hemoglobina
Foram obtidas amostras de sangue dos fetos através de cordocenteses,
para a determinação da concentração da hemoglobina.
Após anti-sepsia e anestesia local (com lidocaína a 2%) da parede
abdominal da gestante, realizou-se a punção do abdome materno e do cordão
umbilical com agulha marca BD
®
20/15 sob visão de US. A punção foi realizada
por um segundo profissional, também membro efetivo do CEMEFE-HC/UFMG.
Puncionou-se preferencialmente a veia umbilical na inserção do cordão junto à
placenta ou, quando não era possível, em alça livre.
Obteve-se uma amostra de 1,0 ml de sangue fetal. Colocou-se uma
gota do volume de sangue coletado em uma microcuvita para análise no sistema
HEMOCUE
®
(B-Hemoglobin Photometer HEMOCUE AB; ANGELHOLM
SWEDEN). O aparelho de HEMOCUE® foi utilizado para a rápida determinação
quantitativa da concentração da hemoglobina no sangue através de fotômetro. O
4 PACIENTES E MÉTODOS
________________________________________________________________________
87
restante da amostra de sangue coletada foi enviado ao Laboratório Central do
HC/UFMG para confirmação da presença de sangue fetal, através da avaliação
do VCM e da concentração de hemoglobina dosada no HEMOCUE
®
. Quando a
diferença entre o valor da hemoglobina medido pelo HEMOCUE
®
e o determinado
pelo laboratório era maior que 15%, foi considerado o valor deste último. No caso
contrário, o valor considerado foi o determinado pelo HEMOCUE
®
.
4.2.4 Cálculo do déficit de hemoglobina e classificação dos fetos quanto à anemia
Utilizou-se como referência para valores de concentração da
hemoglobina em relação à idade gestacional a curva de normalidade de
Nicolaides et al. (1988b). Calculou-se o Déf Hb de acordo com o proposto pelos
mesmos autores.
Foi considerada a existência de anemia quando o Déf Hb foi maior que
2g/dl, porque apenas fetos com valores de déficit acima deste iniciam a resposta
eritropoiética e podem vir a necessitar de TIU (NICOLAIDES et al., 1986a;
1988c). Esse critério é adotado por vários autores (BAHADO-SINGH et al., 1998;
1999; HARRINGTON; FAYYAD; NICOLAIDES, 2004; NICOLAIDES; BILARDO;
CAMPBELL, 1990).
A existência de anemia, de grau pelo menos moderado, foi considerada
quando o Déf Hb foi maior ou igual a 5 g/dl. De acordo com Bahado-Singh et al.
(1998,1999, 2000a), o Déf Hb igual ou acima de 5g/dl seria o valor limite para se
realizar a TIU, antes do aparecimento da hidropisia. Segundo esses autores,
quando o Déf Hb é menor que 6g/dl, é improvável que esse sinal esteja presente.
4 PACIENTES E MÉTODOS
________________________________________________________________________
88
Foi considerado que o feto estava gravemente anêmico quando o Déf Hb
foi maior que 7g/dl (NICOLAIDES et al., 1988b).
Dessa forma, no momento dos procedimentos os casos foram divididos
em quatro grupos:
Fetos sem anemia: ausência de Déf Hb ou Déf Hb 2g/dl.
Fetos com anemia leve: 2 g/dl < Déf Hb < 5 g/dl.
Fetos com anemia moderada: 5 g/dl Déf Hb 7 g/dl.
Fetos com anemia grave: Déf Hb > 7g/dl .
4.2.5 Análise estatística
4.2.5.1 Cálculo amostral
Para a estimativa amostral, utilizou-se a função Statcalc do programa
EPI-INFO
®
versão 6.0d 2001, para estudos transversais. Considerou-se poder do
estudo de 80% (erro beta de 20%) e erro alfa (duas caudas) de 5%. Com base
nos dados de Barcelos (2003) - que encontrou percentual de doença (anemia ou
Déf Hb >
5g/dl) entre não expostos (razão DBVE e CF não alterada ou < 0,59) em
5,47 % (7/68) e razão de chances de 5,81 (intervaIo de confiança - IC 2,11 a
16,61) - verificou-se que um número de 122 casos seria o necessário para a
inclusão neste estudo.
4 PACIENTES E MÉTODOS
________________________________________________________________________
89
4.2.5.2 Tratamento estatístico
As variáveis qualitativas em estudo foram analisadas utilizando-se
ferramentas simples de descrição de dados, como tabelas de freqüência e
gráficos.
As variáveis quantitativas foram descritas pelas medidas de tendência
central (média, mediana), medidas de dispersão (desvio-padrão, mínimo,
máximo), histogramas e box-plots.
A comparação entre as médias dos valores das razões das medidas
cardíacas e o comprimento do fêmur nos grupos de fetos transfundidos e não
transfundidos foi realizada utilizando-se o teste t-Student.
As relações entre as razões das medidas cardíacas e o CF e o déficit
da hemoglobina foram avaliadas por meio do coeficiente de correlação de
Pearson e da análise de regressão linear.
As determinações dos melhores pontos de corte das razões das
medidas cardíacas e o CF para o diagnóstico da anemia foram realizadas a partir
da elaboração das curvas ROC (receiver operating characteristic), sendo
posteriormente calculadas a sensibilidade, especificidade, VPP, VPN e a acurácia
do teste.
A análise estatística e a construção dos gráficos foram feitas utilizando-
se os softwares SPSS (Statistical Package for Social Sciences) 12.0 for Windows,
MINITAB 14 e Microsoft Excel. O intervalo de confiança utilizado foi 95% e o nível
de significância aceito para os testes foi p<0,05.
4 PACIENTES E MÉTODOS
________________________________________________________________________
90
4.3 Aspectos éticos
Este estudo foi aprovado pela Câmara do Departamento de Ginecologia
e Obstetrícia (DGO) da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas
Gerais e pela Comissão de Ética em Pesquisa (COEP) da UFMG (Parecer n
o
ETIC 344/04) (ANEXO A).
Todas as gestantes participaram voluntariamente, tendo sido
respeitados os princípios de ética para pesquisa em seres humanos. Além disso,
foram informadas quanto ao objetivo, à segurança e ao tipo de procedimento
proposto para a realização deste estudo e assinaram o Termo de Consentimento
Pós-Informado (APÊNDICE C).
5 RESULTADOS
5 RESULTADOS
92
___________________________________________________________________________
Na TAB. 9, os 60 fetos incluídos no estudo foram distribuídos conforme
o número de procedimentos a que foram submetidos. Observa-se que 40% deles
passaram por apenas um procedimento, enquanto os demais por dois ou mais.
Foram realizados, em média, 2,3 procedimentos por feto, do total de
139 procedimentos, sendo que a mediana situou-se em torno de 2 (TAB. 10).
TABELA 9
Distribuição dos casos de acordo com o número de procedimentos por feto
Fetos Procedimentos Número de
procedimentos/feto
Freqüência Percentual Freqüência Percentual
1 24 40,00 24 17,27
2 14 23,33 28 10,07
3 8 13,33 24 17,27
4 9 15,00 36 6,47
5 3 8,33 15 10,79
6 2 3,33 12 8,63
Total 60 100,00 139 100,00
TABELA 10
Caracterização dos casos de acordo com o número de procedimentos por feto
Característica N Mínimo Máximo Média Mediana Desvio-padrão
Número de
procedimentos/feto
139
1
6
2,32
2,00
1,43
Nos 139 casos, a concentração de hemoglobina fetal, em amostra
colhida do cordão umbilical, variou de 2,30 g/dl a 18,90 g/dl. A média foi de 10,31
g/dl e a mediana de 10,80 g/dl (TAB. 11).
5 RESULTADOS
93
___________________________________________________________________________
TABELA 11
Caracterização dos casos de acordo com a concentração de hemoglobina
Característica N Mínimo Máximo Média Mediana
Desvio-
Padrão
Concentração de
hemoglobina (g/dl)
139
2,30
18,90
10,31
10,80
3,17
Observou-se que no momento dos procedimentos não havia anemia
fetal (ausência de Déf Hb) em 43,2% ou a anemia foi classificada como leve (2
g/dl < Déf Hb < 5 g/dl) em 29,5 %, totalizando praticamente 73% dos casos.
Em 13,7% a anemia foi classificada como moderada (5 g/dl Déf Hb
7 g/dl) e também em 13,7% ela foi como grave (Déf Hb > 7g/dl), totalizando 27%
dos casos com anemia importante presente. A TAB. 12 e o GRÁF. 7 mostram a
distribuição dos casos em quatro grupos, de acordo com essa classificação.
TABELA 12
Distribuição dos casos de acordo com a classificação da anemia
Classificação da
anemia
Freqüência
Percentual
Ausente 60 43,2
Leve 41 29,5
Moderada 19 13,7
Grave 19 13,7
Total 139 100,0
5 RESULTADOS
94
___________________________________________________________________________
GRÁFICO 7 - Distribuição dos casos de acordo com a classificação
da anemia.
Na TAB. 13 e no GRÁF. 8, observa-se a distribuição dos casos de
acordo com a classificação da anemia e o valor da hemoglobina. A TAB. 14 e o
GRÁF. 9 mostram a distribuição dos casos de acordo com a classificação da
anemia e o déficit de hemoglobina.
TABELA 13
Distribuição dos casos de acordo com a classificação da anemia e o
valor da hemoglobina
Valor da hemoglobina(g/dl) Classificaçã
o da anemia
Mínimo Máximo Média Mediana Desvio-padrão
Ausente 10,90 18,90 13,12 12,90 1,51
Leve 7,80 12,00 9,93 10,20 1,11
Moderada 6,40 8,80 7,44 7,00 0,85
Grave 2,30 6,50 5,10 5,40 1,37
Total 2,30 18,90 10,31 10,80 3,17
N=139
Anemia
ausente
43,2%
Anemia leve
29,5%
Anemia
moderada
13,7%
Anemia grave
13,7%
5 RESULTADOS
95
___________________________________________________________________________
GRÁFICO 8 - Distribuição dos casos de acordo com a classificação
da anemia e o valor da hemoglobina.
TABELA 14
Distribuição dos casos de acordo com a classificação da anemia
e o déficit de hemoglobina
Déficit de Hemoglobina (g/dl)
Classificaçã
o da anemia
MínimoMáximo Média Mediana
Desvio-
padrão
Ausente -5,11 1,99 0,26 0,64 1,46
Leve 2,03 4,99 3,32 3,29 0,74
Moderada 5,01 6,86 5,97 6,14 0,64
Grave 7,10 9,78 8,30 8,07 0,91
Total -5,11 9,78 3,04 2,65 3,10
N=139
20
15
10
5
0
Classifica
ç
ão da anemia
Ausente
Leve
Moderada
Grave
Valor da hemoglobina (g/dl)
5 RESULTADOS
96
___________________________________________________________________________
GRÁFICO 9 - Distribuição dos casos de acordo com a classificação
da anemia e o déficit de hemoglobina.
Pôde-se perceber que no momento de realização do procedimento,
72,66% dos fetos não apresentavam sinais de hidropisia e 27,34% tinham esses
sinais, conforme verificado na TAB. 15 e no GRÁF. 10.
TABELA 15
Distribuição dos casos de acordo com a presença de hidropisia no momento
da inclusão no estudo
Hidropisia Freqüência Percentual
Ausente 101 72,66
Presente 38 27,34
Total 139
100,00
10,0
7,5
5,0
2,5
0,0
-2,5
-5,0
*
Classificação da anemia
Ausente
Leve
Moderada
Grave
Déficit de Hemoglobina (g/dl)
5 RESULTADOS
97
___________________________________________________________________________
GRÁFICO 10 - Distribuição dos casos de acordo com a presença de
hidropisia no momento da inclusão no estudo.
A TAB. 16 mostra os valores das razões das medidas cardíacas e o CF
nos 139 casos.
TABELA 16
Valores das razões das medidas cardíacas avaliadas e o comprimento do fêmur
Medida
Cardíaca/CF
N Média Desvio-padrão Mínimo Mediana Máximo
DBVE/CF 139 0,593 0,083 0,428 0,581 1,000
DAV/CF 139 0,662 0,103 0,431 0,647 1,035
CC/CF 139 1,969 0,256 1,452 1,925 3,194
Hidropisia
ausente
72,66%
Hidropisia
presente
27,34%
5 RESULTADOS
98
___________________________________________________________________________
Para relacionar as razões entre as medidas cardíacas avaliadas e o CF
e o Déf Hb, utilizou-se a análise de regressão linear (TAB. 17 e GRÁF. 11, 12 e
13).
As correlações foram positivas e significativas entre esses parâmetros
(r=0,344 para a DBVE/CF, r=0,237 para a DAV/CF e r=0,325 para a CC/CF) -
(valores de p<0,05). As equações de regressão foram também diretas e
significativas para a DBVE/CF (p < 0,001), para a DAV/CF (p=0,005) e para a
CC/CF (p < 0,001) - (valores de p<0,05). Quanto maiores os déficits de
hemoglobina, maiores as razões das medidas cardíacas e o comprimento do
fêmur.
TABELA 17
Relações entre as razões das medidas cardíacas avaliadas e o comprimento do
fêmur e o déficit de hemoglobina
Variável Correlação Regressão
MC/CF Déf Hb r* Equação R
2
Valor-p
DBVE/CF Déf Hb 0,344
Déf Hb = - 4,556 +
12,82 DBVE/CF
0,112 < 0,001
DAV/CF Déf Hb 0,237
Déf Hb = - 1,666 +
7,116 DAV/CF
0,049 = 0,005
CC/CF Déf Hb 0,325
Déf Hb = - 4,692 +
3,927 CC/CF
0,099 < 0,001
N=139 * Todas as correlações são significativas (valor p < 0,05)
5 RESULTADOS
99
___________________________________________________________________________
N=139
GRÁFICO 11 - Razão diâmetro biventricular externo e comprimento
do fêmur (DBVE/CF) versus déficit de hemoglobina.
N=139
GRÁFICO 12 - Razão diâmetro atrioventricular e comprimento
do fêmur (DAV/CF) versus déficit de hemoglobina.
5 RESULTADOS
100
___________________________________________________________________________
N=139
GRÁFICO 13 - Razão circunferência cardíaca e comprimento
do fêmur (CC/CF) versus déficit de hemoglobina.
Levando-se em consideração que em muitos casos os fetos eram
submetidos a mais de uma TIU e que a presença de sangue transfundido de
adulto na circulação fetal poderia alterar suas propriedades e os resultados,
separaram-se os casos em dois grupos. O primeiro, de 49 casos, foi composto de
fetos que não tinham sido submetidos anteriormente à TIU; e o segundo, de 90
casos, de fetos já transfundidos anteriormente.
As razões entre as medidas cardíacas avaliadas e o CF foram, em
média, estatisticamente semelhantes nos fetos transfundidos e nos não
transfundidos (p > 0,05) - (TAB. 18).
5 RESULTADOS
101
___________________________________________________________________________
TABELA 18
Valores das razões das medidas cardíacas avaliadas e o comprimento do fêmur
de acordo com o estado transfusional
Estado transfusional DBVE/CF MínimoMáximoMédia Mediana DP Valor p
Transfundido (N=90) 0,429 0,913 0,594 0,586 0,074 0,742
Não transfundido (N=49) 0,428 1,000 0,590 0,580 0,099 -
Estado transfusional DAV/CF MínimoMáximoMédia Mediana DP Valor p
Transfundido (N=90) 0,431 0,814 0,658 0,648 0,086 0,607
Não transfundido (N=49) 0,434 1,035 0,669 0,645 0,130 -
Estado transfusional CC/CF MínimoMáximoMédia Mediana DP Valor p
Transfundido (N=90) 1,516 2,394 1,966 1,933 0,213 0,861
Não transfundido (N=49) 1,452 3,194 1,975 1,913 0,325 -
Foram construídas curvas ROC e, a partir delas, escolheram-se os
melhores pontos de corte e calcularam-se as medidas de validação, como
sensibilidade, especificidade, VPP e VPN para as razões das medidas cardíacas
avaliadas e o CF no diagnóstico da anemia moderada e grave (GRÁF. 14, 15 e 16
e TAB. 19). Em todos os casos, os valores de p foram menores que 0,05,
portanto, significativos.
5 RESULTADOS
102
___________________________________________________________________________
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
1 - Especificidade
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Sensibilidade
GRÁFICO 14 - Curva ROC da razão diâmetro biventricular externo e
comprimento do fêmur (DBVE/CF) para o diagnóstico de anemia
moderada e grave (Área= 0,705 e valor p < 0,001).
5 RESULTADOS
103
___________________________________________________________________________
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
1 - Especificidade
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Sensibilidade
GRÁFICO 15 - Curva ROC da razão diâmetro atrioventricular e comprimento do
fêmur (DAV/CF) para o diagnóstico de anemia moderada e grave
(Área= 0,647 e valor p=0,008).
5 RESULTADOS
104
___________________________________________________________________________
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
1 - Especificidade
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Sensibilidade
GRÁFICO 16 - Curva ROC da razão circunferência cardíaca e comprimento do
fêmur (CC/CF) para o diagnóstico de anemia moderada e grave
(Área= 0,690 e valor p=0,001).
5 RESULTADOS
105
___________________________________________________________________________
TABELA 19
Acuidade diagnóstica das razões das medidas cardíacas avaliadas e o
comprimento do fêmur (MC/CF) para a detecção da anemia moderada e grave
MC / CF
Ponto
de
Corte
Sensi-
bilidade
Espe-
cificidade
Valor
Preditivo
Positivo
Valor
Preditivo
Negativo
Acurácia
DBVE/CF
0,593
71,1%
(IC 95%=
56,6 -
85,5%)
66,3%
(IC 95%=
57,1 -
75,6%)
44,3%
(IC 95%=
31,8 -
56,7%)
85,9%
(IC 95%=
78,2 -
93,6%)
67,6%
DAV/CF
0,653
65,8%
(IC 95%=
50,7 -
80,9%)
62,4%
(IC 95%=
52,9 -
71,8%)
39,7%
(IC 95%=
27,6 -
51,8%)
82,9%
(IC 95%=
74,4 -
91,4%)
63,3%
CC/CF
1,927
73,7%
(IC 95%=
59,7 -
87,7%)
60,4%
(IC 95%=
50,9 -
69,9%)
41,2%
(IC 95%=
29,5 -
52,9%)
85,9%
(IC 95%=
77,8 -
94,0%)
64,0%
6 COMENTÁRIOS
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
107
6.1 Por que estudar as gestações com ISO?
Apesar do advento da imunoglobulina antiD para a prevenção da ISO
causada pelo antígeno D, a DHPN continua a ocorrer, de forma ainda expressiva,
no nosso e em vários outros países, devido à falta ou à falha da profilaxia ou à
sensibilização materna por outros antígenos cuja prevenção não está ainda
disponível. No acompanhamento às gestantes com ISO, é imperioso determinar o
grau de anemia fetal com o objetivo de intervir - com o tratamento intra-útero ou
com a antecipação do parto. Essa conduta permitirá não só maior sobrevida
perinatal, como também melhoria nas condições de nascimento do feto
comprometido.
6.2 Por que buscar métodos diagnósticos não invasivos de anemia fetal?
Tradicionalmente, o diagnóstico da anemia fetal inicia-se com métodos
clínicos e laboratoriais indiretos, menos sensíveis e também menos
intervencionistas, como a história obstétrica detalhada e avaliações do tipo e do
nível dos anticorpos hemolíticos na circulação materna (SAADE, 2000).
Na década de 60, inicia-se a era dos procedimentos invasivos; a partir
da amniocentese, a dosagem de bilirrubina no líquido amniótico tem como
objetivo fornecer a estimativa do grau de anemia fetal (BANG; NORTHEVED,
1972; LILEY, 1960; 1961; ROBERTSON, 1966).
Nos anos 80, a cordocentese se consagra como método invasivo de
acesso direto aos vasos umbilicais do feto, para fins propedêuticos e terapêuticos,
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
108
destacando-se, em relação à ISO, a determinação exata da concentração da
hemoglobina e do grau de anemia fetal, estabelecendo-se parâmetros objetivos
para a TIU (BANG; BOCK; TROLLE, 1982; BARSS et al., 1988; BERKOWITZ et
al., 1987; DAFFOS; CAPELLA-PAVLOVSKY; FORESTIER, 1983; 1985;
VALENTI, 1972; 1973).
No entanto, como é amplamente reconhecido, a morbimortalidade da
DHPN está relacionada não apenas à própria doença, mas também às limitações
e complicações associadas à realização desses procedimentos invasivos.
A amniocentese para a determinação da concentração da bilirrubina no
líquido amniótico tem sido, ao longo dos anos, o teste mais utilizado para a
predição da gravidade da DHPN. Entretanto, já há algum tempo sua
confiabilidade tem sido questionada. A presença de substâncias no líquido
amniótico, como sangue, líquido ascítico fetal ou materno e mecônio, pode
conduzir a erros de interpretação dos resultados. Ainda, a exposição do líquido
amniótico à luz e a existência de determinadas malformações (defeitos do tubo
neural e lesões do trato gastrointestinal) que produzem polidrâmnio invalidam o
método (BOWMAN, 1999; SPINNATO et al., 1991).
Além disso, a ISO pelo antígeno Kell não pode ser acompanhada com
segurança pela amniocentese, uma vez que o mecanismo da anemia não é a lise
das hemácias, mas a inibição da hematopoiese pela destruição de precursores
dos eritrócitos sem hemoglobina ou incompletamente hemoglobinados
(VAUGHAN et al., 1994; WEINER; WIDNESS, 1996).
As evidências sugerem que as medidas de bilirrubina têm valor limitado
no segundo trimestre de gestação (NICOLAIDES et al., 1986b).
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
109
Quanto às complicações do procedimento, as taxas de perda fetais
associadas à amniocentese situam-se entre 0,25 e 1% por procedimento e as de
hemorragias feto-maternas que podem exacerbar o grau da doença podem
ocorrer entre 2,3 e 17% dos casos (OEPKES, 2000) ou entre 6 e 15%
(HARKNESS; SPINNATO, 2004).
No nosso meio, Corrêa (1982) relatou taxa de complicações de 7,78%
em 1424 amniocenteses em gestantes com ISO. Ocorreram punções
hemorrágicas (5,62%), partos prematuros (0,84%), ruptura prematura de
membranas (0,56%), punções sem sucesso (0,42%), descolamento prematuro de
placenta (0,14%) e perda fetal (0,28%). A ocorrência de hemorragia feto-materna
foi de 17%.
A cordocentese permite o acesso direto à circulação fetal e a obtenção
de importantes parâmetros laboratoriais, como o hematócrito e a concentração de
hemoglobina, o teste de Coombs direto, o tipo sangüíneo fetal, a contagem de
reticulócitos e a dosagem de bilirrubina (MOISE JR., 2002). No entanto, mesmo
em mãos experientes, a cordocentese tem risco estimado de morte intra-útero de
1,1%, de aborto espontâneo de 0,8%; de parto pré-termo de 5% e de incidência
de hemorragia feto-materna de 40% (DAFFOS; CAPELLA-PAVLOVSKY;
FORESTIER, 1985; HARKNESS; SPINNATO, 2004).
A punção inadvertida das artérias funiculares pode ocorrer, provocando
bradicardia e sofrimento fetal (BERNASCHEK et al., 1995; VAN KAMP et al.,
2005; WEINER; OKAMURA, 1996).
De acordo com Oepkes (2000), o risco de perda fetal na cordocentese
varia de 0,2 a 7% por procedimento. Para Tongsong et al. (2001) é em torno de
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
110
1,4% no segundo trimestre e para Ghidini et al. (1993) é de 2,7%, considerando
uma estimativa conservadora de risco na execução do procedimento.
Nos casos de placenta com inserção anterior, a cordocentese
transplacentária está definitivamente associada à hemorragia feto-materna e ao
aumento da sensibilização. De acordo com Oepkes (2000) e Moise Jr. (2002), a
cordocentese só deve ser indicada quando os outros testes demonstrarem que é
alta a probabilidade de anemia de grau pelo menos moderado, com o objetivo de
ser seguida de TIU. Oepkes (2000) ainda acrescenta que há relatos de hidropisia
e óbito fetais devidos à anemia grave precoce a partir de 17 semanas de
gestação, sendo necessários testes não invasivos mais confiáveis para predizer a
concentração de hemoglobina nessas gestações antes do procedimento invasivo.
Mari (2000) e Mari et al., 2002 constataram que 70% dos fetos que são
encaminhados para a cordocentese não estão anêmicos ou apresentam anemia
leve e, conseqüentemente, o procedimento poderia e deveria ter sido evitado ou
adiado. No primeiro estudo, o autor relata que nos EUA ocorrem 4 milhões de
nascimentos ao ano, com 4.000 gestações complicadas por ISO por antígenos
anti-Rh e 10.000 com ISO por outros antígenos. Desse total apenas 10% (1.400)
dos fetos têm necessidade de TIU antes da 34
a
semana. Os 90% restantes não
estão acometidos ou são portadores apenas de anemia leve. Se cada feto com
risco de anemia for submetido a apenas uma cordocentese (o que em geral não
ocorre, sendo necessários vários desses procedimentos), é estimada perda de
140 fetos por ano se, numa previsão otimista, as intervenções forem realizadas
por profissionais experientes.
Dessa forma, atualmente, duas condutas têm sido propostas pelos
investigadores para o acompanhamento dos fetos com risco de anemia. Alguns
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
111
propõem o uso primário e liberal da coleta de amostra de sangue do cordão para
ter a certeza do grau de comprometimento fetal; outros sugerem o uso de
recursos não invasivos, como a US e a DP, a fim de melhorar-se a seleção dos
casos para o procedimento invasivo, tanto diagnóstico quanto terapêutico
(OEPKES, 2000). A determinação do fator Rh dos fetos, em sangue periférico das
gestantes com ISO, permitirá, ainda - excluir das condutas anteriores - os fetos
Rh negativo, sem necessidades especiais de propedêutica (LO et al ., 1993).
É evidente que o desenvolvimento e o aprimoramento dos métodos não
invasivos de detecção da anemia levarão à prevenção de complicações e a
melhorias no acompanhamento aos fetos de risco. Teoricamente, as técnicas de
US e de DP que detectam alterações biofísicas e hemodinâmicas associadas à
anemia fetal têm o potencial de desenvolver testes não invasivos eficazes.
No entanto, Divakaran et al. (2001), em revisão de estudos com a
utilização dessas técnicas não invasivas de detecção da anemia fetal por ISO,
encontraram na literatura especializada 1.248 trabalhos, dos quais 98 foram
considerados inicialmente relevantes. Destes, 48 foram selecionados e apenas
oito eleitos para inclusão na revisão. Mas, nenhum parâmetro avaliado à US ou à
DP obteve acuidade suficiente para uso clínico. Apenas o estudo de Mari (2000),
com a utilização da DP da ACM, foi classificado como de nível 1, tendo sido o de
melhor qualidade entre os avaliados, apesar de não ter atingido resultados
considerados satisfatórios para sua utilização na clínica (razão de probabilidade
positiva=8,45, IC=95%, portanto, < 10).
Descrições de acompanhamentos não invasivos de US de fetos com
anemia têm sido amplamente publicadas na literatura, pois esse método é de fácil
realização em serviços de atenção primária. Existe, porém, até hoje, uma
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
112
deficiência dessa técnica para reconhecer a anemia fetal considerável, sem a
evidência de sinais de hidropisia, como já há muito haviam relatado Nicolaides et
al. (1988a; 1988c). No entanto, sabe-se que a presença de hidropisia reduz a
sobrevida perinatal, mesmo após o tratamento com a TIU, de até 90% para até
25% (MOISE JR., 2002). A mortalidade dos fetos hidrópicos foi relatada por Van
Kamp et al. (2001) em uma revisão de 18 estudos, como sendo, em média, de
31% , variando entre 9 e 50%.
O ideal seria o desenvolvimento e a incorporação de métodos não
invasivos que permitissem o diagnóstico da anemia fetal de moderada a grave
antes do aparecimento da hidropisia. A monitorização não invasiva de fetos
comprometidos pela anemia conduziria à diminuição dos riscos associados aos
procedimentos invasivos e à sua repetição. Assim, o tratamento intra-útero
adequado poderia ser realizado de maneira oportuna e com riscos compensados
pelo benefício proporcionado, com melhora do prognóstico.
6.3 Por que avaliar o tamanho do coração fetal?
A anemia fetal está associada à diminuição da viscosidade sangüínea e
à presença de hipóxia, que produzem aumento da velocidade do sangue.
O coração fetal tem capacidade limitada de aumentar o volume de
ejeção pelo aumento das pressões de enchimento diastólicas, pois os ventrículos
operam no ápice de suas curvas de funcionamento. A explicação provável para
esse fato, isto é, a atuação reduzida dos mecanismos de Frank-Starling no
miocárdio fetal, é a própria imaturidade e a maior rigidez desse órgão. Além disso,
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
113
o coração fetal apresenta habilidade reduzida de contrair-se e complacência
diminuída.
Isto ocorre provavelmente porque existem diferenças estruturais entre o
miocárdio fetal e o do adulto. No feto, o sistema de túbulos-T e de miofibrilas é
menos organizado e apresenta diferenças na entrada de cálcio no retículo
sarcoplasmático. Há, ainda, uma inervação simpática reduzida no miocárdio mais
imaturo; os miócitos são menores, têm uma quantidade menor de mitocôndrias,
retículos sarcoplasmáticos, miofilamentos, adrenoreceptores e túbulos-T e altas
concentrações de ácido desoxirribonucléico (DNA), refletindo o grande número de
núcleos. Ao contrário da vida pós-natal, o crescimento do miocárdio e a elevação
da carga de trabalho no feto resultam mais do aumento do número de células
(hiperplasia) que do crescimento das células (hipertrofia). A fonte de energia do
miocárdio fetal deriva quase que exclusivamente da glicose e do adulto de ácidos
graxos (HUHTA, 2005).
No feto, a hiperplasia e a hipertrofia cardíacas parecem se desenvolver
numa tentativa de normalizar o estresse imposto às paredes do miocárdio. Na
situação em questão, em que ocorre sobrecarga de volume ou da tensão
diastólica (aumento da pré-carga), predominam padrões de hipertrofia excêntrica
(síntese de sarcômeros em série, ao invés de em paralelo) - (DAVIS et al., 1996).
Contudo, a existência de três shunts (duto venoso, forame oval e duto
arterioso) - o que permite o funcionamento de duas circulações em paralelo (ao
invés de uma circulação em série, como no adulto) - e, ainda, a capacidade do
metabolismo fetal de extrair oxigênio em baixos níveis de saturação parecem
surpreendentemente fazer do coração fetal uma estrutura flexível, que se adapta
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
114
a várias situações adversas, inclusive ao estado anêmico intra-uterino (KISERUD,
2005).
Dessa forma, os fetos de animais e de humanos respondem à anemia
significativa, aumentando o débito cardíaco de 30% a até 50%, a partir da
elevação do volume de ejeção, pois a freqüência cardíaca apresenta pequenos
aumentos, de no máximo 15% (COPEL et al., 1989; DAVIS et al., 1996). O estado
de circulação hiperdinâmica é produzido com a finalidade de manter a oxigenação
tissular. Com o esgotamento dos mecanismos de adaptação, começa a ocorrer
perfusão inadequada dos tecidos, com conseqüente acidose, estado que
desencadeia a insuficiência cardíaca, tanto no pré quanto no pós-natal (HUTHA;
WEIL-CHALTER; PAGOTTO, 2000). E, como a reserva cardíaca fetal é limitada
ou até reduzida, o feto apresenta suscetibilidade para a descompensação da
função miocárdica. A persistência do quadro de alto débito conduz à elevação da
pressão intra-atrial direita e repercussão no compartimento venoso contíguo
(NICOLINI et al., 1989).
A hidropisia constitui o sinal máximo da descompensação cardíaca e a
sua detecção foi a pedra angular da avaliação da anemia fetal com a US. No
entanto, considera-se hoje que o desenvolvimento da hidropisia seja uma falha do
acompanhamento a essas gestações e que esse estágio grave da doença fetal
deve ser prevenido com o objetivo de se alcançar melhores resultados perinatais.
A presença de hidropisia não tem sido considerada um parâmetro útil na predição
da gravidade da doença. A detecção de sinais precoces de insuficiência cardíaca,
ainda com certo grau de compensação, é necessária.
Mas, a ausência de hidropisia em fetos com anemia grave tem sido
relatada, geralmente em casos submetidos anteriormente à TIU. Além da baixa
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
115
concentração de hemoglobina, a duração da anemia grave pode também ser um
determinante da ocorrência de hidropisia (NICOLAIDES; WARENSKI; RODECK,
1985). E, ao lado disso, nesses fetos já transfundidos, a concentração de
hemoglobina de adulto, cujo comportamento difere da hemoglobina fetal, é
significativa, o que também influencia a geração da hidropisia.
O marcador de mais utilidade na predição da morte perinatal na
hidropisia fetal é a presença de pulsações da veia umbilical (GUDMUNDSON et
al., 1991), assim como o caminho mais comum para a perda perinatal é o
comprometimento do débito cardíaco, ou seja, a insuficiência cardíaca
descompensada (HUHTA, 2005).
O diagnóstico de insuficiência cardíaca nos neonatos e nas crianças, é
realizado, observando-se a tétrade clínica clássica, composta de cardiomegalia,
taquicardia, taquipnéia e hepatomegalia. No feto, o diagnóstico é definido por pelo
menos quatro tipos de achados, que podem ser encontrados antes do
aparecimento da hidropisia, podem ser rastreados por meio da US e da DP e
estão correlacionados com o prognóstico na literatura. São os que se seguem:
Cardiomegalia.
Alterações da DP arterial (redistribuição do débito cardíaco).
Alterações da DP venosa.
Alterações da função miocárdica.
A cardiomegalia é sinal universal da insuficiência cardíaca tanto na vida
pós-natal quanto na pré-natal. No feto, já foi demonstrado que o aumento das
câmaras cardíacas está associado à elevação da pressão venosa umbilical, que
reflete o aumento da pressão venosa central (JOHNSON et al., 1992).
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
116
No entanto, Hutha, Weil-Chalter e Pagotto (2000) referenciam que os
mecanismos que causam a cardiomegalia são ainda pouco compreendidos. É
provável que, com a diminuição da oxigenação tissular, os reflexos neuro-
humorais sejam desencadeados, resultando a retenção do volume extracelular, o
que leva ao aumento do volume diastólico final dos ventrículos. O aumento das
câmaras ventriculares indica elevação das pressões diastólicas finais.
Diferentemente da insuficiência cardíaca pós-natal, na fase pré-natal não existe
taquicardia persistente com sinais de excesso de catecolaminas. É provável que
as concentrações desses agentes humorais sejam alteradas pelos mecanismos
de troca materno-fetais existentes quando a placenta funciona normalmente.
6.4 Por que avaliar o DBVE, o DAV e a CC fetal?
O feto anêmico responde à anemia com elevação do débito cardíaco
secundária ao aumento da pré-carga e do volume de ejeção. Os ventrículos são
as câmaras que mais contribuem para o débito de trabalho do miocárdio fetal
devido ao grande volume e pressão que performam e o ventrículo direito é a
câmara que mais freqüentemente demonstra alterações em situações clínicas
associadas ao aumento da carga de trabalho. As câmaras atriais (principalmente
a direita) são o receptáculo final de todo o fluxo sangüíneo que retorna ao coração
e também manifestarão aumento de tamanho em situações de aumento da
pressão ventricular diastólica final.
Tendo em vista essas constatações e a presença no feto de duas
circulações em paralelo, lógico seria, então, considerar o aumento dos
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
117
ventrículos, dos átrios e de todo o coração na resposta cardíaca provocada pelo
estado anêmico fetal. Foi esta a proposta e o realizado neste trabalho.
Os trabalhos de De Vore, Siassi e Platt (1984; 1985) proporcionaram a
Ouzounian et al. (1997) a realização de um estudo que correlacionou, de forma
significativa, a razão entre o DBVE e o CF e determinadas características no
período neonatal (hematócrito, necessidade de transfusão e permanência em
unidades de tratamento intensivo).
O único trabalho encontrado na literatura científica mundial que
correlacionou a concentração de hemoglobina fetal de gestantes com ISO e o
então já denominado índice cardiofemoral foi realizado no CEMEFE do HC da
UFMG. Além disso, constatou-se a aplicabilidade clínica para esse achado
(BARCELOS, 2003; CABRAL et al., 2005).
Considerando-se o aumento global do coração na anemia fetal, alguns
estudos já correlacionaram, de forma direta, o aumento do índice cardiotorácico e
a anemia fetal, principalmente a causada pela alfa-talassemia, uma alteração
autossômica recessiva responsável por 60 a 90% dos casos de hidropisia no
sudeste asiático (LAM et al, 1999; TONGSONG et al., 1999; 2004). No entanto,
esses trabalhos foram direcionados para a predição da presença da doença e não
para a intensidade da anemia. Não foi encontrado estudo correlacionando o
índice cardiotorácico e o grau de anemia fetal de qualquer etiologia.
Tendo em vista ainda, e principalmente, o estudo de Jordaan (1987),
que apresentou correlações diretas entre a CC e vários parâmetros da US de
crescimento fetal, inclusive peso e idade gestacional e as várias curvas de
normalidade de medidas cardíacas publicadas e anteriormente citadas,
obtiveram-se o incentivo e o respaldo científico necessário para a avaliação
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
118
isolada do aumento global do coração, independentemente de sua relação com o
tórax, como era prática comum até então.
O DBVE, o DAV, a CC e o CF compõem parâmetros independentes da
idade gestacional. É possível a utilização desses índices, pois são variáveis de
crescimento constante e proporcional no decorrer de toda a gestação. As
limitações do uso dessas medidas encontram-se nos casos de malformações
cardíacas, nas alterações de crescimento dos ossos longos e no crescimento
intra-uterino restrito.
Percebeu-se ainda, que as medidas utilizadas neste estudo - do
coração e do fêmur fetais - são de fácil obtenção, considerando-se que o exame
rotineiro de US obstétrica já inclui a visão das câmaras cardíacas e a avaliação do
tamanho desse osso.
6.5 Modelo de resposta fisiopatológica do coração fetal à anemia
Um modelo de resposta hemodinâmica fisiológica do feto à anemia
poderia ser proposto com os resultados encontrados neste estudo.
O processo hemolítico da anemia crônica leva à diminuição do
hematócrito, com redução simultânea da viscosidade sangüínea. Paralelamente,
há redução do suprimento de oxigênio às células e tecidos, com sofrimento
metabólico por hipóxia e acidemia.
O débito cardíaco tende a se adequar a essas alterações
hematológicas e metabólicas que ocorrem em todos os seres, tanto animais
quanto humanos, e em todas as fases, tanto na adulta quanto na fetal.
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
119
Nessas situações, ocorre um pronto e contínuo aumento desse
parâmetro, à custa, principalmente, do aumento do volume sistólico ou de ejeção
(débito cardíaco= volume sistólico x freqüência cardíaca) e em decorrência,
principalmente, da elevação do retorno venoso. Simultaneamente, o aumento do
débito cardíaco conduz rapidamente ao aumento no volume de sangue que
retorna ao coração direito na diástole ventricular (pré-carga).
O estado de hipóxia assocido à elevação do retorno venoso provoca no
coração maior estiramento das fibras miocárdicas. Seguem-se contrações
cardíacas mais vigorosas com a finalidade de melhorar o esvaziamento
ventricular (princípio de Frank-Starling) e aumento do débito cardíaco.
A diminuição da viscosidade sangüínea associada ao estado de
circulação hiperdinâmica produz alterações - demonstradas e amplamente
apontadas na literatura - na DP arterial.
A sobrecarga de volume conduz a dilatação ventricular, principalmente
do ventrículo direito, que se traduz pelo aumento do DBVE.
Em todo esse contexto, onde predomina a dilatação cardíaca, acontece
também a instalação de hiperplasia e hipertrofia ventriculares, como outros
mecanismos de importância para a compensação cardíaca.
A partir de determinado momento e dentro desse estado de circulação
de alto débito, a pressão diastólica final atinge valores elevados e é, então,
transmitida retrogradamente aos átrios, principalmente o direito, sendo traduzida e
demonstrada essa situação pelo aumento do DAV.
O aumento das câmaras ventriculares e atriais determina, mais uma
vez, elevação compensatória do débito cardíaco.
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
120
Todavia, o aumento dessas câmaras como mecanismo compensatório
tem limitações. O aumento dos ventrículos eleva a tensão nas paredes (lei de
Laplace), resultando em mais necessidade de oxigênio pelo miocárdio e
diminuindo, a seguir, a eficiência da contração. Mais tarde, na evolução do estado
de sobrecarga de volume, em especial quando a dilatação ventricular atinge sua
capacidade máxima, a fração de ejeção usualmente diminui. Pode ser que o
aumento excessivo da pré-carga leve ao estiramento dos sarcômeros, além,
talvez, de sua capacidade máxima, o que pode ser deletério para o coração.
Com o agravamento da anemia, o processo de compensação cardíaca
de alto débito é esgotado, ocorre a falência ventricular e há aumento progressivo
dos volumes residuais sistólico e diastólico, com elevação progressiva na pressão
diastólica final.
A seguir, vencida a capacidade de receptação dos átrios direito (por
meio da veia umbilical, duto venoso e veia cava inferior) e esquerdo (por meio do
forame oval) de todo o volume de sangue venoso que retorna ao coração, ocorre
aumento da pressão intra-atrial direita e repercussão no compartimento vascular
venoso contíguo. Essas alterações são, então, detectáveis pela DP venosa (FIG.
6).
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
121
FIGURA 6 - Modelo de resposta fisiopatológica do coração fetal à anemia.
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
122
6.6 Comentários finais
O objetivo principal deste estudo foi verificar e correlacionar medidas de
avaliação do tamanho do coração com a anemia em fetos de gestantes com ISO.
Para alcançá-lo, foram selecionadas, de acordo com os critérios de inclusão e
exclusão, 56 mulheres com ISO em 60 gestações únicas nas quais foram
realizadas 139 avaliações ultra-sonográficas das medidas cardíacas e do CF,
seguidas de cordocentese para a coleta de amostra de sangue fetal para
determinação da concentração de hemoglobina. Foram realizados, em média, 2,3
procedimentos por feto.
O grupo de gestantes selecionadas foi composto predominantemente
de mulheres multíparas, sendo que a mediana do número de gestações situou-se
em três e que 75% das grávidas estavam no mínimo na terceira gestação.
A mediana de idade foi de 28 anos e a maioria das gestantes (67%)
tinha entre 25 e 34 anos. A maioria (80%) era do grupo sangüíneo A ou O e 86%
eram portadoras do anticorpo D ou D/C.
Esses dados confirmam que em nossa população há preponderância
de multíparas, com ISO predominantemente pelos antígenos do grupo Rh,
especialmente do antígeno D, em relação aos outros antígenos.
Também grande parte (77%) apresentava ISO devido provavelmente à
falta de uso da imunoglobulina, refletindo as falhas de profilaxia da doença ainda
presentes na realidade de nosso país. A principal causa de ISO materna
relacionou-se às de origem obstétrica, principalmente à falta de imunoprofilaxia no
pós-parto ou no pós-aborto. Esse quadro poderia ser facilmente revertido com o
uso adequado da imunoglobulina antiD nas indicações obstétricas adequadas.
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
123
A mediana de idade gestacional no momento do procedimento foi de 29
semanas, sendo que 72% dos fetos submetidos aos procedimentos tinham entre
25 e 32 semanas; 45% dos procedimentos foram realizados no último trimestre da
gestação, podendo-se constatar o referenciamento tardio das pacientes.
Constatou-se que a metodologia utilizada pelos vários autores não é
uniforme em relação às curvas de normalidade e aos critérios adotados para
classificar ou graduar a anemia fetal. Esse fato dificultou a comparação dos
diversos estudos que tratam dos vários aspectos da doença, não apenas os
propedêuticos, como também os terapêuticos. O mesmo foi observado e
amplamente analisado por Divakaran et al. (2001).
Cabral et al. (2005) encontraram correlações inversas e significativas
entre a razão DBVE e CF e os valores absolutos da concentração da
hemoglobina. Consideraram a presença de anemia fetal quando a concentração
de hemoglobina encontrada foi menor que 10g/dl. No presente estudo, utilizou-se
o conceito de déficit de hemoglobina conforme a curva de normalidade de
Nicolaides et al. (1988 b). Essa definição se refere à diferença entre a
hemoglobina encontrada e a esperada em determinada idade gestacional.
Portanto, o conceito de anemia fetal é depurado de influências, como peso e
idade gestacional, conforme a curva de normalidade de Nicolaides et al. (1988b).
No presente trabalho, constatou-se que no momento dos
procedimentos não havia anemia ou a anemia fetal era leve em 73% dos casos.
Em 27,4% a anemia existente era moderada ou grave.
Cabral et al. (2005) encontraram 36,2% (47 casos em 130) de anemia
fetal (concentração de hemoglobina abaixo de 10g/dl).
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
124
De maneira semelhante, na série de Mari (2000), de avaliação da
velocidade da ACM na predição da anemia fetal na ISO, 69% dos fetos foram
considerados sem anemia ou portadores de anemia leve. Em 31% dos casos, a
anemia presente foi considerada moderada ou grave.
Apesar das semelhanças na distribuição dos casos de acordo com a
presença ou não de anemia significativa, é importante lembrar que a metodologia
utilizada nesses três estudos foi diversa em relação aos critérios para classificar a
anemia e as curvas de normalidade de referência adotadas. Mas, Mari (2005)
descreveu, de maneira bastante enfática, que de uma maneira geral, 70% dos
procedimentos invasivos realizados são na prática, desnecessários. A distribuição
dos casos, de acordo com a presença ou não de anemia significativa, tanto neste
estudo quanto na série de Mari (2000), reforça a necessidade de uma seleção
mais adequada dos fetos para o procedimento invasivo, baseada em um método
não invasivo.
A distribuição dos casos quanto à ausência ou à presença de hidropisia,
no momento da realização dos procedimentos foi, respectivamente, de 73 e 27%.
No entanto, como a amostra foi composta em sua maioria de fetos já
transfundidos e com períodos de tempo diferentes de exposição à anemia, esse
procedimento terapêutico e essa situação podem ter influenciado os resultados
encontrados.
Encontraram-se, no presente trabalho, correlações diretas e
significativas (valores de p menores que 0,05) entre as razões das medidas ultra-
sonográficas cardíacas avaliadas e o CF e o Déf Hb (r=0,344 para o DBVE/CF,
r=0,237 para o DAV/CF e r=0,325 para a CC/CF). Quanto maiores os déficits de
hemoglobina, maiores as razões das medidas cardíacas avaliadas e o
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
125
comprimento do fêmur. Foram construídas equações de regressão para as três
razões avaliadas em relação ao Déf Hb, sendo que os valores de p foram também
significativos (p < 0,001 para o DBVE/CF, p=0,005 para a DAV/CF e p < 0,001
para a CC/CF) - (valores de p<0,05).
As correlações estatisticamente significativas entre os parâmetros
analisados indicaram a possibilidade dessas avaliações se constituírem em um
método de rastreamento inicial da anemia fetal e de monitorização do tratamento.
A melhor correlação encontrada foi da razão entre o DBVE e o CF com
o Déf Hb (r=0,344), provavelmente porque os ventrículos são as câmaras que
demonstram mais alterações quando ocorre aumento da carga de trabalho. O
ventrículo direito é o que mais contribui para o débito de trabalho do miocárdio
fetal devido ao grande volume e pressão que performa.
Cabral et al. (2005) também constataram correlação significativa e
inversa entre o índice cardiofemoral e a anemia fetal.
Os aumentos das três razões das medidas cardíacas avaliadas e do
comprimento do fêmur com a elevação dos déficits de hemoglobina encontrados
neste estudo denotam o aumento do coração como um todo, dos átrios e dos
ventrículos, no processo de agravamento da anemia fetal. Confirmam a
participação de todas as câmaras cardíacas e refletem suas modificações e
adaptações frente ao processo anêmico. O átrio direito é o centro da circulação
fetal, portanto, qualquer aumento de fluxo para o coração, como na anemia, se
traduzirá em aumento dos dois átrios, posto que se comunicam. Huhta (2005)
preconizou que, no início da resposta hemodinânmica, o aumento da pressão
atrial sem ainda a ocorrência da elevação do trabalho ventricular pode se
constituir em um marcador precoce de descompensação cardíaca. A secreção do
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
126
peptídeo natriurético seria um marcador desse achado e, nessa situação, o feto
ainda não apresenta alterações clínicas. Huhta, Weil-Chalter e Pagotto (2000)
relataram que, em fase subseqüente, vencida a capacidade ventricular de
aumento do débito cardíaco, a câmara que mais comumente expressa aumento
como sinal de descompensação iminente é o átrio direito, fato este também já
antes observado por Lysikiewicz, Bracero e Telani (1993). O aumento da razão
entre o DAV e o CF talvez possa ser utilizado, em outro estudo, para a detecção
precoce da descompensação cardíaca, antes da instalação das alterações no
compartimento venoso, detectáveis à DP.
Após a TIU, as características físicas do sangue fetal alteram-se, uma
vez que o mesmo é substituído por sangue com células de adulto. Quando
comparadas com as hemácias fetais, as células de adulto têm menor volume e
mais rigidez, capacidade diminuída de oxigenação e mais propensão à agregação
quando presentes na circulação fetal (EL BOUHMADI et al., 2000; WELCH et al,
1994). Não é conhecido em que grau essas alterações na composição do sangue
são responsáveis por alterações na hemodinâmica circulatória fetal. No entanto,
neste estudo, a análise comparativa entre as médias dos valores das razões das
medidas cardíacas avaliadas dos dois grupos de fetos (sem TIU anteriores e
aqueles já transfundidos) evidenciou que foram estatisticamente semelhantes.
Conclusões semelhantes foram apresentadas por Detti et al. (2001) e
Mari et al. (2005) em estudos de correlação do PVS-ACM e o Déf Hb em fetos
após duas TIUs. De acordo com Welch et al. (1994), a alteração do hematócrito
seria o fator mais importante na mudança da viscosidade do sangue, o que
influenciaria diretamente a hemodinâmica circulatória fetal.
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
127
Apesar de não se constituir em objetivo principal deste trabalho,
avaliou-se a acuidade das razões das medidas cardíacas avaliadas e o CF na
predição de anemia moderada e grave. Levando-se em consideração o balanço
entre sensibilidade e especificidade, as sensibilidades encontradas para a
DBVE/CF, DAV/CF e CC/CF foram, respectivamente, 71,1, 65,8 e 73,3%. As
especificidades correspondentes e respectivas foram de 66,3, 62,4 e de 60,4%.
Nas curvas ROC construídas, os valores de p encontrados foram p< 0,001 para a
DBVE/CF; p=0,008 para a DAV/CF e p=0,001 para a CC/CF, mostrando
significância.
O melhor teste diagnóstico para predizer a anemia fetal deve ter boa
sensibilidade, baixa taxa de falso-positivo e risco mínimo para o feto. A
porcentagem de falso-positivos encontrada para as razões das medidas cardíacas
avaliadas foi de 33,7, 37,6 e 39,6%. Isto implica que, se a cordocentese fosse
realizada baseada nessas avaliações, aproximadamente 37% dos fetos se
submeteriam ao procedimento desnecessariamente. Embora possa ser atingida
sensibilidade mais alta com pontos de corte mais baixos, mais fetos identificados
dessa maneira seriam falso-positivos, aumentando o número de procedimentos
invasivos. Por outro lado, a porcentagem de fetos sem anemia moderada ou
grave encaminhados para a cordocentese através desse método (falso-negativos)
seria, respectivamente, de 28,9, 34,2 e 26,7%, média de 30%.
Comparando a acurácia obtida pelas três razões (68, 63 e 64%), a
melhor foi a da DBVE/CF (ou do índice cardiofemoral), provavelmente por serem
as câmaras ventriculares as primeiras a se hipertrofiarem e dilatarem e pela maior
participação dos ventrículos no aumento global do coração. Os valores de
predição negativa (85,9, 82,9 e 85,9%) foram muito mais altos que os de predição
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
128
positiva (44,3, 39,7 e 41,2%). A tradução desses achados é que o método tem
melhor capacidade de detecção dos fetos não anêmicos que dos anêmicos, o que
pode apresentar vantagens e desvantagens. Uma das vantagens é a relativa
segurança frente ao teste negativo. Porém, o teste positivo careceria de
confirmação ou associação com outros testes.
Cabral et al. (2005) verificaram sensibilidade e especificidade de 80,9 e
83,1% , respectivamente para o índice cardiofemoral na predição da anemia fetal.
Comparando-se os resultados obtidos neste estudo com o teste
considerado padrão-ouro (dosagem de hemoglobina em amostra de sangue do
cordão umbilical), o valor clínico dessas medidas pode consistir em melhor
selecionar os fetos em risco de anemia moderada e grave e, conseqüentemente,
reduzir o número de pacientes que necessitem ser encaminhadas para teste
invasivo que envolve risco fetal. A determinação não invasiva relativamente
simples e repetida dessas medidas poderá, isolada ou conjuntamente a outros
métodos não invasivos (especialmente a DP), possibilitar a intervenção
terapêutica mais precoce - possivelmente antes do aparecimento da
descompensação cardíaca e da hidropisia e da ocorrência do óbito fetal antes do
próximo atendimento.
A acurácia dos testes não invasivos para a predição da anemia deve
ser melhorada o suficiente para que possam ser incorporados aos protocolos de
acompanhamento de ISO, possivelmente substituindo completamente a
amniocentese. Estudos prospectivos com o objetivo de provar essa hipótese
estão atualmente sendo conduzidos (OEPKES, 2000; WHITECAR; MOISE, 2000).
Os resultados deste trabalho permitem dizer que as medidas ultra-
sonográficas cardíacas avaliadas têm valor para estimar o risco de anemia
6 COMENTÁRIOS
________________________________________________________________________
129
moderada e grave em fetos de gestantes com ISO. Podem ser marcadores
promissores na contribuição da redução do número de intervenções invasivas e
na determinação do momento da TIU e, conseqüentemente, diminuir a
morbimortalidade. Essa técnica poderia ser também utilizada em combinação com
outras não invasivas. Mas a aplicação clínica dessas avaliações deve aguardar a
validação de sua acuidade e precisão por outros estudos prospectivos, em um
número muito maior de gestações e talvez também com investigações dos
resultados pós-natais. Esse método poderia, ainda, ser utilizado na análise da
anemia da ISO antiKell, que se torna cada vez mais freqüente; e também em
outros tipos de anemia fetal.
7 CONCLUSÕES
7 CONCLUSÕES
_________________________________________________________________________
131
Existem correlações diretas e significativas entre as medidas ultra-
sonográficas cardíacas avaliadas e o déficit de hemoglobina em fetos de
gestantes isoimunizadas.
O coração fetal responde à anemia com adaptações circulatórias que incluem
o aumento câmaras específicos (DBVE e DAV) desse órgão que, por sua vez,
conduz ao aumento cardíaco global (CC). Os resultados encontrados
confirmam a participação dos ventrículos e também dos átrios nesse processo
hemodinâmico de resposta fetal à redução do hematócrito e à instalação da
hipóxia. Demonstram, sobretudo, relação direta entre os parâmetros
estudados, isto é, quanto maiores as medidas cardíacas avaliadas, maior a
intensidade da anemia.
Os testes de acurácia realizados com as medidas de tamanho do coração
avaliadas e o déficit de hemoglobina em fetos de gestantes com ISO
apresentam boa acuidade na predição da anemia moderada e grave.
Sendo assim, as avaliações dessas medidas podem auxiliar - de forma isolada
ou associada a outros métodos - a selecionar fetos com risco de anemia para
o procedimento invasivo confirmatório, bem como para a realização da TIU em
tempo hábil e com melhores resultados.
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS
_________________________________________________________________________
133
ALLAN, L.D. et al. Echocardiografic and anatomical correlates in the fetus. British
Heart Journal, London, v. 44, n. 4, p. 444-451, Oct. 1980.
ALLAN, L.D. et al. M-mode echocardiography in the developing human fetus.
British Heart Journal, London, v. 47, n. 6, p. 573-578, Jun. 1982.
APOCALYPSE, I.G.M. Desenvolvimento de um score de exames não-
invasivos para predição da anemia fetal. 2003. 141f. Tese (Doutorado em
Ginecologia e Obstetrícia). Faculdade de Medicina da Universidade Federal de
Minas Gerais. Belo Horizonte.
BAHADO-SINGH, R. et al. Fetal splenic size in anaemia due to Rh-alloimmunized
pregnancies. Obstetrics & Gynecology, New York, v. 92, n. 5, p. 828-832, Nov.
1998.
BAHADO-SINGH, R. et al. A new splenic artery Doppler velocimetric index for
prediction of severe fetal anaemia associated with Rh alloimmunization. American
Journal of Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v. 180, n. 1, p. 49-54, Jan.
1999.
BAHADO-SINGH, R.O. et al. Splenic artery doppler peak systolic velocity predicts
severe fetal anemia in Rhesus disease. American Journal of Obstetrics and
Gynecology, St. Louis, v. 182, n. 5, p. 1222-1226, May 2000a.
BAHADO-SINGH, R.O. et al. Middle cerebral artery Doppler velocimetric
deceleration angle as a predictor of fetal anemia in Rh-alloimmunizes fetuses
without hydrops. American Journal of Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v.
183, n. 3, p. 746-751, Sep. 2000b.
BANG, J.; NORTHEVED, A.A.A new ultrasonic method for transabdominal
amniocentesis. American Journal of Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v.
114, n. 5, p. 599-601, Nov. 1972.
BANG, J.; BOCK, J.E.; TROLLE D. Ultrasound-guided fetal intravenous
transfusion for severe rhesus haemolytic disease. British Medical Journal,
London, v. 284, n. 6313, p. 373-374, Feb. 1982.
BARCELOS, T.B. Avaliação do índice ecográfico diâmetro biventricular
externo/ comprimento do fêmur na predição da anemia fetal em gestantes
isoimunizadas. 2003. 80f. Dissertação (Mestrado em Ginecologia e Obstetrícia).
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte.
BARSS, V.A. et al. Management of isoimmunized pregnancy by use of
intravascular tecniques. American Journal of Obstetrics and Gynecology, St.
Louis, v. 159, n. 4, p. 932-937, Apr. 1988.
BARTHA, J.L.S. et al. Comparison of different reference values of fetal blood flow
velocity in the middle cerebral artery for predicting fetal anemia. Ultrasound in
Obstetrics & Gynecology, Carnforth, v. 25, n. 4, p. 335-340, Apr. 2005.
REFERÊNCIAS
_________________________________________________________________________
134
BENACERRAF, B.R.; FRIGOLETTO, F.D. Sonographic sign for the detection of
early fetal ascites in the management of severe isoimmune disease without
intrauterine transfusion. American Journal of Obstetrics and Gynecology, St.
Louis, v. 152, n. 8, p. 1039-41, Aug. 1985.
BERKOWITZ, R.L. et al. Technical aspects of intravascular intrauterine
transfusions: Lessons learned from thirty-three procedures. American Journal of
Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v. 157, n. 1, p. 4-9, July 1987.
BERNASCHEK, G. et al. Complications of cordocentesis in high-risk pregnancies:
effects on fetal loss or preterm delivery. Prenatal Diagnosis, New York, v. 15, n.
11, p. 995-1000, Nov. 1995.
BILARDO, C.M.; CAMPBELL, S; NICOLAIDES, K.H. Mean blood velocities and
flow impedance in the fetal descending aorta and common carotid artery in normal
pregnancy. Early Human Development, Amsterdam, v. 18, n. 2-3, p. 213-221,
Dec. 1988.
BILARDO, C. M.; NICOLAIDES, K. H.; CAMPBELL, S. Doppler studies in red cell
isoimmunization. Clinical Obstetrics and Gynecology, Philadelphia, v. 32, n. 4,
p. 719-727, Dec. 1989.
BOULOT, P. et al. Hematologic values of fetal blood obtained by means of
cordocentesis. Fetal Diagnosis and Therapy, Basel, v. 8, n. 5, p. 309-16, Sep-
Oct. 1993.
BOWMAN, J.M.; POLLOCK, J.M.; PENSTON, L.E. Fetomaternal transplacental
hemorrhage during pregnancy and after delivery. Vox Sanguinis, Basel, v. 51, n.
2, p. 117-121, Feb. 1986.
BOWMAN, J.M. Hemolytic disease. In: CREASY R.K.; RESNIK, R. editors.
Maternal-fetal Medicine: principles and practice. 4ed. Philadelphia: W.B.
Saunders; p. 711-767, 1999.
CABRAL, A.C.V. et al. Isoimunização materna e doença hemolítica perinatal.
Realidade e perspectivas. Jornal Brasileiro Ginecologia, Rio de Janeiro, v. 108,
n. 6, p. 181-185, Jun. 1998.
CABRAL, A.C.V. et al. Transfusão intra-uterina na isoimunização materna pelo
fator Rh. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Rio de Janeiro, v. 23,
n. 5, p. 299-303, Jun. 2001.
CABRAL, A.C.V. Isoimunização materno-fetal. In:_______. Medicina Fetal. O
feto como paciente. (1ed.) Belo Horizonte: Coopmed Editora Médica, cap. 22, p.
153-162, 2005.
CABRAL, A.C.V. et al. Índice cárdio-femoral para avaliação da anemia de fetos
de gestantes isoimunizadas. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia,
Rio de Janeiro, v. 27, n. 8, p. 450-455, Ago. 2005.
REFERÊNCIAS
_________________________________________________________________________
135
CARLSON, D.E. et al. Prognostic indicators of the resolution of nonimmune
hydrops fetalis and survival of the fetus. American Journal of Obstetrics and
Gynecology, St. Louis, v. 163, n. , p. 1785-1787, Dec. 1990.
CAVALIERE, T.A. Red blood cell indices: Implications for practice. Newborn and
Infant Nursing Reviews, Philadelphia, v. 4, n. 4, p. 175-239, Dec. 2004.
CHAVEZ, G.F.; MULINARE, J.; EDMONDS, L.D. Epidemiology of Rh hemolytic
disease of the newborn in the United States. Journal of the American Medical
Association, Chicago, v. 265, n. 24, p. 3270-3274, Jun. 1991.
CHERIF-ZAHAR, B. et al. Localization of the human Rh blood group gene
structure to chromosome region 1p34.3-1p36.1 by in situ hybridization. Human
Genetics, New York, v. 86, n. 4, p. 398-400, Feb. 1991.
CHIBA, Y.; KANZAKI, T. Fetal cardiac function in non-immune hydrops. In:
ARDUINI, D.; RIZZO, G.; ROMANINI, C. (Editors) Fetal cardiac function (1
st
ed.)
Manchester: The Parthenon Publishing Group, cap. 11, p. 119-124, 1995.
CHITKARA U. et al. The role of sonography in assessing severity of fetal anemia
in Rh- and Kell-isoimmunized pregnancies. Obstetrics & Gynecology, New York,
v. 71, n. 3, p. 393-398, Mar. 1988.
CHOWN, B. Anemia from bleeding of the fetus into the mother’s circulation.
Lancet, London, v. 266, n. 6824, p. 1213-1215, Jun. 1954.
CLARKE, C.A. Preventing rhesus babies: the Liverpool research and follow-up.
Archives of disease in childhood, London, v. 64, n. 12, p. 1734-1740, Dec.
1989.
COHEN, F.; GUSTAFSON, P.C.; EVANS, M.M. Mechanism of isoimmunization:
The transplacental passage of foetal erythrocytes in homospecific pregnancies.
Blood, New York, v. 23, n. 5, p. 621-646, May 1964.
CONTRERAS, M.; SILVA, M. The prevention and management of hemolytic
disease of the newborn. Journal of the Royal Society of Medicine, London, v.
87, p. 256-258, May 1994.
CONTRERAS, M. The prevention and management of hemolytic disease of the
fetus and newborn. Bol Society Hematology and Hemoterapy, London, v. 12,
SE, p. 23-28, 1997.
COOMBS, R.R.A.; MOURANT, A.E.; RACE, R.R. A new test for the detection of
weak and “incomplete” Rh agglutinins. British Journal Experimental Pathology,
Oxford, v. 26, n. 4, p. 255-266, Aug. 1945.
COPEL, J.A. et al. Pulsed doppler flow-velocity waveforms before and after
intrauterine intravascular transfusion for severe erytroblastose fetalis. American
Journal of Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v. 158, n. 4 p. 768-774, Apr.
1988.
REFERÊNCIAS
_________________________________________________________________________
136
COPEL, J.A. et al. Fetal cardiac output in the isoimmmunized pregnancy ; a
pulsed Doppler-echocardiography study of pacients undergoing intra-vascular
transfusion. American Journal of Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v. 161,
n. 2, p. 361-5, Aug. 1989.
CORRÊA, M.D. Complicações da amniocentese transabdominal.
Observações de 1424 amniocenteses praticadas em 974 gestantes Rh-
negativo imunizadas. 1982. 102fl. Tese (Doutorado em Ginecologia e
Obstetrícia) Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
CORRÊA, M.D.; CABRAL, A.C.V.; LIMA, M.I.M. Cardiotocografia no seguimento
de fetos submetidos à transfusão intra-uterina. Jornal Brasileiro de Ginecologia,
Rio de Janeiro, v. 97, n. 8, p. 381-396, Ag. 1987.
CORRÊA, M.D.; CORRÊA JR., M.D. Isoimunização materna pelo fator Rh. In:
CORRÊA, M. D.; MELO , V. H.; AGUIAR, R. A. L. P.; CORRÊA, M. D. JR. (Eds.).
Noções Práticas de Obstetrícia. (13
a
ed.) Belo Horizonte: Coopmed Editora
Médica, cap. 26, p. 383-396, 2004.
CORRÊA JR, M.D. Avaliação da anemia fetal pela dopplervelocimetria da
artéria esplênica. 2006. 135 fl. Tese (Doutorado em Saúde da Mulher)
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
DAFFOS, F.; CAPELLA-PAVLOVSKY, M.; FORESTIER, F. A new procedure for
fetal blood sampling in utero: Preliminary results of fifty-three cases. American
Journal of Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v. 146, n. 8, p. 985-987, Aug.
1983.
DAFFOS F.; CAPELLA-PAVLOVSKY, M.; FORESTIER, F. Fetal blood sampling
during pregnancy with use of a needle guided by ultrasound: a study of 606
consecutive cases. American Journal of Obstetrics Gynecology, St. Louis, v.
153, n. 6, p. 655-60, Nov. 1985.
DAVIS, L.E. et al. Right ventricular function in chronically anemic fetal lambs.
American Journal of Obstetrics Gynecology, St. Louis, v. 174, n. 4, p. 1289-
1294, Apr. 1996.
DE GROOT, C.J.M. et al. Evidence of endothelium involvement in
pathophysiology of hydrops fetalis? Early Human Development, Amsterdam, v.
57, n. 3, p. 205-209, Mar. 2000.
DETTI, D. et al. Doppler ultrasound velocimetry for timing the second intrauterine
transfusion in fetuses with anemia from red cell alloimmunization. American
Journal of Obstetrics Gynecology, St. Louis, v. 185, n. 5, p. 1048-1051, Nov.
2001.
DETTI, L. et al. Longitudinal assessment of the middle cerebral artery peak
systolic velocity in healthy fetuses and in fetuses at risk for anemia. American
Journal of Obstetrics Gynecology, St. Louis, v. 187, n. 4, p. 937-939, Oct. 2002.
REFERÊNCIAS
_________________________________________________________________________
137
DETTI, L.; MARI, G. Noninvasive Diagnosis of Fetal Anemia. Clinical Obstetrics
and Gynecologic. London, v. 46, n. 4, p. 923-930, Dec. 2003.
DE VORE, G.R. et al. Dilatation of the fetal umbilical vein in Rhesus hemolytic
anaemia: a predictor of severe disease. American Journal of Obstetrics
Gynecology, St. Louis, v. 141, n. 4, p. 464-466. Oct. 1981.
DE VORE, G.R. et al. Fetal echocardiography. I. Normal anatomy as determined
by real-time--directed M-mode ultrasound. American Journal of Obstetrics
Gynecology, St. Louis, v. 144, n. 3, p. 249- 260, Oct. 1982a.
DE VORE, G.R. et al. Hypoalbuminemia: the etiology of antenatally diagnosed
pericardial effusion in rhesus-hemolytic anemia. American Journal of Obstetrics
and Gynecology, St. Louis, v. 142, n. 8, p. 1056-1057, Apr. 1982b.
DE VORE, G.R.; SIASSI, B.; PLATT, L.D. M-mode assessment of ventricular size
and contractility during the second and third trimesters of pregnancy in the normal
fetus. American Journal of Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v. 150, n. 8,
p. 981-988, Dec. 1984.
DE VORE, G.R.; SIASSI, B.; PLATT, L.D. Use of Femur Length as a Means of
Assessing M-Mode Ventricular Dimensions During Second and Third Trimesters of
Pregnancy in Normal Fetus. Journal of Clinical Ultrasound, New York, v. 13, n.
9, p. 619-625, Nov.-Dec. 1985.
DE VORE, G.R. Assessing fetal cardiac ventricular function. Seminars in Fetal &
Neonatal Medicine, Amsterdam, v. 10, n. 6, p. 515-541, Dec. 2005.
DIVAKARAN, T.G. et al. Noninvasive Techniques to Detect Fetal Anemia Due to
Red Blood Cell Alloimmunization: A Systematic Review. Obstetrics &
Gynecology, New York, v. 98, n. 3, p. 509-517, Sept. 2001.
DONGEN, H.V. et al. Non–invasive Tests to Predict Fetal Anemia in Kell-
alloimmunized Pregnancies. Obstetrical and Gynecological Survey, Baltimore,
London, v. 60, n. 9, p. 567-568, Sept. 2005.
DUKE, M.; ABELMANN, W.H. The hemodynamic response to chronic anaemia.
Circulation, Dallas, v. 39. n. 4, p. 503-515, Apr. 1969.
DUKLER, D. et al. Noninvasive tests to predict fetal anemia: a study comparing
Doppler and ultrasound parameters. American Journal of Obstetrics and
Gynecology, St. Louis, v. 188, n. 5, p. 1310-1314, May 2003.
EL BOUHMADI, A. et al. Rheological properties of fetal red blood cells with special
reference to disaggregability analyzed by light transmission and laser back
scattering techniques. Clinical Hemorheology and Microcircirculation,
Amsterdam, v. 22, n. 2, p. 79-90, 2000.
REFERÊNCIAS
_________________________________________________________________________
138
FAN, F.C. et al. Effects of hematocrit variations on regional hemodynamics and
oxygen transport in the dog. American Journal of Physiology, Bethesda, v. 238,
n. 4, p. H545–H552, Apr. 1980.
FINN, R. et al. Experimental studies on the prevention of Rh haemolytic disease.
British Medical Journal, London, v. 5238, n. 1, p. 1486-90, May, 1961.
FINNE, P.H. Erythropoietin production in fetal hypoxia and in anaemic uraemic
patients. Annals of the New York Academy of Sciences, New York, v. 149, n. 1,
p. 497-503, Marc. 1968.
FIRPO, C.; HOFFMAN, J.I.E.; SILVERMAN, N.H. Evaluation of fetal heart
dimensions from 12 weeks to term. The American Journal of Cardiology, New
York, v. 87, n. 5, p. 594-600, Marc. 2001.
FORESTIER, F. et al. Developmental hematopoiesis in normal human fetal blood.
Blood, New york, v. 77, n. 11, p. 2360-2363, Jun. 1991.
FRIGOLETTO, F.D. et al. Ultrassonografic fetal surveillance in the management of
isoimmunized pregnancies. The New England Journal of Medicine, Boston, v.
315, n. 7, p. 430-432, Aug. 1986.
FUMIA, F.D.; EDELSTONE, D.I.; HOLZMAN, I.R. Blood flow and oxygen delivery
to fetal organs as functions of fetal hematocrit. American Journal of Obstetrics
and Gynecology, St. Louis, v. 150, n. 3, p. 274–282, Oct. 1984.
FUNG, K.F.K.; EASON, E. Prevention of Rh Alloimmunization. SOGC Clinical
Practice Guidelines. Ottawa, n. 133, p. 1-9, Sept. 2003.
GHIDINI, A. et al. Complications of fetal blood sampling. American Journal of
Obstetrics and Gynecology, St Louis, v. 168, n. 5, p. 1339-1344, May 1993.
GUNGOR, M. et al. The effect of intravascular transfusion for severely anaemic
fetuses on umbilical artery Doppler flow velocity waveforms. Acta Obstetrica et
Gynecologica Scandinavica, Stockholm, v. 75, n. 8, p. 711-714, Sept. 1996.
GUDMUNDSSON, S. et al. Venous Doppler ultrasonography in the fetus with
nonimmune hydrops. American Journal of Obstetrics and Gynecology, St
Louis, v. 164, n. 1 Pt 1, p. 33-37, Jan. 1991.
HADLOCK, F.P. et al. Fetal biparietal diameter: A critical reevaluation of the
relation to menstrual age by means of real-time ultrasound. Journal of
Ultrasound Medicine, New York, v. 1, n. 3, p. 97- 104, Ap. 1982.
HADLOCK, F.P. Determinação ultra-sonográfica da idade gestacional. In:
CALLEN, P. W. Ultra-sonografia em Obstetrícia e Ginecologia. (3
a
ed.) Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, cap. 7, p. 82-97, 1996.
REFERÊNCIAS
_________________________________________________________________________
139
HARKNESS, U.F.; SPINNATO, J.A. Prevention and management of RhD
isoimmunization. Clinics in Perinatololy, Philadelphia, v. 31, n. 4, p. 721-742,
Dec. 2004.
HARMAN, C. et al. Severe Rh disease: poor outcome is not inevitable. American
Journal of Obstetrics and Gynecology, St Louis, v. 145, n. 7, p. 823-829, Apr.
1983.
HARMAN, C.R. Fetal monitoring in the alloimmunized pregnancy. Clinics in
Perinatololy, Philadelphia, v. 16, n. 3, p. 691-733, Sept. 1989.
HARRINGTON, K.; FAYYAD, A. Prediction of fetal anaemia. Current Opinion in
Obstetrics and Gynecology, London, v. 14, n. 2, p. 177-183, Apr. 2002.
HARRINGTON, K.; FAYYAD, A.; NICOLAIDES, K.H. Predicting the severity of
fetal anemia using time-domain measurement of volume flow in the fetal aorta.
Ultrasound in Obstetrics & Gynecology, Carnforth, v. 23, n. 5, p. 437-441, May
2004.
HAUGEN, G. et al. Ultrasonographic monitoring of pregnancies complicated by
red blood cell alloimmunization in a cohort with mild to moderate risk according to
previous obstetric outcome. Acta Obstetricia et Gynecologica Scandinavica,
Stockholm, v. 81, n. 3, p. 227-233, Mar. 2002.
HECHER, K. et al. Fetal venous, arterial and intracardiac blood flows in red blood-
cell isoimmunization. Obstetrics & Gynecology, New York, v. 85, n. 1, p. 122-
128, Jan. 1995.
HECHER, K; CAMPBELL, S. Characteristics of fetal venous blood flow under
normal circumstances and during fetal disease. Ultrasound in Obstetrics &
Gynecology, Carnforth, v. 7, n. 1, p. 68-83, Feb. 1996.
HOLZGREVE, W. et al. Investigation of nonimmune hydrops fetalis. American
Journal of Obstetrics Gynecology, St. Louis, v. 150, n. 7, p. 805-812, Dec.
1984.
HUHTA, J.C.; WEIL-CHALTER, S.; PAGOTTO, L.T. Fetal congestive heart failure.
In: ALLAN, L.; HORNBERGER, L.; SHARLAND, G. (Eds.). Textbook of Fetal
Cardiology. (1
st
ed.) London: Greenwich Medical Limited, cap. 25, p. 565-575,
2000.
HUHTA, J.C. Fetal congestive heart failure. Seminars in Fetal and Neonatal
Medicine, Amsterdam, v. 10, n. 6, p. 542-552, Dec. 2005.
HUTCHISON, A.A. et al. Nonimmunologic hydrops fetalis: a review of 61 cases.
Obstetrics & Gynecology, New York, v. 59, n. 3, p. 347-352, Mar. 1982.
ISKAROS, J. et al. Prospective non-invasive monitoring of pregnancies
complicated by red cell alloimmunization. Ultrasound in Obstetrics &
Gynecology, Carnforth, v. 11, n. 6, p. 432-437, Jun. 1998.
REFERÊNCIAS
_________________________________________________________________________
140
JACOBS, W.M. Fetal survival rates in Rh-immunized gravidas. Correlation of
antibody titers and past obstetrics history. Obstetrics & Gynecology, New York,
v. 19, n. 6, p. 806-807, Jun. 1962.
JOHNSON, P. et al. Umbelical venous pressure in nonimmune hydrops fetalis:
Correlation with cardiac size. American Journal of Obstetrics Gynecology, St.
Louis, v. 167, n. 5, p. 1309-1313, Nov. 1992.
JORDAAN, H.V. Cardiac size during prenatal development. Obstetrics &
Gynecology, New York, v. 69, n. 6, p. 854-858, Jun. 1987.
KIRKINEN, P.; JOUPPILA, P.; EIK-NES, S. Umbilical venouos flow as indicator of
fetal anaemia. Lancet, London, v. 317, n. 8227, p. 1004-1005, May, 1981.
KIRKINEN, P.; JOUPPILA, P.; EIK-NES, S. Umbelical vein flow in Rhesus-
isoimmunization. British Journal of Obstetrics and Gynaecology, London, v.
90, n. 7, p. 640-643, Jul. 1983.
KIRSCHBAUM, T.H.; BRINKMAN, C.R.; ASSALI, N.S. Effects of maternal-fetal
blood exchange transfusion in fetal lambs. American Journal of Obstetrics
Gynecology, St. Louis, v. 110, n. 2, p. 190-202, May 1971.
KISERUD, T. Physiology of fetal circulaton. Seminars in Fetal and Neonatal
Medicine, Amsterdam, v. 10, n. 6, p. 493-503, Dec. 2005.
KLEIHAUER, E.; BRAUN, H.; BETKE, K. Demonstration von fetalem hämoglobin
in den erythrocyten eines blutausstriches. Klin Wochenschr, Wien, v. 35, n. 12, p.
637-8, Jun. 1957.
KLEINMAN, C.S. et al. Echocardiographic studies of the human fetus: prenatal
diagnosis of congenital heart disease and cardiac dysrhythmias. Pediatrics,
Evanston, v. 65, n. 6, p. 1059-1067, Jun. 1980.
KRETTLI, W.S.C. Correlação entre o índice cardiofemoral e o perfil
gasométrico fetal em gestações complicadas por isoimunização. 2006. 106f.
Dissertação (Mestrado em Saúde da Mulher). Faculdade de Medicina,
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
LAGE, E.M. Estudo das alterações hemodinâmicas dos fetos nas gestantes
isoimunizadas. 120f. Tese (Doutorado em Ginecologia e Obstetrícia) Faculdade
de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2004.
LAM, Y.H. et al. Prenatal ultrasonographic prediction of homozygous type 1
alpha thalassaemia at 12 to 13 weeks of gestation. American Journal of
Obstetrics Gynecology, St. Louis, v. 180, n. 1, p. 148-150, Jan. 1999.
LEGARTH, J. et al. Umbilical artery Doppler flow-velocity waveforms in Rhesus-
isoimunized fetuses before and after fetal blood sampling for transfusion. Journal
of Clinical Ultrasound, New York, v. 22, n. 1, p. 43-47, Jan. 1994.
REFERÊNCIAS
_________________________________________________________________________
141
LINGMAN, G. et al. Miocardial contractility in the anemic human fetus. Ultrasound
in Obstetrics and Ginecology. Carnforth, v. 1, n. 4, p. 266-268, Jul. 1991.
LILEY, A.W. The tecnique and complications of amniocentesis. Northwest
Medicine, Seatlle, v. 59, n. , p. 581-586, Dec. 1960.
LILEY, A.W. Liquor amnii analysis in the management pregnancy complicated by
rhesus sensitization. American Journal of Obstetrics and Gynecology, St.
Louis, v. 82, n. 6, p. 1359-1370, Dec. 1961.
LIMA, M.I.M. Cardiotocografia no acompanhamento de gestantes
complicadas pela isoimunização materna pelo fator Rh. 1986. 101f.
Dissertação (Mestrado em Ginecologia e Obstetrícia). Faculdade de Medicina da
Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte.
LO, Y.; BOWELL, P. J.; SELINGER, M.; MACKENZIE, I. Z.; CHAMBERLAIN, P.;
GILLMER, M. D. G.; LITTLEWOOD, T. J.; FLEMING, K. A.; WAINSCOAT, J. S.
Prenatal determination of fetal Rh status by analysis of peripheral blood of rhesus
negative mothers. Lancet, London, v. 341, n. 8853, p. 1147-1148, May 1993.
LOPES, A.P.B.M. Avaliação de índices dopplerfluxométricos da veia cava
inferior e do ducto venoso em fetos submetidos à tranfusão intravascular.
2001. 159f. Tese (Doutorado em Ginecologia e Obstetrícia). Faculdade de
Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte.
LYSIKLEWICZ, A.; BRACERO, L.A.; TELANI, N. Fetal preload index predicts fetal
hematocrit. American Journal of Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v. 168,
n.1, SPO Abstracts, p. 356, Jan. 1993.
MANNING, F.A. Gravidez aloimune: diagnóstico e conduta. In:________.
MANNING F.A. (Editors). Medicina fetal: perfil biofísico-princípios e
aplicabilidade clínica. Rio de Janeiro: Revinter; p. 391-445, 2000.
MANSEAU, P. et al. Sinusoidal fetal cardiac rhythim. An aspect evocative of fetal
distress during pregnancy. Journal de Gynecologie, Obstetrique et Biologie de
la Reproduction, Paris, v. 1, n. 4, p. 343-352, Jun. 1972.
MARI, G. et al. Flow velocity waveforms of the vascular system in the anemic fetus
before and after intravascular transfusion for severe red blood cell
alloimmunization. American Journal of Obstetrics and Gynecology, St. Louis,
v. 162, n. 4, p. 1060-1064, Apr. 1990.
MARI, G. et al. Diagnosis of fetal anemia with Doppler ultrasound in the pregnancy
complicated by maternal blood group immunization. Ultrasound in Obstetrics &
Gynecology, Carnforth, v. 5, n. 6, p. 400-405, Jun. 1995.
MARI, G. et al. A. Increase of fetal hematocrit decrease the middle cerebral artery
peak systolic velocity in pregnancies complicated by rhesus alloimmunization. The
Journal of Maternal-Fetal & Neonatal Medicine, New York, v. 6, n. 4, p. 206-
208, Jul.-Aug., 1997.
REFERÊNCIAS
_________________________________________________________________________
142
MARI, G. The Collaborative Group for Doppler Assessment of the Blood Velocity
in Anemic Fetuses. Noninvasive diagnosis by Doppler ultrasonography of fetal
anemia due to maternal red-cell alloimmunization. New England Journal of
Medicine, Waltham, v. 342, n. 1, p. 9-14, Jan. 2000.
MARI, G. et al. Accurate prediction of fetal hemoglobin by doppler
ultrasonography. Obstetrics & Gynecology, New York, v. 99, n. 4, p. 589-93,
Apr. 2002.
MARI, G. Middle cerebral artery peak systolic velocity for the diagnosis of fetal
anemia : the untold story. Ultrasound in Obstetrics & Gynecology, Carnforth, v.
25, n. 4, p. 323-330, Apr. 2005.
MARI, G. et al. Correlation between middle cerebral artery peak systolic velocity
and fetal hemoglobin after 2 previous intrauterine transfusions. American Journal
of Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v. 193, n. 3 S1, p. 1117-1120, Sept.
2005.
MARTIN, J.A. et al. Birth: Final data for 2001. National Vital Statistics Reports,
Hayttsville, n. 5, v. 51, p. 1-102, Feb. 2002.
MATTOS, S.S. Avaliação funcional do coração fetal. In: ____. O coração fetal.
(1
a
ed.) Rio de Janeiro: Revinter, cap. 6, p. 135-153, 2001.
MC LEAN, L.K. et al. A retrospective review of isoimmunized pregnancies
managed by middle cerebral artery peak systolic velocity. American Journal of
Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v. 190, n. 6, p. 1732-1736, Jun. 2004.
MELO, I.G. Cardiotocografia anteparto em fetos de gestantes isoimunizadas.
2000. 136f. Dissertação (Mestrado em Ginecologia e Obstetrícia). Faculdade de
Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte.
MIYADAHIRA, S.; ZUGAIB, M. Avaliação da vitalidade fetal. In: ____. ZUGAIB,
M.; PEDREIRA, D.A.L.; BRIZOT, M.L. et al. Medicina fetal. (2
a
ed.) São Paulo:
Atheneu, cap. 12, p. 130-151, 1999.
MOISE JR., K.J. et al. Acute fetal hemodynamic alterations after intrauterine
transfusion for treatment of severe red blood cell alloimmunization. American
Journal of Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v. 163, n. 3, p. 776-784, Sept.
1990.
MOISE JR., K.J. Non-anti-D antibodies in red-cell alloimminization. European
Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Byology, Amsterdam,
v. 92, n. 1, p. 75-81, Sept. 2000.
MOISE JR., K.J. Management of Rhesus Alloimmunization in Pregnancy.
Obstetrics & Gynecology, New York, v. 100, n. 3, p. 600-11, Sep. 2002.
MOISE JR., K.J. Red Blood Cell Alloimmunization in Pregnancy. Seminars in
Hematology, Orlando, v. 42, n. 3, p. 169-178, Jul. 2005.
REFERÊNCIAS
_________________________________________________________________________
143
NEVANLINNA , H.R.; VAINIO, T. The infuence of mother-child ABO incompatibility
on Rh immunization. Vox Sanguinis, Basel, v. 1, n. 1, p. 26-36, 1956.
NICOLAIDES, K.H. et al. Fetal haematology in Rhesus isoimmunization. British
Medical Journal, Edinburgh, v. 290, n. 2, p. 661-671, March, 1985.
NICOLAIDES, K.H.; WARENSKI, J.C.; RODECK, C.H. The relationship of fetal
plasma protein concentration and hemoglobin level to the development of hydrops
in Rhesus isoimmunization. American Journal of Obstetrics and Gynecology,
St. Louis, v. 152, n. 3, p. 341-344, Jun. 1985.
NICOLAIDES, K.H. et al. Rh disease: Intravascular fetal blood transfusion by
cordocentesis. Fetal Therapy, Basel, v. 1, n. 4, p. 185-192, 1986a.
NICOLAIDES, K.H. et al. Have Liley charts outlived their usefulness? American
Journal of Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v. 155, n. 1, p. 90-94, Jul.
1986b.
NICOLAIDES, K.H. et al. Failure of ultrasonographic parameters to predict the
severity of fetal anemia in rhesus isoimmunization. American Journal of
Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v. 158, n. 4, p. 920-926, Apr. 1988a.
NICOLAIDES, K.H. et al. Fetal haemoglobin measurement in the assessment of
red cell isoimmunization. The Lancet, London, v. 331, n. 8594, p. 1073-1075, May
1988b.
NICOLAIDES, K.H. et al. Erythroblastosis and reticulocytosis in anemic fetuses.
American Journal of Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v. 159, n. 5, p.
1063-1065, Nov. 1988c.
NICOLAIDES, K.H., SADOWSKY G., CETIN E. Fetal heart rate patterns in red
blood cell isoimmunized pregnancies. American Journal of Obstetrics and
Gynecology, St. Louis, v. 161, n. 2, p. 351-356, Aug. 1989.
NICOLAIDES, K.H. Studies on fetal physiology and pathophysiology in Rhesus
Disease. Seminars in Perinatology, New York, v. 13, n. 4, p. 328-337, Aug.
1989.
NICOLAIDES, K.H., BILARDO, C.M.; CAMPBELL, S. Prediction of fetal anemia by
measurement of the mean blood velocity in the fetal aorta. American Journal of
Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v. 162, n. 1, p. 209-212, Jan. 1990.
NICOLINI, U. et al. Pathophysiology of pressure changes during intrauterine
transfusion. American Journal of Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v. 160,
n. 5, p. 1139-1145, May 1989.
NISHIE, E.N. et al. A comparison between middle cerebral artery peak systolic
velocity and amniotic fluid optical density at 450 nm in the prediction of fetal
anemia. American Journal of Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v. 188, n.
1, p. 214-219, Jan., 2003.
REFERÊNCIAS
_________________________________________________________________________
144
OEPKES, D. et al. Ultrasonographic fetal spleen measurements in red blood cell-
alloimmunized pregnancies. American Journal of Obstetrics Gynecology, St.
Louis, v. 169, n. 1, p. 121-128, Jul. 1993a.
OEPKES, D. et al. Fetal ductus venosus blood flow velocities before and after
transfusion in red-cell alloimmunized pregnancies. Obstetrics & Gynecology,
New York, v. 82, n. 2, p. 237-241, Aug., 1993b.
OEPKES, D. et al. The use of ultrasonography and Doppler in the prediction of
fetal haemolytic anaemia: A multivariate analysis. British Journal of Obstetrics
and Gynaecology, London, v. 101, n. 8, p. 680-684, Aug. 1994.
OEPKES D. Invasive versus non-invasive testing in red-cell alloimmunized
pregnancies. European Journal of Obstetrics & Gynecology and
Reproductive Biology, Amsterdam, v. 92, n. 1, p. 83-89, Sept. 2000.
OEPKES, D. et al. For the Diamond Study Group. Doppler ultrasonography versus
amniocentesis to predict fetal anemia. New England Journal of Medicine,
Waltham, v. 355, n. 2, p. 156-164, Jul. 2006.
OUZOUNIAN, J.G.; ALSULYMEN, O. N.; MONTEIRO, H..A. The non reactive
nonstress test: predictive value for neonatal anemia in isoimmunized pregnancy.
Obstetrics & Gynecology , New York, v. 88, n. 3, p. 364-367, Sep. 1996.
OUZOUNIAN, J.G. et al. Ultrasonographic fetal cardiac measurement in
isoimmunized pregnancies. The Journal of Reproductive Medicine, Los
Angeles, v. 42, n. 6, p. 342-346, Jun. 1997.
PALADINI, D.; CHITA, S.K.; ALLAN, L.D. Prenatal measurement of cardiothoracic
ratio in evaluation of heart disease. Archives of Disease in Childhood, London,
v. 65, n. 1 SP, p. 20-23, Jan. 1990.
PARNET-MATHIEU, F. Anémie par incompatibilité érythrocytaire foetomaternelle.
Journal de Pédiatrie et de Puériculture, Paris, v, 17, n. 6, p. 338-341, Sept.
2004.
PASMAN, S.A. ET AL. Hypoalbuminemia: A cause of fetal hydrops? American
Journal of Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v. 194, n. 4, p. 972-975, Apr.
2006.
PEETERS, L.L. et al. Blood flow to fetal organs as a function of arterial oxygen
content. American Journal of Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v. 135, n.
5, p. 637-646, Nov. 1979.
PEREIRA, L.; JENKINS, T.M.; BERGHELLA, V. Conventional management of
maternal red cell alloimmunization compared with management by Doppler
assessment of middle cerebral artery peak systolic velocity. American Journal of
Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v. 189, n. 4, p. 1002-1006, Oct. 2003.
REFERÊNCIAS
_________________________________________________________________________
145
PLATT, L. D.; DE VORE, G. R. In utero diagnosis of hydrops fetalis: ultrasound
methods. Clinics in Perinatology, Philadelphia, v. 9, n. 3, p. 627- 636, Oct.
1982.
QUEENAN, J.T. et al. Irregular antibodies in the obstetric patient. Obstetrics &
Gynecology, New York, v. 34, n. 6, p. 767-771, Dec. 1969.
QUEENAN, J.T. Current management of the Rh-sensitized patient. Clinical
Obstetrics and Gynecology, Philadelphia, v. 25, n. 2, p. 293-301, Jun. 1982.
REECE, E.A. et al. Reassessment of the utility of fetal umbilical vein diameter in
the management of isoimmunization. American Journal of Obstetrics
Gynecology, New York, v. 159, n. 4, p. 937-938, Oct. 1988.
REECE, E.A. et al. Ultrasonographic versus amniotic fluid spectral analysis: are
they sensitive enough to predict neonatal complications associated with
isoimmunization? Obstetrics & Gynecology, New York, v. 74, n. 3, p. 357-360,
Sept. 1989.
RIGHTMIRE, D.A. et al. Fetal blood velocities in rh isoimmunization: relationship
to gestational age and to fetal hematocrit. Obstetrics & Gynecology, New York,
v. 68, n. 2, p. 233-236, Aug. 1986.
RIZZO, G. et al. Effects of intravascular fetal blood transfusion on fetal intracardiac
Doppler velocity waveforms. American Journal of Obstetrics and Gynecology,
St. Louis, v. 163, n. 4/P1, p. 1231-1238, Oct. 1990.
RIZZO, G.; ARDUINI, D.; ROMANINI, C. Fetal cardiac function in anemia.
In:_______________. ARDUINI, D.; RIZZO, G.; ROMANINI, C. (Editors). Fetal
cardiac function. (1
st
ed.) New York and London: The Parthenon Publishing
Group Limited, cap. 9, p. 103-108, 1995.
ROBERTS, A.B.; MITCHELL, J.M.; PATTISON, N. Fetal liver length easurements
in normal and isoimmunized pregnancies. American Journal of Obstetrics and
Gynecology, St. Louis, v. 161, n. 1, p. 42-46, Jul. 1989.
ROBERTS, A.B.; MITCHELL J.M.; PATTISON N.S. Ultrasonographic surveillance
in red blood cell alloimmmunization. American Journal of Obstetrics and
Gynecology, St. Louis, v. 184, n. 6, p. 1251-1255, May 2001.
ROBERTSON, J.G. Evaluation of the reported methods of interpreting
spectrophotometric tracing of amniotic fluid in Rhesus isoimmunization. American
Journal of Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v. 95, n. 1, May, p. 120-126,
1966.
ROBILLARD, J.E.; WEINER, C.P. Atrial natriuretic factor in the human fetus:
Effect of volume expansion. Journal of Pediatrics, St. Louis, v. 113, n. 3, p. 552-
555, Sept. 1988.
REFERÊNCIAS
_________________________________________________________________________
147
SOOTHILL, P.W. et al. Relationship of fetal hemoglobin and oxygen content to
lactate concentration in Rh isoimmunized pregnancies. Obstetrics &
Gynecology, New York, v. 69, n. 2, p. 268-271, Feb. 1987.
SPINNATO, J.A. et al. Amniotic fluid bilirubin and fetal hemolytic disease.
American Journal of Obstetrics and GynecologSt. Louis, vol. 163, n. 4, p.
1030-1035, Oct. 1991.
SPONG, C.; PORTER, A.; QUEENAN, J. Management of isoimmunization in the
presence of multiple maternal antibodies. American Journal of Obstetrics and
Gynecology¸ St. Louis, vol. 185, n. 2, p. 481-484, Aug. 2001.
ST JOHN SUTTON, M.G. et al. Quantitative assessment of growth and function of
the cardiac chambers in the normal human fetus: A prospective longitudinal
echocardiographic study. Circulation, Dallas, v. 69, n. 4, p. 645-654, Apr. 1984.
STEINER, H. et al. The relationship between peak velocity in the fetal descending
aorta and hematocrit in Rhesus isoimmunization. Obstetrics & Gynecology, New
York, v. 85, n. 5, p. 659-662, May 1995.
TAN, J. et al. Cardiac dimensions determined by cross-sectional
echocardiography in the normal human fetus from 18 weeks to term. The
American Journal of Cardiology, New York, v. 70, n. 18, p. 1459-1467, Dec.
1992.
TAVEIRA, M.R. Correlação entre os achados do doppler da veia cava inferior
e do ducto venoso e a concentração de hemoglobina de cordão em fetos de
gestantes imunizadas. 2001. 108f. Tese (Doutorado em Ginecologia e
Obstetrícia). Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.
Belo Horizonte.
TONGSONG, T.; WANAPIRAK, C.; SIRICHOTIYAKUL, S. Placental thickness as
a predictor of Hb Bart’s disease. Prenatal Diagnosis, Chichester, v. 19, n. 11, p
1027-1030, Nov. 1999.
TONGSONG, T. et al. Fetal sonografic cardiothoracic ratio at midpregnancy as a
predictor of Hb Bart disease . Journal of Ultrasound in Medicine, Philadelphia,
v. 18, n. 12, p. 807-811, Dec. 1999.
TONGSONG, T. et al. Fetal loss rate associated with cordocentesis at
midgestation. American Journal of Obstetrics and Gynecology¸ St. Louis, vol.
184, n. 4, p. 719-723, Mar. 2001.
TONGSONG, T. et al. Sonographic Markers of Hemoglobin Bart Disease at
Midpregnancy. Journal of Ultrasound in Medicine, Philadelphia, v. 23, n. 1, p.
49-55, Jan. 2004.
VALENTI, C. Endoamnioscopy and fetal biopsy: a new tecnique. American
Journal of Obstetrics and Gynecology¸ St. Louis, vol. 114 , n. 4, p.
561-564, Oct. 1972.
REFERÊNCIAS
_________________________________________________________________________
148
VALENTI, C. Antenatal detection of hemoglobinophaties. A preliminary
report. American Journal of Obstetrics and Gynecology¸ St. Louis, vol. 115 ,
n. 6, p. 851-853, Mar. 1973.
VAN KAMP, I.L. et al. The severity of immune fetal hydrops is predictive of fetal
outcome after intrauterine treatment. American Journal of Obstetrics and
Gynecology¸ St. Louis, vol. 185, n. 3, p. 668- 673, Sept. 2001.
VAN KAMP, I.L. et al. Complications of intrauterine intravascular transfusion for
fetal anemia due to maternal red-cell alloimmunization. American Journal of
Obstetrics and Gynecology¸ St. Louis, vol. 192, n. 1, p. 171-177, Jan. 2005.
VAUGHAN, J.I. et al. Erythropoietic suppresion in fetal anemia because of Kell
alloimmunization. American Journal of Obstetrics and Gynecology¸ St. Louis,
vol. 171, n. 1, p. 247-252, Jul. 1994.
VINTZILEOS, A.M. et al. Fetal liver ultrasound measurements in isoimmunized
pregnancies. Obstetrics & Gynecology, New York, v. 68, n. 2, p. 162-167, Aug.
1986.
VISSER, G.H.A. Antepartum sinusoidal and decelerative heart rate patterns in Rh
disease. American Journal of Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v. 143, n.
5, p. 538-544, Jun. 1982.
VISSER, G.H.A.; DESMEDT, M.C.H.; MEIJBOOM, E.J. Altered fetal cardiac flow
patterns in pure red cell anaemia (the Blackfan-Diamond syndrome). Prenatal
Diagnosis, Chichester, v. 8, n. 7, p. 525-529, Sept. 1988.
VYAS, S.; NICOLAIDES, K. H.; CAMPBELL, S. Doppler examination of the middle
cerebral artery in anaemic fetuses. American Journal of Obstetrics and
Gynecology, St. Louis, v. 162, n. 4, p. 1066-1068, Apr. 1990.
WARREN, P. S.; GILL, R.W.; FISHER, C.C. Doppler flow studies in Rhesus
isoimmunization. Seminars in Perinatology, New York, v. 11, n. 4, p. 375–378,
Aug. 1987.
WEINER, A.S. Diagnosis and treatment of anemia of the newborn caused by
occult placental hemorrhage. American Journal of Obstetrics Gynecology, St.
Louis, v. 56, p. 717, 1948.
WEINER, S.; BOLOGNESE, R. J.; LIBRIZZI, R.J. Ultrasound in the evaluation and
management of the isoimmunized pregnancy. Journal of Clinical Ultrasound,
New York, v. 9, n. 6, p. 315-323, Jul.- Aug. 1981.
WEINER, C.P.; SMITH, F.; ROBILLARD, J.E. Arginine vasopressin (AVP) and
acute, intravascular volume expansion in the human fetus. Fetal Therapy, Basel,
v. 4, p. 69-72, 1989.
REFERÊNCIAS
_________________________________________________________________________
149
WEINER, C.P.; OKAMURA, K. Diagnostic fetal blood sampling-technique related
losses. Fetal Diagnosis and Therapy, Basel, v. 11, n. 3, p. 169-175, May-Jun.
1996.
WEINER, C.P.; WIDNESS, J.A. Decreased fetal erythropoiesis and hemolysis in
Kell hemolytic anemia. American Journal of Obstetrics and Gynecology, St.
Louis, v. 174, n. 2, p. 547-551, Feb. 1996.
WEISMANN, D.N.; ROBILLARD, J.E. Renal hemodynamic responses to
hypoxemia during development: Relatioships to circulating vasoactive substances.
Pediatrics Research, Baltimore, v. 23, p. 155-159, 1988.
WELCH, R. Changes in hemorheology with fetal intravascular transfusion.
American Journal of Obstetrics and Gynecology, St. Louis, v. 170, n. 3, p. 726-
732, Mar 1994.
WHITECAR, P.W.; MOISE JR, K. Sonographic Methods to Detect Fetal Anemia
in Red Blood Cell Alloimmunization. Obstetrical & Gynecological Survey,
Baltimore, v. 55, n. 4, , p. 240-250, Apr. 2000.
WITTER, F.R; GRAHAM, D. The utility of ultrasonically measured umbilical vein
diameters in isoimmunized pregnancies. American Journal of Obstetrics
Gynecology, St. Louis, v. 146, n. 2, p. 225-226, May 1983.
WLADIMIROFF, J.W.; MCGHIE, J. Ultrasonic assessment of cardiovascular
geometry and function in the human fetus. British Journal of Obstetrics and
Gynaecology, London, v. 88, n. 9, p. 870-875, Sep. 1981a.
WLADIMIROFF, J.W.; MCGHIE, J.S. M-mode ultrasonic assessment of fetal
cardiovascular dynamics. British Journal of Obstetrics and Gynaecology,
London, v. 88, n. 12, p. 1241-1245, Dec. 1981b.
YANKOWITZ, J.; WEINER, Modern management of rhesus disease. Current
Opinion of Obstetrics and Gynecology, London, v. 8, n. 2, p. 139-141, Apr.
1996.
ZIMMERMANN, R. et al. Longitudinal measurement of peak systolic velocity in
the fetal middle cerebral artery for monitoring pregnancies complicated by red cell
alloimmunization: a prospective multicentre trial with intention-to-treat. British
Journal of Obstetrics and Gynaecology, London, v. 109, n. 1, p. 746-752, July
2002.
ZIPURSKY, A. et al. The transplacental passage of fetal red blood cells and the
pathogenesis of Rh-immunization during pregnancy. Lancet, London, v. 282, n.
7306, p. 489-493, Sept. 1963.
APÊNDICES E ANEXO
APÊNDICES E ANEXO
_________________________________________________________________________
151
APÊNDICE A
CEMEFE-HC/UFMG
Protocolo de acompanhamento das gestantes isoimunizadas
1) Anamnese para avaliação do passado obstétrico, forma de sensibilização, uso
da imunoglobulina antiD, grupo sangüíneo ABO e Rh materno e paterno.
2) Exame físico habitual.
3) Coombs indireto quantitativo.
4) Painel de hemácias para determinação do tipo de anticorpo responsável pelo
estado de isoimunização materna.
5) Na presença de história pregressa sugestiva de comprometimento fetal e
neonatal leve/ausente e/ou título de Coombs indireto menor ou igual a 1:8,
realizou-se seguimento periódico (quinzenal ou mensal) com a dosagem dos
anticorpos e realização de ultra-sonografia, cardiotocografia e
dopplerfluxometria até o termo (na ausência de intercorrências materno-fetais).
6) Nas gestações entre 20 e 35 semanas, na presença de passado obstétrico
desfavorável (fetos hidrópicos ou natimortos e recém-nascidos com
exsangüíneotransfusão) e/ou título de Coombs indireto maior que 1:8 e/ou
alterações no ultra-sonografia, cardiotocografia e dopplerfluxometria, indicou-
se a cordocentese para avaliação da hemoglobina fetal e da necessidade de
transfusão intra-útero.
7) Acima de 35 semanas, se fosse constatado risco importante de anemia fetal,
indicava-se a interrupção da gravidez.
APÊNDICES E ANEXO
_________________________________________________________________________
152
APÊNDICE B
BANCO DE DADOS
139 CASOS
GESTANTE
IDADE
GESTAÇÃO
(semanas)
HEMOGLOBINA
FETAL
(g/dL)
DBVE
(cm)
DAV
(cm)
CF
(cm)
A.M.L.C. 30 10,60 3,80 3,90 6,00
A.P. 23 9,00 2,40 2,60 4,10
A.F.B.S 26 3,60 3,70 4,40 4,50
A.B.S. 24 12,90 2,00 2,50 4,40
A.B.S. 26 12,00 2,60 2,95 4,90
A.B.S. 28 15,70 3,00 3,50 5,30
A.B.S. 30 15,70 3,10 2,50 5,80
A.C.E.R. 23 13,50 1,90 2,14 3,84
A.C.E.R. 25 14,20 1,90 2,57 4,43
A.C.E.R. 29 14,90 2,76 3,20 5,40
A.C.E.R. 32 14,40 3,27 4,24 6,03
A.F.N.S. 27 11,00 2,80 3,10 5,10
A.F.N.S. 29 11,00 2,80 3,10 5,10
A.F.N.S. 31 10,50 3,57 3,27 5,70
A.M.C.R. 24 13,80 2,12 2,99 3,90
A.M.C.R. 26 12,10 2,50 3,31 4,40
C.C.P.A. 26 10,70 2,63 3,34 4,90
C.C.P.A. 28 12,00 3,05 3,43 5,30
C.C.P.A. 31 13,20 3,11 3,45 5,80
C.C.P.A. 33 10,00 3,24 3,24 6,40
C.C.P.A. 25 8,70 2,70 2,82 4,49
C.C.P.A. 27 7,10 2,59 3,08 4,56
C.C.P.A. 29 10,10 2,90 2,90 5,50
C.C.P.A. 33 6,10 4,40 4,90 6,10
C.H.R.K. 32 8,70 3,10 3,40 6,20
C.A.S. 30 10,70 2,67 3,22 5,40
D.W.C. 25 10,00 2,35 3,60 4,19
D.W.C. 26 11,20 2,70 2,80 5,00
D.W.C. 28 8,90 3,01 3,55 5,07
D.W.C. 33 8,80 4,00 4,10 5,80
D.T.J. 28 5,40 2,60 2,30 5,30
D.T.J. 30 6,00 2,80 3,00 5,80
D.T.J. 33 6,50 4,00 4,61 6,50
D.T.J. 21 2,50 2,90 3,00 2,90
D.T.J. 22 8,60 2,20 2,60 3,20
D.B. 28 11,70 3,00 3,20 5,40
D.B. 31 11,60 3,40 3,20 6,00
D.G.F. 30 10,00 2,48 3,13 5,80
E.A. 29 10,60 2,80 2,96 5,60
APÊNDICES E ANEXO
_________________________________________________________________________
153
E.A. 29 10,80 3,31 3,40 6,20
E.O. 27 11,90 2,20 2,98 4,71
E.O. 29 15,70 3,09 3,65 5,60
E.C.S.S. 27 12,50 2,90 3,20 5,00
E.C.S.S. 30 10,20 3,00 3,30 6,20
F.P.M. 28 6,40 3,03 4,30 5,10
G.M.O. 28 15,50 2,76 3,00 5,40
G.M.O. 31 11,10 3,00 3,70 5,70
G.M.O. 33 11,00 2,80 3,70 6,00
I.M.G.M. 26 12,0 2,54 3,00 4,60
I.L.T. 25 11,0 3,30 3,00 4,60
I.L.T. 27 11,2 3,47 2,97 5,10
I.L.T. 29 11,6 3,30 3,80 5,50
I.L.T. 34 12,0 3,40 4,30 6,00
I 30 12,2 2,60 2,70 5,40
J.B.S. 35 5,3 4,23 5,00 6,80
J.C. 22 8,3 2,90 2,00 4,20
J.C. 23 11,2 2,40 3,00 4,20
J.C. 25 7,3 2,85 3,40 4,60
J.C. 28 7,0 3,70 3,40 5,60
J.C. 30 10,2 3,80 4,50 5,90
J.C. 33 8,7 4,26 4,68 6,40
J.J.M. 24 7,8 2,89 2,44 4,40
J.J.M. 27 12,5 2,90 3,20 5,00
J.J.M. 29 12,5 3,50 3,40 5,70
J.J.M. 31 8,4 3,26 3,86 6,00
J.S.N. 29 12,8 3,50 2,70 5,70
J.S.N. 31 14,0 3,30 3,90 5,90
L.A.R.S. 22 2,3 2,37 2,86 3,89
L.A.R.S. 23 6,9 2,59 2,69 4,30
L.M.G.S, 31 11,8 3,08 4,46 5,17
L.M.G.S, 32 13,1 3,39 4,27 5,40
L. 29 11,5 3,11 3,45 5,80
L. 31 14,1 3,30 3,40 6,00
L 33 14,2 3,40 3,60 6,40
L.S.S.S. 29 11,6 3,17 4,00 6,20
L.S.S.S. 31 11,8 3,60 4,00 6,20
L.S. 32 14,0 3,20 3,40 6,20
L.M.P. 27 12,9 2,67 3,34 4,80
L.M.P. 29 15,0 2,73 3,64 5,00
L.M.P. 32 12,0 3,70 3,89 6,20
L.A.D. 31 10,6 3,50 3,10 5,40
L.A.D. 33 10,5 3,20 3,80 6,00
L.A.D. 24 8,3 2,70 3,05 4,30
L.A.D. 26 6,7 3,00 3,75 4,80
L.A.D. 29 7,0 3,10 3,80 5,20
L.G.P.M. 33 13,5 3,44 4,00 6,50
APÊNDICES E ANEXO
_________________________________________________________________________
154
M.M.O.L. 26 11,8 2,63 3,82 4,70
M.M.O.L. 27 8,8 2,60 2,70 5,00
M.M.O.L. 29 8,4 2,86 3,21 5,12
M.M.O.L. 31 8,6 3,40 4,10 5,30
M.M.O.L. 33 6,3 3,60 4,40 6,00
M.A.O. 32 11,5 3,50 4,00 6,10
M.A.B. 35 12,9 4,00 4,20 6,70
M.A.D.M. 32 12,6 3,87 4,45 5,98
M.C.R.C. 34 13,9 3,60 4,10 6,30
M.C. 28 6,6 2,80 3,00 5,30
M.L.A.S. 24 9,3 2,43 3,25 4,16
M.L.A.S. 26 10,9 2,64 3,42 4,37
M.L.A.S. 30 6,5 3,84 4,38 5,58
M.L.A.S. 31 6,3 4,63 4,33 5,88
M.L.A.S. 33 5,3 3,90 4,50 5,90
M.L.C. 32 13,3 3,58 3,54 6,10
M.L.C. 35 13,0 3,90 4,60 6,60
M.C.J. 28 3,7 2,64 2,94 4,68
M.C.J. 29 4,1 2,80 2,90 4,90
M.C.J. 31 18,9 3,87 3,34 4,90
M.L.S. 29 9,6 4,00 3,80 5,30
M.M.C.S. 26 5,7 2,40 2,20 4,00
M.M.C.S. 23 8,3 2,92 1,96 3,20
M.M.C.S. 26 5,7 2,90 2,2 4,00
M.M.C.S. 28 11,5 2,90 2,20 4,90
M.M.C.S. 30 6,9 3,40 4,20 5,20
N.M.G.F. 30 5,4 3,30 4,20 5,00
N.M.G.F. 31 8,8 3,30 4,00 5,40
N.M.G.F. 34 7,5 3,70 4,10 5,20
P.C.T. 31 13,6 3,25 4,20 5,50
R.C.S.A. 24 12,4 2,10 2,38 4,14
R.C.S.A. 27 10,8 2,68 3,22 4,06
R.F.S. 33 11,0 3,20 4,00 6,20
R. 26 9,6 2,98 3,10 4,90
S.A. 31 12,0 3,50 4,40 5,80
S.B.L. 25 14,1 2,80 3,42 4,20
S.B.L. 27 12,0 2,66 3,43 4,80
S.B.L. 30 11,0 3,20 3,40 5,40
S.B.L. 33 14,0 3,60 3,80 6,00
S.B.F. 27 14,1 3,10 4,35 5,20
S.B.F. 30 15,0 3,40 3,20 5,40
S.S.R. 34 13,7 3,41 4,00 6.10
V.L.C. 23 3,6 2,80 3,00 4,10
V.L.C. 24 8,0 3,04 3,50 4,30
V.L.C. 26 13,6 2,80 3,30 4,50
V.L.C. 29 14,7 3,29 3,73 5,30
V.L.C. 32 10,2 3,50 4,00 6,20
APÊNDICES E ANEXO
_________________________________________________________________________
155
W.F.M. 23 8,3 2,30 2,80 4,20
W.F.M. 24 9,0 2,60 2,90 4,50
W.F.M. 26 6,7 3,50 3,40 5,20
W.F.M. 28 6,9 3,06 3,60 5,70
W.F.M. 30 6,8 3,60 4,20 6,20
W.F.M. 32 6,5 4,10 4,70 6,40
CF= Comprimento do fêmur
DBVE = Diâmetro biventricular externo
DAV = Diâmetro atrioventricular
APÊNDICES E ANEXO
_________________________________________________________________________
156
APÊNDICE C
CEMEFE-HC/UFMG
Termo de Consentimento Pós-informado
1) Durante a gestação de pacientes Rh negativo que possuam exame de Coombs
indireto positivo e cujo feto seja portador de Rh positivo, pode ocorrer
desenvolvimento de anemia fetal que, caso não seja diagnosticada e tratada a tempo,
pode causar graus variados de acometimento fetal culminando na sua morte.
2) O acompanhamento pré-natal dessas gestantes tem como objetivo principal
diagnosticar a anemia fetal antes que ela se agrave. Para tanto, são realizados vários
exames, como avaliação do líquido amniótico (amniocentese) ou do sangue fetal
(cordocentese).
3) Esses exames possuem complicações maternas e fetais, como infecção, trabalho de
parto prematuro, rotura de membranas amnióticas, entre outras (0,5 a 1% e 1 a 2%,
respectivamente, à amniocentese e à cordocentese).
4) Diversos estudos vêm sendo feitos com o objetivo de se entender o comportamento
do feto anêmico e a possibilidade de se diagnosticar a anemia de maneira não
invasiva (sem necessidade de obtenção de material como líquido ou sangue).
5) O exame ultra-sonográfico não é invasivo e permite estudar o feto sem causar danos
maternos ou fetais.
6) Com esse objetivo, o CEMEFE-HC-UFMG está realizando vários estudos utilizando
exames ultra-sonográficos, cardiotocografia fetal e doppler para tentar conhecer a
circulação fetal e se ocorre alguma alteração na mesma em fetos com anemia.
7) Eu,______________________________________________, portadora do
documento de identidade n° ____________________ expedido pela _________,
estou ciente do que foi aqui exposto e autorizo a realização do exame ultra-
sonográfico durante o acompanhamento da minha gestação. Participo de forma
voluntária deste estudo e estou ciente de que a realização do exame não trará
qualquer prejuízo à minha saúde ou à de meu filho.
_______________________________________________________
Assinatura da paciente
Belo Horizonte, ______ de ___________________ de ___________
Responsáveis pela pesquisa:
Dra. Alamanda Kfoury Pereira - Tel.: 031 32961906 / 031 88551906
Dra. Marilia Zicker Hanan – Tel.: 031 32273920 / 031 99821777
Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG – Tel.: 031 32489364
Maternidade do Hospital das Clínicas da UFMG - Tel.: 031 2489422
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo