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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DOENÇAS INFECCIOSAS
Fabíola Karla Corrêa Ribeiro
AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO DE POUCAS COLÔNIAS DE
Mycobacterium
tuberculosis
EM MEIO DE CULTURA SÓLIDO COMO INDICADOR DE
CONTAMINAÇÃO CRUZADA, UTILIZANDO TÉCNICAS DE TIPAGEM
MOLECULAR
Vitória
2006
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Fabíola Karla Corrêa Ribeiro
AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO DE POUCAS COLÔNIAS DE
Mycobacterium
tuberculosis
EM MEIO DE CULTURA SÓLIDO COMO INDICADOR DE
CONTAMINAÇÃO CRUZADA, UTILIZANDO TÉCNICAS DE TIPAGEM
MOLECULAR
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Doenças Infecciosas do
Centro de Ciências da Saúde da Universidade
Federal do Espírito Santo, como requisito parcial
para obtenção do Grau de Mestre em Doenças
Infecciosas.
Orientador: Prof. Dr. Moisés Palaci
Co-orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Elenice Moreira Lemos
Vitória
2006
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Aos meus pais, que sempre acreditaram em mim, e nunca
pouparam esforços, fazendo o possível, e muitas vezes até o
impossível, para que eu jamais deixasse de trilhar os caminhos
do conhecimento.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por andar sempre ao meu lado dia e noite, por me encher de bênçãos todos
os dias sem que eu ao menos tenha que pedir e por me carregar no colo quando o
fardo parece pesado demais.
Ao Prof. Dr. Moisés Palaci, minha profunda gratidão. Inicialmente, por ter acreditado
na minha capacidade e me acolhido como parte da sua equipe: seus ensinamentos
fizeram de mim uma verdadeira profissional. E nestes dois últimos anos, pela sua
orientação: obrigada por me fazer acreditar que sempre posso ir mais além.
À Prof
a
Dr
a
Elenice Moreira Lemos, mais do que co-orientadora, uma amiga sempre
presente, solícita e disposta a somar com seus conhecimentos. Obrigada pelo seu
apoio constante, carinho e orientação.
Ao Prof. Dr. Reynaldo Dietze, coordenador do Núcleo de Doenças Infecciosas, por
ter me dado a primeira oportunidade de atuar como profissional e por enxergar em
nós pesquisadores competentes.
Ao Dr. David Jamil Haddad, pela ajuda na análise dos dados clínicos dos pacientes
e pelas sugestões valiosas no decorrer deste estudo.
À Prof
a
Dr
a
Sylvia Cardoso Leão, da Universidade Federal de o Paulo, por ter me
recebido tão carinhosamente em seu laboratório para que eu pudesse realizar os
experimentos finais desta pesquisa.
A Cristina e Michelle, que fazem parte da equipe da Prof
a
Sylvia, pela paciência,
atenção e boa vontade ao me ensinarem o RFLP, e por tornarem minha estadia
mais gostosa me acompanhando nos lanchinhos da tarde.
Aos meus pais, Nair Corrêa Ribeiro e Manoel Gomes Ribeiro, por terem me
ensinado que nada na vida se consegue sem esforço.
Ao meu esposo Albertone Sant`Ana Pereira, todo o meu amor e admiração.
Obrigada pela sua paciência, compreensão, carinho e incentivo ao longo destes dois
anos e por tornar minha vida mais feliz e meus dias mais amenos.
Aos meus irmãos, Pollyana e Fábio, pelo amor e confiança que sempre tiveram em
mim. A Gabriel, meu anjinho da guarda de plantão, capaz de transformar, em um
segundo, uma ruga em um sorriso.
A Renata Lyrio Peres, minha querida amiga, meus mais sinceros agradecimentos
por seu desprendimento, apoio e solidariedade. Sem a sua ajuda, sempre me dando
respaldo nos momentos mais difíceis, não teria sido possível realizar este trabalho.
Espero um dia poder retribuir da mesma forma.
A Tatiana de Resende Có, amiga fiel de todas as horas, dentro e fora do NDI.
Obrigada por estar sempre pronta a ouvir, pelos conselhos, pela força e... vamos
superar mais esta fase amiga!
Aos meus amigos do Laboratório de TB: João, Maria, Solange, Gustavo, Hildete,
Rafael, por estarem sempre presentes nos momentos em que precisei e por
tornarem nossos dias de trabalho tão mais divertidos!
Às amigas da Carga Viral: Carlinha, Valéria e Eneida pela torcida constante e pelo
“bom-dia” sempre tão animado.
Aos colegas dos outros laboratórios: Marcela, Jauber, Bianca, Cris, Ketene, Rômulo,
pessoas de bem com a vida, sempre prontos a dar uma palavra de estímulo.
A todos os funcionários do NDI, pelos sorrisos no corredor, pelo bate-papo na
cozinha, enfim, por fazerem deste lugar um ambiente sempre alegre.
Aos nossos professores, por terem dividido conosco seus conhecimentos e por
terem nos incentivado a dar sempre o melhor de nós.
Aos colegas de turma que partilharam comigo novos ensinamentos e tantas
experiências. Juntos fizemos das aulas momentos de aprendizado, mas também de
descontração.
Aos amigos do Movimento de Cursilhos de Cristandade. Nossos encontros semanais
me enchem de coragem e esperança para superar os obstáculos que encontro pelo
caminho.
Aos pacientes com tuberculose que, indiretamente, participaram desta pesquisa e
que depositam em nós a esperança de viverem dias melhores.
“Debaixo do céu momento para tudo, e tempo certo
para cada coisa: Tempo para nascer e tempo para
morrer. Tempo para plantar e tempo para arrancar a
planta. Tempo para matar e tempo para curar. Tempo
para destruir e tempo para construir. Tempo para chorar e
tempo para rir. Tempo para gemer e tempo para bailar.
Tempo para atirar pedras e tempo para recolher pedras.
Tempo para abraçar e tempo para se separar. Tempo
para procurar e tempo para perder. Tempo para guardar
e tempo para jogar fora. Tempo para rasgar e tempo para
costurar. Tempo para calar e tempo para falar. Tempo
para amar e tempo para odiar. Tempo para a guerra e
tempo para a paz.”
Eclesiastes 3, 1-8
RESUMO
Apesar da importância do diagnóstico clínico, da baciloscopia, e das técnicas
inovadoras de biologia molecular, a cultura positiva em meio sólido e/ou líquido
continua sendo o padrão-ouro para o diagnóstico definitivo da tuberculose (TB).
Entretanto, nos últimos anos, a utilização de métodos moleculares proporcionou um
aumento na detecção de episódios de contaminação cruzada que, na maioria das
vezes, estão relacionados a procedimentos laboratoriais. Alguns critérios são
considerados indicadores de contaminação cruzada: resultado positivo de apenas
uma das culturas do paciente, resultado de cultura não compatível com a história
clínica do paciente, observação de um padrão inesperado de resistência a drogas na
cepa isolada e o crescimento de poucas colônias de M. tuberculosis em meio sólido.
No entanto, culturas de pacientes paucibacilíferos, infectados pelo HIV ou em
tratamento, também podem apresentar as mesmas características descritas acima.
No presente estudo, avaliamos se o crescimento de poucas colônias em meio de
cultura sólido pode ser considerado um indicador de contaminação cruzada,
utilizando técnicas de tipagem molecular (RAPET e RFLP). De Janeiro de 2003 a
Janeiro de 2005, foram avaliadas 109 cepas isoladas de culturas (UFC < 20)
provenientes de 97 pacientes e processadas em 94 diferentes dias. O índice de
falso-positividade encontrado neste estudo foi de 1,8% e 2,0% por amostras e por
pacientes, respectivamente. Estes resultados sugerem que crescimento de poucas
colônias em meio sólido não pode ser considerado um marcador de contaminação
cruzada, especialmente em laboratórios de micobacteriologia que realizam ensaios
clínicos e/ou desenvolvem suas atividades seguindo as normas de Boas Práticas
Clínicas e Laboratoriais. Também foi demonstrado que a técnica RAPET modificada
é um método rápido (realizado em 1-2 dias), reprodutível e valioso na identificação
de possíveis episódios de contaminação cruzada.
ABSTRACT
For many years, it has been thought that a positive culture of Mycobacterium
tuberculosis is a definitive diagnostic evidence of tuberculosis (TB). However, the
recent use of molecular tools have resulted in increased recognition of cross-
contamination events linked, most of the times, to laboratory procedures. Features of
cross-contamination include: culture results not consistent with the clinical course of
the patient, isolates with unexpected drug resistance, single culture-positive
specimen and low colony count on solid medium. Nonetheless, true-positive cultures
of specimens from some groups of patients (with preliminary active pulmonary
tuberculosis, HIV infection, or under treatment) can also have some of the
characteristics outlined above. The evaluation of low-yield growth cultures as a
microbiological marker of cross-contamination would be very helpful in confirming or
excluding TB cases. In the present study, we assessed whether or not low-yield
growth cultures could be considered a cross-contamination marker, using molecular
typing methods (RAPET e RFLP). From January 2003 to January 2005, we
evaluated 109 low-yield growth cultures (less than 20 colonies) from 97 patients that
were processed in 94 different days. The false-positive rate found in this study was of
1,8% and 2,0% per samples and patients, respectively. These results suggest that
low-yield growth cultures do not seem to be a considerable marker for cross-
contamination, especially in a clinical trial mycobacteriology laboratory or in
laboratories working under the good laboratory and clinical practices (GLCP). It has
also been shown that the modified RAPET method is rapid (1 to 2 days),
reproducible, and valuable in identifying episodes of possible laboratory cross-
contamination.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.
Dados relativos aos grupos avaliados....................................... 38
Tabela 2.
Análise comparativa entre as técnicas de DRE-PCR e RAPET...
50
Tabela 3.
Dados bacteriológicos das cepas isoladas nos dias em que
foram detectados possíveis casos de contaminação cruzada
(Grupo A)......................................................................................
54
Tabela 4.
Dados bacteriológicos das cepas isoladas nos dias em que
foram detectados possíveis casos de contaminação cruzada
(Grupo B)......................................................................................
58
Tabela 5.
Índice de contaminação cruzada nos grupos de pacientes
avaliados no estudo......................................................................
65
Tabela 6.
Índice de contaminação cruzada em amostras de pacientes s
ob
investigação diagnóstica e em tratamento...................................
65
Tabela 7.
Contaminação cruzada em relação à presença de única cultura
positiva do paciente e o número de colônias isoladas na
mesma..........................................................................................
66
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.
Fluxograma de seleção das cepas utilizadas no estudo...............
37
Figura 2.
Perfis genéticos de cepas de M. tuberculosis
definidos pelo
método (A) DRE-PCR, (B) RAPET
antes da digestão do
produto de PCR pela enzima HaeIII e (C) RAPET
após a
digestão do produto de PCR pela enzima HaeIII.........................
51
Figura 3.
Perfis genéticos da cepa padrão H37Rv definidos pelo mét
odo
RAPET (A) antes da digestão do produto de PCR pela enzima
Hae
III e (B) após a digestão do produto de PCR pela enzima
Hae
III, após amplificação da mesma em diferentes
reações.........................................................................................
52
Figura 4.
Perfis genéticos de pares de cepas de diferentes pacientes
definidos pelo método RAPET.....................................................
53
Figura 5. Perfis genéticos de cepas de M. tuberculosis
pertencentes ao
Gru
po A, definidos pelo método RAPET (A) antes da digestão
do produto de PCR pela enzima Hae
III e (B) após a digestão do
produto de PCR pela enzima HaeIII.............................................
56
Figura 6.
Perfis genéticos de cepas de M. tuberculosis
pertencentes ao
Grupo B, definidos pelo método RAPET (A) antes da digestão
do produto de PCR pela enzima Hae
III e (B) após a digestão do
produto de PCR pela enzima HaeIII.............................................
60
Figura 7.
Perfis genéticos de cepas de M. tuberculosis
pertencentes aos
Grupo A e B, definidos pelo método RFLP..................................
62
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Anti-TB:
anti-tuberculose
BCG:
Bacilo de Calmette-Guérin, variante atenuada do Mycobacterium bovis
CDC:
Centers for Disease Control and Prevention
CO
2
:
gás carbônico
DNA:
Ácido desoxiribonucleico
DRE-PCR: Double Repetitive Element - Polimerase Chain Reaction
HIV:
Vírus da Imunodeficiência Humana
HUCAM:
Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes
IS
6110:
Sequência de inserção 6110
Kb:
Kilo-base
Mtb/HIV:
co-infecção Mycobacterium tuberculosis/Vírus da imunodeficiência humana
NDI: Núcleo de Doenças Infecciosas
O
2
:
oxigênio
OMS:
Organização Mundial de Saúde
pb: pares de base
PCR:
Reação em Cadeia da Polimerase
RAPET:
Rapid PCR-based Epidemiological Typing Method
RFLP: Restriction Fragment Length Polymorphism
r.p.m:
Rotações por minuto
SIDA:
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
TB:
Tuberculose
UFC:
Unidade Formadora de Colônia
UFES:
Universidade Federal do Espírito Santo
WHO:
World Health Organization
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
…………………………………………………………………
16
1.1 Tuberculose……………………………………………………..………..…......
16
1.1.1 Aspectos Epidemiológicos.................................................
.........................
16
1.1.2 Etiologia e transmissão da infecção...........................................................
17
1.1.3 Características gerais da doença...............................................................
19
1.2 Diagnóstico................................................................................................
20
1.2.1
Diagnóstico clínico......................................................................................
21
1.2.2 Diagnóstico radiológico………………………………………………………...
21
1.2.3 Diagnóstico bacteriológico ………………………………………………….…
22
1.2.3.1
Baciloscopia ………………………………………………………..……..…….
22
1.2.3.2
Amplificação de ácidos nucléicos…………………………………………..…
22
1.2.3.3
Cultura……………………………………………………………………….…..
23
1.3
Contaminação cruzada de culturas para micobactérias.............................
24
1.3.1 Fatores relacionados à contaminação cruzada..........................................
25
1.3.2
Técnicas de biologia molecular utilizadas para estudo de contaminação
cr
uzada.......................................................................................................
27
1.3.3 Indicadores de contaminação cruzada…………………….…………………
29
1.4 Antecedentes e justificativa do Projeto......................................
.................
31
2 OBJETIVOS…………………………………………………………………….
34
2.1 Objetivo geral…………………………………………………………..………..
34
2.2 Objetivos específicos………………………………….………………...……..
34
3 MATERIAL E MÉTODOS
.................................................
..........................
36
3.1
Caracterização da amostra.........................................................................
36
3.2
Processamento dos espécimes clínicos.....................................................
38
3.3 Identificação das cepas isoladas de culturas positivas..............................
39
3.4
Subcultivo das cepas..................................................................................
39
3.5 Double Repetitive Element PCR (DRE-PCR) modificado……………....….
39
3.5.1 Extração do DNA………………………………………………….……………
40
3.5.2 PCR………………………………………………………………………………
40
3.6 Rapid PCR-
based Epidemiological Typing Method (RAPET)
modificado……………………………………………………………..………...
41
3.6.1 Extração do DNA..................................
......................................................
41
3.6.2
PCR............................................................................................................
41
3.6.3 Digestão dos produtos amplificados por enzima de restrição....................
42
3.7 Restriction Fragment Lengh Polymorphism (RFLP-IS6110) …………..….
42
3.7.1 Extração e purificação do DNA bacteriano.................................................
42
3.7.2 Quantificação e digestão............................................................................
43
3.7.3 Separação e transferência para membrana...............................................
44
3.7.4
Preparo da sonda genética.........................................................................
44
3.7.5 Purificação e marcação da sonda de DNA.................................................
45
3.7.6 Hibridação do DNA bacteriano com a sonda de DNA marcada.................
45
3.7.7 Detecção.......................................................................
..............................
46
3.7.8 Análise do perfil genético das cepas..........................................................
46
3.8 Análise final dos dados............................................................
...................
47
4 RESULTADOS
…………………………………………………………………
.
49
4.1 Análise comparativa do desempenho das técnicas DRE-
PCR e
RAPET.......................................................................................................
49
4.2 Avaliação da reprodutibilidade da técnica RAPET.....................................
51
4.3 Investigação de possíveis episódios de Contaminação cruzada
utilizando o método RAPET........................................................................
53
4.4 Análise molecular dos possíve
is casos de contaminação cruzada
utilizando o método RFLP..........................................................................
61
4.5
Análise dos dados clínicos e bacteriológicos dos pacientes envolvidos
nos possíveis casos de contaminação cruzada........................................
63
4.6 Análise final dos resultados………………………………………………..….
64
5 DISCUSSÃO…………………………………………………………………….
68
6
CONCLUSÕES
………………………………………………………………...
77
7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
................................................
..........
79
ANEXOS
....................................................................................................
.
92
Introdução
IntroduçãoIntrodução
Introdução
1 INTRODUÇÃO
1.1 Tuberculose
1.1.1 Aspectos Epidemiológicos
A tuberculose, conhecida no passado como Peste Branca, constitui um grave
problema de saúde pública mundial, especialmente nos países em desenvolvimento.
O aumento na incidência da tuberculose nas últimas duas décadas é atribuído à
deterioração dos sistemas de saúde pública, à pandemia da síndrome da
imunodeficiência adquirida (SIDA), ao surgimento de cepas resistentes aos fármacos
e à grande correlação entre a doença e a pobreza (SEPKOWITZ et al., 1995).
A Organização Mundial de Saúde estima que um terço da população mundial esteja
infectada pelo Mycobacterium tuberculosis. Em 2004, estimou-se a ocorrência de 8,9
milhões de casos novos de tuberculose com um saldo de 1,7 milhões de óbitos. No
Brasil, neste mesmo ano, foram estimados 110.000 casos novos, resultando em um
coeficiente de incidência anual médio de 60 casos/100.000 habitantes. O país ocupa
a décima sexta posição entre os 22 países que abrigam cerca de 80% de todos os
casos de tuberculose no mundo (WHO, 2006). No Estado do Espírito Santo, 1.301
novos casos foram estimados, o que representa uma incidência de 39,4
casos/100.000 habitantes, para todas as formas de tuberculose. A incidência média
do estado está, portanto, abaixo da média nacional e da Região Sudeste, que é de
53 casos/100.000 habitantes/ano (BRASIL, 2006).
Neste cenário epidemiológico, a co-infecção M. tuberculosis/Vírus da
imunodeficiência humana (Mtb/HIV) ocupa lugar de destaque, sendo descrita por
muitos como o “dueto amaldiçoado”, devido ao seu grande impacto econômico e
social (SHARMA et al., 2005). Nos pacientes co-infectados pelo Mtb/HIV, o risco de
desenvolver a tuberculose após a infecção primária é extremamente alto (HAVLIR;
BARNES, 1999; LIBERATO et al., 2004), podendo ainda ocorrer a reativação de
uma infecção latente (NUNN et al., 2005). Diversas evidências sugerem que a co-
infecção Mtb/HIV seja responsável pelo aumento na incidência da tuberculose em
várias regiões do mundo. Nos países em desenvolvimento, a tuberculose representa
a infecção oportunista mais frequente em pacientes HIV/SIDA (NARAIN; LO, 2004).
No Brasil, entre os casos de SIDA notificados pelo Ministério da Saúde, a
tuberculose passou a ocupar, desde 1996, o segundo lugar entre as infecções
oportunistas mais frequentes, sendo superada apenas pela candidíase oral e
suplantando a infecção mais frequente até aquela data, a pneumonia por
Pneumocystis jiroveci (BRASIL, 2000).
Além destes indicadores expressivos e de suas implicações para a humanidade,
existe também uma crescente preocupação com o fenômeno de resistência do M.
tuberculosis às drogas do tratamento (CHAULET et al., 1996; PABLO-MENDES et
al., 1998). Este fenômeno é, em grande parte, justificado pela irregularidade ou
abandono do tratamento, além do alto custo e escassez de drogas alternativas
eficientes contra estes microrganismos; e responsável por diminuir, de forma
acentuada, a probabilidade de cura dos doentes acometidos pelos mesmos.
1.1.2 Etiologia e transmissão da infecção
O termo “tuberculose” foi possivelmente utilizado pela primeira vez por Shönlein em
1839 (GRANGE, 1996). Esta denominação tornou obsoletos os termos “Tísica” ou
“Consumpção”, antes utilizados em alusão à exuberante caquexia característica dos
estágios mais avançados desta enfermidade. Um dos mais significativos e completos
estudos sobre a tuberculose foi realizado pelo cientista alemão Robert Koch. Em
1882, Koch apresentou à comunidade científica o isolamento e forma de cultivo, a
partir de trabéculos macerados, do Mycobacterium tuberculosis, identificado como o
agente etiológico da doença, e que ficou mais conhecido como bacilo de Koch. Por
sua contribuição científica, Koch recebeu o prêmio Nobel de Medicina em 1905. O
bacilo de Hansen, descoberto alguns anos antes, e o bacilo da tuberculose foram as
primeiras espécies incluídas no gênero Mycobacterium, descrito, taxonomicamente,
por Lehmann e Neumman em 1896 (LEHMANN; NEUMMAN, 1896; apud GRANGE,
1996).
O gênero Mycobacterium compreende pequenos microrganismos em forma de
bastão, com dimensões de 0,2-0,7 x 1,0-10 µm, que o possuem flagelos, não
formam esporos e não possuem cápsula. Estes microrganismos diferem dos demais
gêneros bacterianos em uma série de aspectos, muitos dos quais relacionados à
composição de sua parede celular, formada por uma grande quantidade e variedade
de lipídeos. Estima-se que, aproximadamente, 60% do peso seco sejam devidos a
ácidos graxos tais como ácidos micólicos e ceras, o que lhe confere resistência
peculiar ao álcool-ácido, evidenciada pela técnica de coloração de Ziehl-Neelsen, e
resistência a álcalis, ácidos, antissépticos e a um amplo espectro de antibióticos
(WAYNE; KUBICA, 1986).
Apesar da abundância de espécies existentes no gênero, apenas algumas
representantes do mesmo se adaptaram a algum tipo de hospedeiro ou se tornaram
patogênicas para animais e humanos. Dentre as que merecem destaque, está o M.
tuberculosis que, sem hospedeiros intermediários, reservatórios no meio ambiente
ou vetores, encontrou no homem o seu reservatório natural e mantenedor da
espécie (WOLINSKY, 1979).
O M. tuberculosis é um bacilo aeróbio estrito, considerado intracelular facultativo por
sua capacidade de multiplicar e sobreviver no interior de células fagocitárias. Seu
tempo de geração é longo, de aproximadamente 18 horas, em temperaturas
próximas a 37ºC. Isso explica a predileção desta bactéria pelos pulmões (devido à
tensão de oxigênio existente neste orgãos), e a demora na sua detecção em meios
de cultura e na ação eficiente das drogas utilizadas no tratamento.
Os indivíduos portadores da tuberculose pulmonar são classificados como bacilíferos
e não-bacilíferos. Os indivíduos bacilíferos são assim denominados por eliminarem
uma quantidade superior a 5.000bacilos/ml de escarro, o que permite a detecção
destes microrganismos pela baciloscopia. Os indivíduos denominados não-
bacilíferos, ou paucibacilíferos, eliminam menores quantidades de bacilos no
escarro, resultando na não detecção dos mesmos pela baciloscopia. É importante
ressaltar ainda, que alguns estudos relatam a existência de uma correlação positiva
entre a quantidade de bacilos eliminados pelo paciente e a extensão da doença (KIM
et al., 1984; CÓ et al., 2004).
A principal fonte de infecção humana é o indíviduo portador da forma pulmonar
bacilífera da tuberculose, ou seja, aquele que elimina bacilos no escarro. Ao falar ou
tossir, esse indivíduo lança no ar gotículas contaminadas de tamanhos variados que
podem ser inaladas pelos seus contactantes. Apenas as gotículas com diâmetro de
2 a 10µm e poucos bacilos (1 ou 2) conseguem alcançar os bronquíolos e alvéolos
pulmonares onde iniciam sua multiplicação. As gotículas maiores são depositadas
no trajeto bifurcado da árvore traqueobrônquica e eliminadas pelo mecanismo de
defesa mucociliar, sendo deglutidas, inativadas pelo suco gástrico e eliminadas
pelas fezes (TARANTINO; LEITÃO DE OLIVEIRA, 1990).
Do ponto de vista epidemiológico, os indivíduos de uma população podem ser
classificados em diferentes categorias, segundo suas relações com o agente causal
e o ambiente, e em função dos mecanismos patogenéticos da doença. Segundo
Arantes (1985), o modelo epidemiológico da história natural da tuberculose é
constituído pelos seguintes grupos de indivíduos: não infectados, recém-infectados,
doentes primários, doentes não-primários, antigos infectados, ex-doentes e crônicos.
Indivíduos não infectados podem tornar-se recém-infectados dependendo do tipo e
da intensidade do contato a que forem submetidos. A grande maioria dos infectados
recentes (cerca de 95%) permanece nesta condição, ou seja, não desenvolve a
doença. Entretanto, a maior parte dos indivíduos que evoluem para a doença
primária, o faz nos dois primeiros anos após a infecção (SMITH; MOSS, 1994).
Fatores como a desnutrição, intensidade do contágio, condições de moradia e uso
de drogas imunossupressoras estão intimamente relacionados com o
comprometimento do estado imunológico do indivíduo e, como consequência, com o
desenvolvimento da tuberculose primária.
1.1.3 Características gerais da doença
A tuberculose é uma síndrome infecciosa de curso crônico, que acomete com maior
frequência os pulmões, e apresenta como principais sinais e sintomas: tosse,
expectoração por mais de 3 semanas, febre baixa e emagrecimento. O quadro
clínico da tuberculose pulmonar pode incluir ainda outras manifestações respiratórias
como dispnéia, dor torácica e hemoptise. Esta doença também pode comprometer
sítios extrapulmonares. Nesse caso, os principais sítios de implantação são aqueles
com maior suprimento sanguíneo e, portanto, de oxigênio, como o córtex renal, o
córtex cerebral, as extremidades de crescimento dos ossos longos, as vértebras e
adrenais. Na tuberculose disseminada ou miliar, ocorre o comprometimento
extensivo dos pulmões, fígado e medula óssea. Algumas condições debilitantes
(desnutrição, idade avançada, estresse), a dependência química (drogas e
alcoolismo), doenças degenerativas e imunossupressoras são consideradas fatores
intrínsecos ao organismo que constituem riscos para o desenvolvimento de ambos
os tipos de tuberculose (FIÚZA DE MELO; AFIUNE, 1993).
1.2 Diagnóstico
O diagnóstico da tuberculose tem como base um conjunto de evidências clínicas,
epidemiológicas e sociais, seguido da confirmação bacteriológica obtida através da
utilização de exames complementares. Os exames utilizados na investigação
diagnóstica da tuberculose podem ser presuntivos ou confirmatórios. Do primeiro
grupo fazem parte os exames radiográficos, bioquímicos, citológicos,
histopatológicos e imunológicos, incluindo as sorologias. O segundo grupo consiste
dos exames bacteriológicos (baciloscopia e cultura), que detectam a bactéria ou
componentes de sua estrutura, e dos testes moleculares, que detectam seqüências
específicas de ácidos nucléicos por intermédio de técnicas de biologia molecular.
Apesar dos avanços tecnológicos e de todos os esforços direcionados à pesquisa de
novas técnicas de diagnóstico, até o momento ainda não foi possível desenvolver
uma técnica simples, rápida, que apresente alta sensibilidade e especificidade, e
que seja capaz de diferenciar pacientes com tuberculose ativa daqueles indivíduos
com tuberculose latente e/ou acometidos por outras doenças.
1.2.1 Diagnóstico clínico
O diagnóstico clínico da tuberculose segue o caminho da anamnese e do exame
físico do paciente. A história familiar, informações sociais, doenças anteriores e a
história de contato prévio com pacientes portadores da doença, constituem dados
importantes, que conduzem à formulação de hipóteses acerca do diagnóstico. É
recomendado que o diagnóstico clínico seja confirmado com o auxílio de exames
complementares, contudo, alguns pacientes podem ser diagnosticados com base
apenas na forte suspeita clínica e resposta ao tratamento anti-TB, mesmo na
ausência da confirmação bacteriológica (CHAN et al., 2000).
1.2.2 Diagnóstico radiográfico
O exame radiográfico do tórax constitui um relevante instrumento diagnóstico, uma
vez que a tuberculose causa anormalidades radiográficas na maioria dos pacientes.
Seu potencial em detectar um caso de doença ativa deve ser reconhecido
principalmente quando existe a suspeita de erro ou atraso na liberação dos
resultados de outros testes e/ou quando estes estão negativos.
Duas situações distintas devem ser consideradas: a tuberculose primária e a
tuberculose s-primária (ou secundária), pois estas se manifestam, clínica e
radiologicamente, de diferentes formas (DUNLAP et al., 2000). A tuberculose pós-
primária é praticamente exclusiva do adulto, tendo localização preferencial pelos
segmentos dorsais dos lobos superiores e pelos segmentos apicais dos lobos
inferiores. Quanto maior a extensão da doença maior a chance do paciente
apresentar doença cavitária, caracterizada pela presença de um espaço, de pelo
menos 1cm de diâmetro, transparente, contendo ar no parênquima pulmonar,
circundado por um infiltrado ou parede fibrótica de espessura maior que 1mm.
Nas situações em que as apresentações radiográficas são consideradas atípicas
(alguns casos de tuberculose extrapulmonar ou TB/HIV), a tomografia
computadorizada do tórax contribui para demonstrar alterações não visualizadas
através da radiografia.
1.2.3 Diagnóstico bacteriológico
1.2.3.1 Baciloscopia
Nos países em desenvolvimento, a baciloscopia, ou exame direto do escarro, é o
método diagnóstico mais empregado nos serviços de saúde em função de sua
simplicidade, rapidez e baixo custo. A técnica de Ziehl-Neelsen é a mais utilizada e
recomendada pela OMS devido à sua ampla aplicabilidade (WHO, 1998). Entretanto,
desde 1989, o microscópio fluorescente vem substituindo os microscópios
convencionais, principalmente em laboratórios que contam com uma estrutura mais
complexa. Neste caso, a técnica utilizada para realização da baciloscopia utiliza a
auramina como corante. Alguns trabalhos defendem que esta técnica contribui para
o aumento da sensibilidade do exame direto (SALFINGER; MORRIS, 1994;
RICHELDI et al., 1995).
A baciloscopia apresenta boa especificidade em áreas de alta taxa de prevalência,
porém sua sensibilidade é limitada, pois a presença de bacilos é detectada se
estes estiverem em grande número (5.000 10.000bacilos/ml) na amostra
examinada (HOBBY et al, 1973). Como consequência, apenas 34 80% dos casos
de tuberculose são diagnosticados por este método, considerado bastante sensível
para a detecção de pacientes com doença cavitária, porém pouco sensível para o
diagnóstico de pacientes paucibacilíferos (BRODIE; SCHLUGER, 2005). No entanto,
um estudo realizado por Behr et al. (1999), na cidade de São Francisco (EUA),
mostra que estes pacientes podem ser responsáveis pela transmissão do M.
tuberculosis em 17% dos casos diagnosticados. Esta é a razão pela qual o resultado
negativo da baciloscopia não elimina o diagnóstico de tuberculose pulmonar ativa,
principalmente quando existe forte suspeita clínica.
1.2.3.2 Amplificação de ácidos nucléicos
As técnicas de amplificação de ácidos nucleicos, que têm como alvo sequências
específicas do DNA das micobactérias, surgiram como uma alternativa promissora
para o diagnóstico da tuberculose (HUGGETT et al., 2003). Estas técnicas podem
ser aplicadas diretamente ao espécime clínico, tornando possível o diagnóstico em
menos de 24 horas (GARG et al., 2003). Apesar de apresentarem, em média,
elevadas sensibilidade e especificidade (95 - 98%) em amostras com baciloscopia
positiva, o seu rendimento diagnóstico é inferior em amostras com baciloscopia
negativa, nas quais a sensibilidade varia de 48 53% (FRIEDEN et al., 2003).
Portanto, a interpretação dos resultados obtidos por estas técnicas deve ser feita de
forma cuidadosa, sendo importante destacar que sua utilização não se aplica em
casos de controle de tratamento, nem tampouco substitui a realização da cultura
(RIBEIRO et al., 2004a).
1.2.3.3 Cultura
O cultivo in vitro de micobactérias é considerado um processo fundamental e
bastante eficaz no diagnóstico da tuberculose. A realização da cultura compreende
uma etapa inicial de digestão e descontaminação da amostra, uma etapa de
concentração da amostra por intermédio de centrifugação e, por fim, a inoculação da
mesma no meio de cultura de escolha.
Existem diferentes tipos de meios de cultura disponíveis para o cultivo das
micobactérias. O mais utilizado no Brasil é o de Lowenstein-Jensen, um meio sólido
à base de ovo; porém, o meio de Ogawa (Anexo I), também à base de ovo, vem
sendo utilizado por alguns laboratórios em sua rotina. Outros meios de cultura à
base de ágar, tais como o Middlebrook 7H10 e 7H11, além de meios líquidos, como
o 7H9 e 7H12, também podem ser utilizados para o cultivo destes microrganismos.
Dentre os meios sólidos, o crescimento de colônias nos meios à base de ovo é mais
lento, porém, levemente melhor do que o observado para os meios à base de agar.
Em relação aos meios líquidos, o crescimento nestes se mais rapidamente do
que em meios sólidos, mas os mesmos devem ser utilizados para o isolamento
primário da micobactéria se a eles forem adicionados antibióticos. Por estas razões,
a cultura em meio sólido é o método mais utilizado no diagnóstico da tuberculose.
Entretanto, é necessário um período de 2 a 8 semanas para que se observe o
crescimento de colônias de M. tuberculosis neste meio (FURIN; JOHNSON, 2005).
Além de apresentar alta especificidade, a cultura possui sensibilidade superior à
observada para a baciloscopia. Em geral, a sensibilidade da cultura é de 80-85%,
com especificidade de aproximadamente 98% (MORGAN et al., 1983; ICHIYAMA et
al., 1993). Isto se deve ao fato deste método ser capaz de detectar um pequeno
número de bacilos (10 - 100/ml) na amostra examinada (YEAGER et al., 1967), além
de permitir a identificação da micobactéria isolada. Um estudo realizado na região da
Grande Vitória – Espírito Santo, mostrou que houve um aumento de 23,4% no
diagnóstico bacteriológico de casos novos da doença, a partir do momento em que a
cultura pelo método de Ogawa-Kudoh foi introduzida nos laboratórios das prefeituras
como técnica de rotina complementar ao uso da baciloscopia (RIBEIRO et al.,
2004b).
Existem, ainda, sistemas semi-automatizados, como o BACTEC 460 (Becton
Dickinson, EUA), e automatizados, como o MGIT (Becton Dickinson, EUA),
disponíveis no mercado. O BACTEC 460 é um sistema radiométrico que permite a
detecção do CO
2
radioativo liberado pela bactéria quando da utilização do ácido
palmítico presente no meio de cultura BACTEC 12B modificado. Já no sistema
MGIT, o consumo de O
2
é detectado por um sensor fluorimétrico localizado na
extremidade inferior do frasco. Este sistema também utiliza meio líquido, porém a
detecção é não-radioativa. Métodos de cultura semi-automatizados e automatizados
são mais sensíveis que os tradicionais (MITCHISON, 2005) e possibilitam um
diagnóstico mais precoce, com detecção do bacilo entre 7-21 dias (MORGAN et al.,
1983). No entanto, o custo elevado não permite a utilização dos mesmos pela
grande maioria dos serviços de saúde.
1.3 Contaminação cruzada de culturas para micobactérias
Apesar da importância do diagnóstico clínico, da baciloscopia, e das técnicas
inovadoras de biologia molecular, a cultura positiva em meio sólido e/ou líquido
continua sendo o padrão-ouro para o diagnóstico definitivo da tuberculose (BOER et
al., 2002). Com efeito, a cultura é o único método que, além de apresentar alta
sensibilidade, permite ainda o isolamento e a identificação do agente etiológico, a
realização de testes de sensibilidade a drogas, o monitoramento da resposta
terapêutica (o que explica sua ampla utilização em ensaios clínicos) e, se
necessário, a caracterização genotípica destes microrganismos para estudos
epidemiológicos (DUNLAP et al., 2000)
Deste modo, a valorização de uma cultura positiva é de extrema importância para a
confirmação do diagnóstico da doença, principalmente quando o paciente é
paucibacilífero e apresenta lesões iniciais. Entretanto, em alguns casos, uma cultura
positiva pode ser resultado da contaminação cruzada entre amostras de diferentes
pacientes. O termo contaminação cruzada, do anglo-saxão “cross contamination”, é
utilizado para caracterizar a contaminação da amostra de determinado paciente com
microrganismos provenientes da amostra de um outro paciente. Nesse caso, o
resultado da cultura é considerado falso-positivo, e a valorização deste resultado
pode causar muitos transtornos ao paciente, tais como o tratamento desnecessário
com drogas potencialmente tóxicas (BURMAN; REVES, 2000; ORMEROD;
HORSFIELD, 1996), além da submissão do mesmo a outras intervenções médicas,
como hospitalização e procedimentos diagnósticos (BURMAN et al., 1997). É
importante ainda ressaltar as consequências no âmbito sócio-econômico e
emocional: o diagnóstico da tuberculose pode levar à estigmatização, isolamento
social (KELLY, 1999), interrupção das atividades profissionais, além de gerar
despesas excessivas com o tratamento do paciente. Na Holanda, no período de
1995 a 1999, estes gastos foram calculados em mais de U$100.000,00. (BOER et
al., 2002). Também é necessário mencionar que a ocorrência de contaminação
cruzada faz aumentar a estimativa da incidência da doença (CDC, 2000) e reduz a
confiabilidade no laboratório responsável pelo recebimento e processamento dos
espécimes clínicos.
1.3.1 Fatores relacionados à contaminação cruzada
Muitos fatores podem estar relacionados a resultados de cultura falso-positivos. A
contaminação cruzada pode ocorrer desde o momento de coleta e transporte dos
espécimes clínicos até o término do processamento dos mesmos no laboratório.
Durante a coleta do escarro, a utilização de frascos estéreis com tampas de rosca,
que facilitem a vedação dos mesmos, é fundamental para evitar que haja vazamento
e possível contato entre os espécimes, principalmente no momento do transporte. O
vazamento de um dos frascos ou o contato entre eles poderiam ser a causa de uma
contaminação cruzada. Outra grande causa de contaminações é a utilização de
equipamentos contaminados. O broncoscópio de fibra ótica, por exemplo, possui
canalículos delgados, de difícil esterilização, e uma vez contaminado pela
micobactéria de determinado paciente, pode vir a contaminar espécimes de outros
pacientes ou até mesmo infectar pacientes saudáveis (WHEELER et al., 1989;
BROWN et al., 1993; AGERTON et al., 1997).
Após a coleta, a identificação dos recipientes que contêm os espécimes clínicos e/ou
o registro incorreto dos pacientes também são procedimentos que podem gerar
resultados falso-positivos (NITTA et al., 1996; BURMAN et al., 1997).
O processamento destes espécimes no laboratório, para realização de cultura, é um
procedimento importante que inclui a realização de etapas relativamente complexas
(WURTZ et al., 1996). A primeira etapa deste procedimento é a digestão do
espécime clínico, que o torna mais liquefeito. Posteriormente, é realizada a
descontaminação, que tem como objetivo eliminar a microbiota associada que, por
se desenvolver muito mais rapidamente, contamina o meio de cultura e impede a
multiplicação dos bacilos. Esta etapa requer a adição de uma solução
descontaminante ao tubo e, em seguida, sua neutralização e centrifugação. É
necessário, ainda, controlar o tempo gasto em cada uma destas atividades. Por esse
motivo, na tentativa de se otimizar o tempo, os espécimes não são processados
individualmente, mas em conjunto. Porém, quando espécimes positivos e negativos
são processados concomitantemente, o risco de contaminação cruzada é
aumentado (BAUER et al., 1997; CARROLL et al., 2002).
Existem ainda alguns estudos que descrevem a contaminação de culturas através
das agulhas do sistema BACTEC (BURMAN et al., 1997; SMALL et al., 1993a).
Estas agulhas são esterilizadas pelo próprio equipamento no momento da
perfuração de cada frasco durante a leitura dos mesmos e, quando a esterilização
não é obtida, pode ocorrer a contaminação.
Dentre os procedimentos anteriormente citados, o processamento dos espécimes
clínicos no laboratório é o que envolve os maiores riscos de contaminação cruzada.
Durante este procedimento, existe a possibilidade de que bacilos viáveis,
provenientes de amostras positivas, sejam transferidos para as amostras negativas
processadas no mesmo grupo. Esta transferência pode ocorrer através de pipetas
e/ou reagentes contaminados por estes bacilos, pelo contato direto entre os tubos
que contêm as amostras, ou ainda, pelos aerossóis gerados em algumas das etapas
do processo (BURMAN; REVES, 2000).
Vários estudos têm sido realizados com o objetivo de se estimar o índice de
contaminação em laboratórios de micobacteriologia públicos e privados. Burman e
Reves (2000), revisaram 14 estudos sobre contaminação cruzada. Nesta revisão
foram incluídos apenas estudos que avaliaram um número superior a 100 pacientes,
e a média de resultados falso-positivos encontrada foi de 3,1%. Mais recentemente,
Jasmer et al. (2002) relataram que a maioria dos estudos de contaminação cruzada
apresentam índices de falso-positividade que variam entre 0,9% e 3,5%. No entanto,
destacam que estes estudos são retrospectivos e não avaliam a extensão do
problema nos diferentes tipos de laboratórios de pesquisa micobacteriológica.
1.3.2 Técnicas de biologia molecular utilizadas para estudo de contaminação
cruzada
Até a década de 80, os estudos de contaminação cruzada eram realizados com
base nos dados clínicos/radiográficos dos pacientes, nos padrões incomuns de
sensibilidade a drogas, características bioquímicas e fagotipagem das cepas.
Porém, muitas cepas apresentam os mesmos fenótipos bioquímicos e de
sensibilidade. Além disso, a alta incidência de cepas multiresistentes em alguns
hospitais (SMALL et al., 1993b) também limita a utilização de perfis de sensibilidade
para identificação de clusters. A fagotipagem, definida como a caracterização de
uma bactéria pela identificação de sua suscetibilidade a determinados bacteriófagos,
foi por muito tempo utilizada com sucesso para confirmar episódios de contaminação
cruzada (JONES, 1988; MAURER et al., 1984). Embora tenha fornecido um melhor
entendimento sobre a transmissão da tuberculose, esta última técnica apresenta
várias limitações, como o tempo de execução e o número de fagotipos identificáveis
(Van SOOLINGEN; HERMANS, 1995).
Porém, estes marcadores fenotípicos foram substituídos por técnicas de biologia
molecular tais como o DNA fingerprinting. Neste caso, a tipagem das cepas é
baseada na seleção de marcadores genéticos encontrados no cromossomo do M.
tuberculosis. Com base no princípio de que existem diferenças fenotípicas e
genotípicas entre diferentes cepas, mas não em uma mesma cepa, as técnicas de
genotipagem possibilitam a detecção do polimorfismo do DNA entre cepas através
da análise dos perfis genéticos das mesmas.
Atualmente, o “Restriction Fragment Lenght Polymorphism” (RFLP) é considerado o
padrão-ouro para estudos em epidemiologia e patogênese da tuberculose (Van
EMBDEN et al., 1993). Esta técnica se baseia na detecção da sequência de
inserção 6110 (IS6110), pertencente à família IS3 das enterobactérias (McADAM et
al., 1990). A IS6110 é uma sequência longa, composta por 1361 pb, observada
unicamente nas micobactérias do complexo M. tuberculosis (THIERRY et al., 1990)
e caracterizada pela presença de repetições invertidas separadas pelo gene da
transposase. A distribuição desta sequência de inserção, em geral, é aleatória ao
longo do genoma e o número de cópias da IS6110 é espécie- e cepa-dependente,
podendo variar de clones raros, que não possuem nenhuma inserção (Van
SOOLINGEN et al., 1993), àqueles que possuem até 20 cópias, sendo que a maior
parte das cepas de M. tuberculosis possui entre 8 e 15 cópias (KANDUMA et al.,
2003).
A técnica de RFLP é utilizada na diferenciação de cepas de M. tuberculosis, no
monitoramento da transmissão da doença, na identificação de clusters dentro de
uma população, na diferenciação de reinfecção exógena e recidiva, no estudo da
evolução molecular e também na identificação de contaminações intralaboratoriais
(PALOMINO, 2005). Por outro lado, apresenta elevado custo e requer um período de
semanas até a obtenção do resultado final. Isto ocorre porque este método o
envolve uma etapa de amplificação e, dessa forma, é necessário aguardar o
crescimento das culturas para que se obtenha uma quantidade suficiente de DNA
para a realização do teste; o que pode levar de 2 a 6 semanas. Além disso, são
necessários de 3 a 5 dias para a realização do teste.
Devido às dificuldades acima descritas, iniciou-se uma crescente busca por outras
técnicas que tornassem estes estudos mais simples e acessíveis a todos os
laboratórios. Dentre estas, destaca-se o “Double-Repetitive-Element PCR” (DRE-
PCR), descrito por Friedman et al. (1995). Esta técnica tem base na amplificação de
segmentos localizados entre duas seqüências que se repetem ao longo do genoma
do M. tuberculosis: a IS6110 e a seqüência polimórfica rica em GC. O DRE-PCR é
considerado um método rápido, de fácil realização e utilizado em estudos de
contaminação cruzada (RITACCO et al., 2002; FILHO et al., 2002).
Outras técnicas mais recentes têm associado a PCR ao uso de enzimas de restrição
(PCR-RFLP) criando uma metodologia alternativa para análise genotípica de
diferentes cepas. Dentre estas, a técnica descrita por Yates et al. (2001) e
denominada “Rapid PCR-based Epidemiological Typing Method” (RAPET), tem se
mostrado bastante promissora. Segundo estes autores este é um método rápido
(com obtenção de resultados em 1-2 dias), de fácil realização, reprodutível e com
resultados compatíveis aos obtidos pelo RFLP em estudos de biologia molecular.
1.3.3 Indicadores de contaminação cruzada
Alguns critérios podem ser considerados indicadores de um resultado falso-positivo.
Dentre eles, podemos ressaltar (i) o resultado positivo de apenas uma das culturas
do paciente, (ii) resultado de cultura não compatível com a evolução clínica do
paciente, (iii) a observação de um padrão inesperado de resistência a drogas da
cepa isolada e (iv) o crescimento de poucas colônias de M. tuberculosis em meio
sólido (BURMAN; REVES, 2000).
O resultado positivo de apenas uma das culturas de um mesmo paciente, primeiro
critério citado acima, é considerado o indicador mais sugestivo da ocorrência de
contaminação. Um estudo realizado por Frieden et al. (1996) mostrou que 44% dos
pacientes avaliados por terem uma única cultura positiva, tiveram, na realidade, seus
espécimes contaminados. Este mesmo critério foi responsável pela identificação de
dois surtos de contaminação cruzada que não haviam sido detectados pelos clínicos
e técnicos responsáveis pelos laboratórios avaliados (NIVIN et al., 1998; FINE et al.,
1997). Entretanto, apesar deste ser considerado um critério sensível para a detecção
de culturas falso-positivas, é também pouco específico, pois pacientes
diagnosticados com tuberculose pulmonar ativa também podem ter apenas uma de
suas culturas positiva para o M. tuberculosis (JASMER et al., 2002).
O segundo critério citado como forte indicador de que houve contaminação cruzada
é o resultado positivo de cultura não compatível com a história clínica (sinais e
sintomas) do paciente (FITZPATRICK et al., 2004), principalmente quando observa-
se a melhora clínica do indivíduo sem que este tenha iniciado a terapia com drogas
anti-tuberculose (anti-TB). Este critério foi aplicado em alguns estudos para
investigação da ocorrência de contaminação cruzada e a suspeita foi confirmada
(SMALL et al., 1993b; FISCHL et al., 1992).
A contaminação cruzada também pode ser detectada quando, após a realização do
teste de sensibilidade, observa-se um padrão de resistência a drogas considerado
incomum ou inesperado para a cepa isolada daquele paciente, de acordo com sua
história clínica e epidemiológica (WURTZ et al., 1996), o que caracteriza o terceiro
critério citado acima. Neste caso, se a contaminação for detectada, é possível evitar
que um paciente infectado por uma cepa sensível às drogas anti-tuberculose e,
portanto, recebendo tratamento padrão, tenha seu tratamento prolongado, além de
utilizar drogas alternativas.
O quarto critério considerado um possível indicador de contaminação cruzada é o
crescimento de poucas colônias de M. tuberculosis em meio sólido (BRADEN et al.,
1997; ABER et al., 1980; BAUER et al., 1997; BURMAN et al., 1997; WURTZ et al.,
1996). Esta relação entre o baixo número de unidades formadoras de colônia (UFC)
e a contaminação está fundamentada na hipótese de que o inóculo responsável pela
contaminação de uma amostra é geralmente muito pequeno (uma gotícula ou
aerosol), contendo um número bastante reduzido de bacilos. Como consequência, a
amostra contaminada apresenta resultado de baciloscopia negativo, tempo de
incubação prolongado em meio líquido e/ou crescimento de poucas colônias em
meio sólido.
Entretanto, apenas dois trabalhos foram realizados na tentativa de avaliar este último
critério. Mac Gregor et al. (1975), foram os primeiros a descrever esta associação
entre crescimento de poucas colônias em meio sólido e contaminação cruzada.
Neste estudo, foram avaliados pacientes cujas culturas em meio sólido
apresentaram crescimento de UFC < 5. Contudo, esta avaliação foi feita apenas com
base nos critérios clínicos e radiográficos destes pacientes e nenhuma técnica de
biologia molecular foi utilizada para confirmar os casos de contaminação. Braden et
al. (1997) realizaram um estudo para estabelecer o índice de falso-positividade em
seu laboratório. Porém, a relação número de colônias/contaminação foi avaliada
para os 15 pacientes cujos dados de cultura eram disponíveis. Neste estudo, apesar
da técnica de RFLP ter sido utilizada para identificar os possíveis casos de
contaminação, o número de culturas avaliadas foi muito pequeno.
1.4 Antecedentes e Justificativa do Projeto
O Laboratório de Micobacteriologia do Núcleo de Doenças Infecciosas da
Universidade Federal do Espírito Santo (NDI/UFES) é referência na realização de
ensaios clínicos diagnósticos e terapêuticos em TB. Desde dezembro de 2002, este
laboratório participa de um estudo multicêntrico denominado Protocolo DMID01
009 (Estudo prospectivo, multicêntrico, controlado, randomizado, para avaliação de
esquema encurtado do tratamento padrão da tuberculose de 6 meses para 4 meses,
em pacientes HIV-negativos, infectados com cepas sensíveis às drogas, sem
doença cavitária e com cultura negativa no segundo mês de tratamento).
Um dos critérios de inclusão, para o arrolamento de pacientes neste estudo,
determina que a confirmação diagnóstica através do resultado da cultura
acontece quando ocorre o crescimento de mais do que 10 UFC em meio sólido ou o
crescimento micobacteriano em meio líquido BACTEC. Para a avaliação da
conversão do resultado da cultura (de positivo para negativo), falência de tratamento
ou recidiva bacteriológica, o mesmo crescimento (UFC>10) também é necessário
para que a cultura seja considerada positiva. Este critério de inclusão foi adotado
com base nos estudos citados anteriormente, que sugerem o baixo número de UFC
como indicador de contaminação cruzada.
Entretanto, se por um lado, a utilização deste critério tenta impedir a valorização de
uma cultura falso-positiva, principalmente no momento do diagnóstico, por outro
lado, pode estar também impedindo que novos casos da doença sejam notificados
precocemente, ou que casos de falência e/ou recidiva sejam detectados e
confirmados. É importante lembrar que indivíduos co-infectados pelo Mtb/HIV
também apresentam carga bacilar reduzida em seus espécimes devido à menor
frequência na formação de cavidades pulmonares, o que resulta no crecimento de
um menor número de colônias nas culturas realizadas (NUNN et al., 2005). Além
disso, indivíduos paucibacilíferos, com tuberculose pulmonar ativa em fase inicial,
também podem apresentar resultado de cultura com as mesmas características
mencionadas acima (BURMAN et al., 1997; FRIEDEN et al., 1996); e, segundo
Dunlap et al. (1995), como o M. tuberculosis não coloniza simbioticamente o trato
respiratório, a detecção de uma única colônia em meio sólido sugere doença.
Neste contexto, torna-se necessário verificar, com base em dados clínicos e
moleculares, se o crescimento de poucas colônias em meio de cultura sólido pode
ser considerado indicador de contaminação cruzada, especialmente em laboratórios
que desenvolvem suas atividades seguindo as normas de Boas Práticas Clínicas e
Laboratoriais.
Objetivos
ObjetivosObjetivos
Objetivos
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Avaliar o crescimento de poucas colônias de M. tuberculosis em meio de cultura
sólido como indicador microbiológico de contaminação cruzada, utilizando técnicas
de tipagem molecular.
2.2 Objetivos Específicos
Avaliar a utilização do RAPET como método de tipagem molecular de cepas de M.
tuberculosis na investigação de episódios de contaminação cruzada.
Avaliar o índice de contaminação cruzada nos espécimes coletados de pacientes
arrolados em ensaios clínicos e de pacientes atendidos em um Serviço de
Referência Ambulatorial de Tuberculose.
Avaliar o crescimento de poucas colônias de M. tuberculosis em meio de cultura
sólido como indicador de contaminação cruzada em espécimes coletados de
pacientes sob investigação diagnóstica e de pacientes em tratamento.
Descrever possíveis indicadores relacionados aos episódios de contaminação
cruzada encontrados.
Material e Métodos
Material e MétodosMaterial e Métodos
Material e Métodos
3 MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi caracterizado como um estudo descritivo retrospectivo e foi
conduzido no Laboratório de Micobacteriologia do Núcleo de Doenças Infecciosas
(NDI) da Universidade Federal do Espírito Santo. Este laboratório realiza Ensaios
Clínicos e todas as suas atividades são conduzidas obedecendo as normas de Boas
Práticas Clínicas e Laboratoriais.
3.1 Caracterização da amostra
No período de janeiro de 2003 a janeiro de 2005, foi processado um total de 12.984
espécimes clínicos provenientes de pacientes com suspeita de tuberculose
atendidos no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (HUCAM).
Neste mesmo período, foi obtida, a partir do banco de dados (TB Notes) do
Laboratório de Micobacteriologia do NDI, uma relação contendo 2.399 resultados de
cultura positivos para micobactérias. Para inclusão neste estudo, foram selecionadas
as cepas de M. tuberculosis que obedeciam a três critérios fundamentais: (i)
resultado de baciloscopia negativo, (ii) crescimento inferior a 20 unidades
formadoras de colônias (UFC) em meio de cultura sólido e (iii) disponibilidade dos
dados clínicos do paciente. Devido ao crescimento de poucas colônias na cultura,
estas cepas poderiam representar possíveis casos de contaminação cruzada. Após
a seleção, foram obtidas 109 cepas isoladas de espécimes pulmonares coletados de
97 pacientes. Estes espécimes foram processados em 94 dias diferentes ao longo
deste período.
As cepas foram divididas em dois grupos distintos (A e B) de acordo com as
características dos pacientes dos quais eram provenientes, e como descrito a seguir:
Grupo A - constituído por 56 cepas de M. tuberculosis provenientes de 44
pacientes não-cavitários, arrolados no protocolo DMID01 009 e atendidos no
Centro de Pesquisa Clínica (CPC) do HUCAM. Estes pacientes apresentavam
diagnóstico precoce de tuberculose pulmonar não-cavitária, iniciaram o
tratamento anti-tuberculose e foram acompanhados por 30 meses. Das 56 cepas
selecionadas, 28 eram provenientes de espécimes clínicos coletados para
diagnóstico e 28 eram provenientes de espécimes coletados 1, 2 ou 6 meses
após o início do tratamento.
Grupo B - constituído por 53 cepas de M. tuberculosis provenientes de 53
pacientes com ou sem tuberculose pulmonar cavitária, atendidos no Ambulatório
de Pneumologia e Tisiologia do HUCAM. Todas as cepas selecionadas eram
provenientes de espécimes clínicos coletados para o diagnóstico.
12.984 espécimes clínicos processados
2.399 resultados positivos de culturas
109 cepas selecionadas
Grupo A - Projeto Grupo B - Rotina
(56 cepas) (53 cepas)
Figura 1 – Fluxograma de seleção das cepas utilizadas no estudo
A Tabela 1 mostra os dados relativos aos grupos avaliados. Como pode ser
observado, apesar do número de espécimes processados pelos técnicos da rotina
ser maior do que o número de espécimes processados pelos técnicos que
participam do projeto, a média de cultura positivas obtidas por dia é praticamente a
mesma em ambos os grupos. A investigação de contaminação cruzada foi realizada
em cada um dos dias em que foram observadas culturas com crescimento menor
que 20 UFC (supostamente contaminadas). Para tal, foram utilizadas: (i) a(s) cepa(s)
supostamente contaminada(s) e (ii) as demais cepas de M. tuberculosis isoladas dos
espécimes clínicos processados no mesmo dia (possíveis contaminantes),
perfazendo um total de 285 cepas avaliadas (133 no grupo A e 152 no grupo B).
Caso a cepa supostamente contaminada tenha sido a única isolada num
determinado dia, foi utilizada uma outra cepa do mesmo paciente que tenha sido
isolada em uma outra data.
Tabela 1 – Dados relativos aos grupos avaliados.
Dias
avaliados
Amostras
processadas/
dia
Culturas
positivas/
dia
Total de
culturas
positivas
Método
de
digestão
Técnicos
Grupo A 46 8,4 2,7 133 DTT 2
Grupo B 48 22,7 3,0 152 NALC 2
3.2 Processamento dos espécimes clínicos
Os espécimes clínicos do Grupo A foram submetidas à digestão pelo dithiotreitol
(DTT) a uma concentração final de 0,1%, por 5 minutos em um agitador.
Posteriormente, foram descontaminados com NaC/NaOH a uma concentração final
de 0,7/1,25%, por 15 minutos, à temperatura ambiente. Após a descontaminação, foi
adicionado, a cada tubo, tampão fosfato (PBS) até um volume final de 50 ml. As
amostras foram centrifugadas a 4000 x g, por 15 minutos, a 4ºC. O sedimento
formado foi ressuspenso em 2 ml de PBS.
As amostras pulmonares do Grupo B foram submetidas à digestão e
descontaminação pelo N-acetil-L-cisteína (NALC) 0,5% em solução de
NaC/NaOH
(Anexo IIa) por 15 minutos à temperatura ambiente. Posteriormente, foi adicionado,
a cada tubo, PBS (Anexo IIb) até um volume final de 50 ml e procedeu-se o
processamento como descrito acima.
A partir do sedimento ressuspenso em tampão foram confeccionados esfregaços.
Após o período de fixação, os mesmos foram corados pela técnica de Auramina O e
a leitura ao microscópio foi realizada de acordo com as recomendações técnicas do
Ministério da Saúde (BRASIL, 2005).
Também foram inoculados 0,2 ml e 0,5 ml do sedimento ressuspenso em frascos de
LJ e BACTEC 12B, respectivamente. Estes frascos foram incubados a 37ºC por até
6 semanas. As culturas em meio sólido foram examinadas semanalmente para
detecção de micobactérias ou de organismos contaminantes. As culturas em meio
líquido foram examinadas três vezes por semana no sistema BACTEC 460, segundo
recomendações do fabricante (BACTEC TB 460 System, 1996).
3.3 Identificação das cepas isoladas de culturas positivas
Todas as cepas selecionadas para este estudo foram identificadas como M.
tuberculosis com base nas caracterísicas fenotípicas das colônias (rugosas, cremes
e opacas), na sensibilidade ao ρ-nitro-α-acetilamino-β-hidroxipropiofenona (NAP)
e/ou ao ácido ρ-nitrobenzóico (500µg/ml) e na resistência à hidrazida do ácido
tiofeno-2-carboxílico (2µg/ml) (KENT & KUBICA, 1995; COLLINS et al., 1997).
3.4 Subcultivo das cepas
No Laboratório de Micobacteriologia do NDI, todas as cepas identificadas, são
armazenadas em meio líquido 7H9/glicerol 10%, a uma temperatura de
aproximadamente –70 ºC. As cepas selecionadas para a análise molecular foram
descongeladas à temperatura ambiente, subcultivadas em dois frascos contendo
meio de Ogawa e incubadas em estufa a 37ºC. Após o crescimento das colônias, um
dos frascos foi utilizado para posterior recongelamento da cepa, enquanto o outro foi
utilizado para proceder a extração do DNA.
3.5 Rapid PCR-based Epidemiological Typing Method (RAPET) modificado
Para análise dos perfis genéticos das 285 cepas avaliadas no estudo, foi utilizada a
técnica de RAPET, descrita por Yates et al. (2002), com algumas modificações.
3.5.1 Extração do DNA
Com o auxílio de uma alça descartável, uma pequena porção de colônias foi retirada
do meio de cultura sólido. Estas colônias foram depositadas em um tubo de
microcentrífuga contendo 1 ml de água deionizada estéril e, em seguida,
homogeneizadas em vortex por 10 segundos. Os tubos foram aquecidos a
aproximadamente 95ºC em bloco aquecedor, por 20 minutos, e imediatamente
submetidos a uma temperatura de -20ºC por um período mínimo de 20 minutos ou
até o momento de sua utilização.
3.5.2 PCR
Um volume de 10 µl de DNA foi adicionado a tubos mantidos em banho de gelo em
uma câmara de fluxo laminar, contendo os seguintes reagentes para PCR
(Invitrogen): solução tampão (Tris-HCl 20 mM - pH 8,4, KCl 50 mM), MgCl
2
2,5 mM,
0,2 mM de cada desoxirribonucleotídeo trifosfatado (dATP, dCTP, dGTP, dTTP), 40
pmoles do iniciador, 1 U de Taq DNA-polimerase e água ultrapura esterilizada para
o volume final de 40 µl. Um único iniciador complementar à região invertida da
IS6110 (5’- GAG TCT CCG GAC TCA CCG G) foi utilizado.
Para a reação de PCR foram utilizadas as seguintes condições: desnaturação inicial
a 95ºC por 120 segundos; um ciclo a 95ºC por 20 segundos, 45ºC por 360 segundos
e 72ºC por 120 segundos; seguidos de 30 ciclos a 95ºC por 20 segundos, 62ºC por
30 segundos e 72ºC por 180 segundos; e uma extensão final a 72ºC por 10 minutos.
Os produtos da PCR foram aplicados em gel de poliacrilamida 6%. Este gel foi
corado com brometo de etídeo a uma concentração de 0,5 µg/ml por 5 minutos e,
em seguida, lavado em água por mais 5 minutos. Os perfis moleculares das cepas
foram visualizados no sistema Eagle Eye II (Stratagene). Os produtos que
apresentaram perfis genéticos semelhantes (até 5 bandas de diferença) foram,
posteriormente, submetidos à análise pela enzima de restrição HaeIII.
3.5.3 Digestão dos produtos amplificados por enzima de restrição
Para a digestão, foram adicionados 10 µl do produto da PCR a um tubo de
microcentrífuga contendo 6 µl de água destilada, 2 µl da enzima HaeIII (Invitrogen) e
2 µl do tampão correspondente. Esta mistura foi incubada a 37ºC em banho-maria
por 1-2 horas. Os produtos digeridos foram aplicados em gel de poliacrilamida 6%.
Este gel foi corado com brometo de etídio a uma concentração de 0,5 µg/ml por 5
minutos e, em seguida, lavado em água por mais 5 minutos. Os perfis moleculares
das cepas foram visualizados e fotografados utilizando o sistema de foto-
documentação (Eagle Eye II, Stratagene).
3.6 Double-Repetitive-Element PCR (DRE-PCR) modificado
Os perfis genéticos de 104 das 285 cepas também foram analisados pela técnica de
DRE-PCR modificada descrita por Montoro et al. (1998) para a realização da análise
comparativa do desempenho desta técnica quando comparada ao RAPET. Para
realizar esta análise foi utilizado o Sign Test.
3.6.1 Extração do DNA
Com o auxílio de uma alça descartável, uma pequena porção de colônias foi retirada
do meio de cultura sólido. Estas colônias foram depositadas em um tubo de
microcentrífuga contendo 1 ml de água deionizada estéril e, em seguida,
homogeneizadas em vortex por 10 segundos. Os tubos foram aquecidos a 95ºC em
bloco aquecedor, por 20 minutos, e imediatamente submetidos a uma temperatura
de -20ºC por aproximadamente 18 horas.
3.6.2 PCR
Um volume de 10 µl de DNA foi adicionado a tubos mantidos em banho de gelo em
uma câmara de fluxo laminar, contendo os seguintes reagentes para PCR
(Invitrogen): solução tampão (Tris-HCl 20 mM - pH 8,4, KCl 50 mM), MgCl
2
2,5 mM,
0,2 mM de cada desoxirribonucleotídeo trifosfatado (dATP, dCTP, dGTP, dTTP),
8,75 pmoles de cada iniciador, 6% DMSO, 1 U de Taq DNA-polimerase e água
ultrapura esterilizada para o volume final de 25
µ
l. Os iniciadores utilizados foram os
seguintes: Ris1, 5’ GGC TGA GGT CTC AGA TCA G; Ris2, 5’ ACC CCA TCC TTT
CCA AGA AC; Pntb1, 5’ CCG TTG CCG TAC AGC TG; Pntb2, 5’ CCT AGC CGA
ACC CTT TG.
Para a reação de PCR foram utilizadas as seguintes condições: desnaturação inicial
a 95ºC por 10 minutos, seguida de 30 ciclos de 94ºC por 1 minuto, 56ºC por 2
minutos e 72ºC por 3 minutos.
Os produtos da PCR foram aplicados em gel de poliacrilamida 6% corado com
brometo de etídio e analisados como descrito no item 3.5.2.
3.7 Restriction Fragment Lengh Polymorphism – RFLP-IS
6110
.
Esta técnica foi utilizada para analisar apenas as cepas que apresentaram perfis
genéticos semelhantes após a realização do RAPET. A análise do número e do
polimorfismo no comprimento dos fragmentos de DNA gerados após digestão com
enzimas de restrição foi realizada de acordo com o método descrito por Van
Embden et al. (1993).
3.7.1 Extração e purificação do DNA bacteriano
Uma porção das colônias de cada um das cepas de M. tuberculosis e da cepa
padrão H37Rv crescidas em meio de Ogawa, foi transferida com o auxílio de uma
alça descartável para microtubos contendo 400 µl de tampão TE 1X (Anexo IIIa) e
incubada em bloco aquecedor a 80°C por 20 minutos. Após resfriamento à
temperatura ambiente, foram adicionados 50 µl da solução de lisozima (Anexo IIIb)
e os tubos incubados a 37°C por no mínimo 2 horas. Um volume de 75 µl da
solução de proteinase K/SDS 10% (Anexo IIIc) foi adicionado a cada tubo, e estes
foram incubados em bloco aquecedor a 65°C por 10 minutos. Em seguida, foram
adicionados 100
µ
l de uma solução de NaCl 5M e 100
µ
l da solução CTAB/NaCl
(Anexo IIId) previamente aquecida, e estes foram novamente incubados a 65°C por
10 minutos. Posteriormente, foram adicionados 750 µl de uma mistura de
clorofórmio/álcool isoamílico na proporção de 24:1, e as preparações foram
centrifugadas a 12.000 rpm por 10 minutos. A fase superior de cada preparação foi
transferida para microtubos esterilizados e, em seguida, foram adicionados 450
µ
l
de isopropanol (Merck). A mistura foi homogeneizada delicadamente e, após
precipitação do DNA a -20°C por aproximadamente 18 horas, os tubos foram
submetidos à centrifugação a 12.000 g por 20 minutos à temperatura ambiente.
Após a centrifugação, o sobrenadante foi descartado e o sedimento foi lavado com
500 µl de etanol 70% por centrifugação a 12.000 rpm por 5 minutos à temperatura
ambiente. Após a lavagem, o sobrenadante foi descartado e a secagem realizada a
temperatura ambiente. O DNA foi ressuspenso em 25 µl de solução tampão TE,
mantido sob refrigeração por 2 horas e, em seguida, armazenado a -20°C.
3.7.2 Quantificação e digestão
Para determinar a concentração de DNA, 1
µ
l das amostras purificadas foi diluído
em 99
µ
l de água purificada esterilizada e submetido à leitura da absorbância em
espectrofotômetro específico (GeneQuant II, Pharmacia Biothec). Para clivagem do
DNA, aproximadamente 3 µg das mesmas foram transferidas para microtubos
contendo 5 unidades (U) da enzima de restrição Pvu II (Invitrogen), 2 µl da solução
tampão específica (NaCl 50 mM, Tris-HCl 10mM, MgCl
2
10 mM, DTT 1mM, pH 7,9)
e um volume de água purificada esterilizada para um volume final de 20 µl. Os
tubos foram incubados a 37°C por uma hora. O DNA digerido foi submetido a
eletroforese em gel de agarose 0,8%, contendo 0,5 µg/ml de brometo de etídio em
tampão TBE 1X (Anexo IIIe).
3.7.3 Separação e transferência para membrana
A separação por eletroforese foi realizada em gel de agarose 0,8% (20 X 20 cm) a
50 volts durante um período de aproximadamente 15 horas. Na primeira canaleta do
gel foram aplicados 10 µl da mistura Lambda-HindIII/PhiX174-HaeIII (Anexo IIIf)
como marcador externo para monitorar a migração do DNA durante a eletroforese.
Quando o fragmento de 603 pb do marcador PhiX174-HaeIII atingiu uma distância
de aproximadamente 13 cm da canaleta onde foi aplicado, a eletroforese foi
interrompida. O DNA foi depurinado submergindo-se o gel em solução de HCl 0,25
M durante 10 minutos e, em seguida, o gel foi lavado em água destilada. O DNA foi,
então, desnaturado pelo tratamento com uma solução de NaOH 0,4 M por 20
minutos e o gel foi lavado em água destilada.
Finalmente foi feita a transferência dos fragmentos de DNA separados no gel de
agarose para uma membrana de náilon Hybond N
+
(Amersham), por 2 horas, à
vácuo, utilizando-se o aparelho Vacuum Blotter (Bio-Rad).
3.7.4 Preparo da sonda genética
O DNA utilizado para preparo da sonda consiste em uma seqüência de 245 pb do
elemento de inserção IS6110 e foi preparado pela reação em cadeia da polimerase
(PCR) com a utilização dos iniciadores: INS1 (5’ CGT GAG GGC ATC GAG GTG
GC) e INS2 (5’ GCG TAG GCG TCG GTG ACA AA) (Van EMBDEN et al., 1993).
Após extração do DNA da cepa de M. tuberculosis H37Rv conforme descrito no
item 3.7.1., este foi diluído para a concentração de 100ng/
µ
l. Um volume de 2
µ
l
desta preparação foi adicionado a 6 tubos com capacidade para 200
µ
l e a seguir
foram mantidos em banho de gelo em uma câmara de fluxo laminar, contendo os
seguintes reagentes para PCR: solução tampão (Tris-HCl 10 mM - pH 8,3, KCl 50
mM, MgCl
2
1,5 mM), MgCl
2
1,5 mM, 0,1 mM de cada desoxirribonucleotídeo
trifosfatado (dATP, dCTP, dGTP, dTTP), 25 pmoles de cada oligonucleotídeo
iniciador (INS1 e INS2), 1 U de Taq DNA-polimerase e água ultrapura esterilizada
para um volume final de 50 µl. Em um tubo, no lugar da preparação de DNA da
cepa de referência, foram colocados 2 µl de água ultrapura esterilizada como
controle negativo da reação.
Os tubos foram transferidos para um termociclador e então aquecidos a 96°C por 5
minutos para a desnaturação do DNA, submetidos a 35 ciclos de amplificação,
constituídos de 1 minuto a 96°C, 1 minuto a 65°C e 1 minuto a 72°C, seguidos de
um ciclo de extensão final a 72°C por 6 minutos. Um volume de 10 µl da
preparação foi submetido à eletroforese em gel de agarose como descrito no item.
Como padrão de tamanho molecular foi adotado o marcador de DNA “Ladder” de
100 pb (Pharmacia Biothec). O fragmento amplificado foi considerado correto,
quando uma banda de 245 pb foi observada contra o marcador de DNA “Ladder”
100 pb acima mencionado.
3.7.5 Purificação e marcação da sonda de DNA
Um volume de 50 µl do material amplificado (item 3.5.4) foi purificado utilizando-se
o QIAquick PCR Purification Kit (QIAGEN) de acordo com as recomendações do
fabricante. A sonda foi marcada com peroxidase de acordo com as recomendações
do kit ECL
TM
RPN 3000 (Amersham). Em resumo, a sonda foi diluída a uma
concentração de 10 ng/µl, submetida a uma temperatura de 100°C por 5 minutos
para desnaturação, e imediatamente resfriada em gelo por 5 minutos. Foram
adicionados ao tubo 30
µ
l do reativo de marcação e o mesmo volume da solução de
glutaraldeído, ambos fornecidos pelo kit. Posteriormente, esta mistura foi incubada
em banho-maria a 37°C por 10 minutos.
3.7.6 Hibridação do DNA bacteriano com a sonda de DNA marcada
As membranas contendo os fragmentos de DNA preparadas como descrito no item
3.7.3 foram colocadas em tubos de vidro específicos, com a face contendo DNA
voltada para cima. Estas membranas foram pré-hibridadas a 42°C, com o tampão
de hibridação do kit, por uma hora em forno de hibridação. Em seguida, este
tampão foi retirado e foram adicionados 10 ml de tampão de hibridação contendo 10
ηg da sonda de DNA marcada e previamente desnaturada. Após hibridação a 42°C
por um período de 16 - 18 horas, as membranas foram lavadas quatro vezes. As
duas primeiras lavagens foram realizadas com SSC/DSS (Anexo IIIg) previamente
aquecido a 55°C, por 10 minutos e as demais lavagens foram realizadas com SSC
2X (Anexo IIIh) à temperatura ambiente por 5 minutos.
3.7.7
Detecção
Um volume de 3 ml do reagente de detecção 1 foram misturados ao mesmo volume
do reagente de detecção 2, ambos fornecidos pelo kit. Em um pirex de vidro, a
membrana (com a face contendo DNA voltada para cima) foi banhada com esta
solução de detecção por 1 minuto. Posteriormente, retirou-se o excesso de líquido
da membrana em um papel de filtro, e esta foi colocada no cassete, sempre com a
face contendo DNA voltada para cima. Sobre a membrana, foi colocado um filme de
Rx (Biomax ML-Kodak) e o cassete foi fechado por 1 minuto. Em seguida, o filme foi
imerso por 1 minuto em solução reveladora e lavado em água corrente. Após a
lavagem, o filme foi imerso por 1 minuto em solução fixadora e lavado novamente.
Todos os procedimentos de detecção dos fragmentos de DNA foram realizados em
uma sala escura.
3.7.8 Análise do perfil genético das cepas
Os perfis genéticos das cepas de M. tuberculosis foram analisados e comparados
entre si através da utilização do programa de computação GelCompar, versão 4.0
para “Windows” (Apllied Maths, Kortrijk, Bélgica) do Laboratório de Microbiologia da
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
3.8 Análise final dos dados
As cepas que apresentaram perfis genéticos idênticos definidos pelo RFLP foram
consideradas como potencialmente contaminadas. Nestes casos, foi preenchido um
questionário (Anexo IV) com informações clínicas e bacteriológicas sobre o paciente
para uma avaliação criteriosa do caso de contaminação cruzada e confirmação ou
não do mesmo.
Resultados
ResultadosResultados
Resultados
4 RESULTADOS
O presente estudo foi realizado em 4 etapas. Num primeiro momento, o
desempenho dacnica de biologia molecular já utilizada pelo laboratório (DRE-
PCR) foi comparado ao desempenho de uma nova técnica. Em seguida, a análise
da reprodutibilidade da técnica de melhor desempenho foi realizada, para garantir a
confiabilidade dos dados. Posteriormente, os perfis genéticos de todas as cepas
foram analisados e os casos suspeitos de contaminação investigados. Finalmente,
foi realizada uma análise global dos resultados obtidos.
4.1 Análise comparativa do desempenho das técnicas DRE-PCR e RAPET
Em estudos que investigam possíveis episódios de contaminação cruzada, a escolha
da técnica de biologia molecular mais apropriada é de fundamental importância. Até
o início deste estudo, o DRE-PCR era a técnica utilizada pelo Laboratório de
Micobacteriologia do NDI para avaliar casos isolados de contaminação. No entanto,
recentemente, a técnica RAPET tem sido utilizada em outros laboratórios para este
mesmo fim. Por este motivo, a primeira fase deste estudo consistiu em utilizar
ambos os métodos para realizar a análise do perfil genético de 104 cepas de M.
tuberculosis avaliadas para detecção de possíveis casos de contaminação cruzada
ocorridos em 33 dias. Desta forma, foi possível determinar qual das técnicas
apresentava melhor desempenho.
A Tabela 2 mostra que, utilizando a técnica RAPET, foi possível amplificar o DNA de
todas as cepas avaliadas. Entretanto, utilizando o DRE-PCR o foi possível
amplificar o DNA de 4 das 104 cepas analisadas, o que tornou inviável a
investigação de possíveis casos de contaminação em 4 (12%) dos 33 dias avaliados.
A análise estatística mostrou não haver diferença significativa entre as duas técnicas
quanto a amplificação do DNA (p = 0,125). Perfis genéticos gerados pelo RAPET
apresentaram sempre um número de bandas superior a 6. O número de bandas
inferior a 4, considerado insuficiente para estabelecer a similaridade entre cepas,
foi observado quando da utilização do DRE-PCR. Oito (7,7%) cepas apresentaram
este padrão. O número de pares de cepas com perfis genéticos semelhantes entre si
foi de 7, após a análise pelo DRE-PCR, e 8, após a primeira etapa do RAPET,
sugerindo possíveis casos de contaminação. Entretanto, após a digestão do produto
de PCR pela enzima HaeIII (segunda etapa do RAPET), foi possível observar
diferenças nos perfis genéticos de 7 dos 8 pares de cepas suspeitos e a hipótese de
contaminação, nestes casos, foi descartada. Apenas um par de cepas apresentou
perfis idênticos mesmo após a digestão, representando um caso de contaminação
cruzada em potencial. Para estas duas últimas variáveis (número de bandas < 4 e
cepas com perfis genéticos semelhantes) o Sign Test demonstrou haver diferença
significativa entre esta técnicas (p = 0,008 e p = 0,031, respectivamente), mostrando
que o RAPET apresenta melhor poder discriminatório.
Tabela 2 – Análise comparativa entre as técnicas de DRE-PCR e RAPET
DRE-PCR RAPET
Teste
estatístico
a
Cepas com DNA amplificado 100 104 0,125
Perfis genéticos com nº bandas < 4 8 0 0,008
Pares de cepas com perfis genéticos
semelhantes (suspeitas de contaminação)*
7 1** 0,031
* Para o DRE-PCR foram consideradas semelhantes as cepas com perfis genéticos
apresentando no máximo uma banda de diferença. Para o RAPET, este critério não está
descrito.
** confirmado pelo RFLP
a - Sign Test
A figura 2 exemplifica os perfis genéticos de 10 cepas definidos pelas técnicas de
DRE-PCR e RAPET. Como observado, o perfil genético da cepa 1 não pôde ser
visualizado após realização do método DRE-PCR, porém sua amplificação foi bem
visível após a realização do RAPET. As cepas 4 e 5 mostraram perfis genéticos
idênticos definidos pelos dois métodos, permanecendo idênticos após a digestão
dos produtos de PCR pela enzima HaeIII. As cepas 9 e 10 mostraram perfis muito
semelhantes definidos por ambos os métodos. Entretanto, a etapa de digestão dos
produtos de PCR realizada no RAPET, permitiu uma melhor visualização destes
perfis, que mostraram-se claramente distintos.
Figura 2 Perfis genéticos de cepas de M. tuberculosis definidos pelo método (A) DRE-
PCR, (B) RAPET – antes da digestão do produto de PCR pela enzima HaeIII e (C) RAPET
após a digestão do produto de PCR pela enzima HaeIII. Os números 1-5, 6-8 e 9-10 indicam
as cepas processadas em 3 diferentes dias em que houve uma suspeita de contaminação
cruzada.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
4 5 9 10
A
B
C
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
4.2. Avaliação da reprodutibilidade da técnica RAPET
Devido a técnica RAPET ter sido utilizada com algumas modificações, foi avaliada a
reprodutibilidade da mesma. Para esta avaliação foram utilizados 2 ensaios. O
primeiro ensaio consistiu em amplificar o DNA extraído da cepa padrão H37Rv em
cada reação realizada no estudo. Como observado na figura 3, esta cepa
apresentou perfis genéticos idênticos mesmo quando seu DNA foi amplificado em
diferentes reações.
Figura 3 Perfis genéticos da cepa padrão H37Rv definidos pelo método RAPET (A) antes
da digestão do produto de PCR pela enzima HaeIII e (B) após a digestão do produto de
PCR pela enzima HaeIII, após amplificação da mesma em diferentes reações.
Para a realização do segundo ensaio, a extração do DNA foi feita a partir de
espécimes clínicos de um mesmo paciente, porém coletados em dias diferentes. A
Figura 4 exemplifica os perfis genéticos de 7 pacientes avaliados. Como observado,
os perfis genéticos das cepas de um mesmo paciente se mostraram idênticos,
mesmo quando estas eram oriundas de diferentes espécimes.
A
B
Figura 4 – Perfis genéticos de pares de cepas de diferentes pacientes definidos pelo
método RAPET.
4.3 Investigação de possíveis episódios de contaminação cruzada utilizando o
método RAPET
Para investigar possíveis episódios de contaminação cruzada entre as cepas
pertencentes aos pacientes arrolados no Protocolo DMID 01 009 (Grupo A), foram
analisados os perfis genéticos de 133 cepas isoladas de espécimes clínicos
processados em 46 dias. Destas, 56 cepas foram isoladas de culturas com UFC <
20, e, portanto, eram inicialmente suspeitas de contaminação. As demais cepas
correspondiam àquelas isoladas de espécimes clínicos processados nos mesmos
dias em que houve estas suspeitas. Após análise molecular, verificou-se que em 9
dos 46 dias avaliados foram observadas cepas que apresentaram perfis genéticos
semelhantes, ou seja, poderiam representar possíveis casos de contaminação
cruzada. Entretanto, apenas em 3 destes dias a suspeita de contaminação envolvia
uma cepa isolada de cultura com UFC < 20 (Tabela 3).
1 2 3 4 5 6 7
Tabela 3 Dados bacteriológicos das cepas isoladas nos dias em que foram
detectados possíveis casos de contaminação cruzada (Grupo A)
Data
Processamento
N
o
Registro
Baciloscopia
a
Ogawa
(UFC)
b
12B RAPET
15431 3+ >200
pos
diferente
15432 0 1
pos diferente
15433 3+
>200
pos semelhante
12/6/2003
15446 3+
>200
pos semelhante
15528 0 0
pos semelhante
17/6/2003
15527 0 2
pos semelhante
16356 0 0
pos semelhante
16359 0 1
NR
diferente
15/8/2003
16360 3+ >200
NR
semelhante
16386 0 0
pos
diferente
16387 0 2
pos
diferente
16388 0 1
pos
diferente
16389 3+
>200 pos
semelhante
19/8/2003
16390 3+
>200 pos
semelhante
17768 3+
>200 pos
diferente
17771 1+
>200 pos
diferente
17772 0 12
0
diferente
17773 0 0
pos
semelhante
17774 3+
>200 pos
semelhante
5/11/2003
17775 3+
>200 pos
diferente
17925 0 13
pos
diferente
17926 0 4
NR
diferente
17927 0
>200 NR
semelhante
17928 3+
>200 pos
semelhante
12/11/2003
17929 0 0
pos
diferente
18340 3+ >200
NR
diferente
18341 3+ 0
pos
diferente
18344 0 4
pos
diferente
18345 0 0
pos
semelhante
2/12/2003
18347 0 2
NR
semelhante
20766 0 0
pos
diferente
20767 0 12
pos
diferente
20768 0 0
pos
semelhante
15/4/2004
20769 3+ >200
pos
semelhante
26071 0 1
pos
diferente
26072 0 4
pos
semelhante
26073 0 3
NR
diferente
21/1/2005
26074 2+ >200
NR
semelhante
a – 0 (negativo),1+ (1 a 9 bacilos/100 campos), 2+ (1 a 9 bacilos/campo), 3+ (>9 bacilos/campo)
b – todas as cepas isoladas foram identificadas como M. tuberculosis
NR = não realizado
RAPET = Rapid PCR-based Epidemiological Typing Method
Linhas sombreadas destacam as culturas com UFC < 20 envolvidas nos possíveis episódios de
contaminação
A figura 5 mostra os perfis genéticos dos possíveis casos de contaminação cruzada
definidos pelo RAPET, antes e após a digestão dos produtos de PCR com a enzima
HaeIII. Foi observado que os pares de cepas 16356/16360, 16389/16390 e
18345/18347 apresentaram perfis semelhantes antes da digestão com a enzima de
restrição (Figura 5A). Porém, após a digestão foi possível notar pequenas diferenças
entre as cepas 16356/16360 e 16389/16390, enquanto as cepas 18345/18347
mostraram perfis genéticos idênticos, o que indica um provável episódio de
contaminação (Figura 5B). Os demais pares de cepas mostraram perfis genéticos
bastante distintos entre si.
Figura 5 Perfis genéticos de cepas de M. tuberculosis pertencentes ao Grupo A, definidos
pelo método RAPET (A) antes da digestão do produto de PCR pela enzima HaeIII e (B)
após a digestão do produto de PCR pela enzima HaeIII. PM indica o padrão de peso
molecular de 100pb.
1635
6 16360 20768 20769 26074 26072 15433 15446 17928 17927 16389 16390 15528 15527 18347 18345 17773 17774 PM
A
B
16356 16360 20768 20769 26074 26072 15433 15446 17928 17927 16389 16390 15528 15527 18347 18345
17773 17774 PM
Para investigar possíveis episódios de contaminação cruzada entre as cepas
pertencentes aos pacientes atendidos na rotina (Grupo B), foram analisados os
perfis genéticos de 152 cepas isoladas de espécimes clínicos processados em 48
dias. Destas, 53 cepas foram isoladas de culturas com UFC < 20 e, portanto,
inicialmente suspeitas de contaminação. As demais cepas correspondiam àquelas
isoladas de espécimes clínicos processados nos mesmos dias em que houve estas
suspeitas. Após análise molecular verificou-se que em 7 dos 48 dias avaliados foram
observadas cepas que apresentaram perfis genéticos semelhantes, ou seja,
poderiam representar possíveis casos de contaminação cruzada. Em apenas 5 dias,
a suspeita de contaminação envolvia uma cepa isolada de cultura com UFC < 20
(Tabela 4).
Tabela 4 Dados bacteriológicos das cepas isoladas nos dias em que foram
detectados possíveis casos de contaminação cruzada (Grupo B)
Data Processamento N
o
Registro Baciloscopia
a
Ogawa
(UFC)*
b
RAPET
13690 0 150-200
semelhante
13701 1+ 150-200
diferente
5/2/2003
13704 0 1
semelhante
17640 2+ 150-200
diferente
17642 0 1
semelhante
17644 3+ 150-200
semelhante
29/10/2003
17652 0 3
diferente
19677 0 1
diferente
19685 3+ 150-200
semelhante
19689 0 7
diferente
19697 0 50-100
semelhante
18/2/2004
19698 1+ 100-150
diferente
20807 3+ >200
semelhante
20816 1+ 150-200
diferente
20824 0 4
semelhante
16/4/2004
20826 1+ 50-100
diferente
21057 3+ >200
diferente
21061 3+ 20
semelhante
21064 0 10
semelhante
4/5/2004
21066 3+ 150-200
diferente
25657 3+ >200
semelhante
25660 0 >200
semelhante
25661 0 1
diferente
27/12/2004
25666 0 1
diferente
26262 0 2
diferente
26263 0 1
semelhante
26266 0 10
diferente
26267 3+ >200
semelhante
28/1/05
26268 3+ 150-200
diferente
a – 0 (negativo), 1+(1 a 9 bacilos/100 campos), 2+(1 a 9 bacilos/campo), 3+(>9 bacilos/campo)
b – todas as cepas isoladas foram identificadas como M. tuberculosis
* Culturas em meio líquido 12B não são realizadas como procedimento de rotina
RAPET = Rapid PCR-based Epidemiological Typing Method
Linhas sombreadas destacam as culturas com UFC < 20 envolvidas nos possíveis episódios de
contaminação
A figura 6 mostra os perfis genéticos dos possíveis casos de contaminação cruzada
definidos pelo RAPET, antes e após a digestão dos produtos de PCR com a enzima
HaeIII. Foi observado que os pares de cepas 17642/17644 e 21061/21064
apresentaram perfis semelhantes antes da digestão com a enzima de restrição
(Figura 6A). Porém, após a digestão foi possível notar pequenas diferenças entre as
cepas 17642/17644, enquanto as cepas 21061/21064 mostraram perfis genéticos
idênticos, o que indica um provável episódio de contaminação (Figura 6B). Os
demais pares de cepas mostraram perfis genéticos bastante distintos entre si.
Figura 6 Perfis genéticos de cepas de M. tuberculosis pertencentes ao Grupo B, definidos
pelo método RAPET (A) antes da digestão do produto de PCR pela enzima HaeIII e (B)
após a digestão do produto de PCR pela enzima HaeIII. PM indica o padrão de peso
molecular de 100pb.
21061 21064 19697 19685 13704 13690 20807 20824 17642 17644 25657 25660 2
6263 26267 PM
B
A
21061 21064 19697 19685 13704 13690 20807 20824 17642 17644 25657 25660 26263 26267 PM
21061 2106 19697 19685 13704 13690 20807 20824 17642 17644 25657 25660 26263 26267 PM
4.4. Análise molecular dos possíveis casos de contaminação cruzada
utilizando o método RFLP
Por ser considerada o padrão-ouro, devido ao seu grande poder discriminatório, o
RFLP foi utilizado para confirmar ou refutar os resultados obtidos até o momento.
Deste modo, os 9 pares de cepas pertencentes ao grupo A e os 7 pares de cepas
pertencentes ao grupo B, que apresentaram perfis genéticos semelhantes após a
realização da primeira etapa do RAPET, foram reavaliadas por esta técnica.
A figura 7 mostra a análise dos perfis genéticos realizada pelo programa GelCompar,
versão 4.0 para “Windows” (Apllied Maths, Kortrijk, Bélgica). Esta análise
estabeleceu um coeficiente de similaridade de 100% para 5 pares de cepas e para o
controle (H37Rv). Ao avaliarmos a possibilidade de contaminação cruzada entre
estas cepas, observamos que as cepas 16360/16389 foram isoladas de espécimes
de um mesmo paciente processadas em dias diferentes. As cepas 26072/15446
pertenciam a diferentes pacientes, porém a possibilidade de contaminação foi
descartada quando observamos que as mesmas foram isoladas de espécimes
processados com 18 meses de diferença. O mesmo aconteceu com as cepas
20768/19697, que apresentavam diferença de 2 meses no processamento. Portanto,
apenas os pares de cepas 18345/18347 e 21061/21064 foram caracterizados como
prováveis casos de contaminação cruzada, por pertencerem a pacientes diferentes e
terem sido isoladas de espécimes processados no mesmo dia. Estes dados
confirmaram os resultados obtidos anteriormente com a utilização do RAPET.
Figura 7 - Perfis genéticos de cepas de M. tuberculosis pertencentes aos Grupo A e B,
definidos pelo método RFLP.
D ice ( Op t:1.00% ) (T ol 1. 0%-1.0% ) (H> 0.0% S>0.0 %) [0.0% -1 00.0% ]
IS611 0
100
90
80
70
60
50
40
30
IS6110
15528
17642
15433
26072
15446
15527
25660
13690
13704
17644
25657
26074
17927
26263
26267
20807
16360
16389
16356
16390
18345
18347
17773
17774
20768
19697
17928
20824
20769
19685
H37Rv
H37Rv
H37Rv
H37Rv
H37Rv
H37Rv
H37Rv
H37Rv
21061
21064
17/06/03
29/10/03
12/06/03
21/01/05
12/06/03
17/06/03
27/12/04
05/02/03
05/02/03
29/10/03
27/12/04
21/01/05
12/11/03
28/01/05
28/01/05
16/04/04
15/08/03
19/08/03
15/08/03
19/08/03
02/12/03
02/12/03
05/11/03
05/11/03
15/04/04
18/02/04
12/11/03
16/04/04
15/04/04
18/02/04
04/05/04
04/05/04
Serra
Vila Velha
Vila Velha
Serra
Serra
Cariacica
Viria
Viria
Viana
Cariacica
Serra
Cariacica
Serra
Viria
Viana
Cariacica
Vila Valério
Vila Valério
Serra
Vila Velha
Vila Velha
Cariacica
Vila Velha
Vila Velha
Vila Velha
Viria
Vila Velha
Viria
Viria
Viria
Guuí
Cariacica
4.5 Análise dos dados clínicos e bacteriológicos dos pacientes envolvidos nos
possíveis casos de contaminação cruzada
Após a análise dos perfis genéticos das 109 cepas incluídas neste estudo, 2
possíveis casos de contaminação cruzada foram encontrados. Considerando que a
confirmação de um caso de contaminação não pode estar fundamentada apenas em
dados moleculares, foi realizada uma avaliação criteriosa com base nas informações
clínicas e bacteriológicas dos pacientes dos quais estas cepas foram isoladas.
O primeiro caso foi relacionado às cepas 18345 e 18347 (possível caso de
contaminação cruzada) isoladas dos pacientes pertencentes ao Grupo A e
denominados 1 e 2, respectivamente, os quais não apresentavam nenhuma relação
epidemiológica aparente.
O paciente 1, notificado com base em informações clínicas, radiográficas e
bacteriológicas como caso novo de tuberculose pulmonar, apresentava-se no
primeiro mês de tratamento, quando sua amostra de escarro (18345), envolvida no
suposto episódio de contaminação cruzada, apresentou resultado positivo apenas
no meio líquido 12B. Contudo, deve ser mencionado, que amostras anteriores de
escarro deste paciente apresentaram resultados positivos de baciloscopia e cultura
em meio sólido.
A paciente 2, sintomática respiratória, com exame radiográfico com ausência de
imagem sugestiva de TB, encontrava-se sob investigação clínica no momento em
que sua amostra de escarro (18347), envolvida no suposto episódio de
contaminação cruzada, apresentou resultado positivo (2 colônias no meio sólido). A
cultura em questão foi a única com resultado positivo. Duas outras amostras
apresentaram resultados positivos de baciloscopia, porém as respectivas culturas
foram negativas e/ou contaminadas. Esta paciente foi notificada como um caso novo
de tuberculose pulmonar e houve melhora clínica após a instituição da quimioterapia
anti-tuberculose.
O segundo caso foi relacionado às cepas 21061 e 21064 (possível caso de
contaminação cruzada) isoladas dos pacientes pertencentes ao Grupo B e
denominados 3 e 4, respectivamente, os quais não apresentavam nenhuma relação
epidemiológica aparente.
A paciente 3, notificada em 2002 com base em informações clínicas, radiográficas e
bacteriológicas como caso novo de tuberculose pulmonar ainda encontrava-se em
tratamento, quando sua amostra de escarro (21061 coletada em 2004), envolvida no
suposto episódio de contaminação cruzada, apresentou resultado positivo de
baciloscopia e cultura. Neste período de dois anos, a paciente apresentou vários
exames de baciloscopia e cultura positivas, e a cepa de M. tuberculosis isolada da
mesma mostrou-se resistente à isoniazida e rifampicina.
A paciente 4, assintomática, com exame radiográfico com ausência de imagem
sugestiva de TB, encontrava-se sob investigação clínica no momento em que sua
amostra de escarro (21064), envolvida no suposto episódio de contaminação
cruzada, apresentou resultado positivo (10 colônias no meio sólido). A cultura em
questão foi a única com resultado positivo dentre as duas amostras coletadas neste
período. Diante da inconsistência dos achados clínicos e laboratoriais esta paciente
não foi notificada como um caso novo de tuberculose pulmonar.
Após análise dos dados clínicos e bacteriológicos, verificou-se que o primeiro caso
de contaminação não poderia ser confirmado nem descartado. Isso porque, apesar
da paciente ter sido notificada como caso novo de TB, não é possível descartar a
hipótese de que sua amostra tenha sido contaminada pela cepa do paciente 1. Por
essa razão, este caso foi considerado e mantido na análise.
4.6 Análise final dos resultados
A tabela 5 mostra o índice de contaminação cruzada encontrado a partir da análise
de 109 cepas de 97 pacientes isoladas de culturas com CFU < 20 (suspeitas de
contaminação cruzada). Como pode ser observado nesta tabela, apenas 2 (1,9%)
destas culturas foram consideradas contaminadas. Quando considerada a análise
por grupo, foi encontrado apenas 1 caso de contaminação no Grupo A e 1 caso no
Grupo B, mostrando não existir diferença no índice de contaminação entre os
grupos.
Tabela 5 Índice de contaminação cruzada nos grupos de pacientes avaliados no
estudo.
Condição
Culturas
Pacientes
Média
amostra/
paciente
Cont./
amostras
n (%)
Cont./
pacientes
n (%)
Grupo A
a
56 44 1,2 1 (1,8) 1 (2,3)
Grupo B
b
53 53 1 1 (1,9) 1 (1,9)
Total 109 97 1,1 2 (1,8) 2 (2,0)
a – grupo de pacientes arrolados no Protocolo DMID01 – 009 (projeto)
b – grupo de pacientes atendidos no HUCAM (rotina)
Cont. = contaminação
Quando os 97 pacientes foram estratificados de acordo com o momento da coleta,
ou seja, no diagnóstico ou em tratamento, foi observado que os 2 casos de
contaminação encontravam-se no momento do diagnóstico representando 2,7% do
total de pacientes avaliados (Tabela 6).
Tabela 6 - Índice de contaminação cruzada em amostras de pacientes sob
investigação diagnóstica e em tratamento.
Condição
Culturas
Pacientes
Média
amostra/
paciente
Cont./
amostras
n (%)
Cont./
pacientes
n (%)
Diagnóstico
81 74 1,06 2 (2,5) 2 (2,7)
Tratamento
28 23 1,2 0 (0,0) 0 (0,0)
Cont = contaminação
Convém ainda mencionar que das 109 culturas analisadas, 9 eram provenientes de
pacientes que apresentaram uma única cultura positiva, e que os 2 únicos casos de
contaminação considerados ocorreram em associação com esta condição. Também
foi possível observar que a contaminação foi detectada apenas em culturas com
crescimento de menos de 10 colônias (Tabela 7).
Tabela 7 Contaminação cruzada em relação à presença de única cultura positiva
do paciente e o número de colônias isoladas na mesma.
Variável Contaminação cruzada
a
Única cultura positiva do paciente apresentando
0-5 colônias
6-10 colônias
11-17 colônias
Total
1/5
1/3
0/1
2/9
a – número de culturas contaminadas dividido pelo número de culturas caracterizadas por
serem as únicas culturas positivas do paciente
Discussão
DiscussãoDiscussão
Discussão
5 DISCUSSÂO
Na última década, o desenvolvimento das técnicas de biologia molecular tem
contribuído para melhorar os procedimentos diagnósticos de várias doenças.
Entretanto, apesar deste avanço tecnológico, o padrão-ouro para o diagnóstico
definitivo da tuberculose continua sendo a cultura positiva, seguida da identificação
do M. tuberculosis (de BOER et al., 2002). O resultado da cultura é, portanto,
imprescindível para o clínico estabelecer o diagnóstico e iniciar o tratamento dos
pacientes, além de auxiliar na detecção de casos de falência de tratamento. Em
alguns casos, porém, observa-se que uma cultura positiva pode ser resultado de
contaminação cruzada e, nos últimos anos, com o auxílio de técnicas moleculares,
verificou-se que estes casos não são raros. Um estudo de metanálise realizado por
Burman e Reves (2000), relatou a ocorrência de culturas falso-positivas em 93% dos
estudos revisados por estes autores, que investigavam possíveis casos de
contaminação cruzada.
Na maioria dos casos, uma suspeita de contaminação cruzada ocorre quando
observa-se um ou mais dos seguintes fatores: história clínica do paciente
incompatível com TB, resultado de teste de sensibilidade a drogas inesperado,
resultado positivo em apenas uma das culturas do paciente e/ou crescimento de
poucas colônias em meio de cultura sólido (BURMAN; REVES, 2000).
Entretanto, o fato de uma cultura apresentar crescimento de poucas colônias
não está associado exclusivamente a casos de contaminação. Ao contrário,
diversos estudos relatam que culturas realizadas a partir de espécimes
coletados de pacientes portadores do HIV, paucibacilíferos e/ou em tratamento
também podem podem apresentar crescimento de poucos organismos (NUNN et
al., 2005; BURMAN et al., 1997; FRIEDEN et al., 1996) sem representar,
necessariamente, um indício de contaminação cruzada.
Por este motivo, no presente estudo, propusemo-nos a avaliar se o crescimento de
poucas colônias em meio sólido pode ser considerado um indicador de
contaminação cruzada, especialmente em laboratórios que desenvolvem suas
atividades seguindo as normas de Boas Práticas Clínicas e Laboratoriais.
Para o efetivo cumprimento destes propósitos, julgamos indispensável a seleção
cuidadosa das cepas, a utilização de um critério adequado para investigação dos
possíveis episódios de contaminação cruzada e a escolha de uma técnica
molecular apropriada para a investigação dos mesmos.
Para a realização do primeiro passo foram selecionadas apenas as cepas
isoladas de culturas com número de colônias menor que 20. O número máximo
de colônias foi estabelecido com base em vários estudos de contaminação
cruzada que consideram o crescimento de até 17 colônias como reduzido
(BRADEN et al., 1997; ABER et al., 1980; BAUER et al., 1997; BURMAN et al.,
1997; WURTZ et al., 1996). Das cepas selecionadas, foram incluídas no estudo
apenas aquelas para as quais os dados clínicos do paciente estavam
disponíveis, caso fosse necessário utilizá-los. Este processo de seleçãoo
gerou a exclusão de nenhuma cepa no grupo dos pacientes pertencentes ao
projeto DMID01- 009(Grupo A), pois neste grupo o acompanhamento dos
mesmos é bastante rigoroso. No grupo de pacientes atendidos na rotina do
HUCAM (Grupo B) foram excluídas as cepas de pacientes em tratamento devido
à dificuldade encontrada pelo laboratório em obter informações sobre os
mesmos.
Após a seleção das cepas, foi estabelecido o critério a ser utilizado para
investigação dos possíveis casos de contaminação cruzada. Para esta investigação
comparou-se os perfis genéticos das cepas isoladas das culturas supostamente
contaminadas (UFC < 20) aos perfis genéticos das cepas isoladas dos demais
espécimes processados no mesmo dia. Alguns estudos consideram esta análise
como muito restritiva, por avaliar apenas os espécimes processados no dia da
suposta contaminação (BURMAN et al., 1997; van DUIN et al., 1998). Estes autores
consideram que grandes volumes de reagentes contaminados poderiam estar
contaminando amostras por um longo período de tempo. Entretanto, em nosso
laboratório todos os reagentes são aliquotados em pequenas quantidades e
descartados diariamente após a sua utilização, minimizando assim a possibilidade
de contaminação a partir de reagentes.
Para a investigação dos casos de contaminação, a escolha de uma técnica de
biologia molecular apropriada para este tipo de estudo é fundamental. O RFLP,
considerado o padrão-ouro para estudos de epidemiologia molecular e
contaminação cruzada, representa uma excelente ferramenta para a tipagem de
cepas de M. tuberculosis, principalmente devido ao seu excelente poder
discriminatório (van EMBDEN et al., 1992). No entanto, existem limitações para sua
utilização na rotina, por ser este um método bastante trabalhoso, demorado e de
custo elevado. Frente a essas limitações, optamos por utilizar uma técnica
alternativa baseada em PCR, simples, rápida e de baixo custo, para a triagem de
possíveis casos de contaminação que seriam posteriormente confirmados pelo
RFLP.
Até o início deste estudo, por apresentar as características descritas acima e por
ter sido utilizada em alguns estudos para investigação de episódios de
contaminação cruzada (RITACCO et al., 2002; FILHO et al., 2002), a técnica de
DRE-PCR modificada, descrita por Montoro et al. (1998), era utilizada no laboratório
do NDI/UFES para identificar culturas supostamente falso-positivas. No entanto,
após uma revisão da literatura, encontramos uma nova técnica de PCR-RFLP
denominada RAPET descrita por Yates et al. (2001). Estes autores a descreveram
como uma técnica rápida, simples, reprodutível e com resultados compatíveis aos
obtidos pelo RFLP na detecção de casos de contaminação intralaboratorial.
Devido a algumas limitações apresentadas pela técnica DRE-PCR e ao fato do
RAPET se mostrar uma técnica promissora segundo Yates et al. (2001),
comparamos o desempenho destas duas técnicas avaliando os perfis genéticos de
104 cepas. Nossos resultados mostraram que as limitações observadas para o DRE-
PCR estão de acordo com aquelas descritas por Kremer et al. (1999), que relataram
que esta técnica apresenta reprodutibilidade (devido à pouca intensidade das
bandas produzidas e às diferenças na intensidade dos padrões em si) e poder
discriminatório baixos. Friedman et al. (1995) ressaltam, ainda, que perfis genéticos
definidos pelo DRE-PCR apresentando menos que 4 bandas não podem ser
comparados, sendo necessária a realização de uma outra técnica para avaliação
destes perfis. Nosso estudo mostrou uma diferença estatisticamente significativa
entre o número de bandas obtidos por estas técnicas. Além disso, como a análise
de contaminação depende da comparação dos perfis genéticos de todas as cepas
isoladas em um mesmo dia, a não amplificação do DNA de 4 cepas pela técnica
DRE-PCR, tornou inviável a análise nestes dias. Por outro lado, o RAPET permitiu a
análise dos perfis genéticos de todas as cepas avaliadas e mostrou excelente poder
discriminatório, principalmente após a realização da etapa de digestão dos produtos
de PCR pela enzima HaeIII. Esta técnica permitiu que várias suspeitas de
contaminação fossem excluídas. Deste modo, o RAPET mostrou-se uma ferramenta
importante para triagem de cepas em estudos de contaminação cruzada e de fácil
implementação na rotina do laboratório, corroborando com o descrito por Yates et al.
(2001) em seu estudo.
Devido às características descritas acima, e por apresentar uma boa
reprodutibilidade, esta técnica foi utilizada, neste estudo, para detectar possíveis
casos de contaminação cruzada em um grupo de 109 cepas isoladas de culturas
(UFC < 20) de espécimes clínicos coletados de 97 pacientes. A utilização desta
técnica molecular, permitiu detectar 2 possíveis casos de contaminação cruzada.
Considerando que a confirmação destes casos de contaminação não pode estar
fundamentada apenas em dados moleculares, analisamos os dados clínicos e
bacteriológicos dos pacientes envolvidos. Ao analisarmos o primeiro caso,
concluímos que não haviam provas ou evidências suficientes para confirmar ou
descartar a possibilidade de contaminação. Entretanto, para não subestimarmos o
índice de contaminação encontrado, decidimos manter este caso na análise. Em
relação ao segundo caso analisado, a suspeita de contaminação cruzada foi
confirmada, pois envolvia um paciente assintomático e não notificado como caso de
TB. Considerando que inicialmente todas as 109 cepas avaliadas estavam sob
suspeita de contaminação por apresentarem crescimento de poucas colônias, o
índice de contaminação cruzada encontrado foi considerado muito baixo (1,8%).
Estes resultados diferem daqueles relatados por Mac Gregor et al. (1975) que,
avaliando um total de 36 culturas com menos de 5 UFC (UFC < 5) provenientes de
31 pacientes, observaram um índice de falso-positividade de 33,3%. É importante
mencionar que este estudo foi realizado com base apenas nos dados clínicos e
bacteriológicos dos pacientes e que o laboratório em questão provavelmente não
dispunha dos mesmos recursos atualmente disponíveis em nosso laboratório.
Convém mencionar que foi a partir deste estudo realizado por Mac Gregor et al.
(1975) que se difundiu o conceito de que o crescimento de poucas colônias em meio
sólido estaria associado à episódios de contaminação cruzada. Este conceito, tem
se perpetuado por muitas décadas através de outros estudos (BAUER et al., 1994;
BURMAN et al., 1997; SCHOCH et al., 2003) que não avaliam esta associação mas
concordam em um mesmo aspecto: as culturas falso-positivas identificadas em seus
laboratórios apresentavam crescimento de poucas colônias em meio sólido.
Contudo, se por um lado, é pertinente afirmar que culturas falso-positivas têm maior
probabilidade de apresentar crescimento de poucas colônias, o oposto não é
verdadeiro. Devemos destacar que 98,1% das culturas com UFC < 20 avaliadas em
nosso estudo eram realmente positivas para o M.tuberculosis, o que nos leva a
acreditar que este critério não pode ser utilizado como indicador de contaminação
cruzada. Braden et al. (1997) também demonstraram que o número de colônias não
parece ser um bom indicador de contaminação. Estes autores observaram que
culturas com UFC < 5 foram encontradas tanto em amostras coletadas de pacientes
infectados quanto em culturas falso-positivas. Embora este estudo tenha utilizado
técnicas de biologia molecular, foram avaliadas culturas de apenas 15 pacientes.
Segundo alguns autores (FRIEDEN et al., 1996; NIVIN et al., 1998; FINE et al.,
1997; JASMER et al., 2002), o resultado positivo de apenas uma das culturas de um
determinado paciente é considerado o indicador mais sugestivo da ocorrência de
contaminação cruzada. Por essa razão, consideramos oportuno investigar quais das
culturas com UFC < 20 também eram a única cultura positiva do paciente.
Verificamos que apenas 9 do total de 109 cepas, apresentavam esta condição e que
as 2 culturas consideradas falso-positivas, eram também as únicas culturas positivas
dos pacientes cujas amostras foram contaminadas. Deve ser enfatizado, que em
decorrência do pequeno número de pacientes, não pudemos avaliar estatisticamente
esta associação. Portanto, a realização de estudos futuros seriam importantes para
elucidar esta possível associação.
Com base nos nossos resultados, consideramos que o baixo índice de
contaminação cruzada encontrado nos grupos selecionados poderia ser justificado
por algumas importantes medidas adotadas pelo nosso laboratório tais como a
estruturação da área física, a capacitação dos profissionais e a observação às
normas de Boas de Práticas Clínicas e Laboratoriais.
A primeira medida a ser comentada, se refere à estruturação laboratório, e nesse
contexto, deve ser ressaltado que os espécimes foram processados em uma sala
com pressão negativa e em cabines de segurança biológica utilizadas
exclusivamente para este fim (e não para a preparação de meios, por exemplo).
Segundo Nivin et al (1998), esas medidas reduzem o risco de contaminação
cruzada.
Quanto à segunda medida, cabe destacar que todos os técnicos responsáveis pelo
processamento dos espécimes em nosso laboratório foram capacitados
tecnicamente para a realização das suas atividades. O treinamento dos técnicos é
crucial para diminuir o risco de contaminação cruzada. Este fato é confirmado por
alguns trabalhos que relatam que em laboratórios de microbiologia geral, que
processam poucos espécimes, a possibilidade de ocorrer uma contaminação se
torna maior do que em laboratórios dedicados exclusivamente à micobacteriologia,
cujos profissionais são treinados e preparados para lidar diariamente com o
processamento de muitos espécimes (BURMAN et al., 1997, CRONIN et al., 1998,
BOER et al., 2002).
A terceira medida a ser abordada se refere aos procedimentos adotados para o
processamento dos espécimes. Em nosso laboratório, as ponteiras e/ou pipetas
foram descartadas após a adição dos reagentes a cada tubo. Dessa forma,
procurava-se evitar a contaminação através destes utensílios. Além disso, todos os
reagentes utilizados no processamento das amostras foram divididos em alíquotas
menores, e cada alíquota foi utilizada para um espécime diferente. Esta estratégia foi
estabelecida com o intuito de minimizar o risco de contaminação através do uso de
reagentes previamente contaminados por organismos viáveis de outros espécimes,
pois, quando um mesmo frasco, de grande volume, é utilizado para dispensar os
reagentes, o risco de contaminação cruzada é maior (MAURER et al., 1984; van
DUIN et al., 1998; RAMOS et al., 1999). Um outro procedimento adotado para
reduzir os riscos de contaminação, foi a abertuta individual dos frascos contendo as
amostras. Esta estratégia impossibilita a troca de tampas ou contato entre dois tubos
abertos. A utilização de todos estes procedimentos citados acima foi avaliada por
Small et al. (1993a) e estes autores observaram uma redução significativa nos
episódios de contaminação em seu laboratório.
É possível que os procedimentos realizados acima sejam os responsáveis por não
terem sido encontradas diferenças no número de contaminações obtidas nos grupos
A (projeto) e B (rotina). Apesar destes espécimes serem processados por técnicos
diferentes, em diferentes fluxos laminares e utilizando diferentes métodos de
digestão do espécime, a qualidade dos procedimentos realizados no laboratório,
durante o período do estudo, foi constante.
Uma outra análise foi realizada quando redistribuímos as culturas acima de acordo
com o momento em que os espécimes dos pacientes foram coletados (diagnóstico e
tratamento). Nossos resultados mostraram que ambos os casos de contaminação
considerados no estudo se encontravam no grupo de pacientes sob investigação
diagnóstica. Contudo, devido ao pequeno mero de amostras analisadas de
pacientes em tratamento, não foi possível avaliar se culturas com menos de 20 UFC,
realizadas a partir destas amostras, apresentavam menor risco de estarem
contaminadas.
Um outro aspecto a ser considerado, é a quantidade de amostras contendo bacilos
viáveis processadas por dia no laboratório. Segundo Carroll et al. (2002), quanto
maior este número, maior a possibilidade de haver a contaminação, tendo em vista
que estes espécimes são processados juntamente com espécimes negativos. No
presente estudo, não foi possível fazer esta comparação pois, apesar da média de
espécimes processados por dia ter sido maior no Grupo B, a média de espécimes
positivos processados por dia foi semelhante nos dois grupos (2,7 e 3,0 para os
grupos A e B, respectivamente) e o número de episódios de contaminação foi o
mesmo (1 em cada grupo).
Com base nos resultados obtidos em nosso estudo, podemos inferir que, em
laboratórios que realizam seus procedimentos obedecendo as normas de boas
práticas clínicas e laboratoriais e/ou participam de ensaios clínicos, o fato de uma
cultura apresentar crescimento de poucas colônias (UFC < 20) não sugere
contaminação da mesma. Pelo contrário, nossos achados revelam que, na grande
maioria dos casos, estas cepas foram isoladas de pacientes realmente infectados.
Por esse motivo, concluímos que o clínico não deve se utilizar apenas deste critério
para excluir casos suspeitos de TB e/ou de falência terapêutica. É importante
destacar aqui que, durante a realização deste estudo, a utilização deste critério
induziu a não valorização de um resultado de cultura positivo (1 UFC) de um
paciente no sexto mês de tratamento, e que veio a recidivar um ano mais tarde.
Diante de todas as considerações aqui apresentadas, julgamos que, valorizando o
resultado da cultura, o médico estaria se resguardando de um diagnóstico incorreto,
o que seria fundamental, pois a não detecção de um caso de TB pode levar ao
abandono primário e evolução da doença, resultando na transmissão desta a outros
indivíduos saudáveis. Devemos ainda, considerar que, para pacientes em
tratamento, uma cultura positiva pode indicar falência ou maior risco de recidiva,
como demonstrado acima.
Conclusões
ConclusõesConclusões
Conclusões
6 CONCLUSÕES
1. O crescimento de poucas colônias de M. tuberculosis em meio de cultura sólido
não pode ser considerado um indicador microbiológico de contaminação cruzada em
laboratórios que realizam suas atividades segundo às normas de Boas de Práticas
Clínicas e Laboratoriais.
2. O RAPET mostrou-se um método rápido, simples, reprodutível e útil para análise
de casos suspeitos de contaminação cruzada em laboratórios de micobacteriologia
3. Não houve diferença entre os índices de contaminação cruzada nos espécimes
coletados dos pacientes arrolados em ensaios clínicos e dos pacientes atendidos em
um Serviço de Referência Ambulatorial de Tuberculose.
4. O crescimento de poucas colônias de M. tuberculosis em meio de cultura sólido
não pode ser considerado um indicador microbiológico de contaminação cruzada no
momento do diagnóstico e nem durante o tratamento do paciente.
5. Embora os casos de contaminação cruzada tenha sido encontrados em pacientes
que possuíam uma única cultura positiva com crescimento de menos de 10 UFC,
não foi possivel estabelecer estatisticamente associação entre estas varíaveis em
razão do pequeno número de pacientes.
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Referências Bibliogficas Referências Bibliogficas
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Anexos
Anexos Anexos
Anexos
ANEXOS
Anexo I. Meio de cultura Ogawa-Kudoh
Di-hidrogeno fosfato monopotássico…………………..……
6 g
Citrato de magnésio …………………………….....…………
0,3 g
Glutamato de sódio ………………………………………......
1,5 g
Glicerol ………………………………………………………...
12 ml
Solução de verde malaquita 2% …………………………….
12 ml
Água deionizada ………………………………………...……
300 ml
Os sais foram dissolvidos em água destilada, até sua completa dissolução. Ainda em
agitação foram adicionados o glicerol e o verde malaquita. A solução foi esterilizada
em autoclave a 127ºC por 15 minutos. Os ovos de galinha, previamente
desinfetados com álcool 70% por 30 minutos, foram homogeneizados e adicionados
à solução esterilizada. Para a coagulação, aproximadamente 8 ml do meio foram
distribuídos em frascos e incubados na posição inclinada a 85ºC por uma hora. Feito
o controle de esterilidade do meio, os mesmos foram armazenados à temperatura
ambiente.
Anexo II. Soluções utilizadas no processamento das amostras
Anexo IIa. Solução de NALC / NaOH / Citrato de sódio
NALC ……………………………………………………………...
0,25 mg
NaOH 5% / NaC 1,45%..... ……………………………….…….
50 ml
Foi adicionado o NALC à solução NaOH 5% / Citrato de dio 1,45% e
homogeneizado até dissolução completa.
Anexo IIb. Tampão fosfato 0,067M (pH 6,8)
Solução alcalina:
Na
2
HPO
4
…………………………….....…….................……
4,735 g
Água destilada q.s.p...……………………………………......
500 ml
Solução ácida:
KH
2
PO
4
……….....................................…………………….
4,535 g
Água destilada q.s.p …………………………………...…… 500 ml
Foram adicionados volumes iguais de solução alcalina e solução ácida em um
béquer de tamanho apropriado, sob agitação magnética. Verificou-se se o pH estava
em 6,8. A solução foi autoclavada a 127ºC por 15 minutos.
Anexo III. Soluções utilizadas no método RFLP-IS6110
Anexo IIIa. Solução tampão tris-EDTA (TE)
Tris (hidroximetil) aminometano (Tris base) ……………….....… 10 mM
Sal dissódico do ácido etilenodiamino tetra- acético (Na
2
EDTA) 1 mM
Após a dissolução dos sais em água destilada, o pH da solução foi ajustado para
8,0. Em seguida a solução foi esterilizada em autoclave a 120ºC por 15 minutos e
armazenada à temperatura ambiente.
Anexo IIIb. Solução de lisozima
Lisozima ……………………………………………..…………...
10 mg
Água ultrapura esterilizada ……………………………………..
1 ml
A enzima foi dissolvida em água ultrapura esterilizada, obtida do Sistema Milli Q de
purificação de água (Millipore Corporation). A solução foi distribuída em tubos tipo
Eppendorf e armazenada a -20
o
C.
Anexo IIIc. Solução de proteinase K
Proteinase K ……………………………………………………...
10 mg
Água ultrapura esterilizada ……………………………….…….
1 ml
Após completa dissolução da enzima, a solução foi distribuída em tubos tipo
Eppendorf e armazenada a -20
o
C.
Anexo IIId. Solução de CTAB – NaCl
Hexadecil trimetil brometo de amônio (CTAB) …………...…..
10 %
Cloreto de sódio (NaCl) ………………………………….……...
0,7 M
O CTAB foi adicionado à solução de NaCl, e a mistura foi aquecida a 65
o
C até
completa dissolução. A solução foi esterilizada em autoclave a 120
o
C por 15 minutos
e armazenada à temperatura ambiente.
Anexo IIIe. Tampão TBE 1X
Tris-base ……………………………………………………… 89 mM
Ácido bórico …………………………………..........…………
89 mM
EDTA ……………………………………………….………….
2,5 mM
Após a dissolução dos reagentes em água destilada, o pH da solução foi ajustado
para 8,0. Em seguida a solução foi esterilizada em autoclave a 120ºC por 15 minutos
e armazenada à temperatura ambiente.
Anexo IIIf. Mistura Lambda-
Hind
III/PhiX174-
Hae
III
Lambda-HindIII……………………………....…….........……
40 ng/
µ
l
PhiX-HaeIII ……………………………………………...........
50 ng/
µ
l
TE 1X ………………………………………………….……….
130
µ
l
Tampão de amostra de DNA 5X.........................................
40
µ
l
Anexo IIIg. Solução SSC/DSS
Solução SSC 2X………………………………………….....…..
1000 ml
Solução de DSS ………………………………………………....
10 ml
A solução SSC 20X foi diluída dez vezes em água destilada e acrescida da solução
de DSS. Depois a solução foi armazenada à temperatura ambiente.
Anexo IIIh. Solução salina com citrato (SSC) – 2 vezes
NaCl ……………………………………………………………. 0,3 M
Citrato trissódico ……………………………………………….. 0,03 M
Os sais foram dissolvidos em água destilada, o pH foi ajustado para 7,0 com ácido
cítrico e o volume da solução completado para 1000 ml. A solução foi esterilizada em
autoclave a 120ºC durante 15 minutos e armazenada à temperatura ambiente.
Anexo IV. Questionário
Questionário Básico para Determinar Risco de Contaminação Intralaboratorial do
Exame de Cultura
No Exame: ________________ Data: ______/______/______
Nome: ______________________________________ Espécime:_______________
Possível contaminação cruzada entre amostras:
No _______________ / No _______________ / No _______________
Informações Laboratoriais:
1) Exame Radiográfico:
Suspeito Normal
2) A amostra teste apresenta Baciloscopia Negativa e Cultura Positiva?
Sim
Não
3) Amostra teste apresenta Baciloscopia Positiva e Cultura Positiva ?
Sim
Não
4) O paciente possui pelo menos duas amostras com resultado de Baciloscopia
Negativa e Cultura Negativa anteriores ao exame da amostra teste?
Sim Não
5) A amostra teste no dia do seu processamento está precedida ou sucedida de
amostra com baciloscopia e/ou cultura positiva?
Sim Não
6) Além da amostra teste havia(m) outra(s) amostra(s) com baciloscopia e/ou
cultura positiva no mesmo dia?
Sim Não
7) Além da amostra teste o paciente possui outras amostras no mesmo mês com
resultado de Baciloscopia Positiva e/ ou Cultura Positiva ?
Sim Não
8) No dia em que a amostra teste foi tratada o laboratório processou um número
de amostras superior à sua media diária?
Sim Não
9) O perfil polimórfico dos fragmentos de DNA (fingerprint) do M. tuberculosis da
amostra teste é semelhante ao encontrado em outra(s) amostra(s) do mesmo
dia da rotina?
Sim Não
10) A amostra teste no dia do seu processamento está precedida ou sucedida de
amostra com cultura positiva cujo(s) perfil(is) polimórfico(s) dos fragmentos de
DNA (fingerprint) do M. tuberculosis é (são) semelhante(s) ao seu?
Sim
Não
Informações Clínicas
11) O paciente foi confirmado como caso de tuberculose?
Sim
Não
12) O paciente apresentava sintomas e sinais clínicos fortemente sugestivos de
tuberculose?
Sim
Não
13) O paciente melhorou clínica e radiologicamente com a instituição do esquema
de tratamento para tuberculose?
Sim
Não
14) Houve mudança no diagnóstico do paciente em razão do mesmo apresentar
outra pneumopatia com quadro clínico e radiológico semelhante aos da TB?
Sim Não
15) O médico considerou o resultado da cultura para definir o caso de TB?
Sim
Não
Informações Complementares (Controle de Qualidade laboratorial)
16) Suspeita de ter ocorrido: identificação errônea das amostras na unidade de
saúde, troca de amostras durante o processamento, registro errôneo de
resultado?
Sim
Não
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