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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E CIÊNCIAS EXATAS
Campus de Rio Claro
Caracterização fitofisionômica em trecho de ocorrência de cerrado no
Parque Nacional da Serra da Canastra (MG) e suas interações com a
textura, profundidade e umidade do solo
Marcia Corrêa Vieira da Silva
Orientador: Prof. Dr.Adler Guilherme Viadana
Dissertação de Mestrado elaborada junto ao
Curso de Pós-Graduação em Geografia
- Área de Concentração – Organização do Espaço,
para obtenção do Título de Mestre em
Geografia
Rio Claro(SP)
2006
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581.9 Silva, Marcia Corrêa Vieira da.
S586c Caracterização fitofisionômica em trecho de ocorrência de
cerrado no Parque Nacional da Serra da Canastra (MG) e
e suas interações com textura, profundidade e umidade do solo /
Marcia Corrêa Vieira da Silva. - Rio Claro : [s.n.], 2006
100 f. : il., tabs., gráfs., mapas, fots.
Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual
Paulista, Instituto de Geociências e Ciências Exatas
Orientador: Adler Guilherme Viadana
1. Fitogeografia. 2. Fisionomia vegetal. 3. Gradiente
fisionômico. I. Título.
Ficha Catalográfica elaborada pela STATI – Biblioteca da UNESP
Campus de Rio Claro/SP
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COMISSÃO EXAMINADORA
Prof. Dr. Adler Guilherme Viadana (orientador) – IGCE – UNESP – Rio Claro
Prof.Dr. Archimedes Perez Filho – IGE – UNICAMP – Campinas
Prof. Dr. Antônio Carlos Vitte - IGE – UNICAMP – Campinas
Marcia Corrêa Vieira da Silva
- candidata -
Rio Claro, 27 de outubro de 2006.
“Entre as cenas que se acham profundamente impressas em minha mente, nenhuma excede a
sublimidade das florestas primevas, não tocadas pela mão do homem, quer as do Brasil, onde
predominam os poderes da Vida, quer as das Terras do Fogo, onde imperam a Decadência e
a Morte. Ambas são templos repletos dos variados produtos do Deus da Natureza: ninguém
pode permanecer na solidão daquelas selvas sem sentir-se comovido e convencer-se de que
há no homem algo mais que o mero respirar dos seus pulmões”.
Charles Darwin, 1871. “Viagem de um Naturalista ao Redor do Mundo”.
A minha querida Família,
por me apoiarem incondicionalmente,
por entenderem minha ausência e
por dedicarem a mim, sempre,
muito Amor.
A memória do meu avô Geraldo,
sempre preocupado com os assuntos
da Natureza;
Quem de alguma maneira me incentivou
a seguir este caminho.
A pessoa mais Doce que conheci.
Dedico
Agradeço
A querida Suely, por me receber de braços abertos; por ter me ensinado as práticas e
rotinas laboratoriais, sem as quais, certamente, este trabalho não seria possível. Quero aqui,
também, agradecer a companhia, amizade e os ensinamentos sobre a arte de viver.
Ao Vladi pela disposição em me acompanhar nos trabalhos de campo e por acreditar
neste trabalho.
Ao Adler por compreender minhas idas e vindas, minhas transformações e por estar
sempre ao lado...ensinando.
Ao amigo “Tamba” pela amizade, companhia e pela grande ajuda dedicada à
elaboração das figuras desta dissertação; espero que sempre estejamos juntos.
Ao Luiz, prezada Arvoreta, por tornar os períodos de trabalho mais agradáveis e pela
preciosa ajuda na elaboração dos perfis.
Ao meu Pai e minha Mãe, por todo apoio e amor.
A Juliene por me acolher sempre. Por ser amiga, mãe, irmã; enfim, uma importante
referência.
Ao professor Sérgio do Anjos pelos inúmeros ensinamentos e pelo constante interesse
pelo meu trabalho.
Ao Serginho pelo constante apoio nesta fase final, pelas “orientações” e pela amizade.
A minha nova “família”, Mayra, Aninha e Ivaldo; por me acolherem.
Aos amigos do CEAPLA, Carlão, Dê, Magali, Claudião e Lucila, pelos dias de
carinhosa convivência. A Bia, pela gostosa convivência e pela ajuda fundamental na
elaboração do Astract.
Ao querido Archimedes por acreditar neste trabalho e em minha capacidade.
Ao meu irmão Rafael, por me ensinar, mesmo sem saber, lições importantes para a
vida. Ao meu querido irmão Gustavo, por todo apoio e carinho dedicado a mim, sempre.
A Mari, minha irmãzinha, pessoa meiga e amiga sempre.
A Paula que mesmo longe representa um porto seguro.
Aos velhos e bons amigos: Marcio, Jú, Johny, doce Julia, simplesmente por fazerem
parte do meu universo.
E ao Renan por colorir minha vida, por caminhar ao meu lado deixando o peso das
coisas mais leve....
S U M Á R I O
Índice ..................................................................................................................... i
Índice de Tabelas .................................................................................................... ii
Índice de Figuras ................................................................................................... iii
Resumo .................................................................................................................. vi
Abstract ................................................................................................................. vii
1.Introdução .......................................................................................................... 01
2. Objetivos ............................................................................................................ 04
3. Área de Estudo ................................................................................................... 05
4. Revisão da Literatura .......................................................................................... 20
5. Procedimentos Metodológicos e Materiais Utilizados ........................................ 33
6. Resultados e Discussões ...................................................................................... 60
7. Conclusões ........................................................................................................... 93
8. Referências Bibliográficas .................................................................................. 95
ÍNDICE
1.Introdução ............................................................................................................. 01
2. Objetivos .............................................................................................................. 04
3. Área de Estudo .................................................................................................... 05
3.1. O Parque Nacional da Serra da Canastra .............................................. 05
3.2. O Chapadão da Zagaia .......................................................................... 09
3.3. O Cerrado ............................................................................................. 16
4. Revisão da Literatura .......................................................................................... 20
4.1. A Importância da Fitogeografia ........................................................... 20
4.2. Caracterização Fitofisionômica do Cerrado ........................................ 23
4.3. O Estudo das Fitofisionomias e suas Relações com o Solo ................. 25
4.4. A Análise Geográfica e a Importância da Interpretação dos Lugares... 29
4.5. O Trabalho de Campo .......................................................................... 32
5. Procedimentos Metodológicos e Materiais Utilizados ....................................... 34
5.1.Base Cartográfica e Sensoriamento Remoto ......................................... 34
5.2.Coleta de Dados em Campo .................................................................. 39
5.2.1.Aspectos Fitofisionômicos ..................................................... 41
5.2.2.Coleta do Solo ........................................................................ 45
5.3. Análise Laboratorial .............................................................................. 48
5.3.1. Determinação do Teor de Umidade Atual .............................. 48
5.3.2. Análise Granulométrica .......................................................... 49
5.3.3. Classificação Textural ............................................................ 53
5.4. Tratamento dos Dados Obtidos ............................................................. 54
5.5. Elaboração dos Produtos Cartográficos ................................................ 57
6. Resultados e Discussões ....................................................................................... 61
6.1. Caracterização Fitofisionômica do Trecho de Ocorrência de Cerrado no Chapadão
da Zagaia no Parque Nacional da Serra da Canastra ................... 61
6.2. Características do Solo .......................................................................... 72
6.2.1. Classificação Textural do Solo ............................................... 72
6.2.2. Profundidade do Solo ............................................................. 80
6.2.3. Umidade do Solo ..................................................................... 82
6.3. Perfil Síntese: Relações entre as Fitofisionomias e Características
do Solo ........................................................................................................... 88
7. Conclusão .............................................................................................................. 93
8. Referências Bibliográficas .................................................................................... 95
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Escala Internacional de Frações do Solo .................................................... 54
Tabela 2: Aspectos Fisionômicos dos Pontos de Coleta com Ocorrência
de Cerrado ................................................................................................................... 60
Tabela 3: Aspectos Fisionômicos dos Pontos de Coleta com Ocorrência
de Campo Cerrado ....................................................................................................... 62
Tabela 4: Aspectos Fisionômicos dos Pontos de Coleta com Ocorrência
de Campo Sujo ............................................................................................................. 65
Tabela 5: Aspectos Fisionômicos dos Pontos de Coleta com Ocorrência
de Campo Limpo ......................................................................................................... 65
Tabela 6: Aspectos Fisionômicos dos Pontos de Coleta com Ocorrência
de Campo Rupestre ...................................................................................................... 67
Tabela 7: Comparação entre os Aspectos Fisionômicos das Fitofisionomias
do Setor de Estudo ....................................................................................................... 67
Tabela 8: Profundidade de Tradagem do Solo nos Pontos de Coleta ......................... 80
Tabela 9: Desvio Padrão da Média do Teor de Umidade Atual dos
Solos sob Cerrado para 20-40-60 cm .......................................................................... 83
Tabela 10: Desvio Padrão da Média do Teor de Umidade Atual (%) dos
Solos sob Campo Cerrado para 20-40-60 cm ............................................................. 84
Tabela 11: Desvio Padrão da Média do Teor de Umidade Atual dos Solos sob Campo Sujo
para 20-40-60 cm ................................................................................................. 85
Tabela 12: Desvio Padrão da Média do Teor de Umidade Atual dos Solos
sob C. Limpo para 20-40-60cm .................................................................................... 86
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Mapa de Localização do Parque Nacional da Serra da Canastra .................. 06
Figura 2: Domínio Fitogeográfico do Cerrado ............................................................. 07
Figura 3: Mapa Hipsométrico do Parque Nacional da Serra da Canastra .................... 11
Figura 4: Mapa de Vegetação do parque Nacional da Serra da Canastra
com Destaque para a Área de Estudo ........................................................................... 12
Figura 5: Mapa das Áreas de Endemismo do Parque Nacional
da Serra da Canastra com destaque para a Área de Estudo ........................................... 14
Figura 6: Mapa de Solos do Parque Nacional da Serra da Canastra
com Destaque para a Área de Estudo ............................................................................ 15
Figura 7: Padrão Fitofisionômico Adotado .................................................................. 26
Figura 8: Imagem Sintética das Manchas de Cerrado
Identificadas no Chapadão da Zagaia ............................................................................ 37
Figura 9: Imagem Classificada das Manchas de Cerrado
Identificadas no Chapadão da Zagaia ........................................................................... 38
Figura 10: Base Topográfica da Área de Ocorrência de Cerrado
no Chapadão da Zagaia ................................................................................................ 40
Figura 11: Croqui da Malha Amostral Sistematizada sobre a
Mancha de Cerrado Selecionada para Estudo Detalhado .............................................. 42
Figura 12: Croqui da Malha Amostral Indicando os Pontos de
Coleta dos Aspectos Fitofisionômicos ......................................................................... 43
Figura 13: Croqui da Malha Amostral Indicando os Pontos de
Coleta de Solo ................................................................................................................ 46
Figura 14: Esquema do Procedimento Metodológico Utilizado
para a Extração Granulométrica .................................................................................... 51
Figura 15: Diagrama para Determinação da Classe Textural do Solo ......................... 55
Figura 16: Malha Amostral Indicando os Aspectos Fisionômicos
dos Pontos de Ocorrência de Cerrado ........................................................................... 61
Figura 17: Malha Amostral Indicando os Aspectos Fisionômicos
dos Pontos de Ocorrência de Campo Cerrado .............................................................. 63
Figura 18: Malha Amostral Indicando os Aspectos Fisionômicos
dos Pontos de Ocorrência de Campo Sujo .................................................................... 64
Figura 19: Malha Amostral Indicando os Aspectos
Fisionômicos dos Pontos de Ocorrência de Campo Limpo ......................................... 66
Figura 20: Malha Amostral Indicando os Aspectos
Fisionômicos dos Pontos de Ocorrência de Campo Rupestre ..................................... 68
Figura 21: Gráfico da Freqüência de Ocorrência das Fitofisionomias Vegetais
no Setor de Amostragem, Considerando Todos os Eventos Fisionômicos ................. 69
Figura 22: Gráfico da Freqüência de Ocorrência das Fitofisionomias
de Cerrado Encontradas na Mancha Identificada para Estudo .................................... 70
Figura 23: Perfil do Padrão Fitofisionômico em Trecho de Ocorrência
de Cerrado no Parque Nacional da Serra da Canastra ................................................. 71
Figura 24: Comportamento Textural do Solo sob Cerrado ........................................ 73
Figura 25: Comportamento Textural do Solo sob Campo Cerrado ........................... 74
Figura 26: Comportamento Textural do Solo sob Campo Sujo ................................ 76
Figura 27: Comportamento Textural do Solo sob Campo Limpo ............................. 77
Figura 28: Comportamento Textural do Solo no Interior da Mancha de Cerrado ..... 78
Figura 29: Gráfico da Variação da Profundidade do Solo de
acordo com as Fitofisionomias Encontradas ............................................................... 81
Figura 30: Gráfico da Variação do Teor de Umidade Atual em função
da profundidade do Solo sob Cerrado ........................................................................ 82
Figura 31: Gráfico da Variação do Teor de Umidade Atual em função
da profundidade do Solo sob Campo Cerrado ............................................................ 83
Figura 32: Gráfico da Variação do Teor de Umidade Atual em função
da profundidade do Solo sob Campo Sujo ................................................................. 85
Figura 33: Gráfico da Variação do Teor de Umidade Atual em função
da profundidade do Solo sob Campo Limpo ............................................................... 86
Figura 34: Perfil do Comportamento textural do Solo sob as
Fitofisionomias Identificadas em Trecho de Ocorrência de
Cerrado no Parque Nacional da Serra da Canastra – MG/Brasil ............................. 89
Figura 35: Perfil Síntese: Relações Entre as Fitofisionomias e o Solo
em Trecho de Ocorrência de Cerrado no Parque Nacional da
Serra da Canastra – MG/Brasil .............................................................................. 90
RESUMO
Nas últimas décadas o domínio dos cerrados apresenta-se como um dos mais
degradados do território brasileiro. Existe, portanto, a necessidade premente de aprimorar
conhecimentos sobre esta formação vegetal, no sentido de fornecer subsídios para práticas
preservacionistas das poucas áreas que, ainda mantém a originalidade dos cerrados.
A presente proposta tem como objetivos: a identificação das diferentes formações
vegetais do cerrado em trecho do Parque Nacional da Serra da Canastra (MG), centradas nas
fitofisionomias existentes no bioma; delimitar e mapear na forma de um perfil os padrões
vegetacionais da área indicada para a pesquisa; definir as relações existentes entre as
diferentes fitofisionomias e a textura, profundidade, umidade, dos solos que o aporte ao
cerrado no trecho eleito para a realização do estudo e por fim, indicar parâmetros com a
finalidade de garantir a preservação do bioma, objeto desta investigação sistematizada.
A condução técnica da pesquisa será balizada pela conceituação de Goodland e Ferri
(1979) que definiu classes fisionômicas que se enquadram num gradiente de “quase campina”
a uma “quase floresta” (com ocorrência gradual e continua). Tal gradiente de biomassa
divide-se em cinco tipos: “campo limpo”; “campo sujo”; “campo cerrado”; “cerrado” e
“cerradão”.
Palavras Chave: Fitofisionomias; cerrado; textura; profundidade; umidade do solo.
ABSTRACT
In the last few decades the province of cerrado it is presented as one of the most
degraded in Brazil. It is necessary studies to improve news knowledge on this vegetal
formation to supply subsidies for practical that preserve the environment, of the few areas
that, still remain the vegetation of cerrado.
The proposal has as objective: the identification of the different vegetal formations of
cerrado in stretch of Parque Nacional da Serra da Canastra (MG), centered in the existing
phytophysiognomies in bioma; to delimit and to mapear in the form of a profile the
phytophysiognomies standards of the area indicated for the research; to define the existing
relations between the different phytophysiognomy and the texture, depth, humidity, of the
ground that give contribution to cerrado in the stretch for the accomplishment of the study and
finally to indicate parameters with the purpose to guarantee the preservation of bioma, object
of this systemize inquiry.
The conduction technique of the research will be delimited by conceptualization of
Goodland (1979), that it defined physiognomics classes that if fit in a gradient of “almost
open savanna” to “almost forest” (with gradual occurrence and continues). Such gradient of
biomass is divided in five types: “campo limpo”; “campo sujo”; “campo cerrado”; “cerrado” e
“cerradão”.
Key Words: Phytophysiognomy; cerrado; texture; depth; humidity of soil.
1. INTRODUÇÃO
O globo terrestre encontra-se dividido diante das características da flora e fauna em
categorias espaciais chamadas biorreinos. O Brasil está inserido no domínio biorreino
Neotropical que segundo Hueck (1972) inclui a maior parte de América do Sul, se estendendo
por toda a América Central até a península da Baixa Califórnia. Apenas o extremo sudoeste
da América do Sul é incluído no domínio sub-Antártico.
O domínio Neotropical é definido pelo citado autor por sua variedade climática,
grande diversidade e singularidade de fitofisionomias e impressionante biodiversidade. Sendo
que o Brasil, segundo Myers et al. (2000) e Viadana (2002) é juntamente com a Colômbia,
México, Zaire, Madagascar e Indonésia, o país que apresenta a mais rica biota do planeta.
Entretanto a diversidade do mosaico vegetacional brasileiro acha-se ameaçada há
décadas devido à exaustiva exploração dos recursos naturais em detrimento a chamada
exploração de resgate. Ab’ Sáber (2003) alerta que extensas áreas vêem sendo desmatadas,
ameaçando de extinção espécies vegetais e animais muitas vezes ainda nem conhecidas.
O mosaico vegetacional brasileiro foi delimitado por Ab’ Sáber (1976) o qual propôs 6
domínios morfoclimáticos separados por faixas de transição, o mesmo geógrafo foi capaz
também de sugerir a história da composição dos grandes domínios fitofisionômicos no
território brasileiro.
Considerando –se sob esta perspectiva domínios morfoclimáticos enquanto unidades
paisagísticas definidas pelo seu conjunto de aspectos vegetacionais e feições morfoclimáticas
generalizadas, incluindo fatores geomórficos, climáticos e pedológicos; foi possível delimitar
seis domínios morfoclimatobotânicos que se individualizam pelas áreas de transição.
Ainda segundo Ab’ Sáber (2003), mosaico vegetacional brasileiro é por sua vez,
resultado da interação clima, relevo e solo, entretanto foram os climas passados que
possibilitaram a retração e expansão das florestas e outros tipos vegetacionais devido aos
períodos mais úmidos e menos úmidos, originando a composição vegetal atual do Brasil com
grande diversidade.
Myers et al. (2000) considera o domínio morfoclimático dos cerrados brasileiros um
dos pontos de maior biodiversidade do mundo, ocupando o quinto lugar no ranking dos
hotpots de biodiversidade mundial. Entretanto, nas últimas décadas este domínio apresenta-se
como um dos mais ameaçados do mundo. Tal fato verifica-se, principalmente, pela
progressiva expansão da fronteira agrícola e as potencialidades produtivas de grãos no
referido bioma.
Alho & Martins em 1995, consideravam que o cerrado na década de 1990 havia
perdido 40% de sua área original, sendo a projeção para o ano de 2000 o montante de 45 a
59% dessa área.
Existe, portanto, a necessidade permanente de aprimorar conhecimentos sobre esta
formação vegetal, no sentido de fornecer subsídios para as práticas conservacionistas das
poucas áreas que ainda mantém certo nível de originalidade dos cerrados (AB’SÁBER, 2003).
O Parque Nacional da Serra da Canastra (MG) constitui-se numa destas unidades
paisagísticas, que oferece as condições necessárias para que tais conhecimentos sejam
desenvolvidos e possam contribuir para as ações e políticas públicas que visam um melhor
uso e manejo das reduzidas manchas de cerrado que ainda permanecem no território
brasileiro.
As unidades de conservação são organizadas e gerenciadas no território brasileiro em
escala municipal, estadual e federal, sendo estas destinadas a preservação, educação
ambiental, pesquisa e lazer (IBDF, 1981).
As unidades de preservação denominadas de Parques Nacionais foram regulamentadas
pela Lei nº 9985 de 18 de julho de 2000, a qual define estas unidades enquanto áreas
geograficamente extensas e delimitadas, dotadas de atributos naturais excepcionais, objeto de
preservação permanente, pois que estão submetidas à condição de inalienabilidade e
indisponibilidade em seu todo.
A notável importância da unidade em questão, bem como a grande necessidade do
desenvolvimento de estudos que subsidiem seu monitoramento e manejo, está sublinhada,
segundo o plano de manejo do parque (1981), pela função que assume enquanto divisora de
águas de duas das mais importantes bacias hidrográficas brasileiras, a do Paraná e a do São
Francisco, e também pela grande variedade de espécies vegetais e animais que compõem a
biota do parque.
Neste contexto, a presente pesquisa de cunho fitogeográfico pretende
determinar e caracterizar as formações vegetais de cerrado que ocorrem num determinado
recorte paisagístico do Parque Nacional da Serra da Canastra; conferindo a este estudo o
atributo biogeográfico essencial, segundo Camargo (1998): qual seja, a distribuição horizontal
das fitofisionomias existentes atualmente, na área objeto das investigações.
O trecho do parque escolhido para a realização desta pesquisa corresponde a uma
pequena área de ocorrência das variedades fisionômicas do cerrado dentro dos limites de
preservação. Constitui um setor do Chapadão da Zagaia onde uma significativa mancha de
cerrado embute-se no tecido ecológico desta formação geomorfológica.
Assim, o presente trabalho buscará caracterizar as formações de cerrado que ocorrem
no trecho sugerido, bem como identificar suas respectivas relações com o solo, a fim de
confirmar ou refutar a seguinte hipótese: ‘o gradiente fisionômico em setor de ocorrência de
cerrado no Parque Nacional da Serra da Canastra é determinado por recíproco gradiente de
textura, umidade e profundidade do solo’.
3. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
O Parque Nacional da Serra da Canastra está localizado no sudoeste do estado de
Minas Gerais entre os paralelos 20°00’ e 20º30’ sul e os meridianos 46°15’ e 47°00’ oeste. A
área do parque pertence a três municípios: Delfinópolis, São Roque de Minas e Sacramento,
totalizando 71.525 ha, destinados à preservação permanente como ilustra a figura 1 a seguir.
3.1. O Parque Nacional da Serra da Canastra
Segundo a União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN - a maior rede
mundial para conservação), no ano de 2000 aproximadamente 13.250.000 km2 do globo
estavam protegidas em cerca de 30 mil áreas de preservação, nas mais diversas modalidades.
Para IUCN a conservação da biodiversidade por meio de unidade de conservação parece ser
uma importante ferramenta a fim de garantir a sustentabilidade dos principais biomas
mundiais; isto porque, as unidades de conservação possibilitam a interface entre a
conservação, preservação, educação, pesquisa e principalmente o manejo adequado,
objetivando a perpetuação dos biomas, os quais representam para IUCN um grande banco
genético, essencial à manutenção da vida humana no globo.
Assim, o Parque Nacional da Serra da Canastra criado em 3 de abril de 1972 tem a
função de preservar as nascentes do rio São Francisco e as inúmeras nascentes desta porção
morfológica que é a divisora de águas das grandes bacias do rio Paraná e São Francisco. A
proteção e manutenção do bioma cerrado com sua flora e fauna peculiares, ressaltam a
importância e a extraordinária beleza cênica desta unidade de conservação ambiental, a figura
2 reforça a localização do referido parque no domínio do cerrado.
Como enfatizado anteriormente, o bioma cerrado possui urgente necessidade de
preservação, pois compreende um dos pontos de maior diversidade biológica do mundo, como
determinado por Myers et. al. (2000), sendo também, para Alho & Martins (1995) e
Ab’Sáber (2003) um dos mais ameaçados, pela crescente pressão entre conservação e
desenvolvimento agropecuário.
A importância de estudos referentes às unidades de conservação decorre da
necessidade de conhecer para poder proteger e recuperar, pois de acordo com o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) viabilizado pela Lei nº 9985 de 18 de julho de
2000, os Parques Nacionais são Unidades de Proteção Integral, “caracterizadas por serem
áreas geográficas extensas e delimitadas, dotadas de atributos naturais excepcionais, objeto de
preservação permanente, submetidas à condição de inalienabilidade e indisponibilidade no seu
todo” (...) “o objetivo principal dos Parques Nacionais reside na preservação dos ecossistemas
englobados contra qualquer alteração que os desvirtuem”.
O artigo 11 do citado Sistema define a finalidade dos Parques Nacionais da seguinte
forma: “tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande
relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o
desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em
contato com a natureza e de turismo ecológico”.
A prioridade e necessidade da conservação da biodiversidade do cerrado são
classificadas pela Conservation International (CI) como extremamente alta em publicação de
1999, quando certifica o bioma do cerrado brasileiro como um hotpot de biodiversidade
mundial, no relatório “Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade do Cerrado e
do Pantanal”.
A referida unidade de conservação, repete-se, foi criada em 1972 pelo decreto
70.355 e demarcado em 1977, sendo administrada pelo IBAMA, de acordo com seu plano de
manejo elaborado em 1981, o plano emergencial com data de 1989 e da revisão do Plano de
Manejo divulgado em forma de resumo executivo de 2005.
Segundo o IBDF & FBCM, (1981) e IBAMA (2005), geomorfologicamente o parque
é caracterizado por dois Chapadões: o da Canastra e o das Sete Voltas, conjuntamente com o
vale que se encaixa entre eles, drenado pelo córrego do Coelho.
De acordo com o plano de manejo (1981), o Chapadão da Canastra é marcado pelas
altitudes mais elevadas, principalmente no trecho denominado de Serra Brava, com altimetria
de a 1496 m. Esta unidade morfológica tem sua continuidade, porém com altitudes
significativamente mais suaves no chamado Chapadão da Zagaia, com médias altimétricas de
1000m. Ambos são formados por sedimentos Paleozóicos e Mesozóicos da Bacia Sedimentar
do Paraná.
A região denominada de planaltos da Canastra, é constituída por cristas, barras e vales
adaptados às estruturas de direção NO-SE. As rochas na área são componentes do grupo
Canastra, com filitos sericita-xistos, quartzitos, micaxistos e xistos calcíferos. Segundo o
IBAMA (2005), também se encontra, nessa área, falhas indiscriminadas e falhas de empurrão,
além de sinclinais e anticlinais.
A rede de drenagem é bastante rica e possui grande importância em âmbito regional e
nacional, uma vez que o maciço da Canastra como afirmado, representa o divisor de águas
das bacias dos rios Paraná e São Francisco.
Sendo que, segundo o IBAMA (2005), as características mais marcantes da região são
a densa rede de drenagem com inúmeros tributários e centenas de nascentes que alimentam os
diversos cursos de água. Ainda conforme o Plano de Manejo (2005), para a região considera-
se seis bacias hidrográficas mais importantes: rio Grande e ribeirão Santo Antônio, ao sul; e
ribeirão Grande, rio São Francisco, rio Araguari e rio Santo Antônio, ao norte. No que se
refere à qualidade da água, os estudos realizados, pelo referido Plano de Manejo (2005)
considera-se de boa qualidade.
Os tipos de vegetação que recobrem o parque, segundo o IBDF & FBCM (1981) e o
IBAMA (2005), marcam sua paisagem fitogeográfica com campos limpos, campos de
altitudes e campos rupestres que predominam na paisagem. Nota-se também, a presença das
matas galerias e os capões de mata ladeando ou indicando os locais que recebem influência da
umidade oriunda dos inúmeros cursos d’água, bem como nas áreas de nascentes.
Entretanto, embora ocorra o predomínio dessas formações, o Parque Nacional da Serra
da Canastra apresenta algumas áreas de ocorrência de com fitofisionomias que compõem o
bioma cerrado, como proposto pelo IBAMA (2005). Porém, tais formações ocorrem apenas
em trecho do parque que apresenta menores altitudes (de 800 m a 1200 m) no Chapadão da
Zagaia. Sendo que, estas formões abrangem praticamente todas as variações no gradiente de
biomassa, característica esta, típica das diversas formações de cerrado, sendo assim, o setor
descrito representa o foco de interesse para o estudo detalhado a que se propõe esta
dissertação.
3.2. O Chapadão da Zagaia
É no Chapadão da Zagaia, quando as altitudes exibem valores de 800 a 1200 m, sendo
relativamente mais modestas do que no restante do parque, que é revelado ao observador
outras fitofisionomias comuns no cerrado, porém, não o destacadas na constituição
fitogeográfica da unidade de conservação em questão.
O Chapadão da Zagaia consiste na única unidade morfológica local onde é
possível observar formações de cerrado propriamente dito: cerrado, campo cerrado e campo
sujo. Nesta área também é possível encontrar os campos de altitude e os campos rupestres nas
regiões onde emergem afloramentos rochosos e solos poucos profundos e litólicos.
Sendo o interesse deste trabalho a investigação das formações de cerrado que
ocorrem no Parque Nacional da Serra da Canastra, o citado recorte espacial do Chapadão da
Zagaia torna-se área ideal para análise de suas diferentes fitofisionomias e suas relações com
o solo.
Reforçando a idéia apresentada, de acordo com Barreto (1999), ‘a maior parte do
parque é coberto por vegetação campestre, representadas pelos campos sujos, campos de
altitude e campos rupestres. Outras formações vegetais existentes, porém em escala muito
mais reduzida, são as florestas subcaducifólias e os campos cerrados, que apresentam-se
transicional nas partes mais baixas do relevo’; as figuras 3 e 4 ilustram a paisagem descrita,
bem como o conjunto de fotos a seguir.
Como deixa evidente a figura 4 apresentada posteriormente, a seção de ocorrência de
cerrado no Parque limita-se ao pequeno setor do Chapadão da Zagaia, onde define-se a área
de estudo desta dissertação.
A importância da área eleita pode ser ressaltada por estudo que confirma áreas de
endemismo no parque, sendo o setor em questão uma das zonas identificadas, conforme
Romero e Nakajima (1999,pág.7), como divulga a figura 5 que segue. O mesmo trabalho
confirma a ocorrência de vegetação diferenciada na área 15, quando dispõe: “No Chapadão da
Zagaia (Área 15) predominam as formações de cerrado, campo cerrado, campo sujo e campo
limpo, em relevo plano e suavemente ondulado, com latossolos profundos de textura argilosa.
A Ilex sp. nov. (Aquifoliaceae) é a única espécie endêmica exclusiva desta área ocorrendo
preferencialmente nos cerrados”.
De acordo com o mapeamento de solos contido no Plano de Manejo elaborado pelo
IBDF & FBCM (1981), adaptado a classificação dos solos brasileiros segundo a EMBRAPA
(1999), a área de interesse para este estudo apresenta Latossólicos, Neossolos Litólicos e
Afloramento Rochoso, como mostra a figura 6.
O citado chapadão além de apresentar as menores altitudes entre os maciços
constituintes do parque, está localizado próximo à portaria de Sacramento, sendo de acordo
com o zoneamento elaborado pelo plano de manejo uma zona de recuperação.
3.3. O Cerrado
As formações de cerrado ocupam terrenos planos ou levemente convexizados do
Brasil Central, com algumas ocorrências isoladas na Amazônia, São Paulo e nordeste
paranaense como apresentado por Ab’ Sáber (1976). Uma das principais influências da
fisiografia está na drenagem, que nas regiões de cerrado se caracteriza por rios permanentes
ladeados por matas galerias e buritizais.
Em sua maior extensão os cerrados ocorrem em regiões em que predomina o tipo
climático Aw, isto é, clima quente e úmido com chuvas de verão, sendo a estação seca muito
bem definida. Desta forma, o cerrado brasileiro diferencia-se climaticamente da savana
africana que, apesar da sazonalidade, são úmidos ou sub-úmidos contando com
precipitações anuais acima de 1600mm, como defendido por Goodland e Ferri (1979) e
Furley (1992).
A área “core” do cerrado é o Mato Grosso, onde são encontradas as feições picas
deste bioma. Tal fitofisionomia é compreendida pelos cerradões, cerrado, campos cerrados,
sujos e limpos; sendo diferenciados pela quantidade de biomassa, como qualifica Eiten
(1990).
Assim, a área nuclear dos cerrados se instala num contínuo das terras altas do Brasil
Central, e ocupam os interflúvios planálticos, formando o que Ab’Sáber (2003) chama de um
“mar de chapadões” com cerrados, interpenetrados por florestas galerias. O cerrado ocorria
em cerca de 23% do território brasileiro, de acordo com Myers et al. (2000), sendo um dos
biomas mais biodiversos do mundo, apresentando rara beleza e grande importância na
hidrografia do Brasil.
Conforme Eiten (1981), o cerrado é, em geral, uma vegetação de interflúvios, isto é,
fora dos vales. Assim, mesmo compondo a paisagem dos domínios deste bioma, as matas
ciliares obviamente não são parte do cerrado.
A vegetação dos cerrados é constituída por diversas fisionomias, conforme Coutinho
(1982), designada de ecótono, as formações intermediárias ao ecótono são as matas e os
campos.
Tal ecótono compreende as formações de cerradão, o cerrado senso estrito, o campo
cerrado, campo sujo e campo limpo; sendo que em muitas regiões de Minas Gerais e Goiás
este ecótono é constituído também pelos campos rupestres, associados aos afloramentos
rochosos que acompanham a topografia do terreno.
Neste ecótono, segundo Eiten (1990), a biomassa arbórea, arbustiva e herbácea
diminui gradativamente devido ao controle principalmente dos solos, da topografia e das
queimadas. As espécies vegetais típicas de cerrado se desenvolvem em solos ácidos e
extremamente pobres em nutrientes, solos estes que contém altas concentrações de alumínio.
Para Goodland & Ferri (1979), este gradiente de biomassa típico nas formações de
cerrado ocorre principalmente devido à deficiência nutricional dos solos. Os nutrientes mais
carentes são principalmente o fosfato, o nitrogênio e o potássio. Assim, o fator mais imediato
para a diferenciação do gradiente campo sujo-cerradão é a deficiência de “NPK”.
Ainda segundo estes autores, o alumínio possui fundamental importância nos solos do
cerrado, pois seu efeito principal é aumentar a acidez do solo, fato que provoca a sua
deficiência nutricional. O alumínio diminui também a disponibilidade de nutrientes como o
fosfato e o potássio.
Conclui-se então, que a redução da densidade e estatura das árvores pode estar
relacionada com a crescente saturação do alumínio nos solos, que varia de 35% no cerradão a
58% no campo sujo, e a outros aspectos do solo e da topografia como comprovaram
Goodland & Ferri (1979), Furley & Ratter (1988), Eiten (1990), Oliveira Filho & Ratter
(2002) e Furley (1992).
Furley (1999) afirma que as subformações de cerrado tem relação direta com a
drenagem e as demais propriedades do solo. Em mesma publicação este autor retoma
publicações do final da década de 90, pra esclarecer a ainda atual teoria que divulga que o
cerrado cobre geralmente solos com alta acidez, com concentração de Cálcio, Magnésio e
Potássio muito abaixo dos limites exigidos pela agricultura; níveis baixos de matéria orgânica;
com concentrações de alumínio que excedem em média cerca de 79 % dos níveis de toxidade
e, com presença de metais pesados, como zinco, cobre e manganês ente 40 e 80% dos níveis
considerados críticos. O mesmo autor afirma que os solos do cerrado não apresentam alta
concentração de argila e são significativamente porosos e bem drenados.
Sassaki & Felippe 1997 apud Furley (1999), indicam que as plantas nativas do cerrado
têm seu metabolismo adaptado à toxidade de alumínio, sendo as mesmas tolerantes a altos
níveis desta substância.
A diversidade excepcional de espécies vegetais e animais é para Furley (1999),
aspectos suficientes para classificar esta formação vegetal como uma das mais diversas do
mundo, contendo cerca de 800 espécies arbóreas identificadas ao redor do globo,
caracterizando uma florística extremamente heterogênea, onde as famílias mais importantes
em termos numéricos que reúnem inúmeras espécies são as Melastomaceae, Leguminosae,
Malpighiaceae, Myrtaceae, Rubiaceae e Vochysiaceae.
Devido à aparência xeromórfica do cerrado é comum associá-lo à savana africana o
que, no entanto, é um erro, pois para Ferri (1976) não ficit hídrico no cerrado uma vez
que os estômatos dos vegetais permanecem 22 horas por dia abertos, realizando trocas
gasosas continuamente com a atmosfera. Outra característica, apontada por Goodland & Ferri
(1979), o que diferencia o cerrados da savana é o fato que nas formações savânicas o estrato
herbáceo é dominante, enquanto no cerrado tal estrato está presente nos locais onde os
indivíduos dos estratos arbóreo e arbustivo encontram-se espaçados.
Esta aparência xeromórfica é atribuída devido aos galhos tortuosos de seus indivíduos,
à casca grossa que reveste os mesmos, às folhas coreáceas e a não rara presença de espinhos.
No entanto o xeromórfismo do cerrado é falso, considerando a disponibilidade de água o ano
todo para os vegetais de raízes longas e pivotantes, não existindo, portanto, déficit hídrico
para esta formação vegetal.
As savanas Neotropicais são as mais úmidas do mundo, segundo Furley (1999), os
cerrados estão adaptados a sazonalidade das chuvas características típicas do cerrado
brasileiro, a toxidade do alumínio e a ação periódica do fogo. Furley (1999) indica que
existem porções de plantas herbáceas especialmente nas áreas de maior umidade.
As citadas características do bioma dos cerrados foram outrora apresentadas por
Martius (1943), como uma “fisionomia peculiar onde acham isoladas árvores estropiadas de
casca grossa, com galhos tortos e estendidos, tendo as folhas sem seiva e de cor verde-
cinzenta”, se contrapondo, conforme o mesmo autor, às florestas que “ocupam as baixadas
dos vales, os leitos dos riachos, abrigando as fontes da maior parte dos rios do país”.
A estrutura principal dos cerrados é subterrânea, logo a biomassa que ocupa a porção
superficial do solo é menos rica do que a que se encontra na sub superfície, enquanto no nível
superior encontram-se árvores de oito a dez metros, no subsolo existem raízes de até vinte
metros, construindo um denso sistema radicular. O subsolo evidencia que ao longo do ano
todo o solo permanece úmido.
A ação constante do fogo nos cerrados tem influência determinante nas características
e na dinâmica de brotação; na quantidade de biomassa das formações, e muitas de suas
adaptações que lhe atribuem aspecto xeromórfico são para a proteção contra o fogo, que nos
cerrados é espontâneo, embora se intensifique devido à ação antrópica. Para Coutinho (1982)
o fogo tem competência para retirar o manto de decomposição do solo, para ativar a brotação
nas espécies e principalmente na mudança da paisagem relacionada ao cerrado, uma vez que
este altera a densidade de biomassa das formações podendo transformar um cerrado em
campo sujo.
Hoje os cerrados encontram-se ameaçados pela monocultura e pastagens, conforme
alertou Alho & Martins (1995), proporcionando grande perda de sua biodiversidade, e
depredando principalmente seus cursos d’água com significativo potencial hídrico; essas
características revelam-se nas maiores potencialidades deste bioma. No que se refere a região
em estudo, atualmente as áreas de cerrado estão ameaçadas pelos reflorestamentos para a
exploração econômica variada.
Em publicação recente Ab’Sáber (2003), alerta para a violenta e rápida degradação dos
ambientes de cerrados, principalmente de cerradões. Sugere que a devastação antrópica em
2000 somava 65% a 70% do espaço total pertencentes a esta formação. Esta constatação exige
dos pesquisadores uma postura que considere o planejamento das atividades econômicas,
levando sempre em conta a limitação dos recursos naturais, tendo em vista a preservação e
recuperação dos mesmos, indispensáveis a permanência saudável do homem na superfície
terrestre.
4. REVISÃO DA LITERATURA
Sendo o referido trabalho uma empreitada científica, torna-se necessário uma revisão
do suporte teórico para alguns conceitos, categorias, métodos interpretativos e técnicas
utilizadas ao longo desta investigação sistematizada.
Nesta revisão serão discutidos os seguintes conteúdos: a importância de estudos
fitogeográficos; as fitofisionomias como forma de investigação e análise das formações
vegetais; a caracterização fitofisionômica do bioma cerrado; as interações entre a cobertura
vegetal e o solo; a análise geográfica e suas múltiplas escalas de interpretação; a utilização de
técnicas de sensoriamento remoto para estudos referentes à vegetação; o trabalho de campo
como instrumento capaz de proporcionar uma visão detalhada e fiel da realidade a ser
interpretada; e por fim, a interpretação biogeográfica, no que diz respeito as informações
obtidas.
4.1. A Importância da Fitogeografia
A biogeografia deve ser compreendida enquanto um ramo da ciência geográfica, a
qual segundo Brown & Lomolino (1998), se ocupa com o estudo e compreensão da
distribuição dos seres vivos na superfície terrestre. É então, também interesse deste ramo da
ciência geográfica, a compreensão das inter-relações entre os seres vivos e as condições
fisiográficas e ecológicas onde ocorrem.
Segundo Martins (1985) o interesse pela biogeografia o é recente, sendo, que o
filósofo grego Aristóteles foi um dos pioneiros neste tipo de estudo quando pesquisou a flora
e a fauna do Mar Mediterrâneo.
Neste contexto, estudos biogeográficos que privilegiam a flora tratam da fitogeografia,
pesquisas como estas vêm permeando o caminhar das ciências naturais desde a proposta de
Martius (1943); Humboldt citado por Martins (1985) a Brown & Lomolino (1998), entre
outros autores; pesquisadores estes preocupados em analisar e discutir as relações entre
plantas e solos, altitudes e a descrição e localização das fisionomias propriamente ditas.
Desta forma Rizzini (1997) conclui que a fitogeografia é um conjunto integrado de
disciplinas botânicas que constituem uma seqüência natural, a qual toma como ponto de
partida a taxonomia e depende ainda de outros setores especializados como a morfologia e
fisiologia vegetal, pedologia e climatologia.
A importância do reconhecimento do tipo de vegetação de determinado lugar é
sublinhada por toda literatura desde Martius (1943); Hueck (1955); Ferri (1980); Martins
(1985); até Rizzini (1997); Brown & Lomolino (1998); Camargo & Troppmair (2002) e Ab’
Sáber (2003), esses autores ressaltam o fato de poder revelar o histórico particular da
evolução e migração das espécies que compõem a formação vegetal, como também da
adaptação às condições climáticas e as interações biológicas locais.
Isto porque, para Martins (1985) a ocupação do solo por diferentes tipos de
comunidades vegetais não se ao mero acaso. Cada ser vivo possui o habitat em que está
adaptado, onde o mesmo encontra o necessário a sua nutrição e reprodução, podendo assim,
perpetuar-se no tempo e no espaço.
A delimitação geográfica dos diferentes tipos vegetacionais depende de uma série de
fatores. Brown & Lomolino (1998) e Rizzini (1997), apontam para o clima e os solos,
considerando a vegetação um “espelho”, ou um reflexo de toda gama de interações existentes
no meio, evidenciando o equilíbrio, desequilíbrio e adaptação dos indivíduos ao habitat.
Na literatura especializada a vegetação é descrita como sendo o elemento constituinte
da paisagem que mais é sensível às transformações do meio, possuindo a capacidade de
alertar sobre as principais formas de inter-relações dos elementos constituintes do meio; sendo
por esta característica, um elemento importante nas pesquisas voltadas a conservação e
recuperação do meio ambiente, bem como para aquelas que se dispõe a propor um uso e
ocupação do solo de maneira ordenada, como orienta Martins (1985) e Brown & Lomolino
(1998).
Embora a fitogeografia seja objeto antigo de estudo, uma observação feita por Hueck
(1955) revela sua validade e importância na atualidade. Segundo Viadana (2004), há uma
grande escassez de estudos referentes a fitogeografia, fato este que colabora para a falta de
conhecimentos que subsidiem ações práticas de conservação e utilização racional do espaço.
Para Goldsmith (1991), a análise das transformações na vegetação é uma importante e
eficiente forma de monitoramento e avaliação, devido a inúmeros fatores, principalmente pelo
seu caráter estacionário e facilidade de registro, e associado a esta justificativa está o fato da
composição da vegetação refletir a natureza do manejo atual e passado, do meio onde vivem
os animais , do solo, do clima e principalmente às interferências antrópicas.
Para Miller (1994) apesar do processo de sucessão vegetal ser extremamente
complexo, o mesmo é passível de modelagem, e adesenvolvimento de simulações; o que
reforça a proposta de Goldsmith (1991) para a utilização da vegetação enquanto indicador
passível de ser analisado em uma escala tanto espacial quanto temporal, fazendo da
caracterização e do monitoramento da vegetação importantes instrumentos para análise da
intensidade das transformações espaciais face às inúmeras intervenções antrópicas.
Enfim, Camargo (1998) considera que o maior interesse dos geógrafos pelo estudo da
vegetação se justifica pela grande importância que a cobertura vegetal tem como componente
da paisagem geográfica, constituindo-se como um elemento de fácil observação. Ainda
segundo Camargo (1998), as pesquisas mais reincidentes no âmbito da fitogeografia tem sido
a distribuição das formações vegetais e suas relações com o clima, com o relevo e com o solo.
Segundo Viadana (2004), os estudos referentes a biogeografia no geral, podem ser
levados a efeito de diversas maneiras, mas o propósito fisionômico é amplamente utilizado e
se mostra bastante eficiente na elaboração de inventários sobre a paisagem geográfica.
Tal método interpretativo é abordado vastamente na literatura, sendo que, o conceito
de fitofisionomias foi, primeiramente, desenvolvido por Grisebach em sua obra intitulada Die
Vegetation für die Erde publicada em 1878; onde o mesmo, definiu as fisionomias vegetais
como sendo uma importante ferramenta para a caracterização da cobertura vegetal; este autor
citado por Acot (1990) determina que as formações fitogeográficas são constituídas por um
agrupamento de plantas que apresenta aspectos fisionômicos definidos.
O referido conceito foi e vem sendo utilizado amplamente nas pesquisas sobre
botânica e fitogeografia. Martius em 1943 em sua obra As Fisionomias do Reino Vegetal no
Brasil, buscou caracterizar as diversas formações fitogeográficas através de suas
fitofisionomias, e com esta conduta teve competência de caracterizar com notável precisão os
diversos domínios de natureza referentes ao território brasileiro.
Já em 1979 Eiten caracterizou as formações fitogeográficas do cerrado brasileiro
utilizando a fisionomia vegetal como referência, uma vez que a mesma se demonstra
eficiente, pois, este tipo de análise permite um reconhecimento e classificação das formações
vegetais preciso e dispensa, muitas vezes, a pesquisa baseada na taxonomia da flora.
Eiten (1979) distingue forma da vegetação e o tipo de vegetação; para o autor os tipos
de vegetação são por exemplo: o cerrado, caatinga, mata amazônica e mata atlântica; sendo
que cada tipo dessas vegetações possuem uma ou mais formas, como no caso do cerrado: o
cerradão, cerrado, campo cerrado e etc. Eiten (1979), coloca ainda, que a fisionomia da
vegetação refere-se a forma, sendo que para a classificação das formas de uma vegetação
deve-se levar em conta a estrutura, a qual se refere a altura e densidade dos diferentes estratos,
herbáceo, arbustivo e arbóreo; a mudança do aspecto vegetativo ao longo do ano, ou seja, a
caducidade e estacionalidade; a forma de crescimento dos indivíduos e por fim, a consistência
e tamanho das folhas.
Acot (1990) retoma este conceito louvando a sua eficácia para estudos referentes a
biogeografia e ecologia visto que, necessário é para qualquer estudo o conhecimento,
caracterização e localização dos diversos tipos de formações vegetais, sendo, a característica
fitofisionômica a mais latente e passível de observações.
Diniz & Furlan (1998) enfatizam a eficiência de tal método ao compará-lo com a
perspectiva da analise florística, discutindo as infinitas vantagens e possibilidades do mesmo
diante de estudos de cunho fitogeográfico.
Viadana (2004) aponta que o conceito de fitofisionomias enquanto instrumento para
caracterização e estudo da vegetação é amplamente utilizado e descrito com freqüência pela
literatura, obtendo êxito nas pesquisas de interesse fitogeográfico, como indica também Acot
(1990); Cavalcanti (1995); Furley & Ratter (1988), Diniz & Furlan (1998) e Oliveira Filho &
Ratter (2002); compreendendo, desta forma, um método apropriado para a execução da
pesquisa fitogeográfica que se apresenta.
4.2. Caracterização Fitofisionômica do Cerrado
As formações de cerrado são caracterizadas por grande variedade fisionômica, sendo
compreendida, segundo Goodland & Ferri (1979), Eiten (1979), (1981) e (1990), Coutinho
(1982) e Oliveira Filho e Ratter (2002), como um gradiente de fitomassa condicionado por
muitos fatores, como, por exemplo, topografia, solos, clima, interferências antrópicas e pela
ação do fogo. Tal gradiente compreende a variação designada ecótono campo – floresta.
Para estes autores citados, o cerrado é compreendido pelas fisionomias de campo
limpo, campo sujo, campo cerrado, cerrado propriamente dito e cerradão.O presente trabalho
adotará a classificação de Goodland & Ferri (1979) enquanto parâmetro de classificação do
cerrado, isto porque, tal classificação permanece atual até os tempos de hoje, sendo citada e
reproduzida por diversos autores, como Furley & Ratter (1988), Furley (1999) e (2000),
Oliveira Filho e Ratter (2002).
Em Eiten (1979), as fisionomias de cerrado o definidas da seguinte maneira,
cerradão, cerrado (senso estrito), campo cerrado, campo sujo e campo limpo; completando
que este sistema satisfaz muito bem as preocupações científicas de geógrafos, agrônomos,
ecólogos e por vezes aos biólogos.
Segundo Goodland & Ferri (1979) os tipos de cerrado variam de acordo com o
gradiente de biomassa, sendo este gradiente dividido, no caso do Triângulo Mineiro, em
quatro tipos apenas, considerados anteriormente. A denominação campos designa uma
região aberta, descampada, já o termo cerrado diz respeito a uma região fechada, densa.
Goodland & Ferri (1979, pág. 179) definem, o campo sujo como o próprio nome
indica, é uma área recoberta por vegetação herbácea, com vegetais lenhosos arbustos e
arvoretas dispersos em seu interior. (...) Os arbustos e arvoretas, dada sua dispersão, de
modo algum impedem a locomoção e a visibilidade”.
Para o campo cerrado os autores (pág. 179) atribuem as seguintes
características: “Consiste em uma vegetação entrefechada. No campo cerrado, as arvores
ainda são pequenas, porém maiores e mais densas do que no campo sujo. Por causa da
vegetação lenhosa, é difícil locomover-se dentro dele, sendo impossível faze-lo a em linha
reta uma grande extensão. Conquanto fique reduzida, ainda é boa a visibilidade. O dossel não
é suficientemente denso para produzir uma diminuição do tapete herbáceo, que permanece tão
denso e alto quanto no campo sujo”.
O cerrado propriamente dito para os referidos autores (pág. 178) é uma vegetação
arbórea, uma vez que é constituída basicamente por árvores. “Estas são mais densas e mais
altas que no campo cerrado, formando um dossel bastante desenvolvido. Nele, a visibilidade
fica sensivelmente reduzida. A vegetação rasteira é menos densa do que no campo cerrado,
provavelmente devido ao seu dossel mais compacto”.
O quarto tipo de cerrado é o cerradão, que representa uma espécie de floresta, sendo
assim um grande cerrado. Para os autores no cerradão “as árvores são altas e grossas,
formando uma densa mata de dossel compacto. Como as árvores são mais altas e
ininterruptas, a visibilidade e a transitabilidade do cerradão são menores do que a do cerrado.
Quanto a densidade das árvores, a do cerradão é pouca coisa maior do que a do cerrado, mas
as árvores do cerradão são bem mais grossas”.
Para tais definições foi elaborada uma tabela dos padrões do cerrado no Triângulo
Mineiro. Através de parâmetros previamente estabelecidos, os aludidos pesquisadores
definiram características para a classificação de árvores, arbustos e herbáceas, e os respectivos
estratos vegetacionais por estes estruturados.
Assim, os arbustos, nesta análise, dizem respeito a uma vegetação de porte não muito
avantajado, com ramificações desde a base, desprovido total ou quase totalmente de tronco.
As árvores, por sua vez, representam um tipo vegetacional lenhoso de porte avantajado,
provido de um tronco que se ramifica na parte superior, formando uma copa.
Como é possível notar, a diferença entre árvore e arbusto, adotada neste trabalho e
conforme Goodland & Ferri (1979) é arbitrária e baseada no porte do vegetal. Então, muitas
espécies enquadradas na categoria de porte arbustivo e as arvoretas são na verdade, espécies
de porte potencialmente arbóreo.
no que se refere ao estrato herbáceo, deve-se frisar que o cerrado é um tipo de
vegetação arbóreo e arbustivo, sendo que o estrato herbáceo bem desenvolvido ocorre quando
os indivíduos do estrato arbóreo e arbustivo encontram-se em modestos agrupamentos.
O padrão fisionômico adotado pode ser visto na figura 7, a qual demonstra através de
um perfil fisionômico o padrão adotado para estudo da paisagem em questão. O padrão
adotado apresenta a formação de campo limpo, que apesar de não ter sido identificada no
trabalho de Goodland & Ferri (1979), constitui a paisagem do cerrado em regiões com
altitudes representativas, constituindo-se enquanto uma formação exclusivamente herbácea,
como definem Coutinho (1982), Eiten (1979) e (1990), Furley (1999) e Oliveira Filho e Ratter
(2002).
4.3. O Estudo das Fitofisionomias e suas Relações com o Solo
No que tange os estudos fitogeográficos, segundo Viadana (2004), além da
classificação das formações vegetais e suas respectivas áreas de ocorrência, a interpretação e
correlação com os elementos que a determinam e a influenciam reciprocamente é fundamental
para atingir uma compreensão holística da dinâmica das paisagens fitogeográficas.
Não são raras as pesquisas que buscam este tipo de interpretação no âmbito da
fitogeografia , uma das mais estreitas relações da vegetação é com o solo, isto porque tal
variável estabelece um condicionamento direto com os aspectos e distribuição da vegetação
na superfície terrestre.
Brown & Lomolino (1998) e Troppmair (2003) ressaltam que em nível regional e
local a vegetação é caracterizada e determinada pela interação entre relevo e solo, fato este
que tem encaminhado diversos tipos de estudos que buscam efetivar uma relação de
condicionamento entre solo e vegetação. Como exemplo podemos citar desde Alvim (1954),
Arens (1963), Ferri (1963), Troppmair (1971), até Furley (1992) e (1999), Ruggieiro (2000) e
Oliveira Filho & Ratter (2002).
Neste contexto é importante lembrar que tal análise e correlação têm tipicidades
acentuadas principalmente no que diz respeito ao cerrado; pois o mesmo apresenta um
condicionamento de fisionomias e distribuições em função do solo e a literatura é farta ao
apresentar a necessidade desta inter-relação.
Longman & Jeník (1992), ao exercerem considerações sobre a preocupação em
desvendar as diferenças fisionômicas da superfície, principalmente no que diz respeito ao
limite entre florestas e savanas (o termo empregado, aqui, refere-se ao conjunto paisagístico
determinado pelas grandes zonas climáticas mundiais, o qual engloba as savanas africanas e o
cerrado brasileiro) podem ser vistas em diversas escalas desde o micro aa biosfera no geral.
Por essa possibilidade esses estudos buscam cooperação de diversas disciplinas e técnicas
desde experimentais e inclusive as descritivas.
Em mesma publicação, tais autores reafirmam a eficiência e praticidade do termo
ecótono, pois o mesmo abrange tanto a variação fisionômica como os aspectos fisiográficos e
bióticos da paisagem de interesse. Para Longman & Jeník (1992) a diferenciação existente no
ecótono, enfaticamente no caso dos cerrados brasileiros e savanas africanas, possuem grande
influência dos fatores bióticos, diversidade do substrato fisiográfico e da pressão exercida
pelas atividades humanas.
Em 1954 Alvim tentou relacionar e explicar as formações de campo cerrado e sua
ocorrência em função do solo, bem como Arens (1963) ao relacionar o aspectos fisionômicos
do cerrado com a deficiência de minerais no solo. Este tipo de abordagem vêm sendo
empregada até os tempos atuais por indicar análises e parâmetros para compreensão da
dinâmica das paisagens dos cerrados, como demonstraram Ferri (1944) (1963) e (1976) e
Goodland & Ferri (1979) e Rizzini (1997).
Em publicação de 1990, Eiten propõe que a dispersão fisionômica do cerrado possui
relação estreita com o solo, estabelecendo que o cerrado além possuir “clímax de fogo’,
define-se, em termos de dispersão, pelo “clímax edáfico” . Neste sentido, Eiten, em mesma
publicação, estabelece três causas para a escassez da camada lenhosa, ou seja, para a variação
cerradão campo limpo: a fertilidade do solo e o alto teor de alumínio; a profundidade do
solo (pequena espessura) e a capacidade de saturação do solo, a qual está relacionada com a
sua textura.
Para este autor a espessura do solo influencia diretamente o gradiente de densidade
lenhosa no cerrado, independentemente da fertilidade; revelando ainda que a umidade dos
solos têm competência para causar alterações fisionômicas, sendo que a mesma, relaciona-se
diretamente com a porcentagem de argila e areia nos solos. Eiten (1990) reforça que em geral
nos solos sob cerrado ocorrem pouco ou médio conteúdo de argila; sendo que, mesmo quando
acontecem concentrações de 90% de partícula de argila, os solos são bem drenados em função
da estrutura de agregação das partículas, que nestes casos, ocorrem de maneira a atribuir o
tamanho de areia.
Em pesquisa publicada em 1990, Eiten encontra relação entre a textura do solo e a
variação do estrato herbáceo, essa constatação vai ao encontro com a variação que Goodland
& Ferri (1979) encontraram no gradiente edáfico com o número de espécies de plantas
lenhosas.
Longman & Jeník (1992) exaltam estudos que buscam analisar as variações
fisionômicas em ecótonos por meio do substrato em que estão inseridos, para tanto,
relembram que qualquer diferença nos solos ou topografia parece ser relevante.
Estes autores reafirmam que a composição química dos solos, no que tange a presença
de metais pesados, favorece as savanas (savana e cerrado) em relação às formações florestais.
Lembram, ainda, que o comportamento dos solos nos ecótonos sofre influência direta da
topografia, da rocha de origem e, principalmente, no nível de água e infiltração, bem como, a
já referida composição química.
Hopkins (1992) propõe que as distribuições das fisionomias referentes ao cerrado
sempre estão relacionadas às características do solo, reafirmando grande influência da textura
e profundidade do solo, por representarem fatores que controlam o comportamento da água
nos solos, elemento de grande importância para as comunidades vegetais, inclusive o cerrado.
Ao concluir pesquisa sobre a variação fisionômica do ecótono e do limite entre as
savanas e florestas, Hopkins (1992), enumera como fatores determinantes para as citadas
variações a topografia, geologia, geomorfologia, solos, os climas passados e o padrão de uso e
ocupação das terras ao longo da história.
Furley (1992) ao analisar ecótonos na América Central, Região Amazônica e Brasil
Central, encontrou influência determinante no comportamento do solo em todas as áreas. Para
este autor a maioria das características do solo, principalmente as que regem o regime de
água, possuem relação direta com a distribuição das fitofisionomias.
As mudanças das propriedades do solo coincidem quase que exatamente com as
mudanças do predomínio do estrato herbáceo para o predomínio do estrato arbóreo, como
constatado por Furley (1992). Em sua pesquisa o mesmo autor relata que o maior contraste
ocorre entre os solos do cerradão e do campo cerrado. Os campos ocorrem em solos de textura
arenosa ricos em alumínio com baixa freqüência de matéria orgânica.
Enfim, para Furley (1999), os fatores que influenciam na dispersão das fisionomias de
cerrado na superfície são: o fogo, a topografia, o solo, climas passados e a ocupação humana.
4.4. A Análise Geográfica e a Importância na Interpretação dos Lugares
Por se tratar de uma ciência que se remete a interpretação dos eventos e elementos
constituintes do espaço vivido e compreendido pelo homem, a geografia busca as correlações
e as dinâmicas entre os diversos elementos constituintes do espaço geográfico, ou seja, das
paisagens.
Nesta intenção as pesquisas geográficas buscam compreender, por conseqüência, as
dinâmicas e elementos que tendem a caracterizar de forma diferenciada cada porção do
espaço geográfico; para tanto lança o de análises em diferentes unidades escalares,
podendo compreender enquanto universo de análise, recortes espaciais de infinitas
proporções, selecionando-os e analisando-os nas formas e processos pelos quais se
diferenciam, como proposto por Hartshorne (1969); Diniz & Furlan (1998) e Viadana (2004).
As variadas escalas permitem discussões diferenciadas a respeito da realidade, sendo
que a escala local, a qual interessa a este trabalho, possibilita o contato e análise com a
dimensão, segundo Diniz e Furlan (1998) do concretamente visível e interpretável, associada
a ordem escalar do trabalho empírico, sem generalizações exageradas.
Muitos autores abordam esta problemática, entretanto, adota-se aqui as definições e
justificativas propostas por Dolfuss (1973) e (1978) em sua obras “A Análise Geográfica” e o
“Espaço Geográfico”.
Dolfuss (1973, pág. 8) admite que o espaço geográfico é constituído pela superfície
terrestre e a biosfera que a molda. Para o autor ‘o domínio fundamental da geografia ainda é o
estudo dos grupos humanos, das populações que organizam o espaço em que vivem e de que
vivem esses grupos, em função de sua civilização. Por fim, ainda segundo o mesmo (pág. 10),
‘o geógrafo atribui o primeiro lugar em sua pesquisa às relações entre a localização, a
organização e a diferenciação espaciais’.
Olivier Dolfuss (1973, pág.13), propõe que a paisagem representa o aspecto visível,
diretamente perceptível do espaço, sendo assim, a paisagem define-se e descreve-se a partir de
sua morfologia, essas formas são conseqüências dos aspectos do meio ambiente natural e das
intervenções humanas que ‘imprimem seu selo no espaço’, neste contexto, a paisagem é
composta, ou seja, formada de elementos geográficos (bióticos e abióticos) que se articulam
uns aos outros.
O mesmo autor (1978) considera que o geógrafo deve para compreender a paisagem
em uma primeira análise, decompô-la em três subconjuntos, definidos assim por Bertrand
(1969): ‘potencial ecológico’, o qual diz respeito ao domino biótico; ‘exploração biológica’, a
qual se refere as comunidades vivas e ‘a utilização antrópica’, que está ligada a uma estrutura
sócio econômica que organiza o espaço. Desta forma o ‘conjunto paisagemevolui segundo
este autor, devido à ação dialética dos três subconjuntos citados anteriormente, entretanto,
cada um desses conjuntos possui um ritmo de evolução peculiar, ou seja, sua evolução está
relacionada a diferentes escalas temporais.
Para a análise da paisagem o geógrafo deve segundo Dolfuss (1973, pág.14),
classificar as formas pertencentes a cada um dos conjuntos e também procurar estabelecer um
quadro das relações existentes com maior ou menor continuidade e regularidade no interior de
cada grupo de elementos em cada subconjunto. Desta maneira é possível ir construindo um
“modelo”. Assim, a área de extensão de uma paisagem, para Dolfuss (1973), corresponde à
área de intervenção de um ou de vários sistemas que orientam a organização do espaço.
Dolfuss (1973), considera um nível privilegiado da análise geográfica o estudo do
local. O autor ressalta ainda que estudos elaborados em escala local, sobre superfícies que
cobrem de um quilômetro quadrado a várias centenas de quilômetros quadrados, de um
bairro de uma cidade até a cidade como um todo, de uma vertente até a pequena bacia
hidrográfica, constituem o elemento sico de toda a ntese geográfica. O mesmo autor (pág.
47) complementa dizendo que nesta escala de análise é possível identificar os processos em
ação, sendo assim, a monografia local para o autor é sempre útil, seja qual for a especialização
geográfica, tanto para o estudo global de uma paisagem, como para o de um aspecto
especifico da localidade. Entretanto para Dolfuss (1973, pág. 48), a monografia local
adquire valor quando inserida no contexto de um conjunto mais vasto.
Para o citado autor (pág. 58) diante de cada estrutura ou conjunto de estruturas o
geógrafo deve-se perguntar quais os sistemas que organizam e comandam sua evolução, isto
porque, uma estrutura compreende três elementos: de totalidade, de transformão e de auto-
regulagem. Considerando desta forma, uma estrutura (pág. 34) é um elemento do espaço,
individualizado e localizado, mas que tem sua evolução regida por sistemas que a organiza
tanto do interior como do exterior.
Por conseguinte, o estudo dos sistemas é fundamental à análise geográfica, pois
segundo Dolfuss (1973, pág. 61), este oferece a possibilidade de decompor as operações, de
observar as relações de causalidade e as inter-relações, de verificar a eficácia de certos
agentes e processos, de medir as inércias e as coerções.
Ainda conforme Dolfuss (1973, pág. 108), para se compreender a organização e a
evolução de uma paisagem, o geógrafo deve sempre recorrer ao tempo no sentido de
incorporar ao seu raciocínio tanto o tempo como a duração. É diante deste esforço que o
geógrafo defronta-se com dados heterogêneos instalados em épocas diferentes e que evoluem
segundo ritmos próprios. Deve-se então, apresentar tal análise de maneira coerente através de
um procedimento regressivo a fim de alcançar uma compreensão tanto da evolução quanto da
realidade atual da paisagem estudada.
Dolfuss (pág. 110) chega a definir três tempos: o tempo repetitivo, o qual refere-se ao
presente (ou passado mais próximo); o tempo histórico, cujos efeitos o acumulativos; e por
fim, o tempo geológico, o qual transcende a escala humana. Como é possível notar para cada
uma das categorias de tempo deve-se contar com escalas e unidades diferentes e variáveis. A
estratigrafia da paisagem permite observar de que maneira atuam os diferentes tempos e como
eles se encaixam uns aos outros.
O autor ressalta ainda sobre a importância da questão tempo nos estudos referentes aos
sistemas, Godelier apud Dolfuss (1973, pág. 116) expõe a necessidade do geógrafo ‘estudar
quais são os elementos do sistema e seu relacionamento num lapso de tempo da evolução do
sistema’ e de também ‘estudar ao mesmo tempo a teoria da nese e da evolução do sistema’.
Nesta tarefa o geógrafo tem o desafio de integrar em seu estudo espacial a temporalidade cuja
duração assume significados diferentes.
4.5. O Trabalho de Campo
Sendo o espaço geográfico em suas múltiplas unidades de análise, compreendido por
seu caráter dinâmico, o processo de levantamento de dados deve se preocupar com a maior
abrangência possível dos elementos e categorias que constituem a paisagem. Para tanto
Tricart (1980) recomenda que o levantamento em lócus para a elaboração de pesquisas de
cunho holístico não deve se privar de utilizar as mais variadas técnicas de pesquisa, de forma
a garantir a consistência dos dados obtidos a fim de se gerar informação confiável.
O levantamento de dados é para Marconi & Lakatos (1982) a etapa mais importante e
mais difícil de todo trabalho cientifico, pois, é a partir dos dados que se atingem os objetivos,
comprovam-se ou descartam-se hipóteses.
É válido lembrar que o procedimento de campo tem relação direta com a escala de
investigação que se deseja obter. Para Bertrand (1971) o problema da escala é definido através
de uma classificação sintética da paisagem, onde a maior escala de investigação é o
geossitema (nível regional) seguido da geofácie (nível local) e do geótopo (o qual diz respeito
a menor escala de análise, sendo por isto pontual). Assim, ao trabalhar com a paisagem o
geógrafo destina-se ao trabalho empírico, uma vez que a paisagem em suas múltiplas escalas,
partindo desde o lugar até o geossistema, exige uma abordagem de detalhe e complexa, sendo
dependente, em maior ou menor intensidade da pesquisa empírica. Esta dissertação busca a
compreensão do lugar e suas especificidades, sendo a escala da paisagem base para o
encaminhamento da pesquisa, o que fatalmente a conduz à dependência do trabalho de campo.
O levantamento de dados a partir do contato direto através do trabalho de campo é
indiscutivelmente uma importante técnica na elaboração de estudos que buscam a
compreensão e interpretação da dinâmica da paisagem geográfica de múltiplos temas.
O trabalho de campo permite ao pesquisador uma investigação direta, a fim de
alcançar dados específicos de seu objeto de estudo, dados estes imprescindíveis, mas que, no
entanto, o muito difíceis de serem adquiridos através de outros procedimentos, conforme
alertam Tricart (1980), Medeiros (1997) e Mendes (2004). O contato direto do geógrafo com
seu objeto de estudo constitui um esforço importante para a compreensão do espaço
geográfico, e ao que se destina esta investigação proposta: a distribuição horizontal das
formações vegetais e suas correlações com outros elementos da paisagem geográfica.
A pesquisa de campo é diante desta perspectiva, o elo entre teoria e prática na
execução de estudos integrados da paisagem geográfica e, principalmente, para geração de
modelos e representações fiéis a realidade investigada. Para Viadana (2005), o trabalho de
campo é para a apreensão da paisagem ferramenta fundamental, pois compreende esforços
para a interpretação da dinâmica e evolução da paisagem, contemplando a perspectiva da
fisiologia da paisagem.
Esta proposta remete também a dialética no desenvolvimento do conhecimento
científico na geografia, no sentido da importância das atividades de campo para a
compreensão dos fenômenos estudados em gabinete, ou seja, segundo Tricart (1980), “a
dialética baseada no trabalho de campo é, portanto, um elemento indispensável da percepção
objetiva dos dados de base do raciocínio cientifico; quando ela está ausente, elaboram-se
teorias que tem relações longínquas com a realidade perceptível e que, por esse motivo não
tem qualquer utilidade”. Assim a observação em campo além de possibilitar uma maior
compreensão do fato a ser analisado, permite uma pesquisa com dados fidedignos à realidade
dando maior utilidade ao trabalho executado.
O procedimento técnico utilizado nesta pesquisa se também orientado para o
levantamento bibliográfico e técnicas de geoprocessamento. Entretanto, o presente trabalho
terá como fonte importante de dados, e de interpretação dos mesmos, a pesquisa de campo
visando a execução do objetivo proposto.
5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E MATERIAIS UTILIZADOS
Nesta pesquisa foram utilizadas técnicas variadas a permitir o maior êxito possível dos
objetivos propostos. Seguindo as orientações de Marconi e Lakatos (1982), serão utilizadas
técnicas documentais indiretas (pesquisa bibliográfica, arquivos, bases cartográficas) e
documentais diretas (trabalho de campo e laboratório). Para organizar os dados levantados
será necessário conduzir um desempenho para a obtenção e tratamento matemático dos dados
e a representação da informação.
Neste item se detalhado o procedimento metodológico que encadeou a pesquisa
proposta. Também será determinada e particularizada a condução técnica e os materiais
voltados ao campo; a interpretação e análise das imagens orbitais; análises laboratoriais;
tratamento matemático dos dados e a representação dos resultados obtidos.
5.1. Base Cartográfica e Sensoriamento Remoto
Para implementação do projeto (banco de dados) voltado ao SIG foi lançado mão dos
seguintes materiais e equipamentos:
* Carta topográfica “Chapadão da Zagaia” SF- 23 V A III 3; IBGE 1971,
escala 1:50 000.
* Imagens orbitais (bandas 2, 3, 4) do satélite CBERS-2, sensor CCD de resolução de
20 metros, disponibilizado via web pelo INPE.
* Os softwares dispostos para esta tarefa são: AUTO CAD (2000); a plataforma
SPRING 4.1. e o software ArcGis (9.0).
A fim de precisar a área para intervenção de campo foi utilizado o sensoriamento
remoto, devido sua eficiência e cil aplicabilidade, conforme indicado por Jorge (1995);
Burrough & Mcdonnel (1998); Sampaio (1998) e Mantovani (2002).
O sensoriamento remoto foi explorado com a intenção de obter uma análise em escala
mais generalizada da área de estudo; isto porque, tal instrumental tem se mostrado bastante
eficiente para o estudo e monitoramento da cobertura vegetal, como demonstrado por Franca
(1994); Miller (1994); Cavalcanti (1995) e Bortoluzzi &Mantovani (2005).
As imagens de satélite utilizadas foram obtidas através da disponibilização direta via
web pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O sensor empregado foi o
CBERS - 2, Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres e o instrumento imageador foi a
Câmera Imageadora de Alta Resolução (CCD), com resolução espacial de 20 metros, cinco
bandas espectrais, e campo de visada de 120 km. Segundo Bortoluzzi & Mantovani (2005)
esta câmera imageadora destina-se à observação de fenômenos ou objetos em escala
municipal ou regional englobando aplicações em vegetação, agricultura, meio ambiente, água,
cartografia, geologia e solos e educação.
A escolha deste sensor resultou de sua fácil acessibilidade disponibilizando-se de
imagens atuais, e por sua resolução espectral ser de 20 metros, o que viabiliza a identificação
do fenômeno proposto. Este sensor tem tido ampla utilização no que tange estudos voltados
para vegetação, como indica Mantovani (2002); Bustamente & Bitencut (2002) e Bortoluzzi
& Mantovani (2005).
Os dados referentes ao evento de interesse foram obtidos por meio da composição
sintética das bandas 2, 3, 4 da imagem CBERS-2 e de sua posterior classificação.
As informações alcançadas a partir da imagem foram obtidas em formato TIFF,
importados para o SPRING 4.1 onde esta foi registrada (georreferenciada); tratada de ruídos e
posteriormente classificada, a fim de identificar os eventos espaciais do episódio cerrado na
área de interesse.
As bandas selecionadas para composição da imagem sintética, destinada a análise
fitogeográfica em questão, foram 2, 3 e 4; as quais, segundo Cavalcanti (1995), Mantovani
(2002) e Bustamente & Bitencut (2002) são as mais indicadas para mapeamento da vegetação.
A imagem foi composta em tons de vermelho para a banda 2, verde para a 3 e azul
para a 4, compondo a imagem sintética.
Após o devido tratamento da imagem foi executado o procedimento para classificação
da mesma, a fim de reforçar os eventos espaciais de interesse (manchas de cerrado). Para
tanto foi executada a atividade de segmentação da imagem sob os parâmetros 20-25, de
acordo com a metodologia utilizada por Bustamente & Bitencurt (2002) no mapeamento
temático das fisionomias de cerrado. Este processo rotulou a imagem em áreas com padrão de
comportamento espectral semelhantes. A partir dessa atividade executou-se a classificação
supervisionada da imagem, a qual atribuiu áreas para o comportamento espacial; estes
processos permitiram o estabelecimento visual dos eventos vegetacionais de exceção no
parque. Essa classificação teve o suporte do controle de campo realizado para garantir a
exatidão das classes atribuídas, bem como seus limites precisos.
O resultado deste procedimento foi exportado para o Arc Gis (9.0) sendo que
na figura 8 e 9 pode-se observar o resultado do processo de interpretação da imagem orbital e
o destaque para o evento espacial de interesse.
Como exibe a figura 8 e 9 ocorrem quatro manchas de cerrado, no setor
anteriormente destacado pelo IBDF (1981), Barreto (1999) e IBAMA (2005). A escolha da
mancha para coleta de informações sobre a vegetação e solo, foi baseada na interpretação das
imagens e de posterior visita de campo.
Assim, foi eleita a segunda área, no sentido oeste-leste por apresentar variação
fisionômica interna mais representativa que as demais. Sua dispersão espacial interna reafirma
a escolha, uma vez que, uma malha amostral sistematizada sobre a mesma permitiu abordar
pontos no interior da mancha e em locais onde ocorre o padrão fisionômico mais presente na
paisagem do parque, sendo que o destaque para a área escolhida pode ser visto nas figuras 8 e
9.
Embora a primeira mancha no sentido oeste-leste pareça apresentar formação de
cerrado mais representativa, em consulta de campo foi constatado que ela diz respeito a uma
formação predominantemente rupestre, apresentando estrato arbóreo de grande porte (árvores
com mais de 12m). A terceira e quarta ocorrências no sentido oeste-leste apresentam
formações mais abertas e menor variação fisionômica interna, como demonstrado na figura 9.
Assim, através destas figuras fica possível visualizar a ocorrência do fenômeno
espacial de interesse, isto é, a ocorrência de cerrado em setor do Parque Nacional, bem como
a escolha da mancha eleita para estudo minucioso, a qual possui 1, 05 km2 de área.
O documento referente à base topográfica e hidrográfica, a carta Chapadão do Zagaia,
como base para realização deste projeto foi obtida em formato analógico, no entanto, para que
essa compusesse o banco de dados, necessário a execução do projeto, foi convertida para o
formato digital.
A carta topográfica Chapadão do Zagaia foi digitalizada no AUTO CAD (2000),
selecionando as curvas de nível, hidrografia e pontos cotados, gerando assim a base digital do
local de interesse, a qual foi importada para o Arc Gis (9.0), para geração do banco de dados
localizacionais, em conjunto com as imagens de satélite.
A figura 10 contextualiza as ocorrências de cerrado na base topográfica, constituindo
material que subsidiou a definição da malha sistemática para amostragem em campo, fazendo
possível a geração de um croqui de escala mais aproximada viabilizando o trabalho de campo.
5.2. Coleta de Dados em Campo
No tocante a execução técnica da pesquisa, o presente estudo contou com o trabalho de
campo, o qual foi a principal fonte de obtenção de saberes quantitativos e qualitativos.
Os materiais utilizados nesta etapa foram: trado, trena, GPS (marca Garmin modelo
GPS 72 Personal Navigator), barbante, estacas, fichas de coleta, sacos plásticos, lacre para os
sacos plásticos, etiquetas e máquina fotográfica.
Os dados de campo foram obtidos através de amostra espacial sistematizada com inicio
pré determinado, conforme indicado por Silva e Gerardi (1981), a partir de sete perfis,
selecionados por prévia análise das informões espaciais por meio da interpretação de
imagens de satélite e da base topográfica do IBGE 1: 50.000; as quais permitiram definir os
limites precisos das ocorrências de manchas de cerrado no setor de estudo no parque, bem
como a malha sistemática para amostragem.
Assim, foi escolhido um dos eventos, ou seja, uma das manchas de cerrado, para
compor um estudo detalhado e sistematizado. A mancha selecionada para estudo foi eleita por
ser a mais típica e com mais variações fisionômicas em seu interior, como observado na
figura 9.
Desta forma, elaborou-se um croqui da área de detalhamento, com as respectivas
coordenadas planas (UTM) na escala de 1: 10.000, o qual teve como base a carta topográfica
do IBGE. Sobre este croqui da mancha de cerrado escolhida foram sistematizados sete perfis
(designados por letras), cada um com seis pontos de coleta (definidos por números), sendo
que, um ponto sempre dista do outro 250 metros.
Os perfis foram traçados em sentido norte-sul no topo do Chapadão do Zagaia, ao
limite deste traço geomorfológico em relação a baixa vertente (sul) em dirão ao vale
existente entre o maciço da Serra das Sete Voltas e do Chapadão do Zagaia por onde percorre
o córrego do Coelho.
Estes pontos constituem-se como áreas (5m X 5m) para amostragem da vegetação e
coleta do solo. O modelo de dispersão estabelecido para as amostras buscou contemplar
coletas no interior da ocorrência de cerrado e no exterior da mesma, ou seja, na paisagem
predominante no parque. O sistema de coleta proposto pode ser compreendido através do
croqui da Figura 11.
5.2.1. Aspectos Fitofisionômicos
A coleta de dados sobre as fitofisionomias foi realizada em cada uma das áreas
amostrais, a fim de identificar o número médio de árvores; altura das árvores; número de
arvoretas; dossel; recobrimento do solo e o estrato herbáceo. Os aspectos observados
seguiram os padrões de classificação de Goodland e Ferri (1979), Eiten (1979) e (1990) e
Coutinho (1982).
Os dados de cada ponto foram anotados preenchendo-se uma ficha de coleta de campo.
Uma explicação mais detalhada pode ser observada na figura 12, que evidencia os pontos
onde houve coleta de fato. Foram descartados alguns em relação a grade amostral
previamente definida, pois representavam impedimento ao acesso em função da topografia
local.
A altura das árvores foram obtidas através de estacas de 1 a 4m sendo que a área para
análise foi delimitada por corda e estacas posicionadas após medição com trena; o
recobrimento do solo e o estrato herbáceo foram determinados pela técnica do quadrado
amostral, de acordo com Chiarini (1967) e Santos et ali.(2004).
Percorrendo os transectos amostrais foi possível recolher informões úteis na
caracterização dos aspectos fisionômicos do setor sob investigação. Como representado nas
fotos que seguem.
5.2.2. Coleta do Solo
As informações referentes aos aspectos pedológicos foram efetuadas pela coleta do
material sub-superficial dos solos que dão aporte a cada fitofisionomia encontrada. As
características de interesse no tocante aos solos são: granulometria (textura), umidade e
profundidade. As amostras foram obtidas em coletas realizadas com a devida autorização da
Unidade de Conservação (anexo 4), no período de 27 a 30 de julho de 2005, durante a
estiagem proporcionada pelo inverno do clima tropical.
Assim, as coletas foram executas em 20 cm; 40 cm até o limite de 60 cm, conforme
sugerido por Ruggieiro (2000), nos pontos onde foi possível. Nos locais em que o solo não
ofereceu tamanha espessura, coletou-se apenas até a profundidade permitida, respeitando
sempre os intervalos estipulados (20 em 20 cm). em alguns pontos não foi possível haver
tradagem devido a características litólicas dos solos e/ou a presença de afloramentos rochosos.
Desta forma as amostras foram retiradas seguindo o padrão estabelecido pela
EMBRAPA (1997), a fim de garantir sua qualidade para posterior procedimento laboratorial.
Estas amostras foram coletadas, armazenadas em embalagem sistematicamente lacradas e
numeradas, sendo as mesmas registradas em ficha de coleta de campo.
A figura 13 evidencia o processo de coleta das amostras e os pontos onde o foi
possível haver coleta. As fotos que se seguem ilustram com detalhe o procedimento de coleta
dos solos.
Os itens de textura e umidade foram obtidos através de posterior análise laboratorial das
amostras retiradas em campo para cada ponto e profundidade. Já a profundidade foi observada
pela espessura possibilitada pela tradagem, conforme registrado na ficha de coleta.
5.3. Análise Laboratorial
As análises laboratoriais das amostras de solo retiradas em campo - Parque Nacional da
Canastra; (de 27 a 30/07 de 2005) durante a estiagem de inverno foram levadas para o Núcleo
de Análise de Formações Superficiais do Departamento de Planejamento Territorial e
Geoprocessamento do IGCE UNESP, Campus de Rio Claro a fim de serem realizadas
rotinas para definição da classe textural e teor de umidade atual das amostras.
As rotinas foram encaminhadas de acordo com os procedimentos expostos pela
EMBRAPA no Manual de Métodos de Análise de Solo (1997) e pelo IAC (1986), para
determinação de propriedades físicas do solo. Todas as amostras foram anotadas no livro de
registros do Laboratório, atribuindo a cada uma delas nome e número de registro.
5.3.1. Determinação do Teor de Umidade Atual
Esta medida determina o teor de umidade presente na amostra de solo, transportada em
embalagem impermeável e vedada. Para definir estes valores é preciso relacionar o peso da
amostra seca em estufa com o peso da amostra úmida (recém retirada da embalagem de
coleta); o resultado é expresso em porcentagem, pois compreende a relação entre 1 grama
para 100 gramas de amostra seca.
Os equipamentos e materiais necessários são: Becker, balança e estufa. O
procedimento pode ser descrito da seguinte forma:
1)
Selecionar frascos (Becker) de vidro de peso seco conhecido e numerá-los
legivelmente e em ordem crescente.
2)
Para cada uma das amostras: homogeneizar o conteúdo com uma colher e dividir em
quatro partes (quartil), sem removê-la da embalagem, retirar uma colher de um dos
quartis e colocar no Becker numerado.
3)
Pesar a amostra logo em seguida; registrar o procedimento em caderno de análise,
levando em consideração o número, nome e o peso úmido para depois adicionar os
pesos seguintes (secos).
4)
Colocar a amostra em estufa por 24 horas na temperatura de 105° a 110° C.
5)
Depois de retirá-la da estufa colocar em dissecação (25’), para que a mesma perca
temperatura gradativamente sem absorver umidade.
6)
Pesar a amostra e anotar a pesagem.
7)
Retornar a amostra para estufa por mais 24 horas, prosseguindo, até atingir peso seco
constante.
8)
Depois de encontrar o peso seco constante, subtrair do peso úmido e do seco o peso do
Becker e assim calcular o teor de umidade atual de cada amostra:
100 (peso da amostra úmida – peso da amostra seca)
% = __________________________________________
(peso da amostra seca)
Os resultados completos das análises e cálculos podem ser constatados no Anexo 3.
5.3.2. Análise Granulométrica
A textura é definida pela quantidade de tipos de partículas constituinte do solo; sendo
um importante elemento, segundo Medina (1975), Furley & Ratter (1988), Furley (1999),
Ruggiero (2000), na classificação dos solos devido sua característica estável. Este trabalho
empregou a análise textural realizada em laboratório como sistema para a determinação da
classificação da textura do solo conforme recomendado por Medina (1975), IAC (1986),
EMBRAPA (1997) e Ruggieiro (2000).
A rotina laboratorial para análise granulométrica das amostras do Parque Nacional da
Serra da Canastra, coletadas entre os dias 27 a 30 de junho de 2005, seguiu o sistema sugerido
pela EMBRAPA (1997), mesclado com o do IAC (1986) em função da disponibilidade de
materiais e experiência na atividade técnica. Esta proposta é realizada com sucesso pelo
Núcleo de Análise de Formações Superficiais IGCE – UNESP, campus de Rio Claro.
A rotina possui duas fases: o preparo das amostras, onde elas o secadas, peneiradas e
divididas. A segunda fase executa a análise da dispersão total das partículas através do
método da pipeta; considerado preciso, embora demorado, segundo a literatura, Medina
(1975) e IAC (1986). Por este método as determinões são feitas através de pipetagens da
suspensão do solo a diferentes alturas e tempos.
Este método baseia-se na velocidade da queda das partículas que compõem o solo, cujo
procedimento está descrito abaixo:
Pré-Preparo
:
Os materiais e equipamentos necessários são Peneira de malha 2,00 mm; pote e pilão;
sacos plásticos pequenos e etiquetas.
1) A secagem é o primeiro passo para o pré-preparo, as amostras devem ser colocadas
sob folha de sulfite devidamente identificada, com o nome e mero de registro da amostra,
para secagem em ambiente natural por 4 a 5 dias. Depois de secas as amostras devem retornar
para embalagens individuais, secas, limpas e numeradas com o número de registro e nome; as
quais devem ser ordenadas novamente, em ordem crescente.
2) As amostras devem ser peneiradas para separar as partículas com a utilização de
malha de 2,00 mm, segurando apenas as partículas relativas ao esqueleto, ou raízes e
liberando terra fina seca; essa terra fina seca deve ser disposta em pote para que seja
destorroada suavemente. Essa terra deve ser misturada para homogeneizá-la. Isto feito,
divide-se a amostra novamente em quartil, onde apenas ¼ deve ser armazenado em saco
plástico menor, com etiqueta atribuindo o nº de registro, nome e a indicação < 2,0 mm.
Execução da Granulometria:
Para executar esta tarefa são indispensáveis os seguintes materiais: Becker com peso
seco conhecido e numerado sem repetição; funil; proveta; peneira de malha de 0,2 mm,
termômetro, agitador; pipeta de 10 ml; solução dispersante e água destilada. Como
equipamento a rotina possui: agitador de Stirrer; estufa; dessecador e balança. A figura 14
representa um esquema das atividades descritas a seguir.
1)
Pesar 10 gr. de solo pré-preparado ( terra fina seca). Colocar em Becker numerado
onde deve-se adicionar 50 ml de solução dispersante e mexer com bastão de vidro,
para depois deixar em repouso de um dia para o outro. Conforme item 1 da figura 14.
2)
Agitar durante 15’ no agitador de Stirrer cada amostra anteriormente preparada.
Colocar em proveta numerada de 500 ml com funil com peneira na extremidade
superior, despejando o conteúdo agitado, em peneira de malha 0,2 mm; separando a
areia grossa, das partículas de argila, silte e parte de areia fina. Como ilustra a etapa 2 ,
em destaque na figura 14.
3)
Em Becker numerado coloca-se a areia grossa da peneira previamente “lavada” com
água destilada, leva-se o Becker à estufa com 105° a 110°C, de uma noite para outra.
Depois se deve pesar o Becker em balança analítica anotando o dado obtido. O item 3
da figura 14 indica esta parte da rotina.
4)
Completa-se a proveta até 500 ml e mede-se a temperatura, agitar 30`. Para extração
das partículas de argila deixa-se em repouso em função da temperatura conforme o
tempo estabelecido pelo procedimento da EMBRAPA (1997) (em torno de 4 hs.), para
o silte + argila deixa-se de repouso novamente em relação a temperatura de acordo
com a mesma metodologia (por volta de 4 min), pipeta-se em Becker numerado e
coloca-se na estufa a 105° a 110°C de um dia para outro, depois pesa-se em balança
analítica, anotando o resultado. A 4ª etapa do esquema da figura 14 detalha o
procedimento narrado.
5)
Executa-se o mesmo procedimento para o dispersante a fim determinar seu peso
posteriormente.
6)
Para cada pesagem deve-se subtrair o peso do Becker seco e anotar o peso real em
gramas de cada fração + dispersante para todas as amostras.
Preparo da Solução Dispersante
Para a preparação da solução dispersante foi utilizado hidróxido de sódio (NaOH);
hexametafosfato de sódio (NaPO3); carbonato de sódio anidro, água destilada, Becker, balão
volumétrico; bastão de vidro e frasco de vidro escuro.
1)
Pesar 10 g. de NaPO
3
e dissolver em 700 ml de água destilada, mexer com bastão de
vidro até ficar homogêneo.
2)
Pesar 4 g. de NaOH, dissolver em 60 ml de água destilada, mexer com o bastão de
vidro até ficar homogêneo.
3)
Misturar o NaOH com oNaPO
3
, depois coloca-se em balão volumétrico, completa-se
com água destilada até o menisco superior misturando para ficar homogêneo. Coloca-
se a solução em frasco de vidro escuro com tampa.
Cálculo dos Valores das Frações dos Solos
A fim de determinar a porcentagem de frações do solo, é necessário saber o peso em
gramas de cada fração da amostra, para posterior classificação textural; assim, foram
executados os seguintes lculos, segundo o IAC (1986) e EMBRAPA (1997):
Teor de Argila = {[argila (g) + dispersante (g)] – dispersante (g)} 500
Teor de Silte = {[argila (g) + silte (g) + dispersante (g)] – argila (g) – dispersante (g)} 500
Teor de Areia Grossa = areia grossa (g) 10
Teor de Areia Fina = [teor de argila(%) + teor de silte(%) + teor de areia grossa(%)] – 100
Teor de Areia Total = teor de areia grossa (%) + teor de areia fina(%)
Os resultados das análises e tabulações podem ser vistos na integra no Anexo 2.
5.3.3. Classificação Textural
Através das porcentagens granulométricas encontradas para cada amostra em suas
respectivas profundidades foi possível estabelecer a classe textural, utilizando o Diagrama
para Determinação da Classe Textural do Solo (IAC, 1986). Essa classificação é representada
graficamente por um triângulo eqüilátero para determinar a dispersão da porcentagem de
frações no solo; por tanto, utiliza a Escala de Frações do Solo Internacional, vide tabela 1.
Tabela 1: Escala Internacional de Frações do Solo
FRAÇÕES LIMITE DOS DIÂMETROS DAS PARTÍCULAS
AREIA GROSSA 2,00 – 0,20 mm
AREIA FINA 0,02 – 0,02 mm
SILTE (LIMO) 0,02 – 0,002 mm
ARGILA < 0,002 mm
Fonte: Modificado do IAC, 1986.
Os cálculos das porcentagens de frações do solo foram transportados para o diagrama
ilustrado na figura 15 para designação textural das amostras. A figura 15 exibe as variações
das frações pra cada tipo de textura atribuída às amostras.
5.4. Tratamento dos dados obtidos
Os dados de campo foram coletados a partir de amostra espacial sistemática, e foram
organizados e quantificados a partir de tratamento matemático de média, desvio padrão e
freqüência, seguindo as indicações de Silva & Gerardi (1981); Bunchaft & Kellner (1998) e
Ogliari & Andrade (2003).
Devido a grande quantidade de dados obtidos no campo, para que seja possível atingir
os objetivos propostos com êxito, o tratamento tanto quantitativo quanto qualitativo, deve ser
levado à efeito, uma vez que a partir destes, serão geradas as informações pertinentes a
elaboração final do trabalho, de acordo com a indicação de Bunchaft & Kellner (1998).
Diante do tratamento dos dados de campo será possível conhecer os valores médios
das variáveis coletadas, a fim de que seja possível a caracterização, classificação e
associações entre os elementos estudados.
O tratamento matemático dos dados quantitativos é importante para que o objetivo
proposto seja de fato alcançado. As técnicas estatísticas permitem selecionar e ordenar a gama
de dados que será obtida no levantamento de campo. Segundo Bunchaft & Kellner (1998) este
tratamento permite que se gere informações a partir da realidade encontrada em campo; pois
que, possibilitam menor complexidade nas interpretações.
Fitofisionomias
As informações relativas às fisionomias vegetacionais foram primeiramente
tabuladas, a fim de organizá-las, assim, para cada fisionomia encontrada foi gerada uma
tabela contendo os aspectos fisionômicos de cada ponto amostral. Posteriormente foi
calculada a média aritmética para cada aspecto fisionômico a fim de se determinar um padrão
para cada fisionomia sob investigação no trecho de estudo. A média neste caso se traduziu
enquanto uma ferramenta eficiente devido a pouca variação entre os valores levantados em
campo.
Ao término desta atividade foi construída uma tabela para cada tipo fisionômico
exaltando os valores referentes a cada aspecto fisionômico, sendo possível, também, gerar
uma tabela comparativa entre a média dos aspectos fisionômicos das formações encontradas.
Teor de Umidade Atual (%)
O teor de umidade atual foi determinado para cada amostra coletada, o valor
designado é em porcentagem, de forma que os resultados para cada ponto foram organizados
em função da designação fisionômica atribuída ao mesmo. Sendo elaborado para cada uma
das fisionomias, com exceção do campo rupestre, onde não houve coleta de solo; uma
tabulação enfatizando a média do teor para cada profundidade em relação às mesmas. Desta
forma foi gerado um gráfico evidenciando o comportamento do teor de umidade em relação a
profundidade para cada formação vegetacional.
Concomitante a esses gráficos foi calculado o desvio padrão das médias aritméticas,
tal cálculo foi executado em função da disparidade entre os valores encontrados, a partir disto
foi possível analisar a validade da representação por média e a diferenciação entre os
resultados trabalhados. Bunchaft & Kellner (1998) indicam que o desvio padrão seja
calculado quando existe diferenciação entre os valores trabalhados.
Freqüência de Ocorrência de Textura do Solo
Segundo Ogliari & Andrade (2003), na análise de conjuntos de dados é costume
dividi-los em classes ou categorias e verificar o número de indivíduos pertencentes a cada
classe, ou seja, a freqüência de classe. A distribuição agrupada segundo as classes da variável
em estudo é chamada de distribuição de freqüência, podendo ser apresentada de forma tabular
ou gráfica.
Conforme as recomendações de Bunchaft & Kellner (1998), uma vez feita a coleta dos
dados, através de censos, de levantamentos por amostragem ou de experimentos, os mesmos
apresentam-se, geralmente, de maneira desorganizada, ainda sem valor informativo sobre o
fenômeno em estudo, portanto, os mesmos devem ser organizados e resumidos, para
possibilitarem a obtenção de informações úteis para o trabalho de pesquisa.
Ogliari & Andrade (2003), afirmam que o estudo das distribuições de freqüências
permite conhecer a maneira como os valores de uma variável se comportam, ou seja, é
possível ter uma boa idéia global da distribuição dos valores. A distribuição de freqüência de
variáveis qualitativas permite o conhecimento do comportamento dessas variáveis.
Sendo assim, a classificação textural de cada amostra foi organizada e tabulada em
função das fisionomias vegetacionais, assim, para cada fisionomia registrou-se a textura do
solo referente a cada ponto de amostra do evento fisionômico; sendo possível analisar com
qual freqüência determinada textura ocorre nos locais de evento de cada fisionomia. Com a
tabulação organizada desta forma foi possível calcular a freqüência de ocorrência de textura
do solo para cada fisionomia, com resultado dado em porcentagem. A partir deste resultado
elaborou-se um gráfico contento esta freqüência, ou seja, a distribuição das repetições de seus
valores, a fim de facilitar a análise e discussão dos resultados.
A medida de freqüência estabelecida, conforme Ogliari & Andrade (2003), permitiu
uma análise direta e precisa relacionando o evento fisionômico com os tipos de textura de solo
ocorrido em cada uma delas.
5.5. Elaboração dos produtos cartográficos
Para representar os dados e as informações obtidas, esta dissertação lançou o de
gráficos e tabelas. A fim de demonstrar as relações existentes entre os elementos estudados,
aplicou-se a representação gráfica dos perfis fitogeográficos e pedológicos, podendo
caracterizá-los enquanto perfis ambientais. Esta técnica de representação gráfica é bastante
difundida em trabalhos que procuram analisar a distribuição da vegetação de cerrado em
função dos fatores fisiográficos como demonstraram Coutinho (1982), Furley & Ratter
(1988), Furley (1992) e (1999) porque tais perfis têm capacidade de ilustrar com propriedade
as paisagens estudadas.
Assim, para a representação da informação gerada e dos resultados obtidos através
desta investigação sistematizada, no presente estudo elaborou-se produtos cartográficos com a
intenção de tornar acessível e inteligível os conteúdos que serão discutidos e apresentados na
fase final da pesquisa.
Optou-se para tal tarefa pelos documentos denominados perfis geoambientais. Os
perfis apresentarão a distribuição horizontal das categorias estudadas: pedologia,
fitofisionomias e suas inter-relações.
Com os perfis fitofisionômicos pretende-se aferir aspectos correlacionados à
topografia e caracterização concordante às propriedades do solo. Os perfis geo-ecológicos ou
fitogeográficos possuem capacidade de traduzir as condições ambientais e de representar
determinados setores do espaço geográfico. Isto porque, os mesmos, constituem transectos
com projeção espacial a possibilitar correlações entre diversos elementos constituintes das
geobiocenoses, como por exemplo, topografia, vegetação, clima, pedologia, dentre outros.
Para Troppmair (1971) os perfis geo-ecológicos podem representar fenômenos
bióticos e abióticos evidenciando as correlações e análises verticalizadas dos elementos
representados. O referido autor desenvolveu várias investigações baseadas nos perfis, sendo a
mais relevante para este estudo a proposta no perfil fitoecológico do estado de Sergipe (1971).
Neste estudo o autor cartografou os aspectos fitogeográficos e fisiográficos de forma
integrada.
Os estudos que buscam classificar fisionomicamente uma vegetação, de acordo com
Eiten (1979), devem representar as estruturas por meio de perfis esquematizados,
evidenciando as camadas que determinam a forma fisionômica ou categoria estrutural.
Segundo Levighin & Viadana (2003) os perfis traduzem uma cnica bastante eficaz
para a interpretação e análise do espaço geográfico nas suas diversas escalas, pois estes
demonstram uma interpretação integrada das condições ambientais.
Tais produtos são de extrema importância, pois subsidiam tomadas de decisões no
âmbito das políticas preservacionistas, e permitem espacializá-las e implementá-las.
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1. Caracterização Fitofisionômica do Trecho de Ocorrência de Cerrado no Chapadão
da Zagaia no Parque Nacional da Serra da Canastra
No setor do Chapadão da Zagaia eleito para estudo detalhado das fitofisionomias de
cerrado e suas relações com o solo, foram identificadas cinco fisionomias distintas,
compreendendo as seguintes formações: cerrado, campo cerrado, campo sujo, campo limpo e
o campo rupestre. Como apresentado anteriormente as formações de campo limpo e de
campo rupestre representam as fisionomias predominantes na área do parque, já as demais são
a exceção. Desta forma, procurou-se caracterizar as fisionomias em termos de sua ocorrência
e estrutura fisionômica. O Anexo 1 demonstra a coleta total do setor de amostragem.
A seguir será exposto o conjunto de tabelas e figuras que indicam os resultados
obtidos nesta pesquisa no que tange os aspectos fisionômicos das formações de cerrado
encontradas no setor de detalhamento.
A tabela 2 mostra os aspectos fisionômicos identificados nas formações de cerrado,
bem como os pontos de coleta com ocorrência desta formação.
Tabela 2: Aspectos Fisionômicos dos Pontos de Coleta com Ocorrência de Cerrado
CERRADO
C1 C5 D1 Média
Alt. Méd. das Arvores (m)
4,5 2,8 2,8 3,36
N. Méd. de Arvores
18 16 16 16,66
N. Méd. de Arvoretas
1 6 16 7,66
Méd. Dossel (%)
20% 25% 25% 23%
Méd. Estrato Hebáceo (%)
70% 60% 65% 65%
Méd. Recobrimento do Solo(%)
75% 60% 65% 67%
Organização: SILVA, 2006.
As formações de cerrado, como divulgado na tabela 2, o caracterizadas pela
presença de estrato arbóreo de até 4,5 metros, sendo o estrato herbáceo reduzido em função do
dossel proporcionado pelas árvores; influência que ocorre também no recobrimento do solo.
Estas constituem formações fechadas, mais adensadas, onde não é possível percorrer qualquer
distância em linha reta. O estrato herbáceo existente é mais diverso que o do campo limpo e
sujo, porém semelhante ao do campo cerrado. Mesmo sendo mais diverso, o estrato herbáceo
não atinge altura superior a 30 cm. A figura16 ilustra a malha de coleta e os aspectos
fisionômicos encontrados nas formações de cerrado que ocorrem neste setor do Chapadão do
Zagaia. A figura 16 mostra também que ocorreu uma sucessão ecológica da mancha, uma vez
que na imagem analisada de 2004, em comparação com a data de coleta em 2005 apresentou
uma maio área de ocorrência.
As paisagens de campo cerrado se distinguem das demais em função da grande
incidência de árvores e arvoretas, porém de baixo porte (em média 2,18 m) o que dificulta a
penetração e avistar o horizonte próximo. A tabela 3 indica as características desta paisagem.
Tabela 3: Aspectos Fisionômicos dos Pontos de Coleta com Ocorrência de Campo Cerrado
CAMPO CERRADO A1 A2 B1 B2 C2 C3 C4 D2 D3 E2 E3 E4 F4 G5 Média
Alt. Méd. das Arvores (m) 2,6 2,4 2 2 2,2 2 0 3,65 2,8 2 2 2,1 2,5 2,3 2,18
N. Méd. de Arvores 14 5 11 2 7 6 0 4 7 4 2 4 4 4 5,28
N. Méd. de Arvoretas 5 1 5 6 9 5 21 10 6 8 7 6 3 16 7,71
Méd. Dossel (%) 15% 5% 8% 0% 5% 10% 5% 10% 8% 2% 2% 0% 10% 10% 6%
Méd. Estrato Hebáceo (%) 90% 90% 75% 80% 85% 90% 85% 65% 95% 65% 70% 75% 85% 80% 81%
Méd. Rec. do Solo(%) 90% 95% 75% 85% 85% 90% 85% 65% 90% 65% 70% 75% 85% 80% 81%
Organização: SILVA, 2006.
A principal característica dos campos cerrados é certamente, no caso da Serra da
Canastra, a variada quantidade de indivíduos do estrato herbáceo e o recobrimento do solo,
que nunca atinge 100%. Essas propriedades observadas na tabela 3, podem ser melhor
compreendidas com a figura 17. As palmeiras anãs, indivíduos herbáceos, formigueiros e
cupinzeiros são elementos típicos do recobrimento do solo destes campos (figura 17).
O campo cerrado é a paisagem fitofisionômica predominante no setor de amostra,
representada em 14 pontos de coleta dos 39 pesquisados. Esses campos possuem sua
tipicidade no estrato herbáceo, extremamente variado, podendo ser observado até dez
indivíduos com fisionomias distintas. O agente biológico de pedogênese encontra-se nesses
pontos em grande atividade por meio dos cupinzeiros e formigueiros constantemente
encontrados nos locais estudados.
As formações de campo sujo se individualizam das paisagens anteriormente descritas,
como apresenta a tabela 4, em razão da alta porcentagem de recobrimento do solo e
homogeneidade do estrato herbáceo (apenas a macega), o estrato arbóreo (árvores e arvoretas)
é de pequeno porte e se apresenta com indivíduos bastante espaçados (podendo chegar a 1m
de distância uma dos outros), atribuindo aos campos sujos do Parque Nacional a característica
de formações abertas, onde se pode caminhar em linha reta com facilidade (figura 18).
Tabela 4: Aspectos Fisionômicos dos Pontos de Coleta com Ocorrência de Campo Sujo
CAMPO SUJO
B4 D4 D5 E5 F3 F5 G4 Média
Alt. Méd. das Arvores (m)
1,2 0 0 2,3 0 0 0 0,5
N. Méd. de Arvores
3 0 0 5 0 0 0 1,14
N. Méd. de Arvoretas
4 6 8 5 5 13 11 7,42
Méd. Dossel (%)
2% 2% 2% 15% 0% 10% 0% 4%
Méd. Estrato Hebáceo (%)
100% 95% 100% 100% 90% 95% 90% 96%
Méd. Recobrimento do Solo(%)
100% 95% 100% 100% 90% 90% 90% 95%
Organização: SILVA, 2006.
Os campos limpos exibem homogeneidade em seu padrão fisionômico caracterizado
apenas pela existência do estrato herbáceo, também homogêneo e constituído pela macega.
Nessas formações não existe estrato arbóreo, daí a denominação de “limpo”, a tabela 5
detalha a fisionomia em discussão. Esses campos, na Serra da Canastra, possuem enquanto
atributo característico, além da exclusividade do estrato herbáceo, a presença da canela-de-
ema, a qual individualiza a paisagem dos mesmos.
Tabela 5: Aspectos Fisionômicos dos Pontos de Coleta com Ocorrência de Campo Limpo
CAMPO LIMPO A3 A4 B3 B5 E1 E6 F1 F2 F6 G1 G2 G3 Média
Alt. Méd. das Arvores (m) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
N. Méd. de Arvores 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
N. Méd. de Arvoretas 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0
Méd. Dossel (%) 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
Méd. Estrato Hebáceo (%) 100% 100% 100% 100% 85% 90% 85% 90% 90% 90% 90% 95% 93%
Méd. Rec. do Solo(%) 100% 100% 100% 100% 85% 90% 85% 90% 85% 90% 90% 95% 93%
Organização: SILVA, 2006.
O recobrimento do solo, nestes casos, não ocorre 100% devido aos setores onde a
baixa evolução do solo exibe sua característica pedregosa - típica dos Neossolos Litólicos.
Nos transectos de amostragem o campo limpo está associado à declividade, que conforme vai
se acentuando, apresenta solos menos profundos, caracterizados pelo campo limpo, e em
setores mais íngremes, nas encostas do Chapadão, localiza-se o campo rupestre. A figura 19
ilustra a distribuição dos pontos do evento campo limpo no setor de amostragem, retratando
também, os aspectos fisionômicos descritos.
Os campos rupestres fazem parte da paisagem do parque ao longo de toda sua
extensão. Estão associados aos afloramentos rochosos simbólicos na paisagem da Serra da
Canastra, assim, estes estão conectados a setores de ocorrência de “currais de pedras” e,
principalmente, à alta declividade das encostas da Serra da Canastra, Serra das Sete Voltas e
do Chapadão da Zagaia. Embora o campo rupestre seja definido por sua alta taxa de
endemismo e pelos afloramentos rochosos, sempre estão relacionados às altas altitudes.
Segundo Eiten (1990) é elemento característico na paisagem da Serra da Canastra.
Isto posto, esta formação foi considerada na diferenciação fitofisionômica, que este
trabalho se propõe, por apresentar, em muitos casos, espécies componentes do cerrado, como
confirma Eiten (1990) e por seguramente compor a paisagem do gradiente fisionômico
cerrado campo limpo e campo rupestre. A tabela 6 a seguir detalha a caracterização desta
paisagem.
Tabela 6: Aspectos Fisionômicos dos Pontos de Coleta com Ocorrência de Campo
Rupestre
CAMPO RUPESTRE
A5 C6 G6 Média
Alt. Méd. das Arvores (m)
2,5 3,5 3 3
N. Méd. de Arvores
2 3 2 2,33
N. Méd. de Arvoretas
5 7 5 5,66
Méd. Dossel (%)
5% 8% 5% 6%
Méd. Estrato Hebáceo (%)
30% 30% 30% 30%
Méd. Recobrimento do Solo(%)
45% 40% 40% 42%
Organização: SILVA, 2006.
Esta fisionomia vegetacional apresenta arvoretas típicas de altitude, com folhas
alongadas e espécies arbóreas, conforme indicado por Romero & Nakajima (1999), da família
das Velloziaceae, Eriocaulonaceae e Melastomataceae com a ocorrência da canela-de-ema. A
existência do estrato herbáceo é comprometida pelos afloramentos de rochas, sendo o mesmo
homogêneo, com predomínio da macega. A figura 20 ilustrou as características expostas.
A tabela 7 possibilita uma comparação entre as fitofisionomias classificadas
anteriormente. Com a mesma se propõe que a diferenciação entre as formações de cerrado e
de “campo” de cerrado está principalmente no estrato arbóreo, que no cerrado apresenta-se
menos espaçado e com alturas relativamente maiores (3,36 m) do que nas formações de
“campo” (2,18m a 0,5m).
Tabela 7: Comparação entre os Aspectos Fisionômicos das Fitofisionomias do Setor
de Estudo
Aspectos Fisionômicos CERRADO C.CERRADO C.SUJO C.LIMPO C.RUPESTRE
Alt. Méd. das Arvores (m) 3,36 2,182 0,5 0 3
N. Méd. de Arvores 16,66 5,286 1,142 0 2,33
N. Méd. de Arvoretas 7,66 7,714 7,428 0 5,66
Méd. Dossel (%) 23% 6% 4% 0% 6%
Méd. Estrato Hebáceo (%) 65% 81% 96% 93% 30%
Méd. Rec. do Solo(%) 67% 81% 95% 93% 42%
Organização: SILVA, 2006.
O cerrado, devido ao aspecto arbóreo definido anteriormente, dispõe de dossel de a
23% diferentemente das demais formações, que exibem 6% a 0% de dossel. Outra
conseqüência do predomínio do estrado arbóreo no cerrado é o recobrimento do solo pelo
estrato herbáceo, enquanto nessas formações o recobrimento médio é de 67%, nas formações
de campo cerrado é de 81%, campo sujo 95%, campo limpo 93% e o campo rupestre é de
42%. Isto não em função do estrato arbóreo e sim em decorrência dos afloramentos rochosos.
Reafirmando, nota-se que as fisionomias se individualizam pela presença e altura do
estrato arbóreo, representatividade do dossel e porcentagem de estrato herbáceo. As
formações mais fechadas (cerrado) são caracterizadas pela presença de estrato arbóreo com
significativo dossel, por conseqüência recobrimento do solo menos expressivo que as
formações abertas (“campo” de cerrado).
A figura 21 abaixo apresenta as porcentagens de ocorrência dos tipos fisionômicos
definidos em todo o setor de estudo. A figura 22 em seguida, procura apresentar as
porcentagens de ocorrência dos tipos fisionômicos no interior da mancha de cerrado
identificada.
Figura 21: Gráfico da Freqüência de Ocorrência das Fitofisionomias Vegetais no Setor de
Amostragem, considerando todos os eventos fisionômicos
Frequência de Ocorrência das Fitofisionomias Vegetais
no Setor de Amostragem
8%
35%
18%
31%
8%
Cerrado C.Cerrado C.Sujo C.Limpo C.Rupestre
Organização: SILVA, 2006.
Figura 22: Gráfico da Freqüência de Ocorrência das Fitofisionomias de Cerrado encontradas
na Mancha Identificada para Estudo
Ferquência de Ocorrência das Fitofisionomias deCerrado
na Mancha Identificada para Estudo
12%
59%
29%
Cerrado C.Cerrado C.Sujo
Organização: SILVA, 2006.
Como revelaram as figuras acima, o setor de estudo é compreendido principalmente
por formações de campos de cerrado como o campo cerrado, campo sujo e campo limpo;
sendo que a manha identificada possui, predominantemente, campo cerrado e campo sujo. A
ocorrência de cerrado propriamente dito é, neste caso, restrita (12% das fisionomias do
interior da mancha). O setor total de amostragem revela a predominância dos campos
cerrados e limpos.
A figura 23 evidencia em forma de um perfil as diferenças fisionômicas entre os tipos
vegetacionais elencados, buscando reafirmar e ilustrar o padrão da paisagem encontrada em
setor de ocorrência de cerrado do Parque Nacional da Serra da Canastra.
6.2. Características do Solo
6.2.1. Classificação Textural do Solo
Os resultados da análise granulométrica do solo estão classificados de acordo com os
tipos texturais definidos no triângulo do IAC, organizados para cada fitofisionomia existente.
O Anexo 2 expõe os dados gerais levantados a partir da análise granulométrica de todas as
amostras coletadas. Posteriormente, os dados serão apresentados particularizados para cada
tipo de fisionomia encontrada na área de estudo, a fim de sugerir o comportamento textural
dos solos para cada tipo vegetacional, solucionando um dos objetivos expostos para essa
dissertação.
Como é possível perceber, embora as amostras tenham sido coletadas e avaliadas para
três profundidades distintas (20 40 – 60 cm), a classe textural raramente altera-se em função
da profundidade, embora a % de argila tenha a tendência de aumentar nas maiores
profundidades (anexo 2). Este fato permitiu que cada ponto de coleta tivesse enquanto classe
de textura apenas uma denominação, o que refletiu em maior objetividade na caracterização
dos solos sob as distintas fitofisionomias em questão.
A figura 24 busca mostrar o padrão de comportamento do solo sob cerrado, a fim de
demonstrar conjuntamente a freqüência de ocorrência de textura do solo, bem como as
porcentagens de partículas que compõe as mesmas.
Como mostra a figura 24 nos setores ocupados pelo cerrado foram encontradas as
consecutivas classes texturais, argila (66,6%) e argila pesada (33,33%), sendo mais incidente
a classe argila. Ponderando os resultados exibidos considera-se que o comportamento dos
solos sob cerrado, na Serra da Canastra, possui certa estabilidade, indicando seu
acontecimento em setores com predominância de alta incidência de partícula de argila (de
53% a 71%); ocasionando menores expoentes de partículas de areia total (de 20% a 34%),
como revelou a figura 24 contendo os dados das amostras estudadas.
A partir dessa ponderação sugere-se que tais formações possuem, na paisagem
estudada, relação estreita com a granulometria do solo; entretanto essa consideração é
meramente indicativa uma vez que a freqüência de ocorrência da formação de cerrado é
relativamente baixa (12% em relação à mancha identificada e 8% no setor completo da
amostragem) diante de outras fitofisionomias.
Nas áreas do evento campo cerrado foram localizados solos franco argilosos, franco
argilo arenoso, argila arenosa, argila e argila pesada, como mostra a figura 25. Sendo mais
freqüente a argila (42,87%) e argila pesada (28,57%). A reflexão sobre a figura 25, permite
compreender que a formação reside em cinco classes texturais diferentes, o que sugere uma
relação não determinante entre a granulometria e a dispersão desta fitofisionomia no Parque
Nacional, embora seja nítida a maior freqüência de solos argilosos (com 53% a 71% de
partículas de argila) como foi apontado anteriormente
É possível visualizar que tais formações podem incidir em solos com baixa freqüência
de partículas de argila (por volta de 20 % a 30 %), como o caso dos solos franco argiloso e
franco argilo arenoso, embora com menor freqüência, acontecendo em 7% e 14%
respectivamente.
A figura 26 indica que as classes texturais encontradas no campo sujo foram variadas,
ocorrendo desde franco arenoso até argila pesada, sendo expressivamente dominante a classe
argila (57,14%) como mostra a figura 26. A citada figura demonstra com nitidez a variação de
classe textural para as formações de campo sujo, alertando que apesar de ser baixa, a
incidência de solos franco arenosos, os quais também dão aporte a essa fisionomia. Essa
constatação é importante uma vez que os solos assim classificados possuem de 51% a70%
de fração de areia, reduzindo a argila de 20 a 25%.
Nos locais referentes ao evento de campo limpo pôde-se observar a predominância de
solos litólicos (58,8%), os quais não permitiram tradagem, entretanto, nota-se também a
existência de solos de classificação argila, franco arenoso, franco argiloso e ainda franco
argilo arenoso como mostra a figura 27.
Embora exista variação do comportamento textural do solo sob campo limpo é
inquestionável a relação direta entre o advento litólico e a ocorrência dessas formações, diante
da alta freqüência desses solos em face da pequena parcela de amostragem. A incidência
significativa da classe franco argilo arenoso (16,6%), encontrada em dois pontos amostrais
dos 12 existentes, e de classe franco arenoso e franco argiloso denunciam a relação do campo
limpo de solos com alta incidência da fração de areia total (variando de 52%, 56% e 42%
respectivamente) e conseqüentemente mais baixa da fração argila (23%,13% e 36%
respectivamente) como apresentado na figura 27.
Por fim, nos setores onde foi encontrado fisionomia de campo rupestre, em todos os
eventos, sem exceção, ocorreram afloramentos rochosos. Nesses casos não foi possível haver
tradagem e tampouco classificação textural devido a não evolução do solo, em função da
declividade acentuada e da presença dos citados afloramentos. Pode-se afirmar que 100%
de ocorrência de afloramento rochoso nas paisagens de campo rupestre.
As análises dos dados postos anteriormente permitem compreender a presença dos
tipos de textura no evento espacial (ecótono) em questão. Na área de ocorrência da mancha de
cerrado identificada ocorrem predominantemente solos de textura argila e argila pesada;
porém evidencia-se também, solos argilo arenoso, franco argiloso, franco argilo arenoso e
franco arenoso, ou seja, um gradiente de textura também ocorre, partindo desde solos até 68%
de partículas de argila (argila pesada) até solos com presença de até 63% de partículas de
areia (areia total) (franco arenoso), como mostra a figura 28.
O exame dos dados expostos parece indicar que a variação fisionômica que incide no
trecho em estudo, no que se refere ao ecótono cerrado - campo sujo de cerrado; não é
determinada pela classe textural dos solos. Entretanto ao analisar-se a variação fisionômica na
seção completa de amostragem, ou seja, o gradiente cerrado – campo limpo e rupestre nota-se,
que as duas últimas formações ocorrem quase sem exceção nos respectivos tipos de
embasamento pedológico: solos litólicos (59%) e afloramento rochoso (100%).
A figura 28 sugere que o gradiente fitofisionômico da mancha de cerrado em análise,
ecótono cerrado campo sujo, o é determinada estritamente pela granulometria do solo
dado o variado conjunto de fatos texturais; podendo-se, apenas, sugerir que os aludidos tipos
vegetacionais, na paisagem em investigação, ocorrem prioritariamente (com 81% de
freqüência) em solos com alto teor de argila (de 53% a 71% de partículas).
.
6.2.2. Profundidade do Solo
A profundidade dos solos foi constatada de acordo com a fitofisionomia existente no
ponto de coleta. A tabela 8 mostra os dados gerais recolhidos e a figura 29 exibe a conduta da
profundidade do solo em relação a fitofisionomia existente.
Tabela 8: Profundidade de Tradagem do Solo nos Pontos de Coleta
Fitofisionomia Ponto de Coleta Profundidade
Cerrado C1 > 60 cm
Cerrado C5 > 60 cm
Cerrado D1 > 60 cm
C. Cerrado A1 > 60 cm
C.Cerrado A2 > 60 cm
C. Cerrado B1 < 40 cm
C.Cerrado B2 > 60 cm
C.Cerrado C2 > 60 cm
C.Cerrado C3 > 60 cm
C.Cerrado C4 > 60 cm
C.Cerrado D2 > 60 cm
C.Cerrado D3 > 60 cm
C.Cerrado E2 > 60 cm
C.Cerrado E3 > 60 cm
C.Cerrado E4 > 60 cm
C.Cerrado F4 > 60 cm
C.Cerrado G5 > 60 cm
C.Sujo B4 > 60 cm
C.Sujo D4 > 60 cm
C.Sujo D5 < 60 cm
C.Sujo E5 > 60 cm
C.Sujo F3 > 60 cm
C.Sujo F5 > 60 cm
C.Sujo G4 > 60 cm
C. Limpo A3 < 10 cm
C.Limpo A4 s/ tradagem
C.Limpo B3 < 60 cm
C.Limpo B5 s/ tradagem
C.Limpo E1 < 20 cm
C.Limpo E6 s/ tradagem
C.Limpo F1 s/ tradagem
C.Limpo F2 < 20 cm
C.Limpo F6 s/ tradagem
C.Limpo G1 s/ tradagem
C.Limpo G2 s/ tradagem
C.Limpo G3 > 60 cm
C.Rupestre A5 afloramento
C.Rupestre C6 afloramento
C.Rupestre G6 afloramento
Organização: SILVA, 2006.
Figura 29: Gráfico da Variação da Profundidade do Solo de acordo com as Fitofisionomias
Encontradas
.
Variação da Profundidade Média do Solo de Acordo com as
Fisionomias Vegetais (cm)
0
10
20
30
40
50
60
70
Cerrado C. Cerrado C.Sujo C.Limpo C.Rupestre
Organização: SILVA, 2006.
A tabela 8 e a figura 29 expõem que as formações de cerrado, campo cerrado e campo
sujo ocorrem em solos mais profundos (> 60 cm) que as demais, indicando que a presença da
mancha de cerrado sob averiguação, fixa-se e distribui-se sobre solos com mais de 60 cm de
profundidade, enquanto o campo limpo e rupestre exibem profundidades muito baixas (de até
14 cm para o campo limpo) ou insignificante (0 cm para o campo rupestre).
A idéia acima exposta indica que, embora não ocorra um gradiente de profundidade no
ecótono cerrado campo sujo, acontece uma brusca alteração da profundidade ao longo do
gradiente cerrado campo limpo e rupestre. Sendo assim, a profundidade do solo indica a
distribuição das fisionomias vegetais no setor investigado, no que diz respeito as formações
exclusivamente aberta e rupestre.
6.3.3. Umidade do Solo
A umidade do solo foi tratada, como apresentado anteriormente, a partir do teor de
umidade atual expressa em porcentagem. O mesmo foi analisado em função da profundidade
do solo de acordo com cada fitofisionomia existente na área de estudo. A tabela geral do teor
de umidade atual das amostras coletadas pode ser observada no Anexo 3. Assim, foi
determinada a variação da umidade do solo diante da profundidade para o cerrado, campo
cerrado, campo sujo e campo limpo com os seus respectivos desvios padrões.
Para as formações de campo rupestre o foi possível determinar umidade, pois não
houve tradagens em função da constante presença de afloramento rochoso. Para os pontos de
campo limpo foram examinados os dados provenientes das amostras que possibilitaram
tradagens, o que, no entanto, não representa 100% das amostras, como pôde ser observado na
tabela 8 sobre a profundidade do solo.
A figura 30 a seguir apresenta a variação do teor de umidade atual para as formações
de cerrado conforme a profundidade do solo.
Figura 30: Gráfico da Variação do Teor de Umidade Atual em função da profundidade do
Solo sob Cerrado
Variação da Média do Teor de Umidade Atual (%) em Função da
Profundidade dos Solos sob Cerrado
30,9%
28,9%
27,8%
26%
28%
30%
32%
20cm 40cm 60cm
Organização: SILVA, 2006.
Uma reflexão sobre a figura 30 permite constatar um gradiente de quase 1% de
umidade para 10 cm de profundidade de solo, para o cerrado; maior variante reside nas
profundidades de 40 cm (28,9%) para 60 cm (30,9%), sendo a variação total da menor
profundidade para a maior de 3,1%. O teor de umidade possui relação com a textura do solo e,
segundo Medina (1975), representa fator de grande importância para as comunidades
vegetais. As amostras de solo analisadas nos setores de ocorrência de cerrado conservam altos
teores de umidade atual, o que pode ser relacionado com a alta incidência das classes texturais
argila e argila pesada, como exposto anteriormente. Sendo assim, as formações de cerrado
incidem, preferivelmente, em terrenos argilosos com solos profundos (> 60 cm) e com alto
teor de umidade (até 30%).
A tabela 9 na seqüência, exibe os valores resultantes do cálculo do desvio padrão para
a média dos teores de umidade atual.
Tabela 9: Desvio Padrão da Média do Teor de Umidade Atual dos Solos sob Cerrado para 20-
40-60 cm.
Cerrado Teor de Umidade
Profundidade Desvio Padrão
20 cm 3,015
40 cm 0,957
60 cm 1,155
Organização: SILVA, 2006.
Os valores divulgados na tabela 9 revelam que os dados do teor de umidade atual do
solo para o cerrado diferem-se pouco entre si. Os resultados do cálculo do desvio padrão,
neste caso, possuem baixa expressividade; este fato permite aferir que o teor de umidade atual
das amostras coletadas nos diferentes pontos possui relativa semelhança, ou seja, um padrão
revelado seguramente pela média. A figura 31 a seguir apresenta a variação da média do teor
de umidade atual para os solos sob campo cerrado de acordo com a profundidade.
Figura 31:Gráfico da Variação do Teor de Umidade Atual em função da profundidade do Solo
sob Campo Cerrado
Variação da Média do Teor de Umidade Atual (%) em Função
da Profundidade dos Solos sob Campo Cerrado
24%
29,2%
27,3%
23%
26%
29%
32%
20 cm 40 cm 60 cm
Organização: SILVA, 2006.
A figura 31 revela os valores do teor de umidade atual presentes nos solos sob campo
cerrado. Este indica um gradiente de umidade de 1,5% para cada 10 cm de profundidade,
traduzido pelo crescente teor de umidade encontrado dos 20 cm (24%) aos 60 cm (29,2%). A
alteração do teor de umidade é maior entre a profundidade de 20 cm e de 40 cm (3,3%); a
variação entre 20 cm e 60 cm divulga um acréscimo de 5,2% no teor de umidade. Estes solos
apresentam umidade representativa podendo chegar a 29% aos 60 cm, teor semelhante ao
estabelecido para as formações de cerrado. O campo cerrado marca presença sobre solos
argilosos, profundos (> 60 cm) e com alto teor de umidade (até 29,2%).
A tabela 10 apresenta o desvio padrão da média estabelecida para a variação do teor de
umidade atual dos solos sob campo cerrado.
Tabela 10: Desvio Padrão da Média do Teor de Umidade Atual (%) dos Solos sob Campo
Cerrado para 20-40-60 cm
Campo Cerrado Teor de Umidade
Profundidade Desvio Padrão
20cm 2,179
40cm 2,312
60cm 2,287
Organização: SILVA, 2006.
O desvio padrão estabelecido para a mencionada variação mantém se relativamente
baixo, por isso confiável, mas, no entanto, indica que uma pequena variação (de a2,3%)
entre os valores de umidade das amostras avaliadas, sendo que o padrão exposto pela média
possui mínima alteração de 2% acima ou 2% abaixo do valor indicado.
A figura 32 apresenta a variação da média do teor de umidade atual para os solos sob
campo sujo. Uma interpretação sobre esta figura evidencia o comportamento da umidade em
relação a profundidade do solo.
Figura 32: Gráfico da Variação do Teor de Umidade Atual em função da profundidade do
Solo sob Campo Sujo
Variação da Média de Teor de Umidade Atual (%) em Função da
Profundidade dos Solos sob Campo Sujo
29,8%
27,0%
25,0%
20%
25%
30%
35%
20cm 40cm 60cm
Organização: SILVA, 2006.
O gradiente do teor de umidade atual existente nos solos sob campo sujo foi
apresentado na figura 32, a qual expressa uma variação de cerca de 1% para 10 cm de
profundidade, sendo que a maior oscilação é estabelecida na profundidade de 40 cm (27%)
para 60 cm (29,8%) e a variante total da menor profundidade para a maior é de 4,8%. A
umidade nesses solos traduz-se significativa (29,8%), podendo ser comparada com os teores
definidos para o cerrado e campo cerrado. A paisagem de campo sujo, no lugar estabelecido
para estudo, reside em solos profundos (> 60 cm), preferencialmente argilosos e com alto teor
de umidade atual (até 29,8%). O lculo do desvio padrão para este gradiente pode ser visto
na tabela 11.
Tabela 11: Desvio Padrão da Média do Teor de Umidade Atual dos Solos sob Campo Sujo
para 20-40-60 cm
Campo Sujo Teor de Umidade
Profundidade Desvio Padrão
20 cm 4,126
40 cm 4,129
60 cm 2,567
Organização: SILVA, 2006.
No entanto os resultados do cálculo do desvio padrão deixam evidente uma importante
alteração entre os valores das amostras coletadas neste tipo de paisagem fitofisionômica, uma
vez que, a média, neste caso, pode variar até 4% a mais ou a menos do valor apresentado; fato
que não chega a comprometer a representação, mas chama atenção em função da grande
disparidade entre as amostras em questão, comprometendo o estabelecimento de um padrão
seguramente confiável.
A figura 33 exibe a variação da dia do teor de umidade atual em relação a
profundidade dos solos sob campo limpo, entretanto, os valores divulgados retratam apenas as
amostras onde foi possível realizar a tradagem, como apresentado na tabela 8, foi plausível
colher amostras em apenas 5 pontos , sendo que destes somente um possibilitou penetração
até 60 cm.
Figura 33: Gráfico da Variação do Teor de Umidade Atual em função da profundidade do
Solo sob Campo Limpo
Variação da Média de Teor de Umidade Atual (%) em Função da
Profundidade dos Solos sob Campo Limpo
30,8%
21,8%
17,8%
15%
20%
25%
30%
35%
20 cm 40cm 60 cm
Organização: SILVA, 2006.
Este fato refletiu na representação das médias sugeridas na figura 33, as mesmas
possuem um desvio padrão, tabela 12, extremamente alto, denunciando a enorme diferença
entre a umidade das amostras pesquisadas, e a inviabilidade de estabelecer um padrão
confiável para o teor de umidade atual para as paisagens de campo limpo.
Tabela 12: Desvio Padrão da Média do Teor de Umidade Atual dos Solos sob C. Limpo para
20-40-60cm
Campo Limpo Teor de Umidade
Profundidade Desvio Padrão
até 20cm 7,201
até 40cm 10,160
até 60cm 0
Organização: SILVA, 2006.
Sendo assim, não é possível certificar-se do comportamento do solo no que se refere à
umidade, pois a maioria das unidades de coleta não permitiu tradagem e nas que ocorreram os
resultados não são passíveis de uma comparação segura através da média, expressão
estabelecida para este trabalho.
A análise conjunta dos gráficos apresentados acima expressa um constante aumento do
teor de umidade atual em relação à profundidade do solo, observação esta que permite sugerir
um gradiente de 1% / 10cm para os solos caracterizados no trecho de verificação deste
trabalho.
6.3. Perfil Síntese: Relações entre as Fitofisionomias e Características do Solo
A figura 34 ilustra as relações entre as fisionomias identificadas e o comportamento
textural do solo sob cada forma vegetacional. a figura 35 ilustra sinteticamente o padrão do
comportamento do solo, a respeito da classe textural, teor de umidade atual e profundidade
para as fitofisionomias definidas no setor de investigação do Parque Nacional da Serra da
Canastra; buscando retratar a paisagem estudada do ponto de vista das características que
individualizam as fisionomias vegetacionais da área em questão. Refletindo sobre as figuras
34 e 35 pode-se indicar o seguinte padrão para as formações de cerrado: ocorrem unicamente
em solos com alto teor de argila, argila e argila pesada; solos com mais de 60 cm de
profundidade; apresentando teor de umidade atual de 27,8% para 20 cm; 28,9% para 40 cm e
30,9% para 60 cm. Presença expressiva do estrato arbóreo (numeroso e com altura média de
3,3 m) e dossel (20%); recobrimento do solo e estrato herbáceo com médias de 65% de
ocorrência. Tal fisionomia possui sua individualidade no estrato arbóreo.O padrão para as
paisagens de campo cerrado fica definido como: solos preferencialmente argilosos, (argila e
argila pesada), embora haja constatação de outras classes texturais com menor freqüência;
solos com mais de 60 cm de profundidade; teor de umidade de 24% em 20 cm; 27,3% para 40
cm e 29,2% para 60 cm. Esses campos apresentam estrato arbóreo de porte relativamente
pequeno (2,18 m); estrato herbáceo representativo e variado, possuindo sua individualidade na
alta incidência de arvoretas e árvores de pequeno porte, ocasionando dossel extremamente
reduzido (6%). Embora o dossel permaneça reduzido, o recobrimento do solo pelas herbáceas
mantém-se em 81% na média, característica típica desta paisagem. Os campos sujos, no
trecho sob averiguação, residem sob o seguinte padrão: solos predominantemente argilosos,
(argila e argila pesada); com mais de 60 cm de profundidade; teor de umidade atual de 25%
para 20 cm, 27% para 40 cm e 29,8% em 60 cm. A paisagem fisionômica do campo sujo
diferencia-se por apresentar estrato arbóreo extremamente reduzido e de pequeno porte (0,5
m), arvoretas bastante espaçadas, fato que lhe atribui a qualificação de “sujo”; nestas
paisagens o estrato herbáceo e o recobrimento do solo aparecem quase que 100% incidentes
(96% e 95%). O padrão para os campos limpos define-se na paisagem estudada pela
predominância de solos litólicos e extremamente rasos; onde o teor de umidade não pode ser
determinado precisamente devido às características elencadas. A fisionomia do campo limpo
apresenta exclusivamente a presença do estrato herbáceo dominado pela macega, e pela
ausência do estrato arbóreo – a designação “limpo” ilustra verdadeiramente esta paisagem. Os
campos rupestres retratados por este estudo encontram-se associados exclusivamente aos
afloramentos rochosos, localizados nos “currais de pedra” e principalmente nas altas declivi -
- dades da borda dos chapadões e serras. Sua fisionomia é composta por árvores de porte
significante (3 m), arvoretas típicas de altitude, as quais compõem a tipicidade desta paisagem; o
recobrimento do solo pelo estrato herbáceo é bastante reduzido (42%) em conseqüência dos
mencionados afloramentos de rocha. Os campos rupestres apesar de não constituírem
floristicamente o bioma do cerrado, caracterizam de maneira marcante a paisagem dos cerrados no
Parque Nacional da Serra da Canastra; e por possuírem, também, em sua flora indivíduos que
compõe a florística do cerrado, conforme Romero & Nakajima (1999), estes foram caracterizados
neste trabalho.
um juízo sobre a figura 35, a qual corresponde a abordagem sintética do evento ao expor
a freqüência de ocorrência de textura do solo no interior da mancha de cerrado, como advertido
na figura 28 mostrada anteriormente, permite explicitar o padrão de comportamento do solo no
interior do evento em discussão, afim de exaltar a diferenciação do padrão do comportamento no
interior da mancha e no seu entorno.
Nota-se na figura 35 que mancha a de cerrado, representa a excepcionalidade na paisagem
do Parque Nacional, sendo composta, no setor averiguado, principalmente por formações de campo
cerrado (59%), campo sujo (29%) e cerrado (12%), possuindo este setor solos predominantemente
argilosos (a argila com 56% e argila pesada com 25%).
Porém ao considerarmos o setor total definido para amostragem, as fitofisionomias mais
incidentes são: campo cerrado (35%) campo limpo (31%), campo sujo (18%), cerrado (8%) e
campo rupestre (8%).
A figura 35 facilita a comparação do comportamento dos padrões de textura de solo,
profundidade e umidade; diante do qual é possível concluir que diferença significativa tanto no
padrão fisionômico da vegetação como no padrão do comportamento do solo, no interior da mancha
e em seu exterior. A área de cerrado acontece sob um padrão diferente de solo constituindo-se
enquanto formações arbóreas e herbáceas. as fisionomias localizadas no exterior da mancha
possuem caráter exclusivamente herbáceo e rupestre, evidenciando solos predominantemente
litólicos e afloramento rochoso.
A figura 35 permite concluir que as formações de cerrado, campo cerrado e campo sujo
residem em solos predominantemente argilosos (argila e argila pesada) com profundidade sempre
maior que 60 cm, e com teor de umidade semelhante por volta de 25 a 30%.
O padrão definido para o interior da mancha difere substancialmente para as fisionomias
exclusivamente herbácea e rupestre, gradiente cerrado campo limpo e rupestre. Isto porque o
ecótono cerrado – campo sujo, nunca ocorre em solos litólicos ou com afloramento de rochas ou em
solos com profundidades menores que 60 cm; características atribuídas ao campo limpo e rupestre.
Esta diferenciação aponta para uma mudança brusca no comportamento do solo dentro da mancha
de cerrado e fora dela (formações exclusivamente herbácea e rupestre), sendo assim, o
comportamento textural do solo e a espessura do mesmo parece definir a ocorrência da mancha,
mas, não o gradiente fisionômico interno.
Estas constatações confirmam a hipótese apontada neste trabalho, uma vez que a textura,
profundidade e teor de umidade possuem relações diretas com a existência de formações arbóreas
de cerrado, no caso estudado; porém aparentemente não possuem relações determinantes na
definição do gradiente de fitomassa no interior da mesma.
Diante do apresentado, é nítida a conclusão: as formações de cerrado, campo cerrado e
campo sujo, nunca, na paisagem em tema, ocorrem sobre solos litólicos, sobre afloramentos
rochosos ou em solos com menos de 60 cm de profundidade; indicando que a textura e
profundidade dos solos possuem influência na ocorrência da mancha de cerrado, exceção na
paisagem fitofisionômica do parque como apresentado anteriormente. A classe textural e a
espessura do solo parecem não ter competência para definir o gradiente fisionômico no interior da
macha de cerrado, ou seja, no ecótono cerrado-campo sujo; possuindo, no entanto, determinante
influência no gradiente cerrado – campo limo e rupestre.
Apesar de não ser comum formações de cerrado sobre solos com altas concentrações de
partícula de argila como advertido por Eiten (1990) e Furley (1999) e (2000), a ocorrência de
mancha de cerrado encontrada na área de estudo sob solos de textura predominantemente argila
pesada e argila, pode ser explicada pelo fato de ocorrer em todo setor do Parque Nacional,
principalmente solos arenosos, muito rasos, litólicos e afloramento rochoso, sendo que a área mais
propicia reside nas mais baixas altitude do Chapadão da Zagaia, a grande extensão plana deste
maciço e solos capazes de darem aporte à formações de estrato lenhoso mais desenvolvido e denso.
Tal ocorrência pode ser reforçada pela consideração tecida por Eiten (1990), o qual diz que
quando as formações de cerrado ocorrem sob solos argilosos, os mesmos possuem boa drenagem,
uma vez que sua estrutura está organizada em agregado do tamanho areia, porém, apenas estudos
mais detalhados poderiam confirmar essa idéia.
Pode-se discutir também o fato de ter sido possível identificar uma rápida sucessão
ecológica da mancha de cerrado sob investigação, uma vez que em imagem datada de 2004, em
2005, apresentou um aumento da área de ocorrência de cerrado. Pode-se inferir que as formações de
cerrado sofrem influência do solo, topografia e são modeladas também, pela ação do fogo, o qual é
bastante freqüente no setor de estudo, o qual segundo Barreto (1999), possui alta freqüência de
ocorrência de incêndios.
7. CONCLUSÃO
Identificou-se na área proposta para este estudo, cinco fitofisionomias distintas: o cerrado,
campo cerrado, campo sujo, campo limpo e campo rupestre; contendo nos três primeiros tipos
espécies arbóreas e herbáceas, no quarto tipo espécies exclusivamente herbáceas e no quinto
espécies arbóreo e herbáceo mais caracterizado principalmente pela presença de afloramentos
rochosos e por indivíduos endêmicos e também componentes da flora do cerrado.
Diante dos resultados exibidos por esta dissertação é possível concluir que o gradiente de
fitomassa presente no ecótono cerrado campo sujo não reflete num gradiente de comportamento
do solo nos quesitos textura, umidade e profundidade; uma vez que as formações de cerrado, campo
cerrado e campo sujo residem em solos predominantemente argilosos (argila e argila pesada); com
profundidade sempre maior que 60 cm, e com teor de umidade semelhante. Sendo possível,
inclusive, estabelecer um padrão para o comportamento do solo no interior da mancha: solos
argilosos, com espessura maior que 60 cm e teor de umidade atual para 20 cm de 25,3% em média;
para 40 cm 27% em média e para 60 cm 29,5% em média.
Entretanto, o padrão definido para o interior da mancha difere substancialmente para as
fisionomias exclusivamente herbácea e rupestre, gradiente cerrado campo limpo e rupestre. Isto
porque o ecótono cerrado campo sujo, nunca ocorre em solos litólicos ou com afloramento de
rocha ou em solos com profundidades menores que 60 cm; características atribuídas ao campo
limpo e rupestre.
Esta diferenciação aponta para uma mudança brusca no comportamento do solo dentro da
mancha de cerrado e fora dela (formações exclusivamente herbácea e rupestre), sendo assim, o
comportamento textural do solo e a espessura do mesmo parece definir a ocorrência da mancha,
mas, não o gradiente fisionômico interno. A hipótese apresentada nesse trabalho é confirmada, uma
vez que, a textura, profundidade e teor de umidade possuem relações diretas com a existência de
formações arbóreas de cerrado, no caso estudado; porém não possuem relações determinantes na
definição do gradiente de fitomassa no interior da mesma.
Repete-se que o gradiente de fitomassa presente no ecótono cerrado o reflete em um
gradiente de comportamento do solo nos quesitos textura, umidade e profundidade. No entanto,
concluiu-se que a ocorrência da mancha de cerrado, neste setor, deve-se principalmente, a textura e
espessura do solo, independente do gradiente fisionômico.
O conjunto de cnicas utilizadas para compor esta investigação se mostrou bastante
eficiente; o sensoriamento remoto precisou a área de intervenção de campo, bem como foi útil em
identificar as variações fisionômicas de interesse para este estudo. O trabalho de campo revelou-se
conduta adequada para se obter dados fidedignos em escala de detalhe. As cnicas laboratoriais
empregadas conduziram a pesquisa de maneira prática e precisa e o tratamento matemático de
freqüência contemplou a necessidade exposta por esta pesquisa, uma vez que foi capaz de revelar o
comportamento do solo nos quesitos textura, umidade e profundidade. A representação dos
resultados em forma de perfis possibilitou uma analise sintética e foi eficiente ao conduzir um
entendimento do padrão da paisagem estudada.
Recomenda-se estudos voltados a compreensão desta paisagem a fim de identificar outros
fatores responsáveis pela dispersão espacial dos tipos fisionômicos de cerrado em setor do
Chapadão da Zagaia, com a intenção de garantir maior entendimento da fisiologia da paisagem de
exceção revelada pela ocorrência de cerrado no Parque Nacional da Serra da Canastra.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXOS
Anexo 1: Tabela Geral de Classificação das Fisionomias Encontradas no Setor Eleito para Amostragem.
Ponto de Coleta Altura méd. das Árvores (m) Número de Árvores Número de Arvoretas Dossel(%) Estrato Herbáceo (%) Recobrimento do Solo Fitofisionomia
A1 2,6 14 5 15% 90% 90% C. Cerrado
A2 2,4 5 1 5% 90% 95% C.Cerrado
A3 0 0 0 0% 100% 100% C. Limpo
A4 0 0 0 0% 100% 100% C.Limpo
A5 2,5 2 5 5% 30% 45% C.Rupestre
B1 2 11 5 8% 75% 75% C. Cerrado
B2 2 2 6 0% 80% 85% C.Cerrado
B3 0 0 0 0% 100% 100% C.Limpo
B4 1,2 3 4 2% 100% 100% C.Sujo
B5 0 0 0 0% 100% 100% C.Limpo
C1 4,5 18 1 20% 70% 75% C.Cerrado
C2 2,2 7 9 5% 85% 85% C.Cerrado
C3 2 6 5 10% 90% 90% C.Cerrado
C4 0 0 21 5% 85% 85% C.Cerrado
C5 2,8 16 6 25% 60% 60% C.Cerrado
C6 3,5 3 7 8% 30% 40% C.Rupestre
D1 2,8 16 16 25% 65% 65% C.Cerrado
D2 3,65 4 10 10% 65% 65% C.Cerrado
D3 2,8 7 6 8% 95% 90% C.Cerrado
D4
0
0
6
2%
95%
95%
C.Sujo
D5 0 0 8 2% 100% 100% C.Sujo
E1 0 0 0 0% 85% 85% C.Limpo
E2 2 4 8 2% 65% 65% C.Cerrado
E3 2 2 7 2% 70% 70% C.Cerrado
E4 2,1 4 6 0% 75% 75% C.Cerrado
E5 2,3 5 5 15% 100% 100% C.Sujo
E6 0 0 0 0% 90% 90% C.Limpo
F1 0 0 0 0% 85% 85% C.Limpo
F2 0 0 0 0% 90% 90% C.Limpo
F3 0 0 5 0% 90% 90% C.Sujo
F4 2,5 4 3 10% 85% 85% C.Cerrado
F5 0 0 13 10% 95% 90% C.Sujo
F6 0 0 0 0% 90% 85% C.Limpo
G1 0 0 0 0% 90% 90% C.Limpo
G2 0 0 0 0% 90% 90% C.Limpo
G3 0 0 2 0% 95% 95% C.Limpo
G4 0 0 11 0% 90% 90% C.Sujo
G5 2,3 4 16 10% 80% 80% C.Cerrado
G6 3 2 5 5% 30% 40% C.Rupestre
Anexo 2: Classificação Textural de Todas as Amostras Recolhidas em Campo, Conforme Triângulo IAC.
Ponto de Coleta % Argila % Silte % Areia Grossa % Areia Fina % Areia Total Classificação Textural
A1-20 38,450 12.85 25.295 23.404 48.7 Franco Argiloso
A1-40 41,75 13.075 206.645 24.510 45.175 Franco Argiloso
A1-60 42,325 13.625 16.778 27.272 44.05 Franco Argiloso
A2-20 43.35 22.325 7.477 26.847 34.325 Argila
A2-40 45.025 22 7.497 25.378 32.875 Argila
A2-60 41.525 21.7 9.239 27.636 36.775 Argila
A3<10 60.375 18.61 10.658 10.356 21.015 Argila
B1-<40 56.625 10.15 21.445 11.78 33.225 Argila
B1-20 57.975 14.4 4.869 22.756 27.625 Argila
B2-20 50.395 11.255 14.326 24.024 38.35 Argila
B2-40 49.45 12.475 15.69 22.385 38.075 Argila
B2-60 50.4 11.8 16.4 21.4 37.8 Argila
B3-20 6.2 18 31.29 44.51 75.8 Franco Arenoso
B3-40 2.5 19.3 38.243 39.957 78.2 Franco Arenoso
B4-20 32.5 22.58 12 32.918 44.92 Franco Argiloso
B4-40 32.65 23.15 10.708 33.491 44.2 Franco Argiloso
B4-60 31.65 24.05 9.808 34.591 44.5 Franco Argiloso
C1-20 51.45 15.25 13.676 19.624 33.3 Argila
C1-40 61.425 11.175 10.023 17.377 27.4 Argila Pesada
C1-60 68.1 11.75 1.998 18.152 20.15 Argila Pesada
C2-20 31 17.025 16.385 35.589 51.975 Franco Argilo Arenoso
C2-40 36.025 13.125 14.753 36.096 50.85 Argila Arenosa
C2-60 36.225 14.125 13.274 36.376 49.65 Argila Arenosa
C3-20 26.725 23.05 12.517 37.707 50.225 Franco Argilo Arenoso
C3-40 30.625 16.575 6.298 46.502 52.8 Franco Argilo Arenoso
C3-60 23.425 28.35 10.568 37.657 48.225 Franco Argilo Arenoso
C4-20 66.725 8.775 3.597 15.804 24.5 Argila Pesada
C4-40 70.05 10.55 2.587 16.813 19.4 Argila Pesada
C4-60 62.025 14.175 11.404 12.395 23.8 Argila Pesada
C5-20 53.5 17.6 9.944 18.956 28.9 Argila
C5-40 54.525 16.45 8.411 20.613 29.025 Argila
C5-60 56.425 14.935 8.862 19.777 28.64 Argila
D1-20 57.45 13.525 9.5 19.525 29.025 Argila
D1-40 53.05 13.675 11.038 22.237 33.275 Argila
D1-60 52.525 13.725 10.286 23.464 33.75 Argila
D2-20 53.05 12.975 10.829 23.146 33.975 Argila
D2-40 55.325 16.975 3.193 24.507 27.70 Argila
D2-60 52.25 13.2 11.25 23.3 34.55 Argila
D3-20 37.3 20.1 9.05 33.55 42.6 Franco Argiloso
Anexo 2: Classificação Textural de Todas as Amostras Recolhidas em Campo, Conforme Triângulo IAC.
Ponto de Coleta % Argila % Silte % Areia Grossa % Areia Fina % Areia Total Classificação Textural
D3-40 37.025 20.325 6.873 35.776 42.65 Franco Argiloso
D3-60 42.65 19.3 6.969 31.081 38.05 Argila
D4-20 54.25 15.25 10.245 20.255 30.5 Argila
D4-40 49.3 15.625 5.626 29.448 35.075 Argila
D4-60 48.2 15.925 9.488 26.387 35.875 Argila
D5-20 13.925 29.925 13.606 42.544 56.15 Franco Arenoso
D5-40 17.575 28.855 11.900 41.669 53.57 Franco Arenoso
E1-20 27.325 17.39 19.071 36.213 55.285 Franco Argilo Arenoso
E2-20 52.575 17.57 8.255 21.599 29.855 Argila
E2-40 57 16.425 2.989 23.585 26.575 Argila
E2-60 62.325 15.78 10.744 11.151 21.895 Argila Pesada
E3-20 44.025 17.125 12.468 26.382 38.85 Argila
E3-40 40.7 20.43 12.217 26.652 38.87 Argila
E3-60 42.675 20.15 11.225 25.949 37.175 Argila
E4-20 62.75 8.1 1.994 27.155 29.15 Argila Pesada
E4-40 67.425 6.775 1.956 23.843 25.8 Argila Pesada
E4-60 66.125 8.6 14.716 23.858 25.275 Argila Pesada
E5-20 54.4 15.575 7.661 22.364 30.025 Argila
E5-40 48.85 15.6 6.071 29.478 35.549 Argila
E5-60 58.3 14.705 4.939 22.056 26.995 Argila
F2-20 33.1 14.49 23.146 29.264 52.41 Franco Argilo Arenoso
F3-20 40.525 15.795 15.928 27.751 43.68 Franco Argiloso
F3-40 46.25 13.775 10.698 29.277 39.975 Argila
F3-60 52.1 14.73 10.257 22.912 33.17 Argila
F4-20 64.35 8.75 7.69 19.21 26.9 Argila Pesada
F4-40 71.025 10.63 2.815 15.53 18.345 Argila Pesada
F4-60 65.375 10.125 8.921 15.579 24.5 Argila Pesada
F5-20 68.44 11.085 5.385 15.09 20.475 Argila Pesada
F5-40 71.275 9.675 5.832 13.218 19.05 Argila Pesada
F5-60 68.075 11.975 6.159 13.790 19.95 Argila Pesada
G3-20 44.575 16.75 13.55 25.125 38.675 Argila
G3-40 36.875 22.45 15.172 25.503 40.675 Franco Argioloso
G3-60 38.45 20.73 12.827 27.993 40.82 Franco Argiloso
G4-20 53.025 9.69 15.009 22.276 37.285 Argila
G4-40 63.275 10.32 6.045 20.359 26.405 Argila Pesada
G4-60 59.35 9.95 11.382 19.317 30.7 Argila
G5-20 71.825 11.555 3.028 135.591 16.62 Argila Pesada
G5-40 70.575 8.2 7.546 13.679 21.225 Argila Pesada
G5-60 69.35 94.755 8.563 12.632 21.195 Argila Pesada
G6-20 8.5 26.025 21.035 44.439 65.475 Franco Arenoso
Anexo 3: Tabela Geral dos Resultados do Teor de Umidade Atual
de Registro Ponto de Coleta Teor de Umidade Atual (%)
3878 A1-20 24,164
3879 A1-40 25,765
3880 A1-60 27,698
3881 A2-20 27,585
3882 A2-40 28,764
3883 A2-60 33,334
3884 A3<10 7,31
3885 B1-<40 27,491
3886 B1-20 24,562
3887 B2-20 22,387
3888 B2-40 27,553
3889 B2-60 29,278
3890 B3-20 13,703
3891 B3-40 14,61
3892 B4-20 22,461
3893 B4-40 25,911
3894 B4-60 25,692
3895 C1-20 29,647
3896 C1-40 27,93
3897 C1-60 29,615
3898 C2-20 20,583
3899 C2-40 22,88
3900 C2-60 27,011
3901 C3-20 22,492
3902 C3-40 23,903
3903 C3-60 25,887
3904 C4-20 26,958
3905 C4-40 30,04
3906 C4-60 30,972
3907 C5-20 29,376
3908 C5-40 29,812
3909 C5-60 31,6
3910 D1-20 24,295
3911 D1-40 29,172
3912 D1-60 31,629
3913 D2-20 24,676
3914 D2-40 27,297
3915 D2-60 29,167
Anexo 3: Tabela Geral dos Resultados do Teor de Umidade Atual
de Registro Ponto de Coleta Teor de Umidade Atual (%)
3916 D3-20 21,393
3917 D3-40 25,562
3918 D3-60 25,734
3919 D4-20 27,435
3920 D4-40 29,391
3921 D4-60 30,671
3922 D5-20 17,836
3923 D5-40 18,411
3925 E1-20 23,785
3926 E2-20 24,995
3927 E2-40 29,965
3928 E2-60 31,553
3929 E3-20 21,954
3930 E3-40 25,894
3931 E3-60 27,783
3932 E4-20 26,071
3933 E4-40 29,081
3934 E4-60 30,138
3935 E5-20 28,202
3936 E5-40 29,537
3937 E5-60 32,019
3939 F2-20 20,56
3940 F3-20 25,87
3941 F3-40 29,072
3942 F3-60 29,159
3943 F4-20 25,361
3944 F4-40 28,023
3945 F4-60 29,416
3946 F5-20 29,877
3947 F5-40 30,188
3948 F5-60 32,623
3951 G3-20 23,895
3952 G3-40 28,978
3953 G3-60 30,838
3954 G4-20 23,09
3955 G4-40 26,147
3956 G4-60 28,376
3957 G5-20 28,088
3958 G5-40 30,55
3959 G5-60 31,212
3960 G6-20 18,188
3961 G6<40 18,775
Anexo 4
: Licença para Pesquisa no Parque Nacional da Serra da Canastra
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