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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E CIÊNCIAS EXATAS
Campus de Rio Claro
ESTUDO DO COMPORTAMENTO DOS GNAISSES CASABLANCA,
JUPARANÁ DELICATO E GIALLO FALÉSIA (Ceará-Brasil) EM
ATMOSFERA SALINA
MARIA ANGÉLICA BATISTA LIMA
Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Artur
Co-orientador: Prof. Dr. José de Araújo Nogueira Neto
Tese de Doutorado elaborada junto ao Curso de
Pós-Graduação em Geociências Área de
Concentração em Geologia Regional para obtenção
do Título de Doutor em Geologia Regional
.
Rio Claro – SP
2006
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Livros Grátis
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Milhares de livros grátis para download.
552 Lima, Maria Angélica Batista
L732e Estudo do comportamento dos gnaisses casablanca, jupa-
raná delicato e giallo falésia (Ceará-Brasil) em atmosfera
salina / Maria Angélica Batista Lima. – Rio Claro : [s.n.], 2006
182 f. : il., figs., gráfs., tabs., quadros, fots., mapas
Tese (doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Institu-
to de Geociências e Ciências Exatas
Orientador: Antônio Carlos Artur
Co-orientador: José de Araújo Nogueira Neto
1. Petrologia. 2. Alterabilidade de rochas. 3. Rochas orna-
mentais. 4. Ensaios acelerados. I. Título.
Ficha Catalográfica elaborada pela STATI – Biblioteca da UNESP
Campus de Rio Claro/SP
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BANCA EXAMINADORA
ANTÔNIO CARLOS ARTUR
ANTÔNIO GILBERTO COSTA
FRANCISCO WILSON HOLLANDA VIDAL
TAMAR MILCA BORTOLOZZO GALEMBECK
MARIA HELOÍSA BARROS DE OLIVEIRA FRASCÁ
Rio Claro, 22 de setembro de 2006.
“ Quando achamos que temos todas as respostas,
vem a vida e muda todas as perguntas”.
(Autor Desconhecido)
“ Ao Hélio, pelo amor e ser
enidade demonstrados na
distância ao longo desse tempo.”
AGRADECIMENTOS
De modo destacado ao meu orientador Prof. Dr. Antônio Carlos Artur, pelo incentivo
científico, pelas horas de paciência e amizade.
Ao Prof. Dr. José de Araújo Nogueira Neto, pela co-orientação, acompanhamento no
campo, incentivo, amizade e discussões no decorrer de todo o curso.
Ao CNPq pela concessão de bolsa que possibilitou esta qualificação profissional e pelo
apoio financeiro ao Projeto de Pesquisa.
À Empresa GRANOS, em especial ao Dr. Silveira e ao amigo Petrochelli, pela
receptividade e apoio desta empresa ao projeto.
À Empresa GEOMAC, ou seja, ao Eduardo Zanibone, Moacir e Almir, que muito
contribuíram com informações preciosas sobre a pedreira e geologia da área.
Aos amigos que tive o imenso prazer de conhecer em Rio Claro, de quem recebi muito
apoio e demonstrações de carinho: Profa. Tamar, Duda, Neide, Iramaia, Paulo César,
Cláudia, Irani, Paulinho, Julião, Shirley, Tácito, Jaqueline, Mirna e Suzana.
À Ana Cândido, Mayra Fernandes e Jean, com quem tive a oportunidade de maior
aproximação nos últimos tempos.
Em especial ao amigo Ivaldo Trindade que me ajudou com os gráficos de Isocon e com
quem tive valiosas discussões nesta fase final do trabalho.
Aos amigos da UFC, pelas contribuições e paciência em ouvir, a Martha, Magnólia,
Anna Paula, Íris e, principalmente, ao Carlos Alberto Holanda Maciel que me ajudou
com a preparação das amostras e execução de ensaios tecnológicos.
Aos técnicos dos laboratórios do Departamento de Petrologia e Metalogenia da UNESP
–RC, Júnior, Wladimir e especialmente ao Adilson que me ajudou com a dilatação
térmica e com seu bom humor contagiante.
Ao NUTEC, em especial a Ana Luíza Maia pelo exemplo de administração e amizade,
e a Cristina Parente pelo suporte técnico, dedicação e pelo sorriso maroto. A todos que
integram a DIQUI, pelo companheirismo demonstrado: Érika, Solange, Luzia, Jackson,
Pedrinho (in memoriam) e Josilene.
A Iêda Nadja com quem tive as primeiras discussões e informações sobre atmosfera
agressiva e quem me concedeu os dados dos contaminantes atmosféricos.
Ao Romeo e ao Prof. Galindo da UFRN, pela presteza e auxílio com a condutividade
térmica.
Ao Marcos Mansueto pela atenção dedicada por ocasião das análises com
microssonda.
Agradeço, de forma muito particular, aos meus pais José Batista Lima (in memorian) e
Raimunda Dias Lima pelo exemplo de vida e por terem sempre nos encaminhado na
direção do saber. Agradeço aos meus irmãos Diana, Franzé e Genivaldo, esteio nas
horas de cansaço e estímulo constante. A Tia Isabel e Tio Lourival pelo apoio
incondicional sempre.
SUMÁRIO
RESUMO ........................................................................................................................xiii
ABSTRACT ....................................................................................................................xv
C
C
A
A
P
P
I
I
T
T
U
U
L
L
O
O
1
1
INTRODUÇÃO................................................................................................................01
1.1 C
ONSIDERAÇÕES
I
NICIAIS
...................................................................................01
1.2
O
BJETIVO E
J
USTIFICATIVAS
...............................................................................04
C
C
A
A
P
P
I
I
T
T
U
U
L
L
O
O
2
2
REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................................07
2.1
E
STADO DA
A
RTE
...............................................................................................07
2.2
E
NSAIOS DE
A
LTERAÇÃO
A
CELERADA
..................................................................13
2.3
M
ECANISMOS
A
TUANTES NA
A
TMOSFERA
............................................................16
2.4
P
ARÂMETROS
A
TMOSFÉRICOS
C
ONDICIONANTES NA
R
EGIÃO
...............................18
2.5
A
LTERAÇÃO DE
R
OCHA
C
OMPARADA COM
C
ORROSÃO
A
TMOSFÉRICA DE
M
ETAL
.................................................................................................................29
C
C
A
A
P
P
I
I
T
T
U
U
L
L
O
O
3
3
MATERIAIS E MÉTODOS ..............................................................................................30
3.1
M
ATERIAIS E
Á
REA DE
L
OCALIZAÇÃO
...................................................................30
3.2
E
NSAIOS E
A
NÁLISES
L
ABORATORIAIS
.................................................................35
3.2.1 E
NSAIO DE
A
LTERAÇÃO
A
CELERADA
............................................................38
3.2.1.1 Contínuo (Exposição à névoa salina - NBR 8094) ............................39
3.2.1.2 Cíclico (Exposição à névoa salina - prEN 14147) .............................39
3.2.2 C
ARACTERIZAÇÃO
P
ETROGRÁFICA
.............................................................40
3.2.2.1 Análise petrográfica ..........................................................................40
3.2.2.2 Ensaio de coloração seletiva ............................................................42
3.2.3
C
ARACTERIZAÇÃO
T
ECNOLÓGICA
...............................................................43
3.2.3.1 Intensidade de brilho ........................................................................43
3.2.3.2
Índices físicos ...................................................................................43
3.2.3.3
Resistência à compressão uniaxial simples.......................................44
3.2.3.4
Desgaste Abrasivo Amsler ................................................................44
3.2.3.5
Velocidade de propagação de ondas ultra-sônicas ............................45
3.2.3.6
Microdurezza Knoop .........................................................................45
3.2.3.7
Dilatação Térmica Linear...................................................................45
3.2.3.8
Condutividade Térmica .....................................................................46
3.2.3.9
Aptidão de molhagem........................................................................47
C
C
A
A
P
P
I
I
T
T
U
U
L
L
O
O
4
4
ARCABOUÇO REGIONAL E ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO DA ÁREA
PESQUISADA ...............................................................................................................49
4.1
A
RCABOUÇO
T
ECTÔNICO
...................................................................................49
4.2 U
NIDADES
L
ITOESTRATIGRÁFICAS
.......................................................................55
4.2.1
U
NIDADE
T
RÓIA
..........................................................................................57
4.2.2
U
NIDADE
C
EDRO
........................................................................................60
4.2.3
C
OBERTURAS
C
ENOZÓICAS
.........................................................................60
4.3 G
EOLOGIA DA
Á
REA
...........................................................................................60
4.3.1
L
ITOESTRATIGRAFIA
....................................................................................61
4.3.2
T
ECTÔNICA
/M
ETAMORFISMO
.......................................................................64
4.3.2.1
Dúcteis .............................................................................................65
4.3.2.2
Rúpteis .............................................................................................67
4.3.3
G
EOCRONOLOGIA E
G
ÊNESE DO JAZIMENTO
.................................................68
C
C
A
A
P
P
I
I
T
T
U
U
L
L
O
O
5
5
CARACTERÍSTICAS PETROGRÁFICAS ......................................................................70
5.1
P
ETROGRAFIA
....................................................................................................70
5.1.1
G
RANADA
-B
IOTITA
-M
USCOVITA
G
NAISSE
(C
ASABLANCA
)..............................72
5.1.2
G
RANADA
-M
USCOVITA
-B
IOTITA
G
NAISSE
(J
UPARANÁ
D
ELICATO
) ..................77
5.1.3
G
RANADA
-M
USCOVITA
-B
IOTITA
G
NAISSE
(G
IALLO
F
ALÉSIA
)..........................82
C
C
A
A
P
P
I
I
T
T
U
U
L
L
O
O
6
6
PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...................89
6.1
Í
NDICES
F
ÍSICOS
................................................................................................89
6.1.1
M
ASSA
E
SPECÍFICA
A
PARENTE
....................................................................90
6.1.2
P
OROSIDADE
A
PARENTE E
A
BSORÇÃO
D’Á
GUA
............................................91
6.1.3
R
ESULTADOS E
D
ISCUSSÕES DOS
Í
NDICES
F
ÍSICOS
......................................93
6.2
R
ESISTÊNCIA À
C
OMPRESSÃO
U
NIAXIAL
S
IMPLES
.................................................94
6.2.1
G
ENERALIDADES
........................................................................................94
6.2.2
R
ESULTADOS
O
BTIDOS E
D
ISCUSSÕES
...........................................................95
6.3
D
ESGASTE
A
BRASIVO
A
MSLER
............................................................................98
6.3.1
G
ENERALIDADES
........................................................................................98
6.3.2
R
ESULTADOS
O
BTIDOS E
D
ISCUSSÕES
........................................................98
6.4
V
ELOCIDADE DE
P
ROPAGAÇÃO DE
O
NDAS
U
LTRA
-S
ÔNICAS
................................100
6.4.1
G
ENERALIDADES
........................................................................................100
6.4.2
R
ESULTADOS
O
BTIDOS E
D
ISCUSSÕES
........................................................101
6.5
I
NTENSIDADE
B
RILHO
...................................................................................... .104
6.5.1
G
ENERALIDADES
..................................................................................... .104
6.5.2
R
ESULTADOS
O
BTIDOS E
D
ISCUSSÕES
........................................................105
6.6
D
ILATAÇÃO
T
ÉRMICA
L
INEAR
..............................................................................108
6.6.1
G
ENERALIDADES
........................................................................................108
6.6.2
R
ESULTADOS
O
BTIDOS E
D
ISCUSSÕES
........................................................109
6.7
C
ONDUTIVIDADE
T
ÉRMICA
..................................................................................113
6.7.1
G
ENERALIDADES
........................................................................................113
6.7.2
R
ESULTADOS
O
BTIDOS E
D
ISCUSSÕES
........................................................113
6.8
A
PTIDÃO DE MOLHAGEM
.....................................................................................117
6.8.1
G
ENERALIDADES
........................................................................................117
6.8.2
R
ESULTADOS
O
BTIDOS E
D
ISCUSSÕES
.......................................................117
6.9
M
ICRODUREZA
K
NOOP
.......................................................................................120
6.9.1
G
ENERALIDADES
........................................................................................120
6.9.2
R
ESULTADOS
O
BTIDOS E
D
ISCUSSÕES
.......................................................120
6.10
E
NSAIO
C
ÍCLICO DE
A
LTERAÇÃO
A
CELERADA
...................................................124
6.11
Í
NDICE DE
A
LTERABILIDADE
..............................................................................129
C
C
A
A
P
P
I
I
T
T
U
U
L
L
O
O
7
7
CONCLUSÕES ...............................................................................................................132
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................................136
APÊNDICES
A
PÊNDICE
1
D
ETERMINAÇÃO DOS
Í
NDICES
F
ÍSICOS DAS
R
OCHAS
E
STUDADAS
,
AO
N
ATURAL
.................145
A
PÊNDICE
2
D
ETERMINAÇÃO DA
R
ESISTÊNCIA À
C
OMPRESSÃO NAS
R
OCHAS
E
STUDADAS
.....................147
A
PÊNDICE
3
M
EDIDAS DE
D
ESGASTE
A
MSLER DAS
R
OCHAS
E
STUDADAS
...............................................148
A
PÊNDICE
4
V
ELOCIDADE DE
P
ROPAGAÇÃO DE
O
NDAS NAS
R
OCHAS
E
STUDADAS
.................................149
A
PÊNDICE
5
M
EDIDAS DE
B
RILHO DAS
R
OCHAS
E
STUDADAS
.................................................................152
A
PÊNDICE
6
D
ILATAÇÃO
T
ÉRMICA DAS
R
OCHAS
E
STUDADAS
.................................................................155
ÍNDICE
DAS
FIGURAS
FIGURA 1.1 Efeito da corrosão num pilar de sustentação de edificação localizada na Praia
do Futuro ........................................................................................................................ 5
FIGURA 1.2 Efeito da corrosão numa laje de concreto da mesma edificação ........................5
FIGURA 1.3 Desplacamento de minerais em placa granítica, assemelhando-se a uma
espécie de corrosão superficial (peitoril da janela). Apartamento localizado na Avenida
Beira Mar em Fortaleza-Ce ............................................................................................ 6
Figura 1.4 Revestimento externo em prédio, localizado na Avenida Beira Mar (Fortaleza-Ce),
apresentando surgimento de manchas ferruginosas esparsas, provavelmente devido a
oxidação de minerais máficos ....................................................................................... 6
FIGURA 2.1 Vista do interior da câmara climática de ensaio contínuo em névoa salina
(Modelo Bass USC) exibindo corpos-de-prova presos aos suportes por fios de nylon (a
e b) ............................................................................................................................... 14
FIGURA 2.2 Vista da câmara climática de ensaio contínuo em névoa salina (a) e detalhe do
painel onde se tem o controle de temperatura, vazão de líquido e pressão de ar do bico
pulverizador (b) ............................................................................................................ 15
FIGURA 2.3 Registros da precipitação pluviométrica mensal da estação meteorológica de
Fortaleza, no período de 2003 a 2004, medidos pela FUNCEME
....................................................................................................................................... 21
FIGURA 2.4 Registros da temperatura mensal média da estação meteorológica de Fortaleza,
no período de 2003 a 2004, medidos pela FUNCEME ................................................ 22
FIGURA 2.5 Registros da velocidade mensal média dos ventos da estação meteorológica de
Fortaleza, no período de 2003 a 2004, medidos pela FUNCEME
...................................................................................................................................... 23
FIGURA 2.6 Registros da radiação solar mensal média da estação meteorológica
de Fortaleza, no período de 2003 a 2004, medidos pela FUNCEME .......................... 24
FIGURA 2.7 Registros da umidade relativa mensal média da estação meteorológica de
Fortaleza, no período de 2003 a 2004, medidos pela FUNCEME
...................................................................................................................................... 25
FIGURA 2.8 Teores de cloretos (mg/m
2
.dia) coletados na estação atmosférica Praia da
COFECO ...................................................................................................................... 26
FIGURA 2.9 Teores de sulfatos (mgSO
2
/100cm
2
.dia) coletados na estação
atmosférica Praia da COFECO ..................................................................................... 27
FIGURA 2.10 Teores de particulados (mg/m
2
.dia) coletados na estação atmosférica
Praia da COFECO ........................................................................................................ 28
FIGURA 3.1 Mapa de localização da área fonte dos gnaisses estudados ............................ 31
FIGURA 3.2 Frente de lavra do granito Casablanca ............................................................. 32
FIGURA 3.3 Placa do granito Casablanca ............................................................................ 32
FIGURA 3.4 Frente de lavra do granito Juparaná Delicato ................................................... 33
FIGURA 3.5 Placa do granito Juparaná Delicato ................................................................. 33
FIGURA 3.6 Frente de lavra do granito Giallo Falésia .......................................................... 34
FIGURA 3.7 Placa do granito Giallo Falésia ......................................................................... 34
FIGURA 3.8 Fluxograma das atividades envolvidas na pesquisa ........................................ 36
FIGURA 3.9 Vista exterior da câmara de ensaio cíclico com névoa salina (a) e do gabinete
interno com amostras suspensas por fios de nylon (b) ................................................... 40
FIGURA 3.10 Detalhes do equipamento utilizado para medir a condutividade térmica
...................................................................................................................................... 46
FIGURA 4.1 Delimitação e subdivisão da Proncia Borborema(Trompette,1994)...................49
FIGURA 4.2 Localização da Província Borborema no Brasil (Schobbenhaus & Campos,
1984) ............................................................................................................................ 50
FIGURA 4.3 O Domínio Ceará Central limitado a SE pela ZCO-Orós e ZCA-Aiuába (Arthaud
et al., 1998) a ............................................................................................................... 52
FIGURA 4.3 O Domínio CeaCentral limitado a SE pela ZCSP-Senador Pompeu (Fetter,
1999) b ......................................................................................................................... 52
FIGURA 4.4 Localização de blocos Arqueanos identificados no Ceará (em vermelho). O
Maciço de Tróia - (TM) é localizado nos blocos tectônicos de Mombaça e Santa
Quitéria (Fetter, 1999). PB Bloco Tróia-Pedra Branca e Mo Bloco Mombaça
....................................................................................................................................... 54
FIGURA 4.5 Esboço da Geologia Regional de Pedra Branca (baseado no mapa geológico do
Ceará, escala 1:500.000 – Cavalcante et al., 2003) .................................................. 56
FIGURA 4.6 Zona do contato entre o Casablanca e Juparaná Delicato (a e b) .................... 61
FIGURA 4.7 Mapa geológico da área simplificado e modificado de Zanibone & Moacir, 2001
...................................................................................................................................... 62
FIGURA 4.8 Diagrama de foliação das áreas estudadas ...................................................... 66
FIGURA 4.9 Diagrama de roseta das áreas estudadas........................................................67
FIGURA 4.10 Gráfico com resultado de datação obtido a partir de monazita para o gnaisse
Casablanca (Fetter, 1999)..............................................................................................68
FIGURA 4.11 Gráfico com resultado de datação obtido em rocha localizada nas
proximidades da jazida do granito Casablanca (Fetter, 1999) ..................................... 69
FIGURA 5.1 Fotografia de placa pétrea (40 x 40cm) assentada. Em detalhe estrutura
xenolítica de anfibolito (provavelmente pertencente à Unidade Tróia) imersa em matriz
quartzo-feldspática do Granada biotita muscovita gnaisse (Casablanca)
....................................................................................................................................... 72
FIGURA 6.1 Valores Médios da Massa Específica Aparente Seca medidos em
diferentes tempos de exposição .................................................................................... 91
FIGURA 6.2 Valores Médios da Porosidade Aparente medidos em diferentes tempos de
exposição .............................................................................................................................. 92
FIGURA 6.3 Valores médios de Absorção D’Água medidos em diferentes tempos de
exposição .............................................................................................................................. 93
FIGURA 6.4 Resistência à Compressão após 360 horas de exposição à névoa salina
.......................................................................................................................................... 96
FIGURA 6.5 Resistência à Compressão após 720 horas de exposição à névoa salina
......................................................................................................................................... 97
FIGURA 6.6 Resistência à Compressão após 1080 horas de exposição à névoa salina
.......................................................................................................................................... 98
FIGURA 6.7 Valores de desgaste medidos em diferentes tempos de exposição à névoa
salina ..............................................................................................................................100
FIGURA 6.8 Propagação de ondas ao natural e após 360 horas de exposição à névoa salina
........................................................................................................................................103
FIGURA 6.9 Propagação de ondas ao natural e após 720 horas de exposição à névoa salina
....................................................................................................................................... 104
FIGURA 6.10 Propagação de ondas ao natural e após 1080 horas de exposição à névoa
salina ............................................................................................................................. 104
FIGURA 6.11 Medida de brilho ao natural e após 360 horas de exposição à névoa
salina ............................................................................................................................ 106
FIGURA 6.12 Medida de brilho ao natural e após 720 horas de exposição à névoa
salina .............................................................................................................................. 107
FIGURA 6.13 Medida de brilho ao natural e após 1080 horas de exposição à névoa
salina ...............................................................................................................................108
FIGURA 6.14 Velocidade de propagação de ondas antes e depois do ensaio de alteração
acelerada ....................................................................................................................... 111
FIGURA 6.15 Dilatação Térmica Linear antes e depois do ensaio de alteração acelerada
.................................................................................................................................... 112
FIGURA 6.16 Placas do Gnaisse Casablanca com as respectivas demarcações dos pontos
de leitura ..................................................................................................................... 114
FIGURA 6.17 Placas do Gnaisse Juparaná Delicato com as respectivas demarcações dos
pontos de leitura ......................................................................................................... 115
FIGURA 6.18 Placas do Gnaisse Giallo Falésia com as respectivas demarcações dos pontos
de leitura ..................................................................................................................... 115
FIGURA 6.19 Valores de tp nas diferentes áreas da placa do Gnaisse Casablanca ..........119
FIGURA 6.20 Valores de tp nas diferentes áreas da placa do Gnaisse Juparaná Delicato 119
FIGURA 6.21 Valores de tp nas diferentes áreas da placa do Gnaisse Giallo Falésia .......119
FIGURA 6.22 Amostras dos gnaisses Casablanca, Delicato e Falésia onde foram realizadas
as medidas de dureza e brilho para determinação do índice de alterabilidade (Placas
5cm x 5cm x 5cm) ...................................................................................................... 121
FIGURA 6.23 Curva de distribuição da dureza Knoop para o gnaisse Casablanca.............123
FIGURA 6.24 Curva de distribuição da dureza Knoop para o gnaisse Delicato...................123
FIGURA 6.25 Curva de distribuição da dureza Knoop para o gnaisse Falésia.................... 124
FIGURA 6.26 Amostra do gnaisse Falésia antes e após exposição à névoa salina,
podendo-se observar o aumento da oxidação preexistente ..................................... 125
FIGURA 6.27 Mudanças no peso do gnaisse Casablanca após ensaio de alteração
acelerada .................................................................................................................... 126
FIGURA 6.28 Mudanças no peso do gnaisse Juparaná Delicato após ensaio de alteração
acelerada .................................................................................................................... 126
FIGURA 6.29 Mudanças no peso do gnaisse Giallo Falésia após ensaio de alteração
acelerada .................................................................................................................... 127
FIGURA 6.30 Resíduo de filtragem da 4ª lavagem contendo pequenas placas (ou lascas) de
biotita, muscovita e hidróxidos de ferro, além de grãos de feldspato e quartzo
.................................................................................................................................... 127
FIGURA 6.31 Controle da remoção do sal presente no interior das amostras por meio da
medida de condutividade das águas de lavagem ............................................................... 128
ÍNDICE
DAS
PRANCHAS
PRANCHA 5.1 (1) e (2) Placas polidas do Gnaisse Casablanca, mostrando leitos
descontínuos. Fotomicrografias do Gnaisse Casablanca. Nicóis paralelos e cruzados.
(3,4) Porfiroblasto de granada, com forma anedral, apresentando intenso fraturamento.
(5,6) Micas cisalhadas, mostrando localmente o sentido do deslocamento, e
encurvamento de “cordões” das mesmas. (7,8) Grão de quartzo com forma hexagonal,
característica de dinâmica estática .............................................................................. 74
PRANCHA 5.2 Fotomicrografias do Gnaisse Casablanca. Nicóis paralelos e cruzados.
(11,12) Microclínio mesopertítico parcialmente sericitizado com inclusões de
plagioclásio de núcleo sausuritizado. (13,14) Muscovita e plagioclásio encurvados,
apresentando extinção ondulante característica de um primeiro estágio deformacional.
(15,16) Concentrações de muscovita lineares, descontínuas, com espessuras
milimétricas e mostrando uma certa isorientação. Mosaico granoblástico interlobado a
poligonal, composto a partir de intercrescimento do quartzo........................................ 75
PRANCHA 5.3 Fotomicrografias do Gnaisse Delicato. Nicóis paralelos e cruzados. (1,2)
Placas polidas exibindo microleitos descontínuos a lineares biotíticos-muscovíticos,
além de porções quartzo-feldspáticas de aspecto pegmatóide................................... 79
PRANCHA 5.4 Fotomicrografias do Gnaisse Delicato. Nicóis paralelos e cruzados. (9)
Albita com forma anédrica e dimensão maior, exibindo fratura preenchida com quartzo.
(10) Feldspato com sericita e lamelas de muscovita. (15) Albita exibindo manteamento
com núcleo mais rico em cálcio ................................................................................... 80
PRANCHA 5.5 – (1,2) Placas polidas do Gnaisse Falésia exibindo concentrações lineares de
minerais micáceos com espessuras milimétricas. Fotomicrografias com nicóis paralelos
e cruzados. (6) Cristalização de grãos hexagonais de quartzo por alívio de pressão. (7)
Muscovita dobrada exibindo extinção ondulante resultante de esforço........................ 86
PRANCHA 5.6 – Fotomicrografias do Gnaisse Falésia. Nicóis paralelos e cruzados. (9)
Muscovitização da biotita, evidência de retrometamorfismo. (11) Muscovita, biotita e
granada compondo textura lepidoblástica. (15)Plagiocásio alterado apresentando
inclusão de quartzo ...................................................................................................... 87
ÍNDICE
DE
TABELAS
TABELA 3.1 Número de corpos-de-prova (CPs) utilizados, in natura e depois de exposição
contínua à névoa salina, em ensaios comparativos de caracterização tecnológica
....................................................................................................................................... 38
TABELA 5.1 Síntese dos dados petrográficos referentes ao Granada-biotita muscovita
gnaisse (Casablanca) ................................................................................................... 77
TABELA 5.2 Síntese dos dados petrográficos referentes ao Granada-muscovita biotita
gnaisse (Juparaná Delicato) ......................................................................................... 82
TABELA 5.3 Síntese dos dados petrográficos referentes ao Granada-muscovita biotita
gnaisse (Giallo Falésia) ................................................................................................ 88
TABELA 6.1 Valores de condutividade térmica (κ) dos gnaisses estudados ..................... 116
TABELA 6.2 Resultados da dureza Knoop .......................................................................... 121
TABELA 6.3 Resultados da análise química da água destilada e água de lavagem das
amostras de rocha ...................................................................................................... 129
TABELA 6.4 Valores de brilho para os gnaisses Casablanca, Delicato e Falésia antes e após
ensaio de alteração acelerada ................................................................................... 130
TABELA 6.5 Valores de microdureza Knoop para os gnaisses Casablanca, Delicato e
Falésia antes e após ensaio de alteração acelerada ................................................. 131
TABELA 6.6 Cálculo do índice de alterabilidade para os gnaisses Casablanca, Delicato e
Falésia ........................................................................................................................ 131
ÍNDICE
DOS
QUADROS
QUADRO 2.1 Métodos e ensaios de durabilidade das rochas ...............................................9
QUADRO 2.2 Valores médios de poluentes atmosféricos da orla de Fortaleza em 2003.... 28
QUADRO 4.1 Coluna Estratigráfica Proposta para Área ..................................................... 57
Resumo xiii
RESUMO
Nesta pesquisa procurou-se simular as condições de atmosfera quimicamente
agressiva (atmosfera marinha) por meio da exposição dos gnaisses Casablanca,
Juparaná Delicato e Giallo Falésia em duas distintas câmaras climáticas de voa
salina, que permitiram a realização de ensaios do tipo contínuo e cíclico. Os ensaios
tecnológicos de controle e as análises realizadas visaram à compreensão e
interpretação das alterações observadas ao final dos respectivos tempos de
exposição. Para escolha das propriedades tecnológicas avaliadas foram
considerados os graus de influência e/ou de dependências no processo de alteração
das rochas, bem como o espaço físico da câmara que delimitou as dimensões das
amostras que foram expostas e o número de corpos-de-prova que foi ensaiado. No
ensaio contínuo foi utilizada a câmara Modelo Bass USC com a temperatura mantida
em (35±2)°C, a pressão de ar comprimido em 70 KPa e a solução de ensaio a 5%
de NaCl com pH entre 6,5 e 7,2. O acervo exposto nesta mara salina
compreendeu então 73 (setenta e três) corpos-de-prova representando os três
gnaisses que foram retirados ao final de 360, 720 e 1080 horas de exposição para
realização de ensaios tecnológicos de controle, com a finalidade de monitorar
qualitativamente as alterações ocorridas durante os respectivos períodos de
exposições. No ensaio cíclico foi utilizada a câmara Modelo BASS MP-GS-01/2004,
tendo sido composto por 30 ciclos onde foram alternadas 6 horas de névoa salina
com 12 horas de secagem para cada ciclo concluído. Para este ensaio a
temperatura foi mantida em (45)°C, a pressão de ar comprimido em 70 KPa e a
solução de ensaio a 10% de NaCl com pH entre 6,5 e 7,2. O acervo exposto
compreendeu 18 (dezoito) corpos-de-prova na forma de cubos com 5cm de arestas,
representando os gnaisses Casablanca, Delicato e Falésia. Estas amostras foram
retiradas ao completar 15 ciclos, para inspeção visual e registro fotográfico, e ao final
de 30 ciclos, para pesagem em balança semi-analítica e avaliação das alterações
ocorridas durante o respectivo período de exposição. As duas abordagens de ensaio
acelerado, tanto contínuo quanto cíclico, permitiram concluir que os três gnaisses em
estudo sofreram alteração com redução do brilho e perda de massa, quando
Resumo xiv
expostos à atmosfera salina. Essa última tem reflexo direto na diminuição da
resistência mecânica dessas rochas, como um todo. Dentre os três litotipos
estudados o Falésia foi aquele que sofreu mais evidente processo de alteração,
conseqüência do seu intemperismo natural e sistema poroso mais favorável a
percolação do spray salino e cristalização dos sais. Os resultados obtidos permitem
inferir que neste estudo o processo de degradação física foi mais evidente; as
amostras intempericamente alteradas responderam mais rapidamente aos ataques
de degradação; a susceptibilidade dos gnaisses a alteração foi determinada por dois
fatores, a porosidade, que tem controle sobre a forma de penetração da solução
salina e quantidade de sal que migra para o interior da rocha, o que influencia no
nível de pressão de cristalização exercida na mesma e a dimensão dos grãos (média
a grossa), que aumenta a susceptibilidade à degradação na presença de sal.
Abstract
xv
ABSTRACT
In this research, aggressive atmosphere conditions (marine atmosphere) were
simulated using three commercial rock types (Casablanca, Delicato and Falésia).
The gneisses were located in two different saline mist weathering chambers that
operating in continuous and cyclical tests process type. The technological tests for
control and analyses allowed the understanding and interpretation of the observed
weathering processes after respective time of exposition of the stone. The choice of
technological properties was guided by the influence and/or dependence degree of
weathering processes with the saline chamber dimensions (influence on size and
number of samples). The continuous test method have used a chamber Model Bass
USC with the temperature kept in (35±2)°C, the air pressure compressed in 70 KPa
and the saline solution (5% of NaCl) with pH values between 6.5 and 7.2. In that
test, the gneisses were represented by 73 (seventy three) samples in the chambers
that had been removed at the end of 360, 720 and 1080 hours of exposition hours to
the control technological tests, in order to monitoring alterations occurred during the
respective exposition. The cyclical test have used chamber Model BASS MP-GS-
01/2004. For this test, the samples passed by 30 cycles alternated with saline mist
for 6 hours and 12 hours of drying for each concluded cycle. The temperature was
kept in (40±5) °C, the air pressure compressed in 70 KPa and the saline solution
(10% of NaCl) with pH between 6.5 and 7.2. In that test the gneisses were
represented by 18 (eighteen) 5 cm cubic samples in the chambers. These samples
had been removed after completing 15 cycles, for visual inspection and photographic
register. After 30 cycles, the samples have been weighed in analytical scale and
evaluated alterations during the respective exposition period. The two chosen ways
(continuous and cyclic accelerated tests) allow concluding that the rocks in study
showed loss of mass and brightness, after exposed to saline atmosphere. That fact
brings consequences as reductions of mechanic resistance of these rocks, as a
whole. Amongst the three studied rock types the Falésia had more evident
weathering, mainly because of the previous weathering state and favorable porosity
system for salt percolation and crystallization. The results indicate that, in this study,
the process of physical degradation was most evident. The naturally weathered
Abstract
xvi
samples have shown faster results when exposed to aggressive atmosphere. For the
analyzed rocks, the weathering tendencies were determined by two main factors: the
porosity, that influenced the percolation mode of the saline solution and amount of
salt that moves towards inside the rock, what influences in the level of crystallization
pressure exerted in same and the grain size (in this case, medium and coarse) that
increase degradation susceptibility in salt presence.
Introdução 1
INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A utilização da pedra remonta à história da humanidade, quer de forma
rudimentar quer em grandes construções, prevalecendo nestas últimas seu uso com
funções estruturais. Na atualidade, sua utilização se faz predominantemente como
revestimento, na busca da durabilidade e agregação de valor estético aos
empreendimentos.
Durante a dominação romana, grandes edificações foram construídas
utilizando principalmente calcários e em menor escala rmores e arenitos, por
serem os litotipos mais representativos da ambiência geológica até então conhecida,
e por oferecerem melhores condições de manuseio, permitindo, no caso dos
calcários jurássicos, melhores detalhes de cantaria rendilhados.
Estas edificações resistiram à ação destruidora do tempo, tendo perpetuado a
história da humanidade. No entanto, um expressivo aumento na deterioração das
estruturas de nossas heranças arquitetônicas tem sido observado durante o último
século, mais concretamente após o desenvolvimento da atividade industrial. Toda a
atmosfera gasosa poluente imprime ação nefasta quando, reagindo em meio úmido,
acidifica as águas das chuvas que lixiviam elementos constitutivos (minerais,
elementos químicos componentes, etc.) dos monumentos expostos às intempéries.
A proteção dessa herança arquitetônica tem importância cultural e histórica,
como também substancial valor econômico. Grande soma de recursos vêm sendo
empregada pelo mundo inteiro nas medidas de prevenção e recuperação dos
monumentos e construções históricas. Surgiu à necessidade da otimização dos
procedimentos de análises de deteriorações, o controle de seus processos, além do
desenvolvimento de sistemas de monitoramento e previsão de deteriorações.
As décadas passadas tiveram um nível de pesquisas sem precedente nesta
área, no entanto dificuldades residem no fato de tratarem em sua maioria de rochas
de composição carbonáticas, por serem as constituintes mais comuns das grandes
Introdução 2
edificações históricas. No entanto, as edificações mais recentes são revestidas por
diferentes tipos de rochas, predominando às denominadas “graníticas”, cujos
processos de alteração são igualmente importantes, tanto do ponto de vista
econômico quanto
de segurança dessas edificações.
A proteção que os revestimentos exercem, segundo Flain (1997), está
associada à durabilidade da rocha e do componente de fixação, servindo de escudo
contra a ação dos agentes agressivos que atuam na superfície e estrutura das
edificações.
No contexto de aplicação como revestimento de interiores e exteriores, as
rochas devem atender aos seguintes requisitos de qualidade para apresentar um
bom desempenho: alta resistência ao intemperismo e aos agentes químicos
agressivos quando usada em revestimentos de exteriores; baixa capacidade de
absorção de líquidos para evitar manchamentos e deteriorações; baixa dilatação
térmica para garantir a estabilidade do revestimento; baixa condutividade térmica
para promover conforto térmico; alta resistência à flexão para suportar a ação dos
ventos e boa resistência ao desgaste para serem usadas como piso.
Os materiais rochosos usados como revestimentos de edificações tendem a
se modificar e deteriorar, naturalmente, com o tempo. Esse processo pode ser
acelerado em condições climáticas agressivas, a exemplo da atmosfera de
Fortaleza, responsável por prejuízos causados na rede de energia, em
equipamentos eletro-eletrônicos, alvenarias, estruturas metálicas e de concreto, e
nos diversos tipos de revestimentos, através do processo de corrosão atmosférica.
Historicamente, a classificação do ambiente atmosférico está baseada na
localização geográfica e nos poluentes atmosféricos associados entre si que
contribuem para suas relativas corrosividades. Sendo assim, um ambiente marinho é
caracterizado pela proximidade em relação ao oceano e, conseqüentemente, pela
atmosfera salina que pode produzir danos severos de corrosão nos diversos
materiais, acelerando a deterioração dos sistemas de revestimentos cuja função
básica corresponde à proteção, e no caso específico das rochas ornamentais
também a função estética que é considerada de relevante importância.
Introdução 3
O principal responsável pela atmosfera marinha corrosiva é o cloreto (Cl
-
), íon
derivado de cloreto de sódio, soprado pelos ventos no sentido do oceano para o
continente. Se for acrescido o fato de se tratar de uma área urbana teremos que
considerar, ainda, outros contaminantes como o SO
2
, CO
2
, materiais particulados
liberados pelos automóveis, e menos freqüentemente fuligem das chaminés
domésticas.
A presença simultânea, na atmosfera contaminada, do (Cl
-
) e demais
elementos, tem um efeito sinergético na degradação das rochas e monumentos. O
SO
2
deixa como vestígio as crostas negras tão típicas nos monumentos construídos
com rochas calcárias e que são encontradas, também, nos revestimentos de
edifícios com placas dos mais diferentes tipos de rochas. O CO
2
é um componente
do ar atmosférico, mas quando presente em excesso devido à queima de madeira,
carvão, papel e outros materiais, impede que parte do calor terrestre seja irradiado
prontamente para o espaço, devido à absorção da radiação infravermelha, sendo
responsável pelo efeito estufa. Os particulados são partículas sólidas (poeiras) ou
líquidas (gotículas) que permanecem em suspensão no ar e perfazem cerca de 5%,
em peso, dos poluentes atmosféricos, sendo constituídas de sais de sulfato, gotas
de ácido sulfúrico, sais de metais (chumbo ou óxidos de ferro), poeira de partículas
finamente divididas de carbono ou sílica entre outros.
O resultado das reações entre estes contaminantes é danoso para os
materiais pétreos, provocando em alguns casos o colapso total dos mesmos. Daí a
necessidade de conhecermos os mecanismos de atuação destes componentes
atmosféricos, como forma de subsidiar o planejamento de medidas preventivas e/ou
de recuperação desses materiais.
O objetivo deste estudo experimental, desenvolvido por meio da simulação da
ação de atmosfera marinha em rochas graníticas, é tentar prever as deteriorações
destes materiais nesta situação específica de uso, associando a questão da
durabilidade aos critérios de escolha dessas rochas.
Ressalta-se que este trabalho es focado, tão somente, no avanço do
conhecimento das rochas graníticas utilizadas como rochas ornamentais, em
resposta a uma demanda atual da sociedade. Outrossim, acredita-se que somente
Introdução 4
estudando profundamente os processos de evolução dos materiais e os mecanismos
que os governam poderá obter-se, além do conseguinte avanço no conhecimento
científico, objetivo prioritário em todo trabalho de pesquisa, uma base sólida que
permitirá a tomada de decisões com certa garantia de êxito.
1.2 OBJETIVO E JUSTIFICATIVAS
Este trabalho tem como objeto de investigação o comportamento de rochas
de revestimento expostas em ambientes litorâneos com a finalidade de obter
informações quanto à alterabilidade potencial das mesmas, ocasionada pela ação
dos principais agentes intempéricos que compõem estas atmosferas.
Nesta pesquisa foi levada em consideração a alteração na resistência
mecânica da rocha, a redução de brilho, mudanças na velocidade de ondas ultra-
sônicas, variações na porosidade e absorção, perda de massa e as modificações
químicas ocasionadas.
A agressividade da atmosfera de Fortaleza, responsável por prejuízos
causados em redes aéreas de distribuição de energia, alvenarias/estruturas e rochas
ornamentais aplicadas em edificações motivou o desenvolvimento desta pesquisa
(Figuras 1.1, 1.2, 1.3 e 1.4).
Pesquisas realizadas pela Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial -
NUTEC apontam o cloreto como o poluente atmosférico comum que mais se
destaca, em valores relativos e absolutos, em quase toda a área do Estado do
Ceará.
Dados obtidos na região praiana da “Cofeco” (localizada à 20km do centro de
Fortaleza) e na “Praia do Futuro” (localizada à 10km do centro de Fortaleza) durante
o período compreendido entre os meses de fevereiro a junho, período de chuva e de
menor velocidade dos ventos, registraram valor médio de 1.500 mg.Cl/m
2
.dia, e no
decorrer do intervalo dos meses de julho a janeiro, o valor médio de 3.500
mg.Cl/m
2
.dia. O projeto de Norma ISO DP 9223 estabelece um limite máximo de
classificação de salinidade S3 entre 300 mg.Cl/m
2
.dia <
<<
< S3
1.500 mg.Cl/m
2
.dia.
Introdução 5
Assim, os valores encontrados na “Cofeco” e “Praia do Futuro” são muito superiores
aos normalizados, durante parte do ano.
Considerando os dados meteorológicos de: umidade relativa média mensal no
ano, em torno de 75-80%; temperatura média mensal no ano, entre 27-30ºC; e as
médias mensais de 250 horas de insolação durante todos os meses do ano, teremos
um somatório de condições favoráveis ao desenvolvimento dos processos que
provocam a corrosão pela exposição atmosférica.
Conforme mencionado anteriormente, na literatura corrente é encontrado farto
número de trabalhos abordando a deterioração das rochas carbonáticas (mármores
e calcários) por terem sido os materiais rochosos mais abundantemente utilizados no
passado.
Relativamente às rochas graníticas, poucos são os estudos realizados, a
maioria delas ainda não reproduzindo ou investigando detalhadamente os
mecanismos geoquímicos das deteriorações mais comuns destes litotipos, sendo
este outro fator que contribuiu para o desenvolvimento desta pesquisa.
Figura 1.1
Efeito da corrosão num
pilar de sustentação, em concreto,
de edificação localizada na Praia do
Futuro.
Figura 1.2
Efeito da corrosão
numa laje de concreto da mesma
edificação.
Introdução 6
Figura 1.3 Escamação em placa granítica, assemelhando-se a uma
espécie de corrosão superficial (peitoril da janela). Apartamento
localizado na Avenida Beira Mar em Fortaleza-Ce.
Figura 1.4 Revestimento externo em prédio, localizado na Avenida
Beira Mar (Fortaleza-Ce), apresentando surgimento de manchas
ferruginosas esparsas, devido a provável oxidação de minerais máficos.
Referencial Teórico
7
REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 ESTADO DA ARTE
As publicações referentes à degradação de rochas ornamentais são frutos de
estudos interdisciplinares que buscam explicar a causa específica de degradação
pelo meio, compreendendo o efeito do sinergismo do agente degradante, evidente
no produto de alteração de um material lapídeo.
Estas pesquisas podem ser enquadradas em três categorias principais:
Métodos indiretos: baseiam-se nas características petrofísicas para deduzir
a durabilidade de uma rocha, considerando também os fatores ambientais
que atuam sobre a mesma. Assim, a composição, textura, sistema poroso e
determinadas propriedades físicas, especialmente as hídricas, constituem
pontos de apoio que contribuem para a previsão da alterabilidade de um
material rochoso;
Métodos comparativos: deduzem o comportamento de um material pétreo a
partir do conhecimento prévio que se tem do mesmo ou de outro de
características similares. Os diferentes níveis de degradação observados
em monumentos e edifícios históricos, expostos aos agentes de alteração
ao longo dos anos e em ambientes e climas distintos, constituem um bom
indicador da durabilidade real desses materiais sob diversas circunstâncias,
podendo ser tomados como pontos de referência para outros materiais
idênticos ou similares.
Métodos experimentais: em alguns casos, além da caracterização
petrofísica e das referências prévias, é conveniente recorrer a ensaios de
laboratório, onde as amostras de rocha devem ser submetidas ao ensaio de
“envelhecimento artificial acelerado” ou, “ensaio de durabilidade” ou de
“alteração acelerada”, ou, ainda, ensaio acelerado de corrosão” como o
normalmente conhecidos e diferentemente denominados.
A maioria dos estudos se situa na primeira categoria, métodos indiretos. Estes
têm uma notável importância por que constituem a base na qual se fundamenta a
Referencial Teórico
8
hipótese relativa ao mecanismo de degradação, mas somente quando contém dados
precisos relativos ao contexto no qual o material se alterou após sua aplicação final,
porém nem sempre é o que se obtém.
Um número muito restrito de estudos se enquadra na segunda categoria isto
é métodos comparativos ou de avaliação in situ; a maior parte dessas pesquisas é
limitada ao monitoramento dos parâmetros atmosféricos, como clima de degradação,
transformando-se num instrumento útil somente para a situação/ou caso em que foi
aplicado com a finalidade de compreender a troca atmosfera-material.
A terceira categoria de estudos, relativa aos métodos experimentais ou testes
de degradação artificial, tem mostrado nos últimos anos um certo avanço, graças a
uma série de programas de pesquisa envolvendo diversos países, promovidos pela
Comunidade Econômica Européia - CEE e outros organismos internacionais.
Os ensaios de degradação artificial (ou alteração acelerada) funcionam como
apoio aos diagnósticos de durabilidade das rochas que tentam prever ou avaliar o
comportamento das mesmas quando aplicadas, com o objetivo de evitar uma
degradação prematura.
De um modo geral, estes ensaios são interpretados em termos comparativos,
sendo ainda difícil estabelecer as funções de transferência dos comportamentos em
laboratório para a vida real.
O objetivo final de todo estudo de durabilidade é, em último caso, a avaliação
do desempenho das rochas empregadas em edificações, considerando suas
funções dentro da obra, durante um longo período de tempo sem que as mesmas
apresentem mudanças inaceitáveis de aparência, propriedades ou perda de sua
integridade física.
O Quadro 2.1 resume os métodos e ensaios mais utilizados para avaliar a
durabilidade das rochas.
Referencial Teórico
9
Quadro 2.1 – Métodos e ensaios de durabilidade das rochas
1- Indiretos:
- Caracterização petrofísica
2- Comparativos:
- Comparação de deterioração
3- Experimentais (ensaios de durabilidade):
- Em tempo real: exposição à intempérie.
- Acelerados: ensaios de envelhecimento artificial
- Básicos:
Ciclos de umedecimento e secagem
Ciclos de congelamento e degelo
Ciclos de cristalização de sais
- Atmosferas controladas:
Atmosferas contaminadas
Névoa salina
Chuva ácida
- Outros:
Ataque com soluções agressivas
Exposição à radiação ultravioleta
Desmoronamento
Ciclos térmicos
Ensaios combinados
No âmbito de um projeto prioritário da Comissão Européia, sobre Ciência e
Tecnologia ao Serviço do Meio Ambiente, foram desenvolvidas pesquisas cujo
objetivo principal foi a proteção e conservação do Patrimônio Cultural Europeu. O
estudo do comportamento dos materiais pétreos, utilizados como rochas
ornamentais e de construção, vem desde então contribuindo para a manutenção e
Referencial Teórico
10
restauração do Patrimônio Histórico Mundial, além de fornecer subsídios para o
conhecimento e utilização adequados desses materiais na atualidade e finalmente
para o avanço científico da ciência dos materiais.
A especialização dos pesquisadores engajados no projeto Protection and
Conservation of European Cultural Heritage-STEP-CT-90-0101, foi diversificada de
forma que trabalhou um grupo multidisciplinar composto por espanhóis, franceses e
portugueses buscando atender a complexidade envolvida nestas pesquisas.
Dentre as publicações resultantes desse trabalho conjunto, será dado maior
destaque, aqui, às pesquisas em que foram abordados os comportamentos dos
materiais pétreos em ambientes distintos, principalmente aquelas que retrataram
alterações de rochas graníticas em atmosferas agressivas.
Rivas et al (2003) estudaram o comportamento de cinco granitos do NW da
Espanha submetidos à exposição em câmara de névoa salina, sob condições de
atmosfera controlada. Foram utilizadas como solução o cloreto de sódio e água do
mar, revelando ao final diferentes morfologias de alteração para cada uma. Em
ambos os testes, os íons mais abundantemente encontrados foram Cl
-
e Na
+
.
Contudo, obviamente nas amostras ensaiadas com água do mar outros íons
estavam presentes, modificando a solubilidade do NaCl e, por conseguinte, sua
mobilidade e seus efeitos deteriorantes. Verificaram que a perda de peso das
amostras expostas ao NaCl foi bem mais expressiva do que para aquelas expostas
a água do mar, e que para o primeiro a perda de peso foi contínua durante todo o
teste, enquanto para o segundo houve ligeiro e prolongado aumento de peso,
decrescendo um pouco somente ao final do teste. Os mapas obtidos com SEM-
EDAX (Scanning Electron Microscopy and Energy Dispersive Analyses X-Ray) e as
análises de sais solúveis revelaram níveis mais altos dos íons cloro e sódio em
maior profundidade para as amostras expostas à água do mar e em menor
profundidade para aquelas expostas à solução salina. Isto se deveu à diminuição da
solubilidade do NaCl, na presença de outros íons, reduzindo a mobilidade do cloro e
sódio e conseqüentemente dificultando o acesso, dos mesmos, de volta à superfície,
o que explica o aumento inicial de peso nas amostras. Estes autores verificaram,
também, que as amostras expostas ao NaCl apresentaram preferencialmente
alteração por desagregação granular, enquanto as expostas à água do mar
Referencial Teórico
11
apresentaram desagregação granular vinculada à formação de pequenas lascas ou
destacamentos, semelhantes aos observados em ambientes naturais de zonas
costeiras.
Cardell et al (2003) também realizaram testes de envelhecimento artificial com
névoa salina (água do mar) procurando simular os efeitos produzidos em granitos e
rochas sedimentares sob condições ambientais costeiras. Análise microestrutural e o
estudo de secções delgadas revelaram que os destacamentos foram causados
exclusivamente por processos físicos de cristalização e dissolução dos sais. Esses
sais se cristalizaram em fissuras pré-existentes e exerceram pressões maiores do
que a resistência do material, provocando o surgimento de novas fissuras e aumento
na porosidade. Por fim, constataram que a susceptibilidade dessas amostras de
granitos à alteração foi determinada por três fatores: a porosidade, a dimensão dos
grãos e o sistema de poros das rochas.
Cooper et al (1991) estudaram rochas de diferentes durabilidades aplicadas
no Trinity College de Dublin, onde o calcário de Portland é utilizado somente no
contorno das janelas enquanto o resto do edifício é revestido em granito. Este último
mostra, contrariamente a todas as previsões, uma considerável degradação
localizada, sobretudo quando associado ao calcário. Para analisar este fenômeno
em laboratório foram postos corpos-de-prova destes materiais numa câmara
climática com spray ácido durante três meses, com alternância de ciclo seco e úmido
procurando reproduzir a atmosfera local. As amostras foram colocadas, ora isoladas
ora agrupadas, de modo que o produto da lixiviação da rocha carbonática
escorresse sobre o granito numa simulação do que aconteceu no referido edifício.
Foi observado que as chuvas ácidas provocavam a dissolução do calcário
depositando sobre a superfície do granito o produto desta dissolução. Ao final deste
ciclo iniciava-se a evaporação (ciclo seco) e os sais cristalizavam provocando
desagregação nos corpos de prova graníticos devido à pressão de cristalização
exercida nas paredes dos poros.
Azzoni et al (1992) compararam o resultado da degradação em amostras, de
diorito e mármore, submetidas a diversos ensaios acelerados: ensaio em câmara
climática de névoa ácida, ciclo de gelo-degelo, ensaio de envelhecimento acelerado
com raios ultravioleta e ensaio de cristalização por imersão total. Eles verificaram
Referencial Teórico
12
que todas as técnicas de degradação, com exceção da exposição ao raio
ultravioleta, produziram alterações irreversíveis nas rochas examinadas e que os
ensaios mecânicos são aqueles que melhor evidenciam tais degradações.
Trujillano et al (1994), submeteram três espécies de granitos ao ensaio de
cristalização salina, com sulfato de sódio e fosfato, segundo o procedimento padrão
e um outro modificado. O grau de decaimento atingido foi diferente para cada tipo de
rocha, variando de acordo com as suas propriedades petrofísicas, e foi quantificado
pelas mudanças na textura, cor e remoção de massa nas superfícies testadas. O
ensaio que obedeceu ao procedimento padrão provocou alterações nas superfícies
das rochas logo nos primeiros ciclos, enquanto o ensaio modificado inicialmente
conduziu a um baixo grau de decaimento, somente exibindo súbito e intenso
fissuramento a partir do 12º - 15º ciclos.
Marini (1994) verificou que a degradação dos materiais rochosos pode ser
avaliada quantitativamente com base na variação da resistência à flexão entre o
material in natura e alterado. Concluiu ainda que a variação do coeficiente de
embebição não é um indicador seguro de degradação, principalmente em se
tratando de rochas carbonáticas, uma vez que a transformação do carbonato em
sulfato provoca aumento de volume e muitas vezes diminuição da dimensão dos
poros. A pesquisa forneceu parâmetros padrões para ensaios de envelhecimento
acelerado, com a finalidade de avaliar a degradação dos materiais rochosos em
atmosferas industriais de climas frios, determinando 25 ciclos de gelo-degelo
acrescidos a 100-150 horas de exposição em câmara climática de névoa ácida.
No Brasil as pesquisas em degradação de rochas ornamentais ainda são
incipientes registrando-se um pequeno número de trabalhos em alteração acelerada
e, dentre estes, somente Frascá (2003) verificou a degradação de materiais
rochosos por meio de câmara climática.
Figueiredo et al (2001) determinaram um índice de alterabilidade para o
granito Rosa Iracema, baseado em ensaios cíclicos constituídos por um período de
10 minutos de insolação, seguido de arrefecimento/imersão em água por 5 minutos.
O ensaio foi executado a seco, utilizando água do mar e água deionizada,
evidenciando ao final o papel destrutivo das sucessivas ações de secagem e
molhagem alternantes. Os controles de decaimento foram, entre outros: refletância,
Referencial Teórico
13
variação do peso, composição química e pH da água de imersão. O índice de
alterabilidade (K), calculado com base nas perdas de peso e lixiviação química,
indicou, ao final do ensaio, a seqüência: K
água do mar
> K
água deionizada
> K
seco
.
Mesquita (2002) avaliou a alterabilidade dos granitos explorados na jazida do
Branco Ceará, através de ensaios de lixiviação contínua com extrator Soxhlet e de
resistência ao ataque químico, sendo as quatro variedades estudadas mais
intensamente atacadas pelas soluções à base de ácidos clorídrico e cítrico. No
ensaio de lixiviação contínua foram tomados como base para a análise da
alterabilidade os resultados dos índices físicos que mostraram deteriorações em
todas as amostras estudadas, sendo, no entanto, o Granito Clássico aquele que
sofreu maior degradação. Por fim concluiu que o comportamento das rochas
estudadas foi controlado diretamente pela conjugação dos aspectos composicionais,
texturais e estruturais das mesmas.
Frascá (2003) realizou estudos experimentais de alteração acelerada em
rochas graníticas mais comumente empregadas na construção civil, onde se
revelaram mais eficientes os ensaios de exposição à névoa ácida e salina além da
imersão parcial em ácido sulfúrico. Os resultados obtidos mostraram diferentes
susceptibilidades das rochas estudadas à deterioração, com formas e intensidades
variáveis (oxidação de minerais, eflorescências, escamações e outras) diretamente
relacionadas com suas propriedades intrínsecas e à situação simulada.
2.2 ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ACELERADA
No caso das atmosferas controladas, os materiais a serem ensaiados o
expostos no interior das maras, sob a ação de atmosferas artificiais com
características específicas que normalmente as tornam mais agressivas do que as
atmosferas naturais, com o objetivo de acelerar a deterioração desses materiais em
curto espaço de tempo.
Neste trabalho foram realizados ensaios acelerados cíclicos e contínuos em
câmaras climáticas de névoa salina, razão pela qual se descrevem a seguir
detalhamentos da metodologia dos mesmos.
Referencial Teórico
14
a
b
Exposição à Névoa Salina
O ensaio de durabilidade acelerado por exposição à névoa salina baseou-se
nas normas ABNT NBR 8094 (ABNT,1983b) e ASTM B117 (ASTM,1997).
Esse ensaio consiste da exposição de corpos-de-prova, em câmara de névoa
salina (salt spray), dispostos de forma a não entrarem em contato entre si. Os
corpos-de-prova devem ser posicionados, também, de forma a permitir o livre
acesso da voa aos demais, sem que haja gotejamento da solução escorrida de
um corpo-de-prova sobre outro. A área de contato entre o corpo-de-prova e seu
suporte deverá ser a menor possível (Figura 2.1 a e b).
A zona de exposição da câmara de ensaio deve ser mantida a uma
temperatura de (35±2)ºC e a pressão de ar comprimido, utilizado para a formação de
névoa salina, a um valor constante de 70KPa (Figura 2.2 a e b).
Figura 2.1. a e b – Vista do interior da câmara climática de ensaio contínuo em névoa salina
(Modelo Bass USC) exibindo corpos-de-prova suspensos por fios de nylon.
Referencial Teórico
15
Figura 2.2. – Vista da câmara climática de ensaio contínuo em névoa salina (a) e detalhe do painel
onde se tem o controle de temperatura, vazão de líquido e pressão de ar do bico pulverizador (b).
A solução aquosa de aproximadamente 5% de cloreto de sódio (NaCl) é
preparada pela dissolução de (50±5)g de cloreto de sódio num volume de água que
permita a obtenção de 1 litro de solução, à temperatura ambiente. A água utilizada
para a preparação da solução deve ser destilada ou desmineralizada. A solução de
ensaio deve ter seu pH entre 6,5 e 7,2 e ser filtrada, a fim de prevenir a obstrução
dos bicos de pulverização, devendo ser pulverizada uma única vez.
Os corpos-de-prova ficam permanentemente no interior da câmara, com
curtos períodos de interrupção do ensaio necessários para inspeção, rearranjo ou
remoção das amostras, bem como para suprimento da solução e outros ajustes. Os
períodos de interrupção devem ser computados na duração do ensaio, sendo
reduzidos ao mínimo de acordo com a programação operacional.
Os corpos-de-prova devem ser limpos após o ensaio, removendo-os da
câmara de ensaio cuidadosamente e lavando-os em seguida em água corrente à
temperatura inferior a 40ºC, a fim de eliminar os depósitos de sal da superfície. Ao
final deve-se proceder à secagem.
Após a secagem dos corpos-de-prova deve ser efetuada uma cuidadosa
avaliação das alterações, bem como realizada a fotodocumentação e registro em
planilha.
a b
Referencial Teórico
16
Na mara de atmosfera artificial com voa salina, a absorção e penetração
da solução no interior da amostra de rocha, por meio de seus poros, se processam
no primeiro minuto de exposição ao spray salino, sendo que posteriormente, durante
o ciclo de secagem, essa solução salina migra do interior da amostra para sua
superfície onde os sais são precipitados de acordo com a sua solubilidade.
2.3 MECANISMOS ATUANTES NA ATMOSFERA
A atmosfera é uma mistura de gases que formam uma camada de
aproximadamente 400km de espessura em torno da Terra. A camada inferior (16-
19km) é a parte mais importante em termos meteorológicos e de outros aspectos do
ciclo biogeoquímico, sendo que os últimos 600m constituem praticamente toda a
porção atmosférica da ecosfera.
Conforme Aires Barros (1991) os fatores ou agentes atmosféricos que atuam
diretamente nas rochas são:
- umidade: na forma de chuva, névoa ou como a própria umidade relativa do
ar;
- temperatura do ar: que pode acelerar as reações químicas;
- insolação e resfriamento noturno: que podem provocar a condensação do
vapor d’água existente na superfície da rocha ou afetar a taxa de deposição
e os fenômenos de evaporação;
- vento e energia cinética: que promovem ação abrasiva sobre as paredes;
- constituintes do ar e poluentes atmosféricos (gasosos e aerossóis):
condicionando as taxas de ataque químico.
Podem-se acrescentar, ainda, outros fatores como a temperatura da
superfície das amostras e o tempo de molhamento.
A atmosfera e seus componentes sólidos, líquidos e gasosos atuam sobre as
rochas para revestimento por meio de mecanismos físicos (umedecimento,
cristalização de sais e outros fenômenos provocados por variações do estado
higrométrico da atmosfera), químicos (desde sulfatação nas rochas carbonáticas a
fenômenos de hidrólise nas rochas granitóides, atuantes na superfície e no interior
Referencial Teórico
17
das rochas) e biológicos (ações químicas e/ou físicas promovidas por
microorganismos diversos: bactérias, algas, fungos, e liquens, musgo e mesmo
arbustos). Estes complexos mecanismos agregados nas categorias física, química e
biológica, por sua vez, o dependentes do tipo de deposição que ocorre sobre as
superfícies da placas de rocha podendo ser a úmido ou a seco.
Na deposição úmida os componentes da atmosfera atingem as edificações
carreados pela chuva, enquanto na deposição seca os componentes da atmosfera
normal ou contaminada atingem as edificações sob a forma de partículas, gases ou
aerossóis transportados por ação eólica.
A deposição úmida provoca uma brusca e sincopada deposição de poluentes
dissolvidos nas chuvas, enquanto a deposição seca é um processo mais lento,
porém mais contínuo. Esta última, por sua vez, é comandada pelos seguintes
fatores:
De dia o fluxo das partículas será maior nas partes mais frias das superfícies
expostas;
Quer as partículas, quer os fluxos gasosos aumentam quando se a
condensação à superfície e diminui quando ocorre a evaporação;
Se a superfície estiver úmida, haverá maior possibilidade de aderência das
partículas de colisão e de captura dos gases dissolvidos;
A natureza química da superfície é muito importante para o início e
prosseguimento do processo de reação;
A textura da superfície é muito importante. As superfícies rugosas promovem
maior deposição do que as superfícies lisas.
A poluição do ar é um fator atmosférico de extrema importância sendo um
assunto bastante complexo, pois os poluentes podem advir de diversas substâncias
químicas, existentes na forma de gases (aproximadamente 90%, em peso, dos
poluentes), líquidos (aerossóis) ou particulados. Podem ser lançados diretamente no
ar (poluentes primários) ou podem ser criados no ar (poluentes secundários), a partir
de outros poluentes sob a influência da radiação eletromagnética do sol.
Referencial Teórico
18
Os particulados ou aerossóis integram a lista dos elementos poluentes mais
prejudiciais para as rochas de revestimentos e constituem o foco central desta
pesquisa. Podem ser definidos como uma mistura de partículas suficientemente
pequenas dispersa na atmosfera sob a forma de sólidos ou de líquidos em gotas e
pode ser produto da nebulização de substância líquida ou sólida (spray marinho ou
tempestade de poeira) ou da condensação da fase gasosa (fumaça produzida pelas
indústrias). Os particulados em suspensão são constituídos de partículas muito
pequenas (variando de 0,005 µm até cerca de 100 µm), que podem ser
transportadas em suspensão até milhares de quilômetros do local de origem.
Assumem, ainda, importância relevante as pequenas diferenças espaciais
que criam gradientes entre a atmosfera e a rocha como também as variações
temporárias destes gradientes que criam processos de degradação relacionados
com os tempos de adaptação diferentes da atmosfera e da rocha. Deste modo
geram-se fluxos de calor e de vapor entre o ambiente e a rocha.
Muitas vezes são estes fluxos que favorecem ou impedem o depósito na
superfície de gases e partículas, que promovem o ingresso de vapores para o
interior das rochas, que facilitam migrações de sais, a formação de eflorescências,
microfraturas e a criação de condições adequadas ao desenvolvimento de
organismos diversos.
Na prática, o tempo de molhamento pode ser determinado a partir dos dados
meteorológicos de temperatura e umidade relativa. Este tempo seria o período em
que a umidade relativa é maior que 80% em temperaturas superiores a 0ºC. O valor
assim determinado pode ser utilizado para estimar o período de tempo cineticamente
decisivo durante o qual a degradação por atmosfera salina ocorre em ambientes
externos.
2.4 PARÂMETROS ATMOSFÉRICOS CONDICIONANTES NA REGIÃO
Ambiente Climático do Estado do Ceará
A grande extensão territorial da Região Nordeste (1.540.827 km
2
), o relevo
constituído por amplas planícies (baixadas litorâneas), por vales geralmente
inferiores a 500m, entre superfícies que se alçam, muitas vezes, a cotas de 800m
Referencial Teórico
19
nas serras da Borborema, Araripe, Ibiapaba e de 1.300m na Diamantina, adicionado
à conjunção dos diferentes sistemas de circulação atmosférica, tornam a
climatologia desta Região uma das mais complexas do mundo.
Esta complexidade não se traduz em grandes diferenciações térmicas, mas
reflete-se em uma extraordinária variedade climática, do ponto de vista da
pluviosidade, sem igual em outras regiões brasileiras.
Entretanto, apesar dos dois primeiros fatores acima citados exercerem papéis
importantes na climatologia da região Nordeste, sua complexidade decorre
fundamentalmente de sua posição geográfica em relação aos diversos sistemas de
circulação atmosférica. Até mesmo os demais fatores, tais como o relevo, a latitude,
a maior ou menor proximidade do litoral, agem sobre condições climáticas em
interação com os sistemas zonais e regionais de circulação atmosférica. As
correntes de circulação atmosféricas perturbadas são responsáveis por
instabilidades e chuvas na Região Nordeste.
Considerando-se o total de chuvas, a marcha estacional da precipitação e o
regime das secas, poucas regiões no mundo possuem tantas diversificações
climáticas quanto o Nordeste brasileiro. Sabe-se que uma parte importante desta
Região constitui o domínio de clima semi-árido, contudo, cerca de 50% de seu
território possui climas que vão do semi-árido ao superúmido, nos quais os períodos
secos decrescem em duração de 5 a 1 s apenas, e em algumas áreas o
acusam, normalmente, sequer um mês seco.
A circulação atmosférica, em geral, encontra-se regida pelos deslocamentos
das massas de ar, destacando-se no Estado, a Massa Equatorial Norte (mEn), a
Massa Equatorial Atlântica (mEa) e a Massa Equatorial Continental (mEc). São
também de representativa influência as penetrações da Convergência Intertropical
(CIT). Ressalta-se, ainda, a influência dos ventos alísios de NE (quentes e úmidos) e
os SE (quentes e secos), provocando nas áreas de convergência as
descontinuidades climáticas com grandes variações no Estado.
A combinação destes elementos com os fatores geográficos, tais como:
latitude, orientação do litoral em relação à corrente dos alísios, o relevo, a orientação
das serras, as baixas altitudes e o posicionamento do Estado com relação ao
Hemisfério Sul, caracterizam as condições climáticas vigentes no espaço em estudo.
Referencial Teórico
20
Estas são expressas por elevadas temperaturas, baixas amplitudes térmicas, baixos
índices de nebulosidades, forte insolação, elevadas taxas de evaporação e
principalmente, pela marcante irregularidade das chuvas no tempo e no espaço.
Foram considerados os dados climáticos e de coleta de poluentes
atmosféricos locais como parâmetros para fundamentação e discussão da pesquisa
em apreço.
Atmosfera Climática
As regiões semi-áridas, como o Nordeste brasileiro, são submetidas a
condições anômalas com períodos prolongados de seca.
A circulação atmosférica no Estado do Ceará é regida, basicamente, por três
sistemas sinóticos geradores de precipitação: as frentes frias, com sua formação
original no pólo Sul, a Zona de Convergência Intertropical, que oscila dentro da faixa
de trópicos e um Centro de Vorticidade Ciclônica, com tempo de atuação variável
dentro do período de chuvas. Além desses, outros sistemas de menor escala atuam
na região, como as linhas de instabilidade formada ao longo da costa e as brisas
marítima e terrestre que incidem com freqüência na zona litorânea (Ceará, 1992).
Na Região Metropolitana de Fortaleza-R.M.F., o clima é razoavelmente
homogêneo, estando as pequenas variações diretamente ligadas ao regime
pluviométrico. Com base nos índices de precipitação média anual, pode-se esboçar
o seguinte zoneamento pluviométrico:
- Uma zona predominante, em que o índice pluviométrico médio situa-se no
patamar de 1.200mm a 1.400 mm e as temperaturas são mais amenas nas zonas
litorâneas;
- Climas localizados, definidos em áreas de altitudes elevadas (serras de
Maranguape e Aratanha/Pacatuba), onde a incidência de chuvas orográficas
determina um aumento significativo da pluviometria média anual, situando-se
numa faixa da ordem de 1.400mm–1.600mm. Esses setores caracterizam-se
também, pela ocorrência de temperaturas mais baixas;
- Clima de condições mais secas, na porção ocidental, estando numa faixa em que
a precipitação média oscila em torno de 900mm a 1.200mm, com temperaturas
mais elevadas nas áreas interioranas (sertões) e mais amenas no litoral.
Referencial Teórico
21
O regime pluviométrico é bastante variável, podendo ocorrer anos de chuvas
excessivas e de precipitações escassas, com ocasionais períodos de estiagem
prolongada. No decorrer do ano a distribuição também é muito irregular.
Normalmente cerca de 90% das precipitações ocorrem no primeiro semestre, sendo
os meses de março a maio, os mais chuvosos, concentrando aproximadamente dois
terços do total. Por vezes, ocorrem chuvas excessivas em curto espaço de tempo,
ocasionando as enchentes e, conseqüentemente, sérios problemas para as áreas
ribeirinhas. Os meses mais secos correspondem ao período de setembro a
novembro. A Figura 2.3 exibe o gráfico pluviométrico de 2003 a 2004 em Fortaleza,
no qual se verifica o registro de maior incidência de chuvas no primeiro semestre do
ano.
PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA EM
FORTALEZA
0,00
100,00
200,00
300,00
400,00
500,00
600,00
700,00
800,00
900,00
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Meses
Mimetros (mm)
2003
2004
Figura 2.3. – Registros da precipitação pluviométrica mensal da estação meteorológica
de Fortaleza, no período de 2003 a 2004, medidos pela FUNCEME.
A temperatura média anual nas áreas mais litorâneas é da ordem de 26ºC a
27ºC com máximas situando-se, com maior freqüência, entre 31ºC e 32ºC. Nas
áreas interiores, a média atinge o patamar de 28ºC, enquanto adia das máximas
fica em torno de 33ºC a 34ºC. A média anual nas zonas de climas serranos torna-se
mais amena e decai para 25ºC, atingindo valores em torno de 22ºC.
Referencial Teórico
22
Em termos absolutos, as temperaturas podem elevar-se a valores próximos a
38ºC, sendo mais freqüentes limites de 35ºC a 37ºC. Nas áreas altas, as mínimas
absolutas chegam abaixo de 17ºC, sendo mais comum em torno de 20ºC.
A Figura 2.4 exibe o gráfico de temperaturas médias mensais registradas em
Fortaleza no período compreendido entre 2003 e 2004, onde se verifica o registro de
maiores temperaturas no segundo semestre do ano coincidindo com o final das
chuvas.
TEMPERATURA MÉDIA DE FORTALEZA
24,5
25
25,5
26
26,5
27
27,5
28
28,5
Ja
n
Fe
v
Ma
r
A
br
Mai
Jun
J
ul
Ago
S
et
O
ut
N
o
v
D
e
z
Meses
Temperatura (ºC)
2003
2004
Figura 2.4. – Registros da temperatura mensal média da estação meteorológica
de Fortaleza, no período de 2003 a 2004, medidos pela FUNCEME.
Outras características predominantes no panorama climático da R.M.F., com
exceção das áreas topograficamente mais elevadas, são: baixos índices de
nebulosidade, ventos alísios que sopram do quadrante leste, forte insolação e altas
taxas de evaporação.
Conforme consta no Plano Estadual de Recursos Hídricos (Ceará, 1992), os
ventos mostram uma flutuação de direção predominante entre os pontos cardeais de
Referencial Teórico
23
nordeste e sudeste. As maiores velocidades ocorrem no segundo semestre, quando
os valores médios situam-se entre 3m/s e 4m/s, enquanto no primeiro semestre,
principalmente antes do início da época de chuvas mais abundantes, as velocidades
reduzem-se bastante.
A Figura 2.5 exibe o gráfico de velocidades médias mensais dos ventos
registradas em Fortaleza no período compreendido entre 2003 e 2004, onde se
verifica o registro das maiores velocidades no segundo semestre do ano atingindo
4,92m/s e 4,71m/s.
VELOCIDADE MÉDIA DOS VENTOS EM FORTALEZA
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Intervalo das medições
Velocidade dos ventos (m/s)
2003
2004
Figura 2.5. – Registros da velocidade mensal média dos ventos da estação meteorológica
de Fortaleza, no período de 2003 a 2004, medidos pela FUNCEME.
Quanto à insolação, a região apresenta uma exposição média ao sol, de
cerca de 2.650 horas/ano a quase 3.000 horas/ano. No decorrer do ano a incidência
de luz solar atinge os menores valores, em torno de 6 horas/dia, nos meses de maior
pluviosidade e, no auge da estiagem, situa-se na faixa de 9 horas/dia.
Aires-Barros (1991) realizou estudo sobre os efeitos da fadiga térmica das
rochas por insolação e concluiu que esta se mostra suficiente para produzir perdas
de peso relevantes, desde que as rochas estejam finamente microfissuradas
gerando detritos granulares, como foi o caso do granito porfiróide biotítico utilizado
no referido estudo.
Referencial Teórico
24
A Figura 2.6 exibe o gráfico de distribuição da radiação solar mensal
registrada em Fortaleza no período compreendido entre 2003 e 2004.
DISTRIBUIÇÃO DA RADIAÇÃO SOLAR EM FORTALEZA
0,00
500,00
1000,00
1500,00
2000,00
2500,00
Ja
n
Fev
Ma
r
Abr
Mai
J
u
n
J
ul
Ago
Set
O
u
t
Nov
Dez
Meses
Radião (kJ/m2)
2003
2004
Figura 2.6. – Registros da radiação solar mensal média da estação meteorológica
de Fortaleza, no período de 2003 a 2004, medidos pela FUNCEME.
Conforme Aires Barros (1991), o ciclo térmico diurno das edificações,
associado à variação da umidade específica do ambiente (quantidade de vapor de
água, em grama, dispersa em 1kg de ar), pode provocar ciclos de
condensação/evaporação. Ainda, segundo este autor, a evaporação provocada pelo
vento transportando massas de ar não saturado pode ter efeitos diferentes da
evaporação provocada pelo aquecimento solar nas edificações.
A Figura 2.7 exibe o gráfico de umidade relativa média mensal em Fortaleza
no período compreendido entre 2003 e 2004. Os maiores valores são registrados no
primeiro semestre do ano, correspondendo ao período de maior precipitação
pluviométrica.
Referencial Teórico
25
UMIDADE RELATIVA MENSAL MÉDIA EM FORTALEZA
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Intervalo das medições
U. R. mensal média (%)
2003
2004
Figura 2.7. – Registros da umidade relativa mensal média da estação meteorológica
de Fortaleza, no período de 2003 a 2004, medidos pela FUNCEME.
Quando a superfície da parede não é alimentada por água capilar, a taxa
de evaporação diminui e a evaporação dá-se nos poros internos. O vento favorece a
lenta difusão do vapor de água e o prosseguimento do processo com o
enfraquecimento mecânico do interior do material pétreo.
Principais Poluentes da Atmosfera Local
Os dados obtidos dos poluentes atmosféricos na Região Metropolitana de
Fortaleza-R.M.F. apresentam um somatório de condições favoráveis ao
desenvolvimento de degradação por corrosão atmosférica, influenciadas pela
posição geográfica local em relação aos diversos sistemas de circulação
atmosférica.
A baixa pluviometria e alta velocidade dos ventos favorecem localmente a
origem de algumas patologias nos materiais rochosos podendo vir a se manifestar
na forma de desintegração granular e esfoliações, dentre outras, devido à influência
dos aerossóis provenientes do Atlântico.
Os resultados obtidos em coletas realizadas pelo NUTEC, no âmbito do
projeto de P&D da COELCE-Companhia Elétrica do Ceará/ANEEL-Agência Nacional
Referencial Teórico
26
de Energia Elétrica intitulado Corrosão e Degradação Atmosférica dos Materiais
Elétricos, mostraram que o cloreto é o mais importante poluente sobressaindo-se em
valores relativos e absolutos (Figura 2.8). Estes dados permitem classificar a
agressividade corrosiva da atmosfera de Fortaleza como marinha, em conformidade
com Montenegro (1996).
0
500
1000
1500
2000
2500
J
an
F
e
v
/
M
ar
Abr
Mai
J
un
J
ul
Ago/Set
O
u
t
Nov
Dez
Meses do ano - 2003
Cloretos (mg/m
2
.dia)
Figura 2.8. – Teores de cloretos (mg/m
2
.dia) coletados na estação atmosférica
Praia da COFECO.
Os valores encontrados superam em alguns meses do ano os limites de
classificação de salinidade estabelecido na norma ISO DP 9223 que é 300
mg.Cl/m
2
.dia < S3 1.500 mg.Cl/m
2
.dia.
Em valores relativos, os sulfatos determinados nas estações atmosféricas de
Fortaleza, comparados quantitativamente com os cloretos e partículas
sedimentáveis, se faz o poluente de menor concentração. Isto leva a acreditar que
as fontes poluidoras são geradoras dos gases SO
x
estáveis e próprios da área de
proximidade de cada estação, e que a concentração na atmosfera não sofre
influência do período chuvoso nem de maiores velocidades dos ventos. Somente o
mês de outubro apresentou uma discrepância de valor, decorrente de fator
desconhecido ou de algum erro de análise laboratorial, tornando o valor médio anual
dos sulfatos não representativo (Figura 2.9).
Referencial Teórico
27
0
0,5
1
1,5
2
2,5
jan
fev
/
mar
abri
l
maio
jun
jul
ago/set
out
nov
de
z
Meses do ano - 2003
Sulfatos
(mgSO
2
/100cm
2
.dia)
Figura 2.9. – Teores de sulfatos (mgSO
2
/100cm
2
.dia) coletados na estação
atmosférica Praia da COFECO.
Os materiais particulados sofrem influência direta dos ventos que arrastam
areia da praia, as quais são verdadeiros jatos de partículas sólidas provocando
abrasão nas superfícies expostas das edificações que se localizam em toda a orla
marítima ou em suas proximidades. No período de poucas chuvas e de aumento na
velocidade dos ventos, além de não existir o efeito de lavagem sob os materiais
expostos, a areia, material particulado com alta salinidade, é mais seca sendo
facilmente carreada pelos ventos que vão encontrar como barreira os materiais
umedecidos quer pelos aerossóis marinhos, quer pela própria umidade do ar. Como
conseqüência, grande parte deste material particulado tenderá a ficar aderido na
superfície dos revestimentos das edificações, provocando efeitos indesejáveis.
A Figura 2.10 apresenta os teores de particulados coletados na estação
atmosférica Praia da Cofeco durante o ano de 2003.
Referencial Teórico
28
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
j
an
fev/ma
r
abril
m
a
io
j
u
n
jul
ago/
s
et
out
nov
dez
/
jan
Meses do ano - 2003
Materiais particulados
(g/m
2
.dia)
Figura 2.10. – Teores de particulados (g/m
2
.dia) coletados na estação atmosférica
Praia da COFECO.
O Quadro 2.2 apresenta os valores médios dos poluentes atmosféricos
coletados na COFECO, de janeiro/2003 a dezembro/2003, com as unidades de
medidas expressas dentro da mesma ordem de grandeza. Desta forma, pode-se ter
um melhor comparativo da importância de cada um no ambiente atmosférico local.
Quadro 2.2 - Valores médios de poluentes atmosféricos da orla de
Fortaleza em 2003
ESTAÇÃO
DE COLETA
CLORETOS
(mg/m
2
.dia)
SULFATOS
(mg/m
2
.dia)
PARTICULADOS
(mg/m
2
.dia)
COFECO 815,3 41,7 248,3
Se considerarmos que a composição normal do ar é de 78% de nitrogênio,
21% de oxigênio e 1% de dióxido de carbono, argônio e de outros gases em
quantidades traços, veremos que o quantitativo de cloretos encontrado na atmosfera
Referencial Teórico
29
de orla marítima de Fortaleza permite caracterizá-la como salina e fortemente
agressiva.
Observando os dados atmosféricos apresentados pode-se sugerir que a
corrosividade atmosférica na R.M.F. torna-se mais efetiva no período de poucas
chuvas, maior insolação e alta velocidade dos ventos. Com poucas chuvas ou
estiagem, além de não existir o efeito de lavagem sob os materiais expostos, a areia,
material particulado com alta salinidade, é mais seca e facilmente carreada pelos
ventos que vão encontrar como barreira os materiais umedecidos quer pelas
gotículas do spray marinho, quer pela própria umidade do ar cujo valor médio se
mantém em torno de 75% em todos os meses do ano. Presume-se que grande parte
deste material particulado ficará aderida aos revestimentos das edificações (placas
de rochas) atuando na superfície dos mesmos por meio de desgaste mecânico e de
reações químicas.
2.5 ALTERAÇÃO DE ROCHA COMPARADA COM CORROSÃO ATMOSFÉRICA
DE METAL
A corrosividade de diferentes ambientes atmosféricos nos metais é bastante
conhecida. A classificação qualitativa de atmosfera corrosiva é do tipo marinha,
industrial, urbana e rural. Elas atuam na alteração de óxidos ferrosos e minerais
ferrosos silicatados de forma semelhante à corrosão de metais. Minerais condutivos,
como a pirita, marcassita, hematita e magnetita, podem também agir como
complexos galvânicos na presença de um eletrólito. Tais minerais podem ser
submetidos à corrosão eletroquímica por aeração diferencial. Enquanto metais
dissimilares são conhecidos por formar lulas elétricas, diferentes tipos de rochas
em contato direto entre si e ao apresentar alteração diferenciada contaminam a sua
adjacente pela passagem de substância mineral dissolvida de uma rocha para outra.
Por exemplo, calcário ou mármore sendo lixiviado para o interior de granito, como
resultado da ação de sal.
Materiais e Métodos 30
MATERIAIS E MÉTODOS
Neste capítulo estão descritas a metodologia e a especificação do
equipamento utilizado, como também a norma aplicada para cada ensaio ou análise.
Aborda, ainda, a localização e acesso da área fonte dos materiais utilizados
nesta pesquisa.
3.1 MATERIAIS E ÁREA DE LOCALIZAÇÃO
A área fonte dos materiais objetos deste estudo situa-se na região Centro
Sudoeste do Estado do Ceará, circunvizinhanças de Tróia, próximo à cidade de
Pedra Branca, num total de 606,09 ha compreendidos entre 05º 31’ 09” de Latitude
Sul e 39º 55’ 41” de Longitude Oeste (Figura 3.1).
O acesso à área partindo-se de Fortaleza pode ser feito tanto pela BR-020,
quanto pela CE-021. Pela BR-020, segue-se até o Distrito de Riachão do Banabuiú
(Cruzeta) num percurso de 262 km, deste ponto segue-se pela BR-226 na direção
de Pedra Branca, percorrendo 12 km, até a localidade de Limoeiro, segue-se então
no sentido Sul pela estrada que acesso ao Distrito de Tróia, num percurso de 18
km até a área.
Pela CE-021 segue-se até o município de Minerolândia, num percurso de 269
km. Em Minerolândia segue-se pela BR-226, percorrendo aproximadamente 50 km
na direção de Pedra Branca, até a localidade denominada Limoeiro. A partir deste
ponto segue-se o mesmo percurso descrito no roteiro anterior.
Em linhas gerais, as jazidas dos gnaisses Casablanca, Giallo Falésia e
Juparaná Delicato estão inseridas em uma serra alongada de sentido SW-NE, com
extensões aproximadas de 6 e 1,5 km nos sentidos longitudinal e transversal,
respectivamente.
A base da serra encontra-se delineada pela curva de nível de cota 500m
enquanto o cume atinge a cota 695m, evidenciando, portanto, um acentuado
gradiente topográfico.
Materiais e Métodos 31
Materiais e Métodos 32
A lavra do maciço é do tipo mecanizada, com uso do fio diamantado. O
desdobramento dos blocos é feito com massa expansiva e o esquadrejamento com
martelos e cunhas (Figuras 3.2, 3.4 e 3.6).
São comercializadas as rochas de cor branca (Casablanca) bem como a
variante intemperizada da mesma, de cor “amarelo-ferruginosa” (Giallo Falésia), e a
de cor róseo (Juparaná Delicato) (Figuras 3.3, 3.5 e 3.7). Os corpos ocorrem
geograficamente próximos, separados por drenagem, no caso do Giallo Falésia, o
que provavelmente condicionou o fenômeno do intemperismo nesta parte do
maciço e por nível de cota, no caso do Juparaná Delicato, que somente ocorre em
cotas mais altas e na porção nordeste.
Figura 3.2 – Frente de Lavra do Gnaisse Casablanca
Figura 3.3 – Placa do Gnaisse Casablanca
Materiais e Métodos 33
Figura 3.4 – Frente de Lavra do Gnaisse Juparaná Delicato
Figura 3.5 – Placa do Gnaisse Juparaná Delicato
Materiais e Métodos 34
Figura 3.6 – Frente de Lavra do Gnaisse Giallo Falésia
Figura 3.7 – Placa do Gnaisse Giallo Falésia
Materiais e Métodos 35
3.2 ENSAIOS E ANÁLISES LABORATORIAIS
Esta etapa foi desenvolvida, em sua maior parte, nos laboratórios do NUTEC
onde se encontra a câmara climática de ensaio acelerado e demais equipamentos
utilizados na preparação dos corpos-de-prova e execução dos ensaios tecnológicos
de controle.
Nesta pesquisa procurou-se simular as condições de atmosfera quimicamente
agressiva (atmosfera marinha) através da exposição dos três litotipos, descritos
anteriormente, em duas distintas câmaras climáticas de névoa salina, a primeira
onde foram realizados os ensaios contínuos e a segunda que permitiu a realização
dos ensaios cíclicos.
Os ensaios tecnológicos de controle e as análises realizadas visaram à
compreensão e interpretação das alterações observadas ao final dos tempos de
exposição pré-estabelecidos.
Para escolha das propriedades tecnológicas a serem avaliadas foram
considerados os graus de influência e/ou de dependência no processo de alteração
das rochas, bem como o espaço no interior da câmara que delimita as dimensões e
o número de corpos-de-prova a ser ensaiado, buscando atender a disposição
espacial recomendada na literatura, e em normas, para uma melhor exposição
desses materiais à névoa.
Na elaboração dos gráficos foram padronizadas, sempre que possível, as
cores das barras e ou símbolos em tons de cinza, rosa e amarelo para o
Casablanca, Juparaná Delicato e Giallo Falésia, respectivamente, estabelecendo
uma associação entre a coloração natural da rocha e a sua correspondente
representação gráfica.
A Figura 3.8 sintetiza o conjunto de procedimentos utilizados nesta pesquisa.
Materiais e Métodos 36
CONTÍNUO APENAS
COM NÉVOA
CÍCLICO COM NÉVOA
E SECAGEM
ANÁLISE DA SOLUÇÃO
DE LAVAGEM
MICRODUREZA KNOOP
DELICATO
FALÉSIA
CASABLANCA
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
VIAGEM DE CAMPO PARA COLETA DE AMOSTRAS
CARACTERIZÃO PETROGFICA
PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
INTERPRETAÇÃO E NTESE DE RESULTADOS
ENSAIOS TECNOLÓGICOS E DE CONTROLE
ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ACELERADA
ÍNDICES FÍSICOS
APTIDÃO DE MOLHAGEM
DESGASTE AMSLER
DILATAÇÃO TÉRMICA
LINEAR
VELOCIDADE DE
PROPAGAÇÃO DE ONDAS
CONDUTIVIDADE
TÉRMICA
RESISTÊNCIA À
COMPRESSÃO UNIAXIAL
Figura 3.8 Fluxograma das atividades envolvidas na pesquisa.
Materiais e Métodos 37
Nas rochas estudadas são observadas seqüências de pouca deformação,
alternadas com seqüência de foliações marcantes e estrutura planar bem
desenvolvida, por essa razão um plano de corte que oferece melhor visualização
dessas estruturas é aproveitado na pedreira e nas indústrias de serragem e
beneficiamento. Considerando este fato, a orientação de corte para o preparo dos
corpos-de-prova e execução dos ensaios foi à mesma adotada no plano de
serragem dos blocos para obtenção das placas de rocha.
Os corpos-de-prova tiveram seus registros conforme os tipos de ensaios
tecnológicos aos quais foram submetidos e suas respectivas denominações
comerciais. Assim, a amostra denominada de Bd1 refere-se ao corpo-de-prova
número um (1) do granito Casablanca (B) a ser submetido ao ensaio de desgaste
Amsler (d).
A Tabela 3.1 apresenta o número de corpos-de-prova correspondente a cada
ensaio de caracterização tecnológico específico, considerando os três diferentes
litotipos rochosos (Casablanca, Delicato e Falésia) e compreendendo tanto aqueles
ensaiados somente no seu estado natural quanto os que foram expostos à névoa
salina em ensaio contínuo (360h, 720h e 1080h).
Materiais e Métodos 38
Tabela 3.1 – Número de corpos-de-prova (CPs) utilizados, in natura e depois de
exposição contínua à névoa salina, em ensaios comparativos
de caracterização tecnológica.
DENOMINAÇÃO
DO ENSAIO
NÚMERO DE CPs
EXPOSTOS AO
ENSAIO CONTÍNUO
COM NÉVOA
SALINA
NÚMERO DE
CPs AO
NATURAL
ORIENTAÇÃO
DO CORTE
TOTAL DE
CPs POR
ENSAIO
Índices Físicos 3 x 3 x 3 = 27 10 x 3 = 30 57
Resistência à
compressão
2 x 3 x 3 = 18 7 x 3 = 21 39
Desgaste Amsler
1 x 3 x 3 = 9 2 x 3 = 6 15
Velocidade de
Ondas
- -
⁄⁄
-
Intensidade
de brilho
2 x 3 x 3 = 18
-
18
Dilatação
Térmica
1 x 3 = 3
1 x 3 = 3
1 x 3 = 3
1 x 3 = 3
⁄⁄
6
6
Condutividade
Térmica
- 1 x 3 = 3 3
Aptidão de
Molhagem
- 1 x 3 = 3 3
Midrodureza
Knoop
1 x 3 = 3 3
3.2.1 E
NSAIO DE
A
LTERAÇÃO
A
CELERADA
Ensaios de envelhecimento ou alteração acelerada foram concebidos para
simular condições semelhantes àquelas em que as rochas estarão expostas após
sua aplicação.
Dentre os ensaios existentes foi selecionado o de exposição à névoa salina
por ser o que melhor atende ao objetivo desta pesquisa, que aborda o estudo do
comportamento das rochas de revestimento em ambientes de atmosfera marinha.
Foram realizados dois procedimentos distintos para este ensaio. O primeiro
baseou-se nas normas ABNT NBR 8094 (ABNT, 1983b) e ASTM B 117 (ASTM,
1997), onde foram expostos corpos-de-prova de diferentes dimensões sendo os
Materiais e Métodos 39
resultados avaliados, ao final de tempos de exposição pré-determinados, por meio
de ensaios tecnológicos comparativos. Para o segundo foi aplicada a metodologia
proposta na EN 14147 (2003), onde foram expostos seis corpos-de-prova de cada
amostra, cubos com 5cm de arestas, sendo os resultados avaliados e expressados
através da perda de massa ou aparecimento de fissuras em atendimento a referida
norma.
3.2.1.1 Contínuo (Exposição à névoa salina).
Trata-se de um ensaio contínuo em névoa salina e consiste da exposição de
corpos-de-prova em câmara salt spray, dispostos de forma a permitir a perfeita
distribuição da névoa sem que haja gotejamento da solução escorrida de um corpo-
de-prova sobre outro. A temperatura é mantida em (35±2)°C, a pressão de ar
comprimido em 70 KPa e a solução de ensaio a 5% de NaCl com pH entre 6,5 e 7,2.
O acervo exposto na câmara salina (Modelo Bass USC) compreendeu então
73 (setenta e três) corpos-de-prova representando o Casablanca, Delicato e Falésia,
sendo retirados ao final de 360h, 720h e 1080 horas de exposição para realização
de ensaios tecnológicos de controle, com a finalidade de monitorar qualitativamente
as alterações ocorridas durante os respectivos períodos de exposições.
3.2.1.2 Cíclico (Exposição à névoa salina - EN 14147 (2003)).
Trata-se de um ensaio composto por 30 ciclos e realizado em câmara salt
spray de ensaios cíclicos (Modelo BASS MP-GS-01/2004), que alterna 6 horas de
névoa salina com 12 horas de secagem para cada ciclo concluído (Figura 3.9 a e b).
Consiste da exposição de corpos-de-prova dispostos, também, de forma a permitir a
perfeita distribuição da névoa, sem que haja sobreposição de um corpo-de-prova
sobre outro. A temperatura é mantida em (40±5)°C, a pressão de ar comprimido em
70 KPa e a solução de ensaio a 10% de NaCl com pH entre 6,5 e 7,2.
O acervo exposto para este ensaio compreendeu 18 (dezoito) corpos-de-
prova na forma de cubos com 5cm de arestas representando o Casablanca, Delicato
e Falésia. Estas amostras foram retiradas ao completar 15 ciclos, para inspeção
Materiais e Métodos 40
visual e registro fotográfico, e ao final de 30 ciclos, para pesagem em balança semi-
analítica e avaliação das alterações ocorridas durante o respectivo período de
exposição.
3.2.2
C
ARACTERIZAÇÃO
P
ETROGRÁFICA
3.2.2.1
Análise Petrográfica
As análises petrográficas foram realizadas nos três tipos comerciais
estudados, levando em consideração as determinações gerais das Normas NBR
12768 (ABNT) e C-294-86 (ASTM), bem como as orientações presentes em Navarro
(1998), Rodrigues et al. (1996, 1997) e Artur et al. (2001).
A análise das características microscópicas seguiu a metodologia tradicional,
sendo obtida em microscópio petrográfico (Laborlux 12pol.). Foram avaliados a
disposição e comportamento mineralógico, bem como o tipo e a distribuição por mm²
dos contatos minerais e microfraturamentos.
Figura 3.9 – Vista exterior da câmara de ensaio cíclico com névoa salina (a) e do
gabinete interno com amostras suspensas por fios de nylon (b).
Materiais e Métodos 41
A classificação petrográfica das rochas estudadas seguiu as recomendações
da IUGS (Streckeisen, 1976; Le Maitre, 1989).
O estudo petrográfico envolve parâmetros que são determinantes para as
propriedades físico-mecânicas, conforme se verifica a seguir.
A química mineral e as correspondentes arquiteturas dos cristais e
microtexturas refletem as condições de cristalização dos magmas e influenciam nas
características das rochas.
Spry (1969) sugere que o tipo de cristal depende da interação de cinco
mecanismos de crescimento de grãos:
Crescimento livre – cristais desenvolvidos sem interferências;
Crescimento conturbado a forma dos minerais é regulada pelos cristais
vizinhos formados simultaneamente;
Baixa temperatura e rupturas mecânicas de origem essencialmente
tectônicas, permitindo o fraturamento de minerais ou desplacamento de
suas bordas;
Alta temperatura com mecanismos de deformação, causando distorções no
eixo ótico e migração de defeitos pontuais ou lineares na rede cristalina.
A forma e o tipo de contatos intergrãos (relações texturais) são importantes
fatores a serem considerados, pois como vimos anteriormente, influenciam no grau
de resistência físico-mecânica da rocha. O intercrescimento de minerais essenciais,
a relação de concavidade-convexidade e a ordem de cristalização são fatores que
podem influenciar no grau de alterabilidade de um determinado corpo rochoso.
Os contatos intergrãos comumente descritos na literatura são do tipo plano,
lobular, côncavo-convexo, denteado e serrilhado, entretanto, não é incomum
existirem subtipos que englobem duas ou mais categorias expostas acima.
As dimensões dos grãos minerais em rochas representam também um fator
influente nas propriedades físico-mecânicas e alterabilidade. Especificamente nas
rochas ornamentais, este fator merece especial atenção, pois além dos aspectos
relativos à resistência físico-mecânica existe, também, o aspecto estético. Como
exemplo da importância desse parâmetro temos que uma granulação mais fina,
Materiais e Métodos 42
dependendo do grau de imbricamento dos cristais, pode ser determinante de uma
maior resistência físico-mecânica. Todavia, uma superfície específica maior pode
favorecer a decomposição da rocha, sobretudo em ambientes mais agressivos
como, por exemplo, em grandes centros urbanos.
Foram considerados os seguintes parâmetros para a caracterização da
granulação das rochas estudadas:
Diâmetro médio predominante dos cristais inferior a 1,0mm granulação
fina;
Diâmetro médio predominante entre 1 e mais de 3mm - granulação média;
Diâmetro médio predominante entre 7 e 10mm - granulação média-grossa;
A caracterização e quantificação do microfissuramento são de grande
importância no estudo das rochas ornamentais, uma vez que, são fatores utilizados
na compreensão do comportamento das rochas quanto à porosidade, absorção
d’água e resistência mecânica.
A presença de microfissuramentos acarreta um aumento dos coeficientes de
absorção capilar e de permeabilidade, que por sua vez pode ser fator preponderante
no surgimento de patologias e deteriorização da rocha.
Preferencialmente, as microfissuras devem ser avaliadas em termos de
preenchimentos ou não preenchimentos, de tipologia se intragranular ou
intergranular, de apresentação se contínua ou descontínua, sendo a quantificação
expressa pelo número de microfissuras por mm².
3.2.2.2
Ensaio de Coloração Seletiva
Para avaliação macroscópica dos litotipos estudados, optou-se pela utilização
de placas polidas de 15cm x 7,5cm, submetidas a ensaio de coloração seletiva por
cobaltinitrito de sódio. A escolha desta metodologia é decorrente da predominância
de granulações médias e grossas de difícil quantificação por meios exclusivamente
microscópicos. Assim, a identificação e contagem dos minerais nas placas polidas
foram realizadas em lupa binocular (Olympus SC-BR) com o auxílio de uma malha
de espaçamento de 1,0cm e 0,5cm, impressa em filme plástico, que por sua vez se
Materiais e Métodos 43
sobrepõe às placas de rocha. Cada “nó” da malha foi considerado um ponto de
identificação mineral.
O método adotado baseia-se em Rodrigues e Moraes (1978). Consiste em
mergulhar uma face da rocha, previamente lixada, em contato com o ácido
hidrofluorídrico e, em seguida, com solução de cobaltinitrito de sódio. Os feldspatos
reagem prontamente com a solução adquirindo coloração específica (amarela para
feldspatos potássicos e branca para os plagioclásios), o que facilita a identificação e
quantificação dos mesmos.
3.2.3
C
ARACTERIZAÇÃO
T
ECNOLÓGICA
3.2.3.1
Intensidade de Brilho
A determinação da intensidade de brilho foi realizada com o auxílio de um
medidor modelo ZGM 1020 ZEHNTNER GLOSSMEETER 60º. Para a realização
deste ensaio foram utilizadas placas polidas com dimensões 10cm x 10cm. O ensaio
constou da realização de 05 (cinco) medidas em cada placa ao final de cada ciclo de
exposição na câmara Salt Spray. Foram utilizadas 06 (seis) placas de cada tipo
rochoso a cada ciclo.
3.2.3.2
Índices Físicos
O procedimento laboratorial para determinação dos índices físicos seguiu a
norma NBR 12.766 da ABNT (1992b). Contudo, para ensaio do material in natura
foram utilizados 10 (dez) corpos-de-prova enquanto para o material submetido ao
ensaio acelerado foram utilizados somente 3 (três) corpos-de-prova de cada um dos
litotipos para cada número de horas especificado, face à limitação de espaço físico
no interior da câmara.
Os corpos-de-prova com dimensões de 5cm x 5cm x 5cm foram inicialmente
secos em estufa por 24 horas (massa seca) e posteriormente imersos em água
durante 24 horas, sendo procedida à pesagem para o cálculo da massa saturada e
submersa. Ao final do ensaio foram obtidos os seguintes parâmetros:
Materiais e Métodos 44
Massa específica aparente seca (kg/m³)
( )
subsat
mm
m
=
sec
sec
ρ
Massa específica aparente saturada (Kg/m³)
( )
subsat
sat
sat
mm
m
=
ρ
Porosidade aparente (%)
(
)
( )
100
sec
×
=
subsat
sat
mm
mm
η
Absorção d’água aparente (%)
(
)
( )
100
sec
sec
×
=
m
mm
sat
α
3.2.3.3
Resistência à Compressão Uniaxial Simples
Esta determinação foi realizada segundo a norma NBR 12.767 (ABNT, 1992c)
em 5 (cinco) corpos-de-prova in natura e 2 (dois) corpos-de–prova para cada um dos
litotipos submetidos ao ensaio acelerado, para cada período de horas determinado.
Foi utilizada uma prensa com capacidade de 200t da marca EMIC, sendo a
tensão de ruptura determinada perpendicularmente à direção de estruturação da
rocha.
A resistência à compressão
(
)
C
σ
é calculada pela relação entre a carga de
ruptura e área do corpo-de-prova onde é aplicada. Assim,
A
P
C = onde
=
C
resistência à compressão (MPa);
=
P
carga total de ruptura (N);
=
A
área de
aplicação da carga (mm²).
3.2.3.4
Desgaste Abrasivo Amsler
O ensaio do desgaste Amsler foi realizado em conformidade com a norma
NBR 12.042 (ABNT, 1992d) em 2 (dois) corpos-de-prova de cada litotipo in natura e
2 (dois) corpos-de-prova equivalentes para cada número de horas estabelecido.
Para tanto foi utilizada máquina de desgaste por abrasão Amsler e dispositivo para
medida de perda de espessura com relógio comparador.
Materiais e Métodos 45
3.2.3.5
Velocidade de Propagação de Ondas Ultra-Sônicas Longitudinais
A determinação da velocidade de propagação de ondas, baseada na norma
ASTM D 2845 (ASTM, 2000), foi efetuada em todos os corpos-de-prova destinados
ao ensaio de compressão.
A medição foi realizada utilizando-se o Portable Ultrasonic Non-Destructive
Digital Indicating Test-PUNDIT, sendo avaliada a velocidade de propagação em 3
(três) direções assim distribuídas: duas no plano de foliação e uma ortogonal a essa
(X,Y e Z).
3.2.3.6
Microdureza Knoop
O teste de dureza Knoop é um teste de dureza de micro impressão, sendo
determinada pela razão entre a área produzida por uma ponta de diamante e a
carga utilizada para produzir a impressão numa superfície a ser avaliada. Assim,
quanto maior a impressão produzida, menor a dureza.
Frisa Morandini e Mancini (1982 apud Quitete e Kahn 2002, p.84) propuseram
um diagrama de distribuição de dureza onde são determinadas as freqüências
cumulativas HK
25
, HK
50
e HK
75
que, segundo esses autores, refletiriam as diversas
situações em que a dureza da rocha estaria envolvida. A razão entre HK
75
/HK
25
exprime o coeficiente de heterogeneidade e HK
50
é considerado um valor muito
próximo da dureza média da rocha (HK
médio
).
Este ensaio foi realizado pelo IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
Estado de São Paulo, sendo para tanto utilizado um aparelho modelo Miniload 2,
marca E. Leitz e as impressões feitas com carga de 1,96 N (200 gf). Para este
ensaio foram realizadas dez medições em quatro direções a 45° em placas polidas
de cada um dos litotipos estudados, cujas dimensões mínimas foram de 6cm x 6cm
x 2cm.
3.2.3.7
Dilatação Térmica Linear
Os dados de dilatação térmica linear foram obtidos no laboratório de Rochas
Ornamentais da UNESP, por meio do dilatômetro marca CONTENCO projetado para
Materiais e Métodos 46
baixar e elevar a temperatura, numa taxa de 0,3°C/min, até os limites de 0°C e 50°C,
respectivamente.
Este ensaio seguiu as diretrizes da norma NBR 12.765 (ABNT, 1992e) e
constou de medições em doze cilindros dos três litotipos estudados, sendo seis
cilindros paralelos e seis perpendiculares à direção do plano de foliação da rocha. A
amostragem foi, ainda, composta da rocha no seu estado natural e após exposição
em câmara salina, com o objetivo de averiguar se existe ou não influência da
atmosfera marinha na dilatação das rochas.
3.2.3.8
Condutividade Térmica
A medida de condutividade térmica realizada envolve a teoria dinâmica e para
tanto foi utilizado o equipamento da marca Anter Corporation, modelo Quickline
TM
-
30, de propriedade da Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN (Figura
3.10). Para este ensaio foram realizadas quatro medições em placas polidas de cada
um dos litotipos estudados, ao natural, cujas dimensões mínimas foram de 6cm x
6cm x 2cm.
Materiais e Métodos 47
Figura 3.10 – Detalhes do equipamento utilizado para medir a condutividade térmica.
3.2.3.9
Aptidão de Molhagem
Para a determinação desta característica da superfície da rocha, foi utilizado o
ensaio de determinação do tempo de absorção de microgotas. A determinação da
aptidão de molhagem fornece indicações sobre o estado da superfície da rocha
permitindo detectar a presença de heterogeneidades (Ferreira Pinto, 1994 in
Rodrigues, 1998).
O Procedimento de ensaio foi baseado na metodologia adotada por
Rodrigues (op cit) e constou do ensaio em três placas de 10cm x 10cm x 2cm de
rochas polidas, secas durante 72h a uma temperatura de 60
±
C. Depois de
esfriarem por 24h num dissecador, as placas são dispostas numa superfície
horizontal e, utilizando-se a água destilada contida numa pipeta deixa-se cair sobre
a superfície da placa, uma microgota com 4
±
0,4
µ
l. A pipeta deverá estar afastada
cerca de 10mm da superfície de ensaio.
Determina-se o tempo de absorção total da microgota desde que esta toca a
placa de rocha até desaparecer da superfície. Este mesmo processo é efetuado
sobre uma placa de vidro fosco que permite determinar o tempo médio necessário à
evaporação total das microgotas.
A determinação do tempo de absorção de microgotas é expressa em %,
sendo obtida por meio da seguinte expressão:
Materiais e Métodos 48
×
=
=
100
1
n
tv
ti
Tp
n
i
onde:
tp - tempo de absorção da microgota
ti - tempo necessário à absorção da microgota na placa
tv - tempo médio necessário à evaporação total das microgotas na superfície do
vidro polido
n - número de microgotas utilizadas na realização do ensaio.
Arcabouço Regional e Enquadramento Geológico da Área Pesquisada
49
ARCABOUÇO REGIONAL E ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO DA
ÁREA PESQUISADA
Neste capítulo será abordado o contexto geológico da região compreendida
entre as localidades de Tróia e Pedra Branca, centro-oeste do Estado do Ceará,
onde se encontram inseridas as rochas graníticas objetos deste estudo. Será,
inicialmente, feita uma breve revisão dos mais importantes trabalhos versando
acerca dos aspectos tectônicos/estruturais e litoestratigráficos regionais, seguido do
estudo da geologia local tratando dos mesmos aspectos, além da geocronologia.
4.1 ARCABOUÇO TECTÔNICO
Tomando-se a divisão do território brasileiro em Províncias, proposta por
Almeida et al. (1977), o Nordeste Oriental está inserido na Província Borborema,
delimitada pelas províncias do São Francisco, Parnaíba e pelas bacias costeiras e
margem continental (Figura 4.1).
Figura 4.1 - Delimitação e Subdivisão da Província Borborema (Trompette,1994).
Arcabouço Regional e Enquadramento Geológico da Área Pesquisada
50
Esta Província representa o extremo nordeste da Plataforma Sul-americana,
sendo sua extensão territorial da ordem de 400.000 km
2
que cobrem partes do norte
do Estado da Bahia, sudoeste do Piauí e noroeste do Ceará (Figura 4.2).
Figura 4.2 - Localização da Província Borborema no Brasil (Schobbenhaus & Campos, 1984).
Trata-se de uma região que possui uma complexa evolução geológica tendo
sido alvo de inúmeros trabalhos com enfoque estrutural, que geraram e geram vários
modelos tectônicos.
Os aspectos mais importantes, desta Província, em termos de estruturas e
plutonismo granitóide são freqüentemente relacionados ao desenvolvimento do Ciclo
Brasiliano (Proterozóico Superior-Eopaleozóico), com espaços geodinâmicos entre
blocos cratônicos de São Luís (Extensão do Cráton Oeste Africano) e do São
Francisco (continuidade do Cráton do Congo) a nordeste e sul respectivamente. A
colisão continental correspondendo ao Ciclo Brasiliano-Pan-Africano completou-se,
no caso da Província Borborema, por volta de 600-550 Ma.
Arcabouço Regional e Enquadramento Geológico da Área Pesquisada
51
Brito Neves (1975, apud Nogueira, 1993) reconheceu duas entidades
geotectônicas principais situadas entre os Crátons de São Luís e São Francisco: 1-
Os “Maciços Medianos“, que corresponderiam a “Blocos” rígidos, sobrepostos por
processos dinâmicos e termais, que preservariam unidades lito-estruturais dos ciclos
anteriores e dividiriam as regiões dobradas em ramos diferenciados; 2- as “Faixas de
Dobramentos” representariam zonas dobradas de extensão regional separadas
pelos “Maciços Medianos”, “zonas geoanticlinais” ou “geofraturas”. De acordo com
este modelo, a região em apreço pertenceria ao que Brito Neves (op. cit.) designou
por “Maciço Mediano de Tróia”.
Conforme Caby e Arthaud (1986, apud Nogueira 1993), o Pré-Cambriano do
Ceará inclui rochas do embasamento Arqueano e metassedimentos proterozóicos,
retrabalhados através de um único evento metamórfico e deformacional, durante a
orogênese Brasiliana. A tectônica gerada neste ciclo corresponderia ao tipo
colisional Himalaiano. Mais especificamente, o segmento crustal de Tróia seria
submetido a uma tectônica tangencial de baixo ângulo (nappes), responsável pelo
transporte de massa em sentido Sul, originando zona de cavalgamento oblíqua à
oeste de Tróia.
Monié et al. (1997) consideram na Província Borborema um embasamento
páleo-proterozóico e coberturas proterozóicas que experimentaram uma complexa
história tectono-metamórfica durante a Orogenia Brasiliana. Propuseram para esta
Província, ao norte da Zona de Cisalhamento de Patos, a divisão em quatro
domínios principais separados por grandes zonas de cisalhamento dextrais de
direções preferenciais E-W a NE-SW: Domínio Médio Coreaú ao norte, Domínio
Ceará Central, Domínio de Cinturões Xistosos a sudeste e o Domínio Patos ao sul.
Nesta divisão o Domínio Ceará Central englobaria a área enfocada.
Arthaud et al. (1998) propõem modificações na subdivisão do Pré-Cambriano
do Estado do Ceará, reagrupando os domínios estabelecidos anteriormente em
cinco segmentos baseados em critérios tectono-metamórficos. São eles os domínios
Piancó-Alto Brígida, Jaguaribe-Orós, Ceará Central, Granjeiro e Noroeste do Ceará
(Figura 4.3a). Para Arthaud op. cit. as zonas de Cisalhamento de Orós e Aiuába
separam o Domínio Ceará Central do Domínio Jaguaribe-Orós, contudo outros
autores (Cavalcante, 1999; Fetter, 1999; Brito Neves et al., 2000) consideram que a
Arcabouço Regional e Enquadramento Geológico da Área Pesquisada
52
Zona de Cisalhamento Senador Pompeu estabelece o limite entre o Domínio Ceará
Central e o Domínio Rio Grande do Norte (Figura 4.3b).
Figura 4.3a - O Domínio Ceará Central limitado a SE pela ZC0-Orós e ZCA-Aiuába (Arthaud
et al., 1998).
Figura 4.3b - O Domínio Ceará Central limitado a SE pela ZCSP-Senador Pompeu (Fetter,
1999).
Arcabouço Regional e Enquadramento Geológico da Área Pesquisada
53
Fetter (1999) interpretou os diferentes domínios definidos por Caby et al.
(1977) para o Estado do Ceará como representando uma colagem de núcleos
crustais de idade arqueana, com registros importantes na região sudeste do Bloco
de Santa Quitéria em grandes porções gnáissicas constituintes do embasamento
páleo-proterozóico, blocos crustais mesoproterozóicos, seqüências supracrustais
variavelmente deformadas e metamorfizadas de idade arqueana a neoproterozóica,
e granitóides brasilianos sin a tarditectônicos neoproterozóicos. Para este autor, as
rochas arqueanas no Estado do Ceará são restritas a fragmentos crustais ou
pequenos blocos no domínio do embasamento páleo-proterozóico, cuja exposição
mais extensiva está localizada principalmente no extremo sudeste do bloco de Santa
Quitéria, originalmente nomeada por Brito Neves (1975) de Maciço de Tróia (Figura
4.4).
O Maciço de Tróia compreende, pois, uma área de aproximadamente 6000
km
2
e está localizado na porção sudeste do Domínio Ceará Central. Por sua vez o
limite sudeste desse bloco é nitidamente definido pelo lineamento Senador Pompeu,
contudo os limites norte e oeste não estão bem definidos e têm sido inferidos com
base nas mudanças de idades pelo método Nd. A zona de cisalhamento dúctil
Sabonete-Inharé corta esse bloco Arqueano dividindo o Maciço de Tróia em dois
blocos subordinados: o bloco Tróia-Pedra Branca e o bloco Mombaça. De maneira
simplificada, o sub-bloco Tróia-Pedra Branca é composto por rochas supracrustais
formando associação do tipo greenstone gnaisses, enquanto o sub-bloco Mombaça
é composto principalmente por gnaisses cinza (grey gneisses), derivados de
protólitos plutônicos de natureza essencialmente tonalítica trondhjemítica
granodiorítica-TTG (Pessoa & Archanjo, 1984; Caby & Arthaud, 1986; Caby et al.,
1995). Para estas duas unidades são propostas origem e evolução distinta.
Arcabouço Regional e Enquadramento Geológico da Área Pesquisada
54
Figura 4.4 – Localização de blocos Arqueanos identificados no Ceará (em vermelho).
O Maciço de Tróia - (TM) é localizado nos blocos tectônicos de Mombaça e Santa
Quitéria (Fetter, 1999). PB – Bloco Tróia-Pedra Branca e Mo – Bloco Mombaça.
Para Fetter (1999), o Complexo Santa Quitéria, que foi primeiramente
interpretado como uma janela do embasamento por Caby e Arthaud (1986, apud
Fetter, 1999), corresponde a uma assembléia neoproterozóica de plútons de
composição granodiorítica a tonalítica, variavelmente deformada, cobrindo uma área
de proporções batolíticas. Deformações sin e tarditectônicas afetaram com
diferentes intensidades estas rochas intrusivas transformando-as em plútons com
tramas deformacionais fracas até gnaisses migmatíticos.
Arcabouço Regional e Enquadramento Geológico da Área Pesquisada
55
4.2 UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS
Na região compreendida entre as localidades de Tróia, Independência e
Pedra Branca, quatro unidades litoestratigráficas podem ser individualizadas da
base para o topo: i Migmatitos e ortognaisses (TTG); ii – Complexo ígneo bandado
e diferenciado, com litótipos de natureza gabróides metamorfisados, incluindo níveis
de cromititos; iii – Seqüência meta-vulcano-sedimentar composta por quartzitos,
mármores, xistos grafitosos e metabasalto com feições em “pillow” e iv Rochas
graníticas-granodioríticas em “sherts” com foliação bem desenvolvida (Pessoa &
Arcanjo, 1984). Todo esse conjunto foi denominado pelo termo “Complexo Pedra
Branca”, no sentido definido por Hartmann et al.(1986 apud Nogueira, 1993).
Para Gomes et al.(1981), o Complexo Pedra Branca teria no aspecto espacial
um formato elipsoidal delimitado pelos cisalhamentos Sabonete – Inharé, a sudoeste
e Tauá a oeste. No tocante ao metamorfismo, Gomes (op. cit.), com base nas
paragêneses observadas, englobam-nas no fácies anfibolito com pressão média.
Estes autores constataram ainda para esta unidade, uma maior participação de
rochas ortoderivadas em contraposição aos trabalhos anteriores que sugeriam uma
derivação tipicamente sedimentar.
No trabalho apresentado por Caby e Arthaud (1986), o Complexo Pedra
Branca é colocado juntamente com outras unidades de característica ortoderivada,
como formando parte do embasamento arqueano de evolução policíclica.
Oliveira et al (1993), retoma o uso do termo Complexo Cruzeta, proposto por
Barreto (1993), em substituição à Complexo Pedra Branca por entender que o
simples acréscimo de novos tipos petrográficos, não invalidam a denominação
original. Desta forma a divisão litoestratigráfica adotada para porção meridional do
Maciço de Tróia-Tauá resultou nas seguintes unidades: Unidade Tróia e Unidade
Pedra Branca.
É provável que a unidade atualmente denominada Complexo Cruzeta tenha
resultado da acresção de vários arcos insulares paleoproterozóicos (idades
compreendidas entre 2,1 e 2,15 Ga) em torno de pequeno núcleo arqueano (Fetter,
1999). Como no caso do Complexo Pedra Branca, é predominante, nesta unidade, o
registro deformacional (tangencial) e metamórfico (fácies anfibolito alto, por vezes
Arcabouço Regional e Enquadramento Geológico da Área Pesquisada
56
acompanhado de migmatização mais ou menos acentuada) relacionados ao Ciclo
Brasiliano.
Mais recentemente, por ocasião da confecção do novo Mapa Geológico do
Ceará, as rochas arqueanas foram englobadas, junto com os terrenos
paleoproterozóicos vizinhos, no Complexo Cruzeta Indiferenciado (Figura 4.5).
Figura 4.5 – Esboço da Geologia Regional de Pedra Branca (baseado no mapa
geológico do Ceará, escala 1:500.000 – Cavalcante et al., 2003).
Contudo, Zanibone & Moacir (2001), tendo como base as relações de contato
encontradas no campo e os elementos estruturais mapeados, adotaram a coluna
estratigráfica descrita no Quadro 4.1 observando o empilhamento estratigráfico
proposto por Oliveira et. al. (1993), quais sejam da base para o topo: Unidade Tróia,
representando o Complexo Cruzeta, Unidade Cedro e Coberturas Cenozóicas.
Arcabouço Regional e Enquadramento Geológico da Área Pesquisada
57
Quadro 4.1 - Coluna Estratigráfica Proposta para Área
IDADE GEOLÓGICA SIMBOLOGIA LITOLOGIA
Coberturas Cenozóicas
Qa
Sedimentos Colúvios-Aluvionais
Proterozóico Superior
PYS1
Unidade Cedro
Quartzitos
Cumulatos
cromitíferos
Anfibolitos
(metagabros)
Arqueano
A(T-B)t
Unidade Tróia
Clorita-tremolita-
xistos
4.2.1 U
NIDADE
T
RÓIA
Esta unidade distribui-se por toda região de Tróia, ocorrendo a leste e oeste
da área mapeada e servindo de encaixante para os leucognaisses que compõem a
Unidade Cedro.
Esta denominação envolve uma associação plutonovulcanossedimentar,
constituída por metagabros, tremolita-xistos, cumulatos cromitíferos e quartzitos.
Segundo Fetter (1999), a porção supracrustal e fica desse complexo parece ter
sido desenvolvida primeiramente em torno de 2.78 Ga, sendo subseqüentemente
intrudida por plútons félsicos em cerca de 2 Ga.
Quanto às relações de contato, com a Unidade Cedro, se efetuam tanto por
zonas de cisalhamento como por intrusões normais, assinalando-se entre Tróia
Barra do Riachão Cedro, restritas zonas milonitizadas. A despeito do contato de
natureza tectônica, os limites entre as duas unidades não podem ser definidos de
forma simples, visto que coexistem num curto espaço geográfico litotipos referentes
às duas unidades na forma de xenólitos da Unidade Tróia na Unidade Cedro e
sheets deste na primeira.
Metagabros
Ocorrem associados aos xistos sob a forma de bandas e lentes de
espessuras que variam de centímetros a dezenas de metros, não mapeáveis nesta
escala de trabalho, intercaladas as metaultramáficas ou na forma de pequenos
blocos. No caso das lentes ou bandas, exibem coloração cinza escura ligeiramente
Arcabouço Regional e Enquadramento Geológico da Área Pesquisada
58
esverdeada, foliação bem marcada e granulação variável (0.5 a 5 mm).
Estruturalmente, distinguem-se os tipos maciços e bandados. Alguns dos anfibólios
guardam uma textura gabróica semipreservada, indicando que apesar das fortes
condições tectono-metamórficas, receberam pouca influência dos processos
deformacionais. Eles são encontrados preferencialmente sob forma de blocos,
próximos das regiões de contato com os granitóides, nas proximidades da vila de
Tróia. São rochas pouco foliadas de aspecto equigranular e com variações de
tonalidades de verde. Sem auxílio do microscópio sua mineralogia inclui hornblenda
(65%), plagioclásio (20%), quartzo (10%) e biotita (5%).
Em lâmina delgada foram identificados: hornblenda e tremolita-actinolita,
apresentando alteração para clorita; plagioclásio em cristais hipidiomórficos do tipo
andesina/labradorita, por vezes apresentando textura pertítica; quartzo ocorrendo
sob forma de pequenos cristais intersticiais aos anfibólios e feldspatos e ainda
biotita, granada, epidoto, apatita e titanita como acessórios. Facilmente denunciadas
através da alteração pedológica, por gerarem solo muito escuro e argiloso.
Clorita-Tremolita-Xistos
Este tipo petrográfico aflora na forma de lentes, apresentando foliação
penetrativa, concordante com o trend regional. Exibe coloração esverdeada ou ocre
(quando alteradas), granulação fina a média, por vezes sedosos, sendo compostos
por tremolita e clorita magnesiana.
Não o raras as intercalações de veios e diques de composição
granodiorítica a pegmatóide entre as metaultramáficas, não mapeáveis nesta escala
de trabalho, imprimindo ao conjunto uma coloração mais clara.
Ao microscópio revelam clorita sob forma de palhetas e agregados,
desenvolvidos ao longo da foliação ou aleatoriamente. Os cristais de tremolita
exibem hábito prismático alongado em duas direções preferenciais de orientação.
Concomitantemente ocorre actnolita distinguida pelo pleocroísmo azul esverdeado.
A antofilita apresenta extinção reta e hábito prismático típico. O talco aparece em
pequena quantidade, sob forma de palhetas sem orientação, possuindo um caráter
tipicamente retromórfico, substituindo a tremolita e a antofilita.
Arcabouço Regional e Enquadramento Geológico da Área Pesquisada
59
O solo oriundo desta rocha apresenta coloração creme com fração arenosa
maior do que nos solos formados pelos metagabros.
Cumulatos Cromitíferos
A escala de mapeamento deste trabalho permitiu a individualização deste
tipo petrográfico, de sua rocha mãe. Ocorre na forma de corpos tectônicos
lenticulares, encaixados concordantemente nas rochas ultramáficas (clorita-
tremolita-xistos) ou xenólitos nos leucognaisses granitóides, observando dimensões
inferiores a 500 metros de comprimento e 50 metros de espessura.
Este tipo rochoso encerra mineralizações de cromita e EGP (elementos do
Grupo da Platina) que foram e são alvos de pesquisa de empresas nacionais e
internacionais. Nas áreas requeridas pela Granos, ocorre sob a forma de xenólitos
nos leucognaisses granitóides, de forma restrita, com lentes que variam de 40 a 60
metros de comprimento por 30 a 40 metros de espessura.
Apesar desta região ter sido afetada por intenso tectonismo, os níveis
maciços dos cromititos exibem cromitas bem preservadas, relacionadas a processos
magmáticos intrusivos, contrastando com as feições da rocha encaixante (clorita-
tremolita-xisto) que perderam sua identidade original.
Pessoa (1982, in Oliveira et al. 1993), descreve tais corpos como
serpentinito-cromitífero, talco-xistos-cromitíferos, além de particularidades no
serpentino cromitífero, reconhecidas como clorititos, sendo as porções mais
mineralizadas nomeadas de cromititos ou serpentina-cromitito.
Quartzitos
Ocorrem na porção sudeste da área estudada de forma subordinada,
aflorando sob forma de bancadas condicionadas a estruturação regional. Constitui
acidente topográfico denominado Serrote do Galo.
Representando o topo da Unidade Tróia na área mapeada, apresenta
relação de contato de caráter discordante com os demais litotipos desta seqüência e
de natureza tectônica com o leucognaisse da Unidade Cedro.
Macroscopicamente podem ser descritos como rocha de coloração
amarelada, foliada e de aspecto brilhante, granulação média e sacaroidal.
Arcabouço Regional e Enquadramento Geológico da Área Pesquisada
60
Em lâmina delgada apresenta textura granolepidoblástica, sendo composto
por quartzo (88%) na forma de pequenos cristais estirados de formato subeudral a
anedral, palhetas de muscovita (10%) e minerais acessórios (2%), principalmente
plagioclásio e biotita.
4.2.2 U
NIDADE
C
EDRO
Representada pelos gnaisses que ocorrem a leste da vila de Tróia,
estendendo-se a norte até as localidades de Cedro e Barra do Riachão.
Trata-se de rochas leucocráticas, constituídas de quartzo, feldspato,
muscovita, (+) biotita, (+) granada e (±) magnetita, por vezes portando xenólitos do
Complexo Cruzeta. Análises químicas revelam a natureza crustal (alta razão
Sr87/Sr86), fortemente contaminados, redutores, per aluminosos e alcalinos.
A Unidade Cedro é a de maior interesse para o estudo aqui apresentado, por
ser aquela onde estão inseridas as áreas fontes dos litotipos objeto desta pesquisa.
4.2.3
C
OBERTURAS
C
ENOZÓICAS
Sedimentos Colúvios-Aluvionais
O Quaternário é representado basicamente por sedimentos inconsolidados
aluvionares compostos por: cascalhos com seixos de diversas rochas e de quartzo
leitoso em sua maioria; material areno-argiloso com granulometria grossa a média
sendo que, os mais expressivos afloramentos encontram-se ao longo do Rio
Banabuiú, Riachos Caixa D’Água e dos Tijolos.
4.3 GEOLOGIA DA ÁREA
A descrição da unidade abaixo bem como da sua tectônica e metamorfismo
são fruto das observações feitas por Zanibone e Moacir (2001), tendo sido
complementadas com os dados obtidos no decorrer deste trabalho.
Arcabouço Regional e Enquadramento Geológico da Área Pesquisada
61
Distingue-se, em essência, inserida regionalmente no Complexo Cruzeta,
termo retomado por Oliveira et al (1993) em substituição ao Complexo Pedra
Branca, sendo denominada por Unidade Cedro.
No mapa geológico da área podemos observar o comportamento tectônico do
corpo rochoso bem como os contatos geológicos com as demais unidades (Figura
4.7).
4.3.1
L
ITOESTRATIGRAFIA
A Unidade Cedro, de cunho litoestratigráfico, corresponde à entidade onde
estão inseridas as áreas fontes dos litotipos objetos desta pesquisa. Litologicamente
compõe-se de um pacote rochoso de coloração esbranquiçada em quase sua
totalidade e na porção nordeste em curvas de nível mais altas, mostra-se com
tonalidade róseo. Exibe uma granulação variando de média a grossa, e por vezes
em escala de afloramento um aspecto pegmatítico, com textura gráfica nos fácies de
coloração róseo e simplectítica nos fácies esbranquiçados, sendo que este
apresenta uma foliação incipiente com destaque na parte mais interna do maciço e
bem desenvolvida nas bordas, próximo ao contato com o fácies róseo (Figura 4.6 a e
b).
Figura 4.6 a e b – Zona do contato entre o Casablanca e Juparaná Delicato
Arcabouço Regional e Enquadramento Geológico da Área Pesquisada
62
Figura 4.7 - Mapa geológico da área simplificado e modificado de Zanibone & Moacir, 2001.
800.145/99
PERFIS
Corte AA'
Corte BB'
Curva de Nível
Estrada carroçal
Trilha/Caminho
Drenagem
Foliação com indicação de direção e mergulho
Fraturas
Lineamentos estruturais
Pedreira ativa
Pedreira desativada
COLUNA ESTRATIGRÁFICA
Unidade Tróia - conjunto metavulcanossedimentar
Cumulatos cromitíferos
ApctaP1Y1 - Quartzitos muscovíticos
Unidade Cedro - Leuco-gnaisse com granada
constituído preferencialmente por clorita-xistos
com intercalações anfibolíticas (metagabros)
Coberturas Cenozóicas
Zona cisalhamento c/ sentido de deslocamento
Falha inversa
Contato geológico
com enclaves de ortoanfibolitos e metagabros
CONVENÇÕES GEOLÓGICAS
CONVENÇÕES TOPOGRÁFICAS
LEGENDA
Área de Pesquisa
Jazida do Casablanca
Jazida do Juparaná Delicato
Jazida do Giallo Falésia
Arcabouço Regional e Enquadramento Geológico da Área Pesquisada
63
Morfologicamente compõe uma topografia de destaque, formando uma
encosta de serra em quase cuesta, cuja cota máxima atinge 695 metros, alongando-
se por 6Km no sentido norte-sul e infletindo para nordeste nos arredores da
localidade Barra do Riachão.
Encontra-se postada entre rochas arqueanas, por meio de tectônica
tangencial. O posicionamento estratigráfico desses litotipos ainda é objeto de
discussão, sendo posicionado por alguns autores no Paleoproterozóico e por outros
no Neoproterozóico. Trata-se de um leucognaisse do fácies anfibolito porém, como
as demais rochas que se encontram na região, reconhece-se dois eventos
metamórficos: um precoce de grau médio a alto (fácies anfibolito superior) e um
tardio de grau baixo (fácies xisto verde).
Litoestratigraficamente estão inseridas na Unidade Cedro, sendo o seu
posicionamento geocronológico baseado em relação ao desenvolvimento das
deformações transcorrentes do Proterozóico Superior com idade de 586 Ma (Fetter,
1999) e compõem-se litologicamente por um pacote rochoso de coloração
esbranquiçada, em quase sua totalidade, e rosada, na porção nordeste e mais alta.
Seus contatos foram definidos ao longo do Riacho dos Tijolos a sudeste,
como também do Riacho Caixa D’água ao norte e em toda a sua porção oeste, com
as unidades do Complexo Cruzeta, especialmente a Unidade Tróia (Rio Banabuiú).
Leucognaisses Pré-Tangenciais
Este tipo petrográfico pode ser diferenciado em três variedades distintas que
resguardam diferenças na coloração e textura, denominadas de Casablanca,
Juparaná Delicato e Giallo Falésia.
Casablanca – Granada-biotita-muscovita gnaisse
Rocha gnáissica, de granulação média a grossa, coloração esbranquiçada
com matizes acinzentados e negros e foliação penetrativa, composta
essencialmente por feldspatos (% K-feldspatos < % plagioclásios), quartzo, micas,
além de minerais máficos com destaque para a granada.
Arcabouço Regional e Enquadramento Geológico da Área Pesquisada
64
Localizada na borda do corpo, sob influência das zonas de cisalhamento, a
rocha registra pronunciados efeitos tectônicos, ressaltados no estiramento do
quartzo, contornando os agregados de feldspatos e na orientação das micas, que se
amoldam ao contorno dos mesmos, como também aos fenocristais de granada.
Apresenta fraturas internas intragranulares com espaçamento apertado e
plano de fraqueza da rocha ao longo das micas, partindo-se preferencialmente
segundo estes quando submetida à pressão.
Juparaná Delicato – Granada-muscovita-biotita gnaisse
Pode ser reconhecido por apresentar coloração rosada com matizes negros
e hialinos, por vezes textura pegmatóide, granulação grossa e foliação irregular.
Petrograficamente compõe-se de feldspatos (% K-feldspatos < % plagioclásios),
quartzo, minerais máficos e granada. São comuns fraturas irregulares e massas
esbranquiçadas de alteração dos feldspatos, provenientes do intemperismo físico-
químico.
Giallo Falésia – Granada-muscovita-biotita gnaisse
Trata-se do fácies intempericamente alterado dos leucognaisses objeto
desta pesquisa, destacando-se pela marcante alteração cromática e pela presença
de clorita nas microfraturas das granadas, além de microfissuras mais largas e
preenchidas. Rocha gnáissica, de granulação média à grossa, composta
essencialmente por feldspatos (% plagioclásios % feldspatos potássicos), quartzo
e micas brancas (biotitas e muscovitas). As superfícies dos grãos, principalmente ao
longo dos planos micáceos, encontram-se permeadas por material amarelo-
ferruginoso.
4.3.2
T
ECTÔNICA
/M
ETAMORFISMO
Os diferentes aspectos que dizem respeito à análise estrutural, bem como
uma noção evolutiva da porção da crosta abrangida pela área estudada, referem-se
à arquitetura estrutural regional, que tem como característica principal, uma
acentuada linearidade de direções preferenciais NE-SW, subordinadas ao
Arcabouço Regional e Enquadramento Geológico da Área Pesquisada
65
desenvolvimento de mega zonas de cisalhamento, que por ordem hierárquica são:
Zona de Cisalhamento Senador Pompeu e Zona de Cisalhamento Sabonete
Inharé.
As deformações ocorridas na Unidade Cedro e nas encaixantes (Complexo
Cruzeta), apontam para uma importante fase de tectonização e metamorfismo
regional, com foliação de origem tectônica cuja atitude média é de N 30ºE / 32ºSE.
Essa foliação é caracterizada por uma deformação plástica mais ou menos intensa
dos minerais, em particular nos quartzos e feldspatos que se apresentam geralmente
em forma lenticular ou em massas disformes com recristalização imposta pela
dinâmica atuante.
As feições tectônicas identificadas em escala de afloramento foram divididas
de acordo com o nível crustal em que se formaram, para que se tenha uma idéia
melhor dos efeitos destas feições sobre o corpo gnáissico fonte dos litotipos objetos
deste trabalho.
4.3.2.1 – Dúcteis
Foliação
Nas rochas estudadas observou-se a presença de dois padrões de foliação
distintos, que designaremos de Sn e Sn+1 (Figura 4.8).
A foliação Sn possui comumente um aspecto de bandamento composicional
com diferentes graus de mobilização. No caso dos gnaisses, nota-se um padrão de
bandamento ligeiramente homogêneo quando visto em escala de afloramento,
embora mostre porções de rocha com foliação mal exprimida.
A foliação Sn+1 possui características regionais, com uma orientação em
torno de NNE-SSW. Onde os mergulhos são suaves (10º a 30º), podendo acentuar-
se de maneira abrupta a verticalizar-se em pequenas zonas com largura de 25
metros.
Nas metaultramáficas (clorita-tremolita-xistos), esta foliação é dada por
palhetas plano-paralelas de tremolita e antofilitas, às vezes formando ângulos
ortogonais entre si.
Arcabouço Regional e Enquadramento Geológico da Área Pesquisada
66
Nas rochas de composição granítica (ortognaisses), esta foliação se
apresenta tanto de forma homogênea, mais freqüente, quanto heterogênea
materializada através de zonas miloníticas estreitas, sendo muitas vezes difícil de
distinguir uma orientação planar, principalmente no Delicato.
Ao contrário da foliação Sn, cujo processo não é bem compreendido, a
foliação Sn+1 tem sua origem relacionada diretamente com a deformação,
materializando juntamente com a lineação, uma tectônica tangencial em condições
profundas que poderia ser interpretada como uma falha dúctil.
Figura 4.8 – Diagrama de Foliação das Áreas Estudadas.
Lineações
A direção de estiramento mineral nos leucognaisses é revelada em escala
mesoscópica, pelo alongamento das micas e fenocristais de feldspatos e em escala
de lâmina pelas biotitas e ribbons de quartzo, onde se observa o padrão homogêneo
de orientação E-W.
Os valores encontrados na área podem ser enquadrados no trend regional,
obtidos em trabalhos realizados, e que atestam duas direções de estiramento na
região de Tróia, com uma delas vinculada ao que denominamos de primeira fase
deformacional, com valores próximos a N100 e transporte para oeste, e a segunda
Arcabouço Regional e Enquadramento Geológico da Área Pesquisada
67
relacionada à tectônica horizontal, responsável pela formação de nappes com
orientação N20.
4.3.2.2 – Rúpteis
Para a mineração em rocha ornamental esta é a feição tectônica mais
determinante no sucesso da empreitada, condicionando tanto o método como a
forma de lavra.
A região em apreço, apesar de ter sido submetida à deformação tectono
metamórfica, apresenta grau de fraturamento que varia de médio a baixo, tanto em
meso escala, quanto em micro escala.
O padrão de fraturamento que mais se repete na área obedece a uma direção
preferencial N2 Az e outras duas subordinadas N135º Az e N160º Az,
caracterizado como sistema de fraturas penetrativas. Os elementos que denunciam
o grau de penetratividade das fraturas são observados nestas duas famílias:
preenchimento e magnitude espacial (Figura 4.9).
Ao longo do fácies Delicato pode-se distinguir zonas mais ou menos
fraturadas, predominando baixo grau de fraturamento em contraste com os cies
Casablanca e Falésia que se destacam por apresentar maior intensidade de
microfraturas, resultado da tensão residual a qual essas rochas foram submetidas.
No entanto, essa diferença de intensidade de fraturamentos não pode ser atribuída
somente a divergentes comportamentos reológicos, mas principalmente ao
posicionamento dentro do corpo. As porções mais afetadas pela deformação rúptil
distribuem-se ao longo da borda do corpo, sendo que à medida que se avança para
porção central o grau de fraturamento diminui.
F
igura
4.
9
Diagrama de Roseta das
Áreas Estudadas.
Arcabouço Regional e Enquadramento Geológico da Área Pesquisada
68
4.3.3
G
EOCRONOLOGIA E
G
ÊNESE DO
J
AZIMENTO
Fetter (1999) encontrou evidências, por meio de datações Sm-Nd em rochas
locais, que indicam preliminarmente que ambas as orogêneses Transamazônica e
Brasiliana, afetaram esse domínio. Uma isócrona Sm-Nd de 2,060 Ma do Complexo
máfico-ultramáfico próximo de Tróia (Liégois, 1995 apud Fetter, 1999) e uma
datação U-Pb em monazita de 586 Ma, no que ele denominou corpo intrusivo
granitóide de Pedra Branca, atestam esta colocação. Assim, esse registro de idade
mais recente seria indicativo do último evento que atingiu este corpo rochoso,
resultando em deformações moderadas e foliação sin-metamórfica regional.
As Figuras 4.10 e 4.11 exibem as isócronas obtidas por Fetter para o que ele
denominou “granitóide de Pedra Branca” (na realidade gnaisse Casablanca) e de
rocha circunvizinha a esta jazida sugerindo que, esses registros de idade recente em
contraposição aos de idade mais antiga encontrados em outras rochas da área, são
indicativos de uma estruturação Transamazônica com forte retrabalhamento durante
o evento Brasiliano.
Figura 4.10 - Gráfico com resultado de datação obtido a partir de monazita para
o gnaisse Casablanca (Fetter, 1999).
BRCE96-58
Granito Casa Blanca
550
560
570
580
590
600
610
0.087
0.089
0.091
0.093
0.095
0.097
0.099
0.70 0.72 0.74 0.76 0.78 0.80 0.82
207
Pb/
235
U
206
Pb/
238
U
Model 1 Solution without decay-
const. errs on 1 points
Lower intercept: 0 ± 30 Ma
Upper intercept: 586.3 ± 1.5 Ma
MSWD = 0.000, P= 1.000
Arcabouço Regional e Enquadramento Geológico da Área Pesquisada
69
Figura 4.11 - Gráfico com resultado de datação obtido em rocha localizada
nas proximidades da jazida do gnaisse Casablanca (Fetter, 1999).
O posicionamento estratigráfico da Unidade Cedro foi estabelecido baseado
nas fases de intrusão e deformação, relacionadas ao Proterozóico Inferior
(deformação tangencial) e Proterozóico Superior (Ciclo Brasiliano). Todavia esta
arrumação estratigráfica esta sujeita a alterações, podendo relacionar-se a um
evento mais antigo, possivelmente num contexto de plutonismo anarogênico
(Cavalcante et al. 1993).
As feições texturais, estruturais e composicionais exibidas pelo leucognaisse
Cedro sugerem que o mesmo corresponda a um migmatito nebulítico a homofânico
originado pela fusão parcial de rochas pretéritas (xistos ou gnaisses), e que foi
gnaissificado durante evento metamórfico superimposto acompanhado por
recalibração mineral sob condições metamórficas/metassomáticas mais brandas ou
retrometamórficas.
BRCE96-44
580
570
560
550
540
0.085
0.087
0.089
0.091
0.093
0.095
0.68 0.70 0.72 0.74 0.76 0.78
207
Pb/
235
U
206
Pb/
238
U
Model 1 Solution without decay-
const. errs on 2 points
Lower intercept: 0 ± 30 Ma
Upper intercept: 567.5 ± 1.4 Ma
MSWD = 1.9, P= 0.17
Características Petrográficas
70
C
ARACTERÍSTICAS
P
ETROGRÁFICAS
O presente capítulo trata e discute as principais características petrográficas
intrínsecas dos granada-biotita-muscovita gnaisse cinza esbranquiçado
(Casablanca), granada-muscovita-biotita gnaisse rosado (Juparaná Delicato) e
granada-muscovita-biotita gnaisse branco amarelado (Giallo Falésia) da região de
Pedra Branca, no Ceará, utilizados para o desenvolvimento dos estudos ora em
apreço.
Foram analisadas 15 lâminas delgadas e realizada quantificação mineral
modal em placas polidas, submetidas ao ensaio colorimétrico com cobaltinitrito de
sódio. A escolha desta metodologia deveu-se a predominância de granulações
média e grossa exibidas pelos referidos gnaisses, de difícil quantificação por meios
exclusivamente microscópicos.
Para a análise das características petrográficas dos materiais seguiu-se a
metodologia tradicional, descrita no Capítulo 3, voltada para avaliação dos aspectos
estruturais, texturais e composicionais exibidos pelos gnaisses investigados. Na
análise microscópica foram avaliados a disposição e comportamento dos minerais,
bem como dada especial atenção para as relações e tipos de contatos entre os
cristais e o estado de microfissuramento, os quais foram quantificados por mm².
5.1 PETROGRAFIA
As rochas objetos desta pesquisa apresentam padrões texturais
movimentados e variações cromáticas entre tons de róseo, cinza esbranquiçado e
branco amarelado, que favoreceram a sua utilização como rocha ornamental tendo
sido rápida e amplamente reconhecida pela indústria.
Por vezes, observam-se em escala de afloramento feições
texturais/estruturais pegmatíticas, com marcante intercrescimento gráfico entre
feldspato e quartzo definindo o contato do fácies de coloração branca com o róseo.
O maciço exibe uma foliação incipiente na sua porção mais interna, próximo ao
contato com o fácies róseo, e um pouco mais desenvolvida nas bordas.
Características Petrográficas
71
As deformações ocorridas na região apontam para uma importante fase de
tectonização e metamorfismo regional, com foliação de origem tectônica cuja atitude
média é de N 30ºE / 32ºSE. Essa foliação registra uma deformação de caráter dúctil
com intensidade distinta, cujos cristais de quartzo e feldspatos apresentam em geral
formas lenticulares a laminadas/discóides, também ocorrendo em massas disformes
com recristalização imposta pela dinâmica atuante.
A associação mineral nestes gnaisses de composição granítica é formada
essencialmente por feldspato potássico (microclínio), quartzo, plagioclásio (albita
com porções mais cálcicas no centro), biotita, muscovita e granada, e como produtos
de alteração são encontrados sericita, epidoto, clorita, muscovita, argilo-minerais,
óxidos e hidróxidos de ferro. Os acessórios estão representados por opacos e raros
cristais de zircão e apatita. A assembléia mineral composta por feldspato potássico,
plagioclásio, biotita e granada, sugerem um metamorfismo de mais baixo grau,
contudo as feições texturais e estruturais encontradas, tais como mobilizados
anatéticos com presença de textura gráfica e de microleitos tipicamente
melanossômicos, indicam que essas rochas atingiram o fácies anfibolito até o início
do fácies granulito, inclusive com fusão parcial. Posteriormente com o resfriamento,
sofreram metamorfismo retrógrado até o limite do fácies xisto verde caracterizado
pela presença de sericita, epidoto e clorita.
Os litotipos estudados são aqui classificados petrograficamente como
granada-biotita-muscovita gnaisse, granada-muscovita-biotita gnaisse e granada-
muscovita-biotita gnaisse. No entanto, apesar das similaridades observadas à luz do
microscópio petrográfico, os três tipos são diferenciados entre si por mudanças na
textura e coloração sendo denominados comercialmente como “Casablanca”, o de
cor branca com tons de cinza médio, “Giallo Falésia“, o de cor branca com tons
amarelados ferruginosos, e “Juparaná Delicato”, o de cor rosa com tons de preto.
Considerando as diferenças apresentadas na textura e coloração destes
gnaisses, acrescidas às feições encontradas em escala de afloramento, a análise
petrográfica deu-se no sentido de conhecer mais detalhadamente as características
intrínsecas de cada um deles, de forma que pudessem auxiliar na interpretação dos
resultados obtidos nos ensaios físico-mecânicos e de envelhecimento acelerado com
atmosfera salina.
Características Petrográficas
72
5.1.1 G
RANADA
-B
IOTITA
-M
USCOVITA
G
NAISSE
C
INZA
E
SBRANQUIÇADO
(C
ASABLANCA
)
Trata-se de uma rocha grosseiramente gnaissificada, leucocrática, de cor
branca com tons de cinza médio, nitidamente inequigranular de granulação média a
média-grossa, com feições pegmatóides localizadas (Prancha 5.1 - Fotos 1 e 2). Em
termos gerais é constituída por arcabouço quartzo-feldspático de granulação média
contendo porções pegmatóides (leucossomas?) com formas lenticularizadas a
alongadas de dimensões variadas, desde decimétricas a submétricas, e
irregularmente espaçadas, entremeadas pela presença de microleitos descontínuos
a lineares biotíticos-muscovíticos (melanossômicos?) com espessuras desde
submilimétricas a cerca de 3 a 4mm. A granulação das porções pegmatóides é
bastante variável, podendo localmente exibir cristais de feldspato potássico com
dimensões que superam 2,0 a 3,0cm.
Por vezes ocorrem xenólitos de anfibolito inseridos na “matriz” quartzo-
feldspática, fato este consoante com as complexas relações existentes entre as
diferentes unidades da região e da qual faz parte o complexo máfico-ultramáfico
acamadado de Tróia, rochas encaixantes de idade Arqueana (Figura 5.1).
A composição mineralógica modal média (Tabela 5.1), obtida pela integração
através da quantificação macro e microscópica, para estes gnaisses é cerca de
17,4% de quartzo, 38% de plagioclásio (albita e oligoclásio), 28% de feldspato
Figura 5.1 - Fotografia de
placa pétrea (40 x 40cm)
assentada. Em detalhe
estrutura xenolítica de
anfibolito (provavelmente
pertencente à Unidade
Tróia) imersa em matriz
quartzo-feldspática do
Granada-biotita-muscovita
gnaisse (Casablanca).
Características Petrográficas
73
potássico (microclínio pertítico) e 13,2% de micas (8,0% de muscovita e 5,2% de
biotita) e cerca de 1,8% de granada. Como minerais acessórios ocorrem os opacos,
zircão e apatita, enquanto os secundários estão representados por sericita, epídoto,
argilo-minerais, clorita e hidróxidos de ferro (Prancha 5.1 e 5.2, Fotos 1 a 16).
Ao microscópio apresentam textura granoblástica inequigranular orientada,
com granulação bastante variável em função das porções quartzo-feldspáticas e dos
leitos micáceos observados. As porções quartzo-feldspáticas do arcabouço do
gnaisse (paleossoma gnaissificado?) exibe granulação média a média-fina (0,5 a
7,0mm, e em média entre 2,0 e 4,0mm), sendo que nas porções pegmatóides as
dimensões dos minerais excedem às das seções delgadas. Os leitos micáceos
apresentam texturas lepidoblásticas a grano-lepidobláticas e granulação média-fina
a média (em média entre 2,0 a 3,0mm).
O feldspato potássico está representado pelo microclínio e ocorre sob forma
de grãos subedrais e anedrais com reticulado em xadrez das maclas da albita e do
periclínio. Nas porções pegmatóides é o mineral predominante e com as maiores
dimensões, freqüentemente mesopertíticos e apresentando freqüentes inclusões de
minúsculos cristais de quartzo, plagioclásio saussuritizado e alguma biotita.
O plagioclásio, caracterizado por uma composição na faixa albita-oligoclásio,
é o mineral predominante na massa quartzo-feldspática de granulação média
(paleossoma gnaissificado?) e bastante freqüente nos microleitos micáceos
(melassômicos?). A albita constitui cerca de 15% da rocha e ocorre
predominantemente sob forma de anéis ou subanéis manteando núcleos mais
cálcicos (oligoclásio a andesina ácida parcialmente saussuritizados) e, por vezes,
intersticialmente aos demais minerais. O aspecto exibido pela albita sugere uma
cristalização tardia para a mesma, provavelmente associada a uma fase
metamórfica compatível com o fácies xisto verde médio-alto através de percolação
de fluídos enriquecidos em sódio.
Características Petrográficas
74
6
4
5
3
Granada
Muscovita
Quartzo
21
Muscovita
Microcnio
Muscovita
7
Quartzo
Pertita
Quartzo
8
Prancha 5.1 – (1) e (2) Placas polidas do gnaisse Casablanca, mostrando leitos
descontínuos. Fotomicrografias do Gnaisse Casablanca. Nicóis paralelos e cruzados.
(3,4) Porfiroblasto de granada, com forma anedral, apresentando intenso fraturamento.
(5,6) Micas cisalhadas, mostrando localmente o sentido do deslocamento, e
encurvamento de “cordões” das mesmas. (7,8) Grão de quartzo com forma hexagonal,
característica de dinâmica estática.
Características Petrográficas
75
10
9
Granada
Muscovita
Quartzo
11 12
Sericita
Microcnio
Plagiocsio
Plagioclásio
Muscovita
Quartzo
13
15
14
Plagioclásio
16
15
Quartzo
Quartzo
Quartzo
Muscovita
Prancha 5.2 Fotomicrografias do Gnaisse Casablanca. Nicóis paralelos e cruzados.
(11,12) Microclínio mesopertítico parcialmente sericitizado com inclusões de plagioclásio
de núcleo saussuritizado. (13,14) Muscovita e plagioclásio encurvados, apresentando
extinção ondulante característica de um primeiro estágio deformacional. (15,16)
Concentrações de muscovita lineares, descontínuas, com espessuras milimétricas e
mostrando uma certa isorientação. Mosaico granoblástico interlobado a poligonal,
composto a partir de intercrescimento do quartzo.
Características Petrográficas
76
O quartzo ocorre comumente na forma de grãos anédricos com forte extinção
ondulante, porém com forma poligonizada quando resultante de recuperação em
subgrãos. Pode estar disposto intersticialmente ou como grãos isolados. Forma com
o microclínio níveis quartzo-feldspáticos num arranjo granoblástico, por vezes
poligonal.
Os cristais de granada ocorrem de forma subedral e anedral aparentemente
ricas na molécula de almandina. Estão intensamente fraturados ora exibindo
cloritização ao longo das microfissuras, ora substituídas por filossilicatos castanhos.
Ocorrem duas fases micáceas. Uma primária representada por biotitas e
muscovitas e uma secundária representada por muscovitas e sericitas. A existência
de biotita passando a muscovita sugere retrometamorfismo na fase final de
resfriamento dessa rocha. As relações de substituição entre as fases estão
evidenciadas por restos de biotitas presentes nos planos de clivagens de lamelas de
muscovitas.
A avaliação do percentual de alteração evidencia um processo de
sericitização moderado nos feldspatos e nas micas. A alteração da rocha como um
todo foi julgada fraca, apesar da aparência turva existente nos plagioclásios.
Quanto ao microfraturamento, os intragrãos mostraram-se mais evidentes que
os intergrãos, sendo que os primeiros se concentram principalmente nos cristais de
quartzo e feldspatos enquanto o segundo nas micas e em menor escala.
Os contatos do tipo plano-lobulados predominaram com cerca de 71% das
ocorrências, seguidos de aproximadamente 20% de contatos plano-serrilhados.
As observações macro e microscópica revelaram tratar-se de um granito de
originalmente de anatexia (migmatito nebulítico) originado a partir de intensa fusão
parcial das rochas pretéritas (xistos ou gnaisses), e que foi gnaissificado durante
evento metamórfico superimposto acompanhado por recalibração mineral sob
condições metamórficas/metassomáticas mais brandas. Os efeitos tectonotermais
superimpostos são bem evidenciados em lâmina delgada, pela observação de
feições desenvolvidas nos cristais de quartzo, tais como banda de deformação e
recuperação em subgrãos, formação de albita intersticial, além da isorientação geral
das micas. Como subsídio para essa afirmação, temos ainda a associação mineral
Características Petrográficas
77
GRANADA + BIOTITA + QUARTZO + PLAGIOCLÁSIO + MICROCLÍNIO
característica de rochas formadas sob condições de T x P mais altas.
Tabela 5.1- Síntese dos dados petrográficos referentes ao Granada-biotita-
muscovita gnaisse (Casablanca)
Nome Comercial CASABLANCA
Amostra CB1 CB2 CB3 CB4 CB5
Valores
Médios
Mineralogia % % % % % %
Quartzo 15 16 19 19 18 17,4 (17)
Albita/Oligoclásio 15/31 15/30 14/30 8/17 10/20 13/25
Microclínio 20 22 20 40 38 28
Muscovita 9 7 9 8 7 8
Biotita 7 6 4 5 4 5,2
Granada 2 1,0 2 2 2 1,8 (2)
Acessórios (opacos) 0,5 2,5 1,3 0,5 0,6 1,1 (1)
Secundários (argilo-minerais,
sericita, clorita, epidoto e
hidróxido de ferro)
0,5
0,5
0,7
0,5
0,4
0,5
Estrutura Gnáissica Gnáissica Gnáissica Gnáissica Gnáissica Gnáissica
Textura
Granoblástica
/Granolepidob
lástica
Granoblástica
/Granolepidob
lástica
Granoblástica
/Granolepidob
lástica
Granoblástica
/Granolepidob
lástica
Granoblástica
/Granolepidob
lástica
Granoblástica
/Granolepidob
lástica
Níveis
Granoblásticos
4 a 10mm 9 a 10mm 6 a 8mm 8 a 10mm 6 a 8mm 6,6 a 9,2mm
Granulação
(mm)
Níveis
Granolepidoblásticos
0,1 a 1mm 0,5 a 3mm 0,1 a 2mm 0,3 a 2mm 0,5 a 3mm 0,3 a 2,2mm
Classificação (QAP)
Gnaisse
sienogranítico
Gnaisse
sienogranítico
Gnaisse
sienogranítico
Gnaisse
sienogranítico
Gnaisse
sienogranítico
Gnaisse
sienogranítico
Intergrão 0,03 0,06 0,12 0,04 0,04 0,06
Microfissuras/mm²
Intragrão 0,14 0,15 0,21 0,08 0,13 0,14
Alteração Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca
Planos 2 7 7 6 6 5,6
PI-serrilhados 23 23 25 18 12 20,2
PI-lobulados 75 64 68 72 76 71
Contatos
(%)
Côncavo-
serrilhados
- 6 - 4 6 3,2
5.1.2 G
RANADA
-M
USCOVITA
-B
IOTITA
G
NAISSE
R
OSADO
(J
UPARANÁ
D
ELICATO
)
Refere-se a uma seqüência litológica com coloração rosada, grosseiramente
gnaissificada, caracterizada por um arcabouço quartzo-feldspático gnáissico de
granulação média (paleossoma?) contendo porções quartzo-feldspáticas de
granulação média a grossa ou pegmatóide com freqüentes texturas gráficas
Características Petrográficas
78
(neossoma granítico?) com a presença de microleitos descontínuos a lineares
biotíticos-muscovíticos (melanossomas?) (Prancha 5.3, Fotos 1 e 2).
As porções quartzo-feldspáticas de granulação grossa a pegmatóide, com
granulação que pode atingir dimensões centimétricas, constituem bolsões
lenticulares a macroleitos isorientados com dimensões variadas, decimétricos a
submétricos, com contornos irregulares e muitas vezes delineados por
concentrações micáceas (melanossomas?).
As concentrações micáceas lineares apresentam espessuras reduzidas, de
no máximo alguns milímetros, mais ou menos persistentes e irregularmente
distribuídas. Concentram-se preferencialmente nas bordas e no interior das porções
quartzo-feldspáticas de granulação mais grossa a pegmatóides (leucossomáticas?),
imprimindo, em termos gerais, um aspecto ligeiramente anastomosado à rocha.
A composição mineralógica modal dia (Tabela 5.2) está representada
essencialmente por 20,6% de quartzo, 36,4% de feldspato potássico (representado
por microclínio), 26,6% de plagioclásio (5,0% de albita e 20,6% de oligoclásio) e
13,8% de micas (4,8% de muscovita e 9,0% de biotita) e cerca de 1,8% de granada,
opacos, zircão e apatita, bem como 0,8% representados pelos minerais secundários
sericita, epídoto, argilominerais e hidróxidos de ferro (Pranchas 5.3 e 5.4, Fotos 1 a
16).
Microscopicamente o gnaisse caracteriza-se por nítida textura essencialmente
granoblástica, sendo que nas concentrações micáceas desenvolve texturas
lepidoblástica a granolepidoblástica.
O feldspato potássico, representado pelo microclínio, ocorre normalmente sob
forma de grãos anedrais e subedrais, com típica geminação em grade e por vezes
Carlsbad, exibindo fraturamento, com ou sem preenchimento por sericita e mais
raramente contendo epídoto e opacos, acompanhados de extinção ondulante.
Corresponde ao mineral amplamente predominante nas porções quartzo-
feldspáticas pegmatóides, ocasiões que apresentam certa riqueza em inclusões de
minúsculos cristais de quartzo, plagioclásio saussuritizados e lamelas de biotita.
Características Petrográficas
79
21
6
4
5
3
7
8
Quartzo
Biotita
com quartzo
Feldspato
Fratura preenchida
Prancha 5.3 Fotomicrografias do Gnaisse Delicato. Nicóis paralelos e cruzados. (1,2)
Placas polidas exibindo microleitos descontínuos a lineares biotíticos-muscovíticos, além de
porções quartzo-feldspáticas de aspecto pegmatóide.
Características Petrográficas
80
14
12
13
11
10
9
15
16
Albita
Albita
Pertita
Lamelas de muscovita
Microfissura preenchida
Albita
Lamelas de muscovita
Prancha 5.4 Fotomicrografias do Gnaisse Delicato. Nicóis paralelos e cruzados. (9) Albita
com forma anédrica e dimensão maior, exibindo fratura preenchida com quartzo. (10)
Feldspato com sericita e lamelas de muscovita. (15) Albita exibindo manteamento com
núcleo mais rico em cálcio.
Características Petrográficas
81
O plagioclásio esrepresentado pela albita e por oligoclásio. A albita ocorre
sob forma de pequenos cristais anédricos (submilimétricos) intersticiais e,
preferencialmente, formando delgados anéis manteando cristais maiores de
oligoclásio. Este último pode ser zonado, com cleos que atingem composição da
andesina ácida, normalmente afetados por parcial sericitização, ou mesmo
saussuritização, que lhes conferem aspecto ligeiramente turvo.
A presença da albita sob forma intersticial e de anéis emoldurando cristais de
plagioclásio mais cálcicos sugerem recalibrações minerais em condições
metamórficas superimpostas mais brandas, ou de efeitos retrometamórficos,
acompanhados por percolação de fluidos enriquecidos em sódio.
Os grãos de quartzo em geral formam mosaico granoblástico com formas
anedrais a subedrais, exibindo extinção ondulante. Bandas de deformação também
são observadas com efeitos de recristalização.
As micas apresentam-se comumente em agregados lamelares deformados e
em lamelas individuais. Freqüentemente exibem os planos de clivagem preenchidos
por minúsculos cristais de opacos sob forma disseminada. A evidência de
retrometamorfismo também é constatada por processos de muscovitização parcial
de cristais de biotita, bem como na coexistência de albita-oligoclásio, caracterizando
provável transição do fácies xisto verde a anfibolito.
A biotita concentra-se preferencialmente nos leitos melanossômicos que
normalmente delineiam porções quartzo-feldspáticas de granulação mais grossa a
pegmatóide, aonde juntamente com a muscovita conduzem a aspectos texturais
tipicamente lepidoblásticos a granolepidoblásticos, responsáveis pelo
desenvolvimento de evidentes planos de descontinuidades físicas à rocha.
A granada é o mineral acessório mais significativo, apresenta grãos anedrais
fraturados com presença de biotitas e cloritas em suas bordas e interstícios.
Ocorre o predomínio de microfissuras intragrãos, com cerca de 0,13
microfissuras/mm², fechadas ou preenchidas por sericita, argilominerais incolores e
mais raramente contendo algum epidoto. As fissuras intergrãos são preenchidas por
quartzo recristalizado ou biotitas formando níveis lineares descontínuos de
espessuras submilimétricas isorientadas.
Características Petrográficas
82
Há a predominância de contatos plano-lobulados com cerca de 62% das
ocorrências e 24% de contatos plano-serrilhados.
Tabela 5.2 – Síntese dos dados petrográficos referentes ao Granada-muscovita-
biotita gnaisse rosado (Juparaná Delicato)
Nome Comercial JUPARANÁ DELICATO
Amostra JD1 JD2 JD3 JD4 JD5
Valores
Médios
Mineralogia % % % % % %
Quartzo 23 17 14 28 21 20,6 (20)
Albita/Oligoclásio 4/16 3/15 4/15 9/40 5/17 5,0/20,6 (26)
Microclínio 39 43 53 9 38 36,4
Biotita 9 12 7 6 11 9
Muscovita 6 6 3 4 5 4,8 (5)
Acessórios (granada , opacos,
ziro, apatita)
1
2,5
2
2
1,5
1,8
Secundários (argilo-minerais,
sericita, biotita, epidoto e óxido
de ferro)
1 0,5 1 1 0,5 0,8
Estrutura Gnáissica Gnáissica Gnáissica Gnáissica Gnáissica Gnáissica
Textura
Granoblástica
/Granolepido
blástica
Granoblástica
/Granolepido
blástica
Granoblástica
/Granolepido
blástica
Granoblástica
/Granolepido
blástica
Granoblástica
/Granolepido
blástica
Granoblástica
/Granolepido
blástica
Níveis
granoblásticos
8 a 14mm 7 a 13mm 7 a 14mm 5 a 12mm 7 a 13mm 6,8 a 13mm
Granulação
(mm)
Níveis
granolepidoblásticos
0,1 a 2,0mm 0,5 a 2mm 0,3 a 1,5mm 0,5 a 2,0mm 1 a 2mm 0,5 a 1,9mm
Classificação (QAP)
Gnaisse
sienogranítico
Gnaisse
sienogranítico
Gnaisse
sienogranítico
Gnaisse
sienogranítico
Gnaisse
sienogranítico
Gnaisse
sienogranítico
Intergrão 0,03 0,05 0,10 0,03 0,04 0,04
Microfissuras
/mm²
Intragrão 0,13 0,14 0,19 0,07 0,12 0,13
Alteração Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca
Planos 9 10 16 13 8 11,2 (11)
PI-serrilhados
20 30 25 22 25 24,4 (24)
PI-lobulados 71 60 55 65 60 62,2 (62)
Contatos (%)
Côncavo-
serrilhados
- - 4 - 7 3
5.1.3 G
RANADA
-M
USCOVITA
-B
IOTITA
G
NAISSE
B
RANCO
A
MARELADO
(G
IALLO
F
ALÉSIA
)
Rocha gnáissica leucocrática de coloração branco amarelada inequigranular,
de granulação variando de média a grossa, com porções tipicamente pegmatóides
(Prancha 5.5, Fotos 1 e 2). Corresponde a um material petrograficamente bastante
heterogêneo, tanto sob aspectos texturais/estruturais quanto composicionais,
definido pela alternância de bandas lenticulares irregulares ora quartzo-feldspáticas
Características Petrográficas
83
(graníticas), de granulação grossa a pegmatóide, ora gnáissicas, de granulação
média com maior ou menor riqueza de microleitos micáceos (melanossômicos), no
geral grosseiramente isorientadas. As bandas lenticulares apresentam dimensões e
espessuras variadas, centimétricas a métricas, irregularmente distribuídas e com
contatos gradacionais e difusos entre si.
Os microleitos micáceos, com predominância de biotita sobre a muscovita,
são descontínuos a persistentes com espessuras submilimétricas a milimétricas,
isorientados, podendo ocorrer tanto isoladamente quanto concentrados em certas
porções da rocha, ocasiões que imprimem aspecto mais ou menos bandado ao
material. Em termos gerais os microleitos micáceos representam prováveis
concentrações melanossômicas, e como tais são responsáveis pelo
desenvolvimento de planos de descontinuidades físicas com conseqüente redução
da resistência mecânica das rochas. Destaca-se que os cristais de biotita destes
microleitos encontram-se relativamente oxidados com a formação e conseqüente
liberação de hidróxidos de ferro, os quais pela dispersão através das microfissuras e
interfácies minerais conferem à rocha manchamentos aleatórios de coloração
amarelada com faixas irregulares de aspectos ferruginosos.
A composição mineralógica modal média deste gnaisse está representada por
cerca de 18,8% de quartzo, 36,4% de feldspato potássico, 26,6% de plagioclásio
(aproximadamente 6,0% de albita e 35,0% de oligoclásio), 10,0% de biotita, 5,0% de
muscovita, além de 2,2% de granada, opacos, zircão e apatita. Como minerais
secundários ocorrem sericita, epidoto, argliominerais, óxidos e hidróxidos de ferro
(Tabela 5.3).
Microscopicamente apresenta textura predominantemente granoblástica com
presença de típicas feições lepidoblásticas nos microleitos micáceos (Prancha 5.3;
Fotos 3 a 16).
O feldspato potássico corresponde ao microclínio, podendo ser fortemente
pertíticos, com cristais anédricos e subédricos caracterizado por nítida geminação
em grade, freqüentemente exibindo microfissuramentos, recristalização e por vezes
extinção ondulante. Representa o mineral mais freqüente das porções quartzo-
feldspáticas de granulação grossa a pegmatóide, ocasiões que atingem as maiores
dimensões. Por vezes encontram-se parcialmente sericitizados e com variável
Características Petrográficas
84
intensidade de argilização que lhe imprime aspecto turvo devido a presença de
pigmentação dada por hidróxidos de ferro.
O plagioclásio apresenta composição na faixa albita-oligoclásio e representa o
feldspato mais freqüente das porções gnáissicas de granulação média a média-fina
(restos paleossômicos?) e nas faixas e concentrações enriquecidas em micas. A
albita ocorre tanto sob forma de pequenos cristais anédricos intersticialmente aos
demais minerais quanto formando delgados anéis descontínuos que emolduram
parcialmente cristais de plagioclásio mais cálcicos (oligoclásio com núcleos que
podem atingir a composição de andesina ácida). Os cristais mais cálcicos exibem,
com freqüência, núcleos parcial a totalmente sericitizados e por vezes encontram-se
intensamente saussuritizados.
Os microfissuramentos minerais, bem como os interstícios dos grãos, em sua
maioria encontram-se preenchidos por um material ferruginoso, proveniente de
minerais opacos e da biotita. Os grãos menores de plagioclásio que se encontram
formando os níveis quartzo-feldspáticos exibem boa geminação e forma subedral, no
entanto os grãos maiores m forma anedral, mostram-se bastante fraturados e com
presença de mobilizados que migram para essas zonas de alívio de pressão
formando grãos hexagonais de quartzo que caracterizam uma dinâmica estática.
Os grãos de quartzo podem ocorrer de forma individualizada ou constituírem
mosaicos granoblásticos, por vezes microfissurados (algumas microfissuras
encontram-se preenchidas por materiais de alteração). Os efeitos de extinção
ondulante e recristalização são bem mais intensos do que nos feldspatos.
Nos agregados micáceos verifica-se a predominância da biotita sobre a
muscovita. De forma similar aos outros minerais essenciais, a biotita exibe extinção
ondulante e recristalização com recuperação em sublamelas. A muscovita ocorre,
quase sempre, na forma de agregados ou lamelas reliquiares com microfissuras
preenchidas por hidróxido de ferro liberado a partir da oxidação da biotita.
Os minerais acessórios mais significativos compõem-se de granada e
minerais opacos, enquanto os secundários estão representados por minerais de
argila neoformados, sericita, epídoto, óxido e hidróxidos de ferro e alguma clorita.
Os contatos entre grãos são dominantemente plano-lobulados (62% das
ocorrências) e plano-serrilhados (24%).
Características Petrográficas
85
Também neste litotipo predominaram microfissuras intragrãos, com cerca de
0,18 microfissuras/mm², contudo o número de fissuras intergrão é bem mais
significativo do que nos outros dois litotipos estudados além do que as fissuras
mostram-se mais espessas e maiores.
Os processos de alteração considerados moderados concentram-se em
plagioclásios e subordinadamente em micas (processos de muscovitização de
biotitas). Entretanto, a rocha exibe uma forte dispersão de material ferruginoso nas
microfissuras e interstícios de grãos, este processo parece estar relacionado com a
presença de opacos (óxidos de ferro) e com o posicionamento estrutural da jazida.
Similarmente aos outros dois gnaisses anteriormente descritos, as feições
texturais, estruturais e composicionais exibidas pelo gnaisse sugerem que o mesmo
corresponda a um migmatito nebulítico a homofânico originado pela fusão parcial de
das rochas pretéritas (xistos ou gnaisses), e que foi gnaissificado durante evento
metamórfico superimposto acompanhado por recalibração mineral sob condições
metamórficas/metassomáticas mais brandas ou retrometamórficas.
Características Petrográficas
86
6
4
5
3
21
7
8
Feldspato
Muscovita
Quartzo
Microfissuras
Quartzo
Muscovita
Granada
Biotita
Prancha 5.5 (1,2) Placas polidas do Gnaisse Falésia exibindo concentrações lineares de
minerais micáceos com espessuras milimétricas. Fotomicrografias com nicóis paralelos e
cruzados. (6) Cristalização de grãos hexagonais de quartzo por alívio de pressão. (7)
Muscovita dobrada exibindo extinção ondulante resultante de esforço.
Características Petrográficas
87
14
12
13
11
109
15
16
Retrometamorfismo
Textura lepidoblástica
Plagioclásio
Microfissura
Muscovita
Quartzo
Prancha 5.6 – Fotomicrografias do Gnaisse Falésia. Nicóis paralelos e cruzados. (9)
Muscovitização da biotita, evidência de retrometamorfismo. (11)Muscovita, biotita e granada
compondo textura lepidoblástica. (15)Plagiocásio alterado apresentando inclusão de
quartzo.
Características Petrográficas
88
Tabela 5.3 – Síntese dos dados petrográficos referentes ao Granada-Muscovita-
Biotita Gnaisse Branco Amarelado (Giallo Falésia)
Nome Comercial GIALLO FASIA
Amostra FL1 FL2 FL3 FL4 FL5
Valores
Médios
Mineralogia % % % % % %
Quartzo 17 19 12 26 20 18,8 (19)
Albita/Oligoclásio 45 41 46 36 37 6/35
Microclínio 20 23 24 25 25 23,4 (23)
Biotita 7 7 8 6 10 7,6 (8)
Muscovita 7 6 7 5 5 6
Acessórios (opacos e granada)
3
3
2
1
2
2,2 (2)
Secundários (argilo-minerais, sericita,
óxido de ferro, epidoto e clorita)
1 1 1 1 1 1
Estrutura Gnáissica Gnáissica Gnáissica Gnáissica Gnáissica Gnáissica
Textura
Granoblástica
/granolepido
Blástica
Granoblástica
/granolepido
blástica
Granoblástica
/granolepido
blástica
Granoblástica
/granolepido
blástica
Granoblástica
/granolepido
blástica
Granoblástica
/granolepido
blástica
Níveis
granoblásticos
7 a 15mm 5 a 13mm 5 a 12mm 4 a 10mm 4 a 12mm 5 a 12,4mm
Granulação
(mm)
Níveis
granolepidoblásticos
1 a 2,5mm 1,5 a 2,5mm 1 a 2,0mm 1 a 2,5mm 1,5 a 2,0mm 1,2 a 2,3mm
Classificação (QAP)
Gnaisse
Sienogranítico
Gnaisse
Sienogranítico
Gnaisse
Sienogranítico
Gnaisse
Sienogranítico
Gnaisse
Sienogranítico
Gnaisse
Sienogranítico
Intergrão 0,05 0,07 0,14 0,06 0,07 0,08
Microfissuras
/mm²
Intragrão 0,16 0,17 0,23 0,09 0,15 0,18
Alteração Moderada Moderada Moderada Moderada Moderada Moderada
Planos 9 10 16 13 8 11,2 (11)
PI-serrilhados 20 30 25 22 25 24,4 (24)
PI-lobulados 71 60 55 65 60 62,2 (62)
Contatos (%)
Côncavo-
serrilhados
- - 4 - 7 3
Propriedades Tecnológicas
89
PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Este capítulo apresenta os resultados e discussões de ensaios tecnológicos
associados a ensaios de alteração, estabelecendo um comparativo entre amostras in
natura (sã) e amostras submetidas à alteração forçada.
Para avaliar a implicação resultante da exposição dessas rochas ao ensaio
contínuo de alteração acelerada foram realizados, como forma de controle
qualitativo, os seguintes ensaios: índices físicos, resistência à compressão, desgaste
Amsler, intensidade de brilho, velocidade de ondas ultra-sônicas e dilatação térmica.
Os resultados das amostras in natura e após ensaio acelerado são correlacionados
com os aspectos mineralógicos, texturais e estruturais dessas rochas, visando o
melhor entendimento do comportamento físico-mecânico apresentado por elas
diante do processo de alteração induzida.
A condutividade térmica, microdureza Knoop e aptidão de molhagem foram
também avaliadas como forma de complementar a caracterização destes materiais e
poder identificar melhor suas suscetibilidades às alterações.
A microdureza Knoop e o brilho foram, ainda, utilizados como ferramenta na
determinação de um índice de alterabilidade das rochas estudadas, após o ensaio
cíclico de alteração acelerada.
Evidentemente, os dados revelados em trabalhos anteriores com algum
desses gnaisses também foram considerados e comparativamente analisados.
Apesar da marcante anisotropia, característica peculiar das rochas
gnáissicas, a escolha desses litotipos foi realizada levando em conta a sua
importância no mercado brasileiro de rochas, e por outro lado à possibilidade de
avaliar, para os mesmos ensaios e análises, o comportamento de três variantes de
rocha de mesma história e/ou formação geológica.
6.1. ÍNDICES FÍSICOS
As propriedades físicas são de notável interesse como indicadores da
qualidade das rochas, na quantificação das trocas experimentadas como
Propriedades Tecnológicas
90
conseqüência dos processos de deterioração e na avaliação de sua durabilidade.
Influenciam diretamente em vários outros parâmetros importantes como resistência à
compressão, resistência à flexão, propagação de ondas elásticas, entre outros.
Para a avaliação desta característica tecnológica foram ensaiados:
- dez corpos-de-prova para cada uma das três amostras, totalizando 30 (trinta)
corpos-de-prova ao natural;
- três corpos-de-prova para cada uma das três amostras, nos três diferentes
números de horas o que totalizou 27 (vinte e sete) corpos-de-prova.
6.1.1. M
ASSA
E
SPECÍFICA
A
PARENTE
(
KG
/
M
³)
A massa específica aparente se define como a massa do material rochoso por
unidade de volume total, ou seja o volume incluindo sua parte sólida e todo os seus
espaços vazios.
O efeito da água contida nos poros ou cavidades rochosas reflete-se em
todas as propriedades físico-mecânicas, uma vez que a densidade da água é muito
maior que a do ar. Isso faz aumentar a densidade aparente da rocha, mesmo sem
qualquer alteração estrutural.
Propriedades Tecnológicas
91
MASSA ESPECÍFICA APARENTE SECA
2,605
2,61
2,615
2,62
2,625
2,63
2,635
2,64
2,645
2,65
2,655
Natural 360 720 1080
Tempo de Exposição (h)
Valores Médios de Massa Específica
(kg/m
3
)
Casablanca
Jupara Delicato
Giallo Falésia
AMOSTRAS Natural 360 h 720 h 1080 h
Casablanca
2,648 2,651 2,630 2,651
Delicato
2,645 2,638 2,638 2,649
Falésia
2,627 2,621 2,638 2,627
Figura 6.1- Valores Médios da Massa Específica Aparente Seca medidos em
diferentes tempos de exposição
6.1.2. P
OROSIDADE
A
PARENTE
(%)
E
A
BSORÇÃO
Á
GUA
(%)
A porosidade se define como o volume ocupado pelos espaços vazios por
unidade de volume de rocha, expresso em porcentagem.
Trata-se sem dúvida do parâmetro mais significativo das rochas de edificação,
por sua influência nas demais propriedades físicas, na reatividade química e, em
última instância, na durabilidade e qualidade do material.
Quando abordadas as características do espaço poroso deve ser considerado
não somente o volume ocupado pelos vazios, mas também a dimensão, forma,
superfície e distribuição dos mesmos. Tais características permitem, entre outros
aspectos, conhecer o transporte das fases líquidas e gasosas na rocha, a formação
de minerais secundários no espaço poroso (principalmente sais) e aquantificar o
grau de alteração da rocha (Fitzner, 1993).
Castro (1978 apud Figueiredo 1997, p. 168) afirma que duas rochas
mineralógica e quimicamente semelhantes poderão ter um comportamento em obra
Propriedades Tecnológicas
92
muito diverso se o volume e as dimensões dos seus poros forem diferentes. Aires-
Barros (1991) acrescenta que o conhecimento da porometria e da superfície
específica das rochas empregues em monumentos é fundamental para a
compreensão do seu comportamento físico (resistência mecânica e durabilidade).
A absorção é a capacidade de assimilação ou incorporação de água pela
rocha. Assim, a relação expressa em percentagem, entre a massa da amostra seca
e depois de 24 horas submersa em água é designada absorção d’água, a qual é
influenciada diretamente pela porosidade e permeabilidade do material.
POROSIDADE APARENTE
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
Natural 360 720 1080
Tempo de Exposição (h)
Valores Médios de Porosidade
Aparente (%)
Casablanca
Juparaná Delicato
Giallo Falésia
AMOSTRAS Natural 360 h 720 h 1080 h
Casablanca
0,42 0,36 0,43 0,38
Delicato
0,46 0,47 0,43 0,48
Falésia
0,54 0,83 0,79 0,78
Figura 6.2- Valores Médios da Porosidade Aparente medidos em diferentes tempos de exposição
Propriedades Tecnológicas
93
ABSORÇÃO D`ÁGUA
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
Natural 360 720 1080
Tempo de Exposição (h)
Valores Médios de Absorção D`água (%)
Casablanca
Jupara Delicato
Giallo Falésia
AMOSTRAS Natural 360 h 720 h 1080 h
Casablanca
0,16 0,13 0,16 0,14
Delicato
0,18 0,17 0,15 0,18
Falésia
0,21 0,32 0,30 0,30
Figura 6.3- Valores médios de Absorção D’Água medidos em diferentes tempos de exposição
6.1.3. R
ESULTADO E
D
ISCUSSÕES DOS
Í
NDICES
F
ÍSICOS
A média dos resultados obtidos para os índices físicos dos três diferentes
gnaisses analisados encontra-se nas Figuras 6.1, 6.2 e 6.3. Foram ensaiados três
corpos-de-prova de cada gnaisse para os diferentes tempos de exposição
estipulados.
Os índices físicos determinados ao natural para duas destas rochas situaram-
se muito próximos daqueles encontrados por Frascá (2003) em seu estudo
(Apêndice 1). Na oportunidade foram ensaiados os gnaisses Casablanca e Falésia
que exibiram para massa específica, porosidade e absorção d’água,
respectivamente, os seguintes valores: ρ
sec
(2.636±16 e 2.616±22), η (0,44±0,03 e
0,61±0,08) e α (0,17±0,01 e 0,23±0,03).
A compilação dos dados obtidos para os índices físicos revelou variações
entre os diferentes tempos de exposição.
Propriedades Tecnológicas
94
As variações de massa foram sutis e muito irregulares, provavelmente pela
presença de solução salina residual no interior da rocha, o que poderia acarretar
aparente aumento da densidade. Contudo, o Falésia comparativamente apresentou
menores valores de massa específica, confirmando a existência de um volume maior
de vazios (poros, fissuras etc.) desta variedade em relação as demais.
Dentre os três litotipos estudados o Falésia foi aquele que se mostrou mais
susceptível ao ensaio acelerado, com aumento da porosidade e absorção posterior a
esse ensaio, seguido do Delicato e Casablanca.
6.2. RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO UNIXIAL SIMPLES
6.2.1. G
ENERALIDADES
O ensaio de resistência à compressão uniaxial determina a tensão que
provoca a ruptura da rocha quando submetida a esforços compressivos. Representa
o valor da carga máxima suportada pelo corpo de prova durante o teste, dividido
pela seção onde foi aplicada a carga. Trata-se de um valioso índice de qualidade
dos materiais pétreos, permitindo a comparação entre rochas semelhantes e suas
resistências quando da utilização como elementos estruturais. Conforme Ciccu et al.
(1996), valores elevados de resistência à compressão significam, de um modo geral,
baixos valores de porosidade e alta resistência à flexão. É correto afirmar que
percentuais de microfraturamento e alteração são inversamente proporcionais aos
valores de resistência à flexão.
Diversos trabalhos foram realizados com o objetivo de sistematizar e
comparar resultados de ensaios tecnológicos. No caso específico dos ensaios de
resistência à compressão uniaxial temos que em 1979 a International Society Rocks
Mechanics (ISRM) classificou as rochas segundo a resistência à compressão
simples tendo como parâmetros limite os termos extremamente brandos e
extremamente resistentes. Valores limites de resistência à compressão para rochas
com fins ornamentais foram estipulados pela ASTM-C-615 (ASTM, 1992) como
maior ou igual a 130 MPa. Frazão & Farjallat (1995) propuseram uma especificação
de resistência à compressão igual ou superior a 100 MPa para rochas silicáticas,
baseados em valores estatísticos de mais de uma centena de rochas brasileiras.
Propriedades Tecnológicas
95
6.2.2. R
ESULTADOS OBTIDOS E
D
ISCUSSÕES
Para a avaliação desta característica tecnológica foram ensaiados:
- sete corpos-de-prova para cada uma das três amostras, totalizando 21 (vinte e um)
corpos-de-prova ao natural;
- dois corpos-de-prova para cada uma das três amostras, nos três diferentes
números de horas o que totalizou 18 (dezoito) corpos-de-prova.
Os resultados do ensaio encontram-se nas Figuras 6.4, 6.5 e 6.6.
De acordo com os resultados do ensaio de resistência ao natural e a
classificação da ISRM (1979), os gnaisses Delicato e Casablanca, podem ser
considerados muito resistentes, enquanto o Falésia situa-se na categoria de rocha
resistente.
As resistências relativamente elevadas destas rochas ao natural, devem-se
ao bom embricamento mineral que elas apresentam, com recristalização em grãos e
subgrãos do quartzo o que confere a textura níveis/faixas com característica de
mosaico granoblástico (Apêndice 2).
Todas as amostras submetidas ao ensaio acelerado apresentaram valores de
resistência comparativamente mais baixos do que o seu similar ensaiado ao natural.
A queda da resistência mecânica das rochas pode ser atribuída a ação da solução
COMPRESSÃO - 360 horas
0
20
40
60
80
100
120
140
0 hora
(natural)
360
horas
0 hora
(natural)
360
horas
Tempo (horas)
Compressão (MPa)
Casablanca
Juparaná Delicato
Giallo Falésia
Propriedades Tecnológicas
96
Figura 6.4 - Resistência à Compressão após 360 horas de exposição à névoa salina.
salina usada no teste. Assim, o cloreto de sódio cristaliza nas microfissuras pré-
existentes e exerce pressões maiores do que a resistência do material, alargando
essas fissuras e provocando a abertura de novas, com conseqüente aumento da
porosidade.
Tal proposição pode ser comprovada em estudos realizados por Rivas et al.
(2000) e Birginie et al. (2000) em rochas de composição graníticas e carbonáticas,
submetidas a ensaios similares. Estes autores verificaram a redução de peso das
amostras e constataram o aumento de fissuras intergranulares.
Os valores obtidos após o ensaio acelerado sinalizam na direção de um
enfraquecimento da resistência dessas rochas quando utilizadas em ambiente
marinho, por exposição à atmosfera rica em cloreto (NaCl). Contudo, vale ressaltar
que, em virtude das limitações impostas pelo espaço físico das câmaras e do tempo
estabelecido para realização da pesquisa, somente dois corpos-de-prova de cada
gnaisse foram testados, o que confere um caráter qualitativo a estes resultados.
COMPRESSÃO - 720 horas
0
20
40
60
80
100
120
140
0 hora
(natural)
720 horas 0 hora
(natural)
720 horas
Tempo (horas)
Compressão (MPa)
Casablanca
Juparaná Delicato
Giallo Falésia
COMPRESSÃO
AMOSTRAS
natural
360 horas
natural 360 horas
Casablanca
100,4 108,4 100,4 99,5
Delicato
115,2 106,9 115,2 109,8
Falésia
75,25 54,1 75,3 52,7
Propriedades Tecnológicas
97
Figura 6.5- Resistência à Compressão após 720 horas de exposição à névoa salina.
Além disto, a marcante heterogeneidade destas rochas determina seu
desempenho ante aos processos de alteração, sugerindo uma abordagem
estatística em trabalhos futuros que venha propiciar quantitativamente as
informações necessárias à compreensão de todo o processo.
Frascá (2003) verificou uma redução de aproximadamente 20% na resistência
à compressão para os litotipos Casablanca e Falésia quando testados em condições
de saturação em água. Esses resultados são importantes indicações do
desempenho desses materiais e que sugerem maiores reduções de resistência dos
mesmos se submetidos a condições mais agressivas, como é o caso desta
pesquisa.
COMPRESSÃO - 1080 Horas
0
20
40
60
80
100
120
140
0 hora
(natural)
1080
horas
0 hora
(natural)
1080
horas
Tempo (horas)
Compressão (MPa)
Casablanca
Juparaná Delicato
Giallo Falésia
COMPRESSÃO
AMOSTRAS
natural 720 horas
natural 720 horas
Casablanca
100,4 99,6 100,4 65,5
Delicato
115,2 100,3 115,2 69,9
Falésia
75,25 88,8 75,3 52,5
Propriedades Tecnológicas
98
Figura 6.6- Resistência à Compressão após 1080 horas de exposição à névoa salina.
6.3. DESGASTE ABRASIVO AMSLER
6.3.1. G
ENERALIDADES
É o ensaio que se refere à resistência apresentada por um dado material
quando do contato por friccionamento com material abrasivo. É extremamente
utilizado para avaliar a resistência de rochas de uso ornamental, sendo regido pela
norma NBR 12042 (ABNT, 1992e). Está relacionado à dureza da rocha e, por
conseguinte tem relação direta com a composição mineralógica, o grau de dureza
dos constituintes minerais e sua compacidade, além da dimensão dos grãos e
arranjo mineral (textura).
É possível observar que rochas formadas predominantemente por minerais de
baixa dureza mostram considerável desgaste e conseqüentemente efeito estético
desagradável. Dessa forma não são indicadas para utilização como revestimentos
de áreas com intenso tráfego de pedestres, tais como: pisos de hall, elevadores ou
degraus de escadaria, uma vez que poderia acarretar considerável desgaste com
conseqüente perda de brilho. Por outro lado, rochas quartzosas ou constituídas
essencialmente de minerais silicatados são menos desgastadas quando submetidas
às mesmas solicitações (Vidal et al., 1999).
6.3.2. R
ESULTADOS OBTIDOS E
D
ISCUSSÕES
Para a avaliação desta característica tecnológica foram ensaiados:
- dois corpos-de-prova para cada uma das três amostras, totalizando 6 (seis) corpos-
de-prova ao natural;
COMPRESSÃO
AMOSTRAS Natural 1080
horas
Natural 1080
horas
Casablanca
100,4 56,6 100,4 55,7
Delicato
115,2 60,4 115,2 60,6
Falésia
75,25 45,6 75,3 37,89
Propriedades Tecnológicas
99
- um corpo-de-prova para cada uma das três amostras, nos três diferentes números
de horas o que totalizou 9 (nove) corpos-de-prova.
O Delicato apresenta o melhor desempenho em relação ao desgaste
abrasivo, seguido do Casablanca. O Falésia apresenta o pior resultado se
comparado aos outros dois litotipos, notadamente com expressivo aumento do
desgaste quando submetido a 720 horas e 1080 horas de exposição em câmara de
névoa salina (Figura 6.7).
Os gnaisses Casablanca e Delicato, de maneira geral, apresentaram valores
dentro dos limites de qualidade sugeridos por Frazão & Farjallat (1995), inclusive
após ensaio acelerado (Apêndice 3). A exceção se fez com relação ao Falésia que
apresentou desgaste sempre maior do que 1mm, mesmo quando ensaiado ao
natural.
Os resultados obtidos mostram-se plenamente coerentes quando comparados
com as características petrográficas exibidas pelas rochas estudadas.
Dentre os três litotipos estudados o Delicato apresenta maior percentual de
quartzo em relação aos demais, sendo por esta razão aquele que menor desgaste
sofreu.
Contudo, apesar dos percentuais de quartzo do Casablanca e Falésia serem
muito próximos, este último apresenta um maior número de microfissuras
predominantemente do tipo intergrão o que lhe confere um caráter de maior
vulnerabilidade ao desgaste.
A maior porosidade e permeabilidade do Falésia favorece o transporte do
spray salino e, conseqüentemente, a penetração de uma maior quantidade de sal
em seu interior, promovendo o alargamento e o desenvolvimento de fissuras que
contribuem para o desgaste.
Propriedades Tecnológicas
100
DESGASTE POR ABRASÃO AMSLER
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
Natural 360 720 1080
Tempo de exposição (h)
Desgaste (mm)
Casablanca
Juparaná Delicato
Giallo Falésia
Figura 6.7- Valores de desgaste medidos em diferentes tempos de exposição à névoa salina.
6.4. VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS ULTRA-SÔNICAS
6.4.1. G
ENERALIDADES
De um modo geral os ultra-sons são ondas elásticas de mesma natureza das
ondas sonoras, porém com freqüências que estão fora do nível de percepção do
ouvido humano (15 a 20 KHz) e a sua velocidade é medida com base no tempo de
trânsito percorrido entre um emissor e um receptor por uma onda sonora numa
distância conhecida (Torquato et al., 2002).
A determinação da velocidade de propagação de ondas longitudinais é regida
pela norma ASTM 2845 (1995). A aparelhagem necessária para realização do
ensaio (PUNDIT-Portable Ultrasonic Non Destructive Digital Indicator Tester)
consiste de um transmissor e de um receptor ligado a um gerador de impulsos
elétricos à base de materiais piezoelétricos. Este sistema é capaz de emitir por cada
impulso elétrico um impulso ultra-sônico que ao retornar é transformado em impulsos
elétricos que são registrados e visualizados num osciloscópio.
DESGASTE AMSLER
AMOSTRAS
Natural
360 h 720 h 1080 h
Casablanca
0,96 1,05 0,88 0,80
Delicato
0,78 0,89 0,72 0,81
Falésia
1,20 1,08 1,47 1,44
Propriedades Tecnológicas
101
Este ensaio permite a avaliação indireta de vários parâmetros tecnológicos
das rochas tais como: densidade, porosidade, absorção d’água, grau de alteração
etc. É um dos poucos ensaios de caracterização tecnológica não destrutivos e
disponíveis para avaliação das características físico-mecânicas, por esta razão é
bastante utilizado nos estudos de patologias e recuperação de monumentos
históricos.
Diferenças na velocidade de propagação de ondas elásticas são
freqüentemente observadas em rochas, condicionadas pela orientação das
estruturas internas ou pela presença de descontinuidades. Weiss (2000 apud
Mesquita, p.115) ressalta que a anisotropia é um importante parâmetro para
qualquer interpretação de velocidade de ondas, uma vez que esta velocidade pode
aumentar até 30% em função da direção de propagação nas amostras.
Para a avaliação desta característica tecnológica foram ensaiados os mesmos
corpos-de-prova submetidos à compressão uniaxial, pelo fato de ser um ensaio não
destrutivo e, além de funcionar como parâmetro de seleção para as amostras,
também ser um instrumento auxiliar nas interpretações de resultados.
6.4.2. R
ESULTADOS
O
BTIDOS E
D
ISCUSSÕES
O Delicato apresentou valores mais altos na avaliação realizada ao natural,
denotando uma maior coesão desta rocha em relação às demais estudadas (Figura
6.8).
O Falésia apresentou, em média, os menores valores obtidos para esta
propriedade indicativo de maior existência de microfissuras e de minerais alterados
neste litotipo.
O Casablanca situou-se numa posição intermediária entre os demais, com
valores próximos daqueles obtidos por Frascá (2003) para o mesmo gnaisse.
Contudo, vale ressaltar que variações de dados encontradas ao longo de toda esta
pesquisa refletem à estruturação muito heterogênea dessas rochas que
praticamente impossibilitou a obtenção de corpos-de-prova representativos das suas
diferenças estruturais e mineralógicas.
Propriedades Tecnológicas
102
Tanto os valores obtidos para as amostras in natura como aqueles verificados
após ensaio acelerado (Figuras 6.8, 6.9 e 6.10) encontram-se acima do limite
estabelecido no gráfico de Tarkoy que é V
p
2.500 m/s para granitos sãos ou não
alterados (Winkler, 1997).
Contrariando as expectativas, os valores de velocidade mostraram-se em
média mais elevados após ensaio acelerado do tipo contínuo, provavelmente uma
conseqüência do procedimento de lavagem que não se mostrou suficientemente
eficaz para completa retirada do sal depositado no interior da rocha (Apêndice 4).
Diferentemente daquelas que antecederam à dilatação térmica, as medições,
neste caso, foram realizadas com as amostras no estado seco, ou seja, sem que
houvesse uma prévia saturação em água.
Ao que tudo indica, as partículas de sal depositadas preencheram vazios
existentes nas amostras e criaram uma falsa coerência e conseqüente redução da
porosidade que, por sua vez, favoreceu o deslocamento das ondas aumentando os
valores de velocidade.
Estes resultados são compatíveis com os encontrados por Frascá (2003) que
também constatou variações positivas de velocidade de ondas, após ensaio de
imersão parcial em soluções ácida e alcalina para o Casablanca e Falésia. Ela
sugere que ambas simulações levaram à cristalização de sais no interior da rocha,
que não foram detectados visualmente ou por microscopia ótica, mas indicados nas
determinações de velocidade de propagação de ondas e absorção d’água.
Propriedades Tecnológicas
103
Amostras Expostas por 360 horas
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
0 hora (natural) 360 horas 0 hora (natural) 360 horas
Velocidade de propagação (m/s)
Casa Blanca
Juparaná Delicato
Giallo Fallésia
Dc1
Fc1
Bc1
Dc1
Fc1
Bc1
Dc4
Fc4
Bc4
Dc4
Fc4
Bc4
AMOSTRAS natural 360 horas
natural 360 horas
Casablanca
3960 4053 4356 4702
Delicato
6351 6472 4153 4483
Falésia
4035 4291 2812 3265
Figura 6.8- Propagação de ondas ao natural e após 360 horas de exposição à névoa salina.
Amostras Expostas por 720 horas
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
0 hora (natural) 720 horas 0 hora (natural) 720 horas
Velocidade de propagação (m/s)
Casa Blanca
Juparaná Delicato
Giallo Fallésia
Dc2
Fc2
Bc2
Dc2
Fc2
Bc2
Dc5
Fc5
Bc5
Bc5
Dc5
Fc5
Propriedades Tecnológicas
104
AMOSTRAS natural 720 horas
natural 720 horas
Casablanca
4052 3960 4487 4431
Delicato
6592 6357 6443 6266
Falésia
3081 3013 3261 3231
Figura 6.9- Propagação de ondas ao natural e após 720 horas de exposição à névoa salina.
Amostras Expostas por 1080 horas
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
0 hora (natural) 1080 horas 0 hora (natural) 1080 horas
Velocidade de propagação (m/s)
Casa Blanca
Juparaná Delicato
Giallo Fallésia
Dc3
Fc3
Bc3
Dc3
Fc3
Bc3
Fc6
Dc6
Bc6
Bc6
Dc6
Fc6
AMOSTRAS natural 1080
horas
natural 1080
horas
Casablanca
3453 3651 4182 4443
Delicato
6514 6168 6305 5870
Falésia
2759 3187 2784 3257
Figura 6.10- Propagação de ondas ao natural e após 1080 horas de exposição à névoa salina.
6.5. INTENSIDADE BRILHO
6.5.1. G
ENERALIDADES
O brilho ou refletância é uma das características que imprimem qualidade à
rocha ornamental e sua redução ou ausência total, em função de sua utilização, é
um reflexo e/ou indicativo de patologia. A redução de brilho durante a vida útil do
material pétreo pode ser provocada por processos físicos ou químicos. Dentre as
Propriedades Tecnológicas
105
causas físicas mais comuns está o desgaste mecânico provocado em pisos polidos
por tráfico intenso de pedestres ou o desgaste abrasivo de particulados
transportados por ação eólica que se chocam com os revestimentos de paredes.
Entre as causas químicas, destaca-se a degradação das rochas pelo uso indevido
de produtos de limpeza ou pela ação de poluentes e atmosferas agressivas, que se
depositam nas superfícies rochosas provocando inchamento, escamação e
destacamento dos minerais.
Para a avaliação desta característica tecnológica foram ensaiados:
- dois corpos-de-prova para cada uma das três amostras, nos três diferentes
números de horas o que totalizou 18 (dezoito) corpos-de-prova.
Por ser um ensaio não destrutivo, os corpos-de-prova utilizados para medida de
brilho ao natural são expostos e reutilizados para as medidas de brilho seguintes,
seqüenciadas de acordo com a ordem crescente de tempo de ensaio.
6.5.2. R
ESULTADOS
O
BTIDOS E
D
ISCUSSÕES
Analisando os valores obtidos para intensidade de brilho verifica-se que o
tempo de exposição à névoa salina influencia diretamente nesta propriedade. Desta
forma tem-se que o decréscimo mais significativo se deu em 1080 horas de
exposição, seguido de 720 horas e, finalmente, 360 horas onde se verificou os
menores percentuais de perda de brilho (Apêndice 5).
As Figuras 6.11, 6.12 e 6.13 mostram que os gnaisses expostos à névoa
salina apresentam perda de brilho inicial decrescente obedecendo sempre a mesma
seqüência, formada pelo Falésia, Casablanca e Delicato.
Estes resultados são compatíveis com a perda de massa que se por meio
de inchamento, escamações e destacamento dos minerais, que ocorrem tanto na
parte interna quanto na superfície polida dos gnaisses estudados, resultando no
surgimento de pequenas irregularidades e conseqüente diminuição do brilho.
Do acima exposto, compreende-se que, o gnaisse Falésia por representar o
tipo petrográfico com mais alterações e, conseqüentemente, mais baixo poder
Propriedades Tecnológicas
106
refletor ao natural dentre os três gnaisses estudados é o que apresenta as maiores
porcentagens de perda de brilho perante o ataque da névoa salina utilizada.
Dentre os dois tipos de ensaios acelerados realizados, o ensaio cíclico afetou
mais intensamente o brilho dos gnaisses, apresentando uma perda de brilho inicial
em média superior a 3,6% para um número de horas de exposição (540 horas).
Amostras Expostas por 360 horas
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
0 hora
(natural)
360 horas 0 hora
(natural)
360 horas
Brilho (%)
Casablanca
Juparaná Delicato
Giallo Falésia
Db1
Fb1
Bb1
Db1
Fb1
Bb1
Db4
Fb4
Bb2
Db4
Fb4
Bb2
AMOSTRAS natural 360 horas natural 360 horas
Casablanca
83,9 83,5 71,1 70,6
Delicato
91,5 91,1 83,5 82,8
Falésia
78,8 78,2 79,0 77,3
Figura 6.11- Medida de brilho ao natural e após 360 horas de exposição à névoa salina.
Propriedades Tecnológicas
107
Amostras Expostas por 720 horas
65,0
70,0
75,0
80,0
85,0
90,0
0 hora (natural) 720 horas 0 hora (natural) 720 horas
Brilho (%)
Casablanca
Juparaná Delicato
Giallo Falésia
Db2
Fb3
Bb3
Db2
Fb3
Bb3
Db5
Fb5
Bb5
Bb5
Db5
Fb5
AMOSTRAS natural 720 horas natural 720 horas
Casablanca
80,2 79,2 83,3 82,5
Delicato
88,2 87,7 88,4 86,8
Falésia
77,9 77,2 76,0 75,2
Figura 6.12- Medida de brilho ao natural e após 720 horas de exposição à névoa.
Propriedades Tecnológicas
108
Amostras Expostas por 1080 horas
68,0
70,0
72,0
74,0
76,0
78,0
80,0
82,0
84,0
86,0
88,0
90,0
0 hora (natural) 1080 horas 0 hora (nat ural) 1080 horas
Brilho (%)
Casablanca
Juparaná Delicat o
Giallo Falésia
Db3
Fb2
Bb4
Db3
Fb2
Bb4
Fb6
Db6
Bb6
Bb6
Db6
Fb6
AMOSTRAS natural 1080 horas natural 1080 horas
Casablanca
82,6 80,7 85,3 83,2
Delicato
82,5 81,6 88,1 86,4
Falésia
77,5 76,2 77,3 75,8
Figura 6.13- Medida de brilho ao natural e após 1080 horas de exposição à névoa salina.
6.6. DILATAÇÃO TÉRMICA LINEAR
6.6.1. G
ENERALIDADES
A determinação da dilatação térmica linear está fundamentada na variação de
volume que a rocha sofre quando submetida às variações de temperatura, podendo
dilatar e ou contrair. Embora, essa dilatação/contração se manifeste de forma
tridimensional, a medida é feita de forma linear e expressa através do coeficiente de
dilatação térmica (β), cuja unidade de medida é mm/(m.ºC).
Os valores de (β) foram determinados, no laboratório da UNESP, em corpos-
de-prova cilíndricos, com diâmetro de 27mm e comprimento em torno de 90mm.
Estes corpos-de-prova foram aquecidos em água a partir de 0ºC até 50ºC (taxa de
Propriedades Tecnológicas
109
aquecimento de 0,3 ºC/min), e resfriados de 50ºC até 0ºC, de acordo com a norma
ABNT NBR –12765.
O ensaio de dilatação térmica foi acompanhado da medida de pulso ultra-
sônico com o objetivo de verificar se houve a formação de novas fissuras ou expansão
daquelas p-existentes, como resultado da contração e dilatação a que as rochas
foram submetidas. Além disso, procurou-se observar a existência de relação entre a
velocidade de propagão e a direção de foliação nas amostras, bem como avaliar
possíveis alterações dessa velocidade antes e após o ensaio de dilatação.
Para a avaliação desta característica tecnológica foram ensaiados:
- um corpo-de-prova para cada uma das três amostras em duas direções, totalizando
6 (seis) corpos-de-prova ao natural;
- um corpo-de-prova para cada uma das três amostras em duas direções, totalizando
6 (seis) corpos-de-prova retirados ao final de 1080horas de exposição.
6.6.2. R
ESULTADOS
O
BTIDOS E
D
ISCUSSÕES
As variações apresentadas nos resultados com as amostras in natura podem
ser explicadas, principalmente, à luz das informações petrográficas apresentadas no
Capítulo 5 – Características Petrográficas.
Os menores valores de velocidade de ultra-sons encontrados para o Casablanca
e Falésia podem ser, inicialmente, atribda a maior concentração de biotitas nessas
amostras, feições estas presentes nas porções gnáissicas das mesmas.
Conforme Rzhevsky & Novik (1971 apud Navarro 2002, p.14) a biotita mostra
valores de velocidade de propagação de ondas ligeiramente menores que os do
quartzo e feldspato.
Os menores valores, dentre todos, foram determinados no Falésia (4664 m/s
e 4498 m/s) e são controlados pelos níveis micáceos e pela intensidade de alteração
verificada nos feldspatos (sericitização).
Segundo Chevalier et al. (1991), a velocidade de propagação de ondas é
maior quando existem mais feldspatos potássicos presentes numa rocha e menos
Propriedades Tecnológicas
110
plagioclásios. Isto explica os valores mais altos do Delicato (5714 e 5702 m/s), uma
vez que a análise petrográfica dessa rocha mostra uma mineralogia mais rica em
feldspato potássico (37%) do que em plagioclásio (26%). Acresce-se a isto o fato
desta rocha ser a que comparativamente apresenta o menor número de fissuras,
dentre as demais.
Verificou-se um aumento na velocidade da propagação das ondas ultra-sônicas
após os ensaios de dilatação provavelmente devido a uma maior absorção d’água
pelos corpos-de-prova durante o tempo em que os mesmos ficaram submetidos aos
testes de dilatação, tendo em vista que as determinações das velocidades das ondas
ultra-sônicas foram em condições saturadas (Apêndice 6).
Segundo alguns autores existe uma forte influência da porosidade de fissura
na propagação de ondas longitudinais, em condições saturadas, resultando num
aumento significativo da velocidade (Dionísio, 1997).
Justifica-se, então, o acréscimo ocorrido nos valores de velocidade de onda,
uma vez que predomina, principalmente no Casablanca e Falésia, a porosidade de
fissuras e que as mesmas tendem a se expandir como resultado da dilatação e
contração, aumentando conseqüentemente a absorção d’água ou saturação.
As amostras submetidas a 1080h de ensaio acelerado com névoa salina
apresentaram, em média, valores mais elevados de velocidade de ondas do que
seus similares ao natural (Figura 6.14). Também é um reflexo do aumento na
saturação ou absorção d’água que preencheu novos espaços abertos no interior da
rocha, como resultado da pressão de cristalização de sais.
Os valores de dilatação térmica determinados com as amostras no seu estado
natural situaram-se entre 5 e 7x10
-3
mm/(m°C), e portanto próximos daqueles
encontrados por Lima (2002) para rochas gnáissicas.
Propriedades Tecnológicas
111
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Natural Pós-ataque Natural Pós-ataque Natural Pós-ataque
Casablanca Juparaná Delicato Giallo Falésia
VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS (m/s)
Paralela
Perpendicular
Figura 6.14 – Velocidade de propagação de ondas antes e depois do
ensaio de alteração acelerada (1080h)
O Falésia apresentou, comparativamente, os maiores valores de dilatação
térmica dentre as três rochas estudadas. A quantidade mais expressiva de biotita
neste litotipo favorece a dilatação uma vez que a biotita é mais susceptível a fadiga
térmica, incorrendo no alargamento de linhas de clivagem e podendo conduzir ao
destacamento generalizado nas superfícies de clivagem.
Os resultados de dilatação mostraram que o Falésia e o Delicato foram os
que sofreram variação mais significativa de seus coeficientes, em função do ensaio
acelerado (Figura 6.15). Vale salientar que, apesar do incremento observado nos
valores s-ensaio, estes ainda se situam abaixo do limite sugerido por Frazão e
Farjallat (1995) que é β 12x10
-3
mm/(m°C).
VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS (m/s)
Casablanca Juparaná Delicato Giallo Falésia
POSIÇÃO
Natural
Pós-ataque
Natural Pós-ataque
Natural Pós-ataque
Paralela (/
//
//
//
/)
5283 5464 5115 5702 4551 4498
Perpendicular (
)
4629 4578 5663 5714 4569 4664
Propriedades Tecnológicas
112
As rochas gnáissicas sofrem mais com a dilatação devido ao desenvolvimento
de tensões internas que provocam a formação de novas fissuras ou aberturas
daquelas preexistentes, como resultado da dilatação heterogênea de seus minerais
constituintes. A forte anisotropia exibida por estas rochas resulta em diferentes
valores de dilatação térmica, segundo suas orientações estruturais, sendo o valor de
β sempre maior quando determinado paralelo a gnaissificação e menor quando
perpendicular a esta (Lima, 2002).
Os valores de β obtidos neste trabalho seguiram esta tendência, com exceção
do Casablanca que apresentou comportamento anômalo. Tal comportamento,
também observado na propagação de ondas, pode provavelmente ser explicado
pela irregularidade dos bandeamentos presentes nesta rocha, que ora exibe níveis
com espessuras reduzidas e/ou descontinuidades.
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
Natural Pós-ataque Natural Pós-ataque Natural Pós-ataque
Casablanca Juparaná Delicato Giallo Falésia
DILATAÇÃO TÉRMICA LINEAR (B)
Paralela
Perpendicular
DILATAÇÃO TÉRMICA LINEAR (β
ββ
β)
x 10
-3
[mm/(m.°C)]
Casablanca Juparaná Delicato Giallo Falésia
POSIÇÃO
Natural
Pós-ataque Natural Pós-ataque Natural Pós-ataque
Paralela (/
//
//
//
/)
5,30 5,30 5,90 7,05 7,30 9,70
Perpendicular
(
)
5,60 5,80 5,80 6,80 6,60 7,40
Figura 6.15 – Dilatação Térmica Linear antes e depois do
ensaio de alteração acelerada (1080h)
Propriedades Tecnológicas
113
6.7. CONDUTIVIDADE TÉRMICA
6.7.1. G
ENERALIDADES
A condutividade térmica se define como a relação existente entre a
quantidade de energia calorífica que atravessa uma superfície na unidade de tempo
e o gradiente térmico medido na direção perpendicular a essa superfície. É uma
medida de capacidade isolante, ou condutora, de um material e se expressa em
W/m°K, embora possa também ser expressa em cal/s.cm°C. A condutividade
térmica está diretamente relacionada com as características intrínsecas da rocha,
especialmente com a composição mineralógica, a textura e a porosidade. Pode ser
calculada teoricamente a partir das condutividades individuais dos minerais que
formam a rocha e das suas porcentagens modais, embora correntemente se
empreguem métodos experimentais. Os valores obtidos teoricamente costumam ser
9% mais elevados que aqueles medidos experimentalmente, devido, sobretudo, aos
espaços vazios da rocha (porosidade). A condutividade térmica das rochas é
relativamente baixa (entre 2 e 6 W/m°K), sendo tanto mais baixa quanto maior for a
porosidade das mesmas.
Romeo (2005) realizou medidas no Gnaisse Casablanca onde obteve os
seguintes valores A1 3,03, A2 - 2,83, A3 3,49 e A4 3,13, próximos pois
daqueles encontrados no presente trabalho. Contudo, este autor realizou uma quinta
medida na parte superior da amostra, onde está localizada uma porção rica em
quartzo (A5 quartzo), e encontrou um pico de condutividade térmica de 3,7 W/m°K
reflexo da própria composição mineralógica e indicativo de área menos porosa.
Para a avaliação desta característica tecnológica foram ensaiados:
- um corpo-de-prova para cada uma das três amostras, totalizando 3 (três) corpos-
de-prova ao natural;
6.7.2
R
ESULTADOS
O
BTIDOS E
D
ISCUSSÕES
As medidas foram realizadas sempre obedecendo a seqüência 1, 2, 3 e 4,
conforme Figuras 6.16, 6.17 e 6.18.
Propriedades Tecnológicas
114
O círculo mais externo corresponde apenas aos limites do sensor que possui
formato circular, o intermediário corresponde à área de influência dos resultados e o
círculo mais central corresponde ao setor onde ocorre o aquecimento efetivo. Ou
seja, a parte mais central aquece (círculo interno), entretanto toda a área que se
encontra dentro do círculo intermediário sofre influência do aquecimento do círculo
central. Assim sendo, para efeito de avaliação deve-se levar em consideração toda a
área contida no círculo intermediário incluindo a parte de aquecimento efetivo. Vale,
ainda, salientar que todas as medidas recebem a mesma intensidade de calor.
Os valores encontrados são considerados objeto de discussão quando as
diferenças entre as medidas são superiores a 0,2 W/mºK (watt por metro x graus
Kelvin). As diferenças superiores a 0,3 W/mºK são consideradas expressivas e
acima de 0,4 W/mºK muito importantes, evidenciando significativa variação na
mineralogia local e/ou grau de porosidade e/ou intensidade da alteração mineral.
M
e
d
i
d
a
1
M
e
d
i
d
a
2
M
e
d
i
d
a
3
M
e
d
i
d
a
4
Figura 6.16 - Placas do Gnaisse
Casablanca com as respectivas
demarcações dos pontos de
leitura.
Propriedades Tecnológicas
115
Medida 1
Medida 2
Medida 3 Medida 4
M
e
d
i
d
a
1
M
e
d
i
d
a
2
M
e
d
i
d
a
3
M
e
d
i
d
a
4
Figura 6.17 - Placas do Gnaisse
Juparaná Delicato com as
respectivas demarcações dos
pontos de leitura.
Figura 6.18 - Placas do Gnaisse
Giallo Falésia com as respectivas
demarcações dos pontos de
leitura.
Propriedades Tecnológicas
116
As três amostras se comportam como rochas de média a alta condutividade
térmica variando de 2,79 W/mºK, para medida 4 do Falésia, até 4,41W/mºK para
medida 1 do Delicato.
O Delicato mostrou os maiores valores de condutividade térmica com média
igual a 3,64 W/mºK. As medidas 1, 2 e 4 mostraram-se fortemente influenciadas pela
presença de quartzo em quantidade bastante significativas proporcionando valores
muito altos. para a medida de número 3 nota-se uma considerável diminuição
provocada, possivelmente, pelo aumento de feldspato e conseqüente diminuição do
quartzo.
Vale destacar o valor de 4,41 W/mºK encontrado para Delicato (medida 1) que
se mostrou acima dos valores encontrados na literatura.
O Casablanca mostrou valores de condutividade térmica considerados altos,
contudo com média pouco inferior ao delicato. A média do Casablanca ficou em
torno de 3,19 W/mºK. Os valores obtidos nas quatro regiões ficaram dentro da
margem de erro do equipamento, portanto, inviabilizando qualquer comparação
entre as medidas (Tabela 6.1).
Por fim o Falésia mostrou os menores valores com média de 2,99 W/mºK.
Especificamente a região de número 4 mostrou uma considerável redução, sendo
este decréscimo creditado a ocorrência de microfissuras naquela região.
Acredita-se que estes valores de condutividade térmica podem sofrer
significativo aumento se a rocha for exposta a aerossóis marinhos, uma vez que
estes aerossóis percolam poros e fissuras carreando e depositando sais como a
Halita (NaCl), que apresenta coeficiente de condutividade térmica consideravelmente
maior (κ
NaCl
= 26,7).
Tabela 6.1 – Valores de condutividade térmica (κ) dos gnaisses estudados.
CONDUTIVIDADE TÉRMICA (κ
κκ
κ)
AMOSTRA
PONTOS DE MEDIÇÃO
CASABLANCA DELICATO FALÉSIA
3,28 4,41 3,16
3,17 3,55 2,98
3,09 3,11 3,03
3,22 3,48 2,79
A - 1
A - 2
A - 3
A - 4
Média
3,19 3,64 2,99
Propriedades Tecnológicas
117
6.8. APTIDÃO DE MOLHAGEM
6.8.1. G
ENERALIDADES
A aplicação deste ensaio permite, de modo rápido, averiguar o
comportamento da superfície polida das rochas frente à deposição ou choque de
partículas úmidas e de aerossóis marinhos nas mesmas.
Trata-se de um ensaio puramente qualitativo onde podem ser observados os
pontos de mais rápida absorção, levando-se em conta que o polimento aplicado a
uma placa de rocha diminui a permeabilidade na sua superfície externa, contudo não
obstrui completamente seus poros.
Segundo Aires-Barros (1991), a presença de umidade na superfície das
rochas é perigosa. Com efeito, na molhagem das superfícies treas, as gotículas
de água têm grande força de aderência e as substâncias dissolvidas podem penetrar
na rocha até profundidades importantes, função da porosidade e permeabilidade da
rocha e da quantidade de solução disponível sobre a superfície.
Para a avaliação desta característica tecnológica foram ensaiados:
- um corpo-de-prova para cada uma das três amostras, totalizando 3 (três) corpos-
de-prova.
Neste ensaio os corpos-de-prova utilizados para avaliação de microdureza ao
natural foram expostos e reutilizados para novas medidas após 1080 horas de
exposição, como forma de comparar e observar a degradação.
6.8.2. R
ESULTADOS
O
BTIDOS E
D
ISCUSSÕES
Este ensaio foi efetuado em três placas de rochas, sendo cada uma de um
dos litotipos objetos deste estudo. Na superfície das placas foi traçada uma malha
de 2cm x 2cm, sendo depositadas nove gotas em cada uma das quadrículas
obtendo-se um tp (tempo de absorção de microgotas) para cada uma destas áreas
permitindo elaborar o esquema que se observa nas Figuras 6.19, 6.20 e 6.21.
Os resultados salientam a heterogeneidade dessas rochas, coincidindo os
valores mais baixos com as zonas mais ricas em minerais micáceos e que
Propriedades Tecnológicas
118
apresentam maior incidência de microfissuras. Essas zonas funcionam como pontos
ou áreas de maior fragilidade servindo de porta de entrada para os contaminantes.
A forma ou regime de deposição dos contaminantes na superfície desses
materiais dependerá da variação climatológica da região onde se encontram
aplicados. Assim, a deposição a seco ocorrerá nos lapsos de tempo em que não
ocorrerem precipitações atmosféricas, enquanto a deposição a úmido ocorrerá nos
períodos de pluviosidade acentuada.
A deposição úmida provoca a deposição brusca e sincopada de poluentes
dissolvidos nas chuvas.
A deposição seca é um processo mais lento, mas mais contínuo do que a
deposição úmida sendo realizada por meio de transporte eólico e comandada pelos
seguintes fatores:
de dia o fluxo das partículas será maior nas partes mais frias das superfícies
expostas;
tanto as partículas, como os fluxos gasosos aumentam quando se dá a
condensação na superfície e diminuem quando ocorre a evaporação;
se a superfície estiver úmida, haverá maior possibilidade de aderência das
partículas de colisão e de captura dos gases dissolvidos;
a textura da superfície é muito importante. As superfícies rugosas promovem
deposição maior do que as superfícies lisas.
No ensaio realizado com estes exemplares, especificamente, verificou-se que
o Falésia em média apresentou os menores valores por conter um percentual maior
de minerais micáceos e microfissuras, seguido do Delicato e Casablanca. Isto leva a
uma maior aptidão de molhagem dessa rocha em relação às demais, fato que se
coaduna com os resultados obtidos nos ensaios de absorção e porosidade.
Propriedades Tecnológicas
119
10 cm
10 cm
32
35
35
31
33
30
29
28
25
32
24
29
24
25
29
26
29
29
31
30
33
30
31
35
35
1
0
c
m
1
0
c
m
31 31
34
32
33
32 34
31 33
34
35 33
35 35
33
30 34
34
30 30
30
29
33
34
33
1
0
c
m
10 cm
Figura 6.19
diferentes
áreas da placa do
Gnaisse Casablanca.
Figura 6.
20
Valores de tp nas
diferentes áreas da placa do
Gnaisse Delicato.
Figura 6.
21
Valores de tp nas
diferentes áreas da placa do
Gnaisse Falésia.
Propriedades Tecnológicas
120
6.9. MICRODUREZA KNOOP
6.9.1. G
ENERALIDADES
A aplicabilidade da microdureza Knoop no âmbito desta pesquisa está
correlacionada, principalmente, com a determinação de um índice de alterabilidade
para os litotipos estudados, que é calculado com base na redução do brilho e dureza
das rochas quando submetidas a ensaios de envelhecimento acelerado.
A dureza Knoop foi determinada através de 40 impressões em cada uma das
placas de rocha, sendo medido o comprimento da diagonal em micrometros, após
cada impressão, sob a objetiva de 50X, com o aulio da escala vernier no sistema
da ocular do aparelho (Figura 6.22).
Para a avaliação desta característica tecnológica foram ensaiados:
- um corpo-de-prova para cada uma das três amostras totalizando 3 (três) corpos-
de-prova, cujas medidas foram realizadas ao natural e ao final de 1080 horas de
exposição.
6.9.2. R
ESULTADOS
O
BTIDOS E
D
ISCUSSÕES
A dureza média (HK
médio
) obtida para os litotipos estudados mostraram
valores muito próximos entre os gnaisses Casablanca e Falésia e mais alto para o
Delicato, mostrando coerência com as características petrográficas uma vez que
este último apresenta um percentual maior de mobilizados anatéticos de composição
quartzo-feldspática e níveis micáceos mais reduzidos em relação aos outros dois. O
coeficiente de heterogeneidade obtido para amostra do Delicato mostrou-se,
ligeiramente, menor que para as outras duas amostras de gnaisses (Tabela 6.2).
Frisa Morandini e Mancini (1982 apud Quitete e Kahn 2002, p.84) sugerem
que o valor HK
25
seria um bom indicador de desgaste por abrasão, onde os minerais
de dureza baixa são efetivamente desgastados, enquanto que os minerais mais
duros são removidos por escarificação, independentemente de sua dureza.
Propriedades Tecnológicas
121
Seguindo a mesma lógica desses autores, Quitete e Kahn (2002) mostraram
que a dureza Knoop e o desgaste abrasivo Amsler fornecem dados com tendência à
proporcionalidade direta, ou seja, quanto maior a dureza menor o desgaste.
Pode-se, neste trabalho, comprovar esta tendência comparando os dados de
dureza encontrados com aqueles obtidos na abrasão Amsler. Desta forma verifica-se
que para esses dois ensaios o Delicato apresentou os melhores resultados, ou seja,
maior valor de HK
25
=7,35 Gpa e menor desgaste Amsler=0,78mm, seguido do
Casablanca e Falésia.
Tabela 6.2 – Resultados da dureza Knoop
TIPO LITOLÓGICO
HK
25
(Gpa)
HK
50
(Gpa) HK
75
(Gpa) HK
MÉDIO
(Gpa)
HK
75
/HK
25
CASA BLANCA NATURAL 6,10 7,26 9,60 7,58 1,57
CASA BLANCA PÓS-ATAQUE
5,62 7,16 8,67 7,19 1,54
DELICATO NATURAL
7,35 9,05 10,32 8,99 1,40
DELICATO PÓS-ATAQUE
7,69 8,90 11,16 9,32 1,45
FALÉSIA NATURAL
6,34 7,56 9,80 7,38 1,55
FALÉSIA PÓS-ATAQUE
6,87 8,09 9,76 8,30 1,42
Figura 6.22 Amostras dos gnaisses Casablanca, Delicato e Falésia onde foram
realizadas as medidas de dureza e brilho para determinação do índice de
alterabilidade (Placas 5cm x 5cm x 5cm).
Propriedades Tecnológicas
122
Verifica-se no gnaisse Casablanca uma tendência para redução dos valores
de dureza após a exposição à névoa salina, particularmente na primeira metade da
distribuição (minerais de menor dureza) indicando maior susceptibilidade das micas
e feldspatos à alteração (Figura 6.23).
No gnaisse Delicato praticamente não houve variação nos valores de dureza
após a exposição à névoa salina (Figura 6.24).
O aparente aumento de dureza do gnaisse Falésia após a exposição à névoa
salina ocorreu devido à subestimação dos valores medidos antes deste ensaio,
ocasionados pelo excesso de minerais de baixa dureza (provavelmente micas e
feldspato alterado). Nos demais minerais não houve variação significativa da dureza
(Figura 6.25). Vale salientar que esse resultado não condiz com os demais ensaios
de controle que apontaram o Falésia como o gnaisse mais susceptível a alteração,
dentre os três tipos estudados. Por sua vez, esses resultados levam ao
questionamento da eficiência deste ensaio para rochas de granulação média a
grossa, ou em último caso a necessidade de um procedimento mais apurado a ser
aplicado para medidas em rochas similares.
Aires-Barros (1991) reporta estudos realizados por ele e outros pesquisadores
onde foram avaliadas modificações do brilho e dureza, como ensaios de controle na
previsibilidade da alteração de rochas. Em todos os casos citados, foram verificadas
reduções nos valores de ambas as propriedades após ensaios de alteração
acelerados, sendo tais valores utilizados, posteriormente, na determinação dos
índices de alterabilidade.
Propriedades Tecnológicas
123
Curva de distribuição da dureza Knoop para a amostra
"Casablanca"
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39
Pontos ensaiados em ordem crescente de valor
GPa
Antes da névoa salina
Após névoa salina
Figura 6.23 – Curva de distribuição da dureza
Knoop
para o gnaisse Casablanca.
Curva de distribuição da dureza Knoop para a amostra
"Juparaná Delicato"
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39
Pontos ensaiados em ordem crescente de valor
GPa
Antes da névoa salina
Após névoa salina
Figura 6.24 – Curva de distribuição da dureza
Knoop
para o gnaisse Delicato.
Propriedades Tecnológicas
124
Curva de distribuição da dureza Knoop para a amostra
"Giallo Falésia"
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39
Pontos ensaiados em ordem crescente de valor
GPa
Antes da névoa salina
Após névoa salina
Figura 6.25 – Curva de distribuição da dureza
Knoop
para o gnaisse Falésia.
6.10. ENSAIO CÍCLICO DE ALTERAÇÃO ACELERADA
Seis cubos de cada uma das rochas estudadas foram submetidos ao teste de
alteração/envelhecimento acelerado por meio de câmara com atmosfera controlada
(salt sray). Esta câmara, que se encontra referenciada no item 3.2.1, foi
eletronicamente programada para produzir ciclos de 6 horas de névoa salina
alternados com 12 horas de secagem por meio de circulação forçada de ar a 40ºC.
Considera-se que este ensaio é mais próximo daquilo que se observa na
natureza. Assim, às doze horas de secagem representa a exposição diurna onde
predominam temperaturas mais altas e menor umidade do ar devido à insolação,
enquanto às seis horas de névoa salina representam a exposição noturna com maior
umidade do ar e ventos soprando no sentido do mar para terra, carreando um
volume maior de aerossóis marinhos.
As mudanças nos pesos das amostras, ao final do último ciclo, estão
sumarizados nas figuras 6.27, 6.28 e 6.29, enquanto a figura 6.26 ilustra o padrão de
modificação mais representativo.
Propriedades Tecnológicas
125
Ao término de 30 ciclos, correspondendo a 540 horas, verifica-se que o peso
final de todos os gnaisses foi menor do que o peso inicial. A força de cristalização
dos sais promove a desagregação/destacamento e conseqüente saída de material
(partículas ou grãos) das amostras por meio do alargamento e desenvolvimento de
novas fissuras.
Dentre os três tipos de rochas estudadas, o Falésia apresentou perda de
massa mais significativa, explicada pela maior porosidade e permeabilidade do
mesmo que favorece o transporte do spray salino para o seu interior e, por
conseguinte a migração de uma quantidade maior de sal.
Verificou-se nas amostras comportamento semelhante ao descrito por Frascá
(2003), isto é, a presença de sais ao longo das microfissuras superficiais quando no
interior das câmaras e que desapareciam após a lavagem que precede a inspeção
visual.
A deterioração pode ser observada através do inchamento, desplacamento,
esfoliações locais das biotitas e da oxidação de minerais ou intensificação da
coloração de hidróxidos de ferro preexistentes, mais fortemente evidenciada nas
amostras do Falésia (Figura 6.26).
Figura 6.26 – Amostra do Gnaisse Falésia antes e após exposição à névoa
salina, podendo-se observar o aumento da oxidação preexistente.
Propriedades Tecnológicas
126
Esta forma de deterioração é característica da presença de sais com
higroscopicidade intermediária, como é o caso do cloreto de sódio (Hr = 75,3%), que
podem ter ciclos diários de dissolução cristalização provocando a
desagregação física por meio de esfoliações, lascas ou escamações.
-0,4
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
Variação de Peso (g)
Peso (1° Ciclo)
Peso (3 Ciclo)
Diferença de Peso (
P)
Peso (1° Ciclo)
0,716 0,605 0,885 0,826 0,394 0,148
Peso (30° Ciclo)
0,613 0,495 0,816 0,758 0,315 0,053
Diferea de Peso
(
P)
-0,103 -0,180 -0,069 -0,068 -0,079 -0,095
Ba10 Ba11 Ba12 Ba13 Ba16 Ba17
Figura 6.27 – Mudanças no peso do gnaisse Casablanca após ensaio de alteração acelerada.
-0,4
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Variação de Peso (g)
Peso (1° Ciclo)
Peso (30° Ciclo)
Diferença de Peso (
P)
Peso (1° Ciclo)
1,025 0,768 0,274 0,458 0,633 0,980
Peso (30° Ciclo)
0,875 0,536 0,191 0,366 0,520 0,876
Diferença de Peso (
P)
-0,150 -0,232 -0,083 -0,092 -0,113 -0,104
Da10 Da11 Da12 Da13 Da14 Da15
Figura 6.28 – Mudanças no peso do gnaisse Juparaná Delicato após ensaio
de alteração acelerada
Propriedades Tecnológicas
127
-0,4
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Variação de Peso (g)
Peso (1° Ciclo)
Peso (3 Ciclo)
Diferea de Peso (
P)
Peso (1° Ciclo)
0,507 0,325 0,905 0,458 0,633 0,980
Peso (30° Ciclo)
0,292 0,240 0,806 0,255 0,436 0,771
Diferença de
Peso (
P)
-0,215
-0,085
-0,099
-0,203
-0,197
-0,209
Fa10 Fa11 Fa12 Fa13 Fa14 Fa15
Figura 6.29 – Mudanças no peso do gnaisse Giallo Falésia após ensaio
de alteração acelerada
O procedimento de lavagem, no final do ensaio, mostrou-se notadamente
importante e, por conseguinte foi realizado com bastante critério para a completa
remoção do NaCl, depositado nos veis mais profundo das amostras, e de
pequenos fragmentos/partículas que se desprendem, como resultado do processo
de alterabilidade sofrido (Figura 6.29). Tal remoção não seria eficiente se fosse
efetuada uma lavagem sem controle o que poderia levar a distorção nos resultados.
Figura 6.30 – Resíduo de filtragem da 4ª lavagem contendo pequenas placas (ou lascas) de
biotita, muscovita e hidróxidos de ferro, além de grãos de feldspato e quartzo.
Propriedades Tecnológicas
128
Algum resíduo salino eventualmente presente ao final da quarta lavagem foi
considerado desprezível, uma vez que representaria valor muito pequeno em peso
e, portanto, não significativo para uma balança com precisão de 0,001g.
O controle de remoção do sal se fez por meio da medida de condutividade
elétrica em mili-Siemens por centímetro, que garantiu ao final da quarta lavagem
valor muito próximo daquele encontrado na água originalmente utilizada (Figura
6.30).
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
lavagem
(6 horas)
lavagem
(24 horas)
lavagem
(96 horas)
lavagem
(24 horas)
CONDUTIVIDADE (mS/cm)
ÁGUA DE LAVAGEM
(AMOSTRAS)
ÁGUA DESTILADA
(PADRÃO)
Figura 6.31 – Controle da remoção do sal presente no interior das amostras por
meio da medida de condutividade das águas de lavagem.
Procedeu-se a análise química da água de lavagem das amostras de rocha,
ao final do ensaio acelerado com névoa salina, e comparada com a análise da água
de origem, cujos resultados encontram-se apresentados na Tabela 6.3.
Os valores encontrados sugerem a lixiviação de álcalis e sílica. O potássio (K)
pode ser proveniente do feldspato potássico, muscovita e biotita, o magnésio (Mg)
parece ter sido mobilizado a partir dos minerais ferromagnesianos e o cálcio (Ca)
deve ser proveniente do plagioclásio cálcio-sódico e granada.
Propriedades Tecnológicas
129
Tabela 6.3 – Resultados da análise química da água destilada e água de
lavagem das amostras de rocha.
COMPOSIÇÃO QUÍMICA (%)
ELEMENTOS/COMPOSTOS
QUÍMICOS
ÁGUA DESTILADA
E DEIONIZADA
ÁGUA DE LAVAGEM
DAS AMOSTRAS
Alcalinidade total (mgCaCO
3
/L)
nd 13,6
Dureza total (mgCaCO
3
/L) nd 1,9
Sólidos dissolvidos (mg/L) 4,0 113,0
Sólidos totais (mg/L) 7,5 126,0
Cálcio (mgCa
++
/L) nd 0,4
Magnésio (mgMg
++
/L) nd 0,2
Sódio (mgNa
+
/L) nd 36,0
Potássio (mgK
+
/L) nd 4,5
Cloretos (mgCl
-
/L) 2,8 42,9
Bicarbonatos (mgHCO
3
-
/L) nd 16,6
Sulfatos (mgSO
4
--
/L) nd 11,1
Nitratos (mgN-NO
3
-
/L) nd 0,1
Sílica (mgSiO
2
/L) 5,0 10,0
Análise conforme diretrizes
Standard Methods for the examinations of water and wastewather
Nd – não detectado
6.11. ÍNDICE DE ALTERABILIDADE
As variações de brilho e da dureza, medidas em placas polidas de rochas, no
início e no final do ensaio de alteração acelerada permitem o cálculo do índice de
alterabilidade
(
)
Κ
, proposto por Silva (1982 apud Aires-Barros, p.190).
Segundo este autor, pode-se utilizar a seguinte expressão:
(
)
∆Β+∆Η=Κ 1
V
Propriedades Tecnológicas
130
onde:
V
∆Η
representa a variação percentual da microdureza Vickers medida antes e
após o ensaio;
e
∆Β
a variação percentual do brilho medida antes e no final do ensaio, admitindo-
se que a medida inicial corresponde a 100%;
Neste estudo foi feito uso da mesma expressão, contudo foram empregados
os valores de microdureza Knoop uma vez que se trata de rochas de composição
granítica e conseqüentemente de maior dureza.
As Tabelas 6.4 e 6.5 apresentam os valores de brilho e dureza,
respectivamente, enquanto a Tabela 6.6 apresenta os valores de
∆Β∆ΗΚ
Κ
e,
para os gnaisses estudados.
Tabela 6.4 – Valores de brilho para os gnaisses Casablanca, Delicato e Falésia
antes e após ensaio de alteração acelerada.
TIPO LITOLÓGICO
Brilho inicial
(
)
i
Β
Brilho final
(
)
f
Β
CASABLANCA
56,5 48,1
DELICATO
84,0 80,8
FALÉSIA
73,9 71,2
Propriedades Tecnológicas
131
Tabela 6.5 – Valores de microdureza Knoop para os gnaisses Casablanca, Delicato
e Falésia antes e após ensaio de alteração acelerada.
TIPO LITOLÓGICO
Dureza inicial
(
)
i
Κ
Dureza final
(
)
f
Κ
CASABLANCA
7,58 7,19
DELICATO
8,99 9,32
FALÉSIA
7,38 8,30
Tabela 6.6 – Cálculo do índice de alterabilidade para os gnaisses Casablanca,
Delicato e Falésia.
TIPO LITOLÓGICO
Κ
∆Η
100×
Η
Η
Η
=∆Η
Κ
ΚΚ
Κ
i
fi
∆Β
100
×
Β
Β
Β
=∆Β
i
fi
Κ
(
)
∆Β+∆Η=Κ
Κ
1
CASABLANCA
5,1 14,8 80,5
DELICATO
-3,6 3,8 -17,3
FALÉSIA
-12,4 3,6 -57,0
Procurando ordenar agora as rochas estudadas em função da sua resistência
à alteração temos:
Apesar das discrepâncias encontradas em algumas medidas de microdureza
(
)
Κ
Η
, a ordenação dessas rochas obedeceu à seqüência esperada. Este resultado
vem corroborar com aquele obtido no item 6.10 onde se verificou que o Falésia foi,
dentre os três gnaisses ensaiados, o que apresentou maior perda de massa
sugerindo uma redução mais expressiva da resistência mecânica e da dureza dessa
rocha como reflexo da exposição ao ensaio acelerado.
CASABLANCA > DELICATO > FALÉSIA
Conclusões 132
CONCLUSÕES
Neste trabalho, procurou-se estudar o comportamento de rochas gnáissicas de
composição granítica em atmosfera salina, com a preocupação de compreender os
mecanismos condicionantes e os fatores que contribuiriam para o surgimento de
alterações.
Os ensaios utilizados foram escolhidos de maneira a dar o melhor e maior
volume de informações possíveis, em que pese às limitações impostas pelo tempo de
duração da pesquisa e pela carência de equipamentos específicos no país que
permitam a obtenção de informações relevantes acerca dos mecanismos de atuação no
interior das placas de rochas.
A impossibilidade da obtenção de amostras perfeitamente idênticas para serem
utilizadas, como parâmetros comparativos (ou duplicatas), na realização de ensaios
destrutivos explicam algumas distorções de resultados encontrados em algumas destas
modalidades.
Vale, ainda, ressaltar que no início desta pesquisa não se tinha disponibilidade
de informações sistematizadas quanto ao monitoramento de rochas submetidas a
ensaios de alteração acelerada, principalmente em se tratando de rochas graníticas.
Este fato motivou, inicialmente, a aplicação de norma existente para avaliação da
corrosão de materiais metálicos por exposição à voa salina, utilizando ensaios
tecnológicos como forma de controle qualitativo das alterações resultantes (ensaio
contínuo). Posteriormente, foi adquirida a norma que trata especificamente da
determinação da resistência das rochas naturais ao envelhecimento por exposição à
névoa salina (ensaio cíclico), sendo aplicada na sua íntegra e tendo os cálculos de
perda de massa, redução de brilho e dureza como parâmetros de controle das
alterações resultantes.
As duas abordagens de ensaio acelerado, tanto contínuo quanto cíclico,
permitem concluir que os três gnaisses em estudo sofrem alteração com perda de
Conclusões 133
massa e redução do brilho, quando expostas à atmosfera salina. Essas reduções têm
reflexos diretos na diminuição da resistência mecânica dessas rochas, como um todo.
Dentre os três litotipos estudados o Falésia foi aquele que sofreu mais evidente
processo de alteração, conseqüência do seu intemperismo natural e sistema poroso
mais favorável à percolação do spray salino e cristalização dos sais.
As amostras Casablanca, Juparaná Delicato e Giallo Falésia submetidas ao
ensaio acelerado apresentaram valores de resistência comparativamente mais baixos
do que o seu similar ensaiado ao natural. A queda da resistência mecânica dessas
rochas pode ser atribuída à ação da solução salina usada no teste.
Os gnaisses expostos à névoa salina em ensaio contínuo apresentam perda de
brilho inicial decrescente obedecendo sempre a mesma seqüência, formada pelo
Falésia, Casablanca e Delicato. Dentre as duas abordagens de ensaio acelerado, o
ensaio cíclico foi aquele que afetou mais intensamente o brilho desses materiais
apresentando uma redução média superior a 3,6%, para um menor número de horas de
exposição (540 horas).
Os menores valores de velocidade de ondas ultra-sônicas, dentre todos, foram
determinados no Falésia (4551 e 4569 m/s) e são controlados pelos níveis micáceos e
pela intensidade de alteração verificada nos feldspatos (sericitização). Os valores mais
elevados para essa propriedade foram do Delicato (5115 e 5663 m/s), justificados pela
menor porosidade e maior percentual em feldspato potássico (37%).
Os resultados de dilatação mostram que o Falésia (7,40 e 9,70x10
-3
[mm/(m.ºC)]) e o
Delicato (6,80 e 7,05x10
-3
[mm/(m.ºC)]) foram os que sofreram variações mais
significativas de seus coeficientes, com aumento da dilatação em função do ensaio
acelerado.
As três amostras se comportam como rochas de média a alta condutividade
térmica com valores dios de 3,19 W/mºK para o Casablanca e 3,64W/mºK para o
Delicato. O Falésia apresenta o menor valor médio que é de 2,99W/mºK, sendo este
resultado creditado a ocorrência de microfissuras e a maior intensidade de alteração
dos minerais que compõem esta rocha.
Conclusões 134
No ensaio de aptidão de molhagem verificou-se que o Falésia apresentou os
menores valores de tp (tempo de absorção de microgotas), por conter um percentual
maior de minerais micáceos e microfissuras dispostos em sua superfície, em
comparação aos demais gnaisses estudados. Isto implica numa maior aptidão de
molhagem dessa rocha em relação às outras, fato que se coaduna com os resultados
obtidos nos ensaios de absorção e porosidade.
O gnaisse Casablanca apresentou, para o ensaio de microdureza, uma
tendência de redução nos valores após a exposição à névoa salina (7,58 7,19 GPa).
No Delicato praticamente não houve variação (8,99 9,32 GPa). Contudo, o Falésia
mostrou um aparente aumento de dureza após a exposição à névoa salina, que parece
ser devido à subestimação dos valores medidos antes deste ensaio, ocasionada pelo
excesso de minerais de baixa dureza no exemplar ensaiado (7,38 – 8,30 GPa).
O ensaio cíclico se mostrou mais eficiente em relação ao ensaio contínuo
apresentando resultados representativos e confiáveis, uma vez que simula condições
mais próximas da realidade e possui uma metodologia mais adequada aos materiais
rochosos. Ao término de 30 ciclos, correspondendo a 540 horas, verifica-se que o peso
final de todos os gnaisses foi menor do que o peso inicial. A força de cristalização dos
sais promove a desagregação/destacamento e conseqüente saída de material
(partículas ou grãos) das amostras por meio do alargamento, propagação ou
provavelmente pelo desenvolvimento de novas fissuras.
Os resultados obtidos permitem inferir que:
- Neste estudo o processo de degradação física foi mais evidente;
- As amostras intempericamente alteradas responderam mais rapidamente aos ataques
de degradação;
- A susceptibilidade dos gnaisses à alteração foi determinada por três fatores: a
porosidade, que tem influência sobre a forma de penetração da solução salina e
quantidade de sal que migra para o interior da rocha, a dimensão dos grãos (média a
grosseira), que aumenta a susceptibilidade à degradação na presença de sal, e ao
sistema de poro, que determina em grande parte a pressão de cristalização exercida
pelo sal e, por conseguinte, a deterioração produzida.
Conclusões 135
A discrepância encontrada em alguns dados reflete as estruturações muito
heterogêneas dessas rochas, o que dificultou e praticamente impossibilitou a obtenção
de corpos-de-prova representativos das diferenças estruturais e mineralógicas
observadas em afloramentos e amostras maiores. Esta conjuntura, associada ao cunho
inovador do tema desenvolvido, imprimiu um caráter qualitativo à pesquisa que deixa
como legado dados e referências que poderão contribuir para a realização de trabalhos
posteriores de enfoque similar, porém com abordagem estatística.
Acredita-se que os efeitos verificados nestas condições atmosféricas possam ser
atenuados com a utilização de películas protetoras, principalmente nos materiais que
desempenham função de revestimento externo. Para tanto, sugere-se a realização de
estudos que possam avaliar a eficácia destes produtos nas condições atmosféricas
específicas da região, face ao seu peculiar grau de agressividade salina.
Apesar das condições dos ensaios simulados, utilizados neste estudo, terem sido
mais severas e, conseqüentemente, as deteriorações resultantes mais intensas e
rápidas, as condicionantes naturais vigentes na região são mais complexas
acrescendo-se fatores como variações térmicas, radiação solar, força dos ventos, efeito
abrasivo de particulados, incidência de chuvas e variações de umidade do ar somadas
à composição mais rica dos aerossóis marinhos, que atuam em conjunto e promovem
lentamente, porém de forma contínua, o decaimento das rochas e demais materiais
expostos a tais condições.
Referências Bibliográficas 136
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Apêndice 145
ANDICE 1
DETERMINAÇÃO DOS ÍNDICES FÍSICOS DAS ROCHAS
ESTUDADAS, AO NATURAL.
CASA BLANCA - NATURAL
AMOSTRA
MASSA
ESP.
APARENTE
SECA
MASSA
ESP.
APARENTE
SATURADA
POROSIDADE
APARENTE
(%)
ABSORÇÃO
DE ÁGUA
(%)
1 2.639 2.644 0,44 0,17
2 2.660 2.665 0,41 0,16
3 2.655 2.660 0,40 0,15
4 2.670 2.674 0,38 0,14
5 2.647 2.653 0,47 0,18
6 2.633 2.638 0,41 0,16
7 2.615 2.620 0,44 0,17
8 2.635 2.640 0,44 0,17
9 2.662 2.667 0,40 0,15
10 2.667 2.672 0,39 0,14
MÉDIA 2.648 2.654 0,42 0,16
DELICATO - NATURAL
AMOSTRA
MASSA
ESP.
APARENTE
SECA
MASSA
ESP.
APARENTE
SATURADA
POROSIDADE
APARENTE
(%)
ABSORÇÃO
DE ÁGUA
(%)
1 2.648 2.653 0,39 0,14
2 2.646 2.651 0,34 0,13
3 2.644 2.649 0,44 0,17
4 2.651 2.657 0,50 0,19
5 2.642 2.647 0,42 0,16
6 2.646 2.652 0,59 0,23
7 2.645 2.651 0,48 0,18
8 2.649 2.655 0,51 0,19
9 2.630 2.637 0,58 0,22
10 2.650 2.655 0,41 0,15
MÉDIA 2.645 2.650 0,46 0,18
Apêndice 146
FALÉSIA - NATURAL
AMOSTRA
MASSA
ESP.
APARENTE
SECA
MASSA
ESP.
APARENTE
SATURADA
POROSIDADE
APARENTE
(%)
ABSORÇÃO
DE ÁGUA
(%)
1 2.631 2.635 0,34 0,13
2 2.627 2.633 0,47 0,18
3 2.619 2.625 0,50 0,19
4 2.640 2.645 0,40 0,15
5 2.637 2.642 0,43 0,16
6 2.632 2.640 0,67 0,25
7 2.592 2.598 0,55 0,21
8 2.657 2.664 0,62 0,23
9 2.593 2.602 0,80 0,31
10 2.646 2.653 0,64 0,24
MÉDIA 2.627 2.634 0,54 0,21
Apêndice 147
ANDICE 2
DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO NAS ROCHAS
ESTUDADAS
DESIGNAÇÃO
DA AMOSTRA
TEMPO DE
EXPOSIÇÃO
DIMENSÃO
DAS ARESTAS
(cm)
ÁREA
DE
CARGA
CARGA
DE
RUPTURA
TENSÃO DE
RUPTURA
(h) A1 A2 (mm2) (Kgf) Kgf/mm2 MPa
Dc1 360
69,9
69,8
4.879
53.180
10,89
106,9
Dc2 720
71,2
70,2
4.998
51.150
10,23
100,3
Dc3 1080
69,7
71,6
4.990
30.750
6,16
60,4
Dc4 360
67,7
69,5
4.705
52.700
11,2
109,8
Dc5 720
68,3
70,2
4.791
31.190
7,13
69,9
Dc6 1080
68,1
70,4
4.794
29.630
6,18
60,6
JUPARANÁ
DELICATO
Dc7 360
67,7
67,8
4.590
48.570
10,58
103,7
Bc1 360
68,5
68,2
4.672
46.879
10,03
98,4
Bc2 720
69,3
69,4
4.809
48.840
10,15
99,6
Bc3 1080
70,1
69,2
4.851
28.000
5,77
56,6
Bc4 360
71,0
70,5
5.005
50.810
10,15
99,5
Bc5 720
70,9
71,4
5.062
33.810
6,68
65,5
Bc6 1080
71,1
69,2
4.920
27.960
5,68
55,7
CASABLANCA
Bc7 360
71,3
71,1
5.069
44.320
8,74
85,7
Fc1 360
67,8
68,2
4.624
25.530
5,52
54,1
Fc2 720
68,1
68,6
4.671
32.770
7,01
68,8
Fc3 1080
69,8
69,3
4.837
22.500
4,65
45,6
Fc4 360
68,9
69,2
4.768
25.660
5,38
52,7
Fc5 720
69,8
69,8
4.872
26.130
5,36
52,5
Fc6 1080
67,1
69,0
4.630
17.890
3,86
37,8
GIALLO FALÉSIA
Fc7 360
70,1
72,1
5.051
28.890
5,71
56,1
Apêndice 148
ANDICE 3
MEDIDAS DE DESGASTE AMSLER DAS ROCHAS ESTUDADAS
LEITURA INICIAL-
cm
LEITURA APÓS
500M
LEITURA APÓS
1000M
DESGASTE
AMSLER (mm)
DESIGNAÇÃO DA
AMOSTRA
TEMPO DE
EXPOSIÇÃO
INDIVIDUAL
MÉDIA
INDIVIDUAL
MÉDIA
INDIVIDUAL
MÉDIA
500m 1000m
3,46 2,95 2,50
3,53 2,90 2,44
3,42 2,82 2,20
Bd1
360
3,43
3,46
2,98
2,91
2,40
2,41 0,55 1,05
3,71 3,26 2,87
3,91 3,32 2,94
3,75 3,29 2,88
Bd2
720
3,66
3,75
3,23
3,27
2,79
2,87 0,48 0,88
3,94 3,52 2,99
3,91 3,55 3,12
3,66 3,32 2,92
Casablanca
Bd3
1080
3,78
3,82
3,38
3,44
3,07
3,02 0,38 0,80
3,37 2,84 2,52
3,44 2,92 2,40
3,35 1,86 2,44
Dd1
360
3,37
3,38
2,87
2,87
2,60
2,49 0,51 0,89
3,24 2,88 2,62
3,19 2,90 2,57
3,26 2,83 2,39
Dd2
720
3,23
3,23
2,71
2,83
2,49
2,51 0,40 0,72
2,70 2,35 1,95
2,56 2,44 1,93
2,59 2,19 1,78
Juparaná Delicato
Dd3
1080
2,70
2,66
2,20
2,29
1,77
1,85 0,37 0,81
3,18 2,56 2,19
3,37 2,59 2,32
3,17 2,59 1,98
Fd1
360
3,06
3,19
2,57
2,60
1,95
2,11 0,59 1,08
3,13 2,41 1,71
3,11 2,56 1,61
2,98 2,26 1,46
Fd2
720
3,08
3,07
2,22
2,36
1,63
1,60 0,71 1,47
3,28 2,62 1,94
3,25 2,57 1,70
3,05 2,52 1,58
Giallo Falésia
Fd3
1080
3,09
3,17
2,57
2,57
1,71
1,73 0,60 1,44
Apêndice 149
ANDICE 4
VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS NAS ROCHAS ESTUDADAS
VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS (m/s)
DENOMINAÇÃO
DA ROCHA
DESIGNAÇÃO
DA AMOSTRA
DIREÇÃO
DE
MEDIDAS
0 hora
(natural)
360 horas 720 horas
1080
horas
VP(%)
x
3960 4053 _ _ 2
y
5447 5678 _ _ 4
Bc1
z
4316 4703 _ _ 9
x
4052 _ 3960 _ -2
y
6638 _ 6514 _ -2
Bc2
z
5257 _ 4853 _ -7
x
3453 _ _ 3651 5
y
4704 _ _ 4768 1
Bc3
z
4407 _ _ 4436 1
x
4356 4702 _ _ 8
y
4733 4930 _ _ 4
Bc4
z
4325 4462 _ _ 3
x
4487 _ 4431 _ -1
y
4570 _ 4347 _ -5
Bc5
z
4993 _ 4519 _ -9
x
4182 _ _ 4443 6
y
4978 _ _ 4978 0
CASABLANCA
Bc6
z
4805 _ _ 4839 1
Apêndice 150
VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS (m/s)
DENOMINAÇÃO
DA ROCHA
DESIGNAÇÃO
DA AMOSTRA
DIREÇÃO
DE
MEDIDAS
0 hora
(natural) 360 horas 720 horas
1080
horas VP(%)
x
6351 6472 _ _ 2
y
6541 6990 _ _ 7
Dc1
z
5865 6177 _ _ 5
x
6592 _ 6357 _ -3
y
5958 _ 5766 _ -3
Dc2
z
6000 _ 5801 _ -3
x
6514 _ _ 6168 -5
y
6158 _ _ 5899 -4
Dc3
z
5917 _ _ 5682 -4
x
4153 4483 _ _ 8
y
4620 4812 _ _ 4
Dc4
z
4290 4398 _ _ 2
x
6443 _ 6266 _ -3
y
6424 _ 6364 _ -1
Dc5
z
6560 _ 6382 _ -3
x
6305 _ _ 5870 -7
y
6187 _ _ 5873 -5
JUPARANÁ DELICATO
Dc6
z
6342 _ _ 5916 -6
Apêndice 151
VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS (m/s)
DENOMINAÇÃO
DA ROCHA
DESIGNAÇÃO
DA AMOSTRA
DIREÇÃO
DE
MEDIDAS
0 hora
(natural)
360 horas 720 horas
1080
horas
VP(%)
x
4035 4291 _ _ 6
y
3937 4077 _ _ 3
Fc1
z
3444 3726 _ _ 8
x
3081 _ 3013 _ -2
y
4058 _ 3988 _ -1
Fc2
z
4035 _ 3769 _ -6
x
2759 _ _ 3187 15
y
3447 _ _ 3893 13
Fc3
z
3746 _ _ 4277 14
x
2812 3265 _ _ 16
y
3590 3937 _ _ 9
Fc4
z
3495 3977 _ _ 13
x
3261 _ 3231 _ -1
y
4298 _ 4298 _ 0
Fc5
z
4417 _ 4205 _ -5
x
2784 _ _ 3257 17
y
3626 _ _ 4227 16
GIALLO FALÉSIA
Fc6
z
3709 _ _ 4107 10
Apêndice 152
ANDICE 5
MEDIDAS DE BRILHO DAS ROCHAS ESTUDADAS
DENOMINAÇÃO
DESIGNAÇÃO
POSIÇÃO DE
MEDIDAS DE
BRILHO
DA ROCHA DA AMOSTRA
LEITURA
0 hora
(natural)
360
horas
720
horas
1080
horas
Perda de Brilho
(%)
1 81,6 81,2 _ _ 0,5
2
84,0 83,6 _ _ 0,5
Bb1 3 81,7 81,2 _ _ 0,6
4
88,3 87,9 _ _ 0,4
5
84,1 83,7 _ _ 0,5
X
83,9 83,5
_ _
0,5
1
82,1 81,6 _ _ 0,6
2
70,2 69,7 _ _ 0,7
Bb2
3
67,1 66,6 _ _ 0,7
4
66,4 65,7 _ _ 1,0
5
70,0 69,4 _ _ 0,8
X
71,1 70,6
_
_ 0,7
1
83,4 _ 82,6 _ 0,9
2
75,2 _ 74,1 _ 1,5
Bb3
3
81,3 _ 80,5 _ 0,9
4
80,9 _ 79,7 _ 1,5
5
80,3 _ 79,0 _ 1,6
X
80,2
_
79,2
_
1,2
1
86,7 _ _ 84,5 2,5
2
88,3 _ _ 86,4 2,1
Bb4
3
84,9 _ _ 83,6 1,5
4
75,5 _ _ 73,7 2,4
5
77,6 _ _ 75,5 2,7
X
82,6 _
_
80,7 2,2
1
81,0 _ 80,2 _ 0,9
2
83,4 _ 82,5 _ 1,0
Bb5
3
81,0 _ 80,3 _ 0,8
4
87,7 _ 87,1 _ 0,7
5
83,5 _ 82,6 _ 1,1
X
83,3
_
82,5 _ 0,9
1 87,4 _ _ 83,4 4,5
2
85,2 _ _ 82,6 3,0
Bb6 3 80,3 _ _ 79,1 1,4
4
87,5 _ _ 84,3 3,6
5
88,1 _ _ 86,2 2,1
CASABLANCA
X
85,3
_ _
83,2 2,4
Apêndice 153
DENOMINAÇÃO
DESIGNAÇÃO
POSIÇÃO DE
MEDIDAS DE
BRILHO
DA ROCHA DA AMOSTRA
LEITURA
0 hora
(natural)
360
horas
720
horas
1080
horas
Perda de Brilho
(%)
1
92,2 91,8 _ _ 0,4
2
92,6 92,0 _ _ 0,6
Db1
3
90,4 90,1 _ _ 0,3
4
91,2 90,8 _ _ 0,4
5
91,3 90,8 _ _ 0,5
X
91,5 91,1
_ _
0,4
1
89,1 _ 88,3 _ 0,8
2
86,1 _ 85,6 _ 0,5
Db2
3
89,0 _ 88,4 _ 0,6
4
88,0 _ 87,6 _ 0,4
5
89,0 _ 88,6 _ 0,4
X
88,2 _ 87,7 _ 0,5
1
77,5 _ _ 76,8 0,9
2
83,1 _ _ 82,3 0,9
Db3
3
82,5 _ _ 81,8 0,8
4
84,6 _ _ 83,4 1,4
5
84,8 _ _ 84,1 0,8
X
82,5
_
_ 81,6 1,0
1
80,6 80,6 _ _ 0,0
2
85,3 84,9 _ _ 0,4
Db4
3
85,2 83,1 _ _ 2,4
4
82,9 82,6 _ _ 0,3
5
83,7 83,2 _ _ 0,6
X
83,5 82,8
_
_ 0,8
1
89,1 _ 86,7 _ 2,7
2
92,0 _ 89,1 _ 3,1
Db5
3
86,1 _ 85,0 _ 1,2
4
90,6 _ 89,8 _ 0,8
5
84,3 _ 83,5 _ 0,9
X
88,4
_
86,8 _ 1,8
1
88,7 _ _ 87,6 1,2
2
86,5 _ _ 84,4 2,4
Db6
3
88,9 _ _ 86,3 2,9
4
87,3 _ _ 86,4 1,0
JUPARANÁ DELICATO
5
89,1 _ _ 87,5 1,8
X
88,1
_ _
86,4 1,9
Apêndice 154
DENOMINAÇÃO
DESIGNAÇÃO
POSIÇÃO DE
MEDIDAS DE
BRILHO
DA ROCHA DA AMOSTRA
LEITURA
0 hora
(natural)
360
horas
720
horas
1080
horas
Perda de Brilho
(%)
1
78,2 77,6 _ _ 0,7
2
79,8 79,0 _ _ 1,0
Fb1
3
82,0 81,4 _ _ 0,7
4
77,2 76,4 _ _ 1,0
5
76,9 76,5 _ _ 0,5
X
78,8 78,2
_ _
0,7
1
76,5 _ _ 75,7 1,5
2
76,3 _ _ 74,5 2,3
Fb2
3
74,2 _ _ 73,0 1,6
4
80,1 _ _ 78,9 1,5
5
80,6 _ _ 79,1 1,8
X
77,5 _ _ 76,2 1,7
1
64,8 _ 64,2 _ 0,9
2
86,0 _ 85,3 _ 0,8
Fb3
3
81,3 _ 80,7 _ 0,7
4
80,4 _ 79,5 _ 1,1
5
77,1 _ 76,6 _ 0,6
X
77,9
_
77,2 _ 0,9
1
85,7 81,8 _ _ 4,5
2
82,9 82,4 _ _ 0,6
Fb4
3
66,1 65,7 _ _ 0,6
4
75,0 74,3 _ _ 0,9
5
85,4 82,2 _ _ 3,7
X
79,0 77,3
_
_ 2,1
1
75,2 _ 74,1 _ 1,4
2
78,9 _ 78,0 _ 1,1
Fb5
3
74,1 _ 73,6 _ 0,7
4
75,1 _ 74,5 _ 0,8
5
76,6 _ 75,9 _ 0,9
X
76,0
_
75,2 _ 1,0
1
78,6 _ _ 77,1 1,9
2
77,7 _ _ 76,2 1,9
Fb6
3
77,8 _ _ 76,4 1,8
4
75,8 _ _ 74,0 2,3
5
76,8 _ _ 75,3 1,9
GIALLO FALÉSIA
X
77,3
_ _
75,8 1,9
Apêndice 155
ANDICE 6
DILATAÇÃO TÉRMICA LINEAR DAS ROCHAS ESTUDADAS
JUPARANÁ DELICATO
Natural /
//
//
//
/ (Dt
2
)
Temperatura (
o
C) Dilatação (mm)
Velocidade
Propagação Ondas
Ultra-sônicas
(m/s)
L
0
(mm)
Faixa
Variação
T
Faixa
Variação
L
Coefic.
Dilatação
Térmica
Linear
(10
-3
mm/m
o
C)
Pré-
Ensaio
Pós-
Ensaio
0,0 x 50,0
50,0
1,000 x 0,024
0,024
β
1
= 5,4
89,00
50,0 x 0,0
50,0
1,002 x -0,974
0,028
β
2
= 6,3
5.115 5.266
Média
β
ββ
β = 5,9
JUPARANÁ DELICATO
Pós-ataque /
//
//
//
/ (Dt
2
)
Temperatura (
o
C) Dilatação (mm)
Velocidade
Propagação Ondas
Ultra-sônicas
(m/s)
L
0
(mm)
Faixa
Variação
T
Faixa
Variação
L
Coefic.
Dilatação
Térmica
Linear
(10
-3
mm/m
o
C)
Pré-
Ensaio
Pós-
Ensaio
0,0 x 50,0
50,0
1,000 x 1,029
0,029
β
1
= 6,5
89,52
50,0 x 0,0
50,0
1,008 x 0,974
0,034
β
2
= 7,6
5.702 5.738
Média
β
ββ
β = 7,05
Apêndice 156
JUPARANÁ DELICATO
Natural
(Dt
1
)
Temperatura (
o
C) Dilatação (mm)
Velocidade
Propagação Ondas
Ultra-sônicas
(m/s)
L
0
(mm)
Faixa
Variação
T
Faixa
Variação
L
Coefic.
Dilatação
Térmica
Linear
(10
-3
mm/m
o
C)
Pré-
Ensaio
Pós-
Ensaio
0,0 x 50,0
50,0
1,002 x 0,026
0,024
β
1
= 5,3
90,04
50,0 x 0,0
50,0
1,004 x 0,976
0,028
β
2
= 6,2
5.663 5.663
Média
β
ββ
β = 5,8
JUPARANÁ DELICATO
Pós-ataque
(Dt
1
)
Temperatura (
o
C) Dilatação (mm)
Velocidade
Propagação Ondas
Ultra-sônicas
(m/s)
L
0
(mm)
Faixa
Variação
T
Faixa
Variação
L
Coefic.
Dilatação
Térmica
Linear
(10
-3
mm/m
o
C)
Pré-
Ensaio
Pós-
Ensaio
0,0 x 50,0
50,0
1,000 x 1,032
0,032
β
1
= 7,3
87,43
50,1 x 0,0 50,1 1,017 x 0,990
0,027
β
2
= 6,2
5.714 5.714
Média
β
ββ
β = 6,8
Apêndice 157
GIALLO FALÉSIA
Natural /
//
//
//
/ (Ft
2
)
Temperatura (
o
C) Dilatação (mm)
Velocidade
Propagação Ondas
Ultra-sônicas
(m/s)
L
0
(mm)
Faixa
Variação
T
Faixa
Variação
L
Coefic.
Dilatação
Térmica
Linear
(10
-3
mm/m
o
C)
Pré-
Ensaio
Pós-
Ensaio
0,0 x 50,0
50,0
1,001 x 1,035
0,034
β
1
= 7,6
89,65
50,0 x 0,0
50,0
1,013 x 0,982
0,031
β
2
= 6,9
4.551 4.574
Média
β
ββ
β = 7,3
GIALLO FALÉSIA
Pós-ataque /
//
//
//
/ (Ft
2
)
Temperatura (
o
C) Dilatação (mm)
Velocidade
Propagação Ondas
Ultra-sônicas
(m/s)
L
0
(mm)
Faixa
Variação
T
Faixa
Variação
L
Coefic.
Dilatação
Térmica
Linear
(10
-3
mm/m
o
C)
Pré-
Ensaio
Pós-
Ensaio
0,0 x 50,5
50,5
1,000 x 1,045
0,045
β
1
= 9,9
89,96
50,2 x 0,0
50,2
1,001 x 0,958
0,043
β
2
= 9,5
4.498 4.595
Média
β
ββ
β = 9,7
Apêndice 158
GIALLO FALÉSIA
Natural
(Ft
1
)
Temperatura (
o
C) Dilatação (mm)
Velocidade
Propagação Ondas
Ultra-sônicas
(m/s)
L
0
(mm)
Faixa
Variação
T
Faixa
Variação
L
Coefic.
Dilatação
Térmica
Linear
(10
-3
mm/m
o
C)
Pré-
Ensaio
Pós-
Ensaio
0,0 x 50,0
50,0
1,000 x 1,026
0,026
β
1
= 5,8
89,56
50,0 x 0,0
50,0
1,006 x 0,973
0,033
β
2
= 7,4
4.569 4.616
Média
β
ββ
β = 6,6
GIALLO FALÉSIA
Pós-ataque
(Ft
1
)
Temperatura (
o
C) Dilatação (mm)
Velocidade
Propagação Ondas
Ultra-sônicas
(m/s)
L
0
(mm)
Faixa
Variação
T
Faixa
Variação
L
Coefic.
Dilatação
Térmica
Linear
(10
-3
mm/m
o
C)
Pré-
Ensaio
Pós-
Ensaio
0,0 x 50,5
50,5
0,999 x 1,032
0,033
β
1
= 7,3
89,55
50,2 x 0,0
50,2
1,003 x 0,969
0,034
β
2
= 7,5
4.664 4.815
Média
β
ββ
β = 7,4
Apêndice 159
CASABLANCA
Natural /
//
//
//
/ (Bt
2
)
Temperatura (
o
C) Dilatação (mm)
Velocidade
Propagação Ondas
Ultra-sônicas
(m/s)
L
0
(mm)
Faixa
Variação
T
Faixa
Variação
L
Coefic.
Dilatação
Térmica
Linear
(10
-3
mm/m
o
C)
Pré-
Ensaio
Pós-
Ensaio
0,0 x 50,0
50,0
1,004 x 1,028
0,024
β
1
= 5,4
89,29
50,0 x 0,0
50,0
0,996 x 0,973
0,023
β
2
= 5,2
5.283 5.283
Média
β
ββ
β = 5,3
CASABLANCA
Pós-ataque /
//
//
//
/ (Bt
2
)
Temperatura (
o
C) Dilatação (mm)
Velocidade
Propagação Ondas
Ultra-sônicas
(m/s)
L
0
(mm)
Faixa
Variação
T
Faixa
Variação
L
Coefic.
Dilatação
Térmica
Linear
(10
-3
mm/m
o
C)
Pré-
Ensaio
Pós-
Ensaio
0,0 x 50,1
50,1
0,999 x 1,023
0,024
β
1
= 5,3
90,16
50,1 x 0,0
50,1
0,998 x 0,974
0,024
β
2
= 5,3
5.464 5.779
Média
β
ββ
β = 5,3
Apêndice 160
CASABLANCA
Natural
(Bt
1
)
Temperatura (
o
C) Dilatação (mm)
Velocidade
Propagação Ondas
Ultra-sônicas
(m/s)
L
0
(mm)
Faixa
Variação
T
Faixa
Variação
L
Coefic.
Dilatação
Térmica
Linear
(10
-3
mm/m
o
C)
Pré-
Ensaio
Pós-
Ensaio
0,0 x 50,0
50,0
0,999 x 1,023
0,024
β
1
= 5,4
89,81
50,0 x 0,0
50,0
1,002 x 0,976
0,026
β
2
= 5,8
4.629
4.828
Média
β
ββ
β = 5,6
CASABLANCA
Pós-ataque
(Bt
1
)
Temperatura (
o
C) Dilatação (mm)
Velocidade
Propagação Ondas
Ultra-sônicas
(m/s)
L
0
(mm)
Faixa
Variação
T
Faixa
Variação
L
Coefic.
Dilatação
Térmica
Linear
(10
-3
mm/m
o
C)
Pré-
Ensaio
Pós-
Ensaio
0,0 x 50,1
50,1
1,004 x 1,030
0,026
β
1
= 5,8
89,73
50,1 x 0,0
50,1
1,000 x 0,974
0,026
β
2
= 5,8
4.578 4.850
Média
β
ββ
β = 5,8
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