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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Instituto de Geociências e Ciências Exatas
Departamento de Física
Campus de Rio Claro
Estimativa do Expoente de Hurst, por meio da Transformada Wavelet, de
Séries Temporais de Precipitação de Chuvas das Regiões Climáticas do
Estado de São Paulo no período de 1978 a 1997.
Luiz Roberto Salomão
Orientador: Prof. Dr. José Roberto Campanha
Dissertação de Mestrado elaborada
junto ao Programa de Pós-Graduação
em Física - Área de concentração em
Física Aplicada, para obtenção do
título de Mestre em Física.
Rio Claro (SP)
2006
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517.355 Salomão, Luiz Roberto
S173e Estimativa do expoente de Hurst, por meio da transforma-
da wavelet, de séries temporais de precipitação de chuvas das
regiões climáticas do estado de São Paulo no período de l978
a 1997 / Luiz Roberto Salomão. – Rio Claro : [s.n.], 2006
110 p. : il., figs., gráfs., tabs., mapas
Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista,
Instituto de Geociências e Ciências Exatas
Orientador: José Roberto Campanha
1. Fourier, Transformações de. 2. Sistema complexo. 3. Di-
mensão fractal. 4. Persistência e antipersistência. 5. Movimen-
to browniano fracionário. 6. Espectro de potência wavelet.
7. Fourier, Transformada de. I. Título.
Ficha Catalográfica elaborada pela STATI – Biblioteca da UNESP
Campus de Rio Claro/SP
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ii
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Instituto de Geociências e Ciências Exatas
Departamento de Física
Campus de Rio Claro
Estimativa do Expoente de Hurst, por meio da Transformada Wavelet, de
Séries Temporais de Precipitação de Chuvas das Regiões Climáticas do
Estado de São Paulo no período de 1978 a 1997.
Aluno: Luiz Roberto Salomão
Orientador: Prof. Dr. José Roberto Campanha
Comissão Examinadora
Prof. Dr. José Roberto Campanha - Orientador
IGCE/UNESP/Rio Claro
Prof. Dr. Hari Mohan Gupta
IGCE/UNESP/Rio Claro
Prof. Dr. Roberto Nicolau Onody
IFSC/USP/São Carlos
Rio Claro, 26 de outubro de 2006.
Resultado: Aprovado.
iii
A minha esposa Sueli e a meus filhos Rafael e Maria Carolina.
iv
Agradecimentos
Ao Prof. Dr. José Roberto Campanha pela atenção, dedicação e paciência que
sempre marcou a sua orientação e pela amizade que permitiu que este trabalho fosse realizado
de forma agradável.
Aos Prof. Dr. Hari Mohan Gupta e Prof. Dr. Roberto Nicolau Onody pelas
sugestões que permitiram o aprimoramento deste trabalho.
Aos professores e funcionários do Departamento de Física do Instituto de
Geociências pela amizade e carinho com que me receberam.
Aos amigos da Academia da Força Aérea pelo incentivo.
Aos companheiros de estudo Rosana, Natale, Luciano e Shinaider pela colaboração
e apoio.
A minha esposa por suportar com amor e carinho todas as minhas manias.
A todos muito obrigado.
v
SUMÁRIO
Índice --------------------------------------------------------------------------------------------- vi
Índice de figuras--------------------------------------------------------------------------------viii
Índice de tabelas-------------------------------------------------------------------------------- xii
Resumo-------------------------------------------------------------------------------------------xiii
Abstract ------------------------------------------------------------------------------------------xiv
vi
ÍNDICE
CAPÍTULO 1 -------------------------------------------------------------------------------------- 01
Objetivo--------------------------------------------------------------------------------------- 01
1.1 - Introdução ------------------------------------------------------------------------------ 02
1.2 - Características climáticas do estado de São Paulo -------------------------------- 04
CAPÍTULO 2 -------------------------------------------------------------------------------------- 10
2.1 - Série de Fourier------------------------------------------------------------------------ 10
2.2 - Integral de Fourier--------------------------------------------------------------------- 11
2.3 - Transformada de Fourier ------------------------------------------------------------- 12
2.4 - Transformada wavelet ---------------------------------------------------------------- 17
2.5 - Escala e Deslocamento --------------------------------------------------------------- 18
2.6 - Tipos de wavelet (mais comuns) ---------------------------------------------------- 20
2.7 - Aplicação da transformada wavelet------------------------------------------------- 23
CAPÍTULO 3 -------------------------------------------------------------------------------------- 28
3.1 - Fractais---------------------------------------------------------------------------------- 28
3.2 - Dimensão ------------------------------------------------------------------------------- 30
3.3 - Poeira de Cantor ----------------------------------------------------------------------- 31
3.4 - Triângulo de Sierpinsky -------------------------------------------------------------- 33
3.5 - Contagem de caixas ------------------------------------------------------------------- 33
3.6 - Expoente de Hurst--------------------------------------------------------------------- 34
3.7 - Auto-Afinidade ------------------------------------------------------------------------ 40
3.8 - Estimativa de H para série temporal auto-afim------------------------------------ 42
vii
CAPÍTULO 4 -------------------------------------------------------------------------------------- 44
4.1 - Validade do expoente de Hurst estimado por wavelet---------------------------- 45
4.2 - Expoente de Hurst e o tamanho da série temporal -------------------------------- 52
4.3 - Ausência de medições em séries temporais de precipitação de chuvas -------- 54
4.4 - Escolha da wavelet mais adequada para estimar o expoente de Hurst---------- 65
CAPÍTULO 5 -------------------------------------------------------------------------------------- 67
5.1 - Obtenção e tratamento dos dados pluviométricos--------------------------------- 67
5.2 - Estimativa do expoente de Hurst para cada série de precipitação--------------- 68
5.3 - Séries com os períodos seco e úmido bem definidos ----------------------------- 79
5.4 - Espectro de potência wavelet para as séries temporais de chuva---------------- 81
CAPÍTULO 6 -------------------------------------------------------------------------------------- 89
Referências Bibliográficas----------------------------------------------------------------------- 93
Apêndice I ------------------------------------------------------------------------------------------ 100
Apêndice II ----------------------------------------------------------------------------------------- 101
Apêndice III ---------------------------------------------------------------------------------------- 102
Apêndice IV ---------------------------------------------------------------------------------------- 103
Apêndice V------------------------------------------------------------------------------------------ 105
Apêndice VI ---------------------------------------------------------------------------------------- 106
Apêndice VII --------------------------------------------------------------------------------------- 108
viii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1.1 - Mapa do estado de São Paulo com as regiões climáticas
(MONTEIRO, 1973).
06
Figura 2.1 - Gráfico da função f
1
(t) para valores de t próximos de 5. 13
Figura 2.2 - Gráfico da função f
2
(t) para valores de t próximos de 5. 14
Figura 2.3 - a) Gráfico da transformada de Fourier da função f
1.
b) Gráfico da transformada de Fourier da função f
2
.
14
Figura 2.4 - Esquema simplificado de janelamento. 16
Figura 2.5 - Deslocamento da wavelet "chapéu mexicano". 19
Figura 2.6 - Mudanças de escala para a wavelet "chapéu mexicano". 19
Figura 2.7 - Escalogramas das transformadas wavelet das funções f
1
e f
2
em
função da escala.
25
Figura 2.8 - Escalogramas das transformadas wavelet das funções f
1
e f
2
em
função da freqüência.
26
Figura 2.9 - a) Espectro de potência em função do período para a função f
1
.
b) Espectro de potência em função do período para a função f
2
.
27
Figura 3.1 - Possível linha costeira de um país em três escalas diferentes. 29
Figura 3.2 - Representação da escala para um segmento de reta (a), para uma
figura plana (b) e para um sólido (c).
31
Figura 3.3 - Representação do conjunto poeira de Cantor 32
Figura 3.4 - Cálculo da dimensão da figura poeira de Cantor. 32
Figura 3.5 - Representação do triângulo de Sierpinsky. 33
Figura 3.6 - Quadriculado com caixas de lado δ cobrindo a figura que se quer
calcular a dimensão fractal
34
ix
Figura 3.7 - Esquema de um reservatório de água (FEDER, 1989). 36
Figura 3.8 - Exemplos de movimento browniano fracionário gerado pelo
algoritmo de Joachim Johansson (Apêndice III).
38
Figura 3.9 - Variação da correlação de um movimento browniano fracionário
em função do expoente de Hurst.
39
Figura 3.10 - Quadriculado usado para cálculo da dimensão fractal de processo
auto-afim.
41
Figura 4.1 - Gráfico com os primeiros passos do algoritimo mpdwalk. 46
Figura 4.2 - Gráficos de chuva cumulativa dos desvios da média e série fbm
gerada com o mesmo H que a série de chuva.
48
Figura 4.3 - a) Desvios da média e histograma para uma série de chuva com
média 0, e variância 0,010.
b) Desvios da média e histograma para uma série de fbm com
média 0 e variância 0,058.
48
Figura 4.4 - Gráficos mostrando o valor médio estimado do expoente de Hurst
para séries de movimento browniano obtidas por meio de quatro
tipos de geradores de movimento browniano fracionário.
51
Figura 4.5 - a) Gráfico do valor médio de H para cem séries com número de
elementos entre 10 e 500.
b) Gráfico do valor médio de H para cem séries com número de
elementos entre 500 e 8192.
53
Figura 4.6 - a) Gráfico de precipitação de chuvas no município de Pilar do
Sul, posto Usina Batista no período de 01/01/1978 a
31/12/1997 (E4028).
b) Gráfico da soma cumulativa dos dados de precipitação de
chuvas da série E4028 (corrigidos pela média e pela reta que
passa no primeiro e último ponto).
56
x
Figura 4.7 - a) Medidas substituídas em posições aleatórias.
b) Medidas substituídas seguidamente a partir da posição 2796
no sentido do final da série.
c) Medidas substituídas seguidamente a partir da posição 5973
no sentido do início da série.
59
Figura 4.8 - a) Gráfico de precipitação de chuvas do município de Cananéia,
posto Morro Redondo (G5002).
b) Gráfico de precipitação de chuvas do município de Eldorado,
posto Ouro Leve (F5020).
c) Gráfico de H com o número de elementos usados para o
cálculo da média (G5002).
d) Gráfico de H com o número de elementos usados para o
cálculo da média (F5020).
61
Figura 4.9 - a) Medidas retiradas em posições aleatórias
b) Medidas retiradas seguidamente a partir da posição 5973 em
direção ao início da série
64
Figura 4.10 - Valor médio do expoente de Hurst em função da wavelet usada
para estimá-lo.
65
Figura 5.1 - a) Gráfico de uma série temporal de precipitação de chuvas.
b) Gráfico de uma série temporal de precipitação de chuvas
corrigida pela média. Para esta série a média das precipitações
considerando os 20 anos é de 3,6260 mm e temos 5491 dias
com precipitação zero.
69
Figura 5.2 - a) Gráfico da soma cumulativa de uma série temporal de
precipitação de chuvas.
b) Gráfico da soma cumulativa de uma série temporal de
precipitação de chuvas corrigida pela reta que passa pelo
primeiro e último ponto.
70
Figura 5.3 - Valor médio de H para cada região e sub-região climática do
estado de São Paulo.
78
xi
Figura 5.4 - a) gráfico de precipitação de chuvas da cidade de Assaré.
b) gráfico de precipitação de chuvas da cidade de Cratos.
80
Figura 5.5 - Espectro de potência de séries de precipitação de chuvas da
região climática II (a, b e c).
83
Figura 5.6 - Espectro de potência de série de precipitação de chuvas da região
climática III.
83
Figura 5.7 - Espectro de potência de séries de precipitação de chuvas da
região climática V.
85
Figura 5.8 - Espectro de potência de série de precipitação de chuvas da região
climática VII.
86
Figura 5.9 - Espectro de potência de séries de precipitação de chuvas da
região climática VIII.
87
Figura 5.10 - Espectro de potência de séries de precipitação de chuvas da
região climática IX.
88
Figura VII-1 Iterações da função de dilatação. 109
Figura VII-2 Wavelet Daubechies de ordem 8 construída após oito iterações da
função de dilatação.
110
xii
ÍNDICE DE TABELAS
T
abela 1.1 - As regiões climáticas segundo as unidades geomorfológicas
(MONTEIRO, 1973)
05
T
abela 1.2 - Resumo do clima das regiões do estado de São Paulo e as
cidades onde foram coletados os dados de chuva.
09
T
abela 4.1 - Média dos valores do expoente de Hurst estimados por wavelet
das séries de movimento browniano fracionário. Com cada
algoritmo utilizado para simular fbm foram geradas 100 séries
para cada valor de H. Epm é o erro padrão da média (VIEIRA,
1999).
52
T
abela 4.2 - Valores de H usando a média das medidas anteriores para as
ausências de medições.
62
T
abela 4.3 - Valores de H usando a união dos trechos sem ausências de
medições.
64
T
abela 5.1 - Valores de H para as séries da região climática I 71
T
abela 5.2- Valores de H para as séries da região climática II 72
T
abela 5.3 - Valores de H para as séries da região climática III 73
T
abela 5.4- Valores de H para as séries da região climática IV 73
T
abela 5.5 - Valores de H para as séries da região climática V 74
T
abela 5.6 - Valores de H para as séries da região climática VI 75
T
abela 5.7 - Valores de H para as séries da região climática VII 75
T
abela 5.8 - Valores de H para as séries da região climática VIII 76
T
abela 5.9 - Valores de H para as séries da região climática IX 77
T
abela 5.10 - Valores de H para as séries da região nordeste. 80
xiii
RESUMO
Este trabalho pode ser separado em duas partes. Na primeira apresentamos,
de forma resumida, a natureza fractal das séries de precipitação de chuvas, a estimativa do
expoente de Hurst (H), a transformada wavelet, o seu uso na estimativa de H e a
comprovação, por meio de testes com séries de movimento browniano fracionário geradas
com H estabelecido a priori, que temos um bom método para estimar H com a transformada
wavelet. Na segunda parte é feita uma análise das séries temporais de precipitação de chuvas
(séries de chuva). As séries de chuvas foram obtidas junto ao Departamento de Águas e
Energia Elétrica (DAEE) do estado de São Paulo e são constituídas de medições diárias, em
milímetros, da quantidade de chuva em postos meteorológicos distribuídos em todo o estado.
Algumas séries apresentam ausências de medições que acabam transformando uma série
longa em duas ou mais séries menores. Em função disso foi estabelecido um procedimento
que permite aproveitar essas séries com ausências (dias sem medições) para estimar o
expoente de Hurst. A partir de considerações climáticas o estado foi dividido em nove
regiões. Foram selecionadas séries com 20 anos de registros de chuva (de janeiro de 1978 a
dezembro de 1997). Dos valores de H encontrados foi feita uma média para cada região
climática do estado de São Paulo.
Palavras chaves: sistema complexo, série temporal, chuva, movimento browniano fracionário,
wavelet, expoente de Hurst.
xiv
ABSTRACT
This work can be separated into two parts. In the first part is briefly
presented the fractal nature of the rain precipitation series, the estimate of the Hurst exponent
(H), the wavelet transform, its use in the estimate of H and the evidence, by tests with
generated series of fractional brownian motion with H established a priori, that we have a
good method to estimate H with wavelet transform. In the second part an analysis of rain
precipitation series is made. The rain series had been obtained from the Departmento de
Águas e Energia Elétrica (DAEE) of the state of São Paulo and contain daily measurements,
in milimeters, of the amount of rain in distributed meteorological stations all over the state.
Some series present absences of measurements, transforming a long series into two or more
lesser series. A procedure was established, allowing to use these series with absences (days
with no measurements) to estimate the Hurst exponent. From climatic considerations the state
was divided into nine regions. The regions with rain data over a period of 20 years have been
selected as rain series (from january 1978 to december 1997). From the several values of H,
we computed an averaged value of H for each climatic regions of the state of São Paulo.
Keyswords: complex system, temporal series, rain, fractional Brownian motion, wavelet,
Hurst exponent.
1
CAPÍTULO 1
Objetivo
A análise de séries temporais de precipitação de chuvas tem importância
fundamental em termos de previsão meteorológica e também em termos de estabelecer as
características do clima de uma determinada região.
Neste trabalho, iremos estimar o expoente de Hurst das séries temporais de
precipitação de chuvas das regiões climáticas do estado de São Paulo no período de janeiro de
1978 a dezembro de 1997.
Para a estimativa do expoente de Hurst usaremos o método da transformada
wavelet aplicado às séries de precipitação de chuvas. Além disso, discutiremos a precisão do
método ao estimar o expoente de Hurst (H), a adequação deste método para a análise de séries
de chuvas e o aproveitamento das séries de chuvas com interrupções de suas medidas para a
estimativa do expoente de Hurst.
2
1.1 - Introdução
Na leitura da previsão do tempo em um jornal normalmente estamos
interessados na possibilidade de chuva durante o dia. Costumamos ignorar os outros dados
presentes, tais como, pressão, temperatura, umidade, ventos, deslocamento de frentes polares
e ou continentais entre outras. Na previsão é levada em conta uma série de variáveis
atmosféricas, posição geográfica e relevo.
A precipitação de chuvas faz parte de um sistema chamado clima que pela
quantidade de variáveis envolvidas e pelo relacionamento não linear entre elas
(GLEICK,1990), podemos dizer que se trata de um sistema complexo. De um lado temos uma
parte cíclica que apresenta as estações climáticas com o clima se repetindo, com mais ou
menos intensidade, todo ano e por outro lado a incerteza do momento em que acontecerão os
fenômenos climáticos como, por exemplo, a chuva.
Apesar da aparente aleatoriedade da chuva estudos recentes têm encontrado
certa 'ordem' sob a forma de uma invariância de escala, certos padrões de precipitação se
repetem, em escala maior ou menor, ao longo de uma série temporal de chuvas. Esta
invariância de escala também é encontrada na Geometria Fractal como um dos seus
fundamentos (LOVEJOY e MANDELBROT, 1985).
As séries temporais de precipitação de chuvas foram estudadas por
PETERS, HERTLEIN e CHRISTENSEN, 2002, OLSSON, NIEMCZYNOWICZ e
BERNDTSSON, 1993, RODRIGUEZ, ITURBE e DE POWER, 1989, SVENSSON,
OLSSON, BERNDTSSON, 1996, que as caracterizaram como um sistema complexo por
possuírem propriedades fractais e ou multifractais.
Na natureza encontramos várias estruturas fractais e podemos citar como
exemplos as árvores, a folha da samambaia, a linha da costa erodida pela água e pelos ventos
e o contorno das nuvens. Os processos temporais também apresentam essa similaridade
estatística em várias escalas e temos como exemplo a ocorrência de terremotos, a variação de
caudais de rios, o aparecimento de manchas solares e as séries temporais de precipitação de
chuvas.
Harold E. Hurst, engenheiro inglês, trabalhou no projeto de construção de
uma represa no rio Nilo, a partir de 1906 e um dos seus trabalhos foi determinar como seria a
3
liberação de água do reservatório para não secar e também não transbordar. Na análise de
dados das cheias do rio Nilo, desenvolveu um método estatístico chamado Análise de R/S
(HURST, BLACK, SIMAIKA, 1965) que deu origem ao expoente de Hurst.
A estimativa do expoente de Hurst (H) nos fornece informações sobre
correlação e persistência (PETERS, 1996), que é um excelente indicador para o caso de séries,
como a de precipitação de chuvas, que se situam entre uma série periódica e uma aleatória.
O expoente de Hurst de séries temporais de chuvas descreve a irregularidade
ou a aleatoriedade presente na série e também se há ou não efeitos de longo alcance presente,
contribuindo, assim, para conhecimento de como serão as séries no futuro e de como o clima
está ou não se modificando (BRESLIN e BELWARD, 1999).
Existem vários estimadores do expoente de Hurst, a análise de R/S, método
da transformada de Fourier, método variacional, método do periodograma, método da
transformada wavelet, entre outros, e cada tem os seus pontos fortes e fracos. Alguns
subestimam e outros superestimam o valor de H e existem, também, aqueles que apresentam
um erro muito grande. Neste trabalho optamos pelo método da transformada wavelet por
apresentar, nos testes feitos (capítulo quatro) com séries de movimento browniano fracionário
com o valor de H estabelecido a priori, um bom resultado para todos os valores de H.
As séries temporais analisadas neste trabalho são séries de precipitação de
chuvas, resultado de medições em postos meteorológicos distribuídos por todo o estado de
São Paulo, fornecidas pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica do estado de São Paulo.
As séries apresentam medições em períodos diferentes e algumas apresentam ausências de
medições por períodos de alguns dias a anos. No capítulo quatro apresentamos um teste para
verificar o possível aproveitamento destas séries, com ausências de medições, para a
estimativa do expoente de Hurst.
Na escolha das séries de chuva estabelecemos que todas as séries deveriam
ser analisadas para um mesmo período de tempo (capítulo cinco), assim todas as séries
estariam sob a influência dos mesmos fatores determinantes do clima do estado de São Paulo.
Para determinar o tamanho das séries de chuvas a serem analisadas levamos em conta a
abundância de séries longas em cada região climática do estado de São Paulo (se o período de
medição fosse muito grande o número de séries diminuía rapidamente) e a variação de H em
função do número de elementos da série (capítulo quatro).
4
Ainda no capítulo cinco foi feita uma comparação das séries de chuvas do
estado de São Paulo com séries de chuvas do estado do Ceará que apresentam períodos seco e
úmido bem definidos e uma análise do espectro de potência wavelet que mostra além do
período anual um segundo e terceiro períodos em algumas séries.
1.2 - Características climáticas do estado de São Paulo
O estado de São Paulo localiza-se, em termos de clima, entre a zona
intertropical, caracterizada pela predominância de massas tropicais e equatoriais, e a zona
subtropical controlada pelas massas tropicais e polares. As variações das grandes áreas de
circulação de ar, criadas pela rotação da Terra e pela transferência de calor do Equador para
os pólos, afetam diretamente o clima no estado.
Esta localização permite segundo MONTEIRO, 1973, separar três climas
regionais determinados, principalmente, pela quantidade anual de chuvas: o sudeste e noroeste
permanentemente úmidos e o norte com período seco bem definido. Ainda em função da
distribuição diária das chuvas as regiões foram subdivididas classificando em nove regiões o
clima do estado.
Na figura 1.1 podemos ver a separação em três climas regionais, A
1
, A
2
e B,
separados pela linha vermelha e as nove regiões, I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII e IX separadas
pela linha preta. As regiões aparecem separadas por uma faixa branca, uma vez que, é
impossível estabelecer uma linha para a separação do clima. Na tabela 1.1 temos a
caracterização das regiões climáticas segundo as unidades geomorfológicas.
Devido ao alto índice pluviométrico existente no território paulista como um
todo, as diferenças entre as regiões se reduzem praticamente às variações que ocorrem no
período outono-inverno, quando as variações de abastecimento e atividades das massas
polares são maiores. Nos anos em que há grande atividade polar o estado de São Paulo recebe
grande quantidade de chuva e quando há pouca atividade polar os sistemas intertropicais se
sobressaem e os períodos secos são maiores.
A Frente Polar Atlântica é a principal causadora das chuvas no território
paulista e a sua oscilação do rio do Prata até próximo ao Equador é que determina o tamanho
dos períodos de seca e chuva (PEREIRA JUNIOR e CHRISTOFOLETTI, 2003).
5
Na tabela 1.2 apresentamos um resumo do clima de cada região e as cidades
onde foram coletados os dados de chuva usados neste trabalho.
Tabela 1.1 As regiões climáticas segundo as unidades geomorfológicas (MONTEIRO,
1973)
6
Figura 1.1 Mapa do estado de São Paulo com as regiões climáticas (MONTEIRO, 1973).
7
TABELA 1.2
Região
Clima Precipitação
anual média
(1978 a 1997)
I
LITORAL E PLANALTO ATLÂNTICO NORTE
Clima úmido da costa, controlado por massas equatoriais e
tropicais, expostas às massas Tropicais Atlânticas.
Sub-região I:Cunha (Ferraz), São Luiz do Paraitinga
(Catucaba), Natividade da Serra (Laranjal), Natividade da
Serra, Paraibuna (Alegre), Natividade da Serra (B. Alto), São
Luiz do Paraitinga (Briet) e Cunha (Vargem do Tanque)
Sub-região Ia:Ubatuba (Picinguaba), Ilha Bela, São Sebastião
(São Francisco), Caraguatatuba (Porto Novo), Ubatuba
(Maranduba) e Cunha (Rio Manso).
1620 mm
II
LITORAL E PLANALTO ATLÂNTICO SUL
Clima úmido da face oriental e subtropical do continente
dominado por massa Tropical e controlado por massas polares.
Sub-região IIa: Cananéia (Morro Redondo), Iguape
(Momuna), Itariri (B. Igrejinha), Miracatu (Pedra do Largo),
Juquiá (Escalvado), Registro (Jurumirim), Registro, Eldorado,
Eldorado (Ouro Leve) e Cajati (Barra do Azeite).
Sub-região IIb: Monguaguá, São Vicente, Guarujá (Pereque) e
Santos (Caeté).
Sub-região IIc: Pilar do Sul (U. Batista), Coronel Macedo,
Itapeva, Itararé (B. Boa Vista), Barra do Chapéu, Ribeirão
Branco (Pinara), Capão Bonito (F. Santa Inês), São Miguel
Arcanjo (Taquaral), Piedade (B. Ribeirão Bonito), Guapiara (B.
Pinheiro), Itapeva (Guarizinho), Itapetininga (Eng. Hermilio) e
Itapetininga (Gramadinho).
Sub-região IId: Mogi das Cruzes (taiacupeba), Mauá, Santo
André (Paranapiacaba), São Bernardo do Campo (Rio Acima) e
São Paulo (Santo Amaro).
1764 mm
III
O VALE DO PARAÍBA
Clima úmido da costa, controlado por massas equatoriais e
tropicais, expostas às massas Tropicais Atlânticas.
Guararema (Paratei), Jacarei, São José dos Campos
(Pararangaba), Caçapava (Quirino), Taubaté (Macuco),
Guaratinguetá (Brumado), Silveiras e Lorena
1442 mm
TABELA 1.2 (continuação)
8
Região
Clima Precipitação
anual média
(1978 a 1997)
IV
A MANTIQUEIRA
Clima úmido da costa, controlado por massas equatoriais e
tropicais, expostas às massas Tropicais Atlânticas.
Sub-região IVa: Piracaia (Crioulos), São José dos Campos
(Guirra), São José dos Campos (S. F. Xavier), Monteiro Lobato
(S. Benedito) e Campos do Jordão (Capivari).
Sub-região IVb: Atibaia, Pinhalzinho, Socorro, Lindóia,
Aguas de Lindóia, Espirito Santo do Pinhal (U. Pinhal), São
João da Boa Vista (F. Paraíso), Aguas da Prata (Fartura), São
José do Rio Pardo e Caconde.
1707 mm
V
O CENTRO-NORTE
Clima tropical alternadamente seco e úmido, controlado por
massas equatoriais e tropicais.
Sub-região Va: Mococa (Sitio Esplanada), Santa Rosa do
Viterbo (Bom Sucesso), Tambau, Santa Rita do Passa Quatro
(Usina), Porto Ferreira, Casa Branca (Venda Branca),
Pirassununga (Fernando Costa), Santa Cruz da Conceição
(S.S.Geraldo), Leme (Cresciumal), Mogi Guaçu (Capetinga),
Rio Claro (F. São José), Santa Gertrudes e Araras (Santa Cruz).
Sub-região Vb: Matão, Tabatinga (Araruba), Santa Lucia,
Araraquara (Chibarro), Bocaina, Ribeirão Bonito, Brotas
(Campo Redondo), Itirapina e Torrinha (U. Três Saltos).
Sub-região Vc: Icem, Colombia (F. Campo Grande), Guaira
(F. Antas), Ituverava, Pedregulho (Alto do Lajeado), Itirapuá,
Sales de Oliveira (F. Conquista), Morro Agudo, Colina,
Olímpia (F. Cruz Alta), Novais, Monte Alto, Sertãozinho (U.
Sta Elisa) e Altinópolis (Aguas Virtuosas).
1525 mm
VI
A PERCÈE
(1)
DO TIETE
Clima tropical alternadamente seco e úmido, controlado por
massas equatoriais e tropicais.
Anhembi, Itu (Pirapitingui), Mairinque (D. Catarina), Boituva,
Laranjal Paulista, Capivari, Rio das Pedras e Campinas.
1361 mm
(1) Caminho natural (FREIRE, 1900, CORRÊA & STEINBERG, 1980).
TABELA 1.2 (continuação)
9
Região
Clima Precipitação
anual média
(1978 a 1997)
VII
A SERRA DE BOTUCATU
Clima tropical alternadamente seco e úmido, controlado por
massas equatoriais e tropicais.
Aguas de Santa Bárbara, Itatinga (Lobo), Bauru, Iacanga (F.
Barreirinho), Borborema (F. Ano Bom do Tiete), Borborema
(F. Laranjal), Santa Cruz do Rio Pardo (Sodrelia), Avaré (F. Sta
Gabriela), Paulistânia, Pardinho, Lençóis Paulista (Gleba Rio
Claro), Novo Horizonte (F. Uirapuru), Avaré, Agudos e
Reginópolis.
1422 mm
Região
Clima Precipitação
anual média
(1978 a 1997)
VIII
O OESTE
Clima tropical alternadamente seco e úmido, controlado por
massas equatoriais e tropicais.
Andradina, Alto Alegre, Andradina (Três Irmãos), Auriflama,
Brauna (F. N.S. Aparecida), Floreal, Flórida Paulista (F. Sto
André), Gastão Vidigal, Itapura, Jales, José Bonifácio, Marília
(Dirceu), Marília (Amadeu Amaral), Mirandópolis (Yuba),
Muritinga do Sul (F. Boa Vista), Osvaldo Cruz, Panorama,
Pereira Barreto (Ideal), Planalto (São Jerônimo), Pontalinda,
Rubiacéia (Caramuru), Santa Fé do Sul, Sud Mennucci, Tupã
(Varpa), Tupã, Turiuba, Ubarana (F. cataco) e Valparaíso
(Perpetuo Socorro).
1317 mm
IX
O SUDOESTE
Clima úmido da face oriental e subtropical do continente
dominado por massa Tropical e controlado por massas polares.
Presidente Epitácio (Sul Mineira), Maracai (B. Agua do Mato),
Mirante do Paranapanema, Marabá Paulista, Santo Anastácio
(F. Santa Isabel), Narandiba, Presidente Venceslau (F.
Clotilde), Iepe (Jaguarete), Rosana (Itaporã), Teodoro Sampaio
(Santaida), Teodoro Sampaio, Rosana (Nova do Pontal),
Presidente Epitácio (Sucurita), Florinea eCandido Mota (F. Sta
Rosa).
1332 mm
Tabela 1.2 - Resumo do clima das regiões do estado de São Paulo e as cidades onde foram
coletados os dados de chuva..
10
CAPÍTULO 2
ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS
Neste capítulo pretende-se fazer uma breve introdução à análise de séries
temporais baseando-se em transformada de Fourier e transformada wavelet.
2.1 - Série de Fourier
Joseph Fourier, em 1807, estabeleceu que se uma função f(x) for periódica
de período 2L, definida entre -L e +L, com x R, ela pode ser expressa por meio de uma
soma de funções trigonométricas senos e cossenos. Define-se série de Fourier de f(x),
segundo TOLSTOV (1962) e MORETTIN (1999), como:
)]
L
xn
(senb)
L
xn
cos(a[
2
a
)x(f
n
1n
n
0
π
+
π
+=
=
(2.1)
onde
π
=
π
=
L
L-
n
L
L-
n
dx )
L
xn
(sen f(x)
L
1
b
dx )
L
xn
( cos f(x)
L
1
a
11
Os valores de a
n
e b
n
determinam a contribuição de cada seno e cosseno da
série na representação de f(x).
2.2 - Integral de Fourier
Na representação de f(t) por meio da série de Fourier (equação 2.1), se o
período da função tende a infinito, a série de Fourier se torna a integral de Fourier
(SPIEGEL, 1976).
Considerando que f(t) e f'(t) são seccionalmente contínuas e f(t) é
absolutamente integrável em (-,), o teorema da integral de Fourier afirma que uma função
f(x) pode se expandida em integrais de senos e cossenos:
ααα+αα=
0
d ] ) x sen( ) B( ) x cos( ) A( [ ) x ( f
onde
x d ) x cos( ) x f(
1
) ( A
0
α
π
=α
x d ) x sen( ) x f(
1
) ( B
0
α
π
=α
Aqui A e B são funções que medem a contribuição dos cossenos e senos
para a representação de f(x).
A integral de Fourier pode ser colocada em outras formas
αα
π
=
∫∫
=α
−∞=
ddu ]) u- x(cos[ )u f(
1
)x(f
0u
ou usando a fórmula de Euler )x(seni)xcos(e
ix
+=
∫∫
α
α
π
=
--
)u - x(i
d du e )u f(
2
1
) x (f
ou
12
∫∫
αα
α
π
=
-
ui-xi
due )u f( de
2
1
) x (f (2.2)
A segunda integral da equação 2.2 é uma função de α e será integrada
juntamente com a f(x) de menos a mais infinito. Os valores de α é que definem o argumento
das funções seno e cosseno.
2.3 - Transformada de Fourier
A transformada de Fourier é definida (TOLSTOV, 1999) por:
α
=α
-
u i-
du e )u f( ) (F (2.3)
e a transformada inversa por:
αα
π
=
α
d e ) F(
2
1
) x (f
x i
(2.4)
A transformada de Fourier separa o sinal em suas componentes (senos e
cossenos) de diferentes freqüências. Podemos também entender a transformada como uma
ferramenta matemática para transportar o sinal observado no tempo ou espaço para o domínio
da freqüência.
Em muitas situações não conhecemos a função matemática que representa o
resultado de uma série de medidas. O que temos, na realidade, são registros discretos de um
determinado fenômeno f(t) do tipo f
0
, f
1
, f
2
, .....f
N-1
, com N observações amostradas em
intervalos de tempo t, durante um período T. Define-se a transformada de Fourier discreta
como
=
ω
=
1N
0t
ti
tn
n
ef
N
1
F
(2.5)
e a transformada inversa por
13
=
ω
=
1N
0n
ti
nt
n
eFf (2.6)
com
tN
n2
n
π
=ω .
O número de operações computacionais para o cálculo da transformada de
Fourier discreta ou sua inversa, a partir das equações 2.5 e 2.6, é da ordem de N
2
. Isto se torna
um problema quando o N é muito grande. COOLEY e TUKEY, 1965, desenvolveram um
algoritmo chamado de FFT (Fast Fourier Transform) que reduz o número de operações para
Nlog
2
N.
Como um exemplo, consideremos duas funções f
1
(t) e f
2
(t) dadas pelas
expressões abaixo;
f
1
= sen(2π10t) para t < 5 e f
1
= sen(2π30t) para t 5
Figura 2.1 - Gráfico da função f
1
(t) para valores de t próximos de 5.
4.6 4.7 4.8 4.9 5 5.1 5.2 5.3 5.45.1
-1
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
tempo
f1 (t)
14
e
f
2
= sen(2π10t) + sen(2π30t) para qualquer t
Figura 2.2 - Gráfico da função f
2
(t) para valores de t próximos de 5.
Aplicando a definição da transformada rápida de Fourier (equação 2.5) para
as funções f
1
e f
2
obtemos os gráficos
a) b)
Figura 2.3 - a) Gráfico da transformada de Fourier da função f
1.
b) Gráfico da transformada de Fourier da função f
2
.
4.6 4.8 5 5.2 5.4
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
2
tempo
f2 (t)
0 10 20 30 40 50 60 70
0
10
20
30
40
50
60
70
Freqüência
Coeficiente
Transformada de Fourier de f1
0 10 20 30 40 50 60 70
0
50
100
150
200
250
Freqüência
Coeficiente
Transformada de Fourier de f2
15
Praticamente não há diferença entre os gráficos da transformada de Fourier
das funções f
1
e f
2.
Nos dois gráficos os picos estão em 10 e 30, exatamente os valores usados
para a construção das funções f
1
e f
2
. Para algumas situações, por exemplo, em sinais
estacionários, a transformada de Fourier representa uma grande informação que é a freqüência
da onda. As funções f
1
e f
2
são compostas de combinações diferentes de senos com
freqüências numéricamente iguais a 10 e 30 e por meio dos gráficos presentes na
figura 2.3,
não há como identificar onde estão ocorrendo as variações da freqüência ao longo do tempo.
Aplicando-se a transformada de Fourier a um sinal encontramos as freqüências presentes, mas
sem relação com o tempo ou espaço. Este é o maior problema da transformada de Fourier.
Na transposição do sinal do domínio do tempo (espaço) para o domínio da
freqüência perde-se a localização temporal (espacial), ou seja, olhando os coeficientes da
transformada de Fourier de um sinal é impossível saber onde determinado evento ocorre.
Para minimizar esse efeito Dennis Gabor (1946) adaptou a Transformada de
Fourier para analisar uma pequena porção do sinal. Essa adaptação é chamada de
Transformada de Fourier 'janelada' (do inglês short time Fourier transform) - STFT e é
definida por KUMAR et All, 1994, como:
= due )t -u g( )u f( ) t w,f( G
u wi-
ou
= due )u (g )u f( ) t w,f( G
u wi-
tw
(2.7)
A transformada inversa é dada por
∫∫
π
=
--
u wi
dw due )t -u g( )t w,f(G
2
1
) t (f (2.8)
Na equação da transformada de Fourier 'janelada' - STFT - a função g é
chamada de função janela e é normalmente uma função real, com g(0) 0, que decai
rápidamente a zero quando nos afastamos do zero. A função f multiplicada pela função g dá
como resultado uma espécie de modulação da função f pela função g e como resultado só
temos a onda original nas posições em que g é diferente de zero, como podemos ver na
figura
2.4
.
16
Após a formação da janela, convolução de f(x) com g(x), aplica-se a
transformada de Fourier e o resultado, as freqüências encontradas, se referem ao intervalo
onde a função g(x) é diferente de zero.
Figura 2.4 - Esquema simplificado de janelamento.
Continuando o processo a função g(x) é deslocada e os passos representados
na
figura 2.4 são repetidos até que a função janela percorra toda a extensão da função f(t).
Neste processo a mesma janela g(x) percorre todo o sinal independente das
variações que ocorrem na função f(t), ou seja, a janela é a mesma para todas as freqüências
presentes em f(t). Dependendo do tamanho da janela pode-se analisar um espectro de
freqüência maior ou menor e conseqüentemente localizar com menor ou maior precisão uma
determinada freqüência.
Quanto maior o tamanho da janela maior a informação sobre a freqüência e
menor a informação sobre o tempo e vice-versa.
O sucesso deste método depende da escolha da janela g(x). Em alguns casos
a escolha de g(x) permite a visualização clara de dado evento e uma escolha diferente da
janela faz o evento não aparecer.
17
O procedimento correto seria fazer várias análises com janelas diferentes o
que resultaria em uma quantidade muito grande de gráficos para analisar, além de gastar um
tempo enorme em cálculos computacionais.
O próximo passo é trabalhar com janelas de tamanho variável e ao mesmo
tempo fazer o deslocamento, o que nos leva à transformada WAVELET.
2.4 - Transformada wavelet
Segundo CHIERECE, 2003, os trabalhos de Alfred Haar, Paul Levey,
Alberto Calderon, J. Morlet, Yves Meyer, Stephane Mallat e Ingrid Daubechies formalizaram
a transformada wavelet e a sua aplicabilidade, nos mais diversos ramos da ciência, não pára
de crescer.
Na análise de Fourier é feita uma decomposição do sinal em funções senos e
cossenos com freqüências diversas e na análise usando a transformada wavelet a
decomposição do sinal é feita por meio da função wavelet que será modificada por meio de
dilatações e compressões (uso da escala) e será transladada ao longo de todo sinal. Com isto
teremos indicação das freqüências presentes no sinal, em que tempo elas ocorrem (informação
não fornecida com a transformada de Fourier) e, também, evita a possibilidade de escolha
errada da janela na transformada de Gabor.
Segundo DAUBECHIES, 1992, LIMA, 2002, MORETTIN, 1979, podemos
definir a transformada wavelet como:
dt)t()t(f)b;a(C
b,a
ψ= (2.9)
)
a
bt
(
a
1
)t(
b,a
ψ=ψ (2.10)
onde ψ(t) é a função (wavelet) escolhida para se fazer a análise do sinal f(t). O valor
a é o
parâmetro de escala e
b o parâmetro de localização com a e b R e a0. Mudando o valor de
a tem-se o efeito de dilatação (a>1) ou de contração (a<1), enquanto que mudanças no
parâmetro
b tem o efeito de analisar a função f(t) em torno deste ponto.
18
A função ψ (t) deve possuir as seguintes características (DAUBECHIES,
1992):
a) satisfazer as condições de normalização
1dt)t(
2
=ψ
b) decair suficientemente rápido para se obter uma boa localização
<ψ
dt)t(
c) satisfazer a condição de admissibilidade
Ψ
ψ
<= dwC
w
2
)w(
onde Ψ(w) é a transformada de Fourier de ψ (t). Isso é o que garante a transformada wavelet
inversa
2
a
dadb
)
a
bt
(
a
1
)b;a(C
C
1
)t(f
Ψ=
∫∫
ψ
d) a média ser igual a zero, ψ (t) comporta-se como uma onda (daí o nome wavelet).
=ψ 0dt)t(
2.5 - Escala e Deslocamento
O deslocamento de uma wavelet tem o mesmo sentido que o janelamento na
transformada de Gabor, o deslocamento da função ao longo do sinal.
Matemáticamente ψ(t) e ψ(t-b) estão separados por uma distância b.
Podemos ver isso na
figura 2.5 onde foi usado b=1.5 e a wavelet "Chapéu Mexicano".
19
Figura 2.5 - Deslocamento da wavelet "chapéu mexicano".
A escala faz uma dilatação ou uma compressão na wavelet e, como o fator
de escala aparece na equação dividindo a variável, fatores de escala menores do que 1 fazem a
compressão da wavelet e fatores maiores que 1 fazem a dilatação (
figura 2.6).
Figura 2.6 - Mudanças de escala para a wavelet "chapéu mexicano".
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Deslocamento da wavelet para b=1,5
x
Wavelet "chapéu mexicano"
-5 0 5
-0.5
0
0.5
1
a=1
-5 0 5
-0.5
0
0.5
1
a=1/2
-5 0 5
-0.5
0
0.5
1
a=1/4
-5 0 5
-0.5
0
0.5
1
a=1
-5 0 5
-0.5
0
0.5
1
a=2
-5 0 5
-0.5
0
0.5
1
a=4
20
Com escalas pequenas, wavelets mais comprimidas, estamos comparando
com detalhes do sinal que variam rapidamente, ou seja, estamos procurando alta freqüência no
sinal. Por outro lado, quando trabalhamos com escalas grandes, wavelets mais dilatadas,
estamos comparando com detalhes do sinal que variam lentamente, ou seja, estamos
procurando baixa freqüência.
Os deslocamentos e as mudanças de escala geram novas funções chamadas
de wavelet filhas. Na verdade estamos trabalhando com várias funções ortogonais
(determinadas pela wavelet "mãe", pela escala e pelo deslocamento) com cada uma cobrindo
todo espaço de definição do sinal.
2.6 - Tipos de wavelet (mais comuns)
Wavelet Haar
g(t) = 1 para 0 t 0,5
g(t) = -1 para 0,5 t 1
g(t) = 0 para t > 1 e t < 0
0 0.5 1 1.5
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
t
g(t)
wavelet de Haar
21
Wavelet Chapéu Mexicano
2/t2
2
e)t1()t(g
=
Wavelet Morlet
2/t
tiw
2
o
ee)t(g
=
-5 0 5
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
t
g(t)
Wavelet chapéu mexicano
-5 0 5
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
t
g(t)
Wavelet Morlet
22
Wavelet Daubechies
A wavelet daubechies é obtida por meio de iterações de uma função de
dilatação e no apêndice VII apresentamos, resumidamente, o desenvolvimento matemático e o
resultado da aplicação de funções codificadas no software MATLAB para a construção da
wavelet Daubechie de ordem 8.
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
2
Wavelet Daubechies de ordem 4
x
Psi(x)
0 1 2 3 4 5 6 7
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
Wavelet daubechies de ordem 8
x
Psi(x)
23
2.7 - Aplicação da transformada wavelet
As equações 2.9 e 2.10 nem sempre podem ser utilizadas diretamente. Em
alguns casos conhecemos a função f(t), mas, em outros, não conhecemos a f(t) e temos que
fazer a integração numérica, que é o caso de sinais medidos em intervalos de tempo, de
qualquer maneira um programa computacional deve ser usado para a aplicação da
transformada wavelet.
O programa MATLAB oferece duas possibilidades para a aplicação da
transformada wavelet: DWT (do inglês Discret Wavelet Transform) - transformada wavelet
discreta e CWT (do inglês Continuos Wavelet Transform) - transformada wavelet contínua. A
denominação contínua se refere ao fato da CWT operar com qualquer escala e também pelo
fato da wavelet ser deslocada vagarosamente sobre todo o domínio da função (MISIT, 1996).
O algoritmo DWT foi desenvolvido por MALLAT, 1988 e consiste no uso
de filtros complementares, um passa-alta e outro passa-baixa. Após a passagem pelos filtros o
sinal dobra de tamanho e uma parte é eliminada alternadamente. A parte do sinal resultante do
filtro passa-alta é a alta freqüência correspondendo a escalas pequenas e é chamada
usualmente de detalhe. A parte do sinal que passou pelo filtro passa-baixa é a freqüência
baixa correspondendo a escalas grandes e é chamada de aproximação. Para muitos tipos de
sinais a parte de baixa-freqüência contém a maior quantidade de informação A parte do
sinal correspondendo à aproximação é novamente submetida ao conjunto de filtros repetindo
o processo até a aproximação fique com um só elemento. O conjunto formado pela última
aproximação e todos os detalhes forma o conjunto dos coeficientes da transformada wavelet
discreta. (MISIT, 1996, MALLAT, 1988).
A transformada contínua wavelet é a soma do sinal multiplicado pela
wavelet-mãe e filhas (obtidas por meio de deslocamentos e mudança da escala) ao longo de
todo o sinal.
A receita para o cálculo da CWT é apresentada no "Wavelet ToolBox"
(Matlab).
1º Passo:
Tome a wavelet e compare com a seção inicial do sinal original.
24
2º Passo:
Calcule os coeficientes C, que representam o quanto a wavelet está correlacionada
com a seção do sinal. Quanto maior
C maior a similaridade entre a wavelet e a seção do sinal.
O valor de
C depende da forma da wavelet escolhida.
3º Passo:
Desloque a wavelet para a direita e repita os passos 1 e 2 até cobrir o sinal todo.
4º Passo
25
Mude a escala da wavelet e repita os passos 1, 2 e 3.
5º Passo
Repita os passos de 1 a 4 para todas as escalas.
Como resultado da aplicação dos cinco passos obtemos os coeficientes da
CWT para diferentes escalas para cada seção do sinal.
A matriz dos coeficientes
C tem M linhas por N colunas, onde N é o número
de pontos usados no sinal e M o número de escalas usadas. Normalmente a matriz dos
coeficientes é representada num gráfico xy e cada ponto da matriz dos coeficientes recebe
uma tonalidade de uma cor que quanto maior o coeficiente mais clara é a tonalidade. Este tipo
de gráfico é chamado de 'escalograma' (esta palavra não tem no Aurélio).
Retornando às funções f
1
e f
2
(figuras 2.1 e 2.2) e aplicando a transformada
wavelet, com função de Morlet, obtemos os escalogramas representados na
figura 2.7.
Figura 2.7 - Escalogramas das transformadas wavelet das funções f
1
(esquerda) e f
2
(direita) em função da escala.
Os escalogramas mostram que temos um máximo dos coeficientes em torno
da escala 55 e em torno da escala 165 e que no caso da função f
2
acontece ao longo de todo o
sinal e no caso de f
1
há uma indicação de onde acontece uma e outra escala.
Ainda estamos sem conhecer o valor das freqüências presentes nos sinais.
Quando se trabalha com escalas pequenas e encontramos um grande valor dos coeficientes
significa que encontramos uma seção do sinal com alta freqüência. Desta maneira podemos
Valor absoluto dos coeficientes para a = 1, 2, 3, ...
tempo (b)
escala (a)
500 1000 1500 2000
1
11
21
31
41
51
61
71
81
91
101
111
121
131
141
151
161
171
181
191
Valor absoluto dos coeficientes para a = 1, 2, 3, ...
tempo (b)
escala (a)
500 1000 1500 2000
1
11
21
31
41
51
61
71
81
91
101
111
121
131
141
151
161
171
181
191
26
relacionar escala com freqüência (na verdade o correto seria chamar de pseudo-freqüência
uma vez que os coeficientes da CWT dependem da escala e do tempo ou espaço ) pela relação
a seguir:
=
a
F
F
c
a
(2.11)
Onde
a é a escala, é o período do sinal analisado, F
c
é a freqüência central
da wavelet usada e
F
a
é a pseudo-freqüência correspondente à escala a (MISITI et all, 1996) .
Utilizando a equação 2.11 podemos colocar o gráfico da
figura 2.7 com o
eixo Y em freqüências.
Figura 2.8 - Escalogramas das transformadas wavelet das funções f
1
(esquerda) e f
2
(direita) em função da freqüência.
Nos gráficos da figura 2.8 temos a indicação das freqüências presentes no
sinal (10 e 30) e onde elas ocorrem.
Na análise usando transformadas wavelet ainda temos uma outra opção que
é trabalhar com o espectro de potência da wavelet (do inglês "global wavelet spectra")
semelhante ao que é feito em termos do espectro de energia obtido com a transformada rápida
de Fourier.
Segundo FARGE, 1992, ZANANDREA et All, 2004, BOLZAN, 2004,
STOEV et All, 2004, pode-se definir uma densidade de potência espectral, como
Valor absoluto dos coeficientes
tempo ( b)
freqüência (a)
500 1000 1500 2000
1664
151.3
79.2
53.7
40.6
32.6
27.3
23.4
20.5
18.3
16.5
15
13.8
12.7
11.8
11
10.3
9.7
9.2
8.7
Valor absoluto dos coeficientes
tempo (b)
freqüência (a)
500 1000 1500 2000
1664
151.3
79.2
53.7
40.6
32.6
27.3
23.4
20.5
18.3
16.5
15
13.8
12.7
11.8
11
10.3
9.7
9.2
8.7
27
a
b)C(a,
)b,a(D
2
= (2.12)
e o espectro de potência wavelet por
D(a,b) =
a
)b,a(D
a
(2.12)
A análise de potência espectral será usada para identificar os períodos
presentes nas séries e a sua respectiva energia.
Voltando às funções f
1
e f
2
, que usamos para exemplificar as transformadas
de Fourier e wavelet, aplicando a equação 2.12 para os coeficientes da transformada wavelet e
representando em um gráfico monolog o espectro de potência wavelet (D) pelo período (no
eixo logarítimo), encontramos novamente os períodos usados na construção das funções. Nos
gráficos da
figura 2.9 encontramos os períodos presentes em f
1
e f
2
e não temos mais a
indicação de onde ocorrem os períodos.
Figura 2.9 Espectro de potência em função do período para a função f
1
(esquerda) e
espectro de potência em função do período para a função f
2
(direita).
10
-4
10
-3
10
-2
10
-1
10
0
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
Período
Espectro de potência wavelet
Espectro de potência wavelet para a função f1
10
-4
10
-3
10
-2
10
-1
10
0
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0.3
0.35
0.4
0.45
0.5
Período
Espectro de potencia wavelet
Espectro de potência wavelet para a função f2
28
CAPÍTULO 3
Fractais e expoente de Hurst de séries auto-afins
Com o intuito de analisar as séries temporais pretende-se neste capítulo
introduzir o conceito de dimensão fractal, caracterizar o expoente de Hurst, conceituar auto-
afinidade e estimar o expoente de Hurst usando a transformada wavelet.
3.1 - Fractais
Os mapas de alguns países apresentam uma linha de contorno com uma
série de reentrâncias e saliências que poderão ser vistas ou não dependendo da escala que o
mapa foi construído. À medida que aumentamos a escala do mapa verificamos que a
rugosidade da linha costeira se torna cada vez mais visível. Na
figura 3.1 temos uma linha
sinuosa, em escalas diferentes, que pode representar uma parte de da linha costeira de um
país. Se utilizarmos um padrão de medida grande (por exemplo 1km) para a medir a costa o
valor encontrado se aproxima do comprimento da linha tracejada e se utilizarmos um padrão
de medida pequeno (por exemplo 50m) encontraremos uma valor maior.
Podemos dizer que o comprimento da costa desenhada na
figura 3.1
depende do padrão de medida usado.
29
Figura 3.1 - Possível linha costeira de um país em três escalas diferentes.
Nos três desenhos da figura 3.1 encontramos certos desenhos da costa que
se repetem em tamanho maior ou menor, são padrões de linha costeira similares. Esta
similaridade acontece com muita freqüência na natureza. Além do contorno da costa,
encontramos também nas plantas, como na folha da samambaia, na couve-flor, a erosão feita
pelos rios, as fraturas no solo após um terremoto, no caminho percorrido pelas cargas elétricas
durante os relâmpagos, nas ondas do mar e, assim, poderíamos relacionar uma série muito
grande de exemplos.
O conceito de similaridade vem do estudo da Geometria. Dois objetos são
similares quando tem a mesma forma embora de tamanhos diferentes. Os ângulos devem ser
iguais e os segmentos de reta devem ter um único fator de escala independente da direção.
Um triângulo equilátero é similar a qualquer outro triângulo equilátero.
Podemos diminuir os lados indefinidamente e ainda assim teremos um triângulo equilátero.
Quando se trabalha com objetos físicos, reais, aumentando-se a escala para ver pedaços cada
vez menores do todo, a partir de certo ponto chegamos à dimensão de moléculas e átomos e
não teremos mais a similaridade.
Peitgen at all, 1992, utiliza, nos casos em que há detalhes reconhecíveis em
todas as escalas macroscópicas enquanto se tratar de objetos reais, o termo auto-similaridade e
quando há escalas diferentes para direções diferentes o termo auto-afim.
30
As figuras em que há similaridade entre o todo e a parte foram chamadas de
fractais por Benoit Mandelbrot em 1967 e definiu um fractal com a frase
"Um fractal é uma forma feita de partes similares de algum modo ao todo."
3.2 - Dimensão
Uma característica fundamental dos fractais, segundo MANDELBROT,
1983, é ter uma dimensão fracionária. A dimensão fractal de um objeto foge um pouco do
conhecimento comum em termos de dimensão. A geometria euclidiana nos dá uma dimensão
zero para o ponto, um para a curva, dois para a superfície e três para um volume. Uma outra
maneira de definir a dimensão de um objeto é por meio da medida da quantidade de objetos,
em escalas menores, necessários para formar o original.
Como ponto de partida tomemos um segmento de reta de comprimento L.
Podemos dividir o segmento em 3 segmentos de comprimento L/3 e cada um deles, se
multiplicado 3
1
, se assemelha ao original (figura 3.2 a).
Tomando-se um quadrado de lado L e dividindo-o em quadrados menores
de lado L/3, cada um deles, quando multiplicados por 3
2
, se assemelham ao original (figura
3.2 b).
Do mesmo modo um cubo de lado L pode ser dividido em cubos menores
com lado L/3 e cada um deles, quando multiplicado por 3
3
, se assemelham ao original (figura
3.2 c).
Em cada caso o número N de figuras menores que constituem a figura maior
é igual ao fator de escala S elevado a potencia D que nos indica a dimensão da figura
geométrica.
S log
N log
Dou S N
D
== (3.1)
31
Figura 3.2 - Representação da escala para um segmento de reta (a), para uma figura plana
(b) e para um sólido (c).
Esse processo de determinação da dimensão de uma figura pode ser
estendido para os fractais e podemos entender melhor o significado de dimensão fractal por
meio de exemplos.
3.3 - Poeira de Cantor
O conjunto denominado poeira de Cantor foi apresentada inicialmente por
Georg Cantor em 1883. Inicialmente consta de um segmento de reta, de comprimento L, que é
dividido em três partes iguais e a do meio é retirada. Como primeiro resultado ficamos com
dois segmentos de reta iguais e com comprimento igual a um terço do original. Cada um dos
segmentos é novamente dividido em três partes e a parte do meio é retirada, resultando, em
quatro segmentos iguais de comprimento um sexto de L. Este procedimento é repetido
resultando (
figura 3.3) em uma estrutura semelhante a poeira, daí o nome poeira de Cantor
(GLEICK, 1990).
32
Figura 3.3 - Representação do conjunto poeira de Cantor
Do mesmo modo como foi calculada a dimensão para a linha, plano e
sólido, a cada interação do conjunto de Cantor, a partir do segmento de reta inicial, temos:
interação S=3 N=2 nível=1
interação S=9 N=4 nível=2
interação S=27 N=8 nível=3
interação S=81 N=16 nível=4
Usando um gráfico log-log encontramos o valor de D a partir do coeficiente
angular da reta D log S = log N.
0.6309
log3
log2
D ==
Figura 3.4 - Cálculo da dimensão da figura poeira de Cantor.
log ( S )
log ( N ) = D log ( S )
log ( N )
33
3.4 - Triângulo de Sierpinsky
Para a construção do triângulo de Sierpinsky começamos com um triângulo
equilátero. Ligam-se os pontos médios dos lados do triângulo e retira-se o triângulo assim
formado (
figura 3.5). Para cada triângulo que restou aplica-se novamente a regra acima e
assim continuamente. No limite temos o triângulo de Sierpinsky (FEDER, 1989).
Figura 3.5 - Representação do triângulo de Sierpinsky.
Quando retiramos de um triângulo a figura formada pelos segmentos de reta
que ligam os pontos médios dos lados, restam três triângulos internos cujos lados precisam ser
multiplicados por dois para igualar ao tamanho do lado do triângulo inicial. Comparando com
o procedimento para determinar a dimensão de figuras geométricas simples,
equação 3.1,
temos:
1.585
2 log
3 log
S log
N log
D 2 S e 3 N =====
3.5 - Contagem de caixas
A figura da qual se quer calcular a dimensão fractal, nem sempre tem um
procedimento conhecido de geração e nestes casos deve-se usar o método de contagem de
caixas (box-couting). Consiste em cobrir a figura com um quadriculado, com caixas de lado δ,
e contar a quantidade N de caixas que são necessárias para cobrir totalmente a figura. Na
segunda etapa o tamanho das caixas é diminuído e a contagem se repete. Fazendo o tamanho
das caixas tender a zero a dimensão será dada por
34
δ
=
δ
1
log
N log
lim D
0
(3.2)
O valor do limite é encontrado por meio do coeficiente angular da reta log
N(δ) =D log 1/ δ para valores de δ cada vez menores.
O processo de contagem de caixas não pode ser aplicado diretamente em
casos de processos em que as escalas são diferentes em direções diferentes (processos auto-
afins). Para os processos auto-afins a utilização do método de contagem de caixas só pode ser
aplicado se as caixas sofrerem a mesma mudança de escala que as variáveis são submetidas
(CAMPANHA, 2004).
Figura 3.6 - Quadriculado com caixas de lado δ cobrindo a figura que se quer calcular a
dimensão fractal
3.6 - Expoente de Hurst
Harold Edwin Hurst, engenheiro inglês trabalhando no Egito, dedicou uma
grande parte de sua vida ao estudo do fluxo das águas do rio Nilo e seus afluentes.
Inicialmente contratado pelo governo inglês, em 1906, para a construção de uma barragem no
Egito, deparou com o problema da determinação da quantidade ideal de água no reservatório,
de modo que não faltasse nem houvesse um excesso de água o que colocaria a barragem em
perigo. Considerando as chuvas que aconteciam nas nascentes dos afluentes e do próprio Nilo,
qual deverá ser a vazão da represa para ficar em um nível aceitável? Para responder a esta
35
pergunta, Hurst estudou os mais de 800 anos de registros de observações das cheias anuais do
rio Nilo e a partir de seus estudos propôs um modelo para o controle da vazão do reservatório
da represa. Os seus estudos e modelos estão relatados no livro Long-term storage: an
experimental study (Hurst e all, 1965).
Com o intuito de estabelecer uma regra para a descarga de água e manter o
nível do reservatório dentro do esperado, Hurst inventou um método estatístico "análise de
reescalonamento" (Análise de R/S) para analisar os dados de entrada e saída de água do
reservatório em função do tempo. A água que entra no reservatório depende da vazão dos rios
e seus afluentes que, por sua vez, está fortemente relacionada com a quantidade de chuvas na
região e nas nascentes dos rios. A dependência com a quantidade de chuva indica uma
componente com comportamento aleatório que será levada em conta na política de descargas
do reservatório para manter seu nível dentro do esperado.
Considerando um determinado ano t, o reservatório recebe uma quantidade
de água
ξ
(t) e deve liberar uma quantidade para manter o nível. A entrada de água média
durante n anos é dada por:
=
ξ=ξ
n
1t
n
)t(
n
1
(3.3)
Essa deve ser a quantidade média liberada por ano para manter o nível do
reservatório. A água acumulada no reservatório em função do valor médio liberado e da
quantidade recebida é
=
ξξ=
t
1m
n
])m([)n,t(X (3.4)
A diferença entre o valor máximo acumulado e o valor mínimo acumulado é
chamado de amplitude ("range") e identificado pela letra R (
equação 3.5), que representa a
capacidade necessária para manter uma saída média
n
ξ em função de uma entrada anual
ξ (t). Retornando ao início, para um reservatório que nunca transborda e nem fica vazio, R
representa a diferença entre a máxima e a mínima quantidade de água presente no reservatório
(
figura 3.7).
(
)
(
)
n,tXminn,tXmax)n(R
nt1
nt1
= (3.5)
36
Figura 3.7- Esquema de um reservatório de água (FEDER, 1989).
Hurst usou a relação de R dividido pelo desvio padrão (equação 3.6) para
poder trabalhar com uma quantidade adimensional.
=
ξξ=
n
1t
2
t
])t([
n
1
S (3.6)
Hurst aplicou a sua estatística para vazão de rios, quantidade de sedimentos
após cada cheia dos rios, no tamanho dos anéis dos troncos de árvores e encontrou
empiricamente que R/S era proporcional ao tempo de observação elevado a um expoente que
posteriormente foi chamado por Benoit Mandelbrot de expoente de Hurst e representado pela
letra H.
tetanconsCnC
S
R
H
== (3.7)
Na análise dos dados de cheias do rio Nilo, Hurst notou que haviam
períodos em que uma cheia era seguida de outras cheias e anos de seca eram seguidos de
outros anos de seca. Esta ocorrência mostrava haver uma componente não aleatória no
histórico de cheias e secas. Havia um efeito memória em que os anos de seca e cheias eram
dependentes do que havia acontecido nos anos anteriores. MANDELBROT e WALLIS, 1969,
usaram o termo "Efeito José" se referindo à passagem bíblica em que os sonhos do Faraó
foram interpretados por José e alertaram sobre sete anos de fartura seguidos de sete anos de
dificuldades. As cheias do Nilo acabam depositando uma grande quantidade de sedimentos
nas áreas de plantio localizadas às margens do rio, renovando a fertilidade do solo a cada ano.
37
Uma grande cheia acarretava uma grande fertilização do solo e conseqüentemente uma grande
colheita. Anos com pequenas cheias (anos de seca) eram indicativos de pequenas colheitas.
O "Efeito José" se refere a essa memória encontrada por Hurst, anos de
cheias eram seguidos de anos de cheias e anos de seca eram seguidos de anos de seca. A
explicação encontrada por Hurst foi que no início da estação de chuvas, antes de começar
elevar o nível das águas dos rios, a chuva tem que umedecer toda a região e só depois as
águas começam a correr em direção aos leitos dos rios. Existe um tempo entre o começo das
chuvas e as inundações que vai depender do quanto a região está seca. Se a região está muito
seca, grande parte das águas da chuva será usada para umedecer a terra, sobrando pouca água
para ocasionar as inundações e assim fertilizar o solo.
Hurst chegou à conclusão que havia um efeito memória. A cheia do ano x
n+1
dependia da cheia do ano anterior x
n.
. Aplicando o método R/S para as cheias do rio Nilo,
Hurst encontrou um valor de H aproximadamente igual a 0.7 (HURST, 1951).
FELLER, 1951, demonstrou que para uma série composta de variáveis
aleatórias que sejam identicamente distribuídas e com variância finita o valor de R/S é igual a
2/1
)n
2
(S/R
π
= (3.8)
Para este caso, H=1/2, não há correlação entre os elementos, a série tem as
características dos deslocamentos encontrados no movimento descrito por Robert Brown em
1928, que posteriormente foi chamado de movimento browniano.
Na análise dos dados de nível do rio Nilo, Hurst encontrou um valor de
H=0,7 mostrando que há uma correlação positiva entre os dados. A cheia de um determinado
ano influenciava a cheia do ano seguinte.
Os processos em que H1/2 foram chamados por Mandelbrot e Van Ness de
movimento browniano fracionário (fbm). Na
figura 3.8 temos a representação de um
movimento browniano fracionário para diferentes valores do expoente de Hurst.
38
Figura 3.8 - Exemplos de movimento browniano fracionário gerado pelo algoritmo de
Joachim Johansson (Apêndice III).
0 1000 2000 3000 4000 5000
-5
0
5
10
n
Y(n)
H = 0.2
0 1000 2000 3000 4000 5000
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
n
Y(n)
H = 0.5
0 1000 2000 3000 4000 5000
-50
0
50
100
150
200
250
300
350
n
Y(n)
H = 0.8
39
Segundo PEART, 2005, PEITGEN, 1992 e CAMPANHA, 2004, a
correlação entre os incrementos do movimento browniano fracionário, B
H
(t), é dada por
H
1H2
2
H
HH
B
V
1 2
])t(B[E
)]t(B)t(B[E
)t(
=
=ρ
(3.9)
onde E[ ] é o valor médio e V
H
é uma constante.
A
equação 3.9 mostra que a correlação é determinada em função do
parâmetro H e não depende do tempo. A
figura 3.9 mostra a variação da correlação com a
variação do expoente de Hurst.
Figura 3.9 - Variação da correlação de um movimento browniano fracionário em função
do expoente de Hurst.
Para H=1/2 a correlação é zero, os valores da série temporal são
independentes uns dos outros e a série é chamada de movimento browniano.
A série em que H>1/2,
)t(
B
ρ
>0, é chamada de persistente, ou seja, os
incrementos futuros são similares aos incrementos do passado. Situação encontrada por Hurst
no caso das cheias do rio Nilo.
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
-0.6
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Expoente de Hurst
Correlação
Variação da correlação de um fbm com o expoente de Hurst
40
Quando H<1/2,
)t(
B
ρ
<0, a série é chamada de anti-persistente e os
incrementos positivos no passado indicam incrementos negativos no futuro, há uma inversão
nos incrementos com maior freqüência.
3.7 - Auto-Afinidade
Na figura 3.9, os movimentos brownianos fracionários Y(n) são funções de
n que na maioria das vezes está diretamente relacionado com o tempo e a diferença entre os
comportamentos dos fbm está caracterizado pelo expoente de Hurst.
Segundo Peitgen, 1992, os incrementos do movimento browniano
fracionário são proporcionais aos incrementos na variável n elevado ao parâmetro de Hurst.
H
)n(Y
Esta relação mostra que se a variável n sofrer um escalonamento, passando
para an, o valor da variável Y(n) será escalonada para Y(n) a
H
, o que caracteriza um processo
auto-afim, escalas diferentes para diferentes variáveis.
)n(Ya)n(Yann
H
(3.10)
Para este caso a dimensão fractal pode ser determinada pelo processo de
contagem de caixas desde que as dimensões das caixas sejam escalonadas diferentemente.
Como exemplo tomemos a representação do fbm Y(n) com N pontos,
conforme mostra a
figura 3.10.
O quadriculado foi construído de forma que cada caixa na direção n tem
lado 1/N e na direção Y(n) tem lado (1/N)
H
. Desta forma estamos garantindo a diferença de
escalonamento da
equação 3.10.
Cada caixa tem área 1/N
H+1
que corresponde N
1-H
vezes a área da caixa
utilizada no cálculo da dimensão fractal de um processo auto-similar representado na
figura
3.6.
41
Figura 3.10 - Quadriculado usado para cálculo da dimensão fractal de processo auto-afim.
Usando a equação 3.2 o valor da dimensão fractal, para o processo auto-
afim, será
Nlog
N log
lim
Nlog
N.N log
lim D
H-2
N
H-1
N
==
ou
H2D
=
(3.11)
No caso da
equação 3.11 a dimensão fractal pode assumir valores não
inteiros. Quanto menor for H, mais a dimensão fractal se aproxima de 2, e o perfil se torna tão
rugoso que é como se preenchesse o espaço como um plano. Por outro lado, quando H cresce,
aproximando de 1, o perfil fica suave e a dimensão fractal se aproxima de 1 (
figura 3.9).
Quando temos o movimento browniano H=0,5 a dimensão fractal será 1,5 (PETERS, 1996).
42
3.8 - Estimativa de H para série temporal auto-afim
Entre os diversos estimadores para o expoente de Hurst, foi escolhido o
método que usa a transformada de wavelet, que, segundo SIMONSEN et All, 1998, apresenta
resultados mais consistentes em todas as faixas de valores de H.
Seja f(t) uma série temporal auto-afim e escalonando a variável t por λ a
função f(t) passará a λ
H
f(t), conforme a equação 3.10.
t)f( )t(f
H
λλ=
(3.12)
onde o sinal de igual é entendido como igualdade estatística.
Aplicando a transformada wavelet nos dois lados da
equação 3.12, temos
b)t)](a,f( C[ )b,a)](t(f[C
-H
λλ=
ou usando a definição da transformada wavelet da
equação 2.9
dt )
a
b-t
( t)f(
a
1
)b,a)](t(f[C
-
H-
ψλλ=
Chamando λt de y teremos
λ
λ
ψ
λ
=
dy
)
a
b-y/
( f(y)
a
)b,a)](t(f[C
-
-H
λ
λ
λ
ψ
λ
λ
=
dy
)
a
b-y
( f(y)
a
)b,a)](t(f[C
-
-H
dy )
a
b-y
( f(y)
a
)b,a)](t(f[C
-
1/2--H
λ
λ
ψ
λ
λ
=
b)a,C[f(t)]( )b,a)](t(f[C
1/2--H
λλλ= ou
)b,a)](t(f[C b)a,C[f(t)](
1/2H+
λ=λλ (3.13)
Ao escalonarmos a variável t por λ, a função f(t) é escalonada para λ
-H
f(λt) e
os coeficientes da transformada wavelet são escalonados por λ
H+1/2
.
43
SIMONSEN ET All, 1988, no desenvolvimento do método AWC -
"AVERAGE WAVELET COEFFICIENT", propõem que para evitar a dependência do fator
de deslocamento na
equação 3.13, seja calculada a média do módulo dos coeficientes da
transformada wavelet para cada escala, uma vez que quando se trata de processos auto-afim
estamos muito mais interessados no fator de escala do que no de deslocamento.
|)b,a)](t(f[C| C[f](a)
b
=
(3.14)
O operador
b
determina o valor da média aritmética com respeito à
variável b. Com a inserção do valor absoluto dos coeficientes temos a representação da
energia da wavelet para cada escala.
Usando a notação da
equação 3.14, a equação 3.13 passa a
)a](f[C a)C[f](
1/2H+
λ=λ
Fazendo-se o gráfico log C[f](a) por log a, se encontrarmos uma linha reta,
significa que a função f é auto-afim e que o coeficiente angular da reta é igual a H+1/2.
Dessa forma podemos sintetizar os passos do método AWC :
1- Calcular os coeficientes da transformada wavelet para a série temporal;
2- Calcular a média do valor absoluto dos coeficientes da transformada wavelet;
3- Fazer o gráfico do log C[f](a) por log a, determinar a reta pelo método dos mínimos
quadrados e encontrar o coeficiente angular da reta, e,
4- Encontrar o valor do expoente de Hurst por coeficiente angular = H+1/2.
44
CAPÍTULO 4
Wavelet, Expoente de Hurst e Série Temporal de Chuva
Neste capítulo será feita uma discussão de tópicos que permitam a
estimativa do expoente de Hurst das séries temporais de precipitação de chuvas.
Quando se usa um estimador para encontrar o expoente de Hurst, sempre
fica uma dúvida: qual a validade do estimador que estamos usando? A resposta, pretendemos
dar estimando o valor de H, por meio da transformada wavelet, de séries que foram geradas
com o expoente de Hurst conhecido e assim, podemos comparar os resultados encontrados.
O segundo tópico a ser analisado se refere à dependência do expoente de
Hurst, estimado por meio da transformada wavelet, com o tamanho da série. Esta análise
serve de base para definir um tamanho da série temporal de chuva para estimar o expoente de
Hurst para as regiões climáticas do estado de São Paulo.
Ao aplicar a transformada wavelet temos que escolher a função wavelet e
nem sempre temos uma base segura para isto. Novamente usando séries geradas com o valor
de H conhecido estimaremos para uma mesma série o valor de H com várias wavelet e
teremos assim um meio de comparação.
45
Uma outra dificuldade que encontramos ao trabalhar com séries temporais
de chuvas é o fato das séries conterem interrupções de medições por um ou mais dias. Como o
método de estimar o expoente de Hurst por meio de transformadas wavelet considera a série
toda, a falta de medições, impede a estimativa de H. Neste capítulo proporemos alternativas
para solucionar esse impasse.
4.1 - Validade do expoente de Hurst estimado por wavelet
Existem vários métodos para a estimativa do expoente de Hurst e entre eles
podemos destacar o método R/S, o periodograma, o variacional, o da transformada de Fourier
e o da transformada wavelet.
CLEGG, 2005, SIMONSEN e HANSEN, 1998, BRESLIN E BELWARD,
1999 E MIRANDA, 1997, apresentaram em seus trabalhos comparações entre os métodos
estimadores fazendo a estimativa de H em séries de fbn e fbm em que se conhece a priori o
expoente de Hurst.
O método R/S superestima H para valores do expoente de Hurst próximos
de zero e subestima para valores próximos de um. O método variacional subestima o valor de
H de um modo geral. O método da transformada de Fourier apresenta um erro, na
determinação da inclinação da reta (H é determinado pelo coeficiente angular da reta), maior
que no caso do método da transformada wavelet. De um modo geral todos os estimadores
apresentam pontos altos e baixos o que dificulta a comparação entre eles. Em função disto
optamos por testar o método da transformada wavelet por meio de séries de fbm geradas para
um determinado H.
O movimento browniano (BROWN, 1827, EINSTEIN, 1905, WIENER,
1923) e movimento browniano fracionário (MANDELBROT, 1977) já foram amplamente
estudados e podem ser tomados como referência para a estimativa do expoente de Hurst.
Existem vários algoritmos que geram um fbm com um valor de H
determinado e, entre eles, o que produz um movimento browniano de forma rápida e direta é
o chamado de deslocamento do ponto médio, descrito por VOSS, PEITGEN et all, 1988, que
é descrito resumidamente a seguir.
46
Para um processo X(t) que será gerado para o tempo t entre 0 e 1,
começamos atribuindo para X(0)=0 e para X(1) uma amostra de um número randômico
gaussiano.
O próximo ponto será a média entre X(0) e X(1) acrescido de uma
compensação D que é um número randômico gaussiano multiplicado por um fator de escala
igual a 1/2.
Na próxima etapa serão dois pontos médios entre X(0) e X(1/2) e X(1/2) e
X(1) acrescidos de quantidades D
10
e D
20
(números randômicos gaussianos multiplicados pela
escala anterior reduzida por 2
0,5
). A figura 4.1 mostra as primeiras etapas para o processo
X(t).
Figura 4.1- Gráfico com os primeiros passos do algoritimo mpdwalk.
Os próximos serão os pontos médios entre X(0) e X(1/4), X(1/4) e X(1/2),
X(1/2) e X(3/4), X(3/4) e X(1), acrescidos da compensação D
j1
multiplicada pela escala, da
etapa anterior, reduzida pelo fator 2
0,5
.
O processo se repete e novos pontos vão sendo colocados nos pontos
médios entre os pontos já existentes e acrescidos do número randômico gaussiano corrigido
pela escala diminuída pelo fator 2
0,5
.
47
Quando estamos interessados em gerar movimento browniano fracionário
(H1/2) a compensação D será multiplicada, na primeira vez, pelo número de elementos que
terá a série menos um, elevado a H. As escalas das etapas seguintes serão sempre a escala da
etapa anterior reduzida por um fator 2
H
(MIDDLETON,1995).
Pretende-se usar estas séries, assim geradas, para estimar o expoente de
Hurst por meio da transformada wavelet e comparar os valores de H estimados com os valores
usados na geração das séries.
Foram escolhidos quatro algoritmos geradores de fbm:
fbmfeder: utiliza a equação 9.25 do livro FRACTALS de Jens Feder, 1988 e
foi codificado para o
software MATLAB por Juha Merikoski (Apêndice I);
mpdwalk: utiliza o algoritmo do deslocamento do ponto médio descrito por
VOSS, PEITGEN et all, 1988 e o programa fornecido por MIDDLETON, 1995(Apêndice II);
fbmsim: baseia-se no artigo "Simulation of stacionary gaussian processes
[0,1]
d
" de WOOD e CHAN, 1994 e a codificação para o software MATLAB foi apresentada
por JOHANSSON, 2000 (Apêndice III), e,
fbmlevinson: utiliza a fatoração de Cholesky/Levinson e o programa escrito
por GONÇALVES, 1997 faz parte do FRACTAL ANALYSIS SOFTWARE (Apêndice IV).
O fato de termos escolhido o movimento browniano fracionário para testes
do método de estimativa de H é por que podemos gerar fbm com valor de H determinado e
também pelo fato das séries temporais de precipitação de chuvas (soma cumulativa dos
desvios da média) serem similares (BRESLIN & BELWARD, 1999) com o movimento
browniano fracionário (fbm) como podemos ver na
figura 4.2.
Com as séries da
figura 4.2, foi calculada a correlação e encontramos um
coeficiente de correlação de 0,19 com uma probabilidade de não correlação igual a zero.
A medida da correlação foi feita pelo método de Spearman (VIEIRA, 2003)
na função
corr, do MATLAB, que determina o coeficiente de correlação r (-1 r 1) e nos
dá, ainda, a probabilidade do teste da hipótese da não correlação.
48
Figura 4.2- Gráficos de chuva cumulativa dos desvios da média e série fbm gerada com o
mesmo H que a série de chuva.
Figura 4.3 - a) Desvios da média e histograma para uma série de chuva com média 0, e
variância 0,010.
b) Desvios da média e histograma para uma série de fbm com média 0 e
variância 0,058.
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
-1000
-500
0
500
1000
chuva
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
0
50
100
150
fbm
0 5000 10000
-0.5
0
0.5
1
Chuva
-0.5 0 0.5 1
0
2000
4000
6000
Chuva
0 5000 10000
-1
-0.5
0
0.5
1
fbm
-1 0 1
0
200
400
600
fbm
49
A partir das séries da
figura 4.2, foram construídas as séries dos respectivos
deslocamentos, foi feito uma normalização deixando o maior deslocamento igual a um,
construído o histograma e calculada a média e a variância. O resultado pode ser visto na
figura 4.3.
Pela semelhança entre as séries da
figura 4.1 podemos dizer que as séries de
movimento browniano fracionário são adequadas para testar o método de estimativa do
expoente de Hurst, mas, tendo em vista a
figura 4.2, há necessidade de um estudo maior para
usar as séries de fbm como modelo para a precipitação de chuvas.
Com estes programas geradores de fbm foram elaboradas cem séries para
cada valor de H (0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9), estimados os valores de H por meio da
transformada wavelet para cada série, feita uma média dos valores de H e comparados com o
expoente de Hurst segundo a qual a série foi gerada. Cada série foi gerada com 7.305
elementos que corresponde, em tamanho, a uma série de precipitação diária de chuva de 20
anos que iremos analisar no capítulo 5.
Para cada gerador foi feito um gráfico com o valor de H utilizado na geração
do fbm no eixo das abscissas e o valor médio do H estimado por wavelet no eixo das
ordenadas, que pode ser visto na
figura 4.4.
figura 4.4 a)
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Valor de H usado na gerão das séries
Valor médio dos H estimados nas 100 séries
Séries geradas usando o algorítimo fbmfeder
50
figura 4.4 b)
figura 4.4 c)
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Valor de H usado na gerão das séries
Valor médio dos H estimados nas 100 séries
Séries geradas usando o algorítimo mpdwalk
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Valor de H usado na gerão das séries
Valor médio dos H estimados nas 100 séries
Séries geradas usando o algotimo fbmsim
51
figura 4.4 d)
Figura 4.4 - Gráficos mostrando o valor médio do expoente de Hurst para séries de fbm
obtidas por meio de quatro tipos de geradores de movimento browniano
fracionário. As barras de erro nos gráficos se referem ao desvio padrão.
As análises dos gráficos da
figura 4.4 e da tabela 4.1 mostram que os
valores estimados do expoente de Hurst, por meio da transformada wavelet, de séries de fbm
estão bem próximos dos valores esperados e que apresenta uma regularidade na estimativa de
H para todos os valores do expoente de Hurst. O erro padrão da média que aparece na
tabela
4.1
indica que os valores estimados de H nas cem séries estão bem próximos uns dos outros e
que existe uma coerência nos valores.
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Valor de H usado na gerão das séries
Valor médio dos H estimados nas 100 séries
Séries geradas usando o algorítimo fbmlevinson
52
Tabela 4.1
Simuladores de movimento browniano fracionário
H mpdwalk fbmsim fbmfeder fbmlevinson
H
médio
Epm H
médio
Epm H
médio
Epm H
médio
Epm
0,1 0,1345 0,0211 0,0320 0,0179 0,1345 0,0211 0,0396 0,0181
0,2 0,2146 0,0194 0,1652 0,0165 0,2146 0,0194 0,1645 0,0154
0,3 0,3072 0,0165 0,2773 0,0157 0,3072 0,0165 0,2821 0,0154
0,4 0,3954 0,0164 0,3847 0,0149 0,3954 0,0164 0,3874 0,0159
0,5 0,4872 0,0170 0,4857 0,0165 0,4872 0,0170 0,4843 0,0151
0,6 0,5784 0,0163 0,5806 0,0174 0,5784 0,0163 0,5877 0,0163
0,7 0,6695 0,0178 0,6846 0,0178 0,6695 0,0178 0,6863 0,0176
0,8 0,7578 0,0189 0,7765 0,0180 0,7578 0,0189 0,7768 0,0178
0,9 0,8420 0,0212 0,8685 0,0221 0,8420 0,0212 0,8672 0,0219
Tabela 4.1 - Média dos valores do expoente de Hurst estimado por wavelet das séries de
movimento browniano fracionário. Com cada algoritmo utilizado para simular
fbm foram geradas 100 séries para cada valor de H. Epm é o erro padrão da
média (VIEIRA, 1999).
4.2 - Expoente de Hurst e o tamanho da série temporal
Para estabelecer a dependência do expoente de Hurst com o tamanho da
série, vamos recorrer novamente, às séries de movimento browniano fracionário. A partir de
uma série temporal de fbm, gerada pelo algoritmo
mpdwalk (VOSS, PEITGEN et all, 1988),
com tamanho aproximado das séries de chuvas diárias que vamos estudar, estimamos o valor
de H e depois diminuímos o tamanho da série e estimamos novamente o valor de H.
Foram geradas cem séries com H=0,5 (movimento browniano) e com 8192
(2
13
) elementos e para cada série iniciamos diminuindo o tamanho de 500 em 500 e conforme
foi diminuindo a série tomamos um passo menor.
53
Na
figura 4.5 temos dois gráficos que mostram a variação de H com o
tamanho da série.
Figura 4.5 a)gráfico do valor médio de H para cem séries com tamanho entre 10 e 500.
b)gráfico do valor médio de H para cem séries com tamanho entre 500 e 8192.
Observação: A barra de erro representada se refere à média dos erros cometidos na
estimativa de H por meio da transformada wavelet.
0 100 200 300 400 500
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
Número de elementos da série
Valor de H (média de 100 séries)
Valor de H em função do tamanho da série
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
Número de elementos da série
Valor de H (média de 100 séries)
Valor de H em função do tamanho da série
54
Verifica-se nos gráficos que o valor de H apresenta uma tendência de
convergir, para o valor com que a série foi gerada, quando aumenta o número de elementos e
também que, para o número de elementos correspondente a vinte anos, o valor estimado de H
é bom.
Outro dado importante é que o erro ao estimar H vai diminuindo, na média,
conforme aumenta o número de elementos.
4.3 - Ausência de medições em séries temporais de precipitação de chuvas
Quando se trabalha com séries numéricas longas, construídas a partir de
dados de precipitação diária de chuvas, é comum encontrar intervalos de um ou mais dias sem
medições. As razões que motivaram a falta de medições são as mais variadas,
impossibilidades de acesso ao posto meteorológico, dificuldades com o pessoal que faz a
coleta diária e até a desativação por falta de equipamento.
A falta de medições numa série (mais ou menos 20 anos) transforma a série
longa em um conjunto de séries menores e ao estimarmos o expoente de Hurst (H) para séries
pequenas o valor de H varia muito em função do tamanho da série, como foi mostrado no
item 4.2, fazendo que o H das séries pequenas seja diferente da série como um todo (longa).
Como o expoente de Hurst está relacionado diretamente com a memória da
série, os valores futuros de precipitação de chuva dependem dos registros do presente,
propomos, inicialmente, que a medida em falta seja substituída pela média de medidas
anteriores e como o expoente de Hurst, também é uma característica da série inteira, uma
segunda proposta, é unir os trechos da série com medições e assim estimar o valor do
expoente de Hurst.
Para as duas propostas fica a pergunta: até quantas medições ausentes
podem ser substituídas pela média ou retiradas sem que o valor do expoente de Hurst se altere
demasiadamente.
Com uma série de precipitação de chuvas sem interrupções de medidas foi
estimado o valor do expoente de Hurst, em seguida retiradas algumas medidas, aplicadas as
55
propostas e novamente estimado o expoente de Hurst para cada caso. Comparando os
resultados podemos verificar até que ponto a falta de uma ou mais medidas afetam a
estimativa do expoente de Hurst.
Os dados das séries temporais de chuva foram obtidos no Departamento de
Águas e Energia Elétrica do estado de São Paulo (DAEE) e são registros diários de
quantidade de chuva, medidas em milímetros, durante períodos variados dependendo de cada
posto de coleta de dados. Analisando os registros diários de cada posto, no período de
01/01/1978 a 31/12/1997, encontramos algumas séries sem ausência de medidas, algumas
com ausências de poucos dias e outras com falta de registros por meses seguidos.
A série escolhida como padrão foi a do posto Usina Batista, do município de
Pilar do Sul, com 7305 registros diários no período de 01/01/1978 a 31/12/1997 (série E4020)
e para a estimativa do expoente de Hurst foi feito inicialmente uma correção pelo valor médio
da série. Esta correção consiste em retirar de cada valor da série o valor médio das
precipitações durante todo o período, fazendo que a série passe a ter um valor médio igual a
zero.
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
0
20
40
60
80
100
120
140
Número de dias a partir de 01/01/1978
Precipitão em mm
E4028
a)
56
Figura 4.6 a) Gráfico de precipitação de chuvas no município de Pilar do Sul, posto
Usina Batista no período de 01/01/1978 a 31/12/1997 (E4028).
b) Gráfico da soma cumulativa dos dados da série E4028 (corrigidos pela
média e pela reta que passa no primeiro e último ponto).
Com essa nova série é feita a soma cumulativa dos dados e nova correção é
feita com base na reta que passa pelo primeiro e último ponto da série (
figura 4.6 b). Com esta
última correção pretende-se retirar qualquer tendência originada pelo fato dos valores de
precipitação serem todos maior ou igual a zero. Esta última correção é feita retirando de cada
ponto da soma cumulativa dos desvios da média, o valor correspondente da reta que passa
pelo primeiro e último ponto da série.
A substituição de medições ausentes pela média de medições anteriores foi
feita de quatro maneiras diferentes:
a) a medida que será substituída é sorteada dentro da série, é feita a substituição e o expoente
de Hurst é estimado. Uma nova medida é substituída e o processo se repete;
b) a substituição ocorre em posições consecutivas, a partir de uma posição sorteada, em
direção ao final da série;
c) semelhante ao anterior só que em direção ao início da série, e
d) a substituição é feita baseada nas ausências presentes em séries de precipitação de postos
de coletas próximos ao padrão escolhido.
b)
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
-1400
-1200
-1000
-800
-600
-400
-200
0
200
400
E4028
Número de dias a partir de 01/01/1978
Precipitão acumulada
57
Para a estimativa do expoente de Hurst foi utilizada a função cwt do
software Matlab versão 7 (R14), a wavelet de Daubechies do tipo 8 e a escala baseada em
potência de dois com o expoente variando de 0 a n, onde n é o maior inteiro menor que o
logaritmo, da base dois, do número de elementos da série (CHIERICE, 2003, DAUBECHIES,
1992, MISITI ET All, 1996).
Uma vez calculado os coeficientes da transformada wavelet foi feito o
gráfico do logaritmo, na base dois, da média do valor absoluto dos coeficientes pelo
logaritmo, na base dois, da escala. O valor estimado do expoente de Hurst é dado pelo
coeficiente angular da reta resultante menos 0,5 (CAMPANHA, 2004 e SIMONSEN et All,
1998).
Segundo TAYLOR, 1982, a incerteza ao se calcular o coeficiente angular da
reta é dada por:
onde
x
i
logaritmo, na base 2, da escala
y
i
logaritmo, na base 2, da média do valor absoluto dos coeficientes
N número de pontos usados para determinar a reta
z
i
valores calculados sobre a reta para cada x
i
Nos procedimentos a, b e c, acima, a substituição ocorre até que a diferença
entre o valor estimado da série original e o da série substituída seja igual ao erro presente na
estimativa do expoente de Hurst. Como a substituição é feita uma por vez foi escolhida, de
forma arbitrária, fazer a média das dez medições anteriores à medida que será substituída.
Na utilização do padrão de ausências de medições (item d) foi feito um teste
para verificar qual o número de medições anteriores que deve ser usado no cálculo da média.
O teste consiste em variar o número de medições anteriores no cálculo da média e ver qual
permite estimar o expoente de Hurst mais próximo do valor da série padrão.
58
Com a série padrão (E4028) foi estimado o expoente de Hurst e
encontramos o valor de 0,6339 ±0,0337.
figura 4.7 a)
figura 4.7 b)
0 500 1000 1500
0.63
0.635
0.64
0.645
0.65
0.655
0.66
0.665
Número de medidas trocadas
Valor de H
Medidas trocadas aleatóriamente
0 200 400 600 800 1000 1200
0.62
0.64
0.66
0.68
0.7
0.72
0.74
Número de medidas trocadas
Valor de H
Medidas trocadas seguidamente de 2796 para o fim da série
59
figura 4.7 c)
Figura 4.7 a) Medidas substituídas em posições aleatórias.
b) Medidas substituídas a partir da posição 2796 no sentido do final da série.
c) Medidas substituídas a partir da posição 5973 no sentido do início da série.
Com o primeiro tipo de substituição a diferença entre o valor de H da série
padrão e o estimado após a substituição ainda é menor que o erro (±0,0338) depois de 1424
substituições como podemos ver no gráfico
a da figura 4.7.
No segundo tipo de substituição o início das trocas foi feito a partir da
posição 2796 (sorteada) e continuou-se, seguidamente, no sentido do final da série, atingindo
o erro após 174 substituições. Da mesma forma a terceira maneira de se fazer as substituições
foi iniciada a partir da posição 5973 e seguidamente em sentido ao início da série. Os
resultados podem ser vistos nos gráficos
b e c da figura 4.7.
Para o último tipo de substituição foram escolhidas nove séries da mesma
região que a série E4028 que apresentam diversos padrões de ausências de medições. Na
figura 4.8 temos os gráficos das séries G5002 e F5020 em que as posições em que não há
registros de precipitação de chuvas foram marcadas com o número -20 e os gráficos com a
variação do expoente de Hurst em função do número de elementos usados para o cálculo da
média. Na
tabela 4.2 há a relação das nove séries, com identificação, o número de ausências
0 500 1000 1500 2000
0.63
0.64
0.65
0.66
0.67
0.68
0.69
Número de medidas trocadas
Valor de H
Medidas trocadas seguidamente de 5973 para o início da série
60
de medidas, número de medições usadas no cálculo da média, o valor estimado do expoente
de Hurst mais próximo do padrão e a diferença encontrada.
figura 4.8 a)
figura 4.8 b)
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
-50
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Número de dias a partir de 01/01/1978
Precipitão em mm
G5002
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
0.65
0.66
0.67
0.68
0.69
0.7
0.71
0.72
0.73
0.74
0.75
g5002
Nº de elementos usados na média
H
61
figura 4.8 c)
figura 4.8 d)
Figura 4.8 a) Precipitação de chuvas de Cananéia, posto Morro Redondo (G5002).
b) Variação de H com o número de elementos usados para o cálculo da média
(G5002).
c) Precipitação de chuvas de Eldorado, posto Ouro Leve (F5020).
d) Variação de H com o número de elementos usados para o cálculo da média
(F5020).
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
-20
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
Número de dias a partir de 01/01/1978
Precipitão em mm
F5020
0 100 200 300 400 500
0.637
0.6375
0.638
0.6385
0.639
0.6395
0.64
0.6405
0.641
0.6415
F5020
Nº de elementos usados na média
H
62
TABELA 4.2
Série de referência E4028 - H=0,633947±0,0337344 0,6002126<H<0,6676814
Posto Cidade
Número
de
ausências
Número de
elementos
da média
Valor de
H
Diferença
G5002
Cananéia (Morro
Redondo)
1037 852 0,6549 0,0215
E3043 Guarujá (Perequê) 365 54 0,6469 0,0135
E5018 Itapetininga (E. Hermilio) 266 26 0,6384 0,0050
F5020 Eldorado (Ouro Leve) 139 41 0,6373 0,0039
F4040 Iguape (Momuna) 52 59 0,6334 0,0
F4024 Registro (Jurumirim) 36 82 0,6350 0,0016
E5045 Itapeva 8 3 0,6335 0,0001
Tabela 4.2 - Valores de H usando a média das medidas anteriores para as ausências de
medições.
Nos quatro casos de substituição das ausências pela média das medidas
anteriores, encontramos que um grande número de medidas pode ser substituído pela média
de medidas anteriores sem alterar significativamente o expoente de Hurst. No primeiro caso
substituímos 1456 medidas (4 anos) e ainda não atingimos o limite do erro (
figura 4.7 a).
No caso de substituição em seqüência (de 2976 no sentido do fim da série),
o erro é atingido após 174 substituições, bem diferente dos demais casos. Provavelmente isto
se dá pelo fato de que após 10 substituições começamos a usar na média valores já
substituídos anteriormente (
figura 4.7 b).
No terceiro caso chegamos ao ponto de 1572 substituições o que representa
mais de quatro anos de medidas (
figura 4.7c) lembrando que para estes três casos não foi feito
um teste para ver qual o número ideal de elementos que devem ser usados na média.
O principal resultado fica por conta da substituição utilizando um padrão de
ausência de medidas de um posto meteorológico da mesma região climática. Verificamos que
o número ideal de medições a ser usado para calcular a média é diferente para cada série
usada (
figura 4.8) e os valores estimados para o expoente de Hurst são praticamente iguais ao
estimado na série padrão (
Tabela 4.2).
A segunda proposta nos leva a juntar as partes sem interrupções de
medições e tratar como se fosse uma série completa.
63
Para esta proposta usamos a mesma série padrão, E4028, e fizemos a
retirada de medidas de três maneiras: aleatória, seguidamente a partir de uma posição e
usando padrões de ausências de séries da mesma região climática que a padrão (as mesmas
usadas na substituição pela média).
Nos dois primeiros casos a cada retirada de uma medida, os dois trechos são
unidos, o novo expoente de Hurst é estimado e comparado com o valor da série padrão.
No terceiro caso as posições das ausências das séries escolhidas são
transferidas para a série padrão, os trechos com medidas são unidos e o expoente de Hurst é
estimado.
A
figura 4.9 a mostra o gráfico da variação do expoente de Hurst com a
retirada aleatória de medições e vemos que a retirada de mais de 1300 medidas o expoente de
Hurst não atingiu o limite do erro encontrado na estimativa de H.
figura 4.9 a)
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
0.605
0.61
0.615
0.62
0.625
0.63
0.635
0.64
Número de medidas retiradas aleatóriamente
Valor de H
Série E4028 - Retirada aleatória de medidas
X: 1318
Y: 0.6062
64
figura 4.9 b)
Figura 4.9
a) Medidas retiradas em posições aleatórias.
b) Medidas retiradas seguidamente a partir da posição 5973 em direção ao início
da série.
No caso da retirada seguida de medições a
figura 4.9 b mostra que mesmo
após a retirada de 2000 medidas o expoente de Hurst não atingiu o limite do erro.
Na
tabela 4.3 podemos ver que a diminuição da série pela retirada das
medidas não altera significativamente o valor de H
TABELA 4.3
Série de referência E4028 - H=0,633947±0,0337344 0,6002126<H<0,6676814
Posto Cidade
Número
de
ausências
Número de
elementos
da série
Valor de
H
Diferença
G5002
Cananéia (Morro
Redondo)
1037 6268 0,6422 0,0083
E3043 Guarujá (Perequê) 365 6940 0,6347 0,0008
E5018 Itapetininga (E. Hermilio) 266 7039 0,6417 0,0078
F5020 Eldorado (Ouro Leve) 139 7166 0,6367 0,0028
F4040 Iguape (Momuna) 52 7253 0,6329 -0,0011
F4024 Registro (Jurumirim) 36 7269 0,6354 0,0015
E5045 Itapeva 8 7297 0,6322 -0,0018
Tabela 4.3 - Valores de H usando a união dos trechos sem ausências de medições.
0 500 1000 1500 2000
0.615
0.62
0.625
0.63
0.635
0.64
0.645
0.65
0.655
0.66
Número de medidas retiradas da posão 5973 para o início da série
Valor de H
rie E4028 - Medidas retiradas seguidamente
X: 1947
Y: 0.6196
65
Nesta segunda proposta, união dos trechos com medições, apresenta
resultados melhores que os resultados da substituição pela média das medidas anteriores e
será utilizada no nosso trabalho.
Os gráficos da
figura 4.9 e a tabela 4.3 nos mostram que em nenhum dos
casos analisados os valores estimados do expoente de Hurst ficou fora dos limites impostos
pelo erro cometido ao estimar o valor de H.
4.4 - Escolha da wavelet mais adequada para estimar o expoente de Hurst
Não existe um método científico para a escolha da wavelet a ser usada na
análise de uma série usando a transformada wavelet e em função disto, mais uma vez
recorreremos às séries de movimento browniano fracionário com o valor de H conhecido a
priori.
Figura 4.10 Valor médio do expoente de Hurst em função da wavelet usada para estimá-lo.
Db2 Db4 Db6 Db8 Db10 Db14 Morl Mexh
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
Tipo de wavelet
Valor de H (média de 100 séries)
Séries geradas com o algorítimo fbmfeder
66
Utilizando o algoritmo do deslocamento do ponto médio descrito por VOSS,
PEITGEN et all, 1988, foram geradas 100 séries, com H=0.7 (valor de H próximo aos valores
encontrados para as série de precipitação de chuvas) e 8192 elementos. Para cada série o valor
de H foi estimado usando oito wavelets diferentes e por fim um valor médio de H foi
calculado para cada wavelet.
As wavelets usadas foram as da família Daubechies, (ordem 2, 4, 6, 8,
10,14), Morlet e Chapéu mexicano.
O resultado do teste pode ser visto na
figura 4.10. Praticamente todas as
waveletes estimaram, na média, o mesmo valor do expoente de Hurst e em função disto no
nosso trabalho usamos a wavelet Daubechies de ordem 8.
O fato dos valores médios de H aparecerem abaixo da linha H=0,7 é uma
característica do gerador de fbm utilizado (mpdwalk), uma vez que, na
figura 4.4 b também
aparece o valor médio abaixo de 0,7.
67
CAPÍTULO 5
Análise de séries temporais de chuvas
Nos trabalhos de CHIERICE, 2003 e FAVARETTO, 2004, foram
analisados dados de chuva do estado de São Paulo em séries de chuvas de tamanhos, épocas e
regiões climáticas diferentes. Neste trabalho, inicialmente, pretendia-se que todas as séries
analisadas fossem do mesmo período e tivessem o mesmo tamanho. Posteriormente
resolvemos agrupar as séries por região climática usando a divisão apresentada por
MONTEIRO, 1973, em seu atlas A DINÂMICA CLIMÁTICA E AS CHUVAS NO
ESTADO DE SÃO PAULO.
A análise das séries foi feita com o intuito de caracterizar cada região
climática do estado de São Paulo com o expoente de Hurst.
5.1 - Obtenção e tratamento dos dados pluviométricos
Em 1998 o Departamento de Águas e Energia do estado de São Paulo
disponibilizou o seu banco de dados pluviométricos, por meio de um CD('compact disc'), com
68
registros de todos os postos até o ano de 1997. Os dados estão classificados por cidade, postos
meteorológicos, por data e se apresentam com valores de precipitações de chuva, medidos em
milímetros, para cada dia. Apresenta ainda o valor total mensal, a chuva máxima e a
quantidade de dias com chuvas para cada mês.
Uma primeira análise foi feita no sentido de separar os postos
meteorológicos que continham medições por vinte anos ou mais e principalmente que
continham medições no período de 01/01/1978 a 31/12/1997. O período de vinte anos foi
escolhido em função dos dados disponíveis e por que séries com este tamanho apresentam um
expoente de Hurst com poucas variações em função do tamanho. Se aumentássemos o
tamanho das séries o número de séries em cada região diminuiría drasticamente.
Como já mencionado no capítulo 4 algumas séries apresentam faltas de
medições e na transformação dos dados para um formato compatível com o 'software'
MATLAB (arquivos com extensão .mat), as ausências de medições foram transformadas em
uma precipitação de -20 ficando assim mais fácil a sua identificação.
Após a transformação dos dados em uma série de precipitações em
seqüência, dia após dia, foi aplicada, para as séries com faltas de medições, a segunda
proposta discutida no item 4.3, a união dos trechos da série sem faltas de medições. A
utilização da segunda proposta se deve ao fato de que na simulação feita com o padrão de
faltas numa série completa, foi a que estimou o expoente de Hurst mais próximo do original.
O próximo passo foi separar para cada região e sub-região climática as
séries que seriam analisadas. Em cada região o número de séries usadas foi diferente devido à
disponibilidade de séries que atendiam aos nossos requisitos.
5.2 - Estimativa do expoente de Hurst para cada série de precipitação
O gráfico a) da figura 5.1 mostra uma série de precipitação de chuvas e a
primeira coisa a fazer é uma correção da série pela média. Esta correção consiste em calcular
a média das precipitações e retirar de cada valor da série. Esta correção faz que a série fique
com média zero, ou seja, cada pico representa o deslocamento da média que podemos ver no
gráfico
b) da figura 5.1.
69
a)
b)
Figura 5.1 - a) Gráfico de uma série temporal de precipitação de chuvas.
b) Gráfico de uma série temporal de precipitação de chuvas corrigida pela
média. Para esta série a média das precipitações considerando os 20 anos é
de 3,6260 mm e temos 5491 dias com precipitação zero.
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
0
20
40
60
80
100
120
Tempo em dias a partir de 01/01/1978
Precipitão (mm)
Série E6012 - Coronel Macedo - Região II
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
-20
0
20
40
60
80
100
120
Tempo em dias a partir de 01/01/1978
Precipitão (mm)
Série E6012 - corrigida pela média
70
O próximo passo é fazer a soma cumulativa dos elementos da série (
figura
5.2-a) e aplicar uma última correção para retirar qualquer tendência de deslocamento em uma
direção preferencial.
Figura 5.2 - a) Gráfico da soma cumulativa de uma série de precipitação de chuvas.
b) Gráfico anterior corrigido pela reta que passa pelo primeiro e último ponto.
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
-800
-600
-400
-200
0
200
400
600
800
Tempo em dias a partir de 01/01/1978
Precipitão (mm)
E6012 - soma cumulativa
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
-800
-600
-400
-200
0
200
400
600
800
Série E6012 - corrigida pela média e pela reta 1° e último ponto
Tempo em dias a partir de 01/01/1978
Precipitão (mm)
a)
b)
71
Esta correção consiste em traçar uma reta unindo o primeiro e o último
ponto, e retirar de cada elemento da série, na posição t, o valor calculado sobre a reta na
posição t (
figura 5.2-b).
Neste ponto temos uma série da soma cumulativa dos desvios da média de
precipitação de chuvas, sem interrupções, corrigida pela reta que passa pelo primeiro e último
ponto pronta para ter o seu expoente de Hurst estimado por meio da transformada wavelet.
Usando o método ACW descrito no item 3.8, com a wavelet Daubechies de
ordem 8 e a escala em potência de dois, foram estimados o expoente de Hurst para todas as
séries selecionadas das regiões climáticas.
O resultado para as nove regiões climáticas do estado de São Paulo é
apresentado nas
tabelas 5.1 a 5.9
REGIÃO I
MUNICÍPIO POSTO FALTAS H ERRO(H)
Sub-região I
Cunha (Ferraz) e2134 1 209 0.7243 0.0290
São Luiz do Paraitinga (Catucaba) e2055 2 4 0.6050 0.0476
Natividade da Serra (Laranjal) e2116 3 8 0.6294 0.0489
Natividade da Serra e2008 4 25 0.6173 0.0444
Paraibuna (Alegre) e2130 5 12 0.6204 0.0480
Natividade da Serra (B. Alto) e2024 6 14 0.5800 0.0519
São Luiz do Paraitinga (Briet) e2135 7 5 0.5876 0.0509
Cunha (Vargem do Tanque) d1025 8 689 0.6063 0.0543
Sub-região Ia
Ubatuba (Picinguaba) e1004 9 122 0.6760 0.0216
Ilha Bela e2012 10 532 0.6548 0.0306
São Sebastião (São Francisco) e2045 11 51 0.6536 0.0286
Caraguatatuba (Porto Novo) e2128 12 844 0.6548 0.0360
Ubatuba (Maranduba) e2122 13 145 0.6361 0.0312
Cunha (Rio Manso) e1006 14 11 0.5821 0.0572
Média dos postos 1 a 8 H=0,6213 erro médio 0,0469
Média dos postos 9 a 14 H=0,6429 erro médio 0,0342
Média geral H=0,6306 erro médio 0,0414
Tabela 5.1 - Valores de H para as séries da região climática I
72
REGIÃO II
MUNICÍPIO POSTO FALTAS H ERRO(H)
Sub-região IIa
Cananéia (Morro Redondo) g5002 1 1037 0.6598 0.0291
Iguape (Momuna) f4040 2 52 0.6281 0.0411
Itariri (B. Igrejinha) f4011 3 2 0.6090 0.0428
Miracatu (Pedra do Largo) f4012 4 236 0.6442 0.0290
Juquiá (Escalvado) f4037 5 177 0.6437 0.0297
Registro (Jurumirim) f4024 6 36 0.6497 0.0304
Registro f4005 7 1 0.6217 0.0409
Eldorado f5007 8 5 0.6382 0.0322
Eldorado (Ouro Leve) f5020 9 139 0.6512 0.0312
Cajati (Barra do Azeite) f5014 10 193 0.6598 0.0291
Sub-região IIb
Monguaguá f3002 11 65 0.6373 0.0233
São Vicente e3056 12 352 0.6357 0.0308
Guarujá (Pereque) e3043 13 365 0.5994 0.0357
Santos (Caeté) e3041 14 27 0.6079 0.0304
Sub-região IIc
Pilar do Sul (U. Batista) e4028 15 0 0.6339 0.0337
Coronel Macedo e6012 16 0 0.6386 0.0184
Itapeva e5045 17 8 0.6115 0.0286
Itararé (B. Boa Vista) e6032 18 0 0.6327 0.0219
Barra do Chapéu f6006 19 39 0.6179 0.0259
Ribeirão Branco (Pinara) f5039 20 10 0.6435 0.0227
Capão Bonito (F. Santa Inês) e5071 21 7 0.621 0.0317
São Miguel Arcanjo (Taquaral) f4031 22 1 0.6268 0.0362
Piedade (B. Ribeirão Bonito) e4132 23 1 0.6222 0.0345
Guapiara (B. Pinheiro) f5010 24 5 0.6672 0.0200
Itapeva (Guarizinho) e5032 25 2 0.6404 0.0286
Itapetininga (Eng. Hermilio) e5018 26 266 0.6163 0.0338
Itapetininga (Gramadinho) e5034 27 1 0.6177 0.0393
Sub-região IId
Mogi das Cruzes (taiacupeba) e3223 28 233 0.5964 0.0512
Mauá e3148 29 278 0.5966 0.0498
Santo André (Paranapiacaba) e3037 30 143 0.6864 0.0226
São Bernardo do Campo (Rio Acima) e3244 31 52 0.6279 0.0395
São Paulo (Santo Amaro) e30006 32 203 0.6315 0.0413
Média dos postos 1 a 10 H= 0,6385 erro médio 0,0347
Média dos postos 11 a 14 H=0,6201 erro médio 0,0300
Média dos postos 15 a 27 H=0,6300 erro médio 0,0289
Média dos postos 28 a 32 H=0,6278 erro médio 0,0409
Média geral H=0,6311 erro médio 0,0325
Tabela 5.2- Valores de H para as séries da região climática II
73
REGIÃO III
MUNICÍPIO POSTO FALTAS H ERRO(H)
Guararema (Paratei) e3054 1 26 0.6216 0.0440
Jacarei e2031 2 202 0.6092 0.0479
São José dos Campos (Pararangaba) e2099 3 32 0.6307 0.0429
Caçapava (Quirino) e2048 4 6 0.6180 0.0470
Taubaté (Macuco) e2127 5 440 0.5993 0.0535
Guaratinguetá (Brumado) d2009 6 118 0.5937 0.0561
Silveiras d1020 7 0 0.6071 0.0529
Lorena d2035 8 2 0.6337 0.0438
Média geral H= 0,6142 erro médio 0,0485
Tabela 5.3 - Valores de H para as séries da região climática III
REGIÃO IV
MUNICÍPIO POSTO FALTAS H ERRO(H)
Sub-região IVa
Piracaia (Crioulos) e3229 1 181 0.6681 0.0345
São José dos Campos (Guirra) d3070 2 11 0.6189 0.0484
São José dos Campos (S. F. Xavier) d2021 3 1 0.6081 0.0549
Monteiro Lobato (S. Benedito) d2026 4 323 0.6647 0.0427
Campos do Jordão (Capivari) d2001 5 5 0.6024 0.0553
Sub-região IVb
Atibaia e3074 6 139 0.6425 0.0422
Pinhalzinho d3036 7 83 0.6966 0.0378
Socorro d3030 8 16 0.671730 0.0370
Lindóia d3014 9 20 0.6423 0.0458
Aguas de Lindóia d3024 10 9 0.6270 0.0490
Espirito Santo do Pinhal (U. Pinhal) d3003 11 24 0.6241 0.0474
São João da Boa Vista (F. Paraíso) d3066 12 24 0.6447 0.0463
Aguas da Prata (Fartura) c3043 13 5 0.5682 0.0678
São José do Rio Pardo c3035 14 5 0.6140 0.0536
Caconde c3014 15 23 0.6668 0.0482
Média dos postos 1 a 5 H=0,6324 erro médio 0,0472
Média dos postos 6 a 15 H=0,6398 erro médio 0,0475
Média geral H=0,6373 erro médio 0,0474
Tabela 5.4- Valores de H para as séries da região climática IV
74
REGIÃO V
MUNICÍPIO POSTO FALTAS H ERRO(H)
Sub-região Va
Mococa (Sitio Esplanada) c4069 1 1 0.6292 0.0518
Santa Rosa do Viterbo (Bom Sucesso) c4103 2 104 0.6394 0.0483
Tambau c4093 3 10 0.6404 0.0500
Santa Rita do Passa Quatro (Usina) c4095 4 1 0.6414 0.0481
Porto Ferreira c4094 5 31 0.6113 0.0541
Casa Branca (Venda Branca) c4097 6 22 0.6191 0.0504
Pirassununga (Fernando Costa) c4085 7 37 0.5983 0.0565
Santa Cruz da Conceição (S.S.Geraldo) d4032 8 34 0.6283 0.0458
Leme (Cresciumal) d4030 9 0 0.6324 0.0465
Mogi Guaçu (Capetinga) d4105 10 0 0.6120 0.0500
Rio Claro (F. São José) d4016 11 0 0.6313 0.0446
Santa Gertrudes d4059 12 31 0.6381 0.0417
Araras (Santa Cruz) d4034 13 7 0.5962 0.0519
Sub-região Vb
Matão c5074 14 99 0.6046 0.0561
Tabatinga (Araruba) c5107 15 69 0.6351 0.0437
Santa Lucia c5011 16 1 0.6204 0.0531
Araraquara (Chibarro) c5017 17 14 0.5346 0.0531
Bocaina d5077 18 0 0.6246 0.0472
Ribeirão Bonito d5003 19 103 0.6264 0.0457
Brotas (Campo Redondo) d4098 20 5 0.6659 0.0350
Itirapina d4014 21 270 0.6551 0.0425
Torrinha (U. Três Saltos) d5006 22 3 0.6669 0.0392
Sub-região Vc
Icem b6001 23 35 0.6493 0.0513
Colombia (F. Campo Grande) b5063 24 16 0.5845 0.0640
Guaira (F. Antas) b5040 25 1 0.6013 0.0599
Ituverava b4034 26 1 0.6462 0.0522
Pedregulho (Alto do Lajeado) b4062 27 56 0.6206 0.0638
Itirapuá b4053 28 3 0.6610 0.0491
Sales de Oliveira (F. Conquista) b4012 29 12 0.6216 0.0518
Morro Agudo b5004 30 6 0.5983 0.0586
Colina b5028 31 33 0.6150 0.0564
Olímpia (F. Cruz Alta) b6053 32 30 0.5977 0.0585
Novais b5003 33 15 0.6256 0.0553
Monte Alto c5070 34 5 0.6534 0.0477
Sertãozinho (U. Sta Elisa) c5114 35 77 0.6228 0.0550
Altinópolis (Aguas Virtuosas) c4106 36 29 0.6166 0.0537
Média dos postos 1 a 13 H= 0,6244 erro medio 0,0492
Média dos postos 14 a 22 H= 0, 6259 erro medio 0,0462
Média dos postos 23 a 36 H= 0, 6224 erro medio 0,0555
Média geral H= 0,6240 erro medio 0,0509
Tabela 5.5 - Valores de H para as séries da região climática V
75
REGIÃO VI
MUNICÍPIO POSTO FALTAS H ERRO(H)
Anhembi d5037 1 41 0.6323 0.0371
Itu (Pirapitingui) e4023 2 77 0.6320 0.0351
Mairinque (D. Catarina) e4043 3 10 0.6874 0.0333
Boituva e4046 4 1 0.6273 0.0374
Laranjal Paulista e4050 5 74 0.6212 0.0398
Capivari d4069 6 70 0.6385 0.0377
Rio das Pedras d4068 7 5 0.6599 0.0349
Campinas d4044 8 0 0.6376 0.0390
Média geral H= 0.6420 erro medio 0.0368
Tabela 5.6 - Valores de H para as séries da região climática VI
REGIÃO VII
MUNICÍPIO POSTO FALTAS H ERRO(H)
Aguas de Santa Bárbara d6006 1 115 0.6095 0.0433
Itatinga (Lobo) d5040 2 6 0.6440 0.0345
Bauru d6036 3 43 0.6284 0.0393
Iacanga (F. Barreirinho) c5029 4 2 0.6308 0.0466
Borborema (F. Ano Bom do Tiete) c6056 5 3 0.6755 0.0359
Borborema (F. Laranjal) c5082 6 102 0.6007 0.0529
Santa Cruz do Rio Pardo (Sodrelia) d6028 7 92 0.6230 0.0411
Avaré (F. Sta Gabriela) d5080 8 56 0.6537 0.0360
Paulistânia d6091 9 1 0.6415 0.0322
Pardinho e5060 10 13 0.6441 0.0362
Lençóis Paulista (Gleba Rio Claro) d5081 11 2 0.6173 0.0385
Novo Horizonte (F. Uirapuru) c6099 12 38 0.6512 0.0394
Avaré e5014 13 8 0.6210 0.0367
Agudos d5041 14 196 0.6360 0.0394
Reginópolis c6050 15 5 0.6368 0.0424
Média geral H= 0.6342 erro medio 0.0396
Tabela 5.7 - Valores de H para as séries da região climática VII
76
REGIÃO VIII
MUNICÍPIO POSTO FALTAS H ERRO(H)
Andradina b8004 1 161 0.6023 0.0457
Alto Alegre c7011 2 3 0.5759 0.0523
Andradina (Três Irmãos) b8029 3 12 0.5956 0.0500
Auriflama b7045 4 38 0.5954 0.0544
Brauna (F. N.S. Aparecida) c7016 5 2 0.6143 0.0415
Floreal b7037 6 19 0.6090 0.0558
Flórida Paulista (F. Sto André) c8030 7 0 0.6149 0.0452
Gastão Vidigal b7043 8 39 0.6179 0.0478
Itapura b8023 9 7 0.5971 0.0504
Jales b7008 10 31 0.5570 0.0655
José Bonifácio c6088 11 90 0.6252 0.0456
Marília (Dirceu) d6098 12 0 0.6218 0.0428
Marília (Amadeu Amaral) d7067 13 1 0.6365 0.0343
Mirandópolis (Yuba) c8056 15 3 0.6278 0.0439
Muritinga do Sul (F. Boa Vista) c8051 16 17 0.6254 0.0468
Osvaldo Cruz c7067 17 21 0.6404 0.0382
Panorama c8019 18 10 0.6136 0.0420
Pereira Barreto (Ideal) b8030 19 5 0.5841 0.0508
Planalto (São Jerônimo) c6101 20 13 0.5772 0.0568
Pontalinda b7038 21 19 0.5609 0.0627
Rubiacéia (Caramuru) c7081 22 12 0.5654 0.0552
Santa Fé do Sul b7024 23 0 0.5973 0.0563
Sud Mennucci b7046 24 32 0.5538 0.0636
Tupã (Varpa) d7061 25 11 0.5810 0.0479
Tupã c7043 26 2 0.5715 0.0523
Turiuba b7050 27 81 0.6029 0.0531
Ubarana (F. cataco) c6089 28 7 0.6484 0.0407
Valparaíso (Perpetuo Socorro) c7049 29 4 0.6153 0.0444
Média geral H= 0,6010 erro medio 0,0495
Tabela 5.8 - Valores de H para as séries da região climática VIII
77
REGIÃO IX
MUNICÍPIO POSTO FALTAS H ERRO(H)
Presidente Epitácio (Sul Mineira) c9007 1 36 0.6087 0.0339
Maracai (B. Agua do Mato) d7041 2 2 0.5935 0.0398
Mirante do Paranapanema d8008 3 2 0.6149 0.0306
Marabá Paulista d8035 4 8 0.6360 0.0265
Santo Anastácio (F. Santa Isabel) d8038 5 0 0.6287 0.0308
Narandiba d8040 6 28 0.6253 0.0302
Presidente Venceslau (F. Clotilde) d8048 7 309 0.6173 0.0265
Iepe (Jaguarete) d8053 8 10 0.5835 0.0431
Rosana (Itaporã) d9001 9 47 0.6284 0.0222
Teodoro Sampaio (Santaida) d9002 10 21 0.5776 0.0355
Teodoro Sampaio d9003 11 10 0.5872 0.0363
Rosana (Nova do Pontal) d9016 12 31 0.5765 0.0366
Presidente Epitácio (Sucurita) d9019 13 17 0.6283 0.0269
Florinea d7054 14 103 0.5969 0.0341
Candido Mota (F. Sta Rosa) d7056 15 33 0.5882 0.0385
Média geral H= 0,6060 erro medio 0,0328
Tabela 5.9 - Valores de H para as séries da região climática IX
78
Figura 5.3 - Valor médio de H para cada região e sub-região climática do estado de São
Paulo.
79
5.3 - Séries com os períodos seco e úmido bem definidos
Com o intuito de comparar o valor estimado do expoente de Hurst,
selecionamos séries de precipitação de chuvas em que o período seco e úmido são bem
definidos. Tomamos o cuidado de escolher séries do mesmo tamanho e período que as séries
analisadas no item anterior.
As séries temporais utilizadas são provenientes de cidades do Ceará e todos
os procedimentos utilizados na análise das séries do estado de São Paulo foram usados. Na
figura 5.4 apresentamos dois gráficos de precipitação, das cidades de Assaré e Cratos, onde é
marcante a presença do período seco.
Na
tabela 5.10 temos os valores de H estimados, o erro cometido na
estimativa, o valor médio e o erro médio das séries.
a)
0 1095 2190 3285 4380 5475 6570 7665
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Tempo em dias a partir de 01/01/1978
Assa
Precipitão (mm)
80
b)
Figura 5.4 - a) gráfico de precipitação de chuvas da cidade de Assaré.
b) gráfico de precipitação de chuvas da cidade de Cratos.
POSTOS ANALISADOS DA REGIÃO NE
MUNICÍPIO POSTO FALTAS H ERRO(H)
ASSARÉ 1 0 0.7369 0.0412
BOA VIAGEM 2 0 0.7414 0.0429
ORÓS 3 31 0,7591 0,0417
QUIXERAMOBIM 4 0 0.7689 0.0382
CRATO 5 0 0.7148 0.0476
QUIXADÁ 6 0 0.7716 0.0456
SOBRAL 7 0 0.7943 0.0482
TIANGUÁ 8 0 0.7884 0.0503
Média geral H=0,7494 erro medio 0,0445
Tabela 5.10 - Valor de H para séries da região nordeste.
0 1095 2190 3285 4380 5475 6570 7665
0
20
40
60
80
100
120
140
Tempo em dias a partir de 01/01/1978
Crato
Precipitão (mm)
81
5.4 - Espectro de potência wavelet para as séries temporais de chuva
No capítulo 2 foi mostrado a utilização da transformada wavelet para a
identificação dos períodos presentes em uma série por meio de escalogramas e pelo espectro
de potência wavelet.
TRIGO et all, 1996, estudando a variação dos caudais diários de rios
brasileiros e portugueses, BOLZAN, 2004, analisando a variação do número de manchas
solares e ZANANDREA et all, 2005, trabalhando com a detecção de sinais de radares,
utilizaram o espectro de potência wavelet para identificar períodos presentes nas séries
temporais.
Nas séries de precipitação de chuvas completas (7305 elementos) foi
calculado o espectro de potência da wavelet, com o intuito de encontrar os períodos presentes
em cada série.
O procedimento para a determinação do espectro de potência da wavelet
pode ser descrito em cinco etapas:
1- a wavelet usada foi a Daubechies de ordem 8 e a escala em potência de dois;
2- com as séries de precipitação de chuvas (soma cumulativa dos desvios da média
devidamente já corrigidas), foi calculada a transformada wavelet, usando a função cwt
("continuou wavelets transforms") do programa MATLAB, obtendo os coeficientes da
transformada wavelet em função da escala;
3- para cada escala foi feita a soma do quadrado do valor absoluto dos coeficientes e depois
dividido pelo valor da escala determinando, assim, o espectro de potência wavelet (
D);
4- usando a função scal2freq do programa MATLAB, encontramos as freqüências (pseudo-
freqüências) correspondentes a cada escala e por meio da relação período = freqüência
-1
obtemos os períodos (T), e,
5- confeccionando o gráfico monolog D x T (T no eixo logarítimo) podemos encontrar os
períodos presentes nas séries temporais de chuva.
82
Para cada série esse procedimento foi aplicado e os gráficos presentes nas
figuras 5.5 a 5.13.
a)
b)
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
x 10
4
Região II - E6012
Peodo em dias
Espectro de potência wavelet
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
x 10
5
Região II - E4028
Período em dias
Espectro de potência wavelet
83
c)
Figura 5.5 - Espectro de potência de séries de precipitação de chuvas da região climática
II (a, b e c).
Figura 5.6 - Espectro de potência de série de precipitação de chuvas da região climática
III.
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
0
0.5
1
1.5
2
2.5
x 10
5
Região II - E6032
Peodo em dias
Espectro de potência wavelet
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
0
1
2
3
4
5
6
7
8
x 10
5
Região III - D1020
Peodo em dias
Espectro de potência wavelet
84
a)
b)
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
0
1
2
3
4
5
6
7
x 10
5
Região V - D4030
Peodo em dias
Espectro de potência wavelet
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
0
1
2
3
4
5
6
x 10
5
Região V - D4105
Peodo em dias
Espectro de potência wavelet
85
c)
d)
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
0
1
2
3
4
5
6
x 10
5
Região V - D5077
Período em dias
Espectro de potência wavelet
Figura 5.7 - Espectro de potência de séries de precipitação de chuvas da região climática V
(a, b, c, d).
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
0
1
2
3
4
5
6
7
x 10
5
Região V - D4016
Peodo em dias
Espectro de potência wavelet
86
Figura 5.8 - Espectro de potência de série de precipitação de chuvas da região climática
VII.
a)
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
0
1
2
3
4
5
6
x 10
5
Região VI - D4044
Peodo em dias
Espectro de potência wavelet
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
4.5
x 10
5
Região VIII - C8030
Peodo em dias
Espectro de potência wavelet
87
b)
c)
Figura 5.9 - Espectro de potência de séries de precipitação de chuvas da região climática
VIII (a, b, c).
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
0
1
2
3
4
5
6
x 10
5
Região VIII - D6098
Peodo em dias
Espectro de potência wavelet
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
0
1
2
3
4
5
6
x 10
5
Região VIII - B7024
Peodo em dias
Espectro de potência wavelet
88
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
x 10
5
Região IX - D8038
Período em dias
Espectro de potência wavelet
Figura 5.10 - Espectro de potência de série de precipitação de chuvas da região climática
IX.
89
CAPÍTULO 6
Conclusões
1- No capítulo quatro foi discutido sobre a estimativa do expoente de Hurst por
meio da transformada wavelet e o processo foi testado utilizando-se séries de fbm geradas
com um valor de H conhecido a priori.
O resultado mostrou que o método de estimativa do expoente de Hurst por
meio da transformada wavelet é consistente ao apresentar, para os valores de H testados,
valores muito próximos dos valores de H estabelecidos a priori.
Um outro ponto a ser ressaltado é o fato do desvio padrão (calculado quando
foi feita a média do valor de H para cada conjunto de cem séries) ser pequeno demonstrando
coerência nos resultados.
Com estes resultados podemos dizer que o método da transformada wavelet
para estimar o expoente de Hurst para um movimento browniano fracionário é confiável e
abrangente.
2- Na escolha do tamanho das séries temporais de precipitação de chuvas que
foram analisadas, foi levado em conta, principalmente, a disponibilidade dessas séries para
cada região climática do estado de São Paulo. O valor escolhido foi de 7305 elementos que
90
corresponde a uma série diária de precipitação de chuvas no período de primeiro de janeiro de
1978 a trinta e um de dezembro de 1997.
Para testar a dependência do tamanho da série na estimativa do expoente de
Hurst recorremos novamente às séries de movimento browniano fracionário. A partir de séries
geradas com H=0,5 e com tamanho 2
13
, o tamanho foi sendo reduzido e o valor de H
recalculado.
Os gráficos da figura 4.2 nos mostram que para séries, com tamanhos
correspondentes a vinte anos, o valor de H está em uma região de estabilidade (sem grandes
variações) e que o valor do erro cometido ao estimar o valor de H é pequeno. Seguindo a
tendência dos gráficos se o número de elementos aumentasse o valor de H seria melhor
definido, porém, a dificuldade em encontrar séries de precipitação de chuvas seria muito
grande.
3- É comum encontrar em séries de precipitação de chuvas ausências de
medições que interrompem a série transformando em duas ou mais séries menores. Duas
sugestões para aproveitar o maior número de elementos da série foram analisadas. A primeira
trata de substituir as ausências pela média de precipitações anteriores, justificada pelo fato que
o expoente de Hurst tem características de memória e a segunda simplesmente unir as partes
da série sem interrupções baseado no fato que o valor de H é característica da série como um
todo.
As duas sugestões testadas apresentaram resultados muito próximos e com
um erro muito pequeno e no nosso trabalho optamos pela segunda sugestão por ser mais
simples, apresentar um erro menor e principalmente por ser a série de chuvas auto-afim cada
um dos trechos unidos guarda as mesmas características estatísticas da série como um todo.
4- Com os métodos testados e aprovados o próximo passo foi estimar o
expoente de Hurst para as regiões climáticas do estado de São Paulo.
Nas tabelas 5.1 a 5.9 verificamos que os valores de H dentro de cada região
e também entre as regiões não tem uma variação muito grande ficando em torno de 0,6. Na
figura 5.3 temos o valor médio de H para cada região e sub-região.
No estado de São Paulo as chuvas, em todas as regiões climáticas, são
reguladas pela atuação das correntes da circulação atmosférica da vertente atlântica da
91
América do Sul sendo a mais influente a Frente Polar Atlântica que atua desde o rio Prata até
as proximidades da linha do Equador. Dependendo da atividade das massas polares (tamanho
e freqüência com que são geradas) é que aparecem as diferenças nas quantidades anuais de
chuvas. Um ano de elevada atividade polar implica em elevada pluviosidade para todo o
território paulista.
Os índices pluviométricos anuais do estado de São Paulo oscilam entre 1100
a 2000 mm, existindo pequenas áreas serranas do litoral que chegam em torno de 4500 mm
(uma das maiores do país) e mesmo as regiões mais secas (pequenas áreas) os índices não são
inferiores a 950 mm.
Em função das regiões climáticas receberem praticamente a mesma
influência das frentes polares e pelo alto índice pluviométrico era de se esperar que o valor
estimado do expoente de Hurst para as regiões estivessem muito próximos uns dos outros,
uma vez que, as séries de precipitação de chuvas se referem ao mesmo período de observação.
As diferenças de valores de H, encontrados entre as regiões e sub-regiões, se
devem ao fator relevo e ao fato de receber as frentes com força total ou já aliviadas de sua
quantidade de água.
Quando foi feito, para efeito de comparação, a estimativa do expoente de
Hurst para séries temporais de chuvas de algumas cidades do estado do Ceará, encontramos
um valor médio 0,75 para cidades que tem um valor médio anual de precipitação em torno de
857 mm e os períodos seco e chuvoso bem definidos. Isto vem mostrar que os valores de H
encontrados no estado de São Paulo foram bem estimados, uma vez que, aqui os períodos
seco e chuvoso não são bem definidos.
5- A análise dos períodos presentes nas séries de precipitação de chuvas, por
meio do espectro de potência wavelet, só foi feita para as séries que apresentavam todas as
medições do período (7305 dias). O resultado do espectro de potência wavelet é um gráfico
com o tempo no eixo das abscissas e quando se usa uma série que teve os trechos com
medições unidos é equivalente dizer que trechos do eixo do tempo foram eliminados e a
análise espectral perde o sentido. Para usar séries que tiveram trechos unidos ou substituídos
pela média das medições anteriores há necessidade de se fazer um estudo mais aprofundado
para ver a influência da união dos trechos ou a substituição pela média no deslocamento dos
períodos presentes.
92
Dos períodos encontrados nas séries de precipitação de chuvas, o que mais
se destaca é o período em torno de 365 dias que está presente em todas as séries.
Devido à pequena quantidade de séries completas dentro de cada região a
análise fica prejudicada ficando as diferenças encontradas caracterizadas pelas especificidades
do relevo de cada região, uma vez que todas as regiões do estado de São Paulo estão sujeitas
às mesmas influências das frentes polares.
Com exceção da região IX todas as outras apresentam um segundo período
variando de 1200 a 4000 dias. A região II apresenta um segundo período com valor médio de
1400 dias. O segundo pico da única série disponível da terceira região aparece em torno de
4000 dias, o maior período encontrado.
A região VI apresenta uma única série com período de 1200 dias e a região
V aparece com um valor médio de 2200 dias.
As regiões VIII e IX recebem influência direta da Frente Polar do Atlântico
sendo que esta passa primeiro na região IX, descarregando a maior parte das chuvas, e depois
vai para a região VIII. Provavelmente por causa disso a região VIII não apresenta o segundo
período em torno de 1000 dias, como na região IX, coincidindo o terceiro período da IX com
o segundo da oitava região. Na região oitava somente as frentes polares de alta intensidade
que tem influência na precipitação de chuvas.
A análise feita da periodicidade usando o espectro de potência wavelet foi
superficial por termos usado séries com tamanho limitado a 20 anos. Sugerimos como
trabalho futuro um estudo mais aprofundado do espectro de potência wavelet com relação à
limitação do tamanho da série na identificação da periodicidade e a identificação dos períodos
em séries de precipitação de chuvas das várias regiões climáticas do Brasil fazendo uma
comparação entre séries do litoral e de regiões centrais.
93
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100
APÊNDICE I
Programa fbmfeder: utiliza a equação 9.25 do livro FRACTALS de Jens Feder, 1988 e foi
codificado para o
software MATLAB por Juha Merikoski.
function Ball=fbmfeder(H,TN,Nruns)
% fbm.m - Fractional Brownian Motion (Juha Merikoski)
% Eq.(9.25) of 'Fractals' by Feder (with error corrected)
% Before run set e.g. as follows
%H=0.7; TN=1000; M=700; n=8; Nruns=5;
%TN numero de pontos gerados
%Nruns numero de series geradas
%dB ruido
%Ball fbm
M=700; n=8;
%disp(['H=' num2str(H) '; TN=' int2str(TN) '; M=' int2str(M) ...
% '; n=' int2str(n) '; Nruns=' int2str(Nruns)]);
Hmh=H-1/2;
normf=1/((n^H)*gamma(H+1/2));
powmax=max([n*TN+n*M]);
ipow=1:1:powmax;
ipow=(ipow/n).^Hmh;
Ball=zeros(Nruns,TN);
dBall=zeros(Nruns,TN);
for irun=1:Nruns,
nxi=n*TN+n*M;
xi=randn(1,nxi);
B=zeros(1,TN);
dB=zeros(1,TN);
for t=1:1:TN,
dB(t)=0;
for i=1:1:n
dB(t)=dB(t)+ipow(i)*xi(1+n*(M+t)-i);
end;
for i=1:n*(M-1),
dB(t)=dB(t)+(ipow(n+i)-ipow(i))*xi(1+n*(M+t-1)-i);
end;
end;
Ball(irun,:)=cumsum(dB)*normf;
dBall(irun,:)=dB*normf;
if mod(irun,Nruns/5)==0,
cloc=clock;% disp([' : ' num2str([irun/Nruns cloc(4:6)])]);
end;
end;
101
APÊNDICE II
Programa mpdwalk: utiliza o algoritmo do deslocamento do ponto médio descrito por VOSS,
PEITGEN et all, 1988 e foi codificado para o
software MATLAB por MIDDLETON, 1995.
function y=mpdwalk(yb,yf,n,h)
% y=mpdwalk(yb,yf,n,H)
% returns a vector y consisting of steps in a fractional random
% walk from y = yb to y = yf. The number of steps is 2^n, i.e.,
% n is the number of times the line is divided into midpoints.
% H is the Hurst coefficient: H = 0.5 for Brownian walks
% 0.5 < H < 1 implies long-range correlation (persistence)
% 0 < H 0.5 implies antipersistence. Press space-bar to start.
% Written by Gerry Middleton, December 1995, using the mid-point
% displacement algorithm.
y=zeros(2^n+1,1);
for i=n:-1:1
xl=1;
dx=2^(i-1);
jlim=2^(n-i);
for j=1:jlim
xr=xl+2*dx;
xm=xl+dx;
y(xm)=0.5*y(xl)+0.5*y(xr)+randn*dx^h;
xl=xr;
end
end
%plot(y);pause;close
102
APÊNDICE III
Programa fbmsim: baseia-se no artigo "Simulation of stacionary gaussian processes [0,1]
d
" de
WOOD e CHAN, 1994 e a codificação para o
software MATLAB foi apresentada por
JOHANSSON, 2000.
function BH = fbmsim(gridpts,H,s2)
% BH = fbmsim(gridpts,H,s2)
% fbmsim generates a realisatiofl of fractional Brownian motion, BH, with
% Hurst parameter H in (0,1) and Var(BH(1)»~s2 at the times specified iii
% the vector gridpts which is of the form 0:n where n is an integer > O.
% The simulated process can later easily be rescaled to another grid
% resolution.
% The metod of simulation is based on the article
% Joachim .Johansson
% Dept. Mathematical Statistics
% Chalmers University of Technology
% Gàteborg, Sweden
% 2000-01-05
maxg = 23; % Maximum value of g bef ore we make an
% approximation of the circulant matrix
% The names of the variables coinside vith the notation in the article
% whenever possible.
n = length(gridpts); % Nuniber of timepoints
% Find our value of g
ok = 0;
g = ceil(log(2*(n-1))/log(2));
while (ok == 0) & (g <= maxg)
m=2^g;
t = [(0:(m/2)) (m-((m/2+1):(m-1)))];
c = 0.5*(abs(t-1).^(2*H) + abs(t+1).^(2*H) - 2*(abs(t).^(2*H)));
lambda = fft(c);
if (max(abs(imag(lambda))) < 0.0001) & (min(real(lambda)) > -0.001) ok = 1;
lambda = real(lambda); lambda = max(0,lambda); else
g = g+1;
end;
end;
% We might have to make an approximation of the circulant matrix if
% the value of g is too large.
if (g > maxg)
['No suitable g found, approximating C']
g =ceil(log(2*(n-1))/log(2));
m=2^g;
t = [(0:(m/2)) (m-((m/2+1):(m-1)))];
c = 0.5*(abs(t-1).^(2*H) + abs(t+1).^(2*H) - 2*abs(t).^(2*H));
lambda1 = fft(c);
lambda = max(0,lambda);
rho = sum(lambda)/sum(lambda1);
lambda = rho*lambda;
end;
% Geiierate our realisation of the increment prOCeBS, Y ...
randn('state',sum(100*clock));
U = randn(1,m/2);
V = randn(1,m/2);
tmpl = (1/sqrt(2*m))*sqrt(lambda(2:(m/2))).*(U(2:(m/2)) + i*V(2:(m/2)));
tmp2 = (1/sqrt(2*m))*sqrt(lambda(2:(m/2))).*(U(2:(m/2)) - i*V(2:(m/2)));
tmp2 = fliplr(tmp2);
a = [sqrt(lambda(1)/m)*U(1) tmpl(:)' sqrt(lambda(m/2+1)/m)*V(1) tmp2(:)'];
Y = real(fft(a));
Y =Y(1:n);
BH = sqrt(s2)*(cumsum(Y)-Y(1));
103
APÊNDICE IV
Programa fbmlevinson: utiliza a fatoração de Cholesky/Levinson, foi confeccionado por
GONÇALVES, 1997 e faz parte do FRACTAL ANALYSIS SOFTWARE.
function [x,y,r] = fbmlevinson2(N,H,tmax,sigma,seed) ;
% fbmlevinson
% Levinson synthesis of a fractional Brownian motion
% Paulo Goncalves
% June 6th 1997
%
% Generates a Fractional Brownian Motion (fBm) using Cholesky/Levinson
% factorization
%
% 1. Usage
%
% ______________________________________________________________________
% [x,y,r] = fbmlevinson(N,H,[seed])
% ______________________________________________________________________
%
% 1.1. Input parameters
%
% o N : Positive integer
% Sample size of the fBm
%
% o H : Real in [0,1]
% Holder exponent
%
% o seed : real scalar
% Random seed generator
%
% 1.2. Output parameters
%
% o x : real vector [1,N]
% Time samples of the fBm
%
% o y : real vector [1,N]
% Vector of N i.i.d. white standard Gaussian r.v.'s (input process of
% the generator)
%
% o r : real vector [1,N]
% First row of the var/cov Toeplitz matrix R of the increment
% process w[k] = x[k+1] - x[k].
%
% 2. See also:
%
% mbmlevinson
%
% 3. Examples
%
% % Synthesis of a fractional Brownian Motion with Holder exponent H
% N = 1024 ; H = 0.8 ;
% t = linspace(0,1,N) ;
% clf ;
% [x] = fbmlevinson(N,H) ;
% plot(t,x) ;
% title ('Fractional Brownian Motion - H = 0.8') ;
% xlabel ('time') ;
%
% This Software is ( Copyright INRIA . 1998 1999 1 )
%
% INRIA holds all the ownership rights on the Software.
% The scientific community is asked to use the SOFTWARE
% in order to test and evaluate it.
%
% INRIA freely grants the right to use modify the Software,
% integrate it in another Software.
% Any use or reproduction of this Software to obtain profit or
% for commercial ends being subject to obtaining the prior express
% authorization of INRIA.
%
% INRIA authorizes any reproduction of this Software.
%
% - in limits defined in clauses 9 and 10 of the Berne
% agreement for the protection of literary and artistic works
% respectively specify in their paragraphs 2 and 3 authorizing
% only the reproduction and quoting of works on the condition
% that :
%
% - "this reproduction does not adversely affect the normal
104
% exploitation of the work or cause any unjustified prejudice
% to the legitimate interests of the author".
%
% - that the quotations given by way of illustration and/or
% tuition conform to the proper uses and that it mentions
% the source and name of the author if this name features
% in the source",
%
% - under the condition that this file is included with
% any reproduction.
%
% Any commercial use made without obtaining the prior express
% agreement of INRIA would therefore constitute a fraudulent
% imitation.
%
% The Software beeing currently developed, INRIA is assuming no
% liability, and should not be responsible, in any manner or any
% case, for any direct or indirect dammages sustained by the user.
%
% Any user of the software shall notify at INRIA any comments
% concerning the use of the Sofware (e-mail : FracLab@inria.fr)
%
% This file is part of FracLab, a Fractal Analysis Software
if all(H-H(1))
error('Time-dependant regularity not allowed yet.')
end
switch nargin
case 2
tmax = N-1 ;
sigma = 1 ;
seed = rand(1) * 1e6 ;
shift = 1 ;
case 3
sigma = 1 ;
seed = rand(1) * 1e6 ;
shift = tmax/N ;
case 4
seed = rand(1) * 1e6 ;
shift = tmax/N ;
case 5
shift = tmax/N ;
end
t = linspace(0,tmax,N) ;
s = 0 ;
alpha = 2*H ;
r = sigma^2*(abs(t+shift-s).^alpha + abs(t-s-shift).^alpha - ...
2*abs(t-s).^alpha)/2 ;
randn('seed',seed) ;
y = randn(N,1) ;
x = zeros(1,N) ;
inter1 = r ;
inter2 = [0 r(2:N) 0] ;
Y = y(1)*r ;
k = -inter2(2) ;
aa = sqrt(r(1)) ;
for j = 2:N
aa = aa*sqrt(1-k^2) ;
inter = k*inter2(j:N) + inter1(j-1:N-1) ;
inter2(j:N) = inter2(j:N) + k*inter1(j-1:N-1) ;
inter1(j:N) = inter ;
bb = y(j)/aa ; ;
x(j:N) = x(j:N) + bb*inter1(j:N) ;
k = -inter2(j+1)/(aa^2) ;
end
x = cumsum(x(:)) ;
105
APÊNDICE V
Programa para gerar séries de fbm e estimar o valor de H
% Programa para gerar séries de fbm e estimar o valor de H
% As séries são geradas com 16384 elementos e usados os 7305 centrais
% A escolha do tipo de gerador a ser usado é feita nas linhas 23 a 27
% As séries serão geradas com H= 0.3, 0.4, 0.5, 0.6, 0.7 (variável hu)
% Para cada valor de H serão geradas 100 séries e para cada uma o valor
% de H é estimado
%
% Programa elaborado por Luiz Roberto Salomão jun/2005
%
clear
close all
clc
hu=0.3;% primeiro H
nupon=16384;%tamanho da serie gerada;
nusada=7304;%tamanho da serie usada (centro da serie gerada);
nh=5; %número de Hs usados
nsg=100;%número de séries geradas para cada H;
for ih=5:nh
for i100=1:nsg
% xx=função geradora do mov brow
%xx=mpdwalk(0,1,14,hu);%********
[xx] = fbmlevinson(nupon,hu) ;%********
%xx=fbmfeder(hu,nupon,1);%*******
%xx = fbmsim(0:nupon,hu,0.5);%********
%y=xx(4540:11844)';
plot(y(1:nusada));pause;close;
% Corrige pela reta primeiro e ultimo ponto
len=length(y);
nusada=len;
a=polyfit([1,nusada],[y(1),y(nusada)],1);
for v=1:nusada
x(v)=y(v)-(a(1)*v+a(2));
end
plot(x(1:nusada));pause;close;
% Cálculo dos coeficientes da transformada wavelet
escala=floor(log2(len));
coefs=cwt(x,2.^(0:escala),'db8');
for i=1:escala
z(i)=log2(mean(abs(coefs(i,:)))); % log2 abs mean coeficient.
end
% Estimativa de H
eixox=1:escala;
coef=polyfit(eixox,z,1);
s1=num2str(coef(1)-0.5);
f1=polyval(coef,eixox);
ss = ['Estimativa de H:' s1 ];
%plot(eixox,z,'.'),xlabel('log2 scales'),ylabel('log2 mean abs coef')
%hold on
%plot(eixox, f1, 'g'), title(ss)
%hold off;pause;close;
% Cálculo do erro
reta=polyval(coef,eixox);
erroy=sqrt(sum((z-reta).^2)/(length(z)-2));
delta=length(eixox)*sum(eixox.^2)-(sum(eixox))^2;
erroh=erroy*sqrt(length(z)/(delta));
err(ih,i100)=erroh;
hmed(ih,i100)=coef(1)-0.5;
end
hu=hu+0.1;
end
%Salva os valores de H e do erro
save('hmedfbmlevinson.mat','hmed');
save('errffbmlevinson.mat','err');
for i=1:nh
hmedio(i)=mean(hmed(i,:));
erromedio(i)=mean(err(i,:));
disp(['H médio = ' num2str(hmedio(i)) ' Erro médio = ' num2str(erromedio(i))]);
end
106
APÊNDICE VI
Programa para estimar o expoente de hurst de séries temporais de chuva
% Programa para estimar o expoente de hurst de séries temporais de chuva
% utilizando transformada wavelet e fourier
%
% Desenvolvido por Luiz Roberto Salomão jun/2005
%
%
%
clear
close all
clc
fprintf('\n Estima o H por wavelets (db8) e Fourier %s\n',datestr(now))
fprintf('\n \n')
% Carregando o arquivo que contém a série
ss=input('Entre com o nome do arquivo ( nome.mat ): ','s');
disp(['Arquivo ' ss]);
load(ss);
plot(x0);pause;close;
len=length(x0);
% Correção pela média
media=mean(x0);
x1=x0-media;
plot(x1);pause;close;
% Soma cumulativa
x2=cumsum(x1);
plot(x2);pause;close;
%corrige pela reta que passa pelo primeiro e ultimo ponto
a=polyfit([1,len],[x2(1),x2(len)],1);
for v=1:len
x(v)=x2(v)-(a(1)*v+a(2));
end
plot(x);pause;close;
% Define a escala
esc=floor(log2(len));
escala=2.^(0:esc);
% Calcula os coeficientes da transformada wavelet
coefs=cwt(x,escala,'db8');
% Calcula o log da média do valor absoluto dos coeficientes
for i=1:esc
z(i)=log2(mean(abs(coefs(i,:))));
end
% Construção do gráfico log2 mean coef X log2 escala (estimativa de H)
eixox=1:esc;
coef=polyfit(eixox,z,1);
s1=num2str(coef(1)-0.5);
f1=polyval(coef,eixox);
s2 = ['Estimativa de H por wavelet: ' s1 ];
plot(eixox,z,'.'),xlabel('log2 escala'),ylabel('log2 mean abs coef')
hold on
plot(eixox, f1, 'g'), title(s2)
hold off;pause;close;
% Cálculo do erro ao estimar H
reta=polyval(coef,eixox);
erroy=sqrt(sum((z-reta).^2)/(length(z)-2));
delta=length(eixox)*sum(eixox.^2)-(sum(eixox))^2;
erroh=erroy*sqrt(length(z)/(delta));
s3=[s2 ' Erro= ' num2str(erroh)];
disp(s3)
% Estimativa de H por Fourier
%
% Cálculo da transformada de Fourier
y = fft(x);
% Cálculo da 'Potência' e log da primeira metade dos coeficientes
yy = y .* conj(y);
p = log(yy(fix(2:len/2)));
% Cálculo do log da freqüencia
f = log(1: len/2 - 1);
% Traçado do gráfico log Potencia X log freqüência
plot(f, p), xlabel('log frequencia'), ylabel('log potencia');
hold on;
Nmin = 16;
Nmax = floor(15*len/32);
p1 = polyfit(f, p, 1);
p2 = polyfit(f(Nmin:Nmax), p(Nmin:Nmax),1)';
s4 = num2str(-(p2(1)+1)*0.5);
s5 = ['Estimativa de H por Fourier: ' s4];
f1 = polyval(p1, f);
f2 = polyval(p2, f(Nmin:Nmax));
107
plot(f(Nmin:Nmax), f2, 'r'), title(s5);
hold off;pause;close;
% Cálculo do erro ao estimar o H por Fourier
length(p(Nmin:Nmax));
length(f2);
erroP=sqrt(sum((f2-p(Nmin:Nmax)).^2)/(length(Nmin:Nmax)-2));
eixofreq=(Nmin:Nmax);
deltafreq=length(eixofreq)*sum((f(Nmin:Nmax)).^2)-(sum(f(Nmin:Nmax)))^2;
errohf=erroP*sqrt(length(eixofreq)/deltafreq);
s6=[s5 ' Erro= ' num2str(errohf)];
disp (s6);
108
APÊNDICE VII
WAVELETS DAUBECHIES
O resumo aqui apresentado para a construção das wavelets Daubechies se
baseia nos trabalhos de DECLAN, 1997, STRANG, 1989, STRANG, 1994, HARPEN, 1998,
MALONE, 2000 e BURRUS et all, 1998.
Dada uma função de dilatação (em inglês
dilation)
+∞<<Φ=Φ
=
x- para )kx2(h )x(
1-M
0k
k
(1)
com coeficientes h
k
constantes para k=0,1,2,3,......M-1 com M par, a função wavelet pode ser
definida por:
=
Φ=Ψ
1-M
0k
k-1-M
k
k)-(2x h (-1) )x( (2)
Os valores de h
k
fora do intervalo {0,1,.......M-1} são iguais a zero.
A condição de ortonormalidade estabelece que:
δ=ΦΦ dx)bx()ax(
ab
com a e b Є Z
e teremos:
=
+
=δ=
1M
0k
0q2qkk
.0,1,2,3...q 2 h h (3)
A condição que a wavelet tenha decaimento rápido, com M2 e M par, nos
leva a:
∑∑
==
+
==
2
1M
0k
2
1-M
0k
12kk2
1 h h (4)
Existe uma grande quantidade de conjuntos de h
k
que satisfazem as
equações 3 e 4. Entretanto se considerarmos que a wavelet tem média igual a zero, teremos
um único conjunto de h
k
:
109
1
2
M
0,1.......m com 0 h k )1(
1M
0k
k-1-m
mk
===
=
(5)
Se os coeficientes satisfazem as equações
3, 4, e 5 podemos a partir da
equação 1 encontrar a equação de dilatação e calcular a equação da wavelet.
No apêndice C do livro "Introduction to wavelets and wavelet transforns"
(BURRUS et all,1998) e no site
http://www.dsp.rice.edu/software/wavebook.shtml (acesso em
18 set. 2006), encontramos a codificação para o software MATLAB, da determinação dos
coeficientes h
k
(função DAUB), da iteração da função de dilatação (função PSA) e da
construção da wavelet (função WAVE).
Para a wavelet de ordem 8 os coeficientes h
k
, determinados pela função
DAUB, são:
h
1
= 0,2303 h
2
= 0,7148 h
3
= 0,6308 h
4
= -0,0279
h
5
= -0,1870 h
6
= 0,0308 h
7
= 0,0328 h
8
= -0,0105
Partindo de uma função constante, usando a função PSA, a função de
dilatação é iterada. A
figura VII-1 mostra a função de dilatação após cada iteração e a figura
VII-2 a wavelet construída a partir da função de dilatação pela função WAVE.
Figura VII-1 - Iterações da função de dilatação
0 500 1000
-2
0
2
0 500 1000
0
0.1
0.2
0 500 1000
-0.5
0
0.5
0 500 1000
-0.5
0
0.5
0 500 1000
-1
0
1
0 500 1000
-2
0
2
0 500 1000
-2
0
2
0 500 1000
-2
0
2
1
2
3
4
56
78
110
Figura VII-2 - Wavelet Daubechies de ordem 8 construída após oito iterações da função de
dilatação.
0 1 2 3 4 5 6 7
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
Wavelet daubechies de ordem 8
x
Psi(x)
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