Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS
MÉDICAS: PSIQUIATRIA
ASSOCIAÇÃO ENTRE A RECORDAÇÃO DOS CUIDADOS
PARENTAIS E QUALIDADE DE VIDA NA IDADE ADULTA
Jacques José Zimmermann
Porto Alegre, 2005
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS:
PSIQUIATRIA
ASSOCIAÇÃO ENTRE A RECORDAÇÃO DOS CUIDADOS
PARENTAIS E QUALIDADE DE VIDA NA IDADE ADULTA
Dissertação de Mestrado, apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências Médicas:
Psiquiatria como requisito para a obtenção do título de Mestre em Psiquiatria.
Jacques José Zimmermann
Aluno
Prof. Dr. Marcelo Pio de Almeida Fleck
Orientador
Prof. Dr. Martin Raimund Eisemann
Co-orientador
Porto Alegre, dezembro de 2005
ads:
3
Catalogação-na-Publicação
Z73 Zimmermann, Jacques José
Associação entre a recordação dos cuidados
parentais e qualidade de vida na idade adulta / Jacques
José Zimmermann. – 2005.
84 f.
Dissertação (mestrado) — Programa de Pós-Graduação em Ciências
Médicas: Psiquiatria, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Pio de Almeida Fleck,
co-orientador: Prof. Dr. Martin Raimund Eisemann.
1. Qualidade de vida 2. Relações pais-filho : Cuidados 3.
I. Fleck, Marcelo Pio de Almeida II. Eisemann, Martin
Raimund III. Título
NLM WA30
(Bibliotecária responsável: Elise Maria Di Domenico Coser – CRB-10/1577)
4
Índice
Agradecimentos 05
Resumo
Português
06
Inglês
07
Revisão da Literatura
Estilo de cuidados parentais
08
Psicologia Positiva
18
Qualidade de Vida
21
Justificativa do Estudo 24
Hipóteses 24
Objetivos 25
Delineamento 26
Aspectos Éticos 26
Artigo Científico
Português
28
Inglês
52
Comentário final 74
Referências Bibliográficas 75
Anexos
Termo de consentimento
78
Dados demográficos
79
Critério de Classificação Econômica do Brasil
79
s-EMBU
80
Inventário de Estratégias de Coping
82
Escala de Reajustamento Social
85
Inventário de Depressão de Beck
86
5
Agradecimentos
Agradeço aos meus pais, especialmente pelo exemplo de uma vida
dedicada ao ensino.
À minha esposa Anna Joaquina, companheira desta primeira
caminhada.
Ao Prof. Marcelo Pio de Almeida Fleck, pela confiança depositada em
mim e, acima de tudo, pelo exemplo de abnegação e ausência de fatuidade.
Agradeço também
Ao meu co-orientador Martin Eisemann pelo seu apoio e entusiasmo.
A Andréa Pinheiro pelo estímulo incessante; pela ajuda em momentos
críticos; e, sobretudo, pela nossa amizade de décadas.
A todos os colegas do grupo de pesquisa, especialmente aos amigos
Eduardo Chachamovich e Marcelo Berlim.
Aos professores Susan Folkman, Guus Van Heck, José Roberto Goldim
e Ricardo Gorayeb pela disponibilidade e pelas valiosas sugestões ao projeto.
À Vânia Hirakata, Sídia Maria Calegari Jacques e Daniela Benzano pela
assistência em bioestatística e pelos conhecimentos que me transmitiram.
Ao professor Ronaldo Bordin e seus colegas do Departamento de
Medicina Social da UFRGS, Dvora Joveleviths, Mauro Luiz Pozatti, Maria da
Glória de Leon Nunes e Jussara Carnevale, sem a colaboração dos quais não
teria sido possível a coleta de dados. À Clarissa Trentini por ter permitido a
experiência-piloto de coleta. À Paula Antunes pela ajuda no trabalho de
campo.
6
Resumo
Introdução: A ausência de cuidados parentais satisfatórios tem sido associada
a psicopatologia na vida adulta. Existem poucos estudos que associam
cuidados parentais com desfechos positivos em saúde. A hipótese do presente
estudo é a de que cuidados parentais favoráveis podem estar associados a
uma melhor qualidade de vida na idade adulta.
Método: Foram avaliados 303 alunos da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, Brasil, através de instrumentos de qualidade de vida (WHOQOL-bref),
cuidados parentais (s-EMBU), mecanismos de enfrentamento frente a
situações estressantes (Inventário de Estratégias de Coping), eventos de vida
(Escala de Avaliação de Reajustamento Social) e sintomas de depressão
(Inventário de Beck para depressão). Os dados obtidos foram analisados
através de uma regressão linear múltipla hierárquica utilizando o pacote de
software SPSS 12.
Resultados: Verificou-se que eventos precoces como o estilo de cuidados
parentais recordados pelos sujeitos podem influenciar a qualidade de vida
adulta; a qualidade de vida é influenciada por variáveis compreendidas num
extenso período cronológico, desde variáveis mais distais, como sexo e classe
social, até variáveis mais proximais, como a medida de depressão na última
semana. O calor emocional materno mostrou-se altamente correlacionado à
qualidade de vida global, no domínio psicológico e no de relações sociais dos
estudantes que participaram da pesquisa. Mesmo se tratando de população
não clínica, a medida de sintomas de depressão foi a variável preditora que
mais influenciou na qualidade de vida. As estratégias de enfrentamento
utilizadas frente a situações reais de estresse não se mostraram mediadoras
do desfecho.
Conclusão: Este estudo, portanto, substancia a noção empírica de que
cuidados parentais favoráveis podem estar associados a uma melhor qualidade
de vida na idade adulta. Os resultados apontam para uma validade
discriminante satisfatória do WHOQOL-BREF em população não clínica.
7
Abstract
Introduction: Inadequate parental care has been associated with adult life
psychopathology. Few studies have looked at the relationship of parental
rearing behavior and positive health outcomes in the offspring. The hypothesis
of the present study is that favorable parental rearing behavior might be
associated with better quality of life in adulthood.
Method: quality of life (WHOQOL-BREF), parenting style (s-EMBU), coping
strategies (Coping Strategies Inventory), life events (Social Readjustment
Rating Scale) and symptoms of depression (Beck Depression Inventory) were
assessed in 303 students of Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brazil.
Data analysis was performed by means of hierarchic multiple linear regression
with the SPSS 12 packet.
Results: A very remote variable such as early life childcare practices was able
to influence adult quality of life; quality of life was also influenced by variables
encountered along a large extent of time, from distal variables, such as sex and
social class, to the proximal ones, such as depression rating in the prior week.
Maternal emotional warmth was highly correlated to the global quality of life and
with the psychological and social relationships domains of the students who
participated of the study. Although this was a non-clinical population,
depression symptoms’ rating was the variable that predicted quality of life with
the greatest influence. Coping strategies used in circumstances of actual stress
were not mediators of the outcome.
Conclusion: This study thus supports the empirical notion that favorable
parental care is associated with better quality of life in adulthood. The
WHOQOL-BREF displayed satisfactory discriminant validity in this non-clinical
population.
8
Revisão da Literatura
Introdução
Ser criado por pais biológicos ou substitutos representa uma experiência
comum a todos os indivíduos. Conseqüentemente, o potencial impacto de tais
experiências precoces na adaptação e na psicopatologia da vida adulta tem
despertado grande interesse em psiquiatras e psicólogos.
“Os pais... muitas vezes ferem por serem implacáveis,
sempre ameaçando, ralhando, brigando, chicoteando ou batendo;
de tal forma, suas pobres crianças tornam-se tão desanimadas e
acovardadas que, mais tarde, jamais terão qualquer coragem ou
algum momento de compaixão nas suas vidas ou terão prazer em
qualquer coisa... Outros, no extremo oposto, também causam
tanto prejuízo: muita benevolência tem o mesmo efeito” (Burton,
1621).
O trecho citado, retirado da tese de Robert Burton A Anatomia da
Melancolia, nos mostra como a questão da importância da infância para o bem
estar da vida adulta já era examinada em tempo anterior, quatro séculos antes.
Estilo de cuidados parentais
Foi apenas no início do século vinte que a importância da infância para o
bem estar da vida adulta passou a ser examinada de uma perspectiva
científica. A importância do desenvolvimento infantil foi salientada pela teoria
9
psicanalítica, fundamentada em repetidas descrições de disfunção nos
cuidados parentais relatados por pacientes adultos que procuravam
atendimento. Freud sintetiza tal experiência no artigo A história do movimento
psicanalítico (1914):
“Ao longo deste trabalho, descobrimos o processo mental,
característico das neuroses. As associações do paciente
retrocediam, a partir da cena que tentávamos elucidar, até as
experiências mais antigas, e compeliam a análise, que tencionava
corrigir o presente, a ocupar-se do passado. Esta regressão nos
foi conduzindo cada vez mais para trás; a princípio parecia nos
levar regularmente até a puberdade; em seguida, fracassos e
pontos que continuavam inexplicáveis levaram o trabalho analítico
ainda mais para trás, até os anos da infância que até então
permaneciam inacessíveis a qualquer espécie de exploração.
Essa direção regressiva tornou-se uma característica importante
da análise. Era como se a psicanálise não pudesse explicar
nenhum aspecto do presente sem se referir a algo do passado.”
John Bowlby, ainda nos anos 30 do século passado, passou a postular a
hipótese de que nenhuma variável teria efeitos mais vastos no
desenvolvimento da personalidade do que as experiências infantis no núcleo
familiar:
“O ponto fundamental de minha tese é de que existe uma
forte relação causal entre as experiências de um indivíduo com
seus pais e a sua posterior capacidade de fazer vínculos afetivos,
e que certas variações comuns nesta capacidade, que se
manifestam como problemas maritais, dificuldades com crianças,
assim como em sintomas neuróticos e transtornos de
10
personalidade, podem ser atribuídas a matizes na forma como os
pais desempenham seus papéis.”
1
Desde então, as recordações de adultos das suas infâncias vem
exercendo significativa influência em teorias de personalidade e psicopatologia,
partindo do princípio de que as experiências precoces representam o principal
determinante tanto de características de personalidade desadaptadas quanto
de suas manifestações psicopatológicas (EISEMANN, 1997).
O Estilo de Parentagem refere-se ao tipo de cuidado, físico e emocional,
dispensado pelos pais ou cuidadores aos filhos. De uma maneira geral, os
modelos teóricos compreendem duas dimensões, que podem ser resumidas
como (1) aceitação/calor versus rejeição e (2) autonomia psicológica versus
controle/superproteção. O primeiro fator é compreendido em termos de
sentimentos negativos ou hostis dos pais dirigidos à criança, enquanto que o
segundo é composto de atitudes destinadas a proteger a criança de possíveis
danos. Na literatura, as avaliações retrospectivas de cuidados parentais tem
sido predominantemente realizadas por meio de dois instrumetos
extensamente utilizados, o Parental Bonding Instrument (PBI) (PARKER,
TUPLING e BROWN, 1979) e o questionário Egna Minnen Beträffande
Uppfostran (EMBU), que designa o acrônimo sueco para “memórias próprias
referentes à criação” (PERRIS, JACOBSSON, LINDSTRÖM, VON KNORRING
1
“The key point of my thesis is that there is a strong causal relationship
between an individual’s experiences with his parents and his later capacity to make
affectional bonds, and that certain common variations in that capacity, manifesting
themselves in marital problems and trouble with children as well as in neurotic
symptoms and personality disorders, can be attributed to certain common variations in
the ways that parents perform their roles.”
Bowlby, 50th Maudsley Lecture, Royal College of Psychiatrists, 1977 (APUD Birtchnell, 1993).
11
e PERRIS, 1980). Durante o processo de validação de ambos os instrumentos,
foram encontrados fatores semelhantes que poderiam até mesmo receber as
mesmas denominações; além disso, é possível verificar que diferentes
pesquisadores aplicando estes diferentes instrumentos em diferentes
populações tem obtido resultados semelhantes (ROJO-MORENO L,
LIVIANOS-ALDANA L, CERVERA-MARTINEZ G, DOMINGUEZ-
CARABANTES JA, 1999). Foram realizadas até mesmo meta-análises
utilizando os dois instrumentos, como se os fatores de ambos fossem
intercambiáveis, o que não parece ser recomendável (LIVIANOS-ALDANA E
ROJO-MORENO, 1999, 2003).
Livianos-Aldana e Rojo-Moreno (2003), além disso, procuraram avaliar a
validade de constructo do PBI e do EMBU. Aplicaram ambos os questionários a
738 estudantes de medicina e odontologia, e submeteram os dois modelos ao
método structural equation modeling com o software AMOS. Embora tenham
encontrado pequenas diferenças entre os dois modelos examinados, o modelo
de três fatores do EMBU mostrou-se mais ajustado aos dados, e portanto mais
adequado do que o modelo de dois fatores do PBI.
A partir das pesquisas de Perris (1980) na Universidade de Umea, as 14
escalas originais passaram a ser submetidas a uma série de análises fatoriais.
Verificou-se, em um grande número de estudos, três padrões parentais, que
demonstraram capacidade de generalização transcultural e que propiciaram a
elaboração de versões abreviadas do EMBU, da qual destacamos o s-EMBU
pelo seu desenvolvimento simultâneo em diferentes centros, como parte de um
12
projeto de psicopatologia e cuidados parentais. (ARRINDELL et al., 1999). As
três escalas resultantes deste processo foram:
Rejeição: criação caracterizada por castigos físicos, rejeição do sujeito
como um indivíduo, hostilidade, depreciação, falta de consideração pelos
pontos de vista e necessidades do sujeito e por punições.
Calor emocional: proporciona afeto e atenção carinhosa, ajuda o sujeito
com atividades que são importantes para ele, proporciona estímulo intelectual,
socorre lado a lado nos problemas, tem alta consideração pelos pontos de vista
do sujeito, que se sente capaz de ter confiança nos pais e pode solicitar ajuda.
Superproteção: comportamento parental indicativo de proteção de
experiências negativas em uma forma excessiva, alto grau de intrusão,
expectativa de saber tudo sobre as atividades do sujeito, altos padrões de
realizações particularmente em áreas como bons modos, escola e imposição
de regulamentos estritos.
Desde o início do desenvolvimento dos dois instrumentos, causava
inquietude a preocupação no sentido de que tais recordações pudessem ser
tendenciosas. Cedo, Parker (1981) demonstrou que escores do PBI obtidos de
observadores independentes tinham alta correlação com os escores de sujeitos
de pesquisa; Gerlsma (1994), por sua vez, revelou que as memórias de
experiências precoces se mantinham estáveis mesmo na presença de
alterações significativas na ansiedade, depressão ou hostilidade. Mais
13
recentemente, Wilhelm, Niven, Parker, e Hadzi-Pavlovic (2005) relataram os
resultados do acompanhamento de uma coorte por um período de 20 anos.
Eram 170 estudantes recém graduados no ano de 1978, que concordaram em
participar de um estudo longitudinal, tendo sido acompanhados em intervalos
de 5 anos (1983, 1988, 1993 e 1998). Encontraram coeficientes de reteste
satisfatórios nos escores do PBI dos sujeitos, comprovando a estabilidade a
longo prazo do PBI. Os escores de cuidados parentais mostraram-se mais
estáveis ao longo do tempo do que os de superproteção. Além disso, os
achados sugerem que as recordações de cuidados parentais não sofreram
influência considerável do sexo, história de depressão ou eventos de vida dos
sujeitos; as recordações sequer se alteraram frente a flutuações no humor ou
no nível de neuroticismo.
A disponibilidade destes dois instrumentos e as evidências de que as
experiências de cuidados precoces influenciavam a vulnerabilidade das
pessoas à subsequente psicopatologia deram origem a uma série de estudos
em populações clínicas que procuravam relacionar doenças mentais a
determinado padrão de cuidados parentais.
Pesquisas mais recentes passaram a considerar a qualidade dos
cuidados parentais relatada pelos indivíduos como um fator etiológico
significativo dentro de um modelo de vulnerabilidade psicopatológica (PERRIS,
1994). A relevância da parentagem como fator contribuinte para o
desenvolvimento de outros transtornos mentais foi investigada em diversos
estudos, como descreveremos a seguir.
14
Alguns padrões de cuidados parentais na infância, como o binômio
superproteção/falta de calor afetivo, têm sido considerados importantes fatores
de risco para o desenvolvimento de doenças afetivas na vida adulta, uma vez
que indivíduos com história de depressão descrevem seus pais como sendo
menos afetuosos e mais superprotetores do que os controles (PARKER, 1983;
PERRIS et al., 1994). Mackinnon, Henderson e Andrews, no entanto, em uma
regressão logística de dados de uma amostra não clínica de voluntários,
mostraram que mais do que superproteção, a falta de cuidado era o fator de
risco primário para o desenvolvimento de depressão (1993).
Examinando esta mesma questão em dados coletados de duas
populações de mulheres para uma série de estudos, Birtchnell (1993) verificou
na amostra de mulheres jovens uma associação altamente significativa entre
depressão e recordações de cuidados maternos insatisfatórios medidos pelo
PBI, mas não entre depressão e recordações de cuidados paternos
insatisfatórios. Inferiu que esta distinção apontava para uma direção de
causalidade que iria de cuidados insatisfatórios para a depressão, uma vez que
não haveria motivos para que mulheres deprimidas responsabilizassem suas
mães – e não seus pais - pelas suas recordações de uma infância sombria.
Birtchnell (1993) afirma que destes estudos emerge a idéia de que cuidados
maternos insatisfatórios predispõe as mulheres à subseqüente depressão.
Rojo-Moreno, Livianos-Aldana, Cervera-Martinez e Dominguez-
Carabantes (1999) utilizando o EMBU em um estudo caso-controle
15
compararam 50 pacientes no primeiro episódio depressivo com 50 controles
ajustados para idade, sexo e classe social. Verificaram que a deficiência no
calor afetivo e um alto índice de rejeição constituem atitudes parentais
significativamente mais freqüentes entre deprimidos do que entre os controles.
Interpretam estes resultados como evidências claras de um importante papel
desempenhado por circunstâncias remotas, como estilo de parentagem, para o
risco de desenvolver um distúrbio psicopatológico na vida adulta.
Rapee (1997), em artigo de revisão, afirma que há surpreendente
consistência na proposta de que rejeição e controle parental podem estar
positivamente relacionados com ansiedade e depressão na vida adulta.
Gerlsma, Emmelkamp e Arlindell (1990), em uma meta-análise concluíram que
alguns tipos de fobia se relacionavam com um estilo de cuidados parentais de
menos afeto e mais controle em comparação com controles saudáveis.
Turgeon L, O'Connor KP, Marchand A e Freeston MH (2002)
examinaram uma amostra de 43 pacientes com transtorno obsessivo
compulsivo, 38 pacientes com transtorno do pânico com agorafobia e 120
controles. Os sujeitos preencheram tanto o EMBU quanto o PBI. Não
encontraram diferenças entre os dois grupos de pacientes, mas em relação ao
grupo controle, os pacientes recordavam seus pais como mais protetores.
Concluem que a percepção, por parte destes pacientes de pais superprotetores
está ligada a transtornos de ansiedade, confirmando os achados de Gerlsma et
al. (1990) em pacientes fóbicos. Ponderam a possibilidade de que estilos de
16
cuidados parentais como superproteção podem ser fator de risco para o
desenvolvimento de transtornos de ansiedade.
Skagerlind, Perris e Eisemann (1996) compararam 53 esquizofrênicos
com controles saudáveis; verificaram que tais pacientes avaliavam ambos os
pais com pontuação mais alta do que os controles no fator rejeição e avaliavam
suas mães com menor pontuação no quesito calor emocional.
Emmelkamp e Heeres (1988) examinaram 43 pacientes adictos a
múltiplas drogas e 111 controles; encontraram diferenças significativas entre os
dois grupos em três escalas do EMBU: rejeição, falta de calor afetivo e
superproteção. Neste grupo de pacientes os resultados de rejeição por parte
dos pais foram mais importantes do que a falta de calor afetivo.
Ruchkin, Eisemann e Haglöff (1998), em pesquisa realizada na Rússia,
examinaram 133 delinqüentes adolescentes do sexo masculino recolhidos a
um centro de correção e 108 controles pareados de uma escola. Verificaram
que os problemas comportamentais estiveram altamente correlacionados com
rejeição e falta de calor emocional parentais, tanto nos delinqüentes como nos
controles; tal associação indica que o estilo de cuidados parentais pode
influenciar o desenvolvimento de problemas de conduta nestes adolescentes.
No estudo já citado, mas na população de mulheres mais velhas,
Birtchnell (1993) procurou determinar efeitos a longo prazo na saúde mental de
experiências precoces de perda e separação. De forma inesperada, nenhum
17
destes efeitos foram observados, mas ocorreu associação entre psicopatologia
e recordações de cuidados maternos insatisfatórios independente da
ocorrência ou não de perda ou separação. Da mesma forma que na amostra de
mulheres jovens, nenhuma associação com recordações de cuidados paternos
insatisfatórios foi observada.
Enns, Cox, e Clara (2002), visando a examinar se as experiências de
cuidados maternos tinham associação mais forte com psicopatologia adulta do
que as experiências ligadas aos cuidados paternos, investigaram a associação
entre cuidados parentais relatados e psicopatologia adulta em população não
clínica, uma amostra nacional representativa, no The National Comorbidity
Study. A aplicação do instrumento PBI revelou que a falta de cuidado parental
foi a variável mais associada com psicopatologia adulta e transtornos mentais.
Além disso, a associação entre lembranças de cuidados maternos e
psicopatologia foi, de uma maneira geral, mais forte do que a associação entre
experiências de cuidados paternos e psicopatologia.
Carter, Joyce, Mulder, Luty e Sullivan (1999) examinaram 248 pacientes
deprimidos ambulatoriais para investigar as associações entre recordações de
cuidados parentais, avaliados com a aplicação do PBI, e transtornos de
personalidade. Não encontraram associações significativas entre patologia de
eixo I e nível de cuidado parental, exceto por abuso de substância; entretanto,
verificaram que a redução no nível de cuidados parentais estava
significativamente associada com um aumento concomitante na probabilidade
de ter um transtorno de personalidade em geral. Os dados deste estudo
18
sugerem que cuidados parentais deficientes podem ter um maior impacto em
transtornos de personalidade mais sujeitos à influência de fatores ambientais.
Desta forma, ponderam que em vez de um efeito direto, cuidados parentais
deficientes podem levar à depressão via desenvolvimento da personalidade.
A revisão da literatura sobre o tema sustenta que o estilo de
parentagem relatado pelo indivíduo pode ser considerado um fator
etiopatogênico importante, embora inespecífico, que exerce influência sobre a
vulnerabilidade individual (PERRIS, 1994; REISS et al., 1995). Padrões de
cuidados parentais podem contribuir para o desenvolvimento de patologias,
mas são uma influência entre uma série de outras. Conjectura-se uma etiologia
multifatorial para o desenvolvimento de psicopatologias, numa complexa
interação entre características biológicas, temperamento do indivíduo,
psicopatologia parental, comportamento parental, além de outros fatores
difíceis de determinar. Por exemplo, pode-se imaginar que as características
inatas da criança influenciam a forma com que os pais vão se relacionar com
ela.
Psicologia Positiva
O movimento da Psicologia Positiva, sob a liderança de Martin
Seligman, tem como questão central a idéia de que a ciência psicológica
descuidou-se da importante tarefa de compreender fenômenos psicológicos
como felicidade, otimismo, altruísmo, esperança, alegria, satisfação e outros
19
temas humanos. O movimento visava a romper com o viés de algumas
tradições epistemológicas de atenção quase exclusiva à patologia,
negligenciando o indivíduo satisfeito e as comunidades bem sucedidas, tão
importantes para a pesquisa quanto depressão, ansiedade, angústia ou
agressividade. Seligman ponderou que a psiquiatria e a psicologia investigaram
e procuraram entender a forma como pessoas sobrevivem e resistem sob
condições adversas, mas quase nada se sabia sobre como pessoas comuns se
desenvolvem em condições mais benignas. Desde a segunda guerra mundial,
a psicologia tornou-se, em grande parte, uma ciência ligada à cura. Convergiu
para a reparação de danos, estando ligada a um modelo de funcionamento
humano relacionado à doença. Ocorreu uma proliferação de pesquisas de
distúrbios psicológicos e de efeitos negativos de estressores ambientais como
divórcio dos pais, morte, abuso sexual e físico (SELIGMAN e
CSIKSZENTMIHALYI, 2000).
Vaillant (2000) afirma que a psiquiatria e a psicologia estiveram apenas
interessadas em entender de que forma mães frias e genes defeituosos
produzem doenças, “transformando ouro em chumbo”. Considera que doença
mental é um estado que pode ser definido de forma consistente, tendo limites
relativamente claros. Em contraste, saúde mental até bem pouco tempo
parecia estar mais ligada a julgamentos subjetivos do que à ciência
propriamente dita. Os psiquiatras referiam-se á saúde mental continuamente,
mas, até bem poucos anos, limitavam-se a estudar doença mental.
20
Outra consideração importante de Vaillant (2003) é a asserção de que
saúde mental não é simplesmente o antônimo de doença mental. Toma como
metáfora a questão dos médicos clínicos, que, assim que reconheceram que
saúde era mais do que ausência de sintomas, passaram a estudar fisiologia
humana em grandes altitudes, desenvolvendo medidas de saúde física positiva
para atletas, pilotos e, posteriormente, astronautas. Admite que saúde mental
acima da média é mais difícil de definir do que aptidão física, mas chama a
atenção para o modelo dos testes de inteligência, que seriam um dos poucos
exemplos de situação onde a psicologia procurou medir o positivo, e não
somente o patológico. Desta forma, o antônimo de retardo mental não é um QI
de 100, mas um acima de 130.
O foco exclusivo na patologia resultou em um modelo do ser humano
desprovido de características positivas, justamente as que fazem a vida valer a
pena. Criatividade, coragem, responsabilidade, perseverança, esperança,
sabedoria, espiritualidade, capacidade de fazer planos, ou são ignorados ou
entendidos como transformações de impulsos negativos, estes mais autênticos.
Em suma, psicologia positiva estuda os aspectos positivos da
experiência humana. Uma ciência da experiência subjetiva positiva, de traços
individuais positivos e de instituições positivas, empenha-se no sentido de
melhorar a qualidade de vida e prevenir o surgimento de patologias. Neste
sentido, é fundamental que os próprios indivíduos possam avaliar como são as
suas vidas. O conceito de qualidade de vida mostra-se democrático, na medida
21
em que confere a cada indivíduo o direito de decidir se sua vida vale a pena
(DIENER, 2000).
Qualidade de Vida
O desenvolvimento tecnológico da Medicina e ciências afins carreou
uma progressiva desumanização das mesmas. Os médicos, especialmente
oncologistas, passaram a se defrontar com dificuldades crescentes em
escolhas terapêuticas, uma vez que o aumento na sobrevida dos pacientes era
o principal desfecho avaliado nos ensaios clínicos. O conceito de qualidade de
vida (QV) surge neste contexto para contrapor o modelo médico mecanicista de
avaliação da erradicação de doença/sintoma, passando a levar em
consideração o ponto de vista do paciente. Desta forma, a preocupação como
o conceito de QV refere-se um movimento dentro das ciências humanas e
biológicas no sentido de valorizar parâmetros mais amplos do que o controle de
sintomas, diminuição de mortalidade ou aumento na sobrevida (FLECK, 1999).
Desde então, a avaliação da QV cresceu como disciplina formal, com
uma estrutura teórica coesa, métodos consagrados e diversas aplicações. Nos
últimos anos, a QV vem se tornando cada vez mais trivial como uma variável
útil para determinar, a partir da perspectiva do paciente, o impacto não
somente das doenças, mas também dos tratamentos médicos. Passou a ser
considerada a terceira dimensão a ser avaliada em ensaios clínicos - além da
22
eficácia e da segurança. Em resumo, a avaliação da QV colocou o paciente no
foco das investigações, dando valor aos seu pontos de vista (BERLIM, 2003).
Não há acordo comum no que diz respeito ao conceito de QV na
literatura. Há diversos conceitos afins, como qualidade de vida relacionada com
a saúde e estado subjetivo de saúde, centrados na avaliação subjetiva do
paciente. Considera-se que o termo QV é mais amplo, incluindo uma variedade
de potencial maior de condições que podem afetar a percepção do indivíduo,
seus sentimentos e comportamentos relacionados com o seu funcionamento
diário, incluindo - mas não se limitando - a sua condição de saúde e as
intervenções médicas (BULLINGER, 1993).
A QV é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a
percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e do
sistema de valores no qual ele vive e em sua relação com seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações (WHOQOL GROUP, 1994). Cabe
ressaltar duas ênfases desta definição: na natureza subjetiva do constructo de
QV da OMS e na necessidade de explorar todos os aspectos da vida
considerados como tendo um impacto significativo na qualidade de vida. Vinte
e quatro destes aspectos, denominados facetas, foram identificados no projeto
WHOQOL e agrupadas em domínios mais amplos. Desta forma, as facetas são
intensamente examinadas, determinando em que medida o sujeito está
satisfeito com as mesmas ou se sente incomodado por problemas nestas
áreas. QV é, portanto, uma experiência interna, influenciada pelo que está
23
ocorrendo “fora”, mas colorida por experiências anteriores do indivíduo, pelo
seu estado mental, personalidade e expectativas (ORLEY, 1998).
A OMS, através de um estudo simultâneo em 14 países, desenvolveu
um instrumento genérico para medir a qualidade de vida, o World Health
Organization Quality of Life assessment instrument (WHOQOL-100). Trata-se
de uma medida genérica de QV, multidimensional, composta de 100 itens
organizados em 24 facetas, avaliadas a partir de quatro questões cada uma. A
necessidade de uma versão breve deste instrumento, que exigisse menor
tempo para o seu preenchimento - mas que tivesse características
psicométricas satisfatórias - fez com que o Grupo de Qualidade de Vida da
OMS desenvolvesse uma versão abreviada do WHOQOL-100, o World Health
Organization Quality of Life assessment instrument Bref ( WHOQOL-BREF), a
partir do teste de campo de 20 centros. Este consta de apenas 26 questões,
duas gerais de QV, e as restantes 24 representam cada uma das facetas que
compõe o WHOQOL-100, de forma que cada faceta é avaliada por apenas
uma questão; além de um índice de QV global, apresenta quatro domínios:
físico, psicológico, relações sociais e ambiental. As questões de ambos os
instrumentos são respondidas em escala do tipo Lickert de 5 pontos. É
importante destacar que são instrumentos genéricos, não tendo seu uso restrito
a desfechos de saúde, podendo ser aplicados potencialmente em qualquer
pessoa (FLECK, 1999, 2000).
24
Justificativa do Estudo
Como se pode observar na da revisão de literatura de cuidados
parentais, são freqüentes as investigações sobre a correlação entre estilo de
cuidados parentais e transtornos mentais. No entanto, na crescente literatura
na linha da qualidade de vida, que engloba outros campos de pesquisa como
felicidade, bem estar subjetivo, saúde mental e psicologia positiva, surpreende
a ausência de estudos examinando a influência da criação na subsequente
qualidade de vida dos indivíduos. Em uma revisão de bancos de dados,
utilizando o Psyc INFO, Medline e LILACS, não foram encontrados dados da
possível associação entre estilo de cuidados parentais e qualidade de vida.
Em contraste com os estudos predominantes na literatura, nos quais o
estilo de cuidados parentais constitui o fator em estudo e os desfechos
enfocados são considerados “negativos”, como doenças psiquiátricas e
psicopatologia em geral, o presente estudo volta sua atenção para a qualidade
de vida como variável de desfecho. Este estudo procura examinar os
determinantes de qualidade de vida em população não clínica de adultos
jovens.
Hipóteses
A hipótese examinada foi a de que cuidados parentais favoráveis
poderiam estar associados a uma melhor qualidade de vida na idade adulta.
25
Desta forma, nossa hipótese era de que cuidados paternos e maternos
recordados como calor emocional estivessem positivamente associados aos
diferentes domínios da qualidade de vida e que cuidados paternos e maternos
recordados tanto como rejeição/punição ou controle/superproteção estariam
negativamente associados aos diferentes domínios da qualidade de vida.
Objetivos
Geral
O presente estudo busca estudar a associação entre medidas de
qualidade de vida e estilo de cuidados parentais recordados e examinar outras
variáveis associadas à qualidade de vida em adultos jovens saudáveis.
Específico
1) Avaliar a associação entre cuidados parentais recordados e os
quatro domínios e o domínio global do instrumento de
avaliação de qualidade de vida da Organização Mundial da
saúde (WHOQOL-bref);
2) Avaliar a influência de variáveis mediadoras ou confundidoras
como sexo, classe social, estilo de cuidados parentais
recordados, mecanismos de enfrentamento utilizados em
situação real de estresse, eventos de vida ocorridos no último
ano e sintomas de depressão na última semana.
26
Delineamento
Trata-se de um estudo com delineamento transversal, onde o desfecho
é a qualidade de vida e o fator em estudo é o estilo de cuidados parentais. O
cálculo do tamanho amostral, realizado através do coeficiente de correlação,
indicou a necessidade de recrutar 259 sujeitos hígidos para avaliar a
associação entre:
1. cuidados paternos e maternos recordados como calor emocional
e qualidade de vida global e nos domínios saúde física,
psicológico, relações sociais e ambiente;
2. cuidados paternos e maternos recordados como rejeição/punição
e qualidade de vida global e nos domínios saúde física,
psicológico, relações sociais e ambiente;
3. cuidados paternos e maternos recordados como
controle/superproteção e qualidade de vida global e nos domínios
saúde física, psicológico, relações sociais e ambiente;
Aspectos Éticos
O comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul aprovou o projeto em 11 de dezembro de 2003 (número 2003226), na
reunião n. 24 ata n. 45 por estar adequado ética e metodologicamente de
acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.
27
Neste estudo foram aplicados questionários a indivíduos supostamente
hígidos, não havendo sido realizada nenhuma intervenção. De toda a bateria
de questionários, um único instrumento poderia detectar transtorno mental, o
Inventário de Depressão de Beck, pela sua capacidade de medir a severidade
de sintomas de depressão tanto em pesquisa quanto na prática clínica. Neste
instrumento, escores de 0-9 indicam ausência de sintomas significativos,
escores de 10-18 indicam sintomas de suaves a moderados, escores de 19-29
indicam sintomas de moderados a severos e escores de 30-63 indicam
depressão severa. Os sujeitos que apresentaram escores de 19 ou mais
elevados foram notificados individualmente através de contato telefônico, já
que no momento em que assinavam o termo de consentimento informavam
uma forma de serem contatados (ver em anexos).
Dos 297 respondentes, 19 tiveram escore no Inventário de Depressão
de Beck de 19 ou mais pontos. Cinco sujeitos não foram encontrados. Os 12
restantes tiveram suas situações avaliadas individualmente, tendo sido
encaminhados à avaliação psiquiátrica. Alguns já se encontravam em
atendimento, outros tinham planos de saúde; os restantes foram encaminhados
a ambulatórios para população de baixa renda ou rede pública.
28
ASSOCIAÇÃO ENTRE A RECORDAÇÃO DOS CUIDADOS PARENTAIS
E QUALIDADE DE VIDA NA IDADE ADULTA
Jacques José Zimmermann, Martin Eisemann, Marcelo Pio de Almeida
Fleck
Resumo
Para testar a hipótese de que cuidados parentais favoráveis podem estar
associados a uma melhor qualidade de vida na idade adulta, foram
entrevistados 303 alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Brasil. Os dados obtidos foram analisados através de uma regressão linear
múltipla hierárquica utilizando o SPSS 12. Verificamos que uma variável
precoce como a forma da criação no início da vida se mostrou associada a
qualidade de vida adulta. O calor emocional materno foi o cuidado parental que
se mostrou mais correlacionado à qualidade de vida dos estudantes que
participaram da pesquisa. Os resultados apontam para uma validade
discriminante satisfatória WHOQOL-BREF em população não clínica.
Unitermos: cuidados parentais; qualidade de vida; depressão; estratégias
de enfrentamento; eventos vitais; população não clínica.
Introdução
A doença mental é um estado que pode ser definido de forma consistente,
tendo limites relativamente claros; em contraste, saúde mental até bem pouco
tempo parecia estar mais ligada a julgamentos subjetivos do que à ciência
propriamente dita. Saúde mental não é simplesmente o antônimo de doença
mental. Os psiquiatras referiam-se á saúde mental continuamente, mas, até
bem poucos anos, limitavam-se a estudar doença mental; entretanto,
verificamos o crescente interesse no estudo da saúde mental na literatura
(VAILLANT, 2003). Uma das linhas de estudo que se encarregou deste tema
foi a Psicologia Positiva, que avalia as experiências subjetivas positivas, os
traços positivos individuais associados a uma melhor qualidade de vida e a
prevenção de patologias em geral (SELIGMAN e CSIKSZENTMIHALYI, 2000).
29
Neste mesmo período, a avaliação da qualidade de vida cresceu como
uma disciplina com uma estrutura teórica coesa, apresentando-se como uma
importante característica de investigações clínicas, uma vez que leva em
consideração uma apreciação de como os pacientes se sentem e quão
satisfeitos estão com os tratamentos recebidos, além da avaliação tradicional
de desfechos em saúde (BERLIM, 2003).
Esta valorização da subjetividade deu origem a criação de uma série de
medidas de qualidade de vida, que procuram levar em consideração a
perspectiva do paciente. A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu
Qualidade de Vida como a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no
contexto da cultura e do sistema de valores no qual ele vive e em sua relação
com seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. A OMS, através de
um estudo multicêntrico em quinze países, desenvolveu dois instrumentos
genéricos para medir qualidade de vida, o WHOQOL-100 e o WHOQOL-BREF
(WHOQOL GROUP, 1994; FLECK, 2000).
Existem poucos estudos que procuram determinar que variáveis, ao longo
do ciclo vital, podem ser determinantes da qualidade de vida em população
adulta não clínica. Conjeturamos que o estilo de parentagem poderia ser uma
delas.
Ser criado por pais biológicos ou substitutos representa uma experiência
universal. O impacto dos cuidados parentais no desenvolvimento da
30
personalidade e na psicopatologia da vida adulta dos indivíduos tem sido uma
questão de pesquisa freqüente (RICHTER e EISEMANN, 1996).
Desde o início do século XX, a importância da infância no bem estar da
vida adulta passou a ser examinada a partir de referenciais científicos. Com o
advento da psicanálise, a prática clínica revelou freqüentes relatos de cuidados
parentais inadequados na história pregressa de adultos que procuravam
atendimento. Desde então, as recordações de adultos das suas infâncias vêm
exercendo significativa influência em teorias de personalidade e psicopatologia,
partindo do princípio de que as experiências precoces representam o principal
determinante tanto de características de personalidade desadaptadas quanto
de suas manifestações psicopatológicas (EISEMANN, 1997).
O Estilo de Parentagem refere-se ao tipo de cuidado, físico e emocional,
dispensado pelos pais ou cuidadores aos filhos. De uma maneira geral, os
modelos teóricos compreendem duas dimensões, que podem ser resumidas
como aceitação/calor versus rejeição e autonomia psicológica versus
controle/superproteção. O primeiro fator é compreendido em termos de
sentimentos negativos ou hostis dos pais dirigidos à criança, enquanto que o
segundo é composto de atitudes destinadas a proteger a criança de possíveis
danos (ARRINDELL, 1999).
Pesquisas recentes passaram a considerar a qualidade dos cuidados
parentais relatada pelos indivíduos como um fator etiológico significativo dentro
de um modelo de vulnerabilidade psicopatológica (PERRIS, 1994). Alguns
31
padrões de cuidados parentais na infância, como o binômio superproteção/falta
de calor afetivo, têm sido considerados importantes fatores de risco para o
desenvolvimento de doenças afetivas na vida adulta (MACKINNON,
HENDERSON e ANDREWS, 1993; PARKER, 1983; PERRIS et al., 1994). A
relevância da parentagem como um fator contribuinte para o desenvolvimento
de outros transtornos mentais tem sido destacado, por exemplo, para
ansiedade (GERLSMA, EMMELKAMP e ARLINDELL, 1990; RAPEE, 1997),
esquizofrenia (KHALIL e STARK, 1992; SKAGERLIND, PERRIS e EISEMANN,
1996), alcoolismo e adição a drogas (EMMELKAMP e HEERES, 1988; VRASTI
e EISEMANN, 1994) e delinqüência juvenil (RUCHKIN, EISEMANN e
HAGLÖFF, 1998). Estes dados sugerem que o estilo de parentagem relatado
pelo indivíduo pode ser considerado um fator etiopatogênico importante,
embora inespecífico, que exerce influência sobre a vulnerabilidade individual
(PERRIS, 1994; REISS et al., 1995; ENNS, 2002).
Grande parte dos resultados destas pesquisas são fundamentados em
avaliações retrospectivas de cuidados parentais por meio de dois instrumetos
extensamente utilizados. O primeiro deles, o Parental Bonding Instrument (PBI)
(PARKER, 1979), compreende duas dimensões de cuidado e controle. O
segundo instrumento, o questionário Egna Minnen Beträffande Uppfostran
(EMBU), que designa o acrônimo sueco para “memórias próprias referentes à
criação”, tem uma versão original de 81 itens, respondidos de forma separada
para pai e para mãe, que estimam retrospectivamente o comportamento
parental (PERRIS, JACOBSSON, LINDSTRÖM, VON KNORRING e PERRIS,
1980). A partir das pesquisas de Perris (1980), verificou-se a capacidade de
32
generalização transcultural para três padrões (rejeição, calor emocional e
superproteção) que propiciaram a elaboração de versão abreviada do EMBU, o
s-EMBU de 23 itens (ARRINDELL et al., 1999).
Como se pode observar na revisão de literatura de cuidados parentais
acima descrita, ocorrem com freqüência na literatura investigações sobre a
correlação entre Estilo de Parentagem e diferentes transtornos mentais. No
entanto, pouco se sabe até o presente momento sobre estilo de parentagem e
qualidade de vida. Em uma revisão de bancos de dados, usando o Psyc INFO,
Medline e LILACS, não foram encontrados artigos investigando uma possível
associação entre Estilo de Parentagem e Qualidade de Vida.
Da mesma forma, uma maneira de avaliar as possíveis repercussões do
Estilo de Parentagem na vida adulta seria através das medida de Qualidade de
Vida. A suposição que orientou esta investigação foi a de que cuidados
parentais favoráveis estariam associados a uma melhor qualidade de vida na
idade adulta. Conjectura-se, ainda, que a associação entre a Qualidade de
Vida adulta e o Estilo de Parentagem pode ser intermediada por estratégias de
enfrentamento.
Na medida em que cuidados parentais e qualidade de vida são variáveis
distantes do ponto de vista temporal, é possível supor a existência de alguma
variável mediadora. Conjeturamos que os cuidados parentais poderiam
também exercer um efeito indireto na qualidade de vida adulta, mediados pelas
estratégias de enfrentamento utilizadas pelo sujeito frente a situações
33
estressantes. Ou seja, através de um processo de funcionamento no qual a
criação poderia determinar as estratégias de enfrentamento utilizadas, e estas,
por sua vez, poderiam determinar a percepção da qualidade de vida. De acordo
com Lazarus, estratégias de enfrentamento (coping) são os esforços cognitivos
e comportamentais destinados a administrar demandas internas e externas
(bem como os conflitos entre as mesmas), que são avaliadas como
sobrecarregando ou excedendo os recursos do indivíduo (LAZARUS, 1991).
O presente estudo objetiva testar a hipótese de que cuidados parentais
favoráveis podem estar associados a uma melhor qualidade de vida na idade
adulta.
Material e Métodos
Trata-se de um estudo com delineamento transversal, onde o desfecho é
a Qualidade de Vida e o fator em estudo é o Estilo de Parentagem.
O cálculo do tamanho amostral foi realizado através do coeficiente de
correlação, uma vez que as variáveis preditoras (tipo de cuidados parentais) e
de desfecho (qualidade de vida) eram contínuas. A magnitude do efeito foi
estimada como sendo o valor absoluto do menor coeficiente de correlação (r)
que desejávamos detectar. Em um estudo prévio (ARRINDELL, 1999),
verificou-se que 0,20 foi o menor valor de correlação (r) entre os itens do
instrumento s-EMBU. Portanto, supondo-se um nível de significância de 0.05 e
um poder do estudo de 0,90, calculou-se em 259 o número de indivíduos
34
necessários para se poder avaliar as diferentes correlações entre o s-EMBU e
o WHOQOL-BREF.
Optou-se por uma amostra de conveniência não clinicamente
referenciada, supostamente hígida; decidiu-se, então, convidar estudantes
universitários a participarem do estudo. No intuito de minimizar viéses de
seleção, como a presença predominante de alunos de determinado perfil,
solicitou-se autorização para pesquisar os alunos matriculados nas disciplinas
do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul no primeiro semestre de 2004. Este departamento ministra disciplinas
em diferentes cursos, o que nos permitiu pesquisar em alunos de dez turmas
dos cursos de nutrição, enfermagem, engenharia, farmácia, educação física e
medicina, além dos dados previamente obtidos em uma aplicação piloto no
curso de odontologia. O único critério de exclusão, foi ser menor de 18 anos,
pela impossibilidade de assinar o termo de consentimento sem autorização dos
pais. Após concordância em participar da pesquisa e assinatura do
consentimento, foram aplicados os seguintes instrumentos:
a) O fator em estudo, Estilo de Parentagem
, foi avaliado pelo instrumento
s-EMBU, que estima retrospectivamente o comportamento parental, definindo
três padrões:
Rejeição
: criação caracterizada por castigos físicos, rejeição do sujeito
como um indivíduo, hostilidade, depreciação, falta de consideração pelos
pontos de vista e necessidades do sujeito e por punições.
Calor emocional
: proporciona afeto e atenção carinhosa, ajuda o sujeito
com atividades que são importantes para ele, proporciona estímulo intelectual,
35
socorre lado a lado nos problemas, tem alta consideração pelos pontos de vista
do sujeito, que se sente capaz de ter confiança nos pais e pode solicitar ajuda.
Superproteção: comportamento parental indicativo de proteção de
experiências negativas em uma forma excessiva, alto grau de intrusão,
expectativa de saber tudo sobre as atividades do sujeito, altos padrões de
realizações particularmente em áreas como bons modos, escola e imposição
de regulamentos estritos.
b) O desfecho, a Qualidade de Vida foi avaliada pelo WHOQOL-BREF,
versão breve do instrumento WHOQOL-100, composto por 26 questões, que
cobrem quatro domínios: físico, psicológico, relações sociais e ambiente, além
de um escore de qualidade de vida global. Foi validado para o português
brasileiro (FLECK et al., 2000).
c) a variável intermediária estratégias de enfrentamento foi avaliada pelo
Inventário de Estratégias de Enfrentamento (FOLKMAN E LAZARUS, 1985).
Trata-se de um questionário com 66 itens que abrangem pensamentos e ações
utilizados para lidar com demandas internas ou externas de um evento
estressante específico. Contém oito escalas de estratégias de enfrentamento,
que são respondidas em uma escala tipo likert. Este instrumento é validado
para o Português brasileiro (SAVÓIA, 1999). Para esta pesquisa optou-se por
propor a situação da preparação para o exame vestibular como o evento
estressante que foi comum a todos os indivíduos e avaliar suas estratégias de
enfrentamento diante desta situação.
36
d) a variável intermediária sintomas de depressão foi avaliada pelo
Inventário de Depressão de Beck (BDI). O BDI é um dos instrumentos mais
utilizados para medir a severidade de sintomas de depressão, apresentando-se
útil na clínica e na pesquisa. O BDI é formado por 21 itens, em escala tipo likert
de 3 pontos, e apresenta duas sub-escalas: a cognitiva-afetiva, composta pelos
primeiros 13 itens do inventário e a somática, formada pelos demais itens. É
respondido pelo próprio sujeito a partir da sua avaliação subjetiva de como se
sentiu na última semana. Foi validado para o português brasileiro (CUNHA
2001).
e) a variável intermediária Life Events foi avaliada pela Escala de
Avaliação de Reajustamento Social (HOLMES E RAHE, 1967). Esta escala
baseia-se na proposição de que o esforço exigido para que o indivíduo se
reajuste à sociedade depois de mudanças significativas em sua vida crie um
desgaste que pode levar a doenças sérias. Trata-se de uma lista de
acontecimentos considerados significativos, onde é solicitado que os indivíduos
indiquem se experenciaram qualquer dos acontecimentos apontados no último
ano. Tais acontecimentos recebem escores e quanto maior o escore, maior a
possibilidade de dificuldades no reajustamento. Este instrumento encontra-se
traduzido para o português brasileiro (SAVOIA, 1999).
f) A classe econômica foi aferida com base no Critério de Classificação
Econômica do Brasil. Este instrumento enfatiza o poder de compra das famílias
urbanas, categorizando a família em cinco distintas classes sociais:
37
Classe Social Renda mensal (R$) Renda Anual (U$)
A 4648 24570
B 1669 8822
C 927 4900
D 424 2241
E 207 1094
g) Variáveis sócio-demográficas, como sexo, idade, número de irmãos,
ordem de nascimento, por quem o sujeito foi criado, se os pais estão vivos e se
estão separados foram sistematicamente coletados.
Em relação a potenciais confundidores, sabe-se que fatores como nível
sócio-econômico, escolaridade e depressão podem influenciar o desfecho
Qualidade de Vida. O nível sócio-econômico e a depressão foram aferidos,
conforme explicitado antes, por instrumentos próprios. A variável escolaridade
foi controlada nos critérios de inclusão.
Método de Análise Estatística
Os dados obtidos foram analisados através de uma regressão linear
múltipla hierárquica utilizando o software Statistical Package of Social Sciences
(SPSS 12, SPSS Inc., Chicago, Illinois, USA). As variáveis dependentes foram
os quatro domínios de qualidade de vida e o escore global do WHOQOL-BREF,
de forma que foram feitas cinco regressões - físico, psicológico, relações
sociais, ambiente e global. A entrada das variáveis independentes no modelo
de regressão seguiu uma seqüência cronológica. Este encadeamento temporal
fez com que os blocos de preditores se dispusessem em uma seqüência que
38
vai dos determinantes mais distais até os mais proximais. Os fatores distais
tem a probabilidade de agir através de outros determinantes mais proximais
interrelacionados, também chamados de variáveis intermediárias ou
mecanismos. Desta forma, os blocos foram compostos por (1) variáveis sócio
demográficas, (2) cuidados parentais, (3) estratégias de enfrentamento no
período que antecedeu o exame vestibular, (4) eventos do último ano e (5)
medida de depressão na última semana. As variáveis sócio demográficas
foram mantidas em todos os modelos até o final; os demais os preditores eram
descartados ou mantidos caso tivessem uma contribuição significativa no
entendimento do modelo (p<0,05). Depois de mantidos, não eram mais
descartados mesmo que deixassem de ser significativos com o ingresso de
preditores mais proximais.
Resultados
Dos 303 alunos convidados a participar da pesquisa, 297 aceitaram; das
seis perdas, três alegaram estar sem tempo para preencher todos os
instrumentos, uma vez que sairiam antes de terminar o período de aula, e
outros três recusaram-se a participar da pesquisa sem qualquer justificativa.
Dos 297 respondentes, 168 eram do sexo feminino (56,6%) e 129 do sexo
masculino (43,4%). A média de idade foi de 22,6 anos (mediana de 22), com
desvio padrão de 4 anos. Eram predominantemente solteiros (94,6%) e com
ambos os pais vivos (94,6%). Haviam sido criados, na sua maioria (88,6%),
pelo pai e pela mãe, sendo procedentes de proles reduzidas (84,6% tendo dois
39
irmãos ou menos). As famílias eram na média classe B, sendo que 91,2% dos
indivíduos era de classe A ou B e apenas 8,8% de classe C ou D e nenhum de
classe E.
Tabela 1. Variável dependente: domínio psicológico - WHOQOL BREF
Coeficiente
Padronizado
(Beta)
t
Sig.
(Constante) 13,764 ,000
Sexo -,140 -3,080 ,002
Classe Social -,027 -,607 ,544
Rejeição paterna -,094 -1,922 ,056
Calor emocional materno ,147 2,920 ,004
Superproteção materna -,012 -,273 ,785
Confronto -,019 -,389 ,698
Afastamento -,032 -,715 ,475
Busca de suporte social ,084 1,660 ,098
Fuga e esquiva -,052 -1,033 ,303
Reavaliação positiva ,100 1,889 ,060
Escala de reajustamento social -,057 -1,186 ,237
Inventário de Depressão de Beck -,497 -8,945 ,000
Tabela 2. Variável dependente: domínio saúde física - WHOQOL BREF
Coeficiente
Padronizado
(Beta)
t
Sig.
(Constante) 11,167 ,000
Sexo -,068 -1,291 ,198
Classe Social -,019 -,355 ,723
Rejeição paterna -,029 -,508 ,612
Calor emocional materno ,011 ,189 ,850
Superproteção materna -,061 -1,145 ,253
Confronto -,023 -,404 ,686
Afastamento -,067 -1,260 ,209
Reavaliação positiva ,107 1,913 ,057
Escala de reajustamento social -,110 -1,944 ,053
Inventário de Depressão de Beck -,417 -6,570 ,000
40
Tabela 3. Variável dependente: qualidade de vida global - WHOQOL BREF
Coeficiente
Padronizado
(Beta)
t
Sig.
(Constante) 7,272 ,000
Sexo ,008 ,148 ,882
Classe Social ,087 1,657 ,099
Rejeição paterna -,063 -1,120 ,264
Calor emocional materno ,168 2,917 ,004
Superproteção materna -,047 -,886 ,376
Confronto -,041 -,724 ,469
Busca de suporte social ,110 2,035 ,043
Escala de reajustamento social -,038 -,682 ,496
Inventário de Depressão de Beck -,367 -5,888 ,000
Tabela 4. Variável dependente: domínio ambiental - WHOQOL BREF
Coeficiente
Padronizado
(Beta)
t
Sig.
(Constante) 9,135 ,000
Sexo ,005 ,100 ,920
Classe Social ,358 7,171 ,000
Rejeição materna -,169 -2,901 ,004
Calor emocional materno ,057 ,962 ,337
Confronto -,007 -,124 ,902
Afastamento -,068 -1,331 ,184
Aceitação de responsabilidade -,089 -1,433 ,153
Fuga e esquiva -,012 -,213 ,831
Resolução de problemas -,057 -1,019 ,309
Reavaliação positiva ,064 1,031 ,304
Escala de reajustamento social -,086 -1,602 ,110
Inventário de Depressão de Beck -,268 -4,396 ,000
41
Tabela 5. Variável dependente: domínio relações sociais - WHOQOL BREF
Coeficiente
Padronizado
(Beta)
t
Sig.
(Constante) 5,543 ,000
Sexo ,068 1,322 ,187
Classe Social ,140 2,740 ,007
Rejeição paterna -,056 -1,040 ,299
Calor emocional materno ,146 2,598 ,010
Confronto -,017 -,299 ,765
Busca de suporte social ,064 1,145 ,253
Fuga e esquiva -,055 -,987 ,324
Resolução de problemas ,143 2,662 ,008
Inventário de Depressão de Beck -,401 -6,917 ,000
A classe social foi a variável que mais se relacionou com o domínio
ambiental da qualidade de vida, relacionando-se também com o domínio
relações sociais.
A variável sexo apresentou correlação com o domínio psicológico da
qualidade de vida: ser do sexo feminino esteve associado a um menor escore
no instrumento de qualidade de vida.
No que diz respeito a cuidados parentais, o calor emocional materno
apresentou relação positiva com qualidade de vida global, no domínio
psicológico e no de relações sociais. No domínio ambiental, da mesma forma,
ocorreu correlação negativa entre rejeição materna e qualidade de vida. No
domínio psicológico, a variável rejeição paterna apresentou correlação negativa
com qualidade de vida.
42
O uso de algumas estratégias de enfrentamento no período preparatório
para o exame vestibular apresentou correlação com QOL; o uso da estratégia
reavaliação positiva apresentou correlação positiva com os domínios
psicológico e saúde física. O uso da estratégia resolução de problemas
apresentou correlação positiva com o domínio relações sociais e o uso de
busca de suporte social com a qualidade de vida global.
Os eventos ocorridos no último ano apresentaram correlação com o
domínio saúde física.
Houve importante correlação negativa entre sintomas depressivos e
qualidade de vida, mesmo se tratando de uma população com média do escore
do BDI de 7,1 pontos (mediana 6 pontos), sendo que escores até 9 pontos
indicam ausência de sintomas significativos. É digno de nota que o escore do
BDI é o que se apresenta mais relacionado com QOL em quatro das cinco
regressões; apenas no domínio ambiental o escore do BDI não é o mais
relacionado à QOL, mas aparece em segundo lugar.
LIMITAÇÕES
Tratando-se de um estudo transversal, temos a possibilidade de verificar a
ocorrência de associações, mas teremos dificuldade de estabelecer relações
causais, de forma que nossos achados apresentam estas limitações.
43
Além disso, pelo fato das respostas relativas ao Estilo de Parentagem
serem baseadas em recordações retrospectivas há uma natural preocupação
no sentido de tais recordações poderem ser tendenciosas. Um possível viés
deste tipo de estudo seria a hipótese de que um sujeito com uma boa
qualidade de vida no atual momento pudesse avaliar sua criação de forma
benevolente, ou mesmo indulgente. No entanto, duas razões nos levam a
questionar esta limitação. Em primeiro lugar, nosso dados mostram uma
seletividade que está de acordo com nossas hipóteses: o calor emocional
materno esteve associado à qualidade de vida global, e aos domínios
psicológico e de relações sociais, não estando associado aos domínios saúde
física e ambiental. Em segundo lugar, Parker demonstrou que escores do PBI
obtidos de observadores independentes tinham alta correlação com os escores
de sujeitos de pesquisa (1981); Gerlsma, por sua vez, revelou que as
memórias de experiências precoces se mantinham estáveis mesmo na
presença de alterações significativas na ansiedade, depressão ou hostilidade
(1994). Além disso, em um estudo publicado recentemente, Wilhelm encontrou
coeficientes de reteste satisfatórios nos escores do PBI de uma coorte
acompanhada por um período de vinte anos, comprovando a estabilidade a
longo prazo do PBI (2005).
Discussão
O calor emocional materno teve uma influência mais seletiva, mas de
forma muito consistente. O escore do BDI influenciou todos os domínios de
44
QOL. O exame das estratégias de enfrentamento não se mostrou tão
relacionado à QOL.
A correlação mais significativa que observamos foi entre qualidade de
vida e sintomas depressivos, uma variável considerada confundidora. Após
remover o efeito das outras variáveis, o escore do BDI foi o que mais se
relacionou com QOL em quatro das cinco regressões. Cabe ressaltar que se
trata de uma população não clínica, sem sintomas severos de depressão.
Ainda assim, mesmo a presença de sintomas depressivos leves produziu
importante impacto na qualidade de vida desta população.
Em termos da correlação mais significativa ligada ao fator em estudo,
aparece o calor emocional materno. Este se apresenta altamente
correlacionado à qualidade de vida dos estudantes que participaram da
pesquisa.
Visando, além de outras coisas, a examinar se as experiências de
cuidados maternos tinham associação mais forte com psicopatologia adulta do
que as experiências ligadas aos cuidados paternos, o The National Comorbidity
Study, investigou a associação entre cuidados parentais relatados e
psicopatologia adulta em população não clínica, uma amostra nacional
representativa. A aplicação do instrumento PBI revelou que a falta de cuidado
parental foi a variável mais associada com psicopatologia adulta e transtornos
mentais. Além disso, a associação entre lembranças de cuidados maternos e
psicopatologia foi, de uma maneira geral, mais forte do que a associação entre
45
experiências de cuidados paternos e psicopatologia. Nossos dados vão ao
encontro dos dados obtidos no The National Comorbidity Study, apesar das
populações estudadas serem tão diferentes. O estudo norte americano é de
base populacional e apresenta uma associação com psicopatologia. O
presente estudo é uma amostra de estudantes universitários do sul do Brasil
e associa cuidados paternos e uma variável positiva (qualidade de vida)
associando indiretamente com saúde mental. Em relação à maior associação
de recordações de cuidados maternos e psicopatologia em relação aos
paternos, os autores ponderam que estas observações podem refletir o maior
impacto do papel de mães que, no modelo de família tradicional, passam mais
tempo com os filhos (ENNS, 2002).
Nos modelos animais, considera-se negligência pós natal a exposição a
um ambiente precoce adverso, sendo que um dos aspectos mais salientes
neste ambiente é a interação entre o cuidador e o recém nascido. Desde os
estudos realizados no Wisconsin Primate Laboratory, nos anos 60 do século
passado, sabe-se que distúrbios crônicos no attachment materno infantil
alteram o desenvolvimento de primatas não humanos, abrindo o caminho para
o desenvolvimento de danos psicopatológicos. Da mesma forma, cuidados
parentais e cuidados eficientes podem reduzir o risco genético para
psicopatologia nestes mesmos primatas. Evidências apontam para a tese de
que o ambiente perinatal é um importante fator modulador do desenvolvimento
neurobiológico (SANCHEZ, 2001). Nossos resultados salientam a hipótese de
que o calor emocional materno pode, da mesma forma, ser um fator protetor do
46
desenvolvimento, trazendo como conseqüência uma melhor qualidade de vida
na idade adulta.
As estratégias de enfrentamento usualmente associadas aos piores
desfechos de saúde não estiveram associadas à qualidade de vida, sequer
negativamente. De uma maneira geral, nossas regressões hierárquicas
encontraram quatro estratégias de enfrentamento, ordinariamente associadas a
desfechos favoráveis de saúde, positivamente associadas à qualidade de vida
dos estudantes.
A associação entre reavaliação positiva, ou seja, entre esforços para dar
um sentido positivo às experiências e de buscar de crescimento pessoal nas
mesmas, e qualidade de vida nos domínios psicológico e saúde física,
confirmam, até certo ponto, achados de literatura, que mostram que esta
estratégia de enfrentamento está associada a melhora da saúde psicológica. A
estratégia resolução de problemas está ligada a esforços para alterar uma
determinada situação a partir da análise do problema. Apesar da literatura
associar esta estratégia a melhoras na saúde física e psicológica, não ocorreu
esta associação, mas sim correlação positiva com o domínio relações sociais, o
que se apresenta como um dado novo. E, finalmente, o uso de busca de
suporte social, onde o sujeito apresenta esforços de buscar apoio racional e
emocional, apresentou correlação positiva com a qualidade de vida global. A
literatura mostra que esta estratégia está associada a uma melhora na saúde
física, e a melhora ou piora do bem estar psicológico (FOLKMAN & LAZARUS,
1985, 1988; PENLEY, 2002).
47
Os eventos ocorridos no último ano apresentaram correlação com o
domínio saúde física corroborando as idéias de Thomas Holmes de que
eventos de vida, como divórcio, morte do cônjuge ou perda de emprego,
poderiam predispor as pessoas à doenças. Embora os métodos de pesquisa
utilizados nos anos 50 pudessem ser hoje considerados rudimentares,
pesquisas recentes, beneficiadas por avanços na imunologia e bioestatística,
propõe que o estresse leve a diminuição da função imune e, desta forma, à
doenças clínicas (LERNER, 1996).
Não existem estudos publicados na literatura que procurem relacionar
cuidados parentais à qualidade de vida. Entretanto, em um estudo ainda não
publicado de um dos autores, M.R.E., foram entrevistados 2948 sujeitos em
uma amostra representativa da população da Alemanha, no intuito de avaliar o
QRPRB, uma versão breve do EMBU. Os autores investigaram as relações
entre cuidados parentais e satisfação com a vida. Verificaram que sujeitos que
experenciaram cuidados parentais caracterizados como rejeição, punição, além
de pais controladores e com falta de calor afetivo, relataram um nível mais
baixo de satisfação com a vida do que sujeitos com uma história de criação
mais favorável. Nossos resultados confirmam os do estudo alemão, no sentido
de que sujeitos com uma criação mais favorável apresentam-se mais satisfeitos
na vida adulta.
48
Conclusões
1. A forma da criação no início da vida, medida pelas recordações
de cuidados parentais, esteve associada a qualidade de vida dos sujeitos de
pesquisa. Este estudo, portanto, substancia a noção empírica de que cuidados
parentais favoráveis podem estar associados a uma melhor qualidade de vida
na idade adulta.
2. A qualidade de vida é influenciada por variáveis compreendidas
num extenso período cronológico, desde variáveis mais distais, como sexo e
classe social, até variáveis mais proximais, como a medida de depressão na
última semana.
3. Mesmo se tratando de população não clínica, a medida de
depressão foi a variável preditora que mais influenciou na qualidade de vida.
4. As estratégias de enfrentamento utilizadas em situação real de
estresse não se mostraram mediadoras do desfecho.
5. Os resultados apontam para uma validade discriminante
satisfatória WHOQOL-BREF em população não clínica.
49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Arrindell, W. A., Sanavio, E., Aguilar, G., Sica, C., Hatzichristou, C.,
Eisemann, M., Recinos, L. A., Gaszner, P., Peter, M., Battagliese, G., Kállai, J.
& van der Ende, J. (1999). The development of a short form of the EMBU: its
appraisal with students in Greece, Guatemala, Hungary and Italy. Personality
and Individual Differences, 27, 613-628.
Association of Brazilian Market Institutes website URL:
http://www.anep.org.br
Berlim, M. and Fleck, M. (2003). "Quality of life": a brand new concept
for research and practice in psychiatry. Rev Bras Psiquiatr. Oct;25(4):249-52.
Cunha, J. A. (2001). Manual Versão em Português das Escalas
BECK. São Paulo: Casa do Psicólogo.
Eisemann, M (1997). Parental rearing and adult psychopathology.
Psiquiatria Clínica, 18, (3), 169-174.
Emmelkamp, P. M. G. and Heeres, H. (1988). Drug addiction and
parental rearing style: A controlled study. Int J Addict., 23, 207-216.
Enns, M.W., Cox, B.J., Clara, I. (2002). Parental bonding and adult
psychopathology: results from the US National Comorbidity Survey. Psychol
Med. Aug; 32(6):997-1008.
Fleck, M.P., Louzada, S., Xavier M., Chachamovich, E., Vieira, G.,
Santos, L., Pinzon, V. (2000). Application of the Portuguese version of the
abbreviated instrument of quality life WHOQOL-bref. Rev Saude Publica. Apr;
34(2):178-83.
Folkman, S and Lazarus, R.S. (1988). Coping as a mediator of
emotion. J. Person. Soc. Psychol. 54: 466–475.
Folkman, S. and Lazarus, R.S. (1985). If it changes it must be a
process: Study of emotion and coping during three stages of a college
examination. Journal of Personality and Social Psychology, Vol. 48, No. 1, 150-
170.
Gerlsma, C., Emmelkamp, P. M. G., Arrindell, W. A. (1990). Anxiety,
depression, and perception of early parenting: A meta-analysis. Clinical
Psychology Review, 10, 251-277.
Gerslma, C., Kramer, J. J., Scholing, A., Emmelkamp, P. M. G. (1994).
The influence of mood on memories of parental rearing practices. British
Journal of Clinical Psychology, 33, 159-172.
Holmes T.H. and Rahe R.H. The Social Readjustment Rating Scale. J
Psychosom Res. 1967 Aug;11(2):213-8.
Khalil, N. and Stark, F. M. (1992). Do perceived parental rearing
patterns influence social behaviour dimensions and disease severity in
schizophrenia? Acta Psychiatrica Scandinavica, 86, 146-152.
Lazarus, RS (1991). Progress on a cognitive-motivational-relational
theory of emotion. Am Psychol. Aug;46(8):819-34.
Lerner, B. (1996). Can stress cause disease? Revisiting the
tuberculosis research of Thomas Holmes, 1949-1961.Ann Intern Med. Apr
1;124(7):673-80.
Mackinnon, A., Henderson, A. S., Andrews, G. (1993). Parental
“affectionless control” as an antecedent to adult depression: a risk factor
refined. Psychological Medicine, 23, 135-141.
50
Parker, G. (1981). Parental reports of depressives. An investigation of
several explanations. J Affect Disord, Jun; 3(2): 131-40
Parker, G. (1983). Parental “affectionless control” as an antecedent to
adult depression. Archives of General Psychiatry, 40, 956-960.
Parker, G., Tupling, H. & Brown, L. B. (1979). A parental bonding
instrument. British Journal of Medical Psychology, 52, 1-10.
Penley JA, Tomaka J, Wiebe JS (2002). The association of coping to
physical and psychological health outcomes: a meta-analytic review. J Behav
Med. Dec; 25(6): 551-603.
Perris, C. (1994). Linking the experience of dysfunctional parental
rearing with manifest psychopathology: A theoretical framework. In C. Perris, C.
W. A. Arrindell & M. Eisemann (eds.), Parenting and psychopathology (pp. 3-
32). New York: Wiley.
Perris, C., Jacobsson, L., Lindström, H., von Knorring, L. & Perris, H.
(1980). Development of a new inventory for assessing memories of parental
rearing behaviour. Acta Psychiatrica Scandinavica, 61, 265-274.
Rapee, R. M. (1997). Potential role of childrearing practices in the
development of anxiety and depression. Clinical Psychology Review, 17, 47-67.
Reiss, D., Hetherington, E. M., Plomin, R., Howe, G., Simmens, S. J.,
Henderson, S. H., O´Connor, T. J., Bussell, D. A., Anderson, E. R. & Law, T.
(1995). Genetic questions in environmental studies. Differential parenting and
psychopathology in adolescence. Archive of General Psychiatry, 52, 925-936.
Richter, J; Eisemann, M. (1996) Relationships between perceived
parental rearing and adult personality: an overview. Psychologica, 16, pp19-32.
Ruchkin, V. V., Eisemann, M. & Hägglöf, B. (1998). Parental rearing
and problem behaviours in male delinquent adolescents versus controls in
northern Russia. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 33, 477-482.
Sanchez M.M., Ladd C.O., Plotsky P.M. (2001). Early adverse
experience as a developmental risk factor for later psychopathology: evidence
from rodent and primate models. Dev Psychopathol. 13(3): 419-49.
Savoia, M. (1999). Escalas de eventos vitais e estratégias de
enfrentamento (coping). Rev. Psiq. Clín. 26 (2) Edição Especial: 57-67.
Seligman, M.E.P. and Csikszentmihalyi, M, (2000). Special issue on
happiness, excellence, and optimal human functioning. Am Psychol; 55: 5 –183.
Skagerlind, L., Perris, C. & Eisemann, M. (1996). Perceived parental
rearing behaviour in patients with a schizophrenic disorder and its relationship
to aspects of the course of the illness. Acta Psychiatrica Scandinavica, 93, 403-
406.
The Whoqol Group (1994). The development of the World Health
Organization quality of life assessment instrument. In: Orley J, Kuyken W,
editors. Quality of life assessment: international perspectives. Heidelberg:
Springer Verlag.
Vaillant GE (2003). Mental health; Am J Psychiatry. 2003
Aug;160(8):1373-84
Vrasti, R. & Eisemann, M. (1994) Perceived parental rearing behaviour
in alcoholics. In C. Perris, W. A. Arrindell & M. Eisemann (eds.), Parenting and
psychopathology. (pp. 201-234). New York: Wiley.
51
Wilhelm, K., Niven, H., Parker, G., Hadzi-Pavlovic, D. (2005). The
stability of the Parental Bonding Instrument over a 20-year period. Psychol Med.
Mar; 35(3):387-93.
52
STUDY ON THE ASSOCIATION BETWEEN THE RECOLLECTION OF
PARENTAL REARING AND QUALITY OF LIFE IN ADULTHOOD
Abstract
In order to test the hypothesis that favorable parental rearing might be
associated to better quality of life in adulthood, 303 students of Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Brazil, were investigated. The data obtained
were analyzed by means of hierarchic multiple linear regression. It was shown
that the remote variable of perceived child rearing practices could influence
adult quality of life. Maternal emotional warmth was highly correlated to the
quality of life of the students. The use of WHOQOL-BREF revealed satisfactory
discriminant validity in a non-clinical population.
Keywords: parental rearing; quality of life; depression; coping; life events;
non-clinical population.
Introduction
Mental illness can be consistently defined, with relatively sharp limits, in
contrast to mental health, which until recently rather seemed to be based on
subjective judgments than on scientific parameters. Mental health is not just the
opposite of mental illness. Psychiatrists constantly refer to mental health, but
until very recently, only studied mental illness. There has been a growing
interest to study mental health (VAILLANT, 2003). Positive Psychology is one of
the study lines developing this area, as it assesses positive subjective
experiences associated to a better quality of life and as preventive of illnesses,
in general (SELIGMAN and CSIKSZENTMIHALYI, 2000).
Simultaneously, the assessment of quality of life has become a subject in
itself with its own theoretical structure, displaying its important features in
clinical investigation by taking into account how patients feel and how satisfied
53
they are with their treatments. In addition it allows an evaluation of healthcare
outcomes (BERLIM, 2003).
This appreciation of subjectivity gave rise to the creation of a series of
tools for the measurement of quality of life from a patient perspective. The
World Health Organization (WHO) has defined Quality of Life “…as the
individual’s perception of his/her position in life, in the context of the culture and
the value system he/she lives and in relationship with his/her goals,
expectations, standards and concerns”. The WHO has developed, in a fifteen-
country multi-center study, two generic instruments to measure quality of life:
the WHOQOL-100 and the WHOQOL-BREF (WHOQOL GROUP, 1994;
FLECK, 2000).
Only a few studies attempted to establish which variables during the life
cycle may represent determinants of quality of life in non-clinical adult
populations. Assumingly, parenting style might be one of them.
Being brought up by biological or surrogate parents represents a universal
experience. Accordingly, the impact of parental care on the personality
development and of adulthood psychopathology of individuals has been a
frequent research question (RICHTER & EISEMANN, 1996).
From the early 20
th
century, the impact of childhood on adult well-being
has been examined scientifically. With the development of psychoanalysis,
clinical practice has revealed numerous reports of inadequate parental care in
54
the history of adults seeking treatment. Subsequently, recollections of adults` of
childhood have been significantly influencing theories about personality and
psychopathology, concluding that early experiences represent the major
determinant both of maladapted personality traits and of its psychopathological
manifestations (EISEMANN, 1997).
Parenting style refers to the kind of care, physical and emotional,
dispensed by the parents or caretakers to their children. In general, the
theoretical models comprise two aspects, which can be summarized as
acceptance/warmth versus rejection and psychological autonomy versus
control/overprotection. The first aspect is understood in terms of negative or
hostile feelings of parents towards their children while the second o is
comprising attitudes meant to protect the child from possible harm
(ARRINDELL, 1999).
Recent investigations have considered the quality of parental care
reported by individuals as a significant etiological factor within a model of
psychopathological vulnerability (PERRIS, 1994). Some patterns of parental
care during childhood, such as the dyad overprotection/lack of emotional
warmth, have been regarded as important risk factors for the development of
affective disorders in adulthood (MACKINNON, HENDERSON and ANDREWS,
1993; PARKER, 1983; PERRIS et al., 1994). The relevance of parenting as a
contributing factor in the development of other mental disorders has been
highlighted, e.g. anxiety (GERLSMA, EMMELKAMP and ARLINDELL, 1990;
RAPEE, 1997), schizophrenia (KHALIL and STARK, 1992; SKAGERLIND,
55
PERRIS and EISEMANN, 1996), alcoholism and drug addiction (EMMELKAMP
and HEERES, 1988; VRASTI and EISEMANN, 1994) and juvenile delinquency
(RUCHKIN, EISEMANN and HAGLÖF, 1998). These data suggest that the
parenting style reported by the subject is an important etiopathogenic factor,
although non-specific, influencing individual vulnerability (PERRIS, 1994;
REISS et al., 1995; ENNS, 2002).
Many results of these investigations were based on retrospective
assessments of parental care by means of two widely used instruments. The
first one, Parental Bonding Instrument (PBI) (PARKER, 1979), encompasses
the aspects of care and control. The second instrument, the Egna Minnen
Beträffande Uppfostran (EMBU), which designates the Swedish acronym for
“my memories of upbringing”, has an original version of 81 items, to be
answered separately for the father and for the mother (PERRIS, JACOBSSON,
LINDSTRÖM, VON KNORRING and PERRIS, 1980). In the work of Perris
(1980), the transcultural generalizability of three factors (rejection, emotional
warmth and overprotection) was verified, which also were established in a
shortened 23-item version (ARRINDELL et al., 1999).
In the literature on parental care reviewed above, there are several studies
investigating the relationship between parenting style and different mental
disorders. However, little is known yet, about the relation of parenting style to
quality of life. A review of databases, i.e. PsycINFO, Medline and LILACS, no
papers on parenting style and quality of life were found.
56
A way of assessing possible repercussions of parenting style onto
adulthood could be through measuring quality of life. The present investigation
was based on the hypothesis that favorable parental care was associated to
better quality of life in adulthood. Conjectures are also made on the mediating
effect of coping strategies on the association between adult quality of life and
parenting style.
As parenting care and quality of life are temporally distinct variables, it can
be assumed that some mediating variable exists. Furthermore, parental care
could exert an indirect effect on the adult quality of life, mediated by the coping
strategies utilized by the subject facing stressful situations. Assuming that
upbringing determines coping strategies which in turn, impact onto quality of
life. According to Lazarus, coping consists of cognitive and behavioral efforts to
manage internal and external demands (as well as conflicts between them), that
are appraised as taxing or exceeding the resources of the person (LAZARUS,
1991).
The aim of the present study is to test the hypothesis that favorable
parental care is associated to a better quality of life in adulthood.
Material and Methods
In this cross-sectional study quality of life is the outcome (dependent) and
parenting style, the predictive variable.
57
Sample size was calculated by using the correlation coefficient, since the
predictive variables (type of parental care) and those of outcome (quality of life)
were continuous. The effect magnitude was estimated as the absolute value of
the smallest correlation coefficient (r) we wished to detect. In a previous study
(ARRINDELL, 1999), the smallest correlation coefficient (r) found was
0.20 among the s-EMBU instrument items. Therefore, assuming 0.05
significance level and 0.90 study power, the calculated number of subjects
needed to assess the different correlations between the EMBU and WHOQOL-
BREF variables was 259.
Since a non-medically-referred convenience sample, supposedly healthy,
was preferred, university students were invited to participate in the study. In
order to minimize selection biases, such as the predominance of a certain
student profile, we asked permission to study those enrolled in courses of the
Department of Social Medicine at Universidade Federal do Rio Grande do Sul
in the first semester of 2004. The courses of this Department are taught in
different Schools, allowing the inclusion of ten groups of students from the
Schools of Nutrition, Nursing, Engineering, Pharmacy, Physical Education,
Medicine, in addition to the data previously obtained in a pilot-study at the
School of Dentistry. The only exclusion criterion was an age of below
18, since this necessitated a parental authorization for signing the informed
consent forms. After agreeing to participate in the study and signing the consent
forms, the following instruments were administered:
a) The factor under study, Parenting Style
, was assessed by means of the
s-EMBU instrument (PERRIS, JACOBSSON, LINDSTRÖM, VON KNORRING
58
and PERRIS, 1980), which retrospectively estimates parental behaviour in
terms of three factors:
Rejection: upbringing characterized by punishment, rejection of the subject
as an individual, hostility, depreciation, and lack of consideration for points of
view and needs of the subject.
Emotional warmth: delivers affection and tender attention, helps the
subject with activities important to him/her, provides intellectual stimulation, side
by side help in troubles, has high consideration for the subject’s points of view,
who feels capable of trusting the parents and asking for help.
Overprotection: parental behavior indicative of excessive protection from
negative experiences, high degree of intrusion, expectation of knowing
everything about the subject’s activities, high standards of accomplishments,
especially concerning good manners and school and imposing strict regulations.
b) The outcome variable, Quality of Life
was assessed by means of the
WHOQOL-BREF, the short version of the WHOQOL-100 instrument, composed
of 26 questions, covering four domains: physical, psychological, social
relationships and environment, besides a global quality of life score. It had been
validated for Brazilian Portuguese (FLECK et al., 2000).
c) The assumed intermediating variable coping was assessed with the
Coping Strategies Inventory (FOLKMAN & LAZARUS, 1985) comprising 66
59
items encompassing thoughts and actions utilized for dealing with internal or
external demands of a specific stressful event. It contains eight scales of coping
strategies, answered by a Likert-type scale. This instrument has been validated
for Brazilian Portuguese (SAVÓIA, 1999). For this study, the situation chosen
as the stressful event was that of preparing for the university entrance exams,
common to all subjects, with the assessment of their coping strategies facing
this situation.
d) The intermediating variable symptoms of depression were assessed
with the Beck Depression Inventory (BDI). BDI is one of the mostly utilized
instruments to measure the severity of symptoms of depression, both for clinical
and research purposes. BDI comprises 21 items, to be answered according a
three point Likert-type scale with two sub-scales: a cognitive-affective one,
composed by the first 13 items of the inventory and a somatic one, made up by
the remaining items. It is answered by the subject himself/herself based on
his/her subjective assessment of how he/she felt in the previous week. It has
been validated for Brazilian Portuguese (CUNHA 2001).
e) The intermediating variable Life Events was assessed with the Social
Readjustment Rating Scale (HOLMES and RAHE, 1967) which is based on the
premise that the energy one requires to readjust to society after significant
changes in one’s life can increase stress levels and make one susceptible to
serious illnesses. It consists of a list of events considered significant. The
subjects are asked to check whether they experienced any of the events listed
in the previous year. Such events are rated and the higher the score, the
60
greater is the difficulty in readjusting. This instrument had been translated into
Brazilian Portuguese (SAVOIA, 1999).
f) The socio-economical class was assessed according to the Brazilian
Economical Classification Criterion (Critério de Classificação Econômica do
Brasil). This instrument regards the buying power of urban families, categorizing
them in five distinct social classes:
Social Class
Annual Income
(U$)
A 24570 to 41196
B 8822 to 14822
C 4900
D 2241
E 1094
g) Socio-demographic variables, such as sex, age, number of siblings,
birth order, by whom the subject was brought up, whether the parents are living
and whether they are separated, were systematically obtained.
Possible confounders, such as socio-economical level, schooling and
depression were considered.
Statistical Analysis
The data obtained were analyzed by means of hierarchic multiple linear
regression, using the Statistical Package of Social Sciences (SPSS 12, SPSS
Inc., Chicago, Illinois, USA). The dependent variables were the four quality of
life domains and the WHOQOL-BREF global score, thus yielding five regression
61
calculations - physical, psychological, social relationships, environment and
global. The independent variables were entered chronologically into the
regression equation. This temporal approach caused the predictor blocks to be
arranged in sequence from the most distal determinants to the most proximal
ones. The distal factors have the probability of acting through other more
proximal interrelated determinants, also known as intermediate variables or
mechanisms. Thus the blocks were composed by (1) socio-demographic
variables, (2) parental rearing, (3) coping in the period preceding the university
entrance exams, (4) events in the previous year and (5) depression in the
previous week. The socio-demographic variables were maintained in every
model at all times; the other predictors were discarded, or otherwise maintained
in case they significantly contributed in the model (p<0.05). Once included, they
were kept, even if becoming non-significant after the addition of more proximal
predictors.
Results
Of the 303 students invited to participate in the study, 297 agreed; of the
six refusing, three allegedly had no time to fill all the instruments, as they were
leaving the class period before it ended, and three other simply refused to be
part of the study. Of the 297 respondents, 168 were females (56.6%) and 129,
males (43.4%). Mean age was 22.6 years (median = 22; sd=4). They were
mostly single (94.6%) and with both parents alive (94.6%). Most (88.6%) had
been brought up by the father and by the mother, coming from small sibships
(84.6% with two siblings or less). Mean family social class was B, with 91.2% of
62
the individual in classes A or B and only 8.8% in classes C or D and none in
class E.
Table 1. Dependent Variable: Psychological health domain- WHOQOL
BREF
Standardized
Coefficient
Beta
t
Sig.
(Constant) 13.764 .000
Sex
-.140
-3.080
.002
Social class -.027 -.607 .544
Father rejection
-.094
-1.922
.056
Mother emotional warmth
.147
2.920
.004
Mother overprotection -.012 -.273 .785
Confrontative coping -.019 -.389 .698
Distancing coping -.032 -.715 .475
Seeking social support .084 1.660 .098
Escape-avoidance -.052 -1.033 .303
Positive reappraisal
.100
1.889
.060
Holmes & Rahe Scale -.057 -1.186 .237
Beck Depression Inventory
-.497
-8.945
.000
Table 2. Dependent Variable: Physical health domain - WHOQOL BREF
Standardized
Coefficient
Beta
t
Sig.
(Constant) 11.167 .000
Sex -.068 -1.291 .198
Social class -.019 -.355 .723
Father rejection -.029 -.508 .612
Mother emotional warmth .011 .189 .850
Mother overprotection -.061 -1.145 .253
Confrontative coping -.023 -.404 .686
distancing coping -.067 -1.260 .209
Positive reappraisal
.107
1.913
.057
Holmes & Rahe Scale
-.110
-1.944
.053
Beck Depression Inventory -.417
-6.570
.000
63
Table 3. Dependent Variable: Global Quality of Life - WHOQOL BREF
Standardized
Coefficient
Beta
t
Sig.
(Constant) 7.272 .000
Sex .008 .148 .882
Social class .087 1.657 .099
Father rejection -.063 -1.120 .264
Mother emotional warmth
.168
2.917
.004
Mother overprotection -.047 -.886 .376
confrontative coping -.041 -.724 .469
Seeking social support
.110
2.035
.043
Holmes & Rahe Scale -.038 -.682 .496
Beck Depression Inventory
-.367
-5.888
.000
Table 4. Dependent Variable: Environment domain - WHOQOL BREF
Standardized
Coefficients
Beta
t
Sig.
(Constant) 9.135 .000
Sex .005 .100 .920
Social class
.358
7.171
.000
Mother rejection
-.169
-2.901
.004
Mother emotional warmth .057 .962 .337
confrontative coping -.007 -.124 .902
distancing coping -.068 -1.331 .184
Accepting responsibility -.089 -1.433 .153
Escape-avoidance -.012 -.213 .831
Planful problem-solving -.057 -1.019 .309
Positive reappraisal .064 1.031 .304
Holmes & Rahe Scale -.086 -1.602 .110
Beck Depression Inventory
-.268
-4.396
.000
64
Table 5. Dependent Variable: Social relationships domain- WHOQOL
BREF
Standardized
Coefficients
Beta
t
Sig.
(Constant) 5.543 .000
Sex .068 1.322 .187
Social class
.140
2.740
.007
Father rejection -.056 -1.040 .299
Mother emotional warmth
.146
2.598
.010
Confrontative coping -.017 -.299 .765
Seeking social support .064 1.145 .253
Escape-avoidance -.055 -.987 .324
Planful problem-solving
.143
2.662
.008
Beck Depression Inventory
-.401
-6.917
.000
Social class was the variable most related to the domain “environment of
quality of life” and also related to the domain “social relationships”.
Gender correlated with the psychological domain of quality of life: being
female was associated with a lower score.
Regarding parental care
, mother emotional warmth was positively
correlated with global quality of life and with the psychological and social
relationships domains. As concerns the environment domain, a negative
correlation was observed between maternal rejection and quality of life. In the
psychological domain, the variable paternal rejection yielded a negative
correlation with quality of life.
The use of coping strategies
in the period of preparing for the university
entrance exams was correlated with QOL; a positive reappraisal strategy
showed a positive correlation with the psychological and physical health
65
domains. The problem solving strategy revealed a positive correlation with the
social relationships domain and “seeking social support” with global quality of
life.
Events occurring in the previous year correlated with the physical health
domain.
There was marked inverse relationship between depressive symptoms
and quality of life, even though our sample had a mean BDI score of 7.1
(median=6), when scores up to 9 indicate the absence of significant symptoms.
It is noteworthy that the BDI score appeared as the variable most related with
QOL in four out of five regressions; only in the environment domain the BDI
score was not the most related to QOL, but the second one.
Limitations
As a cross-sectional study, any causality of the found associations cannot
be confirmed, which represents a limitation of our findings.
In addition, due to the fact that the answers regarding parenting style are
based on retrospective recollections, there is a natural concern that those might
be biased. A bias of this type of study might be that an individual with good
quality of life at the present moment could have benevolently, or even
indulgently, evaluated his/her upbringing. On the other hand, we question these
limitations for two reasons. First, our data show a specific pattern in accordance
66
with our hypotheses: maternal emotional warmth was associated with global
quality of life and the psychological and social relationships domains, but
unrelated with the physical health and environment domains. Furthermore,
Parker (1981) has demonstrated that the parenting scores obtained by
independent observers were highly correlated with the scores of research
subjects. In addition, Gerlsma (1994) has found that memories of early
parenting experiences remained stable even in the presence of significant
changes in anxiety, depression or hostility. Furthermore, in a recently published
study, Wilhelm (2005) found satisfactory retest coefficients for PBI scores of a
cohort followed during a twenty-year period, demonstrating the long-term
stability of retrospective accounts of parenting.
Discussion
The Depression score (BDI) influenced all QOL domains. Maternal
emotional warmth had a rather selective but consistent influence on quality of
life. On the other hand, coping strategies were not strongly related to QOL.
The most significant correlation was observed between quality of life and
depressive symptoms, considered as a confounding variable. After removing
the effect of the other variables, the BDI score was most strongly related with
QOL in four out of five regressions. Even though this was a non-clinical
population, with no severe symptoms of depression, the presence of mild
67
depressive symptoms exerted a strong impact onto the quality of life of this
population.
Maternal emotional warmth yielded the most significant correlations with
the quality of life of the participating students.
With the aim, among others, of examining whether the experiences of
maternal care had a stronger association with psychopathology in adulthood
than the experiences connected to paternal care, The National Comorbidity
Study investigated the associations of reported parental care and adult
psychopathology in a non-clinical, representative general population sample.
Applying the PBI instrument, it was demonstrated that the lack of parental care
was the variable most associated with adult psychopathology. In addition, the
association between memories of maternal care and psychopathology was, in
general, stronger than the association between experiences of paternal care
and psychopathology. Our data agree with those obtained in The National
Comorbidity Study, despite the large differences between the populations
studied. The North-American study was general population-based,
demonstrating an association with psychopathology. The present study involves
a sample of university students of Southern Brazil and associates parental care
and a positive variable (quality of life), indirectly associated with mental health.
Regarding the greater association between memories of maternal care,
compared to paternal care, and psychopathology, the authors argue that these
observations may be due to the greater impact of the role of mothers who, in
the traditional family model, spend more time with their children (ENNS, 2002).
68
In animal models, the early exposure to an adverse environment is
considered a post-natal neglect. One of the most important aspects in such
environments is the interaction between the caretaker and the newborn. Since
the 1960`s, after studies from the Wisconsin Primate Laboratory, it is known
that chronic disorders in mother-child attachment change the development of
non-human primates, easing the way for the development of psychopathology.
Also, parental care and efficient care may reduce the genetic risk for
psychopathology in the same primates. There is evidence showing that the
perinatal environment represents an important modulating factor in the
neurobiological development (SANCHEZ, 2001). Our results highlight the
hypothesis stating that maternal emotional warmth may, likewise, be a
protecting factor during development and consequently result in improved
quality of life in adulthood.
The coping strategies usually concurring with the poorest health outcomes
were not associated to quality of life. In general, our hierarchic regressions
disclosed four coping strategies as positively associated to the students’ quality
of life, which normally are associated to favorable health outcomes.
The association between positive reappraisal, i.e., the effort to give
positive meaning to experiences and to seek personal growth, and the
psychological and physical health domains of quality of life, confirm, to a certain
extent, data from the literature showing that this coping strategy is associated to
improvement of psychological health. The problem-solving strategy is linked to
69
efforts to change a given situation after analyzing the problem. Although there
are suggestions in the literature to associate this strategy to improvements in
physical and psychological health, this association did not occur. However, the
finding that this strategy has positive correlation with the social relationships
domain is new. Finally, the seeking social support strategy, when the subject
puts energy into searching rational and emotional support, showed positive
correlation with global quality of life. It is shown in the literature that this strategy
is associated to improvement in physical health and to improvement or
worsening of psychological well-being (FOLKMAN & LAZARUS, 1988;
PENLEY, 2002).
Events having occurred in the previous year were correlated with the
physical health domain, corroborating the ideas of Thomas Holmes, that life
events, such as divorce, death of spouse or loss of job might predispose people
to illnesses. Although the research methods employed in the fifties may be
considered as outdated by now, recent investigations based on advances in
immunology and biostatistics suggest that stress causes a reduction in immune
function and subsequently leads to medical illnesses (LERNER, 1996).
To our knowledge, there are no published studies attempting to relate
parental care to quality of life. However, in a yet unpublished study by one of
the authors, M.E., 2948 subjects in a representative sample of the population in
Germany were interviewed with the aim of assessing the QRPRB, a short
version of the EMBU. The authors have investigated the relationship between
parental care and satisfaction with life. They observed that subjects who had
70
experienced parental care characterized as rejection, punishment as well as
with controlling parents lacking affective warmth, reported a lower level of
satisfaction with life than subjects with a more favorable history of upbringing.
Our results agree with those of the German study, in that subjects with more
favorable upbringing are more satisfied in adulthood.
Conclusions
1. The style of upbringing in early life was associated to quality of life. Thus,
the present study substantiates the empirical notion
stating that favorable parental care may be associated
with better quality of life in adulthood.
2. Quality of life is influenced by variables covering a long time, from distant
variables, such as gender and social class, to proximal
ones, such as depression ratings from the prior week.
3. Even though this was a non-clinical population, depression was the
predictive variable with the largest influence on quality of
life.
4. The coping strategies used when preparing for the university entrance
exams were no mediators of the outcome.
5. The WHOQOL-BREF proved satisfactory discriminant validity in a non-
clinical population.
71
REFERENCES
Arrindell, W. A., Sanavio, E., Aguilar, G., Sica, C., Hatzichristou, C.,
Eisemann, M., Recinos, L. A., Gaszner, P., Peter, M., Battagliese, G., Kállai, J.
& van der Ende, J. (1999). The development of a short form of the EMBU: its
appraisal with students in Greece, Guatemala, Hungary and Italy. Personality
and Individual Differences, 27, 613-628.
Association of Brazilian Market Institutes website URL:
http://www.anep.org.br
Berlim, M. and Fleck, M. (2003). "Quality of life": a brand new concept
for research and practice in psychiatry. Rev Bras Psiquiatr. Oct;25(4):249-52.
Cunha, J. A. (2001). Manual Versão em Português das Escalas
BECK. São Paulo: Casa do Psicólogo.
Eisemann, M (1997). Parental rearing and adult psychopathology.
Psiquiatria Clínica, 18, (3), 169-174.
Emmelkamp, P. M. G. and Heeres, H. (1988). Drug addiction and
parental rearing style: A controlled study. Int J Addict., 23, 207-216.
Enns, M.W., Cox, B.J., Clara, I. (2002). Parental bonding and adult
psychopathology: results from the US National Comorbidity Survey. Psychol
Med. Aug; 32(6):997-1008.
Fleck, M.P., Louzada, S., Xavier M., Chachamovich, E., Vieira, G.,
Santos, L., Pinzon, V. (2000). Application of the Portuguese version of the
abbreviated instrument of quality life WHOQOL-bref. Rev Saude Publica. Apr;
34(2):178-83.
Folkman, S and Lazarus, R.S. (1988). Coping as a mediator of
emotion. J. Person. Soc. Psychol. 54: 466–475.
Folkman, S. and Lazarus, R.S. (1985). If it changes it must be a
process: Study of emotion and coping during three stages of a college
examination. Journal of Personality and Social Psychology, Vol. 48, No. 1, 150-
170.
Gerlsma, C., Emmelkamp, P. M. G., Arrindell, W. A. (1990). Anxiety,
depression, and perception of early parenting: A meta-analysis. Clinical
Psychology Review, 10, 251-277.
Gerslma, C., Kramer, J. J., Scholing, A., Emmelkamp, P. M. G. (1994).
The influence of mood on memories of parental rearing practices. British
Journal of Clinical Psychology, 33, 159-172.
Holmes T.H. and Rahe R.H. The Social Readjustment Rating Scale. J
Psychosom Res. 1967 Aug;11(2):213-8.
Khalil, N. and Stark, F. M. (1992). Do perceived parental rearing
patterns influence social behaviour dimensions and disease severity in
schizophrenia? Acta Psychiatrica Scandinavica, 86, 146-152.
Lazarus, RS (1991). Progress on a cognitive-motivational-relational
theory of emotion. Am Psychol. Aug;46(8):819-34.
Lerner, B. (1996). Can stress cause disease? Revisiting the
tuberculosis research of Thomas Holmes, 1949-1961.Ann Intern Med. Apr
1;124(7):673-80.
72
Mackinnon, A., Henderson, A. S., Andrews, G. (1993). Parental
“affectionless control” as an antecedent to adult depression: a risk factor
refined. Psychological Medicine, 23, 135-141.
Parker, G. (1981). Parental reports of depressives. An investigation of
several explanations. J Affect Disord, Jun; 3(2): 131-40
Parker, G. (1983). Parental “affectionless control” as an antecedent to
adult depression. Archives of General Psychiatry, 40, 956-960.
Parker, G., Tupling, H. & Brown, L. B. (1979). A parental bonding
instrument. British Journal of Medical Psychology, 52, 1-10.
Penley JA, Tomaka J, Wiebe JS (2002). The association of coping to
physical and psychological health outcomes: a meta-analytic review. J Behav
Med. Dec; 25(6): 551-603.
Perris, C. (1994). Linking the experience of dysfunctional parental
rearing with manifest psychopathology: A theoretical framework. In C. Perris, C.
W. A. Arrindell & M. Eisemann (eds.), Parenting and psychopathology (pp. 3-
32). New York: Wiley.
Perris, C., Jacobsson, L., Lindström, H., von Knorring, L. & Perris, H.
(1980). Development of a new inventory for assessing memories of parental
rearing behaviour. Acta Psychiatrica Scandinavica, 61, 265-274.
Rapee, R. M. (1997). Potential role of childrearing practices in the
development of anxiety and depression. Clinical Psychology Review, 17, 47-67.
Reiss, D., Hetherington, E. M., Plomin, R., Howe, G., Simmens, S. J.,
Henderson, S. H., O´Connor, T. J., Bussell, D. A., Anderson, E. R. & Law, T.
(1995). Genetic questions in environmental studies. Differential parenting and
psychopathology in adolescence. Archive of General Psychiatry, 52, 925-936.
Richter, J; Eisemann, M. (1996) Relationships between perceived
parental rearing and adult personality: an overview. Psychologica, 16, pp19-32.
Ruchkin, V. V., Eisemann, M. & Hägglöf, B. (1998). Parental rearing
and problem behaviours in male delinquent adolescents versus controls in
northern Russia. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 33, 477-482.
Sanchez M.M., Ladd C.O., Plotsky P.M. (2001). Early adverse
experience as a developmental risk factor for later psychopathology: evidence
from rodent and primate models. Dev Psychopathol. 13(3): 419-49.
Savoia, M. (1999). Escalas de eventos vitais e estratégias de
enfrentamento (coping). Rev. Psiq. Clín. 26 (2) Edição Especial: 57-67.
Seligman, M.E.P. and Csikszentmihalyi, M, (2000). Special issue on
happiness, excellence, and optimal human functioning. Am Psychol; 55: 5 –183.
Skagerlind, L., Perris, C. & Eisemann, M. (1996). Perceived parental
rearing behaviour in patients with a schizophrenic disorder and its relationship
to aspects of the course of the illness. Acta Psychiatrica Scandinavica, 93, 403-
406.
The WHOQOL Group (1994). The development of the World Health
Organization quality of life assessment instrument. In: Orley J, Kuyken W,
editors. Quality of life assessment: international perspectives. Heidelberg:
Springer Verlag.
Vaillant GE (2003). Mental health; Am J Psychiatry. 2003
Aug;160(8):1373-84.
73
Vrasti, R. & Eisemann, M. (1994) Perceived parental rearing behaviour
in alcoholics. In C. Perris, W. A. Arrindell & M. Eisemann (eds.), Parenting and
psychopathology. (pp. 201-234). New York: Wiley.
Wilhelm, K., Niven, H., Parker, G., Hadzi-Pavlovic, D. (2005). The
stability of the Parental Bonding Instrument over a 20-year period. Psychol Med.
35(3):387-93.
74
Comentário final
O artigo apresentado é o primeiro de três planejados para o
aproveitamento do banco de dados gerado no trabalho de campo. Ele procura
abarcar todas as informações do banco de dados através de uma metodologia
estatística habitualmente utilizada no nosso meio: uma regressão linear
múltipla hierárquica utilizando o software Statistical Package of Social
Sciences. Foi submetido ao periódico Personality and Individual Differences.
O próximo passo será analisar os dados por intermédio de outra
metodologia estatística pelo método structural equation modeling - este pouco
conhecida no nosso meio. Esta metodologia permitirá testar estatisticamente o
modelo hipotético em uma análise simultânea de todo o sistema de variáveis
para determinar até que ponto o modelo proposto é consistente com os dados,
havendo a possibilidade de modelar pictoricamente a hipótese. Já foi iniciado
um exame dos dados em colaboração com o professor Cody Stonewall Hollist,
da University of Nebraska Lincoln, e o plano é de escrever o segundo artigo e
submetê-lo à publicação no primeiro semestre de 2006.
Por fim, será redigido um terceiro artigo para publicação em revista
brasileira, disponibilizando a versão do s-EMBU para o português. Cabe
lembrar que este instrumento é uma versão breve do EMBU, de 81 itens, que
foi submetido a validação transcultural na Grécia, Guatemala, Hungria e Itália
(ARRINDELL, 1999). Mesmo se tratando de itens retirados da versão completa
do EMBU, que já estava traduzida para o português brasileiro desde o final da
década de oitenta, trata-se da primeira aplicação do s-EMBU neste idioma.
75
Referências Bibliográficas
1. Arrindell W, Sanavio E, Aguilar G, Sica C, Hatzichristou C,
Eisemann M, Recinos L, Gaszner P, Peter M, Battagliese G,
Kállai J e van der Ende J. (1999). The development of a short
form of the EMBU: its appraisal with students in Greece,
Guatemala, Hungary and Italy. Personality and Individual
Differences, 27, 613-628.
2. Berlim, M e Fleck, M (2003). "Quality of life": a brand new concept
for research and practice in psychiatry. Rev Bras Psiquiatr.
Oct;25(4):249-52.
3. Birtchnell J (1993). Does recollection of exposure to poor maternal
care in childhood affect later ability to relate? Br J Psychiatry.
Mar;162:335-44.
4. Bullinger M, Anderson R, Cella D e Aaronson N (1993).
Developing and evaluating cross-cultural instruments from
minimum requirements to optimal models. Qual Life Res.
Dec;2(6):451-9.
5. Burton, Robert; Anatomia de la melancolia. Extra Editorial,
Espanha, 1997.
6. Carter J, Joyce P, Mulder R, Luty S e Sullivan P (1999). Early
deficient parenting in depressed outpatients is associated with
personality dysfunction and not with depression subtypes. J Affect
Disord. Jul;54(1-2):29-37.
7. Diener E (2000). Subjective well-being. The science of happiness
and a proposal for a national index. Am Psychol. Jan;55(1):34-43.
8. Eisemann, M (1997). Parental rearing and adult psychopathology.
Psiquiatria Clínica, 18, (3), 169-174.
9. Enns M, Cox B, Clara I (2002). Parental bonding and adult
psychopathology: results from the US National Comorbidity
Survey. Psychol Med. Aug; 32(6):997-1008.
10. Fleck M, Leal O, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G,
Santos L, Pinzon V (1999). Development of the Portuguese
version of the OMS evaluation instrument of quality of life. Rev.
Bras. Psiquiatr, Jan./Mar., vol.21, no.1, p.19-28.
11. Fleck M, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G, Santos
L, Pinzon V (2000). Application of the Portuguese version of the
abbreviated instrument of quality life WHOQOL-bref. Rev Saude
Publica. Apr; 34(2):178-83.
12. Freud S. A história do movimento psicanalítico (1914). Pequena
Coleção das Obras de Freud, Livro 6. Rio de Janeiro: Imago
Editora LTDA, 1974.
13. Gerlsma C, Emmelkamp P, Arrindell W (1990). Anxiety,
depression, and perception of early parenting: A meta-analysis.
Clinical Psychology Review, 10, 251-277.
14. Gerlsma C, Kramer J, Scholing A, Emmelkamp P (1994). The
influence of mood on memories of parental rearing practices.
British Journal of Clinical Psychology, 33, 159-172.
76
15. Livianos-Aldana L, Rojo-Moreno L (2003). Construct validity of
retrospective perception of parental relating scales: EMBU and
PBI. Personality and Individual Differences, 35, 1707-1718.
16. Mackinnon A, Henderson A, Andrews G (1993). Parental
“affectionless control” as an antecedent to adult depression: a risk
factor refined. Psychological Medicine, 23, 135-141.
17. Orley J, Saxena S, Herrman H (1998). Quality of life and mental
illness. Reflections from the perspective of the WHOQOL. Br J
Psychiatry. Apr;172:291-3.
18. Parker, G. (1981). Parental reports of depressives. An
investigation of several explanations. J Affect Disord, Jun; 3(2):
131-40
19. Parker, G. (1983). Parental “affectionless control” as an
antecedent to adult depression. Archives of General Psychiatry,
40, 956-960.
20. Parker G, Tupling H e Brown L (1979). A parental bonding
instrument. British Journal of Medical Psychology, 52, 1-10.
21. Perris, C. (1994). Linking the experience of dysfunctional parental
rearing with manifest psychopathology: A theoretical framework.
In C. Perris, C. W. A. Arrindell e M. Eisemann (eds.), Parenting
and psychopathology (pp. 3-32). New York: Wiley.
22. Perris C, Jacobsson L, Lindström H, von Knorring L e Perris H
(1980). Development of a new inventory for assessing memories
of parental rearing behaviour. Acta Psychiatrica Scandinavica, 61,
265-274.
23. Rapee, R (1997). Potential role of childrearing practices in the
development of anxiety and depression. Clinical Psychology
Review, 17, 47-67.
24. Reiss D, Hetherington E, Plomin R, Howe G, Simmens S,
Henderson S, O´Connor T, Bussell D, Anderson E e Law T
(1995). Genetic questions in environmental studies. Differential
parenting and psychopathology in adolescence. Archive of
General Psychiatry, 52, 925-936.
25. Rojo-Moreno L, Livianos-Aldana L, Cervera-Martinez G,
Dominguez-Carabantes JA (1999). Rearing style and depressive
disorder in adulthood: a controlled study in a Spanish clinical
sample. Soc Psychiatry Psychiatr Epidemiol. Oct;34(10):548-54.
26. Ruchkin V, Eisemann M e Hägglöf B (1998). Parental rearing and
problem behaviours in male delinquent adolescents versus
controls in northern Russia. Social Psychiatry and Psychiatric
Epidemiology, 33, 477-482.
27. Seligman, M e Csikszentmihalyi, M (2000). Special issue on
happiness, excellence, and optimal human functioning. Am
Psychol; 55: 5 –183.
28. Skagerlind L, Perris C e Eisemann M (1996). Perceived parental
rearing behaviour in patients with a schizophrenic disorder and its
relationship to aspects of the course of the illness. Acta Psychiatr
Scand. May;93(5):403-6.
29. The Whoqol Group (1994). The development of the World Health
Organization quality of life assessment instrument. In: Orley J,
77
Kuyken W, editors. Quality of life assessment: international
perspectives. Heidelberg: Springer Verlag.
30. Turgeon L, O'Connor KP, Marchand A, Freeston MH (2002).
Recollections of parent-child relationships in patients with
obsessive-compulsive disorder and panic disorder with
agoraphobia. Acta Psychiatr Scand. Apr;105(4):310-6.
31. Vaillant GE (2000). Adaptive mental mechanisms. Their role in a
positive psychology. Am Psychol; 55(1):89-98.
32. Vaillant GE (2003). Mental health; Am J Psychiatry. 2003
Aug;160(8):1373-84
33. Wilhelm K, Niven H, Parker G e Hadzi-Pavlovic D (2005). The
stability of the Parental Bonding Instrument over a 20-year period.
Psychol Med. Mar; 35(3):387-93.
78
TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO
Você está sendo convidado a participar de um estudo chamado
“ASSOCIAÇÃO ENTRE A RECORDAÇÃO DOS CUIDADOS
PARENTAIS E QUALIDADE DE VIDA NA IDADE ADULTA”,
desenvolvido no Pós-graduação em Medicina, Psiquiatria, da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, coordenado pelo Dr. Marcelo Fleck. Por
isso, lhe faremos algumas perguntas sobre lembranças da sua infância e da
sua vida atual.
A sua participação é voluntária e você tem o direito de abandonar o
estudo a qualquer momento. Salientamos que a sua participação neste
projeto se encerra com o preenchimento destes questionários, o que deve
levar aproximadamente meia hora.
As suas respostas serão estudadas junto com as de muitas outras
pessoas, respeitando de modo absoluto o anonimato. Os dados serão
analisados somente por esta equipe de pesquisa, podendo ser apresentados
em ocasiões científicas.
De todas estas perguntas, há algumas que podem sugerir a presença de
depressão. Se as suas respostas forem indicativas de depressão, você será
notificado. Por isso, pediremos que você indique a forma de lhe contatar.
Havendo necessidade de outras informações, você pode entrar em
contato com o Dr. Jacques Zimmermann através do telefone (51) 3342-
2289.
Sujeito:
assinatura................................................................................................
Pesquisador:
assinatura:...............................................................................................
Data:.......................
79
Nome:
Sexo: Telefone para contato:
Estado civil:
Idade:
Vivi com meus pais até a idade de: .............anos.
Meu pai ainda vive
Morreu quando eu tinha.............anos.
Minha mãe ainda vive
Morreu quando eu tinha.............anos.
Meus pais se separaram quando eu tinha...........anos.
Fui criado por.................................................desde que eu tinha...........anos.
Tenho...............irmãos.
Tenho...............irmãos mais velhos do que eu.
Abaixo estão perguntas sobre as condições de sua residência. Se você mora
com seus pais preencha apenas o questionário referente a “Residência da
família”. Se durante a faculdade você passou a morar sozinho, por favor
responda a ambos, marcando um X em cada linha:
RESIDÊNCIA DA FAMÍLIA
Não T E M T E M T E M T E M
tem 1 2 3 4 ou +
Televisão em cores
Rádio
Banheiro
Automóvel
Empregada mensalista
Aspirador de pó
Máquina de lavar
Videocassete
Geladeira
Freezer (aparelho independente
ou parte da geladeira duplex)
RESIDÊNCIA DO INDIVÍDUO
Não T E M T E M T E M T E M
tem 1 2 3 4 ou +
Televisão em cores
Rádio
Banheiro
Automóvel
Empregada mensalista
Aspirador de pó
Máquina de lavar
Videocassete
Geladeira
Freezer (aparelho independente
ou parte da geladeira duplex)
Marque com um X o grau de instrução do chefe de família:
Analfabeto / Primário incompleto
Primário completo / Ginasial incompleto
Ginasial completo / Colegial incompleto
Colegial completo / Superior incompleto
Superior completo
80
Abaixo há 25 perguntas relacionadas à sua infância. Antes de responder este
questionário leia cuidadosamente as seguintes instruções:
Ainda que seja difícil recordar com exatidão o modo como seus pais o tratavam
quando você era criança, a verdade é que cada um de nós tem uma idéia, mais ou
menos precisa, das normas básicas ou dos princípios nos quais se baseavam para
educar-nos. Para responder este questionário, é muito importante que você tente
recordar o que sentia a respeito das atitudes que seus pais tinham com você. Como
verá, cada pergunta tem várias alternativas e você deverá escolher aquela que reflete
melhor tanto o comportamento do seu pai , como o de sua mãe na sua educação,
quando você era criança. Marque com um “X” a alternativa mais apropriada para o seu
caso.
Tenha o cuidado de não deixar questões não respondidas. Sabemos que
algumas perguntas são impossíveis de responder se você não tem irmãos ou se foi
criado por apenas um dos pais. Neste caso, deixe estas questões em branco.
Para cada pergunta por favor marque um “X” na resposta apropriada para o
comportamento do seu pai e de sua mãe em relação a você. Leia cuidadosamente até
o fim cada pergunta e julgue qual das possíveis respostas se aplica a você. Responda
separadamente para seu pai e sua mãe.
A seguir damos um exemplo do modo como você deve responder o
questionário:
Exemplo:
Pai 1234
Seus pais costumavam bater em você?
Mãe1234
Pai 1234
Seus pais eram carinhosos com você?
Mãe1234
1 Não, nunca.
2 Sim, às vezes.
3 Sim, freqüentemente.
4 Sim, sempre.
Pai 12341. Seus pais ficavam aborrecidos com você e não lhe diziam os
motivos?
Mãe1234
Pai 1234
2. Seus pais o elogiavam?
Mãe1234
Pai 12343. Você desejava que seus pais se preocupassem menos com as
coisas que você estava fazendo?
Mãe1234
Pai 1234
4. Seus pais lhe batiam mais do que você merecia?
Mãe1234
Pai 12345. Quando você voltava para casa tinha que explicar a seus pais o
que estivera fazendo?
Mãe1234
Pai 12346. Você acha que seus pais tentavam tornar sua adolescência
estimulante, interessante, instrutiva (por exemplo: dando-lhe bons
livros para ler, incentivando-o a sair para passear, levando-o a
clubes)?
ãe
1234
Pai 12347. Seus pais o criticavam na frente dos outros, dizendo que você era
preguiçoso e inútil?
Mãe1234
Pai 12348. Seus pais lhe proibiam de fazer coisas que outras crianças
faziam, por terem medo de que alguma coisa lhe acontecesse?
Mãe1234
Pai 1234
9. Seus pais o pressionavam para que se tornasse o melhor?
Mãe1234
81
Pai 123410. Seus pais pareciam ficar tristes, ou de alguma maneira
mostravam que você tinha se comportado mal, de forma que você
se sentisse culpado?
Mãe1234
Pai 123411. Você acha que seus pais tinham um medo exagerado de que
algo lhe acontecesse?
Mãe1234
Pai 123412. Se para você as coisas iam mal, você sentia que seus pais
procuravam encorajá-lo e confortá-lo?
Mãe1234
Pai 123413. Você era tratado como “ovelha negra” ou como “bode expiatório”
da família?
Mãe1234
Pai 123414. Seus pais demonstravam, com palavras e gestos, que gostavam
de você?
Mãe1234
Pai 123415.Você sentia que seus pais gostavam mais de seus irmãos do
que de você?
Mãe1234
Pai 123416. Seus pais o tratavam de um modo que o fazia sentir-se
envergonhado?
Mãe1234
Pai 123417. Você podia ir onde gostava, sem que seus pais ficassem muito
preocupados?
Mãe1234
Pai 1234
18. Você sentia que seus pais interferiam em tudo o que você fazia?
Mãe1234
Pai 1234
19. Você sentia que havia calor e ternura entre você e seus pais?
Mãe1234
Pai 123420. Seus pais costumavam colocar regras claras sobre o que você
podia e o que não podia fazer e as seguiam rigorosamente?
Mãe1234
Pai 123421. Seus pais o castigavam com severidade, mesmo por coisas sem
importância?
Mãe1234
Pai 123422. Seus pais costumavam decidir sobre como você deveria se
vestir ou que aparência deveria ter?
Mãe1234
Pai 123423. Você sentia que seus pais ficavam orgulhosos quando você
obtinha êxito em alguma coisa pela qual havia se empenhado?
Mãe1234
Pai Sim Não 24. Você vai adotar os métodos de criar filhos de seus pais nos
cuidados de seus próprios filhos?
Mãe Sim Não
Pai 25. Dê uma nota, de zero a 100, para os métodos de criar filhos de
seus pais (100 é o melhor escore).
Mãe
1 Não, nunca.
2 Sim, às vezes.
3 Sim, freqüentemente.
4 Sim, sempre.
Tradução para o português do EMBU (Perris, Jacobsson, Lindstrom, von Knorring & Perris, 1980) de Ricardo
Gorayeb e Teresinha Arruda. Versão para o português do s-EMBU (W.A. Arrindell et al., 1999) adaptada por Fleck,
Eisemann e Zimmermann.
82
Recentemente você passou pela experiência do Vestibular. O Vestibular é um
período em que as pessoas são submetidas a uma situação de stress. Cada pessoa reage a
esta situação de forma diferente. Uns sofrem mais, outros menos. Uns enfrentam a
situação de um jeito, outros encaram de outra forma. Estamos interessados em saber
como você enfrentou este período do vestibular.
Quão estressante foi para você ter
passado pela situação do vestibular?
nada
muito
pouco
mais ou
menos
bastante extremamente
Leia cada item abaixo e indique, fazendo um círculo na categoria apropriada o que você
fez nesta situação do vestibular.
0 não usei essa estratégia
1 usei um pouco
2 usei bastante
3 usei em grande quantidade
1. Concentrei-me no que deveria ser feito em seguida, no próximo passo 0 1 2 3
2. Tentei analisar o problema para entendê-lo melhor 0 1 2 3
3. Procurei trabalhar ou fazer alguma atividade para me distrair 0 1 2 3
4. Deixei o tempo passar - a melhor coisa que poderia fazer era esperar - o
tempo é o melhor remédio 0 1 2 3
5. Procurei tirar alguma vantagem da situação 0 1 2 3
6. Fiz alguma coisa que acreditava não daria resultados, mas ao menos estava
fazendo alguma coisa 0 1 2 3
7. Tentei encontrar a pessoa responsável para mudar suas idéias 0 1 2 3
8. Conversei com outra(s) pessoa (s) sobre o problema, procurando mais
dados sobre a situação 0 1 2 3
9. Critiquei-me, repreendi-me. 0 1 2 3
10. Tentei não fazer nada que fosse irreversível, procurando deixar outras
opções 0123
11. Esperei que um milagre acontecesse 0 1 2 3
12. Concordei com o fato, aceitei o meu destino 0 1 2 3
13. Fiz como se nada tivesse acontecido 0 1 2 3
14. Procurei guardar para mim mesmo (a) os meus sentimentos 0 1 2 3
15. Procurei encontrar o lado bom da situação 0 1 2 3
16. Dormi mais que o normal 0 1 2 3
17. Mostrei a raiva para as pessoas que causaram o problema 0 1 2 3
18. Aceitei a simpatia e a compreensão das pessoas 0 1 2 3
19. Disse coisas a mim mesmo (a) que me ajudassem a sentir bem 0 1 2 3
83
20. Inspirou-me a fazer algo criativo 0 1 2 3
21. Procurei a situação desagradável 0 1 2 3
22. Procurei ajuda profissional 0 1 2 3
23. Mudei ou cresci como pessoa de uma maneira positiva 0 1 2 3
24. Esperei para ver o que acontecia antes de fazer alguma 0 1 2 3
25. Desculpei ou fiz alguma coisa para repor os danos 0 1 2 3
26. Fiz um plano de ação e o segui
0123
27. Tirei o melhor da situação, o que não era esperado 0 1 2 3
28. De alguma forma extravasei os meus sentimentos 0 1 2 3
29. Compreendi que o problema foi provocado por mim 0 1 2 3
30. Saí da experiência melhor do que eu esperava 0 1 2 3
31. Falei com alguém que poderia fazer alguma coisa concreta sobre o
problema 0 1 2 3
32. Tentei descansar, tirar férias a fim de esquecer o problema 0 1 2 3
33. Procurei me sentir melhor, comendo, fumando, utilizando drogas ou
medicação 0 1 2 3
34. Enfrentei como um grande desafio, fiz algo muito arriscado 0 1 2 3
35. Procurei não fazer nada apressadamente, ou seguir o meu primeiro
impulso 0 1 2 3
36. Encontrei novas crenças 0 1 2 3
37. Mantive meu orgulho não demonstrando os meus sentimentos 0 1 2 3
38. Redescobri o que é importante na vida 0 1 2 3
39. Modifiquei aspectos da situação para que tudo desse certo no final 0 1 2 3
40. Procurei fugir das pessoas em geral 0 1 2 3
41. Não deixei me impressionar, recusava-me a pensar muito sobre essa
situação 0 1 2 3
42. Procurei um amigo ou parente para pedir conselhos 0 1 2 3
43. Não deixei que os outros soubessem da verdadeira situação 0 1 2 3
44. Minimizei a situação recusando-me a me preocupar seriamente com ela 0 1 2 3
45. Falei com alguém sobre como estava me sentindo 0 1 2 3
0 não usei essa estratégia
1 usei um pouco
2 usei bastante
3 usei em grande quantidade
84
46. Recusei recuar e batalhei pelo que eu queria 0 1 2 3
47. Descontei minha raiva em outra(s) pessoa (s) 0 1 2 3
48. Busquei nas experiências passadas uma situação similar 0 1 2 3
49. Eu sabia o que deveria ser feito, portanto dobrei meus esforços para fazer
o que fosse necessário 0 1 2 3
50. Recusei a acreditar que aquilo estava acontecendo 0 1 2 3
51. Prometi a mim mesmo que as coisas serão diferentes da próxima vez 0 1 2 3
52. Encontrei algumas soluções diferentes para o problema 0 1 2 3
53. Aceitei, nada poderia ser feito 0 1 2 3
54. Procurei não deixar que meus sentimentos interferissem muito nas outras
coisas que eu estava fazendo 0 1 2 3
55. Gostaria de poder mudar o que tinha acontecido ou como me senti 0 1 2 3
56. Mudei alguma coisa em mim, modifiquei-me de alguma forma 0 1 2 3
57. Sonhava acordado (a) ou imaginava um lugar ou tempo melhores do que
aqueles em que eu estava 0 1 2 3
58. Desejei que a situação acabasse ou que de alguma forma desaparecesse 0 1 2 3
59. Tinha fantasias de como as coisas iriam acontecer, como se
encaminhariam 0 1 2 3
60. Rezei 0 1 2 3
61. Preparei-me para o pior 0 1 2 3
62. Analisei mentalmente o que fazer e o que dizer 0 1 2 3
63. Pensei em uma pessoa que admiro e a tomei como modelo 0 1 2 3
64. Procurei ver as coisas sob o ponto de vista da outra pessoa 0 1 2 3
65. Eu disse a mim mesmo (a) que as coisas poderiam ter sido piores 0 1 2 3
66. Corri, ou fiz exercícios 0 1 2 3
Adaptado por Savoia et al. (1976) do original de Folkman & Lazarus (1985).
0 não usei essa estratégia
1 usei um pouco
2 usei bastante
3 usei em grande quantidade
85
Escala de reajustamento social
Assinale com um X na coluna da direita os eventos que ocorreram no último ano
1. Morte do cônjuge
2. Divórcio
3. Separação do casal
4. Prisão
5. Morte de alguém da família
6. Acidentes ou doenças
7. Casamento
8. Perda do emprego
9. Reconciliação com o cônjuge
10. Aposentadoria
11. Doença de alguém da família
12. Gravidez
13. Dificuldades sexuais
14. Nascimento de criança na família
15. Mudança no trabalho
16. Mudança na sua condição financeira
17. Morte de um amigo íntimo
18. Mudança na linha de trabalho
19. Mudança na freqüência de brigas com o cônjuge
20. Compra de casa de valor alto
21. Término de pagamento de empréstimo
22. Mudança de responsabilidade no trabalho
23. Saída de filho (a) de casa
24. Dificuldade com a polícia
25. Reconhecimento de feito profissional de realce
26. Cônjuge começou ou parou de trabalhar
27. Começo ou abandono dos estudos
28. Acréscimo ou diminuição de pessoas morando na casa
29. Mudança de hábitos pessoais
30. Dificuldade com o chefe
31. Mudança no horário de trabalho
32. Mudança de residência
33. Mudança de escola
34. Mudança de atividades recreativas
35. Mudanças de atividades religiosas
36. Mudanças de atividades sociais
37. Compra a crédito de valor médio
38. Mudança nos hábitos de dormir
39. Mudança na freqüência de reuniões familiares
40. Mudança nos hábitos de alimentação
41. Férias
42. Natal
43. Recebimento de multas ao cometer pequenas infrações
Traduzido por Lipp (1984) do original de Holmes & Rahe (1967).
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo