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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
PROGRAMA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
A EFICIÊNCIA DO BRISE-SOLEIL EM EDIFÍCIOS PÚBLICOS DE
ESCRITÓRIOS: ESTUDO DE CASOS NO PLANO PILOTO DE
BRASÍLIA
JOENE SAIBROSA DA SILVA
Brasília
2007
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II
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
PROGRAMA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
A EFICIÊNCIA DO BRISE-SOLEIL EM EDIFÍCIOS PÚBLICOS DE
ESCRITÓRIOS: ESTUDO DE CASOS NO PLANO PILOTO DE
BRASÍLIA
JOENE SAIBROSA DA SILVA
Dissertação apresentada como requisito parcial
à obtenção do grau de Mestre pelo Programa
de Pós-graduação da Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo da Universidade de Brasília,
UnB.
Orientadora: Profa. Dra. Cláudia Naves David Amorim
Brasília
2007
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III
TERMO DE APROVAÇÃO
JOENE SAIBROSA DA SILVA
A EFICIÊNCIA DO BRISE-SOLEIL EM EDIFÍCIOS PÚBLICOS DE
ESCRITÓRIOS: ESTUDO DE CASOS NO PLANO PILOTO DE
BRASÍLIA
Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre pelo Programa
de Pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, UnB
Data de defesa: 20 de março de 2007
Orientadora:
Profa. Dra. Cláudia Naves David Amorim
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, UnB
Comissão Examinadora:
Profa. Dra. Marta Adriana Bustos Romero
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, UnB
Profa. Dra. Lucila Chebel Labaki
Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e
Urbanismo, UNICAMP
Brasília, 2007
IV
À minha família, fonte de inspiração e forças em todos os momentos da minha vida.
Ao Rodolfo, pelo amor e apoio.
V
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais e irmãs, por todo apoio e motivação na realização deste trabalho.
Ao Rodolfo, pela compreensão e o amor em todo período que estive ausente.
Ao João Marcello, por ter sido um chefe camarada na etapa final deste trabalho.
Ao Artur, amigo que se tornou irmão, facilitando minha estadia em Brasília, meu acesso na
Câmara dos Deputados e Senado, além de auxiliar no levantamento de campo.
Ao Fabiano, amigo atencioso e prestativo que dedicou seus dias de folga para passear pela
escala Gregária e Monumental, auxiliando-me em todas as dificuldades surgidas.
Aos professores Silvia Andrade e Ricardo Dias, pela colaboração e orientação desde o
princípio e pela amizade, acima de tudo.
Aos amigos da disciplina Urbanismo Sustentável, por todas as palavras de carinho e em
especial ao Marco Antônio e Tony Medeiros, pelo apoio com informações e material para esta
pesquisa.
Aos queridos amigos Carol, Beatriz, Patrícia, Márcio, Roger, Joana, Enrique, Pedro Paulo,
Luana e Jamilson pelos momentos de felicidade, diversão, desabafo, discussão de planos e
sonhos.
Ao Júnior e João pela paciência e por toda ajuda.
Em especial à Prof. Dra. Marta Romero pela solidariedade e atenção que me dedicou,
indicando referencial bibliográfico, direcionando o desenvolvimento deste trabalho e
auxiliando-me sempre que precisei.
À profa. Lucila Labaki pela valiosa contribuição.
À equipe do CPROJ da Câmara dos Deputados, especialmente ao arquiteto Maurício Matta
por toda a atenção e pela gentileza em ceder subsídios e materiais para esta pesquisa, e à
Simone, por dispor de seu tempo para procurar arquivos.
À equipe do setor de engenharia do Senado: Luis, Luis Carlos e Evandro, pela contribuição
com desenhos e explicações.
VI
Ao Batelli, arquiteto do Ministério do Meio Ambiente, que abriu as portas do edifício e
forneceu todas as informações necessárias.
Aos funcionários do COSEN, em especial ao Dr. Lourival, pela confiança e por disponibilizar
o material referente ao Anexo do Ministério da Saúde.
Ao Grego, pela indicação dos contatos.
À prof. Dra. Cláudia Amorim, pela orientação e palavras otimistas.
À Capes e ao Procel, pela ajuda financeira.
E a Deus, acima de tudo, que tornou isso possível e colocou em meu caminho todas essas
pessoas.
VII
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................IX
LISTA DE TABELAS.......................................................................................................... XV
RESUMO..............................................................................................................................XVI
ABSTRACT ....................................................................................................................... XVII
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1
CAPÍTULO 1 - CONFORTO TÉRMICO E AS ENVOLVENTES EXTERNAS
VERTICAIS: O BRISE-SOLEIL COMO ELEMENTO DE CONTROLE SOLAR........7
1.1. A OBTENÇÃO DE CONFORTO TÉRMICO ATRAVÉS DAS ENVOLVENTES
EXTERNAS VERTICAIS..................................................................................................7
1.2. VARIÁVEIS ARQUITETÔNICAS PARA CARACTERIZAÇÃO DE FACHADAS ...11
1.3. ELEMENTO DE CONTROLE SOLAR: O BRISE-SOLEIL..........................................17
1.3.1. Origens do brise-soleil..............................................................................................17
1.3.2. A evolução dos materiais..........................................................................................20
1.3.3. Classificação dos brise-soleils..................................................................................22
1.3.4. O desenho do brise-soleil com o auxílio da carta solar............................................25
CAPÍTULO 2 - CLIMA DE BRASÍLIA E A NECESSIDADE DE PROTEÇÃO SOLAR
.................................................................................................................................................. 30
2.1. CLIMA DE BRASÍLIA....................................................................................................30
2.2. ESTRATÉGIAS PARA PROJETOS EM BRASÍLIA .....................................................35
2.3. NECESSIDADE DE SOMBREAMENTO PARA BRASÍLIA .......................................36
CAPÍTULO 3 - EDIFÍCIOS PÚBLICOS DE ESCRITÓRIOS: CONCEITOS E
HISTÓRICO...........................................................................................................................40
3.1. DEFINIÇÃO DO TERMO “EDIFICIOS PÚBLICOS DE ESCRITÓRIOS”..................40
3.2. EDIFÍCIOS PÚBLICOS DE ESCRITÓRIOS: A EVOLUÇÃO ARQUITETÔNICA ....41
3.2.1. O contexto histórico na Europa e nos principais centros dos acontecimentos
arquitetônicos......................................................................................................................42
3.2.2. O Brasil e o Modernismo como a arquitetura oficial dos governos.........................49
CAPÍTULO 4 - OS EDIFÍCIOS PÚBLICOS DE ESCRITÓRIOS DO PLANO PILOTO
DE BRASÍLIA: CARACTERIZAÇÃO DAS FACHADAS E ELEMENTOS DE
CONTROLE SOLAR ............................................................................................................54
4.1. PROCEDIMENTOS DE ESTUDO..................................................................................54
4.1.1. A localização dos edifícios públicos de escritórios no Plano Piloto de Brasília......54
VIII
4.1.2. Os edifícios analisados .............................................................................................56
4.1.3. Obtenção dos dados..................................................................................................58
4.2. CARACTERIZAÇÃO DAS FACHADAS DOS EDIFÍCIOS PÚBLICOS DE
ESCRITÓRIOS DO PLANO PILOTO DE BRASILIA...................................................59
4.2.1. Forma da edificação .................................................................................................59
4.2.2. Orientação solar........................................................................................................60
4.2.3. Altura dos edifícios...................................................................................................62
4.2.4. Materiais de revestimento.........................................................................................62
4.2.5. Tipos de aberturas.....................................................................................................63
4.2.6. Elementos de controle solar......................................................................................63
4.2.7. Outras observações...................................................................................................65
4.3. CONSIDERAÇÕES SOBRE A CARACTERIZAÇÃO DOS EDIFÍCIOS PÚBLICOS
DE ESCRITÓRIOS DO PLANO PILOTO DE BRASÍLIA ............................................66
CAPÍTULO 5 - A EFICIÊNCIA DO BRISE-SOLEIL: ESTUDO DE CASOS...............67
5.1. PROCEDIMENTO DE ESTUDO ....................................................................................67
5.1.1. A escolha dos edifícios para análise – Estudo de caso.............................................67
5.1.2. Obtenção dos dados..................................................................................................67
5.1.3. Instrumento de análise..............................................................................................68
5.2. ESTUDO DE CASOS.......................................................................................................69
5.2.1. Estudo de caso 1: Anexo I do Senado - Fachada Norte e brise-soleil vertical.........69
5.2.2. Estudo de caso 2: Anexo II da Câmara dos Deputados - Fachada Sul e brise-soleil
vertical ................................................................................................................................83
5.2.3. Estudo de caso 3: Ministério do Meio Ambiente - Fachada Oeste e brise-soleil
vertical ................................................................................................................................96
5.2.4. Estudo de caso 4: Anexo do Ministério da Saúde - Fachada Leste e brise-soleil
misto ................................................................................................................................114
CAPÍTULO 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 122
6.1. CARACTERIZAÇÃO DAS FACHADAS.....................................................................122
6.2. ESTUDO DE CASOS.....................................................................................................124
6.3. SUBSÍDIOS PARA ELABORAÇÃO DE DIRETRIZES DE NOVOS BRISE-SOLEILS
................................................................................................................................129
6.4. CONCLUSÕES ..............................................................................................................131
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 133
ANEXOS ...............................................................................................................................139
IX
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 1
Figura 1-1- Trocas de calor através de superfícies opacas e transparentes. .............................10
Figura 1-2- Indicações de formas segundo Olgyay (1998) ......................................................12
Figura 1-3 Ganhos de calor através de paredes transparentes com proteção externa e interna.
..................................................................................................................................................14
Figura 1-4- Representação de uma varanda, marquise e sacada ..............................................15
Figura 1-5- Influência da vegetação no espaço interno............................................................16
Figura 1-6- Maison Locative, Argel.........................................................................................17
Figura 1-7- Ministério da Educação e Saúde............................................................................17
Figura 1-8- Da esquerda para direita: Residencial Pedregulho e Parque Guinle. ....................18
Figura 1-9- Projetos de Nicholas Grimshawm. Fonte: http://www.grimshaw-architects.com.19
Figura 1-10- Edifício administrativo, Chile, Enrique Browne.................................................20
Figura 1-11- Exemplo de brise de vidro, fotovoltaico e painel prismático..............................21
Figura 1-12- Exemplos de brises..............................................................................................22
Figura 1-13- Edifício Seguradoras, vista externa e corte. ........................................................23
Figura 1-14- Situação atual do edifício. ...................................................................................23
Figura 1-15- Exemplos de brises horizontais e verticais finitos e infinitos..............................24
Figura 1-16- Percurso do sol nos solstícios e equinócios.........................................................26
Figura 1-17- Azimute (a) e altura (h) solar...............................................................................26
Figura 1-18- Carta solar para latitude de 15º55'.......................................................................26
Figura 1-19- Transferidor auxiliar............................................................................................27
Figura 1-20-Exemplos de brises para uma mesma máscara de sombra. ..................................28
CAPÍTULO 2
Figura 2-1- Carta solar com horários de insolação, à esquerda no período até 21 de junho e, à
direita após 21 de junho............................................................................................................34
Figura 2-2- Isopleta de Temperatura para Natal (RN). ............................................................37
Figura 2-3- Isopleta de temperatura para Brasília, com horário de desconforto em vermelho 38
Figura 2-4- Carta solar para Brasília com período de sombreamento necessário para garantir
conforto térmico, em destaque na cor vermelha.......................................................................39
X
CAPÍTULO 3
Figura 3-1-Planta baixa do Conselho da Cidade, Torun, Polônia, 1250-1603.........................43
Figura 3-2-Pallazo del Vecchio, Florença, 1299-1314.............................................................43
Figura 3-3-Palácio da Justiça, Rouen, 1543. ............................................................................44
Figura 3-4-Congresso dos Estados Unidos, Washington, 1793 ...............................................44
Figura 3-5- Ministério da Educação e Saúde, Rio de Janeiro, 1936. .....................................47
Figura 3-6- Chancelaria do Reich, Berlim, 1936-1939 ............................................................48
Figura 3-7- Edifício das Nações Unidas, Nova York, 1950.....................................................48
Figura 3-8- Assembléia, Chandigard (1955-1956)...................................................................48
Figura 3-9- Palácio da Justiça, Brasília (1960).........................................................................48
Figura 3-10- Casa de Câmara e Cadeia, Mariana (1768-98)....................................................50
Figura 3-11- Parede em pau-a-pique ........................................................................................50
Figura 3-12-Palácio dos Leões, São Luis (Fim do século XVIII)............................................51
Figura 3-13- Palácio do governo, Salvador (Reforma em 1912). ............................................51
Figura 3-14-Planta baixa e corte do MEC, 1936......................................................................52
Figura 3-15-Fachada em vidro MEC, 1936..............................................................................52
Figura 3-16-Edifício Petrobrás, Rio de Janeiro, 1968..............................................................53
Figura 3-17- Centro administrativo, Teresina, década de 70. ..................................................53
CAPÍTULO 4
Figura 4-1- Escalas Monumental, Residencial, Gregária e Bucólica.......................................55
Figura 4-2- Localização dos edifícios estudados nas Escalas Gregária e Monumental,
identificados por cores, conforme o setor no qual estão inseridos. ..........................................57
Figura 4-3- Limite de abrangência para cada orientação solar.................................................58
Figura 4-4- Formas predominantes das edificações estudadas.................................................60
Figura 4-5-Orientações predominantes nas edificações analisadas..........................................60
Figura 4-6- Orientações predominantes nos edifícios existentes. ............................................61
Figura 4-7- Exemplo de materiais de acabamento- Anexo 4 da Câmara dos Deputados e
Tribunal de Contas de DF, em concreto e mármore, respectivamente....................................63
Figura 4-8-Tipos de aberturas predominantes..........................................................................63
Figura 4-9- Orientação das fachadas protegidas.......................................................................64
Figura 4-10- Predominância dos brises de acordo com a orientação da fachada.....................64
Figura 4-11-Exemplos dos tipos de brises dos edifícios estudados - vertical, horizontal e misto
..................................................................................................................................................65
Figura 4-12- Aparelhos de ar-condicionado e improviso nas fachadas....................................65
XI
CAPÍTULO 5
Figura 5-1- Esquema das alturas do Congresso Nacional.......................................................69
Figura 5-2- Fachada sul do Anexo I do senado: Anexo I da Câmara como anteparo.............70
Figura 5-3- Fachada Norte (18º)...............................................................................................70
Figura 5-4- Planta baixa pavimento tipo ..................................................................................70
Figura 5-5- Planta baixa representativa da distribuição dos brises ..........................................71
Figura 5-6- Corte esquemático da posição dos brises verticais................................................71
Figura 5-7- Detalhe do perfil e possibilidade de movimento ...................................................71
Figura 5-8- Caixa de comando fixa na estrutura metálica.......................................................72
Figura 5-9- Botões de controle da caixa de comando ..............................................................72
Figura 5-10- Imagens internas..................................................................................................73
Figura 5-11- Carta solar para a fachada norte. .........................................................................74
Figura 5-12-Sobreposição da necessidade de sombreamento à carta solar..............................74
Figura 5-13- Brise vertical com abertura total, βd=βe= 42º.....................................................75
Figura 5-14- Máscara de sombra obtida pelo brise vertical com abertura total. ......................75
Figura 5-15- Proteção solar exercida pela passarela ................................................................75
Figura 5-16- Máscara de sombra gerada pela passarela horizontal, onde α=81º. ....................75
Figura 5-17- Brise vertical com abertura no sentido horário, onde βd= 66º e βe= 15º ............76
Figura 5-18- Máscara de sombra gerada pelo brise vertical inclinado no sentido horário.......76
Figura 5-19- Brise vertical com abertura no sentido anti-horário, onde βd= 15º e βe= 66º.....76
Figura 5-20- Máscara de sombra gerada pelo brise vertical inclinado no sentido horário.......76
Figura 5-21- Célula fotoelétrica danificada..............................................................................77
Figura 5-22- Lâmina quebrada .................................................................................................77
Figura 5-23- Persianas fechadas principalmente pela manhã...................................................78
Figura 5-24- Passarela para manutenção..................................................................................78
Figura 5-25- Proposta para correção do brise existente ..........................................................80
Figura 5-26- Corte AA com indicações para a passarela metálica...........................................80
Figura 5-27- Máscara de sombra oferecida pela nova solução (α=50º, βd=βe=42º)...............80
Figura 5-28- Proposta para um novo brise-soleil horizontal....................................................81
Figura 5-29- Corte AA com indicações para o novo brise-soleil.............................................81
Figura 5-30- Máscara de sombra oferecida pela nova solução (α=50º, βd=βe=76º)................81
Figura 5-31- Brise-soleil aeroscreen, Hunter Douglas: lâmina perfurada................................82
Figura 5-32- Brise-soleil celoscreen, Hunter Douglas: lâminas lisas ou perfuradas................82
Figura 5-33- Celoscreen: variedade de perfurações e umas das possíveis angulações ............83
Figura 5-34- Locação do Anexo II da Câmara dos Deputados ................................................84
XII
Figura 5-35- Planta baixa pavimento térreo .............................................................................84
Figura 5-36- Detalhe da janela com abertura para o interior da sala........................................85
Figura 5-37- Fachada sul e a predominância dos brises...........................................................85
Figura 5-38- Detalhe do perfil do brise-soleil e a angulação de abertura.................................85
Figura 5-39- Planta baixa representativa da distribuição dos brises ........................................86
Figura 5-40- Corte AA esquemático ........................................................................................86
Figura 5-41- Barra de comando dos brises...............................................................................86
Figura 5-42-Excrementos de pombos na estrutura metálica dos brises....................................87
Figura 5-43-Vista interna das salas existentes no Anexo II .....................................................87
Figura 5-44- Carta solar para fachada sul (198º)......................................................................88
Figura 5-45- Sobreposição da necessidade de sombreamento à carta solar.............................88
Figura 5-46- Brise vertical com abertura total- βd e βe=41º...................................................89
Figura 5-47- Máscara de sombra obtida pelo brise vertical com abertura total. ......................89
Figura 5-48- Proteção do elemento horizontal da estrutura .....................................................89
Figura 5-49- Máscara de sombra com α=71º e 73º (mesma representação para os dois ângulos
por serem muito próximos). .....................................................................................................89
Figura 5-50- Brise vertical inclinado 45º no sentido horário- βd=65º e βe=15º .....................90
Figura 5-51- Máscara de sombra obtida pelo brise vertical inclinado 45º no sentido horário. 90
Figura 5-52- Brise inclinado 45º no sentido anti-horário- βd=15º e βe=65º ............................90
Figura 5-53-Máscara de sombra obtida pelo brise vertical inclinado 45º no sentido anti-
horário.......................................................................................................................................90
Figura 5-54- Barra de comando danificada..............................................................................91
Figura 5-55- Armários impedindo o acesso à barra de comando.............................................91
Figura 5-56- Ataque dos sem-terra à Câmara dos Deputados, 06/06/2006..............................92
Figura 5-57- Circulação do ar dificultada pela estrutura metálica horizontal do brise ............93
Figura 5-58- Sugestão para distanciamento entre as lâminas (βd=βe=50º) .............................94
Figura 5-59- Máscara de sombra obtida pela nova disposição dos brises verticais
(βd=βe=50º)..............................................................................................................................94
Figura 5-60- Visão interior-exterior existente: Anexo IV e o brise-soleil amarelo..................95
Figura 5-61- Recomendações para a estrutura metálica de apoio ............................................95
Figura 5-62- Locação da Esplanada dos Ministérios................................................................96
Figura 5-63- Planta baixa de um pavimento tipo .....................................................................97
Figura 5-64- Fachada leste (108º): película espelhada.............................................................98
Figura 5-65- Fachada oeste (288º): brise-soleil vertical...........................................................98
Figura 5-66- Detalhe do perfil do brise-soleil vertical e a angulação de abertura....................98
Figura 5-67- Planta baixa representativa da distribuição dos brises verticais..........................99
XIII
Figura 5-68- Corte AA do 3º ao 10º pavimento .......................................................................99
Figura 5-69- Acesso aos brises pela janela...............................................................................99
Figura 5-70-Divisória do corredor central..............................................................................100
Figura 5-71-Mobiliário interno...............................................................................................100
Figura 5-72- Ar-condicionado central, iluminação artificial e persiana cinza .......................100
Figura 5-73- Condensadores dos splits na fachada ................................................................100
Figura 5-74- Carta solar para fachada oeste (288º). ...............................................................101
Figura 5-75- Sobreposição da necessidade de sombreamento à carta solar...........................101
Figura 5-76- Planta baixa representando ângulo βd e βe para um observador no centro do
edifício....................................................................................................................................102
Figura 5-77- Sombreamento gerado pelo edifício vizinho a oeste.........................................102
Figura 5-78- Corte esquemático com ângulo α para um observador no primeiro e quinto
pavimento ...............................................................................................................................102
Figura 5-79- Máscara de sombra produzida pelo edifício vizinho no primeiro pavimento da
edificação estudada.................................................................................................................102
Figura 5-80- Máscara de sombra produzida pelo edifício vizinho no quinto pavimento da
edificação estudada.................................................................................................................102
Figura 5-81- Brise vertical com abertura total: βe e βd= 42º ................................................103
Figura 5-82- Máscara de sombra obtida pelo brise vertical com abertura total. ....................103
Figura 5-83- Influência das lâminas superiores na esquadria do pavimento inferior às mesmas
................................................................................................................................................104
Figura 5-84- Máscara de sombra obtida pelas lâminas superiores: em verde, a proteção sobre a
janela alta (α=61º) e em roxo, o controle solar sobre todo vidro (α=82º). .............................104
Figura 5-85- Brise vertical inclinado 45º no sentido horário: βd=66º e βe= 15º....................104
Figura 5-86- Máscara de sombra obtida pelo brise vertical inclinado 45º no sentido horário.
................................................................................................................................................104
Figura 5-87- Brise vertical inclinado 45º no sentido anti-horário: βd=15º e βe= 66º ............105
Figura 5-88- Máscara de sombra obtida pelo brise vertical inclinado 45º no sentido horário105
Figura 5-89- Máscaras de sombra obtidas pelo brise vertical com: abertura total, inclinação de
45º no sentido horário e 45º no sentido anti-horário, respectivamente. Em laranja, o
sombreamento gerado pela edificação vizinha a oeste...........................................................106
Figura 5-90- Máscaras de sombra obtidas pelo brise vertical com: abertura total, inclinação de
45º no sentido horário e 45º no sentido anti-horário, respectivamente. .................................106
Figura 5-91- Corte 10º pavimento:janela superior sem proteção...........................................107
Figura 5-92- Intervalo em que não há proteção no piso do 10º pavimento (83º) e na metade da
superfície envidraçada (69º), respectivamente. ......................................................................107
Figura 5-93- Sobreposição da máscara de sombra dos brises rotacionados no sentido horário,
durante o solstício de verão, e no sentido anti-horário, no solstício de inverno.....................108
Figura 5-94- Acesso ao brise obstruído pelo mobiliário em frente à janela inferior..............109
XIV
Figura 5-95- Armários impedindo o acesso à barra de comando...........................................109
Figura 5-96- Vista através da janela do quinto pavimento para o nível da rua: desobstrução
entre os brises e a superfície envidraçada...............................................................................110
Figura 5-97- Planta baixa com representação do brise horizontal, afastado 60 cm da fachada
................................................................................................................................................111
Figura 5-98- Corte AA no térreo, representando a angulação adequada para as lâminas do
brise-soleil ..............................................................................................................................112
Figura 5-99- Máscara de sombra gerada pelo brise horizontal proposto para o térreo ..........112
Figura 5-100- Corte AA no 5º pavimento, representando a angulação adequada para as
lâminas do brise-soleil............................................................................................................112
Figura 5-101- Máscara de sombra gerada pelo brise horizontal proposto para o térreo ........112
Figura 5-102- Corte AA no 10º pavimento, representando a angulação adequada para as
lâminas do brise-soleil............................................................................................................113
Figura 5-103- Máscara de sombra gerada pelo brise horizontal proposto para o térreo ........113
Figura 5-104- Corte esquemático representando possibilidade de ventilação cruzada..........114
Figura 5-105- Sistema Screen glass, Reiki.............................................................................114
Figura 5-106- Planta baixa de um pavimento tipo .................................................................115
Figura 5-107- Fachada leste (108º): brise misto e vidro fumê ...............................................115
Figura 5-108- Detalhe da janela .............................................................................................115
Figura 5-109- Planta baixa, representando a distribuição dos brises .....................................116
Figura 5-110- Corte AA .........................................................................................................116
Figura 5-111- Detalhe do brise-soleil misto...........................................................................116
Figura 5-112-Divisória do corredor central............................................................................117
Figura 5-113-Mobiliário interno, forro e cortinas ..................................................................117
Figura 5-114- Carta solar para fachada leste (108º)...............................................................117
Figura 5-115- Sobreposição da necessidade de sombreamento à carta solar.........................117
Figura 5-116- Máscara de sombra obtida pelo brise misto, onde βd=βe=75
o
e α=62
o
..........118
Figura 5-117- Circulação existente entre o brise e a superfície envidraçada: prolongamento da
laje ..........................................................................................................................................119
Figura 5-118- Lâminas em vidro refletivo metalizado prata, onde α=45
ο
.............................120
Figura 5-119- Máscara de sombra gerada pelo brise horizontal proposto. ............................120
CAPÍTULO 6
Figura 6-1- Edifício do Banco de Brasília e a comemoração pelos 40 anos..........................131
XV
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 1
Tabela 1-1-Valores de absortância da radiação solar (α) específico de pintura.......................13
CAPÍTULO 2
Tabela 2-1- Índice de nebulosidade e condições de céu para Brasília .....................................32
Tabela 2-2- Quantidade de radiação solar (Wh/m
2
) nas superfícies verticais e horizontais,
conforme a orientação. .............................................................................................................32
Tabela 2-3- Iluminâncias em um plano horizontal ao longo do dia.........................................32
Tabela 2-4- Estratégias bioclimáticas (%)................................................................................33
Tabela 2-5- Horários de desconforto por calor e frio por mês. ................................................34
Tabela 2-6- Relação entre temperatura e condições de conforto..............................................37
Tabela 2-7- Horários de desconforto por calor, de acordo com a isopleta de temperatura......38
Tabela 2-8- Comparativo entre os horários de desconforto apresentados pela isopleta de
temperatura e por Maciel (2002) ..............................................................................................38
CAPÍTULO 4
Tabela 4-1- Relação do número de edifícios públicos de escritórios estudados nos setores
situados nas Escalas Gregária e Monumental do Plano Piloto de Brasília...............................57
Tabela 4-2- Radiação solar recebida nas fachadas dos edifícios nas orientações predominantes
..................................................................................................................................................62
Tabela 4-3- Porcentagem do número de pavimentos ...............................................................62
CAPÍTULO 5
Tabela 5-1-Os edifícios selecionados para estudo de casos segundo a orientação e os brises
predominantes...........................................................................................................................67
Tabela 5-2- Radiação solar (Wh/m
2
) no plano vertical orientado para Norte..........................73
Tabela 5-3 - Radiação solar (Wh/m
2
) no plano vertical orientado para sul .............................88
Tabela 5-4- Radiação solar (Wh/m
2
) no plano vertical orientado para oeste.........................101
Tabela 5-5- Radição solar (Wh/m
2
) no plano vertical orientado para leste............................118
CAPÍTULO 6
Tabela 6-1- Propostas sugeridas paras os estudos de caso.....................................................125
Tabela 6-2- Subsídios para elaboração de especificações para brises....................................129
XVI
RESUMO
O conforto térmico é um dos responsáveis pela qualidade ambiental das edificações e bem
estar dos usuários em áreas de trabalho, podendo ser alcançado através da adoção de sistemas
passivos de controle ambiental, como por exemplo, a aplicação do brise-soleil. Esse aparato,
quando bem especificado, controla ganhos térmicos, melhora a distribuição da iluminação,
permite ventilação e pode diminuir o consumo energético, entre outras vantagens.
Considerando esses benefícios, este trabalho analisa qualitativamente a eficiência dos brises
em edifícios de escritórios públicos do Plano Piloto de Brasília. A cidade, por concentrar a
administração do país, apresenta um grande número desses edifícios e, conseqüentemente, de
funcionários que podem ter sua qualidade de trabalho comprometida.
Para tal, fez-se inicialmente um levantamento de 138 edifícios públicos de escritórios, por
meio de observação, para caracterizar as fachadas e verificar a freqüência de utilização de
elementos de proteção solar, assim como as tipologias de brises (vertical, horizontal e misto)
aplicadas. Em seguida, realizou-se uma análise do tipo de brise mais freqüente por orientação
solar em edifícios específicos selecionados, baseando-se em critérios obtidos a partir da
bibliografia existente e da carta solar como instrumento de avaliação da eficiência dos
mesmos.
Entre os resultados, verificou-se que o número de fachadas envidraçadas efetivamente
protegidas é relativamente pequeno e que os diversos tipos de brises são utilizados
independentemente da orientação. No que diz respeito ao estudo de casos, entre outras
conclusões, observou-se em alguns a ausência de controle suficiente da radiação solar, devido
às especificações e dimensionamento inadequados, além de problemas como o uso incorreto
por parte dos usuários e falta de manutenção.
A partir disso, sugerem-se subsídios para diretrizes para a adequação dos brises analisados e
para projetos futuros, considerando as orientações predominantes constatadas no
levantamento de campo.
XVII
ABSTRACT
Thermal comfort is one of the main factors that contributes for the indoor environment quality
and for the users welfare in work places, and can be attained by the adoption of passive
control system, such as use of brise-soleil. This device, when correctly specified, controls
thermal gains, improves the light distribution, allows ventilation and can decrease the energy
consumption, among others advantages.
Considering these benefits, this work analyzes qualitatively the efficiency of brises in public
offices buildings of Brasília Pilot Plan. Concentrating the country administration, the city
presents a great number of these buildings and, as a consequence, a great number of
employees who may have a poor work environment quality .
To do so, first a survey of 138 public office buildings was made, by means of observations, to
characterize the façades and to verify the frequency of use of solar protection elements, as
well as the types of brises (vertical, horizontal and mixed) applied. Then, the most frequently
found types of brises for each solar orientation were analyzed in selected buildings, based on
criteria obtained in the litterature and in using solar charts as instrument of evaluation of the
efficiency.
Among the results, it was verified that the number of glass façades effectively protected is
small and that the various types of brises are applied regardless of the orientation. Concerning
the case studies, among others conclusions, it was observed insufficient solar radiation
control in some of them, due to inadequate specifications and sizing, besides other problems,
such as incorrect use and lack of maintenance.
Finally, subsidies for a guideline for improving the analyzed brises and for future projects are
suggested, considering the predominant solar orientations found in the field survey.
Introdução 1
INTRODUÇÃO
Os edifícios públicos de escritórios sofreram diversas alterações ao longo do tempo, como a
separação das hierarquias e das funções, modificações em planta baixa e, principalmente, no
tratamento de suas envolventes, ou seja, as fachadas
1
.
A parede, por exemplo, perdeu a função estrutural graças às inovações surgidas no campo da
construção civil, passando a exercer papel de vedação. Dessa forma, teve sua espessura
reduzida e ganhou maiores superfícies em vidro, independentemente do clima em que os
edifícios eram inseridos, o que foi possível devido aos sistemas de climatização artificiais,
como o aparelho de ar-condicionado.
Segundo Mascaró (2005), isso acabou com grande parte dos compromissos ambientais de
projeto, pois os princípios para a compensação climática por meio da envolvente do edifício
tornaram-se antiquados, havendo uma maior homogeneização das formas dos edifícios e
maior utilização de elementos transparentes e leves nas fachadas.
Como conseqüência, perdeu-se a propriedade de inércia térmica
2
proporcionada pelas
paredes, ganhando-se maior nível de iluminação natural, e com isso, possíveis problemas de
ofuscamento e contraste, perda e ganho de calor excessivo, assim como maior consumo
energético.
Esses inconvenientes são relevantes especialmente em locais de trabalho, uma vez que um
ambiente confortável, do ponto de vista térmico, visual e acústico, está vinculado com uma
melhoria da produtividade e principalmente com a saúde e bem estar dos funcionários
3
.
Ornstein (1996) enfatiza que os usuários passam pelo menos 80% de sua vida no interior de
edifícios e que o desempenho insatisfatório destes afeta decisivamente na sua qualidade de
vida.
Pode-se destacar também o fato de que, nas edificações do setor público, a diversidade de uso
dos espaços é grande. Uma mesma sala pode ser ocupada por funcionários diferentes em
1
Neste trabalho serão usados os dois termos: envolvente externa vertical e fachada.
2
A inércia térmica é a propriedade dos componentes que faz com que haja atraso e amortecimento nas trocas de
calor entre externo e interno, sendo função da densidade, da condutividade e da capacidade calorífica da parede.
3
Esses são muitas vezes vítimas da Síndrome do Edifício Doente (SED), causada entre outros fatores pela falta
de renovação de ar, tendo em vista que os projetos de arquitetura, muitas vezes, não levam em consideração as
condições naturais locais, fazendo uso de sistemas artificiais, como os aparelhos de ar-condicionado, para obter
conforto ambiental.
Introdução 2
turnos alternados durante todo o dia, e até mesmo à noite. O grande número de pessoas e
equipamentos nos ambientes
4
aumenta as cargas térmicas internas, exigindo aparelhos
condicionadores de ar mais potentes, bem como uma iluminação mais eficiente que seja
adequada para o desenvolvimento de tarefas, inclusive com computadores.
Em média, Roméro e Iwashita (2002) estimam que 70% do consumo em escritórios são
originados pelo condicionamento ambiental e iluminação
5
, e Goméz et al (apud SIGNOR,
1999) destacam que edifícios com projetos adequados podem consumir em torno de 30%
menos energia que outros que ofereçam níveis de conforto e utilização similares.
Nesse sentido, a arquitetura surge como uma das responsáveis por oferecer não só condições
térmicas compatíveis ao conforto humano, como também menor consumo energético,
devendo esses fatores serem considerados conjuntamente em escritórios
6
(BURTON, 2001).
O bom desempenho da edificação, em termos térmicos, luminosos e energéticos, depende de
variáveis como implantação, orientação, materiais e componentes construtivos, cabendo ao
projetista avaliar as condições climáticas locais e adotar meios naturais de controle ambiental,
sempre que possível.
Entre os meios naturais de controle ambiental, o brise-soleil, termo de origem francesa que
significa quebra-sol, cujo design diferenciado e propagação ocorreu em meados da década de
1930, foi uma principais invenções, segundo Banham (1975). Esse elemento que tem como
função controlar o ingresso de radiação solar e consequentemente a entrada de calor e luz
visível, quando bem especificado, gera iluminação natural adequada ao ambiente interno,
mantém o ângulo de visão interior-exterior, permite a ventilação, e principalmente, controla
os ganhos térmicos.
Corbella (2003, p.221) cita uma pesquisa desenvolvida em Porto Alegre indicando que a
utilização correta de brise-soleils e vegetação reduzem a energia solar recebida de 2000
kWh/dia para 820 kWh/dia, ou seja, uma redução de 59%, em um mesmo edifício. Mascaró
(1991, p. 113) acrescenta que se torna muito mais econômico e eficiente o uso de superfícies
4
Roméro e Marraccini (2003), afirmam que as cargas internas de pessoas e equipamentos foram multiplicadas
em média por um fator de sete anos baseado no período de 1996 a 2003.
5
Vale destacar que em edifícios públicos a manutenção dos equipamentos e das instalações em geral do edifício
geralmente é escassa, ocasionando mal funcionamento e conseqüente elevação do consumo energético.
6
Não há correlação entre consumo de energia e conforto, podendo este último ser alcançado mesmo com baixo
consumo de energia (BURTON, 2001).
Introdução 3
envidraçadas simples protegidas da radiação solar direta na estação quente, do que o uso de
vidros especiais sem sombreamento nos climas tropicais e subtropicais úmidos
7
.
Mesmo diante de tantas vantagens, os brises-soleil quando utilizados geralmente não são
dimensionados nem especificados corretamente
8
, considerando-se, muitas vezes, apenas
questões estéticas (LEITE & ARAÚJO, 2004). Amorim (2004), por exemplo, faz referência
aos edifícios sem controle solar em Brasília, onde observa excesso de iluminância em alguns,
como o Palácio Itamaraty e o edifício da Funasa. A autora expõe também que no edifício do
Departamento Nacional de Infra-estruturas de Transportes (DNIT), o excesso de brises, aliado
às altas divisórias internas, impede a distribuição da luz natural no interior do edifício.
Esses problemas não deveriam ser comuns em Brasília, uma vez que a cidade apresenta
potencialmente condições de conforto favoráveis em relação às 14 maiores cidades brasileiras
(GOULART et al,1998). A carta bioclimática de Givoni (1992), utilizada no estudo de
Goulart, indica que é possível obter-se condições de conforto para a cidade apenas através de
meios passivos de controle ambiental
9
.
Dessa forma, coloca-se como hipótese que o desconforto e o alto consumo energético
verificados decorrem de soluções inadequadas para o clima local; considerando-se os
benefícios proporcionados pelo brise-soleil, surgem os seguintes questionamentos:
Como se apresenta o tratamento dado às fachadas, principalmente no que diz respeito
ao controle solar nos edifícios públicos de escritórios de Brasília?
Como se manifesta a aplicação dos brise-soleils, no que se refere à quantidade e à
especificação dos mesmos nos edifícios públicos de escritórios de Brasília?
Qual a eficiência dos brises mais freqüentes nos edifícios de escritórios públicos
analisados, diante das orientações a que estão submetidos?
7
Essa informação também é confirmada por Alucci et al (2006) em pesquisas realizadas em edifícios no Rio de
Janeiro e em São Paulo, onde a autora compara o consumo energético da aplicação do brise-soleil com vidros
diversificados e do uso da persiana com os mesmos vidros.
8
Maragno (2001) explica que os arquitetos, muitas vezes não aplicam o brise-soleil com as seguintes
justificativas: custo elevado, difícil manutenção dos elementos, interferência na forma arquitetônica, ceticismo
quanto à eficácia real e desconhecimento dos métodos de cálculos e dimensionamento.
9
Em edifícios de escritórios, devido às altas cargas térmicas internas de ocupação e equipamentos, pode ser
necessário o uso de sistemas ativos, como ar-condicionado, no entanto, esses podem ser minimizados se o
projeto arquitetônico for climaticamente adequado.
Introdução 4
Brasília, por ser a capital do país e reunir a administração do mesmo, possui um número
expressivo de escritórios, representando grande potencial de economia de energia
10
. Esses
edifícios concentram-se principalmente na região central do Plano Piloto, correspondendo às
Escalas Gregária e Monumental, delimitadas por Lúcio Costa na elaboração do projeto.
A Escala Monumental corresponde ao Eixo Monumental, no sentido leste-oeste, indo da praça
dos Três Poderes até a Rodoferroviária e a Escala Gregária, se compõe dos quatro cantos
resultantes do cruzamento dos Eixos Monumental e Rodoviário, representando o centro da
cidade e concentrando os serviços.
Diante do exposto, o presente trabalho aborda o tratamento dado às fachadas, especialmente
aos brise-soleils, dos edifícios públicos de escritórios localizados nas escalas Gregária e
Monumental do Plano Piloto de Brasília.
OBJETIVOS
Este trabalho tem como objetivo geral avaliar qualitativamente, do ponto de vista do conforto
térmico e luminoso, a utilização do brise-soleil nos edifícios públicos de escritórios
localizados nas escalas Gregária e Monumental do Plano Piloto de Brasília, visando oferecer
subsídios para a elaboração de diretrizes de projeto para os elementos de controle solar nestes
edifícios e em projetos futuros.
Quanto aos objetivos específicos, pretende-se:
Realizar diagnóstico sobre o clima de Brasília e a necessidade de sombreamento;
Verificar os conceitos relacionados ao termo “edifícios públicos de escritórios”, bem
como a evolução dos mesmos, especialmente no que se refere às fachadas;
Caracterizar os edifícios públicos de escritórios localizados nas escalas Gregária e
Monumental do Plano Piloto de Brasília no que diz respeito ao tratamento das
fachadas e ao uso de elementos de controle solar, priorizando o brise-soleil e suas
especificações;
10
Roméro e Iwashita (2002) afirmam que o potencial de conservação de energia em edifícios construídos chega
a ordem de 30% e em edifícios novos à ordem de 50%.
Introdução 5
Verificar a eficiência de brise-soleils em edifícios específicos, conforme a
predominância nos edifícios analisados, baseando-se nas indicações de literatura
correspondente;
Subsidiar a elaboração de diretrizes de controle solar para as orientações
predominantes observadas em levantamento de campo da área em questão, que
possam ser aplicadas nas edificações existentes e em futuros projetos de edifícios
públicos de escritórios.
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
A fim de alcançar esses objetivos, o trabalho foi organizado em seis capítulos. Após a
Introdução apresentada, segue-se, no primeiro capítulo, com um referencial teórico sobre
conforto ambiental e as variáveis que interferem no desempenho térmico de uma edificação.
Entre as variáveis, enfatiza-se o brise-soleil como elemento de controle solar, destacando suas
origens, classificações e os passos para um projeto eficiente. Objetiva-se, com esse capítulo,
evidenciar a importância das fachadas nos ganhos e perdas de calor em uma edificação e a
relevância da presença dos brise-soleils nesse contexto.
Baseando-se nas indicações do capítulo anterior, o segundo capítulo é dedicado a caracterizar
o clima de Brasília, as estratégias para projeto e a verificação dos períodos, no qual é
necessário o sombreamento das superfícies através da aplicação dos brises.
No terceiro capítulo, é realizada uma revisão de literatura relacionada aos edifícios públicos
de escritórios, compondo-se uma retrospectiva da evolução desses edifícios, especialmente
quanto às fachadas, inclusive no Brasil. Pretende-se compreender os reflexos sensíveis na
arquitetura de Brasília.
No quarto capítulo, explica-se o levantamento de campo realizado através de observação nas
Escalas Gregária e Monumental do Plano Piloto, e apresenta-se os resultados obtidos para a
caracterização das fachadas dos edifícios públicos em questão, no que se refere às soluções
adotadas nessas e, principalmente, nos brise-soleils.
Posteriormente, no quinto capítulo, é feita uma análise de brises aplicados em edifícios
específicos com o intuito de avaliar a eficiência dos mesmos, baseando-se em variáveis
sugeridas na revisão de literatura. A escolha dos edifícios foi feita a partir da constatação das
orientações e tipologias dos brises predominantes, apresentados no quarto capítulo, e pela
Introdução 6
representatividade que eles possuem a nível local e nacional. Objetiva-se, com os dois últimos
capítulos, observar a importância dada a proteção solar e o conhecimento técnico em relação
ao brise, de acordo com a quantidade utilizada na proteção e a especificação dos mesmos.
As considerações finais, calcadas nos dados apresentados ao longo do trabalho, são feitas no
sexto capítulo, onde também se explicam os subsídios para a elaboração de diretrizes para os
protetores solares para projetos futuros.
Conclui-se o trabalho com o referencial bibliográfico e anexos.
Capítulo 1 7
CAPÍTULO 1 - CONFORTO TÉRMICO E AS ENVOLVENTES EXTERNAS
VERTICAIS: O BRISE-SOLEIL COMO ELEMENTO DE CONTROLE SOLAR
Neste capítulo, abordam-se as questões referentes aos ganhos térmicos em uma edificação,
enfocando a participação das envolventes externas verticais nesse processo e a importância do
brise-soleil como elemento de controle solar. Dessa forma, são explicados os termos e as
classificações necessárias para se compreender as etapas seguintes do presente trabalho.
Utilizam-se como referência em conforto térmico, principalmente, os autores: Bustos Romero
(2000), Corbella (2003), Frota & Schiffer (2000), Ferreira (1965), Lamberts et al (1997),
Mascaró (1991), Olgyay (1998), Rivero (1986), Serra & Coch (1995), Vianna & Gonçalves
(2001). Referente ao estudo dos brises: Atem (2003), Bittencourt (2000), Dans (1967), Evans
(1991), Frota (2004), Maragno (2001) e Olgyay e Olgyay (1957).
1.1. A OBTENÇÃO DE CONFORTO TÉRMICO ATRAVÉS DAS ENVOLVENTES
EXTERNAS VERTICAIS
Conforto é obtido quando o homem não está submetido a fadiga ou estresse, inclusive
térmico. A arquitetura tem como função oferecer condições favoráveis no ambiente interno,
independente das condições climáticas externas (FROTA & SHIFFER, 2000).
As condições de conforto no ambiente estão diretamente ligadas com as questões de
salubridade e segurança, garantindo integridade física e mental das pessoas, assim como
saúde e bem-estar
11
. Em caso de ambientes de trabalho, como os escritórios, um ambiente
confortável melhora também a produtividade.
O conforto ambiental é uma área dentro da Arquitetura e Urbanismo que engloba alguns
campos de conhecimentos, como a iluminação natural e artificial, insolação, conforto higro-
térmico, ventilação natural, acústica e a ergonomia, dividindo-se assim em: conforto luminoso
ou visual, o conforto térmico e conforto acústico.
11
Evans (1991, p. 8) comenta que a fadiga climática é uma das principais responsáveis pelo lento progresso de
desenvolvimento tecnológico e econômico de algumas das regiões dos trópicos e do extremo norte.
Capítulo 1 8
O conforto visual está relacionado com um bom nível de luz para a tarefa que se deseja
realizar, de forma que haja uma boa distribuição de luz e reprodução de cor no ambiente,
evitando grandes contrastes
12
ou ofuscamentos
13
.
Já o conforto térmico é obtido quando o usuário está satisfeito com o ambiente térmico que o
envolve. Para Corbella (2003, p.30), uma pessoa sente conforto térmico quando atinge um
nível ótimo para o fluxo de perda de calor, no qual a temperatura da pele se mantém perto de
35º graus.
Para manter constante a temperatura interna do corpo humano ocorrem vários mecanismos de
controle, que comandam a redução dos ganhos ou o aumento das perdas de calor com o
ambiente
14
. Já as condições do ambiente dependem de uma série de variáveis ou elementos
climáticos, sendo que Olgyay (1998, p.16) destaca os principais que interferem na sensação
de conforto: temperatura do ar, temperatura radiante média, movimento do ar e umidade.
Lamberts et al (1997), Frota & Schiffer (2000) e Corbella (2003) acrescentam, além das
variáveis climáticas, o papel da vestimenta e da atividade física na sensação de conforto.
Dentre as variáveis climáticas, a radiação solar pode ser considerada como uma das variáveis
de maior impacto na arquitetura das regiões tropicais (FERREIRA, 1965), devido ao
desconforto térmico provocado pela absorção da energia solar que atinge as superfícies.
A radiação solar chega à atmosfera na forma de radiação direta – raios solares - e de radiação
difusa do céu, onde as camadas atmosféricas são responsáveis por deixar atravessar
parcialmente, difundir, refratar e absorver parte da radiação. A quantidade de radiação varia
em função da época do ano e da latitude do local, assim como da transparência da atmosfera
com relação às nuvens e da pureza do ar quanto à poeira, dióxido de carbono e vapor d’água
(BUSTOS ROMERO, 2000).
A radiação solar que chega à superfície terrestre é composta de radiação visível (comprimento
de onda de 380 a 780nm), radiação ultravioleta (290 a 380nm) e radiação infravermelha (780
12
Lamberts et al (1997, p. 46) esclarece que contraste é definido como a diferença entre a luminância (brilho) de
um objeto e a luminância do entorno imediato.
13 Já o ofuscamento ocorre quando o processo de adaptação não ocorre normalmente e pode ser causado pelo
contrate e saturação de luz em excesso nos olhos (LAMBERTS et al, 1997, p. 47). A saturação ocorre
normalmente quando a luminância média da cena excede 25.000 CD/m2.
14
A manutenção da temperatura interna do corpo humano ocorre graças à termorregulação, e, entre os
mecanismos de controle, estão: a vasoconstrição, o arrepio e o aumento do metabolismo revelado pelo tremor
dos músculos, a vasodilatação e a exsudação. Os mecanismos de trocas térmicas entre o corpo e o ambiente
envolvem as trocas secas, resultado da diferença de temperatura entre o corpo e o ambiente, e as trocas úmidas,
que envolvem a mudança de estado de agregação, ou seja, o suor passa para o estado gasoso através da
evaporação.
Capítulo 1 9
a 1mm). Os raios visíveis representam a luz em si e podem causar ofuscamento, devido ao
excesso de luz. Os raios ultravioletas são responsáveis pela higienização dos ambientes, pela
pigmentação e queimaduras na pele, pela síntese de vitamina D e pela fotodegradação
(LABAKI et al, 2004). Já os raios infravermelhos são responsáveis pelo aquecimento dos
ambientes, apresentando-se divididos em três faixas: infravermelhos de onda curta (780-
1400nm), de onda média (1400-3000nm) e ondas longas (3000-1mm).
Segundo Olgyay (1998), a transferência de calor por radiação que afeta a edificação se divide
em cinco tipos diferentes:
Radiação de onda curta direta do sol;
Radiação difusa de onda curta procedente da abóbada celeste;
Radiação de onda curta produto da reflexão nos terrenos próximos;
Radiação de onda longa originada do solo e dos objetos próximos cuja temperatura é
elevada;
Radiação de onda longa perdida entre o céu e o edifício.
A transferência de calor na edificação se processa através dos componentes externos do
edifício: cobertura, paredes e aberturas, onde as paredes e alguns tipos de aberturas são
constituintes das envolventes externas verticais. Essas possuem fechamentos que são opacos e
transparentes, de acordo com Frota & Schiffer (2000) e Rivero (1986).
Nos fechamentos opacos, parte da radiação solar incidente é refletida, ainda na forma de onda
curta, e, ou volta para a atmosfera, que é relativamente transparente a ela, ou reincide sobre
outras superfícies, aquecendo-as, porém menos intensamente. Simultaneamente ao fenômeno
de reflexão ocorre a absorção, de forma que todo fechamento reflete uma parcela e absorve
outra, que é transferida ao interior por condução. Assim, se o branco reflete 95%, absorve 5%
da radiação solar (FROTA, 2004, p. 17), sendo que a transferência do calor para o interior
depende da inércia térmica.
O processo nos fechamentos transparentes é semelhante, no entanto, deve-se acrescentar a
parcela de radiação que penetra devido à transparência e que acaba gerando o efeito estufa,
visto que os raios que penetram no interior são absorvidos por outras superfícies e
transformados em calor, com comprimento de onda para o qual o vidro é opaco. Dessa forma,
a radiação fica retida no ambiente, aumentando a temperatura do ar. Os fechamentos
transparentes constituem-se um ponto fraco da envolvente de um edifício, pois além do
Capítulo 1 10
aumento da carga térmica, apresentam uma série de inconvenientes: obrigam o aumento do
dimensionamento dos equipamentos condicionadores de ar para inverno e verão, incrementam
as despesas de instalação e funcionamento e deixam passar facilmente os ruídos, entre outros
(Figura 1-1).
Figura 1-1- Trocas de calor através de superfícies opacas e transparentes.
Fonte: Frota & Schiffer, 2000, p. 42/43
Rivero (1986) destaca alguns recursos para o controle de ganhos térmicos nos fechamentos
opacos: a forma global do edifício, a orientação, os elementos de controle solar, a vegetação,
assim como a absortância e reflexão (cor), emissividade, condutividade, calor especifico e
espessura dos materiais que compõem o fechamento.
No que diz respeito aos fechamentos transparentes, o desempenho desses materiais depende
da correta orientação solar, do tipo de vidro e, principalmente, da presença de elementos de
proteção, que controlam a radiação solar, além de influenciar nas questões lumínicas e visuais
(LAMBERTS et al, 1997).
De um modo geral, o fluxo de calor que penetra nos fechamentos depende das características
das edificações expostas, as quais Mascaró (1991, p. 7) destaca:
“- Diferença entre a temperatura interior e exterior. O ganho de calor (ou
perdas) de calor radiante também está vinculado às características do
material e da cor das superfícies que constituem o envolvente do edifício;
- Localização, orientação (ao sol e aos ventos), forma e altura do edifício;
- Características do entorno natural e construído;
- Ação da radiação solar e térmica e, conseqüentemente, das características
isolantes térmicas do envolvente do edifício;
- Ação dos ventos sobre as superfícies interiores e fachadas e nos locais do
edifício;
- Desenho e proteção das aberturas para iluminação e ventilação, assim
como sua adequada proteção;
Capítulo 1 11
- Localização estratégica dos equipamentos de climatização artificial, tanto
dentro como fora do edifício, assim como dos principais aparelhos
eletrodomésticos.”
Serra & Coch (1995) compactam as idéias citadas e complementam, destacando que as
decisões de projeto que podem influenciar no comportamento ambiental do edifício são: a
forma geral, as características de sua pele e as de seu interior. Os autores destacam como
características mais importantes do interior: a compartimentação, as conexões, as espessuras,
a cor, a textura e a geometria do espaço.
A partir dos dados expostos, considera-se que as fachadas, através dos fechamentos opacos e
transparentes, são uma das principais responsáveis por garantir o conforto térmico e luminoso
de uma edificação, apresentando maiores possibilidades de adequação ao clima. Neste
trabalho, apoiando-se nos autores citados, são consideradas no capítulo 4, portanto, como
variáveis arquitetônicas: a forma e altura, a orientação, o material de revestimento e cor
da envolvente do edifício, tipo de aberturas e elementos de controle solar. Essa escolha
deve-se ao fato de que aquelas são características possíveis de se obter por meio de
observação e fotografias dos edifícios, para uma caracterização da fachada dos mesmos.
1.2. VARIÁVEIS ARQUITETÔNICAS PARA CARACTERIZAÇÃO DE FACHADAS
Consideram-se variáveis arquitetônicas detalhes de projeto que podem ser especificados de
acordo com as condições climáticas, contribuindo passivamente na melhoria de conforto.
Nesse sentido, a importância de especificar a forma deve-se ao fato de que, formas desiguais,
para um mesmo volume interior, originam comportamentos diferentes de acordo com as áreas
expostas à radiação solar, à luz natural e aos ventos, e dos detalhes que possam sombrear, etc.
Olgyay (1998, p. 90) afirma que a forma ótima é aquela onde se ganha o mínimo de calor no
verão e se perde o mínimo de calor no inverno. O autor indica, para zonas frias, as formas
quadradas; para as regiões temperadas, formas alongadas ao longo de um eixo leste-oeste;
para regiões de clima quente-seco, planta quadrada com pátio interno e para quente-úmido,
planta estreita que permita uma boa ventilação (Figura 1-2).
Capítulo 1 12
FORMA QUADRADA
FORMA ALONGADA - EIXO LESTE/OESTE
FORMA QUADRADA COM PÁTIO
PLANTA ESTREITA
Figura 1-2- Indicações de formas segundo Olgyay (1998)
Para Serra & Coch (1995, p. 245), as plantas quadradas com pátios, de um modo geral,
resolvem os inconvenientes da iluminação no interior, além de permitir ventilação, oferecendo
oportunidade de criar um microclima próprio, que pode ser útil para aumentar a umidade.
Quanto à altura, Serra & Coch (1995, p. 247) afirmam que, quanto mais alto o edifício,
menor a superfície de contato com o terreno e maior a exposição climática, resultando em
maiores problemas de estratificação do ar. Para Mascaró (1991), a altura do edifício que
minimiza a carga térmica recebida é uma função da latitude. De um modo geral, a autora diz
que os edifícios térreos são, em todos os casos, os que recebem maior carga térmica, sendo
essa a altura mais desfavorável em qualquer latitude. Esse dado é confirmado por Rivero
(1986): “as edificações em altura são satisfatórias em qualquer época do ano, pois apresentam
menor quantidade de superfícies horizontais
15
expostas à radiação”.
Tanto a altura quanto as formas sofrem influência da orientação, que altera sensivelmente a
quantidade de calor recebida por essas superfícies, assim como os consumos de energia.
Rivero (1986, p. 132) enfatiza que a orientação norte-sul dos planos principais é preferível na
região quente compreendida entre o Equador e o começo da região sempre fria. A partir desse
limite, a orientação mais conveniente modifica-se, inclinando-se a leste-oeste.
15
As superfícies horizontais são as que mais recebem radiação solar.
Capítulo 1 13
A radiação solar recebida, dependente da orientação, é transferida para o interior de acordo
com os materiais de revestimento e a cor aplicada nos fechamentos opacos que são
responsáveis por absorver ou refletir a radiação solar, de forma que, para um mesmo material,
cores mais claras absorvem menor quantidade de radiação e, portanto, transferem menos calor
para o ambiente interno, ocorrendo o contrário com cores escuras (Tabela 1-1).
Tabela 1-1-Valores de absortância da radiação solar (α) específico de pintura.
COR α
Branca 0,2-0,3
Amarela, laranja, vermelha-clara 0,3-0,5
Vermelha-escura, verde-clara, azul-clara 0,-0,7
Marrom-clara, verde-escura, azul-clara 0,7-0,9
marrom-escura, preta 0,9-1,0
Fonte: Croiset (1972) apud Frota & Schiffer, 2000, p. 193
Outra característica importante é a capacidade do material de conduzir calor, ou seja, a
condutividade térmica. Quanto maior a capacidade de conservação de calor, mais lenta será a
troca de temperatura propagada através do material (BUSTOS ROMERO, 2001, p.84).
Entre os fechamentos transparentes, as aberturas, ou seja, as janelas têm como função
oferecer, entre outras coisas, iluminação natural, ventilação, controle dos ruídos, contato
visual interior-exterior, higiene e salubridade nos ambientes internos, assim como
estanqueidade e privacidade aos usuários.
Essas são classificadas em: correr, guilhotina, projetante
16
, projetante deslizante, tombar,
abrir, pivotante horizontal, pivotante vertical, basculante, conforme ABCI – Manual Técnico
de Caixilhos/Janelas, Ed. Pini (apud VIANNA & GONÇALVES, 2001, p. 155-157).
No que se refere ao tamanho das aberturas nas fachadas, Mascaró (1991) enfatiza que taxas de
WWR
17
superiores a 0,4 comprometem o balanço térmico do edifício, mesmo em climas
compostos de estação fria. De um modo geral, as aberturas e suas superfícies envidraçadas
são as principais fontes de ganhos e perdas térmicas de uma edificação, devendo estar
protegidas adequadamente da incidência da radiação, através de elementos de controle solar
adequados.
Os elementos de controle solar têm a função de controlar o ingresso de radiação solar,
melhorando as condições térmicas, lumínicas e visuais no interior das edificações. Esses
16
Na etapa de caracterização, presente no capítulo 3, usou-se o termo máximo-ar para as janelas projetantes e
projetantes deslizantes e não se fez diferença entre pivotante horizontal e vertical.
17
WWR significa “window wall ratio” e mede a relação entre as áreas de envolventes opacas e envolventes
transparentes.
Capítulo 1 14
podem ser externos ou internos. No caso de elementos externos, a radiação solar é absorvida
antes de penetrar no ambiente, resultando em uma pequena quantidade de calor recebida. Nos
elementos internos, a radiação solar penetra pelo vidro e segue até o elemento de controle
solar para ser em parte absorvida e em parte refletida no ambiente. Essa última se mantém
com o mesmo comprimento de onda que a radiação incidente, passando através do vidro
novamente. A radiação absorvida, por sua vez, se converte em calor ficando uma parcela
maior dentro do local (Figura 1-3 Ga).
Figura 1-3 Ganhos de calor através de paredes transparentes com proteção externa e interna.
Fonte: Frota & Schiffer, 2000, p.47
Os elementos de controle solar internos e externos são listados por Frota (2004, p. 164):
varanda, marquise, sacada, brise-soleil vertical, brise-soleil horizontal, brise-soleil de
composição de placas verticais e horizontais (mistos), telas especiais, toldos, cortinas e
persianas, elementos vazados e pérgulas. Dans (1967) acrescenta a essa lista o vidro de
controle solar e a vegetação.
A varanda é um elemento de importante papel na história da arquitetura brasileira desde o
período colonial até os projetos Modernistas de Lúcio Costa, por exemplo. Além de espaço de
lazer, a varanda funciona como filtro das condições externas, protegendo a edificação das
chuvas e, principalmente da radiação solar, gerando sombra nas aberturas e impedindo o
aquecimento das paredes. Essa, no entanto, dependendo da profundidade pode escurecer os
ambientes internos. O mesmo acontece com a marquise e a sacada, que, em alguns casos,
ainda dificultam a ventilação, uma vez que são incorporadas na edificação (Figura 1-4).
Capítulo 1 15
Figura 1-4- Representação de uma varanda, marquise e sacada
As telas especiais podem ser de tecido, PVC ou poliéster, tratadas de forma a suportar as
intempéries, permitindo sua aplicação no exterior da edificação. Tratamento semelhante é
aplicado no toldo, produzido em lona e estrutura metálica. As cortinas e persianas, por sua
vez, são proteções internas, que apresentam uma diversidade de materiais, formas e
regulagem de abertura (total, parcial ou nula).
Os elementos vazados, chamados cobogós
18
, permitem ventilação constante e são
considerados por Bittencourt (2000) como brise-soleil misto em escala reduzida
19
. Tanto os
cobogós como as pérgulas filtram o excesso de luz. As últimas constituem uma série de vigas
alinhadas que delimitam um espaço semi-externo proporcionando ambiente sombreado.
No que se refere aos vidros de controle solar, estes não são indicados quando a ventilação é
importante e a radiação é alta. Seu efeito costuma ser mais lumínico que térmico, já que
reduzem mais luz que calor (SERRA & COCH, 1995, p. 324). Essa técnica torna-se pouco
eficiente, uma vez que com determinados tipos de vidros é necessário o uso da luz artificial
para garantir a iluminação necessária nos ambientes.
Conforme Rivero (1986, p.110), para climas que se localizam nas latitudes inferiores a 40º, as
propriedades de alguns vidros, como os absorventes e refletores, simples ou duplos, não
constituem uma solução satisfatória. Um vidro ideal deveria apresentar alta transmissão de
luz visível (Tv) e baixos ganhos de calor (Fcs- Fator de calor solar). Quanto maior o Fator de
Calor Solar, maior a energia global que entra no interior. O vidro simples, por exemplo,
apresenta Fcs=87%, ou seja, o espaço interno recebe 87% da radiação incidente sob a forma
de calor (SANTOS et al, 2004).
18
O termo refere-se às iniciais dos engenheiros que inventaram: co de Coimbra, mestre de obras português, bo
de Boekmann, ferreiro alemão, e Go de Antonio de Góis, engenheiro (GOMES,1988).
19
Neste trabalho, o cobogó também será considerado como um tipo de brise misto.
Capítulo 1 16
Santos et al (2004), comprovam, após uma comparação de características de materiais
transparentes de mesma coloração, que todos os materiais apresentaram o Fator de Calor
Solar superior à Transmitância do Visível, sendo a diferença mais elevada para a coloração
cinza-fumê e bronze, o que demonstra, portanto, baixa eficiência no conforto visual e térmico
para climas quentes.
A vegetação, por sua vez, se bem especificada, atua como filtro do calor e da luz no verão, ao
passo que, no inverno, permite a passagem do calor, devido à queda das folhas (Figura 1-5). O
rendimento depende da altura das árvores, da forma da coroa, da distância e da situação com
relação ao edifício (DANS, 1967, p. 13). Segundo Rivero (1986, p. 157), a vegetação absorve
90% da radiação visível e 60% de raios infravermelhos, refletindo ou transmitindo através de
suas folhas o restante do espectro da radiação.
Figura 1-5- Influência da vegetação no espaço interno.
Fonte: Mascaró, 1991, p. 39
Os brises-soleil, por serem exemplos de protetores solares externos, apresentam-se como os
mais eficientes, visto que barram o calor antes que ele penetre no ambiente. Este elemento
apresenta o mais elevado percentual de redução de ganho solar entre os sistemas de controle
solar em uso, variando de 75 a 90% quando aplicado sobre vidro simples transparente de 5
mm (MARAGNO, 2001), além de outras qualidades. Diante disso, segue-se neste trabalho
com um aprofundamento acerca do brise-soleil e de sua eficiência, a fim de conhecer suas
origens e classificações, obtendo base teórica para a análise dos elementos.
Capítulo 1 17
1.3. ELEMENTO DE CONTROLE SOLAR: O BRISE-SOLEIL
1.3.1. Origens do brise-soleil
O brise-soleil, ou quebra-sol, representa um elemento arquitetônico cuja função é sombrear,
com o objetivo de minimizar a incidência do sol sobre uma construção, ou sobre espaços
exteriores, fornecendo melhores condições de temperatura e controle de incidência da luz
solar. Dessa forma, evitam-se problemas de iluminação, contrastes e ofuscamentos, e de
superaquecimento, como deterioração/fotodegradação de objetos expostos, além de
representar um importante recurso para o controle dos ganhos de calor, com redução nos
sistemas de ar-condicionado e, portanto, conservação de energia (FROTA, 2004). Olgyay e
Olgyay (1957) também ressaltam que a composição obtida com o brise-soleil gera uma
arquitetura de maior caráter plástico.
O termo brise-soleil foi criado pelo arquiteto Le Corbusier no desenvolvimento de projetos
habitacionais para Argel
20
e Barcelona, em 1933 (Figura 1-6). A sua execução de fato só
ocorreu em 1936, no edifício do Ministério da Educação e Saúde
21
, no Rio de Janeiro, onde
Le Corbusier foi convidado a assessorar a equipe responsável
22
(Figura 1-7).
Figura 1-6- Maison Locative, Argel.
Fonte:http://www.fondationlecorbusier.asso.fr
Figura 1-7- Ministério da Educação e Saúde.
Vale ressaltar que, embora o destaque maior tenha sido ao Ministério, em 1935, na cidade de
Recife, Luis Nunes projetou a Escola para crianças excepcionais onde já havia utilizado
blocos de concreto, chamados de cobogós, como brises-soleil. E também, ainda antes da
20
Corona & Lemos (1972) enfatizam que elementos com a função de controlar os raios solares sempre existiram,
mas a distinção de tipologias e o nome específico de brise-soleil foi criação de Le Corbusier. Na Maison
Locative, o arquiteto propôs um sistema de proteção contra o sol baseado numa trama de lâminas de concreto em
forma de colméia, integradas a estrutura da fachada, recobrindo seus cinqüenta andares.
21
Este sistema era constituído de placas horizontais basculantes de fibrocimento, fixadas em grandes lâminas
verticais de concreto, situadas na parte externa do edifício e ligadas à estrutura em apenas dois pontos.
22
Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Carlos leão, Ernani Vasconcelos, Jorge Moreira e Affonso Reidy.
Capítulo 1 18
chegada de Le Corbusier no Brasil, em 1936, foi realizado o concurso para a nova sede da
Associação Brasileira de Imprensa, cujo vencedor foi o projeto dos arquitetos Milton e
Marcelo Roberto, que previa um brise-soleil constituído de lâminas verticais oblíquas em
alumínio, que foram substituídas por concreto na execução, para recobrir as duas fachadas.
O brise-soleil tornou-se um dos elementos marcantes da arquitetura brasileira e passou a ser
aplicado em diversos projetos, como se pode observar, entre outros, na Obra de Berço, de
Oscar Niemeyer (1937), no conjunto Residencial do Pedregulho, de Affonso Reidy (1950-
1965), e nos vários projetos de Lúcio Costa (Figura 1-8).
Essa propagação deve-se ao próprio Lúcio Costa devido ao seu prestígio e influência como
teórico e arquiteto. O mesmo preocupou-se em aliar as idéias Modernistas vigentes com as
tradições locais, representadas pela arquitetura implantada pelos colonizadores portugueses e
seus descendentes nos séculos XVI e XVII (BRUAND, 1999, p. 119).
Lúcio Costa percebeu, por exemplo, o parentesco entre as antigas venezianas e o brise-soleil,
ajustando os dois elementos de forma que houvesse uma síntese entre eles. O arquiteto
utilizou os protetores solares e cobogós de cerâmica para, além de controle solar, gerar efeitos
plásticos nas fachadas dos edifícios que projetou no Parque Guinle, por exemplo.
Figura 1-8- Da esquerda para direita: Residencial Pedregulho e Parque Guinle.
A questão plástica proporcionada pelos brises, além dos outros benefícios, é aproveitada, em
muitos casos, nos projetos arquitetônicos atuais. Diante da necessidade vigente de
conservação de energia e do modismo cada vez mais presente da aplicação de grandes
superfícies envidraçadas, arquitetos conscientes com a realidade e preocupados com as
condições ambientais oferecidas por seus projetos aliam a leveza do vidro com o jogo plástico
gerado pelas lâminas de brises.
Capítulo 1 19
Isso é notável nos projetos de Nicholas Grimshawm, como na Sede da Rolls-Royce, Grã-
Bretanha e no edifício KPMG Headquarters, Kobis Dreiek, em Berlim. O primeiro, teve seu
projeto iniciado em 1998 a fim de abrigar as áreas de pesquisa, desenvolvimento de projetos,
produção e escritórios da Rolls-Royce. O edifício apresenta diversas soluções que visam o
conforto ambiental como clarabóias para captar iluminação natural, pátios internos com
vegetação, e brises-soleil que se movimentam conforme a incidência do sol. Já no segundo
projeto, concluído em 2005, o arquiteto utilizou brises em vidro azulado que contribui no
caráter discreto e moderno da edificação (Figura 1-9).
Sede da Rolls-Royce, Grã-Bretanha
Detalhe do brise móvel
KPMG Headquarters, Kobis Dreiek, em Berlim
Detalhe brise de vidro
Figura 1-9- Projetos de Nicholas Grimshawm. Fonte: http://www.grimshaw-architects.com
.
Vale destacar também o projeto desenvolvido por Enrique Browne e sua equipe para um
edifício administrativo no Chile, cuja obra foi concluída em 2004. O edifício, premiado como
a melhor obra de arquitetura e Urbanismo pela prefeitura da cidade, foi projetado respeitando
a paisagem e as condições locais, fazendo uso, entre outras soluções, de superfície em vidro
transparente recoberta por lâminas horizontais de madeira, que são envolvidas por vegetação
(Figura 1-10).
Capítulo 1 20
Figura 1-10- Edifício administrativo, Chile, Enrique Browne.
Fonte: http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/arquitetura633.asp
1.3.2. A evolução dos materiais
Os materiais
23
utilizados no brise-soleil, até o final dos anos de 1940, eram
predominantemente o concreto, fibrocimento ou madeira. Surgiram na mesma época, na
Europa, as primeiras lâminas metálicas em forma de asa de avião, feitas a partir de chapas de
alumínio dobradas em “V”, calandradas e estruturadas por nervuras de aço, que somente a
partir de 1960 passaram a ser exportadas para outros continentes.
No final dos anos 60, a Armink esquadrias metálicas e a Alcan desenvolveram as lâminas
extrudadas de ação elíptica, utilizadas no Hospital do Servidor Público do Estado de São
Paulo. Dez anos mais tarde surgiram as lâminas “monobloco” e “auto-portantes” a partir da
trefilação de tubos de alumínio usados na irrigação.
O dinamismo da construção civil resultou, em 1980, no desenvolvimento do “termobrise”,
pela Hunter Douglas do Brasil, que consiste em um sistema com miolo estrutural de
poliuretano expandido e recobrimento em chapas de alumínio de liga-naval, travadas nas
bordas por perfis de alumínio.
Atualmente, além do concreto armado, existem as placas de concreto celular, chapas de aço,
chapas de aço perfuradas, perfis de alumínio, telas, vidros
24
, policarbonatos ou outro material
23
Dados obtidos no site: http://www.luxalon.com.br/htmls/216lux.html. Acessado em 30/05/05. Sobre os vários
formatos ver também http://www.merlo-brise-soleil.it.
24
Segundo Caram & Miana (2006), os brises transparentes, quando bem dimensionados e corretamente
selecionado o tipo de vidro para a sua função, contribuem positivamente no desempenho térmico da edificação.
Capítulo 1 21
transparente, com filtro ou translúcido, brises fotovoltaicos, que captam a energia solar e
sistemas inovadores para bloqueio solar e captação de luz, como os painéis prismáticos
(Figura 1-11). Esses são placas transparentes duplas ou simples de resinas acrílicas ou vidro,
com uma face plana e outra dentada, que formam diversas angulações. As placas podem ter o
mesmo efeito de proteção obtido por elementos de sombreamento externo, reduzindo as
temperaturas internas e custos com ar-condicionado, além de distribuir uniformemente a
iluminação
25
(AMORIM, 2002). Os novos avanços em termos de materiais e formas buscam
predominantemente equacionar a questão do equilíbrio entre radiação solar, luz e calor,
mantendo a vista para o exterior e a ventilação.
Enfim, existe uma infinidade de materiais e acabamento, assim como sistemas de abertura e
modelos possíveis de serem utilizados sem comprometer a questão estética, embora os custos
nem sempre sejam favoráveis
26
.
a) Brise de vidro
b) Brise fotovoltáico
C) Painel Prismático
Figura 1-11- Exemplo de brise de vidro, fotovoltaico e painel prismático.
Fonte: http://www.merlo-brise-soleil.it (A E B) e Baker et al, 1993 (C)
25
Sobre o assunto ver Baker et al, 1993.
26
O custo do painel prismático varia entre 200 e 400 euros por metro quadrado (IEA, 2000).
Capítulo 1 22
1.3.3. Classificação dos brises-soleil
Com a sua propagação, o brise-soleil obteve vários formatos e combinações, apresentando
várias classificações. Uma delas diz respeito à posição que ocupa nas fachadas, que, segundo
Olgyay e Olgyay (1957), apresenta três tipos: horizontais, verticais e combinados (Figura
1-12). Os brises combinados são denominados por Bittencourt (2000) e Frota (2004) de brises
mistos e de composição de placas horizontais e verticais, respectivamente. Neste trabalho,
adota-se a nomenclatura dada por Bittencourt (2000) por ser a mais usual.
Os brises horizontais são placas cujos eixos horizontais estão paralelos à fachada a ser
protegida e também ao plano horizontal, protegendo principalmente dos ângulos solares mais
altos. Os brises verticais são placas fixadas perpendicularmente ao plano horizontal, sendo
mais adequados para as fachadas onde a maior parte da incidência solar se afasta da
perpendicular à mesma. Já os mistos associam os elementos dos dois tipos anteriores,
apresentando-se como os mais indicados, visto que, os elementos constituintes se
complementam eficientemente (BITTENCOURT, 2000). Os brises, verticais, horizontais ou
mistos, apresentam, em alguns casos, a função de suporte, constituindo a própria estrutura da
edificação (DANS, 1967).
Brise Horizontal - corte
Brise Vertical- planta baixa
Brise misto- elevação
Figura 1-12- Exemplos de brises.
Fonte: Olgyay & Olgyay, 1957, p. 90/92
Capítulo 1 23
Quanto à mobilidade, esses tipos apresentam-se fixos ou móveis. Segundo Rivero (1967;
1986), os fixos ficam incorporados rigidamente à obra arquitetônica, sem a possibilidade de
regulação. Sua eficiência depende exclusivamente da dimensão e disposição de suas partes,
estendendo sua influência durante todo o ano. Já os brises móveis
27
são aqueles que permitem
maior possibilidade de regulação, de acordo com a necessidade de controle solar.
Os brises móveis, apesar da flexibilidade, apresentam alto custo de manutenção comparado
aos fixos. Isso deve-se principalmente devido à quebra do mecanismo, causado, muitas vezes,
pelo uso inadequado por parte dos usuários, que não recebem treinamento sobre o
funcionamento correto. Atem (2003, p.67) exemplifica essa situação por meio do projeto para
o edifício Seguradoras (1943), no Rio de Janeiro, dos Irmãos Roberto, no qual foi
especificado um eficiente sistema de controle solar móvel que foi retirado em alguns locais,
devido à falta de manutenção ao longo dos anos (Figura 1-13 e Figura 1-14). Outra
dificuldade citada pela autora é o fato das manivelas de controle serem colocadas externas ao
edifício, obrigando o usuário a pôr o corpo para fora da janela. Nesse contexto, torna-se
relevante prever a questão do uso e da manutenção no projeto de brise-soleil.
Figura 1-13- Edifício Seguradoras, vista externa e corte.
Fonte: Olgyay & Olgyay, 1957, p.122
Figura 1-14- Situação atual do
edifício.
Fonte: Atem, 2003, p. 68
Há ainda a classificação dos brises em finito e infinito, em relação à dimensão
28
, conforme
Frota & Schiffer (2000). Os finitos possuem comprimento, vertical ou horizontal, finito, ou
seja, limitado. Enquanto que os infinitos apresentam comprimento teoricamente infinito, onde
o observador situado na borda de baixo dessa abertura não enxergará uma parte do céu sobre
sua cabeça, a partir do limite do ângulo de sombra vertical (Figura 1-15). Atualmente, com a
27
Os sistemas móveis podem ser mecânicos, elétricos ou eletrônicos, comandados em função da incidência do
sol ou da intensidade luminosa ou da temperatura (FROTA, 2004).
28
Esse termo foi adotado nesta pesquisa para facilitar a compreensão.
Capítulo 1 24
propagação da pele de vidro, o brise finito tem pouca aplicabilidade, uma vez que toda
fachada deve ser protegida.
HORIZONTAL
INFINITO
HORIZONTAL
FINITO
VERTICAL INFINITO
VERTICAL
FINITO
Figura 1-15- Exemplos de brises horizontais e verticais finitos e infinitos
A determinação do tipo de brise-soleil depende de diversos fatores, sendo que Frota (2004, p.
164) sugere para se obter maior eficiência:
“- Seja guardada uma certa distância entre o sistema de sombreamento e o
corpo da edificação (pelo menos 30 cm), o que amenizará o efeito da
radiação do infravermelho longo e também proporcionará a ventilação desse
espaço; quanto menor o contato do brise-soleil com o corpo do edifício,
menor será o calor transmitido por condução;
- Tenha acabamento superficial externo, na face exposta ao sol, de cor clara,
para evitar maior sobreaquecimento dessa superfície, isto é interessante não
só para o próprio edifício, mas também para seu entorno;
- Se o material do quebra-sol for isolante térmico, o desempenho do sistema
de proteção será melhor, posto que menos calor chegará a face voltada para
o edifício, resultando em temperatura superficial menor;
- Se essa face tiver acabamento superficial de baixa emissividade térmica-
superfícies metálicas de alto brilho, mesmo aquecidas, emitem pouca
radiação térmica- menos calor será emitido para a superfície externa do
corpo da edificação”.
Nota-se a importância do posicionamento do brise-soleil em relação ao alinhamento da
fachada e das características dos materiais que compõem os mesmos, entre essas a
absortância à radiação solar (α)
29
, a refletância à radiação solar (ρ)
30
, condutividade térmica
(λ)
31
e emissividade (ε)
32
. A absortância e a refletância da radiação incidente pelos protetores
29
Quociente da taxa de radiação solar absorvida por uma superfície pela taxa de radiação solar incidente sobre
esta mesma superfície (ABNT, 2005).
30
Quociente da taxa de radiação solar refletida por uma superfície pela taxa de radiação solar incidente sobre
esta mesma superfície (ABNT, 2005).
31
Propriedade física de um material homogêneo e isótropo, no qual se verifica um fluxo de calor constante, com
densidade de 1 W/m2, quando submetido a um gradiente de temperatura uniforme de 1 Kelvin por metro2
(ABNT, 2005).
Capítulo 1 25
dependem da cor e do tratamento de sua superfície. O alumínio, por exemplo, reflete 85%,
enquanto que a cor preta reflete 3% e absorve 97% de calor.
De um modo geral, a escolha adequada do tipo de brise a ser utilizado deve ser realizada em
função do correto estudo através da carta solar, devendo levar em consideração além da
eficiência da proteção, a plasticidade, privacidade, luminosidade, ventilação, visibilidade,
durabilidade e os custos de implantação e manutenção (BITTENCOURT, 2000).
No que diz respeito à ventilação, o brise deve permitir a entrada do vento no interior da
edificação, assim como sua circulação pela fachada, a fim de resfriar a superfície vertical por
convecção e reduzir as temperaturas superficiais.
A questão da visibilidade, por sua vez, é estabelecida pelas normas inglesa e alemã como
essenciais para a saúde dos trabalhadores, por motivos psicológicos.
1.3.4. O desenho do brise-soleil com o auxílio da carta solar
A carta solar, também chamada de diagrama solar, é uma representação gráfica
33
do percurso
do sol na abóbada celeste, em períodos distintos do dia e do ano, sendo diferenciada conforme
latitude. Para isso, considera-se o percurso aparente do sol ao se deslocar numa trajetória
elíptica ao redor da terra.
Desses movimentos aparentes do sol resultam os solstícios e equinócios. Os solstícios podem
ser de Inverno (2106) ou de Verão (21/12), conforme o hemisfério que o local esteja situado,
correspondendo ao ponto máximo do percurso do sol no hemisfério Norte e Sul. Já os
equinócios, onde o dia tem a mesma duração da noite, são denominados de Primavera (22/09)
e Outono (22/03) (Figura 1-16).
Conforme a latitude em que o observador se encontra, o percurso aparente do sol será
percebido de forma diferente, sendo a altura solar e o azimute as coordenadas angulares que
localizam qualquer posição do sol na abóbada celeste. A altura solar é o ângulo formado pelo
sol e pelo plano horizontal da direção dos raios solares, enquanto azimute é o ângulo formado
pela projeção horizontal do raio solar com o Norte Geográfico (Figura 1-17).
32
Quociente da taxa de radiação emitida por uma superfície pela taxa de radiação emitida por um corpo negro, à
mesma temperatura (ABNT, 2005).
33
Existem três métodos de representação do percurso do sol: métodos físicos (modelos em escala como
heliodon, solarcopio, relógio solar), métodos gráficos (diagramas solares e transferidores de ângulo de sombra) e
métodos computacionais (aplicativos específicos). No entanto, dentre esses instrumentos, o método gráfico,
através das cartas solares, apresenta-se mais adequado por ser mais compatível com o projeto de arquitetura e
disponível para vários locais (FROTA, 2004).
Capítulo 1 26
Figura 1-16- Percurso do sol nos solstícios e equinócios
Figura 1-17- Azimute (a) e altura (h) solar
Fonte: Bittencourt, 2000, p.28
Além dos dias representativos citados (solstícios e equinócios), a carta apresenta: os pontos
cardeais (Norte, Sul, Leste e Oeste); os azimutes, representados por linhas irradiadas do
centro, que por convenção são medidos no sentido horário; as alturas solares, identificadas na
linha Norte/sul, sendo o centro da carta o horário em que o sol está a pino; linhas curvas de
leste a oeste, que representam o percurso do sol para cada mês e linhas horárias que
interceptam as curvas, indicando as horas ao longo do dia (Figura 1-18).
Figura 1-18- Carta solar para latitude de 15º55'.
Fonte: Programa Luz do Sol. Roriz, 1995
A carta é utilizada juntamente com o transferidor auxiliar, que permite a leitura de ângulos α,
β e γ. O ângulo α é determinado no corte e medido a partir do plano horizontal que passa pelo
observador, de 0º a 90º, correspondendo à altura solar; os ângulos β são determinados em
planta, podendo medir de 0º a 90º para a esquerda ou direita, de acordo com a posição em
relação à normal da fachada, representando os azimutes; e os ângulos γ, que são determinados
em elevações, sendo medidos a partir do plano horizontal que passa pelo observador. Esses
dois gráficos permitem o traçado de máscara, que corresponde à representação na carta solar
Capítulo 1 27
dos obstáculos que impedem a visão da abobada celeste por parte de um observador
localizado em um determinado local (Figura 1-19).
Figura 1-19- Transferidor auxiliar.
Adaptado de Frota, 2004, p. 244
Bittencourt (2000) destaca algumas atribuições dadas aos gráficos ou cartas solares:
Tomar as melhores decisões no Desenho Urbano, contribuindo para a definição do
sistema viário, estudo da insolação e sombreamento proporcionado por edifícios de
gabaritos específicos, além da escolha da arborização com fins de sombreamento;
Definir a melhor orientação para as construções, analisando o tipo de incidência solar
que cada fachada receberá;
Desenhar elementos de controle solar;
Para o desenho dos elementos de controle solar, neste caso específico dos brises, deve-se
inicialmente realizar um estudo do clima local, a partir do qual se determinam os períodos de
sombra necessários e a posição do sol nesses períodos. Em seqüência, estabelece-se o tipo e a
posição do brise, para então realizar o projeto e o dimensionamento, com o auxílio de
máscaras de sombra (OLGYAY & OLGYAY, 1957).
O estudo do clima é importante, visto que projetos para zonas de climas diferentes possuem
características peculiares próprias, que exigem soluções diferentes. Givoni (1976) destaca a
necessidade de se conhecer os dados referentes à temperatura do ar, umidade, ventos e
precipitações.
βe βd
α
γ
Capítulo 1 28
Segundo Evans (1991), os valores da temperatura média ao longo dos dias típicos do ano
34
podem ser utilizados para estabelecer a necessidade de controle solar, de acordo com as horas
e dias do ano que apresentam as temperaturas indesejadas, baseando-se nas zonas de conforto.
Esses valores de temperatura são sobrepostos à carta solar, referente à latitude local, e em
seguida determina-se a máscara condizente com as orientações que possuem as fachadas a
serem protegidas. Pode-se então, com o auxílio do transferidor auxiliar, observar o melhor
tipo de brise quanto à posição, determinando as angulações necessárias.
Uma mesma máscara possibilita diversos tipos de brises (Figura 1-20), no que diz respeito à
forma e ao tamanho, devendo o profissional considerar as características do edifício como a
orientação das fachadas, localização, tamanho e tipos de aberturas, uso dos espaços e a
conformação do entorno, para dar continuação nas tomadas de decisões (EVANS, 1991).
Figura 1-20-Exemplos de brises para uma mesma máscara de sombra.
Fonte: Bittencourt, 2000
34
Os dias típicos apresentam um significado estatístico quanto à freqüência de um determinado período de
tempo, tendo em vista à dificuldade de se trabalhar com todos os dados metereológicos. Sobre o assunto ver
(GOULART et al, 1998).
Capítulo 1 29
Diante do exposto, a análise da eficiência dos brises realizada neste trabalho considera a
capacidade do elemento em sombrear o período necessário (controle solar), a partir da
verificação do clima e do tipo do brise-soleil quanto: à posição; à mobilidade e, portanto, ao
uso e manutenção, à dimensão, ao posicionamento do brise-soleil em relação ao
alinhamento da fachada e às características dos materiais, fazendo uso da carta solar
como instrumento de análise. Optou-se por esse método gráfico, dentre os outros (método
físico e método computacional), por ser um dos instrumentos mais realistas e condizentes com
a prática cotidiana de arquitetura. Dessa forma, as conclusões alcançadas com este trabalho
podem ter uma aplicação mais abrangente, tendo em vista, que o método não exige muito
tempo para aprendizagem, como no caso dos softwares e medições in loco.
Capítulo 2 30
CAPÍTULO 2 - CLIMA DE BRASÍLIA E A NECESSIDADE DE PROTEÇÃO SOLAR
Para se avaliar a eficiência de um brise-soleil deve-se, em primeiro lugar, ter conhecimento do
clima local e determinar o período com necessidade de proteção solar para a latitude desejada.
Neste capítulo, expõem-se alguns dados climáticos necessários para o entendimento do clima
de Brasília e critérios adequados para projetos na cidade, bem como a definição da
necessidade de sombreamento.
Para tal fim, baseou-se em Amorim (1998; 2005), Bustos Romero (2001), Ferreira (1965),
Goulart et al (1998), Maciel (2002) e Normais Climatológicas (1992) para definição do clima
de Brasília. Sobre as estratégias para projeto, além das indicações dos autores anteriores,
empregou-se também Bittencourt (2000), Corbella (2003), Evans (1991), Frota & Schiffer
(2000), Givoni (1992), Ghisi & Tinker (2001), Koenisgsberger et al (1977), Leite & Araújo
(2004), Olgyay (1998) e a norma ABNT 15220 (2005).
2.1. CLIMA DE BRASÍLIA
O Distrito Federal encontra-se a uma latitude de 15º52’ Sul e 47º55’ de longitude a oeste de
Greenwich, com altitude de 1.100m, caracterizando-se como clima Tropical de Altitude com
duas estações bem definidas: quente-úmida (de outubro a abril) e seca (de maio a setembro)
35
.
Ferreira (1965) destaca que Brasília apresenta características do clima tropical úmido no
período chuvoso, e do clima tropical seco no período seco.
O clima foi um dos itens considerados na escolha do sítio para a construção da cidade assim
como na elaboração do projeto pelo arquiteto Lúcio Costa. No entanto, na execução do
projeto, as máquinas de terraplanagem arrasaram as condições naturais e em conseqüência da
urbanização acelerada percebem-se algumas diferenças no clima do sítio, conforme explica
Bustos Romero (2001, p. 130):
“As temperaturas não sofreram grandes diferenças; as precipitações e a
umidade diminuíram; janeiro não é o mês mais úmido (e sim dezembro) nem
setembro é o mês mais seco (e sim agosto). A velocidade dos ventos
35
Maciel (2002) afirma que se pode identificar um terceiro período dentro da estação seca, que vai de agosto a
setembro, caracterizado como quente e seco, cujas temperaturas mais elevadas são entre 28º e 29,3º graus e
umidade relativa baixa, entre 56º e 58º. No entanto, esses dados merecem mais tempo de observação devido as
diversas alterações que podem ocorrer ao longo do tempo.
Capítulo 2 31
aumentou, mas suas direções mantiveram-se as mesmas. A insolação tem
diminuído de um modo geral, mas tem aumentado no verão”.
A caracterização do clima de Brasília foi realizada inicialmente por Ferreira (1965), que
apresentou dados referentes ao período de 1960 a 1964, e Goulart et al (1998), cuja pesquisa
corresponde aos anos de 1961 a 1970. Conforme Ferreira (1965, p. 5), é necessária a revisão
dos dados dentro de um período de 35 anos, correspondente ao ciclo de variações climáticas.
Dessa forma, embora baseado nos estudos dos autores citados, os dados climáticos serão
apresentados segundo Maciel (2002) - 1982/1997 - e as Normais Climatológicas (1992) -
1960/1990 – por serem os mais atualizados.
Neste contexto, Maciel (2002) cita que a média da temperatura do ar no período de 1982-1997
é de 21,6º C, no qual outubro se apresentou como o mês mais quente, com temperaturas
médias das médias mais elevadas, cerca de 23º C, e, média das máximas de 29,2º, ocorrendo
no mês de setembro.
As temperaturas acima de 30º C representam menos de 3% mensais durante a maior parte do
ano. Apenas nos meses considerados mais quentes, setembro e outubro, esse percentual varia
entre 5% e 6% mensais.
Os meses mais frios, junho e julho, apresentam cerca de 40% das temperaturas abaixo de
18ºC, observando que as temperaturas entre 18º e 28ºC
36
representam os maiores percentuais
mensais para todos os meses do ano, principalmente no período quente e úmido. Isso, no
entanto, não indica condições de conforto, uma vez que, a umidade relativa pode estar abaixo
ou acima dos limites apresentados na carta bioclimática, 20% e 80%.
Quanto à insolação total horizontal, a média de todos os anos do período é em torno de 2.400
horas. Segundo as Normais Climatológicas (1992), o mês com maior insolação é julho, com
265,3 horas. Já para as condições do céu, os valores de nebulosidade se apresentam conforme
a tabela abaixo (Tabela 2-1):
36
Intervalo de temperatura situado na Zona de Conforto proposta pela carta Bioclimática de Givoni (1992).
Aplicando os dados das normais climatológicas ou do TRY, Test Reference Year, à carta bioclimática
desenvolvida por Givoni, é possível conhecer o comportamento da temperatura e umidade relativa do ar em cada
localidade ao longo do ano, identificando os períodos com maior probabilidade de desconforto e percentual das
estratégias mais indicadas para as edificações. A carta é constituída de nove zonas, com estratégias de controle
ambiental: ventilação, resfriamento evaporativo, massa térmica para resfriamento, ar-condicionado,
umidificação, massa térmica para aquecimento, aquecimento solar passivo e aquecimento artificial.
(LAMBERTS et al, 1997)
Capítulo 2 32
Tabela 2-1- Índice de nebulosidade e condições de céu para Brasília
MÊS INDICE DE NEBULOSIDADE CONDIÇÃO DO CEU
Janeiro 7 Parcialmente Nublado
Fevereiro 7 Parcialmente Nublado
Março 7 Parcialmente Nublado
Abril 6 Parcialmente Nublado
Maio 5 Parcialmente Nublado
Junho 3 Claro
Julho 3 Claro
Agosto 3 Claro
Setembro 4 Parcialmente Nublado
Outubro 7 Parcialmente Nublado
Novembro 8 Nublado
Dezembro 8 Nublado
Adaptado de Normais Climatológicas, 1992
Utilizando os valores da nebulosidade para cada época, obtêm-se os dados correspondentes à
radiação solar (Wh/m
2
) nas superfícies horizontais e verticais (Tabela 2-2):
Tabela 2-2- Quantidade de radiação solar (Wh/m
2
) nas superfícies verticais e horizontais, conforme a
orientação.
Quantidade de radiação solar (Wh/m
2
)
Orientação das
superfícies
Equinócio de
Outono-22/03
Solstício de
Verão-21/12
Equinócio de
Primavera-22/09
Solstício de
Inverno-21/06
0º 2099 419 3214 7190
90º 2739 2420 4086 3360
180º 457 2001 682 611
270º 2738 2419 4085 3360
Cobertura 6664 6200 9933 7842
Total 14697 13459 22000 22363
Adaptado de Roriz, 1995
Os valores apresentam-se maiores nas coberturas, no entanto, verificam-se também nas
superfícies verticais, principalmente no solstício de inverno, na fachada norte. Observam-se
elevadas iluminâncias a partir das 9h, nos solstícios e equinócios (Tabela 2-3):
Tabela 2-3- Iluminâncias em um plano horizontal ao longo do dia.
Equinócio de Outono-
22/03 (lux)
Solstício de Verão-
21/12 (lux)
Equinócio de
Primavera-22/09 (lux)
Solstício de Inverno-
21/06 (lux)
9h 60.000 15.100 60.000 62.100
10h 81.500 18.100 81.500 80.500
11h 95.600 20.000 95.600 92.100
12h 100.600 20.600 100.600 96.000
13h 95.600 20.000 95.600 92.100
14h 81.500 18.100 81.500 80.500
15h 60.000 15.100 60.000 62.100
16h 35.000 11.100 35.000 38.500
17h 13.300 6.500 13.300 13.400
18h 3.000 3.000 3.000 8.000
Fonte: Scarazzato, 1995, apud Amorim, 2005
Capítulo 2 33
No que diz respeito à umidade média relativa do ar, no período estudado por Maciel (2002),
ela é de 70%, sendo agosto o mês mais seco, com umidade relativa média de 56%. Setembro
apresentou umidade relativa mínima absoluta de 8%. Nestes meses, agosto e setembro, a
amplitude térmica é bastante elevada, acima de 13º C, as temperaturas médias das máximas
acima de 28º C e a umidade relativa média baixa, abaixo dos 60%. Os meses referentes ao
período quente e úmido apresentam umidade sempre acima de 70%.
A precipitação total média tem valor em torno de 1.500mm, sendo que mais de 70% das
chuvas acontecem de novembro a março, e dezembro o mês mais chuvoso, com cerca de 250
mm.
A direção predominante dos ventos é leste, na maior parte do ano, sendo a segunda maior
freqüência o vento de nordeste. A velocidade média mensal dos ventos é de 2 e 3 m/s em
todos os meses.
Diante desses dados, Maciel (2002), baseando-se na carta bioclimática elaborada por Givoni
(1992), realizou uma análise do clima de Brasília, onde identificou o ano de 1987 como o Ano
Climático de Referência
37
(TRY). A carta apresentou uma porcentagem de 41,2% de conforto
e 58,8% de desconforto, sendo esse último causado 36,61% pelo frio
38
, ou seja, a maior parte,
e 22,2% de desconforto por calor. Em seguida, a carta sugere cada estratégia apropriada,
considerando as intersecções, onde se observa em uma pequena porcentagem a necessidade de
técnicas artificiais, como ar-condicionado (Tabela 2-4).
Tabela 2-4- Estratégias bioclimáticas (%).
CONFORTO 41,2
Massa térmica p/ aquecimento 31,3
Aquecimento solar passivo 4,37
FRIO – 36,6%
Aquecimento artificial 0,99
Ventilação 21,2
Resfriamento evaporativo 8,38
Massa térmica p/ resfriamento 8,29
DESCONFORTO
CALOR – 22,2%
Ar condicionado 0,08
Adaptada de Maciel, 2002
Maciel (2002) conclui que o horário de desconforto por calor vai de 11h às 17h no período
quente - úmido e quente – seco. No restante dos meses, o desconforto por calor representa
menos de 6% e só ocorre entre 13h e 16h (Tabela 2-5).
37
Ano Climático de Referência (ACR) ou TRY (test reference year) para um local específico é baseado na
eliminação de dados que contenham temperaturas médias mensais extremas, altas ou baixas, até que reste
somente um ano (GOULART et al, 1998).
38
São considerados como desconforto por frio os intervalos com temperaturas abaixo dos 18º C.
Capítulo 2 34
Tabela 2-5- Horários de desconforto por calor e frio por mês.
MESES HORAS-DESCONFORTO FRIO HORAS-DESCONFORTO CALOR
Janeiro 0 às 7h 11h às 17h
Fevereiro 0 às 7h 11h às 17h
Março 0 às 7h 11h às 17h
Abril 0 às 7h 11h às 17h
Maio 0 às 9h 13h às 16h
Junho 0 às 9h 13h às 16h
Julho 0 às 9h 13h às 16h
Agosto 0 às 9h 12h às 17h
Setembro 0 às 7h 11h às 17h
Outubro 0 às 7h 11h às 17h
Novembro 0 às 6h 11h às 17h
Dezembro 0 às 7h 11h às 17h
Adaptado de Maciel, 2002
Estes dados podem ser observados também através do programa Analysis Sol-Ar 6.1.1
39
. O
programa produz uma carta solar com os intervalos de temperatura anuais correspondentes às
trajetórias solares ao longo do ano e do dia (Figura 2-1), mostrando que as maiores
temperaturas ocorrem à tarde, principalmente a partir de 21 de junho. Vale ressaltar que na
carta solar são representadas apenas as temperaturas, portanto as áreas em vermelho são
representadas a partir das 9h e antes das 17h.
TBS<=10ºC
10º<TBS<=14ºC
14º<TBS<=20ºC
20º<TBS<=25ºC
TBS>25ºC
Figura 2-1- Carta solar com horários de insolação, à esquerda no período até 21 de junho e, à direita após
21 de junho.
Fonte: Programa Analysis Sol-Ar 6.1.1. Lamberts & Maciel, 2006
39
Disponível em http://www.labeee.ufsc.br/software/analysisSOLAR.htm. Acesso em 04 de março de 2006.
Capítulo 2 35
2.2. ESTRATÉGIAS PARA PROJETOS EM BRASÍLIA
Apoiando-se nos dados climáticos apresentados e nas estratégias sugeridas pela carta
bioclimática de Givoni, citam-se outros autores que abordam o assunto, levando em
consideração as variáveis referentes às fachadas, apresentadas no capítulo 1.
A princípio, Ferreira (1965, p. 56) comenta que um edifício nessa região, no que diz respeito
ao conforto térmico, deve oferecer proteção contra as temperaturas mais elevadas que
ocorrem durante o dia, em conseqüência da forte radiação solar, assim como atenuar as perdas
noturnas de calor pela edificação no período de seca, quando se verificam as temperaturas
mais baixas.
Para isso, a própria Ferreira (1969) juntamente com Rivero (1986), Amorim (1998), Frota &
Schiffer (2000), Bittencourt (2000), Ghisi & Tinker (2001), Bustos Romero (2001), Corbella
(2003) e a norma ABNT 15220, apresentam sugestões para as edificações locais:
A forma deve ser medianamente compacta, para possibilitar menor superfície exposta
à radiação, de modo a atender aos requisitos das diferentes estações;
Os edifícios devem ser preferencialmente agrupados em pavimentos, priorizando a
altura ao invés de edifícios térreos, pois se diminui a quantidade de superfícies
horizontais, onde se incide uma maior radiação solar;
A orientação mais adequada para fachadas é Norte e Sul, visto que na Leste e Oeste
incide maior quantidade de radiação solar. Sabe-se que Leste é a orientação
predominante do vento e que a orientação norte-sul não o aproveitaria diretamente, no
entanto, o vento tangenciará as superfícies acelerando as perdas de calor por
convecção e indiretamente pode favorecer o efeito chaminé, da face sul para a norte;
As paredes devem ser pesadas, com materiais que apresentem transmitância térmica
(U) menor ou igual a 2,20 W/mºK, atraso térmico (φ) maior ou igual a 6,5h, fator solar
(Fso) de 3,5 e revestida com cor clara. Dessa forma, o calor acumulado nas paredes
durante o dia é liberado à noite para o ambiente interno e o fato da parede ser clara
permite que a radiação solar seja em maior parte refletido;
As aberturas (janelas) devem ser médias, de 15% a 25%, para permitir a ventilação
seletiva
40
quando necessária, principalmente no período úmido. A fachada oeste deve
40
A ser utilizada nos períodos quentes em que a temperatura interna seja superior à externa.
Capítulo 2 36
ter a menor proporção (22%) e a fachada sul a maior (42%) proporção de área de
janela, no caso de edifícios em forma laminar, com proporção de 2:1 e índice do
ambiente
41
(K) igual a 5,00;
Os elementos de controle solar devem ser externos para barrar entrada de calor antes
que esse atravesse o vidro, podendo utilizar protetores internos, como cortinas para
regular a iluminação quando necessário.
No caso da aplicação de brise-soleil, sugere-se que o brise seja especificado e dimensionado
conforme a orientação e a necessidade de controle solar, podendo ser móvel ou fixo. Para um
melhor aproveitamento do brise móvel, é indicado treinamento para os usuários, a fim de
conscientizá-los sobre o correto uso.
É ideal que o brise-soleil esteja afastado das vedações, a fim de transmitir menos calor por
condução e facilitar as trocas de calor entre os protetores e o ar, assim como apresentar cores
claras.
2.3. NECESSIDADE DE SOMBREAMENTO PARA BRASÍLIA
O período de desconforto por calor foi apresentado por Maciel (2002), que se baseou na carta
de Givoni (1992), relacionando temperatura e umidade. Conforme a autora, os horários de
desconforto ocorrem a partir das 11h da manhã, no entanto, percebe-se, a partir das 9h, o
excesso de iluminância global no plano horizontal nos solstício de inverno e nos equinócios
(Tabela 2), o que pode significar problemas térmicos e de iluminação.
Dessa forma, é necessário realizar uma verificação através de outros métodos. Sobre a
necessidade de sombreamento, Evans (1991) e Koenisgsberger et al (1977) sugerem a
utilização de diagramas de isopletas de temperatura para observar a variação anual e diária da
mesma, constatando o período de calor excessivo (Figura 2-2).
41
K representa [K= (LP) / (h (L + P))], onde L é a largura da sala, P, a profundidade e h, a altura de montagem
entre a superfície de trabalho e o teto (GHISI et al, 2001).
Capítulo 2 37
Figura 2-2- Isopleta de Temperatura para Natal (RN).
Fonte: Leite & Araújo, 2004
O diagrama consiste em um gráfico no qual cada fila apresenta um mês e cada coluna uma
hora, resultando, em cada intersecção, a temperatura média correspondente. A união dos
pontos com mesma temperatura origina a zona de calor excessivo, onde segundo Evans
(1991):
Tabela 2-6- Relação entre temperatura e condições de conforto.
Temperatura Condições de conforto
< 13º Muito frio
13º < t <18º Frio, conforto possível com radiação solar
18º< t <23º Conforto no inverno, roupa normal
23º< t <28º Conforto ou ligeiramente quente no verão, roupa leve
>28º Quente
Fonte: Evans, 1991, p.31
Seguindo os passos indicados por Evans (1991), construiu-se a isopleta de temperatura para
Brasília, utilizando os dados de temperatura máxima e mínima para cada mês, correspondente
ao intervalo de 1982-1997, apresentados por Maciel (2002). No diagrama são representados
apenas os horários com presença de sol, com intervalo de hora em hora (Figura 2-3).
Capítulo 2 38
Figura 2-3- Isopleta de temperatura para Brasília, com horário de desconforto em vermelho
Pode-se observar que o horário de desconforto manifesta-se a partir das 11h da manhã na
maior parte do ano, indo até às 17h, conforme apresentado abaixo (Tabela 2-7):
Tabela 2-7- Horários de desconforto por calor, de acordo com a isopleta de temperatura
Meses Desconforto- calor Meses Desconforto- calor
Janeiro 11h às 17h Julho 12h ás 17h
Fevereiro 11h às 17h Agosto 12h às 17h
Março 11h às 17h Setembro 11h às 17h
Abril 12h às 17h Outubro 11h às 17h
Maio 14h às 16h Novembro 11h às 17h
Junho 13h ás 16h Dezembro 11h às 17h
Comparando a tabela de isopleta com os dados de Maciel (2002), verificou-se diferença
apenas nos meses de abril, maio e julho (Tabela 2-8). Serão, portanto, considerados os
horários extremos de cada um dos valores apresentados, resultando no período de
sombreamento representado na carta solar, para o qual é necessário brise-soleil (Figura 2-4).
Tabela 2-8- Comparativo entre os horários de desconforto apresentados pela isopleta de temperatura e
por Maciel (2002)
Desconforto por calor
MESES
Isopleta de temperatura Maciel (2002)
Abril 12h às 17h 11h às 17h
Maio 14h ás 16h 13h às 16h
Julho 12h ás 17h 13h às 16h
Capítulo 2 39
Figura 2-4- Carta solar para Brasília com período de sombreamento necessário para garantir conforto
térmico, em destaque na cor vermelha.
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ, 1995)
Capítulo 3 40
CAPÍTULO 3 - EDIFÍCIOS PÚBLICOS DE ESCRITÓRIOS: CONCEITOS E
HISTÓRICO
Sendo os edifícios públicos de escritórios o objeto de estudo deste trabalho, segue-se com
conceitos relacionados e um breve histórico da evolução dos mesmos, principalmente no que
se refere à caracterização das fachadas e o processo tecnológico que envolveu as mudanças.
Pretende-se facilitar a compreensão dos edifícios estudados neste trabalho e exemplificar o
tratamento arquitetônico dado a essa tipologia ao longo do tempo, amparando-se,
principalmente, nos seguintes autores: Argan (2004), Graeff (1986), Gregotti (1975) e
Pevsner (1979) pra a conceituação; Banham (1975), Benévolo (1998), Giedion (2004) e Le
Corbusier (2004) sobre a evolução dos edifícios públicos de escritórios em geral; Bruand
(1999), Holston (1993), Reis Filho (2004) e Vasconcellos (1979) no que se refere aos
edifícios em questão no Brasil.
3.1. DEFINIÇÃO DO TERMO “EDIFICIOS PÚBLICOS DE ESCRITÓRIOS”
O edifício, segundo Graeff (1986, p. 13), constitui:
“o produto mais característico da arquitetura. É através dele que a arquitetura
se relaciona com a vida dos homens em suas diversas manifestações. (...) o
homem atravessa o tempo da sua existência trabalhando, repousando,
cultivando divindades e memórias, brincando e sofrendo, no abrigo dos
edifícios construídos para proteger e favorecer o exercício das atividades que
a vida requer”.
O comentário de Graeff é comprovado pelo número cada vez maior de edifícios construídos
para atender a novos programas, graças ao desenvolvimento acelerado das sociedades e às
suas novas necessidades. Esse processo iniciou-se com a Revolução Industrial, durante a
segunda metade do século XVIII e ao longo do século XIX, no qual os edifícios religiosos
perderam sua relevância para as indústrias, escritórios e grandes edifícios, que representavam
as novas possibilidades de construção.
Nesse contexto, a multiplicação dos edifícios gerou, em primeiro plano, a necessidade prática
de esquematizar os conhecimentos cada dia mais complexo e colocou, ainda, o problema de
Capítulo 3 41
uma sistemática dos tipos
42
(GREGOTTI, 1975, p. 155). Tornou-se inadequada, por exemplo,
a classificação tradicional dos mesmos em edifícios religiosos, edifícios militares e edifícios
civis, visto que os dois primeiros tiveram pouca alteração ao longo dos tempos em seus
programas. Surgiu, então, na segunda metade do século XIX, uma tipologia classificatória de
acordo com as funções práticas, como esquemas típicos de hospitais, escolas, igrejas, etc.
(ARGAN, 2004, p. 67). Tal classificação é chamada por Gregotti (1975, p. 151) de “tipo
construtivo”, ou seja, um conjunto de funções estavelmente delimitadas que constituem um ou
vários serviços unidos entre si por relações de continuidade espacial.
Entre os tipos construtivos da classificação de Pevsner (1979), o autor apresenta como
edifícios governamentais os parlamentos, ministérios, escritórios, tribunais e prefeituras.
Esses podem ser denominados também de edifícios públicos, onde por públicos entendem-se
aqueles que pertencem a uma pessoa jurídica de direito público e que abrigam tanto os
serviços do Estado como os dominicais. Predominam nesses edifícios ambientes de
escritório, ou seja, “onde se faz expediente relativo a qualquer administração, obra, etc., se
tratam negócios, se recebem clientes, etc. (FERREIRA, 2004, p. 75)”.
A partir disso, denomina-se neste trabalho como edifícios públicos de escritórios aqueles
cuja edificação se destina principalmente às atividades de escritório, como os bancos e os
edifícios governamentais apresentados por Pevsner (1979), assim como as autarquias que não
são citadas na classificação. Nestes, condições de conforto ambiental são bastante requeridas,
uma vez que se necessita de níveis eficientes de iluminação para o desenvolvimento das
atividades realizadas, como leitura e uso de computadores, assim como condições térmicas
adequadas.
3.2. EDIFÍCIOS PÚBLICOS DE ESCRITÓRIOS: A EVOLUÇÃO ARQUITETÔNICA
Apoiando-se na classificação de Pevsner (1979), segue-se com um breve resgate histórico dos
edifícios públicos de escritórios, com o intuito de compreender e apresentar uma evolução,
especialmente no tocante ao tratamento externo dos mesmos. Este histórico é resultado de um
apanhado em alguns livros de História da Arquitetura, visto que não foi encontrada literatura
42
Num sentido genérico, Gregotti (1975, p. 147) define o tipo como: a) modelo de onde extrair cópias e
esquemas de comportamento (enquanto resume os traços característicos de um grupo de fenômenos); b) conjunto
de traços característicos, cuja descoberta, num fenômeno determinado, nos permite sua classificação. Argan
(2004, p. 66) complementa que o nascimento de um tipo é, portanto, condicionado ao fato de já existir uma série
de edifícios que têm entre si uma evidente analogia formal e funcional.
Capítulo 3 42
específica sobre edifícios públicos de escritórios. Dessa forma, os principais acontecimentos e
personagens são apenas mencionados no trabalho uma vez que não se pretende aprofundar
nem criticar os fatos.
3.2.1. O contexto histórico na Europa e nos principais centros dos acontecimentos
arquitetônicos
O contexto histórico dos edifícios públicos de escritórios está diretamente ligado com as
mudanças ocorridas nas sociedades ao longo do tempo, sendo sua configuração uma
representação das tecnologias e estilos arquitetônicos de época, numa busca da qualidade total
dos bens e serviços oferecidos.
No período medieval a sociedade voltava sua atenção para a construção de edifícios
religiosos, não havendo uma separação das outras funções, que se aglomeravam em uma
mesma edificação. Do século IV ao XVI na Europa, por exemplo, a administração em geral e
a administração da justiça ficavam no palácio do imperador, do rei ou do bispo, conforme o
período (Alta ou Baixa Idade Média), assim como boa parte das outras funções
43
(PEVSNER,
1979).
Os edifícios nesse período possuíam, principalmente, planta baixa com pátio central e alas ao
redor do mesmo (Figura 3-1), onde as salas, chamadas de gabinetes, eram espaços
individualizados com aspecto associado ao das pessoas que os ocupavam. As edificações
seguiam o estilo românico
44
(séc. X ao XII). Este é marcado pelo caráter pesado, maciço, de
linhas simples, cujo traço predominante é a horizontalidade. As paredes eram grossas e feitas
em pedra, resultando em uma elevada inércia térmica. As aberturas eram pequenas, gerando
ambientes escuros e mal ventilados, que ameaçavam a qualidade do ar, devido à fumaça
proveniente do fogo das luminárias e chaminés (Figura 3-2).
43
Com exceção dos bancos e do edifício dos Uffizi (1560-1580, destinado apenas para escritórios). As primeiras
lojas destinadas aos bancos datam de 1382 e 1383, em Bolonha e Barcelona, respectivamente, sendo construído
somente em 1408 o primeiro banco público da Europa na França, difundindo-se a partir do fim do século XVI
(PEVSNER, 1979, p. 234). Os primeiros edifícios eram como casas particulares, com o espaço para os negócios
no térreo e a casa do diretor no piso superior.
44
Estilo referente ao período da historia marcado por invasões, poder centralizado na igreja e sociedade calcada
no feudalismo.
Capítulo 3 43
Figura 3-1-Planta baixa do Conselho da Cidade,
Torun, Polônia, 1250-1603.
Fonte: Pevsner, 1979, p. 30
Figura 3-2-Pallazo del Vecchio, Florença, 1299-
1314.
Fonte: http://www.home.no/mosma/medici.html
Percebe-se também a aplicação do Gótico (séc. XII ao XIV) e Renascimento (séc. XV ao
XVI) nas fachadas, cujas plantas baixas permaneceram praticamente inalteradas. O primeiro
estilo originou construções mais leves e iluminadas, que refletiam o conhecimento técnico de
seus idealizadores na redução das espessuras das paredes, que passaram a ser ocupadas por
vitrais e aberturas (Figura 3-3). O segundo se manifesta como cubos sólidos, de tendência
horizontal e com não mais de três andares, articulados, tanto externa quanto internamente, por
colunas e pilares de inspiração clássica, onde a parede externa costumava receber um
tratamento rústico.
A separação das hierarquias e funções dos edifícios se tornou clara ao longo do século
XVIII
45
, surgindo edifícios isolados para cada uma delas, onde a existência de janelas para o
exterior e de lareiras constituíam signos de importância. Exemplos de edifícios nesse período
são: o Parlamento Irlandês (1728), os edifícios de Whitehall (Ministérios, 1723), na
Inglaterra, e os edifícios governamentais de Washington (PEVSNER, 1979, p. 38). As feições
dos edifícios são caracterizadas por pedras coloridas nas fachadas, cúpulas iluminadas,
grandes colunas de inspiração clássica e janelas simétricas, que dão destaque à malha das
paredes estruturais, denominando-se Neoclassicismo
46
(Figura 3-4).
45
Surgiu também o termo burocracia consignando o poder crescente dos serviços administrativos, públicos ou
privados, introduzidos pela burguesia, que nascia como classe eminentemente ligada aos negócios (CALDEIRA,
2005).
46
Neoclassicismo denota o estilo artístico próprio da Europa entre 1770 e 1830 influenciado pela Antigüidade
grega (KOCH, 1998, p. 59).
Capítulo 3 44
Figura 3-3-Palácio da Justiça, Rouen, 1543.
Fonte: http://www.francerama.com
Figura 3-4-Congresso dos Estados Unidos,
Washington, 1793.
Fonte: http://www.artehistoria.com
Até então, as paredes eram em pedra ou tijolos e tinham função estrutural, limitando os
projetos a variações de decoração nas fachadas. Esse cenário começou a se transformar com a
Revolução Industrial e a necessidade de novos programas, assim como o avanço nos estudos
das possibilidades das novas invenções. Muitas dessas foram apresentadas na Exposição
Universal de Paris, em 1855, conforme destaca Benévolo (1998, p. 134):
“As máquinas de construir, guindastes e escavadeiras que tornam possível o
trabalho de Hans-Smann; vigas de fundação batidas com ar comprimido
inventado em 1841 por Trigier; as laminas onduladas para coberturas, já
usadas por Flachat em 1853 na Garages merchandises de l’ouest; as
coberturas de zinco, as telhas feitas em estamparia; as lajes de pedra
serradas mecanicamente na pedreira; os pisos de madeira fabricados em
série expostos na seção canadense; as instalações de calefação por
circulação de água quente ou de vapor; as instalações de ventilação já
adotadas em vários teatros e hospitais”.
Entre as inovações, foi de grande importância a invenção da maquinaria para a produção do
ferro laminado
47
e das barras de aço, que permitiram vencer vãos maiores. A estrutura
metálica eliminou a função estrutural da parede, que passou a funcionar apenas como
vedação, permitindo a construção de edifícios mais altos. Antes disso, para resistir à pressão
do peso dos andares superiores, as paredes deveriam ser bastante espessas na base, ocupando
uma grande proporção da área utilizável, além de trazer problemas de iluminação.
47
O ferro foi utilizado pela primeira vez em uma construção na cobertura para substituir a madeira, que era
altamente inflamável. Depois, foi aplicado durante todo o século XIX em uma infinidade de fins arquitetônicos
na forma de coluna, sendo, em 1871, construído o primeiro edifício verdadeiramente com arcabouço estrutural
na Europa (GIEDION, 2004).
Capítulo 3 45
A altura dos edifícios tornou-se maior com a criação do elevador
48
(1853) e a necessidade de
utilizar o máximo dos terrenos devido à especulação imobiliária e aos altos preços dos
mesmos, dando início à construção dos arranha-céus.
Nesse contexto, ocorreu em Chicago
49
, entre os anos de 1880 e 1890, a construção
progressiva de edifícios de doze a vinte pavimentos, em sua maioria com planta quadrada,
revestimento de pedra e a aplicação da chamada “janela de Chicago”, a janela
horizontalmente alongada (GIEDION, 2004). Os vidros passaram a predominar nas fachadas,
devido à produção em grande escala, que facilitou a aplicação, e ao surgimento do discurso
higienista, que, decorrente do rápido processo de urbanização causado pela Revolução
Industrial, exigia uma melhor iluminação dos ambientes internos e uma melhor qualidade do
ar.
A qualidade do ar foi conseguida, também, com a invenção da iluminação artificial em 1879,
que eliminou a fumaça proveniente da iluminação dos candelabros e dos odores do gás, além
de gerar menos calor e facilitar a manutenção (BANHAM, 1975). A iluminação artificial
levou, por sua vez, ao prolongamento da jornada de trabalho, obrigando o desenvolvimento de
técnicas mecânicas de ventilação, assim como o estudo sobre o assunto (SERRA & COCH,
1995, p. 150).
Ressalta-se, como conseqüência da Revolução Industrial, o surgimento da primeira teoria
administrativa científica: o Taylorismo, 1856-1915. Esse se afirma como o principal critério
norteador da organização do trabalho, definindo o perfil de um novo tipo de escritório de
grande porte, fisicamente separado da fábrica, mas com parâmetros de organização espacial
que lembram a planta industrial: espaço único para o escalão dos funcionários inferiores,
mesas em filas paralelas disposta numa mesma direção, sob as vistas de um supervisor
instalado em frente (CALDEIRA, 2005).
Tais inovações, surgidas até então, e a ampliação do uso do concreto armado a partir de 1910,
que permitia liberdade na elaboração da planta baixa
50
, impulsionou um novo fluxo de
48
O primeiro elevador seguro foi inventado por Elisha Graves Otis, de Nova York em 1853, que foi apresentado
no Palácio de Cristal na Exposição de Nova York do mesmo ano. Somente em 1857 foi instalado o primeiro
elevador de passageiros em uma loja de departamentos (GIEDION, 2004, p. 235).
49
Nesse período iniciou-se um processo de eliminação dos ornamentos das fachadas que logo foi interrompido
por um movimento historicista. De acordo com Koch, Historicismo é o movimento de reação contra o
Racionalismo e o Neoclassicismo surgido na Inglaterra, nos fins do século XVIII.
50
Uma das contribuições de August Perret, que foi o primeiro arquiteto a empregar o concreto armado como
meio de expressão arquitetônica, em 1903, no edifício de apartamentos da Rua Franklin, em Paris. A planta
baixa permite a livre disposição das divisórias e cada pavimento podia ser planejado como uma unidade
independente (GIEDION, 2004, p. 358).
Capítulo 3 46
construções dos arranha-céus, que teve seqüência em Nova York. Segundo Banham (1975, p.
75), os altos edifícios geraram mudanças nas condições metereológicas externas, ao suportar a
pressão do vento e sombrear o solo.
Com isso, a grande altura alcançada pelos edifícios levou, a partir de 1916, a elaboração de
uma lei regulamentando-a a fim de garantir a iluminação das ruas no solo, obrigando o
afastamento superior da fachada, através de recuos sucessivos (HESBAQUE, 1962).
Desenvolveram-se, paralelamente a esse fato, os primeiros estudos sobre insolação no final da
década de 1920 e nas duas décadas seguintes (YÁÑES,1988, p.25). O autor destaca os
trabalhos de Rey e Pidaux, em Paris, que estudaram a radiação solar recebida em superfícies
verticais para distintas orientações, a distância necessária entre os edifícios para assegurar a
insolação na superfície e estabeleceram o conceito de orientação heliotérmica, além da
construção das cartas solares.
Nesse contexto de preocupação com a iluminação nos edifícios e de todas as inovações
provenientes da Revolução Industrial, surgiram os arquitetos modernistas e suas idéias, que
dominaram a tecnologia da época e aplicaram-nas, entre outras construções, nos edifícios
públicos de escritórios. Entre os arquitetos, destaca-se Le Corbusier, cujos escritos exerceram
tanta influência quanto seus edifícios, não só na Europa e nos Estados Unidos, mas também
na América Latina (GIEDION, 2004, p. 568).
O arquiteto defendeu a padronização das construções como uma necessidade econômica e
social, em defesa do uso da técnica disponível. Como resultado, obteve-se a idéia da casa
como “Máquina de Morar”, defendida em “Por uma Arquitetura”, em 1921, e o pensamento
do escritório como máquina de trabalhar.
E para garantir o padrão, o arquiteto elaborou “Os cinco pontos para a nova arquitetura”: o
terraço jardim, os pilotis, a planta livre, a fachada livre e a janela horizontal, que foram
aplicados em diversos países e tipologias construtivas, inclusive nos edifícios públicos de
escritórios, independentemente do clima, como uma receita do moderno. Em relação aos
pilotis, o arquiteto demonstrou a preocupação com a higiene e com a iluminação da
construção, além de torná-la mais integrada com os jardins e espaços públicos (LE
CORBUSIER, 2004b, p.53).
Já a planta livre proporcionou fluidez ao ambiente, com divisórias separando os espaços e,
portanto, uma maior flexibilidade nos escritórios, que podiam adaptar os espaços às suas
Capítulo 3 47
necessidades. Obtiveram-se também fachadas livres, que, não tendo função estrutural, foram
ocupadas por janelas sem limite de tamanho, sobre as quais o arquiteto comentava:
“(...) uma janela é feita para iluminar, não para ventilar! Se for para ventilar,
usaremos aparelhos de ventilação (...) a janela comum é uma obra de ferro
ou madeira, isto é algo infinitamente delicado (...) o que se precisa é ‘panos
de vidro’, hermeticamente vedados. Quanto ao arejamento, pensaremos
numa solução!”(LE CORBUSIER, 2004b, p. 65).
Os panos de vidro foram defendidos também por Mies Van de Rohe, que disse: “colunas e
vigas eliminam as paredes portantes. Trata-se de uma construção de pele e osso” (GIEDION,
2004, p. 615). A utilização dos panos de vidro prosperou com o desenvolvimento dos
condicionadores artificiais, que se tornaram mais acessíveis a partir de 1950.
O brise-soleil foi então aplicado como um instrumento para a proteção da radiação e
iluminação excessiva. Entre os edifícios públicos de escritórios o Ministério da Educação e
Saúde, no Rio de Janeiro (Figura 3-5), foi o pioneiro na execução do brise, que depois foi
aplicado em outros edifícios.
Figura 3-5- Ministério da Educação e Saúde, Rio de Janeiro, 1936.
Fonte: http://www.vitruvius.com.br
Muitos edifícios de escritórios, de um modo geral, foram construídos próximos uns dos
outros, apresentando geralmente volumes semelhantes, como resultado da influência do
pensamento modernista, que dentre outras coisas defendeu também a predominância da
organização vertical, pois assim haveria liberação do solo e garantia de sol, espaço e
vegetação (LE CORBUSIER, 2004a, p. 77).
As idéias modernistas foram adotadas como o estilo estabelecido para os edifícios oficiais do
governo (GIEDION, 2004, p. 558), não sendo aplicável em todos os países no período entre
guerras, como alguns da Europa, por exemplo. Nesses, devido ao regime político, houve uma
rejeição ao estilo, sendo aplicado o Historicismo, como se observa na Chanceleria do Reich
Capítulo 3 48
(Figura 3-6), em Berlim, 1936-1939. Já nos Estados Unidos, o modernismo, recebendo o
nome de Estilo Internacional, prosperou principalmente após a Segunda Guerra em 1945,
onde houve a construção intensificada dos arranha-céus modernistas, como a do Secretariado
das Nações Unidas que rompia claramente com as concepções anteriores. A planta apresenta a
forma de um retângulo alongado e as fachadas são duas imensas cortinas de vidro, que
asseguram ao interior uma visibilidade total e uma insolação máxima, orientadas para leste e
oeste (Figura 3-7).
Figura 3-6- Chancelaria do Reich, Berlim,
1936-1939. Fonte: Tietz, 2000, p.53
Figura 3-7- Edifício das Nações Unidas, Nova
York, 1950. Fonte: Tietz, 2000, p. 60
Observa-se também a aplicação dos princípios modernistas em Chandigard, através dos
edifícios da Assembléia, 1955-1956 (Figura 3-8), do Supremo Tribunal, 1952-1956, e do
Secretariado, 1952-1956, projetos de Le Corbusier, e em várias cidades do Brasil, inclusive
em Brasília, 1960, onde o modernismo é evidente no urbanismo e nas edificações (Figura
3-9).
Figura 3-8- Assembléia, Chandigard (1955-1956).
Fonte: Glancey, 2001, p. 188
Figura 3-9- Palácio da Justiça, Brasília (1960).
Os ideais modernistas propagaram-se e são utilizados até hoje, sendo, em alguns casos,
adaptados às novas tecnologias, como os avançados sistemas de controle energético,
referentes à iluminação e elevadores, por exemplo, assim como os diversos tipos de vidros
especiais.
Capítulo 3 49
No que diz respeito à configuração interna, a partir da década de 1960, a Alemanha fazia uso
da idéia do escritório panorâmico, onde foi proposta a convivência de funcionários de
escalões diversos, eliminando o isolamento das chefias e gerências e também as separações
físicas. Os funcionários eram agrupados em ilhas multifuncionais em função da
complementaridade de suas tarefas, com a aplicação de divisórias autoportantes e móveis,
com alturas variáveis de acordo com a necessidade de privacidade.
Na atualidade, em termos de layout, resgatam-se as salas individuais ou para pequenos
grupos, com divisórias fixas onde se incorporam grandes painéis de vidro complementados de
persianas ou outro tipo de proteção, para originar privacidade. Outra marca é o uso alternado
de um mesmo posto de trabalho por diferentes pessoas em horários distintos, graças, entre
outros fatores, à versatilidade do computador.
3.2.2. O Brasil e o Modernismo como a arquitetura oficial dos governos
A arquitetura brasileira, como resultado da colonização, sempre buscou inspiração na
produção européia
51
, apresentando características similares em todos os períodos. No entanto,
por motivos econômicos, políticos ou sociais, essas características foram aplicadas, em
determinados momentos, com certo atraso temporal.
As características das construções portuguesas, por exemplo, marcavam os primeiros edifícios
públicos de escritórios no Brasil durante o período colonial, 1500-1822. Esses se
apresentavam separados por funções, embora houvesse exceções como a Casa de Câmara e
Cadeia. Os edifícios eram, em geral, construídos com paredes em taipa de pilão
52
, pau-a-
pique
53
, adobe ou alvenaria de pedra (REIS FILHO, 2004). O pé-direito era alto, facilitando a
circulação do vento, que também era conseguida através de pequenas aberturas circulares
(óculos) e das janelas e portas. Essas, por sua vez, eram trabalhadas, entre outros elementos,
com veneziana e treliças, possuindo bandeiras em vidro ou vazadas. Era comum a presença de
51
Segundo Bruand (1999, p. 23) a influência da Europa era tanta que a educação das crianças da elite não raro era
feita em francês e nas artes, a Escola Nacional de Belas Artes ministrava uma formação acadêmica calcada no
modelo francês. Dessa forma, por questões de língua e afinidade espiritual, os contatos com a França eram mais
fáceis do que com qualquer outro país.
52
Sistemas em que as paredes são maciças, constituídas apenas de barro socado, tornando-se monolíticas, por
assim dizer, depois de terminadas e raramente incluindo em sua espessura reforços longitudinais de madeira
(VASCONCELLOS, 1979, p. 19).
53
Tipo de vedação que consiste em paus colocados perpendicularmente entre os baldrames e frechais, neles
fixados por meio de furos ou pregos, cujos espaços são preenchidos com barro. Chama-se também de Tipa de
mão ou taipa de sebe (VASCONCELLOS, 1979, p. 45).
Capítulo 3 50
um pátio central ladeado por galerias arqueadas e nas fachadas predominavam os fechamentos
opacos (Figura 3-10 e Figura 3-11).
Figura 3-10- Casa de Câmara e Cadeia, Mariana (1768-98).
Fonte: Revista Arquitectura Panamericana, 1996, p. 23
Figura 3-11- Parede em pau-a-pique.
Fonte: Vasconcellos, 1979, p. 49
O padrão colonial foi preservado durante o primeiro e segundo Império, sendo modificado
com a vinda da Missão Artística Francesa
54
, na qual os arquitetos franceses divulgaram o
Neoclassicismo (Figura 3-12), que se manteve restrito aos meios oficiais e às camadas mais
abastadas do litoral (REIS FILHO, 2004, p.113). Esse teve seus traços alterados a partir da
segunda metade do século XIX, pois com o fim da escravidão, a instalação das ferrovias e a
aberturas de indústrias locais, facilitou-se a importação de equipamentos para as construções e
permitiu-se a vinda de muitos imigrantes. A partir de então, testemunhou-se um
extraordinário crescimento horizontal dos centros urbanos e, logo a diante, uma tendência à
verticalização dos edifícios, principalmente com o desenvolvimento do concreto armado
55
. No
entanto, as paredes estruturais em tijolos foram utilizadas com freqüência até a Segunda
Guerra Mundial (BRUAND, 1999).
Nesse contexto de crescimentos horizontal e vertical, os edifícios seguiram o Historicismo
56
,
com fachadas e interiores bastante decorados, inclusive com grandes vitrais coloridos que
conferiam uma iluminação diferenciada aos mesmos (Figura 3-13).
54
Trazida ao Brasil por D. João VI, em 1816.
55
Por volta de 1900, São Paulo já possuía edifício em concreto armado (FICHER, 1994), cuja difusão ocorreu
principalmente após a Primeira Guerra Mundial, 1914-1918 (BRUAND, 1999, p. 38).
56
Tal estilo é chamado de Ecletismo por Reis Filho (2004). Bruand (1999) denomina de Ecletismo o estilo que
justapõe todos os estilos que utilizam colunas, cornijas e frontões, da Renascença italiana ao Segundo Império
francês, passando pelo classicismo, pelo barroco e pelo verdadeiro neoclássico de fins do século XVIII e
primeira metade do século XIX.
Capítulo 3 51
Figura 3-12-Palácio dos Leões, São Luis (Fim do
século XVIII).
Figura 3-13- Palácio do governo, Salvador
(Reforma em 1912).
Acompanhando os acontecimentos arquitetônicos mundiais, o rompimento com os estilos
passados ocorreu a partir de 1930, durante o governo de Getúlio Vargas. No seu governo
houve a proliferação dos edifícios públicos, graças ao desenvolvimento do país, que foi
acompanhado de um aumento correlato de serviços públicos e dos interesses políticos em
aumentar o prestígio junto ao povo (BRUAND, 1999, p. 27).
Os novos edifícios públicos sofreram influência determinante do arquiteto Le Corbusier, pois
segundo Bruand (1999, p. 22):
“As preocupações democráticas de Gropius, relacionando a arte ao conjunto
das atividades sociais do indivíduo e ao nível das classes produtoras, não
poderiam exercer qualquer influência numa sociedade de oligarquia rural,
indiferente a este assunto (...) Da mesma forma, a obra de Mies Van der
Rohe (...) fundamentada numa concepção nitidamente mais aristocrática da
arquitetura, cujo valor decorreria de um acabamento perfeito, obtido pelo
emprego de mão-de-obra altamente qualificada e pela utilização de produtos
industriais impecáveis, não podia encontrar repercussão num país onde
nenhum desses princípios poderia ser resolvido satisfatoriamente”.
O Ministério da Educação e Saúde, 1936, se tornou símbolo do modernismo no Brasil. A
partir de um projeto elaborado por Le Corbusier
57
a equipe brasileira elaborou um novo
projeto para o edifício, que segundo Bruand (1999, p. 92):
“(...) o edifício construído por certo guardou uma pureza de concepção e um
senso de proporções dignos do classicismo estrito; em compensação, devido
ao desenvolvimento em altura e á resultante confrontação dos dois blocos, o
conjunto assumiu um inegável dinamismo, que é explorado nas etapas
posteriores da composição, através de recursos dos mais simples.”
57
O arquiteto foi convidado, pelo Ministro Gustavo Capanema, a vir ao Brasil para assessorar a equipe
responsável pelo projeto do ministério, tornando-se um episódio de grande importância na formação dos
arquitetos da época.
Capítulo 3 52
Entre os recursos, Bruand (1999) cita: o jogo de volumes verticais e horizontais (Figura 3-14);
os panos de vidro da fachada sul (Figura 3-15) que correspondem ao dinamismo dos brises-
soleil móveis da fachada norte; a ênfase dada à leveza do conjunto, devido a aplicação dos
delgados pilotis; e a aplicação de materiais diferenciados, assim como obras de arte.
Cabe destacar a grande preocupação da equipe em criar um edifício integrado com a
paisagem. Neste sentido, os arquitetos buscaram aproveitar a vista para a baía de Guanabara,
direcionando a construção no sentido norte e sul; deslocaram o edifício do limite do terreno,
já prevendo a construção e conseqüente interferência de futuros prédios e criaram uma grande
esplanada no térreo, gerando continuidade espacial e valorização do terreno.
Figura 3-14-Planta baixa e corte do MEC,
1936. Fonte: Bruand, 1999, p. 86
Figura 3-15-Fachada em vidro MEC, 1936.
Pouco depois de sua inauguração, o novo Ministério obteve uma grande repercussão
internacional, sendo denominado, em 1942, por Philip Goodwin como o “edifício mais
avançado da América”. Goodwin, no catálogo Brazil Builds, destacava também o domínio do
calor e da luz como a principal contribuição brasileira à arquitetura moderna (TINEM, 2002).
Holston (1993, p.102/103) comenta que a arquitetura modernista brasileira passou a ser
saudada como símbolo mais visível do progresso, da industrialização, da independência e
identidade nacional do Brasil como uma nação em via de se modernizar, sendo adotada pelos
governos nos níveis federal, estadual e municipal. Constata-se isso na carreira política de
Juscelino Kubitschek que, em 1960, inaugurou Brasília, cujos edifícios públicos de escritórios
da época seguem as premissas modernistas. Com Brasília, houve a afirmação plena do
movimento modernista (ACAYABA & FICHER, 1982, p.48) e o triunfo da plástica,
principalmente através da obra de Oscar Niemeyer (BRUAND, 1999).
Capítulo 3 53
O modernismo foi aplicado em edifícios públicos de escritórios em várias cidades do Brasil a
partir de 1960, e muitos princípios continuam sendo utilizados atualmente, como o brise-
soleil (Figura 3-16) e as fachadas envidraçadas (Figura 3-17), utilizadas, muitas vezes,
independentemente da orientação solar das superfícies.
Figura 3-16-Edifício Petrobrás, Rio de Janeiro,
1968.
Figura 3-17- Centro administrativo, Teresina,
década de 70.
Capítulo 4 54
CAPÍTULO 4 - OS EDIFÍCIOS PÚBLICOS DE ESCRITÓRIOS DO PLANO PILOTO
DE BRASÍLIA: CARACTERIZAÇÃO DAS FACHADAS E ELEMENTOS DE
CONTROLE SOLAR
Observou-se que o Brasil sofreu influência direta da Europa na concepção das fachadas dos
edifícios públicos de escritórios, sendo Brasília o apogeu do Modernismo no Brasil. A cidade,
por ser uma capital recente, não apresenta estilos variados em seus edifícios públicos de
escritórios e, portanto, observam-se poucas variações nas fachadas.
Neste propósito, discorre-se, inicialmente, sobre a organização da cidade, a fim de se
compreender a localização dos edifícios estudados, uma vez que são organizados segundo os
princípios modernistas. A partir de então, tem-se seqüência com a explicação do
procedimento de levantamento de campo e os dados obtidos para caracterização das fachadas
e, especialmente, dos elementos de controle solar.
4.1. PROCEDIMENTOS DE ESTUDO
4.1.1. A localização dos edifícios públicos de escritórios no Plano Piloto de Brasília
A criação de Brasília foi um processo lento que durou mais de duzentos anos e teve início a
partir da necessidade de interiorização da capital durante o Período Colonial, por motivos de
segurança e, principalmente, econômicos. O projeto de construção da nova capital iniciou-se
somente no governo de Juscelino Kubitschek (1955), por fazer parte de seu plano de metas.
O concurso para a elaboração do plano urbanístico da cidade foi ganho por Lúcio Costa e os
edifícios públicos, do eixo Monumental, foram confiados ao arquiteto Oscar Niemeyer.
O projeto do Plano Piloto nasceu de um gesto primário, através do cruzamento de dois eixos,
onde buscou adaptar-se à topografia, seguindo a melhor orientação e escoamento das águas
(COSTA, 1995). A intenção era criar algo novo, diferente do existente, conferindo um caráter
monumental, que o arquiteto considerava como necessário para uma capital.
Para isso, adotaram-se as diretrizes da Carta de Atenas
58
(1933), privilegiando o automóvel,
realizando o zoneamento funcional, limitando o tamanho das construções, concentrando-as
58
Documento redigido por Le Corbusier, que continha as idéias discutidas no CIAM - Congresso Internacional
de Arquitetura Moderna.
Capítulo 4 55
em cinturões verdes, eliminando a idéia de rua-corredor e criando vias de circulação sem
cruzamentos com mudanças de níveis, etc.
Essas, dentre outras diretrizes, foram organizadas em quatro escalas (Figura 4-1): Residencial,
Bucólica, Monumental e Gregária (COSTA, 1995). A escala Residencial é definida por 12 km
no sentido norte-sul e abriga a superquadra, com gabarito uniforme. A escala Bucólica é
marcada pela presença da área livre e verde, com o objetivo de oferecer um espaço de
contemplação aos cidadãos. Já a escala Monumental corresponde ao Eixo Monumental, no
sentido leste-oeste, indo da praça dos Três Poderes até a Rodoferroviária. Por fim, a escala
Gregária, se compõe dos quatro cantos resultantes do cruzamento dos Eixos Monumental e
Rodoviário, representando o centro da cidade e concentrando os setores de serviço.
Figura 4-1- Escalas Monumental, Residencial, Gregária e Bucólica.
Adaptado de Pessoa, 2005, p. 83
A escala Residencial absorve o Setor de Habitação Coletiva Norte e Sul (SHCN/SHCS). Já a
escala Monumental e a escala Gregária concentram, entre outras funções, os setores onde
estão localizados os edifícios públicos de escritórios, conforme verificado em levantamento in
Capítulo 4 56
loco: Praça dos Três Poderes, Esplanada dos Ministérios, Praça Municipal, Setor Bancário Sul
e Norte (SBS e SBN), Setor de Autarquias Sul e Norte (SAUN e SAUS), Setor Comercial Sul
e Norte (SCS e SCN), Setor de Rádio e Televisão Sul (SRTVS), Setor Hoteleiro Sul (SHS) e
Setor de Administração Federal Sul
59
(SAFS). Nos demais setores existem edifícios públicos,
mas que não se destinam às atividades de escritórios ou que apresentam atividade de comércio
no pavimento térreo.
Muitos desses edifícios foram projetados por Oscar Niemeyer, no período de inauguração da
cidade, ou por arquitetos influenciados pelas idéias modernistas. Dessa forma, os edifícios
públicos de escritórios apresentam uma leitura visual semelhante, onde através de um
levantamento fotográfico, buscou-se caracterizar as fachadas e brise-soleils dos mesmos.
4.1.2. Os edifícios analisados
Fez-se um levantamento fotográfico e quantitativo das fachadas dos 138 edifícios
60
públicos
de escritórios (Figura 4-2) localizados nos setores apresentados anteriormente na escala
Gregária e Monumental (Tabela 4-1), durante o mês de novembro de 2005, a fim de se obter
informações para a caracterização das fachadas e brise-soleils utilizados.
59
Este setor na verdade localiza-se na Escala Bucólica, mas foi acrescentado à pesquisa pela proximidade com os
demais e por seus edifícios serem representativos na cidade.
60
Os 138 edifícios não representam a totalidade de edifícios existentes nas escalas Monumental e Gregária e sim
o total escolhido para análise. O levantamento por meio de observação não foi possível em alguns edifícios,
como os anexos do Senado e Palácio do Planalto, por exemplo.
Capítulo 4 57
Tabela 4-1- Relação do número de edifícios públicos de escritórios estudados nos setores situados nas
Escalas Gregária e Monumental do Plano Piloto de Brasília
SETOR Nº DE EDIFÍCIOS SETOR Nº DE EDIFÍCIOS
Setor de Autarquias
Norte (SAUN)
4
Setor de Autarquias Sul
(SAUS)
38
Setor Bancário Norte
(SBN)
10 Setor Bancário Sul
(SBS)
12
Praça dos Três Poderes/
Esplanada dos
Ministérios (PTP/EMI)
42
Setor de Rádio e
Televisão Sul (SRTVS)
1
Setor Comercial Norte
(SCN)
2 Setor Comercial Sul
(SCS)
4
Praça Municipal (PMU) 13 Setor Hoteleiro Sul
(SHS)
1
Setor de Administração
Federal Sul (SAFS)
11
TOTAL 138
N
EMI/PTP
SBN
SBS
S AUN
S AUS
SCS
SRTVS
PMU
SAFS
SHS
SCN
Figura 4-2- Localização dos edifícios estudados nas Escalas Gregária e Monumental, identificados por
cores, conforme o setor no qual estão inseridos.
Capítulo 4 58
4.1.3. Obtenção dos dados
Considerando as variáveis arquitetônicas que interferem no conforto térmico e luminoso da
edificação, apresentadas no capítulo 2, buscaram-se os seguintes dados:
A forma do edifício, sendo consideradas as formas: quadrada, retangular, circular e
irregular (que corresponde ao formato de H, cruz, curvada, etc.);
Orientação, tomada como a orientação das fachadas envidraçadas de maior
comprimento, coincidindo com a fachada principal no caso dos edifícios de forma
quadrada. Essa foi obtida com o auxílio de uma bússola e em seguida feita a correção
do Norte magnético. Considerou-se para cada ponto cardeal, um limite de abrangência
de 22,5 graus do sentido horário e anti-horário
61
, como na figura abaixo (Figura 4-3):
Figura 4-3- Limite de abrangência para cada orientação solar.
Altura do edifício, considerando apenas os pavimentos expostos à radiação solar,
sendo excluídos os subsolos;
Os materiais de revestimentos dos fechamentos opacos, que foram acrescentados na
tabela à medida que eram observados nas edificações.
O tipo de abertura das esquadrias, classificando-as em: basculante, máximo-ar,
guilhotina, correr e pivotante. Como o levantamento de campo é baseado na
observação das fachadas, não foram medidas as angulações das aberturas;
Os tipos de elementos de proteção, sendo considerados apenas os externos, que foram
classificados em: brise-soleils, marquises
62
e coloração nos vidros
63
, uma vez que não
61
Essa solução foi baseada em Ghisi et al (2005).
62
Referindo-se às marquises, varandas e sacadas quando existentes.
Capítulo 4 59
se observaram nos edifícios os outros tipos, como os toldos e telas especiais. Nessa
etapa de caracterização não se levou em consideração a vegetação;
Observou-se também a presença de aparelhos de ar-condicionado nas fachadas, com o
objetivo de exemplificar a utilização dos mesmos nos edifícios e a poluição visual
gerada através da aplicação, muitas vezes, aleatória.
A fim de complementar as informações sobre os brise-soleils, elaborou-se uma planilha,
baseando-se na classificação apresentada no capítulo 1. No entanto, devido à quantidade de
edifícios, à dificuldade em se obter alguns dados através da observação e à necessidade de
uma caracterização mais generalizada, parte dos itens não foi utilizada nessa etapa.
Inicialmente, indicou-se a quantidade de fachadas envidraçadas
64
, especificando quantas e
qual a orientação das fachadas com os elementos de controle solar. Em seguida, especificou-
se o tipo quanto à: posição do brise-soleil (horizontal, vertical ou misto), à sua mobilidade
(fixo ou móvel), dimensão (finito e infinito) e a cor
65
.
A partir dos resultados do levantamento de campo foram calculados os percentuais indicativos
da caracterização das fachadas e gerados os gráficos, através do programa Microsoft Excel.
4.2. CARACTERIZAÇÃO DAS FACHADAS DOS EDIFÍCIOS PÚBLICOS DE
ESCRITÓRIOS DO PLANO PILOTO DE BRASILIA
4.2.1. Forma da edificação
Na amostra estudada, predomina a forma retangular, representando 74% (102) dos casos,
apresentando as fachadas maiores expostas à radiação. Aparecem em menor proporção as
irregulares (13%-18), as quadradas (11%-15), onde algumas possuem um vão central, e as
circulares (2%-3) (Figura 4-4).
63
Não se fez distinção entre películas aplicadas no vidro ou vidro colorido devido à dificuldade encontrada no
acesso às informações nas edificações, razão pela qual também não é especificada a cor predominante.
64
Não foram consideradas como áreas envidraçadas as aberturas referentes aos banheiros e circulações, presentes
nas empenas laterais dos edifícios de formato retangular.
65
Acrescentadas à tabela de acordo com a presença nos edifícios.
Capítulo 4 60
FORMAS Nº EDIFÍCIOS
Retangular 102
Irregular 18
Quadrada 15
Circular 3
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Retangulares Circular Quadradas Irregulares
Total 138
Figura 4-4- Formas predominantes das edificações estudadas
4.2.2. Orientação solar
A orientação é uma variável de grande influência nas primeiras etapas da composição de um
projeto, decidindo muitas vezes o partido ou a idéia arquitetônica a ser adotada. Os edifícios
estudados, em sua maioria, foram implantados isoladamente e de forma paralela ou
perpendicular ao Eixo Rodoviário e Monumental, não seguindo uma regra nem na Asa Sul
nem na Asa Norte. Neste sentido, verificou-se a predominância de edifícios retangulares com
fachadas opostas cujas orientações são: 108º/288º (Leste/Oeste) e 18º/198º (Norte/Sul),
equivalendo a 66,7% (92) e 26,8% (37) dos casos estudados, respectivamente, e 6,5% (9)
correspondendo às outras orientações, que se manifestam em exemplares unitários (Figura
4-5).
ORIENTAÇÃO Nº EDIFÍCIOS
108º/288º
Leste/Oeste
92
18º/198º
Norte/Sul
37
Outros 9
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
18º/198º 108º/288º Outros
Total 138
Figura 4-5-Orientações predominantes nas edificações analisadas
Desse modo, sobrepondo a forma da edificação predominante à carta solar
66
, conforme as
orientações observadas (Figura 4-6), verifica-se que nos edifícios com orientação 108º/288º
67
66
Utilizou-se a carta solar produzida pelo Programa Luz do Sol (RORIZ, 1995).
67
Denominaram-se os edifícios com fachadas opostas de orientações 108º/288º e 18º/198º de Tipo A e Tipo B,
respectivamente, por serem os tipos predominantes e a fim de facilitar a compreensão.
Capítulo 4 61
(aproximadamente Leste/Oeste, denominado Tipo A), a fachada leste (108º) recebe a
insolação durante toda a manhã ao longo do ano, sendo mais intensa nos meses de dezembro a
fevereiro, onde o sol incide diretamente das 05h30min às 12h, aproximadamente. A fachada
oeste (288º) recebe o sol da tarde durante todo o ano, principalmente nos meses mais frios, a
partir das 11h.
TIPO A
TIPO B
Figura 4-6- Orientações predominantes nos edifícios existentes.
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ, 1995)
Já nos edifícios com orientação 18º/198º (aproximadamente Norte/Sul, denominado Tipo B),
na fachada sul (198º) a radiação difusa atinge as superfícies o dia inteiro durante o solstício de
verão, recebendo radiação direta principalmente durante à tarde. A fachada norte (18º) se
beneficia com a insolação nos meses mais frios do ano, mas, no entanto, no equinócio de
outono recebe sol até às 15h.
Comparando os ganhos térmicos das edificações segundo suas orientações (Tabela 4-2),
observa-se que no Equinócio de Outono (22/03), no Solstício de Verão (21/12) e no
Equinócio de Primavera (22/09), o edifício Tipo A é o que recebe maior carga térmica. As
fachadas daquele apresentam-se mais expostas à radiação direta, não acontecendo o mesmo
com o edifício Tipo B, em cuja fachada sul (198º) a incidência de radiação é em grande parte
do dia difusa. Somente no solstício de inverno acentua-se a radiação no edifício Tipo B,
devido ao fato de que na fachada norte (18º) incide radiação solar o dia inteiro.
Capítulo 4 62
Tabela 4-2- Radiação solar recebida nas fachadas dos edifícios nas orientações predominantes
68
Quantidade de radiação solar (Wh/m
2
)
Orientação das
fachadas
Equinócio de
Outono-22/03
Solstício de
Verão-21/12
Equinócio de
Primavera-22/09
Solstício de
Inverno-21/06
108º 2391 2574 3556 2327
TIPO A
288º 2899 2085 4338 4360
18º 2255 420 3424 6868
TIPO B
198º 693 1926 1016 611
Fonte: Programa Luz do Sol (RORIZ, 1995)
4.2.3. Altura dos edifícios
O número de pavimentos apresenta-se de forma diversificada, com edifícios de 2 a 28
pavimentos. Predominam edifícios com 10 pavimentos, que correspondem a 17,4%, ou seja,
24 dos 138 edifícios estudados. Em seguida, destacam-se com 16,7% (23) os anexos
constituídos de 2 pavimentos; já os edifícios com maior altura aparecem em menor
quantidade, como os de 21 a 28 pavimentos, dos quais existem no máximo 3 exemplares
(Tabela 4-3).
Tabela 4-3- Porcentagem do número de pavimentos
Nº PAVIMENTOS Nº EDIFÍCIOS % Nº PAVIMENTOS Nº EDIFÍCIOS %
2 23 16,7 14 1 0,7
3 14 10,1 15 3 2,2
4 7 5,1 16 2 1,4
5 19 13,8 18 1 0,7
6 2 1,4 19 3 2,2
7 2 1,4 20 2 1,4
8 4 2,9 21 1 0,7
9 2 1,4 22 1 0,7
10 24 17,4 24 3 2,2
11 8 5,8 25 1 0,7
12 9 6,5 26 1 0,7
13 3 2,2 28 2 1,4
4.2.4. Materiais de revestimento
Entre os materiais de acabamentos utilizados, 60,1% (83) dos edifícios apresentam o concreto
aparente em suas fachadas, principalmente nos volumes de circulação vertical e nas empenas
laterais. Constatou-se também a aplicação de outros materiais como: cerâmica (23,2%-32),
pastilha (13%-18), pintura (18,1%-25), pedras (39,9%-55), cobogós cerâmicos ou em
concreto (2,2%-3) e chapas de alumínio (2,2%-3). Estes são, em alguns casos, mesclados com
o concreto aparente ou entre si (Figura 4-7). Portanto, um mesmo edifício pode apresentar
vários tipos de acabamento.
68
Foram consideradas as nebulosidades indicadas pelo INMET para cada mês.
Capítulo 4 63
Com esses dados, verifica-se também que predomina a cor de concreto nas fachadas.
Figura 4-7- Exemplo de materiais de acabamento- Anexo 4 da Câmara dos Deputados e Tribunal de
Contas de DF, em concreto e mármore, respectivamente.
4.2.5. Tipos de aberturas
Quanto ao sistema de abertura, predominam as janelas com rotação em torno do eixo
horizontal do tipo basculante e máximo-ar, em 47% e 49% dos edifícios, respectivamente,
sendo fixa a maior parte envidraçada das fachadas. Alguns edifícios apresentam mais de um
tipo de janela, que são orientadas principalmente para Leste/Oeste (Figura 4-8). Não foram
observados outros tipos de aberturas.
TIPO JANELA Nº EDIFICIOS
Basculante 65
Guilhotina 12
Correr 25
Pivotante 10
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Basculant e Guilhotina Correr Pivotant e Maximo-ar
Maximo-ar 67
Figura 4-8-Tipos de aberturas predominantes
4.2.6. Elementos de controle solar
No levantamento, observou-se que, dos 138 edifícios estudados, 60,9% (84) possuem duas
fachadas envidraçadas e 34,1% (47) apresentam quatro fachadas, de acordo com a forma
adotada. Do total, 73,2% (101) possuem algum tipo de controle solar, brise (58%- 80) ou
marquise (20,3%- 28) e, entre esses, 5% (7) apresentam os dois tipos de proteção.
Considerando-se o total de fachadas envidraçadas (369 fachadas), 57,2% (211 fachadas)
encontram-se protegidas por marquises (30,3% - 64) e brises (69,7%- 147). Porém, em
Capítulo 4 64
alguns casos, a eficiência das marquises é comprometida, uma vez que as mesmas estão
colocadas no último pavimento ou até o segundo, não tendo efeito sobre os pavimentos
inferiores e superiores, respectivamente.
Entre as fachadas resguardadas por brises, a oeste apresenta a maior porcentagem de
utilização de elementos de controle solar (Figura 4-9), com 45,6% (67), sendo a sul a fachada
menos protegida, com 10,2% (15).
ORIENTAÇÃO
FACHADAS
PROTEGIDA
Norte 23
Sul 15
Leste 40
Oeste 67
Nordeste 1
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
Norte Sul Leste Oeste
Noroeste 1
Figura 4-9- Orientação das fachadas protegidas
Prevalecem os brises verticais (55,1% - 81) (Figura 4-10), seguidos pelos mistos (32% - 47)
e horizontais (12,9%- 19) (Figura 4-11). O brise vertical é utilizado em grande proporção
em todas as orientações, com exceção da leste, onde predomina o brise misto. Isso se deve
aos anexos dos ministérios considerados em formato de “H”, que apresentam duas fachadas
orientadas para leste e duas para oeste, influenciando bastante os valores percentuais.
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
Norte Sul Leste Oeste
Brise Horizontal
Brise Vertical
Brise Misto
Figura 4-10- Predominância dos brises de acordo com a orientação da fachada
Capítulo 4 65
Do total, 47,6% dos brises são móveis (70) e 52,4% fixos (77). Entre os brises, a cor
concreto se sobressai, com 41,5% (61), correspondente aos brises fixos, pois os móveis
apresentam cores variadas, sendo a cor alumínio mais freqüente, com 21,1% (31). É
importante notar que o concreto aparente desgasta-se e escurece com o tempo, aumentando
sua absortância e, portanto, a absorção de calor.
Figura 4-11-Exemplos dos tipos de brises dos edifícios estudados - vertical, horizontal e misto
Os brises em sua maioria são infinitos (42%-58) e em menor escala finitos (15%-21).
Observou-se que, para a proteção das fachadas que possuem ou não protetores solares,
existem ainda, em 84,8% dos edifícios (117), diversas colorações nos vidros
69
.
4.2.7. Outras observações
Nota-se ainda a presença de aparelhos de ar-condicionado, onde 52,2% dos edifícios
apresentam aparelhos de janela ou condensadores de split em suas fachadas. Assim como a
aplicação de papelão, papel alumínio e outros materiais aplicados pelo usuário (Figura 4-12),
inclusive nos edifícios dos Ministérios.
Figura 4-12- Aparelhos de ar-condicionado e improviso nas fachadas
69
Nos edifícios cujas fachadas encontram-se totalmente encobertas por brises, como o MEC, BRB e CEF no
Setor Bancário Sul, não foi possível verificar a coloração nos vidros, pois os brises permaneceram fechados
durante o levantamento, impedindo a visão.
Capítulo 4 66
4.3. CONSIDERAÇÕES SOBRE A CARACTERIZAÇÃO DOS EDIFÍCIOS PÚBLICOS
DE ESCRITÓRIOS DO PLANO PILOTO DE BRASÍLIA
Com este levantamento, traça-se um breve perfil dos edifícios públicos de escritórios no Plano
Piloto de Brasília, no que diz respeito ao tratamento externo dos mesmos, e verificam-se
alguns resultados indesejados diante das estratégias indicadas no capítulo 2.
Pode-se observar que o gabarito de 10 pavimentos domina a estatura das edificações,
reduzindo as superfícies horizontais que recebem maior carga térmica. No entanto, a forma
encontrada com maior freqüência é a retangular, cujas fachadas maiores são orientadas,
predominantemente, para leste/oeste, acarretando em maiores ganhos térmicos.
Esses são realçados também com o uso excessivo de vidro nas envolventes verticais. Embora
se verifique uma significativa porcentagem de edifícios com algum tipo de controle solar, o
número de fachadas envidraçadas protegidas apresenta-se pequeno, diante dos efeitos
térmicos e luminosos negativos produzidos pelo uso do vidro
70
.
Entre as fachadas protegidas, os brises são os elementos de controle solar mais utilizados. No
entanto, são aplicados independentemente da orientação. O brise vertical, por exemplo, é
dominante em quase todas as orientações o que constitui um ponto negativo, uma vez que o
mesmo pode ser inadequado. Este fato é agravado pela ocorrência de brises fixos em sua
maioria, impedindo a interação do usuário e o controle da radiação indesejada.
Percebe-se também uma grande aplicação de coloração nos vidros, seja por questões
lumínicas ou térmicas, acarretando, com o uso muitas vezes inadequado da cor, o aumento das
temperaturas internas e da necessidade de iluminação artificial.
Diante dos dados expostos, essa caracterização mostra a necessidade de proteção das fachadas
e justifica as intenções deste trabalho no que diz respeito ao brise-soleil, de modo a contribuir
com subsídios para diretrizes para os projetos existentes e futuros, melhorando as condições
de conforto ambiental nos espaços de trabalho.
70
Como o efeito estufa, contrastes, ofuscamentos, etc.
Capítulo 5 67
CAPÍTULO 5 - A EFICIÊNCIA DO BRISE-SOLEIL: ESTUDO DE CASOS
A fim de verificar a eficiência dos brises predominantes para as orientações observadas,
Leste/Oeste (108º/288º) e Norte/Sul (18º/198º), conforme o capítulo anterior, neste capítulo é
realizada uma análise de alguns edifícios específicos selecionados para isto.
Inicialmente, faz-se uma breve explicação sobre os procedimentos adotados na escolha dos
edifícios e dados observados nos mesmos.
5.1. PROCEDIMENTO DE ESTUDO
5.1.1. A escolha dos edifícios para análise – Estudo de caso
Os edifícios foram selecionados pela representatividade arquitetônica para a cidade de
Brasília e para o Brasil e pela repetição do tipo de brise-soleil aplicado
71
, que, dependendo da
especificação, pode comprometer a produtividade e a qualidade de vida de grande número de
funcionários, assim como provocar maior consumo energético. Levou-se em consideração
também a facilidade em se obter as informações e materiais necessários. Desta maneira, foram
selecionados quatro edifícios, que são apresentados na Tabela 5-1:
Tabela 5-1-Os edifícios selecionados para estudo de casos segundo a orientação e os brises predominantes
FACHADA EDIFÍCIO BRISE PREDOMINANTE REPETIÇÃO
72
(%)
18º - Norte Anexo I do Senado Vertical 78,3
198º - Sul
Anexo II da Câmara dos
Deputados
Vertical 66,7
288º - Oeste Ministério do Meio Ambiente Vertical 55,9
108º - Leste Anexo do Ministério da Saúde Misto 51,2
5.1.2. Obtenção dos dados
Foram realizadas visitas aos edifícios escolhidos em horários e dias diferentes, onde se buscou
informações
73
por meio:
71
Os brises são muitas vezes copiados com as mesmas dimensões e aplicados em prédios distintos.
72
A porcentagem representa o total do brise predominante com relação aos outros tipos de brise aplicados
naquela orientação, por exemplo, dos 100% dos brises existentes na fachada sul, 66,7% são verticais.
73
Segue em anexo a planilha detalhada com os dados buscados.
Capítulo 5 68
Dos usuários, por entrevistas informais em cada edifício com uma média de catorze
pessoas em duas salas distintas, inclusive em pavimentos diferentes, para que não
houvesse interferência nas respostas;
Da equipe de manutenção, para recolher informações sobre os problemas mais
freqüentemente verificados nos brises, assim como a própria freqüência da
manutenção;
De observações e medidas in-loco das dimensões dos brises existentes, com as quais se
procurou caracterizá-los segundo: controle solar, à posição, à mobilidade, ao uso e
manutenção, à dimensão, ao posicionamento em relação ao alinhamento da fachada e
às características dos materiais, fazendo uso de fotografias para auxiliar nas dúvidas
surgidas;
De desenhos arquitetônicos originais (quando existentes) e digitalizados, para observar
as medidas e especificações e conferir com as medidas in-loco.
5.1.3. Instrumento de análise
74
Neste capítulo faz-se uso da carta solar como instrumento de análise, avaliando a eficiência de
controle solar dos brises de acordo com a necessidade de sombreamento de cada orientação
das fachadas.
Vale ressaltar que, no caso dos brises móveis, foram consideradas para efeito de análise
apenas três angulações: 90º em relação à fachada, que corresponde ao brise totalmente aberto;
45º inclinado no sentido horário e 45º no sentido anti-horário.
São consideradas as interferências do entorno, tais como elementos da estrutura, no
sombreamento do edifício.
Os demais dados com relação aos brises são avaliados baseando-se no referencial
bibliográfico sobre o assunto, como as características dos materiais.
74
Baseou-se em vários trabalhos sobre o assunto, como Atem (2003).
Capítulo 5 69
5.2. ESTUDO DE CASOS
5.2.1. Estudo de caso 1: Anexo I do Senado - Fachada Norte e brise-soleil vertical
5.2.1.1.Caracterização do edifício e elemento de controle solar
O Anexo I do Senado, uma das torres do Palácio do Congresso, foi projetado pelo arquiteto
Oscar Niemeyer e inaugurado em 1960, junto com a nova capital. Para conceber o conjunto, o
arquiteto visitou os edifícios no Rio de Janeiro com o objetivo de obter um programa de
necessidades, uma vez que os prazos para inauguração da cidade exigiam uma elaboração
rápida do projeto, dificultando um estudo detalhado. As áreas existentes foram multiplicadas
por três, estimando a proporção do futuro Congresso (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2005).
Como resultado, o Anexo I do Senado, juntamente com o anexo I da Câmara, rompem a
horizontalidade marcante no Eixo Monumental por meio dos seus 28 pavimentos acima do
nível do solo totalizando 94 m de altura (Figura 5-1). O edifício foi executado com estrutura
metálica e as superfícies de vedação são revestidas com mármore branco nas orientações leste
e oeste e vidro na direção norte e sul.
Figura 5-1- Esquema das alturas do Congresso Nacional
Essas duas últimas possuem 45 m de comprimento, onde foi aplicado vidro comum
transparente de 6 mm com perfil metálico na cor cinza. As janelas existentes são do tipo
basculante para dentro e para fora, na parte inferior e superior (70 cm de altura),
respectivamente. A fachada sul (Figura 5-2) possui o Anexo I da Câmara dos Deputados
como anteparo à radiação solar, ao passo que a superfície norte (Figura 5-3), onde estão
distribuídos os escritórios, não possui obstruções no entorno (Figura 5-4).
Capítulo 5 70
Figura 5-2- Fachada sul do Anexo I do senado:
Anexo I da Câmara como anteparo
Figura 5-3- Fachada Norte (18º)
Figura 5-4- Planta baixa pavimento tipo
Ao longo do tempo, a radiação solar que atingia a fachada norte fez com que multiplicassem
de forma indiscriminada os aparelhos de ar-condicionado, que apresentam manutenção
onerosa e seqüelas indesejáveis na estética do edifício, além de afetar a segurança do mesmo
devido à sobrecarga de suas instalações elétricas. Dessa forma, em 1985, foi acrescentado um
sistema de brise-soleil, que havia sido cogitado na época da construção, mas foi descartado
em virtude dos prazos e verbas.
O produto foi fornecido pela empresa Hunter Douglas e consiste em um sistema de brises em
alumínio, incluindo passarelas metálicas a cada pavimento com 45 cm de profundidade e 36
cm de espaço livre quando as lâminas encontram-se totalmente abertas. Entre as passarelas e a
superfície envidraçada, existe um espaço de 5 cm referente à estrutura metálica na qual a
primeira é fixada (Figura 5-5).
Capítulo 5 71
O sistema proposto, denominado Termobrise, é constituído por conjuntos de lâminas verticais
móveis de seção elíptica, construídas com finas chapas de alumínio estruturadas por um miolo
compacto em poliuretano expandido. As lâminas, pintadas na cor cinza gray, possuem 30 cm
de largura e 3,15 m de altura, distinguindo-se como brise infinito (Figura 5-6). O movimento
ocorre em um conjunto de 37 lâminas, agrupadas em um perfil horizontal, onde a angulação
possível é de até 45º à direita e à esquerda da normal com a fachada (Figura 5-7).
Figura 5-5- Planta baixa representativa da distribuição dos brises
Figura 5-6- Corte esquemático da posição dos
brises verticais
Figura 5-7- Detalhe do perfil e possibilidade de
movimento
A grande inovação introduzida na obra do Congresso foi o acionamento automático por
intermédio de células fotoelétricas, orientando automaticamente as lâminas segundo o nível
de incidência solar. Existe também a opção de controle elétrico, na qual os motores são
controlados manualmente através de uma caixa de comando localizada no interior do edifício,
Capítulo 5 72
em um total de cinco por pavimento
75
. A caixa mede 16x14 cm e está a 1.10m do piso (Figura
5-8 e Figura 5-9).
Figura 5-8- Caixa de comando fixa na estrutura
metálica
Figura 5-9- Botões de controle da caixa de
comando
A empresa responsável pela manutenção possui uma sala no edifício, realizando reparos
diariamente, tais como em pinos de movimento desgastados, além da revisão do motor e
sistema elétrico, que sofrem com o processo de oxidação. Já a limpeza e lubrificação das
peças são realizadas mensalmente. As células fotoelétricas, por sua vez, deixaram de ser
produzidas pela Hunter Douglas, gerando dificuldades para as substituições.
Na parte interna, as divisórias e o forro são brancos, o piso é de granito cinza andorinha, os
móveis são na cor creme e as persianas verticais variam de cor (cinza ou creme) conforme a
localização da sala (Figura 5-10). O edifício possui central de ar-condicionado, com controles
individuais, onde os funcionários muitas vezes desligam por estar muito frio, abrindo a janela
para circulação de ar. A iluminação artificial, ao contrário, permanece acesa o dia inteiro,
independentemente da iluminação natural disponível.
75
Existe uma caixa de comando para cada duas salas, referente ao espaço ocupado pelas 37 lâminas.
Capítulo 5 73
Figura 5-10- Imagens internas
5.2.1.2.A eficiência do brise-soleil
A. Controle solar
A fachada norte (18º) recebe radiação solar durante todo o dia, principalmente no solstício de
inverno (21/06), correspondente à época mais fria. Nos equinócios (22/03 e 22/09), o sol
incide do início da manhã até às 14h30min e no solstício de verão a fachada recebe apenas 2 h
de radiação direta pela manhã (Figura 5-11). Dessa forma, os maiores ganhos térmicos
registram-se no solstício de inverno (21/06) e equinócio de primavera (22/09) (Tabela 5-2). A
radiação solar incidente, apresentada na tabela 5-2, foi calculada pelo programa Luz do Sol,
utilizando-se os valores de nebulosidade apresentados pelas Normais Climatológicas (1992).
De acordo com o confronto realizado através das isopletas de temperatura e os dados de
Maciel (2002), o período onde há necessidade de sombreamento corresponde ao intervalo de
11h da manhã às 17h, com exceção do meses de maio a julho, quando se inicia a partir das
12h, devido às baixas temperaturas pela manhã e a necessidade de aquecimento solar passivo
(Figura 5-12).
Tabela 5-2- Radiação solar (Wh/m
2
) no plano vertical orientado para Norte
Radiação solar (Wh/m
2
)
Equinócio de
outono
(22/03)
Solstício de verão
(21/12)
Equinócio de
primavera
(22/09)
Solstício de
inverno
(21/06)
Fachada sul
18º
2255 420 3429 6868
Fonte: Programa Luz do Sol (RORIZ, 1995)
Capítulo 5 74
Figura 5-11- Carta solar para a fachada norte.
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ,
1995)
Figura 5-12-Sobreposição da necessidade de
sombreamento à carta solar.
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ,
1995)
O brise vertical estende-se em 100% da fachada norte, uma vez que ocupa toda sua superfície,
permitindo um movimento milimétrico que pode ser definido pelo usuário. Dessa forma,
segue-se com a análise:
Brise-soleil com abertura total
O brise vertical exerce controle da radiação solar a partir das 12h30min nos equinócios, entre
11h e 12h no mês de janeiro e novembro e após as 13h no solstício de inverno. O intervalo de
11h às 12h30min, aproximadamente, permanece sem proteção solar de meados de fevereiro a
setembro (Figura 5-13 e Figura 5-14). Neste intervalo de tempo, a passarela metálica também
protege a superfície envidraçada do sol, mas somente no mês de fevereiro e outubro (Figura
5-15 e Figura 5-16).
O brise também bloqueia a radiação solar do início da manhã no solstício de inverno, época
em que as temperaturas são baixas e ocorre o desconforto por frio, sendo essa proteção,
portanto, desnecessária e inadequada.
Capítulo 5 75
Figura 5-13- Brise vertical com abertura total,
βd=βe= 42º
Figura 5-14- Máscara de sombra obtida pelo
brise vertical com abertura total.
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ,
1995)
Figura 5-15- Proteção solar exercida pela
passarela
Figura 5-16- Máscara de sombra gerada pela passarela
horizontal, onde α=81º.
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ, 1995)
Inclinação de 45º no sentido horário
Nessa situação, onde βd=66º e βe=15º, tem-se proteção integral à tarde, a partir das 12h em
todos os meses onde há incidência direta do sol. No entanto, o período de 11h às 12h, no qual
foi identificado necessidade de sombreamento, praticamente permanece sem bloqueio dos
raios solares (Figura 5-17 e Figura 5-18). Diante disso, as persianas internas são fechadas,
conforme verificado e também descrito pelos usuários, exigindo o uso da iluminação
artificial.
α
βe
βd
Capítulo 5 76
Figura 5-17- Brise vertical com abertura no sentido
horário, onde βd= 66º e βe= 15º
Figura 5-18- Máscara de sombra gerada pelo
brise vertical inclinado no sentido horário.
Adaptado do Programa Luz do Sol. (RORIZ,
1995)
Inclinação de 45º no sentido anti-horário
No sentido anti-horário, onde βd=15º e βe=66º, o brise vertical bloqueia o sol no solstício de
inverno do início da manhã até 10h30min aproximadamente, impedindo o aquecimento dos
ambientes quando as temperaturas são baixas. Já no intervalo de 13h às 15h, quando
necessita-se de proteção, essa é inexistente, ocorrendo o mesmo nos equinócios entre 11h e 13
h (Figura 5-19 e Figura 5-20).
Figura 5-19- Brise vertical com abertura no sentido
anti-horário, onde βd= 15º e βe= 66º
Figura 5-20- Máscara de sombra gerada
pelo brise vertical inclinado no sentido
horário.
Adaptado do Programa Luz do Sol
(RORIZ, 1995)
B. Posição e dimensão
Pode-se observar, dentre as angulações estudadas, que o brise vertical infinito aplicado neste
edifício não cumpre adequadamente sua função, tendo em vista que sempre existirá um
horário no período desejado e necessário no qual não ocorre o sombreamento, mesmo com o
auxílio do controle solar exercido pela passarela. O usuário tem que orientar o brise em várias
βe
βd
βe
βd
Capítulo 5 77
direções ao longo do dia e ainda utilizar a persiana interna, a fim de barrar ou receber o sol
conforme esteja frio ou quente.
C. Mobilidade, uso e manutenção
Houve, neste edifício, um grande interesse em oferecer um brise flexível e de bom
desempenho. No entanto, devido à existência de muitas células fotoelétricas com problemas o
sistema automático de controle solar não atende adequadamente à necessidade de
sombreamento, conforme os usuários entrevistados nas visitas ao local (Figura 5-21).
Observam-se também lâminas danificadas e sem manutenção, impossibilitadas de movimento
(Figura 5-22).
Neste contexto, os usuários preferem o sistema elétrico pela facilidade de controlar a radiação
solar conforme a freqüência necessária, movendo as lâminas até três vezes ao dia.
Figura 5-21- Célula fotoelétrica
danificada
Figura 5-22- Lâmina quebrada
Outra dificuldade encontrada e apontada pelos funcionários locais é a movimentação de 37
lâminas simultaneamente, pois correspondem a duas salas distintas. Nesse sentido, uma
solução adotada por uma sala com determinado layout, por exemplo, tem interferência em
outra sala, cujas necessidades dos usuários podem ser díspares. Como conseqüência, muitas
vezes o brise permanece sem movimento, enquanto as persianas internas são fechadas ou
abertas (Figura 5-23).
Capítulo 5 78
No que se refere à manutenção, deve-se destacar a dificuldade de acesso aos brises, uma vez
que esse é feito pela janela basculante inferior e pela passarela, cujo espaço livre para
circulação é de apenas 36 cm, quando os brises estão abertos (Figura 5-24).
Figura 5-23- Persianas fechadas principalmente pela
manhã
Figura 5-24- Passarela para manutenção
Embora reclamem dos problemas freqüentes, inclusive no sistema elétrico e na demora da
manutenção, os usuários entrevistados, em sua maioria, declaram-se satisfeitos com o sistema
de brise existente, inclusive no que diz respeito à integração interior-exterior. É possível
obter-se uma magnífica vista do lago e do horizonte até mesmo de alguns ângulos quando as
lâminas estão fechadas, devido ao espaçamento de 14 cm que fica entre as lâminas.
D. Posicionamento do brise em relação ao alinhamento da fachada
Embora o brise-soleil esteja afastado 36 cm da superfície envidraçada (quando o brise-soleil
encontra-se totalmente aberto), a passarela metálica existente apresenta-se distante apenas 5
cm da mesma, dificultando a circulação do ar entre os pavimentos e o possível resfriamento
do plano vertical.
No interior das salas não existem aberturas para saídas de ar, mas os dutos de ar-condicionado
funcionam como exaustores e é possível sentir ventilação no local.
PASSARELA
Capítulo 5 79
E. Características dos materiais
76
O brise existente foi pintado na cor cinza que possui absortância de 0,40, representando um
valor aceitável se comparado com uma superfície branca, cuja absortância é entre 0,2 e 0,30.
Vale ressaltar a contribuição dessa cor na iluminação interna, uma vez que o brise cinza
reflete luz para o interior, que é distribuída uniformemente devido às cores claras aplicadas
nas paredes, no mobiliário e no forro.
No que se refere à emissividade (ε), como a tinta é automotiva o valor é semelhante a do
alumínio fosco que corresponde ao intervalo entre 0,20 e 0,30, que confrontado ao concreto
aparente, cuja emissividade (ε) é 0,9, apresenta-se adequado, visto que, emite pouca radiação
infravermelha.
A radiação absorvida é conduzida através do alumínio cuja condutividade térmica é
230W/mK e pelo poliuretano, cujo valor é 0,03W/mK.
F. Sugestões corretivas
Concluída a análise, percebe-se que o brise vertical infinito, apresenta-se deficiente no
sombreamento necessário, mesmo com a movimentação freqüente ao longo do dia. O
intervalo entre 11h e 12h, por exemplo, na maior parte do ano não é protegido, sendo
imprescindível o uso das persianas internas.
Para um melhor desempenho térmico do brise-soleil existente, propõe-se investir no
prolongamento da passarela ou de alguma estrutura horizontal
77
, cujo ângulo α seja de 50º, a
fim de complementar o sombreamento gerado pelo brise vertical (Figura 5-25, Figura 5-26 e
Figura 5-27). Com isso, tem-se o espaçamento entre as lâminas e a superfície envidraçada
aumentado, sendo necessário ajuste no motor para adaptá-lo às novas distâncias. Essa
alternativa, por sua vez, talvez não fosse adequada do ponto de vista lumínico e estético.
76
Os valores foram obtidos por meio de Frota & Schiffer (2000) e Corbella (2003).
77
Existiu um estudo no Congresso Nacional sobre a possibilidade de afastar o brise da fachada e acrescentar um
escada de incêndio no espaço gerado.
Capítulo 5 80
Figura 5-25- Proposta para correção do brise existente
Figura 5-26- Corte AA com indicações para a
passarela metálica
Figura 5-27- Máscara de sombra oferecida pela nova
solução (α=50º, βd=βe=42º).
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ, 1995)
O ideal para a circunstância é a aplicação de um brise-soleil horizontal (Figura 5-28), cujo
ângulo α seja de 50º com complementação da proteção através da estrutura de fixação vertical
(βe=βd=76º). Dessa forma, há o controle solar no período em que o sombreamento é
realmente necessário e também pela manhã nos equinócios e solstício de verão, permitindo a
entrada da radiação solar no solstício de inverno, quando é indispensável o aquecimento
passivo (Figura 5-29 e Figura 5-30). Com essa solução, o espaçamento entre as lâminas é
aumentado, melhorando a distribuição da iluminação natural e também a visão interior-
exterior.
βe
βd
α
Capítulo 5 81
Figura 5-28- Proposta para um novo brise-soleil horizontal
Figura 5-29- Corte AA com indicações para o
novo brise-soleil
Figura 5-30- Máscara de sombra oferecida pela
nova solução (α=50º, βd=βe=76º).
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ,
1995)
Com esta configuração os brises podem ser fixos, com utilização de persianas internas para
auxiliar nos ajustes conforme desejado. Com isso, o cotidiano dos funcionários torna-se mais
tranqüilo, uma vez que não é necessário o freqüente ajuste dos brises, assim como torna-se
maior a vida útil do mesmo, já que a movimentação e o risco de danos são diminuídos.
Outro recurso a ser adotado consiste em aumentar o espaço da passarela e substituí-la por uma
peça tipo grelha, para facilitar a manutenção e permitir a circulação do ar, respectivamente.
Com relação ao material e a cor, sugere-se mantê-los, tendo em vista que possuem um bom
desempenho térmico, além de contribuir na iluminação interna.
Pode-se também aplicar algum tipo de lâmina perfurada, pois com a mesma ocorre o controle
dos efeitos do sol, permite-se a livre circulação dos ventos através das lâminas, diminuem-se
os riscos de ofuscamento e mantém-se a visão interior-exterior.
βe
βd
α
Capítulo 5 82
Esse tipo de brise encontra-se disponível no mercado, como por exemplo os modelos
aeroscreen e celoscreen da empresa Hunter Douglas (Figura 5-31 e Figura 5-32). Há inclusive
a possibilidade de se trabalhar com perfurações diferentes conforme a prioridade. No campo
de visão do usuário, por exemplo, os furos podem ser maiores enquanto que na altura do
peitoril seriam menores ou não existiriam, tendo em vista que a iluminação neste nível
interfere pouco na qualidade geral do ambiente e não há necessidade de visão (Figura 5-33).
Figura 5-31- Brise-soleil aeroscreen, Hunter Douglas: lâmina perfurada.
Fonte: http://www.hunterdouglas.com.br
Figura 5-32- Brise-soleil celoscreen, Hunter Douglas: lâminas lisas ou perfuradas
Fonte: http://www.hunterdouglas.com.br
Capítulo 5 83
Figura 5-33- Celoscreen: variedade de perfurações e umas das possíveis angulações
http://www.hunterdouglas.com.br
Portanto, verifica-se que, apesar de todo investimento em um brise mais avançado
tecnologicamente para este edifício, na prática o mesmo não é tão funcional e a dificuldade
em obter as peças impede uma manutenção mais eficaz. A correção implicaria em mudanças
significativas na fachada e no sistema do brise.
5.2.2. Estudo de caso 2: Anexo II da Câmara dos Deputados - Fachada Sul e brise-soleil
vertical
5.2.2.1.Caracterização do edifício e elemento de controle solar
O projeto para o Palácio do Congresso não foi suficiente para o número de funcionários, uma
vez que foram incorporados ao edifício do Congresso os serviços relacionados das antigas
sedes do Rio de Janeiro, que, simultaneamente com a demanda das comissões parlamentares,
exigiram a construção de novos anexos. Nesse contexto, no que se refere à Câmara dos
Deputados, em 1966 conclui-se a obra do anexo II, em 1973, o anexo III, e, em 1981, o anexo
IV (Figura 5-34).
O edifício do Anexo II apresenta um caráter discreto na paisagem, não exercendo muita
influência na mesma. A edificação apresenta volume prismático e formato retangular, com
dois pavimentos expostos à radiação solar e um subsolo, ao longo dos quais se distribuem
escritórios e plenários (Figura 5-35).
Capítulo 5 84
Figura 5-34- Locação do Anexo II da Câmara dos Deputados
Figura 5-35- Planta baixa pavimento térreo
Na estrutura do edifício foi utilizado o concreto aparente, sendo as empenas cegas, leste e
oeste, revestidas com cerâmica em cor clara. Já as fachadas maiores, orientadas para norte e
sul, possuem 174,45 m de comprimento e são vedadas com pele de vidro.
Na pele de vidro foi aplicado vidro comum bronze de 6 mm e janelas do tipo basculante com
perfil de alumínio anodizado preto que abrem para dentro da sala e ficam localizadas na parte
inferior do plano envidraçado (Figura 5-36). As duas fachadas são protegidas por brise-soleil
que correspondem a toda superfície exposta e dominam a leitura visual geral do edifício
(Figura 5-37).
Capítulo 5 85
Figura 5-36- Detalhe da janela com abertura para
o interior da sala
Figura 5-37- Fachada sul e a predominância dos
brises
Os brises, originalmente, só existiam na fachada sul e eram do tipo misto, em concreto
aparente com dimensões de 50x50x50 cm. Os anexos III e IV já haviam sido construídos e
neles aplicado o brise-soleil vertical, quando no início da década de 1990 o edifício do Anexo
II sofreu uma reforma. Nesta, o arquiteto Oscar Niemeyer propôs substituir o brise existente
por lâminas verticais, tipo “Asa de avião”, para manter uma continuidade visual com os
outros anexos.
O brise-soleil foi executado pela empresa local Gradebras
78
em chapa de aço galvanizada e
pintura automotiva na cor verde colonial. As lâminas verticais possuem 30 cm de
profundidade, 5 cm de largura na parte intermediária do perfil e altura variável de acordo com
o pavimento (1º ou 2º), caracterizando-se como brise infinito (Figura 5-38).
Figura 5-38- Detalhe do perfil do brise-soleil e a angulação de abertura
78
As alterações com relação ao projeto original foram apenas em pequenos detalhes nas dimensões.
Capítulo 5 86
As lâminas verticais são agrupadas de onze em onze em uma longarina metálica horizontal,
compondo a modulação possível de movimento, cuja angulação é de até, aproximadamente,
90 graus (Figura 5-39). Dois grupos de 11 lâminas ficam dispostos entre pilares, sendo o
movimento dos mesmos distribuído aleatoriamente, de modo que alguns giram 90 graus no
sentido horário e outras 11 no sentido anti-horário. A barra de comando é fixada na oitava e
décima lâmina, a 70 cm de altura, projetando-se em direção ao plano da pele de vidro, onde
através da esquadria pode-se interagir com a mesma (Figura 5-40 e Figura 5-41). O espaço
entre a pele de vidro e a longarina é de 1,11 m, existindo uma pequena abertura de 12 cm na
parte superior entre o brise e o último pavimento. Esse sistema é distribuído em dois grupos,
totalizando 22 lâminas entre pilares.
Figura 5-39- Planta baixa representativa da distribuição dos brises
Figura 5-40- Corte AA esquemático
Figura 5-41- Barra de comando dos brises
Capítulo 5 87
A manutenção do brise é periódica de acordo com a finalidade: a cada dois anos são feitos
ajustes como pintura, troca de peças e reparos; de seis em seis meses realiza-se uma lavagem
com jatos de água; no intervalo de quatro em quatro meses o edifício em geral, incluindo os
brises, é detetizado e diariamente é feita uma limpeza com espanador. Uma das principais
causas para o desgaste e danificação dos brises é a presença de pombos no local, pois a acidez
de seus excrementos corrói a estrutura metálica (Figura 5-42).
Internamente as divisórias de ambientes e o mobiliário apresentam-se na cor creme, que
predomina no espaço. Não existem persianas ou cortinas, o forro é branco e o piso vinílico na
cor verde Itamaraty. O edifício possui ar-condicionado central e iluminação artificial, com
lâmpadas fluorescentes, que funcionam em tempo integral (Figura 5-43).
Figura 5-42-Excrementos de pombos na estrutura
metálica dos brises
Figura 5-43-Vista interna das salas existentes no
Anexo II
5.2.2.2.A eficiência do brise-soleil
A. Controle solar
Na fachada sul, de fevereiro a meados de julho, não há incidência direta do sol pela manhã e
em alguns períodos à tarde. Este incide com maior freqüência à tarde e apenas em alguns
meses do ano, sendo intenso, principalmente, de novembro a janeiro, quando a insolação se
inicia a partir das 11h. Já nos meses de agosto e abril, por exemplo, a fachada é atingida pela
radiação solar somente após as 16h (Figura 5-44). De acordo com a necessidade de
sombreamento, observada no capítulo 3, a proteção deve ser feita das 11h às 17h em todos os
meses do ano, com exceção de maio, junho e julho, correspondente aos meses mais frios e de
menores ganhos térmicos (Figura 5-45 e Tabela 5-3).
Capítulo 5 88
Tabela 5-3 - Radiação solar (Wh/m
2
) no plano vertical orientado para sul
Radiação solar (Wh/m
2
)
79
Equinócio de
outono
(22/03)
Solstício de verão
(21/12)
Equinócio de
primavera
(22/09)
Solstício de inverno
(21/06)
Fachada sul
198º
693 1925 1016 611
Fonte: Programa Luz do sol (RORIZ, 1995)
Figura 5-44- Carta solar para fachada sul (198º).
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ,
1995)
Figura 5-45- Sobreposição da necessidade de
sombreamento à carta solar.
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ,
1995)
O brise vertical existente no edifício se estende por 100% da fachada, oferecendo diversos
ângulos de proteção, que podem ser definidos pelo usuário. Dessa forma, segue-se com a
análise:
Brise-soleil com abertura total
O controle solar no edifício ocorre de meados de julho a abril, no intervalo necessário. A
proteção dá-se durante toda a manhã, no solstício de verão, interrompendo-se às 12h e com
continuação após as 13h. Como conseqüência, pode-se ter um escurecimento da sala no
período matinal e no fim do dia, obrigando o uso de iluminação artificial frequentemente
(Figura 5-46 e Figura 5-47).
79
A radiação solar incidente foi calculada pelo programa Luz do Sol, utilizando-se os valores de nebulosidade
apresentados pelas Normais Climatológicas (1992).
Capítulo 5 89
Figura 5-46- Brise vertical com abertura total- βd e
βe=41º
Figura 5-47- Máscara de sombra obtida pelo
brise vertical com abertura total.
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ,
1995)
A radiação solar que atinge o edifício no horário de 12h às 13h é bloqueada pelo elemento
metálico horizontal utilizado como estrutura e de apoio à manutenção existente entre os
pavimentos (Figura 5-48 e Figura 5-49). Este sombreamento gerado surtirá efeito inclusive
nas outras angulações que também são analisadas.
Figura 5-48- Proteção do elemento horizontal
da estrutura
Figura 5-49- Máscara de sombra com α=71º e 73º
(mesma representação para os dois ângulos por
serem muito próximos).
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ, 1995)
Inclinação de 45º no sentido horário
Nessa situação, onde βd=65º e βe=15º, ocorre proteção demasiada pela manhã e insuficiente à
tarde, tendo em vista que não há controle da radiação solar recebida a partir das 12h, no
solstício de verão por exemplo, período de maiores ganhos térmicos nas superfícies verticais
(Figura 5-50 e Figura 5-51).
α
βd
βe
Capítulo 5 90
Figura 5-50- Brise vertical inclinado 45º no sentido
horário- βd=65º e βe=15º
Figura 5-51- Máscara de sombra obtida
pelo brise vertical inclinado 45º no sentido
horário.
Adaptado do Programa Luz do Sol
(RORIZ, 1995)
Inclinação de 45º no sentido anti-horário
Na posição contrária, sentido anti-horário onde βd=15º e βe=65º, o brise resguarda de modo
exagerado a fachada com relação à radiação solar, podendo reduzir a iluminação natural no
interior do edifício, principalmente no fundo das salas, que chegam a ter 9,50m de
profundidade (Figura 5-52 e Figura 5-53).
Figura 5-52- Brise inclinado 45º no sentido anti-
horário- βd=15º e βe=65º
Figura 5-53-Máscara de sombra obtida pelo
brise vertical inclinado 45º no sentido anti-
horário.
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ,
1995)
B. Posição e dimensão
Dessa forma, dentre as angulações estudadas, observa-se que o brise vertical infinito aplicado
neste edifício, com exceção da angulação de 45º no sentido horário, atende a necessidade de
βd
βe
β
d
βe
Capítulo 5 91
sombreamento exigida, protegendo inclusive quando não se tem radiação direta. Isso, no
entanto, acarreta no escurecimento da sala devido ao bloqueio excessivo da iluminação
natural, obrigando o uso de iluminação artificial.
C. Mobilidade, uso e manutenção
O brise-soleil, apesar de ser móvel e oferecer diversidade de uso, apresenta-se pesado e de
difícil manuseio, fato atestado pelos próprios usuários. A barra de comando une onze lâminas
que, de acordo com a altura, com o desgaste das engrenagens e a falta de óleo nas mesmas,
dificultam o movimento do sistema.
Outro fator que interfere no uso são as barras de comando danificadas, seja pelo peso que
suportam ou pela corrosão do material (Figura 5-54). A barra possui ainda um difícil acesso,
uma vez que esse é feito através de uma basculante que abre para o interior a sala ou, em
alguns casos, há impossibilidade de acesso, visto que os armários são dispostos ao longo da
pele de vidro (Figura 5-55). Dessa forma, além do peso, o usuário tem o problema da
distância com relação à barra de comando, quando essa possibilidade existe.
Figura 5-54- Barra de comando danificada
Figura 5-55- Armários impedindo o acesso à
barra de comando
Todos esses inconvenientes fazem com que o uso do mesmo seja eventual, adicionando ainda
o fato de que alguns funcionários desconhecem o que seja brise-soleil ou quebra-sol, sendo
esse visto como elemento para se oferecer apenas privacidade. Nas salas do térreo, por
exemplo, fecha-se o brise quando se deseja evitar a visão pelos transeuntes, principalmente na
sala dos diretores. Inclusive, foi comentado pelos entrevistados que a aplicação de cortinas
internas seria melhor e de manuseio mais fácil.
BARRA DE
COMANDO
Capítulo 5 92
Esses usuários revelam-se preocupados com a falta de escape pelas janelas em caso de
incêndio, visto que a existência dos brises impede o acesso ao exterior. Por outro lado sentem-
se protegidos no caso de manifestações contra o edifício, como pedras em direção à superfície
envidraçada, como ocorreu recentemente na invasão pelo Movimento de Liberação dos Sem-
Terra (Figura 5-56).
Figura 5-56- Ataque dos sem-terra à Câmara dos Deputados, 06/06/2006.
Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/2006/06/06/ult23u236.jhtm.
D. Posicionamento do brise em relação ao alinhamento da fachada
O brise-soleil aplicado no edifício do Anexo II mantém um afastamento de 1.11 m da
superfície envidraçada. Esse distanciamento é favorável, uma vez que oferece espaço para
manutenções e principalmente por permitir uma possível ventilação por convecção que pode
retirar parte do calor que atravessou o brise, assim como resfriar a parede. No entanto, a
ventilação é dificultada, tendo em vista que entre o brise inferior e superior existe uma base
metálica que fica afastada apenas 12 cm da parede, obstruindo a circulação do ar (Figura
5-57).
Capítulo 5 93
Figura 5-57- Circulação do ar dificultada pela estrutura metálica horizontal do brise
No que diz respeito à ventilação no interior das salas, essa é praticamente inviável, devido a
ausência de saídas de ar.
E. Características dos materiais
80
O brise possui acabamento na cor verde colonial
81
que apresenta absortância (α) de 0,75, ou
seja, a cor absorve 75% do calor recebido e reflete 25%. Dessa forma, o coeficiente representa
um valor alto se comparado com uma superfície branca, por exemplo, cuja absortância é entre
0,20 e 0,30, além de contribuir pouco na iluminação interna, visto que, a capacidade de
reflexão é baixa.
A emissividade (ε) de 0,95 também manifesta valor elevado quando confrontada com o
alumínio cujo valor é entre 0,40 e 0,60.
A radiação absorvida é conduzida através do aço, cuja condutividade térmica é 52W/mK,
representando um valor alto se comparado ao concreto, cuja condutividade é 1,50 W/mK, e
um valor baixo, comparando-se ao alumínio (230 W/mK).
80
Valores dos coeficientes obtidos de Frota & Schiffer (2000) e Corbella (2003).
81
Como não foram encontrados coeficientes para esta cor específica adotou-se os valores da cor verde escura.
Capítulo 5 94
F. Sugestões corretivas
Concluída a análise, percebe-se que o brise vertical infinito atende à necessidade de
sombreamento na maior parte do tempo necessário, podendo permanecer aberto em tempo
integral, até mesmo à tarde quando os ganhos térmicos são maiores.
Para um melhor desempenho térmico e luminoso do brise-soleil, sugere-se colocar todas as
lâminas com mesmo sentido de rotação
82
(anti-horário), aumentando aproximadamente 10 cm
entre as mesmas, a fim de amortizar o sombreamento nos horários desnecessários e aumentar
a luminosidade no fundo das salas (Figura 5-58 e Figura 5-59). Com isso, obtém-se também
um aumento da visão interior-exterior que já é adequada (Figura 5-60), assim como uma
diminuição do número de lâminas por longarina (passariam de 11 para 8 lâminas) e,
consequentemente, a redução do peso do sistema.
Figura 5-58- Sugestão para distanciamento entre as
lâminas (βd=βe=50º)
Figura 5-59- Máscara de sombra obtida pela
nova disposição dos brises verticais
(βd=βe=50º).
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ,
1995)
A estrutura metálica horizontal de apoio ao brise-soleil vertical pode ser substituída por
pérgulas no pavimento superior, a fim de manter o controle solar existente e permitir uma
maior fluidez para a circulação dos ventos. Já para a estrutura intermediária sugere-se a
permuta por uma peça em formato de grelha (vazada), que permite a circulação do ar,
conservando a função de apoio à manutenção (Figura 5-61).
82
Os brises poderiam ser fixos, no entanto, devido a necessidades dos usuários em se proteger e obter
privacidade sugere-se deixá-los móveis.
βd
βe
Capítulo 5 95
Figura 5-60- Visão interior-exterior existente: Anexo IV e
o brise-soleil amarelo
Figura 5-61- Recomendações para a
estrutura metálica de apoio
No que se refere às características dos materiais, a cor não apresenta condições aceitáveis.
Recomenda-se a substituição da pintura existente por uma cor mais clara, que absorva menor
quantidade de calor, podendo ser inclusive a cor amarela utilizada no Anexo IV, cuja
absortância é entre 0,3 e 0,5. Com essa solução, o brise-soleil passa a oferecer um melhor
controle solar, com maior distribuição de luminosidade para o interior, além de manter o
diálogo com a edificação existente. A iluminação no interior pode ser melhorada também com
a substituição do vidro bronze por um incolor, pois o vidro comum com proteção solar tem
melhor desempenho (MASCARÓ, 1991).
É de extrema importância ainda a conscientização dos usuários quanto ao funcionamento
adequado do brise-soleil. Tal ação pode ser efetivada, entre outros caminhos, através da
revista eletrônica informativa existente e em vigor na Câmara dos Deputados ou com um
manual específico, tipo cartilha, a ser deixado permanentemente nas salas e disponível no site.
No site, inclusive, há uma seção de ouvidoria para reclamações e sugestões destinados aos
funcionários que é lido e respondido diariamente pela própria diretoria da Câmara dos
Deputados.
Quanto à manutenção das peças danificadas, como as barras de comando, os funcionários
devem informar o setor responsável o quanto antes, para agilizar o processo de conserto e não
ter que esperar o prazo de dois anos, que deve ser reduzido.
Capítulo 5 96
Para um bom uso, também é imprescindível liberar, através de um bom layout, as aberturas
por onde se tem acesso às barras de comando, que hoje se encontram, em algumas salas,
obstruídas por mobiliário.
Portanto é possível obter melhores condições de conforto através de modificações viáveis no
sistema de controle solar existente e na capacitação de manuseio do usuário.
5.2.3. Estudo de caso 3: Ministério do Meio Ambiente - Fachada Oeste e brise-soleil
vertical
5.2.3.1.Caracterização do edifício e elemento de controle solar
No projeto da Praça dos Três Poderes, o arquiteto Oscar Niemeyer buscou simplicidade e ao
mesmo tempo uma riqueza formal para o conjunto, transformando-a no ápice do Eixo
Monumental. Dessa forma, as construções ao longo do Eixo Monumental, embora devessem
manter também essas qualidades, não podiam ter uma expressão forte, de modo a não fazer
desaparecer a escala hierárquica prevista e prejudicar o resultado final.
Nesse contexto, o projeto da esplanada dos ministérios, que originalmente previa edifícios
sobre pilotis em forma de losango (BRUAND, 1999), foi substituído por uma forma
prismática sem pilotis, uma vez que aqueles não assumiriam um papel tão claro na
delimitação do eixo e não gerariam o contraste necessário com os edifícios mais
representativos. Todos os ministérios, apresentando mesma conformação
83
, foram então
dispostos simetricamente ao longo do Eixo Monumental (Figura 5-62).
Figura 5-62- Locação da Esplanada dos Ministérios
83
Somente o Palácio do Itamaraty e Palácio da Justiça apresentam projeto diferente.
Capítulo 5 97
O Ministério do Meio Ambiente foi construído em 1958, juntamente com 11 edifícios de
outros ministérios, sendo somente depois concluídos os outros edifícios. O projeto apresenta
volume prismático com formato retangular, composto de dez pavimentos expostos à radiação
solar, onde se distribuem os escritórios ao longo de um corredor central, cujas separações são
feitas por divisórias de compensado (Figura 5-63).
A circulação vertical ocorre através de elevadores e escadas internas e pela escada de
incêndio, em concreto aparente, acrescida posteriormente por medidas de segurança.
Figura 5-63- Planta baixa de um pavimento tipo
As empenas cegas, norte e sul, são revestidas com cerâmica em cor clara e as fachadas
maiores, leste e oeste, que possuem 101,05 m de comprimento, são vedadas com vidro de 8
mm temperado incolor e janelas do tipo basculante, com 70 cm de altura. As básculas são em
perfil metálico na cor cinza, abrindo para dentro e para fora da sala, na parte inferior e
superior do plano envidraçado, respectivamente.
Na fachada leste (Figura 5-64), recentemente, foi padronizada a película de controle solar
aplicada nos vidros. Essa, antes em diversas tonalidades, agora se apresenta espelhada. Já na
fachada oeste, ainda é possível observar películas fumês, espelhadas e opacas verdes. No que
se refere aos brises, somente no fim da década de 1970 foram acrescidos na fachada oeste,
pela empresa Irmãos Gravia (Figura 5-65).
Capítulo 5 98
Figura 5-64- Fachada leste (108º): película
espelhada
Figura 5-65- Fachada oeste (288º): brise-soleil
vertical
O brise-soleil vertical foi executado com chapa de aço galvanizada e pintura automotiva na
cor verde nilo, onde as lâminas verticais possuem 15 cm de profundidade, 3.5 cm de largura
na parte intermediária do perfil e altura variável
84
de acordo com o pavimento,
caracterizando-se como brise finito (Figura 5-66).
Figura 5-66- Detalhe do perfil do brise-soleil vertical e a angulação de abertura
As lâminas verticais são agrupadas de doze em doze em uma longarina metálica horizontal,
compondo a modulação possível de movimento, cuja angulação é de até 90 graus,
aproximadamente. Cada perfil de esquadria corresponde a um grupo de 12 lâminas, que giram
no sentido horário e anti-horário, conforme a necessidade (Figura 5-67e Figura 5-68).
O movimento é feito através do contato do usuário com as próprias lâminas verticais, via
basculante inferior (Figura 5-69). A distância entre o brise, quando totalmente aberto, e o
plano envidraçado é de 27,5 cm.
84
No térreo, as lâminas apresentam 2.66m de altura, enquanto que na sobreloja possui 2.26m e nos demais
pavimentos 2.73m, devido à diferença do pé-direito.
Capítulo 5 99
Figura 5-67- Planta baixa representativa da distribuição dos brises verticais
Figura 5-68- Corte AA do 3º ao 10º pavimento
85
Figura 5-69- Acesso aos brises pela janela
A manutenção do brise
86
é realizada pela empresa Ipanema, que lava e lubrifica mensalmente
o sistema de controle solar. Assim como no Anexo II da Câmara dos deputados, uma das
principais causas para o desgaste e danificação dos brises é a presença de pombos no local,
pois a acidez de seus excrementos corrói a estrutura metálica.
No que diz respeito ao ambiente interno, o mobiliário e as divisórias dos ambientes
apresentam-se na cor branco gelo, onde essas últimas possuem aberturas em vidro (1.20 m de
peitoril) direcionadas para o corredor principal, que são fechadas por persianas horizontais na
cor azul roial (Figura 5-70). Já na fachada leste e oeste, as persianas são verticais na cor cinza
e permanecem fechadas boa parte do tempo (Figura 5-71). O forro é branco e o piso vinílico
na cor verde claro.
85
O térreo e sobreloja são contados como 1º e 2º pavimento.
86
Os brises foram pintados no início de 2006.
Capítulo 5 100
O edifício encontra-se em reforma e o sistema de refrigeração está sendo renovado. Portanto,
é possível encontrar alguns splits, ar-condicionado central convencional e um de tecnologia
mais avançada, com saída de ar individual, que são controladas por sistemas de computador.
A iluminação artificial é obtida com lâmpadas fluorescentes, que funcionam em tempo
integral (Figura 5-72 e Figura 5-73).
Figura 5-70-Divisória do corredor central
Figura 5-71-Mobiliário interno
Figura 5-72- Ar-condicionado central, iluminação
artificial e persiana cinza
Figura 5-73- Condensadores dos splits na
fachada
5.2.3.2.A eficiência do brise-soleil
A. Controle solar
Na fachada oeste, há incidência do sol pela manhã a partir das 11h do mês de abril a meados
de agosto, aproximadamente. À tarde, o sol incide em todos os meses do ano, principalmente
no solstício de verão, onde o sol se põe após as 18h (Figura 5-74).
Embora no solstício de verão a fachada receba mais horas de radiação solar à tarde, os
maiores ganhos térmicos ocorrem no equinócio de primavera e solstício de inverno, visto que
Capítulo 5 101
as fachadas recebem radiação a partir das 11h, quando as temperaturas são mais elevadas do
que as do fim da tarde (Tabela 5-4).
Tabela 5-4- Radiação solar (Wh/m
2
) no plano vertical orientado para oeste
Radiação solar (Wh/m
2
)
87
Equinócio de
outono
(22/03)
Solstício de verão
(21/12)
Equinócio de
primavera
(22/09)
Solstício de
inverno
(21/06)
Fachada oeste
288º
2.899 2.085 4.338 4.360
Fonte: Programa Luz do sol (RORIZ, 1995)
Conforme foi verificado, a necessidade de sombreamento deve existir das 11h às 17h em
todos os meses do ano, com exceção de maio, junho e julho, que se inicia após as 12h (Figura
5-75). Dessa forma, para avaliar a eficiência do brise-soleil diante do período desejado,
considera-se a influência da edificação vizinha a oeste (75m de afastamento) no primeiro e
quinto pavimento (Figura 5-76 a 5-80), além da apreciação do décimo pavimento, onde não
há proteção de sombra.
Figura 5-74- Carta solar para fachada oeste
(288º).
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ,
1995)
Figura 5-75- Sobreposição da necessidade de
sombreamento à carta solar.
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ, 1995)
87
A radiação solar incidente foi calculada pelo programa Luz do Sol, utilizando-se os valores de nebulosidade
apresentados pelas Normais Climatológicas (1992).
Capítulo 5 102
Figura 5-76- Planta baixa representando ângulo
βd e βe para um observador no centro do edifício
Figura 5-77- Sombreamento gerado pelo edifício
vizinho a oeste.
Figura 5-78- Corte esquemático com ângulo α para um observador no primeiro e quinto pavimento
Figura 5-79- Máscara de sombra produzida pelo
edifício vizinho no primeiro pavimento da
edificação estudada.
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ, 1995)
Figura 5-80- Máscara de sombra produzida pelo
edifício vizinho no quinto pavimento da edificação
estudada.
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ, 1995)
βd=34º
βe=34º
α=25º
βd=34º
βd=34º
α=16º
βd
βe
Capítulo 5 103
Análise do brise-soleil no primeiro pavimento
Brise-soleil totalmente aberto
No térreo, a edificação vizinha é responsável pelo controle solar na fachada oeste do
Ministério do Meio Ambiente a partir das 15h45min no solstício de inverno, um pouco após
as 16h nos equinócios e em nenhum horário no solstício de verão.
O brise-soleil
88
, por sua vez, quando totalmente aberto, bloqueia a radiação solar até
13h30min no solstício de inverno, entre 11h45min e 12h30min nos equinócios e de 12h às
13h no solstício de verão, aproximadamente. Entre janeiro e fevereiro, o brise vertical
praticamente não exerce influência no controle solar e o intervalo de 13h30min às 16h
permanece sem proteção o ano inteiro (Figura 5-81 Figura 5-82).
Figura 5-81- Brise vertical com abertura total: βe e
βd= 42º
Figura 5-82- Máscara de sombra obtida pelo
brise vertical com abertura total.
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ,
1995)
Além da atuação exercida pelas lâminas frontais, a superfície envidraçada também é protegida
pelas lâminas superiores (Figura 5-83). O horário de proteção sobre a janela alta ocorre desde
o início da radiação solar na fachada até às 13h no solstício de inverno, 13h30min nos
equinócios e um pouco após as 14h no solstício de verão. Já sobre toda a superfície de vidro, a
influência das peças superiores é praticamente nula, existindo somente nas proximidades ao
meio-dia (Figura 5-84). Essa proteção se repete em todos os pavimentos, com exceção do
último.
88
A análise do brise vertical finito considera δ=o
o
para a parte inferior da janela, portanto, a representação os
desenhos é referente a proteção parcial. A janela superior é analisada isoladamente.
βd
βe
Capítulo 5 104
Figura 5-83- Influência das lâminas superiores
na esquadria do pavimento inferior às mesmas
Figura 5-84- Máscara de sombra obtida pelas
lâminas superiores: em verde, a proteção sobre a
janela alta (α=61º) e em roxo, o controle solar sobre
todo vidro (α=82º).
Adaptado do programa luz do sol (RORIZ, 1995)
Nota-se, portanto, que o brise com abertura total, mesmo com o auxílio do sombreamento do
edifício vizinho e das lâminas superiores, não exerce o controle solar adequado. A fachada
permanece sem proteção durante um bom período, sendo imprescindível o uso de cortinas
internas e o uso da iluminação artificial.
Inclinação de 45º no sentido horário
No caso dos brises inclinados 45º no sentido horário, existe bloqueio solar integral em todo
solstício de verão e nos meses de janeiro e novembro; nos equinócios, excluindo a proteção
exercida pelo edifício vizinho no fim do dia, a atuação do brise ocorre apenas próximo às 12h;
e no solstício de inverno entre 11h e 12h30min (Figura 5-85 e Figura 5-86).
Figura 5-85- Brise vertical inclinado 45º no sentido
horário: βd=66º e βe= 15º
Figura 5-86- Máscara de sombra obtida pelo
brise vertical inclinado 45º no sentido horário.
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ,
1995)
α=61º
d
β
e
α=83º
Capítulo 5 105
Inclinação de 45º no sentido anti- horário
Invertendo a inclinação do brise no sentido anti-horário inverte-se também o nível de
proteção. O solstício de verão fica praticamente sem controle solar ao passo que o solstício de
inverno ganha sombreamento durante todo o período necessário. Nos equinócios, o brise
funciona bem até 13h30min, permanecendo, aproximadamente três horas sem controle solar,
quando inicia o sombreamento pelo edifício a oeste (Figura 5-87 e Figura 5-88).
Figura 5-87- Brise vertical inclinado 45º no sentido
anti-horário: βd=15º e βe= 66º
Figura 5-88- Máscara de sombra obtida pelo
brise vertical inclinado 45º no sentido horário
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ,
1995)
Análise do brise-soleil no quinto pavimento
No quinto pavimento, o edifício vizinho bloqueia a radiação solar a partir das 16h30min no
solstício de inverno, nos equinócios, a partir das 17h, e, nos solstício de verão, em nenhum
momento.
Neste contexto, a eficiência do brise é semelhante à do primeiro pavimento, diferenciando
apenas a influência da edificação vizinha que se modifica, alterando a proteção solar no fim
do dia. Os horários sem controle solar aumentam e, portanto, serão maiores os intervalos de
desconforto térmico e a necessidade da utilização de luz e aclimatação artificiais, visto que os
brises permanecem fechados para bloquear a excessiva radiação solar (Figura 5-89).
d
β
e
Capítulo 5 106
Figura 5-89- Máscaras de sombra obtidas pelo brise vertical com: abertura total, inclinação de 45º no
sentido horário e 45º no sentido anti-horário, respectivamente. Em laranja, o sombreamento gerado pela
edificação vizinha a oeste.
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ, 1995)
Análise do brise-soleil no décimo pavimento
A edificação vizinha não exerce nenhuma interferência no décimo pavimento, vigorando
apenas a proteção do brise-soleil. Esta, como foi visto nas análises dos outros pavimentos, não
é adequada em alguns intervalos onde a radiação solar é intensa (Figura 5-90).
Com a abertura total dos brises, o período sem controle solar inicia-se a partir do meio dia em
outubro e fevereiro; depois de 13h em janeiro, abril, março, agosto, setembro e novembro; e a
partir de 13h30min, aproximadamente, em maio, junho, julho e dezembro.
Com inclinação de 45º no sentido horário, dos meses de março a setembro não há obstrução à
radiação solar a partir de 12h, havendo proteção somente a partir das 14h30min do mês de
outubro e fevereiro e durante e toda tarde em novembro, dezembro e janeiro.
Movendo as lâminas no sentido anti-horário, o período sem controle solar corresponde,
principalmente, ao intervalo das 15 h às 17h em todo ano, com exceção de maio, junho e
julho.
Figura 5-90- Máscaras de sombra obtidas pelo brise vertical com: abertura total, inclinação de 45º no
sentido horário e 45º no sentido anti-horário, respectivamente.
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ, 1995)
Capítulo 5 107
Os funcionários que ocupam este pavimento, portanto, sofrem mais com problemas de
desconforto térmico e lumínico, devido também à abertura superior que não apresenta
nenhum anteparo solar, como nos demais pavimentos. O fato de não haver resguardo acima
permite a entrada de sol na superfície envidraçada deste pavimento quando o sol está mais
alto (Figura 5-91 e Figura 5-92).
Figura 5-91- Corte 10º pavimento:janela
superior sem proteção
Figura 5-92- Intervalo em que não há proteção
no piso do 10º pavimento (83º) e na metade da
superfície envidraçada (69º), respectivamente.
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ,
1995)
B. Posição e dimensão
Observa-se que, mesmo com a interferência da edificação vizinha e dos brises superiores
sobre os inferiores, não há o controle solar necessário. Apenas o brise vertical móvel não
atende a necessidade de sombreamento, mesmo que o usuário modifique a posição das
lâminas ao longo do dia, nos meses de março, abril, maio, julho, agosto e setembro (Figura
5-93).
Esse episódio agrava-se principalmente no décimo pavimento, onde o brise vertical permite a
incidência da radiação solar na janela superior e no plano de vidro do pavimento.
O fato de o brise ser finito permite que o décimo pavimento seja prejudicado com maior
incidência de radiação solar.
α=83º
α
=
69
º
Capítulo 5 108
Figura 5-93- Sobreposição da máscara de sombra dos brises rotacionados no sentido horário, durante o
solstício de verão, e no sentido anti-horário, no solstício de inverno.
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ, 1995)
C. Mobilidade, uso e manutenção
Segundo os usuários entrevistados e conforme foi comprovado em visita ao local, o brise
apresenta-se pesado e de difícil manuseio, uma vez que o acesso às lâminas é feito pela janela
inferior.
Além da insegurança, provocada pela necessidade do usuário se alongar para fora da janela a
fim de movimentar o sistema, a própria janela, em muitos casos, apresenta-se encoberta por
armários ou painéis componentes do mobiliário (Figura 5-94 e Figura 5-95). Nestes casos, não
é possível a movimentação das lâminas, cuja posição só é alterada nas manutenções.
A manutenção, por sua vez, é dificultada pela ausência de uma passarela entre os brises e a
fachada, assim como a posição da janela. Essa impede a lubrificação e reposição de certas
peças, onde o acesso não é possível, sendo necessária a montagem de andaimes externos e,
portanto, uma demora na prestação do serviço.
βe=15º
βd=15º
Capítulo 5 109
Figura 5-94- Acesso ao brise
obstruído pelo mobiliário em
frente à janela inferior
Figura 5-95- Armários impedindo o acesso à barra de
comando
Neste contexto, as persianas internas permanecem fechadas durante toda tarde nas salas onde
o brise apresenta-se totalmente aberto, a fim de controlar a radiação solar e principalmente o
reflexo nos computadores. Isso é verificado, inclusive, nas salas que sofrem influência da
caixa da escada de incêndio acrescida posteriormente à edificação.
D. Posicionamento do brise em relação ao alinhamento da fachada
O brise-soleil utilizado no Ministério do Meio Ambiente mantém um afastamento de 27.5 cm
da superfície envidraçada, quando as lâminas estão totalmente abertas. Essa distância é
favorável, visto que permite a circulação dos ventos ao longo da fachada e, portanto, o
resfriamento da superfície por convecção e a retirada do calor antes que esse atinja o plano
vertical (Figura 5-96).
Já no interior das salas, a ventilação natural ao nível do usuário é praticamente inviável, visto
que a janela inferior possui um vão de 70 cm do chão e não existem saídas de ar nas divisórias
que dão acesso ao corredor. Fato agravado também pela distribuição de divisórias internas,
que dificultam ainda a distribuição da iluminação natural nos demais espaços.
Deve-se destacar a grande quantidade de janelas superiores que se encontram danificadas ou
impossibilitadas de uso devido ao novo mobiliário, que torna inviável a utilização da
manivela de comando da janela e a conseqüente abertura para ventilação.
ARMÁRIOS
NA FRENTE
DAS
JANELAS
PAINEL DO
MOBILIÁRIO
CAIXA DA
ESCADA
Capítulo 5 110
Figura 5-96- Vista através da janela do quinto pavimento para o nível da rua: desobstrução entre
os brises e a superfície envidraçada
E. Características dos materiais
89
O brise possui acabamento em esmalte sintético na cor verde nilo
90
que apresenta
emissividade (ε) de 0,95 e absortância (α) entre 0,5 e 0,70. Neste âmbito, como a pintura está
conservada, a cor absorve 50% do calor recebido e reflete 50%, representando um valor
aceitável se comparado com uma superfície verde escura, por exemplo, cuja absortância é
0,75; e elevada porcentagem de emissividade, se confrontada com o alumínio, cujo valor é
entre 0,4 e 0,6.
A alta emissividade é atenuada pelo espaçamento existente entre brise e superfície
envidraçada, que permite a circulação do vento, dissipando o calor irradiado pelas lâminas.
O aço, como já apresentado no Anexo II da Câmara, apresenta condutividade térmica
aceitável.
F. Sugestões corretivas
Concluída a análise, percebe-se que o brise vertical finito não atende à necessidade de
sombreamento em alguns meses, sendo necessário o fechamento total das lâminas ou das
89
Os valores dos coeficientes foram obtidos por meio de Frota (2000) e Corbella (2003).
90
Como não foram encontrados valores para a cor específica, adotou-se os valores da cor verde claro.
JANELA
ESPAÇO
DESOBSTRUÍDO
Capítulo 5 111
cortinas internas para evitar a radiação solar e conseqüentemente os ganhos térmicos e
problemas de iluminação excessiva.
O brise horizontal apresenta-se como a tipologia mais adequada para o controle solar da
fachada, devendo-se considerar a interferência da edificação vizinha sobre o edifício
estudado.
Dessa forma, dentre várias especificações possíveis que podem atender as angulações
exigidas, apresenta-se uma opção de brise horizontal móvel, com tratamento diferenciado por
pavimento, afastado 60 cm da fachada (Figura 5-97). Esse distanciamento tem como
finalidade gerar espaço para a instalação de uma passarela metálica, tipo grelha, visando
facilitar a manutenção do brise-soleil, oferecer maior segurança ao usuário e permitir a
ventilação entre os pavimentos.
Figura 5-97- Planta baixa com representação do brise horizontal, afastado 60 cm da fachada
Propõe-se o brise-soleil móvel devido aos raios solares serem praticamente perpendiculares à
fachada e a dificuldade em protegê-la à tarde, uma vez que pela manhã a radiação é difusa.
Neste sentido, no térreo, onde o sombreamento do prédio vizinho é maior, as lâminas devem
ser posicionadas com uma angulação de 25º entre as mesmas e a superfície envidraçada
(Figura 5-98 e Figura 5-98), devendo-se reduzir para 16º no quinto pavimento (Figura 5-100 e
Figura 5-101).
Capítulo 5 112
Figura 5-98- Corte AA no térreo, representando a
angulação adequada para as lâminas do brise-soleil
Figura 5-99- Máscara de sombra gerada pelo
brise horizontal proposto para o térreo
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ,
1995)
Figura 5-100- Corte AA no 5º pavimento,
representando a angulação adequada para as lâminas
do brise-soleil
Figura 5-101- Máscara de sombra gerada pelo
brise horizontal proposto para o térreo
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ,
1995)
O brise se estende por toda fachada, inclusive na janela superior do décimo pavimento, que
não possui proteção na situação atual. Neste pavimento, os brises ficarão bem próximos uns
dos outros, com ângulo α de 10º entre as lâminas e a superfície envidraçada, visto que, não
sofrem influência do edifício vizinho (Figura 5-102 e Figura 5-103).
α=25º
α
=16 º
Capítulo 5 113
Figura 5-102- Corte AA no 10º pavimento,
representando a angulação adequada para as
lâminas do brise-soleil
Figura 5-103- Máscara de sombra gerada pelo
brise horizontal proposto para o térreo
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ,
1995)
A movimentação das lâminas deve ocorrer em grupos que correspondam à área de uma única
sala, de preferência, com diferenciação por andar. Almeja-se facilitar o dia-a-dia dos usuários,
assim como dar maior individualidade para cada sala.
No que se refere à característica dos materiais, pode-se manter a mesma cor, para conservar a
leitura visual existente e a idéia inicial do arquiteto. No entanto, a fim de obter-se uma melhor
visão interior-exterior, sugere-se aplicar a chapa de aço perfurada, como indicado no edifício
do Anexo I do Senado.
Não é o foco deste trabalho, mas é conveniente a substituição da janela basculante baixa por
um modelo do tipo guilhotina ou mesmo pivotante no nível do plano de trabalho, como as
janelas em vidro temperado oferecidas pela empresa Reiki
91
, que são bastante discretas. Com
esse sistema não há interferência na fachada, sendo mantida a mesma distribuição dos perfis
metálicos, além de haver uma melhora no nível de ventilação na altura de conforto do
funcionário (Figura 5-104 e 5-105).
91
http://www.reiki-indl.com.br/. Acesso em 28/11/2006.
α=10
º
Capítulo 5 114
Figura 5-104- Corte esquemático representando possibilidade de ventilação cruzada
Figura 5-105- Sistema Screen glass, Reiki
fonte: http://www.reiki-indl.com.br/index.php
A ventilação cruzada torna-se possível com aberturas superiores nas divisórias ao longo do
corredor central, para aproveitar nas salas de oeste os ventos predominantes vindos do leste.
Essa solução pode acarretar problemas acústicos.
É necessário destacar a importância da redistribuição dos móveis no layout das salas, de modo
a desobstruir o acesso às janelas e, consequentemente, aos brises, no caso de uma
manutenção; assim como a retirada das diversas películas existentes e a aplicação de persianas
internas em cor clara para auxiliar nas questões lumínicas.
5.2.4. Estudo de caso 4: Anexo do Ministério da Saúde - Fachada Leste e brise-soleil
misto
5.2.4.1.Caracterização do edifício e elemento de controle solar
O Anexo do Ministério da Saúde teve seu projeto elaborado pelo arquiteto Oscar Niemeyer
em 1976. O edifício apresenta formato de “H”, cujas fachadas maiores (101.30m de
Capítulo 5 115
comprimento) são orientadas para leste e oeste. Nessas encontram-se distribuídos os
escritórios que possuem acesso pelos corredores centrais, onde as separações são feitas por
divisórias de piso a teto (Figura 5-106).
A estrutura do edifício em concreto se apresenta revestido de mármore branco, nas fachadas
norte e sul, e aparente na orientação leste e oeste, constituindo o brise existente. Nestas
últimas, o concreto domina a leitura visual do edifício juntamente com vidro (Figura 5-107).
Foi utilizado vidro temperado de 8 mm com película fumê e pequenas janelas pivotantes (0.40
x 1.56m) nos vãos envidraçados, localizadas a 84 cm do piso pronto (Figura 5-108).
Figura 5-106- Planta baixa de um pavimento tipo
Figura 5-107- Fachada leste (108º): brise misto e vidro
fumê
Figura 5-108- Detalhe da janela
Capítulo 5 116
O brise é composto de peças verticais e horizontais distribuídas em formato de colméia, de
modo que os vãos de abertura afunilam de 3.30m para 2.15m (de cima para baixo) e de 3.59m
para 2.50m (da superfície externa para a interna), respectivamente, nas proximidades da
superfície envidraçada. As peças possuem 1,00m de profundidade e estão a 58 cm do plano
das esquadrias (Figura 5-109 a 5-111).
Figura 5-109- Planta baixa, representando a distribuição dos brises
Figura 5-110- Corte AA
Figura 5-111- Detalhe do brise-soleil misto
Não existe uma manutenção periódica do brise, ocasionando o desgaste das propriedades
térmicas do concreto, no decorrer do tempo.
No que diz respeito ao ambiente interno, o mobiliário e as divisórias internas apresentam-se
na cor branco gelo, o forro é branco, o piso vinílico na cor bege e as cortinas são em tecido, na
cor creme (Figura 5-112 e Figura 5-113). O resfriamento é feito com central de ar-
condicionado e split, e a iluminação com lâmpadas fluorescentes, que funcionam o dia inteiro.
Capítulo 5 117
Figura 5-112-Divisória do corredor
central
Figura 5-113-Mobiliário interno, forro e cortinas
5.2.4.2.A eficiência do brise-soleil
A. Controle solar
Na fachada leste, o sol incide por toda manhã das 6h30min às 11h no solstício de inverno; de
6h às 11h40min no equinócios e de 5h30min às 12h, aproximadamente, no solstício de verão
(Figura 5-114). Os maiores ganhos térmicos são verificados no equinócio de primavera e no
solstício de verão (Tabela 5-5).
As temperaturas são mais amenas pela manhã e, portanto, a necessidade de sombreamento
ocorre a partir das 11h, principalmente, conforme constatado no capítulo 2 (Figura 5-115).
Figura 5-114- Carta solar para fachada leste (108º).
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ, 1995)
Figura 5-115- Sobreposição da necessidade de
sombreamento à carta solar.
Adaptado do Programa Luz do Sol
(RORIZ,1995)
Capítulo 5 118
Tabela 5-5- Radição solar (Wh/m
2
) no plano vertical orientado para leste
Radiação solar (Wh/m
2
)
92
Equinócio de
outono
(22/03)
Solstício de verão
(21/12)
Equinócio de
primavera
(22/09)
Solstício de
inverno
(21/06)
Fachada leste
108º
2.391 2.574 3.556 2.327
Fonte: Programa Luz do sol (RORIZ, 1995)
O brise misto ocupa 100% da fachada leste e por ser fixo não oferece diversidade de uso,
devendo o usuário utilizar as cortinas internas para atender as suas necessidades. A proteção
efetiva do elemento de controle solar ocorre das 9h40min às 11h no solstício de inverno, a
partir das 9h50min nos equinócios e depois de 10h no solstício de verão (Figura 5-116).
Figura 5-116- Máscara de sombra obtida pelo brise misto, onde βd=βe=75
o
e α=62
o
.
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ, 1995)
B. Posição e dimensão
O elemento vertical que compõe o sistema de brise misto não exerce muita influência na
proteção solar, de modo que apenas o horizontal já seria suficiente para atender a necessidade
de sombreamento exigida. No entanto, como o sol é praticamente perpendicular à fachada, a
radiação solar a partir das 9h pode ocasionar problemas de iluminação excessiva
93
, devendo
existir uma proteção extra para esse horário.
92
A radiação solar incidente foi calculada pelo programa Luz do Sol, utilizando-se os valores de nebulosidade
apresentados pelas Normais Climatológicas (1992).
93
A partir desse horário são verificados altos valores de iluminâncias.
β
e
βd
α
Capítulo 5 119
C. Mobilidade, uso e manutenção
Devido ao fato de o brise ser fixo, não são constatados problemas de uso, apenas com relação
à manutenção, uma vez que não é freqüente a limpeza da fachada. Isso ocasiona o desgaste do
concreto aparente devido ao acúmulo de sujeiras e, portanto, as alterações das suas
características e propriedades térmicas.
Verificou-se entre os funcionários, inclusive engenheiros e arquitetos, o desconhecimento
sobre a função do elemento como protetor solar. O mesmo é considerado apenas componente
estético da fachada.
D. Posicionamento do brise em relação ao alinhamento da fachada
O brise-soleil existente apresenta-se afastado 58 cm da superfície envidraçada, no entanto, o
prolongamento da laje impede a circulação dos ventos entre os pavimentos (Figura 5-117).
Figura 5-117- Circulação existente entre o brise e a superfície envidraçada: prolongamento da laje
A ventilação interna também é dificultada devido à ausência de aberturas para saída do ar nas
divisórias de piso a teto.
E. Características dos materiais
O brise foi executado em concreto aparente que apresenta emissividade (ε) de 0,90 e
absortância (α) entre 0,70 e 0,80. Neste âmbito, a cor absorve 70% do calor recebido,
representando um valor alto se comparado com uma superfície branca, por exemplo, cuja
LAJE PROLONGADA
Capítulo 5 120
absortância é 0,30; e elevada porcentagem de emissividade se confrontada com o alumínio,
cujo valor é entre 0,4 e 0,6.
O concreto, no entanto, apresenta baixa condutividade térmica (λ), 1.50 W/mK, e, portanto,
um atraso na condução do calor, principalmente devido a espessura das peças.
F. Sugestões corretivas
Constatou-se que o brise misto atende a necessidade de sombreamento exigida. Mesmo diante
disso, almejando oferecer a melhor qualidade ambiental possível, sugere-se a aplicação de
lâminas horizontais, em vidro refletivo
94
metalizado prata, com 15 cm de largura, a serem
encaixadas nas colméias
95
(Figura 5-118 e Figura 5-119), a fim de reduzir os possíveis
inconvenientes de iluminação excessiva, principalmente nos meses em que a nebulosidade é
menor e o céu está mais claro.
Figura 5-118- Lâminas em vidro refletivo metalizado
prata, onde α=45
ο
Figura 5-119- Máscara de sombra gerada pelo
brise horizontal proposto.
Adaptado do Programa Luz do Sol (RORIZ,
1995)
Propõe-se também a substituição do vidro fumê por um vidro refletivo, devido ao melhor
desempenho das propriedades térmicas e lumínicas (SANTOS et al 2004; CARAM &
MIANA, 2006), e as cortinas por persianas, a fim proporcionar ao usuário uma maior
interação no ambiente de trabalho, respectivamente, e assim alcançar seu conforto com mais
facilidade.
94
O vidro refletivo metalizado à vácuo prata apresentou bons resultados nos teste realizados por Caram & Miana
(2006), comparando-se a outros brises de materiais transparentes.
95
Outra solução seria aplicação de painéis prismáticos que contribuiriam para uma melhor distribuição da
luminosidade no interior das salas.
β
e
d
α
Capítulo 5 121
Outra solução para o conforto ambiental seria a existência de ventilação cruzada, conforme
foi proposta para o Ministério do Meio Ambiente, também aplicável neste edifício, tanto no
que diz respeito à opção de abertura do vidro como as novas esquadrias nos corredores.
E por fim, enfatiza-se a importância da limpeza da fachada almejando manter as
características do concreto aparente e, conseqüentemente, um melhor desempenho térmico.
Capítulo 6 122
CAPÍTULO 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
6.1. CARACTERIZAÇÃO DAS FACHADAS
Conforto é obtido quando o homem não está submetido a fadiga ou estresse, inclusive
térmico, mesmo diante de diversas variáveis. Entre essas, a radiação solar é considerada a de
maior impacto, devido à capacidade de aquecer mais ou menos a edificação, conforme o
acabamento superficial da mesma ou outros fatores, como orientação, área de envidraçados,
etc.
Nesse contexto, as superfícies horizontais e as envolventes verticais, por meio de seus
fechamentos opacos e transparentes, são os responsáveis imediatos pela sensação de conforto
do usuário no ambiente. Uma maior porcentagem de fechamento transparente na fachada, por
exemplo, acarreta maiores ganhos térmicos, problemas acústicos, luminosidade excessiva,
além de obrigar o aumento do dimensionamento do ar-condicionado e, consequentemente,
maior consumo energético. Cabe ressaltar que o entorno tem uma importante participação
nesse processo, de acordo com a absorção e reflexão dos materiais utilizados nos edifícios
vizinhos, pavimentação do solo, etc.
A fim de evitar esses inconvenientes, devem-se respeitar as condições climáticas locais,
decidindo sobre a melhor forma, altura, orientação, material de revestimento das fachadas,
tipo de aberturas e os elementos de controle solar que sejam mais adequados ao lugar.
Dentre as variáveis arquitetônicas citadas, os elementos de controle solar têm a função de
controlar, barrar e/ou distribuir a radiação, melhorando as condições térmicas, lumínicas e
visuais no interior do edifício. Caso esses elementos sejam externos, o desempenho é mais
favorável, uma vez que a radiação é absorvida antes de penetrar no recinto, resultando em
menor quantidade de calor recebido.
Um exemplo de elemento de controle externo é o brise-soleil, que, embora seja utilizado
muitas vezes por questões estéticas, reduz significativamente os ganhos térmicos quando bem
especificados. Para o projeto de um brise-soleil eficiente, considera-se o clima, assim como o
período de sombreamento necessário, por meio do estudo da carta solar, para então definir a
posição, dimensão, mobilidade, forma de uso e manutenção, posicionamento em relação á
fachada e os melhores materiais a serem utilizados.
Capítulo 6 123
No caso de Brasília, cujo clima é caracterizado como Tropical de Altitude, após um estudo do
mesmo, verificou-se que utilizando apenas técnicas passivas obtém-se conforto, de modo que
o período em que o sombreamento é exigido estende-se somente das 11h às 17h em janeiro,
fevereiro, março, abril, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro; e das 12h às 17h
em maio e julho, e das 13h às 16h em junho, meses mais frios do ano.
Mesmo diante desses dados favoráveis em relação ao clima, muitos usuários sofrem com
problemas de desconforto, seja por excesso de frio ou calor. Isso se deve as transformações
sofridas nos edifícios, de um modo geral, ao longo dos anos, como a substituição das paredes
de alvenaria por peles de vidro, com função apenas de vedação, possibilitada graças aos
avanços tecnológicos. A aplicação do vidro em grande escala, dentre outras soluções, passou
a ser aplicada independente do clima em que os edifícios estivessem inseridos.
Isso pôde ser constatado através do levantamento realizado nos 138 edifícios de escritórios
públicos localizados nas escalas Gregária e Monumental do Plano Piloto de Brasília, no qual
se verificou a adoção de mesmas soluções em diversos edifícios, que são, em alguns casos,
inadequadas.
Os problemas iniciam-se pela orientação das edificações, cujas fachadas maiores do volume
retangular predominante são orientadas para leste e oeste, onde são registrados os maiores
ganhos térmicos e mais difíceis de controlar.
Esse fato é acentuado pela utilização excessiva de vidros nas superfícies externas, mesclados
em pequenas partes com concreto e pedras, que apresentam muitas vezes coloração como
artifício para controle solar, impedindo a passagem de luz natural e aumentando as
temperaturas internas.
No que diz respeito ao controle solar, um número significativo de edifícios apresenta algum
tipo de elemento, no entanto, como a maioria apresenta mais de duas fachadas envidraçadas,
observou-se que um pouco mais da metade dessas fachadas apresentam algum tipo de
controle solar.
É importante destacar que a fachada oeste é a mais protegida e o brise-soleil é o elemento
mais utilizado. Contudo, esse é aplicado independentemente da orientação da superfície,
apresentando-se impróprios em muitas situações. O brise vertical, por exemplo, predomina
em todas as orientações, com exceção da fachada leste.
A situação agrava-se com a ausência de mobilidade nos brises, em sua maioria, pois onde essa
existe, os usuários têm a possibilidade de fechá-los nos horários mais incômodos. Em
Capítulo 6 124
contrapartida, com isso há a utilização constante da iluminação artificial e aparelhos de ar-
condicionado como forma de controle ambiental.
Todavia, os dispositivos artificiais são utilizados frequentemente de forma independente dos
brises devido a vários motivos, tais como: as janelas existentes não contribuem muito para o
aproveitamento da ventilação, já que as tipologias predominantes (basculante e máximo-ar)
apresentam pequenas porcentagens de abertura; a organização do layout com divisórias que,
muitas vezes, impedem que a iluminação natural chegue a algumas salas; e também devido à
questões como reflexos nos computadores que obrigam o usuário a fechar as cortinas, etc.
Nota-se que na amostra observada, em muitos casos, faltou um estudo sobre o que seria mais
adequado para as fachadas, considerando as questões climáticas e os requisitos para obtenção
de conforto ambiental para o usuário.
6.2. ESTUDO DE CASOS
Tomando-se os edifícios específicos, cujos brises foram avaliados individualmente, verifica-
se a similaridade entre as especificações. As dimensões e espaçamentos combinados resultam
em ângulos de proteção semelhantes, mesmo as orientações sendo díspares, como no caso das
fachadas sul, norte e oeste, que apresentam brise-soleil vertical.
Dessa forma, com a dita especificação, o brise na fachada sul do Anexo II da Câmara dos
Deputados cumpre sua função no período de sombreamento desejado, embora a configuração
pudesse ser diferente para facilitar o manuseio e melhorar a iluminação natural no interior. Na
fachada norte do Anexo I do Senado, no entanto, mesmo que o usuário modifique a posição
das lâminas ao longo do dia, ainda existirão horários sem a devida proteção.
Isso é comum também ao brise vertical aplicado na fachada oeste do Ministério do Meio
Ambiente, mesmo com o sombreamento gerado pela edificação vizinha. Já na fachada leste
do Anexo do Ministério da Saúde, o brise misto atende o intervalo de controle solar exigido.
Apesar disso, como a radiação é praticamente perpendicular à fachada, torna-se necessário um
elemento extra que atue num intervalo mais extenso.
No que diz respeito à mobilidade desses elementos, no Anexo II da Câmara e no Ministério
do Meio Ambiente, os mesmos apresentam-se pesados e de difícil manuseio, devido à grande
quantidade de peças danificadas ou à impossibilidade de uso, graças à disposição do
Capítulo 6 125
mobiliário. No Anexo I do Senado, além das peças danificadas, acrescenta-se a ausência de
peças para repor as células fotoelétricas. Vale ressaltar também os inconvenientes causados
pela movimentação de 37 lâminas simultaneamente, uma vez que corresponde ao espaço de
duas salas distintas e, portanto, necessidades diferentes.
Os usuários dos edifícios estudados reclamam da demora na manutenção, que é dificultada
pelos acessos às lâminas que se dá pela janela basculante inferior, por onde se chega a uma
passarela muitas vezes estreita, como no caso do edifício do Anexo I do Senado, ou
inexistente, como no Ministério do Meio Ambiente. Esse caso torna perigoso inclusive a
interação do usuário com as lâminas.
Referindo-se ao posicionamento do brise em relação à fachada, todos os elementos
apresentam-se afastados com espaçamento mínimo de 27,5 cm e máximo de 110 cm, que são
preenchidos por passarelas, com exceção do Ministério do Meio Ambiente. Essas, no entanto,
são sólidas, sejam metálicas ou em concreto, impossibilitando a livre circulação do ar ao
longo da fachada e o resfriamento da mesma, por meio da retirada do calor que atravessou o
brise.
Quanto ao calor absorvido pelos brises, verificou-se que no Anexo II da Câmara a cor
utilizada contribui para uma maior absorção do calor, devido a sua alta absortância. O mesmo
não ocorre com os brises do Anexo I do Senado e Ministério do Meio Ambiente, cujas
propriedades da cor e do material contribuem até mesmo na iluminação interna. O brise-soleil
do Anexo do Ministério da Saúde tem um melhor ou pior desempenho dependendo da
manutenção de limpeza do material.
Partindo da análise e das deficiências encontradas foram feitas propostas para melhoria dos
brises existentes, que são apresentadas na tabela abaixo:
Tabela 6-1- Propostas sugeridas para os estudos de caso
EDIFÍCIO PROPOSTAS BENEFÍCIOS
ANEXO I DO SENADO
Aplicar brise-soleil
horizontal fixo
Controla a radiação solar
no período necessário
Pemite a incidência da
radiação solar no
Solstício de Inverno,
onde as temperaturas são
mais baixas e necessita-
se de aquecimento solar
passivo
Amplia o espaçamento
Capítulo 6 126
EDIFÍCIO PROPOSTAS BENEFÍCIOS
entre as lâminas,
melhorando a
distribuição da
iluminação interior,
assim como a visão
interior-exterior
Substituir a passarela
existente por uma
metálica, tipo grelha,
com 60 cm de
profundidade
Facilita a manutenção
dos brises
Possibilita a ventilação
vertical ao longo da
fachada e a retirada do
calor das superfícies por
meio da convecção
Manter o material
existente ou utilizar
chapa de aço perfurada
Permite o controle da
radiação solar, a
ventilação através da
lâmina, a visão interior-
exterior, assim como a
diminuição de riscos de
ofuscamentos
ANEXO II DA CÂMARA
DOS DEPUTADOS
Manter brise-soleil
vertical móvel,
aumentando o
espaçamento entre as
lâminas e fixando a
rotação no sentido anti-
horário
Permite uma melhor
distibuição da iluminação
natural no fundo das
salas, assim como a
aumenta a visão interior-
exterior
Ocorre a redução do
número de lâminas de 11
para 8 em uma mesma
longarina, diminuindo o
peso do sistema
Subtituir a estrutura
metálica superior por
pérgulas e a estrutura
intermediária por um tipo
grelha
Colabora no controle
solar
Permite a circulação dos
ventos no sentido vertical
e a retirada do calor das
superfícies externas por
convecção
Substituir a cor verde
colonial dos brises pelo
amarelo utilizado no
Anexo IV da Câmara dos
Deputados
Reduz a abosorção da
radiação solar e aumenta
a reflexão
Melhora a distribuição da
iluminação no interior e
mantém diálogo com a
construção existente
Substituir o vidro fumê
por vidro transparente
Melhora a iluminação no
interior das salas
Capítulo 6 127
EDIFÍCIO PROPOSTAS BENEFÍCIOS
ANEXO II DA CÂMARA
DOS DEPUTADOS
Elaborar cartilha
informativa sobre os
brises
Conscientiza os
funcionários sobre o
correto uso do brise e
consequente diminuição
dos riscos de danos por
mal uso
Reduzir o prazo de
manutenção
Facilita o manuseio
Melhorar layout Desobstrui as janelas de
acesso à manivela dos
brises
MINISTÉRIO DO MEIO
AMBIENTE
Aplicar brise-soleil
horizontal móvel,
extendendo-se por toda
fachada
Permite que os brises
fiquem aberto pela
manhã, quando a
radiação é difusa e sejam
posicionados nas
angulações indicadas à
tarde, quando a raiação é
praticamente
perpendicular a fachada
Controle solar eficiente
em toda superfície
envidraçada, inclusive no
décimo pavimento
Utilizar passarela
metálica, tipo grelha,
com 60 cm de
profundidade
Oferece segurança ao
usuário
Facilita a manutenção
dos brises
Permite a ventilação
vertical ao longo da
fachada e a retirada do
calor das superfícies por
convecção
Aplicar chapa de aço
perfurada nas lâminas
Possibilita ventilação
através da lâminas
Permite visão interior-
exterior mesmo quando
as lâminas estão fechadas
Substituir janela
basculante inferior por
janela pivotante em vidro
temperado
Melhora a ventilação na
altura de conforto dos
funcionários
Oferece segurança e
facilidade no acesso aos
brises
Executar aberturas
superiores nas divisórias
de acesso ao corredor
principal
Permite ventilação
cruzada, aproveitando
nas salas de oeste os
ventos vindos de leste
Capítulo 6 128
EDIFÍCIO PROPOSTAS BENEFÍCIOS
Melhorar layout Desobstrui as janelas de
acesso à manivela dos
brises
ANEXO MINISTÉRIO DA
SAÚDE
Aplicar lâminas
horizontais em vidro
refletivo metalizado prata
Reduz os possíveis
incovenientes de
iluminação excessiva,
principalmente nos meses
em que a nebulosidade é
menor e o céu está mais
claro
Substituir o vidro fumê
por vidro transparente
Melhora a iluminação no
interior das salas
Executar aberturas
superiores nas divisórias
de acesso ao corredor
principal
Permite ventilação
cruzada, aproveitando
nas salas de oeste os
ventos vindos de leste
Limpar contantemente a
fachada
Garante a manutenção
das caracteríticas do
concreto aparente
Cabe advertir que as sugestões para melhoria dos brises são apenas idéias do que pode ser
feito, tendo em vista que, uma mesma máscara de sombra pode resultar em diversas
configurações de brise-soleil, sendo importante apenas manter os ângulos de controle solar
indicados. As propostas tentaram, onde foi possível, não fugir da idéia inicial do arquiteto, no
que diz respeito as cores e materiais, que foram alterados somente quando não apresentaram
bons resultados.
Buscou-se limitar as propostas apenas ao brise-soleil, visto que esse é o foco do trabalho.
Foram feitas breves observações sobre outros assuntos apenas quando foi extremamente
necessário e possível, como a questão da ventilação
96
no Ministério do Meio Ambiente e a
substituição do vidro fumê no Anexo do Ministério da Saúde, devido ter um baixo
desempenho diante de outros vidro.
96
No edifício do Anexo I do Senado e Anexo II da Câmara dos Deputados não foi possível apresentar propostas
de ventilação cruzada devido ao layout interno existente.
Capítulo 6 129
6.3. SUBSÍDIOS PARA ELABORAÇÃO DE DIRETRIZES DE NOVOS BRISE-SOLEILS
Nesse contexto, baseando-se nos estudo de casos, sugerem-se alguns subsídios a fim de se
obter um brise-soleil eficiente para o contexto climático de Brasília, considerando que
diversos edifícios apresentam as mesmas orientações estudadas.
Para o controle solar e posição do brise
97
, seguem-se os dados da tabela abaixo:
Tabela 6-2- Subsídios para elaboração de especificações para brises
FACHADA
NECESSIDADE DE
SOMBREAMENTO
CONTROLE SOLAR
POSIÇÃO DO
BRISE
SUL (198º)
Brise vertical, com
auxílio de um
anteparo horizontal
(passarela)
βd=βe=50º
α=85º
NORTE
(18º)
Brise misto ou
horizontal
βd=βe=76º
α=50º
OESTE
(288º)
Brise horizontal
α=10º
97
Os brises propostos são considerados infinitos, visto que, as fachadas dos edifícios, geralmente e conforme
verificado no levantamento, possuem grandes superfícies envidraçadas.
Capítulo 6 130
LESTE
(108º)
Brise horizontal
α=45º
Os brises podem ser móveis ou fixos desde que atendam ao período de sombreamento
requerido. No caso de brise-soleil móvel manual, deve-se ter cuidado em especificar barras de
comando com fácil acessibilidade, que movimentem poucas lâminas simultaneamente, a fim
de evitar que o sistema fique pesado, principalmente se as peças forem altas (grande
comprimento).
Para agrupar as lâminas possíveis de movimento, deve-se considerar o tamanho mínimo para
uma sala, a fim de oferecer brises individualizados. Assim, se, com o decorrer do tempo e
com o surgimento de novas necessidades, houver mudanças na posição das divisórias, o risco
de ocorrer duas salas com um mesmo brise será menor. Os arquitetos devem ficar atentos na
distribuição das divisórias, assim como na organização do layout, evitando mobiliário
próximo às janelas ou áreas de acesso às lâminas.
O acesso ao brise-soleil, por sua vez, deve ser fácil e seguro. Sugere-se a utilização de
passarela vazada, localizada entre a superfície envidraçada e o quebra-sol, com profundidade
mínima de 60 cm. Dessa forma, esse elemento oferece segurança ao usuário, facilita a
manutenção das peças danificadas, assim como permite a circulação do ar.
Os brises devem ser executados com materiais que absorvam pouca radiação, refletindo uma
porcentagem maior do mesmo. De preferência, devem ser pintados em cor clara
98
para
contribuir em melhores condições térmicas e na distribuição homogênea da luz natural no
interior. Entre os materiais dos brises estudados, pode-se citar o brise com preenchimento em
poliuretano na cor cinza, que retarda a condução do calor absorvido através da lâmina, graças
às suas propriedades. A chapa perfurada é outra opção interessante, visto que também barra a
radiação, permite ainda a ventilação através das lâminas e mantém a visão interior-exterior,
mesmo quando fechadas.
98
Evitar branco devido aos possíveis problemas, como o ofuscamento.
Capítulo 6 131
É oportuna a utilização de persianas internas para complementar a atuação do brise-soleil e
proporcionar ao usuário uma maior flexibilidade para obtenção de conforto.
6.4. CONCLUSÕES
Embora alguns exemplos aqui explorados não tenham apresentado resultados satisfatórios
diante do sombreamento exigido, é importante ressaltar que não se deve atribuir os problemas
de imediato ao arquiteto, uma vez que o mesmo encontra, muitas vezes, obstáculos como
verbas e prazos curtos para elaboração do projeto.
Vale enfatizar que, após a realização do levantamento de campo, verificou-se que alguns
edifícios localizados nas áreas estudadas tiveram brises acrescentados nas suas fachadas,
como o edifício da Petrobrás. Nesse foi adotado, nas fachadas norte e sul, o celoscreen,
comercializado pela Hunter Douglas.
Descobriu-se também uma nova função para o brise-soleil, além das já citadas, incluindo a
função estética: a utilização do brise-soleil como elemento de propaganda, segundo foi
observado no edifício do Banco de Brasília, do Setor Bancário Sul (Figura 6-1).
Figura 6-1- Edifício do Banco de Brasília e a comemoração pelos 40 anos.
Capítulo 6 132
Nota-se, portanto, que as informações contidas neste trabalho devam passar por atualizações
constantes, uma vez que as modificações nas fachadas e nos elementos de controle solar,
como acréscimo ou até substituições dos mesmos, podem ocorrer a qualquer momento, desde
que haja intenção em melhorar as condições de conforto ou apenas visuais.
Além de atualizações dos dados, este trabalho pode ter seqüência com simulações
computacionais sobre a realidade dos brises avaliados, no que diz respeito às questões
térmicas e lumínicas. É conveniente também o desenvolvimento de estudos sobre o
desempenho de possíveis materiais a serem aplicados nos brises, diante de tantas inovações
tecnológicas para equilibrar o ingresso de luz natural e calor solar nas edificações.
Outro caminho a ser seguido é referente a um estudo mais aprofundado com os usuários e a
percepção dos mesmos diante das condições de conforto no ambiente de trabalho, inclusive
no que diz respeito ao funcionamento dos brises. Esses estudos podem abranger outras
cidades desde que considerem as condições climáticas locais e as especificações mais
adequadas à realidade de cada região.
Pesquisas com esse contexto são o ponto de partida para alertar a sociedade e incutir nela um
interesse em melhorar a situação existente e proporcionar ambientes mais agradáveis. A
qualidade ambiental e a boa produtividade no ambiente de trabalho podem andar juntas desde
que sejam tomadas decisões adequadas ao clima e que haja um interesse do usuário em
aprender a utilizar o edifício e seus equipamentos da melhor forma, zelando por eles.
Referências Bibliográficas 133
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1982.
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solução. In: Seminário Internacional Nutau 2006- Inovações tecnológicas e sustentabilidade,
2006, São Paulo. Anais...São Paulo: NUTAU, 2006. CD.
AMORIM, Cláudia Naves David. Desempenho térmico de edificações e simulação
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1998. Dissertação (Mestrado em Arquitetura). Curso de Pós-Graduação em Arquitetura,
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Anexos 139
ANEXOS
LISTA DOS EDIFÍCIOS ESTUDADOS:
1. ESCALA MUNUMENTAL
1.1 Esplanada dos Ministérios
A- Ministério do Desenvolvimento/do Esporte e das Cidades
B- Ministério do Meio Ambiente e Cultura
C- Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
D- Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
E- Ministério da Integração Nacional/ da Ciência e Tecnologia
F- Ministério da Previdência Social/ do Trabalho e Emprego
G- Ministério da Saúde
H - Itamaraty
H1- Anexo I - Itamaraty
H2- Anexo II- Itamaraty
I- Congresso Nacional
I1- Senado Federal
I1-Anexo I- Câmara dos Deputados
I2-Anexo II- Câmara dos Deputados
I3- Anexo III- Câmara dos Deputados
I4- Anexo IV- Câmara dos Deputados
J- Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior
K- Ministério do Planejamento
L- Ministério da Educação
M- Ministério da Defesa Aérea Brasileira
N- Ministério da Defesa Marinha
O- Ministério do Exército
P- Ministério da Fazenda
Q- Ministério da Defesa
R- Ministério da Comunicação/ Transporte
U- Ministério Minas e Energia/ Turismo
D1- Anexos Ministérios
F1- Anexos Ministérios
G1-Anexos Ministérios
L1- Anexos Ministérios
M1- Anexos Ministérios
N1- Anexos Ministérios
O1- Anexos Ministérios
P1- Anexos Ministérios
U1- Anexos Ministérios
Supremo Tribunal Federal (STF)
Anexo I- STF
Anexo II- STF
Palácio do Planalto
Palácio da Justiça (PJ)
Anexo I- PJ
Interlegis
Anexos 140
Total: 42
1.2 Setor de Administração do Distrito Federal
Tribunal de Contas do Distrito Federal
Anexo I
Palácio do Jaburu
Anexo I
Terracap
Codeplan
Procuradoria Geral do Df
Tribunal Regional Eleitoral
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios
Anexo I- Fórum Des. Milton Sebastião Barbosa
Tribunal de Justiça do Distrito Federal
Anexo
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
Total: 13
2. ESCALA GREGÁRIA
2.1 Setor de Autarquias Sul (SAUS)
Tribunal Superior do Trabalho (TST)
Anexo I- TST
Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
Anexo I- TSE
Superior Tribunal Militar
Tribunal Regional Federal
Previdência Social (PS)
Anexo I-PS
Controladoria Geral da União
Previdência Social (PS)
Anexo I- PS
Departamento Regional de Registro do Comercio/Ministério de Desenvolvimento e Indústria
Procuradoria Geral da União
Tribunal Regional Federal
Justiça Federal (JF)
Anexo 1-JF
Ministério Público Militar
Ministério da Fazenda
Justiça Federal
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Educação e Cultura
Ministério Público do Trabalho
Ministério da Previdência Social
Ministério da Saúde
Previdência Social
Associação Brasileira dos Municípios
Ministério Público Federal
Caixa Econômica Federal
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
Conselho Federal de Química
Anexos 141
Conselho Federal de Contabilidade
Ordem dos Advogados do Brasil
Policia Federal
Anatel
Anexo I- Anatel
Anexo II- Anatel
Anexo III- Anatel
Ministério da Integração Nacional
Confederação Nacional dos Transportes
Total: 38
2.2 Setor de Administração Federal Sul (SAFS)
Procuradoria Geral da República (PGR)
Anexo I- PGR
Superior Tribunal de Justiça (STJ)
Anexo I- STJ
Anexo II- STJ
Instituto Rio Branco
Tribunal Superior do Trabalho (TST)
Anexo- TST
Tribunal de Contas da União (TCU)
Anexo I-TCU
Anexo II- TCU
TOTAL: 11
2.2 Setor Bancário Sul (SBS)
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
Caixa Econômica Federal
Banco Brasil
Banco de Brasília
Banco Brasil (BB)
Anexo I - BB
Banco do Brasil
Ministério da Educação e Cultura
Tribunal Regional Federal
Banco Central
Caixa Econômica Federal (CEF)
Anexo - CEF
Total: 12
2.3 Setor de Rádio e Televisão Sul (SRTVS)
Juizado Central Criminal
Total: 1
2.4 Setor Hoteleiro Sul (SHS)
Correios
Total: 1
2.5 Setor Comercial Sul (SCS)
Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SEDUH)
Anexos 142
Banco do Brasil
Banco de Brasília
Ministério da Fazenda
Total: 4
2.6 Setor Comercial Norte (SCN)
Empresa Brasileira de Turismo (Embratur)
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)
Total: 2
2.7 Setor de Autarquias Norte (SAUN)
Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transporte
Petrobrás
Fundação Athos Bulcão/Anexo Secretaria da Cultura do Governo do Distrito Federal (GDF)
Departamento Nacional de Produção Mineral
Total: 4
2.8 Setor Bancário Norte (SBN)
Secretaria Fiscal de Atividades Urbanas - GDF
Associação Nacional dos Fiscais da Previdência Social
Palácio da Agricultura
Incra
Correios
Secretaria da Fazenda – GDF
IPHAN
Previdência Social
Confederação Nacional do Comercio
Confederação Nacional das Instituições Financeiras
Total: 10
Total 138 edifícios
Anexos 143
ITENS OBSERVADOS NAS VISTAS AOS EDIFÍCIOS ANALISADOS:
1. DADOS GERAIS
1.1 Arquiteto responsável
1.2 Ano de construção
1.3 Informações sobre
reformas/acréscimos de
brises, etc
1.4 Planta baixa Obter pavimento tipo
2. ENTORNO
2.1 Presença de árvores
2.2 Presença de edifícios Altura: Distância:
3. CARACTERÍSTICAS DA EDIFICAÇÃO
3.1 Orientação
3.2 Forma
3.3 Pavimentos
3.4 Materiais de
revestimento
3.5 Tipo de
esquadria/especificar tipo
de vidro/caixilho
3.6 Proteção solar
3.7 Alterações nas
fachadas:
película/AC/Papelão, etc
4. INTERIOR
4.1 Observar percurso do sol manhã e
tarde
4.2 Iluminação natural e artificial
(funciona todo o tempo?)
4.3Visão interior/exterior
4.4 Existência de cortinas
5. BRISE SOLEIL
5.1 Posição Horizontal Vertical Misto
5.2 Mobilidade Móvel Fixo
Posição da manivela:
5.3 Uso e manutenção
Freqüência de manutenção de peças (trocas e reparos,
como pintura)/limpeza/danifica muito ou não:
Anexos 144
Interação com usuário:
1-Sabe usar o brise?
2- Usa com freqüência?
3-Acha satisfatório?
4-É pesado?
5- É fácil de usar?
6- Acha importante tê-lo?
5.4 Dimensão Finito Infinito
5.5 Alinhamento com a
fachada/ distancia/abertura
ou fechamento superior e
inferior
5.6 Características do
material
Material:
Cor:
6. DIMENSÕES NECESSÁRIAS
6.1 Largura da peça individual e do
módulo
6.2 Profundidade
6.3 Ângulos de rotação
6.4 Peitoril da janela
6.5 Largura da sala
6.6 Largura da janela
6.7 Altura da janela
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