Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
FATORES-CHAVE DE SUCESSO NA COMERCIALIZAÇÃO ELETRÔNICA DE
FLORES: UM ESTUDO MULTICASO NO VAREJO
LUCIANO VAN DEN BROEK
SÃO CARLOS
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
FATORES-CHAVE DE SUCESSO NA COMERCIALIZAÇÃO ELETRÔNICA DE
FLORES: UM ESTUDO MULTICASO NO VAREJO
Luciano van den Broek
SÃO CARLOS
2006
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia de
Produção da Universidade Federal de
São Carlos, como parte dos requisitos
para obtenção do título de Mestre em
Engenharia de Produção.
Orientadora: Andrea Lago da Silva
ads:
Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar
B865fs
Broek, Luciano van den.
Fatores-chave de sucesso na comercialização eletrônica
de flores: um estudo multicaso no varejo / Luciano van den
Broek. -- São Carlos : UFSCar, 2007.
235 f.
Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São
Carlos, 2006.
1. Gerenciamento da informação. 2. Objetivos de
desempenho. 3. Comércio eletrônico. 4. Flores. 5. Canais de
distribuição. I. Título.
CDD: 658.4038 (20
a
)
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Rod. Washington Luis, Km. 235 - CEPo 13565-905 - São Carlos - SP - Brasil
Fone/Fax: (016) 3351-8236 13351-8237 13351-8238 (ramal: 232)
+--1
FOLHA DE APROVAÇÃO
Aluno(a):Luciano van den Broek
DISSERTAÇÃODE MESTRADODEFENDIDAE APROVADAEM26/10/2006 PELA
.>".
COMISSÃO JULGADORA: .,
oVlJ;ltCt J~
Praf3Dr3Andrea Laijoda Silva
Orientador(a) PPGEP/UFSCar
f'AQS)~ (h~
Prof3 Dr3 Rosane Lúcia Chicarelli Alcântara
PPGEP/UFSCar
Praf. Dr. Luiz Carlo
EAESP/FGV-SP
--.a
~@~p
Prat. Dr. Evaristo Marzabal Neves
ESALQ/USP
Prat. Dr.
Coorde
Dedico esta dissertação aos meus pais, Mario e Celina,
que sempre apoiaram e incentivaram os meus sonhos e projetos.
Também aos meus irmãos, Roberto e Daniel pela amizade sincera.
Minha dívida com vocês é inesgotável!
Agradecimentos
A Deus, por sempre me acompanhar.
Aos meus pais, por sempre me proporcionarem o que realmente precisava, e não o que queria.
Aos meus irmãos, Roberto e Daniel, pela amizade e pelos momentos de descontração entre os
períodos de estudo.
À minha família de Holambra I, Tante Anne Marie, Jony, Marco e Verônica, pelo apoio, afeto
e confiança.
À tia Maria, tio Tomodi, tia Helena, tio Jorge, Mariane, Alessandro, Nilton, Júnior, José
Henrique, Marcelo, Sueli’s e Márcio, pela força que sempre me deram.
À Tânia, pelo amor, compreensão e por tornar minha vida mais feliz.
À professora Andrea Lago da Silva, pela orientação, amizade, paciência e por sempre me
incentivar a dar o melhor de mim.
Aos professores Rosane Lúcia Chicarelli Alcântara e Luiz Carlos Di Serio, pelas valiosas
contribuições ao trabalho.
Ao professor Evaristo Marzabal Neves, eterno orientador, conselheiro, mestre e amigo.
Ao professor Mario Otávio Batalha, pelas aulas, dicas e ótimos momentos de entretenimento
junto ao pessoal do Gepai.
Aos gerentes das empresas que compuseram a amostra da pesquisa, pela oportunidade e
incentivo ao trabalho.
Ao Francisco (Chico) Bongers e Antônio Hélio Junqueira, pelas imprescindíveis orientações e
contribuições relacionadas ao mercado de flores e plantas ornamentais.
Ao professor José Vicente Caixeta Filho, pela orientação e incentivo em aulas e iniciação
científica durante minha graduação na Esalq.
Aos amigos do Gepai, Renata (Bicu Doce), Thaís (Gud Gud), Luana, José (Iogurte), Rúbia,
Gisele, Carla e Cris, pelo apoio em “qualquer hora”.
Aos amigos do DEP, Tunicu, Smolka, Luciana, Beto, Gustavo e Tati, pela amizade e
inúmeros momentos de descontração, nesse período.
Aos amigos Rodolfo (Íngua), Dennyel (Koalhado) e Denise (Vira-Lata), por me incentivarem
e apoiarem desde a época de graduação.
Aos amigos-irmãos de Piracicaba da república ΠK-Reta, especialmente aos colegas Tempêro
e Afluente, companheiros das horas boas e não tão boas. Também às agregadas Malu (Diq-
Vigarista) e Mari.
À minha família piracicabana, Dona Cida, Guiherme (Miqlutio) e Tiago (Xureq), pelo
carinho, cuidado e inesquecíveis almoços e jantares.
À Tuiga e ao Fuinha por sempre me apoiarem, incentivarem e orientarem.
Aos amigos do Aikikaizen Dojo, Sensei Humberto, Roney, Fernando, Anderson, Paulo,
Joseildo, Carlos Eduardo, Rafael, Raquel, Fabrício, Leandro e Rosemberg, pela amizade,
conselhos e treinos.
Aos amigos de São Carlos; da república do Lennon, da república do Joãozinho, da república
da Laurinha e do Instituto Aiki, pelos importantíssimos momentos juntos.
Aos amigos esalqueanos Gustavo (Jauru), Maria Cândida (Uau), Rafael (Arisko), Maurício
Felipe (Fulano), Alf (Et-imoso), Pedro (Gorgonzola - o chofer), Bruno (TDP), Marina
(Kirovi), Luiz (Kulista), pela longa amizade que não conhece limites de tempo e distância.
Aos amigos de Holambra II, Thiago, Michael, Cristiano, Matheus, Flávio, Marcela, Estela,
Daniela, Luana, Renata, Michele, Yudith, Patrick, Thomas, Márcio, Maurício, Pedrinho e
Diego, meus mais antigos amigos.
Ao eterno amigo Leandro (Mirixica).
Aos mestres: chefes João Boliviano, Pedrinho e Timo e professoras Joana e Edmea, por
sempre acreditarem em mim.
À Universidade Federal de São Carlos, em especial ao Departamento de Engenharia de
Produção e a seus professores e funcionários pelo suporte e oportunidade de crescimento
pessoal e profissional durante o curso do mestrado.
Ao pessoal do Cepea/Esalq-USP, professor Geraldo Sant`ana de Camargo Barros, professor
Sérgio de Zen, Bianchi (buddy and English teacher), às minhas amigas e corretoras de
português, Ana Paula e Paola, aos “chefes” Mauro e Lucilio, e aos amigos Márcia (Oxici),
Guilherme (Todanu), Thiago (Baraio), Leandro (Toró), João Paulo (Barba), Juliana (Iena),
Ana Júlia, Lucas, Matheus, Fábio e a toda a equipe Grãos-Cepea pela compreensão, apoio e
por me estimularem a buscar novos caminhos e desafios.
A todas as pessoas que, de alguma forma, contribuíram para o meu crescimento enquanto ser
humano.
“Não deves acreditar nas respostas.
As respostas são muitas e a tua pergunta é única e insubstituível.”
(Mário Quintana)
RESUMO
Este trabalho, através de um estudo multicaso, identifica os fatores-chave de sucesso das
empresas que operam o varejo eletrônico de flores. A análise tem como parâmetro as
estratégias de marketing-mix e de logística utilizadas pelo setor. Na seqüência, buscam-se os
objetivos de desempenho priorizados pelas empresas e por seus stakeholders. A partir da
identificação dos fatores-chave de sucesso do comércio eletrônico de flores, são feitas
recomendações para a melhoria do desempenho tanto das empresas que operam esse formato
de varejo como daquelas que, de maneira direta ou indireta, relacionam-se com essas
companhias. Para tanto, o trabalho tem sustentação na revisão teórica e na análise empírica. A
revisão bibliográfica aborda as teorias relacionadas aos canais de distribuição, comércio
eletrônico, marketing-mix, logística, objetivos de desempenho e fatores-chave de sucesso. A
análise empírica reúne um estudo multicaso com quatro empresas que operam o varejo
eletrônico de flores, entrevista pessoal com um especialista em mercado de flores e uma
observação participante do pesquisador. Buscou-se verificar a lacuna entre a teoria e o que
realmente ocorre nesse tipo de empreendimento. Por fim, a elaboração de sugestões e
recomendações às empresas varejistas é feita a partir da junção das duas bases da dissertação:
revisão bibliográfica e análise empírica.
Palavras-chave: Fatores-chave de sucesso. Objetivos de desempenho. Comércio eletrônico.
Varejo eletrônico. Canais de distribuição. Flores. Marketing-mix.
ABSTRACT
This work, through a multi-case study, aimed to identify the success key-factors of the
companies who operate the flowers electronic retail business. Such analysis adopts as a
parameter the strategies of marketing-mix and logistic used by the sector in question. In this
context, this work aimed to find out the performance targets prioritized by the companies and
its stakeholders. The Identification of the flowers electronic retail success key-factors focus
on elaborating recommendations to improve the performance of the flowers electronic retail
companies as well as of companies which directly or indirectly relate to them. To do so, this
work has basis on both the theoretical revision and the empirical analysis. The bibliographical
revision approaches the theories related to the distribution channels, electronic commerce,
marketing-mix, logistic, performance targets and success key-factors. The empirical analysis,
through a multi case study with four flowers electronic retail companies, using an personal
interview with a specialist in flowers trading and an author’s observation, intended to verify
the gap between the theory and practice in this type of enterprise. Finally, the elaboration of
suggestions and recommendations to the retail companies is made based on the intersection of
the two dissertation basis: the bibliographical revision and on the empirical analysis.
Key-words: Key-success factors. Performance objectives. Electronic commerce. Electronic
retail. Marketing channels. Flowers. Marketing-mix.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1.1 – Esquema geral da dissertação. ........................................................................37
FIGURA 2.1 – Tópicos abordados no referencial teórico.......................................................38
FIGURA 2.2 - Representação típica de diferentes estruturas de canal....................................40
FIGURA 2.3 – Fluxos de marketing em canais de distribuição..............................................42
FIGURA 2.4 – Classificação das instituições varejistas .........................................................45
FIGURA 2.5 – As dimensões do comércio eletrônico ............................................................57
FIGURA 2.6 - Componentes de um ciclo de pedido.............................................................123
FIGURA 2.7 – Objetivos estratégicos amplos para uma operação aplicados a stakeholders137
FIGURA 4.1 – O varejo eletrônico de flores no Brasil .........................................................160
FIGURA 4.2 – O organograma típico de uma empresa que opera o varejo eletrônico de flores
........................................................................................................................................170
FIGURA 4.3 – Áreas comumente abrangidas pelos sistemas de entrega do varejo eletrônico
de flores ..........................................................................................................................185
FIGURA 4.4 – O marketing-mix, a logística, os objetivos de desempenho e os fatores-chave
de sucesso do varejo eletrônico de flores .......................................................................195
LISTA DE QUADROS
QUADRO 2.1 – Classificação do comércio eletrônico pela natureza da transação ................60
QUADRO 2.2 – Outros modelos de varejo eletrônico ............................................................66
QUADRO 2.3 – Mecanismos de segurança no comércio eletrônico.......................................78
QUADRO 2.4 – Sugestões de conteúdo para relações públicas eletrônicas .........................104
QUADRO 4.1 – As empresas da pesquisa ............................................................................159
QUADRO 4.3 – Sistemas de entrega de produtos no varejo eletrônico de flores.................185
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ANPAD Associação Nacional dos Programas de Pós-
Graduação em Administração e áreas afins
ARPA Advanced Research Projects Agency
ASP Application Service Providers
B2B Business to Business
B2B2C Business to Business to Consumers
B2C Business to Consumers
B2E Business to Employees
C2C Consumers to Consumers
CE Comércio Eletrônico
CEAGESP Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do
estado de São Paulo
CEASA Centro Estadual de Abastecimento S.A.
CEPEA Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada – Esalq/USP
DNS Domain Name System
E-book Electronic Book
E-commerce Electronic Commerce
ESALQ Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
E-Tailing Electronic Tailing
E2E Employees to Employees
EUROMA European Operations Management Association
FCS Fatores-chave de sucesso
FEA Faculdade de Economia Administração e
Contabilidade da USP
FGV Fundação Getúlio Vargas
GCS Gestão da Cadeia de Suprimentos
GEPAI Grupo de Estudos e Pesquisas Agroindustriais –
Engenharia de Produção /UFSCar
G2C Government to Consumers
HTML Hypertext Markup Language
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBRAFLOR Instituto Brasileiro de Floricultura
NASA National Aeronautics and Space Administration
PC Personal Computer
SCM Supply Chain Management
SIMPOI Simpósio de Administração de Produção,
Logística e Operações Internacionais
SMS Short Message Service
TI Tecnologia de Informação
UFSCar Universidade Federal de São Carlos
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UNIMEP Universidade Metodista de Piracicaba
USP Universidade de São Paulo
www World Wide Web
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................17
1.1 Apresentação ............................................................................................................17
1.2 Problema a ser estudado ...........................................................................................21
1.3 Questão da pesquisa .................................................................................................27
1.4 Justificativa e relevância do trabalho........................................................................28
1.5 Objetivos...................................................................................................................35
1.6 Esquema geral da dissertação...................................................................................37
2 REFERENCIAL TEÓRICO .........................................................................................38
2.1 Canais de distribuição...............................................................................................38
2.1.1 Definições e aspectos gerais.............................................................................38
2.1.2 Os agentes do canal ..........................................................................................42
2.1.3 Instituições varejistas e surgimento do varejo eletrônico.................................44
2.2 Comércio eletrônico .................................................................................................53
2.2.1 Definições e aspectos gerais do comércio eletrônico.......................................53
2.2.2 Varejo eletrônico ..............................................................................................62
2.2.3 Varejo eletrônico de flores ...............................................................................68
2.2.4 Tecnologia envolvida no varejo eletrônico ......................................................71
2.3 Marketing-mix e logística no varejo eletrônico........................................................78
2.3.1 Conceitos gerais sobre marketing-mix .............................................................78
2.3.2 O “produto” no varejo eletrônico .....................................................................80
2.3.3 O “preço” no varejo eletrônico.........................................................................88
2.3.4 A “comunicação” no varejo eletrônico.............................................................94
2.3.5 A “distribuição” no varejo eletrônico.............................................................109
2.3.6 A logística no varejo eletrônico......................................................................116
2.4 Varejo eletrônico: fatores-chave de sucesso...........................................................136
2.4.1 Identificando os objetivos de desempenho e os fatores-chave de sucesso.....136
2.4.2 Os riscos percebidos no varejo eletrônico......................................................143
3 METODOLOGIA DA PESQUISA.............................................................................147
3.1 Tipo e design de pesquisa.......................................................................................147
3.2 Fontes de dados ......................................................................................................150
3.3 População e tamanho da amostra............................................................................154
3.4 Procedimento de coleta de dados............................................................................155
3.5 Análise dos dados e apresentação dos resultados...................................................157
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................159
4.1 Caracterização das empresas pesquisadas..............................................................159
4.2 Os objetivos............................................................................................................160
4.2.1 Identificar como as empresas operam o varejo eletrônico de flores...............160
4.2.2 Entender como as empresas que operam o varejo eletrônico de flores se
estruturam em relação ao suprimento de flores e outros produtos. ................................163
4.2.3 Analisar as decisões em termos de produto, preço, comunicação e distribuição
para comercialização eletrônica de flores.......................................................................168
4.2.4 Entender como as empresas se estruturam em relação à logística de entrega no
caso do varejo eletrônico de flores. ................................................................................182
4.2.5 Destacar quais são os objetivos de desempenho priorizados pelas empresas.186
4.2.6 Identificar os riscos percebidos pelos clientes e sua influência nos objetivos de
desempenho no varejo eletrônico de flores. ...................................................................188
4.2.7 Analisar o caso de empresas que passaram a operar o varejo eletrônico de
flores a partir do varejo físico (floricultura ou garden center, por exemplo) e sua
influência nos objetivos de desempenho. .......................................................................190
4.2.8 Identificar os fatores-chave de sucesso das empresas que operam com o varejo
eletrônico de flores e propor um conjunto de recomendações para sua melhoria..........191
5 CONCLUSÕES.............................................................................................................197
5.1 Contribuições da pesquisa ......................................................................................197
5.2 Limitações e sugestões para trabalhos futuros .......................................................198
5.3 Considerações finais...............................................................................................199
APÊNDICES.........................................................................................................................215
1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo, encontram-se a apresentação do trabalho, seguida pela
descrição do problema a ser estudado e pela exposição da questão que levou ao
desenvolvimento da presente pesquisa. A seguir, encontram-se a relevância e justificativa do
tema e os objetivos gerais e específicos abordados. Por último, está exposto um esquema geral
do trabalho, no intuito de facilitar a compreensão de toda a dissertação.
1.1 Apresentação
A partir do século XVIII, ocorreram inúmeras transformações de ordem sócio-
econômica decorrentes da industrialização. Essas transformações complementaram o processo
de transição da estrutura feudal para a capitalista, que já se evidenciava na Baixa Idade Média.
A revolução comercial e o colonialismo subseqüentes fizeram com que o capitalismo
alcançasse, no século XVIII, um grande desenvolvimento – denominado Industrialismo ou
Primeira Revolução Industrial - verificado inicialmente na Inglaterra. A revolução industrial
veio tirar a indústria do âmbito das casas e oficinas. As máquinas automáticas substituíram o
trabalho manual e as fábricas surgiram como a melhor forma de reunir as máquinas e os
trabalhadores, para operá-las de forma cada vez mais produtiva.
Desde então, transformações sócio-econômicas e políticas vêm sendo cada vez
mais constantes e globais. Nesse contexto, conforme Sheth et al. (1999), nos anos que
antecederam a Segunda Guerra Mundial, deu-se o início da Era da Informação. Nesse
período, aqueles que tinham mais acesso à informação passavam a deter tecnologias que
influenciavam todos os meios na escala de produção. A partir da década de 1990, com o
advento da Internet, a Era da Informação ganhou força.
18
Segundo Turban et al. (2003), no atual estágio da Era da Informação, idéias
inovadoras e o uso inteligente da informação fazem toda a diferença em um mercado muito
competitivo, complexo, globalizado e voltado para o cliente.
Dessa forma, as empresas precisam reagir de modo rápido aos problemas e às
oportunidades que surgem nesse ambiente empresarial moderno. O ritmo e a magnitude das
mudanças que afetam as organizações continuam aumentando, gerando mais insegurança nas
operações e estratégias empresariais, impondo pressões sobre as empresas. De forma análoga,
conforme Pigatto e Alcântara (2003), as alterações no hábito de consumo da população e uma
nova estrutura concorrencial, provocada pela concentração nos principais canais de
distribuição, fazem com que as empresas varejistas, juntamente com seus fornecedores
(indústria e atacado), busquem formas alternativas de atender o mercado e aumentar a sua
competitividade.
As mudanças pelas quais passam as organizações são reflexo direto das
alterações no ambiente (MINTZBERG, 1992; LEVY; WEITZ, 2000). De acordo com Silva
(1996, p. 26), “[...] estas mudanças exigem que as empresas se adaptem, buscando novas
formas de competir e se diferenciar da concorrência.”
Segundo Aaker (1988), a análise do ambiente compreende a tarefa de
identificar e compreender suas oportunidades e ameaças emergentes, assim como avaliar
tendências e estimar as probabilidades de ocorrência desses fatos e seus possíveis impactos na
organização. De acordo com o mesmo autor, um conjunto de cinco áreas relevantes pode ser
identificado, representando dimensões importantes para as estratégias organizacionais. São
elas: as dimensões econômica, governamental, demográfica, cultural e tecnológica.
Tratando-se da dimensão econômica e governamental, a partir da estabilização
da moeda brasileira, com o estabelecimento do Plano Real na década de 90, reflexos positivos
foram vistos nas vendas de produtos industrializados de consumo e no comércio em geral. A
19
população passou a ter maior poder de compra com a queda da inflação, resultando na
expansão e crescimento da maioria dos mercados de consumo (NOGUEIRA, 1995;
GONZALIS, 1997). Surge nesse período um consumidor mais atento aos preços praticados,
mas também exigente, buscando serviços diferenciados e demandando produtos de qualidade
(GHISI, 2001).
Em termos da dimensão demográfica, mudanças com impactos significativos
no comércio varejista foram observadas. Observou-se o aparecimento de famílias menores,
grande número de pessoas morando sozinhas e uma maior participação da mulher no mercado
de trabalho (SILVA, 1996). Estes fatores mudaram o perfil de quem compra no varejo, como
o tempo gasto na compra e o que se gasta com atividades domésticas. Conforme a autora, com
o advento da estabilidade e o alinhamento dos preços, fatores como qualidade, variedade,
atendimento, proximidade, serviços, rapidez de passagem no caixa e formas de pagamento
passaram a ser importantes para o consumidor do varejo. O tempo gasto em atividades
domésticas, como compras de supermercado e preparação de alimentos, passou a ser crítico
para os consumidores. Hopping (2000) cita o exemplo do tempo de preparo de um jantar de
uma família norte americana. No final do século dezenove, levava cerca de cinco horas para
ser preparado; nos anos 50, o seu preparo levava apenas duas horas. Atualmente uma refeição
pode ser preparada em apenas alguns minutos e as pessoas ainda reclamam do tempo que ela
leva para ficar pronta.
Segundo Bongers (2000), com o aumento do poder de compra o consumidor
brasileiro passou a adquirir bens superiores ou de luxo - bens cujo efeito-renda é positivo com
valor maior que um. Ou seja, quando a renda aumenta, o consumo desses bens, que não são de
primeira necessidade (como por exemplo: artigos de presente; roupas de grife; e carros de
luxo) aumenta consideravelmente (FERGUSON, 1980). Verificou-se também nesse período a
influência de hábitos de consumidores estrangeiros, já que o brasileiro passou a fazer mais
20
viagens internacionais nesse período. Dentre esses bens superiores, destaca ainda o autor,
encontram-se as flores, que geralmente estão associadas com valores estéticos e intelectuais,
que podem indicar mudanças na dimensão cultural.
Na dimensão tecnológica, desde a década de 1980, o varejo brasileiro tem
incorporado novas tecnologias de forma crescente. A busca, num primeiro plano, é por
melhoria da eficiência interna (balanças eletrônicas, terminal ponto de venda, máquinas de
preencher cheques, leitora óptica e código de barras). Na segunda etapa desse processo, que se
inicia na metade da década de 90, a inovação tecnológica passou a ser utilizada como uma
forma de agregar valor ao cliente, por meio de informação, serviços e facilidades, e com o
advento da Internet, em especial depois da popularização da World Wide Web em 1994, vindo
a desenvolver o conceito de varejo eletrônico (GONÇALVES; GONÇALVES FILHO, 1995;
PEATTIE; PETERS, 1997).
O varejo eletrônico, de acordo com Parente (2000, p. 41), pode ser entendido
como “[...] o formato de varejo que oferece pela Internet produtos e serviços, possibilitando
que consumidores finais comprem e completem a transação por meio de um sistema
eletrônico interativo." Este, considerado pelos especialistas como o novo canal de
distribuição, vem sendo amplamente difundido como ferramenta comercial, mostrando-se
crescente em diversos setores (PARENTE, 2000; ROSENBLOOM, 2002; COUGHLAN et
al., 2002; TURBAN et al., 2003; TURBAN; KING, 2004; CATALINI, 2004; SAMANIEGO
et al., 2006; TZONG-RU; JAN-MOU, 2006). Esses autores destacam que muitas empresas
são bem-sucedidas no comércio eletrônico. Dentre estas estão os leilões da eBay, a AOL,
General Electric, IBM, Intel, Dell e as nacionais Americanas.com, Companhia Brasileira de
Distribuição (inclui as redes Pão de Açúcar, Sendas, Extra e Compre Bem) e Submarino.
O varejo eletrônico já passou pela fase de euforia e em seguida, pela de
ceticismo (CAGLIANO et al., 2005). Atualmente, está numa fase de consolidação por meio
21
do desenvolvimento e da sofisticação dos processos anteriormente realizados em um ambiente
com menor apoio da infra-estrutura de tecnologia de informação (ALBERTIN; MOURA,
2002; ARNOTT; BRIDGEWATER, 2002; CATALINI et al., 2004; CAGLIANO et al.,
2005). Conforme Coughlan et al. (2002, p.369), “[...] o comércio eletrônico é uma tendência
que tem crescido tanto no varejo ao consumidor final quanto no comércio entre empresas.”
Nesta fase de consolidação, algumas dificuldades como o crescente aumento da
concorrência, tanto nos canais tradicionais quanto nos eletrônicos, a falta de confiança na
segurança e integridade dos dados da Internet por parte dos usuários e a problemática da
logística de distribuição, se não forem bem gerenciadas podem ser a diferença entre o sucesso
e a falência de empresas que investem nesse novo canal, que dá origem ao objeto deste
projeto, o varejo eletrônico, e mais especificamente o varejo eletrônico de flores. Segundo
Aki (2000a, p.101) “[...] as vendas de flores via Internet no Brasil podem ser estimadas em
torno de 0,5% a 0,8% do total do varejo.” Estes percentuais, conforme Junqueira (2006),
devem representar hoje entre 50 milhões e 80 milhões de Reais ao ano.
1.2 Problema a ser estudado
De acordo com Rosenbloom (2002), cinco vantagens são freqüentemente
mencionadas sobre o varejo eletrônico. No canal eletrônico existe a possibilidade de
ampliação do escopo e do alcance da empresa, que passa a competir no mercado global.
Existe também, neste caso, a conveniência na busca e aquisição de produtos para o
consumidor final, assim como o processamento mais rápido das transações. De modo geral,
observa-se um aumento da eficiência e flexibilidade no processamento de informações.
Verifica-se também a possibilidade do desenvolvimento de ofertas personalizadas em larga
escala, baseadas no banco de dados dos clientes. E por fim, há em alguns casos a diminuição
dos custos com vendas e distribuição, pela possibilidade de centralização de estoque e maior
22
eficiência na distribuição, seja pela eliminação de intermediários ou pela reintermediação, que
pode tornar a distribuição mais eficiente.
Entretanto, a possibilidade de redução dos custos relacionados com a
distribuição e logística deve ser atentamente analisada. Caso os gerentes de logística consigam
diminuir o número de intermediários do canal, otimizar seu uso ou ainda utilizar um canal de
distribuição já estruturado para o varejo físico (caso das empresas que operam tanto o varejo
tradicional quanto o eletrônico – empresas de clique e cimento), esses custos podem ser
realmente diminuídos. No entanto, em certos casos, os custos podem ficar inalterados ou até
maiores. A possibilidade de redução de custos de distribuição e de logística está mais bem
discutida nas seções 2.3.5 (distribuição no varejo eletrônico de flores) e 2.3.6 (logística no
varejo eletrônico de flores).
Rosenbloom (2002) também menciona cinco desvantagens desses canais.
Observa-se que, no caso de produtos não digitalizáveis (músicas, softwares e livros
eletrônicos são alguns exemplos de produtos digitalizáveis) falta contato com o produto real e
a posse deles não é imediata. No caso desses produtos, o atendimento dos pedidos e a
logística não acontecem com a mesma velocidade e eficiência da Internet. Na via eletrônica,
existe também desordem, confusão e incômodo, pois os consumidores deparam-se com uma
desconcertante variedade de escolha, tornando a busca pelo produto longa e extensa, fazendo
com que muitos sites paguem enormes comissões de vendas e taxas de propaganda para
conseguir espaço em sites de alto tráfego ou mecanismos de busca e homepages de
provedores de serviços online. Deve-se levar em conta também que, muitas vezes, a
“navegação na rede” nem sempre é um processo tranqüilo, pois há sites que oferecem
informações limitadas, escolhas complexas ou confusas, material obsoleto e downloads
lentos.
23
Outra desvantagem do canal eletrônico é a falta de abordagem dos motivos
para se fazer compras, que vão além da aquisição de produtos, pois o desejo de adquiri-los é
apenas uma parte de um conjunto complexo de motivos pessoais e sociais para ir às compras,
como por exemplo, a fuga da rotina, o contato com outras pessoas, entretenimento ou o puro
prazer de barganhar. Vale lembrar que os clientes ainda têm preocupações com a segurança ao
fornecer seus dados, principalmente na compra de produtos de empresas desconhecidas, que
só existem no ciberespaço.
De acordo com Aki (2000c, p.11) “[...] na comercialização eletrônica de flores,
alguns pontos críticos como a audiência do site devem ser observados, destacando quais
fatores são importantes para torná-lo atrativo aos clientes.” Existe também a típica falta de
fidelidade e freqüência por parte dos compradores de flores. Outro ponto importante é a
logística de entrega dos produtos, que se não for bem estruturada pode acabar gerando
insatisfação nos clientes, por causa de entregas fora do prazo ou perda de qualidade do
produto. A falta de profissionalização no desenvolvimento de um novo negócio
(aparentemente requer que se monte um site apenas) é outro fato que colabora para o fracasso
dessas iniciativas.
Por esses e outros fatores, muitos consumidores ainda sentem medo ou
preferem comprar pelo varejo tradicional. Entretanto, segundo Parente (2000), o grande
desafio das empresas de varejo eletrônico é pensar como atingir o mercado potencial de
milhões de consumidores do Brasil. Este “atingir” envolve definir um produto adequado ao
público-alvo escolhido, posicioná-lo em termos de preço e estabelecer comunicação
adequada, escolhendo a melhor maneira de distribuir. Estas decisões nem sempre são fáceis
de serem tomadas em empresas ditas “tradicionais”. Na implantação das iniciativas de varejo
eletrônico então, outros aspectos devem ser considerados, a exemplo do que outros autores já
pesquisaram a respeito do tema na relação entre empresas e na relação com o consumidor
24
final (SILVA, 1999; PARENTE, 2000; AKI, 2000b; REEDY et al., 2001; SILVA et al., 2001;
ROSENBLOOM, 2002; CAGLIANO et al., 2005; SAMANIEGO, et al., 2006; TZONG-RU;
JAN-MOU, 2006, YU, 2006).
Conforme Maia et al. (2002), a utilização do varejo eletrônico é uma das
melhores estratégias das quais as empresas podem lançar mão hoje em dia para ganhar
vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes. A concorrência, porém, é também
grande entre as empresas varejistas, e no caso específico do varejo eletrônico de flores, de
acordo com Aki (2000b), já no início do ano 2000 existiam de cerca de 300 sites que
ofereciam flores no Brasil.
As mudanças no mercado consumidor, assim como a exposição dos
consumidores locais a novos produtos, vêm demandando uma reestruturação do setor
(floricultura), a começar por um esforço coordenado visando aumentar a qualidade e a
produtividade ao longo de toda a cadeia produtiva e demais elementos sistêmicos. Entre
alguns exemplos encontram-se a logística de suprimento e entrega, a relocalização da
produção, transportes, diversificação do produto, embalagens adequadas, equipamentos de
refrigeração e conservação, insumos como sementes e mudas, além das estruturas de
comercialização - que afetam e determinam o nível de produtividade.
Devem ser levados em conta, ainda, o aspecto promocional para atrair e manter
o consumidor fiel, assim como devem ser também estudadas as melhores estratégias de
precificação dos produtos de modo a maximizar o lucro para o empresário e ao mesmo tempo
criar um produto valorizado pelo cliente. Todos estes aspectos acabam por criar oportunidades
e desafios que terão de ser enfrentados pelos mais diversos formatos varejistas que
comercializam flores no Brasil. Os que estiverem mais bem preparados e adequados para os
potenciais clientes melhor se posicionarão no mercado.
25
O problema, nesse caso, é que se essas ações forem mal planejadas e/ou
gerenciadas, as estratégias relacionadas com o marketing-mix (produto, preço, comunicação e
distribuição) e a logística no varejo eletrônico de flores podem representar o sucesso ou o
fracasso do empreendimento. Segundo Chesbrough e Teece (2002) e Turban e King (2004), a
partir de 1999, com a euforia do comércio eletrônico, diversas empresas, especialmente as de
varejo eletrônico, começaram a falir. Chaffey (2005) cita como exemplos de “espetaculares
fracassos” os casos da Boo.com, Peapod e Clickmango, entre outras. É conhecido ainda o fato
de mesmo para empreendimentos ligados ao varejo tradicional, a maioria das empresas abre
falência nos primeiros anos de vida, seja por falta de planejamento ou conhecimento dos
aspectos prioritários relacionados com o negócio.
Neste sentido, mostra-se relevante identificar os objetivos que as operações
produtivas necessitam perseguir para satisfazer seus stakeholders, gerenciando a empresa de
maneira eficiente internamente e eficaz no seu relacionamento com parceiros comerciais e
clientes.
Conforme Oliveira (1996) pode-se afirmar que o exercício sistemático do
planejamento tende a reduzir a incerteza envolvida no processo decisório e,
conseqüentemente, provocar o aumento da probabilidade de alcance dos objetivos e desafios
estabelecidos para a empresa. Para tanto, a empresa precisa ter claramente definido os seus
objetivos de desempenho. Slack et al. (2002) destacam a importância de cinco objetivos de
desempenho básicos que se aplicam a praticamente todos os tipos de operações produtivas. É
importante que os diretores de uma empresa saibam quais dentre esses cinco objetivos são
mais importantes para seu empreendimento, de modo a focar suas forças e definir o conjunto
de estratégias mais adequado.
Os objetivos de desempenho apresentados por esses autores são: qualidade -
satisfazer a seus consumidores fornecendo bens e serviços isentos de erro; rapidez - quanto
26
tempo os consumidores precisam esperar para receber seus produtos ou serviços;
confiabilidade - fazer as coisas em tempo para os consumidores receberem seus bens ou
serviços prometidos; flexibilidade – capacidade de alterar o que a operação faz, como faz ou
quando faz; custos – produzir um bem ou serviço mais barato.
Apontados os principais objetivos de desempenho relacionados com o varejo
eletrônico de flores, podem-se identificar os fatores-chave para o sucesso de empresas que
operam o comércio eletrônico de flores no varejo. Os fatores-chave de sucesso são definidos
como o conjunto de abordagens de ação relacionadas com a estratégia, com as capacidades
competitivas e com os resultados do negócio que cada empresa tem de construir para ser mais
competente, e possa, assim, garantir lucratividade e sucesso em relação a seus concorrentes
(THOMPSON JR.; E. STRICKLAND III, 2000).
A correlação entre objetivos de desempenho, marketing-mix e logística é alta.
Marketing e logística dispõem de ferramentas ou meios para que grande parte dos objetivos
de desempenho priorizados pela empresa seja atingida. Kotler e Armstrong (2003)
consideram o marketing-mix um conjunto de ferramentas de marketing que a empresa utiliza
para perseguir seus objetivos no mercado-alvo. Para os autores, o marketing-mix encerra a
idéia de um conjunto de instrumentos ou de parâmetros decisórios. Por outro lado, autores
como Dornier et al. (2000), Christopher (2001) e Ballou (2004) destacam que a logística é o
instrumento pelo qual a empresa atinge seus objetivos de suprimento e entrega, agregando
valor de tempo e lugar ao produto.
Dessa forma, a partir de um suprimento constante de flores frescas, um quadro
de floristas profissional e criativo, além de uma equipe de atendentes telefônico/ online
eficiente (estratégias relacionadas com a variável produto / serviço) pode-se agregar valor de
maneira significativa aos objetivos de qualidade, flexibilidade e confiabilidade do varejo
eletrônico de flores.
27
As estratégias relacionadas com o preço do produto afetam a flexibilidade e os
custos da empresa. Mensagens informativas, propagandas personalizadas ou qualquer outra
forma adequada de comunicação conquistam a confiança do consumidor quando os
mecanismos de segurança do site são apresentados nesses materiais de divulgação, e o
processo de pagamento eletrônico passa a ser visto pelo consumidor de forma positiva. Da
mesma forma, a logística de entrega das flores pode interferir na rapidez, flexibilidade,
confiabilidade e custo.
Dentro deste contexto, pode-se dizer que o problema de grande parte das
empresas que operam o varejo eletrônico de flores é a indefinição ou falta de foco nos pontos-
chave desse tipo de empreendimento, já que muitos dos gerentes dessas empresas visualizam
apenas de maneira empírica alguns dos fatores-chave para o sucesso do negócio.
Este trabalho busca preencher a lacuna existente entre o ferramental teórico dos
fatores-chave de sucesso e o caso das empresas que operam o varejo eletrônico de flores, ao
analisar os resultados de estudos de casos reais com algumas empresas do setor. Buscou-se
escolher empresas que fossem consideradas referências nacionais no assunto, contribuindo,
assim, para uma melhor compreensão de seus fatores-chave de sucesso.
1.3 Questão da pesquisa
“A questão ou pergunta formulada na pesquisa é o ponto de partida do qual se
estruturam as explicações, as hipóteses e a natureza dos dados que a respondam” (MOURA
CASTRO, 1978, p.34).
A pergunta que deu origem a esta pesquisa e que serviu de base para a
estruturação do presente projeto pode ser formulada a seguir:
28
Quais os fatores-chave de sucesso de empresas que utilizam o canal eletrônico
para comercialização de flores no varejo?
1.4 Justificativa e relevância do trabalho
A floricultura, em seu amplo sentido, abrange o cultivo de flores e plantas
ornamentais com variados fins, que incluem desde as culturas de flores para o corte à
produção de mudas arbóreas (MARQUES, 2002). Em termos genéricos, o complexo flores,
no Brasil, inclui desde os produtores de insumos, responsáveis pelo suprimento e produção até
a infra-estrutura básica de transporte, incluindo os produtores das flores e os canais de
distribuição e consumo.
Vários autores (AKI, 1999; MARQUES, 2002; GROOT, 2003) destacam que
infelizmente não existem estatísticas oficiais acerca do tamanho do mercado brasileiro de
flores e plantas ornamentais; existem apenas estimativas e projeções de mercado.
Conforme Junqueira (2006), estima-se que o mercado brasileiro de flores
movimente atualmente o equivalente a US$ 1,1 bilhão anuais no varejo. De acordo com o
consultor do IBRAFLOR, na composição dos preços e das margens de comercialização ao
longo da cadeia de flores no Brasil, esses preços correspondem de 3,5 a 4 vezes o preço
vigente no atacado. Seguindo esse raciocínio, a movimentação atacadista no mercado interno
equivaleria a um valor entre US$ 275 milhões e US$ 314 milhões. Por sua vez, o valor de
atacado representa de 1,5 vezes a 1,8 vezes o valor recebido pelos produtores. Dessa forma,
pode-se estimar que os valores anuais movimentados pelos produtores esteja na faixa de
US$ 153 milhões e US$ 209 milhões.
A participação do complexo flores no Produto Interno Bruto (PIB) nacional é
pouco representativa. A partir de dados do Centro de Estudos avançados em Economia
Aplicada (2006) e de Junqueira (2006), observou-se que este setor representou apenas 0,13%
29
do total do PIB brasileiro ou 0,46% do PIB do agronegócio nacional, em 2005. Apesar disso,
as transações financeiras do setor de flores têm crescido tanto no mercado interno como
externo. Além disso, a floricultura mostra-se importante para a diversificação do agronegócio
nacional, para que esse não fique atrelado somente às grandes atividades exportadoras do país,
como por exemplo, soja, cana de açúcar, carnes, café e laranja.
O cultivo de flores e plantas ornamentais mostra-se também como uma boa
opção para o pequeno produtor rural, que pelo fato de dispor de pequena área para criação ou
cultivo, precisa exercer alguma atividade que agregue maior valor, gerando maior
lucratividade por área. É o caso da floricultura, que em 2000 dispunha de 4.500 hectares
plantados no país (MOTOS, 2001), e em 2004 foi responsável pela geração de mais de 120
mil empregos, dos quais 58 mil (48,3 %) estão localizados na produção, 4 mil (3,3%) no
atacado, 51 mil (42,5%) no comércio varejista e 7 mil (5,9%) em outras funções,
principalmente nos segmentos de apoio (SEBRAE, 2005).
De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),
citado em SEBRAE (2005), a atividade emprega em média, duas vezes mais trabalhadores do
que a agropecuária nacional, predomina em propriedades com menos de 10 hectares e é um
ramo que emprega proporcionalmente maior número de mulheres. A produção de flores e
plantas ornamentais propicia rendimentos entre R$ 50 mil a R$ 100 mil por hectare, gerando,
na média nacional, 3,8 empregos diretos por hectare, que vem a equivaler a 14,2 empregos
numa propriedade dedicada à floricultura (sendo que o tamanho médio de uma propriedade
dedicada ao cultivo de flores e plantas ornamentais é de 3,7 hectares). Ainda, 94,4% desses
empregos são preenchidos com mão-de-obra permanente, essencialmente contratada (81,3%),
enquanto que o trabalho familiar responde por 18,7% do total empregado, caracterizando-se,
assim, o seu inquestionável papel e importância sócio-econômica (SEBRAE, 2005).
30
A partir de dados básicos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio - Secretaria de Comércio Exterior (2006) verificou-se que em 2001 o volume total
das exportações de flores e plantas ornamentais foi de US$ 13,2 milhões e o valor das
exportações brasileiras foi crescente desde então, atingindo em 2005 o patamar de US$ 25,8
milhões em valor total, uma elevação de 95,45% em cinco anos. Kiyuna (2002) destaca a
importância do estado de São Paulo nas exportações de flores e plantas ornamentais (em 2001
o estado foi responsável por 72,4% das exportações brasileiras).
O estado de São Paulo é responsável por cerca de 70% da produção brasileira
de flores e plantas ornamentais (FNP Consultoria & Comércio, 2001). Segundo Anefalos
(2004), os principais centros atacadistas de comercialização também encontram-se no estado.
Entre esses, destacam-se o Veiling Holambra, a CEAGESP (Companhia de Entrepostos e
Armazéns Gerais do estado de São Paulo), o CEASA (Centro Estadual de Abastecimento
S.A.) Campinas e a Floranet (também localizada em Holambra-SP).
De acordo com Claro (1998), a distribuição de flores no varejo é feita
principalmente através de floriculturas (55%) e decoradores (20%). Outros importantes canais
são as funerárias, com 10% das vendas e o varejo de auto-serviço - principalmente super e
hipermercados - com 8%. Os outros canais somam juntos os 7% restantes.
Por outro lado, há no varejo uma tendência de crescimento dos canais
eletrônicos. Conforme Quelch e Klein (1996) e Arnott e Bridgewater (2002), desde a
popularização da Internet no início da década de 1990, o foco de utilização da rede vem
evoluindo de simplesmente informacional para transacional. Segundo pesquisa divulgada pelo
site da Ebit (RAIO-X, 2006), atualmente existem no Brasil mais de 4,7 milhões de e-
consumidores. Além disso, o brasileiro já vem desenvolvendo o hábito de pagar contas, fazer
transferências de valores e até declaração de Imposto de Renda via meio eletrônico
31
(PARENTE, 2000). Estes dados mostram o crescimento da penetração do uso de
computadores para a resolução de questões mais corriqueiras das vidas das pessoas.
Em 2005 o varejo eletrônico movimentou cerca de R$ 2,5 bilhões, tendo um
aumento de 43% em relação a 2004 (RAIO-X, 2006). Em cinco anos (de 2001 a 2005), o
faturamento do varejo eletrônico nacional cresceu 355%. Para 2006, segundo a mesma fonte,
a previsão de crescimento está na casa dos 56% e o faturamento do setor deve chegar a R$ 3,9
bilhões. De acordo com esta previsão, pode-se concluir que ainda existe um número grande de
potenciais clientes para o comércio eletrônico.
A evolução acelerada do comércio eletrônico nos anos anteriores a 2004 criou
para o setor uma série de desafios. Consumidores mais certos de seus direitos e conhecedores
do serviço prestado pelo varejo eletrônico se tornaram mais exigentes. Isso se refletiu no grau
de satisfação apontado pelo índice E-bit/PwC (PricewaterhouseCoopers, encontrado em
Raio-X, 2005). Em 2004 houve pequena oscilação no grau de satisfação do e-consumidor.
Durante os 12 meses do ano, entre 86% e 87% das pessoas que compraram produtos pela
Internet revelaram estar satisfeitos com suas compras (RAIO-X, 2005). Conforme a mesma
fonte, dessa forma, fica evidente que ainda há muito trabalho para o varejo eletrônico. Os
principais pontos de atenção são a melhora na experiência de navegação do site (tanto em
performance quanto em usabilidade), no atendimento e no pós-venda – principalmente no
sistema de embalagem e entrega dos produtos (RAIO-X, 2005).
Quando se trabalha com flores, conforme Claro (1998, p.13), “[...] o objetivo
imediato é atingir a emoção das pessoas de forma positiva, uma vez que as flores sempre
estão relacionadas com a beleza e suavidade.” Ainda, além dos valores emocionais que estas
representam, Leszczyñska-Borys e Borys (1994) comentam sobre os valores que as flores e
plantas ornamentais representam, tais como: valores estéticos e intelectuais, dados por sua
arquitetura, suas cores e muitas vezes seu perfume; valores medicinais; valores ecológicos,
32
dados por sua capacidade de purificação do ar, do solo e da água; e valores econômicos,
podendo ser utilizadas como enfeites, adornos em jardins, presentes, e matéria-prima para
perfumes, cosméticos e remédios.
De acordo com Aki (2000c), como as flores são produtos muitas vezes tratados
como artigos de presente, tornam-se altamente adequados para o ambiente de vendas na
Internet. Vale destacar que a venda a distância já é praticada pelo mercado de flores há alguns
anos, por meio de telefone. A partir da constatação do autor, percebe-se que esses fatores,
somados ao surgimento e desenvolvimento da Internet de banda larga (em 2004, cerca de 75%
dos internautas entre 15 e 30 anos e 83% dos com mais de 50 anos tinham acesso a Internet
via banda larga, conforme Raio-X, 2005), são oportunidades que também favorecem o
crescimento do varejo eletrônico de flores.
Okuda (1997) ressalta ainda a importância de campanhas de marketing
institucional que façam o consumidor desvincular compra de flores e plantas com datas
especiais, ou seja, a intenção é que o produto deixe de ser consumido somente nestas datas
para fazer parte da lista de compras do consumidor. Uma das vertentes a ser trabalhada nesta
pesquisa é a definição do conjunto de ações em termos de comunicação ou promoção; ou seja,
este trabalho mostrará quais os esforços nesse sentido seriam mais adequados às empresas de
varejo eletrônico.
Tratando-se do varejo eletrônico em geral, segundo Raio-X (2005), além das
campanhas publicitárias, as lojas precisam se esforçar para dar ao consumidor que realiza sua
primeira compra no varejo eletrônico, uma ótima experiência de compra. Nesse caso,
experiência de compra começa no momento em que o consumidor entra no site da loja,
encontra facilmente o que procura, consegue concluir sem problemas e dificuldade a compra,
solicita informações ao atendimento e recebe tudo o que comprou dentro da data prometida.
Dessa forma, o presente estudo abordará também questões relacionadas com a estrutura
33
tecnológica e o capital humano necessários para possibilitar essa ótima experiência de compra
para o consumidor.
De forma similar, a presente pesquisa aborda questões relacionadas com
gestão, compreendendo: a variável produto (envolvendo design e layout do site, a qualidade
do produto vendido e sua embalagem); as estratégias de preço (visando atrair e manter os
clientes) e o sistema de distribuição e logística envolvidas no suprimento e entrega das flores
(e artigos vendidos conjuntamente), e assim identificar seus pontos fortes e fracos, propondo
recomendações para a solução desses “gargalos”.
Não podem ser deixados de lado também os riscos inerentes ao varejo
eletrônico de flores. Conforme Di Serio e Sampaio (2001), os riscos referem-se à
possibilidade de que os elementos acordados entre as partes não ocorram; no caso do varejo
eletrônico de flores existem riscos de entrega fora do prazo, ou de entrega sem os padrões de
qualidade pré-estabelecidos, já que as flores são altamente perecíveis. Existem também os
riscos de não pagamento e de falta de suprimento de matérias primas, entre outros. De acordo
com o grau de risco percebido pelo cliente, os objetivos de desempenho da empresa são
alterados, o que gera uma imagem negativa da empresa e a perda de confiança pelo
consumidor. A teoria relacionada com os riscos percebidos pelo cliente será utilizada como
ferramenta auxiliar na identificação das estratégias de marketing-mix e logística que fazem do
varejo eletrônico de flores um sucesso no que diz respeito à minimização dos riscos
percebidos pelo cliente.
No entanto, embora existam muitas oportunidades para as empresas que
operam o varejo eletrônico de flores, muitas empresas são mal-sucedidas e outras até abrem
falência por não terem em mente os fatores-chave de sucesso do empreendimento. Muitos
varejistas conhecem empiricamente alguns dos fatores-chave que diferenciam as empresas
bem-sucedidas das demais; entretanto, raros são os casos de gerentes que baseiam o
34
planejamento estratégico e as táticas operacionais da empresa nos fatores-chave de sucesso, e
que tenham os objetivos de desempenho priorizados por seus stakeholders.
Neste sentido, percebe-se a falta de um conhecimento mais aprofundado sobre
os fatores-chave de sucesso de empresas que operam o varejo eletrônico de flores. No âmbito
acadêmico não se conhece ainda nenhum estudo relacionado com as implicações do
marketing-mix e seus quatro componentes: produto, preço, comunicação e distribuição no
varejo eletrônico de flores. Questões relacionadas com a operação de logística das empresas
de varejo eletrônico de flores também têm sido pouco estudadas. Dessa maneira, o presente
trabalho, com caráter exploratório e explanatório, mostra-se importante pelo seu ineditismo,
abrindo possibilidades de futuros projetos, tanto acadêmicos como mais relacionados com
gestão de negócios.
A carência de livros, artigos, dissertações e teses sobre o tema, a importância
do assunto e o exponencial crescimento tanto da floricultura quanto do varejo eletrônico, e a
necessidade de maior aprofundamento das publicações encontradas reforça a necessidade de
que novos estudos relacionados com os fatores-chave de sucesso no varejo eletrônico de
flores sejam iniciados.
Em termos práticos, a realização da presente pesquisa, feita com empresas
paulistas, justifica-se, dentre outras razões, pela importância do estado de São Paulo na
produção e comercialização de flores. As análises e conclusões realizadas neste trabalho
ajudarão as empresas instaladas a melhor aproveitarem estas oportunidades, por meio de uma
maior compreensão a respeito da estrutura e funcionamento do canal eletrônico de flores,
posicionando-se fortemente nos mercados-alvo e gerando vantagens competitivas. Além
disso, a maior parte das empresas de varejo eletrônico tem sede na região da grande São
Paulo, já que tem a maior densidade populacional e índice de distribuição da população
35
urbana nacionais, de acordo com dados do censo populacional do IBGE – Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE, 2000).
Em um ambiente de competição, como é o varejo eletrônico de flores, em que a
inovação é importante, a habilidade organizacional de aumentar todas as fontes de
conhecimento torna-se a base da empresa inovadora. Essas transformações oferecem uma
oportunidade e obrigação para que acadêmicos e profissionais obtenham uma melhor
compreensão e entendimento de sua natureza (GOBBO JUNIOR; VASCONCELOS, 2002).
Assim, a identificação dos fatores-chave de sucesso mostra-se de suma importância para o
entendimento da problemática apresentada, fornecendo subsídios informacionais à gestão das
práticas de comercialização eletrônica de flores no varejo.
Tais identificações são importantes também para todos aqueles que de forma
direta ou indireta (produtores, centros de distribuição, empresas atacadistas, varejistas,
transportadoras, consumidores, etc.) atuam no canal eletrônico de distribuição de flores. O
trabalho como um todo serve de subsídio informacional para uma melhor compreensão sobre
o canal, apoiando o planejamento estratégico e tático das empresas agentes, reduzindo os
riscos de conflito e falência.
1.5 Objetivos
O objetivo geral deste trabalho é identificar os fatores-chave de sucesso das
empresas que operam o varejo eletrônico de flores. Tal análise terá como parâmetro as
estratégias de marketing-mix e de logística utilizadas pelo setor em questão. Na seqüência,
buscar-se-ão os objetivos de desempenho priorizados por essas empresas.
Como objetivos específicos pretende-se:
identificar como as empresas operam o varejo eletrônico de flores;
36
entender como as empresas que operam o varejo eletrônico de flores se estruturam
em relação ao suprimento de flores e outros produtos;
analisar as decisões em termos de produto, preço, comunicação e distribuição para
comercialização eletrônica de flores;
entender como as empresas se estruturam em termos de logística de entrega no caso
do varejo eletrônico de flores;
destacar quais são os objetivos de desempenho priorizados pelas empresas;
identificar os riscos percebidos pelos consumidores em relação ao varejo eletrônico
de flores e sua influência nos objetivos de desempenho priorizados pelas empresas;
analisar empresas que passaram a operar o varejo eletrônico de flores a partir do
varejo físico (floricultura ou garden center por exemplo) e sua influência nos objetivos de
desempenho.
A partir dos objetivos acima pretende-se propor um conjunto de recomendações para
a melhoria do desempenho das empresas que operam o varejo eletrônico de flores.
37
1.6 Esquema geral da dissertação
A dissertação está organizada conforme indicado na figura 1.2.
Capítulo 1: INTRODUÇÃO
Apresentação. Problema a ser estudado. Questão da pesquisa. Justificativa e
relevância do trabalho. Objetivos. Esquema geral da dissertação.
Capítulo 2: REFERENCIAL TEÓRICO
Canais de distribuição. Comércio eletrônico. Marketing-mix e logística no
varejo eletrônico. Varejo eletrônico: fatores chave de sucesso
Capítulo 3: METODOLOGIA DA PESQUISA
Tipo e design de pesquisa. Fontes de dados. População e tamanho da
amostra. Procedimento de coleta de dados. Análise dos dados e
apresentação dos resultados.
REFERÊNCIAS
APÊNDICES
Apêndice A – Roteiro do questionário apresentado às pessoas-chave das empresas que operam o
varejo eletrônico de flores
Apêndice B - Roteiro do questionário apresentado ao especialista no mercado de flores
Apêndice C – Protocolo de pesquisa
Capítulo 4: RESULTADOS E DISCUSSÃO
Caracterização das empresas pesquisadas. Os objetivos.
Capítulo 5: CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES
Contribuições da pesquisa. Limitações e sugestões para trabalhos
futuros. Considerações finais.
Fonte: elaborado pelo autor do trabalho
FIGURA 1.1 – Esquema geral da dissertação.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo serão retratados os principais referenciais teóricos que
fundamentaram este estudo. A Figura 2.1 representa graficamente os tópicos a serem
abordados.
Fonte: elaborado pelo autor do trabalho
FIGURA 2.1 – Tópicos abordados no referencial teórico
2.1 Canais de distribuição
2.1.1 Definições e aspectos gerais
Segundo Neves (1999), os canais de distribuição são um dos tópicos mais
antigos na bibliografia sobre marketing, sendo até considerados uma de suas vertentes
2.4 Objetivos
de desempenho e
fatores chave de
sucesso no varejo
eletrônico de flores
2.1 Canais de
distribuição
2.2 Comércio
Eletrônico
2.3 Marketing- mix
e logística no
varejo eletrônico
2.1.1 Definições e
aspectos gerais
2.1.2 Os agentes do
canal
2.1.3 Instituições
varejistas e surgimento
do varejo eletrônico
2.2.1 Definições e
aspectos gerais do
comércio eletrônico
2.2.2 Varejo eletrônico
2.2.3 Varejo eletrônico
de flores
2.2.4 Tecnologia
envolvida no varejo
eletrônico
2.3.1 Conceitos gerais
sobre marketing-mix
2.3.2 O “produto” no
varejo eletrônico
2.3.3 O “preço” no varejo
eletrônico
2.3.4 A “comunicação”
no varejo eletrônico
2.3.5 A “distribuição” no
varejo eletrônico
2.4.1 Identificando os
objetivos desempenho e os
fatores-chave de sucesso
2.4.2 Os riscos percebidos
no varejo eletrônico de
flores
39
originais. Estes podem ser definidos, de acordo com Rosenbloom (2002, p.27), como sendo
“[...] uma organização contatual externa que a administração opera para alcançar seus
objetivos de distribuição.” Ou ainda, conforme o mesmo, “[...] pode-se pensar em um canal de
distribuição como a estrada por onde passa o produto ao mover-se do produtor para o
consumidor final.” Stern et al. (1996), Berman (1997) e Coughlan et al. (2002) destacam
também que canais de distribuição são compostos por um conjunto de agentes e instituições
interdependentes que compartilham objetivos comuns e realizam todas as atividades
necessárias para tornar os produtos e serviços disponíveis para o uso e consumo.
Além dos já citados acima, vários outros autores como Parente (2000), Slack et
al. (2002) e Kotler e Armstrong (2003) enfatizam que os canais de distribuição são formados
por diferentes níveis, que compõem sua estrutura. “Estrutura de canal, por sua vez, pode ser
definida como o grupo de membros do canal para o qual foi alocado um conjunto de tarefas
de distribuição.” (ROSENBLOOM 2002, p.37). Dessa maneira, os canais de distribuição
podem ser descritos pelo número de níveis de canal envolvidos; assim, cada um dos
intermediários de marketing que realizam algum tipo de trabalho para aproximar o produto e
sua posse do comprador final é um nível do canal. A figura 2.2 mostra estruturas de canais
com diferentes níveis, e dessa maneira, podem existir os chamados canais de distribuição
diretos, onde não existe nenhum nível intermediário entre o fabricante e o consumidor, e os
canais de distribuição indiretos, que podem conter um ou mais níveis intermediários.
40
________________________________________________________________________
2 níveis 3 níveis 4 níveis 5 níveis
Fonte: Rosenbloom (2002, p.38).
FIGURA 2.2 - Representação típica de diferentes estruturas de canal
Os conceitos de canal apresentados acima indicam que várias empresas estão
envolvidas no processo de distribuição, a fim de satisfazer aos usuários finais no mercado,
sejam eles consumidores ou compradores empresariais. Stern et al. (1996) acrescentam que os
canais de distribuição satisfazem à demanda não apenas por meio de produtos e serviços no
local, em quantidade, qualidade e preço correto, mas têm papel fundamental no estímulo à
demanda. Para tanto, são necessárias atividades promocionais como propaganda, promoção de
venda, merchandising, dentre outras. Os mesmos autores afirmam que os canais de
distribuição desempenham, cada vez mais, um papel importante para a empresa, podendo ser
o fator mais relevante para o desenvolvimento da sua participação de mercado. Os canais de
distribuição permitem obter vantagem competitiva sobre as demais companhias, visto que por
Fabricante
Fabricante Fabricante Fabricante
Varejista
Varejista
Varejista
Atacadista
Atacadista
Consumidor
Agente
Consumidor
Consumidor
Consumidor
41
mais que o design e layout dos produtos sejam copiados, e a qualidade e preços diminuídos,
os canais de distribuição podem representar um diferencial estratégico para a empresa.
Coughlan et al. (2002) destacam que o desenho da estrutura do canal de
distribuição de uma empresa tem fundamental importância. Segundo os autores, esta é uma
ferramenta que possibilita a análise e gestão do canal, pois sem uma base estrutural para
análise, podem ser ignorados elementos importantes dos processos de projeto inicial e seu
gerenciamento posterior ao longo do tempo, fazendo com que muitas vezes, canais sejam
construídos ou gerenciados de modo inadequado.
Essas definições evidenciam que um canal de distribuição representa um
processo ou fluxo e não um acontecimento isolado. Na verdade, de acordo com Couglan et al.
(2002), existem diversos fluxos de marketing em um canal. Esses fluxos são processos que
fluem por meio do canal, sendo feitos em diferentes pontos de tempo por diferentes membros
de canal. Os mesmos autores revelam ainda que existem basicamente oito fluxos universais,
apresentados na figura 2.3, que representam um canal hipotético contendo produtores,
atacadistas, varejistas e consumidores.
Conforme demonstra a figura, alguns fluxos movem-se para frente no canal
(posse física, propriedade e promoção), ao passo que os outros se movem para trás, partindo
do usuário final (pedido e pagamento). Outros ainda podem mover-se nas duas direções ou
são engajados por pares de membros de canal (negociação, financiamento e risco). Existe
ainda um importante fluxo que envolve todas as atividades de valor agregado do canal: o
fluxo de informações, que é omitido da figura 2.3. As informações podem fluir entre todos os
pares possíveis de membros do canal, tanto de modos rotineiros quanto especializados.
Quando utilizadas da maneira adequada, as informações podem ajudar a gerenciar melhor os
custos de desempenho dos oito fluxos clássicos, como por exemplo reduzindo custos totais de
posse física por meio de estoques menores.
42
A troca de informações dos produtores a respeito de produto e a habilidade
para vender com seus distribuidores, representantes independentes de vendas e varejistas,
possibilita aumentos no desempenho do fluxo de promoção por esses intermediários. Os
consumidores podem ainda fornecer informações sobre tendências no canal, aperfeiçoando a
habilidade dele de fornecer serviços valorizados.
Fonte: Coughlan (2002, p.25).
FIGURA 2.3 – Fluxos de marketing em canais de distribuição
2.1.2 Os agentes do canal
De acordo com Bowersox e Cooper (1992), Berman (1997) e Rosenbloom
(2002), os membros participantes de um canal de distribuição dividem-se em dois grupos. O
primeiro é composto pelos agentes primários: produtores e fabricantes; intermediários
(atacadistas e varejistas principalmente); e usuários finais (clientes de empresas ou
consumidores individuais). Estes correspondem aos membros que participam diretamente do
canal, assumindo todos os riscos pela posse do produto. O segundo grupo conta com a
P
R
O
D
U
T
O
R
E
S
A
T
A
C
A
D
I
S
T
A
S
V
A
R
E
J
I
S
T
A
S
C
O
N
S
U
M
I
D
O
R
E
S
Posse física
Propriedade
Promoção
Negociação
Financiamento
Risco
Pedido
Pagamento
Posse física
Propriedade
Promoção
Negociação
Financiamento
Risco
Pedido
Pagamento
Posse física
Propriedade
Promoção
Negociação
Financiamento
Risco
Pedido
Pagamento
Subsistema do canal comercial
43
participação dos chamados facilitadores, especialistas ou agentes secundários: empresas de
transporte, companhias de seguro, instituições financeiras, consultores, empresas de
Tecnologia de Informação, prestadoras de serviços logísticos integrados, agências de
propaganda e de pesquisa de mercado, etc. Ou seja, são aqueles que participam indiretamente
do canal, através de prestação de serviços aos agentes primários, não assumindo o risco da
posse do produto.
Os produtores e fabricantes são o elo inicial de um canal de distribuição. Estes
consistem em empresas envolvidas na extração, cultivo ou criação de produtos e prestação de
serviços. “Essa categoria inclui empresas ligadas à agricultura, silvicultura, pesca, mineração,
construção, indústria e alguns setores de serviços.” (ROSENBLOOM, 2002, p.47). Segundo
Bowersox e Cooper (1992), como os fabricantes produzem antecipadamente à demanda ou ao
consumo, existe risco no caso de as previsões de venda não ocorrerem conforme o planejado.
Machado (2004) destaca que uma forma de gerenciar este risco é a estruturação dos canais de
distribuição de modo a garantir a colocação dos produtos nos mais diversos mercados
disponíveis. Os fabricantes e produtores buscam assim, por meio do canal de distribuição,
uma fatia maior de mercado, ampliar a linha de produtos e desenvolver atividades
promocionais.
Os intermediários constituem-se por qualquer membro de canal que não seja o
fabricante ou o usuário final (COUGHLAN et al., 2002). De acordo com Machado (2004), o
objetivo desses intermediários está na busca de margens de mercado, exclusividade na
distribuição, giro de estoque e promoções comerciais.
O atacado refere-se aos estabelecimentos comerciais que não vendem produtos
para os consumidores domésticos finais. Em vez disso, essas empresas vendem produtos
basicamente para outras empresas: varejistas, comerciantes, empreiteiros, usuários industriais,
usuários institucionais e usuários comerciais (COUGHLAN et al., 2002). Os mesmos autores
44
destacam também que o atacado está intimamente associado aos bens tangíveis, ou seja,
empresas atacadistas vendem insumos físicos e outros produtos para outras empresas, criando
valor agregado por meio do fornecimento de serviços, ou seja, de fluxos de canal. Esse valor
agregado, segundo Berman (1997), está relacionado com a melhoria da coordenação entre a
produção e o consumo, visando a reduzir irregularidades na oferta e demanda, e à redução do
diferencial de serviço realizado com o esperado pelos consumidores.
Atacadistas são especialmente adequados para executar tarefas de distribuição
para produtores ou fabricantes, tais como o fornecimento de cobertura de mercado, os
contatos de vendas, a manutenção de inventário, o processamento de pedidos, a coleta de
informações de mercado e a oferta de suporte aos consumidores. Para seus clientes, os
atacadistas são igualmente adequados para executar com eficiência tarefas de distribuição,
como assegurar a disponibilidade do produto, fornecer serviço ao cliente, estender crédito e
assistência financeira, oferecer conveniência de sortimento, fragmentar volumes e ajudar os
clientes com aconselhamentos e suporte técnico (ROSENBLOOM, 2002).
2.1.3 Instituições varejistas e surgimento do varejo eletrônico
O varejo, que é o setor focado neste estudo, consiste em todas as atividades que
englobam o processo de venda de produtos e serviços para atender a uma necessidade pessoal
do consumidor final (PARENTE, 2000). O autor acrescenta ainda que os varejistas compram,
recebem e estocam produtos de fabricantes ou atacadistas para oferecer aos consumidores a
conveniência de tempo e lugar para a aquisição dos produtos, além de assumirem cada vez
mais um importante papel na identificação das necessidades do consumidor e na definição do
que deverá ser produzido para atender às expectativas do mercado. Os intermediários
45
varejistas, de acordo com o autor, podem ser classificados de acordo com vários critérios,
conforme ilustrado na figura 2.4 abaixo.
Fonte: Parente (2000, p.25)
FIGURA 2.4 – Classificação das instituições varejistas
A seguir, as diferentes formas de varejo, apresentadas na figura 2.4, serão
descritas em detalhes, conforme definições de Parente (2000). Dependendo do tipo de
propriedade, as instituições de varejo podem ser classificadas em independentes, cadeias,
franquias, alugadas, ou de propriedade de um fabricante ou atacadista. Os varejistas
independentes têm apenas uma loja, e geralmente são empresas pequenas, com administração
familiar, que em geral utilizam baixo nível de recursos tecnológicos. As redes, por outro lado,
operam mais de uma loja sob a mesma direção (como por exemplo C&A, Carrefour, Fórum).
Instituições
Varejistas
Instituições sem
Lojas
Instituições com
Lojas
Classificação de
acordo com a
propriedade
•Marketing Direto
•Vendas Diretas
• Máquinas de Venda
• Varejo Virtual
• Alimentícias
• Não Alimentícias
•Serviços
• Independentes
• Redes
Franquias
• Departamentos Alugados
• Sistemas Verticais de
Marketing
46
Conforme o número de unidades aumenta, a rede começa a ter maior economia de escala, seja
por meio de um maior poder de barganha com seus fornecedores, conseguindo melhores
condições de compra, descontos em propaganda, nos investimentos em tecnologia e gestão,
ou ainda em logística e pesquisa de marketing. Operar mais de uma loja, entretanto, gera
alguns desafios como as dificuldades no controle das operações, na flexibilidade e na
adequação às diferentes características de mercado de cada unidade.
As franquias correspondem a um sistema no qual pequenos empresários podem
se beneficiar por serem parte de uma grande instituição de cadeia de varejo. A franquia requer
um relacionamento contínuo e integrado entre franqueador e franqueado, permitindo ao
franqueado conduzir um certo negócio de acordo com um padrão de procedimentos e marca
definidos pelo franqueador. Alguns exemplos de sistema de franquias no Brasil são: O
Boticário, Água de Cheiro, McDonald’s e Habib’s.
Os departamentos de alugados são departamentos dentro de uma loja de varejo,
operados e gerenciados por outra empresa. O procedimento torna-se adequado quando o
varejista não tem a competência de gerir adequadamente departamentos que exigem um alto
grau de especialização como jóias, sapatos, peixaria, padaria, floricultura e lanchonete, por
exemplo. Dessa maneira, a loja garante a satisfação do consumidor nesse setor, sem os riscos
de sua operação.
O sistema de marketing vertical, que surgiu em virtude dos desperdícios
existentes nos canais de marketing convencionais, trabalha com um sistema integrado entre
varejistas, atacadistas e produtores, procurando eliminar o retrabalho e os desperdícios, para
otimizar os resultados do canal. Nesse sistema, um dos membros assume a posição de
“capitão” e consegue desenvolver cooperação e alinhar as atividades com os objetivos dos
membros do canal. No Brasil, os grandes fabricantes de bens de consumo como a Unilever,
Coca-Cola e Sadia conseguem elevado nível de cooperação dos varejistas em relação ao
47
abastecimento, esforço promocional, planogramas e troca de informações de mercado. Por
outro lado, o IGA (Aliança Internacional de Varejo) vem promovendo o desenvolvimento de
cadeias voluntárias patrocinadas por atacadistas – um atacadista organiza uma cadeia
voluntária de varejistas independentes e lhes oferece melhores condições de abastecimento e
apoio tecnológico e mercadológico. São exemplos destes os atacadistas Ciro, Pennacchi e
Vila Nova.
As instituições com loja classificam-se em varejo alimentício, não alimentício
e serviços. O varejo alimentício brasileiro apresenta-se muito desenvolvido, sendo que as
empresas que operam no Brasil têm acompanhado as tendências mundiais, apresentando uma
variedade muito completa de formatos de lojas que atendem às diversas características e
necessidades de mercado. Dentre esses modelos, podem ser encontrados: bares, que em geral
servem lanches e bebidas para consumo local e oferecem uma linha restrita de mercearia de
consumo imediato, concentrada em cigarros, balas, chocolates e salgadinhos; mercearias, que
oferecem uma linha básica de produtos de mercearia, frios, laticínios e bazar; padarias, que
têm um formato peculiar, já que boa parte de sua receita é proveniente da fabricação e venda
de pães e bolos, porém, também comercializam uma grande variedade de lanches e produtos
básicos de mercearia.
Existem também os minimercados, que freqüentemente são encontrados nos
bairros de classe baixa e apresentam a linha de produtos de uma mercearia, porém, já adotam
o sistema de auto-serviço, com apenas um check-out (caixa registradora sobre balcão na saída
da loja); lojas de conveniência, que se localizam principalmente em postos de gasolina e
enfrentam como concorrentes os super e hipermercados que passaram a funcionar 24 horas e
as padarias, com seu atendimento personalizado e maior variedade de produtos. Já os
supermercados caracterizam-se pelo sistema de auto-servico, check-outs e produtos dispostos
de maneira acessível, que permitem aos fregueses “auto-servirem-se”, utilizando cestas e
48
carrinhos. Podem ser classificados como supermercados compactos - quando têm de dois a
seis check-outs e apresentam uma linha completa, porém compacta de produtos alimentícios -,
ou como supermercados convencionais - quando ainda apresentam o caráter essencialmente
de loja de alimentos, apresentando boa variedade de produtos, porém com maior porte, sendo
por isso também classificados como supermercados de porte médio.
Outros tipos de varejo alimentício com lojas são as superlojas - que
caracterizam-se como grandes supermercados, de cerca de 4 mil m
2
e 30 check-outs,
oferecendo completa linha de produtos perecíveis e também uma gama razoável de produtos
não alimentícios, inclusive têxteis e eletrônicos - e os hipermercados - que são uma espécie
de superloja com uma área maior (cerca de 10.000 m
2
) e com variedade muito mais ampla de
produtos (cerca de 50 mil itens), principalmente relacionado com o setor de não-alimentos.
Segundo dados do Ranking Abras 2005 (2005), em 2004, entre as maiores empresas
hipermercadistas brasileiras estavam respectivamente a Companhia Brasileira de Distribuição
(inclui as redes Pão de Açúcar, Sendas, Extra e Compre Bem), o Carrefour, a Wal-Mart Brasil
(Inclui a aquisição da rede Bompreço) e Big (Grupo Sonae). Existem ainda grandes lojas
como o Sam’s Club, Makro e Atacadão, que realizam tanto vendas no varejo como no
atacado. Estas, conhecidas como clubes atacadistas, apresentam um sortimento bastante
compacto, instalações despojadas, limitada gama de serviços e preços especialmente baixos.
Tratando-se do varejo não alimentício com lojas, no Brasil este setor não
apresenta o grau de desenvolvimento ou maturidade que se observa no varejo alimentar.
Modelos de loja de não alimentos encontrados no Brasil são: lojas especializadas, que
dominam o varejo de não-alimentos no país e concentram suas vendas em uma linha de
produtos, tais como brinquedos, calçados, móveis, livros e confecções; lojas de departamento,
que são lojas de grande porte, como Riachuelo, C&A e Pernambucanas, que apresentam
grande variedade de produtos e oferecem ampla gama de serviços aos consumidores e são
49
estruturadas em bases departamentais; mini lojas de departamento, também conhecidas como
“magazines”, como Ponto Frio, por exemplo, que são modelos rústicos e compactos de lojas
de departamento de linha limitada.
Os “matadores de categoria” ou Category Killers, são outra forma de varejo
não alimentício com lojas. São megalojas especializadas em determinadas categorias de
produtos altamente competitivas como, por exemplo, a Kalunga, a Saraiva e as Casas Bahia.
Outros modelos desse tipo de varejo são ainda; as lojas de desconto, que são versões
despojadas e mais eficientes da loja de departamento, que utiliza o sistema auto-serviço e é
direcionada para o segmento sensível a preço; e lojas de fábrica, que são de propriedade de
fabricantes, como as lojas de confecções da Vila Romana, em São Paulo, e vendem
exclusivamente sua linha de produtos.
Por outro lado, grande parte das atividades varejistas consiste na prestação de
serviços, em que diferentemente do varejo de produtos, o consumidor não adquire a posse dos
bens comprados, mas seus benefícios, como em salões de beleza, clínicas médicas e
academias de ginástica, por exemplo. Entretanto, nem sempre é fácil separar o varejo de
serviços do varejo de produtos. Muitos formatos varejistas apresentam uma combinação
dessas duas atividades, tal como em uma loja de produtos animais, em que parte da atividade
refere-se aos serviços de banho, tosa, consulta veterinária, e parte à venda de produtos; ou
restaurantes, em que a venda dos produtos está integrada à venda dos serviços; ou ainda as
papelarias, que vendem material para escritório e oferecem os serviços de máquinas
copiadoras.
De uma maneira geral, a maior parte das vendas varejistas ainda é realizada por
lojas físicas. Porém, existem técnicas de venda que permitem aos consumidores comprar
produtos e serviços sem ter de deixar suas casas. Estas são conhecidas como práticas de
varejos sem loja. Algumas destas existem há muito tempo, como é o caso da venda direta, que
50
se constitui em um sistema direto de venda ao consumidor que envolve explicações pessoais e
demonstração de produtos e serviços. Assim, o contato pessoal pode ser realizado na casa do
consumidor, no escritório ou por telefone. Muitas grandes empresas vêm-se apoiando
integralmente nesse modo de fazer varejo, como a Avon e Natura.
Uma forma distinta de varejo sem loja é o marketing direto. Neste sistema, que
já vem sendo praticado há algum tempo, o vendedor utiliza um ou mais veículos de
comunicação para produzir um contato com cliente e conseguir um pedido de compra. Ou
seja, o varejista tradicionalmente comunica suas ofertas através de catálogos enviados por
mala direta, revista, jornal, rádio e televisão e os consumidores efetuam seus pedidos pelo
correio ou telefone.
Fatores ambientais relacionados com as dimensões econômica, governamental,
demográfica, cultural e tecnológica, já mencionados, estão associados às crescentes
exigências do consumidor moderno e vêm provocando mudanças no varejo com um todo
(HOPPING, 2000; KINSEY; ASHMAN, 2000; TURBAN et al., 2003). Estas mudanças,
segundo Hopping (2000), vêm sendo cada vez mais rápidas. Isso se deve em parte ao ritmo de
vida acelerado do cidadão moderno, que não pode “perder tempo” fazendo compras ou
preparando suas refeições diárias, por exemplo.
De acordo com Kinsey e Ashman (2000), o uso da tecnologia no varejo teve
início na década de 70, com a utilização dos códigos de barra e scanners na leitura de preços
de produto em supermercados. Depois vieram as caixas registradoras eletrônicas e os sistemas
computadorizados, tornando o processo de pagamento e o controle das vendas mais
dinamizado e controlado. No Brasil, a incorporação de novas tecnologias vem ocorrendo de
forma crescente desde a década de 1980. A busca, num primeiro plano, foi por melhoria da
eficiência interna - balanças eletrônicas, terminal ponto de venda, máquinas de preencher
cheques, leitora óptica e código de barras (GONÇALVES; GONÇALVES FILHO, 1995).
51
Os fatores ambientais e o progresso tecnológico citados acima vêm provocando
o nascimento de novas formas de varejo, principalmente associadas ao varejo sem loja, como
o uso das máquinas automáticas de venda ou vending machines, por exemplo. Estas vêm
sendo crescentemente utilizadas no Brasil para a venda de refrigerantes, sucos e café, e são
encontradas em locais de grande circulação, como em estações rodoviárias, aeroportos,
escolas e hospitais (PARENTE, 2000). Nesse sistema, o consumidor pode comprar produtos
ou serviços por meio de máquinas e efetua o pagamento com dinheiro, fichas compradas
antecipadamente, ou por meio de cartões de crédito. Outro impacto relacionado com os
avanços tecnológicos e com as exigências do consumidor vem sendo observado no sistema
marketing direto. A partir da segunda metade da década de 1990, com a vinda da World Wide
Web, o consumidor vem utilizando a Internet para receber catálogos de venda e efetuar
pagamento pelos produtos e serviços adquiridos por meio de um computador.
Segundo Turban et al. (2003), esta é a era da informação, em que idéias
inovadoras e o uso inteligente da informação fazem toda a diferença em um mercado super
competitivo, complexo, globalizado e voltado para o cliente. Dessa forma, as empresas
precisam reagir de modo rápido aos problemas e às oportunidades que surgem desse ambiente
empresarial moderno. O ritmo e a magnitude das mudanças que afetam as organizações
continuam aumentando, gerando mais insegurança nas operações e estratégias empresariais,
impondo pressões sobre as empresas. Segundo esses autores, as organizações podem
responder reativamente a uma pressão já existente, ou de modo proativo a uma pressão
esperada. “[...] As reações das empresas são facilitadas pela Tecnologia de Informação (TI),
que em um amplo contexto, é um conjunto dos componentes tecnológicos individuais,
normalmente organizados em sistemas de informação baseados em computador.” (TURBAN
et al., 2003, p.5).
52
A busca de vantagens competitivas tem levado as empresas a agregar
diferenciais, em termos de serviços ou de novas tecnologias. As novas tecnologias, em
especial, têm a capacidade de corroer, equalizar ou impulsionar a vantagem competitiva de
uma empresa, e elas têm sido o principal fator observado em termos de mudanças na maneira
de organizar as atividades econômicas das organizações (MARCOVITCH, 1992; PICOT et
al., 1996). Conforme Silva (1996), elas são um fator importante a ser considerado na
viabilização da sobrevivência e crescimento das organizações.
Dentre as inovações tecnológicas no varejo, a que mais vem tendo destaque é o
varejo eletrônico, que é a forma mais moderna e inovadora de varejo sem loja, a qual só se
tornou possível e economicamente viável devido ao desenvolvimento da TI. Segundo Parente
(2000), varejo virtual ou eletrônico pode ser entendido como o formato de varejo que oferece
pela Internet produtos e serviços, possibilitando que consumidores finais comprem e
completem a transação por meio de um sistema eletrônico interativo.
Seybold e Marsahk (2000) complementam ainda que varejo eletrônico pode ser
entendido como a realização de negócios eletronicamente, envolvendo todas as atividades
ligadas ao processo de negócio como marketing, vendas, pedidos, manufaturas, serviço ao
cliente e suporte pós-venda. Entretanto, o varejo eletrônico é apenas uma das diversas formas
existentes de comércio eletrônico. Compreender o comércio eletrônico em termos gerais,
assim como as particularidades do ambiente e do processo de comercialização de produtos,
serviços e informações pela Internet é fundamental para o adequado entendimento das
operações de varejo eletrônico e das especificidades do varejo eletrônico de flores.
53
2.2 Comércio eletrônico
2.2.1 Definições e aspectos gerais do comércio eletrônico
Conforme Turban et al. (2003, p.285) “[...] uma das mudanças mais radicais
que atualmente permeiam o mundo dos negócios é o surgimento do comércio eletrônico.” O
impacto do comércio eletrônico (e-commerce ou CE) sobre aquisições, compras, colaboração
comercial, atendimento ao cliente e prestação de diversos serviços é tão drástico que afeta,
ainda que de maneiras diferentes, praticamente todas as organizações.
Segundo Turban e King (2004), comércio eletrônico pode ser definido como o
processo de compra, venda e troca de produtos, serviços, informações por redes de
computadores ou pela Internet. De forma similar, de acordo com Albertin (1999, p.15), “[...]
comércio eletrônico é a realização de toda a cadeia de valor dos processos de negócio num
ambiente eletrônico, por meio da aplicação intensa das tecnologias de comunicação e de
informação, atendendo aos objetivos de negócio.”
Partindo-se do ponto de vista da teoria dos canais de distribuição, Rosenbloom
(2002, p.365) define canais de marketing eletrônicos como “[...] o uso da Internet para tornar
o produto disponível de tal forma que o mercado-alvo, com acesso a computadores, possa
comprar e completar a transação de compra por meios eletrônicos.” Lowenthal (2005) destaca
que as finalidades dos canais eletrônicos podem ser agrupadas em três frentes: informação,
transação e relacionamento. Uma empresa que utiliza qualquer uma dessas três frentes com
um determinado público-alvo representa um esforço direcionado ao e-business. De acordo
com Turban e King (2004), muitos preferem utilizar o termo e-business como uma definição
mais ampla de comércio eletrônico que não inclui simplesmente a compra e venda de
produtos e serviços, mas também a prestação de serviços a clientes, a cooperação com
54
parceiros comerciais e a realização de negócios eletrônicos dentro de uma organização. No
presente trabalho, é utilizada a conotação mais ampla de comércio eletrônico, basicamente
como um sinônimo de e-business.
Segundo Cabral e Yoneyama (2001), a Internet foi idealizada em 1969 com
propósitos estratégicos pelo Departamento de Defesa dos E.U.A. (Advanced Research
Projects Agency – ARPA), formando a Arpanet, que quando criada contava com os seguintes
nós: Universidade da Califórnia, em Los Angeles e Santa Bárbara, Stanford Research Institute
e Universidade de Utah. O sistema baseava-se no fato de as redes de computadores serem, do
ponto de vista físico, menos vulneráveis, já que a destruição dos equipamentos de dada área
geográfica ainda permitiria o funcionamento do restante da rede.
As aplicações de comércio eletrônico começaram no início da década de 70
com a transferência eletrônica de fundos. Entretanto, seu emprego limitava-se a grandes
corporações e a algumas pequenas empresas inovadoras. Surgiu então o intercâmbio
eletrônico de dados (EDI) que adicionou outros tipos de processamento de transações e
estendeu a participação a todos os setores. Porém, foi no início dos anos 90, a partir da
expansão da Internet, e com a popularização da World Wide Web que as aplicações do
Comércio eletrônico se expandiram rapidamente (TURBAN et al., 2003).
A Internet nasceu estatal e acadêmica. Não foi uma rede planejada para se
tornar uma plataforma para negócios ou sequer para uso empresarial. De início, houve até
polêmica e resistência da comunidade acadêmica a respeito do uso comercial da rede. Esse
fato foi superado pela força das empresas diante do gigantesco apelo que o novo meio
fornecia, capaz de alcançar milhões de pessoas e, conseqüentemente, gerar inúmeras
oportunidades de negócios (CATALINI et al., 2004).
No início, as empresas tradicionais experimentaram a nova tecnologia e
priorizaram participações institucionais na rede. Rapidamente, entretanto, o acelerado
55
crescimento do número de usuários da Internet fez com que novas empresas surgissem. Essas,
criadas com foco na exploração de oportunidades de negócios eletrônicos, ficaram conhecidas
como empresas pontocom, que compunham, juntamente com as empresas de TI, o que viria a
ser chamado de nova economia (CATALINI et al., 2004).
Os autores acima destacam ainda que ao longo da segunda metade da década
de 1990 até abril de 2000 houve uma supervalorização das empresas pontocom. A Internet,
sendo uma tecnologia nova, permitindo comunicação interativa e distribuição de informações
a um custo irrisório e a uma velocidade sem precedentes, era sinônimo de sucesso garantido.
Neste sentido, surgiram novos negócios, considerando-se que as velhas leis econômicas
estavam superadas, inúmeras novas oportunidades estavam abertas e os riscos altíssimos
foram praticamente esquecidos. O fenômeno se perpetuou por tanto tempo e afetou tanto as
economias americana e mundial que preocupou seriamente o Banco Central dos E.U.A., cujo
então presidente, Alan Greenspan, na falta de uma explicação para a alta incrível das ações
pontocom e de empresas de tecnologia em geral, batizou o momento de “exuberância
irracional”. Porém, após surgirem empresas sem planejamento estratégico, sem modelos de
negócios realmente consistentes, sem foco nenhum e incapazes de gerar lucro, muitas
empresas pontocom abriram falência. “[...] Bilhões de dólares foram perdidos e, de uma hora
para outra, os investimentos em negócios relacionados com a Internet passaram a ser mal
vistos.” (CATALINI et al., 2004, p.18).
As empresas que tiveram um melhor planejamento estratégico, conseguindo
gerar vantagens competitivas através do comércio eletrônico, não focando apenas em
tecnologia, mantiveram-se no mercado e hoje vários exemplos de negócios eletrônicos podem
ser citados como lucrativos, como os leilões da eBay (www.ebay.com), líder no mercado de
leilões e de grandes varejistas brasileiros que, em 2003 já alegavam lucratividade, o
Submarino (www.submarino.com.br) e a Americanas.com (www.americanas.com.br). Mesmo
56
que não façam vendas diretas na Internet, praticamente todas as empresas do mundo estão
utilizando a rede de alguma forma: para divulgação, para contato com clientes, para compras
e interação com fornecedores, entre outras aplicações (CATALINI et al., 2004).
Segundo Turban e King (2004), o comércio eletrônico pode exibir diversas
formas, dependendo do grau de digitalização (transformação de físico em digital) de três
fatores ou dimensões: do produto ou serviço vendido, do processo e do agente intermediário
de entrega (figura 2.5). Na forma tradicional de comércio, essas três dimensões são físicas, já
onde existe comércio eletrônico puro todas essas dimensões são digitais. Se houver ao menos
uma dimensão digital, porém não todas, a situação é considerada como comércio eletrônico
parcial. Por exemplo: comprar um livro no site Submarino é CE parcial, pois o livro em forma
física é entregue pelo correio convencional. No entanto, a compra de um e-book (livro
eletrônico) do Submarino ou de um software da Best Buy – nesse caso, bestbuy.com -
(www.bestbuy.com) é CE puro, pois o produto, sua entrega, e seu pagamento são digitais.
De acordo com Cabral e Yoneyama (2001) e Maia et al. (2001), os agentes
podem ser digitais à medida que programas sofisticados podem gerar automaticamente o
produto ou atender o cliente, como nos casos de ingressos de teatro, horóscopo, consulta a um
banco de informações, conversão de moeda, matrícula em um curso, etc. Os processos digitais
são os elementos que caracterizam o comércio eletrônico, em todas as suas manifestações:
pedido, pagamento, solicitação de informações, suporte, etc; no caso de produtos puramente
digitais, até a entrega do produto (download, attachment). Os produtos puramente digitais, no
entanto, ocupam apenas espaço físico virtual, podendo ser enviados pela rede de
computadores. Alguns exemplos de produtos digitais são: jornais, boletins informativos,
manuais técnicos, livros eletrônicos, áudio, vídeo, jogos interativos, Chat, telemedicina,
teleconferência, educação à distância, leilões, moedas eletrônicas, encomendas, busca de
dados, etc.
57
Fonte: Adaptado de Turban e King (2004, p.4)
FIGURA 2.5 – As dimensões do comércio eletrônico
Os mesmos autores destacam que as organizações totalmente físicas são
chamadas de organizações de tijolo e cimento (brick and mortar) ou organizações da velha
economia, enquanto as devotadas exclusivamente ao CE são organizações virtuais on-line
puras (click and click). As organizações de clique e cimento (click and mortar), por sua vez,
são aquelas que realizam algumas atividades de comércio eletrônico, mas cujos principais
negócios são realizados fisicamente. Muitas empresas de tijolo e cimento têm se tornado aos
poucos de clique e cimento, como a Qantas Airlines (www.qantasairlines.com) e a livraria
Barnes and Noble (www.barnesandnoble.com), por exemplo.
Conforme Turban e King (2004), sistemas transacionais modernos incluem
recursos para processamento de pedidos e pagamentos, logística, gerenciamento de estoque e
uma infinidade de outras transações eletrônicas. Na maioria dos casos, a empresa deve
reproduzir virtualmente todos os seus negócios físicos e projetar outros tantos mais que
somente poderão ser executados eletronicamente. O ambiente moderno inclui acesso
58
sofisticado a informações sobre pedidos, expedição, produtos e muito mais, por meio de
páginas Web, telefones normais, telefones celulares habilitados para Internet e agendas
eletrônicas digitais. Diante de todas essas variáveis, os desafios para implementar o CE
podem ser enormes.
De acordo com esses autores, os ganhos reais dos varejistas tradicionais virão
da alavancagem dos benefícios de sua presença física e de sua presença eletrônica. Os sites
freqüentemente oferecem melhor preço e sortimento, ao passo que as lojas reais oferecem
pessoal confiável e oportunidade para os clientes examinarem os itens antes de comprar. O
exame físico é crítico para vestuário e equipamentos ergonômicos, por exemplo, mas não para
mercadorias genéricas, como músicas ou software.
Estratégias de “clique e cimento” oferecem ao mesmo tempo as vantagens
peculiares do varejo físico e eletrônico. Dessa forma, um cliente que visita a loja física e não
compra um produto de interesse pode comprá-lo posteriormente pelo canal eletrônico ou vice-
versa. Seja a compra feita virtualmente ou na loja, o cliente deve beneficiar-se da existência
de ambas as possibilidades. Conforme Rayport e Sviokla (1995), os executivos precisam ficar
atentos em como suas empresas podem criar valor tanto no varejo físico como no eletrônico.
Por exemplo, clientes que compram pela Internet devem ter a possibilidade de devolver itens
em uma loja real. Além disso, combinar ambos os canais pode melhorar o estoque de itens
disponíveis - empresas de venda por mala direta bem estabelecidas, como a americana Eddie
Bauer (www.eddiebauer.com), têm uma vantagem distintiva devido à imediata
disponibilidade dos sistemas de processamento de pedidos e pagamentos, bem como à
experiência em gerenciamento de suprimento. Muitas lojas reais como a BestBuy
(www.bestbuy.com) agora dispõem de terminais na loja para fazer pedidos a partir do site,
caso os itens não estejam disponíveis no estabelecimento. Muitas empresas enviam o produto
59
ao domicílio do cliente ou à loja, para que ele possa avaliá-lo antes de comprar. Desnecessário
dizer que os preços devem ser consistentes para evitar conflitos de canal (ver seção 2.3.3).
Implementar o canal virtual a partir do canal físico pode ser uma ótima
estratégia (RAYPORT; SVIOKLA, 1995; CHESBROUGH; TEECE, 2002; TURBAN;
KING, 2004; CATALINI, 2004), pois o canal físico existente (ver seção 2.4.6 sobre logística
no comércio eletrônico de flores), o conhecimento das características e peculiaridades do setor
e a prévia experiência em administração de empresas reduzem os risco de falência.
Sob a perspectiva da natureza da transação, Turban e King (2004) classificam
as transações eletrônicas em 12 tipologias diferentes. Essas são brevemente descritas no
quadro 2.1.
60
QUADRO 2.1 – Classificação do comércio eletrônico pela natureza da transação
TIPOLOGIA DESCRIÇÃO
C.E. ENTRE EMPRESAS
(BUSINESS-TO-BUSINESS - B2B)
duas ou mais empresas fazem transações ou colaboram
eletronicamente.
COMÉRCIO COLABORATIVO
(C COMMERCE)
parceiros de negócio colaboram eletronicamente,
geralmente entre parceiros de negócios na mesma cadeia
de suprimentos.
VAREJO ELETRÔNICO
(BUSINESS-TO-CONSUMERS - B2C)
os vendedores são organizações e os compradores são
pessoas físicas.
C.E CONSUMIDOR-EMPRESA
(CONSUMERS-TO-BUSINESS C2B)
clientes com uma necessidade particular por um produto
ou serviço e as organizações concorrem para fornecer o
produto ou serviço aos clientes
C.E. ENTRE CONSUMIDORES
CONSUMERS-TO-CONSUMERS (C2C)
um indivíduo vende produtos ou serviços a outros
indivíduos
GOVERNO-PARA-CIDADÃOS (G2C)
E PARA OUTROS
o governo presta serviços a seus cidadãos por intermédio
de tecnologias de comércio eletrônico
COMÉRCIO MÓVEL (M-COMMERCE)
o comércio eletrônico ocorre num ambiente de
comunicação sem fio, como utilizando telefones
celulares para acesso a Internet.
C.E. EMPRESA-EMPRESA-CONSUMIDOR
BUSINESS-TO-BUSINESS-TO-CONSUMER (B2B2C)
uma empresa oferece produtos ou serviços a uma
empresa que seja sua cliente, a qual, por sua vez,
mantém seus próprios clientes, para os quais o serviço ou
produto é repassado.
C.E. INTRANEGÓCIOS (ORGANIZACIONAL) abrange todas as atividades internas que envolvem a
troca de produtos, serviços ou informações entre
diferentes unidades e indivíduos de uma organização.
C.E. EMPRESA-EMPREGADOS
(BUSINESS-TO-EMPLOYEES - B2E)
os serviços, informações ou produtos são destinados aos
funcionários da organização.
C.E. NÃO COMERCIAL
(NONBUSINESS)
utilizado por instituições não-comerciais, como as
acadêmicas, aquelas sem fins lucrativos, as religiosas, as
sociais e as agências do governo, que utilizam o CE para
reduzir despesas ou aprimorar suas operações e serviços.
C.E. ENTRE BOLSAS
(EXCHANGE-TO-EXCHANGE - E2E)
um mercado eletrônico público com diversos
compradores e vendedores.
Fonte: Adaptado de Turban e King (2004, p.6).
Dentre as muitas formas de se realizar comércio eletrônico, o comércio
eletrônico entre empresas, segundo Retter e Calyniuk (1998), Cunningham (2000), Forrester
Research (2003), Turban e King (2004), Tzong-Ru e Jan-Mou (2006), configura-se como o
responsável pela maior parte das transações eletrônicas no mundo. Conforme Holzmüller e
61
Schüchter (2002), este tem sido um dos tópicos mais discutidos nos últimos tempos. O
comércio eletrônico entre empresas envolve transações que podem ser realizadas entre uma
empresa e os membros de sua cadeia de suprimento, bem como entre uma empresa e outra
qualquer. Nesse contexto, o termo empresa indica qualquer organização, privada ou pública,
com ou sem fins lucrativos.
Segundo Turban e King (2004), os tipos básicos de comércio eletrônico entre
empresas podem ser “lado da venda”, onde existe um vendedor para muitos compradores,
“lado da compra”, quando há um comprador para muitos vendedores, “Bolsas”, agregando
muitos vendedores e muitos compradores e “corcio colaborativo”, onde há a comunicação
e compartilhamento de informação, projeto e planejamento entre as empresas participantes.
Leilão é um mecanismo de mercado pelo qual um vendedor oferece um
produto para venda e os compradores fazem lances um após o outro, até que se atinja o preço
definitivo. O leilão é um método de comércio estabelecido há gerações e lida com produtos e
serviços para os quais os canais de marketing convencionais não são eficientes nem eficazes
(TURBAN; KING, 2004).
Segundo os mesmos autores, a Internet fornece uma infra-estrutura para
executar leilões a um custo mais baixo que os leilões tradicionais, com ampla variedade de
serviços de apoio e uma quantidade muito maior de compradores e vendedores.
Os mercados eletrônicos (e-marketplaces) públicos englobam muitos
vendedores e muitos compradores. Conhecidos como “bolsas” (exchanges), à semelhança das
bolsas de valores, em geral pertencem a terceiros e são por eles gerenciados; o governo ou o
próprio dono da empresa é responsável por regulamentá-las. Pelo fato de existirem muitos
compradores e muitos vendedores, as bolsas são também conhecidas como leilões duplos.
De acordo com Holzmüller e Schüchter (2002), no início, o comércio
eletrônico entre empresas era visto de maneira eufórica, dadas as possíveis economias de
62
tempo e custo de comunicação, mas hoje muitos observadores e estudiosos têm uma visão
mais cética. Segundo esses autores, o desafio do comércio eletrônico entre empresas é dar
suporte ou implementar a coordenação entre empresas. Para que essa coordenação seja eficaz
e eficiente, deve haver uma base tecnológica adequada. Ou seja, a Tecnologia de Informação
(TI) precisa estar moldada de forma a permitir um constante fluxo de informações em todas as
etapas da transação. Falhas e problemas relacionados com TI, aliados à impessoalidade do
sistema, já que o contato pessoal é drasticamente diminuído ou até extinto nesses casos,
podem ser catalisadores de muitos fracassos relacionados com o comércio eletrônico entre
empresas. Nesses casos, acaba havendo um contra-senso entre as expectativas dos
compradores e vendedores envolvidos no processo e os resultados experimentados pelos
mesmos, decorrendo em declarações negativas sobre o valor do comércio eletrônico entre
empresas (HOLZMÜLLER; SCHÜCHTER, 2002).
2.2.2 Varejo eletrônico
Como discutido anteriormente, a maior parte das vendas no varejo ainda é feita
por meio de lojas que os clientes têm de visitar para poder fazer uma compra. As vendas por
catálogo livram o varejista da necessidade de ter uma loja física a partir da qual possa
distribuir os produtos. Para o cliente, a vantagem é poder consultar os catálogos quando
quiser, em vez de ter de se deslocar até a loja. Logo, com a presença da Internet, o próximo
passo lógico para o varejo seria passar para a venda eletrônica. Este tipo de venda é
denominado varejo eletrônico ou e-tailing e possibilita ao fabricante vender diretamente ao
cliente, eliminando o intermediário.
Os modelos de negócio de varejo eletrônico podem ser classificados de
diversos modos. Turban e King (2004) classificam o varejo eletrônico pelos itens vendidos
63
(varejo eletrônico geral versus varejo eletrônico especializado), pelas regiões que cobrem
(global versus regional), por modelo de receita e por canal de distribuição. Esses dois últimos
modelos apresentados (receita e canal de distribuição) serão discutidos a seguir.
Entre os modelos típicos de varejo eletrônico baseados na receita, estão:
venda de produtos - cobram diretamente dos clientes os produtos e serviços que eles
compram;
assinatura - arrecadam uma tarifa de assinatura fixa mensal ou anual pelo serviço que
prestam ao cliente;
modelo de tarifa por transação - cobram uma tarifa de serviço baseada no volume e
valor das transações oferecidas;
modelos sustentados por propaganda – em vez de cobrar dos usuários, a empresa o
faz dos anunciantes;
modelos de patrocínio - algumas empresas podem patrocinar um varejo eletrônico por
razões não financeiras (como por exemplo, para finalidades de comunicação), esse
modelo é usualmente uma fonte suplementar de receita.
Outro modo comum de classificação dos modelos de negócios de comércio
eletrônico é segundo o canal de distribuição. Nesse caso, são distinguidas três categorias:
marketing direto, casos em que fabricantes como Dell, Nike, Lego ou Sony vendem
diretamente a clientes individuais por meio de sites corporativos; comércio eletrônico puro -
sem lojas reais, apenas presença de vendas eletrônicas. A Amazon.com e o Submarino.com
são exemplos típicos de comércio eletrônico puro; e os varejistas de “cliques e cimento”,
compostos pelos varejistas tradicionais que têm um site suplementar, como o Wal-Mart.com e
Homedepot.com.
Empresas de marketing direto recebem pedidos diretamente de consumidores,
evitando a tradicional distribuição no atacado. A expressão marketing direto refere-se a
64
vendas por catálogos e mala direta, apoiadas, se necessário, pela interação com o cliente por
telefone. A Internet representa outro mecanismo para a interação entre fabricantes e clientes.
Empresas cujos negócios por mala direta já estão estabelecidos e maduros têm vantagem
distintiva nas vendas online, em função do sistema já existente para processamento de
pagamentos, administração de estoque e processamento de pedidos. Nesse sistema, os
intermediários tradicionais são muitas vezes eliminados ou “desintermediados”.
Desintermediação é, segundo esses autores, a remoção de camadas de organizações ou de
processos de negócios responsáveis por certos estágios intermediários em dado canal de
distribuição.
Quando os fabricantes conectam-se diretamente com os consumidores,
encurtando o canal, processos ineficientes podem ser eliminados, o prazo de entrega pode ser
reduzido e as partes podem desenvolver relacionamentos mais próximos entre si. A Dell
Computers firmou-se como um dos mais bem-sucedidos varejos eletrônicos do mundo por
vender, com lucro, milhões de computadores pela Internet. Além das vantagens de custo, as
partes envolvidas no marketing direto têm maior oportunidade de influenciar-se mutuamente.
Vendedores podem entender melhor seu mercado devido à conexão direta com os
consumidores, enquanto estes obtêm mais informações sobre os produtos por meio de sua
conexão direta com os fabricantes.
Por outro lado, os consumidores dispõem de uma ampla oferta de empresas que
vendem eletronicamente. Portanto, é necessário um novo tipo de assistência que possa ser
fornecida pelos intermediários tradicionais. Nesse caso, os intermediários tradicionais se
encaixam em novos papéis, agregando valor e assistência às compras eletrônicas. Esse
processo é denominado reintermediação. Dessa forma, a Internet oferece ao intermediário
novas maneiras de gerar receitas. Questões relacionadas a desintermediação e reintermediação
65
serão mais bem discutidas na seção 2.3.5, relacionadas com a distribuição dos produtos
comprados via varejo eletrônico.
Os varejos eletrônicos puros têm a vantagem do baixo custo de despesas
indiretas e dos processos simplificados. Os formatos de varejo eletrônico puro podem ser:
gerais, quando vendem uma ampla gama de produtos a um grande número de consumidores,
como a Amazon.com, por exemplo; especializadas ou de nicho, quando vendem a um
segmento de mercado específico, já que com experiência na área, reúnem os itens cuja
demanda é maior e utilizam as práticas mais efetivas para atrair seus clientes potenciais.
Alguns exemplos de segmento de mercado nos quais atuam são flores, produtos eletrônicos de
consumo, hardware e software, automóveis e vestuário. Segundo os autores, muitas dessas
empresas especializadas não conseguiriam sobreviver no mundo real, pois não teriam clientes
suficientes, como é o caso da CatToys.com (www.cattoys.com), que é um varejo eletrônico
especializado em brinquedos para gatos.
Os varejistas de “clique e cimento” vendem em lojas reais ou por telefones
atendidos por operadores humanos, telefones com programas pré-gravados, pela Internet,
utilizando sites interativos, ou por dispositivos móveis. A empresa que opera lojas reais e um
site de varejo eletrônico também é chamada de loja multicanal. Embora existam vantagens
práticas em ser uma empresa vendedora virtual, como baixos custos indiretos, há também
certas desvantagens, como maiores dificuldade em administrar os canais e conflito entre eles
(discutidos na seção 2.2.1 e 2.3.3).
Segundo os mesmos autores, existem ainda outros modelos de varejo
eletrônico, que são listados e descritos no quadro 2.2.
66
QUADRO 2.2 – Outros modelos de varejo eletrônico
Nome do modelo Descrição Exemplos
Shopping center eletrônico Semelhante ao shopping center
normal, porém, online. Alguns
fornecem apenas links para as
lojas, em outros as compras
podem ser feitas.
www.mallchoicemall.com
www.fashionmall.com
www.beaultyjungle.com
www.saraiva.com.br
www.submarino.com.br
www.americanas.com.br
Corretoras de transações Fazem a mediação eletrônica
entre compradores e
vendedores. Popular em
serviços, viagens, mercado de
empregos, ações, seguros, etc.
www.rumbo.com.br
Portais de informação Além de informações, a maioria
provê links para comerciantes,
que pagam uma comissão por
esse serviço (marketing
afiliado). Alguns oferecem
hospedagem e software. Outros
também vendem mercadorias.
www.store.yahoo.com
www.cepea.esalq.usp.br
www.beefpoint.com.br
www.milkpoint.com.br
www.agripoint.com.br
Portais de comunidade Combinam serviços de
comunidade com vendas ou
marketing afiliado.
www.hometownconnections.com
www.holambra.com.br
www.maisinterior.com.br
Criadoras ou disseminadoras de
conteúdo
Oferecem informações de
interesse geral (notícias,
cotações da bolsa). Fazem parte
de cadeias de comunicação.
www.espn.com
www.reuters.com
www.cnn.com
www.estadao.com.br
www.folha.com.br
Marketing viral
Utilizam e-mail ou SMS para
anunciar. Também podem
vender diretamente ou via
afiliadas.
www.blueskyfrog.com
www.vivo.com.br
www.tim.com.br
www.claro.com.br
Criadoras de mercado
Criam e gerenciam mercados de
muitos-para-muitos
www.chemconnect.com
sites de leilão: www.ebay.com ,
www.dellauction.com e
www.mercadolivre.com.br
sites que agregam compradores e/ou
vendedores: www.ingrammicro.com
Fabricação sob encomenda Fabricantes que personalizam
seus produtos e serviços via
pedidos eletrônicos.
www.dell.com
www.nike.com
www.jaguar.com
www.chevrolet.com.br
Provedoras de serviços Oferecem pagamentos,
processamento de pedidos
(entrega) e segurança
eletrônica.
www.paypal.com
www.netship.com
www.serasa.com.br
www.tecban.com.br
Fonte: Adaptado de Turban e King (2004, p.82).
67
De acordo com Silva et al. (2001), as inovações da era da informação também
são sentidas no segmento agroindustrial, já que nesse setor, as cadeias agroalimentares têm
buscado uma coordenação cada vez maior. A disponibilidade de informações, a busca de
parcerias e a adoção de mecanismos diferenciados de comercialização são algumas ações que
visam a melhorar tal coordenação. Dessa maneira, sites e portais relacionados com
agronegócio, e sistemas de comercialização ou de troca de informações baseados na Internet
tornam-se ferramentas importantes no auxílio aos seus atores na busca de eficiência produtiva.
Os sites brasileiros de agronegócio são bastante heterogêneos quanto ao
conteúdo técnico, às informações disponibilizadas, atualização de dados e formas de comércio
eletrônico (SILVA et al., 2001). Segundo os mesmos autores, do mesmo modo, os objetivos
também diferem entre institucionais e comerciais. Dentre os comerciais, a maioria é voltada à
produção e disponibilização de conteúdo, com serviços de acompanhamento de mercado para
as principais commodities e insumos agrícolas, artigos técnicos, notícias, classificados e
vendas de banner.
Como o conceito de agronegócio é abrangente, sendo composto pela soma de
operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, pelas operações de produção
nas unidades agrícolas, pelo armazenamento, processamento e distribuição dos produtos
agrícolas e itens produzidos a partir deles (DAVIS; GOLDBERG, 1957), por definição, o
varejo eletrônico no agronegócio brasileiro deve incorporar, entre outros, sites de casas
agropecuárias; clínicas veterinárias, empresas de consultoria agrícola e pecuária; pet shops;
floriculturas; varejo alimentício; sites com conteúdo informativo (governamentais,
agroeconômicos, bolsas de valores e de futuros, meteorológicos, técnicos, etc.); sites de
bancos ou outras instituições financiadoras, como cooperativas de crédito, ou até mesmo
cooperativas agropecuárias e agroindustriais que têm também a função de gerar maior
competitividade a seus cooperados; sites de comercialização de produtos agroindustriais; sites
68
ligados a outros membros do canal de distribuição como empresas de transporte e logística e
segurança no transporte de cargas agroindustriais.
Boteon (2004) destaca que os endereços eletrônicos apresentaram um rápido
crescimento entre 1999 e 2000, diminuíram seu ritmo a partir de então e, em novembro de
2002 catalogavam-se 2.878 sites referentes ao agronegócio, destes, 117 eram empresas
ligadas a conteúdos agroeconômicos. A autora destaca ainda que a principal função destes é
facilitar o acesso ao conteúdo, já que poucos contribuíram para a ampliação das fontes
primárias de informação. Os resultados da pesquisa da autora indicam que os agentes ligados
ao agronegócio (consultores, técnicos e analistas de mercado, entre outros) de maneira geral
consomem mais informação digital que os produtores. Além disso, a escolaridade apresenta-
se como uma restrição ao acesso a esta tecnologia pelo público rural.
2.2.3 Varejo eletrônico de flores
É importante também destacar que o comércio eletrônico possui mais impactos
em alguns setores que em outros. A questão é: “Quais são os fatores que determinam esse
nível de impacto?” Strader e Shaw (1997) descobriram que esses fatores se encaixam dentro
de quatro categorias: características do produto, do setor, do fornecedor e do consumidor.
Dessa maneira, algumas empresas obtêm mais êxito operando fora do contexto do comércio
eletrônico.
Esse é o caso do comércio eletrônico de flores entre empresas. Conforme
Tzong-Ru e Jan-Mou (2006), embora existam centenas de sites de empresas que operam o
varejo eletrônico de flores, as compras no atacado ainda são feitas de maneira tradicional. No
Brasil, o comércio eletrônico de flores entre empresas tem encontrado resistências por parte
das empresas clientes, uma vez que a necessidade de vistoriar os lotes – de um produto
69
perecível e com grande variação de qualidade - é um requisito cultural. Segundo Aki (2000b),
três iniciativas ligadas a grupos de produtores, a FLORANET, o VEILING-Holambra e o
CEASA (Centro Estadual de Abastecimento S.A.) virtual de Campinas estavam em
andamento em 1999. Hoje, porém, apenas o VEILING-Holambra comercializa flores
eletronicamente e mesmo assim, somente como instrumento complementar ao seu sistema de
leilão holandês (VEILING HOLAMBRA, 2004). O CEASA virtual nunca foi implementado e
a FLORANET, que é a única empresa que tinha no comércio eletrônico sua base de
funcionamento, opera num sistema de bolsa virtual. Entretanto, desde abril de 2003 não opera
mais no canal eletrônico.
No caso da FLORANET, mesmo depois de rompida a barreira da necessidade
de se vistoriar os lotes pelos compradores atacadistas e da implementação de um sistema de
padronização e controle de qualidade confiável, os compradores ainda requerem a presença de
corretores. Estes têm papel fundamental na intermediação dos produtos, gerando maior
confiabilidade, fazem com que os preços pagos aos produtores sejam mais elevados e
transmitem informações ao longo da cadeia. E esse foi o principal motivo pelo qual a empresa
optou por “voltar no tempo” e utilizar um sistema de intermediação via telefone, menos
impessoal. Problemas tecnológicos, porém, também contribuíram para a mudança; o fato de o
sistema muitas vezes ser lento, ou ficar inoperante, causava irritação e frustração nas partes
envolvidas, fazendo com que “negócios” muitas vezes fossem perdidos por problemas
relacionados com tecnologia de informação.
Segundo Strader e Shaw (1997) pode-se observar que o ambiente cultural no
qual o setor se insere é de fundamental importância, ainda mais se forem levados em conta os
motivos para se fazer compras, que vão além da aquisição de produtos, como o prazer de
barganhar, por exemplo. E no caso da maioria dos produtos agropecuários, tratando-se
principalmente das vendas dos produtores ao atacado, mesmo depois de vencidas várias
70
barreiras, as partes envolvidas ainda não estão dispostas a abrir mão do prazer de barganhar e
não têm total confiança e afinidade com o esse novo ambiente digital.
Conforme Aki (2000c), no comércio eletrônico de flores apenas as transações
entre empresas e entre empresa e consumidores têm relevância. Apesar de no Brasil o
comércio eletrônico de flores entre empresas não ter se desenvolvido, vender flores no varejo
eletrônico tem-se mostrado altamente adequado no país. O autor ressalta que a maior parte
dos sites relacionados com varejo eletrônico de flores (cerca de dois terços do total de 300
identificados) não são de floriculturas físicas, mas de empresas que operam somente o canal
eletrônico.
O mesmo autor destaca ainda que os sites podem ser classificados em 4 grupos
diferentes. Os designados por Oi são os sites que cumprem apenas a função de divulgação da
loja física, através de uma homepage, não realizando nenhuma transação e geralmente
montados pelos próprios floristas, com baixos custos. Os conhecidos como Álbum de família
são os casos das lojas que montam um showroom eletrônico e apresentam seus produtos e
ofertas, porém, o fechamento do negócio é feito via telefone. As lojas “virtuais” compõem o
conjunto de sites que fazem todo o processo, desde a oferta até o recebimento da venda.
Existem também os portais que funcionam como shopings centers temáticos, agregando mais
conteúdo e serviços relacionados com flores.
Cada um desses grupos tem estratégias diferentes no que se refere aos tipos de
produto oferecidos, bem como embalagem, preços oferecidos, como será feita a promoção,
onde o site será hospedado e divulgado e quais serão as estratégias de distribuição dos
produtos, os acordos com transportadoras, ou floriculturas em diferentes locais.
71
2.2.4 Tecnologia envolvida no varejo eletrônico
Apesar de a tecnologia associada ao mecanismo de operação dos sites de
comércio eletrônico não ser o foco do estudo, ela é fundamental para o estudo e entendimento
dos fatores-chave de sucesso do varejo eletrônico de flores, já que se configura como a base
por trás do processo de funcionamento e operacionalização de um site. Não é intenção do
presente item discutir a fundo os aspectos técnicos relacionados com tecnologia envolvida no
comércio eletrônico, mas sim descrevê-los de forma sucinta, fornecendo o conhecimento
básico necessário para o entendimento do assunto. Estudar e entender a base tecnológica
envolvida no comércio eletrônico possibilita a compreensão de aspectos relacionados com a
facilidade de navegação de um site, velocidade de navegação ou aspectos visuais como
recursos audio-visuais disponíveis, que entre outros, podem estar entre alguns dos recursos ou
ferramentas que compreendem os fatores de sucesso envolvidos no varejo eletrônico. O item,
baseado em sua grande maioria em Catalini et al. (2004), apresenta o alicerce por trás de
elementos como navegabilidade do site, seu estilo e design, segurança, mecanismos de
pagamento e busca de informação, entre outros.
A tecnologia da Internet revolucionou a forma de se trabalhar com os
computadores, que deixaram de ser apenas máquinas para armazenar e processar informações
e passaram a ser utilizados como ferramentas de comunicação. Os computadores em rede,
conectados, tornaram-se um mecanismo de disseminação de informações, colaboração e
interação, independentemente da localização geográfica (CATALINI et al., 2004, p.62). Hoje,
a aplicação mais comum da Internet é a World Wide Web. Esta foi concebida no início da
década de 1980 por Tim Bernes-Lee, que trabalhava no Centre Européen de Reserche
Nucléaire (Cern). A Web nos permite acessar o conteúdo de variadas mídias por meio de um
tipo de programa chamado browser, ou navegador, em português (MARTINS JUNIOR, 2003;
72
CATALINI et al., 2004). Conforme os autores, em 1992 foi criado o Mosaic, o primeiro
navegador amplamente difundido, e posteriormente, o Netscape. Hoje, o navegador mais
utilizado é o Internet Explorer, desenvolvido pela Microsoft.
As páginas da web são escritas numa linguagem chamada Hypertext Markup
Language (HTML), além de utilizarem diversas outras tecnologias integradas, como o HTML
dinâmico (para a criação de páginas mais interativas), o Macromedia Flash (para animações) e
o Java (para oferecer aplicações diversas dentro das páginas). Para visualizarmos as páginas,
utilizamos os navegadores. Estes buscam essas páginas em computadores servidores
conectados permanentemente à Internet. Assim, cada um desses sites tem um endereço único,
e pode ser acessado pelo seu nome (por exemplo www.uniflores.com.br) ou pelo seu endereço
IP, expresso por um número. Usualmente, para acesso às páginas e arquivos desses
computadores servidores, utiliza-se seu nome, que é muito mais fácil de ser memorizado que
seu respectivo número. O Domain Name System (DNS) é um dos mecanismos mais
importantes da rede, provendo de forma descentralizada e muito rápida a tradução dos
endereços IP dos computadores em seus respectivos nomes.
Nos sites mais acessados, aos quais milhares de navegadores solicitam páginas
ao mesmo tempo, é comum o uso de diversos servidores web para dar conta da demanda.
Esses servidores ficam distribuídos por vários computadores interligados. Esses conjuntos são
chamados de web farms. Num web farm, o trabalho de entrega das páginas é dividido entre os
vários servidores, melhorando a performance e reduzindo os riscos de defeitos tirarem o site
do ar.
A cada arquivo entregue pelo servidor web para um usuário, é gerada uma
anotação em um arquivo de registro histórico, o chamado log de servidor. Este é peça
fundamental para a análise dos resultados e estatísticas de acesso de um site. Um último
recurso fundamental para que se entenda o funcionamento da web é a tecnologia dos cookies.
73
Os cookies são arquivos geralmente pequenos, enviados pelo servidor web para o navegador
do usuário, contendo informações que em um próximo acesso do usuário, o site irá reconhecê-
lo, permitindo a observação de seu comportamento de navegação. Apesar de serem muito
importantes para a construção de um banco de dados e assim possibilitarem um atendimento
personalizado ao usuário, tal iniciativa levanta questões sobre ética e privacidade,
principalmente se o cliente não é avisado que está sendo observado.
Nos sites, podemos pesquisar, consultar preços e comprar produtos e serviços.
A tecnologia por trás das aplicações de comércio eletrônico é, em grande parte, a mesma
empregada para a criação de páginas comuns, informativas. Entretanto, as necessidades
específicas do comércio eletrônico incentivaram que programas sofisticados de controle de
lojas fossem criados. Esses programas nada têm a ver com os servidores web que fazem a
entrega das páginas aos navegadores. Eles funcionam nos bastidores, e são responsáveis pela
administração da loja, desde as suas vitrines virtuais até o controle dos estoques, preços,
consultas a bases de informação dos produtos e muito mais.
O acesso à Internet pode se dar por diversos meios. Um deles é a conexão
discada. Nesse tipo de conexão, o computador conecta-se a um provedor de acesso por meio
de uma linha telefônica comum. É o método mais barato para os usuários eventuais da rede,
mas oferece uma conexão lenta e freqüentemente instável. Outras opções para usuários
domésticos são as conexões a cabo, por rádio, por satélite, por redes sem fio ou redes
cabeadas em condomínio. Cada uma tem suas vantagens e desvantagens e nem sempre estão
disponíveis em todas as regiões. Os usuários corporativos conectam-se, quase sempre, por
meio da rede local de sua empresa, que por sua vez está ligada à Internet por meio de
conexões dedicadas com provedores de acesso.
Guiados pela crescente demanda por hospedagem de sites, empresas de
telecomunicação, a maior parte dos provedores de acesso e algumas empresas especializadas
74
passaram a oferecer serviços de hospedagem de sites, comumente chamados de hosting. A
hospedagem, dependendo das necessidades de cada organização pode ser feita em
computadores exclusivos, computadores compartilhados, ou por meio do serviço de co-
location, em que o cliente é dono dos computadores e aluga apenas a infra-estrutura para sua
hospedagem.
Algumas empresas também oferecem serviços de Application Service
Providers (ASP) ou Provedores de Aplicação de Serviço, em português, para o comércio
eletrônico. Nesse caso, os clientes terceirizam a própria aplicação de comércio eletrônico. O
modelo permite que os computadores onde estão as aplicações sejam utilizados por vários
clientes, que dividem seu custo. Assim, fica viabilizada a hospedagem de sites de comércio
eletrônico para empresas com baixa capacidade de investimento ou volume de negócios
online.
Conforme Vidotti e Sanches (2004), o surgimento de ferramentas que
permitem a construção rápida de páginas e sites culminou em aumento constante, exponencial
e descontrolado dos mesmos, gerando um caos informacional desse mundo digital, onde a
busca de informações relevantes e a navegação podem se tornar uma tarefa difícil aos
internautas. Um estudo desenvolvido por Aggarwal et al. (2001) estimou a existência de mais
de 1 bilhão de páginas na web, a uma incrível taxa de crescimento de aproximadamente 1
milhão por dia.
Diante desse imenso leque de opções, o internauta fica perdido e a busca por
informações torna-se prejudicada e dificultada pela avalanche de informações disponível.
Visando a facilitar a busca por informações na rede, surgiram os mecanismos de busca na
Internet e hoje vários são os endereços de busca disponíveis na Internet, como Google,
Altavista e Yahoo, que possibilitam a localização de páginas baseadas em palavras-chave,
fornecidas pelo usuário. A eficiência desses agentes depende da escolha de um conjunto de
75
palavras pelo usuário, que provavelmente contarão com a descrição textual do conteúdo
procurado. Em outras palavras, tais agentes estabelecem comparações léxicas do conjunto de
palavras com o conteúdo das páginas na Internet (MARTINS JUNIOR, 2003).
Outro objetivo desses mecanismos de busca é ordenar ou classificar os sites de
acordo com critérios objetivos de relevância, já o valor de um site está diretamente associado
ao seu volume de tráfego. Nos primórdios da web, os principais sites de busca constituíam-se
de diretórios, compilados manualmente e a quantidade de sites existentes era baixa. Hoje,
parte do Yahoo, Cadê e Aonde.com ainda utilizam esse sistema (Neosite, 2005). Com o
crescimento da web, os diretórios foram dando lugar às Search Engines, que dependiam de
um algoritmo para avaliar a relevância das páginas. A origem do problema das Search
Engines é: como avaliar o conteúdo de uma página? Como saber se determinada página é
relevante para uma pesquisa por determinada palavra-chave? Atualmente, existem
basicamente dois tipos de site de busca que se diferenciam pela forma como os sites são
cadastrados em sua base.
Sites como o Google e Altavista utilizam spiders. São softwares que trabalham
como robôs acessando e lendo o conteúdo de todos os sites da Internet que encontram pela
frente. As informações coletadas do site do usuário servirão de base para as buscas no
sistema. Este sistema é automatizado, e caso existam sites com links para o site do usuário é
bem provável que sua página seja acessada por um destes robôs sem que tenha se cadastrado
no site de busca. De tempo em tempo o site do usuário é visitado novamente, e as informações
são atualizadas na busca (NEOSITE, 2005).
O Google é hoje o endereço de busca mais popular e utilizado da Internet
(MARTINS JUNIOR, 2003; VIDOTTI; SANCHES, 2004; NEOSITE, 2005). Este utiliza o
conceito de popularidade de um link (link popularity): se vários sites apontam um link para
uma página A, essa página deve ser de boa qualidade. O Google leva ainda o conceito de
76
popularidade de um link um passo adiante, e implementa o ranking de páginas (PageRank).
Em vez de apenas contar o número de links para determinada página, o Google passou a
avaliar a qualidade dos links: ter um único link em uma página de alta qualidade (ou de alto
PageRank) como a página da Yahoo! ou a página da NASA tem mais valor do que as
centenas de links artificiais forjados entre parceiros (já que esses links têm provavelmente um
baixo PageRank).
A par do PageRank, o Google passou a dar especial atenção ao texto âncora (o
texto que aparece nos links). Essa idéia de que o texto âncora é uma descrição concisa mas
acurada do conteúdo de uma página já era conhecida pela Altavista, mas ganhou ênfase com o
Google. Esses são alguns dos fatores que explicam o crescimento e o sucesso da Google.
Outro ponto de importância diz respeito a questões relacionadas com a
segurança no varejo eletrônico. Mongiello (2006) ressalta que assuntos relacionados com
confiança e segurança nas transações eletrônicas configuram-se como os maiores desafios da
nova economia. Como a Internet não foi concebida para um ambiente comercial,
originalmente criada para fornecer serviços básicos de correio eletrônico, transferência de
arquivos e compartilhamento de impressoras, e foi projetada para uso de uma comunidade
restrita de usuários que confiavam mutuamente entre si, hoje, com seu exponencial
crescimento é vulnerável a vários tipos de ataques. Pelo fato de a Internet ser considerada um
sistema aberto, baseado em computadores e redes, as mesmas tecnologias que possibilitam o
acesso remoto à informação podem ser usadas para o ataque a sistemas de segurança (SILVA
FILHO, 2000).
Conforme o autor, as principais conseqüências da insegurança no contexto do
comércio eletrônico são: consumidores e fornecedores podem sofrer prejuízos monetários e
até serem acusados de crimes que não cometeram, em face da interferência de alguém nos
mecanismos de segurança; o clima de insegurança na Internet faz com que muitas empresas
77
existentes (ou prestes a existir) não adiram a negócios eletrônicos, o que retarda o crescimento
dos benefícios advindos da rede mundial; de modo igual, os consumidores, desconfiados,
preferem não fazer compras eletrônicas.
Para lidar com as essas situações, já existem sistemas de segurança
extremamente eficazes (CATALINI, et al. 2004, p.68). Esses sistemas ou mecanismos
referem-se a técnicas que asseguram que dados armazenados num computador ou
transferência de mensagens não sejam acessados (lidos) ou comprometidos. A maioria das
medidas de segurança envolve encriptação de dados e senhas. A encriptação ou cifragem é a
transformação de dados para uma forma ilegível e não acessível, a menos que se tenha o
respectivo mecanismo de decifragem. A senha é um código secreto que possibilita a um
usuário o acesso a um determinado programa ou sistema. Além dessas medidas, convém
referir-se aos protocolos de segurança, baseados em algoritmos de encriptação e às barreiras
físicas (SILVA FILHO, 2000).
O quatro 2.3, a seguir, descreve os principais mecanismos de segurança
utilizados no comércio eletrônico.
78
QUADRO 2.3 – Mecanismos de segurança no comércio eletrônico
Mecanismos de segurança no comércio
eletrônico
Descrição
Barreiras físicas ou lógicas (firewalls)
Dispositivo (exs.: computador, no caso das
barreiras físicas e software, no caso das barreiras
lógicas) inserido entre a rede de uma organização e
o resto da Internet, com o propósito de restringir o
acesso de estranhos à rede interna (intranet)
Criptografia de chave única Usa uma chave de decifragem única que ambos o
emissor e o receptor possuem
Criptografia de chave pública
Usa uma chave de decifragem pública conhecida
por todos e uma chave privada que apenas quem
recebe a mensagem encriptada conhece
Protocolos (regras) de autenticação
É uma forma de se verificar se a identidade de uma
pessoa é verdadeira, sendo responsável pela troca
de informações criptografadas entre os
navegadores e os servidores (ex.; SSL, S-http,
SET, S/MIME, Ipsec)
Certificados digitais
Funciona como se fosse uma cédula de identidade,
associando a identidade de um titular a um par de
chaves eletrônicas (uma pública e outra privada)
que, usadas em conjunto, fornecem a comprovação
da identidade
Assinaturas digitais
Consiste em um código que pode ser enviado
juntamente com uma mensagem que identifica de
forma única o emissor da mensagem
Selos digitais
Gera chancelas cronológicas que associam data e
hora a um documento digital sob a forma de
criptografia forte
Fonte: Adaptado de Silva Filho (2000)
2.3 Marketing-mix e logística no varejo eletrônico
2.3.1 Conceitos gerais sobre marketing-mix
Segundo Kotler e Armstrong (2003, p.47), “[...] marketing-mix consiste em
tudo que a empresa pode fazer para influenciar a demanda de seu produto.” As diversas
possibilidades podem ser agrupadas em quatro grupos de variáveis conhecidas como os ‘4Ps’:
produto, preço, praça ou distribuição e promoção ou comunicação.
De acordo com os mesmos autores, entende-se como produto a combinação de
bens e serviços que a empresa oferece para o mercado-alvo (variedade, qualidade, design,
79
características, nome da marca, embalagem e serviços). A variável preço corresponde ao
montante em dinheiro que os clientes têm de pagar para obter um produto (lista de preço,
descontos, subsídios, prazo de pagamento e condições de crédito). Praça ou distribuição
envolve as atividades da empresa que tornam o produto disponível aos consumidores-alvo
(canais, cobertura, locais, estoque, transporte e logística). A promoção ou comunicação, no
entanto, engloba as atividades que comunicam os pontos fortes do produto e convencem os
clientes-alvo a comprá-lo (propaganda, vendas pessoais, promoção de vendas e relações
públicas).
Peattie e Peters (1997) destacam que o marketing-mix e a informática sempre
tiveram forte proximidade. No primeiro estágio ou era da informática (do início da década de
1960 ao início da década de 1980), as enormes e dispendiosas estruturas computacionais
possibilitaram oportunidades para o desenvolvimento de produtos mais flexíveis e de maior
qualidade, em função de maior provisão e processamento mais rápido de informações. Já a
segunda era, que foi da metade da década de 1980 à metade da de 1990, simbolizada pelo PC
(personal computer) ou computador pessoal, descentralizou a informática das grandes
empresas. Os PCs tiveram importante papel para que informações relativas aos padrões de
compra dos consumidores fossem mais bem analisados. Os PCS ainda permitiram a edição
eletrônica de textos, planilhas e gráficos, facilitando muito a gerência e lançamento de
estratégias de produto, preço, comunicação e distribuição. Entretanto, o uso dos PCs para
melhorar e facilitar a comunicação dentro e fora das empresa ainda estava muito limitada às
grandes corporações.
Conforme os autores, apesar de estimularem e incentivarem as estratégias de
marketing-mix, as duas primeiras eras da informática serviram apenas de base ao que estava
por vir. O desenvolvimento da TI desde a segunda metade da década de 1990 revolucionou o
marketing –mix. A terceira era da informática, com a difusão da Internet, possibilitou às
80
empresas e ao varejo comunicarem-se de maneira global, muito mais intensamente, além de
permitirem o contato direto com o consumidor.
Tradicionalmente, de acordo com Evans e Wurster (1999), a quantidade de
produtos que um varejista poderia oferecer em um local era inversamente proporcional à
quantidade de informações do produto que este poderia oferecer em suas estratégias de
comunicação. Segundo os mesmo autores, a Internet eliminou esse tradeoff. Teoricamente, o
varejo eletrônico permitiria a uma empresa oferecer um leque tão grande de produtos quanto
os grandes formatos de varejo físico, provendo ao mesmo tempo informações muito mais
detalhadas de cada um dos produtos oferecidos. Em função da maior riqueza, velocidade e
facilidade na transferência de informações, o preço e estratégias de distribuição também são
alterados, adaptando-se ao ambiente da nova economia.
2.3.2 O “produto” no varejo eletrônico
Conforme Catalini et al. (2004:105), no contexto do marketing-mix o termo
produto é bem abrangente, incluindo bens tangíveis, serviços, idéias, pessoas e lugares. Ou
seja, produto é algo que pode ser oferecido a um mercado para apreciação, aquisição, uso ou
consumo e para satisfazer um desejo ou uma necessidade (KOTLER; ARMSTRONG, 2004,
p.). Catalini et al. (2004) ressaltam ainda que todas essas configurações de produto estão
presentes na Internet: www.siciliano.com.br vende livros, CDs, DVDs; www.decolar.com
intermedeia serviços de viagens como passagens aéreas, hospedagem e aluguel de veículos;
www.centraldeideias.com vende idéias para montar o próprio negócio; www.lula.org.br
apresenta a biografia do presidente da república assim como seu programa de governo e as
estatísticas da eleição de 2002; www.portal2003.salvador.ba.gov.br oferece informações
turísticas.
81
Segundo Rayport e Sviokla (1995), no ambiente da Internet a informação pôde
verdadeiramente transformar-se em produto, possibilitando o surgimento de alguns serviços
que são viáveis apenas nesse canal: caso dos mecanismos de busca como www.google.com;
dos agentes de comparação de preços de produtos à venda em varejistas virtuais, como
www.buscape.com.br; dos portais de mercados empresariais, como
www.mercadoeletronico.com.br; dos leilões reversos, como www.priceline.com (um exemplo
típico de comércio eletrônico entre consumidor e empresa – C2B). Ainda, outros serviços já
existentes no mercado tradicional físico ganharam nova formatação e impulso na Internet,
como os leilões online (www.mercadolivre.com.br) e as rádios eletrônicas personalizáveis,
como www.usinadosom.com.br (CATALINI et al., 2004, p.106).
Segundo Turban e King (2004), tratando-se especificamente dos produtos
físicos e serviços tradicionais, ou seja, aqueles comuns ao varejo clássico ou tradicional, os
que mais se destacam no ambiente do comércio eletrônico são: computadores e equipamentos
eletrônicos, artigos esportivos, material de escritório, livros, música, brinquedos, artigos de
saúde, beleza e entretenimento, peças de vestuário, serviços de viagens, ações, serviços
bancários, venda de imóveis, seguros e carros. Além disso, conforme estes autores, muitos
outros produtos, que vão de flores e produtos alimentícios a ração para animais de estimação,
são oferecidos pela Internet. À medida que um número cada vez maior de varejistas começa a
vender pela Internet praticamente qualquer item disponível em lojas reais também poderá ser
vendido pelo canal eletrônico.
Segundo Boyer et al. (2003) e Catalini et al. (2004), mesmo para os produtos
em que a Internet apresenta-se apenas como mais um canal de distribuição, caso de livros,
CDs e DVDs por exemplo, sua utilização possibilita a adição de serviços únicos, viabilizados
pela tecnologia, na criação de um banco de dados personalizado, com o conhecimento
histórico, perfil e comportamento de um cliente. Isso possibilita a oferta de produtos mais
82
adequados ou de versões mais apropriadas, avisos de lançamentos de produtos de interesse,
sugestões relacionadas com o histórico e o perfil, indicações baseadas em perfis similares,
personalização do site e sua comunicação, preços especiais de acordo com o relacionamento,
reconhecimentos e bonificações diversas, etc. Ou seja, permite a personalização da oferta de
valor ao cliente.
Tratando-se das empresas que comercializam flores pela Internet, a maioria
delas não vendem somente flores. Elas agregam valor à variável produto e vendem: flores e
chocolate, flores e confeitaria – bolos, tortas, brownies, etc. -, flores e pelúcia – ursinhos e
bonecos Disney, por exemplo -, flores e bebidas – principalmente vinhos e champagnes -,
flores e outros, como produtos de perfumaria – sachês de lavanda, sabonetes hidratantes,
perfumes e colônias, jóias, livros, CDs, DVDs e cartões, entre muitos outros. Tais sites
especializados na venda de flores junto de outros artigos para presente oferecem ainda opções
e produtos diferenciados para ocasiões e momentos especiais como: aniversários, aniversários
de namoro e casamento, ocasiões românticas, agradecimento, chá de bebê, dia das mães, dia
das sogras, páscoa judaica, etc.
Outra questão importante relacionada com o produto é a marca. Ao criar novos
produtos para venda eletrônica as empresas enfrentam diversas questões relacionadas com a
marca: se devem aproveitar marcas existentes (www.pontofrio.com.br) ou criar novas para a
Internet (como o www.paodeacucar.com.br, da Companhia Brasileira de Distribuição); se
devem ou não unir sua marca à de outras empresas (marcas combinadas, como a união da rede
de TV americana NBC com a Microsoft no site MSNBC); e que nome de domínio utilizar em
seu site (CATALINI et al., 2004, p.107). Nestas decisões, é importante lembrar que a marca e
sua imagem normalmente fazem parte dos benefícios desejados pelo usuário. Isso ocorre
porque em geral, as pessoas querem ter certeza de que podem confiar nas empresas com que
83
fazem negócios (PEATTIE; PETERS, 1997; ALLEN; FJERMESTAD, 2001; CATALINI et
al., 2004; TURBAN; KING 2004).
Catalini et al. (2004) destacam que para se poder optar pelo uso de uma marca
já conhecida ou para se desenvolver uma nova marca para a Internet duas questões centrais
devem ser consideradas. A primeira, favorável ao uso de marcas reconhecidas, está
relacionada com os investimentos em comunicação a serem feitos, os quais são bem menores,
pois ganha-se a vantagem de uma imagem já construída. Por outro lado, uma empresa pode
não querer usar a marca no ambiente eletrônico por diversas razões. Dentre elas estão o risco
de insucesso em um ambiente desconhecido para a empresa, o que poderia contaminar a
imagem da marca no mundo físico; a possibilidade de reposicionamento inadvertido da
imagem de uma marca tradicional, devido a um grande sucesso na Internet e o conflito com
seus canais já estabelecidos, a não ser que a empresa aborde um público diferente do seu
usual.
Conforme Ries e Ries (2000), um critério para se decidir utilizar ou não uma
nova marca é identificar quais são os objetivos com o canal eletrônico. Se for um novo canal
para um negócio antigo, a marca antiga é adequada. Entretanto, se a Internet for utilizada para
o estabelecimento de um novo negócio, uma nova marca deve ser adotada.
Como já citado anteriormente, existem casos em que as empresas decidem criar
uma nova marca para a Internet. Nestes casos, devem considerar que um bom nome é de
fundamental importância para sua imagem. De acordo com Strauss e Frost (2001) é
interessante que o nome sugira algo sobre o produto ou serviço oferecido, diferencie a oferta
de seus concorrentes e possa ser protegido legalmente. Ainda, é interessante que seja curto,
fácil de ser memorizado e pronunciado, de ser localizado em sites de busca, e que permita boa
tradução para os idiomas das localidades onde se pretenda atuar, no caso de haver interesse
em se aproveitar ao máximo o alcance mundial que a rede propicia.
84
Além da marca, outra forma importante de agregar valor para o cliente é por
meio de design e estilos distintivos de produto. Dessa forma, como destacam Turban e King
(2004, p.212), “[...] algumas empresas têm reputação devido a seu estilo e seu design
notáveis, como a Black & Decker para os equipamentos e as ferramentas sem fio, a
Tramontina para talheres e acessórios de cozinha e a Apple para computadores e acessórios de
informática.”
Segundo os autores, design é um conceito mais amplo que estilo. Estilo
simplesmente descreve a aparência de um produto. Pode atrair o olhar ou gerar indiferença.
Um estilo sensacional pode prender a atenção e produzir uma sensação estética agradável,
mas não faz necessariamente com que um produto funcione melhor. Diferentemente do estilo,
o design é mais do que algo externo e estético, pois atinge precisamente a espinha dorsal de
um produto. Um bom design contribui tanto para a utilidade do produto quanto para sua
aparência.
Um bom estilo e um bom design podem atrair a atenção, melhorar o
desempenho do produto, cortar custos de produção e dar à mercadoria forte vantagem
competitiva no mercado alvo.
Finalmente, mas fundamental para a contenção e proteção, transporte e
promoção do produto, encontra-se a embalagem. Esta envolve o projeto e a produção do
recipiente ou envoltório de um produto. Pode incluir o recipiente da mercadoria (o tubo que
contém o creme dental Colgate), uma embalagem secundária que é descartada quando o
produto está prestes a ser usado (a caixinha de papelão que contém o tubo de Colgate) e a
embalagem de transporte, que serve para armazenar, identificar e despachar o produto (uma
caixa de papelão com seis dúzias de tubos de creme dental Colgate). Rotulagem, informações
impressas na embalagem ou que a acompanham também fazem parte dela (KOTLER;
ARMSTRONG, 2004, p.218).
85
Tradicionalmente, a função primordial da embalagem era conter e proteger o
produto. Nos últimos tempos, entretanto, numerosos fatores transformaram a embalagem em
uma importante ferramenta de marketing. Embalagens inovadoras podem conferir à empresa
uma vantagem sobre seus concorrentes. A orientação estratégica das empresas em relação à
embalagem implica na identificação e no desenvolvimento de soluções específicas e sistemas
de embalagem que, além de condicionarem o produto de maneira adequada, maximizem o
valor do produto final. Desta forma, atraem a atenção do consumidor, descrevem o produto,
seus atributos e qualidades, alavancando, assim, a competitividade da empresa em função da
promoção da sua imagem e do produto (FLEURY; FLEURY, 2003).
Desenvolver uma boa embalagem para um novo produto exige tomar muitas
decisões. Primeiramente, a empresa deve estabelecer o conceito da embalagem, que determina
o que a embalagem deve ser e fazer para o produto. Assim, pode-se decidir se a sua principal
função deve ser oferecer proteção ao produto (importantíssimo na logística de entrega dos
produtos do varejo eletrônico – seção 2.3.6), apresentar uma nova maneira de serviço, sugerir
certas qualidades do produto ou outra coisa qualquer. Em seguida, devem ser tomadas
decisões sobre elementos específicos da embalagem, como tamanho, formato, materiais, cor,
texto e selo da marca. Esses elementos devem funcionar em conjunto para dar sustentação à
posição do produto e à estratégia de marketing. A embalagem deve ser consistente com a
propaganda, o preço e a distribuição do produto (KOTLER; ARMSTRONG, 2004, p.219).
Nos últimos anos, questões relacionadas com a segurança do produto e a
responsabilidade sócio-ambiental são preocupações que também chegaram à confecção das
embalagens. Assim, atualmente existem embalagens “à prova de crianças”, que são difíceis de
abrir, embalagens feitas com material reciclado, e embalagens assépticas, que permitem que
leite, suco de frutas e outros líquidos perecíveis sejam servidos sem refrigeração ou
conservantes, entre alguns exemplos.
86
No caso do varejo eletrônico de flores, devido ao fato de as flores serem
entregues em domicílio, há a necessidade de uma embalagem adequada ser desenvolvida para
que os produtos cheguem ao seu destino com a qualidade esperada pelo consumidor, ao
efetuar a compra.
Quando se trata da variável produto, esta engloba ainda os serviços, que se
caracterizam, em sua maioria, pelo encontro entre fornecedor e cliente (FITZSIMMONS;
FITZSIMMONS, 2000, p.223). A fim de possibilitar o encontro entre fornecedor e cliente ou
ainda toda a administração de uma empresa que opera o varejo eletrônico de flores, o uso
eficaz dos recursos humanos é essencial. Vários autores (NORMANN, 1993; GIANESI;
CORRÊA, 1994; FITZSIMMONS; FITZSIMMONS, 2000) destacam que a administração
dos recursos humanos é um assunto estratégico da administração.
Conforme Normann (1993), uma força de trabalho competente e dedicada é um
recurso-chave. Não obstante os equipamentos e a tecnologia serem novos elementos
importantes para muitos tipos de serviços, como é o caso do varejo eletrônico, as pessoas
continuam exercendo seus papéis que, embora diferentes, são ainda chave para
empreendimentos bem-sucedidos. Elas são essenciais para analisar e interpretar o que está
ocorrendo no mercado, suas capacidades criativas são exigidas para projetar e ajustar os
produtos oferecidos e o sistema de prestação de serviços, sua capacidade de discriminação
constrói o “ajuste” entre o produto e as necessidades do consumidor e elas são a “face” da
organização de serviços em seus relacionamentos e principalmente em momentos de
dificuldade (NORMANN, 1993, p.79).
Segundo Gianesi e Corrêa (1994, p.144), o comportamento dos funcionários é
parte integrante do processo de serviço, influenciando fortemente a maneira pela qual os
consumidores percebem a qualidade do produto entregue e / ou do serviço prestado, mesmo
nos casos em que a componente mais relevante do serviço seja o bem facilitador, como no
87
comércio em geral. Nesse sentido, num sistema de operações que tenha baixo contato com o
consumidor (caso limite representado pela manufatura), os recursos humanos precisam
predominantemente possuir qualificações técnicas, ligadas à execução de suas tarefas
produtivas; enquanto num sistema de operações com alto contato com o consumidor (caso de
boa parte das operações de serviço), a mão-de-obra direta deve possuir qualificações técnicas
e saber interagir adequadamente com o cliente.
Os mesmos autores destacam que as principais decisões referentes à gestão da
força de trabalho são a seleção, a avaliação, a recompensa e o desenvolvimento dos
funcionários. Dessa forma, a empresa deve procurar selecionar as pessoas mais capazes de
executar as tarefas definidas pela estrutura; motivar os funcionários com recompensas justas;
treinar e desenvolver os funcionários para garantir desempenho futuro; e avaliar os
funcionários de modo a justificar as recompensas.
As funções de seleção e desenvolvimento são ambas importantes na tarefa da
prover recursos humanos para o sistema de operações. As qualificações da força de trabalho,
necessárias para a produção de determinado serviço, podem ser obtidas pelo desenvolvimento
/ treinamento dos funcionários existentes ou pela seleção de novos profissionais no mercado
de trabalho. Para que estas duas funções sejam executadas de maneira eficaz, é necessário que
se estabeleça o que se espera da força de trabalho ou quais são as qualificações necessárias
para o desempenho desejado. Sendo a mão-de-obra um recurso fundamental para o sucesso do
serviço, o conceito do serviço deve procurar atender não só às expectativas dos consumidores
mas também às expectativas dos funcionários. Este requisito está ligado à necessidade de
determinado grau de motivação dos recursos humanos, para que o contato com o cliente gere
uma percepção de qualidade em relação ao serviço prestado. A motivação está condicionada
principalmente às recompensas que são oferecidas ao pessoal, em função da avaliação de seu
desempenho. Estas recompensas podem ser dos seguintes tipos: pagamento em diversas
88
formas; promoção, vertical ou horizontal; reconhecimento da gerência; oportunidade de
carreira; reconhecimento dos consumidores; sentimento de eficácia pessoal; oportunidade de
crescimento, em termos de qualificação ou conhecimento; segurança; responsabilidade;
respeito e amizade dos companheiros.
Finalmente, o sistema de avaliação tem como uma de suas responsabilidades
tornar o processo de desenvolvimento / treinamento eficaz. O treinamento, conforme vários
autores (NORMANN, 1993; GIANESI; CORRÊA, 1994; FITZSIMMONS; FITZSIMMONS,
2000), é fundamental para o sucesso das operações de serviços. A avaliação de desempenho
dos funcionários deverá indicar, principalmente, quais os pontos fracos do serviço que devem
ser aprimorados.
2.3.3 O “preço” no varejo eletrônico
Segundo Cabral e Yoneyama (2001), um mercado pode ser influenciado por
vários fatores. Dentre estes, os mais importantes e conhecidos são: o número de empresas que
atuam nesse mercado, assim como o tamanho e a interdependência destas; a homogeneidade
ou heterogeneidade dos bens comercializados; o número de consumidores e o nível de
informações que dispõe a respeito dos bens. Um modelo para estudar o funcionamento dos
mercados é dado pela teoria microeconômica clássica. Esta os classifica em mercados de
concorrência perfeita e mercados imperfeitos - onde se enquadram os monopólios e
oligopólios, por exemplo. Na análise econômica, o tipo de mercado no qual uma empresa atua
afeta de forma estratégica sua habilidade de definir seus preços.
A concorrência perfeita é uma concepção idealizada; na prática, os mercados
altamente concorrentes são idealizações. Há sempre um certo grau de imperfeição envolvido.
89
Entretanto, esta estrutura de mercado é de grande utilidade, em função da força de seus
princípios e de seu poder de generalização (CABRAL; YONEYAMA 2001).
Em concorrência perfeita, as hipóteses geralmente são: grande número de
compradores e vendedores; produtos homogêneos; informação completa sobre o produto e
ausência de externalidades. Ou seja, além dos produtos serem idênticos, cada uma das
empresas é tão pequena em relação à dimensão do setor que as suas decisões não têm nenhum
impacto sobre o preço de mercado, o que faz com que os agentes sejam meros tomadores de
preço - price takers – (PINDYCK; RUBINFELD, 2002).
O ambiente virtual parece favorecer a satisfação de algumas dessas hipóteses,
fazendo a Internet e o comércio eletrônico se aproximarem do que poderia ser considerado
uma base de teste para mercados perfeitos, porque exibe muitas de suas características
(RAYPORT; SVIOKLA, 1995; PEATTIE; PETERS, 1997; CABRAL; YONEYAMA, 2001;
CATALINI et el., 2004).
Segundo Strauss e Frost (2001), os especialistas, no entanto, dividem suas
opiniões quanto a Internet ser ou não um mercado perfeito. Os autores destacam que aqueles
que defendem que a Internet aproxima-se do mercado perfeito argumentam que ela apresenta
preços mais baixos devido à existência de agentes de compra e de leilões reversos (como no
C2B ou no B2B, por exemplo); a concorrência acirrada, pelo fato do ambiente poder tornar a
oferta real mais aparente e porque são usados agentes de comparação de preços; aos custos
operacionais mais baixos (auto serviço, incluindo a entrada do pedido), à possibilidade de
estoques just in time; a custos fixos menores, por não precisarem de ponto comercial; a custos
de distribuição reduzidos no caso de produtos digitais; à alta elasticidade-preço - quando os
consumidores são muito sensíveis a alterações de preço; a alterações freqüentes de preço, mas
com variações menores.
90
Os mesmos autores afirmam que os especialistas que não concordam que ela
seja um mercado perfeito argumentam que a Internet não apresenta uma pequena dispersão de
preços - que é uma importante característica da existência de mercado perfeito. Esses
especialistas têm algumas teorias que procuram justificar a maior dispersão de preços do
ambiente digital. Uma destas está relacionada com a imaturidade do mercado online. Se essa
explicação for verdadeira, então à medida que os negócios e consumidores se tornem mais
experientes no meio, pode-se esperar que a dispersão de preços diminua.
Outra justificativa é a precificação eletrônica, pois na Internet é possível
encontrar o mesmo produto disponível com preço fixo em um site, atualizado de forma
dinâmica em outro ou ainda em sistemas de leilão reverso, com grandes variações entre esses
mercados. Essa dispersão de preços pode ocorrer também pelo fato de as opções de remessa
variarem muito, de acordo com o local e o tempo de entrega. Existem ainda fatores
relacionados com os motivos que levam o consumidor a preferir comprar por um determinado
site, como a marca, valor agregado (segurança, facilidade de navegação, etc.) ou por
recomendações e indicações, mantendo a dispersão de preços por parte de alguns desses sites
diferenciados.
Catalini et al. (2004) destacam, porém, que mesmo apresentando preços mais
baixos na grande maioria dos casos, se alguns fatores não forem cuidadosamente observados,
os preços dos produtos comercializados eletronicamente podem ser inflacionados. Dentre
estes fatores destacam-se: custo de distribuição para os indivíduos; vendas comissionadas, já
que muitos sites pagam comissão a outros pela indicação de clientes em seus programas de
associados (ou afiliados); desenvolvimento e manutenção desses sites e investimentos em
propaganda.
Quando se trata de produtos não homogêneos ou diferenciáveis, como são os
casos de buquês e arranjos florais, empresas diferentes podem cobrar preços diferentes por
91
produtos parecidos. Isso pode ocorrer em virtude de uma empresa estar tentando ganhar
clientes de suas concorrentes ou devido ao fato de clientes serem leais a determinadas marcas,
artista ou florista e empresas, permitindo que algumas empresas cobrem preços mais altos que
a concorrência.
Conforme os autores acima citados, independente da classificação do comércio
eletrônico em mercado perfeito ou imperfeito, são possíveis diversas estratégias de
precificação para o varejo eletrônico. Estas, segundo Strauss e Frost (2001), são basicamente
as mesmas utilizadas nos canais tradicionais. Dentre elas está a estratégia de “preços de
penetração”, que consiste na cobrança de um preço baixo para um novo produto, com o
propósito de ganhar participação de mercado, e parece ser uma estratégia particularmente
eficaz num ambiente sensível a preço como a Internet (PEATTIE; PETERS, 1997, p.148). Já
o skimming ou desnatação de mercado é outra estratégia que visa a introduzir novos produtos
com preços altos e reduzi-los conforme ocorra o lançamento de modelos mais novos. Isso é
possível para produtos que desfrutem de vantagens tecnológicas, o que torna a imitação pelos
concorrentes mais difícil.
Outra estratégia utilizada é a liderança em preço, que com a existência dos
agentes de comparação de preço, é tentadora. É preciso, porém, que a empresa que pretende
utilizá-la seja líder em custos e se possível, compense sua perda por meio de receitas de
propaganda no site. Neste caso, a situação pode se mostrar frágil, pois dificulta o investimento
nas melhorias necessárias para a manutenção da liderança de custos. O negócio, nesta
posição, é constantemente desafiado pelo segundo colocado em preços, que também recebe
uma boa parcela das vendas, e por microempresários empreendedores, que na maioria dos
casos, embora não tenham a escala do grande produtor / vendedor, têm custos fixos muito
menores.
92
Existem também as estratégias de preços promocionais – estas são utilizadas na
Internet para encorajar a primeira compra, para facilitar a repetição de negócios ou para fechar
uma venda. Tais estratégias na Internet são interessantes, pois a partir do momento que o
usuário se sentiu satisfeito com a experiência de compra ele pode preferir permanecer fiel a
um varejista eletrônico a arriscar suas informações de crédito e receber um atendimento ruim
em outro lugar. Outras táticas são ainda a precificação segmentada – na Internet é possível
ajustar os preços de acordo com o perfil histórico do cliente, sua localização ou por produto; e
a precificação dinâmica – viabilizada pela Tecnologia de Informação; nesse caso, os preços
podem mudar com o tempo e conforme o usuário, baseados, por exemplo, no volume ou no
histórico de suas compras.
É de fundamental importância fazer a distinção entre “preço” e “valor”. A
variável “preço” está relacionada com os bens e serviços em um nível que atraia
consumidores e possa gerar lucros pelas vendas, enquanto que “valor” refere-se à visão que o
consumidor possui dos benefícios percebidos, ou a função e atributos do produto ou serviço.
Quando o valor percebido pelo cliente é igual ou excede o preço, o consumidor é motivado e
levado a comprar (AL-MUDIMIGH et al., 2004). Pelo fato de o preço ser uma tentativa que o
vendedor faz para precificar o valor percebido pelo cliente, as estratégias de preço estão entre
os fatores-chave de sucesso para uma empresa varejista.
No varejo eletrônico de flores, a precificação pode ser influenciada pelos
custos envolvidos em todo o processo, desde o suprimento das matérias-primas (flores,
chocolates, livros, CDS, pelúcias, etc.), dos custos de montagem do arranjo ou cesta
escolhidos e os seus custos de entrega e, da sensibilidade dos gerentes da empresa em
reconhecer o nível ótimo de preço, de forma a criar valor ao cliente, gerando a máxima
lucratividade para a empresa. Neste caso, basicamente todas as estratégias citadas acima
podem ser utilizadas.
93
No caso do comércio eletrônico o varejista deve ficar atento ainda aos conflitos
de canal que podem ocorrer dependendo da estratégia de preço que este opte por utilizar,
dependendo dos canais onde atua. Muitos varejistas tradicionais estabelecem um novo canal
de marketing quando começam a vender eletronicamente. Nesses casos, pode ocorrer conflito
de canal. De acordo com Coughlan et al. (2002, p.196), “[...] o conflito de canal surge quando
o comportamento de um membro de canal se opõe ao de sua contraparte de canal.” Ele é
centrado no oponente e é direto, e o objetivo buscado é controlado pela contraparte. Dessa
maneira, o conflito de canal acontece quando o membro de um canal vê seu parceiro como
adversário ou oponente. A explicação é que as partes interdependentes em níveis diferentes do
mesmo canal (de baixo para cima e de cima para baixo) tentam bloquear umas às outras.
Dessa maneira, um conflito ocorre quando um membro do canal percebe que as ações de
outro membro estão impedindo a realização de suas metas (ROSENBLOOM, 2002, p.115).
Embora muitas vezes associado como prejudicial para a coordenação de um
relacionamento e para o desempenho dentro do canal, o conflito muitas vezes torna um
relacionamento melhor. Isso representa um conflito funcional (útil). O conflito funcional
ocorre quando os membros de canal reconhecem a contribuição de todos e entendem que o
sucesso de cada parte depende das outras (COUGHLAN, 2002, p.198). Webb (2002, p.97)
destaca ainda que “[...] sem a presença de qualquer conflito, os membros do canal tendem a se
tornar passivos e pobres em criatividade.”
Conforme Turban e King (2004), um outro tipo de conflito de canal pode
ocorrer dentro de uma empresa de “clique e cimento” entre os departamentos dos canais
eletrônico e físico. Dessa maneira, por exemplo, o departamento do canal eletrônico pode
querer oferecer preços mais baixos e ter mais publicidade que o do canal físico, o qual, por
sua vez, pode querer o mesmo para si. Como os dois departamentos estão concorrendo em
mercados diferentes, precisam de estratégias diferentes. O conflito ocorre quando os recursos
94
corporativos são limitados e a ação de um departamento é realizada às custas de outro. Pode
haver, também, conflito de pessoal, quando os quadros querem juntar-se ao novo
departamento do canal eletrônico, orientado para o futuro, e os que permanecem na parte do
canal físico sentem-se desprezados.
Segundo Webb (2002, p.98), “[...] o elemento chave para introduzir a Internet
em um canal tradicional já existente é entender o que os consumidores em cada um dos canais
valorizam e se os atuais canais (antes da introdução do novo canal - eletrônico) estão
atendendo às suas necessidades e expectativas.” Assim, os agentes do canal devem iniciar
com uma adequada segmentação de mercado e prover canais de distribuição que atendam às
necessidades dos mercados alvo maneira mais conveniente possível. Segundo os autores,
prover múltiplos canais é a melhor maneira de os fabricantes servirem efetivamente uma base
diversificada de consumidores.
2.3.4 A “comunicação” no varejo eletrônico
De acordo com Kotler e Armstrong (2003, p.363), o marketing moderno exige
mais do que apenas desenvolver um bom produto, atribuir-lhe um preço competitivo e colocá-
lo à disposição dos clientes-alvo. As empresas também precisam comunicar-se com os
clientes existentes e potenciais, e aquilo que comunicam não deve ser deixado ao acaso. Para
a maioria das empresas, a questão não é se, mas quanto ganharão e de que maneiras farão a
comunicação. Todos os seus esforços de comunicação devem ser combinados em um
programa de comunicação de marketing consistente e coordenado.
O consumidor de hoje tem poder de escolha e de compra como nunca visto
antes. Segundo Sleight (2001, p.9), os clientes jamais tiveram tantas opções de produtos,
serviços e fornecedores. Eles podem escolher redes digitais que oferecem acesso instantâneo
95
às informações e assim comparar itens para decidir a compra. Seus concorrentes estão no
mundo inteiro, apesar de nem sempre estarem dispostos a atender determinadas regiões do
globo. Dessa forma, é importante manter uma estratégia para atrair novos clientes; mas, mais
importante ainda é a empresa não se esquecer dos seus clientes antigos, mantendo-os em
primeiro lugar para que permaneçam fiéis.
Segundo Kotler e Armstrong (2003), comunicação ou composto promocional
consiste em uma composição de instrumentos de comunicação como propaganda, venda
pessoal, promoções de venda, relações públicas e marketing direto que a empresa utiliza com
o propósito de atingir seus objetivos de marketing. De acordo com Crosier (2005, p.296), “[...]
em um conceito mais abrangente, considera nove ingredientes importantes para o mix
promocional: propaganda, publicidade, marketing direto, patrocínio, exposições, embalagem,
merchandising no ponto de venda, promoção de vendas e venda pessoal.”
Conforme Kotler e Armstrong (2003) entende-se como propaganda a
promoção via um anúncio em um meio de propaganda escolhido que garante a exposição a
um público geral ou a um público-alvo específico, em troca de uma taxa de veiculação
cobrada pelo dono da mídia, mais o custo da produção do anúncio. Já a publicidade é
promoção via um comunicado à mídia noticiosa escolhida que o expõe a um público-alvo
conhecido, se a notícia merecer uma menção editorial, em troca do custo da produção e
distribuição do comunicado. O marketing direto envolve contatos diretos com consumidores
individuais cuidadosamente definidos como alvo com o objetivo de obter resposta imediata e
cultivar relacionamentos duradouros, fazendo uso do telefone, do correio, do fax, do e-mail,
da Internet e de outras ferramentas para se comunicar diretamente com consumidores
específicos.
Patrocínio é a promoção via associação com uma entidade, evento ou atividade
que normalmente expõe a mensagem a um público-alvo primário por meio do logotipo do
96
patrocinador e a um público-alvo secundário, por meio de referência ao patrocinador na
cobertura da mídia associada, em troca do preço de um contrato de patrocínio negociado mais
o custo da produção da identificação visual associada do patrocinador. As exposições dizem
respeito às promoções via expositores e à presença de representantes de venda em um estande
de exposição, em troca de uma taxa cobrada pelo espaço ocupado na exposição mais o custo
de construção e instalação do estande e do estoque em exposição.
A embalagem, ingrediente das variáveis produto (acondicionamento),
distribuição e logística (proteção), também age como instrumento promocional, pois garante
via exposição a exibição a clientes no ponto de venda, em troca do custo do projeto (design) e
produção da embalagem. Já o merchandising no ponto de venda é a promoção via várias
formas de exposição que age junto aos clientes como um lembrete de mensagens
promocionais notadas anteriormente, em troca do custo de produção do material usado. A
promoção de vendas, por sua vez, consiste em incentivos de curto prazo para estimular a
compra ou a venda de um produto ou serviço. Finalmente, a venda pessoal, como o próprio
nome diz, é a apresentação pessoal feita pela força de vendas da empresa com o propósito de
efetuar vendas e desenvolver relacionamentos com os clientes.
As relações públicas compõem outro conjunto de instrumentos considerados
por Kotler e Armstrong (2003) e dizem respeito ao desenvolvimento de boas relações com os
diversos públicos da empresa pela obtenção de publicidade favorável, construção de uma boa
imagem coorporativa e administração ou impedimento da disseminação de boatos, histórias
ou eventos desfavoráveis à empresa. Profissionais compenetrados de qualquer área devem
querer entender o contexto econômico, cultural e social dentro do qual trabalham. Aqueles
cuja responsabilidade é desenvolver o mix promocional precisam fazer isso, pois sua
atividade é abertamente persuasiva e muito pública.
97
Markillie (2005) ressalta que a oferta de produtos e serviços disponíveis vêm se
multiplicando, porém, ao mesmo tempo os consumidores vêm se tornando cada vez mais
céticos em relação aos apelos promocionais feitos pelas empresas. Esses consumidores
admiram propagandas criativas e que entretêm, mas nada garante que mais garrafas de
cerveja, telefones celulares, carros ou flores sejam vendidos em função delas. Este poder de
barganha do consumidor moderno é em grande parte possível devido ao advento da Internet e
do comércio eletrônico, que possibilita a troca de informações em tempo “zero” e a custo
muito mais baixo (ALLEN; FJERMESTAD, 2001; YU, 2006).
Atualmente, conforme Crosier (2005), a visão tradicional de mídia de
propaganda como algo que abrange somente imprensa, cartazes, televisão, rádio e cinema
deve ser abandonada e o conceito deve ser ampliado de modo a abranger qualquer
organização que detenha o direito de vender tempo e espaço nessas novas mídias. Dessa
forma, um banner de propaganda encontrado quando se visita um site pode ser considerado,
sob muitos aspectos, o equivalente cibernético de um cartaz percebido em meio à confusão
visual de um ambiente urbano moderno. São apenas manifestações diferentes de um único
ingrediente do mix, do mesmo modo que um telefonema de televendas ou uma mensagem
“lixo” de e-mail nada mais são do que variações modernas da mala direta como veículo para
iniciativas de marketing direto.
Segundo Catalini et al. (2004), avaliando-se a utilização de cada um dos
componentes do composto promocional ao ambiente da Internet, é possível perceber que
propaganda, publicidade, patrocínio, promoção de vendas, relações públicas, marketing direto
e o merchandising no ponto de venda têm seus correspondentes no ambiente eletrônico. A
venda pessoal, entretanto, considerada como aquela empreendida por uma equipe de vendas, é
vista pela maioria dos especialistas como inexistente nesse ambiente, pelo antagonismo da
98
impessoalidade da comunicação intermediada por computador com a proximidade possível
através de um contato face a face.
No entanto, segundo os mesmos autores, alguns profissionais do marketing
eletrônico, todavia, argumentam que tal situação vem sendo amenizada e já se encaminha para
uma solução bem próxima do conceito teórico. Já existe tecnologia que possibilita o
monitoramento em tempo real do comportamento do usuário por uma equipe de operadores
remotos e, quando adequado, a apresentação de janelas de chats para interação entre eles e os
consumidores, podendo dispor inclusive da imagem do operador e de navegação conjunta no
site. Ainda, muitas vezes pode-se recorrer a um call center tradicional para auxiliar nas
vendas e no serviço pós venda. Conforme estes autores, todos os grandes varejistas
eletrônicos brasileiros utilizam essa estratégia.
A seguir, será mostrada uma breve aplicação dos componentes do composto
promocional – propaganda, publicidade, patrocínio, marketing direto, promoção de vendas,
relações públicas e merchandising no ponto de venda – à Internet.
Turban e King (2004, p.133) definem propaganda como a tentativa de
distribuir informações para efetuar uma transação comprador-vendedor. Segundo Catalini et
al. (2004, p.122), “[...] é considerada propaganda eletrônica todo espaço pago por
patrocinador identificado, na rede ou em e-mail, onde se conclui que o próprio site da empresa
não é visto como tal, bem como banners da empresa ou de seus produtos que sejam nele
colocados.” Nesse caso, se a promoção for comunicada via mídia noticiosa na Internet
(jornais, programas, etc.), existe publicidade eletrônica. Os mesmos autores destacam que
existem basicamente quatro formas de se utilizar a Internet para propaganda e marketing
direto: patrocínios, banners, interstícios e correio eletrônico.
O patrocínio, além de ser um método de propaganda adequado ao ambiente
virtual devido à necessidade de conteúdo do meio, é uma prática que agrada aos anunciantes,
99
pois não só aumenta sua exposição como cria uma impressão de que o site endossa seus
produtos (CATALINI et al. 2004, p.123). O patrocínio de conteúdo, por meio de um site, atrai
bastante tráfego e gera receitas pela venda de espaço publicitário a outras empresas. Baseia-se
no modelo de negócios da mídia tradicional e é utilizado por alguns dos sites mais valorizados
na rede, incluindo os maiores portais – pontos de acesso, por meio de um navegador Web
(browser) a informações (TURBAN; KING, 2004, p.38) – como: AOL, UOL, Yahoo!, Ibest,
entre outros. Diversos jornais e revistas eletrônicas também utilizam esse modelo. Na
verdade, a maior parte do conteúdo na Internet é financiado pela propaganda (CATALINI et
al., 2004).
Existem, porém, preocupações com as questões éticas dos patrocínios quando
os usuários não conseguem identificar facilmente o patrocinador do conteúdo. Isso pode nem
ser visto como um problema, já que muitos usuários percebem a rede como um gigantesco
anúncio. No entanto, quando um conteúdo publicitário é passado como se fosse gerado
localmente, existe o risco potencial de reduzir a credibilidade do site e, assim, danificar a
imagem de sua marca.
Os banners referem-se aos mais diversos formatos e modelos de propaganda
em sites. São basicamente propagandas visuais em espaço delimitado dentro de uma página
em um site. O conceito é similar ao dos painéis de rua – conhecidos como outdoors – mas, por
serem “clicáveis” possibilitam acesso a outras informações de interesse do anunciante, como
seu site. São imagens de tamanhos variados que buscam chamar a atenção dos usuários para
produtos e serviços de anunciantes. Os banners podem ser inseridos dentro de páginas ou em
janelas que se abrem quando o usuário navega no site. Às vezes, são também veiculados
dentro de mensagens de correio eletrônico. Os tamanhos dos banners são padronizados pelo
Interactive Advertising Bureau” (Agência Interativa de Propaganda - www.iab.com), de
100
forma a facilitar a veiculação de um mesmo banner em diversos sites. Os tamanhos mais
comuns são:
banners cheios (full banners);
semi banners(half banners);
botões quadrados (square buttons);
arranha-céus (skycrapper - banners realmente altos e que ocupam toda a lateral da
página).
O mercado utiliza os nomes em inglês, e o formato exato de cada um pode ser
conferido no site da Interactive Advertising Bureau. Apesar da padronização, a maior parte
dos veículos aceita adaptar-se para trabalhar com tamanhos diferentes, cobrando preços mais
elevados.
A efetividade de um banner está intimamente relacionada com três fatores: seu
conteúdo, seu formato e o veículo onde está exposto. Assim, um anunciante pode fazer uma
campanha exibindo seu banner apenas para o universo de usuários interessados em um
determinado assunto. Isso é possível porque muitos sites obtêm informações sobre os
interesses de seus usuários. Por exemplo, a Ford poderia exibir um banner apenas para os
usuários que fizessem uma busca pela palavra “carro” no site “Google” (www.google.com ou
www.google.com.br). Essa é uma forma de segmentar o público que irá visualizar o banner,
tornando-o muito mais efetivo. A maioria dos sites de busca permite esse tipo de ação.
Outra forma de aumentar a efetividade de um banner é utilizar formatos
alternativos, maiores ou com destaque especial, tal como o expandable banner – banner
expansível – que se torna maior quando o usuário passa o cursor sobre ele.
O preço para a veiculação de banners varia conforme seu modelo (tamanho,
tecnologia utilizada, interação com a página, local de exibição dentro da página, etc.), e o
quão visitado é o local de sua exibição. A exibição unitária de um banner costuma ser mais
101
barata num site genérico, como um portal horizontal, por exemplo, do que num site voltado
para o público específico, como num portal para agronegócio. Mesmo dentro de um único
site, nas suas áreas mais genéricas, nas quais há visitantes de todos os perfis, o preço da
veiculação unitária do banner é menor que nas áreas mais específicas, onde se concentra um
determinado perfil de usuários. Obviamente, a veiculação em áreas mais específicas, nas quais
se encontra o público-alvo do banner, costuma gerar retornos mais eficazes para a empresa.
Os Interstícios são anúncios que aparecem enquanto a página do site visitado
está sendo carregada, de forma separada da própria página, em outra janela, ou “sobre” a
página, diferentemente dos banners, que fazem parte da própria página visitada.
A variação mais comum dos interstícios são as janelas pop-up (janelas que
aparecem junto ao site utilizado), detestadas pela maior parte dos usuários, pois necessitam
ser fechadas e aumentam o tempo necessário para carregar a página onde se localizam. Apesar
disso, elas normalmente são efetivas, isto é, têm um índice de “cliques” maior que muitos
outros formatos de banners e, por isso, bastante utilizadas. Existe ainda uma nova geração de
interstícios criados pela Unicast (www.unicast.com), chamada superstitials (super
interstícios), que têm algumas vantagens. Ao se utilizar a tecnologia flash (tecnologia que
possibilita a criação de animações eletrônicas), obtêm-se maiores recursos de entretenimento
e rapidez, como se fossem mini-vídeos que se fecham após um certo tempo predeterminado –
normalmente 15 segundos de exposição. Além disso, eles são montados “por trás” da página e
só aparecem quando estão totalmente carregados no computador do usuário. Isso significa que
eles não aumentam o tempo que a página visitada leva para carregar, nem passam essa
impressão aos usuários.
O correio eletrônico, ou e-mail, surgido no início da década de 1970 e
inicialmente utilizado exclusivamente para fins acadêmicos e pessoais, é hoje amplamente
utilizado para fins comerciais (CATALINI et al., 2004). Segundo os autores, as mensagens
102
eletrônicas oferecem grandes benefícios, pois têm baixo custo, o processo de envio é simples
e rápido, podem ser inteiramente personalizadas e atingem os clientes em segundos. Apesar
disso, o uso eficiente do correio eletrônico exige cuidados. É importante a criação de uma
política adequada à organização para sua utilização. O uso inadequado das mensagens pode
desgastar a marca, pelo incômodo causado aos clientes.
Apesar de a boa prática de mercado indicar que as empresas devem sempre
evitar o envio de mensagens não solicitadas, essa não é a opção de muitas organizações.
Ainda que a ação possa ser danosa para a marca, em muitos casos os benefícios superam em
muito o inconveniente, se a ação for analisada estritamente do ponto de vista financeiro.
Uma mensagem eletrônica comercial, quando enviada sem autorização para
uma grande quantidade de pessoas, é chamada de spam. Já as mensagens totalmente
autorizadas, as quais o leitor concordou com seu conteúdo e freqüência, podendo solicitar o
término do seu envio a qualquer momento, são usualmente chamadas de informativos ou
newsletters, configurando uma forma de marketing de permissão. Os informativos são uma
ótima opção para as empresas que não desejam causar danos à sua marca. O que caracteriza
os informativos é a clareza sobre a freqüência e sobre o conteúdo que será enviado.
Existe, no entanto, um espectro de possibilidades intermediárias entre os spams
e os informativos, como são os casos de empresas que vendem listas de usuários que
aceitaram receber mensagens sobre um determinado tema, em troca de serviços gratuitos ou
outros benefícios. Nestes casos, as mensagens foram autorizadas.
Tratando-se da promoção de vendas, conforme Kotler e Armstrong (2003),
estas podem ser traduzidas em incentivos de curto prazo, para experimentação ou compra
mais rápida ou em maior quantidade. De acordo com Catalini et al. (2004), as táticas
eletrônicas mais utilizadas são cupons descontos em compras futuras, visando estimular a
repetição e podem ser em formato de códigos fornecidos através de e-mail ou de formulários
103
inseridos na embalagem da compra, ou impressos a partir do site para posterior apresentação
nas lojas reais.
Outras formas de promoção de vendas eletrônicas são os concursos / sorteios,
que podem ter como objetivo construir banco de dados para marketing de permissão,
conseguir retorno freqüente dos usuários ou gerar tráfego no site, visando obter
experimentação pela primeira visita ou para aumento dos indicadores a serem apresentados
para anunciantes, entre outros propósitos; e as amostras / demonstração, que consistem em
técnicas que podem ser utilizadas na Internet apenas para produtos digitais, como software,
música, texto, como os trechos de pesquisas oferecidos em www.ibope.com.br. Como no
ambiente tradicional, visam a oferecer experimentação, mas também tangibilizar o produto
oferecido e facilitar ao comprador a tomada de decisão em um processo de compra
intermediado pela máquina. Como o custo da cópia digital é praticamente zero, esta técnica é
particularmente adequada na Internet.
Todo conteúdo que não seja considerado propaganda, promoção de vendas ou
que não tenha cunho transacional é definido como relações públicas (CATALINI et al., 2004,
p.135). Com o objetivo de criar uma atitude positiva, de boa vontade em relação à empresa e
suas marcas e produtos, o desenvolvimento de relações públicas eletrônicas pode contemplar
diversas atividades. Isto significa que um site institucional, onde se encontra conteúdo grátis
publicado pelas empresas para informar, persuadir ou entreter é relações públicas; ou em
eventos especiais, tais como a apresentação de desfiles, como já feito pela Victoria Secret
para audiências em todo o mundo, e lançamentos de novos produtos ou modelos em feiras,
como experimentado pela GM nos E.U.A, em tempo real. Relações públicas, de acordo com
os mesmos autores, consiste em uma ferramenta de comunicação com vários stakeholders
indivíduos envolvidos numa organização, sociedade, etc. e que, portanto, têm
responsabilidade e interesse em seu sucesso (CAMBRIDGE UNIVERSITY PRESS, 2004,
104
p.1236) como investidores, funcionários, fornecedores, mídia e a sociedade em geral,
conforme alguns exemplos no quadro 2.4.
QUADRO 2.4Sugestões de conteúdo para relações públicas eletrônicas
Stakeholder Conteúdo eletrônico
Acionistas Relatórios financeiros, alterações na administração,
atividades da empresa
Empregados Obrigações, benefícios, diretório de empregados, informação
sobre a empresa, materiais de treinamento
Mídia Notícia / press releases (textos para a imprensa), material de kit
para mídia, informação para contato
Consumidores e
compradores
empresariais
Eventos online, brochureware (um tipo de brochura colocada
online com conteúdo estático), informação sobre produtos,
localizadores de revendas, testemunhos, serviço ao consumidor,
informações sobre formas de utilização dos e produtos,
listas de discussão e suporte sobre o produto
Fornecedores Informações sobre novos produtos, notícias sobre a empresa
Comunidade Programas sociais, notícias locais relacionadas à empresa,
oportunidades de emprego
Fonte: Adaptado de Strauss e Frost (2001, p.232) e Catalini et al. (2004, p.135).
As técnicas acima descritas são formas de promoção da empresa no ambiente
da Internet, seja por meio de banners ou “pop ups” em portais, endereços em sites de busca,
e–mails ou outras ferramentas. Porém, apesar de a Internet ser um dos mais importantes
canais promocionais para uma empresa que opera com o varejo eletrônico, ela não é a única.
Para o consumidor que já tem o costume de efetuar ou que pelo menos já “navega” na rede, a
Internet mostra-se como um importantíssimo canal promocional; porém, para aqueles que não
têm o hábito de utilizar a Internet, outros canais promocionais fazem-se necessários para que
novos consumidores sejam atraídos. Entre esses outros canais encontram-se a mídia impressa
105
de alcance geral e especializadas (jornais e revistas), panfletos e folhetins, outdoors,
programas televisivos e de rádio.
Outro componente promocional muitas vezes deixado de lado, mas também de
grande importância, é o merchandising ou merchandising no ponto-de-venda, que de acordo
com Blessa (2003, p.18) pode ser definido como qualquer técnica, ação ou material
promocional usado no ponto-de-venda, ou ainda como qualquer estabelecimento comercial
que exponha serviços ou produtos para a venda aos consumidores - que proporcione
informação e melhor visibilidade a produtos, marcas ou serviços, com o propósito de motivar
e influenciar as decisões de compra dos consumidores. Dessa forma, o conjunto de atividades
de marketing e comunicação destinadas a identificar, controlar, ambientar e promover marcas,
produtos e serviços na loja física ou virtual, dando apresentação destacada a seus produtos,
criando espaço e visibilidade, de maneira tal que acelere sua rotatividade é considerado
merchandising.
Devido à sua interface com outras estratégias promocionais, o conceito de
merchandising acaba muitas vezes sendo confundido com o de promoção de vendas. O que
precisa ser entendido é que o merchandising está acima da promoção de vendas e usa-a como
meio para efetivar sua estratégia. O merchandising tanto pode usar a propaganda (quando
divulga ofertas na mídia) como a promoção de vendas (quando utiliza-se de preços mais
baixos ou brindes) para ampliação de sua estratégia (BLESSA, 2003, p.20). O que diferencia
ainda promoção de vendas e merchandising é que este constitui-se como a soma de ações
promocionais e materiais de ponto-de-venda que controla o último estágio da comunicação
mercadológica, ou seja, a hora da compra. Por definição, conforme a autora, a promoção de
vendas acrescenta algum benefício ao produto por tempo determinado, ao passo que o
material do ponto-de-venda pode ser um display que dure anos, uma embalagem ou um cartaz
não promocional.
106
Outro conceito muitas vezes confundido com o merchandising propriamente
dito é o merchandising editorial ou tie-in, como é conhecido em outros países. Quando se fala
de propaganda na TV, fala-se de todo comercial que aparece nos intervalos, entre um
programa e outro. Entretanto, quando se fala de merchandising editorial, fala-se das aparições
sutis de um refrigerante no bar da telenovela, da sandália que a atriz “sem querer” mostra ou
da roupa que veste, trata-se também da logomarca estampada virtualmente no meio da quadra
de um evento esportivo, numa demonstração de produto dentro de um programa de auditório,
etc. Resumidamente, esta é uma ação integrada ao desenvolvimento do esquema editorial, por
encomenda e possui custos mais elevados que os da propaganda em si, pois é “digerida” pelo
público com muito mais facilidade do que os comerciais comuns nos intervalos. Porém,
apesar do nome, essas ações não têm nenhuma relação com o merchandising em si (BLESSA,
2003, p.21).
O consumidor interpreta como sinais de qualidade de um produto a marca, o
preço, a aparência física e a reputação do ponto-de-venda no qual é oferecido. O consumidor,
em outras palavras, utiliza-se de pistas como embalagem, marca, preço, peça promocional,
ingredientes ou componentes do produto, para inferir qualidade. Portanto, os investimentos
nessas “pistas”, são cativadores de percepção e impulsionadores de venda para toda a
trajetória desse produto nos pontos-de-venda (BLESSA, 2003, p.28). Dentre as técnicas mais
importantes de merchandising, encontram-se técnicas ligadas à comunicação, ao layout da
loja e à exibitécnica.
As técnicas de comunicação incorporam as indicações e identificações que são
de grande valia para a satisfação do consumidor. São consideradas identificações não só as
placas suspensas que definem os grupos de produtos como as informativas, as de propaganda,
as de vantagens e as de ofertas. É importante também que o item preço seja adequadamente
informado ao consumidor, pois é ele que pode decidir a compra. Outras estratégias
107
comunicativas são os tablóides, malas diretas e material promocional. É importante enfatizar
que a comunicação de qualquer material promocional ou informativo deve ser simples e
objetiva. Devido ao meio em que ela é inserida, entre milhares de marcas e embalagens, deve
ter cores vibrantes ou contrastantes, seu texto deve ser curto, fácil e com letras grandes, para
que possa ser notado e bem memorizado. Ainda, ao enviar malas diretas ou tablóides para os
consumidores de uma região específica, faz-se necessário avaliar o perfil do mesmo, suas
necessidades e interesses.
Um layout de loja é uma planta baixa com a localização dos equipamentos
(gôndolas, check-outs, seções, etc.) necessários para o planejamento de seu bom
funcionamento e de circulação de público. Para projetar um layout eficiente, é preciso
equilibrar dois objetivos: incentivar os consumidores a moverem-se por ele para que comprem
mais do que haviam planejado, num fluxo estimulante entre corredores e espaços; criar esses
espaços valorizando os outros mais preciosos onde ficam as mercadorias expostas, criando um
clima agradável às compras.
Entretanto, é na exibitécnica ou técnica de exibição de produtos que são
aplicadas as técnicas mais agressivas e vitais do merchandising. A exposição de produtos bem
planejada e bem feita chama a atenção dos consumidores e impulsiona-os a comprar, já que
mercadoria não exposta não vende. A exibitécnica incorpora a exposição e ambientação de
linhas, formas de disposição de produtos e inúmeras técnicas para sua exposição, como
arrumação em gôndola e vitrinismo.
Ambientações decorativas externas e as vitrines têm a incumbência de atrair os
consumidores para dentro da loja. Por sua vez, as ambientações internas servem para
informar, seduzir e aclimatar o consumidor, que já está predisposto a comprar dentro da loja.
Uma boa disposição de produtos na loja deve permitir fácil acesso aos produtos, assim como
boa visibilidade a eles. Os produtos podem ser expostos em pontos normais – onde são
108
colocados de forma permanente e onde o consumidor está acostumado a encontrá-los -, em
pontos promocionais – onde é exposto por tempo limitado, destacando-o de sua posição
normal -, ou de outras formas, por categoria, preço, etc. A arrumação em gôndolas é
responsável pela arrumação das mercadorias nas prateleiras e o vitrinismo tem a função de
atrair os consumidores pelo dinamismo e rotatividade, trocando seus produtos
periodicamente.
Segundo a autora, como nenhum outro, o ponto-de-venda no varejo representa
o momento e o lugar para onde convergem todos os elementos que compõem a venda: o
produto, o consumidor e o dinheiro. No caso do varejo eletrônico, apesar de os produtos não
digitalizáveis não estarem prontamente disponíveis, o merchandising mostra-se como um
conjunto importante de ferramentas promocionais e grande parte de suas técnicas podem ser
incorporadas a esse canal. Entre alguns exemplos estão o layout e design do site, assim como
a disposição de seus produtos e informações sobre os mesmos, já que os sites de venda no
varejo eletrônico funcionam como vitrines eletrônicas, promoções de venda instituídas pelo
site e características das embalagens dos produtos comercializados, entre muitas outras
técnicas que podem ser adaptadas ao varejo eletrônico (discutidas previamente).
Todas essas estratégias podem ser utilizadas para o varejo eletrônico de flores.
Neste caso, além das estratégias promocionais via Internet, revistas de alcance geral e
especializadas, panfletos, ou outdoors, a empresa pode divulgar o seu site por meio de
exposições, ou seja, em eventos do setor, como encontros ou cursos para floristas e
decoradores ou exposições de flores e plantas ornamentais, por exemplo.
109
2.3.5 A “distribuição” no varejo eletrônico
Segundo Rosenbloom (2002), o comércio eletrônico pode mudar a combinação
do Marketing-mix, especificamente a variável distribuição. Esta pode assumir papel maior em
relação às outras três variáveis. Isso ocorre porque a Internet, com sua vasta capacidade de
transmitir informações, pode reduzir o peso dos três primeiros compostos como base para
ganhar uma vantagem competitiva sustentável.
Como citado no capítulo anterior, o comércio eletrônico pode ser considerado
puramente digital, quando as três dimensões do comércio (produto, agentes e processo) são
digitais. Nesse caso, a Internet pode ser considerada um canal de distribuição completo,
incluindo a distribuição física do produto: transferência de propriedade e posse, como nos
casos de venda, ou transferência de produtos digitalizáveis como texto, imagens e sons,
vídeos, músicas, cursos, e para alguns serviços, como a venda de passagens aéreas, por
exemplo. Para esses produtos, a entrega eletrônica reduz os custos de distribuição
significativamente em relação à alternativa de envio da forma tradicional, que envolveria
custos de conversão do conteúdo para uma mídia - impressa, disquete ou CD-ROM -,
empacotamento e posterior remessa (CATALINI et al., 2004). Dessa forma, vários autores
(RAYPORT; SVIOKLA, 1995; PEATTIE; PETERS, 1997; PAUWELS; DANS, 2001;
ALLEN; FJERMESTAD, 2001) ressaltam que nas transações de produtos e serviços diversos
o ambiente de negociação vem gradativamente se transformando de mercado físico (market
place) para mercado eletrônico (market space).
Na maior parte das vezes, porém, apenas alguns participantes do canal estão na
Internet. Por essa razão, apesar de originalmente ter sido previsto que a Internet iria eliminar
os intermediários, possibilitando a desintermediação nos canais de distribuição, o que se viu
110
em muitos casos foi a criação de novos intermediários eletrônicos, o que de acordo com
Turban et al. (2003) ficou conhecido como reintermediação.
Os intermediários desempenham um papel importante no comércio. Estes,
conforme Turban e King (2004) proporcionam basicamente dois tipos de serviço: (1)
fornecem informações relevantes sobre demanda, abastecimento, preços e requisitos, de modo
a ajudar vendedores e compradores a entrar em contato; (2) oferecem serviços de valor
agregado, como consultoria ou assistência na identificação de um parceiro de negócios. O
primeiro tipo de serviço pode ser totalmente automatizado, e é provável que seja assumido por
mercados eletrônicos, infomediários (intermediários que controlam o fluxo de informação e as
vendem) e portais que fornecem serviços gratuitos ou mediante pequenas comissões. Já o
segundo tipo requer habilidades específicas, como conhecimento do setor, dos produtos e das
tendências tecnológicas, e por isso só pode ser parcialmente automatizado.
Turban e King (2004) acreditam que intermediários que fornecem apenas (ou
principalmente) o primeiro tipo de serviço podem ser eliminados – um fenômeno chamado
desintermediação. Por exemplo: corretores de ações que simplesmente executam as transações
tendem a desaparecer. Por outro lado, corretores que fornecem o segundo tipo de serviço ou
gerenciam intermediação eletrônica não estão apenas sobrevivendo, como também podem
estar prosperando. Esse fenômeno é chamado de reintermediação.
De acordo com Quelch e Klein (1996), a Internet provoca uma mudança no
papel dos intermediários, oferecendo novas oportunidades para reintermediação, como, por
exemplo, nos casos em que o número de participantes no mercado é enorme, dando espaço
aos corretores, assim como acontece no mercado de ações, ou quando são trocados complexos
produtos de informação. Por outro lado, em um mercado eletrônico, produtores e
consumidores podem interagir diretamente entre si. Os produtores fornecem informações aos
clientes, que escolhem entre os produtos disponíveis. Em geral os produtores definem preços,
111
mas algumas vezes estes são decididos por negociação. No entanto, em alguns casos as
interações diretas são indesejáveis ou inviáveis, tornando-se necessária à intermediação.
Os intermediários, sejam humanos ou eletrônicos, entram em jogo para
solucionar as limitações existentes nas interações diretas. Turban e King (2004) destacam que
dentre essas limitações as mais importantes são: custos de busca, pois pode ser caro para
fornecedores e consumidores encontrarem uns aos outros, assim como é muito difícil para o
fabricante estimar a demanda de novos produtos ou de novos nichos de mercado; falta de
privacidade, pois tanto o comprador como o vendedor podem querer permanecer anônimos ou
pelo menos proteger informações relevantes para sua área de atuação; falta de informação, já
que o comprador pode precisar de mais informações além das que o vendedor pode ou quer
fornecer, tais como qualidade do produto, produtos concorrentes ou satisfação dos clientes.
Por outro lado, o site da empresa, entre outros pontos, deve ser atraente,
possibilitar ao consumidor ter uma idéia exata do que estará comprando, dos prazos de
entrega do produto e ter navegabilidade rápida e fácil. Além disso, ele deve ser totalmente
seguro em relação aos sistemas de pagamento, oferecer serviços de atendimento ao cliente e
permitir a construção de um banco de dados que possa gerar um marketing personalizado ao
cliente. Nesse ponto, o layout, ou maneira como os itens ou ícones são arranjados ou
disponibilizados no site, tem importância decisiva para apresentar um design atraente ao
consumidor.
Lohse e Spiller (1998) destacam que o layout de um site tem influência crítica
no tráfego e nas vendas, enquanto que Burke (2002) ressalta que as características ligadas ao
layout do site determinam o “desejo” de compra pela Internet. Taylor e England (2006)
destacam que quanto mais difícil e complexo o processo de busca e compra no site, menores
são as chances do consumidor efetuar uma compra ou voltar a fazê-la. Os autores reforçam
112
ainda as vantagens de sites com layout simples, que facilitam o processo de compra, sem
entretanto deixar de ser atraentes.
Um exemplo é o estudo feito por Vrechopoulos et al. (2004) no Reino Unido e
na Grécia, onde foram feitas análises comparativas entre layouts de loja no varejo físico e sua
correspondência com os sites do varejo virtual. Conforme os autores, os três mais importantes
layouts de um varejo físico são: em grade ou rede (grid) – este layout é composto por um
arranjo retangular de prateleiras ou mostruários com longos corredores, geralmente paralelos
uns aos outros e seu uso é amplamente difundido no varejo alimentício, como mercados e
supermercados. Este layout facilita a rotina, o comportamento planejado, possibilitando ao
consumidor a compra dos produtos pré-selecionados (na lista de compras) com velocidade e
flexibilidade (LEVY; WEITZ, 2000); livre (freeform) – constituído por um fluxo livre e
assimétrico de prateleiras ou mostruários e corredores, empregando uma variedade grande de
tamanhos, formatos e estilos de mostruários / prateleiras e é amplamente difundido em
grandes lojas de departamento. Este layout, conforme Levy e Weitz (2000), parece aumentar
o tempo que os consumidores desejam gastar para fazer as compras, que por ter uma estrutura
simples, facilita a busca pelos produtos; pista de corrida ou butique (racetrack/boutique) –
este layout é organizado em áreas individuais semi-separadas, cada uma construída ao redor
de um tema específico, dentro da loja. Segundo Lewison (1994), o varejista que adota esse
layout cria uma experiência de compra não usual, interessante e que entretém o consumidor
(ver ilustrações dos três tipos de layout apresentados no Apêndice A, questão 48).
De acordo com os resultados obtidos com o estudo, um layout misto, que
agregue características dos layouts em grade, e livre, tem mostrado ser o modelo emergente e
atraente, além de fácil e rápido de se utilizar. Os mesmos autores, porém, alertam que deve-se
ter cuidado quando se utilizam estratégias do varejo físico tradicional no varejo eletrônico.
113
Conforme os autores, muitos casos de falência ocorreram devido a estratégias simplistas de
“copiar e colar” sem uma correta adaptação ao complexo ambiente do varejo eletrônico.
Outros fatores importantes que podem diferenciar o site são suas certificações
de qualidade e de segurança. O selo de avaliação da qualidade do site da empresa E-bit é um
importante exemplo, já que gera informações detalhadas sobre as empresas que operam o
comércio eletrônico a partir de avaliações de qualidade feitas pelo próprio e-consumidor
(RAIO-X, 2006).
Por outro lado, existe no mercado uma série de empresas atuando no ramo dos
certificados digitais. A crescente busca por esses certificados, em uma tentativa de se garantir
e mostrar segurança tanto para fins comerciais quanto acadêmicos, ampliou o mercado para
essas empresas, que vêm crescendo juntamente com a demanda para essas soluções
viabilizadoras do comércio por meio da Internet. Esses certificados nada mais são que
ferramentas baseadas em criptografia, que tentam manter indecifráveis as mensagens que
trafegam na Internet (FERRO, 2003).
Conforme o autor, essas entidades desempenham um papel fundamental em
relação aos aspectos de segurança de transações. São atualmente conhecidas como
Autoridades Certificadoras. Essas empresas são, basicamente, empresas de tecnologia que a
aplicam nesse campo específico, especializando-se em garantir a segurança no ambiente da
Internet que, como já mencionado, quando criado não exigia a segurança necessária
atualmente.
A procura por certificados cresce na mesma medida do crescimento da oferta
de serviços e transações pela Internet (MONGIELLO, 2006). O “Veri Sign” a “Thawte” e o
“Loca Web” são exemplos de selos de garantia de segurança no comércio eletrônico. Todos
esses oferecem praticamente o mesmo serviço com pequenas variações. Existem desde
certificados gratuitos para pessoas físicas até certificados mais complexos para corporações
114
cujo fluxo de acessos ao site é muito grande, passando por outros modelos de certificados
menos poderosos, até sites que possuem um nível menor de acessos.
Um fator que aumenta a importância dos certificados é o pagamento eletrônico,
que é um tema que preocupa muito os consumidores e muitas vezes é apontado como fator de
desistência das compras via Internet. Segundo pesquisa realizada por Gonçalves et el. (1998),
a segurança na transmissão dos dados surge como o grande desafio para um crescimento
efetivo das transações comerciais no varejo eletrônico. De acordo com estudo realizado por
Black (2005), nos E.U.A., apesar da crescente confiança no comércio eletrônico,
consumidores do gênero feminino, com menor nível educacional e de menor poder aquisitivo,
estão entre os grupos mais reticentes em aderir ao comércio eletrônico e a seus sistemas de
pagamento eletrônico.
Conforme Catalini et al. (2004), inicialmente, os varejistas eletrônicos
disponibilizavam apenas a opção de pagamento por cartão de crédito. No entanto, as
preocupações dos usuários quanto à questão da segurança do meio fizeram surgir alternativas
de pagamento e mesmo de financiamento. Pode-se citar a opção de impressão dos carnês de
boletos de cobrança bancária pelo usuário ou de seu envio por correio tradicional, ou a
possibilidade de programação eletrônica de débito em conta corrente. Entretanto, o pagamento
com cartão de crédito continua a ser a forma de financiamento mais popular na Internet,
inclusive em países de cultura mais tradicional e conservadora como a China e o Brasil
(CATALINI, 2004; YU, 2006). Felizmente, a tecnologia que garante a segurança das
transações online tem feito grandes avanços (ver seção 2.2.4 sobre a tecnologia envolvida no
varejo eletrônico).
Uma forma distinta de pagamento, criada a partir do desenvolvimento do
comércio eletrônico é o dinheiro virtual. Existe mais de uma dezena de sites especializados
em dinheiro eletrônico. Alguns estão vinculados às instituições financeiras, outros fazem
115
interligação entre clientes e lojas. Há dois tipos distintos de dinheiro virtual: identificado e
anônimo. Dinheiro virtual identificado contém informações acerca da pessoa que
originalmente sacou o dinheiro do banco, além de permitir ao banco rastrear o dinheiro ao
longo da cadeia econômica. Já o dinheiro virtual anônimo trabalha exatamente como o papel
moeda. Uma vez sacado do banco, pode ser gasto ou transacionado sem deixar pista (SILVA
FILHO, 2000).
De acordo com Kovacs e Farias (2004), as empresas que pretenderem entrar no
setor de comércio eletrônico devem comprovar aos seus consumidores em potencial que seus
sites são confiáveis, pois, segundo Engel et al. (1995), o risco percebido - crença de que a
compra de um produto ou serviço venha a ter conseqüências negativas (Solomon, 1998) –
pode influenciar como os clientes irão responder às atividades de marketing.
Conforme Catalini et al. (2004), menos lembrada, mas nem por isso menos
importante, é a preocupação dos vendedores em relação ao recebimento do pagamento com
cartão de crédito: como eles podem saber se estão em negociação com um portador de cartão
válido e que legitime a transação? Os grandes varejistas têm poder de transação suficiente
para obter uma conexão direta junto aos grandes bancos de dados das bandeiras de cartões e
garantir, ao menos, que o cartão é válido e ativo, antes de iniciar o atendimento ao pedido. Os
menores, contudo, têm sua operacionalização dificultada, pois precisam utilizar os meios
manuais disponíveis aos varejistas tradicionais, o que reduz sua eficiência e eficácia. Outro
problema para os varejistas eletrônicos na aceitação de pagamentos através de cartão de
crédito é a falta de certeza quanto ao recebimento do valor – como não há assinatura que
garanta a transação, qualquer valor questionado ou não reconhecido pelo cliente não é pago ao
estabelecimento. O prejuízo nesses casos é sempre do varejista.
116
2.3.6 A Logística no varejo eletrônico
Dada a importância do suprimento e entrega no varejo eletrônico de flores,
optou-se, neste estudo, pelo uso de um conceito mais amplo que do componente
“distribuição” do marketing-mix: o da logística no varejo eletrônico. Este conceito incorpora a
idéia de colocar o produto certo, no local correto, no momento adequado e ao menor preço
possível, desde as fontes de matéria-prima até o consumidor final (BALLOU, 1993; VIANA,
2002).
De acordo com Blythe e Zimmerman (2005), o termo logística é emprestado da
terminologia militar. Entretanto, enquanto os generais e marechais dos tempos remotos
compreenderam os papéis críticos da logística, deslocando grandes quantidades de materiais e
pessoas a grandes distâncias, em tempo relativamente curto, estranhamente, somente num
passado recente é que as organizações empresariais reconheceram o impacto vital que o
gerenciamento logístico pode ter na obtenção da vantagem competitiva. Em parte, deve-se
esta falta de reconhecimento ao baixo nível de compreensão dos benefícios da logística
(CHRISTOPHER, 2001, p.1). Até recentemente, muitas empresas focaram sua atenção nas
funções de marketing, finanças e produção. Essa atitude é justificada até certo ponto pelo fato
de que, se uma empresa não é capaz de produzir e vender seus produtos, pouco mais importa.
Contudo, essa abordagem falha em reconhecer a importância das atividades que devem
ocorrer entre pontos e momentos de produção (suprimento) e pontos e momentos de compra
de produtos (demanda). Essas são atividades de operações e logística. Afetam a eficiência e
eficácia tanto de marketing quanto de produção. Afetam a natureza e os momentos dos fluxos
de caixa de uma empresa e, finalmente, afetam a lucratividade da empresa (DORNIER et al.,
2000, p.27).
117
Conforme Ballou (2004), a definição de logística identifica aquelas atividades
que são de importância primária para o atendimento dos objetivos logísticos de custo e nível
de serviço. Estas atividades-chave são: transportes, manutenção de estoques e processamento
de pedidos. Essas atividades são consideradas primárias porque ou elas contribuem com a
maior parcela do custo total das logísticas ou elas são essenciais para a coordenação e o
cumprimento da tarefa logística.
Transporte refere-se aos vários métodos para se movimentar produtos.
Algumas das alternativas populares são os modos rodoviário, ferroviário e aeroviário. A
administração da atividade de transporte geralmente envolve decidir-se quanto ao método de
transporte, aos roteiros e à utilização da capacidade dos veículos, visto que para a maioria das
firmas, o transporte é a atividade logística mais importante simplesmente porque ela absorve,
em média, de um a dois terços dos custos logísticos.
Em relação à manutenção de estoques, para que se atinja um grau razoável de
disponibilidade de produto, é necessário manter estoques, que agem como amortecedores
entre a oferta e a demanda. Enquanto o transporte adiciona valor de “lugar” ao produto, o
estoque agrega valor de “tempo”. Para agregar este valor dinâmico, o estoque deve ser
posicionado próximo aos consumidores ou aos pontos de manufatura. O número normalmente
grande desses pontos de estoque e os altos custos associados para manter esses produtos
armazenados, em geral entre 25% e 30% do valor do produto por ano requerem administração
cuidadosa. A administração de estoques envolve manter seus níveis tão baixos quanto
possível, ao mesmo tempo que provê a disponibilidade desejada pelos clientes.
De acordo com Ballou (2004), tratando do processamento de pedidos, seus
custos tendem a ser pequenos quando comparados aos custos de transporte ou de manutenção
de estoques. Contudo, processamento de pedidos é uma atividade logística primária. Sua
importância deriva do fato de ser um elemento crítico em termos do tempo necessário para
118
levar bens e serviços aos clientes. É também a atividade primária que inicializa a
movimentação de produtos e a entrega de serviços.
Conforme o autor, essas três atividades primárias são apoiadas por uma série
de atividades adicionais como armazenagem, manuseio de materiais, embalagem de proteção,
obtenção, programação de produção e manutenção de informação. Essas atividades estão
intimamente relacionadas com as atividades primárias citadas, como é o caso da
armazenagem, que se refere à administração do espaço necessário para manter estoques e o
manuseio de materiais, que diz respeito à movimentação do produto no local de estocagem.
As atividades de obtenção e programação do produto estão relacionadas com a manutenção de
estoques e processamento de pedidos. A primeira trata das fontes de suprimento, das
quantidades a serem adquiridas, da programação das compras e da forma pela qual o produto
é comprado; enquanto a segunda lida com a distribuição, ou fluxo de saída. Esta refere-se às
quantidades agregadas que devem ser produzidas e quando e onde devem ser fabricadas.
Outras atividades ainda, como embalagem de proteção e manutenção de
informação, além de se relacionarem com as atividades logísticas primárias de transporte e
estoque/processamento de pedidos respectivamente, têm uma forte conexão com outras áreas.
A embalagem de proteção se faz presente também nas variáveis produto (seção 2.3.2) e
distribuição (seção 2.3.5) do marketing-mix e a manutenção ou fluxo de informação é
indispensável nas relações entre os membros do canal de distribuição (seção 2.1.1).
Atualmente, a dinamicidade do mercado e o cada vez maior grau de exigência
dos clientes, têm provocando uma diminuição dos ciclos de vida dos produtos, exigindo
respostas mais eficazes da gestão de materiais, da produção e da distribuição física, ou seja,
da logística como um todo, surgindo o conceito de logística integrada, que considera como
elementos de um sistema todas as atividades de movimentação e armazenagem que facilitam
119
o fluxo de produtos, desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo
final, assim como os fluxos de informações necessárias à gestão (VIANA, 2002).
Segundo Christopher (2001), a logística possibilita a alavancagem de algumas
vantagens competitivas para as empresas, já que são consideráveis as oportunidades de
melhor utilização da capacidade de redução de estoques e maior integração com os
fornecedores em nível de planejamento. Da mesma forma, as perspectivas de aumento da
vantagem de valor no mercado, através de um serviço superior ao cliente, não devem ser
subestimadas. De maneira análoga, os autores destacam que as organizações que serão líderes
de mercado no futuro serão aquelas que procurarão e atingirão os picos gêmeos da excelência:
conseguirão tanto a liderança de custos como a liderança de serviços.
Conforme Dornier et al. (2000), um modelo que serve de ferramenta para
otimizar e gerenciar o fluxo de materiais envolve as dimensões funcional, setorial e
geográfica. A dimensão funcional enfatiza a natureza interfuncional da logística. Grande
parte das organizações está segmentada em áreas de atividades discretas como marketing,
finanças e manufatura, por exemplo. O processo logístico cruza as áreas funcionais, e assim
permite a criação de importantes interfaces. As empresas devem evitar delegar predominância
gerencial sobre essas interfaces para uma área funcional. Isso serviria apenas para subotimizar
o desempenho geral rumo aos objetivos da corporação. As empresas devem criar incentivos
para a cooperação entre as funções.
A dimensão setorial, ou integração entre empresas, refere-se aos esforços de
parceiros do canal de distribuição para coordenar e gerenciar suas atividades como uma única
entidade, em vez de gerenciá-las como atividades separadas. A idéia principal é de que os
mercados industriais são formados por fornecedores, clientes ou, mais genericamente, por
compradores e vendedores. Relacionamentos duradouros são benéficos para todas as partes
envolvidas.
120
Finalmente, existe a dimensão geográfica da logística, que envolve a
necessidade de identificar e analisar os fatores que diferem entre outras regiões geográficas
(nações ou diferentes estados num mesmo país) que influenciam na efetividade dessas
funções. Tais fatores incluem produtividade do trabalhador, adaptabilidade do processo,
regulamentações e assuntos governamentais, disponibilidade de transporte, cultura e assim
por diante. Essa dimensão envolve ainda as distâncias envolvidas nas operações; conforme
estas aumentam, maior a importância do transporte e distribuição. Nesses casos, a eficiência e
efetividade da função de logística têm maior impacto no lucro da empresa. Por fim, bens e
mercados dispersos geograficamente são muito mais difíceis de gerenciar e servir.
Mas como a logística pode tornar-se um fator-chave de sucesso? Ela interfere
em quatro dos objetivos de desempenho de uma empresa, ou seja, com exceção da qualidade
intrínseca do produto, a logística interfere na flexibilidade, confiabilidade, rapidez e custos de
uma empresa. De acordo com Ballou (2004), uma das razões do esforço logístico é o nível de
serviço. Este refere-se à qualidade com que o fluxo de bens e serviços é gerenciado. É o
resultado líquido de todos os esforços logísticos da firma. É o desempenho oferecido pelos
fornecedores aos seus clientes no atendimento dos pedidos. O nível de serviço logístico é,
portanto, fator-chave do conjunto de valores logísticos que as empresas oferecem a seus
clientes para assegurar sua fidelidade. Como o nível de serviço logístico está associado aos
custos de prover esse serviço, o planejamento da movimentação de bens e serviços está com
as necessidades de desempenho dos clientes no atendimento de seus pedidos.
O nível de serviço tem muitas dimensões, mas a média e a variabilidade do
tempo de preenchimento e entrega do pedido, a exatidão com que os pedidos são preenchidos
e as condições com que os produtos chegam são suas principais incumbências. Estes são os
elementos do nível de serviço que costumam estar sob controle da logística e que são em geral
facilmente mensuráveis.
121
Ballou (2004) destaca que o número de vendas aumenta conforme o nível de
serviço da distribuição física também aumenta. Isso deve-se ao fato de os compradores serem
sensíveis ao serviço que recebem de seus fornecedores (WILLET; STEPHENSON, 1969). O
nível de serviço da distribuição física pode ser aumentado por transporte especial, maior
disponibilidade de estoque, processamento mais rápido de pedidos e menor perda ou dano de
transporte, por exemplo. Por outro lado, quanto maiores os níveis de serviço logístico,
maiores os custos. Isso porque, via de regra, transporte mais rápido custa mais do que
transporte lento. Maior nível de estoque tem custo de manutenção maior do que pequenos
estoques. O moderno enfoque integrado da administração logística sugere que as necessidades
de serviço dos clientes devem ser satisfeitas dentro de limites razoáveis de custo. Ou seja, o
custo de estabelecer certo nível de serviço deve ser contrabalançado com vendas potenciais
para aquele serviço, de maneira a dar a máxima contribuição nos lucros.
Dessa forma, é importante que os gerentes de logística consigam identificar o
que é mais valorizado pelos clientes de sua empresa. Se são os fatores de rapidez ou
flexibilidade de entrega ou as entregas no prazo prometido, que garantem confiabilidade, por
exemplo. Caso o prazo entre os pedidos e a entrega seja curto, ou o produto seja perecível,
fatores como agilidade e velocidade de entrega são aspectos muito valorizados. Se o produto é
frágil, uma embalagem adequada é fundamental. Caso estes ou outros aspectos que elevem os
níveis de serviços não sejam valorizados pelos consumidores, a empresa pode passar a
atualizar estratégias logísticas menos focadas no nível de serviço oferecido, podendo reduzir
seus custos logísticos.
Para tanto, faz-se necessário que sejam estabelecidos patamares de atividades
logísticas que proporcionem o nível de serviço logístico planejado. Entretanto, de acordo com
Ballou (1993), antes de iniciar essas medidas, é importante identificar os elementos-chave que
determinam o serviço. É preciso determinar as necessidades de serviço dos clientes e como
122
elas podem ser medidas. Somente após o conhecimento dessas necessidades é que a
administração pode fixar os padrões de nível de serviço e planejar serviços extraordinários,
quando o sistema de distribuição falha ou os produtos devem ser recolhidos do mercado.
Muitos dos elementos tangíveis do nível de serviço podem ser identificados se
for acompanhado o tempo do ciclo do pedido, ou seja, o tempo transcorrido entre a colocação
do pedido pelo cliente até sua entrega (FLEURY, 2003). A figura 2.6 mostra um sistema de
distribuição em que um distribuidor de varejo coloca uma ordem de ressuprimento no
depósito. Caso toda ou parte da ordem não possa ser preenchida com estoques locais, os itens
faltantes são transmitidos para os estoques da fábrica. Os itens em falta são despachados
diretamente da fábrica.
Cada evento do ciclo, identificado na figura 2.6 requer um intervalo de tempo
para seu término. A soma dos tempos individuais representa o tempo total para o cliente
receber seu pedido. Os elementos individuais do ciclo de pedido são controlados pelo pessoal
de logística por meio da escolha e do projeto dos métodos de transmissão de ordens, dos
níveis de estoque, dos procedimentos de processamento de pedidos e dos modos de entrega.
Como estes são diretamente controlados pelo profissional de logística e como o tempo de
ciclo é medido pelo cliente, eles devem ser considerados fundamentais para estabelecer e
controlar o nível de serviço logístico. Outros fatores, tais como freqüência de visitas de
vendedores, restrições de tamanho de lote, condições de compra e habilidade para
consolidação de pedidos, também podem ser importantes na consideração do nível de serviço,
além do tempo de ciclo.
123
Fonte: Ballou (1993, p.82)
FIGURA 2.6 - Componentes de um ciclo de pedido
Segundo Sherer (2005) e Giunipero (2006), dentre os fatores que têm
impulsionado o desenvolvimento da logística em todo o mundo um dos mais importantes é o
uso crescente e inteligente da informação, que se tornou possível graças ao enorme
desenvolvimento das tecnologias de informação, onde a Internet e o comércio eletrônico têm
importante destaque.
Conforme Fleury (2003), o desenvolvimento da logística vem provocando
alterações inerentes ao ciclo do pedido. Nesse contexto, uma primeira etapa, anterior à
transmissão do pedido, não pode ser deixada de lado. Essa primeira etapa consiste na
CLIENTE
Varejista
Distribuidor
Transmissão do pedido
Pedido do cliente
Entrega do Pedido
Entrega dos itens faltantes
Transmissão dos
itens em falta
ARMAM
Processamento e
Montagem do pedido
FÁBRICA
Processamento e montagem
do pedido a partir do estoque
ou produção caso não haja
estoque
Tempo total do ciclo de pedido
Transmissão
do pedido
Processamento
e montagem
do pedido
Tempo para
Aquisição de
estoque adicional
Tempo de entrega
a. Consolidação do pedido
b. Transmissão do pedido
ao depósito
a. Preparação do manifesto
b. Liberação do crédito
c. Montagem do pedido no
depósito
a. Se item em falta,
tempo adicional
para conseguir
estoque da fábrica
a. Tempo de entrega a partir do
depósito
b. Tempo de entrega a partir da
fábrica
c. Processamento da entrega no
cliente (recepção)
124
preparação do pedido, que tem início a partir da identificação de uma necessidade de
aquisição de produtos ou serviços, e se completa com a seleção de potenciais fornecedores. A
identificação da necessidade pode ser provocada pelos mais variados estímulos: a visita de um
vendedor; a consulta a um catálogo; a leitura de um anúncio em jornal ou revista; a exposição
a um anúncio de TV ou rádio; o recebimento de uma mensagem via Internet ou a constatação
de que chegou o momento de repor estoques. O desenvolvimento da Internet vem
possibilitando um enorme avanço desta primeira etapa do ciclo do pedido, pois amplia e
agiliza as atividades de identificação de fornecedores e acesso às informações sobre as
características dos produtos e serviços oferecidos.
Uma vez decidida a aquisição dos produtos ou serviços tem início a segunda
etapa do ciclo, ou seja, a transmissão do pedido para o fornecedor. Anteriormente ao
desenvolvimento dos modernos sistemas de comunicação, esta etapa se caracterizava pela
lentidão e alta suscetibilidade a erros. Isto porque os pedidos eram formalizados através do
preenchimento de formulário em papel, e o seu envio pelos vendedores, ou via postal. O
desenvolvimento dos telefones e dos call centers, assim como dos computadores portáteis e
da Internet, vêm causando uma revolução nesta etapa do ciclo do pedido. Esta revolução
impacta diretamente a facilidade e a velocidade com que os pedidos são formalizados e
transmitidos, assim como os erros que se reduzem em conseqüência da diminuição do número
de intervenções humanas no processo. Se no passado o tempo de preparação e transmissão era
medido em dias ou semanas, hoje, com o uso dos modernos sistemas de comunicação, e em
especial da Internet, o tempo pode ser medido em minutos, trazendo enorme agilidade ao
processo logístico.
A terceira etapa, que ocorre após o recebimento do pedido por parte do
fornecedor, consiste no processamento e montagem do pedido. Em geral esta etapa exige a
digitação dos dados do pedido no sistema, a fim de que se possa dar início ao processamento
125
pelo fornecedor. Nos casos em que o pedido é efetuado via Internet, esta etapa tende a ser
automatizada, dispensando o processo de digitação.
Após a entrada do pedido, diversas verificações e decisões precisam ser
efetuadas antes que o pedido seja confirmado, e a sua expedição seja autorizada. Duas das
mais importantes verificações que necessitam ser feitas dizem respeito à disponibilidade de
estoques e a confirmação do crédito do cliente. Nos casos de produtos feitos por encomenda, a
verificação da disponibilidade de estoques é substituída pela verificação do status da
programação de produção. A estimativa da data de entrega deve ser calculada durante esta
fase, com base na disponibilidade atual de estoques, nos pedidos pendentes e no status da
produção.
Uma vez confirmada a existência de crédito e a disponibilidade de estoque
pode ser dada a partida nas atividades físicas de separação, embalagem e expedição do
pedido. Paralelamente a estas atividades físicas de movimentação de materiais torna-se
necessário programar o transporte e emitir a documentação legal, envolvendo o conhecimento
de cargas e nota fiscal. O ciclo se completa com o transporte e entrega da mercadoria, e o
pagamento da nota fiscal por parte do cliente.
Por simplicidade de análise, o sistema logístico pode ser dividido em dois
segmentos: logística de suprimento ou de entrada e a distribuição física ou logística de saída.
A logística de suprimento envolve o fornecimento de todos os materiais e componentes
necessários para a fabricação dos produtos, enquanto que a distribuição física engloba a forma
como os produtos manufaturados movem-se a partir da montagem final, por meio do projetos;
especificações e métodos de produção dos produtos; programação; processamento de pedidos;
fabricação; gestão de estoques; controle de qualidade; manutenção; transporte e expedição
(DORNIER et al., 2000; GOMES; RIBEIRO, 2004). Observa-se, dessa forma, a logística
126
como uma função bem mais ampla em um sistema produtivo, sendo responsável por
praticamente todas as atividades ligadas diretamente à operacionalização da produção.
Tratando da logística de suprimentos Dornier et al. (2000) destacam que
durante a década de 1980, muitas indústrias mudaram radicalmente sua estrutura de
manufatura como uma resposta estratégica para a globalização de mercados e aumento na
competição. Conseqüentemente, a partir dos anos 90, a organização competitiva típica passou
a ser enxuta e flexível, ao invés de grande e robusta, como era durante os anos 70. Para muitas
empresas, a chave para a reestruturação bem-sucedida tem sido o foco nas competências
básicas ou atividades estrategicamente importantes e a fuga de funções não básicas. Os
autores citam, como exemplo, o caso de muitos fabricantes que estão agora terceirizando
atividades não básicas que costumavam tratar dentro da empresa, e a logística de suprimentos
tem sido uma dessas.
Os autores ressaltam ainda que uma explicação comum para as mudanças nas
atividades de terceirização é o sucesso das empresas japonesas no mercado mundial durante a
década de 1980 – graças, em grande parte, à estrutura de seus sistemas de manufatura ou sua
pirâmide de fornecedores. A pirâmide de fornecedores é o sistema de grupos de fornecedores
necessários para fabricar um produto final. O grupo mais alto da pirâmide é a unidade de
montagem final (produto acabado), que fornece aos usuários finais. Cada grupo da pirâmide
alimenta o produto / material para o grupo imediatamente seguinte. Usando esse modelo, as
empresas japonesas tipicamente produzem produtos com alto conteúdo de materiais
terceirizados. Como resultado, seus sistemas operacionais são mais estáveis, mais ágeis,
flexíveis, inovadores e eficientes, tanto em custo quanto em administração (DORNIER, 2000,
p.262).
Dessa forma, o sistema, numa integração quase vertical, por meio de contratos
de maior prazo, tem um número mais enxuto de fornecedores selecionados que tornam-se
127
mais envolvidos e comprometidos com a empresa, buscando por meio do compartilhamento
de informações, a busca de “melhoria contínua” – kaizen em japonês - e a resolução conjunta
dos problemas.
O sistema de distribuição física está intimamente ligado aos canais de
distribuição escolhidos pela empresa (tópico discutido na seção 2.1 e no item sobre
distribuição no varejo eletrônico, discutido na seção 2.3.5). Conforme Dornier et al. (2000), o
tipo de canal de distribuição escolhido afeta todas as outras variáveis no marketing-mix e a
escolha desses canais compromete a empresa por um longo período de tempo. Além disso, as
subseqüentes características logísticas dos atores no canal de distribuição influenciam a
concepção e, em última instância, a gestão da rede, que é composta de instalações logísticas e
meios de transporte.
Segundo os autores, as instalações de armazenagem atualmente podem
desempenhar muitas funções que vão além da estocagem de produtos e preparação do pedido
– que são customização e montagem do produto e pré ou pós manufatura. Os armazéns em
particular estão sofrendo grandes mudanças, em virtude da crescente especialização, da
grande gama de produtos demandados pelos clientes e das mudanças nas áreas geográficas
que cobrem. Ao mesmo tempo, os meios de transporte mudaram consideravelmente sob a
influência da desregulamentação, que no Brasil teve grande impacto durante a década de
1990. Essas mudanças reconfiguraram o modo pelo qual a distribuição física operava, nos
Estados Unidos, Europa e Brasil, assim como no restante do planeta. Em particular, o nível de
concentração em grandes varejistas mudou o número de pontos de varejo e toda a dinâmica do
processo de logística de saída.
Finalmente, assim como na logística de suprimentos, é considerada a tendência
em empresas de todo o mundo em terceirizar serviços logísticos por meio do que é conhecido
como logística terceirizada. No varejo eletrônico, assim como em muitas empresas varejistas
128
tradicionais, muitas vezes a distribuição física é feita por meio de empresas transportadoras
contratadas, que compartilham com o varejista a responsabilidade pela entrega do produto
com a qualidade prometida, no prazo especificado.
A importância estratégica da logística e da gestão da cadeia de suprimentos é
comprovada tanto na área acadêmica como na prática (DORNIER et al., 2000;
CHRISTOPHER, 2001; BALLOU, 2004). dessa forma, não é surpresa que no contexto do
varejo eletrônico esta represente um fator chave de sucesso (REYNOLDS, 2001; LEE;
WHANG, 2001).
No caso do varejo eletrônico, para a maioria dos produtos, a logística de
suprimentos e a distribuição física estão intimamente relacionadas, e a empresa varejista, na
maioria dos casos, apenas atua como intermediária no processo de venda do atacadista ao
consumidor final ou faz pequenas modificações nos produtos para agregar valor a eles. Este é
o caso do varejo eletrônico de flores, em que a empresa varejista compra flores e outros
artigos de presente de empresas atacadistas ou grandes varejistas, monta um buquê, cesta ou
arranjo floral, o embala, e o entrega ao consumidor final, mantendo dessa forma um estoque
mínimo de flores e outros artigos – visto que as flores e os artigos alimentícios oferecidos são
altamente perecíveis.
Deve-se ressaltar, que quando se trata da logística de suprimentos no caso do
varejo eletrônico, deve-se procurar ter um grupo comprometido de fornecedores para garantir
o fornecimento dos produtos aos clientes, ou ainda a manutenção de estoque – mesmo que
reduzido -, para evitar o problema da entrega dos produtos comercializados via varejo
eletrônico sem a qualidade e fora do prazo prometidos. Este, de acordo com Leme e Soares
(2002), Webb (2002), Tamimi et al. (2003), Smith e Smith (2005) e Sherer (2005) vem
mostrando ser um “gargalo”, ou ponto fraco preocupante. Conforme apresentam Mann et al.
129
(2000, p.71), “[...] o comércio eletrônico, em especial o varejo eletrônico, cria novos desafios
para a logística de fornecimento e entrega dos produtos.”
Como citado no tópico “preço no varejo eletrônico”, o consumidor precisa
“perceber” o valor de um produto ou serviço, motivando-o a fazer ou refazer a compra, caso
suas expectativas sejam atendidas ou superadas. Conforme Al-Mudimigh et al. (2004), a
estratégia de precificação é critica no que diz respeito à percepção de valor pelo cliente.
Segundo esses autores, para criar valor ao cliente uma empresa deve preocupar-se em agregar
valor ao produto ou serviço, diferenciando-o de modo a provocar um crescente senso de valor
percebido pelo cliente ou reduzir os custos de produção e distribuição para que possa, assim,
diminuir o seu preço de venda. Para ambas as táticas, um adequado planejamento e
gerenciamento logístico podem diminuir os seus custos ou aumentar substancialmente o valor
do produto ou serviço, seja pelo fato de a otimização das atividades logísticas poder reduzir
substancialmente os custos de suprimento e entrega ou pelo fato de as entregas serem feitas no
prazo e com o produto intacto gerarem maior valor agregado ao produto.
No varejo físico tradicional, geralmente é o comprador quem deve
pessoalmente carregar e pagar o produto comprado (escolhendo os produtos e pagando por
eles no caixa) e sua entrega (transportando esses produtos à sua casa ou destino), tendo ainda
custos relacionados com o tempo despendido para todo o processo de compra. Já no caso do
comércio eletrônico, porém, a responsabilidade pela coordenação e efetuação do pedido,
assim como sua entrega é toda da empresa vendedora. Muitas vezes, entretanto, essas
empresas não são eficientes e tampouco eficazes em realizar a entrega do pedido no tempo
determinado, fazendo com que dessa forma, muitos clientes desistam ou fiquem insatisfeitos
com o serviço enfim realizado.
Tais desistências ou insatisfações apresentam uma série de justificativas.
Dentre elas, pode-se destacar segundo Santos (2000), o excesso de exigências feitas aos
130
consumidores por parte da empresa vendedora; os altos custos do frete, que não compensam;
as compras canceladas pelo fato de o produto não estar disponível no estoque; o tempo de
espera e o grande número de endereços incorretos e incompletos. Dessa forma, o autor
ressalta que as justificativas relacionadas conduziram os envolvidos com o comércio
eletrônico a perceber que o insucesso do negócio residia na falta de agilidade da entrega de
suas mercadorias.
Drucker (1999) destaca também que o grande diferencial de uma empresa de
comércio eletrônico está na qualidade e aprimoramento da sua distribuição e no
aperfeiçoamento constante dos seus prazos de entrega, para que tais fatores não impeçam o
seu sucesso futuro. O autor enfatiza ainda que as empresas não devem manter o foco naquilo
que elas forem capazes de produzir, mas sim naquilo que forem capazes de entregar.
Conforme Rebouças (2000), a compra de um presente para o Natal via
comércio eletrônico, que chega mais de vinte dias depois de ocorrido o evento, não pode mais
ser justificado por desculpas como: “o Brasil é um país muito grande”, “o transporte interno é
deficitário”, “os fornecedores não tem estoque”, “não são muitos os entregadores que
conseguem atravessar a última quadra até sua casa”. Isso porque é justamente o ambiente do
comércio eletrônico que promete eliminar as distâncias – foram mais rápidas em oferecer
conveniência do que praticá-la – segundo o autor. Este ressalta ainda que cada vez mais as
empresas que operam com o varejo eletrônico estão competindo menos em produto e
qualidade, e mais na velocidade de atendimento do seu mercado.
Um conceito utilizado por pesquisadores e especialistas em logística no
comércio eletrônico é o “last mile logistics”, logística da última milha, como é conhecido. Ou
seja, a última etapa da logística de entrega. “A última milha” é o elo de ligação entre o
processo de pedido eletrônico e a entrega do produto físico (ESPER et al, 2003). A logística
da última milha tornou-se um fator-chave de sucesso para o varejo eletrônico e tem grande
131
relevância para o Marketing-mix de qualquer empresa ligada ao canal eletrônico (KOTZAB;
MADLBERGER, 2001). Graves problemas logísticos, especialmente durante períodos de alta
demanda como as festas de final de ano ou outras datas especiais, mostram que os
consumidores que se desapontaram por causa de um serviço de entrega ruim dificilmente
voltaram a realizar compras online (LEE; WHANG, 2001; BROMAGE, 2001).
De acordo com Bayles (2001) e Reynolds (2001), para que a logística da
última milha no comércio eletrônico seja eficiente e eficaz uma série de medidas precisa ser
considerada: tempo de entrega (tempo entre o pedido e a entrega ou a possibilidade de se fixar
uma data de entrega, por exemplo); confiabilidade de entrega (nesse caso, há a necessidade de
checagem da disponibilidade de produtos e o tempo de manuseio do pedido, entre outros);
flexibilidade de entrega (em relação à data e o local de entrega, por exemplo); qualidade da
entrega (sem erros e sem danificar os produtos); e informação (relativas à data, horário e
especificações da entrega, e para que possa-se traçar rotas de entrega , por exemplo). Para que
as exigências relacionadas com o nível de serviço da logística de entrega da última milha
sejam atendidas, o varejista eletrônico precisa decidir-se quanto as melhores estratégias a
serem utilizadas. Dessa forma, o varejista precisa, por exemplo, decidir qual o espaço
geográfico que pretende atingir (REYNOLDS, 2001), e quais as opções de entrega dos
produtos que disponibilizará (entrega em domicílio, despache por correio, entrega num ponto
comum de recepção). Outro importante ponto é a terceirização dos serviços logísticos, ou o
estabelecimento de parcerias ou acordos comerciais com empresas que trabalham no mesmo
ramo, principalmente quando se pretende atingir um grande espaço geográfico, já que, na
maioria dos casos, construir e manter a infra-estrutura necessária para a entrega é muito
custoso. Um ponto importante que não pode ser deixado de lado é a logística relacionada com
a devolução dos produtos ou logística reversa, que precisa ser bem administrada para não
causar ou diminuir ao máximo as impressões negativas dos clientes quanto à imagem da
132
empresa (esse fato relaciona-se com imagem de confiabilidade da empresa, citada na seção
2.1).
Finalmente, outros fatores-chave na logística da última milha são a
determinação das taxas de entrega e o desenvolvimento de um modelo de precificação para os
serviços logísticos (BALLOU, 2004). Isso pode ser aplicado não somente à entrega dos
produtos, mas também aos serviços adicionais como entrega expressa e entrega em finais de
semana (BAYLES, 2001; REYNOLDS, 2001).
De acordo com Lee e Whang (2001), dois conceitos para fazer esse último
estágio logístico eficiente são: preferir o uso dos fluxos de informação aos fluxos de
deslocamento de produto e, utilizar e/ou adaptar os canais físicos de distribuição já existentes
o máximo possível, até a última milha ou fase da entrega. Esses dois conceitos estão
amarrados a cinco diferentes estratégias: adiamento ou retardamento logístico (logistics
postponement), desmaterialização (dematerialization), intercâmbio ou troca de recursos
(resource exchange), carregamentos valorizados ou emprestados (leveraged shipments) e os
modelos de tijolo e cimento (click and mortar).
O primeiro conceito, que diz respeito ao uso otimizado da informação, leva em
conta a complexidade do ciclo logístico, principalmente quando se trata do varejo eletrônico e
suas peculiaridades. Com a disponibilização de um banco de dados constantemente atualizado
e confiável, em relação às demandas do consumidor final, pode-se entregar um produto de
forma mais direta, em um menor prazo, diminuindo os custos e aumentando a eficiência.
Dessa forma, as empresas coletam informações ao longo da cadeia de suprimentos e as
utilizam para montar ou alocar o produto final demandado, aumentando a eficiência por meio
de um deslocamento mais direto do produto, ou seja, com um mínimo de intermediários
possível. Essa estratégia é conhecida como retardamento ou adiamento logístico. Nesse caso,
a empresa adia as decisões de entrega o máximo possível, até que ela tenha todas as
133
informações necessárias (local e horário de entrega, embalagem, características peculiares do
produto, informações relacionadas com os fornecedores de cada um dos componentes –
matérias primas – que compõem o produto final, etc.), para entregar tudo o que foi pedido
(produto, prazo de entrega, etc.) com o menor custo.
As empresas devem também procurar, sempre que possível, transformar os
fluxos físicos de distribuição em fluxos de informação. Se um produto físico pode ser
transformado em digital (como, por exemplo um CD, que pode ser convertido em formato
MP3), pode “viajar” instantaneamente pelos canais eletrônicos de distribuição. Logicamente
essa desmaterialização não pode ser feita para todos os tipos de produto e serviço, mas à
medida em que os fluxos físicos puderem ser transformados em digitais, a empresa pode
evitar os “engarrafamentos logísticos”, as entregas atrasadas e reduzir drasticamente os custos
com a logística da última milha. Bens de informação como dados, softwares e músicas são
candidatos naturais a essa estratégia, por serem facilmente desmaterializados.
O segundo conceito está relacionado com o uso ou adaptação dos recursos
existentes para que se possa completar o processo de pedido. Uma estratégia que combina
ambos os conceitos é o intercâmbio ou troca de recursos – resourse exchange. O produto
demandado pelo consumidor pode ser estocado em diferentes locais. Nesse caso, como o
produto pode ser estocado em diversos locais, pode-se por meio da otimização do fluxo de
informações (que pode ser viabilizado pela utilização da Tecnologia de Informação – TI
citado na seção 2.3.3), montar uma rede de fornecedores (da própria empresa ou terceirizados)
e assim, conforme as demandas do consumidor forem chegando, o sistema informacional
mostra quais os fornecedores mais próximos a esse cliente. Logo após o pedido, o sistema
processa as informações contendo as especificações dos produtos demandados e essas
informações fluem através da rede a fim de encontrar o local mais apropriado, que possibilite
a entrega do produto com todas as especificações pedidas, ao menor custo possível. Dessa
134
forma, de acordo com Lee e Whang (2001), o fluxo de informações diminui ao máximo a
distribuição dos produtos físicos. Desta forma, pode-se verificar que o conceito de
intercâmbio ou troca de recursos está intimamente relacionado com o conceito de adiamento
logístico, citado acima.
Outra forma de adaptar os recursos existentes para a logística da última milha é
fazer uso dos canais físicos de distribuição já existentes para a entrega de outros produtos.
Apesar de se gerar um incremento de custo, a estratégia gera uma economia de escopo, pelo
fato de o custo incremental ser muito menor do que o custo de se criar e manter um canal
totalmente novo para a distribuição do novo produto. Essa estratégia é conhecida como
carregamentos valorizados ou emprestados (leveraged shipments), sendo que muitas vezes,
num mesmo carregamento, são entregues diversos produtos, dentre eles o “novo produto”.
Caso o canal de distribuição já estruturado contemple apenas a entrega dos
produtos dos fornecedores aos varejistas ou outros locais de entrega selecionados, adicionar a
entrega ao cliente final pode ser muito custoso, dessa forma, a logística da última milha passa
a ser ineficiente. Se, por outro lado, essas lojas ou locais de entrega forem próximas e de
acesso fácil aos fornecedores, a solução pode ser fazer com que o consumidor percorra a
última milha de entrega e ele mesmo pegue o produto pedido. Apesar dessa estratégia gerar
algumas desvantagens, já que obriga o consumidor a se deslocar até loja, tirando sua
comodidade e fazendo-o “perder tempo”, os custos de entrega são visualmente diminuídos e a
diminuição nos preços dos produtos é repassada ao consumidor final. Esse tipo de estratégia é
conhecido como modelo de tijolo e cimento (click and mortar).
Conforme os mesmos autores, várias empresas utilizam essas estratégias ou as
misturam e adaptam-nas à sua realidade, como é o caso da maioria das empresas que operam
com o varejo eletrônico de flores. Como o propósito de quem compra flores via varejo
eletrônico é, na maioria das vezes, o de presentear alguém, especialmente em datas especiais,
135
a entrega do produto no prazo prometido é de fundamental importância para a satisfação do
consumidor, e conseqüentemente para a manutenção da imagem e confiabilidade da empresa.
Dessa forma, o varejo eletrônico de flores, praticamente em sua totalidade, oferece ao
consumidor a escolha do local (geralmente para todos os estados do Brasil e às vezes até para
outros países), além do dia e horário de entrega. Desnecessário ressaltar que por esses
motivos, a logística de fornecimento e entrega das flores é assunto que deve ter atenção
especial.
Devido aos entraves logísticos acima citados, muitas empresas optam por fazer
acordos comerciais com diversas empresas ao longo de sua rede de distribuição. No caso do
varejo eletrônico de flores, como muitas empresas têm uma área de distribuição bastante
ampla, são feitos arranjos ou acordos com floriculturas existentes nas cidades onde o
consumidor deseja que as flores sejam entregues, ou em certos casos, com as floriculturas
mais próximas do local de entrega escolhido. Por meio destes acordos, a confecção do buquê
(principal item vendido nos sites de venda de flores), por exemplo, assim como sua entrega no
local, data e hora definidos pelo consumidor, ficam sob responsabilidade da floricultura.
Esses arranjos podem, todavia, ter alguns problemas quanto à sua
padronização, já que existe uma enorme dificuldade em se manter o mesmo padrão de
qualidade para produtos tão perecíveis quanto as flores, principalmente tratando-se de uma
área de distribuição com enorme dimensão e varião edafoclimática – variação de classe de
solo e clima -, onde existem diversos sistemas de produção, transporte e conservação das
plantas colhidas. Dessa forma, é de extrema importância que esses acordos sejam feitos de
forma a proporcionar a menor variação possível entre o produto à venda - descrito e exposto
no site - com o efetivamente entregue. Essa possível variação de padronização deve ser
previamente advertida ao consumidor no site da empresa.
136
Muitas vezes ainda, como os sites oferecem a opção de vender flores
específicas em conjunto com outros produtos diferenciados e ainda mais específicos – como,
por exemplo, vender um mix de rosas, alstroemérias, lírios, lisianthus e folhagens em vaso de
porcelana branco com prato, ou uma cesta de café da tarde com arranjo de lírios, gérberas e
orquídeas -, estes modelos ficam disponíveis para entrega apenas em algumas regiões, já que
nestes casos, é muito mais difícil padronizar e disponibilizar as flores específicas e os
produtos que as acompanham, numa dimensão geográfica tão grande. Nos exemplos acima
citados, os produtos são disponíveis em alguns sites, e apenas para a Grande São Paulo e
Grande Rio de Janeiro, respectivamente.
Outra estratégia utilizada por algumas empresas, visando a manter a
padronização e aumentar o leque de produtos oferecidos a todas as regiões de entrega são as
entregas via serviços de entrega ou correios expressos. Conforme o Ministério das
Comunicações (2006), esses serviços são aqueles especialmente indicados para quem deseja
enviar documentos ou mercadorias a outras regiões ou países em um curtíssimo espaço de
tempo e com alto nível de qualidade. Dentre os serviços de entrega encontram-se, por
exemplo, o Federal Express – FEDEX, o DHL Express, e o UPS. Apesar das vantagens destes
serviços, é importante destacar que as entregas, em grande parte, são mais custosas e têm um
prazo maior que as feitas por meio de acordos com varejistas físicos.
2.4 Varejo eletrônico: fatores-chave de sucesso
2.4.1 Identificando os objetivos de desempenho e os fatores-chave de sucesso
Conforme Slack et al. (2002), qualquer gerente de produção precisa tomar
providências para contribuir com a competitividade de sua empresa, independente de sua área
137
de atuação - administrador hospitalar, por exemplo, ou gerente de produção de uma fábrica de
carros, gerente de operações de uma empresa de ônibus urbanos, gerente de supermercado ou
de qualquer outra instituição varejista.
De acordo com os autores, essas providências estão relacionadas com os
interesses dos stakeholders da empresa e formam o pano de fundo para todo o processo
decisório da produção. Alguns stakeholders são internos, como os empregados da operação;
outros são externos, como a sociedade ou grupos comunitários, ou ainda, os acionistas da
empresa. Alguns stakeholders externos possuem um relacionamento comercial direto com a
empresa, como os fornecedores da produção e os consumidores que irão receber os produtos
ou serviços. A figura 2.7 ilustra alguns principais grupos de stakeholders e alguns dos
aspectos do desempenho da operação produtiva em que eles terão interesse.
FONTE: Slack (2002, p.69)
FIGURA 2.7 – Objetivos estratégicos amplos para uma operação aplicados a
stakeholders
Sociedade
• Aumentar o nível de emprego
• Aumentar o bem-estar da comunidade
• Produzir produtos sustentáveis
• Garantir um ambiente limpo
Fornecedores
• Continuar o negócio
• Desenvolver capacidade
de fornecimento
• Fornecer informação
transparente
Acionistas
• Valor econômico/retorno
sobre o investimento
• Valor ético/retorno sobre
o investimento
Empregados
• Continuidade de emprego
•Pagamento justo
• Boas condições de trabalho
• Desenvolvimento de pessoal
Consumidores
• Especificação apropriada
de produto ou serviço
• Qualidade consistente
• Entrega rápida
• Entrega confiável
• Flexibilidade
• Preço aceitável
138
A fim de satisfazer os interesses desses stakeholders – destacando os interesses
do consumidor final principalmente, é importante que sejam claramente definidos os objetivos
de desempenho da empresa. Dessa forma, Slack et al. (2002) destacam a importância de cinco
objetivos de desempenho básicos que se aplicam a todos os tipos de operações produtivas.
Esses objetivos são: qualidade, rapidez, confiabilidade, flexibilidade e custos.
Qualidade significa “fazer certo as coisas”, satisfazer a seus consumidores
fornecendo bens e serviços isentos de erro, “adequados a seus propósitos”. Isso é proporcionar
uma vantagem de qualidade para a empresa. Em alguns casos, a qualidade é a parte mais
visível de uma operação. Além disso, é algo que o consumidor considera relativamente fácil
de avaliar na operação. Em função disso, ela exerce grande influência sobre a satisfação ou
insatisfação do consumidor. Produtos e serviços de boa qualidade significam alta satisfação
do consumidor e ainda, a probabilidade de o consumidor retornar. Inversamente, má
qualidade reduz as chances de o consumidor retornar.
A qualidade pode ainda reduzir custos, pois quanto menos erros em cada
microoperação ou unidade de produção, menos tempo será necessário para a correção e
conseqüentemente, menos confusão e irritação. Entretanto, custos crescentes não são a única
conseqüência da má qualidade. Em uma floricultura ou supermercado, por exemplo, pode
significar flores ou bens em falta nas prateleiras, o que resulta em perda de faturamento e
irritação dos consumidores. Lidar com esse problema pode dispersar a atenção da
administração, que deixa de cuidar de outras partes de operação da loja. Isso pode significar o
cometimento de mais erros. Um ponto importante ainda é que o objetivo de desempenho da
qualidade envolve um aspecto externo que lida com a satisfação do consumidor e um aspecto
interno que lida com a estabilidade e eficiência da organização.
Rapidez significa quanto tempo os consumidores precisam esperar para receber
seus produtos ou serviços. O principal benefício da rapidez de entrega dos bens e serviços
139
para os consumidores é que ele enriquece a oferta. Para a maioria dos bens e serviços, quanto
mais rápidos estiverem disponíveis para o consumidor, mais provável é que este venha a
comprá-los. A rapidez da operação interna também é importante. A resposta rápida aos
consumidores externos é auxiliada, sobretudo pela rapidez da tomada de decisão,
movimentação de materiais e das informações internas da operação.
Entretanto, a rapidez interna pode ter benefícios complementares como redução
de estoques e redução de riscos. Quando centenas de produtos movimentam-se diariamente
pela fábrica, esse tempo de espera resulta em estoques maiores de peças e produtos. Por outro
lado, se a espera pode ser reduzida (pela movimentação e processamento de peças em lotes
menores, por exemplo), as peças se movimentarão com mais rapidez na fábrica e, como
resultado, o estoque entre os estágios do processo será reduzido. Por outro lado, quanto mais
longo o período de previsão dos eventos, maior o risco. Ou seja, quanto mais à frente a
companhia previr a demanda, mais provavelmente cometerá erros. Isso tem implicações
importantes na rapidez de execução de qualquer operação. No caso de uma fábrica de
automóveis, por exemplo, se o tempo total necessário para a porta completar seu percurso
pela fábrica for de seis meses, estará passando pela primeira operação seis semanas antes de
atingir seu destino final. A quantidade de portas processadas será determinada pela previsão
de demanda feita seis semanas antes. Quase certamente a fábrica estará fabricando o número
errado de portas porque a previsão estará errada. Alternativamente, caso o período total de
fabricação das portas for de uma semana apenas, as portas processadas no primeiro estágio
serão previstas apenas com uma semana de antecedência. Sob essas circunstâncias, é mais
provável que o número e os tipos de portas processadas sejam os necessários.
Confiabilidade significa fazer as coisas em tempo para os consumidores
receberem seus bens ou serviços prometidos. Os consumidores só podem julgar a
confiabilidade de uma operação após o produto ou serviço ter sido entregue. Ao selecionar o
140
serviço pela primeira vez, o consumidor não terá qualquer referência do passado quanto à
confiabilidade. Entretanto, no decorrer do tempo, confiabilidade pode ser mais importante do
que qualquer outro critério. Não importa quão barata seja uma passagem de ônibus ou sua
rapidez se o serviço estiver atrasado e os veículos estiverem sempre lotados, obrigando os
passageiros a tomar táxi.
A confiabilidade na operação interna tem efeito similar. Os clientes internos
julgarão o desempenho uns dos outros, analisando o nível de confiabilidade entre as
microoperações na entrega pontual de materiais e informações. As operações que possuem
confiabilidade interna maior são mais eficazes do que as que não possuem, pelo fato de a
confiabilidade gerar economia de tempo, dinheiro e dar estabilidade. Nesses casos, por conta
de uma falha de confiabilidade de fornecimento, parte significativa do tempo das operações
será destinada à reprogramação dos serviços; o uso ineficaz de tempo será transformado em
custo operacional extra. As peças de reposição podem custar mais para serem entregues com
urgência, os funcionários de manutenção receberão pagamento mesmo quando não houver
serviços ou peças com que trabalhar, assim como alguns outros custos fixos não serão
diminuídos. A perturbação causada nas operações pela falta de confiabilidade vai além do
tempo e custo. Afeta a “qualidade” do desempenho em tempo da operação. Se tudo em uma
operação for perfeitamente confiável, e assim permanecer por algum tempo, haverá um nível
de confiança entre as diferentes partes da operação. Não haverá “surpresas” e tudo será
previsível.
Flexibilidade significa capacidade de mudar a operação. Pode ser alterar o que
a operação faz, como faz ou quando faz. Especificamente, a mudança deve atender a quatro
diferentes tipos de exigência. A primeira é a flexibilidade de produzir ou gerar produtos ou
serviços diferentes; a segunda está relacionada com a flexibilidade de composto ou mix, ou
seja, produzir uma ampla variedade ou composto de produtos e serviços; a terceira é a
141
flexibilidade de volume ou a produção de quantidades ou volumes diferentes de produtos ou
serviços, e a última relaciona-se com a flexibilidade de entrega, quando se tem diferentes
tempos de entrega.
O desenvolvimento de uma operação flexível pode também trazer vantagens
aos clientes internos da operação. Dessa forma, a flexibilidade de operações pode agilizar a
resposta, caso um hospital precise enfrentar um repentino fluxo de pacientes procedentes de
um acidente, por exemplo. A flexibilidade economiza tempo quando as estruturas e
equipamentos de uma fábrica, por exemplo, são flexíveis e permitem a produção de um amplo
mix de produtos sem a necessidade de paralisação do sistema para sua reconfiguração. E por
fim, a flexibilidade mantém confiabilidade quando eventos imprevistos perturbam os planos.
Finalmente, tratando-se de custos, para as empresas que concorrem diretamente
em preço, o custo será seu principal objetivo de produção. Quanto menor o custo de produzir
seus bens e serviços, menor pode ser o preço para seus consumidores. Mesmo as empresas
que concorrem em outros aspectos que não o preço estarão interessadas em manter seus
custos baixos. É importante destacar ainda que cada um dos objetivos de desempenho
descritos anteriormente possui vários efeitos externos e internos, e todos eles afetam os
custos. Dessa forma, operações de alta qualidade que não desperdiçam tempo ou esforço de
retrabalho, operações rápidas que reduzem o nível de estoque em processo, bem como os
custos administrativos indiretos, operações confiáveis que não causem surpresas
desagradáveis aos clientes ou operações flexíveis que adaptam-se rapidamente às
circunstancias mutantes e não interrompem o restante da operação global, podem reduzir de
forma significativa os custos operacionais de uma empresa.
É importante ainda, para qualquer forma de negócio, que seja representada a
importância relativa dos objetivos de desempenho para que seja planejada a melhor estratégia
para a empresa. Conforme Thompson Jr. e Strickland III (2000, p.1), a estratégia da empresa
142
consiste do conjunto de mudanças competitivas e abordagens comerciais que os gerentes
executam para atingir o melhor desempenho da empresa. A estratégia, em verdade, é o
planejamento do jogo de gerência para reforçar a posição da organização no mercado,
promover a satisfação dos clientes e atingir os objetivos de desempenho.
Para que sejam atingidos os objetivos de desempenho que a empresa julga
importantes e prioritários, os gerentes da empresa devem escolher atentamente as estratégias
de marketing-mix e a logística.
Como já mencionado, as estratégias relacionadas com as quatro variáveis do
marketing-mix (produto, preço, comunicação e distribuição) e a logística possuem
correspondência com os cinco objetivos de desempenho já apresentados. Dependendo das
estratégias de produto utilizadas, pode-se afetar os objetivos de qualidade, flexibilidade e
confiabilidade de uma empresa. Já as estratégias relacionadas com o preço afetam a
flexibilidade e os custos da empresa. A comunicação afeta a confiabilidade do
empreendimento e por fim, a distribuição, assim como a logística, afetam os objetivos de
rapidez, flexibilidade, confiabilidade e custo. Dessa forma, identificando quais as estratégias
de marketing-mix e logística utilizadas por uma empresa, pode-se identificar quais são os
objetivos de desempenho priorizados e valorizados por uma empresa e assim identificar os
fatores-chave de sucesso de um empreendimento. Os fatores-chave de sucesso são definidos
como o conjunto de abordagens de ação relacionadas com a estratégia, com as capacidades
competitivas e com os resultados do negócio que cada empresa constrói para ser mais
competente, para que possa assim, garantir lucratividade e sucesso em relação a seus
concorrentes (THOMPSON JR.; STRICKLAND III, 2000).
Conforme os mesmos autores, os gerentes que erram o diagnóstico sobre quais
fatores são realmente cruciais para o sucesso competitivo de longo prazo ficam sujeitos a
utilizar estratégias mal concebidas para perseguir metas competitivas de menor importância.
143
Normalmente, uma empresa que compreende os fatores-chave de sucesso ligados ao seu ramo
de negócio pode conseguir vantagem competitiva sustentada treinando sua estratégia nos
fatores-chave de sucesso do negócio; devotando suas energias a eles, passa a ser
distintivamente melhor que as rivais na obtenção de sucesso. Na verdade, a utilização de um
ou mais dos fatores-chave de sucesso como pedra angular para a estratégia da empresa
normalmente é um aspecto necessário para qualquer jogo gerencial vitorioso. Muito
raramente uma indústria ou empresa tem mais de três ou quatro fatores-chave de sucesso – a
identificação dos fatores-chave de sucesso serve para julgar sobre as coisas que são mais
importantes para o sucesso competitivo e as que são menos importantes. A compilação de
uma lista de todos os fatores que constituem apenas um pequeno problema anula a finalidade
de concentrar a atenção do gerente nos fatores verdadeiramente cruciais para o sucesso
competitivo de longo prazo.
Desenvolvido por Rockart (1978), o fatores-chave de sucesso, ou fatores-
críticos de sucesso (FCS) é um método empírico baseado em entrevistas que provê técnicas
estruturadas passíveis de serem utilizadas por entrevistadores na identificação das prioridades
gerenciais. Os resultados, que são posteriormente confrontados para verificação das
interseções, poderão ser utilizados no planejamento e construção de sistemas de informação
gerenciais; num sistema top-down de desdobramento: indústria, empresa, departamento e
indivíduos. A maioria dos gerentes utiliza o conceito de FCS, mesmo que implicitamente.
Mas, uma vez explicitados, a alocação de recursos poderá ser mais corretamente definida.
2.4.2 Os riscos percebidos no varejo eletrônico
Não podem ser deixados de lado ainda os riscos inerentes ao varejo eletrônico
de flores. Identificar os riscos, principalmente os relacionados com o cumprimento dos
144
objetivos de desempenho priorizados no empreendimento, é fundamental para que os fatores-
chave de sucesso venham a se concretizar.
Conforme Di Serio e Sampaio (2001, p.56), esses riscos referem-se à
possibilidade de os elementos acordados entre as partes não ocorram. Os riscos trazem
incerteza. Esta traz problemas devido aos distúrbios inesperados das transações e às
dimensões necessárias para as estruturas de monitoramento e controle. Se forem grandes,
acabam sendo onerosas. O alto grau de incerteza traz alto custo de transação. Há basicamente
dois tipos de incerteza: a de contingência (estado da natureza) e a de comportamento
estratégico (comportamento dos rivais). Ou seja, as transações com maior incerteza
demandam estruturas de controle mais complexas, com custo muito elevado, interferindo na
forma como as transações ocorrerão (NEVES, 1995). Uma transação entre dois elementos de
um sistema agroindustrial não se dá sem custos. Antes do início da transação, existem os
custos da procura, obtenção da informação, do conhecimento do parceiro, entre outros. São os
custos de transação ex-ante (NEVES, 1995). Já os custos ex-post são os custos de mensuração
e monitoramento do desempenho, custos de renegociações, etc (SMORIGO, 2000).
A minimização dos riscos implica na redução dos custos de transação,
representando um elemento de eficiência na concorrência entre empresas. No caso do varejo
eletrônico de flores, existem riscos de entrega fora do prazo, ou de entrega sem os padrões de
qualidade pré-estabelecidos, já que as flores são altamente perecíveis; existem também os
riscos de não pagamento e de falta de suprimento de matérias primas, entre outros (DI
SERIO; SAMPAIO, 2001, p.56).
Segundo Williamson (1991), a teoria dos custos de transação estuda como os
parceiros se protegem dos riscos em suas relações comerciais. De acordo com o grau de risco
percebido pelo cliente, os objetivos de desempenho da empresa são alterados, gerando
principalmente uma imagem negativa da empresa e a perda de confiança pelo consumidor.
145
Apesar de os riscos relacionados com o varejo eletrônico de flores
representarem custos de transação, para o presente trabalho esses riscos serão tratados e
analisados sob a ótica da teoria dos riscos percebidos pelo cliente e não sob o foco da teoria
da nova economia institucional e dos custos de transação. Conforme Solomon (1998), o risco
percebido pode ser entendido como a crença de que a compra de um produto ou serviço venha
a ter conseqüências negativas. Essa teoria tem como foco a percepção do cliente e do que este
acredita ser mais importante e decisivo quando opta por comprar ou não determinado bem ou
serviço, por meio de determinado canal, influenciando de maneira direta os objetivos de
desempenho da empresa varejista.
Tratando especificamente do ambiente do comércio eletrônico, Kovacs e Farias
(2004), analisando indivíduos que nunca compraram via varejo eletrônico e indivíduos que já
o fizeram, destacam que a satisfação e a perda da socialização são aspectos importantes a
serem trabalhados para o incentivo dos indivíduos que nunca compraram pela rede. Por sua
vez, os riscos físicos – relacionados com danos provocados por mau acondicionamento ou
transporte - e, principalmente os de futura oportunidade perdida – encontrar posteriormente
um produto melhor fora da rede ou o mesmo produto com preço melhor fora da rede - e da
proteção da informação – interceptação de dados pessoais e financeiros - devem ser
analisados para a criação de estratégias de redução de risco tanto para os que compram quanto
para os que ainda não compraram por este meio.
Os resultados da pesquisa dos autores indicam que os riscos influenciam a
decisão de adquirir produtos e serviços pela rede, havendo uma relação inversa entre o risco
percebido e a predisposição para a compra por esse canal. Liebermann e Stashevsky (2002),
de forma análoga, em um estudo realizado em Israel, mostram o efeito negativo dos riscos
percebidos em relação à predisposição para comprar via varejo eletrônico. Os autores
destacam que a violação de informações relativas ao número do cartão de crédito e dados
146
pessoais são os principais riscos percebidos tanto pelos clientes que nunca efetuaram uma
compra via Internet quanto para o grupo de pessoas que já efetuou pelo menos uma compra
via canal eletrônico. Ainda, segundo Liao e Cheung (2001), em estudo feito em Cingapura,
outro importante risco percebido pelo consumidor é o risco de não entrega ou entrega fora do
prazo.
Dessa forma, uma empresa que opera o varejo eletrônico de flores deve lançar
mão de estratégias que além de minimizarem os riscos inerentes ao varejo eletrônico,
comuniquem de maneira eficiente aos clientes e potenciais clientes a existência de tais
mecanismos de segurança eletrônica, transporte e logística, a fim de aumentar o consumo e a
confiança dos clientes em relação à empresa. Conforme estudo feito por Park e Jung (2003),
na Coréia e nos Estados Unidos, os mecanismos de segurança e logística já tiveram grande
avanço e melhoria ao longo dos últimos anos em todo o mundo. O importante agora é utilizar
adequadamente as ferramentas de marketing, de modo a promover o varejo eletrônico,
trazendo e estimulando consumidores ao canal eletrônico.
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
Este capítulo apresenta a metodologia de pesquisa utilizada na elaboração deste
trabalho. A explicitação da metodologia a ser utilizada para a realização desta pesquisa pode
ser considerada uma etapa fundamental, no sentido de esclarecer como se pretende tratar o
problema colocado (SILVA, 1999). Para descrever o método adotado por esta pesquisa, este
capítulo está subdividido em cinco itens. O primeiro descreve o tipo e o design de pesquisa
empreendida. O segundo trata das fontes secundárias e primárias de dados consultados. O
terceiro capítulo segue apresentando a população e o tamanho da amostra. O quarto apresenta
os procedimentos de coleta de dados e o quinto, a análise dos dados e a apresentação dos
resultados.
3.1 Tipo e design de pesquisa
Conforme a definição de Moura Castro (1978, p.36), a pesquisa, é do tipo
teórica-empírica, partindo de uma formulação teórica e posteriormente confrontando-a com os
fatos reais, por meio da observação empírica.
De acordo com Miles, citado em Ghauri et al. (1995, p.85), “[...] a pesquisa
qualitativa é adequada em estudos de assuntos complexos, como o comportamento humano ou
organizacional, permitindo que o pesquisador obtenha informações muito mais detalhadas.”
Segundo o mesmo autor, “[...] a grande vantagem desse tipo de pesquisa para o estudo das
organizações é a riqueza dos detalhes obtidos, da sua abordagem holística e o fluxo temporal
das transformações que não é perdido na coleta de dados.” Dados os objetivos desta pesquisa,
que envolve a análise dos componentes do marketing-mix e logística dentro da estrutura das
148
empresas que operam com a comercialização eletrônica de flores, a pesquisa qualitativa é o
caminho mais adequado.
O design mais apropriado para esta pesquisa é o estudo de caso, o qual objetiva
a obtenção de um conhecimento mais aprofundado de uma realidade delimitada (TRIVIÑOS,
1990, p.133). Segundo Yin (2001, p.27) o estudo de caso é uma pesquisa de natureza empírica
que investiga um fenômeno atual dentro da situação onde ele ocorre, especialmente quando os
limites entre o fenômeno e o contexto não são claros. Ainda conforme o autor, existem
situações em que uma estratégia de pesquisa específica possui uma vantagem distintiva. Para
o estudo de caso, isso ocorre quando se faz uma questão do tipo “como” ou “por quê” sobre
um conjunto contemporâneo de acontecimentos sobre o qual o pesquisador tem pouco ou
nenhum controle (YIN, 2001, p.28).
O estudo realizado também será do tipo multicaso. Este método parece
adequado pois, segundo Boyd (1987, p.73) “[...] ele pode ser útil na descoberta de três fatores:
fatores que são comuns a todos os casos no grupo escolhido, fatores que não são comuns a
todos, mas apenas em alguns subgrupos e fatores que são únicos num caso específico.” De
forma geral o estudo multicaso permite uma maior abrangência dos resultados, ultrapassando
os limites de unicidade obtidos quando se restringe a uma empresa.
Conforme citado anteriormente, o comércio eletrônico pode exibir diversas
formas, dependendo do grau de digitalização (transformação de físico em digital) de três
fatores ou dimensões: do produto ou serviço vendido, do processo e do agente intermediário
de entrega (figura 2.5). Na forma tradicional de comércio, essas três dimensões são físicas, já
onde existe comércio eletrônico puro todas essas dimensões são digitais. Se houver ao menos
uma dimensão digital, porém não todas, a situação é considerada como comércio eletrônico
parcial. As organizações totalmente físicas são chamadas de organizações de tijolo e cimento
ou organizações da velha economia, enquanto as devotadas exclusivamente ao comércio
149
eletrônico são organizações eletrônicas puras ou empresas de clique e clique. As organizações
de cliques e cimento, por sua vez, são aquelas que realizam tanto atividades de comércio
eletrônico quanto físico.
A empresa que opera com o varejo eletrônico de flores pode ser de clique e
clique, quando apenas intermedeia o processo de compra e venda de flores, entre clientes
presenteadores e lojas físicas nas diversas regiões de entrega. Dessa forma, além do processo
de venda, os produtos e o agente de entrega são digitais, já que não há qualquer contato com o
produto físico (flores e outros produtos). Entretanto, a maior parte das empresas que atuam
com o varejo eletrônico de flores possui um galpão próprio para a confecção dos buquês,
arranjos florais e cestas, para entregas na área ao redor deste galpão (grandes centros
populacionais). Neste caso, as empresas são de clique e cimento. As empresas de clique e
cimento podem ainda atuar apenas no canal eletrônico ou podem atuar também com o varejo
físico, caso de floriculturas ou garden centers, que também têm a opção de compra por
Internet.
Dentre as empresas pesquisadas nesse trabalho, uma atua como clique e clique
e outras três no sistema de clique e cimento: entre estas últimas, uma opera também com o
varejo físico (floricultura tradicional) e apenas faz entregas na região onde está inserida. As
duas restantes não possuem loja física.
Neste sentido, o estudo multicaso torna-se mais apropriado, visto que se
procuram investigar com maior profundidade poucas empresas, que operam diferentes
modelos de varejo eletrônico de flores. Busca-se entender por que ou como essas empresas
tornaram-se bem-sucedidas, identificando assim, seus fatores-chave de sucesso.
150
3.2 Fontes de dados
Sobre os diferentes temas (objetivos de desempenho, fatores-chave de sucesso,
estratégia, cadeia de flores, canais de distribuição, comércio eletrônico, riscos percebidos,
marketing-mix e logística) e o setor alvo da pesquisa (varejo) buscaram-se dados secundários.
Conforme Bryman (1989), os dados secundários são baseados em pesquisa de arquivos que
podem ser históricos ou recentes, estatísticas e estudos previamente realizados. Ainda, de
acordo com Ghauri et al. (1995, p.54), dados secundários podem ser definidos como
informações coletadas por outros, em geral com propósitos diferentes dos nossos. Segundo
Silva (1999), é importante considerar tal característica, pois deve-se ter cautela com possíveis
interpretações dadas por quem os pesquisou, além de se observar que em alguns casos, nem
sempre a fonte é isenta ou confiável.
Já os dados primários são aqueles que o pesquisador elabora no estudo, ou seja,
com interação entre o pesquisador e o objeto de pesquisa (BRYMAN, 1989). Esses, conforme
Churchill Jr. (1983, p.168), são obtidos diretamente a partir dos sujeitos que se deseja
pesquisar e sobre eles.
Dados secundários
Para esse estudo, buscaram-se dados secundários sobre o assunto (objetivos de
desempenho, fatores-chave de sucesso, estratégia, cadeia de flores, canais de distribuição,
comércio eletrônico, riscos percebidos, varejo, marketing-mix e logística – tópicos abordados
na introdução e no referencial teórico), em livros, revistas, jornais, periódicos, dissertações,
teses, anais de congressos, instituições ligadas ao setor estudado, que viessem a contribuir
com o trabalho proposto. A partir desse estudo, podem-se direcionar as etapas seguintes, ou
seja, escolher os agentes sobre os quais serão coletados os dados primários. Em termos de
dados secundários, foram pesquisados:
151
livros acadêmicos, tais como Parente, 2000; Coughlan et al., 2002; Rosenbloom,
2002; Slack et al., 2002; Kotler e Armstrong, 2003; Turban e King, 2004 e
Catalini et al. 2004;
periódicos e anais de congressos realizados no Brasil e no exterior (como
Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural, Encontro Nacional da
ANPAD, International PENSA Congress, EUROMA International Conference e
SIMPOI);
jornais (Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo), revistas (Exame, The
Economist), periódicos internacionais (Decision Support Systems, Electronic
Commerce Research and Applications, Harvard Business Review, Industrial
Marketing Management, Information and Management, Integrated
Manufacturing Systems, International Journal of Operations e Production
Management, Journal of Brand Management, Journal of Business Logistics,
Journal of the Academy of Marketing Science, Marketing Intelligence &
Planning, MIT Sloan Management Review, Supply Management, Technology in
Society, entre outros) revistas especializadas (Revista Frutas & Legumes, Super
Hiper, Frota&CIA), periódicos nacionais (Administração da Produção e
Sistemas de Informação, Agroanalysis, Gestão & Produção, Informações
Econômicas, Preços Agrícolas, RAE-eletrônica – FGV -, Revista Chapingo –
México -, Revista Brasileira de Horticultura Ornamental), e Boletins agrícolas;
banco de dados de bibliotecas de diversas universidades, tais como University of
Florida, USP (ESALQ e FEA), UFSCar, UFSC e UNIMEP/Piracicaba,
dissertações de mestrado, teses de doutorado, artigos dos centros de estudos das
universidades e
152
publicações de entidades especializadas (E-bit, Centro de Estudos Avançados em
Economia Aplicada, Flower Council of Holland, Instituto Brasileiro de
Floricultura, Instituto de Economia Agrícola).
Dados primários
Os dados primários foram obtidos por meio de pesquisa de campo. Os
questionários utilizados são de caráter semi-estruturado e foram aplicados in loco pelo
pesquisador. Os questionários foram previamente submetidos a teste piloto para sanar falhas e
problemas de compreensão. A última versão dos questionários está disponível no apêndice A.
O teste piloto foi realizado em agosto de 2005 mediante entrevista pessoal com
o gerente geral de uma empresa de clique e cimento que opera o varejo eletrônico de flores.
Nesse teste, a primeira versão do questionário foi testada e os primeiros resultados foram
apresentados no exame de qualificação, realizado em agosto de 2005.
A pesquisa de campo foi feita por meio de entrevista pessoal com um
especialista em mercado e comercialização de flores, e com gerentes de empresas varejistas
especializadas no comércio eletrônico de flores. Dada a impossibilidade de estudo e avaliação
do comportamento e preferências do consumidor final foi feita também uma observação
participante do pesquisador, por meio de compras eletrônicas de buquês de rosas vermelhas
em três das empresas estudadas na pesquisa.
As entrevistas pessoais da pesquisa foram realizadas durante o mês de
fevereiro de 2006. O especialista em mercado e comercialização de flores entrevistado
atualmente trabalha como gerente comercial de uma empresa atacadista, situada na cidade de
São Paulo-SP, que possui entre seus clientes várias empresas que operam o varejo eletrônico
de flores.
Todas as empresas que operam o varejo eletrônico de flores da amostra são da
região da grande São Paulo. A escolha dos municípios dessa região deu-se por diversos
153
fatores. Dentre eles, destaca-se o fato de a maior parte das empresas relacionadas com o
varejo eletrônico de flores ter sede na região, já que esta tem os maiores índices nacionais de
densidade populacional e distribuição da população urbana, de acordo com dados do censo
populacional do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - 2000 (IBGE, 2000).
Também foi considerada a limitação de tempo, facilidade de acesso e distância desses
municípios em relação à cidade de São Carlos.
A observação participante do autor, que optou por assumir o papel de cliente
presenteador no varejo eletrônico de flores, foi uma maneira de verificar algumas das
informações fornecidas pelos gerentes entrevistados. Tal ensaio, conforme Martins (1994), é
uma forma de observação na qual o observador é parte do contexto que está sendo observado.
Neste caso, o papel do observador participante foi parte integrante da estrutura social ou canal
de distribuição, já que ele assumiu o papel do consumidor final, conferindo o atendimento, a
qualidade do produto e o prazo de entrega, entre outros fatores.
Os pedidos foram feitos todos na tarde de um dia do mês de março de 2006,
para entrega na manhã do dia seguinte. O local estabelecido para entrega foi a sala do Grupo
de estudos e pesquisas Agroindustriais - GEPAI, no departamento de Engenharia de Produção
da UFSCar, em São Carlos-SP. Dentre as quatro empresas da amostra desta pesquisa, três
fazem entregas para a cidade de São Carlos. O autor realizou compras eletrônicas diretamente
através dos sites dessas três empresas, encomendando buquês de rosas vermelhas. É
importante ressaltar que o buquê de rosas vermelhas é um dos produtos mais vendidos e
padronizados nas vendas eletrônicas, sendo por essas razões o produto escolhido para as
compras.
Duas semanas após as entrevistas, posteriormente à construção de um esquema
representativo da estrutura geral de funcionamento do varejo eletrônico no Brasil (apresentado
154
na figura 4.1 – O varejo eletrônico de flores no Brasil), o autor verificou com os gerentes
entrevistados, via e-mail, a representabilidade e aplicação de tal modelo.
3.3 População e tamanho da amostra
A população dessa pesquisa é composta pelas empresas que comercializam
flores no varejo eletrônico. A amostra, de caráter não probabilístico e intencional, foi
composta pela empresa do teste piloto e outras três empresas.
Das quatro empresas da amostra do trabalho, uma atua com o varejo eletrônico
puro e as outras três no sistema de clique e cimento. Entre essas últimas, uma opera também
com o varejo físico (possui floricultura tradicional) e apenas faz entregas para região da
Grande São Paulo. As duas outras, apesar de possuírem um galpão para confecção dos buquês
e arranjos florais para entrega de pedidos da região da grande São Paulo, não possuem loja
física.
Todas as empresas foram escolhidas por uma amostragem por conveniência e
especificidade. Nesta pesquisa, esta técnica foi a mais apropriada, pois permitiu a seleção de
componentes da amostra de acordo com as características necessárias para a obtenção de
casos considerados típicos nesta população (SELLTIZ el al, 1974, p.584).
Para definição da amostra buscaram-se alguns critérios chave:
empresas cujos principais itens comercializados fossem flores e plantas ornamentais;
empresas cujo link aparecesse nas duas primeiras páginas listadas quando buscavam-se
sites relacionados com o varejo eletrônico de flores no Brasil, no endereço de busca Google
(www.google.com.br). Destaca-se que o Google é o endereço de busca mais popular da
Internet e classifica um site de acordo com o número de links em outras páginas que
direcionem a ele;
155
empresas que fossem avaliadas como empresas diamante ou ouro no site da E-bit
empresa;
empresas que operassem o varejo eletrônico de flores há pelo menos 2 anos;
empresas que tivessem sede nos municípios da grande São Paulo;
uma empresa que operasse o varejo eletrônico puro (clique e clique);
três empresas que operassem o varejo eletrônico no sistema clique e cimento, sendo
dentre essas:
- duas empresa que não dispusessem de loja física (floricultura tradicional ou garden
center) e cuja distribuição abrangesse, no mínimo, todo o território brasileiro;
- uma empresa que operasse o varejo eletrônico de flores, que dispusesse de loja física
(floricultura tradicional ou garden center).
Como já destacado anteriormente, foi também realizada uma entrevista pessoal
com um especialista em mercado e comercialização de flores. Foi ainda realizada pelo autor
deste trabalho uma observação participante de compra de buquês de rosas em três das
empresas entrevistadas. Posteriormente às entrevistas, houve ainda verificação via e-mail da
estrutura geral de funcionamento do varejo eletrônico no Brasil, com todos os gerentes
entrevistados.
3.4 Procedimento de coleta de dados
A coleta de dados deu-se por meio de uma entrevista pessoal. O instrumento de
coleta foi um questionário semi-estruturado, não disfarçado. Como o nome sugere, os dados
foram coletados a partir das respostas obtidas daquelas pessoas que teriam as informações
desejadas. Questionários semi-estruturados são mais adequados quando numa pesquisa se
busca obter informações sobre o que o entrevistado sabe, crê ou espera, sente ou deseja,
156
pretende fazer, faz ou fez (SELLTIZ, 1974, p.54). Conforme Triviños (1990), para alguns
tipos de pesquisa qualitativa, a entrevista semi-estruturada é um dos principais meios para se
realizar a coleta de dados, ao mesmo tempo em que valoriza a presença do pesquisador,
oferece todas as perspectivas possíveis para que o entrevistado alcance a liberdade e a
espontaneidade necessárias, enriquecendo a pesquisa.
Conforme Aaker e Day (1990), esse método é menos estruturado e mais
intensivo que as entrevistas com base em um questionário padronizado. Também de acordo
com os autores, vale ressaltar que o método possui um grande potencial para novos insights e
perspectivas sobre o assunto estudado.
A entrevista semi-estruturada partiu de certos questionamentos básicos,
apoiados em teorias e hipóteses que interessavam à pesquisa. Especificamente, as perguntas
das entrevistas às pessoas-chave das empresas que operam o varejo eletrônico de flores –
disponíveis no apêndice A - foram resultantes da teoria sobre objetivos de desempenho,
canais de distribuição, varejo, comércio eletrônico, cadeia de flores, riscos percebidos e
principalmente marketing-mix e logística. Na presente pesquisa, foram entrevistadas aquelas
pessoas que supostamente “conhecessem” bem os assuntos abordados e sua evolução nas
empresas. Para tanto, por meio de um contato inicial através de e-mail ou telefone foram
identificadas essas pessoas-chave. Em seguida, deu-se o agendamento das entrevistas. Os
entrevistados receberam um protocolo de pesquisa, disponível no apêndice C, com o intuito
de esclarecer os objetivos da entrevista, garantir o sigilo sobre as informações e sobre a
identidade da empresa.
Para a entrevista com o especialista em flores, utilizou-se o questionário
apresentado no apêndice B, baseado principalmente nas teorias relacionadas com os objetivos
de desempenho, canais de distribuição, varejo, cadeia de flores, e logística de suprimento.
157
3.5 Análise dos dados e apresentação dos resultados
De acordo com Yin (2001), a análise dos dados consiste no exame,
categorização, tabulação, ou de outra maneira, recombinar as evidências para discutir as
proposições iniciais do estudo. Segundo Triviños (1990, p.170), a pesquisa qualitativa se
desenvolve de forma dinâmica, em contínua retroalimentação entre a coleta e tratamento dos
dados e esta característica permite ao pesquisador correlacionar os dados coletados. O estudo
do marketing-mix no comércio eletrônico de flores, assim como de aspectos relacionados com
a logística, apoiado na pesquisa empírica permitiu uma análise coerente dos dados obtidos,
possibilitando fazer algumas recomendações.
Conforme Yin (2001), a análise das informações de um estudo multicaso é uma
das etapas menos trabalhadas e mais difíceis de ser realizada quando esse design de pesquisa é
adotado. O autor ressalta que existem poucas fórmulas pré-estabelecidas, levando o
pesquisador a depender sobremaneira do seu próprio estilo e rigor. No entanto, Yin (2001
sugere duas estratégias gerais para conduzir a análise de estudos multicasos: o uso de
proposições teóricas e perguntas ou a descrição do caso. Neste trabalho, é utilizada a segunda
estratégia: descrição do caso. Com isso, os dados desta pesquisa são analisados e comparados
de forma que sejam verificadas as semelhanças, diferenças e particularidades.
Na apresentação dos resultados, os relatórios individuais dos estudos de casos,
desenvolvidos com base nas entrevistas realizadas com pessoas chave nas empresas, no
material fornecido e nas observações diretas do entrevistador, não fazem parte dessa
dissertação, para manter a confidencialidade prometida e proteger a identidade dos
participantes.
Também de forma a preservar a confidencialidade das informações obtidas,
pelo fato de serem muitas as ações estratégicas adotadas pelas empresas, os quatro estudos de
158
caso não serão identificados e a discussão dos resultados obtidos não irá retratar uma empresa
específica ou revelar a identidade do informante/ entrevistado.
Para facilitar o entendimento da discussão dos resultados alguns
esclarecimentos a respeito da metodologia utilizada se fazem necessários. Esta dissertação
analisa quatro empresas do setor, ou seja, foram estudados quatro diferentes modelos de
operar o varejo eletrônico de flores.
Embora outras importantes empresas do setor não façam parte da amostra
pesquisada, as opiniões a respeito e as suas estruturas operacionais e logísticas foram obtidas
por meio dessas entrevistas e pelo contato com um especialista em floricultura que atualmente
opera como atacadista privado e entrega flores e plantas ornamentais para seis importantes
empresas que operam com o varejo eletrônico de flores.
Os dados obtidos em cada um dos relatórios foram analisados e as informações
obtidas comparadas entre si para indicar similaridades e diferenças na forma como o processo
se desenvolve. Essa etapa foi desenvolvida através do agrupamento, em forma de respostas
aos objetivos colocados no item 1.5, dos dados contidos nos relatórios das entrevistas
pessoais.
Como resultado, com as informações originadas em cada entrevista e
trabalhadas como descrito anteriormente, foi construído um corpo básico desse processo,
baseado no atendimento dos objetivos apresentados. O conteúdo de cada resposta sumariza e
sintetiza os pontos mais relevantes das opiniões de cada um dos agentes envolvidos.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este capítulo detalha os resultados da pesquisa empírica realizada com as
empresas que operam com o varejo eletrônico de flores e sua subseqüente análise. Os dados
são tratados de forma consolidada, mantendo-se a confidencialidade das empresas
pesquisadas, já que alguns dados são considerados estratégicos por elas.
Primeiramente as empresas participantes são identificadas e brevemente
descritas. Posteriormente, o capítulo segue apresentando os resultados de forma a atender aos
objetivos da pesquisa, já apresentados no item 1.5.
4.1 Caracterização das empresas pesquisadas
Como já apresentado no capítulo anterior, foram entrevistados gerentes de
quatro empresas que operam o varejo eletrônico de flores. O quadro 4.1 a seguir mostra de
forma geral a caracterização dessas empresas.
QUADRO 4.1 – As empresas da pesquisa
Classificação da empresa Possui loja física Área de entrega
Empresa A
clique e clique não nacional e internacional
Empresa B
clique e cimento não nacional e internacional
Empresa C
clique e cimento não nacional e internacional
Empresa D
clique e cimento sim regional
Fonte: Elaborado pelo autor
160
4.2 Os objetivos
4.2.1 Identificar como as empresas operam o varejo eletrônico de flores.
A figura 4.1 a seguir apresenta um fluxograma representativo do varejo
eletrônico de flores em seus diferentes formatos. O fluxograma apresenta o processo que vai
desde o pedido feito pelo cliente presenteador até a sua entrega. A figura mostra também as
fontes de suprimento de flores e plantas e de outros produtos no varejo eletrônico de flores.
Fonte: Elaborada pelo autor
FIGURA 4.1 – O varejo eletrônico de flores no Brasil
Velling Holambra
Floranet
Ceagesp
Ceasa-Campinas
Centro de
distribuição
internacional
Fornecedores de
produtos
complementares
Bebidas;
Pelúcias;
Chocolates;
Jóias;
Livros;
Outros
Atacadista
Privado
Velling Holambra
Floranet
Ceagesp
Ceasa-Campinas
Centro de
distribuição
internacional
Fornecedores de
produtos
complementares
Bebidas;
Pelúcias;
Chocolates;
Jóias;
Livros;
Outros
Atacadista
Privado
Pedido
(Cliente presenteador)
Pedido
(Cliente presenteador)
Varejo Eletrônico
de
Flores
Varejo Eletrônico
de
Flores
Intermediário
internacional
(no continente ou
país de entrega)
Intermediário
internacional
(no continente ou
país de entrega)
Consumidor final
(Cliente presenteado)
Consumidor final
(Cliente presenteado)
Varejo físico
(Região de entrega)
Floricultura
Garden Center
Varejo físico
(Região de entrega)
Floricultura
Garden Center
Serviço de
entrega
• Fedex
•DHL
•UPS
Entrega
própria
Serviço de
entrega
• Fedex
•DHL
•UPS
Entrega
própria
Entrega
própria
161
O processo inicia-se com o pedido feito pelo cliente presenteador. Este, de
acordo com os entrevistados, é em sua grande maioria do gênero masculino (cerca de 70% a
80% das vendas), acessa o site de uma empresa que opera o varejo eletrônico de flores e
escolhe então o produto (buquê, arranjo, cesta, etc.), o local, a data e o horário de entrega. A
partir da confirmação de pagamento, a empresa inicia então o processamento do pedido.
As empresas de clique e cimento que operam o varejo eletrônico de flores
possuem um galpão ou área próprios para a confecção dos produtos - buquês, arranjos florais,
cestas de flores com produtos diversos, etc. Os produtos confeccionados nesses locais
geralmente são entregues por meio de frota de distribuição da própria empresa, atendendo os
locais de entrega situados na região próxima a esses galpões, que geralmente fica nos grandes
centros populacionais como São Paulo e Rio de Janeiro.
Entretanto, para períodos de maior demanda, como Dia das Mães, Natal e Dia
dos Namorados, muitas empresas contratam serviços de entrega terceirizados, como serviços
de empresas transportadoras ou de taxistas dispostos a fazer entregas. Não é interessante
manter frota própria de veículos, nem uma equipe maior de motoristas para atender os poucos
períodos de pico de entrega durante o ano. Dessa forma, terceirizar os serviços de entrega
nesses períodos mostra-se uma estratégia interessante para redução de custos fixos,
diminuindo ao mesmo tempo a ociosidade dos veículos e dos motoristas. Faz-se necessário,
contudo, que as empresas contratadas para esses serviços estejam comprometidas com as
estratégias de entrega e atendimento ao cliente, garantindo a qualidade dos produtos e
serviços entregues, assim como a confiança dos clientes na empresa.
Um outro sistema de entrega utilizado por algumas empresas de tijolo e
cimento que atinge não apenas a área ao redor do galpão de confecção, mas praticamente todo
o território nacional, são os serviços de entrega ou correios expressos, como o oferecido pelo
FEDEX, pelo DHL ou pelo UPS.
162
Entretanto, para entrega de pedidos longe da área de confecção, as empresas
geralmente operam em um sistema de parceria com o varejo físico (floricultura ou garden
center) no próprio local de entrega, ou próximo a ele. A partir de então, os responsáveis pelas
floriculturas ou garden centers se encarregam da confecção e entrega do produto pedido ao
cliente presenteado. Se por um lado os serviços de correio expresso garantem maior
padronização dos produtos e maior controle de qualidade, por outro, os acordos comerciais ou
parcerias com floriculturas físicas, próximas aos locais de entrega, geram menores custos e
maior agilidade no processo. Esses dois sistemas de entrega são discutidos no tópico sobre a
estrutura logística deste capítulo.
No caso das entregas internacionais, a empresa, na maioria dos casos, entra em
contato com um intermediador internacional (Interflora ou FTP, por exemplo) e este
intermedeia o processo contatando o varejo físico mais próximo à região de entrega no país de
destino. Algumas empresas varejistas, no entanto, entram em contato diretamente com
floricultura ou garden center no país de entrega.
As empresas de clique e cimento que operam o varejo eletrônico de flores e as
lojas do varejo físico são supridas por flores e plantas e por produtos complementares como
bebidas, pelúcias, chocolates, jóias, presentes e livros, dentre outros. O suprimento de flores e
plantas, como apresentado na figura 1.1 da seção 1.4. (justificativa e relevância do trabalho)
provém principalmente de atacadistas privados ou diretamente de Centros de Distribuição. Já
o suprimento dos produtos que são vendidos junto às flores (aqui denominados
complementares) é proveniente de distribuidores distintos, que são atacadistas ou grandes
varejistas principalmente.
163
4.2.2 Entender como as empresas que operam o varejo eletrônico de flores se
estruturam em relação ao suprimento de flores e outros produtos.
O suprimento de flores e plantas ornamentais enviado às empresas de clique e
cimento é feito por meio de compras semanais de atacadistas privados ou de centros de
distribuição. Neste trabalho, foram analisadas empresas situadas na região da grande São
Paulo. Conforme os entrevistados, por motivos relacionados com o preço dos produtos, com a
distância e facilidade de acesso aos centros de comercialização, os gerentes de grande parte
das empresas que operam o varejo físico e eletrônico de flores optam pelo suprimento de
flores e plantas provenientes de locais próximos aos galpões de confecção dos produtos. Para
a maior parte das empresas que prioriza tais pontos, a CEAGESP é o fornecedor (centro de
distribuição) que melhor preenche esses requisitos.
Outra forma de organização do suprimento, segundo os entrevistados, é a
compra de flores e plantas de atacadistas privados. Neste caso, observam-se basicamente dois
grupos de atacadistas. De um lado existem os atacadistas preocupados com a qualidade dos
produtos, assim como seu suprimento de maneira constante. Estes são supridos
principalmente por centros especializados em comercialização de flores e plantas ornamentais
como Veiling Holambra e a Floranet. Por outro lado, existem os atacadistas preocupados
principalmente com custos, sendo conhecidos como oportunistas, especuladores ou
“aventureiros” (SÁ et al., 2005). Esses agentes baseiam suas compras na CEAGESP e na
CEASA Campinas.
A CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do estado de São
Paulo), localizada na cidade de São Paulo, concentra a produção de produtos
hortifrutigranjeiros oriunda de várias regiões, facilitando a atividade dos compradores. Porém,
a falta de padrões de classificação e o longo período de comercialização prejudicam a
164
aparência dos produtos, atributo essencial para a comercialização de flores (ANEFALOS,
2004). Conforme o atacadista privado entrevistado, esse não é um centro especializado na
comercialização de flores e plantas ornamentais e, portanto, não exige um padrão de
qualidade muito alto dos produtores ou atacadistas que possuem banca ali.
Segundo Arruda et al. (1996) e Machado (2004), os CEASA’s (Centro
Estadual de Abastecimento S.A.) foram criados para prover uma estrutura pública onde a
comercialização privada de produtos hortifrutigranjeiros poderia ocorrer de forma
competitiva, aumentando a transparência e o acesso dos produtores. Porém, à imagem da
CEAGESP, hoje as estrutura das CEASA’s estão associadas a uma imagem de ineficiência,
formação de grupos de interesse, perdas físicas no processo de comercialização e inoperância
dos agentes públicos, inicialmente vistos como protetores dos interesses da sociedade. Um de
seus principais entrepostos está localizado em Campinas, no interior do Estado de São Paulo,
próximo às principais regiões produtoras de flores e plantas.
Na CEAGESP e na CEASA Campinas podem ser encontradas flores e plantas
com diversos níveis de qualidade e preço. Conforme o especialista em mercado de flores
entrevistado, “como o consumidor brasileiro ainda está adquirindo o hábito de comprar flores,
este geralmente não consegue diferenciar os diversos níveis de qualidade de uma flor”. Dessa
forma, muitos atacadistas e varejistas compram flores nesses centros para diminuir seus custos
de suprimento, e o varejo eletrônico segue essa tendência.
Algumas empresas de clique e cimento, entretanto, visando atender a um grupo
de clientes mais exigente - que percebe mais benefícios do que custos numa relação de troca,
o “valor superior” do produto e a sua qualidade - adquirirem suas flores e plantas ornamentais
de bancas (na CEAGESP ou CEASA Campinas) que oferecem produtos de qualidade
superior, de centros especializados em comercialização de flores e plantas ornamentais
(Veiling Holambra e Floranet) ou de atacadistas privados que compram flores nesses centros.
165
O VEILING Holambra, que é parte integrante da Cooperativa Agropecuária
Holambra (SP), é o principal centro de comercialização de flores e plantas do Brasil, sendo
responsável por cerca de 35% do mercado nacional. Concentrando a produção de cerca de 260
fornecedores da macro região de Holambra e outras regiões produtoras, que distribuem seus
produtos por meio de 225 empresas de pequeno, médio e grande porte, para todo o território
nacional e Mercosul (VEILING HOLAMBRA, 2004). O trabalho realizado no VEILING
Holambra vai desde o recebimento dos produtos até a sua comercialização, que pode ser
operacionalizada por quatro diferentes sistemas, dos quais se destaca o sistema de leilão
holandês reverso (VEILING HOLAMBRA, 2002).
A FLORANET é uma empresa que tem como missão gerar vantagens
competitivas aos membros da Cooperflora, um grupo de produtores de flores e plantas de
Holambra-SP. A FLORANET procura extrair do mercado as melhores condições de preço aos
seus produtores associados e busca um melhor fluxo de informações ao longo de toda a cadeia
de flores, trazendo as demandas e tendências do consumidor final ao produtor (FLORANET,
2004).
Ao contrário das compras dos outros produtos que acompanham os arranjos
florais, a freqüência de compras de flores e plantas ornamentais é alta, por causa da alta
perecibilidade das plantas. É necessário que se tenha em mente que mesmo depois de
colhidas, as flores continuam vivas e por isso precisam de energia para manter suas estruturas
morfológicas e seus processos bioquímicos. Dessa maneira, faz-se necessário uma redução
das atividades biológicas para minimizar o consumo dessas reservas energéticas e fazer com
que a planta mantenha-se vistosa por mais tempo. Para tanto, é necessário que as chamadas
cadeias do frio e da água sejam mantidas, de maneira que após a colheita as plantas fiquem
sob baixa temperatura e com um contínuo fornecimento de água, até serem compradas pelo
consumidor final.
166
Apesar de se ter consciência da importância e das vantagens da refrigeração, os
agentes do canal de distribuição de flores e plantas ornamentais ainda precisam aprender a
utilizar esse tipo de tecnologia. Os grandes centros de distribuição (Veiling Holambra,
CEASA Campinas, CEAGESP e Floranet) já têm ou estão implementando o sistema. O
problema, porém, está nas fases posteriores da cadeia, onde maiores esforços são necessários,
como por exemplo, o resfriamento no transporte ao varejo ou aos aeroportos. O ideal seria que
o resfriamento fosse mantido em toda a extensão da cadeia após a colheita, inclusive nos
galpões dos aeroportos e no próprio varejo físico.
Por causa da perecibilidade, o suprimento de flores e plantas ornamentais ao
varejo eletrônico de flores precisa ter, no mínimo, freqüência semanal. As empresas de clique
e cimento da amostra fazem suas compras de flores de 2 a 6 vezes por semana e todas as
empresas entrevistadas procuram ao máximo manter as cadeias do frio e da água até o
momento da entrega ao cliente presenteado. Para garantir tais condições, as empresas dispõem
de câmaras frias nos galpões de confecção dos arranjos florais e as caçambas dos utilitários da
frota de entrega são internamente revestidas com isolante térmico, além de contínuo
suprimento de água.
Contudo, é difícil garantir que tais cadeias sejam mantidas nas floriculturas ou
garden centers que mantêm parceria com a empresa. Seria necessário que visitas pessoais a
esses parceiros fossem feitas periodicamente, para checar as condições de condicionamento e
armazenamento das plantas. Uma forma indireta de verificação se dá através do retorno dado
tanto pelos clientes presenteadores quanto pelos presenteados, em relação à qualidade do
produto entregue.
Mesmo com a necessidade de constante suprimento de flores e plantas, não há
contrato formal entre os atacadistas e o varejo eletrônico. Os entrevistados alegam que essa é
uma característica cultural do setor, e que não há necessidade de tais contratos, devido à
167
confiança estabelecida entre o atacadista e o varejista. Entretanto, conforme o especialista em
mercado de flores entrevistado, em grande parte dos casos também não há fidelidade ou
exclusividade nas transações entre os atacadistas e os varejistas eletrônicos.
É importante lembrar também que o cultivo de flores é sazonal. Dessa maneira,
nem sempre é possível garantir a disponibilidade de um determinado tipo de flor ou planta, ou
pelo menos da cor escolhida. Em parte dos casos, o que ocorre nesses períodos é uma forte
restrição de oferta desses produtos específicos, principalmente nos centros não especializados
em comercialização de flores e plantas ornamentais. Nesses casos, reconhecendo maior
demanda atacadista e oferta restrita por parte de seus produtores cooperados, o Veiling
Holambra e a Floranet acabam priorizando as vendas aos seus atacadistas “fiéis”, como uma
forma de motivação e cooperação (SÁ et al., 2005). Dessa forma, os atacadistas oportunistas
muitas vezes ficam sem essas plantas, substituindo-as por similares ou por outras de qualidade
inferior.
Desse modo, para os casos de empresas que focam constância na oferta de
produtos de qualidade, recomenda-se o suprimento de flores e plantas via atacadistas mais
“profissionais”. De maneira análoga, recomenda-se também o estabelecimento de contratos
formais ou no mínimo, acordos informais com os atacadistas privados. Através dessas
medidas, podem-se diminuir os riscos de suprimento (qualidade dos produtos e freqüência de
suprimento) e consequentemente os custos de transação dessas empresas.
O suprimento dos produtos complementares entregues em conjunto que não
são perecíveis (CDs, livros, pelúcia, jóias, etc.), ou menos perecíveis (chocolate, doces,
bebidas, etc.), por outro lado, pode ser feito com menor freqüência. As empresas entrevistadas
possuem sistemas informatizados (softwares) que indicam níveis e períodos de compra para a
reposição desses estoques.
168
4.2.3 Analisar as decisões em termos de produto, preço, comunicação e distribuição
para comercialização eletrônica de flores.
Produto
As empresas que operam o varejo eletrônico de flores podem vender buquês,
arranjos florais e cestas de flores, entre outros produtos. De certa maneira, esses produtos
nada mais são do que combinações de flores e plantas associadas a itens diversos, que vão
desde simples cartões a bebidas importadas ou jóias com pedras preciosas. Entretanto, todos
os entrevistados concordam que vendem muito mais do que apenas flores e artefatos –
vendem “presentes” e a idéia de presentear está associada à satisfação, alegria e gratidão de
um segundo cliente, ou um cliente indireto, o presenteado.
Tendo consciência do valor do produto, as empresas que operam o varejo
eletrônico de flores (todas as entrevistadas), procuram formas variadas de destacar o valor do
seu produto. Como nas vendas eletrônicas o cliente não tem contado direto com o produto,
não podendo assim ver e checar pessoalmente a sua qualidade (a não ser que o cliente compre
via Internet após checar pessoalmente a qualidade da flor numa floricultura que atue nos
canais físico e eletrônico) os sites das empresas que operam o varejo eletrônico de flores
geralmente possuem um álbum ou mostruário dos produtos disponíveis para cada região de
entrega. Nestes devem ser contidas fotos nítidas e descrição detalhada das características do
produto, como tamanho da cesta, seus produtos, número de botões de rosa ou hastes de
gérbera por buquê, características do vinho ou pelúcia que acompanham o produto, etc., numa
tentativa de criar a “visualização” do valor do produto.
Por outro lado, é importante destacar que, conforme os entrevistados, o cliente
presenteador deseja que o presenteado receba flores de qualidade igual ou superior às vistas
169
no site. Ainda mais importante que a qualidade do produto mostrado no site é a qualidade do
produto entregue.
Entre todo o leque de produtos disponíveis para compra, os buquês são os itens
de maior destaque, correspondendo de 40% a 70% das vendas, seguidos pelos arranjos florais
e as cestas. É importante ressaltar que os buquês, arranjos e parte das cestas são constituídos
de flores cortadas, tornando-as ainda mais perecíveis, ao contrário das flores em vaso, que não
são tão perecíveis.
Os recursos humanos do varejo eletrônico de flores
A fim de oferecer produtos e serviços de qualidade, gerando o adequado valor
de “presente” ao cliente que presenteia, a empresa precisa ter um quadro de funcionários e
uma equipe gerencial correspondente. As empresas de clique e cimento geralmente possuem
um quadro de funcionário enxuto; entretanto, três tipos de funcionários são sempre
necessários: os atendentes, os floristas e os motoristas/ entregadores. As empresas de clique e
clique, por outro lado, têm apenas atendentes, já que atuam somente como intermediários
entre o cliente presenteador e o varejo físico, sem contato direto com o produto em sua forma
física. A figura 4.2 a seguir, mostra de forma geral o organograma típico de uma empresa que
opera o varejo eletrônico de flores.
170
Fonte: Elaborada pelo autor
FIGURA 4.2 – O organograma típico de uma empresa que opera o varejo eletrônico de
flores
Os atendentes são os funcionários responsáveis por dar partida ao processo de
compra, a partir da identificação do pedido e verificação de seu pagamento. Esses
funcionários fazem também um importante trabalho de retaguarda, contatando as floriculturas
e garden centers parceiros ou os floristas da própria empresa, a fim de iniciar o procedimento
de confecção do produto pedido. Estes profissionais são responsáveis ainda pelo contato com
agentes dos vários serviços de entrega. São eles também que atendem os clientes e suas
dúvidas, seja por chats e e-mails ou via telefone, exercendo ao mesmo tempo o papel de
funcionários da retaguarda e da linha de frente.
Assim como os atendentes, o motorista também possui dupla função em uma
empresa de clique e cimento típica, atuando na retaguarda e na linha de frente. Este, além de
ser responsável pela acomodação e transporte do produto até o local de entrega é também o
entregador do produto, sendo o único a ter contato direto com o cliente presenteado.
Gerência
Atendentes Floristas Motoristas/Entregadores
Linha de frente/retaguarda Linha de frente/retaguardaRetaguarda
funcionários de empresas de clique e clique e de clique e cimento funcionários exclusivos de empresas de clique e cimento
gerente geral e subgerentes
171
É importante verificar que tanto os atendentes quanto os
motoristas/entregadores têm contato direto com os clientes; dessa forma, habilidades como
boa comunicação e capacidade de relacionamento são fundamentais a esses profissionais.
O florista ou artista floral é o responsável pela arte dos buquês e arranjos
florais e pela confecção das cestas e de outros produtos pedidos. Os floristas, ao contrário dos
motoristas e atendentes, geralmente atuam apenas como funcionários de retaguarda. Estes,
além de ter conhecimento de vários tipos de flores e plantas e noções estéticas sobre harmonia
entre tipos de flores, cores e de arranjos e materiais para utilização, devem ser criativos,
caprichosos e abertos a novas tendências.
Todos esses funcionários têm papel fundamental na manutenção da imagem da
empresa. Os floristas são em parte os responsáveis pela qualidade do produto entregue. Por
outro lado, os atendentes e os entregadores têm contato direto com os clientes, sendo quem
gera confiabilidade aos consumidores, pela qualidade do atendimento e do serviço de entrega
dentro dos prazos estabelecidos.
Para tanto, o relacionamento e comunicação entre os membros da gerência e
os funcionários e mesmo entre estes últimos deve ocorrer sempre de maneira contínua e
harmônica, a fim de evitar ou minimizar a ocorrência de conflitos e assimetria de
informações. Com o objetivo de atender aos anseios e desejos do consumidor, os atendentes
devem procurar sempre estar atentos às preferências dos clientes, verificando as novas
tendências do mercado consumidor e comunicando-as à gerência e diretamente aos floristas.
De maneira similar, os motoristas/entregadores devem comunicar à equipe as queixas e
elogios relacionados com o produto e serviço entregues.
Se as empresas que operam com o varejo eletrônico de flores possuem um
quadro enxuto de funcionários, sua equipe gerencial é ainda mais enxuta, sendo que em certos
casos não há uma delimitação clara entre funcionários e gerentes, como ocorre em uma das
172
empresas entrevistadas, que tem uma equipe total composta por três pessoas, e estas exercem
ao mesmo tempo a função de atendentes e de subgerentes.
Uma equipe enxuta possibilita certos benefícios, como menores trâmites
burocráticos e menores riscos relacionados com a assimetria de informações, gerando menos
custos de transação. Entretanto, segundo os gerentes entrevistados, dois fatores são
importantes para que tais equipes operem adequadamente, de maneira eficaz e eficiente. O
primeiro fator é o conhecimento global de todas as áreas gerenciais da empresa (marketing,
logística, finanças, etc.) e a “autorização de poder”, conhecida também como empowerment,
ou que dá poderes de decisão (até certo limite) a gerentes e ou funcionários. Desta forma,
caso um dos gerentes esteja impossibilitado temporariamente de tomar alguma decisão ou
gerenciar um setor, outro(s) pode(m) substituí-lo. Estas estratégias visam a reduzir ao máximo
o número de agentes insubstituíveis, reduzindo os riscos inerentes ao varejo eletrônico de
flores. Uma competência importante para esses funcionários multifuncionais é a flexibilidade.
A escolha dos funcionários ocorre a partir de uma pré-seleção feita por uma
agência de empregos. Esta agência indica uma certa quantidade de currículos ao setor de
Recursos Humanos da empresa, que através de uma nova filtragem, escolhe os “melhores”
para entrevista pessoal com a Diretoria Geral da Empresa.
Após seleção, ocorre o treinamento prático dos funcionários. Nesses casos,
geralmente o funcionário encarregado do setor (em que o funcionário irá trabalhar –
motorista, telefonista, florista) é quem treina o(s) novo(s) funcionário(s). O monitoramento
dos funcionários é feito de forma direta e indireta. Como o quadro de funcionários é enxuto,
torna-se mais fácil para que a gerência avalie e monitore o desempenho de seus funcionários
diretamente por meio de observação diária.
A forma indireta de monitoramento dos funcionários dá-se pelo retorno dos
clientes presenteadores e presenteados. De acordo com dois dos entrevistados “Os clientes
173
podem falar bem ou mal do produto e serviço entregues”. Ou “Os clientes compradores dão
suas opiniões em relação ao produto entregue, que é confeccionado pelos floristas, ou do
prazo e atendimento de entrega, que são feitos pelo motorista ou entregador, ou ainda, do
atendimento eletrônico e telefônico, realizados por operadores de telemarketing”.
Ambas as formas de monitoramento podem ser consideradas como formas
coercitivas de poder, já que obrigam os funcionários a manterem o nível de qualidade de seu
serviço e consequentemente do produto entregue. Por outro lado, algumas formas são
destacadas como importantes para a motivação dos funcionários: a segurança em continuar no
emprego, a recompensa financeira – por meio de salário, participações e bônus -, e o ambiente
familiar de trabalho, já que as empresas têmmero pequeno de funcionários (se comparadas
a empresas multinacionais ou multinacionais de grande porte).
Preço
O cliente que opta pelo varejo eletrônico de flores está disposto a pagar um
“bônus” pela comodidade e qualidade do serviço oferecido, não tendo, portanto, o custo ou
preço do produto presenteado como principal preocupação. Dessa forma, é importante
destacar que o preço do produto oferecido ao consumidor não pode ser muito reduzido, pois
pode induzir o cliente presenteador a associar os baixos preços a uma baixa qualidade do
produto.
A maioria das empresas, entretanto, utiliza a estratégia de preços promocionais
para estimular uma segunda compra ou próximas compras (a promoção geralmente é para um
número limitado de opções, em muitos casos, apenas para certas regiões). Nesses casos, o
cliente consumidor não associa a promoção a produtos de baixa qualidade, já que tais
174
promoções são esporádicas. Entretanto, caso uma empresa “abuse” de estratégias de redução
de preços, essas chances podem aumentar consideravelmente.
Existem diferentes graus de homogeneidade entre os produtos vendidos no
varejo eletrônico de flores. Quando se trata de produtos pouco homogêneos, como são os
casos dos produtos mais específicos e diferenciados, que incorporam de maneira mais intensa
a arte floral, empresas diferentes podem cobrar preços distintos por produtos aparentemente
similares. Isso pode ocorrer em virtude de uma empresa ter como estratégia ganhar clientes de
suas concorrentes ou devido ao fato de clientes serem leais a determinadas marcas, artista ou
florista e empresas, permitindo que algumas empresas cobrem preços mais altos que a
concorrência. No entanto, no caso de produtos mais homogêneos como buquês de rosas
nacionais vermelhas (um dos produtos mais vendido por essas empresas, conforme os
entrevistados), por exemplo, os preços entre as empresas precisam estar próximos, pois o
produto aproxima-se de uma commodity.
Comunicação
Conforme já destacado, a comunicação ou composto promocional consiste em
uma composição de instrumentos de comunicação como propaganda, venda pessoal,
promoções de venda, relações públicas e marketing direto que ela utiliza com o propósito de
atingir seus objetivos de marketing.
No caso do varejo eletrônico de flores, ou de inúmeras outras configurações de
varejo eletrônico, a comunicação em seus vários formatos é priorizada no ambiente
eletrônico, pois segundo os entrevistados “quem compra pela Internet, acessa a rede
praticamente todos os dias e, portanto, o meio mais direto de comunicação é a rede” ou “a
mensuração desse tipo de comunicação é muito mais simples e imediata”. Dentro desse
175
ambiente, de acordo com os entrevistados, as formas de comunicação mais importantes são os
links patrocinados (pagos) em sites de busca ou portais (Google, Overture – Yahoo e UOL), o
endereçamento do site em sites de busca como o Google, Overture – Yahoo e UOL (gratuito)
e os banners da empresa em sites de busca ou portais eletrônicos. Esses banners não são
padronizados, conforme as exigências de cada um dos sites de busca ou portais onde é feita a
promoção, monta-se um tipo de banner com dimensões próprias.
A utilização de spams, apesar de ser uma estratégia de promoção a custo
praticamente nulo e de grande alcance, não é utilizada por nenhuma das empresas amostradas.
Qualquer pessoa que possua um e-mail é diariamente “bombardeada” com dezenas de
mensagens eletrônicas não solicitadas: informações sobre produtos, propagandas de sites
novos espalhados pela rede, correntes de sorte, boatos diversos, etc. Todo este tráfego
acumulado nas caixas postais compromete o desempenho dos servidores de correio eletrônico
e da rede, provocando irritação no usuário da conta, obrigando-o a “perder tempo” todos os
dias limpando seu “lixo” postal. Dessa forma, essas estratégias promocionais, em vez de
promoverem o site, acabam gerando uma imagem negativa da empresa, principalmente no
caso de instituições que vendem produtos sofisticados como flores. De maneira similar às
estratégias de preço baixo, a utilização de spams pode induzir o cliente presenteador a
associar o conteúdo apelativo dos spams a empresas de baixa confiabilidade, visto que são
inúmeros os casos de sites de conteúdo pornográfico ou de comércio com legalidade duvidosa
que utilizam essas táticas.
A empresa D, que atua somente na região da Grande São Paulo, utiliza ainda
outra forma de promoção a partir da divulgação de uma lista de links de sites de outras
unidades que operam o varejo eletrônico ou físico de flores em diversas regiões do Brasil.
Como troca, o link do site da empresa D também é divulgado no site das outras companhias.
Formas de comunicação de baixo custo como esta são opções interessantes para empresas
176
regionais que, apesar de não terem o objetivo de ampliar sua área de cobertura (entrega),
buscam promover seu serviço a potenciais clientes de todo o Brasil que tenham interesse em
presentear alguém, na região de cobertura de sua unidade, com flores.
O varejo eletrônico de flores pode utilizar também instrumentos de
comunicação fora do ambiente eletrônico, onde as principais formas de promoção dão-se
através de outdoors localizados em avenidas movimentadas, ou propagandas estampadas em
táxis e ônibus, principalmente em grandes centros populacionais.
As estratégias citadas acima têm como objetivo atrair o cliente ao varejo
eletrônico, estimulando-o a realizar sua primeira visita ao site da empresa. Outras estratégias,
entretanto, que procuram manter o cliente navegando no site, estimulando-o a realizar a
compra, mostram-se igualmente importantes. Conforme os entrevistados, as ferramentas mais
importantes para esse tipo de estratégia são os serviços de suporte a venda (chats e call
centers), um layout atrativo e moderno, fotos de qualidade e a colocação de “caixa
registradora” somente na última etapa de todo o processo de compra, para não “assustar o
cliente”, desestimulando a compra.
O uso de fotos de qualidade (com alta definição e resolução), que mostrem a
qualidade do produto a ser entregue, também incita o cliente a continuar operando o site.
Os serviços de suporte a venda têm a função de tirar qualquer dúvida ou receio
do cliente em potencial. Estas dúvidas ou receios estão geralmente relacionados com a
segurança no ambiente eletrônico, a qualidade do produto a ser entregue e os prazos de
entrega. Segundo os entrevistados, os serviços de suporte agem como agentes que
contrabalanceiam a impessoalidade do comércio eletrônico, tornando-o mais próximo do
varejo físico tradicional. O fato de posicionar o caixa somente no final do processo de
compra, cumpre função similar, pois “dá ao processo um clima mais familiar”, segundo um
dos entrevistados.
177
Visando manter o cliente (após primeira compra), as empresas utilizam e-mails
informativos a partir de dados cadastrais dos clientes (newsletters), serviços de suporte pós-
venda (o pessoal do telemarketing telefona para clientes divulgando alguma promoção, ou
novo produto) e cupons de desconto (promoção de vendas). Esse tipo de estratégia atua
também como uma forma de lembrete, já que muitos não se sentirão estimulados a realizar
uma compra no momento em que receberem tal e-mail informativo. De acordo com um dos
entrevistados, dessa forma, “quando o cliente precisar presentear alguém ele se recordará da
existência do site da empresa”.
Uma estratégia semelhante, utilizada por grande parte das empresas que
vendem flores pela Internet, é a utilização dos e-mails informativos com o intuito de
“lembrar” os clientes que estes devem presentear pessoas especiais em datas especiais (Dia
das Mães, Dia dos Namorados e Natal principalmente). É interessante notar que em função da
mídia e das estratégias varejistas de comunicação, outras datas como o Valentine’s Day, dia
dos pais, dos avós, dos professores e a páscoa judaica, por exemplo, estão se tornando
especiais, e as estratégias comunicativas do varejo eletrônico de flores vêm seguindo essas
tendências.
Uma vantagem oferecida pelo comércio eletrônico é a possibilidade de um
retorno ou retroalimentação automática, permitindo a construção de um banco de dados com
informações relativas aos produtos preferidos e ferramentais promocionais mais eficientes
(via sistema de rastreamento do site e seu provedor).
As informações advindas desse banco de dados permitem à empresa
focalizarem-se nos produtos mais vendidos e permite-lhe a elaboração de estratégias
promocionais específicas para determinados nichos de clientes, oferecendo e-mails
informativos ou reconhecimento de cada cliente no site personalizado. Entretanto, os sites
dessas empresas não oferecem a possibilidade deste último recurso quando diferentes clientes
178
e perfis entram com seu login e senha. Os entrevistados alegam que fazem isso para respeitar
a privacidade do cliente. Uma das empresas já ofereceu esse serviço, mas teve de cancelá-lo
devido a reclamações e queixas de problemas afetivos (de relacionamento) e familiares.
Muitos dos clientes presenteadores dizemo querer de maneira alguma receber e-mails
informativos identificados ou qualquer outra forma de promoção que o identifique como
cliente de um “site que vende flores”. Dentre as empresas amostradas, duas outras pretendem
implantar esse serviço, mas de forma opcional.
Distribuição
Devido à importância da distribuição e entrega dos produtos no varejo
eletrônico de flores, optou-se neste estudo, além do uso do componente “distribuição” do
marketing-mix, pela discussão acerca dos aspectos relacionados com a logística no varejo
eletrônico de flores. Neste item sobre distribuição são destacadas as características do site, as
formas de pagamento e segurança do site, ao passo que no item ou objetivo seguinte é
abordado o ciclo logístico como um todo, desde o pedido á sua entrega, considerando-se ainda
suas atividades de apoio.
O varejo eletrônico agrega o valor da comodidade ao cliente presenteador
(comprar e mandar entregar via Internet), adicionando um valor muito maior ao produto
vendido e entregue.
A comodidade, segundo os entrevistados, é um dos principais fatores que
levam o cliente a optar pelo canal eletrônico. Para oferecer comodidade, as empresas devem
desenvolver sites que mostrem adequadamente o produto a ser entregue (por meio de
mostruário dos produtos com fotos e descrições detalhadas), que permitam a seleção dos
produtos a serem comprados, que permitam o pagamento eletrônico e que ofereçam interação
179
com agentes de venda (via telefone, chats, etc.). A intenção nesses casos é oferecer, na
medida do possível, uma experiência de compra mais interessante que a feita nos canais
tradicionais.
O site deve ser além de atraente (mostrando a qualidade dos produtos
vendidos), de fácil navegação, tornando o processo de compra simples e rápido. No
desenvolvimento de um site, as empresas devem combinar tais características de forma a
desenvolver um layout que atraia, mantenha o cliente navegando e o faça voltar para compras
futuras (ver formatos de layout na seção 2.4.2 – produto no varejo eletrônico de flores).
Na amostra da pesquisa, três das quatro empresas estudadas dão preferência
aos layouts do tipo Rede ou Grade, misturados ao Livre. Estes layouts valorizam o produto
vendido sem deixar de ser de fácil e rápida utilização. A outra empresa prefere seguir o layout
do tipo Pista de corrida/ Butique, que dá um peso maior à agilidade e facilidade de compra,
destacando, ao mesmo tempo, o valor e qualidade do produto. O varejista que adota esse
layout cria uma experiência de compra não usual, interessante e que entretém o consumidor.
Uma característica desejável para o cliente deste formato de varejo, é o
acompanhamento eletrônico do pedido. Esta opção gera ao presenteador, além da
comodidade, mais confiança na empresa, pois pode acompanhar o estágio em que seu pedido
se encontra: confirmação do pedido, processo de entrega e entrega efetivada. Das quatro
empresas estudadas, três permitem esse serviço, e a outra está estruturando seu site de modo a
viabilizar esse serviço.
Empresas que disponibilizam serviços de entrega mais amplos devem ter base
tecnológica mais desenvolvida, ou seja, um sistema que permita maior número de acessos e
opções de navegação via Internet. As três empresas entrevistadas que oferecem opções para
entrega em todo o território nacional e entregas internacionais possuem o Linux como sistema
operacional, o Apache como servidor WEB e a linguagem PHP. Já a empresa que opera com
180
entregas apenas da região da grande São Paulo utiliza um sistema operacional mais simples,
como o Windows 2003, tem o IIS como servidor WEB e o ASP como linguagem.
Importante ainda são os domínios e endereços de acesso do site. Muitas vezes o
internauta digita o endereço do site de maneira incorreta, às vezes trocando alguma(s) letra(s)
ou trocando apenas o domínio, já que muitas vezes se lembra do outdoor promocional da
empresa, colocado em uma avenida movimentada, ou lembra-se da conversa com um amigo,
que numa reunião informal citou-lhe o endereço do site.
Um exemplo foi dado por um dos entrevistados, que teve problemas com
clientes na região nordeste do país. Devido ao sotaque característico do nordestino, muitos
“possíveis clientes” deixaram de fazer suas compras devido a uma confusão com as vogais do
endereço de acesso ao site da empresa. Verificada a confusão, o diretor da empresa optou por
manter (pagar por) um conjunto de mais de dez endereços de acesso, de forma a maximizar as
chances de acesso ao site. “O custo para manter todo esse conjunto de endereços é mínimo, se
comparado ao que deixo de faturar por cliente que não consegue realizar uma compra, por
confundir o endereço ou o domínio de acesso ao site”, diz o diretor da empresa. De maneira a
garantir o acesso ao site, muitas empresas optam por manter vários endereços, que dão acesso
a um mesmo site. Entre os principais domínios de um site preocupado em manter e não perder
um cliente em potencial estão os: ponto com (.com), ponto com ponto br (.com.br) e o ponto
org (.org).
Em relação às formas de pagamento, os entrevistados apontam que o cartão de
crédito, seguido por boletos e depósitos bancários, são respectivamente os métodos mais
utilizados. O pagamento eletrônico, principalmente por cartões de crédito ou transferências
eletrônicas gera grande comodidade ao cliente consumidor. Pouco adianta o cliente ter a
comodidade de comprar o produto eletronicamente se tiver de ir posteriormente a um banco
para efetuar o depósito de um cheque ou pagamento de um boleto bancário.
181
É importante destacar que o pedido só é lançado após confirmação de
pagamento, para que os riscos de não pagamento sejam reduzidos ao máximo. O risco de não
pagamento, assim como outros riscos são mais bem discutidos no item sobre os riscos
percebidos pelos clientes e sua influência sobre os objetivos de desempenho no varejo
eletrônico de flores.
A distribuição está intimamente relacionada com a confiança no varejo
eletrônico. Entretanto, para que o cliente possa confiar nos mecanismos de pagamento
eletrônico, questões relacionadas com a segurança do site são fundamentais.
Entre os mecanismos de segurança escolhidos pelas empresas que operam o
comércio eletrônico de flores estão as barreiras físicas, as barreiras lógicas, criptografia de
chave única ou pública, protocolo e certificados digitais.
Uma das empresas vai ainda além, utiliza todos os recursos e ferramentas
listados acima e faz link diretamente com o site da empresa do cartão de crédito do cliente,
utilizando o Secure Electronic Transference – SET (Transferência Eletrônica Segura). Com
todas essas preocupações, a violação dos dados por hackers torna-se praticamente impossível.
Outro ponto importante diz respeito às entregas fora do prazo. No caso das
empresas amostradas, apenas uma pequena porcentagem dos pedidos é entregue fora do
tempo determinado (2% a 5%). Entretanto, caso estratégias que visem remediar tais falhas de
entrega não forem empregadas, esses clientes dificilmente voltarão a realizar uma nova
compra. Esses consumidores insatisfeitos podem ainda espalhar a idéia de uma empresa não
confiável a pessoas ou grupos com os quais se relacionam (potenciais clientes). Dessa forma,
mesmo que percentualmente irrisórios, todos os clientes prejudicados com entregas fora do
prazo devem tratados de maneira a não gerar opiniões negativas, ou de pelo menos amenizar
imagens de insegurança e irresponsabilidade.
182
As empresas da amostra utilizam como estratégias pedidos de desculpa,
associados a brindes, descontos em compras futuras e outros benefícios aos clientes. Em
última instância, as empresas podem ainda devolver o dinheiro ao consumidor.
4.2.4 Entender como as empresas se estruturam em relação à logística de entrega no
caso do varejo eletrônico de flores.
Segundo os gerentes entrevistados, os clientes presenteadores dificilmente
programam suas compras, e cerca de 80% dos pedidos são feitos no próprio dia ou no máximo
com um dia de antecedência (geralmente pede-se de manhã, para entrega à tarde, ou de
tarde/noite para entrega na manhã do dia seguinte), fazendo com que o tempo do ciclo do
pedido – prazo decorrido do pedido à entrega - seja muito curto.
As empresas que operam o varejo eletrônico de flores possuem basicamente
quatro diferentes sistemas de entrega: frota própria de distribuição, entrega via acordo com
floriculturas físicas, distribuição via serviços de entrega ou correio expresso e distribuição via
intermediários internacionais. Todos esses sistemas, entretanto, procuram se adequar à
condição de rapidez de entrega exigida pelos consumidores.
As entregas por meio de frota própria geram maior padronização e controle dos
produtos entregues (produtos o mais parecido possível com os mostrados no álbum dos sites),
já que nesses casos são entregues os artigos confeccionados no galpão da própria companhia,
sob supervisão da equipe de floristas, e em muitos casos, da própria gerência. Entregas por
meio de frota própria, normalmente são mais rápidas, quando o local de entrega é próximo.
Por esse motivo, esse sistema é utilizado quase que exclusivamente nas entregas regionais.
Entretanto, conforme o raio de entrega aumenta, tornando mais custosas as
entregas próprias, a empresa geralmente passa a realizar acordos com floriculturas ou garden
183
centers físicos situados nesses locais mais distantes. Através desses acordos, a empresa tem
grande economia de tempo e entrega. Um problema nesses casos é a maior dificuldade no
controle do padrão de qualidade, pela impossibilidade de acompanhamento direto nas
atividades de confecção e entrega dos produtos. Uma das maneiras de contornar esse
problema é restringir o leque de produtos para as entregas por meio desses tipos de acordo,
para produtos mais tradicionais ou de confecção mais “conhecida” como buquês de rosa,
cestas com produtos mais comuns, etc.
Uma forma indireta que visa manter o padrão de qualidade (principalmente
tratando-se de acordos com floriculturas em regiões distantes) dá-se por retorno dos clientes
(principalmente de quem encomendou o produto) e algumas empresas classificam as
floriculturas ou garden centers com que trabalham e podem descartar algumas, caso o nível
de serviço prestado não seja satisfatório.
Os serviços de entrega ou correios expressos, como o Federal Express –
FEDEX, o DHL e o UPS, possibilitam maior padronização do produto e o produto
confeccionado no galpão da empresa pode ser enviado para praticamente qualquer lugar.
Entretanto, caso os locais de entrega sejam muito distantes, esse sistema torna-se mais custoso
e as entregas mais demoradas.
Muitas das empresas que operam o varejo eletrônico de flores fazem entregas
no exterior por meio de um convênio internacional com empresas intermediadoras, como o
FTD e a Interflora. O pedido é repassado, então, a uma Central Internacional e enviado para a
floricultura mais próxima do local da entrega. Empresas como a Interflora e o FTD são
internacionalmente reconhecidas pela seriedade e qualidade de seus produtos e serviços.
Nesses casos, a maior parte dos pedidos é feita por brasileiros que moram no exterior e que
não dominam o idioma estrangeiro, procurando dessa forma um site brasileiro que ofereça
serviços de entrega de flores em seu país.
184
É interessante notar que em relação à observação participante do pesquisador,
que realizou compras de buquês de rosas vermelhas em três das empresas amostradas, o
sistema de entrega utilizado por todas essas foram os acordos com floriculturas físicas de São
Carlos. Neste caso, observou-se que cada uma dessas empresas realizou acordo com
floriculturas distintas da cidade. Em todos os casos, os buquês foram entregues no prazo
estabelecido e com a mesma qualidade vista no mostruário dos sites. O pagamento foi
efetuado por meio de cartão de crédito sem qualquer tipo de problema relacionado com
segurança ou operacionalização. Logo após o pagamento, o autor recebeu mensagens
eletrônicas confirmando o pagamento e o início do processamento do pedido.
O pesquisador procurou comprar também o mesmo tipo de produto através do
site de uma empresa que opera exclusivamente com o sistema de entrega via correio expresso.
Entretanto, dado o sistema priorizar a padronização e qualidade do produto, deixando a
rapidez em segundo plano, o serviço de entrega para o período seguinte estava indisponível. É
importante notar que em grande parte dos casos, conforme o especialista e os gerentes
entrevistados, geralmente os clientes que decidem presentear flores realizam seus pedidos
com pouca antecedência.
Independente do sistema de entrega, as empresas devem procurar sempre
priorizar a qualidade (do produto entregue e do atendimento de entrega) e as entregas dentro
do prazo. Vistos os diferentes sistemas de entrega, tem-se que cada um tem seus os pontos
fortes e fracos. O quadro 4.3 a seguir ilustra de maneira comparativa esses quatro sistemas.
185
QUADRO 4.2 – Sistemas de entrega de produtos no varejo eletrônico de flores
Entregas
regionais com
frota de
distribuição
própria
Acordos com
floriculturas ou
garden centers
físicos
Serviços de entrega (correios
expressos)
Intermediários
internacionais
Controle do
padrão de
qualidade dos
produtos
alto
baixo a médio
Alto
baixo a médio
Custos de
entrega
baixos
baixos
Proporcionalmente
crescentes em relação à
distância, mas geralmente
maiores se comparados às
entregas regionais via frota
própria.
baixos a médio
Agilidade e
rapidez de
entrega
alta
alta
Proporcionalmente
decrescentes em relação à
distância, mas geralmente
menores se comparados aos
outros sistemas.
média a alta
Fonte: Elaborado pelo autor
Comparando os quatro sistemas de entrega pode-se estabelecer um modelo que
visa identificar as zonas ou regiões de atuação mais adequadas a cada um dos sistemas de
entrega, de maneira a equilibrar o nível de serviço e seus custos. A figura 4.3 ilustra esse
modelo.
Fonte: Elaborado pelo autor
FIGURA 4.3 – Áreas comumente abrangidas pelos sistemas de entrega do varejo
eletrônico de flores
186
Conforme apresentado na figura 4.3, a frota de distribuição própria é
praticamente exclusiva às entregas regionais. Os serviços de entrega geralmente atendem no
limite entre o regional e o nacional. As empresas podem utilizar esse sistema para entregas
regionais ou internacionais, mas precisam ter em mente que existem outros sistemas
comparativamente mais vantajosos. As entregas internacionais são geralmente realizadas por
intermediários internacionais, que são focados nesse tipo de entrega. Os acordos com
floriculturas ou garden centers físicos podem abranger toda a extensão nacional e inclusive
internacional. No entanto, as entregas regionais geralmente são mais vantajosas quando a
distribuição é feita por meio de frota própria. Uma exceção é o caso da empresa de clique e
clique, que por não operar o produto físico diretamente, não possui frota de entrega e
disponibiliza seus produtos totalmente via acordos nacionais e internacionais ou através de
intermediários internacionais.
A tecnologia de informação permite ainda que através de um software de
roteirizarão de entrega, de programas para encontrar a floricultura parceira mais próxima, ou
ainda de otimização do uso dos veículos de entrega, o nível de serviço logístico e os custos
sejam equilibrados dentro de cada sistema de entrega.
4.2.5 Destacar quais são os objetivos de desempenho priorizados pelas empresas.
Por meio do questionário elaborado (anexo), pôde-se verificar diretamente
(questões específicas relacionadas com os objetivos de desempenho) e indiretamente
(questões relacionadas com marketing-mix e logística) que entre os cinco objetivos de
desempenho citados em Slack et al. (2002), a “qualidade”, a “confiabilidade” e a
“flexibilidade” são os mais importantes para o varejo eletrônico de flores. O cliente
presenteador deseja que o presenteado receba flores com qualidade igual ou superior aos
187
mostrados no mostruário do site, na data e no período por ele (presenteador) estabelecido,
caso contrário, perde-se o valor do produto e do serviço comprados.
Tal valor, entretanto, só pode ser agregado por meio de uma equipe flexível.
Funcionários ou até mesmo gerentes insubstituíveis não podem existir em uma empresa que
deve sempre entregar produtos de qualidade no prazo determinado. Especialmente em
empresas com equipes enxutas como são as que operam o varejo eletrônico, os funcionários e
gerentes devem ser multifuncionais e compreender de maneira global ou holística o
funcionamento da empresa. Observa-se, dessa maneira, que a flexibilidade tem grande
influência na confiabilidade da empresa.
É importante também que haja flexibilidade no atendimento dos anseios e
desejos do cliente presenteador. Tal flexibilidade refere-se às opções de entrega com horário
específico, ou entregas fora dos horários convencionais, ou ainda às opções de ajuste no
arranjo, trocando o livro de uma cesta de café da manhã por um vinho chileno da safra de
2000, por exemplo. Pode-se perceber, assim, que a flexibilidade interfere diretamente na
qualidade do produto e serviço entregue.
O objetivo “rapidez” é indiretamente importante, já que afeta a
“confiabilidade”, pois os pedidos são em sua grande maioria feitos com pouca antecedência
(pedidos feitos de manhã para entrega na tarde do mesmo dia, ou pedidos feitos à tarde ou
noite para entrega na manhã do dia seguinte).
O objetivo “custos” é importante para a empresa, que deve sempre que possível
operar com baixos custos marginais. Entretanto, a empresa não deve procurar minimizar os
custos a ponto de prejudicar a qualidade do produto e do serviço entregue, tampouco a
confiabilidade da entrega, já que o cliente presenteador está disposto a pagar um “bônus” por
tal comodidade e não tem o custo ou preço do produto presenteado como principal
preocupação.
188
Dessa forma, a “qualidade”, a “confiabilidade” e a “flexibilidade” seriam os
objetivos de desempenho mais importantes em um empreendimento relacionado ao varejo
eletrônico de flores, seguidos pela rapidez e pelos custos respectivamente.
4.2.6 Identificar os riscos percebidos pelos clientes e sua influência nos objetivos de
desempenho no varejo eletrônico de flores.
Conforme os gerentes entrevistados, o principal risco percebido pelos clientes é
o de não entrega, seguido pelo de entrega sem os padrões de qualidade pré-estabelecidos. O
risco de não entrega está associado a possíveis problemas na logística de entrega e na
segurança no ambiente da Internet - pagamento e fornecimento de dados. Este risco influencia
diretamente a confiabilidade da empresa. Por outro lado, o risco de entrega sem os padrões de
qualidade pré-estabelecidos afeta o objetivo de desempenho “qualidade”. Em razão do grau de
importância dado pelos clientes à confiabilidade e à qualidade, são justamente esses os fatores
mais temidos pelos clientes que fazem compras de flores pela Internet.
Entretanto, os entrevistados alegam que, na realidade, esses riscos são
mínimos, pois mais de 95% de suas entregas ocorrem nos prazos prometidos e com a
qualidade desejada. Como já abordado, todos os sites possuem inúmeros mecanismos de
segurança e fazem questão de destacar a existência desses mecanismos. Utilizar um serviço
ou sistema de segurança que seja reconhecido pela Microsoft, por exemplo, é uma das
melhores formas de assegurar que um site e seus selos ou certificados de segurança sejam
bem vistos aos olhos do cliente presenteador. Mostrar segurança, qualidade dos produtos a
serem entregues e sistemas de distribuição eficazes são os mecanismos mais importantes para
reduzir os riscos percebidos pelo cliente que presenteia via Internet, influenciando sua
confiabilidade.
189
Entretanto, os gerentes entrevistados alegam que existem também os riscos
percebidos pela empresa. Entre esses, apesar de pequenos, estão incluídos os riscos de não
suprimento, por não haver contratos com clientes atacadistas, e o de não pagamento por parte
dos clientes presenteadores.
Uma boa equipe de floristas, boas e confiáveis fontes de suprimento, transporte
de flores via utilitários e não em motos, bem como motoristas que conheçam muito bem o
caminho, acordos bem estabelecidos com floriculturas em diversas regiões, ou com empresas
que operam os serviços de entrega expressa (FEDEX, DHL, UPS, etc.), são maneiras eficazes
de reduzir os riscos inerentes às entregas fora do prazo e sem o padrão de qualidade
estabelecido.
Tratando-se do risco de não pagamento por parte dos clientes, dois dos
gerentes entrevistados alegam que sofreram logro (calote) por parte dos clientes
inadimplentes. Atualmente, entretanto, essas empresas processam o pedido somente a partir
da confirmação do pagamento (esperam os cheques e depósitos bancários serem compensados
na conta bancária e confirmação de crédito para os pagamentos no cartão).
Contudo, os entrevistados reconhecem que mesmo depois de confirmados os
pagamentos via cartão de crédito, o cliente pode bloquear o seu pagamento, antes de sua
compensação. Em uma tentativa de redução deste risco específico, a empresa checa, na
medida do possível, os dados fiscais do cliente previamente. Tanto os riscos percebidos pelos
clientes quanto os percebidos pela empresa são reais e podem ocorrer. O importante, contudo,
é utilizar estratégias de maneira a reduzir fortemente a chance de ocorrência deles.
190
4.2.7 Analisar o caso de empresas que passaram a operar o varejo eletrônico de flores
a partir do varejo físico (floricultura ou garden center, por exemplo) e sua
influência nos objetivos de desempenho.
Das quatro empresas entrevistadas, somente uma possui loja física. Esta opera
tanto o canal físico quanto o eletrônico, mas os dois canais são gerenciados de maneira
distinta, como se fossem duas diferentes empresas, pois seus objetivos são distintos. O varejo
físico foca uma região específica da cidade de São Paulo, e o varejo eletrônico visa atender
toda a região da grande São Paulo. Os entrevistados dessa empresa alegam que uma das
vantagens em operar com o canal eletrônico após o estabelecimento e experiência nos dois
canais é a experiência prévia em se trabalhar com flores e as peculiaridades do produto e do
setor. Além disso, o fato de um dos canais já estar firmemente estabelecido diminui muito o
risco de falência, além de oferecer uma marca fortemente reconhecida no mercado. Os
gerentes apontam ainda, que apesar de administradas como empresas independentes, um canal
promove o outro, gerando benefícios mútuos. Pode-se perceber dessa forma, que neste caso,
há uma influência positiva, principalmente no início do empreendimento, dos objetivos
“qualidade” e “confiabilidade” da empresa. Dado o prévio conhecimento do setor de flores
pelos gerentes e funcionários da empresa, a aquisição de produtos de qualidade é facilitada.
Por outro lado, a imagem e marca estabelecida da empresa física geram maior confiabilidade
ao cliente presenteador, anulando a idéia de “empresa fantasma” ou de empresa de má índole.
Uma possível desvantagem em relação às empresas que passaram a operar o
canal eletrônico a partir do estabelecido e tradicional canal físico é a tendência em administrar
o canal eletrônico de maneira conservadora, principalmente em um setor extremamente
tradicional como é o de produção e comercialização de flores. É importante lembrar que
operar no canal eletrônico requer muito mais que dominar as peculiaridades inerentes à cadeia
de flores, é importante que se tenha em mente que além do alcance da rede ser muito maior,
191
no canal eletrônico a empresa trabalha com clientes diferenciados, preocupados mais com a
comodidade que com os custos. Dessa forma, no caso de floriculturas ou garden centers
físicos que passaram a operar o canal eletrônico, pode haver uma influência negativa no
objetivo “flexibilidade”, por causa dos padrões conservadores dos gerentes e
consequentemente de seus funcionários.
A estratégia de gerenciar os dois canais de maneira independente, utilizada pela
empresa entrevistada, mostra-se como uma tática interessante para evitar problemas
relacionados com uma forma conservadora de administração, despreocupada com a inovação.
Estratégias nessa linha tendem ainda a diminuir as chances de conflitos entre o canal físico e o
eletrônico, além de gerarem maior flexibilidade.
Os gerentes das outras três empresas entrevistadas afirmam que como atuam
somente com o canal eletrônico podem focar seu negócio nas particularidades do comércio
eletrônico, atuando como empresas da nova economia. Nestes casos, a empresa pode optar
por uma base tecnológica que ofereça maiores recursos e dê maior suporte ao sistema. A
empresa, nesses casos, deve procurar também ampliar os serviços e produtos oferecidos, a fim
de diferenciar-se de seus concorrentes que atuam nos dois canais.
4.2.8 Identificar os fatores-chave de sucesso das empresas que operam com o varejo
eletrônico de flores e propor um conjunto de recomendações para sua melhoria.
Identificar quais competências uma empresa precisa construir para ganhar e
manter uma vantagem competitiva num mercado em constante mutação é uma tarefa
complexa. Contudo, a qualidade, a confiabilidade e a flexibilidade parecem ser habilidades
relevantes no cenário competitivo do varejo eletrônico de flores, já que o consumidor deseja
receber flores com qualidade igual ou superior à destacada no site e no prazo prometido. Para
192
que um produto com qualidade seja entregue em tempo hábil, gerando confiabilidade a uma
empresa, a flexibilidade dos recursos humanos da empresa não pode ser deixada de lado. Ou
seja, a flexibilidade de toda a equipe responsável, entre outros aspectos, pela qualidade do
produto e pela entrega no prazo, contemplando desde os funcionários da retaguarda e da linha
de frente até os gerentes.
A capacidade de balancear os recursos disponíveis por meio da formação de
equipes eficientes é o elemento fundamental de uma empresa. Já que a formação de equipes
multifuncionais com capacidade em fluência de idéias, comprometida com a qualidade e a
confiabilidade da empresa, torna-se fundamental para uma empresa da nova economia.
As pessoas representam o que há de mais importante em um empreendimento.
Não basta ter os melhores processos e a melhor tecnologia se as pessoas falharem.
Administrar esse recurso é o maior desafio de um gerente. É atribuição dos gerentes garantir
que as pessoas alocadas no projeto sejam capazes de executar as tarefas conforme planejado,
bem como gerenciar a comunicação entre elas para que a informação possa fluir e atingir os
objetivos de qualidade e confiabilidade estabelecidos. Gerenciar conflitos, mudanças na
equipe, conduzir reuniões de forma objetiva, reconhecer os resultados superiores, fazer
aconselhamento e negociar são tarefas difíceis e igualmente importantes na gestão da
empresa.
Tendo em mente que o cliente que opta por comprar flores pela Internet deseja
receber produtos com qualidade e no prazo, e que esses fatores somente são possíveis por
meio da adequada gestão dos recursos humanos, mantendo sua flexibilidade, considera-se que
os fatores-chave de sucesso sob a ótica dos entrevistados são:
atendimento de padrões de qualidade do produto entregue;
entregas dentro do prazo (confiabilidade);
193
flexibilidade dos recursos humanos atuantes no varejo eletrônico de
flores.
Após a identificação destes fatores-chave de sucesso (FCS), é importante que
se façam alguns comentários individuais a respeito deles.
Em relação ao primeiro e ao segundo FCS, pode-se dizer que o atendimento a
um padrão de qualidade pelo varejo eletrônico de flores e as entregas no prazo estabelecido
foram identificados como os fatores mais importantes no estudo realizado. Observa-se que o
cliente que compra flores pela Internet é um consumidor diferenciado, sendo necessário que
os requisitos de qualidade e as necessidades relacionadas com o prazo de entrega dos
produtos, ou seja, a confiabilidade, sejam atendidos, proporcionando uma maior satisfação
para aos clientes presenteador e presenteado.
O terceiro FCS identificado refere-se à flexibilidade dos Recursos Humanos
atuantes no varejo eletrônico de flores. As empresas devem se preocupar em contar com uma
equipe comprometida a trabalhar nas empresas. Este é um fator que se negligenciado, torna-se
extremamente agravante nestas empresas, já que sem funcionários capacitados para o
exercício de suas funções, ou eventualmente para outras, nenhum dos objetivos de
desempenho pode ser atendido.
Verificar os diversos formatos e acordos possíveis no varejo eletrônico de
flores, as tarefas de manutenção da qualidade do produto, assim como a garantia de entrega
dentro do prazo, de forma a gerar confiabilidade, nem sempre é tarefa fácil. Isto ocorre
principalmente nos acordos com floriculturas, garden centers ou intermediários
internacionais. Muitos dos entrevistados concordam que é mais fácil garantir e manter o
padrão de qualidade quando se tem galpão de confecção e frota próprios. “Assim, podemos
ver com os próprios olhos o que está acontecendo e se há algo errado, o que é praticamente
impossível quando temos um acordo com uma floricultura do outro lado do país ou do
194
mundo”, afirmou um dos entrevistados. Uma sugestão já utilizada por algumas empresas é a
categorização das empresas parceiras, a partir do retorno dos clientes (presenteador e
presenteado). Caso o produto e serviço oferecido pela empresa parceira não ofereça um
padrão mínimo de qualidade e confiabilidade, essa empresa deve ser substituída por outra que
opere na mesma região ou em uma região próxima.
Outro problema ocorre ainda nos sistemas de serviços de entrega (correios
expressos como FEDEX, DHL ou UPS, por exemplo). Se por um lado há uma maior garantia
da qualidade do produto a ser entregue (desde que a embalagem e o condicionamento do
produto na caixa sejam bem feitos e o transporte seja adequado), quando o local de entrega é
distante da área de confecção do arranjo, a entrega leva mais tempo, impossibilitando as
entregas “quase que imediatas” em arranjos e acordos com floriculturas e garden centers
nestes locais distantes. Esses aspectos, apesar de garantirem a “qualidade”, além de serem
mais custosos, podem prejudicar diretamente a “rapidez”, e indiretamente a “confiabilidade”.
Dessa forma, a empresa deve avaliar a relação custo/benefício para manter sob quaisquer
circunstâncias o padrão de qualidade via serviços de entrega.
Outro importante aspecto está relacionado com o comprometimento da equipe
em relação aos objetivos de qualidade e confiabilidade. A gerência da empresa deve estimular
esse comprometimento, não apenas por monitoração, que pode ser considerada uma forma de
motivação coercitiva, mas por motivações reais, como participações nos lucros da empresa,
ou pelo reconhecimento da gerência, plano de carreira, entre outros. Tais estímulos, aliados ao
treinamento da equipe, como cursos para floristas, cursos técnicos de comunicação,
telemarketing, ou até pós-graduações, geram maior capacitação profissional e podem
proporcionar inúmeras vantagens. Exemplos são a melhoria dos padrões profissionais dos
floristas, motorista e atendentes, possibilitando o aprimoramento dos produtos e serviços
195
oferecidos, economia de custos, uma vez que os erros são eliminados, gerando maior
qualidade e confiabilidade à empresa.
Dessa forma, a capacitação pode apresentar-se como um instrumento
administrativo de extrema importância para o aumento da produtividade do trabalho e, além
disso, pode ainda ser considerada como um fator de satisfação para a equipe.
A empresa deve focar sua equipe de modo a atender a esses anseios.
Certamente que outros fatores como a tecnologia envolvida no comércio eletrônico - base do
comércio eletrônico – também são importantes, mas esta também é administrada por pessoas.
De nada adiante o site ser atraente se as pessoas responsáveis em processar o pedido não o
fizerem de maneira adequada.
A figura 4.4 apresentada a seguir ilustra, de forma resumida, a influência do
marketing-mix e da logística nos objetivos de desempenho da empresa e consequentemente
em seus fatores-chave de sucesso.
Fonte: Elaborado pelo autor
FIGURA 4.4 – O marketing-mix, a logística, os objetivos de desempenho e os fatores-
chave de sucesso do varejo eletrônico de flores
Qualidade
Confiabilidade
Flexibilidade
Produtos de qualidade
Entregas no prazo
Flexibilidade dos
recursos humanos
Produto: flores e produtos
complementares de qualidade
Comunicação: comunicar os
mecanismos de segurança, não
utilizar promoção apelativa
Distribuição: site moderno e
atraente, segurança no
pagamento e fornecimento
de dados
Logística: suprimento constante,
entregas no prazo, equlibrar o
nível de serviço e os custos
Produto (Equipe): multifuncional,
comprometida, comunicativa
FATORES-CHAVE DE SUCESSO
OBJETIVOS DE DESEMPENHO
ELEMENTOS DE MARKETING-MIX
E LOGÍSTICA DESTACADOS
196
Tendo a figura 4.4 como base, a empresa que opera o varejo eletrônico de
flores pode estruturar seu planejamento estratégico de acordo com sua realidade, ou seja,
conforme sua classificação em clique e clique ou clique e cimento, com sua área de
abrangência, seus sistemas logísticos e quaisquer outros fatores específicos.
O mais importante é que a partir da identificação dos fatores-chave de sucesso
do varejo eletrônico de flores, as estratégias do marketing-mix e logística podem ser
articuladas de forma a garantir cada vez mais flexibilidade à equipe e qualidade e
confiabilidade aos clientes. Dessa forma, a empresa deve procurar desenvolver estratégias de
melhoria contínua na qualidade de seus produtos e serviços, além de buscar sempre atualizar e
modernizar o site e sua base tecnológica. Também desenvolver estratégias de comunicação
focadas de maneira a expor e divulgar qualidade, segurança e confiança. Com o propósito de
manter a confiabilidade da empresa, estratégias de comunicação apelativa devem ser evitadas.
Clientes diferenciados, como os que presenteiam flores via varejo eletrônico, não desejam
receber spams ou até mesmo ser “bombardeados” por e-mails informativos.
O preço, como já discutido anteriormente, não pode ser muito reduzido, pois o
cliente consumidor associará o preço menor a baixos índices de qualidade, enfraquecendo sua
confiança na empresa. A distribuição deve ser articulada de forma a facilitar o pagamento
eletrônico, garantindo cada vez mais segurança aos clientes, diminuindo ao mesmo tempo as
chances de calote ou logro à empresa. O sistema de suprimento dos produtos deve ser
estruturado de maneira a privilegiar a qualidade e a constância de entrega em vez de custos.
Outro importante ponto refere-se à escolha dos sistemas logísticos de entrega, que devem
equilibrar a rapidez e o controle de qualidade do produto entregue.
5 CONCLUSÕES
Neste capítulo são apresentadas as conclusões do trabalho com base na análise
dos dados da pesquisa. Foi dividido em três itens: contribuições da pesquisa, limitações e
sugestões para trabalhos futuros e considerações finais.
5.1 Contribuições da pesquisa
Este trabalho teve a intenção de mostrar quais são os fatores-chave de sucesso
de uma empresa que opera o varejo eletrônico de flores. O trabalho também mostrou de forma
geral como se dá a operacionalização do varejo eletrônico de flores no Brasil.
Acredita-se que o trabalho contribuiu tanto no meio acadêmico quanto no meio
empresarial. No meio acadêmico, o trabalho mostra um panorama geral do varejo eletrônico
de flores, servindo de base para estudos futuros, específicos para o setor de flores, ou ainda
para estudos relativos à teoria dos fatores-chave de sucesso. Além disso, com relação ao canal
de comercialização, o trabalho pode incentivar pesquisas futuras sobre outros formatos de
varejo eletrônico.
No meio empresarial, o trabalho pode ser utilizado para entender a
operacionalização do varejo eletrônico de flores, e desta forma, o empresário pode criar
estratégias focadas nos objetivos de desempenho e fatores-chave de sucesso previamente
identificados, de acordo com sua realidade específica. O trabalho pode ser útil também para
agentes a montante do canal. Desse modo, atacadistas privados e centrais de distribuição
podem se adaptar ou pelo menos adaptar certos setores às condições de qualidade e
confiabilidade exigidas pelo varejo eletrônico de flores.
198
5.2 Limitações e sugestões para trabalhos futuros
Uma das limitações do trabalho foi a impossibilidade de entrevistar um número
maior de empresas, incluindo empresas de outros locais além da cidade de São Paulo-SP. A
dificuldade de contato e acesso a certas empresas, e a restrição orçamentária para viagens a
locais mais distantes, dão suporte a essas limitações. Dada a dificuldade de acesso imposta
pelas empresas, não puderam ser estudados mais casos como o da empresa D, que é uma
empresa de clique e cimento que possui loja física, ou ainda outras empresas de clique e
clique, como é o caso da empresa A.
Devido a limitações orçamentárias, não puderam também ser entrevistados
diretamente o consumidor final e outros agentes do canal de distribuição de flores, como
agentes de centrais de distribuição ou outros atacadistas privados.
Para trabalhos futuros, recomenda-se a realização do estudo a partir de uma
amostra maior e mais abrangente, que inclua entrevistas aos diretores dos centros de
comercialização de flores e plantas e às floriculturas físicas parceiras em diferentes locais
(nacionais e internacionais) ou que sejam utilizados outros ferramentais teóricos, além do
marketing-mix e logística, para a identificação dos fatores-chave de sucesso no varejo
eletrônico de flores.
Como outra sugestão, recomenda-se a exploração sob o ponto de vista do
cliente consumidor, dos motivos que os levam a escolher determinado site, e sugestões para
melhorias no atendimento, levando em consideração os atributos da loja (site) e dos produtos.
199
5.3 Considerações finais
Compreendidos como variáveis cuja administração pode afetar de forma
significativa a posição competitiva das empresas dentro de seu campo de atuação, os fatores-
chave de sucesso subsidiam a tomada de decisão estratégica em áreas que os gestores
consideram decisivas para o sucesso do empreendimento.
Com relação ao objetivo geral do estudo de identificar os fatores-chave de
sucesso do varejo eletrônico de flores, pode-se dizer que esses fatores podem ser utilizados na
definição das necessidades informacionais dos gestores e na focalização de questões
estratégicas, gerando recursos ao sistema de inteligência competitiva das organizações.
A vantagem competitiva surge fundamentalmente do valor que uma empresa
consegue criar para seus clientes e que ultrapassa seus custos de produção. Como já
mencionado, este valor deve ser confrontado em relação a quanto os clientes estão dispostos a
pagar. No caso do varejo eletrônico de flores, os clientes presenteadores, que representam um
nicho de consumidores diferenciados, estão dispostos a pagar um bônus, principalmente pelo
comodismo oferecido pelo canal, associado à qualidade do produto e à confiabilidade na
empresa.
A excelência pode ser alcançada por meio de preços mais baixos que os da
concorrência ou pela diferenciação. A partir da liderança de custo, uma empresa que opera o
varejo eletrônico pode vir a alcançar e sustentar a liderança, podendo ser considerada como
um competidor acima da média, oferecendo seus produtos a preços mais baixos do que seus
concorrentes. Entretanto, no contexto do comércio eletrônico de flores, onde são vendidos e
entregues “presentes”, é a diferenciação proporcionada pela equipe que promove a qualidade
dos produtos, e a confiabilidade na entrega pode ser considerada como fator-chave de sucesso.
200
Enfim, com base nos objetivos de desempenho e, posteriormente, com a
identificação dos fatores-chave de sucesso, conclui-se que esta abordagem gerou um maior
conhecimento de questões-chave para que as empresas que operam o varejo eletrônico de
flores venham obter vantagens sobre os concorrentes. Também proporcionou uma análise de
informações para compreender o seu funcionamento e sua ligação com a cadeia produtiva
deste setor.
A empresa que opera o varejo eletrônico de flores pode estruturar seu
planejamento estratégico de acordo com sua realidade, ou seja, conforme sua classificação em
clique e clique ou clique e cimento, com sua área de abrangência, seus sistemas logísticos e
quaisquer outros fatores específicos. As sugestões apresentadas nos resultados desta pesquisa
são apenas algumas das inúmeras outras que podem ser apreciadas por estudiosos da área ou
gerentes de empresas que operam o varejo eletrônico de flores. O mais importante é ter em
mente os fatores-chave de sucesso identificados e os elementos que levaram à sua
identificação.
Mesmo que empiricamente as empresas amostradas e outras tantas que operam
o varejo eletrônico de flores tenham idéia de quais são seus fatores-chave de sucesso, a
visualização clara de um quadro como o apresentado na figura 5.1 permite a focalização nas
questões estratégicas da empresa, ou seja, nas poucas áreas onde os resultados, se
satisfatórios, possam garantir o sucesso organizacional, além de assegurar ou melhorar a
posição competitiva da empresa. Além de constituírem um importante ponto a ser observado
na elaboração do planejamento estratégico, os fatores-chave de sucesso têm grande valor na
busca por informações em questões fundamentais para a organização, ou seja, que podem
determinar o direcionamento na obtenção de vantagens competitivas em táticas ou operações
de curto prazo.
201
Dado a dinamicidade das transformações de ordem sócio-político-econômicas
já abordadas na introdução desta pesquisa, os fatores-chave dos empreendimentos podem se
alterar com o tempo, principalmente em empresas da nova economia, como as que operam o
varejo eletrônico. Entre essas transformações, o exponencial crescimento e as mudanças nos
padrões de consumo no varejo eletrônico, discutidos na justificativa do trabalho, têm
importante destaque. É importante lembrar que o varejo eletrônico representa menos de 1%
do varejo total, e que o varejo eletrônico de flores é um negócio relativamente recente. Dessa
forma, torna-se interessante que exercícios similares a esse sejam feitos de tempos em tempos
para que as empresas possam articular de maneira mais consciente seu planejamento
estratégico e suas táticas operacionais.
REFERÊNCIAS
AAKER, D. A. Strategic market management. 2. ed. NewYork: John Wiley & Sons, 1988.
AAKER, D. A.; DAY, G. S. Marketing research. 4. ed. New York: John Wiley & Sons,
1990.
AGGARWAL, C. C.; AL-GARAWI, F.; YU, P. S. Intelligent crawling on the World Wide
Web with arbitrary predicates. In: 10
th
WORLD WIDE WEB CONFERENCE (WWW10),
Hong Kong. Anais… Hong Kong, 2001.
AKI, A. Repensando a comercialização de flores: como o produtor pode combater a
inadimplência e as perdas, como o florista pode vencer a concorrência. Holambra: Heliza
Produções Gráficas, 1999.
______. Pare de pensar em vendas e comece a pensar em lucros. Holambra: Heliza
Produções Gráficas, 2000a.
______. Venda mais flores em 2001. Holambra: Heliza Produções Gráficas, 2000b.
______. Flores.com: o primeiro mapa de negócios para flores na Internet. Holambra: Heliza
Produções Gráficas 2000c.
ALBERTIN, A. L. Comércio eletrônico: modelo, aspectos e contribuições de sua aplicação.
São Paulo: Atlas, 1999.
ALBERTIN, A, L.; MOURA, R. M. Comércio eletrônico: mais evolução, menos revolução.
RAE-eletrônica, São Paulo, v.42, n.3, p. 114-117, jul. set.,2002.
ALLEN, E.; FJERMESTAD. J. E-commerce marketing strategies: an integrated framework
and case analysis. Logistics Information Management, v. 14, n. 1/2, p. 14-23, 2001.
AL-MUDIMIGH, A. S.; ZAIRI, M.; AHMED, A. M. M. Extending the concept of supply
chain: the effective management of value chains. International Journal of Production
Economics, v. 87, p. 309-320, 2004.
ANEFALOS, L. C. Modelo insumo-produto como instrumento de avaliação econômica
da cadeia de suprimentos: o caso da exportação de flores de corte, Piracicaba, 2004. 210 p.
Tese (Doutorado em Economia Aplicada). ESALQ/USP, Piracicaba. 2004.
ARNOTT, D. C.; BRIDGEWATER, S. Internet, interaction and implications for marketing.
Marketing Intelligence and Planning, v.20, n.2, p.86-95, 2002.
ARRUDA, S. T.; OLIVETTEM, P. A .; CASTRO, C. E. F. Diagnóstico da floricultura do
Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental, Campinas, v. 2, n. 2,
p. 1-18, 1996.
203
BALLOU, R. H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e
distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993.
______________. Business logistics/supply chain management. 5. ed. Upper Saddle River:
Pearson Education, 2004.
BAYLES, D. E-Commerce logistics and fulfillment. Upper Saddle River: Preentice Hall,
2001.
BERMAN, B. Marketing channels. New York: John Wiley and Sons, 1997.
BLACK, G. S. Predictors of consumer trust: likelihood to pay online. Marketing Intelligence
& Planning, v.23, n.7, p. 648-658, 2005.
BLESSA, R. Merchandising no ponto-de-venda. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
BLYTHE, J.; ZIMMERMAN, A. Business-to-business marketing management: a global
perspective. London: Thomson Learning, 2005.
BONGERS, F.J.G. O desenvolvimento da floricultura no Brasil. IBRAFLOR Informativo,
v.5, n.19, maio, 2000. Disponível em <http://www.flortec.com.br/artigo04.htm> Acesso em:
27 out. 2004.
BOTEON, M. Mercado de informação digital agroeconômica, 2004, 90p. Tese (Doutorado
em Economia Aplicada). ESALQ/USP, Piracicaba. 2004.
BOWERSOX, D. J.; COOPER, M. B. Strategic marketing channel management. New
York: McGraw-Hill., 1992.
BOYD, H. W.; WESTFALL, R. Pesquisa mercadológica: textos e casos. 7. ed. Rio de
Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1987.
BOYER, K. K. et al. An exploratory analysis of extended grocery supply chain operations and
home delivery. Integrated Manufacturing Systems, v. 14, n.8, p. 652 – 651, 2003.
BRYMAN, A. Research methods and organization studies. New York: Routledge, 1989.
BROMAGE, N. Keep the customer satisfied. Supply Management, v. 6, n. 10, p. 34-36,
2001.
BURKE, R. R. Technology and the customer interface: what consumers want in the physical
and virtual store. Journal of the Academy of Marketing Science, v.30, n.4, p. 411-432, 2002.
CABRAL, A. S.; YONEYAMA, T. Economia digital: uma perspectiva estratégica para
negócios. São Paulo: Atlas, 2001.
204
CAGLIANO, R.; CANIATO, F.; SPINA, G. E-business strategy: how companies are shaping
their supply chain through the internet. International Journal of Operations & Production
Management, v.25, n.12, p. 1309-1327, 2005.
CAMBRIDGE UNIVERSITY PRESS. Cambridge advanced learner’s dictionary. 3. ed.
Printing. India: Thomson Press (India), 2004.
CATALINI, L. et al. E-commerce. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.
CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA. PIB do
agronegócio 1994 a 2005 * Participação do Agro no PIB total. Disponível em: <
http://www.cepea.esalq.usp.br/pib/other/pib_agronegocio_1994_05.xls>. Acesso em: 20 jun.
2006.
CHAFFEY, D. E-marketing. In: BAKER, M. J. (Ed.) Administração de marketing. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2005. p. 454-476.
CHESBROUGH, H. W.; TEECE, D. J. Organization for innovation: when is virtual virtuous?
Harvard Business Review, v.80, n.8, p.127-134, 2002.
CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégias para
a redução de custos e melhoria dos serviços. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001.
CHURCHILL JR, G.A. Marketing research: methodological foundations, 3. ed. New York:
Dryden Press, 1983.
CLARO, D. P. Análise do complexo agroindustrial das flores do Brasil.1998. Dissertação
(Mestrado em Agronomia)- Universidade Federal de Lavras, Lavras, 1998.
COUGHLAN, A. et al. Canais de marketing e distribuição. Porto Alegre: Bookman, 2002.
CROSIER. K. Promoção: In BAKER, M.J. (Ed.) Administração de marketing. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2005. p.296-323.
CUNNINGHAM, M. J. B2B: how to build a profitable e-commerce strategy. Cambridge, MA:
Perseus Book Group, 2000.
DAVIS, J. H.; GOLDBERG, R. A. A concept of agribusiness. Boston: Harvard University,
1957.
DI SERIO, L. C; SAMPAIO, M. Projeto da cadeia de suprimento: uma visão dinâmica da
decisão fazer versus comprar. RAE-eletrônica, São Paulo, v.41, n.1, p. 54-66, jan-mar, 2001.
205
DORNIER, P. P. et al. Logística e operações globais: textos e casos. São Paulo: Atlas, 2000.
E-BIT. Disponível em: < http://www.ebit.com.br/ebit/html/quem_somos.asp>. Acesso em: 20
set. 2005.
ENGEL, J. F.; BLACKWELL, R. D.; MINIARD, P. W. Consumer behavior. 8. ed. Orlando:
The Dryden Press, 1995.
ESPER, T.L. et al. The last mile: an examination of effects on online retail delivery strategy on
consumers. Journal of Business Logistics, v. 24, n. 2, p. 177-192, 2003.
EVANS, P.; WURSTER, T. S. Getting real about virtual commerce. Harvard Business
Review, v. 77, n.6, p. 84-94, nov, 1999.
FERGUSON, C. E. Microeconomia. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1980.
FERRO, W. R. Comércio eletrônico e a segurança da rede: uma visão tecnológica. In:
SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO – FEA-USP, 2003, Anais...São Paulo, 2003. 1 CD –
ROM.
FITZSIMMONS, J.A.; FITZSIMMONS M.J. Administração de serviços: operações,
estratégias e tecnologia de informação. Porto Alegre: Editora Bookman, 2000.
FLEURY, A. C. C.; FLEURY, M. T. L. Estratégias competitivas e competências essenciais:
perspectivas para a internacionalização da indústria no Brasil. Gestão & Produção, v.10, n. 2,
p.129-144, ago., 2003.
FLEURY, P. F. O sistema de processamento de pedidos e a gestão do ciclo de pedido.
Artigos CEL 2003. Disponível em <http://www.centrodelogistica.com.br/new/fs-
public.htm>. Acesso em 20 jun 2006.
FLORANET. Disponível em:<http://www.floranet.com.br>. Acesso em: 20 mar. 2004.
FNP CONSULTORIA & COMÉRCIO. Agrianual 2001: anuário da agricultura brasileira.
São Paulo: Brasilform, 2001. p. 337-348.
FORRESTER RESEARCH. Estimates of the B2B market. Disponível em
<http://www.forrester.com>. Acesso em: 7 mar. 2003.
GHAURI, P.N.; GRONHAUG, K. Research methods in business studies: practical guide,
New York: Prentice Hall, 1995.
206
GHISI, F. A. A implementação do ECR (Efficient Consumer Response) no canal de
distribuição de produtos de mercearia básica: um estudo multicaso. 2001. 127 p.
Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)- Universidade Federal de São Carlos,
São Carlos, 2001.
GIANESI, I.G.N.; CORRÊA, H.L. Administração estratégica de serviços: operações para a
satisfação do cliente. São Paulo: Editora Atlas, 1994.
GIUNIPERO, L.; HANDFIELD, R. B.; ELTANTAWY, R. Supply management’s evolution:
key skill sets for the supply manager of the future. International Journal of Operations &
Production Management, v.26, n.7, p. 822-844, 2006.
GOBBO JUNIOR, J. A. ; VASCONCELLOS, M. A. Um estudo da inovação dentro de um
contexto de cadeias de suprimentos. In: SIMPÓSITO DE ADMINISTRAÇÃO DA
PRODUÇÃO, LOGÍSTICA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS (SIMPOI), 5., 2002, São
Paulo. Anais... São Paulo: FGV/EAESP, 2002. 1 CD – ROM.
GOMES, C. F. S.; RIBEIRO, P. C. C. Gestão da cadeia de suprimentos integrada à
tecnologia da informação. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.
GONÇALVES, C. A.; GONÇALVES FILHO, C. Tecnologia da informação e marketing:
como obter clientes e mercados. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v.35,
n.4, p. 21-32, jul-ago, 1995.
GONÇALVES, C. et al. Comércio eletrônico na Internet: uma pesquisa exploratória no
mercado consumidor. In: ENCONTRO NACIONAL DA ANPAD, 1998, Foz do Iguaçu,
Anais... Foz do Iguaçu, 1998. 1 CD-ROM.
GONZALIS, A. V. Veja o desempenho dos produtos com o Real. Super Hiper, n. 260, p.
218-221, abr. 1997.
GOOGLE. Google. Disponível em <http://www.google.com.br.> Acesso em 5 maio 2005.
GROOT, E. Avaliação econômica da produção de rosa de corte (Rosa sp), em campo e
em estufa, sob condições de risco, no município de Holambra – SP: estudo de casos. 2003.
78 p. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada)- ESALQ/USP, Piracicaba, 2003.
HOLZMÜLLER, H. H.; SCHÜCHTER, J. Delphi study about the future of B2B marketplaces
in Germany. Electronic Commerce Research and Applications, v. 1, p. 2-19, 2002.
HOPPING D. Technology in retail. Technology in Society, v. 22, n.1, p. 63-74, 2000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. População residente, por
sexo e situação do domicílio, população residente de 10 anos ou mais de idade, total,
alfabetizada e taxa de alfabetização, segundo os municípios. CENSO 2000. 2000.
Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/popuulacao/censo2000/universo.php?tipo=31epagin
aatual=1euf=35>. Acesso em: 8 jun. 2005.
207
JUNQUEIRA. A. H. Estimativas sobre o mercado brasileiro de flores – 2006 [mensagem
pessoal]. Mensagem recebida por <lubroek@hotmail.com> em 12 fev. 2006.
KIYUNA, I. et al. Estimativa do valor do mercado de flores e plantas ornamentais do estado de
São Paulo, 2001. Informações Econômicas, São Paulo, v.32, n.5, p.7-22, maio, 2002.
KINSEY, J.; ASHMAN, S. Information technology in the retail food industry. Technology in
Society, v. 22, n.1, p. 83-96, 2000.
KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. 9. ed. São Paulo: Prentice Hall,
2003.
KOTZAB, H.; MADLBERGER, M. European retailing in e-transition?: an empirical
evaluation of Web-based retailing – indications from Austria. International Journal of
Physical Distribution & Logistics Management, v. 31, n.6, p. 440-462, 2001.
KOVACS, M. H.; FARIAS, S. A. Dimensões de riscos percebidos nas compras pela Internet.
RAE-eletrônica, São Paulo, v.3, n.2, p. 1-18, jul-dez., 2004.
LEE, H. L.; WHANG, S. Winning the last mile. MIT Sloan Management Review, v.42, n.4,
p. 54-62, 2001.
LEME, G.L.; SOARES, J.R.R. Logística e E-commerce: estudo de caso de uma empresa de
Piracicaba-SP. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL, 2., 2002, Piracicaba. Anais... Unimep-
Piracicaba, 2002. 1 CD – ROM.
LESZCZYÑSKA-BORYS.; BORYS, M. W. Reflexiones sobre los recursos genéticos de
México para la industria hortícola ornamental. Revista Chapingo, v.1, n.1, p.171-183, 1994.
LEVY, M.; WEITZ, B. A. Administração de varejo. São Paulo: Atlas, 2000.
LEWISON, D. M. Retailing. 5. ed. New York: Macmillan College Publishing Company,
1994.
LIAO, Z.; CHEUNG, M. T. Internet-based e-shopping and consumer attitudes: an empirical
study. Information & Management, v.38, n.5, p.299-306, 2001.
LIEBERMANN, Y.; STASHEVSKY, S. Perceived risks as barriers to internet and e-
commerce usage. Qualitative Market Research: an international journal, v.5, n.4, p.291-
300, 2002.
208
LOHSE, L. G.; SPILLER, P. Electronic shopping: how do customer interfaces produce sales
on the Internet. Communications of the ACM, v. 41, n.7, p. 81-87, 1998.
LOWENTHAL, R. (Org.) Brasil: showcase de competências em e-business. São Paulo: M.
Books do Brasil Editora, 2005.
MACHADO, M. D. Canais de distribuição para produtos da agricultura familiar: um
estudo em hortaliças. 2004. 190 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção).-
Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2004.
MAIA, M., PEREIRA, S.; DI SERIO, L. Tourism in the digital economy: a study of sites in
Brasil. In: BALAS CONFERENCE - BUSINESS ASSOCIATION OF LATIN AMERICA,
San Diego. Anais… San Diego, 2001. 1 CD - ROM.
MAIA, M., PEREIRA, S.; DI SERIO, L. Implications of the use of electronic commerce in
market direct companies: a case study In: CONGRESSO LATINO AMERICANO DE
ESCOLAS DE ADMINISTRAÇÃO, 37., 2002, Porto Alegre. Anais… Porto Alegre, 2002. 1
CD - ROM.
MANN, C. L. et al. Global electronic commerce: a policy primer. Washington, DC: Institute
for International Economics, 2000.
MARCOVITCH, J. Competitividade e tecnologia no Brasil. São Paulo: Instituto de Estudos
Avançados/USP, out.,1992. (Série política científica e tecnológica).
MARKILLIE, P. Crowned at last. The Economist, London, v. 375, n. 8420, p. 1-16, 2, Abr.,
2005.
MARQUES, R.W.C., 2002. Avaliação da sazonalidade do mercado de flores e plantas
ornamentais no estado de São Paulo. 2002, 112 p. Dissertação (Mestrado em Economia
Aplicada) - ESALQ/USP, Piracicaba, 2002.
MARTINS, G. A. Manual para elaboração de monografias e dissertações. São Paulo:
Atlas, 1994.
MARTINS JUNIOR, J. Classificação de páginas na Internet. 2002, 81 p. Dissertação
(Mestrado em Ciência de Computação e Matemática Computacional) – ICMC/USP, São
Carlos, 2003.
209
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO - SECRETARIA
DE COMÉRCIO EXTERIOR. Alice Web. Disponível em:
<http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/default.asp> Acesso em: 10 jun. 2006.
MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES. Portal de serviços e informações de governo.
Disponível em
<http://www.redegoverno.gov.br/defaultCab.asp?idservinfo=30232&url=http://www.correios.
com.br/produtos_servicos/catalogo/internacionais/correio_expresso/intl_correio_expresso.cfm
>. Acesso em: 20 jul. 2006.
MINTZBERG, H. The entrepreneurial organization. In: MINTZBERG, H.; QUINN, J. B. The
strategy process: concepts and contexts. Englewood Cliffs, N.J. : Prentice Hall, 1992.
MONGIELLO, M. Finite-state verification of the ebXML protocol. Electronic Commerce
Reserch and Applications ,v.5, n.2, p.147-169, 2006.
MOTOS, J. R. Oportunidades de exportação de flores e plantas ornamentais. 2001.
Disponível em: <http://www.florabrasilis.com.br/portugues.htm>. Acesso em: 10 dez. 2004.
MOURA CASTRO, C . A prática da pesquisa. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1978.
NEOSITE. Como funciona o Google. Disponível em: <
http://neosite.ilogic.com.br/artigos/google.htm>. Acesso em: 20 out. 2005.
NEVES, M. F. Sistema agroindustrial citrícola: um exemplo de quase integração no
agribusiness. 1995. 116 p. Dissertação (Mestrado em Administração). – Faculdade de
Economia, Administração e Ciências Contábeis, Universidade de São Paulo, São Paulo. 1995.
___________. Um modelo para planejamento de canais de distribuição no setor de
alimentos. 1999. 187 p. Tese (Doutorado em Administração) – Faculdade de Economia,
Administração e Ciências Contábeis, Universidade de São Paulo, São Paulo.
NOGUEIRA, W. Real impulsiona as vendas do varejo. Super Hiper, n. 235, p.50-56, mar.
,1995.
NORMANN, R. Administração de serviços: estratégia e liderança na empresa de serviços.
São Paulo: Atlas, 1993.
OKUDA, T. Flores: atividade em expansão. Revista Frutas & Legumes, v.3, n.2, p.1-4, 1997.
OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia, práticas. 10 ed. São
Paulo: Atlas, 1996.
PARENTE, J. Varejo no Brasil: gestão e estratégia. São Paulo: Atlas, 2000.
210
PARK, C.; JUN, J-K. A cross-cultural comparison of Internet buying behavior effects of
Internet usage, perceived risks, and innovativeness. International Marketing Review, v.20,
n.5, p.534-553, 2003.
PAUWELS, K.; DANS, E. Internet marketing the news: leveraging brand equity from market
place to market space. Journal of Brand Management, v.8, n.4-5, p.303-314, 2001.
PEATTIE, K.; PETERS, L. The marketing mix in the third age of computing. Marketing
Intelligence & Planning, v.15, n.3, p.142-150, 1997.
PICOT, A.; RIPPERGER, T.; WOLFF, B. The fading Boundaries of the Firm: the role of
information and communication technology. JITE, v. 152, n.1, p. 66-79, mar., 1996.
PIGATTO, G.; ALCANTARA, R. L. C. Relacionamentos cooperativos nos canais de
distribuição: a identificação dos novos padrões. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE
ECONOMIA E GESTÃO DE REDES AGROALIMENTARES – EGNA, 2003, 4., Ribeirão
Preto. Anais... FEARP/USP - Ribeirão Preto, 2003. 1 CD – ROM.
QUELCH, J. A.; KLEIN, L. The Internet and international marketing. Sloan Management
Review, v. 37, n.3, p. 60-75, 1996.
RAIO-X do Comércio Eletrônico Brasileiro 2004. Disponível em:
<http://www.ebitempresa.com.br>. Acesso em: 20 maio 2005.
RAIO-X do Comércio Eletrônico Brasileiro 2005. Disponível em:
<http://www.ebitempresa.com.br>. Acesso em: 9 jul. 2006.
RAYPORT, J. F.; SVIOKLA, J. J. Exploiting the virtual value chain. Harvard Business
Review., nov.-dec., 1995. (reprint number)
RANKING ABRAS 2005. Ranking ABRAS 2005. Super Hiper, n. 353, p.44-67, maio, 2005.
REBOUÇAS, L. A volta do leiteiro. Exame. 34, n.5, p.130-134. mar., 2000.
REEDY, J; SCHULLO, S; ZIMMERMAN, K. Marketing eletrônico. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
RETTER, T.; CALYNIUK, M. Technology forecast: 1998. Menlo Park, CA: Price
Waterhouse, 1998.
211
REYNOLDS, J. Logistics and fulfillment for e-business. New York: CMP Books, 2001.
RIES, A.; RIES, L. The 11 immutable laws of internet branding. New York: Harper
Business, 2000.
ROCKART, J. A new approach to defining the chief executive’s information needs.
Mssachusetts: Center for Information Systems Research. Sloan School of Management.
Massachusetts Institute of Technology, 1978. Working Paper no. 37.
ROSEMBLOOM, B. Canais de marketing: uma visão gerencial. São Paulo: Atlas, 2002.
SÁ, C. D.; BROEK, L. V.D.; SILVA, A. L. Cooperação e motivação na comercialização de
flores: um estudo multicaso. In: INTERNATIONAL PENSA CONGRESS – IPC, 2005. 6.,
Ribeirão Preto. Anais... FEARP/USP - Ribeirão Preto, 2005. 1 CD – ROM.
SAMANIEGO, M. J. G.; ARRANZ, A. M. G.; CABEZUDO, R. S. J. Determinants of internet
use in the purchasing process. Journal of Business & Industrial Marketing, v. 21, n. 3, p.
164-174, 2006.
SANTOS, V. Na velocidade do byte. Frota & Cia. 6, n.36, p.12-15, ago., 2000.
SEBRAE. Expansão da floricultura. Disponível em
<http://www.sebrae.com.br/br/revista_agro/expansao.asp>. Acesso em: 5 mar. 2005.
SEYBOLD, P.; MARSHAK, R. T. Clientes.com. São Paulo: Makron Books, 2000.
SELLTIZ, C. et al. Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo: EPU, 1974.
SHERER, S. A. From supply-chain management to value network advocacy: implications for
e-supply chains. Supply Chain Management: An International Journal. v.10, n.2, p.77–83,
2005.
SHETH, J.; MITTAL, B.; NEWMAN, B. Customer behavior: consumer behavior and
beyond. USA: Drydeen Press, 1999.
SILVA, A. L. Tecnologia da informação no varejo: o caso do Pão-de-Açucar Delivery. In:
MARCOVITCH, J. (Org.) Tecnologia da informação e estratégia empresarial. São Paulo:
FEA/USP, 1996. p. 25-38.
212
____________. A adoção de tecnologia de informação em canais de distribuição. 1999.
155 f. Tese (Doutorado em Administração).- Faculdade de Economia, Administração e
Ciências Contábeis, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999.
SILVA, A.L. et al. Portais verticais e comércio eletrônico voltado ao agronegócio. Preços
Agrícolas, Piracicaba, p. 3-7, maio-jul., 2001.
SILVA FILHO, A. A. Comércio eletrônico: marketing, segurança, aspectos legais e logística.
2000. 225 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)- Universidade Federal de
Santa Catarina, Mossoró. 2000.
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. São Paulo:
Atlas, 2002.
SLEIGHT, S. Como implantar o e-business. São Paulo: Publifolha, 2001.
SMITH, M. H., SMITH, D. I’m sorry we can’t deliver… fulfilling the E-business promise. In:
EUROPEAN OPERATIONS MANAGEMENT ASSOCIATION CONFERENCE
(EUROMA) – OPERATIONS AND GLOBAL COMPETITIVENESS, 2005. Budapest.
Anais… Budapest, 2005. 1 CD – ROM.
SMORIGO, J.N. Análise da eficiência dos sistemas de distribuição de flores e plantas
ornamentais no estado de São Paulo. 2000. 130f. Dissertação (Mestrado em Economia
Aplicada)- ESALQ/USP, Piracicaba, 2000.
SOLOMON, M. R. Consumer behavior: buying, having and being. 4. ed. New Jersey:
Prentice Hall, 1998.
STERN, L.; EL-ANSARY, A. I.; COUGHLAN, A. Marketing channels. 5. ed. Upper Saddle
River: Prentice Hall, 1996.
STRADER, T. J. ; SHAW, M. J. Characteristics of electronic markets. Decision Support
Systems, v. 21, n. 3, p.185-198, 1997.
STRAUSS, J.; FROST, R. E-marketing. 2. ed. Upper Saddle River: Prentice-Hall, 2001.
TAMIMI, N.; RAJAN, M.; SEBASTIANLLI, R. The state of online retailing. Internet
Research: Electronic Networking Applications and Policy, v. 13, n. 3, p.146-155, 2003.
213
TAYLOR, M, J.; ENGLAND, D. Internet marketing: web site navigational design issues.
Marketing Intelligence & Planning. v.24, n.1, p.77-85, 2006.
THOMPSON JR, A. A.; STRICKLAND III, A. J. Planejamento estratégico: elaboração,
implementação e execução. São Paulo: Pioneira, 2000.
TRIVIÑOS, A.N.S. Introdução à pesquisa em Ciências Sociais: a pesquisa qualitativa em
educação. São Paulo: Atlas, 1990.
TURBAN, E.; RAINER, R. K.; POTTER, R.E. Administração de tecnologia da informação.
Rio de Janeiro: Campus, 2003.
TURBAN, E.; KING, D. Comércio eletrônico: estratégia e gestão. São Paulo: Prentice Hall,
2004.
TZONG-RU, L.; JAN-MOU, L. Key factors in forming an e-marketplace: an empirical
analysis. Electronic Commerce and Applications, v. 5, n. 2, p.105-116, 2006.
UNITED STATES INTERNATIONAL TRADE COMMISSION. Industry & trade
summary: cut flowers. 2003. Disponível em:
<http://www.dataweb.usitc.gov/SCRIPTS/tariff/toc.html>. Acesso em: 5 mar. 2003.
VEILING HOLAMBRA. Catálogo de flores e plantas ornamentais 2002. Holambra, 2002.
VEILING HOLAMBRA. Disponível
em:<http://www.veiling.com.br/empresa.htm?i=50&j=2>. Acesso em: 10 ago. 2004.
VIANA, F. L. E. Entendendo a logística e seu estágio atual. Revista Científica da Faculdade
Lourenço Filho, v.2, n.1, p.1-9, 2002. Disponível em: <http:// www.flf.edu.br/rev_vol2.php
>. Acesso em: 15 abr. 2005.
VIDOTTI, S. A. B. G; SANCHES, S. A. S. Arquitetura da informação em Web Sites.
In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO PROF. PAULO
TARCÍSIO MAYRINK, 2004, 4., Marília, Anais...Marília, 2004. 1 CD - ROM.
VRECHOPOULOS, A. P. et al. Virtual store layout: an experimental comparison in the
context of grocery retail. Journal of Retailing, v. 80, n. p. 13-22, 2004.
WEBB, K. L. Managing channels of distribution in the age of electronic commerce.
Industrial Marketing Management, v.31, 2, p. 95-102, fev. 2002.
WILLET, R.P.; STEPHESO, P. R. Determinants of buyer response to physical distribution
service. Journal of Marketing Resarch, v.6, n.3, p. 279-283, aug., 1969.
214
WILLIAMSON, O.E. Strategizing, economizing and economic organization. Strategic
Management Journal, v. 12, p. 75-94, 1991. (special issue).
YIN, R.K. Estudo de caso: planejamento e métodos, 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
YU, J. Marketing to chinese consumers on the internet. Marketing Intelligence & Planning,
v.24, n.4, p.380-392, 2006.
215
APÊNDICES
APÊNDICE A – Roteiro do questionário apresentado às pessoas-chave das empresas que
operam o varejo eletrônico de flores
DADOS GERAIS
Nome da empresa: __________________________________________________
Nome do entrevistado: _______________________________________________
Endereço da empresa: _______________________________________________
Endereço do Site: ___________________________________________________
Cep.: _______________ Cidade: ______________________ Estado: São Paulo
Tel.: _______________ Fax.: ________________ Data _____/_____/_________
Faturamento anual declarado em 2005 (valor em real): ___________________
QUESTÕES GERAIS
1-) Descrever um breve histórico da empresa:
2-) Qual o organograma da empresa?
3-) Quais seus pontos fortes e fracos em relação aos concorrentes?
4-) Quais os fatores que julga serem o sucesso da empresa?
5-) A empresa também opera o varejo físico (floricultura ou Garden Center)?
( ) Sim ( ) Não
6-) Por quê (Sim ou Não)?
216
7-) Caso sim à questão anterior, o varejo físico e o eletrônico têm o mesmo nome (marca)?
( ) Sim ( ) Não, qual? ______________________________________________
8-) Por quê (Sim ou Não)?
PRODUTO/ SERVIÇO
9-) Quais os principais produtos comercializados? (destacar os três mais relevantes em ordem
de importância - de 1 a 3, sendo 1 o mais importante e 3 o menos importante)
( ) Flores e livros;
( ) Flores e bebidas;
( ) Flores e pelúcias;
( ) Flores e chocolates;
( ) Flores e perfumes/ cosméticos;
( ) Flores e jóias;
( ) Cestas de café da manhã;
( ) Buquês;
( ) Arranjos florais;
( ) Vasos;
( ) Outro(s), qual(is)? ________________________________________
10-) Quanto percentualmente representam cada um dos principais produtos vendidos no
faturamento da empresa?
SERVIÇOS/CAPITAL HUMANO
11-) Quantos funcionários a empresa possui?
12-) Como funciona o processo de seleção dos funcionários da empresa?
13-) Quais os tipos de funcionários da empresa?
Linha de frente/ Front Office
217
( ) Telefonistas, responsáveis pelo call center , telemarketing, etc.
( ) Motorista / entregador
( ) Outro(s), qual(is)? ________________________________________
Retaguarda/ Back Office
( ) Florista / decorador
( ) Secretária
( ) Outro(s), qual(is)? ________________________________________
14-) Há treinamento dos funcionários?
( ) Sim Não ( )
25-) Caso sim à questão anterior, como ocorre esse treinamento?
a-) Linha de frente/ Front Office
- Telefonistas, responsáveis pelo call center , telemarketing, etc.
- Motorista / entregador
- Outro(s), qual(is)? ________________________________________
b-) Retaguarda/ Back Office
- Florista / decorador
- Secretária
- Outro(s), qual(is)? ________________________________________
16-) Como é trabalhada a motivação dos funcionários da linha de frente
da empresa? (destacar
os três mais relevantes em ordem de importância - de 1 a 3, sendo 1 o mais importante e 3 o
menos importante)
( ) Recompensa financeira, salários, participações, bônus;
218
( ) Promoção, vertical ou horizontal;
( ) Reconhecimento da gerência;
( ) Oportunidade de carreira;
( ) Reconhecimento dos consumidores;
( ) Sentimento de eficácia pessoal;
( ) Oportunidade de crescimento, em termos de qualificação ou conhecimento;
( ) Segurança;
( ) Responsabilidade;
( ) Respeito e amizade dos companheiros;
( ) Outro(s), qual(is)? ________________________________________
17-) Como é trabalhada a motivação dos funcionários da retaguarda
da empresa? (destacar os
três mais relevantes em ordem de importância - de 1 a 3, sendo 1 o mais importante e 3 o
menos importante)
( ) Recompensa financeira, salários, participações, bônus;
( ) Promoção, vertical ou horizontal;
( ) Reconhecimento da gerência;
( ) Oportunidade de carreira;
( ) Reconhecimento dos consumidores;
( ) Sentimento de eficácia pessoal;
( ) Oportunidade de crescimento, em termos de qualificação ou conhecimento;
( ) Segurança;
( ) Responsabilidade;
( ) Respeito e amizade dos companheiros;
( ) Outro(s), qual(is)? ________________________________________
18-) A empresa avalia o desempenho dos funcionários da retaguarda?
( ) Sim Não ( )
19-) Caso “Sim” a questão anterior, como e quando esta é feita?
219
20-) A empresa avalia o desempenho dos funcionários da linha de frente?
( ) Sim Não ( )
21-) Caso “Sim” a questão anterior, como e quando esta é feita?
22-) Quais os fatores de destaque da equipe gerencial da empresa?
PREÇO
23-) Qual (is) as estratégias de precificação dos produtos vendidos?
( ) Preços de penetração – preços mais baixos para um novo produto
( ) Desnatação (Skimming – preços mais altos para um novo produto)
( ) Liderança em preços – preços mais baixos que o dos concorrentes
( ) Preços promocionais – para estimular a primeira compra
( ) Preços promocionais – para estimular as próximas compras
( ) Outro(s), qual(is)? ________________________________________
24-) Caso a empresa opere no varejo físico e no eletrônico, há diferença de preço de um
mesmo produto, oferecido nos dois canais?
25-) Caso “Sim” a questão anterior, por quê? Isso gera algum problema ou conflito?
220
COMUNICAÇÃO
26-) Qual(is) os meios de propaganda mais utilizados para divulgar a empresa e mais
especificamente a operação virtual? (destacar os três mais relevantes em ordem de
importância - de 1 a 3, sendo 1 o mais importante e 3 o menos importante)
( ) Banners da empresa em sites de busca ou portais;
( ) Links da empresa em sites de busca ou portais;
( ) Endereço eletrônico da empresa listado em sites de busca ou portais;
( ) Spams;
( ) Panfletos;
( ) Exposições;
( ) Propagandas em revistas especializadas (do setor);
( ) Propagandas em revistas de conteúdo geral;
( ) Propagandas de TV;
( ) Propagandas de rádio;
( ) Outro(s), qual(is)? ________________________________________
27-) Quais as ferramentas de comunicação utilizadas para atrair e manter o cliente quando
este já estiver navegando no site da empresa? (destacar os três mais relevantes em ordem de
importância - de 1 a 3, sendo 1 o mais importante e 3 o menos importante)
( ) Interstícios “pop ups”;
( ) Serviços de suporte a venda e pós venda (chats e call centers);
( ) Embalagem com estampa promocional;
( ) E-mails informativos (news letters);
( ) Cupons de desconto (promoção de vendas);
( ) Concursos (promoção de vendas);
( ) Sorteios (promoção de vendas);
( ) Eventos online (relações públicas);
( ) Brochureware - brochura colocada online com conteúdo estático - (relações públicas);
( ) Informação sobre produtos (relações públicas);
( ) Localizadores de revendas (relações públicas);
221
( ) Testemunhos (relações públicas);
( ) Serviço ao consumidor (relações públicas);
( ) Informações sobre formas de utilização dos produtos (relações públicas);
( ) Listas de discussão e suporte sobre o produto (relações públicas);
( ) Vitrine expositiva (merchandising);
( ) Layout e Design atrativos (merchandising);
( ) Outro(s), qual(is)? ________________________________________
28-) Quais as ferramentas de comunicação utilizadas para manter o cliente quando este já
tiver feito a primeira compra - tendo assim seus dados cadastrados (destacar os três mais
relevantes em ordem de importância - de 1 a 3, sendo 1 o mais importante e 3 o menos
importante)?
( ) Interstícios “pop ups”;
( ) Serviços de suporte a venda e pós venda (chats e call centers);
( ) Embalagem com estampa promocional;
( ) E-mails informativos (news letters);
( ) Cupons de desconto (promoção de vendas);
( ) Concursos (promoção de vendas);
( ) Sorteios (promoção de vendas);
( ) Eventos online (relações públicas);
( )
Brochureware - brochura colocada online com conteúdo estático - (relações públicas);
( ) Informação sobre produtos
(relações públicas);
( ) Localizadores de revendas (relações públicas);
( )
Testemunhos (relações públicas);
( ) Serviço ao consumidor (relações públicas);
( ) Informações sobre formas de utilização dos produtos (relações públicas);
( ) Listas de discussão e suporte sobre o produto (relações públicas);
( ) Vitrine expositiva (merchandising);
( ) Layout e Design atrativos (merchandising);
( ) Outro(s), qual(is)? ________________________________________
29-) O site reconhece os diferentes clientes e perfis quando estes entram no site com seu login
e senha?
222
Sim ( ) Não ( )
30-) Caso “Sim” a questão anterior, qual sua forma de funcionamento?
31-) Caso haja hospedagem em sites de busca ou portais, Qual(is) são estes sites?
32-) A hospedagem é paga?
Sim ( ) Não ( )
33-) São priorizadas as formas de propaganda no ambiente da Internet?
Sim ( ) Não ( )
34-) Caso “Sim” à questão anterior, Porquê? __________________________________
35-) Há padronização do Banner?
Sim ( ) Não ( )
36-) Por quê (Sim ou Não) à questão anterior?
37-) São utilizados os pop ups?
Sim ( ) Não ( )
38-) Por quê (Sim ou Não) à questão anterior?
39-) Há personalização dos informativos ou Spams?
Sim ( ) Não ( )
40-) Por quê (Sim ou Não) à questão anterior?
223
41-) A empresa realiza algum estudo ou análise para se avaliar a resposta do consumidor a
alguns desses tipos de propaganda (qual o canal ou meio de comunicação que trás maior
retorno)?
Sim ( ) Não ( )
42-) Caso “Sim” a questão anterior, qual sua forma de funcionamento?
43-) A empresa mantém um banco de dados (estatísticas de compra, por exemplo) para
posteriormente oferecer propagandas com conteúdo personalizado?
Sim ( ) Não ( )
44-) Caso “Sim” a questão anterior, qual sua forma de funcionamento?
DISTRIBUIÇÃO
45-) Qual (is) são os domínios do site?
( ) .com;
( ) .com.br;
( ) .org;
( ) outro(s), qual(is)? ________________________________________
46-) Das características abaixo citadas, quais o site possui?
( ) Mostra endereço da loja física, caso possua;
( ) Tem um mostruário dos produtos, com fotos;
( ) Possibilita a seleção dos produtos a serem comprados;
( ) O pagamento pode ser feito diretamente pelo site;
( ) Possibilita acompanhamento online do pedido;
( ) Interação com agentes de venda (via telefone, chats ...);
224
47-) Quais as suas estruturas - bases tecnológicas?
Sistema Operacional
( ) Linux;
( ) FreeeBSD;
( ) Windows 2000/2003 Server;
( ) Outro(s), qual(is)? ________________________________________
Servidores WEB
( ) Apache;
( ) IIS;
( ) outro(s), qual(is)? ________________________________________
Linguagem
( ) PHP;
( ) ASP;
( ) outro(s), qual(is)? ________________________________________
48-) Qual o modelo (ou mix de modelos) seguido em relação ao layout do site?
( ) Rede ou Grade – Grid- arranjo retangular de prateleiras ou mostruários com longos corredores,
geralmente paralelos uns aos outros e seu uso é amplamente difundido no varejo alimentício, como mercados e
supermercados
Recebimento
e
Estoque
Frutas
Vegetais
Escritório e
Serviço ao
consumidor
Caixas Entrada
Saída
Livros, revistas, mostruários
225
( ) Livre – Free Form - constituído por um fluxo livre e assimétrico de prateleiras ou mostruários e
corredores, empregando uma variedade grande de tamanhos, formatos e estilos de mostruários/prateleiras e é
amplamente difundido em grandes lojas de departamento;
( ) Pista de corrida/ butique – racetrack/boutique
( ) Pista de corrida/ butique – racetrack/ boutique- organizado em áreas individuais
semi-separadas, cada uma construída ao redor de um tema específico, dentro da loja;
( ) Outro(s), qual(is)? ________________________________________
Recebimento, estoque, costura
Chapéus
e
bolsas
Vitrine
Calças
Saias
e
vestidos
Entrada
Jeans
Queima
de
estoque
Casual
Moda íntima
Vitrine
Provadores
Acessórios Tops
Tops
Caixa
Artigos
Esportivos
Joalheria
Acessórios
Artigos
De
Presente
Cosméticos
Vestidos
Calçados
Moda infantil
Bolsas
Moda
Fem.
SaiasBanho
Moda masc.
Caça e
Pesca
CDs
DVDs
226
49-) Quais os principais fatores considerados no desenvolvido o layout do site?
(destacar os três mais relevantes em ordem de importância - de 1 a 3, sendo 1 o mais
importante e 3 o menos importante)
( ) Facilidade de uso (navegação e compra) pelo consumidor;
( ) Tempo ( o processo de cadastro e compra é rápido);
( ) Entretenimento (fotografias dos produtos, animações em Flash, cartões virtuais ...);
( ) Informações (textos informativos em HTML, serviços de atendimento ao cliente chats,
“tira dúvidas”, e-mail ou call center;
( ) Outro(s), qual(is)? ___________________________________________________
50-) Caso atue no varejo físico também, quais as vantagens ou desvantagens de atuar nos dois
canais?
51-) Quais as opções de pagamento oferecidas? (destacar os três mais relevantes em ordem de
importância - de 1 a 3, sendo 1 o mais importante e 3 o menos importante)?
( ) Boleto bancário;
( ) Cartão de crédito;
( ) Reembolso postal;
( ) Programação eletrônica de débito em conta corrente;
( ) Dinheiro virtual identificado;
( ) Dinheiro virtual anônimo;
( ) Outro(s), qual(is)? ___________________________________________________
52-) Com que freqüência as entregas ocorrem no prazo prometido?
53-) Como são tratadas as entregas que ocorrem fora do prazo?
( ) Benefícios aos clientes
( ) Brindes
( ) Pedidos de desculpa
( ) Outro(s), qual(is)? ___________________________________________________
227
54-) Quais recursos são oferecidos ao consumidor?
( ) Balcão de dúvidas através de chats:
( ) Balcão de dúvidas através de serviço telefônico (0 800);
( ) Contato telefônico com o consumidor caso haja dificuldade em encontrar o local
de entrega;
( ) Rastreamento online do pedido;
( ) Outro(s), qual(is)? ___________________________________________________
55-) Existe o risco de não pagamento por parte dos clientes compradores?
Sim ( ) Não ( )
56-) Caso “Sim” a questão anterior, como este pode ser minimizado?
57-) Qual o risco de violação dos dados do cliente por hachers?
( ) nulo
( ) muito pequeno
( ) pequeno
( ) médio
( ) grande
( ) muito grande
58-) Quais os mecanismos de segurança empregados no site?
( ) Barreiras físicas (firewalls);
( ) Criptografia de chave única;
( ) Criptografia de chave pública;
( ) Protocolo (regras) de autenticação;
( ) Certificados digitais;
( ) Assinaturas digitais;
( ) Selos digitais;
( ) Outro(s), qual(is)? ________________________________________
228
59-) Existe algum selo que comprove a privacidade e a segurança da navegação e da compra?
( ) Sim ( ) Não
60-) Caso “sim” a questão anterior, qual(is)?
( ) E-bit;
( ) Verisign;
( ) Loca web;
( ) Outro(s), qual(is)? ________________________________________
61-) Quais os motivos da escolha deste?
QUESTÕES ENVOLVENDO LOGÍSTICA E OPERAÇÕES
62-) Como funciona o processo de logística de suprimento?
63-) Como funciona o processo de distribuição física?
64-) Existem acordos com atacadistas fornecedores?
Sim ( ) Não ( )
65-) Caso “Sim” a questão anterior, qual sua forma de funcionamento?
66-) Qual a área de abrangência da entrega?
( ) Regional;
( ) Nacional;
( ) Internacional – quais países? __________________________________________
67-) Quais as vantagens e desvantagens dessa(s) escolha(s)?
229
68-) Qual o tempo de ciclo de pedido (tempo transcorrido entre a colocação do pedido pelo
cliente até sua entrega)? Para as diferentes regiões atendidas?
69-) Os pedidos são feitos com quanto tempo de antecedência?
70-) O que é priorizado no nível de serviço logístico?
( ) Qualidade;
( ) Entregas no prazo;
( ) Flexibilidade;
( ) Outro(s), qual(is)? ________________________________________
71-) Como a empresa equilibra o nível de serviço com os custos?
( ) Utiliza softwares para otimizar a entrega;
( ) Otimiza a carga;
( ) Utiliza meios de transporte mais baratos;
( ) Outro(s), qual(is)? ________________________________________
72-) Quais os sistemas de distribuição física?
( ) Distribuição própria – qual a área de abrangência? ________________________
( ) Arranjos, acordos com outras floriculturas ou garden centers;
( ) Serviços de entrega como FEDEX, UPS ou outros, quais? ___________________
( ) Outro(s), qual(is)? ___________________________________________________
73-) Caso exista a distribuição própria? Como esta funciona?
74-) Caso existam acordos com floriculturas ou garden centers (em cidades distantes,
emoutros estados ou países)? Como estes são estabelecidos?
75-) Como funcionam os serviços terceirizados de entrega de flores para o Brasil ou para o
exterior?
230
76-) Existe controle da cadeia do frio e da água no processo de manejo – confecção do buquê
ou arranjos e no transporte?
( ) Sim Não ( )
77-) Caso “Sim” a questão anterior, como esses controles são feitos?
78-) Existe estoque?
( ) Sim ( ) Não
79-) Caso “Sim” à questão anterior, como ele é gerenciado?
80-) Como a empresa mantém o padrão de qualidade dos produtos, já que o produto entregue
precisa ser idêntico ao visto pelo cliente nas fotos do site? (tratando-se de cada uma das
opções de entrega)
a-) na distribuição própria – ________________________________________________
b-) em arranjos, acordos com outras floriculturas ou garden centers - _______________
c-) em serviços de entrega como FEDEX, UPS ou outros - _______________________
d-) em outro(s), qual(is)? - _________________________________________________
81-) Quais os principais riscos percebidos pelo cliente (destacar os três mais relevantes em
ordem de importância - de 1 a 3, sendo 1 o mais importante e 3 o menos importante)?
( ) Riscos de não entrega;
( ) Riscos de entrega fora do prazo;
( ) Entrega sem os padrões de qualidade pré-estabelecidos;
( ) Riscos relacionados a segurança no fornecimento de dados e pagamento eletrônico;
( ) Outros, quais? ______________________________________________________
231
82-) Quais os principais riscos percebidos pela empresa (destacar os três mais relevantes em
ordem de importância - de 1 a 3, sendo 1 o mais importante e 3 o menos importante)?
( ) Riscos de não entrega;
( ) Riscos de entrega fora do prazo;
( ) Entrega sem os padrões de qualidade pré-estabelecidos;
( ) Riscos de não pagamento;
( ) Falta de suprimento de matérias primas;
( ) Outros, quais? ______________________________________________________
83-) Quais as medidas tomadas para minimizá-los?
( ) Controle via mercado - simples e requer consultar a própria experiência para continuar o
relacionamento ou mudar
( ) Controle trilateral - forma intermediária de controle, onde terceiros dão assistência, resolvem disputas
e avaliam o desempenho. (ex: arquiteto monitorando a obra)
( ) Controle bilateral - estrutura especializada de controle para o caso de transações recorrentes de ativos
médios ou muito específicos. Como as transações são recorrentes, permite que os custos da estrutura sejam
diluídos
( ) Controle unificado - dá-se em atividades integradas verticalmente
( ) Contratos
( ) Outro(s), qual(is)? ________________________________________
OBJETIVOS DE DESEMPENHO
83-) Qual(is) os objetivos de desempenho que considera mais importante para o sucesso da
empresa (destacar os três mais relevantes em ordem de importância - de 1 a 3, sendo 1 o mais
importante e 3 o menos importante)?
( ) Qualidade
( ) Rapidez
( ) Confiabilidade
( ) Flexibilidade
( ) Custos
232
APÊNDICE B – Roteiro do questionário apresentado ao especialista no mercado de flores
DADOS GERAIS
Nome da empresa: __________________________________________________
Nome do entrevistado: _______________________________________________
Endereço da empresa: _______________________________________________
Endereço do Site: ___________________________________________________
Cep.: _______________ Cidade: ______________________ Estado: São Paulo
Tel.: _______________ Fax.: ________________ Data _____/_____/_________
Faturamento anual declarado em 2005 (valor em real): ___________________
1-) Descrever um breve histórico da empresa:
2-) Qual o organograma da empresa?
3-) Como funciona o processo de logística de suprimento das flores e plantas (onde e como
são compradas as flores e plantas)?
4-) Quantas empresas que operam com o varejo eletrônico de flores compram flores/plantas
de sua empresa?
5-) Como funciona o processo de distribuição para essas empresas?
6-) As empresas que operam o varejo eletrônico de flores mantêm, no transporte ou
armazenagem, as cadeias do frio e da água?
7-) Qual a freqüência com que esses varejistas compram na empresa?
8-) Quais são os principais produtos comprados?
9-) Quais as outras fontes de suprimento de flores e plantas (centros de comercialização,
atacadistas, etc.) para as empresas que operam o varejo eletrônico de flores (em ordem de
importância)?
233
10-) Existem contratos com as empresas de varejo eletrônico de flores?
11-) Qual a freqüência e intensidade de compras de flores e plantas de “épocas específicas”?
12-) Quais os fatores que julga serem o sucesso da empresa?
13-) Quais os fatores que julga serem o sucesso das empresas que operam o varejo eletrônico
de flores?
234
APÊNDICE C – Protocolo de pesquisa.
PROTOCOLO DE PESQUISA
Este trabalho é parte dos requisitos do aluno Luciano van den Broek, aluno de
mestrado em Engenharia de Produção da UFSCar, para a conclusão da sua dissertação cujo
título é: “Fatores-chave de sucesso na comercialização eletrônica de flores: um estudo
multicaso no varejo”.
O objetivo geral deste trabalho é estudar, a partir de um estudo multicaso na
região da grande São Paulo, as estratégias de Marketing-mix e logística utilizadas pelo varejo
eletrônico de flores, para que assim, possa-se destacar quais são os objetivos de desempenho
priorizados pelas empresas e seus stakeholders, identificando seus fatores-chave de sucesso.
Como objetivos específicos pretende-se:
identificar como as empresas operam o varejo eletrônico de flores;
analisar a organização do suprimento de flores via varejo eletrônico,
analisar as decisões em termos de produto, preço, comunicação e distribuição para
comercialização eletrônica de flores;
entender como as empresas se estruturam em termos de logística de entrega e a
outros aspectos relevantes no caso do varejo eletrônico de flores;
destacar quais são os objetivos de desempenho priorizados pelas empresas
identificar os riscos percebidos pelos clientes e sua influência sobre os objetivos de
desempenho no varejo eletrônico de flores
analisar as vantagens e desvantagens de a empresa passar a operar com o varejo
eletrônico de flores tendo sido um varejo convencional anteriormente (floricultura ou garden
center por exemplo) e sua influência nos objetivos de desempenho.
a partir dos objetivos acima, pretende-se identificar os fatores-chave de sucesso das
empresas que operam com o varejo eletrônico de flores e propor um conjunto de
recomendações para sua melhoria.
É importante ressaltar que as informações fornecidas na entrevista serão
mantidas em sigilo. O aluno compromete-se a não divulgar o nome da pessoa entrevistada
nem a razão social da empresa e tampouco associará informações que permitam a
identificação da mesma. Ao final do trabalho, será fornecido um sumário executivo com as
principais conclusões obtidas.
235
A entrevista deve ser feita com uma pessoa que conheça o tema e sua evolução
na empresa. Para auxiliar a entrevista, o aluno terá a mão uma cópia do questionário e
fornecerá outra ao entrevistado, caso seja solicitado. Quando permitido, será utilizado um
gravador para que a entrevista seja agilizada e para que informações importantes não sejam
perdidas. Caso contrário, serão feitas anotações durante a entrevista.
Os tópicos a serem discutidos serão colocados no início da entrevista e não será
exercido nenhum tipo de influência nas respostas. O tempo máximo previsto para as
entrevistas é de cerca de uma hora. Porém, dependendo da disponibilidade da pessoa
entrevistada, esse tempo pode ser reduzido para aproximadamente 45 minutos.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo