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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
CURSO DE MESTRADO
A INFLUÊNCIA DO VÍNCULO PARENTAL NA REAÇÃO
EMOCIONAL AO TRAUMA EM VÍTIMAS DE
VIOLÊNCIA SEXUAL
SIMONE HAUCK
Autora
Porto Alegre, 2005
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS: PSIQUIATRIA
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
CURSO DE MESTRADO
A INFLUÊNCIA DO VÍNCULO PARENTAL NA REAÇÃO
EMOCIONAL AO TRAUMA EM VÍTIMAS DE
VIOLÊNCIA SEXUAL
Dissertação de Mestrado, apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Ciências
Médicas: Psiquiatria como requisito para
obtenção do título de Mestre em
Psiquiatria.
SIMONE HAUCK
Autora
LÚCIA HELENA FREITAS CEITLIN
Orientadora
Porto Alegre, 2005
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS: PSIQUIATRIA
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3
Catalogação-na-Publicação
H368 Hauck, Simone
A influência do vínculo parental na reação emocional
ao trauma em vítimas de violência sexual / Simone Hauck.
– 2005.
123 f.
Dissertação (mestrado) — Programa de Pós-Graduação em Ciências
Médicas: Psiquiatria, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.
Orientadora: Lúcia Helena Freitas Ceitlin.
1. Relações pais-filho 2. Trauma - Estupro 3. Abuso sexual infantil I.
Ceitlin, Lúcia Helena Freitas II. Título
NLM W795
(Bibliotecária responsável: Elise Maria Di Domenico Coser – CRB-10/1577)
4
“O indicador mais efetivo da capacidade do paciente de se recuperar de um
evento traumático ocorrido na idade adulta está relacionado à natureza
e à qualidade de seus primeiros relacionamentos.”
Garland, 2004
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a meus pais, Ricardo e Evelise, e a toda minha família por
acreditar nos seus sonhos. Agradeço também aqueles que fizeram parte do meu
caminho, ensinando-me a realizá-los.
Em especial, agradeço ao meu marido Sharbel, amado companheiro, ao meu
filho Henrique, “gestado” junto essa dissertação, a minha orientadora, Lúcia
Helena, pela sabedoria de orientar sem privar de autonomia, ao Dr. Raul Hartke e
aos professores Cláudio Eizirik e Sidnei Schestatsky pelo exemplo e apoio e as
minhas companheiras nessa jornada acadêmica, Luciana Terra e Letícia Kruel.
Agradeço ao FIPE – Fundo de Incentivo a Pesquisa, ao GPPG – Grupo de
Pesquisa e Pós-Graduação, a UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre e ao Serviço de Psiquiatria e seus
professores, eternos mestres e fonte de inspiração.
Por fim, agradeço às pacientes com as quais compartilhei sofrimento e
busquei entender o significado de nascer de novo.
6
RESUMO
Fundamentação: A importância da relação da criança com seus pais na
formação da personalidade é reconhecida desde os primórdios do estudo da
mente humana. Diversas psicopatologias foram associadas a distúrbios nessa
relação. No entanto, até onde sabemos não há estudos que investiguem o
impacto desses vínculos no desenvolvimento de psicopatologia após a exposição
a eventos traumáticos na vida adulta. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi
investigar a associação entre a qualidade do vínculo percebido com os pais na
infância e a resposta emocional ao trauma na vida adulta em pacientes vítimas de
violência sexual. A hipótese de trabalho foi que esse vínculo seria um fator de
risco e resiliência para o desenvolvimento de psicopatologia após o evento
traumático. A associação poderia existir tanto por influir diretamente nas
características do indivíduo como na qualidade das suas relações atuais e da
rede social disponível. Como objetivo secundário foi realizada a adaptação
transcultural do Parental Bonding Instrument (PBI), para viabilizar da forma mais
fidedigna possível a investigação da percepção do vínculo com os pais na
infância. Método: Após revisar a literatura sobre risco e resiliência em situações
traumáticas, optou-se pelo uso do Parental Bonding Instrument (PBI) para
investigar a percepção do vínculo com os pais até os 16 anos.
Conseqüentemente, o primeiro passo do estudo consistiu na adaptação
transcultural deste instrumento. As mulheres que participaram do estudo foram
pacientes que denunciaram o estupro, tendo sido encaminhadas para tratamento
7
no Núcleo de Estudos e Tratamento do Trauma Psíquico do Hospital de Clínicas
de Porto Alegre (NET-TRAUMA) em um período de nove meses. Os critérios de
inclusão foram: não apresentar violência física que necessitasse de cuidados
médicos específicos, além do atendimento ginecológico de rotina, e ter a primeira
avaliação psicológica entre o 2º e o 29º dia após o estupro. Os critérios de
exclusão foram retardo mental e sintomas psicóticos, que prejudicariam a
compreensão dos instrumentos. Trinta mulheres preencheram os critérios e todas
concordaram em participar, assinando consentimento informado. O estupro foi
confirmado por perícia médica realizada no Instituto Médico Legal como parte da
denúncia formal. Foi investigada a percepção sobre a qualidade do vínculo com
os pais na infância através do PBI, a gravidade dos sintomas agudos de
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) através da Davidson Trauma
Scale (DTS), a gravidade clínica através da Clinical Global Impressions Severity
of Illness Scale (CGI-S) e o diagnóstico de Transtorno de Estresse Agudo (TEA)
segundo critérios do DSM-IV. Dados clínico-demográficos foram coletados
ativamente através de entrevista semi-estruturada. Duas questões tipo Likert
sobre a percepção de apoio após o trauma foram acrescentadas a entrevista.
Resultados: A adaptação transcultural do PBI consistiu-se na equivalência
conceitual, na equivalência dos itens, na equivalência semântica, na equivalência
operacional e funcional, obtendo-se aprovação do autor do instrumento original da
versão final do PBI para o português brasileiro. Quanto a percepção do vínculo
com os pais na infância, a percepção de pais menos afetivos esteve diretamente
correlacionada com gravidade (P<0,05), mesmo quando controlando para outros
fatores através de modelos de análise hierárquica. Além disso, o diagnóstico de
TEA foi mais freqüente em mulheres que perceberam seus pais como menos
8
afetivos e mais controladores. Após a realização de modelos de regressão
hierárquica, além do afeto, a qualidade do apoio percebido esteve inversamente
correlacionada à gravidade dos sintomas de TEPT e a idade diretamente
correlacionada à gravidade clínica. Conclusão: A adaptação transcultural do PBI
alcançou os objetivos de equivalência, disponibilizando uma versão em português
brasileiro de um instrumento que tem se mostrado muito útil em pesquisas de
risco e resiliência nas últimas décadas. Os dados confirmando a hipótese do
papel dos vínculos precoces como um importante fator em termos de risco e
resiliência em situações traumáticas na vida adulta pode ser um aspecto
importante no entendimento de como algumas características individuais influem
na resposta ao trauma, levantando questões a serem exploradas em pesquisas
futuras.
9
ABSTRACT
Background: The importance of parental-child relationship in personality
development has been recognized since the primordial studies of human mind.
Several psychopathologies have been associated with disturbances in this
relationship. Nevertheless, there are no studies about the impact of these bonds in
psychopathology development after traumatic situations in adulthood. Objective:
The aim of this study was to examine the association of parental bonding
perceived in childhood and the emotional response to trauma in adult rape victims.
The study hypothesis was that parental bonding would be a resilience and/or a risk
factor for psychopathology after rape. The association could exist both by
influencing directly in individual characteristics and in the quality of current
relationships and social network. A secondary objective was the cross-cultural
adaptation of the Parental Bonding Instrument (PBI). Method: After reviewing the
literature about risk and resilience in traumatic situations, we decided to use the
Parental Bonding Instrument (PBI) to assess perceived parenting until the age of
sixteen. Therefore, the first step consisted in the cross-cultural adaptation of this
instrument. The subjects who took part in this study were women rape victims who
had formally denounced rape and were referred to psychiatric care at the Hospital
de Clínicas de Porto Alegre’s Trauma Unit Center during a ninth month period.
The inclusion criteria were: women who did not have physical injuries that required
medical attention other than routine gynecological assessment, and who had the
first psychological evaluation between the 2
o
and the 29
o
days after rape. The
exclusion criteria were mental retardation and psychotic symptoms, which would
10
hamper the understanding of the research instruments. Thirty women met the
criteria and all of them have agreed to be part of the study, and signed informed
consent forms. The rape was confirmed by forensic examination as part of the
formal legal process. The women were assessed regarding the perception of
parental bonding in childhood by means of the PBI and concerning the severity of
acute posttraumatic stress disorder (PTSD) symptoms through the Davidson
Trauma Scale (DTS). Clinical severity was assessed by means of the Clinical
Global Impressions Severity of Illness Scale (CGI-S). Clinical-demographic data
were actively inquired by means of a semi-structured interview. Two Likert type
questions were asked about the perceived support after the trauma. A semi-
structured interview, in accordance with the DSM-IV criteria, was done in order to
diagnose Acute Stress Disorder. Results: Regarding the cross-cultural adaptation
of PBI the following steps were performed: conceptual equivalence, item
equivalence, semantic equivalence, operational equivalence, functional
equivalence, and the approval of the final version by the author of the original
instrument. Concerning the perception of parental bonds in childhood, the
perception of having less affective parents was correlated with severity (P<0.05),
even when controlling for other variables using a hierarchical multivariate step
analysis. In addition ASD was more frequent in subjects with less affectionate and
more controlling fathers. After the multivariate hierarchical analysis, besides
affection, the perception of support was inversely correlated with PTSD symptoms
severity and age was directly correlated with clinical impairment. Conclusions:
The cross-cultural adaptation of PBI has reached the objectives of equivalence,
offering a Brazilian Portuguese version of an instrument that has been proven very
useful in risk and resilience studies in the last decades. The data confirming the
11
hypothesis of early bonds as an important factor in risk and resilience in traumatic
situations could be an important aspect in understanding how some individual
characteristics influence the traumatic response, raising questions to be
considered in further research.
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 13
2 HIPÓTESES.................................................................................................. 29
3 OBJETIVOS .................................................................................................. 30
3.1 Objetivo Geral ....................................................................................... 30
3.2 Objetivos Específicos............................................................................ 30
4 PROCEDIMENTOS....................................................................................... 32
4.1 FASE 1 - Adaptação transcultural do Parental Bonding Instrument
(PBI) para o Português Brasileiro (ARTIGO 1)....................... 32
4.2 FASE 2 - Adaptação da Davidson Trauma Scale (DTS) para o
Português Brasileiro ............................................................... 33
4.3 FASE 3 - Estudo da associação entre o vínculo percebido com os
pais na infância e a resposta emocional ao trauma de
estupro (ARTIGO 2) ............................................................... 34
5 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS......................................................................... 36
6 ARTIGO 1 – Adaptação Transcultural para o português brasileiro do
“Parental Bonding Instrument (PBI)”’......................................... 38
7 ARTIGO 2
INGLÊS - Parental bonding and emotional response to trauma: a study of
rape victims............................................................................... 57
PORTUGUÊS - Vínculo parental e resposta emocional ao trauma: um
estudo de vítimas de estupro ......................................... 80
8 DISCUSSÃO ................................................................................................. 99
9 CONCLUSÃO................................................................................................105
10 REFERÊNCIAS........................................................................................... 107
ANEXOS ........................................................................................................... 116
1. Protocolo
2. PARENTAL BONDING INSTRUMENT – Versão para o português brasileiro
3. ESCALA DAVIDSON DE TRAUMA
4. CGI - ESCALA DE IMPRESSÃO CLÍNICA GLOBAL - Severidade da
Doença
5. Estresse Agudo: (2 dias até um mês após o trauma)
6. Escala de Percepção de Apoio
7. Termo de Consentimento Informado
13
1 INTRODUÇÃO
O trauma psíquico real e suas conseqüências para o indivíduo,
principalmente o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), adquiriu
importância científica e social, a partir do estudo das ¨neuroses de guerra¨ que ao
chamar atenção para esse diagnóstico, evidenciou que as situações traumáticas
poderiam ter como conseqüência psicopatologias de alta prevalência e morbidade
[1]. Desde a inclusão do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) no DSM-
III, em 1980, as conseqüências emocionais que podem advir da exposição a
situações traumáticas vêm sendo extensamente estudadas [2]. Breslau e cols.
encontraram uma prevalência de TEPT ao longo da vida de 11% para mulheres e
5,5% para os homens, enquanto Kessler e cols. encontraram nos Estados Unidos
(EUA) uma prevalência do transtorno ao longo da vida entre 8 e 12%, sendo em
média duas vezes mais freqüente nas mulheres [3, 4]. Utilizando os critérios do
DSM-III-R, os achados do US National Comorbidity Survey evidenciaram que
mais de 50% dos entrevistados haviam sido expostos a pelo menos um evento
traumático ao longo da vida, e que aproximadamente 8% destes homens e 20%
destas mulheres desenvolveram TEPT, sendo o estupro o trauma associado às
maiores taxas de morbidade com uma incidência de TEPT de 65% nos homens e
45,9% nas mulheres [4]. Em realidade, as vítimas de estupro provavelmente
constituem o maior grupo de pessoas com TEPT nos EUA [5], tendo um estudo
demonstrado que aproximadamente um quarto das mulheres afirmaram ter sido
vítimas de estupro e que, entre mulheres com TEPT, 50% haviam sido estupradas
14
[6, 7]. Diversos autores têm salientado a potencial gravidade do trauma de
estupro e algumas especificidades da psicopatologia desencadeada por este tipo
de trauma como uma maior incidência de transtornos alimentares, desordens
sexuais e transtornos de humor, além da já citada maior incidência de TEPT [5, 8-
14].
Não existem estudos epidemiológicos que investiguem a incidência de
estupro no Brasil. Os dados do IBGE mais recentes apontam que, em 2003, foram
denunciados 14.280 casos de estupro no Brasil, uma taxa de 15,9 casos por 100
mil habitantes do sexo feminino, sendo que 30,67% destas ocorrências foram
feitas nas capitais brasileiras. No Rio Grande do Sul, foram denunciados 1329
casos em 2003, totalizando 24,8 casos por 100 mil habitantes do sexo feminino
[15]. Em concordância com diversos autores, Jon G. Allen em seu livro “Coping
with Trauma: Hope Trough Understanding” diz que mais alarmante é o fato de que
esses dados são provavelmente subestimados, salientando o notório sofrimento
adicional a que são submetidas as vítimas durante os procedimentos legais ao
optar por denunciar a violência sexual [16-24]. Da mesma forma, diversos autores
vêm chamando a atenção para as possíveis conseqüências emocionais que
podem advir nas equipes que lidam com esses pacientes, incluindo terapeutas,
médicos, assistentes sociais, enfermagem, profissionais dos serviços de
emergência, entre outros, gerando, muitas vezes, além do risco de psicopatologia
(traumatização vicária), situações de grupo (na equipe de atendimento) e na
relação médico-paciente de difícil manejo [23, 25-27].
Segundo o DSM-IV, o diagnóstico de TEPT pressupõe que o indivíduo
preencha o critério “A1”, ou seja, vivenciar ou testemunhar um ou mais eventos
15
traumáticos, que envolvam morte ou grave ferimento, reais ou ameaçados, ou
uma ameaça à integridade física, própria ou de outros e o critério “A2” que implica
uma resposta emocional de medo intenso, impotência ou horror. Além disso, deve
preencher pelo menos 1 dos 5 critérios “B” (re-experienciação intrusiva), 3 dos 7
critérios “C” (evitação e embotamento) e 2 dos 5 critérios “D” (hyperarousal ou
excitabilidade aumentada). A duração dos sintomas deve ser superior a 1 mês,
além de causar sofrimento ou prejuízo significativo. O DSM-IV apresenta o
diagnóstico de Transtorno de Estresse Agudo que se aplica do 2º ao 29º dia após
o trauma e requer a presença de sintomas “A”,” B”, “C” e “D” e pelo menos 3 de 5
sintomas dissociativos (distanciamento ou ausência de resposta emocional,
redução de consciência quanto as coisas que o rodeiam, desrealização,
despersonalização e amnésia dissociativa), além de prejuízo funcional e exclusão
de patologias de base que pudessem explicar os sintomas [28]. O diagnóstico de
TEA vem sendo questionado como um bom “rastreador” de casos que
potencialmente mereceriam tratamento precoce, pois, embora de fato detecte
casos mais graves, exclui uma parcela de pacientes com sofrimento significativo e
que poderia se beneficiar de intervenção precoce ao priorizar os sintomas
dissociativos para o seu diagnóstico [29].
O TEPT tem sido associado a grande morbidade e prejuízo funcional, mesmo
em suas formas subclínicas, constituindo uma patologia que em mais de um terço
dos casos é crônica, estando presente vários anos após a ocorrência do trauma,
mesmo em indivíduos que receberam algum tipo de tratamento [3, 30]. Um
grande número de estudos vêm sendo realizados na tentativa de identificar os
fatores associados ao desenvolvimento e a manutenção dessa patologia. Por que
16
algumas pessoas desenvolvem sintomas bastante limitantes, enquanto outras se
recuperam relativamente “ilesas” de situações traumáticas de extrema gravidade?
A capacidade de se recuperar de um evento traumático pode ser definida em
termos de resiliência, um conceito emprestado da física onde originalmente se
refere à capacidade de um material de retornar a sua forma original após ser
deformado por uma força. Em termos psicológicos, o conceito de resiliência
implica um processo dinâmico que inclui uma adaptação positiva no contexto de
adversidade significativa. Estudos em crianças apontaram diversos fatores como
importantes na capacidade de resiliência individual, incluindo atributos individuais
da criança, aspectos familiares e características do ambiente social. Nas últimas
duas décadas o foco das pesquisas empíricas tem se voltado para o
entendimento do processo através do qual os fatores protetores agem conferindo
capacidade adaptativa aos indivíduos [31].
Pesquisas em indivíduos expostos a situações traumáticas na vida adulta
apontam diversos fatores que ocorrem antes, durante e após o evento traumático
como relevantes do ponto de vista de risco e resiliência. Além das
particularidades do trauma, o diagnóstico de TEA, a gravidade dos sintomas de
TEPT no período agudo e a dissociação peritraumática estão fortemente
correlacionados com a severidade e com a manutenção do quadro [29, 32-36].
Presença de doença psiquiátrica prévia, capacidade cognitiva, história passada
de trauma, características da personalidade do indivíduo, separação precoce dos
pais e qualidade da rede social e do suporte emocional disponíveis também têm
se mostrado particularmente importantes quando pensamos em vulnerabilidade
[3, 11, 37, 38]. Regehr e Marziali propõe a capacidade relacional e a presença de
17
problemas interpessoais como um possível constructo para entender a
contribuição do contexto social na resposta pós-traumática à violência sexual [14].
Do ponto de vista neurobiológico, a resposta normal ao estresse envolve o
reconhecimento da situação de perigo e o julgamento de sua intensidade,
processo que tem envolvimento direto da amidala, e o desencadeamento de uma
cascata de eventos que envolvem diversas zonas cerebrais. Dentre essas estão o
lócus cerulhos e suas projeções para os centros cerebrais de memória atenção e
emoção, a ponte reticular caudal, responsável pela ativação da resposta de
“sobressalto” (startle response), o hipotálamo lateral e a medula ventral rostral,
responsáveis pela ativação do sistema simpático, o trato solitário que ativa o
sistema parassimpático e a stria terminalis que ativará o eixo hipólamo-hipófise-
adrenal. Estudos recentes de neuroimagem têm confirmado a importância do
sistema límbico no desenvolvimento do TEPT e na regulação da resposta ao
estresse. Além da diminuição de volume do hipocampo, uma resposta exagerada
da amídala, juntamente com uma incapacidade de habituação dessa resposta
frente à exposição a estímulos negativos repetidos, têm sido implicados [39-41].
Um estudo de Sakamoto e cols. demonstrou uma ativação excessiva da área
hipocampal esquerda, associada à memória episódica e autobiográfica, em
oposição a uma diminuição de atividade da rede fronto-parietal ventral, associada
ao processamento da atenção visual. Esses achados são consistentes com a
ocorrência de sintomas de revivência e re-experienciação na vigência de
diminuição de atenção e da capacidade de concentração [42].
Na resposta normal ao estresse há um aumento do fator liberador da
corticotrofina (CRF) em nível central, promovendo a liberação de corticotrofina
18
pela hipófise que por sua vez levará ao aumento da adrenalina e do cortisol
circulantes liberados pela adrenal. No caso de uma resposta normal, estes níveis
voltarão ao basal algumas horas após o término do estressor [43, 44].
Paradoxalmente, uma série de estudos têm evidenciado que indivíduos com
TEPT têm níveis de cortisol mais baixos que controles normais e uma resposta
exacerbada no teste de supressão com dexametasona, tendo aqueles indivíduos
com níveis mais baixos de cortisol no período imediatamente após o trauma um
risco maior de desenvolver a doença [44]. No entanto, em conformidade com
achados em modelos animais, esses mesmos indivíduos apresentam um nível de
CRF aumentado [45, 46]. Uma das hipóteses mais recentes é a de que o cortisol
teria um papel importante na interrupção da resposta ao estresse, e que o TEPT
seria mais uma falha na recuperação, uma incapacidade de retornar ao estado
basal, do que uma resposta inicial alterada. Desta forma, a intensidade da
resposta imediata ao estressor e, conseqüentemente, a severidade real ou
percebida do trauma estariam longe de ser suficientes para o desenvolvimento de
um quadro de TEPT.
Uma das principais questões de pesquisa na última década diz respeito ao
papel do efeito tóxico dos glicocorticóides no desenvolvimento de uma resposta
anormal versus uma disfunção prévia do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. O
papel tóxico dos glicocorticóides, particularmente do CRF, ganha importância
principalmente quando pensamos em traumas precoces, especialmente aqueles
ocorridos antes dos 3 anos de idade, quando as células do hipotálamo são
particularmente sensíveis a seu efeito [45, 46]. Atualmente, entende-se que a
vulnerabilidade e a capacidade de resiliência existiriam previamente ao evento
19
traumático e envolveriam os fatores constitucionais e a experiência prévia do
indivíduo, que poderiam sensibilizá-lo a uma disfunção neurobiológica frente à
cascata de respostas neurobiológicas e psicológicas desencadeadas pelo evento
traumático.
Ao revisar os fatores envolvidos no aumento de risco para o desenvolvimento
do TEPT, Yehuda (2004) conclui que a resposta inicial ao medo é biológica, mas
é influenciada pela interpretação subjetiva, que depende da história pessoal do
indivíduo. Nesse modelo, a recuperação de uma situação traumática envolveria o
confronto com a vulnerabilidade de uma forma que promovesse aprendizado e
resiliência. Uma resposta alterada ao “medo” em indivíduos suscetíveis pode
“perpetuar esse estado de medo”, levando a uma condição biológica
desadaptativa [44]. De fato, uma série de estudos têm apontado a interpretação e
a significação subjetiva do evento em si e dos sintomas desencadeados por ele
como centrais no desenvolvimento e na manutenção do TEPT [12, 13, 47-49].
Otte e cols. demonstraram um aumento maior dos níveis de catecolaminas
frente à exposição a um vídeo com cenas de oficiais da polícia em situações de
estresse importante em recrutas da academia de polícia americana que foram
vítimas de trauma na infância quando comparados com seus colegas [50]. De
fato, uma série de estudos em modelos animais têm evidenciado a importância da
ocorrência de situações adversas no início da vida como modificadores definitivos
do sistema de resposta ao estresse, podendo ocasionar mudanças no
funcionamento mental e no comportamento [51]. Estudos em humanos
demonstram que o abuso e a negligência na infância, bem como outros tipos de
trauma infantil, estão consistentemente associados ao desenvolvimento de
20
transtornos de ansiedade na vida adulta [4, 52]. Seguindo os achados em
modelos animais [53-55] que apontam um aumento na concentração do CRF em
nível central e um aumento da resposta dos sistemas neurondócrino e simpático
ao estresse em animais adultos que foram expostos a situações traumáticas no
início da vida, Nemeroff (2004) propõe que a associação entre o trauma infantil e
a predisposição a transtornos de ansiedade poderia dever-se a um aumento da
resposta neuroendócrina ao estresse na vida adulta [56].
Além disso, diversos estudos que utilizaram modelos animais evidenciaram o
efeito protetor de experiências positivas na infância como o comportamento de
lamber e acariciar mais os filhotes no início de sua vida frente a eventos adversos
futuros, produzindo respostas mais adaptativas tanto do ponto de vista biológico
como cognitivo e emocional. De fato, a importância do comportamento do
cuidador em determinar o funcionamento neurobiológico infantil tem sido
evidenciada por uma série de estudos em modelos animais. A presença de
cuidado materno adequado em ratos, após receber choque elétrico no 2º dia de
vida, alterou a resposta do hormônio adrenocorticotrófico que retornou a níveis
normais [57]. Um estudo de Takahasi e cols. demostrou que filhotes de rato
cegados no 1º dia pós-parto que foram criados por suas mães naturais tinham o
seu pico de corticosterona perto do entardecer de acordo com o pico de suas
mães um dia após o procedimento, enquanto os filhotes cuidados por uma mãe
adotiva após o procedimento tinham o horário de seu pico de corticosterona
regulado pelo da mãe em torno da quarta semana, sugerindo uma
preponderância de fatores ambientais sobre os constitucionais na determinação
do ritmo circadiano do hormônio após um curto período de tempo.
21
Surpreendentemente, ratinhos cegos criados por mães cegas, naturais ou
adotivas, tinham seu ciclo de cortisol regulado de acordo com o da mãe após
período semelhante de tempo, independentemente da variação da luz,
demonstrando a superioridade da mãe/cuidador em influir na regulação
neuroendócrina acima da genética ou de outros fatores ambientais [58]. Hancock
e cols. encontraram uma predisposição aumentada da ocorrência de compulsão
alimentar em resposta ao estresse em ratos expostos a deficiência de cuidado
materno [59], enquanto Fish e cols. identificaram o impacto da qualidade da
relação precoce de cuidado na expressão do gene do receptor de glicocorticóide
hipocampal que teria influência direta na regulação do eixo hipotálamo-hipófise-
adrenal e no desenvolvimento emocional e cognitivo através da sua ação sobre
os mecanismos neurais subjacentes, predispondo o indivíduo a uma resposta
mais ou menos adaptativa a situações enfrentadas na vida adulta [60].
A transmissão do modelo de maternagem/cuidado parece depender
fortemente das vivências do indivíduo com seu cuidador, sendo que
independentemente de outros fatores, ratas separadas precocemente de suas
mães apresentaram comportamento materno disfuncional, com uma diminuição
do contato físico (comportamento de lamber e acariciar), apesar de uma
sexualidade preservada e da amamentação adequada de seus filhotes [61].
Quando examinadas transgeracionalmente, essas alterações seguem presentes
nas próximas gerações, independentemente da ausência de separação física [62].
De fato, a presença do comportamento de lamber e acariciar parece ser
determinante no desenvolvimento neuroendócrico, influenciando, por exemplo, a
ativação do hormônio liberador de corticotrofina e a inibição da expressão de
22
comportamentos e respostas neuroendócrinas ao estresse, através da ação do
ácido gama-amino-butírico (GABA) sobre o sistema noradrenérgico ventral [63].
O entendimento dos mecanismos subjacentes à influência do meio nas
características individuais pode vir a esclarecer e possibilitar a intersecção entre
os aspectos biológicos e alguns dos principais aspectos das teorias psicológicas
desenvolvidas ao longo dos últimos cem anos.
Do ponto de vista psicanalítico, o mundo interno da criança está profunda e
irrevogavelmente formado por suas primitivas relações com seus objetos
primários, representações internas das figuras importantes no início de sua.
Associadas às fantasias do bebê, essas representações determinam a natureza
de sua relação com o mundo. Os bons relacionamentos da infância são
internalizados para estruturar um núcleo estável e seguro da personalidade do
indivíduo. No início do Século XX, Freud postulou a existência de um “escudo
protetor” ou filtro de estímulos que teria a função de proteção do ego [64], e que
faria parte da função materna nos primeiros anos de vida. Em realidade, hoje
esse filtro poderia ser entendido como o resultado da internalização dessas
relações boas com os objetos primários e conferiria ao indivíduo uma maior ou
menor capacidade de lidar com eventos traumáticos futuros.
No processo de atribuir significado aos acontecimentos, o trauma atual fica
inconscientemente ligado a vivências do passado e o presente passa a ser vivido
como se fosse o passado. Quando passamos por um evento traumático,
experiências de medo, abandono e desamparo, vivenciadas no período de vida
inicial, vêm à tona, e, por um momento, o indivíduo se sentirá perdido,
extremamente vulnerável, abandonado pelos seus “objetos bons”: “alguém ou
23
alguma fez isso ou não impediu que acontecesse”. Há um sentimento
preponderante de desconfiança. Todos são suspeitos. Medo e ódio, juntamente
com o desejo de reverter o trauma, podem dominar o funcionamento mental. O
mundo parece divido em preto e branco. Objetos perigosos, sádicos e
perseguidores ganham força e a capacidade de simbolização é perdida [8]. É a
força dos bons relacionamentos internalizados que permitirá ao indivíduo uma
recuperação do equilíbrio, da estabilidade e da confiança em um mundo estável e
razoavelmente previsível [65]. Sentimentos de impotência, medo e terror levam a
uma ruptura das defesas contra a ansiedade, e o indivíduo torna-se incapaz de
funcionar normalmente. De todas as fontes internas de ansiedade a mais
esmagadora é a de morte, ou a ansiedade de aniquilação, que é “re-vivida”
intensamente. Há um luto necessário pela identidade e pela vida anteriores ao
trauma e definitivamente perdidas. O indivíduo nunca será o mesmo de antes do
trauma, mas este pode ser integrado e elaborado, deixando de ser um “corpo
estranho”, e uma vida criativa e mais flexível pode ser retomada: há novamente a
possibilidade de um futuro pessoal. Segundo Garland (2004), o indicador mais
efetivo da capacidade do paciente de se recuperar de um evento traumático
ocorrido na idade adulta está relacionado à natureza e à qualidade de seus
primeiros relacionamentos [8, 65].
A forma de entender, contextualizar e elaborar a memória traumática e os
sentimentos desencadeados pelo trauma é individual e terá correlação direta com
as experiências passadas do indivíduo. Dentre os aspectos considerados
importantes no desenvolvimento da personalidade e na capacidade de formar
vínculos saudáveis na vida adulta, a relação com os pais na infância parece ter
24
papel central e poderia influir diretamente na capacidade do indivíduo em superar
uma situação traumática, além de interferir no desenvolvimento neurobiológico do
indivíduo. Distúrbios nessa relação têm sido associados ao aumento de risco para
uma série de doenças mentais [66-73].
Na década de setenta, John Bolwby desenvolveu a teoria do apego que
considera a existência de um comportamento inato da criança de buscar o
cuidador, principalmente em situações de medo e perigo, que teria uma função
adaptativa de propiciar proteção no início da vida e desencadear o
comportamento de cuidado (afeto/ proteção) por parte do cuidador [74]. Esse
comportamento predomina nos três primeiros anos de vida e ressurge na vida
adulta sempre que o indivíduo está doente, com medo ou em situações de
mudança significativa. Relações atuais podem ser influenciadas ou
completamente distorcidas pelas experiências infantis com os pais. Até os três
anos o padrão seria sujeito a mudanças e mais dependente do comportamento
dos pais em relação à criança do que de características “inatas” desta, embora as
últimas também sejam importantes, principalmente em termos de resiliência [75].
Uma vez estabelecido o padrão, este tende a persistir, a não ser que aja alguma
intervenção terapêutica [76]. A relação da criança com seus pais é influenciada
por três aspectos principais: características da criança, dos pais e da relação
dinâmica entre eles. Além do comportamento da criança, a resposta dos pais no
sentido de estarem atentos, disponíveis, sensíveis as necessidades da criança e
confortando amorosamente em situações de medo em que ela busque proteção,
sem limitar sua autonomia, seria crucial no desenvolvimento da personalidade. Os
pais funcionariam como uma “base segura”, resultando em segurança e
25
competência para explorar e se relacionar com o mundo. O indivíduo se tornaria
confiante e esperançoso, aumentando o esforço mediante falhas/obstáculos,
sendo mais “resistente” a situações adversas, sentindo-se capaz de se ajudar e
de ser ajudado [76-78]. Poderia se pensar nesse padrão de vínculo como um fator
de resiliência, que facilitaria a adaptação do indivíduo a situações adversas na
vida adulta. Por outro lado, se os pais estão freqüentemente indisponíveis ou não
reconhecem as necessidades da criança, se estabelece o que Bolwby chamou de
apego inseguro ansioso-resistente e a criança torna-se “grudenta”,
excessivamente ansiosa em relação a separações e em sua exploração do
mundo. Outra possibilidade de apego inseguro é o ansioso-evitativo, que tende a
estabelecer-se quando a criança não recebe conforto ao buscar ajuda e
segurança e sim atitudes de rechaço, rejeição, levando-a a buscar viver sem
precisar de ninguém [76-78]. Nesses casos, quando a criança e seus cuidadores
falham em estabelecer o que é chamado apego seguro, o indivíduo estaria mais
sujeito a sensações de descontrole e imprevisibilidade que, na vigência de um
evento traumático, levariam a piora dos sintomas, aumentando o risco de
psicopatologia.
Podemos entender situações adversas importantes nas relações iniciais
como negligência e abuso físico ou emocional como traumas de apego que
podem impossibilitar a capacidade futura de formar relacionamentos com apego
seguro (18). Pessoas com vínculos primários disruptivos tendem a estabelecer
padrões de relacionamento mais conturbados na vida adulta, dispondo de pior
suporte social e emocional para lidar com as conseqüências do trauma atual [77,
78].
26
Uma das formas de avaliar a qualidade do vínculo entre a criança e seus
pais é através do padrão de comportamento dos pais, o qual mostrou-se mais
importante do que o comportamento da criança no estabelecimento de um vínculo
de qualidade em estudos de seguimento [75]. O Parental Bonding Instrument
(PBI) foi desenvolvido para medir a contribuição dos pais nesse vínculo, a partir
de análises fatoriais sucessivas de 114 itens retirados da literatura considerados
qualidades parentais importantes para o desenvolvimento normal. [79]. O PBI é
uma escala auto-aplicável tipo Likert (0 a 3) com 25 perguntas em relação ao pai
e a mãe, em que o sujeito responde o quão parecido aquele comportamento é
com o comportamento dos pais até os seus 16 anos. Mede dois constructos: o
primeiro, afeto, mais consistente e claramente bipolar (afeto, calor,
disponibilidade, cuidado, sensibilidade versus frieza e rejeição) e o segundo
nomeado controle ou proteção (controle, intrusão versus encorajamento da
autonomia) [79]. Existem divergências se uma análise de três fatores
independentes, separando o constructo controle/ proteção em 2 fatores, além do
fator afeto, em um fator que seria restrição da liberdade psicológica e outro a ser
nomeado encorajamento de autonomia não poderia melhorar as características
psicométricas desse instrumento, inclusive aumentando a sensibilidade do
instrumento para fatores de risco associados ao constructo controle/ proteção [45,
80-89].
O PBI foi amplamente utilizado nas últimas décadas, e a falta de afeto,
principalmente quando associada a excesso de controle (affectionless control), foi
associada a patologias na vida adulta como depressão, ansiedade, suicídio,
transtornos de personalidade entre outras [66-73, 90-94]. Recentemente, a
27
estabilidade do PBI em uma coorte de 20 anos em uma população primariamente
não clínica, controlando para gênero, saúde física e mental (incluindo alterações
de humor e neuroticismo), aspectos do estilo de vida, trabalho e rede social, além
de eventos de vida significativos (positivos e negativos), sendo o nascimento de
filhos uma variável independentemente analisada, demonstrou que o PBI é de
fato um instrumento psicometricamente robusto, estável ao longo do tempo e com
mínima influência das variáveis em estudo, consolidando-se como um instrumento
muito útil em pesquisas de risco e resiliência [95]. Além disso, o PBI foi adaptado,
validado e utilizado em diversas culturas sem alteração significativa do constructo
[81, 83, 96]. Da mesma forma, outros estudos demonstraram que fatores
emocionais e alterações de humor parecem não afetar a percepção desses
vínculos, mesmo quando o instrumento é primariamente aplicado em populações
severamente doentes e replicado após intervalos consideráveis de tempo [97, 98].
Estudos que utilizaram o PBI em vítimas de abuso sexual na infância
demonstraram que aquelas pessoas que perceberam seus pais como menos
afetivos e mais controladores não só apresentaram mais dificuldades de
ajustamento na vida adulta como foram mais expostas a abuso sexual na infância
[58, 99-101].
Não está claro, porém, se este segue sendo um fator de risco e resiliência
em traumas sofridos na vida adulta. Pode-se supor que aquelas pessoas com
relações iniciais de melhor qualidade teriam mais recursos para elaborar uma
situação traumática, enquanto aquelas com relações iniciais conturbadas
tenderiam a desenvolver maior sintomatologia e dificuldades de ajustamento após
o trauma, além de dispor de relações interpessoais atuais de pior qualidade.
28
Se pensarmos na equação etiológica de Freud [64], que apontava para a
importância da interação entre os fatores constitucionais e o ambiente no
processo saúde-doença, a integração das diferentes teorias e avanços científicos
da atualidade nos permite tentar compreender a resposta individual ao estresse
de forma mais abrangente. O papel das relações precoces tem se mostrado cada
vez mais importante, influindo diretamente nos diferentes fatores dessa equação,
seja diretamente na expressão gênica e no funcionamento neuroendócrino, seja
na formação da personalidade e dos esquemas cognitivos do indivíduo,
determinando a forma como esse irá interagir com o mundo.
29
2 HIPÓTESES
Vítimas de estupro com uma melhor percepção da qualidade do vínculo com
os pais na infância, ou seja, maiores escores de afeto e/ou menores escores
de controle/restrição de autonomia teriam menos sintomatologia clínica no
período agudo.
Pacientes com diagnóstico de TEA teriam maior gravidade de sintomas e
piores vínculos com os pais.
O tipo de vínculo com os pais teria associação com as medidas de desfecho.
Outros fatores associados a gravidade da sintomatologia aguda como idade,
gravidade do trauma, cognição (inferida por anos de estudo), momento da
avaliação, história prévia ou familiar de doença psiquiátrica, trauma prévio,
qualidade da rede de apoio conforme percepção da paciente e comorbidades
clínicas, embora pudessem influir nos desfechos, não anulariam a associação
quanto controlados estatisticamente.
30
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Investigar a associação entre o vínculo parental e a gravidade dos
sintomas em pacientes vítimas de estupro.
3.2 Objetivos específicos
Realizar a adaptação transcultural do Parental Bonding Instrument (PBI;)
Investigar a associação entre o vínculo parental e o diagnóstico de
transtorno de estresse agudo;
Investigar a associação entre história passada de doença psiquiátrica e a
gravidade dos sintomas no período agudo;
Investigar a associação entre história de trauma prévio e a gravidade dos
sintomas no período agudo;
Investigar a associação entre fatores como a escolaridade, a idade e o
momento em que foi realizada a avaliação e a gravidade dos sintomas no
período agudo;
31
Investigar a associação entre a percepção de apoio no período
peritraumático e a gravidade dos sintomas no período agudo.
32
4 PROCEDIMENTOS
4.1 FASE 1 - Adaptação transcultural do Parental Bonding Instrument (PBI)
para o Português Brasileiro (ARTIGO 1)
Nessa fase, dois grupos de psiquiatras traduziram independentemente o
instrumento original e aplicaram a sua versão independentemente (V1 e V2) em
grupos de indivíduos de nível educacional variado com diferentes diagnósticos
psiquiátricos, inclusive em pacientes vítimas de violência sexual semelhantes
aquelas do estudo principal. Após essa fase, os grupos se reuniram, realizando
ajustes no instrumento, o que gerou a versão 3 (V3).
Essa versão foi retro-traduzida por um tradutor independente fluente em
português, cuja língua nativa é o inglês e por um tradutor independente fluente em
inglês, cuja língua nativa é o português brasileiro. Foi realizada equivalência
semântica, a partir da metodologia sugerida por Herdman et al. [102], a partir do
que foram realizados ajustes que geraram a versão final, a qual foi novamente
retrotraduzida e enviada juntamente com a versão final em Português Brasileiro
ao autor do instrumento original que aprovou na íntegra a versão definitiva
(ANEXO 8).
33
4.2 FASE 2 - Adaptação da Davidson Trauma Scale (DTS) para o Português
Brasileiro
A DTS é uma escala composta por 17 perguntas que correspondem aos 17
critérios diagnósticos do DSM-IV e seus subgrupos. É necessário para o
preenchimento da escala que o indivíduo preencha o critério “A” do DSM-IV. O
paciente pontua de 1 a 4 cada um desses sintomas em relação à freqüência e ao
grau de sofrimento associado. A DTS encontra-se testada em sua versão original
quanto à validade e à confiabilidade, mediante os seguintes procedimentos:
confiabilidade teste-reteste (r=0,86), consistência interna (α=0,99), validade
concorrente (contra o CIDI; p<0,0001), convergente (r=0,78), discriminante
(r=0,04) e validade preditiva. O processo de adaptação da DTS para o Português
Brasileiro deu-se mediante discussão e tradução por um grupo de especialistas
composto por membros do NET-TRAUMA e do Grupo Hospitalar Conceição (sob
coordenação do Dr. Airton Stein). Como a DTS é uma adaptação dos 17 critérios
do DSM-IV, a tradução deste manual para o português foi respeitada, bem como
os ajustes necessários em alguns itens realizados pelo autor do instrumento
original, no sentido de ser um instrumento auto-aplicável. A aparência da escala e
o sistema de pontuação foram preservados. O Instrumento adaptado foi
primeiramente testado em uma amostra de pacientes de uma unidade de saúde
primária do GHC e, posteriormente, utilizado por Stein e colaboradores para um
estudo de rastreamento de TEPT nesta população [103, 104].
34
4.3 FASE 3 - Estudo da associação entre o vínculo percebido com os pais
na infância e a resposta emocional ao trauma de estupro
(ARTIGO 2)
Foram convidadas a participar do estudo as mulheres vítimas de estupro
encaminhadas para atendimento no NET-TRAUMA HCPA em um período de 9
meses, que tiveram o estupro confirmado por perícia no Instituto Médico Legal,
que não necessitaram de atendimento médico outro que não o atendimento
ginecológico de rotina (com o objetivo de homogeneizar as variáveis relacionadas
à gravidade do trauma), que compareceram para primeira avaliação entre o 2º e o
29º dia após o estupro, que não estivessem psicóticas ou apresentassem retardo
mental clinicamente evidente, e que concordaram em participar, assinando
consentimento informado. Trinta mulheres preencheram os critérios de inclusão/
exclusão e todas concordaram em participar do estudo.
A DTS (ANEXO 3) e o PBI (ANEXO 2) foram auto-preenchidos antes da
primeira consulta clínica, após a qual o(s) terapeuta(s), profissionais da área de
saúde mental, habituados ao atendimento desse tipo de caso, preencheram o
escore da gravidade clínica através da Clinical Global Impressions Severity of
Illness Scale (CGI-S) (ANEXO 4) [28, 105, 106]. Os dados clínico-demográficos
como escolaridade, idade, história psiquiátrica prévia, incluindo de trauma
passado e abuso sexual, bem como o tempo decorrido do estupro (dias) e o tipo
de agressor (conhecido versus desconhecido) foram pesquisados ativamente
através de entrevista semi-estruturada (ANEXO 1). Além disso, os módulos de
35
Depressão, Transtorno do Pânico e Ansiedade Generalizada do Mini International
Neuropsychiatric Interview foram aplicados retrospectivamente para investigar as
patologias mais associadas à gravidade do TEPT [107]. Foi realizada uma
entrevista semi-estruturada, segundo critérios do DSM-IV, para efetuar o
diagnóstico de Transtorno de Estresse Agudo (TEA) (ANEXO 5) [28]. A percepção
subjetiva da “eficácia” da rede de apoio por parte da paciente foi inferida através
de 3 perguntas em uma escala likert (0-4) (ANEXO 6). Após análise estatística, e
discussão do entendimento das perguntas com as pacientes em separado, optou-
se por avaliar a percepção de apoio considerando as 3 perguntas mas, também,
somente a 1ª e a 2ª , já que algumas das pacientes entenderam a pergunta 3: “Eu
fiquei triste com a maneira como as outras pessoas agiram”, como a ação do
estuprador.
36
5 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
Foi apresentado para todas as participantes do estudo um consentimento
livre e esclarecido (ANEXO 7), bem como todas as explicações quanto ao objetivo
e as questões éticas envolvidas foram reforçadas verbalmente. A coleta de dados
foi realizada em ambiente reservado. Esse tipo de entrevista apresenta risco para
as pacientes, no sentido de tocar em assuntos potencialmente estressantes do
ponto de vista psíquico. Porém, as entrevistas foram realizadas por
entrevistadores diretamente ligados ao atendimento dessas pacientes no
ambulatório, tendo experiência com esse tipo de situação. Nesse sentido, os
assuntos abordados nas entrevistas são bastante semelhantes àqueles discutidos
no tratamento clínico, e, sendo as pesquisadoras parte da equipe que faz esse
atendimento, isso diminui consideravelmente os riscos da entrevista no sentido de
uma possível re-traumatização ou da mesma ser entendida pela paciente como
uma invasão. Além disso, a paciente pôde optar por se retirar do estudo a
qualquer momento, sem prejuízo ao seu atendimento. O Projeto foi aprovado pelo
GPPG (03-267).
37
6 ARTIGO 1
“Adaptação Transcultural para o português brasileiro
do Parental Bonding Instrument”
(Aceito para publicação na Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul)
38
Título:
Adaptação Transcultural para o português brasileiro do
“Parental Bonding Instrument (PBI)”
Cross-Cultural Adaptation of Parental Bonding Instrument (PBI) to
Brazilian Portuguese
Autores:
Simone Hauck
a
, Sidnei Schestatsky
b
, Luciana Terra
c
, Laís Knijnik
d
,
Patrícia Sanchez
e
, Lucia Helena Freitas Ceitlin
f
Local de Realização: Serviço de Psiquiatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre –
Núcleo de Estudos do Trauma (NET TRAUMA) e Departamento de Psiquiatria e Medicina
Legal da FAMED/UFRGS. Porto Alegre, RS, Brasil.
Endereço da Instituição: Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Serviço de Psiquiatria.
Rua Ramiro Barcelos, 2350. Largo Eduardo Zaccaro Faraco. CEP 900035-903. Fone:
21018294.
Autor responsável pela correspondência: Simone Hauck
a
Médica Especialista em Psiquiatria. Mestranda em psiquiatria pela UFRGS. Médica contratada do HCPA.
b
Médico Especialista em Psiquiatria. Mestre em Saúde Pública pela Harvard. Doutorando em psiquiatria pela UFRGS.
Professor Adjunto do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da FAMED/UFRGS.
c
Psicóloga. Auxiliar de Pesquisa do Núcleo de Estudos e Tratamento do Trauma do HCPA (NET TRAUMA).
d
Médica Especialista em Psiquiatria. Supervisora e auxiliar de pesquisa do Núcleo de Estudos e Tratamento do Trauma
do HCPA (NET TRAUMA).
e
Médica Especialista em Psiquiatria. Mestranda em psiquiatria pela UFRGS.
f
Médica Especialista em Psiquiatria. Mestre em Saúde Pública pela Harvard. Doutora em Clínica Médica pela UFRGS.
Professora Adjunta do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da FAMED/UFRGS e do Pós-Graduação em
Ciências Médicas da UFRGS.
39
Endereço: Dra. Simone Hauck
Hospital de Clínicas de Porto Alegre - Serviço de Psiquiatria.
Rua Ramiro Barcelos, 2350. Largo Eduardo Zaccaro Faraco.
CEP 900035-903.
Fone: (51) 91128585/ 30267251/ 21018439
40
Resumo:
Objetivo: O artigo apresenta a adaptação transcultural do Parental Bonding
Instrument (PBI), um questionário auto-aplicável desenvolvido em 1979 e usado desde
então para avaliar a percepção da qualidade do vínculo com os pais até os 16 anos.
Método: Foram realizadas as etapas de equivalência conceitual, equivalência dos itens,
equivalência semântica, equivalência operacional, equivalência funcional e aprovação da
versão final pelo autor original do instrumento. Resultados: Os critérios de equivalência
foram satisfeitos, tendo a versão final sido aprovada pelo autor do instrumento original.
Conclusão: A adaptação do PBI disponibiliza para uso um instrumento que já demonstrou
ser extremamente útil em pesquisas de risco e resiliência nas últimas décadas, ao avaliar a
percepção de características do comportamento dos pais tradicionalmente associadas ao
desenvolvimento da personalidade.
Descritores: Tradução, Pais, Apego ao Objeto, Instrumento de Vínculo Parental.
41
Abstract:
Objective: The aim of this article is to present the cross-cultural adaptation of the
Parental Bonding Instrument to Brazilian Portuguese, which is a self-reporting
questionnaire developed in 1979, and used since then to measure the subjective experience
of being parented to the age of 16 years. Method: The following steps were performed:
conceptual equivalence, item equivalence, semantic equivalence, operational equivalence,
functional equivalence and approval of the final version by the author of the original
instrument. Results: The study has reached the objectives of equivalence, and the final
Brazilian Portuguese version has been approved by the original author. Conclusions: As a
result, the study provides a Brazilian Portuguese version of an instrument that has been
proven very useful in risk and resilience studies in the last decades, assessing the
perception of parental characteristics traditionally related to personality development.
Keywords: Translating, Parents, Object Attachment, Parental Bonding Instrument.
42
Resumen:
Objetivo: El artículo presenta la adaptación transcultural del Parental Bonding
Instrument, un cuestionario auto-aplicable echo en 1979 y que se utilizó desde entonces
para evaluar la opinión de la calidad del enlace con los padres hasta los 16 años. Método:
Las etapas realizadas fueran la equivalencia del concepto, la equivalencia de ítems, la
equivalencia de la semántica, la equivalencia operacional y finalmente la aprobación de la
versión final por el autor original del instrumento. Resultados
: El estudio alcanzó objetivo
para satisfacer la equivalencia de los criterios, teniendo la versión final sido aprobada por
el autor del instrumento original. Conclusión:
Fue viabilizado para el uso un instrumento
que ya ha sido extremadamente útil en la investigación del riesgo y la resistencia en las
últimas décadas, al evaluar la opinión de las características del comportamiento de los
padres que tradicionalmente se asocian al desarrollo del personalidad.
Palabras clave: Traducción, Padres, Apego a Objetos, Instrumento del Enlace con los Padres.
43
Introdução:
A importância da relação com os pais na infância no desenvolvimento da
personalidade é tradicionalmente reconhecida pelos diferentes teóricos da psicologia.
Estudos em humanos e em modelos animais evidenciaram que, além dos aspectos
constitucionais, o comportamento real dos pais no sentido de oferecer carinho e proteção
sem restringir a autonomia é central no desenvolvimento da capacidade de lidar com
situações adversas na vida adulta e na diminuição do risco para psicopatologia, além de
possibilitar o estabelecimento de vínculos saudáveis
1-10
. Esse efeito parece ocorrer através
de fatores comportamentais, mas também devido a alterações neurobiológicas definitivas e
modelagem da expressão gênica, tendo impacto direto em fatores de risco e resiliência
herdados geneticamente
11-23
.
Com o objetivo de medir a contribuição do comportamento dos pais no
desenvolvimento de um vínculo adequado entre pais e filhos, o Parental Bonding
Instrument (PBI) foi elaborado em 1979 através de análises fatoriais sucessivas, a partir de
114 itens retirados da literatura e considerados qualidades parentais importantes para o
desenvolvimento normal
24
. O PBI é um instrumento auto-aplicável tipo Likert (0 a 3) com
25 perguntas em relação ao pai e à mãe, em que o sujeito responde o quão parecido aquele
comportamento é com o comportamento dos pais até os seus 16 anos. Este instrumento
mede dois constructos: o primeiro, afeto, mais consistente e claramente bipolar (afeto,
calor, disponibilidade, cuidado, sensibilidade versus frieza e rejeição) e o segundo controle
ou proteção (controle, intrusão versus encorajamento da autonomia).
44
O PBI foi amplamente utilizado nas últimas décadas, e a falta de afeto,
principalmente quando associada a excesso de controle (affectionless control), foi
associada a patologias na vida adulta como depressão, ansiedade, suicídio, transtornos de
personalidade entre outras
1-8; 25-29
. Recentemente, a estabilidade do PBI em uma coorte de
20 anos em uma população primariamente não clínica, controlando para gênero, saúde
física e mental, incluindo alterações de humor e neuroticismo, aspectos do estilo de vida,
trabalho e rede social, além de eventos de vida significativos (positivos e negativos), sendo
o nascimento de filhos uma variável independentemente analisada, demonstrou que o PBI
é, de fato, um instrumento psicometricamente robusto, estável ao longo do tempo e com
mínima influência das variáveis em estudo, consolidando-se como um instrumento muito
útil em pesquisas de risco e resiliência
30
. Além do mais, o PBI foi adaptado, validado e
utilizado em diversas culturas sem alteração significativa do constructo
31-35
. Além disso, já
foi consistentemente evidenciado que fatores emocionais e alterações de humor parecem
não afetar a percepção desses vínculos, mesmo quando o instrumento é primariamente
aplicado em populações severamente doentes e replicado após intervalos consideráveis de
tempo
35-36
.
A adaptação de instrumentos de pesquisa em diferentes culturas tem recebido atenção
especial por envolver questões culturais e de linguagem que podem comprometer de forma
importante a validade conceitual e as propriedades psicométricas do instrumento. A
adaptação de um instrumento para uma cultura diferente daquela para o qual foi
originalmente desenvolvido e validado envolve diversas etapas. Embora não haja
consenso, é bem estabelecido que a avaliação semântica é apenas um dos passos
necessários ao processo de adaptação.
45
O modelo de adaptação proposto por Herdman e colaboradores. (1998) utiliza uma
abordagem que admite a possibilidade de interlocução, mas não assume a priori a
equivalência entre constructos nas diferentes culturas. O roteiro proposto inclui a
apreciação da equivalência dos conceitos e dimensões apreendidas pelo instrumento
original na cultura alvo da nova versão, bem como a adequação de cada item do
instrumento no sentido de avaliar os conceitos na população onde o instrumento pretende
ser utilizado. Somente após essa etapa verifica-se a equivalência semântica, os aspectos
operacionais e, por fim, as propriedades psicométricas da nova versão
37
. Esse roteiro foi
utilizado em nosso meio por Moraes e colaboradores que adaptaram um sistema de
pontuação para a verificação da equivalência semântica na adaptação transcultural do
instrumento “Revised Conflict Tactics Scales (CTS2)” para identificar violência entre
casais no nosso meio
38
. Seguindo Moraes e colaboradores, Fiszman e colaboradores
utilizaram essa metodologia na adaptação do instrumento “Dissociative Experiences
Scale” em nossa cultura
39
.
Sendo assim, esse estudo tem por objetivo apresentar o processo de adaptação
transcultural do PBI para o português brasileiro no que diz respeito à equivalência
conceitual, equivalência dos itens, equivalência semântica, equivalência operacional,
equivalência funcional e aprovação da versão final pelo autor original do instrumento.
Método:
Foi utilizado nesse estudo uma adaptação do método utilizado por Moraes e
colaboradores para validação do instrumento CTS2
38
.
46
Avaliação da equivalência conceitual e de itens
Essa etapa constituiu na discussão dos conceitos e dos itens do instrumento por um
grupo de especialistas composto por dois psiquiatras, dois terapeutas de família, dois
psicanalistas, um psiquiatra da infância e da adolescência, uma assistente social e um
médico comunitário. O foco da discussão inicial foi a consideração das diferentes formas
de expressão de afeto em nosso meio, das peculiaridades da relação pais e filhos que
pudessem diferir nas diferentes culturas, bem como das questões relacionadas ao
cerceamento de liberdade e ao encorajamento de autonomia na nossa cultura. Após esta
etapa, cada item foi avaliado no sentido de verificar se este media a dimensão proposta em
nossa população, tanto em relação ao afeto, quanto ao controle (restrição versus
encorajamento de autonomia). Nessa primeira fase foi realizada uma revisão bibliográfica
que priorizou as publicações que deram origem ao instrumento, bem como aquelas que
utilizaram o PBI ao longo das últimas décadas. Essa etapa visa conhecer os conceitos e
definições teóricas que embasam o constructo, bem como as estratégias utilizadas para a
escolha dos itens que compõe a escala.
Avaliação da equivalência semântica
A avaliação da equivalência semântica foi composta por diversas etapas.
Primeiramente a equipe de pesquisa foi separada em dois grupos que realizaram a tradução
para o português brasileiro de forma independente, gerando as versões V1 e V2. Após essa
etapa, foi realizado um piloto que incluiu pacientes com diferentes psicopatologias, com
nível de instrução que variou entre um e 13 anos completos de estudo e estudantes de
psicologia, enfermagem e medicina voluntários. A idade dos participantes do primeiro
piloto variou de 16 a 67 anos. Um dos grupos aplicou a V1 em pacientes do Centro de
Atenção Primária do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (CAPS-HCPA) e em estudantes
47
de medicina e enfermagem voluntários, enquanto o outro grupo aplicou a V2 em pacientes
do ambulatório de psiquiatria do HCPA, em pacientes internados na Unidade de Psiquiatria
do HCPA e em estudantes de psicologia e medicina voluntários. Nessa fase o entendimento
dos itens foi cuidadosamente discutido com os participantes.
A partir do piloto, o grupo se reuniu para elaborar uma terceira versão (V3),
considerando os resultados obtidos e rediscutindo os aspectos relacionados à equivalência
dos itens. Foi, então, verificada a equivalência semântica entre a V3 e a versão original do
instrumento (OR). Existem diversos critérios a serem considerados na fase de equivalência
semântica, que engloba o significado referencial (idéias e objetos), conotativo (resposta
emocional evocada por cada palavra e pela sentença como um todo), afetivo (uma palavra
da tradução pode refletir um julgamento moral do tradutor, por exemplo), além da própria
questão da estruturação gramatical da sentença, em que, de fato, se deve modificar a ordem
das palavras no sentido de manter o significado ou a ênfase do original sempre que
necessário. Com esse objetivo, optou-se por apresentar a V3 a dois tradutores
independentes que não conheciam o instrumento original, não psiquiatras, um deles tendo
como língua nativa o inglês e fluente em português (T1) e outro tendo como língua nativa
o português e fluente em inglês (T2). A partir dessas retro-traduções e da comparação com
o instrumento original (OR), os autores pontuaram a equivalência entre os pares de itens e
o instrumento original quanto ao significado referencial com notas variando de 0-100%
(A1) e ao significado geral (A2) seguindo o sistema de pontuação de Morais e
colaboradores: “IN” inalterado, “PA” pouco alterado, “MA” muito alterado e “CA”
completamente alterado
38, 39
. Essa pontuação foi realizada por 3 autores de forma
independente, e o grupo discutiu eventuais divergências com o objetivo de obter um
consenso.
48
Avaliação da equivalência operacional e funcional
A equivalência operacional consiste na possibilidade da utilização do questionário na
mesma formatação, modo de administração e métodos de mensuração do instrumento
original. O quanto o instrumento mede em nosso meio o que se propõe a medir na cultura
onde foi originalmente desenvolvido constitui a equivalência funcional. Nesse sentido a
versão final do PBI (ANEXO 1) foi novamente aplicada em uma população semelhante à
do primeiro piloto, quando foram verificadas a equivalência operacional e a equivalência
funcional.
Por fim, a versão final foi novamente retro-traduzida e apresentada ao autor do
instrumento original, juntamente com a discussão das diferentes etapas do processo de
adaptação.
Resultados:
Apreciação da equivalência conceitual e de itens
A discussão do grupo de especialistas e a revisão bibliográfica sugeriram que os
conceitos relacionados ao comportamento parental e utilizados na elaboração do
instrumento eram igualmente relevantes nas diferentes culturas. Além disso, de forma
geral, os itens foram considerados adequados na avaliação das duas dimensões estudadas:
afeto
, calor, disponibilidade, cuidado, sensibilidade versus frieza e rejeição e controle e
intrusão versus encorajamento da autonomia. Foi considerada também a utilização prévia
do PBI em culturas bastante distintas sem modificação do constructo e com propriedades
psicométricas semelhantes, bem como sua capacidade de discriminar populações com
diferentes patologias nas diferentes culturas em que já foi validado. A partir do primeiro
piloto, o grupo reconsiderou os aspectos relacionados à equivalência dos itens, a partir do
49
entendimento do significado dos mesmos pelos sujeitos e levando em conta a versão
original do instrumento. No item 16 a tradução de “Made me feel like I wasn’t wanted” por
“Fazia com que eu sentisse que não era desejado” foi interpretada por uma parte dos
sujeitos no sentido sexual, optando-se pela palavra “querido” na versão resultante. Além
disso, o item 20 foi modificado, a partir do piloto, porque diversos sujeitos entenderam que
“Sentia que eu não poderia cuidar de mim mesmo, a menos que ela/ele estivesse por perto”
referia-se a um sentimento do sujeito e não dos pais. Optou-se, então, por acrescentar
ela/ele no início da frase: “Ela/ele sentia que eu não poderia cuidar de mim mesmo, a
menos que ela/ele estivesse por perto”. Essa etapa deu origem à terceira versão (V3).
Avaliação da equivalência semântica
Quanto ao significado referencial utilizou-se a média das avaliações quando houve
divergência nos resultados. Nos itens pontuados com uma equivalência inferior a 90% (2,
11, 17 e 20), houve uma rediscussão da adequação da tradução para o português. Quanto
ao significado geral não houve divergência entre os juízes, e todos os itens foram
considerados inalterados, exceto o 11 e o 17. Durante essa etapa, optamos por substituir a
palavra “triste” por “chateado” na questão 17 por critério conotativo.
Finalmente, a versão final (Anexo 1) foi aplicada novamente em uma população
piloto, que não referiu dificuldades no preenchimento do instrumento; porém, em termos
de equivalência operacional, discutimos com o autor do instrumento original a
possibilidade de apresentar a versão para o pai e a mãe em separado, devido à conjugação
dos adjetivos conforme o gênero na nossa cultura. Apresentamos a versão final (ANEXO
1) conforme o modelo de formatação do original, que foi novamente retro-traduzida e
enviada ao autor do instrumento original. Na discussão da versão final com o autor, ele
considerou adequadas as duas formas de operacionalização, bem como a versão final do
PBI para o português brasileiro “... close enough to be completely acceptable” (...
50
“suficientemente semelhante para ser completamente aceitável”).
Discussão:
A equivalência funcional de uma adaptação transcultural supõe que o instrumento
mede o que se propõe nas diferentes culturas e engloba todo o processo descrito, além da
avaliação das propriedades psicométricas do instrumento na cultura para o qual se pretende
utilizá-lo. Nesse sentido, é importante comparar se os resultados dos estudos que utilizem
este instrumento em nosso meio serão semelhantes àqueles encontrados em outras culturas,
bem como se faz necessário para a sua validação final a utilização de estudos de análise
fatorial, da consistência interna através do teste α de Cronbach
40
e a medida adequada dos
itens através da análise de itens de Rasch
41
.
No entanto, o presente estudo disponibiliza para uso uma versão inicial
criteriosamente adaptada quanto aos aspectos de equivalência conceitual, equivalência de
itens e equivalência semântica de uma ferramenta de pesquisa de risco e resiliência
amplamente utilizada nas últimas décadas, estável ao longo do tempo e aparentemente
representativa da parentagem real. É importante salientar que o conhecimento dos aspectos
do relacionamento pais e filhos que promovem saúde mental possibilita o desenvolvimento
de estratégias de saúde pública em nível primário como a educação dos pais no sentido de
estarem cientes desses aspectos. Além disso, o reconhecimento da importância do
comportamento dos pais na formação da personalidade tem encontrado ressonância em
estudos atuais que demonstram o impacto direto desse comportamento na modelagem
neurobiológica e comportamental.
51
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54
PARENTAL BONDING INSTRUMENT – Versão para o português brasileiro
Este questionário lista várias atitudes e comportamentos dos pais. Conforme você se lembra da sua MÃE/PAI até os seus
16 anos, faça uma marca no parêntese mais apropriado ao lado de cada afirmativa.
Muito
Parecido
Moderadamente
Parecido
Moderadamente
Diferente
Muito
Diferente
1. Falava comigo com uma voz meiga e amigável
( ) ( ) ( ) ( )
2. Não me ajudava tanto quanto eu necessitava
( ) ( ) ( ) ( )
3. Deixava-me fazer as coisas que eu gostava de fazer
( ) ( ) ( ) ( )
4. Parecia emocionalmente frio (a) comigo
( ) ( ) ( ) ( )
5. Parecia compreender meus problemas e preocupações
( ) ( ) ( ) ( )
6. Era carinhoso (a) comigo
( ) ( ) ( ) ( )
7. Gostava que eu tomasse minhas próprias decisões
( ) ( ) ( ) ( )
8. Não queria que eu crescesse
( ) ( ) ( ) ( )
9. Tentava controlar todas as coisas que eu fazia
( ) ( ) ( ) ( )
10. Invadia minha privacidade
( ) ( ) ( ) ( )
11. Gostava de conversar sobre as coisas comigo
( ) ( ) ( ) ( )
12. Freqüentemente sorria para mim
( ) ( ) ( ) ( )
13. Tendia a me tratar como bebê
( ) ( ) ( ) ( )
14. Parecia não entender o que eu necessitava ou queria
( ) ( ) ( ) ( )
15. Deixava que eu decidisse coisas por mim mesmo
( ) ( ) ( ) ( )
16. Fazia com que eu sentisse que não era querido (a)
( ) ( ) ( ) ( )
17. Podia me fazer sentir melhor quando eu estava chateado
( ) ( ) ( ) ( )
18. Não conversava muito comigo
( ) ( ) ( ) ( )
19. Tentava me fazer dependente dele (a)
( ) ( ) ( ) ( )
20. Ele (a) sentia que eu não poderia cuidar de mim mesmo, a
menos que ele (a) estivesse por perto
( ) ( ) ( ) ( )
21. Dava-me tanta liberdade quanto eu queria
( ) ( ) ( ) ( )
22. Deixava-me sair tão freqüentemente quanto eu queria
( ) ( ) ( ) ( )
23. Era superprotetor (a) comigo
( ) ( ) ( ) ( )
24. Não me elogiava
( ) ( ) ( ) ( )
25. Deixava-me vestir de qualquer jeito que eu desejasse
( ) ( ) ( ) ( )
ANEXO 1
55
TABELA 1. PROCESSO DE ANÁLISE DE EQUIVALÊNCIA SEMÂNTICA
V3 Este questionário lista várias atitudes e comportamentos dos pais. Conforme você se lembra de sua MÃE/PAI até os
seus 16 anos, faça uma marca no parêntese mais apropriado ao lado de cada afirmativa.
T1 The following questionnaire deals with the attitudes and behaviour of parents. Tick the closest answer according to
what you remember of your MOTHER/FATHER until you reached 16 years of age.
T2 This questionnaire lists several parent’s attitudes and behaviors. According to what you remember from your
MOTHER/FATHER until you were sixteen years old; mark the most appropriate parenthesis beside each affirmative.
VO This questionnaire lists various attitudes and behaviors of parents. As you remember your MOTHER/FATHER in
your first 16 years would you place a check in the most appropriate brackets next to each question.
V3 Muito Parecido/ Moderadamente Parecido/ Moderadamente Diferente/ Muito Diferente
T1 Very Similar/ Similar/ Different/ Very Different
T2 Very Likely/ Moderately Likely/ Moderately Different/ Very Different
VO Very Like/ Moderately Like/ Moderately unlike/ Very unlike
Itens (V3):
A1
T1
A1
T2
A2
T1
A2
T2
1. Falava comigo com uma voz meiga e amigável
T1 Spoke with me in a soft friendly voice
T2 Talked to me in a gentle and friendly voice
VO Spoke to me with a warm and friendly voice
100%
100%
IN
IN
2. Não me ajudava tanto quanto eu necessitava
T1 Did not help me even when I needed help
T2 Didn’t help me as much as I needed
VO Did not help me as much as I needed
67%
100%
CA
IN
3. Deixava-me fazer as coisas que eu gostava de fazer
T1 Allowed me to do the things that I liked to do
T2 Let me do the things I liked to do
VO Let me do the things I liked doing
100%
100%
IN
IN
4. Parecia emocionalmente fria (o) comigo
T1 Seemed emotionally cold with me
T2 Seemed emotionally cold with me
VO Seemed emotionally cold with me
100%
100%
IN
IN
V3 Versão 3/ T1 tradutor, cuja língua nativa é o inglês, fluente em português/ T2 tradutor, cuja língua nativa é o português,
fluente em inglês/VO Versão original/ A1 Pontuação da equivalência referencial/ A2 Pontuação da equivalêncoia geral
56
7 ARTIGO 2 - INGLÊS
PARENTAL BONDING AND EMOTIONAL RESPONSE TO
TRAUMA: A STUDY OF RAPE VICTIMS
(Aceito para publicação no Journal of Psychotherapy Research)
57
Parental bonding and emotional response to trauma:
a study of rape victims
Simone Hauck
ab
, Sidnei Schestatsky
ab
, Luciana Terra
a
, Letícia Kruel
a
and
Lúcia Helena Freitas Ceitlin
ab
Running head: Parental bonding and trauma
Corresponding Author: Simone Hauck, M. D. Hospital de Clínicas de Porto Alegre,
Serviço de Psiquiatria. Rua Ramiro Barcelos, 2350. Largo Eduardo Zaccaro Faraco,
900035-903. Porto Alegre – RS – Brasil.
Word count: 3305
Tables: 3
ab
Trauma Unit Center, Adult Psychiatry Division, Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
a
Federal University of the State of Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.
58
ABSTRACT
The aim of this study was to examine the impact of parental bonding as a resilience and/or
a risk factor for psychopathology after rape. Women rape victims referred to our Trauma
Unit Center were assessed regarding the perception of parental bonding in childhood, acute
posttraumatic stress disorder symptoms, acute stress disorder (ASD), clinical severity, and
other variables frequently associated with acute symptoms in traumatized patients. The
perception of having less affective parents was correlated with severity (P<0.05). In
addition ASD was more frequent in subjects with less affectionate and more controlling
fathers. The early bonds could be an important aspect in understanding how some
individual characteristics influence the traumatic response, raising questions to be
considered in further research.
59
Background
Since Posttraumatic Stress Disorder (PTSD) was introduced to DSM-III in 1980, emotional
consequences of exposure to traumatic events have been extensively studied. Using the
DSM-III-R criteria, the US National Comorbidity Survey reported that more than 50% of
the interviewed subjects had been exposed to at least one major traumatic event during
their lifetime, and that approximately 8% of men and 20% of women developed PTSD.
Rape was associated to the highest morbidity rates, with an PTSD incidence of 65% in men
and 49.5% in women [4].
One of the main unanswered questions is: Why do some people develop PTSD and others
do not, when exposed to similar traumatic events? Several factors that happen before,
during and after the traumatic event have been considered to be relevant from the point of
view of risk and resilience. Besides trauma characteristics, severity of PTSD symptoms
during the acute phase and peritraumatic dissociation are highly correlated with the
severity and the maintenance of the clinical manifestations [32, 33, 35, 36]. The presence
of psychiatric disorders, past history of trauma, the subject’s personality traits, and
available emotional support are especially important when considering vulnerability [3, 11,
37, 38]. Regehr and Marziali have suggested that the capacity of establishing relationships
and the presence of interpersonal problems may probably be an adequate construct in
understanding the role of the social context in the posttraumatic response to sexual
violence [14].
Reviewing the factors that increase the risk for developing PTSD, Yehuda states that the
initial response to fear is biological but it is also influenced by subjective interpretation
which depends on the person’s history. In this model, recovery from trauma would involve
confronting human vulnerability in such a way that it promotes learning and resilience. The
60
altered response to fear in vulnerable individuals can perpetuate the state of fear leading to
the development of a maladaptive biological condition [44]. In fact, several studies have
shown that the subjective interpretation and meaning of the event and of the symptoms are
central to the development and maintenance of PTSD [12, 13, 47-49].
Understanding, contextualizing and working through traumatic memories and feelings
triggered by trauma are a very personal issue that is directly correlated to the subject’s past
experiences. Among the factors considered to be relevant both for the development of
personality and for the ability to develop healthy bonds in adulthood, parenting during
childhood seems to play an essential role and it could have a direct influence on the
subject’s capacity to overcome the traumatic situation. Disturbances in this relationship
have been associated to higher risk to develop mental illnesses in general [67, 71, 124,
125]. Contemporary studies on developmental psychology confirm the importance of
believes in self-efficacy in facing threatening situations, which, according to Bowlby’s
attachment theory, relies largely upon the perception of parents as a psychological secure
base [74, 126, 127]. One could think about this bonding pattern as a resilience factor that
would render easier the adaptation to adverse situations in adulthood. Furthermore people
with disruptive bonds in childhood would tend to establish far more disturbed relationship
patterns in adulthood, with less social and emotional support to deal with the trauma
consequences. One of the ways to assess child-parent bonding quality is the observation of
the behavioral patterns of their parents, and this has been shown to be more important than
the mere behavior of the child in follow-up studies [75]. In 1979, Parker developed the
Parental Bonding Instrument (PBI) in order to assess this bond [70].The PBI has been
broadly used in the past decades showing that lack of care, especially when associated to
excessive control (affectionless control), is related to psychopathology in adulthood such
as anxiety, suicide, and personality disorders [72, 128, 129].
61
Studies employing the PBI in childhood sexual abuse victims have demonstrated that
subjects who perceived their fathers as less caring and more controlling displayed more
disturbed adjustment problems in adulthood and were exposed to more sexual abuse during
childhood [58, 99-101, 105].
However it is not known whether this perception about the parents is a risk or a resilience
factor in adulthood trauma. It may be supposed that people with better early relationships
would have more resources to work through unfavorable situations, while those with
disturbed early relationships, besides having worse interpersonal relationships in
adulthood, would tend to develop more symptoms and to develop more troubled
adjustments after trauma, perhaps due to deeper feelings of lack of control, hopelessness,
helplessness, and unpredictability.
Method
Subjects
During a nine month period, women rape victims who have formally denounced rape and
were referred to our Trauma Unit Center, who didn’t need additional medical support other
than routine gynecological assistance, and who had the first psychological evaluation
between the second and the twenty-ninth day after rape were invited to be part of the study.
The exclusion criteria were mental retardation and psychotic symptoms, which would
hamper the understanding of the research instruments. Thirty women met the criteria and
all of them have agreed to be part of the study and signed informed consent forms. The
rape was confirmed by forensic examination as part of the formal legal process.
62
Instruments
Bonding quality with parents was measured by the Parental Bonding Instrument (PBI), a
self-applied Likert type scale (0 to 3) with 25 questions, in which the subject answers how
much that behavior is similar to his/her parents’ behavior when he/she was sixteen years
old or younger. PBI measures two constructs: the first one, the affection dyads (affection,
warmth, availability, caring, sensibility versus coldness and rejection) and the second one,
protection (control, intrusion versus autonomy encouraging), both related to parental
characteristics considered as very important in the development of personality. PBI has
been widely used over the past decades and has been validated in several countries with
unchanged constructs [81, 83]. Studies with siblings, twins and other relatives confirm that
PBI, in addition to being a reliable instrument, measures actual parenting quite well.
Testing and retesting studies, one of them with an 11-year interval, confirm its stability
over time; follow-up studies of different clinical groups, including inpatients, show that
mental illnesses do not influence significantly on the perception of parental bonding [80,
90, 130]. A recent paper presented the stability of the PBI over a 20-year period in a non-
clinical cohort, controlling for state depression, neuroticism, gender, lifetime major
depression diagnosis, and positive and negative life events, increasing the confidence in the
PBI as a valid measure of perceived parenting over time [95]. The cross-cultural adaptation
of PBI was performed using the method proposed by Herdman et al [102] and the final
Brazilian Portuguese version of the PBI has been approved by the original author. The
subjects answered about their fathers and mothers separately (or the person who has been
perceived as having the father/mother function), and the scores were considered both
together and independently.
The severity of PTSD symptoms was measured by the Davidson Trauma Scale (DTS), a
self-applied scale composed of 17 questions, which correspond to the 17 diagnostic criteria
63
of DSM-IV and its sub-groups (intrusion and re-experience, avoidance and numbing, and
hyperarousal). The subjects grade from 1 to 4 for each of the symptoms according to its
frequency and associated distress. The original DTS has been tested for validity and
reproducibility using the following procedures: testing-retesting reliability (r=0.86),
internal consistency (α= 0.99), concurrent validity (compared to CIDI; p<0.0001),
convergent validity (r=0.78), discriminating validity (r= 0.04) and predictive validity
[131]. The Brazilian Portuguese version was used by Stein in assessing PTSD symptoms in
a Brazilian Primary Care Unit [132].
The clinical severity was accessed through the Clinical Global Impressions Severity of
Illness Scale (CGI-S). Clinical-demographic data such as schooling, age, psychiatric
history, past trauma and sexual abuse, time elapsed since rape, type of aggressor (known or
unknown), and whether the patient felt guilt or not about the rape were actively inquired by
means of a semi-structured interview. Two Likert type questions were asked about the
perceived support after the trauma, being “0” not true and “4” extremely true. The first
question was: “I felt that other people were sympathetic towards me”, and the second one
was: “I felt others understood what I had been through”, resulting in a score that was used
to infer the perception of support. In addition, the Depression, Panic Disorder and
Generalized Anxiety modules of the Brazilian Portuguese version of the Mini International
Neuropsychiatry Interview were retrospectively applied in order to assess the most
common disturbances associated with the severity of PTSD [107]. A semi-structured
interview, in accordance with the DSM-IV criteria, was done in order to diagnose Acute
Stress Disorder.
64
Statistical Analysis
The analysis was performed using SSPS 12.0, with the assistance of the Hospital de
Clínicas de Porto Alegre Post Graduation and Research Department. Correlation of
quantitative variables was assessed by the Pearson or Spearman methods. The difference
between means was assessed by the Student T test for independent variables, two-tailed.
For comparing symptom severity among the different parenting types the One-Way
ANOVA procedure was used and when there were significant differences the Least
Significant Difference Test (LSD) was performed. Liner regression was performed
considering the PBI scores that reached statistical significance (P< 0.05) as independent
variables and the DTS and CGI scores as dependent ones. Finally a hierarchical model was
created based on a conceptual framework that had the objective of describing the
hierarchical relationships between risk factors and the total DTS and CGI scores. This has
the advantage of avoiding that distal factors are improperly adjusted for proximate factors
with a consequent reduction or elimination of the distal variables effects [133]. Those
variables that reached a P level < 0.05 entered the next multivariate analysis step.
Results
The sample was composed of 30 patients. The mean age was 27.8 years (SD 11.73), the
mean time elapsed between trauma and the assessment was of 13.37 days (SD 9.71), mean
schooling was of 9.27 years (SD 3.08); 13 subjects had a history of psychiatric disorder, 7
subjects had experienced at least one major trauma in the past, 4 women had history of
sexual abuse and 22 mentioned family history of psychiatric disorders. When asked, 20
women claimed to have felt guilty about the traumatic event. Seven of the perpetrators
65
were known to the victims, which probably reflects the characteristics of the sample:
women who have formally denounced rape.
The mean CGI-S score was 4.47 (SD 1.47). The mean DTS score was 83.27 (SD 26.22).
Using 40 as the cut-off point (0.95 specificity and 0.69 sensitivity following the main
validation study), 29 of the 30 subjects would probably be diagnosed as having PTSD, and
considering the DSM-IV criteria 27 of the 30 women would be diagnosed as having PTSD,
not considering the temporal criterion. Nonetheless, only 13 of them would meet the
current criteria for Acute Stress Disorder (ASD), despite the functional impairment and the
clinical severity presented. The mean CGI score of subjects with ASD was 5.15 (SD 1.57)
versus 3.94 (SD 1.09) in women without the diagnosis, demonstrating that these diagnostic
criteria detect the most severe cases. However, according to Marshall, it may fail to
identify many subjects with significant distress when it gives priority to dissociative
symptoms and requires the presence of three of five dissociative symptoms for a diagnosis
[134]. The average score for affection was 22.03 (SD 10.03) for mothers and 21.10
(SD10.65) for fathers; and controlling/protection scores were 19.27 (SD 9.59) and 19.10
(SD 9.46), respectively.
The perception of the mother’s affection was inversely associated with the total DTS score
and the severity of the symptoms of avoidance and hyperarousal; the intensity of perceived
affection by the subjects in their bond with their fathers had inverse statistical significance
with all severity scores. There was an association (p<0.05) between time (days) elapsed
since rape and the re-experiencing DTS’ cluster, and between age and CGI score (TABLE
1). Linear regression was performed considering the DTS score as the dependent variable
with mother affection as the independent one (b=-0.415; t(1)=-2.415; P=0.023), with
father affection as the independent one (b=-0.538; t(1)=-3.316; P=0.003) and with
66
combined affection score as the independent one (b=-0.623; t(1)=-4.134; P=0.000). The
same procedure was made considering the CGI as the dependent variable regarding the
father affection (b=-0.540; t(1)=-3.337; P=0.002) and combined affection score (b=-0.531;
t(1)=-3.257; P=0.003).
The patients with the diagnosis of ASD had statistically significant less affective fathers
than those who did not have this diagnosis (16.5 versus 24.35; t(27)=-2.066; P=0.049), and
their fathers were perceived as more controlling than the fathers of those without the
diagnosis (23.75 versus 15.82; t(27)=2.404; P=0.023). The only statistically significant
qualitative variable associated both with CGI and total DTS scores was history of
psychiatric disorder (TABLE 2).
Starting with the cutoff points established in the population study done in Sidney and
replicated in other validation studies, one may sort four types of bonds: “1” optimal
parenting (affection with no control), “2” controlling affection, “3” affectionless control
and “4” negligent. The affectionless control, or type three, is the most commonly
associated to psychopathology [71, 90]. In this study, 20% of the population corresponded
to type 1 in relation to both fathers and mothers; 23.3% corresponded to type 2 in respect
of the mother and 26.7% with regard to the father. Type 3 had an incidence of 40% in both
cases, while type 4 was observed in 16.7% of the mothers and 10% of the fathers. The
One-Way ANOVA was performed both for the mothers’ and the fathers’ types of
parenting, but there were only a significant difference between groups for the fathers, both
in DTS score (F=4.182; df=3; P=0.016) and in CGI score (F=3.537; df=3; P=0.029).When
the LSD test was performed, this difference was located between groups 1 and 3 for all
outcomes, agreeing with other studies.
67
After establishing the Hierarchical Models, the variables that remained statistically
significant (P<0.05) in relation to CGI score were affection and perceived support, and in
relation to DTS score, affection and time elapsed since rape (TABLE 3).
Discussion
The main limitation of this study is the number of subjects and the specific characteristics
of the sample, which could prevent the data from generalization. On the other hand, the
design was specifically made to homogenize the trauma variables as much as possible,
rendering it possible to compare the PBI scores within the group, controlling for variables
that are also traditionally associated with symptom severity. Although the magnitude of
these associations needs further research, the perception of having less affective parents
was highly correlated with the severity of acute phase symptoms of PTSD and to clinical
impairment. Moreover the diagnosis of ASD, associated with severity and dissociative
symptoms, was more frequent in subjects with less affectionate and more controlling
fathers. Also in agreement with studies of other psychopathologies, the type 3, or
affectionless control, was associated with the greatest severity, and also the type 1, or
optimal parenting, with lesser symptoms.
Considering that the severity of acute symptoms, dissociative symptoms and ASD are
clearly associated with the development of PTSD and with its prognosis [32-36, 135], one
may state that childhood experiences, especially parental bonding, may be proven to be
very important for resilience/vulnerability of the subjects when facing traumatic situations,
even in adulthood, despite the age it occurred.
It may be supposed, considering the psychodynamic theory, that feelings of helplessness,
impotence, terror, hopelessness and many others, when facing traumatic events, would
68
appear to match the core personality experiences, and the perception about the world and
about oneself, most of which derived from childhood experiences. The great emphasis
given to the interpretation and meaning of the event itself and to PTSD symptoms could be
related to the fact that healthy subjects face the situation with hope, looking for help, and
trying to learn and to transform the traumatic experience. On the other hand failure to
overcome the trauma may be reinforced by hopelessness, by the idea that trauma just
confirms feelings of disability, impotence and submission thus reinforcing the perception
of “failure of the primary object”, and that the world really is a dangerous and threatening
place and people are not reliable [8]. It becomes impossible to trust in oneself, in other
people, in the world, and therefore the subject becomes highly vulnerable, feeling in
imminent danger.
Alternatively, one may consider the learned helplessness theory, primarily developed by
Seligman, which was based on the fact that animals that were early exposed to inescapable
shock were unable to escape when facing escapable situations latter. This failure to escape
did not dissipate in time, but could be broken by forcing exposing to an escape contingency
[136-139]. Applied to humans, the pessimistic-optimistic dyad was associated with coping,
physical and psychological health in a large number of studies [140-143]. One could
understand the parental-child relationship as a central aspect in perceiving failure versus
success in childhood, reinforcing hope and fight versus hopelessness and passive style,
leading to a better capacity in overcoming the traumatic situation, in opposition to a sense
of incompetence and persistent failure.
Furthermore, considering recent studies that have demonstrated the impact of traumatic
situations in childhood neurobiological function, it’s worth to point out the importance of
perceived parenting as a potential stressful situation in childhood that could lead to
69
neurobiological “printings” that may be related to latter capacity of coping and social
adjustment, besides interfering with physical and psychological health [51, 144-146].
Acknowledging that aspects of the parent-child relationship generate adults more apt to
face adverse situations, one might suggest the development of public health strategies, such
as educating parents about aspects of the family’s relationships that are associated with
resilience and mental health. It seems to us that the results obtained in this study were quite
significant, pointing to the need of more studies in this area in order to confirm and to
extend them to other types of trauma and of population. The fact that the association with
the father is more important than with the mother may reflect the reaction to the type of
trauma (rape), and agrees with other authors who studied child abuse. [58, 99-101].
Another important aspect to be considered is the diagnosis made in the acute phase, that
permits recognizing who is at greater risk and who would possibly benefit from early
interventions. It is likely that, at least in the most severe traumas, with higher PTSD
incidence, current ASD criteria may be inaccurate, thus leaving unanswered questions:
Which patients should be treated in the acute phase and with which type of intervention?
And how would these interventions affect prognosis? What are the primary intervention
attitudes? After major traumas, virtually everyone develop some degree of distress.
Besides the severity of acute phase symptoms, an investigation of the perceptions about the
world, about oneself, and about the others, together with the assessment of the early and
current relationships, could help in identifying those who need early interventions, and
guide interventions in terms of improving social and emotional support.
In spite of the present lacking of definitive answers, the authors’ objective is raising
attention to aspects of trauma research, as those related to parental bonds, which could lead
70
to broader conceptualizations, raising new questions about the intersection between
biological and psychosocial fields.
71
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76
TABLE 1 – Correlation (Pearson’s r) Between Quantitative Variables and Outcome
Scores
CGI DTS DTSR DTSA DTSH
Affection Mother
-0.28 -0.42* -0.22 -0.41* -0.51**
Affection Father
-0.54** -0.54** -0.46* -0.52** -0.46*
Combined Affection
-0.53** -0.62** -0.45* -0.59** -0.64**
Control Mother
-0.01 0.14 0.27 0.05 0.08
Control Father
0.27 0.17 0.08 0.13 0.23
Combined Control
0.15 0.195 0.235 0.090 0.213
Time (days)
-0.14 -0.32 -0.42* -0.17 -0.28
Age
0.43* 0.33 0.24 0.29 0.34
Schooling
-0.20 -0.09 -0.02 -0.09 -0.17
Perceived Support
-0.27 0.02 -0.04 0.03 0.08
DTSR re-experiencing cluster score at DTS
DTSA avoidance cluster score at DTS
DTSH hyperarousal cluster score at DTS
0. P < 0.05
** P < 0.01
77
TABLE 2 – Compared Means (Independent Samples Test, two-tailed)
Values expressed in means
± SD
HPD history of psychiatric disorder
PHT previous history of trauma
PAH previous abuse history
FHPD family history of psychiatric disorder
n CGI DTS
HPD
Yes
No
13
17
t(28) = 2.497; P= 0.019*
5.15 (±0.98)
3.94 (±1.52)
t(28)= 2.389; P= 0.024*
95.38 (SD 17.52)
74.00 (SD 28.38)
PHT
Yes
No
7
23
t(28)= 1.454; P= 0.157
5.14 (±0.90)
4.26 (± 1.51)
t(28)= 1.355; P= 0.18
94.86 (SD 16.07)
79.74 (SD 27.93)
PHA
Yes
No
4
26
t(28)= 0.419; P= 0.678
4.75 (± 1.26)
4.42 (± 1.47)
t(28)= 1.713; P= 0.138
97.75 (± 16.40)
81.04 (± 26.95)
FHPD
Yes
No
22
8
t(28)= 1.707; P= 0.099
4.73 (± 1.39)
3.75 (± 1.39)
t(28)= 1.411; P= 0.169
87.27 (± 27.72)
72.25 (±18.79)
Guiltiness
Yes
No
20
10
t(28)= 1.880; P= 0.071
4.80 (±1.36)
3.80 (± 1.40)
t(28)= 1.455; P= 0.157
88.10 (± 22.12)
73.60 (± 32.05)
78
TABLE 3 – Hierarchical Models
CGI DTS
Step one (Model 1)
Age
Schooling
Affection
Control
b P
0.33 0,054
-0.16 0,315
-0.46 0,007**
0.07 0,680
b P
0.19 0,252
-0.08 0,614
-0.58 0,001**
0.14 0,386
Step two (Model 2)
HPD
PHT
PAH
FHPD
b P
0.11 0,634
0.30 0,239
-0.28 0,158
0.19 0,272
b P
0.17 0,467
0.16 0,516
-0.08 0,690
0.09 0,583
Step three (Model 3)
Guiltiness
Time (days)
Support
b P
0.24 0,162
-0.31 0,067
-0.34 0,036*
b P
0.19 0,229
-0.39 0,017*
-0.08 0,598
HPD history of psychiatric disorder
PHT previous history of trauma
PAH previous abuse history
FHPD family history of psychiatric disorder
79
7 ARTIGO 2 - PORTUGUÊS
VÍNCULO PARENTAL E RESPOSTA EMOCIONAL AO TRAUMA:
UM ESTUDO DE VÍTIMAS DE ESTUPRO
PARENTAL BONDING AND EMOTIONAL RESPONSE TO
TRAUMA: A STUDY OF RAPE VICTIMS
80
Vínculo parental e resposta emocional ao trauma:
um estudo de vítimas de estupro
Parental bonding and emotional response to trauma:
a study of rape victims
Simone Hauck
ab
, Sidnei Schestatsky
ab
, Luciana Terra
a
, Letícia Kruel
a
and
Lúcia Helena Freitas Ceitlin
ab
Cabeçalho: Vínculo Parental e Trauma
Correspondência: Simone Hauck, M. D. Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Serviço de
Psiquiatria. Rua Ramiro Barcelos, 2350. Largo Eduardo Zaccaro Faraco, 900035-903.
Porto Alegre – RS – Brasil.
E-mail: [email protected]om.br
Contagem de Palavras: 3648
Tables: 3
ab
Núcleo de Estudos e Tratamento do Trauma Psíquico, Serviço de Psiquiatria, Hospital de Clínicas de
Porto Alegre.
a
Universidade Federal do Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.
81
RESUMO
O objetivo deste estudo foi investigar o impacto do vínculo parental como fator de risco e
resiliência no desenvolvimento de psicopatologia após estupro. Mulheres vítimas de
violência sexual referidas para tratamento no Núcleo de Estudos e Tratamento do Trauma
Psíquico foram avaliadas quanto a percepção do vínculo com os pais na infância, sintomas
agudos de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), Transtorno de Estresse Agudo
(TEA), severidade clínica e outras variáveis comumente associadas com sintomas agudos
em vítimas de trauma. A percepção de pais menos afetivos foi associada com severidade
(p<0,05). Além disso, o diagnóstico de TEA foi mais freqüente em pacientes com pais
menos afetivos e mais controladores. Os vínculos precoces podem ser um aspecto
importante no entendimento da forma como as características individuais influem na
resposta ao trauma, levantando questões a serem investigadas em pesquisas futuras.
82
ABSTRACT
The aim of this study was to examine the impact of parental bonding as a resilience and/or
a risk factor for psychopathology after rape. Women rape victims referred to our Trauma
Unit Center were assessed regarding the perception of parental bonding in childhood, acute
posttraumatic stress disorder symptoms, acute stress disorder (ASD), clinical severity, and
other variables frequently associated with acute symptoms in traumatized patients. The
perception of having less affective parents was correlated with severity (P<0.05). In
addition ASD was more frequent in subjects with less affectionate and more controlling
fathers. The early bonds could be an important aspect in understanding how some
individual characteristics influence the traumatic response, raising questions to be
considered in further research.
83
Introdução:
Desde que o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) foi introduzido no DSM-III
em 1980, as conseqüências emocionais da exposição a situações traumáticas tem sido
extensamente estudadas. Utilizando critérios do DSM-III-R, o US National Comorbidity
Survey, demonstrou que mais de 50% dos entrevistados haviam sido expostos a pelo menos
uma situação traumática maior ao longo da vida e que aproximadamente 8% dos homens e
20% das mulheres desenvolveram TEPP. O estupro foi o trauma associado as maiores
taxas de morbidade com uma incidência de TEPT de 65% nos homens e 49,5% nas
mulheres [4].
Uma das principais questões a ser respondida é: porque algumas pessoas desenvolvem
TEPT e outras não quando expostas a eventos traumáticos semelhantes? Vários fatores que
ocorrem antes, durante e após o evento traumático tem sido considerados relevantes do
ponto de vista de risco e resiliência. Além das características do trauma, a severidade dos
sintomas de TEPT no período agudo e a presença de sintomas dissociativos no período
peritraumático estão fortemente correlacionados com a severidade e a manutenção das
manifestações clínicas [32, 33, 35, 36]. História prévia de doença psiquiátrica, história
prévia de trauma, características da personalidade e a disponibilidade de suporte emocional
são especialmente importantes do ponto de vista de vulnerabilidade [3, 11, 37, 38]. Regehr
and Marziali propuseram a capacidade de estabelecer relações e a presença de problemas
interpessoais como um constructo adequado no entendimento do papel do contexto social
na resposta pós-traumática à violência sexual [14].
Ao revisar os fatores envolvidos no aumento de risco para o desenvolvimento do TEPT,
Yehuda (2004) conclui que a resposta inicial ao medo é biológica, mas é influenciada pela
interpretação subjetiva, que depende da historia pessoal do indivíduo. Nesse modelo, a
recuperação de uma situação traumática envolveria o confronto com a vulnerabilidade de
84
uma forma que promovesse aprendizado e resiliência. Uma resposta alterada ao “medo”
em indivíduos suscetíveis pode “perpetuar esse estado de medo”, levando a uma condição
biológica desadaptativa [44]. De fato, uma série de estudos têm apontado a interpretação e
a significação subjetiva do evento em si e dos sintomas desencadeados por ele como
centrais no desenvolvimento e na manutenção do TEPT [12, 13, 47-49].
Entender, contextualizar e elaborar as memórias e sentimentos desencadeados pelo trauma
é uma tarefa muito pessoal, que está diretamente correlacionada à experiência passada do
indivíduo. Dentre os fatores considerados relevantes tanto no desenvolvimento da
personalidade quanto na capacidade de desenvolver vínculos saudáveis na vida adulta, a
qualidade do vínculo com os pais na infância parece ter papel central e pode ter influência
na capacidade de superar a situação traumática. Distúrbios nessa relação tem sido
associados a um aumento de risco para doença mental em geral [67, 71, 124, 125]. Estudos
contemporâneos da psicologia do desenvolvimento confirmam a importância da crença na
auto-eficácia ao enfrentar situações ameaçadoras, que, de acordo com a teoria do apego de
Bolwby se baseia largamente na percepção dos pais como uma base psicológica segura
[74, 126, 127]. Pode-se pensar nesse padrão de vínculo como um fator de resiliência, que
poderá facilitar a adaptação a situações adversas na vida adulta. Além disso, pessoas com
vínculos precoces disruptivos tenderiam a estabelecer relações de pior qualidade na vida
adulta, tendo menos suporte emocional e social disponíveis para lidar com a situação
traumática. Um dos meios de avaliar a qualidade da relação pais e filho é a observação do
padrão de comportamento dos pais, que se mostrou mais importante do que do que o
comportamento da criança em estudos de seguimento [75]. Em 1979, Parker desenvolveu o
Parental Bonding Instrument (PBI) para avaliar esse vínculo [70]. O PBI foi amplamente
utilizado nas últimas décadas, e a falta de afeto, principalmente quando associada a
85
excesso de controle (affectionless control), foi associada a patologias na vida adulta como
depressão, ansiedade, suicídio, transtornos de personalidade entre outras [72, 128, 129].
Estudos que utilizaram o PBI em vítimas de abuso sexual na infância demonstraram que
aqueles que perceberam seus pais como menos afetivos e mais controladores tiveram mais
problemas de ajustamento na vida adulta e foram mais expostos a abuso sexual na infância.
[58, 99-101, 105].
No entanto, não se sabe se a percepção sobre o vínculo com os pais na infância segue
sendo um fator de risco e resiliência em traumas na vida adulta. Pode-se supor que
indivíduos com relações iniciais de melhor qualidade teriam mais recursos para superar
situações adversas, enquanto aqueles com relações iniciais comprometidas, além de dispor
de piores relações interpessoais na vida, tenderiam a desenvolver mais sintomas e
dificuldades de ajustamento, possivelmente em decorrência de maior persistência e
intensidade de sentimentos como perda de controle, desamparo, desesperança e
imprevisibilidade.
Método:
Sujeitos
Durante um período de 9 meses, mulheres que denunciaram formalmente o estupro e foram
encaminhadas para tratamento no Núcleo de Estudos e Tratamento do Trauma Psíquico,
que não necessitaram atendimento medico além do atendimento ginecológico de rotina e
que tiveram a primeira avaliação psicológica entre o 2º e o 29º dia após o estupro. Os
critérios de exclusão foram retardo mental e sintomas psicóticos, que poderiam prejudicar
a compreensão dos instrumentos de pesquisa. Trinta mulheres preencheram os critérios e
86
todas concordaram em participar do estudo, assinando consentimento informado. O estupro
foi confirmado por perícia médico-legal como parte da denúncia formal.
Instrumentos
O Parental Bonding Instrument (PBI) é um instrumento auto-aplicável tipo Likert (0 a 3)
com 25 perguntas em relação ao pai e a mãe, em que o sujeito responde o quão parecido
aquele comportamento é com o comportamento dos pais até os seus 16 anos. Foi elaborado
em 1979 através de análises fatoriais sucessivas, a partir 114 itens retirados da literatura e
considerados qualidades parentais importantes para o desenvolvimento normal. O PBI
mede dois constructos: o primeiro, afeto, mais consistente e claramente bipolar (afeto,
calor, disponibilidade, cuidado, sensibilidade versus frieza e rejeição) e o segundo controle
ou proteção (controle, intrusão versus encorajamento da autonomia) [79] . O PBI foi
amplamente utilizado nas últimas décadas tendo sido validado em diversos países sem
alteração do constructo [81, 83]. Estudos com irmãos, gêmeos e outros familiares
conformaram que o PBI, além de ser confiável, mede a parentagem real com razoável
aproximação. Estudos de teste e reteste, um deles com 11 anos de intervalo, confirmaram a
estabilidade do instrumento ao longo do tempo, enquanto estudos de seguimento, inclusive
com pacientes internados, demonstraram que a doença mental não influencia
significativamente a percepção dos vínculos com os pais na infância [80, 90, 130].Um
artigo recente apresentou a estabilidade do PBI ao longo de 20 anos em uma população não
clínica, controlando para sintomas de depressão, neuroticismo, depressão maior ao longo
da vida, gênero e eventos de vida positive e negativos, aumento a confiabilidade do PBI
como uma medida válida da parentagem percebida na infância ao longo do tempo [95]. A
adaptação transcultural do PBI foi realizada utilizando-se o método proposto por Herdman
e cols. [102] e a versão final foi aprovada pelo autor do instrumento original. Os sujeitos
87
foram inquiridos sobre os pais e mães (ou pessoa com essa função na infância) em
separado e os escores foram considerados individualmente e em conjunto.
A severidade dos sintomas de TEPT foi inferida através da Davidson Trauma Scale (DTS),
uma escala composta por 17 perguntas que correspondem aos 17 critérios diagnósticos do
DSM-IV e seus subgrupos. É necessário para o preenchimento da escala que o indivíduo
preencha o critério “A” do DSM-IV. O paciente pontua de 1 a 4 cada um desses sintomas
em relação à freqüência e ao grau de sofrimento associado. A DTS encontra-se testada em
sua versão original quanto à validade e à confiabilidade, mediante os seguintes
procedimentos: confiabilidade teste-reteste (r=0,86), consistência interna (α= 0,99),
validade concorrente (contra o CIDI; p<0,0001), convergente (r=0,78), discriminante (r=
0,04) e validade preditiva. [131]. A versão em português brasileiro foi utilizada por Stein e
cols. para investigar sintomas TEPT em uma unidade brasileira de cuidado primário [132].
A severidade clínica foi inferida através da Clinical Global Impressions Severity of Illness
Scale (CGI-S). Os dados clínico-demográficos como escolaridade, idade, história
psiquiátrica prévia, incluindo de trauma passado e abuso sexual, bem como o tempo
decorrido do estupro (dias) e o tipo de agressor (conhecido versus desconhecido) foram
pesquisados ativamente através de entrevista semi-estruturada. Duas perguntas do tipo
Likert foram acrescentadas para investigar a percepção de apoio após o trauma, sendo “0”
não é verdade e “4” extremamente verdade. A primeira pergunta foi: “Eu senti que os
outros foram compreensivos comigo” e a segunda foi “Eu senti que as outras pessoas
entenderam o que passei”, resultando em um escore que foi utilizado para inferir a
percepção de apoio. Além disso, os módulos de Depressão, Transtorno do Pânico e
Ansiedade Generalizada do Mini International Neuropsychiatric Interview foram aplicados
retrospectivamente para investigar as patologias mais associadas à gravidade do TEPT
88
[107]. Foi realizada uma entrevista semi-estruturada, segundo critérios do DSM-IV, para
efetuar o diagnóstico de Transtorno de Estresse Agudo (TEA).
Análise Estatística
A análise foi realizada utilizando-se o SSPS 12.0, com a assistência do Grupo de Pesquisa
e Pós-Graduação do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. A correlação das variáveis
quantitativas foi realizada através dos testes de Pearson ou Spearman. A diferença entre
médias foi feita pelo teste T de student para variáveis independentes, com duas caudas.
Para a comparação da severidade dos sintomas entre os diferentes tipos de parentagem foi
utilizado o One-Way ANOVA, e, quando houve diferença significativa, o Least Significant
Difference Test (LSD) foi realizado. Foram feitas regressões lineares considerando os
escores de PBI que tiveram significância estatística (P< 0.05) como variáveis
independentes e os escores da DTS e da CGI como dependentes. Finalmente, um modelo
hierárquico foi criado, com base em um modelo teórico que tem por objetivo descrever as
relações hierárquicas entre os fatores de risco e o escore total da DTS e da CGI. Esse tipo
de análise tem a vantagem de evitar que os fatores distais sejam inadequadamente
corrigidos pelos fatores proximais, reduzindo ou eliminando o efeito dos primeiros [133].
As variáveis que atingiram um nível de significância < 0.05 entraram no próximo estágio
de análise.
Resultados:
A amostra foi composta por 30 pacientes. A idade média foi 27,8 anos (DP 11,73), o tempo
médio entre o trauma e a avaliação foi de 13,37 (DP 9,71), a escolaridade media foi de
9,27 anos completos de estudo (DP 3,08); 13 pacientes tinham história prévia de doença
psiquiátrica, 7 haviam experenciado ao menos um trauma maior no passado, 4 tinham
89
história de abuso sexual e 22 referiram história familiar de doença psiquiátrica. Quando
perguntado 20 mulheres relataram sentir-se culpadas pelo estupro. Sete dos agressores
eram conhecidos das vítimas, o que provavelmente reflete as características da amostra:
mulheres que denunciaram formalmente o estupro.
O escore médio da CGI foi 4,47 (DP 1,47). O escore médio da DTS foi 83,27 (DP 26,22).
Utilizando 40 como ponto de corte (0,95 de especificidade e 0,69 de sensibilidade segundo
o estudo principal de validação), 29 das 30 mulheres seriam provavelmente diagnosticadas
como tendo TEPT, e, considerando os critérios do DSM-IV, 27 das 30 mulheres teriam o
diagnóstico de TEPT excluindo-se o critério temporal. Apesar disso, apenas 13 delas
preencheram critérios para TEA, apesar do prejuízo funcional e gravidade clínica. O escore
médio da CGI das pacientes com TEA foi 5,15 (DP 1,57) versus 3,49 (DP 1,09) nas
mulheres sem o diagnóstico, demonstrando que esse diagnóstico detecta os casos mais
severos. No entanto, em acordo com Marshall, pode falhar em identificar muitos sujeitos
com sofrimento significativo quando prioriza os sintomas dissociativos, exigindo a
presença de três de cinco sintomas dissociativos para o seu diagnóstico [134]. O escore
médio de afeto foi 22,03 (DP 10,03) para as mães e 21,10 (DP 10,65) para os pais; os
escores de proteção foram 19,27 (DP 9,59) e 19,10 (DP 9,46) respectivamente.
A percepção de afeto materno foi inversamente associada ao escore total da DTS e a
severidade dos sintomas de evitação e hiperexitabilidade; a intensidade do afeto percebido
no vínculo com os pais teve correlação inversamente significativa com todos os escores de
severidade. Houve uma associação (p< 0,05) entre o tempo passado do estupro em dias e o
cluster de re-experienciação e entre a idade e o escore da CGI (TABELA 1). Foi realizada
regressão linear tendo o escore total da DTS como variável dependente e o afeto materno
como independente (b=-0.415; t(1)=-2.415; P=0.023), com o afeto paterno como
90
independente (b=-0.538; t(1)=-3.316; P=0.003) e com o escore combinado de afeto como
variável independente (b=-0.623; t(1)=-4.134; P=0.000). O mesmo procedimento foi
realizado tendo o escore da CGI como a variável dependente em relação ao afeto paterno
(b=-0.540; t(1)=-3.337; P=0.002) e ao escore combinado de afeto (b=-0.531; t(1)=-3.257;
P=0.003).
As pacientes com diagnóstico de TEA tiveram pais significativamente menos afetivos
(16.5 versus 24.35; t(27)=-2.066; P=0.049) e mais controladores (23.75 versus 15.82;
t(27)=2.404; P=0.023) do que as pacientes sem o diagnóstico. A única variável qualitativa
significativamente associada aos escores da CGI e da DTS foi história prévia de doença
psiquiátrica (TABELA 2).
Utilizando os pontos de corte do estudo populacional realizado em Sydney e replicado em
outros estudos de validação, podemos classificar a parentagem em quarto tipos: tipo “1”ou
parentagem ótima, tipo “2”ou controle afetivo, tipo “3”ou controle sem afeto e tipo “4”
negligente. O tipo “3” ou controle sem afeto é o tipo mais freqüentemente associado a
psicopatologia [71, 90]. Nesse estudo, 20% da população correspondeu ao tipo 1 tanto em
relação aos pais, quanto às mães; 23.3% correspondeu ao tipo 2 em relação às mães e
26.7% em relação aos pais. O tipo 3 teve uma incidência de 40% em ambos os casos,
enquanto o tipo 4 foi observado em 16,7% das mães e 10% dos pais. O One-Way ANOVA
foi realizado para os diferentes tipos de parentagem dos pais e das mães, mas somente
houve diferença significativa entre os grupos no caso dos pais, tanto em relação aos
escores da DTS (F=4.182; df=3; P=0.016), quanto da CGI (F=3.537; df=3; P=0.029).
Quando o teste LSD foi realizado, esta diferença foi localizada entre os grupos 1 e 3 para
todos os desfechos, de acordo com outros estudos.
91
Após estabelecer os modelos hierárquicos, as variáveis que permaneceram significativas
(P<0,05) em relação ao escore da CGI foram o afeto e a percepção de apoio e, em relação a
DTS, o afeto e o tempo passado desde o estupro (TABELA 3).
Discussão:
As principais limitações desse estudo são o tamanho da amostra e a especificidade das suas
características, que poderiam impedir a generalização dos dados. Por outro lado, o
delineamento foi realizado com a intenção de homogeneizar as variáveis do trauma o
máximo possível, tornando possível a comparação dos escores do PBI dentro do grupo,
controlando para outras variáveis comumente associadas a severidade dos sintomas.
Apesar da necessidade de mais pesquisas para confirmar a magnitude das associações, a
diminuição de afeto foi fortemente correlacionada com a severidade dos sintomas na fase
aguda e com o prejuízo clínico. Além disso, o diagnóstico de TEA, associado a severidade
e a presença de sintomas dissociativos, foi mais freqüente em pacientes que perceberam
seus pais como menos afetivos e mais controladores. De acordo com achados em outras
patologias, o tipo 3, ou controle sem afeto, foi associado a maior severidade e o tipo 1, ou
parentagem ótima, a menos sintomas.
Considerando que a severidade dos sintomas na fase aguda, a presença de sintomas
dissociativos e o diagnóstico de TEA estão claramente associados ao desenvolvimento de
TEPT e ao seu prognóstico [32-36, 135], pode-se supor que as experiências infantis,
especialmente aquelas ligadas a qualidade do vínculo com os pais, podem ser muito
importantes do ponto de vista de risco e resiliência ao enfrentar situações traumáticas,
mesmo na vida adulta, independentemente da idade em que ocorra o trauma.
Pode-se supor, considerando a teoria psicanalítica, que sentimentos de desamparo,
impotência, terror, desesperança, entre outros, iriam de encontro a estrutura da
92
personalidade do indivíduo e à percepção sobre o mundo e sobre o self, que derivam em
grande parte das experiências infantis. A grande ênfase que vem sendo dada a
interpretação e a significação do evento traumático poderia estar relacionada ao fato de que
indivíduos saudáveis enfrentam a situação com esperança, buscando ajuda, tentando
transformar e aprender, a partir da experiência traumática. Por outro lado, a falha em
superar o trauma poderia ser reforçada por sentimentos de desamparo, pela idéia de que o
trauma apenas confirma sentimentos de impotência e submissão, reforçando a percepção
da “falha do objeto primário”, sendo o mundo de fato um lugar perigoso e ameaçador,
onde as pessoas não são confiáveis [8]. Torna-se impossível confiar em si mesmo, nas
outras pessoas e no mundo, e o indivíduo torna-se altamente vulnerável, sentindo-se em
perigo eminente.
Alternativamente, pode-se considerar a teoria do desamparo aprendido, primariamente
desenvolvida por Seligman, que se baseia no fato de que animais que foram precocemente
expostos a choques sem fuga possível, falham em escapar quando enfrentam situações em
que há escape possível no futuro. Essa falha não se dissipa no tempo, mas pode ser
revertida ao forçar-se a exposição a contingências de fuga [136-139]. Aplicada a humanos,
a díade otimismo-pessimismo foi associada à capacidade de coping e à saúde física e
mental em um grande número de estudos [140-143]. Pode-se entender a relação da criança
com seus pais como essencial na percepção de fracasso versus sucesso na infância,
reforçando esperança e luta em oposição a desesperança e passividade, levando a uma
maior capacidade de superar a situação traumática ou a um senso de incompetência e falha
persistente..
Além disso, estudos recentes têm demonstrado consistentemente o impacto de situações
traumáticas na infância sobre a função neurobiológica da criança, sendo lógico considerar
93
a parentagem percebida como um potencial fator estressor que poderia levar a “marcas”
neurobiológicas que poderiam interferir na capacidade futura de coping e ajuste social,
além de interferir com a saúde física e mental [51, 144-146].
O conhecimento dos aspectos da relação pais e filhos que geram adultos mais aptos a
enfrentrar situações adversas, possibilita o planejamento de estratégias de saúde pública
como a educação dos pais. Os resultados obtidos nesse estudo são bastante significativos,
apontando a necessidade de mais estudos para confirmar esses achados e estendê-los a
outras populações e diferentes tipos de trauma. O fato da associação com os escores
paternos ser mais importante pode refletir o tipo de trauma, estupro, e está de acordo com
estudos em abuso sexual na infância [58, 99-101].
Outro aspecto importante a ser considerado é o diagnóstico na fase agida, que permite
reconhecer os indivíduos que tem um risco maior e poderiam se beneficiar de intervenção
precoce. É provável que, pelo menos nos traumas mais severos, associados a altas taxas de
TEPT, o critério atual de TEA seja inadequado, deixando questões em aberto: Quais
pacientes devem ser tratados na fase aguda e com qual tipo de intervenção? Como estas
intervenções afetariam o prognóstico? Quais são as atitudes primárias de intervenção?
Após traumas graves, virtualmente todos os indivíduos desenvolvem algum grau de
sofrimento. Além da severidade dos sintomas na fase aguda, uma investigação da
percepção sobre o mundo, sobre o self e sobre os outros, juntamente com a investigação da
qualidade dos relacionamentos passados e atuais, poderia auxiliar na identificação daqueles
que necessitam de intervenção precoce, além de guiar essa intervenção no sentido da
melhora do suporte social e emocional.
Apesar da ausência de respostas definitivas, o objetivo dos autores é chamar a atenção para
aspectos da pesquisa do trauma como a importância dos vínculos na infância, que podem
94
levar um entendimento mais amplo, levantando novas questões sobre a intersecção do
campo biológico e psicossocial.
95
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100
TABELA 1 – Correlação (r de Pearson) entre variáveis quantitativas e desfechos
DTSR escore de re-experienciação na DTS
DTSA escore de evitasção na DTS
DTSH escore de hiperexitabilidade na DTS
* P < 0.05
** P < 0.01
CGI DTS DTSR DTSA DTSH
Afeto Materno
-0.28 -0.42* -0.22 -0.41* -0.51**
Afeto Paterno
-0.54** -0.54** -0.46* -0.52** -0.46*
Afeto Combinado
-0.53** -0.62** -0.45* -0.59** -0.64**
Controle Materno
-0.01 0.14 0.27 0.05 0.08
Controle Paterno
0.27 0.17 0.08 0.13 0.23
Controle Combinado
0.15 0.195 0.235 0.090 0.213
Tempo (dias)
-0.14 -0.32 -0.42* -0.17 -0.28
Idade
0.43* 0.33 0.24 0.29 0.34
Escolaridade
-0.20 -0.09 -0.02 -0.09 -0.17
Apoio
-0.27 0.02 -0.04 0.03 0.08
TABELA 2 – Comparação de Médias (teste para amostras independentes, duas
caudas)
Valores expressos em média ± DP
HDP história de doença psiquiátrica
HPT história prévia de trauma
HPA história prévia de abuso
HFDP história familiar de doença psiquiátrica
n CGI DTS
HDP
Sim
Não
13
17
t(28) = 2.497; P= 0.019*
5.15 (±0.98)
3.94 (±1.52)
t(28)= 2.389; P= 0.024*
95.38 (SD 17.52)
74.00 (SD 28.38)
HPT
Sim
Não
7
23
t(28)= 1.454; P= 0.157
5.14 (±0.90)
4.26 (± 1.51)
t(28)= 1.355; P= 0.18
94.86 (SD 16.07)
79.74 (SD 27.93)
HPA
Sim
Não
4
26
t(28)= 0.419; P= 0.678
4.75 (± 1.26)
4.42 (± 1.47)
t(28)= 1.713; P= 0.138
97.75 (± 16.40)
81.04 (± 26.95)
HFDP
Sim
Não
22
8
t(28)= 1.707; P= 0.099
4.73 (± 1.39)
3.75 (± 1.39)
t(28)= 1.411; P= 0.169
87.27 (± 27.72)
72.25 (±18.79)
Culpa
Sim
Não
20
10
t(28)= 1.880; P= 0.071
4.80 (±1.36)
3.80 (± 1.40)
t(28)= 1.455; P= 0.157
88.10 (± 22.12)
73.60 (± 32.05)
98
TABELA 3 – Modelos Hierárquicos
HDP história de doença psiquiátrica
HPT história prévia de trauma
HPA história prévia de abuso
HFDP história familiar de doença psiquiátrica
CGI DTS
Modelo 1
Idade
Escolaridade
Afeto
Controle
b P
0.33 0,054
-0.16 0,315
-0.46 0,007**
0.07 0,680
b P
0.19 0,252
-0.08 0,614
-0.58 0,001**
0.14 0,386
Modelo 2
HDP
HPT
HPA
HFDP
b P
0.11 0,634
0.30 0,239
-0.28 0,158
0.19 0,272
b P
0.17 0,467
0.16 0,516
-0.08 0,690
0.09 0,583
Modelo 3
Culpa
Tempo (dias)
Apoio
b P
0.24 0,162
-0.31 0,067
-0.34 0,036*
b P
0.19 0,229
-0.39 0,017*
-0.08 0,598
99
8 DISCUSSÃO
No que diz respeito à hipótese principal de trabalho, as principais limitações
desse estudo são o tamanho da amostra e a especificidade do tipo de trauma e
dos critérios de inclusão e exclusão, que podem impossibilitar a generalização
dos achados. No entanto, o delineamento do estudo foi feito com a intenção de
homogeneizar as variáveis relacionadas ao trauma o máximo possível,
possibilitando a comparação dos fatores em estudo e o controle das demais
variáveis comumente associadas à gravidade da sintomatologia aguda após um
evento traumático [4, 29, 37, 108].
Embora sejam necessários outros estudos para determinar a magnitude das
associações encontradas e a sua influência em outros tipos de trauma e outras
populações, a percepção de pais menos afetivos esteve fortemente associada à
severidade dos sintomas na fase aguda e ao prejuízo clínico. Além disso, o
diagnóstico de Transtorno de Estresse Agudo (TEA), sabidamente associado à
severidade dos sintomas, à presença de sintomas dissociativos e ao prognóstico,
foi mais freqüente em pacientes com pais menos afetivos e mais controladores.
Em concordância com estudos de outras psicopatologias, o vínculo do tipo três,
ou controle sem afeto, foi associado a maior gravidade, enquanto o vínculo do tipo
um, ou parentagem ótima (presença de afeto e encorajamento de autonomia),
com menos sintomas.
100
Considerando que a severidade da sintomatologia aguda, a presença de
sintomas dissociativos e o diagnóstico de TEA estão claramente associados ao
desenvolvimento e a manutenção do Transtorno de Estresse Pós-Traumático
(TEPT), pode-se supor que as experiências infantis, especialmente a qualidade
do vínculo com os pais na infância, possam constituir um importante fator de
risco/ resiliência no TEPT, independentemente da idade em que ocorre o trauma.
A evidência da importância da qualidade do vínculo com o(s) cuidador(es)
como determinante da capacidade de adaptação versus desenvolvimento de
psicopatologia após a experienciação de um estressor grave – estupro – encontra
ressonância nas mais diversas teorias do desenvolvimento psíquico e nos
avanços científicos atuais.
Pode-se supor, considerando a teoria psicanalítica, que sentimentos de
desamparo, impotência, terror, desesperança e outros, ao enfrentar experiências
traumáticas, iriam de encontro às características da personalidade, questionando
o estilo defensivo e as percepções sobre o mundo, sobre o self e sobre os objetos
(e relações de objeto internalizadas), os quais se derivam, em grande parte, das
experiências infantis. A grande ênfase dada atualmente à interpretação e a
significação do evento traumático e dos sintomas desencadeados por ele poderia
estar relacionada ao fato de que indivíduos saudáveis enfrentam o evento
traumático com esperança, buscando ajuda, tentando modificar a situação e
aprender a partir da experiência traumática. Por outro lado, a falha em superar o
trauma poderia ser reforçada pela desesperança, pela idéia de que o trauma
apenas confirmou sentimentos de impotência, incompetência e submissão,
reforçando a percepção de “falha do objeto primário”, de que o mundo de fato é
101
um lugar perigoso e assustador, onde as pessoas não são confiáveis [8]. Torna-
se impossível confiar em si mesmo, nos outros e no mundo. Dessa forma, o
indivíduo torna-se extremamente vulnerável, sentindo-se em perigo iminente.
De fato, desde os estudos de Freud, a relação cuidador-criança tem papel
central no desenvolvimento da personalidade [64]. A concepção freudiana de
inconsciente e de perpetuação de respostas mal adaptativas repetidas
primariamente oriundas da experiência infantil (neurose) encontra hoje suporte
empírico substancial, a partir dos estudos da memória procedural ou implícita, que
evidenciam que agimos de acordo com experiências prévias, a pesar de não
haver recordação consciente dessas experiências [109, 110].
Diversos aspectos da interação ambiente versus fatores constitucionais tem
sido salientados como, por exemplo, a importância de um ambiente continente,
que possibilitaria o desenvolvimento, a partir de percepções sensório-motoras
difusas, de uma consistente, diferenciada e relativamente realista representação
do self e da interação objetal, através de uma crescente evolução de níveis de
representação simbólica [111]. Spitz, já na década de cinqüenta, salientava a
importância da relação mãe-bebê no desenvolvimento adequado da regulação do
afeto [112], fato atualmente corroborado por uma série de estudos em animais
que demonstram claramente o papel da maternagem no desenvolvimento do
funcionamento neurobiológico da prole [51, 53, 55, 60]. O papel do cuidador no
desenvolvimento da capacidade de pensar e significar a experiência foi salientado
por autores como Bion, Spillius e Fonagy, e, de fato, o desenvolvimento cerebral
precoce tem sido visto como crucial no desenvolvimento de distúrbios
psicológicos, em detrimento de um funcionamento adaptativo [111].
102
A teoria do desamparo aprendido (learned helplessness), que tem Seligmann
como um dos seus principais autores, possibilita um entendimento alternativo do
modo como experiências negativas prévias poderiam influir na capacidade de
enfrentamento de situações de estresse ou traumas. A teoria do desamparo
aprendido foi desenvolvida, a partir de estudos em modelos animais que
demonstraram que aqueles expostos previamente a choques dos quais não havia
possibilidade de escape, eram incapazes de escapar quando confrontados com
situações em que havia possibilidade de escape no futuro. Essa impossibilidade
de apresentar um comportamento de fuga não se dissipava no tempo, mas era
modificativa quando o animal era forçado um determinado número de vezes a
contingências de fuga ao estresse (ser guiado repetidas vezes para a parte da
gaiola que desligava o mecanismo de choque) [113]. Aplicada a humanos, a
díade pessimismo-otimismo foi associada a adaptação (coping), saúde física e
mental em um grande número de estudos [113-116]. Poderíamos entender a
relação parental como um aspecto central na percepção de falha versus sucesso
na infância, aumentando a auto-eficácia e o comportamento de esperança e luta
versus desamparo e passividade, levando a uma melhor capacidade de superar a
situação traumática, em oposição a um senso de incompetência e falha
persistente, presentes em um grande número de vítimas de trauma que não
conseguem retornar ao seu funcionamento prévio.
Do ponto de vista de risco e resiliência ao enfrentar uma situação traumática,
a evidência de que a qualidade da relação com os pais na infância, principalmente
a presença de afeto, tem importância significativa está em conformidade com
estudos em modelos animas que evidenciam que uma maternagem adequada e
103
afetiva, como por exemplo a presença do comportamento de lamber e acariciar
em ratas, promove um desenvolvimento neurobiológico mais adaptativo,
influenciando diretamente na expressão gênica, na regulação neuroendócrina e
na plasticidade cerebral [51, 53, 55, 60], determinando a resposta neuroendócrina
e comportamental a estressores na vida adulta [117, 118]. De fato, estudos em
humanos, além de evidenciar consistentemente a associação de eventos
adversos na infância com uma predisposição a transtornos de ansiedade, tem
demonstrado alterações de base neurobiológica em adultos, após a exposição a
abuso e negligência ou a outros tipos de trauma infantil, semelhantes àquelas
encontradas em modelos animais [4, 52, 56].
A importância da rede social em relação à gravidade clínica é congruente
com outros estudos e também pode ser parcialmente determinada pelas
experiências precoces de relacionamento. Kohut, autor da teoria do self, enfatizou
a importância da relação precoce com o cuidador, no sentido de possibilitar o
desenvolvimento da autonomia e auxiliar no desenvolvimento da capacidade de
diferenciar, tolerar e pensar sobre os afetos como centrais no desenvolvimento do
self. Kohut salientou que a existência destes objetos “auxiliadores” seguiria sendo
importante durante toda a vida [119]. A importância da rede social como fator
protetor tem sido evidenciada em uma série de estudos epidemiológicos [111].
John Bowlby (1907-1991), um dos principais autores da psicologia do
desenvolvimento, trouxe mudanças significativas no entendimento do papel da
relação da criança com sua mãe ou cuidador. A introdução da teoria do apego e
do papel do cuidador como uma “base-segura”, propiciando cuidado e afeto, sem
restringir a autonomia e a exploração, apresentou um novo conceito sobre o que
104
seriam vínculos saudáveis e propiciadores de saúde mental. Outra importante
função da relação com o cuidador seria a veracidade dos modelos de self, objeto
e realidade oferecidos e a validação da percepção da realidade da criança, bem
como o auxílio na interpretação de eventos adversos. A possibilidade de
questionamento dos modelos também teria papel importante na construção da
veracidade, e uma regressão ao comportamento de apego em situações de
perigo e estresse é vista como um recurso adaptativo ao longo de toda a vida, ao
invés de um comportamento predominantemente imaturo [74]. Desenvolvimentos
atuais destes conceitos, juntamente com dados empíricos, evidenciam que,
embora os modelos primitivos sejam de crucial importância e tenham influência
direta nos modelos de relacionamento futuros, esses não são estáticos, e as
relações interpessoais seguem tendo, em algum grau, as mesmas funções das
relações primitivas [111]. Além de estarem de acordo com os achados do
presente estudo, esses conceitos estão em conformidade com as evidências
atuais do papel protetor da rede social e das relações interpessoais.
O fato da associação com os escores paternos ser mais proeminente do que
com os escores maternos poderia ser explicada pelo tipo de trauma (estupro) e
está em conformidade com estudos de abuso sexual na infância [58, 99-101].
105
9 CONCLUSÃO
No que se refere à adaptação transcultural do Parental Bonding Instrument
para o nosso meio, o estudo alcançou os objetivos de equivalência conceitual,
equivalência dos itens, equivalência semântica, equivalência operacional,
equivalência funcional e aprovação da versão final pelo autor original do
instrumento, disponibilizando uma versão inicial de um instruemnto extremamente
útil e utilizado em diversas culturas nas últimas duas décadas. No entanto, a
equivalência funcional de uma adaptação transcultural supõe que o instrumento
mede o que se propõe nas diferentes culturas e engloba todo o processo descrito,
além da avaliação das propriedades psicométricas do instrumento, necessitando
do seguimento do processo de validação para conclusões definitivas sobre a
adequação da versão proposta.
O conhecimento dos aspectos da relação pais e filhos que possibilitam o
desenvolvimento de adultos mais aptos a lidar com situações adversas, possibilita
o planejamento de estratégias de intervenção social, como, por exemplo,
estratégias de educação sobre os aspectos da relação familiar associados à
resiliência e à saúde mental.
Após a ocorrência de um evento traumático grave, virtualmente todos os
indivíduos desenvolvem algum grau de estresse agudo e sofrimento. Além da
severidade dos sintomas na fase aguda, a investigação das percepções sobre o
mundo, sobre o self e sobre os outros, juntamente com a investigação da
qualidade das relações atuais e passadas e da rede social disponível, poderia
106
ajudar na identificação daquelas pessoas que estão sob maior risco, necessitando
intervenções precoces, bem como poderia guiar estas intervenções em termos de
melhorar o suporte social e emocional disponível.
Com a confirmação, nessa amostra, da hipótese de que indivíduos com
relações precoces de melhor qualidade desenvolvem sintomas menos intensos e
duradouros após exposição ao mesmo evento traumático, pode-se pensar que a
influencia do comportamento parental sobre o funcionamento neurobiológico é, de
fato, o substrato de seu impacto sobre o desenvolvimento cognitivo e emocional,
descritos pelos mais diversos teóricos da psicologia, influindo diretamente sobre o
desenvolvimento da personalidade e sobre a modulação de características de
temperamento.
107
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116
ANEXOS
117
PROTOCOLO
Nome: _____________________________________________ Data: ___/___/___
Endereço: ___________________________________________________________
Telefone: ___________________________ Prontuário: ______________________
Data do trauma: ___/___/___ Idade: ___ anos Escolaridade: ___ anos
Abuso sexual prévio: Não Sim Idade(s): ____,____,___,___,___
História psiquiátrica prévia: Não Sim
Diagnóstico(s): _________________________________________________
_______________________________________________________________
Tratamento Psiquiátrico prévio: Não Sim
Qual? _________________________________________________________
_______________________________________________________________
Doença psiquiátrica na família: Não Sim
Quem? Qual? __________________________________________________
_______________________________________________________________
Fez denúncia formal?
Não Sim
Se não, por que?________________________________________________
______________________________________________________________
Agressor:
Desconhecido
Conhecido Quem? ________________________________________________
ANEXO 1
118
PARENTAL BONDING INSTRUMENT – Versão para o português brasileiro
Este questionário lista várias atitudes e comportamentos dos pais. Conforme você se lembra da sua MÃE/PAI até os seus
16 anos, faça uma marca no parêntese mais apropriado ao lado de cada afirmativa.
Muito
Parecido
Moderadamente
Parecido
Moderadamente
Diferente
Muito
Diferente
26. Falava comigo com uma voz meiga e amigável
( ) ( ) ( ) ( )
27. Não me ajudava tanto quanto eu necessitava
( ) ( ) ( ) ( )
28. Deixava-me fazer as coisas que eu gostava de fazer
( ) ( ) ( ) ( )
29. Parecia emocionalmente frio (a) comigo
( ) ( ) ( ) ( )
30. Parecia compreender meus problemas e preocupações
( ) ( ) ( ) ( )
31. Era carinhoso (a) comigo
( ) ( ) ( ) ( )
32. Gostava que eu tomasse minhas próprias decisões
( ) ( ) ( ) ( )
33. Não queria que eu crescesse
( ) ( ) ( ) ( )
34. Tentava controlar todas as coisas que eu fazia
( ) ( ) ( ) ( )
35. Invadia minha privacidade
( ) ( ) ( ) ( )
36. Gostava de conversar sobre as coisas comigo
( ) ( ) ( ) ( )
37. Freqüentemente sorria para mim
( ) ( ) ( ) ( )
38. Tendia a me tratar como bebê
( ) ( ) ( ) ( )
39. Parecia não entender o que eu necessitava ou queria
( ) ( ) ( ) ( )
40. Deixava que eu decidisse coisas por mim mesmo
( ) ( ) ( ) ( )
41. Fazia com que eu sentisse que não era querido (a)
( ) ( ) ( ) ( )
42. Podia me fazer sentir melhor quando eu estava chateado
( ) ( ) ( ) ( )
43. Não conversava muito comigo
( ) ( ) ( ) ( )
44. Tentava me fazer dependente dele (a)
( ) ( ) ( ) ( )
45. Ele (a) sentia que eu não poderia cuidar de mim mesmo, a
menos que ele (a) estivesse por perto
( ) ( ) ( ) ( )
46. Dava-me tanta liberdade quanto eu queria
( ) ( ) ( ) ( )
47. Deixava-me sair tão freqüentemente quanto eu queria
( ) ( ) ( ) ( )
48. Era superprotetor (a) comigo
( ) ( ) ( ) ( )
49. Não me elogiava
( ) ( ) ( ) ( )
50. Deixava-me vestir de qualquer jeito que eu desejasse
( ) ( ) ( ) ( )
ANEXO 2
119
E
E
E
S
S
S
C
C
C
A
A
A
L
L
L
A
A
A
D
D
D
A
A
A
V
V
V
I
I
I
D
D
D
S
S
S
O
O
O
N
N
N
D
D
D
E
E
E
T
T
T
R
R
R
A
A
A
U
U
U
M
M
M
A
A
A
Nome: Idade: Sexo: M F
Data: ___/___/____ Registro:______
Gostaríamos que você identificasse a situação traumática que mais o perturba:
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Cada uma das questões abaixo se refere a um sintoma
específico. Para cada questão considere com que freqüência, e
com que gravidade, o sintoma o perturbou na última semana.
Nos dois quadrados ao lado de cada questão escreva um número
de 0 a 4 para indicar a freqüência e a gravidade do sintoma.
FREQÜÊNCIA GRAVIDADE
0 = nenhuma vez 0 = não perturbou
1 = uma vez 1 = perturbação mínima
2 = 2 a 3 vezes 2 = perturbação moderada
3 = 4 a 6 vezes 3 = perturbou muito
4 = Diariamente 4 = perturbou extremamente
1. Você teve imagens, memórias ou pensamentos dolorosos sobre evento?
2. Você teve sonhos perturbadores sobre o evento?
3. Você sentiu como se o evento estivesse ocorrendo de novo? Como se você
o estivesse revivendo?
4. Você se incomodou com alguma coisa que lhe relembrou o evento?
5. Você experimenta sintomas físicos quando algo lhe relembra o evento? (Isto
inclui suadouro, tremores, palpitações, o coração disparar, falta de ar,
náusea ou diarréia).
6. Você tem evitado qualquer pensamento ou sentimentos sobre o evento?
7. Você tem evitado fazer coisas ou entrar em situações que lhe relembrem o
evento?
8. Você tem se sentido incapaz de relembrar partes importantes do evento?
9. Você vem tendo dificuldades para se sentir satisfeito com as coisas da sua
vida?
10. Você tem se sentido distante ou desligado das pessoas?
11. Você tem se achado incapaz de se sentir triste ou amoroso com as pessoas?
12. Você vem tendo dificuldade em pensar no seu futuro e em planejar objetivos
para sua vida?
13. Você vem tendo dificuldade para pegar no sono ou para continuar dormindo?
14. Você tem estado mais irritadol ou com crises de raiva?
15. Você vem tendo dificuldade para se concentrar?
16. Você tem se sentido como se estivesse “no limite” ou facilmente distraído ou
com a sensação de ter que ficar em guarda?
17. Você tem se sentido sobressaltado ou se assustado com facilade?
ANEXO 3
120
CGI- ESCALA DE IMPRESSÃO CLÍNICA GLOBAL - SEVERIDADE DA DOENÇA
Considerando sua experiência com este de problema, o quão mentalmente doente está o paciente neste
momento?
(1) Normal; não limítrofe (2) Doença limítrofe (3) Levemente doente (4) Moderadamente doente
(5) Marcadamente doente (6) Gravemente doente (7) Doença extremamente grave
ANEXO 4
121
Estresse Agudo: (2 dias até um mês após o trauma)
1) Você tem se sentido anestesiado, distante ou vem tendo dificuldade
para sentir suas emoções?
( ) Sim ( ) Não
2) Você vem tendo dificuldade de tomar consciência das coisas que o
cercam, por exemplo, como se estivesse vivendo em um sonho?
( ) Sim ( ) Não
3) {Desrealização} Você tem percebido a realidade como se estivesse
diferente, estranha, sem sentido ou como um palco em que as pessoas
estivessem atuando?
( ) Sim ( ) Não
4) {Despersonalização} Você tem se sentido como se não fosse você
mesmo, ou como se suas emoções ou sentimentos estivessem estranhos,
perdidos, ou como se as emoções não fossem as suas ?
( ) Sim ( ) Não
5) {Amnésia Dissociativa} Você tem se sentido incapaz ou com
dificuldade de relembrar partes importantes do evento?
( ) Sim ( ) Não
ANEXO 5
122
ESCALA DE PERCEPÇÃO DE APOIO
1. Eu senti que os outros foram compreensivos comigo.
0 1 2 3 4
Não é verdade Um pouco verdadeiro Razoavelmente verdadeiro Bastante verdadeiro Extremamente verdade
2. Eu senti que as outras pessoas entenderam o que passei.
0 1 2 3 4
Não é verdade Um pouco verdadeiro Razoavelmente verdadeiro Bastante verdadeiro Extremamente verdade
3. Eu fiquei triste com a maneira como as outras pessoas agiram.
0 1 2 3 4
Não é verdade Um pouco verdadeiro Razoavelmente verdadeiro Bastante verdadeiro Extremamente verdade
ANEXO 6
123
TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO
Estamos realizando uma pesquisa com um instrumento diagnóstico que
avalia como as pessoas reagem quando são vítimas de uma situação traumática
como aconteceu com você. Vamos fazer algumas perguntas sobre você e o que
ocorreu, bem como perguntaremos sobre sentimentos que isso causou em você.
Essa entrevista durará cerca de uma hora. A sua identidade não será revelada em
trabalhos que utilizem as informações fornecidas e você poderá optar por se retirar
do estudo a qualquer momento sem que isso prejudique seu atendimento no
Hospital de Clínicas.
Eu _________________________________________________ fui
informado dos objetivos acima descritos e do porquê estão sendo utilizadas as
escalas que vou preencher de forma clara e detalhada. Sei que poderei solicitar
novos esclarecimentos e que, a qualquer momento do estudo, terei liberdade de
retirar meu consentimento de participar na pesquisa. O pesquisador(a)
________________________ certificou-me do caráter confidencial dos dados e de
que, a divulgação dos resultados será sem identificação e unicamente para fins de
pesquisa.
Porto Alegre, ___ de ____________ de _____
Assinatura do paciente ___________________________________________
Assinatura do pesquisador ________________________________________
Contato com a pesquisadora: Simone Hauck - 21018272
Pesquisadora responsável: Lúcia Helena Ceitlin
ANEXO 7
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