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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E RECURSOS NATURAIS
ASPECTOS DA GERMINAÇÃO E DA CONSERVAÇÃO DE
SEMENTES DE ESPÉCIES DO GÊNERO Tabebuia (BIGNONIACEAE)
ALUISIO BRIGIDO BORBA FILHO
SÃO CARLOS – SP
2006
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E RECURSOS NATURAIS
ASPECTOS DA GERMINAÇÃO E DA CONSERVAÇÃO DE
SEMENTES DE ESPÉCIES DO GÊNERO Tabebuia (BIGNONIACEAE)
Aluisio Brigido Borba Filho
Engenheiro Agrônomo
Orientadora:
Profa. Dra. Sonia Cristina Juliano Gualtieri de Andrade Perez
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Ecologia e Recursos Naturais, do Centro de
Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade
Federal de São Carlos, como parte dos requisitos
para a obtenção do título de Doutor em Ciências.
Área de Concentração: Ecologia e Recursos
Naturais.
SÃO CARLOS – SP
2006
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Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária/UFSCar
B726ag
Borba Filho, Aluisio Brigido.
Aspectos da germinação e da conservação de sementes
de espécies do gênero Tabebuia (Bignoniaceae) / Aluisio
Brigido Borba Filho. -- São Carlos : UFSCar, 2006.
86 p.
Tese (Doutorado) -- Universidade Federal de São Carlos,
2006.
1. Germinação. 2. Tabebuia. 3. Plantas florestais -
sementes. 4. Vigor de sementes. I. Título.
CDD: 581.334 (20
a
)
iii
Aluisio Brigido Borba Filho
ASPECTOS DA GERMINAÇÃO E DA CONSERVAÇÃO DE
SEMENTES DE ESPÉCIES DO GÊNERO Tabebuia (BIGNONIACEAE)
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos
Naturais, do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Federal de
São Carlos, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutor em
Ciências. Área de Concentração: Ecologia e Recursos Naturais.
Aprovada em 08 de junho de 2006
BANCA EXAMINADORA
Profa. Dra. Sonia Cristina Juliano Gualtieri de Andrade Perez
Orientadora
PPG-ERN/UFSCar
Prof. Dr. Alfredo Gui Ferreira
UFRGS
Profa. Dra. Silmara Cristina Fanti
UNICEP
Profa. Dra. Maria Cristina de Figueiredo e Albuquerque
UFMT
Prof. Dr. Sérgio Roberto Garcia dos Santos
Instituto Florestal – SP
iv
À minha esposa
Aneliza
e
aos nossos filhos
André, Alexandre e Adriano.
Dedico
v
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Mato Grosso;
Ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais da Universidade
Federal de São Carlos;
À Professora Dra. Sonia Cristina J. G. de A. Perez, pela orientação, incentivo e
amizade;
À Professora Dra. Miramy Macedo, pela carinhosa atenção e pelo apoio e estímulo
para início e desenvolvimento desse estudo;
À Professora Dra. Maria Cristina de F. e Albuquerque, pelo apoio e constante
incentivo e pelas sugestões como membro da Banca Examinadora;
Aos Professores. Dr. Alfredo Gui Ferreira e Dr. Sérgio Roberto G. dos Santos e à
Professora Dra. Silmara Cristina Fanti, pela participação na Banca Examinadora e
pelas importantes sugestões apresentadas;
Ao Eng. Agrônomo Dimas de Melo, por ceder a Fazenda Invernada para coleta de
sementes e pela colaboração nas atividades de campo;
Ao Professor Zenésio Finger, pelo auxílio na coleta de sementes e por fotos para
ilustrar o trabalho;
Ao Técnico José Edivaldo da Silva, do UFMT – Herbário Central, pela ajuda na
coleta de sementes;
Ao Professor Sidney F. Caldeira, por permitir o uso do Viveiro Florestal e pelas
colaborações prestadas;
À Bióloga Sidnéa A. F. Caldeira e aos funcionários e estagiários do Laboratório de
Sementes da FAMEV/UFMT, pelo apoio na condução dos experimentos;
vi
Aos Professores Joadil G. de Abreu, Mariano M. Espinosa, Sebastião C. Guimarães
e Adriana Q. Machado, pelo auxílio nos procedimentos estatísticos e pelas
sugestões apresentadas;
Aos acadêmicos do curso de agronomia da UFMT Luiz Fernando de J. B. Souza,
Marcianne Cristinne Q. dos Santos e Valéria Louise da S. Pires, pela importante
colaboração nas atividades de laboratório;
Às amigas Ana Beatriz Gatti, Luiza P. S. Moraes, Maristela Imatomi e Rosângela P.
Biruel, pela atenção, incentivo e decisiva colaboração;
À minha esposa Aneliza M. Borba, pela paciência, compreensão e carinhoso apoio
em todos os momentos;
Aos meus filhos André M. Borba, Alexandre M. Borba e Adriano M. Borba, pela
amizade, dedicação e ajuda em várias etapas.
vii
“Não julgues nada pela pequenez dos começos.
Uma vez fizeram-me notar que não se distinguem
pelo tamanho as sementes que darão ervas
anuais das que vão produzir árvores centenárias”.
Josemaria Escrivá
ASPECTOS DA GERMINAÇÃO E DA CONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE
ESPÉCIES DO GÊNERO Tabebuia (BIGNONIACEAE)
RESUMO GERAL – O gênero Tabebuia, da família Bignoniaceae, é formado por
cerca de 100 espécies, várias das quais apresentam, além de importância ambiental,
valor madeireiro, medicinal e ornamental. Essas espécies produzem sementes em
grande quantidade, com curto período de viabilidade em condições naturais. No
presente estudo foram desenvolvidos trabalhos sobre aspectos da germinação e
conservação de sementes de espécies do gênero Tabebuia. Inicialmente foram
avaliados substratos para uso no teste de germinação de sementes das espécies T.
aurea (Manso) Benth. & Hook., T. impetiginosa (Mart.) Standl., T. ochracea (Cham.)
Standl., T. roseo-alba (Ridl.) Sand. e T. serratifolia (Vahl.) Nich. Foram testados os
substratos sobre-areia, sobre-vermiculita, sobre-areia+vermiculita, sobre-papel (duas
folhas de papel mata-borrão) e entre-papel (duas folhas de papel mata-borrão
abaixo e uma sobre as sementes). Para sementes de T. impetiginosa, esses
substratos são favoráveis para uso no teste de germinação. Para as demais
espécies, os substratos mais adequados são: sobre-areia, sobre-papel e entre-papel
para T. aurea; entre-papel para T. ochracea e T. roseo-alba e sobre-areia e entre-
papel para T. serratifolia. Em outro trabalho procurou-se identificar a condição
adequada para o armazenamento de sementes de T. roseo-alba e de T.
impetiginosa, bem como avaliar métodos para estimar alterações na viabilidade e no
vigor dessas sementes. Diferentes grupos de sementes foram acondicionados em
sacos de plástico transparente, sacos de papel Kraft e latas. Em seguida foram
armazenados por até 300 dias em condições de laboratório, geladeira e câmara
refrigerada. No início do armazenamento e após cada período de 60 dias
determinou-se o teor de água, a porcentagem e a velocidade de germinação e a
condutividade elétrica das sementes. A melhor condição para conservação de
sementes de T. roseo-alba e T. impetiginosa foi obtida com o acondicionamento em
lata e manutenção em geladeira. Sementes de T. impetiginosa também podem ser
conservadas embaladas em saco de plástico, saco de papel ou lata quando
estocadas em câmara refrigerada. Alterações no vigor de sementes dessas espécies
são primeiramente identificadas considerando a velocidade de germinação. No
terceiro trabalho foi avaliada a eficiência do envelhecimento acelerado em detectar
variações no vigor de sementes de T. roseo-alba e de T. impetiginosa. Sementes
dessas espécies foram submetidas ao envelhecimento acelerado sob temperaturas
de 40 ou 45ºC, por períodos de 24, 48, 72, 96, 120 e 144 horas. Após esses
períodos foram realizados testes de germinação e de emergência de plântulas e
calculados os índices de emergência em campo. Verificou-se que o envelhecimento
acelerado é eficiente para detectar variações no vigor de sementes de T. roseo-alba
e de T. impetiginosa. Quando o envelhecimento é conduzido a 45ºC, as diferenças
na viabilidade e no vigor ocorrem primeiro. As características porcentagem e
velocidade de germinação, emergência de plântulas e biomassa incorporada, podem
ser recomendadas como indicadoras do vigor das sementes com o uso do
envelhecimento acelerado. Sob condições mais drásticas de envelhecimento
acelerado, não há correspondência entre os dados obtidos em campo e em
laboratório.
Termos para indexação – sementes florestais; viabilidade; vigor.
ASPECTS ON THE GERMINATION AND CONSERVATION OF SEEDS IN
SPECIES OF THE GENUS Tabebuia (BIGNONIACEAE)
GENERAL ABSTRACT – The genus Tabebuia in the family Bignoniaceae comprises
about 100 species, several of which have medicinal, ornamental, and timber value, in
addition to their environmental importance. These species produce large amounts of
seeds, with a short viability period under natural conditions. In the present research,
studies were developed on germination and conservation aspects of seeds in
species of the genus Tabebuia. Initially, substrates were evaluated to be used in
seed germination tests for the species T. aurea (Manso) Benth. & Hook., T.
impetiginosa (Mart.) Standl., T. ochracea (Cham.) Standl., T. roseo-alba (Ridl.)
Sand., and T. serratifolia (Vahl.) Nich. The following substrates were tested: on sand,
on vermiculite, on sand+vermiculite, on paper (two sheets of blotting paper) and
between sheets (two sheets of blotting paper under and one sheet over the seeds).
For T. impetiginosa seeds, these substrates are suitable for use in germination tests.
For the other species, the most suitable substrates were: on sand, on paper, and
between sheets for T. aurea; between sheets for T. ochracea and T. roseo-alba; and
on sand and between sheets for T. serratifolia. In another study we attempted to
identify a suitable condition to store T. roseo-alba and T. impetiginosa seeds, as well
as to evaluate methods to estimate alterations in the viability and vigor of those
seeds. Different groups of seeds were placed in clear plastic bags, Kraft paper bags,
and cans. The seeds were then stored for up to 300 days under laboratory,
refrigerator, and refrigerated chamber conditions. Seed water content, germination
percentage and velocity, and electric conductivity were determined at the onset of
storage and thereafter at every 60 days. The best T. roseo-alba and T. impetiginosa
seed conservation condition was obtained with cans maintained in the refrigerator. T.
impetiginosa seeds can also be kept in plastic bags, paper bags, or cans when
stored in refrigerated chamber. Seed vigor alterations in these species are initially
identified based on germination velocity. In the third study, we evaluated accelerated
aging effectiveness in detecting vigor variations in T. roseo-alba and T. impetiginosa
seeds. Seeds of these species were submitted to accelerated aging under
temperatures of 40 or 45ºC, for periods of 24, 48, 72, 96, 120, and 144 hours. After
those periods, germination and plantlet emergence tests were conducted, and field
emergence index values were calculated. We verified that accelerated aging is
effective to detect seed vigor variations in T. roseo-alba and T. impetiginosa. When
aging is conducted at 45°C, differences in viability and vigor occur first. Traits such
as germination percentage and velocity, plantlet emergence, and incorporated
biomass can be recommended as seed vigor indicators, using accelerated aging.
Under more drastic accelerated-aging conditions, no correspondence is observed
between data obtained in the field and in the laboratory.
Index terms – forest seeds; viability; vigor.
viii
SUMÁRIO
A
Introdução Geral.......................................................................................................1
Características das espécies estudadas...................................................................4
Capítulo 1
Avaliação de substratos para uso no teste de germinação de sementes de espécies
do gênero Tabebuia .................................................................................................11
Resumo....................................................................................................................11
Abstract ....................................................................................................................12
Introdução ................................................................................................................13
Material e Métodos...................................................................................................16
Resultados e Discussão...........................................................................................18
Conclusões...............................................................................................................35
Referências Bibliográficas........................................................................................36
Capítulo 2
Armazenamento de sementes de ipê-branco e ipê-roxo em diferentes embalagens e
ambientes.................................................................................................................38
Resumo....................................................................................................................38
Abstract ....................................................................................................................39
Introdução ................................................................................................................40
Material e Métodos...................................................................................................43
Resultados e Discussão...........................................................................................46
Conclusões...............................................................................................................55
Referências Bibliográficas........................................................................................56
ix
Capítulo 3
Eficiência do envelhecimento acelerado em detectar variações no vigor de sementes
de ipê-branco e de ipê-roxo......................................................................................59
Resumo....................................................................................................................59
Abstract ....................................................................................................................60
Introdução ................................................................................................................61
Material e Métodos...................................................................................................64
Resultados e Discussão...........................................................................................67
Conclusões...............................................................................................................83
Referências Bibliográficas........................................................................................84
Conclusões Gerais ...................................................................................................86
1
INTRODUÇÃO GERAL
A conversão das áreas com vegetação nativa em áreas agrícolas tem sido
uma das principais causas de modificações no meio ambiente e, várias dessas, de
alto potencial de impacto negativo, com danos severos à biodiversidade
(CAMPANHOLA et al., 1997). Dessa forma, diversas espécies vegetais vêm
sofrendo forte erosão genética em virtude do avanço das fronteiras agrícolas e da
intensa exploração predatória (RIBEIRO & SILVA, 1996; BARROS, 1997).
Nos últimos anos têm sido desenvolvidos esforços no sentido de amenizar
essas ações negativas por meio de projetos de recomposição vegetal de áreas
degradadas e, nesse sentido, as espécies da flora brasileira que apresentam
potencial econômico, madeireiro, ornamental e medicinal, vêm recebendo atenção
de pesquisadores. Entretanto, são necessários mais estudos sobre a avaliação e a
preservação da qualidade física e fisiológica das sementes para melhor
aproveitamento de um lote, quer para estudos básicos, quer para a produção de
mudas (HEBLING, 1997).
Em geral, as espécies florestais apresentam uma produção irregular de
sementes, sendo abundante em determinado ano e escassa em outros. Por esse
motivo, determinar as melhores condições para o armazenamento torna-se
necessário para garantir a demanda anual de sementes, possibilitando a formação
de um estoque com manutenção da viabilidade e do vigor para os anos onde há
baixa, ou nenhuma produção (CARNEIRO & AGUIAR, 1993).
A partir da maturidade fisiológica tende a ocorrer redução no potencial
fisiológico das sementes, como conseqüência do processo de deterioração. Assim,
depois de colhidas e, antes de serem utilizadas para a semeadura, as sementes
devem ser armazenadas adequadamente para que a deterioração seja reduzida ao
2
mínimo, possibilitando a manutenção da viabilidade das mesmas (AGUIAR, 1995).
O potencial fisiológico das sementes pode ser avaliado em laboratório por
meio de diferentes testes. Dentre esses, o teste de germinação possibilita
informações sobre a viabilidade e o vigor das mesmas. Na condução de testes de
germinação, o substrato é de grande importância por constituir o ambiente no qual a
semente pode germinar e se desenvolver (FIGLIOLIA et al., 1993). As Regras para
Análise de Sementes (BRASIL, 1992) recomendam que para a escolha do substrato
deve-se levar em consideração o tamanho da semente, sua sensibilidade ou não à
luz, disponibilidade de nutrientes e facilidade que esse oferece para as avaliações
das plântulas emergidas.
Entretanto, o teste de germinação não é considerado completo, uma vez
que não envolve vários aspectos da relação entre a semente e o ambiente. Desse
modo, é importante a adoção de métodos que permitam a avaliação do vigor das
sementes para identificar diferenças no potencial de desempenho entre lotes com
porcentagem de germinação semelhante. Uma vez que a deterioração tem início
logo após a maturidade fisiológica, quanto mais próximo desse estádio estiver o
parâmetro avaliado, mais sensível será o teste (MARCOS FILHO, 1999).
Dentre os testes de vigor, o da condutividade elétrica estima a qualidade
da semente em função da quantidade de lixiviados liberados na solução de
embebição das sementes, que está relacionada à integridade das membranas
celulares. Membranas mal estruturadas e danificadas estão geralmente associadas
aos processos de deterioração e de redução do vigor da semente (VIEIRA &
KRZYZANOWSKI, 1999).
Outra maneira de avaliar o vigor das sementes é com a aplicação do teste
de envelhecimento acelerado, que tem como premissa que a taxa de deterioração
3
das sementes é aumentada após serem expostas a elevadas temperatura e
umidade relativa do ar, considerados os principais fatores relacionados com a
deterioração de sementes ortodoxas (MARCOS FILHO, 2005). Após serem
submetidas ao envelhecimento, as sementes são avaliadas pelo teste de
germinação ou de emergência de plântulas. Desse modo, sementes mais vigorosas
apresentam germinação mais rápida e homogênea e plântulas mais desenvolvidas.
O gênero Tabebuia, da família Bignoniaceae, é formado por cerca de 100
espécies, das quais 35 ocorrem no Brasil (FARIAS, 2000). Várias dessas espécies,
além de importância ambiental, apresentam valor madeireiro, com usos na
construção civil e marcenaria. São também utilizadas como plantas medicinais,
ornamentais e melíferas, sendo apreciadas para paisagismo e recomposição vegetal
de áreas degradadas. Em geral produzem sementes em grande quantidade que,
entretanto, apresentam curto período de viabilidade em condições naturais (POTT &
POTT, 1994; LORENZI, 2000; CARVALHO, 2003).
Essas espécies apresentam possibilidades de múltiplos usos e suas
sementes constituem um material biológico de fácil manuseio. Desse modo, foram
escolhidas para o presente estudo, com o objetivo de acrescentar informações sobre
aspectos da germinação e conservação de sementes de espécies do gênero
Tabebuia.
4
Características das espécies estudadas
Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook., conhecida como caraibeira ou
paratudo, é uma espécie arbórea, com aproximadamente 20 m de altura, tronco
tortuoso e revestido por casca grossa. Floresce durante os meses de junho a
setembro, com a árvore quase totalmente despida da folhagem e suas flores tem
coloração amarela. Os frutos são deiscentes, com sementes dotadas de alas,
dispersas pelo vento. Um quilograma de sementes contém entre 4.300 e 6.700
unidades (LORENZI, 2000; SILVA JUNIOR, 2005).
Ocorre nas regiões Norte e Nordeste, no Cerrado e no Pantanal. Produz
madeira moderadamente pesada, própria para cabos de ferramentas, confecção de
móveis e para construção civil. A árvore é ornamental, prestando-se para
arborização urbana e para recomposição vegetal de áreas degradadas (POTT &
POTT, 1994; LORENZI, 2000). Apresenta vários usos medicinais, sendo
considerada “um santo remédio do pantaneiro” para problemas de estômago e
fígado, vermes, anemia, entre outros (POTT & POTT, 1994).
Figura 1 – Árvore, frutos e sementes de Tabebuia aurea. Cuiabá, Mato
Grosso, Brasil. (Fotos: Borba Filho, A.B.).
5
A espécie Tabebuia impetiginosa (Mart.) Standl. é conhecida pelos nomes
populares de ipê-roxo, ipê-roxo-de-bola ou pau-d’arco-roxo. É uma árvore que pode
atingir altura superior a 20 m, com tronco de 60 a 90 cm de diâmetro. Floresce de
maio a agosto, com a árvore despida da folhagem. Os frutos amadurecem de
setembro a outubro, produzindo sementes aladas. Um quilograma contém
aproximadamente 8.950 sementes (LORENZI, 2000).
Apresenta ampla distribuição geográfica, ocorrendo desde o México até a
Argentina. A madeira é muito pesada, dura, apropriada para construções externas,
para cabo de ferramentas, implementos agrícolas e construções rurais. Tem
aplicações medicinais no combate à escabiose (impetigo), contra anemia e câncer. É
também empregada em arborização urbana e em reflorestamentos (POTT & POTT,
1994; CARVALHO, 2003).
Figura 2 – Árvore e sementes de Tabebuia impetiginosa. Cuiabá,
Mato Grosso, Brasil. (Fotos: Borba Filho, A.B.).
6
Tabebuia ochracea (Cham.) Standl. é popularmente conhecida como ipê-
amarelo, ipê-amarelo-do-cerrado ou ipê-cascudo. É uma espécie arbórea, com altura
de até 14 m, tronco tortuoso, de 30 a 50 cm de diâmetro. Floresce de julho a
outubro, quando a árvore apresenta-se totalmente despida da folhagem, com
amadurecimento dos frutos a partir da fase final desse período. As sementes são
aladas, com aproximadamente 72.000 unidades por quilograma (LORENZI, 2000;
SILVA JUNIOR, 2005).
Essa espécie ocorre na região Centro-Oeste e nos estados de Minas Gerais,
São Paulo e Paraná. Produz madeira muito pesada, durável, utilizada para móveis,
acabamentos internos ou externos e para confecção de peças torneadas. Pode ser
utilizada para plantio em áreas degradadas e para arborização urbana (POTT &
POTT, 1994; LORENZI, 2000). Como planta medicinal é empregada para doenças
venéreas e dos rins (POTT & POTT, 1994).
Figura 3 – Flores e sementes de Tabebuia ochraceae. Cuiabá, Mato Grosso,
Brasil. (Fotos: Finger, Z.; Borba Filho, A.B.).
7
Tabebuia roseo-alba (Ridl.) Sand. é o popular ipê-branco, de porte
arbóreo, com aproximadamente 16 m de altura, com tronco ereto, de 40 a 50 cm de
diâmetro. Floresce de agosto a outubro, com a planta despida da folhagem. O
amadurecimento dos frutos acontece a partir de outubro, com produção de grande
quantidade de sementes aladas. Um quilograma contém aproximadamente 71.000
sementes (LORENZI, 2000).
Ocorre na região Centro-Oeste, na Caatinga do Nordeste, no Pantanal e
nos estados de São Paulo e Minas Gerais. A madeira é moderadamente pesada e
macia, servindo para acabamentos internos na construção civil. A árvore é
ornamental, adequada para arborização de ruas e avenidas, em virtude de seu porte
não muito elevado (POTT & POTT, 1994; LORENZI, 2000).
Figura 4 – Árvore, flores e sementes de Tabebuia roseo-alba. Cuiabá, Mato
Grosso, Brasil. (Fotos: Borba Filho, A.B.).
8
Tabebuia serratifolia (Vahl.) Nich. é conhecida como ipê-amarelo, pau-
d’arco-amarelo ou piúva-amarela. É uma árvore com altura de até 20 m, com tronco
ereto, de 60 a 80 cm de diâmetro. Floresce nos meses de julho a novembro, com a
planta despida da folhagem. Os frutos amadurecem de setembro a dezembro,
produzindo grande quantidade de sementes aladas, com um quilograma contendo
entre 14.900 a 25.000 unidades (LORENZI, 2000; SILVA JUNIOR, 2005).
Essa espécie ocorre nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e nos
estados de Minas Gerais e São Paulo. A madeira é pesada, duríssima, própria para
estruturas externas, tanto na construção civil como naval. A árvore é excelente para
paisagismo (LORENZI, 2000; SILVA JUNIOR, 2005).
Figura 5 – Flores e sementes de Tabebuia serratifolia. Cotriguaçu, Mato Grosso, Brasil.
(Fotos: Finger, Z.; Borba Filho, A.B.).
9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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FIGLIOLIA, M.B. (Coord.). Manual técnico de sementes florestais. São Paulo:
Instituto Florestal, 1995. p. 33-44. (Série Registros, n. 14).
BARROS, M.A.G. Avaliação da ação antrópica sobre as plantas do Cerrado com
potencial econômico. In: LEITE, L.L.; SAITO, C.H. (Ed.). Contribuição ao
conhecimento ecológico do Cerrado. Brasília: UnB, 1997. p. 257-260.
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CAMPANHOLA, C.; LUIZ, A.J.B.; LUCCHIARI JÚNIOR, A. O problema ambiental no
Brasil: agricultura. In: ROMEIRO, A.R.; REYDON, B.P.; LEONARDI, M.L.A. (Org.).
Economia do meio ambiente: teoria, políticas e a gestão de espaços regionais.
Campinas: UNICAMP/IE, 1997. p. 265-281.
CARNEIRO, J.G.A.; AGUIAR, I.B. Armazenamento de sementes. In: AGUIAR, I.B.;
PIÑA-RODRIGUES, F.C.M.; FIGLIOLIA, M.B. (Coord.). Sementes florestais
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CARVALHO, P.E.R. Espécies arbóreas brasileiras. Colombo: Embrapa Florestas,
2003. v.1.
FARIAS, R. Fitogeografia dos gêneros Jacaranda Juss. e Tabebuia Gomes Ex
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FIGLIOLIA, M.B.; OLIVEIRA, E.C.; PIÑA-RODRIGUES, F.C.M. Análise de sementes.
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HEBLING, S.A. Aspectos ecofisiológicos da germinação de sementes de
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LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas
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10
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KRZYZANOWSKI, F.C.; VIEIRA, R.D.; FRANÇA NETO, J.B. (Ed.). Vigor de
sementes: conceitos e testes. Londrina: Abrates, 1999. cap. 4.
11
CAPÍTULO 1
AVALIAÇÃO DE SUBSTRATOS PARA USO NO TESTE DE GERMINAÇÃO DE
SEMENTES DE ESPÉCIES DO GÊNERO Tabebuia
RESUMO O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar
substratos e identificar o mais adequado para uso no teste de germinação de
sementes das espécies Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook., Tabebuia
impetiginosa (Mart.) Standl., Tabebuia ochracea (Cham.) Standl., Tabebuia roseo-
alba (Ridl.) Sand. e Tabebuia serratifolia (Vahl.) Nich. Os experimentos foram
conduzidos no Laboratório de Sementes da Faculdade de Agronomia e Medicina
Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, avaliando-se os substratos
sobre-areia, sobre-vermiculita, sobre-areia+vermiculita, sobre-papel (duas folhas de
papel mata-borrão) e entre-papel (duas folhas de papel mata-borrão abaixo e uma
sobre as sementes). As sementes foram distribuídas nos substratos em caixas de
plástico transparente (gerbox) e incubadas em câmara de germinação a 27ºC e
fotoperíodo de 8 horas. Os experimentos seguiram o delineamento inteiramente
casualizado com seis repetições de 15 sementes, determinando-se as
características porcentagem e velocidade de germinação. Para sementes de
Tabebuia impetiginosa, os substratos avaliados são favoráveis para uso no teste de
germinação. Para as demais espécies, os substratos mais adequados são: sobre-
areia, sobre-papel e entre-papel para Tabebuia aurea; entre-papel para Tabebuia
ochracea e Tabebuia roseo-alba e sobre-areia e entre-papel para Tabebuia
serratifolia.
Termos para indexação: Bignoniaceae; espécie florestal; viabilidade.
12
EVALUATION OF SUBSTRATES FOR USE IN SEED GERMINATION TESTS
WITH SPECIES IN THE GENUS Tabebuia
ABSTRACT - This study was developed in order to evaluate and identify the most
adequate substrate for use in seed germination tests with the species Tabebuia
aurea (Manso) Benth. & Hook., Tabebuia impetiginosa (Mart.) Standl., Tabebuia
ochracea (Cham.) Standl., Tabebuia roseo-alba (Ridl.) Sand., and Tabebuia
serratifolia (Vahl.) Nich. The experiments were conducted in the Seed Laboratory of
Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária at Universidade Federal de Mato
Grosso, Brazil. The following substrates were evaluated: on sand, on vermiculite, on
sand+vermiculite, on paper (two sheets of blotting paper), and between sheets (two
sheets of blotting paper under and one sheet over the seeds). The seeds were
distributed on the substrates in clear plastic boxes (gerbox) and incubated in a
germination chamber at 27ºC and an 8-hour photoperiod. The experiments were
installed as a completely randomized design with six replicates containing 15 seeds
each. Determinations included germination percentage and velocity. For Tabebuia
impetiginosa seeds, the substrates evaluated were suitable for use in germination
tests. For the other species, the most suitable substrates were: on sand, on paper,
and between sheets for Tabebuia aurea; between sheets for Tabebuia ochracea and
Tabebuia roseo-alba, and on sand and between sheets for Tabebuia serratifolia.
Index terms: Bignoniaceae; forest species; viability.
13
INTRODUÇÃO
O gênero Tabebuia, família Bignoniaceae, é formado por cerca de 100
espécies, das quais 35 ocorrem no Brasil (FARIAS, 2000). Várias espécies desse
gênero apresentam valor madeireiro, medicinal e ornamental, sendo apreciadas para
paisagismo e recomposição de áreas degradadas. Em geral, produzem sementes
em grande quantidade, com curto período de viabilidade em condições naturais
(POTT & POTT, 1994; LORENZI, 2000; CARVALHO, 2003).
O teste de germinação tem por objetivo obter informações sobre a
qualidade das sementes para fins de armazenamento, de semeadura ou para
comparar diferentes lotes de sementes. As condições para a realização do teste são
controladas e consideradas ótimas, de modo a permitir a germinação das sementes
de uma determinada espécie e, padronizadas, para que o teste possa ser
reproduzido (BRASIL, 1992).
Na condução do teste de germinação, o substrato é importante por
proporcionar condições para que ocorra a germinação das sementes e o
desenvolvimento das plântulas. A escolha do material para substrato deve
considerar o tamanho e o formato da semente, sua exigência com relação à
umidade e aeração, sensibilidade à luz, bem como a facilidade que o material
oferece para o desenvolvimento e avaliação das plântulas (FIGLIOLIA et al., 1993).
As Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992) citam como mais
utilizados os substratos papel (mata-borrão, toalha e de filtro), pano, areia e solo.
Para cada um desses materiais são apresentadas especificações a serem seguidas,
no sentido de padronizar o teste. Para sementes florestais, vários substratos têm
sido testados, destacando-se a vermiculita e a areia, principalmente pela baixa
contaminação por microrganismos. Conforme o tipo de substrato utilizado,
14
observam-se variações no comportamento germinativo apresentado pelas sementes
de diferentes espécies. Por esse motivo, é importante a escolha do substrato
adequado para a realização do teste de germinação (FIGLIOLIA et al., 1993).
A areia, quando utilizada para substrato, deve apresentar uniformidade de
tamanho de suas partículas; para tanto deve ser utilizada a fração que passe através
de uma peneira de orifícios de 0,8 mm e fique retida sobre outra de orifícios de 0,05
mm. Deve ter capacidade de retenção de água em quantidade suficiente para suprir
as sementes, bem como permitir aeração adequada para a germinação, com valor
de pH entre 6,0 a 7,5 (BRASIL, 1992).
Os papéis devem ser compostos de 100% de fibra de madeira, clareada
quimicamente, de algodão ou outro tipo de celulose vegetal. Devem ter textura
porosa e apresentar capacidade de retenção de água para garantir umidade às
sementes durante o teste, com valor de pH entre 6,0 a 7,5 (BRASIL, 1992).
A vermiculita é um material de origem mineral, de estrutura laminar,
praticamente inerte e livre de microrganismos patogênicos. Apresenta baixa
densidade, grande aeração e elevada capacidade de retenção de água (WENDLING
& GATTO, 2002).
Para algumas espécies, um único material pode ser utilizado como
substrato no teste de germinação. Como exemplo, o substrato papel-filtro foi o mais
indicado para sementes de Peltophorum dubium (PEREZ et al., 1999), sobre-papel
para Bowdichia virgilioides e Cybistax antisyphilitica (FERRONATO, 1999), e entre-
papel para Mimosa caesalpiniaefolia (ALVES et al., 2002). Melhores resultados
foram registrados com os substratos sobre-areia para Sebastiania commersoniana
(SANTOS & AGUIAR, 2000) e entre-areia para Hymenaea stignocarpa (DIGNART,
1998).
15
Em outras espécies, dois ou mais substratos mostraram-se adequados
para o teste de germinação. Os mais indicados para Colubrina glandulosa foram
sobre-vermiculita, areia e papel ou entre-vermiculita (ALBUQUERQUE et al., 1998),
e papel, algodão e vermiculita para Adenanthera pavonina (FANTI & PEREZ, 1999)
enquanto que vermiculita e areia foram recomendados para Zeyhera tuberculosa
(RAMOS et al., 2003).
O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar substratos
e identificar o mais adequado para uso no teste de germinação de sementes de
cinco espécies do gênero Tabebuia.
16
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Sementes da
Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato
Grosso, no período de dezembro de 2002 a fevereiro de 2003. Foram utilizadas
sementes das seguintes espécies:
- Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook. - colhidas na Fazenda Invernada,
município de Chapada dos Guimarães – MT;
- Tabebuia impetiginosa (Mart.) Standl. - provenientes do Instituto de Pesquisas e
Estudos Florestais – Piracicaba – SP;
- Tabebuia ochracea (Cham.) Standl. - colhidas na Fazenda Invernada, município de
Chapada dos Guimarães – MT;
- Tabebuia roseo-alba (Ridl.) Sand. - provenientes da Fundação Florestal – São
Paulo – SP;
- Tabebuia serratifolia (Vahl.) Nick. - provenientes do Laboratório de Sementes
Florestais da Universidade Federal de Lavras – Lavras – MG.
Foi realizada seleção manual para garantir homogeneidade de tamanho,
coloração e melhor estado de conservação das sementes, não havendo
necessidade de divisão das mesmas em diferentes categorias quanto a esses
aspectos. Em seguida, foi determinado o teor de água das sementes pelo método de
estufa a 105±3ºC durante 24 horas, conforme as Regras para Análise de Sementes
(BRASIL, 1992), utilizando-se duas amostras de sementes intactas de
aproximadamente 1,0 g para T. roseo-alba e de 4,0 a 5,0 g para as demais
espécies.
Os testes de germinação foram realizados em caixas de plástico
transparente (gerbox) com seis repetições de 15 sementes. Essa quantidade em
17
cada caixa foi adotada em função do maior tamanho das sementes de T. aurea e
mantida para as demais espécies. Para acomodação nas caixas, as sementes de T.
aurea tiveram as alas cortadas com o auxilio de tesoura.
Os substratos utilizados no estudo foram: sobre-areia, sobre-vermiculita,
sobre-areia+vermiculita (misturadas em partes iguais), sobre-papel (duas folhas de
papel mata-borrão) e entre-papel (duas folhas de papel mata-borrão abaixo e uma
folha sobre as sementes). Os materiais constituintes dos substratos foram
esterilizados em estufa a 120ºC durante três horas. Posteriormente foram
umedecidos com água destilada nas seguintes quantidades: areia, até 60% da
capacidade de absorção; vermiculita, na quantidade de 2,5 vezes a massa do
substrato; papel mata-borrão, na capacidade máxima de absorção de água.
Após a distribuição das sementes nos substratos, as caixas foram
envolvidas com filme de policloreto de vinila (PVC) transparente, tampadas e
mantidas em câmara de germinação à temperatura constante de 27ºC e fotoperíodo
de oito horas. Os substratos e as sementes utilizados nos experimentos não
receberam tratamento com fungicidas.
Foram realizadas contagens a cada 24 horas, considerando-se
germinadas as sementes com protrusão de radícula igual ou superior a 2,0 mm e
curvatura geotrópica positiva. Foram calculados os valores de porcentagem,
velocidade média e freqüência relativa de germinação (LABOURIAU, 1983).
Adotou-se delineamento inteiramente casualizado com seis repetições,
sendo os dados submetidos à análise de variância pelo teste F e as médias dos
tratamentos comparadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade, utilizando-
se o programa Sisvar 4.3. Os valores das variáveis dependentes atenderam aos
pressupostos da análise de variância e foram analisados sem transformação.
18
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores do teor de água das sementes, determinados no momento da
instalação dos experimentos, estão apresentados na Tabela 1. O teor de água é
uma característica importante na avaliação da qualidade de sementes, por ser um
fator de grande influência no potencial de armazenamento (CARVALHO &
NAKAGAWA, 2000). Verifica-se que os valores obtidos estão situados dentro do
intervalo de 7 a 9% (Tabela 1), o qual permite o armazenamento de sementes de
espécies do gênero Tabebuia. Essas sementes apresentam comportamento
ortodoxo e devem ser armazenadas com reduzido teor de água (MELLO & EIRA,
1995; SILVA et al., 2001).
Tabela 1 – Teor de água das sementes de espécies do gênero Tabebuia
utilizadas nos experimentos.
Espécies
Teor de água (%)
Tabebuia aurea
9,2
Tabebuia impetiginosa
8,3
Tabebuia ochracea
8,7
Tabebuia roseo-alba
7,9
Tabebuia serratifolia
8,3
A porcentagem e a velocidade de germinação de sementes de T. aurea
apresentaram melhores resultados com o uso dos substratos sobre-areia, sobre-
papel e entre-papel. Esses resultados foram superiores aos registrados com a
utilização dos substratos sobre-vermiculita ou sobre-areia+vermiculita (Tabela 2).
Dessa forma, a vermiculita, isolada ou em mistura com areia,
proporcionou nessas sementes, menores valores de porcentagem e velocidade de
19
germinação. Resultados dessa natureza foram também observados por Bezerra et
al. (2002) com sementes de Momordica charantia. Esses autores, analisando os
efeitos de diferentes substratos, concluíram que a vermiculita causou redução do
percentual e da velocidade de germinação das sementes.
A porcentagem de germinação acumulada apresentou estabilização seis
dias após a semeadura com o uso do substrato entre-papel (77%) e após sete dias
com sementes distribuídas sobre-vermiculita (64%) ou sobre-papel (81%). Oito dias
após o início da embebição ocorreu a estabilização da germinação das sementes no
substrato sobre-areia+vermiculita (64%) e após nove dias quando dispostas sobre-
areia (80%) (Figura 1). Os polígonos de freqüência relativa da germinação
apresentaram caráter unimodal, indicando germinação homogênea das sementes
(Figura 2).
Com base nesses resultados, os substratos sobre-areia, sobre-papel e
entre-papel são os mais indicados para o teste de germinação de sementes de T.
aurea. Entretanto, a areia é um material que apresenta entre outros inconvenientes,
desuniformidade na capacidade de retenção e distribuição da água e dificuldades de
manuseio (FIGLIOLIA et al., 1993). Assim, o substrato sobre-papel, por apresentar
praticidade de uso e ser mais econômico que a forma entre-papel, reúne melhores
características para ser empregado no teste de germinação de sementes de T.
aurea.
20
Tabela 2 – Valores médios de porcentagem (G) e velocidade de germinação (V) de sementes de
Tabebuia aurea em diferentes substratos.
Substrato
G (%)
V (dias
-1
)
Sobre-areia
80 a
0,273 a
Sobre-vermiculita 64 b 0,197 b
Sobre-areia+vermiculita 64 b 0,211 b
Sobre-papel 81 a 0,265 a
Entre-papel 77 a 0,278 a
Média
73
0,245
CV (%) 13,97 8,13
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
012345678910
Dias
Germinação acumulada (%)
Areia
Vermiculita
Areia+vermiculita
Sobre-papel
Entre-papel
Figura 1 – Porcentagem de germinação acumulada de sementes de Tabebuia aurea em diferentes
substratos.
21
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Areia
Tm = 3,7
N
t = 72
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Vermiculita
Tm = 5,1
N
t = 58
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Areia + Vermiculita
Tm = 4,8
N
t = 58
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Sobre Papel
Tm = 3,8
N
t = 73
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Entre Papel
Tm = 3,6
N
t = 6
9
Figura 2 – Polígonos de freqüência relativa da germinação de sementes de Tabebuia aurea em
diferentes substratos.
Tm = tempo médio de germinação, em dias; Nt = número total de sementes germinadas.
22
As sementes de T. impetiginosa apresentaram comportamento
germinativo semelhante nos diferentes substratos avaliados. Os resultados obtidos
não diferiram significativamente entre si quanto às variáveis porcentagem e
velocidade de germinação (Tabela 3).
A estabilização da porcentagem de germinação acumulada ocorreu após
oito dias de incubação com o uso dos substratos sobre-areia (76%), sobre-
vermiculita (86%), sobre-areia+vermiculita (86%) e entre-papel (77%). Após nove
dias, observou-se estabilização da germinação com o substrato entre-papel (87%)
(Figura3).
A germinação foi mais sincronizada com a utilização dos substratos
sobre-papel e entre-papel, os quais apresentaram gráfico unimodal da freqüência
relativa da germinação de sementes dessa espécie. Com os substratos sobre-areia
e sobre-vermiculita, observou-se a formação de uma moda de menor tamanho à
direita da principal, indicando germinação distribuída no tempo, com o uso desses
materiais (Figura 4).
Na escolha do substrato, devem ser observadas as características do
material quanto às facilidades de uso e de avaliações durante o teste (FIGLIOLIA et
al., 1993). Para uso no teste de germinação de sementes de Peltophorum dubium, o
substrato papel-filtro foi selecionado como o mais indicado, com base em aspectos
de praticidade de uso e de economia (PEREZ et al., 1999). Adotando-se critério
semelhante, o substrato sobre-papel oferece vantagens para ser utilizado no teste
de germinação de sementes de T. impetiginosa, por ser de baixo custo e de uso
mais fácil e prático que os demais.
23
Tabela 3 – Valores médios de porcentagem (G) e velocidade de germinação (V) de sementes de
Tabebuia impetiginosa em diferentes substratos.
Substrato
G (%)
V (dias
-1
)
Sobre-areia
76 a
0,216 a
Sobre-vermiculita 86 a 0,213 a
Sobre-areia+vermiculita 86 a 0,195 a
Sobre-papel 87 a 0,220 a
Entre-papel 77 a 0,227 a
Média
82
0,214
CV (%) 13,46 11,82
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
012345678910
Dias
Germinação acumulada (%)
Areia
Vermiculita
Areia+vermiculita
Sobre-papel
Entre-papel
Figura 3 – Porcentagem de germinação acumulada de sementes de Tabebuia impetiginosa em
diferentes substratos.
24
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Areia
Tm = 4,6
N
t = 68
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Vermiculita
Tm = 4,8
N
t = 77
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Areia + Vermiculita
Tm = 5,2
N
t = 77
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%
)
Sobre Papel
Tm = 4,6
N
t = 78
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Entre Papel
Tm = 4,5
N
t = 69
Figura 4 – Polígonos de freqüência relativa da germinação de sementes de Tabebuia impetiginosa
em diferentes substratos.
Tm = tempo médio de germinação, em dias; Nt = número total de sementes germinadas.
25
A porcentagem de germinação de sementes de T. ochracea não
apresentou diferença significativa entre os substratos avaliados. Entretanto, os
resultados de velocidade de germinação diferiram entre si, registrando-se com o uso
do substrato entre-papel, valor superior aos demais (Tabela 4).
Verificou-se estabilização da porcentagem de germinação acumulada sete
dias após a semeadura nos substratos sobre-areia (98%), areia+vermiculita (99%),
sobre-papel (99%), e entre-papel (100%). Após nove dias de incubação observou-se
estabilização da germinação das sementes no substrato sobre-vermiculita (99%)
(Figura 5). Os polígonos de freqüência relativa da germinação apresentaram caráter
unimodal, em virtude da germinação homogênea que ocorreu em todos os
substratos (Figura 6).
As sementes dessa espécie são pequenas e delgadas, necessitando um
efetivo contato com o substrato para absorção de água em quantidade ótima para a
germinação. Por essa razão, bem como por ter proporcionado germinação mais
rápida, o substrato entre-papel pode ser considerado como o mais adequado para o
teste de germinação de sementes de T. ochracea.
26
Tabela 4 – Valores médios de porcentagem (G) e velocidade de germinação (V) de sementes de
Tabebuia ochracea em diferentes substratos.
Substrato
G (%)
V (dias
-1
)
Sobre-areia
98 a
0,224 b
Sobre-vermiculita 99 a 0,187 d
Sobre-areia+vermiculita 99 a 0,210 c
Sobre-papel 99 a 0,237 b
Entre-papel 100 a 0,258 a
Média
99
0,223
CV (%) 2,64 5,40
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
012345678910
Dias
Germinação acumulada (%)
Areia
Vermiculita
Areia+vermiculita
Sobre-papel
Entre-papel
Figura 5 – Porcentagem de germinação acumulada de sementes de Tabebuia ochracea em
diferentes substratos.
27
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Areia
Tm = 4,5
N
t = 88
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Vermiculita
Tm = 5,3
N
t = 89
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Areia + Vermiculita
Tm = 4,8
N
t = 89
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Sobre Papel
Tm = 4,2
N
t = 89
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Entr e papel
Tm = 3,9
N
t = 9
0
Figura 6 – Polígonos de freqüência relativa da germinação de sementes de Tabebuia ochracea em
diferentes substratos.
Tm = tempo médio de germinação, em dias; Nt = número total de sementes germinadas.
28
Os valores de porcentagem de germinação de sementes de T. roseo-alba
nos substratos avaliados não apresentaram diferença significativa entre si. Com
relação à velocidade de germinação, as médias dos tratamentos diferiram
significativamente, destacando-se o resultado obtido com o substrato entre-papel,
superior aos demais, seguido por sobre-papel, sobre-areia+vermiculita e sobre-
vermiculita. O menor valor de velocidade de germinação ocorreu com o uso do
substrato sobre-areia (Tabela 5).
As sementes dessa espécie iniciaram a germinação já a partir do primeiro
dia após a embebição quando distribuídas nos substratos sobre-papel e entre-papel.
A estabilização da porcentagem de germinação acumulada ocorreu cinco dias após
a semeadura nos substratos sobre-areia (83%), areai+vermiculita (83%) e entre-
papel (91%). Após seis dias verificou-se estabilização nos tratamentos com o uso
dos substratos sobre-vermiculita (81%) e sobre-papel (84%) (Figura 7). A
germinação foi homogênea, verificando-se formação de gráfico unimodal de
freqüência relativa da germinação em todos os substratos (Figura 8). Desse modo,
para uso no teste de germinação de sementes de T. roseo-alba, o substrato entre-
papel é o mais indicado.
29
Tabela 5 – Valores médios de porcentagem (G) e velocidade de germinação (V) de sementes de
Tabebuia roseo-alba em diferentes substratos.
Substrato
G (%)
V (dias
-1
)
Sobre-areia
83 a
0,270 d
Sobre-vermiculita 81 a 0,326 c
Sobre-areia+vermiculita 83 a 0,353 c
Sobre-papel 84 a 0,400 b
Entre-papel 91 a 0,438 a
Média
84
0,357
CV (%) 10,27 8,55
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
012345678910
Dias
Germinação acumulada (%)
Areia
Vermiculita
Areia+vermiculita
Sobre-papel
Entre-papel
Figura 7 – Porcentagem de germinação acumulada de sementes de Tabebuia roseo-alba em
diferentes substratos.
30
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Areia
Tm = 3,7
N
t = 75
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Vermiculita
Tm = 3,1
N
t = 73
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Areia + Vermiculita
Tm = 2,8
N
t = 75
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Sobre Papel
Tm = 2,5
N
t = 76
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Entre Papel
Tm = 2,3
N
t = 8
2
Figura 8 – Polígonos de freqüência relativa da germinação de sementes de Tabebuia roseo-alba em
diferentes substratos.
Tm = tempo médio de germinação, em dias; Nt = número total de sementes germinadas.
31
Nos testes realizados com sementes de Tabebuia serratifolia, os melhores
resultados de porcentagem de germinação foram verificados com o uso dos
substratos sobre-areia, sobre-papel e entre-papel. Quanto à velocidade de
germinação, observou-se maior valor dessa característica quando foram utilizados
os substratos sobre-areia, sobre-areia+vermiculita e entre-papel (Tabela 6).
A estabilização da porcentagem de germinação ocorreu oito dias após a
semeadura nos substratos sobre-areia (94%), areia+vermiculita (89%) e entre-papel
(97%), e após nove dias nos substratos sobre-vermiculita (88%) e sobre-papel (97%)
(Figura 9). Em relação à freqüência relativa da germinação, predominaram os
gráficos com polígono unimodal, caracterizando germinação homogênea, com
pequena variação nos tratamentos utilizando os substratos sobre-papel e entre-
papel (Figura 10).
Em virtude de terem proporcionado os melhores valores de porcentagem
e velocidade de germinação, os substratos sobre-areia e entre-papel podem ser
considerados como os mais indicados para uso no teste de germinação de sementes
de T. serratifolia.
32
Tabela 6 - Valores médios de porcentagem (G) e velocidade de germinação (V) de sementes de
Tabebuia serratifolia em diferentes substratos.
Substrato
G (%)
V (dias
-1
)
Sobre-areia
94 a
0,175 a
Sobre-vermiculita 88 b 0,152 b
Sobre-areia+vermiculita 89 b 0,174 a
Sobre-papel 97 a 0,165 b
Entre-papel 97 a 0,188 a
Média
93
0,171
CV (%) 5,74 7,07
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
012345678910
Dias
Germinação acumulada (%)
Areia
Vermiculita
Areia+vermiculita
Sobre-papel
Entre-papel
Figura 9 – Porcentagem de germinação acumulada de sementes de Tabebuia serratifolia em
diferentes substratos.
33
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Areia
Tm = 5,7
N
t = 85
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Vermiculita
Tm = 6,6
N
t = 79
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Areia + Vermiculita
Tm = 5,8
N
t = 8
0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Sobre Papel
Tm = 6,0
N
t = 87
0
10
20
30
40
50
60
70
80
012345678910
Dias
Freqüência relativa (%)
Entre Papel
Tm = 5,4
N
t = 87
Figura 10 – Polígonos de freqüência relativa da germinação de sementes de Tabebuia serratifolia em
diferentes substratos.
Tm = tempo médio de germinação, em dias; Nt = número total de sementes germinadas.
34
As sementes dessas espécies possuem forma achatada, o que
possibilitou um bom contato com o substrato e absorção de água em quantidade
suficiente para a germinação ser iniciada e concluída. Conforme Marcos Filho
(2005), a absorção de água é uma etapa fundamental para o processo de
germinação, por promover o reinício das atividades metabólicas da semente e
contribuir para amolecer o tegumento e facilitar a protrusão da raiz primária.
Durante o teste de germinação o substrato deve permanecer úmido, a fim
de suprir as sementes com a quantidade de água necessária para a germinação e
posterior desenvolvimento das plântulas. Entretanto, deve-se evitar o excesso de
umidade, uma vez que pode limitar o suprimento de oxigênio, diminuir a respiração,
atrasar o processo de germinação, além de propiciar o desenvolvimento de fungos,
que muitas vezes já estão presentes nas sementes por ocasião da coleta em campo
(FIGLIOLA et al., 1993).
35
CONCLUSÕES
Para sementes de Tabebuia impetiginosa, todos os substratos avaliados
são favoráveis para uso no teste de germinação. Para as demais espécies os
substratos mais adequados são: sobre-areia, sobre-papel e entre-papel para
Tabebuia aurea; entre-papel para Tabebuia ochracea e Tabebuia roseo-alba e
sobre-areia e entre-papel para Tabebuia serratifolia.
36
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38
CAPÍTULO 2
ARMAZENAMENTO DE SEMENTES DE IPÊ-BRANCO E IPÊ-ROXO EM
DIFERENTES EMBALAGENS E AMBIENTES
RESUMO – O armazenamento é de fundamental importância para a conservação da
qualidade fisiológica de um lote de sementes. Nesse trabalho procurou-se identificar
a condição adequada para o armazenamento de sementes de ipê-branco (Tabebuia
roseo-alba (Ridl.) Sand.) e de ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa (Mart.) Standl.), bem
como avaliar métodos para estimar alterações na viabilidade e no vigor dessas
sementes. Diferentes grupos de sementes foram acondicionados em sacos de
plástico transparente, sacos de papel Kraft e latas. Em seguida foram armazenados
por até 300 dias em condições de laboratório, geladeira e câmara refrigerada. No
início do armazenamento e após cada período de 60 dias determinou-se o teor de
água, a porcentagem e a velocidade de germinação e a condutividade elétrica das
sementes. A melhor condição para conservação de sementes de T. roseo-alba e T.
impetiginosa foi obtida com o acondicionamento em lata e manutenção em
geladeira. Sementes de T. impetiginosa também podem ser conservadas embaladas
em saco de plástico, saco de papel ou lata quando estocadas em câmara
refrigerada. Alterações no vigor de sementes dessas espécies são primeiramente
identificadas avaliando a velocidade de germinação.
Termos para indexação: Tabebuia, conservação de sementes, vigor.
39
STORAGE OF IPÊ-BRANCO AND IPÊ-ROXO SEEDS IN DIFFERENT
PACKAGINGS AND ENVIRONMENTS
ABSTRACT - Storage plays a crucial role in maintaining the physiological quality of a
seed lot. In this study, we aimed to identify an adequate condition for storage of ipê-
branco (Tabebuia roseo-alba (Ridl.) Sand.) and ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa
(Mart.) Standl.) seeds, and to evaluate methods to estimate changes in the viability
and vigor of those seeds. Different groups of seeds were placed in clear plastic bags,
Kraft paper bags, and cans. The seeds were then stored for up to 300 days under
laboratory, refrigerator, and refrigerated chamber conditions. Seed water content,
germination percentage and velocity, and electric conductivity were determined at the
onset of storage and thereafter at every 60 days. The best T. roseo-alba and T.
impetiginosa seed conservation condition was obtained with cans maintained in the
refrigerator. T. impetiginosa seeds can also be kept in plastic bags, paper bags, or
cans when stored in refrigerated chamber. Seed vigor alterations in these species
are initially identified by evaluating germination velocity.
Index terms: Tabebuia, seed preservation, vigor.
40
INTRODUÇÃO
O ipê-branco (Tabebuia roseo-alba (Ridl.) Sand.) e o ipê-roxo (Tabebuia
impetiginosa (Mart.) Standl.) são espécies da família Bignoniaceae que ocorrem em
várias regiões do Brasil. Apresentam grande valor madeireiro, medicinal e
ornamental, com ampla utilização em arborização urbana e na recomposição vegetal
de áreas degradadas. Essas espécies produzem sementes aladas em grande
quantidade com curto período de viabilidade em condições naturais (POTT & POTT,
1994; LORENZI, 2000).
Essa perda de viabilidade é decorrente do processo de deterioração, que
tem início logo após a maturidade fisiológica, mas somente influencia a viabilidade
quando o processo progride para um estádio avançado, porque pequenos danos são
reversíveis e possíveis de serem reparados pelas sementes (SCHMIDT, 2000).
As espécies florestais apresentam, em geral, uma produção irregular de
sementes, sendo abundante em um ano e escassa em outros. Por essa razão,
depois de serem colhidas devem ser armazenadas de maneira a atrasar ao máximo
o processo de deterioração. Esse procedimento é de particular importância para as
sementes com curto período de viabilidade (CARNEIRO & AGUIAR, 1993).
Em sementes armazenadas sob condições adequadas, a velocidade do
processo de deterioração pode ser diminuída, permitindo a conservação da
viabilidade das mesmas por período mais prolongado do que o obtido em condições
naturais. A umidade relativa do ar e a temperatura do ambiente de armazenamento
são os principais fatores que afetam a qualidade das sementes durante o
armazenamento. Condições de elevada umidade relativa do ar podem proporcionar
o reinício das atividades metabólicas do embrião, enquanto que temperaturas
elevadas ocasionam aumento da atividade respiratória e esgotamento das
41
substâncias de reserva acumuladas (AGUIAR, 1995; FIGLIOLIA & PIÑA-
RODRIGUES, 1995).
A conservação da qualidade fisiológica das sementes está também
relacionada ao tipo de embalagem utilizada, conforme a maior ou menor facilidade
que apresentam para as trocas de vapor d’água entre as sementes e a atmosfera do
ambiente em que estão armazenadas (MARCOS FILHO, 2005).
As sementes de espécies do gênero Tabebuia são consideradas
ortodoxas quanto ao comportamento fisiológico que apresentam durante o
armazenamento (MELLO & EIRA, 1995; SILVA et al., 2001; GEMAQUE et al., 2005).
Sementes com esse comportamento, caracterizado por Roberts (1973), são
tolerantes à dessecação e podem ser armazenadas com reduzido teor de água em
ambientes com baixos valores de temperatura e umidade relativa do ar.
Comprovando esse fato, Kageyama et al. (1992) verificaram que
sementes de Tabebuia heptaphylla acondicionadas em sacos de plástico ou de
papel e armazenadas em câmara fria e seca ou câmara seca, mantiveram a
germinação ao redor de 65% após 15 meses de armazenamento. Cabral et al.
(2003) analisaram a conservação de sementes de Tabebuia aurea acondicionadas
em sacos de papel Kraft, de algodão e de plástico transparente permeável e
armazenadas em câmara fria e seca. Constataram que as sementes mantiveram
porcentagem de germinação variando de 88 a 97% durante 120 dias, independente
da embalagem utilizada.
Entretanto, o potencial fisiológico das sementes avaliadas nesses estudos
foi determinado com o uso de características derivadas do teste de germinação.
Testes baseados na integridade do sistema de membranas celulares estimam o
vigor das sementes e permitem que a deterioração seja detectada em sua fase
42
inicial (MARCOS FILHO, 1999). O teste de condutividade elétrica relaciona a
quantidade de substâncias liberada pelas sementes durante a embebição com a
integridade das membranas, uma vez que membranas mal estruturadas,
desorganizadas e danificadas estão associadas à redução do vigor das sementes
(VIEIRA & KRZYZANOWSKI, 1999).
Nesse trabalho procurou-se identificar a condição adequada para o
armazenamento de sementes de ipê-branco (Tabebuia roseo-alba) e de ipê-roxo
(Tabebuia impetiginosa), bem como avaliar métodos para estimar alterações na
viabilidade e no vigor dessas sementes.
43
MATERIAL E MÉTODOS
Os trabalhos foram conduzidos no Laboratório de Sementes da
Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato
Grosso, no período de dezembro de 2002 a novembro de 2003. Foram utilizadas
sementes certificadas de Tabebuia roseo-alba provenientes da Fundação Florestal –
São Paulo, coletadas no município de Araraquara – SP, e de Tabebuia impetiginosa
provenientes do IPEF/ESALQ – Piracicaba – SP, coletadas no município de Rio das
Pedras – SP.
Após triagem manual para garantir homogeneidade de tamanho,
coloração e melhor estado de conservação, as sementes de cada espécie foram
acondicionadas em embalagens individuais, constituídas de materiais de diferentes
permeabilidades: saco de plástico transparente (semipermeável), saco de papel
Kraft (permeável) e lata (impermeável). Em cada embalagem foi colocada
quantidade de sementes necessária para a realização dos testes de cada avaliação
posterior.
Assim acondicionadas, as sementes foram armazenadas por até 300 dias
em três ambientes: condições de laboratório (21 a 31ºC; 40 a 78% de umidade
relativa), geladeira (4 a 6ºC; 38 a 43% de umidade relativa) e câmara refrigerada (14
a 20ºC; 74 a 82% de umidade relativa).
No início do armazenamento e após cada período de 60 dias, determinou-
se o teor de água e foram realizados os testes de germinação e de condutividade
elétrica das sementes mantidas nas diferentes condições de embalagem e ambiente.
O teor de água foi determinado pelo método de estufa a 105±3ºC durante
24 horas, conforme as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992),
44
utilizando-se duas amostras de sementes intactas de aproximadamente 1,0 g para T.
roseo-alba e de 4,0 g a 5,0 g para T. impetiginosa.
Os testes de germinação foram realizados em caixas de plástico
transparente (gerbox) com seis repetições de 15 sementes, utilizando-se como
substrato papel mata-borrão umedecido com água destilada, na forma entre-papel
para T. roseo-alba e na forma sobre-papel para T. impetiginosa (BORBA FILHO &
PEREZ, 2003). Após a distribuição das sementes nos substratos, as caixas foram
envolvidas com filme de policloreto de vinila (PVC) transparente, tampadas e
mantidas em câmara de germinação à temperatura constante de 27ºC e fotoperíodo
de oito horas. Foram realizadas contagens diárias, considerando-se germinadas as
sementes com protrusão de radícula igual ou superior a 2,0 mm e curvatura
geotrópica positiva (LABOURIAU, 1983). A partir desses dados foram calculados os
valores de porcentagem e velocidade média de germinação (BORGHETTI &
FERREIRA, 2004).
Os testes de condutividade elétrica foram realizados pelo método de
massa com seis repetições de 15 sementes intactas, previamente pesadas em
balança de precisão. As sementes foram colocadas em copos de plástico com
capacidade para 200 mL, nos quais foram adicionados 75 mL de água deionizada.
Os recipientes contendo as sementes e a água foram colocados em câmara de
germinação (tipo BOD) a 25ºC durante 24 horas, sendo então efetuadas as leituras
de condutividade elétrica da solução de embebição e os resultados expressos em
µS cm
-1
g
-1
(VIEIRA & KRZYZANOWSKI, 1999).
Utilizou-se delineamento inteiramente casualizado, com seis repetições,
em esquema fatorial (3x3x5) + 1, sendo três embalagens, três ambientes, cinco
períodos de armazenamento e o grupo controle. Os valores das variáveis
45
dependentes atenderam aos pressupostos de normalidade dos resíduos e
homogeneidade de variâncias, sendo analisados sem transformação. Os dados
obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F. As médias dos
tratamentos foram comparadas com o grupo controle pelo teste de Dunnett a 5%, e
entre si pelo teste de Tukey a 5% (BANZATTO & KRONKA, 1992), utilizando-se os
programas SPSS 12.0 e Sisvar 4.3, respectivamente. Para cada espécie foram
calculados os coeficientes de correlação simples de Pearson para as combinações
entre os resultados obtidos nos testes de condutividade elétrica e os resultados de
porcentagem e de velocidade de germinação.
46
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos para as variáveis teor de água, porcentagem de
germinação, velocidade de germinação e condutividade elétrica, determinados nas
sementes antes do armazenamento, encontram-se na Tabela 1. Esses dados são
referentes ao grupo controle de cada uma das espécies em estudo.
Tabela 1 – Valores médios de teor de água (TA), porcentagem (G) e velocidade de
germinação (V) e condutividade elétrica (CE) das sementes de Tabebuia roseo-alba e
Tabebuia impetiginosa, antes do armazenamento.
TA G V CE
Espécie
(%) (%) (dias
-1
) (µS cm
-1
g
-1
)
T. roseo-alba
7,9
91
0,438
14,76
T. impetiginosa
8,3 87 0,220 246,63
Os valores médios de teor de água nas sementes verificados durante o
período de armazenamento são apresentados na Tabela 2, com valores iniciais de
7,9% para T. roseo-alba e de 8,3% para T. impetiginosa. Alguns dos valores de
teor de água foram superiores ao do respectivo grupo controle, porém, todos estão
situados próximos ao intervalo de 7% a 9%, considerado como possível para o
armazenamento de sementes de espécies do gênero Tabebuia (MELLO & EIRA,
1995). Além disso, não atingiram um valor mínimo prejudicial à qualidade
fisiológica das sementes.
Nesse aspecto, Gemaque et al. (2005) constataram a manutenção da
viabilidade de sementes de T. impetiginosa com teor de água de 1,87%. A
habilidade das células de sementes ortodoxas sobreviverem à dessecação envolve
a síntese de proteínas conhecidas como LEA (late embryogenic abundant),
produzidas na embriogenese tardia, o acúmulo de açúcares solúveis e a presença
de antioxidantes, que permitem que o citoplasma atinja o chamado estado vítreo
(BERJAK, 2006).
47
Tabela 2 – Valores médios de teor de água (%) de sementes de Tabebuia roseo-alba e Tabebuia
impetiginosa mantidas sob diferentes condições de armazenamento.
Tabebuia roseo-alba Tabebuia impetiginosa
Embalagem
Ambiente Ambiente
Armazenamento
(dias)
Laboratório Geladeira Câmara Laboratóri
o
Geladeira Câmara
Controle = 7,9% Controle = 8,3%
Plástico 8,5 (*) 7,8 7,9 8,1 7,5 7,8
60 Papel 8,1 7,1 7,8 8,6 6,8 8,3
Lata 8,1 7,3 7,4 7,9 7,7 8,0
Plástico 8,6 (*) 7,2 8,6 (*) 8,7 7,9 8,2
120 Papel 8,3 6,6 7,7 8,0 7,5 8,3
Lata 8,5 (*) 7,8 7,6 8,9 (*) 7,7 8,3
Plástico 6,5 6,5 7,2 8,1 6,9 8,0
180 Papel 6,6 6,6 7,7 7,4 6,4 8,2
Lata 6,4 7,0 7,0 7,8 6,9 8,1
Plástico 6,5 6,5 7,0 7,4 7,2 8,0
240 Papel 6,2 5,9 7,1 8,1 6,8 8,2
Lata 6,3 6,7 6,9 8,0 7,4 8,2
Plástico 7,7 6,7 7,6 8,8 (*) 7,2 8,3
300 Papel 7,4 6,7 8,0 8,3 6,9 8,8 (*)
Lata 7,9 6,8 7,4 8,8 (*) 7,4 8,6
(*) – diferença significativa em relação ao tratamento controle pelo teste unilateral de Dunnett a 5 % de
probabilidade.
No início do armazenamento a germinação das sementes foi de 91%
para T. roseo-alba e de 87% para T. impetiginosa. As sementes das duas
espécies, acondicionadas em qualquer das embalagens e armazenadas em
ambiente de laboratório, apresentaram significativa redução nos valores de
porcentagem de germinação no momento da primeira avaliação. A partir de 120
dias de armazenamento observou-se perda de viabilidade das sementes mantidas
nesse ambiente (Tabela 3).
Uma vez que os valores de teor de água não atingiram limites
prejudiciais à qualidade fisiológica das sementes, a perda de viabilidade dessas
quando mantidas em laboratório, está relacionada às temperaturas registradas
48
nesse ambiente, que variaram de 21 a 31ºC. Essa situação causa aumento da
atividade respiratória das sementes e a conseqüente redução da qualidade
fisiológica das mesmas (MARCOS FILHO, 2005).
Durante o período de armazenamento, as sementes de T. roseo-alba
acondicionadas em qualquer uma das embalagens e mantidas em ambiente de
geladeira não apresentaram redução da porcentagem de germinação. Em câmara
refrigerada observou-se redução significativa apenas aos 240 dias de
armazenamento em sementes embaladas em saco plástico (Tabela 3).
Nas sementes de T. impetiginosa mantidas em geladeira, observou-se
redução da porcentagem de germinação somente aos 180 dias de armazenamento
para aquelas embaladas em sacos de plástico ou de papel. Quando conservadas
em câmara refrigerada, as sementes dessa espécie mantiveram a viabilidade nas
diferentes condições de embalagens e períodos de armazenamento (Tabela 3).
As reduções observadas na porcentagem de germinação das sementes
em avaliações intermediárias durante o período de armazenamento foram
causadas por fatores alheios aos tratamentos, uma vez que não se repetiram nas
avaliações posteriores. Desse modo, as sementes de T. roseo-alba e de T.
impetiginosa, independente da embalagem de acondicionamento e mantidas em
ambiente de geladeira ou câmara refrigerada, conservaram a capacidade
germinativa aos 300 dias de armazenamento.
Resultados corroborando a conservação da capacidade germinativa de
sementes de espécies do gênero Tabebuia, quando armazenadas em ambientes
com baixa temperatura, foram obtidos com T. heptaphylla em câmara fria e seca e
câmara seca (KAGEYAMA et al., 1992), com T. heterophylla em câmara fria
(SILVA et al., 2001) e com T. aurea em câmara fria e seca (CABRAL et al., 2003).
49
Tabela 3 – Valores médios de porcentagem de germinação de sementes de Tabebuia roseo-alba e
Tabebuia impetiginosa mantidas sob diferentes condições de armazenamento.
Tabebuia roseo-alba Tabebuia impetiginosa
Embalagem
Ambiente Ambiente
Armazenamento
(dias)
Laboratório Geladeira Câmara Laboratório Geladeira Câmara
Germinação (%)
Controle = 91% Controle = 87%
Plástico 28 (*) 81 83 23 (*) 81 83
60 Papel 37 (*) 92 92 7 (*) 84 79
Lata 40 (*) 90 89 64 (*) 84 83
Plástico 0 (*) 78 83 0 (*) 78 77
120 Papel 0 (*) 94 89 0 (*) 74 90
Lata 0 (*) 90 92 2 (*) 82 84
Plástico 0 (*) 82 80 0 (*) 73 (*) 74
180 Papel 0 (*) 83 83 0 (*) 72 (*) 78
Lata 0 (*) 84 83 0 (*) 84 89
Plástico 0 (*) 82 75 (*) 0 (*) 79 87
240 Papel 0 (*) 90 87 0 (*) 84 85
Lata 0 (*) 95 81 0 (*) 88 79
Plástico 0 (*) 89 81 0 (*) 79 83
300 Papel 0 (*) 83 90 0 (*) 84 74
Lata 0 (*) 88 82 0 (*) 84 84
(*) - diferença significativa em relação ao tratamento controle pelo teste unilateral de Dunnett a 5% de
probabilidade.
Quanto ao vigor das sementes avaliado pela velocidade de germinação,
os valores obtidos antes do armazenamento foram de 0,438 dias
-1
para T. roseo-
alba e de 0,220 dias
-1
para T. impetiginosa.
Em ambiente de geladeira, observou-se decréscimo do vigor de
sementes de T. roseo-alba acondicionadas em saco de plástico ou de papel após
120 dias de armazenamento, bem como após 180 dias, quando embaladas em
saco de papel. Além disto, também se observou redução do vigor aos 300 dias de
armazenamento em sementes mantidas em embalagens de plástico, papel ou lata
(Tabela 4).
50
Quando mantidas em ambiente de câmara refrigerada, as sementes de
T. roseo-alba apresentaram redução mais destacada da velocidade de germinação,
verificada aos 60 dias de armazenamento naquelas embaladas em saco de
plástico e saco de papel e a partir de 120 dias, em sementes acondicionadas em
lata. Desse modo, para essa espécie, o vigor manteve-se inalterado apenas nas
sementes embaladas em lata e conservadas em geladeira por até 240 dias. Em
contraste, as sementes de T. impetiginosa, independente da embalagem utilizada e
mantidas nos ambientes de geladeira ou câmara refrigerada, conservaram o vigor
até 300 dias de armazenamento (Tabela 4).
Tabela 4 – Valores médios de velocidade de germinação (dias
-1
) de sementes de Tabebuia roseo-
alba e Tabebuia impetiginosa mantidas sob diferentes condições de armazenamento.
Tabebuia roseo-alba Tabebuia impetiginosa
Embalagem
Ambiente Ambiente
Armazenamento
(dias)
Laboratório Geladeira Câmara Laboratório Geladeira Câmara
Velocidade de germinação (dias
-1
)
Controle = 0,438 dias
-1
Controle = 0,220 dias
-1
Plástico 0,335(*) 0,409 0,360(*) 0,194 0,239 0,218
60 Papel 0,295(*) 0,399 0,375(*) 0,130(*) 0,227 0,282
Lata 0,300(*) 0,423 0,417 0,231 0,233 0,264
Plástico 0,00(*) 0,353(*) 0,403 0,00(*) 0,215 0,229
120 Papel 0,00(*) 0,358(*) 0,423 0,00(*) 0,223 0,212
Lata 0,00(*) 0,418 0,376(*) 0,125(*) 0,238 0,217
Plástico 0,00(*) 0,408 0,375(*) 0,00(*) 0,235 0,211
180 Papel 0,00(*) 0,375(*) 0,375(*) 0,00(*) 0,226 0,227
Lata 0,00(*) 0,412 0,386(*) 0,00(*) 0,239 0,237
Plástico 0,00(*) 0,425 0,369(*) 0,00(*) 0,217 0,233
240 Papel 0,00(*) 0,412 0,385(*) 0,00(*) 0,219 0,243
Lata 0,00(*) 0,425 0,400 0,00(*) 0,232 0,246
Plástico 0,00(*) 0,352(*) 0,314(*) 0,00(*) 0,217 0,217
300 Papel 0,00(*) 0,377(*) 0,341(*) 0,00(*) 0,237 0,215
Lata 0,00(*) 0,387(*) 0,351(*) 0,00(*) 0,224 0,216
(*) - diferença significativa em relação ao tratamento controle pelo teste unilateral de Dunnett a 5% de
probabilidade.
51
Com relação ao vigor avaliado pelo teste de condutividade elétrica,
foram registrados no início do armazenamento valores de 14,76 µS cm
-1
g
-1
para T.
roseo-alba e de 246,63 µS cm
-1
g
-1
para T. impetiginosa. As sementes de T. roseo-
alba estocadas em laboratório apresentaram elevados valores dessa característica
em virtude da deterioração e conseqüente perda da capacidade germinativa,
manifestada a partir dos 60 dias de armazenamento (Tabela 5). Independente da
embalagem de acondicionamento, os valores de condutividade elétrica das
sementes de T. roseo-alba, mantidas em geladeira ou câmara refrigerada, não
foram superiores ao do grupo controle, indicando que não houve alteração do vigor
durante o armazenamento. Entretanto, esses resultados não refletem a redução do
vigor detectada pelo teste de velocidade de germinação aplicado às sementes
armazenadas nesses ambientes.
Quanto às sementes de T. impetiginosa mantidas em laboratório,
somente foram observados valores de condutividade elétrica superiores ao do
grupo controle aos 180 dias de armazenamento nas sementes acondicionadas em
lata, e em todas as embalagens nos períodos subseqüentes. Esses resultados
também não estão de acordo com o registrado pelo teste de velocidade de
germinação nos períodos iniciais de armazenamento dessas sementes em
laboratório. Nos ambientes de geladeira ou câmara refrigerada, os valores médios
de condutividade elétrica das sementes de T. impetiginosa acondicionadas nas
embalagens de plástico, papel ou lata, não apresentaram valores superiores ao do
grupo controle (Tabela 5).
52
Tabela 5 – Valores médios de condutividade elétrica (µS cm
-1
g
-1
) de sementes de Tabebuia roseo-
alba e Tabebuia impetiginosa mantidas sob diferentes condições de armazenamento.
Tabebuia roseo-alba Tabebuia impetiginosa
Embalagem
Ambiente Ambiente
Armazenamento
(dias)
Laboratório Geladeira Câmara Laboratório Geladeira Câmara
Controle = 14,76 µS cm
-1
g
-1
Controle = 246,63 µS cm
-1
g
-1
Plástico 55,43(*) 25,37 27,18 270,31 277,93 185,16
60 Papel 46,08(*) 25,27 17,04 283,12 240,91 174,87
Lata 34,31(*) 24,13 16,39 268,34 267,43 197,06
Plástico 115,37(*) 21,96 25,17 271,54 226,98 190,32
120 Papel 113,43(*) 20,80 23,85 273,08 193,37 164,69
Lata 111,46(*) 19,61 21,30 267,12 173,37 209,67
Plástico 95,94(*) 16,62 20,33 281,41 255,99 183,77
180 Papel 106,05(*) 19,50 20,25 282,77 253,61 164,69
Lata 85,71(*) 19,98 13,83 329,45(*) 264,33 201,23
Plástico 110,61(*) 19,54 22,05 293,16(*) 247,83 169,71
240 Papel 101,07(*) 18,97 17,57 320,12(*) 218,09 164,38
Lata 106,51(*) 18,30 18,30 296,59(*) 156,11 184,79
Plástico 104,50(*) 25,23 28,76 312,42(*) 240,42 224,51
300 Papel 101,21(*) 19,40 17,99 321,79(*) 211,49 222,58
Lata 93,24(*) 22,43 12,97 284,37(*) 220,13 235,84
(*) - diferença significativa em relação ao tratamento controle pelo teste unilateral de Dunnett a 5% de probabilidade.
Uma vez que em ambiente de laboratório não ocorreu germinação das
sementes das duas espécies após 60 dias de armazenamento, foram considerados
para os cálculos dos coeficientes de correlação simples, somente os resultados
obtidos nos testes de condutividade elétrica e de porcentagem e velocidade de
germinação das sementes armazenadas em geladeira e câmara refrigerada.
Observou-se que os valores dos coeficientes de correlação foram inferiores a ±0,40
(Tabela 6), significando baixa ou muito baixa relação entre as variáveis
(BISQUERRA et al., 2004).
53
Tabela 6 – Coeficientes de correlação simples entre os valores obtidos nos testes de condutividade
elétrica (CE) e de porcentagem (G) e velocidade de germinação (V) de sementes de Tabebuia roseo-
alba e Tabebuia impetiginosa mantidas sob diferentes condições de armazenamento.
Tabebuia roseo-alba Tabebuia impetiginosa
Ambiente Ambiente
Geladeira Câmara Geladeira Câmara
Embalagem
CE x G CE x V CE x G CE x V CE x G CE x V CE x G CE x V
Plástico
0,126
-0,002
-0,291
-0,007
-0,087
0,395
-0,047
-0,075
Papel -0,007 0,074 -0,157 0,034 -0,188 0,274 -0,215 -0,111
Lata 0,040 0,070 0,227 -0,001 -0,112 0,033 -0,100 -0,196
A análise desses resultados indica que o teste de condutividade elétrica,
nas condições em que foi realizado no presente trabalho, não foi sensível para
detectar variações no vigor das sementes de T. roseo-alba e T. impetiginosa.
O valor da condutividade elétrica é determinado em função da quantidade
de lixiviados presentes na solução de embebição das sementes, relacionando o vigor
à integridade do sistema de membranas celulares (VIEIRA & KRZYZANOWSKI,
1999). Os trabalhos realizados em laboratório que incluem o teste de condutividade
elétrica para avaliação do vigor de sementes florestais são ainda reduzidos. Para
Barbedo & Cícero (1998), os resultados do teste de condutividade elétrica permitiram
a separação de lotes de sementes de Inga uruguensis (ingá). Marques et al. (2002)
verificaram eficiência desse teste para diferenciar lotes de sementes de Dalbergia
nigra (jacarandá-da-bahia), com alto grau de associação com o teste de germinação,
e Santos & Paula (2005) consideraram o teste de condutividade elétrica promissor
para diferenciar lotes de sementes de Sebastiania commersoniana (branquilho).
Por meio da comparação das médias sugerida pela análise de variância
do modelo fatorial, foi possível determinar as melhores condições de embalagem e
ambiente para manutenção do potencial fisiológico das sementes durante o
armazenamento (Tabela 7). Em sementes de T. roseo-alba a interação entre os
54
fatores embalagem e ambiente não apresentou efeito significativo para porcentagem
de germinação, porém foi significativa para velocidade de germinação. Em sementes
de T. impetiginosa observou-se efeito significativo da interação entre esses fatores,
tanto para porcentagem quanto para velocidade de germinação.
Tabela 7 – Interação entre os fatores embalagem e ambiente para os valores de porcentagem e
velocidade de germinação obtidos com sementes de Tabebuia roseo-alba e Tabebuia
impetiginosa submetidas a diferentes condições de armazenamento.
Ambiente
Embalagem
Laboratório Geladeira Câmara Média
Tabebuia roseo-alba
Germinação (%)
Plástico 6 82 81 56 B
Papel 7 90 88 62 A
Lata 8 90 86 61 A
Média 7 b 87 a 85 a
Velocidade de germinação (dias
-1
)
Plástico 0,067 Ac 0,389 Ba 0,364 Bb 0,273
Papel 0,059 Ab 0,384 Ba 0,380 ABa 0,274
Lata 0,060 Ac 0,413 Aa 0,386 Ab 0,286
Média 0,062 0,396 0,377
Tabebuia impetiginosa
Germinação (%)
Plástico 5 Bb 78 Ba 81 Aa 55
Papel 1 Bb 80 ABa 81 Aa 54
Lata 13 Ab 85 Aa 84 Aa 61
Média 6 81 82
Velocidade de germinação (dias
-1
)
Plástico 0,039 Bb 0,225 Aa 0,221 Aa 0,162
Papel 0,026 Bb 0,226 Aa 0,236 Aa 0,163
Lata 0,071 Ab 0,233 Aa 0,236 Aa 0,180
Média 0,045 0,228 0,231
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna ou minúscula na linha, não diferem entre si pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Desse modo, verificou-se que a melhor condição para o armazenamento
de sementes de T. roseo-alba foi obtida com o acondicionamento em lata e
manutenção em geladeira. As sementes de T. impetiginosa apresentaram melhor
qualidade fisiológica com o acondicionamento em lata quando armazenadas em
geladeira, porém, não houve diferença entre as embalagens quando estocadas em
câmara refrigerada.
55
CONCLUSÕES
O acondicionamento em lata e manutenção em geladeira é uma condição
adequada para o armazenamento de sementes de Tabebuia roseo-alba e de
Tabebuia impetiginosa. Sementes de T. impetiginosa também podem ser
conservadas embaladas em saco plástico, saco de papel Kraft ou lata, quando
estocadas em câmara refrigerada.
Alterações no vigor de sementes dessas espécies são primeiramente
identificadas com avaliação da velocidade de germinação.
56
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59
CAPÍTULO 3
EFICIÊNCIA DO ENVELHECIMENTO ACELERADO EM DETECTAR VARIAÇÕES
NO VIGOR DE SEMENTES DE IPÊ-BRANCO E DE IPÊ-ROXO
RESUMO – Os testes de vigor são realizados no sentido de fornecer informações
complementares às obtidas no teste de germinação, permitindo melhor
conhecimento da qualidade das sementes. O presente trabalho teve por objetivo
avaliar a eficiência do envelhecimento acelerado em detectar variações no vigor de
sementes de ipê-branco (Tabebuia roseo-alba (Ridl.) Sand.) e de ipê-roxo (Tabebuia
impetiginosa (Mart.) Standl.). Sementes dessas espécies foram submetidas ao
envelhecimento acelerado sob temperaturas de 40 ou 45ºC, por períodos de 24, 48,
72, 96, 120 e 144 horas. Após esses períodos foram realizados testes de
germinação e de emergência de plântulas e calculados os índices de emergência
em campo. Verificou-se que o envelhecimento acelerado é eficiente para detectar
variações no vigor de sementes de T. roseo-alba e de T. impetiginosa. Quando o
envelhecimento é conduzido a 45ºC, as diferenças na viabilidade e no vigor ocorrem
primeiro. As características porcentagem e velocidade de germinação, emergência
de plântulas e biomassa incorporada, podem ser recomendadas como indicadoras
do vigor das sementes com o uso do envelhecimento acelerado. Sob condições mais
drásticas de envelhecimento acelerado, não há correspondência entre os dados
obtidos em campo e em laboratório.
Termos para indexação: Tabebuia, germinação, viabilidade.
60
ACCELERATED AGING EFFECTIVENESS IN DETECTING VIGOR VARIATIONS
IN IPÊ-BRANCO AND IPÊ-ROXO SEEDS
ABSTRACT – Vigor tests are conducted to provide supplementary information to
data obtained in germination tests, allowing a better knowledge about seed quality.
The objective of this work was to evaluate accelerated aging effectiveness in
detecting seed vigor variations in ipê-branco (Tabebuia roseo-alba (Ridl.) Sand.) and
ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa (Mart.) Standl.). Seeds of these species were
submitted to accelerated aging under temperatures of 40 or 45°C, for periods of 24,
48, 72, 96, 120, and 144 hours. After those periods, germination and plantlet
emergence tests were conducted, and field emergence index values were calculated.
We verified that accelerated aging is effective to detect seed vigor variations in T.
roseo-alba and T. impetiginosa. When aging is conducted at 45°C, differences in
viability and vigor occur first. Traits such as germination percentage and velocity,
plantlet emergence, and incorporated biomass can be recommended as seed vigor
indicators, using accelerated aging. Under more drastic accelerated-aging conditions,
no correspondence is observed between data obtained in the field and in the
laboratory.
Index terms: Tabebuia, germination, viability.
61
INTRODUÇÃO
O potencial fisiológico das sementes é avaliado em laboratório pelo teste
de germinação que fornece dados sobre a capacidade dessas de produzir plântulas
normais. Entretanto, por ser conduzido sob condições ambientais controladas, o
teste de germinação apresenta limitações, igualando sementes com potencial
fisiológico diverso, bem como o desempenho no campo pode não corresponder aos
resultados obtidos em laboratório (VALENTINI & PIÑA-RODRIGUES, 1995).
Os testes de vigor são realizados no sentido de fornecer informações
complementares às obtidas no teste de germinação, permitindo melhor
conhecimento da qualidade das sementes. Esses testes têm como objetivo básico,
detectar diferenças no potencial fisiológico de sementes com porcentagem de
germinação semelhante (MARCOS FILHO, 2005).
Entre as propostas de classificação dos métodos de avaliação do vigor, a
mais completa é atribuída a McDonald (1975, citado por Marcos Filho, 2005), por ser
precisa e permitir a inclusão de novos métodos. De acordo com essa classificação
os métodos são agrupados da seguinte forma: a) Testes físicos: avaliam aspectos
morfológicos ou características físicas das sementes possivelmente associadas ao
vigor, tais como, tamanho, massa ou coloração da semente; b) Testes fisiológicos:
procuram determinar atividade fisiológica específica cuja manifestação depende do
vigor, como por exemplo, a velocidade de germinação e o crescimento de plântulas;
c) Testes bioquímicos: avaliam alterações bioquímicas associadas ao vigor das
sementes, como os testes de tetrazólio, de condutividade elétrica e de lixiviação de
potássio; d) Testes de resistência a estresse: avaliam o desempenho de sementes
expostas a condições desfavoráveis do ambiente, citando-se os de envelhecimento
acelerado e de deterioração controlada.
62
Entre os testes de vigor, o de envelhecimento acelerado é um dos mais
indicados, apresentando eficiência para avaliação do potencial fisiológico de
sementes de várias espécies. Esse teste baseia-se no princípio de que a taxa de
deterioração das sementes é afetada pela exposição a níveis elevados de
temperatura e umidade relativa do ar, considerados os fatores ambientais mais
relacionados à deterioração de sementes ortodoxas. Sob essas condições,
sementes de alta qualidade deterioram-se mais lentamente do que as menos
vigorosas (HAMPTON & TEKRONY, 1995).
O processo de deterioração tem início na maturidade fisiológica, em ritmo
progressivo, envolvendo alterações bioquímicas e fisiológicas, tais como,
peroxidação de lipídios, mudanças nas atividades enzimáticas e redução na
germinação de sementes e no crescimento de plântulas (BRACCINI et al., 2001).
Entretanto, o primeiro evento característico da deterioração é a desorganização do
sistema de membranas celulares. Em seguida, ocorrem distúrbios nas atividades
respiratórias e biossintéticas, evoluindo para a diminuição do vigor e da viabilidade,
culminando com a morte da semente (MARCOS FILHO, 2005).
Para análise de sementes de espécies florestais, são necessários estudos
no sentido de estabelecer e padronizar procedimentos que atendam ao princípio do
teste de envelhecimento acelerado. Pesquisas dessa natureza são importantes em
virtude da diferença de características entre e dentro das espécies, como tamanho e
forma das sementes, bem como devido às variadas condições dos ambientes de
desenvolvimento das plantas. Um dos aspectos dos estudos refere-se aos efeitos da
combinação entre diferentes temperaturas e períodos de exposição das sementes
ao teste.
63
Entre as espécies do gênero Tabebuia, o ipê-branco (Tabebuia roseo-
alba (Ridl.) Sand.) e o ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa (Mart.) Standl.) apresentam
grande importância ambiental e econômica. As árvores são apreciadas para
arborização urbana e recomposição vegetal de áreas degradadas e fornecem
madeira de grande durabilidade, utilizada na construção civil e marcenaria. Essas
espécies produzem sementes em grande quantidade, porém, com curto período de
viabilidade em condições naturais (POTT & POTT, 1994; LORENZI, 2000;
CARVALHO, 2003).
Partindo da premissa que sementes mais vigorosas são mais resistentes
a condições de estresse, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a eficiência do
envelhecimento acelerado em detectar variações no vigor de sementes de ipê-
branco e de ipê-roxo.
64
MATERIAL E MÉTODOS
Os trabalhos foram conduzidos no Laboratório de Sementes da Faculdade
de Agronomia e Medicina Veterinária e no Viveiro Experimental da Faculdade de
Engenharia Florestal da Universidade Federal de Mato Grosso. Foram utilizadas
sementes de ipê-branco (Tabebuia roseo-alba (Ridl.) Sand.) provenientes da Flora
Tietê – Penápolis – SP, coletadas na região noroeste do estado de São Paulo, e de
ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa (Mart.) Standl.), provenientes do Instituto de
Pesquisas e Estudos Florestais – Piracicaba – SP, coletadas no município de Rio
das Pedras – SP.
Foi realizada triagem manual das sementes para garantir homogeneidade
de tamanho, coloração e melhor estado de conservação. Em seguida foi
determinado o teor de água pelo método de estufa a 105±3ºC durante 24 horas,
conforme as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992). Para utilização nos
experimentos, as sementes não foram submetidas a tratamentos com fungicidas.
O envelhecimento acelerado foi realizado utilizando-se caixas de plástico
transparente (gerbox) como compartimentos individuais (mini-câmaras), possuindo
em seu interior uma bandeja com tela metálica onde as sementes foram distribuídas,
formando uma camada uniforme. Sob a tela metálica, foram adicionados 40 mL de
água destilada, no sentido de garantir umidade relativa do ar próximo de 100% em
seu interior (MARCOS FILHO, 2005). As caixas tampadas foram mantidas em
câmara do tipo BOD, sob temperaturas de 40 ou 45ºC, por períodos de 24, 48, 72,
96, 120 e 144 horas.
Decorridos os períodos de permanência na câmara, foram realizados os
testes de germinação e de emergência de plântulas, bem como calculado o Índice de
Emergência em Campo (IEC), descritos a seguir. Em cada teste foram utilizadas
65
como controle, sementes de T. roseo-alba e de T. impetiginosa sem serem
submetidas ao envelhecimento.
Teste de germinação: realizado em caixas de plástico transparente
(gerbox) com seis repetições de 15 sementes intactas, utilizando-se como substrato
papel mata-borrão umedecido com água destilada, na forma entre-papel para T.
roseo-alba e na forma sobre-papel para T. impetiginosa (BORBA FILHO & PEREZ,
2003). Os materiais constituintes dos substratos foram previamente esterilizados em
estufa a 120ºC durante três horas. Após a distribuição das sementes nos substratos,
as caixas foram envolvidas com filme de policloreto de vinila (PVC) transparente,
tampadas e mantidas em câmara de germinação à temperatura constante de 27ºC e
fotoperíodo de oito horas. Foram realizadas contagens diárias, considerando-se
germinadas as sementes com protrusão de radícula igual ou superior a 2,0 mm e
curvatura geotrópica positiva (LABOURIAU, 1983). A partir desses dados foram
calculados os valores de porcentagem e velocidade média de germinação
(BORGHETTI & FERREIRA, 2004).
Emergência de plântulas: foram utilizadas seis repetições de 15 sementes
intactas, semeadas a 1,0 cm de profundidade, em bandejas de isopor com células
individuais com capacidade para 110 mL, contendo substrato comercial para
espécies florestais. As bandejas foram mantidas sobre bancada, em casa de
vegetação com cobertura superior de plástico transparente e, nas laterais, com tela
de sombreamento, reduzindo 30% da luz incidente. Efetuou-se irrigação conforme a
necessidade, no sentido de manter o substrato umedecido. Foram realizadas
contagens diárias do número de plântulas emergidas, considerando-se para tanto,
aquelas com cotilédones expandidos acima da superfície do substrato, classificadas
como normais ou anormais, conforme critérios das Regras para Análise de
66
Sementes (BRASIL, 1992). Aos 35 dias após a semeadura, as plântulas foram
retiradas do substrato por lavagem em água corrente, efetuando-se a separação da
parte aérea e subterrânea. Em seguida foram colocadas para secar em estufa com
circulação de ar sob a temperatura de 60 a 65ºC até atingirem peso constante e
pesadas em balança de precisão (NAKAGAWA, 1994). O valor obtido da biomassa
seca da parte aérea e subterrânea foi dividido pelo número de plântulas normais de
cada repetição.
Índice de emergência em campo (IEC): para cada temperatura e período
de envelhecimento foi calculado o IEC, conforme proposto por Egli & TeKrony
(1995), dado pela razão entre a porcentagem de emergência no campo e a
porcentagem de germinação obtida no teste de germinação, segundo a fórmula:
µEC
IEC = ------------ x 100
µPG
onde: IEC = índice de emergência em campo
µEC = porcentagem média de emergência em campo
µPG = porcentagem média de germinação em laboratório
Foi utilizado delineamento inteiramente casualizado com seis repetições,
num esquema fatorial (2x7), sendo duas temperaturas (40 e 45ºC) e sete períodos
de envelhecimento (controle, 24, 48, 72, 96, 120 e 144 horas). Os valores das
variáveis dependentes atenderam aos pressupostos da análise de variância e foram
analisados sem transformação. Os resultados foram submetidos à análise de
variância pelo teste F e as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de
Scott-Knott a 5% de probabilidade, utilizando-se o programa Sisvar 4.3.
67
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As sementes apresentaram por ocasião da instalação do envelhecimento
acelerado, teor de água de 8,2% para Tabebuia roseo-alba e de 8,5% para Tabebuia
impetiginosa. Esses teores atendem à condição adequada para a conservação de
sementes de espécies do gênero Tabebuia, as quais apresentam comportamento
ortodoxo e devem ser armazenadas com reduzido teor de água (MELLO & EIRA,
1995; SILVA et al., 2001).
A análise de variância dos resultados do teste de germinação com
sementes de Tabebuia roseo-alba submetidas ao envelhecimento acelerado,
apresentou interação significativa entre os fatores temperatura e períodos de
envelhecimento para as variáveis porcentagem e velocidade de germinação.
A porcentagem de germinação das sementes envelhecidas sob as
temperaturas de 40 e 45ºC durante 24 horas, não diferiu do grupo controle (Figura
1). Sob a temperatura de 40°C, ocorreu diminuição da porcentagem de germinação a
partir de 96 horas de envelhecimento, observando-se estabilidade dos valores até o
último período avaliado. Sob a temperatura de 45ºC, observou-se redução na
porcentagem de germinação com 48 horas de envelhecimento. Com o aumento
desse período, houve redução da capacidade germinativa até a perda total da
viabilidade a partir de 120 horas de envelhecimento. Comparando-se as duas
temperaturas, a de 45°C ocasionou maior redução da viabilidade das sementes
(Figura 1).
Com o envelhecimento sob a temperatura de 40ºC, verificou-se redução
da velocidade de germinação a partir do período de 72 horas, não havendo diferença
entre os valores até o período de 144 horas. Sob temperatura de 45°C, a redução foi
mais acentuada, com início após o período de exposição de 24 horas, decrescendo
68
até 96 horas. A partir de 120 horas de envelhecimento ocorreu supressão total da
germinação. Entre as temperaturas utilizadas, a de 45ºC ocasionou maior redução
do vigor das sementes, manifestada a partir do período de 24 horas de
envelhecimento (Figura 2).
0
20
40
60
80
100
controle 24 48 72 96 120 144
Período de envelhecimento (horas)
Germinação (%)
40°C 45°C
Figura 1 – Porcentagem de germinação de sementes de Tabebuia roseo-alba submetidas ao
envelhecimento acelerado a 40 e 45°C durante 0, 24, 48, 72, 96, 120 e 144 horas. Letras maiúsculas
comparam temperaturas em cada período de envelhecimento e letras minúsculas comparam
períodos de envelhecimento em cada temperatura, pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
controle 24 48 72 96 120 144
Período de envelhecimento (horas)
Velocidade de germinação
(dias
-1
)
40°C 45°C
Figura 2 – Velocidade de germinação de sementes de Tabebuia roseo-alba submetidas ao
envelhecimento acelerado a 40 e 45°C durante 0, 24, 48, 72, 96, 120 e 144 horas. Letras maiúsculas
comparam temperaturas em cada período de envelhecimento e letras minúsculas comparam períodos
de envelhecimento em cada temperatura, pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.
Aa
Aa
Aa
Aa
Aa Aa
Ab
Ab
Ab
Bb
Bc
Bd
Be Be
Aa Aa
Aa
Aa
Bb
Bc
Ab
Bd
Ab
Ab
Bd
Be
Ab
Be
69
As plântulas originadas de sementes de T. roseo-alba submetidas ao
envelhecimento acelerado foram avaliadas quanto às características porcentagem de
plântulas normais, velocidade de emergência e biomassa incorporada (biomassa
seca da parte aérea, subterrânea e total). A análise de variância apresentou, para
essas características, interação significativa entre temperaturas e períodos de
envelhecimento.
Com o envelhecimento realizado a 40°C, ocorreu redução da
porcentagem de plântulas normais após 72 horas de exposição ao tratamento,
mantendo estabilidade até o período de 120 horas. O envelhecimento durante 144
horas ocasionou redução da porcentagem de plântulas normais em torno de 50% do
valor obtido no controle. Sob a temperatura de 45ºC, observou-se acentuada
redução na porcentagem de plântulas normais quando as sementes foram
envelhecidas durante 24 horas. Essa redução nos valores se prolongou até 96 horas
de exposição ao tratamento, ocorrendo morte das sementes com o aumento desse
período. Em todos os períodos, a porcentagem de plântulas normais foi menor
quando o envelhecimento das sementes foi realizado sob a temperatura de 45ºC
(Figura 3).
Observou-se que, sob a temperatura de 40ºC, o número de dias para a
emergência de plântulas foi maior que o controle a partir de 72 horas de
envelhecimento, ou seja, ocorreu diminuição da velocidade de emergência de
plântulas a partir desse período. Quando as sementes foram expostas à temperatura
de 45ºC, a emergência de plântulas foi mais lenta em todos os períodos de
envelhecimento em relação ao controle. Esses resultados refletem a redução do
vigor das sementes submetidas a essas condições. (Figura 4).
70
0
20
40
60
80
100
controle 24 48 72 96 120 144
Período de envelhecimento (horas)
Plântulas normais (%)
40°C 45°C
Figura 3 – Porcentagem de plântulas normais de Tabebuia roseo-alba originadas de sementes
submetidas ao envelhecimento acelerado a 40 e 45°C durante 0, 24, 48, 72, 96, 120 e 144 horas.
Letras maiúsculas comparam temperaturas em cada período de envelhecimento e letras minúsculas
comparam períodos de envelhecimento em cada temperatura, pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
controle 24 48 72 96 120 144
Período de envelhecimento (horas)
Velocidade de emergência
(dias)
40°C 45°C
Figura 4 – Velocidade de emergência de plântulas de Tabebuia roseo-alba originadas de sementes
submetidas ao envelhecimento acelerado a 40 e 45°C durante 0, 24, 48, 72, 96, 120 e 144 horas.
Letras maiúsculas comparam temperaturas em cada período de envelhecimento e letras minúsculas
comparam períodos de envelhecimento em cada temperatura, pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade.
Aa Aa
Aa
Bd
Aa
Bb
Ab
Ab
Bc
Ac
Be
Bd
Ab
Be
Ac Ac
Bc
Aa
Bc
Ab
Ab
Bd
Aa
Bd
Ab
Aa
Bb
Bb
71
A biomassa incorporada na parte aérea de plântulas de T. roseo-alba
provenientes de sementes envelhecidas sob a temperatura de 40°C, apresentou os
menores valores quando o envelhecimento foi realizado durante 24 e 96 horas. Sob
a temperatura de 45°C, observou-se redução dos valores de biomassa incorporada
na parte aérea após 48 ou mais horas de envelhecimento acelerado. Em geral, a
incorporação de biomassa na parte aérea foi mais reduzida em plântulas oriundas de
sementes envelhecidas a 45ºC (Figura 5).
A análise da biomassa seca incorporada na parte subterrânea de
plântulas provenientes de sementes envelhecidas sob a temperatura de 40°C,
revelou não haver diferença significativa entre o controle e os períodos de
envelhecimento de 24, 48,72 e 96 horas. Nos períodos de 120 e 144 horas, o
envelhecimento resultou em aumento da biomassa da parte subterrânea. Sob a
temperatura de 45ºC, ocorreu redução da biomassa da parte subterrânea de
plântulas oriundas de sementes envelhecidas durante 48 horas (Figura 5).
Quanto à biomassa seca total em plântulas originadas de sementes
envelhecidas a 40°C, observou-se menor incorporação de biomassa com o
envelhecimento durante períodos de 24 e 96 horas. Sob a temperatura de 45°C,
observou-se redução da incorporação de biomassa seca das plântulas formadas por
sementes envelhecidas durante período igual ou superior a 48 horas (Figura 6).
Dessa forma, o envelhecimento das sementes a 40ºC não resultou em
alterações bem definidas sobre a biomassa das plântulas. Entretanto, quando
realizado a 45ºC a partir do período de 48 horas, causou alterações no vigor das
sementes, o que levou à redução da biomassa da parte aérea e total das plântulas
formadas.
72
Figura 5 – Biomassa seca (mg/planta) da parte aérea e subterrânea de plântulas de Tabebuia roseo-
alba oriundas de sementes submetidas ao envelhecimento acelerado a 40 e 45°C durante 0, 24, 48,
72, 96, 120 e 144 horas. Letras maiúsculas comparam temperaturas em cada período de
envelhecimento e letras minúsculas comparam períodos de envelhecimento em cada temperatura,
pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.
0
100
200
300
400
500
600
700
controle 24 48 72 96 120 144
Período de envelhecimento (horas)
Biomassa seca total
(mg/planta)
40°C 45°C
Figura 6 – Biomassa seca total (mg/planta) de plântulas de Tabebuia roseo-alba oriundas de
sementes submetidas ao envelhecimento acelerado a 40 e 45°C durante 0, 24, 48, 72, 96, 120 e 144
horas. Letras maiúsculas comparam temperaturas em cada período de envelhecimento e letras
minúsculas comparam períodos de envelhecimento em cada temperatura, pelo teste de Scott-Knott a
5% de probabilidade.
Uma avaliação adicional do vigor de sementes pode ser obtida por meio
do índice de emergência em campo (IEC), utilizando-se os valores de porcentagem
de emergência registrados em campo e os de germinação em laboratório. Esse
Bb
Ab
Ab
Aa
Bc
Aa
Bc
Aa
Ab
Aa
Aa
Bb
Aa
Aa
73
índice permite uma indicação sobre o vigor das sementes, pois, conforme Valentini &
Pina-Rodrigues (1995), o teste de germinação, pode igualar sementes com potencial
fisiológico diverso, assim como pode haver divergência entre o desempenho no
campo e os resultados de laboratório.
Assim, o IEC obtido para sementes de T. roseo-alba envelhecidas sob
40ºC, variou pouco, indicando correspondência dos resultados obtidos em campo e
em laboratório quanto a tendências de alterações no vigor. Com o envelhecimento
acelerado conduzido sob 45ºC, os valores do IEC apresentaram maiores variações,
não evidenciando correspondência entre resultados obtidos em campo e em
laboratório (Figura 7).
Pode-se observar também que as sementes sobreviventes ao
envelhecimento artificial aplicado de forma mais drástica, ou seja, em temperatura de
45°C e durante 96 horas, mantiveram-se ainda vigorosas, apresentando melhor
desempenho em campo, comprovado pelo maior valor do IEC obtido (Figura 7).
0
20
40
60
80
100
120
Controle 24 48 72 96 120 144
Período de envelhecimento
(horas)
IEC
40°C 45°C
Figura 7 – Índice de emergência em campo (IEC) de Tabebuia roseo-alba quando as sementes foram
submetidas ao envelhecimento acelerado a 40 e 45°C durante 0, 24, 48, 72, 96, 120 e 144 horas.
74
Para Tabebuia impetiginosa, a análise de variância dos dados do teste de
germinação com sementes submetidas ao envelhecimento acelerado, apresentou
interação significativa entre os fatores temperatura e períodos de envelhecimento
para as características porcentagem e velocidade de germinação.
As sementes envelhecidas sob a temperatura de 40ºC apresentaram
diminuição significativa da porcentagem de germinação em relação ao controle a
partir de 96 horas de envelhecimento. O menor valor foi registrado quando o período
de envelhecimento das sementes foi de 144 horas. Entretanto, sob a temperatura de
45ºC, a redução da porcentagem de germinação foi mais acentuada, registrada a
partir do período de 24 horas, progredindo até 144 horas de envelhecimento. Desse
modo, o envelhecimento acelerado sob a temperatura de 45ºC produziu, em todos
os períodos, maior redução da viabilidade das sementes do que sob 40ºC (Figura 8).
0
20
40
60
80
100
controle 24 48 72 96 120 144
Período de envelhecimento (horas)
Germinação (%)
40°C 45°C
Figura 8 – Porcentagem de germinação de sementes de Tabebuia impetiginosa submetidas ao
envelhecimento acelerado a 40 e 45°C durante 0, 24, 48, 72, 96, 120 e 144 horas. Letras maiúsculas
comparam temperaturas em cada período de envelhecimento e letras minúsculas comparam
períodos de envelhecimento em cada temperatura, pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.
Aa
Aa
Aa
Bb
Aa
Bc
Aa
Bc
Ab
Bd
Ab
Bd
Ac
Bd
75
Com sementes envelhecidas sob a temperatura de 40ºC, verificou-se que
a germinação foi mais rápida em relação ao controle a partir do período de 48 horas.
No entanto, sob a temperatura de 45ºC, a velocidade de germinação não sofreu
alteração pelo envelhecimento imposto às sementes, indicando que, mesmo
submetidas a tais condições, as sementes mantiveram o vigor (Figura 9).
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
controle 24 48 72 96 120 144
Período de envelhecimento (horas)
Velocidade de germinação
(dias
-1
)
40°C 45°C
Figura 9 – Velocidade de germinação de sementes de Tabebuia impetiginosa submetidas ao
envelhecimento acelerado a 40 e 45°C durante 0, 24, 48, 72, 96, 120 e 144 horas. Letras maiúsculas
comparam temperaturas em cada período de envelhecimento e letras minúsculas comparam
períodos de envelhecimento em cada temperatura, pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.
Conforme resultados obtidos nos experimentos sobre o envelhecimento
natural em diferentes condições, sementes de T. impetiginosa têm maior período de
manutenção de viabilidade que de T. roseo-alba, o que também foi registrado com o
envelhecimento acelerado. Esse fato confirma que, na condição de armazenamento
em laboratório, a temperatura mais elevada registrada nesse ambiente foi o fator que
provocou a redução do período de armazenamento e a perda da viabilidade das
sementes de T. roseo-alba (BORBA FILHO & PEREZ, 2004).
Aa
Ab
Ba
Aa
Aa
Aa
Ab
Ba
Ba Ba
Aa
Aa
Aa
Aa
76
Os efeitos do envelhecimento acelerado em plântulas de T. impetiginosa
oriundas de sementes submetidas a esse tratamento, foram avaliados quanto às
características porcentagem de plântulas normais, velocidade de emergência e
biomassa incorporada (biomassa seca da parte aérea, subterrânea e total). Verificou-
se, para essas características, interação significativa entre temperaturas e períodos
de envelhecimento.
O envelhecimento das sementes conduzido a 40ºC, ocasionou redução
nos resultados da porcentagem de plântulas normais em relação ao controle com os
períodos de 48 até 144 horas de envelhecimento, os quais não diferiram entre si.
Sob a temperatura de 45°C, ocorreu redução da porcentagem de plântulas normais
com 24 horas de envelhecimento. Nos períodos de 48 até 144 horas, verificou-se
nova redução, cujos valores não apresentaram diferença significativa. Em todos os
períodos, a porcentagem de plântulas normais foi significativamente menor sob a
temperatura de 45°C (Figura 10).
0
20
40
60
80
100
controle 24 48 72 96 120 144
Período de envelhecimento (horas)
Plântulas normais (%)
40°C 45°C
Figura 10 – Porcentagem de plântulas normais de Tabebuia impetiginosa originadas de sementes
submetidas ao envelhecimento acelerado a 40 e 45°C durante 0, 24, 48, 72, 96, 120 e 144 horas.
Letras maiúsculas comparam temperaturas em cada período de envelhecimento e letras minúsculas
comparam períodos de envelhecimento em cada temperatura, pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade.
Aa Aa
Bc
Bc
Ab
Bc
Ab
Bc
Ab
Bc
Ab
Ab
Bb
Aa
77
Verificou-se que a emergência de plântulas foi mais rápida quando as
sementes foram envelhecidas a 40ºC durante 48 e 96 horas e, nos demais períodos,
não diferiu do controle. O envelhecimento a 45ºC, não produziu alterações na
velocidade de emergência de plântulas até o período de 120 horas, entretanto, esta
foi mais lenta com o período de 144 horas (Figura 11).
0
2
4
6
8
10
12
14
16
controle 24 48 72 96 120 144
Período de envelhecimento (horas)
Velocidade de emergência
(dias)
40°C 45°C
Figura 11 – Velocidade de emergência de plântulas de Tabebuia impetiginosa originadas de
sementes submetidas ao envelhecimento acelerado a 40 e 45°C durante 0, 24, 48, 72, 96, 120 e 144
horas. Letras maiúsculas comparam temperaturas em cada período de envelhecimento e letras
minúsculas comparam períodos de envelhecimento em cada temperatura, pelo teste de Scott-Knott a
5% de probabilidade.
Em plântulas de T. impetiginosa oriundas de sementes envelhecidas a
40ºC, ocorreu aumento da biomassa da parte aérea com o envelhecimento por 48 e
72 horas, verificando-se redução nos valores a partir do período de 96 horas.
Quando realizado sob a temperatura de 45ºC, o envelhecimento a partir do período
de 48 horas causou redução da biomassa da parte aérea. Desse modo, o
envelhecimento acelerado das sementes a 45ºC ocasionou maior redução da
biomassa da parte aérea das plântulas (Figura 12).
Aa
Ab
Bb
Ab
Aa
Ab
Bb
Ab
Ab Aa
Aa
Aa
Ab
Ba
78
Quanto à biomassa da parte subterrânea, o envelhecimento das sementes
sob as temperaturas de 40 ou 45ºC, a partir do período de 96 horas, ocasionou
redução nos valores dessa característica (Figura 12).
Figura 12 – Biomassa seca (mg/planta) da parte aérea e subterrânea de plântulas de Tabebuia
impetiginosa oriundas de sementes submetidas ao envelhecimento acelerado a 40 e 45°C durante 0,
24, 48, 72, 96, 120 e 144 horas. Letras maiúsculas comparam temperaturas em cada período de
envelhecimento e letras minúsculas comparam períodos de envelhecimento em cada temperatura,
pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.
Com relação à biomassa seca total incorporada em plântulas provenientes
de sementes envelhecidas sob temperatura de 40°C, observou-se aumento dos
valores nos períodos de 48 e 72 horas e redução a partir de 96 horas. Com o
envelhecimento sob a temperatura de 45°C, a redução nos resultados foi
evidenciada a partir do período de 48 horas (Figura 13).
79
0
100
200
300
400
500
600
700
controle 24 48 72 96 120 144
Período de envelhecimento (horas)
Biomassa seca total
(mg)
40°C 45°C
Figura 13 – Biomassa seca total (mg/planta) de plântulas de Tabebuia impetiginosa oriundas de
sementes submetidas ao envelhecimento acelerado a 40 e 45°C durante 0, 24, 48, 72, 96, 120 e 144
horas. Letras maiúsculas comparam temperaturas em cada período de envelhecimento e letras
minúsculas comparam períodos de envelhecimento em cada temperatura, pelo teste de Scott-Knott a
5% de probabilidade.
A partir dos valores do IEC obtidos para sementes de T. impetiginosa
envelhecidas sob 40ºC e 45ºC, observa-se que a 45ºC as alterações nos valores
foram mais acentuadas, indicando menor correspondência entre os resultados
obtidos em laboratório e em campo, quanto a alterações no vigor (Figura 14).
0
20
40
60
80
100
120
Controle 24 48 72 96 120 144
Período de envelhecimento
(horas)
IEC
40°C 45°C
Figura 14 – Índice de emergência em campo (IEC) de Tabebuia impetiginosa quando as sementes
foram submetidas ao teste de envelhecimento a 40 e 45°C durante 0, 24, 48, 72, 96, 120 e 144 horas.
Aa
Bb
Aa
Bc
Ac
Ad
Ac
Ac
Ab Aa
Ab
Aa
Ad
Ac
80
O envelhecimento acelerado tem como base o fato de que as sementes
com alta qualidade fisiológica deterioram-se mais lentamente do que as menos
vigorosas, quando submetidas ao estresse induzido por elevadas temperatura e
umidade relativa (HAMPTON & TEKRONY,1995). A exposição de sementes a tais
condições promove a desestruturação e perda da integridade das membranas
celulares, causadas principalmente pela peroxidação de lipídios. Em conseqüência,
ocorrem descontroles nas atividades respiratórias e na síntese de proteínas
(BRACCINI et al., 2001; CARVALHO & CAMARGO, 2003).
Assim, o envelhecimento acelerado antecipa o processo de deterioração
de sementes, cujos sintomas são percebidos durante a germinação e o
desenvolvimento inicial das plântulas. Entre as manifestações mais evidentes
destacam-se a redução da velocidade e da porcentagem de germinação em
laboratório e a redução da velocidade de emergência e do crescimento de plântulas
(BRACCINI et al., 2001; MARCOS FILHO, 2005).
Entretanto, a deterioração influencia de maneira significativa a viabilidade
apenas quando o processo progride para um estádio avançado, uma vez que,
pequenos danos são reversíveis e possíveis de serem reparados pelas sementes
(SCHMIDT, 2000).
As sementes ortodoxas apresentam características genéticas que
contribuem para a redução do processo de deterioração durante o armazenamento
em condições adequadas. Essas sementes adquirem tolerância à dessecação no
final do processo de maturação, quando ocorre rápida redução no teor de água e,
provavelmente, dependem dessa propriedade para redirecionar os processos
metabólicos de desenvolvimento em direção à germinação (BARBEDO & MARCOS
FILHO, 1998).
81
Sob estresse, a causa mais freqüente de deterioração das sementes está
relacionada à peroxidação de lipídios. Essa reação consiste na oxidação de ácidos
graxos hidrocarbonados, produzindo radicais livres. Esses radicais podem combinar-
se a outros, e produzir danos em membranas e continuar a propagação de outros
radicais livres, dentre eles, o superóxido (O
2
), o peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
) e a
hidroxila (OH) (CARVALHO & CAMARGO, 2003).
Em geral, as células possuem moléculas antioxidantes e sistemas
removedores, tais como os solúveis em lipídios (isômero de tocoferol-vitamina E e β-
caroteno) ou os solúveis em água (ácido ascórbico-vitamina C e glutatione) (ROSA
et al., 2005). Porém, esses mecanismos envolvem gasto de energia e, quanto menor
o vigor da semente, menor a energia disponível para manutenção do mecanismo
reparador de danos.
Durante o processo de deterioração ocorrem mudanças na atividade
respiratória das sementes, que se torna gradativamente menos intensa, finalizando
com o colapso metabólico da semente. A diminuição na capacidade respiratória tem
sido relatada como conseqüência de danos às membranas da mitocôndria, que é a
organela mais susceptível à peroxidação de lipídios.
Desse modo, a diminuição na eficiência respiratória reduz a capacidade
das sementes em produzir ATP, afetando a síntese de proteínas, de ácidos nucléicos
e a reação de reparo de danos, que são etapas requeridas para a germinação. Em
resposta, observa-se que, em sementes envelhecidas ou submetidas a condições
ambientais desfavoráveis, a germinação pode não ser muito afetada, mas o vigor é
reduzido (BRACCINI et al., 2001; MARCOS FILHO, 2005).
Um outro mecanismo que merece destaque, diz respeito às mudanças na
síntese de proteínas e nas atividades enzimáticas que ocorrem em sementes.
82
Mudanças na atividade enzimática durante a germinação de sementes envelhecidas
podem ocorrer como resultado da perda da habilidade das sementes para sintetizar
proteínas (BRACCINI et al., 2001). Em sementes deterioradas, têm sido relatados
decréscimos na atividade de enzimas como catalase, desidrogenase e
descarboxilase do ácido glutâmico. Assim, ocorre redução do suprimento de
nutrientes e disponibilidade de energia para a semente em germinação, uma vez
que, alterações na estrutura de enzimas contribuem para a redução de sua eficiência
(MARCOS FILHO, 2005).
A disponibilidade de substâncias de reserva é fundamental para a
manifestação do vigor das sementes. Mudanças no conteúdo de carboidratos
solúveis limitam a disponibilidade de substratos para a respiração, ocasionando
queda da germinação e do vigor da semente. Além disso, a redução dos níveis de
sacarose, rafinose e estaquiose pode afetar a proteção exercida pelos açucares à
integralidade das membranas (MARCOS FILHO, 2005).
Quanto aos lipídios, as principais alterações durante a deterioração
ocorrem em virtude da hidrólise enzimática, da peroxidação e da autoxidação. Em
conseqüência, há a destruição dos lipídios e, também, a ocorrência de reações que
originam produtos potencialmente tóxicos (MARCOS FILHO, 2005).
Assim, os processos metabólicos inerentes à deterioração acontecem em
maior ou menor velocidade, conforme a qualidade fisiológica da semente, e também
de acordo com a sensibilidade da espécie a estresses abióticos, como registrado
para Tabebuia roseo-alba e Tabebuia impetiginosa.
83
CONCLUSÕES
O envelhecimento acelerado é eficiente para detectar variações no vigor
de sementes de ipê-branco (Tabebuia roseo-alba) e de ipê-roxo (Tabebuia
impetiginosa). Quando o envelhecimento é conduzido a 45ºC, as diferenças na
viabilidade e no vigor ocorrem primeiro.
As características porcentagem e velocidade de germinação, emergência
de plântulas e biomassa incorporada, podem ser recomendadas como indicadoras
do vigor das sementes com o uso do envelhecimento acelerado. Sob condições mais
drásticas de envelhecimento acelerado, não há correspondência entre os dados
obtidos em campo e em laboratório.
84
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85
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Manual técnico de sementes florestais. São Paulo: Instituto Florestal, 1995. p. 75-
84. (Série Registros, n. 14).
86
CONCLUSÕES GERAIS
1 - Para sementes de Tabebuia impetiginosa, todos os substratos avaliados são
favoráveis para uso no teste de germinação. Para as demais espécies os substratos
mais adequados são: sobre-areia, sobre-papel e entre-papel para Tabebuia aurea;
entre-papel para Tabebuia ochracea e Tabebuia roseo-alba e sobre-areia e entre-
papel para Tabebuia serratifolia.
2 - O acondicionamento em lata e manutenção em geladeira é uma condição
adequada para o armazenamento de sementes de Tabebuia roseo-alba e de
Tabebuia impetiginosa. Sementes de T. impetiginosa também podem ser
conservadas embaladas em saco plástico, saco de papel Kraft ou lata, quando
estocadas em câmara refrigerada.
Alterações no vigor de sementes dessas espécies são primeiramente
identificadas com avaliação da velocidade de germinação.
3 - O envelhecimento acelerado é eficiente para detectar variações no vigor de
sementes de ipê-branco (Tabebuia roseo-alba) e de ipê-roxo (Tabebuia
impetiginosa). Quando o envelhecimento é conduzido a 45ºC, as diferenças na
viabilidade e no vigor ocorrem primeiro.
As características porcentagem e velocidade de germinação, emergência de
plântulas e biomassa incorporada, podem ser recomendadas como indicadoras do
vigor das sementes com o uso do envelhecimento acelerado. Sob condições mais
drásticas de envelhecimento acelerado, não há correspondência entre os dados
obtidos em campo e em laboratório.
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