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Universidade de São Paulo
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto
Departamento de Química
Programa de Pós-Graduação em Química
“As ligações de hidrogênio e o efeito do substituinte - Influência
na ressonância e aromaticidade de cátions e ácidos orgânicos”
Renato Luis Tâme Parreira
Tese apresentada à Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da
USP, como parte das exigências para a obtenção do
título de Doutor em Ciências, Área: Química
RIBEIRÃO PRETO -SP
2006
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FFCLRP - DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
“As ligações de hidrogênio e o efeito do substituinte - Influência
na ressonância e aromaticidade de cátions e ácidos orgânicos”
Renato Luis Tâme Parreira
Tese apresentada à Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da
USP, como parte das exigências para a obtenção do
título de Doutor em Ciências, Área: Química
RIBEIRÃO PRETO -SP
2006
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
“As ligações de hidrogênio e o efeito do substituinte - Influência
na ressonância e aromaticidade de cátions e ácidos orgânicos”
Renato Luis Tâme Parreira
Tese de Doutorado
Prof. Dr. Sérgio Emanuel Galembeck
Orientador
Patrocínio: FAPESP
RIBEIRÃO PRETO-SP
-2006-
FICHA CATALOGRÁFICA
Parreira, Renato Luis Tâme
As ligações de hidrogênio e o efeito do substituinte -
Influência na ressonância e aromaticidade de cátions e ácidos
orgânicos. Ribeirão Preto, 2006.
241 p. : il. ; 30cm
Tese de Doutorado, apresentada à Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto/USP Área de
concentração: Química
Orientador: Galembeck, Sérgio Emanuel.
1. Química Teórica. 2. Ligações de hidrogênio. 3.
Ressonância. 4. Aromaticidade.
“A ciência não pode resolver o mistério definitivo
da natureza, porque em última análise, nós
mesmos somos parte do mistério que estamos
tentando resolver.”
(Max Planck)
“Existe uma coisa que uma longa existência me
ensinou: toda a nossa ciência, comparada à
realidade, é primitiva e inocente e, portanto, é o
que temos de mais valioso.”
(Albert Einstein)
“Não devemos exigir que a ciência nos revele a
verdade. Num sentido corrente, a palavra
verdade é uma concepção muito vasta e
indefinida. Devemos compreender que
podemos visar a descoberta de realidades
relativas. Além disso, no pensamento científico
existe sempre um elemento poético.”
(Albert Einstein)
“Sempre me pareceu estranho que todos aqueles
que estudam seriamente esta ciência acabam
tomados de uma espécie de paixão pela mesma.
Em verdade, o que proporciona o máximo de
prazer não é o conhecimento e sim a
aprendizagem, não é a posse, mas a aquisição,
não é a presença, mas o ato de atingir a meta.”
(Carl Friedrich Gauss)
“Resultados? Mas é claro que eu consegui um
monte de resultados! Hoje, sei de mil coisas que
não funcionam."
(Thomas A. Edison)
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Sérgio Emanuel Galembeck, por transmitir seus conhecimentos e
experiências profissionais, por acreditar sempre e valorizar meus esforços e por me
guiar pelos fascinantes caminhos da ciência.
Ao Prof. Dr. Antonio Carlos Borin, pela dedicação e interesse no papel de co-
orientador.
A Deus, por tudo em minha vida.
Aos meus pais, pelo amor incomensurável que excede os limites do sacrifício e
me faz prosseguir sempre adiante. Às minhas irmãs (Renata, Fabiana e Andréa), meus
avós (José Parreira, Sabina, José Elias e Nair), à minha tia Cida e aos meus doces
sobrinhos Pedro e Júlia pelo zelo e força.
À Alessandra pelo amor, compreensão, carinho e conforto incessantes.
Aos meus amigos e companheiros de laboratório: Giovanni, Renato Freitas
(Mineiro), Valéria, Ali, Paulão, Sílvio, Odonírio, Hamilton, Josiana, Augusto Sabbatini,
Ana Glória, Enrico, Laiani, Davi, Vessecchi, Fábio Vinhado, Fábio Doro, Rubens,
Ricardo (Bonecão), Anderson (Pé), Luciano (Cabeça), Marcos (Xaveco) e tantos outros
que fazem parte de minha vida, pelo apoio e pelos inesquecíveis momentos de alegria.
À Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto que promoveu
meu desenvolvimento acadêmico.
À FAPESP, pelo apoio financeiro e competência.
Ao LCCA, pelos recursos computacionais.
i
RESUMO
A natureza das ligações de hidrogênio e a influência destas interações na
estrutura eletrônica de complexos neutros, catiônicos, aniônicos e radicalares foi
estudada utilizando-se análises geométricas, energéticas, eletrônicas e topológicas.
Inicialmente, verificaram-se alterações na aromaticidade do cátion pirílio após a
complexação com uma a três moléculas de água. Tais complexos foram ainda estudados
em meio reacional com constante dielétrica igual a da água com o emprego do modelo
PCM (Polarizable Continuum Model). Adicionalmente, os efeitos da hidroxilação na
estrutura eletrônica dos cátions benzopirílio e flavílio foram considerados.
Posteriormente, analisaram-se os efeitos das fortes ligações de hidrogênio na
ressonância do grupo carboxila em complexos formados entre o radical hidroperoxil e
os ácidos fórmico, acético e trifluoroacético. Como extensão desse trabalho, estudos
envolvendo complexos obtidos com e sem restrições na otimização de geometria
possibilitaram obter informações a respeito da ressonância dos grupos carboxila e
carboxilato quando o fluoreto de hidrogênio interage linear ou perpendicularmente com
todos os átomos do ácido fórmico e do ânion formiato.
O desenvolvimento das atividades supracitadas compreendeu a análise da função
de onda pelos métodos NBO (Natural Bond Orbital), NSA (Natural Steric Analysis),
NRT (Natural Resonance Theory) e AIM (Atoms in Molecules). As alterações em
parâmetros geométricos e nas cargas atômicas foram consideradas. Uma análise
energética foi realizada com o emprego do método de decomposição de energia
proposto por Xantheas. As freqüências vibracionais e a intensidade das bandas do
estiramento do grupo X-H, doador da ligação de hidrogênio, foram analisadas. As
densidades de spin para os complexos radicalares também foram obtidas. A influência
das ligações de hidrogênio e o efeito do substituinte na aromaticidade dos cátions foram
verificados com o emprego dos métodos e índices NICS (Nucleus Independent
Chemical Shifts), HOMA (Harmonic Oscillator Model of Aromaticity), HOSE
(Harmonic Oscillator Stabilization Energy) e PDI (para-Delocalization Index). Os
cálculos foram efetuados com os modelos B3LYP/6-31+G(d,p), B3LYP/6-
311++G(3df,3pd) e UB3LYP/6-311++G(3df,3pd). Ocasionalmente, outras funções de
base (EPR-III e cc-pVDZ), assim como o método MP2, foram utilizados para testar a
confiabilidade dos resultados obtidos.
ii
As interações intermoleculares pouco alteraram a estrutura eletrônica e a
aromaticidade do cátion pirílio. Analogamente, a substituição de um átomo de
hidrogênio por um grupo hidroxila em diversas posições dos cátions benzopirílio e
flavílio também não provocou modificações muito significativas na estrutura eletrônica
desses cátions, embora tenha se verificado uma dependência da aromaticidade com a
posição da hidroxila. Por outro lado, a distorção geométrica associada às ligações de
hidrogênio foram responsáveis pelo incremento ou diminuição da ressonância do grupo
carboxila nos ácidos fórmico, acético, trifluoroacético e do grupo carboxilato no ânion
formiato. Os efeitos dos grupos doador e sacador de elétrons na estabilização dos
complexos radicalares foram evidenciados. Adicionalmente, pode-se atribuir um caráter
covalente parcial em algumas ligações de hidrogênio.
iii
ABSTRACT
The nature of hydrogen bonds and their influence on electronic structure of
neutral, cationic, anionic, and radical complexes was studied by using geometric,
energetic, electronic, and topological analysis.
The changes in aromaticity of the pyrylium cation upon complexation with one
up to three water molecules were investigated. The PCM (Polarizable Continuum
Model) model was employed to study the pyrylium-water complexes in a water reaction
medium. In addition, the effects of hydroxylation on electronic structure of the
benzopyrylium and
flavilium cations were also considered.
In addition, the effects of strong hydrogen bonds on carboxyl group resonance in
the complexes formed between the hydroperoxyl radical and formic, acetic, and
trifluoroacetic acids were analyzed. In extension of this work, studies including
complexes, obtained with and without geometric restrictions, provided information
about the resonance of the carboxyl and carboxylate groups when the hydrogen fluoride
interacts, linear or perpendicularly, with all atoms of formic acid and formate anion.
The analysis of the wavefunction by using NBO (Natural Bond Orbital), NSA
(Natural Steric Analysis), NRT (Natural Resonance Theory), and AIM (Atoms in
Molecules) methods was necessary to the development of the above mentioned
activities. The changes in geometric parameters and atomic charges were also
considered. An energetic analysis of complexes was done with the energy
decomposition method proposed by Xantheas. The vibrational frequencies and the
intensity of the X-H (hydrogen bond donor group) stretching bands were studied. The
spin densities for the radical complexes were also obtained. The Nucleus Independent
Chemical Shifts (NICS), Harmonic Oscillator Model of Aromaticity (HOMA), HOSE
(Harmonic Oscillator Stabilization Energy), and PDI (para-Delocalization Index)
aromaticity criteria were employed to verify the hydrogen bond influence and the effect
of hydroxylation in the aromaticity of the cations. The calculations were carried out by
using B3LYP/6-31+G(d,p), B3LYP/6-311++G(3df,3pd), and UB3LYP/6-
311++G(3df,3pd) models. Occasionally, other basis set (EPR-III and cc-pVDZ), as well
as the MP2 method, were applied to test the accuracy of the results.
The intermolecular interactions lead to small alterations in the electronic
structure and aromaticity of pyrylium cation. Similarly, the substitution at different
positions of the benzopyrylium and flavilium cations by a hydroxyl group does not
iv
cause significant changes in the electronic structure of these cations. However, a
dependence of the hydroxyl group position on aromaticity was observed. On the other
hand, for formic, acetic, trifluoroacetic acids, as well as for the formate anion, the
resonance of the carboxyl and carboxylate groups is affected not only by the geometric
distortions but also by the hydrogen bonds. The effects of the electron-donating and
electron-withdrawing groups in the stabilization of radical complexes were
characterized. Furthermore, a partial covalent character can be attributed to some
hydrogen bonds.
v
ÍNDICE
1. Introdução......................................................................................................................1
1.1. Um breve histórico sobre as ligações de hidrogênio e sua natureza.......................1
1.2. Apresentação da tese e objetivos............................................................................7
2. Métodos Computacionais..............................................................................................8
3. Resultados e Discussão................................................................................................11
3.1. Capítulo 1: Influência das ligações de hidrogênio e efeitos de substituinte na
aromaticidade dos cátions pirílio, benzopirílio e flavílio............................................11
3.1.1. Algumas considerações sobre os cátions pirílio, benzopirílio e flavílio:
sistemas constituintes das antocianinas e antocianidinas.....................................11
3.1.2. Estudo computacional dos complexos cátion pirílio-água: ligações de
hidrogênio, efeitos de ressonância e aromaticidade.............................................18
A. Geometrias.............................................................................................19
B. Freqüências vibracionais .......................................................................21
C. Cargas atômicas.....................................................................................23
D. Análise energética..................................................................................27
E. NBO (Natural Bond Orbital)..................................................................29
F. NSA (Natural Steric Analysis)...............................................................33
G. NRT (Natural Resonance Theory).........................................................38
H. Harmonic Oscillator Stabilization Energy (HOSE)...............................39
I. Harmonic Oscillator Model of Aromaticity (HOMA)............................40
J. Nucleus-Independent Chemical Shifts (NICS).......................................42
K. Deslocamentos químicos – RMN..........................................................43
L. Análise AIM (Atoms in Molecules).......................................................44
M. Solvatação do pirílio com o modelo discreto/SCRF.............................55
N. Espectros eletrônicos.............................................................................58
O. Conclusões.............................................................................................66
3.1.3. Estudo computacional da hidroxilação dos cátions benzopirílio e
flavílio...................................................................................................................68
3.1.4. Hidroxilação do cátion benzopirílio...........................................................68
A. Geometrias.............................................................................................68
B. Cargas atômicas.....................................................................................71
C. Análise energética..................................................................................74
vi
D. Harmonic Oscillator Stabilization Energy (HOSE)...............................74
E. Harmonic Oscillator Model of Aromaticity (HOMA)...........................76
F. Nucleus-Independent Chemical Shifts (NICS)......................................77
G. Análise AIM (Atoms in Molecules)......................................................78
H. Espectros eletrônicos.............................................................................86
3.1.5. Hidroxilação do cátion flavílio...................................................................97
A. Geometrias.............................................................................................97
B. Cargas atômicas...................................................................................100
C. Análise energética................................................................................103
D. Harmonic Oscillator Stabilization Energy (HOSE).............................103
E. Harmonic Oscillator Model of Aromaticity (HOMA).........................106
F. Nucleus-Independent Chemical Shifts (NICS)....................................108
G. Análise AIM (Atoms in Molecules)....................................................109
H. Espectros eletrônicos...........................................................................127
I. Conclusões............................................................................................139
3.2. Capítulo 2: Caracterização e Influência das Ligações de Hidrogênio na
Ressonância de Ácidos Orgânicos e do Ânion Formiato..........................................142
3.2.1. Considerações sobre as ligações de hidrogênio envolvendo alguns
compostos carbonílicos, radicais e fluoreto de hidrogênio.................................142
3.2.2. Caracterização das ligações de hidrogênio nas interações entre o radical
hidroperoxil e ácidos orgânicos..........................................................................145
A. Geometrias...........................................................................................146
B. Freqüências vibracionais .....................................................................148
C. Cargas atômicas...................................................................................149
D. Análise energética................................................................................150
E. NBO (Natural Bond Orbital)................................................................151
F. NSA (Natural Steric Analysis).............................................................153
G. Densidade de spin................................................................................155
H. NRT (Natural Resonance Theory).......................................................156
I. Análise AIM (Atoms in Molecules)......................................................159
J. Ligação de hidrogênio versus distorção geométrica.............................164
K. Conclusões...........................................................................................166
3.2.3. Complexação do ácido fórmico e do ânion formiato com fluoreto de
hidrogênio: efeitos na ressonância dos grupos carboxila e carboxilato..............166
vii
A. Geometrias...........................................................................................167
B. Freqüências vibracionais .....................................................................172
C. Cargas atômicas...................................................................................174
D. Análise energética................................................................................177
E. NBO (Natural Bond Orbital)................................................................179
F. NSA (Natural Steric Analysis).............................................................185
G. NRT (Natural Resonance Theory).......................................................188
H. Análise AIM (Atoms in Molecules)....................................................191
I. Ligação de hidrogênio versus distorção geométrica.............................203
J. Conclusões............................................................................................207
4. Considerações finais..................................................................................................208
5. Referências Bibliográficas.........................................................................................209
viii
ÍNDICE DE FIGURAS E ESQUEMAS
Figura 1. Estruturas: (a) cátion 2-fenilbenzopirílio e (b) antocianinas............................14
Esquema 1. Equilíbrio prototrópico para o cloreto de 3,4’-dimetóxi-7-hidroxiflavílio,
onde K
a
refere-se à transferência de próton, K
b
à hidratação do cátion flavílio, K
t
à
tautomerização e K
i
à isomerização.................................................................................16
Figura 2. Geometrias de equilíbrio dos monômeros e complexos pirílio-água (distâncias
dadas em Ǻ e ângulos em graus).....................................................................................19
Figura 3. Complexo pirílio-água sem ligação de hidrogênio: a molécula de água está
disposta acima do anel do cátion. Distâncias são dadas em Ǻ........................................20
Figura 4. Orbitais naturais localizados: (a)
π
nO(1)
, (b)
σ
nO(água)
........................................29
Figura 5. Estruturas de ressonância do cátion pirílio.......................................................39
Figura 6. Gráficos moleculares: (a) complexo (XI); (b) complexo (XII)........................47
Figura 7. Orbitais moleculares envolvidos nas principais transições eletrônicas no cátion
pirílio, (I).........................................................................................................................59
Figura 8. Orbitais moleculares envolvidos nas principais transições eletrônicas no
complexo (XI)..................................................................................................................61
Figura 9. Orbitais moleculares envolvidos nas principais transições eletrônicas no
complexo (XII)................................................................................................................63
Figura 10. Espectro eletrônico para o cátion pirílio, (I), e complexos com uma molécula
de água, (II)-(IV).............................................................................................................65
Figura 11. Espectro eletrônico para o cátion pirílio, (I), e complexos com duas
moléculas de água, (V)-(X).............................................................................................65
Figura 12. Espectro eletrônico para o cátion pirílio, (I), e complexos com três moléculas
de água, (XI) e (XII)........................................................................................................66
Figura 13. Geometrias de equilíbrio do cátion benzopirílio e derivados hidroxilados
(distâncias dadas em Ǻ e ângulos em graus)...................................................................70
Figura 14. Estruturas de ressonância do cátion benzopirílio...........................................74
Figura 15. Gráfico molecular do derivado hidroxilado no C(3), (XIV)..........................80
Figura 16. Orbitais moleculares envolvidos nas principais transições eletrônicas no
cátion benzopirílio, (XIII)................................................................................................87
Figura 17. Orbitais moleculares envolvidos nas principais transições eletrônicas no
cátion hidroxilado (XIV).................................................................................................91
ix
Figura 18. Orbitais moleculares envolvidos nas principais transições eletrônicas no
cátion hidroxilado (XVII)................................................................................................94
Figura 19. Espectro eletrônico para o cátion benzopirílio, (XIII), e derivados
hidroxilados, (XIV)-(XVIII)............................................................................................96
Figura 20. Geometrias de equilíbrio do cátion flavílio e derivados hidroxilados
(distâncias dadas em
Ǻ e ângulos em graus)...................................................................98
Figura 21. Estruturas de ressonância do cátion flavílio.................................................104
Figura 22. Gráficos moleculares: (a) cátion flavílio, (XIX); (b) derivado hidroxilado no
C(3), (XX).....................................................................................................................114
Figura 23. Orbitais moleculares envolvidos nas principais transições eletrônicas no
cátion flavílio, (XIX).....................................................................................................128
Figura 24. Orbitais moleculares envolvidos nas principais transições eletrônicas no
cátion hidroxilado (XX).................................................................................................130
Figura 25. Orbitais moleculares envolvidos nas principais transições eletrônicas no
cátion hidroxilado (XXII)..............................................................................................133
Figura 26. Orbitais moleculares envolvidos nas principais transições eletrônicas no
cátion hidroxilado (XXIV)............................................................................................136
Figura 27. Espectro eletrônico para o cátion flavílio, (XIX), e derivados hidroxilados,
(XX)-(XXV)..................................................................................................................139
Figura 28. Geometrias (distâncias dadas em Ǻ e ângulos em graus): (1) radical
hidroperoxil; (2) ácido fórmico; (3) ácido acético; (4) ácido trifluoroacético; (5)
complexo ácido fórmico-radical hidroperoxil; (6) complexo ácido acético-radical
hidroperoxil e (7) complexo ácido trifluoroacético-radical hidroperoxil......................147
Figura 29. NBOs (a)
π
2nO(3)
; (b)
π
1nO(4)
..........................................................................152
Figura 30. Principais estruturas de ressonância do radical hidroperoxil.......................155
Figura 31. Gráfico molecular do complexo (7).............................................................159
Figura 32. Geometrias de equilíbrio (distâncias dadas em Ǻ e ângulos em graus): (1)
ácido fórmico; (2) ânion formiato; (3) fluoreto de hidrogênio; (4)-(8) complexos
resultantes da associação de (1) e (2) com (3)...............................................................169
Figura 33. Complexos obtidos com restrições de geometria: (9l)-(13p) ácido fórmico-
fluoreto de hidrogênio; (14l) e (14p) ânion formiato-fluoreto de hidrogênio. Distâncias
dadas em Ǻ e ângulos em graus.....................................................................................170
Figura 34. Gráficos moleculares para alguns complexos: (a) (4); (b) (5); (c) (6); (d) (7);
(e) (8); (f) (9p); (g) (11p) e (h) (12p)............................................................................192
x
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela A. Padrão de substituição para as antocianinas mais comuns na
natureza............................................................................................................................14
Tabela 1. Freqüências vibracionais (em cm
-1
) dos estiramentos das ligações C-H.........22
Tabela 2. Cargas NPA, GAPT e MK para a água, o cátion pirílio (I) e complexos cátion
pirílio-água ((II)-(XII))....................................................................................................25
Tabela 3. Energias relativas corrigidas pela ZPE, (E+ZPE), (kcal/mol)......................27
Tabela 4. Energias (kcal/mol) de relaxação (E
R
) de cada um dos monômeros e total,
energias de interação (
n
E) e de ligação (BE
n
) corrigidas pelo BSSE............................28
Tabela 5. Energias de estabilização de segunda ordem (E
(2)
) para (I)-(IV)..................30
Tabela 6. Energias de estabilização de segunda ordem (E
(2)
) para (V)-(X)..................31
Tabela 7. Energias de estabilização de segunda ordem (E
(2)
) para (XI) e (XII)...........32
Tabela 8. Energias de repulsão estérica (dE(i,j)) para (I)-(IV)........................................34
Tabela 9. Energias de repulsão estérica (dE(i,j)) para (V)-(VIII)....................................35
Tabela 10. Energias de repulsão estérica (dE(i,j)) para (IX) e (X)..................................36
Tabela 11. Energias de repulsão estérica (dE(i,j)) para (XI) e (XII)...............................37
Tabela 12. Principais estruturas de ressonância obtidas pela análise NRT
para (I)-(XII)....................................................................................................................38
Tabela 13. Contribuições das estruturas de ressonância para (I)-(XII) calculadas pelo
método HOSE (kJ/mol)...................................................................................................40
Tabela 14. HOMA, EN e GEO para (I)-(XII).................................................................41
Tabela 15. Contribuição das diferentes ligações para HOMA, EN e GEO para
(I)-(XII)............................................................................................................................41
Tabela 16. NICS (0) e NICS (1), em ppm, para (I)-(XII)................................................42
Tabela 17. Deslocamentos químicos (δ, ppm).................................................................43
Tabela 18. Análise dos pontos críticos para (I) e água....................................................45
Tabela 19. Análise dos pontos críticos para (II)..............................................................45
Tabela 20. Análise dos pontos críticos para (III).............................................................45
Tabela 21. Análise dos pontos críticos para (IV)............................................................45
Tabela 22. Análise dos pontos críticos para (V)..............................................................45
Tabela 23. Análise dos pontos críticos para (VI)............................................................45
Tabela 24. Análise dos pontos críticos para (VII)...........................................................46
xi
Tabela 25. Análise dos pontos críticos para (VIII)..........................................................46
Tabela 26. Análise dos pontos críticos para (IX)............................................................46
Tabela 27. Análise dos pontos críticos para (X)..............................................................46
Tabela 28. Análise dos pontos críticos para (XI)............................................................47
Tabela 29. Análise dos pontos críticos para (XII)...........................................................47
Tabela 30. Densidades de energia locais (em u.a.) para as ligações de hidrogênio nos
complexos (II)-(XII)........................................................................................................50
Tabela 31. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (I) e água.....................51
Tabela 32. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (II)...............................51
Tabela 33. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (III).............................51
Tabela 34. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (IV).............................51
Tabela 35. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (V)...............................51
Tabela 36. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (VI).............................51
Tabela 37. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (VII)............................52
Tabela 38. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (VIII)...........................52
Tabela 39. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (IX).............................52
Tabela 40. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (X)...............................52
Tabela 41. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (XI).............................53
Tabela 42. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (XII)............................53
Tabela 43. Índices de deslocalização para (PDI, elétrons) do anel C para os cátions
(I)-(XII)............................................................................................................................54
Tabela 44. Energias de ligação na fase gasosa,
fg
E (kcal/mol)....................................55
Tabela 45. Energia livre de solvatação (
sol
G ), contribuições eletrostática (
ele
G ) e
não-eletrostática (
vdWcav
GG + ) e energia livre de solvatação relativa (
sol
G∆∆ ),
(valores em kcal/mol)......................................................................................................56
Tabela 46. Energia livre de solvatação para solutos com moléculas explícitas de água na
primeira camada de hidratação (
AE
sol
G , em kcal/mol) e energia livre de solvatação do
sistema molecular calculada na aproximação do contínuo (
CT
sol
G , em kcal/mol)..........58
Tabela 47. Principais transições eletrônicas para (I): ƒ é a força do oscilador; λ (em nm)
é o comprimento de onda e E (em eV) é a energia da transição eletrônica..................60
Tabela 48. Principais transições eletrônicas para (XI): ƒ é a força do oscilador; λ (em
nm) é o comprimento de onda e
E (em eV) é a energia da transição eletrônica...........60
xii
Tabela 49. Principais transições eletrônicas para (XII):
ƒ é a força do oscilador; λ (em
nm) é o comprimento de onda e E (em eV) é a energia da transição eletrônica...........63
Tabela 50. Cargas NPA, MK e GAPT para o cátion benzopirílio ((XIII)) e derivados
hidroxilados ((XIV)-(XVIII))..........................................................................................72
Tabela 51. Energias relativas corrigidas pela ZPE, (E+ZPE), (kcal/mol)....................74
Tabela 52. Contribuições das estruturas canônicas para (XIII)-(XVIII) calculadas pelo
método HOSE (kJ/mol)...................................................................................................75
Tabela 53. HOMA, EN e GEO para o anel C dos cátions (XIII)-(XVIII)......................76
Tabela 54. Contribuição das diferentes ligações para HOMA, EN e GEO para o anel C
dos cátions (XIII)-(XVIII)...............................................................................................77
Tabela 55. HOMA, EN e GEO para o anel A de (XIII)-(XVIII)....................................77
Tabela 56. NICS (0) e NICS (1), em ppm, para (XIII)-(XVIII)......................................78
Tabela 57. Análise dos pontos críticos para (XIII)..........................................................79
Tabela 58. Análise dos pontos críticos para (XIV).........................................................79
Tabela 59. Análise dos pontos críticos para (XV)...........................................................79
Tabela 60. Análise dos pontos críticos para (XVI).........................................................79
Tabela 61. Análise dos pontos críticos para (XVII)........................................................80
Tabela 62. Análise dos pontos críticos para (XVIII).......................................................80
Tabela 63. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (XIII)...........................82
Tabela 64. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (XIV)..........................82
Tabela 65. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (XV)............................82
Tabela 66. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (XVI)..........................82
Tabela 67. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (XVII).........................83
Tabela 68. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (XVIII)........................83
Tabela 69. Índices de deslocalização para (PDI, elétrons) dos anéis A e C para os
cátions (XIII)-(XVIII)......................................................................................................85
Tabela 70. Principais transições eletrônicas para (XIII): ƒ é a força do oscilador; λ (em
nm) é o comprimento de onda e E (em eV) é a energia da transição eletrônica...........89
Tabela 71. Principais transições eletrônicas para (XIV): ƒ é a força do oscilador; λ (em
nm) é o comprimento de onda e E (em eV) é a energia da transição eletrônica...........90
Tabela 72. Principais transições eletrônicas para (XVII): ƒ é a força do oscilador; λ (em
nm) é o comprimento de onda e E (em eV) é a energia da transição eletrônica...........93
xiii
Tabela 73. Cargas NPA, MK e GAPT para o cátion flavílio ((XIX)) e derivados
hidroxilados ((XX)-(XXV))..........................................................................................101
Tabela 74. Energias relativas corrigidas pela ZPE, (E+ZPE), (kcal/mol)..................103
Tabela 75. Contribuições das estruturas canônicas para (XIX)-(XXV) calculadas pelo
método HOSE (kJ/mol).................................................................................................105
Tabela 76. HOMA, EN e GEO para o anel C dos cátions (XIX)-(XXV).....................107
Tabela 77. Contribuição das diferentes ligações para HOMA, EN e GEO para o anel C
de (XIX)-(XXV)............................................................................................................107
Tabela 78. HOMA, EN e GEO para os anéis A e B de (XIX)-(XXV)..........................108
Tabela 79. NICS (0) e NICS (1), em ppm, para (XIX)-(XXV).....................................108
Tabela 80. Análise dos pontos críticos para (XIX).......................................................110
Tabela 81. Análise dos pontos críticos para (XX).........................................................110
Tabela 82. Análise dos pontos críticos para (XXI).......................................................111
Tabela 83. Análise dos pontos críticos para (XXII)......................................................111
Tabela 84. Análise dos pontos críticos para (XXIII).....................................................112
Tabela 85. Análise dos pontos críticos para (XXIV).....................................................112
Tabela 86. Análise dos pontos críticos para (XXV)......................................................113
Tabela 87. Análise do ponto crítico da interação H-H (em u.a.) e energias de
estabilização (kcal/mol).................................................................................................115
Tabela 88. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (XIX)........................119
Tabela 89. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (XX)..........................119
Tabela 90. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (XXI)........................120
Tabela 91. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (XXII).......................120
Tabela 92. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (XXIII)......................121
Tabela 93. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (XXIV).....................121
Tabela 94. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (XXV).......................122
Tabela 95. Índices de deslocalização para (PDI, elétrons) dos anéis A, B e C para os
cátions (XIX)-(XXV)....................................................................................................126
Tabela 96. Principais transições eletrônicas para (XIX): ƒ é a força do oscilador; λ (em
nm) é o comprimento de onda e E (em eV) é a energia da transição eletrônica.........129
Tabela 97. Principais transições eletrônicas para (XX): ƒ é a força do oscilador; λ (em
nm) é o comprimento de onda e E (em eV) é a energia da transição eletrônica.........132
xiv
Tabela 98. Principais transições eletrônicas para (XXII):
ƒ é a força do oscilador; λ (em
nm) é o comprimento de onda e E (em eV) é a energia da transição eletrônica.........135
Tabela 99. Principais transições eletrônicas para (XXIV): ƒ é a força do oscilador;
λ (em nm) é o comprimento de onda e E (em eV) é a energia da transição
eletrônica.......................................................................................................................138
Tabela 100. Freqüências vibracionais (cm
-1
) dos estiramentos das ligações C=O, O-H e
O-O................................................................................................................................148
Tabela 101. Cargas NPA e GAPT para (1)-(7).............................................................149
Tabela 102. Energias de relaxação dos monômeros (E
R ácido
, E
R radical
) e total (E
R total
),
energias de interação (
2
E) e energias de ligação (BE
2
), (kcal/mol)............................150
Tabela 103. Energias de estabilização de segunda ordem (E
(2)
) para (1)-(7)..............152
Tabela 104. Energias de repulsão estérica (dE(i,j)) para (1)-(7)...................................154
Tabela 105. Densidades de spin para (1), (5)-(7)..........................................................156
Tabela 106. Principais estruturas de ressonância obtidas pela análise NRT para
(2)-(7).............................................................................................................................157
Tabela 107. Principais estruturas de ressonância obtidas pela análise NRT para (1)....158
Tabela 108. Análise dos pontos críticos (em u.a.) para (1)-(7).....................................160
Tabela 109. Densidades de energia locais (em u.a.) para as ligações de hidrogênio nos
complexos (5)-(7)..........................................................................................................161
Tabela 110. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (1)-(7).....................162
Tabela 111. Cargas NPA...............................................................................................164
Tabela 112. Energias de estabilização de segunda ordem, E
(2)
...................................164
Tabela 113. Energias de repulsão estérica, dE(i,j).........................................................164
Tabela 114. Principais estruturas de ressonância e ordens de ligação...........................164
Tabela 115. Densidades de spin....................................................................................165
Tabela 116. Análise dos pontos críticos (em u.a.).........................................................165
Tabela 117. Propriedades atômicas (em u.a.)................................................................165
Tabela 118. Freqüências vibracionais (cm
-1
) dos estiramentos das ligações H-C, C=O,
O-H e H-F para (1)-(14p)..............................................................................................173
Tabela 119. Cargas GAPT, MK e NPA para (1)-(8).....................................................174
Tabela 120. Cargas GAPT, MK e NPA para (9l)-(14p)................................................176
Tabela 121. Erro de superposição de base, BSSE (kcal/mol), e energias de ligação
corrigidas pelo BSSE, BE
corr
(kcal/mol), para os complexos (4)-(14p)........................178
xv
Tabela 122. Energias de estabilização de segunda ordem, E
(2)
, para (1), (4)-(6)........180
Tabela 123. Energias de estabilização de segunda ordem, E
(2)
, para (2), (7) e (8).....181
Tabela 124. Energias de estabilização de segunda ordem, E
(2)
, para (9l)-(13p).........182
Tabela 125. Energias de estabilização de segunda ordem, E
(2)
, para (14l) e (14p).....183
Tabela 126. Transferência de carga (CT) obtida pela análise NBO para
(4)-(14p)........................................................................................................................184
Tabela 127. Energias de repulsão estérica (dE(i,j), kcal/mol) para (1), (4)-(6).............185
Tabela 128. Energias de repulsão estérica (dE(i,j), kcal/mol) para (2), (7) e (8)..........186
Tabela 129. Energias de repulsão estérica (dE(i,j), kcal/mol) para (9l)-(13p)..............187
Tabela 130. Energias de repulsão estérica (dE(i,j), kcal/mol) para (14l) e (14p)..........187
Tabela 131. Principais estruturas de ressonância obtidas pela análise NRT para
(1)-(8).............................................................................................................................188
Tabela 132. Principais estruturas de ressonância obtidas pela análise NRT para
(9l)-(14p).......................................................................................................................190
Tabela 133. Análise dos pontos críticos (em u.a.) para (1)-(8).....................................194
Tabela 134. Análise dos pontos críticos (em u.a.) para (9l)-(14p)................................195
Tabela 135. Densidades de energia locais (em u.a.) para as interações nos complexos
(4)-(14p)........................................................................................................................198
Tabela 136. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (1)-(8).....................199
Tabela 137. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (9l)-(14p)................200
Tabela 138. Índices de deslocalização (DI) para (1), (2), (3), (4), (6) e (8)..................203
Tabela 139. Cargas atômicas (MK e NPA) para (1) e (2) nas geometrias dos complexos
(4), (5) e (8)...................................................................................................................204
Tabela 140. Energias de estabilização de segunda ordem, E
(2)
, para (1) e (2) nas
geometrias dos complexos (4), (5) e (8)........................................................................204
Tabela 141. Energias de repulsão estérica (dE(i,j), kcal/mol) para (1) e (2) nas
geometrias dos complexos (4), (5) e (8)........................................................................205
Tabela 142. Principais estruturas de ressonância e ordens de ligação para (1) e (2) nas
geometrias dos complexos (4), (5) e (8)........................................................................206
Tabela 143. Análise dos pontos críticos (CP, em u.a.) para (1) e (2) nas geometrias dos
complexos (4), (5) e (8).................................................................................................207
xvi
LISTA DE ABREVIATURAS
AIM – Atoms in Molecules.
AIL - Atomic Interaction Line.
BCP – Bond Critical Point.
B3LYP Becke three-parameter hybrid functional combined with Lee–Yang–Parr
correlation functional.
BP – Bond Path.
BPL – Bond Path Lenght.
BSSE – Basis Set Superposition Error.
CCP – Cage Critical Point.
CP – Counterpoise.
CPs – Critical Points.
DFT – Density Functional Theory.
DI – Delocalization Index.
GAPT – Generalized Atomic Polar Tensor.
GIAO – Gauge-Independent Atomic Orbital.
HOMO – Highest Occupied Molecular Orbital.
IAS – Interatomic Surface.
LUMO – Lowest Unoccupied Molecular Orbital.
MK – Merz-Kollman.
MO – Molecular Orbitals.
MP2 – Møller-Plesset second-order perturbation theory.
NAOs – Natural Atomic Orbitals.
NBO – Natural Bond Orbital.
NHO – Natural Hybrid Orbitals.
NLMOs – Natural Localized Molecular Orbitals.
(N)NA: Non-Nuclear Attractors.
NOs – Natural Orbitals.
NPA – Natural Population Analysis.
NRT – Natural Resonance Theory.
NSA – Natural Steric Analysis.
PCM – Polarized Continuum Model.
RCP – Ring Critical Point.
xvii
RMN – Ressonância Magnética Nuclear.
SCF – Self-Consistent Field.
SCRF – Self-Consistent Reaction Field.
TMS – Tetrametilsilano.
ZINDO – Zerner's Intermediate Neglect of Differential Overlap.
ZPE – Zero Point Energy.
1
1 – INTRODUÇÃO
1.1 – Um breve histórico sobre as ligações de hidrogênio e sua natureza
O interesse no entendimento das ligações químicas não é recente. A maior parte
dos princípios gerais da estrutura molecular e da natureza da ligação química foi
formulada através dos tempos por químicos movidos pelo grande conjunto de
observações experimentais. Ao longo das décadas, estes princípios têm sido
aprimorados e novos conceitos têm surgido graças aos avanços dos métodos
experimentais e teóricos.
1
O estudo da estrutura das moléculas foi originalmente
abordada por químicos usando métodos de investigação que são essencialmente de
natureza química, relacionados à composição química das substâncias, à existência de
isômeros, à natureza das reações químicas nas quais as substâncias fazem parte, etc.
Todas as observações e teorias marcaram o início do entendimento das ligações
químicas e propiciaram o desenvolvimento de estudos focados no interesse particular de
se entender o processo das interações entre átomos de uma mesma molécula (interações
intramoleculares) e átomos de moléculas diferentes (interações intermoleculares).
1
Foi com os interesses voltados para o prisma das ligações químicas que, a
décadas atrás, reconheceu-se que sob certas condições um átomo de hidrogênio pode ser
fortemente atraído por outros dois átomos, ao invés de somente um, de modo que se
possa considerar que estivesse ligado a esses dois átomos. À ligação adicional
denominou-se ligação de hidrogênio. Por algum tempo pensou-se que essa ligação
originava-se da formação de duas ligações covalentes pelo átomo de hidrogênio.
Posteriormente, com o desenvolvimento da teoria mecânico-quântica de valência, foi
reconhecido que o átomo de hidrogênio, com somente o orbital (1s) semi-ocupado, não
poderia formar mais do que uma ligação covalente pura e que a atração entre dois
átomos observada na formação da ligação de hidrogênio deveria ter ampla participação
de forças iônicas, possibilitando a explicação de propriedades importantes sobre as
ligações de hidrogênio.
1
Primeiramente, a ligação de hidrogênio é a ligação entre dois
átomos por intermédio de um hidrogênio; o número de coordenação do hidrogênio não
excede a dois. O íon hidrogênio positivo é um simples próton, sem elétrons em suas
camadas eletrônicas. Esse pequeno cátion deve atrair um ânion para uma distância do
equilíbrio internuclear igual ao raio do ânion e poderá atrair similarmente um segundo
ânion, formando assim um complexo estável. Um terceiro ânion, entretanto, deve ser
2
impedido por contatos ânion-ânion de se aproximar do próton. Do ponto de vista iônico,
o número de coordenação do hidrogênio é então restrito ao valor dois.
1
Em segundo lugar, apenas os átomos mais eletronegativos devem formar
ligações de hidrogênio, sendo que a intensidade dessas ligações deve aumentar com o
aumento da eletronegatividade dos dois átomos ligados. Seguindo a escala de
eletronegatividade, espera-se que flúor, oxigênio, nitrogênio e cloro apresentem, em
ordem decrescente, ligações de hidrogênio mais intensas. Essa observação foi
demonstrada experimentalmente. Embora cloro e nitrogênio tenham eletronegatividades
próximas, o cloro possui uma menor capacidade de formação de ligação de hidrogênio,
o que pode ser atribuído ao seu grande tamanho (relativo ao nitrogênio), o que faz com
que as interações eletrostáticas sejam mais fracas do que as observadas para o
nitrogênio.
1
Assim sendo, em 1887, o cientista soviético Illinski reconhecia que o hidrogênio
poderia ser atraído por dois átomos de oxigênio. Werner, em 1902, observou que o
amoníaco é um produto da adição da amônia e água (HOH···NH
3
HO···HNH
3
).
2
Porém, a primeira menção da ligação de hidrogênio foi feita por Moore e Winmill, em
1912,
3
quando explicaram através da estrutura do hidróxido de trimetilamônio, o baixo
caráter básico dessa substância frente ao apresentado pelo hidróxido de
tetrametilamônio. O reconhecimento da importância da ligação de hidrogênio e sua
extensiva ocorrência foi feito por Latimer e Rodebush no ano de 1920,
4
quando
utilizaram esse conceito na discussão da elevada associação entre líquidos (como água e
fluoreto de hidrogênio) com seus altos valores de constantes dielétricas; da pequena
ionização do hidróxido de amônio e da formação de dímeros de ácido acético. O
número de moléculas que apresentam ligações de hidrogênio foi amplamente
aumentado por estudos espectroscópicos e de estruturas cristalinas e por análises físico-
químicas.
5
Embora a ligação de hidrogênio não seja uma ligação rigorosamente forte (sua
energia de ligação na maioria dos casos encontra-se entre 2-10 kcal/mol), ela é
altamente significativa na determinação das propriedades de uma série de materiais,
6
como os polímeros sintéticos, além de ser responsável pelas estruturas terciárias em
macro e biomoléculas (proteínas, ácidos nucléicos, etc), pelas propriedades de vários
fluídos e sólidos moleculares, pelas preferências conformacionais de um grande grupo
de moléculas,
7,8
e também podem produzir grandes modificações na cinética e no
mecanismo de reações enzimáticas.
9
Devido à pequena energia de ligação e à baixa
3
energia de ativação envolvida na sua formação e ruptura, a ligação de hidrogênio é
especialmente observada em uma série de reações que ocorrem na temperatura
ambiente. Sua vasta ocorrência e sua importância nas interações intermoleculares
10,11
fazem com que sejam objeto de interesse em diversas áreas como a física, a química, a
cristalografia, a engenharia de cristais e a biologia molecular, dentre outras.
Vários estudos teóricos e experimentais envolvendo sua caracterização e
natureza
12-16
foram realizados. Entretanto, uma definição precisa da ligação de
hidrogênio ainda não foi obtida.
13,16
Num extremo, é atribuído às ligações de hidrogênio
um caráter puramente eletrostático, mas tem se verificado que estas interações podem
apresentar um caráter covalente apreciável, como demonstrado por estudos
experimentais
12
ou computacionais.
13
A diferença de planaridade nos dímeros H
2
O/HF
17
e H
2
O/HCN
18
pode ser
atribuída a diferenças na natureza das ligações de hidrogênio. Enquanto que a interação
eletrostática entre os dipolos da água e do ácido leva a formação de um dímero planar
para H
2
O/HCN, o oposto é observado para H
2
O/HF.
16
Fowler e Legon observaram a
evidência de uma transferência parcial do hidrogênio do cloreto de hidrogênio para a
trimetilamina no dímero (CH
3
)
3
N/HCl, através de comparações das constantes de
acoplamento nucleares quadrupolares do
35
Cl e
14
N.
19
Utilizando as análises de Morokuma,
20
Singh e Kollman separaram a energia de
interação do dímero da água nos componentes eletrostático, de polarização, de
transferência de carga e de dispersão e determinaram que a contribuição desses
componentes varia com a distância intermolecular.
21
Em estudos com dímeros que apresentam ligações de hidrogênio, Reed, Curtiss e
Weinhold fizeram uso da análise dos Orbitais Naturais de Ligação (NBO) para eliminar
o componente de transferência de carga do hamiltoniano. Foi observado que esse
componente constitui a maior parte da contribuição energética, ao passo que as atrações
eletrostáticas são amplamente canceladas pelas repulsões de troca. Dessa forma, o
componente eletrostático pode ser considerado como uma conseqüência das interações
de transferência de carga.
22
A proposta de que certas ligações de hidrogênio podem ser estabilizadas pela
ressonância foi sugerida por Gilli et al.
23-31
Essas ligações são caracterizadas por
interações com distâncias muito curtas do tipo X···H···X, nas quais X é um átomo
eletronegativo. As RAHB (Resonance Assisted Hydrogen Bonds) devem, obviamente,
apresentar um apreciável caráter covalente.
4
Efeitos de cooperatividade foram observados em várias cadeias unidas por
ligações de hidrogênio, tais como no cianeto de hidrogênio (HCN),
32
nos clusters de
água,
33-36
no ácido acético,
37
na formamida,
38,39
N-metilformamida e
N-metilacetamida,
40,41
em peptídeos
42,43
e modelos de poliglicinas,
44
em estruturas
cristalinas de cadeias finitas de ligações de hidrogênio no estudo de carboxihidratos e
peptídeos,
45
entre outras. Estudos de estabilização de energia e de parâmetros
geométricos realizados com cadeias de ligações de hidrogênio na uréia e no enol da
1,3-ciclohexenodiona, submetidas a um campo elétrico, demonstraram que apenas no
caso da uréia pode-se realizar uma descrição razoável através de efeitos eletrostáticos e
de polarização.
13
Constantes de acoplamentos (
NH
J
151
1
,
NN
J
1515
2
e
NC
J
1513
3
), obtidas por
espectros de ressonância magnética nuclear de muitos sistemas com ligações de
hidrogênio que são suficientemente gidos, foram consideradas como evidências
experimentais de interações covalentes nas ligações de hidrogênio.
46-48
Por outro lado,
num estudo sobre a natureza dessas ligações em proteínas,
49
Arnold e Oldfield
observaram que o acoplamento
NC
J
3
entre grupos de peptídeos (com ligações de
hidrogênio NH⋅⋅⋅OC) em proteínas é mediado por interações de camada fechada, não
covalentes, entre os átomos doador (hidrogênio) e receptor (oxigênio) das ligações de
hidrogênio. Dessa forma, os autores sugerem que o acoplamento é decorrente de uma
penetração mútua das densidades de carga não-ligadas (penetração de van der Waals).
Ainda nesse mesmo estudo, Arnold e Oldfield constataram que os deslocamentos
químicos (obtido no espectro de ressonância magnética nuclear:
1
H RMN) do átomo de
hidrogênio que participa da ligação de hidrogênio descrevem uma grande variedade de
interações químicas, a qual compreende desde o limite das interações de camada
fechada nas ligações de hidrogênio NH⋅⋅⋅OC em proteínas, passando pelas parcialmente
covalentes SSHBs (Short, Strong, Hydrogen Bonds) em enzimas, e culminando no
limite do compartilhamento de elétrons (interações covalentes) nas LBHBs (Low-
Barrier Hydrogen Bonds). Embora os termos SSHB e LBHB sejam usados
aproximadamente como sinônimos, eles não têm o mesmo significado.
50
Del Bene
utilizou de cálculos teóricos para comparar as constantes de acoplamento (
XY
J
2
) entre
complexos com e sem ligação de hidrogênio (XH⋅⋅⋅Y), mas que apresentam a mesma
distância entre os átomos X e Y. Os resultados demonstraram que o acoplamento ocorre
mesmo na ausência da ligação de hidrogênio, sem uma relação direta entre a magnitude
5
desta grandeza e a existência da ligação de hidrogênio. Portanto, a constante de
acoplamento não deve ser utilizada como prova do caráter covalente das ligações de
hidrogênio.
51
Onoda et al. estudaram a estabilização do ânion carboxilato decorrente da
ligação de hidrogênio com o grupo amida e a influência desse grupo na desprotonação
de ácidos carboxílicos.
52
Para isso, foram utilizadas análises cristalográficas, espectros
de infravermelho e de ressonância magnética nuclear (
1
H RMN), além de cálculos de
orbitais moleculares em fase gasosa e em meio contínuo parametrizado para reproduzir
as propriedades da água. Os autores observaram uma grande ordem de ligação entre os
átomos doador e receptor da ligação de hidrogênio (NH⋅⋅⋅OC), a qual é atribuída à
transferência de carga do oxigênio do ânion carboxilato para o grupo amida. O caráter
covalente parcial dessa forte ligação de hidrogênio intramolecular foi atribuído ao
aumento do recobrimento entre os orbitais do hidrogênio da amida e do oxigênio do
carboxilato.
Na determinação da escala de basicidade (pK
HB
) de uma série de complexos com
fluoreto de hidrogênio (HF), Lamarche e Platts utilizaram a teoria AIM (Atoms in
Molecules) e verificaram que as ligações de hidrogênio compreendem efeitos
eletrostáticos e covalentes.
53
Também utilizando a teoria AIM, sobretudo os índices de deslocalização (DIs),
Poater et al. analisaram as ligações de hidrogênio e a aromaticidade do par de bases
guanina-citosina complexado com cátions de metais.
54
Concluíram que a variação da
força das ligações de hidrogênio após a complexação com metais é atribuída,
principalmente, às modificações nas interações entre doador-receptor das ligações de
hidrogênio (interações covalentes que ocorrem entre um par de elétrons isolado do
átomo receptor de próton e o orbital σ
*
do grupo doador de próton). Nesse caso, as
alterações nas interações eletrostáticas assumiram um papel menos significativo. Essas
observações corroboram estudos anteriores de que as ligações de hidrogênio nos pares
de bases do DNA seriam intensificadas por efeitos de polarização do sistema de elétrons
π (RAHB),
55,23-31
e que as interações entre os orbitais doador-receptor nestas bases
apresentam intensidades comparáveis às das interações eletrostáticas.
56-58
Este quadro
está em concordância com as evidências experimentais mencionadas
46-48
que levam a
um caráter covalente parcial das ligações de hidrogênio, resultado de estudos de
6
difração de raios-X monocromáticos no gelo
12
e de espectros de ressonância magnética
nuclear (RMN) de ligações de hidrogênio no RNA
46
e em proteínas.
47,48
De acordo com Scheiner et al.,
59
na formação da ligação covalente ocorre um
grande rearranjo da densidade eletrônica. No outro extremo, nas interações de van der
Waals ou puramente coulombicas, a redistribuição de carga na formação do complexo é
mínima. As ligações de hidrogênio devem ocupar o espaço intermediário entre as
ligações covalentes e as iônicas.
Recentemente, vários estudos abordaram a influência das ligações de hidrogênio
na aromaticidade e ressonância de determinados sistemas. Krygowski et al. analisaram
uma série fenóis substituídos complexados com bases e verificaram, através do índice
HOMA (Harmonic Oscillator Model of Aromaticity), a dependência da aromaticidade
com a força das ligações de hidrogênio.
60
Manojkumar et al. observaram, com o uso do
índice NICS (Nucleus-Independent Chemical Shift), o aumento da aromaticidade da
p-benzoquinona após a formação da ligação de hidrogênio com moléculas de água.
61
Por outro lado, o uso destes índices (HOMA e NICS), juntamente com análises NBO
(Natural Bond Orbital) e AIM (Atoms in Molecules), indicaram que a aromaticidade do
cátion pirílio não é influenciada pela ligação de hidrogênio nos complexos com uma a
três moléculas de água.
62
Poater et al. constataram que a interação com cátions
metálicos estabiliza o par de bases guanina-citosina pela intensificação das ligações de
hidrogênio, as quais favorecem a separação de cargas na estrutura de ressonância e o
aumento da aromaticidade do anel de seis membros da guanina.
54
Trabalhos realizados
neste grupo de pesquisa demonstraram que as ligações de hidrogênio podem ser
responsáveis pelo aumento da ressonância da formamida e do grupo carboxila de ácidos
orgânicos, complexados, respectivamente, com água e com o radical hidroperoxil.
63,64
Enfim, apesar dos esforços despendidos nos estudos das ligações de hidrogênio,
conclui-se que ainda restam muitas dúvidas sobre a natureza destas ligações. A
distinção entre as contribuições covalentes e eletrostáticas é difícil de ser mensurada e
pode variar dentre os incontáveis sistemas químicos, não permitindo um consenso
generalizado sobre o assunto e criando polêmica no meio científico. A influência das
ligações de hidrogênio na estrutura eletrônica de compostos e complexos e,
conseqüentemente, na ressonância e na aromaticidade destes, também necessita de uma
cuidadosa análise uma vez que a compreensão deste fenômeno deve permitir a
sobreposição com os fatores geométricos.
7
1.2 – Apresentação da tese e objetivos
Embora os resultados sejam apresentados em dois capítulos, o objetivo central
de todas as atividades desenvolvidas é o de se verificar a influência da ligação de
hidrogênio e o efeito de substituintes nos sistemas estudados, utilizando-se para isso, de
critérios geométricos, energéticos e eletrônicos.
No capítulo inicial, observou-se a influência da ligação de hidrogênio na
aromaticidade do cátion pirílio com uma a três moléculas de água. Os complexos
também foram estudados em meio reacional com constante dielétrica igual a da água
com o emprego do modelo PCM (Polarizable Continuum Model). Como extensão dos
estudos com o cátion pirílio, apresentam-se os resultados referentes à hidroxilação dos
cátions benzopirílio e flavílio, objetivando a análise do efeito do substituinte na
aromaticidade destes cátions.
No capítulo seguinte, foram abordadas as discussões referentes à complexação
de ácidos orgânicos, mais especificamente os ácidos fórmico, acético e trifluoroacético,
com o radical hidroperoxil. Em extensão a esse trabalho, analisaram-se os efeitos da
complexação do ácido fórmico e do ânion formiato com o fluoreto de hidrogênio em
complexos obtidos com e sem restrições na otimização de geometria. A influência da
ligação de hidrogênio na ressonância dos ácidos e do ânion constitui-se o principal
objetivo dessa etapa do trabalho.
Para o desenvolvimento das atividades supracitadas foram analisadas
modificações na geometria de equilíbrio dos monômeros que constituem os complexos,
nas freqüências vibracionais e intensidades das bandas, cargas atômicas e espectros
eletrônicos. As ligações de hidrogênio e as alterações eletrônicas sofridas pelos
monômeros foram ainda observadas por diversas teorias, tais como, NBO (Natural
Bond Orbital), NRT (Natural Resonance Theory), NSA (Natural Steric Analysis) e AIM
(Atoms in Molecules). Uma análise energética foi realizada com o emprego de um
método de decomposição de energia proposto por Xantheas. A influência das ligações
de hidrogênio e o efeito do substituinte na aromaticidade dos cátions foram verificados
com o emprego dos métodos e índices NICS (Nucleus Independent Chemical Shifts),
HOMA (Harmonic Oscillator Model of Aromaticity), HOSE (Harmonic Oscillator
Stabilization Energy) e PDI (para-Delocalization Index).
8
2 – MÉTODOS COMPUTACIONAIS
As otimizações das geometrias de todos subsistemas e complexos foram
realizadas no programa GAUSSIAN 98
65
utilizando a teoria do funcional de densidade
com o funcional híbrido B3LYP.
66-68
Para os radicais empregou-se o método DFT
irrestrito, com o mesmo funcional (UB3LYP). No estudo dos ácidos orgânicos, do ânion
formiato e dos complexos com radical hidroperoxil e fluoreto de hidrogênio foram
utilizados os conjuntos de funções de base 6-311++G(3df,3pd)
69-72
e EPR-III,
73
sendo o
último apenas aplicado para o estudo com o radical hidroperoxil. para os estudos
envolvendo a complexação do cátion pirílio com uma a três moléculas de água e a
hidroxilação dos cátions benzopirílio e flavílio, utilizaram-se o conjunto de funções de
base 6-31+G(d,p).
74
Gu, Kar e Scheiner utilizaram essas bases no estudo de interações
CH·· O entre doadores de prótons do tipo F
n
H
3-n
CH e receptores de prótons como água
(H
2
O), metanol (CH
3
OH) e metanal (H
2
CO).
75
A opção “Tight” foi utilizada na
otimização de todas as geometrias, para se obter estruturas dos complexos que fossem
realmente mínimos na superfície de energia potencial, já que essa opção diminui de cem
vezes os critérios de convergência das forças e deslocamentos máximos e dos desvios
quadráticos médios dessas grandezas. Os efeitos das forças de dispersão e testes para
confirmação de algumas geometrias obtidas na complexação do cátion pirílio foram
considerados com o emprego do método MP2.
76
A natureza do ponto estacionário foi
determinada com base nas freqüências vibracionais harmônicas.
As energias foram corrigidas pela energia do ponto zero (ZPE: Zero Point
Energy) e os efeitos do erro de superposição de bases (BSSE: Basis Set Superposition
Error) foram considerados com o uso do método de “counterpoise” (CP).
77
As cargas atômicas foram calculadas pelos métodos: (i) NPA (Natural
Population Analysis),
78,79
as quais são obtidas pela análise da função de onda; (ii) MK
(esquema Merz-Kollman-Singh),
80,81
determinadas pelo ajuste do potencial eletrostático
molecular aos pontos selecionados num conjunto de esferas concêntricas ao redor de
cada átomo; (iii) GAPT (Generalized Atomic Polar Tensor),
82
obtidas pelos tensores
atômicos polares os quais se relacionam com as intensidades das bandas no espectro
infravermelho; (iv) AIM (Atoms in Molecules),
84-86
propriedade derivada da integração
sobre a “bacia atômica”, denotada por , segundo a análise da topologia da densidade
eletrônica pela teoria de Átomos em Moléculas, proposta por Bader.
9
O método desenvolvido por Xantheas para interações de n-corpos foi utilizado
nas análises energéticas dos complexos.
87,88
As funções de onda foram analisadas pelos métodos NPA (Natural Population
Analysis)
89
e NBO (Natural Bond Orbital) no programa NBO 5.0,
90
que se encontra
interfaciado com o pacote de programas GAUSSIAN 98. O método NBO realiza a
análise de uma função de onda molecular de vários elétrons em termos de pares de
elétrons ligantes localizados.
22
A análise dos orbitais naturais de ligação compreende
uma seqüência de transformações do conjunto orbitais moleculares canônicos {X
i
} para
vários conjuntos de orbitais localizados como NAOs (Natural Atomic Orbitals), NHOs
(Natural Hybrid Orbitals), NBOs (Natural Bond Orbitals) e NLMOs (Natural Localized
Molecular Orbitals): {X
i
}NAOsNHOsNBOsNLMOs. As intensidades das
interações entre orbitais ocupados “i” com orbitais antiligantes desocupados “j” podem
ser determinadas através da energia de perturbação de segunda ordem, E
(2)
, em
métodos SCF (Self- Consistent Field).
22
As estruturas de ressonância foram obtidas através de cálculos NRT (Natural
Resonance Theory),
91-94
também com o uso do programa NBO 5.0. A teoria de
ressonância natural realiza uma análise da densidade eletrônica molecular em termos de
estruturas de ressonância e pesos, além de determinar as ordens de ligação e valências
que estão relacionadas com os conceitos da teoria clássica de ressonância.
95,96
O método NSA (Natural Steric Analysis)
97,98
expressa as repulsões de troca
estéricas como a diferença de energia devido à ortogonalização de orbitais, em
concordância com uma visão física bem estabelecida de contato estérico. Ocorre uma
substituição sistemática de NBOs (Natural Bond Orbitals) por NLMOs (Natural
Localized Molecular Orbitals), incorporando o acoplamento de repulsões estéricas com
efeitos de deslocalização descritos por pequenas “caudas” dos NLMOs (os NLMOs não
estão totalmente localizados). Assim, esta técnica permite identificar interações entre
orbitais ocupados e parcialmente ocupados responsáveis por desestabilizações nos
sistemas a serem estudados.
Para se considerar o efeito de um campo de reação autoconsistente (SCRF: Self-
Consistent Reaction Field) na solvatação explícita, utilizou-se o modelo PCM
(Polarized Continuum Model).
99-102
Os métodos SCRF permitem fácil e diretamente
incorporar os efeitos do solvente na química quântica, mas negligenciam a estrutura de
solvatação microscópica na vizinhança do soluto. Nos métodos SCRF, o soluto é tratado
quanticamente enquanto que o solvente é representado por um dielétrico contínuo. A
10
energia livre de hidratação é determinada como uma adição das contribuições
eletrostáticas e estéricas (soma dos termos das contribuições da cavitação e de van der
Waals, que considera os efeitos de dispersão-repulsão e de volume).
103
A análise topológica da densidade eletrônica,
ρ
(r), foi realizada com a utilização
da teoria AIM (Atoms in Molecules).
84-86,104,105
A idéia central desta teoria é que a
topologia da densidade eletrônica contém informações sobre a situação das ligações
químicas, a qual pode ser elucidada através da análise matemática de
ρ
(r). A análise de
qualquer função escalar, como
ρ
(r), consiste na determinação de pontos em que as
primeiras derivadas da função,
∇ρ
(r), são nulas. No caso da densidade eletrônica, estes
pontos são denominados pontos críticos (CPs: Critical Points). De acordo com a teoria
de Bader, a condição necessária e suficiente para dois átomos estarem ligados é a
presença de um ponto crítico de ligação, BCP (Bond Critical Point), entre os mesmos.
Além disso, os valores da densidade
ρ
(r), do laplaciano
2
ρ
(r) e da elipticidade () em
um BCP são utilizados para avaliar as variações da densidade eletrônica e a natureza da
ligação química. Os cálculos foram efetuados utilizando-se os programas PROAIM,
106
MORPHY98
107-112
e AIM2000.
113
As modificações na aromaticidade foram avaliadas através critérios magnéticos,
geométricos e energéticos. Historicamente, propriedades magnéticas têm sido utilizadas
para a caracterização da aromaticidade de um dado composto.
114-116
Introduzido por
Schleyer et al.,
117
o NICS (Nucleus Independent Chemical Shift) foi proposto como um
parâmetro na caracterização de propriedades magnéticas relacionadas à aromaticidade
de sistemas cíclicos. Trata-se de um critério magnético, pelo qual são medidos os
valores da blindagem magnética isotrópica nas coordenadas de átomos que não possuem
funções de bases, ghost atoms”. Similarmente a outros índices magnéticos, o NICS
sofre dependência do tamanho.
117
Além disso, o NICS não demonstra uma diferença
marcante entre o benzeno e suas estruturas de Kekulé e alguns autores sugerem a
utilização do NICS apenas para estimar aromaticidade local.
118
O cálculo das blindagens
químicas no espectro de ressonância magnética nuclear (RMN) foram realizados com o
método GIAO (Gauge-Independent Atomic Orbital),
119
o qual fornece resultados em
boa concordância com os valores experimentais,
120
dependendo do modelo empregado
para cálculo da função de onda.
O HOMA (Harmonic Oscillator Model of Aromaticity)
121,122
é um índice para
medida de aromaticidade que utiliza os comprimentos de ligação entre átomos situados
11
em um anel como critério para avaliação da variação da aromaticidade. Esse índice
apresenta como diferencial o fato de que utiliza os conceitos de comprimento de ligação
ótimo, R
opt
, ao invés de valores médios de comprimentos ou ordens de ligação. O
HOMA permite separar dois termos que descrevem diferentes contribuições para o
decréscimo da aromaticidade: (i) devido ao aumento do comprimento de ligação (o
termo denominado EN) e (ii) devido à alternação do comprimento de ligação (o termo
denominado GEO). Para sistemas heterocíclicos aromáticos deve ser introduzido um
ajuste adicional ao índice HOMA.
121,122
O HOSE (Harmonic Oscillator Stabilization Energy) é um modelo empírico que
utiliza comprimentos de ligação para estimar os pesos (contribuições) das estruturas
canônicas e a estabilização de energia.
121,123
O HOSE é definido como o negativo da
energia necessária para deformar a geometria de uma molécula real para uma de suas
estruturas de Kekulé (ou de ressonância) com ligações simples e duplas localizadas.
Essa energia de deformação é derivada do potencial do oscilador harmônico.
Um outro critério de avaliação de aromaticidade, o PDI (para-Delocalization
Index),
124-126
é uma média de todos os DIs (Delocalization Index) dos átomos de
carbonos relacionados em para num dado anel de seis membros.
124
O valor de DI entre
dois átomos A e B, δ(A,B), é obtido com o uso da teoria AIM (Atoms in Molecules) e
fornece uma idéia quantitativa do número de elétrons deslocalizados ou compartilhados
entre esses dois átomos. Então, o PDI está claramente relacionado com a idéia de
deslocalização eletrônica.
124
3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 CAPÍTULO 1: INFLUÊNCIA DAS LIGAÇÕES DE HIDROGÊNIO E
EFEITOS DE SUBSTITUINTE NA AROMATICIDADE DOS CÁTIONS
PIRÍLIO, BENZOPIRÍLIO E FLAVÍLIO
3.1.1 –Algumas considerações sobre os cátions pirílio, benzopirílio e flavílio:
sistemas constituintes das antocianinas e antocianidinas
O estudo do cátion pirílio é motivado pelo seu uso em sínteses químicas, bem
como em decorrência do seu amplo potencial de aplicações.
127
Estudos sistemáticos
considerando uma grande série de sais de pirílio e suas reações podem ser encontradas
12
na literatura.
128,129
Sais de pirílio têm sido aplicados como intermediários sintéticos
versáteis e são empregados na preparação de muitos compostos orgânicos como
derivados de aril furanos, piridinas, nitrobenzenos, fosfobenzenos, tiopirílios,
2,4-pentadienonas e estruturas heterocíclicas complexas.
130-132
Apesar do grande
número de compostos de pirílio conhecidos, poucos complexos organometálicos
envolvendo o cátion foram preparados e investigados.
130,133-135
Compostos de pirílio são vastamente usados como sensores em materiais
fotográficos e fotosemicondutores, como pigmentos e “mode lockers” em lasers,
“Q-switchers”, “laser disc media” e também como material para gravação
óptica.
128,130,133,135-139
Tais compostos ainda são úteis como luminóforos orgânicos,
eletrólitos secundários não-aquosos em baterias,
135,136
aditivos inibidores de corrosão
em tintas,
130,133
provas fluorescentes para detecção de íons, pigmentos auxiliares em
coletores solares,
137,140,141
iniciadores em reações de polimerização,
127,142
e como
fotocatalisadores homogêneos no combate a poluentes fenólicos.
143-145
Em adição, o
pirílio e seus derivados têm apresentado papel importante no processo de
fotobranqueamento e na terapia fotodinâmica.
146-150
Além do mais, o cátion pirílio constitui o anel C de antocianinas, as quais são
um grupo de pigmentos naturais catiônicos que pertencem a uma classe de compostos
fenólicos de baixo peso molecular, os flavonóides. Esses compostos, amplamente
distribuídos no reino vegetal, apresentam diversas funções biológicas, além de exercer
um papel primordial na interação entre plantas e o meio ambiente. A principal função
das antocianinas na fisiologia vegetal é sua participação nos processos de reprodução
sexual e na indicação visual de flores e frutos, através da atração de agentes
polinizadores e de dispersão de sementes.
151,152
Assim, são as principais responsáveis
pela coloração rosa, laranja, vermelha, violeta e azul das flores, frutos (como por
exemplo nas cascas de uvas rosadas e de maças e na couve roxa), folhas e órgãos de
armazenamento.
153,154
Em contraste com a pigmentação das flores e frutos, a presença
transiente de antocianinas em certas cascas de sementes, folhas, caules e raízes não é
totalmente compreendida. Algumas evidências indicam que estes compostos seriam
sintetizados para proteger a planta contra alguns fatores de estresse, como o excesso de
radiação ultravioleta, infecções microbianas e ataques de insetos.
155
Nicholson et al.
verificaram que ocorre a produção de algumas antocianinas em resposta à infecção
microbiana.
156
A cianidina-3-glicosídeo protege as folhas do algodoeiro contra ataques
de larvas.
157
Recentemente, observou-se que ocorre um aumento de antocianinas em
13
plantas de trigo e ervilha quando submetidas à radiação UV-B, mas não ao estresse
hídrico.
158
A proteção contra radiação UV-B dessas substâncias explicaria a mudança de
cor das folhas no outono, em países de clima temperado.
159,160
Várias evidências epidemiológicas e estudos in vitro indicam que as
antocianinas possuem grande ão antioxidante, contribuindo para a destruição de
radicais livres.
161
Estas espécies são metabólitos altamente reativos que oxidam os
constituintes das células e, em particular, a membrana celular acelerando seu
envelhecimento e destruição. Logo, um excesso de radicais livres pode causar uma série
de distúrbios, como doenças cardiovasculares, inflamações e problemas dermatológicos.
Estudos demonstraram que vinho tinto tem grande potencial antioxidante, devido à
presença de compostos fenólicos (taninos e antocianinas), os quais estão presentes em
quantidades suficientes para assegurar uma ótima atividade antioxidante. Um dos
prováveis mecanismos de ação antioxidante das antocianinas deve envolver o ataque de
radicais livres, como o íon superóxido, pelo anel C (Figura 1) desses flavonóides.
Além do caráter antioxidante, vários outros efeitos benéficos ao ser humano ou
terapêuticos das antocianinas foram propostos.
162
Estes compostos, juntamente com
outros flavonóides, podem ser aplicados no tratamento de distúrbios relacionados à
retenção de fluídos por danos em vasos capilares.
163
As antocianinas encontradas no
vinho possuem potencial aplicação na terapêutica de melanomas humanos.
164
Uma
antocianina natural, a “purple corn color”, reduz a carcinogênese coloretal induzida por
um derivado da piridina em ratos machos.
165
Algumas antocianinas naturais inibem o
crescimento de células tumorais humanas.
166
Contudo, vários aspectos da ação biológica
de antocianinas precisam ser mais bem explorados, como a absorção destes compostos e
sua farmacocinética.
167
As antocianinas são derivadas do cátion flavílio, 2-fenilbenzopirílio (Figura 1).
Os compostos mais comuns desta classe têm um padrão de substituição bem definido:
dois grupos hidroxilas nas posições e 7 e quatro grupos substituintes R
1
a R
4
, dos
quais R
3
é obrigatoriamente um açúcar. Os grupos R
1
e R
2
nas posições e 5´, podem
ser, além de hidrogênio, grupos hidroxila e metóxi (OCH
3
). As antocianinas mais
comuns na natureza correspondem às seis combinações possíveis destes três grupos
(Tabela A). O grupo R
4
pode ser hidroxila ou glicosila, geralmente a glicose. As
antocianinas naturais ocorrem geralmente como monoglicosídeos (glicose ligada na
posição 3) ou diglicosídeos (glicoses nas posições 3 e 5). As agliconas das antocianinas,
14
as antocianidinas, são muito menos comuns na natureza.
168
Em todos os derivados do
cátion flavílio esse grupo é o cromóforo.
O
OR
3
OR
4
HO
R
1
OH
R
2
C
O
A
B
2
3
4
5
6
7
8
9
10
(a) (b)
Figura 1. Estruturas: (a) cátion 2-fenilbenzopirílio e (b) antocianinas.
Tabela A. Padrão de substituição para as antocianinas mais comuns na natureza.
Aglicona R
1
R
2
Perlagonidina H H
Cianidina H OH
Peonina H OCH
3
Delfinidina OH OH
Petunidina OH OCH
3
Malvidina OCH
3
OCH
3
Devido à ausência de toxicidade, as antocianinas têm sido propostas como
corantes e aditivos alimentares, porém seu uso industrial não tem se ampliado pela
grande instabilidade destes compostos frente a vários parâmetros como o pH e a luz.
169
Em contraste com o comportamento das antocianinas isoladas, os antocianoplastos,
encontrados nos vacúolos da epiderme vegetal, são estáveis.
170
Isso se deve
principalmente a efeitos de copigmentação do cromóforo flavílio, os quais estabilizam
as antocianinas in vivo.
158,171
A copigmentação pode ser devida à interação entre os
glicosídeos e o cátion flavílio de uma mesma antocianina, a auto-associação, ou entre
flavonas ou ácidos aromáticos com os ácidos caféico e ferúlico e antocianinas,
impedindo ou diminuindo a hidrólise das antocianinas.
170
Hoshino, Matsumoto e Goto verificaram por meio de dicroísmo circular (CD:
Circular Dichroism) e medidas de deslocamentos químicos de prótons no espectro de
RMN a auto-associação das antocianinas em solução neutra.
172-175
O processo de
copigmentação da malvidina 3,5-diglicolisada com os ácidos caféico e ferúlico também
foi estudado, com a utilização da espectroscopia eletrônica, por Markovic et al.
152
A copigmentação tem sido usada como estratégia para a estabilização da cor
vermelha, ou seja, do cátion flavílio. Ela se baseia na adição de outras espécies químicas
15
(que geralmente não absorvem no visível) que se associam às antocianinas conduzindo à
formação de complexos ou agregados.
176-181
Se esses agregados tiverem constantes de
equilíbrio de acidez e hidratação menores do que as da antocianina livre, o cátion
flavílio será estável numa gama maior de valores de pH.
168
Como as antocianinas são compostos poliidroxilados, estes pigmentos podem ser
complexados por metais. A complexação se normalmente no anel B.
154
Algumas
metalocianinas foram isoladas e caracterizadas. O pigmento azul, protodelfina, é
composto de uma antocianina, uma flavona e magnésio.
182
A síntese in vitro
demonstrou que o pigmento estável não se formava na ausência do metal. O complexo
pode ser formado com alguns outros metais.
183
A composição de outro pigmento azul, a
comelinina, foi estabelecida como [M
6
F
6
Mg
2
]
6-
, onde M e F são a flavocomelina e
malonato-antocianina, respectivamente.
184
A estrutura de raios-X deste complexo
permitiu verificar o sítio de complexação e determinar que a interação entre as cadeias
se por “empilhamento”, principalmente pelo anel A. As mesmas conclusões foram
obtidas pelo isolamento e síntese da protocianina.
182
Este complexo difere da
comelinina pelos flavonóides constituintes, e também por apresentar um Fe
2+
substituindo o Mg
2+
. A complexação com metais pode ser útil na determinação e
quantificação de antocianidinas. O cátion Al
3+
foi proposto como reagente analítico de
flavonóides por cromatografia líquida de alto desempenho,
185
ou por análise
espectrofotométrica.
186
Tem-se proposto que as antocianinas seriam estabilizadas pela formação de
pares iônicos com sais (NaCl, NaBr, NaClO
4
e NaBr). Isso ocorre pelo deslocamento do
equilíbrio prototrópico em direção à forma flavílio, com uma conseqüente diminuição
da formação da chalcona. Além disso, o ânion é preferencialmente hidratado,
diminuindo assim a hidrólise do grupo cromóforo (Esquema 1).
187
Entretanto, a
formação de pares iônicos não previne a degradação térmica e fotoquímica dos
pigmentos, embora reduza a eficiência das reações de decomposição.
Embora apresente grande complexidade, o equilíbrio ácido-básico de
antocianidinas foi extensamente estudado e encontra-se bem esclarecido (Esquema
1).
188
Entre pH 1 e 5 as antocianidinas existem sob a forma de pelo menos cinco
espécies (o ácido, a base, a pseudobase e as chalconas cis e trans), que se
interconvertem por equilíbrios ácido-base, de hidratação, de tautomerização e de
isomerização. O equilíbrio ácido-base é em geral o mais rápido e o de isomerização o
mais lento.
168
16
O O
OCH
3
OCH
3
O
OCH
3
OCH
3
HO
OH
OCH
3
OH
HO
O
OCH
3
O
OCH
3
OCH
3
HO
HO
O
OCH
3
OCH
3
HO
base quinonoidal
cátion flavílio
hemiacetal
cis-(E)-chalcona
trans-(Z)-chalcona
A
7
B
AH
+
C
E
C
Z
H
+
K
a
K
b
H
2
O
K
t
K
i
Esquema 1. Equilíbrio prototrópico para o cloreto de 3,4’-dimetóxi-7-hidroxiflavílio,
onde K
a
refere-se à transferência de próton, K
b
à hidratação do cátion flavílio, K
t
à
tautomerização e K
i
à isomerização.
Em meio ácido (pH 3-6) os derivados do cátion flavílio são quase que
completamente hidratados a bases quinonoidais incolores (A
7
, Esquema 1). A adição de
água no cátion flavílio e em seus derivados ocorre principalmente no carbono 2,
gerando o hemicetal, B. Esta espécie pode sofrer tautomerismo prototrópico anel-
cadeia, levando a uma trans-chalcona, C
z
, que por sua vez encontra-se em equilibro com
o isômero cis, C
E
. A estabilidade das várias espécies envolvidas no equilíbrio
prototrópico depende da posição dos substituintes.
188
Vários estudos cinéticos e espectrais determinaram que derivados sintéticos do
cátion flavílio podem existir em muitas formas (estados), as quais podem ser
interconvertidas por mais de um tipo de estímulo externo (funcional).
189-192
Estes
17
estímulos envolvem variações na acidez do meio, na temperatura ou a irradiação por
ultravioleta. Como todos os processos que conectam os estados do sistema são
reversíveis e acompanhados por grandes mudanças nos espectros de absorção e emissão,
tem-se um sistema a nível molecular que é multiestado/multifuncional. Os funcionais
podem servir como uma base para operações lógicas simples
190
e estes sistemas podem
ser empregados como dispositivos de armazenamento do tipo “write-lock-read-unlock-
erase”.
Apesar da importância das antocianinas e das aplicações potenciais destes
compostos, na literatura encontra-se um número muito pequeno de estudos
computacionais. Utilizando-se o método AM1 e da formulação semi-empírica do
modelo de carga virtual, uma série de tautômeros existente em equilíbrio (cátion,
pseudobase e ânion) foi analisada com vistas a uma compreensão de suas estabilidades
através do estudo das ordens de ligação e das estruturas canônicas.
193
A estrutura
eletrônica do cátion flavílio e de alguns derivados hidroxilados foi estudada com o uso
do método semi-empírico AM1. Obtiveram-se as estruturas de ressonância pelo uso de
ordens de ligação e cargas atômicas e, através destas, pode-se concluir que o anel C do
cátion flavílio apresenta ressonância muito pequena. A ressonância entre os anéis B e C
(Figura 1) só é observada pela hidroxilação no C(4’).
194
O trabalho seguinte se deteve
nos derivados mono, bi e triidroxilados no anel B do cátion flavílio.
195
Permitiu-se
verificar a variação da estabilidade dos compostos e da contribuição das várias
estruturas de ressonância com o sítio de substituição. As excitações eletrônicas para o
cátion flavílio e algumas antocianidinas foram estudadas através dos métodos AM1 e
INDO 1/S.
196
As transições eletrônicas indicaram que a hidroxilação progressiva no
anel B causa o deslocamento da transição de maior intensidade para maiores valores de
comprimentos de onda. Isso pode ser atribuído ao aumento de ressonância, como havia
sido proposto anteriormente.
195
Recentemente, Mayer estudou o cátion flavílio e alguns
de seus derivados hidroxilados por métodos “ab initio” e DFT.
197
O autor verificou que
o anel B no cátion flavílio encontra-se ligeiramente fora do plano do grupo benzopirílio
e que a barreira de rotação do anel B é muito pequena. A presença de um meio com
constante dielétrica igual a da água apresenta pequena influência na estrutura desse
cátion e de seus derivados.
Técnicas experimentais, tais como fluorescência e voltametria cíclica, aliadas a
cálculos semi-empíricos, de orbitais moleculares, de espectros eletrônicos (TD-DFT,
ZINDO) e de energias livres de solvatação (PCM Polarizable Continuum Model)
18
foram empregadas no estudo de antocianinas naturais e sintéticas nos estados
fundamental e excitado.
198-200
Nesses estudos, Quina, Maçanita et al. verificaram que o
cátion flavílio das antocianinas pode ser um ácido fraco, quando no estado fundamental,
ou um ácido forte, quando no estado excitado. Além do mais, os resultados revelaram
que a rápida e adiabática transferência de próton é o processo que contribui
predominantemente para fraca fluorescência do cátion flavílio nas antocianinas.
198
Adicionalmente, constatou-se que o flavílio é um excelente receptor de elétrons,
permitindo que polifenóis transfiram elétrons de maneira ultra-rápida para o cátion no
estado excitado, o que pode ter implicações importantes para o entendimento das
associações entre antocianinas e copigmentos nos vacúolos das plantas.
199
Desta forma,
a copigmentação de antocianinas deve ser fortemente estabilizada pela transferência de
carga de um copigmento para o cátion flavílio, o que não exclui a participação de outros
tipos de interações nesse processo.
199,200
3.1.2 Estudo computacional dos complexos cátion pirílio-água: ligações de
hidrogênio, efeitos de ressonância e aromaticidade
Neste trabalho, estudou-se a interação do cátion pirílio com uma a três moléculas
de água. Os cálculos foram realizados com o uso da teoria do funcional de densidade
(DFT) e do conjunto de funções de bases 6-31+G(d,p) (modelo B3LYP/6-31+G(d,p)).
Foram abordadas modificações na geometria de equilíbrio dos monômeros que
constituem os complexos, nas freqüências vibracionais e intensidades das bandas, nas
cargas atômicas e nos espectros eletrônicos. As ligações de hidrogênio e as alterações
eletrônicas sofridas pelos monômeros foram analisadas por diversas teorias, tais como
NBO (Natural Bond Orbitals), NRT (Natural Resonance Theory), NSA (Natural Steric
Analysis) e AIM (Atoms in Molecules). Uma análise energética foi realizada com o
emprego de um método de decomposição de energia proposto por Xantheas. A
influência das ligações de hidrogênio na aromaticidade do cátion pirílio foi verificada
ainda com o emprego dos métodos NICS (Nucleus Independent Chemical Shifts),
HOMA (Harmonic Oscillator Model of Aromaticity), HOSE (Harmonic Oscillator
Stabilization Energy) e da análise dos deslocamentos químicos no espectro de RMN de
1
H e
13
C. Os resultados deste estudo foram aceitos para a publicação no ano de 2005 no
J. Mol. Struct. (Theochem).
62
19
A – Geometrias
As geometrias de equilíbrio dos monômeros e dos complexos estão apresentadas
na Figura 2, juntamente com a numeração dos átomos. Os sítios de complexação foram
designados por letras, conforme demonstrado nos complexos (II)-(V) e (VII)-(IX).
A
C
E
D
B
Água (I) (II) (III)
(IV) (V) (VI)
(VII) (VIII) (IX)
(X) (XI) (XII)
Figura 2
. Geometrias de equilíbrio dos monômeros e complexos pirílio-água (distâncias
dadas em Ǻ e ângulos em graus).
20
Todos os complexos considerados apresentaram ligações de hidrogênio do tipo
H
2
O⋅⋅⋅H-C no plano molecular do cátion pirílio. Utilizando os níveis de teoria
B3LYP/6-31+G(d,p), MP2/6-31+G(d,p), B3LYP/cc-pVDZ e MP2/cc-pVDZ não foram
encontrados complexos com ligações de hidrogênio HO-H⋅⋅⋅O(1) no plano molecular do
cátion. A ausência de ligação de hidrogênio entre O(1) e água pode ser atribuída ao fato
de que uma das principais estruturas de ressonância do pirílio apresenta carga positiva
no O(1). O complexo (Figura 3) com uma molécula de água disposta sobre o anel do
cátion pirílio é cerca de 2 kcal/mol menos estável do que (II) (complexo com uma
molécula de água mais estável). Adicionalmente, uma interação entre O(1) e/ou C(2) e o
oxigênio da água pode ser observada. Dessa forma, esse complexo não foi incluído nas
demais análises.
Figura 3. Complexo pirílio-água sem ligação de hidrogênio: a molécula de água está
disposta acima do anel do cátion. Distâncias são dadas em Ǻ.
Nota-se pouca distinção entre as geometrias de equilíbrio dos complexos e dos
monômeros. Isso se deve ao fato de que o cátion pirílio apresenta interações fracas com
as moléculas de água. Os comprimentos de ligação mais afetados foram os das ligações
C-H que apresentam o hidrogênio interagindo diretamente com o oxigênio da água. O
comprimento dessa ligação aumentou dentre os complexos com apenas uma molécula
de água ((II)-(IV)). Para o complexo (II) observa-se ainda um pequeno aumento no
comprimento de ligação C(2)-C(3) e uma diminuição no comprimento de ligação C(3)-
C(4).
Para (V)-(X), complexos que apresentam água entre dois grupos C-H, posições
B, B’, D e D’, não se observam alterações significativas nos comprimentos e ângulos de
ligação do cátion. Entre as seis estruturas que exibem duas moléculas de água, apenas
(IX) e (X) não apresentam água nas posições A ou A’. Em (V), ocorre aumento nos
21
comprimentos das ligações O(1)-C(2) e C(2)-H(7) e, em (VI), os aumentos mais
significativos são notados em O(1)-C(2), C(2)-H(7), C(4)-H(9) e C(4)-C(5). Neste
último complexo, uma pequena diminuição no comprimento de ligação C(5)-C(6)
também foi observada. As ligações C(2)-H(7) e O(1)-C(2) são alongados em (VII).
Aumentos semelhantes são observados nos comprimentos das ligações O(1)-C(2), O(1)-
C(6), C(2)-H(7) e C(6)-H(11) no complexo (VIII). Finalmente, em (IX) e em (X), as
alterações nas geometrias de equilíbrio foram bastante pequenas, sendo mais
expressivos os encurtamentos das ligações C(5)-C(6) e C(6)-O(1) no complexo (IX).
Considerando os complexos com três moléculas de água ((XI) e (XII)), verifica-
se que a complexação provocou aumento nos comprimentos das ligações O(1)-C(2),
C(6)-O(1), C(2)-H(7) e C(6)-H(11). Um alongamento da ligação C(4)-H(9) também
ocorre em (XI). Os comprimentos de ligação O-H das moléculas de água são em média
0,002 Ǻ maiores nos complexos do que no monômero. As variações nos ângulos de
ligação do pirílio e da água nos complexos foram inferiores a um grau. O caráter
direcional (linearidade) das ligações de hidrogênio pode ser um fator capaz de distinguí-
las de outras interações eletrostáticas.
75
Essa linearidade pode ser observada nos
complexos (II)-(VIII), (XI) e (XII), nos casos em que a molécula de água interage com
apenas um grupo C-H do pirílio. Nestes, os ângulos de ligação C-H·· O o superiores a
170
o
. As distâncias das ligações de hidrogênio C-H·· O nos complexos com água nas
posições B, B’, D e D’ estão entre 2,2 e 2,8 Å e são maiores do que as observadas nos
demais sítios de complexação (2,0 Å). Em todos os casos, as distâncias são maiores do
que as observadas nos dímero da água (1,95 Å).
201
A adição da segunda molécula de
água nos complexos (II) e (IV), constituindo os complexos (V)-(VIII), provoca um
aumento das distâncias H·· O das ligações de hidrogênio. Situação análoga ocorre com a
adição da terceira molécula de água nos complexos (V) e (VI) para a formação dos
complexos (XI) e (XII). Isso pode ser atribuído a um efeito de cooperatividade negativa
nessas ligações de hidrogênio.
B – Freqüências vibracionais
Todos os complexos estudados constituem-se nimos na superfície de energia
potencial, como indicado por freqüências vibracionais positivas. As freqüências dos
estiramentos dos grupos C-H (Tabela 1) sofreram pouca influência das moléculas de
água nas posições B, B, D e D’, o que revela que as ligações de hidrogênio
22
estabelecidas nessas posições devem ser fracas. Nos complexos (II), (V), (VI), (VII),
(VIII), (XI) e (XII) as freqüências do estiramento assimétrico C(2)-H(7)/C(6)-H(11)
diminuíram. Os complexos (VIII), (XI) e (XII) tiveram ainda uma diminuição
semelhante na freqüência do estiramento simétrico C(2)-H(7)/C(6)-H(11). Nos
complexos (IV), (VI) e (XI), as freqüências do estiramento C(4)-H(9) também sofreram
diminuições. Por fim, observa-se uma queda na freqüência do estiramento simétrico
C(3)-H(8)/C(5)-H(10) no complexo (III). Uma característica das ligações de hidrogênio
está relacionada com o espectro vibracional. A freqüência associada com o estiramento
do grupo doador de próton é tipicamente deslocada para o vermelho.
75,202
Nos
complexos estudados, esse deslocamento ocorre devido ao pequeno aumento nos
comprimentos de ligação C-H em relação aos monômeros isolados. A capacidade do
grupo C-H em formar ligações de hidrogênio têm sido motivo de muita controvérsia.
59
A caracterização da interação CH···O (interação coulombica entre átomos de carga
oposta) como uma ligação de hidrogênio têm sido questionada após observação de que a
freqüência do estiramento C-H pode ser levemente deslocada para o azul,
contrariamente ao deslocamento para o vermelho característico dos doadores de prótons
nas ligações de hidrogênio.
59
Tabela 1. Freqüências vibracionais (em cm
-1
) dos estiramentos das ligações C-H.
(a)
C(2)-H(7)/C(6)-H(11) C(3)-H(8)/C(5)-H(10)
simétrico assimétrico simétrico assimétrico
C(4)-H(9)
pirílio
3262 (8,1) 3258 (26,5) 3240 (19,9) 3239 (8,4) 3221 (1,2)
(II) 3261 (11,6) 3135 (363,3)
3242 (12,6) 3240 (12,1)
3220 (1,1)
(III) 3263 (7,6) 3259 (20,1) 3146 (286,8)
3239 (10,6)
3221 (3,4)
(IV) 3262 (6,0) 3259 (19,6) 3238 (17,0) 3238 (5,1) 3137 (242,5)
(V) 3261 (7,6) 3152 (316,7)
3244 (32,8) 3239 (9,6) 3219 (17,4)
(VI) 3261 (7,8) 3152 (140,9)
3240 (10,8) 3238 (9,9) 3149 (385,6)
(VII)
3259 (54,7) 3154 (321,4)
3246 (9,1) 3242 (12,2)
3219 (0,6)
(VIII)
3159 (206,7)
3151 (413,8)
3244 (3,4) 3242 (16,7)
3219 (1,1)
(IX) 3262 (5,2) 3251 (57,8) 3241 (52,6) 3239 (24,5)
3223 (8,6)
(X) 3258 (6,2) 3254 (130,8)
3246 (18,5) 3244 (3,4) 3219 (0,3)
(XI) 3171 (147,8)
3163 (360,1)
3241 (3,6) 3240 (12,7)
3159 (225,6)
(XII)
3170 (199,2)
3163 (351,8)
3246 (24,8) 3241 (8,5) 3221 (15,1)
(a)
Intensidades (km/mol) estão indicadas entre parênteses.
As ligações de hidrogênio também influenciam as intensidades das bandas dos
grupos C-H (Tabela 1). A intensidade da banda do estiramento simétrico
C(2)-H(7)/C(6)-H(11) aumenta nos complexos (VII), (VIII), (XI) e (XII), enquanto que
23
a do estiramento assimétrico nos complexos (II), (V), (VI), (VII), (VIII), (X), (XI) e
(XII). O aumento da intensidade do estiramento simétrico C(3)-H(8)/C(5)-H(10) é
observado em (III), (V) e (IX), e o do estiramento assimétrico correspondente em (VIII),
(IX) e (XI). Nos complexos com água em E ((IV), (VI) e (XI)) ocorre um grande
aumento da intensidade da banda do estiramento C(4)-H(9). Em (V) e (XII), esse
aumento é menos pronunciado. O aumento da intensidade da banda é devido ao termo
do fluxo de carga
203
o qual é bastante influenciado pela complexação. Na molécula
isolada, a carga do hidrogênio é sempre positiva enquanto que fluxo de carga é
levemente negativo, tornando-se positivo após a complexação. Então, após a
complexação a carga e o fluxo de carga passam a ter o mesmo sinal algébrico. Como a
intensidade do estiramento da ligação é proporcional à soma dos quadrados desses
termos, a intensidade é muito aumentada pela formação da ligação de hidrogênio.
203
C – Cargas atômicas
As cargas atômicas foram obtidas pelos métodos NPA (Natural Population
Analysis), GAPT (Generalized Atomic Polar Tensor ) e MK (esquema Merz-Kollman-
Singh) (Tabela 2). Observa-se que C(2) e C(6) do pirílio apresentam cargas positivas.
As cargas NPA diferem das cargas MK e GAPT principalmente com relação ao C(4);
enquanto o método NPA fornece uma pequena carga negativa para esse átomo, os
métodos MK e GAPT apresentam uma carga positiva considerável. Vários métodos
foram propostos para a comparação das cargas atômicas com grandezas determinadas
experimentalmente ou computacionalmente. Wiberg e Rablen compararam os
momentos de dipolo e potenciais eletrostáticos moleculares calculados por cargas
atômicas com aqueles obtidos por métodos SCF (Self-Consistent Field).
79
Nesse
trabalho também foi analisada a capacidade das cargas atômicas de reproduzir variações
de eletronegatividade. Os momentos de dipolo para compostos heterocíclicos foram
calculados a partir das cargas obtidas por rios métodos e comparados com aqueles
determinados experimentalmente.
204
Sigfridsson e Ryde compararam os momentos de
multipolo calculados a partir de cargas atômicas derivadas do potencial eletrostático
(µ
cargas
) com os valores derivados diretamente da função de onda (µ
eigen
).
205
Posteriormente, o “Simple Potential Model” sugerido por Sieghban foi proposto como
critério para a qualidade de cargas atômicas parciais.
206
Apesar destes esforços, não se
pode determinar precisamente um critério para escolha de cargas atômicas.
24
As cargas dos átomos O(12), O(15) e O(18) das moléculas de água ficaram mais
negativas após a complexação, causando por sua vez, o aumento da carga positiva dos
átomos de hidrogênio das moléculas de água. Os átomos de hidrogênio dos grupos C-H
que atuam como doadores de prótons das ligações de hidrogênio apresentaram aumento
da carga positiva quando a interação ocorre nas posições A, A’, C e E. Por outro lado,
essas cargas nos complexos com água nas posições B, B’, D e D’, não demonstraram o
mesmo comportamento.
25
Tabela 2. Cargas NPA, GAPT e MK para a água, o cátion pirílio (I) e complexos cátion pirílio-água ((II)-(XII)).
Carga
O(1) C(2) C(3) C(4) C(5) C(6) H(7) H(8) H(9) H(10)
H(11)
O(12)
H(13)
H(14)
O(15)
H(16)
H(17)
NPA
-1,002
0,501
0,501
GAPT
-0,570
0,285
0,285
Água
MK -0,803
0,401
0,401
NPA -0,376
0,265
-0,287
-0,075
-0,287
0,265
0,286
0,310
0,301
0,310
0,286
GAPT
-0,280
0,323
-0,172
0,302
-0,172
0,323
0,145
0,134
0,120
0,134
0,145
(I)
MK -0,208
0,371
-0,365
0,306
-0,366
0,384
0,141
0,233
0,136
0,232
0,136
NPA
-0,380
0,268
-0,293
-0,082
-0,292
0,257
0,308
0,306
0,296
0,306
0,281
-1,032
0,528
0,528
GAPT
-0,283
0,276
-0,198
0,308
-0,173
0,304
0,300
0,128
0,112
0,128
0,136
-0,644
0,303
0,303
(II)
MK -0,300
0,556
-0,475
0,393
-0,429
0,420
0,134
0,233
0,105
0,230
0,128
-0,932
0,468
0,468
NPA
-0,380
0,258
-0,291
-0,078
-0,289
0,261
0,282
0,333
0,296
0,306
0,282
-1,032
0,526
0,526
GAPT
-0,292
0,322
-0,223
0,297
-0,170
0,310
0,138
0,269
0,113
0,126
0,139
-0,628
0,299
0,299
(III)
MK -0,218
0,357
-0,342
0,316
-0,353
0,383
0,119
0,298
0,107
0,214
0,133
-0,958
0,472
0,472
NPA
-0,381
0,258
-0,291
-0,071
-0,291
0,258
0,282
0,306
0,322
0,306
0,282
-1,033
0,527
0,527
GAPT
-0,302
0,329
-0,182
0,254
-0,181
0,331
0,137
0,127
0,256
0,127
0,137
-0,628
0,299
0,298
(IV)
MK -0,255
0,419
-0,436
0,442
-0,435
0,418
0,124
0,223
0,156
0,223
0,125
-0,943
0,468
0,468
NPA
-0,385
0,260
-0,292
-0,077
-0,297
0,251
0,304
0,316
0,309
0,301
0,277
-1,030
0,526
0,526
-1,038
0,524
0,524
GAPT
-0,301
0,286
-0,210
0,287
-0,175
0,300
0,284
0,154
0,157
0,119
0,129
-0,636
0,300
0,301
-0,590
0,297
0,297
(V)
MK -0,285
0,357
-0,317
0,463
-0,546
0,455
0,231
0,182
0,081
0,259
0,118
-0,972
0,476
0,476
-0,829
0,424
0,424
NPA
-0,385
0,261
-0,298
-0,078
-0,295
0,250
0,304
0,302
0,318
0,302
0,277
-1,031
0,527
0,527
-1,031
0,525
0,525
GAPT
-0,304
0,283
-0,208
0,263
-0,181
0,313
0,286
0,121
0,242
0,122
0,128
-0,638
0,301
0,301
-0,623
0,296
0,296
(VI)
MK -0,302
0,484
-0,429
0,271
-0,395
0,405
0,192
0,209
0,263
0,215
0,128
-0,957
0,471
0,471
-0,973
0,472
0,472
26
Tabela 2. Continuação.
Carga
O(1) C(2) C(3) C(4) C(5) C(6) H(7) H(8) H(9) H(10)
H(11)
O(12)
H(13)
H(14)
O(15)
H(16)
H(17)
O(18)
H(19)
H(20)
NPA
-0,384
0,258
-0,298
-0,088
-0,292
0,264
0,304
0,302
0,292
0,314
0,295
-1,031
0,526
0,526
-1,039
0,525
0,525
GAPT
-0,287
0,258
-0,200
0,316
-0,195
0,295
0,286
0,122
0,104
0,148
0,189
-0,638
0,301
0,301
-0,601
0,301
0,301
(VII)
MK -0,343
0,407
-0,377
0,230
-0,353
0,549
0,227
0,216
0,146
0,213
0,096
-0,970
0,475
0,475
-0,866
0,437
0,437
NPA
-0,384
0,260
-0,298
-0,088
-0,298
0,260
0,303
0,302
0,292
0,302
0,303
-1,031
0,526
0,526
-1,031
0,526
0,526
GAPT
-0,285
0,261
-0,199
0,316
-0,199
0,261
0,283
0,122
0,105
0,122
0,283
-0,637
0,301
0,301
-0,637
0,301
0,301
(VIII)
MK -0,360
0,510
-0,470
0,352
-0,463
0,483
0,182
0,232
0,123
0,230
0,213
-0,953
0,471
0,471
-0,978
0,478
0,478
NPA -0,385
0,265
-0,294
-0,076
-0,290
0,248
0,297
0,311
0,307
0,317
0,277
-1,038
0,525
0,525
-1,039
0,524
0,524
GAPT
-0,305
0,309
-0,190
0,293
-0,194
0,303
0,129
0,163
0,150
0,138
0,206
-0,591
0,297
0,297
-0,605
0,301
0,301
(IX)
MK -0,260
0,522
-0,417
0,368
-0,246
0,249
0,092
0,218
0,086
0,178
0,164
-0,842
0,430
0,430
-0,806
0,417
0,417
NPA
-0,384
0,262
-0,293
-0,088
-0,293
0,262
0,296
0,313
0,291
0,313
0,296
-1,039
0,525
0,525
-1,039
0,525
0,525
GAPT
-0,291
0,291
-0,195
0,316
-0,195
0,291
0,198
0,143
0,104
0,143
0,198
-0,603
0,301
0,301
-0,603
0,301
0,301
(X)
MK -0,319
0,432
-0,227
0,054
-0,240
0,448
0,137
0,200
0,181
0,202
0,132
-0,895
0,446
0,446
-0,892
0,446
0,446
NPA -0,388
0,253
-0,301
-0,085
-0,301
0,253
0,299
0,299
0,314
0,299
0,299
-1,029
0,525
0,525
-1,029
0,525
0,525
-1,030
0,523
0,523
GAPT
-0,304
0,270
-0,208
0,274
-0,208
0,270
0,270
0,116
0,230
0,117
0,270
-0,631
0,299
0,299
-0,631
0,299
0,299
-0,617
0,294
0,294
(XI)
MK -0,391
0,551
-0,544
0,468
-0,544
0,553
0,158
0,226
0,169
0,226
0,157
-0,930
0,461
0,462
-0,930
0,462
0,462
-0,944
0,464
0,464
NPA
-0,388
0,252
-0,296
-0,083
-0,303
0,254
0,299
0,312
0,304
0,298
0,299
-1,029
0,525
0,525
-1,029
0,525
0,525
-1,036
0,523
0,523
GAPT
-0,302
0,270
-0,210
0,296
-0,199
0,259
0,269
0,150
0,147
0,115
0,271
-0,630
0,298
0,298
-0,631
0,299
0,299
-0,588
0,295
0,295
(XII)
MK -0,360
0,400
-0,394
0,536
-0,616
0,563
0,216
0,187
0,055
0,254
0,163
-0,960
0,471
0,471
-0,947
0,467
0,468
-0,799
0,412
0,412
27
D – Análise energética
As energias dos complexos foram comparadas a fim de se obter informações
sobre os complexos mais estáveis (Tabela 3).
Tabela 3. Energias relativas corrigidas pela ZPE, (E+ZPE), (kcal/mol).
(E+ZPE)
relativas a (II)
(E+ZPE)
relativas a (VIII)
(E+ZPE)
relativa a (XI)
(III) (IV) (V) (VI) (VII) (IX) (X) (XII)
0,89 0,81 0,93 0,76 0,26 1,07 0,49 0,12
Considerando os complexos (II)-(IV), observa-se uma maior estabilidade para
(II), complexado na posição A, seguido por (IV) e (III), complexados em E e C,
respectivamente. O complexo (VIII), com água nas posições A e A’, é o mais estável
dentre os que apresentam duas moléculas de água ((V)-(X)). Isso demonstra uma
preferência pela complexação no grupo C-H adjacente ao O(1). A ordem decrescente de
estabilidade para esses complexos é (VIII) > (VII) > (X) > (VI) > (V) > (IX). As
energias relativas demonstram que complexos que apresentam pelo menos uma
molécula de água na posição B e/ou B’ são mais estabilizados. O contrário é observado
para os que apresentam água na posição D e/ou D’. Considerando os complexos com
três moléculas de água, verifica-se que (XI) é pouco mais estável do que (XII).
Os resultados obtidos através do método de Xantheas
87,88
para a decomposição
de energia estão apresentados na Tabela 4. As maiores contribuições nas energias de
relaxação são devidas às distorções sofridas pelo pirílio na formação dos complexos
(E
Rpirílio
). As energias de relaxação do pirílio são maiores nos complexos (V), (VII),
(IX), (X) e (XII), ou seja, nos complexos nos quais a água interage formando ciclos
(posições B, B’, D e D’). Em seu estudo com clusters de água, Xantheas determinou que
as energias de relaxação para as moléculas de água são maiores nos casos em que os
monômeros interagem formando ciclos.
87
As energias de relaxação das moléculas de
água nos complexos são nulas ou muito pequenas (0,01kcal/mol). No vel MP4/aug-
cc-pVTZ, Xantheas determinou que a energia de relaxação total para o dímero da água
foi de 0,02 kcal/mol.
87
A E
Rpirílio
torna-se maior após a adição da segunda molécula de
água.
28
Tabela 4. Energias (kcal/mol) de relaxação (E
R
) de cada um dos monômeros e total,
energias de interação (
n
E) e de ligação (BE
n
) corrigidas pelo BSSE.
E
R
pirílio
A/A´ B/B´
C
D/D´
E
2
E
(a)
2
E
(a)
2
E
(a)
2
E
(b)
2
E
(b)
2
E
(b)
(II)
0,09 0,0 -10,38
(III)
0,05 0,0
-9,43
(IV)
0,04 0,0
-9,51
(V)
0,16 0,0 0,01
-10,34
(A)
-9,84
(D)
0,38
(VI)
0,11 0,0 0,0
-10,38
(A)
-9,50
(E)
0,21
(VII)
0,17 0,0 0,01 -10,38
(A)
-10,41
(B’)
0,20
(VIII)
0,11 0,0/0,0
-10,37
(A)
-10,37
(A’)
0,23
(IX)
0,30 0,01 0,01
-10,42
(B)
-9,88
(D’)
0,24
(X)
0,22 0,01/0,01
-10,43
(B)
-10,43
(B’)
0,20
(XI)
0,13 0,0/0,0
0,0
-10,35
(A)
-10,35
(A’)
-9,49
(E)
0,23
(AA’)
0,22
(AE)
0,22
(A’E)
(XII)
0,19 0,0/0,0
0,01
-10,32
(A)
-10,36
(A’)
-9,84
(D)
0,24
(AA’)
0,38
(AD)
0,19
(A’D)
2
E
total
3
E
(a)
3
E
(a)
3
E
(a)
3
E
(b)
3
E
total
4
E BE
2
(a)
BE
2
(a)
BE
2
(a)
BE
2
(b)
(II)
-10,38
-10,29
(III)
-9,43 -9,38
(IV)
-9,51 -9,46
(V)
-19,81
0,48 -10,18
(A)
-9,68
(D)
0,39
(VI)
-19,67
0,54 -10,26
(A)
-9,39
(E)
0,22
(VII)
-20,59
0,55 -10,21
(A)
-10,23
(B’)
0,22
(VIII)
-20,50
0,55 -10,25
(A)
-10,25
(A’)
0,24
(IX)
-20,05
0,51 -10,11
(B)
-9,57
(D’)
0,26
(X)
-20,66
0,55 -10,20
(B)
-10,20
(B’)
0,22
(XI)
-29,52
0,54
(AA’)
0,51
(AE)
0,51
(A’E)
0,0
(AA’E)
1,55 -0,02
-10,22
(A)
-10,22
(A’)
-9,36
(E)
0,24
(AA’)
(XII)
-29,72
0,53
(AA’)
0,47
(AD)
0,52
(A’D)
0,0
(AA’D)
1,52 -0,02
-10,13
(A)
-10,18
(A’)
-9,65
(D)
0,24
(AA’)
BE
2
(b)
BE
2
(b)
BE
2 total
BE
3
(a)
BE
3
(a)
BE
3
(a)
BE
3
(b)
BE
3 total
BE
4
BSSE
(II)
-10,29 0,85
(III)
-9,38 0,87
(IV)
-9,46 0,86
(V)
-19,47 -19,16 1,54
(VI)
-19,43 -19,01 1,70
(VII)
-20,22 -19,85 1,54
(VIII)
-20,26 -19,83 1,66
(IX)
-19,42 -19,23 1,48
(X)
-20,18 -19,87 1,41
(XI)
0,22
(AE)
0,22
(A’E)
-29,12 -19,80
(AA’)
-18,98
(AE)
-18,98
(A’E)
0,68
(AA’E)
-57,08
-27,86
2,50
(XII)
0,39
(AD)
0,20
(A’D)
-29,13 -19,72
(AA’)
-19,11
(AD)
-19,30
(A’D)
0,82
(AA’D)
-57,31
-28,02
2,33
(a) interação entre pirílio e água.
(b) interação entre moléculas de água.
Os valores dos termos de interação (
2
E) e das energias de ligação (BE
2
) de dois
corpos são, aproximadamente, duas vezes maiores do que os apresentados por Xantheas
para o dímero da água (-4,69 e -4,67 kcal/mol).
87
Para os complexos (II)-(IV), o maior
termo de interação de dois corpos (
2
E) é obtido para (II) (com água na posição A). Os
termos de interação
2
E para os complexos com água nas posições C (complexo (III)) e
29
E (complexo (IV)), o próximos, sendo que o último é 0,08 kcal/mol maior.
Conclusões análogas são observadas para as energias de ligação de dois corpos, BE
2
.
Para (V)-(X), os
2
E e as BE
2
que mais estabilizam os complexos correspondem às
interações nas posições A, A’, B e B’. para os complexos (XI) e (XII), os
2
E e as
BE
2
mais elevadas ocorrem quando a água se encontra nas posições A e A. Entretanto,
a água nas posições E e D também estabilizam satisfatoriamente os complexos (XI) e
(XII), respectivamente. As variações nos
n
E e nas BE
n
com a adição sucessiva de
moléculas de água são muito pequenas e, na maioria dos complexos, indicam pequenas
desestabilizações. As
n
E e as BE
n
entre as moléculas de água são repulsivas,
desestabilizando os complexos. Em seus cálculos com o hexâmero da água, Xantheas
obteve valores repulsivos para os termos de cinco e seis corpos.
87
Os valores de BSSE (Basis Set Superposition Error) indicam que o conjunto de
funções de base 6-31+G(d,p) descreve satisfatoriamente o espaço eletrônico nos
complexos.
E – NBO (Natural Bond Orbital)
Para a melhor compreensão das principais interações que estão envolvidas na
estabilidade dos monômeros e complexos, foram analisadas as energias de interação de
segunda ordem (E
(2)
) entre NBOs ocupados e virtuais. Devido à grande deslocalização
eletrônica do cátion pirílio, os cálculos NBO foram realizados para as três principais
estruturas de ressonância do cátion, obtidas pela análise NRT (Natural Resonance
Theory) conforme pode ser observado nas Tabelas 5-7. Nessa análise, os NBOs
denominados por
π
são orbitais do tipo “p” puros orientados perpendicularmente ao
plano molecular. Os NBOs denominados por σ estão orientados no plano molecular e
são orbitais híbridos formados pela combinação de orbitais “s” e “p” (Figura 4).
(a) (b)
Figura 4. Orbitais naturais localizados: (a)
π
nO(1)
, (b)
σ
nO(água)
.
30
A complexação nas posições A, , C e E, causa uma diminuição próxima de
2% do caráter “s” e um aumento de mesma magnitude do caráter “p” do orbital
σ
nO(água)
.
A queda do caráter “s” e o aumento do caráter “p” foram de aproximadamente 10% nas
posições B e B´ e de 1-4% nas posições D ou . Por outro lado, os orbitais
σ
*
C-H
sofreram pequeno aumento (inferior a 2%) no seu caráter “s” e proporcional diminuição
na contribuição do caráter “p”. O orbital
π
nO(água)
apresenta entre 8 e 9% de contribuição
“s” para complexos com água nas posições B e e próximas de 3% nos complexos
com água em D. No complexo (IX), o qual apresenta água em , não foi observada
contribuição de caráter “s” nesse orbital.
Tabela 5. Energias de estabilização de segunda ordem (E
(2)
) para (I)-(IV).
E
(2)
(kcal/mol)
Estrutura Interações
(I) (II) (III) (IV)
π
O(1)-C(6)
→π
*
C(2)-C(3)
20,17 20,24 19,45 20,00
π
C(2)-C(3)
→π
*
C(4)-C(5)
22,42 23,98 22,54 22,08
π
C(4)-C(5)
→π
*
O(1)-C(6)
62,04 61,78 62,00 66,63
π
C(4)-C(5)
→π
*
C(2)-C(3)
13,30 12,85 13,10 13,03
π
C(2)-C(3)
*
π
O(1)-C(6)
9,90 10,03 10,55 9,63
σ
nO(12)
→σ
*
C(2)-H(7)
12,24
σ
nO(12)
→σ
*
C(3)-H(8)
10,07
O
σ
nO(12)
→σ
*
C(4)-H(9)
9,75
π
O(1)-C(2)
→π
*
C(5)-C(6)
20,17 20,60 20,15 20,00
π
C(5)-C(6)
→π
*
C(3)-C(4)
22,42 22,04 21,39 22,08
π
C(3)-C(4)
→π
*
O(1)-C(2)
62,05 58,66 62,99 66,63
π
C(3)-C(4)
→π
*
C(5)-C(6)
13,30 13,43 14,01 13,03
π
C(5)-C(6)
*
π
O(1)-C(2)
9,90 9,29 9,70 9,63
σ
nO(12)
→σ
*
C(2)-H(7)
12,24
σ
nO(12)
→σ
*
C(3)-H(8)
10,07
O
σ
nO(12)
→σ
*
C(4)-H(9)
9,75
π
C(2)-C(3)
→π
*
nC(4)
59,54 65,58 61,22 56,43
π
C(5)-C(6)
→π
*
nC(4)
59,96 57,78 57,83 56,43
π
nO(1)
→π
*
C(2)-C(3)
30,28 30,39 29,14 30,14
π
nO(1)
→π
*
C(5)-C(6)
30,42 30,61 30,51 30,14
σ
nO(12)
→σ
*
C(2)-H(7)
12,24
σ
nO(12)
→σ
*
C(3)-H(8)
10,07
O
σ
nO(12)
→σ
*
C(4)-H(9)
9,75
31
Tabela 6. Energias de estabilização de segunda ordem (E
(2)
) para (V)-(X).
E
(2)
(kcal/mol)
Estrutura Interações
(V) (VI) (VII) (VIII)
(IX) (X)
π
O(1)-C(6)
→π
*
C(2)-C(3)
19,60 20,07
20,32 20,65
20,21
20,28
π
C(2)-C(3)
→π
*
C(4)-C(5)
23,72 23,56 23,04 23,54 23,07 22,81
π
C(4)-C(5)
→π
*
O(1)-C(6)
64,15 66,16 59,80 58,62 65,48 59,92
π
C(4)-C(5)
→π
*
C(2)-C(3)
12,64 12,63 13,25 12,99 13,20 13,32
π
C(2)-C(3)
*
π
O(1)-C(6)
10,17 9,75 9,45 9,42 10,04 9,69
σ
nO(12)
→σ
*
C(2)-H(7)
11,38 11,38 11,28 11,20 4,11 3,49
π
nO(12)
→σ
*
C(3)-H(8)
0,45 0,62
σ
nO(12)
→σ
*
C(3)-H(8)
0,07 0,11
π
nO(15)
→σ
*
C(3)-H(8)
0,91
σ
nO(15)
→σ
*
C(3)-H(8)
0,45
π
nO(15)
→σ
*
C(4)-H(9)
0,27 0,71
σ
nO(15)
→σ
*
C(4)-H(9)
1,86 8,95 1,03
π
nO(15)
→σ
*
C(5)-H(10)
0,81 0,68 0,62
σ
nO(15)
→σ
*
C(5)-H(10)
0,19 1,06 0,11
π
nO(15)
→σ
*
C(6)-H(11)
0,06
O
σ
nO(15)
→σ
*
C(6)-H(11)
2,84 11,20 3,47
π
O(1)-C(2)
→π
*
C(5)-C(6)
20,61 20,40
20,54 20,64
19,64
20,27
π
C(5)-C(6)
→π
*
C(3)-C(4)
21,56 21,73 23,22 23,54 21,51 22,80
π
C(3)-C(4)
→π
*
O(1)-C(2)
62,12 62,85 58,84 58,61 61,89 59,89
π
C(3)-C(4)
→π
*
C(5)-C(6)
13,65 13,19 13,10 12,99 13,40 13,32
π
C(5)-C(6)
*
π
O(1)-C(2)
9,12 9,08 9,69 9,42 9,48 9,69
σ
nO(12)
→σ
*
C(2)-H(7)
11,38 11,38 11,28 11,20 4,11 3,49
π
nO(12)
→σ
*
C(3)-H(8)
0,45 0,62
σ
nO(12)
→σ
*
C(3)-H(8)
0,07 0,11
π
nO(15)
→σ
*
C(3)-H(8)
0,91
σ
nO(15)
→σ
*
C(3)-H(8)
0,45
π
nO(15)
→σ
*
C(4)-H(9)
0,27 0,71
σ
nO(15)
→σ
*
C(4)-H(9)
1,86 8,95 1,03
π
nO(15)
→σ
*
C(5)-H(10)
0,81 0,68 0,62
σ
nO(15)
→σ
*
C(5)-H(10)
0,19 1,06 0,11
π
nO(15)
→σ
*
C(6)-H(11)
0,06
O
σ
nO(15)
→σ
*
C(6)-H(11)
2,84 11,20 3,47
π
C(2)-C(3)
→π
*
nC(4)
63,43 61,74
62,76 63,20
62,30
62,05
π
C(5)-C(6)
→π
*
nC(4)
55,61 54,85 62,69 63,43 55,99 62,38
π
nO(1)
→π
*
C(2)-C(3)
29,47 30,22 30,39 30,61 30,39 30,20
π
nO(1)
→π
*
C(5)-C(6)
30,77 30,40 30,39 30,67 29,40 30,24
σ
nO(12)
→σ
*
C(2)-H(7)
11,38 11,38 11,28 11,20 4,11 3,49
π
nO(12)
→σ
*
C(3)-H(8)
0,45 0,62
σ
nO(12)
→σ
*
C(3)-H(8)
0,07 0,11
π
nO(15)
→σ
*
C(3)-H(8)
0,91
σ
nO(15)
→σ
*
C(3)-H(8)
0,45
π
nO(15)
→σ
*
C(4)-H(9)
0,27 0,71
σ
nO(15)
→σ
*
C(4)-H(9)
1,86 8,95 1,03
π
nO(15)
→σ
*
C(5)-H(10)
0,81 0,68 0,62
σ
nO(15)
→σ
*
C(5)-H(10)
0,19 1,06 0,11
π
nO(15)
→σ
*
C(6)-H(11)
0,06
O
σ
nO(15)
→σ
*
C(6)-H(11)
2,84 11,20 3,47
32
Tabela 7. Energias de estabilização de segunda ordem (E
(2)
) para (XI) e (XII).
E
(2)
(kcal/mol)
Estrutura Interações
(XI) (XII)
π
O(1)-C(6)
→π
*
C(2)-C(3)
20,46 20,00
π
C(2)-C(3)
→π
*
C(4)-C(5)
23,15 23,31
π
C(4)-C(5)
→π
*
O(1)-C(6)
62,65 60,86
π
C(4)-C(5)
→π
*
C(2)-C(3)
12,78 12,79
π
C(2)-C(3)
*
π
O(1)-C(6)
9,20 9,57
σ
nO(12)
→σ
*
C(2)-H(7)
10,52 10,55
σ
nO(15)
→σ
*
C(6)-H(11)
10,52 10,45
π
nO(18)
→σ
*
C(3)-H(8)
0,85
σ
nO(18)
→σ
*
C(3)-H(8)
0,49
π
nO(18)
→σ
*
C(4)-H(9)
0,30
O
σ
nO(18)
→σ
*
C(4)-H(9)
8,39 1,64
π
O(1)-C(2)
→π
*
C(5)-C(6)
20,46 20,64
π
C(5)-C(6)
→π
*
C(3)-C(4)
23,15 22,96
π
C(3)-C(4)
→π
*
O(1)-C(2)
62,65 61,91
π
C(3)-C(4)
→π
*
C(5)-C(6)
12,78 13,22
π
C(5)-C(6)
*
π
O(1)-C(2)
9,20 9,25
σ
nO(12)
→σ
*
C(2)-H(7)
10,52 10,55
σ
nO(15)
→σ
*
C(6)-H(11)
10,52 10,45
π
nO(18)
→σ
*
C(3)-H(8)
0,85
σ
nO(18)
→σ
*
C(3)-H(8)
0,49
π
nO(18)
→σ
*
C(4)-H(9)
0,30
O
σ
nO(18)
→σ
*
C(4)-H(9)
8,39 1,64
π
C(2)-C(3)
→π
*
nC(4)
60,22 61,44
π
C(5)-C(6)
→π
*
nC(4)
59,64 60,70
π
nO(1)
→π
*
C(2)-C(3)
30,59 29,75
π
nO(1)
→π
*
C(5)-C(6)
30,63 30,79
σ
nO(12)
→σ
*
C(2)-H(7)
10,52 10,55
σ
nO(15)
→σ
*
C(6)-H(11)
10,52 10,45
π
nO(18)
→σ
*
C(3)-H(8)
0,85
σ
nO(18)
→σ
*
C(3)-H(8)
0,49
π
nO(18)
→σ
*
C(4)-H(9)
0,30
O
σ
nO(18)
→σ
*
C(4)-H(9)
8,39 1,64
O pirílio sofre pequenas alterações nos valores das principais E
(2)
(Tabelas 5-7)
após a complexação. Isto indica que as interações com a água pouco influenciam a
estrutura eletrônica do cátion e, conseqüentemente, a ressonância do mesmo.
Considerando a primeira estrutura de ressonância do cátion pirílio, nota-se que os
maiores valores de E
(2)
pertencem, em ordem de importância, às interações
π
C(4)-C(5)
→π
*
O(1)-C(6)
,
π
C(2)-C(3)
→π
*
C(4)-C(5)
,
π
O(1)-C(6)
→π
*
C(2)-C(3)
,
π
C(4)-C(5)
→π
*
C(2)-C(3)
e
π
C(2)-C(3)
*
π
O(1)-C(6)
. E
(2)
para
π
C(2)-C(3)
→π
*
C(4)-C(5)
foi estabilizada em 1,1-1,6 kcal/mol
33
nos complexos (II), (V), (VI) e (VIII). Para a interação
π
C(4)-C(5)
→π
*
O(1)-C(6)
, a
estabilização foi de 2,1-4,6 kcal/mol em (IV), (V), (VI) e (IX). Por outro lado, E
(2)
para essa interação foi desestabilizada de 1,2-3,4 kcal/mol em (VII), (VIII), (X) e (XII).
Para a segunda estrutura de ressonância, as principais E
(2)
são
π
C(3)-C(4)
→π
*
O(1)-C(2)
,
π
C(5)-C(6)
→π
*
C(3)-C(4)
,
π
O(1)-C(2)
→π
*
C(5)-C(6)
,
π
C(3)-C(4)
→π
*
C(5)-C(6)
e
π
C(5)-C(6)
*
π
O(1)-C(2)
.
Após a complexação, E
(2)
para
π
C(5)-C(6)
→π
*
C(3)-C(4)
apresentou desestabilização de 1,0
kcal/mol em (III) e estabilização de 1,1 kcal/mol em (VIII). Desestabilizações de 2,2-3,4
kcal/mol para a interação
π
C(3)-C(4)
→π
*
O(1)-C(2)
foram observadas nos complexos (VII),
(VIII) e (X). Por fim, as E
(2)
para a terceira estrutura de ressonância foram mais
afetadas pela complexação. A E
(2)
para
π
C(2)-C(3)
→π
*
nC(4)
foi estabilizada em 1,7-6,0
kcal/mol nos complexos (II), (III), (V)-(X) e (XII). Entretanto, essa interação foi
desestabilizada em cerca de 3 kcal/mol no complexo (IV). Nos complexos (II)-(VI) e
(IX), E
(2)
para
π
C(5)-C(6)
→π
*
nC(4)
reflete uma desestabilização de 2,1-5,1 kcal/mol,
enquanto que nos complexos (VII), (VIII) e (X) observou-se estabilização de 2,4-3,5
kcal/mol. E
(2)
das interações
π
nO(1)
→π
*
C(2)-C(3)
e
π
nO(1)
→π
*
C(5)-C(6)
é desestabilizada em
cerca de 1,0 kcal/mol nos complexos (III) e (IX).
As principais interações envolvidas na formação das ligações de hidrogênio são
σ
nO(água)
→σ
*
C-H
. E
(2)
para essas interações são maiores nos casos em que a água
interage com apenas um grupo C-H (posições A, , C, e E). Tais interações apresentam
E
(2)
entre 8,4-12,2 kcal/mol e devem auxiliar na estabilização dos complexos. Nos
complexos com água nas posições B, , D e , E
(2)
para
σ
nO(água)
→σ
*
C-H
e
π
nO(água)
→σ
*
C-H
são pequenas (máximo de 4.1 kcal/mol para
σ
nO(12)
→σ
*
C(2)-H(7)
no
complexo (IX)). A adição sucessiva de moléculas de água provoca decréscimo na E
(2)
das interações
σ
nO(água)
→σ
*
C-H
nas posições A, e E.
F – NSA (Natural Steric Analysis)
A Natural Steric Analysis (NSA) (Tabelas 8-11) foi utilizada para estudar as
interações entre orbitais ocupados ou parcialmente ocupados que desestabilizam os
monômeros e complexos. Este tipo de análise foi utilizado no estudo de ligações de
hidrogênio em monômeros e dímeros do 2-aminoetanol
207
e na investigação das
ligações de hidrogênio entre ácidos orgânicos e o radical hidroperoxil.
64
Para a primeira
estrutura de ressonância, as interações
π
O(1)-C(6)
↔π
C(2)-C(3)
,
σ
C(2)-C(3)
↔σ
nO(1)
,
34
π
C(2)-C(3)
↔π
C(4)-C(5)
e
σ
C(5)-C(6)
↔σ
nO(1)
desestabilizam os complexos em 5,0-11,0
kcal/mol. Os resultados para a segunda estrutura de ressonância são análogos aos
obtidos para a primeira, uma vez que a única diferença entre essas estruturas de
ressonância á a alternância das ligações
π
. Dessa foram, as desestabilizações das
interações
π
O(1)-C(2)
↔π
C(5)-C(6)
,
σ
C(2)-C(3)
↔σ
nO(1)
,
π
C(3)-C(4)
↔π
C(5)-C(6)
e
σ
C(5)-C(6)
↔σ
nO(1)
também são da ordem de 5,0-11,0 kcal/mol. Para a última estrutura de ressonância, as
interações
σ
C(2)-C(3)
↔σ
nO(1)
,
σ
C(5)-C(6)
↔σ
nO(1)
,
π
C(2)-C(3)
↔π
C(5)-C(6)
,
π
C(2)-C(3)
↔π
nO(1)
e
π
C(5)-C(6)
↔π
nO(1)
são responsáveis por desestabilizar os complexos em cerca de
5,5-9,5 kcal/mol.
Tabela 8. Energias de repulsão estérica (dE(i,j)) para (I)-(IV).
dE(i,j) (kcal/mol)
Estrutura
Interações
(I) (II) (III) (IV)
π
O(1)-C(6)
↔π
C(2)-C(3)
11,04
10,66
10,94
11,27
σ
C(2)-C(3)
↔σ
nO(1)
9,00 9,12 8,60 8,69
π
C(2)-C(3)
↔π
C(4)-C(5)
5,41 5,54 5,18 5,09
σ
C(5)-C(6)
↔σ
nO(1)
9,00 8,94 8,71 8,69
σ
C(2)-H(7)
↔σ
nO(12)
9,45
σ
C(3)-H(8)
↔σ
nO(12)
8,26
O
σ
C(4)-H(9)
↔σ
nO(12)
8,59
π
O(1)-C(2)
↔π
C(5)-C(6)
11,04
11,04
11,30
11,27
σ
C(2)-C(3)
↔σ
nO(1)
9,12 9,12 8,60 8,69
π
C(3)-C(4)
↔π
C(5)-C(6)
5,41 5,69 5,37 5,09
σ
C(5)-C(6)
↔σ
nO(1)
9,00 8,94 8,71 8,69
σ
C(2)-H(7)
↔σ
nO(12)
9,45
σ
C(3)-H(8)
↔σ
nO(12)
8,26
O
σ
C(4)-H(9)
↔σ
nO(12)
8,59
σ
C(2)-C(3)
↔σ
nO(1)
8,97 9,12 8,60 8,69
π
C(2)-C(3)
↔π
C(5)-C(6)
9,64 9,80 9,59 9,68
π
C(2)-C(3)
↔π
nO(1)
5,55 5,66 5,68 7,18
σ
C(5)-C(6)
↔σ
nO(1)
9,05 8,94 8,71 8,69
π
C(5)-C(6)
↔π
nO(1)
8,28 8,01 8,31 7,28
σ
C(2)-H(7)
↔σ
nO(12)
9,45
σ
C(3)-H(8)
↔σ
nO(12)
8,26
O
σ
C(4)-H(9)
↔σ
nO(12)
8,59
35
Tabela 9. Energias de repulsão estérica (dE(i,j)) para (V)-(VIII).
dE(i,j) (kcal/mol)
Estrutura
Interações
(V) (VI) (VII) (VIII)
π
O(1)-C(6)
↔π
C(2)-C(3)
10,78
10,88
10,77
10,67
σ
C(2)-C(3)
↔σ
nO(1)
8,61 8,72 8,79 9,06
π
C(2)-C(3)
↔π
C(4)-C(5)
5,26 5,22 5,68 5,80
σ
C(5)-C(6)
↔σ
nO(1)
8,66 8,61 8,87 9,06
σ
C(2)-H(7)
↔σ
nO(12)
8,77 8,81 8,73 8,68
σ
C(3)-H(8)
↔π
nO(15)
0,92
σ
C(3)-H(8)
↔σ
nO(15)
1,29
σ
C(4)-H(9)
↔π
nO(15)
0,08
σ
C(4)-H(9)
↔σ
nO(15)
3,51 7,95
σ
C(5)-H(10)
↔π
nO(15)
1,04
σ
C(5)-H(10)
↔σ
nO(15)
0,71
O
σ
C(6)-H(11)
↔σ
nO(15)
4,31 8,68
π
O(1)-C(2)
↔π
C(5)-C(6)
11,30
11,26
10,83
10,67
σ
C(2)-C(3)
↔σ
nO(1)
8,61 8,72 8,79 9,06
π
C(3)-C(4)
↔π
C(5)-C(6)
5,50 5,37 5,66 5,80
σ
C(5)-C(6)
↔σ
nO(1)
8,66 8,61 8,87 9,06
σ
C(2)-H(7)
↔σ
nO(12)
8,77 8,81 8,73 8,68
σ
C(3)-H(8)
↔π
nO(15)
0,92
σ
C(3)-H(8)
↔σ
nO(15)
1,29
σ
C(4)-H(9)
↔π
nO(15)
0,08
σ
C(4)-H(9)
↔σ
nO(15)
3,51 7,95
σ
C(5)-H(10)
↔π
nO(15)
1,04
σ
C(5)-H(10)
↔σ
nO(15)
0,71
O
σ
C(6)-H(11)
↔σ
nO(15)
4,31 8,68
σ
C(2)-C(3)
↔σ
nO(1)
8,61 8,72 8,79 9,01
π
C(2)-C(3)
↔π
C(5)-C(6)
9,67 9,53 9,72 9,81
π
C(2)-C(3)
↔π
nO(1)
5,84 5,87 5,39 5,38
σ
C(5)-C(6)
↔σ
nO(1)
8,66 8,61 8,87 9,09
π
C(5)-C(6)
↔π
nO(1)
8,12 8,16 8,31 8,13
σ
C(2)-H(7)
↔σ
nO(12)
8,77 8,81 8,73 8,68
σ
C(3)-H(8)
↔π
nO(15)
0,92
σ
C(3)-H(8)
↔σ
nO(15)
1,29
σ
C(4)-H(9)
↔π
nO(15)
0,08
σ
C(4)-H(9)
↔σ
nO(15)
3,51 7,95
σ
C(5)-H(10)
↔π
nO(15)
1,04
σ
C(5)-H(10)
↔σ
nO(15)
0,71
O
σ
C(6)-H(11)
↔σ
nO(15)
4,31 8,68
36
Tabela 10. Energias de repulsão estérica (dE(i,j)) para (IX) e (X).
dE(i,j) (kcal/mol)
Estrutura
Interações
(IX) (X)
π
O(1)-C(6)
↔π
C(2)-C(3)
11,04 10,90
σ
C(2)-C(3)
↔σ
nO(1)
8,89 8,88
π
C(2)-C(3)
↔π
C(4)-C(5)
5,30 5,62
σ
C(5)-C(6)
↔σ
nO(1)
8,46 8,87
σ
C(2)-H(7)
↔π
nO(12)
0,06
σ
C(2)-H(7)
↔σ
nO(12)
5,22 4,79
σ
C(3)-H(8)
↔π
nO(12)
0,67 0,85
σ
C(3)-H(8)
↔σ
nO(12)
0,35 0,49
σ
C(4)-H(9)
↔π
nO(15)
0,54
σ
C(4)-H(9)
↔σ
nO(15)
2,45
σ
C(3)-H(8)
↔π
nO(15)
0,48
σ
C(3)-H(8)
↔σ
nO(15)
2,36
σ
C(5)-H(10)
↔π
nO(15)
0,85
σ
C(5)-H(10)
↔σ
nO(15)
0,50
O
σ
C(6)-H(11)
↔σ
nO(15)
4,78
π
O(1)-C(2)
↔π
C(5)-C(6)
11,22 10,90
σ
C(2)-C(3)
↔σ
nO(1)
8,89 8,88
π
C(3)-C(4)
↔π
C(5)-C(6)
5,37 5,62
σ
C(5)-C(6)
↔σ
nO(1)
8,46 8,87
σ
C(2)-H(7)
↔π
nO(12)
0,06
σ
C(2)-H(7)
↔σ
nO(12)
5,22 4,79
σ
C(3)-H(8)
↔π
nO(12)
0,67 0,85
σ
C(3)-H(8)
↔σ
nO(12)
0,35 0,49
σ
C(4)-H(9)
↔π
nO(15)
0,54
σ
C(4)-H(9)
↔σ
nO(15)
2,45
σ
C(3)-H(8)
↔π
nO(15)
0,48
σ
C(3)-H(8)
↔σ
nO(15)
2,36
σ
C(5)-H(10)
↔π
nO(15)
0,85
σ
C(5)-H(10)
↔σ
nO(15)
0,50
O
σ
C(6)-H(11)
↔σ
nO(15)
4,78
σ
C(2)-C(3)
↔σ
nO(1)
8,89 8,84
π
C(2)-C(3)
↔π
C(5)-C(6)
9,57 9,70
π
C(2)-C(3)
↔π
nO(1)
5,78 5,51
σ
C(5)-C(6)
↔σ
nO(1)
8,46 8,91
π
C(5)-C(6)
↔π
nO(1)
8,26 8,30
σ
C(2)-H(7)
↔π
nO(12)
0,06
σ
C(2)-H(7)
↔σ
nO(12)
5,22 4,79
σ
C(3)-H(8)
↔π
nO(12)
0,67 0,85
σ
C(3)-H(8)
↔σ
nO(12)
0,35 0,49
σ
C(4)-H(9)
↔π
nO(15)
0,54
σ
C(4)-H(9)
↔σ
nO(15)
2,45
σ
C(3)-H(8)
↔π
nO(15)
0,48
σ
C(3)-H(8)
↔σ
nO(15)
2,36
σ
C(5)-H(10)
↔π
nO(15)
0,85
σ
C(5)-H(10)
↔σ
nO(15)
0,50
O
σ
C(6)-H(11)
↔σ
nO(15)
4,78
37
Tabela 11. Energias de repulsão estérica (dE(i,j)) para (XI) e (XII).
dE(i,j) (kcal/mol)
Estrutura
Interações
(XI) (XII)
π
O(1)-C(6)
↔π
C(2)-C(3)
10,89 10,79
σ
C(2)-C(3)
↔σ
nO(1)
8,64 8,53
π
C(2)-C(3)
↔π
C(4)-C(5)
5,48 5,52
σ
C(5)-C(6)
↔σ
nO(1)
8,64 8,70
σ
C(2)-H(7)
↔σ
nO(12)
8,15 8,12
σ
C(6)-H(11)
↔σ
nO(15)
8,15 8,11
σ
C(3)-H(8)
↔π
nO(18)
0,84
σ
C(3)-H(8)
↔σ
nO(18)
1,34
σ
C(4)-H(9)
↔π
nO(18)
0,11
O
σ
C(4)-H(9)
↔σ
nO(18)
7,46 3,19
π
O(1)-C(2)
↔π
C(5)-C(6)
10,89 10,92
σ
C(2)-C(3)
↔σ
nO(1)
8,64 8,53
π
C(3)-C(4)
↔π
C(5)-C(6)
5,48 5,60
σ
C(5)-C(6)
↔σ
nO(1)
8,64 8,70
σ
C(2)-H(7)
↔σ
nO(12)
8,15 8,12
σ
C(6)-H(11)
↔σ
nO(15)
8,15 8,11
σ
C(3)-H(8)
↔π
nO(18)
0,84
σ
C(3)-H(8)
↔σ
nO(18)
1,34
σ
C(4)-H(9)
↔π
nO(18)
0,11
O
σ
C(4)-H(9)
↔σ
nO(18)
7,46 3,19
σ
C(2)-C(3)
↔σ
nO(1)
8,69 8,53
π
C(2)-C(3)
↔π
C(5)-C(6)
9,58 9,68
π
C(2)-C(3)
↔π
nO(1)
5,59 5,55
σ
C(5)-C(6)
↔σ
nO(1)
8,62 8,70
π
C(5)-C(6)
↔π
nO(1)
8,28 8,25
σ
C(2)-H(7)
↔σ
nO(12)
8,15 8,12
σ
C(6)-H(11)
↔σ
nO(15)
8,15 8,11
σ
C(3)-H(8)
↔π
nO(18)
0,84
σ
C(3)-H(8)
↔σ
nO(18)
1,34
σ
C(4)-H(9)
↔π
nO(18)
0,11
O
σ
C(4)-H(9)
↔σ
nO(18)
7,46 3,19
Assim como demonstrado na análise NBO, as alterações provocadas pela
complexação são bastante pequenas. Apenas (IV) sofreu variação superior a 1 kcal/mol
na dE(i,j) (aumento de 1,63 kcal/mol na interação
π
C(2)-C(3)
↔π
nO(1)
). As ligações de
hidrogênio são desestabilizadas nos complexos principalmente devido às interações
σ
C-H
↔σ
nO(águar)
. As dE(i,j) foram de 7,5- 9,4 kcal/mol para complexos com água em A,
, C e E, de 4,3-5,2 kcal/mol para complexos com água em B, B´ e de 2,4-3,5 kcal/mol
para os complexos com água em D ou .
38
G – NRT (Natural Resonance Theory)
A análise NRT permite que se obtenha as estruturas de ressonância que mais
contribuem para a estabilização dos complexos estudados. Os pesos das três principais
estruturas de ressonância estão em torno de 17-22% e a complexação não provoca
grandes alterações em suas contribuições (Tabela 12).
Tabela 12. Principais estruturas de ressonância obtidas pela análise NRT para (I)-(XII).
Peso (%)
Estruturas
(I) (II) (III) (IV) (V) (VI) (VII)
(VIII)
(IX) (X) (XI) (XII)
O
19,85
18,09
18,91
18,80
18,09
17,44
19,22
18,91
18,04
19,41
18,77
18,85
O
19,74
20,48
18,96
18,63
19,74
19,58
19,51
19,15
19,82
19,32
18,50
18,38
O
17,50
19,69
19,48
21,88
19,17
21,33
16,70
19,47
20,70
18,38
17,43
20,28
Ordens de Ligação
(I) (II) (III) (IV) (V) (VI) (VII)
(VIII)
(IX) (X) (XI) (XII)
O(1)-C(2) 1,381
1,399
1,385
1,373
1,383
1,361
1,392
1,390
1,387
1,384
1,381
1,379
C(2)-C(3) 1,473
1,453
1,473
1,480
1,466
1,495
1,461
1,464
1,466
1,467
1,469
1,473
C(3)-C(4) 1,382
1,399
1,377
1,377
1,391
1,366
1,390
1,386
1,388
1,384
1,385
1,377
C(4)-C(5) 1,382
1,372
1,384
1,377
1,367
1,390
1,389
1,386
1,366
1,384
1,385
1,385
C(5)-C(6) 1,472
1,480
1,472
1,478
1,484
1,470
1,463
1,467
1,486
1,464
1,466
1,467
C(6)-O(1) 1,383
1,371
1,373
1,376
1,374
1,388
1,385
1,385
1,367
1,386
1,386
1,385
C(2)-H(7) 0,985
0,973
0,985
0,985
0,974
0,985
0,974
0,974
0,981
0,981
0,975
0,975
C(3)-H(8) 0,983
0,983
0,972
0,983
0,981
0,983
0,983
0,983
0,982
0,982
0,983
0,981
C(4)-H(9) 0,986
0,986
0,986
0,976
0,984
0,977
0,986
0,986
0,984
0,986
0,978
0,984
C(5)-H(10)
0,983
0,983
0,983
0,983
0,983
0,983
0,982
0,983
0,980
0,982
0,983
0,983
C(6)-H(11)
0,985
0,985
0,985
0,985
0,985
0,974
0,982
0,974
0,985
0,981
0,975
0,975
Nota-se uma pequena diminuição no peso da primeira estrutura de ressonância, a
qual é mais pronunciada nos complexos (II), (V), (VI) e (IX) e menos em (VII) e (X). O
peso da segunda estrutura de ressonância apresenta uma ligeira diminuição em (XI) e
(XII). À exceção de (VII) e (XI), a complexação provoca acréscimo do peso da terceira
estrutura ressonância, sobretudo em (IV), (VI), (IX) e (XII), os quais apresentam uma
água na posição E ou D ou .
39
As ordens de ligação (Tabela 12) demonstram que as ligações C(2)-C(3) e C(5)-
C(6) possuem maior caráter de dupla. Todas as ordens de ligação C-H envolvidas nas
ligações de hidrogênio sofrem decréscimo em seus valores decorrentes da interação do
oxigênio da água com o grupo doador de próton C-H.
H – Harmonic Oscillator Stabilization Energy (HOSE)
Com base nos comprimentos de ligação, o método HOSE
121,123
foi utilizado para
estimar a contribuição das estruturas de ressonância do pirílio (Figura 5, Tabela 13).
O O OO O
(1)
(2)
(3) (4) (5)
Figura 5. Estruturas de ressonância do cátion pirílio.
Os resultados demonstram que a estrutura de ressonância (3) é a que mais
contribui para a estabilização do cátion pirílio, seguida das estruturas de ressonância
equivalentes (4) e (5), com a carga positiva no C(2) e C(6), respectivamente. As
menores contribuições são atribuídas às estruturas de ressonância equivalentes (1) e (2),
com a carga positiva no O(1). Ressalta-se que na análise NRT, as estruturas de
ressonância (4) e (5) apresentaram contribuições muito pequenas (aproximadamente
0,7%), indicando uma contradição com as contribuições obtidas pelo HOSE. A
complexação não provoca grandes alterações nas contribuições das principais formas
canônicas. Esses resultados demonstram que o efeito de ressonância no pirílio é pouco
influenciado pelas ligações de hidrogênio estabelecidas entre os monômeros na
formação dos complexos.
40
Tabela 13. Contribuições das estruturas de ressonância para (I)-(XII) calculadas pelo
método HOSE (kJ/mol).
HOSE (kJ/mol)
Composto
(1) (2) (3) (4) (5)
(I) 102,67 102,67 70,22 86,37 86,37
(II) 104,96 99,71 69,54 81,31 87,61
(III) 101,53 103,64 69,08 85,23 85,23
(IV) 102,78 102,78 67,46 85,43 85,43
(V) 102,67 102,41 67,25 80,92 85,32
(VI) 104,37 100,86 66,08 80,33 85,97
(VII) 101,85 102,61 68,92 83,17 84,50
(VIII) 101,90 101,90 68,78 82,45 82,45
(IX) 106,63 98,90 67,87 81,54 87,19
(X) 102,22 102,22 68,91 83,82 83,82
(XI) 101,97 101,97 66,01 81,50 81,50
(XII) 101,07 103,12 66,71 81,62 81,62
Contribuição das estruturas de ressonância (Ci, (%))
(I) 17,12 17,12 25,04 20,35 20,35
(II) 16,52 17,40 24,94 21,33 19,80
(III) 17,15 16,80 25,20 20,42 20,42
(IV) 16,86 16,86 25,69 20,29 20,29
(V) 16,66 16,70 25,44 21,14 20,05
(VI) 16,32 16,89 25,77 21,20 19,81
(VII) 16,95 16,82 25,05 20,75 20,43
(VIII) 16,80 16,80 24,88 20,76 20,76
(IX) 16,18 17,45 25,42 21,16 19,80
(X) 16,88 16,88 25,05 20,59 20,59
(XI) 16,54 16,54 25,54 20,69 20,69
(XII) 16,75 16,41 25,37 20,73 20,73
I – Harmonic Oscillator Model of Aromaticity (HOMA)
A aromaticidade do cátion pirílio foi calculada utilizando dados estruturais
através do índice HOMA. Esse índice foi calculado de duas formas: (i) transformando
as ligações C-O em C-C virtuais (Tabela 14)
122
e (ii) com a separação do anel C em
duas partes (uma considerando apenas as ligações C-C e outra apenas com as ligações
C-O, Tabela 15).
121,122
Foram descritas as diferentes contribuições para o decréscimo da
aromaticidade: (i) devido ao aumento do comprimento de ligação com relação ao R
opt
(o
termo denominado EN) e (ii) devido à alternância dos comprimentos de ligação (o
termo denominado GEO).
Em comparação ao benzeno, o índice HOMA para (I)-(XII) demonstra que o
cátion pirílio apresenta uma aromaticidade significativa (Tabela 14) e que o termo que
mais contribui para o decréscimo da aromaticidade está relacionado com a alternância
41
dos comprimentos de ligação (GEO). A contribuição do termo EN é praticamente a
metade da observada para o termo GEO.
Tabela 14. HOMA, EN e GEO para (I)-(XII).
Composto HOMA EN GEO
Benzeno
0,9742 0,0257 0,0
(I) 0,7362 0,0843 0,1795
(II) 0,7286 0,0880 0,1833
(III) 0,7290 0,0868 0,1842
(IV) 0,7218 0,0899 0,1883
(V) 0,7150 0,0902 0,1948
(VI) 0,7101 0,0934 0,1965
(VII) 0,7260 0,0892 0,1847
(VIII) 0,7228 0,0918 0,1854
(IX) 0,7199 0,0877 0,1924
(X) 0,7262 0,0892 0,1846
(XI) 0,7091 0,0977 0,1932
(XII) 0,7113 0,0943 0,1943
Considerando a divisão do anel C em duas partes (Tabela 15), verifica-se que o
decréscimo da aromaticidade do pirílio está relacionado, principalmente, com os longos
comprimentos das ligações C-O (termo EN). O comprimento dessas ligações nos
cátions (I) (XII) são muito diferentes do valor de comprimento ótimo da ligação C-O
(1,265 Å). O oposto ocorre para o comprimento das ligações C-C, cujo valor ótimo é de
1,388 Å, o que leva a baixos valores do termo EN.
Tabela 15. Contribuição das diferentes ligações para HOMA, EN e GEO para (I)-(XII).
Contribuição C-C Contribuição C-O
Composto
HOMA
Total
HOMA
EN GEO HOMA
EN GEO
(I) 0,7282
0,9562
0,0002
0,0435
0,2723
0,7277
0,0
(II) 0,7206
0,9609
0,0003
0,0388
0,2398
0,7602
0,0
(III) 0,7210
0,9562
0,0002
0,0435
0,2505
0,7493
0,0001
(IV) 0,7137
0,9452
0,0006
0,0542
0,2507
0,7493
0,0
(V) 0,7068
0,9571
0,0001
0,0427
0,2060
0,7933
0,0006
(VI) 0,7019
0,9495
0,0004
0,0500
0,2065
0,7933
0,0001
(VII) 0,7179
0,9625
0,0002
0,0372
0,2287
0,7712
0,0001
(VIII) 0,7146
0,9686
0,0002
0,0312
0,2066
0,7933
0,0
(IX) 0,7117
0,9533
0,0001
0,0466
0,2287
0,7712
0,0002
(X) 0,7180
0,9626
0,0002
0,0371
0,2288
0,7712
0,0
(XI) 0,7008
0,9591
0,0006
0,0403
0,1841
0,8158
0,0
(XII) 0,7031
0,9626
0,0002
0,0371
0,1840
0,8158
0,0002
42
O caráter aromático de sais de pirílio foi constatado experimentalmente.
208,209
A complexação do pirílio com moléculas de água causa uma pequena diminuição na
aromaticidade do cátion, sendo mais acentuada em (XI), o que corrobora as conclusões
de que as ligações de hidrogênio pouco alteram a geometria de equilíbrio e a estrutura
eletrônica do pirílio e não modificam sua aromaticidade.
J – Nucleus-Independent Chemical Shifts (NICS)
O parâmetro NICS (Tabela 16) foi utilizado para verificar a influência das
ligações de hidrogênio na aromaticidade do pirílio. Esse parâmetro foi obtido
calculando-se as blindagens químicas (método GIAO - Gauge-Independent Atomic
Orbital
119,120
) no espectro de ressonância magnética nuclear (RMN) de um ponto
localizado no centro médio e no plano do anel do pirílio, NICS (0), e a acima desse
plano, NICS (1). Para anéis de seis membros, NICS (1) fornece uma idéia melhor da
aromaticidade.
210
O parâmetro NICS para o benzeno é usado como referência de
aromaticidade. Os resultados demonstram que o pirílio é menos aromático do que o
benzeno e, sobretudo, que as ligações de hidrogênio entre pirílio e água não provocam
alterações na aromaticidade do cátion. O emprego do método NICS revelou um
aumento da aromaticidade do anel da p-benzoquinona após a formação de ligações de
hidrogênio com a água.
61
Tabela 16. NICS (0) e NICS (1), em ppm, para (I)-(XII).
Composto NICS (0) NICS (1)
Benzeno -8,15 -10,21
(I) -5,79 -8,92
(II) -5,65 -8,88
(III) -5,73 -8,94
(IV) -5,68 -8,89
(V) -5,58 -8,88
(VI) -5,53 -8,84
(VII) -5,56 -8,87
(VIII) -5,51 -8,84
(IX) -5,61 -8,89
(X) -5,57 -8,87
(XI) -5,39 -8,77
(XII) -5,42 -8,79
43
K – Deslocamentos químicos – RMN
Os deslocamentos químicos no espectro de RMN (calculados pelo método
GIAO - Gauge-Independent Atomic Orbital
119,120
) dos hidrogênios e dos carbonos do
cátion pirílio encontram-se na Tabela 17. Os resultados observados são próximos dos
experimentais,
129,211-213
principalmente para os hidrogênios. O efeito de desblindagem
no cátion pirílio é mais notório para os átomos C(2), C(4) e C(6), uma vez que as
principais estruturas de ressonância (Figura 5, estruturas (3)-(5)) apresentam carga
positiva nesses átomos. Conseqüentemente, os átomos H(7), H(9) e H(11), os quais
estão ligados aos carbonos C(2), C(4) e C(6), respectivamente, apresentaram
deslocamentos mais acentuados do que os H(8) e H(10). Para os H(7) e H(11) soma-se o
fato de estarem em orto em relação ao oxigênio do pirílio, o que faz com que os seus
deslocamentos químicos sejam os maiores dentre os hidrogênios do cátion. A
complexação do pirílio com água leva a um incremento do deslocamento químico para
os átomos de carbono e hidrogênio que participam diretamente das ligações de
hidrogênio. Tal efeito é atribuído ao aumento da carga positiva dos hidrogênios do
pirílio que participam da ligação de hidrogênio, sobretudo nas posições A, , C e E,
conforme observado na discussão sobre as cargas NPA, MK, GAPT e AIM (análise a
seguir).
Tabela 17. Deslocamentos químicos (δ, ppm).
(a)
C(2) C(3) C(4) C(5) C(6) H(7)
H(8)
H(9)
H(10)
H(11)
Exp.
(b)
169,32
127,74
161,21
127,74
169,32
9,59 8,40 9,20 8,40 9,59
(I) 163,7 124,0 155,6 124,0 163,7 9,5 8,5 9,3 8,5 9,5
(II) 170,9 124,0 154,0 122,8 162,7 12,1 8,5 9,2 8,4 9,5
(III) 164,3 127,7 156,0 123,4 162,2 9,5 11,1 9,3 8,4 9,4
(IV) 162,5 124,2 161,7 124,2 162,4 9,4 8,6 11,9 8,6 9,4
(V) 169,7 126,5 158,1 122,3 161,5 11,9 9,3 10,3 8,3 9,4
(VI) 169,4 124,2 159,6 123,2 161,6 11,9 8,5 11,6 8,4 9,3
(VII) 169,1 122,8 152,9 124,8 167,8 11,9 8,4 9,1 9,0 10,7
(VIII) 169,6 122,8 152,5 122,8 169,6 11,9 8,4 9,1 8,4 11,9
(IX) 168,0 125,1 158,4 125,6 161,4 10,9 8,9 10,2 9,4 9,3
(X) 167,6 124,7 153,3 124,7 167,6 10,7 8,9 9,1 8,9 10,7
(XI) 168,1 123,2 157,9 123,2 167,7 11,7 8,4 11,5 8,4 11,7
(XII) 168,3 125,5 156,8 122,3 167,7 11,7 9,2 10,1 8,4 11,7
(a)
Referência: TMS (C = 192,7 ppm and H = 31,6 ppm)
(b)
Dados Experimentais.
129,211-213
44
L – Análise AIM (Atoms in Molecules)
Utilizou-se a análise topológica proposta por Bader para se obter maiores
informações sobre a variação da densidade eletrônica durante a complexação.
Adicionalmente os critérios propostos por Popelier para a existência de uma ligação de
hidrogênio também foram empregados.
105
Segundo esse autor a ligação de hidrogênio
deve possuir topologia consistente;
104,105,214-217
a densidade eletrônica (ρ
b
) e o seu
Laplaciano (
2
ρ
b
) no ponto crítico de ligação (BCP) devem situar-se em intervalos pré-
estabelecidos; após a formação da ligação de hidrogênio deve-se notar o aumento de
carga (q()), a desestabilização energética (E()), o decréscimo da polarização
dipolar (M()) e o decréscimo do volume (v()) do átomo de hidrogênio. Nas Tabelas
18-30 encontram-se os valores (em u.a.) da análise dos pontos críticos (CPs), enquanto
que nas Tabelas 31-42 são apresentadas as propriedades atômicas (em u.a.). O índice
PDI (para-Delocalization Index) para o anel C do pirílio e dos complexos com água está
apresentado na Tabela 43.
45
Tabela 18. Análise dos pontos críticos para (I) e água.
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,2940
0,0943 0,0345
C(2)-C(3) 0,3284
-0,9612
0,2405
C(3)-C(4) 0,3113
-0,8608
0,1457
C(4)-C(5) 0,3113
-0,8610
0,1457
C(5)-C(6) 0,3284
-0,9612
0,2405
C(6)-O(1) 0,2940
0,0943 0,0345
C(2)-H(7) 0,2985
-1,2304
0,0353
C(3)-H(8) 0,2897
-1,1154
0,0111
C(4)-H(9) 0,2924
-1,1439
0,0053
C(5)-H(10)
0,2897
-1,1154
0,0111
C(6)-H(11)
0,2986
-1,2304
0,0353
Anel 0,0222
0,1754
O-H (água)
0,3644
-2,0695
0,0273
O-H (água)
0,3644
-2,0695
0,0273
Tabela 20. Análise dos pontos críticos para (III).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,2921
0,1019 0,0367
C(2)-C(3) 0,3279
-0,9624
0,2230
C(3)-C(4) 0,3111
-0,8599
0,1373
C(4)-C(5) 0,3111
-0,8591
0,1451
C(5)-C(6) 0,3286
-0,9611
0,2441
C(6)-O(1) 0,2943
0,0919 0,0256
C(2)-H(7) 0,2986
-1,2255
0,0362
C(3)-H(8) 0,2886
-1,1616
0,0095
C(4)-H(9) 0,2922
-1,1382
0,0052
C(5)-H(10) 0,2895
-1,1087
0,0114
C(6)-H(11) 0,2983
-1,2223
0,0366
O(12)-H(13)
0,3598
-2,0883
0,0255
O(12)-H(14)
0,3597
-2,0884
0,0255
O(12)-H(8) 0,0211
0,0631 0,0990
Anel 0,0223
0,1755
Tabela 22. Análise dos pontos críticos para (V).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,2890
0,1162 0,0878
C(2)-C(3) 0,3279
-0,9586
0,2260
C(3)-C(4) 0,3129
-0,8692
0,1417
C(4)-C(5) 0,3104
-0,8562
0,1394
C(5)-C(6) 0,3292
-0,9634
0,2496
C(6)-O(1) 0,2949
0,0655 0,0213
C(2)-H(7) 0,2962
-1,2754
0,0314
C(3)-H(8) 0,2906
-1,1331
0,0113
C(4)-H(9) 0,2933
-1,1694
0,0041
C(5)-H(10) 0,2892
-1,1018
0,0120
C(6)-H(11) 0,2981
-1,2137
0,0372
O(12)-H(13)
0,3598
-2,0892
0,0256
O(12)-H(14)
0,3598
-2,0892
0,0256
O(12)-H(7) 0,0227
0,0679 0,0948
O(15)-H(16)
0,3601
-2,0819
0,0254
O(15)-H(17)
0,3601
-2,0819
0,0254
O(15)-H(8) 0,0090
0,0338 0,3061
O(15)-H(9) 0,0119
0,0412 0,1980
Anel HB
(a)
0,0070
0,0341
Anel 0,0223
0,1753
(a)
Anel decorrente da ligação de hidrogênio (água D).
Tabela 19. Análise dos pontos críticos para (II).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,2907
0,1207 0,0911
C(2)-C(3) 0,3273
-0,9531
0,2288
C(3)-C(4) 0,3128
-0,8672
0,1514
C(4)-C(5) 0,3105
-0,8562
0,1454
C(5)-C(6) 0,3292
-0,9632
0,2470
C(6)-O(1) 0,2949
0,0676 0,0266
C(2)-H(7) 0,2955
-1,2813
0,0304
C(3)-H(8) 0,2897
-1,1105
0,0118
C(4)-H(9) 0,2921
-1,1362
0,0051
C(5)-H(10) 0,2895
-1,1086
0,0118
C(6)-H(11) 0,2983
-1,2211
0,0363
O(12)-H(13)
0,3594
-2,0910
0,0255
O(12)-H(14)
0,3594
-2,0910
0,0255
O(12)-H(7) 0,0238
0,0713 0,0943
Anel 0,0222
0,1753
Tabela 21. Análise dos pontos críticos para (IV).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,2933
0,0890 0,0315
C(2)-C(3) 0,3291
-0,9653
0,2429
C(3)-C(4) 0,3104
-0,8561
0,1332
C(4)-C(5) 0,3104
-0,8561
0,1332
C(5)-C(6) 0,3291
-0,9653
0,2429
C(6)-O(1) 0,2933
0,0890 0,0315
C(2)-H(7) 0,2984
-1,2224
0,0362
C(3)-H(8) 0,2896
-1,1101
0,0113
C(4)-H(9) 0,2916
-1,1947
0,0039
C(5)-H(10) 0,2896
-1,1101
0,0113
C(6)-H(11) 0,2984
-1,2224
0,0362
O(12)-H(13)
0,3597
-2,0885
0,0255
O(12)-H(14)
0,3597
-2,0884
0,0255
O(12)-H(9) 0,0213
0,0636 0,0997
Anel 0,0223
0,1754
Tabela 23. Análise dos pontos críticos para (VI).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,2902
0,1151 0,0862
C(2)-C(3) 0,3279
-0,9573
0,2321
C(3)-C(4) 0,3119
-0,8624
0,1396
C(4)-C(5) 0,3097
-0,8524
0,1335
C(5)-C(6) 0,3297
-0,9669
0,2487
C(6)-O(1) 0,2942
0,0635 0,0241
C(2)-H(7) 0,2961
-1,2755
0,0313
C(3)-H(8) 0,2895
-1,1052
0,0120
C(4)-H(9) 0,2920
-1,1882
0,0038
C(5)-H(10) 0,2894
-1,1043
0,0119
C(6)-H(11) 0,2981
-1,2138
0,0371
O(12)-H(13)
0,3597
-2,0892
0,0256
O(12)-H(14)
0,3597
-2,0892
0,0256
O(12)-H(7) 0,3600
-2,0862
0,0256
O(15)-H(16)
0,3600
-2,0861
0,0256
O(15)-H(17)
0,0227
0,0681 0,0949
O(15)-H(9) 0,0202
0,0606 0,1006
Anel 0,0223
0,1752
46
Tabela 24. Análise dos pontos críticos para (VII).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,2908
0,1025 0,0790
C(2)-C(3) 0,3279
-0,9545
0,2357
C(3)-C(4) 0,3117
-0,8615
0,1503
C(4)-C(5) 0,3119
-0,8631
0,1476
C(5)-C(6) 0,3287
-0,9633
0,2346
C(6)-O(1) 0,2932
0,0907 0,0547
C(2)-H(7) 0,2962
-1,2748
0,0317
C(3)-H(8) 0,2894
-1,1042
0,0123
C(4)-H(9) 0,2917
-1,1287
0,0051
C(5)-H(10) 0,2905
-1,1281
0,0119
C(6)-H(11) 0,2993
-1,2623
0,0343
O(12)-H(13)
0,3597
-2,0891
0,0256
O(12)-H(14)
0,3597
-2,0891
0,0256
O(12)-H(7) 0,0226
0,0678 0,0954
O(15)-H(16)
0,3598
-2,0836
0,0253
O(15)-H(17)
0,3598
-2,0836
0,0253
O(15)-H(10)
0,0078
0,0301 0,4211
O(15)-H(11)
0,0138
0,0476 0,1952
Anel HB
(a)
0,0068
0,0331
Anel 0,0222
0,1753
(a)
Anel decorrente da ligação de hidrogênio (água ).
Tabela 26. Análise dos pontos críticos para (IX).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,2922
0,1146 0,0614
C(2)-C(3) 0,3280
-0,9603
0,2320
C(3)-C(4) 0,3126
-0,8668
0,1437
C(4)-C(5) 0,3105
-0,8579
0,1357
C(5)-C(6) 0,3296
-0,9681
0,2417
C(6)-O(1) 0,2923
0,0725 0,0240
C(2)-H(7) 0,2991
-1,2689
0,0338
C(3)-H(8) 0,2902
-1,1216
0,0116
C(4)-H(9) 0,2933
-1,1655
0,0043
C(5)-H(10) 0,2905
-1,1355
0,0111
C(6)-H(11) 0,2982
-1,2142
0,0377
O(12)-H(13)
0,3598
-2,0842
0,0253
O(12)-H(14)
0,3598
-2,0842
0,0253
O(12)-H(7) 0,0157
0,0520 0,1608
O(12)-H(8) 0,0058
0,0240 1,3998
O(15)-H(16)
0,3600
-2,0820
0,0254
O(15)-H(17)
0,3600
-2,0820
0,0254
O(15)-H(9) 0,0106
0,0378 0,2326
O(15)-H(10)
0,0104
0,0377 0,2442
Anel HB
(a)
0,0057
0,0261
Anel HB
(b)
0,0071
0,0349
Anel 0,0223
0,1756
(a)
Anel decorrente da ligação de hidrogênio (água B).
(b)
Anel decorrente da ligação de hidrogênio (água ).
Tabela 25. Análise dos pontos críticos para (VIII).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,2917
0,0947 0,0794
C(2)-C(3) 0,3280
-0,9558
0,2355
C(3)-C(4) 0,3119
-0,8627
0,1510
C(4)-C(5) 0,3119
-0,8626
0,1508
C(5)-C(6) 0,3281
-0,9559
0,2355
C(6)-O(1) 0,2917
0,0946 0,0795
C(2)-H(7) 0,2962
-1,2744
0,0315
C(3)-H(8) 0,2894
-1,1042
0,0125
C(4)-H(9) 0,2918
-1,1289
0,0050
C(5)-H(10) 0,2894
-1,1042
0,0125
C(6)-H(11) 0,2962
-1,2745
0,0315
O(12)-H(13)
0,3597
-2,0890
0,0256
O(12)-H(14)
0,3597
-2,0890
0,0256
O(12)-H(7) 0,0225
0,0675 0,0956
O(15)-H(16)
0,3597
-2,0890
0,0256
O(15)-H(17)
0,3597
-2,0890
0,0256
O(15)-H(11)
0,0225
0,0675 0,0956
Anel 0,0222
0,1751
Tabela 27. Análise dos pontos críticos para (X).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,2923
0,0993 0,0563
C(2)-C(3) 0,3286
-0,9622
0,2351
C(3)-C(4) 0,3117
-0,8617
0,1476
C(4)-C(5) 0,3116
-0,8615
0,1476
C(5)-C(6) 0,3286
-0,9624
0,2351
C(6)-O(1) 0,2923
0,0991 0,0563
C(2)-H(7) 0,2993
-1,2660
0,0344
C(3)-H(8) 0,2904
-1,1247
0,0119
C(4)-H(9) 0,2917
-1,1287
0,0051
C(5)-H(10) 0,2904
-1,1248
0,0119
C(6)-H(11) 0,2993
-1,2660
0,0344
O(12)-H(13)
0,3598
-2,0839
0,0253
O(12)-H(14)
0,3598
-2,0839
0,0253
O(12)-H(7) 0,0148
0,0500 0,1758
O(12)-H(8) 0,0067
0,0268 0,6325
O(15)-H(16)
0,3598
-2,0839
0,0253
O(15)-H(17)
0,3598
-2,0839
0,0253
O(15)-H(10)
0,0067
0,0269 0,6235
O(15)-H(11)
0,0148
0,0499 0,1763
Anel HB
(a)
0,0063
0,0299
Anel HB
(b)
0,0063
0,0300
Anel 0,0223
0,1756
(a)
Anel decorrente da ligação de hidrogênio (água B).
(b)
Anel decorrente da ligação de hidrogênio (água ).
47
Tabela 28. Análise dos pontos críticos para (XI).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,2912
0,0902 0,0754
C(2)-C(3) 0,3286
-0,9596
0,2381
C(3)-C(4) 0,3111
-0,8583
0,1394
C(4)-C(5) 0,3111
-0,8583
0,1394
C(5)-C(6) 0,3286
-0,9596
0,2381
C(6)-O(1) 0,2912
0,0902 0,0754
C(2)-H(7) 0,2966
-1,2682
0,0323
C(3)-H(8) 0,2892
-1,0990
0,0126
C(4)-H(9) 0,2921
-1,1814
0,0038
C(5)-H(10) 0,2892
-1,0990
0,0126
C(6)-H(11) 0,2966
-1,2682
0,0323
O(12)-H(13)
0,3600
-2,0877
0,0256
O(12)-H(14)
0,3600
-2,0877
0,0256
O(12)-H(7) 0,0216
0,0649 0,0960
O(15)-H(16)
0,3600
-2,0877
0,0256
O(15)-H(17)
0,3600
-2,0877
0,0256
O(15)-H(11)
0,0216
0,0649 0,0960
O(18)-H(19)
0,3603
-2,0850
0,0257
O(18)-H(20)
0,3603
-2,0850
0,0257
O(18)-H(9) 0,0194
0,0583 0,1010
Anel 0,0223
0,1751
Tabela 29. Análise dos pontos críticos para (XII).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,2901
0,0917 0,0767
C(2)-C(3) 0,3286
-0,9606
0,2323
C(3)-C(4) 0,3120
-0,8648
0,1415
C(4)-C(5) 0,3118
-0,8621
0,1450
C(5)-C(6) 0,3281
-0,9562
0,2387
C(6)-O(1) 0,2919
0,0918 0,0719
C(2)-H(7) 0,2967
-1,2680
0,0324
C(3)-H(8) 0,2904
-1,1269
0,0119
C(4)-H(9) 0,2931
-1,1614
0,0041
C(5)-H(10) 0,2891
-1,0976
0,0127
C(6)-H(11) 0,2967
-1,2680
0,0324
O(12)-H(13)
0,3600
-2,0876
0,0257
O(12)-H(14)
0,3600
-2,0876
0,0257
O(12)-H(7) 0,0216
0,0647 0,0957
O(15)-H(16)
0,3600
-2,0877
0,0256
O(15)-H(17)
0,3600
-2,0877
0,0256
O(15)-H(11)
0,0216
0,0647 0,0964
O(18)-H(19)
0,3603
-2,0810
0,0255
O(18)-H(20)
0,3603
-2,0810
0,0255
O(18)-H(9) 0,0113
0,0395 0,2011
O(18)-H(8) 0,0088
0,0333 0,2941
Anel HB
(a)
0,0068
0,0330
Anel 0,0223
0,1752
(a)
Anel decorrente da ligação de hidrogênio (água D).
(1) Topologia. A primeira condição necessária para confirmar a presença de uma
ligação de hidrogênio é a topologia correta do “gradient vector field”.
104
Exemplos de
dois gráficos moleculares obtidos são apresentados na Figura 6, na qual os pontos em
vermelho indicam os BCPs e os pontos em amarelos, os RCPs.
(a) (b)
Figura 6. Gráficos moleculares: (a) complexo (XI); (b) complexo (XII).
A análise revelou a existência do ponto crítico de ligação (BCP) entre os
hidrogênios dos grupos C-H do pirílio e os receptores das ligações de hidrogênio. A
48
complexação nas posições B, B´, D ou leva à formação de um anel entre os
monômeros. Os pontos críticos desse anel (RCPs) foram encontrados. A distância entre
um BCP e um RCP também pode ser usada como critério para se medir a estabilidade
estrutural da ligação de hidrogênio.
215
A união entre esses dois pontos críticos
representa a quebra da ligação e a conseqüente abertura do anel.
215
No complexo (V), as
distâncias entre os BCPs O(15)·· H(8) e O(15)·· H(9) e o RCP foram de 0,638 Å e 0,828
Å, respectivamente, indicando que a última é mais estável. O mesmo foi observado para
o complexo (XII), no qual as distâncias entre os BCPs O(18)·· H(8) e O(18)·· H(9) e o
RCP foram de 0,652 Å e 0,816 Å. Para o complexo (VII), as distâncias entre os BCPs
O(15)·· H(10) e O(15)·· H(11) e o RCP foram de 0,503 Å e 0,943 Å, o que revela que a
ligação O(15)·· H(10) é consideravelmente mais instável. No complexo (IX) a ligação
de hidrogênio O(12)·· H(8) demonstra ser muito instável. As distâncias entre os BCPs
O(12)·· H(8) e O(12)·· H(7) e o RCP foram de 0,221 Å e 1,117 Å. Analogamente, no
complexo (X) as ligações de hidrogênio O(12)·· H(7) e O(15)·· H(11) são mais estáveis
do que O(12)·· H(8) e O(15)·· H(10). As distâncias entre os BCPs O(12)·· H(7), O(15)··
H(11), O(12)·· H(8) e O(15)·· H(10) e o RCP foram de 1,022, 1,020, 0,386 e 0,390 Å,
respectivamente. A topologia total dos complexos demonstrou-se consistente com a
relação de Poincaré-Hopf, 1)(
=
+
CCPsRCPsBCPsNAsN , na qual (N)NAs são
atratores não nuleares, BCPs são os pontos críticos de ligação, RCPs são os pontos
críticos de anel e os CCPs são os pontos críticos de gaiola.
104,215
Essa relação é
independente dos detalhes do “gradient vector field” e pode, então, ser usado para
checar a consistência da topologia.
104
(2) Densidade eletrônica do ponto crítico de ligação (
ρ
b
). Essa grandeza está
relacionada com a ordem de ligação e, conseqüentemente, com a força da ligação.
215,218
Segundo os critérios estabelecidos por Popelier, o valor da densidade eletrônica (ρ
b
) do
ponto crítico de ligação (BCP) deve situar-se no intervalo [0,002-0,04] u.a. para que
uma ligação de hidrogênio seja estabelecida.
105
Em todos os complexos estudados os
valores de ρ
b
estão dentro do limite estabelecido. Os maiores valores de
ρ
b
demonstram
que as ligações de hidrogênio nas posições A, A´, C e E são mais favorecidas do que as
observadas para B, , D e . A complexação o provoca alterações significativas na
densidade eletrônica dos pontos críticos das ligações do anel do pirílio. Este fato
corrobora as observações feitas nas análises NBO e NRT de que a complexação pouco
influência a estrutura eletrônica do pirílio.
49
A elipticidade indica o acúmulo preferencial de carga num dado plano, além de
fornecer informações sobre a estabilidade estrutural.
215
Um aumento na elipticidade
pode indicar um aumento na instabilidade estrutural ou no caráter π de uma ligação.
Desta forma, verifica-se novamente a maior estabilidade das ligações de hidrogênio nas
posições A, , C e E. As elipticidades revelam ainda um aumento no caráter de dupla
ligação em O(1)-C(2) e C(5)-C(6). Entretanto, não foi possível se estabelecer uma
relação direta entre sítio de complexação e variação dessa propriedade.
(3) Laplaciano da densidade eletrônica do ponto crítico de ligação (
2
ρ
b
). Todas as
ligações de hidrogênio nos complexos apresentam valores de
2
ρ
b
positivos e dentro do
intervalo [0,014-0,139] u.a., proposto na literatura.
104,215
As densidades de energia locais no BCP (Tabela 30) podem ser utilizadas para
caracterizar uma interação.
84,105,219
O teorema virial no BCP (em u.a.), é expresso por:
)()(24/1
2
CPCPb
rVrG +=
ρ
(1)
e relaciona o Laplaciano da ρ (
2
ρ
b
) com as densidades de energia cinética (G(r
CP
),
sempre positiva) e potencial (V(r
CP
), sempre negativa). A densidade de energia total,
H(r
CP
), é dada pela soma de G(r
CP
) e V(r
CP
).
)()()(
CPCPCP
rVrGrH += (2)
O sinal de H(r
CP
) i depender de qual contribuição, potencial ou cinética,
prevalece localmente no BCP. Casos em que H(r
CP
) < 0 refletem a predominância da
densidade de energia potencial e é uma conseqüência da estabilização da carga
eletrônica acumulada, uma propriedade característica de interações covalentes.
49,220
Dessa forma, atribui-se um caráter covalente parcial às ligações de hidrogênio que
apresentem H(r
CP
) < 0. Ressalta-se que o
2
ρ
b
mantêm-se pequeno e positivo,
característico das interações “closed-shell”, porque na equação (2) |V(r
CP
)| > G(r
CP
),
mas na equação (1), |V(r
CP
)| < 2G(r
CP
).
49,221
Nas ligações de hidrogênio estabelecidas
entre o oxigênio da água e apenas um grupo C-H do cátion (posições A, A´, C e E) , as
contribuições das densidades de energia cinética e potencial foram iguais, resultando em
H(r
CP
) = 0 nos BCPs dessas ligações. Já para as ligações de hidrogênio entre o oxigênio
da água e dois grupos C-H do pirílio (posições B, , D e ), observa-se valores de
H(r
CP
) > 0. Esses resultados indicam que as ligações de hidrogênio formadas entre o
pirílio e moléculas de água não apresentam caráter covalente parcial.
50
Tabela 30. Densidades de energia locais (em u.a.) para as ligações de hidrogênio nos complexos (II)-(XII).
(II) (III) (IV) (V) (VI)
O(12)⋅⋅⋅H(7)
O(12)⋅⋅⋅H(8)
O(12)⋅⋅⋅H(9)
O(12)⋅⋅⋅H(7)
O(15)⋅⋅⋅H(8)
O(15)⋅⋅⋅H(9)
O(12)⋅⋅⋅H(7)
O(15)⋅⋅⋅H(9)
G(r
cp
)
0,0178 0,0158 0,0159 0,0170 0,0072 0,0094 0,0170 0,0152
V(r
cp
)
-0,0178 -0,0158 -0,0159 -0,0170 -0,0060 -0,0085 -0,0170 -0,0152
H(r
cp
)
0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0012 0,0009 0,0000 0,0000
(VII) (VIII) (IX)
O(12)⋅⋅⋅H(7)
O(15)⋅⋅⋅H(10)
O(15)⋅⋅⋅H(11)
O(12)⋅⋅⋅H(7)
O(15)⋅⋅⋅H(11)
O(12)⋅⋅⋅H(7)
O(12)⋅⋅⋅H(8)
O(15)⋅⋅⋅H(9)
O(15)⋅⋅⋅H(10)
G(r
cp
)
0,0170 0,0063 0,0110 0,0169 0,0169 0,0123 0,0048 0,0084 0,0083
V(r
cp
)
-0,0170 -0,0051 -0,0101 -0,0169 -0,0169 -0,0116 -0,0036 -0,0074 -0,0072
H(r
cp
)
0,0000 0,0012 0,0009 0,0000 0,0000 0,0007 0,0012 0,0010 0,0011
(X)
O(12)⋅⋅⋅H(7)
O(12)⋅⋅⋅H(8)
O(15)⋅⋅⋅H(10)
O(15)⋅⋅⋅H(11)
G(r
cp
)
0,0117 0,0055 0,0054 0,0117
V(r
cp
)
-0,0109 -0,0043 -0,0041 -0,0109
H(r
cp
)
0,0008 0,0012 0,0013 0,0008
(XI) (XII)
O(12)⋅⋅⋅H(7)
O(15)⋅⋅⋅H(11)
O(18)⋅⋅⋅H(9)
O(12)⋅⋅⋅H(7)
O(15)⋅⋅⋅H(11)
O(18)⋅⋅⋅H(8)
O(18)⋅⋅⋅H(9)
G(r
cp
)
0,0162 0,0162 0,0146 0,0162 0,0162 0,0071 0,0089
V(r
cp
)
-0,0162 -0,0162 -0,0146 -0,0162 -0,0162 -0,0059 -0,0079
H(r
cp
)
0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0012 0,0010
51
Tabela 31. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (I) e água.
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,0929
0,284
97,71 76,0572
C(2) 0,5928 0,801
69,83 37,7061
C(3) 0,0799 0,210
80,83 38,0520
C(4) 0,0640 0,115
78,70 38,0497
C(5) 0,0800 0,210
80,83 38,0520
C(6) 0,5928 0,801
69,83 37,7061
H(7) 0,1609 0,108
39,90 0,5649
H(8) 0,1205 0,108
42,27 0,5772
H(9) 0,1202 0,108
42,28 0,5800
H(10) 0,1205 0,108
42,27 0,5772
H(11) 0,1609 0,108
39,90 0,5649
O -1,1658
0,202
152,96
75,7079
H 0,5829 0,171
22,12 0,3631
H 0,5829 0,171
22,12 0,3631
Tabela 33. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (III).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,0966
0,280
97,85 76,0522
C(2) 0,5761 0,805
70,16 37,7165
C(3) 0,0552 0,304
82,51 38,0696
C(4) 0,0553 0,102
79,40 38,0522
C(5) 0,0742 0,207
81,21 38,0531
C(6) 0,5895 0,801
70,05 37,7056
H(7) 0,1536 0,110
40,37 0,5683
H(8) 0,1989 0,079
33,38 0,5446
H(9) 0,1123 0,110
42,71 0,5835
H(10) 0,1124 0,110
42,69 0,5807
H(11) 0,1527 0,109
40,27 0,5687
O(12) -1,2047
0,245
148,23
75,7516
H(13) 0,6105 0,158
20,60 0,3457
H(14) 0,6106 0,158
20,61 0,3457
Tabela 35. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (V).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,0978
0,272
98,02 76,0452
C(2) 0,5348 0,832
72,35 37,7411
C(3) 0,0666 0,211
80,93 38,0639
C(4) 0,0525 0,141
78,84 38,0614
C(5) 0,0666 0,200
81,47 38,0538
C(6) 0,5875 0,802
70,04 37,7085
H(7) 0,2340 0,082
31,29 0,5329
H(8) 0,1357 0,106
40,01 0,5716
H(9) 0,1454 0,103
38,38 -0,5716
H(10) 0,1040 0,111
43,33 0,5844
H(11) 0,1430 0,111
40,71 0,5731
O(12) -1,2036
0,245
147,60
75,7499
H(13) 0,6110 0,158
20,55 0,3455
H(14) 0,6110 0,158
20,55 0,3455
O(15) -1,2037
0,248
147,88
75,7450
H(16) 0,6064 0,160
20,97 0,3482
H(17) 0,6064 0,160
20,97 0,3482
Tabela 32. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (II).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,0953
0,279
97,86 76,0507
C(2) 0,5481 0,836
71,84 37,7344
C(3) 0,0678 0,195
81,40 38,0579
C(4) 0,0577 0,108
79,24 38,0512
C(5) 0,0736 0,203
81,19 38,01519
C(6) 0,5924 0,801
69,90 37,7076
H(7) 0,2456 0,081
30,55 0,5272
H(8) 0,1129 0,110
42,74 0,5806
H(9) 0,1113 0,110
42,75 0,5839
H(10) 0,1123 0,110
42,75 0,5808
H(11) 0,1511 0,109
40,29 0,5694
O(12) -1,2058
0,244
147,31
75,7549
H(13) 0,6132 0,157
20,39 0,3442
H(14) 0,6132 0,157
20,40 0,3442
Tabela 34. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (IV).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,0962
0,278
97,88 76,0517
C(2) 0,5834 0,803
70,15 37,7105
C(3) 0,0721 0,206
81,27 38,0538
C(4) 0,0383 0,215
80,31 38,0687
C(5) 0,0716 0,205
81,37 38,0536
C(6) 0,5832 0,802
70,14 37,7104
H(7) 0,1521 0,109
40,26 0,5689
H(8) 0,1130 0,110
42,81 0,5804
H(9) 0,1994 0,079
33,34 0,5470
H(10) 0,1130 0,110
42,77 0,5805
H(11) 0,1521 0,109
40,28 0,5689
O(12) -1,2048
0,245
148,16
75,7518
H(13) 0,6108 0,158
20,58 0,3456
H(14) 0,6108 0,158
20,56 0,3456
Tabela 36. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (VI).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,0984
0,273
98,01 76,0466
C(2) 0,5422 0,833
71,95 37,7382
C(3) 0,0608 0,192
81,82 38,0602
C(4) 0,0344 0,202
80,55 38,0696
C(5) 0,0668 0,200
81,55 38,0544
C(6) 0,5832 0,802
70,13 37,7123
H(7) 0,2345 0,082
31,24 0,5328
H(8) 0,1056 0,112
43,18 0,5838
H(9) 0,1877 0,081
34,12 0,5525
H(10) 0,1060 0,111
43,20 0,5834
H(11) 0,1429 0,111
40,73 0,5731
O(12) -1,2040
0,245
147,57
75,7505
H(13) 0,6113 0,158
20,52 0,3453
H(14) 0,6113 0,158
20,55 0,3453
O(15) -1,2025
0,247
148,22
75,7472
H(16) 0,6088 0,159
20,73 0,3468
H(17) 0,6088 0,159
20,73 0,3468
52
Tabela 37. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (VII).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,1001
0,275
98,27 76,0472
C(2) 0,5497 0,832
71,57 37,7359
C(3) 0,0621 0,188
81,77 38,0578
C(4) 0,0502 0,095
79,81 38,0534
C(5) 0,0708 0,222
80,82 38,0591
C(6) 0,5775 0,795
69,36 37,7223
H(7) 0,2333 0,082
31,34 0,5331
H(8) 0,1056 0,111
43,15 0,5838
H(9) 0,1027 0,111
43,34 0,5876
H(10) 0,1305 0,106
40,60 0,5739
H(11) 0,1889 0,103
35,53 0,5540
O(12) -1,2039
0,245
147,65
75,7504
H(13) 0,6112 0,158
20,52 0,3453
H(14) 0,6112 0,158
20,53 0,3453
O(15) -1,2059
0,246
147,95
75,7469
H(16) 0,6081 0,159
20,82 0,3471
H(17) 0,6081 0,159
20,82 0,3471
Tabela 39. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (IX).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,1004
0,273
98,10 76,0469
C(2) 0,5721 0,803
69,56 37,7242
C(3) 0,0618 0,195
82,38 38,0574
C(4) 0,0524 0,134
78,78 38,0602
C(5) 0,0726 0,228
80,72 38,0596
C(6) 0,5706 0,798
70,82 37,7151
H(7) 0,1971 0,100
34,57 0,5498
H(8) 0,1235 0,107
41,87 0,5764
H(9) 0,1403 0,104
39,07 0,5725
H(10) 0,1401 0,105
39,31 0,5697
H(11) 0,1429 0,111
40,78 0,5731
O(12) -1,2050
0,244
148,37
75,7468
H(13) 0,6084 0,159
20,77 0,3469
H(14) 0,6084 0,159
20,78 0,3469
O(15) -1,2040
0,247
147,83
75,7455
H(16) 0,6066 0,160
20,95 0,3480
H(17) 0,6066 0,160
20,95 0,3480
Tabela 38. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (VIII).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,0976
0,274
98,06 76,0459
C(2) 0,5511 0,830
71,67 37,7346
C(3) 0,0624 0,188
81,57 38,0582
C(4) 0,0525 0,102
79,36 38,0533
C(5) 0,0628 0,189
81,49 38,0533
C(6) 0,5511 0,830
71,68 37,7347
H(7) 0,2326 0,082
31,31 0,5336
H(8) 0,1057 0,111
43,27 0,5837
H(9) 0,1031 0,111
43,39 0,5874
H(10) 0,1057 0,111
43,25 0,5837
H(11) 0,2326 0,082
31,30 0,5336
O(12) -1,2040
0,245
147,75
75,7503
H(13) 0,6111 0,158
20,55 0,3454
H(14) 0,6111 0,158
20,54 0,3454
O(15) -1,2040
0,245
147,76
75,7503
H(16) 0,6111 0,158
20,54 0,3454
H(17) 0,6111 0,158
20,54 0,3454
Tabela 40. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (X).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,1017
0,247
98,30 76,0493
C(2) 0,5740 0,795
69,49 37,7235
C(3) 0,0685 0,216
81,14 38,0576
C(4) 0,0498 0,099
79,60 38,0537
C(5) 0,0690 0,218
81,09 38,0578
C(6) 0,5737 0,794
69,50 37,7235
H(7) 0,1928 0,101
34,93 0,5518
H(8) 0,1271 0,107
41,29 0,5750
H(9) 0,1025 0,111
43,43 0,5876
H(10) 0,1272 0,108
41,24 0,5749
H(11) 0,1932 0,102
34,90 0,5520
O(12) -1,2057
0,245
148,00
75,7471
H(13) 0,6083 0,159
20,82 0,3470
H(14) 0,6083 0,159
20,80 0,3470
O(15) -1,2057
0,245
148,01
75,7471
H(16) 0,6083 0,159
20,81 0,3470
H(17) 0,6083 0,159
20,80 0,3470
53
Tabela 41. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (XI).
Átomo
Q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,1003
0,268
98,31 76,0426
C(2) 0,5440 0,829
71,99 37,7382
C(3) 0,0562 0,186
81,77 38,0609
C(4) 0,0307 0,192
80,53 38,0708
C(5) 0,0562 0,186
81,80 38,0609
C(6) 0,5441 0,829
71,98 37,7382
H(7) 0,2227 0,083
31,97 0,5386
H(8) 0,0992 0,113
43,65 0,5865
H(9) 0,1780 0,081
34,81 0,5571
H(10) 0,0992 0,113
43,64 0,5865
H(11) 0,2227 0,083
31,96 0,5386
O(12) -1,2020
0,246
147,91
75,7470
H(13) 0,6094 0,159
20,70 0,3465
H(14) 0,6094 0,159
20,69 0,3465
O(15) -1,2020
0,245
147,91
75,7470
H(16) 0,6094 0,159
20,70 0,3465
H(17) 0,6094 0,159
20,70 0,3465
O(18) -1,2006
0,248
148,57
75,7439
H(19) 0,6071 0,160
20,90 0,3478
H(20) 0,6071 0,160
20,90 0,3478
Tabela 42. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (XII).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,0999
0,267
98,38 76,0414
C(2) 0,5364 0,829
72,18 37,7412
C(3) 0,0616 0,206
81,21 38,0644
C(4) 0,0477 0,134
79,10 38,0629
C(5) 0,0558 0,186
81,83 38,0601
C(6) 0,5488 0,828
71,78 37,7347
H(7) 0,2225 0,082
31,99 0,5388
H(8) 0,1288 0,106
40,33 0,5747
H(9) 0,1353 0,103
39,13 0,5744
H(10) 0,0979 0,113
43,76 0,5870
H(11) 0,2222 0,083
31,97 0,5387
O(12) -1,2016
0,246
147,87
75,7465
H(13) 0,6091 0,159
20,72 0,3466
H(14) 0,6091 0,159
20,72 0,3466
O(15) -1,2020
0,245
147,92
75,7465
H(16) 0,6094 0,159
20,67 0,3465
H(17) 0,6094 0,159
20,67 0,3465
O(18) -1,2017
0,248
148,15
75,7420
H(19) 0,6048 0,161
21,13 0,3491
H(20) 0,6048 0,161
21,13 0,3491
(4) Cargas (q(
)). Os átomos de hidrogênio que participam das ligações de hidrogênio
tiveram um aumento em suas cargas líquidas após a complexação, obedecendo aos
critérios propostos por Popelier.
105
Para os demais átomos, as cargas obtidas pelo
método AIM demonstram valores negativos apenas para os átomos de oxigênio do
pirílio e da água. Além disso, para os átomos de carbono, a carga positiva encontra-se
concentrada em C(2) e C(6), sendo próxima de zero nos demais. Após a complexação,
O(1) sofre aumento em sua carga negativa enquanto os átomos de carbono apresentam
diminuição em suas cargas positivas.
As cargas AIM apresentam comportamento distinto das NPA, MK e GAPT. De
acordo com as principais estruturas de ressonância do cátion pirílio (Figura 5), O(1)
deveria exibir uma pequena carga negativa, enquanto que C(2), C(4) e C(6), elevadas
cargas positivas. Sob essa perspectiva, as cargas GAPT e MK apresentaram maior
convergência com a distribuição de cargas das estruturas de ressonância do pirílio do
que as cargas NPA e AIM.
(5) Desestabilização energética (
E(
)). A desestabilização energética, E(), é
definida como a diferença na energia do átomo no complexo e no monômero. Os
átomos de hidrogênio que participam das ligações de hidrogênio tiveram um aumento
(
E()>0) em suas energias atômicas após a complexação, sobretudo nos complexos
54
com água em A, , C e E. A adição sucessiva de moléculas de água causa uma
diminuição da desestabilização energética dos átomos de hidrogênio. A complexação
desestabilizou o átomo O(1). Por outro lado, à exceção de C(6) em (III), o qual
praticamente não sofreu alteração de energia, a complexação estabilizou os átomos de
carbono do pirílio.
(6) Polarização dipolar (M(
)). A integração atômica de um vetor posição vezes a
densidade eletrônica fornece o primeiro momento, M().
215
A formação da ligação de
hidrogênio causa uma perda de densidade não ligada do átomo de hidrogênio e, como
conseqüência, observa-se um decréscimo em sua polarização dipolar.
104,105
Os
resultados revelam o decréscimo da polarização dipolar dos átomos de hidrogênio após
a complexação, sobretudo nos complexos com água nas posições A, , C e E,
indicando a maior força das ligações de hidrogênio nessas posições.
(7) Volume atômico (v(
)). A formação da ligação de hidrogênio deve provocar a
redução no volume do átomo de hidrogênio.
104,105,215
O volume dos átomos de
hidrogênio envolvidos nas ligações de hidrogênio sofreram redução de 7,5-9,0 u.a. para
a complexação nas posições A, , C e E e inferiores a 5 u.a. nas posições B, , D e
. Alterações nos volumes dos demais átomos não foram significativas.
(8) Índice de deslocalização (DI). O PDI para o benzeno obtido no nível B3LYP/6-
31G* é de 0,101 elétrons.
124
Esse valor é bastante próximo do encontrado com o uso do
modelo B3LYP/6-31+G(d,p), utilizado nesse trabalho (Tabela 43).
Tabela 43. Índices de deslocalização para (PDI, elétrons) do anel C para os cátions (I)-
(XII).
Composto PDI
Benzeno 0,103
(I) 0,079
(II) 0,080
(III) 0,079
(IV) 0,077
(V) 0,079
(VI) 0,078
(VII) 0,081
(VIII) 0,081
(IX) 0,078
(X) 0,080
(XI) 0,079
(XII) 0,080
55
Adicionalmente, o índice PDI demonstra que o cátion pirílio, (I), é menos
aromático do que o benzeno e que as ligações de hidrogênio com a água nos complexos
(II)-(XII) não são capazes de provocar alterações na aromaticidade do cátion.
M – Solvatação do pirílio com o modelo discreto/SCRF
O tratamento do efeito do solvente pela mecânica quântica pode ser distinguido
em duas categorias: modelos discretos e modelos contínuos com campo de reação
autoconsistente (SCRF: Self-Consistent Reaction-Field). Nos métodos discretos as
moléculas de solvente são tratadas explicitamente enquanto que os métodos contínuos
permitem que se incorporem os efeitos do solvente, mas negligenciam a estrutura de
solvatação microscópica na vizinhança do soluto.
103
Sendo assim, a combinação destes
dois métodos pode ser uma opção na obtenção de informações sobre o sistema estudado.
(1) Solvatação na fase gasosa. As energias de ligação na fase gasosa (
fg
E ) são
calculadas como a diferença da energia total do complexo e (
AB
E
) e a soma das energias
dos subsistemas (
A
E
,
B
E
):
BAABfg
EEEE = (3)
Tabela 44. Energias de ligação na fase gasosa,
fg
E (kcal/mol).
Complexo
Posição das
moléculas de água
E
fg (ZPE)
E
fg (BSSE)
(II)
A
-9,81 -10,29
(III)
C
-8,92 -9,38
(IV)
E
-9,00 -9,46
(V)
AD
-17,91 -19,16
(VI)
AE
-18,09 -19,01
(VII)
AB’
-18,59 -19,85
(VIII)
AA’
-18,85 -19,83
(IX)
BD’
-17,78 -19,23
(X)
BB’
-18,35 -19,87
(XI)
AA’E
-26,51 -27,86
(XII)
AA’D
-26,39 -28,02
Na Tabela 44 são apresentadas as energias de ligação na fase gasosa corrigidas
pela energia do ponto zero (ZPE), E
fg (ZPE)
, e pelo erro de superposição de bases
(BSSE),
E
fg (BSSE)
, no nível B3LYP/6-31+G(d,p). Esta última foi abordada na
56
discussão realizada com a metodologia de Xantheas na qual recebeu a denominação de
BE
n
.
(2) Solvatação discreta/contínua: energia de solvatação dos complexos. A energia livre
de solvatação (
sol
G ), as contribuições eletrostática e não-eletrostática e a energia livre
de solvatação relativa (
sol
G∆∆ ) são apresentadas na Tabela 45. De acordo com o
modelo PCM (Polarized Continuum Model), a contribuição eletrostática é denominada
por (
ele
G ), enquanto que a não-eletrostática é dada pela soma das contribuições da
cavitação e de van der Waals (
vdWcav
GG + ). A energia livre de solvatação relativa
(
sol
G∆∆ ) é calculada como a diferença entre a energia livre de solvatação do complexo
(
OHPiríliosol
G
2
.
) e a soma das energias livres de solvatação dos subsistemas (
Piríliosol
G
.
e
OHsol
G
2
.
).
OHsolPiríliosolOHPiríliosolsol
GGGG
22
...
=∆∆
(4)
Esses valores relativos fornecem algumas informações sobre a interação dos
grupos polares do pirílio e das moléculas de água (que formam os complexos) com o
“seio” do solvente.
103
Tabela 45. Energia livre de solvatação (
sol
G ), contribuições eletrostática (
ele
G ) e
não-eletrostática (
vdWcav
GG + ) e energia livre de solvatação relativa (
sol
G∆∆ ),
(valores em kcal/mol).
Composto
sol
G
ele
G
vdWcav
GG +
sol
G∆∆
Água -6,84 -7,55 0,71
(I) -56,08 -56,49 0,41
(II) -52,52 -54,46 1,94 10,40
(III) -52,82 -54,85 2,02 10,10
(IV) -52,21 -54,31 2,10 10,71
(V) -49,54 -52,93 3,39 20,22
(VI) -49,35 -53,04 3,69 20,41
(VII) -49,61 -52,86 3,25 20,15
(VIII) -49,76 -53,30 3,54 20,00
(IX) -49,32 -52,50 3,18 20,44
(X) -49,40 -52,51 3,12 20,36
(XI) -47,34 -52,71 5,38 29,26
(XII) -47,42 -52,43 5,01 29,18
57
A energia livre de solvatação (
sol
G ) não demonstrou diferenças significativas
entre complexos com o mesmo número de moléculas de água, ou seja, não sofreu
variação com o sítio de solvatação. Entretanto,
sol
G diminuiu cerca de 3 kcal/mol com
a adição da segunda molécula de água e mais 2 kcal/mol com a adição da terceira.
As contribuições não-eletrostáticas (
vdWcav
GG + ) aumentam com a adição
sucessiva de moléculas de água pois, quanto maior o complexo, maior a cavidade
necessária para “acomodá-lo” e maiores as interações do tipo van der Waals.
Para todos os complexos as energias livres de solvatação relativas,
sol
G∆∆ ,
apresentaram valores positivos. Sendo assim, os fragmentos (monômeros) são mais bem
hidratados do que os complexos. Isto pode ser creditado ao fato de que as interações
pirílio-água são mais fracas do que as interações entre o “seio” do solvente e uma
molécula de água específica. O mesmo foi observado por Alemán e Galembeck quando
estudaram a solvatação da cromona usando modelos combinados discreto/SCRF.
103
(3) Comparação entre solvatação contínua e discreta/contínua. A energia livre de
solvatação para solutos com moléculas explícitas de água na primeira camada de
hidratação,
AE
sol
G , foi calculada como a soma entre a energia de ligação na fase gasosa
(
fg
E ) e a energia livre de solvatação dos complexos (
OHPiríliosol
G
2
.
):
103
OHPiríliosolfg
AE
sol
GEG
2
.
+=
(5)
As
AE
sol
G estão apresentadas na Tabela 46, considerando-se a energia de ligação
na fase gasosa (
fg
E ) corrigida pela ZPE, )(ZPEG
AE
sol
, e pelo BSSE, )(BSSEG
AE
sol
.
Idealmente,
AE
sol
G deve ser equivalente à energia livre de solvatação do sistema
molecular calculada na aproximação do contínuo,
CT
sol
G (Tabela 46), a qual é obtida
pela a soma das energias livres de solvatação do soluto (
Piríliosol
G
.
) e das moléculas de
água envolvidas no sistema molecular (
OHsol
G
2
.
).
103
OHsolPiríliosol
CT
sol
GGG
2
..
+=
(6)
58
Tabela 46. Energia livre de solvatação para solutos com moléculas explícitas de água
na primeira camada de hidratação (
AE
sol
G , em kcal/mol) e energia livre de solvatação do
sistema molecular calculada na aproximação do contínuo (
CT
sol
G , em kcal/mol).
)(ZPEG
AE
sol
AE
sol
G (BSSE)
CT
sol
G
AE
sol
G (ZPE)-
CT
sol
G
AE
sol
G (BSSE)-
CT
sol
G
(II) -62,33 -62,81 0,59 0,11
(III) -61,74 -62,20 1,18 0,72
(IV) -61,21 -61,67
-62,92
1,71 1,25
(V) -67,45 -68,70 2,31 1,06
(VI) -67,44 -68,36 2,32 1,40
(VII)
-68,20 -69,46 1,56 0,30
(VIII)
-68,61 -69,59 1,15 0,17
(IX) -67,10 -68,55 2,66 1,21
(X) -67,75 -69,27
-69,76
2,01 0,49
(XI) -73,85 -75,20 2,75 1,40
(XII)
-73,81 -75,44
-76,60
2,79 1,16
Média dos desvios 1,91 0,84
Os resultados demonstram boa concordância entre
AE
sol
G e
CT
sol
G . A estratégia
de incluir moléculas de águas explícitas é validada e auxilia no entendimento dos efeitos
nas supermoléculas decorrentes da primeira camada de solvatação. Deve-se lembrar,
que a precisão dos resultados depende da qualidade dos cálculos de energia de interação
na fase gasosa.
N – Espectros eletrônicos
Os espectros eletrônicos dos cátions pirílio ((I)-(XII)) foram obtidos com o uso
do método ZINDO (Zerner's Intermediate Neglect of Differential Overlap).
222-224
Foram
efetuadas excitações simples para os 50 primeiros estados excitados (singlet). As
ilustrações dos orbitais moleculares (Figuras 7-9) foram feitas com o uso do programa
gOpenMol 3.00.
225,226
Os espectros teóricos (Figuras 10-12) foram obtidos pela
convolução de Gaussianas com FWHM (Full-Width Half-Maximum - largura a meia
altura) de 11 nm e a altura dos picos proporcional à força do oscilador no programa
Synspec.
227
Para exemplificar o espetro eletrônico do cátion pirílio ((I)-(XII)) são
apresentados nas Tabelas 47-49 os resultados para (I), (XI) e (XII), respectivamente.
Com base na força do oscilador, observa-se que a principal banda de absorção no
espectro eletrônico para o cátion pirílio ((I), Tabela 47, Figuras 7 e 10) corresponde à
excitação de um elétron do estado fundamental para o quarto estado excitado
59
(λ=181 nm). Para esse estado, a transição eletrônica de maior contribuição corresponde
a HOMOLUMO+1. A força do oscilador da excitação de um elétron do estado
fundamental para o estado 1 (λ=281 nm), a qual inclui a excitação HOMOLUMO, é
significantemente inferior, denotando menor intensidade em relação à banda de
absorção principal. O mesmo ocorre para das demais bandas de absorção apresentadas
na Tabela 47.
HOMO HOMO-1 HOMO-2
HOMO-6 LUMO LUMO+1
LUMO+2 LUMO+3
Figura 7. Orbitais moleculares envolvidos nas principais transições eletrônicas no
cátion pirílio, (I).
60
Tabela 47. Principais transições eletrônicas para (I): ƒ é a força do oscilador; λ (em nm)
é o comprimento de onda e E (em eV) é a energia da transição eletrônica.
Composto
Transições Coeficientes
ƒ λ
E
Estado
HOMO-1LUMO+1
0,12555
HOMOLUMO
0,68972
0,2525
281,32
4,4072 1
HOMO-2LUMO+3
-0,14303
HOMO-1LUMO
0,42002
HOMOLUMO+1
0,53514
0,9779
181,15
6,8441 4
HOMO-1LUMO+1
0,60144
HOMOLUMO
-0,12536
HOMOLUMO+2
0,34131
0,2255
167,78
7,3897 7
HOMO-6LUMO
-0,24735
(I)
HOMO-2LUMO+3
0,64295
0,2708
114,99
10,7819
24
As ligações de hidrogênio entre pirílio e água, provocam algumas alterações no
espectro eletrônico do pirílio (Tabelas 48 e 49, Figuras 8-12). Para (II)-(XII), a principal
banda de absorção se refere à excitação de um elétron do estado fundamental para os
estados 5 ou 6 e apresenta um deslocamento hipsocrômico (λ entre 175 nm e 178 nm)
com relação a (I).
Tabela 48. Principais transições eletrônicas para (XI): ƒ é a força do oscilador; λ (em
nm) é o comprimento de onda e E (em eV) é a energia da transição eletrônica.
Composto
Transições Coeficientes
ƒ λ
E
Estado
HOMO-4LUMO+1
0,13082
HOMOLUMO
0,69103
0,2858
274,43
4,5179 1
HOMO-5LUMO+3
0,11864
HOMO-4LUMO
0,43895
HOMOLUMO+1
0,52644
1,0882
175,09
7,0811 5
HOMO-8LUMO+3
-0,18151
HOMO-5LUMO+3
0,56867
HOMO-3LUMO+4
0,12467
HOMO-2LUMO+3
-0,29258
0,3966
119,63
10,3636
32
HOMO-9LUMO+3
0,24928
HOMO-8LUMO+4
0,18953
HOMO-6LUMO+3
0,57592
HOMO-6LUMO+5
0,13021
HOMO-5LUMO+4
-0,13972
(XI)
HOMO-2
LUMO+4
0,12347
0,2535
108,72
11,4040
42
61
HOMO HOMO-2
HOMO-3 HOMO-4
HOMO-5 HOMO-6
Figura 8. Orbitais moleculares envolvidos nas principais transições eletrônicas no
complexo (XI).
62
HOMO-8 HOMO-9
LUMO LUMO+1 LUMO+3
LUMO+4 LUMO+5
Figura 8. Continuação.
63
Tabela 49. Principais transições eletrônicas para (XII): ƒ é a força do oscilador; λ (em
nm) é o comprimento de onda e E (em eV) é a energia da transição eletrônica.
Composto
Transições Coeficientes
ƒ λ
E
Estado
HOMO-4LUMO+1
-0,13083
HOMOLUMO
0,69101
0,2885
274,68
4,5138 1
HOMO-5LUMO+3
-0,11700
HOMO-4LUMO
-0,44258
HOMOLUMO+1
0,52346
1,0767
175,09
7,0811 6
HOMO-4LUMO+1
0,39071
HOMOLUMO+2
0,56724
0,2310
155,52
7,9720 13
HOMO-8LUMO+3
-0,13594
HOMO-5LUMO+3
-0,32792
HOMO-1LUMO+3
0,54781
(XII)
HOMO-1LUMO+5
-0,13520
0,2486
119,92
10,3384
31
HOMO HOMO-1
HOMO-4 HOMO-5
Figura 9. Orbitais moleculares envolvidos nas principais transições eletrônicas no
complexo (XII).
64
HOMO-8 LUMO
LUMO+1 LUMO+2
LUMO+3 LUMO+5
Figura 9. Continuação.
65
50 100 150 200 250 300
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
(IV)
(III)
(II)
Força do oscilador
Comprimento de onda (
λ
, nm)
(I)
Figura 10. Espectro eletrônico para o cátion pirílio, (I), e complexos com uma molécula
de água, (II)-(IV).
50 100 150 200 250 300
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
(V)
(VI)
(VII)
(VIII)
(IX)
(X)
Força do oscilador
Comprimento de onda (
λ
, nm)
(I)
Figura 11. Espectro eletrônico para o cátion pirílio, (I), e complexos com duas
moléculas de água, (V)-(X).
66
50 100 150 200 250 300
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
(XI)
(I)
Força do oscilador
Comprimento de onda (
λ
, nm)
(XII)
Figura 12. Espectro eletrônico para o cátion pirílio, (I), e complexos com três
moléculas de água, (XI) e (XII).
Embora (IX) e (X) tenham demonstrado efeitos mais suaves, observa-se que a
adição sucessiva de moléculas de água intensifica o deslocamento hipsocrômico da
banda de absorção principal. Os mesmos efeitos são observados para a banda
correspondente à excitação de um elétron do estado fundamental para o estado 1. Em
(IV) e (XI), nos quais a ligação de hidrogênio C-H⋅⋅⋅O entre o oxigênio da água e o H(9)
é muito próxima da linearidade, a força do oscilador para a banda de absorção próxima
a 120 nm apresenta valor considerável. Em (IV) e (XI), essas bandas se referem às
excitações de um elétron do estado fundamental para os estados 40 e 32,
respectivamente.
O – Conclusões
A complexação do pirílio com 1-3 águas não causou alterações significativas nas
geometrias de equilíbrio dos monômeros, o que pode ser atribuído à fraca força das
ligações de hidrogênio estabelecidas entre o oxigênio da água e o grupo C-H do pirílio.
A freqüência associada com o estiramento do grupo doador de próton (C-H) foi
tipicamente deslocada para o vermelho.
67
O comportamento das cargas atômicas variou conforme o método com a qual
foram determinadas (NPA, MK, GAPT e AIM). Entretanto, as cargas MK e GAPT
demonstraram maior concordância com a distribuição de cargas nas estruturas de
ressonância do cátion pirílio. A análise energética demonstrou a preferência pela
complexação nas posições A e A’ e que complexos que apresentam pelo menos uma
molécula de água na posição B e/ou B’ são menos desestabilizados. O contrário é
observado para os que apresentam água na posição D e/ou D’. A decomposição de
energia utilizando o método de Xantheas revelou que as maiores contribuições nas
energias de relaxação totais (E
R total
) são devidas às distorções sofridas pelo pirílio na
formação dos complexos (E
R pirílio
). Em comparação com complexos que apresentam
duas moléculas de água, a adição da terceira molécula de água causou pequenas
alterações nos valores de
n
E e BE
n
.
Os orbitais naturais de ligação (NBOs) sofreram modificações em suas
contribuições do caráter “s” e “p” após a complexação. Entretanto, as pequenas
alterações nas energias de interação de segunda ordem (E
(2)
) indicaram que a estrutura
eletrônica do cátion é pouco influenciada pelas ligações de hidrogênio.
A aromaticidade do cátion foi verificada por diversos métodos, sendo
observados resultados divergentes nas contribuições das estruturas de ressonância
obtidas pelos métodos HOSE e NRT. Esses dois métodos, juntamente com os índices
HOMA e NICS revelaram que as ligações de hidrogênio entre pírilio e água não
influenciam a aromaticidade do cátion.
As ligações de hidrogênio foram caracterizadas com o método AIM e os
resultados corroboraram que a complexação não provocou alterações significativas na
densidade eletrônica dos pontos críticos das ligações do anel do pirílio.
Um estudo da solvatação do pirílio com o modelo discreto/SCRF foi realizado.
A energia livre de solvatação (
sol
G ) diminuiu com a adição de moléculas de água e
não apresentou dependência do sítio de solvatação. As energias livres de solvatação
relativas (
sol
G∆∆ ) demonstraram que os monômeros são mais bem hidratados do que os
complexos. A comparação entre solvatação contínua e discreta/contínua demonstrou
boa concordância, o que indica que a estratégia de incluir moléculas de águas explícitas
é válida.
Por fim, foram observadas algumas modificações no espectro de absorção do
pirílio após a formação das ligações de hidrogênio com a água. A principal banda de
68
absorção apresentou um deslocamento hipsocrômico, o qual foi intensificado com a
adição sucessiva de moléculas de água. Entretanto, esse efeito foi menos pronunciado
nos complexos (IX) e (X).
3.1.3 – Estudo computacional da hidroxilação dos cátions benzopirílio e flavílio
Nesta etapa do trabalho realizou-se o estudo do efeito do substituinte nos cátions
benzopirílio e flavílio. Os padrões das substituições foram fundamentados em trabalhos
experimentais e teóricos.
153-155,194
Para o benzopirílio, a adição do grupo hidroxila
ocorreu nas posições C(3), C(5), C(6), C(7) e C(8), enquanto que para o flavílio,
consideraram-se as posições C(3), C(5), C(7), C(3´), C(4´) e C(5´). Analisaram-se as
modificações nas geometrias de equilíbrio, cargas atômicas, nos espectros eletrônicos e,
com a utilização da teoria AIM (Atoms in Molecules), na topologia e estrutura
eletrônica dos cátions. A influência do substituinte na aromaticidade do benzopirílio e
do flavílio foi verificada com o emprego dos índices e métodos NICS (Nucleus
Independent Chemical Shifts), PDI (para-Delocalization Index), HOMA (Harmonic
Oscillator Model of Aromaticity) e HOSE (Harmonic Oscillator Stabilization Energy).
Os cálculos de otimização de geometria, freqüências vibracionais e as análises da
função de onda foram realizados no nível de teoria B3LYP/6-31+G(d,p).
3.1.4 – Hidroxilação do cátion benzopirílio
A – Geometrias
Relativamente ao cátion benzopirílio, (XIII), as ligações C-C adjacentes ao
carbono ligado ao grupo hidroxila apresentaram aumento significativo nos seus
comprimentos de ligação, alterando os comprimentos de outras ligações que constituem
os anéis do cátion (Figura 13). O complexo (XIV), com hidroxila ligada ao C(3),
demonstrou as menores variações nos seus comprimentos de ligação.
O comprimento da ligação O(1)-C(2) apresenta diminuição de 0,006 Ǻ em
(XIV) e de 0,003 Ǻ em (XVIII). Por outro lado, observa-se aumento de 0,003 Ǻ em
(XV) e de 0,007 Ǻ em (XVII). A ligação O(1)-C(9) encurta 0,004 Ǻ em (XIV) e (XVI)
e 0,005
Ǻ em (XVIII). Variações opostas às relatadas para os comprimentos das
ligações O(1)-C(2) e O(1)-C(9) são verificadas para C(2)-C(3), a qual apresenta
69
diminuições de 0,003 Ǻ e 0,006 Ǻ em (XV) e (XVII) e aumentos de 0,016, 0,003 e
0,003 Ǻ em (XIV), (XVI) e (XVIII), respectivamente. O comprimento de ligação C(3)-
C(4) aumentou 0,004 e 0,008 Ǻ em (XV) e (XVII) e diminuiu 0,003 Ǻ em (XVI). A
ligação C(4)-C(10) alonga-se 0,006 Ǻ em (XVI) e 0,003 Ǻ em (XVIII). Porém, essa
ligação diminui 0,007 e 0,010 Ǻ nos cátions (XV) e (XVII). Enquanto o comprimento
de ligação C(5)-C(10) não se altera em (XIV), nos demais compostos ocorrem variações
opostas às observadas para C(4)-C(10). Desta forma, o comprimento da ligação C(5)-
C(10) aumentou 0,012 Ǻ em (XV) e 0,004 Ǻ em (XVII), e diminuiu 0,011 Ǻ em (XVI)
e 0,005 Ǻ em (XVIII). O comprimento da ligação C(5)-C(6) aumentou 0,008 e 0,010 Ǻ
nos cátions (XV) e (XVI), respectivamente, e diminuiu (0,007 Ǻ) em (XVII).
Aumentos de 0,007 e 0,011 Ǻ ocorrem no comprimento da ligação C(6)-C(7) nos
cátions (XVI) e (XVII). Essa ligação encurta-se 0,010 Ǻ em (XV) e 0,005 Ǻ em
(XVIII). Variações de 0,003 e 0,005 Ǻ denotam diminuições no comprimento de
ligação C(7)-C(8) em (XIV) e (XVI), enquanto que aumentos de 0,006 Ǻ, 0,011 Ǻ e
0,004 Ǻ ocorrem para essa ligação em (XV), (XVII) e (XVIII), respectivamente. A
ligação C(8)-C(9) é alongada em 0,016 Ǻ no cátion (XVIII) e encurtada em 0,007 Ǻ e
0,012 Ǻ em (XV) e (XVII). A ligação comum aos dois anéis do cátion benzopirílio,
C(9)-C(10), aumenta 0,003 Ǻ e 0,006 Ǻ nos derivados hidroxilados (XV) e (XVII). As
variações dos comprimentos das ligações C-H foram bastante pequenas. Por fim, a
hidroxilação provocou alterações inferiores a 1% nos ângulos de ligação internos dos
anéis A e C do benzopirílio.
70
(XIII) (XIV)
(XV) (XVI)
(XVII) (XVIII)
Figura 13
.
Geometrias de equilíbrio do cátion benzopirílio e derivados hidroxilados
(distâncias dadas em Ǻ e ângulos em graus).
71
B – Cargas atômicas
As cargas atômicas obtidas pelos métodos NPA, GAPT e MK para (XIII)
(XVIII) estão apresentadas na Tabela 50. Para os carbonos que não tem ligações com o
grupo hidroxila (C(2), C(4), C(9) e C(10)), observa-se que C(2) e C(9) apresentam
cargas positivas e que, à exceção das cargas MK de (XIV), C(10) apresenta carga
negativa. Devido à elevada eletronegatividade do oxigênio, os átomos de carbono
ligados à hidroxila tornam-se mais positivos ou apresentam um aumento de carga
positiva. As cargas NPA, MK e GAPT do C(3) e do C(8) são negativas, exceto em
(XIV) e (XVIII), nos quais o grupo hidroxila está ligado a estes carbonos,
respectivamente. Para os demais átomos de carbono do benzopirílio, as cargas NPA
diferem das cargas MK e GAPT. A discordância entre as cargas obtidas por diferentes
métodos foi abordada durante a análise dos complexos formados entre o cátion pirílio e
moléculas de água.
72
Tabela 50. Cargas NPA, MK e GAPT para o cátion benzopirílio ((XIII)) e derivados hidroxilados ((XIV)-(XVIII)).
Composto
Cargas
O(1) C(2) C(3) C(4) C(5) C(6) C(7) C(8) C(9) C(10) H[OH]
NPA -0,386
0,287
-0,326
-0,042
-0,170
-0,209
-0,145
-0,261 0,371
-0,128
(XIII) MK -0,294
0,330
-0,384
0,203 -0,088
-0,158
0,073 -0,422 0,650
-0,193
GAPT -0,330
0,360
-0,308
0,458 0,078 -0,062
0,128 -0,173 0,345
-0,231
NPA -0,371
0,254
0,235 -0,131
-0,187
-0,203
-0,158
-0,257 0,360
-0,108
0,539
(XIV) MK -0,252
0,161
0,310 -0,220
-0,151
-0,135
0,038 -0,337 0,477
0,059 0,480
GAPT -0,204
0,226
0,428 0,232 0,040 -0,021
0,076 -0,138 0,250
-0,115
0,350
NPA -0,393
0,286
-0,330
-0,040
0,400 -0,307
-0,130
-0,293 0,381
-0,167
0,543
(XV) MK -0,280
0,352
-0,417
0,216 0,450 -0,415
0,155 -0,506 0,603
-0,220
0,481
GAPT -0,396
0,409
-0,366
0,486 0,748 -0,226
0,289 -0,328 0,433
-0,334
0,357
NPA -0,380
0,278
-0,323
-0,051
-0,234
0,343 -0,210
-0,246 0,356
-0,114
0,532
(XVI) MK -0,297
0,330
-0,355
0,180 -0,291
0,387 -0,112
-0,396 0,595
-0,115
0,441
GAPT -0,238
0,282
-0,239
0,359 -0,153
0,653 0,001 -0,042 0,190
-0,046
0,361
NPA -0,400
0,274
-0,333
-0,054
-0,154
-0,272
0,402 -00312
0,380
-0,139
0,537
(XVII) MK -0,310
0,338
-0,430
0,286 0,027 -0,388
0,600 -0,604 0,730
-0,360
0,435
GAPT -0,333
0,310
-0,341
0,533 0,207 -0,186
0,920 -0,401 0,508
-0,371
0,379
NPA -0,369
0,290
-0,326
-0,043
-0,205
-0,192
-0,237
0,298 0,332
-0,115
0,538
(XVIII) MK -0,194
0,279
-0,350
0,205 -0,262
-0,031
-0,214
0,176 0,485
-0,114
0,486
GAPT -0,335
0,382
-0,304
0,446 -0,049
0,059 -0,051
0,498 0,251
-0,169
0,343
73
Tabela 50. Continuação.
Composto
Cargas
H[C(2)]
R
1
[C(3)]
H[C(4)]
R
2
[C(5)]
R
3
[C(6)]
R
4
[C(7)]
R
5
[C(8)]
NPA 0,277 0,303 0,288 0,278 0,285 0,284 0,292
(XIII) MK 0,155 0,231 0,148 0,172 0,183 0,161 0,233
GAPT 0,132 0,127 0,101 0,082 0,090 0,094 0,108
NPA 0,282 -0,669 0,280 0,275 0,283 0,283 0,292
(XIV) MK 0,206 -0,567 0,205 0,176 0,175 0,154 0,219
GAPT 0,151 -0,733 0,092 0,079 0,087 0,094 0,105
NPA 0,276 0,302 0,301 -0,679 0,275 0,284 0,292
(XV) MK 0,144 0,233 0,167 -0,581 0,210 0,157 0,250
GAPT 0,129 0,124 0,120 -0,733 0,081 0,095 0,111
NPA 0,275 0,302 0,288 0,286 -0,668 0,275 0,293
(XVI) MK 0,147 0,216 0,139 0,230 -0,526 0,180 0,246
GAPT 0,135 0,126 0,101 0,098 -0,778 0,082 0,108
NPA 0,275 0,301 0,286 0,280 0,275 -0,646 0,301
(XVII) MK 0,148 0,233 0,125 0,169 0,217 -0,500 0,284
GAPT 0,128 0,124 0,100 0,085 0,078 -0,863 0,123
NPA 0,277 0,302 0,288 0,277 0,284 0,274 -0,673
(XVIII) MK 0,158 0,219 0,138 0,208 0,176 0,191 -0,558
GAPT 0,131 0,127 0,101 0,085 0,088 0,085 -0,689
74
C – Análise energética
A estabilidade dos cátions substituídos com grupo hidroxila em diferentes
posições pode ser verificada através das energias relativas, apresentadas na Tabela 51.
Tabela 51. Energias relativas corrigidas pela ZPE, (E+ZPE), (kcal/mol).
(E+ZPE) relativas a (XVII)
(XIV) (XV) (XVI) (XVIII)
7,94 1,75 3,74 6,36
Considerando-se os cátions substituídos com grupo hidroxila, (XVII) é o
apresenta a maior estabilidade. Este fato sugere que o cátion benzopirílio é mais
estabilizado quando a substituição de um átomo de hidrogênio por um grupo hidroxila
ocorre no C(7). O cátion (XV) é 1,75 kcal/mol menos estável que (XVII), demonstrando
que a substituição no C(5) também promove significativa estabilização do benzopirílio.
Os cátions (XIV) e (XVIII), com grupos hidroxila ligados nos átomos C(3) e (C8),
respectivamente, são cerca de 6-8 kcal/mol menos estáveis do que (XVII). Com
(E+ZPE) intermediária a (XV) e (XIV) e (XVIII), encontra-se o cátion (XVI), o qual é
3,74 kcal/mol menos estável do que (XVII).
D – Harmonic Oscillator Stabilization Energy (HOSE)
As contribuições das estruturas de ressonância para o cátion benzopirílio (Figura
14), calculadas com o método HOSE,
121,123
estão apresentadas na Tabela 52.
O
(15) (14)
O O
(13) (12)
O O
(11)
(10)
OO
(9)
O
(8)
(7)
O
(6)
O
Figura 14. Estruturas de ressonância do cátion benzopirílio.
75
Tabela 52. Contribuições das estruturas canônicas para (XIII)-(XVIII) calculadas pelo
método HOSE (kJ/mol).
HOSE (kJ/mol)
Composto
(6) (7) (8) (9) (10) (11) (12) (13) (14) (15)
(XIII) 138,77
117,04
144,79
112,94
140,39
131,64
104,19
123,79
100,26
95,35
(XIV) 141,65
106,89
139,61
109,88
142,60
142,60
109,88
134,75
109,54
101,54
(XV) 139,43
129,26
142,45
121,73
134,92
121,83
108,64
104,35
91,33 94,41
(XVI) 141,77
115,68
138,42
112,74
135,48
130,48
107,74
131,54
110,95
101,66
(XVII) 130,97
133,52
156,07
121,54
144,08
126,69
104,14
111,19
77,51 86,75
(XVIII) 138,80
112,44
140,55
111,85
139,96
134,35
106,24
130,66
111,07
99,54
Contribuição das estruturas de ressonância (Ci, (%))
(XIII) 8,54 10,12 8,20 10,49 8,44 9,00 11,37 9,57 11,82 12,43
(XIV) 8,59 11,38 8,71 11,07 8,53 8,53 11,07 9,03 11,10 11,98
(XV) 8,33 8,99 8,15 9,54 8,61 9,53 10,69 11,13 12,72 12,30
(XVI) 8,54 10,47 8,75 10,74 8,94 9,28 11,24 9,21 10,91 11,91
(XVII) 8,71 8,55 7,31 9,39 7,92 9,01 10,96 10,26 14,72 13,16
(XVIII) 8,69 10,73 8,59 10,79 8,62 8,98 11,36 9,24 10,86 12,12
As estruturas de ressonância que mais contribuem para a estabilidade do cátion
benzopirílio são, em ordem de importância: (15) > (14) > (12) > (9) > (7) > (13) > (11)
> (6) > (10) > (8). Após a hidroxilação, algumas pequenas modificações são observadas
nos pesos dessas estruturas de ressonância. A contribuição (Ci) da estrutura de
ressonância (6) praticamente não se altera, independentemente da posição do grupo
hidroxila. O cátion (XIV) apresenta aumento próximo a 1,3% na contribuição da
estrutura de ressonância (7). Em (XV), ocorrem diminuições de aproximadamente 1%
nas contribuições das estruturas de ressonância (7) e (9). Por outro lado, verifica-se um
aumento, com intensidade semelhante, na contribuição das estruturas de ressonância
(13) e (14). Em (XVI) e (XVIII), hidroxilados nos carbonos C(6) e C(8),
respectivamente, observa-se apenas a diminuição de 1% na Ci da estrutura de
ressonância (14). As maiores modificações ocorrem em (XVII). Para esse cátion, as
diminuições nas contribuições de (7), (8) e (10) foram próximas de 1,5% para a primeira
e de 1% para as outras duas. Entretanto, a Ci de (14) aumenta cerca de 3%. Os valores
das contribuições (Ci) demonstram que a ressonância do benzopirílio é mais
influenciada pela hidroxilação no carbono C(3) e, principalmente, nos carbonos C(5) e
C(7).
76
E – Harmonic Oscillator Model of Aromaticity (HOMA)
O índice HOMA, calculado com a transformação das ligações C-O em C-C
virtuais (Tabela 53), demonstra que o anel C do cátion benzopirílio, (XIII), é
significantemente menos aromático do que o benzeno (HOMA = 0,9742, Tabela 14),
pirílio (HOMA = 0,7362, Tabela 14) e um dos anéis do naftaleno (Tabela 53).
Adicionalmente, a hidroxilação nos átomos C(5) e C(7) promove uma perda da
aromaticidade em (XV) e (XVII), respectivamente. Os resultados permitem verificar
que os termos EN e GEO contribuem semelhantemente para o decréscimo da
aromaticidade do anel C de (XIII). O oposto é observado para os cátions (XIV) e
(XVIII), com o grupo hidroxila ligado aos carbonos C(3) e C(8), nos quais pode-se
notar a diminuição do termo GEO. A substituição de hidrogênio por hidroxila no C(6),
cátion (XVI), praticamente não altera o índice HOMA.
Tabela 53. HOMA, EN e GEO para o anel C dos cátions (XIII)-(XVIII).
Composto HOMA EN GEO
Naftaleno
0,7526 0,1154 0,1319
(XIII) 0,5961 0,2209 0,1830
(XIV) 0,6331 0,2445 0,1224
(XV) 0,5715 0,2233 0,2052
(XVI) 0,6066 0,2287 0,1646
(XVII) 0,5486 0,2318 0,2195
(XVIII) 0,6294 0,2127 0,1578
Considerando a divisão do anel C em duas partes (parte com ligações C-C e
parte com ligações C-O, Tabela 54), verifica-se que o índice HOMA da parte
heterocíclica apresenta valores próximos a zero ou negativos, como nos cátions (XV) e
(XVII). Isto pode ser atribuído ao termo EN, uma vez que o comprimento da ligação C-
O nos cátions (XIII)-(XVIII) é bastante superior ao comprimento ótimo dessa ligação
(1,265 Å). Para a parte C-C, é observado um maior equilíbrio entre as contribuições dos
termos EN e GEO.
77
Tabela 54. Contribuição das diferentes ligações para HOMA, EN e GEO para o anel C
dos cátions (XIII)-(XVIII).
Contribuição C-C Contribuição C-O
Composto
HOMA
Total
HOMA
EN GEO HOMA
EN GEO
(XIII) 0,5878
0,8797
0,0523
0,0679
0,0039
0,9331
0,0629
(XIV) 0,6251
0,8803
0,0882
0,0315
0,1147
0,8158
0,0694
(XV) 0,5630
0,8718
0,0470
0,0812
-0,0545
0,9947
0,0598
(XVI) 0,5984
0,8613
0,0660
0,0727
0,0726
0,8735
0,0539
(XVII) 0,5400
0,8490
0,0487
0,1022
-0,0780
1,0326
0,0455
(XVIII) 0,6214
0,8798
0,0580
0,0622
0,1045
0,8387
0,0568
Apesar do anel A do benzopirílio e dos derivados hidroxilados apresentar um
índice HOMA (Tabela 55) inferior ao do benzeno, verifica-se que esse anel é mais
aromático que o do pirílio e o do naftaleno. Analogamente ao observado para o anel C, a
ligação da hidroxila no átomo C(5) e, sobretudo, no C(7), provoca uma diminuição da
aromaticidade em (XV) e (XVII), respectivamente. Nesses cátions, o aumento do
comprimento de ligação com relação ao R
opt
(termo EN) e a alternância dos
comprimentos de ligação (termo GEO) contribuem de maneira semelhante para o
decréscimo da aromaticidade do anel A de (XIII).
Tabela 55. HOMA, EN e GEO para o anel A de (XIII)-(XVIII).
Composto HOMA EN GEO
(XIII) 0,8435 0,0687 0,0878
(XIV) 0,8384 0,0673 0,0943
(XV) 0,8180 0,0866 0,0954
(XVI) 0,8494 0,0745 0,0761
(XVII) 0,7653 0,0882 0,1465
(XVIII) 0,8530 0,0850 0,0620
F – Nucleus-Independent Chemical Shifts (NICS)
O parâmetro NICS foi utilizado para verificar a influência do substituinte
hidroxila na aromaticidade do cátion benzopirílio (Tabela 56). O parâmetro NICS para o
benzeno (NICS (0) = -8,15 e NICS (1) = -10,21, Tabela 16), pirílio (NICS (0) = -5,79 e
NICS (1) = -8,92, Tabela 16) e naftaleno (Tabela 56) foram utilizados como referência
de aromaticidade.
Considerando os cátions (XIII), (XIV), (XVI) e (XVIII), os três últimos com
grupos hidroxilas ligados aos carbonos C(5), C(6) e C(8), respectivamente, NICS (1)
demonstra que o anel A do benzopirílio (a indicação dos anéis A, B e C está apresentada
78
na Figura 1) apresenta uma aromaticidade um pouco superior as do benzeno e naftaleno.
O contrário é observado para (XV) e (XVII). Relativamente ao pirílio, o parâmetro
NICS (1) demonstra uma diminuição da aromaticidade do anel C nos cátions (XV) e
(XVII), nos quais o grupo hidroxila está ligado ao C(5) e C(7), nesta ordem. Este efeito
é discreto para os cátions (XIII), (XVI) e (XVIII) e praticamente inexistente para (XIV).
Tabela 56. NICS (0) e NICS (1), em ppm, para (XIII)-(XVIII).
Composto
NICS Anel
Naftaleno
(XIII) (XIV) (XV) (XVI)
(XVII)
(XVIII)
A -9,58 -9,34 -9,33 -10,70
-9,27 -10,94
NICS (0)
C
-8,75
-5,82 -7,86 -5,33 -5,62 -4,63 -5,78
A -11,28
-11,00
-10,01
-11,21
-10,02 -11,38
NICS (1)
C
-10,61
-8,21 -8,89 -7,59 -8,02 -7,05 -8,11
Comparativamente ao cátion benzopirílio, (XIII), os valores de NICS (1)
indicam que a substituição de hidrogênio por hidroxila no C(5) ((XV)) e no C(7)
((XVII)) provoca a diminuição da aromaticidade dos anéis A e C, corroborando as
observações obtidas com o índice HOMA. Um pequeno aumento na aromaticidade do
anel C é observado para (XIV) (hidroxila ligada ao C(3)). As alterações do NICS (1)
para os demais cátions ((XVI) e (XVIII)) são bastante pequenas, sugerindo que o grupo
hidroxila ligado aos átomos C(6) e C(8) exerce pequena ou nenhuma influência na
aromaticidade dos anéis A e C do benzopirílio.
G – Análise AIM (Atoms in Molecules)
A análise topológica da densidade eletrônica foi realizada com o uso da teoria de
átomos em moléculas (AIM) com o propósito de obter maiores informações sobre a
variação da densidade eletrônica durante a substituição de átomos de hidrogênio por
grupos hidroxila nos carbonos C(3), C(5), C(6), C(7) e C(8). Os pontos críticos de
ligação e de anel (BCPs e RCPs) foram analisados com relação a sua densidade
eletrônica (ρ
b
), seu Laplaciano (
2
ρ
b
) e sua elipticidade () (Tabelas 57-62, valores em
u.a.). Com a integração sobre as bacias atômicas foram obtidas informações a respeito
da carga atômica (q()), da estabilidade energética (E()), da polarização dipolar
(M()) e do volume do átomo (v()) (Tabelas 63-68, valores em u.a.). O índice PDI
(para-Delocalization Index) para os anéis A e C do benzopirílio está apresentado na
Tabela 69.
79
Tabela 57. Análise dos pontos críticos para (XIII).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,3032
0,0841 0,0312
C(2)-C(3) 0,3246
-0,9413
0,2400
C(3)-C(4) 0,3143
-0,8725
0,1665
C(4)-C(10) 0,3081
-0,8435
0,1395
C(5)-C(10) 0,2979
-0,7931
0,1437
C(5)-C(6) 0,3238
-0,9110
0,2241
C(6)-C(7) 0,3019
-0,8140
0,1391
C(7)-C(8) 0,3176
-0,8803
0,2037
C(8)-C(9) 0,3162
-0,9053
0,2203
C(9)-O(1) 0,2759
-0,0436
0,0054
C(9)-C(10) 0,3016
-0,8163
0,1764
C(2)-H[C(2)]
0,2982
-1,2162
0,0335
C(3)-R
1
[C(3)]
0,2890
-1,0977
0,0174
C(4)-H[C(4)]
0,2909
-1,1200
0,0059
C(5)-R
2
[C(5)]
0,2880
-1,0740
0,0132
C(6)-R
3
[C(6)]
0,2895
-1,0899
0,0105
C(7)-R
4
[C(7)]
0,2904
-1,1021
0,0040
C(8)-R
5
[C(8)]
0,2877
-1,0807
0,0161
Anel C
0,0214
0,1643
Anel A 0,0198
0,1546
Tabela 59. Análise dos pontos críticos para (XV).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,3017
0,0595 0,0380
C(2)-C(3) 0,3266
-0,9512
0,2503
C(3)-C(4) 0,3118
-0,8613
0,1569
C(4)-C(10) 0,3111
-0,8513
0,1533
C(5)-C(10) 0,2962
-0,7921
0,1809
C(5)-C(6) 0,3206
-0,9052
0,2618
C(6)-C(7) 0,3052
-0,8214
0,1736
C(7)-C(8) 0,3138
-0,8603
0,2010
C(8)-C(9) 0,3192
-0,9202
0,2455
C(9)-O(1) 0,2756
-0,0767
0,0034
C(9)-C(10) 0,2996
-0,8035
0,1855
C(2)-H[C(2)] 0,2981
-1,2137
0,0334
C(3)-R
1
[C(3)] 0,2889
-1,0953
0,0188
C(4)-H[C(4)] 0,2927
-1,1466
0,0062
C(5)-R
2
[C(5)] 0,3020
-0,3347
0,0036
C(6)-R
3
[C(6)] 0,2853
-1,0443
0,0219
C(7)-R
4
[C(7)] 0,2904
-1,1018
0,0031
C(8)-R
5
[C(8)] 0,2872
-1,0731
0,0224
O-H (hidroxila)
0,3577
-2,1226
0,0181
Anel C
0,0214
0,164
Anel A 0,0194
0,1505
Tabela 58. Análise dos pontos críticos para (XIV).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,3058
0,1424 0,0385
C(2)-C(3) 0,3215
-0,9245
0,2831
C(3)-C(4) 0,3157
-0,8779
0,2149
C(4)-C(10) 0,3059
-0,8268
0,1558
C(5)-C(10) 0,2970
-0,7884
0,1466
C(5)-C(6) 0,3240
-0,9105
0,2302
C(6)-C(7) 0,3008
-0,8083
0,1377
C(7)-C(8) 0,3189
-0,8857
0,2120
C(8)-C(9) 0,3143
-0,8958
0,2171
C(9)-O(1) 0,2759
0,0335 0,0323
C(9)-C(10) 0,3024
-0,8191
0,1794
C(2)-H[C(2)] 0,2969
-1,2121
0,0383
C(3)-R
1
[C(3)] 0,3046
-0,4232
0,0368
C(4)-H[C(4)] 0,2872
-1,0786
0,0023
C(5)-R
2
[C(5)] 0,2876
-1,0676
0,0157
C(6)-R
3
[C(6)] 0,2894
-1,0884
0,0099
C(7)-R
4
[C(7)] 0,2901
-1,0981
0,0059
C(8)-R
5
[C(8)] 0,2876
-1,0794
0,0160
O-H (hidroxila)
0,3576
-2,1202
0,0194
Anel C
0,0210
0,1605
Anel A 0,0198
0,1544
Tabela 60. Análise dos pontos críticos para (XVI).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,3031
0,1236 0,0140
C(2)-C(3) 0,3229
-0,9323
0,2346
C(3)-C(4) 0,3159
-0,8784
0,1755
C(4)-C(10) 0,3050
-0,8292
0,1322
C(5)-C(10) 0,3020
-0,8052
0,1800
C(5)-C(6) 0,3219
-0,9132
0,2629
C(6)-C(7) 0,3010
-0,8122
0,1755
C(7)-C(8) 0,3189
-0,8813
0,2283
C(8)-C(9) 0,3152
-0,8950
0,2197
C(9)-O(1) 0,2773
-0,0033
0,0432
C(9)-C(10) 0,3009
-0,8118
0,1775
C(2)-H[C(2)] 0,2980
-1,2121
0,0360
C(3)-R
1
[C(3)] 0,2889
-1,0964
0,0169
C(4)-H[C(4)] 0,2909
-1,1182
0,0042
C(5)-R
2
[C(5)] 0,2867
-1,0665
0,0219
C(6)-R
3
[C(6)] 0,3023
-0,3648
0,0017
C(7)-R
4
[C(7)] 0,2868
-1,0631
0,0105
C(8)-R
5
[C(8)] 0,2878
-1,0831
0,0152
O-H (hidroxila)
0,3597
-2,1173
0,0189
Anel C
0,0213
0,1641
Anel A 0,0195
0,1510
80
Tabela 61. Análise dos pontos críticos para (XVII).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,2984
0,0429 0,0358
C(2)-C(3) 0,3281
-0,9561
0,2617
C(3)-C(4) 0,3096
-0,8504
0,1570
C(4)-C(10) 0,3132
-0,8634
0,1643
C(5)-C(10) 0,2959
-0,7831
0,1357
C(5)-C(6) 0,3265
-0,9182
0,2544
C(6)-C(7) 0,2990
-0,8077
0,1676
C(7)-C(8) 0,3150
-0,8837
0,2373
C(8)-C(9) 0,3214
-0,9213
0,2705
C(9)-O(1) 0,2779
-0,1056
0,0017
C(9)-C(10) 0,2985
-0,8023
0,1690
C(2)-H[C(2)] 0,2980
-1,2106
0,0352
C(3)-R
1
[C(3)] 0,2887
-1,0915
0,0193
C(4)-H[C(4)] 0,2904
-1,1120
0,0045
C(5)-R
2
[C(5)] 0,2883
-1,0787
0,0113
C(6)-R
3
[C(6)] 0,2857
-1,0508
0,0174
C(7)-R
4
[C(7)] 0,3084
-0,3069
0,0200
C(8)-R
5
[C(8)] 0,2864
-1,0754
0,0228
O-H (hidroxila)
0,3583
-2,1230
0,0166
Anel C
0,0213
0,1634
Anel A 0,0194
0,1505
Tabela 62. Análise dos pontos críticos para (XVIII).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,3048
0,1148 0,0262
C(2)-C(3) 0,3234
-0,9355
0,2342
C(3)-C(4) 0,3155
-0,8775
0,1706
C(4)-C(10) 0,3065
-0,8369
0,1342
C(5)-C(10) 0,2995
-0,8003
0,1573
C(5)-C(6) 0,3221
-0,9005
0,2287
C(6)-C(7) 0,3022
-0,8094
0,1616
C(7)-C(8) 0,3174
-0,8851
0,2478
C(8)-C(9) 0,3129
-0,8844
0,2754
C(9)-O(1) 0,2787
0,0025 0,0640
C(9)-C(10) 0,3012
-0,8118
0,1868
C(2)-H[C(2)] 0,2982
-1,2168
0,0336
C(3)-R
1
[C(3)] 0,2890
-1,0973
0,0171
C(4)-H[C(4)] 0,2910
-1,1205
0,0057
C(5)-R
2
[C(5)] 0,2874
-1,0659
0,0204
C(6)-R
3
[C(6)] 0,2895
-1,0895
0,0099
C(7)-R
4
[C(7)] 0,2860
-1,0548
0,0139
C(8)-R
5
[C(8)] 0,3027
-0,3914
0,0330
O-H (hidroxila)
0,3584
-0,4673
0,0190
Anel C
0,0215
0,1649
Anel A 0,0194
0,1504
(1) Topologia. Uma topologia consistente deve apresentar bonds path (BP) entre os
núcleos de átomos ligados, contendo uma superfície interatômica (IAS Interatomic
Surface) e um ponto crítico de ligação (BCP). A topologia total dos cátions (XIII)-
(XVIII) encontrou-se consistente com a relação de Poincaré-Hopf.
104,215
A Figura 15
apresenta, como exemplo de topologia consistente, o gráfico molecular do cátion (XIV),
na qual os pontos em vermelho indicam os BCPs e os pontos em amarelos, os RCPs.
Figura 15. Gráfico molecular do derivado hidroxilado no C(3), (XIV).
(2) Densidade eletrônica do ponto crítico de ligação (
ρ
b
). Interações de camada fechada
estão associadas a baixos valores de ρ
b
.
104
Para (XIV), as densidades eletrônicas (ρ
b
)
81
dos pontos críticos de ligação (BCPs) O(1)-C(2), C(3)-C(4) e C(7)-C(8) apresentaram
um aumento. Efeito oposto ocorre para os BCPs C(2)-C(3), C(4)-C(10), C(6)-C(7),
C(8)-C(9), C(2)-H[C(2)] e C(4)-H[C(4)]. Esses dados sugerem que a ligação do grupo
hidroxila no C(3) pode favorecer a estrutura de ressonância (7) (Figura 14). Em (XV),
ρ
b
aumenta nos BCPs C(2)-C(3), C(4)-C(10), C(6)-C(7), C(8)-C(9) e C(4)-H[C(4)] e
diminui nos BCPs O(1)-C(2), C(3)-C(4), C(5)-C(10), C(5)-C(6), C(7)-C(8), C(9)-C(10)
e C(6)-R
3
[C(6)], favorecendo a estrutura de ressonância (13) (Figura 14). Em (XVI), ρ
b
aumenta nos BCPs C(3)-C(4), C(5)-C(10), C(7)-C(8) e O(1)-C(9). As diminuições das
ρ
b
dos BCPs C(2)-C(3), C(4)-C(10), C(5)-C(6), C(6)-C(7) e C(8)-C(9), sugerem um
desfavorecimento da estrutura de ressonância (14) (Figura 14). Para esse cátion, nota-se
ainda diminuições da densidade eletrônica dos pontos críticos C(5)-R
2
[C(5)] e C(7)-
R
4
[C(5)]. De acordo com as variações das densidades eletrônicas dos BCPs de (XVII),
nota-se um favorecimento da estrutura de ressonância (14) em oposição ao
desfavorecimento das estruturas de ressonância (7) e (8) (Figura 14). Nesse cátion, ρ
b
aumenta nos BCPs C(2)-C(3), C(4)-C(10), C(5)-C(6), C(8)-C(9) e O(1)-C(9) e diminui
nos BCPs O(1)-C(2), C(3)-C(4), C(5)-C(10), C(6)-C(7), C(7)-C(8), C(9)-C(10), C(6)-
R
3
[C(6)] e C(8)-R
4
[C(6)]. Por fim, a ligação de uma hidroxila no C(8), (XVIII), provoca
diminuição da ρ
b
dos BCPs C(2)-C(3), C(4)-C(10), C(5)-C(6) e C(8)-C(9) e aumento da
ρ
b
dos BCPs O(1)-C(2), C(3)-C(4), C(5)-C(10) e C(9)-C(10), desfavorecendo a
estrutura de ressonância (14) (Figura 14). Todas essas observações corroboram com os
resultados obtidos pelo método HOSE para as contribuições (Ci) das estruturas de
ressonância do benzopirílio.
Como mencionado anteriormente, a elipticidade () pode ainda fornecer
informações sobre o e caráter π das ligações.
105
Por exemplo, a ligação C-C deve
mostrar um aumento da elipticidade quando se passa do etano para o benzeno e para o
eteno.
104
Embora as elipticidades dos BCPs tenham demonstrado variações com a
posição da hidroxilação, não foi possível estabelecer uma correlação direta dessa
propriedade com a densidade eletrônica (ρ
b
) e, conseqüentemente, com as estruturas de
ressonância do benzopirílio. Entretanto, a maioria das ligações dos anéis A e C dos
cátions (XIV)-(XVIII) demonstraram aumento da elipticidade após a hidroxilação,
refletindo um aumento do caráter π dessas ligações em relação ao benzopirílio, (XIII).
(3) Laplaciano da densidade eletrônica do ponto crítico de ligação (
2
ρ
b
). Assim como
a elipticidade, essa é uma grandeza derivada da diagonalização da matriz Hessiana da
82
densidade eletrônica.
104
Para ligações iônicas, ligações de hidrogênio e moléculas de
van der Waals
2
ρ
b
deve ser positivo.
104,215
Os Laplacianos para as ligações O(1)-C(2) e
O(1)-C(9) são bastante inferiores aos das ligações C-C e, em alguns casos, assumem
valores positivos que caracterizam um maior caráter iônico para essas ligações. Isso
ocorre nas ligações O(1)-C(2) em todos os cátions estudados e nas ligações O(1)-C(9)
de (XIV) e (XVIII).
Tabela 63. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (XIII).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,0907
0,263
97,64
76,0573
C(2) 0,6392 0,798
68,52
37,6841
C(3) 0,0855 0,217
82,49
38,0462
C(4) 0,0597 0,084
78,63
38,0664
C(5) 0,0380 0,142
81,31
38,0618
C(6) 0,0489 0,120
81,70
38,0506
C(7) 0,0514 0,106
80,69
38,0489
C(8) 0,0854 0,225
80,92
38,0479
C(9) 0,4820 0,702
60,48
37,8205
C(10) 0,0415 0,134
69,46
38,1129
H[C(2)]
0,1507 0,115
40,74
0,5697
R
1
[C(3)]
0,1058 0,113
43,33
0,5834
H[C(4)]
0,1021 0,116
44,09
0,5869
R
2
[C(5)]
0,0723 0,122
45,97
0,5981
R
3
[C(6)]
0,0797 0,120
45,21
0,5966
R
4
[C(7)]
0,0833 0,118
44,82
0,5959
R
5
[C(8)]
0,0937 0,116
44,37
0,5882
Tabela 65. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (XV).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,0937
0,259
98,52 76,0342
C(2) 0,6170 0,808
68,79 37,6915
C(3) 0,0980 0,219
82,61 38,0298
C(4) 0,0725 0,105
77,25 38,0550
C(5) 0,6129 0,715
57,90 37,7057
C(6) 0,0453 0,163
82,43 38,0467
C(7) 0,0713 0,095
79,50 38,0275
C(8) 0,0852 0,238
81,67 38,0351
C(9) 0,4995 0,693
59,88 37,8010
C(10) 0,0497 0,059
69,40 38,1094
H[C(2)] 0,1477 0,115
40,82 0,5710
R
1
[C(3)] 0,1138 0,121
43,13 0,5789
H[C(4)] 0,1331 0,115
40,48 0,5754
R
2
[C(5)] -1,1274
0,239
118,84
75,9071
R
3
[C(6)] 0,0665 0,126
46,29 0,5987
R
4
[C(7)] 0,0974 0,128
44,31 0,5886
R
5
[C(8)] 0,0895 0,117
44,35 0,5895
H (hidroxila)
0,6287 0,144
19,49 0,3383
Tabela 64. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (XIV).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,0881
0,264
97,66 76,0415
C(2) 0,6821 0,759
67,18 37,6609
C(3) 0,6708 0,653
58,00 37,6879
C(4) 0,0415 0,117
79,46 38,0725
C(5) 0,0431 0,145
81,82 38,0467
C(6) 0,0840 0,128
80,98 38,0210
C(7) 0,0657 0,099
80,61 38,0314
C(8) 0,0889 0,246
80,87 38,0365
C(9) 0,4904 0,695
60,49 37,8062
C(10) 0,0566 0,137
68,60 38,0927
H[C(2)] 0,1670 0,115
39,97 0,5601
R
1
[C(3)] -1,1081
0,245
120,44
75,8887
H[C(4)] 0,0937 0,123
45,04 0,5870
R
2
[C(5)] 0,0722 0,127
46,11 0,5974
R
3
[C(6)] 0,0764 0,120
45,23 0,5979
R
4
[C(7)] 0,0801 0,117
44,99 0,5971
R
5
[C(8)] 0,1006 0,123
44,01 0,5842
H (hidroxila)
0,6292 0,144
19,56 0,3377
Tabela 66. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (XVI).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,0917
0,260
98,28 76,0374
C(2) 0,6395 0,795
68,79 37,6733
C(3) 0,1068 0,216
82,10 38,0247
C(4) 0,0611 0,084
78,79 38,0546
C(5) 0,0656 0,173
80,94 38,0484
C(6) 0,6258 0,697
57,94 37,6936
C(7) 0,0414 0,101
80,92 38,0521
C(8) 0,0780 0,206
80,55 38,0451
C(9) 0,4937 0,688
60,51 37,8045
C(10) 0,0529 0,122
68,67 38,0950
H[C(2)] 0,1506 0,117
40,87 0,5694
R
1
[C(3)] 0,1084 0,117
43,27 0,5818
H[C(4)] 0,1123 0,123
43,80 0,5815
R
2
[C(5)] 0,0976 0,128
44,63 0,5846
R
3
[C(6)] -1,1127
0,239
120,54
75,8951
R
4
[C(7)] 0,0715 0,123
45,72 0,5979
R
5
[C(8)] 0,1018 0,121
43,73 0,5841
H (hidroxila)
0,6198 0,149
19,99 0,3439
83
Tabela 67. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (XVII).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,1034
0,259
98,27 76,0390
C(2) 0,6198 0,791
69,13 37,6885
C(3) 0,0774 0,213
82,92 38,0408
C(4) 0,0580 0,089
78,72 38,0566
C(5) 0,0540 0,124
80,35 38,0453
C(6) 0,0483 0,131
81,79 38,0490
C(7) 0,6352 0,738
57,06 37,6828
C(8) 0,0991 0,225
80,34 38,0454
C(9) 0,4901 0,709
59,78 37,8057
C(10) 0,0572 0,119
69,52 38,0942
H[C(2)] 0,1502 0,120
40,83 0,5693
R
1
[C(3)] 0,1049 0,118
43,51 0,5832
H[C(4)] 0,1103 0,127
43,92 0,5817
R
2
[C(5)] 0,0768 0,123
45,55 0,5962
R
3
[C(6)] 0,0695 0,126
45,98 0,5976
R
4
[C(7)] -1,1071
0,261
119,33
75,9099
R
5
[C(8)] 0,1174 0,120
42,89 0,5756
H (hidroxila)
0,6266 0,146
19,69 0,3392
Tabela 68. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (XVIII).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,0932
0,301
95,11 76,0534
C(2) 0,6471 0,800
68,33 37,6714
C(3) 0,0839 0,195
82,62 38,0406
C(4) 0,0622 0,083
78,58 38,0556
C(5) 0,0448 0,154
82,16 38,0453
C(6) 0,0683 0,114
80,54 38,0294
C(7) 0,0312 0,149
81,84 38,0557
C(8) 0,6459 0,679
57,68 37,7014
C(9) 0,4996 0,692
60,55 37,8075
C(10) 0,0591 0,152
68,66 38,0933
H[C(2)] 0,1609 0,121
40,28 0,5640
R
1
[C(3)] 0,1100 0,117
43,06 0,5811
H[C(4)] 0,1098 0,122
43,60 0,5826
R
2
[C(5)] 0,0740 0,127
45,69 0,5961
R
3
[C(6)] 0,0840 0,126
44,87 0,5941
R
4
[C(7)] 0,0695 0,124
46,06 0,5982
R
5
[C(8)] -1,1093
0,249
118,67
75,8916
H (hidroxila)
0,6250 0,147
19,70 0,3404
(4) Cargas (q(
)). A perda de elétrons sofrida por um átomo é a representação do
decréscimo da população eletrônica, o qual é mensurado pela diferença entre a
população eletrônica do átomo antes e depois da substituição por um grupo hidroxila no
benzopirílio, N().
Diferentemente das cargas NPA, MK e GAPT, as cargas AIM apresentam carga
positiva para todos os átomos de carbono do benzopirílio. Em (XIII), é possível
observar concentração de carga positiva nos carbonos C(2) e C(9). Os carbonos ligados
ao grupo hidroxila nos cátions (XIV)-(XVIII) (C(3), C(5), C(6), C(7) e C(8),
respectivamente) apresentam perda de elétrons e elevam consideravelmente suas cargas
positivas. Para os demais átomos, a hidroxilação no C(3), (XIV), leva ao aumento da
carga positiva dos átomos C(2), C(6), C(7), C(9), C(10) e H[C(2)] e diminuição dessa
carga para C(4) e H[C(4)]. Em (XV), tornam-se mais positivas as cargas dos átomos
C(3), C(4), C(7), C(9), C(10), R
1
[C(3)], H[C(4)] e R
4
[C(7)]. Um aumento da carga
positiva é observado para os átomos C(3), C(5), C(9), C(10), H[C(4)], R
2
[C(5)] e
R
5
[C(8)] de (XVI). Por outro lado, a carga positiva dos átomos C(7), C(8) e H[C(7)]
diminuem. A ligação do grupo hidroxila no C(7), (XVII), faz com que se tornem mais
positivas as cargas dos átomos C(5), C(8), C(9), C(10), H[C(4)] e R
5
[C(8)] e menos
positivas as dos C(2), C(3) e R
3
[C(6)]. Para esse cátion, destaca-se ainda a diminuição
da carga negativa de O(1). Finalmente, em (XVIII), as cargas positivas dos átomos
84
C(2), C(5), C(6), C(9), C(10), H[C(2)] e H[C(4)] aumentaram, enquanto que as dos
átomos C(7) e R
4
[C(7)], diminuíram.
(5) Desestabilização energética (
E(
)). Os átomos de carbono ligados ao grupo
hidroxila apresentam grande desestabilização energética: 940 kJ/mol em C(3), 935
kJ/mol em C(5), 937 kJ/mol em C(6), 960 kJ/mol em C(7) e 910 kJ/mol em C(8).
Dentre os átomos que constituem os anéis A e C do benzopirílio, O(1), C(3), C(6), C(8),
C(9) e C(10), são desestabilizados após a substituição de um hidrogênio por uma
hidroxila. Para O(1), as desestabilizações foram de 41, 60, 52, 48 e 10 kJ/mol nos
cátions (XIV)-(XVIII), respectivamente. Para C(3), as desestabilizações energéticas
encontram-se em torno de 43 e 56 kJ/mol em (XV) e (XVI) e de 14 kJ/mol em (XVII) e
(XVIII). Desestabilizações de 78, 10 e 56 kJ/mol ocorrem para C(6) nos cátions (XIV),
(XV) e (XVIII). Esse átomo é pouco desestabilizado (4 kJ/mol) em (XVII). Para (XIV)
e (XV) a desestabilização energética do C(8) foi maior do que em (XVI) e (XVII),
sendo de 30 e 34 kJ/mol nos dois primeiros e próxima de 7 kJ/mol nos dois últimos. Na
série (XIV)-(XVIII) o C(9) foi desestabilizado em 37, 51, 42, 39 e 34 kJ/mol e o C(10)
em 53, 9, 47, 49 e 51 kJ/mol. Algumas desestabilizações energéticas para átomos de
hidrogênio apresentaram valores significativos. Assim, H[C(2)] foi desestabilizado em
25 e 15 kJ/mol nos cátions (XIV) e (XVIII); R
1
[C(3)] em 12 e 6 kJ/mol nos cátions
(XV) e (XVIII); H[C(4)] em 30, 14, 14 e 11 kJ/mol em (XV)-(XVIII), R
2
[C(5)] em 35,
5 e 5 kJ/mol nos cátions (XVI)-(XVIII); R
3
[C(6)] em 7 kJ/mol no cátion (XVIII);
R
4
[C(7)] em 19 kJ/mol no cátion (XV) e R
5
[C(8)] em 10, 11 e 33 kJ/mol nos cátions
(XIV), (XVI) e (XVII).
Alguns átomos foram estabilizados energeticamente após a adição do grupo
hidroxila ao benzopirílio. Em cada um dos cátions substituídos, um átomo carbono foi
estabilizado. Desta forma, C(4) apresenta estabilização de 16 kJ/mol em (XIV),
enquanto que C(2) é estabilizado em 19 e 11 kJ/mol em (XV) e (XVII),
respectivamente, e C(7) em 8 e 18 kJ/mol nos cátions (XVI) e (XVIII). As maiores
estabilizações para átomos de hidrogênio situam-se entre 5-6 kJ/mol e ocorreram para
R
3
[C(6)] em (XV) e R
4
[C(7)] em (XVI) e (XVIII).
(6) Polarização dipolar (M(
)). Essa propriedade fornece uma medida do tamanho e da
direção da polarização dipolar da densidade eletrônica do átomo.
215
A perda de
densidade não ligada do átomo tem como conseqüência o decréscimo em sua
polarização dipolar (magnitude do primeiro momento).
104,105
Dessa forma, um aumento
85
ou diminuição da ressonância deve causar alterações na densidade eletrônica não ligada
dos átomos. Nos átomos de carbono ligados ao grupo hidroxila, é possível observar um
grande aumento da polarização dipolar (M()). Para (XIV), a presença do grupo
hidroxila no C(3) provoca aumento da M() dos átomos C(3), C(4) e C(8) e diminuição
dessa propriedade para o átomo C(2). A M() aumenta para os átomos C(2), C(4), C(5),
C(6) e C(8) e diminui para C(7), C(10) e R
4
[C(7)], quando o grupo hidroxila se encontra
ligado ao C(5) ((XV)). Em (XVI), M() aumenta para C(5) e C(6) e diminui para C(8),
C(9) e C(10). Em (XVII), observa-se um aumento na densidade eletrônica não ligada
dos átomos C(6), C(7) e H[C(4)]. Efeito oposto ocorre para M() dos átomos C(5) e
C(10). O grupo hidroxila ligado ao C(8), (XVIII), provoca aumento da M() dos
átomos O(1), C(5), C(7), C(8) e C(10) e diminuição dessa propriedade atômica para os
átomos C(3) e C(9).
(7) Volume atômico (v(
)). Modificações no volume atômico podem representam
ganho ou perda de densidade eletrônica. Os átomos de carbono ligados ao grupo
hidroxila apresentaram queda acentuada de seus volumes atômicos (aproximadamente
24 u.a.), denotando perda de densidade eletrônica. As alterações nos v() dos demais
átomos foram discretas, raramente ultrapassando 1 u.a..
(8) Índice de deslocalização (DI). O anel A dos cátions (XIII)-(XVIII) apresentou
índice PDI inferior ao do benzeno (PDI = 0,103 elétrons, Tabela 43) e naftaleno (Tabela
69). Analogamente, o anel C do benzopirílio e de seus derivados hidroxilados também
demonstra ser menos aromático do que o pirílio (PDI = 0,079 elétrons, Tabela 43).
Tabela 69. Índices de deslocalização para (PDI, elétrons) dos anéis A e C para os
cátions (XIII)-(XVIII).
PDI
Composto
Anel A Anel C
Naftaleno 0.075
(XIII) 0,070 0,057
(XIV) 0,069 0,057
(XV) 0,062 0,058
(XVI) 0,063 0,056
(XVII) 0,056 0,055
(XVIII) 0,064 0,058
Os índices PDI sugerem um decréscimo muito pequeno da aromaticidade do
anel A do benzopirílio ((XIII)) após a substituição de um hidrogênio por um grupo
86
hidroxila. Esse efeito é mais pronunciado no cátion (XVII), no qual a hidroxila se
encontra ligada no C(7) e praticamente inexistente no cátion (XIV), hidroxilado no
C(3). Para o anel C as variações são ainda mais discretas, ou seja, a aromaticidade desse
anel não é influenciada pela hidroxilação do benzopirílio nos carbonos C(3), C(5), C(6),
C(7) e C(8). A substituição por grupos doadores de elétrons, como a hidroxila, deveria
ativar o anel e aumentar sua aromaticidade. Isso não ocorre para os índices PDI dos
cátions (XIII)-(XVIII). Resultados semelhantes foram obtidos no estudo da
aromaticidade de derivados do carbazol.
124
Comparando os índices de aromaticidade para o anel A dos cátions (XIII)-
(XVIII), NICS (1), HOMA e PDI, verifica-se que esses métodos não se correlacionam
quanto à ordem de aromaticidade para anel em questão (a ausência de correlação entre
NICS, HOMA e PDI também foi abordada no estudo da aromaticidade de derivados do
carbazol
124
):
- NICS (1): (XVIII) > (XIII) > (XVI) > (XIV) > (XVII) > (XV)
- HOMA: (XVIII) > (XVI) > (XIII) > (XIV) > (XV) > (XVII)
- PDI: (XIII) > (XIV) > (XVIII) > (XVI) > (XV) > (XVII)
Entretanto, os três métodos concordam quanto ao fato de que o decréscimo da
aromaticidade desse anel é maior quando o grupo hidroxila está ligado aos carbonos
C(5) e C(7), cátions (XV) e (XVII), respectivamente. Utilizando a mesma comparação
para o anel C dos cátions (XIII)-(XVIII), obtêm-se as seqüências:
- NICS (1): (XIV) > (XIII) > (XVIII) > (XVI) > (XV) > (XVII)
- HOMA: (XIV) > (XVIII) > (XVI) > (XIII) > (XV) > (XVII)
- PDI: (XV) = (XVIII) > (XIII) = (XIV) > (XVI) > (XVII)
Novamente os três índices indicam a menor aromaticidade do anel para o cátion
hidroxilado no C(7), (XVII). Os índices NICS (1) e HOMA, diferentemente do PDI,
também denotam concordância com a ordem estabelecida para a aromaticidade do anel
C dos cátions (XV) e (XIV).
H – Espectros eletrônicos
Analogamente ao realizado no estudo do cátion pirílio, os espectros eletrônicos
dos cátions (XIII)-(XVIII) foram obtidos com o uso do método ZINDO,
222-224
efetuando-se excitações simples para os 50 primeiros estados excitados (singlet). As
87
ilustrações dos orbitais moleculares (Figuras 16-18) foram feitas com o uso do
programa gOpenMol 3.00.
222,223
Os espectros teóricos (Figura 19) foram obtidos pela
convolução de Gaussianas com FWHM (Full-Width Half-Maximum - largura a meia
altura) de 11 nm e a altura dos picos proporcional à força do oscilador no programa
Synspec.
224
Para o cátion benzopirílio ((XIII), Tabela 70, Figuras 16 e 19), observam-se três
bandas de absorção mais intensas: a principal com λ=189 nm e outras duas com
comprimentos de onda próximos a 199 nm e 122 nm. A banda principal corresponde à
excitação de um elétron do estado fundamental para o estado 10, enquanto que as outras
duas referem-se a excitações para os estados 7 e 44. Para a banda principal, as
transições HOMOLUMO+2 e HOMO-2LUMO são as de maiores contribuições. Já
para as outras duas, as maiores contribuições pertencem às transições
HOMO-1LUMO+2 (λ=199 nm) e HOMO-3LUMO+4 (λ=122 nm). A força do
oscilador da excitação de um elétron do HOMO para o LUMO (estado 1) é bastante
inferior a da banda principal. Uma quarta banda (λ=326 nm), de intensidade menor que
as anteriores, é notada para a excitação de um elétron do estado fundamental para o
estado 2, com maior contribuição da transição HOMO-1LUMO. Por fim, a excitação
de um elétron para o estado 3 dá origem a uma banda em λ=248 nm (maior contribuição
da transição HOMOLUMO+1).
HOMO HOMO-1
Figura 16. Orbitais moleculares envolvidos nas principais transições eletrônicas no
cátion benzopirílio, (XIII).
88
HOMO-2 HOMO-3
HOMO-6 LUMO
LUMO+1 LUMO+2
LUMO+3 LUMO+4
Figura 16. Continuação.
89
LUMO+5 LUMO+8
Figura 16. Continuação.
Tabela 70. Principais transições eletrônicas para (XIII): ƒ é a força do oscilador; λ (em
nm) é o comprimento de onda e E (em eV) é a energia da transição eletrônica.
Composto
Transições Coeficientes
ƒ λ
E
Estado
HOMOLUMO
0,68623 0,1145
356,16
3,4811 1
HOMO-1LUMO+2
0,53564
HOMOLUMO+1
0,37727
HOMOLUMO+3
0,17022
0,6547
198,65
6,2413 7
HOMO-3LUMO+4
-0,13157
HOMO-2LUMO
0,41120
HOMO-1LUMO+1
-0,29364
HOMOLUMO+2
0,43718
1,0748
189,44
6,5449 10
HOMO-6LUMO+2
0,17879
HOMO-3LUMO+4
0,60002
HOMO-3LUMO+5
0,19607
(XIII)
HOMO-3LUMO+8
-0,12176
0,4775
122,01
10,1621
44
A hidroxilação de (XIII) provoca alterações no espectro eletrônico do
benzopirílio que variam de acordo com a posição na qual a hidroxila está ligada (Figura
19). Para exemplificar tais modificações, as Tabelas 71 e 72 apresentam as principais
transições eletrônicas para os cátions (XIV) e (XVII), os quais são os cátions
substituídos menos e mais estáveis, respectivamente.
90
Tabela 71. Principais transições eletrônicas para (XIV): ƒ é a força do oscilador; λ (em
nm) é o comprimento de onda e E (em eV) é a energia da transição eletrônica.
Composto
Transições Coeficientes
ƒ λ
E
Estado
HOMO-1LUMO
-0,19816
HOMOLUMO
0,65891
0,2506
373,39
3,3205 1
HOMO-2LUMO
-0,29262
HOMO-1LUMO+1
0,34098
HOMOLUMO+1
0,41293
HOMOLUMO+2
-0,30369
0,3512
221,04
5,6090 6
HOMO-2LUMO+1
-0,17306
HOMO-1LUMO+1
0,38890
HOMO-1LUMO+2
0,41268
HOMOLUMO
-0,10015
HOMOLUMO+1
-0,14143
HOMOLUMO+2
0,24507
HOMOLUMO+3
0,18796
0,7403
203,08
6,1050 8
HOMO-2LUMO
-0,13169
HOMO-2LUMO+1
0,10030
HOMO-1LUMO+1
0,19129
HOMO-1LUMO+2
-0,33588
HOMOLUMO+1
0,10851
HOMOLUMO+2
0,50398
HOMOLUMO+3
-0,18309
0,6210
198,57
6,2438 9
HOMO-8LUMO
-0,14045
HOMO-8LUMO+1
-0,20006
HOMO-5LUMO+2
-0,18252
HOMO-3LUMO+4
0,46728
HOMO-3LUMO+7
0,12120
(XIV)
HOMO-2LUMO+6
0,30644
0,3573
122,59
10,1134
46
Em (XIV) (Tabela 71, Figura 17), com hidroxila ligada ao C(3), as maiores
forças do oscilador são decorrentes das excitações de um elétron do estado fundamental
para os estados 8 e 9, correspondendo a comprimentos de onda em 203 nm e 199 nm.
Para o primeiro, a transição de maior contribuição é HOMO-1LUMO+2, enquanto
que para o segundo HOMOLUMO+2. Bandas de menor intensidade são observadas
em 221 nm (transição eletrônica de maior contribuição HOMOLUMO+1) e 123 nm
(transição eletrônica de maior contribuição HOMO-3LUMO+4) e correspondem a
91
excitações eletrônicas de um elétron do estado fundamental para os estados 6 e 46,
respectivamente.
HOMO HOMO-1
HOMO-2 HOMO-3
HOMO-5 HOMO-8
LUMO LUMO+1
Figura 17. Orbitais moleculares envolvidos nas principais transições eletrônicas no
cátion hidroxilado (XIV).
92
LUMO+2 LUMO+3
LUMO+4 LUMO+6
LUMO+7
Figura 17. Continuação.
O espectro de absorção do tion (XV), com hidroxila ligada ao C(5), apresenta
a banda principal (com maior força do oscilador) em λ=191 nm com contribuição mais
significativa da transição HOMO-2LUMO. Essa banda é oriunda da excitação de um
elétron do estado fundamental para o estado 10. Observam-se ainda, bandas de absorção
mais fracas nos comprimentos de onda 263, 203 e 121 nm, as quais correspondem a
excitações eletrônicas simples do estado fundamental para os estados 3, 8 e 50,
93
respectivamente. As transições de maior contribuição para essas bandas são
HOMOLUMO+1, HOMO-1LUMO+2 e HOMO-5LUMO+4.
A ligação da hidroxila ao C(6) no cátion (XVI) provoca alterações no perfil do
espectro de absorção. As duas bandas mais intensas (λ=203 nm e λ=123 nm) são
decorrentes das excitações de um elétron do estado fundamental para os estados 8 e 46,
com respectivas contribuições das transições HOMO-1LUMO+1 e HOMO-
3LUMO+4. Entretanto, outras bandas de intensidade pouco inferiores ocorrem nos
comprimentos de onda 231, 196, 262, 179 e 333 nm. Tais bandas são oriundas das
excitações de um elétron do estado fundamental para os estados 4, 9, 3, 14 e 2 e
possuem principais contribuições das transições HOMOLUMO+2,
HOMO-1LUMO+2, HOMOLUMO+1, HOMO-4LUMO e HOMO-1LUMO,
respectivamente.
Tabela 72. Principais transições eletrônicas para (XVII): ƒ é a força do oscilador; λ (em
nm) é o comprimento de onda e E (em eV) é a energia da transição eletrônica.
Composto
Transições Coeficientes
ƒ λ
E
Estado
HOMO-1LUMO
-0,18066
HOMO-1LUMO+1
-0,10668
HOMOLUMO
0,66307
0,4242
366,45
3,3834 1
HOMO-2LUMO
0,30864
HOMO-1LUMO+1
0,47407
HOMO-1LUMO+2
-0,13435
HOMOLUMO+2
-0,34792
HOMOLUMO+3
-0,11709
0,7474
205,09
6,0453 7
HOMO-2LUMO
0,19935
HOMO-1LUMO+2
0,59164
HOMO-1LUMO+3
-0,15617
HOMOLUMO+1
0,16408
HOMOLUMO+2
-0,13427
0,8466
191,29
6,4815 9
HOMO-5LUMO+4
-0,24792
HOMO-4LUMO+2
-0,18383
HOMO-3LUMO+4
0,55921
HOMO-3LUMO+7
0,10724
(XVII)
HOMO-3LUMO+8
-0,13530
0,4192
121,13
10,2356
47
94
Quatro bandas, duas mais intensas e duas mais fracas compõem o perfil do
espectro eletrônico do cátion (XVII) (Tabela 72, Figura 18), no qual a hidroxila se
encontra ligada ao C(7). As duas de maior intensidade são, em ordem decrescente,
correspondentes às excitações simples do estado fundamental para os estados 9 (maior
contribuição da transição HOMO-1LUMO+2) e 7 (maior contribuição da transição
HOMO-1LUMO+1). As outras duas apresentam intensidades semelhantes e ocorrem
nos comprimentos de onda λ=366 nm (maior contribuição da transição
HOMOLUMO) e λ=121 nm (maior contribuição da transição HOMO-3LUMO+4).
HOMO HOMO-1
HOMO-2 HOMO-3
HOMO-4 HOMO-5
Figura 18. Orbitais moleculares envolvidos nas principais transições eletrônicas no
cátion hidroxilado (XVII).
95
LUMO LUMO+1
LUMO+2 LUMO+3
LUMO+4 LUMO+7
LUMO+8
Figura 18. Continuação.
96
Para o cátion (XVIII), com hidroxila ligada ao C(8), destaca-se a banda em
λ=198 nm (maior contribuição da transição HOMO-1LUMO+1) decorrente da
excitação de um elétron do estado fundamental para o estado 9. A segunda banda de
maior intensidade (λ=269 nm com principal contribuição da transição
HOMOLUMO+1) origina-se da excitação eletrônica simples do estado fundamental
para o estado 3. Com menores intensidades, notam-se bandas em 204, 124 e 187 nm. A
primeira decorre da excitação de um elétron para o estado 8 (maior contribuição da
transição HOMO-1LUMO+2), enquanto que a segunda e a terceira originam-se de
excitações para os estados 46 (maior contribuição da transição HOMO-3LUMO+4) e
12 (maior contribuição da transição HOMOLUMO+3), respectivamente.
100 150 200 250 300 350 400 450
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
(XVIII)
(XVII)
(XVI)
(XV)
(XIV)
(XIII)
Força do oscilador
Comprimento de onda (
λ
, nm)
Figura 19. Espectro eletrônico para o cátion benzopirílio, (XIII), e derivados
hidroxilados, (XIV)-(XVIII).
97
3.1.5 – Hidroxilação do cátion flavílio
A – Geometrias
Assim como observado para o benzopirílio, a substituição de um átomo de
hidrogênio por um grupo hidroxila no cátion flavílio, (XIX), provoca um aumento nos
comprimentos das ligações C-C adjacentes ao carbono ligado ao grupo hidroxila,
alterando os comprimentos de outras ligações que constituem os anéis do cátion (Figura
20).
Após a hidroxilação, o comprimento de ligação O(1)-C(2) apresenta aumento de
0,008 Ǻ em (XXII) e de 0,003 Ǻ em (XXIV). Diminuições de 0,006 Ǻ e de 0,003 Ǻ
ocorrem para o comprimento de ligação O(1)-C(9) nos cátions (XX) e (XXII),
respectivamente. O comprimento de ligação C(2)-C(3) aumenta 0,022 Ǻ e 0,005 Ǻ nos
cátions (XX) e (XXIV), e diminui 0,003 Ǻ e 0,009 Ǻ nos cátions (XXI) e (XXII). A
ligação C(3)-C(4) apresenta aumento de 0,004 Ǻ em (XX), 0,003 Ǻ em (XXI) e de
0,008 Ǻ em (XXII). Entretanto, esse comprimento de ligação diminui 0,003 Ǻ em
(XXIV). O comprimento de ligação C(4)-C(10) denota variações opostas às de C(3)-
C(4), com diminuições de 0,004 Ǻ, 0,007 Ǻ e 0,011 Ǻ nos cátions (XX)-(XXII) e
aumento de 0,003 Ǻ no cátion (XXIV). As ligações C(5)-C(6) e C(5)-C(10) não se
alteram em (XXIII). Porém, esta última aumenta 0,014 Ǻ em (XXI) e 0,006 Ǻ em
(XXII). No cátion (XXII), o comprimento de ligação C(5)-C(6) é encurtado em 0,010
Ǻ. Por outro lado, esse comprimento de ligação torna-se 0,009 Ǻ maior em (XXI).
98
(XIX)
(XX) (XXI)
(XXII) (XXIII)
(XXIV) (XXV)
Figura 20
. Geometrias de equilíbrio do cátion flavílio e derivados hidroxilados (distâncias
dadas em Ǻ e ângulos em graus).
99
As variações do comprimento de ligação C(6)-C(7) são contrárias às observadas
em C(5)-C(6). Desta forma, nota-se um alongamento (0,010 Ǻ) dessa ligação em (XXII)
e um encurtamento (0,013 Ǻ) em (XXI). A ligação C(7)-C(8) torna-se 0,007 e 0,009 Ǻ
mais longa nos cátions (XXI) e (XXII), respectivamente. Diminuições de 0,009 Ǻ e
0,005 Ǻ ocorrem no comprimento da ligação C(8)-C(9) de (XXI) e (XXII). A ligação
comum aos anéis A e C do cátion flavílio, C(9)-C(10), diminui 0,003 Ǻ em (XX) e
aumenta 0,010 Ǻ em (XXI) e 0,004 Ǻ em (XXII).
A hidroxila ligada ao C(5´), cátion (XXV), não provoca modificações nos
comprimentos de ligação que constituem os anéis A e C do flavílio, (XIX). O mesmo
ocorre para os comprimentos de ligação que constituem o anel A do flavílio, quando a
hidroxila está ligada ao C(3´), cátion (XXIII). Para esse tion, ressalta-se ainda que as
variações nos comprimentos de ligação que formam o anel C foram bastante pequenas
(0,001 Ǻ). Analogamente, não são observadas variações nos comprimentos de ligação
que constituem o anel B do flavílio quando o grupo hidroxila está ligado ao C(5), cátion
(XXI).
O comprimento da ligação que une o anel B aos anéis A e C, C(2)-C(1´),
diminui 0,012 Ǻ em (XXIV). Para o anel B do cátion flavílio, C(1´)-C(2´) diminui
0,006 Ǻ em (XXIII) e 0,004 Ǻ em (XXV). Por outro lado, esse comprimento de ligação
aumenta 0,006 Ǻ em (XX) e (XXIV). Variações opostas são observadas para C(2´)-
C(3´). Desta forma, aumentos de 0,005 Ǻ e 0,003 Ǻ ocorrem nos cátions (XXIII) e
(XXV), enquanto diminuições de 0,003 Ǻ e de 0,010 Ǻ são observadas em (XX) e em
(XXIV), respectivamente. Enquanto C(3´)-C(4´) aumenta 0,004 Ǻ em (XXIII) e 0,009
Ǻ em (XXIV), essa ligação torna-se 0,008 Ǻ mais curta no cátion (XXV). Um
decréscimo de 0,003 Ǻ é apresentado para o comprimento de ligação C(4´)-C(5´) nos
cátions (XX) e (XXIII). O contrário ocorre nos cátions (XXIV) e (XXV), com aumento
de 0,009 Ǻ para o primeiro e de 0,006 Ǻ para o segundo. O comprimento da ligação
C(5´)-C(6´) diminui 0,007 Ǻ em (XXIV) e aumenta 0,004 Ǻ em (XXV). Finalizando as
variações dos comprimentos de ligação do anel B do flavílio, observa-se que a ligação
C(1´)-C(6´) torna-se 0,004 Ǻ e 0,003 Ǻ mais longa nos cátions (XX) e (XXIV) do que
em (XIX). As alterações nos comprimentos das ligações C-H foram bastante pequenas,
destacando-se o encurtamento de 0,005 Ǻ na ligação C(6´)-H[C(6´)] no cátion (XX).
A hidroxilação do cátion flavílio provocou pequenas modificações (na maioria
das vezes inferior a 1º) nos ângulos de ligação internos dos anéis A, B e C de (XIX).
100
Assim, relata-se apenas o aumento de 2,1º no ângulo de ligação C(9)-O(1)-C(2) e a
diminuição de 1,9º no ângulo de ligação O(1)-C(2)-C(3) quando o cátion flavílio é
hidroxilado no C(3), cátion (XX). Esse cátion também apresentou a maior variação no
ângulo de ligação que envolve átomos dos anéis C e B, com aumento de 2,7
o
no ângulo
C(3)-C(2)-C(1´). Isso pode ser atribuído às distorções decorrentes na formação da
ligação de hidrogênio entre o oxigênio da hidroxila ligada ao C(3) e o H[C(6´)] (Figura
20).
B – Cargas atômicas
As cargas atômicas obtidas pelos métodos NPA, GAPT e MK para os cátions
(XIII)–(XVIII) estão apresentadas nas Tabela 73. Os átomos de carbono ligados à
hidroxila, ou seja, C(3) em (XX), C(5) em (XXI), C(7) em (XXII), C(3´) em (XXIII),
C(4´) em (XXIV) e C(5´) em (XXV), tornam-se ou demonstram aumento da carga
positiva. Entretanto, nos demais cátions, as cargas dos átomos C(3), C(5), C(3´) e C(5´)
são sempre negativas.
Assim como no benzopirílio, os carbonos C(2) e C(9) apresentam cargas
positivas. Por outro lado, nos cátions (XIX)–(XXV), C(6) e C(8) apresentam cargas
negativas. À exceção das cargas MK no cátion (XX), as cargas dos átomos C(10) e
C(1´) também são negativas. Já as cargas dos átomos C(2´) e C(4´) revelam maior
divergência, sendo negativas para os métodos NPA e MK e positivas para o GAPT
(com exceção das cargas GAPT no cátion (XXIII), as quais são pouco negativas).
Resultado análogo é observado para as cargas do C(6´), ou seja, cargas NPA e MK
negativas e cargas GAPT positivas. Para os demais átomos de carbono do flavílio, as
diferenças entre as cargas NPA, MK e GAPT são mais acentuadas. Para as cargas NPA
e GAPT as maiores cargas positivas, considerando os átomos de carbono, são sempre
atribuídas ao C(2). O mesmo não ocorre com as cargas MK.
De um modo geral, a hidroxilação nos carbonos C(3), C(5) e C(7), cátions (XX),
(XXI) e (XXII), respectivamente, causam modificações semelhantes às observadas para
os cátions benzopirílio hidroxilados nas mesmas posições, (XIV), (XV) e (XVII).
101
Tabela 73. Cargas NPA, MK e GAPT para o cátion flavílio ((XIX)) e derivados hidroxilados ((XX)-(XXV)).
Composto Cargas O(1) C(2) C(3) C(4) C(5) C(6) C(7) C(8) C(9) C(10) C(1´) C(2´) C(3´) C(4´) C(5´) C(6´) H[OH]
NPA -0,418 0,479 -0,304 -0,058 -0,176 -0,219 -0,170 -0,249 0,357 -0,139 -0,144 -0,161 -0,235 -0,161 -0,234 -0,173
(XIX) MK -0,354 0,570 -0,373 0,042 -0,132 -0,126 0,041 -0,408 0,565 -0,070 -0,167 -0,025 -0,138 -0,018 -0,107 -0,098
GAPT -0,447 1,157 -0,633 0,679 0,175 -0,063 0,011 -0,133 0,215 -0,292 -0,594 0,133 -0,209 0,125 -0,156 0,177
NPA -0,413 0,445 0,261 -0,153 -0,191 -0,214 -0,181 -0,247 0,352 -0,120 -0,145 -0,163 -0,240 -0,157 -0,240 -0,168 0,538
(XX) MK -0,270 0,313 0,312 -0,315 -0,162 -0,135 0,0 -0,307 0,389 0,108 0,009 -0,114 -0,132 -0,005 -0,143 -0,126 0,479
GAPT -0,322 1,057 -0,040 0,466 0,156 -0,026 -0,054 -0,090 0,092 -0,181 -0,594 0,132 -0,229 0,139 -0,174 0,209 0,319
NPA -0,421 0,481 -0,308 -0,074 0,379 -0,273 -0,153 -0,280 0,368 -0,190 -0,144 -0,161 -0,235 -0,161 -0,234 -0,174 0,522
(XXI) MK -0,311 0,412 -0,336 0,109 0,419 -0,309 0,083 -0,515 0,625 -0,284 -0,017 -0,038 -0,113 -0,025 -0,071 -0,136 0,424
GAPT -0,502 1,198 -0,706 0,725 0,916 -0,207 0,209 -0,314 0,298 -0,445 -0,596 0,134 -0,205 0,125 -0,160 0,177 0,319
NPA -0,428 0,467 -0,312 -0,063 -0,165 -0,251 0,387 -0,336 0,379 -0,152 -0,141 -0,167 -0,235 -0,168 -0,233 -0,177 0,531
(XXII) MK -0,291 0,526 -0,415 0,057 -0,131 -0,268 0,616 -0,660 0,573 -0,098 -0,134 -0,069 -0,117 -0,048 -0,105 -0,095 0,469
GAPT -0,422 1,071 -0,688 0,798 0,320 -0,176 0,885 -0,417 0,381 -0,462 -0,554 0,117 -0,204 0,109 -0,140 0,159 0,330
NPA -0,416 0,481 -0,303 -0,059 -0,177 -0,219 -0,170 -0,248 0,358 -0,138 -0,126 -0,215 0,320 -0,238 -0,218 -0,202 0,526
(XXIII) MK -0,330 0,486 -0,370 0,092 -0,168 -0,153 0,039 -0,405 0,543 -0,059 -0,039 -0,164 0,403 -0,233 -0,021 -0,207 0,453
GAPT -0,429 1,137 -0,624 0,671 0,177 -0,061 0,008 -0,133 0,207 -0,288 -0,484 -0,032 0,436 -0,004 -0,032 0,039 0,334
NPA -0,427 0,468 -0,304 -0,068 -0,178 -0,222 -0,175 -0,250 0,353 -0,141 -0,164 -0,147 -0,274 0,389 -0,306 -0,154 0,530
(XXIV) MK -0,309 0,397 -0,304 0,001 -0,164 -0,150 0,063 -0,429 0,541 -0,008 -0,050 -0,045 -0,249 0,517 -0,305 -0,100 0,449
GAPT -0,497 1,282 -0,656 0,697 0,200 -0,069 -0,017 -0,122 0,213 -0,311 -0,810 0,303 -0,404 1,103 -0,379 0,388 0,374
NPA -0,417 0,478 -0,305 -0,058 -0,176 -0,219 -0,169 -0,249 0,358 -0,139 -0,126 -0,183 -0,223 -0,199 0,320 -0,259 0,521
(XXV) MK -0,380 0,661 -0,395 -0,003 -0,138 -0,138 0,028 -0,359 0,512 -0,017 -0,183 -0,043 -0,157 -0,150 0,479 -0,330 0,455
GAPT -0,459 1,168 -0,638 0,688 0,180 -0,064 0,008 -0,135 0,223 -0,301 -0,531 0,045 -0,106 0,020 0,513 0,013 0,316
102
Tabela 73. Continuação.
Composto Cargas R
1
[C(3)] H[C(4)] R
2
[C(5)] H[C(6)] R
3
[C(7)] H[C(8)] H[C(2´)] R
4
[C(3´)] R
5
[C(4´)] R
6
[C(5´)] H[C(6´)]
NPA 0,283 0,280 0,272 0,278 0,278 0,280 0,266 0,272 0,271 0,272 0,252
(XIX) MK 0,210 0,168 0,163 0,161 0,145 0,226 0,131 0,156 0,144 0,152 0,141
GAPT 0,098 0,089 0,072 0,080 0,079 0,093 0,078 0,063 0,074 0,064 0,066
NPA -0,689 0,269 0,269 0,277 0,277 0,279 0,264 0,271 0,270 0,271 0,280
(XX) MK -0,599 0,212 0,169 0,166 0,150 0,203 0,150 0,156 0,142 0,157 0,193
GAPT -0,632 0,080 0,069 0,077 0,078 0,091 0,075 0,060 0,072 0,060 0,109
NPA 0,283 0,261 -0,664 0,287 0,279 0,280 0,266 0,272 0,271 0,272 0,251
(XXI) MK 0,195 0,135 -0,521 0,217 0,153 0,253 0,106 0,143 0,132 0,134 0,136
GAPT 0,100 0,069 -0,759 0,099 0,084 0,098 0,078 0,061 0,074 0,063 0,066
NPA 0,282 0,279 0,275 0,288 -0,657 0,272 0,263 0,270 0,270 0,271 0,251
(XXII) MK 0,223 0,167 0,178 0,218 -0,579 0,255 0,135 0,153 0,150 0,152 0,138
GAPT 0,098 0,090 0,077 0,103 -0,891 0,084 0,074 0,060 0,071 0,061 0,065
NPA 0,283 0,280 0,271 0,278 0,278 0,281 0,274 -0,690 0,262 0,273 0,253
(XXIII) MK 0,212 0,144 0,185 0,177 0,154 0,233 0,168 -0,591 0,161 0,143 0,145
GAPT 0,100 0,088 0,072 0,079 0,079 0,094 0,094 -0,727 0,065 0,063 0,070
NPA 0,278 0,278 0,270 0,276 0,276 0,278 0,270 0,282 -0,658 0,264 0,255
(XXIV) MK 0,181 0,163 0,172 0,165 0,138 0,231 0,127 0,195 -0,560 0,170 0,164
GAPT 0,089 0,085 0,069 0,076 0,075 0,091 0,081 0,085 -1,070 0,055 0,070
NPA 0,280 0,280 0,272 0,278 0,278 0,280 0,266 0,273 0,280 -0,686 0,242
(XXV) MK 0,223 0,178 0,164 0,167 0,147 0,219 0,140 0,171 0,194 -0,600 0,155
GAPT 0,093 0,088 0,073 0,079 0,079 0,095 0,081 0,065 0,099 -0,748 0,057
103
C – Análise energética
As energias dos compostos foram comparadas a fim de se obter informações
sobre a estabilidade dos cátions substituídos com grupos hidroxila em diferentes
posições (Tabela 74).
Tabela 74. Energias relativas corrigidas pela ZPE, (E+ZPE), (kcal/mol).
(E+ZPE) relativas a (XXIV)
(XX) (XXI) (XXII) (XXIII) (XXV)
8,73 6,73 0,83 3,58 5,05
O cátion (XXIV), hidroxilado no C(4´), apresenta a maior estabilidade.
Entretanto, as energias relativas demonstram que o cátion (XXII), com o grupo
hidroxila ligado ao C(7), tem estabilidade próxima a de (XXIV), sendo apenas 0,83
kcal/mol menos estável. A ordem decrescente de estabilidade para os cátions (XX)-
(XXV) é dada por: (XXIV) > (XXII) > (XXIII) > (XXV) > (XXI) > (XX). Desta forma,
os cátions (XXIII) e (XXV), com a hidroxila ligada aos carbonos C(3´) e C(5´),
respectivamente, são 3,58 e 5,05 kcal/mol menos estáveis do que (XXIV). Os cátions de
menor estabilidade são os substituídos no C(5) ((XXI)) e, principalmente, no C(3)
((XX)). Estes cátions são, nesta ordem, 6,73 kcal/mol e 8,73 kcal/mol menos estáveis do
que (XXIV).
D – Harmonic Oscillator Stabilization Energy (HOSE)
Com base nos comprimentos de ligação, as contribuições das estruturas de
ressonância (Ci, (%)) do flavílio foram estimadas com o uso do método HOSE (Figura
21, Tabela 75). As estruturas de ressonância que mais contribuem para a estabilidade do
cátion flavílio ((XIX)) são as estruturas equivalentes (22) e (23), com a carga positiva
localizada no C(2), seguidas das estruturas de ressonância com dupla ligação entre os
anéis C e B, na ordem (37) > (36) (38), as quais apresentam carga positiva nos
carbonos C(4´), C(2´) e C(6´), respectivamente. Posteriormente, encontram-se as
estruturas de ressonância (28) e (29), com carga positiva no C(4). Para as contribuições
das demais estruturas ressonância têm-se, em ordem decrescente: (18) (19) (34)
(35) > (24)
(25) > (32) (33) > (20) (21) (26) (27) (30) (31) > (16) (17).
104
O
(34)(32)
O
O
(30) (28)
O
O
(26)(24)
O
O
(22)
O
(20)(21)
O
(23)
O
O
(25) (27)
O
O
(29)(31)
O
O
(35)
O
(33)
(18)
O
(16)
O
(17)
O
O
(19)
(36)
OO
(37)
O
(38)
Figura 21. Estruturas de ressonância do cátion flavílio.
105
Tabela 75. Contribuições das estruturas canônicas para (XIX)-(XXV) calculadas pelo
método HOSE (kJ/mol).
a) Estruturas de ressonância (16)-(25).
HOSE (kJ/mol)
Composto
(16) (17) (18) (19) (20) (21) (22) (23) (24) (25)
(XIX) 207,61
207,03
159,91
159,33
182,30
181,72
139,44
138,86
161,83
161,25
(XX) 209,82
202,77
159,84
152,80
188,49
181,45
138,34
131,30
167,00
159,96
(XXI) 210,71
210,13
172,82
172,24
174,29
173,71
153,38
152,80
154,84
154,27
(XXII) 190,40
190,40
171,12
171,12
197,78
197,78
142,72
142,72
169,37
169,37
(XXIII) 205,37
205,89
159,13
159,65
181,52
182,04
139,69
140,20
162,08
162,60
(XXIV) 217,43
213,40
163,99
159,96
184,06
180,03
140,48
136,45
160,54
156,51
(XXV) 201,81
211,42
154,61
164,23
177,00
186,62
134,14
143,76
156,53
166,15
Contribuição das estruturas de ressonância (Ci, (%))
(XIX) 3,46 3,47 4,50 4,51 3,94 3,96 5,16 5,18 4,44 4,46
(XX) 3,44 3,56 4,52 4,73 3,83 3,98 5,22 5,50 4,32 4,51
(XXI) 3,44 3,45 4,19 4,20 4,16 4,17 4,72 4,74 4,68 4,69
(XXII) 3,71 3,71 4,13 4,13 3,58 3,58 4,96 4,96 4,18 4,18
(XXIII) 3,51 3,50 4,53 4,51 3,97 3,96 5,16 5,14 4,44 4,43
(XXIV) 3,31 3,37 4,39 4,50 3,91 4,00 5,12 5,27 4,48 4,60
(XXV) 3,56 3,39 4,64 4,37 4,06 3,85 5,35 4,99 4,59 4,32
b) Estruturas de ressonância (26)-(35).
HOSE (kJ/mol)
Composto
(26) (27) (28) (29) (30) (31) (32) (33) (34) (35)
(XIX) 180,57
179,99
158,18
157,60
181,60
181,02
163,31
162,73
160,25
159,67
(XX) 194,27
187,23
165,62
158,58
192,71
185,67
172,72
165,68
167,21
160,17
(XXI) 169,96
169,38
168,50
167,92
160,44
159,86
155,06
154,49
161,84
161,26
(XXII) 177,87
177,87
151,21
151,21
170,02
170,02
139,93
139,93
145,37
145,37
(XXIII) 179,62
180,13
157,22
157,74
180,13
180,65
161,84
162,36
158,78
159,30
(XXIV) 183,98
179,95
163,92
159,89
187,57
183,54
171,00
166,97
168,56
164,53
(XXV) 175,28
184,90
152,89
162,50
175,79
185,41
157,51
167,12
154,45
164,06
Contribuição das estruturas de ressonância (Ci, (%))
(XIX) 3,98 3,99 4,54 4,56 3,96 3,97 4,40 4,42 4,49 4,50
(XX) 3,72 3,86 4,36 4,55 3,75 3,89 4,18 4,36 4,32 4,51
(XXI) 4,26 4,28 4,30 4,31 4,51 4,53 4,67 4,69 4,48 4,49
(XXII) 3,98 3,98 4,68 4,68 4,16 4,16 5,05 5,05 4,86 4,86
(XXIII) 4,01 4,00 4,58 4,57 4,00 3,99 4,45 4,44 4,54 4,52
(XXIV) 3,91 4,00 4,39 4,50 3,84 3,92 4,21 4,31 4,27 4,37
(XXV) 4,10 3,88 4,69 4,42 4,08 3,87 4,56 4,30 4,65 4,38
106
c) Estruturas de ressonância (36)-(38).
HOSE (kJ/mol)
Composto
(36) (37) (38)
(XIX) 154,97 148,36 155,55
(XX) 144,95 141,33 150,98
(XXI) 168,92 162,31 169,50
(XXII) 160,15 154,16 160,15
(XXIII) 157,63 153,40 159,81
(XXIV) 145,99 129,86 148,49
(XXV) 159,35 151,78 152,39
Contribuição das estruturas de ressonância (Ci, (%))
(XIX) 4,64 4,84 4,62
(XX) 4,98 5,11 4,78
(XXI) 4,29 4,46 4,27
(XXII) 4,42 4,59 4,42
(XXIII) 4,57 4,69 4,51
(XXIV) 4,93 5,54 4,85
(XXV) 4,50 4,73 4,71
A hidroxilação provoca alterações muito pequenas (inferiores a 1%) nas
contribuições das estruturas de ressonância de (XIX). De um modo geral, os cátions
(XXI), com hidroxila ligada ao C(5), e (XXII), com hidroxila ligada ao C(7), são os que
demonstram as maiores alterações na ressonância do flavílio, (XIX). O mesmo foi
observado para as contribuições das estruturas de ressonância do cátion benzopirílio,
discutidas anteriormente. Desta forma, em (XXI) destacam-se o aumento de 0,5% na
contribuição das estruturas de ressonância (30) e (31) e a diminuição, de mesmo valor,
nas contribuições de (22) e (23). Em (XXII), Ci aumenta 0,4% para as estruturas de
ressonância (34) e (35) e 0,7% para (32) e (33). Em contrapartida, observa-se uma
diminuição de 0,4% na contribuição das estruturas de ressonância (18), (19) e (21).
A presença do grupo hidroxila ligado ao C(3), cátion (XX), provoca um
acréscimo de 0,4% na contribuição da estrutura de ressonância (36). Em (XXIV),
hidroxilado no C(4´), Ci aumenta 0,7 % para (37). A hidroxilação no C(3´), cátion
(XXIII), praticamente não provocou modificações nas contribuições das estruturas de
ressonância do cátion flavílio.
E – Harmonic Oscillator Model of Aromaticity (HOMA)
Comparativamente ao benzeno (HOMA = 0,9742, Tabela 14), pirílio (HOMA =
0,7362, Tabela 14), naftaleno (HOMA = 0,7526, Tabela 53) e benzopirílio (HOMA =
107
0,5961, Tabela 53), o índice HOMA, calculado com a transformação das ligações C-O
em C-C virtuais (Tabela 76), demonstra que o anel C do cátion flavílio ((XIX)) é
significantemente menos aromático. A hidroxilação promove uma perda da
aromaticidade (aumento dos termos EN e GEO) em (XXIV), hidroxilado no C(4´). Por
outro lado, um pequeno aumento da aromaticidade é encontrado para os cátions (XXII)
e (XXIII), substituídos nos carbonos C(7) e C(3´). A substituição nos carbonos C(3),
C(5) e C(5´) praticamente não altera o índice HOMA. Em todos os casos, o termo EN,
vinculado ao aumento do comprimento de ligação com relação ao R
opt
, é o que mais
contribui para o decréscimo da aromaticidade do anel C do flavílio.
Tabela 76. HOMA, EN e GEO para o anel C dos cátions (XIX)-(XXV).
Composto HOMA EN GEO
(XIX)
0,5043 0,2962 0,1995
(XX) 0,4904 0,3417 0,1679
(XXI) 0,4935 0,3073 0,1992
(XXII) 0,5194 0,2844 0,1961
(XXIII) 0,5185 0,2887 0,1928
(XXIV) 0,4651 0,3167 0,2182
(XXV) 0,5069 0,2933 0,1998
A divisão do anel C em duas partes (Tabela 77) indica que o índice HOMA da
parte heterocíclica é negativo. Novamente, a principal contribuição para o decréscimo
da aromaticidade é decorrente dos longos comprimentos das ligações C-O no flavílio
(1,34 Å 1,37 Å em (XIX)-(XXV)) em relação ao comprimento ótimo dessa ligação
(1,265 Å), ou seja, do termo EN. Para a parte homocíclica (ligações C-C) é observado
um maior equilíbrio entre as contribuições dos termos EN e GEO.
Tabela 77. Contribuição das diferentes ligações para HOMA, EN e GEO para o anel C
de (XIX)-(XXV).
Contribuição C-C Contribuição C-O
Composto
HOMA
HOMA
EM GEO HOMA
EN GEO
(XIX)
0,4953
0,8563
0,0767
0,0670
-0,2266
1,1912
0,0354
(XX) 0,4815
0,7945
0,1247
0,0808
-0,1445
1,1237
0,0208
(XXI) 0,4845
0,8507
0,0835
0,0658
-0,2478
1,2049
0,0428
(XXII) 0,5102
0,9028
0,0599
0,0373
-0,2748
1,2606
0,0142
(XXIII) 0,5096
0,8641
0,0745
0,0615
-0,1994
1,1640
0,0354
(XXIV) 0,4560
0,8303
0,0835
0,0857
-0,2937
1,2606
0,0331
(XXV) 0,4979
0,8602
0,0745
0,0653
-0,2266
1,1912
0,0354
108
O índice HOMA para os anéis A e B do flavílio (Tabela 78) é inferior ao
calculado para o benzeno. Entretanto, o anel A de (XIX) demonstra uma aromaticidade
maior do que a observada para o naftaleno e para o anel A do cátion benzopirílio
(HOMA = 0,8435, Tabela 55). Ainda para esse anel, ocorre decréscimo da
aromaticidade nos cátions (XXI) e (XXII), substituídos nos carbonos C(5) e C(7),
indicada pelo aumento dos termos EN e GEO.para o anel B, o menor valor do índice
HOMA refere-se ao cátion (XXIV), hidroxilado do C(4´), no qual se destaca o aumento
do termo relacionado com a alternância dos comprimentos de ligação (GEO).
Tabela 78. HOMA, EN e GEO para os anéis A e B de (XIX)-(XXV).
HOMA EN GEO HOMA
EN GEO
Composto
Anel A Anel B
(XIX)
0,9026 0,0481 0,0493 0,9238 0,0470 0,0292
(XX) 0,9004 0,0470 0,0526 0,8995 0,0554 0,0451
(XXI) 0,8521 0,0716 0,0763 0,9238 0,0470 0,0292
(XXII) 0,8382 0,0660 0,0959 0,9292 0,0458 0,0250
(XXIII) 0,9026 0,0481 0,0493 0,9344 0,0470 0,0186
(XXIV) 0,9163 0,0435 0,0401 0,8698 0,0593 0,0709
(XXV) 0,9026 0,0481 0,0493 0,9268 0,0493 0,0238
F – Nucleus-Independent Chemical Shifts (NICS)
O parâmetro NICS para o benzeno (NICS (0)= -8,15 e NICS (1)= -10,21, Tabela
16), pirílio (NICS (0)= -5,79 e NICS (1)= -8,92, Tabela 16), naftaleno (NICS (0)= -8,75
e NICS (1)= -10,61, Tabela 56) e benzopirílio (NICS (0) para o anel A= -9,58; NICS (0)
para o anel C= -5,82; NICS (1) para o anel A= -11,28 e NICS (1) para o anel C= -8,21,
Tabela 56) foram comparados com os obtidos para os anéis A, B e C do flavílio (Tabela
79) com o objetivo de se verificar a influência da hidroxilação na aromaticidade desse
cátion.
Tabela 79. NICS (0) e (1), em ppm, para (XIX)-(XXV).
Composto
NICS Anel
(XIX)
(XX) (XXI)
(XXII)
(XXIII)
(XXIV)
(XXV)
A -9,20 -9,21 -9,25 -8,68 -9,13 -9,20 -9,07
NICS (0)
C -3,10 -5,66 -3,09 -2,63 -3,11 -2,30 -2,96
B -5,53 -5,62 -5,68 -5,97 -6,66 -5,91 -6,52
A -10,72
-10,63
-9,86 -9,32 -10,69 -10,62 -10,58
NICS (1)
C -5,59 -6,60 -5,28 -5,10 -5,71 -4,98 -5,52
B -8,32 -8,32 -8,48 -8,52 -8,02 -7,68 -7,91
109
O anel A do flavílio ((XIX)) apresenta NICS
(1) semelhante ao do benzeno e
naftaleno, porém, inferior ao do benzopirílio, (XIII). Entretanto, observam-se valores de
NICS (1) ligeiramente menores para os cátions (XXI) e (XXII), hidroxilados nos
átomos C(5) e C(7), respectivamente. O anel B dos cátions (XIX)-(XXV) apresentam
valores de NICS (1) inferiores ao do benzeno, sobretudo nos cátions nos quais o grupo
hidroxila está ligado a um carbono desse anel ((XXIII)-(XXV)), o que sugere uma
diminuição da aromaticidade do anel B após a hidroxilação, principalmente para
(XXIV), corroborando as observações feitas com o uso do índice HOMA.
A presença da hidroxila ligada ao C(3) promove um pequeno aumento da
aromaticidade do anel C em (XX). Por outro lado, o parâmetro NICS (1) dos cátions
(XXII) e (XXIV) sugere uma diminuição da aromaticidade desse anel em comparação
com (XIX). O anel C do cátion flavílio é significantemente menos aromático que o
pirílio e o anel C do benzopirílio. A hidroxilação do anel C de (XIX) nos átomos C(3),
C(5) e C(7) indica uma queda da aromaticidade em relação aos derivados hidroxilados
do benzopirílio substituídos nas mesmas posições ((XIV), (XV) e (XVII)).
G – Análise AIM (Atoms in Molecules)
O estudo da variação da densidade eletrônica durante a hidroxilação do cátion
flavílio nos carbonos C(3), C(5), C(7), C(3´), C(4´) e C(5´) foi realizado com o uso da
teoria AIM. Para tanto, os pontos críticos de ligação (BCPs) e de anel (RCPs) foram
analisados com relação a sua densidade eletrônica (ρ
b
), seu Laplaciano (
2
ρ
b
) e sua
elipticidade () (Tabelas 80-87, valores em u.a.). As propriedades atômicas (carga
(q()), energia (E()), polarização dipolar (M()) e volume (v()) estão apresentadas
nas Tabelas 88-94 (valores em u.a.).
110
Tabela 80. Análise dos pontos críticos para (XIX).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,2956
-0,0517
0,0534
C(2)-C(3) 0,3090
-0,8596
0,1946
C(3)-C(4) 0,3231
-0,9080
0,2113
C(4)-C(10) 0,3020
-0,8161
0,1243
C(5)-C(10) 0,3007
-0,8025
0,1574
C(5)-C(6) 0,3211
-0,8972
0,2202
C(6)-C(7) 0,3042
-0,8221
0,1543
C(7)-C(8) 0,3159
-0,8705
0,2062
C(8)-C(9) 0,3165
-0,9010
0,2297
C(9)-O(1) 0,2719
-0,0639
0,0020
C(9)-C(10) 0,3069
-0,8397
0,1952
C(2)-C(1´) 0,2868
-0,7660
0,1525
C(1´)-C(2´) 0,3015
-0,7971
0,1720
C(2´)-C(3´) 0,3172
-0,8804
0,2026
C(3´)-C(4´) 0,3115
-0,8573
0,1711
C(4´)-C(5´) 0,3119
-0,8591
0,1733
C(5´)-C(6´) 0,3167
-0,8777
0,2061
C(1´)-C(6´) 0,3014
-0,7975
0,1756
C(3)-R
1
[C(3)] 0,2901
-1,0868
0,0202
C(4)-H[C(4)] 0,2899
-1,1020
0,0026
C(5)-R
2
[C(5)] 0,2873
-1,0639
0,0137
C(6)-H[C(6)] 0,2888
-1,0781
0,0124
C(7)-R
3
[C(7)] 0,2895
-1,0876
0,0066
C(8)-H[C(8)] 0,2870
-1,0660
0,0172
C(2´)-H[C(2´)] 0,2897
-1,0774
0,0111
C(3´)-R
4
[C(3´)] 0,2880
-1,0664
0,0132
C(4´)-R
5
[C(4´)] 0,2889
-1,0792
0,0050
C(5´)-R
6
[C(5´)] 0,2880
-1,0663
0,0139
C(6´)-H[C(6´)] 0,2880
-1,0533
0,0110
H[C(3)]⋅⋅H[C(6´)]
0,0107
0,0461 0,7619
Anel C
0,0212
0,1598
Anel A 0,0200
0,1563
Anel B 0,0202
0,1590
Anel H-H
(a)
0,0101
0,0541
(a)
Anel formado pela interação H-H,
H[C(3)]⋅⋅H[C(6´)].
Tabela 81. Análise dos pontos críticos para (XX).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,2938
-0,0330
0,0075
C(2)-C(3) 0,3016
-0,8219
0,2394
C(3)-C(4) 0,3236
-0,9102
0,2631
C(4)-C(10) 0,3017
-0,8103
0,1429
C(5)-C(10) 0,2996
-0,7976
0,1593
C(5)-C(6) 0,3214
-0,8969
0,2263
C(6)-C(7) 0,3031
-0,8164
0,1532
C(7)-C(8) 0,3168
-0,8740
0,2133
C(8)-C(9) 0,3148
-0,8922
0,2275
C(9)-O(1) 0,2731
0,0105 0,0170
C(9)-C(10) 0,3090
-0,8506
0,1987
C(2)-C(1´) 0,2852
-0,7547
0,1655
C(1´)-C(2´) 0,2980
-0,7798
0,1662
C(2´)-C(3´) 0,3189
-0,8878
0,2093
C(3´)-C(4´) 0,3107
-0,8547
0,1666
C(4´)-C(5´) 0,3134
-0,8669
0,1753
C(5´)-C(6´) 0,3162
-0,8758
0,1976
C(1´)-C(6´) 0,2988
-0,7867
0,1654
C(3)-R
1
[C(3)] 0,2977
-0,3886
0,0497
C(4)-H[C(4)] 0,2856
-1,0544
0,0065
C(5)-R
2
[C(5)] 0,2870
-1,0580
0,0160
C(6)-H[C(6)] 0,2887
-1,0766
0,0120
C(7)-R
3
[C(7)] 0,2893
-1,0840
0,0084
C(8)-H[C(8)] 0,2869
-1,0647
0,0172
C(2´)-H[C(2´)] 0,2903
-1,0803
0,0118
C(3´)-R
4
[C(3´)] 0,2878
-1,0633
0,0137
C(4´)-R
5
[C(4´)] 0,2889
-1,0779
0,0042
C(5´)-R
6
[C(5´)] 0,2878
-1,0635
0,0143
C(6´)-H[C(6´)] 0,2951
-1,1331
0,0112
O-H (hidroxila) 0,3585
-2,1096
0,0199
O(hidroxila)⋅⋅⋅H[C(6´)]
0,0200
0,0751 0,0046
Anel C
0,0208
0,1556
Anel A 0,0200
0,1561
Anel B 0,0201
0,1581
Anel HB
(a)
0,0103
0,0615
(a)
Anel formado pela ligação de hidrogênio
entre O (hidroxila)⋅⋅⋅H[C(6´)].
111
Tabela 82. Análise dos pontos críticos para (XXI).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,2963
-0,0568
0,0558
C(2)-C(3) 0,3110
-0,8689
0,2015
C(3)-C(4) 0,3208
-0,8954
0,2132
C(4)-C(10) 0,3033
-0,8129
0,1483
C(5)-C(10) 0,2955
-0,7739
0,1995
C(5)-C(6) 0,3198
-0,9122
0,2466
C(6)-C(7) 0,3099
-0,8443
0,1845
C(7)-C(8) 0,3118
-0,8513
0,1956
C(8)-C(9) 0,3209
-0,9243
0,2594
C(9)-O(1) 0,2705
-0,0818
0,0024
C(9)-C(10) 0,3000
-0,8010
0,2006
C(2)-C(1´) 0,2867
-0,7659
0,1517
C(1´)-C(2´) 0,3016
-0,7979
0,1721
C(2´)-C(3´) 0,3172
-0,8801
0,2022
C(3´)-C(4´) 0,3116
-0,8576
0,1715
C(4´)-C(5´) 0,3118
-0,8587
0,1731
C(5´)-C(6´) 0,3167
-0,8778
0,2065
C(1´)-C(6´) 0,3015
-0,7977
0,1760
C(3)-R
1
[C(3)] 0,2901
-1,0856
0,0226
C(4)-H[C(4)] 0,2882
-1,0718
0,0036
C(5)-R
2
[C(5)] 0,2979
-0,3303
0,0043
C(6)-H[C(6)] 0,2877
-1,0730
0,0192
C(7)-R
3
[C(7)] 0,2898
-1,0912
0,0049
C(8)-H[C(8)] 0,2866
-1,0596
0,0234
C(2´)-H[C(2´)] 0,2898
-1,0784
0,0112
C(3´)-R
4
[C(3´)] 0,2880
-1,0667
0,0131
C(4´)-R
5
[C(4´)] 0,2890
-1,0793
0,0050
C(5´)-R
6
[C(5´)] 0,2880
0,4730 -2,0139
C(6´)-H[C(6´)] 0,2879
-1,0518
0,0110
O-H (hidroxila) 0,3629
-2,1115
0,0187
H[C(3)]⋅⋅H[C(6´)]
0,0106
0,0456 0,8000
Anel C
0,0211
0,1588
Anel A 0,0195
0,1515
Anel B 0,0202
0,1590
Anel H-H
(a)
0,0100
0,0532
(a)
Anel formado pela interação H-H,
H[C(3)]⋅⋅H[C(6´)].
Tabela 83. Análise dos pontos críticos para (XXII).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,2898
-0,0693
0,0562
C(2)-C(3) 0,3135
-0,8790
0,2164
C(3)-C(4) 0,3186
-0,8865
0,1994
C(4)-C(10) 0,3072
-0,8368
0,1478
C(5)-C(10) 0,2975
-0,7882
0,1462
C(5)-C(6) 0,3255
-0,9140
0,2485
C(6)-C(7) 0,3031
-0,8364
0,1753
C(7)-C(8) 0,3130
-0,8603
0,2508
C(8)-C(9) 0,3179
-0,8967
0,2735
C(9)-O(1) 0,2759
-0,1032
0,0070
C(9)-C(10) 0,3047
-0,8310
0,1899
C(2)-C(1´) 0,2854
-0,7591
0,1495
C(1´)-C(2´) 0,3019
-0,7988
0,1755
C(2´)-C(3´) 0,3167
-0,8773
0,2029
C(3´)-C(4´) 0,3118
-0,8580
0,1738
C(4´)-C(5´) 0,3119
-0,8586
0,1748
C(5´)-C(6´) 0,3165
-0,8764
0,2063
C(1´)-C(6´) 0,3018
-0,7992
0,1781
C(3)-R
1
[C(3)] 0,2898
-1,0825
0,0220
C(4)-H[C(4)] 0,2897
-1,0984
0,0020
C(5)-R
2
[C(5)] 0,2877
-1,0700
0,0119
C(6)-H[C(6)] 0,2881
-1,0802
0,0165
C(7)-R
3
[C(7)] 0,3040
-0,3191
0,0206
C(8)-H[C(8)] 0,2835
-1,0285
0,0282
C(2´)-H[C(2´)] 0,2894
-1,0725
0,0118
C(3´)-R
4
[C(3´)] 0,2878
-1,0632
0,0134
C(4´)-R
5
[C(4´)] 0,2887
-1,0758
0,0059
C(5´)-R
6
[C(5´)] 0,2879
-1,0642
0,0139
C(6´)-H[C(6´)] 0,2879
-1,0515
0,0114
O-H (hidroxila) 0,3596
-2,1151
0,0174
H[C(3)]⋅⋅H[C(6´)]
0,0107
0,0458 0,7742
Anel C
0,0212
0,1600
Anel A 0,0195
0,1519
Anel B 0,0202
0,1591
Anel H-H
(a)
0,0101
0,0538
(a)
Anel formado pela interação H-H,
H[C(3)]⋅⋅H[C(6´)].
112
Tabela 84. Análise dos pontos críticos para (XXIII).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,2960
-0,0467
0,0524
C(2)-C(3) 0,3096
-0,8623
0,1960
C(3)-C(4) 0,3228
-0,9066
0,2101
C(4)-C(10) 0,3022
-0,8171
0,1252
C(5)-C(10) 0,3006
-0,8021
0,1568
C(5)-C(6) 0,3212
-0,8974
0,2206
C(6)-C(7) 0,3041
-0,8215
0,1539
C(7)-C(8) 0,3160
-0,8711
0,2063
C(8)-C(9) 0,3164
-0,9007
0,2287
C(9)-O(1) 0,2722
-0,0620
0,0016
C(9)-C(10) 0,3068
-0,8394
0,1946
C(2)-C(1´) 0,2859
-0,7635
0,1472
C(1´)-C(2´) 0,3033
-0,8009
0,1954
C(2´)-C(3´) 0,3181
-0,8959
0,2401
C(3´)-C(4´) 0,3115
-0,8600
0,2134
C(4´)-C(5´) 0,3116
-0,8523
0,1945
C(5´)-C(6´) 0,3158
-0,8707
0,2100
C(1´)-C(6´) 0,3012
-0,7962
0,1815
C(3)-R
1
[C(3)] 0,2903
-1,0886
0,0198
C(4)-H[C(4)] 0,2899
-1,1017
0,0025
C(5)-R
2
[C(5)] 0,2873
-1,0636
0,0137
C(6)-H[C(6)] 0,2888
-1,0778
0,0122
C(7)-R
3
[C(7)] 0,2895
-1,0876
0,0066
C(8)-H[C(8)] 0,2871
-1,0675
0,0169
C(2´)-H[C(2´)] 0,2887
-1,0738
0,0181
C(3´)-R
4
[C(3´)] 0,2947
-0,3765
0,0016
C(4´)-R
5
[C(4´)] 0,2850
-1,0389
0,0135
C(5´)-R
6
[C(5´)] 0,2881
-1,0677
0,0131
C(6´)-H[C(6´)] 0,2877
-1,0485
0,0179
O-H (hidroxila) 0,3614
-2,1078
0,0203
H[C(3)]⋅⋅H[C(6´)]
0,0107
0,0460 0,7742
Anel C
0,0212
0,1600
Anel A 0,0200
0,1562
Anel B 0,0199
0,1558
Anel H-H
(a)
0,0101
0,0539
(a)
Anel formado pela interação H-H,
H[C(3)]⋅⋅H[C(6´)].
Tabela 85. Análise dos pontos críticos para (XXIV).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,2940
-0,0825
0,0478
C(2)-C(3) 0,3062
-0,8457
0,1889
C(3)-C(4) 0,3250
-0,9156
0,2232
C(4)-C(10) 0,2999
-0,8065
0,1211
C(5)-C(10) 0,3014
-0,8049
0,1615
C(5)-C(6) 0,3203
-0,8928
0,2191
C(6)-C(7) 0,3050
-0,8251
0,1591
C(7)-C(8) 0,3153
-0,8673
0,2059
C(8)-C(9) 0,3167
-0,9007
0,2327
C(9)-O(1) 0,2706
-0,0802
0,0028
C(9)-C(10) 0,3077
-0,8429
0,2003
C(2)-C(1´) 0,2926
-0,7871
0,1825
C(1´)-C(2´) 0,2980
-0,7811
0,1630
C(2´)-C(3´) 0,3217
-0,8966
0,2326
C(3´)-C(4´) 0,3102
-0,8706
0,1954
C(4´)-C(5´) 0,3090
-0,8523
0,2069
C(5´)-C(6´) 0,3190
-0,8820
0,2370
C(1´)-C(6´) 0,2997
-0,7888
0,1731
C(3)-R
1
[C(3)] 0,2896
-1,0789
0,0210
C(4)-H[C(4)] 0,2896
-1,0965
0,0014
C(5)-R
2
[C(5)] 0,2871
-1,0605
0,0138
C(6)-H[C(6)] 0,2885
-1,0743
0,0129
C(7)-R
3
[C(7)] 0,2892
-1,0835
0,0074
C(8)-H[C(8)] 0,2868
-1,0627
0,0174
C(2´)-H[C(2´)] 0,2902
-1,0852
0,0093
C(3´)-R
4
[C(3´)] 02874
-1,0678
0,0185
C(4´)-R
5
[C(4´)] 0,3027
-0,2941
0,0318
C(5´)-R
6
[C(5´)] 0,2842
-1,0281
0,0230
C(6´)-H[C(6´)] 0,2885
-1,0606
0,0091
O-H (hidroxila) 0,3598
-2,1131
0,0175
H[C(3)]⋅⋅H[C(6´)]
0,0106
0,0455 0,7869
Anel C
0,0211
0,1584
Anel A 0,0200
0,1565
Anel B 0,0199
0,1550
Anel H-H
(a)
0,0100
0,0533
(a)
Anel formado pela interação H-H,
H[C(3)]⋅⋅H[C(6´)].
113
Tabela 86. Análise dos pontos críticos para (XXV).
CP
ρ
b
2
ρ
b
O(1)-C(2) 0,2956
-0,0538
0,0497
C(2)-C(3) 0,3091
-0,8596
0,1953
C(3)-C(4) 0,3231
-0,9077
0,2117
C(4)-C(10) 0,3021
-0,8168
0,1248
C(5)-C(10) 0,3006
-0,8023
0,1574
C(5)-C(6) 0,3211
-0,8973
0,2204
C(6)-C(7) 0,3042
-0,8220
0,1543
C(7)-C(8) 0,3159
-0,8707
0,2061
C(8)-C(9) 0,3164
-0,9009
0,2291
C(9)-O(1) 0,2722
-0,0635
0,0020
C(9)-C(10) 0,3068
-0,8392
0,1951
C(2)-C(1´) 0,2866
-0,7648
0,1527
C(1´)-C(2´) 0,3029
-0,8031
0,1827
C(2´)-C(3´) 0,3149
-0,8685
0,1981
C(3´)-C(4´) 0,3143
-0,8672
0,1920
C(4´)-C(5´) 0,3125
-0,8767
0,2000
C(5´)-C(6´) 0,3168
-0,8758
0,2605
C(1´)-C(6´) 0,2988
-0,7792
0,1955
C(3)-R
1
[C(3)] 0,2900
-1,0833
0,0204
C(4)-H[C(4)] 0,2899
-1,1014
0,0026
C(5)-R
2
[C(5)] 0,2873
-1,0638
0,0137
C(6)-H[C(6)] 0,2888
-1,0781
0,0124
C(7)-R
3
[C(7)] 0,2895
-1,0878
0,0066
C(8)-H[C(8)] 0,2870
-1,0665
0,0171
C(2´)-H[C(2´)] 0,2895
-1,0739
0,0164
C(3´)-R
4
[C(3´)] 0,2883
-1,0702
0,0120
C(4´)-R
5
[C(4´)] 0,2882
-1,0796
0,0100
C(5´)-R
6
[C(5´)] 0,2946
-0,3755
0,0016
C(6´)-H[C(6´)] 0,2842
-1,0144
0,0234
O-H (hidroxila) 0,3620
-2,1019
0,0203
H[C(3)]⋅⋅H[C(6´)]
0,0108
0,0463 0,7231
Anel C
0,0212
0,1598
Anel A 0,0199
0,1562
Anel B 0,0199
0,1555
Anel H-H
(a)
0,0101
0,0544
(a)
Anel formado pela interação H-H, H[C(3)]⋅⋅H[C(6´)].
(1) Topologia. Como discutido para o cátion benzopirílio, uma topologia consistente
deve apresentar bonds path (BP) entre os núcleos de átomos ligados, contendo uma
superfície interatômica (IAS) e um ponto crítico de ligação (BCP). A topologia total dos
cátions encontrou-se consistente com a relação de Poincaré-Hopf.
104,215
Através dos
gráficos moleculares, exemplificados na Figura 22, observa-se que os RCPs (Ring
Critical Point) dos anéis A, B e C do flavílio estão conectados aos BCPs por linhas de
interação interatômica (AIL - Atomic Interaction Line). Para o anel C, as AILs que
conectam os BCPs O(1)-C(2) e O(1)-C(9) ao ponto crítico de anel (RCP) apresentam
uma curvatura. Isso pode indicar uma maior instabilidade estrutural para as ligações
O-C do anel em relação às ligações C-C.
105
114
Figura 22. Gráficos moleculares: (a) cátion flavílio, (XIX); (b) derivado hidroxilado no
C(3), (XX).
O cátion (XX) apresenta uma ligação de hidrogênio entre o oxigênio da
hidroxila e H[C(6´)]. Os critérios propostos por Popelier para a caracterização de uma
ligação de hidrogênio
104,105,214-217
foram abordados durante a análise AIM para os
complexos cátion-pirílio água. Resumidamente, a ligação de hidrogênio deve possuir
topologia consistente, a densidade eletrônica (ρ
b
) e o seu Laplaciano (
2
ρ
b
) no ponto
crítico de ligação (BCP) devem situar-se em intervalos pré-estabelecidos.
Adicionalmente, após a formação da ligação de hidrogênio deve-se observar o aumento
de carga (q()), a desestabilização energética (E()), o decréscimo da polarização
dipolar (M()) e o decréscimo do volume (v()) do átomo de hidrogênio.
A ligação de hidrogênio observada para o cátion (XX) demonstrou ser
consistente com os critérios estabelecidos na literatura. A análise revelou a existência do
ponto crítico de ligação (BCP) entre o hidrogênio ligado ao C(6´) e o oxigênio da
hidroxila, C(6´)-H[C(6´)]⋅⋅⋅O, Figura 22(b). Essa ligação de hidrogênio leva à formação
de um anel localizado entre os anéis C e B. O ponto crítico desse anel (RCP) foi
encontrado, consolidando a topologia consistente para o cátion (XX). Os valores da ρ
b
e
2
ρ
b
(Tabela 81) encontraram-se dentro dos limites pré-estabelecidos. Com relação às
propriedades atômicas (Tabela 89), é possível verificar a perda de carga líquida, o
decréscimo da polarização dipolar e a desestabilização energética do átomo H[C(6´)]
após a formação da ligação de hidrogênio.
(a) (b)
115
Os gráficos moleculares dos demais cátions demonstram a formação de um anel
decorrente de uma interação de camada fechada H–H entre os átomos H[C(3)] e
H[C(6´)], Figura 22(a). Interações dessa natureza, presentes em hidrocarbonetos
policíclicos como o bifenil planar, o fenantreno e polibenzenóides angulares,
demonstraram contribuir para a estabilização dessas moléculas.
228
Ressalta-se que essas
interações diferem-se das denominadas ligações de di-hidrogênio
215
, a qual é dominada
pela interação eletrostática entre dois átomos de hidrogênio com cargas opostas. Além
disso, interações em sistemas que apresentam distância internuclear, R(H–H), menor do
que a soma dos raios de van der Waals o classicamente interpretadas como
“interações estéricas não ligadas”.
228
Tabela 87. Análise do ponto crítico da interação H-H (em u.a.) e energias de
estabilização (kcal/mol).
(a)
(XIX) (XXI) (XXII) (XXIII) (XXIV) (XXV)
R
BCP-RCP
0,718 (0,380) 0,695 (0,368) 0,705 (0,373) 0,708 (0,375) 0,698 (0,369) 0,738 (0,391)
G(r
cp
) 0,0087 0,0086 0,0086 0,0087 0,0086 0,0088
V(r
cp
) -0,0059 -0,0058 -0,0058 -0,0059 -0,0058 -0,0060
H(r
cp
) 0,0028 0,0028 0,0028 0,0028 0,0028 0,0028
R(H–H) 3,889 (2,058) 3,906 (2,067) 3,898 (2,063) 3,895 (2,061) 3,904 (2,066) 3,878 (2,052)
BPL 4,226 (2,236) 4,253 (2,250) 4,237 (2,242) 4,241 (2,244) 4,247 (2,247) 4,197 (2,221)
E
H[C(3)]
1,63 1,26 2,70 0,88 0,63 2,01
E
H[C(6´)]
9,22 9,98 7,97 12,55 11,36 13,74
E
Total
10,85 11,24 10,67 13,43 11,99 15,75
(a)
Valores entre parênteses são dados em Å.
Para o cátion flavílio, (XIX), e os derivados hidroxilados, (XXI)-(XXV) (Tabela
87), a distância internuclear entre os átomos de hidrogênio na interação H-H, R(H-H), é
de aproximadamente 3,9 u.a. (2,1 Å). Esse valor é característico da separação
internuclear entre os hidrogênios ligados aos átomos de carbono 1 e 4 em sistemas
insaturados, ou seja, R(H-H) menor do que 4,0 u.a. (2,1 Å), o qual, por sua vez, é
inferior ao dobro dos raios de van der Waals dos átomos de hidrogênio (4.5 u.a. ou 2,4
Å).
228
Outra característica das interações H-H é que os caminhos de ligação (BPs -Bond
Paths) apresentam uma curvatura e um comprimento (BPL Bond Path Lenght) que
excede R(H-H), como demonstrado na Figura 22(a) e na Tabela 87.
228
As interações
H-H exibem características de camada fechada no ponto crítico de ligação
228
: (i) baixo
valor da densidade eletrônica (ρ
b
, Tabelas 80, 82-86); (ii) Laplaciano relativamente
pequeno e positivo (
2
ρ
b
, Tabelas 80, 82-86); (iii) densidade de energia total positiva e
próxima de zero (H(r
CP
), Tabela 87).
116
Embora as propriedades do ponto crítico da ligação demonstrem valores
similares aos encontrados para ligações de hidrogênio fracas, estes são, de certa forma,
superiores aos observados para as interações de van der Waals, o que permite distinguir
as interações H-H das ligações de di-hidrogênio.
228
Os comprimentos das ligações C-H
são, em geral, menores nos casos em que essa ligação está envolvida na interação H-H
(Figura 20), constituindo outra evidência importante para a distinção entre as interações
H-H e as ligações de di-hidrogênio.
228
Apesar de não ser um fator determinante, em nenhum dos cátions com interação
H-H foi observada a linha de interação interatômica (AIL) conectando o BCP dessa
interação com o RCP do anel correspondente. Além do mais, as AILs deste anel
apresentam curvaturas muito acentuadas e, em muitos casos, não estão conectadas aos
demais BCPs que constituem o anel sugerido pelo gráfico molecular. Adicionalmente, o
RCP está próximo do BCP da interação H[C(3)]⋅⋅⋅H[C(6´)] (R
BCP-RCP
, Tabela 87),
caracterizando a instabilidade estrutural e aproximando os valores da densidade
eletrônica (ρ
b
) do RCP e do BCP supracitados (Tabelas 80, 82-86). Juntamente com
essas inconsistências topológicas, soma-se o fato de que as elipticidades das interações
H-H são elevadas, superiores a 0,7 u.a., sugerindo novamente a instabilidade estrutural
(Tabelas 80, 82-86).
A energia de estabilização do cátion proveniente da interação H-H, E
Total
, é
qualitativamente obtida pela soma das energias de estabilização dos átomos H[C(3)] e
H[C(6´)], E
H[C(3)]
e E
H[C(6´)]
, respectivamente, as quais são calculadas contrapondo-se
as energias atômicas dos hidrogênios que participam da interação H-H com as energias
dos que não participam dessa interação. Assim, E
H[C(3)]
, corresponde à diferença entre
a energia atômica do H[C(3)] e a média da energia dos demais átomos de hidrogênio
dos anéis A e C, enquanto que E
H[C(6´)]
é dada pela diferença entre a energia do átomo
H[C(6´)] e a média da energia dos demais átomos de hidrogênio do anel B. Verifica-se
que as interações H-H podem contribuir de 11 a 16 kcal/mol (E
Total
, Tabela 87) para a
estabilização dos cátions, principalmente devido aos elevados valores de E
H[C(6´)]
.
Energias de estabilização de 10 a 11 kcal/mol foram atribuídas às interações H-H no
criseno, no dibenzo[a,j]antraceno e no bifenil planar.
228
(2) Densidade eletrônica do ponto crítico de ligação (
ρ
b
). Para (XX), as densidades
eletrônicas (ρ
b
) dos pontos críticos de ligação (BCPs) C(3)-C(4), C(7)-C(8), C(9)-O(1),
C(9)-C(10), C(2´)-C(3´), C(4´)-C(5´), C(2´)-H[C(2´)] e C(6´)-H[C(6´)] apresentaram
117
um aumento. Efeito oposto ocorre para os BCPs O(1)-C(2), C(2)-C(3), C(5)-C(10),
C(6)-C(7), C(8)-C(9), C(2)-C(1´), C(1´)-C(2´), C(3´)-C(4´), C(5´)-C(6´), C(6´)-C(1´) e
C(4)-H[C(4)]. Esses dados sugerem que a ligação do grupo hidroxila no C(3) pode
favorecer a estrutura de ressonância (23) (Figura 21). Em (XXI), ρ
b
aumenta nos BCPs
O(1)-C(2), C(2)-C(3), C(4)-C(10), C(6)-C(7) e C(8)-C(9) e diminui nos BCPs C(3)-
C(4), C(5)-C(10), C(7)-C(8), C(9)-O(1), C(9)-C(10), C(4)-H[C(4)] e C(6)-H[C(6)], o
que pode sugerir favorecimento de estruturas de ressonância como (30) e (31) (Figura
21). Em (XXII), ρ
b
aumenta nos BCPs C(2)-C(3), C(4)-C(10), C(5)-C(6), C(8)-C(9) e
C(9)-O(1). Juntamente com as diminuições das ρ
b
dos BCPs O(1)-C(2), C(3)-C(4),
C(5)-C(10), C(6)-C(7), C(7)-C(8), C(9)-C(10), C(2)-C(1´) e C(2´)-C(3´), essas
modificações sugerem um favorecimento da estrutura de ressonância (32) (Figura 21).
Para esse cátion, nota-se ainda diminuições da densidade eletrônica dos pontos críticos
C(6)-H[C(6)] e C(8)-H[C(8)]. A ligação da hidroxila no C(3´), cátion (XXIII), provoca
pequenas alterações nas ρ
b
dos BCPs. Nesse cátion, ρ
b
aumenta nos BCPs C(2)-C(3),
C(1´)-C(2´), C(2´)-C(3´) e diminui nos BCPs C(2)-C(1´), C(5´)-C(6´), C(2´)-H[C(2´)] e
C(4´)-R
5
[C(4´)]. Ao contrário do observado em (XXIII), a ligação de uma hidroxila no
C(4´), (XXIV), provoca alterações significativas da ρ
b
dos BCPs, levando a diminuições
dessa propriedade dos BCPs O(1)-C(2), C(2)-C(3), C(4)-C(10), C(5)-C(6), C(7)-C(8),
C(9)-O(1), C(1´)-C(2´), C(3´)-C(4´), C(4´)-C(5´), C(1´)-C(6´), C(3)-R
1
[C(3)], C(3´)-
R
4
[C(3´)], C(5´)-R
6
[C(5´)] e aumento em C(3)-C(4), C(5)-C(10), C(6)-C(7), C(9)-
C(10), C(2)-C(1´), C(2´)-C(3´), C(5´)-C(6´) e C(2´)-H[C(2´)]. Essas variações parecem
favorecer estruturas de ressonância como (20) e (21). Entretanto, o aumento da
densidade eletrônica no ponto crítico de ligação C(2)-C(1´) é característico das
estruturas de ressonância (36)-(38). Analogamente a (XXIII), as densidades eletrônicas
dos BCPs não sofrem muitas alterações em (XXV). Observam-se aumentos nas
densidades eletrônicas dos BCPs C(1´)-C(2´), C(3´)-C(4´) e C(4´)-C(5´). Por outro lado,
ρ
b
diminui nos BCPs C(2´)-C(3´), C(1´)-C(6´), C(4´)-R
5
[C(4´)] e C(6´)-H[C(6´)]. A
análise da ρ
b
indica que (XXIII) e (XXV) são os cátions que menos sofrem
modificações em sua estrutura eletrônica decorrentes da hidroxilação do flavílio, (XIX).
Efeito oposto é atribuído a hidroxilação do flavílio no carbono C(4´), (XXIV). As
observações obtidas com o método HOSE para as contribuições (Ci) das estruturas de
ressonância do flavílio corroboram o fato de que (XXIII) é o cátion que apresenta os
menores efeitos decorrentes da hidroxilação de (XIX).
118
Embora as elipticidades dos BCPs tenham demonstrado variações com a posição
da hidroxilação, não foi possível estabelecer uma correlação direta dessa propriedade
com a densidade eletrônica (ρ
b
) e, conseqüentemente, com as estruturas de ressonância
do flavílio. Em (XX), pode-se observar aumento nas elipticidades dos BCPs C(2)-C(3),
C(3)-C(4), C(4)-C(10), C(5)-C(10), C(5)-C(6), C(7)-C(8), C(9)-O(1), C(9)-C(10), C(2)-
C(1´), C(2´)-C(3´) e C(4´)-C(5´). Nesse caso, o aumento na elipticidade reflete um
aumento do caráter π da maioria das ligações que constituem os anéis A e C. Com
relação ao anel B, a elipticidade diminuiu nos BCPs C(1´)-C(2´), C(3´)-C(4´), C(5´)-
C(6´) e C(1´)-C(6´). Observações semelhantes ocorrem para os cátions hidroxilados no
anel A. De um modo geral, a ligação de uma hidroxila a um carbono do anel B do
flavílio provoca um aumento do caráter π nas ligações C-C desse anel.
(3) Laplaciano da densidade eletrônica do ponto crítico de ligação (
2
ρ
b
). Essa
propriedade forneceu resultados análogos aos obtidos para o cátion benzopirílio. Assim,
2
ρ
b
para as ligações O(1)-C(2) e O(1)-C(9) são bastante inferiores aos das ligações C-
C e, em (XX) (Tabela 89),
2
ρ
b
para O(1)-C(9) assume valor positivo. Esses fatos
caracterizam o caráter iônico para essas ligações.
119
Tabela 88. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (XIX).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,0952
0,220
94,81
76,0511
C(2) 0,5918 0,769
58,90
37,7177
C(3) 0,0805 0,176
81,42
38,0562
C(4) 0,1058 0,092
78,02
38,0446
C(5) 0,0726 0,145
81,06
38,0420
C(6) 0,0762 0,118
81,67
38,0359
C(7) 0,0951 0,110
80,26
38,0255
C(8) 0,1230 0,224
80,64
38,0248
C(9) 0,4950 0,679
60,34
37,8235
C(10) 0,0925 0,124
68,79
38,0898
C(1´) 0,0577 0,143
71,29
38,0712
C(2´) 0,0784 0,116
79,51
38,0458
C(3´) 0,0921 0,135
81,61
38,0296
C(4´) 0,0790 0,084
80,81
38,0424
C(5´) 0,0826 0,124
81,69
38,0355
C(6´) 0,0715 0,094
79,97
38,0436
R
1
[C(3)] 0,0783 0,117
42,86
0,5998
H[C(4)] 0,0864 0,120
45,26
0,5932
R
2
[C(5)] 0,0622 0,126
46,64
0,6018
H[C(6)] 0,0729 0,126
46,03
0,5986
R
3
[C(7)] 0,0737 0,124
45,45
0,5991
H[C(8)] 0,0802 0,124
45,52
0,5933
H[C(2´)]
0,0600 0,122
43,65
0,6092
R
4
[C(3´)]
0,0581 0,127
46,51
0,6048
R
5
[C(4´)]
0,0598 0,122
46,42
0,6049
R
6
[C(5´)]
0,0541 0,125
46,69
0,6068
H[C(6´)]
0,0300 0,121
45,43
0,6211
Tabela 89. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (XX).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,0901
0,215
93,09 76,0568
C(2) 0,5950 0,762
59,88 37,6973
C(3) 0,6408 0,656
59,15 37,7003
C(4) 0,0760 0,107
78,74 38,0633
C(5) 0,0916 0,145
81,15 38,0188
C(6) 0,0944 0,120
81,16 38,0147
C(7) 0,1098 0,120
80,48 38,0056
C(8) 0,0874 0,226
81,44 38,0378
C(9) 0,5152 0,673
60,18 37,8065
C(10) 0,1160 0,140
67,91 38,0697
C(1´) 0,0805 0,143
71,08 38,0358
C(2´) 0,0698 0,126
79,61 38,0445
C(3´) 0,0946 0,125
81,58 38,0200
C(4´) 0,0882 0,086
80,52 38,0283
C(5´) 0,1017 0,129
81,48 38,0168
C(6´) 0,0710 0,140
80,13 38,0427
R
1
[C(3)] -1,1005
0,228
114,20
75,9039
H[C(4)] 0,0659 0,122
46,23 0,5993
R
2
[C(5)] 0,0598 0,128
46,89 0,6025
H[C(6)] 0,0675 0,124
46,10 0,6010
R
3
[C(7)] 0,0722 0,124
45,83 0,5994
H[C(8)] 0,0757 0,122
45,67 0,5952
H[C(2´)] 0,0551 0,119
43,17 0,6136
R
4
[C(3´)] 0,0546 0,127
46,64 0,6062
R
5
[C(4´)] 0,0612 0,125
46,57 0,6039
R
6
[C(5´)] 0,0529 0,126
47,05 0,6073
H[C(6´)] 0,0895 0,106
38,33 0,6048
H (hidroxila)
0,6205 0,149
19,98 0,3426
120
Tabela 90. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (XXI).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,0913
0,216
94,55 76,0485
C(2) 0,6024 0,767
58,41 37,7085
C(3) 0,0947 0,171
81,17 38,0415
C(4) 0,0936 0,057
77,17 38,0402
C(5) 0,6234 0,690
58,15 37,6977
C(6) 0,1147 0,179
80,76 38,0220
C(7) 0,1146 0,106
79,09 38,0061
C(8) 0,1383 0,234
81,07 38,0074
C(9) 0,5115 0,665
59,93 37,8018
C(10) 0,0764 0,070
70,01 38,0815
C(1´) 0,0741 0,140
70,73 38,0550
C(2´) 0,0708 0,116
79,56 38,0419
C(3´) 0,1060 0,124
81,26 38,0139
C(4´) 0,0758 0,094
80,97 38,0340
C(5´) 0,0955 0,127
81,38 38,0203
C(6´) 0,0778 0,084
79,79 38,0321
R
1
[C(3)] 0,0779 0,118
42,84 0,5998
H[C(4)] 0,0562 0,121
45,03 0,6077
R
2
[C(5)] -1,0837
0,220
119,44
75,8890
H[C(6)] 0,0876 0,122
44,60 0,5913
R
3
[C(7)] 0,0775 0,124
45,31 0,5977
H[C(8)] 0,0767 0,124
45,49 0,5944
H[C(2´)] 0,0596 0,121
43,64 0,6092
R
4
[C(3´)] 0,0580 0,126
46,51 0,6049
R
5
[C(4´)] 0,0616 0,123
46,50 0,6039
R
6
[C(5´)] 0,0589 0,127
46,58 0,6043
H[C(6´)] 0,0236 0,122
45,60 0,6215
H (hidroxila)
0,6041 0,153
20,11 0,3539
Tabela 91. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (XXII).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,0877
0,203
94,81 76,0377
C(2) 0,5836 0,754
59,06 37,7179
C(3) 0,1059 0,186
81,07 38,0337
C(4) 0,1016 0,088
78,09 38,0387
C(5) 0,1104 0,119
79,78 38,0141
C(6) 0,1004 0,166
80,66 38,0324
C(7) 0,6280 0,725
57,40 37,6885
C(8) 0,0882 0,184
81,50 38,0380
C(9) 0,5125 0,696
59,17 37,7989
C(10) 0,0817 0,123
69,25 38,0854
C(1´) 0,0620 0,130
70,52 38,0580
C(2´) 0,0611 0,117
79,67 38,0438
C(3´) 0,0625 0,117
81,97 38,0340
C(4´) 0,0647 0,085
81,05 38,0375
C(5´) 0,0830 0,109
81,26 38,0243
C(6´) 0,0510 0,083
80,04 38,0449
R
1
[C(3)] 0,0670 0,111
43,33 0,6050
H[C(4)] 0,0774 0,116
45,80 0,5970
R
2
[C(5)] 0,0568 0,116
46,39 0,6062
H[C(6)] 0,0798 0,114
44,84 0,5950
R
3
[C(7)] -1,1101
0,246
119,99
75,9325
H[C(8)] 0,0531 0,114
46,55 0,6047
H[C(2´)] 0,0464 0,115
44,02 0,6166
R
4
[C(3´)] 0,0414 0,117
47,34 0,6138
R
5
[C(4´)] 0,0532 0,119
46,46 0,6086
R
6
[C(5´)] 0,0422 0,116
47,23 0,6135
H[C(6´)] 0,0209 0,115
45,76 0,6258
H (hidroxila)
0,6205 0,148
20,06 0,3444
121
Tabela 92. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (XXIII).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,1176
0,236
94,53 76,0741
C(2) 0,5870 0,777
58,79 37,7129
C(3) 0,1234 0,162
80,50 38,0248
C(4) 0,1117 0,088
77,89 38,0334
C(5) 0,0662 0,150
81,40 38,0379
C(6) 0,1021 0,131
81,20 38,0110
C(7) 0,1035 0,119
80,22 38,0102
C(8) 0,1318 0,223
80,53 38,0133
C(9) 0,5188 0,662
60,20 37,8021
C(10) 0,0743 0,131
69,08 38,0945
C(1´) 0,0861 0,147
69,79 38,0480
C(2´) 0,0769 0,152
79,15 38,0539
C(3´) 0,6190 0,663
58,48 37,7123
C(4´) 0,0666 0,123
81,57 38,0422
C(5´) 0,1068 0,122
80,33 38,0120
C(6´) 0,0737 0,118
80,88 38,0287
R
1
[C(3)] 0,0794 0,117
42,81 0,5990
H[C(4)] 0,0880 0,121
45,17 0,5922
R
2
[C(5)] 0,0661 0,129
46,43 0,5995
H[C(6)] 0,0718 0,125
45,93 0,5991
R
3
[C(7)] 0,0724 0,122
45,80 0,5997
H[C(8)] 0,0822 0,125
45,35 0,5919
H[C(2´)] 0,0833 0,123
42,58 0,5971
R
4
[C(3´)] -1,0906
0,197
121,64
75,8719
R
5
[C(4´)] 0,0492 0,128
47,38 0,6062
R
6
[C(5´)] 0,0623 0,128
46,29 0,6029
H[C(6´)] 0,0315 0,125
45,50 0,6195
H (hidroxila)
0,6060 0,155
20,82 0,3515
Tabela 93. Propriedades atômicas (em u.a.)
para os átomos em (XXIV).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,1086
0,218 94,98 76,0672
C(2) 0,5860 0,768 58,72 37,7112
C(3) 0,0799 0,159 81,10 38,0445
C(4) 0,0703 0,080 78,61 38,0525
C(5) 0,0675 0,120 80,89 38,0343
C(6) 0,0761 0,120 81,62 38,0234
C(7) 0,0746 0,094 80,61 38,0245
C(8) 0,0893 0,203 80,99 38,0351
C(9) 0,4848 0,689 60,32 37,8181
C(10) 0,0731 0,129 69,11 38,0890
C(1´) 0,0711 0,106 70,73 38,0520
C(2´) 0,0641 0,099 78,65 38,0445
C(3´) 0,0924 0,164 81,09 38,0350
C(4´) 0,6157 0,730 57,59 37,7077
C(5´) 0,0525 0,133 82,47 38,0456
C(6´) 0,0737 0,081 78,80 38,0327
R
1
[C(3)] 0,0598 0,110 43,55 0,6086
H[C(4)] 0,0707 0,113 45,80 0,6065
R
2
[C(5)] 0,0480 0,118 47,24 0,6091
H[C(6)] 0,0537 0,115 46,67 0,6084
R
3
[C(7)] 0,0594 0,116 46,11 0,6065
H[C(8)] 0,0674 0,117 45,64 0,6004
H[C(2´)] 0,0558 0,112 43,48 0,6124
R
4
[C(3´)] 0,0698 0,118 45,38 0,5988
R
5
[C(4´)] -1,1128
0,247 120,38 75,9307
R
6
[C(5´)] 0,0378 0,121 47,44 0,6120
H[C(6´)] 0,0263 0,113 45,38 0,6240
H (hidroxila)
0,6188 0,149 20,09 0,3453
122
Tabela 94. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (XXV).
Átomo
q()
M()
v()
-E()
O(1) -1,1070
0,232
94,55 76,0741
C(2) 0,5894 0,784
58,66 37,7066
C(3) 0,0933 0,162
80,87 38,0389
C(4) 0,0721 0,069
78,28 38,0539
C(5) 0,0694 0,134
80,89 38,0340
C(6) 0,0746 0,121
81,47 38,0256
C(7) 0,0721 0,103
80,61 38,0263
C(8) 0,0919 0,206
81,00 38,0334
C(9) 0,4873 0,694
60,36 37,8170
C(10) 0,0688 0,137
69,14 38,0928
C(1´) 0,0614 0,138
69,92 38,0568
C(2´) 0,0538 0,131
80,26 38,0466
C(3´) 0,0755 0,104
80,96 38,0302
C(4´) 0,0759 0,147
80,21 38,0484
C(5´) 0,5971 0,679
58,62 37,7219
C(6´) 0,0327 0,091
81,19 38,0548
R
1
[C(3)] 0,0609 0,109
43,40 0,6086
H[C(4)] 0,0818 0,116
45,22 0,5957
R
2
[C(5)] 0,0515 0,119
46,79 0,6067
H[C(6)] 0,0613 0,117
46,17 0,6050
R
3
[C(7)] 0,0595 0,112
45,83 0,6068
H[C(8)] 0,0725 0,117
45,51 0,5970
H[C(2´)] 0,0475 0,113
43,94 0,6156
R
4
[C(3´)] 0,0470 0,116
46,82 0,6118
R
5
[C(4´)] 0,0740 0,116
45,07 0,5983
R
6
[C(5´)] -1,1174
0,223
121,46
75,9120
H[C(6´)] 0,0098 0,121
46,35 0,6276
H (hidroxila)
0,6067 0,155
20,77 0,3532
(4) Cargas (q(
)). Diferentemente das cargas NPA, MK e GAPT, as cargas AIM
apresentam carga positiva para todos os átomos de carbono do flavílio. Assim como no
benzopirílio ((XIII)), no flavílio ((XIX)) é possível observar concentração de carga
positiva nos carbonos C(2) e C(9). Os carbonos ligados ao grupo hidroxila nos cátions
(XX)-(XXV) (C(3), C(5), C(7), C(3´), C(4´) e C(5´), respectivamente) apresentaram
perda de elétrons e elevaram consideravelmente suas cargas positivas. A carga do O(1)
torna-se menos negativa nos cátions com hidroxila no anel C e A, (XX)-(XXII), e mais
negativa nos cátions com hidroxila no anel B, (XXIII)-(XXV).
A hidroxilação no C(3), (XX), leva ao aumento da carga positiva dos átomos
C(5), C(6), C(7), C(9), C(10), C(1´), C(4´), C(5´) e H[C(6´)] e diminuição dessa carga
para C(4), C(8), C(2´), H[C(4)], H[C(6)], H[C(8)] e H[C(2´)]. Em (XXI), tornam-se
mais positivas as cargas dos átomos , C(2), C(3), C(6), C(7), C(8), C(9), C(1´), C(3´),
C(5´), C(6´) e H[C(6´)]. Por outro lado, a carga positiva dos átomos C(4), C(10), C(2´) e
H[C(4)] diminuem. A ligação do grupo hidroxila no C(7), (XXII), faz com que se
tornem mais positivas as cargas dos átomos C(3), C(5), C(6), C(9) e H[C(6)] e menos
positivas as dos C(2), C(8), C(10), C(2´), C(3´), C(4´), C(6´) e R
1
[C(3)], H[C(4)],
123
R
2
[C(5)], H[C(8)], H[C(2´)], R
4
[C(3´)], R
5
[C(4´)], R
6
[C(5´)] e H[C(6´)]. Em (XXIII),
tornam-se mais positivas as cargas dos átomos C(3), C(4), C(6), C(7), C(8), C(9), C(1´),
C(5´), H[C(2´)] e R
6
[C(5´)]. Uma diminuição da carga positiva é observada para os
átomos C(2), C(5), C(10), C(4´) e R
5
[C(4´)]. Em (XXIV), o qual apresenta hidroxila
ligada no C(4´), as cargas dos átomos C(1´), R
4
[C(3´)] tornam-se mais positivas. O
contrário ocorre para as cargas dos átomos C(2), C(3), C(4), C(5), C(7), C(8), C(9),
C(10), C(2´), C(5´), R
1
[C(3)], H[C(4)], R
2
[C(5)], H[C(6)], R
3
[C(7)], H[C(8)] e
R
6
[C(5´)]. Finalmente, em (XXV), a ligação da hidroxila no C(5´) provoca aumento das
cargas positivas dos átomos C(3) e R
5
[C(4´)], e diminuição das cargas positivas dos
átomos C(4), C(7), C(8), C(9), C(10), C(2´), C(3´), C(6´), R
1
[C(3)], R
2
[C(5)], H[C(6)],
R
3
[C(7)], H[C(8)], H[C(2´)], R
4
[C(3´)] e H[C(6´)].
(5) Desestabilização energética (
E(
)). Analogamente ao observado no estudo da
hidroxilação do cátion benzopirílio, os átomos de carbono ligados ao grupo hidroxila
apresentam grande desestabilização energética: 934 kJ/mol em C(3), 904 kJ/mol em
C(5), 885 kJ/mol em C(7), 833 kJ/mol em C(3´), 879 kJ/mol em C(4´) e 823 kJ/mol em
C(5´). Dentre os átomos de carbono, C(3), C(5), C(6), C(9) e C(1´), são desestabilizados
após a substituição de um hidrogênio por uma hidroxila. Para C(3), as desestabilizações
foram de 38, 59, 82, 31 e 45 kJ/mol nos cátions (XXI)-(XXV), respectivamente. Para
C(5), as desestabilizações energéticas encontram-se em torno de 61 kJ/mol em (XX), 73
kJ/mol em (XXII), 11 kJ/mol em (XXIII), 20 kJ/mol em (XXIV) e 21 kJ/mol em
(XXV). Desestabilizações de 56, 36, 65, 33 e 27 kJ/mol ocorrem para C(6) nos cátions
(XX), (XXI), (XXIII)-(XXV). Esse átomo é pouco desestabilizado (9 kJ/mol) em
(XXII). C(9) apresenta desestabilizações energéticas mais elevadas em (XX)-(XXIII) e
menos acentuadas em (XXIV) e (XXV). Tais desestabilizações foram respectivamente
de 44, 57, 65, 56, 14 e 17 kJ/mol. C(1´) denota desestabilizações energéticas de 92, 42,
35, 61, 50 e 38 kJ/mol nos cátions (XX)-(XXV). C(2) é desestabilizado energeticamente
em 53, 24, 13, 17 e 29 kJ/mol nos cátions (XX), (XXI), (XXIII), (XXIV) e (XXV),
enquanto que C(7) apresenta desestabilizações energéticas de 52, 51 e 40 kJ/mol nos
cátions (XX), (XXI) e (XXIII), respectivamente. Enquanto C(8) é estabilizado em
aproximadamente 34, 35, 37 e 23 kJ/mol nos cátions (XX), (XXII), (XXIV) e (XXV), o
mesmo apresenta desestabilização energética de 46 kJ/mol em (XXI) e de 30 kJ/mol em
(XXIII). Desestabilizações energéticas de 53, 22 e 11 kJ/mol ocorrem para o C(10) nos
cátions (XX), (XXI) e (XXII). Por outro lado, este átomo é estabilizado em 12 e 8
kJ/mol em (XXIII) e (XXV), respectivamente. C(2´) apresenta desestabilização de 10
124
kJ/mol em (XXI). O contrário ocorre em (XXIII), no qual C(2´) é estabilizado em 21
kJ/mol. Em (XX) e (XXI), as desestabilizações energéticas do C(3´) foram de 25 e 41
kJ/mol. Entretanto, este átomo é estabilizado em 11 kJ/mol em (XXII) e em 14 kJ/mol
em (XXIV). C(4´) é desestabilizado em 37, 22 e 13 kJ/mol nos cátions (XX), (XXI) e
(XXII), e estabilizado em 16 kJ/mol em (XXV). C(5´) apresenta estabilização (26
kJ/mol) em (XXIV) e desestabilização (49, 40, 29 e 62 kJ/mol) nos cátions (XX)-
(XXIII). C(6´), por sua vez, demonstra ser desestabilizado em 30, 39 e 29 kJ/mol em
(XXI), (XXIII) e (XXIV), respectivamente. Por outro lado, uma estabilização de 29
kJ/mol ocorre em (XXV).
Para os átomos de hidrogênio, verifica-se que em (XX), H[C(4)] e H[C(2´)] são
estabilizados em 16 e 12 kJ/mol, enquanto que H[C(6´)] apresenta desestabilização de
43 kJ/mol. A maior desestabilização deste átomo é decorrente da ligação de hidrogênio
com o oxigênio da hidroxila ligado ao C(3). No cátion (XXI), H[C(4)] é estabilizado em
38 kJ/mol e H[C(6)] é desestabilizado em 19 kJ/mol. Estabilizações de 13, 10, 11, 30,
19, 24, 10, 18 e 12 kJ/mol ocorrem, respectivamente, para os átomos R
1
[C(3)], H[C(4)],
R
2
[C(5)], H[C(8)], H[C(2´)], R
4
[C(3´)], R
5
[C(4´)], R
6
[C(5´)] e H[C(6´)]. Por outro lado,
H[C(6)] denota uma desestabilização de 9 kJ/mol. Em (XXIII), desestabilizações de 32
e 10 kJ/mol são verificadas para os hidrogênios H[C(2´)] e R
6
[C(5´)]. O hidrogênio
R
4
[C(3´)] é desestabilizado em 16 kJ/mol em (XXIV). Fato análogo acontece para
R
5
[C(4´)] em (XXV). Os demais hidrogênios em (XXIV) e (XXV) são estabilizados. No
primeiro, os átomos R
1
[C(3)], H[C(4)], R
2
[C(5)], H[C(6)], R
3
[C(7)], H[C(8)], H[C(2´)],
R
6
[C(5´)] e H[C(6´)] denotam, nesta ordem, estabilizações de 23, 35, 19, 26, 19, 19, 8,
14 e 8 kJ/mol. No segundo, as estabilizações dos átomos R
1
[C(3)], H[C(4)], R
2
[C(5)],
H[C(6)], R
3
[C(7)], H[C(8)], H[C(2´)], R
4
[C(3´)] e H[C(6´)] foram de 23, 7, 13, 17, 20,
10, 17, 18 e 17 kJ/mol.
(6) Polarização dipolar (M(
)). Para os átomos de carbono ligados ao grupo hidroxila,
é possível observar um grande aumento da polarização dipolar (M()). Para (XX), a
presença do grupo hidroxila no C(3) provoca aumento da M() dos átomos C(4), C(10)
e C(6´) e diminuição dessa propriedade para os átomos C(3´) e H[C(6´)]. Neste último,
a diminuição da M() é atribuída à ligação de hidrogênio com o oxigênio da hidroxila
ligado ao C(3). A M() aumenta para os átomos C(6), C(8) e C(4´) e diminui para C(4),
C(9), C(10), C(3´) e C(6´), quando o grupo hidroxila se encontra ligado ao C(5)
((XXI)). Em (XXII), M(
) aumenta para C(3), C(6) e C(9) e diminui para O(1), C(2),
125
C(5), C(8), C(1´), C(3´), C(5´), C(6´), R
2
[C(5´)], H[C(6)] e H[C(8)]. Em (XXIII),
observa-se um aumento na densidade eletrônica não ligada dos átomos O(1), C(6),
C(2´), C(4´) e C(6´). Efeito oposto ocorre para M() dos átomos C(3) e C(9). O grupo
hidroxila ligado ao C(4´), (XXIV), provoca aumento da M() dos átomos C(9), e C(3´)
e diminuição dessa propriedade atômica para os átomos C(3), C(4), C(5), C(7), C(8),
C(1´), C(2´), C(6´), H[C(6)] e H[C(2´)]. M() dos átomos C(3), C(4), C(5), C(8), C(3´),
R
3
[C(7)] e R
4
[C(3´)] diminui em (XXV). Por outro lado, a hidroxila ligada ao C(5´)
provoca aumento dessa propriedade para os átomos O(1), C(2), C(9), C(10), C(2´) e
C(4´).
(7) Volume atômico (v(
)). Para essa propriedade, a hidroxilação do cátion flavílio
fornece resultados semelhantes aos obtidos no estudo do cátion benzopirílio. Portanto, a
perda de densidade eletrônica nos átomos de carbono ligados ao grupo hidroxila é
representada por uma redução de aproximadamente 23 u.a. nos volumes atômicos
desses átomos. As alterações nos v() dos demais átomos foram discretas, raramente
ultrapassando 1 u.a..
(8) Índice de deslocalização (DI). Os anéis A e B dos cátions (XIX)-(XXV)
apresentaram PDI (Tabela 95) inferiores ao do benzeno (PDI = 0,103 elétrons, Tabela
43). O anel A do cátion flavílio, (XIX), apresentou um valor de PDI igual ao do
naftaleno (PDI = 0,075 elétrons, Tabela 69), o qual é superior ao obtido para o anel A
do benzopirílio ((XIII), PDI = 0,070 elétrons, Tabela 69). Por outro lado, o anel C do
flavílio e de seus derivados hidroxilados demonstra aromaticidade inferior a do pirílio
(PDI = 0,079 elétrons, Tabela 43) e do anel C do benzopirílio (PDI = 0,057 elétrons,
Tabela 69).
A comparação entre os cátions benzopirílio e flavílio hidroxilados nas mesmas
posições (C(3), C(5) e C(7)), ou seja, (XIV) com (XX), (XV) com (XXI) e (XVII) com
(XXII), indica uma menor aromaticidade para o anel A de (XIV) e (XV) em relação ao
mesmo anel dos cátions (XX) e (XXI). Essa ordem se inverte quando os cátions (XVII)
e (XXII), hidroxilados no C(7), são comparados. Assim, para esse caso particular, o anel
A é pouco mais aromático em (XVII). Em todos os casos, o anel C demonstra maior
aromaticidade nos derivados hidroxilados do benzopirílio ((XIV), (XV) e (XVII)) do
que nos derivados do flavílio ((XX), (XXI) e (XXII)).
Os índices PDI (Tabela 95) sugerem uma diminuição da aromaticidade do anel
A após a substituição de um hidrogênio por um grupo hidroxila nos cátions (XXI) e
126
(XXII) (hidroxila ligada aos carbonos C(5) e C(7), respectivamente). A aromaticidade
do anel B é diminuída nos cátions (XXIII)-(XXV), os quais apresentam hidroxila ligada
aos carbonos C(3´), C(4´) e C(5´) desse anel. Assim como para o benzopirílio, a
hidroxilação do flavílio praticamente não altera a aromaticidade do anel C.
Tabela 95. Índices de deslocalização para (PDI, elétrons) dos anéis A, B e C para os
cátions (XIX)-(XXV).
PDI
Composto
Anel A
Anel B
Anel C
(XIX) 0,075 0,084 0,046
(XX) 0,073 0,082 0,045
(XXI) 0,065 0,084 0,046
(XXII) 0,060 0,085 0,046
(XXIII) 0,074 0,078 0,046
(XXIV) 0,076 0,068 0,043
(XXV) 0,074 0,076 0,046
Comparando os índices de aromaticidade (NICS, HOMA e PDI) para os anéis A
e B dos cátions (XIX)-(XXV), verifica-se que esses métodos não se correlacionam
quanto à ordem de aromaticidade para os anéis em questão.
Para o anel A, a ordem de aromaticidade encontrada é:
- NICS: (XIX) (XXIII) > (XX) (XXIV) (XXV) > (XXI) > (XXII)
- HOMA: (XXIV) > (XIX) = (XXIII) = (XXV) > (XX) > (XXI) > (XXII)
- PDI: (XXIV) (XIX) > (XX) (XXIII) = (XXV) > (XXI) > (XXII)
Para o anel B, a segue a ordem:
- NICS: (XXII) (XXI) > (XIX) = (XX) > (XXIII) > (XXV) > (XXIV)
- HOMA: (XXIII) > (XXII) (XXV) > (XIX) = (XXI) > (XX) > (XXIV)
- PDI: (XXII) (XIX) = (XXI) (XX) > (XXIII) (XXV) > (XXIV)
Considerando as seqüências apresentadas, observa-se para o anel A uma maior
concordância da ordem de aromaticidade entre os índices HOMA e PDI, enquanto que
para o anel B, NICS e PDI são os índices que fornecem maior concordância. Entretanto,
os três métodos concordam quanto ao fato de que a aromaticidade do anel A é mais
diminuída quando o grupo hidroxila está ligado aos carbonos C(5) e C(7), cátions (XXI)
e (XXII), respectivamente. Resultado semelhante a esse foi observado no estudo da
aromaticidade do anel A dos cátions (XIII)-(XVIII). Os três índices refletem ainda, a
127
maior queda da aromaticidade do anel B quando a hidroxila se liga ao carbono C(4´),
cátion (XXIV).
Finalmente, para o anel C, a ordem decrescente dos índices de aromaticidade
também sugere a menor aromaticidade para o cátion flavílio hidroxilado no C(4´),
(XXIV), conforme seqüência a seguir:
- NICS: (XX) > (XXIII) > (XIX) (XXV) > (XXI) > (XXII) > (XXIV)
- HOMA: (XXII) (XXIII) > (XXV) (XIX) > (XXI) (XX) > (XXIV)
- PDI: (XIX) = (XXI) = (XXII) = (XXIII) = (XXV) (XX) > (XXIV)
H – Espectros eletrônicos
As excitações simples para os 50 primeiros estados excitados (singlet) dos
cátions (XIX)-(XXV) foram obtidos com o método ZINDO.
222-224
As ilustrações dos
orbitais moleculares (Figuras 23-26) foram feitas com o uso do programa gOpenMol
3.00.
222,223
Os espectros teóricos (Figura 27) foram obtidos pela convolução de
Gaussianas com FWHM (Full-Width Half-Maximum - largura a meia altura) de 11 nm
e a altura dos picos proporcional à força do oscilador no programa Synspec.
224
O cátion flavílio ((XIX), Tabela 96, Figuras 23 e 27), apresenta duas bandas
intensas, uma em λ=400 nm e outra em λ=183 nm. A primeira refere-se à excitação de
um elétron do estado fundamental para o estado excitado 1 e corresponde à transição
HOMOLUMO. A segunda decorre da excitação eletrônica para o estado 21 com
contribuições das transições HOMO-1LUMO+4 e HOMOLUMO+3. A primeira
banda se aproxima da encontrada no estudo computacional de excitações eletrônicas de
algumas antocianidinas utilizando o método INDO 1/S, realizado neste laboratório.
196
As bandas de menor intensidade correspondem a excitações de um elétron do estado
fundamental para os estados 9 (λ=207 nm com maior contribuição da transição
HOMOLUMO+2), 13 e 14 (λ= 199nm e λ= 195nm com maior contribuição da
transição HOMO-4LUMO) e 25 (λ=177 nm com maior contribuição da transição
HOMO-1LUMO+3).
128
HOMO HOMO-1
HOMO-2 HOMO-3
HOMO-4 LUMO
LUMO+1 LUMO+2
Figura 23. Orbitais moleculares envolvidos nas principais transições eletrônicas no
cátion flavílio, (XIX).
129
LUMO+3 LUMO+4
LUMO+5
Figura 23. Continuação.
Tabela 96. Principais transições eletrônicas para (XIX): ƒ é a força do oscilador; λ (em
nm) é o comprimento de onda e E (em eV) é a energia da transição eletrônica.
Composto
Transições Coeficientes
ƒ λ
E
Estado
HOMOLUMO
0,68974 0,9115
400,21
3,0980
1
HOMO-4LUMO
0,18965
HOMO-3LUMO+2
-0,11886
HOMO-2LUMO+1
0,37150
HOMO-2LUMO+5
0,10748
HOMO-1LUMO+1
-0,14472
HOMO-1LUMO+3
-0,18276
HOMOLUMO+2
0,43948
0,4962
207,31
5,9807
9
HOMO-4LUMO
-0,16563
HOMO-3LUMO+1
0,15163
HOMO-2LUMO+2
0,13507
HOMO-2LUMO+4
0,16054
HOMO-1LUMO+2
-0,20054
HOMO-1LUMO+4
0,32766
HOMO-1LUMO+5
0,21965
HOMOLUMO+3
0,33861
(XIX)
HOMO
LUMO+5
0,20882
1,1997
182,97
6,7762
21
130
Para exemplificar os espectros eletrônicos dos derivados hidroxilados do cátion
flavílio (Figura 27), as Tabelas 97-99 apresentam as principais transições eletrônicas
para o cátion de menor estabilidade, (XX), e para os dois cátions de maior estabilidade,
(XXII) e (XXIV).
HOMO HOMO-1
HOMO-2 HOMO-3
HOMO-4 LUMO
LUMO+1 LUMO+2
Figura 24. Orbitais moleculares envolvidos nas principais transições eletrônicas no
cátion hidroxilado (XX).
131
LUMO+3 LUMO+4
LUMO+6
Figura 24. Continuação.
Um efeito batocrômico da banda decorrente da transição HOMOLUMO
(excitação de um elétron do estado fundamental para o estado 1) é observado no cátion
(XX) (Tabela 97, Figura 24), o qual apresenta hidroxila ligada ao C(3) do anel C. Essa
banda é deslocada de λ=400 nm em (XIX) para λ=430 nm em (XX). A banda referente
à excitação de um elétron para o estado 21 (maior contribuição da transição
HOMOLUMO+3) tem sua intensidade diminuída em (XX) e apresenta um pequeno
deslocamento batocrômico, uma vez que essa banda se desloca de λ=183 nm em (XIX)
para λ=186 nm em (XX). Duas bandas de intensidade intermediária ocorrem em
λ=211 nm (maior contribuição da transição HOMO-2LUMO+1) e λ=200 nm (maior
contribuição da transição HOMO-2LUMO+2), e referem-se à excitação de um
elétron do estado fundamental para os estados 11 e 15, respectivamente. Observam-se
ainda bandas decorrentes de excitações para os estados 25 (λ=181 nm com maior
contribuição da transição HOMO-1LUMO+3), 27 (λ=173 nm com maior
contribuição da transição HOMO-4LUMO+1) e 5 (λ=256 nm com maior
contribuição da transição HOMOLUMO+1).
132
Tabela 97. Principais transições eletrônicas para (XX): ƒ é a força do oscilador; λ (em
nm) é o comprimento de onda e E (em eV) é a energia da transição eletrônica.
Composto
Transições Coeficientes
ƒ λ
E
Estado
HOMOLUMO
0,69324 0,9098
430,52
2,8798
1
HOMO-3LUMO
0,10527
HOMO-3LUMO+1
0,11484
HOMO-2LUMO+1
0,41977
HOMOLUMO+2
-0,34460
HOMOLUMO+4
-0,36344
0,5831
211,42
5,8642
11
HOMO-4LUMO+1
0,11079
HOMO-3LUMO+1
0,12930
HOMO-3LUMO+2
-0,11584
HOMO-2LUMO+2
0,45433
HOMO-2LUMO+4
0,17134
HOMO-1LUMO+1
-0,22266
HOMO-1LUMO+3
-0,13258
HOMOLUMO+4
0,16772
HOMOLUMO+6
0,27027
0,4168
200,06
6,1974
15
HOMO-3LUMO+1
0,12904
HOMO-2LUMO+2
-0,12464
HOMO-1LUMO+2
0,20601
HOMO-1LUMO+4
-0,38148
HOMO-1LUMO+6
-0,25684
(XX)
HOMOLUMO+3
0,40760
0,8601
186,48
6,6485
21
A ligação de um grupo hidroxila no C(5) do anel A do flavílio, (XXI), também
desloca a banda referente à transição HOMOLUMO para um comprimento de onda
maior. Nesse caso, essa banda ocorre em λ=411 nm, indicando um deslocamento de 11
nm em relação ao observado em (XIX). A outra banda de grande intensidade em
λ=184 nm é originada da transição eletrônica simples do estado fundamental para o
estado 23, com maior contribuição da transição HOMO-2LUMO+4. Bandas de
menor intensidade, originadas das transições eletrônicas para os estados 15, 26, 11 e 8,
ocorrem em 196, 177, 212 e 220 nm, respectivamente. A transição que mais contribui
para a primeira banda é HOMOLUMO+4. Para a segunda, as transições
HOMO-2LUMO+3 e HOMOLUMO+5 são as de maior importância. A transição
HOMO-1LUMO+2 é a mais importante para a banda em 212 nm, enquanto que
HOMOLUMO+2 é a de maior contribuição para a banda em 220 nm.
133
HOMO HOMO-1
HOMO-2 HOMO-3
HOMO-4 LUMO
LUMO+1 LUMO+2
Figura 25. Orbitais moleculares envolvidos nas principais transições eletrônicas no
cátion hidroxilado (XXII).
134
LUMO+3 LUMO+4
LUMO+5
Figura 25. Continuação.
Para o cátion (XXII) (Tabela 98, Figura 25), com hidroxila ligada ao C(7) do
anel A, o deslocamento batocrômico da banda referente à transição HOMOLUMO
(λ=420 nm) foi de 20 nm em relação a (XIX). A excitação de um elétron do estado
fundamental para o estado 20 origem a segunda banda de grande intensidade em
λ=185 nm, com maior contribuição da transição HOMOLUMO+3. Observa-se uma
banda em 190 nm (com maior contribuição da transição HOMO-2LUMO+2),
decorrente da excitação eletrônica para o estado 17. Bandas menos intensas são
decorrentes das transições para os estados 5 (λ=255 nm com maior contribuição da
transição HOMOLUMO+1), 9 (λ=217 nm com maior contribuição da transição
HOMO-2LUMO+1), 11 (λ=209 nm com maior contribuição da transição
HOMOLUMO+4), 24 (λ=178 nm com maiores contribuições das transições
HOMOLUMO+5 e HOMO-1LUMO+3) e 32 (λ=165 nm com maior contribuição
da transição HOMO-2LUMO+3).
135
Tabela 98. Principais transições eletrônicas para (XXII): ƒ é a força do oscilador; λ (em
nm) é o comprimento de onda e E (em eV) é a energia da transição eletrônica.
Composto
Transições Coeficientes
ƒ λ
E
Estado
HOMO-3LUMO+1
0,10522
HOMOLUMO
0,68987
0,9362
420,04
2,9517
1
HOMO-4LUMO
0,20287
HOMO-3LUMO+1
-0,19887
HOMO-3LUMO+2
-0,13108
HOMO-3LUMO+4
-0,16622
HOMO-2LUMO+2
0,47615
HOMO-2LUMO+4
0,11277
HOMO-1LUMO+3
-0,10446
0,5215
190,05
6,5238
17
HOMOLUMO+5
0,25450
HOMO-2LUMO+2
0,10915
HOMO-1LUMO+2
0,21756
HOMO-1LUMO+3
0,14304
HOMO-1LUMO+4
-0,38055
HOMO-1LUMO+5
-0,26802
HOMOLUMO+3
0,39866
(XXII)
HOMOLUMO+4
0,11176
0,8159
185,07
6,6994
20
O cátion (XXIII), com hidroxila ligada ao C(3´) do anel B, não apresenta
deslocamento batocrômico da banda referente à transição HOMOLUMO (transição
de um elétron do estado fundamental para o estado 1). Nesse cátion, essa banda pode ser
observada em λ=401 nm. Outras bandas de menor intensidade ocorrem em 218, 206,
201, 199, 191, 186 e 181 nm. Tais bandas são referentes à excitação de um elétron do
estado fundamental para os estados 9 (maiores contribuições das transições
HOMO-1LUMO+1 e HOMOLUMO+3), 11 (maior contribuição da transição
HOMO-2LUMO+1), 13 (maior contribuição da transição HOMO-4LUMO), 14
(maior contribuição da transição HOMO-2LUMO+2), 19 (maior contribuição da
transição HOMO-1LUMO+3), 21 (maiores contribuições das transições HOMO-
4LUMO e HOMO-3LUMO+1) e 23 (maior contribuição da transição
HOMOLUMO+5).
136
HOMO HOMO-1
HOMO-2 HOMO-3
HOMO-4 LUMO
LUMO+1 LUMO+2
Figura 26. Orbitais moleculares envolvidos nas principais transições eletrônicas no
cátion hidroxilado (XXIV).
137
LUMO+3 LUMO+4
LUMO+5
Figura 26. Continuação.
A principal banda (λ=422 nm) no tion (XXIV), no qual a hidroxila está ligada
ao C(4´), é a correspondente da transição HOMOLUMO (estado excitado 1, Tabela
99, Figura 26). Em comparação com (XIX), essa banda apresenta um deslocamento
batocrômico de 22 nm. Transições eletrônicas do estado fundamental para os estados
11, 12, 15, 19, 22 e 23 compõem o conjunto de bandas menos intensas do espectro de
absorção desse cátion. Nessa seqüência, as bandas ocorrem nos comprimentos de onda
208 nm (maior contribuição da transição HOMO-1LUMO+1), 202 nm (maior
contribuição da transição HOMO-1LUMO+2), 195 nm (maior contribuição da
transição HOMOLUMO+5), 186 nm (maior contribuição da transição
HOMOLUMO+5), 182 nm (maior contribuição da transição HOMO-2LUMO+4) e
179 nm (maior contribuição da transição HOMO-2LUMO+3).
138
Tabela 99. Principais transições eletrônicas para (XXIV): ƒ é a força do oscilador; λ
(em nm) é o comprimento de onda e E (em eV) é a energia da transição eletrônica.
Composto
Transições Coeficientes
ƒ λ
E
Estado
HOMOLUMO
0,68601 1,0448
422,08
2,9375
1
HOMO-4LUMO
-0,13316
HOMO-3LUMO+1
0,14642
HOMO-3LUMO+2
0,12214
HOMO-1LUMO+1
0,44484
HOMO-1LUMO+2
0,16365
HOMO-1LUMO+5
0,10619
HOMOLUMO+2
-0,36758
HOMOLUMO+4
-0,19588
0,4608
208,19
5,9554
11
HOMO-4LUMO
0,16599
HOMO-3LUMO+1
-0,32605
HOMO-3LUMO+4
0,14963
HOMO-3LUMO+5
-0,11662
HOMO-2LUMO+1
0,20270
HOMO-2LUMO+3
-0,18218
HOMO-1LUMO+2
0,23467
HOMOLUMO+4
-0,17960
HOMOLUMO+5
0,34542
0,4130
194,88
6,3621
15
HOMO-4LUMO
-0,17943
HOMO-3LUMO+1
0,13742
HOMO-3LUMO+4
0,13132
HOMO-2LUMO+1
-0,10181
HOMO-1LUMO+2
-0,19580
HOMO-1LUMO+4
-0,30199
HOMO-1LUMO+5
0,23024
HOMOLUMO+2
0,21593
HOMOLUMO+5
0,36745
0,4778
186,54
6,6463
19
HOMO-4LUMO
0,16877
HOMO-3LUMO+1
-0,15488
HOMO-2LUMO+3
0,59668
HOMOLUMO+2
-0,10557
HOMOLUMO+4
0,11341
(XXIV)
HOMOLUMO+5
0,15384
0,5636
179,32
6,9142
23
Por fim, para o cátion com hidroxila ligada ao C(5´) do anel B do flavílio,
(XXV), verifica-se uma diminuição da intensidade da banda referente à transição
HOMOLUMO (estado excitado 1). Tal observação é representada pelo decréscimo da
força do oscilador em relação ao cátion flavílio, (XIX). Essa banda apresenta ainda um
deslocamento batocrômico de 8 nm em relação a (XIX). Diferentemente dos demais
139
cátions substituídos no anel B ((XXIII) e (XXIV)), a banda em 185 nm torna-se bastante
intensa. No cátion (XXV), essa banda origina-se da transição de um elétron do estado
fundamental para o estado 21, com maiores contribuições das transições
HOMO-4LUMO e HOMO-3LUMO+1. Com menores intensidades, destacam-se as
bandas em 190 nm (maior contribuição da transição HOMO-1LUMO+3), 206 nm
(maior contribuição da transição HOMO-2LUMO+1), 183 nm (maior contribuição
das transições HOMO-4LUMO e HOMOLUMO+2) e 219 nm (maior contribuição
da transição HOMO-1LUMO+1), oriundas da excitação de um elétron do estado
fundamental para os estados 19, 12, 22 e 9, respectivamente.
100 150 200 250 300 350 400 450
-0,02
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
(XXV)
(XXIV)
(XXIII)
(XXII)
(XXI)
(XX)
Força do oscilador
Comprimento de onda (
λ
, nm)
(XIX)
Figura 27. Espectro eletrônico para o cátion flavílio, (XIX), e derivados hidroxilados,
(XX)-(XXV).
I – Conclusões
O efeito da hidroxilação nos cátions benzopirílio e flavílio foi estudado com o
modelo B3LYP/6-31+G(d,p). Foram realizadas análises geométricas, energéticas, das
cargas atômicas, da aromaticidade (NICS, HOMA e PDI) e das estruturas de
140
ressonância (HOSE). A análise topológica da densidade eletrônica foi realizada com a
teoria AIM e os espectros eletrônicos foram obtidos com o emprego do método ZINDO.
As geometrias de equilíbrio dos cátions hidroxilados demonstraram ser pouco
distintas da geometria dos cátions benzopirílio ((XIII)) e flavílio ((XIX)). As ligações
C-C vizinhas ao carbono ligado à hidroxila apresentaram aumento significativo nos seus
comprimentos de ligação, alterando os comprimentos de outras ligações que constituem
os anéis dos cátions. Os ângulos de ligação internos dos anéis que constituem os cátions
benzopirílio e flavílio foram pouco alterados com a hidroxilação.
As energias relativas indicaram que o cátion benzopirílio é mais estabilizado
quando a substituição de um átomo de hidrogênio por um grupo hidroxila ocorre no
C(7), (XVII), e menos estabilizado quando essa substituição ocorre nos carbonos C(3) e
C(8), cátions (XIV) e (XVIII), respectivamente. para o cátion flavílio, os derivados
hidroxilados mais estáveis foram (XXII) e (XXIV), com hidroxila ligada aos carbonos
C(7) e C(4´), respectivamente. Efeito contrário foi observado para os cátions com
hidroxila ligada aos carbonos C(3), (XX), e C(5), (XXI).
Apesar das divergências entre as cargas NPA, MK e GAPT, observaram-se
cargas positivas para os átomos C(2) e C(9) nos cátions (XIII)-(XXV). À exceção das
cargas MK de (XIV) e (XX), C(10) e C(1´) apresentaram cargas negativas. Excluindo-
se os casos em que ligação com a hidroxila, cargas negativas também foram
atribuídas aos carbonos C(3), C(5), C(6), C(8), C(3´) e C(5´). A análise AIM atribuiu
cargas positivas a todos os átomos de carbono dos cátions, com concentração nos
carbonos C(2) e C(9).
Comparativamente a (XIII), os valores de NICS (1) de (XIV)-(XVIII) revelaram
que a substituição de um hidrogênio por hidroxila nos carbonos C(5) ((XV)) e C(7)
((XVII)) provoca a diminuição da aromaticidade dos anéis A e C do cátion benzopirílio.
Observou-se ainda que a ligação da hidroxila ao C(3) ((XIV)) causa um pequeno
aumento na aromaticidade do anel C, e que a ligação deste grupo aos carbonos C(6) e
C(8) pouco influencia a aromaticidade do cátion. Para os cátions (XIX)-(XXV), NICS
(1) demonstrou pequeno aumento da aromaticidade do anel C em (XX), no qual a
ligação com a hidroxila ocorre no C(3). Efeito oposto foi encontrado para (XXII) e
(XXIV). A aromaticidade do anel A foi diminuída em (XXI) (hidroxila ligada ao C(5))
e (XXII) (hidroxila ligada ao C(7)). Em comparação a (XIX), o anel B tornou-se menos
aromático em (XXIV) (hidroxila ligado ao C(4´)) e (XXV) (hidroxila ligada ao C(5´)).
141
Considerando a divisão do anel C em duas partes, uma que contém apenas
ligações C-C e outra com ligações C-O, o índice HOMA permitiu constatar que o
decréscimo da aromaticidade está relacionado principalmente com os longos
comprimentos das ligações C-O (termo EN) com relação ao R
opt
. Verificou-se ainda a
diminuição da aromaticidade desse anel quando se aumenta o tamanho do cátion
(pirílio benzopirílio flavílio). A aromaticidade do anel C foi diminuída nos cátions
(XV), (XVII) e (XXIV), com hidroxila ligada aos carbonos C(5), C(7) e C(4´),
respectivamente. Por outro lado, um pequeno aumento da aromaticidade foi observado
em (XXII) e (XXIII), hidroxilados nos carbonos C(7) e C(3´). O aumento dos termos
EN e GEO promove o decréscimo do índice HOMA do anel A nos cátions hidroxilados
nos átomos C(5) e C(7) ((XV), (XVII), (XXI) e (XXII)). A menor aromaticidade do
anel B do cátion flavílio foi encontrada para o cátion (XXIV), hidroxilado do C(4´), no
qual se destacou o aumento do termo relacionado com a alternância dos comprimentos
de ligação (GEO). De um modo geral, os resultados sugeriram a perda da aromaticidade
para os anéis ligados à hidroxila.
Segundo o método HOSE, as estruturas de ressonância que mais contribuíram
para a estabilidade do cátion benzopirílio foram, em ordem de importância: (15) > (14)
> (12) > (9) > (7) > (13) > (11) > (6) > (10) > (8). As estruturas equivalentes com a
carga positiva no C(2) ((22) e (23)) foram as de maior contribuição para o cátion
flavílio, seguidas das estruturas de ressonância com dupla ligação entre os anéis C e B
((37) > (36) (38)), as quais apresentam carga positiva nos carbonos C(4´), C(2´) e
C(6´). As demais estruturas de ressonância contribuíram para a estabilidade do cátion
flavílio segundo a ordem decrescente: (28) (29) > (18) (19) (34) (35) > (24)
(25) > (32) (33) > (20) (21) (26) (27) (30) (31) > (16) (17). A hidroxilação
provoca alterações muito pequenas nas contribuições das estruturas de ressonância do
benzopirílio e do flavílio.
Os índices de aromaticidade NICS, HOMA e PDI não demonstraram boa
concordância. Entretanto, todos indicaram o maior decréscimo da aromaticidade do anel
A nos casos em que o grupo hidroxila está ligado aos carbonos C(5) e C(7). Os três
índices refletiram também a maior queda da aromaticidade do anel B quando a hidroxila
se liga ao carbono C(4´), cátion (XXIV).
As variações nas densidades eletrônicas (ρ
b
) dos pontos críticos de ligação
(BCPs) sugeriram que as estruturas de ressonância (7) e (13) são favorecidas quando a
142
hidroxila se liga aos carbonos C(3) e C(5) nos cátions (XIV) e (XV), respectivamente. O
mesmo se observa para as estruturas de ressonância (23) no cátion (XX) (hidroxila
ligada ao carbono C(3)) e (32) no cátion (XXII) (hidroxila ligada ao C(7)). Em (XVI) e
(XVIII), com hidroxila ligada aos carbonos C(6) e C(8), as variações indicaram um
desfavorecimento da estrutura de ressonância (14). Em (XVII) (hidroxila ligada ao
C(7)) notou-se um favorecimento da estrutura de ressonância (14) em oposição ao
desfavorecimento das estruturas de ressonância (7) e (8). As estruturas de ressonância
como (30) e (31) foram favorecidas em (XXI), cátion no qual a hidroxila se encontra
ligada ao C(5). Para (XXIV), o aumento da densidade eletrônica no ponto crítico de
ligação C(2)-C(1´) deveria favorecer estruturas de ressonância com a dupla ligação
entre os anéis C e B ((36)-(38)), mas se observa o favorecimento de estruturas como
(20) e (21).
As alterações nos espectros eletrônicos do benzopirílio e do flavílio variaram de
acordo com a posição na qual a hidroxila está ligada. Com exceção do cátion (XXIII),
com hidroxila ligada ao C(3´), a hidroxilação do flavílio provocou um deslocamento
batocrômico da banda decorrente da transição HOMOLUMO.
3.2 CAPÍTULO 2: CARACTERIZAÇÃO E INFLUÊNCIA DAS LIGAÇÕES
DE HIDROGÊNIO NA RESSONÂNCIA DE ÁCIDOS ORGÂNICOS E DO
ÂNION FORMIATO
3.2.1 – Considerações sobre as ligações de hidrogênio envolvendo alguns compostos
carbonílicos, radicais e fluoreto de hidrogênio.
Embora as ligações de hidrogênio provenientes da interação entre moléculas
neutras ou existentes em complexos íon-molécula tenham sido bastante estudadas,
pouca ênfase tem sido atribuída ao estudo das interações entre radicais e moléculas.
229
Essas interações são importantes na química atmosférica, particularmente aquelas
envolvendo os radicais peroxil, os quais participam das reações de formação e
destruição do ozônio.
230
Os radicais hidroperoxil e hidroxila estão envolvidos em
processos atmosféricos, biológicos e de combustão.
231
Esses radicais podem formar
complexos com água cuja energia de ligação é superior à observada para o dímero da
água.
231
Além disso, o radical hidroxila é capaz de reagir com acetona, formaldeído e
acetaldeído. No caso desse último evidências que indicam que a reação se procede
143
através da formação de um complexo.
231,232
O mesmo deve ocorrer na reação entre o
radical hidroperoxil e o formaldeído.
231,233
Estudos indicaram que ambos os radicais se
ligam mais fortemente com acetona, formaldeído e acetaldeído do que a água.
231,234
Adicionalmente, compostos com grupo carbonila são comumente encontrados
em diversos sistemas químicos e também podem apresentar ligações de hidrogênio com
força comparável a do dímero da água.
231,235
Tais compostos podem formar complexos
moleculares com diversos radicais, como os supracitados hidroxila e hidroperoxil, ou
ainda se associarem a radicais orgânicos livres.
236
Apesar de muito reativos,
216
os
radicais orgânicos podem ser estabilizados por efeitos de hiperconjugação e
ressonância. Contudo, a maior parte apresenta tempos de vida curtos, o que limita a
possibilidade de se isolar complexos nos quais estas espécies estejam presentes.
216
Alkorta et al. estudaram a capacidade de alguns radicais carbônicos em atuar como
receptores de ligações de hidrogênio. Os resultados de energia e geometria mostraram
que os radicais são fracos receptores de ligações de hidrogênio e que a força dessas
ligações correlaciona-se qualitativamente com o mínimo do potencial eletrostático
molecular dos radicais isolados.
216
Alguns complexos moleculares resultantes da associação de radicais com
compostos carbonílicos podem desempenhar papel fundamental na atmosfera da Terra.
No entanto, uma grande parte destes encontram-se fracamente ligados e,
conseqüentemente, apresentam tempos de vida relativamente curtos.
229
As espécies
associadas coexistem com os reagentes que as formam, num equilíbrio tipicamente
descrito por:
237
A + B + M AB +
M
Em muitos casos, esse equilíbrio é amplamente dependente da temperatura, com
a formação de produtos favorecida pelo abaixamento da temperatura.
237
As espécies
associadas apresentam grandes tempos de vida a baixas temperaturas e atuam como
reservatório dos reagentes que as formam. Em temperaturas baixas, esses reservatórios
podem ser transportados e, posteriormente, decompostos termicamente nos reagentes de
origem, quando atingem regiões mais aquecidas.
237
Isso possibilita que espécies sejam
transportadas a regiões da atmosfera nas quais suas concentrações não deveriam ser
elevadas.
229,237
Os ácidos fórmico e acético estão presentes na atmosfera em concentrações
típicas que variam de 500 a 1000 ppt (partes por trilhão) em áreas remotas, sendo a
144
concentração do ácido acético geralmente o dobro da do ácido fórmico.
237
A formação
do ácido acético em fase gasosa ocorre através da reação do radical peroxiacetil com o
radical hidroperoxil. Já o ácido fórmico é um produto da oxidação de compostos
orgânicos naturais ou oriundos da emissão antropogênica, sendo, portanto, o principal
constituinte orgânico em nuvens, neblinas e precipitações.
238
O ácido trifluoroacético
(TFA) encontrado na atmosfera é predominantemente oriundo da oxidação atmosférica
de alguns compostos de flúor e dos CFC (clorofluorcarbonos).
229
O TFA é
quimicamente e biologicamente estável, além de ser altamente resistente à
decomposição fotoquímica. A sua degradação e suas implicações na química
atmosférica ainda são pouco conhecidas.
Esses ácidos orgânicos podem ser removidos da atmosfera pela ação da chuva
ou pela reação com o radical hidroxila.
237
A concentração de ácidos orgânicos na
atmosfera é maior em regiões distantes de centros urbanos. Além do mais, estudos
revelaram que alguns desses ácidos podem formar ligações relativamente fortes com a
água ou radicais, possibilitando que atuem como precursores de aerossóis orgânicos,
similarmente ao observado para os ácidos sulfúrico e nítrico.
237,238
O estudo da
complexação do radical hidroperoxil com os ácidos fórmico, acético e trifluoroacético
demonstrou energias de ligação com magnitude semelhante a de sistemas ligados por
ligações covalentes fracas.
229,237
Estes dados indicam que estes complexos pertencem à
classe dos “sistemas parcialmente ligados”, segundo a sugestão de Leopold.
239
Além da importância na formação de complexos atmosféricos, outras interações
do grupo carbonila também são quimicamente relevantes, uma vez que esse grupo é
facilmente encontrado em muitas moléculas de interesse biológico, particularmente
carboidratos.
235
Adicionalmente, como mencionado, a carbonila é capaz de realizar
ligações de hidrogênio relativamente fortes.
231
Nesse sentido, a ligação de hidrogênio no
fluoreto de hidrogênio (HF) é uma das mais fortes conhecidas e o HF é usado como
doador de ligações de hidrogênio até em interações não convencionais como F-H⋅⋅⋅π.
240-
243
Ressalta-se que o ácido fórmico e o ânion formiato já atuaram como modelos
simples de aminoácidos em estudos de ligações de hidrogênio de baixa barreira (Low-
Barrier Hydrogen Bonds LBHBs),
244-248
e que complexos constituídos de fluoreto de
hidrogênio e compostos carbonílicos, incluindo o ácido fórmico, foram estudados
com a utilização de modelos eletrostáticos.
235
Portanto, como extensão dos estudos com
complexos molécula-radical (ácidos fórmico, acético e trifluoroacético com o radical
hidroperoxil), os quais serão apresentados a seguir, realizou-se o estudo de diversos
145
complexos do ácido fórmico e do ânion formiato com o fluoreto de hidrogênio com o
intuito de se verificar a influência da ligação de hidrogênio na ressonância da carboxila
e do carboxilato.
3.2.2 Caracterização das ligações de hidrogênio nas interações entre o radical
hidroperoxil e ácidos orgânicos
Visto que há poucos trabalhos versando sobre ligações de hidrogênio em radicais
por métodos experimentais ou computacionais e que as ligações de hidrogênio entre o
radical hidroperoxil e os ácidos fórmico, acético e trifluoroacético são extremamente
intensas, as alterações nas ligações químicas com a formação desses complexos foram
estudadas pelos métodos NBO (Natural Bond Orbital), NRT (Natural Resonance
Theory) e NSA (Natural Steric Analysis), propostos por Weinhold e AIM (Atoms in
Molecules), proposto por Bader. Foram analisadas também as alterações nas geometrias
de equilíbrio, nas freqüências vibracionais e intensidades das bandas dos estiramentos
O-H, nas cargas atômicas e densidades de spin dessas espécies após a complexação,
além de ter sido empregada a análise energética proposta por Xantheas.
Os cálculos foram efetuados com os modelos B3LYP/6-311++G(3df,3pd) e
B3LYP/EPR-III. para os radicais, os modelos utilizados nos cálculos foram
UB3LYP/6-311++G(3df,3pd) e UB3LYP/EPR-III. Entretanto, Para todas as
propriedades estudadas os resultados obtidos para as funções de base 6-
311++G(3df,3pd) e EPR-III foram semelhantes, e apenas os resultados obtidos com a
primeira serão discutidos. Este estudo foi publicado no ano de 2003 no J. Am. Chem.
Soc.
64
146
A – Geometrias
Os complexos (5), (6) e (7), resultantes da associação do radical hidroperoxil,
(1), com os ácidos fórmico, (2), acético, (3), e trifluoroacético, (4), respectivamente, são
planares e seus parâmetros geométricos são semelhantes aos obtidos em estudos
anteriores, (Figura 28).
229,237
As geometrias de equilíbrio dos monômeros nos complexos são
significantemente distintas das geometrias dos ácidos e do radical isolados. Os
comprimentos de ligação mais afetados pela complexação foram C(2)-O(3), C(2)-O(4),
O(3)-H(5) em (2)-(4) e O(7)-H(8) em (1). O primeiro decresce enquanto que os outros
aumentam após a associação (Figura 28). Os ângulos de ligação mais afetados são
aqueles que envolvem como átomo central o C(2) (X(1)-C(2)-O(4) e X(1)-C(2)-O(3),
com X = H para (2) e X = C para (3) e (4)) e C(2)-O(3)-H(5). Os dois ângulos que
envolvem o O(3) crescem e o X(1)-C(2)-O(4) decresce. O ângulo de ligação do radical
(1) sofre um pequeno decréscimo com a complexação.
As perturbações nas geometrias dos monômeros que constituem os complexos
indicam que as ligações de hidrogênio formadas entre os átomos O(4)⋅⋅⋅H(8) e
O(6)⋅⋅⋅H(5) possuem força considerável. Os ângulos das ligações de hidrogênio
O(4)-H(8)-O(7) e O(3)-H(5)-O(6) nos três complexos estudados apresentam valores
médios de 165,5 e 168,7 graus, respectivamente, o que indica a tendência de linearidade
(caráter direcional) nessas ligações. Na ligação de hidrogênio O(4)⋅⋅⋅H(8)
o ácido atua
como receptor da ligação de hidrogênio, enquanto que na O(6)⋅⋅⋅H(5), o ácido é o
doador da ligação de hidrogênio (Figura 28). Em (5) e (6) R
1
é sensivelmente menor
que R
2
(R
1
e R
2
designados no complexo (5) na Figura 28). R
1
e R
2
são equivalentes em
(7). Esse último apresenta a menor distância R
2
e a maior distância R
1
. O contrário
acontece com (6). Em todos os casos R
1
e R
2
são mais curtas que as distâncias
encontradas no dímero da água (1,95 Å) e no complexo ácido fórmico-água
(1,786 Å),
237
o que ressalta a grande força dessas ligações de hidrogênio.
147
(1) (2)
(7)
(5) (6)
(3) (4)
Figura 28
. Geometrias (distâncias dadas em Ǻ e ângulos em graus): (
1
) radical hidroperoxil;
(2) ácido fórmico; (3) ácido acético; (4) ácido trifluoroacético; (5) complexo ácido fórmico-
radical hidroperoxil; (6) complexo ácido acético-radical hidroperoxil e (7
) complexo ácido
trifluoroacético-radical hidroperoxil.
148
B – Freqüências vibracionais
A comparação entre as geometrias de equilíbrio dos compostos isolados e a dos
monômeros no complexo, demonstrou que as interações molécula-radical são fortes.
Uma conseqüência direta das perturbações estruturais é a alteração das freqüências
vibracionais, sobretudo dos átomos envolvidos nas ligações de hidrogênio. Foram
analisadas as freqüências dos estiramentos das ligações O-H, O-O e C=O dos ácidos e
O-H do radical hidroperoxil, sendo os dados apresentados na Tabela 100.
Tabela 100. Freqüências vibracionais (cm
-1
) dos estiramentos das ligações C=O, O-H e
O-O.
(a)
Composto
C=O
O-H (ácido)
O-H (hidroperoxil) O-O
(1) 3603 (23,8) 1172
(2) 1818 3732 (59,8)
(5) 1737 3180 (1430,4) 2949 (347,2) 1228
(3) 1819 3754 (60,6)
(6) 1737 3214 (1520,5) 2887 (694,6) 1228
(4) 1862 3747 (94,9)
(7) 1781 3158 (1971,4) 2995 (133,5) 1228
(a)
Intensidades (km/mol) estão indicadas entre parênteses.
As freqüências vibracionais dos estiramentos das ligações C=O e O-H do ácido
fórmico isolado estão em boa concordância com valores experimentais e teóricos, o que
comprova a confiabilidade dos resultados.
237,238,249
O pico deslocamento para o vermelho da freqüência associada com o
estiramento O-H nos complexos estudados ocorre em virtude do aumento nos
comprimentos de ligação O(3)-H(5) e O(7)-H(8) em relação aos monômeros isolados, e
situa-se entre 14 e 20%. O deslocamento da freqüência vibracional do estiramento
O(7)-H(8) em (6) é relativamente mais pronunciado do que em (5) e (7), denotando uma
forte interação, como havia sido observado nos estudos de Aloísio e Francisco.
237
Por
outro lado, o deslocamento da freqüência do estiramento O(3)-H(5) foi o maior em (7).
A intensidade da banda do grupo O-H dos ácidos (2)-(4) e do radical (1) também
reflete a força das ligações de hidrogênio nos complexos estudados (Tabela 100). Em
(5)-(7), a intensidade das bandas dos estiramentos O(3)-H(5) dos ácidos, e O(7)-H(8) do
radical hidroperoxil, aumentaram se comparadas as encontradas nos monômeros
isolados, como havia sido observado por Aloísio e Francisco.
237
Desta forma, a
intensidade da banda do grupo O-H é aproximadamente 24, 25 e 21 vezes maior nos
149
complexos (5), (6) e (7) do que nos ácidos (2), (3) e (4), respectivamente. Relativamente
a (1), a intensidade para O(7)-H(8) torna-se cerca de 15 vezes maior em (5), 29 vezes
em (6) e 6 vezes em (7). O aumento da intensidade da banda é devido ao termo do fluxo
de carga, como explicado anteriormente na análise das freqüências vibracionais dos
complexos cátion pirílio-água.
C – Cargas atômicas
As cargas atômicas obtidas pelos métodos NPA e GAPT estão apresentadas na
Tabela 101. Considerando as cargas NPA, foram observadas pequenas variações nas
cargas atômicas dos monômeros após a complexação. Em todos os três casos estudados,
as cargas que sofreram as maiores alterações foram as dos oxigênios O(4) e O(6), ou
seja, dos oxigênios receptores de hidrogênio nas ligações de hidrogênio. Nesses dois
átomos as cargas tornaram-se mais negativas em comparação com as cargas dos
monômeros isolados. A carga em C(2) tornou-se mais positiva, o que pode ser atribuído
ao deslocamento de densidade eletrônica para O(4). Da mesma forma, a carga em O(7)
é menos negativa provavelmente em decorrência de um deslocamento de densidade
eletrônica para O(6). Com relação às cargas dos hidrogênios que participam das
ligações de hidrogênio, H(5) e H(8), a complexação fez com que ficassem mais
positivas. As demais cargas atômicas praticamente não sofreram alterações.
Tabela 101. Cargas NPA e GAPT para (1)-(7).
X(1)
(a)
C(2) O(3) O(4) H(5) Y(9)
(b)
Y(10)
(b)
Y(11)
(b)
O(6) O(7) H(8)
NPA -0,145
-0,308
0,453
(
1
)
GAPT
-0,025
-0,234
0,258
NPA 0,108 0,657
-0,672
-0,571
0,478
(
2
)
GAPT
0,013 1,082
-0,671
-0,709
0,284
NPA 0,130
0,678
-0,663
-0,635
0,493
-0,207
-0,280
0,485
(
5
)
GAPT
0,027 1,041
-0,756
-0,808
0,498
-0,178
-0,335
0,531
NPA
-0,685
0,791
-0,687
-0,590
0,481
0,227
0,231 0,231
(
3
)
GAPT
-0,065
1,151
-0,701
-0,752
0,278
0,029 0,030 0,030
NPA -0,683
0,828
-0,679
-0,650
0,495
0,234
0,234 0,234 -0,213
-0,285
0,485
(
6
)
GAPT
-0,076
1,133
-0,796
-0,867
0,501
0,032 0,037 0,037 -0,191
-0,381
0,572
NPA
0,967
0,701
-0,650
-0,527
0,492
-0,318
-0,332 -0,332
(
4
)
GAPT
1,558 1,016
-0,663
-0,666
0,305
-0,501
-0,524 -0,524
NPA 0,972
0,728
-0,642
-0,600
0,498
-0,317
-0,329 -0,329 -0,197
-0,268
0,485
(
7
)
GAPT
1,577 0,983
-0,778
-0,777
0,546
-0,505
-0,525 -0,525 -0,183
-0,332
0,520
(a)
X = H para (2) e (5); X = C para (3)-(7).
(b)
Y = H para (3) e (6); Y = F para (4) e (7).
150
As alterações nas cargas GAPT após a complexação foram bem mais intensas, e
em alguns aspectos distintas, das observadas nas NPA. As cargas atômicas do O(3),
O(4), H(5), O(6), O(7) e H(8) foram significantemente modificadas. Assim, as cargas
dos oxigênios tornaram-se mais negativas nos complexos. As maiores alterações foram
observadas para as cargas atômicas dos hidrogênios que participam das ligações de
hidrogênio, H(5) e H(8), as quais ficaram mais positivas. A carga do C(2) deveria se
tornar mais positiva, pois O(3) e O(4) ficaram mais negativos com a complexação.
Entretanto, a densidade eletrônica do C(2) cresceu nos complexos estudados. As cargas
obtidas pelos métodos GAPT ou NPA, ou a variação dessas grandezas decorrente da
formação dos complexos, não apresentaram correlação com o efeito doador ou sacador
de elétrons dos substituintes.
D – Análise energética
Os resultados para decomposição de energias obtidos com a utilização do
método de Xantheas
87,88
estão apresentados na Tabela 102.
Tabela 102. Energias de relaxação dos monômeros (E
R ácido
, E
R radical
) e total (E
R total
),
energias de interação (
2
E) e energias de ligação (BE
2
), (kcal/mol).
E
R ácido
(a)
E
R radical
(a)
E
R total
(a)
2
E
(a)
BE
2
(a)
BSSE
(5) 1,33 0,69 2,02 -16,89 -14,86 0,36
(6) 1,42 0,79 2,21 -18,30 -16,09 -0,20
(7) 1,69 0,46 2,15 -16,57 -14,41 -0,01
(a)
Valores corrigidos pelo BSSE.
Os erros de superposição de base (BSSE) apresentaram valores bastante
pequenos, o que indica que os conjuntos de funções de base 6-311++G(3df,3pd) e EPR-
III descrevem adequadamente a ligação de hidrogênio em (5)-(7). As maiores
contribuições nas energias de relaxação totais (E
R total
) são devidas às distorções sofridas
pelos ácidos na formação dos complexos (E
R ácido
), sobretudo no caso do ácido
trifluoroacético, (4), o qual apresentou a maior E
R
. O radical (1) demonstrou a maior E
R
durante a formação do complexo (6). Este complexo apresenta a maior energia de
relaxação total, o que indica que as interações são mais intensas do que em (7) ou (5).
As energias de relaxação para os complexos estudados nesse trabalho são muito
superiores às determinadas por Xantheas para o dímero da água (0,02 kcal/mol no
151
modelo MP4/aug-cc-pVTZ),
87
o que é uma evidência da forte interação dos monômeros
em (5)-(7).
As energias de ligação (BE
2
) e os termos de interações de dois corpos (
2
E)
(Tabela 102) demonstram mais uma vez a grande estabilidade dos complexos, uma vez
que os
2
E são cerca de quatro vezes maiores do que os valores apresentados por
Xantheas para o dímero da água (-4,69 kcal/mol).
87
As energias de ligação, (BE
2
), dos
complexos (5) e (7) são praticamente iguais, diferindo de 0,45 kcal/mol. Os parâmetros
energéticos observados na Tabela 102 indicam que (6) é o complexo mais estável, o que
pode ser atribuído ao efeito doador de elétrons do grupo metila. A doação de elétrons
pelo grupo metila (efeito indutivo) causa um aumento da densidade eletrônica, a qual é
melhor “acomodada” pelo oxigênio da carbonila do que pelo oxigênio do grupo O-H do
ácido, favorecendo a ligação de hidrogênio O(4)···H(8). A maior estabilidade na ligação
entre ácido acético e o radical hidroperoxil foi relatada em estudos realizados por
Francisco e Aloisio.
229,237
No complexo (7), o grupo trifluorometila (sacador de
elétrons) deve desestabilizar a ligação O(4)···H(8) e estabilizar a ligação O(6)···H(5). As
distâncias R
1
e R
2
(R
1
e R
2
designados no complexo (5) na Figura 28) ajudam a
confirmar tal fato, pois (7) apresenta a menor distância R
2
e a maior distância R
1
,
exatamente o oposto do observado para (6).
Na maioria dos casos as energias das ligações de hidrogênio encontram-se entre
–2 e –10 kcal/mol.
1
Alguns estudos computacionais com dímeros indicaram energias de
ligação que variam entre –0,2 e –40 kcal/mol.
250
Para o dímero da água Xantheas
observou uma energia de ligação de –4,67 kcal/mol, aproximadamente três vezes
inferior aos valores obtidos para (5)-(7). Deve-se lembrar que o dímero da água
apresenta apenas uma ligação de hidrogênio, enquanto que os complexos estudados
duas. Aloisio, Hintze e Vaida determinaram que uma das conformações do complexo
ácido fórmico-água tem energia de ligação de -7,0 kcal/mol,
238
ou seja,
aproximadamente 8,0 kcal/mol menos estável que o determinado para (5).
E – NBO (Natural Bond Orbital)
Para sistemas com camada aberta os métodos irrestritos apresentam matrizes
densidade distintas, uma para cada spin. Desta forma, as interações entre NBOs são
consideradas separadamente e podem apresentar diferenças pronunciadas, como
observado para os radicais metóxi e etenóxi em trabalho anterior realizado neste grupo
152
de pesquisa. Entretanto, para os radicais estudados nesse trabalho as interações de
segunda ordem foram semelhantes (Tabela 103).
Tabela 103. Energias de estabilização de segunda ordem (E
(2)
) para (1)-(7).
E
(2)
(kcal/mol)
(1) (5) (6) (7)
Interações
α β
(2)
α β
(3)
α β
(4)
α β
π
2nO(3)
→π
*
C(2)-O(4)
46,51
30,51
30,51
44,26
29,47
29,52
48,85
31,92
31,96
π
1nO(4)
→σ
*
C(2)-X(1)
(a)
22,51
9,66 9,68 20,26
9,54 9,55 29,64
13,54
13,56
π
1nO(4)
→σ
*
C(2)-O(3)
33,10
10,57
10,64
35,31
9,56 9,66 33,68
10,88
10,95
σ
nO(4)
→σ
*
O(7)-H(8)
4,08 4,09 4,01 4,03 3,53 3,53
π
1nO(4)
→σ
*
O(7)-H(8)
12,80
12,49
15,10
14,75
9,95 9,70
π
1nO(6)
→σ
*
O(3)-H(5)
12,10
13,42
11,69
12,95
14,09
15,62
σ
nO(6)
→σ
*
O(7)-H(8)
0,68 0,74 0,66 0,71 0,73 0,79
π
1nO(6)
→σ
*
O(7)-H(8)
2,42
2,60
0,66 0,71 0,63 0,67 0,71 0,75
(a)
X = H para (2) e (5); X = C para (3)-(7).
Nos ácidos, (2)–(4), os orbitais ocupados que doam densidade eletrônica são os
pares isolados
π
2nO(3)
e
π
1nO(4)
. (Figura 29), os quais são orbitais “p” puros. Os NBOs
denominados por σ estão orientados no plano molecular e são orbitais híbridos
formados pela combinação de orbitais “s” e “p” Após a formação das ligações de
hidrogênio verifica-se uma pequena contribuição de orbital “s” (2,5 a 6%) no orbital
π
1nO(4)
.
As principais interações entre NBOs ocupados e virtuais, determinadas pelos
maiores valores de E
(2)
, correspondem, em ordem de importância, às
π
2nO(3)
→π
*
C(2)-O(4)
,
π
1nO(4)
→σ
*
C(2)-O(3)
e
π
1nO(4)
→σ
*
C(2)-X(1)
(X(1) = H(1) para (2) e X(1) =
C(1) para (
3) e (4)). Após a complexação, a primeira é estabilizada em
(a) (b)
Figura 29. NBOs (a)
π
2nO(3)
; (b)
π
1nO(4)
.
153
aproximadamente 15 kcal/mol, enquanto que a segunda é desestabilizada cerca de
12 kcal/mol para (5) e (7) e 16 kcal/mol para (6). A importância da interação
π
2nO(3)
→π
*
C(2)-O(4)
indica que a ressonância do grupo carboxila aumenta com a
complexação. As alterações nas energias da interação
π
1nO(4)
→σ
*
C(2)-X(1)
são muito
pequenas. Esses resultados ainda demonstram que a complexação com (1) provoca
alterações semelhantes na estrutura eletrônica dos ácidos (5) e (7).
As duas principais interações envolvidas na formação das ligações de hidrogênio
dos complexos (5)-(7) são decorrentes da doação de elétrons do par isolado do oxigênio
sp
2
dos ácidos (2)-(4) para o orbital antiligante da hidroxila de (1) (
π
1nO(4)
σ
*
O(7)-H(8)
), e
entre elétrons do oxigênio terminal de (1) com o orbital antiligante da ligação O-H dos
ácidos (2)-(4) (
π
1nO(6)
σ
*
O(3)-H(5)
). Analogamente ao orbital
π
1nO(4)
, após a formação da
ligação de hidrogênio verifica-se um aumento no caráter “s” (cerca de 14%) do orbital
π
1nO(6)
de (1). A estabilização provocada pela primeira interação,
π
1nO(4)
σ
*
O(7)-H(8)
, varia segundo: (6) > (5) > (7). Para a segunda interação,
π
1nO(6)
σ
*
O(3)-H(5)
, a ordem decrescente da estabilização é dada por: (7) > (5) > (6).
Essas observações corroboram o fato de que a ligação de hidrogênio O(4)·· H(8) é mais
intensa no complexo com o ácido acético, (6), enquanto que a ligação O(6)·· H(5) é
mais favorecida no complexo com o ácido trifluoroacético, (7).
F – NSA (Natural Steric Analysis)
As interações desestabilizadoras entre orbitais ocupados ou parcialmente
ocupados foram obtidas pela análise NSA (Natural Steric Analysis). As interações inter
ou intramoleculares que mais contribuem para a desestabilização dos sistemas estudados
ocorrem entre um par de elétrons isolado de um oxigênio e um orbital ligante vicinal, ou
ainda um par de elétrons isolado de outro átomo. Os orbitais ligantes são formados pela
combinação linear de orbitais híbridos naturais ligantes (NHOs). É curioso se notar que
a combinação antiligante desses NHOs é o orbital receptor de elétrons das interações de
segunda ordem segundo a análise NBO.
As interações que mais contribuem para desestabilização dos ácidos isolados,
(2)-(4), e dos complexos, (5)-(7), envolvem interações entre orbitais de par isolado π
situados no plano ou fora dele (
π
1n
ou
π
2n
, respectivamente) com orbitais ligantes
localizados entre o C(2) e um dos átomos ligados a ele:
π
2nO(3)
↔π
C(2)-O(4)
,
154
π
1nO(4)
↔σ
C(2)-O(3)
e
π
1nO(4)
↔σ
C(2)-X(1)
(X = H para (2), (5) e X = C para (3), (4), (6) e (7))
(Tabela 104), nas quais o símbolo
indica a interação repulsiva. Estas interações
apresentam pequena variação entre os ácidos não complexados, (2)-(4). Com a
complexação ocorre um decréscimo acentuado de
π
1nO(4)
↔σ
C(2)-O(3)
. Para (4) e (7) são
observadas também interações desestabilizadoras entre orbitais de par isolado dos
átomos de flúor com orbitais ligantes vicinais
σ
C(1)-C(2)
ou
σ
C(1)-F
. Para o radical (1) a
análise NSA indica que as interações predominantes ocorrem entre pares de elétrons
isolados dos oxigênios O(6) e O(7),
π
2nO(6)
↔π
2nO(7)
e
π
1nO(6)
↔σ
nO(7)
, e entre o par de
elétrons isolado do O(6) situado no plano da molécula (
π
1nO(6)
) com o orbital ligante
σ
O(7)-H(8)
,
π
1nO(6)
↔σ
O(7)-H(8)
. Esta última não apresentou variação com a complexação.
Tabela 104. Energias de repulsão estérica (dE(i,j)) para (1)-(7).
dE(i,j) (kcal/mol)
(1) (5) (6) (7)
Interações
α β
(2)
α β
(3)
α β
(4)
α β
π
2nO(3)
↔π
C(2)-O(4)
14,33
7,58 7,55
14,49
7,59 7,57
15,28
8,07 8,04
σ
nO(3)
↔σ
C(2)-O(4)
5,02 2,99 3,00
5,41 3,47 3,48
5,32 3,20 3,20
π
1nO(4)
↔σ
C(2)-O(3)
12,47
3,83 3,87
14,49
4,39 4,44
12,78
4,47 4,50
π
1nO(4)
↔σ
C(2)-X(1)
(a)
13,27
6,31 6,33
13,00
6,58 6,60
12,59
7,17 7,18
σ
X(1)-C(2)
↔σ
1O(3)-H(5)
(a)
2,07 2,07
5,32 2,80 2,81
σ
nO(4)
↔σ
C(2)-O(3)
2,97 2,93
π
1nF(9)
↔σ
X(1)-C(2)
(a)
9,12 4,60 4,61
π
XnF(10)
↔σ
X(1)-C(2)
(a)
8,69 4,37 4,37
π
XnF(11)
↔σ
X(1)-C(2)
(a)
8,69 4,37 4,37
π
2nF(9)
↔σ
X(1)-F(10)
(a)
4,92 2,46 2,46
π
YnF(11)
↔σ
X(1)-F(10)
(a)
6,11 3,11 3,11
π
2nF(9)
↔σ
X(1)-F(11)
(a)
4,92 2,46 2,47
π
YnF(10)
↔σ
X(1)-F(11)
(a)
6,11 3,11 3,11
π
1nO(6)
↔σ
O(3)-H(5)
7,20 7,61
7,05 7,45
8,31 8,75
σ
nO(4)
↔σ
O(7)-H(8)
2,19 2,28
2,13 2,13
2,12 2,20
π
1nO(4)
↔σ
O(7)-H(8)
7,97 8,03
9,40 9,47
6,55 6,60
π
1nO(6)
↔σ
O(7)-H(8)
6,48 6,55
6,41 6,34
6,51 6,44
6,12 6,03
π
2nO(6)
↔π
2nO(7)
14,76
15,23
15,20
15,22
π
1nO(6)
↔σ
nO(7)
5,15 5,30
4,55 4,74
4,56 4,73
4,36 4,53
(a)
X = H para (2) e (5); X = C para (3)-(7).
Algumas interações intermoleculares também contribuem para a
desestabilização dos complexos. As principais correspondem às interações
π
1nO(6)
↔σ
O(3)-H(5)
e
π
1nO(4)
↔σ
O(7)-H(8)
. A segunda é maior que a primeira para (5) e (6),
sendo que, neste último complexo, a diferença entre duas interações é apreciável (4,4
155
kcal/mol considerando-se a soma das energias para as interações entre orbitais α e β). A
ordem de estabilidade é invertida para (7). A desestabilização causada pela repulsão
π
1nO(4)
↔σ
O(7)-H(8)
é maior no caso do complexo com ácido acético ((6)). Isso pode ser
atribuído ao aumento de densidade eletrônica no oxigênio da carbonila decorrente da
doação de elétrons do grupo metila no ácido acético. Efeito oposto ocorre no complexo
com o ácido trifluoroacético ((7)), uma vez que os átomos de flúor são sacadores de
elétrons. Por outro lado, a energia de repulsão proveniente da interação
π
1nO(6 )
↔σ
O(3)-H(5)
é mais intensa no complexo com o ácido trifluoroacético. Essas
observações novamente indicam que a ligação de hidrogênio O(4)·· H(8) é mais intensa
em (6), enquanto que a ligação O(6) ·· H(5) é mais intensa em (7).
G – Densidade de spin
A densidade de spin nos átomos de oxigênio do radical hidroperoxil, (1),
também foi analisada neste trabalho (Tabela 105). A distribuição da densidade de spin
nesse radical, assim como a geometria e a estrutura eletrônica foram objetos de
estudo em vários trabalhos teóricos e experimentais.
251
Através de estudos ab initio e
semi-empíricos foram propostas duas estruturas de ressonância principais,
251-256
uma
com o elétron desemparelhado localizado no oxigênio terminal (Figura 30(a)), e outra
dipolar na qual o elétron desemparelhado encontra-se no oxigênio interno (Figura
30(b)). Essa última foi previamente utilizada para explicar o comportamento de vários
radicais peróxi.
251,257
H
O
O
H O
O
(a) (b)
Figura 30. Principais estruturas de ressonância do radical hidroperoxil.
Estudos teóricos indicaram a existência de uma grande carga negativa no
oxigênio interno e que a densidade de spin está associada exclusivamente com o
oxigênio terminal.
251,252
Experimentalmente, foram obtidas diferentes conclusões quanto
à localização da densidade de spin. Bower et al. concluíram que existe uma distribuição
de spin equivalente nos átomos de oxigênio interno e terminal.
251
Adamic et al.
indicaram uma razão de 2:1 para as densidades de spin,
251,258
enquanto que Melamud e
156
Silver propuseram uma razão de 0,56:0,44.
251,259
O uso de técnicas de ressonância de
spin eletrônico (ESR Electron Spin Resonance) permitiu examinar as constantes de
acoplamento hiperfinas (HFCCs - Hyperfine Coupling Constants) do
17
O nos radicais
peróxi. Nos estudos realizados por Fessenden e Schuler
251,260
e por Adamic et al.
251,258
foi constatado que grande parte das HFCCs deve estar associada com o oxigênio
terminal. Porém, isso só foi confirmado após o estudo realizado por Howard no radical
t-butil peróxi.
251,261
Tabela 105. Densidades de spin para (1), (5)-(7).
O(6) O(7)
(1) 0,741 0,270
(5) 0,660 0,360
(6) 0,658 0,361
(7) 0,661 0,358
As densidades de spin de (1) calculadas neste trabalho estão em excelente acordo
com os obtidos por Aplincourt et al. e por Wetmore e Boyd,
230,251
e indicam que a
densidade de spin deve estar mais associada ao oxigênio terminal. A complexação com
os ácidos (2)-(4) provoca a diminuição da densidade de spin do oxigênio terminal, O(6),
e o aumento dessa propriedade para o oxigênio interno, O(7). Assim, em (5)-(7), a
estrutura de ressonância dipolar deve ser favorecida, Figura 30(b). Essa observação está
em concordância com o trabalho realizado por Aplincourt et al.,
230
os quais verificaram
que, em solução aquosa (meio polar), ocorre um aumento e uma diminuição da
densidade de spin nos oxigênios interno e externo, respectivamente.
H – NRT (Natural Resonance Theory)
Os ácidos isolados, (2)-(4) apresentaram estruturas de ressonância semelhantes
(Tabela 106). O peso da estrutura de Lewis é de aproximadamente 80% em (2) e (3) e
cerca de 62% em (4). Esta diminuição pode ser atribuída ao fato que em (4) há um
número muito grande de estruturas de ressonância envolvendo o grupo trifluorometil,
mas que apresentam pequenas contribuições. A segunda estrutura de ressonância é uma
forma dipolar, que indica a ressonância apresentada pelo grupo carboxila.
262-264
157
Tabela 106. Principais estruturas de ressonância obtidas pela análise NRT para (2)-(7).
(a)
(5) (6) (7)
(2) (3) (4)
α β α β α β
Estruturas
Peso (%)
Estruturas - Complexos
α β
Peso (%)
R C
O
O
H
80,50 78,57 62,33
R C
O
O
H
O
O
H
R C
O
O
H
O
O
H
57,76 57,41 56,08 55,77 46,12 45,79
R C
O
O
H
9,95 9,35 10,94
R C
O
O
H
O
O
H
R C
O
O
H
O
O
H
28,61 28,36 27,52 27,45 22,93 22,82
R C
O
HO
5,00 5,09 4,98
R C
O
H
O
O
H
O
R C
O
H
O
O
H
O
2,35 2,36 2,37 2,39 2,45 2,46
Ordens de Ligação
α β
α + β
α β
α + β
α β
α + β
(2) (3) (4)
(5) (6) (7)
C(1)-R(2) 0,957 0,993 0,930 0,482 0,483 0,965 0,500 0,500 1,000 0,466 0,466 0,932
C(2)-O(3) 1,061 1,049 1,072 0,660 0,660 1,320 0,652 0,653 1,305 0,669 0,662 1,331
C(2)-O(4) 1,982 1,958 1,972 0,857 0,857 1,714 0,847 0,847 1,694 0,858 0,858 1,716
O(3)-H(5) 0,989 0,990 0,987 0,479 0,476 0,955 0,479 0,477 0,956 0,476 0,474 0,950
O(6)-O(7) 0,501 1,001 1,502 0,500 1,001 1,501 0,502 1,003 1,505
O(7)-H(8) 0,479 0,480 0,959 0,478 0,478 0,956 0,481 0,482 0,963
(a)
R = H para (2) e (5); R = CH
3
para (3) e (6) e R = CF
3
para (4) e (7).
158
O radical hidroperoxil, (1), apresenta estruturas de Lewis distintas para os spins
α e β (Tabela 107). No primeiro caso, tem-se uma carga negativa no oxigênio terminal
de (1), enquanto que no segundo uma carga positiva no oxigênio interno deste. O
peso dessas duas estruturas de Lewis em (1) é cerca de 99%. A análise NRT do radical
hidroperoxil não detectou a estrutura de ressonância representada pela Figura 30(b).
Tabela 107. Principais estruturas de ressonância obtidas pela análise NRT para (1).
Estruturas Peso (%)
α β α β
H
O
O
H
O
O
99,05 98,96
Ordens de Ligação
α β
O(6)-O(7) 0,503 1,004
O(7)-H(8) 0,495 0,495
Ordens de Ligação (α + β)
O(6)-O(7) 1,507
O(7)-H(8) 0,990
Com a complexação observa-se uma grande variação nos pesos das principais
estruturas de ressonância. O peso da estrutura de Lewis dos ácidos carboxílicos diminui,
enquanto que o da forma dipolar aumenta (Tabela 106), indicando um aumento da
ressonância da carboxila após a complexação. Isso sugere um caráter covalente
apreciável para a ligação de hidrogênio, uma vez que interações eletrostáticas deveriam
apresentar efeitos apenas nos átomos diretamente envolvidos na ligação de hidrogênio e,
assim, a ressonância do grupo carboxila não seria alterada.
A variação nas ordens de ligação da carboxila confirma um incremento da
ressonância dos ácidos (Tabela 106). Desta forma, as ordens de ligação para C(2)-O(3)
e C(2)-O(4) são características de ligações simples e duplas, respectivamente, nos
ácidos isolados ((2)-(4)). Entretanto, nos complexos (4)-(7) observa-se um aumento da
ordem de ligação para C(2)-O(3) e uma diminuição para C(2)-O(4). A ordem de ligação
O(6)-O(7) em (1) (Tabela 107) não varia com a complexação, ao passo que as ordens de
ligação O-H em (1)-(4) diminuem ligeiramente após a formação do complexo (Tabelas
106 e 107).
159
I – Análise AIM (Atoms in Molecules)
As ligações de hidrogênio entre os ácidos orgânicos e o fluoreto de hidrogênio
foram caracterizadas através dos critérios propostos por Popelier.
104,105,214-217
Adicionalmente, a análise topológica da densidade eletrônica também foi utilizada para
o estudo da natureza e da influência dessas ligações na estrutura eletrônica dos ácidos.
Nas Tabelas 108 e 109 encontram-se os valores (em u.a.) da análise dos pontos críticos
(CPs), enquanto que na Tabela 110 são apresentadas as propriedades atômicas
(expressas em u.a.).
(1) Topologia. A Figura 31 exemplifica a topologia consistente, e de acordo com a
relação de Poincaré-Hopf,
104,215
determinada para os complexos (5)-(7). A análise
revelou a existência de pontos críticos de ligação (BCPs) entre os hidrogênios H(5) e
H(8) e os oxigênios receptores das ligações de hidrogênio, O(6) e O(4). O ponto crítico
do anel constituído pelos átomos C(2)-O(3)-H(5)-O(6)-O(7)-H(8)-O(4) (RCP, ponto
amarelo na Figura 31) também pode observado nos complexos.
Figura 31. Gráfico molecular do complexo (7).
As distâncias entre o BCP O(4)·· H(8) e o RCP foram de 1,012 Å em (5),
1,013 Å em (6) e de 0,997 Å em (7), enquanto que as distâncias entre o BCP
O(6)·· H(5) e o mesmo RCP foram de 0,951 Å, 0,932 Å e 0,974 Å nos complexos (5)-
(7), respectivamente. Uma vez que a distância entre um BCP e um RCP pode ser
utilizada como indicador da estabilidade estrutural da ligação de hidrogênio, verifica-se
que O(4)·· H(8) é mais estável do que O(6)·· H(5). Adicionalmente, observa-se que a
primeira é mais estável em (6) e menos estável em (7) e que essa ordem se inverte
quando a ligação O(6)·· H(5) é considerada.
160
Tabela 108. Análise dos pontos críticos (em u.a.) para (1)-(7).
(a)
Pontos Críticos
X(1)-C(2)
X(1)-Y(9)
X(1)-Y(10)
X(1)-Y(11)
C(2)-O(3)
C(2)-O(4)
O(3)-H(5)
O(6)-O(7)
O(7)-H(8)
O(4)-H(8)
O(6)-H(5)
Anel HB
(b)
ρ
b
0,3946 0,3730
2
ρ
b
-0,2697
-2,9049
(1)
0,0211 0,0286
ρ
b
0,2937 0,3120 0,4447 0,3684
2
ρ
b
-1,1180
-0,6325
-0,4711
-2,8832
(2)
0,0335 0,0189 0,1224 0,0136
ρ
b
0,2974 0,3384 0,4226 0,3314 0,4011 0,3299 0,0560 0,0469 0,0111
2
ρ
b
-1,1493
-0,6568
-0,5620
-2,5650
-0,2890
-2,5604
0,1024 0,0930 0,0508
(5)
0,0315 0,0385 0,1032 0,0084 0,0404 0,0212 0,0074 0,0297
ρ
b
0,2637 0,2879 0,2810 0,2810 0,3054 0,4402 0,3706
2
ρ
b
-0,6837
-1,0470
-0,9950 -0,9950 -0,6667
-0,5373
-2,9074
(3)
0,0720 0,0107 0,0095 0,0095 0,0144 0,1207 0,0151
ρ
b
0,2665 0,2883 0,2812 0,2812 0,3323 0,4170 0,3351 0,4004 0,3255 0,0605 0,0457 0,0114
2
ρ
b
-0,7014
-1,0497
-0,9974 -0,9974 -0,6965
-0,6197
-2,6066
-0,2869
-2,5104
0,1027 0,0934 0,0520
(6)
0,0730 0,0111 0,0108 0,0108 0,0314 0,0992 0,0099 0,0400 0,0211 0,0090 0,0324
ρ
b
0,2591 0,2980 0,2885 0,2885 0,3205 0,4488 0,3674
2
ρ
b
-0,6722
-0,3897
-0,4071 -0,4071 -0,6670
-0,4426
-2,9152
(4)
0,0557 0,1041 0,1140 0,1140 0,0485 0,1332 0,0129
ρ
b
0,2606 0,2979 0,2900 0,2900 0,3458 0,4281 0,3246 0,4017 0,3370 0,0494 0,0515 0,0109
2
ρ
b
-0,6827
-0,3942
-0,4105 -0,4105 -0,6872
-0,5405
-2,5066
-0,2920
-2,6480
0,1039 0,0920 0,0505
(7)
0,0532 0,1022 0,1100 0,1100 0,0631 0,1151 0,0080 0,0424 0,0212 0,0041 0,0281
(a)
X = H para (2) e (5); X = C para (3), (4), (6) e (7); Y = H para (3) e (6); Y = F para (4) e (7).
(b)
Anel formado em decorrência da ligação de hidrogênio.
161
(2) Densidade eletrônica do ponto crítico de ligação (
ρ
b
). A complexação provocou
alterações nas densidades eletrônicas dos BCPs. Observa-se um aumento de ρ
b
para a
ligação C(2)-O(3) e uma diminuição dessa propriedade para C(2)-O(4), O(3)-H(5) e
O(7)-H(8). Um aumento moderado da densidade eletrônica no ponto crítico de ligação
O(6)-O(7) também é observado. Estas variações podem ser atribuídas à transferência de
densidade eletrônica para a formação das ligações de hidrogênio. Esses dados sugerem
que após a ligação de hidrogênio ocorre um aumento da ressonância no grupo carboxila,
como já havia sido observado na análise NRT.
As ligações de hidrogênio dos complexos, O(4)·· H(8) e O(6)·· H(5), apresentam
valores de ρ
b
(Tabela 108) próximos ao limite superior do intervalo proposto por
Popelier, entre 0,002 e 0,04 u.a..
105
Novamente, verifica-se que a ligação O(4)·· H(8) é
mais favorecida em (6), ao passo que a ligação O(6)·· H(5) é mais favorecida em (7).
As elipticidades (, Tabela 108) também corroboram o fato de que a ligação de
hidrogênio O(4)·· H(8) é mais estável do que a O(6)·· H(5), uma vez que aumentos nessa
propriedade indicam a instabilidade estrutural ou aumento do caráter π de uma
ligação.
215
Após a complexação, observa-se uma diminuição no caráter de dupla ligação
do grupo carbonila (C(2)-O(4)) dos ácidos, seguido de um aumento no caráter de dupla
das ligações C(2)-O(3) e O(6)-O(7). Esses dados reforçam a conclusão obtida pela
análise NRT e pela variação de ρ
b
de que a ligação de hidrogênio leva a um aumento da
ressonância do grupo carboxila.
(3) Laplaciano da densidade eletrônica do ponto crítico de ligação (
2
ρ
b
). As ligações
O(4)·· H(8) e O(6)·· H(5) em (5)-(7) apresentam valores positivos e dentro do intervalo
característico para ligações de hidrogênio, [0,014-0,139] u.a..
104,215
A densidade de energia total, H(r
CP
), dada pela soma das densidades de energia
cinética, G(r
CP
), e potencial, V(r
CP
), apresenta sinal negativo (H(r
CP
) < 0) para ambas
ligações de hidrogênio nos complexos (5)-(7), refletindo a predominância da V(r
CP
) e
sugerindo um caráter covalente parcial às ligações de hidrogênio.
49,219,220
Tabela 109. Densidades de energia locais (em u.a.) para as ligações de hidrogênio nos
complexos (5)-(7).
O(4)⋅⋅⋅H(8) O(6)⋅⋅⋅H(5)
(5) (6) (7) (5) (6) (7)
G(r
cp
)
0,0412 0,0442 0,0373 0,0337 0,0331 0,0365
V(r
cp
)
-0,0568
-0,0627
-0,0486
-0,0442
-0,0428
-0,0500
H(r
cp
)
-0,0156
-0,0185
-0,0113
-0,0105
-0,0097
-0,0135
162
Tabela 110. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (1)-(7).
(a)
X(1) C(2) O(3) O(4) H(5) O(6) O(7) H(8) Y(9) Y(10) Y(11)
q()
-0,1384 -0,4415 0,5802
M()
0,461 0,507 0,159
v()
121,91 109,95 22,42
(1)
-E()
75,1889 75,4067 0,3767
q()
0,0567 1,6489 -1,1367 -1,1690 0,6012
M()
0,130 0,778 0,265 0,496 0,159
v()
47,78 43,42 125,09 139,53 21,65
(2)
-E()
0,6061 37,0034 75,9079 75,9731 0,3555
q()
0,0692 1,6682 -1,1813 -1,1852 0,6426 -0,2156 -0,4339 0,6392
M()
0,124 0,782 0,309 0,444 0,108 0,476 0,523 0,101
v()
46,85 42,52 122,23 126,86 11,79 112,44 107,82 11,47
(5)
-E()
0,6035 36,9832 75,9575 75,9555 0,3273 75,2427 75,4387 0,3343
q()
0,0894 1,5820 -1,1395 -1,1842 0,6000 0,0204 0,0181 0,0181
M()
0,113 0,813 0,245 0,464 0,160 0,128 0,129 0,129
v()
69,74 36,46 123,39 138,53 21,51 48,14 48,97 48,97
(3)
-E()
37,9799 37,0669 75,9260 75,9990 0,3573 0,6215 0,6182 0,6182
q()
0,0934 1,5901 -1,1881 -1,1969 0,6414 -0,2202 -0,4386 0,6426 0,0236 0,0257 0,0257
M()
0,128 0,809 0,289 0,414 0,110 0,478 0,523 0,097 0,126 0,127 0,127
v()
69,55 36,07 121,32 125,15 12,00 112,82 107,94 11,10 47,88 48,36 48,35
(6)
-E()
37,9701 37,0424 75,9714 75,9747 0,3285 75,2580 75,4556 0,3323 0,6203 0,6151 0,6151
q()
1,8664 1,6861 -1,1268 -1,1332 0,6194 -0,6399 -0,6365 -0,6365
M()
0,760 0,673 0,306 0,511 0,150 0,311 0,293 0,293
v()
21,33 34,30 118,95 133,55 20,65 102,53 104,07 104,08
(4)
-E()
36,7437 36,9954 75,8891 75,9445 0,3449 100,3783 100,3592 100,3592
q()
1,8787 1,7076 -1,1683 -1,1573 0,6526 -0,2083 -0,4245 0,6374 -0,6392 -0,6347 -0,6347
M()
0,748 0,689 0,337 0,456 0,102 0,472 0,523 0,106 0,311 0,298 0,298
v()
21,12 32,91 117,03 121,72 11,29 111,24 107,40 12,17 102,44 103,90 103,90
(7)
-E()
36,7373 36,9853 75,9499 75,9418 0,3199 75,2235 75,4165 0,3354 100,3787 100,3613 100,3613
(a)
X = H para (2) e (5); X = C para (3), (4), (6) e (7); Y = H para (3) e (6); Y = F para (4) e (7).
163
(4) Cargas (q(
)).As cargas dos átomos de hidrogênio envolvidos nas ligações de
hidrogênio, H(5) e H(8) (Tabela 110), ficaram mais positivas com a complexação,
obedecendo a um dos critérios propostos por Popelier.
105
As cargas dos átomos O(3),
O(4) e O(6) tornaram-se mais negativas, indicando um aumento da densidade eletrônica
para esses átomos. O contrário ocorre para os átomos O(7) e C(2). As cargas obtidas
pelos métodos AIM e NPA são qualitativamente similares (Tabelas 101 e 110).
(5) Desestabilização energética (
E(
)). A complexação estabilizou os átomos O(3),
O(6) e O(7) e desestabilizou os átomos C(2), O(4), H(5) e H(8) (Tabela 110). A
estabilização de O(6) e O(7) foi maior para o ácido acético, (3), e menor para o ácido
trifluoroacético, (4). Isso pode ser atribuído às presenças dos grupos doador (CH
3
) e
sacador (CF
3
) de elétrons em (3) e (4), respectivamente. Para os átomos C(2) e O(4), a
desestabilização energética segue a mesma ordem. Tal observação se constitui em mais
uma evidência de que a ligação de hidrogênio O(4)·· H(8) em (6) é mais favorecida.
A formação da ligação de hidrogênio deve promover uma desestabilização
energética do átomo doador da ligação de hidrogênio.
215
Assim, H(5) sofreu
desestabilização de 74 kJ/mol em (5), de 76 kJ/mol em (6) e de 66 kJ/mol em (7),
enquanto que as desestabilizações energéticas de H(8) foram de 111, 117 e 108 kJ/mol
em (5)-(7), respectivamente. Em contraste, os átomos de hidrogênio não envolvidos
nestas ligações apresentam variações desprezíveis de E(). O mesmo já tinha sido
observado por Popelier no estudo do dímero (BH
3
NH
3
)
2
.
215
(6) Polarização dipolar (M(
)). Para H(5) e H(8) ocorre um decréscimo de M() após
a complexação, indicando uma perda de densidade não ligada dos átomos de hidrogênio
(Tabela 110). Além destes, vários outros átomos também apresentaram variações de
M(), indicando modificações em toda a estrutura eletrônica dos monômeros após a
formação dos complexos.
(7) Volume atômico (v(
)). Os volumes dos átomos H(5) e do H(8) reduziram-se com a
complexação (Tabela 110), sendo que no último as variações são ligeiramente mais
intensas. Com isso, novamente verifica-se que O(4)·· H(8) é a ligação de hidrogênio
mais intensa. Os receptores da ligação de hidrogênio, O(4) e O(6), também demonstram
uma redução do v(). Para O(4) a maior variação dessa propriedade atômica ocorre no
complexo (3), enquanto que a menor no complexo (4). Para o O(6) a variação do v() é
a inversa da observada para o O(4). Estas são evidências adicionais de que a ligação de
hidrogênio O(4)·· H(8) é mais forte em (
6) e que O(6)·· H(5) é mais intensa em (7).
164
J – Ligação de hidrogênio versus distorção geométrica
De forma a compreender se as alterações observadas após a complexação são
decorrentes apenas das distorções geométricas sofridas pelos monômeros, estudou-se o
radical hidroperoxil na geometria do complexo com ácido fórmico, ou seja, (1) na
geometria de (5). Não foi possível realizar a mesma comparação para (2), uma vez que
este foi tratado com método restrito e os complexos radicalares com método irrestrito, o
que poderia gerar uma certa ambigüidade na comparação dos resultados.
Tabela 111. Cargas NPA.
Composto O(6)
O(7) H(8)
(1) na geometria de (5) -0,149 -0,306 0,455
(5) -0,207 -0,280 0,485
(1) -0,145 -0,308 0,453
Tabela 112. Energias de estabilização de segunda ordem, E
(2)
.
E
(2)
(kcal/mol)
(1) na geometria de (5)
(5) (1)
Interações
α β α β α β
σ
nO(6)
→σ
*
O(7)-H(8)
0,68
0,74
π
1nO(6)
→σ
*
O(7)-H(8)
2,62 2,85 0,66
0,71
2,42
2,60
Tabela 113. Energias de repulsão estérica, dE(i,j).
dE(i,j) (kcal/mol)
(1) na geometria de (5)
(5) (1)
Interações
α β α β α β
π
1nO(6)
↔σ
O(7)-H(8)
7,07 7,14 6,41 6,34
6,48 6,55
π
2nO(6)
↔π
2nO(7)
15,26 15,23
14,76
π
1nO(6)
↔σ
nO(7)
4,90 5,05 4,55 4,74
5,15 5,30
Tabela 114. Principais estruturas de ressonância e ordens de ligação.
Peso (%)
Estruturas
(1) na geometria de (5)
(1)
α β α β α β
H
O
O
H
O
O
98,89 98,77 99,05
98,96
Ordens de Ligação
(1) na geometria de (5)
(5) (1)
O(6)-O(7) 1,509 1,502
1,507
O(7)-H(8) 0,988 0,959
0,990
165
Tabela 115. Densidades de spin.
Composto O(6)
O(7)
(1) na geometria (5)
0,736
0,276
(5) 0,660
0,360
(1) 0,741
0,270
Tabela 116. Análise dos pontos críticos (em u.a.).
Pontos Críticos
Composto
O(6)-O(7)
O(7)-H(8)
ρ
b
0,4010 0,3398
2
ρ
b
-0,2861 -2,4036
(1) na geometria de (5)
0,0214 0,0312
ρ
b
0,4011 0,3299
2
ρ
b
-0,2890 -2,5604
(5)
0,0404 0,0212
ρ
b
0,3946 0,3730
2
ρ
b
-0,2697 -2,9049
(1)
0,0211 0,0286
Tabela 117. Propriedades atômicas (em u.a.).
Composto O(6) O(7) H(8)
q()
-0,1420
-0,4121
0,5544
M()
0,467 0,500 0,159
v()
121,70 109,53 24,55
(1) na geometria de (5)
-E()
75,2176
75,3725
0,3814
q()
-0,2156
-0,4339
0,6392
M()
0,476 0,523 0,101
v()
112,44 107,82 11,47
(5)
-E()
75,2427
75,4387
0,3343
q()
-0,1384
-0,4415
0,5802
M()
0,461 0,507 0,159
v()
121,91 109,95 22,42
(1)
-E()
75,1889
75,4067
0,3767
Como pode ser observado pelas Tabelas 111-117, existem diferenças marcantes
entre as propriedades calculadas para a geometria de equilíbrio do radical hidroperoxil,
(1), e as determinadas quando se considera (1) na geometria de (5) e, principalmente,
quando as propriedades são confrontadas com as do radical complexado, (5). Assim, as
alterações observadas nas estruturas eletrônicas dos monômeros na formação dos
complexos, como o incremento da ressonância do grupo carboxila, podem ser
parcialmente atribuídas à ligação de hidrogênio.
166
K – Conclusões
A complexação dos ácidos fórmico, acético, e trifluoroacético com o radical
hidroperoxil apresenta ligações de hidrogênio muito intensas. A banda do estiramento
O-H se deslocou para o vermelho e foi bastante intensificada. A análise energética
proposta por Xantheas revelou que as maiores contribuições nas energias de relaxação
totais (E
R total
) são devidas às distorções sofridas pelos ácidos na formação dos
complexos (E
R ácido
). Os termos de interações de dois corpos (
2
E) e as energias de
ligação (BE
2
) comprovaram a estabilidade dos complexos.
Os métodos NBO e NSA permitiram obter informações das interações entre
orbitais localizados que mais contribuíram para a estabilização ou desestabilização dos
complexos. Os métodos NRT e AIM demonstraram que a complexação provoca o
aumento do peso da estrutura de ressonância dipolar e da ressonância do grupo
carboxila. A análise topológica da densidade eletrônica, realizada com o uso da teoria
de átomos em moléculas (AIM), permitiu caracterizar as ligações de hidrogênio
estabelecidas entre o radical hidroperoxil e os ácidos orgânicos. A densidade de energia
total, H(r
CP
), atribuiu um caráter covalente parcial para essas ligações.
O conjunto dos resultados demonstra que a ligação de hidrogênio O(4)···H(8) é
mais intensa no complexo com ácido acético, (6), enquanto que O(6)···H(5) é mais
intensa no complexo com o ácido trifluoroacético, (7), evidenciando os efeitos dos
grupos doador (CH
3
) e sacador (CF
3
) de elétrons. Desta forma, verificou-se que as
ligações de hidrogênio apresentaram grande influência sobre as propriedades
geométricas, energéticas e eletrônicas dos monômeros que constituem os complexos.
Um estudo das propriedades do radical hidroperoxil, (1), na geometria do complexo (5)
sugere que o incremento da ressonância da carboxila pode ser atribuído, parcialmente, à
formação dessas ligações de hidrogênio.
3.2.3 Complexação do ácido fórmico e do ânion formiato com fluoreto de
hidrogênio: efeitos na ressonância dos grupos carboxila e carboxilato
Em extensão à discussão sobre a natureza das ligações de hidrogênio e seus
efeitos na estrutura eletrônica de ácidos orgânicos, o presente trabalho tem como
objetivo verificar a influência dessas interações na ressonância dos grupos carboxila e
carboxilato. Para isso, diversos complexos do ácido fórmico e do ânion formiato com o
167
fluoreto de hidrogênio foram estudados pelos métodos NBO (Natural Bond Orbital),
NRT (Natural Resonance Theory), NSA (Natural Steric Analysis) e AIM (Atoms in
Molecules). As otimizações de geometrias, os cálculos das freqüências vibracionais e as
análises da função de onda foram efetuados com o modelo B3LYP/6-311++G(3df,3pd).
Mesmo o ácido fórmico tendo sido estudado nos complexos com o radical hidroperoxil,
os resultados para este ácido foram reconsiderados em algumas Tabelas para facilitar
comparações e, conseqüentemente, a análise das alterações provenientes da
complexação com o fluoreto de hidrogênio.
A – Geometrias
Foram encontrados três complexos (Figura 32) do ácido fórmico, (1), e fluoreto
de hidrogênio, (3), que são mínimos na superfície de energia potencial. O primeiro, (4),
constitui uma estrutura cíclica com duas ligações de hidrogênio: F(7)···H(5) e
O(4)···H(6). No complexo (5), (3) nota-se uma ligação de hidrogênio com o oxigênio da
carbonila, O(4)···H(6), porém a interação se com o par de elétrons isolado de O(4)
que está direcionado no semi-plano O(4)-C(2)-H(1). Por fim, a ligação de hidrogênio
O(3)···H(6) também leva à formação de um complexo estável entre o ácido fórmico e o
fluoreto de hidrogênio, (6). Considerando agora o ânion formiato, (2), observou-se que
os complexos estáveis são aqueles que apresentam (3) interagindo com pares de elétrons
isolados do O(3) do grupo carboxilato, O(3)···H(6), complexos (7) e (8). As otimizações
para (1)-(8) ocorreram sem nenhuma restrição de geometria.
A interação entre os átomos de (1) e (2) e o fluoreto de hidrogênio, (3), disposto
no plano molecular e perpendicularmente a ele, foi realizada para se verificar alterações
na estrutura eletrônica capazes de promoverem aumento ou decréscimo da ressonância
dos grupos carboxila e carboxilato. Para tal, foram realizadas otimizações com
restrições dos parâmetros geométricos intermoleculares de modo a fixar (3) nos sítios
desejados (Figura 33). Consideraram-se as interações lineares de (3) com H(5), O(4) e
H(1) de (1), resultando nos complexos (9l), (10l) e (11l). Também foram estudadas as
interações de (3), agora situado perpendicularmente ao plano molecular, com esses
átomos e com o C(2) e O(3). Isso resultou nos complexos (9p)-(13p). Todos os
complexos são estáveis dentro das restrições impostas na otimização de geometria. Em
contraste, para (
2), os únicos complexos formados com (3) são aqueles nas quais a
interação ocorre linearmente, (14l), e perpendicularmente, (14p), com o oxigênio O(3).
168
A interação linear ou perpendicular com o hidrogênio H(1) ou com o carbono C(2) faz
com que (3) se afaste até distâncias muito grandes, devido à repulsão eletrostática
causada pela carga negativa do ânion.
Para os complexos (4)-(8) (Figura 32), as geometrias de equilíbrio dos
monômeros nos complexos são significantemente distintas das geometrias das espécies
(1), (2) e (3) isoladas. Os complexos (4) e (5) apresentam um encurtamento de
C(2)-O(3) e um alongamento de C(2)-O(4), sugerindo que ocorre um aumento da
ressonância do grupo carboxila. Para (6) estas variações ocorrem em sentido contrário,
indicando uma diminuição da ressonância deste grupo. O mesmo é observado para os
complexos formados entre (2) e (3) ((7) e (8)). Em todos os casos ocorre uma
diminuição de H(1)-C(2), discreta para (4)-(6) e bastante acentuada para (7) e (8). Um
alongamento de H(6)-F(7), o qual é dependente da intensidade da ligação de hidrogênio,
também é observado. Em todos os casos, os comprimentos das ligações XH (X = O
para o ácido fórmico em (4) e X = F para o fluoreto de hidrogênio em (4)-(8)) que
participam das ligações de hidrogênio se alongam, denotando que estas são deslocadas
para o vermelho.
As variações nos comprimentos das ligações C(2)-O(3) e C(2)-O(4) (Figura 33)
de (9l), (10l) e (10p) são semelhantes às observadas para (4) e (5), indicando um
aumento da ressonância do grupo carboxila. Isso demonstra que a ligação de hidrogênio
com um orbital π provoca variações na ressonância da carboxila similares às observadas
para as interações com os pares isolados σ. Por outro lado, em (13p) são observadas
alterações nos comprimentos de ligação semelhantes à (6), indicando uma diminuição
da ressonância da carboxila. É curioso notar que essas alterações ocorrem a despeito da
baixa energia da interação, como poderá ser verificado na análise energética.
Dada a fraca energia de interação, não são observadas variações significativas
nos comprimentos de ligação de (9p), (11l), (11p) e (12p) (Figura 33). Os
comprimentos de ligação H(1)-C(2) e O(3)-H(5) sofrem variações muito pequenas, de
no máximo 0,002 Å. O comprimento H(6)-F(7) se alonga de maneira significativa
apenas em (10l), (10p) e (13p). Para os complexos com o ânion formiato, (14l) e (14p),
as variações são semelhantes às ocorridas em (7) e (8), indicando diminuição da
ressonância do grupo carboxilato.
169
(7) (8)
(1) (2) (3)
(4) (5) (6)
Figura 32
. Geometrias de equilíbrio (distâncias dadas em Ǻ e ângulos em graus): (
1
) ácido
fórmico; (2) ânion formiato; (3) fluoreto de hidrogênio; (4)-(8
) complexos resultantes da
associação de (1) e (2) com (3).
170
(9l) (9p) (10l)
(10p) (11l)
(11p) (12p) (13p)
(
14l) (14p)
Figura 33
. Complexos obtidos com restrições na otimização de geometria: (
9l
)-(
13p
) ácido
fórmico-fluoreto de hidrogênio; (14l) e (14p) ânion formiato-fluoreto de hidrogênio.
Distâncias dadas em Ǻ e ângulos em graus.
171
Com relação às distâncias intermoleculares (Figura 32), observa-se no complexo
(4) que a ligação de hidrogênio O(4)⋅⋅⋅H(6) é mais curta do que F(7)⋅⋅⋅H(5). A distância
da ligação O(4)⋅⋅⋅H(6) é menor em (4) do que em (5), portanto, essa interação deve ser
intensa no primeiro. Isso pode representar um efeito de cooperatividade da interação
F(7)⋅⋅⋅H(5) em (4). Para o complexo (6), O(3)⋅⋅⋅H(6) apresenta a maior distância O⋅⋅⋅H
nas ligações de hidrogênio, o que corresponde a uma menor energia de interação. A
distância O⋅⋅⋅H é diretamente proporcional à energia de interação dos complexos e,
quanto maior a intensidade das ligações de hidrogênio, maiores as alterações nas
geometrias dos monômeros que constituem os complexos. Estas duas últimas
observações se aplicam também para (7) e (8), nas quais as distâncias O···H são
bastante inferiores às observadas nos complexos (4)-(6).
As distâncias das ligações de hidrogênio para (9l)-(14p) (Figura 33) nos
complexos planares são sempre menores do que quando (3) está situado
perpendicularmente ao plano molecular de (1) ou (2), refletindo a maior estabilidade
dos primeiros.
Os ângulos de ligação de (1) e (2) também sofrem modificações decorrentes da
complexação (Figura 32). O ângulo de ligação H(1)-C(2)-O(3) aumenta em (4) e (5),
permanece constante em (6) e decresce em (7) e (8). O contrário é observado para o
ângulo de ligação H(1)-C(2)-O(4), ou seja, este decresce em (4) e (5) e aumenta em
(6)-(8). O ângulo C(2)-O(3)-H(5) aumenta para os complexos (4)-(6). Um ligeiro
aumento para O(3)-C(2)-O(4) ocorre em (4). Para os demais complexos, (5)-(8), este
ângulo decresce. Dentre os complexos com ácido fórmico, (4) apresentou as maiores
variações para os três primeiros ângulos de ligação, enquanto (6), para o último. O
complexo (7) apresenta maior variação no ângulo de ligação H(1)-C(2)-O(3) do que o
(8). Por outro lado, as variações nos ângulos H(1)-C(2)-O(3) e O(2)-C(2)-O(4) foram
mais pronunciadas em (8) do que em (7).
Os ângulos que envolvem as ligações de hidrogênio (Figura 32),
X-H···Y, no qual X-H é o grupo doador e Y é o receptor da ligação de hidrogênio,
encontram-se próximos da linearidade.
75
Exceção é observada para os ângulos
O(3)-H(5)···F(7) e F(7)-H(6)···O(4) no complexo (4), devido à formação de um ciclo
entre (1) e (3).
Para os complexos otimizados com restrições de geometria (Figura 33), verifica-
se que (
9l) e (9p) apresentam comportamento similar ao observado para (4) ou (5),
172
exceto pelo fato de H(1)-C(2)-O(3) permanecer constante nos dois primeiros. Da mesma
forma, o comportamento para (10l) e (10p) também se aproxima dos de (4) ou (5), com
exceção de O(3)-C(2)-O(4) que praticamente não sofre variações nos complexos com
restrições de geometria. As variações dos ângulos de ligação em (11l)-(12p) foram
insignificantes. Os ângulos de (13p) apresentam uma variação semelhante à observada
em (6), com distinção para C(2)-O(3)-H(5), o qual não apresenta variação no primeiro e
aumenta no segundo. Por fim, o comportamento dos ângulos de ligação em (14l) e (14p)
demonstrou ser similar aos dos complexos (7) e (8).
B – Freqüências vibracionais
As freqüências vibracionais dos estiramentos das ligações H-C, C=O, O-H e H-F
estão apresentadas na Tabelas 118. Nas ligações de hidrogênio convencionais, a
freqüência associada ao estiramento do grupo doador de hidrogênio (X-H) deve
apresentar um deslocamento típico para o vermelho, juntamente com um aumento da
intensidade da banda X-H.
64,75,202,203
Tanto o deslocamento quanto o aumento da
intensidade devem ser proporcionais à força da ligação e, portanto, podem ser utilizados
como parâmetros para se medir a intensidade da interação nos complexos obtidos sem
((1)-(8)) e com ((9l)-(14p)) restrições de geometria.
O grupo O(3)-H(5) atua como doador da ligação de hidrogênio nos complexos
(4), (9l) e (9p). Nos primeiros, a freqüência do estiramento da ligação O-H demonstra
deslocamento para o vermelho de aproximadamente 4,7 e 0,7 %, respectivamente. A
intensidade da banda do estiramento O(3)-H(5) aumentou cerca de 9,8 vezes no
complexo (4) e 4 vezes no complexo (9l). No último, a energia da interação entre (1) e
(3) é muito pequena e, portanto, não são verificadas modificações na freqüência do
estiramento do grupo O-H do ácido.
O fluoreto de hidrogênio, (3), é o doador da ligação de hidrogênio nos
complexos (4)-(8), (10l), (10p) e (13p)-(14p). Considerando esta seqüência, a
freqüência vibracional do estiramento da ligação H-F é deslocada cerca de 18,1, 10,8,
6,1, 39,2, 48,2, 5,4, 4,0, 2,6, 25,3 e 25,0 % para o vermelho após a complexação. Tais
deslocamentos são acompanhados do aumento da intensidade da banda do estiramento
H-F, a qual tornou-se aproximadamente 5,3, 10,9, 7,4, 28,6, 22,2, 7,9, 4,8, 3,7, 21,5 e
16,3 vezes mais intensa nos complexos do que em (
3).
173
Tabela 118. Freqüências vibracionais (cm
-1
) dos estiramentos das ligações H-C, C=O,
O-H e H-F para (1)-(14p).
(a)
Composto
H-C C=O
O-H H-F
(1) 3055 (40,2) 1819 (372,1) 3732 (59,6)
(2) 2570 (609,6) 1661 (824,4)
(3) 4090 (106,2)
(4) 3094 (42,3) 1755 (379,6) 3557 (582,4) 3348 (564,2)
(5) 3091 (16,42) 1782 (496,4) 3723 (55,9) 3648 (1155,0)
(6) 3074 (21,3) 1840 (375,2) 3730 (93,6) 3841 (788,4)
(7) 2731 (168,6) 1665 (961,6) 2485 (3033,7)
(8) 2771 (350,0) 1663 (1477,7) 2118 (2355,9)
(9l) 3040 (57,6) 1815 (375,0) 3706 (236,2) 4074 (148,8)
(9p) 3049 (45,4) 1817 (372,1) 3733 (60,1) 4086 (118,2)
(10l) 3079 (29,5) 1811 (503,8) 3723 (71,3) 3868 (843,2)
(10p) 3072 (24,5) 1772 (403,7) 3720 (74,2) 3926 (510,3)
(11l) 3084 (9,8) 1811 (373,5) 3733 (54,7) 4081 (126,3)
(11p) 3065 (36,6) 1817 (366,4) 3735 (54,8) 4087 (122,5)
(12p) 3058 (41,1) 1820 (365,2) 3735 (56,8) 4089 (118,0)
(13p) 3070 (25,3) 1835 (333,4) 3704 (68,2) 3984 (397,2)
(14l) 2690 (490,1) 1674 (1040,6) 3055 (2286,0)
(14p) 2693 (412,4) 1657 (755,7) 3067 (1727,0)
(a)
Intensidades (km/mol) estão indicadas entre parênteses.
As alterações nas freqüências vibracionais e nas intensidades das bandas dos
estiramentos X-H são mais pronunciadas nos complexos com (2) do que com (1),
evidenciando a importância das ligações de hidrogênio com o ânion formiato. Para o
complexo (12p), o flúor de (3) foi disposto de modo a interagir com o carbono de (1).
Essa interação praticamente não altera as freqüências vibracionais dos estiramentos
H-C, C=O, O-H e H-F e, dessa forma, também não deve influenciar as estruturas
eletrônicas de (1) e (3).
Nos complexos (11l) e (11p), o estiramento do grupo doador da ligação de
hidrogênio,C(2)-H(1), m sua freqüência deslocada para o azul, caracterizando uma
ligação de hidrogênio imprópria, também conhecida como “blue shifting hydrogen
bonding”.
266,267
Os deslocamentos foram de 0,9% em (11l) e de 0,3% em (11p),
seguidos da diminuição da intensidade da banda do grupo C-H, mais pronunciada em
(11l), no qual a intensidade tornou-se cerca de 4,1 vezes menor que a observada em (1).
174
C – Cargas Atômicas
As cargas atômicas para (1)-(8), obtidas através dos métodos GAPT, MK e
NPA, estão apresentadas na Tabela 119.
Tabela 119. Cargas GAPT, MK e NPA para (1)-(8).
Cargas H(1) C(2) O(3) O(4) H(5) H(6) F(7)
GAPT 0,013 1,083 -0,671 -0,709 0,284
MK 0,050 0,607 -0,568 -0,516 0,427
(1)
NPA 0,109 0,676 -0,686 -0,582 0,483
GAPT -0,242 1,315 -1,036 -1,036
MK -0,225 0,878 -0,826 -0,827
(2)
NPA -0,051 0,647 -0,798 -0,798
GAPT 0,384 -0,384
MK 0,420 -0,420
(3)
NPA 0,555 -0,555
GAPT 0,029 1,077 -0,689 -0,792 0,388 0,555 -0,568
MK 0,087 0,553 -0,531 -0,504 0,437 0,419 -0,461
(4)
NPA 0,127 0,701 -0,669 -0,630 0,513 0,560 -0,602
GAPT 0,045 1,109 -0,677 -0,804 0,305 0,580 -0,560
MK 0,084 0,549 -0,513 -0,454 0,426 0,363 -0,455
(5)
NPA 0,131 0,699 -0,661 -0,622 0,491 0,561 -0,598
GAPT 0,034 1,099 -0,749 -0,694 0,292 0,522 -0,694
MK 0,084 0,527 -0,466 -0,462 0,414 0,302 -0,400
(6)
NPA 0,123 0,681 -0,730 -0,554 0,501 0,563 -0,583
GAPT -0,184 1,277 -1,115 -0,949 0,763 -0,793
MK -0,158 0,831 -0,811 -0,754 0,531 -0,640
(7)
NPA -0,004 0,667 -0,802 -0,740 0,550 -0,672
GAPT -0,130 1,251 -1,102 -0,977 0,781 -0,823
MK -0,121 0,737 -0,694 -0,731 0,441 -0,631
(8)
NPA 0,011 0,665 -0,784 -0,740 0,536 -0,687
Embora H(1) apresente uma pequena carga em (1), esta se torna um pouco mais
positiva nos complexos (4), (5) e (6). Para os demais átomos não se observa uma
concordância entre as cargas obtidas pelos métodos GAPT, MK e NPA. Então,
considerando o método GAPT, a carga do C(2) torna-se ligeiramente menos positiva em
(4) e mais positiva em (5) e (6). Os átomos de oxigênio diretamente envolvidos nas
ligações de hidrogênio apresentam aumento da carga negativa. Sendo assim, a carga do
O(3) é mais negativa em (6), e a do O(4), mais negativa em (4) e (5). No complexo (4),
o átomo H(5) participa da ligação de hidrogênio com F(7) de (3), o que causa o aumento
de sua carga positiva. Relativamente a (
3), as cargas do H(6) e do F(7) tornam-se mais
positiva e negativa, respectivamente, nos complexos (4)-(6). De acordo com as cargas
175
MK, a complexação faz com que a carga do C(2) fique menos positiva e a do O(3)
menos negativa, principalmente em (6). Para O(3), verifica-se uma contradição entre o
comportamento das cargas GAPT e MK. Isso também é observado para a carga MK do
átomo O(4), visto que torna-se menos negativa nos complexos (4)-(6). A carga do H(5)
torna-se mais positiva em (4), menos positiva em (6) e praticamente inalterada em (5).
Novamente, em oposição às cargas GAPT, a carga do H(6) torna-se menos positiva em
(5) e (6) e permanece constante em (4). A exceção de (6), a complexação faz com a
carga do F(7) fique mais negativa. Apesar de menos pronunciadas, as alterações das
cargas atômicas NPA dos átomos O(4), H(5), H(6) e F(7), decorrentes da complexação,
são concordantes com as observadas para as cargas GAPT. A carga NPA do C(2) é
ligeiramente mais positiva nos complexos (4) e (5). Já a do O(3), é menos negativa em
(4) e (5), e mais negativa em (6).
Para o ânion formiato, (2), as cargas GAPT e MK demonstram que a carga do
H(1) torna-se menos negativa após a complexação, sobretudo em (8). A carga NPA para
esse átomo é praticamente nula em (7) e chega a ser positiva em (8). A carga do átomo
C(2), obtida pelos métodos GAPT e MK, é mais positiva nos complexos (7) e (8). O
contrário é observado para as cargas NPA desse átomo. De acordo com os três métodos,
a carga do O(3) é significantemente mais negativa em (7) do que em (2). Em (8), a
carga desse átomo é mais negativa apenas para o método GAPT. A complexação
provocou alterações na carga do O(4), deixando-a menos negativa. As cargas GAPT e
MK do átomo H(6) tornam-se mais positivas em (7) e (8), enquanto que a complexação
praticamente não provoca alterações na carga NPA desse átomo. Independentemente do
método, a carga do F(7) nos complexos (7) e (8) é significantemente mais negativa do
que em (3).
De um modo geral e qualitativo, as cargas atômicas que melhor descrevem as
alterações eletrônicas decorrentes da complexação são as cargas NPA e GAPT. Isso
pode ser analisado, por exemplo, para o complexo (6). Após a complexação no átomo
O(3), a carga deste átomo e a do F(7) deveriam se tornar mais negativas, enquanto que
as carga do C(2), H(5) e do H(6), mais positivas. Essas variações são observadas para as
cargas NPA e GAPT, mas não para as cargas MK.
176
Tabela 120. Cargas GAPT, MK e NPA para (9l)-(14p).
Cargas H(1) C(2) O(3) O(4) H(5) H(6) F(7)
GAPT -0,001 1,100 -0,711 -0,719 0,347 0,405 -0,421
MK 0,040 0,619 -0,630 -0,527 0,535 0,510 -0,546
(9l)
NPA 0,102 0,677 -0,696 -0,588 0,500 0,571 -0,566
GAPT 0,008 1,087 -0,672 -0,714 0,290 0,383 -0,381
MK 0,047 0,617 -0,567 -0,520 0,430 0,406 -0,414
(9p)
NPA 0,111 0,674 -0,687 -0,580 0,482 0,554 -0,553
GAPT 0,027 1,136 -0,672 -0,824 0,298 0,543 -0,508
MK 0,067 0,610 -0,546 -0,490 0,437 0,339 -0,416
(10l)
NPA 0,122 0,708 -0,666 -0,639 0,490 0,573 -0,588
GAPT 0,034 1,077 -0,646 -0,758 0,297 0,448 -0,453
MK 0,087 0,538 -0,523 -0,459 0,433 0,305 -0,380
(10p)
NPA 0,125 0,679 -0,664 -0,617 0,490 0,558 -0,571
GAPT 0,048 1,076 -0,673 -0,719 0,278 0,390 -0,399
MK 0,111 0,588 -0,571 -0,527 0,423 0,476 -0,500
(11l)
NPA 0,126 0,671 -0,689 -0,590 0,481 0,561 -0,558
GAPT 0,018 1,081 -0,667 -0,712 0,279 0,384 -0,383
MK 0,048 0,629 -0,574 -0,524 0,430 0,402 -0,411
(11p)
NPA 0,108 0,671 -0,686 -0,579 0,485 0,554 -0,553
GAPT 0,012 1,083 -0,668 -0,710 0,282 0,382 -0,381
MK 0,040 0,638 -0,572 -0,525 0,426 0,407 -0,415
(12p)
NPA 0,110 0,672 -0,686 -0,581 0,484 0,554 -0,554
GAPT 0,030 1,059 -0,712 -0,665 0,292 0,427 -0,431
MK 0,074 0,564 -0,523 -0,474 0,425 0,312 -0,377
(13p)
NPA 0,122 0,664 -0,713 -0,552 0,490 0,552 -0,562
GAPT -0,187 1,349 -1,193 -0,997 0,743 -0,714
MK -0,175 0,795 -0,714 -0,754 0,395 -0,546
(14l)
NPA -0,013 0,679 -0,845 -0,752 0,582 -0,651
GAPT -0,175 1,242 -1,079 -0,943 0,604 -0,649
MK -0,175 0,825 -0,777 -0,743 0,411 -0,540
(14p)
NPA -0,008 0,652 -0,833 -0,734 0,563 -0,640
Analisando as cargas atômicas (Tabela 120) para os complexos obtidos com
restrições de geometria, (9l)-(14p), nota-se pequenas alterações nas cargas atômicas de
(1) e (3) nos complexos (9p), (11p) e (12p). Modificações um pouco mais significativas
são observadas nos demais complexos.
Para (9l), destaca-se que as cargas do O(3) e do F(7) tornam-se mais negativas,
enquanto que as do H(5) e H(6), mais positivas. Em (10l) as cargas dos átomos H(1),
C(2) e H(5) são um pouco mais positivas. Ao contrário da carga MK, as cargas GAPT e
NPA dos átomos O(4) e F(7) são mais negativas no complexo do que em (1).
Analogamente, as cargas GAPT e NPA do H(6) tornam-se mais positivas. Em (10p),
verifica-se um aumento das cargas positivas do H(1) e do H(5) e um decréscimo da
carga negativa do O(3). As cargas GAPT e NPA de C(2) praticamente não se alteraram
177
com a complexação, entretanto, de acordo com a carga MK, a carga deste átomo é
menos positiva nesse complexo. As cargas GAPT e NPA de O(4) e F(7) tornam-se mais
negativas em (10p). O contrário é observado para a carga MK desses átomos. A carga
do H(6) no complexo é mais positiva de acordo com a carga GAPT, praticamente
constante de acordo com a carga NPA e menos positiva segundo a carga MK. As cargas
do H(1) e do H(6) são mais positivas em (11l) do que em (1) e (3), respectivamente,
enquanto que as cargas do C(2) e do H(5) são ligeiramente menos positivas. Tornaram-
se mais negativas as cargas de O(3), O(4) e F(7). Para (13p), a carga do H(1) torna-se
mais positiva, a do C(2) menos positiva e a do O(4) menos negativa. Já as cargas GAPT
e NPA do O(3) e F(7) o mais negativas no complexo, sendo observado o oposto para
a carga MK. As cargas GAPT e NPA do H(5) são pouco mais positivas em (13p). De
acordo com as cargas GAPT e MK, a carga do H(6) torna-se mais e menos positiva,
respectivamente. Em comparação a (3), a carga NPA para esse átomo no complexo
praticamente permanece inalterada.
Em comparação a (2), a complexação faz com que as cargas do H(1) e O(4)
fiquem menos negativas em (14l) e (14p) (Tabela 120). De acordo com as cargas GAPT
e NPA, a carga do O(3) é mais negativa nos complexos. Fato contrário é observado para
a carga MK desse átomo. Em (14l), diferentemente das cargas MK, as cargas GAPT e
NPA do C(2) são mais positivas. Em (14p), as cargas GAPT e MK do C(2) apresentam-
se menos positivas do que em (2). A carga NPA desse átomo praticamente não sofre
alterações decorrentes da complexação. Em comparação a (3), somente as cargas MK
do H(5) não se tornaram mais positivas em (14l) e (14p). As cargas do F(7) são mais
negativas em ambos os complexos.
D – Análise energética
A estabilidade dos complexos estudados foi mensurada pelas energias de ligação
corrigidas pelo BSSE, BE
corr
, Tabela 121. Sendo assim, observa-se que (4) é o
complexo ácido fórmico-fluoreto de hidrogênio mais estável. Neste complexo ocorre a
formação de uma estrutura cíclica, tendência observada para dímeros de ácidos
carboxílicos e complexos de ácidos carboxílicos com o radical hidroperoxil.
64
Verifica-
se ainda que (5) apresenta estabilidade bastante superior a de (6), o que pode ser
atribuído à maior carga negativa do oxigênio da carbonila, O(4), frente a carga do
oxigênio do grupo hidroxila, O(3), considerando-se as cargas GAPT. Os complexos
178
ácido fórmico-fluoreto de hidrogênio apresentaram, com exceção de (6), estabilidades
próximas ou superiores à determinada para uma das conformações do complexo ácido
fórmico-água.
238
Tabela 121. Erro de superposição de base, BSSE (kcal/mol), e energias de ligação
corrigidas pelo BSSE, BE
corr
(kcal/mol), para os complexos (4)-(14p).
BSSE BE
corr
(kcal/mol)
(kcal/mol)
(4)
0,53 -11,78
(5)
0,40 -8,57
(6)
0,39 -4,92
(7)
0,51 -31,69
(8)
0,54 -35,76
(9l)
0,25 -2,37
(9p)
0,14 -0,32
(10l)
0,36 -6,74
(10p)
0,40 -2,90
(11l)
0,15 -0,98
(11p)
0,13 -0,43
(12p)
0,11 -0,13
(13p)
0,43 -0,74
(14l)
0,49 -25,81
(14p)
0,54 -21,69
As energias de ligação nos complexos formados entre (2) e (3) são muito
superiores às formadas entre (1) e (3) (Tabela 121), uma vez que a interação
eletrostática é muito mais intensa nos complexos com o ânion formiato. Apesar dos dois
pares de elétrons isolados do oxigênio O(3) serem equivalentes em (2), a interação com
o par direcionado no semiplano H(1)-C(2)-O(3), (8), é maior do que com o par
orientado no semiplano O(4)-C(2)-O(3), (7). Isso pode ser atribuído ao fato de que em
(8) o caráter “p” do par isolado é ligeiramente maior do que em (7), o pode deixar esse
par de elétrons mais disponível para a realização da ligação de hidrogênio.
O erro de superposição de bases (BSSE) nos complexos (4)-(8) foram pequenos,
demonstrando que o conjunto de funções de base 6-311++G(3df,3pd) descreve
satisfatoriamente as ligações de hidrogênio nos complexos estudados.
As energias de ligação para os complexos (9l)-(14p) (Tabela 121) revelam que
as complexações no plano de (
1) ou (2) são energeticamente mais estáveis do que
aquelas perpendiculares a este. Para cada uma dessas séries (planares ou
179
perpendiculares) a variação de estabilidade dos complexos pode ser qualitativamente
correlacionada com a carga atômica dos átomos com os quais (3) interage. Ressalta-se
que o complexo (10l) apresenta uma energia de ligação relativamente elevada, assim
como os complexos com o ânion formiato, (14l) e (14p). Nos casos nos quais a ligação
de hidrogênio se torna muito fraca (9p), (11p)-(13p), o BSSE se torna uma grande
fração da energia de interação. Testes realizados com o modelo
MP2/6-311++G(3df,3pd) conduziram a resultados análogos.
E – NBO (Natural Bond Orbital)
Nesta análise, denomina-se por
π
1
os orbitais naturais de ligação do tipo “p”
orientados no plano molecular (vide Figura 29(b)). Com exceção de (6), (7) e (8), após a
complexação o orbital
π
1
do oxigênio da carbonila (
π
1nO(4)
) apresenta um pequeno
aumento (aproximadamente 1-2%) na contribuição do orbital “s” e concomitante
diminuição na contribuição do caráter “p”. Esse fato também foi observado no estudo da
complexação de ácidos orgânicos com o radical hidroperoxil.
64
O orbital
π
1nO(3)
para o
ânion formiato complexado, (7) e (8), apresenta um aumento significativo (próximo de
15%) na contribuição do orbital “s”. O oposto pode ser observado para o orbital
σ
nO(3)
, o
qual é um orbital híbrido formado pela combinação de orbitais “s” e “p” e que está
orientado no plano molecular (semelhante ao exposto na Figura 4(b)). Relativamente a
(1), é possível notar em (4) uma pequena diminuição na contribuição do orbital “s” e um
pequeno aumento na contribuição do orbital “p”. Já em (7) e (8) as modificações devido
a complexação são mais acentuadas, com um decréscimo e um aumento de 12% nas
contribuições dos orbitais “s” e “p”, respectivamente, em comparação a (2).
Os orbitais naturais de ligação denominados por
π
2
são orbitais “p” puros
orientados perpendicularmente ao plano molecular (vide Figura 29(a)). Estes orbitais
não têm sua hibridização modificada pela complexação.
Nas Tabelas 122 e 123 estão apresentadas as energias de estabilização de
segunda ordem, E
(2)
, para as principais interações intra e intermoleculares entre NBOs
nos compostos otimizados sem restrições de geometria, (1)-(8).
180
Tabela 122. Energias de estabilização de segunda ordem, E
(2)
, para (1), (4)-(6).
E
(2)
(kcal/mol)
Interações
(1) (4) (5) (6)
σ
nO(3)
→σ
*
C(2)-O(4)
6,27 7,27 6,45 5,36
π
2nO(3)
→π
*
C(2)-O(4)
46,63 56,43 51,88 40,64
π
1nO(4)
→σ
*
H(1)-C(2)
20,66 18,48 16,69 20,56
π
1nO(4)
→σ
*
C(2)-O(3)
32,51 23,56 29,96 34,83
σ
nO(4)
→σ
*
H(6)-F(7)
5,36 5,13
π
1nO(4)
→σ
*
H(6)-F(7)
21,07 14,00
π
1nF(7)
→σ
*
O(3)-H(5)
7,09
σ
nO(3)
→σ
*
H(6)-F(7)
9,58
Considerando o ácido fórmico isolado, (1), as principais interações entre orbitais
ocupados e virtuais correspondem em ordem de importância às
π
2nO(3)
→π
*
C(2)-O(4)
,
π
1nO(4)
→σ
*
C(2)-O(3)
e
π
1nO(4)
→σ
*
H(1)-C(2)
(Tabela 122). Após a complexação, a primeira
sofre uma estabilização de 10 kcal/mol em (4) e de 5 kcal/mol em (5), enquanto que a
segunda, uma desestabilização de 9 e de 2,5 kcal/mol em (4) e (5), respectivamente.
Fato curioso é observado em (6). Ao contrário do ocorrido em (4) e (5),
π
2nO(3)
→π
*
C(2)-O(4)
é desestabilizada em cerca de 6 kcal/mol e
π
1nO(4)
→σ
*
C(2)-O(3)
é
estabilizada em 2 kcal/mol, aproximadamente. A importância da interação
π
2nO(3)
→π
*
C(2)-O(4)
demonstra que a ressonância do grupo carboxila aumenta com a
complexação em (4) e (5), sendo mais pronunciada no primeiro, e diminui em (6). Esses
fatos corroboram as variações de comprimentos de ligação discutidas anteriormente e
demonstram que as ligações de hidrogênio podem provocar o aumento ou a diminuição
da ressonância do grupo carboxila, dependendo do sítio de complexação.
A interação
π
1nO(4)
→σ
*
H(1)-C(2)
é desestabilizada em 2 e 4 kcal/mol em (4) e (5),
nesta ordem, após a complexação. Entretanto, essa interação não sofre alteração em (6).
O comportamento anômalo em (6) pode ser atribuído ao fato de que neste complexo a
interação de aproximadamente 9,5 kcal/mol entre o ácido fórmico, (1), e o fluoreto de
hidrogênio, (3), se entre os orbitais
σ
nO(3)
e
σ
*
H(6)-F(7)
(
σ
nO(3)
→σ
*
H(6)-F(7)
). Já nos
complexos (4) e (5), a principal interação entre os monômeros que constituem os
complexos ocorre entre um par isolado do oxigênio sp
2
do ácido fórmico com o orbital
antiligante do fluoreto de hidrogênio,
π
1nO(4)
→σ
*
H(6)-F(7)
. Essa interação é de 21 kcal/mol
em (4) e de 14 kcal/mol em (5). Ressalta-se que em (4) a complexação ocorre com a
formação de duas ligações de hidrogênio. Desta forma, além da interação
π
1nO(4)
→σ
*
H(6)-F(7)
, observa-se também uma interação de 7 kcal/mol entre um par de
181
elétrons isolado do flúor com o orbital antiligante da ligação O(3)H(5) do ácido,
π
1nF(7)
→σ
*
O(3)-H(5)
.
Tabela 123. Energias de estabilização de segunda ordem, E
(2)
, para (2), (7) e (8).
E
(2)
(kcal/mol)
Interações
(2) (7) (8)
σ
nO(3)
→σ
*
C(2)-O(4)
2,55 8,27
π
1nO(4)
→σ
*
H(1)-C(2)
21,47 21,80 20,84
π
1nO(4)
→σ
*
C(2)-O(3)
17,99 20,72 21,44
π
1nO(3)
→σ
*
H(1)-C(2)
21,47 13,07 8,20
π
1nO(3)
→σ
*
C(2)-O(4)
17,99 7,00 14,78
π
2nO(3)
→π
*
C(2)-O(4)
111,30 89,50 86,94
σ
nO(3)
→σ
*
H(6)-F(7)
8,86 9,14
π
1nO(3)
→σ
*
H(6)-F(7)
55,50 78,83
Para o ânion formiato isolado, (2), as principais interações entre NBOs são:
π
2nO(3)
→π
*
C(2)-O(4)
,
π
1nO(3)
→σ
*
H(1)-C(2)
e
π
1nO(4)
→σ
*
H(1)-C(2)
,
π
1nO(3)
→σ
*
C(2)-O(4)
e
π
1nO(4)
→σ
*
C(2)-O(3)
(Tabela 123). A formação dos complexos provoca alterações mais
intensas na estrutura eletrônica de (2) do que de (1). A interação
π
2nO(3)
→π
*
C(2)-O(4)
sofre
uma significativa desestabilização (22 kcal/mol em (7) e 24 kcal/mol em (8)), indicando
a diminuição da ressonância do carboxilato após a complexação, como observado na
discussão das geometrias. Observa-se ainda uma desestabilização de 8 e 13 kcal/mol da
interação
π
1nO(3)
→σ
*
H(1)-C(2)
em (7) e (8), respectivamente. A interação análoga a esta
última,
π
1nO(4)
→σ
*
H(1)-C(2)
, praticamente não sofre alterações decorrentes da formação
dos complexos. A interação
π
1nO(3)
→σ
*
C(2)-O(4)
é desestabilizada em cerca de
11 kcal/mol em (7) e em 3 kcal/mol em (8), enquanto que
π
1nO(4)
→σ
*
C(2)-O(3)
sofre
estabilização de aproximadamente 3 kcal/mol em ambos os complexos. A intensa
interação entre o orbital
π
1nO(3)
de (2) com o orbital antiligante
σ
*
H(6)-F(7)
de (3),
π
1nO(3)
→σ
*
H(6)-F(7)
, é representada por elevados valores de E
(2)
(Tabela 123).
As variações nas hibridizações dos NBOs nos complexos (9l)-(14p) foram
insignificantes ou muito pequenas (no máximo 2%). Isto demonstra que as interações
entre os monômeros que constituem esses complexos são muito fracas.
Os complexos (9p), (11p) e (12p) apresentaram interações intermoleculares
muito pequenas, com E
(2)
de 0,01 kcal/mol entre NBOs de (1) e (3) (Tabela 124). Em
(
9p) a interação entre os monômeros compreende os NBOs
π
2nO(3)
→σ
*
H(6)-F(7)
, enquanto
182
que nos dois últimos os NBOs participantes são
π
C(2)-O(4)
→σ
*
H(6)-F(7)
. Devido às fracas
interações, a complexação não promove variações significativas nos valores de E
(2)
das
interações
π
2nO(3)
→π
*
C(2)-O(4)
,
π
1nO(4)
→σ
*
C(2)-O(3)
e
π
1nO(4)
→σ
*
H(1)-C(2)
. Tanto em (9p)
como em (11p) e (12p), (3) está posicionado perpendicularmente a (1) e não interage
com os átomos de oxigênio do ácido fórmico. Isso pode indicar que a ressonância do
grupo carboxila é afetada apenas quando há complexação com um dos átomos de
oxigênio do ácido.
Tabela 124. Energias de estabilização de segunda ordem, E
(2)
, para (9l)-(13p).
E
(2)
(kcal/mol)
Interações
(9l) (9p) (10l) (10p)
(11l) (11p)
(12p)
(13p)
σ
nO(3)
→σ
*
C(2)-O(4)
6,84 6,37 6,60 6,59 6,09 6,21 6,26 5,69
π
2nO(3)
→π
*
C(2)-O(4)
48,22
46,84
50,76
44,82
46,04
46,31
46,57
40,72
π
1nO(4)
→σ
*
H(1)-C(2)
20,79
20,61
19,20
19,52
19,44
20,67
20,64
20,59
π
1nO(4)
→σ
*
C(2)-O(3)
31,97
32,39
30,03
30,45
32,58
32,53
32,54
35,08
σ
nF(7)
→σ
*
O(3)-H(5)
1,87
σ
nO(4)
→σ
*
H(6)-F(7)
8,35
π
C(2)-O(4)
→σ
*
H(6)-F(7)
4,79 0,01 0,01
σ
H(6)-F(7)
→π
*
C(2)-O(4)
0,08
σ
nF(7)
→σ
*
H(1)-C(2)
1,05 0,01
π
1nF(7)
→π
*
C(2)-O(4)
0,09
π
2nO(3)
→σ
*
H(6)-F(7)
0,01 3,68
Em (9l), a interação
σ
nF(7)
→σ
*
O(3)-H(5)
é próxima de 2 kcal/mol e, em (11l), a
interação
σ
nF(7)
→σ
*
H(1)-C(2)
é cerca de 1 kcal/mol (Tabela 124). Então, relativamente a
(1), observa-se apenas um pequeno aumento (inferior a 2 kcal/mol) da interação
π
2nO(3)
→π
*
C(2)-O(4)
em (9l), e uma ligeira diminuição (próxima de 1 kcal/mol) da
interação
π
1nO(4)
→σ
*
H(1)-C(2)
em (11l). Desta forma, as ligações de hidrogênio em (9l) e
(11l) pouco afetam a estrutura eletrônica de (1) e, conseqüentemente, o efeito de
ressonância do grupo carboxila. Isso corrobora o fato que as complexações que não
envolvem diretamente os átomos de oxigênio de (1), não devem afetar a ressonância do
grupo carboxila. Entretanto, as alterações dos comprimentos de ligação C-O em (9l)
indicaram um aumento de ressonância.
Nos complexos remanescentes, interação de (3) com átomos de oxigênio de
(1). As alterações nas energias de estabilização de segunda ordem, E
(2)
, foram um
pouco mais pronunciadas (Tabela 124). Em (
10p) e (13p), (3) interage
perpendicularmente com (1) e é observada uma desestabilização da interação
183
π
2nO(3)
→π
*
C(2)-O(4)
. No primeiro, a desestabilização é de 3 kcal/mol e no segundo é de
7 kcal/mol, aproximadamente. Em (10p) nota-se ainda decréscimos próximos a 1 e
2 kcal/mol das interações
π
1nO(4)
→σ
*
H(1)-C(2)
e
π
1nO(4)
→σ
*
C(2)-O(3)
. Em (13p), um
incremento pouco superior a 2 kcal/mol ocorre na interação
π
1nO(4)
→σ
*
C(2)-O(3)
. Ressalta-
se que (13p) apresenta complexação em sítio semelhante a (6) e que os resultados
obtidos para esses complexos são muito próximos. As interações intermoleculares mais
intensas entre NBOs são próximas de 5 kcal/mol (interação do tipo X-H⋅⋅⋅π,
265
π
C(2)-O(4)
→σ
*
H(6)-F(7)
) em (10p) e de 4 kcal/mol (
π
2nO(3)
→σ
*
H(6)-F(7)
) em (13p). Nesse
último complexo, observam-se ainda pequenas interações entre
σ
H(6)-F(7)
→π
*
C(2)-O(4)
e
π
1nF(7)
→π
*
C(2)-O(4)
. Conclui-se, segundo a análise NBO, que nos complexos (10p) e
(13p) uma diminuição da ressonância do grupo carboxila. Para (10p) isso denota
uma contradição, pois de acordo com as variações dos comprimentos de ligação C-O,
deveria ocorrer um aumento da ressonância desse grupo. Em (10l) ocorre o aumento
substancial (4 kcal/mol) da interação
π
2nO(3)
→π
*
C(2)-O(4)
, indicando um incremento da
ressonância do grupo carboxila e corroborando as observações a despeito das alterações
de geometria. As interações
π
1nO(4)
→σ
*
H(1)-C(2)
e
π
1nO(4)
→σ
*
C(2)-O(3)
diminuem cerca de
1,5 e 2,5 kcal/mol, respectivamente. A interação entre os NBOs de (1) e (3),
σ
nO(4)
→σ
*
H(6)-F(7)
, é de cerca de 8 kcal/mol, a maior na série (9l)-(13p). Assim como
observado em (4) e (5), a complexação no plano molecular que envolve ligação de
hidrogênio com o O(4) deve provocar o aumento da ressonância do grupo carboxila de
(1).
Tabela 125. Energias de estabilização de segunda ordem, E
(2)
, para (14l) e (14p).
E
(2)
(kcal/mol)
Interações
(14l) (14p)
π
1nO(4)
→σ
*
H(1)-C(2)
21,27 21,74
π
1nO(4)
→σ
*
C(2)-O(3)
20,50 21,09
π
1nO(3)
→σ
*
H(1)-C(2)
17,65 17,06
π
1nO(3)
→σ
*
C(2)-O(4)
14,70 16,55
π
2nO(3)
→π
*
C(2)-O(4)
92,75 76,52
σ
nO(3)
→σ
*
H(6)-F(7)
34,81 5,34
π
2nO(3)
→σ
*
H(6)-F(7)
23,71
π
C(2)-O(4)
→σ
*
H(6)-F(7)
0,08
σ
H(6)-F(7)
→π
*
C(2)-O(4)
0,29
π
1nF(7)
→π
*
C(2)-O(4)
0,34
184
Para os complexos com o ânion formiato obtidos com restrições de geometria,
(14l) e (14p) (Tabela 125), verifica-se uma significativa desestabilização (18 kcal/mol
em (14l) e 35 kcal/mol em (14p)) da interação
π
2nO(3)
→π
*
C(2)-O(4)
, refletindo uma
diminuição da ressonância do carboxilato após a complexação, conforme evidenciada
pelas alterações nos comprimentos de ligação C-O desses complexos. Desestabilização
próxima de 4 kcal/mol para a interação
π
1nO(3)
→σ
*
H(1)-C(2)
é observada em ambos os
complexos. A interação
π
1nO(3)
→σ
*
C(2)-O(4)
é desestabilizada em cerca de 3 kcal/mol em
(14l) e em 1,5 kcal/mol em (14p), enquanto que
π
1nO(4)
→σ
*
C(2)-O(3)
apresenta
estabilização de aproximadamente 3 kcal/mol. Nenhuma alteração significativa
decorrente da complexação é observada para
π
1nO(4)
→σ
*
H(1)-C(2)
. Considerando as
interações entre (2) e (3), destacam-se
σ
nO(3)
→σ
*
H(6)-F(7)
em (14l) e
π
2nO(3)
→σ
*
H(6)-F(7)
em
(14p). As alterações na estrutura eletrônica dos complexos (14l) e (14p) são,
qualitativamente, análogas às observadas em (7) e (8) e refletem uma diminuição da
ressonância do carboxilato. O decréscimo é maior quando (3) se encontra
perpendicularmente a (2), pois nesse caso a interação é estabelecida com o orbital
π
2nO(3)
, o qual participa das principais interações responsáveis pela ressonância em (1) e
(2).
Tabela 126. Transferência de carga (CT) obtida pela análise NBO para (4)-(14p).
Complexo CT Sentido da CT
(4) 0,041
(1)(3)
(5) 0,038
(1)(3)
(6) 0,020
(1)(3)
(7) 0,122
(2)(3)
(8) 0,151
(2)(3)
(9l) 0,005
(3)(1)
(9p) 0,000
(10l) 0,015
(1)(3)
(10p) 0,014
(1)(3)
(11l) 0,003
(3)(1)
(11p) 0,000
(12p) 0,000
(13p) 0,010
(1)(3)
(14l) 0,069
(2)(3)
(14p) 0,077
(2)(3)
185
As transferências de carga (CT) entre os monômeros (Tabela 126), obtida
através da análise NBO, obedecem a ordem de estabilidade dos complexos (4)-(6) e (7)
e (8). Interessante observar que as transferências de carga nos complexos com o ânion
formiato ((7) e (8)) são bastante intensas, chegando a ser três a quatro vezes superiores
às observadas nos complexos mais estáveis com o ácido fórmico ((4) e (5)), e seis a sete
vezes superiores à determinada em (6). A transferência de carga entre os monômeros é
nula nos complexos (9p), (11p) e (12p) e muito pequena nos complexos (9l) e (11l)
(Tabela 126). As maiores transferências de carga para a série (9l)-(14p) são observadas,
em ordem de importância, para (14p), (14l), (10l), (10p) e (13p). Essa transferência é
cerca de 5 vezes superior em (14p) do que em (10l) e (10p), e aproximadamente 8 vezes
superior à observada em (13p).
F – NSA (Natural Steric Analysis)
As interações que mais contribuem para a desestabilização dos sistemas
estudados envolvem um par de elétrons isolado de um oxigênio e um orbital ligante
vicinal a este:
π
C(2)-O(4)
↔π
2nO(3)
,
σ
H(1)-C(2)
↔π
1nO(4),
σ
C(2)-O(3)
↔π
1nO(4)
.
A complexação provoca pequenas modificações (inferiores a 1 kcal/mol) na
interação
π
C(2)-O(4)
↔π
2nO(3)
(Tabela 127). Observa-se uma pequena diminuição (inferior
a 3 kcal/mol) para
σ
H(1)-C(2)
↔π
1nO(4)
em (5). Em (4),
σ
C(2)-O(3)
↔π
1nO(4)
apresenta uma
queda inferior a 4 kcal/mol. Desta forma, conclui-se que a formação das ligações de
hidrogênio entre (1) e (3) para a formação dos complexos (4)-(6) pouco alteram as
interações repulsivas determinadas pela análise NSA.
Tabela 127. Energias de repulsão estérica (dE(i,j), kcal/mol) para (1), (4)-(6).
dE(i,j)
Interações
(1) (4) (5) (6)
σ
H(1)-C(2)
↔π
1nO(4)
13,27 12,80 10,64 12,90
σ
C(2)-O(3)
↔π
1nO(4)
12,47 8,65 12,63 12,35
π
C(2)-O(4)
↔π
2nO(3)
14,34 14,74 14,58 13,66
σ
C(2)-O(4)
↔σ
nO(3)
5,02 5,46 5,11 4,64
σ
O(3)-H(5)
↔π
1nF(7)
5,90
σ
H(6)-F(7)
↔π
1nO(4)
15,18 9,05
σ
H(6)-F(7)
↔σ
nO(4)
4,07
σ
H(6)-F(7)
↔σ
nO(3)
7,92
186
Algumas interações intermoleculares também contribuem para a
desestabilização dos complexos (Tabela 127). Em (4), observa-se a interação repulsiva
entre o orbital ligante da ligação O-H de (1) com um par de elétrons isolado do flúor de
(3) (
σ
O(3)-H(5)
↔π
1nF(7)
). Uma interação mais intensa ocorre entre o orbital ligante da
ligação H-F de (3) com um par de elétrons isolado do oxigênio sp
2
de (1)
(
σ
H(6)-F(7)
↔π
1nO(4)
) em (4) e (5). Em (6), a repulsão se entre os orbitais
σ
H(6)-F(7)
↔σ
nO(3)
.
A complexação de (2) com (3) (Tabela 128) causou uma queda de 4 e 6 kcal/mol
na energia de repulsão estérica da interação
σ
H(1)-C(2)
↔π
1nO(3)
em (7) e (8),
respectivamente. Em (7), destaca-se ainda o decréscimo próximo de 5 kcal/mol na
energia da interação
σ
C(2)-O(4)
↔π
1nO(3)
. Por outro lado, uma repulsão entre o orbital σ
ligante da ligação C(2)O(4) e o orbital σ do O(3) (
σ
C(2)-O(4)
↔σ
nO(3)
) é observada. A
interação repulsiva
σ
H(1)-C(2)
↔π
1nO(4)
praticamente se mantém inalterada em ambos os
complexos. Uma pequena diminuição (próxima de 1 kcal/mol) da dE(i,j) para a
interação
π
C(2)-O(4)
↔π
2nO(3)
e um pequeno aumento (entre 1 e 1,5 kcal/mol) dessa
energia para a interação
σ
C(2)-O(3)
↔π
1nO(4)
também foram observados.
A interação intermolecular de maior contribuição para a desestabilização dos
complexos (7) e (8) é estabelecida entre o orbital ligante da ligação H-F de (3) e um par
de elétrons isolado do átomo O(3) do ânion,
σ
H(6)-F(7)
↔π
1nO(3)
(Tabela 128).
Tabela 128. Energias de repulsão estérica (dE(i,j), kcal/mol) para (2), (7) e (8).
dE(i,j)
Interações
(2) (7) (8)
σ
H(1)-C(2)
↔π
1nO(4)
14,11 14,35 13,84
σ
H(1)-C(2)
↔π
1nO(3)
14,11 10,23 7,68
σ
C(2)-O(4)
↔π
1nO(3)
7,36 2,66 7,13
π
C(2)-O(4)
↔π
2nO(3)
18,36 17,56 17,41
σ
C(2)-O(3)
↔π
1nO(4)
7,36 8,45 8,91
σ
C(2)-O(4)
↔σ
nO(3)
6,04
σ
H(6)-F(7)
↔π
1nO(3)
28,31 35,58
Analogamente à análise NBO, nos complexos (9p), (11p) e (12p), os quais não
apresentam interações entre os orbitais dos monômeros que constituem os complexos,
as variações nas energias de repulsão estérica (dE(i,j)) de (1) são praticamente nulas
(Tabela 129). Nos demais complexos, observa-se apenas um pequeno decréscimo
187
(próximo de 1 kcal/mol) da dE(i,j) da interação
σ
H(1)-C(2)
↔π
1nO(4)
. Adicionalmente, a
interação
σ
C(2)-O(3)
↔π
1nO(4)
apresentou diminuição de mesma magnitude em (10p).
Interações repulsivas entre os monômeros que constituem os complexos são verificadas
em (9l) (
σ
O(3)-H(5)
↔σ
nF(7)
), (10l) (
σ
H(6)-F(7)
↔σ
nO(4)
), (10p) (
π
C(2)-O(4)
↔σ
H(6)-F(7)
), (11l)
(
σ
H(1)-C(2)
↔σ
nF(7)
) e (13p) (
σ
H(6)-F(7)
↔π
1nO(3)
).
Tabela 129. Energias de repulsão estérica (dE(i,j), kcal/mol) para (9l)-(13p).
dE(i,j)
Interações
(9l) (9p) (10l) (10p)
(11l) (11p)
(12p)
(13p)
σ
H(1)-C(2)
↔π
1nO(4)
12,14
13,40
12,07
12,28
12,01
13,09
13,24
11,94
σ
C(2)-O(3)
↔π
1nO(4)
11,96
12,25
12,11
11,11
11,88
12,57
12,47
12,24
π
C(2)-O(4)
↔π
2nO(3)
14,36
14,48
14,44
13,76
14,26
14,35
14,35
13,82
σ
C(2)-O(4)
↔σ
nO(3)
5,00 5,07 5,01 4,95 4,76 4,98 4,99 4,51
σ
O(3)-H(5)
↔σ
nF(7)
2,38
σ
H(6)-F(7)
↔σ
nO(4)
7,96
π
C(2)-O(4)
↔σ
H(6)-F(7)
3,91
σ
H(1)-C(2)
↔σ
nF(7)
0,76
σ
H(6)-F(7)
↔π
1nO(3)
3,10
Para o formiato também são observadas pequenas variações das energias de
repulsão estérica após a complexação (Tabela 130). Relativamente a (2), diminuições
entre 1-1,5 kcal/mol ocorrem nas interações repulsivas
σ
C(2)-O(4)
↔π
1nO(3)
em (14l) e
σ
H(1)-C(2)
↔π
1nO(3)
e
π
C(2)-O(4)
↔π
2nO(3)
em (14p). Nota-se um pequeno incremento
(próximo de 1 kcal/mol) na interação
σ
C(2)-O(3)
↔π
1nO(4)
em ambos os complexos. As
desestabilizações decorrentes da interação entre orbitais de (2) e (3) são significativas e
determinadas pelas repulsões
σ
H(6)-F(7)
↔σ
nO(3)
e
σ
H(6)-F(7)
↔π
2nO(3)
em (14l) e (14p),
respectivamente.
Tabela 130. Energias de repulsão estérica (dE(i,j), kcal/mol) para (14l) e (14p).
dE(i,j)
Interações
(14l) (14p)
σ
H(1)-C(2)
↔π
1nO(4)
14,04 14,31
σ
H(1)-C(2)
↔π
1nO(3)
13,21 12,73
σ
C(2)-O(4)
↔π
1nO(3)
6,14 6,69
π
C(2)-O(4)
↔π
2nO(3)
17,63 16,81
σ
C(2)-O(3)
↔π
1nO(4)
8,29 8,62
σ
H(6)-F(7)
↔σ
nO(3)
23,09 2,69
σ
H(6)-F(7)
↔π
2nO(3)
16,85
188
G – NRT (Natural Resonance Theory)
O peso da estrutura de Lewis do ácido fórmico, (1), é cerca de 80%, enquanto
que o peso da estrutura de ressonância dipolar é aproximadamente 10% (Tabela 131).
Como discutido nos complexos com o radical hidroperoxil, essas estruturas
caracterizam a ressonância apresentada pelo grupo carboxila.
262-264
Tabela 131. Principais estruturas de ressonância obtidas pela análise NRT para (1)-(8).
Peso (%) Peso(%)
Estruturas
(1) (4) (5) (6)
Estruturas
(2) (7) (8)
H C
O
O
H
80,49
61,47
65,06
80,36
H C
O
O
45,14
36,90
35,84
H C
O
O
H
10,01
27,41
25,77
8,46
H C
O
O
45,14
48,64
48,56
H C
O
HO
4,99 2,58 2,91 5,48
C
O
O
H
3,41 2,59 2,48
C
O
HO
H
3,44 1,69 1,92 3,39
C
O
O
H
1,70
C
O
O
H
1,70 2,07 1,94
Ordens de ligação
(
1
) (
4
) (
5
) (
6
) (
2
) (
7
) (
8
)
H(1)-C(2) 0,957
0,965
0,963
0,959
0,932
0,946
0,948
C(2)-O(3) 1,061
1,292
1,263
1,040
1,534
1,438
1,431
C(2)-O(4) 1,982
1,743
1,774
2,001
1,534
1,616
1,621
O(3)-H(5) 0,989
0,980
0,989
0,989
H(6)-F(7)
(a)
0,968
0,979
0,987
0,937
0,922
(a)
Ordem de ligação H(6)-F(7) em (3) é 1,000.
Após a complexação, o peso da estrutura de Lewis de (
1
) decresce
apreciavelmente e o da forma dipolar aumenta, o que indica um incremento da
ressonância da carboxila com a ligação de hidrogênio em (
4
) e (
5
) (Tabela 131).
189
Observação semelhante foi obtida no estudo das ligações de hidrogênio entre ácidos
orgânicos e o radical hidroperoxil.
64
Novamente, (
6
) apresenta comportamento distinto
do apresentado por (
4
) e (
5
). Nesse complexo, ocorre uma ligeira diminuição do peso da
forma dipolar, sugerindo uma diminuição da ressonância da carboxila quando o
hidrogênio de (
3
) interage com o O(3) de (
1
). Analogamente ao observado para os
complexos dos ácidos orgânicos com o radical hidroperoxil, as variações do efeito de
ressonância da carboxila sugerem que a ligação de hidrogênio possui um caráter
covalente apreciável. A variação das ordens de ligação da carboxila com a complexação
confirmam um incremento da ressonância do ácido fórmico em (
4
) e (
5
) (Tabela 131).
Assim, verifica-se um aumento da ordem de ligação C(2)-O(3) e uma diminuição para
C(2)-O(4) nos complexos. No complexo (
6
) as ordens de ligação C(2)-O(3) e C(2)-O(4)
são ainda mais características de ligações simples e duplas, respectivamente,
evidenciando a diminuição da ressonância.
Em (
2
) têm-se duas estruturas de Lewis equivalentes com peso de 45% cada
(Tabela 131). A ligação de hidrogênio é estabelecida entre (
3
) e o átomo de oxigênio
que apresenta três pares de elétrons isolados (segundo a teoria NBO), ou seja, com o
átomo de oxigênio que concentra a carga negativa do ânion. A complexação provoca a
queda do peso da primeira estrutura de ressonância em (
7
) e (
8
) e o aumento da forma
equivalente. Isso indica uma diminuição da ressonância do carboxilato, uma vez que um
incremento da ressonância desse grupo deveria ser acompanhado do aumento do peso
das duas estruturas de ressonância equivalentes. Em (
2
), as ordens de ligação C(2)-O(3)
e C(2)-O(4) são equivalentes, o que denota a grande ressonância deste ânion. Em (
7
) e
(
8
), a ordem de ligação C(2)-O(3) diminui, enquanto que a ordem de ligação C(2)-O(4)
aumenta, indicando uma menor deslocalização de densidade eletrônica e,
conseqüentemente, a diminuição da ressonância do carboxilato (Tabela 131).
Os resultados da análise NRT para os complexos obtidos com restrições de
geometria estão apresentados na Tabela 132. Com a exceção de (
10p
), a complexação
entre (
1
) e (
3
) pouco altera os pesos das principais estruturas de ressonância do ácido
fórmico. Em (
10p
), observa-se um decréscimo e um incremento, com magnitudes
semelhantes às constatadas em (
5
), do peso das principais estruturas de ressonância de
(
1
). Esse fato demonstra o aumento da ressonância do grupo carboxila, o que não é tão
evidente na análise NBO. As ordens de ligação corroboram essa observação, uma vez
que C(2)-O(3) aumenta e C(2)-O(4) diminui.
190
Tabela 132. Principais estruturas de ressonância obtidas pela análise NRT para (9l)-(14p).
Peso (%)
Estruturas
(9l) (9p) (10l) (10p)
(11l) (11p)
(12p)
(13p)
Estruturas
(14l) (14p)
H C
O
O
H
80,01
80,49
79,47
66,00
80,79
80,43
80,44
80,63
H C
O
O
38,72
36,23
H C
O
O
H
10,39
9,90 10,92
25,39
9,80 10,02
9,96 8,76
H C
O
O
48,94
51,04
H C
O
HO
4,89 4,99 4,38 3,17 4,99 4,99 5,00 5,49
C
O
O
H
2,81 2,85
C
O
HO
H
3,45 3,44 2,78 2,12 3,25 3,46 3,44 3,37
C
O
O
H
1,02
C
O
O
H
1,91 2,04
Ordens de ligação
(9l) (9p) (10l) (10p)
(11l) (11p)
(12p)
(13p)
(14l) (14p)
H(1)-C(2) 0,957
0,957
0,961
0,961
0,959
0,957
0,957
0,958
0,943
0,942
C(2)-O(3) 1,066
1,061
1,078
1,257
1,060
1,061
1,061
1,043
1,455
1,417
C(2)-O(4) 1,977
1,982
1,960
1,778
1,981
1,981
1,981
1,998
1,602
1,630
O(3)-H(5) 0,988
0,989
0,988
0,988
0,989
0,989
0,989
0,990
H(6)-F(7)
(a)
1,000
1,000
0,988
0,992
1,000
1,000
1,000
0,993
0,962
0,960
(a)
Ordem de ligação H(6)-F(7) em (3) é 1,000.
191
Para (
13p
), uma pequena redução do peso da segunda estrutura de ressonância
pode ser mais uma evidência de que a complexação no O(3) de (
1
) deve contribuir para
o decréscimo da ressonância do grupo carboxila. Nesse complexo as ordens de ligação
C(2)-O(3) e C(2)-O(4) denotam, respectivamente, maior característica de simples e
dupla ligação. Nos complexos com o ânion formiato, (
14l
) e (
14p
), a complexação
provoca a queda do peso da primeira estrutura de ressonância e o aumento da forma
equivalente (Tabela 132). Isso indica uma diminuição da ressonância do carboxilato,
assim como observado em (
7
) e (
8
). Essas modificações foram mais pronunciadas em
(
14p
). A ordem de ligação C(2)-O(3) diminui, enquanto que C(2)-O(4) aumenta, ou
seja, apresentam maior característica de simples e dupla ligação, respectivamente,
corroborando o decréscimo da ressonância do grupo carboxilato.
H – Análise AIM (Atoms in Molecules)
A análise topológica da densidade eletrônica foi utilizada para verificar a
influência das interações intermoleculares na ressonância dos grupos carboxila e
carboxilato nos complexos (
4
)-(
14p
). As ligações de hidrogênio foram caracterizadas
com o uso dos critérios propostos por Popelier.
104,105,214-217
(1) Topologia. A topologia total dos compostos estudados sem ((
1
)-(
8
)) ou com
((
9l
)-(
14p
)) restrições na otimização de geometria encontrou-se consistente com a
relação de Poincaré-Hopf.
104,215
A Figura 34 apresenta os gráficos moleculares para
alguns complexos.
Analisando o gráfico molecular de (
4
), observa-se que existem duas ligações de
hidrogênio entre (
1
) e (
3
), formando uma estrutura cíclica a qual apresenta um RCP
(Ring Critical Point) conectado aos BCPs (Bond Critical Points) das ligações que
constituem o anel. As distâncias entre os BCPs F(7)·· H(5) e O(4)·· H(6) e o RCP foram
de 0,677 Å e 0,912 Å, respectivamente, indicando que a última é uma ligação de
hidrogênio mais estável. Para (
5
) e (
6
) as ligações de hidrogênio também foram
topologicamente caracterizadas pela presença de um BCP entre os átomos doador e
receptor dessas ligações. Em (
6
), os caminhos de ligação (BPs - Bond Paths) de (
3
) e da
ligação de hidrogênio apresentam uma linearidade maior do que para o complexo (
5
).
Fato análogo é verificado para o complexo (
8
) em comparação ao (
7
).
192
(a) (b) (c)
(g) (h)
(d) (e) (f)
Figura 34
. Gráficos moleculares para alguns complexos: (a) (
4
); (b) (
5
); (c) (
6
); (d) (
7
);
(e) (
8
); (f) (
9p
); (g) (
11p
) e (h) (
12p
).
193
Considerando os complexos obtidos com restrições na otimização de geometria,
destacam-se os gráficos moleculares de (
9p
), (
11p
) e (
12p
) (Figura 34). Para (
9p
) uma
linha de interação interatômica (AIL - Atomic Interaction Line) deveria ocorrer entre os
átomos F(7) e H(5). Entretanto, uma inesperada AIL foi observada entre dois átomos
que possuem carga negativa, F(7) e O(3). Relacionada a esta interação, a análise NBO
demonstrou uma energia de estabilização de segunda ordem, E
(2)
, de apenas
0,01 kcal/mol correspondente à π
2nO(3)
→σ
*
H(6)-F(7)
. No complexo (
11p
), apesar de F(7)
estar direcionado perpendicularmente a H(1), nota-se uma AIL entre os átomos F(7) e
C(2) que apresenta um desvio próximo a este último átomo, indicando uma
instabilidade da interação.
105
A ocorrência dessa AIL pode ser atribuída ao fato de que a
carga de H(1) é muito pequena se comparada com a do C(2). Topologia semelhante a do
complexo (
11p
) também foi verificada em (
12p
). Todos os demais complexos
apresentaram os BCPs e AILs esperados entre os átomos doador e receptor das ligações
de hidrogênio.
(2) Densidade eletrônica do ponto crítico de ligação (
ρ
b
). Para os complexos (
4
)-(
6
), os
valores para ρ
b
(Tabela 133) estão coerentes com os limites estabelecidos para
caracterização das ligações de hidrogênio.
105
No complexo (
4
), ρ
b
é maior para a ligação
de hidrogênio O(4)·· H(6) do que para F(7)·· H(5), corroborando a maior estabilidade
topológica da primeira. De acordo com ρ
b
, a ligação de hidrogênio em (
5
) deve ser mais
estável do que em (
6
), enquanto que a ligação de hidrogênio em (
8
) apresenta maior
estabilidade do que a estabelecida em (
7
) (Tabela 133). Essas observações estão de
acordo com a ordem de estabilidade energética dos complexos e com os resultados
obtidos pela análise NBO. Entretanto, deve-se ressaltar a maior intensidade da
densidade eletrônica (ρ
b
) para os pontos críticos das ligações de hidrogênio na
associação entre (
2
) e (
3
), ou seja, nos complexos (
7
) e (
8
). Adicionalmente, é
conveniente lembrar que o intervalo proposto por Popelier é aplicado para compostos
neutros.
Os BCPs das ligações de hidrogênio nos complexos (
9l
), (
10l
), (
10p
), (
11l
),
(
13p
) apresentaram valores para ρ
b
dentro do intervalo estabelecido por Popelier
(Tabela 134). Esses valores demonstram que a ligação de hidrogênio é mais favorecida
em (
10l
) e menos favorecida em (
11l
). A ρ
b
para a ligação de hidrogênio em (
14l
) é
maior do que a apresentada em (
14p
) (Tabela 134), denotando uma maior força da
ligação no primeiro complexo. Esses resultados concordam com as intensidades das
194
interações obtidas pela análise NBO. Novamente, os valores das ρ
b
das ligações de
hidrogênio nos complexos com o ânion formiato ((
14l
) e (
14p
)) encontram-se além do
limite superior do intervalo proposto por Popelier. Para os complexos (
9p
), (
11p
) e
(
12p
) são observados pequenos valores das ρ
b
para os pontos críticos provenientes da
complexação, BCP
complexação
, indicando a fraca interação entre (
1
) e (
3
) (Tabela 134).
A densidade eletrônica do ponto crítico de ligação H(1)-C(2) não apresentou
alterações significativas para os complexos (
4
)-(
6
) (Tabela 133). Entretanto, em (
4
) e
(
5
), observa-se aumento e diminuição da ρ
b
dos pontos críticos de ligação C(2)-O(3) e
C(2)-O(4), respectivamente. Isso indica que a complexação provoca um aumento da
ressonância do grupo carboxila nesses dois complexos, como demonstrado
anteriormente pelas variações nos comprimentos de ligação e pelas análises NBO e
NRT. Efeito oposto é verificado para o complexo (
6
).
Tabela 133
. Análise dos pontos críticos (em u.a.) para (
1
)-(
8
).
Pontos Críticos
H(1)-C(2)
C(2)-O(3)
C(2)-O(4)
O(3)-H(5)
H(6)-F(7)
BCP
complexação
ρ
b
0,2937 0,3129 0,4445 0,3693
(
1
)
2
ρ
b
-1,1131 -0,6915 -0,4568 -2,9217
0,0361 0,0251 0,1295 0,0132
ρ
b
0,2591 0,3933 0,3933
(
2
)
2
ρ
b
-0,8531 -0,6869 -0,6869
0,0420 0,0932 0,0932
ρ
b
0,3813
(
3
)
2
ρ
b
-3,4358
0,0
ρ
b
0,2975 0,3307 0,4277 0,3546 0,3330 0,0533
(a)
/0,0253
(b)
(
4
)
2
ρ
b
-1,1469 -0,7045 -0,5534 -2,8612 -2,8607 0,1057
(a)
/0,0943
(b)
0,0346 0,0350 0,1172 0,0083 0,0034 0,0334
(a)
/0,1125
(b)
ρ
b
0,2971 0,3244 0,4345 0,3676 0,3519 0,0436
(
5
)
2
ρ
b
-1,1455 -0,6878 -0,5115 -2,9316 -3,115 0,1026
0,0327 0,0261 0,1211 0,0119 0,0006 0,0042
ρ
b
0,2952 0,3002 0,4503 0,3672 0,3643 0,0329
(
6
)
2
ρ
b
-1,1277 -0,6552 -0,4204 -2,9399 -3,2760 0,0978
0,0349 0,0116 0,1368 0,0142 0,0007 0,0497
ρ
b
0,2704 0,3743 0,4080 0,2797 0,0888
(
7
)
2
ρ
b
-0,9308 -0,7084 -0,6329 -2,0832 0,0658
0,0421 0,0832 0,1029 0,0004 0,0115
ρ
b
0,2736 0,3719 0,4086 0,2597 0,1079
(
8
)
2
ρ
b
-0,9510 -0,7166 -0,6382 -1,7664 0,0158
0,0391 0,0790 0,1040 0,0006 0,0160
(a)
O(4)·· H(6);
(b)
F(7)·· H(5)
195
Tabela 134
. Análise dos pontos críticos (em u.a.) para (
9l
)-(
14p
).
Pontos Críticos
H(1)-C(2)
C(2)-O(3)
C(2)-O(4)
O(3)-H(5)
H(6)-F(7)
BCP
complexação
ρ
b
0,2929 0,3158 0,4432 0,3654 0,3769 0,0147
(
9l
)
2
ρ
b
-1,1048 -0,6919 -0,4633 -2,9378 -3,4511 0,0695
0,0371 0,0279 0,1278 0,0123 0,0001 0,0059
ρ
b
0,2934 0,3150 0,4438 0,3690 0,3806 0,0037
(
9p
)
2
ρ
b
-1,1374 -0,6947 -0,4288 -2,9303 -3,3178 0,1075
0,0353 0,0192 0,1287 0,0122 0,0004 0,0690
ρ
b
0,2963 0,3217 0,4365 0,3679 0,3638 0,0309
(
10l
)
2
ρ
b
-1,1374 -0,6947 -0,4288 -2,9303 -3,3178 0,1075
0,0345 0,0315 0,1165 0,0121 0,0002 0,0423
ρ
b
0,2957 0,3218 0,4355 0,3675 0,3705 0,0219
(
10p
)
2
ρ
b
-1,1332 -0,6885 -0,5735 -2,9267 -3,3235 0,0725
0,0336 0,0238 0,0969 0,0120 0,0003 0,1279
ρ
b
0,2959 0,3112 0,4432 0,3698 0,3795 0,0071
(
11l
)
2
ρ
b
-1,1344 -0,6864 -0,4674 -2,9183 -3,4422 0,0299
0,0351 0,0189 0,1268 0,0134 0,0 0,0149
ρ
b
0,2946 0,3122 0,4441 0,3699 0,3803 0,0041
(
11p
)
2
ρ
b
-1,1229 -0,6888 -0,04661 -2,9198 -3,4101 0,0199
0,0316 0,0231 0,1209 0,0130 0,0001 0,7010
ρ
b
0,2940 0,3129 0,4445 0,3697 0,3808 0,0022
(
12p
)
2
ρ
b
-1,1155 -0,6910 -0,4561 -2,9209 -3,4391 0,0117
0,0347 0,0227 0,1292 0,0131 0,0 0,8781
ρ
b
0,2947 0,2999 0,4497 0,3669 0,3751 0,0183
(
13p
)
2
ρ
b
-1,1236 -0,6946 -0,4121 -2,9063 -3,3621 0,0608
0,0359 0,0129 0,1373 0,0142 0,0003 0,0470
ρ
b
0,2684 0,3765 0,4049 0,3092 0,0670
(
14l
)
2
ρ
b
-0,9161 -0,5931 -0,6518 -2,5936 0,1288
0,0427 0,0746 0,1069 0,0004 0,0277
ρ
b
0,2686 0,3722 0,4076 0,3146 0,0578
(
14p
)
2
ρ
b
-0,9165 -0,8188 -0,6091 -2,5960 0,0831
0,0404 0,0588 0,1067 0,0017 0,0420
A ρ
b
para o BCP O(3)-H(5) decresce acentuadamente em (
4
) e ligeiramente em
(
5
) e (
6
) (Tabela 133). Analogamente, observa-se uma diminuição para a ρ
b
do BCP
H(6)-F(7) em (
4
)-(
6
). O fato das alterações na densidade eletrônica serem mais
acentuadas em (
4
) comprova que as interações entre (
1
) e (
3
) são mais intensas nesse
complexo. Para os complexos com o ânion formiato, (
7
) e (
8
) (Tabela 133), as
alterações nas densidades eletrônicas dos pontos críticos de ligação também estão de
acordo com os resultados obtidos nas análises dos comprimentos de ligação, NBO e
NRT. Antes da complexação, a
ρ
b
dos pontos críticos C(2)-O(3) e C(2)-O(4) no ânion
196
formiato, (
2
), são equivalentes. Entretanto, nos complexos (
7
) e (
8
) a ρ
b
diminuiu no
BCP C(2)-O(3) e aumenta no BCP C(2)-O(4), denotando uma maior localização
eletrônica e, portanto, diminuição na ressonância do grupo carboxilato. Também podem
ser observados o aumento e a diminuição da ρ
b
nos pontos críticos H(1)-C(2) e
H(6)-F(7). Essas alterações são mais intensas em (
8
) do que em (
7
), refletindo a maior
intensidade da ligação de hidrogênio no primeiro complexo.
Conforme observado na análise NBO, as interações entre (
1
) e (
3
) em (
9p
),
(
11p
) e (
12p
) são bastante fracas e, assim, praticamente não são verificadas variações da
ρ
b
dos pontos críticos de ligação nesses complexos (Tabela 134). Para os complexos
obtidos com restrições de geometria ((
9l
)-(
14p
), Tabela 134), segue que a ρ
b
do ponto
crítico H(1)-C(2) apresenta um pequeno aumento em (
10l
), (
10p
) e (
11l
). para o
ponto crítico O(3)-H(5), é observada uma diminuição da ρ
b
em (
9l
), (
10p
) e (
13p
). As
diminuições mais significativas da ρ
b
para o ponto crítico H(6)-F(7) ocorreram nos
complexos (
9l
), (
10l
), (
10p
), (
11l
) e (
13p
). A complexação causou aumento da
ressonância do grupo carboxila em (
9l
), (
10l
) e (
10p
), representado pelo aumento da ρ
b
do ponto crítico C(2)-O(3) e diminuição dessa propriedade para C(2)-O(4). O oposto foi
observado para (
13p
). Especificamente para (
10p
), o aumento da ressonância do grupo
carboxila é coerente com as variações dos comprimentos de ligação C-O, mas
contraditório ao observado na análise NBO. Pequenas diminuições das ρ
b
dos pontos
críticos C(2)-O(3) e C(2)-O(4) foram notadas em (
11l
), corroborando os resultados
obtidos pela análise NBO de que a complexação pouco afeta a estrutura eletrônica de
(
1
) nesse complexo. Para os complexos com o ânion formiato, (
14l
) e (
14p
), ocorrem
variações semelhantes às encontradas em (
7
) e (
8
), ou seja, decréscimo da ressonância
do grupo carboxilato.
Para o complexo (
4
), as elipticidades (, Tabela 133) confirmam as observações
anteriores de que a ligação de hidrogênio O(4)·· H(6) é mais estável do que F(7)·· H(5),
ou seja, a elipticidade é menor no ponto crítico O(4)·· H(6). Da mesma forma, explica a
maior estabilidade da ligação de hidrogênio em (
5
) do que em (
6
). As ligações de
hidrogênio em (
7
) e (
8
) demonstram pequena diferença no valor da elipticidade. Os
complexos com interações entre os átomos F(7) e C(2), (
11p
) e (
12p
), apresentam,
através de elevados valores de , uma grande instabilidade estrutural (Tabela 134).
Considerando as elipticidades para os pontos críticos das ligações de hidrogênio nos
197
complexos (
9l
)-(
14p
) (Tabela 134), verifica-se que a ligação mais estável ocorre em
(
9l
), enquanto que a menos estável em (
10p
).
Para a ligação H(1)-C(2), a elipticidade diminui nos complexos (
4
)-(
6
) e (
8
) e
não se altera em (
7
) (Tabela 133). Já para O(3)-H(5), diminui em (
4
) e (
5
) e aumenta
em (
6
). As elipticidades indicam o aumento do caráter π para a ligação C(2)-O(3) e a
diminuição para C(2)-O(4), constituindo mais uma evidência do acréscimo da
ressonância do grupo carboxila nos complexos (
4
) e (
5
), Tabela 133, e (
9l
) e (
10l
),
Tabela 134. O oposto é constatado para o grupo carboxila em (
6
) e carboxilato em (
7
) e
(
8
). O comportamento dessa propriedade nos complexos (
13p
), (
14l
) e (
14p
) também
reflete a diminuição da ressonância dos grupos carboxila e carboxilato (Tabela 134).
A elipticidade em C(2)-O(3) diminui para os demais complexos da série (
9l
)-
(
14p
) (Tabela 134). A da ligação C(2)-O(4) decresce mais pronunciadamente em
(
10p
) do que em (
11l
) e (
11p
), e não é alterada em (
9p
) e (
12p
). À exceção de (
9l
) e
(
14l
), a elipticidade para H(1)-C(2) diminuiu após a complexação. Considerando o
ponto crítico da ligação O(3)-H(5), aumenta em (
13p
), decresce em (
9l
)-(
10p
) e
permanece constante para os demais complexos.
(3) Laplaciano da densidade eletrônica do ponto crítico de ligação (
2
ρ
b
). As ligações
de hidrogênio nos complexos (
4
)-(
14p
) apresentam valores de
2
ρ
b
dentro do intervalo
que as caracterizam, [0,014-0,139] u.a., Tabelas 133 e 134. No complexo (
9p
), o qual
apresenta um ponto crítico entre os átomos O(3) de (
1
) e F(7) de (
3
), o
2
ρ
b
é positivo.
O mesmo ocorre nos complexos (
11p
) e (
12p
), nos quais C(2) de (
1
) interage com F(7)
de (
3
). Isso sugere uma depleção da densidade eletrônica entre os átomos que estão
interagindo.
A densidade de energia total, H(r
CP
) (Tabela 135), sugere um caráter covalente
parcial às ligações de hidrogênio O⋅⋅⋅H nos complexos (
4
)-(
8
), (
10l
), (
14l
) e (
14p
). A
predominância da densidade de energia potencial, V(r
cp
), e a conseqüente estabilização
da carga eletrônica acumulada é mais pronunciada nos complexos com o ânion formiato
(
7
), (
8
), (
14l
) e (
14p
). As ligações de hidrogênio F⋅⋅⋅H nos complexos (
4
), (
9l
) e (
11l
)
apresentaram H(r
CP
) > 0, refletindo a predominância eletrostática dessas ligações. A
densidade de energia total também assumiu valores positivos para as interações
estabelecidas quando (
3
) encontra-se perpendicularmente disposto ao plano molecular
de (
1
), complexos (
9p
), (
10p
), (
11p
), (
12p
) e (
13p
).
198
Tabela 135
. Densidades de energia locais (em u.a.) para as interações nos complexos
(
4
)-(
14p
).
(
4
) (
5
) (
6
) (
7
) (
8
)
O(4)⋅⋅⋅H(6)
F(7)⋅⋅⋅H(5) O(4)⋅⋅⋅H(6)
O(3)⋅⋅⋅H(6)
O(3)⋅⋅⋅H(6)
O(3)⋅⋅⋅H(6)
G(r
cp
) 0,0403 0,0229 0,0344 0,0272 0,0588 0,0672
V(r
cp
) -0,0542 -0,0222 -0,0432 -0,0300 -0,1011 -0,1305
H(r
cp
) -0,0139 0,0007 -0,0088 -0,0028 -0,0423 -0,0633
(9l) (9p) (10l) (10p) (11l) (11p)
F(7)⋅⋅⋅H(5) O(3)⋅⋅⋅F(7) O(4)⋅⋅⋅H(6)
O(4)⋅⋅⋅H(6)
F(7)⋅⋅⋅H(1) C(2)⋅⋅⋅F(7)
G(rcp)
0,0148 0,0034 0,0282 0,0173 0,0062 0,0038
V(rcp)
-0,0122 -0,0027 -0,0295 -0,0165 -0,0049 -0,0026
H(rcp)
0,0026 0,0007 -0,0013 0,0008 0,0013 0,0012
(12p) (13p) (14l) (14p)
C(2)⋅⋅⋅F(7) O(3)⋅⋅⋅H(6)
O(3)⋅⋅⋅H(6)
O(3)⋅⋅⋅H(6)
G(rcp)
0,0021 0,0141 0,0542 0,0402
V(rcp)
-0,0013 -0,0130 -0,0762 -0,0596
H(rcp)
0,0008 0,0011 -0,0220 -0,0194
(4) Cargas( q(
)). Os átomos de hidrogênio que participam das ligações de hidrogênio
nos complexos (
4
)-(
6
), (
9l
), (
10l
), (
11l
) e (
14l
) tiveram um aumento em suas cargas
líquidas após a complexação (Tabelas 136 e 137). Entretanto, fato contrário ocorre em
(
7
) e (
8
). Isso pode ser atribuído à elevada transferência de carga de (
2
) para (
3
) (CT,
Tabela 126), principalmente em decorrência da interação π
1nO(3)
→σ
*
H(6)-F(7)
. Nos
complexos (
10p
) e (
14p
) a carga do hidrogênio que participa da ligação de hidrogênio
praticamente não sofre alterações, enquanto que em (
13p
), a carga do hidrogênio torna-
se menos positiva.
A carga do átomo H(1) tornou-se mais positiva em (
4
)-(
6
), (
10l
)-(
11p
) e (
13p
) e
menos positiva nos demais complexos. Já a carga do C(2) torna-se mais positiva em (
4
),
(
5
), (
7
), (
9l
), (
10l
) e (
14l
) e menos positiva nos demais. O átomo O(3) tem sua carga
negativa aumentada nos complexos (
4
), (
6
), (
9l
), (
9p
) e (
13p
), enquanto que O(4) em
(
4
), (
5
), (
9l
)-(
12p
). Em praticamente todos os complexos com ácido fórmico é
verificada uma perda da população eletrônica para o átomo H(5). À exceção de (
9p
) e
(
12p
), a carga de F(7) apresenta um ganho de população eletrônica. Nos complexos (
9l
)
e (
11l
) ocorre aumento da carga positiva do H(6). Porém, a carga deste átomo diminui
ligeiramente em (
11p
) e não se altera em (
9p
) e (
12p
).
199
Tabela 136
. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (
1
)-(
8
).
H(1) C(2) O(3) O(4) H(5) H(6) F(7)
q()
0,0544
1,6541 -1,1149
-1,1615
0,5896
M()
0,129 0,772 0,247 0,497 0,158
v()
47,44 43,57 124,29 139,47 22,19
(
1
)
-E()
0,6069
36,9951
75,8828
75,9579
0,3638
q()
-0,1307
1,7112 -1,3108
-1,2868
M()
0,235 0,690 0,247 0,222
v()
64,81 43,03 159,21 158,93
(
2
)
-E()
0,6521
36,9222
75,8673
75,8435
q()
0,7340
-0,7367
M()
0,123 0,430
v()
14,95 136,68
(
3
)
-E()
0,2703
100,2225
q()
0,0708
1,6660 -1,1288
-1,1671
0,6429
0,7423
-0,7792
M()
0,123 0,766 0,281 0,455 0,121 0,092 0,358
v()
46,09 42,78 121,81 126,65 14,41 8,50 129,48
(
4
)
-E()
0,6024
36,9779
75,9068
75,9498
0,3315
0,2579
100,2798
q()
0,0866
1,6574 -1,0976
-1,1717
0,6065
0,7432
-0,7750
M()
0,123 0,797 0,278 0,479 0,153 0,094 0,375
v()
45,73 43,28 122,22 128,33 21,33 8,18 138,86
(
5
)
-E()
0,5944
36,9823
75,8816
75,9656
0,3526
0,2614
100,2607
q()
0,0793
1,6393 -1,1240
-1,1436
0,6093
0,7412
-0,7631
M()
0,126 0,796 0,222 0,521 0,151 0,099 0,400
v()
45,99 44,02 116,59 137,73 21,22 8,91 138,69
(
6
)
-E()
0,5961
36,9930
75,8756
75,9583
0,3514
0,2647
100,2604
q()
-0,0888
1,7162 -1,2483
-1,2630
0,7301
-0,8221
M()
0,198 0,689 0,264 0,310 0,066 0,216
v()
59,92 42,38 135,60 153,03 7,41 143,27
(
7
)
-E()
0,6479
36,9186
75,8672
75,8854
0,2619
100,2135
q()
-0,0676
1,7076 -1,2459
-1,2477
0,7134
-0,8196
M()
0,181 0,715 0,251 0,302 0,054 0,176
v()
57,81 42,42 133,54 153,25 7,37 143,67
(
8
)
-E()
0,6434
36,9274
75,8792
75,8639
0,2752
100,1938
200
Tabela 137
. Propriedades atômicas (em u.a.) para os átomos em (
9l
)-(
14p
).
H(1) C(2) O(3) O(4) H(5) H(6) F(7)
q()
0,0438
1,6614 -1,1282
-1,1717
0,6278
0,7452
-0,7398
M()
0,132 0,758 0,234 0,487 0,125 0,117 0,389
v()
48,25 43,38 125,08 140,65 16,02 14,15 134,09
(
9l
)
-E()
0,6109
36,9789
75,8802
75,9539
0,3440
0,2625
100,2683
q()
0,0485
1,6506 -1,1321
-1,1662
0,5973
0,7350
-0,7343
M()
0,131 0,771 0,259 0,481 0,158 0,123 0,421
v()
47,77 43,79 124,62 140,37 21,95 14,85 138,69
(
9p
)
-E()
0,6090
36,9866
75,8962
75,9504
0,3588
0,2699
100,2613
q()
0,0761
1,6691 -1,1040
-1,1824
0,6031
0,7532
-0,7672
M()
0,126 0,787 0,265 0,468 0,153 0,093 0,391
v()
45,91 43,06 122,83 131,77 21,42 8,37 139,06
(
10l
)
-E()
0,5986
36,9685
75,8856
75,9686
0,3550
0,2571
100,2614
q()
0,0743
1,6379 -1,1132
-1,2023
0,6119
0,7325
-0,7479
M()
0,124 0,790 0,275 0,525 0,154 0,108 0,401
v()
46,16 43,30 123,29 132,87 21,09 10,07 138,37
(
10p
)
-E()
0,5996
36,9994
75,8971
75,9715
0,3489
0,2693
100,2538
q()
0,0823
1,6347 -1,1066
-1,1655
0,5869
0,7392
-0,7437
M()
0,098 0,796 0,235 0,486 0,161 0,122 0,412
v()
44,20 44,26 124,57 139,83 22,25 14,73 137,19
(
11l
)
-E()
0,5991
36,9960
75,8631
75,9441
0,3652
0,2663
100,2705
q()
0,0604
1,6468 -1,1059
-1,2058
0,5938
0,7316
-0,7376
M()
0,127 0,778 0,233 0,521 0,161 0,123 0,418
v()
47,37 42,79 124,81 140,77 22,16 14,98 138,86
(
11p
)
-E()
0,6051
36,9910
75,8670
75,9872
0,3602
0,2725
100,2642
q()
0,0528
1,6473 -1,1170
-1,1978
0,5995
0,7336
-0,7300
M()
0,130 0,780 0,240 0,519 0,160 0,124 0,417
v()
47,81 44,14 125,20 140,95 21,94 14,95 139,80
(
12p
)
-E()
0,6074
36,9887
75,8780
75,9856
0,3566
0,2705
100,2576
q()
0,0703
1,6127 -1,1291
-1,1467
0,6070
0,7275
-0,7387
M()
0,124 0,797 0,255 0,520 0,156 0,112 0,411
v()
46,46 44,68 119,11 137,97 21,33 11,09 138,21
(
13p
)
-E()
0,6003
37,0128
75,8698
75,9649
0,3519
0,2734
100,2519
q()
-0,0951
1,7323 -1,2828
-1,2689
0,7604
-0,8267
M()
0,203 0,699 0,248 0,284 0,069 0,291
v()
60,76 42,28 140,07 154,63 6,44 142,11
(
14l
)
-E()
0,6486
36,8955
75,8818
75,8750
0,2448
100,2469
q()
-0,0920
1,6889 -1,2712
-1,2506
0,7331
-0,8067
M()
0,201 0,701 0,242 0,298 0,086 0,282
v()
60,29 41,58 141,41 153,22 7,57 140,74
(
14p
)
-E()
0,6480
36,9441
75,8325
75,8746
0,2598
100,2375
(5) Desestabilização energética (
E(
)). O átomo H(1) foi desestabilizado nos
complexos (
4
)-(
8
), (
10l
)-(
11p
) e (
13p
)-(
14p
) e estabilizado nos demais (Tabelas 136 e
201
137). O átomo C(2) demonstrou desestabilização em (
4
)-(
7
), (
9l
)-(
10l
), (
11p
), (
12p
) e
(
14l
). A desestabilização energética do C(2) nos complexos (
11p
) e (
12p
) pode ser
atribuída à interação deste átomo com o F(7). Após a complexação, O(3) é estabilizado
em (
4
), (
8
), (
9p
), (
10l
), (
10p
) e (
14l
), não sofre alterações em (
7
) e é desestabilizado nos
demais complexos. Já O(4), torna-se energeticamente mais estável em (
5
), (
7
), (
8
),
(
10l
), (
10p
), (
11p
)-(
14p
), não apresenta alterações energéticas em (
6
) e desestabiliza-se
nos complexos restantes. Com exceção de (
11l
), o átomo H(5) é desestabilizado em
todos os complexos. Observa-se estabilização de H(6) nos complexos (
8
), (
11p
) e (
13p
),
sendo que em (
9p
) e (
12p
) praticamente não alterações na energia desse átomo. F(7)
é desestabilizado apenas nos complexos (
7
) e (
8
), o que pode ser uma medida da forte
interação dos monômeros nesses dois complexos.
A desestabilização energética (E()>0) do átomo doador da ligação de
hidrogênio não foi observada somente nos complexos (
8
) e (
13p
) (Tabelas 136 e 137).
(6) Polarização dipolar (M(
)). A perda de densidade não ligada do átomo, após a
complexação, tem como conseqüência o decréscimo em sua polarização dipolar
(magnitude do primeiro momento). A polarização dipolar do H(1) diminuiu nos
complexos (
4
)-(
8
), (
10l
)-(
11p
), (
13p
), (
14l
) e (
14p
) (Tabelas 136 e 137). Para C(2),
ocorre decréscimo da M() somente em (
4
) e (
9l
). Para O(3), observa-se diminuição
dessa propriedade nos complexos (
6
), (
9l
), (
11l
), (
11p
), (
12p
) e (
14p
), enquanto que
para O(4) em (
4
), (
5
), (
9l
)-(
10l
) e (
11l
). Para O(3) e O(4), a M() apresenta
comportamento inverso quando se compara os complexos (
4
) e (
5
) com o (
6
). Esse fato
pode estar relacionado com o fato de que há aumento de ressonância do grupo carboxila
nos dois primeiros complexos e diminuição no último.
O decréscimo da polarização dipolar também é notado para o átomo H(5) nos
complexos (
4
)-(
10p
) e (
13p
), permanecendo inalterado em (
9p
). Para H(6), M()
decresce nos complexos (
4
)-(
11l
), (
13p
)-(
14p
) e não se altera em (
9p
) e (
11p
). Em
todos os complexos ocorre diminuição da M() para o átomo F(7). Ressalta-se que a
formação da ligação de hidrogênio causou uma perda de densidade não ligada em todos
os átomos de hidrogênio que participam das ligações de hidrogênio e,
conseqüentemente, a queda da polarização dipolar desses átomos.
(7) Volume atômico (v(
)). A complexação causou alterações significativas nos
volumes atômicos para O(3) e O(4). Considerando os complexos (
4
)-(
6
) (Tabelas 136),
observa-se um maior decréscimo do volume atômico do O(3) em (
6
). Por outro lado,
202
esse complexo apresenta a menor diminuição do volume atômico do O(4). Decréscimos
significativos nos volumes atômicos do O(4), e sobretudo do O(3), ocorrem nos
complexos (
7
), (
8
), (
14l
) e (
14p
) (Tabelas 136 e 137). Os complexos (
10l
) e (
10p
)
demonstraram reduções nos volumes dos átomos de oxigênio, principalmente para O(4).
Isso reforça o fato de que a complexação linear ou perpendicular com o átomo de
oxigênio do grupo carbonila promove modificações significativas na sua estrutura
eletrônica de (
1
). Um decréscimo do volume atômico do O(3) é notado em (
13p
). As
alterações nos volumes atômicos dos átomos de oxigênio nos demais complexos não se
mostraram muito significativas.
A complexação de (
3
) com o grupo O-H de (
1
), complexos (
4
) e (
9l
), provoca
diminuição do volume atômico do F(7). Isso pode ser atribuído à transferência de carga
(CT) decorrente das interações entre os pares de elétrons isolados do flúor com o orbital
σ
*
da hidroxila. Conforme estabelecido por Popelier,
104,105,215
verifica-se a redução do
volume atômico dos hidrogênios envolvidos nas ligações de hidrogênio (Tabelas 136 e
137).
(8) Índices de deslocalização (DI). Os índices de deslocalização eletrônica (DI),
218
obtidos dos cálculos de integração sobre bacia atômica, foram utilizados para auxiliar na
verificação dos efeitos decorrentes da complexação na estrutura eletrônica do ácido
fórmico e do ânion formiato (Tabela 138). Para isso, utilizaram-se como modelos os
complexos (
4
), (
6
) e (
8
), sendo que, ao contrário do primeiro, os dois últimos
apresentaram diminuição do efeito de ressonância dos grupos carboxila e carboxilato,
respectivamente, conforme discutido em tópicos anteriores.
Ao se analisar o complexo (
4
), por exemplo, nota-se uma diminuição do DI entre
os átomos C(2) e O(4) e um aumento desse índice entre C(2) e O(3). Isso indica uma
maior deslocalização eletrônica e, conseqüentemente, um aumento da ressonância do
grupo carboxila. Efeito oposto ocorre nesses DIs nos complexos (
6
) e (
8
), indicando
uma maior localização eletrônica e diminuição da ressonância dos grupos carboxila e
carboxilato. Uma diminuição do DI entre os átomos O(3) e H(5) é observada nos dois
complexos com ácido fórmico, sendo mais acentuada em (
4
). As variações envolvendo
o DI entre os átomos H(1) e C(2) foram bastante pequenas nos três complexos.
Entretanto, contrariamente ao ocorrido em (
4
) e em (
6
), (
8
) apresentou diminuição desse
índice. Nos três complexos o DI entre H(6) e F(7) diminuiu após a formação da ligação
de hidrogênio. Por fim, observam-se DIs significativos entre os átomos diretamente
envolvidos nas ligações de hidrogênio, representando a estabilidade dessas ligações.
203
Tabela 138
. Índices de deslocalização (DI) para (
1
), (
2
), (
3
), (
4
), (
6
) e (
8
).
DI
átomo
H(1) C(2) O(3) O(4) H(5) H(6) F(7)
H(1) 0,8589
0,0848
0,1088
0,0112
C(2) 0,8589
0,8795
1,3249
0,0123
O(3) 0,0848
0,8795
0,3235
0,6310
O(4) 0,1088
1,3249
0,3235
0,0190
(
1
)
H(5) 0,0112
0,0123
0,6310
0,0190
H(1) 0,8406
0,1569
0,1560
C(2) 0,8406
1,1616
1,1538
O(3) 0,1569
1,1616
0,3807
(
2
)
O(4) 0,1560
1,1538
0,3807
H(6) 0,4694
(
3
)
F(7) 0,4694
H(1) 0,8578
0,0814
0,0986
0,0074
0,0021
0,0046
C(2) 0,8578
0,9243
1,2500
0,0099
0,0030
0,0068
O(3) 0,0814
0,9243
0,3079
0,5162
0,0025
0,0669
O(4) 0,0986
1,2500
0,3079
0,0063
0,1052
0,1318
H(5) 0,0074
0,0099
0,5162
0,0063
0,0006
0,0629
H(6) 0,0021
0,0030
0,0025
0,1052
0,0006
0,3479
(
4
)
F(7) 0,0046
0,0068
0,0669
0,1318
0,0629
0,3479
H(1) 0,8551
0,0805
0,1036
0,0100
0,0002
0,0026
C(2) 0,8551
0,8464
1,3476
0,0115
0,0014
0,0024
O(3) 0,0805
0,8464
0,3128
0,6038
0,0718
0,0868
O(4) 0,1036
1,3476
0,3128
0,0174
0,0023
0,0042
H(5) 0,0100
0,0115
0,6038
0,0174
0,0011
0,0014
H(6) 0,0002
0,0014
0,0718
0,0023
0,0011
0,3868
(
6
)
F(7) 0,0026
0,0024
0,0868
0,0042
0,0014
0,3868
H(1) 0,8449
0,1272
0,1359
0,0015
0,0111
C(2) 0,8449
1,0590
1,1965
0,0046
0,0095
O(3) 0,1272
1,0590
0,3459
0,1916
0,1917
O(4) 0,1359
1,1965
0,3459
0,0047
0,0113
H(6) 0,0015
0,0046
0,1916
0,0047
0,3044
(
8
)
F(7) 0,0111
0,0095
0,1917
0,0113
0,3044
I – Ligação de hidrogênio versus distorção geométrica
Os efeitos da distorção geométrica na estrutura eletrônica do ácido rmico e do
ânion formiato foram verificados estudando-se (
1
) e (
2
) nas geometrias de (
4
), (
5
) e (
8
)
(Tabelas 139-143).
Ao se comparar as cargas atômicas de (
1
) (Tabela 119) com as de (
1
) na
geometria de (
4
) e (
5
) (Tabela 139), observa-se que a distorção de geometria provocou
pequenas alterações nas cargas atômicas de (
1
). Entretanto, o mesmo não ocorre quando
se comparam as cargas atômicas dos complexos (
4
) e (
5
) (Tabela 119) com as de (
1
) na
204
geometria de (
4
) e (
5
). A mesma interpretação é válida quando o modelo utilizado foi o
de (
2
) na geometria de (
8
). Isso pode indicar que as ligações de hidrogênio exercem
maior influência sobre o comportamento das cargas atômicas de (
1
) e (
2
) do que as
distorções geométricas.
Tabela 139
. Cargas atômicas (MK e NPA) para (
1
) e (
2
) nas geometrias dos complexos
(
4
), (
5
) e (
8
).
Cargas
H(1) C(2) O(3) O(4) H(5)
MK 0,050 0,608 -0,557
-0,531
0,429
(
1
) na geometria de (
4
)
NPA 0,111 0,673 -0,676
-0,596
0,488
MK 0,050 0,611 -0,566
-0,528
0,432
(
1
) na geometria de (
5
)
NPA 0,112 0,674 -0,680
-0,591
0,486
MK -0,226 0,894 -0,849
-0,819
(
2
) na geometria de (
8
)
NPA -0,036 0,638 -0,820
-0,783
Apesar de menos acentuada do que nos complexos (
4
) e (
5
) (Tabela 122), a
análise NBO demonstra a estabilização da interação
π
2nO(3)
→π
*
C(2)-O(4)
e a
desestabilização das interações
π
1nO(4)
→σ
*
C(2)-O(3)
e
π
1nO(4)
→σ
*
H(1)-C(2)
quando se
considera (
1
) na geometria de (
4
) e (
5
) (Tabela 140). Qualitativamente, os resultados
para (
2
) na geometria de (
8
) (Tabela 140) também apresentam boa concordância com o
ocorrido em (
8
) (Tabela 123), ou seja, estabilização da interação π
1nO(4)
→σ
*
C(2)-O(3)
e
desestabilização das interações
π
2nO(3)
→π
*
C(2)-O(4)
,
π
1nO(3)
→σ
*
H(1)-C(2)
e
π
1nO(3)
→σ
*
C(2)-O(4)
. As diferenças entre as energias de estabilização de segunda ordem,
E
(2)
, calculadas para as estruturas de equilíbrio de (
1
) e (
2
) e para (
1
) e (
2
) nas
geometrias de (
4
), (
5
) e (
8
) podem ser parcialmente atribuídas à ligação de hidrogênio.
Tabela 140
. Energias de estabilização de segunda ordem, E
(2)
, para (
1
) e (
2
) nas
geometrias dos complexos (
4
), (
5
) e (
8
).
E
(2)
(kcal/mol)
Interações
(
1
) na geometria
de (
4
)
(
1
) na geometria
de (
5
)
(
2
) na geometria
de (
8
)
σ
nO(3)
→σ
*
C(2)-O(4)
6,85 6,46
π
2nO(3)
→π
*
C(2)-O(4)
50,79 49,24 101,81
π
1nO(4)
→σ
*
H(1)-C(2)
19,26 19,92 22,81
π
1nO(4)
→σ
*
C(2)-O(3)
29,66 30,67 19,77
π
1nO(3)
→σ
*
H(1)-C(2)
18,36
π
1nO(3)
→σ
*
C(2)-O(4)
16,84
205
As interações desestabilizadoras determinadas pela análise NSA para (
1
) nas
geometrias dos complexos (
4
) e (
5
) (Tabela 141) foram pouco distintas das obtidas para
a geometria de equilíbrio do ácido fórmico, (
1
) (Tabela 127). Analogamente ao ocorrido
em (
8
) (Tabela 128), as principais alterações quando se considera (
2
) na geometria do
complexo (
8
) correspondem ao aumento da interação
σ
C(2)-O(3)
↔π
1nO(4)
e à diminuição
da interação
σ
H(1)-C(2)
↔π
1nO(3)
(Tabela 141).
Tabela 141
. Energias de repulsão estérica (dE(i,j), kcal/mol) para (
1
) e (
2
) nas
geometrias dos complexos (
4
), (
5
) e (
8
).
dE(i,j)
Interações
(
1
) na geometria
de (
4
)
(
1
) na geometria
de (
5
)
(
2
) na geometria
de (
8
)
σ
H(1)-C(2)
↔π
1nO(4)
13,31 12,90 13,94
σ
C(2)-O(3)
↔π
1nO(4)
11,19 12,11 9,26
π
C(2)-O(4)
↔π
2nO(3)
15,29 15,13 17,79
σ
C(2)-O(4)
↔σ
nO(3)
5,64 5,53
σ
C(2)-O(4)
↔π
1nO(3)
7,16
σ
H(1)-C(2)
↔π
1nO(3)
12,17
A análise NRT (Tabela 142) para (
1
) na geometria dos complexos (
4
) e (
5
) e
para (
2
) na geometria do complexo (
8
), não apresentou alterações significativas nos
pesos das principais estruturas de ressonância obtidas para as geometrias de equilíbrio
de (
1
) e (
2
) (Tabela 131). Isso pode corroborar a observação de que a ligação de
hidrogênio deve contribuir para o aumento ou a diminuição da ressonância dos grupos
carboxila e carboxilato, uma vez que a distorção geométrica decorrente da complexação
não afetou, por si só, os pesos das principais estruturas de ressonância do ácido fórmico
e do ânion formiato.
206
Tabela 142
. Principais estruturas de ressonância e ordens de ligação para (
1
) e (
2
) nas
geometrias dos complexos (
4
), (
5
) e (
8
).
Peso (%)
Estruturas
(
1
) na geometria
de (
4
)
(
1
) na geometria
de (
5
)
Estruturas
(
2
) na geometria
de (
8
)
H C
O
O
H
80,39 80,75
H C
O
O
46,92
H C
O
O
H
10,50 10,46
H C
O
O
43,87
H C
O
HO
4,53 4,59
C
O
O
H
3,19
C
O
HO
H
3,24 2,99
C
O
O
H
1,79
C
O
O
H
1,36
Ordens de Ligação
(
1
) na geometria
de (
4
)
(
1
) na geometria
de (
5
)
(2
) na geometria
de (
8
)
H(1)-C(2) 0,958 0,959 0,937
C(2)-O(3) 1,073 1,071 1,507
C(2)-O(4) 1,969 1,970 1,556
O(3)-H(5) 0,988 0,988
O comportamento das elipticidades dos pontos críticos C(2)-O(3) e C(2)-O(4)
para os complexos (
4
),(
5
) e (
8
) (Tabela 133) é diferente do observado para (
1
) e (
2
) nas
geometrias desses complexos (Tabela 143). Ainda de acordo com a análise AIM
(Tabela 143), ao se considerar (
1
) nas geometrias de (
4
) e (
5
) é possível observar um
aumento da densidade eletrônica, ρ
b
, dos pontos críticos H(1)-C(2) e C(2)-O(3) e uma
diminuição dessa propriedade nos pontos críticos das ligações C(2)-O(4) e O(3)-H(5).
para (
2
) na geometria de (
8
), ρ
b
aumenta para os pontos críticos H(1)-C(2) e C(2)-
O(4) e diminui para C(2)-O(3). Essas variações, apesar de menos intensas do as
observadas nos complexos (
4
), (
5
) e (
8
) (Tabela 133), indicam aumento e diminuição da
ressonância dos grupos carboxila e carboxilato em (
1
) e (
2
), respectivamente, sugerindo
207
que tanto a distorção geométrica quanto as ligações de hidrogênio devem contribuir para
os efeitos observados.
Tabela 143
. Análise dos pontos críticos (CP, em u.a.) para (
1
) e (
2
) nas geometrias dos
complexos (
4
), (
5
) e (
8
).
CP
Composto
H(1)-C(2)
C(2)-O(3)
C(2)-O(4)
O(3)-H(5)
ρ
b
0,2958 0,3269 0,4299 0,3582
2
ρ
b
-1,1286 -0,6330 -0,5791 -2,7919
(
1
) na geometria de (
4
)
0,0360 0,0285 0,1325 0,0131
ρ
b
0,2953 0,3224 0,4362 0,3679
2
ρ
b
-1,1264 -0,6528 -0,5324 -2,9168
(
1
) na geometria de (
5
)
0,0359 0,0271 0,1319 0,0131
ρ
b
0,2693 0,3759 0,4066
2
ρ
b
-0,9236 -0,7915 -0,6003
(
2
) na geometria de (
8
)
0,0408 0,0940 0,0949
J – Conclusões
As ligações de hidrogênio estabelecidas na associação do fluoreto de hidrogênio
com o ácido fórmico e, principalmente, com o ânion formiato, apresentaram-se bastante
intensas nos complexos obtidos com a geometria totalmente relaxada. A interação entre
(
1
) e (
3
) em (
9p
), (
11p
) e (
12p
) foram bastante fracas e, assim, não causaram
modificações na estrutura eletrônica do ácido fórmico. As bandas dos estiramentos dos
grupos X-H doadores das ligações de hidrogênio deslocaram-se para o vermelho e
foram intensificadas após as complexações. Entretanto, nos complexos (
11l
) e (
11p
), o
estiramento do grupo doador da ligação de hidrogênio,C(2)-H(1), teve sua freqüência
deslocada para o azul juntamente com uma diminuição da intensidade da banda,
caracterizando uma ligação de hidrogênio imprópria.
A utilização dos métodos NBO e NSA contribuiu na verificação das interações
responsáveis pela estabilidade ou instabilidade dos complexos. Adicionalmente, os
métodos NBO, NRT e AIM corroboraram o aumento da ressonância do grupo carboxila
nos complexos (
4
), (
5
), (
9l
) e (
10l
) e a diminuição da ressonância desse grupo em (
6
) e
(
13p
). A associação do fluoreto de hidrogênio com o ânion formiato ((
7
), (
8
), (
14p
) e
(
14l
)) contribuiu para o decréscimo da ressonância do grupo carboxilato.
Especificamente para (
10p
), o aumento da ressonância do grupo carboxila é coerente
208
com as variações dos comprimentos de ligação C-O, mas contraditório ao observado na
análise NBO.
As ligações de hidrogênio foram caracterizadas de acordo com os critérios
estabelecidos por Popelier durante a análise topológica da densidade eletrônica. A
estabilidade das ligações de hidrogênio mostrou-se correlacionada com a ordem de
estabilidade energética e com os resultados obtidos pela análise NBO. A densidade de
energia total, H(r
CP
), sugeriu um caráter covalente parcial para as ligações de hidrogênio
O⋅⋅⋅H nos complexos (
4
)-(
8
), (
10l
), (
14l
) e (
14p
), o qual é mais pronunciado nos
complexos com o ânion formiato. As ligações de hidrogênio F⋅⋅⋅H nos complexos (
4
),
(
9l
) e (
11l
) apresentaram H(r
CP
) > 0, refletindo a predominância eletrostática dessas
ligações. A densidade de energia total também assumiu valores positivos para as
interações estabelecidas quando (
3
) encontra-se perpendicularmente disposto ao plano
molecular de (
1
).
Um estudo das propriedades de (
1
) e (
2
) na geometria dos complexos (
4
), (
5
) e
(
8
) indicaram que o incremento da ressonância pode ser atribuído, em parte, à formação
da ligação de hidrogênio.
A análise dos complexos demonstrou que as ligações de hidrogênio exercem
grande influência sobre as propriedades geométricas, energéticas e eletrônicas do ácido
fórmico e do ânion formiato e que o incremento ou a diminuição da ressonância do
grupo carboxila está vinculado com o sítio de complexação.
4 – Considerações finais
O estudo da natureza e da influência das ligações de hidrogênio na estrutura
eletrônica de complexos neutros, catiônicos, aniônicos e radicalares foi realizado nos
capítulos desse trabalho. Tais complexos apresentam moderadas e elevadas energias de
ligação, como os complexos cátion pirílio-água e ânion formiato-fluoreto de hidrogênio,
respectivamente. Adicionalmente, o efeito da hidroxilação no cátions benzopirílio e
flavílio também foi investigado.
Os diversos métodos e parâmetros utilizados foram satisfatórios na
caracterização das ligações de hidrogênio e permitiram verificar a influência dessas
interações na estrutura eletrônica de cátions e ácidos orgânicos, inclusive o aumento e a
diminuição da aromaticidade dos cátions e da ressonância dos grupos carboxila e
carboxilato em situações específicas.
209
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