Download PDF
ads:
UNIVALI – UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
ROBERTO ANTÔNIO HOFFMANN
A INFORMATIZAÇÃO DA MICROEMPRESA VAREJISTA DO VALE DO IGUAÇÚ
À LUZ DA ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL
BIGUAÇU
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ROBERTO ANTÔNIO HOFFMANN
A INFORMATIZAÇÃO DA MICROEMPRESA VAREJISTA DO VALE DO IGUAÇÚ
À LUZ DA ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL
Dissertação apresentada como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em Administração pela
Universidade do Vale do Itajaí, Programa de Mestrado
em Administração.
Orientador: Prof.. Dr.Valmir Emil Hoffmann
BIGUAÇU
2006
ads:
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
Hoffmann, Roberto Antônio
H648i A informatização da microempresa varejista do Vale do
Iguaçu à luz da estratégia organizacional. / Roberto Antônio
Hoffmann. – Biguaçu, Universidade do Vale do Itajaí – Univali,
2006.
Dissertação (Mestrado em Administração – Universidade
do Vale do Itajaí – Programa de Pós-Graduação em Adminis-
tração , 2006)
Bibliografia.
Inclui anexos.
Apêndice.
1. Administração 2. Estratégia administrativa 3. Estratégias
- Elaboração 4. Informatização – Estágios 5. Comportamento
estratégico I.Título
22ªed.CDD – 658.4012
Bibliotecária Responsável: Rita de Cássia Funaro Vieira - CRB/9-1143
ROBERTO ANTÔNIO HOFFMANN
A INFORMATIZAÇÃO DA MICROEMPRESA VAREJISTA DO VALE DO IGUAÇÚ
À LUZ DA ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL
Esta Dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em
Administração e aprovada pelo Programa de Mestrado em Administração da Universidade do
Vale do Itajaí.
Biguaçu, agosto de 2006.
___________________________________
Prof. Dr. Carlos Ricardo Rossetto
Coordenador do Programa
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________
Prof. Dr. Valmir Emil Hoffmann
Orientador Presidente
_______________________________________
Prof. Dr. Tomas de Aquino Guimarães - UnB
Examinador Externo
________________________________________
Prof. Dr. Everton Luís P. de Lorenzi Cancellier
Dedico este trabalho à todas as pessoas que de alguma
forma contribuíram para seu sucesso. Em especial à
minha família, pela compreensão e apoio.
Agradeço ao prof. Jairo Clivatti, diretor da Fundação
Faculdade da Cidade de União da Vitória – FACE
UNIUV pela confiança e oportunidade oferecida; aos
professores Alexandre Manoel dos Santos, Fahena Porto
Horbatiuk, Leonardo Emmendorfer e Zainab Jezzini
Lamas pela preciosa contribuição.
“Quaisquer que sejam as condições com as quais me
confronto, sei que representam o próximo passo no meu
desenvolvimento. Receberei de bom grado todas as
provas, pois sei que em mim existe a inteligência para
compreendê-las e o poder de superá-las”.
Paramahansa Yogananda
RESUMO
A informática tem-se mostrado imperativa em todos as áreas de conhecimento. Sem ser uma exceção, a atual era
da informação influencia de forma decisiva a gestão das decisões estratégicas das empresas. Usualmente os
estudos relacionados à estratégia organizacional verificam como os processos de elaboração de estratégias
(MINTZBERG, 1973) ou comportamento estratégicos (MILES; SNOW, 1978) são abordados pelas empresas.
Este estudo priorizou contrapor esses modelos sólidos – amplamente testados – à informatização, a fim de
contribuir, sob uma nova visão, no modo como as estratégias organizacionais são influenciadas. Dessa forma,
estabeleceu como objetivo geral a análise da informatização da microempresa varejista do município de Porto
União, à luz da estratégia organizacional. Para isso, elaborou e aplicou uma pesquisa de natureza aplicada
descritiva, com diretivas survey. A amostra foi censitária, em função de a população pesquisada – as
microempresas varejistas de bens duráveis – ser pequena. A determinação do estágio de informatização em que
essas empresas se encontravam foi embasada nos processos de absorção da tecnologia de informação na
empresa, elaborados por Nolan (1979), em que se detectou predominância de abstenções (não uso) e estágios –
Controle – mais avançados, desmistificando a fase de Iniciação como proeminente. O modo de elaboração de
estratégias predominante foi o Empreendedor e o comportamento estratégico mais característico, o Defensivo.
Com base nos elementos diagnosticados (estágio, elaboração e comportamento), verificou a correlação entre eles
com o intuito de se detectarem influências que o estágio de informatização poderia exercer sobre os outros. A
ANOVA indicou que existe essa dependência nas varáveis envolvidas, de forma mais conclusiva entre o Estágio
de informatização e o Comportamento estratégico, concluindo que as empresas pesquisadas podem estar
utilizando a informatização como uma ferramenta estratégica.
Palavras-chave: Informatização. Elaboração de Estratégia. Comportamento Estratégico.
ABSTRACT
Computer technology has proven to be imperative in all areas of knowledge. Today’s information era influences,
in a decisive way, the management of strategic decisions in companies. Generally, studies related to
organizational strategy seek to determine how the process of elaborating strategies (MINTZBERG, 1973), or
strategic behavior (MILES; SNOW, 1978) is addressed by companies. This research seeks to apply these
traditional, widely-tested models to automation, in order to contribute, from a different perspective, to study of
the way in which organizational strategies are influenced. Its objective, therefore, is to analyze the automation
of a small retail business of the municipal district of Porto União, from the perspective of organizational strategy.
For this, a descriptive study was elaborated and applied, according to the guidelines for carrying out surveys. A
censored sample was used, due to the fact that the population studied - small retail businesses of durable goods -
was small. The determination of the automation stage which these companies were in, was based in the
information technology absorption processes in the company, created by Nolan (1979), in which a prevalence of
abstentions (non-use) and more advanced stages - Control – was detected, demystifying the stage Initial as
predominant. The means of elaborating the principal strategy was the Entrepreneurial one, and the most
characteristic strategic behavior was the Defensive. Based on the elements diagnosed (stage, elaboration and
behavior) a correlation was seen between them, in which influences were detected, that the stage of automation
could have over the other elements. ANOVA indicated that dependence is more conclusive among the variables
involved, between the Stage of automation and Strategic behavior, concluding that the companies studied may be
using automation as a strategic tool..
Key words: Automation. Elaboration of Strategy. Strategic Behavior.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Gráfico de Box-e-Whisker de “elaboração” versus “estágio” ..................................89
Figura 2: Gráfico de Box-e-Whisker de “comportamento” versus “estágio” ..........................91
Quadro 1: Principais processos varejistas avaliados ...............................................................29
Quadro 2: Estágios dos sistemas de informações de Nolan (1979) .........................................38
Quadro 3: Adaptação dos estágios de Nolan (1979) aplicados a pequenas empresas..............39
Quadro 4: Concepções de “estratégia” segundo vários autores. .............................................41
Quadro 5: Resumo sobre alguns trabalhos aplicados nas metodologias propostas..................55
Quadro 6: Relação das variáveis utilizadas .............................................................................65
Quadro 7: Faixa de valores para as categorias. ........................................................................70
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Variação percentual de salários/rendimentos, por porte/setor .................................22
Tabela 2: Faixa etária dos gestores ..........................................................................................66
Tabela 3: Nível de escolaridade dos entrevistados ..................................................................67
Tabela 4: Cargos exercidos pelos entrevistados ......................................................................67
Tabela 5: Dados cruzados combinados do cargo/idade/escolaridade ......................................68
Tabela 6: Levantamento de campo das ocorrências.................................................................71
Tabela 7: Anos de atividade das empresas pesquisadas ..........................................................75
Tabela 8: Grupos de linhas de produtos. .................................................................................75
Tabela 9: Percentual de freqüência da linha principal empresas especializadas......................76
Tabela 10: Percentual de freqüência das linhas das empresas diversificadas. .........................76
Tabela 11: Existência de processos informatizados na empresa .............................................77
Tabela 12: Quantidade de computadores que as empresas possuem .......................................77
Tabela 13: Quantidade de empresas que possuem computadores ligados em rede ................78
Tabela 14: Quantidade de empresas que possuem acesso à Internet .......................................78
Tabela 15: Estágios de informatização em que se encontram as empresas pesquisadas .........78
Tabela 16: Tabela cruzada “idade das empresas” versus “estágios de informatização”..........79
Tabela 17: Levantamento de campo das ocorrências ..............................................................80
Tabela 18: Nível geral dos processos gerenciais que estão informatizados.............................81
Tabela 19: Ordem em que foram informatizados os processos gerenciais...............................83
Tabela 20: Ordem em que serão informatizados os processos gerenciais pendentes...............83
Tabela 21: Elaboração de estratégias mais utilizadas pelas empresas......................................84
Tabela 22: Tabela cruzada da idade das empresas/elaborações de estratégia adotadas. .........85
Tabela 23: Elaboração de estratégias híbridas..........................................................................86
Tabela 24: Comportamento estratégico adotado pelas empresas.............................................87
Tabela 25: Tabela cruzada dos estágios vs comportamentos vs elaborações...........................88
Tabela 26: Análise de variância para o Estágio nos níveis de Elaboração .............................88
Tabela 27: Tabela cruzada das elaborações estratégicas vs tipo de lojas ................................90
Tabela 28: Análise de variância para o Estágio nos níveis de Comportamento ......................90
Tabela 29: Tabela cruzada das elaborações estratégicas vs tipo de lojas ................................92
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................12
1.1 JUSTIFICATIVA ...............................................................................................................13
1.2 PERGUNTA DE PESQUISA ............................................................................................15
1.3 OBJETIVO GERAL...........................................................................................................15
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................17
2.1 CARACTERIZAÇÃO DA PEQUENA EMPRESA..........................................................18
2.1.1 Características ambientais e estruturais...........................................................................19
2.1.2 Critérios qualitativos e quantitativos...............................................................................20
2.1.3 Aspectos socioeconômicos..............................................................................................22
2.1.4 As empresas varejistas.....................................................................................................23
2.1.4.1 Origens e tipos de varejo ..............................................................................................25
2.1.4.2 Processos no varejo ......................................................................................................27
2.2 SISTEMAS E TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO ......................................................30
2.2.1 Aplicação da tecnologia nas organizações ......................................................................31
2.2.1.1 Generalizações sobre o plano diretor de informática (PDI) .........................................33
2.2.2 Categorização do estágio de informatização ...................................................................35
2.3 ESTRATÉGIA: TERMINOLOGIA...................................................................................40
2.3.1 Estratégias genéricas .......................................................................................................45
2.3.1.1 Tipologia de Mintzberg: estratégias organizacionais e seus modos.............................46
2.3.1.2 Tipologia de Miles e Snow: comportamentos estratégicos e seus modelos.................52
2.3.1.3 Estudos aplicados .........................................................................................................54
3 METODOLOGIA................................................................................................................59
3.1 TIPO DE PESQUISA.........................................................................................................59
3.2 LOCAL DE ESTUDO........................................................................................................60
3.2.1 População censitária ........................................................................................................61
3.3 INSTRUMENTO DA PESQUISA E COLETA DE DADOS ...........................................62
3.3.1 Perfil dos entrevistados....................................................................................................66
3.4 TRATAMENTO DOS DADOS.........................................................................................68
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS..................................................74
4.1 A MICROEMPRESA VAREJISTA DE PORTO UNIÃO ................................................74
4.1.1 Ramo de atividade e perenidade das empresas................................................................74
4.2 ESTÁGIOS DE INFORMATIZAÇÃO .............................................................................77
4.3 APLICAÇÃO DA INFORMATIZAÇÃO .........................................................................81
4.4 PROCESSOS GERENCIAIS.............................................................................................82
4.5 ELABORAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS............................................................................84
4.6 COMPORTAMENTO ESTRATÉGICO ...........................................................................86
4.7 RELAÇÃO DA INFORMATIZAÇÃO COM AS ESTRATÉGIAS .................................87
5 CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E SUGESTÕES...........................................................93
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................96
APÊNDICE A – COMPUTADOR PDA (POCKET PC)...................................................106
ANEXO A – TELAS DO QUESTIONÁRIO EM FORMULÁRIO MULTIMÍDIA .....107
ANEXO B – QUESTIONÁRIO FORMULÁRIO IMPRESSO ......................................108
12
1 INTRODUÇÃO
A percepção do crescente grau de informatização da sociedade, proporcionado pela era
da informação – responsável pelas grandes transformações e impactos perceptíveis em
diversos setores da atividade humana (YOUSSEF; FERNANDES, 1988) – tem provado
inexorável a importância da gestão de conhecimento nas decisões estratégicas das empresas.
A gestão do conhecimento é percebida na transformação da experiência individual em
aprendizagem organizacional, no compartilhamento do conhecimento, e na transformação do
conhecimento tácito em explícito, utilizando para isso os meios tecnológicos disponíveis.
No campo conceitual, Davenport e Marchand (2004) simplificam o conhecimento
como um continuum da transformação de dados em informação, constatando, em abordagens
sobre o tema, o uso do termo gestão da informação, que, na verdade, é um componente da
gestão do conhecimento, o que pode gerar certa confusão. Segundo os autores, são comuns
indagações de que ambas gerem os mesmos princípios, mas a gestão do conhecimento – mais
ampla – possui duas tarefas distintas: facilitar a criação do conhecimento e administrar a
maneira como as pessoas o compartilham e aplicam. Esta abrangência a faz estar pautada por
várias atividades, entre as quais o armazenamento de grandes quantidades de informações, seu
processamento rápido e preciso, e sua disponibilidade de forma instantânea e flexível
(ALBERTIN, 2002).
Relacionada estreitamente com esse processo, a informática firma um elo direto com a
gestão do conhecimento, que está explícito em sua própria definição: um agente no tratamento
da informação de modo automático (VELLOSO, 2004). O autor firma a importância dela na
sociedade atual e da noção de sua potencialidade, resultando que o desempenho em qualquer
atividade profissional impõe o conhecimento da tecnologia dos computadores.
Pode-se considerar a informática um ponto na interseção de quatro áreas do
conhecimento: ciência da computação (processamento de dados), ciência da informação
(armazenamento e vinculação), teorias dos sistemas (solução de problemas), e cibernética
(eficácia sob ações ordenadas pelos mecanismos de automação). Essa visão, segundo Velloso
(2004), evidencia a sua utilização como imprescindível à vida do homem moderno, seja qual
for a área de seu interesse, não excetuando as atividades gerenciais de uma empresa e seus
processos administrativos básicos de planejamento, organização, liderança e controle
13
(STONER; FREEMAN, 1999). Nesses processos, o uso de computadores há muito deixou de
ser um elemento isolado, estando atualmente incorporado em toda infra-estrutura
organizacional de grandes e pequenas empresas.
Como a estratégia consiste na determinação dos objetivos básicos de longo prazo de
uma empresa, na adoção das linhas de ação e alocação de recursos necessários para alcançar
esses objetivos (CHANDLER, 1962 apud REBELO; ERDMANN, 2003), percebe-se que a
informação é um sustentáculo para ela mesma, aplicando-se a todos os negócios, e não
exclusivamente aos denominados “negócios de informações” (EVANS, 2004), despertando
dessa forma grande interesse nos administradores (COSTA; SIQUEIRA, 2003), que
consideraram a gestão do conhecimento uma estratégia vital, utilizada pelas organizações para
sobreviverem (VILARIM, 2002).
Nesse contexto, as pequenas empresas possuem peculiaridades com relação ao uso de
computadores, pois ainda estão implementando essa tecnologia (BATISTA, 2004). Isso
ocorre devido a sua estrutura minimalista, em que as estratégias são decididas pelos
proprietários, sendo as inovações tecnológicas relacionadas ao uso da informação igualmente
implementadas em estágios de acordo com a postura do gestor (ALBERTIN, 2002). Uma vez
detectados esses estágios de informatização, haveria alguma relação deles com o
comportamento e formulação de estratégias, relegando a informatização da posição neutra,
comumente atribuída?
Levantada essa premissa, aventa-se a possibilidade desse relacionamento, mediante a
determinação de qual estágio a empresa se encontra, qual sua postura estratégica (elaboração
e comportamento) e a relação entre esses elementos, utilizando-se para isso métodos
estatísticos adequados.
1.1 JUSTIFICATIVA
Os trabalhos relacionados à estratégia organizacional geralmente concentram
pesquisas embasadas nos estudos de tipologias genéricas desenvolvidas por autores
consagrados, como Mintzberg (1973), Miles e Snow (1978) e Porter (1986). Estudos
apresentados por Hoffmann (1998), Gomes (2000), Rossetto e Rossetto (2001), Pereira, M. F.,
(2002), Carlos e Forte (2004), Espejo e Previdelli (2004), entre outros, enfatizam o objetivo
14
de verificar como os processos de elaboração de estratégias ou comportamento estratégicos
são abordados.
Segundo Hambrick (1983a), Herbert e Deresky (1987), o estudo dessas tipologias tem
sido justificado pelo fato de que existem conjuntos de estratégias suficientemente amplos para
serem empregados em qualquer empresa ou tipo de indústria. Portanto, conceituar e
operacionalizar as dimensões estratégicas – fundamentais à formulação dos grupos
estratégicos – é da maior importância na determinação de relações entre grupos e seus
respectivos desempenhos (SILVA; BRANDT; COSTA, 2003).
Para esse estudo, a escolha desses modelos/autores deve-se ao fato de que, ao se
agregar um elemento novo (informatização) para auxiliar a percepção das estratégias
organizacionais, seria necessário contrapô-lo com modelos sólidos (justificando a escolha),
comprovados pelos vários estudos empresariais sobre comportamento e elaboração de
estratégia, embasados nessas tipologias.
O objeto a ser relacionado – a informatização – foi escolhido devido sua fundamental
importância no mundo corporativo, desde quando estudiosos da administração já há muito
divulgavam uma nova economia, que se distinguiria pela importância do conhecimento
automatizado como diferencial competitivo e fonte de poder (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).
A relevância do tema e sua relação com o proposto neste trabalho são visíveis em
alguns estudos sobre o diagnóstico do nível de tecnologia no processo decisório (SILVA, V.
L., 2002) e de como a empresa gerencia a informação (PEREIRA, M. F., 2002), assim como
de forma mais abrangente em estudos sobre o papel da tecnologia de informação na estratégia
das organizações (LAURINDO et al., 2001).
Estudos sobre a implementação da Tecnologia de Informação (TI) nas empresas
fornecem elementos importantes no contexto deste trabalho. Dias (1998) pesquisou um caso
sobre a motivação e resistência ao uso da tecnologia de informação entre gerentes, analisando
os aspectos motivadores e a resistência ao uso de microcomputadores. Investigou três
motivadores: utilidade, facilidade de uso e prazer. Os resultados sugeriam que esses três
motivadores são inter-relacionados e que o aspecto lúdico existente no uso de
microcomputadores é um fator importante para a avaliação desses equipamentos como úteis
para os gerentes em suas atividades diárias. Concluiu que, por outro lado, a resistência pessoal
ao uso de microcomputadores aumenta a percepção destes equipamentos como instrumentos
difíceis de serem usados e, indiretamente, diminui a percepção de sua utilidade (DIAS, 2003).
Esses perfis na implantação da tecnologia de informação e seu conseqüente estágio de
evolução mostram um importante grau de intervenção na organização. Associá-los com os
15
modos estratégicos organizacionais de Mintzberg (1973) e aos modelos de comportamentos
estudados por Miles e Snow (1978) trarão uma nova visão sobre como essas tipologias podem
ser percebidas.
Não sendo uma exceção do cenário nacional, em que 99,2% (2002) das empresas
brasileiras são micro e pequenas empresas (SEBRAE, 2005), as microempresas de Porto
União - SC também são o segmento mais representativo na população alvo – comércio
varejista.
Esse município foi escolhido como local de pesquisa pela facilidade dada ao
pesquisador de acesso aos dados, além de suprir a carência desses estudos na região por parte
de instituições de ensino superior locais.
1.2
1.3
1.4
PERGUNTA DE PESQUISA
A pesquisa realizada pretendeu responder à seguinte pergunta ou problema de
pesquisa: “Qual a relação do comportamento estratégico e do processo de elaboração de
estratégias da microempresa varejista diante de seu estágio de informatização?”.
OBJETIVO GERAL
O objetivo geral consiste em avaliar a informatização da microempresa varejista do
município de Porto União, à luz da estratégia organizacional.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Para a consecução do objetivo geral, propõe-se o seguinte:
a) identificar o estágio de informatização, em uma escala específica nessas empresas
(NOLAN, 1979);
b) detectar a aplicação da informatização das empresas pesquisadas com relação aos seus
processos gerenciais;
16
c) identificar que processos gerenciais são dependentes, emergentes ou prioritários;
d) caracterizar o processo de elaboração de estratégias utilizados, a partir da tipologia de
Mintzberg (1973);
e) verificar qual o comportamento estratégico da microempresa de acordo com as
tipologias de Miles e Snow (1978).
17
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os sistemas de computadores vêm-se desenvolvendo progressivamente através de
várias gerações (O´BRIEN, 2004). Laudon e Laudon (1999) referem-se a quatro fases
(tecnologia de válvulas, transistores, circuitos integrados, e circuitos integrados em larga
escala) na evolução do hardware, responsáveis pelas mudanças no poder de processamento e
tecnologia. Cada geração expandiu fortemente suas potencialidades tecnológicas enquanto
simultaneamente baixava os custos. Foi a quarta geração, a partir de 1981, com o surgimento
do computador pessoal IBM-PC, a responsável pela popularização da informática.
Os computadores pessoais penetraram em todos os setores das organizações. O
principal fator limitante era que o computador pessoal (PC) isolado (stand-alone) não
funcionava da mesma maneira que as pessoas em termos de comunicação – especificamente
em um grupo de trabalho.
Com a disseminação da tecnologia das redes, a computação em grupos de trabalho
proporcionou ferramentas, informação e capacidade, tanto pessoal como grupal, dando
suporte direto a todas as categorias de pessoas do setor de informação da organização
(TAPSCOTT; CASTON, 1995). Dessa forma, até mesmo um pequeno varejista ou uma
empresa instalada em casa pode utilizar um computador de mesa (desktop) para administrar
suas funções (STONER; FREEMAN, 1999).
A disseminação da informática nas organizações talvez se deva ao fato do hardware ter
tido seu custo/preço diminuído significativamente nos últimos vinte anos; o software teve
uma redução menos acentuada, requerendo atenção para alternativas de livre domínio.
Efetivamente essa disponibilidade e custo foram dois dos fatores que afetaram diretamente a
adoção da tecnologia (ALBERTIN, 2002).
Mas a inclusão digital da pequena empresa ainda não é uma realidade brasileira, em
que a maioria das pequenas empresas varejistas e de serviços não utiliza microcomputador
(BEDÊ, 2003). Talvez pelo fato de os sistemas de computadores serem particularmente úteis,
justificando os custos quando há um grande volume de dados rotineiros a serem processados
ou quando as tarefas e as atividades sejam repetitivas (BEHLING, 1986 apud STONER;
FREEMAN, 1999), se encontre essa disparidade, pois a pequena empresa não trabalha com
grandes fluxos de informação, questionando a validade de investir no setor.
18
Essa constatação não invalida a proposta de utilizar a informatização como escopo
deste trabalho, pois o crescimento é concreto, tornando instigante o desafio de verificar qual
desses dois perfis (informatiza/não informatiza) molda-se às tipologias estratégicas estudadas.
Para embasar as proposições até agora levantadas, é fundamentada a revisão
bibliográfica, inicialmente na caracterização do objeto deste estudo, as pequenas empresas e o
segmento varejista, assim como uma análise sobre a informatização e seus processos. Em
seguida delimita-se uma visão sobre as definições de estratégia e suas elaborações,
discorrendo-se sobre os modelos estudados por Miles e Snow (1978) e Mintzberg (1973), e
suas implicações neste trabalho. Na seqüência, informações sobre a metodologia utilizada, em
que são descritos detalhes sobre o tipo da pesquisa, local de estudo e instrumentos estatísticos
empregados, finalizando-se com a análise dos dados, considerações e principais conclusões.
2.1 CARACTERIZAÇÃO DA PEQUENA EMPRESA
Ao se optar pela abordagem de empresas de pequeno porte como objeto deste estudo,
faz-se necessário um delineamento prévio, referenciando suas origens e natureza,
principalmente por existirem divergências sobre a acepção do termo “empresa”, seu
significado e aplicabilidade.
Dados históricos reportam o desenvolvimento das pequenas empresas marcado pela
necessidade de absorção de mão-de-obra no pós-guerra e pela reconstrução dos países mais
afetados, devido às suas características de agilidade e capacidade de adaptação (CTEB, 1995
apud VIEIRA, 2000).
Ferreira (1984), de uma forma ampla, define empresa como um conjunto de órgãos
formando uma unidade. Procurando delimitar melhor, Cassarro (1999) a conceitua como uma
entidade jurídica, com obrigação de apresentar lucro suficiente para permitir sua expansão e o
atendimento das necessidades sociais. Dal Vesco (2000) a complementa como sendo toda
organização de natureza civil ou mercantil destinada à exploração por pessoa física ou
jurídica. Krepsky (1992) a representa como um organismo econômico que sob o seu próprio
risco, recolhe e põe em atuação, sistematicamente, os elementos necessários para obter um
produto destinado à troca.
Conforme essas acepções, Pereira, F. H., (2000) ressalta a necessidade de
particularizá-la em quatro tipos distintos: micro, pequena, média e grande empresa. Essa
19
diferenciação nos conduzirá a definições particulares (VIEIRA, 2000), com características
próprias, evidentes (PEREIRA, F. H., 2000), que não serão abordadas devido o contexto deste
trabalho estar focado apenas no primeiro tipo, microempresa, o que não isenta a necessidade
de se contextualizar os critérios que a definem como tal.
Segundo Vieira (2000), esses critérios são similares em todos os países, utilizando-se
variáveis comuns, como o número de empregados, volume do faturamento e da receita anual,
patrimônio etc. Para Becherer e Maurer (1999), alguns autores acreditam na possibilidade de
uma definição específica do significado dos termos grande, média e pequena, valendo-se das
variáveis emprego e investimento para identificá-las. Por outro lado, há os que utilizam as
variáveis volume de vendas e consumo de energia, na tentativa de obter um conceito mais
exato. Segue-se um detalhamento para melhor compreensão do critério escolhido.
2.1.1 Características ambientais e estruturais
É importante mencionar primeiramente as características peculiares das pequenas
empresas, focando sua ação no ambiente.
As pequenas empresas são essenciais ao crescimento e maturação da economia. No
processo de desenvolvimento, é significativa a contribuição que apresentam ao gerarem
oportunidades para o aproveitamento de uma grande parcela de força de trabalho e ao
estimularem o desenvolvimento empresarial (DEAKINS, 1996). Podem produzir bens e
serviços com mais eficiência em algumas áreas, atuar como concorrentes econômicas
vigorosas e desempenhar certas funções nos negócios (como distribuição e fornecimento) com
mais desenvoltura que as grandes empresas, oferecendo também novos empregos, inovação (a
maioria dos avanços científicos foi originada por inventores independentes e pelas pequenas
empresas), estímulo à competição econômica, e auxilio à grande empresa (LONGENECKER;
MOORE; PETTY, 1997).
Na conjectura das características, Ferreira (1984) evidencia que a micro e pequena
empresa demonstram possuir entre a alta administração e as pessoas que executam as ordens,
um único nível de direção. Possuem no máximo alguns poucos mestres como chefes e por não
existir propriamente uma organização administrativa, as pessoas que integram a alta
administração desse tipo de empresa exercem todas as funções. Cavalcanti e Mello (1981)
acordam ao afirmarem que a pequena empresa também se caracteriza por sua administração
20
independente, em que freqüentemente os gerentes são os proprietários, pertencendo a um
indivíduo ou pequeno grupo, sendo sua área de operações sempre local.
Com relação à atuação no mercado, Silva, J. J. P. (2001) verificou que as micro e
pequenas empresas atuam em mercados com grande número de empresas de mesmo tamanho
e pequena diferenciação de produtos e serviços. Além disso, apresentam estrutura, capacidade
produtiva e financeira bem semelhantes.
Elas normalmente trabalham em nichos pouco desenvolvidos por empresas maiores,
em mercados considerados como imprevisíveis. Por serem mais ágeis e flexíveis do que as
grandes, podem corresponder mais rápido às demandas de mudanças externas. Naisbitt (1994)
defende um paradoxo global no qual, à medida que cresce a economia mundial, mais
poderosos vão-se tornando seus protagonistas menores, havendo a tendência de existirem
atores menores em maior número e ênfase tribal num mundo cada vez mais globalizado.
2.1.2 Critérios qualitativos e quantitativos
Qualquer padrão de tamanho designado para a pequena empresa é necessariamente
arbitrário, pois são adotados padrões diferentes para propósitos díspares. Os legisladores
utilizam certo padrão, os bancos outro, e assim sucessivamente. Entretanto, o melhor critério a
ser utilizado depende do propósito do usuário da informação: número de empregados; volume
de vendas; valor dos ativos; e índices financeiros (LONGENECKER; MOORE; PETTY,
1997).
Discutindo esses critérios distintamente, será possível verificar a validade de cada um.
O número de empregados não pode ser considerado de forma absoluta, porque uma empresa
com alta tecnologia e alto grau de automação necessita de pouca mão-de-obra, em
contrapartida possui um grande faturamento, uma posição mais destacada no mercado,
apresentando-se, na realidade, como grande empresa (BATALHA; DEMORI, 1990). Apesar
disso, o Ministério do Trabalho por meio da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais)
apresenta como um critério o número de empregados para classificar o tamanho da empresa
(SEBRAE, 2005):
a) microempresa: na indústria, até 19 pessoas ocupadas; no comércio e serviços, até 9
pessoas ocupadas;
21
b) pequena empresa: na indústria, de 20 a 99 pessoas ocupadas; no comércio e serviços,
de 10 a 49 pessoas ocupadas;
c) média empresa: na indústria, de 100 a 499 pessoas ocupadas; no comércio e serviços,
de 50 a 99 pessoas ocupadas;
d) grande empresa: na indústria, acima de 500 pessoas ocupadas; no comércio e serviços,
acima de 100 pessoas ocupadas.
Alguns autores, como Batalha e Demori (1990), caracterizam as pequenas e médias
empresas com um único grupo, dizendo que ambas se classificam a partir de dois critérios
básicos: qualitativos e quantitativos. Levando-se em consideração os critérios qualitativos, o
que importa para o crescimento, desenvolvimento e bom funcionamento da empresa é a sua
estrutura. Dessa forma, poucos autores utilizam critérios qualitativos, tais como: vínculo
estreito entre a família e a empresa; independência com relação à grande empresa; posição
central do empresário; disponibilidade reduzida de recursos financeiros; grau de dependência
de fornecedores, concorrentes e clientes; procedimentos intensivos em mão-de-obra; entre
outros, para definir a pequena empresa (LANDMANN, 1998). Por sua vez, os critérios
quantitativos caracterizam-na, quantificando suas atividades. Existem vários critérios para
esta quantificação, sendo o mais utilizado o faturamento ou volume de vendas da empresa
(BATALHA; DEMORI, 1990).
Contrapondo, Longenecker, Moore e Petty (1997) criticam o critério volume de
vendas por considerá-lo pouco representativo, em função do mercado em que atuam, o ramo
de atividade e sua capacidade tecnológica. Considera que o valor dos ativos também não se
constitui de um critério seguro, pois depende de decisões administrativas de investimento e do
contexto econômico em que a empresa estiver inserida, assim como os critérios baseados em
índices financeiros são bastante complexos em economias com altos índices inflacionários.
A Constituição Federal Brasileira estipula a adoção do conceito de micro e pequenas
empresas fundamentadas em sua receita bruta. Mas são constantemente alterados os limites da
receita, sua forma de cálculo, seus indexadores e outros aspectos que confundem e contribuem
para aumentar os problemas de regulamentação das micro e pequenas empresas (SILVA, J. J.
P. 2001). O enquadramento das empresas em micro, pequenas, médias ou grandes empresas é
muito importante, sob o aspecto legal, pelo fato de que a obtenção de créditos e incentivo e a
isenção de impostos ocorrem em função do porte da empresa (VIEIRA, 2000).
Atualmente, para fins fiscais, a Secretaria da Receita Federal (SRF) no Brasil define
pequena empresa de acordo com a Lei 9.317/96 – art. 9º do SIMPLES, alterada pela Lei nº
9.732 de 14/12/98, Lei nº 9.779 de 20/01/99, aquela que possui uma receita bruta anual de R$
22
120.000,00 designada microempresa e R$ 1.200.000,00 designada empresa de pequeno porte.
Para fins comerciais, a Secretaria da Receita Federal define pequena empresa de acordo com a
Lei 9841 de 05/10/99, do SIMPLES, aquela que possui receita bruta anual de R$ 240.000,00
designada microempresa e R$ 1.200.000,00 designada empresa de pequeno porte (RECEITA
FEDERAL, 2005).
Tendo-se em vista as limitações e vantagens do que foi discutido acima, optou-se pela
escolha do critério faturamento (ou volume de vendas) como fator de classificação pelo fato
de ser o mais comumente utilizado (BATALHA; DEMORI, 1990).
2.1.3 Aspectos socioeconômicos
No nível socioeconômico, as pequenas empresas proporcionam uma grande
contribuição, gerando maior número de empregos diretos e indiretos, por adquirirem seus
insumos no mercado local.
A importância e proporcionalidade da pequena empresa estão explícitas em seus
números. Dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas)
informam que de acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em conjunto,
as micro e pequenas empresas responderam, em 2002 (o último boletim estatístico do Sebrae
abrange o período de 1996-2002), por 99,2% do número total de empresas formais e por
57,2% dos empregos totais. Em função do aumento expressivo do número de empregos
gerados entre os dois anos (Tabela 1) nos dois segmentos, a massa salarial apresentou
incremento real de 57,3% nas microempresas e 37,9% nas pequenas.
Tabela 1: Variação percentual de salários e rendimentos pagos, por porte de empresa e setor de atividade.
Micro Pequena Média Grande
Total
2002/1996 2002/1996 2002/1996 2002/1996
2002/1996
Indústria
50,1 27,2 -0,4 -9,7
-0,9
Construção
18,8 18,3 12,3 -0,7
9,5
Comércio
78,1 50,3 2,1 0,1
26,8
Serviços
52,2 43,1 33,4 13,0
19,7
Total
57,3 37,9 7,6 3,2 12,2
Fonte: IBGE – Estatísticas do Cadastro Central de Empresas – CEMPRE; elaboração: Sebrae/UED
23
Dessa forma, evidenciam-se Longenecker, Moore e Petty (1997) ao se afirmar que as
pequenas empresas prestam contribuições singulares à economia, fornecendo uma parte
desproporcional de novos empregos necessários para uma força de trabalho em crescimento.
O Sebrae (2005) disponibiliza, como resultado, que o número total de novas empresas,
incluindo as sociedades anônimas e cooperativas, reduz-se da média anual de 490,1 mil, em
1996-1999, para 467,2 mil, em 2000-2003. A tendência acima, contudo, reverte-se em 2003,
quando ocorre aumento na instituição de novas empresas individuais, limitadas e sociedades
anônimas.
O gestor precisa ter competências que possibilitem não só inserir uma empresa no
mundo dos negócios, como, também, manter sua sobrevivência. Ele deve possuir capacidade
de criar e igualmente conduzir a implementação desse processo criativo, elaborando
estratégias que permitam o desenvolvimento da sua organização (KETS DE VRIES, 2001).
Landmann (1998) aponta numerosas características manifestas em uma gestão
problemática, visíveis em muitas pequenas empresas, tal como a excessiva informalidade;
ausência de sistemas de custeio adequados; falta de planejamento estratégico; falta de
planejamento financeiro; despreparo do pessoal e acúmulo de tarefas; ausência de uma
estrutura organizacional bem definida; entre outras. Segundo o autor, no contexto atual, o
desconhecimento de modernas técnicas de gestão ou adoção de novas técnicas por modismo,
sem o perfeito entendimento de seus conceitos é fator de insucesso para as empresas.
2.1.4 As empresas varejistas
Uma vez caracterizado o tipo de empresa (microempresa) e o critério de escolha
(faturamento), volta-se para a determinação do setor de atividade (indústria, comércio e
serviços) envolvido (BEDÊ, 2003). Conforme demonstrado na metodologia, a atividade
comercial é muito representativa na população pesquisada, sendo esse um fator decisivo para
a escolha do setor, corroborando o fato de o pesquisador possuir conhecimentos empíricos
nessa atividade.
Ampliando e explorando elementos conceituais sobre esse setor, parte-se de uma
definição clássica, formulada pela American Marketing Association (AMA), que o caracteriza
como uma unidade de negócio que compra mercadorias de fabricantes, atacadistas e outros
distribuidores e vende diretamente a consumidores finais (LÃS CASAS, 1992).
24
O varejo representa o momento conclusivo da cadeia de distribuição, em que o contato
com o cliente final deve significar a interação perfeita do mercado fornecedor com o mercado
consumidor, cujos desdobramentos são capazes de superar as expectativas de ambas as partes
(BORGES, 2001).
Em um contexto geral, ao se analisar o processo de compra, é inevitável não
estabelecer uma dinâmica compreendendo um conjunto de ações que torne possível a chegada
do produto ao consumidor final. Esse processo tem como protagonistas os produtores, os
distribuidores e os consumidores. Nas perspectivas atuais, não se deve esquecer de mencionar
o varejo sem loja, que muitas vezes não chega a comprar, mas apenas funciona como
intermediário do processo (BORGES, 2001).
As funções básicas de um estabelecimento varejista estão relacionadas com o
comprometimento da prestação de serviços de pronta entrega, orientação de compra,
satisfação, garantia e assistência técnica (COBRA, 1997). Sandhussen (2000), de forma
similar, enumera essas funções como: compras (de bens e serviços, oferecendo-os para
venda); manuseio (armazenagem, preço e exposição dos produtos); informação (aos clientes,
por meio de material promocional e pessoal de atendimento e vendas, além de comunicar aos
outros elementos do canal de distribuição os resultados de pesquisas e de vendas); e vendas
(devendo contar com a oferta de serviços ao cliente, para contribuir com o fechamento da
transação). É imprescindível que as necessidades dos clientes sejam satisfeitas, pois se um
produto não estiver disponível quando e onde o consumidor precisa dele, não haverá o
processo de venda (BORGES, 2001).
Kotler (2000) afirma que qualquer organização que venda para os consumidores finais
– seja ela um fabricante, um atacadista ou varejista – está fazendo varejo. A forma pela qual
os produtos ou serviços são vendidos (pessoalmente, pelo correio, por telefone, por máquinas
de vendas ou internet), ou locais em que são vendidos (em uma loja, na rua, ou na casa do
consumidor) pouco importa.
Cobra (1997) considera que os varejistas são, ao mesmo tempo, a fonte de energia de
seus fornecedores e o agente de compra para seus clientes. Se de um lado eles representam os
interesses de fornecedores e produtores que vêem na sua atividade a maneira adequada de
escoar suas produções e/ou estoques, por outro, buscam satisfazer às necessidade e desejos de
um consumidor cada vez mais exigente e crítico (BORGES, 2001).
25
2.1.4.1 Origens e tipos de varejo
O início do varejo como elemento intermediário dos sistemas produtivos ocorreu no
século XIX, nos Estados Unidos e Inglaterra, com o aparecimento das chamadas general
stores (lojas de mercadorias diversas), nas quais se comercializava praticamente de tudo:
alimentos, tecidos, utilidades domésticas, armas e munições, ferramentas e diversos outros.
Em 1886 teve início a Sears, um varejo que inicialmente vendia por meio de catálogos, mais
tarde transformando-se em loja de departamento (LÃS CASAS, 1992).
No Brasil, o varejo, tal qual como hoje é conhecido, começou a ser estruturado
igualmente no final do século XIX, com o início da industrialização e o surgimento dos meios
e vias de transporte (PARENTE, 2000). Nas décadas seguintes surgiram novos
estabelecimentos que são marcos na história do varejo brasileiro, tais como a Casa Masson
(1871), Lojas Pernambucanas (1906), Mesbla, Casa Anglo-Brasileira (1913) dentre outras.
Em termos históricos, o desenvolvimento mais concreto do varejo aconteceu no período logo
após a segunda guerra, quando teve início o declínio do setor atacadista tradicional, que
dominava tanto o setor produtivo como distributivo. A partir de então, houve um grande
aumento da concentração dos negócios de varejo (LÃS CASAS, 1992).
A partir de 1950 ocorreu o aparecimento do self-service (auto-serviço), na forma dos
supermercados. A partir desse ponto, a evolução e modernização do varejo ganharam
impulso, principalmente com a entrada do capital estrangeiro, especialmente da França e da
Holanda. Após duas décadas, o Brasil presencia as instalações e expansão dos primeiros
shopping centers, bem como a chegada dos hipermercados (TAKAOKA; NAVAJAS, 1997).
No final do século XX (1980), surge uma revolução no mercado, por meio do
desenvolvimento e expansão das redes de franquia. O termo “franquia”, derivado do inglês
franchise, é utilizado para denominar dois tipos de sistemas utilizados na distribuição de
produtos e serviços: o tradicional ou franquia de marca e produto (acordo em que uma
empresa recebe o direito de distribuir produtos e utilizar a marca de um determinado
fabricante, sem que haja a exigência de que o revendedor siga um esquema rígido de atuação
na operação do seu próprio negócio); a franquia em formato de negócio, conhecida como
sistema de franquias (SILVA, D. M., 2004). Pelton, Strutton e Lumpkin (1997) definem
franquia como um sistema de marketing vertical, em que uma empresa (franqueador) provê
para uma outra pessoa ou empresa (franqueado) uma licença para realizar negócios em uma
área geográfica específica, contando com a assistência do franqueador na organização, no
26
treinamento, em merchandising e na gestão do negócio. Concluindo esse adendo, Berman
(1996) finaliza que a maioria dos contratos de franquia envolvem o pagamento de uma taxa
inicial, o pagamento de royalties (direitos do autor), baseados em uma porcentagem sobre as
vendas e o pagamento de taxas para campanhas publicitárias.
Em 1990, as tendências apontaram para as lojas de conveniência e os supermercados
compactos. Atualmente, o comércio eletrônico (e-commerce) está promovendo grande
mudança no sistema tradicional de compra e de distribuição (BORGES, 2001). Essa nova
modalidade de vendas transformou o computador em num aliado do varejo.
A Internet (international network) tem-se tornado a “espinha dorsal”, em termos de
tecnologia de informação, seja de uso intra ou interorganizacional, como um ambiente que
interliga vendedores e clientes, possibilitando interação e transações em tempo real
(VENKATRAMAN, 2000; CASTELLS, 2001 apud SACCOL, 2003).
Segundo O´Brien (2004), o uso comercial da Internet está se expandindo da troca de
informações eletrônicas para uma plataforma ampla para aplicações empresariais estratégicas.
Dessa forma, os usos comerciais da Internet incluem: fornecimento de suporte a clientes e
vendedores; compra e venda de produtos e serviços; aplicações de marketing, vendas e
atendimento ao cliente; crescimento de aplicações empresariais interfuncionais (integração
entre as principais funções de produção, marketing, RH, finanças, contabilidade etc.);
surgimento de aplicações em engenharia, manufatura, recursos humanos e contabilidade;
comunicações e colaboração entre empresas; e alianças comerciais estratégicas. Nesse
contexto, o comércio eletrônico é mais do que a mera compra e venda de produtos on-line.
Engloba o processo on-line inteiro de desenvolvimento, marketing, venda, entrega,
atendimento e pagamento por produtos e serviços comprados por companhias virtuais
conectadas à rede, com o apoio de uma rede mundial de parceiros comerciais. Com isso, os
varejistas estão melhorando sua capacidade de previsão de demanda, seleção do mix de
produtos, controle de estoques, racionalização de espaços e exposição dos itens no ponto de
venda.
Novas perspectivas, tecnologias, perfis de consumidores e conceitos estão sendo
estruturados. A pesquisa constante é um fator comum entre os varejistas como um
instrumento essencial para a adaptação a novas demandas, como forma de se antecipar ao
futuro, empreendendo um ritmo de constantes inovações em seus negócios, a fim de se
conseguir uma vantagem competitiva (BORGES, 2001).
O comércio eletrônico na Internet entre empresas e consumidores está acelerando o
impacto da tecnologia da informação sobre o comportamento do consumidor e os processos e
27
mercados. Esse tipo de comércio (empresa-consumidor) é também conhecido como B2C
(business to consumer), proporciona a possibilidade das empresas oferecerem web-sites em
multimídia que apresentam fachadas de loja e centros comerciais virtuais, o processamento
interativo de pedidos, e a utilização de sistemas seguros de pagamento eletrônico (O´BRIEN,
2004).
Complementando, não é apenas o varejo que se utiliza dessa tecnologia. Batista (2004)
enumera o B2B (business to business) que visa ao desenvolvimento de transações comerciais
entre parceiros fornecedores verticais ou transversais; B2E (business to employee)
considerado uma linha intermediária entre o B2B e B2C; B2M (business to management) o
qual cobre todas as transações entre as empresas e organizações governamentais; e C2M
(consumer to management) que empreende todo tipo de transação eletrônica entre pessoas
físicas e jurídicas com os departamentos do governo.
2.1.4.2 Processos no varejo
No varejo, a informatização pode ser utilizada tanto nas vendas diretas quanto nos
departamentos internos da empresa, automatizando procedimentos específicos conhecidos
como processos comerciais (BATISTA, 2004). Discorrer quais são e sobre como estes
processos são efetuados possibilitará uma melhor compreensão da importância da
informatização no varejo e sua relação nos processos estratégicos organizacionais.
Segundo Stoner e Freeman (1999 p. 5),
um processo é um modo sistemático de fazer coisas. A administração é definida
como um processo porque todos os administradores, independentemente de suas
aptidões ou habilidades particulares, participam de certas atividades inter-
relacionadas visando alcançar seus objetivos.
Sobre essa citação, busca-se em Silva, A. T. (1982), corroboração de que esse
processo é visualizado na coordenação de todas as tarefas desempenhadas mediante quatro
funções administrativas (também conhecidas como processos): planejamento (determina o
que o grupo de pessoas deve fazer); organização (estrutura a empresa, reunindo pessoas e os
equipamentos necessários ao trabalho); direção ou liderança (conduz e coordena o trabalho de
pessoal); e controle (verifica se tudo está sendo feito de acordo com o que foi planejado e as
ordens dadas).
28
Para Levy e Weitz (2000), no varejo, esses processos administrativos similarmente são
percebidos dentro de funções operacionais básicas específicas relacionadas ao estoque
(pedido, compra), venda (faturamento), financeiro e contábil (contas a receber/pagar, livro
caixa etc.).
O estoque de mercadorias é a força vital do varejista, sendo sua rotatividade utilizada
para avaliar a eficiência dos gerentes em utilizar seus investimentos. O estoque básico,
também conhecido como cíclico, resulta do processo de reposição necessária para atender à
demanda, quando o varejista pode prevê-la junto com as quantidades de reposição (tempos de
espera). Infelizmente nem todos os varejistas são capazes de prever a demanda e suas
respectivas quantidades de reposição, sem erro, nesse caso podendo trabalhar com um estoque
de segurança, a fim de evitar o estoque esgotado antes da chegada de um novo pedido
(LEVY; WEITZ, 2000).
Para os autores, os principais subprocessos do estoque são a fase inicial do pedido e
compra. O pedido é o passo inicial para que o processo de compra possa se realizar. Consiste
basicamente na tomada de decisão em relação à opção de marcas, preços, formas de
pagamento, transporte e prazos de entrega. Pode manter um livro de pedidos, onde são
anotados pelos vendedores os itens em falta no estoque ou gerado automaticamente por meio
de um software, quando o item estiver em uma quantidade crítica no estoque. Esses relatórios
automatizados estariam sempre atualizados, à medida que um item fosse vendido. A compra
envolve o fechamento do pedido, efetivando o que foi anteriormente acordado (LEVY;
WEITZ, 2000).
O processo de venda é um conjunto de atividades de responsabilidade dos vendedores,
para facilitar a decisão do cliente. Os estágios de vendas e do processo de compras estão
intimamente ligados, porque geram um continuum de dependência. Como resultado, tem-se o
faturamento, um processo que gerará o retorno financeiro ao varejista.
O processo financeiro básico é composto por contas a pagar, que se referem à quantia
devida aos fornecedores, basicamente pelo estoque das mercadorias, e por contas a receber,
que são as quantias devidas ao varejista originadas pela venda de mercadorias a crédito.
Os processos contábeis, por sua vez, fazem a integração de outros processos, tais como
demonstração de resultados: vendas, despesas; balanço patrimonial: ativo (recursos
econômicos de propriedade ou de controle de uma empresa), passivo (obrigações da
empresa), patrimônio líquido (investimentos dos proprietários no negócio).
Inicialmente esses processos atuam isoladamente, tendendo à integração,
naturalmente. A importância da integração já era enfatizada por Conso e Poulain (1972) apud
29
Levy e Weitz (2000) nos primórdios da informatização, como um encadeamento automático
das diferentes fases do circuito da informação, coordenando as funções interdependentes da
empresa no seio de um mesmo processo automático.
Esses processos só podem ser eficazmente obtidos com o processamento
informatizado (O´Brien, 2004). Para isso, o autor prioriza a importância do Planejamento de
Recursos Empresariais, comumente conhecido como ERP (Enterprise Resource Planning). O
ERP é um sistema interfuncional que atua como uma estrutura para integrar e automatizar
muitos dos processos de negócios que devem ser realizados pelas funções de produção,
logística, distribuição, contabilidade, finanças e de recursos humanos de uma empresa.
Laudon e Laudon (1999) priorizam a importância desse tipo de sistema pela modelagem
integrada automatizada que proporciona, desde os processos básicos (como o preenchimento
de um pedido ou a programação de uma remessa) até os mais complexos e elaborados
(sistemas de suporte à decisão).
Contextualizando a abrangência dos processos ligados ao varejo, selecionaram-se os
mais representativos (Quadro 1) para esta pesquisa, verificando se atuam isoladamente ou de
forma integrada.
Processo Descrição
Lista de preços
Consiste no simples cadastro das mercadorias e seu preço, possibilitando a
alteração deles, emitindo listas para consulta via impressão.
Controle de estoque
Controle da movimentação (entradas e saídas) das mercadorias, permitindo a
emissão de relatórios gerenciais sobre faltas (estoque crítico), etiquetas.
Balanço
Imprime o registro de inventário – listagem que contém a posição atual do
estoque da empresa – segundo normas da receita estadual.
Cadastro de clientes
Fichário eletrônico que mantém atualizadas e organizadas as informações
sobre os clientes da empresa. Possui integração principal com o processo de
contas a receber.
Cadastro de fornecedores
Similar ao cadastro de clientes, gerencia os dados dos fornecedores da
empresa. Possui integração direta com o processo de contas a pagar.
Contas a pagar
Controla tudo o que está relacionado ao pagamento de duplicatas, faturas e
contas. Emite relatórios contábeis.
Contas a receber
Gerencia o recebimento de duplicatas, faturas e contas. Auxilia o setor de
cobranças, imprime relatórios, boletos, atualiza juros automaticamente.
Emissão de nota fiscal
Utilizado para imprimir nota fiscal de venda de produtos ou serviços. Integra-
se com processos afins, tais como contas a receber, e estoque.
Emissão de cupom fiscal Imprime o cupom fiscal de acordo com a legislação vigente.
Quadro 1: Principais processos varejistas avaliados. Fonte: Compufour (2003).
30
Esses processos complementam-se, gerando dados e funções comuns, criando uma
interdependência nos estágios subseqüentes. É natural que sua implementação siga uma
determinada ordem, visando um melhor aproveitamento de tempo e dados, maximizando os
recursos oferecidos pelo software que os estaria administrando (COMPUFOUR, 2003).
2.2 SISTEMAS E TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
Por existirem divergências no entendimento das terminologias relacionadas a
tecnologia e processo de informatização, algumas definições se fazem necessárias para uma
correta concepção dos termos abordados.
Laudon e Laudon (1999, p. 4) idealizam a definição clássica de Sistemas de
Informação (SI) como “um conjunto de componentes inter-relacionados que coleta (ou
recupera), processa, armazena e distribui informação”. O´Brien (2004) o particulariza como
sendo a combinação estruturada de vários elementos: a informação (dados formatados, textos
livres, imagens e sons); os recursos humanos constituídos pelo peopleware (pessoas que
coletam, armazenam, recuperam, processam, disseminam e utilizam as informações); as
tecnologias de informação (o hardware e o software usados no suporte aos SI); e as práticas
de trabalho (métodos utilizados pelas pessoas no desempenho de suas atividades).
A Tecnologia da Informação (TI) não era conhecida como tal no início de sua
utilização. Quando a tecnologia começou a invadir as empresas, ela tinha outros nomes:
computadores, sistemas de tratamento da informação, máquina de processamento de dados
etc. Com a evolução de tais sistemas, foram acontecendo conjunções de várias especialidades
na utilização do computador. Por isso essa mesma tecnologia já foi chamada de telemática
(soma dos computadores com as telecomunicações e os recursos de informação), informática
(informação automática) e outras denominações (O´BRIEN, 2004).
Dessa forma, quando for mencionado neste trabalho o termo “Sistemas de
Informação”, referenciam-se todos os processos relacionados com a informatização (software,
hardware, peopleware), já o termo “Tecnologia da Informação” estaria restrito apenas ao
hardware e software.
31
2.2.1 Aplicação da tecnologia nas organizações
Mosca Neto e Ramos (1997) afirmam que a tecnologia não se constitui em um único
fator, que isoladamente venha a produzir os resultados desejados. Devem-se considerar outros
coadjuvantes, como porte da empresa, ramo de atividade, capacitação e treinamento de
recursos humanos, estratégia, estrutura e processos etc. Por estar de tal forma arraigada em
todos os processos empresariais, o uso dessa tecnologia tem-se constituído em objeto de
preocupação e investigação.
Nireberg (1994 apud ZIEMER, 1996) aponta cinco mitos gerenciais que impedem as
empresas de se sintonizarem com as exigências criadas por uma nova ordem econômica.
Esses mitos podem ser identificados em grande parte dos ambientes de trabalho e geram alto
nível de não motivação e alienação. Mudar esses mitos pode estabelecer um novo propósito,
uma nova forma de organizar o trabalho.
No foco deste estudo, o mito “a tecnologia irá resolver todos os nossos problemas”
traduz à realidade que praticamente nenhuma das razões para o colapso ou a insuficiência de
uma empresa estão relacionadas com problemas tecnológicos. Os problemas são decorrências
da maneira como se pensa e se age na empresa.
O que levaria uma organização a se informatizar? Questionamentos com relação às
mudanças (realmente a informatização seria necessária?), com relação à importância (seria
essencial para o controle de uma pequena empresa?), e com relação à falibilidade tecnológica
(empresas informatizadas e com dificuldade de gerenciamento estariam explicitando que a
tecnologia pode atrapalhar quando aplicada desnecessariamente?) são dessa forma,
justificadas pela cultura empresarial.
Por si, o uso da tecnologia de informação não irá garantir que a pequena empresa se
torne mais competitiva. Na década de 1980, no auge da euforia com a informatização,
pensava-se que a tecnologia fosse revolucionar o mundo corporativo. Na realidade, o que
ocorre é que, sem transformações organizacionais, a tecnologia agrava os problemas de
burocracia e rigidez das empresas, em vez de solucioná-los (BEZERRA, 2001).
A absorção de novas tecnologias é necessária para o equilíbrio competitivo da pequena
empresa em relação às demais. Conforme SOLOMON (1986), uma determinada tecnologia
não é inerentemente boa ou má para a pequena empresa. A maneira de como essa tecnologia
for aplicada é que determinará o resultado.
32
É comprovado que a pequena empresa absorve novas tecnologias de informação de
forma lenta e limitada nos seus processos administrativos. Uma das razões para que isso
ocorra é a falta de uma tecnologia específica para a pequena empresa (EL-NAMAKI, 1990
apud BEZERRA, 2001).
O conceito de ERP – no contexto de aplicações de gestão empresarial – revolucionou
o mercado de sistemas de informação e o modo como as empresas informatizavam seus
processos. Apesar do produto oferecido pela empresas desenvolvedoras ser eficaz no
processo de tomada de decisões, seu alto preço distanciou a pequena empresa, criando a
necessidade de um reposicionamento por meio de buscas de alternativas mais rápidas, menos
complexas e, conseqüentemente mais fáceis de administrar (BEZERRA, 2001).
Há alguns anos, o cenário da pequena empresa no Brasil, com relação às tecnologias
de informação, não era dos melhores. Apesar disso, uma parcela das pequenas empresas,
impulsionadas pela competitividade estava optando por informatizar seu negócio. Cerca de
80% das pequenas empresas informatizadas atribuem o grau de ‘muito importante’ ao uso de
computadores na empresa (BEZERRA, 2001). Para o autor, com relação à aceitação, é
essencial um sistema de informação voltado à pequena empresa respeitar três quesitos: custo,
tempo e qualidade.
Fazendo as devidas relações de custo/benefício, a tecnologia não é cara a longo prazo,
mas a pequena empresa, suscetível a preço e resultados imediatos, ressente sua implantação.
Os três princípios aceitos consensualmente na avaliação de uma tecnologia, conforme
SOUZA NETO (1998) são: o custo de desenvolvimento, o preço de mercado e a receita
esperada. Para o autor, o valor de uma tecnologia pode ser estimado usando como indicador a
soma de todas as despesas necessárias para seu desenvolvimento.
Inferiu-se a existência de duas barreiras principais que dificultam a incorporação de
tecnologias informatizadas nos sistemas administrativos da pequena empresa. A primeira é o
tempo, pois em virtude de seu dinamismo, o sistema de informação não pode levar muito
tempo para ser desenvolvido e implantado. A segunda, já comentada, é o custo (EL-
NAMAKI, 1990 apud BEZERRA, 2001).
Satisfeitos os quesitos de custo e tempo, a pequena empresa não pode abrir mão do
fator qualidade nos seus sistemas de informação. Para isso é necessário durante a
implementação do processo de informatização, definições de plataformas, sistemas e a
indicação dos equipamentos (BEZERRA, 2001). O erro na escolha de um sistema de gestão
pode significar a diferença entre o lucro e o prejuízo. A simplicidade deve ser um fator
primordial existente em sistemas de informação voltados às pequenas empresas.
33
Como a pequena empresa não possui uma hierarquia formal, ela não distingue as
necessidades de informação de maneira sistemática. De acordo com as características do
gestor da pequena empresa, o proprietário/gerente, além de supervisionar os processos,
assume papéis operacionais no dia-a-dia. Desta forma, o sistema de informação voltado para
este tipo de organização, deve possuir características, ao mesmo tempo, estratégicas, táticas e
operacionais (BEZERRA, 2001).
A situação da implementação dos sistemas é um tanto crítica. Para SAVIANI (1995) a
área de informática da pequena empresa, não tem uma visão estratégica da utilização de
hardware e software para a produção de informações. Segundo ele, isto se dá porque na
maioria das vezes, o responsável por esta área geralmente é um ex-programador, ou alguém
que “entende” de informática. A situação fica mais complexa, ao saber que as pequenas
empresas brasileiras não desenvolvem um plano diretor de informática (PDI). Neste caso, a
informática agiria apenas como um apoio ao planejamento estratégico da empresa.
2.2.1.1 Generalizações sobre o plano diretor de informática (PDI)
Um plano diretor ou planejamento estratégico de sistemas de informação, como
também é conhecido, permite que a organização tenha futuro orientado e previsível na área
tecnológica (ROSINI; PALMISANO, 2003). Segundo Batista (2004), o termo PDI estaria
relacionado com a antiga estrutura da informática, construído levando em conta apenas as
demandas de usuários isolados, não mantendo um vínculo com o planejamento estratégico.
Nesse contexto, atualmente o PDI seria substituído pelo termo PDTI (Plano Diretor de
Tecnologia da Informação).
Mas na literatura, o termo PDI continua a ser utilizado com mais freqüência, pelo fato
de o termo “tecnologia da informação” ser referenciado como sinônimo de informática:
ciência e tecnologia que se ocupa do armazenamento e tratamento da informação, utilizando
equipamentos e procedimentos da área de processamento de dados (BATISTA, 2004).
O PDI é definido como um planejamento dos recursos indispensáveis aos sistemas de
informação, o qual possui como característica principal o alinhamento com o planejamento
estratégico e operacional (BATISTA, 2004). É um instrumento que possibilita a obtenção de
uma visão global da empresa, dessa forma, deve-se procurar, na elaboração desse plano, a
34
participação efetiva de várias unidades organizacionais usuárias na definição da rede de
sistemas, visto a interdependência que existe entre elas (OLIVEIRA, 2002).
De maneira mais detalhada, Oliveira (2002) enumera alguns aspectos que um PDI
deve possuir: identificação, por meio de adequado levantamento, junto aos vários usuários da
empresa, de todos os sistemas administrativos; estabelecimento da situação atual e,
principalmente, da situação futura desejada pelo usuário e necessária para a empresa;
estabelecimento da interligação operacional de todos os sistemas identificados,
proporcionando a operacionalização, de maneira lógica e oportuna para a empresa; alocação
estruturada, por meio de administração e projetos, de todos os recursos necessários para o
desenvolvimento e a implementação de cada sistema; estabelecimento de vários critérios
técnico-operacionais para a elaboração do cronograma de desenvolvimento de sistemas da
empresa; e promoção da interligação dos sistemas de informações afins, racionalizando a
utilização de arquivos e equipamentos, minimizando o custo de processamento e reduzindo o
tempo de tratamento dos dados e informações da empresa.
Após o PDI ter sido estruturado, ele deve ter identificado um conjunto de projetos a
serem desenvolvidos e implementados, contendo no mínimo as prioridades e seqüências de
desenvolvimento, os prazos estimados, os custos de desenvolvimento, a análise de custos e
benefícios, bem como o modelo global do sistema de informação voltado para a otimização
do processo decisório da empresa. Deve também priorizar a identificação de alguns aspectos
gerais, tais como: estrutura organizacional da área de Organização e Métodos; a adequação
pessoal (responsabilidades, quantidades e qualidade); o processo de recrutamento, seleção e
treinamento; a metodologia de desenvolvimento e implantação de projetos; a política de
administração de projetos, de documentação, de distribuição dos manuais, entre outras
(OLIVEIRA, 2002).
Aguiar (2004) destaca os processos de um PDI em fases: 1) estudo da empresa; 2)
definição das aplicações; 3) definição da estratégia de implementação; 4) definição de
software; 5) definição de banco de dados; 6) definição de rede; 7) fase – definição de
hardware; 8) definição de recursos humanos; 9) definição da estrutura de segurança e
auditoria; 10) definição de estrutura e apoio; e 11) elaboração do cronograma físico
financeiro.
Na visão do autor, especificamente um plano diretor de informática orienta a
definição das aplicações da informática nos vários setores das empresas, assim como existe o
planejamento para as vendas, produção e marketing, entre outras áreas. Consiste na análise
das atividades da empresa, verificando quais as possíveis aplicações da informática, os
35
recursos necessários para sua implementação e a estratégia que serão adotadas para as
definições do plano.
Para ele, a informatização da empresa pode seguir diretrizes técnicas, por exemplo,
pela automação dos processos, ou estratégias na qual a empresa pretende obter vantagem
competitiva, entre outras, buscando agregar valor à cadeia de valor, pela implementação e
contínuo aprimoramento dos sistemas de informação. Tanto uma como a outra estratégia é
válida, e pode constar do plano diretor, tomando a providência de destacar cada aspecto do
plano. É pelo plano diretor de informática que se pode acompanhar quais as aplicações,
diretrizes, recursos físicos e financeiros que serão necessários.
A implementação e criação de um plano diretor é vista de suma importância na área de
tecnologia e sistemas de informação, visto que toda a informação e conhecimento da empresa
atualmente é encapsulada em computadores (ROSINI; PALMISANO, 2003).
Um ajuste igualmente necessário é fazer com que cada usuário de um sistema
informatizado entenda seu sistema, não apenas de forma isolada, mas de maneira integrada
com todas as áreas da empresa (BEZERRA, 2001).
2.2.2 Categorização do estágio de informatização
Um dos objetivos específicos deste trabalho faz referência ao grau de informatização
que as empresas pesquisadas possuem. Inicialmente, seria coerente listar todo o parque de
máquinas (hardware) que a empresa detém e tabular uma ordem quantitativa. Os estudos de
Nolan (1979) fornecem elementos que fundamentam a importância do processo (software e
peopleware) na categorização da empresas com relação à tecnologia de informação. Dessa
forma, é importante ressaltar que esse grau será percebido pelo uso efetivo de programas
(softwares) e sua relação com o usuário, e não apenas dos equipamentos (hardware)
instalados. Para fundamentar essa posição, optou-se por utilizar, como base para a
classificação, a teoria dos estágios de crescimento de processamento de dados de Nolan
(1979).
Essa teoria foi embasada em pesquisas empíricas empreendidas pelo autor, que com
base nos resultados obtidos elaborou seis estágios de crescimento do processamento de dados
nas empresas. Formulada há mais de duas décadas, ainda hoje se mantém atual, devido aos
princípios atemporais em que se fundamenta (ALBERTIN, 2002), sendo freqüentemente
36
utilizada como modelo para demonstrar a evolução dos sistemas de informação nas
organizações (ROSINI; PALMISANO, 2003).
Existem muitas classificações e tipos de sistemas de informação (gerencial, executivo,
de apoio à decisão, especialista etc.), e em comum todos se utilizam de elementos de
hardware, software, rede e pessoas para transformar os recursos de dados em produtos de
informação. O’Brien (2004) afirma que são raros os sistemas de informação manuais, sendo
quase na totalidade computadorizados. Assim, infere-se a viabilidade da utilização do modelo
de Nolan (1979) como padrão para se definir o estágio de informatização das empresas
pesquisadas, com base nos sistemas de informação por elas utilizados.
Esse modelo demonstra a evolução dos sistemas de informação (e sua consecutiva
informatização) por meio de seis fases ou estágios, que indicam o nível dos processos de
absorção da tecnologia de informação pela empresa (ROSINI; PALMISANO, 2003):
1) Nolan (1979) nomina o primeiro estágio como Iniciação. É caracterizado pela surpresa
e incompreensão da tecnologia por parte dos usuários. É nessa fase que os
computadores são introduzidos na organização, iniciando-se de forma lenta o processo
de aprendizado dessa tecnologia. Não existem planejamento e controle de tecnologia
ou processamento de dados. Nesse estágio apenas os sistemas básicos de baixo nível
operacional são automatizados. As pessoas são reativas e superficialmente envolvidas.
O planejamento e controle interno são instalados para gerenciar apenas o computador,
sendo o processamento de dados centralizado e fechado. O foco está direcionado para
a assimilação e o conhecimento da tecnologia (ALBERTIN, 2002);
2) para o autor, no segundo estágio, chamado de Contágio, já ocorreu a assimilação da
nova tecnologia por parte da empresa, que encoraja a inovação e a aplicação extensiva
de tecnologia de processamento de dados. Inicia-se uma expansão rápida, mas não
muito controlada pela administração. Enquanto a disseminação da tecnologia é
atingida pela expansão de sistemas operacionais, problemas são criados pela
inexperiência dos programadores que trabalham sem os benefícios de um efetivo
sistema de controle gerencial de processamento de dados. As características do
usuário, planejamento e controle, organização e carteira de aplicações são similares às
do estágio anterior. Pode-se dizer que o usuário, uma vez iniciado em tecnologia,
começa a ser contaminado pela percepção de que ela existe, passando assim a aceitar
sistemas de nível operacional mais elevado;
3) o terceiro estágio, Controle, é caracterizado pela reestruturação e profissionalização da
atividade de processamento de dados. Nessa fase, também são observados a percepção
37
e os primeiros esforços para o controle das despesas geradas pelo processamento de
dados. Devido o departamento de processamento de dados estar-se reestruturando, os
sistemas de controle são percebidos pelos usuários como pouco desenvolvidos. No
final desse estágio, o departamento de processamento de dados está finalizando sua
reestruturação e mudando suas aplicações mais importantes para a tecnologia de banco
de dados e comunicação de dados. Dessa forma, a utilidade do computador e das redes
alcança um ponto em que os serviços de alta qualidade estão sendo providos aos
usuários. Os usuários finais são diretamente envolvidos com a entrada e com o uso de
dados, mas o planejamento e o controle ainda estão voltados para o computador
(ALBERTIN, 2002);
4) o autor chama a atenção para um ponto importante no estágio de Integração: só é
iniciado quando as mudanças principiadas no estágio anterior foram realizadas por
completo. A principal diferença para esse estágio é a instalação de planejamento e
controle externo para gerenciar os recursos de dados. Existem pontos de transição
entre os estágios de Controle e de Integração, caracterizados por: transformações na
estrutura do departamento de processamento de dados; nas posturas dos usuários e de
área de processamento de dados; e nas tecnologias para terminais interativos e de
banco de dados. Nesse ponto, é como se os usuários e o processamento de dados
passassem para uma nova realidade, da gerência de processamento de dados para a
gerência de recursos de dados;
5) na seqüência, Nolan (1979) enumera o quinto estágio, Administração de Dados, as
características mudam sensivelmente. Os usuários adquirem uma postura participativa,
estando juntos com o processamento de dados na contabilização para a qualidade dos
dados. O planejamento e controle para a gerência dos recursos de dados se
consolidam. (ALBERTIN, 2002);
6) no estágio de Maturidade, o último na escala, a carteira de aplicações é completada e
sua estrutura espelha a organização e seus fluxos de informações. As características
dessa fase são as mesmas do anterior.
Esses estágios são razoavelmente distintos e em uma grande organização pode-se
identificar os diferentes estágios da área e dos serviços de informática que estiverem sendo
estudados. Essa situação gera desafios de integração, envolvimento de TI, além de exigir uma
constante atualização tecnológica da área de informática (ALBERTIN, 2002, grifo nosso). O
autor alerta que pode existir certa aleatoriedade na ocorrência dessas fases, devido a um
retorno obrigatório a estágios anteriores, quando existir a introdução de uma nova tecnologia.
38
Para melhor compreensão, apresenta-se uma versão otimizada (Quadro 2) dos estágios
de crescimento do processamento de dados, elaborada por Rosini e Palmisano (2003).
Estágio Descrição
1. Iniciação
Introdução dos computadores na organização, aprendizado lento voltado para a
assimilação e conhecimento da tecnologia.
2. Contágio
Expansão rápida devido à absorção do conhecimento da tecnologia, mas de forma não
controlada pela administração.
3. Controle
Início de amadurecimento na utilização da informática, com a percepção de um controle
por parte da administração. Planejamento presente na gestão de recursos de informática.
4. Integração
Os sistemas concebidos de forma isolada começam a ser integrados, e certa padronização
ocorre para permitir que a integração seja possível.
5. Adm. de Dados
Devido ao amadurecimento na utilização dos sistemas, a preocupação está voltada ao
“dado”, que é considerado um recurso da empresa e é administrado como tal.
6. Maturidade
Informatização plena da organização de acordo suas necessidades, estando todos os
sistemas necessários a ela implementados.
Quadro 2: Estágios dos sistemas de informações de Nolan (1979). Fonte: Rosini e Palmisano (2003).
Alguns autores, em uma livre adaptação, permitiram-se alterar ou modificar esses
estágios, dentro das especificidades que o novo estudo exigia. Rezende e Abreu (2001)
incluíram um novo estágio posterior ao último, chamado “conhecimento”, em que a
organização possuiria um completo domínio dos dados e das informações, transformando toda
a informação em conhecimento.
Dessa forma, pelo fato de as pequenas empresas possuírem certas peculiaridades em
muitos aspectos de sua gestão, possuindo cenários mais restritos, inclusive na administração
de informática, optou-se sintetizar ao máximo os elementos comparativos a serem aplicados
neste estudo, com a finalidade de se direcionar à realidade pesquisada.
Assim, para melhor visualização do processo de informatização da microempresa,
optou-se pela generalização dos seis estágios de Nolan (1979), em quatro principais e um
complementar (Quadro 3).
O estágio de Integração foi incorporado ao estágio de Controle, pelo fato de finalizar
as mudanças implementadas, e o estágio de Administração de Dados agrupado ao estágio de
Maturidade, devido às características de esse estágio estarem visíveis no subseqüente. Foi
acrescentado um estágio zero denominado Abstenção como o primeiro, a fim de abranger as
empresas ainda não informatizadas, não menos importantes no escopo deste estudo e que
fazem parte do universo abordado.
39
Estágio Descrição
0. Abstenção
Organização sem computadores ou com computadores sem utilização;
Nenhum processo administrativo é informatizado.
1. Iniciação
Introdução dos computadores na organização;
Inicio do processo de aprendizado da tecnologia;
Crescimento lento;
Foco está voltado para a assimilação e conhecimento da tecnologia.
2. Contágio
Assimilação existente da nova tecnologia;
Processo de expansão rápido, de forma não controlada.
3. Controle
Certo amadurecimento na utilização de sistemas de informação;
Inicia-se o processo de controle;
Os sistemas concebidos de forma isolada começam a ser integrados;
Existência de padronização para permitir essa integração.
4. Maturidade
A organização está informatizada de acordo suas necessidades;
Implantação de todos os sistemas necessários ao seu bom desempenho.
Quadro 3: Adaptação do autor dos estágios de Nolan (1979) aplicados a pequenas empresas.
Analisando os principais estágios (iniciação, contágio e controle) relacionados com a
pequena empresa, é visível a identificação de sistemas de informação específicos enquadrados
nos mesmos.
O processo inicial de informatização de qualquer organização é baseado
fundamentalmente no desenvolvimento e na implantação de Sistemas de Informação
Transacionais, também chamados por Laudon e Laudon (1999) de Sistemas de Processamento
de Transações (SPT). No modelo proposto por Nolan (1979), os Sistemas de Informação
Transacionais se enquadram nos estágios de Iniciação e Contágio. São sistemas operacionais,
não integrados, que atendem em geral à área administrativo-financeira, controlando, na
maioria das vezes, o fluxo de informações financeiras (ROSINI; PALMISANO, 2003).
Percebe-se nos exemplos desses sistemas – sistemas de folha de pagamento, contabilidade,
controle de estoques, contas a pagar e a receber e faturamento – os principais processos
elaborados pelo varejo.
Embora esses sistemas só controlem o fluxo de informações operacionais, eles
também disponibilizam informações para a tomada de decisão. Um exemplo disso pode ser
um sistema de controle de estoques que forneça informações sobre a movimentação do
estoque para o departamento de compras. Esse departamento poderá, por meio dessas
informações, tomar decisões sobre quais produtos deverão ser comprados e em que
quantidade.
40
Na evolução natural da informatização, percebe-se o desenvolvimento de sistemas que
forneçam informações integradas e sumarizadas, provenientes de diversos sistemas
transacionais. Essas informações têm capacidade de prover material para análise,
planejamento e suporte à decisão e possibilitam aos gerentes de médio escalão visualizar o
desempenho de seu departamento e mesmo da organização como um todo. Esses sistemas,
que suprem com informações a média gerência são geralmente chamados de SIG – Sistemas
de Informação Gerencial (ROSINI; PALMISANO, 2003).
O surgimento desses sistemas acontece no estágio de Controle, em que o usuário é a
força propulsora e exige informações em maior quantidade, menor tempo e com melhor nível
de integração. Um bom exemplo de SIG pode ser encontrado em um sistema que analisa as
receitas e as despesas de uma organização e possibilita que gerentes as relacionem e
comparem com o que foi planejado no orçamento.
2.3 ESTRATÉGIA: TERMINOLOGIA
Com origem há mais de dois mil anos, etimologicamente o termo “estratégia” provém
do grego strategos, que significa “a arte do general” (MINTZBERG et al., 2000). Russ (1994)
argüi a origem da palavra estratégia através de um outro termo, strategía, também originário
do grego, que significa “a arte do estrategista”. No entanto, ambos os vocábulos se referem à
atividade militar stratego por seu significado explícito; e strategia por referir-se à arte da
ciência militar dedicada à condução de guerras e de suas manobras militares.
A incorporação do termo à terminologia dos negócios deu-se a partir da década de
1960 (TOSCHI, 2003), de forma que ele começou a ser utilizado pelas organizações pelo
modo com que essas empresas se comportavam e agiam frente ao seu ambiente (PEREIRA,
M. F., 2002).
No contexto, serão expostas as concepções de vários autores (Quadro 4) com relação
ao termo estratégia, com a finalidade de identificar uma linha de condução nas definições.
Clausewitz (1994), em uma concepção inicial, reflete sob qual contexto (arte ou
ciência) a estratégia pode ser rotulada. Na essencialidade da compreensão da diferença entre o
“saber” (ciência) e o “fazer” (arte), qualifica-a igualmente “como uma arte”.
Senge (apud Tavares, 2000) refletindo entre o passado e o presente, sustenta que o
sentido da estratégia empresarial, de forma ampla, não tem mudado de maneira significativa
41
ao longo do tempo. As armas mudam e tornam-se mais sofisticadas, as táticas idem, mas seu
sentido não.
Autores Definições
Chandler (1962)
Determinação dos objetivos básicos de longo prazo de uma empresa, adoção
das linhas de ação e alocação de recursos necessários para alcançar esses
objetivos.
Ansoff (1977) Regras de decisão adicionais para o crescimento da empresa.
Miles e Snow (1978)
Meios pelos quais se estabelecem objetivos e como estes são perseguidos por
meio de um alinhamento dos recursos da organização com as oportunidades e
ameaças externas.
Porter (1986)
Combinação dos fins (metas) que a empresa busca e dos meios (políticas) que
utiliza para chegar ao seu objetivo.
Hax (1990)
Suprir um senso de unidade, direção e propósito, assim como a simplificação
das mudanças necessárias induzidas pelo ambiente de uma organização.
Clausewitz (1994) Classifica como uma arte, ou mais objetivamente como ação.
Hamel e Prahalad (1994)
Ações iniciadas pela organização no presente, que poderão levá-la a uma
situação mais cômoda no futuro.
Andrews (1994)
Padrão de decisões em uma organização, que determina e revela seus
propósitos ou metas, gerando a principal política de objetivos da organização.
Stoner e Freeman (1999)
Um programa amplo para definir e alcançar as metas de uma organização ao
seu ambiente através do tempo.
Mintzberg (2000)
Plano para o futuro (curso de ação pretendido) e padrão do passado
(consistência ao longo do tempo).
Mintzberg e Quinn (2001)
Padrão ou plano que integra as principais metas, políticas e ações de uma
organização em um todo coerente.
Whittington (2002)
Quatro abordagens: clássica (clássica (baseada nos métodos de planejamento
racional); evolucionária (metáfora fatalista da evolução biológica);
processualista (processos falíveis das organizações e mercados); e sistêmica
(fins e os meios da estratégia interligados a culturas e poderes).
Quadro 4: Concepções de “estratégia” segundo vários autores.
Os fundamentos do gerenciamento estratégico estão descritos na obra pioneira
“Estratégia Empresarial”, de Igor Ansoff (1977). O autor comenta sobre a dificuldade de uma
definição direta do termo, resumindo-o como regras de decisão adicionais para o crescimento
da empresa, ilustrando a complexidade do tema com um aforismo de autor desconhecido:
“Estratégia é quando você está sem munição, mas continua atirando para que seu inimigo não
saiba”. Complementando, Ansoff e McDonnel (1993) delinearam essas regras em quatro
principais: padrões pelos quais o desempenho presente e futuro da empresa são medidos;
42
regras para o desenvolvimento da relação da empresa com seu ambiente externo; regras para o
estabelecimento das relações e dos processos internos na organização (conceito
organizacional); e regras pelas quais a empresa conduzirá suas atividade do dia-a-dia,
chamadas de políticas operacionais.
No mesmo contexto, segundo Hax (1994), a dificuldade de uma definição clássica é
explicada pelo fato de que, se alguns elementos da estratégia possuírem uma validade e
aplicabilidade universal, outros são estreitamente direcionados à natureza, constituição,
estrutura e cultura da organização. O autor considera que a estratégia proporciona um senso
de unidade, direção e propósito, assim como a simplificação das mudanças necessárias
induzidas pelo ambiente de uma organização. Tal é a complexidade, que ele aponta seis
abordagens específicas: como um padrão unificado e integrado de decisões; como um meio
para se atingirem objetivos a longo prazo; como uma definição de domínio competitivo da
organização; como uma resposta à oportunidades; como um sistema lógico; como uma
contribuição da organização à seus stakeholders (grupos ou indivíduos direta ou indiretamente
afetados pela busca de uma organização por seus objetivos). Dessa forma, conclui que o
conceito de estratégia, por si, engloba o propósito geral de uma organização, logo não é
surpresa que defini-la apropriadamente signifique examinar as muitas facetas que formam o
todo. Ao combiná-las, chegamos a uma definição mais compreensível de estratégia.
Quando Hoffmann (2002) afirma que a estratégia da empresa continua sendo
visualizada como o elo entre a empresa e seu ambiente, coincide seu ponto de vista com Hax
(1994), que vê a estratégia como uma estrutura fundamental pela qual uma organização pode
conseguir sua continuidade vital, simultaneamente gerenciando de forma proposital sua
adaptação ao ambiente em mudança, a fim de obter vantagem competitiva.
Hamel e Prahalad (1994) e Gaj (apud PEREIRA, F. H., 2000) integram uma visão
comum ao afirmarem que estratégias são ações iniciadas pela organização no presente, que
poderão levá-la a uma situação mais cômoda no futuro. Nesse sentido, para Gaj (apud
PEREIRA, F. H., 2000), estratégia é uma postura direcionada a procedimentos que devem ser
iniciados no presente, para se obter resultados desejados no futuro. Hamel e Prahalad (1994),
concluem que a essência da estratégia está em desenvolver vantagens competitivas futuras
mais rapidamente do que seus concorrentes possam imitar. Dessa forma, a melhor vantagem
competitiva ocorre quando a empresa tem a capacidade de, não obstante melhorar suas
habilidades já existentes, aprender novas habilidades.
Para Mintzberg e outros (2000), a estratégia pode ser apresentada tanto como um
plano para o futuro como um padrão do passado. Como plano, a estratégia é definida como
43
um curso de ação pretendido, resultante de um processo formalizado; como padrão, representa
consistência em comportamento ao longo do tempo. Planos são estratégias pretendidas,
enquanto padrões são estratégias realizadas. Uma estratégia pretendida pode tanto ser
realizada como se pretendeu, ou não ser realizada. Por outro lado, estratégias realizadas
podem ter sido totalmente deliberadas, como podem ser emersas através do tempo. Essas
estratégias emergentes resultam em mudanças não planejadas, enquanto as deliberadas
sugerem alterações planejadas pela organização.
Mintzberg e Quinn (2001) referenciam estratégia como padrão ou plano que integra as
principais metas, políticas e ações de uma organização em um todo coerente. Assim, uma
estratégia bem-formulada ajuda a ordenar e alocar os recursos de uma organização para uma
postura singular e viável, com base em suas competências e deficiências internas relativas,
mudanças antecipadas no ambiente e providências contingentes realizadas por oponentes
inteligentes. Nesse mesmo foco, Andrews (1994) a define como padrão de decisões em uma
organização, que determina e revela seus propósitos ou metas, gerando a principal política de
objetivos da organização.
Whittington (2002), ciente da complexidade da definição do termo, não apresenta
apenas um ponto de vista sobre ele, mas trata estratégia em quatro abordagens genéricas:
abordagem clássica (a mais antiga e mais influente, baseada nos métodos de planejamento
racional); abordagem evolucionária (apóia-se na metáfora fatalista da evolução biológica);
abordagem processualista (ênfase na natureza imperfeita da vida humana, aplicando a
estratégia aos processos falíveis das organizações e mercados); e abordagem sistêmica
(considera os fins e os meios da estratégia, interligados a culturas e poderes dos sistemas
sociais dos locais onde se desenvolve)
Divisões como essas são necessárias para a compreensão de um todo, recorrendo a
elas muitos autores. Mintzberg, mais prolífero, no desenvolvimento dos estudos, com a
finalidade de estruturar o campo da administração estratégica, identificou mais de dez escolas
de pensamento (GIMENEZ et al., 1998).
Extenuando a exploração das definições, verificam-se na literatura especializada
visões similares de Miles e Snow (1978), Andrews (1994) e Bourgeois (1980), que definem
estratégia como os meios pelos quais se estabelecem objetivos e como são perseguidos
mediante um alinhamento dos recursos da organização, com as oportunidades e ameaças
externas. Rebelo e Erdmann (2003), tecendo um paralelo entre autores clássicos e seus
conceitos para estratégia, confirmam, segundo a visão de Chandler (1962 apud REBELO;
ERDMANN, 2003), que estratégia é a determinação dos objetivos básicos de longo prazo de
44
uma empresa e a adoção das linhas de ação e alocação de recursos necessários para alcançar
esses objetivos (CHANDLER, 1962 apud REBELO; ERDMANN, 2003). Mais simplistas,
Stoner e Freeman (1999) a conceituam como um programa amplo para definir e alcançar as
metas de uma organização ao seu ambiente através do tempo.
Na concepção de Porter (1986), há uma estratégia, quando se cria uma posição única e
diferenciada para a empresa. Buscar e definir uma posição exclusiva, que envolva uma forma
peculiar de trabalho, de desenvolvimento de atividades, de fornecimento de um tipo particular
de valor, é o grande desafio das empresas. A estratégia precisa ser baseada em atividades e
não em competências e deve apoiar-se em algo específico que as empresas fazem e estejam
relacionadas com a vantagem competitiva
A estratégia, chamada de "competitiva" por Porter (1986), é uma combinação dos fins
(metas) que a empresa busca e dos meios (políticas) que utiliza para chegar lá. A sua
formulação envolve fatores internos (pontos fortes e fracos e os valores pessoais da
Administração) e fatores externos (ameaças e oportunidades e expectativas da sociedade).
Os estudos pioneiros de Porter (1986), apesar de brilhantes, são criticados por sua
aparente inflexibilidade e estreitamento da visão organizacional. O seu conjunto de técnicas
analíticas para desenvolver estratégias por si só não se sustentam, em razão do fato de a
análise não produzir síntese e de não haver uma teoria de criação de estratégias. Porter vê a
estratégia como sendo necessariamente dedutiva e deliberada, como se aprendizado
estratégico e estratégia emergente não existissem. Já Mintzberg e outros (2000), promovem a
formulação de estratégias como um processo mais rico, confuso e dinâmico do que o
divulgado por Porter, sendo, sobretudo, um processo de aprendizado, tanto individual como
coletivo (TEIVE, 2003).
Apesar de a cultura organizacional atual projetar um “estilo acadêmico de
estrategista”, é coerente comentar a importância da capacidade nata do administrador em
trabalhar com a estratégia. Ohmae (1994) descreve que o pensamento próprio e um
discernimento acurado produzem um grande impacto positivo, mesmo quando exercidos em
condições adversas.
45
2.3.1 Estratégias genéricas
Várias estratégias genéricas foram desenvolvidas, como os modelos de Porter (1986),
Ansoff (1977), Miles e Snow (1978), Mintzberg (1973) entre outros. Entre elas, uma das mais
difundidas é o modelo de Porter (SILVA, J. J. P., 2001), que apesar de não ser aplicado neste
estudo, será descrito para fins de contextualização.
Segundo Porter (1986), existem três estratégias genéricas que permitem que a empresa
enfrente as forças competitivas do ambiente geral. Essas forças competitivas são
representadas pela rivalidade entre as organizações de uma mesma indústria, pelas barreiras e
ameaças de novos entrantes na indústria, pelo poder de negociação dos clientes, pelo poder de
negociação dos fornecedores e por ameaças por produtos substitutos. Dessa forma, argumenta
que as organizações lançam mão de três estratégias, chamadas genéricas, para causar um
enfrentamento às ameaças do ambiente geral e, eventualmente, aproveitar as oportunidades
apresentadas pelo mesmo ambiente. São elas: liderança pelo custo; diferenciação; e enfoque.
Detalhando-as, a liderança pelo custo consiste na adoção de um conjunto de políticas
funcionais orientadas para o objetivo básico de custo baixo em relação aos concorrentes; a
diferenciação consiste em diferenciar o produto ou o serviço oferecido, criando algo que seja
único perante seu mercado; e o enfoque centraliza um determinado grupo comprador, um
segmento ou um mercado geográfico (TOSCHI, 2003).
Esse trabalho utilizará duas classificações genéricas distintas, que terão sua
complementaridade definida a partir dos resultados do estudo, permitindo conhecer como os
gestores de pequenas empresas percebem a informatização em um processo estratégico de
crescimento.
A primeira aborda as formas como as organizações tomam decisões importantes e, a
partir delas, tecem suas táticas; é o princípio básico para a elaboração das estratégias
(MINTZBERG, 1973). Há muito se tem estudado a importância de se examinarem as
características pessoais do estrategista em busca dos motivos que o levam determinadas
escolhas estratégicas em diferentes contextos ambientais. Assim, algumas conjecturas
surgiram, delineando o processo de elaboração de estratégia como intimamente vinculado às
percepções que os administradores têm da movimentação da concorrência e das
transformações ambientais. Essas percepções são filtradas por meio de estruturas cognitivas
individuais, levando à construção de ambientes competitivos (PÉROLA; GIMENEZ, 2000).
46
É possível estudar uma sistemática desse processo de elaboração de estratégia por
meio de modos (ou métodos) prévios, já que grande parte da literatura sobre o comportamento
e elaboração de estratégias é caracterizada pela busca de classificações de estratégias
genéricas.
A segunda classificação de estratégias genéricas é a de Miles e Snow (1978). Essa
tipologia tem chamado a atenção de alguns pesquisadores em comportamento e elaborações
de estratégica, pelo fato de evidenciar uma melhor abrangência e apresentar melhores
qualidades conceituais aplicadas a um grupo de empresas.
É importante salientar sobre as duas tipologias abordadas, que Miles e Snow (1978)
optaram por basear-se na postura de resposta às condições de mudança do ambiente, partindo
da observação que as opções estratégicas obedecem a uma perspectiva de comportamento
organizacional que é ordenada parcialmente, de acordo com as alternativas (a área de atuação,
pesquisa de produtos, comunicações, etc.) de investimentos a serem eleitas pelos gestores. Já
Mintzberg estruturou sua tipologia a partir de críticas e ampliação às de Porter (liderança em
custo, diferenciação, enfoque baseado em custo, enfoque baseado em diferenciação) e
centrada no valor atribuído pelos compradores às características dos produtos (SILVA;
BRANDT; COSTA, 2003).
2.3.1.1 Tipologia de Mintzberg: estratégias organizacionais e seus modos
Mintzberg (1973), a partir da observação do comportamento de altos executivos
canadenses (BARBOSA, 1997), elaborou seus estudos iniciais sobre os papéis gerenciais, no
qual mantinha uma divisão composta de três modelos principais: empreendedor, adaptativo, e
planejamento.
Posteriormente, Mintzberg e Waters (1985) articularam como as estratégias se
formam nas organizações, pesquisando o processo de formação estratégica baseada na
definição de estratégia como um padrão numa corrente de decisões. Isolaram correntes de
pensamento, identificando estratégias como padrões dessas correntes, a saber: estratégia
planejada (intenções e planos da liderança na organização); estratégia realizada (enfoque no
que as organizações têm realizado); e estratégia deliberada (ambas estratégias, planejada e
realizada).
47
Os autores concluíram que a formação da estratégia caminha em duas vertentes, uma
deliberada e outra emergente. Juntas, elas formam os pólos de uma contínua, ao longo da qual
recaem todas as estratégias do mundo real, iniciando por aquelas mais próximas ao pólo
deliberado e terminando com aquelas que refletem as características da estratégia emergente,
a saber: estratégia planejada (formulada pelos líderes); estratégia empresarial (o indivíduo em
controle pessoal de uma organização é capaz de impor sua visão de direção sobre ela,
reagindo rapidamente ao retorno de ações futuras, ou a novas oportunidades ou ameaças no
ambiente, reformulando sua visão); estratégia ideológica (a visão pode ser coletiva, assim
como individual, compartilhando uma visão e se identificando fortemente com ela); estratégia
do guarda-chuva (os líderes que têm controle apenas parcial sobre outros agentes numa
organização, determinando guias de comportamento, definindo limites, deixando depois
outros agentes evoluírem nelas); estratégia de processo (similar à estratégia do guarda-chuva,
especificamente, controlando o processo de formação da estratégia enquanto deixa o conteúdo
da estratégia para outros agentes); estratégia desconexa (uma parte da organização – uma
subunidade – por ser apenas fracamente conectada com o resto, é capaz de executar seus
próprios padrões em sua corrente de ações); estratégia de consenso (muitos agentes diferentes
naturalmente convergem para o mesmo tema, ou padrão, de forma que ele se torna difundido
na organização, sem a necessidade de qualquer direção ou controle); e estratégia imposta
(obrigatoriedade, quando o ambiente pode diretamente forçar a organização a um padrão em
sua corrente de ações, apesar da presença de controles centrais).
Optou-se neste trabalho, como primeira classificação, pela tipologia inicial utilizada
por Mintzberg (1973) composta de três modos principais: empreendedor, adaptativo, e
planejamento:
a) modo Empreendedor é aquele que é normalmente utilizado a partir da criação da
organização (e pode ser encontrado igualmente no decorrer de toda sua existência).
Segundo o autor, este modo pode ser percebido em função de algumas características
predominantes, entre as quais se podem citar quatro específicas: a busca por novas
oportunidades, quando a organização é centrada nas conveniências, deixando-se a
resolução dos problemas em um plano secundário; o poder é centralizado, uma
característica nata do empresário fundador que rege por decreto com extrema
autoconfiança no seu poder pessoal; decisões grandes e audazes, em que o empresário
busca e prospera em condições de incerteza, com ações corajosas, contrariando todas
as expectativas, conseguindo com isso ganhos enormes; e crescimento como objetivo
48
principal da organização, que, pela sua necessidade de realização, transfere para a
empresa suas próprias metas, que intrinsecamente é a realização;
b) o modo Adaptativo é também designado como incremental (IDENBURG, 1993) ou
incrementalismo lógico (QUINN, 1978). Quinn (1978 apud HOFFMANN, 2002)
caracteriza-o como “ação dos administradores que procedem incrementalmente a fim
de lidar com eventos imprevistos, conforme sua ocorrência/procedência, tendo
sucessos, controlando ou evitando perdas e fracassos”;
c) o modo de Planejamento pode ser percebido por sua formalidade na realização
sistemática de metas precisas. O responsável por esse processo é o analista, que
executa com técnicas científicas os planos estratégicos.
No modo Empreendedor, ao formarem novas organizações, os empreendedores podem
tomar duas decisões: a primeira é a de avaliar seus produtos ou serviços com relação aos
concorrentes; a segunda é avaliar a proximidade de localização de seus novos
estabelecimentos em relação aos competidores (BAUM; HAVEMAN, 1997). Terceiros não
tendem a influenciar a mudança de comportamento e inclinações dos líderes. A comunicação
interna nas organizações empreendedoras normalmente flui diretamente entre o principal
executivo e os demais, que as dirigem num processo altamente intuitivo, buscando, de forma
agressiva, novas oportunidades de mercado (MINTZBERG; QUINN, 2001).
Mintzberg (1973) relaciona várias características sobre esse modo, possibilitando uma
rápida associação ao perfil do administrador. O modo empreendedor pede que o comando de
elaboração de estratégia esteja com um único indivíduo de poder. O ambiente deverá ser
produtivo, a organização orientada ao crescimento, a estratégia deverá estar apta a ser
alternada ao capricho do empresário. Visivelmente, essas são típicas condições de
organizações pequenas e/ou jovens. Os custos de investimento são baixos e pouco tem a
perder ao agirem audaciosamente. Mas esse comportamento pode também ser característico
de uma organização com problemas, que pouco tem a perder por agir ousadamente, como
último alento.
Esse comportamento é característico de organizações comerciais (usualmente com o
proprietário como executivo chefe), em uma corporação governamental ou institucional
(comum líder influente). O modelo empresarial é freqüentemente encontrado com lideranças
carismáticas.
Greatti e Senhorini (2000) desmistificaram alguns conceitos do “espírito”
empreendedor para embasarem fatos concretos das “atitudes” visíveis nos comportamentos
típicos de pessoas empreendedoras, tais como: a busca de oportunidades e iniciativa;
49
persistência; correr riscos calculados; exigência de qualidade e eficiência; comprometimento;
busca de informações; estabelecimento de metas; planejamento e monitoramento sistemáticos;
independência e autoconfiança; persuasão e rede de contatos
O modo Adaptativo, segundo Mintzberg (1973), foi popularizado a partir da
publicação de duas obras. Na primeira delas, “A Estratégia da Decisão” de Charles Lindblom
e David Braybrooke, os autores tratam sobre a administração no setor público. Lindblom
inicialmente chamou sua abordagem de “a ciência de alcançar objetivos a qualquer custo” e
mais tarde de “incrementalismo desconjunto”, mas o termo “adaptativo” foi preferido devido
sua simplicidade. Conforme descrito pelo autor, o modo Adaptativo aceita como certo um
status quo poderoso e a falta de objetivos claros. Suas decisões são praticamente
remediadoras, por natureza, efetuadas em pequenos passos, nunca indo mais longe do status
quo dado.
A outra publicação citada é “Uma Teoria Comportamental da Organização” de
Richard Cyert e James March, uma condensação de estudos empíricos de tomada de decisão.
Apesar de os autores atuarem no ambiente corporativo, a atuação do estrategista é muito
semelhante à apontado por Lindblom. Para atuar no mundo complexo, ele deve encontrar
meios de enfrentá-lo. Dessa forma, o estrategista conscientemente tenta evitar incertezas,
solucionando problemas urgentes em vez de desenvolver estratégias para o longo prazo, e por
outras vezes, negociando com o ambiente (cartéis). Nesse “modo”, ele deve tomar suas
decisões de forma a reduzir os conflitos.
Mintzberg (1973) também relaciona quatro características principais sobre este
modelo. A primeira delas refere-se a que elaboração de estratégia reflete uma divisão de poder
entre os membros de uma coalizão complexa. Uniões, gerentes, proprietários, lobistas,
agências do governo, cada qual com suas necessidades próprias, buscam influenciar nas
decisões. Nesse caso, inexiste uma força central de poder, nenhuma meta. As metas desse tipo
de organização são caracterizadas pela troca entre esses grupos, com cada um ganhando e
perdendo alguma coisa.
A segunda característica do modo Adaptativo é adoção da solução reativa para
problemas existentes, em vez de busca pró-ativa por novas oportunidades. Isso ocorre devido
à organização adaptativa trabalhar em um ambiente hostil, repleto de problemas. Dessa forma
possui pouco tempo para abordar novas oportunidades, além de não possuir metas objetivas
que possibilitariam uma abordagem pró-ativa.
Outra característica são as decisões tomadas passo a passo. Isso se deve ao fato de a
organização sempre aguardar um retorno de suas ações, para então prosseguir. É um elemento
50
esperado, visto que raramente toma grandes decisões, tendo como foco situações familiares e
convenientes.
A última característica apontada por Mintzberg (1973), refere-se às decisões
desconjuntas. Nesse modelo, as decisões não são inter-relacionadas. Pelo fato de o
administrador ter que interagir com situações diversas, na maioria das vezes, é impossível
conciliar as decisões, dessa forma, é mais fácil resolvê-las de forma independente, dando
pouca atenção à coordenação dos fatos.
Caracterizando de maneira prática, o autor comenta que esse modo é percebido nas
organizações que enfrentam um ambiente complexo, em constante mudança, e em uma
coalizão dividida de forças influentes. Dificilmente as metas estão de acordo. Enquadram
grandes organizações e grupos controladores que se mantêm uns aos outros em confronto. É
característico nas universidades, grandes hospitais, grandes corporações e governos.
Com relação ao modo Planejamento, Hoffmann (2002) expõe que o planejamento
racional deve ser compreendido como equivalente ao planejamento estratégico, apesar de a
nomenclatura “planejamento racional” ser utilizada por vários autores, entre os quais
Idenburg (1993). Mintzberg (1973) emprega o termo “modo Planejamento”, o qual será
utilizado neste trabalho.
Para uma melhor compreensão do modo Planejamento, Mintzberg (1973) delineia três
características capitais referentes ao modelo: o analista exerce um importante papel na
elaboração da estratégia, trabalhando com o gerente, assumindo grande responsabilidade pelo
processo de elaboração da estratégia; o foco na analise sistemática principalmente na taxação
de custos e benefícios, resultando em um planejamento formal, de processo sempre metódico
e estruturado; integração das decisões e estratégias, visto que a principal complexidade no
planejamento provém da inter-relação (um componente-chave no planejamento) entre as
decisões, e que uma organização planeja acreditando que as decisões tomadas em conjunto,
num processo sistemático, conflitarão menos umas com as outras, e tenderão a se
complementarem, do que se fossem tomadas independentemente.
Hoffmann (1998) argumenta que Henry Mintzberg foi um dos primeiros a criticar o
planejamento como forma de elaboração de estratégia, censurando a ênfase dada ao termo
como uma solução para todos os problemas.
A partir de então, Mintzberg (1993) incorporou um quarto modo aos seus estudos,
também chamado de estratégia emergente, descrevendo o método como as estratégias
emergem da organização, em que os administradores se situam entre capacidades pretéritas da
organização e o futuro. Dessa forma ocorre o processo de elaboração de estratégias, mais pelo
51
uso das capacidades passadas do que por comportamentos almejados (MINTZBERG, 1993
apud HOFFMANN, 1998). Logo, “as estratégias surgem no contexto presente, a partir das
experiências passadas” (HOFFMANN, 1998). O autor contextualiza que a estratégia
emergente surge sem precisamente ter sido elaborada por um processo. Com isso, para os fins
de estudo propostos neste trabalho, a estratégia emergente foi agregada ao modo de
Planejamento.
Enquadram-se no modo de Planejamento organizações grandes o suficiente para
darem conta dos custos da análise formal. Devem possuir metas operacionais, afrontando o
ambiente previsível e estável. O planejamento formal normalmente será encontrado em
empresas comerciais de médio porte (que não enfrentem competição rígida e imprevisível) e
em agências de governo que tenham mandatos claros e apolíticos (MINTZBERG, 1973).
As principais características da organização em si (tamanho e natureza de sua
liderança) e as características de seu ambiente (competição e estabilidade) criam condições
específicas para a organização utilizar modelos de elaboração de estratégias específicos
(MINTZBERG, 1973).
O autor percebe que, visivelmente, poucas organizações podem encaixar-se em um
único modelo. Provavelmente uma organização encontrará, em alguma combinação dos três
modos apresentados, uma que reflita suas próprias necessidades. Tipicamente as organizações
misturam esses três modelos em quatro combinações diferentes, exemplificadas a seguir:
misturando os modos puros, como exemplos empresários adaptativos que procuram manter o
poder para si, ou no modo Planejamento onde a organização dá passos audaciosos para um
plano sistemático de crescimento, ao mesmo tempo em que (modo Adaptativo) alcança uma
meta específica por meio de um caminho flexível; misturando modos por função, encontrados
em organizações com diferentes modelos em diferentes áreas funcionais; misturando modos
entre origem e subunidade, quando a principal usa um modelo em particular, podendo impor
limitações a sua subunidade, podendo esta seguir o caminho da original, dessa forma o modo
Adaptativo é sempre aceitável para a subunidade, não importando qual seja o modelo da
principal; e misturando modos por estágios de desenvolvimento, caracterizando-se os vários
estágios (ciclo de vida) pelo tipo de modelo de elaboração de estratégia utilizado.
Essa hibridez normalmente é detectada nos trabalhos de campo de pesquisas
empíricas, como evidenciado por Hoffmann (2000).
52
2.3.1.2 Tipologia de Miles e Snow: comportamentos estratégicos e seus modelos
A classificação de tipos estratégicos elaborada por Miles e Snow está fundamentada
no paradigma de escolha estratégica. Recebeu influências dos conceitos de construção do
ambiente e racionalidade restringida, que diz que a característica da cognição humana leva os
indivíduos a adotarem mecanismos simplificadores, para tratarem de problemas complexos
(PÉROLA; GIMENEZ, 2000).
Essa classificação possibilita o enquadramento das empresas estudadas em uma das
quatro categorias teóricas, possibilitando avaliar seus comportamentos com base nas
classificações padrões em que se enquadrem.
As quatro classificações (estratégias genéricas) propostas pelos autores são definidas
como defensivas, prospectoras, analíticas e reativas. Essas classificações podem ser aplicadas
a organizações de qualquer tamanho, possuindo especial acuidade para a análise do
comportamento estratégico de pequenas empresas (DAVIG, 1986 apud GIMENEZ et al.,
1998).
O modelo de Miles e Snow prevê que as empresas desenvolvem padrões de
comportamento estratégicos relativamente estáveis, quando buscam um bom alinhamento
com as condições ambientais percebidas pela administração.
A efetividade da adaptação organizacional depende das percepções de coalizões
dominantes sobre condições ambientais e das decisões tomadas no que diz respeito a como a
organização lidará com essas condições (MILES; SNOW, 1978). Portanto a relação entre o
ambiente e os quatro tipos de comportamento estratégico é o conceito central deste modelo.
Uma breve descrição de cada comportamento estratégico, conforme Miles e Snow
(1978) estruturam, possibilitará uma correta compreensão do porquê de sua escolha na
aplicação proposta neste trabalho:
a) o comportamento Defensivo está relacionado com a organização que possui um
domínio limitado com relação ao mercado. A especialidade é o padrão dominante
entre seus executivos, que com isso tornam-se extremamente limitados a apenas suas
áreas de operações, evitando com isso a busca de novos domínios. O resultado desse
processo é que essas organizações raramente fazem ajustes significativos em sua
estrutura, operacionalidade e tecnologia. Dessa forma, estão alertas apenas à melhoria
das operações em curso;
53
b) o comportamento Prospector é caracterizado por uma elevada busca de mercados e
inovação de produtos e processos. É percebido em organizações inovadoras, que
freqüentemente modificam e criam mudanças e incertezas, às quais a concorrência tem
que se adaptar e responder. Logo, devido a sua forte propensão à inovação, nem
sempre se tornam eficientes;
c) o terceiro comportamento, o Analítico, de certa forma pode ser considerado um
híbrido das estratégias (comportamentos) prospectora e defensiva, pois possui uma
área de negócios central mais estável, e um componente de negócios mais dinâmico,
tratado de uma forma prospectora. Na verdade esse comportamento reproduz as
estratégias adotadas pelos concorrentes, efetivando as que lhes parecem mais eficazes;
d) o comportamento Reativo é típico de organizações que parecem não apresentar
nenhuma relação coerente entre estratégia e estrutura, possuindo uma ‘não-estratégia’
de reações impulsivas a eventos do ambiente. As alterações ambientais são percebidas,
mas existe uma incapacidade em se responder imediatamente, realizando raramente
algum tipo de ajuste.
Uma análise oportuna é apresentada por Gimenez e outros (1998), descrevendo
algumas correlações entre as estratégias. Entre as quatro categorias, as duas que mais
contrastam entre si são as estratégias prospectora e a defensiva. Em um processo de
construção ambiental, empresas defensivas irão buscar nichos de mercados em que possam
encontrar estabilidade. Organizações prospectoras, por sua vez, entrarão em instabilidade
mediante sua constante criação de inovações. Como resultado, analogamente, no foco deste
trabalho, pequenas empresas defensivas encontrarão menores dificuldades no processo de
informatização de suas atividades em oposição às prospectoras.
Hambrick (1983b) desvendou, conforme antevisto pelo modelo de Miles e Snow,
empresas prospectoras que tenderam a progredir em ambientes dinâmicos e inovadores, pelo
aproveitamento das oportunidades de crescimento, ao passo que empresas defensivas
predominaram em indústrias menos inovadoras, mais estáveis e maduras.
Pozzebon; Freitas e Petrini (1998) concordam que a identificação de um
comportamento proativo (prospector) tem como objetivo identificar diferenças entre as
pessoas à medida que algumas delas têm iniciativas e agem de forma a influenciar seu
ambiente e outras não, mas questionam que, se existe um comportamento proativo, existirá
então um comportamento não-proativo.
Gimenez e outros (1998) afirmam que três dos quatro tipos de estratégia descritos são
considerados formas estáveis de organização: defensivas, prospectoras, e analíticas, devendo a
54
organização prioritariamente evitar a postura reativa. Dessa forma, poderemos perceber se
essas posturas comportamentais teriam pesos similares, influenciando no processo de
informatização da empresa.
Uma vez contextualizadas as principais tipologias estratégicas envolvidas, pela
aplicação do modelo de Miles e Snow (1978), que sinaliza a percepção das estratégias
adotadas por pequenas empresas relacionadas com seu atual estágio de informatização, e
pelos modos de elaboração de estratégias, descritos por Mintzberg (1973), que possibilitam
verificar a postura da empresa na elaboração de suas estratégias, tem-se elementos-chaves
para a geração de matrizes de correlação, cuja finalidade é a verificação do grau de
combinação entre as tipologias citadas e sua incidência nos respectivos níveis de
informatização (Quadro 3) em que as empresas se encontram, possibilitando a geração de
perfis estratégicos específicos.
2.3.1.3 Estudos aplicados
Os estudos sobre estratégias passam ao largo da informatização. A maioria dos
trabalhos constantes nessa área e que articulem esse tema são voltados às grandes empresas.
Como exemplo, Laurindo e outros (2001), no artigo “O papel da tecnologia da informação
(TI) na estratégia das organizações”, discorre sobre as novas alternativas de estratégias
possibilitadas pela TI, como o e-business, recurso notadamente utilizado por empresas de
médio/grande porte. Já outros trabalhos que focam a informatização na pequena empresa,
fazem-no em um contexto de diagnóstico (PEREIRA, M. F. F., 2003; SILVA, V. L., 2002).
Dessa forma, pela constatação da grande produção acadêmica sobre estratégia
organizacional focando as duas tipologias aqui apresentadas, referenciam-se na seqüência
alguns trabalhos de pesquisa que as utilizaram no embasamento de suas propostas (Quadro 5).
Apesar de não abordarem o aspecto da informatização, interagiu-se no final de cada
exposição, simulando uma analogia relacionada à informatização.
Hoffmann (1997) em sua dissertação “O processo de elaboração de estratégias na
Irmãos Fischer S/A Indústria e Comércio”, estuda as turbulências e a capacidade das
empresas sobreviverem a elas. Em sua pesquisa, identificou que estratégias a empresa
estudada desenvolveu, a fim de reverter as turbulências, graças a um intensivo estudo sobre o
processo de elaboração de estratégia empregado ao longo de toda a existência da empresa.
55
Autor Objetivo da Pesquisa Base Teórica Relacionada Principais Resultados
Hoffmann
(1997)
Compreender como ocorre a
elaboração de estratégias
organizacionais em uma
empresa específica durante sua
existência.
Comportamento
Organizacional (Miles;
Snow, 1978); Formulação
de Estratégias (Mintzberg,
1973)
Confrontou a teoria estudada
com a realidade, comprovando,
entre outros aspectos, a
existência da coalizão
dominante.
Gimenez e
outros
(1998)
Identificar as estratégias
competitivas adotadas pelos
seus dirigentes.
Comportamento
Organizacional (Miles;
Snow, 1978),
Possibilidade da aplicação
desse modelo na investigação
das escolhas estratégicas
adotadas por pequenas
empresas em diversos ramos de
atividade; e comprovação da
menor eficácia da estratégia
reativa.
Gomes
(2000)
Apresentar reflexões sobre
percepção e estilo estratégicos.
Comportamento
Organizacional (Miles;
Snow, 1978),
Comprovou que a ocorrência
de mudanças depende tanto das
disposições pessoais quanto da
existência de instrumentos e
condições adequadas.
Rossetto e
Rossetto
(2001)
Descobrir como determinadas
organizações reagem aos
eventos críticos.
Comportamento
Organizacional (Miles;
Snow, 1978),
O entendimento de como a
coalizão dominante percebe o
campo organizacional e
responde a esse contexto
organizacional.
Vieira
(2002)
Elaborar dimensões para o
diagnóstico de uma gestão
estratégica voltada para
empresas de pequeno porte e o
processo de Formação de
Competências
Comportamento
Organizacional (Miles;
Snow, 1978), Formulação
de Estratégias (Mintzberg,
1973)
Identificou o papel central do
conhecimento organizacional
no do processo de formulação
de estratégias
Silva;
Brandt e
Costa
(2003)
Verificar que tipologia tem
melhor aderência aos dados
obtidos nas franquias de fast
food .
Comportamento
Organizacional (Miles;
Snow, 1978); Formulação
de Estratégias (Mintzberg,
1973; Estratégias Genéricas
(Porter, 1986)
Determinou a preferência por
estratégias que priorizam
custos (na análise baseada em
Porter e Mintzberg). A análise
com base em Miles; Snow
revelou também, uma
priorização de perfis
conservadores (defensores).
Forte;
Carvalho
e Moreira
(2003)
Avaliar as mudanças
estratégicas ocorridas nos
cursos de Administração nos
períodos das reformas
universitárias
Comportamento
Organizacional (Miles;
Snow, 1978),
Demonstrou que a estratégia
prospectora dominou nos três
cursos, porém seu
posicionamento foi
influenciado pelos gestores de
cada curso.
Quadro 5: Resumo sobre alguns trabalhos aplicados nas metodologias propostas.
Concluiu que ela utilizou dinamicamente processos de elaboração estratégicos
diferentes, em função de exigências externas e objetivos internos propostos. O trabalho
objetivou a compreensão de como ocorreu a elaboração dessas estratégias organizacionais,
56
obtendo como resultados uma visão confrontadora da teoria estudada, com a realidade. Na
identificação das estratégias empregadas longitudinalmente, nas diferentes fases, estaria a
empresa no mesmo estágio de informatização?
Gimenez e outros (1998), no artigo “Estratégia em pequenas empresas: uma aplicação
do modelo de Miles e Snow”, atuaram em pequenas empresas de Londrina, identificando
quais eram as estratégias competitivas adotadas por seus dirigentes por meio do modelo
proposto por Miles e Snow (1978). O estudo demonstrou a possibilidade da aplicação desse
modelo na investigação das escolhas estratégicas adotadas por pequenas empresas em
diversos ramos de atividade, comprovando que qualquer ambiente empresarial contém
organizações que competem de forma semelhante, permitindo seu agrupamento em quatro
tipos distintos de estratégia: defensiva, analítica, prospectora, e reativa, e da menor eficácia da
estratégia reativa, quando comparada com as demais. Haveria nesse caso, um estágio de
informatização predominante nas empresas reativas?
No artigo “Percepção e estilos estratégicos”, Gomes (2000) apresenta algumas
reflexões sobre percepção e estilo estratégico sob a ótica de Miles e Snow (1978). A idéia
central é comprovar que a ocorrência de mudanças depende tanto das disposições pessoais
quanto da existência de instrumentos e condições adequadas. Conclui positivamente a
suposição, reconhecendo que o conhecimento dos processos perceptivos típicos de cada
administrador é uma ferramenta que, se mais bem desenvolvida, pode revelar-se útil para o
aperfeiçoamento tanto dos empreendedores quanto de seus empreendimentos. Nesse trabalho,
a suposição seria se o elemento informatização também estaria relacionado com o gestor.
Gestores com reduzido nível de conhecimento computacional fadariam suas empresas a
estágios de informatização iniciais?
Em “O comportamento estratégico segundo a teoria de Miles e Snow: um estudo
multicaso em três empresas familiares na indústria da construção civil – setor de edificações”,
artigo de Rossetto e Rossetto (2001), é analisado um estudo multicaso, mediante definição dos
eventos críticos dessas três empresas, descobrindo como reagiam aos eventos críticos,
colaborando – pela aplicação da teoria do comportamento estratégico de Miles e Snow (1978)
de forma empírica – com a teoria já desenvolvida. Este trabalho diferenciou-se pelo fato de
utilizar a pesquisa contextualista, não procurando estudar esse processo como um composto
de episódios estanques, mas em seu contexto interno e externo, no processo de formulação
das estratégias em uma organização. Nesse caso, seria prudente uma verificação (e no que
isso implicaria, caso não) se as três empresas estavam no mesmo patamar com relação ao
estágio de informatização.
57
Vieira (2000) em sua tese “Dimensões para o diagnóstico de uma gestão estratégica
voltada para ambientes de empresas de pequeno porte”, articulou certos elementos
dominantes na gestão da categoria de empresas caracterizadas nesse trabalho. Estudou a
dinâmica da organização, sob o enfoque do comportamento organizacional e o processo de
formação de competências, relacionando esses enfoques com o processo de formulação de
estratégias. Com esse estudo, o autor apresentou dimensões para o diagnóstico de uma gestão
estratégica em pequenas empresas, possibilitando a detecção da ineficácia da gestão de
recursos imposta na empresa. Com isso, a elaboração de dimensões para o diagnóstico de uma
gestão eficiente e eficaz conduz a empresa à competitividade, contribuindo no modo de gerir
os negócios. A autora utilizou a tipologia de Miles e Snow (1978) para avaliar os dados do
comportamento organizacional das empresas pesquisadas, detectando problemas empresariais,
de engenharia e administrativos, e utilizou a tipologia de Mintzberg (1973) para análise da
maneira como as empresas formulavam suas estratégias. Nesse caso, novamente se poderia ter
um paralelo sobre se indiretamente a formação de competências detectadas guardariam algum
relacionamento com o estágio de informatização dessas empresas.
Silva; Brandt e Costa (2003), em seu artigo “Truelo de tipologias estratégicas na arena
das franquias de fast food no Brasil: Porter vs Miles & Snow vs Mintzberg”, testaram essas
tipologias nas referidas empresas, destacando o impacto da resolução do poder explanatório
versus parcimonialidade na capacidade descritiva das alternativas. Os autores selecionaram,
com base na literatura sobre estratégias, ambiente e desempenho, dez métodos competitivos e
três variáveis de desempenho (as citadas tipologias), a fim de analisar a base de dados
produzida pela pesquisa levantada por Cohen (1998). Constataram que as três tipologias
testadas mostram capacidades descritivas próprias, Porter demonstrando maior aderência às
franquias de fast food que operavam no Brasil na época. Nesse caso, a informação sobre o
estágio de informatização seria de pouca relevância.
Em “Estudo das mudanças estratégicas os cursos de administração das organizações
universitárias de Fortaleza”, Forte; Carvalho e Moreira (2003), objetivaram avaliar as
mudanças estratégicas ocorridas nos cursos de Administração das organizações universitárias
de Fortaleza, nos períodos das reformas universitárias, a fim de compreender qual o
posicionamento estratégico dos gestores desses cursos de Administração e como ocorreram
essas mudanças. Optaram pelo estudo de caso, utilizando a metodologia de análise estratégica
de Pettigrew. Com isso, houve a possibilidade de se efetuar uma análise dos cursos em estudo
no seu aspecto histórico e longitudinal, e contextualizá-los identificando o processo de
formulação de estratégias de Miles e Snow (1978). Como resultado, a análise comparativa
58
demonstrou que a estratégia prospectora dominou nos três cursos, porém seu posicionamento
estratégico ocorreu de forma diferente, influenciada pelos gestores de cada curso. Novamente
nesse estudo, por não estar focado em organizações, inexistiriam estágios de informatização,
não tendo sentido contextualizar com a proposta dos autores.
59
3 METODOLOGIA
Será exposto nesta seção um delineamento do trabalho voltado para os elementos
conceituais e práticos da metodologia – tipo, local de estudo, população e amostra,
instrumento e coleta de dados, tratamento dos dados – aplicada nesta pesquisa, com o objetivo
de avaliar o relacionamento do estágio de informatização da microempresa varejista com seus
processos de elaboração e comportamentos estratégicos.
Para fundamentar o proposto, foram trabalhados como bases conceituais o modelo do
comportamento estratégico desenvolvido por Miles e Snow (1978), os modelos de elaboração
estratégica organizacional expostos por Mintzberg (1973), e as classificações dos processos
de absorção da tecnologia de informação na empresa, baseados em Nolan (1979).
3.1 TIPO DE PESQUISA
Conforme Silva e Menezes (2000), este estudo pode ser classificado segundo sua
natureza como uma pesquisa aplicada, pois gerou conhecimentos que podem ser utilizados
como referencial em pesquisas futuras, possuindo, dessa forma, uma aplicação prática,
motivada pela necessidade de se agregarem novos elementos de pesquisa às tipologias
tradicionais, escopo deste estudo.
Com relação ao seu objetivo – avaliar a informatização da microempresa varejista do
município de Porto União à luz da estratégia organizacional – pode ser definida como uma
pesquisa descritiva, pois mostra características de uma determinada população ou de certo
fenômeno, podendo-se estabelecer correlações entre suas variáveis e definir a sua natureza
(VERGARA, 1998). Fica caracterizada como um estudo empírico descritivo, principalmente
pelo fato de buscar identificar situações, atitudes, eventos ou opiniões em determinada
população, com o propósito de descrever a distribuição de algum fenômeno nela, fazendo
comparações entre essas distribuições (PINSONNEAULT; KRAEMER, 1993 apud FREITAS
et al., 2000).
Apresentando este trabalho indicadores quantitativos, tornou-se necessária a utilização
de regras e instrumentos que produzissem, de um modo aceitável a medição dos constructos
60
em valores numéricos (ordinais ou intervalos), evidenciando uma abordagem quantitativa,
classificando a pesquisa como tal (BLACK, 1999).
Apesar de o design ex-post-facto – literalmente “após o fato” – estar explícito pela
constatação de um limitado controle sobre as possíveis variáveis independentes provindas de
eventos de vida ou experiências (BLACK, 1999), optou-se por utilizar as diretivas da pesquisa
survey, que por obter dados ou informações sobre características, ações ou opiniões de um
determinado grupo, indicado como representante de uma população alvo, por meio de um
instrumento (questionário), caracteriza melhor este trabalho (FREITAS et al., 2000). Isso
possibilitou a validação de construto (foi medido o que propôs); a validação interna (nenhuma
variável estranha afetou os resultados do estudo); validação externa (a amostra é
representativa e estável); e validade estatística demonstrada pelos métodos estatísticos
apropriadamente empregados (BLACK, 1999).
3.2 LOCAL DE ESTUDO
O município de Porto União está localizado no planalto norte-catarinense, situado a
237 km da capital paranaense, Curitiba, e a 483 km de Florianópolis, capital de Santa
Catarina. Possui uma população de 32.871 – (IBGE, 2005) habitantes em uma área de 851
km
2
.
O potencial econômico do município divide-se similarmente em torno da indústria de
madeira, indústria de transformação (celulose), comércio e prestação de serviços (turismo),
segundo o senso demográfico de 2000/2001 (IBGE, 2005):
a) agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal, 5 empresas
b) indústrias extrativas, 6 empresas;
c) indústrias de transformação, 160 empresas;
d) construção, 8 empresas;
e) comércio, reparação de veículos, objetos pessoais e domésticos, 521 empresas;
f) alojamento e alimentação, 115 empresas;
g) transporte, armazenagem e comunicações, 19 empresas;
h) intermediação financeira, 7 empresas;
i) atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas, 66 empresas;
j) administração pública, defesa e seguridade social, 4 empresas;
61
k) educação, 53 empresas;
l) saúde e serviços sociais, 10 empresas;
m) outros serviços coletivos, sociais e pessoais, 103 empresas.
Pode-se verificar que a atividade econômica na qual o comércio está inserido, é a que
possui o maior número de empresas.
3.2.1 População censitária
Porto União e União da Vitória são cidades limítrofes, localizadas no planalto norte
catarinense e sul paranaense. Conhecidas como “Gêmeas do Iguaçu”, abrigariam a população
alvo deste estudo, por manterem uma característica peculiar de homogeneidade urbana, sendo
concêntricas do ponto de vista comercial (não existe marco delimitador visível), ensejando a
necessidade de se fazer a pesquisa em ambas as localidades.
Por não haver dados quantitativos quanto ao segmento das microempresas nos
cadastros das Prefeituras, assim como em outros órgãos municipais, encontrou-se certa
dificuldade na determinação da população alvo da pesquisa. As informações sobre uma
possível fonte de dados convergiram dessas instituições para as Delegacias Regionais da
Receita de ambos os estados. A Delegacia de União da Vitória postergou deveras a
confirmação da recusa do fornecimento dos dados, alegando entraves burocráticos.
Uma opção contingente seria os membros associados à CDL (Câmara dos Diretores
Lojistas), já que essa instituição abrange ambos os municípios e possui entre o seu quadro de
associados o perfil dinâmico (microempresas formalmente constituídas) esperado da
população. Não foi possível, pois os estatutos internos da Câmara vedam a divulgação do
quadro de seus associados a terceiros.
Voltando-se para o único material em mãos – as listagens de todas as microempresas
da região/município de Porto União fornecidas pela Delegacia Regional da Receita de Santa
Catarina – configurou-se o referido município alvo isolado do local de estudo e a população
da pesquisa, sendo as microempresas do comércio varejista localizadas na área urbana do
mesmo.
Fazendo-se uma análise criteriosa dos elementos apresentados na listagem,
constataram-se 378 microempresas com os mais diversos segmentos de atuação, os quais –
62
designados pelo CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) – abrangem um
total de 66 atividades.
Na impossibilidade de uma filtragem por atividades e pela extrema diversidade delas,
descartou-se a possibilidade – prevendo-se um grande número de outliers – de se trabalhar
com uma amostra aleatória, passando ela a ser caracterizada como uma amostragem não
probabilística intencional, subordinada a objetivos específicos do investigador (LAKATOS;
MARCONI, 1996), nesse caso, interessado na opinião de determinados elementos da
população.
O perfil do varejo pesquisado acabou sendo determinado como o de bens duráveis,
excluindo-se bares, restaurantes, lanchonetes, mercearias, mercados, sorveterias e congêneres.
Como alguns dos objetivos específicos direcionavam-se à informatização, questionou-
se a exclusão das empresas que não possuíam microcomputadores, mas revelou-se precioso
para a pesquisa avaliar igualmente o perfil relacionado à estratégia daquelas que a excluem,
alheias à tecnologia.
Sendo Porto União uma cidade de poucos habitantes, com um centro comercial muito
reduzido, optou-se por fazer-se uma amostra intencional total, da área central e dos principais
bairros, caracterizando uma pesquisa censitária, o que tornou o cálculo da amostra
desnecessário.
Foram visitados todos os 85 estabelecimentos comerciais que se enquadraram no perfil
citado. Em função do descarte de empresas informais ou de pequeno/médio porte, foram
aplicados 58 questionários, validados na sua totalidade. Essa forma de composição in loco
permitiu a observação de alguns fatos relevantes para a pesquisa, tal como o reduzido número
de estabelecimentos comerciais, em detrimento da relação obtida na Receita Estadual, o que
comprova as estatísticas de que a burocracia exigida para o encerramento de uma empresa
inibe essa ação (SEBRAE, 2005). Do total levantado de 85 microempresas de varejo, foi
obtida a resposta de 68% correspondente a 58 empresas.
3.3 INSTRUMENTO DA PESQUISA E COLETA DE DADOS
Por ser considerada a forma de coleta de dados mais eficiente para estudos
exploratórios/descritivos (LONGENECKER; MOORE; PETTY, 1997), devido sua
padronização possibilitar a comparabilidade dos dados, aumentando a velocidade e precisão
63
dos registros, facilitando o processamento dos dados (MALHOTRA, 2002), optou-se pelo
questionário como instrumento de coleta desta pesquisa.
O primeiro passo na elaboração do questionário foi a especificação das informações
buscadas (identificar o perfil estratégico da empresa, comportamento e elaboração de
estratégias, e estágio de informatização), priorizando-se o uso de questões estruturadas
(antevêem respostas alternativas), em detrimento das não-estruturadas, para se evitar
tendenciosidade (MALHOTRA, 2002).
Entre as formas dispostas nas questões estruturadas, utilizaram-se questões de múltipla
escolha (uma ou mais alternativas de respostas são oferecidas), questões dicotômicas (possui
apenas duas opções de resposta, geralmente uma positiva e outra negativa), questões fechadas
múltiplas (ordem de preferência) e questões escalonadas (escala contínua com intervalo de 0 a
7), por meio de escala intervalar (contínua), em que se utilizam números para classificar
objetos, com distâncias numericamente iguais na escala. Foi escolhida por permitir comparar
a diferença entre objetos (MALHOTRA, 2002).
A elaboração do questionário foi feita por meio do software Sphinx 4.5,
proporcionando, de forma automatizada, a criação das questões, a coleta, o armazenamento
das respostas e a análise dos dados.
A identificação e eliminação de problemas potenciais do questionário foram
detectadas pela aplicação de pré-testes (MALHOTRA, 2002). Uma versão inicial foi aplicada
em 4 empresas fora da população pesquisada, verificando-se as reações do questionado com
relação às dificuldades de entendimento, ambigüidade das questões, perguntas supérfluas,
adequação da ordem das questões, número suficiente de questões ou necessidade de
complementação (LAKATOS; MARCONI, 1996). Dessa forma, procurou-se adaptar em uma
nova versão os elementos detectados, tais como: insuficiência das questões relacionadas à
elaboração e comportamentos estratégicos, redundâncias sobre o estágio de informatização,
ampliação da escala intervalar para sete e transposição do conteúdo para uma linguagem
popular. Como resultado final, pôde-se validar os objetivos propostos, testando o instrumento
de coleta de dados em um novo pré-teste, em outras 4 empresas pertencentes ao universo
pesquisado. Poucas adaptações foram necessárias, sendo relacionadas à programação do
formulário multimídia. Essas pesquisas foram descartadas, mas as mesmas empresas
continuaram fazendo parte da amostra, respondendo o questionário final.
Usualmente utilizados na administração de vendas, por companhias de distribuição de
energia elétrica, água encanada e gás, os PDAs (personal digital assistant) – computadores de
mão (palmtop, pocket-pc), também conhecidos como coletores de dados – estão perfeitamente
64
adaptados para a coleta de dados no campo. Segundo Mattar (2001), a adoção dessa
tecnologia traz para a pesquisa uma velocidade jamais imaginada entre a coleta e a
disponibilização das informações, com grande economia de recursos.
Optou-se em utilizar esse tipo de equipamento na coleta de dados, sendo geradas pelo
software Sphinx, duas versões de apresentação do questionário ao entrevistado: formulário
com telas multimídia (Anexo A), exportadas para o computador PDA (Apêndice A); e
questionário impresso (Anexo B), a ser utilizado contingencialmente caso o PDA não
estivesse disponível ou apresentasse algum problema técnico.
Dessa forma, a aplicação do questionário foi in loco, para garantir a maximização do
retorno dos dados coletados, sendo utilizado o equipamento PDA em todas as entrevistas,
descartando-se o questionário impresso.
Inicialmente previa-se aplicar o questionário verbalmente, sendo a entrada dos dados
no PDA feita pelo pesquisador. No entanto, durante os pré-testes verificou-se que as questões
escalares necessitavam de uma visualização periférica, para serem melhores assimiladas,
sendo entregue o computador ao entrevistado para que ele pudesse visualizá-las. Percebido
um grande interesse em responder ele próprio o questionário diretamente no PDA, passou-se a
entregar o computador ao entrevistado logo, na primeira questão. Por ser de operação intuitiva
– tela sensível ao toque – não houve dificuldades no preenchimento. Este proporcionou
estímulo a responder, pelo fato de se estar interatuando com uma nova tecnologia, produzindo
um impacto positivo de interação do entrevistado com a pesquisa. Poucos (5%) recusaram-se
a utilizar o PDA, alegando resistência à tecnologia ou deficiência visual. Nesses casos, o
pesquisador conduziu a entrevista verbalmente, inserindo os dados coletados no equipamento.
As características levantadas – denominadas variáveis – que puderam ser observadas
ou medidas em cada elemento da população (BARBETTA, 2003), compuseram o instrumento
de pesquisa, sendo coletas baseadas no referencial teórico, considerando sua relevância para o
objetivo deste estudo (Quadro 6).
Essa classificação não altera o tratamento estatístico das variáveis, apenas manterá
uma ordem natural na apresentação (tabelas ou gráficos) das categorias ordinais.
Obtendo-se as variáveis necessárias, trabalhou-se na associação quantitativa entre elas,
conhecida como correlação (BARBETTA, 2003).
Para a redução e sumarização dos dados aplicou-se a ponderação e moda,
encapsulando variáveis correlacionadas, o que gerou três fatores: estágio, elaboração e
comportamento.
65
Objetivo Específico Variáveis Fator Questões
Identificar o estágio
de informatização da
empresa.
Estágio de
Informatização
estágio 10) Quantos computadores sua empresa
possui? 11) Estão conectados em rede? 16)
Quantos computadores antigos já foram
substituídos? 17) Os micros são substituídos
em que circunstância? 18) O que faz com os
computadores substituídos?
Detectar a aplicação
da informatização
com relação aos
processos gerenciais
(quais processos
gerenciais são
informatizados).
Processos
Gerenciais
processo 19) até 27) Qual é o nível de informatização
dos processos gerenciais?
Identificar que
processos gerenciais
são dependentes,
emergentes ou
prioritários
(cronologia da
informatização desses
processos)
Prioridade de
informatização
ordem 29) Enumere a ordem em que os processos
gerenciais foram informatizados. 30) Os
processos que não estão informatizados, o
serão em que ordem?
Caracterizar o
processo de
elaboração de
estratégias (o tipo de
elaboração de
estratégias utilizada).
Modos de
elaboração
(empreendedor,
adaptativo e
planejamento)
elaboração 47) Qual é o objetivo da empresa com
relação a informatização? 48) As decisões
relacionadas aos investimentos futuros com
informática são tomadas de que forma? 50)
Como a empresa resolve um problema? 51)
Durante as reuniões da empresa, as idéias
trocadas são em torno de que postura? 53)
Qual a reação da empresa durante uma pane
nos equipamentos?
Verificar qual o
comportamento
estratégico.
Comportamentos
estratégicos
(defensivo,
prospector,
analítico,
reativo)
comportamento 38) Sua posição com relação à empresa
possuir uma home-page. 40) Qual é a
justificativa para possuir uma home-page?
41) Qual é a opinião do proprietário sobre o
fato de a empresa não possuir
computadores? 49) A empresa pretende
fazer algum investimento este ano na área
de informática? 52) Reação da empresa ao
saber que o concorrente instalou um novo
equipamento.
Quadro 6: Relação das variáveis utilizadas. Fonte: Elaboração do autor a partir de Bedê (2003).
Pode-se também classificar simultaneamente os grupos homogêneos detectados em
conglomerados. Essa análise, também conhecida como análise de classificação, contrasta com
a análise fatorial (MALHOTRA, 2002), mas foi utilizada com o propósito de compreender o
comportamento de cada empresa com relação ao estágio de informatização.
Com relação ao ponto de tempo, a pesquisa utilizou o corte transversal (cross-
sectional), pois a coleta de dados ocorreu em um só momento (janeiro/2006), descrevendo e
66
analisando o estado de uma ou várias variáveis em dado momento (SAMPIERI et al., 1991
apud FREITAS et al., 2000).
Foi utilizado o seguinte planejamento para o processo de coleta de dados:
a) confecção do questionário mediante o software Sphinx;
b) transposição e formatação do questionário para o computador coletor de dados (PDA
Pocket-PC);
c) pré-teste e reformulação;
d) aplicação do questionário;
e) transferência dos dados coletados, alimentando o computador desktop (de mesa) que
efetuou a análise dos dados (nesse caso, inexiste o risco de erro de entrada de dados
pelo pesquisador).
3.3.1 Perfil dos entrevistados
A primeira informação disponível, findo o processo de coleta de dados, foi o perfil dos
entrevistados. Apesar de não constituir um objetivo específico, é importante delimitar alguns
desses perfis, para uma melhor contextualização da população de pesquisa.
Uma análise na faixa etária dos gestores (Tabela 2) mostra que a maioria está entre 31
e 40 anos, seguido pelos mais jovens com 22,4% do total. Os mais velhos posicionam-se
secundariamente, com 18,9%. Com isso infere-se, considerando que a maior parte das
empresas entrevistadas possui administração familiar, que há uma preocupação em transmitir
o gerenciamento para os descendentes, pois somente 10,3% dos entrevistados possuem idade
acima de 61 anos.
Tabela 2: Faixa etária dos gestores.
Idade Entrevistados
até 20 23.4%
21 a 30 13 22.4%
31 a 40 23 39.7%
41 a 50 915.5%
51 a 60 58.6%
mais d e 61 610.3%
Total 58 100.0%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
67
Constatou-se (Tabela 3) que a maioria dos entrevistados possui formação superior,
deduzindo-se com isso que o microempresário está preocupado e ciente de que uma formação
acadêmica lhe é útil no gerenciamento de seus negócios, como meio de lhe proporcionar uma
posição diferenciada no mercado, mesmo tendo em vista que o nível de especialização (8,6%)
propriamente dito não ser alto.
Por não se tratar de um estudo específico sobre as características dos gestores, a área
de formação deles, assim como outras informações, foi descartada.
Tabela 3: Nível de escolaridade dos entrevistados.
Escolaridade Entrevistados
Fundamental 23.4%
Médio 22 37.9%
Superior 29 50.0%
Pós-graduação 58.6%
Total 58 100.0%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
Inicialmente a pesquisa seria dirigida apenas aos proprietários, mas relevou-se esta
prioridade em função da delegação da parte deles a um subordinado, para que respondesse a
pesquisa, preocupando-se em averiguar antecipadamente se esta classe de entrevistados tinha
conhecimento das decisões tomadas pelos gestores nas situações apresentadas (Tabela 4).
Tabela 4: Cargos exercidos pelos entrevistados.
Cargo Lojas
Proprietário 38 65.5%
Ge re n t e 12 20.7%
Subgerente 23.4%
Balconis ta 46.9%
Outro 23.4%
Total 58 100.0%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
Com base nos dados apresentados, foram apurados os três perfis predominantes nas
empresas pesquisadas mediante um cruzamento de dados das tabelas 2, 3 e 4 (Tabela 5). Os
perfis típicos detectados foram o do proprietário de faixa etária entre 31 e 50 anos, que possui
ensino médio ou superior como escolaridade; e do gerente de 21 a 40 anos com ensino médio
ou superior.
68
Tabela 5: Dados cruzados combinados do cargo relacionado com a idade e a escolaridade dos entrevistados.
Cargo
Proprietário
Gerente
Subgerente
Balconista
Outro
TOTAL
até 20 21 a 30 31 a 40 41 a 50 51 a 60 mais de 61 Funda
mental
Médio Superior Pós-gra
duação
0 2 17 8 5 6 2 14 19
0 6 5 1 0 0 0 5 5
1 1 0 0 0 0 0 1 1
0 4 0 0 0 0 0 1 3
1 0 1 0 0 0 0 1 1
2 13 23 9 5 6 2 22 29
3
2
0
0
0
5
3.4
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
TRATAMENTO DOS DADOS
Segundo Lakatos e Marconi (2002), a fase de tratamento de dados também pode ser
chamada de fase de elaboração dos dados, constituída dos passos de seleção, codificação e
tabulação. Nessa ordem, antes do início da análise, avaliação e interpretação dos dados,
procurou-se diagnosticar qualquer falha proveniente de dados inconsistentes por meio do
passo de seleção. A fonte mais comum dessas inconsistências é o preenchimento incorreto do
questionário, fato amenizado por ele ter sido feito diretamente no computador PDA, o qual
possuía uma formatação de procedimentos de entradas pré-programados. Mesmo assim um
exame visual periférico da planilha de códigos de respostas permitiu a correção de alguns
dados, provindos talvez de uma falha de software.
O passo de codificação, técnica operacional utilizada para categorizar dados que se
relacionam, foi utilizado na confecção das perguntas do questionário. Parcialmente
utilizaram-se apenas algumas questões direcionadas ao foco deste trabalho. As demais,
descartadas, proporcionarão material extra para a elaboração de futuras publicações.
O passo de tabulação, onde se dispõe os dados em tabelas a fim de facilitar a
verificação das inter-relações entre eles, foi feito pelo software Sphinx. Combinaram-se as
variáveis provenientes das questões que pesquisavam os estágios de informatização, as
elaborações de estratégias e os comportamentos estratégicos, tabulando esses três grupos em
três novas variáveis que designaram os estágios, as elaborações e os comportamentos
propriamente ditos. O cálculo das ocorrências desses grupos foi feita pela ponderação e moda
– conforme o caso a ser aplicado – utilizando-se a planilha eletrônica Excel. A análise da
variância (ANOVA) utilizada no experimento fatorial (estágio/elaboração/comportamento) foi
feita com o software StatGraphics Centurion. Outras tabelas descritivas foram geradas
69
automaticamente pelo Sphinx, possibilitando o uso imediato desse recurso em qualquer fase
da pesquisa.
O Sphinx permitiu a criação de extratos utilizados com a finalidade de se definirem
perfis individuais, especificando-os com uma ou mais variáveis. Esse recurso possibilitou a
análise das respostas provindas de grupos específicos da população entrevistada.
Pensou-se inicialmente em se utilizar a moda para se determinar as ocorrências
dominantes nos 3 grupos. No grupo “estágio de informatização”, ao se determinar que estágio
predominaria em cada empresa, a moda seria aplicável, mas não adequada.
Nesse grupo, o estágio de Abstenção foi facilmente identificado em uma questão
específica, em que uma determinada escolha categorizava a empresa como tal. Com relação
aos outros quatro estágios, comumente se consideraria estágio dominante aquele que, na
tabulação dessas questões, se apresentasse o maior número de vezes. Por exemplo: uma das
empresas pesquisadas enquadrou-se em três respostas como pertencente ao estágio
Maturidade; em uma resposta enquadrou-se como Contágio; e em outra como Iniciação. Por
dedução estar-se-ia apontando como predominante o estágio Maturidade. Mas não seria
correto desprezar as outras indicações de estágios detectados. São resíduos que fornecem
elementos importantes sobre o estágio em que realmente a empresa se encontra.
Essa situação se apresentaria mais crítica no seguinte caso: outra empresa enquadrou-
se em duas respostas como pertencente ao estágio Iniciação, duas respostas como Controle e
uma resposta como Contágio. Vê-se nessa condição a evidente indefinição de um indicador
preciso.
Utilizando a moda, no caso de igualdade, um critério subjetivo de desempate deveria
ser utilizado, escondendo o fato de que as categorias se influenciam mutuamente. Isso
encapsularia uma realidade inevitável das empresas pesquisadas: a "hibridez". Assim,
descartou-se a moda com relação aos estágios, pois sendo ela uma medida central de maior
freqüência de ocorrência, impediria que se descrevesse esse fato.
Optou-se pela técnica de ponderação, pelo fato de ela ser perfeitamente aplicável a
esse caso (média dos estágios de informatização). A ponderação utilizada nada mais é do que
uma forma "compactada" de se levantar a média, a partir da freqüência de ocorrência
dos cinco quesitos que são observados em cada uma das quatro categorias. É possível
reproduzir os mesmos resultados desse experimento, utilizando-se da técnica não-ponderada,
por contagem simples (TRIOLA, 1999). Tanto a abordagem de contagem simples, quanto a
de contagem com ponderação associada, levará aos mesmos resultados.
70
Verificou-se então que pelo fato de inferências estatísticas levarem a medidas de
tendências centrais que são contínuas e não discretas, foi necessário estabelecer uma faixa de
valores contínuos para toda categoria. Uma forma possível e adequada foi dar pesos a cada
uma delas, criando 4 categorias virtuais (Quadro 7).
A moda é uma medida discreta, uma contagem. Como se apresentam situações que são
intermediárias, ela não seria uma boa medida a ser utilizada para a análise, pois é discreta e
têm-se classificações contínuas quando ocorrem empates.
A ponderação indica muito mais. Todos os quesitos participam com um peso, se a
freqüência de ocorrência de um deles está mais concentrada numa categoria, o peso da
categoria irá indicar isso.
Assim, foram definidas 4 categorias discretas: C1 iniciação, C2 contágio, C3 controle,
C4 maturidade; com cada categoria possuindo um valor numérico absoluto: C1 = 1, C2 = 2,
C3 = 3 e C4 = 4.
Categorias Contínuas Categoria Categorias Discretas (Intervalo)
C1’ 1 = iniciação
00,00
x 05,00
C2’ 2 = contágio
05,00 < x
10,00
C3’ 3 = controle
10,00 < x
15,00
C4’ 4 = maturidade
15,00 < x
20,00
Quadro 7: Faixa de valores para as categorias.
Por exemplo, uma pontuação média obtida de 1,19 na categoria 1 não existe nas
categorias discretas (1, 2, 3 ou 4), sendo necessário criar um intervalo para cada categoria: de
0 a 5 chamaríamos de categoria C1’, porque se todas as ocorrências caírem na categoria 1, o
resultado será 5 (5 vezes fator 1). Se tiver todas as ocorrências numa única categoria 1, esse
intervalo permite que a representação da média esteja dentro dessa faixa. Nunca terá mais do
que 5, visto que só há 5 ocorrências.
Na categoria C2’, foi dado um peso 2 de forma que, se 5 forem as ocorrências nessa
categoria 2, ter-se-á 10 (5 vezes 2) que é o limite superior; e se for zero, significa que zero
multiplicado por 2 continua sendo zero, nenhuma marcação será feita nessa categoria. Entre
zero e 5 (que são as 5 ocorrências/quesitos), haverá valores intermediários nesse intervalo,
que são maiores que 5 e inferiores ou igual a 10, e assim por diante, até que se contemplem
todas as categorias. O objetivo é, no final, obter um valor médio para a freqüência de
ocorrência dos quesitos em cada categoria.
71
O método utilizado é exemplificado na Tabela 6, onde a população analisada (as 37
empresas que não se enquadraram no estágio de Abstenção) é percebida pelo número de
ocorrências que marcou em cada classe (C1 iniciação, C2 contágio, C3 controle, C4
maturidade).
Tabela 6: Levantamento de campo das ocorrências.
Pesos 1 2 3 4
Ordem C1 C2 C3 C4 Total Intervalo
01 00 00 04 01 05 16
02 00 02 01 02 05 15
03 03 01 01 00 05 08
04 02 01 02 00 05 10
05 01 01 03 00 05 12
06 01 01 01 02 05 14
07 00 01 03 01 05 15
08 02 01 02 00 05 10
09 03 01 01 00 05 08
10 02 03 00 00 05 08
11 03 01 01 00 05 08
12 02 02 01 00 05 09
13 03 01 00 01 05 09
14 03 01 00 01 05 09
15 00 02 02 01 05 14
16 00 01 03 01 05 15
17 02 01 01 01 05 11
18 01 01 01 02 05 14
19 01 02 01 01 05 12
20 01 01 01 02 05 14
21 01 02 00 02 05 13
22 01 00 01 03 05 16
23 02 02 01 00 05 09
24 02 01 02 00 05 10
25 01 01 02 01 05 13
26 01 01 02 01 05 13
27 03 01 00 01 05 09
28 00 01 03 01 05 15
29 00 01 03 01 05 15
30 01 01 02 01 05 13
31 00 01 03 01 05 15
32 00 02 03 00 05 13
33 00 03 02 00 05 12
34 00 02 00 03 05 16
35 00 00 02 03 05 18
36 00 02 02 01 05 14
37 01 01 02 01 05 13
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
Foi atribuído um peso de 1 a 4 para cada classe, que teve o seu número de ocorrências
multiplicado pelo respectivo peso. A soma dessas operações fornece um resultado de 0 a 20,
72
que possibilitou enquadrar a população individualmente em uma das categorias indicadas no
Quadro 7.
Para uma análise da coerência do método utilizado, visualizar-se-á a ponderação do
primeiro item (ordem 1), que segundo o aplicado processou-se da seguinte forma: (0*P1) +
(0*P2) + (4*P3) + (1*P4) = 16. Esse resultado se enquadra no intervalo entre 15 e 20,
resultando a classificação da referida empresa no estágio de 4 (maturidade).
Consultando os resultados obtidos na pesquisa, essa empresa não obteve nenhuma
ocorrência no estágio de Iniciação e Contágio, pontuou quatro ocorrências no estágio de
Controle e apenas uma no estágio de Maturidade. Como uma única ocorrência em um estágio
superior poderia elevar a empresa de um estágio médio onde mantinha a maioria das
ocorrências?
A total ausência de ocorrências em estágios inferiores atribuiu à empresa um
posicionamento concreto na forma como ela administra a aplicação da tecnologia. Mesmo
possuindo uma indicação minoritária para um nível superior, ela é elevada a esse patamar pela
ponderação de todos os quesitos. No exemplo citado, se alterássemos de forma diferente a
distribuição das ocorrências, teríamos um novo resultado intervalar e, em conseqüência, toda
uma análise própria a ser desenvolvida.
Dessa forma, valendo-se do recurso estatístico de faixas de valores para medidas
contínuas aplicadas a classes discretas, apurou-se o estágio real de informatização em que as
empresas encontravam-se pela ponderação do número de ocorrências com as respectivas
categorias.
Com relação à apuração das elaborações, optou-se por utilizar a moda como ponto de
referência, sem a utilização de critérios de desempates – no caso denominados híbridos – visto
que os comportamentos e elaborações não representam uma escala de estágios crescentes, mas
categorias não excludentes. Por ser a moda uma medida discreta, uma contagem – e não se
apresentarem situações intermediárias – ela seria a opção adequada a ser utilizada para a
análise, pois têm-se classificações contínuas quando ocorrem empates. Optou-se por esse
critério por se considerar o mais simples e coeso.
Para a análise dos comportamentos, utilizou-se a moda com a utilização de critérios de
desempates segundo as características de cada comportamento apontadas por Gimenez e
outros (1998), não havendo a ocorrência de comportamentos híbridos.
Para a consecução do objetivo geral, “avaliar a informatização à luz da estratégia
organizacional”, utilizou-se a análise de variância (ANOVA) para o experimento fatorial. Os
diferentes níveis de cada variável (fator) identificam os grupos a serem considerados no
73
estudo (também chamados níveis de fator). É a técnica apropriada para se detectar diferenças
estatisticamente significantes entre médias de grupos (MONTGOMERY, 1991).
Os valores mudam em função do grupo ao qual pertence o indivíduo. O quanto o
grupo explica essa variação dos dados é uma forma de explicar a variância. Se os dados
mudam em função do grupo (e isso é fácil de admitir), a outra porção da variância é explicada
pela variabilidade em cada grupo, em função de outros fatores que nem estariam entrando no
estudo.
Dessa forma, utilizou-se a ANOVA por ela permitir aceitar ou rejeitar a hipótese de
que as médias dos grupos sejam estatisticamente equivalentes (a chamada hipótese nula). As
médias podem ser, de fato, diferentes numericamente, mas em função da variância associada a
cada grupo, pode ser que a hipótese de igualdade de médias não deva ser rejeitada.
Se a ANOVA indicar que as médias são diferentes, basta observar quais são as
diferenças entre os grupos, ou, de outra forma, quais níveis se destacam. Entre os métodos
indicados para isso, optou-se pelo mais simples: a construção e análise do gráfico de Box-e-
Whisker. Esse gráfico permitiu visualizar as principais estatísticas relacionadas à variável
dependente em relação a cada um dos grupos considerados no estudo.
74
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Esta é uma das seções mais importantes de um trabalho científico, visto que o núcleo
central da pesquisa é constituído pela manipulação dos dados e a obtenção dos resultados que
promovem sua análise e interpretação (MARCONI, 1990). Segundo Mattar (2001), o objetivo
principal das análises é permitir ao pesquisador o estabelecimento das conclusões, a partir dos
dados coletados. Para isso, utilizaram-se os resultados obtidos a partir da coleta e preparação
dos dados expressos nos questionários aplicados nas 58 microempresas varejistas de Porto
União – SC.
São demonstrados inicialmente por meio de estatística descritiva (sob a visão de
diferentes extratos) configurando os objetivos específicos deste trabalho. Na seqüência, são
expostos os resultados finais relacionados ao objetivo geral.
4.1 A MICROEMPRESA VAREJISTA DE PORTO UNIÃO
Com a finalidade de traçar o perfil das microempresas varejistas pesquisadas,
apresentam-se os dados relacionados com o ramo de atividade, localização e permanência no
mercado.
4.1.1 Ramo de atividade e perenidade das empresas
Conforme constatado em recente pesquisa do Sebrae (2005), realizada no primeiro
trimestre de 2004, que levantou as taxas de mortalidade de empresas no Brasil a partir de
dados de amostras de empresas constituídas e registradas nas Juntas Comerciais Estaduais nos
anos de 2000, 2001 e 2002, verificou-se que 49,9% das empresas encerraram as atividades
com até 2 anos de existência; 56,4% com até 3 anos; e 59,9% com até 4 anos. Em paralelo
com os anos de atividades das empresas pesquisadas (Tabela 7), verificou-se que 39,6%
estaria enquadrada na “zona de risco” estabelecida pelos estudos do Sebrae.
75
Tabela 7: Anos de atividade das empresas pesquisadas.
Anos Lojas
até 01 10 17.2%
de 02 a 03 46.9%
de 04 a 05 9 15.5%
de 06 a 10 8 13.8%
de 11 a 20 12 20.7%
de 21 a 30 46.9%
mais d e 31 11 19.0%
Total 58 100.0%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
Feita uma análise com os dados fornecidos pela Delegacia de Receita Estadual de SC,
verificou-se que existiam muito mais empresas do que foi percebido na amostra intencional
total, o que efetivamente comprova um índice de mortalidade ou encerramento de empresas
considerável. Ficou evidente também o índice médio (46,6%) de empresas sólidas no
mercado.
A diversidade da amostra pesquisada inicialmente apurou dois grandes grupos:
especializado, que trabalha uma linha de produtos central, responsável por 50% de seu
estoque; e o diversificado, que trabalha com várias linhas diferentes, não possuindo nenhuma
prioritária (Tabela 8).
Tabela 8: Grupos de linhas de produtos.
Tipo Lojas
Especializada (uma linha de produto representa mais de 50% de seu estoque). 38 65.5%
Diversificada (venderias linhas de produto). 20 34.5%
Total 58 100.0%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
As 15 linhas de produtos que compõem os tipos especializado e diversificado foram
construídas segundo as pesquisas efetuadas por Bedê (2003), adaptando-se alguns itens para a
realidade do município. As linhas que não foram mencionadas por nenhum dos entrevistados
foram excluídas das tabelas, a fim de demonstrar apenas dados relevantes.
Percebeu-se, nas lojas que trabalham com uma linha principal (Tabela 9), grande
concentração na linha de vestuário/calçados. Tabulou-se igualmente uma alta concentração de
linhas que não estavam identificadas (outra) na pesquisa, sendo essa uma limitação
intencional, em função do grande número de atividades a serem listadas e de que a
identificação não é de importância significativa para o trabalho.
76
Tabela 9: Percentual de freqüência da linha principal vendida pelas empresas do tipo especializadas.
Linhas Lojas
eletroeletrônicos 7.9%
medicamentos 10.5%
roupas/calçados 26.3%
alimentos 5.3%
plantas/flores 2.6%
perfum./cosmet. 5.3%
tintas 7.9%
ferramentas 2.6%
livros/papelaria 5.3%
brinquedos 2.6%
autopeças 2.6%
outra 21.1%
Total 100.0%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
Com relação às linhas vendidas pelas lojas qualificadas como tipo “diversificado”
(Tabela 10), novamente tem-se grande representatividade da linha “outra”, antecedida pela
linha “presentes”, que igualmente agrega, por sua natureza, uma diversidade de produtos.
Tabela 10: Percentual de freqüência das linhas vendidas pelas empresas do tipo diversificadas.
Linhas Lojas
eletroeletrônicos 3.2%
med icamen tos 4.8%
roupas/calçados 3.2%
alimentos 4.8%
art.esportivos 7.9%
plantas/flores 3.2%
mat.construção 3.2%
tintas 4.8%
ferramentas 7.9%
livros/papelaria 7.9%
presentes 19.0%
brinquedos 9.5%
informática 3.2%
telefonia 3.2%
outra 14.3%
Total 100.0%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
77
4.2 ESTÁGIOS DE INFORMATIZAÇÃO
A fim de contextualizar melhor o objetivo específico apresentado nesta seção, faz-se
necessária a exposição de algumas tabelas que auxiliarão no encadeamento dos resultados
propostos.
Basicamente as empresas pesquisadas se dividiram em dois grandes grupos : 63,80%
já informatizaram algum processo funcional, (tal como estoque, finanças, vendas, etc.) ; e
36,20% ainda não o fizeram. A maioria das análises respeitará esta proporção (Tabela 11).
Tabela 11: Existência de processos (vendas, estoques, finanças, etc.) informatizados na empresa.
Processos Lojas
sim (alguns/todos) 37 63.8%
não (nenhum) 21 36.2%
Total 58 100.0%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
Obviamente esses padrões podem ver-se refletidos na quantidade de computadores que
as empresas pesquisadas possuem (Tabela 12), descartando as que não informatizaram e/ou
não utilizam computadores, 27,6% delas possuem apenas uma máquina. Em proporção o
número vai aumentando, limitando-se a até nove computadores.
Tabela 12: Quantidade de computadores que as empresas possuem.
Computadores em funcionamento Lojas
nenhum (ou possui algum maso utiliza) 21 36.2%
1 16 27.6%
2 a 3 12 20.7%
4 a 9 915.5%
Total 58 100.0%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
A conectividade entre as máquinas por si só resultaria na definição de perfis pré-
definidos dos estágios de informatização. Das que possuem, foi apurado que a grande maioria
é monousuária de computadores (Tabela 13), não possuindo uma rede estruturada na empresa.
78
Tabela 13: Quantidade de empresas que possuem computadores ligados em rede.
Ligação em rede Lojas
Não estão. 19 51.4%
Sim, todos estão conectados em um microservidor. 11 29.7%
Sim, eso conectados entre si, sem um microservidor. 718.9%
Total 37 100.0%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
Isso não isentou, pelos números apurados (Tabela 14), que um número expressivo
delas estivessem conectadas a rede mundial de computadores, a Internet (International
Network), mesmo as empresas que não possuíam computadores, por meio de computadores
residenciais.
Tabela 14: Quantidade de empresas que possuem acesso à Internet.
Sim 42 72.4%
o 16 27.6%
Total 58 100.0%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
Concentra-se a partir deste ponto, o primeiro objetivo específico deste trabalho: a
identificação dos estágios de informatização das empresas pesquisadas, tendo como base os
estágios de crescimento de processamento de dados de Nolan (1979), utilizando – conforme
justificado na fundamentação teórica – os estágios adaptados (Quadro 3) em cinco categorias:
abstenção, iniciação, contágio, controle e maturidade.
Para detectar em que estágio as empresas pesquisadas se encontravam, utilizaram-se
no questionário cinco questões estruturadas de múltipla escolha, em que cada escolha
direcionava para um estágio específico.
O estágio de Abstenção foi identificado em uma questão específica. Os outros quatro
estágios pela ponderação. Dessa forma, obteve-se como resultado (Tabela 15) uma indicação
precisa do correto posicionamento das empresas com relação à teoria dos estágios de
crescimento de processamento de dados de Nolan (1979).
Tabela 15: Estágios de informatização em que se encontram as empresas pesquisadas.
Estágio Lojas
Abstenção 21 36.2%
Iniciação 00.0%
Contágio 12 20.7%
Controle 20 34.5%
Maturidade 58.6%
Total 58 100.0%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
79
A projeção do estágio de Abstenção com o maior escore era esperada. A despeito da
intensidade maior no setor industrial, a informatização é menor nas pequenas e
microempresas de comércios e serviços, nas atividades tradicionais, em empresas de menor
porte e nas mais novas (BEDÊ, 2003). A presente pesquisa (Tabela 16) corrobora as
afirmações do autor, em que se observa o maior índice de abstenção nas empresas com até um
ano de existência.
Tabela 16: Tabela cruzada “idade das empresas” versus “estágios de informatização”.
Estágio Informatização
Fundação
até 01
de 02 a 03
de 04 a 05
de 06 a 10
de 11 a 20
de 21 a 30
mais de 31
TOTAL
Abstenção Iniciação Contágio Controle Maturidade
TOTAL
60,0% 0,0% 10,0% 30,0% 0,0%
100%
50,0% 0,0% 25,0% 25,0% 0,0%
100%
33,3% 0,0% 22,2% 33,3% 11,1%
100%
37,5% 0,0% 25,0% 37,5% 0,0%
100%
16,7% 0,0% 16,7% 41,7% 25,0%
100%
25,0% 0,0% 25,0% 50,0% 0,0%
100%
36,4% 0,0% 27,3% 27,3% 9,1%
100%
36,2% 0,0% 20,7% 34,5% 8,6%
100%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
Outro ponto em evidência é a total ausência de empresas pertencentes ao estágio de
Iniciação, mesmo tendo grande maioria apresentado ocorrências (Tabela 6 – C1) nesse
estágio. Na verdade, ele foi canibalizado pelos outros estágios, justamente por ser um elo de
transição muito rápido – quase imperceptível – no atual cenário tecnológico. Na década
passada, considerando a baixa progressiva do valor dos bens de informática, seria coerente
pressupor um outro panorama: o estágio de Iniciação seria predominante, contrastando com
uma ínfima representação do estágio de Controle. Essa análise seria baseada na imaturidade
da tecnologia existente na época, em que os altos custos impediam as empresas de avançarem
progressivamente nos estágios de informatização apontados por Nolan (1979).
Esse hiato (a omissão do estágio de Iniciação) se deve ao fato de as empresas
iniciarem sua informatização de forma muito mais estruturada do que no passado. A
interconectividade se faz presente na arquitetura atual de hardware e software de tal forma,
que qualquer computador em sua configuração básica já vem preparado para operar em rede,
assim como os sistemas operacionais, que trazem esse recurso nativo (BEDÊ, 2003). Assim, a
empresa tem o ensejo de utilizar arquiteturas de rede, característica predominante do estágio
de Controle, em que os sistemas concebidos de forma isolada começam a ser integrados.
Pela seqüência de ocorrência, o próximo estágio – Contágio – possui uma
representatividade significativa, sendo, na verdade, o responsável pela iniciação da empresa
80
na informatização: o crescimento é rápido, e o processo de aprendizagem da tecnologia é
implícito, faltando apenas uma estruturação adequada aos processos (NOLAN, 1979).
As análises apresentadas projetam de forma lógica o estágio de Controle como
dominante entre as empresas que informatizaram seus processos gerenciais, pelo fato de se
situar intermediariamente entre dois opostos (início e ápice) e representar os padrões
tecnológicos básicos acessíveis na atualidade (amadurecimento do uso dos sistemas de
informação e integração dos processos visando a padronização). Esse estágio projetou-se na
faixa etária (Tabela 16) das empresas de idade média, assim como o estágio de Maturidade,
fato esperado, visto que as empresas com essa consolidação de mercado possuem posturas
sólidas, mas audazes (MINTZBERG, 1973).
O estágio de Maturidade representa a total dependência da empresa em relação à
tecnologia. Dir-se-ia que essa pode ser uma forma pessimista de se observar o atual cenário
tecnológico, mas esse argumento infundado sempre foi relativo à evolução do conhecimento.
As empresas enquadradas nesse estágio estão longe de terem alcançado uma estabilidade
tecnológica; constantemente estarão substituindo equipamentos e tecnologias, sendo essa
característica essencial para permanecerem no mesmo padrão de gerenciamento (O´BRIEN,
2004).
Apurando os resultados médios obtidos na tabela 6, obteve-se uma “empresa média”,
(Tabela 17), com a média de cada categoria. Como empresa média possui elementos nas
categorias C1, C2. C3 e C4 obteve-se a inferência dessa amostragem, com o objetivo de
inferir a população das empresas, para se traçar um diagnóstico médio.
Tabela 17: Levantamento de campo das ocorrências.
Pesos 1 2 3 4
Classes C1 C2 C3 C4 Total Intervalo
Somas
44 46 59 36 185 457
Percentual
23,78% 24,86% 31,89% 19,46% 100%
Média
1,19 1,24 1,59 0,97 5,00 12,35
Fonte: Tabela 6.
Esse estudo sobre determinada amostra de empresas revelou uma tendência a respeito
das empresas com o mesmo perfil, a de que elas se encontram no estágio de Controle.
Identificaram-se quesitos nas categorias em termos médios. Em média as empresas estão
acima do estágio de Iniciação e Contágio, mas não estão na maturidade (BEDÊ, 2003).
Atualmente, a integração dos sistemas informacionais, pacotes de softwares de gerenciamento
e a extrema facilidade de acesso à tecnologia (LAUDON; LAUDON, 1999), excluem as
empresas dos estágios de informatização iniciais
81
4.3 APLICAÇÃO DA INFORMATIZAÇÃO
A prioridade com que a empresa informatiza seus processos gerenciais administrativos
de compras, vendas, financeiros, contábeis e outros evidencia a importância que dispensa a
eles. Detectar a ordem desse processo e sua conseqüente prioridade é o segundo objetivo
específico a ser detalhado.
Utilizou-se uma questão fatorial para definir o percentual em que cada processo
gerencial da empresa estaria informatizado, partindo de uma escala de 1 (processo não
informatizado) a 7 (processo totalmente informatizado). Participaram desse objetivo
específico todas as 37 empresas (como 100%) que informatizaram processos em algum grau
(Tabela18), sendo excluídas as 21 que se caracterizaram no estágio de Abstenção.
Tabela 18: Nível geral dos processos gerenciais que estão informatizados.
Processos o Parcial Total
1234567Total
lista preços
controle estoque
balanço
cadastro clientes
cadastro fornecedores
contas pagar
contas receber
emissão nota fiscal
emissão cupom fiscal
21.6% 2.7% 8.1% 16.2% 8.1% 2.7% 40.5%
32.4% 2.7% 5.4% 8.1% 8.1% 5.4% 37.8%
35.1% 10.8% 2.7% 0.0% 2.7% 13.5% 35.1%
27.0% 2.7% 2.7% 10.8% 2.7% 0.0% 54.1%
35.1% 5.4% 0.0% 8.1% 8.1% 2.7% 40.5%
32.4% 5.4% 0.0% 18.9% 2.7% 5.4% 35.1%
29.7% 2.7% 2.7% 8.1% 2.7% 10.8% 43.2%
59.5% 2.7% 2.7% 5.4% 5.4% 2.7% 21.6%
51.4% 0.0% 2.7% 2.7% 2.7% 0.0% 40.5%
100.0%
100.0%
100.0%
100.0%
100.0%
100.0%
100.0%
100.0%
100.0%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
Fazendo-se uma análise descritiva, percebe-se a projeção do processo de “cadastro de
clientes” seguido pelo “contas a receber” como totalmente informatizados. Como esses dois
processos se complementam, corroborando o fato de ser básica a sua informatização, era um
resultado projetado (COMPUFOUR, 2003).
Evidencia-se uma disparidade na “emissão de cupom fiscal”, com um alto índice de
implementação total e, igualmente, de não implementação. Isso ocorre porque não existem
fases de implantação nesse procedimento, devido a exigências legais. A “emissão de nota
fiscal” igualmente se enquadraria no acima exposto, mas o índice não tão expressivo desse
processo como “totalmente informatizado” talvez reflita uma posição equivocada do lojista,
que já informatizou a “emissão da nota fiscal” (formulário contínuo), mas pelo fato da
82
“emissão do cupom fiscal” não estar informatizada, racionalizou que o processo de “emissão
de nota fiscal” não estaria implementado totalmente.
Em uma seqüência lógica, temos com níveis semelhantes de total informatização a
“lista de preços” e o “controle de estoques”. Essas são atividades seminais para o início de um
controle físico, sendo comum sua implantação gradual.
O “cadastro de fornecedores” é um processo de fácil aplicação e justamente por isso,
possui junto com seus congêneres (lista de preços e cadastro de clientes) altos índices de
implementação. O “contas a pagar”, sendo gerido pelos outros processos, possui um média
um pouco menor.
Por outro lado, observou-se na maioria dos processos uma forte tendência ao nível
mínimo (não informatizado) e ao nível máximo (totalmente informatizado), sendo baixos os
índices intermediários. Isso se aplica em função da não existência do estágio de Iniciação no
cenário tecnológico atual, que era caracterizado pelo aprendizado lento e não integrado
(NOLAN, 1979). Revela-se coerente com a constatação de que não existem discrepâncias
entre os processos, todos avançam em um continuum de inter-relação.
4.4 PROCESSOS GERENCIAIS
Uma vez identificado o nível de informatização de cada processo gerencial das
empresas pesquisadas, partiu-se para a identificação da priorização da informatização dos
processos pendentes. Esse processo compatibiliza o terceiro objetivo específico deste estudo:
identificar que processos gerenciais são dependentes, emergentes ou prioritários.
Uma visão geral na ordem em que os processos gerenciais foram informatizados pelas
maioria das empresas (Tabela 19) apóia alguns aspectos da análise anterior, em que os
primeiros processos que foram informatizados são os que já estão totalmente informatizados
(Tabela 18), com a exceção da “emissão de cupom fiscal”, seqüencialmente deixado pelas
empresas para ser implantado por último. No caso desse processo específico, o resultado de
total implantação se deve à sua natureza –pode ser informatizado integralmente – que não
permite meio termo.
83
Tabela 19: Ordem em que foram informatizados os processos gerenciais
Processos Gerenciais
lista preços 15.1%
controle estoque 12.6%
balanço 9.5%
cadastro clientes 14.6%
cadastro fornecedores 11.6%
contas pagar 11.6%
contas receber 11.6%
emissão nota fiscal 6.5%
emissão cupom fiscal 7.0%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
A “lista de preços” na verdade refere-se a um cadastro de estoques, base para o
“controle de estoque” e é normalmente a primeira atividade a ser cadastrada, permitindo ao
lojista controle sobre as flutuações dos preços. Sua informatização é simples e rápida. De fato,
a seqüência da freqüência observada (Tabela 19) é uma ordem de passos recomendada pela
maioria dos manuais de softwares de controle gerencial na implementação de um sistema
(COMPUFOUR, 2003). Os três últimos processos lá estão em função da sua vinculação com
exigências legais, sendo relegados a último plano. Percebe-se isso como uma característica
intrínseca do microempresário, que procura retardar o máximo possível processos que o
formalizem perante o governo.
Tabela 20: Ordem em que serão informatizados os processos gerenciais pendentes
Processos Gerenciais
lista preços 5.6%
controle estoque 11.1%
balanço 9.7%
cadastro clientes 5.6%
cadastro fornecedores 5.6%
contas pagar 16.7%
contas receber 11.1%
emissão nota fiscal 19.4%
emissão cupom fiscal 15.3%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
Com base na situação anterior, muitas empresas possuíam apenas alguns processos
gerenciais informatizados, e outros não. Perceber que processos faltantes teriam preferência
em uma informatização futura (Tabela 20) possibilita uma visão das prioridades do
microempresário. A “emissão de nota fiscal” e “emissão de cupom fiscal” já eram esperadas
como proeminentes, visto que a informatização desses processos está sendo exigida pela
legislação estadual.
84
O “balanço” continua em uma posição inferior, relegado a segundo plano, talvez por
ser uma atividade anual (COMPUFOUR, 2003), e em conseqüência, pouca percebida. O
“contas a receber” e “controle de estoque” estão cotados intermediariamente.
4.5 ELABORAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS
Para a obtenção do quarto objetivo específico: caracterizar o processo de elaboração
de estratégias utilizadas, a partir da tipologia de Mintzberg (1973), utilizou-se o mesmo
processo aplicado para a determinação dos Estágios de informatização: um questionário com
cinco questões estruturadas de múltipla escolha, em que cada escolha direcionava para uma
elaboração de estratégia específica.
Considerou-se dominante o modo de elaboração que, na tabulação dessas questões, se
apresentou o maior número de vezes. As outras indicações foram desprezadas, visto que a
elaboração de estratégias não é uma escala de estágios crescentes e, sim, categorias não
excludentes. Em função de poucas organizações encaixarem-se em um único modo
(MINTZBERG, 1973), quando ocorreram empates, considerou-se o critério de conservá-lo,
determinando-se elaborações Híbridas (a empresa sofre igualmente a influência de duas
elaborações de estratégia)
Como resultado, obteve-se primeiramente a tabulação das elaborações identificadas
nas empresas, generalizando os empates como elaborações Híbridas (Tabela 21), e após, o
detalhamento dessa hibridez (Tabela 23).
Tabela 21: Elaboração de estratégias mais utilizadas pelas empresas.
Elaboração Lojas
Empreendedor 22 37.9%
Planejamento 17 29.3%
Elaboração Híbrida 17 29.3%
Adaptativo 23.4%
Total 58 100.0%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
Mintzberg (1973) abordou que tipicamente as organizações misturam os três modelos
de elaborações em combinações diferentes. Corroborando, observou-se, na verdade, que todas
as empresa são híbridas (com uma única exceção, que pontuou todas as escolhas em uma
mesma elaboração) com alguma característica predominante (a de maior ocorrência). Essa
85
predominância na verdade significa a contingência num mercado disputado e perigoso, em
que as empresas não podem ter um único modo de elaboração de estratégias, devido à
mutabilidade do macro ambiente.
A elaboração de estratégias que predominou no grupo pesquisado foi o modo
Empreendedor. Essa elaboração é citada por Mintzberg (1973) como um comportamento
característico das pequenas empresas, onde as organizações comerciais se encontram
dominantes. É típica a partir da criação da organização e, entre suas características principais,
percebe-se como predominantes a centralização de poder e transferência para a empresa das
próprias metas do gestor (a empresa é o dono). Também é típica ao microempresário a fixação
do crescimento da empresa como objetivo principal, tomando para isso decisões audazes em
ambientes turbulentos (MINTZBERG, 1973).
O modo de Planejamento vem em seguida, mostrando uma classe mais formal com
relação à execução de metas. Percebe-se que essa elaboração está distribuída uniformemente
entre as empresas novas e antigas (Tabela 22). Com relação à essa observação, como não é
evidenciado nenhuma escala crescente de adoção, deduz-se que não se pode conceber um
parâmetro de que as empresas mudam suas elaborações de forma cíclica (idade da empresa),
evidenciando que a condição essencial para se adotar uma elaboração diferente são os fatores
macroambientais.
Tabela 22: Tabela cruzada da idade das empresas com relação às elaborações de estratégia adotadas.
Elaboração
Fundação
até 01
de 02 a 03
de 04 a 05
de 06 a 10
de 11 a 20
de 21 a 30
mais de 31
TOTAL
Empreendedor Adaptativo Planejamento Híbrida
TOTAL
30,0% 0,0% 30,0% 40,0%
100%
25,0% 0,0% 25,0% 50,0%
100%
44,4% 11,1% 44,4% 0,0%
100%
37,5% 0,0% 25,0% 37,5%
100%
58,3% 0,0% 16,7% 25,0%
100%
0,0% 0,0% 50,0% 50,0%
100%
36,4% 9,1% 27,3% 27,3%
100%
37,9% 3,4% 29,3% 29,3%
100%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
O modo Adaptativo foi o menos identificado entre as empresas. Trata-se de uma classe
mais cautelosa no tratamento com agentes imprevistos. As empresas desse grupo visam
principalmente controlar a situação, mantendo o sucesso e evitando o fracasso. Segundo
Mintzberg (1973), características dessa elaboração reportam-se a coalizões complexas, caso
não observado, em se tratando de microempresas.
Analisando a elaboração Híbrida (Tabela 23), percebeu-se que a de maior ocorrência
foi a que possui elementos “Empreendedor/Planejamento”, não obstante (e como
86
conseqüência) em função dessas elaborações individuais (Tabela 21) terem sido as mais
cotadas.
Tabela 23: Elaboração de estratégias híbridas
Elaboração Lojas
Empreendedor/Planejamento 9 52.9%
Empreendedor/Adaptativo 5 29.4%
Adaptativo/Planejamento 3 17.6%
Total 17 100.0%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
Na verdade, houve de certa forma uma repetição de ocorrências. A segunda estratégia
híbrida apontada foi a dos modos “Empreendedor/Adaptativo”, formada por duas elaborações
díspares no escore global (Tabela 21). Isso se deve ao fato de o elemento predominante
(Empreendedor) obrigatoriamente possuir elementos nas outras categorias, independente de
sua colocação. Por último, a combinação “Adaptativo/Planejamento”, em função de manter
resíduos das elaborações individuais com menor ocorrência.
4.6 COMPORTAMENTO ESTRATÉGICO
Verificar qual o comportamento estratégico da microempresas, de acordo com as
tipologias de Miles e Snow (1978), é o quinto e último objetivo específico a ser abordado.
Para a análise dos comportamentos, utilizou-se a moda com a utilização de critérios de
desempates, não havendo a ocorrência de comportamentos híbridos. Considerou-se dominante
o comportamento que, na tabulação das questões, apresentou-se o maior número de vezes.
Quando houve empate entre escolhas que indicariam comportamento Analítico, Defensivo e
Prospector, o comportamento resultante foi classificado como Analítico. No caso de empate
com escolhas reativas, o comportamento foi classificado como Reativo (GIMENEZ et al.,
1998).
O comportamento Defensivo foi o mais ocorrente entre as empresas pesquisadas.
(Tabela 24), configurando uma projeção predominante (39,7%) com relação aos outros. Ficou
evidente a postura verificada em função de as características básicas desse comportamento
serem visíveis nas microempresas. Tendem por sua natureza a centralizarem suas atividades
(especialidade), fato evidenciado pela Tabela 8, mantendo, 65,5% das empresas linhas de
negócios especializadas (uma linha de produto representa mais de 50% de seus estoques),
87
buscando nichos de mercado passíveis de estabilidade (MILES; SNOW, 1978). O domínio
limitado do mercado (evidenciado pela pequena infra-estrutura das empresas desse porte) e a
característica de postergarem e raramente fazerem ajustes na sua estrutura, operacionalidade e
tecnologia, atestam compatibilidade com os resultados apurados.
Tabela 24: Comportamento estratégico adotado pelas empresas.
Comportamento
Defensivo 23 39.7%
Reativo 19 32.8%
Analítico 13 22.4%
Prospector 35.2%
Total 58 100.0%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
Projeta-se o comportamento Reativo – manifestado por 32,8% – como o segundo
dominante. É percebido nas empresas que são caracterizadas pela impulsividade e ausência de
ações planejadas estrategicamente. A demora nas decisões e ações sobre as pressões
ambientais fazem com que elas reajam apenas quando estão em uma situação limite, às vezes,
tardiamente.
O comportamento Analítico, conceitualmente – segundo Miles e Snows (1978) – por
ser um híbrido dos comportamentos prospector e defensivo, obteve uma boa projeção, alçada
pelo comportamento Defensivo dominante. Na verdade, reproduz as estratégias adotadas
pelos concorrentes, concretizando as que lhes parecem mais eficientes.
Exíguo, o comportamento Prospector mostrou-se condizente com o perfil de empresas
de pequeno porte. Normalmente percebido em organizações consolidadas, caracterizadas pela
busca constante de mercados, em que a inovação de produtos e processos é uma constante.
4.7 RELAÇÃO DA INFORMATIZAÇÃO COM AS ESTRATÉGIAS
Uma vez caracterizado em que estágio de informatização as empresas pesquisadas se
encontram, que elaboração de estratégias são utilizadas, e quais os comportamentos
estratégicos assumidos, tem-se elementos para proceder à analise da informatização da
microempresa versus a estratégia organizacional (Tabela 25), descobrindo-se qual a relação
do comportamento estratégico e do processo de elaboração de estratégias diante de seu nível
de informatização, objetivo geral deste trabalho.
88
Tabela 25: Tabela cruzada dos estágios vs comportamentos vs elaborações.
Estágio
A
bstençã
o
Iniciação
Contágio
Controle
Maturidade
TOTAL
Comportament
o Defensivo
Comportament
o Prospector
Comportame
nto Analítico
Comportame
nto Reativo
Elaboração
Empreendedor
Elaboração
Adaptativo
Elaboração
Planejamento
Elaboração
Híbrida
30,4% 33,3% 15,4% 57,9% 22,7% 50,0% 41,2% 47,1%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
21,7% 0,0% 23,1% 21,1% 18,2% 50,0% 23,5% 17,6%
34,8% 66,7% 53,8% 15,8% 40,9% 0,0% 35,3% 29,4%
13,0% 0,0% 7,7% 5,3% 18,2% 0,0% 0,0% 5,9%
100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
A tabela de análise de variância decompõe a variância dos dados em dois
componentes: entre grupos e dentro dos grupos. No caso deste estudo, está-se analisando
como se comporta a oscilação da variável estágio em cada um dos níveis de elaboração. O p-
valor da análise de variância resultou em 0,186 (Tabela 26), indicando que não se pode
rejeitar a hipótese nula de que a variável estágio não depende dos diferentes níveis de
elaboração, a um nível de confiança de 90%.
Tabela 26: Análise de variância para o Estágio de informatização nos níveis de Elaboração de estratégias.
Fonte Soma de
quadrados
G.L. Quadrado
médio
Razão F p-Valor
Entre grupos 10,2739 3 3,42464 1,66 0,186
Dentro dos grupos 111,243 54 2,06006
Total 121,517 57
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
Detalhando o exposto, entre os diferentes modos de elaboração, tem-se uma
variabilidade 10. Verificou-se dentro de cada grupo uma variabilidade considerável. Cerca de
10% da variabilidade dos dados é explicada pela diferença de tipos de Elaboração. A variável
estágio de informatização é explicada parcialmente pela elaboração, mas isto por si só já é
suficiente para que se propõe esse trabalho.
A ANOVA forneceu um p-valor maior que 0,1 (para o nível de confiança 90%) o que
significa que não se deve rejeitar a proposição de que tanto faz o tipo de elaboração, que todos
eles têm um estágio de informatização mais ou menos idêntico. Isso parece evidente pelo fato
de que três dos quatro tipos de Elaboração são muito semelhantes, e um só se destaca.
Mas isso não é de todo negativo. A ANOVA mostra que existe uma pequena
dependência, que não deve ser rejeitada.
Dessa forma, fez-se uma análise paralela pelo gráfico de Box-and-Wisker (Figura 1) de
forma direta – se uma caixa não se sobrepõe às demais, indica que o nível correspondente
àquela caixa influi na variável resposta de forma diferenciada em relação aos demais níveis;
uma caixa mais à direita, por exemplo, indicaria que aquele nível influi positivamente
89
(aumenta a variável resposta); uma caixa mais à esquerda indicaria que aquele nível influi
negativamente (diminui a variável resposta) – observando-se que pode haver influência, pelo
menos no caso do modo de elaboração Empreendedor.
No modo de Elaboração adaptativo, tem-se tanto extremos quanto quartis nos estágios
de Abstenção a Contágio. Nesse modo de elaboração, não se detectaram empresas que
estivessem no estágio de Controle ou de Maturidade.
A análise do modo de elaboração Empreendedor parece mais completa, diz que nessa
elaboração são encontradas empresas de todos os estágios de informatização, os extremos
estão representados, porém, a área hachurada significa que, entre os estágios de
informatização de Contágio e Controle, encontram-se 50% das empresas dessa elaboração.
Legenda: Elaboração 1 Empreendedor; 2 Adaptativo; 3 Planejamento; 4 Híbrida
Estágio 1 Abstenção; 2 Iniciação; 3 Contágio; 4 Controle; 5 Maturidade.
Figura 1: Gráfico de Box-e-Whisker de Elaboração de estratégias versus Estágio de informatização.
Tem-se, nesse caso, o primeiro, segundo e terceiro quartil. Antes do primeiro quartil,
que aponta para o estágio de Contágio, encontra-se 25%, da população (que se enquadra no
modo de elaboração Empreendedor), 25% deles também estão acima do terceiro quartil.
Dessa forma, a ANOVA juntamente com o gráfico, informa que não se pode afirmar
que existe influência, em função de o p-valor revelar que não se deve rejeitar a hipótese dos
níveis de elaboração serem todos equivalentes, apesar de o gráfico indicar uma possibilidade
de que o modo de elaboração Empreendedor é diferente dos outros.
Logo, percebe-se que a equivalência entre níveis de elaboração realmente existe, mais
proeminente nos modos Planejamento e Híbrido. Entretanto, os modos de elaboração
90
Empreendedor e Adaptativo diferenciam-se dos demais, estando o modo Empreendedor de
elaboração mais relacionado aos estágios de Contágio e Controle, enquanto o modo
Adaptativo de elaboração estaria relacionado ao estágio de Iniciação/Contágio.
Esses resultados são significativos, possuindo embasamento do ponto de vista teórico.
Isso ocorreu no modo Empreendedor, o mais comum entre as microempresas pesquisadas
(Tabela 21), pelo fato de a informatização estar sendo vista como uma oportunidade, uma
característica nata desse modo, buscando a empresa novas áreas de atuação (evidenciado pelo
fato de a maior parte trabalhar com linhas diversificadas de produtos – Tabela 27), produtos e
serviços para ampliar seu empreendimento; aproveitando oportunidades fora do comum para
começar um negócio novo, obter financiamentos, equipamentos, local de trabalho ou
assistência (GREATTI; SENHORINI, 2000).
Tabela 27: Tabela cruzada das elaborações estratégicas vs tipo de lojas.
Elaboração
Loja_Tipo
Especializada
Diversificada
TOTAL
Empreendedor Adaptativo Planejamento Elaboração Híbrida
TOTAL
34,2% 0,0% 34,2% 31,6%
100%
45,0% 10,0% 20,0% 25,0%
100%
37,9% 3,4% 29,3% 29,3%
100%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
Da mesma maneira, no modo Adaptativo, a organização, em um comportamento típico
dessa elaboração, segue o que os demais estão fazendo (MINZTBERG, 1973), pelo fato de
suas decisões por natureza serem sempre remediadoras, efetuando tudo em pequenos passos,
evidenciando que os outros modos de elaborações – especificamente o modo Empreendedor –
estejam mais avançados. Os outros dois modos estão mais dispersos, não sendo elucidativo
esse panorama para uma avaliação teórica embasada no até agora exposto.
Na segunda análise de variância, estuda-se o comportamento da variável estágio nos
diferentes níveis da variável comportamento. O p-valor da análise de variância resultou em
0,0719 (Tabela 28), indicando que se deve rejeitar a hipótese nula de que a variável estágio
não depende dos diferentes níveis de comportamento.
Tabela 28: Análise de variância para o Estágio de informatização nos níveis de Comportamento.
Fonte Soma de
quadrados
G.L. Quadrado
médio
Razão F p-Valor
Entre grupos 14,6508 3 4,88361 2,47 0,0719
Dentro dos grupos 106,866 54 1,97901
Total 121,5168 57
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
91
Há um nível de confiança de 90%, indicando a ANOVA que estágio é dependente de
comportamento. Estatisticamente se pode afirmar que o comportamento estratégico percebido
na empresa influenciam o estágio de informatização que a empresa se encontra.
Analisando o gráfico de Box-and-Wisker (Figura 2), confirma-se que a distribuição da
variável estágio realmente depende do nível de comportamento considerado. Para o
comportamento Analítico fica clara uma tendência de que o estágio esteja entre Contágio e
Controle. Os comportamentos Defensivo e Prospector, por outro lado, não estão associados a
níveis específicos de estágio.
Nessa segunda análise, tem-se um p-valor que permite afirmar com significância
estatística da influência de uma variável sobre a outra. O gráfico corrobora com a ANOVA
dizendo que influências são essas, quais são os níveis de comportamento que implicam num
estagio mais avançado.
Legenda: Comportamento 1 Defensivo; 2 Prospector; 3 Analítico; 4 Reativo.
Estágio 1 Abstenção; 2 Iniciação; 3 Contágio; 4 Controle; 5 Maturidade.
Figura 2: Gráfico de Box-e-Whisker de Comportamento versus Estágio de informatização.
Sem redundâncias, pode-se afirmar que a ANOVA indicou a existência de uma
significância estatística com relação entre as variáveis, elucidou que o estágio é explicado
pelos níveis de comportamento. O gráfico mostra exatamente que relação é essa, e quais são
os níveis que influenciam positivamente ou negativamente no estágio da empresa.
O comportamento Defensivo se mostrou mais ou menos neutro, percebe-se que a
mediana está tendendo para níveis mais avançados, porém os quartis mostram que isso não
tem muita relevância, porque a população está distribuída em quase todos os níveis. É um
92
comportamento que não fornece muita informação sobre o estágio da empresa, assim como o
Prospector.
Deve-se ponderar o fato de que essa é uma análise aproximada, feita sobre elementos
visuais apresentados em um gráfico, para ilustrar este estudo. Isso é visível na representação
gráfica dos estágios. A tabela de dados dos estágios de informatização (Tabela 15) não acusa
nenhuma empresa participante do estágio de Iniciação, porém não se consegue enxergar isso
no gráfico. Mesmo não havendo empresas nesse estágio (2), esse espaço está preenchido por
se encontrar entre dois níveis (1 e 3) intermediários (MONTGOMERY, 1991).
Independente disso pode-se afirmar que a maior parte da população pesquisada está se
concentrando em estágios avançados de informatização, quando o comportamento é o
Analítico.
O comportamento Reativo se diferencia bastante do comportamento Analítico, tanto
que nem se intercalam, por um lado tem-se 75% da população, do outro, completamente
oposto, temos igualmente 75%. Fica claro o porquê da significância estatística daqueles
resultados da ANOVA, visto que há dois níveis de comportamento (Analítico e Reativo) que
se diferenciam completamente. Mintzberg (1973), Miles e Snow (1978) prevêem esse status,
visto que o comportamento Analítico não se distancia do modo Empreendedor.
Para o comportamento Reativo, o gráfico indica uma tendência em torno do estágio de
Iniciação. Esse ajusta-se ao modo Adaptativo.
Tabela 29: Tabela cruzada das elaborações estratégicas vs tipo de lojas.
Comportamento
Loja_Tipo
Especializada
Diversificada
TOTAL
Defensivo Prospector Analítico Reativo
TOTAL
44,7% 5,3% 15,8% 34,2%
100%
30,0% 5,0% 35,0% 30,0%
100%
39,7% 5,2% 22,4% 32,8%
100%
Fonte: Dados da pesquisa, 2006
O comportamento Defensivo foi o que menos determinou o estágio, conduta esperada
pelas características próprias de limitação de ação nas operações, evitando a busca de novos
domínios, fruto do padrão dominante de especialidade (Tabela 29).
93
5 CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E SUGESTÕES
Após a exposição dos resultados de forma descritiva, com as principais generalizações
sobre os eventos apurados por meio da ponderação, moda, e da análise de variância no
experimento fatorial de se relacionar as variáveis de estágios de informatização (NOLAN,
1979), comportamentos estratégicos (MILES; SNOW, 1978) e modos de elaborações de
estratégia (MINTZBERG, 1973), faz-se nesta seção uma avaliação sobre o trabalho,
apresentando sua contribuição, principais conclusões dos resultados, limitações, e sugestões
de aplicações futuras.
Este trabalho teve como objetivo geral avaliar a informatização da microempresa
varejista do município de Porto União, à luz da estratégia organizacional. A principal
contribuição deste estudo diz respeito à agregação de novos elementos sobre teorias já
estudadas, evidenciando que a posição da empresa mediante seu estágio de informatização é
refletida no gerenciamento e nas suas estratégias. A análise de variância (ANOVA) indicou
interdependência entre as variáveis envolvidas, observando-se que o Estágio de
informatização depende dos fatores Elaboração de estratégia e Comportamentos estratégicos.
O objetivo acima exposto foi estruturado sobre os objetivos específicos desta pesquisa.
O primeiro deles era identificar em que estágio de informatização se encontravam as empresas
participantes do estudo. Buscou-se na literatura um referencial sobre que modelo aplicar,
recaindo a escolha sobre as classificações dos processos de absorção da tecnologia de
informação na empresa, elaborados por Nolan (1979).
Inicialmente, obteve-se a constatação de pesquisas anteriores (BEDÊ, 2003): o alto
índice de abstenção da tecnologia das empresas jovens, como menos de um ano de existência.
Após, revelada pela ponderação, verificou-se a absorção do estágio de Iniciação pelos demais,
fruto da maturidade tecnológica atual, que permite à empresa iniciar sua informatização de
forma estruturada e colaborativa. Fora isso, não houve surpresas quanto às demais
classificações, que concentraram mais empresas nos estágios de Controle e Contágio. Infere-
se que aquilo que se encontrou era o que se esperava em termos teóricos, conforme as
pesquisas de Bedê (2003).
A detecção de como a informática estava implementada na empresa foi feita por meio
da verificação da forma que a informatização estava estruturada nos processos gerenciais,
94
quais estavam informatizados ou não, e, em conseqüência, quais estariam pendentes e sua
priorização. Pode-se inferir a influência do agente externo Governo, com relação à
implantação dos processos fiscais (emissão de notas/cupons), forçando e puxando a
informatização nesse segmento empresarial. Os demais processos mostraram uma seqüência
lógica, conforme Compufour (2003), na sua implementação, inicialmente com a
automatização dos cadastros básicos, partindo para o processamento dessas informações.
Dessa forma infere-se que a informatização é decorrente em parte da imposição legal, e em
parte iniciada da forma como orientam os manuais dos softwares de gestão comercial.
Constatou-se igualmente que a maioria dos processos demonstraram tendências ao
nível mínimo (não informatizado) e ao nível máximo (totalmente informatizado), não sendo
representativos os índices intermediários, corroborando com a inexistência do estágio de
Iniciação no cenário tecnológico atual, que possuía como característica dominante o
aprendizado lento e não integrado (Nolan 1979). As prioridades de implementação dos
processos pendentes foram apoiadas pela análise anterior, não havendo discrepâncias.
Determinar o modo de elaboração de estratégias adotado pelas empresas, como base
para o objetivo geral, por si só mostrou elementos pertinentes de análise individual. Com
exceção de uma empresa, as demais demonstraram alguma hibridez nos modos do processo
de elaboração de estratégia, fato previsto por Mintzberg (1973) e detectado por Hoffmann
(2000), sendo percebidos como relevantes o modo de elaboração Empreendedor e o modo
Planejamento. O modo Híbrido foi resultante de uma mescla do modo Empreendedor com os
modos Planejamento e Adaptativo, logo, evidências de “características empreendedoras” são
percebidas nesse modo.
A determinação do comportamento estratégico foi direcionada sem a acepção de
comportamentos híbridos, pelo fato de a teoria fundamentar sobre comportamentos que são
resultantes da transição de outros (GIMENEZ et al., 1998). Seguindo esse critério, o
comportamento dominante detectado foi o Defensivo, fato esperado devido ao grau de
especialização encontrado na linha de produtos dessas empresas, e pelo domínio limitado do
mercado – característica presente em empresas de pequeno porte.
Com base nos elementos diagnosticados (o estágio de informatização, o modo de
elaboração de estratégias, e o comportamento estratégico), verificou-se a correlação entre eles
com a finalidade de detectar influências que o estágio de informatização poderia exercer sobre
os demais ou vice-versa. Os resultados foram positivos, mostrando-se relação entre as
variáveis analisadas. A ANOVA indicou, e por meio da visualização dos gráficos Box-e-
Whisker evidenciou-se, que o Estágio de informatização possui mínima vinculação com o
95
fator Elaboração e acentuada dependência com o fator Comportamento, percebendo-se que a
variável Comportamento, conforme o modelo de Miles e Snow (1978) é mais discriminatória
que a variável Elaboração (MINTZBERG, 1973), com base nos dados da amostra. Os níveis
que mostram os indicativos de um Estágio de informatização mais avançado são o
Comportamento analítico e Elaboração modo empreendedor.
Essa é uma conclusão que parece ter relevo. Se uma empresa tem um processo de
elaboração de estratégia mais empreendedor, típico nas empresas com dirigentes mais jovens,
em que o crescimento é o objetivo principal da organização (MINTZBERG, 1973); ou se
possui um comportamento Analítico, que não deixa de evidenciar os comportamentos
prospector e defensivo, devido sua natureza híbrida, ela está usando a informatização como
ferramenta estratégica.
Não houve muitos delimitadores ao trabalho, pois procurou-se adaptar e remodelar os
objetivos iniciais conforme as contingências surgidas, como, por exemplo, a mudança da
população a ser estudada.
O modelo de Nolan (1979) apresenta algumas limitações, como não considerar a
possibilidade de a empresa não estar informatizada, ou distorções referentes ao momento
tecnológico da época em que foram formulados. Infere-se que sua aplicação demandava
ajustes para efeitos neste trabalho, reduzindo os estágios para a realidade da microempresa e
do cenário tecnológico atual.
Muitas das empresas entrevistadas demonstraram um estágio indefinido, com resíduos
dos demais. Apesar da normalidade dessas fases de transição, optou-se em não trabalhar com
estágios híbridos, utilizando-se a ponderação, que permitiu que todos os estágios envolvidos
participassem com um peso, indicando se a freqüência de ocorrência de um deles está mais
concentrada em uma categoria.
Percebeu-se, na análise das respostas, que alguns entrevistados se equivocaram nas
informações fornecidas, fruto de desconhecimento da área técnica relacionada ao processo de
informatização. O uso de uma forma inovadora de coleta de dados (computador PDA)
estimulou os entrevistados a responderem sozinhos as questões, mas, em função do acima
exposto, questiona-se esse procedimento. Se o preenchimento fosse feito pelo entrevistador,
esclarecendo com detalhes cada item envolvido, poder-se-ia evitar interpretações dúbias por
parte do entrevistado.
O tamanho da amostra – restrita – e sua concentração em uma população não muito
representativa limitaram os resultados. Entre as sugestões para pesquisas futuras, a mais
evidente seria aumentar a abrangência do estudo para outros centros, assim como segmentar a
96
pesquisa para empresas de pequeno porte, prestadores de serviços ou indústrias. Um estudo
mais elaborado sobre a estruturação de um novo modelo de estágios de informatização
também é evidenciado como objetivo futuro.
97
REFERÊNCIAS
AGUIAR, I. F. Plano diretor de informática. São Paulo, 2004. Disponível em:
<http://www.geocities.com/fatecsp/pdi.htm > Acesso em: 10 abr. 2005.
ALBERTIN, L. A. A. Administração de informática: funções e fatores críticos de sucesso.
4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
ANDREWS, K. The concept of corporate strategy. In: DE WIT, B.; MEYER, R. Strategy:
process, contend, context: an international perspective. St. Paul/USA: West Publishing, 1994.
ANSOFF, H. I. Estratégia empresarial. São Paulo: McGraw-Hill, 1977.
ANSOFF, I.A.; McDONNELL, E. J. Implantando a administração estratégica. São Paulo:
Atlas, 1993.
BARBETTA, P. A. Estatística aplicada às ciências sociais. 5. ed. Florianópolis: UFSC,
2003.
BARBOSA, R. R. Monitoração ambiental: uma visão interdisciplinar. Revista de
Administração, São Paulo, v. 32, n. 4, p. 42-53, out./dez. 1997.
BATALHA, M. O.; DEMORI, F. A pequena e média indústria em Santa Catarina.
Florianópolis: UFSC, 1990.
BATISTA; E. O. Sistemas de informação: o uso consciente da tecnologia para o
gerenciamento. São Paulo: Saraiva, 2004.
BAUM, J. A. C.; HAVEMAN, H. A. Love thy neighbor? differentiation and agglomeration in
the Manhattan hotel industry: 1898-1990. Administrative Science Quarterly, v. 42, p. 304-
338, 1997.
BECHERER, R. C.; MAURER, J. G. The proactive personality disposition and
entrepreneurial behavior among small business presidents. Journal of Small Business
Management, v. 37, n. 1, p. 28-37, jan. 1999.
BEDÊ, M. A. A informatização nas MPEs paulistas: relatório de pesquisa. São Paulo:
Sebrae, 2003.
BERMAN, B. Marketing channels. New York: John Wiley & Sons, 1996.
98
BEZERRA, C. A. Projeto de sistemas de informação baseado em qualidade: uma
abordagem voltada à pequena empresa. 2001. 113 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Produção e Sistemas) – Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.
Disponível em: <http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/5616.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2004.
BLACK, T. Doing quantitative research in social sciences. London: Sage, 1999.
BORGES, A. R. Marketing de varejo: as estratégias adotadas pelos supermercados de
vizinhança para conquistar e fidelizar clientes. 2001. 156 f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia de Produção e Sistemas) – Universidade do Estado de Santa Catarina,
Florianópolis, 2001. Disponível em: <http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/8260.pdf>. Acesso
em: 30 nov. 2004.
BOURGEOIS, L. J. Strategy and environment: a conceptual integration. Academy of
Management Review, vol. 5, n. 1, 1980.
CARLOS, M. G. O.; FORTE, S. H. A. C. Prospectiva e comportamento estratégico: um
estudo nas maiores empresas exportadoras dos principais setores da indústria cearense. In:
ENCONTRO DA ANPAD, 28., 2004, Curitiba. Anais... Curitiba: ANPAD, 2004. 1 CD-
ROM.
CASSARRO, A. C. Sistemas de informações para tomada de decisões. 3. ed. São Paulo:
Pioneira, 1999.
CAVALCANTI, M.; MELLO, A. A. A. Diagnóstico organizacional: uma metodologia para
pequenas e médias empresas. São Paulo: Loyola, 1981.
CLAUSEWITZ, K. V. Art or science of strategy. In: DE WIT, B.; MEYER, R. Strategy:
process, contend, context: an international perspective. St. Paul/USA: West Publishing, 1994.
COBRA, M. Marketing básico. São Paulo: Atlas, 1997.
COHEN, M. O Impacto das decisões estratégicas no desempenho dos franqueados em
fast food: o papel do relacionamento franqueador-franqueado. 1998. Dissertação
(Departamento de Administração) – Pontifícia Universidade Católica, Rio de Janeiro, 1998.
COMPUFOUR: Aplicativos comerciais 2003: manual do usuário. Concórdia: Compufour,
2003.
COSTA, L. V.; SIQUEIRA, M. M. M. Avaliação da fluência em tecnologia da informação.
In: ENCONTRO DA ANPAD, 27., 2003, Atibaia. Anais... Atibaia: ANPAD, 2003. 1 CD-
ROM.
DAL VESCO, A. Um estudo dos instrumentos de informação econômico-financeira
utilizados no processo de gestão das microempresas do comércio varejista da associação
99
dos municípios do Alto Uruguai catarinense – AMAUC. 2000. Dissertação (Mestrado em
Administração) – Departamento de Administração, Universidade do Estado de Santa
Catarina, Florianópolis, 2000.
DAVENPORT, T. H.; MARCHAND, D. A. A gestão do conhecimento é apenas uma boa
gestão da informação? In: DAVENPORT, T. H.; MARCHAND, D. A.; DICKSON, T.
Dominando a gestão da informação. Porto Alegre: Bookman, 2004.
DEAKINS, D. Entrepreneurship and small firms. Berkshire: Mc Graw-Hill, 1996.
DIAS; D. S. Motivação e resistência ao uso da tecnologia de informação: um estudo entre
gerentes. In: ENCONTRO DA ANPAD, 22., 1998, Foz do Iguaçú. Anais eletrônicos... Foz
do Iguaçú: ANPAD, 1998. Disponível em:
<http://www.anpad.org.br/enanpad/1998/dwn/enanpad1998-ai-01.zip>. Acesso em: 05 abr.
2004.
ESPEJO, M. M. S. B.; PREVIDELLI, J. J. Os grandes desafios e as estratégias do
empreendedor no ensino superior privado. In: ENCONTRO DA ANPAD, 28., 2004, Curitiba.
Anais... Curitiba: ANPAD, 2004. 1 CD-ROM.
EVANS, P. Estratégia e a nova economia da informação. In: DAVENPORT, T. H.;
MARCHAND, D. A.; DICKSON, T. Dominando a gestão da informação. Porto Alegre:
Bookman, 2004.
FERREIRA, A. C. Conceitos básicos em administração de empresas. São Paulo:
Tecnoprint, 1984.
FORTE, S. H. A. C.; CARVALHO, F. I. C.; MOREIRA, V. C. Estudo das mudanças
estratégicas os cursos de administração das organizações universitárias de fortaleza. In:
ENCONTRO DA ANPAD, 27., 2003, Atibaia. Anais... Atibaia: ANPAD, 2003. 1 CD-ROM.
FREITAS, H. et al. O método de pesquisa survey. Revista de Administração. São Paulo, v.
35, n. 3, p. 105-112, jul./set. 2000.
GIMENEZ, F. A. P. et al. Estratégia em pequenas empresas: uma aplicação do modelo de
Miles; Snow. In: ENCONTRO DA ANPAD, 22., 1998, Foz do Iguaçú. Anais eletrônicos...
Foz do Iguaçú: ANPAD, 1998. Disponível em:
<http://www.anpad.org.br/enanpad/1998/dwn/enanpad1998-orgest-10.pdf>. Acesso em: 10
jan. 2005.
GOMES, G.C. Percepção e estilos estratégicos. In: EGEPE, 1., 2000, Maringá. Anais...
Maringá: EGEPE, 2000. 1 CD-ROM.
GREATTI, L. SENHORINI, V. M. Empreendedorismo: uma visão comportamentalista. In:
EGEPE, 1., 2000, Maringá. Anais... Maringá: EGEPE, 2000. 1 CD-ROM.
100
HAMBRICK, D. C. High profit strategies in mature capital goods industries: a contingency
approach. Academy of Management Journal, v. 26, n. 4, p. 687-707, 1983a.
______. Some tests of the effectiveness and functional attributes of Miles and Snow's
strategic types. Academy of Management Journal, v. 26, n. 1, 1983b.
HAMEL, G.; PRAHALAD, C. K. Strategic intent. In: BARNEVIK, P.; KANTER, R. M.
Global strategies: insights from the world’s leading thinkers. Boston: Harvard Business
School Press, 1994. p. 3-28. (The Harvard Business Review Book Series).
HAX, A. C. Defining the concept of strategy and the strategy formation process. In: DE WIT,
B.; MEYER, R. Strategy: process, contend, context: an international perspective. St.
Paul/USA: West Publishing, 1994.
HERBERT, T. T.; DERESKY, H. Generic strategies: an empirical investigation of typology
validity and strategy content. Strategic Management Journal, n. 8, p. 135-147, 1987.
HOFFMANN, V. E. Comportamento estratégico em pequenas e médias empresas de primeira
e segunda geração: um estudo de multi-casos no vale do Itajaí – Santa Catarina. Revista
Alcance (CESCIESA), ano IX, n. 6, p. 79-86, 2002.
______. Evaluación del Impacto del Entorno Estratégico en Pequeñas y Medianas Empresas
(Pymes) del sector de Servicios del Vale do Itajaí – Brasil. In: ENCONTRO DA ANPAD.
24., 2000, Florianópolis. Anais... Florianópolis: ANPAD, 2000.
______. O processo de elaboração de estratégias na Irmãos Fischer S/A Indústria e
Comércio. 1997. 193 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis, 1997.
______. Processo e elaboração de estratégias organizacionais: evolução em uma empresa
industrial. Revista Alcance (CESCIESA), ano V, n. 13, p. 75-84, 1998.
IBGE. Cidades@. Brasília, 2005. Disponível em
<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php> Acesso em: 21 set. 2005.
IDENBURG, P. J. Four styles of strategy development. Long Range Planning. v. 26, n. 6, p.
132-137, 1993.
KETS DE VRIES, M. Rebeldes criativos com causa. In: ______. Dominando os desafios do
empreendedor: o seu guia para se tornar um empreendedor. São Paulo: Makron Books, 2001.
KOTLER, P. Administração de marketing. São Paulo: Prentice Hall, 2000.
101
KREPSKY, J. C. O estatuto da microempresa e a necessidade de sua reformulação:
legislação e comentários à margem do estatuto. São Paulo: Acadêmica, 1992.
LANDMANN, R. O Impacto do TQM em empresas de pequeno porte. 1998. Dissertação
(Mestrado em Administração) – Departamento de Administração, Universidade Federal do
Paraná, Curitiba, 1998.
LAKATOS, E. M., MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 3. ed. São
Paulo: Atlas, 1996.
______. Técnicas de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
LÃS CASAS, A. L. Marketing de varejo. São Paulo: Atlas, 1992.
LAUDON, K. C.; LAUDON, J. P. Sistemas de informação. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC,
1999.
LAURINDO, F. J. B. et al. O papel da tecnologia da informação (TI) na estratégia das
organizações. Gestão & Produção, v. 8, n. 2, p. 160-179, ago. 2001.
LEVY, M.; WEITZ, B. A. Administração de varejo. São Paulo: Atlas, 2000.
LONGENECKER, J. G.; MOORE, C. W.; PETTY, J. W. Administração de pequenas
empresas: ênfase na gerência empresarial. São Paulo: Makron Books, 1997.
MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 3. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2002.
MARCONI, M. de A. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas,
amostras e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. São Paulo:
Atlas, 1990.
MATTAR, F. N. Pesquisa de marketing. São Paulo: Atlas, 2001.
MILES, R. E.; SNOW, C. C. Organizational strategy, structure and process. New York:
McGraw-Hill, 1978.
MINTZBERG, H. Crafting strategy. In: ______. The state of strategy. p. 109-118. Boston:
Harvard University Business Review, 1993.
______. Strategy making in three modes. California Management Review, v. 16, n. 2, p.
44-53, winter 1973.
102
MINTZBERG, H. et al. Safári de estratégia: um roteiro pela selva do planejamento
estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2000.
MINTZBERG, H.; QUINN, J. B. O processo da estratégia. 3. ed. Porto Alegre: Bookman,
2001.
MINTZBERG, H.; WATERS, J. Of strategies, deliberate and emergent. In: DE WIT, B.;
MEYER, R. Strategy: process, contend, context: an international perspective. St. Paul/USA:
West Publishing, 1994.
MONTGOMERY, D. C. Design and analysis of experiments. 3. ed. New York: John Wiley
& Sons, 1991.
MOSCA NETO, E.; RAMOS, A.S. M. Perfil do uso da informática e estágio de
informatização nas empresas industriais de Natal. In: ENCONTRO DA ANPAD, 21., 1997,
Rio das Pedras. Anais eletrônicos... Rio das Pedras: ANPAD, 1997. Disponível em:
<http://www.anpad.org.br/enanpad/1997/dwn/enanpad1997-ai-05.zip>. Acesso em 15 out.
2004.
NAISBITT, J. Paradoxo global. Rio de Janeiro: Campus, 1994.
NOLAN, R. L. Managing the crises in data processing. Harvard Business Review, v. 57, n.
2, p. 115-126, mar./apr. 1979.
NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa. 4. ed. Rio de Janeiro:
Campus, 1997.
O’BRIEN, J. A. Sistemas de informação e as decisões gerenciais na era da internet. 2. ed.
São Paulo: Saraiva, 2004.
OHMAE, K. The mind of the strategy. In: DE WIT, B.; MEYER, R. Strategy: process,
contend, context: an international perspective. St. Paul/USA: West Publishing, 1994.
OLIVEIRA; D. P. R. Sistemas de informações gerenciais: estratégias táticas operacionais. 8
ed. São Paulo: Atlas, 2002.
PARENTE, J. Varejo no Brasil: gestão e estratégia. São Paulo: Atlas, 2000.
PELTON, L. E.; STRUTTON, D.; LUMPKIN, J. R. Marketing channels: a relationship
management approach. Irwin/McGraw-Hill, 1997.
PEREIRA, F. H. Metodologia de formação de preço de venda para micros e pequenas
empresas. 2000. 159 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade
103
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2000. Disponível em:
<http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/6993.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2004.
PEREIRA, M. F. A construção do processo de planejamento estratégico a partir da
percepção da coalizão dominante. 2002. 294 f. Tese (Doutorado em Engenharia de
Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. Disponível em:
<http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/1088.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2005.
PEREIRA, M. F. F. Gerenciamento da informação: um diagnóstico da micro e pequena
empresa industrial de Londrina. 2003. 155 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003. Disponível em:
<http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/10454.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2005.
PÉROLA, A.; GIMENEZ, F. A. P. Estratégia em pequenas empresas: uma aplicação dos
modelos de Miles e Snow e Kirton nas lojas varejistas dos shopping centers de Maringá. In:
ENCONTRO DA ANPAD. 24., 2000, Florianópolis. Anais eletrônicos... Florianópolis:
ANPAD, 2000. Disponível em: <http://www.anpad.org.br/enanpad/2000/dwn/enanpad2000-
ade-824.zip> . Acesso em: 10 jan. 2005.
PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas para análise da indústria e da concorrência.
Rio de Janeiro: Campus, 1986.
POZZEBON, M.; FREITAS, H. M. R.; PETRINI, M. A definição de categorias para o estudo
de comportamentos proativos na recuperação de informações. In: ENCONTRO DA ANPAD,
22., 1998, Foz do Iguaçú. Anais eletrônicos... Foz do Iguaçú: ANPAD, 1998. Disponível em:
<http://www.anpad.org.br/enanpad/1998/dwn/enanpad1998-ai-08.zip>. Acesso em: 15 out.
2004.
QUINN, J.B. Strategic change: logical incrementalism. Sloan Management Review, v.20,
p.7-21, Fall, 1978.
REBELO, L. M. B.; ERDMANN, R. H. Considerações sobre o estudo de estratégias
competitivas no setor de serviços sob o enfoque das escolas de planejamento e de
aprendizado. Revista Alcance, Itajaí, n. 2, p. 191-209, 2003.
RECEITA FEDERAL. Simples: sistema integrado de pagamento de impostos e contribuições
das microempresas e das empresas de pequeno porte. Brasília, 2005. Disponível em
<http://www.receita.fazenda.gov.br/TextConcat/?Pos=17&Div=GuiaContribuinte/Simples/>
Acesso em: 01 jun. 2005.
REZENDE, D. A.; ABREU, A. F. Tecnologia da Informação: aplicada a sistemas de
informação empresariais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
ROSINI, A. M.; PALMISANO, A. Administração de sistemas de informação e a gestão de
conhecimento. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
104
ROSSETTO, C. R.; ROSSETTO, A. M. O comportamento estratégico segundo a teoria de
Miles e Snow: um estudo multicaso em três empresas familiares na indústria da construção
civil – setor de edificações. In: EGEPE, 2., 2001, Londrina. Anais... Londrina: EGEPE, 2001.
1 CD-ROM.
RUSS, J. Dicionário de filosofia. São Paulo: Scipione, 1994.
SACCOL, A. I. C. Z. Alinhamento estratégico da utilização da internet e do comércio
eletrônico: os casos Magazine Luiza e Fleury. In: ENCONTRO DA ANPAD, 27., 2003,
Atibaia. Anais... Atibaia: ANPAD, 2003. 1 CD-ROM.
SANDHUSSEN, R. Marketing básico. São Paulo: Saraiva, 2000.
SAVIANI, J.R. Repensando as pequenas e médias empresas: como adequar os processos
de administração aos novos conceitos de modernidade. São Paulo: Makron Books, 1995.
SEBRAE. Boletim estatístico de micro e pequenas empresas: primeiro semestre de 2005.
Brasília: Sebrae, 2005.
SILVA, A. T. Administração e controle. São Paulo: Atlas, 1982.
SILVA, D. M. A internacionalização das redes de franquias brasileiras e a necessidade de
adaptação do composto de marketing aos novos mercados. In: ENCONTRO DA ANPAD,
28., 2004, Curitiba. Anais... Curitiba: ANPAD, 2004. 1 CD-ROM.
SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação.
Florianópolis: UFSC, 2000.
SILVA, J. F.; BRANDT, E. A.; COSTA, L. S. V. Truelo de tipologias estratégicas na arena
das franquias de fast food no Brasil: Porter x Miles & Snow x Mintzberg. In: ENCONTRO
DA ANPAD, 27., 2003, Atibaia. Anais... Atibaia: ANPAD, 2003. 1 CD-ROM.
SILVA, J. J. P. Um modelo de desenvolvimento estratégico: preparando micro e pequenas
empresas para a utilização de indicadores estratégicos. 2001. 212 f. Dissertação (Mestre em
Engenharia) – Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, 2001. Disponível em:
<http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/3304.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2004
SILVA, V. L. Diagnóstico do nível de tecnologia da informação e dos sistemas contábeis-
gerenciais no processo decisório das micro e pequenas empresas do ramo de confecções
do município de Colatina – ES. 2002. 147 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.
SOLOMON, S. A grande importância da pequena empresa: a pequena empresa nos
Estados Unidos no Brasil e no mundo. Rio de Janeiro: Editorial Nórdica, 1986.
105
SOUZA NETO, J. A. de. Negociação de tecnologia. Porto Alegre: Sebrae, 1998.
STONER, J. A. F.; FREEMAN, R. E. Administração. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999.
TAKAOKA, H.; NAVAJAS, P. F. Intercâmbio eletrônico de dados: vantagens para o varejo.
In: ANGELO, C. F.; SILVEIRA, J. A. G. (Org.). Varejo competitivo. São Paulo: Atlas,
1997.
TAPSCOTT, D.; CASTON, A. Mudança de paradigma. São Paulo: Makron-McGraw-Hill,
1995.
TAVARES, M. C. Gestão estratégica. São Paulo: Atlas, 2000.
TEIVE, L. H. G. Adaptação estratégica no setor supermercadista: o caso da rede Angeloni
no período 1986 a 2002. 2003. 148 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) –
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003. Disponível em:
<http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/6592.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2005.
TOSCHI, J. P. A adaptação organizacional estratégica na indústria farmacêutica de
genéricos: o caso do laboratório teuto brasileiro. 2001. 122 f. Dissertação (Mestrado
Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.
TRIOLA, M. F. Introdução à estatística. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999.
VELLOSO, F. C. Informática: conceitos básicos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 1998.
VIEIRA, F. R. C. Dimensões para o diagnóstico de uma gestão estratégica voltada para o
ambiente de empresas de pequeno porte. 2000. 211 f. Tese (Doutorado em Engenharia de
Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2000.
VILARIM, G. O. Inovação e recursos humanos: um estudo de caso em empresas de
informática do Rio de Janeiro. 2002. Dissertação (Mestrado) – COPPE, Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2002.
WHITTINGTON, R. O que é estratégia. São Paulo: Pioneira Thomson Learning , 2002.
YOUSSEF, A. N.; FERNANDEZ, V. P. Informática e sociedade. São Paulo: Ática, 1988.
ZIEMER, R. Mitos organizacionais: o poder invisível na vida das empresas. São Paulo:
Atlas, 1996.
106
APÊNDICE A – COMPUTADOR PDA (POCKET PC)
107
ANEXO A – TELAS DO QUESTIONÁRIO EM FORMULÁRIO MULTIMÍDIA
108
ANEXO B – QUESTIONÁRIO FORMULÁRIO IMPRESSO
A Informatização à Luz da Estratégia Organizacional
N° : ________
Página 1 de 7
Pesquisa realizada com tecnologia Sphinx - www.sphinxbrasil.com
Dados da Empresa/Entrevistado
1. Quantos anos tem a empresa?
até 01
de 02 à 03
de 04 à 05
de 06 à 10
de 11 à 20
de 21 à 30
mais de 31
3. Qual o seu cargo?
Proprierio
Gerente
Sub-gerente
Balconista
Outro
4. Quantos anos você tem?
até 20
21 à 30
31 à 40
41 à 50
51 à 60
mais de 61
5. Qual sua escolaridade completa?
Primário
Ginásio
2º grau
Faculdade
Pós-graduação
6. A loja é do tipo:
Especializada (uma linha de produto representa mais de 50% de seu estoque).
Diversificada (vende várias linhas de produto).
Se respondeu "Diversificada" pule para a questão 7
7. Assinale qual é a sua principal linha de produtos:
eletroeletrônicos
medicamentos
roupas/calçados
alimentos
art.esportivos
plantas/flores
perfum./cosmet.
mat.construção
tintas
ferramentas
livros/papelaria
presentes
brinquedos
autopeças
informática
telefonia
móveis/dec.
outra
Pule para a questão 8
2. A empresa es localizada:
No Centro Em Bairro
109
A Informatização à Luz da Estratégia Organizacional
N° : ________
Página 2 de 7
Pesquisa realizada com tecnologia Sphinx - www.sphinxbrasil.com
8. Marque todas as linhas com as quais trabalha:
eletroeletrônicos
medicamentos
roupas/calçados
alimentos
art.esportivos
plantas/flores
perfum./cosmet.
mat.constrão
tintas
ferramentas
livros/papelaria
presentes
brinquedos
autopas
informática
telefonia
móveis/dec.
outra
Computadores e Programas
9. Na sua empresa as vendas, compras, estoque, ou outro processo estão informatizados?
sim (alguns/todos) não (nenhum)
10. Quantos computadores em funcionamento sua empresa possui?
nenhum (ou possui algum mas não utiliza)
1
2 à 3
4 à 9
10 ou mais
Se vo respondeu "nenhum", pule para a questão 34.
11. Os computadores da empresa estão conectados em rede?
Não sei.
Não eso.
Sim, estão conectados entre si, sem um micro servidor.
Sim, todos eso conectados em um micro servidor.
12. Quanto tempo faz que a empresa comprou seu primeiro computador?
menos de 1 ano
mais de 1 ano
mais de 3 anos
mais de 5 anos
6 anos ou mais
13. Qual é o tipo do melhor computador que sua empresa possui?
286/386/486, K6
pentium II, K6II
pentium III, duron
celeron, semprom
pentium IV, athlon
64 bit
desconheço
14. Quais programas são utilizados na sua empresa? (Marque mais de uma oão)
editores de texto (word, staroffice, wordperfect, wordpad,
etc.)
planilhas de cálculo (excel, lotus 124, etc.)
apresentações (powerpoint, etc.)
programa próprio
banco de dados (dbase, access, etc.)
Marque mais de uma alternativa
110
A Informatização à Luz da Estratégia Organizacional
N° : ________
Página 3 de 7
Pesquisa realizada com tecnologia Sphinx - www.sphinxbrasil.com
15. Assinale quais equipamentos a empresa possui conectado em seus computadores: (Marque mais de uma opção)
impressora de agulhas
impressora jato de tinta
impressora laser
leitor de código de barras
no-break
gravador de CROM
projetor multimídia
nenhum
16. Quantos computadores antigos já foram trocados por outros mais novos?
nenhum (00%)
poucos (25%)
metade(50%)
maioria (75%)
todos (100%)
17. Os micros são (ou seriam) trocados por outros novos quando:
Apresentam algum defeito.
Um técnico diz que é hora de trocar.
Tornam-se muito lentos.
Substituímos de tempos em tempos, para não ficarmos comquinas antigas.
18. O que é (ou seria) feito com os micros substituídos?
Descartados no depósito.
Doado à instituões.
Reaproveitados como terminais.
São utilizados como servidores auxiliares.
Informatização
Qual o nível de informatização (1=nenhum à 7= totalmente) dos processos abaixo?
1 7
19. lista preços
20. controle estoque
21. balanço
22. cadastro clientes
23. cadastro fornecedores
24. contas pagar
25. contas receber
26. emissão nota fiscal
27. emissão cupom fiscal
111
A Informatização à Luz da Estratégia Organizacional
N° : ________
Página 4 de 7
Pesquisa realizada com tecnologia Sphinx - www.sphinxbrasil.com
29. Enumere na ordem em que foram informatizados na empresa. Deixe em branco os que ainda não foram:
lista pros
controle estoque
balanço
cadastro clientes
cadastro fornecedores
contas pagar
contas receber
emissão nota fiscal
emissão cupom fiscal
contabilidade
30. Agora enumere apenas os que ficaram em branco na última questão, na ordem em que serão informatizados
futuramente:
lista pros
controle estoque
balanço
cadastro clientes
cadastro fornecedores
contas pagar
contas receber
emissão nota fiscal
emissão cupom fiscal
contabilidade
Lendo as afirmações, marque de 1=discordo á 7= concordo
1 7
31. Informatizamos para acompanhar o
mercado.
32. Informatizamos para manter-nos à
frente dos concorrentes.
33. Informatizamos porque deu certo
para a concorrência.
34. Demoramos um pouco, mas
acabamos informatizando.
35. A empresa tem acesso (dentro ou fora da empresa) a Internet?
Sim Não
36. Qual é ou seria o acesso utilizado?
discado (linha telefônica)
rádio (banda larga)
ADSL (banda larga)
utilizo de terceiros
112
A Informatização à Luz da Estratégia Organizacional
N° : ________
Página 5 de 7
Pesquisa realizada com tecnologia Sphinx - www.sphinxbrasil.com
37. Sua empresa usa ou usaria a Internet com quais finalidades? (marque mais de uma alternativa)
Nenhuma
E-mails
Notícias
Acesso bancos (home banking)
Pesquisas (preços, telef., cep, etc.)
Site para divulgação da empresa
Compra de mercadoris/matéria prima
Venda de produtos/serviços
Outra finalidade.
Você pode marcar diversas casas (7 no máximo).
38. A empresa possui uma página eletrônica (web-site) na Internet?
Ainda não.
Sim, possmos um domínio próprio.
Sim, mas não possuímos um donio.
Não pretende.
Se respondeu "ainda não" ou "não pretende", pule para a questão 40.
39. Qual o conteúdo da página (web-site) da empresa? Caso não tenha, qual seria o conteúdo?
Apenas com informações sobre a empresa.
Canal de suporte, dúvidas, catálogo de produtos.
Negócios on line (atividade de venda).
40. A postura com relação à possuir uma página na internet se deve pelo fato:
De que é um meio de divulgão utilizado por todas as empresas e não há como evitar.
De que a empresa quer se diferenciar de seus concorrentes.
De que meus concorrentes já possuem, e não podemos ficar para trás.
Todo mundo tem, mas não se sabe exatamente a finalidade o retorno dado.
41. Qual é a opinião do proprierio sobre o fato da empresa não possuir, ou ter poucos computadores?
Se deve pelo fato de ainda custarem caro.
É uma situação temporária, em breve comprará.
Os concorrentes ainda não possuem.
É importante, mas não sente necessidade.
Marque 1=não concordo à 7= concordp totalmente com relaçãoa empresa estar sem ou com a informatização pedente:
1 7
42. Falta de dinheiro para informática.
43. Falta de funcionários que saibam
informática.
44. O governo não exige.
45. Tudo parece estar bem do jeito que está.
46. Meus concorrentes tambémo usam
micros.
113
A Informatização à Luz da Estratégia Organizacional
N° : ________
Página 6 de 7
Pesquisa realizada com tecnologia Sphinx - www.sphinxbrasil.com
Informatização
47. O objetivo da empresa com relação à sua informatização é ou será:
Aumentar cada vez mais, informatizando toda a loja.
Passo a passo, dentro das necessidades que forem surgindo.
Estabelecer primeiro que realmente é necessário fazer, para então agir.
48. As decies relacionadas a investimentos futuros ou atuais na informatização (compra/troca de equipamentos,
programas, manutenção, etc.) são tomadas de que forma?
Apenas pelo proprietário.
O proprietário procura diminuir a importância, propondo solões alternativas.
O proprietário analisa outras alternativas, e dá a palavra final após ouvir a opinião de todos.
49. A empresa pretende fazer algum investimento ou ampliar neste ano na área da infortica?
Não, já possuímos todos os equipamentos que necessitamos.
Sim, estamos investindo constantemente na expansão desta área.
Sim, apenas na substituição do que for necessário.
Não, mas temos planos fururos.
50. Diante de um suposto problema em qualquer área da empresa, como ele seria resolvido?
O maispido possível.
Resolvido com base no que outras empresas fizeram.
Resolve-se após uma análise criteriosa dos pontos fortes e fracos.
51. Durante as reuniões da empresa, as idéias trocadas são em torno de:
Inovões, diferenciações e novidades
Da melhor forma da empresa continuar no mercado.
Discussões sobre planejamentos do que fazer no futuro.
52. Ao saber que um concorrente instalou um novo equipamento, a reação de sua empresa é:
Primeiramente ver se isto iria nos afetar.
Isto nunca ocorreu, sempre inovamos primeiro.
Compraamos um equipamento similar.
Não fariamos nada.
53. Durante uma suposta falta de energia, qual é (ou seria) a reação da empresa com relação aos equipamentos?
Nenhuma, pois as máquinas estão ligadas à no-breaks (baterias).
Procuram emprestar ou comprar no-breaks na hora do pane.
Planejam a aquisão de no-breaks com cuidado, para estarem previnidos futuramente.
114
A Informatização à Luz da Estratégia Organizacional
N° : ________
Página 7 de 7
Pesquisa realizada com tecnologia Sphinx - www.sphinxbrasil.com
Desempenho
54. O faturamento de sua empresa vem:
Diminuindo Esvel Aumentando
55. Com relação ao crescimento geral, a empresa es:
Diminuindo Esvel Aumentando
56. O número de clientes de sua empresa está:
Diminuindo Esvel Aumentando
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo