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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
CENTRO TECNÓLOGICO
MESTRADO PROFISSIONAL EM SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO
LUIZ EDUARDO CAROCI RUIZ
ASPECTOS DA GESTÃO AMBIENTAL NO PROCESSO DE FABRICAÇÃO
AUTOMOTIVO: ESTUDO DE CASO NA DAIMLERCHRYSLER DO BRASIL
UNIDADE DE JUIZ DE FORA
Orientador:
Prof. Gilson Brito Alves Lima, D.Sc.
Niterói
2006
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LUIZ EDUARDO CAROCI RUIZ
ASPECTOS DA GESTÃO AMBIENTAL NO PROCESSO DE FABRICAÇÃO
AUTOMOTIVO: ESTUDO DE CASO NA DAIMLERCHRYSLER DO BRASIL
UNIDADE DE JUIZ DE FORA
Dissertação apresentada ao Mestrado
Profissional em Sistema de Gestão da
Universidade Federal Fluminense, como
requisito parcial para a obtenção do Grau
de Mestre. Área de Concentração: Gestão
de Organizações e Estratégia. Linha de
Pesquisa: Gestão pela Qualidade Total.
Orientador:
Prof. Gilson Brito Alves Lima, D.Sc.
Niterói
2006
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LUIZ EDUARDO CAROCI RUIZ
ASPECTOS DA GESTÃO AMBIENTAL NO PROCESSO DE FABRICAÇÃO
AUTOMOTIVO: ESTUDO DE CASO NA DAIMLERCHRYSLER DO BRASIL
UNIDADE DE JUIZ DE FORA
Dissertação apresentada ao Mestrado
Profissional em Sistema de Gestão da
Universidade Federal Fluminense, como
requisito parcial para a obtenção do Grau
de Mestre. Área de Concentração: Gestão
de Organizações e Estratégia. . Linha de
Pesquisa: Gestão pela Qualidade Total.
Aprovada em ___ / ___ / ____
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
Prof. Gilson Brito Alves Lima, D.Sc.
Universidade Federal Fluminense
_____________________________________________________
Prof. Ruben Gutierrez, D.Sc.
Universidade Federal Fluminense
______________________________________________________
Prof. Romeu e Silva Neto, D.Sc.
CEFET Campos
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador e professor Gilson Brito, por toda dedicação, segurança, competência,
paciência e confiança em mim depositadas.
Ao meu apoiador Sergio França, por todos os insights repassados sempre que precisei.
Aos professores da Universidade Federal Fluminense pelos ensinamentos recebidos nesses
últimos dois anos.
Ao incansável amigo Amaury, que através do SENAI, nos deu todas as condições de
desenvolvermos o curso de forma segura e competente.
A DaimlerChrysler do Brasil pela oportunidade oferecida para cursar esse mestrado.
Aos colegas de classe, sem exceção, por ajudarem em seus debates em aula, a enriquecer
todos os temas ali tratados.
Aos meus pais, Francisco e Aparecida, que puderam me proporcionar a maior herança que um
filho pode receber, o gosto pelos estudos.
À minha esposa Selma, apoiando-me como sempre, incentivando minhas atitudes em relação
aos estudos, contornando com seu entusiasmo, as dificuldades que apareceram.
Às minhas filhas Juliana e Mariana que acharam o máximo o pai estar novamente
freqüentando as cadeiras acadêmicas.
Ao Izidro e Fernando Leite, que me proporcionaram um job-rotation para comandar a área de
Meio Ambiente no Planejamento de Fábrica da DCBR, onde recebi o maior apoio do time de
SGA, Leandro, Cláudio, Fábio e Virgínia.
Aos colaboradores dessa unidade da DCBR, pelas ricas, detalhadas e proveitosas entrevistas
que foram fundamentais e determinantes para a realização desse trabalho.
A Deus pela bênção, oportunidade, saúde e acompanhamento em todos os momentos de
minha vida.
O crescimento dos lucros e a aceitação de nossa
responsabilidade em relação ao ambiente e à
sociedade estão de mãos dadas com a
DaimlerChrysler. Também entendemos que
sustentabilidade é um elemento essencial de nossas
atividades corporativas, que inevitavelmente
contribui para os interesses de nossos clientes,
empregados, acionistas e sociedade em geral. Ao
mesmo tempo, alinhamos tais atividades com nossos
empreendimentos de escala global, internacional,
regional e na comunidade.
Prof. Jürgen E. Schrempp, Chairman of the Board of
Managemente, DaimlerChrysler AG.
RESUMO
No mundo empresarial, surgem novas concepções de gestão, baseadas no princípio que
estabelece uma política de qualidade ambiental, incorporando à atividade industrial a
sustentabilidade do desenvolvimento. Nesse sentido, essa dissertação objetiva discutir os
aspectos inerentes da implantação do SGA na DaimlerChrysler do Brasil, em de Juiz de Fora.
Para tanto, desenvolveu-se um estudo de caso com abordagem descritiva, suportada por
processo de entrevistas e escrita, além de dados observacionais com os indivíduos envolvidos.
A análise dos dados foi feita utilizando o Método de Análise de Conteúdo de BARDIN
(2004). Como resultado, verificou-se que a certificação trouxe ganho efetivo e ainda que o
SGA não seja a única solução para a resolução das questões ambientais de uma organização, é
ferramenta importante para diagnóstico e gerenciamento destas questões, pois a certificação
trouxe ganho para a empresa, funcionários, sociedade em geral e meio ambiente, onde a
conscientização ambiental é a maior conquista.
Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável; Recicláveis; Resíduos; Comprometimento
Ambiental; Indústria Automobilística.
ABSTRACT
In the corporate world, new management concepts have been arising. Such concepts are based
upon principles that establish environmental quality policies, incorporating sustainable
development to industrial activities. Insofar, this paper aims to discuss aspects inherent to the
introduction of the SGA (Sistema de Gestão Ambiental - Environmental Management
System) at the DaimlerChrysler plant in Juiz de Fora - Brazil. In order to do such, a case
study, with a descriptive approach, has been carried out. Such a study was supported by a
survey with individuals whose inputs where analyzed and compiled. This analysis was carried
out according to Bardin's Content Analysis Method. As a result, it was noticed that
DaimlerChrysler's SGA certification has brought effective gain and also that although the
SGA is not the sole solution for environmental issues of a company, it is an important
diagnosis tool for the management of such issues, for this certification has brought gain to the
company, employees, society as a whole and environment, being the environmental
awareness the greatest achievement.
Keywords: Sustainable Development, Recyclable, Waste, Environmental Commitment,
Automobile
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Vantagens e Benefícios da Auditoria 22
Figura 2: Etapas Básicas de um Processo típico de Auditoria 28
Figura 3: Visão Esquemática das Atividades de Campo 29
Figura 4: Árvore ilustrativa da Norma ISO 14000 34
Figura 5: Pilares de sustentação da ISO 14001 53
Figura 6: Ciclo do SGA 54
Figura 7: Hierarquia da documentação do SGA. 55
Figura 8 Receita Gerada por Resíduos 56
Quadro 1: Eficiência da ETE da Barreira do Triunfo 59
Quadro 2: Carga Média Bruta 60
Quadro 3: Quantidade de resíduos gerados por veículo e seu destino 62
Figura 9: Fluxo da Pesquisa 63
Figura 10: Estrutura Geral no Brasil 69
Figura 11: Estrutura Geral no Brasil 70
Figura 12: Organograma Corporativo de Meio Ambiente. 71
Figura 13: Vista panorâmica da Planta da Fábrica 71
Quadro 4: Desenvolvimentos de fibras naturais 79
Figura 14: Distribuição dos entrevistados segundo formação Universitária 88
Figura 15: Distribuição dos entrevistados – Gênero 89
Figura 16:. Tempo de empresa (anos) dos entrevistados 89
Figura 17: Freqüência dos entrevistados que atuam na área ambiental. 89
Figura 18: Motivos referidos para a certificação 90
Figura 19: Grau de conhecimento adquirido pelos entrevistados 93
Figura 20: Grau de aceitação apontado pelos entrevistados 95
Figura 21: Mudanças ocorridas dentro da empresa após a certificação 97
Quadro 5 quadro explicativo da questão 5ª. 98
Figura 22: Fábrica com SGA implantado – Montagem Final. 99
Figura 23: Resultados econômico-financeiros 101
Figura 24:. Gerenciamento Eficaz versus Qualidade de Vida 103
Figura 25:. Resultados esperados pela Empresa com a Certificação 104
Figura 26: Imagem da Empresa 105
Figura 27: Para quem houve mudança de imagem da empresa após a
certificação 106
Figura 28: Resultados obtidos pela Empresa após a Certificação. 107
Figura 29: Resultados obtidos pela empresa quanto ampliação de exportação. 108
Figura 30: Dificuldades e conflitos encontrados durante a certificação. 109
Figura 31: Facilidades obtidas com a ISO 14001 referidas pelos entrevistados. 111
Figura 32: Grau de conhecimento sobre a ISO 14001 e interesse da empresa 112
Figura 33: Principais benefícios percebidos com a Certificação 114
Figura 34: Relação Empresa - Fornecedores 116
Figura 35: Relação Empresa - Concessionários 118
Figura 36: Resultados atingidos com a Certificação. 118
Figura 37: Política de Gestão Integrada. 127
Figura 38: Um dos painéis distribuídos pela fábrica. 130
Figura 39: Custo de um SGA 131
SUMÁRIO
1 O PROBLEMA 11
1.1 INTRODUÇÃO À PROBLEMÁTICA AMBIENTAL 11
1.2 A SITUAÇÃO PROBLEMA 16
1.3 OBJETIVOS 17
1.3.1 Objetivo Geral 17
1.3.2 Objetivos Específicos 17
1.4 DELIMITAÇÃO 18
1.5 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO 19
1.6 QUESTÕES DA PESQUISA 20
1.7 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO 20
2 REFERENCIAL TEÓRICO 22
2.1 AUDITORIA AMBIENTAL 22
2.1.1 Conceitos 23
2.1.2 Tipos de Auditoria 25
2.1.3 Planejamento de Auditoria 27
2.1.3.1 Itens essenciais à Aplicação da Auditoria Ambiental 32
2.1.3.2 Auditoria de Gestão Ambiental 33
2.2 PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL 34
2.2.1 Evolução da Legislação Ambiental no Brasil 37
2.3 NORMAS AMBIENTAIS 45
2.3.1 Breve Histórico Evolutivo 45
2.3.2 Estrutura Normalizadora Nacional 46
2.3.3 A Série Brasileira ABNT ISO 14000 48
2.4 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL ESPECÍFICA DA DCBR 57
3 METODOLOGIA 63
3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO 63
3.2 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA 64
3.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO 65
3.3.1 Instrumento para Coleta de Dados 66
3.3.2 Análise dos Resultados 67
3.4 LIMITAÇÕES DO MÉTODO 68
4 ESTUDO DE CASO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 69
4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA 69
4.1.1 DaimlerChrysler no Mundo 72
4.1.2 DaimlerChrysler no Brasil 74
4.1.3 As Normas Corporativas mundiais de proteção ambiental da
DaimlerChrysler 74
4.1.4 Novas Tecnologias e a DaimlerChrysler 78
4.2 ESTRATÉGIA DA PESQUISA 87
4.2.1 Caracterização dos Entrevistados 88
4.2.2 Conhecimento dos Funcionários do “Chão de Fábrica” 121
4.3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 122
5
CONCLUSÕES
135
5.1 ASPECTOS CONCLUSIVOS 135
5.2 DISCUSSÃO SOBRE AS QUESTÕES PROPOSTAS 135
5.3 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS 138
REFERÊNCIAS 140
ANEXOS 147
11
1 O PROBLEMA
As fortes emoções são poderosos guias: Amor e ódio, curiosidade e medo – sendo os
motores universais básicos, elas determinam como reagimos uns aos outros e ainda
o nível de nosso comprometimento. “Sustentabilidade” soa estritamente racional,
mas viver em harmonia em nosso ambiente, cria significado e gera – Felicidade – As
forças que nos movem.
Dr.Thomas Weber - Member of the Board of Management, DaimlerChrysler AG,
responsible for Research and Technology as well as the development of the
Mercedes Car Group, 2005.
1.1 INTRODUÇÃO À PROBLEMÁTICA AMBIENTAL
No mundo de hoje, muitos são os fatores que contribuem para o surgimento e agravamento
dos problemas ambientais, tais como: o crescimento populacional, a industrialização, a
urbanização acelerada, a poluição e o esgotamento dos recursos naturais.
O modo como esses fenômenos interagem, reproduzem-se e perpetuam-se, vem causando a
degradação crescente da qualidade de vida humana, com efeitos imprevisíveis para todo tipo
de vida no planeta. Há algumas décadas passadas, esses problemas de ordem sócio-ambiental
eram compreendidos, pela comunidade internacional, como pontuais, limitando-se a uma
mesma área ou cidade. No entanto, eles se generalizaram, extrapolando os limites locais
interagindo em escala planetária.
Isso está ocorrendo em função de até bem pouco tempo o meio ambiente ser considerado
como abundante, que poderia ser explorado sem “custo”, ilimitado tanto em matéria prima
como em absorção de detritos. Pode se ver é que o meio ambiente continua se deteriorando,
conforme a WWF
1
(World Wildlife Fund) em Johannesburg que publicou relatório mostrando
que estamos usando 25% a mais do que a biosfera é capaz de repor. Então, nós estamos
consumindo nosso capital, ao invés de viver de nossos dividendos, segundo Lemos
2
(2005),
fazendo-nos lembrar de um pensamento indígena que diz: “Somente depois da última árvore
derrubada, depois do último animal extinto, e quando perceberem o último rio poluído, sem
peixe, o homem irá ver que dinheiro não se come”.
1
WWF – Sigla em inglês que denomina Fundo Mundial para a Vida Selvagem, que é uma ONG
2
Haroldo de Mattos Lemos, vice-presidente do TC 207 e superintendente do ABNT/CB 38 (fórum que elabora
as normas da série ISO 14000), em reportagem da Revista Meio Ambiente Industrial, maio/junho de 2005
12
Esse modo de ver o meio ambiente é conseqüência da visão de mundo da sociedade industrial,
denominada hoje de “sociedade globalizada”. Boff apud Abreu (2001) ao analisar a
concepção de desenvolvimento corrente e o paradigma que o sustenta, assim se refere:
Se levarmos avante este nosso sentido de ser e se dermos livre curso à lógica de
nossa máquina produtivista, poderemos chegar a efeitos irreversíveis para a natureza
e para a vida humana: desertificação (cada ano terras férteis, equivalentes à
superfície do estado do Rio de Janeiro, ficam desérticas); desflorestamento: 42% das
florestas tropicais já foram destruídas, o aquecimento da Terra e as chuvas ácidas
podem dizimar a floresta mais importante para o sistema-Terra, a floresta boreal
(seis bilhões de hectares); superpopulação: em 1990 éramos 5,2 bilhões de pessoas
com um crescimento de 3-4% ao ano, enquanto a produção dos alimentos aumenta
somente 1,3%. E apontam no horizonte ainda outras conseqüências funestas para o
sistema-Terra como eventuais conflitos generalizados em conseqüências das
desigualdades sociais ao nível planetário. (BOFF, 2000, apud ABREU, 2001, p. 44).
Neste aspecto, em função do crescimento das exigências por parte da sociedade de melhores
condições de vida, melhores produtos e serviços e dos mercados cada vez mais globalizados,
que exigem constantes mudanças nos estilos organizacionais de produção, as empresas, em
geral, estão tomando medidas para reduzir seu impacto ambiental e social.
Associado a essas questões há também a busca pela competitividade e pela permanência no
mercado (“sobrevivência”) que impõe mudança na forma de gerenciar a organização,
exigindo também projetos que visem à promoção do desenvolvimento sustentável, como uma
alternativa para uma vida social com mais qualidade.
Neder (apud ABREU, 2001), em sua pesquisa, mostra que, no geral, as condutas empresariais
no Brasil são ainda tipicamente reativas, sendo resposta às pressões da sociedade ou de
autoridades ambientais, desaparecendo ao serem executadas medidas corretivas, muitas vezes,
para resolver problemas localizados (“apagar incêndios”). No entanto, essa situação apresenta
uma clara tendência de mudança no setor empresarial, pois os obriga a rever suas políticas e
suas práticas, assumindo uma postura mais receptiva com o trato das questões ambientais.
Independente da quantidade acredita-se ser significativa a emergência de organizações que,
apesar de terem seus sistemas de gerenciamento e controle da poluição, surgidas dessa forma,
hoje compreendem a necessidade política de rever práticas e elaborar um programa político-
institucional para toda a organização, coerente com a problemática sócio-ambiental brasileira.
A dissertação aqui proposta mostrará que a inserção da temática ambiental na indústria se deu
a partir do aumento da complexidade dos riscos sócio-ambientais e, também, da aproximação
da proposta de desenvolvimento sustentável ao setor empresarial. A partir de então, os
empresários passaram a se preocupar com a proteção ambiental, não mais apenas como
13
resposta às sanções legais, mas como um desafio para continuar existindo e crescendo no
mercado globalizado.
A degradação das condições ambientais e sociais, que afetam a qualidade de vida, e o
aumento da sensibilidade de indivíduos e de grupos da sociedade para estas questões são
alguns dos elementos que têm colocado em evidência a crescente necessidade da gestão
ambiental como parte de um processo orientado para a obtenção de sociedades sustentáveis.
De fato, a gestão ambiental tem sido entendida como o conjunto de ações sobre o meio natural
que afeta ou é impactado por uma atividade produtiva ou uma organização. O significado
etimológico dos dois vocábulos – gestão ambiental – tem suas raízes na língua latina. O
vocábulo gestão originou-se de gestioni, que exprime o ato de gerir; ter gerência sobre;
administrar; dirigir. O vocábulo ambiental é o adjetivo relativo a, ou próprio do ambiente
(FERREIRA, 1986).
A palavra ambiente, por sua vez, foi formada de outros dois termos latinos: a preposição amb
(ao redor de; à volta de) e o verbo ire (ir). A soma dos dois resultou ambire, cujo particípio
presente, ainda em latim, é ambientis. Assim, é fácil entender que ambiente é tudo o que está
ao redor. Indo um pouco mais longe no conceito etimológico, ambiental é o adjetivo que
qualifica as coisas e os elementos que estão à volta de um determinado ser. Cabe destacar
ainda que os termos; meio, ambiente e meio ambiente são freqüentemente usados como
sinônimos (COIMBRA, 2002).
Com base nesses conceitos, gestão ambiental é o ato de administrar, dirigir ou reger as partes
constitutivas do meio ambiente. Para entender a abrangência e o alcance dessa definição,
destaca-se que gestão ambiental é o ato de administrar, de dirigir ou reger os ecossistemas
naturais e sociais em que se insere o homem, individual e socialmente, num processo de
interação entre as atividades que exerce, buscando a preservação dos recursos naturais e das
características essenciais do entorno, de acordo com padrões de qualidade. O objetivo último
é estabelecer, manter ou recuperar o equilíbrio entre a natureza e o homem (PHILIPPI JR;
BRUNA, 2003).
Com a conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também
conhecida por RIO-92, a gestão ambiental consagrou-se como instrumento de
desenvolvimento sustentável.
Não menos importante para compreender as diversas formas de gestão ambiental é a
abordagem que fundamenta a adoção “voluntária” de mecanismos e indicadores de
14
performance em questões ambientais e sociais. Por real necessidade ambiental ou competitiva
e, em alguns casos, somente por oportunidade de “marketing”, os agentes econômicos e
sociais têm se mobilizado para adotar sistemas de gestão do meio ambiente.
A gestão ambiental tem se incorporado a outros meios. Instrumentos como a certificação de
gestão de normas ISO 14001, buscam sinalizar ao mercado, atitudes das organizações
produtivas que se consideram socialmente responsáveis. Na escala pública, ampliam-se os
debates e as propostas para a incorporação de instrumentos de cunho econômico para tornar
mais efetiva a gestão ambiental (MOREIRA, 2001).
Durante as décadas de 60 e 70, as indústrias passaram a ampliar a aplicação de tecnologias de
controle de poluição, adotando métodos de tratamento para suas emissões de poluentes,
acompanhando os movimentos internacionais. Essas tecnologias se consolidaram naquela
época e hoje são reconhecidas como tecnologias de “fim de tubo”, ou seja, corretivas,
destinadas tão somente à eliminação dos poluentes depois de gerados pelo processo produtivo
(VILHENA, POLITI, 2000). Por outro lado, certos processos, especialmente os das indústrias
químicas, petroquímicas e de energia, estavam sujeitos a graves acidentes como, por exemplo,
explosões, vazamentos tóxicos, incêndios, dentre outros. Para evitar acidentes e minimizar as
conseqüências, foram desenvolvidos e implementados diversos dispositivos de segurança.
No entanto, aconteceram vários acidentes industriais no final da década de 70 e durante a
década de 80, o que demonstrou que os problemas ainda não estavam resolvidos. Acidentes
como o caso Seveso, em julho de 1976, na Itália, causado pela fusão da válvula de um reator
químico da empresa Icmesa, resultando em um vazamento de gases tóxicos que atingiu 1.970
hectares em regiões no norte da Itália; o caso Bhopal, em dezembro de 1984, na Índia,
causado pela elevação de temperatura e pressão em reservatório da indústria química Union
Carbide, resultando no vazamento de isocianato de metila e conseqüente morte de 3.000
pessoas; e até mesmo o acidente com a cápsula de Césio 137, em setembro de 1987, em
Goiânia, no Brasil (SOARES 2000; THEOBALD, 2005). Fruto de total descaso institucional,
uma bomba de Cs137 desativada, encontrada em uma clínica abandonada, foi retirada do local
por dois catadores de papel que a levaram para suas casas, causando uma tragédia. Esta
deixou um rastro de quatro mortes reconhecidas por contaminação radioativa, entre quatorze
registradas, cerca de 240 feridos e 3,4 mil toneladas de resíduos (ENERGIA..., 2003). Esses
acidentes mostraram que sempre há causas gerenciais por trás das questões técnicas. Estas
questões gerenciais envolvem usualmente problemas decorrentes da falta de
comprometimento da alta administração, diretores, gerentes e supervisores; capacitação
15
inadequada de funcionários e deficiências no treinamento das empresas; condições
insuficientes para a adoção de medidas de prevenção, equacionamento e solução de problemas
ambientais, entre outras.
Neste contexto, as empresas no Brasil estão sujeitas a uma série de normas e leis ambientais.
Estas disciplinam os padrões de qualidade ambiental; padrões de emissão de efluentes tanto
na atmosfera, quanto nas águas e no solo; zoneamento industrial em áreas críticas de poluição;
licenciamento; recursos hídricos; disposição final de resíduos; entre outros.
A identificação de causas, tanto gerenciais quanto técnicas, que possam ser responsáveis por
acidentes ou problemas ambientais, pode ser feita por meio de um instrumento poderoso, a
auditoria, já utilizado pelas empresas nas áreas contábeis, de insumos e de distribuição. De
forma semelhante, o instrumento da auditoria passa a ser visto como peça importante para a
identificação, prevenção e controle de problemas ambientais.
Surge, assim, a auditoria ambiental, hoje considerada como uma das ferramentas mais
importantes da gestão ambiental, que pode ter sido pioneiramente adotada na década de 70.
Como conseqüência de um acidente ocorrido em 1977, a indústria química Allied Chemical
Corporation foi uma das primeiras a implementar esta ferramenta devido às pressões das
agências regulamentadoras, depois do acidente em sua unidade no Estado de Virgínia – EUA.
Neste caso, exames médicos constataram, em uma funcionária da empresa que apresentava
sintoma de vertigens, uma contaminação com pesticidas produzidos na fábrica. O processo de
auditoria, que tinha por objetivo verificar o cumprimento de todos os requisitos legais e dos
padrões exigidos pela corporação, acabou por culminar no fechamento da unidade.
Além da preocupação com a conformidade legal de suas atividades, as empresas estavam
preocupadas em identificar os potenciais riscos para a saúde pública ou ao meio ambiente
gerados no seu processo produtivo. Em 1978, A Allied estabeleceu um programa corporativo
de auditorias de meio ambiente, saúde e segurança ocupacional, um dos primeiros do seu tipo
(KENNEDY, 1994).
No final da década de 80, muitas empresas internacionais iniciaram programas de prevenção,
impulsionadas pelos problemas decorrentes dos acidentes ambientais, pelos crescentes custos
de controle de poluição e pelo aumento das pressões sociais via movimentos ambientalistas.
Conceitos como “tecnologias limpas” e “segurança inerente”, que denotam preocupação com
as questões ambientais e de segurança dos processos produtivos, começaram a ser difundidos.
O Programa Atuação Responsável é um dos produtos gerados por esta evolução do
16
pensamento industrial sobre meio ambiente (PHILIPPI; AGUIAR, 2003).
O Programa de Atuação Responsável (Responsable Care) foi criado no Canadá em 1984. O
programa vem sendo implantado em indústrias químicas em operação, em diversos países,
tornando-se um instrumento de gerenciamento ambiental e de prevenção de acidentes, ou seja,
de segurança e apoio à saúde ocupacional do trabalhador e de proteção ambiental. Este
programa foi adotado no Brasil em 1990, pela Associação Brasileira da Indústria Química e
de Produtos Derivados – ABIQUIM. Nesta época, o interesse pelas auditorias ambientais
aumentou substancialmente e muitas normas de gestão ambiental e códigos de conduta
passaram a incluir o tema em sua composição, como por exemplo, os Princípios da Carta
Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável da Câmara Internacional do Comércio. Em
1986, a United States Environmental Protection Agency – USEPA lançou uma Declaração de
Princípios de Auditoria Ambiental, condicionando o licenciamento ambiental à realização de
auditorias ambientais (SÃO PAULO, 1977).
Com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, em 1992, foi proposta e aceita a implementação da
ferramenta Auditoria Ambiental. Na ocasião, a ISO – International Standardization
Organization comunicou sua decisão de desenvolver uma série de normas sobre gestão
ambiental, visando atender ao aumento das pressões sociais e comerciais existentes, tendo
entre seus objetivos a minimização e gerenciamento mais eficaz de riscos ambientais. Esta
série de normas viria a ser a ISO 14000. É preciso ressaltar a importância desta nova série,
pois as normas não tinham como foco padrões específicos e sim como organizar e gerenciar
ambientalmente atividades, produtos e serviços. Desenvolveu-se também uma estrutura para
certificação dos sistemas de gestão ambiental por meio de auditorias (BIANCHI, 2002).
1.2 A SITUAÇÃO PROBLEMA
Atualmente, têm surgido novas concepções de gestão empresarial, tendo como princípio o
estabelecimento de uma política de qualidade ambiental, incorporando à atividade industrial
as bases da promoção da sustentabilidade do desenvolvimento. Em conseqüência, as respostas
ao novo quadro de exigências do mercado e das condições ambientais acarretaram profundas
alterações. Empresas foram compelidas a, num primeiro momento, cumprir exigências
17
normativas e legislativas. Num segundo momento, as empresas estabeleceriam uma forma de
administrar e produzir levando-se em conta o fator ambiental. Desta forma, o princípio passou
a ser a prevenção de práticas poluidoras e impactantes ao meio ambiente.
Para a identificação de possíveis problemas ambientais, o que permitirá caracterizar suas
eventuais causas e efeitos, necessária para a adoção de medidas de prevenção e controle, o
Sistema de Gestão Ambiental revela-se como ferramenta indispensável à utilização da
auditoria ambiental, peça fundamental para um sistema de gestão efetivo, eficiente e eficaz.
1.3 OBJETIVOS
Conferir através de amostragens de entrevistas, a eficácia da implantação e re-certificação da
ISO 14001 na DaimlerChrysler do Brasil, montadora multinacional.
1.3.1 Objetivo Geral
Essa pesquisa tem como objetivo central verificar o que a DaimlerChrysler tem realizado no
sistema de gestão ambiental em Juiz de Fora, visando diminuir a geração de resíduos dos
processos produtivos, definindo o destino adequado desses materiais, através de processos
limpos de fabricação, bem como a pesquisa e utilização de materiais recicláveis na
composição dos veículos, buscando sempre preservar a sua imagem, respeitando e
implantando conscientemente em seus colaboradores e fornecedores, os preceitos da Norma
ISO 14001, através de re-certificações e auditorias.
1.3.2 Objetivos Específicos
Para o alcance da intenção desta proposta, os objetivos secundários buscam conferir através
de documentos e de amostragens de entrevistas:
18
Documentos solicitados à DCBR nas condicionantes de sua licença de operação, e outros
como outros apresentados à FEAM para atender à exigência da Resolução CONAMA 357,
de março de 2005;
Investigação das principais questões emergentes associadas ao tema da gestão ambiental e
seu impacto na gestão empresarial;
Descrição das diferentes fases do processo de certificação;
Avaliar o grau de conhecimento e envolvimento dos entrevistados com relação ao processo
(implantação, implementação, certificação e pós-certificação) e em relação à atual
legislação ambiental brasileira;
Investigar até que pontos programas de gestão ambiental de empresas automotivas que
implantaram programa de gestão ambiental e obtiveram certificação ISO 14001 apenas
visam cumprir a legislação ou tem um fundamento sócio-ambiental;
Como e quais são os rejeitos gerados no processo produtivo, seus aspectos e impactos e
destino;
No que se refere à Gestão Ambiental, quais são os desafios da indústria automobilística;
1.4 DELIMITAÇÃO
O tema de aspectos da gestão ambiental no processo de fabricação automotivo é bastante rico
em termos do processo de implantação. O estudo aqui apresentado está direcionado
especificamente às atividades de acompanhamento para a implantação do Sistema de
Gerenciamento Ambiental na DaimlerChrysler do Brasil, unidade de Juiz de Fora, visando a
certificação de acordo com a Norma ISO 14001 em 2001, sua manutenção através de re-
certificações e posterior preparação para implantação do Sistema Integrado de Gestão a ser
efetivada em 2006.
Outra limitação do presente trabalho é que na unidade estudada, devido à falta de
concorrentes próximos, cultura, dificuldades de arranjar emprego na região, mesmo com uma
produção aquém de sua capacidade instalada (cerca de 80% de ociosidade), o processo de
turn-over praticamente não existiu desde 2001 até 2006. Nesse aspecto, as mesmas pessoas
19
que participaram da implantação do SGA ainda fazem parte do quadro de funcionários. Raras
contratações foram efetuadas no período, ou seja, não se sabe se o resultado seria o mesmo,
caso os implantadores do sistema tivessem mudado de empresa.
Um outro limite é referente ao estudo de caso: este foi realizado em uma empresa “filial” que
já tinha implantado o SGA não só nessa unidade, como em São Bernardo do Campo e nas
demais co-irmãs do mundo, segundo os requisitos da ISO 14001. Portanto, tanto para a
análise do processo de implantação quanto do processo de inovação tecnológica, foi
necessário contar-se somente com depoimentos, documentos e pesquisas feitas na própria
organização. Ou seja, não houve o acompanhamento em tempo real da implantação do SGA e
nem tampouco do processo de inovação tecnológica. O estudo de caso limita-se à constatação
dos resultados da implantação do SGA, verificação das decisões tomadas e análise retroativa
do processo de inovação tecnológica em um período pós-implantação.
Outra limitação importante é a do fato dessa unidade estar situada numa região em que não
existem empresas certificadas para receberem a maioria dos resíduos gerados, causando
despesas no envio dos mesmos aos grandes centros, além de fazer com que a central de
resíduos permaneça sempre com a aparência de estar com excesso de containers e bag’s,
aguardando seus descartes.
1.5 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO
Há poucos anos, poder-se-ia dizer que a Indústria Automobilística visava em seus negócios
apenas lucro e não dava a devida importância aos produtos por ela fabricados através do puro
extrativismo, pois até então não lhes era exigido o comprometimento com a sustentabilidade,
o gerenciamento ambiental e o cuidado com produtos recicláveis no seu processo produtivo,
que seguirão poluindo o meio ambiente através de motores cada vez mais poluentes e
ultrapassados, aliados ao uso de combustíveis adulterados e sem fiscalização fazendo com que
a Sociedade a conduzisse para o banco dos réus num futuro próximo.
Este trabalho permite a reflexão da necessidade de se pesquisar numa indústria
automobilística, a seriedade do comprometimento com a sustentabilidade, sem que seja
necessário excluir a possibilidade de qualidade de vida por um número maior de pessoas.
20
Nesse sentido, este trabalho ratifica a importância dos aspectos da gestão ambiental no
processo de fabricação automotivo, aplicado e seguido na montadora em estudo.
A importância da aplicação de um eficiente Sistema de Gerenciamento Ambiental regido pela
Norma ISO 14001 faz com que as empresas, preocupadas com a sua sobrevivência e imagem,
passem a adotar sistemas monitorados e auditados anualmente por órgãos competentes, que
passam a nortear a busca de soluções inteligentes que as desviem de processos por passivos
ambientais.
Através de pesquisas realizadas com os funcionários dessa unidade, pesquisa bibliográfica e
conseqüente análise, foi possível entender que o compromisso moral para com a sociedade
existe e evolui através de melhoria contínua, para sua plena implantação.
É com essa reflexão que este trabalho pretende deixar sua contribuição.
1.6 QUESTÕES DA PESQUISA
A pesquisa foi norteada pelas seguintes questões:
A obtenção da certificação ISO 14001 numa montadora como a DaimlerChrysler é facilitada
pelas partes (auditado / auditor)?
Qual o grau de comprometimento dos colaboradores da DCBR durante o processo de
implantação e a realidade nas re-certificações anuais?
1.7 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO
No capítulo 1 do presente trabalho definiu-se o escopo da pesquisa, determinando-se a
contextualização do problema, além de questões e objetivos a serem alcançados.
O capítulo 2 dá início ao referencial teórico do trabalho, e no capítulo 3 é abordada a
metodologia com base na pesquisa bibliográfica e documental, além do conceito de
desenvolvimento sustentável, esquematizado no fluxo da pesquisa.
21
No capítulo 4 é abordado o estudo de caso com a caracterização da empresa e perfil dos
entrevistados. Discute-se toda a sistemática com as conseqüentes conclusões do capítulo 5
onde são apresentados os resultados associados às perguntas estabelecidas, interpretações e
trechos de respostas às questões efetuadas e sugestões.
22
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 AUDITORIA AMBIENTAL
Auditoria é um exame ou uma avaliação independente realizada por um especialista, que faça
uso de julgamento profissional e comunique o resultado aos interessados (clientes). Ela pode
ser restrita aos resultados de um dado domínio ou mais ampla, abrangendo aspectos
operacionais, de decisão e de controle. Para se entender melhor o que é auditoria de uma
empresa, escopo deste trabalho, e qual a função do auditor, a publicação Manual de Auditoria
Ambiental (LA ROVERE, 2000) faz um paralelo desta com o exame médico de um
indivíduo. A auditoria é o exame que o médico (auditor) faz em seus pacientes (empresa) para
verificar seu estado de saúde. Este pode ser aplicado periódica ou, eventualmente, no caso de
suspeita de alguma disfunção do organismo (empresa). Pode ser específico para um
determinado órgão do corpo humano (auditoria específica para um determinado setor da
empresa) ou geral (abrange os setores da empresa: recursos humanos, financeiros, produção,
meio ambiente). Caso seja detectada alguma falha no funcionamento do organismo do
paciente (setor auditado) este será submetido a um tratamento (medidas corretivas adotadas na
pós-auditoria) e a novos exames (novas auditorias), cujas vantagens podem ser vistas na
Figura 1 seguinte:
Figura 1: Vantagens e Benefícios da Auditoria
Fonte: Modelo ADL de Auditoria - 2005
23
2.1.1 Conceitos
A auditoria não deve ser confundida com fiscalização. As auditorias são programadas, as
datas e os horários de trabalho são previamente estabelecidos e o auditado é comunicado com
antecedência sobre o objetivo e o escopo do trabalho. Estas características a tornam muito
diferente das inspeções realizadas pelos órgãos de fiscalização, que são realizadas sem aviso
nem programação. Além disso, o auditor verifica se o objeto de auditagem está sendo
adequadamente aplicado e informa a seu cliente os resultados dessa verificação. Não faz parte
do papel do auditor definir as soluções para os problemas encontrados, isto é papel do
auditado.
Há a concepção errônea de que um auditor ou uma auditoria tenha objetivo punitivo. Isto
pode decorrer das sanções aplicadas a pessoas físicas e jurídicas que sofrem auditorias
compulsórias, aplicadas por exigência do setor público.
Neste aspecto, a auditoria apresenta ampla conceituação teórica. Neste trabalho buscou-se o
entendimento conceitual da auditoria como processo de exame ou avaliação sistemático e
independente que identificará conformidades e não conformidades do auditado para com o
objetivo de auditagem, apresentando-as ao contratante que, caso tenha interesse e recursos,
tomará as medidas necessárias para a correção das não conformidades detectadas.
A auditoria ambiental é um instrumento utilizado pelas empresas para auxiliá-las a controlar o
atendimento a práticas, políticas, procedimentos e requisitos estipulados com o objetivo de
evitar a degradação ambiental. Ela tem suscitado crescente interesse na comunidade
empresarial e nos governos, sendo considerada uma ferramenta básica para obter maior
controle e segurança do desempenho ambiental, bem como, para evitar e minimizar acidentes.
Define-se, assim, auditoria ambiental como procedimento de exame e avaliação periódica ou
ocasional do comportamento de uma empresa em relação ao meio ambiente.
A Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro, por meio da Lei nº 1.898/91,
estabelece que auditoria ambiental é
A realização de avaliações e estudos destinados a determinar: I – os níveis efetivos
ou potenciais de poluição ou de degradação ambiental provocados por atividades de
pessoas físicas ou jurídicas; II – as condições de operação e de manutenção dos
equipamentos e sistemas de controle de poluição; III – as medidas a serem tomadas
para restaurar o meio ambiente e proteger a saúde humana; IV – a capacidade dos
responsáveis pela operação e manutenção do meio ambiente e da saúde dos
trabalhadores.
24
O Regulamento da Comunidade Econômica Européia nº 761/2001 define auditoria ambiental
como
[...] um instrumento de gestão, que compreende uma avaliação sistemática,
documentada, periódica e objetiva do comportamento da organização, do sistema de
gestão e dos processos, com vista à proteção do ambiente e com o objetivo de: i.
Facilitar o controle da gestão de práticas com eventual impacto no ambiente; ii.
Avaliar a conformidade com as políticas ambientais, incluindo os objetivos e metas
ambientais da organização (COMUNIDADE..., 2001).
Nos Estados Unidos, foi desenvolvido pelo Elmwood Institute, da Universidade de Berkeley,
Califórnia, um trabalho que aprimorou este conceito para uma eco-auditoria:
[...] análise e revisão das operações de uma organização sobre a perspectiva
ecológica, motivados por mudança de valores na cultura da corporação: de
dominação para parceria, de ideologia do crescimento econômico para a
sustentabilidade ecológica. Envolve mudança de gestão mecanicista para gestão
sistêmica. O resultado da eco-auditoria é a formulação de um plano de ação para
minimizar o impacto ambiental da companhia e tornar sua operação ecologicamente
responsável (CALLENBACH et al., 1999).
A auditoria ambiental pode ser pública ou privada. A auditoria ambiental privada tem sido
impulsionada pela adoção de medidas de consciência ecológica pelas empresas, nos planos e
estratégias de concorrência de novos produtos, de novas tecnologias e de novos sistemas de gestão.
Além disso, a fusão de sociedades e a compra e venda de empresas tornaram indispensável à
realização de auditorias ambientais para a constatação de eventuais passivos ambientais, sobre o
qual ambos vendedores e compradores têm responsabilidade (responsabilidade civil objetiva,
conforme § 1o, artigo 14, da Lei federal nº 6.938/81; responsabilidade solidária, conforme artigo
942 do Código Civil).
O reconhecimento do passivo ambiental se faz necessário nos processos de fusão e aquisição de
empresas, pois caberá aos novos proprietários, não só o direito sobre a nova empresa, como também
a responsabilidade pelos potenciais riscos em função do passivo ambiental herdado. Avalia-se o
passivo ambiental de uma empresa através de auditoria especializada, com a identificação das não
conformidades com os requisitos legais e sua política ambiental (fase 1); e, em seguida, com a
avaliação da área contaminada (fase 2), para que as soluções sejam valoradas monetariamente.
A auditoria ambiental deve ser realizada em um tempo pré-definido e deverá sujeitar-se à política
ambiental da empresa e aos prazos de validade dos certificados de qualidade que lhe forem
conferidos.
25
Quanto à auditoria ambiental pública, a Constituição Federal do Brasil estabelece em seu
artigo 225, incisos I e IV, que sua realização, sob a responsabilidade dos órgãos oficiais, será
sempre posterior ao estudo prévio de impacto ambiental exigido constitucionalmente para a
instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente. Esta auditoria deverá avaliar se as orientações contidas no estudo, estão sendo
observadas e se os métodos de controle ambiental estão sendo eficazes.
A auditoria ambiental pública, no âmbito da Comunidade Econômica Européia, de acordo
com o Regulamento nº 761/2001, estabelece a obrigatoriedade destas serem realizadas por um
auditor externo independente, com o nome de verificador ambiental, que deverá ser
credenciado.
Atualmente alguns Estados, como por exemplo, o Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará,
Espírito Santo, Amapá, Paraná e Santa Catarina, tornaram obrigatória a realização de
auditorias ambientais periódicas nas indústrias através de criação e promulgação de leis
estaduais.
2.1.2 Tipos de Auditoria
A classificação das auditorias ambientais pode ser feita de acordo com o seu objetivo e
segundo os critérios de auditoria (ALMEIDA, 2000; LA ROVERE, 2000; PHILIPPI JR;
AGUIAR, 2003). São elas:
auditoria de conformidade legal (compliance) – usada para identificar a conformidade da
unidade auditada com a legislação e os regulamentos aplicáveis;
auditoria de desempenho ambiental – identifica a conformidade da unidade auditada com a
legislação, os regulamentos aplicáveis e indicadores de desempenho ambiental setoriais
aplicáveis à unidade, bem como, para avaliar o cumprimento da política ambiental da
empresa, caso esta exista;
auditoria de Sistema de Gestão Ambiental – avalia o cumprimento dos princípios
estabelecidos no SGA pela própria empresa e sua adequação e eficácia. O Sistema de Gestão
Ambiental corresponde ao conjunto inter-relacionado das políticas, práticas e procedimentos
26
organizacionais, técnicos e administrativos de uma empresa que objetiva obter melhor
desempenho ambiental, bem como controle e redução de seus impactos ambientais;
auditoria de certificação ambiental – objetiva produzir uma declaração ou certificado,
atestando que os critérios da auditoria estão sendo cumpridos pela organização auditada, em
conformidade com os princípios estabelecidos na norma pela qual a empresa esteja querendo
se certificar. No caso de certificação ambiental pela série ISO 14000, esta é muito semelhante
à auditoria de sistema de gestão ambiental, porém deve ser conduzida por uma organização
comercial e contratualmente independente da empresa, dos seus fornecedores e clientes, que
seja credenciada por um organismo específico;
auditoria de descomissionamento (decommissioning) – avalia a possibilidade de ocorrência de
danos ao ecossistema e à população do entorno de alguma unidade empresarial por ocasião de
sua desativação ou paralisação definitiva de suas atividades;
auditoria de acompanhamento – avalia se as condições estabelecidas na certificação
continuam sendo cumpridas;
auditoria de verificação de correções (follow-up) – verifica se as não conformidades
detectadas em auditorias anteriores foram corrigidas;
auditoria de responsabilidade (due diligence) – avalia possíveis riscos e custos associados ao
passivo ambiental das empresas, é geralmente usada nas ocasiões de fusões, aquisições diretas
ou indiretas de empresas ou de refinamento destas. Sua aplicação indica ao futuro comprador,
parceiro, sócio ou outros, os possíveis riscos e responsabilidades ambientais da empresa em
questão, valorando-os monetariamente, sempre que possível;
auditoria de sítios – avalia o estágio de contaminação de um local ou de áreas específicas;
auditoria compulsória – destinada ao cumprimento de exigências legais referentes à realização
de uma auditoria ambiental;
auditoria pontual – objetiva otimizar a gestão dos recursos, melhorar a eficiência do seu
processo produtivo e conseqüentemente minimizar a geração de resíduos, o uso de energia e
de outros insumos. Em geral, este tipo de auditoria tem como objetivo específico, a
minimização dos resíduos, do uso de energia ou matéria-prima, dentre outros.
Como um dos objetivos da auditoria é a certificação da conformidade de um produto,
processo produtivo ou serviço com uma norma ou outro documento normativo especificado,
habitualmente faz-se uso da Resolução CONMETRO nº 02/97 do Conselho Nacional de
27
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, para classificar a auditoria de acordo com
seus objetivos de certificação, conforme segue:
auditoria de primeira parte: realizada por auditores da própria organização auditada. Para
manter a imparcialidade e independência dos auditores, os funcionários de uma determinada
área ou departamento de uma empresa auditam outra área, e assim sucessivamente. No final, a
própria empresa declara, sob sua exclusiva responsabilidade, que um produto, processo ou
serviço está em conformidade com a norma especificada. Em geral, o cliente da auditoria é a
alta administração da empresa;
auditoria de segunda parte: realizada por auditores de uma parte diretamente interessada nos
impactos ambientais da organização auditada. Tem-se como exemplo as auditorias realizadas
pelo comprador no seu fornecedor, de modo a verificar se o produto, processo, serviço e
sistema estão em conformidade com uma norma específica; ou aquelas conduzidas por
possíveis compradores em processo de fusão ou aquisição de empresas; ou ainda realizadas
por membros da comunidade afetada pelos impactos ambientais produzidos por uma
organização;
auditoria de terceira parte: realizada por auditores sem interesse direto na gestão ambiental da
organização auditada. Como exemplo tem-se a auditoria de certificação dos sistemas de
gestão ambiental ISO 14001 (SILVA, 2002).
É muito comum haver confusão entre as auditorias de primeira parte e as auditorias internas.
São interpretadas como sinônimos, mas não o são. As auditorias internas são aquelas
realizadas de acordo com os procedimentos internos da organização auditada, podendo ser
primeira parte, se realizadas com pessoal próprio, de dentro da empresa, ou de terceira parte,
se realizada por pessoal externo contratado para esse fim.
2.1.3 Planejamento de Auditoria
Para o planejamento e preparação de uma auditoria ambiental devem ser definidos os seus
elementos-chave, que são: objetivo; escopo; critérios que serão adotados; recursos
necessários, equipe de auditores e respectivas responsabilidades; e datas de realização da
auditoria in loco.
28
A abordagem básica da auditoria ambiental envolve três conjuntos distintos de atividades:
atividades pré-auditoriais, atividades de campo e atividades pós-auditoriais. A Figura 2 mostra
um esquema geral deste processo. As atividades de campo devem ser adaptadas especialmente
às atividades de cada companhia a ser auditada. A Figura 3 ilustra os passos realizados
durante as atividades de campo.
Figura 2 - Etapas Básicas de um Processo típico de Auditoria
Fonte: Arthur D. Little Report, 2001; Cantarino 2004.
29
Figura 3 - Visão Esquemática das Atividades de Campo
Fonte: Arthur D. Little Report, 2001; Cantarino 2004.
O objetivo deverá ser definido visando atender às necessidades e expectativas do cliente.
O escopo, uma vez determinado, delimita o campo de atuação da auditoria, e acordo com seu
objetivo. Para a determinação do escopo são considerados: a localização geográfica,
reconhecendo-se onde será realizada a auditoria; os limites organizacionais, com a
delimitação das unidades e das áreas funcionais da empresa que serão auditadas; o objeto da
auditagem, que será auditado; o período, com a definição da data a partir da qual serão
levantadas as informações e as evidências de conformidade e não-conformidade da unidade
auditada; e o tema ambiental, com a definição dos itens que serão avaliados: poluição das
águas, do ar, geração de resíduos, riscos ambientais.
Os critérios que serão adotados na auditoria correspondem às práticas, políticas,
procedimentos ou regulamentos legais que servirão como referência para a coleta das
evidências. Eles serão selecionados em função do objetivo e do escopo previamente
determinados, e deverão ser descritos minuciosamente.
O auditado deve fornecer os recursos humanos, físicos e financeiros necessários para o
desenvolvimento da auditoria, garantindo aos auditores as informações e elementos
30
indispensáveis a sua plena realização (DONAIRE, 1999; LA ROVERE, 2000; MOREIRA,
2001).
A equipe de auditores deve ter pleno conhecimento dos trabalhos a serem realizados e clara
consciência dos objetivos a serem atingidos. A auditoria deve ser planejada e preparada com o
objetivo de garantir que cada pessoa envolvida no processo de auditoria, incluindo auditores,
administração e pessoal, compreenda bem as suas funções e responsabilidades.
A preparação deve incluir a familiarização com as atividades da organização e com o sistema
de gestão ambiental nela instituído. Na hipótese da existência de auditorias anteriores, a
equipe deverá conhecer e analisar, cuidadosamente, os resultados e conclusões obtidas.
De acordo com o artigo 2º do Regulamento da CEE nº 761/2001: “... auditor é a pessoa ou
equipe, pertencente ou não aos quadros da organização, agindo em nome do órgão superior de
administração da empresa, que dispõe, individual ou coletivamente, das competências
necessárias, e de independência suficiente em relação às atividades que inspeciona para poder
formular um juízo objetivo”.
O auditor deve ter autocontrole, capacidade de analisar e expressar claramente idéias e
conceitos, conduta ética, independência, organização pessoal, objetividade e perseverança. Os
auditores devem ser suficientemente independentes em relação às atividades objeto da
auditoria, para emitirem pareceres objetivos e isentos.
O auditado é a organização, seja companhia, corporação, firma, empresa ou instituição, ou
parte ou combinação destas, pública ou privada, sociedade anônima, limitada ou com outra
forma estatutária, com funções e estrutura administrativa próprias, que está sendo auditada.
A realização da auditoria ambiental deve contar com, pelo menos, dois auditores,
independente do tamanho da empresa auditada. A equipe de auditoria pode incluir também
especialistas técnicos e auditores em treinamento. O especialista técnico é uma pessoa que
provê conhecimentos ou habilidades específicas à equipe de auditoria, porém não participa
como auditor.
Em geral, um dos auditores da equipe desempenha a função de auditor-líder. Este auditor-
líder é o responsável por garantir a eficiente condução e conclusão dos trabalhos. Deve ser
uma pessoa qualificada e ter ciência de que os resultados da auditoria somente podem ser
comentados e divulgados às partes interessadas, ou seja, aos demais membros da equipe, ao
auditado, ao cliente e a quem este recomendar. Nem sempre o auditado e o cliente são a
mesma figura. Como no caso, por exemplo, de uma auditoria ser realizada pelo comprador e
31
seu fornecedor. Assim, o fornecedor será o auditado e o comprador será o cliente. Porém, em
muitos casos, o cliente e o auditado são a mesma figura, como pode ser exemplificado com a
auditoria realizada por auditores da própria organização auditada, visando identificar, prevenir
e controlar eventuais problemas ambientais.
O auditor-líder pode ser registrado em um organismo de certificação de auditores ambientais,
se o cliente ou a lei assim o exigir. O credenciamento, em geral, apenas confere credibilidade
adicional.
A Norma ISO 14012 estabelece diretrizes para auditoria ambiental e critérios de qualificação
para auditores ambientais. Um dos dispositivos da norma é a aceitação de auditores
ambientais. Um dos dispositivos da norma é a aceitação de auditores que tenham somente
educação em nível médio de segundo grau. No Brasil, este critério não é aplicável. O Sistema
Brasileiro de Certificação Ambiental determina, através das normas do INMETRO, que os
auditores devem ter escolaridade correspondente à formação universitária. E no que concerne
à experiência profissional, o auditor deve ter conhecimentos e habilidades em aspectos
técnicos e ambientais das operações das instalações; em ciência e tecnologia ambiental; em
legislação ambiental; em sistemas e normas de gestão ambiental; e em processos e técnicas de
auditoria (ALMEIDA, 2000).
A Resolução CONAMA nº 319, publicada em 18 de agosto de 2003, estabelece os requisitos
mínimos quanto ao credenciamento, registro, certificação, qualificação, habilitação,
experiência e treinamento profissional de auditores ambientais para a realização das auditorias
de sistemas de gestão e controle ambiental nos portos organizados, instalações portuárias,
plataformas e suas instalações de apoio, dutos e refinarias. Todas as auditorias determinadas
pela Resolução CONAMA nº 306/02 deverão ser executadas por auditores ambientais que
atendam aos critérios especificados na resolução acima indicada.
O Relatório de Auditoria Ambiental é de responsabilidade da equipe de auditores e deve
conter a lista de pessoas contatadas durante a auditoria e respectivas atribuições, assim como
as conclusões, incluindo constatações de conformidades e não conformidades; e a avaliação
da capacidade da organização em assegurar a contínua adequação aos critérios estabelecidos.
Cabe aqui ressaltar que a responsabilidade civil ambiental é objetiva ou independente de
culpa, conforme previsto no artigo 14 da Lei Federal nº 6.938/81. A empresa não se isenta
dessa responsabilidade pelo fato de submeter-se a uma auditoria. A empresa auditada, no
entanto, poderá voltar-se regressivamente contra os auditores independentes que a tenham
32
aconselhado com negligência, imperícia, imprudência e dolo. A responsabilidade dos
auditores independentes será subjetiva ou com culpa e, portanto, caberá à empresa auditada,
neste caso autora da ação judicial, o ônus de provar a culpa. Porém, na auditoria ambiental
privada, realizada por auditores internos, está presente o vínculo de subordinação e não há a
possibilidade de ação contra estes.
A data de realização da auditoria in loco deve ser agendada entre os auditores e auditados. A
equipe de auditoria elabora uma carta de confirmação da data previamente combinada,
contendo ainda o objetivo, escopo e critérios a serem adotados e a envia ao agente
responsável pela unidade auditada. Os funcionários desta unidade devem ter conhecimento da
realização da auditoria, cabendo à empresa auditada disponibilizar documentos e facilidades
necessárias ao desenvolvimento dos trabalhos.
2.1.3.1 Itens essenciais à Aplicação da Auditoria Ambiental
É essencial, para a efetiva aplicação da auditoria ambiental, a definição clara e documentada
do seu objetivo e escopo, bem como a identificação dos envolvidos – cliente, equipe de
auditores e auditados. De acordo com La Rovere (2000), a eficiência da execução de uma
auditoria depende, pois, da existência de: recursos suficientes para suportar a auditoria;
adequada informação a respeito do objeto de auditagem permitindo definir critérios claros
para a auditoria; definição rigorosa e clara do escopo da auditoria; organização da auditoria
onde são estabelecidos os critérios a serem nela usados e um plano de ação; cooperação por
parte dos auditados; equipe de auditores independente e adequada à aplicação da auditoria
ambiental.
A auditoria só deve ser aplicada quando todos os itens apresentados estiverem sendo
cumpridos. Para que os resultados sejam consistentes é muito importante que as auditorias
sigam padrões semelhantes de abrangência por meio da definição do escopo e de período a ser
analisado na auditoria, e de procedimentos envolvendo metodologia aplicada e uso de
instrumentos.
33
2.1.3.2 Auditoria de Gestão Ambiental
Com a série ISO 14000, as normas ambientais transcendem as fronteiras nacionais e
posicionam a gestão ambiental no mesmo patamar já alcançado pela gestão da qualidade.
Cria-se, assim, mais um condicionante para o êxito da empresa que exporte e disputa sua
posição em um mercado globalizado (BIANCHI, 2002).
A conciliação das características ambientais dos produtos e serviços com paradigmas da
conservação e proteção ambiental é, cada vez mais, um requisito essencial para a
competitividade das organizações e para estas manterem posições comerciais conquistadas
com muito esforço. Por outro lado, as organizações que buscam na qualidade ambiental um
fator de sucesso para se posicionar bem no mercado que atuam, encontram nas normas da
série ISO 14000, a oportunidade para se valorizar internacionalmente, conforme mostra a
Figura 4 seguinte, sobre o papel de cada um no processo de certificação.
As normas ISO 14000 têm como principal característica a voluntariedade e não estabelecem
limites próprios para medição da poluição, padronização de produtos, níveis de desempenho.
São concebidas como um sistema orientado para aprimorar o desempenho da organização por
intermédio da melhoria contínua de sua gestão ambiental, sem a pretensão de impor índices e
valores mínimos (VALLE, 2002).
34
Figura 4: Árvore ilustrativa da Norma ISO 14000
Fonte: Material utilizado pela empresa como objeto de estudo.
2.2 PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL
A preocupação separa bem o Direito Ambiental de outras disciplinas jurídicas tradicionais,
porque a responsabilização civil e criminal clássica tem como pré-requisitos fundamentais
“certeza” e “presivibilidade”, exatamente os dois condicionantes que a norma ambiental
procura afastar, porque o dano ambiental nunca é certo ou previsível, ele simplesmente
acontece. Com isso, pode-se dizer que esta situação levou à criação de um princípio, o da
precaução, que inaugura uma nova fase para o próprio Direito Ambiental. Este princípio
surgiu na conferência de Estocolmo em 1972, e foi reafirmado na Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Conferência do Rio, em 1992
(MANETTI et al., 2001).
Segundo este Princípio da Precaução, já não cabe aos titulares do direito provar efeitos
negativos de empreendimentos levados à apreciação do Poder Executivo ou Poder Judiciário,
como é o caso de instrumentos filiados ao regime de simples prevenção, como o Estudo de
35
Impacto Ambiental, o Inventário de Resíduos, o Laudo Técnico, entre outros. Nesses casos,
cabe ressaltar que uma das razões é a disponibilidade de informações cobertas por segredo
industrial nas mãos de empreendedores.
Nesta ótica, Deus et al. (2001) apresenta interessantes questionamentos onde se suspeitando
que uma atividade industrial traz riscos ao ambiente, devem o Poder Executivo e o Judiciário
assumir o pior e proibi-la, ou regulá-la, impondo-lhe padrões de seguranças ambientais? Ou,
diversamente, deve a intervenção publica ocorrer somente quando o potencial ofensivo tenha
sido claramente demonstrado pelo órgão de controle ambiental ou por organizações não-
governamentais, amparadas num raciocínio de probabilidade?
Já de acordo com Benjamin (1998), é preciso impor aos degradadores o ônus de corroborar a
inofensividade de sua atividade proposta, principalmente naqueles casos onde eventual dano
possa ser reversível, de difícil reversibilidade ou de larga escala.
Já o Princípio do Poluidor – Pagador é aquele que impõe ao poluidor o dever de arcar com as
despesas de prevenção, reparação e repressão da poluição. Este princípio estabelece que o
causador da poluição e da degradação dos recursos naturais deve ser o responsável principal
pelas conseqüências de sua ação ou omissão. Em síntese, é o princípio que visa imputar ao
poluidor os custos sociais da poluição por ele causada, prevenindo, ressarcindo e reprimindo
os danos ocorridos, não apenas a bens e pessoas, mas também à própria natureza.
A Declaração do Rio, em 1992, em seu princípio 16, dispôs que
[...] as autoridades nacionais deveriam procurar fomentar a internacionalização dos
custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em conta o critério de
que o que contamina deveria, em princípio, arcar com os custos da contaminação,
tendo devidamente em conta o interesse público e sem distorcer o comércio nem as
inversões internacionais.
No Brasil, a Lei nº 6.938/81, que dispõe sobre Política Nacional de Meio Ambiente, acolheu o
princípio do poluidor-pagador em seu artigo 4o, inciso VII, estabelecendo, como um de seus
fins, “... a imposição, ao poluidor e ao predador, de obrigação de recuperar e/ou indenizar os
danos causados”.
Por sua vez, o Princípio do Usuário – Pagador, que vem sendo discutido, partindo do
princípio do poluidor-pagador, estabelece que os preços devem refletir todos os custos sociais
do uso do esgotamento do recurso. No sistema tradicional em vigor, aquele que utiliza um
36
dado recurso comum, de titularidade coletiva, não vem sendo chamado a compensar a
sociedade pelo seu uso. Em termos técnicos, tem-se aí uma hipótese de subsídio, que só pode
ser evitada se o usuário pagar pelo consumo do bem, que é de todos, incorporando-se tal
custo, como se dá com o princípio do poluidor-pagador, no preço final de produtos e serviços.
Ora, se o recurso é coletivo, apenas alguns poucos o estão utilizando sem qualquer
compensação, então a conta deste uso está sendo coberta pela coletividade. Mais grave, se a
coletividade tiver ainda preocupação com uma atuação irresponsável e oportunista desses
sujeitos, ela não só não é compensada pelo uso do bem, como ainda tem que arcar com
despesas destinadas a protegê-lo. Aqui é perfeita a analogia com comerciantes que são
forçados a pagar “proteção” a sindicatos do crime com o propósito de evitar ataques enquanto
conduzem sua atividade econômica, legítima e legal. De modo assemelhado, os não-usuários
do recurso comum são também obrigados a pagar “proteção” ao Estado, via impostos, e à
intermediários – por exemplo, ONG’s, tudo para evitar perder o acesso ao recurso que
originariamente era seu“(BENJAMIN, 1998).
Na lista dos princípios que influenciam diretamente o regime de responsabilidade civil pelo
dano ambiental, a Constituição Federal consagra também o Princípio da Reparabilidade
Integral do dano ambiental. Por esse princípio, são vedadas todas as formas e fórmulas, legais
ou constitucionais, de exclusão, modificação ou limitação da reparação ambiental, que deve
ser sempre integral, assegurando proteção efetiva ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado (BENJAMIN, 1998).
Como se sabe, muitos princípios incorporados nessas definições advêm de debates e acordos
internacionais. Assim, o princípio da responsabilidade ambiental, que se encontra no item 22
da Declaração de Estocolmo (1972) e foi ratificado no item 13 da Declaração do Rio de
janeiro (1972), estabelece:
Os Estados devem cooperar para continuar desenvolvendo o direito internacional, no
que se refere à responsabilidade e à indenização das vítimas da poluição e outros
danos ambientais, que as atividades realizadas dentro da jurisdição ou sob controle
de tais Estados, causem às zonas situadas fora de sua jurisdição (Estocolmo, 1972 –
Princípio 22).
Os Estados devem elaborar uma legislação nacional concernente à responsabilidade
por danos causados pela poluição e com a finalidade de indenizar as vítimas. (Rio de
Janeiro, 1992 – Princípio 13).
37
Houve a consagração do princípio também na legislação federal, por meio da Lei nº 6.938/81
em seu artigo 14, §3o combinado com o artigo 3o, inciso IV. O artigo 14, §3o traz o dever do
poluidor reparar ou indenizar os danos causados por sua atividade e o artigo 3o, inciso IV
define o conceito de poluidor (DEUS et al., 2001).
Tal princípio foi consagrado pela Constituição brasileira em seu artigo 225, §3o: “As
condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas
físicas e jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados”.
2.2.1 Evolução da Legislação Ambiental no Brasil
Na primeira metade do século XX, a legislação ambiental no Brasil caracterizou-se por
disposições pontuais sobre recursos naturais, como Código de Águas de 1934 e o Código
Florestal de 1965, além da concepção preservacionista da memória histórica e artística
nacional, representada pela Lei de Tombamento de 1937.
As repercussões internacionais da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente,
conhecidas por Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, apesar da posição brasileira de
colocar-se, naquele momento, como destinatária de tecnologias industriais obsoletas,
contrariamente ao princípio da própria conferência, que era o de ser abolido o seu emprego,
fizeram com que tivesse início a organização institucional da área ambiental no país.
Em 1973, criou-se, no Estado de São Paulo, a Companhia Estadual de Tecnologia de
Saneamento Básico e de Controle da Poluição das Águas – CETESB, que teve sua
denominação alterada em 1976 para Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental e
passou a ser vinculada à Secretaria de Estado do Meio Ambiente em 1987 (MOLLER, 1998).
No Estado da Bahia, promulgou-se a Lei nº 3.163/73, que estabeleceu a criação do Conselho
Estadual de Proteção Ambiental – CEPRAM vinculado à Secretaria de Estado de
Planejamento, Ciência e Tecnologia, tendo sido o primeiro Conselho de Meio Ambiente do
país. Também em 1973 é criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA; junto ao
então Ministério do Interior, responsável pelo direcionamento de ações voltadas à proteção e
melhoria do meio ambiente.
38
As agências de proteção ambiental dos Estados do Rio de Janeiro e de Santa Catarina foram
criadas no ano de 1975. A Fundação de Amparo à Tecnologia e ao Meio Ambiente –
FATMA, respectivamente (SÃO PAULO,1992).
A Lei nº 997 do Estado de São Paulo, promulgada em 1976, que dispõe sobre o controle da
poluição do meio ambiente, o qual foi regulamentado no mesmo ano, através do Decreto
Estadual nº 8.468. Este regulamento definiu a competência e as atribuições da CETESB,
forneceu a classificação e os padrões de qualidade e de emissão, de condicionamento e projeto
para fontes estacionárias no ar, dispôs sobre a poluição do solo e estabeleceu disposições para
licenças e registro das fontes de poluição (SÃO PAULO, 1991).
Os padrões para emissões atmosféricas são restritos a poucos poluentes, e em processos
bastante particulares, como transportes, combustão de óleos e carvão, fornos siderúrgicos, e
alguns outros, apesar das fortes implicações da poluição atmosférica sobre a saúde. Esta
situação pode ser reflexo de custos eventualmente elevados de controle, e dificuldades
operacionais em monitorar tais emissões. Por outro lado, isto se reflete nas empresas por uma
ênfase em geral menor à questão da poluição atmosférica, em relação, por exemplo, a
poluição das águas e aos resíduos, que têm legislação mais específica e, paulatinamente, mais
restritivas (DEUS et al., 2001).
Também a legislação referente a padrões de emissão não tem acompanhado avanços da
tecnologia e o uso de novos produtos químicos. Estas limitações da legislação, quanto aos
padrões de emissão, dificultam a orientação clara dos projetos e da gestão ambiental nas
empresas, levando à aplicação de critérios subjetivos no gerenciamento dos projetos.
Em 19 de maio de 1887 foi inaugurado o primeiro serviço de água de Juiz de Fora. A água
provinha de três mananciais da chamada "corrente de São Mateus" e foi trazida e canalizada
até dois reservatórios construídos no Alto dos Passos. Foram colocadas penas d'água nas casas
das ruas existentes naquela época.
A partir de então, a cidade passou a ter água encanada. À medida que Juiz de Fora foi
crescendo, o serviço foi sendo ampliado. Durante muitos anos, a Prefeitura Municipal
manteve o Serviço de Água e Esgoto. Em 1963, foi criado, pela lei nº 1873 de 01/08/1963, o
DAE - Departamento de Água e Esgoto. Em 01/10/1990, pela lei 7762 em substituição ao
DAE, foi criada a CESAMA - Companhia de Saneamento e Pesquisa do Meio Ambiente, uma
empresa pública com autonomia financeira e administrativa.
39
A partir de 03/09/2001 a Razão Social da Cia. de Saneamento e Pesquisa do Meio Ambiente
foi alterada para Companhia de Saneamento Municipal, permanecendo a sigla CESAMA.
Esta modificação está determinada na Lei 10.000 de 08 de maio de 2001 (Artigo 93), visto
que a CESAMA não tem em seu objeto a atividade de planejamento e gestão ambiental latu
sensu, (http://www.cesama.com.br/ em 11/fevereiro de 2006).
A Companhia de Saneamento de Minas Gerais, COPASA, criada em 1974 é uma empresa
vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Regional e Política Urbana do Governo do Estado
de Minas Gerais. A empresa está agora trabalhando com planejamento estratégico,
combatendo as perdas de água, inovando tecnologicamente, priorizando a melhoria do
relacionamento com seus clientes, entre várias outras mudanças em curso,
(http://www.copasa.com.br em 11 de fevereiro de 2006).
Somente em 1977, no Estado de Minas Gerais, é que surgiu um colegiado normativo e
deliberativo com a participação da sociedade civil de uma forma mais ampla, possibilitando
algum tipo de controle social na formulação e implementação de uma política pública
ambiental, com a criação da Comissão de Política Ambiental – COPAM junto à Secretaria de
Estado da Ciência e Tecnologia. RIBEIRO (2003) lembra que o desenvolvimento desse
modelo e de seu aperfeiçoamento surgiu através das experiências dos Estados de São Paulo,
Bahia, Rio de Janeiro, Santa Catarina e se disseminou pelo país, sendo adotado por outros
Estados, como Sergipe (1978); Alagoas e Mato Grosso do Sul (1979).
Em 1980, através da Lei Federal nº 6.803, estabeleceram-se diretrizes básicas para
zoneamento industrial em áreas críticas de poluição, reconhecendo-se dessa forma os
prováveis danos ao meio ambiente provocados por determinados empreendimentos
industriais. Instituíram-se ademais, através dessa lei, estudos especiais de alternativas e de
avaliações de impactos para a aprovação desses empreendimentos (CORRÊA, 1986).
Em agosto de 1981, promulgou-se a Lei nº 6.938, que dispõe sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente e instituiu o Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA – constituído
por órgãos e entidades federais, estaduais e municipais responsáveis pela proteção ambiental,
com o objetivo de determinar os mecanismos de formulação e aplicação dessa política. Foi
denominado como órgão superior o Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA. O
artigo 10 da referida lei, ao estabelecer as competências dos estados para conceder as licenças
ambientais, fortaleceu ainda mais os órgãos ambientais estaduais. Surgiu pela primeira vez a
compatibilização do desenvolvimento econômico social com a preservação da qualidade do
meio ambiente. Essa lei consagrou o termo da responsabilidade civil objetiva, relativo a todo
40
e qualquer dano ao meio ambiente, através do disposto no artigo 14, § 1º: “... é o poluidor
obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados
ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade”. Estabeleceu como instrumentos
da Política Nacional de Meio Ambiente, entre outros: os padrões de qualidade ambiental; o
zoneamento ambiental em nível nacional, regional e municipal; a obrigatoriedade do estudo
de impacto ambiental; o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras (MUKAI, 1998).
A Lei Federal nº 7.347, de 24 de julho de 1985, disciplinou a Ação Civil Pública de
responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de
valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. E prevê em seu artigo 5º, § 6º a
possibilidade de os órgãos públicos firmarem com os interessados Compromisso de
Ajustamento de Conduta. Considerando a disseminada prática de denominar o citado
instrumento como Termo de Ajustamento de Conduta – TAC, será adotada para o presente
trabalho a denominação legal de Compromisso de Ajustamento de Conduta – CAC, por
mostrar-se mais adequado, visto que os direitos tutelados por este instrumento são meta-
individuais e indisponíveis, não havendo, portanto, possibilidade de transacionar-se sobre os
mesmos, ou seja, na acepção técnica da palavra, dispor, ainda que parcialmente, do dever de
reparar e preservar os bens ambientais e, conseqüentemente, do direito a um meio ambiente
saudável.
A Resolução CONAMA nº 01, de 23 de janeiro de 1986, determinou os critérios básicos e
diretrizes gerais para o Relatório de Impacto Ambiental – RIMA. De acordo com esta
resolução, os órgãos ambientais competentes e os órgãos setoriais do SISNAMA deverão
compatibilizar os processos de licenciamento com as etapas de planejamento e implantação
das atividades modificadoras do meio ambiente, respeitados os critérios e diretrizes
estabelecidas e tendo por base a natureza, o porte e as peculiaridades de cada atividade.
Segundo Lemos 1981, no ano de 1986 já existiam conselhos estaduais de meio ambiente nos
Estados do Amazonas, Alagoas, Bahia, Paraíba, Sergipe, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,
Rio de Janeiro e Santa Catarina, abrangendo, portanto, as cinco regiões geográficas do nosso
país. Atualmente, todos os vinte e seis Estados da Federação e o Distrito Federal possuem
Conselho Estadual de Meio Ambiente e respectivos órgãos executivos. O primeiro resultado
significativo foi a conscientização ambiental em todo o país, decorrente da participação de
vários setores do governo e da sociedade civil nas discussões dos conselhos e os reflexos
41
indiretos das ações desses conselheiros, que se tornaram agentes de transformação social
(LEMOS, 1981; RIBEIRO, 2003).
A Constituição Federal Brasileira, promulgada em 05 de outubro de 1988, contém capítulo
específico destinado às questões ambientais. O capítulo VI do Título VIII – Da Ordem Social
– contém o artigo 225, que diz: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem uso comum do povo e essencial à qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações”.
Essa Constituição consolidou também a descentralização quanto às competências legislativas.
De acordo com o artigo 23, inciso VI, todos os entes federativos (União, Estados, Distrito
Federal e Municípios) têm competência legislativa e político-administrativa para proteger o
meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas.
As Leis Federais nº 7.804/89 e 8.028/90 alteraram posteriormente a Lei Federal nº 6.938/81,
adequando-a aos princípios constitucionais (MOLLER, 1998).
As Constituições Estaduais, de modo geral, delegaram ao Poder Público a incumbência de
fiscalizar, planejar e executar atividade de preservação dos ecossistemas; estabeleceram
interdições às práticas degradadoras; fixaram a obrigatoriedade de realização de Relatórios de
Impacto Ambiental; criaram os Conselhos Estaduais do Meio Ambiente e procuraram
resguardar a qualidade de vida da população. Em 1989, os Estados do Amapá, Pará,
Rondônia, alguns outros situados na região Nordeste do país e São Paulo promulgaram suas
Constituições Estaduais. A Constituição do Estado de São Paulo, de 1989, dedicou o capítulo
IV ao Meio Ambiente e estabeleceu a criação de um sistema de administração da qualidade
ambiental, proteção, controle e desenvolvimento do meio ambiente e uso adequado dos
recursos naturais (SMA, 1991).
Os municípios também devem exercer o controle sobre atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras, como prevê a Constituição Federal. A Lei Orgânica do Município de São Paulo
estabelece alguns princípios, quais sejam; a prevalência do interesse público; o meio ambiente
como bem de uso comum do povo; o acesso à informação; a efetiva participação da população
na defesa e preservação ambiental; a compatibilidade das políticas econômicas, de saúde,
social e educativa nos diferentes níveis do governo. Dentre os objetivos dessa lei, destaca-se a
criação do Conselho Municipal do Meio Ambiente, a educação ambiental, o controle da
42
poluição do ar, o controle da degradação do solo, a poluição da água e o controle da poluição
sonora (MOLLER, 1998).
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA –
através da Portaria nº 96, de outubro de 1996, estabeleceu os critérios para o Cadastro Técnico
Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilização de Recursos Ambientais. Esse
cadastro é obrigatório para todas as atividades industriais, de extração, comercialização e
transporte de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente.
A Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997, dispõe sobre a revisão de
procedimentos e critérios utilizados pelo Sistema de Licenciamento Ambiental instituído pela
Política Nacional de Meio Ambiente. Estabeleceu a obrigatoriedade de prévio licenciamento
pelo órgão ambiental competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis, para a
localização, construção, instalação, ampliação, modificação e operação de empreendimentos e
atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente
poluidoras, bem como os empreendimentos capazes de causar degradação ambiental. Esta
licença ambiental depende de prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de
impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual se deve dar publicidade, garantida a
realização de audiências públicas, quando couber, de acordo com regulamentação.
Já em 12 de fevereiro de 1998, foi promulgada a Lei Federal nº 9.605, conhecida por Lei de
Crimes Ambientais. Ela prevê penas de ordem administrativa, civil e criminal para a autoria
ou co-autoria em condutas lesivas ao meio ambiente. Responsabilizam-se, através dessa lei, as
pessoas físicas e jurídicas que cometeram crimes ambientais e determinam-se as penas
cabíveis que vão desde multas e prestação de serviços à comunidade até suspensão parcial ou
total de atividades e interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade. Essa lei
atendeu a necessidade de complementar e regulamentar a Lei Federal nº 6.938/81 e a
Constituição Federal de 1998, e, de certa forma, às recomendações da Carta da Terra e da
Agenda 21, aprovadas por ocasião da Conferência RIO-92, no Rio de Janeiro, onde os países
signatários se comprometeram a criar legislação específica para a responsabilização por danos
ao meio ambiente e para compensação às vítimas da poluição.
No mês de dezembro de 2002, o Decreto Estadual nº 47.397/02 modificou substancialmente o
licenciamento ambiental no Estado de São Paulo. O decreto estabelece, entre outras coisas, a
obrigatoriedade de cada empreendimento renovar as suas licenças no prazo máximo de cinco
anos e, a partir daí, essas licenças terão prazo de validade de dois a cinco anos. Além disso,
toda vez que um estabelecimento industrial estiver sendo desativado, deverá realizar uma
43
auditoria ambiental. É de suma importância acompanhar as alterações introduzidas pelos
decretos, resoluções e portarias na regulamentação ambiental, pois estas representam os
anseios, exigências, enfim, demandas de uma sociedade em evolução.
Do ponto de vista das empresas, a necessidade de licenciamento ambiental prévio implica em
dificuldades que, para aquelas que têm uma postura ambiental reativa, são vistas como
complicadoras para seus projetos. Entre esses fatos complicadores, destacam-se os
necessários planejamentos e estudos que demandam tempo e recursos maiores do que os que
costumavam ser previstos nos respectivos projetos. Além disso, o tempo utilizado para análise
dos projetos pelos órgãos ambientais tem sido maior que o aceitável pelo empresariado,
prejudicando uma maior velocidade nos investimentos. Os órgãos públicos se defendem
alegando que os prazos são os necessários para análise dos projetos, com recursos que
dispõem.
Outra questão crítica é o custo do licenciamento, representado por estudos de impacto
ambiental, publicações de pedidos de licença, e, em muitos casos, serviços de consultoria
ambiental que intermedeiam o contato de empresas com os órgãos ambientais (DEUS et al.,
2001).
Por último, muitas empresas temem em fornecer informações aos órgãos públicos, que
possam servir de base para a fiscalização. Acreditam que não fornecendo informações sobre
seus processos, inclusive ampliações e modificações, estão menos sujeitos à fiscalização.
Surge assim um dilema, ou seja, o instrumento que foi criado para prevenir e controlar os
impactos das atividades de uma empresa sobre o meio ambiente, na realidade, se não
fornecido corretamente, pode aumentar o risco de ações civis e criminais contra as próprias
empresas. Assim, é necessário estabelecer alguma forma de proteção para as informações
corretamente fornecidas aos órgãos públicos.
Nos Estados Unidos também se constata algo similar, o que tem suscitado diversos debates
sobre a legitimidade ou não de se proteger as informações ambientais obtidas por meio de
auditorias. De um lado, tem-se o temor legítimo dos empresários quanto a possibilidade de
estarem municiando ações contra si próprios. De outro, tem-se uma legítima discussão de
fundo sobre a natureza jurídica das informações ambientais, tendo em vista o interesse da
coletividade em conhecer conseqüências ambientais das várias atividades econômicas e seus
possíveis riscos ou efeitos indesejáveis à saúde pública e ao meio ambiente.
44
No Brasil existem numerosas leis que regulamentam o uso dos recursos naturais e a proteção
ao meio ambiente, e alguns Estados e Municípios mais industrializados ou mais avançados
politicamente vêm promulgando leis que tornam obrigatória a realização de auditorias
ambientais periódicas nas indústrias (Tabela 1).
Tabela 1: Legislação Estadual que torna obrigatória a realização de auditorias
Fonte: Philippi (2003).
Já estão sendo elaborados bancos de dados informatizados, contendo a legislação ambiental
federal existente e a legislação referente a alguns estados e municípios, onde a demanda por
essa informação é maior, muitas vezes decorrente da alta concentração de atividades
empresariais nessas regiões. O incremento da legislação ambiental, bem como as normas da
série ISO 14000, têm impulsionado a elaboração desse banco de dados.
O Estado do Rio de Janeiro foi a primeira unidade política a regulamentar a auditoria
ambiental, promulgando a Lei nº 1.898 em novembro de 1991. Seu objetivo principal é
obrigar as empresas de elevado potencial poluidor, como as refinarias, indústria
petroquímicas, siderúrgicas, químicas, alimentícias, de bebidas e instalações portuárias, a
realizarem auditorias ambientais anuais, pagas pelas próprias empresas e realizadas por
equipes técnicas independentes, com periodicidade anual. Esta lei foi suplementada por dois
regulamentos e alterada parcialmente pelas Leis 3.341/99 e 3.471/00.
O Estado de Minas Gerais promulgou a Lei nº 10.627, em janeiro de 1992 alterada pela Lei nº
15.017 de janeiro de 2004 a ser regulamentada num prazo de 90 dias, que até agora é, em
grande parte, cópia literal da lei carioca. Introduz algumas poucas mudanças, como por
exemplo, o estabelecimento de um prazo de até três anos entre a realização das auditorias
ambientais obrigatórias e, com respeito ao acesso do público às informações de auditoria,
preserva o sigilo industrial.
Em julho de 1993, a Lei nº 12.148 foi promulgada, instituindo as auditorias ambientais no
Estado do Ceará. Esta lei estabelece que as auditorias devem ser realizadas anualmente e lista
em seu artigo 4o quais empresas ou atividades potencialmente poluidoras estão sujeitas.
Ceará Espírito Santo Minas Gerais Paraná Rio de Janeiro
Lei Estadual Lei Estadual Lei Estadual Resolução Lei Estadual
nº 10.627/92 CEMA
nº 12.148/93 nº 4.802/93 alterada por nº 007/01 nº 1.898/91
nº 15.017/04
45
Alguns dispositivos foram alterados e outros adicionados através da Lei nº 12.685, de 09 de
maio de 1997.
Em agosto de 1993, o Estado do Espírito Santo promulgou a Lei nº 4.802, regulamentada, em
dezembro de 1994, pelo Decreto nº 3.795-N. Esta lei determina a execução de auditorias
ambientais para as mesmas atividades e empreendimentos listados pela lei carioca,
acrescentando, ainda, as indústrias de papel e celulose, as atividades de mineração e as
unidades de disposição de resíduos hospitalares. Existe ainda a Lei nº 3.968, do Município de
Vitória, promulgada e regulamentada em setembro de 1993. É essencial haver uma
harmonização e compatibilização das exigências impostas pelas leis ambientais que
regulamentam as auditorias ambientais, aplicáveis a um mesmo local. Por exemplo, a uma
empresa, que é localizada no Município de Vitória, é aplicável a legislação municipal assim
como a legislação estadual. Ambas devem ser cumpridas, porém, em geral, a legislação
municipal é mais restrita (LA ROVERE, 2000).
O Estado do Paraná publicou, através do Conselho Estadual do Meio Ambiente, a Resolução
CEMA nº 007, em maio de 2001. Esta resolução foi motivada por acidente ocorrido no
estado, que resultou em derramamento de óleo, e estabelece a obrigatoriedade das empresas
com atividades na área de petróleo a realizar auditoria ambiental independente em suas
instalações industriais, marítimas e terrestres. As auditorias seguem diretrizes específicas
anexas ao texto da resolução, além das que foram instituídas na Resolução CONAMA nº 265,
janeiro de 2000 (SALLES, 2001).
2.3 NORMAS AMBIENTAIS
2.3.1 Breve Histórico Evolutivo
A International Standardization Organization – ISO é uma organização não governamental,
fundada em 23 de fevereiro de 1947, que congrega mais de 100 países, representando cerca de
95% da produção industrial do mundo. A organização é uma federação de caráter
internacional, sediada na Suíça, e tem como objetivo principal facilitar o intercâmbio eficiente
de mercadorias e serviços. A ISO é responsável pela elaboração de normas de aplicação
46
internacional, mostrando consenso global e interesse comum. Todas as normas desenvolvidas
pela ISSO são de adoção voluntária (BUREAU VERITAS, 1998).
A utilização maciça das normas de qualidade da Série ISO 9000 nas relações comerciais
internacionais causa um impacto que não deixa dúvidas da necessidade das empresas se
adaptarem aos novos tempos. Publicada em 1987, a Série ISO 9000 conta até janeiro de 2006
com cerca de 760.900 empresas certificadas em 154 países*. O rápido crescimento do número
de empresas certificadas mostra o grau de importância da implantação de procedimentos
gerenciais que garantam a qualidade através de normas técnicas internacionais voluntárias,
(Disponível em URL: http://www.isso.ch/iso/iso/iso9000-14000/understand/inbrief.html
[2006 jan 5]).
O desenvolvimento das normas de sistemas de gestão ambiental para serviços, processos e
produtos associa dois movimentos de extrema importância nos anos 90. O primeiro relaciona-
se à grande disseminação dos sistemas de gestão da qualidade e de conceitos de controle e
qualidade total. Se a empresa implementa um sistema de qualidade, facilita a introdução de
um sistema de gestão ambiental, porque as normas da Série ISO 9000 e 14000 têm estruturas
bastante similares. Cabe ressaltar, inclusive, que a NBR ISO 14001 apresenta um anexo
indicando a correspondência entre alguns de seus requisitos e os da ISO 9001. O segundo
movimento dispõe sobre o crescimento do interesse das ONG’s, das agências governamentais
e dos partidos políticos em torno das questões ambientais. A união destes dois movimentos
aumenta as pressões sobre as atividades produtivas que, por sua vez, organizam-se com
objetivo de manter seu crescimento mediante a adoção de medidas que viabilizem a obtenção
e manutenção de uma qualidade ambiental que permita vida saudável no presente e no futuro.
A proteção do meio ambiente passa a ser uma qualidade desejada do produto e a certificação
ambiental torna-se instrumento para a obtenção de garantia da qualidade deste produto.
2.3.2 Estrutura Normalizadora Nacional
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – RIO 92,
realizada em junho de 1992, no Rio de Janeiro, gerou impulso decisivo para o movimento de
normalização ambiental internacional.
47
O Brasil, membro fundador da ISO, é representado junto a esta através da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), uma sociedade privada, sem fins lucrativos, fundada
em 1940, que corresponde ao Fórum Nacional de Normalização e promove a elaboração de
normas em diversos domínios de atividades, além de efetuar a certificação de produtos e
sistemas. A ABNT é membro “P”, com direito a voto no fórum internacional de normalização
e, no Brasil, está credenciada pelo INMETRO desde 1997 como organismo certificador.
O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO, é uma
autarquia federal, vinculada ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, que atua como Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial – CONMETRO, colegiado interministerial, que é o
órgão normativo do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial –
SINMETRO. Integrando uma estrutura sistêmica articulada, o SINMETRO, o CONMETRO e
o INMETRO foram criados pela Lei Federal nº 5.966, de 11 de dezembro de 1973, cabendo a
este último ampliar significativamente o seu raio de atuação a serviço da sociedade brasileira
(BIANCHI, 2002).
No âmbito de sua ampla missão institucional, o INMETRO objetiva fortalecer as empresas
nacionais, aumentando sua produtividade por meio da adoção de mecanismos destinados à
melhoria da qualidade de produtos e serviços. Sua missão é promover a qualidade de vida do
cidadão e a competitividade da economia através da metrologia e da qualidade, recomendando
ao Comitê Brasileiro de Certificação – CBC, os procedimentos, critérios e regulamentos que
serão utilizados para o credenciamento de organismos de certificação de gestão ambiental,
para credenciamento e registro de auditores ambientais e de cursos para auditores ambientais.
Os critérios e diretrizes para o credenciamento de auditores e de organismos de certificação de
Sistemas de Gestão Ambiental são baseados nas diretrizes das normas afins da Série ISO
14000 e naquelas estabelecidas pelo INMETRO para auditores de qualidade e de meio
ambiente. O mesmo ocorre com cursos a serem ministrados para formar auditores ambientais.
Além disso, luta para conquistar o reconhecimento internacional do Sistema Nacional de
Metrologia e do Sistema Brasileiro de Credenciamento de Laboratórios, Organismos de
Certificação e Inspeção ao mesmo tempo em que vem trabalhando para que o país ingresse
competitivamente no mercado externo.
Já o CONMETRO atua através de comitês, entre eles os de Certificação, Credenciamento
Laboratorial, Metrologia, Normalização, etc. O Comitê de Certificação Ambiental é composto
48
por 32 entidades, incluindo as não governamentais e é quem define os critérios a serem
seguidos pelos organismos certificadores e para habilitação de profissionais que realizarão as
auditorias (MOURA, 2002). Os organismos envolvidos são:
Organismo Credenciador – é o INMETRO que atua realizando a habilitação dos organismos
certificadores e verifica o desempenho dos mesmos para decidir sobre a manutenção do seu
credenciamento;
Organismo Normalizador – ABNT, que é a representante do Brasil na ISO desde sua
fundação;
Organismos Certificadores – são organismos sem fins lucrativos que realizam as auditorias
nas empresas, segundo os critérios estabelecidos pelo INMETRO, pela ABNT ou por normas
internacionais. Emitem um certificado, quando verificam a conformidade das atividades da
empresa com essas normas. Têm-se como exemplos: ABS-QE – Quality Evaluations Inc.;
BSI Brasil – British Standards Institution; BVQI do Brasil – Bureau Veritas Quality
International; DNV – Der Norske Veritas; Fundação Carlos Alberto Vanzolini; GLC –
Germanischer Lloyd Certification; SGS ICS Certificadora Ltda; Tecpar – Instituto de
Tecnologia do Paraná.
2.3.3 A Série Brasileira ABNT ISO 14000
As organizações de todos os tipos têm uma preocupação cada vez maior em atingir e
demonstrar um desempenho ambiental correto, controlando o impacto de suas atividades,
produtos ou serviços no meio ambiente, levando em consideração sua política e seus objetivos
ambientais. Esse comportamento se insere no contexto de uma legislação cada vez mais
exigente, elaboração de políticas econômicas e de outras medidas destinadas a estimular a
proteção ao meio ambiente e de uma crescente preocupação das partes interessadas em
relação às questões ambientais e ao desenvolvimento sustentável.
Muitas organizações realizam análises ou auditorias ambientais com o objetivo de avaliar seu
desempenho ambiental. No entanto, por si só, tais análises e auditorias não garantem a uma
organização que seu desempenho atenda, e continuará a atender, aos requisitos legais e à sua
própria política. Para que sejam eficazes, há a necessidade de que esses procedimentos sejam
49
conduzidos dentro de um sistema de gestão estruturado e integrado ao conjunto das atividades
da empresa.
As normas internacionais de gestão ambiental visam prover às organizações os elementos de
um sistema de gestão ambiental eficaz, passível de integração com outros requisitos de gestão,
de maneira a auxiliá-las a alcançar seus objetivos ambientais e econômicos. Essas normas,
como outras normas internacionais, não foram elaboradas para criar barreiras comerciais não-
tarifárias, nem para ampliar ou alterar as obrigações legais de uma organização
(ASSOCIAÇÃO..., 1996).
A Série ISO 14000 tem como objetivo principal a implantação de um sistema de gestão
ambiental que contribua para a organização cumprir compromissos assumidos em prol do
meio ambiente. E como objetivos decorrentes, as normas criam sistemas de certificação, tanto
das organizações como de seus produtos e serviços, que dão a possibilidade de distinguir as
empresas que atendem à legislação ambiental e cumprem os princípios do desenvolvimento
sustentável.
Essa série de normas não substitui a legislação ambiental vigente no local onde está situada a
organização. Na realidade, reforçam, ao exigirem o cumprimento integral da legislação local,
para que seja concedida a certificação. As normas também não determinam padrões de
desempenho. Estes deverão ser determinados pela própria organização, dentro dos limites
compatíveis com sua política ambiental (VALLE, 2002).
Com a função de harmonizar os padrões de gestão ambiental, a ISO instalou, em 1993, um
comitê denominado TC 207, com o objetivo de elaborar as normas da série ISO 14000. O TC
207 dividiu-se em seis subcomitês internacionais e um grupo de trabalho, que, por sua vez,
são agrupados em duas categorias principais e uma categoria geral, conforme segue
(BUREAU VERITAS, 1998).
No que diz respeito às organizações, a estrutura está divida em três subcomitês: SC1, SC2, e
SC4. O primeiro subcomitê – Sistema de Gestão Ambiental (SC1), presidido na Grã-
Bretanha, é responsável pelas normas de gerenciamento ambiental, análogas à Série ISO
9000, porém com abordagem mais abrangente, incluindo o cumprimento da legislação
ambiental aplicável, plano de emergência, compromisso com a melhoria contínua, dentre
outros;
50
O segundo subcomitê – Auditoria Ambiental e Investigações Correlatas (EA) (SC2), é
presidido pela Holanda, responsável pelas normas de procedimentos dos vários tipos de
auditoria e de qualificação dos auditores;
O terceiro subcomitê – Avaliação de Desempenho Ambiental ou de Performance (SC4)
(EPE), é presidido pelos EUA, responsável pela elaboração das normas para avaliar o
desempenho das organizações em função do gerenciamento proposto, relacionando os riscos
ambientais e impactos significativos.
No que diz respeito aos produtos, a estrutura está dividida em três outros subcomitês:
O primeiro – Rotulagem Ambiental (EL) (SC3), é presidido pela Austrália, responsável pela
normalização dos vários tipos de selo verde e etiquetas de autodeclaração;
O segundo – Análise do Ciclo de Vida (LCA) (SC5), é presidido pela França, responsável
pela elaboração de normas que orientam o impacto ambiental do produto, o inventário,
melhorias do ciclo de vida do produto. O conceito básico é avaliar o impacto ambiental do
produto, desde a extração da matéria-prima, elaboração do produto até sua utilização e
disposição final adequada;
O terceiro – Working Group (WG), é ligado à direção do comitê, presidido pela Alemanha,
responsável pela elaboração de um guia sobre a inclusão de aspectos ambientais em normas
de produtos.
De modo seqüencial, existem ainda os três subcomitês seguintes:
O primeiro – Termos e Definições (SC6), é presidido pela Noruega, e responsável pela
harmonização de toda a terminologia utilizada nas normas do TC 207, abrangendo todos os
sub comitês. Hoje ainda existem os sub comitês SC7 – Projetos para o ambiente e SC8 –
Comunicação Ambiental.
A ISO oficializou, em 1996, com base na norma da British Standard Institute, a BS 7750, as
primeiras normas da Série ISSO 14000, direcionadas à implementação de sistema de gestão
ambiental em atividades econômicas que possam afetar o meio ambiente, e para a avaliação e
certificação destes sistemas com metodologias uniformes e aceitas internacionalmente
(DONAIRE, 1999).
A única norma dessa série que é objeto de certificação é a NBR ISO 14001, que dispõe sobre
o SGA – Sistema de Gerenciamento Ambiental das organizações. Em maio de 2005, o
número de empresas certificadas com ISO 14001 em todo o mundo totaliza 49.462, sendo
51
2.000 empresas no Brasil (Revista Meio Ambiente Industrial, Maio/Junho2005), e
(URL:http://www.iso.ch/iso/iso/commcentre/pressreleases/2005/ Ref967.html [2006 jan 19]).
A relação das normas da Série ISO 14000 está apresentada na Tabela 2, a seguir:
Tabela 2: Demonstrativo da Série ISO 14000
Fonte: Philippi ( 2003).
O sistema de normas ISO 14000 tem como mérito a uniformização das práticas e
procedimentos necessários para uma organização certificar-se ambientalmente, cumprindo um
roteiro padrão de exigências válido internacionalmente. Até 2003, a norma deste sistema que
orienta as organizações para se certificarem ambientalmente é a ISO 14001, denominada
Sistemas de Gestão Ambiental – Especificação e Diretrizes para Uso. Para que esse
certificado seja reconhecido internacionalmente, é necessário, contudo, que o procedimento
de certificação seja realizado por uma auditoria de terceira parte, ou seja, por uma entidade
especializada e independente, reconhecida por organismo autorizado de credenciamento.
52
A certificação é feita por auditorias independentes, com base em avaliação detalhada, que
pode se estender por anos, e compromissos, por parte da empresa, de se adequar às exigências
da legislação e de melhorar continuamente o desempenho de sua política ambiental.
A certificação ambiental traz benefícios, especialmente, para as organizações que têm
obrigação de comprovar a adequação de seus processos produtivos e produtos aos novos
paradigmas ambientais, cumprindo diferentes exigências em cada país para onde exportam.
De acordo com VALLE, 1995, a conformidade de uma organização com uma norma
reconhecida internacionalmente, como a ISO 14001, tende a reduzir o número de auditorias
ambientais independentes exigidas, seja por clientes, agências de proteção ambiental ou
organismos de certificação.
Para uma organização alcançar a certificação ambiental, existem três exigências básicas
expressas na norma ISO 14001 que precisam ser cumpridas:
Ter um Sistema de Gestão Ambiental implantado;
Cumprir a legislação ambiental aplicável ao local da instalação;
Assumir um compromisso com a melhoria contínua de seu desempenho ambiental.
A primeira fase é aquela em que a organização elabora sua Política Ambiental, que é uma
declaração da empresa, apresentando suas intenções, seus compromissos e os princípios
gerenciais em relação ao seu desempenho ambiental. Ao mesmo tempo, definem-se os
objetivos, as metas da empresa e os procedimentos a serem seguidos por seus funcionários.
Esta fase pode ser denominada fase preparatória e ainda inclui o início do treinamento do
pessoal e a criação dos procedimentos de controle da documentação. Vide Figura 5
esquematizada da DCBR.
53
Figura 5: Pilares de sustentação da ISO 14001.
Fonte: DaimlerChrysler do Brasil Ltda., 2004
A segunda fase envolve a identificação dos aspectos (causas) ambientais e respectivos
impactos (efeitos) ao meio ambiente, decorrentes dos processos produtivos e dos serviços da
empresa. É possível identificar os pontos vulneráveis existentes nos procedimentos
ambientais da empresa, e, assim, poder encaminhar sua correção. Esta segunda fase é
denominada de pré-auditoria ou diagnóstico. As empresas que já tinham preocupação e
consciência ambiental, tem mais facilidade em se adequar à norma e poderão alcançar, num
prazo menor, a almejada certificação.
Já a terceira fase é a da certificação propriamente dita. Deve-se contratar uma entidade
credenciada para emitir o correspondente certificado de conformidade com a norma ISO
14001. Neste momento, a empresa se submete a uma auditoria ambiental, que comprova sua
conformidade com os padrões de qualidade exigidos pela legislação ambiental vigente e pelos
manuais de qualidade instituídos e utilizados pela própria empresa, conforme Anexo 5, da
Certificação da DCBR Juiz de Fora.
A norma ISO 14001 foi redigida de forma a aplicar-se a todos os tipos e portes de
organizações e para adequar-se a diferentes condições geográficas, culturais e sociais.
54
Segundo VALLE (2002) a adesão à norma ISO 14001 não exige, como pré-requisito, a
certificação pelas normas da série ISO 9000 e vice-versa. Eles são sistemas independentes,
embora a adesão a ambos gere economias de escala quanto à documentação e a prática das
auditorias periódicas que ambos os sistemas exigem.
O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) preconizado pela norma ISO 14001 tem sua estrutura
baseada no ciclo de melhoria contínua, conhecido por PDCA – Plan, Do, Check, Act, com o
significado dos verbos planejar, executar, verificar e corrigir em inglês, esquematizado na
Figura 6, o comprometimento geral no sistema de gestão da DCBR.
Figura 6: Ciclo do SGA.
Fonte: A/PF da DCBR de Juiz de Fora, 2004.
O sucesso do sistema depende do comprometimento de todos os níveis e funções da empresa,
especialmente da alta administração, conforme Figura 7. Um sistema deste tipo permite a uma
organização estabelecer e avaliar a eficácia dos procedimentos destinados a definir a política e
os objetivos ambientais; atingir a conformidade com eles e demonstrá-los a terceiros. A
finalidade da norma ISO 14001 é equilibrar a proteção ambiental e a prevenção da poluição
com as necessidades sócio-econômicas. É importante observar que os requisitos especificados
em um SGA podem ser abordados simultaneamente ou reapreciados a qualquer momento. Há
uma hierarquia da documentação seguida pela empresa, conforme Figura 7:
55
Figura 7: Hierarquia da documentação do SGA.
Fonte: DaimlerChrysler do Brasil Ltda., A/PF – DCBR – Juiz de Fora.
A gestão ambiental não é um tema que interessa somente aos especialistas ou responsáveis
pela área ambiental da empresa. Assim como se observava com a gestão da qualidade, é um
tema que, por sua importância e destaque, desperta o interesse de toda a empresa, desde seus
técnicos e pesquisadores, responsáveis pelo desenvolvimento de novos produtos, passando
pelos setores jurídicos e financeiros, até os níveis de direção, abrangendo, assim, todo o
organograma da empresa.
Quando a empresa se organiza para obter a certificação ambiental, o simples cumprimento da
lei para evitar as sanções impostas pelos órgãos ambientais não é mais suficiente. A
necessidade de garantir a competitividade da empresa em mercados cada vez mais dinâmicos
e exigentes tem levado o empresário consciente a adotar atitudes mais objetivas e
responsáveis com relação ao tema ambiental. A transparência de sua imagem diante do
cliente-usuário e da sociedade em geral tem grande peso nesse processo. A boa imagem
ambiental da empresa, que é assegurada pela certificação, se transforma em um poderoso
elemento de marketing na venda de seus produtos e serviços. (VALLE, 2002).
Por outro lado, algumas empresas fazem má utilização de sua certificação através de
propaganda enganosa, distorcendo o seu significado. No caso dos sistemas certificados pela
ISO 14001, a certificação garante que há um sistema de gestão ambiental funcionando, que
atende aos padrões da norma, porém não garante o desempenho ambiental excelente da
empresa e sim, apenas, um compromisso com a melhoria contínua. Também não é garantia de
cumprimento integral da legislação, apenas o comprometimento da empresa em obedecê-la.
56
Entre os benefícios geralmente apontados pelas empresas certificadas está a melhoria de sua
imagem junto ao mercado. Atualmente, no Brasil, essa melhoria de imagem tem trazido
questionamentos devido a vários acidentes ocorridos com algumas empresas que têm diversas
unidades certificadas pela ISO 14001, e utilizam essa certificação em suas propagandas
corporativas (PHILIPPI JR; AGUIAR, 2003).
De outra parte, os empresários podem ser agradavelmente surpreendidos quando a reavaliação
das condições de produção e de seus impactos sobre o meio ambiente – necessária para obter
a certificação ambiental, pode contribuir para a ampliação das vantagens competitivas da
empresa, reduzindo custos de seus produtos e serviços. Um sistema de gestão ambiental bem
estruturado, nos moldes do que preconiza a ISO 14001, permite reduzir custos operacionais e
financeiros. Esse sistema também contribui para reduções sensíveis na geração de resíduos,
daí resultando um melhor controle dos impactos ambientais causados pelas atividades da
empresa. Os benefícios alcançados com a destinação final adequada dos resíduos gerados e a
eliminação de eventuais multas e penalizações causadas por uma má gestão ambiental podem
ser expressivos, mesmo em curto prazo, e até gerar lucros, conforme Figura 8 seguinte.
Figura 8: Receita Gerada por Resíduos.
Fonte: DCBR Juiz de Fora.
Acrescente-se aos pontos positivos previamente expostos, a real possibilidade de serem
aplicados prêmios de seguros mais baixos às empresas certificadas, por estarem menos
sujeitas a riscos. Da mesma forma, Valle, (2002) dispõe que as taxas de juros preferenciais
podem ser aplicadas aos empréstimos concedidos por organismos financeiros que avaliam os
riscos ambientais de seus clientes.
57
Toda empresa que adotar essa abordagem sistêmica e pró-ativa, buscando a obtenção de sua
certificação ambiental, estará atingindo, dessa forma, a ecoeficiência. A ecoeficiência
combina desempenho econômico e ambiental. Permite que processos produtivos possam ser
mais eficientes, refletindo em novos e melhores produtos e serviços, com menor utilização de
recursos naturais e menos poluição em todo o ciclo de vida. A ecoeficiência permite
maximizar ganhos para as empresas e a sociedade através da promoção dos princípios do
desenvolvimento sustentável.
Por fim, deve ficar muito claro que a certificação ambiental deverá ser sempre conseqüência e
não causa para a implantação e consolidação de um sistema de gestão ambiental na empresa
(VILHENA; POLITI, 2000).
Com toda esta evolução da questão ambiental; da legislação ambiental e da implementação de
sistemas de gestão ambiental, torna-se importante estudar avanços e resultados que vem sendo
obtidos com as suas aplicações, e justifica-se o desenvolvimento do presente trabalho.
É fundamental seguir uma regulamentação transparente na utilização de recursos e seu
descarte na natureza após ser processado. Nos próximos anos a poluição será tratada como um
mal irreparável à humanidade e por isso é de suma importância seu monitoramento constante.
Empresas poluidoras não sobreviverão segundo Michael E. Porter e Claas van der Linde, no
livro Verde e Competitivo.
2.4 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL ESPECÍFICA DA DCBR
Os seguintes documentos são solicitados à DCBR nas condicionantes de sua Licença de
Operação (anexo F).
Comprovação do contrato para destinação final dos resíduos classe I, II, bem como dos
resíduos ambulatoriais, (Anualmente); Laudo de manutenção das válvulas de retenção
instaladas nos respiros do tanque de combustível. (Anualmente); Relatório com registro diário
das medições de vazão do efluente líquido industrial da empresa, (Mensalmente); Relatório
referente à qualidade do efluente líquido industrial da empresa, (Mensalmente); Relatório
referente à qualidade dos efluentes atmosféricos, (Semestralmente); Relatórios de ruídos,
58
(Anualmente); Relatório de controle e disposição dos resíduos sólidos gerados,
(Mensalmente).
Além desses, outros documentos são apresentados além desses solicitados nas condicionantes
da LO. É o caso da “Carta de Declaração de Carga Poluidora”, apresentado à FEAM para
atender à exigência da Resolução CONAMA 357, de março de 2005.
Esta declaração foi elaborada baseando-se nos dados dos relatórios mensais de monitoramento
da qualidade dos efluentes provenientes da DaimlerChrysler do Brasil Ltda. lançados no
corpo d’água, neste caso, o rio Paraibuna. Tal monitoramento é realizado para o cumprimento
de condicionantes solicitadas na licença de operação da empresa, L.O. n° 387 de 18/05/2004,
e os relatórios interpretativos com base nos laudos analíticos são mensalmente protocolados
junto a FEAM – Fundação Estadual do Meio Ambiente.
Através desta declaração, a DaimlerChrysler do Brasil Ltda. tem o intuito de cumprir a
exigência da Resolução CONAMA 357, de março de 2005 que em seu artigo 46, exige que
todas as empresas que emitem efluentes ou que possam ser potencialmente poluidoras de
águas por quaisquer outros motivos devem apresentar sua "Declaração de Carga poluidora".
Para o cálculo da carga poluidora global da DaimlerChrysler do Brasil foi considerado o
efluente final da Estação de Tratamento de Esgotos Sanitários Barreira do Triunfo, construída
e operada pela CESAMA - Companhia de Saneamento Municipal de Juiz de Fora (MG), que
chega efetivamente ao corpo d’água e potencialmente poderia alterar a qualidade do mesmo.
Os dados considerados na seqüência desta declaração foram levantados de Janeiro a
Dezembro do ano de 2005.
A ETE (Estação de Tratamento de Efluentes) Barreira do Triunfo, bairro situado próximo ao
terreno da DCBR, recebe e trata os efluentes da DaimlerChrysler do Brasil Ltda., do Parque
de Fornecedores, de uma unidade da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
(FIEMG) e do Bairro Barreira do Triunfo, comunidade próxima ao distrito industrial, dentro
da própria DCBR. O processo utilizado para o tratamento dos efluentes é biológico,
denominado lodos ativados (aeração prolongada).
Também são mostradas as cargas poluidoras brutas, separadas por fontes, para que se possa
diferenciar a composição deste afluente à ETE Barreira do Triunfo.
A carga média foi calculada a partir dos dados de vazão com relação aos dados de
concentração dos seguintes parâmetros monitorados: zinco total, níquel total, manganês total,
59
demanda bioquímica de oxigênio (DBO), demanda química de oxigênio (DQO) e óleos e
graxas. Esses parâmetros foram definidos de acordo com a condicionante nº 06 do anexo I da
licença de operação acima citada, para o caso dos metais. E de acordo com as características
do efluente e do tratamento, pelo qual este é submetido, para o caso dos parâmetros orgânicos
(Quadro 1).
Quadro 1: Eficiência da ETE da Barreira do Triunfo
Fonte: DaimlerChrysler do Brasil Ltda, Janeiro 2006.
Os parâmetros de número 1, 2, 3, 8, e 18 estiveram abaixo do limite de detecção.
O parâmetro de número 7 não é mais monitorado, pois sempre esteve abaixo do limite de
detecção.
O parâmetro de número 14 sofreu um acréscimo em razão do princípio do sistema de
tratamento.
O rio Paraibuna possui suas águas enquadradas pelo Ministério do Interior conforme
Portaria/MG/nº 086 de 1981, a qual reza que das cabeceiras até a barragem de Chapéu
D’Uvas, ele é enquadrado como Classe 1 e deste ponto até sua foz no rio Paraíba do Sul, está
enquadrado como Classe 2. Estando a fábrica da DaimlerChrysler do Brasil Ltda. à jusante
desta barragem, segue-se o enquadramento do segundo trecho, ou seja, Classe 2.
A carga poluidora da DaimlerChrysler do Brasil Ltda. é apresentada abaixo, sendo que no
quadro anterior, as cargas orgânicas apresentam-se altas pelo fato dos efluentes ainda não
terem sido submetidos ao tratamento biológico. O efluente industrial (Efluente
Parâmetros Entrada* Saída* Eficiência
1 Cr Total 0,05 0,05 -
2 Cr Trivalente 0,05 0,05 -
3 Cr Hexavalente 0,05 0,05 -
4 DBO 184,00 2,20 98,80%
5 DQO 643,57 76,85 88,06%
6 P Total 6,70 3,78 43,58%
7Cd Total - - -
8 Pb Total 0,01 0,01 -
9 Mn Total 0,17 0,05 70,59%
10 Ni Total 0,03 0,02 33,33%
11 Zn Total 1,25 0,53 57,60%
12 Cu Total 0,13 0,01 92,31%
13 N Amoniacal 7,26 0,21 97,11%
14 N Nitrico 2,62 24,00 -
15 Óleos Graxas 27,90 5,00 82,08%
16 Sólidos suspens
o
215,00 9,67 95,50%
17 Sólidos sedim. 7,00 0,30 95,71%
18 Surfanion 0,05 0,05 -
*Unidades: mg/L
Eficiência ETE Barreira do Triunfo
60
DaimlerChrysler) passa pelo tratamento físico-químico, fato demonstrado pelas baixas cargas
de metais do mesmo.
No Quadro 2 são mostradas as cargas médias dos efluentes DaimlerChrysler, FIEMG e
Parque dos Fornecedores antes do tratamento na ETE Barreira do Triunfo.
Quadro 2: Carga Média Bruta
Fonte: DaimlerChrysler do Brasil Ltda. – Média de 2005
O Quadro 2 também mostra a carga média do efluente ETE Barreira do Triunfo que é lançada
no rio Paraibuna.
A partir dos valores de carga de DBO apresentados no último quadro, pode-se obter um
equivalente populacional do efluente final de 20 habitantes, tomando uma produção de 54g
DBO por pessoa/dia para cálculo (Von SPERLING, 1996). Esse valor demonstra uma efetiva
redução do potencial poluidor do efluente final, considerando que hoje na planta da empresa
trabalham aproximadamente 1.200 funcionários, e sem computar a população do Bairro
Barreira do Triunfo, da unidade da FIEMG e do Parque dos Fornecedores, que como já dito
anteriormente, têm seus efluentes acrescentados ao da empresa antes do tratamento.
O equivalente populacional é baixo, conseqüência do parâmetro em questão (DBO) estar
sempre dentro dos limites de lançamento exigidos pela legislação vigente, em função da alta
eficiência no processo de tratamento dos efluentes. Sendo assim, a DaimlerChrysler do Brasil
Ltda. é uma empresa que possui baixo impacto ambiental no que se refere aos descartes dos
seus efluentes líquidos em função da baixa carga poluidora ora constatada.
As empresas no Brasil estão sujeitas a uma série de normas e leis ambientais. Estas
disciplinam os padrões de qualidade ambiental; padrões de emissão de efluentes tanto na
atmosfera, quanto nas águas e no solo; zoneamento industrial em áreas críticas de poluição;
licenciamento; recursos hídricos; disposição final de resíduos; entre outros.
Cargas médias brutas (Kg/dia)
Parâmetros
Efluente
DaimlerChrysler
Efluente
FIEMG
Efluente Parque de
Fornecedores
DBO 18,8401 70,1776 3,2889
DQO 47,2163 145,4837 11,572
Ni Total 0,0051 0,0019 0,0022
Zn Total 0,1965 0,0622 0,028
Mn Total 0,0139 0,0062 0,0071
Óleos Graxas Gravimétricos 0,8786 1,2254 0,1884
DQO = Demanda química de oxigênio
DBO=Demanda bioquímica de oxigênio
61
A conformidade com a legislação ambiental constitui-se na principal garantia que uma
organização possui, em longo prazo, para desenvolver suas atividades de maneira socialmente
responsável, gerenciando e minimizando seus aspectos e riscos ambientais. Assim sendo, a
compreensão da legislação ambiental aplicável é ponto fundamental para aqueles que irão
conduzir auditorias internas sobre sistemas de gestão ambiental (BUREAU VERITAS, 1998).
Alguns estados brasileiros vêm adotando a auditoria ambiental como instrumento cuja
realização deve ser determinada pelo Poder Público. Órgãos governamentais estaduais
encarregados da implementação das políticas de proteção ambiental poderão, em certos casos,
determinar a realização de auditorias periódicas ou ocasionais, estabelecendo diretrizes e
prazos específicos. Nos casos de auditorias periódicas, os procedimentos relacionados à
elaboração de diretrizes ambientais para aqueles empreendimentos deverão incluir consulta à
comunidade afetada. As auditorias ambientais deverão ser realizadas às expensas dos
responsáveis pela possível poluição ou degradação ambiental.
Os benefícios resultantes das auditorias ambientais públicas são similares aos das auditorias
ambientais privadas: prevenção da poluição, redução na geração de resíduos, criação de
vantagens competitivas de mercado, obtenção de retorno financeiro, conscientização, entre
outras.
Torna-se importante e extremamente relevante entender e compreender a evolução da
legislação ambiental no Brasil, levando-se em consideração que os seus desdobramentos têm
exercido pressões e influências cada vez maiores sobre as empresas, os órgãos
governamentais e a sociedade civil organizada, pelas exigências que se impõem e que
demandam adequação de conformidade legal e técnica.
Em levantamentos internos, chegou-se ao Quadro 3, onde se apresenta em kg por veículo, os
resíduos gerados. O destino desses resíduos é:
Classe I (perigosos) -> Co-processamento em cimenteiras.
Classe I (ambulatorial) -> Incineração.
Classe II (não perigosos; doméstico e industrial) -> Aterro Sanitário.
Classe II (recicláveis) -> Reciclagem.
62
Quadro 3: Quantidade de resíduos gerados por veículo e seu destino.
Fonte: DCBR, unidade de Juiz de Fora, 2005.
63
3 METODOLOGIA
3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO
O estudo é delineado pelo fluxo da metodologia da pesquisa, e informa que inicialmente foi
mostrado um histórico da norma ISO 14000, posteriormente definiu-se o objeto da pesquisa,
paralelamente estruturou-se a estratégia metodológica e buscou-se uma ampla pesquisa
bibliográfica. Em segundo momento buscou-se o confronto da estratégia com o referencial
teórico já contextualizado anteriormente, visando-se a adequação da modelação ao caso.
Posteriormente, iniciou-se a pesquisa de campo e a análise dos resultados, sob a luz do
referencial teórico. Por fim, baseado nos resultados, observações de campo e confronto com a
literatura, elaborou-se a conclusão.
A pesquisa baseia-se nas seguintes etapas, conforme ações dispostas na Figura 9.
Figura 9: Fluxo da Pesquisa
64
3.2 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
Pelo fato do autor trabalhar há 28 anos na empresa em estudo, as informações podem ser mais
rápidas, diretas, confiáveis e eficientes. A DaimlerChrysler do Brasil engloba três unidades,
sendo duas no Estado de São Paulo e a terceira no Estado de Minas Gerais, na cidade de Juiz
de Fora. Como o autor participou da construção dessa terceira unidade, desde o seu projeto
ainda na Alemanha em 1996, essa fábrica nasceu dentro das rigorosas normas de qualidade,
meio ambiente e saúde. Atualmente, às vésperas de comemorar 10 anos de idade, ainda luta
para produzir um produto cuja demanda anual esteja próxima de 70.000 unidades anuais para
as quais foi planejada. Pelo fato de, em todos esses anos trabalhar aquém de sua capacidade,
seus funcionários tiveram a rara chance de se especializarem através de intensos treinamentos
internos e externos e hoje, ainda à espera de um produto “alvo”, empresta sua mão de obra,
muito requisitada e disputada, a outras unidades, quer no Brasil, como na China, Argentina,
Estados Unidos, México e até para sua matriz na Alemanha.
Na Edição Especial da Revista Meio Ambiente Industrial (2002), ao se analisar os artigos nela
contidos, elaborou-se uma consolidação das informações sobre 51 (cinqüenta e uma)
empresas certificadas em conformidade com a Norma ISO 14001, por estado de origem.
Ainda fizeram parte da consolidação a descrição dos motivos, procedimentos, investimentos,
organismos certificadores e os benefícios obtidos com a certificação para cada uma dessas
empresas.
Além de informações da matriz na Alemanha e na “matriz brasileira” em São Bernardo do
Campo, foram também feitos levantamentos dessa indústria certificada em conformidade com
a Norma ISO 14001 junto aos órgãos governamentais; CESAMA, FEAM, CIESP/FIESP, ao
INMETRO, à Secretaria do Meio Ambiente e à Agência de Proteção Ambiental do Estado de
Minas Gerais.
De posse dessas informações, elaborou-se os critérios da empresa que se constituiria no
presente estudo de caso. Os critérios foram:
Empresa certificada em conformidade com a Norma ISO 14001;
Com Sistema de Gestão Ambiental implementado e em funcionamento;
Líder na área de meio ambiente em nível mundial;
65
Apontada como benchmarking;
Comprometida com as questões do meio ambiente;
Investidora em projetos ambientais;
Reconhecida nacional e internacionalmente;
Com participação junto a comunidades do entorno no exercício da cidadania corporativa;
Com Responsabilidade Social reconhecida e atuante;
Que concordasse e permitisse a realização do trabalho, dando condições de acesso às
informações necessárias; quanto à busca de dados, entrevistas, confecção de pesquisas, enfim,
que estivesse interessada no estudo.
3.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO
Para definição das pessoas a serem entrevistadas, foram estabelecidos contatos com a diretoria
da empresa, assim como com o setor responsável pela área ambiental.
Definiu-se de comum acordo (empresa – pesquisador), que seriam entrevistados os
responsáveis pela questão ambiental em cada setor da empresa, que participaram na fase de
implementação (70 pessoas) e na fase de pós-certificação (50 pessoas).
Como técnicas de coleta de dados utilizou-se a entrevista semi-estruturada, a observação e
análise de documentos. As entrevistas foram realizadas no mês de janeiro de 2006, duraram 4
semanas entre a formulação final, explicação, distribuição, recebimento e compilação das
respostas recebidas. As entrevistas foram descritivas e puderam fornecer confiabilidade aos
dados coletados.
Convencionou-se também, de acordo comum, que deveriam ser entrevistados também os dois
diretores diretamente responsáveis pela área ambiental, o gerente da área que implantou o
processo e o assessor da Vice-Presidência, os quais tiveram participação ativa desde o inicio
do processo.
66
Todas as pessoas a serem entrevistadas foram identificadas e as entrevistas foram agendadas
de acordo com suas disponibilidades, verbais ou por escrito, atendendo também a
funcionários em viagem, através da Intranet disponível para os funcionários da empresa.
Para complementar, dentre os 120 pesquisados, incluiu-se 90 funcionários operativos diretos e
indiretos denominados “chão de fábrica”, totalizando 210 colaboradores pesquisados. A
abordagem pelo próprio pesquisador foi em um único dia, ao acaso, em horário de descanso,
após o almoço, dentro da própria empresa. Foram realizadas apenas duas perguntas: “Você
sabe o que é a Norma ISO 14001?” e “Você sabe o que é IMS?. A resposta deveria ser sim ou
não (Anexo A).
3.3.1 Instrumento para Coleta de Dados
Foi desenvolvido um questionário constituído de doze questões e submetido a três pré-testes
em populações semelhantes, para avaliar sua eficiência e “evidenciar possíveis falhas na
redação do questionário, tais como: complexidade das questões, constrangimentos ao
informante, tempo de entrevista” (GIL, 1994).
Posteriormente, de acordo com os resultados do pré-teste, os ajustes necessários foram
realizados para definir a versão final do questionário, com dezenove questões (Anexo B).
A entrevista foi organizada como uma forma de estabelecer um tipo de comunicação entre o
pesquisador e o entrevistado, criando um clima propício para obtenção da resposta.
Ao mesmo tempo em que os questionários foram preenchidos pelo próprio pesquisador, as
entrevistas poderiam ser gravadas com autorização dos entrevistados, para posterior
transcrição e, se necessário, complementar as anotações.
67
3.3.2 Análise dos Resultados
O roteiro de entrevista e análise dos dados foi feita utilizando o método de análise de
conteúdo, no sentido que lhe é dado por Laurence Bardin (L’Analyse de Contenu, 2004),
como um
Conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos
sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos
ou não) que permitam a interferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN, 2004).
O mesmo método de análise é utilizado na DCBR nas pesquisas anuais efetuadas na empresa
para todos os colaboradores, em todos os níveis hierárquicos, para análise de clima e anseios
dessa população.
As três etapas propostas pelo método são: pré-análise, descrição analítica e interpretação
inferencial. A pré-análise constituiu-se de uma leitura geral dos dados, no sentido de tomar
conhecimento das respostas obtidas. Num segundo momento, tomando-se como base as
referências teóricas, procedeu-se a uma descrição analítica do estudo. Dando seqüência, foi
feita a codificação e categorização das variáveis, de acordo com as idéias coincidentes ou
divergentes. A terceira etapa constituiu-se de uma reflexão, estabelecendo relações de caráter
técnico e prático.
Na análise dos dados, além das técnicas de agrupamento de palavras e categorização do
conteúdo das entrevistas, fez-se uso das informações obtidas nas observações reais. Visando a
um maior enriquecimento do texto, foram destacados trechos de depoimentos dos
respondentes, que tiveram relevância para a análise de cada tópico. Esses depoimentos foram
transcritos sem modificações, sendo mantidas as palavras originais dos respondentes.
Tendo em vista a utilização da entrevista semi-estruturada, obteve-se uma grande quantidade
de texto, na qual realizou-se a análise de conteúdo. A análise de conteúdo consiste em isolar
temas de um texto e extrair as partes utilizáveis, de acordo com o problema pesquisado, para
permitir sua comparação com outros textos escolhidos da mesma maneira. Desta forma,
realizou-se a classificação dos temas em palavras-chave, procurando descobrir o ‘sentido’ de
temáticas e enfoques e fazendo uso de trechos, orações ou frases compostas das respostas
obtidas (BARDIN, 2004).
68
A análise de documentos foi feita em material disponibilizado pela empresa (documentos
internos e de divulgação) durante a entrevista e no site da mesma. Já a observação ocorreu
durante todo o tempo da pesquisa, nas instalações da empresa (em Juiz de Fora). Cabe
ressaltar que a análise de documentos e a observação constituíram técnicas secundárias de
coleta de dados, mais no sentido de complementar e confirmar dados levantados através das
entrevistas (que constituíram a principal técnica de coleta de dados deste estudo).
As questões foram quantificadas, apresentadas em tabelas e figuras. Foram utilizados os
programas EPIData e Microsoft Excel.
Esses resultados propiciaram análise e discussão, e serão devolvidos à população de estudo,
para conhecimento.
3.4 LIMITAÇÕES DO MÉTODO
Como a pesquisa não foi feita por empresas contratadas, havia o receio de que os
entrevistados com níveis hierárquicos menor que o do entrevistador pudessem se sentir
coagidos ou constrangidos nos casos de respostas negativas. Por outro lado, os entrevistados
de níveis hierárquicos acima do entrevistador poderiam alegar falta de tempo e não responder.
Nos de mesmo nível, o ambiente foi mais tranqüilo que nas outras duas situações. Em todos
os casos, pode-se afirmar que houve um comprometimento geral, principalmente depois que
foram informados que os resultados seriam submetidos para apreciação deles, antes da
divulgação final do trabalho e assim foi feito.
Todas pesquisas descritivas tendem a ser cansativa, requerendo atenção tanto por parte do
entrevistador como dos entrevistados, por isso procurou-se um ambiente e momento propício
para que o cansaço não prejudique os resultados.
Deve se ter o cuidado para que a hierarquia não influa nos resultados das respostas e que não
sirva como uma forma de descarregar problemas existentes na hora das respostas.
O método de Análise de Conteúdos deve ser previamente estudado para que não ocorram
distorções de interpretação, que venham mascarar resultados de forma subjetiva.
69
4 ESTUDO DE CASO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA
Figura 10: Estrutura Geral no Brasil
Fonte: DaimlerChrysler do Brasil Ltda – Março de 2006.
A DCBR, em São Bernardo do Campo possui a estrutura organizacional conforme Figura 10,
composta de 1 presidente, 4 vice-presidentes, 22 diretores e 32 Gerentes.
Em Juiz de Fora, a estrutura organizacional está demonstrada na Figura 11 seguinte:
70
Figura 11: Estrutura Geral no Brasil
Fonte: DaimlerChrysler do Brasil Ltda - Juiz de Fora – Março de 2006.
A estrutura na Figura 11 mostra um vice-presidente, um assessor de diretoria, um diretor, 6
gerentes e 18 supervisões.
Atualmente a empresa opera no sistema CKD (Completely Knocked Down), onde são
montados 32 veículos Mercedes-Benz do modelo C, para apenas o mercado norte-americano.
Juiz de Fora recebe as peças da Alemanha por transporte marítimo, a área de Logística
distribui essas peças na linha de montagem. Da montagem bruta (peças metálicas soldadas)
seguem para o processo de Pintura (a base de água), indo finalmente para a área da Montagem
Final. A partir desse setor, a área de Logística entra novamente em ação disponibilizando os
produtos acabados para um pré-posto da área de Vendas, que se encarrega de transportá-los ao
Porto de Embarque no Rio de Janeiro, com destino já descrito.
Como todas as peças vêm embaladas, há uma firma terceirizada que desmonta todas essas
embalagens, dando destino correto para cada tipo de material, como: madeiras, papelões,
plásticos e óleo proveniente das peças em chapas de aço que sofrem na matriz (Alemanha) o
processo de prevenção de oxidações e outras contaminações.
Todo o processo de gerenciamento ambiental é coordenado pelo Comitê na Alemanha,
conforme organograma na Figura 12 seguinte:
71
Figura 12: Organograma Corporativo de Meio Ambiente.
Fonte: DaimlerChrysler AG – Fevereiro de 2006
.
É subordinada à Alemanha e a São Bernardo do Campo, dependendo da área. Através da foto
seguinte, Figura 13, é possível conhecer um pouco mais da empresa.
Figura 13: Vista panorâmica da Planta da Fábrica
Fonte: DCBR Juiz de Fora – Janeiro de 2004
72
A empresa possui um quadro com cerca de 1.200 funcionários e foi muito interessante
conhecer os responsáveis pela questão ambiental de todos setores da empresa, a assessoria da
presidência e duas diretorias. A visita a cada um desses setores e o conjunto de informações
transmitidas pelos seus responsáveis, possibilitou formar uma visão geral de todos os setores
envolvidos no processo de implementação do SGA.
As áreas de diretoria envolvidas no presente trabalho foram:
Vice-Presidência – A
Assessoria da Vice-Presidência – A
Diretoria de Planejamento e Logística – APL
As áreas de Gerência envolvidas nesse trabalho foram:
Montagem Bruta e Pintura – A/MC
Montagem Final – A/MF
Engenharia e Qualidade – A/EQ
Logística e Compras – A/LC
Planejamento de Fábrica – A/PF (responsável pela implantação do SGA na empresa)
Controlling, Contabilidade e Tecnologia da Informática – CCJ
Recursos Humanos – H/JP
A área de apoio de São Bernardo do Campo foi:
Gestão da Qualidade Corporativa - P/Q
4.1.1 DaimlerChrysler no Mundo
Marcas fortes e consolidadas, tecnologias de ponta, produtos inovadores e serviços de
primeiro nível fazem da DaimlerChrysler um dos mais bem-sucedidos e respeitados grupos
73
industriais no mundo, atuando nos setores automotivo, de transportes e serviços. Com
presença global, estruturas eficientes e força de trabalho criativa ela está pronta para continuar
sua trajetória de sucesso no futuro.
Para tanto há um compromisso constante com a renovação. A consolidação de marcas, as
expectativas crescentes dos consumidores e as significativas inovações tecnológicas estão
mudando o modo de projetar, produzir e comercializar da indústria automobilística ao redor
do mundo.
A fusão da Daimler-Benz AG e da Chrysler Corporation, ocorrida em novembro de 1998,
para formar a DaimlerChrysler uniu duas grandes empresas reconhecidas por sua excelência,
mudou a face do setor automotivo e estabeleceu novos padrões de eficiência e tecnologia,
com sedes mundiais em Stuttgart - Möhringen na Alemanha e em Auburn, Michigan EUA.
A força inovadora revela-se em uma constante busca de novos caminhos, como as alianças
estratégicas com a Hyundai Motors e a Mitsubishi Motors, a participação na joint-venture que
criou a maior plataforma mundial de business-to-business e a continuidade de alianças para a
conquista de posições estratégicas no mercado internacional. Com cerca de 385.000
funcionários a empresa produz cerca de quatro milhões de veículos por ano que são
comercializados em mais de 200 países. Sua presença nos mais diversos mercados se dá por
meio de marcas consagradas como Mercedes-Benz, Chrysler, Dodge, Jeep®, smart,
Freightliner, Sterling, Thomas Built Buses, Setra, TEMIC, entre outras.
A DaimlerChrysler deverá se manter como a empresa de referência mundial em termos de
inovação e superação das expectativas dos seus clientes em todos os continentes. Para
alcançar este objetivo, apenas no período de 2000 a 2002, a DaimlerChrysler investiu US$ 45
bilhões, pensando no seu futuro.
4.1.2 DaimlerChrysler no Brasil
Em São Bernardo do Campo, São Paulo, encontra-se a sede da DaimlerChrysler do Brasil
onde se concentra a produção de caminhões e ônibus Mercedes-Benz, num total de 12.126
funcionários.
74
Além de tradicional fabricante de veículos comerciais e líder do mercado brasileiro, a
empresa tem expandido sua atuação investindo também na produção local de veículos de
passeio. Em Juiz de Fora, Minas Gerais, era produzido o modelo Mercedes-Benz Classe A,
tanto para o mercado nacional, quanto para exportação para todo o continente latino-
americano. Nesta fábrica, inaugurada em 1999, também é montado o Classe C, destinado ao
mercado norte-americano.
Na unidade de Juiz de Fora, a organização comercial inclui a importação de automóveis,
utilitários, minivans e transporters que, somados aos modelos de veículos fabricados no País,
formam uma completa linha de produtos das marcas Mercedes-Benz, Chrysler, Dodge e
Jeep® para o mercado brasileiro. O total de funcionários dessa unidade perfaz 1092
funcionários.
Na unidade de Campinas (620 funcionários), inaugurada em 1979, estão concentradas as
atividades de assistência técnica, pós - venda, comercialização de peças e treinamento /
desenvolvimento da rede de concessionárias. Também está em Campinas o novo Centro de
Treinamento DaimlerChrysler, onde são ministrados cursos sobre veículos das marcas
Mercedes-Benz, Chrysler, Dodge e Jeep®, para toda a América Latina.
No Centro Empresarial de São Paulo (CENESP) (139 funcionários), localizam-se a
DaimlerChrysler Serviços Financeiros e os escritórios de atividades relacionadas às marcas
Chrysler, Dodge e Jeep® no Brasil .
4.1.3 As Normas Corporativas mundiais de proteção ambiental da DaimlerChrysler
A proteção ambiental é fundamental nos objetivos corporativos.
A DaimlerChrysler (DC) enfrenta os desafios ambientais do futuro trabalhando
continuamente para melhorar o desempenho ambiental de seus produtos e operações,
desenvolvendo sua gama de produtos segmentados nos mercados respectivos, de forma
ambientalmente responsável. Planeja todos os estágios de manufatura para promover a
otimização da proteção ambiental, oferecendo aos clientes serviços e informações orientadas
ecologicamente, esforçando-se para conseguir desempenho ambiental exemplar, fornecendo a
seus funcionários e à sociedade, informações detalhadas sobre proteção ambiental.
75
A DaimlerChrysler realça a qualidade de vida e o ambiente na sociedade e nas comunidades
do entorno. Neste contexto, a proteção ambiental é um componente integral da estratégia
corporativa, projetada para assegurar a criação de valor ao longo prazo.
O objetivo na qualidade DaimlerChrysler em seus produtos, inclui a conformidade com
padrões ambientais estritos e tratamento cuidadoso dos alicerces naturais da vida. Com esse
senso ambiental, requer cuidados no desenvolvimento dos projetos de seus produtos, levando
em consideração o ciclo de vida inteiro do produto, produção e possibilidades de reciclagem.
Essas diretrizes de proteção ambiental, aprovadas pela alta direção, definem a política
ambiental do grupo DaimlerChrysler e transcreve o compromisso à proteção ambiental
integrada aos impactos ambientais em suas bases, avalia previamente as implicações
ecológicas em seus produtos e processos produtivos, informando seus cliente nessa tomada de
decisão. Controla e monitora seus procedimentos e medidas executadas. Responsabilidade na
execução das medidas da proteção ambiental, atribuídas aos empregados em todas as áreas
funcionais de desenvolvimento e produção, às vendas e aos serviços. As diretrizes da proteção
ambiental unem os empregados de todo o grupo e em todas as posições corporativas.
O grupo sustenta e incentiva todos os empregados para a proteção ambiental na prática no seu
local de trabalho ou de iniciativa própria dos mesmos. As medidas executadas nas várias
posições corporativas são regularmente avaliadas e sujeitas a um constante processo de
melhoria contínua.
A DaimlerChrysler, acima de seus próprios objetivos ambientais, apóia as atitudes individuais
de seus funcionários relacionadas à proteção ambiental. A cúpula da gerência ambiental
coordena os relatórios ambientais de forma regular, publicados anualmente, através das
realizações dessas atividades. Esforçar-se para assegurar que suas diretrizes de proteção
ambiental sejam aceitas também nas parcerias. A DaimlerChrysler promove o
desenvolvimento de ecologia inteligente com soluções que incentivam o desenvolvimento
internacional da tecnologia ambiental, com o objetivo de reter e desenvolver mais e mais
produtos e sistemas que respeitem o indivíduo, sociedade e o ambiente*.
Enfrenta os desafios ambientais do futuro que impliquem na melhora contínua do
desempenho ambiental de seus produtos e operações.
A conformidade com legislação e regulamentos ambientais é um coisa natural para
DaimlerChrysler. Para assegurar-se do desenvolvimento sustentável, o grupo é impulsionado
também ao desenvolvimento ativo e de encontro à proteção ambiental. Isto inclui os processos
76
de manufatura de seus produtos. As diretrizes de proteção ambiental do grupo de
DaimlerChrysler estão ligadas entre os empregados em todas posições corporativas. A
responsabilidade com equipe de funcionários gestores contribuem ativamente ao
desenvolvimento dessa política ambiental e da consciência ecológica entre os empregados do
grupo, assim como apóia a proteção ambiental na cultura incorporada.
Desenvolve produtos que nos seus respectivos segmentos de mercado, estão de acordo com a
responsabilidade ambiental. A proximidade ao projeto ambiental cobre inteiramente um
espectro de produtos do Grupo DaimlerChrysler, fazendo nos clientes, exames do ciclo de
vida de materiais recicláveis nos projetos de seus produtos . Melhorar continuamente o
desempenho ambiental de seus produtos é um de seus objetivos mais importantes.
Planejam todos os estágios de manufatura para a otimização da proteção ambiental. A
DaimlerChrysler se vê como um líder no desenvolvimento direto de tecnologia e
responsabilidade ambiental que minimizem o peso no ambiente. Isto inclui o comportamento
pró-ativo para impedir ou minimizar o impacto dos acidentes que podem adversamente afetar
o ambiente. A ênfase particular é dada na aplicação e desenvolvimento contínuo das
tecnologias que utilizem a energia elétrica e a água, e que são caracterizadas pela emissão de
gases e pelos níveis de resíduos. Isto inclui o desenvolvimento de avaliações ambientais
eficazes, controles de emissão, estratégias de reciclagem, que são os alvos da DaimlerChrysler
para conseguir ciclos fechados na utilização de materiais, com o objetivo final de produzir
sem desperdícios. (www.daimlerchrysler.com, disponível em: Fevereiro, 2006):
A DaimlerChrysler requer de seus fornecedores e acionistas a aplicação completa de todas as
leis e regulamentos aplicáveis e incentiva-os a perseguir práticas de responsabilidade
ambiental pró-ativa.
Oferece informações e serviços ecologicamente orientado aos clientes, que utilizarão seus
produtos de maneira ambientalmente aceitável, fornecendo conseqüentemente aos seus
clientes, produtos com vida longa no intuito de conservar os recursos naturais. Trabalham
para fornecer a informação e os serviços dos peritos em matérias ambientais. Os clientes
recebem também informações detalhadas e competentes para viajar de automóvel de forma
eco-amigável.
Esforça-se para conseguir exemplar desempenho ambiental. Manufatura e introduz no
mercado internacional seus produtos. O grupo esforça-se para comportar-se de maneira
exemplar na proteção ambiental em todas suas plantas ao redor do mundo e realça
77
continuamente a proteção ambiental com a aplicação de gerenciamento ambiental
progressivo.
Por ser um player global, entretanto, faz exames da responsabilidade para a séria proteção
ambiental olhando além de seus limites. Em suas posições em torno do mundo, a
DaimlerChrysler apóia e incentiva o desenvolvimento cooperativo de métodos ambientais de
tecnologias de ponta, gerenciado durante todo o processo produtivo e o setor público. Além
disso, coopera com as autoridades para tornar-se técnica e financeira em cumprir as leis e
regulamentos ambientais responsáveis.
Fornece aos seus empregados e o público em geral, informações detalhadas em proteção
ambiental. A DaimlerChrysler acredita que somente uma política aberta em fornecer
informações nas medidas de proteção ambiental e o relatório em realizações e em problemas
na execução destas medidas motiva os empregados a criarem a credibilidade do público em
geral. O grupo emprega o desenvolvimento de pessoal disponível, medidas de treinamento e
das informações para transformar a consciência ambiental no comportamento do empregado.
Como um membro incorporado da comunidade, a DaimlerChrysler procura ativamente o
diálogo com o público em importante edições e trabalhos ambientais cooperativo com outros
grupos, instituições e partidos, para proteger e conservar o ambiente.
Empregados, clientes e o público em geral recebem informações que necessitam compreender
sobre o impacto ecológico dos produtos e atividades incorporadas do Grupo DaimlerChrysler.
A DaimlerChrysler é original na indústria automobilística: seu portfolio de produtos varia
desde carros pequenos até os carros esportivos aos sedans luxuosos; das camionetes versáteis
aos caminhões resistentes ou aos ônibus confortáveis. Os tipos do carro de passageiro da
DaimlerChrysler incluem Maybach, Mercedes-Benz, Chrysler, Jeep®, Rodeio e Smart. Os
tipos comerciais do veículo incluem Mercedes-Benz, Freightliner, Sterling, Estrela Ocidental,
Setra e Mitsubishi Fuso. Oferece ainda serviços financeiros e outros automobilísticos.
A estratégia da DaimlerChrysler apóia-se em quatro colunas: presença global, produtos
superiores, tipos principais, e inovação/ liderança da tecnologia. A DaimlerChrysler tem uma
força de trabalho mundial e uma base global de acionistas. Com 384.723 empregados, a
DaimlerChrysler conseguiu rendimentos de EUR 142.1 bilhões (USD 192.3 bilhões), no final
de 2004.
O Board consiste em 9 membros, incluindo o presidente e os demais membros nas divisões
funcionais. Há ainda o Second Board que consiste em 10 representantes dos acionistas e em
78
10 representantes dos empregados. Esse último grupo é composto de diretores que aprovam as
importantes decisões incorporadas.
O Grupo capitalizou EUR 35.7 bilhões no mercado (dezembro 31, 2004), com rendimentos
totais em 2004: EUR 142.14 bilhões (USD 192.3 bilhões), tendo como planejamento de
investimentos no período 2005-2007, o valor de EUR 38 bilhões.
Quanto a vendas de veículos: 4.006.700 milhões de carros de passageiro, e 712.200 unidades
de veículos comerciais, no ano de2004.
Possui fábricas em 17 países que produzem os modelos: Maybach, Mercedes-Benz, Chrysler,
Jeep®, Rodeio, Smart, Freightliner, Sterling, West Stern, Setra, Mitsubishi Fuso e outros
mais. Esses produtos foram vendidos em mais de 200 países e mantém como língua oficial, o
idioma Inglês, segundo Relatório Financeiro.S. Contabilidade de GAAP; relatado
trimestralmente (disponível em www.daimlerchrysler.com, em 09 de março de 2006).
4.1.4 Novas Tecnologias e a DaimlerChrysler
A DaimlerChrysler do Brasil implantou o Sistema de Gerenciamento Ambiental, que permitiu
às unidades brasileiras de São Bernardo do Campo (SP) e Juiz de Fora (MG) a obtenção da
certificação pela ISO 14000, comprovando que os seus processos são ambientalmente
adequados.
Como resultado de pesquisas de utilização de matérias-primas renováveis, os caminhões
Mercedes-Benz produzidos no Brasil já possuem peças de acabamento interno fabricadas com
fibra de juta, poliol de mamona e fibra de coco.
O projeto Poema — Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia — recebeu, entre outros, um
prêmio pela contribuição ao desenvolvimento sustentável durante a Conferência Mundial
Rio+10, em Johannesburgo, África do Sul. Realizado em Belém (PA) com o apoio da
DaimlerChrysler, o projeto possibilita o aproveitamento da fibra natural do coco como
matéria-prima, em substituição ao poliuretano, criando ofertas de emprego na região,
contribui também no combate à pobreza.
79
Outros destaques são o motor movido a gás natural, que diminui os níveis de emissão de
poluentes e de ruídos, e a pintura à base d’água.
Tanto os colaboradores da empresa quanto seus parceiros são envolvidos em cursos e
palestras de sensibilização e responsabilidade, e a preocupação em se adotar práticas
ambientais corretas tornou-se uma constante na política da DaimlerChrysler.
Coleta seletiva de materiais, reciclagem, descarte e tratamento de resíduos são alguns dos
temas explorados em campanhas internas de conscientização e educação ambiental.
Juntamente com as auditorias realizadas nos fornecedores, essas práticas são estimuladas para
que a empresa trabalhe sempre em conformidade com a legislação ambiental vigente, e o
Quadro 1 seguinte mostra o desenvolvimento de produtos naturais*.
Quadro 4: Desenvolvimentos de fibras naturais.
Fonte: DaimlerChrysler do Brasil Ltda.
A DaimlerChrysler inclui parâmetros ecológicos em seus trabalhos de desenvolvimento a
partir dos estágios mais iniciais. Por exemplo, o consumo de energia primária ao longo de
toda a vida do novo Mercedes-Benz Classe A, isto é, a energia necessária da produção até a
disposição, foi reduzida em aproximadamente 10% comparado ao modelo anterior. 54
componentes com um peso total de 34kg e materiais reciclados incorporados são usados no
novo Classe A, e ainda 26 componentes feitos de fibras naturais são usados com um peso total
de 23kg.
No ano de 2004, a DaimlerChrysler investiu €5.7 bilhões (Euros) em pesquisa e
desenvolvimento, o que lhe garantiu uma posição de liderança na indústria. "Nossas
realizações no campo do desenvolvimento sustentável são demonstradas por várias atividades
e projetos, que estão documentados em nosso Perfil de Sustentabilidade de 2005", declarou o
Dr. Thomas Weber, membro do Conselho Gerencial da DaimlerChrysler AG, responsável por
pesquisa e tecnologia, além da área de desenvolvimento do Mercedes Car Group. "Estamos
inteiramente cientes que somente as companhias responsáveis ecológica e socialmente podem
ser globalmente competitivas e bem sucedidas em longo prazo”.
Peça Material Processo / Fornecedo
r
Status atual
Para-choques Fibra de Sisal / Curauá RTM / Fa. Tecnofibras Testando tipos de mantas e processos
Grade Frontal Fibra de Sisal / Curauá TRV / Fa. Polifiber Testando tipos de mantas e processos
Encosto de banco Fibra de coco Fa. Poematec Em série desde 24/07/2001
Apoio de Cabeça Fibra de coco Fa. Pronamazon Em série desde Abril/94
Pára-sol interno (Ônibus) Fibra de coco Fa. Pronamazon Em série desde agosto de 2002
Revest. Parede Traseira Fibra de Sisal + Poliol de Mamona Fa. Simoldes Em série desde maio de 2004
Revest. Teto Fibra de Sisal + Poliol de Mamona Fa. Simoldes Em desenvolvimento - Ainda não aplicado
Cobertura da Pedaleira / Para-Lama Interno Fibra de Juta Vácuo-Formagem/Fa. Redecar Adaptando processo/Reciclagem
Histórico de desenvolvimento DCBR
80
*(http://www.daimlerchrysler.com.br/comunicacao/catalogo/cencatalogo_13.htm em
22/02/06)
O grupo investiu mais de € 1.6 bilhões em proteção ambiental no ano de 2004, investimento
superior em relação ao ano anterior (€ 1.5 bilhões). Com a ajuda de motores aprimorados e
dos efetivos sistemas de controle de emissões, a DaimlerChrysler reduziu as emissões de
óxido de nitrogênio ao redor de 70% desde 1995; particularmente, as emissões de diesel
diminuíram em mais de 95% no mesmo período. A DaimlerChrysler reduziu em 29% o
consumo médio de combustível em seus novos carros de passeio na Alemanha desde 1990.
Essa redução vai muito além do objetivo total de redução para o período de 1990 a 2005,
definido em 25% pela Federação Alemã das Indústrias Automobilísticas (VDA).
A DaimlerChrysler oferece um largo espectro de tecnologias inovadoras para reduzir o
consumo de combustível e as emissões em carros de passeio e veículos comerciais. O Grupo
aglutinou estas características na iniciativa "Energia para o Futuro". Tal iniciativa inclui a
otimização adicional do motor de combustão, aprimorando a qualidade de combustíveis
convencionais, promovendo novos combustíveis sintéticos e CO2 neutro e ainda o
desenvolvimento e introdução de sistemas alternativos, usando tecnologia híbrida e a de
células de combustível.
Com os motores de combustão, a DaimlerChrysler está continuamente aprimorando a
eficiência do motor a gasolina e também do motor a diesel, já considerado econômico. Nos
Estados Unidos, a DaimlerChrysler lançou recentemente dois veículos com motores a diesel:
o Mercedes-Benz E320 CDI e o Jeep® Liberty CRD. E a DaimlerChrysler mais uma vez
definiu novos padrões para o tratamento de emissões: a Mercedes-Benz é a primeira marca de
automóveis do mundo a equipar todos os seus novos carros com motores a diesel na
Alemanha, Áustria, Suíça e Holanda - 40 modelos no total - com os filtros de partículas como
equipamento de série e com o retrofitting (reparo de peças) oferecido a partir de setembro de
2005.
A Alemanha é líder européia no registro de patentes, mas a indústria do país exige do governo
uma melhor aplicação da legislação pertinente ao assunto. Os empresários reivindicam a
introdução de um registro válido em toda a União Européia, sem a dispendiosa tradução dos
documentos para os idiomas nacionais dos 25 países do bloco.
81
Os grandes conglomerados do país já vêem o registro de patentes como fonte de receita. Um
exemplo é o novo Classe S da DaimlerChrysler, com 944 componentes protegidos por lei –
174 patenteados recentemente.
Com a cobrança de licenças pelo uso de suas invenções, a montadora fatura cinco vezes mais
do que investe em inovações. Segundo o advogado responsável pelo registro de marcas da
DaimlerChrysler, Rolf Einsele, o futuro de muitas empresas alemãs está na proteção das
criações intelectuais.
O novo Classe S da Mercedes agrega novas tecnologias, "A grande indústria patenteia e sabe
proteger o resultado de sua pesquisa e desenvolvimento. Mas ainda há um enorme déficit
nesse setor nas pequenas e médias empresas, que protegem apenas 40% de suas idéias",
constata Einsele. Com efeito imediato, todos os nossos clientes na Alemanha e na Áustria que
optarem por um smart fortwo cdi ou um smart forfour cdi receberão um cupom para
instalação de um filtro de partículas. A smart é assim um dos primeiros fabricantes de
automóveis a oferecer tais filtros no segmento de carros pequenos, e a única a oferecê-los no
segmento de micro-carros. A partir de abril de 2004, esses filtros serão montados em todos os
carros smart com motores diesel por todas as concessionárias smart autorizadas. Os filtros de
partículas diesel fornecidos pela smart oferecem vantagens adicionais aos clientes em termos
de possibilidade de redução de impostos.
Com seu mais novo veículo conceito, o carro biônico da Mercedes-Benz, que a
DaimlerChrysler apresentou em junho de 2005 ao público em Washington, a DaimlerChrysler
mais uma vez demonstrou sua posição de líder em tecnologia dentro da indústria
automobilística. Este veículo, pronto para dirigir, tem um moderno motor CDI com a primeira
aplicação em um carro de passeio da tecnologia SCR (selective catalytic reduction - redução
catalítica seletiva). A DaimlerChrysler está tendo um papel chave no desenvolvimento do
SCR, um método pioneiro de tratamento de emissões, e está atualmente testando a tecnologia
SCR ao redor do mundo em carros de passeio. Com a ajuda do SCR e do aditivo de
combustíveis “AdBlue”, as emissões de óxido de nitrogênio dos modernos motores a diesel
com injeção direta foram reduzidas em até 80%, sob condições de direção semelhantes às nos
Estados Unidos. O objetivo das experimentações é evitar desvantagens em termos de
consumo de combustível, através da otimização dos processos de combustão dentro do motor.
Os engenheiros de desenvolvimento de carros da Mercedes-Benz se beneficiam da
experiência obtida por seus colegas na Divisão de Veículos Comerciais, onde a tecnologia
SCR já está sendo aplicada com sucesso. A DaimlerChrysler pretende utilizar o enorme
82
potencial desta tecnologia em carros a diesel no futuro, e ainda objetiva oferecer a SCR após a
conclusão destas experimentações, primeiramente nos Estados Unidos.
A linha de produtos da DaimlerChrysler já inclui veículos comerciais com tecnologia
BlueTec, que atendem aos 4 padrões Euro, que entrarão em vigor em outubro de 2006 e
também serão capazes de atender aos 5 limites de emissão Euro, que se tornarão obrigatórios
em 2009.
A tecnologia de células de combustível é a tecnologia chave para a produção de veículos com
emissão zero no futuro. O Grupo tem feito um trabalho pioneiro na aplicação dessa tecnologia
em automóveis por mais de 10 anos. Com um total de 100 carros, ônibus e vans, a
DaimlerChrysler disponibilizou a maior frota do mundo de veículos com células de
combustível e também disponibilizou a seus clientes mais veículos com essa tecnologia do
que qualquer outro fabricante. O novo Mercedes-Benz Classe B a célula de combustível agora
estende a família de veículos com essa tecnologia no segmento Sports-Tourer, determinando
outro marco no caminho para a maturidade de mercado da tecnologia. E através de sua
colaboração com a General Motors, a DaimlerChrysler também está seguindo em frente com
a mais moderna tecnologia híbrida para uso em carros de passeio, caminhões pickup e
utilitários esportivos (Sport Utility Vehicles – SUV).
O mundo discute a energia e os aspectos políticos do clima com a introdução de combustíveis
alternativos no setor de carros de passageiro. Para fornecer uma detalhada análise do setor de
transporte como um todo, a etapa seguinte deve focalizar as áreas de frete e de transporte
público, os quais são caracterizados por circunstâncias e pelos mecanismos de mercados
específicos. As conclusões básicas, entretanto, são de que não é provável mudar
substancialmente. De fato, há a preocupação com o RES (Renewable Energy Sources) já
escasso e os efeitos relacionados à logística de distribuição e descarte. A demanda adicional
aumentará certamente a competição. Além disso, o foco atual em critérios ecológicos
necessita ser complementado por análises econômicas de custos e perspectivas do negócio
assim como outras tecnologias à base de hidrogênio, visando a qualidade urbana do ar,
competição da tecnologia, etc.
Mais e mais as perguntas abertas permanecem ainda no que diz respeito aos aspectos
tecnológico de construir uma ponte tecnológica com gás natural (CNG) que pode contribuir
no estabelecimento de uma infra-estrutura à base de hidrogênio (FLYNN, 2002).
83
Uma análise mais profunda de processos de transição e a urgência no tempo, as tecnologias
potenciais chaves e a sinergia, prometem fornecer uma compreensão melhor da
praticabilidade, como também os custos prováveis, da pretendida mudança dos sistemas*.
Há a promessa que os veículos providos de célula combustível podem usar em suas
plataformas, processadores de combustível como uma alternativa ao armazenamento de
hidrogênio.
Com trabalhos de desenvolvimento nesse sentido, acredita-se num sistema de processamento
integrado ao veículo possa ser desenvolvido. Não obstante, a atenção ao desempenho
resultante é ainda necessária. Hoje o projeto é orientado para veículos híbridos de célula de
combustível e gasolina desde que possua uma bateria que permita manter um desempenho
comparável aos nossos veículos atuais.
Estima-se a necessidade de um pacote de baterias de 30 kWe para tornar o veículo vendável.
O tempo de resposta do sistema de processador de combustível é importante como resposta
aos que nela investem. Um desenvolvimento de controles automotrizes identificou
componentes e projetou algoritmos, isso melhorou o tempo de resposta de minutos a segundos
do FPS (Fuel Processor System). *(www.elsevier.com/locate/enpol, disponível em Fev.
2006).
O alvo é uma estabilização de resposta de FPS de aproximadamente 3 s, a qual ajudará a
diminuir os blocos de bateria. O desenvolvimento contínuo resultará num processador
compacto*.
Durante os anos 80 e 90, iniciaram-se mudanças nos materiais de consumo dos carros
europeus, visando a utilização de materiais facilmente recicláveis no final de vida dos
veículos (ELV – End of life Vehicles). Atualmente, estima-se que cerca de 75% do peso dos
veículos é recuperado ou reciclável (ASR – Automobile Shredders Residue). Composto de
plásticos, vidros, têxteis, substâncias perigosas de compostos de borrachas, são dispostos em
aterros sanitários. A quantidade de ASR (Automobile Shredding Residue) deve aumentar e
gerar custos adicionais, ao mesmo tempo em que o potencial de toxicidade de ASR põe o
ELV na agenda da política ambiental.
Ocorreram diversas iniciativas nacionais de política em ELV nos anos 90 e, em alguns países,
as bases na legislação foi estruturada em acordos industriais em ELV conduzido por
montadoras de veículos.
84
O desenvolvimento de política mais significativa em ELV, entretanto, ocorreu em 1997 com a
diretriz proposta pela Comissão Européia de Comércio (CEC, 1997).
Essas leis estão sendo decretadas na Europa e requerem a tomada retroativa de materiais
recicláveis na escala de pacotes de produtos.
Como o automóvel é um produto, estes regulamentos motivaram os principais fabricantes de
veículos a pensar e redesenhar seus produtos na Europa. Os impactos globais destas leis são
limitados devido à falta de suporte das leis em outros países e principalmente os do bloco do
leste europeu. Também, em vez do projeto abranger o mundo, estes pacotes de produtos são
obrigatórios para mercados específicos. A amplitude da legislação em reciclagem, do mercado
Europeu, começou a ser seguido por outros países do mundo. Os mercados estão
familiarizados com recicláveis. Na Alemanha, as autoridades estão interessadas no sistema,
dando subsídios financeiros para o fabricante que reciclar seus
materiais.*(www.elsevier.com/locate/jpowsour, em Nov. 2005).
As leis estão conduzindo a mudanças nos projetos dos produtos. Como os projetistas e as
companhias perdem a trilha dos produtos depois que são vendidos, não surpreende que dão
pouco valor a projetos de reciclagem. A saúde e o bem estar das grandes indústrias no reuso
de componentes ou reciclagem de materiais dos produtos não é de interesse ao fabricante. Nos
produtos tradicionais não foram projetadas as reciclagens. Em grande número de casos do
automóvel, as mudanças no projeto de produto fariam realçar e muito, o pensamento de reusar
ou reciclar o produto.
Na teoria, um mercado eficiente deveria fornecer incentivos para as companhias repensarem
sobre o fim de vida de seus produtos, pois o valor agregado traduziria em um preço de venda
mais elevado. Entretanto, para alguns produtos, como computadores, equipamentos elétricos,
o conceito demore ainda para que os consumidores sejam incomodados e questionem os
fabricantes quanto ao valor social da reciclagem, mas o fabricante não poderá esperar muito
em relação aos seus produtos, quanto ao final de suas vidas. A sociedade começar a influir
nos projetos dos fabricantes de produtos quanto à atenção em reusar materiais ou reciclá-los.
Dentro da proposta apresentada, como exemplo, da sociedade alemã, cabe ao fabricante, o
aspecto logístico relativos ao dever de se preocupar sim com o fim da vida útil dos produtos
por ele fabricados.
Quando o fabricante for responsável para reusar, reciclar, ou descarte de produtos, haverá
convergência no pensamento sobre o fim da vida de um produto. O fabricante deve estar
85
ciente da responsabilidade para o ELV e deve se preocupar com o reuso, reciclagem ou
descarte. Começar, embora tarde, a pensar no ELV, abre uma escala de possibilidades para
usar materiais mais caros que poderão ser recuperados.
O Comitê Europeu e a legislação alemã vão além, exigindo que uma proporção do ELV seja
reciclável. Deve-se ter em mente que reciclagem não é necessariamente boa para o ambiente;
especialmente quanto às grandes quantidades de energia requeridas no processo. Se o descarte
e os preços de materiais refletem alternativas associadas com a extração, processo, e descarte
de materiais, mais reciclagem ocorrerá. Sob estas circunstâncias, a Produção Mais Limpa
(P+L) é um benefício adicional de reciclagem, contidos nas normas ISO 14001.
No caso da reciclagem, alguns aspectos devem ser considerados: O primeiro é sobre as leis de
reciclagem que garanta uma grande fonte desses materiais. O segundo problema é encontrar
mercado para materiais reciclados é mais difícil. Sem subsídios do governo ou de algumas
instituições de fabricantes para usar materiais recicláveis, a demanda destes materiais
provavelmente crescerá lentamente e, se os riscos recompensam, então por acréscimo de
vendas eventuais de seus materiais recicláveis.
Os materiais reciclados são vistos como inferiores aos originais e conseqüentemente, a
compra de produtos feitos com materiais reciclados seria considerada sacrifício para o
ambiente. O consumidor consciente consideraria aumento sensível de preço, estando disposto
a pagar um preço mais elevado, mas os consumidores de baixa renda não podem querer pagar
menos já que houve um incremento no preço. Etiquetar e marcar os componentes de ELV na
indústria automobilística poderia ajudar esta causa estender seu conceito.
Há e sempre haverá uma competição entre produtos reciclados e materiais virgens.
Incidentalmente, neste caso, os fatores de competição têm em meta o não comprometimento
da qualidade.
Esta linha de trabalho de pesquisa é apoiada pela Fundação de Humboldt na Alemanha e está
sendo seguida na Universidade de Mainz com o professor Dr. Klaus Bellmann na
Produktionswirtschaft da ABWL de Lehrstuhl.
A avaliação de competitividade das três principais regiões industriais (Japão, Europa e
Estados Unidos) é determinante. Neste contexto, a competitividade é primeiramente uma
avaliação da intensidade e da liderança mostrada pela região.
A tabela 3 seguinte lista as avaliações de uma escala de atividades ambientalmente
relacionadas:
86
Tabela 3: Atividades ambientalmente relacionadas entre países
Fonte: Environmentally begign manufacturing: Observations from Japan, Europe and United States, Journal
Cleaner Production
Em resumo, o quadro é auto-explicativo e indica o grau de conscientização das três principais
áreas industriais no mundo.
Atividade
Japão USA Europa
A) Atividades Governamentais
Legislação de reciclar veículos usados
** --- ****
Disponibilização de aterros sanitários
** * ***
Reciclagm de materiais
****
Avaliação de Ciclo de Vida: Ferram. de desenv. e base de dados
*** ** ****
Infraestrutura de reciclagem
** * ***
Incentivos econômicos
** * ***
Meios de regulamento
****
Esforços cooperativos / conjuntos com a indústria
** * ****
Responsabilidade legal e financeira
******
B) Atividades Industriais
Certificação ISO 14000
**** * ***
Conservação de água ** *** *
Conservação de energia / Emissões de CO
2
**** ** **
Diminuição de emissões no ar e na água
* *** **
Diminuição de resíduos sólidos / reciclagem pós-industrial
**** ** ***
Reciclagem pós-cliente
*** * ****
Inventário de material e de energia
*** * **
Inventário de material e de energia
** * ***
Envolvimento na cadeia de suprimento
** * **
Processo produtivo pró-meio ambiente como estratégia de negócio
**** ** ***
Atividades do ciclo de vida
** ** **
C) Atividades de Pesquisa e Desenvolvimento
Pesquisa básica relevante (> 5 anos)
Polímeros
** *** **
Eletrônicos
** *** *
Metais
*** * **
Automóveis / Transporte ** * ***
Sistemas
** * ***
Aplicação de P&D (< 5 anos)
Polímeros
* *** **
Eletrônicos
*** ** **
Metais
*** * **
Automóveis / Transporte *******
Sistemas
** * ***
D) Atividades educacionais
Cursos
** ** ***
Programas
****
Programa de graduação focalizado
--- --- *
Patrocínio / apoio da indústria
******
Patrocínio / apoio do governo
****
87
Quanto ao desenvolvimento de um “motor verde”, o sistema power-generation desenvolvido
em algumas montadoras, usa a alta pressão e a alta temperatura dos fluxos de ar. Comparado
com a energia mecânica tradicional, não poderia somente reduzir-se perda da fricção, mas
manteria otimizado também o funcionamento da combustão interna do motor. A energia
residual pode ser reciclada e utilizada para diminuir a poluição e consumo de combustível.
Isso é tudo o que deseja “o motor verde”.
Neste sistema, o compressor de ar exerceria uma carga estável na combustão interna do motor
após queima. Isto permite ao motor trabalhar em processo otimizado, com baixo consumo de
combustível e baixa poluição.
Atualmente, os veículos híbridos ou os veículos elétricos ainda não podem carregar suficiente
quantidade de eletricidade. O gás de exaustão da combustão interna do motor pode ser
fundido com ar comprimido para aumentar a pressão e a temperatura, produzindo maior
torque, o qual pode ser convertido na energia mecânica eficaz e realce a eficiência térmica do
motor. Comparado com o motor elétrico, o motor pneumático está livre dos danos causados
por sobrecargas. Sua constante no tempo, que é determinada pela relação da força da inércia e
da saída, é relativamente baixa. Conseqüentemente, pode mansamente ser ligado e desligado.
Quanto à força de torque, pode controlar a saída, pois o torque e velocidade girariam através
do controle das válvulas.
4.2 ESTRATÉGIA DA PESQUISA
Conforme discutido anteriormente no capítulo 3, foram identificados e entrevistados dentre os
210 colaboradores, 44 indivíduos envolvidos com a questão ambiental dos setores referidos,
os Núcleos Operacionais. Em março de 2000 foi criado um Grupo denominado
Multifuncional, constituído pelos líderes operacionais, que eram chamados para discutir metas
e políticas da empresa. Cada líder teve um facilitador dentro de sua área, denominado
“Núcleo Operacional” (NO’s), que foi o responsável pela atualização do banco de dados,
dentre outras atividades, além de acumulá-las com suas atividades rotineiras dentro de suas
próprias áreas de origem, sendo, portanto, um multiplicador do processo.
88
Tanto os líderes operacionais (NO’s) como os facilitadores foram treinados para realizar o
levantamento e gerenciamento de aspectos ambientais e implantação da ISO 14001 na
empresa, tendo como função disseminar e multiplicar a questão ambiental dentro de suas
áreas.
4.2.1 Caracterização dos Entrevistados
Os resultados com relação à formação universitária indicaram que 65% entrevistados possuem
curso superior completo. Dos que possuem graduação completa, (Figura 13) 42,4% são
formados em engenharia, compreendendo engenharia mecânica; de produção; industrial;
química; sanitária ambiental. As demais profissões referidas são administração (24,2%);
tecnologia de produção (15,2%), ciências contábeis (3,0%); direito (3,0%); matemática
(3,0%); processamento de dados (3,0%), e química (3,0%).
Pode-se ressaltar que muitos dos entrevistados referiram ter realizado Cursos de
Especialização em Administração Financeira, Direito Ambiental, Engenharia Ambiental,
Engenharia de Segurança do Trabalho, Gestão Ambiental e Saneamento Ambiental.
Figura 14: Distribuição dos entrevistados segundo formação Universitária
Os entrevistados, são 92,7% do gênero masculino e 7,3% do gênero feminino, conforme
Figura 15.
89
Figura 15: Distribuição dos entrevistados – Gênero
Ao se avaliar o tempo de trabalho na empresa, os entrevistados apresentaram as respostas
conforme Figura 15, sendo 0,0% com até 5 anos; 48,0% com até 10 anos; 4,0% com até 15
anos, 20,0% com até 20 anos e 28,0% acima de 20 anos.
Figura 16: Tempo de empresa (anos) dos entrevistados.
Com relação aos entrevistados que atuam na área ambiental ou estão envolvidos com a
questão ambiental (Figura 17).
Figura 17: Freqüência dos entrevistados que atuam na área ambiental.
As respostas indicam que 76,0% não atuam e nem tampouco têm envolvimento direto com a
questão ambiental.
90
Ao se perguntar aos entrevistados sobre qual o motivo que levou a empresa a buscar a
implementação da certificação em conformidade com a Norma ISO 14001, 20,0%
responderam que era a preocupação e o comprometimento com o meio ambiente (Figura 18).
Ao analisar os oito motivos expostos conforme a Figura 18, um dos entrevistados colocou:
Entre os tópicos de responsabilidade civil, a consciência ambiental é um dos mais
importantes. A Empresa, visando melhoria contínua e sustentabilidade dos seus processos,
não parou diante das questões ambientais, e antes do surgimento de qualquer lei já estabeleceu
critérios e parâmetros nos seus produtos e processos para assegurar a reciclagem e/ou descarte
que sejam compatíveis com o meio ambiente. Por estes motivos, implementação e certificação
da ISO 14000 eram passos de fácil realização.
Esta colocação foi feita como motivo ligado ao Ambiente.
Figura 18: Motivos referidos para a certificação
Para 11,4% dos entrevistados, o que impulsionou a certificação foram as exigências de
mercado, que passou a exigir produtos e serviços que levam em conta o aspecto ambiental e o
controle sobre os impactos causados ao ambiente, adequando o cenário para melhor atender
aos clientes, à comunidade, às demais partes interessadas e às futuras gerações.
A conscientização para o atendimento à legislação ambiental é outro motivo que contribuiu
para a implementação da certificação, de acordo com a opinião de 22,9% dos entrevistados.
Um exemplo poderia ser a resposta de um deles, conforme segue:
Os preceitos desta Norma, asseguram a implementação de um sistema voltado para as
questões ambientais com o envolvimento e conscientização de toda a fábrica. Através deste
sistema, o atendimento às questões legais fica evidenciadas e documentadas através das
91
diversas estratégias e ferramentas internas elaboradas para este fim assim como dos relatórios
de auditoria. Com esta certificação, a empresa torna pública a sua preocupação com as
questões ambientais, demonstrando respeito e apreço às questões que dizem respeito à
comunidade em geral (clientes,fornecedores,funcionários,comunidade local,) e assim assegura
sua sobrevivência num mercado (interno e externo) cada vez mais exigente e sensível a estas
questões.
A responsabilidade ambiental e a responsabilidade social foram fatores propiciadores para a
implementação do SGA e conseqüente certificação em conformidade com a ISO 14001 na
opinião de 2,9% dos entrevistados (Figura 17 anterior).
Tem-se como exemplo a opinião de um dos entrevistados da empresa:
Com a finalidade de obter melhor controle de seus processos de geração de resíduos,
utilização de aspectos nos postos de trabalho, preservação de meio ambiente interno e externo
à fábrica, atendendo ao quesito de responsabilidade social da mesma perante a comunidade a
qual está inserida. Primeiro como uma necessidade de metodologia para nos organizarmos em
termos de operação e estratégia ambiental. O segundo motivo é que, através dessa
organização mais sistêmica, conseguimos uma sinergia e, conseqüentemente, um tempo
menor de implantação de processos mais seguros dessa operação. Principalmente no enfoque
ambiental, que tem ficado cada vez mais restrito. Em função da nossa Responsabilidade
social, tínhamos que rapidamente fazer uma revisão dos nossos processos. A ISO 14001 se
mostrou como uma ferramenta muito interessante para fazermos isso de uma forma
organizada, rápida e com resultados monitorados e quase que garantidos.
Outras duas razões apresentadas pelos entrevistados para motivar uma empresa a buscar a
certificação foram a imagem da empresa e o atendimento a uma exigência da matriz, com
8,6% e 20,0% respectivamente, conforme Figura 18 anterior. Através das entrevistas pode-se
constatar que a decisão veio da direção da empresa, mostrando seu comprometimento não só
com o meio ambiente, mas, tamm, o respeito a seus colaboradores, clientes e comunidade
vizinha.
Constatou-se ainda que 8,6% dos entrevistados apontaram o fator marketing da empresa como
motivo para implementação. Os que justificaram dessa maneira dizem que faz diferença
mostrar que é uma empresa responsável ambientalmente, proporcionando abertura de novos
mercados.
92
Vários entrevistados apresentaram respostas múltiplas para esta questão (Figura 18 anterior),
apontando mais um motivo, como, por exemplo, um dos responsáveis pela implementação e
manutenção da certificação ISO 14001, que assim se expressou:
Considerando que a política ambiental da DC é corporativa e nela está claro o compromisso
mundial com o cumprimento da legislação ambiental, com a prevenção da poluição e com a
melhoria contínua, a nossa fábrica foi implantada considerando as matérias-primas e os
processos mais modernos do mundo, e menos impactantes ao meio ambiente. A busca pela
certificação foi apenas para comprovar que as boas práticas ambientais adotadas estavam de
acordo com as especificações da Norma ISO 14001. É certo também que a procura por uma
melhor imagem da fábrica dentro do grupo DC, na busca por novos produtos foi outro
objetivo da fábrica, já que a mesma possui todas as certificações de qualidade e de segurança
e saúde no trabalho, além da ambiental. Com um SGA implantado e certificado, ficaram bem
definidas e divulgadas na fábrica as regras ambientais que cada colaborador deve atender,
desde a diretoria até o chão de fábrica. Desde antes da ECO-92, o tema ambiental já era uma
herança da matriz. Os eventos acontecem antes na Europa e levam um certo tempo para serem
reproduzidos no Brasil. Foi a fase que a ciência descobriu e provou que certas substâncias
químicas prejudicavam a saúde e degradavam o meio ambiente. Naquela época, a ciência
mostrava os fatores prejudiciais de uma maneira geral. Mas foi a partir de 1998 que surgiu a
idéia de implementar a ISO 14001. Já tínhamos a preocupação ambiental. Por quê? Por causa
da responsabilidade social da empresa, para o desenvolvimento de produtos com maior
utilização de matérias-primas renováveis, para evitar desperdício, gerando economia. E,
também, para criar massa crítica para todos os funcionários.
Com relação aos resultados obtidos na questão que avalia o grau de conhecimento adquirido
pelos colaboradores em treinamento (Figura 19 seguinte), constatou-se a extensão e
complexidade das respostas obtidas. Optou-se, então, por classificá-las em grupos de
respostas com conceitos, na seguinte escala: nenhum conhecimento; conhecimento fraco;
conhecimento regular; conhecimento bom; e conhecimento ótimo.
93
Figura 19: Grau de conhecimento adquirido pelos entrevistados
Os resultados para esta questão foram:
Nenhum conhecimento (2,8%): os indivíduos que não participaram do processo e não
souberam responder.
Conhecimento fraco (5,6%): os indivíduos que disseram não serem responsáveis pelo sucesso
e somente citaram fases do processo e/ou aqueles que souberam relatar dados gerais, como
por exemplo, essa resposta:
Quando comecei a trabalhar na empresa, o processo de implantação da SGA já era
comentado. Já havia sido feitas pré-auditorias sobre a ISO 14001 como especificação para
implantação, a consultoria já estava atuando, o levantamento de aspectos e impactos já havia
sido feito e a Política Ambiental já havia sido criada.
Conhecimento regular (27,8%): os indivíduos souberam descrever algumas fases do processo
e sabiam dizer que havia sido contratada uma consultoria, como por exemplo, essa resposta:
O primeiro passo foi levantar os aspectos e impactos ambientais, a legislação aplicável.
Depois foram determinados os procedimentos de cada área. Uma consultoria foi contratada
para verificar o que tinha sido realizado e depois foi feita a auditoria de certificação em Março
de 2001.
Conhecimento bom (30,6%): os indivíduos que demonstraram ter participado efetivamente de
todo o processo, pois conseguiram descrever as fases do processo e deram bastante ênfase aos
treinamentos e processos de capacitação, como essa resposta, por exemplo:
Foram formados grupos de trabalho, que elaboraram uma sistemática para implantação do
sistema. A norma se aplica desde a área de vendas até a área de compras e produção. Cada
procedimento tratou de um assunto. Criou-se uma supervisão de meio ambiente que reuniu os
94
representantes de cada gerência. Formou-se o Grupo Núcleo (cada gerência deveria indicar
um representante que seria o líder operacional) e havia reuniões semanais com o anúncio das
diretrizes para a implantação do sistema. E esses líderes operacionais que seriam os
responsáveis pela multiplicação das informações = Árvore de colaboradores.
Conhecimento ótimo (33,3%): os indivíduos que comprovaram, através de respostas
completas e bem elaboradas, com detalhes e particularidades de cada fase, ter participado de
todo o processo e incorporado os conceitos aprendidos, como essas respostas, por exemplo:
O primeiro passo é definir o processo: a norma dá duas opções – ou olhar só para dentro da
empresa ou adotar a sociedade como participante no processo. Nossa opção foi pela segunda.
Levantamento de aspectos e impactos ambientais (ver o que está gerando de resíduo e que
impacto tem); primeira filtragem é o atendimento à legislação. Foram averiguados os focos de
gerações de resíduos (local ou global). Grau de severidade: verificar quais são passíveis de
monitoramento e adequação dos resíduos às exigências. Gerar procedimento operacional
padrão. Por exemplo: forno com sensor medindo emissão de gás. Ta atendendo a legislação?
Se não estiver, tenho que ver qual é a mistura de gases ideal para isso. Registro e licença de
instalação e funcionamento das máquinas junto à CESAMA. Existe o monitoramento, os
planos de ação integrada e o plano global. Identifiquei o resíduo – classifiquei ele – planos de
ação: vou monitorar ou não vou? – como gerenciar? – se tiver emergência, como resolver? Há
um banco de dados para controle de resíduos internos – da geração e do descarte. Atualização
anual. Melhoria contínua. Atualização vai dizer se estou mudando algum processo, etc.
Desenvolvimento da política ambiental da empresa e compromisso com a comunidade.
Avaliação da empresa e a contratação de uma consultoria especializada para definir a rota e
traçar o diagnóstico ambiental. No diagnóstico, foram focados três aspectos: a conformidade
legal, as tendências futuras da legislação e boas práticas. O investimento total foi calculado
em R$ 0,4 milhões para implantar a certificação. No fim de 2000, a alta direção da empresa
liberou a quantia para executar um processo ambiental, junto ao órgão ambiental, no que diz
respeito aos passivos ambientais da empresa (como gerenciá-los). Neste momento,
eliminamos todas as fontes de contaminação (por exemplo, chumbo e estanho). Definidas as
ações, realizaram-se o levantamento de aspectos e impactos ambientais e uma análise crítica
desses impactos ambientais e uma análise crítica desses impactos sob três fatores: freqüência,
abrangência e gravidade. Foi criado um banco de dados, que é constantemente atualizado por
uma empresa terceirizada.
95
Uma das questões colocadas apenas para a diretoria foi sobre os serviços contratados para
implementação de um sistema de gestão ambiental. As respostas foram no sentido da
importância da contratação de consultorias, para o planejamento das ações necessárias,
incluindo desde o diagnóstico até o treinamento propriamente dito.
Quando questionados sobre a aceitação (Pergunta 4) da implementação de um Sistema de
Gestão Ambiental em conformidade com a Norma ISO 14001 dentro da empresa, os
entrevistados deram respostas objetivas e ressaltaram a importância de que haja uma
continuidade nos treinamentos, e que esse processo não deve e nem pode ser interrompido ou
suspenso.
Na apuração dos resultados obtidos nessa questão (Figura 20), as respostas também foram
classificadas segundo o grau de aceitação dos funcionários e da alta administração da
empresa, conforme a seguinte escala:
Não sabe dizer, pois não participou da implantação;
Muito difícil;
Difícil receptividade;
Boa receptividade;
Muito boa.
Importante ressaltar que, para os diretores, para o assessor da vice-Presidência e para a
gerência que implantou o processo, a pergunta incluiu também a visão deles sobre a opinião
dos funcionários.
Figura 20: Grau de aceitação apontado pelos entrevistados
Dentre as respostas da diretoria, 55,6% alegaram boa receptividade por parte dos funcionários
e da alta administração da empresa, enquanto que 19,4% dos entrevistados acreditam que
96
houve uma receptividade difícil (Figura 20). Ao analisar os resultados, um dos diretores
colocou que:
No início teve um pouco de resistência. O trabalho de motivação com a diretoria
deve ser bem estruturado para demonstrar o compromisso global com o meio
ambiente e com o entorno da empresa, assim como o processo produtivo. E também
foi interessante utilizar alguns exemplos de problemas ambientais ocorridos em
outras grandes empresas, o que serviu para impulsionar a liberação dos
investimentos. Devemos estar cientes de que é uma atividade que exige
comprometimento duradouro.
Entre os entrevistados que acreditaram ter havido uma receptividade muito boa (13,9%), vale
destacar que as respostas foram muito parecidas. Todos alegaram envolvimento geral e
compromisso assumido desde a alta administração até o “chão de fábrica”. As campanhas, os
treinamentos e as palestras de conscientização despertaram em todos eles sentimentos de
cidadania, mostrando que, o que se faz na empresa, também pode ser feito em suas
residências.
A maioria dos entrevistados (52,8%) acredita ter havido uma boa receptividade. Exemplos:
Tivemos dois módulos de sensibilização (treinamento realizado pelo SENAI via
treinador externo) dentro da área com 100% de participação. A minha presença foi
solicitada nas palestras, pois tinham alguns funcionários que não aceitavam muito
bem, por não acreditarem que teria qualquer função prática. Outros tiveram
dificuldade de aplicar os conhecimentos obtidos, como, por exemplo, em situações
de emergência. Mas a grande maioria (cerca de 90%) aceitou bem e tinha interesse
em aprender Para implantar o SGA em 2001, o custo total ficou em
aproximadamente R$ 400.000,00. Ano a ano após a certificação, podemos
considerar que para o SGA, especificamente, tivemos gastos em auditorias de
Manutenção e Recertificação (+/- R$ 20.000,00/ano).
Monitoramentos, treinamentos, contratação de empresas para transporte e destinação
final de resíduos, aquisição de equipamentos, construção da central de resíduos.
“Construção da ETE para tratar o esgoto da fábrica e região, coleta coletiva (gerenciando os
resíduos da fábrica), redução do consumo de água e energia elétrica”.
Ao avaliar as respostas dos que consideram a receptividade difícil (19,4%), as justificativas
são a falta de conhecimento dos colaboradores; a velocidade com que as informações todas
deveriam ser absorvidas e incorporadas ao dia-a-dia de todos; resistência da alta
administração em se comprometer; altos investimentos (Figura 17 anterior), exemplo:
Gostaria de salientar que a aceitação foi muito boa, de início parecia, ao chão de fábrica, se
tratar de mais um “modismo", porém com o passar das atividades relacionadas à implantação
97
do sistema, os colaboradores foram se conscientizando da importância,não somente dentro da
empresa, como também da necessidade de se fazer algo no dia de cada um.
Entre os 8,3% dos entrevistados que responderam muito difícil, interessante a resposta
apresentada por um deles, dizendo que:
Foi bastante complicado. Como é ação preventiva, não sabíamos quais seriam as
conseqüências e implicâncias do processo de gerenciamento (se haveria redução de custos,
por exemplo). A demora foi decorrência disso. Nosso trabalho aqui na empresa é muito
focado em resultados. Para gastar uma quantia de dinheiro com algo que não estava planejado
e que é um sistema muito grande e difícil.
Os 5,6% que estão classificados como “não sabe” são aqueles que não trabalharam
diretamente na implantação e, por essa razão, não poderiam responder a essa questão.
Ao perguntar se houve mudança (Pergunta 5) dentro da empresa após a certificação, 100,0%
responderam que sim, conforme ilustra a Figura 21.
Figura 21: Mudanças ocorridas dentro da empresa após a certificação
Antes da aplicação da pesquisa, foi preparado um quadro para estimular as respostas caso
algum entrevistado não soubesse responder; porém este quadro não precisou ser utilizado,
pois todos os entrevistados responderam esta questão. E justamente por todos os entrevistados
terem fornecido respostas completas para esta questão, apontando mudanças de caráter geral,
e, principalmente, mudanças em relação às questões ambientais; é que a pergunta número 6
do questionário não foi necessária. Quando o questionário foi elaborado, ficou-se em dúvida
se a pergunta número 5 conseguiria obter respostas completas e se as pessoas falariam sobre
as mudanças de comportamento ocorridas ao responderem esta questão. Então, para garantir
98
que o tema ambiental seria mencionado, foi formulada a pergunta número 6 e foi adicionado
um quadro auto-explicativo anexado a ela, conforme segue:
Quadro 5 : quadro explicativo da questão 5ª.
Isto posto, é importante frisar que as altas porcentagens apresentadas na Figura 21 são
decorrentes de respostas múltiplas apresentadas por diversos entrevistados. Como, por
exemplo, as mudanças apontadas por um dos diretores, as quais são: modernização da estação
de tratamento de efluentes; maior divulgação da responsabilidade ambiental da empresa;
criação de procedimentos operacionais padrão para cada atividade que envolva meio ambiente
ou resíduo; redução dos custos operacionais; envolvimento dos fornecedores; metas
estabelecidas de redução na geração de resíduos.
Para 39,4% dos entrevistados que responderam que houve mudanças na empresa após a
certificação, a maior delas foi o comportamento de todos os funcionários na obtenção e
manutenção da certificação (Figura 21). Atualmente, há uma preocupação mais acentuada
com a geração e o descarte de resíduos. Além disso, metas ambientais foram incluídas em
toda a empresa e começou a existir uma mentalidade voltada para a questão ambiental já no
desenvolvimento (projeto) de um novo produto.
Inclusive, foram expostos painéis de orientação contendo conceitos ambientais importantes;
curiosidades, figuras ilustrativas; informações referentes aos resultados de sua diretoria,
incluindo o desempenho ambiental; e procedimentos operacionais de emergência em cada
uma das unidades de trabalho, de maneira que todos os colaboradores pudessem ter acesso a
essas questões e, quando necessário, recorram àqueles procedimentos evitando quaisquer
danos ambientais.
A mudança do ambiente em geral foram uma das mais significativas ocorridas na empresa
após a certificação na opinião de 27,3% dos entrevistados (Figura 21). Segundo esses
entrevistados, há uma diferença na postura das pessoas que lá trabalham e um maior
conhecimento do que pode ou não ser feito, existindo até uma certa cobrança e fiscalização
entre os próprios colaboradores. Inclusive, as informações foram levadas para as casas dos
funcionários, expandindo para o âmbito familiar e para suas comunidades o interesse pela
questão.
99
A formação de processos mais enxutos e limpos de produção e demais mudanças dos
processos produtivos foi apontada como a principal mudança por 6,1% dos entrevistados.
Outras duas mudanças importantes apontadas pelos entrevistados foram a melhoria da
qualidade do ambiente de trabalho dentro da empresa e o desenvolvimento de produtos
“ecologicamente” corretos, com também 6,1% das respostas (Figura 21). Através das
entrevistas e das visitas feitas às instalações da empresa, pode-se observar que os locais de
trabalho apresentam uma ótima aparência e são extremamente organizados. Um dos
entrevistados relatou que há muita diferença nos últimos anos na parte de limpeza e
organização no seu ambiente de trabalho, conforme se verifica na figura seguinte (Figura 22).
E ainda expõe que hoje a preocupação ambiental é mais explícita, o que afeta diretamente os
produtos lá desenvolvidos.
Figura 22: Fábrica com SGA implantado – Montagem Final.
Convém dizer que 6,1% dos entrevistados apontaram a adoção de ações de caráter preventivo
como a mudança mais significativa (Figura 21). Um deles explicou que:
“Os controles existentes hoje são feitos de forma preventiva. Tudo é monitorado e qualquer
fato que ocorra, já existe o procedimento adequado para gerenciar aquele risco”.
Recorre-se a relatórios sociais e ambientais da empresa e outros materiais elucidativos. Um
desses materiais era uma apresentação elaborada pela própria empresa para treinar os
colaboradores que seriam os integrantes do Grupo Multifuncional (que têm como função
disseminar a questão ambiental dentro de cada área da empresa). Esta apresentação foi o
100
principal material utilizado no Curso de Integração de Colaboradores em Gerenciamento
Ambiental, contendo dados conceituais; explicado o que é SGA e quais seus objetivos;
indicando o responsável de meio ambiente em cada área; apontando o que a Norma ISO
14001 requer; e, por fim, os resultados esperados com a implementação de um SGA em
conformidade com a Norma ISO 14001.
Utilizando esses resultados listados como sendo aqueles esperados pela direção da empresa ao
obter a certificação, e incluindo outros fundamentais, foi elaborada a pergunta número 7 do
questionário, com o intuito de conhecer quais desses resultados já foram alcançados pela
empresa. E se, por acaso, ainda não tenham sido atingidos, por qual razão.
É importante avaliar, dentre os objetivos estipulados por uma empresa ao implementar um
SGA em conformidade com a Norma ISO 14001, quais deles puderam ser atingidos após
quase cinco anos de certificação. E, caso ainda não tenham sido, o que falta para conseguir?
Dessa maneira, os que se interessarem pelo assunto e se determinarem a seguir o mesmo
caminho em suas próprias organizações, poderão se organizar; elaborar um cronograma de
implantação; destinar um bom tempo à realização de um diagnóstico o mais próximo possível
da realidade, para evitar surpresas com altos investimentos; investir em treinamento e
conscientização de todos os níveis da organização; e, assim, alcançar todos os seus objetivos,
sempre se adequando a novos processos, equipamentos, a fim de buscar continuamente maior
eficiência na proteção ambiental, visando o desenvolvimento sustentável.
Os resultados foram separados em itens e para cada um deles, o entrevistado deveria dizer se,
na opinião dele, aquele resultado havia sido alcançado ou não, e, se tivesse algum comentário
a fazer ou justificativa a apresentar, poderia fazê-lo.
O primeiro item representa os resultados esperados no aspecto econômico-financeiro (Figura
23), os quais são: agregar valor ao negócio da empresa; redução de custos; economia de
recursos financeiros; eliminar riscos de vulnerabilidades legais e que resultem em multas.
Com relação a questão sobre se a certificação ISO 14001 agregou valor ao negócio da
empresa, 66,7% dos entrevistados alegaram que sim, como explica um deles:
101
Figura 23: Resultados econômico-financeiros
Com a certificação o nosso produto se torna mais competitivo, pois a cada dia é maior a
preocupação com o desenvolvimento sustentável. Reduz gastos com a falta de controle
(vazamentos, multas, etc.) e com as externalidades negativas (lançamentos de efluentes com o
padrão acima do estabelecido por lei, etc).
Quanto à redução dos custos, 63,9% acreditam que esta meta está sendo alcançada por meio
de campanhas para evitar desperdícios, com o melhor aproveitamento dos recursos e com a
preocupação com a destinação final dos resíduos. Um dos diretores colocou que:
Quanto a agregar valor não podemos afirmar diretamente que foi alcançado, o que podemos
sim afirmar é que indiretamente através das otimizações dos processos, voltados aos aspectos
ambientais, tivemos sim um resultado positivo, devido aos programas, como citado acima, de
melhoria contínua. Quando observamos o trabalho executado na coleta de resíduos, e a
destinação que é devida, vemos que na cadeia temos uma economia de recursos, não quero
dizer que somente a DC usufrui deste recurso, mas as empresas que processam os mesmos
também ganham em lucratividade.
Entre os 16,7% dos entrevistados que disseram que este resultado ainda não foi alcançado, a
justificativa apresentada foi que esta redução de custos somente será percebida com o tempo.
Convém destacar as seguintes respostas:
102
Hoje meio ambiente ainda é visto como gasto (compra de material, conscientização, etc). A
proteção do meio ambiente demanda custos com as modificações dos processos de produção.
Se houver redução de custos, será percebido só com o tempo (após 5 anos).
Outros entrevistados disseram não ter conhecimento sobre os resultados financeiros (19,4%),
pois trabalham nos setores mecânicos e técnicos. Com relação à economia de recursos
financeiros, 91,4% dos entrevistados dizem que as campanhas de racionalização de água e
energia elétrica têm proporcionado bons resultados nesse sentido. Tem-se como exemplo a
resposta abaixo referida:
Agrega valor principalmente no mercado internacional onde essas questões já estão mais
avançadas e faz diferença para a entrada do produto. Reduz custos com eliminações de
desperdícios nas áreas produtivas e administrativas e economiza recursos financeiros com
processos de seguradoras e possíveis processos penais e administrativos por conta de infringir
alguma legislação.
Os 5,7% de entrevistados que responderam que não foi possível detectar economia de
recursos financeiros destacam que esse resultado será atingido daqui a alguns anos, e, aí sim,
poderão fazer um balanço.
Quanto a eliminação de riscos e vulnerabilidades legais que impliquem em despesas com
multas, 100% dos entrevistados alegaram que esse resultado foi obtido pela empresa.
Dentre as explicações e justificativas apresentadas, destaca-se a conscientização e
responsabilidade ambiental; a preocupação com a legislação ambiental e a adoção de caráter
preventivo. Convém destacar algumas delas:
“A certificação ambiental confere a empresa o Status de comprometimento ético com o meio
ambiente, o que pode amenizar um passivo ambiental causado pela empresa através de
argumentação de fato isolado/acidente”.
O não cumprimento de aspectos legais, além de gerar passivo ambiental, gera outros
problemas ainda maiores como a própria imagem da empresa perante a sociedade como um
todo e por conseqüência a perda de mercado e maior dificuldade no encaminhamento de
temas junto aos órgãos governamentais.
“Estamos sempre sendo monitorados por auditorias”.
“Reciclagem de material, redução de gastos como, por exemplo, diminuição de purgas nos
robôs de colagem, etc”.
103
O gerenciamento com maior eficácia das questões ambientais e a melhora na qualidade de
vida são os resultados apresentados no terceiro item da pergunta 07. Quando questionados se
o gerenciamento mais eficaz das questões ambientais já havia sido obtido, todos os
entrevistados responderam que sim, ou seja, 100%. E as razões apresentadas para esta
mudança foram a conscientização e a responsabilidade ambiental, como se pode observar com
estas respostas, Figura 24:
Figura 24: Gerenciamento Eficaz versus Qualidade de Vida.
Gerenciamento das questões ambientais: este é um dos principais objetivos do sistema;
Qualidade de vida: a população afetada (colaboradores, fornecedores, prestadores de serviço,
comunidade local), percebe os benefícios na medida em que vê a redução ou eliminação de
fontes de poluição. A conscientização da população afetada tem tamm um efeito
multiplicador, ampliando a discussão pra fora dos limites da fábrica.
Através dos monitoramentos implantados e dos registros obtidos, as questões ambientais são
mais facilmente gerenciadas.
No momento em que os entrevistados foram questionados sobre a melhoria na qualidade de
vida, 91,4% acreditam que houve uma melhora significativa e as razões apresentadas foram
variadas. Ao analisar essas respostas, percebe-se que a mais citada foi a criação e implantação
de trabalhos com a comunidade local. As demais razões relatadas foram a mudança de
comportamento dos funcionários; o aumento do interesse destes pelas questões ambientais e
alterações no ambiente de trabalho. É exemplo de resposta:
104
A melhora na qualidade de vida engloba não só o ambiente da empresa, como também o
entorno, como, por exemplo: eliminação de produtos tóxicos, menor exposição dos
funcionários a riscos, redução da geração de resíduos (tanto na produção como na
manutenção-exemplo: troca de óleo no motor), reutilização dos resíduos (reciclagem do óleo
lubrificante, por exemplo). A sociedade sente esses reflexos.
Os entrevistados que alegaram não ter percebido qualquer mudança em relação à melhora na
qualidade de vida, justificaram sua resposta dizendo que já tinham uma boa qualidade de vida
e, com a certificação, continuaram tendo.
O quarto item da pergunta 07 apresentou outros dois resultados que eram esperados pela
empresa com a obtenção da certificação: obtenção de maior vantagem competitiva sustentável
e oportunidades de participação em futuros negócios (Figura 25). Os entrevistados (90,6%)
acreditam que houve um aumento considerável da vantagem competitiva sustentável, que é
uma meta empresarial. Eles alegam que a empresa está preparada para atender mercados cada
vez mais exigentes e que a diversificação de produtos e processos ambientalmente
responsáveis aumenta bastante a competitividade da empresa. Um dos diretores explicou
como atingir esse resultado:
Acredito que sim, num primeiro momento fica difícil a quantificação, porém com as medidas
implementadas, seja em nível de recuperação da mata ciliar, seja através do tratamento de
efluentes, tenho a certeza de que futuramente todo o processo aparecerá como vantagem
competitiva, porém hoje o mercado, no meu ponto de vista, ainda não está voltado para
definir negócios focando prioridade no meio ambiente, mas acredito que no futuro teremos
uma mudança nesta lógica.
Figura 25: Resultados esperados pela Empresa com a Certificação.
105
Muito interessante a resposta apresentada por um assessor da presidência, que colocou: “Creio
que uma certificação ambiental não é mais uma vantagem competitiva, mas sim um critério de
exclusão em futuros negócios. Hoje é praticamente mandatário a sua utilização na indústria
automobilística”.
Como resultado de uma maior vantagem competitiva, aumentaram as oportunidades de
participação em futuros negócios, na opinião de 85,3% (Figura 24) dos entrevistados. Estes
consideram importante para as concorrências internacionais ter um sistema de gestão
implantado e os certificados ISO. Acreditam ser um diferencial competitivo, como se pode
observar em algumas respostas:
“A certificação é necessária para o fechamento de vários negócios. Se eu não tiver o
certificado, futuramente posso deixar de vender para esses mercados”.
“Muitos clientes têm solicitado além de ISO 9001, também o certificado ISO 14001”.
Somente 8,8% (Figura 25) não sabem se teve mudança significativa neste aspecto.
Figura 26: Imagem da Empresa.
A melhoria da imagem da empresa é um tema que despertou o interesse dos entrevistados
(94,4%), propiciando um debate intenso sobre o assunto. Exigiu até um desdobramento da
pergunta, incluindo um sub-item para que eles pudessem dizer para quem houve essa
melhoria de imagem da empresa (Figura 26).
Quando questionados sobre para quem eles acreditam ter havido essa melhora, as respostas
estão apresentadas na Figura 27 seguinte:
106
Figura 27: Para quem houve mudança de imagem da empresa após a certificação.
Convém destacar algumas das respostas apresentadas para justificar a opinião dos
entrevistados que acreditam ter havido melhora na imagem da empresa, devido ao
surpreendente interesse pela questão e à riqueza das respostas. E também porque vários
entrevistados sentiram as diferenças eles mesmos e sentiram os reflexos na comunidade local.
São exemplos:
Faz parte da norma o procedimento de comunicar os procedimentos ambientais. O aspecto
ambiental interfere na qualidade de vida. Criamos um canal de comunicação com a
comunidade. As pessoas vêem que a empresa faz algo a mais.
Comunidade interna e para o entorno da empresa. Trabalhos comunitários (Barreira do
Triunfo) de reciclagem. Incentivo ao pessoal para criar uma filosofia ISO 14001 em suas
próprias casas.
O único entrevistado que respondeu negativamente a esta questão justificou sua opinião no
fato de que a empresa já tinha uma boa imagem relativa à preocupação ambiental antes da
certificação.
O último item trouxe à discussão o principal ponto da Norma ISO 14001: o envolvimento de
todos os colaboradores da empresa com o processo de implementação do SGA e conseqüente
certificação. A maioria (97,1%) (Figura 28) alega que há uma maior conscientização e
percepção de todos os colaboradores em relação à questão ambiental após a obtenção do
certificado. Os colaboradores tornaram-se mis conscientes de que, ao realizarem suas
atividades levando em consideração a preocupação com a questão ambiental, estariam
realizando um bem à empresa, à sua qualidade de vida e de seus familiares. Porém, um deles
expôs o seguinte:
107
“Mas o processo é lento e o aprendizado deve ser reiterado sistematicamente. Temos na
empresa treinamentos constantes, com temas sobre meio ambiente e segurança, realizadas
toda semana, que têm conseguido resultados para mudança de cultura das pessoas”.
Figura 28: Resultados obtidos pela Empresa após a Certificação.
Os 2,9% restantes (Figura 28) não sabem dizer se houve mudanças significativas nesse
sentido, como se observa nessa resposta:
Nunca vai atingir a plenitude. O processo evolui sempre. Apesar dos funcionários
acompanharem as mudanças, não é na mesma velocidade com que estas ocorrem. Apenas nas
áreas específicas em que os funcionários estão diretamente envolvidos será possível
acompanhar as mudanças, mas não de uma forma geral.
Um dos aspectos importantes para a certificação é a possibilidade de abrir ou ampliar
mercado para exportação. Quando questionados se (Figura 29) acreditam que a certificação
trouxe alguma modificação nesse sentido, 67,6% dos entrevistados disseram que sim. Têm-se
como exemplos:
Não é determinante mas faz diferença sim. A partir do momento que você tem um sistema e
funciona, você consegue explorar isso comercialmente. Mas não pode ser puro marketing.
Deve ser concretizado para surtir efeito. A iniciativa de utilizar fontes renováveis nos
produtos foi da empresa. Demos a partida e agora os concorrentes se adequaram. No setor
automobilístico temos muitos segredos industriais e tecnologias por trás disso e o que vai
fazer diferença é a qualidade deles. Nossa imagem é muito forte em inovações.
108
Figura 29: Resultados obtidos pela empresa quanto ampliação de exportação.
Outros 17,6% dos entrevistados disseram não ter havido mudanças nem ampliação de
mercado para exportação porque a empresa encontrava-se preparada para as exigências de
programas de exportação. Ao analisar as justificativas dadas, um dos entrevistados colocou
que:
“O produto da empresa atende à legislação de diversos países. Aliás, já atendia. Então o
mercado está aberto para nossa empresa”.
E outro entrevistado apresentou um ponto de vista diferente dos demais, assim destacado:
Não. Houve um maior ganho de mercado externo motivado pela qualidade do nosso processo
produtivo, e não pela certificação ambiental. Um exemplo de empresa que precisa disso par se
diferenciar e ser aceita pelo mercado externo é a indústria de papel e celulose. Para as
montadoras não faz diferença.
Os 14,7% restantes alegaram não ter conhecimento suficiente sobre o assunto para poder
opinar. Inclusive, um dos entrevistados disse que ainda não acredita ser possível ter uma
posição concreta sobre esse assunto, como se pode observar:
“Com a ISO 9001 houve mudanças significativas, mas com a ISO 14001 não sei informar.
Mas existe a possibilidade que ocorra alguma mudança, em breve, caso o mercado externo
exija ‘selos ambientais”.
Ao se perguntar aos entrevistados quais foram as principais dificuldades e conflitos
encontrados no processo de certificação, 22,2% responderam que era a conscientização em
todos os níveis em respeitar a legislação ambiental (Figura 30). Seguem uma resposta:
109
Figura 30: Dificuldades e conflitos encontrados durante a certificação.
“Colocar, para todos os níveis (desde a diretoria até o chão de fábrica), a cultura de que nós
devemos cuidar do meio ambiente; e de que é necessário investir para atingir esse objetivo.
Maior dificuldade é a conscientização em todos os níveis”.
A principal dificuldade encontrada para 16,7% foi a mudança de comportamento, como o
exemplo abaixo citado:
Dificuldade das pessoas entenderam o porquê das mudanças naquele momento. Temos que
explicar que o mundo está mudando e que certas atitudes que tomávamos no passado hoje são
erradas. Fazíamos porque não sabíamos que era errado e agora temos que mudar.
Outro conflito encontrado no processo de certificação, de acordo com a opinião de 5,6% dos
entrevistados, foi o grande volume de trabalho (decorrente da urgência que foi implantada).
Um exemplo poderia ser a resposta de um deles, conforme segue:
“Em algumas áreas o volume de trabalho foi muito maior que em outras”.
O levantamento de aspectos e impactos ambientais foi lembrado por 11,1% dos entrevistados
como uma grande dificuldade (Figura 30), como explica este entrevistado:
“Levantamento dos aspectos e impactos ambientais (que é a base do sistema: analisar todas as
atividades e dizer o que era importante e o que não era)”.
A padronização de atividades e o tamanho da empresa foram as maiores dificuldades
encontradas durante a implementação do SGA e conseqüente certificação em conformidade
com a Norma ISO 14001 na opinião de 8,3% dos entrevistados (Figura 30).
Tem-se como exemplo a opinião de um dos colaboradores da empresa:
110
“Houve dificuldades no processo de implantação por ser uma empresa muito grande.
Especialmente na fase de levantamento de aspectos e impactos ambientais, que são muito
diversificados, e por esta razão levou muito tempo”.
Os 8,3% que estão classificados como “não sabe” são aqueles que não trabalharam
diretamente no processo de implantação e, por essa razão, não poderiam responder essa
questão.
Alguns entrevistados apresentaram respostas múltiplas para esta questão (Figura 30),
apontando mais de um motivo, como, por exemplo:
Mudança de comportamento. Modificação na infra-estrutura: implantação da parte de
reciclagem interna (venda de sucata não é reciclagem) com construção de prédios para
separação de resíduos. Trabalho difícil com a conscientização dos fornecedores para fornecer
produtos e embalagens recicláveis. Novos contratos de destinação final de resíduos.
Abrangência muito grande. Não é implantada só na fábrica, tem que varrer a cadeia desde o
fornecedor da peça, passando pelo prestador de serviços e pelo processo produtivo, até a
concessionária que vai distribuir o produto.
Com relação aos resíduos obtidos nas questões referentes à legislação ambiental brasileira, os
entrevistados aproveitaram para emitir opiniões pessoais sobre a elaboração e cumprimento
dessas leis e, também, apontar falhas. Duas questões foram elaboradas a respeito da atual
legislação brasileira, de modo a avaliar o conhecimento dos entrevistados sobre o assunto.
Lógico que não era esperado um conhecimento detalhado sobre leis, considerando os cursos
universitários e as funções de cada um. Porém, as críticas apontadas e as opiniões sobre a
dificuldade de cumprimento das leis no nosso país foram interessantes.
A primeira delas expõe a recente mudança ocorrida no processo de licenciamento ambiental
no estado de Minas Gerais, exigindo-se a renovação periódica das licenças, conforme disposto
no Decreto Estadual nº 15.017/04. O questionamento é se a existência de um SGA
implementado e a certificação ambiental pode trazer facilidades para a empresa nesse
processo renovatório, sendo que 90,0% dos entrevistados acreditam que sim (Figura 31).
111
Figura 31: Facilidades obtidas com a ISO 14001 referidas pelos entrevistados.
Dentre essas respostas, justificativa apresentada por 8,3% dos entrevistados é a de que a ISO
traz a organização da documentação do sistema, o que facilita o cumprimento das exigências
da legislação. Foi criada uma área que só cuida dessa parte de licenciamento e atualização da
legislação.
Os fatores que facilitarão a renovação periódica do licenciamento ambiental são variados, de
acordo com as respostas obtidas, como se pode observar: 25,0% dos entrevistados acreditam
que a certificação facilitará, pois ela resulta em uma atualização constante das leis; outros
8,3% alegam que as facilidades advêm da sistematização resultante de um processo de
certificação; e mais 45,8% dizem que a ISO proporciona o atendimento irrestrito às leis. Para
melhor entendimento, convém destacar uma resposta de cada uma dessas vertentes, conforme
segue:
Temos uma sistemática que exige que tenhamos um processo definido. Dentro de um SGA,
fica claro de quem são as responsabilidades e como deve ser feito. Então facilita a atualização
constante do processo e garantir que ele esteja sendo cumprido.
Sim, já trouxe. A sistematização em si facilita o processo. O diagnóstico inicial criou muitas
vulnerabilidades e por isso fizemos uma revisão de todas as licenças. Organizamos toda a
parte documental e hoje só atualizamos.
Sim. Atender a legislação é o primordial, que devia ser feito de qualquer jeito.
Dos 6,7% que disseram não acreditar que haverá mudanças no processo de licenciamento
(Figura 31), interessante destacar a resposta deste entrevistado:
Não necessariamente a certificação ISO 14001, mas o processo interno de licenciamento ter
um ‘procedimento sistematizado’, onde temos um maior conhecimento do que existe hoje na
112
fábrica. Isto é, realizado todo o levantamento minucioso dos processos, equipamentos,
máquinas, áreas da empresa, etc., fica mais fácil um processo para renovação.
Os 3,3% que responderam “não sei” são aqueles que não se consideram aptos para falar do
assunto e esclareceram que existe um setor dentro da empresa que cuida especificamente
disso.
Na segunda questão sobre legislação (Figura 32), os entrevistadores emitiram opinião pessoal
sobre a relação entre a atual relação ambiental brasileira e os interesses da empresa.
Figura 32: Grau de conhecimento sobre a ISO 14001 e interesse da empresa.
Na realidade, o objetivo é avaliar o conhecimento dos colaboradores sobre as leis ambientais.
Com 47,1% das respostas, ficaram os entrevistados que, além de ter conhecimento sobre leis,
ainda apontaram algumas falhas da nossa legislação. 8,8% dos entrevistados emitiram
opiniões contrárias à legislação atual. Os outros 44,1% preferiram não responder a esta
questão, por ter pouco conhecimento sobre o assunto (Figura 32).
As razões apresentadas por aqueles que não acreditam que a legislação atual Atenda os
interesses da empresa são as seguintes: 4,8% alegam que a legislação não condiz com a
realidade brasileira; 9,5% acham que as leis são muito exigentes; 9,5%consideram as leis
difíceis de entender; 4,8% apontam que o problema é a falta de fiscalização; 14,3% atestam
que a legislação tem que ser feita para atender aos interesses da sociedade e não para
beneficiar a empresa; 4,8% reclamam que a legislação exige investimentos muito altos; e, por
fim, 23,8% defendem que as leis têm que ser atendidas de qualquer jeito.
Ao analisar as justificativas apresentadas por aqueles que acreditam que a legislação atende
aos interesses da empresa, importante destacar algumas delas:
113
Salvo alguns poucos instrumentos legais que dificultam o processo (por serem, digamos,
extremamente difíceis de interpretar e atender), acho que a gestão ambiental é bastante
complexa e bem elaborada. No entanto, acho que para uma empresa comprometida com a
preservação ambiental, o cumprimento da legislação é uma conseqüência inevitável e não
uma exigência. Tem que haver responsabilidade ambiental.
Vários entrevistados também apresentaram respostas múltiplas para esta questão (Figura 32),
apontando mais de um motivo, como, por exemplo:
Muito exigente. Falta fiscalização. Muitos detalhes. Ter que acompanhar toda a legislação e
garantir que toda ela esteja sendo cumprida é muito difícil. Acredito que deveria ser mais
voltada para a realidade brasileira. Nossa legislação ainda é muito copiada, principalmente a
parte técnica. Muitas vezes surgem leis por interesse exclusivamente político, o que prejudica
tanto o setor industrial como a sociedade.
A legislação existe para atender os interesses da sociedade. Toda e qualquer lei existe para
que a sociedade possa viver em harmonia. São as regras do jogo. O problema é importar s leis
de outros lugares, que já aplicam a vinte anos, e querer que funcione aqui em um curto prazo
(de 3 a 5 anos). Temos que nos encaixar nas ‘regras do jogo’. A legislação gera trabalho e um
custo adicional para a empresa, mas tem que ser cumprida.
Quando questionados sobre qual o principal benefício e/ou maior mudança ocorrida na
empresa após quase cinco anos da certificação, quase todos os entrevistados apresentaram
respostas múltiplas. Isso se explica porque há um link entre uma resposta e outra, ou seja, para
um resultado ser atingido, às vezes tem que ser através de outros.
O principal benefício apontado por 35,3% dos entrevistados é a ampliação da conscientização
com as questões ambientais (Figura 33). Como um deles expôs:
“Conscientização dos empregados, que levam isso para fora da empresa, multiplicando o
conhecimento. Exercício de cidadania”.
Pode-se observar, também, uma opinião sobre o assunto:
Mudar para ter um certificado não significa nada. Mudar para ter um certificado e atingir a
conscientização das pessoas é o melhor resultado. Na empresa, conseguimos alcançar o
objetivo e houve uma mudança de cultura e aquisição de consciência. E somos
constantemente cobrados para manter essas atitudes ‘politicamente corretas.
114
Porém um dos entrevistados destacou a dificuldade em obter qualquer mudança dentro de
uma “população”, uma vez que a empresa tem cerca de 1.200 (mil e duzentos) colaboradores.
Considerando o nível de escolaridade e o nível social de grande parte desses funcionários, ele
diz:
“A barreira das pessoas contra mudanças está diminuindo nesse aspecto. Melhorou a
conscientização das pessoas”.
Figura 33: Principais benefícios percebidos com a Certificação.
A responsabilidade ambiental dentro da empresa foi a principal mudança ocorrida na opinião
de 2,9% dos entrevistados. Esta responsabilidade foi surgindo, desde o momento em que a
alta administração tomou a decisão de implantar um sistema de gerenciamento ambiental,
passando por todo o processo de implementação até atingir a certificação. Este conceito está
sendo cada vez mais incorporado ao dia-a-dia da empresa, como este colaborador nos explica:
Não temos ainda na empresa uma cultura sobre essa questão ambiental. Então o que mais
mudou foi a responsabilidade ambiental, principalmente dos funcionários do ‘chão de fábrica’
(é onde mais se nota). Eles agora exigem também da gente condições para trabalhar com os
cuidados necessários.
A melhoria da qualidade de vida e a melhoria da imagem da empresa foram os principais
benefícios pós-certificação, segundo 5,9% das respostas (Figura 33).
Têm-se como exemplo:
Maior comprometimento dos funcionários, que deixaram de ser leigos e passaram a se
interessar. Também os benefícios para a imagem da empresa. O pessoal que trabalha com
marketing e comunicação usa muito as informações da ISO 14001 para divulgação na
empresa.
115
Outros benefícios pós-certificação apontados pelos entrevistados foram: o gerenciamento de
todos os aspectos e impactos ambientais significativos (5,9%); a mudança de comportamento
dos colaboradores (2,9%); a redução na geração de resíduos (2,9%); o retorno financeiro e
economia de recursos financeiros (8,8%); e a facilidade obtida com a sistematização de todo o
processo produtivo e de todas as atividades da empresa (8,8%). Convém destacar uma dessas
respostas, para ilustração:
Maior garantia do SGA. O maior conhecimento dos focos importantes para analisar e resolver
problemas, não mais receber penalidades ou advertências, o que ocorria por falta de
comunicação. Ganhamos em agilidade na comunicação do processo e por um conhecimento
mais detalhado de tudo que acontece no sistema de gestão ambiental da fábrica.
Os que apontaram como maior mudança a certeza de que todos estão mais comprometidos
com a questão ambiental dentro da empresa (11,8%), justificam dessa maneira:
“Comprometimento maior das pessoas. Fazer sabendo o porquê e não fazer por fazer”.
E, por fim, a coleta seletiva de lixo e a abertura de mercado decorrente da ISO foram as
maiores mudanças ocorridas na empresa, de acordo com 2,9% das respostas, cada uma delas
(Figura 33). Como, por exemplo:
“Coleta seletiva de lixo. Mudou o padrão de produção que, no futuro, terá retorno positivo no
que diz respeito aos gastos feitos com as mudanças”.
Cumpre destacar a opinião de um dos entrevistados, que explicou a dificuldade por ele
encontrada antes da sistematização de todo o processo e a importância de existir uma
conscientização ambiental em toda a alta administração da empresa aliada a um
comprometimento geral. Segue a resposta:
Conscientização do corpo diretivo de que estamos de acordo com a legislação ambiental.
Como técnico, sempre houve uma dificuldade para mostrar o que era ou não era correto e
agora existem procedimentos a seguir, então temos o comprometimento de todos. A partir do
momento que a empresa se dispõe a implantar a ISO 14001, se torna mais fácil porque já se
tem o conhecimento de que será necessário investir e já houve aprovação dos diretores.
Conseqüentemente, a diretoria passa a conhecer mis o assunto e se interessa pelo seu total
cumprimento porque a multa por alguma não-conformidade é alta.
Quanto aos fornecedores, os entrevistados responderam que existe uma cobrança quanto ao
cumprimento integral da legislação ambiental e isso é feito através de auditorias periódicas
116
(Figura 34). Para os fornecedores que lidam com a destinação final de resíduos, é realizada
uma auditoria bem rigorosa. Para os fornecedores de material produtivo, é feita uma auditoria
de conformidade legal e cobra-se um plano de ação. Realizam-se, também, auditorias
esporádicas de transporte para ter certeza que o caminhão que saiu da empresa foi para o lugar
determinado, independentemente de comprovação via documentos. Um dos colaboradores
colocou sua opinião sobre essa intervenção:
Acho de extrema importância, pois desvio na conduta da atividade de terceiros pode gerar
problemas para a imagem da empresa e também problemas no processo produtivo, como por
exemplo, interrupções na linha de produção por falta de peças ou de serviço decorrente da
interdição de um terceiro.
Figura 34: Relação Empresa - Fornecedores
A responsabilidade ambiental foi citada por 42,4% dos entrevistados e 12,1% reclamaram que
falta comprometimento e seriedade dos fornecedores quando se trata de questões ambientais,
como se pode conferir nessas respostas:
“Qualquer fornecedor deve passar por uma auditoria para verificar se preenche os requisitos
para ser fornecedor da empresa. É a co-responsabilidade. Essa auditoria é bem criteriosa. A
maioria deles já tem a certificação ou está buscando”.
No começo, teve resistência por parte dos fornecedores pois eles alegavam que a CESAMA
não exigia aquilo deles. O empresário brasileiro não quer dispor de recursos para fazer o que a
legislação pede. Precisa uma maior conscientização dos empresários brasileiros que não
entendem a importância da preocupação com o meio ambiente. Os fornecedores que não se
adequarem podem acabar fechando, pois não estarão de acordo com as exigências das
empresas concorrentes.
117
Este tema é preocupação constante para a empresa (15,2%), conforme segue:
Quanto aos fornecedores, existem algumas exigências. Os prestadores de serviço (internos)
também devem ter o mesmo rastreamento de problemas ambientais que nossa empresa tem.
Como somos os geradores iniciais, temos a preocupação de surgir um passivo ambiental.
Os outros 12,1% acreditam que é necessário haver um controle constante das atividades dos
fornecedores, para evitar qualquer problema para a empresa (Figura 33) e os 3,0% restantes,
disseram que a empresa exige o certificado ISO 9001 dos fornecedores e agora está se
preparando para exigir também a ISO 14001.
É importante frisar que, segundo os entrevistados, nem todos os fornecedores estão
preparados para atender a essas exigências. A empresa faz avaliações e auditorias. Não é
exigida a certificação, mas sim boas práticas ambientais. Se for encontrada alguma
vulnerabilidade que possa prejudicar a imagem da empresa, este fornecedor é descadastrado.
Em relação aos concessionários, a posição da empresa difere um pouquinho, como explica
este colaborador:
Quanto aos concessionários, como eles são independentes, não há como exigir deles. Apenas
é feito um trabalho de conscientização. Isso gera mais investimento e mão-de-obra, então têm
uma certa resistência. Falta ainda um trabalho mais forte com os concessionários.
Na opinião de 44,4% dos entrevistados, conforme Figura 35, existe uma fiscalização
constante da empresa sobre as atividades dos concessionários. E, para viabilizar essas
parcerias, a empresa oferece assessoria para os concessionários, possibilitando que toda a
legislação ambiental seja cumprida (segundo 13,9% dos entrevistados). Para melhor
entendimento, segue uma resposta apresentada:
Como esses terceiros muitas vezes não têm profissionais na área, eles não têm consciência da
necessidade dessa preocupação e não entendem o verdadeiro significado. Os concessionários
não fazem parte da empresa, recebendo apenas uma concessão (de direito do uso da marca e
venda dos produtos), sendo assim menos fiscalizados. Não são tão visados como a empresa.
Justamente por isso que nós ficamos em cima. Mas a empresa dá incentivos e apoio para a
proteção do meio ambiente.
Este tema é preocupação constante para a empresa, com 13,9% das respostas (Figura 34),
conforme segue:
118
Figura 35: Relação Empresa – Concessionários
Com relação ao concessionário é diferente, pois não havia a concessão em si, mas a não-
preocupação com o meio ambiente afeta a imagem dele. O dono da concessão não responde
por qualquer crime ambiental e sim a marca que ele representa, então é uma preocupação para
a empresa.
Referiram ser necessário haver um controle constante das atividades dos concessionários
(19,4%), para evitar possíveis complicações para e empresa (Figura 35). E os 8,3% restantes,
alegaram que falta comprometimento por parte desses empresários e precisa ser realizado um
forte trabalho de conscientização ambiental.
Após terem sido abordados todos os aspectos e fases desde a implantação até a pós-
certificação (passando pela implementação de um sistema e certificação), considerou-se que
faltava a questão mais relevante para finalizar a entrevista. Daí a formulação dessa questão
objetivando conseguir a opinião pessoal de cada um dos entrevistados sobre se a certificação
valeu a pena, e por quê.
Todos os entrevistados responderam que a certificação valeu a pena e que todas as
dificuldades encontradas durante esse processo foram superadas e ‘deixadas para trás’ quando
eles olham para a empresa hoje. Cada declaração foi fundamentada e justificada com mais de
uma razão, daí as porcentagens altas apresentadas na Figura 36.
Figura 36: Resultados atingidos com a Certificação.
119
A certificação trouxe ganho para a empresa, para os funcionários, para a sociedade em geral e
para o meio ambiente. A conscientização ambiental adquirida durante todo esse processo foi a
maior conquista, de acordo com 19,4% das opiniões. Em segundo lugar, com 16,7% das
respostas, os entrevistados colocaram que a ISO 14001 proporcionou o desenvolvimento da
empresa, conforme este exemplo:
Sim. No geral todos os caminhos dentro e fora da fábrica ficaram mais acessíveis após a
certificação, pois a voz de uma equipe responsável pela certificação passa a ser mais ouvida
quando se obtém a mesma. Cursos entre SENAI e a DCBR foram criados após a certificação
com a inclusão da matéria meio ambiente na grade curricular (Faculdade de Tecnologia)
comprovando que o nível de conscientização interna foi bastante significativa.
A certificação é uma forma de avaliar se a empresa está cumprindo a legislação; e determina
os procedimentos a serem adotadas para reparar qualquer risco ou dano ambiental, na opinião
de 13,9% dos entrevistados (Figura 36). Foi exposto o seguinte:
Sim. A certificação é uma forma de avaliar se a empresa está cumprindo a legislação; se o
sistema de gestão funciona e o que está errado e precisa corrigir. Possibilidade de mensurar os
possíveis impactos ambientais. Consciência ambiental coletiva (funcionários e suas famílias,
fornecedores, prestadores de serviço). Reflete a imagem de uma empresa que respeita os
princípios ambientais. O objetivo foi alcançado. Melhoria contínua.
Outros 11,1% dos entrevistados destacou que o maior resultado é o controle e prevenção da
poluição, através da adoção de ações de caráter preventivo. Um exemplo:
Sem dúvida. A resposta do mercado é muito positiva. Gera tranqüilidade e segurança para a
comunidade, especialmente quanto ao controle e prevenção da poluição. Tem um centro
comunitário na Barreira do Triunfo que ajudamos e eles sabem que fazemos gerenciamento
das emissões. As outras empresas também nos procuram para fazer um ‘benchmarking’ e
mostramos o sistema funcionando. O trabalho impressiona e expande em vários sentidos.
As facilidades trazidas com a sistematização dos processos e a padronização do
comportamento dos indivíduos foram as razões apresentadas por 11,1% dos entrevistados
(Figura 36). Pode-se observar através desses exemplos:
São estabelecidos padrões e assim fica mais fácil seguir uma sistemática (estabelecer um
plano de ação, rodar um PDCA). A sistematização facilita a atuação concreta. Dá um
diferencial competitivo para a empresa. Os colaboradores estão mais conscientes. Ampliou
120
para o âmbito familiar. Houve redução de custos por causa da redução de resíduos.
Possibilidade de ampliar exportação dos produtos.
Sim, a certificação trouxe a sistematização e conseqüente organização da empresa e sua
preocupação com a proteção ambiental (que deixou de ser esparsa).
O enriquecimento pessoal só foi possível com a certificação, segundo 5,6% das opiniões
emitidas, pois o pessoal envolvido no processo ganhou experiência e conhecimentos (Figura
36). Esses passaram a questionar mais e assumir a responsabilidade por fatos que antes
ignoravam a existência. Além disso, foram treinados e instruídos a disseminar a questão
ambiental dentro de cada área da empresa. A resposta seguinte ilustra esta firmação:
Sim, pelo crescimento da empresa e de seus funcionários. Houve um enriquecimento no que
tange à responsabilidade pra com o meio ambiente, independente de a legislação cobrar.
Estamos mais responsáveis e levamos essa visão para dentro de casa.
O conceito de melhoria contínua, instituído pela ISO 14001, deve ser a meta de toda empresa
que respeita os princípios ambientais, na opinião de 5,6% dos entrevistados. Um dos
colaboradores expôs um argumento:
“Vale! Melhoria contínua. É uma norma que estabelece um sistema muito simples
de gerenciamento, que parte de um princípio de PDCA (Plan, Do, Check, Act).
Todos os sistemas de gerenciamento das normas são baseadas no PDCA, como por
exemplo o GQT, o OSHAS. Os modelos de sistema de gestão empresarial, que são:
‘MalcolmBaldrich’ou EFQM ( European Foundation for Quality Management) ou
PNQ ( Prêmio Nacional da Qualidade), todos eles trazem um sistema baseado em
PDCA e em melhoria contínua. Então percebemos uma integração do sistema de
meio ambiente com o sistema de qualidade com o sistema de segurança e saúde
ocupacional com o sistema de controle de indicadores, dentre outros. É uma
tendência atual integrar todos esses sistemas em um só para demonstrar a
composição do sistema de gestão da empresa. O ideal seria o SGA fazer parte do
sistema de gestão empresarial”.
A responsabilidade social, tema tão presente e discutido atualmente, foi citada por 2,8% dos
entrevistados e também 2,8% das respostas são voltadas à melhoria da qualidade de vida
(Figura 36).
Também 2,8% dos entrevistados justificaram a alegação de que a certificação valeu a pena no
fato de que certificado ISO 14001 pode ser considerado um diferencial competitivo.
Interessante destacar uma das respostas apresentadas, porque expõe claramente a dificuldade
que um funcionário bem instruído e que possui uma certa consciência ambiental pode vir a
ter, trabalhando em um lugar que ainda não tenha investido em processos ‘ambientalmente
121
corretos’ e assumindo uma posição de empresa socialmente responsável. Este funcionário já
trabalha na empresa há 17 (dezessete) anos e participou de toda a transição com muito
entusiasmo, podendo fazer uma análise comparativa do “antes” e do “depois”, conforme
segue um trecho de sua entrevista:
Enquanto funcionário, pessoa e membro da comunidade ganhamos muito. Sendo um caminho
sem volta, fica mais fácil cobrar. Tendo consciência, somos muito menos questionados.
Enquanto técnico, era necessário insistir muito com os diretores toda vez sobre as questões
que nos preocupavam. Agora que já investiram no processo, melhoraram a imagem da
empresa, agregaram valor ao negócio, e sabem que ainda será necessário investir, a coisa
ficou bem mais fácil.
Ao analisar este quadro (Figura 36), o interessante é que todas as respostas apresentadas para
esta última questão reúnem, em seu conteúdo, um pouco de cada tema abordado em toda a
pesquisa realizada. Alguns entrevistados limitaram-se a dizer que haviam mencionado alguma
coisa desse assunto na pergunta ‘tal’, outros aproveitaram para colocar de forma mais extensa
e detalhada o seu ponto de vista, inclusive, acrescentando informações relevantes ao objeto
deste trabalho. Pode-se constatar isso com esse exemplo:
Sim, por todos os motivos já citados. Principalmente devido ao menor risco de impactos
ambientais, economia pra a empresa, conformidade legal, melhoria da imagem da empresa.
Pode-se exibir um documento válido de que nosso sistema funciona e de que somos
ambientalmente corretos. Só o certificado não vale, o que interessa é ter o sistema
funcionando. Temos o exemplo de algumas empresas que têm o certificado e são os alvos de
notícias relacionados aos donos ambientais por elas causados.
Ao se perguntar se todos os companheiros de trabalho pensavam da mesma maneira,
referindo-se à pergunta anterior, 100% dos entrevistados responderam que sim. Isso
demonstra a não-necessidade de pergunta de confirmação.
4.2.2 Conhecimento dos Funcionários do “Chão de Fábrica”
Foi realizada uma entrevista com os funcionários do “chão de fábrica”, em horário de
descanso e de almoço, para avaliar o conhecimento sobre a Norma ISO 14001. A escolha dos
122
funcionários abordados foi ao acaso, totalizando 94 (noventa e quatro) pessoas, mas não são
representativas da população total.
As perguntas elaboradas foram as seguintes: “Você sabe o que é ISO 14.001?”
Dos 90 indivíduos (100,0%) que responderam SIM, todos sabiam dizer que a ISO 14001 era
relacionada com o meio ambiente. Destes, apenas 15% dos entrevistados foram além, dizendo
que era uma norma que estabelecia procedimentos a serem seguidos para implantar um
sistema de gestão ambiental.
A outra pergunta foi: “Você sabe o que é IMS?”
Dos 90 indivíduos (100,0%) que responderam SIM, todos sabiam dizer que o IMS se
relaciona com a integração das normas vigentes na empresa (ISO 9001; TS 16949; OHSAS e
ISO 14001), destes, apenas 21% dos entrevistados foram além, dizendo que era uma
integração de todas as normas existentes e que numa só tacada, seriam auditados em todas
elas, o que se ganharia em tempo e dinheiro.
4.3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Muita coisa mudou no que diz respeito à elaboração de leis ambientais e seu efetivo
cumprimento. A indústria passou a perceber que é responsabilidade de todos agir de modo a
minimizar e prevenir impactos ambientais significativos, que possam causar algum dano ao
meio ambiente. Inclusive, este conceito passou a ser incluído no planejamento estratégico da
empresa. Em vários setores industriais, a introdução de ações de caráter preventivo em relação
às questões ambientais tem demonstrado que a filosofia da prevenção à poluição não somente
é uma ferramenta efetiva para um gerenciamento ambiental mais eficiente, como também traz
uma série de benefícios econômicos (VILHENA; POLITI, 2000).
Apresentadas as informações básicas e os conceitos necessários para que seja possível ordenar
as idéias e compreender a terminologia ambiental, às vezes especializada ou de introdução
recente em nosso idioma, pode-se introduzir o tema Certificação em conformidade com a
Norma ISO 14001, que é muito importante pois as normas da série ISO 14000 foram
desenvolvidas por empresários e para empresários, visando a promoção da sustentabilidade e
a facilidade de intercâmbio de mercadorias entre países.
123
Como o SGA é o conteúdo da Norma ISO 14001, foi realizado o estudo sobre os seus
requisitos legais, implementação e operação do sistema, assim como sobre as técnicas
utilizadas para avaliar os aspectos e impactos ambientais; administrar os riscos e encaminhar
as ações corretivas.
A discussão dos resultados do presente trabalho não tem a pretensão de esgotar os assuntos
aqui tratados nem se aprofundar em detalhes técnicos, que podem ser encontrados em
literatura especializada, mas ressaltar os principais aspectos encontrados.
Nas entrevistas, quando questionados sobre a conscientização e percepção dos trabalhadores
em relação à questão ambiental, todos os entrevistados diziam que se poderia sair andando
pela fábrica e perguntar para qualquer um o que é ISO 14001 ou o que é meio ambiente que
todos saberiam responder.
Resolveu-se testar. Sabe-se das dificuldades que a empresa enfrentou, pois se esse trabalho é
difícil dentro de um domicílio com poucas pessoas, o que dizer de uma empresa com cerca de
1.200 funcionários? Abordar as pessoas de uma forma que não as intimidasse tornou-se um
desafio. Observou-se que na hora da entrada e saída do almoço, todos os funcionários
(operativos diretos e indiretos) estavam mais animados e dispostos a conversar.
O contato foi de forma suave e as reações deles as mais espontâneas possíveis e, às vezes, até
engraçadas. O fator surpresa foi importante e a pergunta, quase em tom de brincadeira. Dos
94 indivíduos abordados ocasionalmente, 100% responderam, mas podem ser consideradas
indicativas de uma realidade local.
Os entrevistados queriam ver o que se estava escrevendo e se interessavam em olhar o papel.
Alguns queriam saber se tinha prêmio para quem respondesse e verificou-se que alguns
sabiam o que era, mas não sabiam que palavra usar para responder.
A grande vantagem em usar a pesquisa qualitativa é a possibilidade desse contato mais
estreito e ir além nas respostas e justificativas apresentadas, o que enriquece muito o trabalho.
Os resultados obtidos com a pesquisa (Figura 36) proporcionam um retorno gratificante ao
processo de treinamento e conscientização desses funcionários, consideradas as condições
precárias de educação e as diferenças sociais. Mas pode-se perceber que é necessário investir
mais nesse aspecto, através de campanhas periódicas e palestras; e demonstrar o quê, como e
por quê aquilo tem que ser feito.
124
É interessante destacar os motivos que levaram as empresas a buscar a certificação ambiental
em conformidade com a Norma ISO 14001, complementando com as opiniões de diretores e
da alta administração de outras empresas. Ao se comparar as respostas, percebe-se a
semelhança entre os motivos apresentados por todas as empresas certificadas.
Analisando-se as respostas, pode-se constatar que a decisão da certificação veio da direção da
empresa (top-down). A matriz está localizada na Alemanha e todas as suas unidades no país
de origem são certificadas e cumprem rigorosa política ambiental. Até por esse motivo, esta
unidade de estudo já tenha comprometimento com as questões ambientais e com padrões mais
rigorosos que os brasileiros. Um exemplo disso é a implantação da coleta seletiva em toda a
empresa, desde seu nascimento, em 1998.
Diversas empresas justificam a implementação de um SGA em conformidade com a Norma
ISO 14001 e conseqüente certificação no atendimento a diretrizes estabelecidas pela sua
matriz. É uma tendência mundial das grandes organizações considerar a Qualidade e o Meio
Ambiente como fatores críticos de sucesso e parte de um planejamento estratégico. E algumas
vezes a solicitação da matriz pode ocorrer em função dos requisitos de diferentes clientes e/ou
para remover barreiras comerciais.
“Existem diretrizes mundiais que determinam e orientam as ações das empresas do Grupo
para o desenvolvimento sustentável”.
Axel Schaefer, diretor executivo do Grupo Bayer do Brasil (Revista Meio Ambiente Industrial
2002).
Em 1998, a Nokia, empresa com matriz na Finlândia, decidiu implementar um plano
estratégico global par que todas as suas unidades fabris pudessem alcançar a certificação de
acordo com o sistema de gestão ambiental do país em que estivessem localizadas. A empresa
Siemens, de origem alemã, alinha suas ações em sintonia com o desenvolvimento sustentável,
contribuindo com o país em que se insere na busca de uma melhor qualidade de vida para as
pessoas, nos dias de hoje e no futuro. Com a empresa YKK do Brasil não é muito diferente e
segundo o seu presidente mundial, Tadashiro Yoshida, a decisão de se implantar o SGA foi
influenciada pela matriz corporativa do Japão, que determinou para as suas filiadas espalhadas
pelo mundo a certificação em conformidade com a Norma ISO 14001 até dezembro de 2003.
Ele diz:
[...] o compromisso com o meio ambiente sempre foi uma de nossas prioridades, e
reconhecemos, hoje em dia, que um dos deveres mais importantes que temos para
125
com a humanidade é a preservação do meio ambiente, tão abundantemente dotado, e
que o transferimos às próximas gerações em condições seguras.
Tadashiro Yoshida – Presidente Mundial da YKK, (Revista Meio Ambiente
Industrial 2002).
O que impulsionou a certificação, segundo 11,4% dos entrevistados (Figura 18), foram as
exigências de mercado, que passou a exigir produtos e serviços que levam em conta o aspecto
ambiental e o controle sobre os impactos causados ao ambiente, adequado o cenário para
melhor atender aos clientes, à comunidade, às demais partes interessadas e às futuras
gerações.
O SGA, fundamentado na Norma ISO 14001, possibilita o reconhecimento público, através
de certificação em conformidade com a norma ambiental, o que garante uma posição de
liderança e destaque da empresa junto ao mercado competitivo. Ela diz:
“O SGA aprimora a relação entre as atividades da empresa e o meio ambiente em processo de
melhoria contínua, estabelecendo um ciclo dinâmico”.Maria Tereza Vellano, vice-presidente
da AES Eletropaulo (Revista Meio Ambiente Industrial, 2002)
A MWM, com 40,5% de participação no mercado de produção e comercialização de motores
diesel no Brasil, considera que a gestão ambiental é, atualmente, um diferencial das empresas
e uma vantagem competitiva para aquelas, que, como ela, exportam, principalmente, para o
mercado europeu.
A imagem é uma das grandes preocupações das empresas, e a ISO 14001 proporciona uma
melhoria dessa imagem, tornando-as mais atraentes para o mercado. Acompanhado o aumento
da produção e do uso do automóvel, estão as questões relacionadas ao meio ambiente:
consumo de combustível, a poluição do ar, o ruído, o fornecimento de peças, a correta
destinação final dos resíduos por esses terceiros, entre outros (EPELBAUM; AGUIAR,
2002). Uma empresa automobilística tem um nível de poluição e utiliza materiais que podem
agredir o meio ambiente e isso chama atenção. Como um dos entrevistados explicou:
Somos produtores de veículos. A poluição chama atenção contra a empresa. Emissão de
fumaça dos veículos. Somos o líder de mercado e nos preocupamos com nossa imagem. A
preocupação com o meio ambiente tem estado em evidência atualmente. Além disso, a
empresa se preocupa com a sociedade e por essa razão se preocupa com o meio ambiente
também.
Segundo Mário Antônio Carneiro Cilento, vice-presidente executivo da Carbocloro S.A.
Indústrias Químicas, empresa do Grupo Unipar (Revista Meio Ambiente Industrial, 2002), a
126
decisão de se implementar um SGA em conformidade com a ISO 14001 veio com o intuito de
aprimorar suas diretrizes de gestão ambiental, e para reforçar ainda mais a imagem da
empresa junto à comunidade, funcionários, entre outros:
O sucesso dessa conquista contribuiu para consolidar a imagem da empresa”. Observou ainda,
“que mesmo já possuindo um SGA desde a década de 70, a certificação foi de fundamental
importância para o aprimoramento deste sistema, pois os elementos e formalidades da norma
acarretam um maior envolvimento de todos os níveis hierárquicos da empresa.
Mário Antônio Carneiro Cilento, vice-presidente executivo da Carbocloro S.A. Indústrias
Químicas, empresa do Grupo Unipar (Revista Meio Ambiente Industrial, 2002).
Os principais motivos que levam uma empresa a se decidir quanto a implantação de um
sistema de gestão ambiental, parecem ser consenso em todos os documentos consultados para
essa discussão:
Exigência por parte da matriz;
Apelo de marketing par manter ou ampliar mercados, principalmente internacionais;
Solucionar pontos vulneráveis, com o cumprimento integral das leis ambientais;
Redução dos custos e economia de recursos financeiros;
Otimização dos processos e melhora na qualidade dos serviços;
Responsabilidade social.
Infelizmente, para a maior parte das empresas, nem sempre essa decisão é baseada nos
benefícios que podem ser obtidos com um sistema de gestão ambiental implementado e em
funcionamento, como, por exemplo, a melhoria de seu sistema produtivo ou a redução de
custos. Na prática, pode-se perceber que a demanda do SGA depende de exigências externas à
empresa, especialmente advindas de clientes de grande porte ou de órgãos ambientais, ou
ainda, de fatores externos, como incentivos de órgãos governamentais ou prêmios mais baixos
de seguro (MOREIRA, 2001).
Visando a certificação ISO 14001, a empresa adotou certos procedimentos, brevemente
descritos a seguir: I. levantamento de como eram tratados os assuntos relacionados ao meio
ambiente com a criação de um Grupo Multiprofissional; II. Levantamento de aspectos e
impactos ambientais, base para a definição da política; III. Cenários de risco e definição de
prioridades; IV. Criação de rede de comunicação interna, onde cada representante de área
127
discutia o planejamento, as atividades de cada etapa e as dificuldades enfrentadas; e
finalmente intenso treinamento dos funcionários, que se repete agora às vésperas da
implantação do SGI – Sistema Integrado de Gestão, conforme quadro e prospecto divulgado
na empresa, conforme Figura 37.
Figura 37: Política de Gestão Integrada.
Fonte: DCBR de Juiz de Fora.
Uma das principais ferramentas para as organizações que buscam a certificação ou eu já
estejam certificadas é a conscientização e o envolvimento de todos os seus colaboradores no
processo. Se estes compreenderem que os procedimentos e instruções de trabalho pertencem a
quem os aplica, certamente a iniciativa será bem-sucedida. Segundo Helena Carrascosa von
Glehn, coordenadora do Projeto Pomar (que visa promover a recuperação ambiental e
paisagística das margens do Rio Pinheiros em São Paulo).
O sistema de gestão deve estar a serviço das pessoas envolvidas, e não as pessoas a serviço
dele. Este não deve representar um ônus a mais e, sim, uma ferramenta útil para o
funcionamento da organização. Esta condição só se alcança a serviço de todos. Helena
Carrascosa von Glehn, coordenadora do Projeto Pomar, Revista Meio Ambiente Industrial,
2002.
E, de acordo com Miguel Spohr, diretor-presidente da Tribel S.A.:
128
O ponto principal de um processo de certificação é a sinergia entre representantes da alta
administração e os demais colaboradores, de forma a transmitir a importância da obtenção do
certificado e tornar sua manutenção uma conseqüência, e não uma causa do sistema de gestão
da empresa. Miguel Spohr, diretor-presidente da Tribel S.A., Revista Meio Ambiente
Industrial, 2002.
O grau de conhecimento dos entrevistados foi avaliado pela descrição dos procedimentos
adotados para a implantação e obtenção da ISO 14002. Conforme estabelecido pelo item 4.4.4
da norma, “a organização deve determinar que todo o pessoal cujas tarefas possam criar um
impacto significativo sobre o meio ambiente receba treinamento apropriado”. Os resultados
obtidos mostraram o alto grau de conscientização da unidade, desde a alta administração até o
nível operacional, refletindo o grau de efetividade da implantação e um SGA em
conformidade com a Norma ISO 14001 (MOREIRA, 2002).
A mudança de abordagem das questões ambientais por parte da alta administração provocada
por uma aquisição de consciência ambiental, proporciona profundas modificações em suas
prioridades estratégicas, sendo que algumas podem alertar as atitudes e os comportamentos
dos colaboradores.
Os resultados sobre os procedimentos adotados para a implantação da certificação (Figura 18)
refletem a realidade encontrada por toda empresa que busca uma mudança. Não é suficiente o
presidente decidir, a diretoria apoiar, os gerentes e líderes operacionais adotarem o discurso
de interesse pelo assunto. São indispensáveis o comprometimento e envolvimento de todos
com a implantação do sistema, em cada uma de suas fases. Os treinamentos e as palestras de
conscientização devem ser realizados periódica e continuamente, considerando-se os
diferentes níveis sociais e educacionais dos colaboradores da empresa.
Como é difícil mudar o comportamento das pessoas! Um dos dispositivos mais importantes
da norma diz que “... a organização deve estabelecer e manter procedimentos que façam com
que seus empregados ou membros, em cada nível e função pertinente, estejam conscientes da
importância de um SGA; de suas funções e responsabilidades; e das potenciais conseqüências
da inobservância de procedimentos operacionais” (ASSOCIAÇÃO..., 1996). O que precisa ser
feito para esse trabalho de conscientização dar certo? Como mostrar para as pessoas a
importância da questão ambiental? Um sistema só poderá ser considerado implantado quando
os indivíduos estiverem treinados e conscientizados de forma a realizar as atividades com
responsabilidade ambiental.
129
Com relação aos resultados sobre a aceitação da certificação, os entrevistados ressaltaram a
importância da comunidade nos treinamentos. Educar, segundo Pelicioni (1999), é prover
situações ou experiências que estimulem a expressão potencial do homem e permitam a
formação dessa consciência crítica e reflexiva. Implica em adesão voluntária e para que se
efetive, é preciso que o sujeito social motivado incorpore os conhecimentos adquiridos, que a
partir de então, serão parte de sua vida e transferidos para a prática.
O homem é um ser em transformação e ao mesmo tempo um agente transformador de sua
realidade, sendo um grande desafio a mudança do comportamento do indivíduo e
conseqüentemente do seu entorno. Fala-se muito em meio ambiente, mas no dia-a-dia, depara-
se com cenas que confirmam que esse ainda é um conceito abstrato e distante.
As pessoas jogam lixo na rua, atiram objetos como lata de refrigerante pela janela do carro.
Então, o que se pode dizer de um funcionário de nível operacional, formado em um ambiente
que não valoriza o controle e prevenção da poluição? Ou do agente de produção ou do diretor,
pra quem o importante é produzir e apresentar resultados? (COSIPA ,1999). A única maneira
de se garantir uma mudança, sem ser de maneira impositiva, é dando continuidade aos
processos de treinamento, para que as pessoas incorporem atitudes e idéias.
Para o supervisor geral de Meio Ambiente da empresa multinacional Delphi Automotive
Systems do Brasil Ltda., Luís Tubino, os motivos do sucesso da certificação é o envolvimento
geral; a integração dos departamentos da companhia e o comprometimento de todos os
funcionários, pois, de alguma maneira, há que se ter colaboração geral no processo (Revista
Meio Ambiente Industrial, 2002).
Segundo afirma Fatmi Nassif, gerente de Processos e Controle Ambiental da Autotech do
Brasil Galvanotécnica Ltda., Revista Meio Ambiente Industrial, 2002.:
“A certificação é muito gratificante, uma vez que os funcionários e prestadores de serviços
passam a aplicar seus conhecimentos, tanto na empresa, quanto em casa, transmitindo as
informações aos familiares e à comunidade”
Ao estudar as respostas dos colaboradores que disseram ter havido uma difícil receptividade,
as justificativas são falta de conhecimento dos colaboradores; a velocidade com que todas as
informações deveriam ser absorvidas e incorporadas ao dia-a-dia de todos; resistência da alta
administração em se comprometer; e altos investimentos (Figura 32).
Após a certificação, percebe-se que as mudanças dentro da empresa foram muitas. Houve um
aumento da responsabilidade e do comprometimento com o meio ambiente, principalmente
130
com ações de caráter preventivo; gerenciamento dos riscos ambientais e redução na geração
de resíduos.
A presença de painéis ilustrativos, colocados propositadamente nas áreas de lazer e descanso
dos trabalhadores (Figura 38), foi e é uma medida adotada com bons resultados, pois desperta
o interesse e é motivo de comentários entre os mesmos.
Figura 38: Um dos painéis distribuídos pela fábrica.
Fonte: DCBR de Juiz de Fora.
A organização dos ambientes de trabalho melhorou muito, com a delimitação das áreas de
ação (faixas pintadas no chão); instalação de trilhos que automatizam a distribuição de peças
pelo percurso da linha de montagem; robotização dos processos; dentre outros. A limpeza dos
locais de trabalho é realizada pelos próprios funcionários, e, em todas as instalações da
empresa existem postos de coleta seletiva de lixo. Observou-se que esta coleta constituiu-se
em prática totalmente incorporada pelos funcionários da empresa.
De acordo com as opiniões emitidas pelos entrevistados, ainda existem comportamentos que
podem ser melhorados. Diversas ações permitem notar que os funcionários estão
incorporando a questão ambiental não só no seu trabalho, como também no seu dia-a-dia.
Exemplo disto é a reciclagem praticada, que serve de referência para outras empresas.
131
A adoção do programa japonês denominado 5S também acrescentou muito (filosofia japonesa
de “housekeeping” = manter o processo organizado) e SOL (Segurança, Organização e
Limpeza). Até os colaboradores cobram uns dos outros atitudes corretas, expandindo para o
âmbito familiar e para suas comunidades o interesse pela questão.
A Norma ISO 14001 foi redigida de forma a aplicar-se a todos os tipos e portes de
organizações e para adequar-se a diferentes condições geográficas, culturais e sociais. No
entanto, sabe-se que os investimentos necessários para a obtenção da ISO 14001 são muito
altos, nem sempre acessíveis à maioria das empresas de pequeno porte.
A busca pela certificação ISO 14001 cresceu significativamente no Brasil, aumentando de 63
para 900 empresas certificadas em cinco anos (1997 a 2002). Apesar de, no Brasil, o aumento
ter sido de 157,14% de 2001 para 2002, muitos ainda a consideram apenas uma despesa ou
um apelo de marketing, e a Figura 39 mostra o custo de não se ter um SGA.
Figura 39: Custo de um SGA
Fonte: DaimlerChrysler do Brasil Ltda.
A implantação de um SGA ainda gera dúvidas sobre as vantagens de tal investimento.
Algumas empresas concluem que fica muito mais caro não ter o sistema, face aos diversos
riscos a que estão sujeitas, como acidente ambientais, multas, remediação de passivos, danos à
imagem, barreiras comerciais, perda de competitividade, dentre outros (Figura 39). E com
certeza a visibilidade de um certificado perante as exigências de certos mercados influenciam
fortemente a decisão de muitas organizações.
Os comentários com relação à redução de custos pós-certificação devem ser motivo de
discussão, pois investir em SGA não significa apenas agregar custos ao processo, mas sim
132
colher receitas provenientes das mudanças. A empresa Bahia Sul Celulose obteve retorno de
investimento após o primeiro ano de implantação. Do segundo ano em diante, foram
significativas as reduções de custo em energia, matéria-prima, e água, entre outros
(VILHENA; POLITI, 2000).
A maioria das empresas relata a certificação como condição para exportação dos produtos.
Porém, os resultados apontaram para o fato de que a empresa em estudo encontrava-se
capacitada para exportar, por atender totalmente às exigências dos países que são o destino
dos produtos da empresa.
Com relação às dificuldades encontradas no processo, destaca-se uma das respostas
apresentadas:
Falta de comprometimento, tanto da chefia quanto dos funcionários. Mau planejamento da
implantação que teve várias mudanças de rumo durante seu percurso. Problemas internos no
grupo de implantação, como excesso de vaidade ou abuso de poder de alguns componentes,
resultando em um desperdício de tempo e energia.
Esta situação relatada poderia ter sido minimizada com medidas, tais como: elaboração de um
cronograma de implantação; destinar um bom tempo à realização de um diagnóstico o mais
próximo possível da realidade, para evitar surpresas com altos investimentos; investir em
treinamento e conscientização de todos os níveis da organização; e, assim, alcançar todos os
seus objetivos, sempre se adequando a novos processos, equipamentos, a fim de buscar
continuamente maior eficiência na proteção ambiental, visando o desenvolvimento
sustentável.
A análise dos resultados sobre legislação indicou a fragilidade, não só do conhecimento, como
do seu entendimento e aplicação, conforme explicitada na resposta:
O problema é importar as leis de outros lugares, que já aplicam a vinte anos, e querer que
funcione aqui em um curto prazo (de 2 a 3 anos). Temos que nos encaixar nas ‘regras do
jogo’. A legislação gera trabalho e um custo adicional para a empresa, mas tem que ser
cumprida.
Segundo Frederico Marques Cabral, gerente de certificação da ABNT, as principais
dificuldades encontradas pelas empresas durante a implementação da norma incluem a
identificação da legislação; o acesso às tecnologias ambientais para adequação à legislação;
investimentos necessários para esses ajustes; além de dificuldades em relacionar as atividades
133
da empresa aos impactos ambientas e legislação aplicável. (Revista Meio Ambiente Industrial,
2003).
Por outro lado, um dos pontos fortes da atual legislação ambiental brasileira é o surgimento de
leis específicas e mais restritivas. Antes, a legislação ambiental era uma barreira ao exercício
das atividades produtivas de uma empresa. Hoje, passou a ser um instrumento que, com seu
cumprimento integral, viabiliza e abre novos horizontes, e dá vida às relações da empresa com
a sociedade pelo compromisso com qualidade ambiental (VALLE, 2002). A área de
transporte, dentre os setores produtivos, é uma das que apresentam uma previsão de maior
crescimento em termos de certificação ambiental, conforme referido por Roberto Oliveira
Mendonça, técnico de Credenciamento e Auditor Líder de SGA, do INMETRO:
Os fatores que deverão alavancar o aumento do número de certificações são: a entrada em
vigor de legislação mais restritiva, como, por exemplo, a proposta de Resolução CONAMA
que estabelecerá os requisitos mínimos e o termo de referência par a realização de auditorias
ambientais, objetivando avaliar os sistemas de gestão e controle ambiental nos portos
organizados e instalações portuárias, plataformas e suas instalações de apoio e refinarias; o
projeto de Lei do Senado que instituirá a Política Nacional de Resíduos Sólidos que, em suas
diretrizes e normas também incentivará a certificação; a crescente conscientização e demanda
do mercado, internacional e nacional, por produtos e serviços ecologicamente corretos; e a
influência exercida pelas organizações já certificadas sobre seus fornecedores e clientes.
Roberto Oliveira Mendonça, técnico de Credenciamento e Auditor Líder de SGA, do
INMETRO, Revista Meio Ambiente Industrial, 2002.
Com relação à exigência e respectivo cumprimento da legislação ambiental imposta aos
fornecedores e concessionários, as auditorias ambientais podem contribuir de diversas formas.
Como exemplo tem-se o caso das montadoras de automóveis. Os fornecedores de autopeças
fabricam seus produtos com a logomarca das montadoras, e, no caso de ocorrer uma
disposição final inadequada de peças e materiais fora de especificação, o primeiro prejuízo de
imagem será da montadora. Por este motivo, aumenta o número de empresas que considera
necessário executar auditorias ambientais em seus fornecedores. Em alguns casos, exige-se
até a certificação ISO 14001 (PHILIPPI JR; AGUIAR, 2003).
A implantação do SGA em todas as suas fases, desde a implantação até a pós-certificação,
apresenta dificuldades como as anteriormente citadas, mas tamm resultados benéficos tais
como a abertura de mercado; aumento no grau de conscientização ambiental dos funcionários,
melhor preparação, por parte da empresa, frente a situações consideradas emergenciais e
134
maior conhecimento sobre os aspectos ambientais de seus fornecedores; sistematização dos
processos e responsabilidade social. Estes também foram alguns dos aspectos ressaltados por
OLIVEIRA, 2000, em estudo no setor metal-mecânico. Embora o SGA não seja a solução
para a resolução de todas as questões ambientais de uma organização, ele é uma ferramenta
muito importante para o diagnóstico e gerenciamento destas questões.
Para que o SGA mantenha a melhoria contínua, a adequação, eficácia e seu desempenho, a
alta administração da empresa deve realizar sua revisão periodicamente, uma vez que pode
haver a necessidade de a empresa adotar uma política ambiental mais agressiva ou restritiva,
decorrente de alterações na legislação; aumento de pressão no mercado; novas metodologias
ou tecnologias; de novos requisitos das partes interessadas; entre outros. O processo de
melhoria contínua exige uma busca incessante de novas oportunidades para o
aperfeiçoamento do desempenho ambiental, e, quando bem aproveitadas, podem resultar em
redução de custos operacionais (ALMEIDA, 2000).
Ao finalizar a discussão, cumpre ressaltar que, atualmente, três grandes fatores de atenção de
qualquer empresa eu busque sua sobrevivência em longo prazo são a qualidade do produto ou
do serviço – ISO 9001; controle e gerenciamento ambiental – ISO 14001; e saúde ocupacional
e segurança do trabalho – OSHAS 18001. A Norma OSHAS (Occupational Health and Safety
Assessment) foi elaborada pelo British Standards Institution e emitida em 1999, sendo
totalmente compatível com os modelos ISO 9001 e ISO 14001, possibilitando também a
obtenção de certificado.
Os três sistemas citados resultarão, em 2006 na DCBR, em um único sistema de gestão,
denominado SGI – Sistema de Gestão Integrada, que busca otimizar os procedimentos,
controles e recursos necessários ao gerenciamento de cada um desses temas*. Um SGI
proporciona agilização nas auditorias; gestão sistematizada; menor burocracia; visão
integrada; segurança ao atendimento dos requisitos legais; minimização dos fatores de risco;
diferencial competitivo; fortalecimento da imagem. A empresa objeto deste estudo está,
atualmente, se preparando para implementar o sistema de gestão integrada em sua unidade,
visando o alcance de todos esses benefícios. (*Disponível em
URL:http://www.fdg.org.br/iso14000/noticias/texto2.asp . [2003 maio 28]).
135
5 CONCLUSÕES
5.1 ASPECTOS CONCLUSIVOS
A DCBR, na implantação de processos de Gerenciamento de Meio Ambiente, realmente, se
preocupa com todo o sistema. Preocupa-se com os investimentos, sistemas de auditoria,
envolvimento de todos os níveis de colaboradores, as leis vigentes, conseqüências e
resultados.
Não mede esforços para cumprir a legislação nas suas inovações tecnológicas, e em efeito
cascata procura nivelar todos os problemas com sua população na empresa. Mantém um
canal direto para discutir com a matriz todos os problemas que possam afetar a imagem e
posição do grupo em geral, perante a opinião pública.
É quase uma obrigação essa sintonia no atendimento às leis vigente nos países onde está
localizada.
Pode-se afirmar que se esforça também para minimizar a situação do desperdício na empresa,
configurados nos chamados 3 Rs; REDUZIR, REUTILIZAR e RECICLAR.
Para determinar se as inovações alcançarão sucesso no mercado, o teste definitivo deve ser:
“Será que elas realmente melhoram a qualidade de vida em geral?” Se o público consumidor
cada vez mais fizer essa pergunta a si próprio e receber respostas satisfatórias nos produtos e
serviços que encontra no mercado, a sociedade estará em trajetória mais sustentável.
5.2 DISCUSSÃO SOBRE AS QUESTÕES PROPOSTAS
A primeira pergunta proposta buscava levantar “o grau de comprometimento dos envolvidos
durante o processo de implantação e a realidade nas re-certificações anuais”.
136
Neste aspecto, uma certificação ISO 14001 (englobando desde a decisão da empresa em
implantar um SGA em conformidade com a norma até fase pós-certificação, que é o momento
que a própria empresa deve fazer uma análise de como está funcionando seu sistema e se
alguma ação corretiva se faz necessária) realmente melhora a qualidade de vida em geral.
Reflete resultados positivos na vida das pessoas que lá trabalham, na vida da comunidade
local e em seu próprio funcionamento.
Como subsídio ao processo de discussão, foi elaborado um estudo de caso de forma a
possibilitar o processo de interação com todos os envolvidos em um processo de certificação,
e, desta forma, detectar as dificuldades encontradas nesse processo e meios para superá-las.
O método empregado para obtenção dos resultados mostrou-se adequado. Com a aplicação do
questionário e a permissão para as entrevistas e, posteriormente, sua transcrição, foi possível
analisar todas as respostas com cuidado, o eu agregou conhecimento ao estudo.
Uma função adicional da auditoria ambiental está no planejamento, no “benchmarking” e na
coleta de informações. A preocupação com o nível de implementação de uma política ou
norma ambiental, a comparação com as melhores práticas industriais e os níveis internos de
conscientização são motivadores típicos desta categoria de auditoria ambiental.
Duas frases bastante conhecidas entre os gerentes e diretores de empresas são: “Só se controla
aquilo que se mede” e “Medir é saber, o resto é acreditar”.
Do ponto de vista ambiental, as frases são bastante verdadeiras, onde o conhecimento é
fundamental para a tomada de decisão. Um processo de auditoria ambiental auxilia no
acompanhamento das informações e na verificação da confiabilidade das mesmas,
possibilitando uma melhor definição das metas estratégicas em alinhamento com a visão e
missão da empresa.
Ao se avaliar o processo da certificação ISO 14001, quanto à pergunta “se a obtenção da
certificação ISO 14001 em empresas multinacionais é facilitada pelas partes (auditado /
auditor)”, constatou-se a necessidade de dividi-la em quatro fases: implantação;
implementação; certificação; e pós-certificação. Na fase da implantação, foram avaliados e
discutidos todos os fatores que podem motivar uma empresa a buscar a certificação; verificou-
se a necessidade da contratação de uma consultoria idônea para dar assessoria durante todo o
processo; e fez-se um levantamento de todos os investimentos necessários.
137
Na fase da implementação, avaliou-se a aceitação da alta administração e dos funcionários
quanto aos procedimentos especificados na norma, onde foi possível notar a barreira que as
pessoas tem contra mudanças ocorridas dentro da empresa com o SGA em funcionamento.
Na fase de certificação, avaliou-se o grau de conhecimento, comprometimento e
envolvimento dos entrevistados com relação a todo esse processo e também em relação à
atual legislação ambiental brasileira.
Conclui-se, com os resultados obtidos, que a empresa em estudo, após quatro anos da
certificação, identificou seus pontos fracos, e descobriu como e onde precisa melhorar;
destacou seus maiores acertos, utilizando-os de forma a incentivar a continuidade do processo
e estimular a adoção de novas práticas; incorporou definitivamente a variável ambiental na
condução de seus negócios; convenceu a alta administração e a matriz a investirem mais em
meio ambiente, porque o retorno é garantido e firma a empresa na trajetória do
desenvolvimento sustentável; conscientizou-se que a manutenção do certificado passa a ser
um desafio ainda maior, conforme anexo E.
Independentemente que a auditoria ambiental seja realizada de modo voluntário ou por
atendimento a requisitos legais, os resultados provenientes das auditorias podem possibilitar
alguns ganhos competitivos para o negócio, desde que se entenda o seu processo como uma
oportunidade para a melhoria contínua.
Assim sendo, as auditorias ambientais, além do seu objetivo primário, podem ser utilizadas,
dentre outros objetos indiretos, para:
-Preparar uma empresa para vistoria a ser realizada pelo órgão ambiental;
-Verificar o atendimento aos requisitos legais e as condicionantes da Licença
Ambiental, facilitando a sua renovação;
-Identificar perdas durante o processo produtivo e otimizar processos;
-Atestar as informações ambientais quanto a sua confiabilidade;
-Permitir negociações com valores menores em apólices de seguros;
-Viabilizar linhas de crédito;
-Definir parcerias e fornecedores;
-Identificar passivos ambientais antes da aquisição de uma empresa.
138
Neste aspecto, a ISO 14001 deve ser o resultado da existência de harmonia entre todas as
facetas que compõem o ser humano e o meio onde ele vive. Construir um meio ambiente
equilibrado é resultado da ação de todos os habitantes do planeta, assim, fica aqui um convite
a todos os interessados para o estudo do tema ambiental.
O grupo objeto do estudo de caso apresentado nesta dissertação investiu mais de €1.6 bilhões
em proteção ambiental no ano de 2004, investimento superior em relação ao ano anterior
(€1.5 bilhões). Na DCBR o investimento anual é de cerca de R$ 400.000 por ano, na busca da
sustentabilidade, materiais alternativos e recicláveis e em motores menos poluentes, e
demonstra claramente que para a empresa o importante é ter muito claro que se deve
prosseguir buscando constantemente a melhoria de produtos e processos incentivando os
parceiros, clientes e fornecedores a seguirem o mesmo caminho de excelência.
Como reforço da filosofia na empresa, apresentamos:
Da carruagem movida sem a necessidade de cavalos de Karl Benz, até o Mercedes-Benz
Classe B, movido a células de combustível, a inovação é a chave para uma melhor proteção
ambiental”, conforme Prof. Dr. Herbert Kohler, Research, Body and Powertrain (RPB), Chief
Environmental Officer.
5.3 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS
Para futuros temas de pesquisa têm-se as seguintes sugestões:
- Os resultados apresentados refletem a situação de uma empresa multinacional
certificada com a ISO 14001, de baixo “turn-over”. Recomenda-se que se façam
estudos equivalentes em empresas onde exista alta rotatividade da mão de obra, pois
os resultados deverão ser diferentes.
- Sugere-se o aprofundamento do modelo, de tal forma a contemplar a ponderação dos
impactos ambientais associados aos parâmetros identificados no processo produtivo.
- Sugere-se a elaboração de procedimentos para consideração das oportunidades de
melhorias detectadas na aplicação do presente modelo, para o desenvolvimento de
produtos, com melhor performance ambiental.
139
- Sugere-se o estudo de identificação de impactos ambientais associados a processos
de fabricação de produtos, tendo em vista a alteração de algumas variáveis
específicas deste processo tais como: tipo de matéria-prima, emprego de
determinada tecnologia para produtos de mesma função, ou mesmo idêntica.
- Admitindo o conceito de eco-eficiência, cabe um estudo relacionando a performance
ambiental do produto e os custos da “não-qualidade ambiental”, associando a isso os
custos para tratamento de efluentes, custo de energia elétrica e energia térmica e
custos com matéria-prima e insumos.
- Ainda, como sugestão de trabalho futuro, pode-se desenvolver a proposta alternativa
que conduza à dinâmica da produção mais limpa (P + L) dos programas de gestão
ambiental na empresa.
Espera-se, desta forma, que esta dissertação tenha cumprido seu objetivo inicial e que
contribua para o aprimoramento das discussões que envolvem a questão ambiental
empresarial em nosso País.
140
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SALLES, R. Auditoria ambiental e seus aspectos jurídicos. São Paulo: LTr; 2001.
SANCHES, LE. Desengenharia: o passivo ambiental na desativação de empreendimentos
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SÃO PAULO. (Estado). Secretaria de Estado de Meio Ambiente. ISO 14001: série
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146
SÃO PAULO. (Estado). Secretaria de Estado do Meio Ambiente. BRASIL’92: perfil
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SÃO PAULO. (Estado). Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Legislação estadual:
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Documentos).
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1995.
SILVA, M.M.P. Curso sobre normas ambientais ISO 14000. OAB/CE Comissão do Meio
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SOARES, G.F.S. Direito internacional do meio ambiente: emergência, obrigações e
responsabilidades. São Paulo: Atlas, 2001.
SOARES, GFS. A proteção internacional do meio ambiente. Barueri: Manole; 2003.
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Environmental management systems. [serial online] Available from < URL:
http://www.epa.gov/ems/index.htm> [2003 mar 17].
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Pioneira; 1995.
VALLE, C.E. Qualidade ambiental: ISO 14000. 4. ed. São Paulo: Editoria SENAC São
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YIN, Robert K. Estudos de caso: planejamento e métodos. Trad. Daniel Grassi - 2.ed. - Porto
Alegre : Bookman, 2001
147
ANEXOS
148
ANEXO A – Consolidação das informações das empresas
B) Pesquisas apenas com funcionários do Chão de Fábrica:
Pesquisa apenas com funcionários do "Chão de Fábrica":
1) Você sabe o que é ISO 14001?
Nome Sim Não
2) Você sabe o que é IMS?
Nome Sim Não
O objetivo é receber do Chão de Fábrica um feedback sobre seu conhecimento dessa norma.
Para esse nível, a pesquisa é direta e simples.
OBRIGADO PELA PARTICIPAÇÃO ! Será apresentado, numa oportunidade, o resultado ao
Corpo Gerencial dessa unidade.
149
ANEXO B - Pesquisa: Avaliação da Certificação ISO 14001: Estudo de Caso
Identificação
Nome.........................................................................................................................
Gênero: Masculino......... Feminino.......... Nascimento:............/............/..............
Escolaridade:............................................................................................................
Formação Universitária:..........................................................................................
Setor de Trabalho:....................................................................................................
Tempo de Empresa:..................................................................................................
Trabalha ou trabalhou na Área Ambiental?
Sim: Desde quando?....................... Não: Quando voltou?......................
Telefone para contato:.............................................................................................
e-mail:........................................................................................................................
1- Por que a Empresa buscou a implementação da certificação ISO 14001?
2- Quais foram os procedimentos adotados para a implementação da certificação?
3- Quais foram os serviços contratados para implementar a certificação? (SOMENTE PARA
A DIRETORIA)
Consultoria:.......................................
Treinamento:........................................
Outros:.....................................................
3.1- Investimentos em gestão ambiental: Ano a ano durante e após a certificação, até 2006
(SOMENTE PARA A DIRETORIA)
4- Como foi a aceitação da implementação da ISO 14001 dentro da empresa?
Em nível de diretoria (SOMENTE PARA A DIRETORIA)
Em Nível de funcionários (PARA A DIRETORIA E GERENTES)
5- Na opinião do(a) Senhor(a), houve alguma mudança dentro da empresa após a certificação
em 2001?
Sim: Quais?...........................................................................
Não. Por quê?.......................................................................
Não sei.
150
(Se responder "Não sei", estimular com relação a melhorias no ambiente de trabalho, aumento
de produtividade, ascensão na carreira, mudança do comportamento do funcionário (aspectos
com relação aos funcionários))
6- Na opinião do Senhor(a), houve mudança de comportamento na empresa, com relação às
questões ambientais, após a certificação?
Sim: Quais?.......................................................................
Não. Por quê?...................................................................
Não sei
(Caso já tenha abordado o tema ambiental na 5a. questão, pular diretamente para a sétima
questão. "Mudança de Comportamento" = percepção, busca de soluções, conscientização,
etc.)
7- Com a certificação, quais destes resultados foram alcançados pela empresa? Leia cada
item:
7.1 Sim Não Não sei
Agregar valor ao negócio
Reduzir custos
Economizar recursos financeiros
Por que?............................................................
7.2 Sim Não Não sei
Eliminar riscos de novas e futuras
vulnerabilidades legais
Por que?............................................................
7.3 Sim Não Não sei
Gerenciar com maior eficácia as questões
ambientais
Melhorar qualidade de vida
Por que?............................................................
7.4 Sim Não Não sei
Obter maior vantagem competitiva
sustentável
Oportunidades de participação em futuros
negócios
Por que?............................................................
7.5 Sim Não Não sei
Melhoria da imagem da empresa
Por que?............................................................
7.6 Sim Não Não sei
Maior conscientização e percepção dos
trabalhadores em relação à questão ambiental
Por que?............................................................
151
8- Um dos aspectos importantes para a certificação é a possibilidade de abrir ou ampliar
mercado para exportação. O/A Senhor(a) acredita que a certificação obtida trouxe
modificações nesse sentido?
Sim: ..............Não. ................Não sei................
Por quê?....................................................................................................
9- Quais as principais dificuldades e conflitos encontrados no processo?
............................................................................................................................
10- O processo de licenciamento ambiental no Estado de Minas Gerais exige a renovação
periódica das licenças. Na sua opinião, a existência da certificação trará facilidades para a
empresa nesse processo?
Sim: ..............Não. .................Não sei..............................................................
Por quê?....................................................................................................
11- Decorridos quatro anos da certificação, na sua opinião qual foi o principal benefício e/ou
mudança ocorrida na empresa?
............................................................................................................................
12- A atual legislação ambiental atende aos interesses da empresa?
Sim: ...............Não. ...................Não sei.........................
Por quê?....................................................................................................
(Política nacional de meio ambiente, Política nacional de recursos hídricos, Lei 9605/98,
Resoluções CONAMA; Decretos e Portarias, etc. (legislação federal e estadual)
13- Qual a sua opinião sobre as exigências e respectivo cumprimento da legislação ambiental
imposta aos terceiros (fornecedores e concessionários)
.............................................................................................................................
14- O(A) Senhor(a) considera que valeu a pena a certificação? Por quê?
.............................................................................................................................
15- E seus companheiros, o que acham?
..........................................................................................................................
16- Você tem conhecimento da gestão de resíduos na empresa?
Sim: ......................................................................
Não. ...................................................................
Não sei..............................................................
Por quê?....................................................................................................
17- A dinâmica da Produção mais Limpa (P+L) está inserida nos programas de gestão
ambiental na empresa?
Sim: ..................Não. ...................Não sei....................
Por quê?....................................................................................................
18- A implantação do Sistema Integrado de Gestão é de seu pleno conhecimento?
Sim: ....... Não. ...........Não sei..............................................................
Quais as vantagens?........................................................................................
152
19- A DCBR JdF é referência em SGA perante os seus colegas de outras empresas?
Sim: ....... Não. ...........Não sei..............................................................
Por quê?....................................................................................................
153
ANEXO C - Certificado ISO 14001 de 2005
154
ANEXO D - Organograma de Meio Ambiente da DC
155
ANEXO E - Pontos de Amostragens da DCBR JdF
Compromissos Ambientais na DCBR - Juiz de Fora
156
ANEXO F - Licença de Operação da DCBR – Juiz de Fora
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