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Esse modo de ver o meio ambiente é conseqüência da visão de mundo da sociedade industrial,
denominada hoje de “sociedade globalizada”. Boff apud Abreu (2001) ao analisar a
concepção de desenvolvimento corrente e o paradigma que o sustenta, assim se refere:
Se levarmos avante este nosso sentido de ser e se dermos livre curso à lógica de
nossa máquina produtivista, poderemos chegar a efeitos irreversíveis para a natureza
e para a vida humana: desertificação (cada ano terras férteis, equivalentes à
superfície do estado do Rio de Janeiro, ficam desérticas); desflorestamento: 42% das
florestas tropicais já foram destruídas, o aquecimento da Terra e as chuvas ácidas
podem dizimar a floresta mais importante para o sistema-Terra, a floresta boreal
(seis bilhões de hectares); superpopulação: em 1990 éramos 5,2 bilhões de pessoas
com um crescimento de 3-4% ao ano, enquanto a produção dos alimentos aumenta
somente 1,3%. E apontam no horizonte ainda outras conseqüências funestas para o
sistema-Terra como eventuais conflitos generalizados em conseqüências das
desigualdades sociais ao nível planetário. (BOFF, 2000, apud ABREU, 2001, p. 44).
Neste aspecto, em função do crescimento das exigências por parte da sociedade de melhores
condições de vida, melhores produtos e serviços e dos mercados cada vez mais globalizados,
que exigem constantes mudanças nos estilos organizacionais de produção, as empresas, em
geral, estão tomando medidas para reduzir seu impacto ambiental e social.
Associado a essas questões há também a busca pela competitividade e pela permanência no
mercado (“sobrevivência”) que impõe mudança na forma de gerenciar a organização,
exigindo também projetos que visem à promoção do desenvolvimento sustentável, como uma
alternativa para uma vida social com mais qualidade.
Neder (apud ABREU, 2001), em sua pesquisa, mostra que, no geral, as condutas empresariais
no Brasil são ainda tipicamente reativas, sendo resposta às pressões da sociedade ou de
autoridades ambientais, desaparecendo ao serem executadas medidas corretivas, muitas vezes,
para resolver problemas localizados (“apagar incêndios”). No entanto, essa situação apresenta
uma clara tendência de mudança no setor empresarial, pois os obriga a rever suas políticas e
suas práticas, assumindo uma postura mais receptiva com o trato das questões ambientais.
Independente da quantidade acredita-se ser significativa a emergência de organizações que,
apesar de terem seus sistemas de gerenciamento e controle da poluição, surgidas dessa forma,
hoje compreendem a necessidade política de rever práticas e elaborar um programa político-
institucional para toda a organização, coerente com a problemática sócio-ambiental brasileira.
A dissertação aqui proposta mostrará que a inserção da temática ambiental na indústria se deu
a partir do aumento da complexidade dos riscos sócio-ambientais e, também, da aproximação
da proposta de desenvolvimento sustentável ao setor empresarial. A partir de então, os
empresários passaram a se preocupar com a proteção ambiental, não mais apenas como