RESUMO
O objetivo do estudo foi verificar a ação da homocisteína (HC) e do ácido fólico (AF), isoladamente
e em conjunto, no desenvolvimento embrionário, com ênfase no padrão morfológico, neurulação e
estrutura organizacional do telencéfalo (TEL) e medula espinhal embrionária (ME); para tanto,
utilizamos o modelo de Gallus domesticus. Foram constituídos 5 grupos experimentais: 2 controles
– Controle Fechado (GC1) e Controle Salina (GC2) – e 3 tratados – HC (G3), HC e AF (G4) e AF
(G5), cada um com N=10. Ovos fertilizados foram numerados, pesados e incubados em estufa
apropriada (38°C e 65% de umidade). Após 32 horas (8-9HH), foram retirados da estufa e efetuou-
se uma abertura na face superior mediana do ovo (1,5cm de diâmetro). Esta permitiu a
visualização do embrião e o tratamento: 25µl de salina (GC2), 10µmol de D,L-HC/25µl de salina
(G3), 0,5µg de AF+10µmol de D,L-HC/25µl de salina (G4) e 0,5µg de AF/25µl de salina (G5).
Concluída a manipulação, a abertura era fechada com filme PVC atóxico e o ovo recolocado na
estufa. O GC1 não foi submetido aos procedimentos de abertura e tratamento. Após 96 horas (23-
25HH), os embriões foram dessensibilizados à 4°C e posteriormente analisados ao
estereomicroscópio, para detecção de alterações do padrão morfológico, determinação do estágio
de desenvolvimento (HH) e mensuração cefálica e corporal (14, 20 e 30X). Em seguida, foram
fixados em formol 10% (24h) e conservados em etanol 70%, tendo a massa corporal aferida após 5
dias. A região cefálica e truncal dos embriões foi preparada para microscopia, e os cortes (8µm)
foram submetidos às técnicas de hematoxilina-eosina (HE), para descrição geral e posterior
morfometria das camadas celulares do TEL e ME, e quantificação celular da notocorda e
mesoderma apical à ME; técnica de Hoescht (33258), para evidenciar células em apoptose; e
técnicas imuno-histoquímicas, para localizar dos filamentos intermediários vimentina e GFAP. A
partir da análise estereomicroscópica, foi possível identificar que a porcentagem de embriões que
apresentaram padrão morfológico normal foi de 100% em GC1 e GC2, e de 70% em G5. Já em G3
e G4 a porcentagem foi de 20 e 30%, respectivamente, e a diferença significativa entre estes dois
e os demais grupos. Através da análise morfométrica realizada nos embriões, observamos que os
grupos GC1 e GC2, geralmente, apresentaram valores médios superiores aos demais grupos
tratados, com exceção de G5, que exibiu médias semelhantes a dos grupos controle. Em
contrapartida, G3 exibiu quase sempre as menores médias, embora as diferenças não fossem
significativas. Comportamento semelhante foi apresentado, quanto à morfometria das camadas
celulares – ventricular e do manto –, tanto do TEL, quanto da ME. A espessura média destas
camadas, foi, quase sempre, significativamente superior nos grupos controle em comparação aos
grupos G3 e G4. Os cortes da região truncal exibiram abertura da região apical da ME – G4 –
acompanhada de falha na fusão do mesoderma apical à ME – G3. Através das técnicas imuno-
histoquímicas, foi possível identificar diferenças na intensidade e localização dos filamentos
intermediários vimentina e GFAP, tanto no TEL quanto na ME e adjacências, entre os grupos
controle (GC1 e GC2) e tratados (G3, G4 e G5). Com relação à apoptose, foi possível evidenciá-la,
no TEL e ME, somente em G4. Portanto, o tratamento com HC (G3) foi o que mais interferiu, tanto
no padrão morfológico, quanto na estrutura organizacional do TEL e ME. Já o tratamento com AF
(G5) não interferiu, de forma significativa, nestes mesmos parâmetros. E o AF, administrado
concomitantemente com a HC (G4), não foi capaz de anular os efeitos nocivos desta substância,
provavelmente, em decorrência da imaturidade metabólica dos embriões.
Palavras-chave: homocisteína, ácido fólico, embriões de Gallus domesticus, padrão morfológico,
telencéfalo, medula espinhal.