Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
ADRIANA LEITE
AVALIAÇÃO DOS HÁBITOS DA PRÁTICA DE ATIVIDADE
FÍSICA EM PACIENTES APÓS TRATAMENTO CIRÚRGICO
DE EPILEPSIA
Mogi das Cruzes, SP
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
ADRIANA LEITE
AVALIAÇÃO DOS HÁBITOS DA PRÁTICA DE ATIVIDADE
FÍSICA EM PACIENTES APÓS TRATAMENTO CIRÚRGICO
DE EPILEPSIA
Orientador: Profº. Drº. Ricardo Mário Arida
Mogi das Cruzes, SP
2006
Dissertação apresentada à Universidade de
Mogi das Cruzes, como exigência parcial para
obtenção do título de Mestre em Engenharia
Biomédica.
ads:
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho, primeiramente Àquele que é digno de toda a honra e de todo o
louvor! Aos meus queridos pais, avô Góis e a minha irmã Fabiana, que são a razão do meu
existir.
Durante todo este tempo Ele tem me sustentado em suas fortes mãos, me fortalecido
para que eu consiga ultrapassar os meus próprios limites, me concedido toda sabedoria para
que eu pudesse chegar até aqui, preparado pessoas que me ajudaram durante toda a execução
deste trabalho e cuidado das maiores riquezas da minha vida, a minha família.
Em meio a tantas pessoas desse mundo Ele escolheu o homem mais digno e carinhoso,
a mulher mais dedicada e amorosa para serem os meus pais, que fizeram de mim tudo que sou
hoje e os responsáveis por eu ter conhecido esse Deus maravilhoso e único.
AGRADECIMENTOS
Agradeço em especial ao professor Ricardo Mário Arida, que me orientou e
disponibilizou todos os seus conhecimentos e experiências para a execução deste trabalho.
Manteve-se ao meu lado em todos os momentos, sanando as minhas dúvidas, despertando em
mim a responsabilidade e seriedade que precisei para tornar-me uma pesquisadora.
No decorrer de todo esse tempo conheci pessoas que tornaram-se indispensáveis para
que eu chegasse até aqui, o Profº Dr. Fúlvio Alexandre Scorza e a Profª Drª Marli de
Albuquerque são exemplos fidedignos disso.
Aos coordenadores do curso de Mestrado em Engenharia Biomédica da UMC, Profª
Drª Annie France Frére Slaets e Profº Jean Jacques Bonvent pelo apoio, dedicação e
orientação.
Agradeço também a toda equipe médica do setor de neurocirurgia do Hospital
Brigadeiro que ofereceu toda a infra-estrutura que precisei durante a coleta de dados.
Aos funcionários, estagiários e técnicos do NPT: Fabiane, Teresinha e Wagner por
serem tão prestativos, amigos e tornar possível o nosso trabalho.
Foi fácil trabalhar ao lado de pessoas determinadas e que tornaram-se grandes amigos.
Obrigada Jaque, Mônica, Cássia, Rude, Serginho, Falconi, Helinho, Márcio, Alessandro,
Fernando, Eliza, Leandro, Fabiano, Gabi, Nana e João, por compartilharmos conhecimentos
diversificados, idéias, almoços e tardes maravilhosas.
Aninha, Carla e Cássia, vocês participaram de um modo especial no meu trabalho e
na minha vida.
Não posso deixar de falar do Bruno, do Terige e do Duda, sem os quais seria
impossível finalizar este estudo, que inúmeras vezes deixaram seus afazeres e pacientemente
ajudaram-me. Agradeço também a minha tia Sueli que de forma tão prestativa revisou este
trabalho.
Meus agradecimentos estendem-se também aos pacientes sem os quais esta pesquisa
não aconteceria.
A CAPES pelo apoio financeiro.
A todos que direta ou indiretamente apoiaram este trabalho.
Obrigada a todos!
A autora
“Ainda que eu tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os
mistérios e toda a ciência ... mas não tivesse amor eu nada seria”.
I Coríntios 13:2
RESUMO
O tratamento cirúrgico de epilepsia promove um efetivo controle sobre as crises
epilépticas na maioria dos pacientes com uma significativa melhora na sua qualidade de vida.
Estudos recentes sugerem que a prática regular de exercício físico é essencial para se adotar
um estilo de vida saudável. Nesse sentido o objetivo do nosso estudo foi avaliar os hábitos da
prática de atividade física em pacientes após tratamento cirúrgico de epilepsia. Participaram
deste estudo 102 pacientes de ambos os sexos (idades médias de 38,7 ± 9,95 anos; 53
mulheres e 49 homens). A idade média do inicio das crises foi de 12,7 ± 7,63 anos e a idade
média desses pacientes na cirurgia foi de 34,04 ± 10,38 anos. Com relação ao tipo de
epilepsia, todas eram de origem sintomática; 76% dos pacientes relataram ter crises muito
freqüentes antes da cirurgia e depois somente 10%; ainda 47% dos avaliados relataram não ter
tido mais nenhuma crise depois do procedimento cirúrgico. Tanto antes como depois da
cirurgia cerca de metade dos avaliados praticavam atividade física. Após a cirurgia, 30% dos
indivíduos foram considerados ativos, desses, apenas 18% eram supervisionados e/ou
orientados por um educador físico durante a prática do exercício. Dos que se exercitavam, a
maioria havia se envolvido com atividade física mais de um ano. Cinco por cento foram
desaconselhados a praticarem exercícios físicos por médicos e 17% por familiares e/ou
amigos após a cirurgia. Houve uma diminuição significativa da freqüência das crises
epilépticas durante o exercício físico (antes - 40%; depois - 11%) após a cirurgia de epilepsia,
neste grupo de pacientes estudados. Portanto, nossos resultados sugerem que uma redução da
freqüência de crises epilépticas após a cirurgia de epilepsia não promove mudanças nos
hábitos da prática de atividade física.
Palavra-chave: epilepsia, cirurgia, atividade física, qualidade de vida.
ABSTRACT
The surgical treatment of epilepsy promotes an effective control on the epileptic
seizures in the majority of the patients resulting in a significant improvement in their quality
of life. Recent studies suggest that regular physical exercise is essential to a healthful style of
life. In this way, the objective of our study was to evaluate physical exercise habits in patients
after the surgical treatment of epilepsy. A hundred and two patients with epilepsy participated
in this study (mean age of 38,8 + 9,9 years; 53 women and 49 men). The mean age of seizure
onset was 12,7 + 7,6 years and the mean age of these patients in the surgery was 34,04 + 10,4
years. All patients presented symptomatic epilepsy. Seventy six per cent presented very
frequent seizures before the surgery and only 10% presented seizures after surgery; 47% were
seizure free after the surgical procedure. Before and after surgery more than a half of the
patients practiced physical exercise. After surgery, 70% of them did not believe that the
exercise could precipitate epileptic seizures. Thus, 30% of the individuals had been
considered active after surgery, and only 18% of them had exercise supervision. From all who
exercised regularly, the majority had been engaged in physical activities for at least one year.
Five percent had been discouraged by physicians and 17% by parents and/or friends to
practice physical exercise. A significant reduction of seizures during exercise was observed
after surgery (before - 40% after - 11%). Our data suggest that the reduction in seizure
frequency after epilepsy surgery does not alter patient’s physical activity habits.
Key- word: epilepsy, surgery, physical activity, quality of life.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Aspectos gerais relacionados à epilepsia antes e depois da cirurgia ........................26
Tabela 2. Droga antiepiléptica e tipos de tratamento farmacológico antes e depois da
cirurgia de epilepsia.................................................................................................27
Tabela 3. Aspectos relacionados às atividades de vida diária antes e depois da cirurgia de
epilepsia...................................................................................................................29
Tabela 4. Aspectos gerais relacionados à atividade física antes e depois da cirurgia de
epilepsia...................................................................................................................31
Tabela 5. Aspectos específicos relacionados à epilepsia e atividade física antes e depois da
cirurgia.....................................................................................................................33
LISTA DE FIGURAS
Gráfico 1: Crises epilépticas durante a prática de atividade física antes e depois da cirurgia
de epilepsia ..............................................................................................................34
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 11
1.1 Epilepsia ...................................................................................................... 11
1.2 Epilepsia do Lobo Temporal ........................................................................ 14
1.3 Epilepsia e Atividade Física ......................................................................... 15
1.4 Qualidade de vida e Epilepsia...................................................................... 18
1.5 Qualidade de vida após Tratamento Cirúrgico de Epilepsia ........................ 20
2 JUSTIFICATIVA...................................................................................................... 22
3 OBJETIVO .............................................................................................................. 23
4 METODOLOGIA ..................................................................................................... 24
5 RESULTADOS........................................................................................................ 25
5.1 Aspectos Gerais Relacionados à Epilepsia antes e depois da Cirurgia....... 25
5.2 Aspectos relacionados às Atividades de vida diária antes e depois da
Cirurgia de Epilepsia............................................................................................... 28
5.3 Aspectos Gerais relacionados à Atividade Física antes e depois da Cirurgia
de Epilepsia ............................................................................................................ 30
5.4 Aspectos Específicos relacionados à Atividade Física antes e depois da
Cirurgia de Epilepsia............................................................................................... 32
6 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO................................................................................ 35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 38
ANEXOS .................................................................................................................... 44
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 Epilepsia
Desde os tempos mais remotos a epilepsia tem intrigado a humanidade. O caráter ictal,
as manifestações convulsivas, a perda do controle volitivo e o desconhecimento por parte do
paciente de todo o ocorrido durante o evento convulsivo suscitavam explicações mágicas.
Inicialmente, as explicações das crises epilépticas tiveram como base a possessão do paciente
por deuses ou demônios. Essa visão religiosa foi, em parte, responsável pelo estigma e
preconceito que os pacientes com epilepsia sofreram e continuam sofrendo nos dias atuais.
Somente no século XIX, com os trabalhos de Sommer, foi possível correlacionar as crises
convulsivas com lesões localizadas no Sistema Nervoso Central (SNC).
Em função de suas características fisiopatogênicas, as epilepsias acometem os
indivíduos independentemente de aspectos étnicos, climáticos ou regionais. No entanto, em
decorrência de sua alta incidência e prevalência, provocam grandes repercussões nos aspectos
sócio-econômicos (OSUNTOKUN et al., 1987).
Existe uma grande variabilidade nos índices de prevalência e incidência das epilepsias
encontradas na literatura, sendo que essas variações resultam de problemas metodológicos
durante as investigações (HAUSER; KURLAND, 1975). A Organização Mundial da Saúde
(OMS) estima que 1% da população mundial, algo em torno de 50 milhões de pessoas, seja
portadora de epilepsia. No Brasil, acredita-se que cerca de 1 a 1,5% da população tenha
epilepsia. Nos países em desenvolvimento, 60 a 90% das pessoas com epilepsia não recebem
nenhum tipo de tratamento (SARMENTO; MINAYO, 2000).
As epilepsias continuam sendo um problema de saúde pública maior nos países em
desenvolvimento, os dados disponíveis indicam que a prevalência em países da África,
América Latina e Ásia chegam a ser de quatro a cinco vezes maiores que em países
industrializados (OMS, 1978). Essa constatação é altamente preocupante, uma vez que esses
países enfrentam grandes dificuldades econômicas e têm baixo investimento em áreas sociais
aliadas a um alto grau de subemprego e desemprego.
A alta incidência das epilepsias nos países em desenvolvimento é decorrente da
deficiente assistência pré-natal e maternal, alto índice de prematuridade, desnutrição, traumas
12
durante o parto, convulsões febris na infância e de infecções, particularmente as decorrentes
de parasitismo (FERNANDES et al., 1992).
Fisher et al. (2005), definiu epilepsia como uma desordem do cérebro, caracterizada
por predisposição em gerar crises epilépticas, sendo estas causadoras de condições
neurobiológicas, cognitivas, fisiológicas e sociais. O diagnóstico de epilepsia requer a
ocorrência de, no mínimo, uma crise epiléptica.
As crises epilépticas são caracterizadas como fenômenos clínicos transitórios,
decorrentes da descarga excessiva e sincronizada da rede neuronal. Essas crises podem surgir
espontaneamente ou serem desencadeadas por situações diversas como: febre, distúrbio
eletrolítico, intoxicação, alterações vasculares e outras. É importante que se faça um
diagnóstico diferencial a fim de separar a crise “não epiléptica" como, por exemplo, as
decorrentes de eletrochoques, convulsionantes químicos, estados metabólicos alterados e
outros, da crise "epiléptica" que ocorre sem indução aparente (McNAMARA, 1994).
As manifestações clínicas apresentadas pelos pacientes durante as crises epilépticas
dependem das regiões cerebrais envolvidas, podendo o paciente apresentar desde um simples
sinal motor focal até crises generalizadas. Nesse caso, o paciente perde a consciência e
apresenta atividade motora intensa acometendo toda a musculatura estriada (PEDLEY et al.,
1997).
Existem muitos tipos de crises epilépticas, cada uma com alterações comportamentais
e distúrbios eletrofisiológicos característicos que podem ser detectados nos traçados do EEG
(eletroencéfalograma). Inúmeros fatores interferem nas características que cada crise
epiléptica apresenta como: (1) se a totalidade ou apenas uma parte do córtex cerebral é afetada
no início; (2) as funções das regiões corticais onde a crise convulsiva tem origem; (3) o
padrão subseqüente de propagação da descarga elétrica ictal dentro do cérebro, e (4) a
extensão do comprometimento das estruturas subcorticais e do tronco cerebral (ROWLAND,
1997).
A primeira proposta para a classificação das crises epilépticas foi anunciada em 1969
por Henri Gastaut, baseada em critérios clínicos, eletroencefalográficos, substrato anatômico,
etiologia e idade de ocorrência das crises. A introdução de técnicas novas, como a vídeo-
eletroencefalografia e os registros poligráficos exigiu, no entanto, a revio da classificão
proposta por Gastaut. Diversas reunes internacionais foram realizadas com especialistas desde
13
eno, culminando com a publicação da Classificação Internacional das Epilepsias e Síndromes
Epipticas.
De acordo com essa classificação proposta na Liga Internacional contra a Epilepsia
(1985), utilizam-se dois principais critérios: o primeiro separa as epilepsias generalizadas das
que cursam com crises parciais ou focais. O segundo separa as epilepsias idiopáticas (ou
primárias) das sintomáticas (ou secundárias) e das criptogênicas.
O termo idiopática (primária) significa que não outra causa além de uma possível
predisposição genética. Em geral, se iniciam em uma idade determinada e possuem
características eletroencefalográficas e clínicas próprias. As epilepsias sintomáticas
(secundárias) são as que derivam secundariamente de alguma doença conhecida ou possível
do sistema nervoso central. A criptogênica refere-se àquelas crises cuja causa é desconhecida
ou oculta (ILAE, 1985).
As crises parciais ou focais são clínica e eletroencefalograficamente caracterizadas
pela ativação de uma parte do cérebro, sendo subdivididas em crises parciais simples, quando
há preservação da consciência e crises parciais complexas, nas quais comprometimento da
mesma. As crises parciais complexas são as mais freqüentemente observadas na cnica,
caracterizam-se pela presença de automatismos, principalmente orofaciais, acompanhados
de embotamento da consciência e geralmente se iniciam no lobo temporal (ILAE, 1981).
As crises generalizadas são aquelas em que há envolvimento, desde o início, de amplas
áreas e de ambos os hemisférios cerebrais, nas quais as descargas epilépticas envolvem ambos
os hemisférios cerebrais simultaneamente desde o início da crise. São subdivididas em tônico-
clônicas, de ausência, mioclônicas, tônicas, clônicas e atônicas. A crise tônico-clônica
consiste de perda abrupta da consciência, alternando fases de tonia e clonia. A crise de
ausência é caracterizada por episódios nos quais ocorre uma súbita cessação da atividade
motora, acompanhada de olhar para o infinito. Podem vir acompanhados de movimentos sutis
como piscamento, tremores ao redor da boca e na grande maioria das vezes duram menos de
10 segundos, seguida do retorno à atividade normal. A crise mioclônica consiste de breves
abalos musculares, semelhantes a choques, os quais podem estar restritos a uma extremidade
ou acontecer de forma generalizada. Uma crise tônica consiste de contração sustentada de um
músculo ou um grupo muscular, enquanto que uma crise clônica consiste de contrações
musculares alternando músculos flexores e extensores. O mais freqüente é que o paciente
apresente um período inicial de atividade tônica seguido por um período de atividade clônica.
14
A crise atônica se inicia com perda súbita do tônus (flacidez) de todos músculos do corpo,
levando a imediata queda do paciente ao solo (ILAE, 1981; ILAE, 1989).
Independente do tipo de crise que o indivíduo apresente, em alguns casos, durante o
curso da doença, ocorrem complicações relacionadas à própria epilepsia, que incluem as
encefalopatias, os déficits neurológicos, alterações no sistema nervoso, comorbidades
psiquiátricas como a depressão e a ansiedade, alterações cardiovasculares e a ocorrência de
morte súbita inexplicada. Existem ainda complicações relacionadas ao uso das drogas
antiepilépticas, como os efeitos adversos agudos e crônicos do medicamento (NITRINI;
BASCHESCHI, 2002).
1.2 Epilepsia do Lobo Temporal
A forma mais comum de síndrome epiléptica é a epilepsia do lobo temporal (ELT),
que representa cerca de 40% de todos os casos de epilepsias (HAUSER; KURLAND, 1975).
A epilepsia do lobo temporal manifesta-se pela presença de crises parciais complexas, com ou
sem generalização subseqüente. Outro aspecto importante da epilepsia do lobo temporal é a
alta refratariedade ao tratamento farmacológico, onde apenas 30% dos casos são controlados
em monoterapia. Grande parte dos pacientes recebem mais de uma medicação antiepiléptica,
e mesmo assim, a melhora ocorre em apenas 11% dos casos (ILAE, 1981; ELWES et al.,
1984; MATTSON et al., 1985; PEDLEY et al., 1997).
Na grande maioria dos pacientes, o lobo temporal está acometido por lesões histologicamente
demonstráveis. O padrão histológico mais freqüentemente observado em tecidos ressecados
de pacientes com epilepsia do lobo temporal é a chamada esclerose do Corno de Amon,
caracterizada por acentuada perda de neurônios piramidais do hipocampo acompanhado de
gliose (WOLF; WIESTLER, 1993; WOLF et al., 1994). Vale a pena salientar que, nos casos
em que não se obtém uma melhora clínica através da medicação antiepiléptica, a ressecção
cirúrgica pode ser uma alternativa bastante eficaz (DODRIL et al., 1986).
Registros na literatura sobre o prognóstico da epilepsia e a ação da terapia com drogas
em diferentes estágios da doença não podem ser comparados facilmente. Os estudos diferem
em metodologia, gravidade da doença, população estudada, tipo de tratamento antiepiléptico e
15
método de critérios adotados para processar e apresentar os resultados. No entanto, pelas
limitações metodológicas estabelecidas por considerações éticas, muitos dados sobre a
evolução das epilepsias devem ser coletados retrospectivamente (ELWES et al., 1988).
A abordagem cirúrgica é considerada somente um elo na cadeia de tratamentos
clínicos, psicológicos e de reabilitação. A cirurgia culmina como resultado do trabalho de
profissionais de várias áreas, integrados numa dinâmica interdisciplinar (GUERREIRO,
1998). O objetivo do tratamento cirúrgico na epilepsia é o de permitir que o paciente recupere
uma qualidade de vida mais próxima do normal quanto possível. O tratamento deve restituir-
lhe a sensação de bem estar, aliviar disfunções psicosociais e morbidade clínica, reduzir os
riscos de crises futuras e a mortalidade (DUCHOWNY et al., 1997).
Alguns argumentos que justificam a intervenção cirúrgica abrangem: a ocorrência de
crises epilépticas de difícil controle com incidência elevada, refratariedade ao tratamento
farmacológico, a possibilidade de evitar as conseqüências psicosociais graves relacionadas às
epilepsias e a percepção pelo paciente, de que as crises epilépticas comprometem de algum
modo sua qualidade de vida (ENGEL et al., 1997).
O tratamento da epilepsia é de extrema importância, envolvendo o tratamento com
drogas antiepilépticas ou a cirurgia. O paciente precisa ser olhado sob um ângulo psicológico
e social; um tratamento amplo que envolva uma equipe multidisciplinar parece ser o caminho
mais adequado (BAKER & PFÃFFLIN, 2000).
1.3 Epilepsia e Atividade Física
Atividade física pode ser definida como qualquer forma de exercício que resulta no
gasto de energia proporcional ao trabalho muscular e está relacionado ao condicionamento
físico. Estudos recentes sugerem que a prática regular de exercício físico é requisito essencial
para se adotar um estilo de vida saudável (POWERS; HOWLEY, 2000).
Os benefícios fisiológicos e psicológicos, observados após a prática de exercícios
físicos, estão relacionados a alterações bioquímicas envolvidas com a liberação de
neurotransmissores, com a ativação de receptores específicos e com a adequação dos níveis de
serotonina cerebral (SONENREICH et al., 1991).
16
O exercício físico promove efeitos benéficos para a saúde, porém a prática de
atividade física ainda é um assunto controverso para pessoas com epilepsia (BENNETT,
1981). Grande parte dessas pessoas acreditam que o exercício físico atua como um fator
indutor de crises epilépticas ou aumenta a freqüência com que elas ocorrem depois de iniciado
um programa de treinamento físico (KORCZYN, 1979; ROTH, et al., 1994).
Alguns estudos demonstram que contrariamente ao que se pensa, as crises epilépticas
ocorrem com maior freqüência no período de recuperação do exercício e não durante sua
prática (SIRVEN; VARRATO, 1999). As crises durante o exercício físico são raras, embora
existam relatos de crises induzidas pela atividade física (LIND et al., 1990; FAUGHT et al.,
1994).
São inúmeros e bem conhecidos os benefícios físicos que a prática esportiva promove
como melhora da auto-estima e autoconfiança, maior convívio social, noção de trabalho em
equipe, regularização do sono, redução da ansiedade, da depressão e do estigma
(STEINHOFF et al., 1996).
Nakken et al. (1990) relatou em seu estudo que uma pessoa com epilepsia pode ter os
mesmos benefícios de um programa de treinamento físico que qualquer outra pessoa como:
aumento da capacidade aeróbica máxima, aumento da capacidade de trabalho, redução da
freqüência cardíaca para um mesmo nível de esforço, redução do peso e da gordura corporal e
aumento da auto-estima.
Estudos demonstram que exercício físico promove ainda aumento da concentração de
GABA (ácido gama-aminobutírico), neurotransmissor inibitório da atividade cerebral,
causando assim um aumento do limiar contra as crises epilépticas. A concentração de GABA
no cérebro é enzimaticamente controlada, o pH ótimo para as funções das enzimas envolvidas
no metabolismo do GABA, é afetado pela acidose e alcalose, sendo que a acidose aumenta
sua concentração. Considerando que durante o exercício uma diminuição no pH orgânico,
ocorre um aumento na concentração de GABA, promovendo assim um efeito inibitório sobre
as descargas epilépticas (GOTZE et al., 1967; NAKKEN et al., 1990).
O exercício físico pode reduzir a ansiedade e outras reações de stress simplesmente
por distração, porém existem evidências que atribuem a redução do estresse e ansiedade ao
metabolismo das monoaminas e/ou liberação de endorfinas (MORGAN, 1985). A associação
entre o exercício físico e a sensação de bem-estar está ligada ao aumento de β-endorfinas no
17
sistema nervoso central, este fato tem sido sugerido em atuar como um anticonvulsivante
(ALBRECHT, 1986).
Muitos experimentos mostram que o exercício físico reduz a atividade epiléptica no
EEG e o número de crises em muitos pacientes durante a atividade física, mas retornam em
repouso (KUIJER, 1980). Tem sido observado também que essas pessoas estão propensas a
terem menos crises epilépticas quando estão ativamente ocupadas (LENNOX, 1941).
Um outro fator não quantificável que pode reduzir a freqüência ou a indução de crises
epilépticas é o limiar de alerta e vigilância que ocorrem durante o exercício físico. Estudos
prévios demonstram que poucas crises ocorrem durante a atividade mental e física quando
comparado com períodos de repouso (KUIJER, 1980).
Com base nestas afirmações, as principais organizações médicas, como a Academia
Americana de Pediatria e a Associação Médica Americana, têm mudado seus conceitos em
relação à participação em atividades esportivas de uma forma muito mais liberal (American
Academy of Pediatrics Committee on Children with Handicaps and Committee on Sports
Medicine, 1983; American Medican Association Committee on the Medical Aspects of
Sports, 1974).
A literatura aponta, no entanto, outros fatores presumidos como influenciadores ou
causadores de crises epilépticas durante atividades esportivas ou exercícios físicos, apesar
dessa relação ser meramente especulativa. Parece que esses fatores ocorrem como resultado
de um desequilíbrio dos parâmetros fisiológicos durante o exercício físico. Alguns deles são:
stress (TEMKIN; DAVIS, 1984; McLAURIN, 1973; CORDOVA et al., 1993), fadiga
(LAIDLAW; RICHENS, 1982; O’DONOHOE, 1985), hipóxia (BOUCHARLAT et al., 1973;
MacLAURIN. 1973) hiperhidratação (GATES; SPIEGEL, 1993), hipertermia
(MILLINGTON, 1985; van WILLIGEN, 1988), hipoglicemia (FRENCH, 1983) e
hiperventilação (ESQUIVEL et al., 1991).
Estudos experimentais também têm mostrado efeitos benéficos do exercício físico na
epilepsia. Um estudo verificando o efeito do exercício físico no processo do abrasamento da
amígdala mostrou que o treinamento físico retardou o desenvolvimento do abrasamento em
ratos (ARIDA et al., 1998). Outro estudo utilizando um modelo animal de epilepsia do lobo
temporal verificou uma redução da freqüência de crises epilépticas em animais submetidos a
um programa de treinamento físico aeróbico por 45 dias (ARIDA et al., 1999).
18
Subseqüentemente, estudo metabólico e eletrofisiológico mostraram efeitos positivos do
exercício físico na epilepsia (ARIDA et al., 2003/2004).
Um estudo realizado no Brasil em 2003 analisou o grau de participação em atividades
físicas de uma amostra de pacientes com epilepsia. A atividade física era praticada por 51%
dos pacientes, ainda que não como hábito regular por todos eles. Desses, 15% faziam
exercícios três vezes por semana, por pelo menos 20 minutos. Entre as 15 pessoas
consideradas ativas, cinco com crises freqüentes, apenas duas relataram a ocorrência delas
durante a atividade física. Apesar de acreditarem que o exercício físico fosse benéfico para o
tratamento, 45% apontaram medo de ter crises epiléticas durante as atividades esportivas e se
sentirem embaraçadas com a reação de outras pessoas como um dos principais obstáculos
para a prática de esportes (ARIDA et al., 2003).
Mesmo sabendo dos efeitos positivos que o exercício físico traz à população em geral,
alguns médicos ainda receiam recomendá-lo às pessoas com epilepsia. Essas pessoas são
desencorajadas por familiares e amigos que acreditam que a atividade física possa induzir
crises epilépticas (SARMENTO; MINAYO, 2000). Estudos sugerem que pessoas com
epilepsia especialmente aquelas com crises de difícil controle, vivem uma vida sedentária e de
baixa aptidão física, podendo levá-los a conseqüências diversas como depressão, ansiedade e
isolamento social (NAKKEN, 2000).
1.4 Qualidade de vida e Epilepsia
O termo qualidade de vida pode ser definido como o bem-estar geral e cotidiano das
pessoas e envolve três componentes principais: saúde física, mental e social (DEVINSKY et
al., 1999). Questões sobre qualidade de vida são extremamente relevantes nas desordens
crônicas como a epilepsia, onde problemas psicológicos e sociais estendem-se além dos
sintomas usuais da doença (CRAMER, 1994).
A associação de transtornos psicológicos e epilepsia é um problema de grande
importância clínica e que afeta diretamente a qualidade de vida desses indivíduos. Um dos
transtornos que mais tem chamado a atenção de neurologistas e psiquiatras é a ocorrência de
psicose associada à epilepsia. Exemplos dessa associação podem ser colhidos desde a
19
antiguidade clássica até os tempos mais modernos, misturando aspectos de realidade, fantasia
e preconceito em proporções variáveis (MARCHETTI, 1998).
De acordo com Guarnieri et al.( 2004), a depressão é o transtorno mental mais freqüente
nos pacientes com epilepsia, estudos demonstram prevalência elevada de depressão em
pacientes com epilepsia quando comparados com a população geral.
Os episódios psicóticos em geral se iniciam de maneira insidiosa, cursam com delírios
(em muitos casos religiosos ou místicos, de perseguição e/ou referência), alucinações,
transtorno de pensamento (inabilidade de lidar com conceitos complexos acompanhados por
transtorno de pensamentos com bloqueio de raciocínio, neologismos e sintaxe perturbada),
comportamento desorganizado, oscilações de humor transitórias e intensas (mais freqüente
humor depressivo e ou irritável) e alterações afetivas (GUARNIERI et al., 2004). Os fatores
citados interferem diretamente na compreensão e expressão das idéias causando conseqüentes
alterações na qualidade de vida desses indivíduos.
Sugestões de que pacientes com ELT apresentam um risco preferencial de
desenvolverem psicose começaram a partir da década de 50 (GIBBS, 1951). Estudos
subseqüentes relataram prevalência elevada de psicose em pacientes com epilepsia e
chamaram atenção para um predomínio de pacientes com ELT entre os casos (GIBBS;
GIBBS, 1952; GASTAUT, 1956).
Todas as doenças crônicas exercem uma forte influência sobre a qualidade de vida,
sendo que na epilepsia, em razão do estigma associado a freqüentes distúrbios psicológicos,
esse impacto parece ser maior. Essas pessoas estão expostas na maioria das vezes a diversas
restrições como, por exemplo, impossibilidade de dirigir, dificuldades de arrumar um
emprego, insegurança em se envolver com a prática de atividade física e dificuldades de se
integrar em círculos sociais (JACOBY, 1998).
A crise epiléptica torna o paciente dependente de terceiros e apesar de ser transitória,
gera insegurança. A imprevisibilidade das crises diminui a autoconfiança, a autonomia e a
sensação de liberdade. Estas características da doença alteram a individualidade das pessoas
com epilepsia, causando alterações psíquicas e dificultando o relacionamento social (RYAN
et al., 1980; PENRY; DEVINSKY, 1993).
É provável que, em nenhuma outra situação, as características estigmatizantes da
epilepsia se tornem tão explícitas e exerçam ação tão avassaladora na vida dessas pessoas
como em seus confrontos no âmbito do trabalho. As restrições na escolha da profissão, o
20
sentimento de isolamento e discriminação, exarcebado pelas dificuldades de obtenção e de
manutenção de emprego, dificultam a aderência ao tratamento e contribuem para o insucesso
terapêutico no controle das crises epilépticas, fechando um ciclo danoso ao paciente, o qual,
além de impor dependência econômica, interfere em sua qualidade de vida (SARMENTO;
GOMEZ, 2000).
Muitas pesquisas mostram que um número significativo de pessoas com epilepsia sente-
se estigmatizada (TROSTLE, 1999). Uma parte considerável das pessoas com epilepsia que
se casaram depois do início das crises, não contaram para seus cônjuges sobre sua condição
ou usaram eufemismos para descrever as crises epilépticas como "desmaios", "ataques" etc. E
geralmente as pessoas com epilepsia que conseguem um emprego não contam para os seus
chefes e em seus ambientes de trabalho sobre a sua condição e os que contam relatam
incidentes que prejudicam suas carreiras (JACOBY, 1994).
Segundo a Liga Brasileira de Epilepsia (2002), indivíduos com epilepsia apresentam
uma alta freqüência de desajustes emocionais, os quais nem sempre estão associados à
gravidade de seu quadro clínico, mas freqüentemente à dificuldade de aceitar o próprio
diagnóstico e às limitações que as crises epilépticas acarretam. Dessa maneira, os pacientes
comumente desenvolvem como mecanismo de defesa, a negação do diagnóstico visando
manter o equilíbrio emocional. É muito comum nesses casos à não-adesão ao tratamento.
1.5 Qualidade de vida após Tratamento Cirúrgico de Epilepsia
A cirurgia de epilepsia objetiva a remissão completa das crises epilépticas. Foi
demonstrado que, de fato, na maioria dos casos há melhora do bem-estar do paciente de forma
mais evidente que em outras modalidades terapêuticas (MALMGREN, 2000).
No entanto, Brodie (2000), relatou que o controle das crises epilépticas não melhora
automaticamente a qualidade de vida, visto que outras conseqüências da condição
freqüentemente permanecem. As medidas de avaliação focalizavam até recentemente a
ausência de crises epilépticas, porém é imperativo que a avaliação da cirurgia inclua os efeitos
sobre o bem-estar e o funcionamento psicossocial dos pacientes (MALMGREN, 2000).
21
Isso justifica em parte a afirmação feita num estudo realizado em 1998, o qual concluiu
que epilepsia bem controlada não é sinônimo de vida social normal. Pacientes com crises
controladas satisfatoriamente podem ter vida social bem diferente daquela que levam pessoas
da mesma idade, sexo e nível sociocultural que não têm a doença. Pessoas com epilepsia
costumam apresentar maior grau de isolamento social, menor número de amigos, taxa de
suicídio maior do que a população em geral, mais desemprego e menor taxa de estabilidade
nos relacionamentos afetivos (CANTU, 1998).
Porém, estudos sugerem que o tratamento cirúrgico promove, de fato, um efetivo
controle sobre as crises na maioria dos pacientes, resultando numa significativa melhora na
qualidade de vida desses, que se sentem mais seguros para desempenhar suas atividades no
dia a dia (GUNNARSSON et al., 2002).
Vários estudos têm correlacionado a qualidade de vida com a cirurgia de epilepsia.
Frayman et al. (1999), relataram que o sucesso na cirurgia de epilepsia exerce um forte
impacto na vida desses pacientes. Estudo realizado por Aydemir et al. (2004), relataram que
questões como a freqüência elevada das crises epilépticas, a comorbidade e o uso de
medicação antiepiléptica afeta negativamente a saúde desses pacientes antes da cirurgia e na
maioria dos casos essas questões sofrem alterações após o procedimento cirúrgico,
interferindo beneficamente no bem estar geral desses indivíduos.
Tendo em vista a epilepsia em relação aos aspectos psicossociais, é preciso abordar
áreas como: cuidados profissionais, família, escola, trabalho e também levar em consideração
as alterações emocionais e os distúrbios cognitivos, sendo que a cirurgia geralmente promove
mudanças positivas nesses aspectos (SOUZA et al., 2000).
Uma ocupação ou um emprego pode ser importante para a sensação de auto-estima e
realização pessoal, permitindo a independência financeira e maior contato social. O que mais
implica nessa questão é a crise epiléptica. Sabe-se que em países desenvolvidos, a taxa de
desemprego das pessoas com epilepsia é maior que na população em geral, porém esse
número decresce em algumas situações após a cirurgia de epilepsia, quando se consegue ter
controle ou remissão completa das crises (CLEMENTE; WALLACE, 1990).
Entre os vários fatores que podem interferir na melhora da qualidade de vida de
pessoas com epilepsia, a prática de atividade física também desempenha um papel
fundamental na promoção de uma vida mais saudável e pode ser vista como um aspecto
importante na sua integração social (CORDOVA, 1993).
22
2 JUSTIFICATIVA
Estudos sugerem que pessoas com epilepsia, especialmente aquelas com crises de
difícil controle, vivem uma vida sedentária e de baixa aptidão física, fatores que contribuem
para o isolamento social (SARMENTO; MINAYO, 2000) e que o tratamento cirúrgico
promove um efetivo controle sobre as crises epilépticas na maioria dos pacientes, resultando
numa significativa melhora na qualidade de vida dos mesmos (GUNNARSSON et al., 2002).
Isso pode contribuir para que essas pessoas se sintam mais seguras para desempenhar suas
atividades como, por exemplo, a prática da atividade física. Entretanto não existem estudos
que demonstrem se os hábitos de atividades físicas se alteram após o procedimento cirúrgico
quando as crises epilépticas estão controladas.
23
3 OBJETIVO
Avaliar os hábitos da prática de exercícios físicos em indivíduos após tratamento
cirúrgico de epilepsia.
24
4 METODOLOGIA
Sujeitos
Foram avaliados 102 pacientes, de ambos os sexos, com idade superior a 12 anos e
depois de um tempo mínimo de três meses de cirurgia de epilepsia
(corticoamígdalahipocampectomia). Esse estudo foi realizado no setor de Neurologia do
Hospital Brigadeiro de São Paulo e os voluntários foram triados entre os pacientes que fazem
acompanhamento médico após cirurgia nesse hospital.
Metodologia
A avaliação foi feita através de um questionário composto de 36 questões que
envolveram identificação do paciente, aspectos gerais e específicos relacionados ao exercício
físico e questões relacionadas ao curso da epilepsia (ANEXO 2).
O questionário foi aplicado individualmente e por um único profissional qualificado e
habilitado, evitando dessa forma qualquer interpretação errônea dos dados. Todas as
perguntas foram feitas em relação aos períodos pré e pós-operatório.
Os pacientes foram orientados quanto ao propósito do estudo e aos possíveis
benefícios da pesquisa. Foi explicado minuciosamente que a participação neste estudo seria
inteiramente voluntária e que a eventual recusa em participar não implicaria em qualquer
penalidade (ANEXO 1).
Análise Estatística
Foi realizada uma correlação das respostas nos períodos pré e pós-cirurgia de cada
paciente utilizando o teste estatístico Q-quadrado.
25
5 RESULTADOS
Cento e dois pacientes participaram deste estudo sendo 53 mulheres e 49 homens. Os
pacientes avaliados apresentaram idades entre 14 e 60 anos com média de 38,7 + 9,9 anos. A
idade média do início das crises foi de 12,7 + 7,6 anos e a média de idade desses pacientes na
cirurgia foi de 34,0 + 10,3 anos. Desses, 54% foram submetidos a procedimento cirúrgico
(corticoamígdalahipocampectomia) no hemisfério cerebral direito e 46% no esquerdo.
5.1 Aspectos Gerais Relacionados à Epilepsia antes e depois da Cirurgia
A tabela 1 apresenta os dados gerais relacionados à epilepsia antes e depois da
cirurgia. Conforme a classificação da freqüência de crises epilépticas proposta por Pazzaglia
et al. (1982), 76% dos pacientes apresentavam crises muito freqüentes antes da cirurgia.
Depois da cirurgia somente 10% continuaram apresentando crises muito freqüentes e 47%
não apresentaram mais nenhuma crise epiléptica.
Com relação ao tipo de epilepsia, todos os casos eram do tipo sintomática e a maioria
apresentava crises parciais complexas. O período de ocorrência das crises foi variável
apresentando diminuição estatisticamente significante em rios períodos depois da cirurgia.
Entre os fatores apontados como desencadeantes de crises, a aderência à medicação e o
nervosismo foram os mais freqüentes, antes e depois da cirurgia.
26
Tabela 1. Aspectos gerais relacionados à epilepsia antes e depois da cirurgia
Tipos de epilepsia
sintomática
102
%
100%
Tipos de crises epilépticas
parcial complexa
parcial com generalização secundária
59
43
%
58%
42%
* Freqüência das crises epilépticas
freqüentes
muito freqüentes
controladas
raras
nenhuma
AC
24 (24%)
78 (76%)
0
0
0
DC
18 (18%)
10 (10%)
19 (19%)
6 (6%)
49 (47%)
* Período de ocorrência das crises epilépticas
vigília
sono
sono/vigília
despertar
variável
nunca mais teve
AC
32 (31%)
3 (3%)
28 (27%)
2 (2%)
37 (36%)
0
DC
21 (21%)
2 (2%)
12 (12%)
0
18 (18%)
49 (48%)
Fatores desencadeantes de crises epilépticas
sono
privação do sono
exercício físico
hiperventilação
má aderência à medicação
nervosismo
período menstrual
adormecer/acordar
outros
AC
2 (2%)
12 (12%)
30 (30%)
4 (4%)
34 (33%)
64 (63%)
26 (25%)
0
16 (16%)
DC
1 (1%)
7 (7%)
8 (8%)
1 (1%)
20 (20%)
20 (20%)
14 (14%)
0
16 (16%)
* Questões que apresentaram diferenças estatisticamente significantes entre os períodos antes e depois da
cirurgia
- Número de pessoas; % - Porcentagem; AC Antes da cirurgia; DC Depois da cirurgia; D Direito; E -
Esquerdo
27
Em relação ao tratamento farmacológico 3% dos pacientes não faziam mais uso de
nenhuma droga antiepiléptica (DAE) depois da cirurgia; a Carbamazepina (82% - 70%) foi a
DAE mais utilizada seguida pelo Fenobarbital (56% - 50%) antes e depois da cirurgia. Foi
observada uma diminuição significativa do número de pacientes tratados com politerapia após
a cirurgia (antes - 91%; depois - 60%), e um aumento significante do número de pacientes
tratados com monoterapia (antes - 9%; depois - 37%), como mostra a Tabela 2.
Tabela 2. Droga antiepiléptica e tipos de tratamento farmacológico antes e depois da cirurgia de epilepsia
AC DC
Qual droga antiepiléptica você faz uso?
Carbamazepina
Valproato
Topiramato
Fenobarbital
Fenitoína
Oxcarbazepina
Lamotrigina
Haloperidol
Clobazam
Diazepam
84 (82%)
7 (7%)
3 (3%)
57 (56%)
17 (17%)
24 (24%)
3 (3%)
2 (2%)
10 (10%)
7 (7%)
71 (70%)
6 (6%)
3 (3%)
51 (50%)
10 (10%)
14 (14%)
1 (1%)
2 (2%)
5 (5%)
5 (5%)
* Tratamento Farmacológico
Politerapia
Monoterapia
Nenhum
93 (91%)
9 (9%)
0
61 (60%)
38 (37%)
3 (3%)
* Questões que apresentaram diferenças estatisticamente significantes entre os períodos antes e depois da
cirurgia.
AC - Antes da cirurgia; DC - Depois da cirurgia.
28
5.2 Aspectos relacionados às Atividades de vida diária antes e depois da
Cirurgia de Epilepsia
Os aspectos relacionados às atividades de vida diária antes e depois da cirurgia de
epilepsia estão apresentados na tabela 3. Tanto antes como depois da cirurgia, a maioria dos
avaliados relatou desempenhar atividades quando estão em casa, como assistir TV, ouvir
música, ler, realizar afazeres domésticos, entre outros. Quanto às atividades fora de casa, 36%
não saiam de casa antes da cirurgia e depois do procedimento cirúrgico a maioria relatou
algum tipo de atividade fora de casa. No entanto, a maioria deles não estavam envolvidos com
nenhum grupo social ou clube, tanto antes como depois da cirurgia.
29
Tabela 3. Aspectos relacionados às atividades de vida diária antes e depois da cirurgia de epilepsia
AC DC
O que você costuma fazer quando está em casa?
tv
ler
videogame
música
nada
brincar
estudar
afaz. domésticos
62 (61%)
34 (33%)
9 (9%)
53 (52%)
27 (26%)
5 (5%)
7 (7%)
30 (29%)
83 (81%)
53 (52%)
12 (12%)
69 (68%)
7 (7%)
5 (5%)
7 (7%)
40 (39%)
* O que você costuma fazer quando sai de casa?
cinema
shopping
bicicleta
conversar com amigos
passear de carro
passear a pé
parque / praça
não saí / não saía
29 (28%)
23 (23%)
7 (7%)
54 (53%)
23 (23%)
51 (50%)
23 (23%)
37 (36%)
39 (38%)
57 (56%)
5 (5%)
88 (86%)
40 (39%)
79 (77%)
30 (29%)
11 (11%)
Participa de algum grupo social?
sim
não
14 (14%)
88 (86%)
17 (17%)
85 (83%)
Grupo social ou clube
clubes esportivos
associações de bairro
instituições religiosas
outros
5 (5%)
4 (4%)
5 (5%)
0
4 (4%)
3 (3%)
10 (10%)
0
* Questões que apresentaram diferenças estatisticamente significantes entre os períodos antes e depois da
cirurgia
AC – Antes da cirurgia; DC – Depois da cirurgia
30
5.3 Aspectos Gerais relacionados à Atividade Física antes e depois da
Cirurgia de Epilepsia
A freqüência da prática de atividade física não sofreu alterações significantes quando
comparados aos períodos pré e pós-cirurgia, como mostra a tabela 4.
Cerca de metade dos indivíduos participaram de atividades físicas, antes e depois da
cirurgia, ainda que nem todos de maneira regular. Os pacientes foram classificados em ativos
e inativos conforme as normas do Colégio Americano de Medicina do Esporte, que considera
ativos, aqueles que se exercitam um nimo de 20 minutos, três vezes na semana. Depois da
cirurgia, 30% dos indivíduos foram considerados ativos conforme essa condição. Desses
apenas 16% eram supervisionados e/ou orientados por um educador físico durante a prática do
exercício. Dos pacientes que se exercitavam regularmente a maioria havia se envolvido com
atividade física há um ano ou mais.
Embora não tenham sido observadas alterações significativas quanto ao tipo de
atividade física, a atividade esportiva mais praticada antes da cirurgia foi a caminhada (20%)
seguida do futebol (12%) e essas atividades se invertem após a cirurgia, onde o futebol (24%)
é o mais freqüente seguido da caminhada (14%). O lugar mais freqüente para a prática das
atividades físicas entre esses pacientes foram nas ruas e esse hábito se manteve após a
cirurgia.
Os motivos para a interrupção da prática de exercício físico não se diferenciam
significativamente antes e depois da cirurgia.
31
Tabela 4. Aspectos gerais relacionados à atividade física antes e depois da cirurgia de epilepsia
AC DC
Pratica atividade física?
sim
não
nunca praticou
49 (48%)
25 (25%)
28 (27%)
57 (56%)
17 (17%)
28 (27%)
Quantas vezes por semana você pratica atividade física?
menos de 3 x
3 x ou mais
21 (21%)
28 (27%)
26 (25%)
31 (30%)
*Quantas horas por dia você pratica atividade física?
menos de 2 h
2 h ou mais
38 (37%)
19 (19%)
17 (17%)
32 (31%)
* Há quanto tempo você pratica atividade física?
até 6 meses
1 ano ou mais
2 (2%)
47 (46%)
18 (18%)
39 (38%)
Que atividade pratica?
bicicleta
futebol
caminhada
musculação
ioga
basquete
natação
ginástica
vôlei
7 (7%)
12 (12%)
20 (20%)
1 (1%)
3 (3%)
1 (1%)
0
5 (5%)
2 (2%)
5 (5%)
24 (24%)
14 (14%)
4 (4%)
3 (3%)
1 (1%)
1 (1%)
4 (4%)
2 (2%)
A atividade esportiva é orientada por um educador físico?
sim
não
18 (22%)
31 (30%)
16 (16%)
41 (40%)
Onde você pratica a sua atividade física?
clube
casa
academia
rua
escola
parque
outros
5 (5%)
5 (5%)
10 (10%)
25 (25%)
11 (11%)
6 (6%)
5 (5%)
7 (7%)
6 (6%)
8 (8%)
37 (36%)
6 (6%)
5 (5%)
0
* Por que parou de praticá-la?
problemas de saúde
falta de vontade
falta de tempo
dificuldades financeiras
cirurgia
outros
não parou
2 (2%)
1 (1%)
3 (3%)
1 (1%)
0
5 (5%)
37 (36%)
1 (1%)
2 (2%)
0
0
2 (2%)
0
52 (51%)
* Questões que apresentaram diferenças estatisticamente significantes entre os períodos antes e depois da cirurgia
AC – Antes da cirurgia; DC – Depois da cirurgia
32
5.4 Aspectos Específicos relacionados à Atividade Física antes e depois da
Cirurgia de Epilepsia
Quanto aos aspectos específicos relacionados à atividade física, não foram observadas
diferenças significantes dos hábitos nos dois momentos avaliados (Tabela 5). Tanto antes
como depois da cirurgia a maioria relatou gostar de praticar atividade física (antes e depois
83%), ter tempo para praticá-la (antes - 79%; depois 78%), ter companhia para praticá-la
(antes e depois 48%), não apresentar muito cansaço após o exercício físico (antes e depois
77%).
Antes da cirurgia 24% dos pacientes se machucaram fazendo atividade física por causa
das crises epilépticas e 5% depois. Antes da cirurgia, 58% tinham medo de se envergonhar se
tivessem crises epilépticas durante o exercício físico e 44% depois. Cinqüenta e quatro por
cento dos avaliados relataram ter medo de que o exercício pudesse causar crises epilépticas
durante a atividade física antes da cirurgia e esse número diminuiu para 28% depois da
cirurgia, essa diminuição foi considerada estatisticamente significativa. Quando os pacientes
foram questionados sobre os motivos pelos quais praticam atividade física, o mais freqüente
foi prazer/lazer, nos dois momentos avaliados.
Tanto antes como depois da cirurgia a conduta de médicos e familiares e/ou amigos
quanto à prática de qualquer tipo de atividade física não se modificou estatisticamente.
33
Tabela 5. Aspectos específicos relacionados à epilepsia e atividade física antes e depois da cirurgia
AC DC
Gosta de atividade física?
sim
não
85 (83%)
17 (17%)
85 (83%)
17 (17%)
Tem tempo de praticar exercícios físicos?
sim
não
81 (79%)
21 (21%)
80 (78%)
22 (22%)
Sente muito cansaço após o exercício físico?
sim
não
23 (23%)
79 (77%)
23 (23%)
79 (77%)
* se machucou realizando exercícios físicos por causa das
crises epilépticas?
sim
não
24 (24%)
78 (67%)
5 (5%)
97 (95%)
Tem medo de se envergonhar se tiver crise epiléptica durante
o exercício físico?
sim
não
59 (58%)
43 (42%)
45 (44%)
57 (56%)
* Tem medo que o exercício físico possa provocar crises
epilépticas?
sim
não
55 (54%)
47 (46%)
29 (28%)
73 (72%)
Tem medo que o exercício físico possa provocar problemas de
saúde?
sim
não
39 (38%)
63 (62%)
30 (29%)
72 (71%)
Por qual motivo faz exercícios físicos?
exercitar-se
beneficiar a saúde
prazer/lazer
não gosta
não faz
5 (5%)
29 (28%)
38 (37%)
17 (17%)
13 (13%)
7 (7%)
25 (25%)
40 (39%)
17 (17%)
13 (13%)
Foi aconselhado por médicos a não praticar exercício físico?
sim
não
10 (10%)
92 (90%)
5 (5%)
97 (95%)
Foi aconselhado por familiares / amigos a não praticar
exercício físico?
sim
não
19 (19%)
83 (81%)
17 (17%)
85 (83%)
* Questões que apresentaram diferenças estatisticamente significantes entre os períodos antes e depois da
cirurgia
AC – Antes da cirurgia; DC – Depois da cirurgia.
34
O tratamento cirúrgico promoveu um efetivo controle sobre as crises epilépticas na
maioria destes pacientes estudados. Isso refletiu numa diminuição do número de crises
durante o exercício naqueles que praticavam atividade física. Antes da cirurgia 40% relataram
ter tido crise epiléptica durante o exercício e 11% depois da cirurgia, essa diminuição foi
estatisticamente significativa. Esses dados estão demonstrados no gráfico abaixo.
Gráfico 1: Crises epilépticas durante a prática de atividade física antes e depois da cirurgia de epilepsia
* Alterações estatisticamente significativas
AC – Antes da cirurgia; DC - Depois da cirurgia
Crises epilépticas durante a atividade
física
40%
60%
11%
89%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
SIM NÃO
AC
DC
35
6 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
Nosso estudo avaliou os hábitos da prática de atividade física em pacientes após
tratamento cirúrgico de epilepsia. A maioria dos estudos que descrevem a relação da epilepsia
com o exercício físico mostra a ocorrência de crises epilépticas durante a atividade física, os
esportes mais praticados, em qual atividade esportiva existe maior ocorrência de crises
epilépticas e o medo associado a prática do exercício físico. Entretanto, não se conhece ainda
se os hábitos da prática de atividade física se alteram após o procedimento cirúrgico quando
as crises epilépticas estão controladas.
Estudos demonstram que a cirurgia de epilepsia promove um efetivo controle sobre as
crises epilépticas na maioria dos casos. Isso permite que esses indivíduos se sintam mais
seguros para desempenhar suas atividades diárias (GUNNARSON et al., 2002). Nossos
resultados mostraram uma redução signifitiva das crises epilépticas depois da cirurgia. Antes
da cirurgia 76% apresentava crises muito freqüentes, diminuindo para 10% após a cirurgia.
Ainda, após a cirurgia, 48% dos indivíduos não apresentaram mais nenhuma crise epiléptica.
Com relação às atividades diárias realizadas por esses pacientes neste estudo, o que chamou
atenção foi que antes da cirurgia, 26% relataram não fazer nada quando estavam em casa e
depois da cirurgia apenas 7% manteve este hábito. Trinta e seis por cento relataram não sair
de casa antes da cirurgia e esse número diminuiu para 11% depois do procedimento cirúrgico.
Este dado poderia estar associado ao fato de que 10% dos pacientes ainda apresentavam crises
muito freqüentes após a cirurgia.
Entre os vários fatores que interferem na melhoria da qualidade de vida dos indivíduos com
epilepsia, a prática de atividade física desempenha um papel fundamental na promoção de
uma vida mais saudável e pode ser vista como um aspecto importante na integração social
dessas pessoas (CORDOVA, 1993). Um estudo recente no Brasil mostrou que o grau de
participação em atividades físicas de indivíduos com epilepsia foi de 51% (ARIDA et al.,
2003). Apesar de observarmos no nosso estudo que 83% dos pacientes gostam de atividade
física, tanto antes como depois da cirurgia, apenas metade dos avaliados relataram participar
de atividades físicas, ainda que nem todos de maneira regular.
Um dos maiores estigmas na prática da atividade física em indivíduos com epilepsia é o medo
de que o exercício físico provoque crises epilépticas. Entretanto, crises durante o exercício
físico não ocorrem freqüentemente (LIND et al., 1990; FAUGHT et al., 1994). Ogumyemi et
36
al. (1998) sugerem que o exercício exaustivo pode provocar crises epilépticas somente em
casos raros. Nakken et al., (1990) não registraram nenhuma crise epiléptica durante o teste de
esforço máximo num grupo de indivíduos com epilepsia. Em nosso estudo, 40% dos pacientes
envolvidos com a prática de atividade física apresentaram crises epilépticas durante o
exercício antes da cirurgia e apenas 11% depois da cirurgia. Esta redução poderia ser atribuída
ao procedimento cirúrgico, que minimiza a freqüência das crises epilépticas na maioria dos
casos.
Observamos também neste estudo, uma alteração significante no tempo de prática do
exercício físico por dia. Depois da cirurgia houve um aumento do número de pessoas que se
exercitavam mais de duas horas por dia comparado com o período anterior a cirurgia. Essa
mudança de hábito poderia estar associada ao controle das crises epilépticas que ocorreu após
a cirurgia de epilepsia na maioria dos pacientes (AYDEMIR et al., 2004; SOUZA et al.,
2000).
Mesmo sabendo dos efeitos positivos da atividade física na população em geral,
alguns médicos ainda receiam recomendá-los às pessoas com epilepsia. Elas são
desencorajadas por amigos e familiares que acreditam que a atividade física possa induzir
crises epiléticas (BJORHOLT et al., 1990). Neste estudo apenas poucos pacientes foram
desencorajados quanto à prática de atividade física por médicos e por familiares e/ou amigos
tanto antes como depois da cirurgia.
Outro aspecto interessante desse estudo foi o tipo de esporte ou atividade física escolhido
pelos pacientes com epilepsia. Nesse estudo observou-se que as atividades mais praticadas
foram a caminhada antes da cirurgia e o futebol depois da cirurgia. Embora haja uma
tendência dos pacientes com epilepsia escolherem esportes individuais ou atividades físicas
que não envolvam grande número de pessoas, o futebol mostrou-se um esporte popular e bem
aceito entre os pacientes, provavelmente por ser um esporte de tradição brasileira,
similarmente como ocorreu no estudo realizado por Arida et al., (2003).
Apesar de acreditarem que o exercício físico seja benéfico para o tratamento, os pacientes
ainda relatam medo de ter crises epilépticas durante as atividades esportivas após a cirurgia e
se sentirem embaraçados com a reação de outras pessoas. Resultados concomitantes são
encontrados no estudo realizado por Arida et al. (2003).
Perrine et al., (1995) mostraram que os níveis de ansiedade e depressão são freqüentemente
maiores em indivíduos com epilepsia que na população geral. Nesse sentido, Mc Glone;
37
Wands (1991), relataram que a baixa auto estima associada à depressão pode induzir essas
pessoas ao desinteresse por atividades sociais. Essas informações podem explicar o fato de
um grande número de pessoas do nosso estudo não participarem de nenhum grupo social ou
clube tanto antes como depois da cirurgia.
Infelizmente por falta de conhecimento sobre a epilepsia e em razão do estigma associado a
essa condição, muitas pessoas têm deixado de relacionarem-se socialmente, de ingressarem ao
mercado de trabalho e acabam levando uma vida cercada de superproteções desnecessárias,
comprometendo assim sua qualidade de vida. Observamos em nosso estudo que apesar dos
pacientes se sentirem mais seguros com relação a atividade física, não ocorreram mudanças
significativas nesses hábitos. Acreditamos que isto ocorre porque o estigma e o preconceito
ainda existem nas pessoas com epilepsia, mesmo após a cirurgia. Nossos resultados, portanto,
sugerem que uma redução da freqüência de crises epilépticas após a cirurgia não interfere nas
mudanças dos hábitos da prática de atividade física.
38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBRECHT, H. - Endorphins, sport, and epilepsy: getting fit or having one. N .Z.
Med. J., v. 99, p. 915, 1986.
American Academy of Pediatrics Committee on Children with Handicaps and Committee on
Sports Medicine. - Sports and the child with epilepsy. Pediatrics, v. 72, p. 884-885, 1983.
American Medical Association Committee on the Medical Aspects of Sports. - Epileptics and
contact sports. JAMA, v. 229, p. 820-821, 1974.
ARIDA, R. M.; VIEIRA, A. J.; CAVALHEIRO, E. A. - Effect of physical exercise on
kindling development. Epilepsy Research, v. 30, p. 127-132, 1998.
ARIDA, R. M.; SANABRIA, E. R .G.; SILVA, A. C.; FARIA L. C.; SCORZA, F. A.;
CAVALHEIRO, E. A. - Physical training reverts hippocampal electrophysiological changes
in rats submitted to the pilocarpine model of epilepsy. Physicology & Behavior, v. 83, p.
165-171, 2004.
ARIDA, R. M.; SCORZA, C. A.; ALBUQUERQUE, M.; CYSNEIROS, R. M.; OLIVEIRA,
R. J; CAVALHEIRO, E. A. - Evoluation of physical exercise habits in Brazilian patients with
epilepsy. Epilepsy & Behavior, v. 4, p. 507-510, 2003.
ARIDA, R. M.; SCORZA, F. A.; SANTOS, N. F.; PERES, C.A., CAVALHEIRO, E. A. -
Effect of physical exercise on seizure occurrence in a model of temporal lobe epilepsy in rats.
Epilepsy Research, v. 37, p. 45-52, 2003.
ARIDA, R. M.; SCORZA, F. A.; SANTOS, N. F.; PERES, C.A., CAVALHEIRO, E. A. –
The course of untreated seizures in the pilocarpine model of epilepsy. Epilepsy Research, v.
34, n. 2-3, p. 99-107, 1999.
AYDEMIR, N.; OZKARA, C.; CANBEYLI, R., TEKCAN, A. - Changes in quality of life
and self-perspective related to surgery in patients with temporal lobe epilepsy. Epilepsy
Behav., v. 5, n.5 , p. 735-42, 2004.
BAKER, G.A., PFÃFFLIN, M. - The European White Paper on Epilepsy. Quality of life and
Comprehensive Care. UCB-Group, Belgium, 2000.
BENNETT, D. R. - Sport and epilepsy: to play or not to play. Sem. Neurol., v. 1, p. 345-357,
1981.
BOUCHARLAT, J.; MAITRE, A.; LEDRU, J. - Sport et epilepsy de l'enfant. Ann. Med-
psycol., v. 131, p.392-401, 1973.
BRODIE, M. J. - The European Paper on Epilepsy, A Call for Action. UCB-Group, Belgium,
2000.
CANTU, R. C. - Epilepsy and Atlhetics. Clinics in Sports Medicine, v. 17, n.1, p. 61-69,
1998.
39
CLEMENTE, M. J.; WALLACE, S. J. - A Survey of adolescents with epilepsy. Develop
Med. Clin. Neur., v. 32, p. 849-857, 1990.
CORDOVA, F. - Epilepsy and Sports. Australian Family Physician, v. 22, n. 4, p. 558-562,
1993.
CRAMER, J. A. - Quality of life for people with epilepsy. Neurol. Clin., v. 12, p. 1-13, 1994.
DEVINSKY, O.; CRAMER, J.; BAKER, G. - The comprehensive CD-rom on Epilepsy,
Quantitive measures of assessment, Lippincott Williams & Wilkins, 1999, Chapter 96.
DODRIL, C. B.; WILKUS, R. F.; OJEMANN, G. A. et al. - Multidisciplinary prediction of
seizure relief from cortical resection surgery. Ann. Neurol., v. 20, p. 2-12, 1986.
DUCHOWNY, M. S.; HARVEY, S.; SPERLING M. R.; WILLIAMSON, P. D. - Indications
and criteria for surgical intervention. In ENGEL, Jr. J.; PEDLEY, T. A. - Epilepsy: A
Comprehensive Textbook. Philadelphia: Lippincot-Raven, 1997.
ELWES, R. D. C.; JOHNSON, A. L.; REYNOLDS, E. H. - The course of untreated epilepsy.
Br. Med. J., v. 297, p.948-950, 1988.
ELWES, R. D. S.; JOHNSON, A. L.; SHORVON, A. D.; REYNOLDS, E. H. - The prognosis
for seizure control in newly diagnosed epilepsy. N. Engl. J. Med., v. 311, p. 944-947, 1984.
ENGEL, Jr.; J.; CASCINO G. D.; SHIELDS, D. - Surgically remediable syndromes. In
ENGEL, Jr. J.; PEDLEY, T. A. Epilepsy: A Comprehensive Textbook, Philadelphia:
Lippincot-Raven Publishers, 1997.
ENGEL, Jr. J. & PEDLEY, T.A. - Wat is epilepsy? In: ENGEL, Jr.J. & PEDLEY, T.A., eds.
Epilepsy: A comprehensive tentbook. Philadelphia: Lippinot - Raven Publishers, p.1-9, 1997.
Epilepsia [S.l.]. Site Oficial da Liga Brasileira de Epilepsia, 2005. Disponível em:
http://www.epilepsia.org.br/epi2002/show_tema.asp?tema=35. Acesso em: 03 maio 2005,
14:35.
ESQUIVEL, E.; CHAUSSAIN, M.; PLOUIN, P. PONSOT, G.; ARRTHUIS, M. - Physical
exercise and voluntary hyperventilation in chidhood absence epilepsy. Electroenceph. Clin.
Neurophysiol., v. 79, p.127-132, 1991.
FAUGHT, J. G.; WILLIANS, V. L.; ROTH, D. L. - Barriers to exercise in adults with
epilepsy. Poster presented at the annual meeting of the american psychological association,
1994.
FERNANDES, J. G.; SCHIMIDT, M. I.; TOZZI, S.; SANDER, J. W. A. S. - Prevalence of
epilepsy: The porto Alegre Study. Epilepsia, v. 33, n. 3, p. 132, 1992.
FISHER, R. S.; BOAS, W. E.; BLUME, W.; ELGER, C.; GENTON, P.; LEE, P.; ENGEL, J.
- Epileptic seizures and Epilepsy: Definitions Proposed by the international League Against
40
Epilepsy (ILAE) and the International Bureau for Epilepsy (IBE). Epilepsia, v. 46, p. 470-
472, 2005.
FRAYMAN, L.; CUKIERT, A.; FOSTER, C.; FERREIRA, V. B.; BURATINI, J. A. -
Quality of life of patients after epilepsy surgery. Arq. Neuropsiquiatr., v. 57, n.1, p. 30-3,
1999.
FRENCH. J. K. - Hypoglycaemia-induced seizures following a marathon. NZ Med. J., v. 96,
p. 407, 1983.
GASTAUT, H. - Etude életroclinique des épisodes psychotiques survenant en dehors des
crises cliniques chez les épileptiques. Revue Neurologie, v. 94, p.587-594, 1956.
GATES, J. R.; SPIEGEL, R. H. - Epilepsy, Sports and Exercise. Sports Medicine, v. 15, p. 1-
5, 1993.
GIBBS, F. A. – Ictal and non ictal psychiatric disorders in temporal lobe epilepsy. Journal of
nervous and mental disease, v. 113, p. 522-528, 1951.
GOTZE, W.; KUBICKI, S.T.; MUNTER, M.; TEICHMAN, J. - Effect of physical exercise
on seizure thresold. Dis. Nerv. Syst., v. 28, p. 664-667, 1967.
GUARNIERI, R.; HALLAK, J. E. C.; WALZ, R.; VELASCO, T. R. ALEXANDRE, JR. V.;
TEERR-BUSTAMANTE, V. C. et al. - Tratamento farmacológico das psicoses na epilepsia.
Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 26, n. 1, p. 57-61, 2004.
GUERREIRO, C. A. M. - Epilepsias de difícil controle: como reconhecer, como conduzir. In:
J. C.; LEMOS, E. D. - Neurobiologia das Epilepsias, Rio de Janeiro: DACOSTA, 1998.
GUNNARSON, T.; OLAFSSON, E.; SIGHVATSSON, V.; HANNESSON, B. - Sugical
treatment of patients with low-grade astrocytomas and medically. Acta Neurol. Sacand., v.
105, n. 4, p. 289-92, 2002.
HAUSER, W. A.; HESSDORFER, D. C. - Epilepsy: Frequency, Causes and Consequences.
Landover, Maryland: Epilepsy Foundation of America, 1990.
HAUSER, W.A. & KURLAND, L.T. - The epidemiology of epilepsy in Rochester
Minnesota, 1935-1968. Epilepsia, v. 1, p. 1, 1975.
ILAE - International League Against Epilepsy. Comission on Classification and Terminology.
Proposal for revised classification of epilepsies and epileptic syndromes. Epilepsia, v. 26, n.
1, p. 268-278, 1985.
ILAE - International League Against Epilepsy. Comission on Classification and Terminology.
Proposal for revised classification of epilepsies and epileptic syndromes. Epilepsia, v. 30, p.
389-399, 1989.
ILAE - International League Against Epilepsy. Comission on Classification and Terminology.
Proposal for revised clinical and eletroencephalografic classification of epileptic seizures.
Epilepsia, v. 22, p. 489-501, 1981.
41
JACOBY, A. - Felt versus enacted stigma: A concept revisited. Soc. Sci. Medicine, v. 38, p.
269-274, 1994.
JACOBY, A. The comprehensive CD-rom on Epilepsy, Age-related considerations Chapter,
Publ. Lippincott Williams & Wilkins, 1998.
KORCZYN, A. D. - Participation of epileptic patients in sports. J. Sports Med., v. 19, p.
195-198, 1979.
KUIJER, A. - Epilepsy and exercise, electroencephalographical and biochemical
studies. In: Wada, J.A. & Penry, J.K., ed.: Advances in Epileptology: The 10th
Epilepsy International Symposium. New York, Raven Press, p. 543, 1980.
LAIDLAW, J.; RICHENS, A. - A textbook of epilepsy. 2. ed. Churchill Livingston,
Edinburgh, 1982.
LENNOX, W. G. - Science and Seizures. New York, Harper and Bros., p.134, 1941.
LIND, E.; LOYING, T.; JOHANNENSEN, S. L.; BJORHOLT, P. G.; NAKKEN, K. O. -
Effect of physical training on aerobic capacity, seizure ocurrence and serum level of
antieplelepstic drugs in adults with epilepsy. Epilepsia, v. 31, p. 88-94, 1990.
MALMGREN, K. - The European White Paper on Epilepsy, Quality of Life and Epilepsy
Surgery. Publ. UCB-Group, Belgium, 2000.
MARCHETTI, R. L. - Psicoses interictais em epilepsia. Revista de Psiquiatria Clínica, v.
25, n. 1, p. 27-40, 1998.
MARCHETTI, R. L. - Psicoses interictais em epilepsia. In: GIBBS, F. A. & GIBBS, L. A.;
eds. Revista de Psiquiatria Clínica. Atlas of Eletroencephalogragraphy, p. 27-40, 1998.
MATTSON, R. H.; CRAMER, J. A.; COLLIS, J. F. et al. - Comparasion of carbamasepine,
phenobarbital, phenytoin, and primodine in partial and secundarily tonic-clonic seizures. N.
Engl. J. Med., v. 313, p. 145-151, 1985.
McGLONE, J. & WANDS, K. Self-report of memory function in patients witch temporal lobe
epilpepsy and temporal lobectomy. Cortex, v. 27, p. 19-28, 1991.
McLAURIM, R.L. - Epilepsy and contact sports: Factors contraindicanting participation. In:
HARRIS, P. & MAXDSLEY, C.: Epilepsy. Churchill Livingstone, p. 301-305, 1973.
McNAMARA J. O. - Celular Mollecular basis of epilepsy. J Neurosci., v. 25, p. 3413, 1994.
MILLINGTON, J. T. - Should epileptics scuba dive? Correspondence. JAMA, v. 254, n. 22,
p. 3182-3183, 1985.
MORGAN, W. P. - Affective beneficence of vigorous physical activity. Medicine and
Science of Sports Exercise, v. 17, p. 94-100, 1985.
NAKKEN, K. O. Should people with epilepsy exercise? Tidsskr Nor Laegeforen. v. 120,
n. 25, p. 3051-3053, 2000.
42
NAKKEN, K .O.; BJORHOLT, P. G.; JOHANNENSEN, S. L.; LOYING, T.; LIND, E. -
Effect of physical training on aerobic capacity, seizure occurence, and serum level of
antiepileptic drugs in adults with epilepsy. Epilepsia, v. 31, p. 88-94, 1990.
NITRINI, R.; BACHESCHI, L. A. Epilepsia In: A neurologia que todo médico deve
saber - 11 ed., p. 235-256- ed. Atheneu, 2002.
OSUNTOKUN, B. O.; ADEUJA, A. O. G.; NOTTIDGE, V. A.; SHOENBERG, B. S. -
Prevalence of the epilepsies in Nigrian Afrians: A communty-based study. Epilepsia, v. 28, n.
3, p. 272-279, 1987.
O'DONOHOE, N. V. - Epilepsies of childhood. 2. ed. Butterworth, London, 1985.
ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD Aplicación de los progresos de las
neurociencias en la lucha contra los transtornos neurológicos: Informe de un grupo de estudio
de la OMS. Serie de Informes Tecnicos, p. 629, 1978.
PAZZAGLIA, P.; D’ ALESSANDRO, R.; LOZITO, A.; LUGARESI, E. - Clasification of
Partial Epilepsies: According to the Symptomatology of Seizures: Practical Value and
Prognostic Implications. Epilepsia, v. 23, p. 343-350, 1982.
PEDLEY, T. A.; SCHEWER, M. L. & WALCZAK, T. S. Epilepsia- In: Merrit Tratado de
Neurologia - 9 ed. Rio de Janeiro, Ed. Guanabara Koogan, 1997.
PENRY, K. J.; DEVINK, A. - Quality of life in epilesy: The clinicians view. Epilepsia, v. 34,
n. 4, p. 4-7, 1993.
PERRINE, K. ; HERMANN, B. P.; MEADOR, K. J. The relationship of neuropsychological
functioning to quality of life in epilepsy. Arch. Neurol., v. 52, p. 997-1003, 1995.
POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. - Fisiologia do Exercício. São Paulo, Ed. Manole, 2000.
ROTH, D. L.; GOODE, K. T.; WILLIAMS, V. L.; FAUGHT, E. - Physical exercise, stressful
life experience, and depression in adults with epilepsy. Epilepsia, v. 35, n. 6, p. 1248-1255,
1994.
ROWLAND, L. P. - Distúrbios Paraxísticos - In: Merrit Tratado de Neurologia Rio de
Janeiro, Ed. Guanabara Koogan, 1997.
RYAN, R.; KEMPNER, K.; EMLEN, A. - The stigma of epilesy as a self-concept.
Epilepsia, v. 21, p. 433-444, 1998.
SARMENTO, M. R. S.; GOMEZ, C. M. Epilepsy, epileptics and work: conflicting
relations. Cadeia Saúde Pública, v. 16, n. 1, 2000.
SIRVEN, J. I.; VARRATO, J. Physical Activity and Epilepsy - What are rules? Psysician
Sportmedicine, v. 28, p. 364-372, 199a.
SONENREICH, C.; KERR-CORRÊA, F.; ESTEVÃO, G. - Doenças Afetivas. São Paulo,Ed.
Manole, 1991.
43
SOUZA, E. A. P. - Qualidade de vida. In: GUERREIRO, C. A. M. et al.: Epilepsia. São
Paulo: Lemos Editorial, p. 223-229, 2000.
STEINHOFF, B. J.; NEUSUSS, K.; THEGEDER, H.; REIMERS, C. D. - Leisure time
activity and physical fitness in patients with epilepsy. Epilepsia, v. 37, n. 12, p. 1221-1227,
1996.
TEMKIN, N. R.; DAVIS, G. R. - Stress as risk factors for seizures among adults with
epilepsy. Epilepsia, v. 25, p. 450-456, 1984.
TROSTLE, J. A. - The comprehensive CD-Rom on Epilepsy, Social aspects: Stigma, Beliefs
and Measurement, Chapter 207. Publ. Lippincott, Williams & Wilkins, 1999
van WILLIGEN, J. - Hardlopers en doodlopers; overhitting in een gematigd klimaat (runing
and exhaustion; hyperthermia in a moderate climate). Nederlands Tijdschrift voor
Geneeskunde, v. 132, p. 437-440, 1988.
WOLF, H. K.; WIESTLER, O.D. - Surgical pathology of chronic epileptic seizure disorders.
Brain Pathol., v. 3, p. 371-380, 1993.
WOLF, H. K.; MÚLLER, M. B.; SPÄLE, M. et al. Ganglioglioma: a detailed
histopathological and immunohistochemical analysis of 61 cases. Acta Neuropathol., v. 88,
p. 166-173, 1994.
44
ANEXOS
ANEXO A
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Esse estudo tem o objetivo de avaliar a prática de atividade física em pacientes com
epilepsia submetidos a tratamento cirúrgico.
Introdução ao Estudo e ao Termo de Consentimento
Você está sendo convidado a tomar parte em um estudo de pesquisa clínica. Este termo
de consentimento lhe dará informações essenciais sobre este estudo e sobre seus direitos, de
modo a facilitar suas decisões. Sua concordância e assinatura indicarão que você leu e
entendeu o conteúdo deste termo, que suas dúvidas foram respondidas e que voconcorda
voluntariamente em participar.
Propósito do estudo
Nosso grupo está desenvolvendo este estudo a fim de avaliar a prática de atividade
física em pacientes com epilepsia após a cirurgia.
Possíveis benefícios
O diagnóstico das dificuldades relacionadas à pratica de exercício físico enfrentados
pelos pacientes com epilepsia permite individualizar as orientações e condutas da equipe de
45
saúde, o que pode levar a uma melhor qualidade de vida. Espera-se que as conclusões deste
estudo beneficiem pacientes com epilepsia.
Estrutura e procedimentos
Caso você concorde em tomar parte, determinados procedimentos serão realizados
logo após a assinatura do termo de consentimento. Você será submetido a um questionário
detalhado para avaliação de suas atividades diárias, relacionadas principalmente à atividade
física.
Confidencialidade
Seu nome não será revelado em nenhum relatório ou publicação oriundo deste estudo.
O sigilo de sua identidade é assegurado por normas éticas internacionais.
Participação voluntária
Sua decisão em participar deste estudo é inteiramente voluntária. Sua eventual recusa
em participar não implica em qualquer penalidade. Além disso, é permitido a você se retirar
do estudo em qualquer tempo, à sua escolha igualmente sem que isto resulte em qualquer
penalidade.
46
Consentimento Esclarecido
Eu,....................................................................................................................concordo
voluntariamente em participar do projeto de avaliação dos hábitos da prática de atividade
física em pacientes após tratamento cirúrgico de epilepsia. Os detalhes deste estudo foram
satisfatoriamente explicados e todas as minhas dúvidas respondidas.
................................................................................
Nome e assinatura do profissional
Declaro que expliquei pessoalmente este termo de consentimento informado,
respondendo as dúvidas apresentadas.
.....................................................................
Assinatura do pesquisador responsável
Prof. Dr. Ricardo Mario Arida
Rua José Urbano Sanches, 233 apto. 51
Mogi das Cruzes CEP 08780-220
Telefone: 0XX-47982176
Mogi das Cruzes, ......................................................................................................
47
ANEXO B
Questionário Paciente Pós-Cirúrgico
Nome:
Idade: Sexo: Profissão:
ASPECTOS GERAIS
1. Quantas horas você costumar dormir?
Menos de 8 horas 8 horas 9 horas
10 horas mais de 10 horas
Antes da cirurgia:
2. O que você costuma fazer quando está em casa?
Assistir TV jogar videogame nada afazeres domésticos
Ler escutar musica brincar Estudar
Antes da cirurgia:
3. O que você costuma fazer quando sai de casa?
ir ao cinema conversar com amigos passear a pé
ir ao shopping passear de carro Ir ao parque/praça
andar de bicicleta
Antes da cirurgia:
4. Participa de algum grupo social ou clube?
Sim Não Qual? ______________________________
Antes da cirurgia:
5. Pratica atividade física?
Sim Não
Antes da cirurgia:
6. Que atividade pratica? _____________________________________
Antes da cirurgia:
7. Atividade esportiva orientada por professor de Educação Física?
Sim Não
Antes da cirurgia:
8. Há quanto tempo pratica atividade física?
menos de 1 mês mais de 2 meses 6 meses
1 ano 2 anos mais de 2 anos
Antes da cirurgia:
9. Onde pratica sua atividade física?
clube academia escola
casa rua parque outros
48
Antes da cirurgia:
10. Quantas vezes por semana?
1 X 2X 3X 4X 5X 6X fins de semana
Antes da cirurgia:
11. Quantas horas por dia?
1h/dia 2h/dia 3h/dia 4h/dia 5h/dia
Antes da cirurgia:
12. Quantas vezes por semana?
1 X 2X 3X 4X 5X 6X fins de semana
Antes da cirurgia:
13. Porque parou de praticá-la?
Problemas de saúde Falta de tempo Cirurgia
Falta de vontade Dificuldades financeiras Outros
Antes da cirurgia:
ASPECTOS ESPECÍFICOS
1. Gosto de exercícios?
0Sim Não
Antes da cirurgia:
2. Tenho tempo para praticá-los?
Sim Não
Antes da cirurgia:
3. Tenho companhia quando pratico atividade física?
Sim Não
Antes da cirurgia:
4. Tenho medo de aparecer pouco atraente durante a prática de exercício físico?
Sim Não
Antes da cirurgia:
5. Sinto muito cansaço após o exercício?
Sim Não
Antes da cirurgia:
6. Tenho medo do exercício acarretar problemas de saúde?
Sim Não
Antes da cirurgia:
49
7. Por qual motivo faz exercício? ______________________________
problemas de saúde
falta de vontade
falta de tempo
dificuldades financeiras
não parou
cirurgia
outros
Antes da cirurgia:
ASPECTOS RELACIONADOS À EPILEPSIA
1. Tenho medo que o exercício possa causar crises?
Sim Não
Antes da cirurgia:
2. Já teve crise epiléptica durante a atividade física?
Sim Não
Antes da cirurgia:
3. Machucou-se fazendo exercícios físicos?
Sim Não
Antes da cirurgia:
4. Tenho medo de me envergonhar se tiver crise durante o exercício físico?
Sim Não
Antes da cirurgia:
5. Fui aconselhado pelo médico a não praticar exercício?
Sim Não
Antes da cirurgia:
6. Fui desaconselhado por familiares e/ou amigos?
Sim Não
Antes da cirurgia:
7. Conheço pessoas que tiveram crises durante o exercício?
Sim Não
Antes da cirurgia:
EPILEPSIA
1. Idade de inicio das crises _______
2. Idade na cirurgia __________
3. Tipo de ressecção ___________
4. Tipo de epilepsia
Idiopática Sintomática Criptogênica
5. Tipo de crise
Parcial simples Parcial complexa
Parcial com generalização Inclassificada Generalizada
50
6. Horário de ocorrência das crises
Vigília Sono sono e vigília Despertar Variável
Antes da cirurgia:
7. Crises
Pouco freqüentes Freqüentes Muito freqüentes
Controladas raras
Antes da cirurgia:
8. Fatores desencadeantes
Sono Hiperventilação Menstruação
Privação de sono Má aderência Adormecer/acordar
Exercício físico Nervosismo Outros
9. Drogas Anti-Epilépticas
Dose: _________________
Antes da cirurgia:
51
ANEXO C
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo