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UNIVERSIDADE FEDERALDE SANTA MARIA
CENTRODE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOSDA
COMUNICAÇÃO HUMANA
A ORIENTAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA A PAIS E A
CAPACITAÇÃO DA LINGUAGEM DE SEUS FILHOS
DISSERTAÇÃODE MESTRADO
Mirna Dorneles Moreira
Santa Maria, RS, Brasil
2007
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1
A ORIENTAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA A PAIS E A CAPACITAÇÃO DA
LINGUAGEM DE SEUS FILHOS
por
Mirna Dorneles Moreira
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de
Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana, Área de Concentração
em Linguagem, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como
requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana.
Orientadora: Profª. Drª Helena Bolli Mota
Santa Maria, RS, Brasil
2007
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2
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
M838o Moreira, Mirna Dorneles
A orientação fonoaudiológica a pais e a capacitação da linguagem de
seus filhos / Mirna Dorneles Moreira. – 2007.
92 f.
Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Santa
Maria. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em
Distúrbios da Comunicação Humana, Santa Maria, 2007.
“Orientadora: Profa. Dra. Helena Bolli Mota”.
1. Orientação fonoaudiológica 2. Grupos de pais 3. Saúde
coletiva I. Universidade Federal de Santa Maria. Centro de Ciências da
Saúde II. Título.
CDU 376.36
Bibliotecária: Eloisa Futuro Pfitscher CRB 10/598
3
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova a Dissertação de Mestrado
A ORIENTAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA A PAIS E A CAPACITAÇÃO
DA LINGUAGEM DE SEUS FILHOS
elaborada por
Mirna Dorneles Moreira
como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana
COMISÃO EXAMINADORA:
Helena Bolli Mota, Drª.
(Presidente/Orientadora)
Zelita Caldeira Ferreira Guedes, Drª.(UNIFESP)
Márcia Keske-Soares, Drª. (UFSM)
Santa Maria, 29 de março de 2007.
4
Dedico este trabalho à minha família, que tanto amo, representada por minha
filha Luísa, minha filha Camila e meu marido Carlos Heitor.
5
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
À Profª Dr
a
Fonoaudióloga Helena Bolli Mota, pela orientação deste trabalho. O destino
nos reaproximou e hoje tenho a oportunidade de exaltar a profunda admiração que tenho pela
sua pessoa. Obrigada pelo estímulo, pelo carinho e pela dedicação.
Ao meu marido, Carlos Heitor Moreira, pelas sugestões referentes à pesquisa e pelo seu
exemplo de dedicação aos estudos, na constante luta em busca de seus sonhos. Obrigada!
À amiga e colega Fonoaudióloga Gigiane Gindri, pelo apoio e colaboração prestados no
decorrer desta caminhada. Seu companheirismo foi precioso. Obrigada!
Aos meus pais, Getúlio e Nair Dorneles, por terem me colocado no mundo e por me
ensinarem a importância da família e da implantação de valores em nossas vidas. Obrigada!
6
AGRADECIMENTOS
Ao Secretário da Saúde e Meio Ambiente de Rosário do Sul, por permitir que a
pesquisa fosse desenvolvida no setor de Fonoaudiologia desta instituição.
Aos pacientes e seus familiares, sem os quais esta pesquisa não teria sido possível.
Obrigada pela colaboração e pelo tanto que aprendi durante o convívio que tivemos.
A todos os colegas e professores do mestrado, pelos momentos compartilhados nesta
caminhada.
Às Professoras, Drª Zelita Caldeira Ferreira Guedes, Drª rcia Keske-Soares e à Drª
Ana Maria Toniolo, por aceitarem fazer parte da banca examinadora.
Enfim, a todos que de uma forma ou de outra, colaboraram para a efetivação desta
caminhada, os meus sinceros agradecimentos.
7
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana
Universidade Federal de Santa Maria
A ORIENTAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA A PAIS E A CAPACITAÇÃO
DA LINGUAGEM DE SEUS FILHOS
AUTORA: MIRNA DORNELES MOREIRA
ORIENTADOR: HELENA BOLLI MOTA
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 30 de março de 2007.
Este estudo teve por objetivo verificar a eficácia da informação sobre desenvolvimento da
linguagem e da fala direcionada a um grupo de pais de crianças com alterações nestas áreas.
A amostra foi composta por 23 crianças que se encontravam na lista de espera do setor de
Fonoaudiologia da Secretaria Municipal de Saúde e Meio Ambiente de Rosário do Sul-RS,
com idade entre 4 e 8 anos, divididas em dois grupos: um grupo estudo composto por 11
crianças e um grupo controle composto por 12 crianças. As crianças foram submetidas à
avaliação de fala e de linguagem. Os pais das onze crianças do grupo estudo participaram das
reuniões informativas que ocorreram de quinze em quinze dias, com duração de uma hora,
totalizando oito encontros, num período de quatro meses. Durante essas reuniões, eles
receberam informações sobre como se realiza o processo de comunicação e os fatores que o
influenciam e sobre atividades de estimulação de linguagem e de fala a serem realizadas em
casa com a criança. Os pais das doze crianças do grupo controle não tiveram acesso a estas
informações. Ao término dos encontros, as crianças dos dois grupos foram novamente
submetidas à avaliação de linguagem e de fala, com utilização dos mesmos instrumentos da
avaliação inicial. Para análise dos dados coletados, compararam-se os resultados da avaliação
inicial com os da avaliação final de cada grupo e também os resultados entre os grupos,
verificando a interação entre avaliação e grupo. Esta análise foi feita através da Análise de
Variância, utilizando o delineamento em medidas repetidas, realizado através do Proc Mixed
do software SAS versão 9.1 -Type 3 Tests of Fixed Effects, complementada pelo Teste de
Comparações Múltiplas de Tukey, ao nível de significância de 5%. Os resultados mostraram
que somente a habilidade de compreensão de linguagem e o total de palavras evocadas
durante a avaliação fonológica não apresentaram interação significativa entre avaliação e
grupo. As habilidades de conceituação e expressão de linguagem, o exame de articulação e a
avaliação fonológica demonstraram interação significativa entre avaliação e grupo e
indicaram, através da comparação entre as avaliações iniciais e finais realizadas com as
crianças, que os aspectos referentes à linguagem, melhoraram significativamente no grupo
estudo. No grupo controle esta melhora não foi significativa, o que evidenciou que o
recebimento de orientações influenciou os resultados. Pelo procedimento adotado foi possível
também atender a maior número de pessoas, reduzir o tempo de espera pelo atendimento e
controlar a demanda.
Palavras-chave: orientação fonoaudiológica, grupos de pais, saúde coletiva.
8
ABSTRACT
Master’s degree dissertation
Post-Graduation Program in Human Communication Disorders
Federal University of Santa Maria, RS, Brazil
THE SPEECH-LANGUAGE ORIENTATION TO PARENTS AND TO THEIR
CHILDREN´S LANGUAGE QUALIFICATION.
AUTHOR: MIRNA DORNELES MOREIRA
MAIN SUPERVISOR: HELENA BOLLI MOTA
Dates and Place of the Defense: Santa Maria, March 30
th
, 2007.
This study had as objective to verify the effectiveness of the information about the language
and the directed speaking development to a group of parents of children with alterations in
these areas. The sample was composed of 23 children who were in the wait list of the
Phonoaudiology sector in the City department of Health and Environment from Rosario do
Sul-RS , they were between 4 and 8 years old, divided in two groups: a study group
composed of 11 children and a control group composed of 12 children. The children were
submitted to a speaking evaluation and to a language evaluation. The parents the eleven
children from the study group participated of informative meetings that occurred fortnightly,
for one hour, totalizing eight meetings, in a period of four months, in other words, from
August to November of 2005. During these meetings they received information about how the
communication process happens and the factors that influence it, beyond activities of
language and speaking stimulation to be done at home with the child. The parents the twelve
children from the control group didn't have access to these information. In the end of the
meetings, the children from the two groups were again submitted to a speaking evaluation and
to a language evaluation using the same instruments from the initial evaluation. For analysis
of the collected data, the results of the initial evaluation were compared with the ones from
the final evaluation of each group and also the results between the groups, verifying the
interaction between evaluation and group. This analysis was made through the Variance
Analysis, using the delineation in repeated measures, accomplished through the Proc Mixed
of software SAS version 9.1 - Type 3 Tests of Fixed Effects, complemented by the Multiple
Comparisons Test of Tukey, to the significance level of 5%. The results showed that only the
language comprehension ability and the total of words evoked during the phonological
evaluation didn't present significant interaction between evaluation and group. However, the
abilities of conceptualization and expression of language, the joint examination and the
phonological evaluation, demonstrated significant interaction between evaluation and group,
indicating through the comparison between the initial and final evaluations experienced in the
children, that the aspects referring to the language improved significantly in the study group,
where the parents received orientations, evidencing that these orientations influenced the
results. In the control group, where the parents didn't receive orientations, this improvement
was not significant. It was also possible to take care of a bigger number of people, reducing
the waiting time for an attendance, controlling the demand.
Key Words: speech-language orientation, groups of parents, collective health.
9
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Habilidade de Compreensão de Linguagem. Comparação entre avaliação
inicial e final e entre grupo estudo e grupo controle.................................................................52
TABELA 1.1 Tabela da Análise de Variância em medidas repetidas (realizado através
do Proc Mixed do software SAS versão 9.1 -Type 3 Tests of Fixed Effects)..........................52
TABELA 2 Habilidade de Conceituação de Linguagem. Comparação entre avaliação
inicial e final e entre grupo estudo e grupo controle...........................................................53
TABELA 2.1 Tabela da Análise de Variância em medidas repetidas (realizado através
do Proc Mixed do software SAS versão 9.1 -Type 3 Tests of Fixed Effects)..........................53
TABELA 3 Habilidade de Expressão de Linguagem. Comparação entre avaliação
inicial e final e entre grupo estudo e grupo controle..........................................................54
TABELA 3.1 Tabela da Análise de Variância em medidas repetidas (realizado através
do Proc Mixed do software SAS versão 9.1 -Type 3 Tests of Fixed Effects)..........................54
TABELA 4 Exame de Articulação. Comparação entre avaliação inicial e final e entre
grupo estudo e grupo controle...................................................................................................55
TABELA 4.1 Tabela da Análise de Variância em medidas repetidas (realizado através
do Proc Mixed do software SAS versão 9.1 -Type 3 Tests of Fixed Effects).........................55
TABELA 5 Avaliação Fonológica. Comparação entre avaliação inicial e final e entre
grupo estudo e grupo controle..................................................................................................56
TABELA 5.1 Tabela da Análise de Variância em medidas repetidas (realizado através
do Proc Mixed do software SAS versão 9.1 -Type 3 Tests of Fixed Effects)..........................56
TABELA 6 Total de palavras evocadas durante a avaliação fonológica. Comparação
entre avaliação inicial e final e entre grupo estudo e grupo controle.......................................57
TABELA 6.1 Tabela da Análise de Variância em medidas repetidas ( realizado através
do Proc Mixed do software SAS versão 9.1 -Type 3 Tests of Fixed Effects).........................57
10
LISTA DE ABREVIATURAS
UFSM - Universidade Federal de Santa Maria
SAF - Serviço de Atendimento Fonoaudiológico
SUS - Sistema Único de Saúde
UBS - Unidade Básica de Saúde
INPS - Instituto Nacional de Previdência Social
INAMPS - Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
OMS - Organização Mundial da Saúde
PAD - Programa de Capacitação Discente
AIS - Ações Integradas de Saúde
SUDS -Sistema Único Descentralizado de Saúde
HH - Hospital de Heliópolis
11
LISTA DE ANEXOS
ANEXO A - Consentimento Informado Institucional............................................................79
ANEXO B - Consentimento Informado aos pais ou responsável...........................................80
ANEXO C - Escala Beta para Avaliação de Linguagem em crianças de 3 a 17 anos............82
ANEXO D - Lista de palavras – Avaliação Fonológica ........................................................84
ANEXO E - Exame de Articulação.........................................................................................85
ANEXO F - Obras utilizadas nas reuniões informativas........................................................86
12
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE A – Resultados obtidos nas avaliações do grupo estudo.....................................87
APÊNDICE B – Resultados obtidos nas avaliações do grupo controle...................................90
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 14
2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................ 16
2.1 Epidemiologia fonoaudiológica........................................................................... 16
2.2. Sistema Único de Saúde e Fonoaudiologia......................................................... 20
2.3 Educação em saúde.............................................................................................. 27
2.4 Formação de grupos e orientação familiar.......................................................
29
2.5 Fundamentos do desenvolvimento normal de linguagem e fala..................... 31
2.6 Pesquisas relacionadas à orientação fonoaudiológica.................................... 35
3 METODOLOGIA...................................................................................... 43
3.1 Amostra................................................................................................................ 43
3.2 Procedimentos de avaliação...............................................................................
44
3.3 Reuniões informativas........................................................................................ 46
3.4 Reavaliações........................................................................................................ 50
3.5 Análise dos dados................................................................................................ 51
4 RESULTADOS................................................................................................... 52
5 DISCUSSÃO....................................................................................................... 58
5.1
Relação entre Fonoaudiologia e SUS, formação de grupos e orientação
familiar...........................................................................................................................
58
5.2 Em relação à linguagem e à fala........................................................................ 60
5.3 Da eficácia do programa..................................................................................... 61
6 CONCLUSÕES.................................................................................................... 66
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 67
OBRAS CONSULTADAS............................................................................................. 77
ANEXOS......................................................................................................................... 78
APÊNDICES................................................................................................................... 87
14
1 INTRODUÇÃO
A Saúde Pública é uma das áreas de atuação do fonoaudiólogo em intenso crescimento
nos últimos anos, na qual ainda muito espaço a ser conquistado. A Fonoaudiologia foi
inserida no serviço público nos anos 80 (séc.xx) e desde então muitos conceitos e práticas têm
sido reavaliados. Atualmente a prioridade é atribuída às ações em grupo, no entanto são
necessárias evidências científicas que comprovem a importância deste trabalho. Estudos têm
sido publicados relatando experiências relacionadas à Fonoaudiologia no serviço público
(Lauermann, Wertzner,1995; Simão, Chun, 1995; Gomes, Remencius, 1997; Nemr, 2002;
Silva et al, 2003), porém a produção científica relacionada a este tema ainda é restrita.
Justifica-se o presente trabalho pela necessidade de implantar um programa de
orientação direcionado a grupos de familiares das crianças que se encontravam na lista de
espera de atendimento do setor de Fonoaudiologia da Secretaria Municipal de Saúde e Meio
Ambiente de Rosário do Sul, RS. Pretende-se demonstrar que se as famílias forem instruídas
a respeito de como se desenvolvem a linguagem e a fala das crianças, os próprios familiares
poderão intervir, auxiliando neste desenvolvimento. Acredita-se que através de grupos de
orientação será possível atender a maior número de pacientes, em menos tempo, reduzindo o
período de espera pelo atendimento, e tornar os familiares agentes ativos no processo de
reabilitação das alterações de linguagem e fala.
Como refere Delgado (1997), a família, primeira instituição social do ser humano, tem
papel fundamental na aquisição e no desenvolvimento da linguagem. A partir do momento em
que a família for orientada sobre como se processa essa aquisição e sobre a forma como ela
pode ajudar, torna-se fácil conscientizá-la da importância da sua participação no processo
terapêutico.
Na área de Fonoaudiologia, no setor público, o número de profissionais é insuficiente
para atender à enorme demanda de pacientes que procuram este serviço. Formam-se longas
filas de espera para atendimento e isto gera preocupação ao profissional e o faz sentir-se
impotente. Medidas que miniminizem esta situação, como grupos de orientação aos pais e
terapia de grupos , tornam-se necessárias. Silva et al. (2003) afirmam que a abrangência do
trabalho fonoaudiológico na saúde pública é enorme, pois esse atendimento pode ser
direcionado desde às gestantes e aos bebês até o idoso, o que justifica a alta demanda.
15
Através dos grupos de orientação, pretende-se viabilizar a idéia de integração entre o
profissional de Fonoaudiologia, os pais e a criança, tentando-se direcionar a práxis
fonoaudiológica para a percepção do sujeito em sua integridade.
O objetivo geral desta pesquisa foi verificar a eficácia da informação sobre o
desenvolvimento da linguagem e da fala direcionada a um grupo de pais de crianças com
alterações nestas áreas.
Os objetivos específicos foram:
- avaliar a linguagem e a fala das crianças que se encontravam na lista de espera do
Setor de Fonoaudiologia da Secretaria Municipal de Saúde e Meio Ambiente de
Rosário do Sul, RS;
- orientar os pais das crianças do grupo estudo no que se refere ao processo de
desenvolvimento da linguagem e da fala;
- comparar os resultados das avaliações realizadas nas crianças, antes do início das
palestras, com o resultado das avaliações realizadas após orientação familiar;
- verificar a eficácia da orientação e da atuação familiar no processo de
desenvolvimento da linguagem e da fala, através de avaliações realizadas nas
crianças, após o término das reuniões informativas direcionadas aos pais;
- comparar os resultados obtidos entre o grupo estudo e o grupo controle, verificando
se as orientações relacionadas à linguagem e à fala constituem um diferencial
importante.
No segundo capítulo, é apresentada a revisão de literatura, fazendo referência à
epidemiologia fonoaudiológica; Sistema Único de Saúde e Fonoaudiologia; educação em
saúde; formação de grupos e orientação familiar; fundamentos do desenvolvimento normal de
linguagem e fala. Abordam-se também pesquisas relacionadas à orientação fonoaudiológica.
No terceiro capítulo, a descrição da pesquisa realizada, incluindo a amostra, os
procedimentos de avaliação, a descrição das reuniões informativas, as reavaliações e a forma
de análise dos dados.
O quarto capítulo apresenta os resultados obtidos no estudo, dispostos em tabelas, após
análise estatística dos dados da pesquisa.
No quinto capítulo, os resultados são retomados através da discussão, elaborada a partir
da análise de todo o trabalho desenvolvido, e comparados com a literatura compulsada.
No sexto capítulo, estão as conclusões desta pesquisa.
16
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Epidemiologia fonoaudiológica
A epidemiologia fonoaudiológica é abordada com o intuito de mostrar evidências da
elevada ocorrência de alterações de linguagem e fala nos serviços de atendimento
fonoaudiológico e da importância de uma atuação direcionada a grupos de terapia , a grupos
de orientação e , principalmente, voltada à prevenção.
Andrade (1997) realizou um estudo sobre o perfil epidemiológico das patologias
fonoaudiológicas de fala e linguagem de causa idiopática, de manifestação primária, ocorridas
na comunidade Butantã no Centro de Saúde –Escola, vinculado à Universidade de São Paulo.
Foram estudadas 2980 crianças de 1 ano a 11 anos e 11 meses de idade de ambos os gêneros,
inscritas para atendimento geral neste local, durante o ano de 1993. Entre elas, foram
encontradas 125 crianças portadoras de alterações fonoaudiológicas, com prevalência de
4,19%. A faixa etária mais afetada foi a de 3 a 8 anos. As patologias mais freqüentes foram
distúrbios articulatórios; atraso na aquisição e desenvolvimento da linguagem oral; desordens
miofuncionais orais e de funções neurovegetativas. A autora concluiu que as alterações
fonoaudiológicas citadas constituem importante segmento nos agravos à saúde infantil, sendo
necessária a formulação de programas estruturados preventivos e curativos.
Gonçalves et al. (2000) fizeram um levantamento do perfil da população que procurou
atendimento fonoaudiológico nos serviços da clínica-escola da Universidade Metodista de
Piracicaba e do Ambulatório de Especialidades da mesma cidade no período de 1996 a 1997.
Em ambos os serviços, os dados apontaram que a alteração fonoaudiológica mais encontrada
foi o distúrbio de fala e, quanto ao gênero, o predomínio das alterações localizou-se no
masculino. No que se refere à origem dos encaminhamentos, os professores foram os que
mais encaminharam para a clínica-escola e para o SUS foram os médicos, especificamente
clínicos gerais e otorrinolaringologistas. Quanto à faixa etária, no SUS a maior procura ficou
entre 4 e 6 anos e na clínica-escola entre 7 e 9 anos. Através destes achados os autores
concluíram que existe necessidade de um trabalho de prevenção das alterações de linguagem
em crianças da faixa etária pré-escolar; de campanhas de esclarecimento ao público sobre o
processo de aquisição da linguagem; de maior divulgação da atuação fonoaudiológica.
17
Em um estudo epidemiológico sobre alterações de comunicação, na clínica de
Fonoaudiologia do curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Ciências da Saúde da
Universidade Castelo Branco (Unicastelo), na zona leste de São Paulo, Bocanin (2001)
analisou 1241 prontuários de pacientes atendidos entre 1982 e 2001. Quanto ao diagnóstico,
os casos foram agrupados em: linguagem, voz, audição e motricidade oral, conforme
resolução do Conselho Federal de Fonoaudiologia. Foi acrescentada a categoria – associações
de áreas - para os pacientes que combinavam mais de um distúrbio. Os resultados mostraram
alta incidência de alterações na área da linguagem, no gênero masculino, nas idades pré-
escolar e escolar. O elevado número de pacientes com diagnóstico de distúrbios na linguagem
(547 casos, 44,08% do total) levou o autor a salientar a necessidade de se direcionarem as
atividades fonoaudiológicas para ações preventivas nesta área.
Goulart e Ferreira (2002) estudaram a validação de um novo teste de rastreamento de
distúrbios de fala para crianças de ambos os sexos, matriculadas na primeira rie da rede
municipal de ensino de Canoas RS. A prevalência de desordem de fala para a população
estudada foi estimada em torno de 25%. As autoras referiram que a prevalência dos distúrbios
de fala parece ser maior que as estimativas e que são necessários mais estudos exploratórios
com o objetivo de determinar sua real prevalência na população.
Silva, Lima e Silveira (2003) verificaram a ocorrência de desvios fonológicos em
crianças da alfabetização de escolas públicas do município de Camaragibe, PE. Os autores
avaliaram 120 crianças e concluíram que existe significativa ocorrência (34,16%) de desvios
fonológicos nessa população. Ressaltaram também a importância de um trabalho
fonoaudiológico direcionado para prevenção e detecção precoce dos distúrbios de linguagem
que possam interferir no processo de aprendizagem.
Conforme relatado em artigo publicado, Hage e Faiad (2005) verificaram o perfil dos
pacientes com alteração de linguagem que procuraram o setor de diagnóstico dos distúrbios
da comunicação em clínica-escola da cidade de Bauru. Dentre os 250 prontuários de
pacientes atendidos na disciplina de diagnóstico dos distúrbios da comunicação, no período de
1993 a 2003, foram analisados, por meio de protocolo específico, 133 cujo diagnóstico
fonoaudiológico indicava alteração de linguagem, seja em condição primária ou secundária.
Como conclusão, as autoras relataram que o perfil dos sujeitos pesquisados mostrou uma
população predominantemente masculina, em faixa pré-escolar, com encaminhamento por
profissionais da saúde, visando complementar o diagnóstico e a indicação para atenção
terciária. Considerando o perfil descrito, elas comentaram que o alto número de pacientes com
18
diagnóstico de linguagem evidencia a necessidade de se desenvolverem ações preventivas
nesta área.
Salientando a importância do serviço de Fonoaudiologia, Nogueira et al. (2006)
realizaram um estudo retrospectivo, a partir da análise de prontuários de 300 pacientes
atendidos no Ambulatório de Fonoaudiologia do Hospital das Clínicas da Universidade
Federal de Minas Gerais encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde de Belo Horizonte.
O estudo foi realizado no período de março a dezembro de 2005 e tinha como objetivos
relacionar entre si as alterações fonoaudiológicas da linguagem oral e escrita, processamento
auditivo, fala, motricidade oral e voz. A amostra foi composta por indivíduos com idades que
variaram entre 7 meses e 83 anos. Para a análise dos dados coletados foi utilizado o programa
Epi Info 2000 versão 3.2.2. Os autores perceberam, pela análise dos prontuários, que 99,3%
dos pacientes atendidos no ambulatório apresentaram pelo menos uma alteração
fonoaudiológica. Os diagnósticos mais encontrados foram alterações de fala (53%); de
linguagem oral (44%); de voz (36,7%); motricidade oral (33%); processamento auditivo
(29,7%). Foi observada relação estatisticamente significante entre as alterações de linguagem
oral e fala; linguagem oral e voz; linguagem oral e processamento auditivo; linguagem oral e
escrita; fala e processamento auditivo; fala e fluência; fala e motricidade oral; processamento
auditivo e respiração oral. Com base nestes dados, os autores concluíram que é fundamental
que o usuário tenha acesso ao serviço de Fonoaudilogia e que sejam desenvolvidas ações
voltadas à promoção de saúde da comunicação humana na atenção primária.
Descrevendo o perfil da demanda fonoaudiológica ambulatorial em um hospital
público do município de São Paulo, Arcuri, Rodrigues e Schiefer (2006) analisaram 944
fichas de triagem, no período de 2003 a 2005. Chegaram à conclusão que as faixas etárias que
mais demandaram atendimentos foram as situadas nas e infâncias; que a queixa mais
freqüente foi a de linguagem; que o conhecimento da demanda ambulatorial pode ser tomado
como base para elaboração de ações coletivas pertinentes ao território em questão.
Através de um levantamento do perfil de usuários de duas unidades básicas de saúde da
cidade de Salvador, BA, Costa e Cavalheiro (2006) realizaram, entre os meses de setembro e
novembro de 2005, um estudo descritivo do tipo transversal, no qual pacientes e moradores da
comunidade foram entrevistados individualmente. Dos 250 pesquisados, 18% referiram perda
auditiva; 47,6% relataram trocar letras ao falar; 21,6% queixaram-se de dor ao engolir; 21,6%
relataram desconforto vocal. Apesar da enorme quantidade de queixas somente 9,2% dos
sujeitos já tinham sido atendidos por um fonoaudiólogo. Esses dados demonstraram a
19
necessidade tanto da inclusão deste profissional nos serviços públicos de saúde, como de
medidas de prevenção direcionadas à comunidade.
Com o objetivo de conhecer o perfil epidemiológico dos usuários do serviço, visando
melhorar seu planejamento e sua organização, Brito et al. (2006) coletaram dados dos
prontuários de pacientes do Centro Clínico de Fonoaudiologia da PUC Minas, que iniciaram o
tratamento em janeiro de 2004. Os resultados mostraram que a clínica de atendimento mais
solicitada foi a de linguagem. Os autores concluíram que é muito importante conhecer o perfil
epidemiológico local para que se possa melhorar o planejamento, a organização e,
conseqüentemente, a qualidade do serviço prestado.
No Rio Grande do Sul, Zwetsch et al. (2006) realizaram um levantamento
epidemiológico da população atendida no ambulatório de Fonoaudiologia em uma unidade
básica de saúde de Novo Hamburgo, entre os meses de março a junho de 2006. Das 61
pessoas atendidas, 54,8% eram do sexo masculino, 57,8% tinham entre 4 e 8 anos e a queixa
mais comum (47%) foi a de desvio fonético-fonológico. As autoras referiram que a
continuidade da ação fonoaudiológica deve buscar outras possibilidades de atuação, entre elas
as propostas ligadas à educação para a promoção da saúde e da cidadania.
Casarin (2006), em sua dissertação de mestrado, realizou um estudo que teve, entre
outros objetivos, o de estimar a prevalência de desvio de fala em uma amostra de pré-
escolares de escolas públicas estaduais de Santa Maria, RS. A amostra foi formada por 91
sujeitos, de ambos os sexos, com idades entre 5 anos e 7meses e 7anos e 5 meses. Todos
foram submetidos às avaliações fonoaudiológicas. Dos 91 sujeitos, 46 (70,3%) apresentaram
fala com desvio. Em estudo semelhante, Casarin et al. (2006) realizaram triagem
fonoaudiológica em 248 crianças, de ambos os sexos, com idade entre 5 anos e 7 meses e 7
anos e 5 meses, com o objetivo de estimar a prevalência de desvio de fala em uma amostra de
pré-escolares de escolas públicas de Santa Maria-RS. Dos 248 pré-escolares, 112 (45,16%)
apresentaram alterações de fala na triagem fonoaudiológica. Com base nos resultados de
ambos os estudos, as autoras concluíram a existência de alta prevalência de desvio fonológico
na amostra estudada.
Ao abordarem a realidade de Alagoas, Pimentel, Guimarães e Flores (2006) realizaram
um estudo epidemiológico baseado no levantamento de dados dos prontuários dos pacientes
com alta fonoaudiológica (283) e nas fichas de triagem dos pacientes que ainda aguardavam
atendimento (301), cadastrados na UTFono, clínica-escola da Faculdade de Fonoaudiologia
da Fundação Universitária de Ciências da Saúde de Alagoas, no período de junho de 2000 a
maio de 2005. Pela análise dos dados, entre outros achados, observaram que a maioria dos
20
pacientes do grupo de espera aguardava atendimento na área de linguagem (70,09%) e que a
maior parte dos sujeitos deste mesmo grupo era constituída por crianças com idade entre zero
e seis anos (53,55%). Os autores concluíram que existe escassez de fonoaudiólogos na rede
pública de Alagoas; que o prolongado tempo de terapia faz com que se acumule um grande
número de pacientes em lista de espera; que é necessária mudança de paradigma na atuação
da Fonoaudiologia neste Estado, difundindo o trabalho fonoaudiológico, sobretudo no nível
de atenção primária à saúde.
Entre os estudos internacionais, o de Gierut (1998) referiu que o distúrbio fonológico
afeta aproximadamente 10% da população americana e está entre as desordens de
comunicação mais freqüentes entre escolares e pré-escolares.
Shriberg, Tomblin e McSweeny (1999) realizaram, nos Estados Unidos, um estudo de
prevalência de atraso de fala em crianças com seis anos de idade. Através do projeto
“Epidemiology of especific language impairment a fala e a linguagem das crianças foram
previamente avaliadas. Foram também avaliadas a articulação e a fala, através de testes
específicos e amostras de fala em conversação. A prevalência de atraso de fala para a
população estudada foi de 3,8%.
O estudo de Keating, Turell e Ozanne (2001), na Austrália, envolvendo crianças de 0 a
14 anos de idade, encontrou prevalência de distúrbios de fala de 1,7%. Nesse grupo, 25,8%
dessas crianças apresentavam atraso no desenvolvimento ou déficits intelectuais e foram
excluídas. Após a exclusão, a prevalência foi reduzida para 1,3%.
2.2 Sistema Único de Saúde e Fonoaudiologia
Segundo Befi (1997), as questões de saúde no Brasil datam do final do século XIX,
início do século XX. Conforme Puccini (1995), elas surgiram como questão social durante o
período da economia cafeeira, com preocupação especial em relação ao saneamento dos
portos e dos centros urbanos. Em 1982, Emílio Ribas iniciou o combate à febre amarela em
São Paulo, seguido por Osvaldo Cruz, a partir de 1903. Ambos foram motivados pela
preocupação com a organização assistencial e com os pobres, na época excluídos da
assistência médica .
21
Em 1923, foi criado o Departamento Nacional de Saúde Pública, quando deveria
ocorrer a centralização e a transformação dos problemas de saúde em questão nacional. No
entanto, prosseguiram as soluções de caráter local.
No início da cada de 30, a partir da criação de Institutos de Aposentadorias e
Pensões, surgiu a Medicina Previdenciária e o Estado passou a responder pelas questões
sociais de forma mais abrangente. Esta estrutura institucional manteve-se até 1966.
Como a Medicina Previdenciária centrava suas ações em hospitais, sendo estas as
principais ações de prestações de serviços de saúde, os problemas de saúde da população de
baixa renda cresceram de forma significativa. Para tentar solucionar estes problemas, foi
criado, em 1953, o Ministério da Saúde, responsável, em todo o país, pelos serviços de
atendimento à tuberculose, malária, lepra, câncer, entre outras doenças, bem como pela
educação sanitária, fiscalização da medicina e bioestatística.
Em 1967, foi criado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), quando a
assistência médica a todos os trabalhadores atuantes e seus dependentes tornou-se obrigatória.
Observou-se, porém, neste período, a desvalorização das ações de atenção coletiva, com o
decréscimo do orçamento do Ministério da Saúde.
Em 1977, foi criado o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
(INAMPS), que, conforme Garbin (1995), tinha por objetivo a assistência médica aos
trabalhadores urbanos, aos servidores civis da União, de suas autarquias e do Distrito Federal.
Nessa época, a assistência médica às classes mais abastadas era prestada pela iniciativa
privada, aos pobres, pela igreja e outras entidades filantrópicas e à classe trabalhadora oficial,
pelo INAMPS. Os Municípios atendiam às urgências, e às campanhas e os programas de
erradicação e/ou controle de determinados agravos ficavam a cargo, principalmente, dos
órgãos governamentais federais e estaduais.
Enquanto esses acontecimentos ocorriam no Brasil, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) realizava, em 1978, em Alma-Ata (antiga URSS), a Conferência Internacional sobre
Cuidados Primários de Saúde, com a participação de inúmeros países, inclusive do Brasil.
Nesta Conferência, saúde foi definida como “um estado de completo bem-estar, de equilíbrio
biopsicossocial e não somente a ausência de doenças ou enfermidades” e várias propostas
foram sugeridas com o intuito de alcançar Saúde para Todos no Ano 2000.
No final da década de 70, início de 80, o setor de saúde, no Brasil, passou por uma
grave crise. Criou-se, então, o Programa Nacional de Serviços sicos de Saúde (PREV-
SAÚDE), que tinha como proposta a reorganização e a ampliação dos Serviços de Saúde,
incluindo saneamento e habitação, regionalização, hierarquização, participação da
22
comunidade, entre outros, e considerava que o primeiro atendimento deveria ser a porta de
entrada do Sistema de Saúde. Conforme Garbin, 1995, e Puccini, 1995, entre 81 e 83
agregaram-se novas propostas ao plano inicial, mas nenhuma foi implantada.
Em 1983, convênios começaram a ser assinados, com as Secretarias de Saúde,
estaduais e municipais e, em 1984, foram implantadas as Ações Integradas de Saúde (AIS).
Com base nas propostas da AIS e nas discussões realizadas durante a VIII Conferência
Nacional de Saúde 1986, foi assinado, em 1987, o documento que legaliza o Sistema Único
e Descentralizado de Saúde (SUDS). Com a promulgação da Constituição de 1988, foi
definido o Sistema Único de Saúde (SUS). Em 1992, a IX Conferência Nacional de Saúde
exigiu o cumprimento da Lei do SUS.
Gomes e Remencius (1997) salientam que a Constituição de 1988 foi um marco no
campo da saúde pública. Garbin (1995) cita que, de acordo com esta Constituição, o Sistema
Único de Saúde (SUS) foi definido como uma rede regionalizada de ações e serviços que
visam ao acesso universal e igualitário da população para a promoção, proteção e
recuperação de sua saúde .
São princípios fundamentais do SUS a eqüidade, a universalidade e a integralidade. A
eqüidade caracteriza-se por oferecer oportunidades iguais, em termos de tratamento, para
necessidades iguais. A universalidade é a garantia de atendimento a todo e qualquer cidadão.
A integralidade é a atenção integral à saúde (prevenção primária, secundária e terciária).
De acordo com Pereira (1995), a prevenção caracteriza-se “por todas aquelas medidas
utilizadas para evitar doenças ou suas conseqüências”.
Andrade (1996) defende que a prevenção não se limita à diminuição da ocorrência de
doenças. Dela devem fazer parte conteúdos que visem promover, proteger, diagnosticar, tratar
e reabilitar a saúde individual e coletiva. Como a habilidade comunicativa é um elemento
fundamental para a qualidade de vida, toda e qualquer ação preventiva nessa área contribuirá
significativamente para a promoção da saúde integral.
A prevenção, conforme Andrade (2000), pode ser dividida em três fases, subdivididas
em cinco níveis:
prevenção primária: prevenir a ocorrência de doenças ou disabilidades antes
que elas aconteçam;
prevenção secundária: reverter um quadro em andamento, alternando ou
retardando sua evolução;
23
prevenção terciária: atividades de vigilância e manutenção do potencial
subjacente depois do episódio patológico, para minimizar complicações e
disabilidades.
Segundo a autora, para a Fonoaudiologia, a fase primária consiste na eliminação ou na
inibição dos fatores responsáveis pela ocorrência e pelo desenvolvimento das patologias da
comunicação. Ela subdivide-se em dois níveis: o de promoção de saúde, no qual devem ser
adotadas medidas a fim de aumentar a saúde geral e o bem-estar da população, e o de
proteção específica, no qual a atuação deve ser dirigida para o combate a determinadas
patologias fonoaudiológicas, segundo características e necessidades específicas. A prevenção
secundária tem por objetivo detectar e tratar, o mais brevemente possível, as patologias
instaladas, na tentativa de interromper o processo da doença e evitar ou retardar complicações
ou seqüelas. Ela também subdivide-se em dois níveis: o de diagnóstico e tratamento precoces
e o de limitação da invalidez. A prevenção terciária, a mais conhecida e estudada pela
Fonoaudiologia, possui um único nível, o da reabilitação, no qual se tenta reduzir ao mínimo
as disabilidades do processo patológico e conseguir a máxima funcionalidade, procurando
evitar o desajuste psicossocial do indivíduo.
De acordo com Goulart (2003), ao transferir esses níveis para o contexto da
Fonoaudiologia, são exemplos de prevenção primária, a promoção e orientação do
aleitamento materno; de intervenção em nível secundário, o diagnóstico e tratamento dos
desvios fonológicos; de medida em nível terciário, a reabilitação de um sujeito afásico.
Segundo Beltrame (2003), a década de 90 trouxe inúmeros benefícios para o setor da
saúde no Brasil, desde que, em setembro de 1990, foi assinada a lei 8080, conhecida como
‘Lei Orgânica da Saúde’, a qual definiu o SUS Sistema Único de Saúde. Em dezembro do
mesmo ano, foi assinada a lei 8142, que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão
do SUS, sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros e estabelece as
Conferências de Saúde e o Conselho de Saúde como instâncias colegiadas do SUS. O autor
ainda salienta os objetivos do SUS: identificar e divulgar os fatores condicionantes e
determinantes da saúde; formular políticas de saúde destinadas à redução de riscos de doenças
e de outros agravos e ao acesso igualitário e universal às ações e aos serviços de saúde; dar
assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde.
Goulart (2003) afirma que é necessário que os fonoaudiólogos, assim como os demais
funcionários do Sistema Único de Saúde - SUS -, tenham conhecimento de seus preceitos,
características administrativas e repercussão em um contexto mais amplo. O fonoaudiólogo
24
precisa se inteirar dos assuntos pertinentes ao SUS, a fim de poder organizar seu trabalho e
direcionar ações que surtam efeito na instituição pública e na comunidade.
Quanto ao serviço de Fonoaudiologia, segundo Befi (1997), os fonoaudiólogos
iniciaram suas atividades no sistema público, entre a década de 70 e 80, alguns através das
secretarias de educação, outros das secretarias de saúde. O número de profissionais era
pequeno e os trabalhos isolados, sem nenhum tipo de integração e sem propostas abrangentes.
Este fato comprometeu a efetividade do trabalho e não surtiu efeito na comunidade em geral e
muito menos aos olhos dos órgãos competentes.
Os procedimentos eram voltados para estrutura de consultório, devido à formação
reabilitadora que o profissional de Fonoaudiologia recebia. Era difícil propor e organizar
serviços voltados para grandes populações. O serviço, então, se concentrava em ambulatórios
de saúde mental e em hospitais.
Na segunda metade da década de 80, com a estruturação do SUS, surgiram,
principalmente em São Paulo, os concursos públicos para a contratação de fonoaudiólogos
para as Secretarias de Saúde, embora eles ainda não fizessem parte da lista de profissionais
da saúde. Muitos destes profissionais foram lotados nos centros de saúde porta de entrada
do sistema - iniciando então a inserção da Fonoaudiologia no contexto da atenção primária à
saúde. Foi mantida, porém, a estrutura de consultório, gerando insatisfação tanto do
fonoaudiólogo quanto da instituição pública.
A Fonoaudiologia começou a organizar seus ambulatórios levando em consideração a
pressão da demanda reprimida e seus conhecimentos anteriores, atendendo às diversas
patologias da comunicação e dando ênfase especial ao fato de casos mais significativos
requererem atendimentos especiais e, na maioria das vezes, multidisciplinaridade. Deste
modo, a Fonoaudiologia precisou estudar e começar a trabalhar com conceitos de
epidemiologia, objetivando o levantamento das patologias de maior ocorrência na população,
assim como suas características e a verificação de possibilidades de organização ambulatorial.
Surgiram então, no início dos anos 80, as primeiras pesquisas mostrando a ocorrência
de patologias da comunicação na população brasileira. Andrade, Lopes e Wertzener (1991),
mostraram, mais tarde, que, do ponto de vista fonoaudiológico em geral, a população que
apresenta maior demanda de manifestação primária é a infantil.
Cresceram, nos profissionais, o desejo e a necessidade de formalizar sua inserção nos
demais serviços da instituição. Eles tentaram organizar propostas de ações a serem executadas
25
junto aos programas de pediatria e puericultura, saúde do adolescente, saúde da mulher, do
trabalhador e do idoso, além da sua inclusão em creches e escolas da área de abrangência das
unidades.
Um aspecto muito importante a ser considerado é que as ações desenvolvidas em uma
unidade de porta de entrada do sistema não são individuais, são coletivas. Deve-se ter muito
cuidado, porque as coletividades não são iguais, o que é adequado para uma comunidade nem
sempre o é para outra. Daí a necessidade de conhecimento da área de abrangência de trabalho
para a realização de ações pertinentes às necessidades do local.
Paralelamente ao processo referido, as Universidades foram adequando suas grades
curriculares, visando melhor preparar o fonoaudiólogo para esta nova área de atuação.
Befi (1997) defende que o fonoaudiólogo que atua no SUS deve ser um generalista,
capaz de identificar as questões fonoaudiológicas de maior relevância na sua comunidade de
abrangência, capaz de elaborar e efetivar ações que visem a uma solução, adotando medidas
preventivas sempre que possível. Ele deve ser capaz também de organizar um ambulatório de
atendimento que se identifique com a sua unidade de saúde, visando sempre à qualidade no
atendimento à população.
Guedes (1997) considera que o papel do fonoaudiólogo tornou-se mais amplo, sendo
possível projetar ações e prevenções cabíveis a um determinado grupo, desde que este seja
bem conhecido.
Andrade (2000) defende que é imprescindível que os aspectos de fala, da linguagem e
da audição sejam considerados atributos da saúde, uma vez que suas manifestações
patológicas abalam a competência e o desempenho comunicativo verbal e não verbal, intra e
interpessoal. Eles geram sofrimento, mesmo não causando dor física, não apresentando sinais
e sintomas expressos laboratorialmente, não sendo levados à cura por meio de ingestão de
drogas nem levando à morte. Essas manifestações patológicas, porém, limitam a capacidade
do ser humano de criar e transformar o mundo, através do poder da palavra, gerando enorme
impacto na experiência pessoal e comprometendo a qualidade de vida. É necessária uma
intervenção voltada para impedir e/ou para romper o processo da doença, sendo este o
primeiro passo para produzir saúde, integral e fonoaudiológica.
Deste modo, segundo Lopes (2001), as atividades de saúde pública, sejam de
promoção, proteção ou recuperação, devem estar voltadas à problematização das questões do
cotidiano.
Para Goulart (2001), a descentralização do sistema de saúde possibilita um
planejamento mais específico e de acordo com as necessidades da população de determinada
26
região o que, em tese, ajudaria a melhorar a qualidade dos serviços de saúde prestados à
população e atenderia, de forma mais eficaz, às suas necessidades.
Beltrame (2003) salienta que é importante reconhecer as características de demanda
específicas em cada comunidade e em sua área de abrangência. Após este reconhecimento, se
estabelece um corpus de ações e programas com caráter preventivo, quanto ao uso de medidas
que evitem ou minimizem os distúrbios de comunicação pertinentes a cada realidade social.
Essas ações e serviços necessitam de constantes avaliações, a fim de garantir a prevenção e o
tratamento das problemáticas da comunicação.
Por acreditarem que é fundamental conhecer as necessidades e interesses dos usuários
das Unidades Básicas de Saúde (UBS) nas áreas de audição e/ou linguagem para depois
propor programas de prevenção dos Distúrbios da Comunicação Humana, Gonçalves,
Tochetto e Primo (2005) fizeram um levantamento dos interesses dos usuários de cinco
Unidades Básicas de Saúde da cidade de Santa Maria, RS. A população pesquisada
demonstrou interesse sobre ambos os temas pesquisados: audição e linguagem.
Souza, Cunha e Silva (2005) defendem que a comunicação, sendo objeto de estudo da
Fonoaudiologia, merece importante atenção das ações de saúde pública, uma vez que
possibilita ao indivíduo se colocar como agente transformador da sociedade e da sua
realidade. É preciso apresentar evidências científicas sobre a importância deste trabalho e das
transformações decorrentes destas intervenções.
Costa e Cavalheiro (2006) reforçam esta idéia, salientando que a Fonoaudiologia
necessita investir em conhecimento científico para fundamentar o crescimento da atividade
profissional e que a atenção dispensada à Fonoaudiologia voltada para uma visão preventiva e
coletiva ainda é deficiente.
Em concordância com os autores anteriormente citados, Perdigão e Lemos (2006)
acreditam que as pesquisas desenvolvidas no campo da saúde pública ainda são escassas,
principalmente quando comparadas com a produção por áreas específicas da Fonoaudiologia.
Quanto às políticas públicas, Fortes (2006) refere que o SUS surgiu como uma
alternativa para a universalização do atendimento à população, tendo como prioridade a
prevenção, porém ainda necessita de muitos investimentos nesta área. O SUS pretende
oferecer atendimento eficiente e comprometido com a qualidade de vida da população, porém
as dificuldades para se atingir este fim são inúmeras. A autora considera, no entanto, que com
o enfrentamento das dificuldades e com a aplicação de políticas públicas voltadas aos
interesses da sociedade e bem definidas em todas as esferas do governo, é possível melhorar
o desenvolvimento e o fortalecimento no atendimento à saúde.
27
Daniele (2006) reitera este pensamento, defendendo a necessidade da inserção de
políticas públicas na Fonoaudiologia. Ela complementa dizendo que a maior parte dos
fonoaudiólogos ainda não tem formação e treinamento para efetivar um trabalho preventivo.
No entanto, os novos currículos já estão em fase de adaptação e as expectativas futuras para a
prevenção em Fonoaudiologia são cada vez melhores.
Casarin (2006) relata que é comum encontrar crianças com idade superior a cinco anos
que apresentam desvios em sua fala. Salienta que estas dificuldades podem prejudicar o
rendimento pedagógico, podendo desencadear distúrbios de aprendizagem da leitura e da
escrita, bem como dificuldades em expressar emoções, o que pode gerar frustrações e
problemas emocionais. Grande parte da demanda de crianças que procura os serviços de
Fonoaudiologia é encaminhada por professores, porém a maioria destas crianças persiste com
os distúrbios de fala por falta de implantação de um programa de prevenção e estimulação da
linguagem oral.
Como a demanda no setor de Fonoaudiologia é muito grande e, na maioria das vezes,
maior que a disponibilidade de recursos humanos, tecnológicos ou financeiros, entre outros,
Goulart e Chiari (2006) referem ser imprescindível priorizar necessidades.
2.3 Educação em saúde
Segundo Mendes e Viana (1995), a educação em saúde compreende uma adequação
das circunstâncias a fim de favorecer a saúde, visando à melhor qualidade de vida,
abrangendo o maior número possível de pessoas da comunidade e que será efetivamente
alcançada quando, além das ações governamentais, cada cidadão atuar individual e
coletivamente para que estas transformações se tornem realidade.
Mendes e Viana (2000) citam que o objetivo da educação em saúde é promover,
manter e melhorar, por meio do processo educativo, a saúde do indivíduo e da comunidade.
É preciso que o público tome consciência e reconheça a importância da saúde e que o Sistema
de Saúde corresponda às necessidades da população. As pessoas devem ter acesso aos
conhecimentos e aos meios para que pratiquem estilos de vida saudáveis e para que, na
condição de cidadãos esclarecidos, atuem coletivamente na transformação da realidade e na
intensificação do suporte político e social para a saúde.
28
A educação em saúde deixou de estar voltada unicamente para o comportamento
individual e passou a focalizar a promoção das condições de vida das pessoas e do seu
ambiente. Atualmente, busca-se motivar as pessoas e a comunidade a assumirem sua própria
saúde, dando ênfase à formação da consciência crítica em saúde, à democratização do saber e
do conhecimento nas ações de saúde e possibilitando o diálogo, a participação ativa e crítica,
com um caráter transformador. Procura-se instrumentalizar as pessoas para que identifiquem
os problemas de saúde e analisem suas causas e conseqüências, relacionado-os com suas
práticas diárias. Para que isto aconteça, é necessário, no entanto, que, durante a prestação de
serviços e as práticas educativas, nas relações entre pessoal de saúde e usuários, aconteçam
momentos de valorização, estima, respeito, diálogo, criação e produção.
Segundo Sassaki et al. (1987, apud Mendes e Viana, 2000), para que a prática
educativa seja instrumento de transformação, de promoção, proteção e recuperação da saúde
é imprescindível o planejamento adequado, assim como o acompanhamento e a avaliação
contínua das ações institucionais. Como a Fonoaudiologia foi inserida no serviço público nos
anos 80 (séc. XX), Chun (2004) também defende a necessidade da constante revisão de
conceitos e práticas.
Marin et al. (2003) referem que educação para a saúde é muito mais do que informar,
é criar condições para que as pessoas se conscientizem e se capacitem, podendo, desta forma,
reconhecer e expressar suas necessidades de saúde.
Aerts et al. (2004) dizem que a educação em saúde é uma prática social que cria
oportunidades para que os cidadãos identifiquem seus problemas de saúde e as situações que
os determinam, incitando a busca de soluções coletivas. Defendem que o novo jeito de fazer
saúde exige que os profissionais da saúde desempenhem o papel de educadores, auxiliando a
população sob sua responsabilidade a tornar-se agente na promoção e na proteção de sua
saúde e da saúde da cidade. Para isso, o processo de aprendizagem deve ser desencadeado, e o
ensinar e o aprender devem ser efetivados de forma relacional e não hierárquica.
Cavalheiro (2006) concorda que a educação em saúde, além de promover a informação
em saúde, tende a ampliar o acesso à mesma, visando sempre à melhoria das condições e da
qualidade de vida. Refere também que as atividades educacionais em saúde possuem uma
capacidade resolutiva de 85 a 90% dos problemas da população, auxiliando em termos de
prevenção e no que se refere às necessidades de encaminhamentos especializados.
Para Goulart (2006), o profissional da saúde, além de promover saúde, tem a
obrigação de disseminar o conhecimento para que os usuários do serviço se tornem atores
ativos nos processos sociais e, munidos de informações, sejam capazes de, por conta própria,
29
tomar decisões sobre seu corpo, sobre o meio em que vivem e, em conseqüência, sobre sua
saúde.
2.4 Formação de grupos e orientação familiar
Alguns fatores terapêuticos passíveis de serem explorados nos grupos o citados por
Vinogradov e Yalon (1992): a instalação da esperança; o intercâmbio social e o
compartilhamento de problemas; a orientação sobre os problemas da vida; o apoio e a
aceitação mútua; o altruísmo e o aumento da auto-estima; a aprendizagem interpessoal e o
desenvolvimento da socialização; o comportamento imitativo; a capacidade de expressar
emoções e de ser aceito; a flexibilização de papéis e a reedição corretiva do grupo familiar
primário; a percepção da responsabilidade e autonomia do sujeito no grupo e na sua própria
vida.
Corrêa (1997) relata que, no início da década de 80, surgiram as primeiras práticas
fonoaudiológicas com grupos e as quais tiveram como palco os serviços públicos de saúde e
educação. A motivação para tais práticas, conforme Santos (1993), surgiu da necessidade de
absorção da demanda e da conseqüente organização dos serviços de Fonoaudiologia.
Para Zimerman e Osório (1997), um grupo é uma nova entidade que se constitui
através de mecanismos próprios e específicos e através da formação de uma identidade
grupal.
Segundo Penteado (2000) e Silva (2002), conduzir grupos não é uma tarefa fácil, pois
requer habilidades. É necessário ter bem claro quais os objetivos a serem atingidos e a forma
como serão alcançados. Quando se pretende capacitar o sujeito ou a comunidade, não se pode
pensar somente em orientação como transmissão de informações, mas sim como prática
educativa e informativa.
Penteado (2003) afirma que, atualmente, além das propostas de atendimento grupal,
também aquelas que sugerem os grupos como possibilidades de intervenções preventivas,
educativas e de promoção de saúde, convocando inclusive as famílias dos sujeitos com
necessidades fonoaudiológicas. Segundo a autora, uma das maneiras de se distinguir um
agrupamento de pessoas de um grupo de pessoas é investigar a qualidade das relações que os
sujeitos mantêm entre si.
30
Marin et al. (2003) referem que uma ação grupal pode ser entendida como uma
possibilidade de ação multiplicadora para a promoção da saúde.
Medeiros et al. (2003) realizaram um programa de orientação sobre a importância do
aleitamento materno para o desenvolvimento da linguagem e usaram como referência as
palavras de Monetti (1977) “a realização de um programa de orientação, não se trata de
obrigar ninguém a fazer algo que não deseje, e sim dar-lhes uma oportunidade à informação
especializada”. As autoras enfatizaram que um trabalho de orientação deve ter uma linguagem
simples e fácil para que a população a compreenda e se conscientize, pois se coloca em
prática aquilo em que se confia e se acredita ser necessário para a própria vida.
Lessa (2004) refere que, atualmente, a Fonoaudiologia atua, na saúde pública,
gerenciando programas e projetos. Busca-se a valorização das ações em grupo em detrimento
da atenção individual.
Quanto à orientação familiar, Ledeberg (1984) enfatiza a importância de pesquisas que
evidenciem a orientação dos familiares, para que estes possam ter uma melhor compreensão
da própria criança e de seu meio, facilitando a interação no processo terapêutico.
Masterson e Apel (1997) relatam estratégias para aconselhamento com pais de crianças
com desordens fonológicas, baseadas no trabalho de Elisabeth Webster na área de
aconselhamento de pais e famílias. Citam que Webster defende que o profissional trabalha
com os pais os vendo como membros do mesmo time e juntos eles determinam estratégias
para mudança efetiva. As autoras apresentam um programa de seis semanas baseado nos
princípios gerais de aconselhamento para ser usado com pais e membros da família de
crianças com desordens fonológicas. Estratégias que facilitam diálogo aberto entre
conselheiros e pais são benéficas no processo de aconselhamento. É importante usar táticas
que facilitem a recepção otimista da informação. A informação pode ser dada, em geral, de
dois modos : através de atividades instrutivas planejadas e em resposta a perguntas específicas
dos pais. É importante esclarecer atitudes, crenças e idéias para que haja mudança de
comportamento. Pais e membros da família devem considerar o tratamento necessário e
importante. As autoras relatam benefícios associados ao treinamento para pais cujas crianças
têm desordens fonológicas. Defendem a necessidade de envolver a família em qualquer
programa de intervenção, sendo necessário adequar o programa à realidade do público-alvo
assim como avaliar a efetividade do programa.
31
Freitas, Lacerda e Panhoca (1999) relatam que as alterações de linguagem são vistas
como sérios problemas às relações sociais, pois, como referem Caldana e Felício (2003), a
aquisição e o desenvolvimento da linguagem são processos fundamentais para que o
indivíduo execute variadas tarefas nas mais diversas esferas da sociedade e as interações
familiares e sociais propiciam as condições para esse desenvolvimento.
Alvarez et al. (2003) salientam que a orientação junto aos familiares é tão importante
quanto o atendimento ao paciente. Da mesma forma, Sampaio e Farias (2003) defendem que
se a família for devidamente orientada e esclarecida, possivelmente, apresentará melhor
estrutura no processo educacional de seus filhos. Concordando com estes autores, Barbetta
(2006) refere que um grupo de orientação a pais, principalmente pais de crianças especiais,
pode ser um caminho para que a família tenha maior consciência das reais dificuldades e
limitações dos filhos, abrindo espaço para que haja aproximação efetiva com o profissional
responsável pela criança.
Pinto, Lages e Siqueira (2006) também consideram a participação da família
fundamental no processo terapêutico, pois ela tem a possibilidade de construir um ambiente
positivo à evolução do paciente, promovendo oportunidades favoráveis ao desenvolvimento.
Consideram a família como matriz do desenvolvimento biopsicossocial de seus membros.
Lenz et al. (2006) defendem que a orientação à população aumenta seus
conhecimentos e, por conseguinte, proporciona melhor qualidade de vida.
2.5 Fundamentos do desenvolvimento normal de linguagem e fala
Zorzi (1995) afirma que a linguagem é um meio de comunicação, sendo um modo
privilegiado de relação entre as pessoas e um poderoso instrumento de apreensão e formação
de conhecimentos.
Abbeduto e Benson (1996) dizem que a linguagem é uma ferramenta fundamental
para a interação social.
VanRiper e Emerick (1997) defendem que a comunicação é a própria essência da vida
e que a pessoa compartilha seus pensamentos e se relaciona com os demais através da emissão
e recepção de mensagens faladas. Na sociedade atual, uma fala eficiente é de extrema
importância.
32
Guedes (2000) refere que a linguagem é um sistema de sinais codificados que permite
a comunicação inter e intrapessoal e que exerce papel social no momento em que se torna
interpessoal.
Zorzi (2000) concorda que a linguagem é constituída de formas de expressão que
permitem relações entre as pessoas, em que significados (conceitos, idéias, sentimentos) são
expressos por meio de significantes (as palavras).
Segundo Pontes (2005), a linguagem é um dos aspectos mais importantes do
desenvolvimento humano. Michelini e Caldana (2005), concordando com Pontes, referem que
a linguagem, independentemente de ser falada ou escrita, desempenha um papel fundamental
em todas as atividades que o ser humano realiza, seja na área afetiva, social ou outras.
Para Vitto (2005), linguagem é uma forma de comunicação, utilizada para transmitir
informações, das mais simples às mais complexas, sendo essencial para a interação dos
homens entre si e com o mundo.
Pontes (2005) refere que o desenvolvimento infantil sofre influências de múltiplos
fatores: biológico, afetivo, sócio-econômico, comportamental, dentre outros. Como a
linguagem é parte integrante deste desenvolvimento, ela também sofre influência destes
fatores durante sua aquisição. Este autor diz que o desenvolvimento da linguagem na criança é
um processo de caráter biológico, regido por leis internas, possuindo etapas principais e
indicadores correspondentes a estas etapas. Enquanto os períodos do desenvolvimento
acontecem, a maturação biológica e os processos de aprendizagem permanecem intimamente
relacionados. O processo de maturação é pré-determinado geneticamente, enquanto a
aprendizagem resulta da interação do indivíduo com o meio.
O córtex cerebral, responsável por armazenar informações, vai sendo determinado
como conseqüência do desenvolvimento. Desta maneira, algumas funções como a linguagem
vão se determinando e se organizando de acordo com a maturação do sistema nervoso central.
Didaticamente, a aquisição e o desenvolvimento da linguagem são divididos nas
seguintes etapas: primeira etapa da comunicação nível pré-lingüístico; segunda etapa da
comunicação primeiro nível lingüístico; terceira etapa da comunicação segundo nível
lingüístico. Esta classificação foi proposta por Azcoaga et al. (1977, apud Pontes, 2005).
A primeira etapa da comunicação nível pré-lingüístico ocorre do nascimento até,
aproximadamente, 12/15 meses. É nesta etapa que são utilizados os primeiros recursos
comunicativos, principalmente com a mãe. Observam-se atividades como choro, sucção,
deglutição, grito, dentre outras, que vão se tornando cada dia mais elaboradas e serão
essenciais para o desenvolvimento da fala. Observa-se também a presença do jogo vocal,
33
caracterizado pela repetição constante de sons, aparentemente sem motivo. O jogo vocal pode
ser dividido em duas etapas. A primeira é proprioceptiva, caracterizada por emissões
contínuas e sons guturais. Nesta fase, o bebê imita padrões sonoros da mãe. Depois advém a
fase proprioceptiva auditiva, na qual surgem novos recursos comunicativos. Ao término do
segundo semestre, observa-se o surgimento das primeiras palavras, relacionadas aos interesses
biológicos da criança, as quais provocarão reações do meio. É a etapa conhecida como
palavra sinal.
A segunda etapa da comunicação primeiro nível lingüístico - estende-se do primeiro
ano de vida até, aproximadamente, os cinco anos. Nesta etapa, é possível observar a produção
de novas combinações sonoras que ocasionarão a formação de palavras, processo que exige
uma atividade de síntese que vai se consolidando com o desenvolvimento. Nesse período,
constata-se a atribuição de significados às palavras adquiridas, pela qual uma palavra pode
representar uma diversidade de objetos. Esta generalização primária, influenciada pelo meio e
pelo desenvolvimento biológico, evolui para a atribuição de significado a cada palavra,
proporcionado ampliação do vocabulário e a combinação de palavras, formando frases
simples. Anterior ao desenvolvimento da frase simples, muitas crianças desenvolvem o
monossílabo intencional, ampliando a função comunicativa e a capacidade de compreensão.
Depois vem a etapa da palavra frase e, na seqüência, a etapa da palavra justaposta, em que o
conteúdo do discurso está relacionado a objetos concretos. Na etapa da frase simples, após os
dois anos de idade, a criança faz uso de maior número de palavras, as combinando em frases e
utilizando artigos, preposições e conjunções. A fala da criança torna-se semelhante à do
adulto, não havendo mais necessidade do objeto concreto. Aparece, nesta etapa, o monólogo
infantil, principalmente durante as brincadeiras. Neste processo, inicia a internalização da
linguagem.
A terceira etapa da comunicação segundo nível lingüístico coincide com o período
de alfabetização, onde a criança poderá demonstrar o próprio desenvolvimento da linguagem
por meio da possibilidade de aprendizagem do código gráfico e de demonstração do
conhecimento através da oralidade. Neste momento, possíveis falhas tornam-se visíveis,
podendo levar ao fracasso escolar. Esta etapa é dividida, didaticamente, em duas sub-etapas.
Na primeira, dos cinco aos sete anos, a criança tem uma linguagem bem próxima à do adulto
com domínio, quase total, da ngua e da organização sintática. Na segunda, dos sete aos doze
anos, observam-se a ampliação dos aspectos sintáticos e semânticos e o aumento vocabular.,
Pelo domínio de conjunções e preposições, também maior riqueza no uso de orações
34
subordinadas. A linguagem está totalmente interiorizada, no entanto, ela continuará sendo
aperfeiçoada e desenvolvida por toda a vida.
Para Yavas (1988), é importante ter conhecimento dos padrões da aquisição normal,
pois, a partir do entendimento da sua emergência, uso e progressão, será possível estabelecer
relações entre um grupo e outro.
Para Lamprecht (1999), a aquisição fonológica considerada normal é aquela em que a
criança atinge espontaneamente o domínio do sistema fonológico da língua-alvo, dentro da
faixa etária comum à maioria das crianças. Essa faixa estende-se dos 4 aos 6 anos.
Os estudos de Yavas (1988), Hernandorena (1990), Mota (1990, 1996) e Lamprecht
(1999) mostram que, aos cinco anos, as crianças adquiriram os contrastes do sistema
fonêmico adulto, quer dizer, já conseguem fazer uso efetivo da língua durante a comunicação.
Segundo Lamprecht (2004), a cronologia da aquisição dos fonemas do português por classes
de sons é a seguinte: vogais, plosivas, nasais e africadas, fricativas e líquidas. Estas duas
últimas são as classes de som de aquisição mais tardia no desenvolvimento normal. A autora
refere que, para a maioria das crianças, o amadurecimento do conhecimento fonológico ocorre
num processo gradual, não-linear, sofrendo variações individuais , entre o nascimento até em
torno dos cinco anos de idade. Como resultado se tem o estabelecimento de um sistema
fonológico condizente com o sistema fonológico adulto
Wertzner (2004) salienta que, além de conhecer a seqüência da aquisição dos fonemas
e as idades em que são adquiridos, é interessante saber quais os erros mais cometidos pelas
crianças. Sobre o Português encontram-se alguns estudos como o de Lamprecht (1993). Este
autor realizou um estudo longitudinal com crianças entre 2 anos e 9 meses e 5 anos e 5 meses
de idade e constatou que oito processos fonológicos naturais atuaram sobre a fala das
crianças: redução de encontro consonantal; apagamento de líquida não lateral em fim de
sílaba (dentro da palavra); apagamento de fricativa em fim de sílaba (dentro da palavra);
substituição de líquida; anteriorização de palatal; dessonorização; posteriorização de fricativa;
metatese.
Cigana et al. (1995) também verificaram a ocorrência de vários processos fonológicos
em crianças de 4 anos a 6 anos e 2 meses. Eles constataram que os processos com maior
número de eventos foram os de redução de encontro consonantal e de apagamento de líquida
não-lateral em fim de sílaba, dentro da palavra.
Mais tarde, Wertzner (1998) analisou os erros mais freqüentes na produção dos
fonemas /l/, /λ/ e /r/ (líquidas) em 40 sujeitos entre 3 ano e 1 mês e 5 anos 6 meses, sem
35
queixa de desenvolvimento de linguagem. Os resultados indicaram maior ocorrência de
omissões e substituições entre as próprias líquidas.
Wertzner e Carvalho (2000) fizeram um estudo sobre a ocorrência de omissão e
substituição de fonemas fricativos /f,v,s,z, , /, durante a aquisição normal da fonologia em
crianças de três a quatro anos de idade. Elas concluíram que as crianças estudadas haviam
adquirido esses fonemas, com exceção do // em posição final e inicial e que, na maioria das
vezes, uma fricativa era substituída por outra.
2.6 Pesquisas relacionadas à orientação fonoaudiológica
Lauermann e Wertzner (1995) desenvolveram um trabalho com 128 pais de crianças da
sala de espera do Serviço de Pediatria do Centro de Saúde Escola Samuel B. Pessoa, sem
suposta queixa fonoaudiológica. Durante o período de maio a setembro de 1993, realizaram
37 reuniões informativas, nas quais os pais eram agrupados conforme a faixa etária de seus
filhos. Eles recebiam orientações para que pudessem se tornar agentes estimuladores da
comunicação e detectores de suas alterações. Os sujeitos também responderam a
questionários, a respeito do desenvolvimento de seus filhos, de acordo com a faixa etária.
Através dos questionários, as autoras observaram que 53,33% das crianças (Grupo 2: 2a1m -
4a), 26, 67% (Grupo 3: 4a1m 7a) e 46,67% (Grupo 4: 7a1m- 12a) apresentavam algum tipo
de distúrbio articulatório percebido pelos pais e salientaram a necessidade de um programa de
prevenção com a finalidade de detectar precocemente as alterações da comunicação. As
autoras encontraram alta ocorrência de alterações na comunicação, por faixa etária e
concluíram que é necessário um programa de treinamento, feito por fonoaudiólogos,
direcionado aos demais profissionais da área da saúde, a fim de que estes possam descobrir
alterações na área da comunicação, orientar as famílias e encaminhar para avaliação e
tratamento.
Simão e Chun (1995) relataram suas experiências em uma Unidade Básica de Saúde
(UBS) da Prefeitura Municipal de São Paulo. Preocupadas com a alta demanda do serviço e
com o intuito de direcionar ações para a coletividade, segundo necessidades específicas,
decidiram, dentre outras medidas, organizar grupos de orientação aos pais que estavam
aguardando vaga para atendimento de seus filhos. Os pacientes foram agrupados por
36
patologia, faixa etária e grau de escolaridade. Foram realizados diversos grupos de orientação,
alguns com a participação exclusiva dos pais e outros com a presença também dos filhos,
tendo todos um número pré-estabelecido de encontros. Não foi informado o número de
participantes por grupo. As autoras salientaram a importância do trabalho com a família e
objetivaram instrumentalizar os pais, a fim de que estes obtivessem maior integração com
seus filhos, contribuindo para o desenvolvimento da linguagem da criança e se tornando parte
integrante do processo terapêutico.
Gomes e Remencius (1997) descreveram o trabalho realizado em uma Unidade Básica
de Saúde (UBS), localizada no Distrito de Saúde Grajaú/Interlagos/Parelheiros,. As autoras
criaram grupos de orientação a famílias de crianças com queixas fonoaudiológicas como
forma de atendimento inicial a quem buscava o serviço de Fonoaudiologia. Elas tinham como
objetivo fazer com que os participantes refletissem e discutissem sobre como se realiza o
processo de comunicação e os fatores que o influenciam. Utilizaram a metodologia
participativa grupal. Os grupos possuíam, em dia, dez participantes acompanhados de seus
familiares.Os encontros tinham duração de uma hora e meia e totalizavam quatro no período
de um mês. Após a finalização de cada grupo, eram realizados os encaminhamentos
necessários. As pesquisadoras observaram que, nos anos de 1993 e 1994, a maior procura, de
acordo com a faixa etária, situou-se entre 5 e 10 anos e o maior número de encaminhamentos
foi realizados por profissionais das áreas de saúde mental e por entidades educacionais. A
prevalência de hipóteses diagnósticas foi a seguinte: distúrbio articulatório; alterações do
sistema miofuncional oral; atraso de aquisição e/ou desenvolvimento de linguagem; distúrbio
de leitura e escrita. As autoras relataram que os grupos foram constantemente reconstruídos,
buscaram democratizar o acesso ao serviço de Fonoaudiologia e direcionar o trabalho de
acordo com a demanda.
Kerr et al. (1997) relataram suas experiências, na cidade de São Paulo, no Centro de
Saúde da Escola Paulista de Medicina. No programa de atuação fonoaudiológica foram
incluídos os pressupostos de promoção da Fonoaudiologia Preventiva e da Fonoaudiologia
Educacional.
A Fonoaudiologia Preventiva reúne medidas que buscam evitar ou minimizar os
distúrbios da comunicação. Durante o estudo das referidas pesquisadoras , os pais dos
pacientes que aguardavam vaga para o atendimento fonoaudiológico eram convocados, a cada
dois meses, para participar de grupos de estimulação fonoaudiológica. Nestes grupos eram
discutidos temas relativos à fala, audição, linguagem, leitura e escrita e os pais recebiam
orientações quanto ao treinamento de determinados exercícios básicos a serem realizados em
37
casa com os filhos. As autoras concluíram que este trabalho de orientação, durante a espera
pelo atendimento, auxiliou no processo de sensibilização da família e do paciente em relação
às suas possibilidades de intervenção nos problemas de comunicação, os ajudando na
identificação e no tratamento destes desvios. Elas acreditam que o trabalho com as pessoas da
‘lista de espera’ pode ajudar a controlar o crescimento da demanda.
A Fonoaudiologia Educacional desenvolve ações de prevenção dos distúrbios da
comunicação através da informação: informar para prevenir. O fonoaudiólogo do Centro de
Saúde da Escola Paulista de Medicina atua orientando o paciente e sua família, a comunidade
assistida por essa instituição e a equipe de profissionais da saúde, através de palestras
dirigidas à comunidade, reuniões com a equipe médica e elaboração de material gráfico
informativo.
Ortiz, Bertachinii e Pereira (2000), com atuação na UBS Jardim Santo Eduardo, no
município Embu/SP, descreveram programas que podem ser beneficiados por ações
fonoaudiológicas. Dentre eles, as autoras citam o atendimento a crianças e adolescentes,
com queixas de alterações no processo de comunicação, realizado no ano de 1992. Foi
utilizado um instrumento de avaliação elaborado pelos professores do curso de
Fonoaudiologia da Escola Paulista de Medicina e organizado pelas professoras Ellen Osborn,
Maria Cecília Sonzongo e Liliane Desgualdo Pereira. Este instrumento permite avaliar os
aspectos motores, perceptuais e lingüísticos da criança, sugerindo qual área necessita
inicialmente uma intervenção mais rápida. Foram avaliados cerca de 150 crianças e
adolescentes de 3 a 14 anos de idade. A autoras observaram como alterações fonoaudiológicas
mais freqüentes: distúrbio articulatório; distúrbio de leitura e escrita; atraso da aquisição da
linguagem. Dando continuidade à assistência a esta população, foi programada outra ação
fonoaudiológica denominada ‘Orientação e estimulação da audição e da linguagem em
grupos’, tendo por objetivo orientar as mães sobre os distúrbios de suas crianças e ensiná-las,
através da demonstração da conduta correta, a, em casa, estimular a linguagem e a audição de
seus filhos. Os critérios para formação dos grupos foram faixa etária das crianças e a
similaridade dos distúrbios da comunicação. Os grupos receberam, em média, 90 minutos
semanais de estimulação, durante oito semanas e, após este período, as mães receberam
orientações sobre as condutas a serem realizadas em casa. As crianças foram reavaliadas dois
meses após o término do grupo. Neste ano de 1992, conforme a demanda, foram formados
quatro grupos com distúrbio de leitura e escrita, um grupo com atraso de aquisição de
linguagem, um com disfonia, um com distúrbio articulatório e dois grupos de crianças com
distúrbio articulatório e atraso de aquisição da linguagem. A reavaliação das crianças
38
atendidas em grupos demonstrou 78,7% de alta definitiva, 15,1% de encaminhamentos para
terapia fonoaudiológica individual e 6% de encaminhamentos para atendimento psicológico.
As autoras concluíram que o número de altas confirmou a efetividade do trabalho com grupos
de mães, podendo este ser um dos modos de intervenção terapêutica a ser adotado nas demais
Unidades Básicas de Saúde..
Estas mesmas autoras fizeram um relato das atividades fonoaudiológicas
desenvolvidas no Centro de Saúde da Escola Paulista de Medicina, no ano de 1993: os
pacientes eram encaminhados da pediatria para o exame fonoaudiológico e era aplicado o
mesmo instrumento de avaliação utilizado na UBS Jardim Santo Eduardo. A principal ênfase
deste trabalho foi incluir a participação dos pais nas sessões de atendimento fonoaudiológico,
para estarem observando e participando com seus filhos do treinamento de procedimentos
específicos que deveriam ser continuados na prática diária em casa. Havia um período pré-
determinado para início e término das sessões, em dia, oito semanas, com sessões de
cinqüenta minutos e freqüência semanal, com atendimento em grupos. Os critérios para a
formação dos grupos foram semelhança de faixa etária e dificuldades em distúrbios da
comunicação. Havia grupos de mães, com reuniões semanais, para discussão de temas
relacionados à Fonoaudiologia, ocasião em que eram abordadas orientações para estimulação
da linguagem e da audição. Ao término deste período de dois meses, os pacientes foram
reavaliados para definição de condutas: alta; continuidade do atendimento em mais um ciclo
de oito semanas; encaminhamento externo para atendimento fonoaudiológico individual.
Foram avaliadas 81 crianças, verificaram-se 13 (16,04%) com desenvolvimento da audição e
da linguagem esperados para sua idade; 21 crianças (25,92%) com desvios deste
desenvolvimento que necessitavam orientação específica; 47 crianças (58,02%) com
distúrbios da comunicação, sendo 29 (35,78%) com distúrbios leves e 18 (22,21%) com
distúrbios moderados. Ambos os grupos foram encaminhados para acompanhamento
periódico e orientação em grupos de mães. Foram formados diversos grupos de atendimento.
A reavaliação das crianças atendidas em grupos demonstrou 74,46% de alta definitiva,
14,89% de encaminhamentos para atendimento individual e 10,63% de encaminhamentos
para atendimento psicológico. As autoras concluíram que o número de altas representou um
resultado estimulador do trabalho fonoaudiológico junto ao grupo de mães, podendo ser
desenvolvido nos programas de assistência às comunidades nos Centros de Saúde.
Nemr (2002) relatou sua experiência com o I Mutirão da Comunicação do Hospital de
Heliópolis (HH) em São Paulo. Esse mutirão pretendia mostrar a existência de demanda
reprimida, assim como o grau de interesse da população. A comunidade foi convidada pela
39
imprensa local a participar do evento. Vários voluntários aderiram ao programa. Com um
grupo de treze fonoaudiólogas foram feitas divisões por equipes de atendimento: infantil (0 a
12 anos); adulto (12 a 60 anos); idoso (a partir de 60 anos). À medida que conseguiam
completar grupos de 20 pessoas, era exibido um vídeo sobre a comunicação humana do
nascimento à velhice e sobre saúde bucal. Após assistirem ao vídeo, estas pessoas passavam
por uma pré-triagem, indo, a seguir, para avaliação fonoaudiológica, inspeção bucal e triagem
audiológica, quando necessária. Em um dia, durante 8 horas ininterruptas, foram atendidas
156 pessoas. Destas, 77 foram encaminhadas para fonoterapia. Como resultado foram
formados 5 grupos de atendimento, organizados de acordo com a patologia e a faixa etária. A
autora salienta o valor das pessoas que ajudaram voluntariamente, a carência da população
que depende dos serviços públicos de saúde e o elevado número de encaminhamentos para a
fonoterapia.
Silva et al. (2003), com atuação no Serviço Público Municipal de São José dos
Campos, relataram suas experiências na organização de grupos terapêuticos. Inicialmente,
foram criadas três frentes de trabalho : consultas fonoaudiológicas; terapias fonoaudiológicas
individuais; grupos terapêuticos. Essa mudança foi possível devido à modificação do
modelo de assistencial para terapêutico e da metodologia de multiprofissional para
interdisciplinar. Durante a consulta o objetivo era instrumentalizar os familiares com
conhecimentos na área da comunicação, a fim de que estes pudessem ajudar o
desenvolvimento dos filhos. A cada consulta os pais e/ou responsáveis recebiam orientações
e tarefas a serem realizadas em casa. Faziam parte deste bloco: distúrbios articulatórios
simples; hábitos bucais inadequados; atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem. Eram
excluídas as crianças com histórico neurológico. A investigação era sempre individual e as
consultas eram acompanhadas de retornos mensais ou trimestrais, também individuais. As
terapias fonoaudiológicas individuais incluíam casos como as disfasias, disartrias e alguns
distúrbios neurológicos. Os grupos eram organizados com patologias variadas, porém com
objetivos terapêuticos comuns. As autoras comentam que, no ano de 2003, a unidade atendia
aproximadamente 200 pacientes por semana, a maioria atendida em grupo, havia 300
pacientes atendidos em consulta fonoaudiológica mensal, trimestral ou semestral e 20
pacientes com atendimento individual. A fila de espera no serviço de Fonoaudiologia era
quase inexistente e quando ocorria não chegava a 10 pacientes, sem contar o tempo de espera
que não atingia três meses. Elas referem que este trabalho mostra que é possível reestruturar
um serviço de Fonoaudiologia e deixá-lo de acordo com os preceitos da Saúde Pública e que a
40
educação da família e a formação de grupos indicam um caminho possível para que estas
mudanças aconteçam.
Carvalho, Oliveira e Pedroso (2006) relataram as atividades desenvolvidas no Projeto
de Extensão - Programa de Humanização do Hospital Pequeno Anjo - que tem como objetivo
desenvolver ações que promovam a prevenção e a educação em saúde junto aos cuidadores
das crianças internadas no Hospital Universitário Pequeno Anjo em Itajaí –SC. Através da
formação de uma equipe multidisciplinar, composta por docentes, acadêmicos e profissionais
atuantes neste hospital, foram trabalhados temas ligados à saúde infantil, buscando a
humanização do serviço hospitalar e a promoção da qualidade de vida das crianças e de seus
familiares. Os encontros com os cuidadores eram diários, com duração de 30 minutos, sendo
trabalhados a dois temas por encontro, com rodízio de temas e pessoal envolvido. Através
desta proposta transformadora, centrada em ações preventivas e de educação em saúde,
atuando junto às necessidades da comunidade e com a participação efetiva desta, promoveu-se
a auto-sustentabilidade, uma vez que os cuidadores tornaram-se capazes de reconhecer e
enfrentar problemas comuns, simples e evitáveis quanto à saúde da criança, conquistando
através dos conhecimentos adquiridos, uma autonomia. O cuidador também pode disseminar
essas informações dentro da sua comunidade, seja na própria família ou junto aos vizinhos e a
todo seu círculo de relações. Nos meses de fevereiro a maio de 2006, 398 cuidadores
familiares participaram dos encontros diários. Os autores concluíram que as dinâmicas
utilizadas para mobilizar o grupo, harmonizar o ambiente hospitalar e promover saúde
representaram uma útil ferramenta de apoio e que a experiência aponta caminhos concretos
para a formação de um novo perfil do profissional de saúde.
Almeida et al. (2006) desenvolveram, através do Programa de Capacitação Discente
na Intervenção Fonoaudiológica em Grupos (PAD), atendimento aos pacientes que se
encontravam na fila de espera do ambulatório de Fonoaudiologia do Hospital de Clínicas da
Universidade Federal de Minas Gerais. Esta proposta era constituída por três níveis:
processamento das informações auditivas e sistema sensório motor oral; consciência
fonológica; linguagem oral e/ou escrita e/ou fala - totalizando 16 sessões terapêuticas. Os pais
ou responsáveis pelos pacientes chamados para o atendimento em grupo recebiam
esclarecimentos, no primeiro encontro, sobre a proposta do projeto. O objetivo do trabalho era
verificar o grau de conhecimento dos pais ou responsáveis pelos pacientes em atendimento no
PAD e sua percepção em relação à proposta de atendimento em grupo. Durante o primeiro
semestre de 2006, os pais ou responsáveis pelos pacientes em atendimento preencheram
formulários auto-aplicáveis, contendo 7 questões objetivas. Foram preenchidos 32 formulários
41
através dos quais os autores concluíram que pais e responsáveis têm conhecimento sobre o
PAD e acreditam que o programa traz benefícios aos pacientes atendidos e que essa é uma
forma viável para dar início ao processo terapêutico, uma vez que a maioria dos pacientes
aguarda pelo atendimento por mais de um ano. Os autores acreditam que o esclarecimento
sobre a proposta de atendimento fonoaudiológico em grupo é uma forma de incluir pais e
responsáveis no processo terapêutico e contribui para adesão dos mesmos nesse processo.
Calheta et al. (2006) realizaram oficinas de linguagem em uma Unidade Básica de
Saúde do ABC Paulista, com o objetivo de contribuírem para a valorização de práticas
discursivas orais ou escritas, de modo a otimizar o uso da linguagem pelas crianças. Durante o
período de fevereiro a junho de 2006, foram desenvolvidos 18 encontros, com freqüência de
uma vez por semana e duração de 50 minutos cada. Na somatória das ações, oficinas e grupos
de pais, obtiveram a participação efetiva de 15 sujeitos. Os autores destacaram, como
principal resultado da proposta, a emergência de um discurso letrado entre as participantes da
oficina, assim como o estabelecimento de diferenciadas e eficazes relações com a fala, a
leitura e a escrita. De modo geral, crianças e familiares puderam experimentar e valorizar os
sentidos e usos da linguagem, potencializando a construção do conhecimento. Com base nos
resultados, os autores afirmaram que a proposta de oficinas de linguagem na saúde coletiva
assegura o acesso à saúde para a população e também promove a condição de apropriação de
novos modos de falar, ler e escrever.
Um trabalho de orientação direcionado a grupos de pais foi desenvolvido por Barbeta
(2006). Foram oferecidas reuniões mensais aos pais cujos filhos eram atendidos no módulo de
deficiência mental de uma Clínica-Escola de Fonoaudiologia –UNICAMP/CEUNSP. Os
encontros, com duração de 50 minutos, ocorreram de abril a novembro de 2005, concomitante
ao atendimento dos filhos. Os temas eram propostos conforme as necessidades do grupo.
Como resultado, observou-se grande participação dos pais, com trocas de informações,
quando algumas mães opinaram e até ofereceram ajuda àquelas que estavam iniciando uma
trajetória clínica em busca de atendimento. Essa partilha propiciou maior integração da vida
cotidiana daqueles sujeitos e suas famílias, além do envolvimento na prática clínica. Barbetta
concluiu que o grupo de orientação a pais é um universo clínico rico a ser explorado, que
pode proporcionar a abertura de amplo campo de atuação no contexto terapêutico, devido a
trocas entre pares e profissionais. Deste modo, o terapeuta busca a conscientização e a
orientação dos familiares, ao mesmo tempo em que é transformado por eles neste espaço,
compartilhando conhecimentos, transpondo os limites do contexto clínico.
42
Pinto, Lages e Siqueira (2006) descreveram um trabalho prático desenvolvido com
ênfase na participação da família no processo terapêutico. O trabalho foi realizado no curso de
Fonoaudiologia da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas-UNCISAL,
através de grupos de orientação direcionados a pais ou responsáveis por pacientes em
atendimento na área de linguagem. As reuniões eram semanais, com duração aproximada de
duas horas, havendo troca de experiências entre os participantes, explanações sobre o
desenvolvimento da criança e possíveis dificuldades e orientação quanto à prática de ações
que podem auxiliar na evolução do quadro terapêutico. Após dois meses de trabalho, as
autoras observaram maior participação da família no processo terapêutico, assim como
mudança de postura diante do (a) filho(a) que estava em atendimento fonoaudiológico e
concluíram que uma efetiva participação da família possibilita redução no tempo de terapia e
melhora na dinâmica familiar.
43
3 METODOLOGIA
Neste capítulo, são apresentados os critérios utilizados para a seleção da amostra
estudada e os procedimentos empregados na coleta e na análise dos dados obtidos.
3.1 Amostra
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal
de Santa Maria (UFSM), sob o número 122/05.
Para a realização deste estudo, efetuou-se o cálculo de tamanho de amostra baseado
num projeto piloto de orientação fonoaudiológica direcionada a grupos de pais de crianças
com alterações na fala e/ou linguagem, que aguardavam vaga para atendimento
fonoaudiológico na Secretaria Municipal de Saúde e Meio Ambiente de Rosário do Sul, RS.
O grupo estudo recebeu orientações fonoaudiológicas e o grupo controle não as recebeu. Este
projeto piloto teve um n = 30, com 15 crianças em cada grupo e foi desenvolvido no período
de agosto a novembro de 2004. O cálculo realizado foi baseado nas diferenças de proporções
esperadas entre os grupos, 50% de melhora no grupo que recebeu orientação e 0% no grupo
que não recebeu orientação. O nível de significância foi de 5% e o poder estatístico de 80%.
Constatou-se, através deste cálculo, que 11 sujeitos seriam suficientes para se obterem
resultados efetivos neste estudo.
O trabalho foi desenvolvido no Setor de Fonoaudiologia da Secretaria Municipal de
Saúde e Meio Ambiente de Rosário do Sul, RS.
Inicialmente, o Secretário da Saúde concordou com a realização da pesquisa e assinou
o termo de consentimento informado institucional.
As crianças foram selecionadas de uma lista de espera de aproximadamente 60
pacientes. Foram chamadas conforme a ordem de espera. Na escolha das crianças, utilizou-se
como critério fundamental que elas apresentassem alterações somente na linguagem e/ou na
fala. Foram excluídas aquelas que apresentavam alterações neurológicas, mentais e/ou
auditivas evidentes ou comprovadas através de exames clínicos. Após esta exclusão, ficaram
40 crianças, porém nem todas que foram chamadas compareceram. Restou o total de 26
44
crianças, sendo 13 para cada grupo. Os pais destas crianças receberam informações de como a
pesquisa seria realizada e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Em
seguida, participaram de um sorteio a fim de verificar se fariam parte do grupo estudo e
participariam de reuniões informativas sobre como se realiza o processo da comunicação e os
fatores que o influenciam ou se fariam parte do grupo controle que não teria acesso a estas
informações. Eles também foram comunicados da importância de acompanharem o programa
até o final. Utilizou-se como critério de exclusão das famílias, duas faltas consecutivas sem
justificativa. Desta forma, duas famílias foram excluídas do grupo estudo. No grupo controle,
uma família não retornou para avaliação final, sendo também excluída. Assim, a amostra
desta pesquisa ficou constituída por 11 crianças no grupo estudo e por 12 crianças no grupo
controle, perfazendo um total de 23 crianças com idade entre 4 e 8 anos.
3.2 Procedimentos de avaliação
Inicialmente, foi realizada a anamnese, através da qual se obteve dados relativos ao
desenvolvimento global da criança, e foram investigados fatores que poderiam interferir no
desenvolvimento da linguagem e da fala.
As crianças da amostra foram submetidas à avaliação de linguagem e à avaliação de
fala, ambas realizadas em dois momentos, no início e no final do programa. As crianças
também realizaram avaliação audiológica prévia, a fim de descartar possíveis alterações
auditivas.
Para avaliação da linguagem foi utilizada a ‘Escala Beta para avaliação da Linguagem
em crianças de três a dezessete anos’ elaborada por Feldman, Pinasco, Feldman e Canepa
(1992), a qual permite a avaliação em separado das habilidades de compreensão, conceituação
e expressão de linguagem. Para verificar a validade da escala, os autores realizaram testes de
correlação estatística, cruzando os três subtestes entre si e cada um deles com a idade
cronológica, e obtiveram índices de correlação elevados e satisfatórios.
Para avaliar a compreensão de frases, a escala tem um conjunto de 34 frases, cada uma
das quais com uma lâmina correspondente, com quatro alternativas de resposta, contendo
elementos que podem levar à confusão se a criança não atentar para todos os elementos da
frase. As frases e as lâminas são apresentadas uma a uma, suspende-se a testagem após três
45
erros consecutivos. Cada resposta vale um ponto. As respostas corretas são somadas e, com o
total de pontos, obtidos busca-se na tabela da escala a idade maturativa correspondente.
Para avaliar a conceituação, a escala possui um conjunto de 38 itens de três palavras
cada um. Para cada item apresentado, a criança deve encontrar o conceito correspondente. Por
exemplo: para o item “vermelho – azul – verde”, o conceito a ser emitido é ‘cores’. Para cada
um dos itens avaliados a escala possui uma tabela com respostas corretas e incorretas.
Suspende-se a testagem após três erros consecutivos e cada resposta correta corresponde a um
ponto. Pelo total de pontos obtidos busca-se na tabela da escala a idade maturativa
correspondente.
Para avaliar a expressão, a escala tem um conjunto de 5 objetos a serem mostrados
separadamente à criança: um caderno, uma folha de árvore, um sapato, um óculos e um filme
fotográfico. A criança deve dizer tudo que sabe a respeito de cada um deles. Não limite de
tempo para as respostas e, se necessário, o avaliador pode estimular a criança a continuar
respondendo. Para cada um dos objetos usados para avaliar a expressão, a escala possui uma
tabela de respostas consideradas corretas e incorretas. Cada resposta correta corresponde a um
ponto. Com o total de pontos obtidos, busca-se na tabela da escala a idade maturativa
correspondente.
A escala foi traduzida do Espanhol para o Português sendo necessário adaptar à
realidade brasileira e local apenas, quatro itens no subteste conceituação: nº6 os nomes de
revistas infantis, Billiken Anteojito Pato Donald’, foram substituídos por ‘Zé Carioca,
Cebolinha e Pato Donald’; nº15 os nomes de jornais argentinos, ‘La Razón La Prensa
Clarin’, foram substituídos por ‘Zero Hora, Correio do Povo e Folha Rosariense’; nº21 os
nomes de províncias argentinas, ‘Mendonza Córdoba Missiones’, foram substituídos por
nomes de estados brasileiros, ‘Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná’; nº27 nomes de
heróis argentinos, ‘San Martin – Moreno – Belgrano’, foram substituídos por nomes de heróis
brasileiros, ‘Tiradentes, Dom Pedro I e Duque de Caxias’.
Para avaliação fonológica utilizou-se a figura do ‘circo’ proposta por Hernandorena e
Lamprecht (1997) a qual possibilita a obtenção de nomeação e fala espontânea referentes à
figura temática apresentada. Após a coleta, verificou-se o número total de palavras evocadas e
o número de processos fonológicos existentes. Foi também aplicado o exame articulatório,
que corresponde à repetição de uma lista de palavras, contendo todos os sons do Português,
utilizado no Serviço de Atendimento Fonoaudiológico (SAF) da Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM). Após a coleta, verificou-se o número de palavras evocadas
incorretamente.
46
Os dados foram gravados em fitas cassete da marca Sony EF-X utilizadas em um
gravador Sony TCM-S64V. Posteriormente, a pesquisadora efetuou a transcrição fonética
para a efetivação da análise dos dados.
3.3 Reuniões informativas – práticas educativas e informativas
Após a seleção e a avaliação das crianças e o detalhado planejamento das reuniões
informativas, foram formados dois grupos, compostos por pais das crianças avaliadas: um
grupo estudo e um grupo controle. Somente os pais das onze crianças do grupo estudo
participaram das reuniões informativas que ocorreram de quinze em quinze dias, com duração
de uma hora, totalizando oito encontros, num período de quatro meses, ou seja, de agosto a
novembro de 2005. Durante essas reuniões eles receberam informações sobre como se realiza
o processo de comunicação e os fatores que o influenciam. Houve troca de informações entre
os participantes, com momentos em que eles puderam expor suas dúvidas e angústias. A cada
encontro os participantes recebiam tarefas relacionadas ao desenvolvimento da comunicação a
serem realizadas em casa, diretamente com a criança.
Durante o programa de orientação fonoaudiológica trabalhou-se com seleção de
palavras, através de desenhos ou recorte de gravuras e também com elaboração de listas de
palavras, contendo o fonema trabalhado, para a realização do bombardeio auditivo. Procurou-
se, em conjunto, fonoaudióloga e familiares, uma detalhada seleção de palavras que fizessem
parte do vocabulário diário destas pessoas, pois ,segundo Mota (2004), alguns aspectos devem
ser considerados no momento da seleção das palavras-alvo. Segundo Lowe e Weitz (1996), é
no nível da palavra que os sons exercem sua função de diferenciar significados, facilitando a
percepção da função comunicativa pela criança. Esse processo de estimulação baseou-se no
modelo de ciclos, inicialmente proposto por Hodson e Paden (1983) e, mais tarde, modificado
por Tyler, Edwards e Saxman (1987). Tal modelo, segundo Mota (2004), é uma abordagem
de intervenção fonológica, baseada nos processos fonológicos e concentra-se, principalmente,
em maneiras de facilitar as produções corretas da criança.
A seguir, serão descritas as atividades realizadas nas oito reuniões das quais
participaram somente os pais das crianças do grupo estudo.
Encontro 1: no primeiro encontro, os pais foram acolhidos, foram feitas as devidas
apresentações e dadas explicações de como seria este período de quatro meses em que o grupo
47
passaria junto. Foi também feita referência à função da fonoaudióloga. Após cada família
falar um pouco de si, deu-se início à apresentação de lâminas contendo o desenvolvimento
normal da linguagem e da fala e os fatores que podem influenciar este desenvolvimento, tendo
por base o capítulo 4 do livro ‘Correção da Linguagem’, de VanRiper e Emerick (1997). Esta
ação tinha o intuito de instrumentalizar as famílias e fazê-las refletirem sobre o assunto em
questão, que deveria ser o tema proposto para os quinze dias seguintes.
Encontro 2: no segundo encontro, o primeiro momento foi de acolhimento aos pais,
em seguida foram esclarecidas as dúvidas e feitas reflexões sobre o tema do encontro anterior.
Logo após, deu-se continuidade à apresentação de lâminas sobre desenvolvimento normal de
linguagem e fala e sobre as alterações que podem atrapalhar este desenvolvimento: otites,
gagueira, respiração oral etc. Salientou-se a importância das funções neurovegetativas e
conceituaram-se pragmática, semântica, sintática e fonologia, fazendo-se referência à
importância da estimulação destes aspectos. Foi também discutido como se pode estimular a
linguagem e a fala das crianças através de atividades diárias. Em conjunto buscaram-se
algumas atividades que fossem capazes de ajudar na estimulação da linguagem e da fala.
Após esta discussão, vários participantes deram exemplos de situações em que se pode
explorar a linguagem e a fala das crianças, em casa, na escola, na praça, no banho, na cozinha
ou em um passeio. A atividade seguinte foi o início da confecção de um álbum, através de
recorte e colagem de gravuras diversas, algumas famílias mostraram como poderiam, em casa,
explorar a estimulação da linguagem e da fala através deste álbum. Para encerrar, a
fonoaudióloga relatou o “Projeto 12 dias, 12 minutos” do Professor Celso Antunes (2002), no
qual o autor pediu aos pais participantes que reservassem 12 minutos do seu dia para
estimularem os filhos nas mais diversas áreas : linguagem, percepção de formas, cores, etc., e
concluiu que 12 minutos diários, durante 12 dias consecutivos são suficientes para a obtenção
de resultados favoráveis nas áreas estimuladas. O importante deste encontro foi fazer com que
os pais compreendessem os benefícios decorrentes de reservarem um tempo para os filhos.
Como atividades para casa, foi pedido que os pais das crianças reservassem 12 minutos de seu
dia para dar atenção à criança, conversando, dando carinho e explorando a linguagem através
do álbum de figuras ou das diversas maneiras citadas na reunião.
Encontro 3: no terceiro encontro, após acolhimento e comentários sobre o tema,
conversou-se sobre a importância, para o desenvolvimento da criança, de se contarem
histórias. Alguns pais mostraram como contam histórias para seus filhos em casa. Comentou-
se que este deve ser um momento agradável tanto para quem conta, como para quem escuta, e
que, sempre que possível, deve haver emoção no ato da narração de histórias. Após, foi
48
iniciado um trabalho com os sons da fala. Explicou-se aos pais que, ao longo dos encontros,
seriam trabalhados os fonemas // no início da sílaba, início da palavra; /l/ no início de sílaba,
início da palavra; /r/ no início de sílaba, dentro da palavra; /r/ no final de sílaba, dentro da
palavra e os encontros consonantais com /l/ e /r/ por serem estes, segundo a literatura, os que
mais freqüentemente aparecem alterados na fala de uma criança,. Após esta explicação para
os pais, a fonoaudióloga mostrou como se produz o fonema //.Os pais praticaram para
verificar como é feita esta produção, para poderem comparar com algum som conhecido por
eles e para poderem, em casa, treinar com seus filhos. Na seqüência, selecionaram-se de
quatro a cinco gravuras contendo este fonema, as quais foram recortadas e coladas ou
desenhadas em uma folha de papel. Depois se elaborou uma lista contendo, em média, quinze
palavras com este fonema, para o treino do bombardeio auditivo. Os pais das crianças
escutaram a lista de palavras e depois tiveram que enumerar aquelas que lembravam,
treinando durante o encontro o que seria realizado em casa. Falaram também a respeito das
figuras selecionadas. Tanto estas quanto a lista de palavras serviriam para estimulação da
linguagem e da fala, explorando vocabulário, pedindo para criança falar a respeito das
gravuras e até inventar histórias. A fonoaudióloga pediu que os pais olhassem as figuras e
lessem a lista de palavras para os filhos, todos os dias, aproveitando um momento agradável
de interação, diversificando o modo de apresentação das gravuras e da lista de palavras. Um
dia com leituras, outro com brincadeiras infantis, inserindo estas palavras na rotina do dia,
sempre que possível.
Encontro 4: no quarto encontro, após as boas vindas, discutiu-se sobre as possíveis
dificuldades do tema. Houve relato dos pais, com troca de experiências sobre a execução das
tarefas. Dando continuidade ao encontro, debateu-se sobre algumas idéias de Cury (2003)
expressas em seu livro ‘Pais brilhantes, Professores fascinantes’: os sete hábitos dos bons pais
e dos pais brilhantes: 1) bons pais dão presentes, pais brilhantes dão seu próprio ser; 2) bons
pais nutrem o corpo, pais brilhantes nutrem a personalidade; 3) bons pais corrigem erros, pais
brilhantes ensinam a pensar; 4) bons pais preparam os filhos para os aplausos, pais brilhantes
preparam os filhos para os fracassos; 5) bons pais conversam, pais brilhantes dialogam como
amigos; 6) bons pais dão informações, pais brilhantes contam histórias; 7) bons pais dão
oportunidades, pais brilhantes nunca desistem. Após, a fonoaudióloga mostrou como se
produz o fonema /l/ no início da laba início da palavra, pedindo atenção para o som, para a
posição da língua e dos lábios. Depois os pais tentaram fazer igual. Novamente selecionaram-
se de quatro a cinco gravuras ou desenhos e elaborou-se uma lista com quinze palavras, em
49
média, contendo este fonema. Como atividade para casa, foi solicitado aos pais que
refletissem sobre tudo que havia sido discutido no encontro e que trabalhassem, todos os dias,
com as gravuras e lista de palavras contendo o fonema /l/ no início da sílaba início da palavra.
Encontro 5: após o acolhimento foi feita a retomada do tema. Na seqüência, foi
comentado o capítulo sobre relações familiares, do livro ‘Criando meninas’ de Gisela
Preuschoff (2003), salientando a importância do relacionamento familiar estável para o
adequado desenvolvimento da criança. Em seguida, a fonoaudióloga mostrou a produção do
fonema /r/ isolado e no início de laba dentro da palavra, pedindo aos pais que observassem
bem sua produção, que repetissem o ato e sentissem o que acontecia com a língua e com os
lábios. A etapa subseqüente foi selecionar de quatro a cinco gravuras e uma lista de
aproximadamente quinze palavras contendo o fonema em questão. Sempre que possível, em
conjunto, tentou-se encontrar sons de objetos ou animais que se assemelhassem ao som do
fonema trabalhado. A tarefa para casa foi trabalhar com o material confeccionado no
encontro, o mostrando às crianças, todos os dias e as incentivando a pronunciar corretamente
o /r/ de início da sílaba dentro da palavra.
Encontro 6: no sexto encontro, as boas vindas foram transmitidas através da história
‘Sherazade e o valor do amor’ uma das histórias do livro ‘Pedagogia do amor, a contribuição
das histórias universais para a formação de valores das novas gerações’ de Gabriel Chalita
(2003). Comentou-se sobre quanto se pode ensinar às crianças através das histórias, reiterando
a sua importância. Logo após, os pais relataram as facilidades e/ou dificuldades inerentes ao
tema. Na seqüência, a fonoaudióloga mostrou a produção do fonema /r/ isoladamente e no
final da sílaba dentro da palavra. Depois pediu que os pais praticassem e relatassem como foi
esta produção. Passou-se, então, para a seleção das quatro ou cinco gravuras e das palavras da
lista do bombardeio auditivo. O seguinte passo foi mostrar uma gravura com vários itens
(entre eles, um, contendo /r/ no final da sílaba dentro da palavra) e pedir para que alguém
relatasse o que estava vendo, com o intuito de fazer com que os pais passassem pela
experiência que seria realizada em casa com a criança. As atividades estabelecidas para serem
realizadas em casa foram: contar histórias; mostrar gravuras de livros ou outras; pedir para as
crianças relatarem o que estavam vendo ou falar à respeito dos objetos à sua volta;
estimulação diária com o fonema /r/ de final de sílaba dentro da palavra.
Encontro 7: após as boas vindas, deu-se início ao sétimo encontro, com relatos dos
pais a respeito dos quinze dias passados, houve troca de experiências. A seguir, discutiu-se
sobre ‘os cinco passos para o atendimento integral a uma criança: parar, ouvir, olhar, pensar e
agir’ citados no livro de Içami Tiba (2002) ‘Quem ama, educa’. Depois, se treinou a produção
50
do encontro consonantal com /l/ na palavra, executados pela fonoaudióloga e pelos pais,
sempre direcionando a atenção para os órgãos fonoarticulatórios. Selecionaram-se, então, de
quatro a cinco gravuras e a lista de quinze palavras contendo encontros consonantais com /l/.
Falou-se a respeito das gravuras e das palavras da lista do bombardeio auditivo. Foi solicitado
que, em casa, os pais mostrassem este material às crianças, todos os dias, e que também
fizessem a narração de histórias, tanto convencionais, contadas com ou sem o recurso do
livro, como inventadas.
Encontro 8: no oitavo e último encontro, após o acolhimento dos pais, falou-se sobre o
tema e como as crianças reagiram a ele. Depois a fonoaudióloga leu uma mensagem de autor
desconhecido, intitulada ‘o mais importante’, destacando que o mais importante nesta vida
são o amor, o carinho, a educação e os valores passados aos filhos e não os bens materiais.
Em conjunto, discutiu-se sobre este assunto que foi recomendado como reflexão para casa. Na
seqüência, trabalhou-se com a produção do encontro consonantal com /r/ na palavra. Os pais
observaram a produção da fonoaudióloga e depois repetiram esta mesma produção.
Selecionaram-se de quatro a cinco gravuras e quinze palavras para a lista do bombardeio
auditivo, as treinando. Este foi o tema para casa. Após, houve uma confraternização, com
sorteio de brindes (livros infantis, lápis de cor, folhas de ofício, massa de modelar)
arrecadados na comunidade. Foram feitos comentários a respeito dos quatros meses em que o
grupo esteve junto.
3.4 Reavaliações
Ao término do oitavo encontro, foi agendado com os pais o dia da reavaliação das
crianças do grupo estudo, dentro de um período de quinze dias.
As famílias do grupo controle, que não participaram das reuniões informativas,
também foram chamadas neste mesmo período, para que as crianças também fossem
reavaliadas.
As crianças dos dois grupos foram novamente submetidas à avaliação da linguagem e
da fala, sendo utilizados os mesmos instrumentos usados na avaliação inicial, a fim de se
verificar se as orientações direcionadas aos pais tinham sido efetivas. Para isto, compararam-
se as avaliações iniciais e finais de cada grupo. Foi também realizada a comparação entre os
resultados das avaliações dos dois grupos, ou seja, do grupo de pais que recebeu informações
51
e tentou auxiliar a criança no seu processo de desenvolvimento de linguagem e de fala e do
grupo de pais que não recebeu tais informações.
3.5 Análise dos dados
Para análise dos dados coletados, compararam-se os resultados da avaliação inicial
com os da avaliação final de cada grupo e também os resultados entre os grupos, verificando a
interação entre avaliação e grupo. Esta análise foi feita através da Análise de Variância,
utilizando o delineamento em medidas repetidas, realizado através do Proc Mixed do software
SAS versão 9.1 -Type 3 Tests of Fixed Effects. A Análise de Variância, sempre que
significativa, foi complementada pelo Teste de Comparações Múltiplas de Tukey, ao nível de
significância de 5%.
52
4. RESULTADOS
Neste capítulo, estão dispostos os resultados obtidos nas avaliações que fizeram parte
desta pesquisa, que teve por objetivo verificar a eficácia da informação sobre
desenvolvimento da linguagem e da fala direcionada a um grupo de pais de crianças com
alterações nestas áreas.
Para facilitar a apresentação e proporcionar maior clareza, os resultados estão
organizados em tabelas.
A análise dos dados fornece fundamentos para a interpretação dos resultados.
Tabela 1 - Habilidade de Compreensão de Linguagem. Comparação entre avaliação inicial e
final e entre grupo estudo e grupo controle.
Grupo
Controle Estudo
Total
Avaliação
Média
Desvio-
padrão
Média
Desvio-
padrão
Média
Desvio-
padrão
Inicial 4,75 1,76 5,18 1,66 4,96 1,69
Final 4,67 1,72 6,00 1,48 5,30 1,72
Total 4,71 1,71 5,59 1,59 5,13 1,69
Tabela 1.1 - Análise de Variância em medidas repetidas.
Causa de variação Grau de liberdade F p
Avaliação 1 2,13 0,159
Grupo 1 1,85 0,188
Avaliação*Grupo 1 3,21 0,088
Através da Análise de Variância, utilizando o delineamento em medidas repetidas, ao
nível de significância de 5%, verifica-se não haver interação entre Avaliação e Grupo, em
relação aos efeitos principais. Ambos também não foram significativos.
53
Tabela 2 - Habilidade de Conceituação de Linguagem.Comparação entre avaliação inicial e
final e entre grupo estudo e grupo controle.
Grupo
Controle Estudo
Total
Avaliação
Média
Desvio-
padrão
Média
Desvio-
padrão
Média
Desvio-
padrão
Inicial 4,33
Aa
0,89 4,64
Ba
0,92 4,48 0,90
Final 4,33
Ab
0,89 5,00
Aa
0,89 4,65 0,93
Total 4,33 0,87 4,82 0,91 4,57 0,91
Médias seguidas de letras maiúsculas distintas na coluna e médias seguidas de letras
minúsculas distintas na linha diferem significativamente através da Análise de Variância,
utilizando o delineamento em medidas repetidas, complementada pelo Teste de Comparações
Múltiplas de Tukey, ao nível de significância de 5%.
Tabela 2.1 - Análise de Variância em medidas repetidas .
Causa de variação Grau de liberdade F p
Avaliação 1 6,26 0,021
Grupo 1 1,74 0,202
Avaliação*Grupo 1 6,26 0,021
Através da Análise de Variância, utilizando o delineamento em medidas repetidas,
complementada pelo Teste de Comparações Múltiplas de Tukey, ao vel de significância de
5%, verifica-se haver interação significativa entre Avaliação e Grupo, ou seja, fixando a
Avaliação e comparando os Grupos, verifica-se que, na avaliação final, a média do grupo
estudo (5,00) é significativamente maior do que no grupo controle (4,33); fixando o Grupo e
comparando as Avaliações, verifica-se que, no grupo estudo, a média na avaliação final (5,00)
foi significativamente maior do que na inicial (4,64).
54
Tabela 3 - Habilidade de Expressão de Linguagem. Comparação entre avaliação inicial e
final e entre grupo estudo e grupo controle.
Grupo
Controle Estudo
Total
Avaliação
Média
Desvio-
padrão
Média
Desvio-
padrão
Média
Desvio-
padrão
Inicial 5,92
Aa
1,90 5,82
Ba
1,81 5,87 1,82
Final 5,92
Ab
1,77 7,86
Aa
2,48 6,85 2,31
Total 5,92 1,80 6,84 2,36 6,36 2,12
Médias seguidas de letras maiúsculas distintas na coluna e médias seguidas de letras
minúsculas distintas na linha diferem significativamente através da Análise de Variância,
utilizando o delineamento em medidas repetidas, complementada pelo Teste de Comparações
Múltiplas de Tukey, ao nível de significância de 5%
Tabela 3.1 - Análise de Variância em medidas repetidas.
Causa de variação Grau de liberdade F p
Avaliação 1 17,25 <0,001
Grupo 1 1,34 0,260
Avaliação*Grupo 1 17,25 <0,001
Através da Análise de Variância, utilizando o delineamento em medidas repetidas,
complementada pelo Teste de Comparações Múltiplas de Tukey, ao vel de significância de
5%, verifica-se haver interação significativa entre Avaliação e Grupo, ou seja, fixando a
Avaliação e comparando os Grupos, verifica-se que, na avaliação final, a média no grupo
estudo (7,86) é significativamente maior do que no grupo controle (5,92); fixando o Grupo e
comparando as Avaliações, verifica-se que no grupo estudo a média na avaliação final (7,86)
foi significativamente maior do que na inicial (5,82).
55
Tabela 4 - Exame de Articulação. Comparação entre avaliação inicial e final e entre grupo
estudo e grupo controle.
Grupo
Controle Estudo
Total
Avaliação
Média
Desvio-
padrão
Média
Desvio-
padrão
Média
Desvio-
padrão
Inicial 28,42
Aa
12,89 23,27
Aa
18,01 25,96 15,41
Final 28,42
Aa
12,43 10,73
Bb
19,26 19,96 18,09
Total 28,42 12,38 17,00 19,29 22,96 16,89
Médias seguidas de letras maiúsculas distintas na coluna e médias seguidas de letras
minúsculas distintas na linha diferem significativamente através da Análise de Variância,
utilizando o delineamento em medidas repetidas, complementada pelo Teste de Comparações
Múltiplas de Tukey, ao nível de significância de 5%
Tabela 4.1 - Análise de Variância em medidas repetidas.
Causa de variação Grau de liberdade F p
Avaliação 1 18,12 <0,001
Grupo 1 3,16 0,090
Avaliação*Grupo 1 18,12 <0,001
Através da Análise de Variância, utilizando o delineamento em medidas repetidas,
complementada pelo Teste de Comparações Múltiplas de Tukey, ao vel de significância de
5%, verifica-se haver interação significativa entre Avaliação e Grupo, ou seja, fixando a
Avaliação e comparando os Grupos, verifica-se que, na avaliação final, a média no grupo
estudo (10,73) é significativamente menor do que no grupo controle (28,42); fixando o Grupo
e comparando as Avaliações, verifica-se que no grupo estudo a média na avaliação final
(10,73) foi significativamente menor do que na inicial (23,27).
56
Tabela 5 - Avaliação fonológica. Comparação entre avaliação inicial e final e entre grupo
estudo e grupo controle.
Grupo
Controle Estudo
Total
Avaliação
Média
Desvio-
padrão
Média
Desvio-
padrão
Média
Desvio-
padrão
Inicial 12,33
Aa
5,87 9,09
Aa
6,53 10,78 6,27
Final 12,58
Aa
5,90 4,00
Bb
6,62 8,48 7,52
Total 12,46 5,76 6,55 6,93 9,63 6,95
Médias seguidas de letras maiúsculas distintas na coluna e médias seguidas de letras
minúsculas distintas na linha diferem significativamente através da Análise de Variância,
utilizando o delineamento em medidas repetidas, complementada pelo Teste de Comparações
Múltiplas de Tukey, ao nível de significância de 5%
Tabela 5.1 - Análise de Variância em medidas repetidas.
Causa de variação Grau de liberdade F p
Avaliação 1 18,44 <0,001
Grupo 1 5,44 0,030
Avaliação*Grupo 1 22,45 <0,001
Através da Análise de Variância, utilizando o delineamento em medidas repetidas,
complementada pelo Teste de Comparações Múltiplas de Tukey, ao vel de significância de
5%, verifica-se haver interação significativa entre Avaliação e Grupo, ou seja, fixando a
Avaliação e comparando os Grupos, verifica-se que, na avaliação final, a média no grupo
estudo (4,00) é significativamente menor do que no grupo controle (12,58); fixando o Grupo e
comparando as Avaliações verifica-se que, no grupo estudo, a média na avaliação final (4,00)
foi significativamente menor do que na inicial (9,09).
57
Tabela 6 - Total de palavras evocadas durante a avaliação fonológica. Comparação entre
avaliação inicial e final e entre grupo estudo e grupo controle.
Grupo
Controle Estudo
Total
Avaliação
Média
Desvio-
padrão
Média
Desvio-
padrão
Média
Desvio-
padrão
Inicial 40,75 4,94 38,00 8,82 39,43 7,04
Final 42,50 8,21 40,82 4,40 41,70 6,57
Total 41,63 6,68 39,41 6,95 40,57 6,83
Tabela 6.1 - Análise de Variância em medidas repetidas .
Causa de variação Grau de liberdade F p
Avaliação 1 2,05 0,167
Grupo 1 0,87 0,363
Avaliação*Grupo 1 0,11 0,741
Através da Análise de Variância, utilizando o delineamento em medidas repetidas, ao
nível de significância de 5%, verifica-se não haver interação entre Avaliação e Grupo, em
relação aos efeitos principais. Ambos também não foram significativos.
58
5. DISCUSSÃO
5.1 Relação entre SUS e Fonoaudiologia, formação de grupos e educação em saúde
através da orientação familiar.
No que se refere ao serviço de Fonoaudiologia no SUS, Lopes (2001) e Beltrame
(2003) salientam que é importante reconhecer as características de demanda específicas em
cada comunidade e em sua área de abrangência. Após este reconhecimento, se estabelece um
corpus de ações e programas com caráter preventivo, quanto ao uso de medidas que evitem ou
minimizem os distúrbios de comunicação pertinentes a cada realidade social. Como no setor
de Fonoaudiologia da Secretaria Municipal de Saúde e Meio Ambiente de Rosário do Sul
havia grande ocorrência de alterações de fala e linguagem, acarretando longas filas de espera,
optou-se pela realização deste programa de orientação em grupo. Como afirma Goulart (2001)
essa é uma das vantagens da descentralização do sistema de saúde, que possibilita o
planejamento mais específico e de acordo com as necessidades da população de determinada
região. Goulart e Chiari (2006) defendem que em uma sociedade onde a demanda
normalmente é maior que a disponibilidade de recursos humanos, tecnológicos ou financeiros,
entre outros, torna-se imprescindível priorizar necessidades.
Conforme Pereira (1995) e Andrade (1996), a prevenção não se limita à diminuição da
ocorrência de doenças. Dela devem fazer parte conteúdos que visem promover, proteger,
diagnosticar, tratar e reabilitar a saúde individual e coletiva. Sendo a habilidade comunicativa
um elemento fundamental para a qualidade de vida, toda e qualquer ação preventiva nessa
área contribuirá significativamente para a promoção da saúde integral. Com isso, o programa
de orientação fonoaudiológica direcionada a um grupo de pais de crianças com alterações na
linguagem e/ou na fala identifica-se como um programa de prevenção secundária, uma vez
que a orientação é direcionada a familiares de crianças cuja patologia está instalada. Ele,
porém, atinge também o nível de prevenção primária, pois as pessoas que estão recebendo as
orientações podem aproveitá-las com outros filhos ou repassá-las a vizinhos e parentes e
mesmo disseminá-las na comunidade. Marin et al. (2003) afirmam que uma ação grupal pode
ser entendida como possibilidade de ação multiplicadora para a promoção da saúde.
Após detalhado planejamento do programa de orientação e da avaliação das crianças
do grupo estudo e do grupo controle, iniciaram-se as reuniões informativas, direcionadas ao
59
grupo estudo, priorizando a educação em saúde, pois, como referem Mendes e Viana (1995,
2000), o objetivo da educação em saúde é promover, manter e melhorar a saúde do indivíduo
e da comunidade por meio do processo educativo. Segundo Sassaki et al. (1987; apud
Mendes e Viana, 2000) é imprescindível um adequado planejamento para que a prática
educativa seja instrumento de transformação, promoção, proteção e recuperação da saúde
Mendes e Viana (1995, 2000), Marin et al. (2003), Aerts et al. (2004), Cavalheiro
(2006), Goulart (2006) e Lenz et al. (2006) concordam que a educação em saúde cria
oportunidades para que os cidadãos identifiquem seus problemas de saúde e as situações que
os determinam, instigando a busca de soluções coletivas, o que se procurou fazer no
transcorrer do programa. Penteado (2000) e Silva (2002) referem que, quando se pretende
capacitar o sujeito ou a comunidade, não se pode pensar somente em orientação como
transmissão de informações, mas sim como prática educativa e informativa.
No setor de Fonoaudiologia da Secretaria de Saúde, priorizou-se o atendimento em
grupo devido à necessidade de absorção da demanda e a conseqüente organização do serviço,
corroborando as idéias de Santos (1993), Penteado (2002, 2003) e Lessa (2004).
Durante os oito encontros, procurou-se manter um ambiente agradável, de confiança,
com diálogo aberto, com trocas de informações, sempre tentando elevar a auto-estima das
famílias, em concordância com as propostas de Zimerman e Osório (1997), Vinogradov e
Yalon (1992) e Medeiros (2003).
Por se acreditar que a família exerce um papel fundamental no desenvolvimento de
seus filhos e que se ela tiver consciência de como ocorre esse desenvolvimento, será uma
grande aliada no processo terapêutico, elaborou-se este programa. Alvarez et al. (2003),
Sampaio e Farias (2003), Barbeta (2006), Pinto Lopes e Siqueira (2006), Materson e Apel
(1997) consideram importante orientar e envolver a família em qualquer processo terapêutico.
Os trabalhos científicos referentes a esta área, no entanto, são escassos. necessidade de
mais comprovações científicas da importância deste trabalho, conforme afirmam Ledeberg
(1984), Costa e Cavalheiro (2006), Perdigão e Lemos (2006).
5.2 Em relação à linguagem e à fala
Vários autores concordam que a linguagem, sendo uma forma de comunicação, é um
dos aspectos mais importantes do desenvolvimento humano, sendo essencial para a interação
60
dos homens entre si e com o mundo ( Zorzi, 1995; Abbeduto e Benson, 1996; VanRiper e
Emerick, 1997; Guedes, 2000; Pontes , 2005; Vitto, 2005; Michelini e Caldana, 2005).
Procurou-se orientar os pais das crianças com alterações na fala e/ou na linguagem,
quanto ao seu desenvolvimento normal, os aspectos que podem interferir neste
desenvolvimento e de que forma eles poderiam auxiliar neste processo, uma vez que, como
refere a literatura, as alterações de linguagem são vistas como sérios problemas às relações
sociais (Freitas, Lacerda e Panhoca,1999 e Caldana e Felício, 2003).
O presente estudo abrangeu famílias de crianças entre 4 e 8 anos de idade, faixa etária
com grande demanda no setor de Fonoaudiologia da Secretaria Municipal de Saúde e Meio
Ambiente de Rosário do Sul, RS. Este fato está de acordo com o relatado na literatura que diz
que, do ponto de vista fonoaudiológico, em geral, a população que apresenta maior demanda
de manifestação primária é a infantil. Andrade, Lopes e Wertzener (1991) e Casarin (2006)
relatam em seus estudos que é comum encontrar crianças com idade superior a cinco anos que
apresentam desvios de fala.
Para Yavas (1988) é importante se ter conhecimento dos padrões da aquisição normal,
pois, a partir do entendimento da sua emergência, uso e progressão, será possível estabelecer
relações entre um grupo e outro. Os estudos de Yavas (1988), Hernandorena (1990), Mota
(1990, 1996) ), Lamprecht (1999) revelam que aos cinco anos as crianças adquirem os
contrastes do sistema fonêmico adulto, quer dizer, conseguem fazer uso efetivo da ngua
durante a comunicação. Daí a necessidade de se transmitir aos pais noções básicas sobre esta
aquisição, para que possam compará-la com o desenvolvimento de seus filhos.
Wertzner (2004) salienta que, além de conhecer a seqüência da aquisição dos fonemas
e as idades em que são adquiridos, é interessante saber quais os erros mais cometidos pelas
crianças. Ao longo dos encontros, foram trabalhados os fonemas // no início da sílaba, início
da palavra; /l/ no início de sílaba, início da palavra; /r/ no início de sílaba, dentro da palavra;
/r/ no final de sílaba, dentro da palavra e os encontros consonantais com /l/ e /r/ por serem
estes os que mais freqüentemente aparecem alterados na fala de uma criança, segundo a
literatura. Os trabalhos de Lamprecht (1993), Cigana et al. (1995), Wertzner (1998), Wertzner
e Carvalho (2000) corroboram esta afirmação.
61
5.3 Da eficácia do programa
Após analisar as habilidades de compreensão, conceituação e expressão de
linguagem; o exame de articulação; a avaliação fonológica; o total de palavras evocadas
durante a avaliação fonológica, a discussão será feita baseada na eficácia do programa.
Devido à escassez de literatura diretamente relacionada ao presente estudo, serão abordados
trabalhos referentes a relatos de experiências na área em questão. Deste modo, salienta-se a
dificuldade apresentada no momento de realizar esta discussão.
Ao analisar a Tabela 1, referente à habilidade de compreensão de linguagem,
comparando avaliação inicial e final de cada grupo e os resultados entre o grupo estudo e
grupo controle, através da Análise de Variância, utilizando o delineamento em medidas
repetidas, ao nível de significância de 5%, verifica-se não haver interação entre Avaliação e
Grupo, em relação aos efeitos principais. Ambos também não foram significativos, ou seja, as
orientações de linguagem e fala não foram capazes de interferir significativamente nos
resultados da habilidade de compreensão de linguagem. Ao tentar explicar este resultado, não
foi encontrado nenhum trabalho específico na área de compreensão de linguagem. Talvez ele
se deva ao fato de as famílias tenderem a estimular mais a habilidade de expressão de
linguagem, na qual efetivamente encontraram-se melhores resultados. Ou , também, porque o
enfoque do programa de orientação de linguagem e fala esteve mais voltado para a habilidade
de expressão de linguagem.
Ao analisar a Tabela 2, referente à habilidade de conceituação de linguagem,
comparando avaliação inicial e final de cada grupo e os resultados entre o grupo estudo e
grupo controle, através da Análise de Variância, utilizando o delineamento em medidas
repetidas, complementada pelo Teste de Comparações Múltiplas de Tukey, ao nível de
significância de 5%, verifica-se haver interação significativa entre Avaliação e Grupo, ou seja,
fixando a Avaliação e comparando os Grupos, verifica-se que na avaliação final a média no
grupo estudo é significativamente maior do que no grupo controle; fixando o Grupo e
comparando as Avaliações, verifica-se que no grupo estudo a média na avaliação final foi
significativamente maior do que na inicial, ou seja, a orientação de linguagem e fala
direcionada aos pais demonstrou ser efetiva no que se refere à habilidade de conceituação de
linguagem, tornando-se um diferencial entre o grupo estudo e o grupo controle.
Ao analisar a Tabela 3, que se refere à habilidade de expressão de linguagem,
comparando avaliação inicial e final de cada grupo e os resultados entre o grupo estudo e
62
grupo controle, através da Análise de Variância, utilizando o delineamento em medidas
repetidas, complementada pelo Teste de Comparações Múltiplas de Tukey, ao nível de
significância de 5%, verifica-se haver interação significativa entre Avaliação e Grupo, ou seja,
fixando a Avaliação e comparando os Grupos, verifica-se que na avaliação final a média do
grupo estudo é significativamente maior do que no grupo controle; fixando o Grupo e
comparando as Avaliações, verifica-se que no grupo estudo a média na avaliação final foi
significativamente maior do que na inicial. Desta forma, constata-se que as informações de
linguagem e fala direcionadas a um grupo de pais de crianças com alterações nesta áreas
demonstraram eficácia no que se refere à habilidade de expressão de linguagem.
Analisando a Tabela 4, que se refere ao exame de articulação, comparando avaliação
inicial e final de cada grupo e os resultados entre o grupo estudo e grupo controle através da
Análise de Variância, utilizando o delineamento em medidas repetidas, complementada pelo
Teste de Comparações Múltiplas de Tukey, ao nível de significância de 5%, verifica-se haver
interação significativa entre Avaliação e Grupo, ou seja, fixando a Avaliação e comparando os
Grupos, verifica-se na avaliação final a média do grupo estudo é significativamente menor do
que no grupo controle; fixando o Grupo e comparando as Avaliações verifica-se que no grupo
estudo a média na avaliação final foi significativamente menor do que na inicial. Com base
nesses dados, constata-se a eficácia do programa de orientações de linguagem e fala, analisada
através do exame de articulação.
Ao analisar a Tabela 5, referente à avaliação fonológica, comparando avaliação inicial
e final de cada grupo e os resultados entre o grupo estudo e o grupo controle, através da
Análise de Variância, utilizando o delineamento em medidas repetidas, complementada pelo
Teste de Comparações Múltiplas de Tukey, ao nível de significância de 5%, verifica-se haver
interação significativa entre Avaliação e Grupo, ou seja, fixando a Avaliação e comparando os
Grupos, verifica-se na avaliação final, a média no grupo estudo é significativamente menor do
que no grupo controle; fixando o Grupo e comparando as Avaliações verifica-se que no grupo
estudo a média na avaliação final foi significativamente menor do que na inicial,ou seja, a
orientação de linguagem e fala demonstrou ser eficiente no que se refere à avaliação
fonológica.
Ao observar a Tabela 6, referente ao total de palavras evocadas durante a avaliação
fonológica, comparando avaliação inicial e final de cada grupo e os resultados entre o grupo
estudo e o grupo controle, através da Análise de Variância, utilizando o delineamento em
medidas repetidas, ao nível de significância de 5%, verifica-se não haver interação entre
Avaliação e Grupo, em relação aos efeitos principais. Ambos também não foram
63
significativos. Com base nesses dados, constata-se que o programa de orientação de
linguagem e fala não interferiu no número total de palavras evocadas durante a avaliação da
fonologia.
Como foi possível observar, somente a habilidade de compreensão de linguagem e o
total de palavras evocadas durante a avaliação fonológica não apresentaram interação
significativa entre avaliação e grupo.
As habilidades de conceituação e expressão de linguagem, o exame de articulação e a
avaliação fonológica demonstraram interação significativa entre avaliação e grupo, ao se
comparar avaliação inicial e final de cada grupo e os resultados entre os grupos, o que
comprova a eficácia do programa de orientação de linguagem e fala direcionado a um grupo
de pais de crianças com alterações de linguagem e/ou fala, que aguardavam atendimento
fonoaudiológico. Pode-se observar, através da comparação entre as avaliações iniciais e finais
realizadas nas crianças, que os aspectos referentes à linguagem, melhoraram
significativamente no grupo estudo, no qual os pais receberam orientações, evidenciando que
estas orientações influenciaram estes resultados.
No grupo controle, no qual os pais não receberam orientações, a melhora não foi
significativa.
Através deste programa, também foi possível atender a maior número de pessoas,
reduzir o tempo de espera pelo atendimento e controlar a demanda.
Esse resultado encontrado corrobora os achados de Simão e Chun (1995), de Kerr et al.
(1997) e de Almeida et al. (2006) que acreditam que o trabalho com lista de espera pode
ajudar a controlar o crescimento da demanda e que a orientação, durante a espera pelo
atendimento, auxilia no processo de sensibilização da família e do paciente em relação às suas
possibilidades de intervenção nos problemas de comunicação.
Ortiz, Bertachini e Pereira (2000) descreveram dois programas que foram beneficiados
com ações fonoaudiológicas, nos quais as autoras também utilizaram um instrumento de
avaliação antes e após as orientações fonoaudiológicas direcionadas à família. Porém, as
crianças também recebiam atendimento em grupo o que difere do presente estudo, pois as
crianças não receberam atendimento, somente o grupo de pais é que recebeu orientações. Com
base nos resultados encontrados, 78,7% de alta definitiva, no primeiro programa e 74,46%, no
segundo, as autoras concluíram que o número de altas representou um resultado estimulador
do trabalho fonoaudiológico junto ao grupo de mães, podendo ser desenvolvido nos
programas de assistência às comunidades nos Centros de Saúde, o que vem ao encontro dos
achados do presente estudo.
64
Barbeta (2006) também desenvolveu um trabalho de orientação direcionado a grupos
de pais. Como resultados, observou uma grande participação dos pais, com trocas de
informações, as mães opinaram e até ofereceram ajuda umas às outras, fato este também
observado no estudo em questão.
Observando os resultados encontrados, constata-se que vale a pena investir na prática
educativa baseada em informações direcionadas para pais de crianças com alterações na
linguagem e/ou fala, confirmando os estudos de Gomes e Remencius (1997), Silva et al
(2003), Carvalho, Oliverira e Pedroso (2006), Calheta et al. (2006) e Pinto, Lages e Siqueira
(2006). Salienta-se ainda a importância do presente estudo, por existirem poucos trabalhos
semelhantes publicados na área.
Lauermann e Wertzner (1995) e Nemr (2002) realizaram reuniões informativas para
pessoas sem suposta queixa fonoaudiológica e constataram elevada ocorrência de alterações
na comunicação, o que remete à importância do esclarecimento sobre o trabalho da
fonoaudióloga. Tal informação deverá ser dirigida não somente à comunidade, mas também
aos demais profissionais da saúde e aos funcionários do SUS.
Os resultados do presente estudo mostram que, como refere Silva et al. (2003), é
possível, sim, reestruturar um serviço de Fonoaudiologia e deixá-lo de acordo com os
preceitos da Saúde Pública e que a educação da família e a formação de grupos indicam um
caminho possível para que estas mudanças aconteçam. Em concordância com Barbetta (2006)
que defende que um grupo de orientação a pais é um universo rico a ser explorado, formula-
se a sugestão de que mais trabalhos relacionados à orientação a grupos de pais sejam
desenvolvidos para que se possa comprovar cientificamente a importância desta ação e para
que se fortaleça a Fonoaudiologia baseada em evidências. Talvez a aplicação de um
questionário pré e pós-orientação aos pais, em trabalhos futuros, também possa auxiliar com
considerações importantes quanto a este enfoque.
A Fonoaudiologia na Saúde Publica tem apresentado crescimento e vários estudos
demonstraram a elevada ocorrência de distúrbios da comunicação em pessoas que recorrem
aos serviços públicos. É preciso, pois, tomar providências para suprir a alta demanda e
adequar os serviços à realidade atual. Isto requer maior número de fonoaudiólogos atuando na
Saúde Pública, profissionais preparados para lidar com Saúde Publica e mais atenção do
Governo ao que se refere às políticas públicas em Fonoaudiologia.
Vários trabalhos científicos evidenciam a elevada ocorrência de distúrbios da
comunicação - Andrade (1997), Gonçalves et al. (2000); Bocanin (2001), Goulart e Ferreira
(2002) Silva, Lima e Silveira (2003), Hage e Faiad (2005), Nogueira et al. (2006), Arcuri,
65
Rodrigues e Schifer (2006), Costa, Cavalheiro (2006), Brito et al. (2006), Zwetsch, et al.
(2006), Pimentel, Guimarães e Flores (2006) e Casarin (2006) e Casarin et al (2006) os
quais justificam a necessidade de programas voltados à prevenção.
No âmbito dos estudos internacionais, os trabalhos de Gierut (1998), Shriberg,
Tombolin e McSweeny (1999) e Keating, Truel e Ozane (2001) fundamentam a necessidade
da prevenção.
Salienta-se ainda, em concordância com Goulart (2003), a necessidade de o
fonoaudiólogo inteirar-se dos assuntos relacionados ao SUS para que possa organizar seu
trabalho e direcionar ações que surtam efeito na instituição pública e na comunidade. Não se
pode esquecer que, como defendem Befi (1997) e Guedes (1997), o fonoaudiólogo atuante no
SUS deve ser um generalista, primando sempre pela qualidade.
66
6 CONCLUSÕES
Ao término deste estudo, proposto com o objetivo de verificar a eficácia da informação
sobre desenvolvimento da linguagem e da fala direcionada a um grupo de pais de crianças
com alterações nestas áreas, conclui-se que:
as habilidades de conceituação e expressão de linguagem, o exame de articulação e a
avaliação fonológica demonstraram interação significativa entre avaliação e grupo,
ao comparar avaliação inicial e final de cada grupo e ao comparar os resultados entre
os grupos, o que comprova a eficácia do programa de orientação de linguagem e fala
direcionado a um grupo de pais de crianças com alterações nestas áreas, que
aguardavam por um atendimento fonoaudiológico;
a habilidade de compreensão de linguagem e o total de palavras evocadas durante a
avaliação fonológica não apresentaram interação significativa entre avaliação e
grupo;
após receberem informações sobre desenvolvimento normal de linguagem e fala, os
fatores que influenciam neste desenvolvimento e de que forma seria possível ajudar,
os pais das crianças com alterações na linguagem e/ou na fala, que aguardavam vaga
para atendimento fonoaudiológico, foram capazes de refletir sobre o
desenvolvimento de fala e linguagem de seus filhos e auxiliar neste processo;
ao comparar os resultados obtidos entre o grupo estudo e o grupo controle, verificou-
se que as orientações relacionadas à linguagem e à fala foram um diferencial
importante;
outros trabalhos relacionados à orientação a grupos de pais devem ser desenvolvidos
para que se possa comprovar cientificamente a importância deste trabalho e para que
se possa fortalecer a Fonoaudiologia baseada em evidências.
67
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– Suplemento Especial)Anais...Salvador, BA, 2006. 1 CD-ROM.
77
OBRAS CONSULTADAS
Estrutura e apresentação de monografias, dissertações e teses : MDT / Universidade Federal de
Santa Maria. Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa. – 6. ed. rev. e ampl. – Santa Maria Ed.
da UFSM, 2006. 67 p.
78
ANEXOS
79
ANEXO A – CONSENTIMENTO INFORMADO INSTITUCIONAL
A Secretaria Municipal de Saúde e Meio Ambiente, representada pelo Secretário da
Saúde e Meio Ambiente____________________________________, aceita participar do
estudo realizado pela Fgª Mirna Dorneles Moreira, aluna do curso de Mestrado em Distúrbios
da Comunicação Humana da Universidade Federal de Santa Maria UFSM -, tendo como
orientadora-responsável a Profª Drª Helena Bolli Mota, dando seu consentimento livre e
esclarecido para que a coleta de dados seja realizada nesta instituição e com seus pacientes. A
pesquisadora está desenvolvendo um estudo que tem como título Orientação
Fonoaudiológica direcionada a um grupo de pais e/ou responsáveis por crianças com
alterações na fala e/ou na linguagem”. O objetivo do estudo é verificar a eficácia da
informação sobre desenvolvimento de linguagem e fala direcionada a um grupo de pais e/ou
responsáveis por crianças que encontram-se na lista de espera do setor de Fonoaudiologia da
Secretaria Municipal de Saúde e Meio Ambiente de Rosário do Sul-RS, comparando os
resultados obtidos nas avaliações realizadas antes e depois das oito reuniões informativas
programadas, confrontando os resultados obtidos no grupo estudo com os resultados obtidos
no grupo controle. A justificativa é que a pesquisadora pretende demonstrar que se estas
famílias forem instruídas a respeito de como se desenvolve a linguagem e a fala destas
crianças, os próprios familiares poderão intervir auxiliando neste desenvolvimento. O
procedimento será baseado em uma seleção de crianças com idade entre 4 a 8 anos, que
aguardam na lista de espera para atendimento no setor de Fonoaudiologia. Farão parte deste
estudo somente as crianças com alterações na fala e/ou linguagem. Para realizar esta seleção
será aplicada uma anamnese detalhada com os pais e/ou responsáveis pelas crianças e estes
serão convidados a participarem desta pesquisa. Logo após haverá um sorteio para estabelecer
quem fará parte do grupo estudo e quem fará parte do grupo controle. Estas crianças serão
submetidas a uma avaliação auditiva, que consta de um exame para verificar a acuidade
auditiva, a uma avaliação de linguagem e a uma avaliação de fala. .Durante os encontros com
o grupo de pais e/ou responsáveis serão transmitidas informações, através de projeção de
lâminas, a respeito do desenvolvimento normal da linguagem e da fala. Também serão
abordados fatores que influenciam este desenvolvimento. Logo após serão sugeridas
atividades para que os pais trabalhem em casa com seus filhos, como olhar gravuras e falar a
respeito delas, leitura de listas de palavras, leitura de histórias. Será reservado um espaço de
tempo para questionamentos à respeito de dúvidas dos pais e trocas de experiências
A pesquisadora assegura que a participação nesta pesquisa, por parte da Secretaria
Municipal de Saúde e Meio Ambiente, dos pais e das crianças, será de caráter voluntário, sem
ônus, estando garantido o sigilo, a confidencialidade e a utilização dos dados obtidos nesta
pesquisa somente para fins científicos. Estes dados serão utilizados para análise estatística e
posterior publicação dos resultados. Os participantes não estarão expostos a desconfortos ou
riscos.
Caso sejam necessários maiores esclarecimentos a respeito do estudo ou seus
participantes desejarem cancelar sua participação, poderão entrar em contato pessoal com a
pesquisadora.
____________________________
Ass. Secretário da Saúde
_____________________________
Ass. da pesquisadora
Rosário do Sul, ___/____/_____
80
ANEXO B - CONSENTIMENTO INFORMADO AOS PAIS OU RESPONSÁVEL
As informações contidas neste documento foram fornecidas pela aluna do curso de
mestrado em Distúrbios da Comunicação Humana, Mirna Dorneles Moreira, sob
supervisão/orientação da Profª F Drª Helena Bolli Mota, com o objetivo de autorizar por
escrito, minha participação, com pleno conhecimento dos procedimentos aos quais serei
submetido, com livre arbítrio e sem coação. O projeto para o qual fui convidado a participar
tem o título “Orientação Fonoaudiológica direcionada a um grupo de pais e/ou responsáveis
por crianças com alterações na fala e/ou na linguagem”. O objetivo do projeto é verificar a
eficácia da informação sobre desenvolvimento de linguagem e fala direcionada a grupos de
pais e/ou responsáveis pelas crianças que encontram-se na lista de espera do setor de
Fonoaudiologia da Secretaria Municipal de Saúde e Meio Ambiente de Rosário do Sul-RS,
comparando os resultados obtidos nas avaliações realizadas antes e depois das oito reuniões
informativas programadas, confrontando os resultados obtidos no grupo estudo com os
resultados obtidos no grupo controle. A justificativa é que pretendo demonstrar que se estas
famílias forem instruídas a respeito de como se desenvolve a linguagem e a fala destas
crianças, os próprios familiares poderão intervir auxiliando neste desenvolvimento. O
procedimento será baseado em uma seleção de crianças com idade entre 4 a 8 anos, que
aguardam na lista de espera para atendimento no setor de Fonoaudiologia. Farão parte deste
estudo somente as crianças com alterações na fala e/ou linguagem. Para realizar esta seleção
será aplicada uma anamnese detalhada com os pais das crianças e estes serão convidados a
participarem desta pesquisa. Logo após haverá um sorteio para estabelecer quem fará parte do
grupo estudo e quem fará parte do grupo controle. Estas crianças serão submetidas a uma
avaliação auditiva, que consta de um exame para verificar a acuidade auditiva, a uma
avaliação de linguagem e a uma avaliação de fala. Inicialmente a linguagem e a fala da
criança serão observadas através de conversa informal e brincadeiras. Para avaliação
fonológica será utilizada a figura do “circo” proposta por Hernandorena e Lamprecht (1997)
onde a criança deverá falar a respeito da figura observada e será aplicado o exame
articulatório, que enfoca a repetição de uma lista de palavras. Para a avaliação da linguagem
será aplicada a Escala Beta para Avaliação de Linguagem em Crianças de três a dezessete
anos, elaborada por Feldman, Pinasco, Feldman & Canepa (1992) que consta da avaliação das
habilidades de compreensão, conceituação e expressão de linguagem, através da apresentação
de gravuras, perguntas e respostas. Todos estes dados serão gravados em fita cassette da
marca Sony EF-X e após será feita a transcrição fonética. Após o estudo, estas fitas gravadas
serão armazenadas em um banco de dados do Centro de Estudos de Linguagem e Fala (CELF)
do curso de Fonoaudiologia, da Universidade Federal de Santa Maria.Durante os encontros
com o grupo de pais serão transmitidas informações, através de projeção de lâminas, a
respeito do desenvolvimento normal da linguagem e da fala. Também serão abordados fatores
que influenciam este desenvolvimento. Logo após serão sugeridas atividades para que os pais
trabalhem em casa com seus filhos, como olhar gravuras e falar a respeito delas, leitura de
listas de palavras, leitura de histórias. Se reservado um espaço de tempo para
questionamentos à respeito de dúvidas dos pais e trocas de experiências. São apontados como
benefícios aos participantes deste projeto a redução no tempo de espera por um atendimento
fonoaudiológico, conscientização da família a respeito da importância da sua participação no
processo terapêutico assim como troca de informações a respeito do desenvolvimento da
linguagem e da fala das crianças. Este projeto é realizado sem fins lucrativos. Será mantido
sigilo quanto à identidade das pessoas avaliadas, ficando isto sob responsabilidade da
orientadora/supervisora do projeto.
81
Os resultados obtidos serão utilizados para fins de estudo científico, pesquisa e apresentação
de estudos em congressos da área.
Eu,___________________________, portador (a) da identidade nº_____________, certifico
que, após leitura deste documento e das explicações dadas pela mestranda sob orientação da
Porfª Fgª D Helena Bolli Mota, sobre os itens acima, estou de acordo com a realização deste
estudo, autorizando minha participação.
________________________________
Assinatura do participante
Rosário do Sul, ____/___/_____
Mestranda Mirna Dorneles Moreira.Telefones para contato: 55-3231-2682 ou 55-91073504
Orientadora Profª Fgª Drª Helena Bolli Mota. Telefone para contato: 55-3222-5850.
82
ANEXO C - FICHA DE AVALIAÇÃO DE LINGUAGEM – ESCALA BETA
Nome:___________________________________________
Data:_______________________
DN:________________________Idade:________________
Sexo:_______________________
Escola:___________________________________________
COMPREENSÃO DE FRASES CONCEITUAÇÃO
1.______ 13._____24_______ 1.___14.___27_____
2.______14.______25_______ 2___15____28_____
3_______15______26_______ 3____16____29____
4______16_______27_______ 4____17____30____
5______17_______28_______ 5____18____31____
6______18_______29_______ 6____19____32____
7______19_______30_______ 7____20____33____
8______20_______31_______ 8____21____34____
9______21_______32_______ 9____22____35____
10_____22_______33_______ 10___23____36____
11_____23_______34_______ 11___24____37____
12_____ 12___25____38____
13___26____
PONTUAÇÃO:____________ PONTUAÇÃO:_____
IM:______________________ IM:_______________
EXPRESSÃO (FLUÊNCIA VERBAL)
Caderno Pontuação:__________
Folha de árvore Pontuação:__________
Sapato Pontuação:__________
Óculos Pontuação:__________
Filme fotográfico Pontuação:__________
PONTUAÇÃO TOTAL:_______________
IM:________________________________
83
NOME:_______________________________DATA:____________________
CADERNO PONTUAÇÃO:________________
FOLHA DE ÁRVORE PONTUAÇÃO:________________
SAPATO PONTUAÇÃO:________________
ÓCULOS PONTUAÇÃO:_________________
FILME FOTOGRÁFICO PONTUAÇÃO:_________________
84
ANEXO D - LISTA DE PALAVRAS ESPERADAS– AVALIAÇÃO FONOLÓGICA
FIGURA “CIRCO”
NOME:______________________________________DATA:_____________
CIRCO___________________________PINTOR________________________
CARRINHO_______________________SORVETE______________________
PALHAÇO________________________PICOLÉ________________________
PINCEL___________________________DINHEIRO_____________________
URSO_____________________________PORCO________________________
LEVANTANDO____________________GUARDA-CHUVA_______________
PESO_____________________________CHAPÉU_______________________
MARROM_________________________JACARÉ_______________________
VERDE____________________________JARRA________________________
VERMELHO_______________________TAMBOR______________________
AZUL_____________________________COELHO______________________
PRETO____________________________BANDEIJA_____________________
BRUXA___________________________BRASIL________________________
ARRUMA_________________________CALDEIRÃO____________________
RECEITA__________________________FLAUTA_______________________
CORNETA_________________________BANHO________________________
CADEIRA__________________________ÁGUA_________________________
CERRA____________________________NUVEM________________________
MADEIRA_________________________RODA__________________________
CLUBE____________________________TRICô__________________________
FANTOCHE________________________NOVELO_______________________
CIGARRO__________________________LÃ____________________________
RATO______________________________SAPATO_______________________
ARANHA___________________________PRINCESA_____________________
BARATA___________________________PRINCIPE______________________
REI________________________________RAINHA_______________________
LEÃO______________________________LOBO_________________________
JAULA_____________________________DORMINDO____________________
OUTRAS:__________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
85
ANEXO E - EXAME DE ARTICULAÇÃO:
NOME:_________________________________________DATA:______________
C-G
CAMA________________CUBO___________MACACO___________________
GALO________________FOGUETE___________LEGUME_________________
CRAVO________________TAXI_______________CLASSE_________________
CLUBE________________GROSSO_____________GRIPE__________________
GLOBO_________________IGLU______________ROQUE__________________
B-P-M
BALÃO_______________ABELHA_____________SABÃO__________________
PIÃO_______________SAPATO______________-SOPA_____________________
MOÇA______________GEMADA_____________MAMÃE___________________
BRAÇO_____________BLUSA_______________BRUXA____________________
PRATO______________COMPRA_____________PLANTA___________________
AMPLO______________CAMPO_____________BOMBOM__________________
F-V
FACA__________________MOFADO_____________FOFO___________________
VEADO_________________CAVALO_____________VOVÔ___________________
FRUTA__________________FRIO________________FLECHA_________________
FLORESTA______________LIVRO________________VLADIA________________
D-T-N
DEDO_______________BANDEIRA________________BATIDA_______________
TÊNIS_______________CORTINA________________BATATA________________
NETO_______________CANECO_________________BANANA________________
DRAGÂO_____________MADRINHA______________PEDRA_________________
TREM_____________CONTRATO_________________LETRA_________________
TLIM_______________ANDA_______________CANTANDO__________________
CH (X)- J—NH-LH
CHUVA______________CACHORRO_____________CONCHA________________
JANELA______________TIJOLO_______________CANJA____________________
LHAMA_______________PALHAÇO_____________MOLHO__________________
NHOQUE______________MINHOCA______________NINHO__________________
S-Z-R-RR-L
SAPO______________AMASSADO_______________DOCE____________________
AULAS_____________ZEBRA_________________COZINHA__________________
BRASIL_____________CARA_________________AROMA____________________
CARETA____________RUA__________________PORCO______________________
PERNA_______________AMOR_________________ISCA______________________
FELIZ________________INSUCESSO______________BRAÇO__________________
PRIMO_______________BOMBRIL________________
(RR) RIO_________________CARRO______________CARRETA_____________________
VOGAIS ORAIS :A-E-É-I-Ó-Ó-U
AVE_________________ESCOVA________________ERVA______________________
IGREJA_______________OLHO_________________HORA______________________
UVA_________________
VOGAIS NASAIS: Ã - ~E ~I –Õ- ~U
ANTA________________ENTÃO_______________ÍNDIO_______________________
ONTEM_______________UNHA__________
86
ANEXO F - Obras utilizadas nas reuniões informativas.
ANTUNES, C. O que é o projeto 12 dias/12 minutos? Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes,
2002.
CHALITA, G. Pedagogia do amor. A contribuição das histórias universais para a formação de
valores das novas gerações. São Paulo: Editora Gente, 2003.
CURY, A. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
PREUSCHOFF, G. Criando meninas. São Paulo: Editora Fundamento Educacional, 2003.
TIBA, I. Quem ama, educa. São Paulo: Editora Gente, 2002.
87
APÊNDICES
APÊNDICE A – Resultados obtidos nas avaliações do grupo estudo.
Quadro 1- Avaliação linguagem- Escala Beta – Compreensão de frases
Sujeito Idade Avaliação inicial Avaliação final
1 8
a
3m 6
a
7
a
2 6
a
3
a
4
a
3 4
a
9m 4
a
5
a
4 5
a
6m 3
a
3
a
5 5
a
8m 6
a
6
a
6 7
a
7
a
6
a
7 6
a
10m 5
a
6
a
8 8
a
3m 7
a
7
a
9 6
a
11m 6
a
8
a
10 5
a
8m 7
a
7
a
11 8
a
3
a
7
a
Quadro 2 - Avaliação linguagem- Escala Beta – Conceituação
Sujeito Idade Avaliação inicial Avaliação
final
1 8
a
3m 5
a
5
a
2 6
a
3
a
4
a
3 4
a
9m 4
a
5
a
4 5
a
6m 3
a
3
a
5 5
a
8m 5
a
5
a
6 7
a
5
a
5
a
7 6
a
10m 5
a
6
a
8 8
a
3m 6
a
6
a
9 6
a
11m 5
a
6
a
10 5
a
8m 5
a
5
a
11 8
a
5
a
5
a
88
Quadro 3 - Avaliação linguagem- Escala Beta – Expressão
Sujeito Idade Avaliação inicial Avaliação final
1 8
a
3m 6-7
a
2 6
a
3 4
a
9m 6-7ª
4 5
a
6m
5 5
a
8m 6-7ª 10ª
6 7
a
6-7ª
7 6
a
10m 6-7ª
8 8
a
3m 6-7ª 12ª
9 6
a
11m
10 5
a
8m 11
a
11 8
a
6-7ª 8
a
Quadro 4 - Exame de articulação
Sujeito Avaliação inicial nº
de palavras incorretas
Avaliação final nº de
palavras incorretas
1 20 0
2 25 12
3 61 60
4 49 34
5 12 8
6 25 0
7 2 0
8 15 3
9 18 0
10 27 1
11 2 0
89
Quadro 5 – Avaliação fonológica
Sujeito Avaliação inicial nº
de ocorrência de
processos
Avaliação final nº de
ocorrência de
processos
1 5 0
2 14 5
3 22 20
4 17 13
5 2 2
6 10 4
7 2 0
8 4 0
9 7 0
10 12 0
11 5 0
Quadro 6 -Total de palavras evocadas na avaliação fonológica
Sujeito Avaliação inicial nº
de palavras evocadas
Avaliação final nº de
palavras evocadas
1 37 38
2 54 46
3 31 30
4 32 40
5 25 42
6 37 38
7 42 41
8 45 44
9 42 44
10 27 44
11 46 42
90
APÊNDICE B - Resultados obtidos nas avaliações do grupo controle
Quadro 1 - Avaliação linguagem- Escala Beta – Compreensão de frases
Sujeito Idade Avaliação inicial Avaliação
final
1 6
a
4
a
2
a
2 6
a
4m 9
a
8
a
3 4
a
7m 4
a
4
a
4 7
a
8m 3
a
4
a
5 7
a
11m 2
a
2
a
6 6
a
3m 6
a
7
a
7 6
a
5m 5
a
5
a
8 6
a
1m 6
a
4
a
9 5
a
3m 4
a
5
a
10 6
a
2m 4
a
5
a
11 5
a
6m 5
a
5
a
12 6
a
5m 5
a
5
a
Quadro 2 - Avaliação linguagem- Escala Beta – Conceituação
Sujeito Idade Avaliação inicial Avaliação final
1 6
a
3
a
3
a
2 6
a
4m 5
a
5
a
3 4
a
7m 4
a
4
a
4 7
a
8m 3
a
3
a
5 7
a
11m 3
a
3
a
6 6
a
3m 5
a
5a
7 6
a
5m 5
a
5a
8 6
a
1m 5
a
5a
9 5
a
3m 4
a
4a
10 6
a
2m 5
a
5a
11 5
a
6m 5
a
5a
12 6
a
5m 5
a
5a
91
Quadro 3 -Avaliação linguagem- Escala Beta – Expressão
Sujeito Idade Avaliação inicial Avaliação final
1 6
a
6-7ª 6-7
a
2 6
a
4m 8
a
3 4
a
7m 4
a
4 7
a
8m 4
a
5 7
a
11m 4
a
6 6
a
3m 6-7ª 8
a
7 6
a
5m 8
a
8 6
a
1m 8
a
9 5
a
3m 6-7ª 5
a
10 6
a
2m 6-7ª 6-7
a
11 5
a
6m 4
a
12 6
a
5m 5
a
Quadro 4 - Exame de articulação
Sujeito Avaliação inicial –nº
de palavras incorretas
Avaliação final- nº de
palavras incorretas
1 15 13
2 40 36
3 28 28
4 47 55
5 13 15
6 51 42
7 22 26
8 34 34
9 28 28
10 11 13
11 30 30
12 22 21
92
Quadro 5 –Avaliação fonológica
Sujeito Avaliação inicial –nº
de ocorrência de
processos
Avaliação final- nº de
ocorrência de
processos
1 9 9
2 25 25
3 11 9
4 16 16
5 5 7
6 18 22
7 9 10
8 9 11
9 13 12
10 4 5
11 16 14
12 13 11
Quadro 6 - Total de palavras evocadas na avaliação fonológica
Sujeito Avaliação inicial –nº
de palavras evocadas
Avaliação final- nº de
palavras evocadas
1 45 46
2 38 46
3 32 32
4 47 55
5 46 31
6 39 45
7 44 51
8 37 43
9 43 43
10 42 51
11 43 35
12 33 32
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