Download PDF
ads:
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
ANTICORPOS NEUTRALIZANTES CONTRA OS VÍRUS DA CINOMOSE E
PARAINFLUENZA CANINOS EM CÃES E FELINOS SILVESTRES EM
CATIVEIRO
Tamahine Larronda Schmidt Hartmann
Porto Alegre
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
ANTICORPOS NEUTRALIZANTES CONTRA OS VÍRUS DA CINOMOSE E
PARAINFLUENZA CANINOS EM CÃES E FELINOS SILVESTRES EM
CATIVEIRO
Tamahine Larronda Schmidt Hartmann*
Dissertação apresentada como requisito
para obtenção do grau de Mestre em
Ciências Veterinárias na área de Medicina
Preventiva Veterinária – VirologiaVeterinária
Orientador: Prof. Dr. Paulo Michel Roehe
Co-orientador: Profa. Dra. Ana Cláudia Franco
Porto Alegre
2006
* Médica Veterinária, ULBRA 2000/1
ads:
3
AVALIAÇÃO DE ANTICORPOS NEUTRALIZANTES CONTRA OS VÍRUS
DA CINOMOSE E PARAINFLUENZA CANINOS EM CÃES E FELINOS
SILVESTRES EM CATIVEIRO
APROVADO POR:
Prof. Dr. PAULO MICHEL ROEHE
Orientador e Presidente da Comissão
Prof. Dr. AMAURI SIMONETTI
Membro da Banca.
Prof. Dr. CLÁUDIO WAGECK CANAL
Membro da Banca.
Profa. Dra. VIRGÍNIA MINGHELLI SCHMITT
Membro da Banca.
4
AGRADECIMENTOS
À minha família: meus pais João Roberto e Joyce, meu irmão Christian; sogros
Círio e Ivany, vô Ruy e tia Zoraide (sei que torcem por mim de onde estão); vó Suely,
tios (Elida, Paulo, Jeane), cunhados e cunhadas (Priscilla, Stella Maris, Augusto,
Alexandre e Fernanda) e sobrinhos (Júlia, Leonardo, Catharina, Isadora, Theodoro). Ao
meu amado Cícero, muito obrigado por sempre me apoiar em tudo que faço, por estar
ao meu lado em todos os momentos com muito carinho e dedicação. Obrigada por todo
apoio, amor, carinho, amizade e compreensão, vocês todos são muito especiais e um
grande incentivo para mim, amo vocês.
Ao Lucki e a minha grande amiga Fernanda (Fefa), obrigada pelo apoio moral.
Ao meu orientador Paulo Michel Roehe, pela oportunidade, ensinamentos,
confiança, paciência, amizade, exemplo de entusiasmo e dedicação à pesquisa. À minha
co-orientadora Ana Cláudia e ao Frans, obrigada pela amizade, ensinamentos e
disposição em ajudar. Todos vocês são exemplos a serem seguidos.
A todos os meus amigos e colegas: Paulinho e Alessandra, Helena (Dada),
Fernando Spilki, Sílvia, Anna Paula, Cíntia, Diógenes e Thaís. Muito obrigado por
estarem presentes nesta fase de minha vida, tornando-a muito mais alegre e
principalmente pelo aprendizado, opiniões, apoio e amizade. Cada um de vocês ajudou-
me do seu jeito, em momentos diferentes e espero que no futuro possamos continuar nos
encontrando.
Agradeço ao Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Veterinária da
UFRGS e todos os professores, pelos ensinamentos e oportunidade.
A FAPERGS e CNPq, por terem financiado este projeto.
A direção e todos os integrantes da FEPAGRO Saúde Animal - Instituto de
Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF), em especial ao Eng. Agr. Eduardo
Schmidt.
A todos vocês que me ajudaram em vários momentos e foram muito importantes
durante este trabalho.
A Deus, por ter colocado vocês em meu caminho.
5
ANTICORPOS NEUTRALIZANTES CONTRA OS VÍRUS DA CINOMOSE E
PARAINFLUENZA CANINOS EM CÃES E FELINOS SILVESTRES EM
CATIVEIRO
RESUMO
O vírus da cinomose canina (CDV) e o vírus parainfluenza canino (CPIV)
afetam uma ampla variedade de hospedeiros e encontram-se distribuídos mundialmente.
O CDV é considerado um dos mais importantes agentes infecciosos dentro das
populações caninas. Este vírus é o agente causal da cinomose, uma doença
potencialmente letal em membros das famílias Canidae, Mustelidae e Procionidae,
sendo recentemente detectado como causa de morbidade e mortalidade em carnívoros
aquáticos e grandes felinos. O CPIV, por sua vez, é altamente contagioso entre cães,
podendo infectar roedores e gatos em infecções experimentais. Geralmente, o CPIV
produz uma traqueobronquite aguda auto-limitante, porém pode atuar sinergicamente
com outros agentes infecciosos, como o CDV, causando sinais clínicos mais graves.
Como em nosso meio são escassas as informações sobre estes vírus, o presente estudo
visou aprofundar os conhecimentos sobre a prevalência de CDV e CPIV em cães e
felinos silvestres mantidos em cativeiro. Para tanto, soros destes animais foram testados
em busca de anticorpos neutralizantes contra amostras padrão do CDV (Rockborn e
Snyder Hill) e do CPIV (V660). Inicialmente, foram testados soros de 173 cães de rua
mantidos em canis municipais em Novo Hamburgo e Porto Alegre, RS. A prevalência
de anticorpos neutralizantes anti-CDV frente às amostras de vírus da cinomose
Rockborn e Snyder Hill, foi de 9,3 % e 4,1 %, respectivamente. Somente dois cães
apresentaram títulos de anticorpos considerados protetores contra CDV Rockborn (igual
ou maior que 100) e nenhum soro apresentou título de anticorpos neutralizantes
considerado protetor para a amostra Snyder Hill (igual ou maior que 100). Contra a
amostra de parainfluenza canino V660, a prevalência de anticorpos neutralizantes
encontrada foi de 51,4 %. Conclui-se, portanto, que a população de cães de rua
amostrada apresenta poucos indícios de contato prévio com CDV, sugerindo grande
susceptibilidade à cinomose. Por outro lado, o CPIV parece circular amplamente nesta
população. Na segunda parte do presente estudo, como no Brasil não existem relatos
sobre CDV e CPIV em felinos silvestres, buscou-se verificar a possibilidade da
ocorrência dessas infecções em felinos silvestres brasileiros. Para tanto, foram testados
soros de 84 felinos silvestres de seis diferentes espécies nativas do Brasil (Leopardus
6
tigrinus, Puma concolor, Leopardus wiedii, Herpailurus yaguarondi, Panthera onca),
todos mantidos em cativeiro em criatórios de distintas regiões do País. Todos os felinos
amostrados apresentaram-se soronegativos frente às amostras de CDV e CPIV
utilizadas. Estes resultados indicam que CDV e CPIV parecem não circular nas
populações de felinos silvestres amostradas.
Palavras-chave: vírus da cinomose; vírus parainfluenza canino; cães; felinos silvestres;
soroneutralização; prevalência.
7
NEUTRALIZING ANTIBODIES TO DISTEMPER AND PARAINFLUENZA
VIRUSES IN DOGS AND CAPTIVE WILD FELIDS.
ABSTRACT
Canine distemper virus (CDV) and canine parainfluenza virus (CPIV) infect a
great variety of hosts ranges and are distributed worldwide. CDV is one of the most
important infectious agents in dogs. This virus may cause potentially lethal disease
among members of the Canidae, Mustelidae and Procionidae families. It has also
caused diseases of significant morbidity and mortality in aquatic carnivores and large
felids. CPIV, on its turn, is highly contagious among dogs, whilst rodents and cats are
susceptible to experimental infections. CPIV is usually associated with an acute self-
limiting tracheobronchitis. However, it can act sinergistically with other infectious
agents, such as CDV, and cause clinical signs of variable severity. As information on
CDV and CPIV infections in our millieu are scarce, this study was carried out aiming to
increase knowledge on the prevalence of CDV and CPIV in stray dogs as well as in
captive Brazilian wild felids. In order to have an estimate on such prevalences, sera
from these animals were tested for neutralizing antibodies to CDV strains Rockborn and
Snyder Hill, and to CPIV strain V660. Initially, 173 sera from stray dogs kept in
kennels from the municipalities of Novo Hamburgo and Porto Alegre, RS, were
examined. The prevalences of neutralizing antibodies to CDV strains Rockborn and
Snyder Hill were 9.3 % and 4.1 %, respectively. Only two dogs had antibody levels
which could be correlated to protection (that is, titre 100) to CDV Rockborn whereas
no sera presented antibody titres high enough to be considered protective to CDV strain
Snyder Hill (that is, titre 100). Regarding CPIV, the prevalence of anti-V660
neutralizing antibodies was 51.4 %. It can be concluded that the stray dog populations
under study shows few serological evidence of previous contact with CDV and seem
largely susceptible to CDV infections. On the other hand, CPIV seems to circulate
widely in the examined population. In the second part of this study, as there are no
reports on CDV and CPIV infections in wild felids in Brazil, it was aimed to determine
whether there would be any evidence of such infections among some of such species.
For that, 84 sera from wild felids of six different Brazilian native species (Leopardus
tigrinus, Puma concolor, Leopardus wiedii, Herpailurus yaguarondi, Panthera onca),
all kept in captivity in different regions of the country, were tested for neutralizing
antibodies to both CDV and CPIV. All wild felid sera tested were negative for
8
antibodies to the two strains of CDV as well as to CPIV. These results indicate that
CDV and CPIV do not seem to circulate among the wild felid populations examined.
Key words: canine distemper virus; canine parainfluenza virus; dogs; wild felids; sero
neutralization; prevalence.
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Rerpresentação esquemática de um membro da família 13
Paramyxoviridae.
Figura 2 - Esquema da estratégia de replicação viral dos membros da 15
família Paramyxoviridae.
Figura 3 - Foto de um paramixovírus ao microscópio eletrônico. 24
10
SUMÁRIO
RESUMO 5
LISTA DE FIGURAS 9
1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 12
1.1 Vírus da Cinomose 12
1.1.1 Introdução 12
1.1.2 Descrição do agente 12
1.1.2.1 Multiplicação Viral 13
1.1.3 Epidemiologia 15
1.1.4 Transmissão 16
1.1.5 Patogenia 16
1.1.6 Manifestações clínicas de infecções por CDV 17
1.1.7 Imunidade em infecções por CDV 18
1.1.8 Diagnóstico 19
1.1.8.1 Isolamento Viral 21
1.1.9 Prevenção 21
1.2 Vírus Parainfluenza Canino 23
1.2.1 Introdução 23
1.2.2 Descrição do agente 23
1.2.2.1 Multiplicação Viral 25
1.2.3 Epidemiologia 25
1.2.4 Transmissão 25
1.2.5 Patogenia 26
1.2.6 Manifestações clínicas de infecções por CPIV 26
1.2.7 Imunidade em infecções por CPIV 27
1.2.8 Diagnóstico 28
1.2.8.1. Isolamento Viral 28
1.2.9 Prevenção 29
2. OBJETIVOS 30
Capítulo 1- Anticorpos neutralizantes contra os vírus da cinomose e 31
parainfluenza em cães.
Capítulo 2- Ausência de anticorpos neutralizantes contra os vírus da 48
cinomose e parainfluenza canino em felinos silvestres em cativeiro.
11
3. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES GERAIS 60
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 64
12
1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.1 Vírus da Cinomose
1.1.1 Introdução
O vírus da cinomose canina (“canine distemper virus”, ou CDV), causa uma
doença infecciosa sistêmica contagiosa aguda, subaguda ou crônica que pode causar
significativa mortalidade em cães e muitos outros carnívoros. A cinomose é a moléstia
viral mais prevalente em cães. Em todo o mundo, apenas a raiva tem percentagem de
fatalidades em cães mais elevada do que a cinomose (SWANGO, 1997). Além dos cães,
o CDV pode infectar uma ampla variedade de hospedeiros, incluindo muitas espécies de
felinos silvestres ameaçadas de extinção (BLYTHE et al., 1983; TIMONEY et
al..,1992; APPEL et al., 1994; SUMMERS et al., 1994; MAMAEV et al.,1995;
LEDNICKY et al., 2004).
1.1.2 Descrição do agente
O CDV pertence ao gênero Morbillivirus da família Paramyxoviridae
(POSTOM e ENGLAND, 1992; LEDNICKY et al., 2004). O CDV, como os demais
membros da família Paramyxoviridae, é um vírus pleomórfico, envelopado, com
simetria helicoidal e fita simples de RNA com polaridade negativa e diâmetro de 150 a
300 nm (APPEL e SUMMERS, 1995; BÜCHEN-OSMOND, 2003; LEDNICKY et al.,
2004). O nucleocapsídeo contém três das seis proteínas virais estruturais denominadas
NP, P e L (APPEL, 1987; LEDNICKY et al., 2004). Estas são circundadas por um
envelope lipoprotéico com uma proteína de membrana denominada proteína matriz (M)
no lado interno do vírion e duas glicoproteínas denominadas hemaglutinina e proteína
de fusão (H e F) no lado externo (SHAPSHAK et al., 1982; RIMA, 1983). A proteína M
estabiliza o envelope. A proteína H é responsável pela ligação com o receptor celular. A
proteína F é responsável pela fusão viral com a célula hospedeira (ANDREWES et al.,
1989; BÜCHEN-OSMOND, 2003). A nucleoproteína (NP) e hemaglutinina (H)
induzem resposta imune humoral específica e celular contra CDV (SIXT et al, 1998;
MESSLING et al. 2001) (Figura 1). Estes agentes virais são relativamente lábeis e sua
13
infectividade é destruída pelo calor, dessecamento, detergentes, solventes de lipídios e
desinfetantes (GREENE, 1984; BÜCHEN-OSMOND, 2003).
Figura 1: Rerpresentação esquemática de um membro da família
Paramyxoviridae.
1.1.2.1 Multiplicação Viral
Os mecanismos de replicação dos membros da família Paramyxoviridae são
similares (ANDREWES et al., 1989; BÜCHEN-OSMOND, 2003). A adsorção viral nas
células hospedeiras resulta da combinação da glicoproteína H do envelope do vírion
com os receptores da membrana celular, seguida por fusão deste envelope com a
membrana celular (BÜCHEN-OSMOND, 2003; MESSLING et al. 2001). A fusão
celular e a infectividade viral são acentuadas por clivagem proteolítica da proteína F e a
inibição destas atividades é realizada por inibidores enzimáticos. A fusão dos vírions na
membrana celular resulta na liberação do nucleocapsídeo dentro do citoplasma onde é
feita a síntese macromolecular viral. O nucleocapsídeo atua como um complexo
transcripcional contendo o genoma viral e as proteínas NP, P e L, com a capacidade
para sintetizar, metilar, restringir e poliadenilar o RNAm viral. A transcrição do RNAm
e a síntese de proteínas virais são seguidas por replicação do RNA viral contendo cópias
complementares do genoma viral. Este processo é dependente da síntese de proteínas e é
Glico
p
roteína F
Glico
p
roteína H
Proteína L
Proteína M
Proteína NP
Genoma RNA
Proteína P
14
catalisado, em parte, por uma replicase recém sintetizada. A fita de RNA de sentido
positivo obtida serve como modelo para a progênie de genomas que são
secundariamente transcritos e replicados, amplificando os componentes virais no
citoplasma celular (ANDREWES et al., 1989; BÜCHEN-OSMOND, 2003). As
glicoproteínas H e F são sintetizadas no retículo endoplasmático rugoso sendo, então,
associadas ao retículo endoplasmático liso de onde migram para a membrana
plasmática, onde ocorre a maturação viral. A proteína NP que é maior proteína do
nucleocapsídeo, parece ser sintetizada em polissomos livres e transportada direto para a
membrana plasmática. A proteína M é incorporada na membrana plasmática
rapidamente após sua síntese. Esta proteína tem um importante papel na montagem viral
por interagir com as glicoproteínas do envelope e com a proteína N do nucleocapsídeo.
Estas interações formam ligações entre os componentes virais internos e externos em
áreas localizadas da membrana celular, onde os vírions amadurecem e são liberados por
brotamento (ANDREWES et al., 1989; BÜCHEN-OSMOND, 2003) (Figura 2).
O CDV replica melhor em linfócitos e macrófagos dos animais infectados
(FRIENLANDER et al., 1985). Pode replicar-se, também, em culturas de células de
cérebro e fibroblastos de cães e furões. O isolamento em células de linhagem pode ser
alcançado pelo uso de suspensões de células de animais infectados de forma aguda
(APPEL, 1987). Uma vez adaptado, o CDV replica-se em um grande número de células
de linhagem de diferentes espécies. As células de linhagem renais caninas (MDCK) e
células VERO têm sido mais comumente usadas (APPEL e GILLESPIE, 1972;
SUMMERS et al, 1984). A formação de células gigantes multinucleadas (sincícios) é
freqüentemente encontrada em infecções por CDV. Formas arredondadas e estreladas
podem ser encontradas também. Corpúsculos de inclusão intracitoplasmáticos e
intranucleares também são achados comuns. O efeito citopático (ECP) pode aparecer de
um a dez dias após a infecção celular (FRIENLANDER et al., 1985).
15
Figura 2: Esquema da estratégia de replicação viral dos membros da família
Paramyxoviridae.
1.1.3 Epidemiologia
O CDV está distribuído mundialmente, sendo um dos mais importantes agentes
infecciosos das populações caninas, jovens e adultos, tanto não imunizadas como
imunizadas (DUNGWOTH,1993; BLIXENKRONE-MØLLER et al.,1993; KAI et
al.,1993; ALEX & DHANAPALAN, 1994; JOHSON et al., 1995; GEMMA et al.,
1996; GOUVEIA et al., 1996; EK-KOMMONEN et al., 1997; FRISK et al. 1999).
Conhecido por causar uma doença potencialmente letal em membros das famílias
Canidae, Mustelidae e Procionidae, o CDV foi recentemente detectado como causa de
morbilidade e mortalidade em grandes felinos (Felidae), carnívoros aquáticos e vários
outros animais (BLYTHE et al., 1983; GOULD & FENNER, 1983; TIMONEY et
al.,,1992; APPEL et al., 1994; SUMMERS et al., 1994; MAMAEV et al., 1995;
LEDNICKY et al., 2004). No Brasil, existem poucas informações disponíveis a respeito
da prevalência do CDV nas populações caninas (GOUVEIA et al., 1987; HEADLEY e
GRAÇA, 2000). Em um estudo realizado em Santa Maria, RS, foram detectados
anticorpos específicos contra CDV em 17,4% da população canina amostrada, com
histórico de vacinação desconhecido (DEZENGRINI, 2005). Em outro estudo, realizado
5’ RNA (-)
3’
Trasnscrição
Primária
Trasnscrição
Secundária
RNAm
Tradu
ç
ão
Proteínas
Virais
Re
p
lica
ç
ão
Replicação
3’ Intermediária (+)
5’
5’ Vírus
RNA (-)
3’
Vírions
16
em Belo Horizonte, MG, foi encontrada uma soropositividade para cinomose de 6,1%
em cães vacinados (GOUVEIA et al., 1987).
1.1.4 Transmissão
O CDV é transmitido predominantemente por aerossóis ou por contato direto
entre animais. Não obstante, o vírus pode ser isolado da maioria dos tecidos, secreções e
até mesmo da urina de animais infectados (APPEL, 1987; APPEL e SUMMERS, 1995).
O vírus pode ser excretado por sessenta a noventa dias após a infecção, porém, períodos
curtos de liberação viral são mais típicos. O contato entre animais infectados mantém o
vírus na população. Embora a imunidade contra o vírus da cinomose seja prolongada,
ela não é necessariamente sólida ou duradoura. Cães que não recebem imunizações
periódicas podem perder sua imunidade e infectar-se após estresse, imunossupressão ou
contato com indivíduos doentes (GREENE e APPEL, 1998). A prevalência de cinomose
em cães cosmopolitas é maior entre três e seis meses de idade, o que está correlacionado
com a gradativa redução no nível de anticorpos maternos passivamente adquiridos com
ausência de imunidade ativa (ADELUS-NEVEU et al., 1991; GREENE e APPEL,
1998).
1.1.5 Patogenia
A infecção natural se dá usualmente através da inalação do vírus em aerossóis
(APPEL e SUMMERS, 1995). A replicação viral ocorre primeiramente em células do
tecido linfático do trato respiratório. O vírus multiplica-se em macrófagos teciduais,
sendo transportado para outros tecidos linfóides. Após replicação em macrófagos e
linfócitos T e B, o CDV é carreado por migração celular para todos os tecidos linfáticos
do animal, incluindo baço, timo, linfonodos, medula óssea, lâmina própria do estômago
e intestino e células de Küpfer do fígado (SUMMERS et al.1978; APPEL, 1987).
Aproximadamente sete dias pós-infecção (p.i.), o CDV pode ser isolado de todos os
tecidos linfáticos e dos linfócitos do sangue. Durante este período, a primeira elevação
de temperatura corporal é detectada, normalmente três a quatro dias p.i.. Ao mesmo
tempo, interferon (IFN) se torna detectável no soro (TSAI et al., 1982).
Entre sete a quatorze dias p.i. aproximadamente, dependendo da amostra viral,
inicia-se uma vigorosa resposta imune humoral e celular. Dependendo de fatores
17
individuais e de suas interações com outras variáveis relacionadas à amostra de vírus
infectante, o animal pode seguir caminhos distintos após a infecção: desenvolver uma
resposta imune vigorosa e recuperar-se, ou apresentar algum tipo de falha em sua
resposta imune que poderá resultar no desenvolvimento da doença aguda ou subaguda,
em morte ou ainda levar a uma infecção persistente (crônica). Os cães que se recuperam
são capazes de eliminar o vírus de seus tecidos. Em cães onde a recuperação não ocorre
prontamente, o vírus se espalha pela superfície epitelial dos tratos digestivo, respiratório
e urogenital, nas glândulas endócrinas e exócrinas e para o sistema nervoso central
(SNC; APPEL et al., 1982, 1984; TSAI et al., 1982). No SNC, o CDV aparece
inicialmente em linfócitos perivasculares oito a dez dias p.i., logo depois em
macrófagos meningeais e células ependimais e mais tarde em células gliais e neurônios.
Muitos cães com infecção disseminada sucumbem três a quatro semanas p.i. Como
mencionado acima, em alguns cães o início da resposta imune é tardio. Tais cães
sucumbem a uma doença subaguda, frequentemente cursando com encefalite, ou
apresentam uma infecção crônica persistente por três a quatro meses (APPEL et al.,
1982, 1984; TSAI et al., 1982). Com o início tardio da resposta imune em animais
infectados por CDV, o vírus gradualmente desaparece dos tecidos linfáticos e muitos
órgãos, exceto o SNC, olhos, algumas vezes os pulmões e certas áreas da pele
(almofadas plantares). IFN é liberado dentro do SNC destes cães enquanto se mantiver a
infecção viral persistente. Em contraste, não há IFN mensurável no soro
aproximadamente por duas semanas p.i. (TSAI et al., 1982; SUMMERS et al., 1983). A
patogênese da encefalomielite na cinomose está relacionada com a distribuição do vírus.
Encefalite aguda e morte são freqüentes quando há infecção da massa cinzenta, ao passo
que encefalite subaguda ou crônica ocorre quando a desmielinização predomina
(APPEL, 1987). Diferentes amostras de vírus têm afinidade distinta quanto à massa
branca ou cinzenta do cérebro (SUMMERS et al., 1984). O vírus infeccioso pode ser
isolado do cérebro infectado com CDV (APPEL, 1987; LEDNICKY et al. 2004).
1.1.6 Manifestações clínicas de infecções por CDV
A duração e severidade da doença clínica parecem depender da amostra viral,
condições ambientais, idade do animal, da resistência individual do hospedeiro e
infecções secundárias bacterianas e virais. Mais de 50 a 70% das infecções por CDV
são provavelmente subclínicas (GREENE e APPEL, 1998). O nível de mortalidade é
18
maior em cães jovens do que em cães adultos (KRAKOWKA e KOESTNER, 1976;
ADELUS-NEVEU et al., 1991). O CDV frequentemente contribui para o complexo das
doenças respiratórias caninas (“tosse dos canis”) (FORD e VADEM, 1998; DAMIÁN et
al., 2005).
O período de incubação da doença causada pelo CDV pode ser de uma a quatro
semanas ou mais. Nos casos de resposta imune tardia à infecção com CDV, sinais
neurológicos podem aparecer sem sintomas sistêmicos prévios (GREENE e APPEL,
1998). A primeira febre pode passar despercebida (três a seis dias p.i.). O segundo pico
febril ocorre vários dias mais tarde, normalmente associado a descargas nasais,
conjuntivite e anorexia. Leucopenia, especialmente linfopenia, e trombocitopenia estão
sempre presentes no início da infecção (AXTHELM e KRAKOWKA, 1987). Sinais
respiratórios e gastrointestinais podem aparecer, frequentemente acompanhados de
infecções secundárias. Pústulas na pele e queratoconjuntivite também são achados
freqüentes (CORNWELL et al., 1965; APPEL, 1987; GREENE e APPEL, 1998).
Alguns animais desenvolvem sinais nervosos, frequentemente associados à
infecção sistêmica ou subseqüente a esta. Os sinais nervosos podem ainda seguir uma
infecção sistêmica subclínica. Dependendo da amostra viral, os sinais podem estar
relacionados com a infecção da massa branca ou da massa cinzenta do cérebro
(SUMMERS et al., 1984). Incoordenações e convulsões ocorrem com maior freqüência.
Mioclonias, tremores, paresia, nistagmo, sinais meningeais de hiperestesia e rigidez
cervical, ou sinais neurológicos envolvendo o nervo óptico e lesões retinianas podem
ser notadas (GELATT et al. 1985; APPEL, 1987). Animais com sinais neurológicos
usualmente morrem. Porém, alguns se recuperam ocasionalmente apresentando sinais
residuais, como mioclonias persistentes em diferentes grupos musculares (APPEL,
1987). Hiperqueratose plantar e nasal e hipoplasia de esmalte dentário em cães em
crescimento podem ser observadas ocasionalmente (GREENE e APPEL, 1998).
1.1.7 Imunidade em infecções por CDV
A resposta imune em cães após a infecção com CDV depende da amostra viral e
do hospedeiro. Cães que se recuperam no início da infecção respondem com vigorosa
reação imune humoral e celular. Anticorpos neutralizantes aparecem dentro de dez a
vinte dias p.i. e atingem níveis máximos logo depois (KRAKOWKA et al., 1980;
GRIOT-WENK et al., 2001). A resposta citotóxica humoral dependente de
19
complemento segue um mesmo padrão (APPEL et al, 1987). Ambas IgG e IgM vírus-
específicas aparecem no início da infecção, sendo que a IgM vírus-específica só pode
ser mensurada entre cinco semanas a três meses p.i. A IgG vírus-específica parece ser
mais importante para a imunidade (WINTERS et al., 1984; APPEL et al., 1987;
GRIOT-WENK et al., 2001).
A resposta imune mediada por células, que é mensurada por células T
citotóxicas vírus-específicas circulantes, aparece em dez a quatorze dias p.i. e atinge o
máximo em quatorze a vinte dias p.i. Enquanto a resposta imune humoral persiste por
vários anos em cães recuperados, a resposta imune mediada por células é de curta
duração (APPEL et al. 1982; HIRAMA et al. 2002).
Cães que sucumbem à cinomose aguda entre duas a quatro semanas p.i.,
dependendo da amostra viral, têm pouco ou nenhum anticorpo neutralizante em seu soro
e a resposta imune mediada por células está ausente. Grandes variações na resposta
imune são observadas em cães com cinomose subaguda e cães que sobrevivem com
infecção persistente no SNC. Os cães que morrem da doença, normalmente, têm
formação tardia de anticorpos neutralizantes e da resposta imune celular
(KRAKOWKA, 1982; SIXT et al. 1998).
O fluído cerebroespinhal de cães que se recuperam precocemente é normalmente
livre de anticorpos contra CDV e IFN. Entretanto, cães que morrem de cinomose aguda
ou persistentemente infectados apresentam anticorpos neutralizantes e IFN no SNC.
Além disso, anticorpos neutralizantes séricos podem ser encontrados em alguns cães,
mas não todos, com infecção persistente por CDV (TSAI et al., 1982; APPEL et
al.,1984a; SIXT et al. 1998).
Imunidade de longa duração pode ser induzida com vacinas de CDV vivo
atenuado, enquanto que a imunidade induzida por vacinas com CDV inativado é de
curta duração (SHEK et al., 1980; NORRBY et al., 1986). O fluído cerebrospinal
permanece livre de anticorpos neutralizantes e IFN em cães vacinados (APPEL et al,
1987).
1.1.8 Diagnóstico
O diagnóstico de cinomose nas suas formas aguda ou subaguda deve levar em
consideração a história e os sinais clínicos. Uma combinação de febre, sinais
respiratórios, corrimentos oculonasais mucopurulentos, diarréia, hiperqueratose plantar
20
e sinais neurológicos é altamente indicativo de cinomose, especialmente em cães jovens
não vacinados ou cães adultos com histórico de vacinação inadequado. O exame
oftalmoscópico pode detectar lesões retinianas e podem estar presentes também,
irregularidades na superfície dos dentes, em decorrência da hipoplasia do esmalte.
Porém, os testes laboratoriais são importantes para diferenciar de outras moléstias que
também acometem os sistemas nervoso, digestivo e respiratório (GREENE, 1984).
A soroneutralização (SN) é um método diagnóstico simples que visa a detecção
de anticorpos neutralizantes no soro (GREENE e APPEL, 1998). A imunoperoxidase
(IPX) pode ser utilizada na demonstração de IgM anti-CDV, que pode ser um indício de
uma infecção recente por CDV, e de IgG. Em animais expostos a CDV de campo,
anticorpos IgM podem persistir por mais de três meses. Porém, após a vacinação, cães
têm IgM anti-CDV no soro por mais de três semanas, o que pode confundir o
diagnóstico. Além disso, os testes sorológicos podem não ser conclusivos no
diagnóstico da cinomose aguda, porque os cães infectados podem ainda não ter gerado
uma resposta imune detectável. De qualquer modo, são métodos importantes para a
determinação da prevalência de um vírus em uma população (WINTERS et al., 1984;
SOMA et al. 2001; JOZWIK et Al. 2004).
O diagnóstico definitivo pode ser firmado pela detecção do CDV nas células
epiteliais, por meio de exame de anticorpos fluorescentes, ou por isolamento do vírus
(WINTERS, 1984). As técnicas de imunofluorescência podem facilitar o diagnóstico
específico de CDV, contudo estes testes requerem equipamento especial, assim como o
ensaio imuno-enzimático (ELISA). O ELISA pode ser usado para detectar antígenos
virais ou anticorpos no soro e SNC de cães infectados (MESSLING et al., 1999). A
demonstração de antígenos de CDV através da técnica de imunohistoquímica é a mais
indicada para revelar corpúsculos de inclusão no tecido cerebral para confirmar
encefalites por cinomose, porém, são alterações pouco freqüentes (JONES et al., 2000).
Técnicas de PCR foram desenvolvidas para detectar o CDV em culturas de tecido,
secções histológicas e urina, tendo como vantagem a rapidez na obtenção dos
resultados, sensibilidade e especificidade, porém têm custos mais elevados que outros
métodos e nem sempre estão disponíveis (FRISK et al., 1999; MORITZ et al., 2000;
GEBARA et al. 2004).
21
1.1.8.1. Isolamento Viral
O isolamento viral de CDV virulento tem sido difícil em células de cultura de
rotina. A maioria das replicações virais com sucesso ocorre durante o cultivo direto de
tecidos-alvo do hospedeiro infectado. Culturas de macrófagos alveolares detectam o
vírus em vinte e quatro a quarenta e oito horas. A formação de sincícios é um efeito
citopático (ECP) característico do CDV em diversos tipos de cultivos celulares,
podendo ser detectado de dois a cinco dias. O crescimento em macrófagos pulmonares
ou linfócitos era considerado uma característica essencial de isolados de CDV virulento,
porém, algumas amostras de CDV virulento têm sido isoladas em células VERO ou
MDCK (APPEL, 1987; GREENE e APPEL, 1998; LEDNICKY et al., 2004).
1.1.9 Prevenção
A erradicação do CDV tem sido buscada através da vacinação. Durante as
últimas décadas a incidência de cinomose tem diminuído consideravelmente, podendo
ser devida à vacinação regular de cães (JOZWIK e FRYMUS, 2002). Contudo, muitos
surtos de cinomose foram documentados, inclusive em animais vacinados
(BLIXENKRONE- MØLLER et al., 1993; APPEL et al., 1994; GEMMA et al., 1996;
HASS et al., 1997; EK-KOMMONEN et al., 1997; JOZWIK e FRYMUS, 2002).
Muitas espécies de carnívoros selvagens são suscetíveis ao CDV e representam uma
constante fonte de infecção para cães não devidamente vacinados (APPEL, 1987).
As vacinas de CDV inativadas não são capazes de controlar a doença. Elas
induzem uma resposta imune pobre, que pode proteger os cães por muitos meses da
doença, mas não contra a infecção com CDV (APPEL et al., 1984b). Em espécies
selvagens ou exóticas, a imunização contra cinomose só pode ser realizada com vacinas
de CDV inativadas (GREENE e APPEL, 1998). Em raposas cinzentas as vacinas de
CDV atenuado são virulentas, sendo que apenas as amostras adaptadas às células de
aves não são virulentas. Porém, o início da resposta imune é retardado em relação a
vacinas adaptadas em células caninas e nem todas as espécies selvagens ficam
imunizadas com as mesmas (HALBROOKS et al., 1981; APPEL, 1987).
As vacinas de vírus vivo modificado (VVM) existentes atualmente para o CDV
induzem imunidade efetiva contra cinomose. Geralmente uma única dose de vacina
VVM para cinomose imuniza cães que estejam sem anticorpos. A imunidade materna
interfere com a imunização dos filhotes (APPEL, 1987). A idade na qual filhotes
22
tornam-se suscetíveis à cinomose é proporcional ao título de anticorpos de sua mãe e
varia de acordo com a transferência dos anticorpos pelo colostro aos filhotes
(SWANGO, 1997; GREENE e APPEL, 1998). Aproximadamente 50% dos filhotes são
imunizáveis para a cinomose por volta de seis semanas de idade, cerca de 75% por volta
de nove semanas de idade e mais de 95% por volta de treze semanas de idade. Devido à
idade variável em que os filhotes tornam-se imunizáveis à cinomose e de acordo com
histórico de vacinação das mães, é aplicada uma série de vacinações aos filhotes,
seguindo esquemas que sejam práticos, mas que maximizem a probabilidade da indução
da imunidade. A revacinação anual é recomendável, porque o título de anticorpos
poderá declinar até níveis não mais protetores dentro de um ano, em até um terço dos
cães jovens. Os títulos perduram por mais tempo após o reforço (SWANGO, 1997;
BIAZONO et al. 2001). Com poucas exceções, as vacinas VVM disponíveis hoje são
multiplicadas em células de aves ou ovos, como as amostras Onderstpoort (HAIG,
1956) ou Lederle (HAIG, 1956) ou de adaptações em culturas de células caninas com as
amostras Rockborn (ROCKBORN, 1960) ou Snyder Hill (CABASSO et al., 1962).
Ambos os caminhos de adaptação resultam em vacinas muito efetivas as quais induzem
imunidade em cães suscetíveis que ficam protegidos por, no mínimo, um ano e
provavelmente por vários anos na maioria dos cães (APPEL e GILLESPIE, 1972;
SWANGO, 1997; GORE et al., 2005).
Vacinas com vírus heterólogo podem ser uma alternativa para driblar a
interferência de anticorpos maternos. As vacinas de sarampo não são neutralizadas por
anticorpos contra CDV. Como as vacinas de CDV inativadas, a vacina contra sarampo
induz uma imunidade limitada que protege os cães contra a doença, mas não contra a
infecção (APPEL et al., 1984b). A imunidade estimulada pelo vírus do sarampo em
filhotes é basicamente do tipo mediada por células, com baixos títulos de anticorpos,
proporcionando proteção temporária contra o CDV (SWANGO, 1997).
Vacinas recombinantes baseadas em vetores canaripox e adenovírus, bem como
diferentes vacinas de DNA, vem sendo avaliadas (DE VRIES et al., 1988; PARDO et
al., 1997; CHERPPILOD et al., 2000; FISHER et al. 2002; FISHER et al., 2003).
Alguns autores demonstraram completa proteção em filhotes com estas vacinas (SIXT
et al., 1998; FISHER et al., 2003). Normalmente, estas vacinas são muito seguras, pois
não causam infecções nos animais vacinados, além de poder provocar uma vigorosa
resposta imune celular em recém-nascidos sem interferir com anticorpos maternos
(DONELLY et al., 1997; MOCHIZUKI et al., 1999). Contudo, os níveis de anticorpos
23
neutralizantes e de proteção são geralmente inadequados se estas vacinas não forem
aplicadas várias vezes e em altas doses (DE VRIES, 1988; LAYOR et al, 1999).
Além da imunização, o isolamento de cães doentes é importante para o controle
da disseminação da cinomose para outros animais. A desinfecção de um ambiente
contaminado com CDV pode ser alcançada com detergentes e solventes de gorduras
comuns, pois o envelope viral é facilmente solubilizado, inativando o agente (APPEL,
1997).
1.2 Vírus Parainfluenza canino
1.2.1 Introdução
O vírus parainfluenza canino (CPIV) é um de vários patógenos envolvidos no
quadro denominado “tosse dos canis”, uma importante enfermidade dos cães (BINN et
al., 1967; ROSEMBRG et al., 1971; WAGNER et al.,1984). A infecção natural pelo
CPIV produz uma traqueobronquite aguda auto-limitante (WAGNER et al., 1983).
Contudo, este vírus pode atuar sinergicamente com CDV, Bordetella bronchiseptica,
entre outros agentes, afetando primariamente as vias aéreas, podendo ocasionar doença
sistêmica (EVERMAN et al., 1980; FORD & VADEM, 1998; DAMIÁN et al., 2005).
O CPIV também já foi descrito como causa de encefalite em cães (EVERMAN et al.,
1981; BAUMGÄRTNER et al.,1981). Encontra-se distribuído mundialmente e atinge
uma ampla variedade de hospedeiros incluindo vários roedores, sendo altamente
contagioso entre cães (BINN & LAZAR, 1970; HSIUNG, 1972; ANDREWES et al.,
1989). A doença pode ser controlada por vacinas de vírus vivo atenuado (SWANGO,
1997; EDIMBORO et al., 2004).
1.2.2 Descrição do agente
O vírus parainfluenza canino (CPIV) pertence à família Paramyxoviridae,
classificado presentemente como do gênero Paramyxovirus (KINGSBURY, 1973;
SWANGO, 1997; BÜCHEN-OSMOND, 2003), (Figura 3). Os vírions pertencentes à
família Paramyxoviridae possuem a mesma morfologia (APPEL e SUMMERS, 1995;
BÜCHEN-OSMOND, 2003). O genoma do CPIV codifica oito proteínas virais
24
denominadas nucleoproteína (NP), fosfoproteína (P), proteína V, proteína matriz (M),
proteína de fusão (F), pequena proteína hidrofóbica (SH), hemaglutinina-neuraminidase
(HN) e grande proteína (L). As proteínas HN e F são glicosiladas e formam espículas
que projetam-se através do envelope viral. A proteína M está localizada na superfície
interna do envelope viral e a NP, P, L e V estão associadas ao RNA genômico para
formar um complexo ribonucleoprotéico chamado de nucleocapsídeo (BUETTI e
CHOPPIN, 1977; ANDREWES et al., 1989; BÜCHEN-OSMOND, 2003). As proteínas
HN e F estão envolvidas na indução de imunidade, sendo que a HN é responsável pela
adesão e liberação do vírion e F pela penetração e disseminação do vírus célula a célula
(ANDREWES et al., 1989; BÜCHEN-OSMOND, 2003). As funções das proteínas L e
SH não são bem conhecidas (COLLINS et al. 1996). As proteínas NP, P, L e,
provavelmente, V estão envolvidas na transcrição e replicação viral (SOUTHERN et al.
1990; BÜCHEN-OSMOND, 2003). Este vírus é relativamente lábil, não sobrevive por
muito tempo no ambiente e é facilmente inativado por desinfetantes químicos
(SWANGO, 1997).
O CPIV é antigenicamente similar ao vírus parainfluenza símio (SV5), ao
parainfluenza humano tipo 2 e aos parainfluenza bovino, ovino, suíno e felino (AIJIKI
et al., 1982; RANDALL et al., 1987).
Figura 3: Foto de um paramixovírus ao microscópio eletrônico. (aumento
de x 250000; obtida de McNulty, S. Veterinary Sciences, Queen’s
University, Belfast).
25
1.2.2.1 Multiplicação Viral
Como visto anteriormente, os mecanismos de replicação dos membros da família
Paramyxoviridae são similares (ANDREWES et al., 1989; BÜCHEN-OSMOND,
2003). Tanto a replicação viral como a multiplicação in vitro do CPIV seguem os
mesmos princípios descritos anteriormente (capítulo 1.1.2.1) para o CDV, exceto pela
presença de ácido neuramínico em receptores de membrana nos membros do gênero
Paramixovirus e não no gênero Morbillivirus (ANDREWES et al., 1989; BÜCHEN-
OSMOND, 2003).
1.2.3 Epidemiologia
O CPIV foi primeiramente isolado de cães com doença respiratória em 1967
(BINN et al., 1967). O vírus encontra-se amplamente distribuído geograficamente,
atingindo uma ampla variedade de hospedeiros, incluindo roedores (BINN e LAZAR,
1970; ADREWES et al., 1989; COLLINS et al. 1996). Gatos e furões são suscetíveis à
infecção experimental com CPIV (SAONA-BLACK e LEE, 1970; DURCHEFELD et
al., 1991). Este vírus é altamente contagioso entre cães (BINN e LAZAR, 1970;
HSIUNG, 1972). Estudos soroepidemiológicos revelaram alta prevalência de anticorpos
contra CPIV na população canina, por volta de 30 a 70 % (BIBRACK e BENARY,
1975; THOMPSON et al. 1975; BAUMGÄRTNER, 1985). Infecções pelo CPIV, sem
associações com outros agentes, são geralmente inaparentes e a morbidade varia de 10 a
50 %, sendo a mortalidade rara (SWANGO, 1997). Em todo o mundo, assim como no
Brasil, existem poucas informações disponíveis sobre prevalência de infecções virais
em felinos silvestres ou praticamente inexistem como no caso do CPIV (CATROXO et
al, 2004; BATISTA et al., 2005).
1.2.4 Transmissão
O CPIV é extremamente infeccioso, sendo transmitido por aerossóis ou contato
direto entre animais, porém, não persiste por muito tempo no ambiente (COLLINS et al.
1996; SWANGO, 1997). O vírus geralmente causa infecção limitada ao trato
respiratório, porém, podem ocorrer doença sistêmica e encefalite (BINN, 1970;
EVERMAN et al., 1980; MACARTNAY et al, 1985; SWANGO, 1997).
26
A síndrome “tosse dos canis”, onde o CPIV geralmente é um dos vários
patógenos envolvidos, ocorre mais frequentemente em cães que vivem em grupos, como
canis, centros de recolhimento de animais de rua e hospitais veterinários (APPEL e
BINN, 1987; UELAND, 1990). A infecção pelo CPIV ocorre mais frequentemente na
segunda semana após a entrada de cães novos em um canil, podendo predispor o
epitélio respiratório à entrada de outros agentes (ERLES et al., 2004).
Randall et al. (1987), revelaram pequenas diferenças antigênicas, usando
anticorpos monoclonais, entre isolados de parainfluenza canino, humano e símio.
Entretanto, ainda não está claro se estas diferenças são suficientes para restringir a
transmissão do vírus entre as espécies ou se o vírus pode atravessar barreiras entre
espécies (DURCHEFELD et al., 1991).
1.2.5 Patogenia
O CPIV causa infecção do trato respiratório, replicando-se tanto nas vias aéreas
superiores como inferiores e são expelidos nas secreções respiratórias, propagando a
infecção. O CPIV tem maior afinidade pelos macrófagos alveolares, causando
pneumonia intersticial. A infecção natural com CPIV em cães em geral é auto-limitante
e restrita ao trato respiratório (SWANGO, 1997; LÓPEZ, 2001). Contudo, o CPIV já
foi isolado de outros órgãos, como intestino, baço, fígado, cérebro e fluído cérebro-
spinhal de cães, podendo causar doença sistêmica e encefalite (BINN, 1970;
EVERMAN et al., 1980; MACARTNAY et al, 1985). Uma amostra neurotrópica de
CPIV, denominada CPI+, já foi isolada do fluído cerebroespinhal de um cão com
paralisia posterior temporária (EVERMANN et al. 1981; BAUMGÄRTNER et al.
1981). Infecções intracerebrais de cães gnotobióticos com este mesmo isolado de CPIV,
resultaram em encefalite aguda com necrose cortical laminar e aparecimento de
antígenos virais em célula ependimais e neurônios (BAUMGÄRTNER et al., 1982).
Análises mais detalhadas a respeito da patogenia da infecção por CPIV não estão
disponíveis (COLLINS et al. 1996; LÓPEZ, 2001).
1.2.6 Manifestações clínicas de infecções por CPIV
Em cães, o CPIV produz uma traqueobronquite aguda auto-limitante com
mínimos sinais clínicos e alterações histológicas. Sinais clínicos e lesões mais aparentes
27
ocorrem com infecções concomitantes com outros patógenos, resultando na síndrome
clínica denominada “tosse dos canis” (WAGNER et al., 1983; BAUMGÄRTNER,
1985; APPEL e BINN, 1987; FORD e VADEM 1998). A principal manifestação da
infecção é a tosse paroxística de freqüência e intensidade variáveis. A febre também é
variável. A tosse resulta da irritação traqueobrônquico-bronquiolar do trato respiratório
(SWANGO, 1997; FORD e VADEM 1998, LÓPEZ 2001). Geralmente os cães
recuperam-se da traqueobronquite induzida pelo vírus dentro de três a sete dias após o
surgimento dos sinais clínicos. A tosse pode ser induzida pela palpação ou manipulação
da traquéia por período de tempo mais prolongado. Experimentalmente, tem sido difícil
a reprodução da moléstia respiratória com o vírus CPIV (SWANGO, 1997).
Como visto anteriormente, o CPIV tem manifestado-se como uma infecção
geralmente restrita ao trato respiratório. Porém, em 1978, um agente viral foi isolado do
fluído cerebroespinhal de um cão com disfunção neurológica (EVERMANN et al. 1980;
BAUMGÄRTNER et al. 1982). Este isolado (78-238), foi caracterizado através de suas
propriedades biológicas como um parainfluenza canino (BAUMGÄRTNER et al.
1981). Além disso, o vírus já foi isolado de outros órgãos, além do sistema respiratório,
causando doença sistêmica (BINN, 1970; EVERMAN et al., 1980; MACARTNAY et
al, 1985).
1.2.7 Imunidade em infecções por CPIV
Nas infecções por CPIV, em sua maioria, os animais recuperam-se
espontaneamente dentro de três a sete dias após o início dos sinais clínicos. A
recuperação corresponde ao desenvolvimento da imunidade à infecção viral. A resposta
imune faz com que a multiplicação viral fique sob controle, ocorrendo após a
eliminação viral (SWANGO, 1997). A proteção imunológica do trato respiratório contra
a infecção depende da presença de anticorpos nas secreções respiratórias. Anticorpos da
classe IgG estão presentes em secreções do trato respiratório inferior, em concentração
proporcional ao título de anticorpos humorais. Mecanismos específicos para transportar
a IgG do soro para o lúmen do trato respiratório inexistem. O transporte ocorre por
transudação inespecífica, dirigida por altos títulos no soro. Uma quantidade mínima de
anticorpos está presente em secreções do trato respiratório superior, a menos que tenha
ocorrido infecção e estimulação dos anticorpos secretores da classe IgA (S-IgA)
(COLLINS et al. 1996; SWANGO, 1997). Em situações naturais, a IgA tem a vantagem
28
de ser transportada especificamente através do epitélio da superfície do lúmen, bem
como ser capaz de neutralizar o vírus dentro das células epiteliais (RENEGAR e
SMALL, 1991; MAZANEC et al., 1992). A recuperação da infecção confere imunidade
de longa duração. Células de memória efetuam a resposta anamnéstica à exposição e
reinfecção, que estende a duração da imunidade (SWANGO, 1997).
1.2.8 Diagnóstico
Devido ao fato que os vários agentes associados a doenças respiratórias em cães
podem causar sinais similares, não é possível firmar diagnóstico etiológico com base
apenas no exame clínico. Além disso, no caso de infecção pelo CPIV, geralmente não
ocorrem alterações clinico-patológicas consistentes que permitam o estabelecimento
definitivo da causa (SWANGO, 1997). Assim, o diagnóstico etiológico depende da
identificação do vírus nos animais enfermos, seja por isolamento do vírus a partir de
espécimes apropriados retirados do trato respiratório, seja pela identificação de
antígenos virais em secreções do trato respiratório por imunofluorescência ou outros
ensaios imuno-enzimáticos, ou ainda, mais modernamente, pela identificação de ácidos
nucléicos virais nas secreções e tecidos de animais infectados. Os testes sorológicos
podem ainda auxiliar no diagnóstico pela demonstração de títulos ascendentes de
anticorpos vírus-específicos em soros pareados. Este último pode ser feito através de
testes de fixação do complemento, inibição da hemaglutinação, neutralização e ensaios
imuno-enzimáticos pareados (ANDREWES et al., 1989; COLLINS et al., 1996;
SWANGO, 1997).
1.2.8.1 Isolamento viral
O vírus é isolado usualmente em células VERO. O isolamento não fornece
usualmente resultados rápidos, sendo necessárias várias passagens ou subcultivos do
vírus, antes que as células infectadas manifestem qualquer efeito citopático (ECP)
visível. Os tipos de ECP que podem ser observados em células infectadas com CDV de
campo podem incluir arredondamento ou fusão de células formando sincícios,
eventualmente revelando células com inclusões citoplasmáticas eosinofílicas. O ECP,
muitas vezes, pode ser leve ou ausente. Os isolados podem ser identificados por testes
29
de inibição da hemadsorção, inibição da hemaglutinação, neutralização,
imunoperoxidase ou fixação do complemento (ANDREWES et al., 1989).
1.2.9 Prevenção
A prevenção da doença é buscada através da vacinação. Atualmente apenas
vacinas inativadas e vacinas VVM contra CPIV estão disponíveis comercialmente e são
de administração intramuscular, subcutânea ou intranasal (VVM). Estas vacinas estão
combinadas com outros vírus caninos atenuados e geralmente induzem imunidade que
ajuda na prevenção da doença (SWANGO, 1997). Vacinas contra o CPIV existem em
combinação com Bordetella bronchiseptica e também adenovirus canino, para uso pelas
vias intranasal, intramuscular e subcutânea. A vacina contra o CPIV de administração
intranasal, induz imunidade mais efetiva que a vacina VVM administrada por via intra-
muscular ou subcutânea (KONTOR et al., 1981; SWANGO, 1997; EDIMBORO et al.,
2004). As vacinas de uso intranasal produzem uma proteção rápida e localizada
(estimulação de IgA na mucosa) e a imunidade protetora pode ser alcançada dentro de
quatro dias, após uma segunda dose (KONTOR et al., 1981; BEY et al., 1981). Quando
a “tosse dos canis” endêmica torna-se seriamente problemática em um canil, é
recomendado o uso de vacinas intranasais em filhotes de até três a quatro semanas de
idade. Geralmente as vacinas de uso intramuscular e subcutâneo contra CPIV são
administradas em combinação com outros vírus caninos (polivalentes), sendo
recomendadas em filhotes a partir de seis semanas de idade, três doses com intervalos
de vinte e um a trinta dias, mais um reforço anual (SWANGO, 1997).
Além da vacinação, a prevenção da infecção por CPIV inclui quarentena dos
animais antes de introduzi-los em um grupo, isolamento de animais doentes, adequada
sanidade e ventilação do ambiente (FORD e VADEN, 1990).
30
2. OBJETIVOS
O presente estudo teve como objetivos:
- avaliar a ocorrência de infecções por CDV e CPIV em duas populações de
cães de rua mantidos em centros de recolhimento de animais dos municípios de Novo
Hamburgo e de Porto Alegre, RS, através da pesquisa de anticorpos neutralizantes nos
soros destes animais.
- avaliar a ocorrência de infecções por CDV e CPIV em seis espécies de
felinos silvestres brasileiros, de diferentes regiões do Brasil, mantidos em cativeiro,
através da pesquisa de anticorpos neutralizantes nos soros destes animais.
31
Capítulo 1
Anticorpos neutralizantes contra os vírus da cinomose e parainfluenza em cães.
Neutralizing antibodies to distemper and parainfluenza viruses in dogs.
Autores:
Tamahine Larronda Schmidt Hartmann,
Helena Beatriz de Carvalho Ruthner Batista,
Diógenes Dezen,
Fernando Rosado Spilki, Ana Cláudia Franco,
Paulo Michel Roehe
*
Submetida à Revista Ciência Rural
32
Resumo
No presente estudo, foi realizada uma enquete sorológica para determinar a
presença de anticorpos neutralizantes contra os vírus da cinomose (CDV) e
parainfluenza caninos (CPIV) em soros de duas populações de cães de rua dos
municípios de Novo Hamburgo e de Porto Alegre, RS. Foram coletados soros de 173
cães de rua (82 soros de Novo Hamburgo e 91 soros de Porto Alegre) mantidos em
canis municipais destas regiões. A prevalência de anticorpos neutralizantes,
determinada através da técnica de soroneutralização frente às amostras de CDV
Rockborn e Snyder Hill foi de 9,3 % e 4,1 %, respectivamente. Contra a amostra de
CPIV V660, a prevalência de anticorpos neutralizantes encontrada foi de 51,4 %. Estes
resultados indicam que o CDV aparentemente não circula ou tem circulação limitada na
população amostrada, sugerindo susceptibilidade à eventuais infecções por este vírus. Já
o CPIV parece circular amplamente nestas populações.
Palavras-chave: cinomose; parainfluenza canino; cães; soroneutralização;
prevalência.
33
Abstract
In this study a serological survey was carried out to determine the prevalence of
antibodies to canine distemper virus (CDV) and canine parainfluenza virus (CPIV) in
sera from stray dogs from the cities of Novo Hamburgo and Porto Alegre, RS, Brazil.
Samples were taken from 173 stray dogs (82 samples from Novo Hamburgo and 91
samples from Porto Alegre) kept in municipal kennels. Prevalence of neutralizing
antibodies against two strains of canine distemper virus (Rockborn and Snyder Hill) and
one strain of CPIV (V660) was evaluated. Neutralizing antibodies to CDV Rockborn
were detected in 9.3 % of the samples, whereas 4.1 % of those had neutralizing
antibodies to CDV Snyder Hill. Neutralizing antibodies to CPIV V2660 were detected
in 51.4 % of samples. The rather limited frequency distribution of antibodies to CDV
suggest that the sampled populations could be largely susceptible to this virus. On the
other hand, CPIV seems to circulate widely within the stray dogs populations evaluated.
Key words: canine distemper virus; canine parainfluenza virus; dogs; sero
neutralization; prevalence
34
Introdução
O vírus da cinomose canina (“canine distemper virus”, ou CDV) pertence ao
gênero Morbillivirus da família Paramyxoviridae (APPEL & SUMMERS, 1999). O
CDV está distribuído mundialmente, sendo um dos mais importantes agentes
infecciosos dentro das populações caninas, tanto não-imunizadas quanto imunizadas
(GOUVEIA et al., 1987; BLIXENKRONE-MØLLER et al.,1993; GEMMA et al.,
1996; EK-KOMMONEN et al., 1997). O CDV causa uma doença sistêmica
disseminando-se por todo o organismo do hospedeiro através de células linfóides,
podendo infectar o sistema nervoso central e, ocasionalmente, produzindo uma
encefalite aguda ou crônica desmielinizante (SUMMERS & APPEL, 1994). Sinais
respiratórios, digestivos e neurológicos podem, isoladamente ou em associação, ser
encontrados em várias outras doenças infecciosas, dificultando o diagnóstico clínico
de cinomose (TIPOLD, 1995). A encefalite causada pelo CDV já foi identificada em
várias espécies, incluindo membros das famílias Canidae, Procyonidae, Mustelidae,
Felidae e muitos outros carnívoros (APPEL, 1987; TIMONEY et al., 1992; APPEL et
al., 1994) .
Outro importante agente que acomete a população canina é o vírus
parainfluenza. O vírus parainfluenza canino (CPIV) pertence ao gênero
Paramyxovirus da família Paramyxoviridae (SOUTHERN et al., 1991). O CPIV é um
de vários patógenos envolvidos no quadro denominado “tosse dos canis”, uma
síndrome que ocorre com maior freqüência em cães que vivem em grupos,
clinicamente caracterizada por uma traqueobronquite aguda auto-limitante
(WAGNER et al., 1984; APPEL & BINN, 1987). O CPIV tem uma ampla variedade
de hospedeiros, incluindo vários roedores (HSIUNG, 1972), sendo altamente
contagioso entre cães (BINN & LAZAR, 1970), usualmente incidindo nas populações
35
caninas com prevalências reportadas entre 30 % e 70 % (THOMPSON et al., 1975;
BAUMGÄRTNER, 1985). CDV e CPIV podem estar associados e causar doenças
respiratórias caninas (FORD & VADEM, 1998; DAMIÁN et al., 2005). Em nosso
meio são escassas as informações sobre prevalência de infecções pelo CDV
(HEADLEY & GRAÇA, 2000). Menos abundantes ainda são as informações sobre
infecções pelo CPIV (GOUVEIA et al., 1987). O objetivo do presente estudo foi
verificar a presença de anticorpos neutralizantes contra CDV e CPIV em cães de rua
mantidos em canis municipais dos municípios de Novo Hamburgo e de Porto Alegre,
RS. Para tanto, os soros dos animais foram testados em provas de soroneutralização
frente a duas amostras vacinais de CDV e frente a uma amostra de CPIV.
Materiais e métodos
Células
Células da linhagem VERO (ATCC CCL-81) foram cultivadas em meio
mínimo essencial de Eagle (E-MEM) suplementado com 5 % de soro fetal bovino
(SFB; Nutricell) e 0,1 mL/L de enrofloxacina a 10 % (Baytril). As células foram
multiplicadas segundo procedimentos usuais, em intervalos de dois a cinco dias
(BUTLER e DAWSON, 1992).
Soros
Foram coletadas amostras de soro de 173 cães sem raça definida (SRD) de
diferentes faixas etárias e com histórico de vacinação desconhecido. Destas, 82 (47,4
%) amostras eram de cães provenientes do Canil Municipal de Novo Hamburgo (RS).
Outras 91 (52,6 %) amostras foram coletadas de cães pertencentes a canis da região
metropolitana de Porto Alegre (RS).
36
Amostras de Vírus
As amostras de vírus utilizadas neste trabalho foram amostras de CDV
denominadas Rockborn (ROCKBORN, 1958; CORNWELL & THOMPSON, 1982) e
Snyder Hill (TIZARD, 1990). Ambas foram multiplicadas em células VERO, de
acordo com procedimentos usuais. Os títulos infecciosos dos estoques preparados
situavam-se em torno de 10
5,5
doses infectantes para 50 % dos cultivos celulares
(DICC
50
). A amostra de CPIV V660 (RIJSEWIJK et al., 1998) foi igualmente
multiplicada em células VERO. O estoque de vírus assim produzido atingiu títulos de
aproximadamente 10
4,5
DICC
50
.
Soroneutralização (SN)
As amostras de soros de cães foram testadas pela técnica de soroneutralização
(SN) frente às amostras de CDV Rockborn e Snyder Hill e a amostra de CPIV V660.
Brevemente, cada soro diluído (1:4 a 1:128) em E-MEM e colocado em microplacas
de cultivo celular, foi misturado com 100 DICC
50
de cada um dos vírus em estudo.
Após incubação por 1 hora em estufa a 37 °C, foi adicionada uma suspensão de
células VERO (10
5,8
a 10
6
células/mL) e incubados novamente a 37 °C. As células
foram observadas por até 7 dias em busca do ECP característico (CDV) ou coradas
por imunoperoxidase (CPIV), como descrito previamente (KRAMPS et al. 1994),
exceto que o anticorpo primário utilizado foi um soro canino policlonal anti-CPIV e o
anticorpo secundário utilizado foi um conjugado peroxidase/anti-IgG canina (Serotec).
Os títulos de anticorpos neutralizantes foram expressos como a recíproca da maior
diluição do soro capaz de inibir completamente o ECP (CDV) ou inibir a coloração
associada à presença do vírus nas células (CPIV).
Soros com títulos de anticorpos neutralizantes 4 foram considerados positivos.
37
Resultados
Dos 173 soros caninos titulados por SN para CDV, a maioria apresentou-se
negativo frente às duas amostras de CDV testadas, sendo 157 (90,7 %) negativos para
CDV Rockborn e 166 (95,9%) negativos para CDV Snyder Hill (Fig.1). Dos 173 cães
apenas 20 cães (16,7%) apresentaram anticorpos neutralizantes contra CDV sendo que
apenas três cães (2,5 %) apresentaram anticorpos neutralizantes contra as duas
amostras de CDV testadas (Fig.2).
Frente ao CPIV, dos 173 soros caninos testados, 84 (48,6 %) apresentaram-se
negativos para a amostra V660, sendo 89 (51,4 %) positivos (Fig. 3).
9,3
90,7
4,1
95,9
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
CDV ROCKBORN CDV SNYDER HILL
% POSITIVOS ANTI-CDV % NEGATIVOS ANTI-CDV
Figura 1 - Resultados dos testes de soroneutralização (SN) frente ao vírus da
cinomose (CDV; amostras Rockborn e Snyder Hill). n= 173
38
0
20
40
60
80
100
120
140
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011121314151617181920
nº do cão
Título de anticorpos
Rockborn Snyder Hill
Figura 2: Títulos de anticorpos neutralizantes contra as amostras
Rockborn e Snyder Hill do vírus da cinomose (CDV) em cães
soropositivos (n= 20).
51,4
48,6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
CPIV V660
% POSITIVOS ANTI-CPIV % NEGATIVOS ANTI-CPIV
Figura 3: Resultados dos testes de soroneutralização (SN) frente ao vírus
parainfluenza canino (CPIV; amostra V660). n= 173
39
Discussão
A tomada de amostras em populações de cães de rua, constituída
essencialmente por cães não vacinados, pode servir como um indicativo da evolução
da infecção em ambiente urbano (MURPHY et al., 1999). No presente estudo, os
elevados títulos de anticorpos detectados em alguns soros contra a amostra de CDV
Rockborn sugerem que alguns cães provavelmente foram vacinados (Fig. 2).
Entretanto, estes mesmos soros frente à amostra Snyder Hill apresentaram títulos de
anticorpos baixos ou eram negativos para anticorpos neutralizantes, sugerindo que
estes cães só estariam protegidos frente a amostras antigenicamente mais parecidas
com a amostra Rockborn do que à Snyder Hill. Na verdade, somente dois cães
apresentaram títulos de anticorpos considerados protetores frente a uma agressão com
CDV virulento (100; APPEL, 1996) e, ainda assim, frente apenas à amostra
Rockborn (Fig.2). Apenas 2,46 % (3) dos animais possuiam anticorpos neutralizantes
contra as duas amostras de CDV, o que é um indício de pouca reatividade cruzada
entre as mesmas. Esta baixa reatividade cruzada pode ser um reflexo de diferenças
antigênicas nos epítopos protetores entre amostras de CDV (GEMMA et al., 1996;
HAAS et al., 1997), embora as implicações dessas variações na vacinação sejam ainda
desconhecidas. Variações na glicosilação da hemaglutinina podem causar
significativas diferenças no perfil antigênico do CDV (IWATSUKI et al., 1997).
Todavia, vacinas produzidas com amostras para CDV, são tidas como capazes de
induzir imunidade protetora nos animais vacinados (CORNWELL & THOMPSON,
1982; GREENE, 1990). Assim, permanece obscuro o significado das diferenças
antigênicas aqui detectadas, assim como seus reflexos na suscetibilidade dos animais
soropositivos a infecções por CDV.
40
Por outro lado, um grande número de animais (Fig.1) não apresentou
anticorpos neutralizantes contra as amostras utilizadas (90,7 % para Rockborn e 95,9
% para Snyder Hill). Uma vez que a população estudada era formada por cães de rua,
isto sugere que a maioria dos cães não havia sido vacinada ou não havia tido contato
prévio com o CDV. É possível que a mortalidade associada ao CDV possa ter
eliminado os animais que tenham tido contato prévio com o agente, com isso,
diminuindo sua transmissão entre a população canina de rua e, consequentemente,
levando à baixa prevalência detectada. Em um estudo já havia sido reportado
resultados similares, onde 81 % de cães com histórico de vacinação desconhecido,
eram soronegativos (JÓZWIK et al. 2004). Os resultados encontrados neste estudo
deixam claro que a população amostrada não está protegida contra a doença. Portanto,
em cães adotados, tal fato pode ser relevante à primeira imunização de filhotes se não
estiverem disponíveis dados sobre o histórico de vacinação dos mesmos. É freqüente
em nosso meio a recomendação de evitar a vacinação de filhotes de menos de dois
meses de idade (APPEL & SUMMERS, 1999), visando evitar a interferência de
anticorpos maternos no desenvolvimento de imunidade ativa do filhote. Na população
amostrada, esse risco seria negligenciável, uma vez que a maioria dos animais,
incluindo cadelas, apresentou-se soronegativa. Dessa forma, a ausência de anticorpos
passivamente adquiridos poderia dar origem a populações de cães neonatos totalmente
sensíveis ao vírus. Essa exposição nas primeiras semanas de vida poderia levar à
morte os animais que tivessem contato com o vírus, levando às altas taxas de
soronegatividade aqui detectadas.
Em relação ao CPIV, mais da metade dos cães testados (51,4 %) apresentou-se
soropositiva para anticorpos neutralizantes anti-CPIV. Em outros estudos, a
prevalência de anticorpos anti-CPIV tmabém tem sido elevada, situando-se entre 30 %
41
e 70 % (THOMPSON et al., 1975; BAUMGÄRTNER, 1985). O CPIV é facilmente
transmissível entre as populações caninas e, além disso, os títulos de anticorpos
neutralizantes estão pobremente relacionados com a proteção contra o desafio com o
mesmo (BINN & LAZAR, 1970; BAUMGÄRTNER, 1985; ERLES et al., 2004).
No presente estudo, foi possível detectar que o CPIV parece circular entre a
população de cães não-vacinados com prevalência muito superior ao CDV. Isto pode
ser conseqüente ao fato de que o CDV possa induzir alta mortalidade entre os cães, de
certa forma auto-limitando sua disseminação nas populações caninas. Outra
possibilidade seria que os cães de rua de fato não tenham contato com o vírus, talvez
pela vacinação de grande número de cães domiciliados, o que poderia levar a uma
baixa ou insignificante circulação do vírus no ambiente. Estas possibilidades são
ambas muito interessantes, pois revelam distintas possibilidades de evolução desta
infecção nas regiões amostradas. Ainda existe a possibilidade de que o teste
diagnóstico aqui utilizado (SN) não detecte estas amostras circulantes. Claro está que
estudos futuros serão necessários para determinar com precisão o comportamento
dessa virose em nosso meio. Por outro lado, a ampla disseminação do CPIV entre a
população canina sugere que este agente dissemina-se de forma extremamente eficaz
entre estes animais. Questionamentos podem ser, portanto, levantados em relação à
necessidade de vacinação contra CPIV na região amostrada. Esse tema igualmente
permanece como uma interessante questão a ser abordada em estudos futuros.
Conclusão
O baixo índice de soropositividade detectado frente ao CDV sugere que este
agente não tem uma circulação significativa entre as populações de cães de rua
amostradas. O CPIV apresentou prevalência significativa na população amostrada dos
42
municípios de Novo Hamburgo e Porto Alegre, indicando que esse agente circula
amplamente em populações caninas não domiciliadas.
Agradecimentos
Este estudo foi apoiado por CNPq e FAPERGS. P.M. Roehe é um pesquisador
do CNPq. Agradecemos ao Dr. Frans Rijsewijk (Animal Sciences Group, Lelystad,
The Netherlands), pela amostra de CPIV V660 e à Dra. Daisy Heck (veterinária
responsável do Canil Municipal de Novo Hamburgo), por facilitar as coletas de soro
dos cães.
43
Referências Biliográficas
APPEL, M.J.G. Canine distemper virus. In: APPEL, M.J.G. Virus Infection of
Carnivores, (ed), 1987, p.133-49.
APPEL, M.J.G. Canine distemper: emerging new problems. Infectious Diseases
Bulletin, p.1-6, 1996.
APPEL, M.J.G.; BINN, L.N. Canine infectious tracheobronchitis short review: kennel
cough. In: APPEL, M.J.G. (ed). Virus infections of carnivores. 1 ed.,
Amsterdan:Elsevier Science Publishers, 1987. p. 201-211.
APPEL, M.J.G.; SUMMERS, B.A. Canine distemper: current status. In:
CARMICHAEL, L.E. Recent advances in canine infectious diseases. (ed) document
nº 0103.1199, (online), Ithaca, NY, 1999. International Veterinary Information
Service.
APPEL, M.J.G. et al. Canine distemper epizootic in lions, tigers and leopards in North
America. Journal of Veterinary Diagnostic Investigation, v.6, p.277-88, 1994.
BAUMGÄRTNER, W.K. Canine parainfluenza virus. In: OLSEN, R.G.;
KRAKOWKA, S.; BLAKESLEE, J.R. Comparative Pathobiology of Viral
Diseases. ed.,1985, v.2, p.77-83.
44
BINN L.N.; LAZAR, E.C. Viral antibody patterns in laboratory dogs with respiratory
disease. American Journal of Veterinary Research, v.31, p.697-702, 1970.
BLIXENKRONE-MØELLER, M. et al. Studies on manifestations of canine distemper
virus infection in an urban dog population. Veterinary Microbioloy, 37:163-73,
1993.
BUTLER, M.; DAWSON, M. Cell Culture Labfax. Oxford: Bios Scientific
Publisher Limited, 1992. v.1, p.240-241.
CORNWELL, H.J.C.; THOMPSON, H. Vaccination in the dog. In Pratice, v.5, p.151-
158, 1982.
DAMIÁN, M. et al. Immunohistochemical detection of antigens of distemper,
adenovirus and parainfluenza viruses in domestic dogs with pneumonia. Journal of
Comparative Pathology, v.10, p.1-5, 2005.
EK-KOMMONEN, C. et al. Outbreak of canine distemper in vaccinated dogs in
Finland. Veterinary Record, v.141, p.380-383, 1997.
ERLES, K. et al. Longitudinal study of viruses associated with canine infectious
respiratory disease. Journal of Clinical Microbiology, v.42, n.10, p.4524-4529,
2004.
45
FORD, R.B.; VANDEN, S.L. Canine infectious tracheobronchitis. In: GREENE, C.E.
Infectious diseases of the dog and cat. 2. ed., Philadelphia: Sounders, 1998. p.33-
38.
GEMMA, T. et al. Epidemiological observations on recent outbreaks of canine
distemper in Tokio area. Journal of Veterinary Medical Science, v.58, p.547-550,
1996.
GOUVEIA, A.M.G. et al. Cinomose canina: ocorrência em animais vacinados e
distribuição por faixa etária. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e
Zootecnia, v.39, p.539-45, 1987.
GREENE, C.E. (1990) Immunoprophylaxis and immunotherapy. In: GREENE, C.E.
Infectious Diseases of the Dog and Cat. ed. Philadelphia: Saunders, 1990. p.21-54.
HASS, L. et al. Analysis of the haemagglutinin gene of current wild-type canine
distemper virus isolates from Germany. Virus Research, v.48, p.165-171, 1997.
HEADLEY, S.A.; GRAÇA, D.L. Canine distemper: epidemiological findings of 250
cases. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.37, n.2,
2000.
HISIUNG, G. D. Parainfluenza-5 virus. Infection of man and animals. Progress in
Medical Virology, v.14, p.241-274, 1972.
46
IWATSUKI, K. et al. Molecular and phylogenetic analyses of the haemagglutinin (H)
proteins of fields isolates of canine distemper virus from naturally infected dogs.
Journal of General Virology, p.78, p.373-380, 1997.
JÓZWIK, A. et al. Antibody titres against canine distemper virus in vaccinated and
unvaccinated dogs. Journal of Veterinary Medicine, v.51, p.99-103, 2004.
KRAMPS, J.A. et al. A simple, specific, and highly sensitive blocking enzyme-linked
immunosorbent assay for detection of antibodies to bovine herpesvirus. Journal of
Clinical Microbiology, v.32, p.2175-2181, 1994.
MURHPY, S.C. et al. Veterinary Virology. 3.ed. California: Academic Press, 1999,
629p.
RIJSEWIJK, F. et al. Report on the study: Validation of CPI-5 challenge. ID-DLO
report 98.014, 1998.
ROCKBORN, G. Further studies on viraemia and neutralizing antibodies in naturally
acquired distemper in dogs. Archive fur die Gesamte Virusforshung, v.8, p.500-
510, 1958.
SOUTHERN, J.A. et al. Identification of an epitope in the P and V proteins of simian
virus 5 that distinguishes between two isolates with different biological
characteristics. Journal of General Virology, v.72, p.1551-1557, 1991.
47
SUMMERS, B.A.; APPEL, M.J.G. Aspects of canine distemper virus and measles
virus encephalomyelitis. Neuropathology and Applied Neurobiology, v.20, p.525-
534, 1994.
TIMONEY, J.F. et al. Hagan and Brunner’s Microbiology and Infectious Diseases
of Domestic Animals. 8 ed. Ithaca: Comstock Publishing Associates, 1992. 951p.
TIPOLD, A. Diagnosis of inflammatory and infectious diseases of the central nervous
system in dogs: a retrospective study. Journal of Veterinary Internal Medcine, v.9,
p.304-314, 1995.
TIZARD, I.; NI, Y. Use of serologic testing to assess immune status of companion
animals. Journal of the American Veterinary Medical Association, v.213, p.54-60,
1998.
THOMPSON, H. et al. Contagious respiratory disease in dogs. Veterinary Bulletin,
v.45, p.479-488, 1975.
WAGNER, J.S. et al. Role of canine parainfluenza virus and Bordetella
Bronchiseptica in kennel cough. American Journal of Veterinary Research, v.45,
p.1862-1866, 1984.
48
Capítulo 2
Ausência de anticorpos neutralizantes contra os vírus da cinomose e parainfluenza
canino em felinos silvestres em cativeiro.
Absence of neutralizing antibodies to distemper and parainfluenza viruses in captive
wild felids.
Autores:
Tamahine Larronda Schmidt Hartmann; Helena Beatriz de Carvalho Ruthner Batista;
Ana Cláudia Franco; Franco Kindlein Vicentini; Cristina Harumi Adania; Paulo Michel
Roehe
*
Manuscrito em preparação
49
Resumo
O vírus da cinomose canina (CDV) e o vírus parainfluenza canino (CPIV)
podem infectar uma ampla variedade de hospedeiros. O CDV foi recentemente
detectado como causa de morbidade e mortalidade em grandes felinos na África,
América do Norte e Ásia, porém no Brasil não existem relatos disponíveis sobre sua
ocorrência em felinos silvestres. Em relação ao CPIV, não existem referências sobre a
sua presença em felinos silvestres. No presente estudo, foi realizado um levantamento
sorológico em busca de anticorpos neutralizantes contra o CDV e CPIV em soros de 84
felinos silvestres mantidos em cativeiro, de seis diferentes espécies nativas brasileiras
(Leopardus tigrinus, Puma concolor, Leopardus wiedii, Herpailurus yaguarondi,
Panthera onça), coletados em diferentes regiões do Brasil. Todos as amostras
examinadas foram negativas para anticorpos neutralizantes contra as amostras de CDV
e CPIV utilizadas. Estes resultados indicam que o CDV e o CPIV aparentemente não
circulam entre as populações de felinos silvestres amostradas.
Palavras-chave: cinomose; parainfluenza canino; felinos silvestres;
soroneutralização; prevalência.
50
Abstract
Canine distemper virus (CDV) and canine parainfluenza virus (CPIV), are
paramyxoviruses with broad host ranges. CDV has recently been detected as a cause of
morbidity and mortality in large felids in Africa, North America and Asia. However, no
information is available on the occurrence of CDV infections in Brazilian wild felids.
Regarding CPIV, no records have been made to date on evidences of infection in wild
felids. In this study, a serological survey was carried out aiming to determine the
prevalence of antibodies to CDV and CPIV in sera of 84 captive felids of six native
species of Brazilian captive wild felids (Leopardus tigrinus, Puma concolor, Leopardus
wiedii, Herpailurus yaguarondi, Panthera onca), from different regions of Brazil. All
examined samples were negative for neutralizing antibodies to CDV and CPIV. These
results indicate that CDV and CPIV seem not to circulate within the examined
populations of wild felids.
Key words: canine distemper virus; canine parainfluenza virus; wild felids; sero
neutralization; prevalence
51
Introdução
O vírus da cinomose canina (CDV) pertence à família Paramyxoviridae, gênero
Morbillivirus, é altamente contagioso, sendo transmitido predominantemente por
aerossóis (APPEL & SUMMERS, 1995). Conhecido por causar uma doença
potencialmente letal em membros das famílias Canidae, Mustelidae e Procionidae, o
CDV foi recentemente detectado como causa de morbilidade e mortalidade em
membros da família Felidae, como leões e tigres (APPEL et al., 1994) e vários outros
animais (HARDER & OSTERHAUS, 1997; LEDNICKY et al., 2004). Muitos autores
têm reportado a ocorrência de infecções por CDV em grandes felinos, como leões,
tigres, leopardos e onças na África e em diferentes zoológicos nos Estados Unidos,
causando doença neurológica e muitas vezes fatal (BLYTHE et al., 1983; APPEL et al.,
1994; ROELKE-PARKER et al., 1996). Em 1994, uma epidemia causada pelo CDV
matou um terço dos leões (Panthera leo) do Seringeti, na África (MORELL, 1994;
ROELKE-PARKER et al., 1996). Logo em seguida, o CDV foi novamente implicado
como causador de mortalidade de grandes felinos em cativeiro na América do Norte
(APPEL et al., 1994; HADER et al., 1996). Em outro estudo, foi revelado que pequenos
felinos asiáticos, domésticos e silvestres, eram suscetíveis ao CDV, sendo que a
prevalência de anticorpos anti-CDV era variável de acordo com a região e, em alguns
casos, com a potencial exposição a cães (IKEDA et al., 2001). Estes surtos de cinomose
demonstraram que o vírus circulante em carnívoros não-felinos domésticos e silvestres
pode atravessar barreiras entre espécies para hospedeiros felinos (HARDER et al.,
1995). Porém, o CDV não é uniformemente letal nas distintas espécies. Ao contrário da
situação com leões, gatos domésticos (Felis sylvestris catus) podem ser infectados por
CDV e apresentar apenas um aumento da temperatura corporal, sendo a patogênese
ainda pouco clara (APPEL et al., 1974; HARDER et al.,1995; IKEDA et al., 2001).
O outro agente abordado no presente estudo, o vírus parainfluenza canino
(CPIV), pertence ao gênero Paramyxovirus da família Paramyxoviridae (KINGSBURY,
1973; SOUTHERN et al., 1991). O CPIV atinge uma enorme variedade de hospedeiros,
incluindo vários roedores (HSIUNG, 1972), sendo altamente contagioso entre cães
(BINN & LAZAR, 1970). Os gatos apresentaram-se suscetíveis em infecção
experimental por CPIV (SAONA-BLACK & LEE, 1970). Os principais sinais clínicos
causada pelo CPIV são bronquite e pneumonia intersticial (FORD & VADEN, 1998).
Nenhuma referência, entretanto, foi encontrada na literatura com relação à ocorrência de
CPIV em felinos silvestres.
52
No Brasil, embora haja apenas oito espécies diferentes de felinos silvestres
reconhecidas, são escassas as informações sobre prevalência de infecções virais nestes
animais, tanto nos de vida livre como nos que vivem em cativeiro (CATROXO et al,
2004; BATISTA et al., 2005). Da mesma forma, não existem referências disponíveis
sobre ocorrência de CDV e CPIV em felinos silvestres brasileiros. O objetivo do
presente estudo foi verificar a presença de anticorpos neutralizantes contra CDV e CPIV
em soros de seis espécies de felinos silvestres brasileiros mantidos em cativeiro.
Materiais e métodos
Células
Células da linhagem VERO (ATCC CCL-81) foram cultivadas em meio mínimo
essencial de Eagle (E-MEM) suplementado com 5 % de soro fetal bovino (SFB;
Nutricell). As células foram multiplicadas segundo procedimentos usuais, em intervalos
de 2 a 5 dias (BUTLER & DAWSON, 1992). Tais células foram utilizadas nos
procedimentos de cultivo das amostras de vírus vacinais e testes de soroneutralização.
Soros
Foram coletados soros de 84 felinos silvestres de cativeiro de seis diferentes
espécies nativas do Brasil em quatorze diferentes Estados pela Associação Mata Ciliar
(AMC, Jundiaí, São Paulo, Brasil). As espécies de felinos silvestres das quais as
amostras de soro foram coletadas foram: gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus, 6
amostras), onça-parda (Puma concolor, 33 amostras), gato-maracajá (Leopardus wiedii,
5 amostras), jaguatirica (Leopardus pardalis, 11 amostras), jaguarundi (Herpailurus
yaguarondi, 7 amostras) e onça-pintada/onça-preta (Panthera onca, 22 amostras). Os
soros obtidos foram devidamente armazenados, identificados e conservados a -20 °C até
o momento da realização dos testes.
Amostras de Vírus
A amostra de CDV utilizada neste trabalho, denominada Rockborn
(ROCKBORN, 1958; CORNWELL & THOMPSON, 1982), foi originalmente isolada
de casos naturais de CDV e atenuada por inúmeras passagens em células de linhagem de
mamíferos (ROCKBORN, 1958; STEWART et al., 1968; HAMBURGER et al., 1991).
53
A amostra de CDV Rockborn foi multiplicada em células VERO seguindo-se
procedimentos usuais. Quando o efeito citopático (ECP) tornava-se evidente em 90 a
100 % do tapete celular (em torno de 3 a 5 dias após a inoculação), os cultivos eram
congelados a -70 °C, descongelados, clarificados por centrifugação e o sobrenadante
armazenado. Após 7 a 8 passagens, o título infeccioso obtido situava-se usualmente na
faixa de 10
5,5
doses infectantes para 50 % dos cultivos celulares (DICC
50
).
A amostra de CPIV V660 foi obtida de um surto de “tosse dos canis”
(RIJSEWIJK et al., 1998). A mesma foi inoculada em células VERO e os cultivos
incubados por sete dias. Após este período, mesmo sem visualização de ECP, os
cultivos eram congelados -70
o
C e processados como a amostra de CDV Rockborn
acima. Os estoques de vírus assim produzidos, após seis passagens, atingiram títulos de
aproximadamente 10
4,5
DICC
50
.
Soroneutralização (SN)
As amostras de soros de felinos silvestres foram testadas pela técnica de
soroneutralização (SN) frente à amostra CDV Rockborn e à amostra CPIV V660.
Cada soro diluído de 1:16 a 1:2048 em E-MEM (os soros testados em diluições
menores que 1:16 foram tóxicos para as células) e colocado em microplacas de cultivo
celular, foi misturado com 100 DICC
50
de cada um dos vírus em estudo. Após
incubados por 1 hora em estufa a 37 °C, foi adicionada uma suspensão de células
VERO (10
5,8
a 10
6
células/mL) e incubados novamemte a 37 °C. As células foram
observadas por até 7 dias em busca do ECP característico (CDV), ou coradas por
imunoperoxidase (CPIV), como descrito previamente (KRAMPS et al. 1994), exceto
que o anticorpo primário utilizado foi um soro canino policlonal anti-CPIV, e o
anticorpo secundário utilizado foi um conjugado peroxidase/anti-IgG canina (Serotec).
Os títulos de anticorpos neutralizantes foram expressos como a recíproca da maior
diluição do soro capaz de inibir completamente o ECP (CDV) ou inibir a coloração
associada à presença do vírus nas células (CPIV). Soros com títulos de anticorpos
neutralizantes 16 foram considerados positivos.
54
Resultados
Todos as 84 amostras de soros das seis espécies de felinos silvestres (Leopardus
tigrinus, Puma concolor, Leopardus wiedii, Leopardus pardalis, Herpailurus
yaguarondi, Panthera onça) apresentaram-se negativas quanto à presença de anticorpos
neutralizantes frente à amostra de CDV Rockborn (Tabela1).
Igualmente, os mesmos 84 soros foram tituladas por SN para CPIV. Os mesmos
resultados foram encontrados, ou seja, todos apresentaram-se negativos (Tabela 1).
Tabela 1. Anticorpos neutralizantes contra CDV e CPIV em soros de diferentes
espécies de felinos silvestres brasileiros mantidos em cativeiro.
Espécies Número de soros (n)
Títulos de anticorpos
neutralizantes
Espécies CDV CPIV
Leopardus tigrinus
6 16* 16
Puma concolor
33 16 16
Leopardus wiedii
22 16 16
Leopardus pardalis
11 16 16
Herpailurus yaguarondi
7 16 16
Panthera onca
5 16 16
Total
84
*Títulos de anticorpos 16 foram considerados negativos (vide Material e Métodos).
55
Discussão
Os resultados negativos obtidos pela pesquisa de anticorpos neutralizantes contra
CDV e CPIV nos soros de felinos silvestres brasileiros examinados no presente estudo
indicam que estes vírus aparentemente não circulam nas populações de felinos silvestres
aqui estudadas. É possível que tais espécies não sejam suscetíveis a infecções por estes
agentes. Entretanto, em função da reportada ocorrência de CDV em felinos silvestres de
vida livre ou cativos na África, Ásia e América do Norte (BLYTHE et al., 1983;
APPEL et al., 1994; ROELKE-PARKER et al., 1996; IKEDA et al., 2001), assim como
relatos indicando a possibilidade de infecção de gatos domésticos com CDV (APPEL et
al., 1974; HARDER et al.,1995; IKEDA et al., 2001), havia uma razoável probabilidade
de que felinos silvestres brasileiros fossem igualmente susceptíveis a infecção por CDV.
Os surtos de cinomose que atingiram leões do Seringeti na África, foram atribuídos a
contatos com cães domésticos infectados pelo CDV (CLEAVELAND et al., 2000). Em
outro estudo, guaxinins (Procyon lotor), foram responsabilizados por epizootias de
CDV em carnívoros de cativeiro em zoológicos e reservas animais (SEDGWICK &
YOUNG, 1968; APPEL et al, 1974; LEDNICKI et al., 2004). Assim, é provável que a
população de felinos de cativeiro amostrada neste estudo seja sensível ao CDV, embora
ainda não tenha entrado em contato com o vírus. Provavelmente, isto se deve ao fato de
os animais potenciais transmissores destas infecções não circulrem nos zoológicos de
onde foram coletadas as amostras.
Gatos podem ser infectados experimentalmente por CPIV e cães e roedores
podem transmití-los (SAONA-BLACK & LEE, 1970; HISIUNG, 1972; UELAND,
1990). Assim, embora até o presente não existam relatos de infecções por CPIV em
felinos silvestres, não obstante é muito provável que estes animais sejam também
suscetíveis ao CPIV, podendo ser infectados com este agente, desde que em contato
com transmissores contaminados. Os resultados negativos encontrados neste estudo
revelam que tal infecção não ocorreu nas populações amostradas. É importante salientar
que estes felinos são de hábitos solitários, de certa forma limitando as possibilidades de
transmissão de infecções (LEUTENEGGER et al, 1999; BATISTA et al., 2005).
Animais que vivem em grupo, como os leões, podem difundir a infecções virais com
maior facilidade em função do contato próximo com outros indivíduos potencialmente
contaminados (LEUTENEGGER et al, 1999).
No presente estudo, quanto aos resultados encontrados pela pesquisa de
anticorpos neutralizantes anti-CDV e anti-CPIV, não é possível precisar se a
56
inexistência de evidências de infecção se deu em função da não susceptibilidade destas
espécies ao vírus ou em função da inexistência de uma espécie transmissora
contaminada. A confirmação da sensibilidade dessas espécies ao vírus implicaria em
experimentos envolvendo inoculação experimental de animais silvestres, o que traria
outras implicações que fogem ao objetivo do trabalho aqui apresentado. Não obstante, é
interessante o fato de que tais felinos mostraram-se soronegativos a este agente.
As enfermidades podem ser fatores decisivos na extinção ou não de determinada
espécie (BATISTA et al, 2005). Recentes epizootias virais têm demonstrado que
pequenas populações de espécies altamente ameaçadas podem ficar sob risco de
extinção quando afetadas (HARDER & OSTERHAUS, 1997). Estudos visando a
determinação da ocorrência de infecções em animais silvestres devem ser ampliados a
fim de se evitar possíveis perdas, principalmente pelo fato de que muitas espécies se
encontram incluídas na lista oficial de espécies da fauna brasileira ameaçada de
extinção, instituída pelo IBAMA, como é o caso da onça-parda (CATROXO et al.,
2004). Desta forma, mesmo com os resultados sorológicos negativos obtidos, mais
estudos devem ser realizados a respeito da prevalência destas infecções, assim como das
patologias a elas associadas, com mais amostras de soros de felinos silvestres brasileiros
de cativeiro e, se possível, de vida livre.
Agradecimentos
Este estudo foi apoiado por CNPq e FAPERGS. P.M. Roehe é um pesquisador
do CNPq. Agradecemos ao Dr. Frans Rijsewijk (Animal Sciences Group, Lelystad,
The Netherlands) pela amostra de CPIV V660.
57
Referências Biliográficas
APPEL, M.J.G. et al. Canine distemper virus in domestics cats and pigs. American
Journal of Veterinary Research, v.35, p. 803-806, 1974.
APPEL, M.J.G. et al. Canine distemper epizootic in lions, tigers and leopards in North
America. Journal of Veterinary Diagnostic Investigation, v.6, p.277-288, 1994.
APPEL, M.J.G.; SUMMERS, B. Patogenicity of morbilliviruses for terrestrial
carnivores. Veterinary Microbiology, v,44, p.187-191, 1995.
BATISTA, H.B.C.R. et al. Neutralizing antibodies against feline herpesvirus type 1 in
captive wild felids of Brazil. Journal of Zoo and Wildlife Medicine, v.36, p.447-450,
2005.
BINN L.N., LAZAR, E.C. Viral antibody patterns in laboratory dogs with respiratory
disease. American Journal of Veterinary Research, v.31, p.697-702, 1970.
BLYTHE, L.L. et al. Chronic encephalomyelitis caused by canine distemper virus in
Bengal tiger. Journal of the American Veterinary Medical Association, v.183,
p.1159-62, 1983.
BUTLER, M.; DAWSON, M. Cell Culture Labfax (LabFax). Oxford: Bios Scientific
Publisher Limited, 1992. V.1, p.240-241.
CATROXO et al. Determinação morfológica da associação de coronavírus e astrovírus
em fezes de felinos (onça-parda, Felis concolor) com diarréia. Arquivos do Instituto
Biológico, São Paulo, v.71, p.498-501, 2004.
CLEAVELAND, S et al. Serological and demographic evidence for domestic dogs as a
source of canine distemper virus infection for Seringeti wildlife. Veterinary
Microbiology, v.72, p.217-227, 2000.
58
CORNWELL, H.J.C.; THOMPSON, H. Vaccination in the dog. In Pratice, v.5, p.151-
158, 1982.
DAMIÁN, M. et al. Immunohistochemical detection of antigens of distemper,
adenovirus and parainfluenza viruses in domestic dogs with pneumonia. Journal of
Comparative Pathology, v.10, p.1-5, 2005.
HAMBURGER, D. et al. Loss of virulence of canine distemper virus is associated with
a structural change recognized by a monoclonal antibody. Experientia, v.47, p.842-
845, 1991.
HARDER, T.C. et al. Phylogenetic evidence of canine distemper virus in Seringeti’s
lins. Vaccine, v.13, p. 521-523, 1995.
HARDER, T.C. et al. Canine distemper virus from diseased large felids: biological
properties and phylogenetic relationships. Journal of General Virology, v.77, p.397-
405, 1996.
HARDER, T.C.; OSTERHAUS, A.D.M.E. Canine distemper virus - a morbillivirus in
search of new hosts? Trends in Microbiology, v.5, p120-124, 1997.
HISIUNG, G. D. Parainfluenza-5 virus. Infection of man and animals. Progress in
Medical Virology, v.14, p.241-274, 1972.
IKEDA et al. Seroprevalence of canine distemper virus in cats. Clinical and Diagnostic
Laboratory Immunology, v.8, p.641-644, 2001.
KRAMMPS, J.A. et al. A simple, specific, and highly sensitive blocking enzyme-linked
immunosorbent assay for detection of antibodies to bovine herpesvirus. Journal of
Clinical Mocrobiology, v.32, p.2175-2181, 1994.
KINGSBURY, D.W. Paramyxovirus replication. Current Topics in Microbiology and
Immunology, p.59, p.1-33, 1973.
59
LEDNICKY, J.A. et al. Genetically distant american canine distemper virus lineages
have recently caused epizootics with some with different characteristics in raccoons
living around a large suburban zoo in the USA. Virology Journal, v.1, p.1-2 ,2004.
MORELL, V. Seringeti’s big cats going to the dogs. Science, v. 264, p.1664, 1994.
RIJSEWIJK, F. et al. Report on the study: Validation of CPI-5 challenge. ID-DLO
report 98.014, 1998.
ROCKBORN, G. Further studies on viraemia and neutralizing antibodies in naturally
acquired distemper in dogs. Archive fur die Gesamte Virusforshung, v.8, p.500-510,
1958.
ROELKE-PARKER et al. Canine distemper virus epidemic in Seringeti lions (Panthera
leo). Nature, v.379, p.441-445, 1996.
SAONA-BACK, L.; LEE, K.M. Infection of dogs and cats with a canine parainfluenza
virus and the application of a conglutination-complement-absorption test on cat serums.
Cornell Veterinary, v.60, p.120-134, 1970.
SEDGWICK, C.J.; YOUNG, W.A. Distemper outbreak in a zoo. Modern Veterinary
Practice, v.47, p.39-44, 1968.
SOUTHERN, J.A. et al. Identification of an epitope in the P and V proteins of simian
virus 5 that distinguishes between two isolates with different biological
characteristics. Journal of General Virology, v.72, p.1551-1557, 1991.
STEWART, D.L. et al. International standard for anti-canine distemper serum. World
Health Organization, v.39, p.917-924, 1968.
UELAND, K. Serological, bacteriological and clinical observations on an outbreak of
canine infectious tracheobronchitis in Norway. Veterinary Record, v.126, p.481-483,
1990.
60
3. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES GERAIS
Presença de anticorpos neutralizantes contra CDV e CPIV em soros de cães
O presente estudo foi desenvolvido visando aprofundar os conhecimentos sobre
a prevalência de CDV e CPIV em soros de cães. Isto porque o CDV e o CPIV
encontram-se distribuídos mundialmente, sendo importantes agentes infecciosos dentro
das populações caninas (GOUVEIA et al., 1996; HEADLEY e GRAÇA, 2000). Além
disso, em nosso meio, são escassas as informações sobre prevalência de infecções pelo
CDV e, particularmente, pelo CPIV (GOUVEIA et al., 1987; HEADLEY e GRAÇA,
2000). O CDV causa uma doença infecciosa sistêmica que pode ser letal em cães. Este
vírus causa grave imunossupressão, que pode facilitar a entrada de outros agentes
(SUMMERS e APPEL, 1994). Já o CPIV, produz uma traqueobronquite limitante, com
sinais clínicos mais discretos (APPEL e BINN, 1987). Entretanto, doença clinicamente
evidente com lesões mais severa, pode ocorrer nas infecções concomitantes com outros
patógenos, sendo freqüente o sinergismo com CDV (APPEL e BINN, 1987; FORD e
VADEN, 1998). Estes relatos reforçam a importância do conhecimento da prevalência
destes dois agentes, nas populações caninas amostradas.
Os animais estudados eram cães de rua, com histórico de vacinação
desconhecido, mantidos em centros de recolhimento de animais dos municípios de
Porto Alegre e Novo Hamburgo. Os soros dos cães foram testados frente a duas
amostras vacinais de CDV e frente a uma amostra de CPIV, através da técnica de
soroneutralização. Os resultados revelaram que apenas 16,7 % (20 de 173 cães) dos
animais apresentaram anticorpos neutralizantes contra alguma das duas amostras de
CDV utilizadas nos testes (Rockborn e Snyder Hill). Também, foi encontrado que
apenas 2,46 % (3) dos animais tinham anticorpos neutralizantes contra as duas
amostras, o que é um indício de pouca reatividade cruzada entre as mesmas. Esta
variabilidade antigênica aqui evidenciada pode ser um reflexo de diferenças antigênicas
entre amostras de CDV (GEMMA et al., 1996; HAAS et al., 1997). Segundo alguns
autores, vacinas produzidas com amostras de CDV, como Rockborn e Snyder Hill,
adequadamente atenuadas, seriam capazes de induzir imunidade protetora nos animais
vacinados (CORNWELL e THOMPSON, 1982; GREENE, 1990). Contudo, estudos
têm questionado sobre a ocorrência de variantes de CDV que teriam permitido sua
expansão para novos hospedeiros e desafiado a proteção por vacinas usuais contra CDV
61
(BLIXENKRONE-MØELLER et al., 1993; ROELKE-PARKER et al., 1996; HARDER
e OSTERHAUS, 1997).
Por outro lado, um grande número de animais, não apresentou anticorpos
neutralizantes contra nenhuma das amostras utilizadas. Estes achados, levando-se em
conta o método utilizado, indicam que estes cães de rua não foram vacinados ou não
tiveram contato prévio com o CDV, talvez devido à alta taxa de mortalidade causada
por este vírus, diminuindo sua transmissão entre as populações caninas. JÓZWIK et al.
(2004) já haviam encontrado resultados similares em que somente 19 % dos cães com
histórico de vacinação desconhecido, possuíam títulos de anticorpos significativos (ou
seja, 100) contra cinomose, enquanto a maioria (81 %) não apresentou anticorpos
detectáveis por SN. Outra possibilidade é que o método diagnóstico utilizado no
presente estudo talvez não detecte outros tipos de anticorpos circulantes.
Quanto ao CPIV, mais da metade dos cães testados (51,4%) apresentaram-se
positivos quanto à presença de anticorpos neutralizantes para CPIV, corroborando com
estudos prévios que evidenciaram altas prevalências de anticorpos contra o CPIV em
populações caninas (THOMPSON et al., 1975; BAUMGÄRTNER, 1985). Segundo
alguns autores, em estudos sobre vacinação, parece não haver uma correlação entre os
títulos de anticorpos neutralizantes e proteção frente a infecções com o CPIV, pois
observaram que mesmo após a vacinação as infecções continuaram ocorrendo (PAIUL
et al., 2003; ERLES et al., 2004). Este fato pode ser explicado devido à forma de
vacinação utilizada. As vacinas de administração intra-muscular ou subcutânea
precisam ser capazes de provocar uma resposta imune humoral exacerbada para que
anticorpos neutralizantes cheguem à mucosa respiratória, enquanto as vacinas de
administração intranasal induzem imunidade mais rápida e localizada (mucosa) através
da estimulação de IgA (KONTOR et al., 1981; SWANGO, 1997; EDIMBORO et al.,
2004). Baseado nestes estudos pode-se concluir que a presença de anticorpos
neutralizantes circulantes evidenciada na maior parte da população estudada, não é um
indicativo de que estes animais estejam agora protegidos contra a infecção com o CPIV,
mas sim que este vírus encontra-se circulando entre estes grupos.
Este estudo revelou que o CPIV parece circular entre as populações de cães de
rua amostradas nos municípios de Novo Hamburgo e Porto Alegre, com maior
prevalência que o CDV. Com estes resultados obtidos, fica evidente que mais estudos
devem ser realizados a respeito da prevalência destas infecções, para que medidas mais
direcionadas de prevenção e controle, possam ser tomadas por profissionais da área.
62
Ausência de anticorpos neutralizantes contra CDV e CPIV em soros de felinos
silvestres em cativeiro
Devido ao CDV e CPIV afetarem uma ampla variedade de hospedeiros, o
presente estudo foi desenvolvido visando aprofundar os conhecimentos sobre a
prevalência destes vírus em soros de felinos silvestres brasileiros. O CDV foi
recentemente detectado como causa de morbidade e mortalidade em grandes felinos na
África, América do Norte e Ásia (APPEL et al., 1994; ROELKE-PARKER et al., 1996;
IKEDA et al., 2001; LEDNICKY et al., 2004). No Brasil, não existem relatos
disponíveis sobre a ocorrência de CDV e CPIV em felinos silvestres. Em relação ao
CPIV, não existem referências sobre a sua presença em felinos silvestres, todavia, como
gatos podem ser infectados experimentalmente por CPIV (SAONA-BLACK e LEE,
1970), é possível que estes animais possam também ser suscetíveis ao CPIV e, portanto,
possam ser infectados com este agente. Entretanto, todas as amostras de soros das seis
espécies de felinos silvestres brasileiros, mantidos em cativeiro, testados pela técnica de
soroneutralização contra CDV e CPIV, apresentaram-se negativas.
Os resultados encontrados no presente estudo, levando-se em conta o método
diagnóstico utilizado, indicam que estes vírus não circulam nas espécies estudadas.
Outra possibilidade, é que tais espécies não sejam sensíveis a infecções com estes
agentes. Entretanto, como existem relatos da ocorrência de CDV em felinos silvestres
de vida livre ou cativos, assim como relatos indicando a possibilidade de infecção de
gatos domésticos com CDV, havia uma probabilidade de que felinos silvestres
brasileiros fossem, da mesma forma, susceptíveis a infecção por CDV (BLYTHE et al.,
1983; APPEL et al., 1994; HARDER et al.,1995; IKEDA et al., 2001). Cães domésticos
e guaxinins (Procyon lotor), foram responsabilizados por epizootias de CDV em
carnívoros de cativeiro em zoológicos e reservas animais (SEDGWICK & YOUNG,
1968; APPEL et al, 1974; CLEAVELAND et al, 2000; LEDNICKI et al., 2004). Assim,
é possível que a população de felinos de cativeiro amostrada neste estudo ainda não
tenha entrado em contato com o CDV, provavelmente devido ao fato de que os animais
potenciais transmissores destas infecções não circulem nos zoológicos de onde foram
coletadas as amostras. Quanto ao CPIV, da mesma forma não é impossível precisar se a
ausência de evidências de infecção se deu em função de que estas espécies não sejam
63
susceptíveis ao vírus, ou em função da inexistência de uma espécie transmissora
contaminada.
Muitas espécies de felinos silvestres, aqui estudadas, encontram-se incluídas na
lista oficial de espécies da fauna brasileira ameaçada de extinção, instituída pelo
IBAMA, como é o caso da onça-parda (CATROXO et al., 2004). Devido a este fato,
mesmo que os resultados sorológicos encontrados no presente estudo tenham revelado
que o CDV e o CPIV não circulam na população amostrada, estudos com felinos cativos
e, se possível de vida livre, visando à determinação da ocorrência destas e de outras
infecções, devem ser ampliados a fim de evitar possíveis perdas.
64
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADELUS-NEVAU, F.; SAINT GERAND, A.L.; FAYET, G. canine distemper.
Conclusions from an outbreak in France. Praktizierenden Tierarztliche, v.72, p.866-
871. 1991
AIJIKI ,M.; TAKAMURA, K.; HIRAMATSU, K.; NAKAI, M. SASAKI, N.;
KONISHI, S. Isolation and characterization of parainfluenza 5 from a dog. Japanese
Journal of Veterinary Science, v.44, p.607-618. 1982
ALEX, P.C.; DHANAPHALAN, P. Distemper encephalitis in dogs: incidence,
symptomathology and electroencephalographic findings. Journal of Veterinary and
Animal Sciences, v.25, p.127-31. 1994
ANDREWES, C.H.; PEREIRA, H.G.; PORTERFIELD, J.S. Andrews’ Viruses of
Vertebrates. 5.ed. London: Bailliére Tindall, 1989. P.95-120.
APPEL, M.J.G. Pathogenesis of canine distemper virus. American Journal Veterinary
Research, v.30, p.1167-1182, 1968.
APPEL, M.J.G. Canine distemper virus. In: HORZINEK, M., ed: Virus infections of
carnivores I- Virus infections of vertebrades. Amsterdam: Elsevier Science
Publishers, p.133-159. 1987
APPEL,M.J.G.; GILLESPIE, J.H. Canine distemper virus. In: GARD, S; HALLAUER,
C.; MEYER, K.F. (ed). Virology Monographs. New York: Springer-Verlag, 1972. P.1-
96
APPEL, M.J.G.; SHEK, W.R.; SUMMERS, B.A. Lymphocyte-mediated immune
cytotoxicity in dogs infected with virulent canine distemper virus. Infection and
Immunity, v.37, p.592-600. 1982
APPEL, M.J.G.; MENDELSON, S.G.; HALL, W.W. Macrophage Fc receptors control
infectivity and neutralization of canine distemper virus-antibody complexes. Journal of
Virology, v.51, p.643-649. 1984a
APPEL, M.J.G.; SHEK, W.R.; SHESBERADARAN, H.; NORRBY, E. Measles virus
and inactivated canine distemper virus induce incomplete immunity to canine
distemper. Archives of Virology, v.82, p.73-82. 1984b
APPEL, M.J.G.; BINN, L.N. Canine infectious tracheobronchitis short review: kennel
cough. In: APPEL, M.J.G. (ed). Virus infections of carnivores. 1 ed.,
Amsterdam:Elsevier Science Publishers, 1987. P. 201-211.
APPEL, M.J.G.; YATES, R.A.; FOLEY, G.L.; BERNSTEIN, J.J.; SANTINELLLI, S.;
SPELMAN, L.H.; MILLER, L.D.; ARP, L.H.; ANDERSON, M.; BARR, M.;
PEARCE-KELLING, S.; SUMMERS, B.A. Canine distemper enzootic in lions, tigers
and leopards in North America. Journal of Veterinary Diagnostic Investigation, v.6,
p.277-88, 1994
65
APPEL, M.J.G.; SUMMERS, B.A. Pathoogenicity of morbilliviruses for terrestrial
carnivores. Veterinary Microbiology, v.44, p.187-191. 1995
AXTHELM, M.A.; KRAKOWKA, S. canine distemper virus-induced
thrombocytopenia. American Journal of Veterinary Research, v.48, p.1269. 1987.
BLIXENKRONE-MØELLER, M. et al. Studies on manifestations of canine distemper
virus infection in an urban dog population. Veterinary Microbioloy, 37:163-73. 1993
BAUMGÄRTNER, W.K. Canine parainfluenza virus. In: OLSEN, R.G.;
KRAKOWKA, S.; BLAKESLEE, J.R. (ed). Comparative Pathobiology of Viral
Diseases. Flórida: CRC press, 1985. V.2, p.77-83.
BAUMGÄRTNER, W.K.; METZLER; A.E., KRAKOWKA, S. In vitro identification
an characterization of a virus isolated from a dog with neurological dysfunction.
Infection and Immunity, v.31, p.1177-1183. 1981
BAUMGÄRTNER, W.K; KRAKOWKA, S.; KOESTNER, A.; EVERMANN, J. Acute
encephalitis and hydrocephalus in dogs caused by canine parainfluenza virus.
Veterinary Pathology, v.19, p.79-92. 1982
BERNARD, S.L.; SHEN, D.T.; GORHAM, J.R. Antigen requeriments and specificity
of enzyme-linked immunoabsorbent assay for detection of canine IgG against canine
distemper viral antigens. American Journal of Veterinary Research, v.43, p.2266-
2269. 1982
BEY, R.F.; SHADE, F.J.; GOODNOW, R.A.; JOHNSON, R.C. Intranasal vaccination
of dogs with live avirulent Bordetella bronchiseptica: correlation with serum
agglutination titer and the formation of secretary IgA with protection against
ezperimnetally induced infectious tracheobronchitis. American Journal of Veterinary
Research, v.42, p.1130-1132. 1981
BIAZONO, L.; HAGIWARA, M.K.; CORRÊA, A.R. Avaliação da resposta humoral
em cães jovens imunizados contra a cinimose com vacina de vírus atenuado. Brazilian
Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.38, n.5, p. 245-250. 2001
BIBRACK, B.; BENARY. F. Seroepizootologische utersuchugen über die bedeutung
von parainfluenza-2-infektionen beim zwingerhusten in Deutschland. Zentralblatt fur
Veterinärmedizin, v. 22, p.610-614, 1975.
BINN, L.N. A review of viruses recovered from dogs. Journal of the American
Veterinary Medical Association, v.156, p.1672-1677. 1970
BINN, L.N.; EDDY, G.A.; LAZAR, E.C.; HELMS, J.; MURNANE, T. Viruses
recoverd from laboratory dogs with respiratory desease. Proceedings of the Society
for Experimental Biology and Medicine, v.126, p.140-145. 1967
BINN L.N., LAZAR, E.C. Viral antibody patterns in laboratory dogs with respiratory
disease. American Journal of Veterinary Research, v.31, p.697-702. 1970
66
BLIXENKRONE-MØELLER, M.; SVANSSON, V.; HAVE, P.; ÖRVELL, C.; APPEL,
M.; PEDERSEN, I.R.; DIETZ, H.H.; HENRIKSEN, P. Studies on manifestations of
canine distemper virus infection in an urban dog population. Veterinary Microbioloy,
37:163-73. 1993
BLYTHE, L.L; SCHMITZ, J.A.;ROELKE, M.; SKINNER,S. Chronic
encephalomyelitis caused by canine distemper virus in Bengal tiger. Journal of the
American Veterinary Medical Association, v.183, p.1159-62. 1983
BÜCHEN-OSMOND, C. Taxonomy and classification of viruses. In: MURRAY, P.R.;
BARON, E.J.; JORGENSEN, J.H.; PFALLER, M.A.; YOLKEN, R.H. Manual of
Clinical Microbiology, 8 ed, Washington: ASM Press v.2, p. 1217-1226. 2003
BUETTI, E.; CHOPPIN, P.W. The transcriptase complex of the paramyxovirus SV5.
Virology, v.82, p.493-508. 1977
CABASSO, V.J.; KISER, K.; STEBBINS, M.R.; COOPER, H.K. Canine distemper
vaccine of tissue culture origin. American Journal of Veterinary Research, v.23,
p.394-402. 1962
CHERPILLOD, P.; TIPOLD, A.; GRIOT-WENK, M. DNA vaccine encoding
nucleocapsid and surface proteins of wild type canine distemper virus protects its
natural host against distemper. Vaccine, v.18, p.2927-2936. 2000
COLLINS, P.L.; CHANOK, R.M.; McINTOSH, K., Parainfluenza virus. In:
FIELDS,B.N.; KNIPE, D.M.; HOELEY, P.M. Fields Virology. 3.ed. Philadelphia:
Lippincott-Raven Publushers, 1996. P.1205-124
CORNWELL, H.J.C.; CAMPBELL, R.S.F.; VANTSIS, J.T.; PENNY, W. Studies in
experimental canine distemper. I. Clinicophatological findings. Journal of
Comparative Pathology, v.75, p.3-17. 1965
DAMIÁN, M.; MORALES, E.; TRIGO F.J. Immunohistochemical detection of
antigens of distemper, adenovirus an parainfluenza viruses in domestic dogs with
pneumonia. Journal of Comparative Pathology, v.10, p.1-5. 2005
DE VRIES, P.; UYTDEHAAG, F.C.G.M.; OSTERHAUS, A.D.M.E. Canine distemper
virus (CDV) immunestimulating complexes (ISCOMs) but not measles virus ISCOMs
protect dogs against CDV infection. Journal of General Virology, v.69, p.2071-2083.
1988
DENZEGRINI, R. Anticorpos contra o vírus da cinomose, parvovirus e adenovirus
canino em cães não-vacinados de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil.
Dissertation - Course of Veterinary Medicine , Universidade Federal de Santa Maria,
2005. 44p.
DUNGWORTH, D.L. The respiratory system. In: JUBB, K.B.F.; KENNEDY, P.C.;
PALMER, N. Pathology of Domestic Animals. Academic Press, v.2, p.617-624.1993
67
DURCHEFELD, B.; BAUMGÄRTNER, W.; KRAKOWKA, S. Intranasal infection of
ferrets (Mustela putorius furo) with canine parainfluenza virus. Journal of Veterinary
Medicine, v.38, p. 504-512. 1991
EDIMBORO, C.H.; WARD, M.P.; GLICKMAN, L.T. A placebo-controlled trial of two
intranasal vaccines to prevent tracheobronchitis (kennel cough) in dogs entering a
humane shelter. Preventive Veterinary Medicine, v.62, p.89-99. 2004
EK-KOMMONEN, C.; SIHVONEN, L.; PEKKANEN, K.; RIKULA, U.; NUOTIO, L.
Outbreack of canine distemper in vaccinated dogs in Finland. Veterinary Record,
v.141, p.380-3. 1997
ERLES, K.; DUBOVI, E.J.; BROOKS, H.W.; BROWNLIE. Longitudinal study of
viruses associated with canine infectious respiratory disease. Journal of Clinical
Microbiology, v.42, n.10, p.4524-4529. 2004
EVERMANN, J.F.; LINCOLN, J.D.; McKIERNAN, A.J. Isolation of a paramyxovirus
from the cerebrospinal fluid of a dog with posterior paresis. Journal of the American
Medical Association, v.177, p.1132-1134, 1980.
EVERMANN, J.F.; KRAKOWKA, S.; MCKEIRNAN, A.J.; BAUMGÄRTNER, W.
Properties of an encephalitogenic canine parainfluenza virus. Archives of Virology,
v.68, p.165-172, 1981.
FISHER, L.; TRONEL, J.P.; PARDO-DAVID, C. Vaccination of puppies born to
immune dams with a canine adenovirus-based vaccine protects against a canine
distemper virus challenge. Vaccine, v.20, p.3485-3497. 2002
FISHER, L.; TRONEL, J.P.; MINKE, J.; BARZU, S.; BAUDU, P.; AUDONNET, J.C.
Vaccination of puppies with a lipid-formulated plasmid vaccine protects against a
severe canine distemper virus challenge. Vaccine, v.21, p.1099-1102. 2003
FORD, R.B.; VANDEN, S.L. Canine infectious tracheobronchitis. In: GREENE, C.E.
Infectious diseases of the dog cat. 2. ed., Philadelphia: Sounders, p.33-38.1998
FRIEDLANDER, J.M.; SUMMERS, B.A.; APPEL, M.J.G. Persistence of virulent
canine distemper virus in lymphoblastoid cell lines. Archives of Virology, v.86, p.47-
62. 1985
FRISK, A.L.; KONIG, M.; MORITZ, A.; BAUMGÄRTNER, W. Detection of canine
distemper virus nucleoprotein RNA by reverse transcription-PCR using serum, whole
blood, and cerebrospinhal fluid from dogs with distemper. Journal of Clinical
Microbiology, v.37, p.3634-3643. 1999
GEBARA, C.M.S.; WOSIACKI, S.R.; NEGRÃO, F.J.; OLIVEIRA, D.B.; BELONI,
S.N.E.; ALFIERI, A.A.; ALFIERI, A.F. Detecção do gene da nucleoproteína do vírus
da cinomose canina por RT-PCR em urina de cães com sinais clínicos de cinomose.
Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.56, p.480-487. 2004
68
GELATT, K.N.; WHITLEY, R.D.; SAMUELSON, D.A.; GARCIA-SANCHEZ, G.
Ocular manifestations of viral diseases in small animals. Compendium on Continuing
Education for the Practicing Veterinarian, v.7, p.968-976. 1985
GEMMA, T.; WATARI, T.; AKIYAMA, K.; MIYASHITA, N.; SHIN, Y.S.;
IWATSUKI, K.; KAI, C.; MIKAMI, T. Epidemiological observations on recent
outbreaks of canine distemper in Tokio area. Journal of Veterinary Medical Science,
v.58, p.547-550. 1996
GORE, T,C,; LAKSHMANAN, N.; DUNCAN, K.L.; COYNE, M.J.; LUM, M.A.;
STERNER, F.J. Three-year duration of immunity in dogs following vaccination against
canine adenovirus type-1, canine parvovirus, and canine distemper virus. Veterinary
Therapeutics, v.6, p.5-14. 2005
GOULD, D.H; FENNER, W.R. Paramyxovirus-like nucleocapsids associated with
encephalitis in a captive Siberian tiger. Journal of the American Veterinary Medical
Association, v.183, p.1329-22, 1983.
GOUVEIA, A.M.G.; MAGALHÃES, J.T; RIBEIRO, A.L. Cinomose canina:
ocorrência em animais vacinados e distribuição por faixa etária. Arquivo Brasileiro de
Medicina Veterinária e Zootecnia, v.39, p.539-45. 1987
GREENE, C.E. Canine distemper. In: GREENE, C.E.(ed). Clinical microbiology and
infectious diseases of the dog and cat. Philadelphia: Saunders, 1984. P.286.
GREENE, C.E.; APPEL, M.J.G. Canine distemper. In GREENE, C.E. Infectious
Diseases of the Dog and Cat. 2. ed. Philadelphia: Saunders, 1998. P. 9-22.
GRIOT-WENK, M.E.; CHERPILLOD, P.; KOCH, A.; ZURBRIGGEN, R.;
BRUCKNER, L. ; WITTEK, R.; ZURBRIGGEN, A. The humoral immune response to
recombinant nucleocapsid antigen of canine distemper virus in dogs vaccinated with
attenuated distemper virus or DNA encoding the nucleocapsid of wild-type virus.
Journal of Veterinary Medicine, v.48, p. 295. 2001
HAIG, D.A. Canine distemper – immunization with avianized virus. Onderstpoort
Journal of Veterinary Research, v.27, p.19-53. 1956
HALBROOKS, R.D.; SWANGO, L.J.; SCHNURRENBERGER, P.R., MICHELL,
F.A.; HILL. E.P. Response of gray foxes to modified live-virus canine distemper
vaccines. Journal American of the Veterinary Medical Association, v.179, p.1170-
1174. 1981
HARDER, T.C.; OSTERHAUS, A.D.M.E. Canine distemper virus- a morbillivirus in
search of new hosts? Trends in Microbiology, v.5, p120-124, 1997.
HASS, L.; MARTENS, W.; GREISER-WILKE, I.; MAMAEV, L.; BUTINA, T.;
MAACK, D.; BARRETT, T. Analysis of the haemagglutinin gene of current wild-type
canine distemper virus isolates from Germany. Virus Research, v.48, p.165-171, 1997.
69
HIRAMA, K.; TOGASHI, K.; WAKASA, C.; YONEDA, M.; NISHI, T.; ENDO, Y.;
MIURA, R.; TSUKIYAMA-KOHARA, K.; KAI, C. Cytotoxic T-lymphocyte activity
specific for hemaggluninin (H) protein of canine distemper virus in dogs. Journal of
Veterinary Medical Science , v.65, p. 109-112. 2003
JONES, C.T.; HUNT, D.H.; KING, N.W. Patologia Veterinária. São Paulo: Manole,
2000. 1415p.
JÓZWIK, A.; FRYMUS, T. Natural distemper in vaccinated and unvaccinated dogs in
Warsaw. Journal of Veterinary Medicine, v.49, p. 413-414. 2004
KAI, C.; OCHIKUBO, F.; OKITA, M.; IINUMA, T.; MIKAMI T.; F. KOBUNE, AND
K. YAMANOUCHI. Use of B95a cells for isolation of canine distemper virus from
clinical cases. Journal of Veterinary Medicine and Science, v.55, p.1067-1070. 1993
KINGSBURY, D.W. (1973) Paramyxovirus replication. Current Topics in
Microbiology and Immunology, p.59, p.1-33. 1973
KONTOR, E.J.; WEGRZYN, R.J.; GOODNOW, R.A. Canine infection
tracheobronchitis: effects of an intranasal live canine-parainfluenza-Bordetella
bronchiseptica vaccine on viral shedding and clinical tracheobronchitis (kennel cough).
American Journal of Veterinary Research, v.42, p.1694-1698. 1981
KRAKOWKA, S. Mechanisms of in vitro immunosuppression in canine distemper
virus infection. Journal of Clinical and Laboratory Immunology, v.8, p.187-196.
1982
KRAKOWKA, S; KOESTNER, A. Age-related susceptibility to canine distemper virus
infection in gnotobiotic dogs. Journal of Infections Diseases, v.134, p.629-632. 1976
KRAKOWKA, S; HIGGINS, R.J.; KOESTNER, A. Canine distemper virus: review of
structural and functional modulations in lymphoid tissues. American Journal of
Veterinary Research, v.41, p.284-292. 1980
LAYOR, R.; PORAKISHVILI, N.; DESOUZA, J.B.; PLAYFAIR, J.H.; DELVES, P.J.;
LUND, T. DNA vaccination favors memory rather than effector B cells responses.
Clinical Experimental Immunology, v.117, p. 106-112. 1999
LEDNICKY, J.A.; DUBACH, J.; KINSEL, M.J.; MEEHAN, T.P.; BOCCHETTA, M.;
HUNGERFORD, L.L.; SARICH, N.A.; WITECKI, K. E.; BRAID, M.D.; PEDRAK,
C.; HOUDE, C.M. Genetically distant american canine distemper virus lineages have
recently caused epizootics with somewhat different characteristics in raccoons living
around a large suburban zoo in the USA. Virology Journal, v.1, p.2-15. 2004
LÓPEZ, A. Respiratory system, thoracic cavity, and pleura. In: MCGIVEN, D.M.;
CARTON, W.W.; ZACHARY, J.F. Thompson`s Special Veterinary Pathology, 3.
ed., Mosby, 2001. P.125-195.
70
MACARTNEY, L.; CORNWELL, H.J.C.; McCANDLISH, I.A.P.; THOMPSON, H.
Isolation of a novel paramyxovirus from a dog with enteric disease. The Veterinary
Record, v.117, p.205-207,. 1985
MAMAEV,L.V; DENIKINA, N.N.; BELIKOV, S.I.; VOLCHKOV, V.E.; VISSER,
I.K.G.; FLEMING, M.; KAI, C.; HARDER, T.C; LIESS, B.; OSTERHAUS, A.D.M.E.;
BARRETT, T. Characterisation of morbilliviruses isolated from Lake Baikal seals
(Phoca siberica). Veterinary Microbiology, v.44, p.251-259, 1995.
MAZANEC, M.B.; KAETZEL, C.S.; LAMM, M.E.; FLETCHER, D.; NEDRUD, J.G.
Intracellular neutralization of virus by immunoglobulin A antibodies. Proceedings of
the National Academy of Sciences of the United States of America, v.89, p.6901-
6905. 1992
MESSLING, von V.; HARDER, T.C.; MOENNING, V.; RAUTEMBERG, P.; NOLTE,
I.; HAAS, L. Rapid and sensitive detection of immunoglobulin M (IgM) and IgG
antibodies against canine distemper virus by a new recombinant nucleocapsid protein-
based enzyme-linked immunosorbent assay. Journal of Clinical Microbiology, v.37, p.
1049-1056. 1999
MESSLING, von V.; ZIMMER, G.; HERRLER, G.; HASS, L.; CATTANEO, R. The
hemagglutinin of canine distemper virus determines tropism and cytopathogenicity.
Journal of Virology, v.75, p.6418-6427. 2001
MOCHIZUKI, M.; HASHIMOTO, M.; HAGIWARA, S.; YOSHIDA, Y.; ISHIGURU,
S. Genotypes of canine distemper virus determined by analysis of the hemagglutinin
genes of recent isolates from dogs in Japan. Journal of Clinical Microbiology, v.37,
p.2936-2942. 1999
MORITZ, A.; FRISK, A.L.; BAUMGARTNER, W. The evaluation of diagnostic
procedures for detection of canine distemper virus infection. European Journal of
Companion Animal Practices, v.10, p.37-45. 2000
NORRBY, E.; UTTER, G.; ORVELL, C.; APPEL, M.J.G. Protection against canine
distemper in dogs after immunization with isolated fusion protein. Journal of Virology,
v.58, p.536-541. 1986
PARDO, M.C.; BAUMAN, J.E.; MACKOWIAK, M. Protection of dogs against canine
distemper by vaccination with a canarypox virus recombinant expressing canine
distemper virus fusion and hemagglutinin glycoproteins. American Journal of
Veterinary Research, v.58, p.833-836. 1997
POSTON, R.P.; ENGLAND, J.J. Canine distemper. In: CASTRO, A.C., HEUSCHELE,
W.P. Veterinary Diagnostic Virology – A Practitioner’s Guide. 1992. P.135-138.
RANDALL, R.E.; YOUNG, D.F.; GOSWAMI, K.K.; RUSSEL, W.C. Isolation and
characterization of monoclonal antibodies to simian virus 5 and their use in revealing
antigenic differences between human, canine and simian isolates. Journal of General
Virology, v.68, p.2769-2780. 1987
71
RENEGAR, K.B.; SMALL, P.A. Immunoglobulin A mediation of murine nasal anti-
influenza virus immunity. Journal of Virology, v.65, p.2146-2148. 1991
RIMA, B.K. The proteins of morbilliviruses. Journal of General Virology, v.64,
p.1205-1219. 1983
ROCKBORN, G. A preliminary report on efforts to produce a living distemper vaccine
in tissue culture. Journal of Small Animal Practices, v.1, p.53. 1960
ROSEMBERG, F.J. et al. Studies of canine respiratory viruses. I. Experimental
infection of dogs with an SV-5-like canine parainfluenza agent. American Journal of
Epidemiology, v.94, p.147-165. 1971
SAONA-BACK, L.; LEE, K.M. Infection of dogs and cats with a canine parainfluenza
virus and the application of a conglutination-complement-absorption test on cat serums.
Cornell Veterinary, v.60, p.120-134. 1970
SHAPSHAK, P.;GRAVES, M.C.; IMAGAWA, D.T. Polypeptides of canine distemper
virus strains derived from dogs with chronic neurological diseases. Virology, v.122, p.
158-170. 1982
SHEK, W.R.; SCHULTZ, R.D.; APPEL, M.J.G. Natural and immune cytolysis of
canine distemper virus-infected target cells. Infections and Immunology, v.28, p.724-
734. 1980
SIXT, N.; CARDOSO, C.; VALLIER, A.; FAYOLLE, J.; BUCKLAND, R.; WILD,
T.F. Canine distemper virus DNA vaccination induces humoral and cellular immunity
and protects against a lethal intracerebral challenge. Journal of Virology, v.72, p.8472-
8476. 1998
SOMA, T.; ISHII, H.; HARA, M.; YAMAMOTO, S.; YOSHIDA, T.; KINOSHITA, T.;
NOMURA, K.Comparison of immunoperoxidase plaque staining and neutralizing tests
for canine distemper virus. Veterinary Research Communications, v.25, p.311-325.
2001
SOUTHERN, J.A.; PRECIOUS, B.; RANDALL, R.E. Two nontemplated nucleotide
additions are required to generate the P mRNA of parainfluenza type 3 since the RNA
genome encodes protein V. Virology, v.177, p. 388-390. 1990
SUMMERS, B.A.; GREISON, H.A.; APPEL, M.J.G. Possible initiation of viral
encephalomyelitis in dogs by migrating lymphocytes infected with canine distemper
virus. Lancet, v.11, p.187-189, 1978.
SUMMERS, B.A.; GREISON, H.A.; APPEL, M.J.G Does virus persist in the uvea in
multiple sclerosis, as in canine distemper encephalomyelitis? Lancet, v.1, 372-375,
1983
SUMMERS, B.A.; GREISEN, H.A.; APPEL, M.J.G. Canine distemper
encephalomyelitis: variation with virus strain. Journal of Comparative Pathology,
v.94, p.65-75. 1984
72
SUMMERS, B.A.; APPEL, M.J.G. Aspects of canine distemper virus and measles virus
encephalomyelitis. Neuropathology and Applied Neurobiology, v.20, p.525-534,
1994.
SUMMERS. B.A.; CUMMINGS. J.F.; LAHUNTA A. Veterinary Neuropathology.
New York: Mosby, 1994. 527p.
SWANGO, L.J. Moléstias virais caninas. In: ETTINGER, J.E.; FELDMAN, E.C.
Tratado de Medicina Interna Veterinária. 4. ed. São Paulo: Manole, 1997. P.573-588
TIMONEY, J.F.; GILLESPIE, J.H.; SCOTT, F.W.; BARLOUGH, J.E. Hagan and
Brunner’s microbiology and infectious diseased of domestic animals. 8 ed. Ithaca:
Comstock Publishing Associates, 1992. 951p.
THOMPSON, H.; WRIGTH, N.G.; CORNWELL, H.J.C. Contagious respiratory
disease in dogs. Veterinary Bulletin, v.45, p.479-488. 1975
TSAI, S.C.; SUMMERS, B.A.; APPEL, M.J.G. Interferon in cerebrospinal fluid. A
marker for viral persistence in canine distemper encephalomyelitis. Archives of
Virology, v.72, p.257-265. 1982
UELAND, K. Serological, bacteriological and clinical obsrvations on an outbreak of
canine infectious tracheobrinchitis in Norway. Veterinary Record, v.126, p.481- 483.
1990
WAGNER, J.S.; MINNICH, L.; SOBONYA, L.M.; TAUSSIG,C.G.; RAY, C.G.;
FULGINITI, V. Parainfluenza type II infection in dog: a model for viral lower
respiratory tract infection in humans. American Review of Respiratory Disease,
v.127, p.771-775. 1983
WAGNER, J.S.; SOBONYA, R.; MINNICH, L.; TAUSSIG, L.M. Role of canine
parainfluenza virus and Bordetella Bronchiseptica in kennel cough. American Journal
of Veterinary Research, v.45, p.1862-1866. 1984
WINTERS, K.A.; MATHES, L.E.; KRAKOWKA, S.; OLSEN, R.G. Immunoglobulin
class response to canine distemper virus in gnotobiotic dogs. Veterinary Immunology
and Immunopathology, v.5, p.209-215. 1984
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo