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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
ROSANE LOWENTHAL
ESTUDO DE TRIAGEM DE TRANSTORNOS INVASIVOS DO
DESENVOLVIMENTO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM SÍNDROME DE
DOWN EM CURITIBA - PARANÁ
SÃO PAULO
2006
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ROSANE LOWENTHAL
ESTUDO DE TRIAGEM DE TRANSTORNOS INVASIVOS DO
DESENVOLVIMENTO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM SINDROME DE
DOWN EM CURITIBA - PARANÁ
Dissertação apresentada ao corpo
docente do Programa de Pós-Graduação
em Distúrbios do Desenvolvimento da
Universidade Presbiteriana Mackenzie
como requisito necessário para a
obtenção do Título de Mestre
ORIENTADOR: DR. MARCOS TOMANIK MERCADANTE
CO-ORIENTADOR: DRA. CRISTIANE DE PAULA SILVESTRE
SÃO PAULO
2006
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ROSANE LOWENTHAL
ESTUDO DE TRIAGEM DE TRANSTORNOS INVASIVOS DO
DESENVOLVIMENTO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM SINDROME DE
DOWN EM CURITIBA - PARANÁ
Dissertação apresentada ao corpo
docente do Programa de Pós-Graduação
em Distúrbios do Desenvolvimento da
Universidade Presbiteriana Mackenzie
como requisito necessário para a
obtenção do Título de Mestre
Aprovada em ______de _______de ________.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Marcos Tomanik Mercadante
(orientador)
Profª. Denise Razzouk
(banca externa)
Prof. Dr. José Salomão Schwartzman
(banca interna)
4
Dedicatória
Ao Sergio, pelo constante apoio e incentivo.
Ao Bruno e ao Victor, pela paciência e compreensão nos momentos em
que não estivemos juntos, para que algo maior pudesse acontecer.
5
AGRADECIMENTOS
Este trabalho só foi possível ser realizar, devido à colaboração direta de
algumas pessoas. Agradeço a todos:
Ao Dr. Marcos Tomanik Mercadante, orientador, por acreditar neste
projeto e muito mais do que orientar me ensinar a pesquisar, a indagar
e a ter senso critico.
A Dra. Cristiane de Paula Silvestre, co-orientadora, pela paciência e
empenho, sempre de prontidão, na construção deste trabalho.
Ao Dr. Paulo Rossi de Menezes, que tanto nos auxiliou na fase de
qualificação para que este projeto fosse realizado.
Ao Dr. José Salomão Schwartzman, pelos comentários críticos e
sugestões para o enriquecimento deste trabalho.
Ao Dr. Décio Brunoni pela atenção e auxílio, sempre dispensados de
forma tão gentilmente, para que este projeto acontecesse da melhor
forma.
A todos os professores do Departamento da Pós-Graduação em
Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana
Mackenzie pelo caminho que trilhamos, nestes dois anos de
convivência.
A Carla, sempre tão prestativa.
Ao Mack Pesquisa, pelo apoio a este estudo.
À Noemia Cavalheiros, da Associação Reviver Down, de Curitiba, pelo
total apoio e auxílio na busca da famílias, em Curitiba.
Ao Dr. Ruy Fernando Pilotto, pela crença na relevância deste trabalho e
pela hospitalidade em Curitiba.
Às famílias que participaram desta pesquisa por suas colaborações,
sempre atendendo prontamente para a viabilidade deste estudo.
Aos meus pais, Fernando e Luiza, pelo exemplo que sempre me deram,
pautando as nossas vidas em valores como dignidade e ética.
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Ao meu irmão, Percio, pela confiança e apoio durante nosso trajeto.
À Maria Lucila Ribeiro Campos, companheira nesses dois anos tão
intensos de novas descobertas inclusive, de uma nova amizade.
À Sabrina Ribeiro, última a chegar, mas que completa com alegria o
nosso grupo.
Aos meus colegas de mestrado, pelas horas de alegria, risadas, choros
e desabafos.
À Claudia Werneck, pela oportunidade de crescimento, de aprendizado
e de reflexão a todo o momento.
Ao Dr. Jose Belisário Filho, amigo que me apresentou e me mostrou a
riqueza da saúde mental infantil, que me faz pensar, refletir e crescer a
cada dia que passa.
À Janet Baum, Nancy Mester e Cristiane Roncon, amigas muito mais do
que do peito, que tanto agüentaram lágrimas e risos, nestes dois anos
tão importantes da minha vida.
A todos e todas que aqui não foram citados(as), mas que de alguma
forma, participaram da construção deste trabalho.
7
- Ah, eu sonho uma criança que seja maravilhosa de alma e corpo.
- Mas se ele nasce e cresce todo diferente! Eu não te desejo isso,
Liberata,
Deus te livre... Mas pode acontecer, pode... (...)
- Não pode ser, dona Maria, não pode ser...Goiabeira não dá avestruz.
De sapo sai sapo, jasmineiro só dá jasmim. De mim e do Antônio há de
sair
João Ternura, direitinho, como Deus quer. Ele vem com a força do
amor.
Nem sei se este mundo é para ele...
ANÍBAL MACHADO
1965
8
RESUMO
Os trabalhos publicados na literatura mostram taxas de transtornos invasivos
do desenvolvimento (TID) em pessoas com síndrome de Down (SD) entre 1 e 11%.
Não está claro se a freqüência desta ocorrência é mais alta ou mais baixa que em
outras deficiências intelectuais. O objetivo deste estudo é fazer um rastreamento de
TID em crianças e adolescentes com SD que residem em Curitiba – Brasil. 205 pais
de crianças e adolescentes com SD, entre 5 e 19 anos, responderam o questionário
para triagem de TID, Autism Screening Questionnaire (ASQ), e o questionário de
histórico familiar (cedido pelo Dr. Gillberg). A freqüência de TID em SD encontrada
neste trabalho foi de 15,6%, com 5,58% de autismo (8 meninos e 2 meninas) e
10,05% de TID sem autismo (9 meninos e 9 meninas). Esse trabalho encontrou uma
alta freqüência de TID em SD, sendo necessários mais estudos para esclarecimento
se essa freqüência é maior do que a encontrada em outras deficiências mentais.
9
ABSTRACT
The literature has reported frequencies from 1% to 11% of pervasive developmental
disorder (PDD) in Down’s syndrome (DS). It is not clear, if the frequency of this co-
occurrence is higher or lower than in other mental retardations. The aim of the study
was to identify the comorbidity of autistic spectrum disorders in children and
adolescents with DS from Curitiba – Brasil. 205 parents of children and adolescents
with DS, between 5 and 19 years-old were asked to complete the self-report Autism
Screening Questionnaire (ASQ) and the family history questionnaire (provided by
Prof. C. Gillberg). The frequency of PDD in the DS sample was 15.6%, with 5.58% of
autism (8 males and 2 females) and 10.05% of PDD non autism (9 males and 9
females). This study showed a higher frequency of TID in SD, even though more
studies are needed to answer if this frequency is higher than in other mental
retardations.
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Freqüência de síndrome de Down (SD), Síndrome de Down com
TID
sem autismo
(SD/TID
soe
) e síndrome de Down com autismo
(SD/aut).........................................................................................40
Tabela 2 Distribuição de diagnóstico DS e DS/TID
total
de acordo com a
classe sócio-econômica...........................................................40
Tabela 3 Distribuição das variáveis do histórico familiar...........................41
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO: ..............................................................................................12
2 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................16
2.1 DESCRIÇÃO CLÍNICA E EPIDEMIOLÓGICA DOS TRANSTORNOS
INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO E DA SÍNDROME DE DOWN......................16
2.1.1 TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO (TID).............16
2.1.2 SÍNDROME DE DOWN (SD) ...................................................................22
2.2. PREVALÊNCIA DE TID EM INDIVÍDUOS COM SD...................................27
3 MÉTODO:........................................................................................................34
3.1 ÁREA GEOGRÁFICA DO ESTUDO...........................................................34
3.1.1 Período de realização da pesquisa ........................................................34
3.1.2 Local.......................................................................................................34
3.2 AMOSTRA ..................................................................................................34
3.2.1 Critérios de inclusão................................................................................35
3.2.2 Perda amostral ........................................................................................35
3.3 INSTRUMENTOS .......................................................................................35
3.3.1 Questionário de identificação ..................................................................35
3.3.2 Questionário ASQ....................................................................................36
3.3.3 Questionário história familiar ...................................................................37
3.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS.......................................37
3.5 ANÁLISE DOS DADOS ...............................................................................38
3.6 ASPECTOS ÉTICOS ..................................................................................38
3.7 SIGILO..........................................................................................................38
4 RESULTADOS...................................................................................................39
5 DISCUSSÃO ......................................................................................................42
6 CONCLUSÃO................................................................................................47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS:............................................................................48
ANEXOS ...................................................................................................................53
12
1 INTRODUÇÃO:
A epidemiologia é o ramo da ciência da saúde que estuda a ocorrência, a
distribuição e os fatores determinantes dos eventos relacionados com a saúde da
população. Possui como objetivos descrever as condições, investigar os fatores
determinantes e avaliar o impacto das ações para alterar a situação de saúde
(Pereira, 1995).
A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) atribui como usos da
epidemiologia: i) contribuição para programas de saúde, ii) avaliação da saúde, iii)
planejamento dos serviços de saúde, iv) vigilância epidemiológica (Franco e Passos,
2005).
Os estudos epidemiológicos vêm se mostrando relevantes para a monitoração
massiva e para o planejamento de ações coletivas que visem à defesa da saúde e a
humanização das sociedades (Breil, 1997).
Estudos epidemiológicos provêm informações sobre a prevalência e
distribuição de problemas de saúde dentro de uma população, a fim de se
estabelecer a base para o desenvolvimento e planejamento de procedimentos,
práticas de saúde pública e outros tipos de serviços de saúde (Gould; Hitzig;
Dohrenwend, 1981).
Almeida Filho (1990) menciona que o objeto da clínica é essencialmente,
qualitativo, visto que prioriza as diferenças individuais no processo da doença de
cada individuo, ao passo que, na epidemiologia, o objeto é quantitativo, emergindo
relações numéricas entre eventos, processos e fenômenos.
São escassos os estudos epidemiológicos realizados no Brasil na área da
psiquiatria infantil, sendo pouco conhecida as taxas de transtornos mentais na
infância e adolescência em amostras representativas da população, assim como os
13
fatores associados à manifestação desses transtornos, os fatores de risco e de
proteção (Fleitlich e Goodman, 2000).
As pesquisas epidemiológicas apresentam diversas dificuldades
metodológicas, alguns fatores devem ser considerados: i) a compreensão das
perguntas dos questionários pelos entrevistados, ii) a importância da medida do
impacto dos sintomas na vida das crianças e adolescentes, iii) a necessidade de
múltiplos informantes e de um método para combinar as informações, iv) a
identificação de crianças com problemas na área de saúde mental, que requerem
uma intervenção, mas que não preenchem critérios operacionais para os sistemas
atuais de diagnóstico (Fleitlich e Goodman, 2000).
Sabemos que os problemas de saúde mental na infância e adolescência são
comuns e prejudicam tanto o rendimento escolar como os relacionamentos sociais
das crianças e adolescentes. Tendem a persistir ao longo dos anos e a maioria das
crianças com transtornos, por não receberem tratamento adequado, favorecem a
ocorrência de eventos graves na vida adulta, como problemas de saúde mental,
criminalidade, abuso de álcool e drogas, desemprego prolongado e dificuldades na
educação dos filhos (Fleitlich e Goodman, 2000).
Na atualidade são utilizados vários desenhos nos estudos epidemiológicos.
As pesquisas observacionais são aquelas onde o investigador não controla nem a
exposição nem a alocação dos indivíduos, lançando mão de uma situação dada, e
observando os resultados. Vários são os desenhos destas pesquisas: i) estudo de
corte, ii) estudo caso-controle, iii) estudo seccional, iv) estudo ecológico (Franco e
Passos, 2005).
No estudo seccional os indivíduos são selecionados da população fonte
inteira (censo) ou de uma fração desta (amostra). As informações referem-se ao
14
mesmo momento e é muito utilizado para a obtenção de estimativas populacionais
como prevalência e médias, ou para levantar hipóteses etiológicas (Medronho,
2004).
A prevalência é definida como a freqüência de casos existentes de uma
determinada doença, em uma determinada população e em um dado momento
(Medronho, 2004). A medida de prevalência é feita por uma única avaliação de um
determinado grupo de pessoas, estando algumas doentes, outras sadias. A fração
ou proporção do grupo de pessoas que está doente representa os casos, e a
porcentagem desses representa a prevalência da doença avaliada (Fletcher e
Fletcher, 2006).
Os estudos que exploram associações entre determinadas condições,
estabelecendo relações causais a partir de suas prevalências, tem sido modelo de
evidência para estudos exploratórios etiológicos, além de pesquisar também os
fatores associados à manifestação, como, por exemplo, os de risco e os de proteção
(Goodman; Meltzer; Bailey, 1998).
É importante ressaltar que existe a necessidade de investigar não só a
população infantil e juvenil como também subgrupos, que possam apresentar
peculiaridades do ponto de vista da saúde mental, como crianças portadoras de
doenças crônicas ou deficiências.
Dessa maneira, estudar a prevalência dos transtornos invasivos do
desenvolvimento (TID) em casos de síndrome de Down (SD), uma doença
geneticamente bem estabelecida, pode facilitar nossa compreensão acerca de
fatores de risco e proteção envolvidos no desenvolvimento desses quadros. Este
estudo tem como objetivo principal fazer um rastreamento de diagnóstico de TID em
15
crianças e adolescentes, entre 5 e 19 anos, com SD, que moram em Curitiba, estado
do Paraná.
Como objetivo secundário, verificar a taxa de acordo com sexo, classe sócio-
econômica, história familiar como: dificuldades sociais, transtornos de
aprendizagem, distúrbios psiquiátricos, alterações genéticas e epilepsia.
A SD é a alteração cromossômica mais freqüente entre as anomalias
genéticas. Ainda existem controvérsias na literatura sobre a freqüência de TID em
indivíduos com SD. O resultado desta pesquisa tem uma relevância social, pois
poderá contribuir no diagnóstico dos casos de TID e SD, que na maioria das vezes
não são diagnosticados por já apresentarem o diagnóstico de SD, assim como,
explorar os fatores associados a essas condições. Por fim, os dados poderão auxiliar
profissionais e famílias, na orientação de um melhor tratamento, favorecendo um
melhor prognóstico.
16
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 DESCRIÇÃO CLÍNICA E EPIDEMIOLÓGICA DOS TRANSTORNOS
INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO E DA SÍNDROME DE DOWN
2.1.1 TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO (TID)
Os TID são definidos como uma desordem do comportamento duradoura e
persistente, caracterizados por um quadro clínico, no qual os indivíduos demonstram
diminuição qualitativa da comunicação e da interação social, restrição de interesses,
além de apresentarem comportamentos estereotipados e maneirismos (WHO, 1993
e APA, 1995).
Segundo o Manual de Classificação e Estatísticas de Doenças Mentais
IV(DSM IV) fazem parte dos TID: i) Autismo, ii) Transtorno de Asperger, iii) TID- Sem
Outra Especificação (TID-SOE), iv) Transtorno de Rett e v) Transtorno
Desintegrativo da Infância (APA,1995).
A manifestação dos sintomas de TID, por definição deve estar presente antes
dos primeiros três anos de vida e freqüentemente está associada a algum grau de
deficiência mental (DM) (Pauls; Volkmar, 2003). Ressaltamos que se trata de um
transtorno que se manifesta independente da raça, etnia, classe social ou condição
cultural (Volkmar, 1995). Apesar da etiologia do TID não estar totalmente
estabelecida, diversos estudos apontam associações deste com alterações
genéticas e de bases neurológicas, além de acidentes pré-natais, distúrbios
metabólicos e infecções pós-natais (Slonims; Baird; Cass, 2003).
O quadro foi primeiramente descrito pelo psiquiatra infantil austríaco - Leo
Kanner em 1943, com a publicação de um estudo sobre onze crianças com idade
17
variando entre dois e onze anos, oito meninos e três meninas, com comportamentos
que pareciam constituírem um quadro patológico único não relatado até aquele
momento. Kanner nomeou este quadro de “Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo”,
caracterizado por isolamento social, obsessividade, estereotipias e ecolalia,
relacionando-o inicialmente a fenômenos da linha esquizofrênica (Volkmar, 1995).
No ano seguinte, Hans Asperger descreve um grupo de crianças com
manifestações clínicas semelhantes àqueles descritos por Kanner e denominou de
“Psicopatia Autista”, porém essas crianças apresentavam uma maior capacidade de
comunicação, assim como interesses específicos por temas do conhecimento, tendo
sido descritas como pequenos professores. Esse quadro ficou praticamente
desconhecido da comunidade científica até sua introdução na literatura pela autora
inglesa Lorna Wing (Wing, 1981).
Kanner, em 1956, descreveu o quadro como uma “psicose”, dizendo que
todos os exames laboratoriais e clínicos foram incapazes de fornecer dados
consistentes no que se relacionava à sua etiologia (Assumpção; Pimentel, 2000).
As primeiras modificações das concepções de Kanner, quando o quadro de
autismo era associado ao de psicose, surge dos trabalhos Rutter, Kolvin, Ritvo e
Cohen, que passam a considerar o autismo relacionado a déficits cognitivos. Desses
trabalhos surge o termo transtorno do desenvolvimento, que veio substituir o
conceito de psicose infantil utilizado pelos manuais de classificação da época CID-9
e DSM-II (Frith, 1998; Happé, 1998; Rutter, 1983; Rutter, 1998).
Os diagnósticos de TID e autismo baseiam-se atualmente nos critérios
internacionais propostos pela Classificação Internacional das Doenças Mentais
(CID) e o DSM. Vale ressaltar que a inclusão do diagnóstico de autismo, como um
transtorno do desenvolvimento, somente foi introduzido na terceira revisão do DSM
18
em 1980 definindo o autismo como um grave distúrbio do desenvolvimento, que
compromete diferentes áreas do comportamento de forma difusa e em caráter
permanente (APA, 1989).
Os critérios de diagnóstico segundo o DSM-IV são os seguintes:
F84.0 - 299.00 Transtorno Autista
A. Um total de seis (ou mais) itens de (1), (2) e (3), com pelo menos dois de (1), um
de (2) e um de (3):
(1) prejuízo qualitativo na interação social, manifestado por pelo menos dois dos
seguintes aspectos:
(a) prejuízo acentuado no uso de múltiplos comportamentos não-verbais, tais como
contato visual direto, expressão facial, posturas corporais e gestos para regular a
interação social
(b) fracasso em desenvolver relacionamentos com seus pares apropriados ao nível
de desenvolvimento
(c) falta de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações
com outras pessoas (por ex., não mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse)
(d) falta de reciprocidade social ou emocional
(2) prejuízos qualitativos na comunicação, manifestados por pelo menos um dos
seguintes aspectos:
(a) atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem falada (não
acompanhado por uma tentativa de compensar através de modos alternativos de
comunicação, tais como, gestos ou mímica)
(b) em indivíduos com fala adequada, acentuado prejuízo na capacidade de iniciar
ou manter uma conversação
(c) uso estereotipado e repetitivo da linguagem ou linguagem idiossincrática
(d) falta de jogos ou brincadeiras de imitação social variados e espontâneos
apropriados ao nível de desenvolvimento
(3) padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades,
manifestados por, pelo menos, um dos seguintes aspectos:
(a) preocupação insistente com um ou mais padrões estereotipados e restritos de
interesse, anormais em intensidade ou foco
(b) adesão aparentemente inflexível a rotinas ou rituais específicos e não-funcionais
19
(c) maneirismos motores estereotipados e repetitivos (por ex., agitar ou torcer mãos
ou dedos, ou movimentos complexos de todo o corpo)
(d) preocupação persistente com partes de objetos
B. Atrasos ou funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes áreas, com
início antes dos 3 anos de idade: (1) interação social, (2) linguagem para fins de
comunicação social, ou (3) jogos imaginativos ou simbólicos.
C. A perturbação não é melhor explicada por Transtorno de Rett ou Transtorno
Desintegrativo da Infância
F84.5 - 299.80 Transtorno de Asperger
A. Prejuízo qualitativo na interação social, manifestado por, pelo menos, dois
dos seguintes quesitos:
(1) prejuízo acentuado no uso de múltiplos comportamentos não-verbais, tais
como contato visual direto, expressão facial, posturas corporais e gestos para
regular a interação social
(2) fracasso para desenvolver relacionamentos apropriados ao nível de
desenvolvimento com seus pares
(3) ausência de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou
realizações com outras pessoas (por ex., deixar de mostrar, trazer ou apontar
objetos de interesse a outras pessoas)
(4) falta de reciprocidade social ou emocional
B. Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses
e atividades, manifestados por, pelo menos, um dos seguintes quesitos:
(1) insistente preocupação com um ou mais padrões estereotipados e restritos
de interesses, anormal em intensidade ou foco
(2) adesão aparentemente inflexível a rotinas e rituais específicos e não
funcionais
(3) maneirismos motores estereotipados e repetitivos (por ex., dar pancadinhas
ou torcer as mãos ou os dedos, ou movimentos complexos de todo o corpo)
(4) insistente preocupação com partes de objetos
C. A perturbação causa prejuízo clinicamente significativo nas áreas social e
ocupacional ou outras áreas importantes de funcionamento
D. Não existe um atraso geral clinicamente significativo na linguagem (por ex.,
20
palavras isoladas são usadas aos 2 anos, frases comunicativas são usadas aos
3 anos)
E. Não existe um atraso clinicamente significativo no desenvolvimento cognitivo
ou no desenvolvimento de habilidades de auto-ajuda apropriadas à idade,
comportamento adaptativo (outro que não na interação social) e curiosidade
acerca do ambiente na infância
F. Não são satisfeitos os critérios para um outro Transtorno Invasivo do
Desenvolvimento ou Esquizofrenia
Transtorno Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra Especificação (incluindo
Autismo Atípico)
Esta categoria deve ser usada quando existe um prejuízo severo e invasivo no
desenvolvimento da interação social recíproca ou de habilidades de comunicação
verbal ou não verbal, ou quando comportamento, interesses e atividades
estereotipados estão presentes, mas não são satisfeitos os critérios para um
Transtorno Invasivo do Desenvolvimento específico, Esquizofrenia, Transtorno da
Personalidade Esquizotípica ou Transtorno da Personalidade Esquiva. Esta
categoria inclui, por ex., "Autismo Atípico" — apresentações que não satisfazem os
critérios para Transtorno Autista em vista da idade tardia de seu início,
apresentações com sintomatologia atípica, sintomatologia subliminar ou todas acima
Com base nestas definições, diversos estudos epidemiológicos já foram
desenvolvidos ao redor do mundo, sendo que as pesquisas mais atuais revelam
uma prevalência de autismo de 10/10.000 e de TID de 27,5/10.000 (Williams;
Brayne; Higgins, 2006). O primeiro estudo epidemiológico sobre autismo foi
realizado por Lotter, em 1966 na Inglaterra, que verificou uma taxa 4,1/10.000
para autismo infantil. Durante o período de 1966 a 1991, a taxa média de
prevalência para autismo infantil encontrada nos estudos era de 4,4/10.000.
21
Posteriormente, a prevalência atinge 12,7/10.000 nos estudos realizados até
2001.
Nota-se que houve um aumento na taxa de prevalência estimada por
estudos atuais. Este aumento se deve provavelmente à ampliação do conceito
ao longo do tempo e do maior conhecimento das condições médicas dos TID.
Além disso, fatores diversos, como diferenças metodológicas empregadas nas
pesquisas e maior aceitação da comorbidade do autismo como síndrome do X-
frágil, esclerose tuberosa, SD entre outras patologias contribuem para essa
variação (Fombonne, 2003; Williams; Brayne; Higgins, 2006). Finalmente,
existem evidências na literatura de que o TID é mais freqüente entre os meninos
que entre as meninas, numa proporção de 4 para 1 (Charman, 2002).
Atualmente, existem vários instrumentos para identificação de autismo e
TID, tanto instrumentos diagnósticos como de rastreamento. Os instrumentos
costumam levar em conta as descrições das famílias sobre o desenvolvimento
do individuo, seus padrões de comportamentos e informações de observação
direta dos indivíduos (Saemundsen e col., 2003). Entre os mais utilizados
podemos citar Autism Screening Questionnaire ASQ (Berument e col., 1999),
Childhood Autism Rating Scale CARS (Schopler e cols, 1980), Autism Behaviour
Checklist ABC (Krug; Arick; Almond, 1980), Autism Diagnostic Interview ADI (Le
Couter e cols, 1989), Autism Diagnostic Observation Schedule ADOS (Lord e
cols, 1989), Autism Diagnostic Interview-Revised ADI-R (Lord; Rutter; Le Couter,
1994).
22
2.1.2 SÍNDROME DE DOWN (SD)
A SD é dentre as anomalias cromossômicas a mais freqüente, além de ser a
principal causa genética da deficiência mental (DM). É uma cromossopatia que
apresenta um cromossomo 21 extra, caracterizando, assim, uma trissomia 21. É
uma anomalia que se manifesta independente de raça, etnia, sexo e classe social
(Pueschel, 1993 e Schwartzman, 1999).
Seu quadro é caracterizado por atraso no desenvolvimento, além de outros
problemas de saúde como: cardiopatia congênita (40%), hipotonia (100%),
problemas de audição (50 a 70%), de visão (15 a 50%), alterações na coluna
cervical (1 a 10%), distúrbios da tireóide (15%), obesidade e envelhecimento
precoce (Cooley; Graham, 1991).
A SD pode ser causada por três tipos fundamentais de comprometimento
cromossômico (Mustacchi; Peres, 2000):
trissomia simples que consiste na não disjunção do cromossomo 21.
Está relacionada com a idade materna avançada, pois na maioria dos
casos a não disjunção ocorre na ovogênese, favorecida pelo
envelhecimento dos ovócitos. Abrange cerca de 96% dos casos de SD
e geralmente não se repete nos outros filhos do casal;
translocação transmitida por genitores que apresentam em seu
cariótipo um cromossomo 15 ou 14 com um segmento sobreposto
originário do cromossomo 21. O genitor apresenta características
normais, pois sua translocação é equilibrada, porém pode gerar um
filho com SD. A translocação pode estar presente em um dos
genitores, recebida de gerações anteriores, ou ocorrer acidentalmente
na gametogênese de um deles. Constitui de 2
a 3% dos casos e em 2/3
23
dos casos os pais apresentam cariótipo normal (Métneki; Czeizel,
2005);
mosaicismo é caracterizado por no mínimo duas populações celulares
diferentes no mesmo indivíduo, ou seja, um percentual das células do
indivíduo é normal , apresenta 46 cromossomos, e outro percentual
possui 47 cromossomos, gerando uma forma parcial de trissomia. Não
há necessidade de uma real trissomia completa do cromossomo 21
para que se caracterize a SD; se o braço longo do cromossomo 21
estiver em excesso, isto já é o suficiente para caracterizar a SD. Esta
ocorrência é muito rara, sendo descrita em apenas 1 a 2% dos casos.
Várias têm sido as causas relatadas da SD, entre elas exposição de raios-X,
administração de certas drogas, problemas hormonais e imunológicos, infecções
virais especificas (Pueschel, 1993) além de, sífilis, insultos ambientais durante a
gravidez, alcoolismo, consangüinidade (Costa; Patterson, 2005). Embora seja
teoricamente possível que algumas destas circunstâncias levem a anormalidades
cromossômicas, não há evidências definitivas que qualquer dessas situações tenha
sido diretamente responsável pela SD em uma criança (Pueschel, 1993).
Existem registros antigos em relação à SD como o achado arqueológico de
um crânio saxônio, datado do séc VII, apresentando modificações estruturais vistas
com freqüência em crianças com SD. Pinturas antigas de artistas do séc XV como
Andréa Mantegna que apresentavam feições sugestivas da SD também marcam a
presença desse fenótipo ao longo da história. Porém, nenhum trabalho sobre
pessoas com SD foi publicado antes do séc XIX. Discutem-se várias razões para
isso, entre elas: a) poucas revistas médicas naquela época; b) poucos
pesquisadores interessados em crianças com problemas genéticos e deficiência
24
mental; c) infecções e desnutrição predominavam na época ofuscando os problemas
genéticos e de má-formação; d) somente metade das mães sobrevivia além dos 35
anos de vida (onde existe uma incidência maior); e) muitas crianças nascidas com
SD, provavelmente, morriam na primeira infância (Pueschel, 1993).
John Langdon Down, que trabalhava como superintendente do “Asilo para
Idiotas”, em 1866 escreveu um trabalho questionando porque algumas crianças,
mesmo filhas de pais europeus, eram tão parecidas entre si e tinham traços que
lembravam a população da raça mongólica, principalmente pela inclinação das
pálpebras, similares a dos asiáticos. Foi a partir deste trabalho que a SD se torna
uma entidade clínica distinta e separada, diferenciando-se do hipotireoidismo
congênito, chamado então na época de cretinismo (Pueschel, 1993 e Schwartzman,
1999).
De 1866 até 1876 nenhum trabalho foi publicado, até que J. Frase e A.
Mitchell descreveram pacientes com essa condição, denominando-os de “Idiotas
Kalmuck”. Chamaram a atenção para o pescoço encurtado (braquicefalia) e para a
idade mais avançada das mães quando deram à luz. Foram Frase e Mitchell quem
forneceram o primeiro relato cientifico da SD numa reunião em Edimburgo em 1875,
a partir da observação de 62 pessoas (Pueschel, 1993).
O século XX trouxe vários avanços ao estudo dos cromossomos humanos.
Em 1932, o oftalmologista holandês Waardenburg, sugeriu que a SD poderia
decorrer de uma aberração cromossômica. Dois anos mais tarde, em 1934, Adrian
Bleyer nos EUA, sugeriu que esta aberração poderia ser uma trissomia. Em 1956,
Tijo e Levan, estabeleceram que o número de cromossomos na espécie humana era
de 46, três anos mais tarde, em 1959, Dr. Jerome Lejeune e colaboradores
descrevem que a causa da SD é a presença de um cromossomo extra, ou seja, ao
25
invés das pessoas com SD terem 46 cromossomos, tem 47. Na mesma época,
quase que simultaneamente, Patrícia A. Jacobs e colaboradores também fizeram a
mesma descrição (Schwartzman, 1999). A partir de então, com o progresso cada
vez maior da ciência, vários estudos e descobertas têm sido realizados nesta área.
Com o avanço da genética molecular e o Projeto Genoma, através do mapeamento
do cromosssomo 21, observou-se um grande avanço nos estudos da SD, o fenótipo
que foi descrito em 1866 por Down, continua sendo válido.
A prevalência de crianças com SD vem sendo estudada em vários países
durante diversas épocas. Já em 1977, Zellweger aponta que a prevalência na
maioria dos países seria de um para 800-1000 nascidos vivos (Schwartzman, 1999).
Atualmente é descrita por vários autores variando entre 1/600 (Desai,1997), 1/700
(Kava e col., 2004), (Jaruratanasirikul, 2004) e até 1/800 (Costa; Patterson, 2005;
Roizen; Patterson, 2003) nascidos vivos.
Um importante estudo longitudinal realizado na Inglaterra durante vários
períodos compreendidos entre 1923 e 1985, mostrou que a prevalência de SD varia
de 1,05 até 1,51 por 1000 nascidos vivos (Steele; Stratford, 1995). Contudo, outras
pesquisas têm demonstrado que esta taxa pode ser mais elevada. Harplan estudou
42.000 partos que ocorreram em Jerusalém entre 1964 e 1970, onde foram
identificadas 103 crianças com SD, o que representa uma prevalência de 2,4:1000
(Schwartzman, 1999). Recentemente, um estudo longitudinal chileno, entre 1997 e
2003 verificou uma taxa média de 3/1.000 de SD entre os nascidos vivos (Ojeda;
Moreno, 2005).
Observa-se em estudos longitudinais que as taxas de prevalência apresentam
algumas variações sazonais e cíclicas. Alguns autores sugerem que quadros
26
infecciosos podem ter relação com estes picos observados, porém, não há
evidências conclusivas a respeito (Schwartzman, 1999).
Entre os fatores que podem contribuir para a maior prevalência da SD, o mais
importante é a idade materna. Já em 1876, Frazer e Mitchell chamaram atenção que
mulheres com mais de 35 anos apresentavam um risco maior de conceber filhos
com SD. A razão se dá, possivelmente, ao fato de que as mulheres já nascem com
seus óvulos, assim, ao engravidarem mais velhas, seus óvulos estão envelhecidos
(Schwartzman, 1999).
Embora a idade materna esteja relacionada com maior freqüência de SD, em
números absolutos prevalece a presença desse quadro em mães jovens. Um estudo
retrospectivo de pacientes com SD atendidos em um hospital no sul da Tailândia,
entre janeiro de 1992 e dezembro de 2002, identificou a idade materna média de
33,1 ± 6,6 anos ao nascimento das crianças (Jaruratanasirikul, 2004). Outro estudo
que também aponta um aumento na incidência relacionada a maior idade materna
foi feito na Hungria. A prevalência encontrada foi 1,17:1000 em 1970, aumentou
para 1,50:1000 entre 1989 e 1999 e chegou ao máximo de 1,77:1000 em 1992. Uma
das causas apontadas para este aumento é o número maior de mulheres acima de
35 anos que engravidaram (Metneki; Czeizel, 2005). Outro estudo que foi realizado
em um hospital no Chile, mostra um alto índice de prevalência da SD, além de um
aumento de duas vezes o risco de mães com menos de 35 anos terem seus filhos
com SD naquele hospital, quando comparado com o resto do país (Ojeda; Moreno,
2005).
A SD pode ser diagnosticada no período neonatal por sinais fenotípicos, entre
eles: reflexo de Moro hipoativo, hipotonia, face com perfil achatado, fissuras
palpebrais com inclinação para cima, orelhas pequenas, excesso de pele na nuca,
27
prega palmar única, hiperextensão das grandes articulações. Porém, devemos
ressaltar que para o conhecimento atual a confirmação do diagnóstico é feita pelo
estudo cromossômico (Schwartzman, 1999).
Com o avanço da ciência, principalmente, em relação ao seqüenciamento de
cromossomos, várias pesquisas têm sido realizadas. Estudos recentes do
seqüenciamento do cromossomo 21 têm ajudado muito na correlação genótipo-
fenótipo, sendo que, pelo menos 31 genes estão envolvidos na patogênese da SD
(Hattori; Fujiyama; Taylor, 2000; Roizen; Patterson, 2003).
2.2. PREVALÊNCIA DE TID EM INDIVÍDUOS COM SD
Evidências obtidas a partir de estudos epidemiológicos indicam que distúrbios
psiquiátricos são mais comuns em pessoas que apresentam um funcionamento
intelectual mais baixo (Gillberg e col., 1986; Myers; Pueschel, 1991). Se, por um
lado, a existência de correlação entre TID e SD foi descrita como relativamente rara
por alguns autores (Gath; Gumley, 1986), certos trabalhos na literatura sugerem que
as duas condições podem coexistir mais comumente e que a prevalência seria
elevada, variando entre 5 e 9% de autismo em pacientes com SD (Artigas-Pallarés;
Gabau-Vila; Guitart-Feliubadaló, 2005), dependendo da metodologia aplicada e do
critério de diagnóstico utilizado (Starr e col., 2005).
Vários parecem ser os motivos para essas discrepâncias encontradas na
literatura. Entre eles, podemos citar o enviesamento da amostra. Existe uma grande
variação da amostra utilizada nos estudos, ou seja, alguns estudos utilizaram
amostras só de pessoas com SD, outros utilizaram amostras com SD e retardo
mental e, por fim, um terceiro grupo que utilizou amostras de pessoas com
deficiência mental, onde foi retirado um sub-grupo de SD. Outro fator seria os
28
instrumentos utilizados. Como na maioria dos trabalhos o objetivo era pesquisar
distúrbios psiquiátricos, os instrumentos utilizados variaram muito, ou seja, foram
utilizados instrumentos para distúrbios psiquiátricos e entrevistas, e não,
instrumentos específicos para avaliação de TID.
Apenas um estudo foi realizado com o objetivo especifico de saber a
prevalência de TID em crianças e adolescentes com SD, por Kent e col. (1999) em
South Birmingham, na Inglaterra. A população local foi estimada em 70.000 crianças
e adolescentes. Através de 3 estratégias, i) escolas especiais e creches inclusivas,
ii) 3 clínicas de desenvolvimento infantil da região, iii) associação local de pessoas
com SD, 58 crianças e adolescentes com SD, entre 2 e 15 anos, foram identificadas.
Cada criança recebeu a visita em sua casa de um profissional, que fez uma
entrevista aplicando o CARS e seus pais responderam o Asperger's Syndrome
Screening Questionnaire (ASSQ). Quando houve pontuação para o diagnóstico de
autismo, segundo o critério da CID-10, a criança foi observada e uma entrevista foi
aplicada por uma fonoaudióloga em sua escola. Trinta e três crianças e
adolescentes completaram o protocolo, 18 meninos e 15 meninas, sendo que 3
delas receberam o diagnóstico de autismo atípico e 1 de autismo infantil. Portanto, a
prevalência estimada de autismo em SD seria de 7%.
Frente ao pequeno número de trabalhos dirigidos à relação SD e autismo,
apresentaremos a seguir, os trabalhos que exploram a relação de transtornos
psiquiátricos e DM.
Gillberg e col. (1986) fizeram um estudo transversal na Suécia que tinha como
objetivo verificar aspectos epidemiológicos dos distúrbios psiquiátricos em
adolescentes com DM. 149 jovens, entre 13-17 anos, que viviam em Göteborg
participaram do estudo. Dentre os participantes 83 apresentavam DM leve (QI entre
29
50-70) sendo 2 com SD, e 66 DM grave (QI < 50), sendo 18 com SD. Todos os
jovens foram avaliados pessoalmente por especialistas na área de psiquiatria e um
de seus pais, preferencialmente as mães, responderam a uma entrevista que
continha perguntas sobre: sintomatologia psiquiátrica, fatores sociais e familiares,
saúde dos pais e irmãos, fatores hereditários, distúrbios somáticos importantes,
desenvolvimento e tratamento com outros médicos. O critério de diagnóstico
utilizado foi o DSM III. Vários foram os distúrbios psiquiátricos encontrados nos dois
grupos. No grupo de DM grave foram diagnosticados comportamentos psicóticos,
dificuldades social e de linguagem, dificuldade social severa e autismo. Já no grupo
de DM leve apareceram, além de comportamentos psicóticos, também desordens de
conduta e emocionais. Apenas um jovem com SD, que pertencia ao grupo de DM
grave, foi diagnosticado como tendo SD e autismo infantil, sendo assim a
prevalência encontrada de autismo, neste trabalho em pessoas com SD, seria então
de 5%.
Outro estudo que tinha como objetivo fornecer informações sobre a natureza
e prevalência dos distúrbios psiquiátricos em pessoas com SD foi realizado por
Myers e Pueschel (1991), nos EUA. Foram selecionados 425 pessoas (261 com
idade até 20 anos e 164 com 20 anos ou mais), através dos registros do Child
Development Center (CDC), da University Affiliated Program of Rhode Island
Hospital, e mais 72 adultos que residiam em uma escola especial pública na região.
O DSM III-R foi o critério de diagnóstico escolhido. Vários foram os transtornos
psiquiátricos observados nos 3 grupos, entre eles, déficit de atenção, distúrbios de
conduta, oposição, agressividade, ansiedade e comportamentos repetitivos. No
grupo de adultos do CDC a depressão é o diagnóstico que mais aparece, enquanto
no grupo dos que residem na escola pública, a demência chama a atenção. O
30
diagnóstico de autismo tem prevalência de 1,1% no grupo até 20 anos, ou seja,
aparece em 3 casos, e de 1,2% (2 casos), nos que tem 20 anos ou mais. Nos
residentes da escola pública, ninguém apresentou o diagnóstico.
Entre dezembro de 1983 e maio de 1984, Lund (1988) avaliou 44 adultos,
com idade 20 anos, com SD, e 258 pessoas nas mesmas condições de idade, com
DM sem SD, na Dinamarca. Foram utilizados vários instrumentos de diagnóstico e
entrevistas. Os parâmetros utilizados foram: i) diagnóstico psiquiátrico baseado nos
critérios de diagnóstico de pesquisa, ii) problemas de comportamento com ou sem
consciência social, de acordo com MRC-HBS (Schedule of Handicaps, Behavior and
Skills), iii) traços neuróticos, iv) qualidade na interação social. Distúrbios psiquiátricos
foram encontrados em 11 pessoas com SD. Cinco pessoas, 4 homens e 1 mulher,
no grupo de SD apresentaram sintomas de autismo entre eles: contato autístico,
impedimentos severos na linguagem, comportamentos estereotipados, além de que,
todos tinham retardo mental severo. A taxa de prevalência neste trabalho de autismo
em SD foi de 11,3%.
Em uma escola em Londres, durante o período de 1979-1982, 193 crianças
com SD (6-16 anos) e 154 crianças pareadas de acordo com idade, sexo e grau de
deficiência física e mental foram avaliadas por psicólogos. Os pais do grupo com SD
participaram de entrevistas semi-estruturadas, em suas residências, onde foram
utilizados o Rutter Behavior Scale A2, Adaptative Behavior Scale- part 1 e ABC. Em
seguida, a professora da escola foi procurada para completar as entrevistas. A partir
desses dados, o grupo controle foi escolhido. No grupo de SD, 2 meninos (1%)
apresentaram diagnóstico de autismo infantil, 13 meninos e 8 meninas apresentaram
distúrbio de conduta social, enquanto que no grupo controle 2 meninos e 1 menina
31
tiveram diagnóstico de autismo (1,9%) e 4 meninos e 12 meninas diagnóstico de
distúrbio de conduta social (Gath; Gumley,1986).
Outro estudo de caso controle foi realizado por Collacott; Cooper; Mc Grother
(1992) em Leicestershire, na Inglaterra. Através dos registros do Serviço Nacional de
Saúde, Serviço Social e de informações de médicos foram identificados 378 adultos
com SD, que foram pareados com 317 adultos com DM por idade, sexo e área de
residência. Entrevistas e avaliações foram realizadas em todos os participantes, e o
critério de diagnóstico foi o CID-9. Dos 378 com SD, 74,1% não apresentaram
distúrbios psiquiátricos, enquanto que no grupo controle, 62,3%. Os distúrbios que
apresentaram diferenças significativas foram depressão e demência para SD e
desordens de conduta, de personalidade e esquizofrenia para o grupo controle.
Quanto ao diagnóstico de autismo, 8 casos, ou seja, 2,2%, estavam no grupo de SD
e 16 (4,3%) no grupo sem SD. Porém, não há diferença significante quando
analisado estatisticamente, ou seja a proporção se mantém igual nos dois grupos.
Evidências acerca da associação entre autismo e SD foram relatadas em
estudos de caso controle que procuraram explorar de maneira sistemática essa
possível relação. Rasmussen e col. (2001) estudaram 25 indivíduos com SD e
autismo, 12 do sexo feminino e 13 masculino, que freqüentavam a clínica pediátrica
de neuropsiquiatria do Queen Silvia Children’s Hospital em Göteborg, na Suécia. Um
protocolo extenso foi desenvolvido onde incluía: i) entrevistas detalhadas com os
pais sobre desenvolvimento, psiquiatria, hereditariedade, fatores psicossociais,
aspectos da pré-escola, ensino fundamental e aspectos vocacionais, ii) questionários
completos sobre comportamento com os pais ou cuidadores, iii) avaliação do nível
intelectual e cognitivo, iv) exame médico e psiquiátrico, v) histórico médico relevante.
Além de testes formais como o CARS e o ABC. Vários fatores foram estudados por
32
conta da importância da psicogenética do desenvolvimento do autismo. Entre eles:
hereditariedade e fatores familiares, fatores pré-natais, perinatais, neonatais,
epilepsia, desordens da tireóide entre outros. Como conclusão os autores relatam
que: i) o autismo pode ser considerado uma possível comorbidade nos casos de SD,
ii) a família e os professores precisam de mais informações para intervenções, iii)
certos mecanismos patogênicos (fatores genéticos, epilepsia, hipotireoidismo e
danos cerebrais precoces e severos) podem contribuir com o desenvolvimento da
síndrome autista em alguns casos.
Em um estudo recente, Capone e col. (2005) triaram da Clínica de SD do
Kennedy Krieger Instituto, entre 1991-2001, 131 indivíduos com SD. Os mesmos
foram divididos em 3 grupos: i) ASD - 61 crianças com SD e que apresentavam
diagnóstico de autismo, TID ou Distúrbio Desintegrativo da Infância (CDD) segundo
critério do DSM-IV, ii) SMD - 26 crianças com SD e distúrbios de movimentos e
estereotipias que entravam no DSM-IV sem ter o diagnostico de autismo, TID ou
CDD, iii) SD típicos, sem distúrbios psiquiátricos. O trabalho tinha como objetivo: i)
descrever atributos cognitivos e de comportamentos em crianças com SD com
distúrbios do espectro autista, ii) diferenciar sujeitos com SD e ASD dos sujeitos com
SD típicos, iii) determinar a utilidade em usar o ABC para caracterizar estas pessoas
para futuros estudos incluindo intervenção farmacológica. Dentre todos os sujeitos
identificados como ASD e SMD (n=87), 41 crianças apresentaram autismo, 26
apenas estereotipias, 12 distúrbio desintegrativo da infância e 8 TID.
Vários trabalhos têm sido publicados relatando casos de SD apresentando
sintomatologia autística. Bregman; Volkmar (1988) relataram o caso de uma menina
de 12 anos com retardo mental grave e habilidades não verbais. Foi avaliada
segundo os critérios do DSM III, DSM III R. Em outro trabalho são apresentados 4
33
casos de meninos diagnosticados como SD e autismo segundo o CID 10 e DSM III
R. Em todos os casos os pais relataram a dificuldade de se obter o diagnóstico de
autismo, pois sempre os sintomas de autismo eram atribuídos ao retardo mental
(Howlin; Wing; Gould, 1995).
Ghaziuddin; Tsai; Guaziuddin (1992) descreveram 3 casos que se encaixaram
nos critérios do DSM III-R e que apresentaram um score para autismo através do
Autism Behaviour Checklist (ABC). Desses 3 casos, dois apresentavam deficiência
mental severa e um moderada.
34
3 MÉTODO:
3.1 ÁREA GEOGRÁFICA DO ESTUDO
Estudo de corte seccional, com coleta de dados na população com SD, entre
5 e 19 anos , residente na cidade de Curitiba, no Estado do Paraná.
3.1.1 Período de realização da pesquisa
Esta pesquisa realizou-se nos meses de janeiro a junho de 2006.
3.1.2 Local
Este estudo foi realizado na cidade de Curitiba, capital do Estado do Paraná,
localizada na região sul do Brasil.
Curitiba possui uma população de 1.587.315 habitantes, segundo o censo do
IBGE de 2000, e estimada em 1.757.904 pessoas para 2005, sendo considerada a
7ª cidade mais populosa do Brasil. IDH = 0,856 (16 em 5.507 municípios).
A cidade de Curitiba é a única cidade do Brasil, que tem um ambulatório de
SD, ligado ao Hospital de Clínicas da Faculdade Federal do Paraná. Este
ambulatório atende em média, 80 pessoas com SD por mês.
3.2 AMOSTRA
Na cidade de Curitiba, segundo censo 2000 do IBGE, há 420.013 crianças
e adolescentes entre 5 e 19 anos. Baseado na prevalência de SD, a cada 800
nascimentos 1 apresentará SD (Costa; Patterson, 2005; Roizen; Patterson, 2003), e
35
subtraindo 30% por conta das mortes prematuras, muito comum nesta população,
estimamos que existem 368 pessoas com SD nesta faixa etária.
Para a realização deste estudo, foram procuradas todas as escolas
especiais que estão localizadas na cidade de Curitiba, 9 entre públicas e privadas, o
ambulatório de SD do Hospital de Clínicas da Faculdade Federal do Paraná e a
“Associação Reviver Down”, associação local formada por pais e profissionais.
3.2.1 Critérios de inclusão
Todas as crianças e adolescentes com SD, entre 5 e 19 anos, que residem na
cidade de Curitiba no ano de 2006.
3.2.2 Perda amostral
Participaram deste estudo 205 pais de crianças e adolescentes com SD, entre
5 e 19 anos; destes, 25 pessoas recusaram ou não puderam participar do estudo, e
1 questionário foi invalidado, representando uma perda amostral de 12,6%.
3.3 INSTRUMENTOS
3.3.1 Questionário de identificação
Foram incluídas neste questionário perguntas de identificação do indivíduo e
de seus familiares, como idade, escolaridade, tipo de escola que freqüenta. Além do
Critério de Classificação Econômica do Brasil – Associação Brasileira de Empresas
de Pesquisa (CCEB- ABEP). (Anexo C). Neste questionário, as classes de renda
foram separadas em cinco grupos (classes A, B, C, D, E) de acordo com o número
de pontos obtidos em relação à escolaridade do chefe da família e aos bens
36
materiais (número de automóveis, banheiros, aspirador de pó, rádio, vídeo-cassete,
geladeira, máquina de lavar roupa e empregada mensalista que a família contrata
para trabalhar em casa). Sendo a classe ‘A’ a mais alta, e a classe ‘E’ a mais baixa.
3.3.2 Questionário ASQ
O instrumento utilizado foi o ASQ (Autism Screening Questionnaire)
(Berument e col., 1999). É um instrumento de rastreamento para autismo/TID., auto-
aplicável que deve ser respondido por pais ou cuidadores.
É formado por 40 questões fechadas que têm como respostas, sim e não.
Essas questões são relativas a: i) interação social recíproca, ii) comunicação e
linguagem, iii) padrões de comportamento estereotipados e repetitivos e iv)
funcionamento atual da linguagem. Esse questionário é fruto de estudos de análise
fatorial do ADI-R ( Autism Diagnostic Interview- Revised).
O ASQ é um instrumento de grande utilidade para estudos epidemiológicos
ou quando, o objetivo da pesquisa é comparar características do espectro autista
entre grupos de autismo e outras condições clínicas.
A pontuação é feita de acordo com cada questão, ou seja, é considerada um
ponto quando a resposta da pergunta apresenta um comportamento anormal, ou
seja uma característica para diagnóstico de TID. Portanto, não é em cada resposta
sim que pontuamos, pois podem haver questões que a pontuação se dá na resposta
não.
Os pontos de corte classificam os indivíduos em 3 escalas: sem diagnóstico
(< 15), TID ( > 15 e < 22) e autismo ( > 22). Este instrumento está em fase de
validação no Brasil, mas mesmo sabendo desta limitação, achamos que é o melhor
37
instrumento para ser aplicado em grandes populações como fase inicial de um
estudo. (Anexo D)
3.3.3 Questionário história familiar
São perguntas que pesquisam o histórico familiar dos indivíduos relacionado
à distúrbios psiquiátricos, dificuldades de sociabilidade, transtornos de
aprendizagem, epilepsia e doenças genéticas. (protocolo fornecido pelo Prof.
Gillberg) (Anexo E).
3.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS
A pesquisadora fez primeiramente contato com o Ambulatório de SD do
Hospital de Clínicas da UFP, com a Associação Reviver Down, e com o geneticista
Dr. Rui Pilloto que atende a várias instituições locais.
Uma visita foi realizada a todas as escolas especiais da cidade, bem como no
Ambulatório e na Associação. Os questionários foram distribuídos aos
coordenadores para que fossem entregues aos pais das crianças e jovens com SD
entre 5 e 19 anos, para que os mesmos preenchessem e devolvessem novamente à
instituição. A orientação dada foi que caso os pais solicitassem ajuda, o máximo que
poderia ser feito, era a leitura do questionário, e que nenhuma explicação de
interpretação fosse dada (mesmos procedimentos adotados no estudo de validação
que está sendo realizado pelo nosso grupo).
Os questionários foram entregues no mês de Abril e recolhidos no mês
de Maio de 06. Na associação e no ambulatório, os questionários foram preenchidos
por pais que tiveram atendimento dos seus filhos ou que compareceram para
alguma reunião durante este período.
38
3.5 ANÁLISE DOS DADOS
A análise descritiva dos dados foi realizada no Programa Excel. Foram
incluídas todas as variáveis respondidas nos questionários de identificação, do
histórico familiar e do resultado de cada questão do ASQ e sua pontuação.
Os dados foram analisados pelo SPSS (v.13). A distribuição mostrou-se
normal, testes de qui-quadrado e t-Student foram utilizados para comparar os
grupos. Significância de 5% foi admitida.
3.6 ASPECTOS ÉTICOS
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, sendo seu protocolo número 876/06/05.
3.7 SIGILO
As informações e o anonimato dos participantes serão mantidos em sigilo.
39
4 RESULTADOS
Das 179 crianças e adolescentes com SD estudados, 50,83% (n=91) eram
meninos e 49,16% (n=88) meninas (χ
2
(3.6)=2, p=0.16), com idade média de 9, 86
(DP= 3,99).
Encontrou-se 28 casos que pontuaram acima de 15 na ASQ, significando uma
freqüência de 15,6% (TID
total
) em SD, sendo 5,58% de autismo (acima de 22
pontos) e 10,05% TID
soe
(entre 15 e 22). Não foi observada diferença entre sexos
no diagnóstico de SD/TID
soe.
(
tabela 1).
Tabela 1 – Freqüência de síndrome de Down (SD), Síndrome de Down com TID
sem autismo
(SD/TID
soe
) e síndrome de Down com autismo (SD/aut)
SD (%) SD/TID
total
(%)
SD/TID
soe
(%) SD/aut (%)
Homens 74 (41,34) 17 (9,49) 9 (5,02) 8 (4,46)
Mulheres 77 (43,01) 11 (6,14) 9 (5,02) 2 (1,11)
Total 151 (84,37) 28 (15,64) 18 (10,05) 10 (5,58)
χ
2
(3.6)=2, p=0.16
A idade média paterna encontrada foi de 44,45 (DP=9,60), enquanto que a
idade materna era 42,10 (DP=12,85), não foi observada diferença na distribuição do
diagnóstico segundo a classe social. (tabela 2)
Tabela 2: Distribuição de diagnóstico DS e DS/TID
total
de acordo com a classe sócio-
econômica.
CSE DS (%) DS/TID
total
(%)
Alta 39/45 (86.67) 6/45 (13.33)
Média 59/67 (88.06) 8/67 (11.94)
Baixa 49/61 (80.33) 12/61 (19.67)
χ
2
(1.63)=2, p=0.44
40
A análise dos dados de histórico familiar revela que dificuldade de
sociabilidade apresenta diferença entre SD e SD/TID (Tabela 3)
Tabela 3: Distribuição das variáveis do histórico familiar
SD (%) SD/TID
total
(%)
História
Familiar
Sim (n) Não (n) Sim (n) Não (n)
Dificuldades
Sociais
12 126 7 18 P= 0.01
Transtornos
Aprendizagem
58 77 12 14 P= 0.83
Distúrbios
Psiquiátricos
42 96 7 18 P= 1.0
Doenças
Genéticas
85 53 12 13 P= 0.26
Epilepsia 14 122 2 24 P= 1.0
O ASQ divide suas questões em três grandes grupos: sociabilidade,
comunicação e comportamentos estereotipados e repetitivos. De acordo com a
população analisada, podemos observar que a área de maior prejuízo para esta
população é a comunicação. (GRÁFICO 1)
41
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
2 3 4 5 6 21222324253435 9 101120262728293031323336373940 7 8 121314161719
comunic
sociab
repetit
Gráfico 1 Perfil dos sintomas do espectro dos transtornos invasivos do desenvolvimento, de
acordo com ASQ, na população estudada (n= 179)
42
5 DISCUSSÃO
Esse estudo encontrou uma taxa de 15,6% de TID em SD, taxa, essa, duas
vezes mais alta que a encontrada por Kent e col. (1999), que realizou o único estudo
epidemiológico com objetivo de verificar a taxa de autismo em crianças e jovens com
SD. Mesmo considerando os trabalhos publicados na literatura que mostram taxas
de autismo em pessoas com SD entre 1 a 11% (Gath; Gumley, 1986; Lund, 1988;
Colacott ; Cooper; Mc Grother, 1992; Ghazidiuddin; Tsai; Guaziuddin, 1992; Kent e
col., 1999), esse estudo sugere que SD seria um fator de risco para TID quando
consideramos uma população sem deficiência mental.
A maioria dos estudos mostra taxas relativamente baixas, entre 1 e 5% (Gath;
Gumley, 1986; Myers; Pueschel, 1991; Colacott; Cooper; Mc Grother, 1992).
Fatores como a ampliação do conceito de TID ao longo do tempo e a maior
capacidade no reconhecimento desses casos são as justificativas para essas
disparidades (Fombonne, 2003 e Williams; Brayne; Higgins, 2006). Por exemplo, o
DSM III foi utilizado como critério de diagnóstico por Gillberg e col. (1986), DSM III-R
por Myers; Pueschel (1991), o CID 9 por Collacott; Cooper; Mc Grother (1992) e o
DSM IV por Kent e col. (1999). Outro fator relevante é a variedade de instrumentos
utilizados para diagnóstico, com sensibilidade e especificidade distintas. Kent e col.
utilizaram o ASSQ (Asperger's Syndrome Screening Questionnaire) que foi
respondido pelos pais, e depois através de uma entrevista com observação foi
aplicado o CARS (The Childhood Autism Rating Scale), instrumentos específicos
para buscar TID. Uma entrevista semi-estruturada com os pais em suas residências,
e o preenchimento de instrumentos como Rutter Behaviour Scale A2, Parte 1 do
Adaptative Behaviour Scale e Additional Behaviour Checklist foram usados por Gath;
43
Gumley (1986), na busca de problemas de conduta em pessoas com SD pareadas
com pessoas com DM.
A taxa encontrada em nosso estudo está entre as mais altas já publicadas,
talvez, devido às características do instrumento utilizado nesta etapa do estudo, o
ASQ, um instrumento de triagem baseado no DSM IV e o CID 10 para diagnóstico.
Em estudos epidemiológicos para autismo com grande população o instrumento de
triagem é o primeiro que deve ser utilizado para que se faça uma triagem dos
possíveis casos a serem diagnosticados. Em seguida, outros instrumentos como
entrevistas semi-estruturadas e com observação são fundamentais para que se
possa fechar o diagnóstico (Berument e col., 1999). Alguns fatores devem ser
considerados para a escolha de um bom instrumento de triagem. Entre eles estão
incluídos: praticidade, custo, fácil administração do instrumento, especificidade e
sensibilidade aceitável, tempo necessário para a visita e para aplicação do
instrumento, aplicação do instrumento por não só profissionais médicos, facilidade
do entendimento das perguntas, das pessoas que irão responder o instrumento
(Dumont-Mathieu; Fein, 2005). O ASQ foi desenvolvido por Michael Rutter e
Catherine Lord para ser utilizado como primeiro instrumento em indivíduos que
parecem ter TID, por isso nossa escolha por ele para um estudo de grande
população (Berument e col., 1999). Além de que a idade da nossa amostra era
compatível com a preconizada pelos autores. Suas questões são bem específicas na
busca de sinais que indicam o diagnóstico de TID, a partir do ADI-R (Autism
Diagnostic Interview Review) utilizando o DSM IV e o CID 10 para diagnóstico.
Considerando estes fatores, acreditamos que na segunda etapa da pesquisa, onde
entrevistas e observação dos pacientes que pontuaram para TID serão realizadas,
44
essa taxa poderá sofrer uma redução, talvez se aproximando de trabalhos anteriores
como de Lund (1988) e Kent e col. (1999).
Interessante notar que, embora SD pareça ser um fator de risco para o
desenvolvimento de TID, quando comparamos a freqüência encontrada na
população sem DM, podemos considerar que, talvez, a SD seja fator de proteção
para TID, comparado com pessoas com DM. Gillberg e col. em 1986 encontrou na
população com SD uma prevalência de 5% em autismo, enquanto que na população
com DM esta prevalência passa para 15%. Outro trabalho que mostra uma diferença
grande entre as duas populações é o de Gath; Gumley (1986), na população com
SD a taxa foi de 1% e na população com DM de 1,9%. Colacott; Cooper; Mc Grother
(1992) também encontrou a mesma diferença entre as populações, 2,2% e 4.3%
respectivamente para SD e DM. Nosso estudo não permite discutirmos se SD é um
fator de risco ou proteção dentro das deficiências mentais, devido a ausência de um
grupo controle de pessoas com DM sem SD. É importante considerarmos que os
estudos não diferenciam a comorbidade de autismo e DM, segundo a gravidade do
retardo mental. Uma questão a ser esclarecida é se a maior freqüência de autismo
em DM do que em SD seria devido ao maior prejuízo cognitivo no grupo de DM sem
SD.
Assim como em outros estudos (Kent e col., 1999; Klin, 2006), não
encontramos diferença de gênero no grupo TID/SD. No caso do autismo, verifca-se
uma prevalência maior em meninos, na proporção de 4:1 (Charman, 2002; Klin,
2006). Essa variação de gênero parece estar relacionada com o nível intelectual,
sendo maior entre os portadores de TID com nível intelectual normal (Klin, 2006).
Ainda não está claro porque as mulheres têm uma menor prevalência quando se
trata de TID sem retardo mental. Uma possibilidade é de que os homens possuam
45
um limiar mais baixo para a disfunção cerebral do que as mulheres, ou, ao contrário,
de que um prejuízo cerebral mais grave poderia ser necessário para causar autismo
em uma menina. De acordo com essa hipótese, quando uma pessoa com autismo
for uma menina, ela teria maior probabilidade de apresentar prejuízo cognitivo grave.
Várias outras hipóteses foram propostas, incluindo a possibilidade de que o autismo
seja uma condição genética ligada ao cromossomo X (dessa forma tornando os
homens mais vulneráveis), mas atualmente os dados ainda são limitados para
possibilitar quaisquer conclusões.
No questionário sobre história familiar os itens sobre transtorno de
aprendizagem, distúrbios psiquiátricos, doenças genéticas e epilepsia não
apresentaram diferença, ao contrário do item sobre dificuldades sociais. Os vários
estudos que têm sido realizados com pessoas com autismo e seus familiares
sugerem uma base genética para o autismo. Dados indicam que pais de crianças
com autismo apresentam mais transtornos psiquiátricos comparados com pais de
crianças com outros diagnósticos clínicos (não psiquiátricos), sendo atribuído a isso
um risco genético (Yirmiya; Shaked, 2005). Essa característica de herdabilidade tem
sido descrita em vários transtornos psiquiátricos, como nos transtornos de
linguagem, de aprendizado e esquizofrenia, sugerindo importante efeito genético
(Bishop, 2001; Hackman, 2002). Interessante que nessas condições o risco está
aumentado para o desenvolvimento desses mesmos distúrbios, assim como para
outros transtornos psiquiátricos (Yirmiya; Shaked, 2005). Já nos estudos com
familiares de pessoas com TID, têm sido descrito freqüências aumentadas de
déficits na linguagem, dificuldades sociais e comportamentos estereotipados em
parentes de primeiro grau (Gillberg; Gillberg; Steffenburg, 1992; Bolton e col., 1994;
Le Courteur e col., 1996). Na população com SD/TID alguns distúrbios foram
46
encontrados em parentes de primeiro e segundo grau, como, transtornos de déficit
de atenção ou dificuldades de aprendizado, além de traços compulsivos e
ritualísticos e déficits sociais (Ghaziuddin, 2000; Rasmussen e col., 2001). Diferente
do descrito na literatura, esse estudo encontrou apenas alterações nos padrões de
sociabilidade e não do aprendizado. Essas alterações parecem ser segregadas em
determinados grupos familiares, sugerindo que possa existir um sub-grupo de TID
relacionado, o que é motivo para novos estudos.
47
6 CONCLUSÃO
A taxa de TID nesse estudo de triagem em crianças e adolescentes com SD,
entre 5 e 19 anos moradores da cidade de Curitiba, foi de 15,6%. Não existe
diferença de gênero para diagnóstico de TID nesta população.
Uma segunda etapa deste estudo deverá ser realizada, aumentando o
número de participantes e para os casos que pontuaram acima de 15 no ASQ,
deverá ocorrer uma avaliação clínica.
Novos estudos de prevalência devem ser realizados, além de estudos de
caso controle para conhecermos e assim, podemos melhor tratar os casos de
SD/TID. É importante que o TID seja reconhecido e identificado nas pessoas com
SD, assim suas famílias e as próprias pessoas poderão receber orientações
adequadas e apoio, a fim de garantir uma qualidade de vida melhor.
48
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Médicas:1993.351p.
53
ANEXOS
ANEXO A Carta de consentimento aos pais
ANEXO B Carta de informação à instituição
ANEXO C Questionário de identificação
ANEXO D Questionário ASQ
ANEXO E Questionário história familiar
54
CARTA DE INFORMAÇÃO AO SUJEITO DA PESQUISA
O presente trabalho se propõe a verificar a prevalência do transtorno invasivo do desenvolvimento através do ASQ, atual
SCQ (Questionário de avaliação da comunicação e sociabilidade). Para tanto, serão avaliadas crianças e jovens entre 5 e 19
anos. Uma vez que o questionário é auto-aplicável, os pais e ou responsáveis pelas crianças e jovens receberão para responder
na APAE, após o contato inicial com as famílias, e aceitação na participação. Após o recebimento destes questionários serão
codificados de maneira que apenas os investigadores principais possam identificar os participantes. A divulgação do trabalho
tem finalidade acadêmica, e irá contribuir para as pesquisas futuras. Aos participantes cabe o direito de retirar-se do estudo
em qualquer momento, sem prejuízo algum. Caso a análise do questionário sugira a necessidade de uma avaliação
especializada, os pais serão notificados e orientados.
Os dados coletados serão utilizados na dissertação de Mestrado da Cirurgiã-Dentista Rosane Lowenthal, aluna do Programa
de Mestrado em Distúrbios de Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
____________________________ _____________________________
Rosane Lowenthal Marcos Tomanik Mercadante
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Tel: 11-3236-8707
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pelo presente instrumento, que atende às exigências legais, o(a) senhor(a)
_________________________________, sujeito de pesquisa, após leitura da CARTA DE INFORMAÇÃO AO SUJEITO
DA PESQUISA, ciente dos serviços e procedimentos e do explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO de concordância em particular da pesquisa proposta.
Fica claro que o sujeito de pesquisa ou seu representante legal podem, a qualquer momento, retirar seu CONSENTIMENTO
LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar do estudo alvo da pesquisa e fica ciente que todo trabalho realizado torna-se
informação confidencial, guardada por força de sigilo profissional.
São Paulo,_______de ____________________________de ____________
Nome e Assinatura do sujeito ou seu representante legal
55
CARTA DE INFORMAÇÃO À INSTITUIÇÃO
Esta pesquisa tem como intuito verificar a prevalência do transtorno invasivo do desenvolvimento através do ASQ, atual
SCQ (Questionário de avaliação da comunicação e sociabilidade).. Para tanto, serão avaliadas crianças e jovens entre 5 e 19
anos. Uma vez que o questionário é auto-aplicável, os pais e ou responsáveis pelas crianças e jovens receberão para responder
na APAE, após o contato inicial com as famílias, e aceitação na participação.
Para tal solicitamos autorização desta instituição para a triagem de colaboradores, e para a aplicação de nossos instrumentos
de coleta de dados: o material e o contato interpessoal não oferecerão riscos de qualquer ordem aos colaboradores e à
instituição.
Os indivíduos não serão obrigados a participar da pesquisa, podendo desistir a qualquer momento. Tudo o que for falado será
confidencial e usado sem a identificação do colaborador e dos locais. Quaisquer duvidas que existirem agora ou depois
poderão ser livremente esclarecidas, bastando entrar em contato conosco no telefone abaixo mencionado.
De acordo com esses termos, favor assinar abaixo. Uma copia ficará com a instituição e outra com os pesquisadores.
______________________________ ___________________________
Rosane Lowenthal Marcos Tomanik Mercadante
Universidade Presbiteriana Mackenzie
11-3236-8707
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pelo presente instrumento, que atende às exigências legais, o(a) senhor(a) _________________________,
sujeito de pesquisa, após leitura da CARTA DE INFORMAÇÃO AO SUJEITO DA PESQUISA, ciente dos
serviços e procedimentos aos quais será submetido, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e do
explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO de concordância em participar da pesquisa
proposta.
Fica claro que o sujeito de pesquisa ou seu representante legal podem, a qualquer momento, retirar seu
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar do estudo alvo da pesquisa e fica ciente que
todo trabalho realizado torna-se informação confidencial, guardada por força do sigilo profissional.
São Paulo,....... de ..............................de..................
Assinatura do representante da instituição
56
PROTOCOLO DE IDENTIFICAÇÃO
Nome: ____________________________________________________________
Data de Nascimento: __________________ Idade: ___________________
Quanto tempo freqüenta a instituição:______________________________ Em
que série está:_____________________________________________
Freqüenta escola regular: _______________ Desde quando:____________ Em
que série está:______________________________________________ Nome
do Pai: __________________________________________________
Data de Nascimento: __________________ Idade: ____________________
Escolaridade: ________________________ Profissão: _________________
Nome da
mãe:_________________________________________________________
Data de Nascimento: __________________ Idade:____________________
Escolaridade: ________________________ Profissão:_________________
Endereço:________________________________________________________
__________________________________________________________
CEP:___________________ Cidade: _______________________________
Estado:_____________Telefone:___________________________________
57
Faça um X na opção indicada:
INSTRUÇÃO DO CHEFE DA FAMÍLIA
Analfabeto / Primário incompleto
Primário Completo / Ginasial Incompleto
Ginasial Completo / Colegial Incompleto
Colegial Completo / Superior Incompleto
Superior Completo
ITENS QUE TEM EM CASA Não
Tem
1 2 3 4 5 Mai
s de
6
Automóvel
Televisor em cores
Banheiro
Empregada mensalista
Rádio (excluindo do carro)
Máquinas de lavar roupa
Videocassete
Aspirador de
Geladeira comum ou com freezer
Computador
Televisor branco e preto
58
Questionário de Comportamento e Comunicação Social
1
RECOMENDAÇÕES:
Por favor, responda cada questão e assinale o quadrado com a resposta. Se você não estiver
seguro, escolha a melhor resposta. [Os pronomes ele/o estão sendo usados aqui, apenas para
facilitar o questionário].
Caso a resposta seja às vezes, assinale sim.
Se em uma mesma pergunta houverem duas situações responda sim mesmo que se refira para
apenas
Não se fixe nos exemplos, eles são apenas exemplos o importante é o comportamento.
Sim Não
1
Ele é capaz de falar usando frases curtas ou sentenças?
SE VOCÊ RESPONDEU NÃO NA PERGUNTA ACIMA , VÁ
DIRETAMENTE PARA A QUESTÃO 9 (PULE DA 2 A 8)
2
Ele fala com você só para ser simpático (mais do que para obter algo)?
3
Você pode ter um diálogo (por exemplo, ter uma conversa com ele que envolva
alternância, isto é, um de cada vez) a partir do que você disse?
4
Ele costuma usar frases estranhas ou diz algumas coisas repetidamente da
mesma maneira? Isto é, ele copia ou repete qualquer frase que ele ouve outra
pessoa dizer, ou ainda, ele constrói frases estranhas?
5
Ele costuma usar socialmente perguntas inapropriadas ou declarações? Por
exemplo, ele costuma fazer perguntas pessoais ou comentários em momentos
inadequados?
6
Ele costuma usar os pronomes de forma invertida, dizendo você ou ele quando
deveria usar eu?
7
Ele costuma usar palavras que parece ter inventado ou criado sozinho, ou usa
maneiras estranhas, indiretas, ou metafóricas para dizer coisas? Por exemplo,
diz “chuva quente” ao invés de vapor.
8
Ele costuma dizer a mesma coisa repetidamente, exatamente da mesma
maneira, ou insiste para você dizer as mesmas coisas muitas vezes?
59
Sim Não
9
Existem coisas que são feitas por ele de maneira muito particular ou em
determinada ordem, ou seguindo rituais que ele te obriga fazer?
10
Até onde você percebe, a expressão facial dele geralmente parece apropriada à
situação particular?Por exemplo ele ri quando deve rir, ou chora quando é para
chorar.
11
Ele alguma vez usou a tua mão como uma ferramenta, ou como se fosse parte
do próprio corpo dele (por exemplo, apontando com seu dedo, pondo a sua mão
numa maçaneta para abrir a porta)?
12
Ele costuma ter interesses especiais que parecem esquisitos a outras pessoas
(e.x., semáforos, ralos de pia, ou itinerários de ônibus)?
13
Ele costuma ou costumava se interessar mais por partes de um objeto ou
brinquedo (e.x., girar as rodas de um carro), mais do que usá-lo com sua função
original?
14
Ele costuma ter interesses específicos, apropriados para sua idade e para seu
grupo de colegas, porém estranhos pela intensidade do interesse (por exemplo,
conhecer todos os tipos de trens, conhecer muitos detalhes sobre dinossauros)?
15
Ele costuma de maneira estranha olhar, sentir/examinar, escutar, provar ou
cheirar coisas ou pessoas?
16
Ele costuma ter (maneirismos) manias com as mãos ou jeitos estranhos de
mover as mãos ou dedos, tal como “um bater de asas” , ou mover seus dedos na
frente dos seus olhos?
17
Ele costuma fazer movimentos complexos (e esquisitos) com o corpo inteiro,
tal como girar, pular ou balançar repetidamente para frente e para trás?
18
Ele costuma machucar-se de propósito, por exemplo, mordendo o braço ou
batendo a cabeça?
19
Ele tem algum objeto (que não um brinquedo macio ou cobertor) que ele
carrega por toda parte?
20
Ele tem algum amigo em particular ou um melhor amigo?
21
Quando ele tinha 4-5 anos ele repetia ou imitava espontaneamente o que você
fazia (ou a outras pessoas) (tal como passar o aspirador no chão, cuidar da casa,
lavar pratos, jardinagem, consertar coisas)?
21
Quando ele tinha 4-5 anos ele repetia ou imitava espontaneamente o que você
fazia (ou a outras pessoas) (tal como passar o aspirador no chão, cuidar da casa,
lavar pratos, jardinagem, consertar coisas)?
60
Sim
Não
22
Quando ele tinha 4-5 anos ele apontava as coisas ao redor espontaneamente
apenas para mostrar coisas a você (e não porque ele as desejava)?
23
Quando ele tinha 4-5 anos ele costumava usar gestos para mostrar o que ele
queria (não considere se ele usava tua mão para apontar o que queria)?
24
Quando ele tinha 4-5 anos usava a cabeça pra dizer sim?
25
Quando ele tinha 4-5 anos sacudia a cabeça para dizer ‘não’?
26
Quando ele tinha 4-5 anos ele habitualmente olhava você diretamente no rosto
quando fazia coisas com você ou conversava com você?
27
Quando ele tinha 4-5 anos sorria de volta se alguém sorrisse para ele?
28
Quando ele tinha 4-5 anos ele costumava mostrar coisas de seu interesse para
chamar a sua atenção?
29
Quando ele tinha 4-5 anos ele costumava dividir coisas com você, além de
alimentos?
30
Quando ele tinha 4-5 anos ele costumava querer que você participasse de algo
que o estava divertindo?
31
Quando ele tinha 4-5 anos ele costumava tentar confortá-lo se você ficasse triste
ou magoado?
32
Entre as idades de 4 a 5 anos, quando queria algo ou alguma ajuda, costumava
olhar para você e fazia uso de sons ou palavras para receber sua atenção?
33
Entre as idades de 4 a 5 anos tinha expressões faciais normais, isto é,
demonstrava suas emoções por expressões faciais?
34
Quando ele estava com 4 ou 5 anos ele costumava participar espontaneamente
e/ou tentava imitar ações em jogos sociais – tais como “Polícia e Ladrão” ou
“Pega-Pega”?
35
Quando ele estava com 4 ou 5 anos jogava jogos imaginários ou brincava de
“faz de conta”?
36
Quando ele estava com 4 ou 5 anos parecia interessado em outras crianças da
mesma idade que ele não conhecia?
61
Sim Não
37
Quando ele estava com 4 ou 5 anos reagia positivamente quando outra criança
aproximava-se dele?
38
Quando ele estava com 4 ou 5 anos, se você entrasse no quarto e iniciasse uma
conversa com ele sem chamar seu nome, ele habitualmente te olhava e prestava
atenção em você?
39
Quando ele estava com 4 ou 5 anos ele costumava brincar de “faz de conta”
com outra criança, de forma que você percebia que eles estavam entendendo ser
uma brincadeira?
40
Quando ele estava com 4 ou 5 anos ele brincava cooperativamente em jogos de
grupo, tal como esconde-esconde e jogos com bola?
62
HISTÓRIA FAMILIAR
Faça um X na opção: SIM, NÃO, NÃO SEI.
Caso a resposta for SIM, preencha em baixo especificando qual o problema que a
pessoa apresenta e qual o grau de parentesco por exemplo avô paterno da criança, tia da
criança .
Considere sempre a partir da criança ou jovem que freqüenta a instituição.
Os parentes são: mãe, pai, irmãos, avós maternos e paternos, tios e primos diretos
Qual é o número de filho, a criança ou jovem que tem síndrome de Down
(ex:primeiro ou segundo filho)
Número de irmãos
SIM NÃO
NÃO
SEI
História de abortos espontâneos
Especifique:
História de Epilepsia
Especifique:
História de problemas sociais (apresenta dificuldade em se relacionar
com outras pessoas)
Especifique:
História de dificuldades de aprendizado, hiperatividade, falta de
atenção, distúrbios de linguagem, atraso de fala, problemas de
comunicação ou tiques
Especifique:
História de psicoses, depressão, ansiedade
Especifique:
História de outras doenças como genéticas, físicas,por exemplo:
pressão alta, diabetes, problemas de tireóide
Especifique:
Livros Grátis
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