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sugestões pontuais a partir da existência de determinadas relações pessoais e
que não respondiam a nenhuma estratégia pré-estabelecida. Após a
conclusão definitiva das negociações para a criação do NAFTA, em 13 de
agosto de 1992, entre os representantes dos EE.UU., México e Canadá, a
crença de que o Chile seria aceito no bloco era muito grande por parte dos
atores chilenos envolvidos na busca da associação do país ao NAFTA. Mas
houve grande oposição interna nos EE.UU. que levou à suspensão da firma
desse tratado, frustrando as expectativas chilenas. Ainda no ano de 1992, a
eleição de Bill Clinton para presidente dos EE.UU. deu nova esperança ao
objetivo do governo de Patricio Aylwin de firmar um acordo comercial com
os países da América do Norte. A inesperada reviravolta nas negociações
com o governo dos EE.UU. teve impacto direto no equilíbrio de poderes e na
configuração do marco institucional no qual se elaborava a estratégia
comercial do governo chileno. Na medida em que foi se percebendo cada
vez mais longínqua a possibilidade de firmar um TLC com os EE.UU., os
atores governamentais que mais haviam investido capital político nessa
empreitada, tiveram sua liderança debilitada na definição da agenda
negociadora. De fato, José Miguel Insulza, ex-responsável da Direção de
Assuntos Econômicos Multilaterais da DIRECON, notório defensor de uma
aproximação com a América Latina, foi o responsável pela política exterior
no programa eleitoral de Eduardo Frei Ruiz-Tagle. Outro fator de grande
relevância foram as disputas internas no governo de Patricio Aylwin que
deixaram em aberto indefinidamente um possível TLC com os EE.UU. A
situação de divergência refletiu-se no cenário doméstico, através das
dificuldades em obter um consenso referente às ações a seguir em matéria de
política de comércio exterior, e estabelecer uma estrutura de onde fosse
possível alcançar os objetivos pretendidos com essas ações. Uma situação
que colocou na agenda governamental a necessidade de adotar reformas
institucionais para dar maior coerência e integridade a estrutura de tomada
de decisão da estratégia chilena de acordos comerciais. (PORRAS, 2003, p.
38-39, tradução nossa).
No âmbito da América Latina, a política externa do presidente Patricio
Aylwin reativou o papel da diplomacia chilena em foros multilaterais, como
a Organização dos Estados Americanos (OEA), além de incorporar-se às
novas instâncias de coalizão política regional, como o Grupo do Rio. A
atitude pró-ativa do presidente Patricio Aylwin não significou uma
reivindicação de liderança política entre os demais países da região, ponto
onde houve grande preocupação por parte do governo da Concertación.
(WILHELMY; DURÁN, 2003, p. 280, tradução nossa).
Em paralelo às investidas visando o mercado norte-americano, o governo da
Concertación deu continuidade às negociações de acordos comerciais com os países latino-
americanos. O receio de determinados membros do governo – Ministério da Fazenda - e de
setores do empresariado – notadamente os ligados à SNA – era relativo a crença de que a
firma de acordos comerciais com os países da região configurava uma ameaça a economia
chilena, implicava na possibilidade de desvio de comércio, e desta forma afetariam setores da